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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


SEJA MEU / A.K. Raimundi
SEJA MEU / A.K. Raimundi

                                                                                                                                                  

 

 

 

 

Biblio VT

 

 

  

 

Mas siga meu conselho
Antes de brincar com fogo, pense duas vezes
E se você ficar queimada, não fique surpresa.
Lá estava eu, sentado em um dos bancos altos do bar, o copo de Martini em uma das mãos, a outra, levemente apoiada sobre a coxa.
Pelo canto dos olhos eu já tinha notado sua presença, os lábios grossos pintados num batom escuro, os cabelos em um ondulado despojado, considerado “sexy” para as mulheres. O corpo era repleto de curvas, seios grandes, bunda perfeita e coxas grossas, era o pacote perfeito.
Ela estava encostada na parede lateral, logo na entrada, eu sabia que ela queria ser notada, e, não era por ninguém, não seria pelas amigas faladeiras e praticamente bêbadas que riam alto. Era por mim.
Voltei meu corpo em sua direção, semicerrando os olhos para ela, um claro recado que eu havia notado sua atitude. Ela tomou um grande gole de sua bebida, depositou o copo praticamente vazio na mesa, sorriu e mandou uma piscada para mim. Era um jogo explícito convidando-me, mostrando que ela queria tanto quanto eu que isso terminasse em um único lugar. Na cama.

 

 

 

 

 

 

Larguei meu lugar, caminhando em sua direção, sendo notado por suas amigas a cada passada que dava em direção àquela mulher. O silêncio se fez quando fiquei a centímetros dela.

— Boa noite, senhoritas. – Cumprimentei o grupo de olho no meu prêmio.

— Boa noite. – Responderam com risinhos.

Fixei meus olhos na mulher que tanto quis minha atenção, ela mordiscava seu lábio inferior enviando uma onda de tesão diretamente para meu pau.

— Acredito que temos assuntos pendentes.

A confusão passou por um momento em seus olhos, mas logo um amplo sorriso me foi dedicado. – Assuntos pendentes? Eu nem sei seu nome.

Apertei sua cintura, puxando bruscamente seu corpo para o meu, me deliciando com o suspiro que saiu de sua boca.

— Nomes, será a última coisa que você vai desejar de mim, minha querida.


— Boa noite, meu nome é Nicolas White, hoje esta aeronave está sob meu comando, sejam muito bem-vindas, acomodem-se que eu prometo uma viagem e tanto pela frente... O tempo está um pouco encoberto esta noite, mas teremos uma vista linda depois que atravessarmos as nuvens. Desejo um excelente e prazeroso voo a todos.

— Você sempre tem que fazer isso? — Jimmy entrou na cabine rindo.

— Elas adoram minhas boas-vindas, você sabe, faço tudo pelas mulheres. — Brinquei.

— Uma boa noite para voar?

— Teremos um pouco de céu encoberto na decolagem e possivelmente no pouso. Os melhores voos são os noturnos — Comentei acionando os flaps e verificando todos os botões antes de taxiar o avião pela pista. Olhei para o relógio em meu pulso, estávamos alguns minutos adiantados.

Eu adorava isso, sempre me empolguei com a ideia de pilotar um monstrão desses. Meu favorito era o Boeing 787, capacidade para 330 passageiros.

— Destino Las Vegas.

— Existe coisa melhor? — Caçoei.

Uma batida na porta interrompeu nossa conversa, destravei, liberando a entrada.

— Nic — Ashley praticamente ronronou meu nome, ficando vermelha quando viu que eu não estava sozinho.

— Ashley minha gata, em que posso ajudá-la?

— Não sabia que estava aqui, Jimmy. — Ela lançou um sorrisinho para ele.

Dei uma olhada para Jimmy, ele sabia que era hora de tomar um café ou dar uma passadinha no banheiro, Ashley esperou no canto da cabine até que a porta se fechasse. Bati no meu colo com a mão, não precisou de uma segunda chamada, para ela percorrer o espaço que nos separavam e sentar em meu colo.

— Jimmy... — ela começou a falar.

— Relaxa gata, Jimmy não vai contar nada, ele é meu amigo.

Seu rosto logo se suavizou, ela estava com medo de ter um relatório dizendo sobre seus serviços extras para o piloto. Seu dedo longo passou pelo meu rosto, descendo até o colarinho da camisa.

— Pensei que poderia dar algo para você relaxar antes da viagem, mas teremos que nos contentar com o banheiro mais tarde.

Dei um sorriso sacana, aquele que era especialmente guardado para minhas conquistas. Deslizei minha mão por dentro de sua saia, sentindo a cinta-liga. — Depois, agora tenho que colocar essa belezinha no ar.

Como sincronizado Jimmy entrou ocupando seu lugar, recolocando os cintos. – Temos que decolar.

Dei uma piscadinha para Ashley apertando sua bunda, um visível "tchau". Ela pousou os lábios sobre os meus rapidamente e saiu sem se despedir.

Jimmy pigarreou olhando para mim.

— Que foi?

— Você consegue controlar sua libido até pousarmos o avião?

Ele sabia bem a resposta, sabia que assim que tudo estivesse certo, os passageiros já a meia-luz nas cabines eu iria para o banheiro transar com Ashley.

— Vamos fazer esse bebezinho voar.


Faltava pouco mais de uma hora para pousarmos em Las Vegas, o voo estava sendo tranquilo. Como previsto o tempo encoberto de Nova York não atrapalhou em momento algum. Jimmy estava ao meu lado escrevendo seu relatório de voo.

— Já volto. – Anunciei ficando de pé, espreguiçando.

— Impossível. – Jimmy sussurrou para mim.

Na primeira classe estavam todos dormindo, o total de sete passageiros. Entrei na cozinha da primeira classe encontrando com Lauren, uma das quatro comissárias que estava trabalhando esta noite. E, uma das que já foi para cama comigo.

— Nic, deseja algo? – Lauren largou as tarefas que estava fazendo para se virar, ficando totalmente de frente para mim.

— Uma garrafa de água seria ótimo.

Ela atravessou o pequeno espaço que tinha para transitar pegando uma garrafa de água mineral. – Esta sendo um voo tranquilo.

— Sim, sem os arruaceiros.

Um dos grandes problemas de voar para Las Vegas era que entre os passageiros sempre tinha aquela turminha de arruaceiros, os garotões que acham que as comissárias eram para seu bel-prazer, uma extensão do que eles encontrariam na terra do pecado. Isso além de ser constrangedor para elas, me rendia uma boa hora de atraso no voo seguinte fazendo relatórios e falando com o pessoal da polícia.

Como Lauren viu que não rolaria nada entre nós hoje saiu com sua bandeja para a classe executiva, me deixando sozinho na cozinha, mas não por muito tempo. Ashley estava ligada em meus movimentos, logo me segurou pela gravata empurrando-me para o banheiro.

— Estava ansiosa para isso. – Sussurrou mordendo o lóbulo de minha orelha.

— Ah, gata. Eu vou matar sua sede.

Beijo nem sempre era uma regra para mim, ainda mais quando estava voando eu queria partir logo para o “finalmente” e todas sabiam como o grande Nic funcionava. Abri sua blusa social com agilidade, logo atacando seus seios, tirando-os do sutiã de renda preta, Ashley tinha um corpo escultural, além de estar na mesma pegada que eu, apenas um sexo descomplicado nas horas vagas.

Mordi seu pescoço, fazendo o caminho até seus seios, chupando com força os mamilos rosados e intumescidos, enquanto minhas mãos subiam até o limite da cintura de sua saia. Nem o pouco espaço que o banheiro nos permitia nos atrapalhava, tirei um preservativo do bolso da calça segurando com a boca, abri o zíper e desci a calça o suficiente para me meter com força em Ashley que gemia baixinho com a expectativa. Puxei a calcinha de lado, coloquei a camisinha por toda minha extensão logo penetrando-a fundo, me sentindo inteiro dentro dela.

Ashley gemeu baixinho segurando com força meus braços, podia sentir suas unhas cravadas em meu bíceps. Penetrava-a com força, sentindo seu corpo estremecer. A combinação de pouco espaço, mais as estocadas forte que proporcionava a Ashley estava deixando a beira do orgasmo. Senti meu coração retumbando no peito, minha respiração ofegante e meus próprios espasmos tomando meu corpo.

— Uau! – Ashley ofegou quando sai de dentro dela.

— Vamos voltar ao trabalho. — Passei a mão pelo meu cabelo ajeitando a bagunça que tinha ficado pós sexo, ajeitei minha calça e minha gravata. E dei um sorriso galante para ela antes de sair.


Capítulo 2

Ana Suarez


— Tem certeza que não quer ir para Las Vegas comigo? Um fim de semana das garotas. Merecemos isso. – Disse sentando sobre meus pés e bebendo um longo gole do vinho.

Ângela sorriu e negou com a cabeça. Dois anos desde que ela tinha se casado e eu ainda não conseguia acreditar, vê-la tão sossegada e feliz com a vida de casada.

— Eu não iria me divertir na cidade do pecado amiga, iria empatar sua noite.

— Sinto falta de nossas farras, Kimberly não cumpre a função corretamente. – Resmunguei.

— Sua taça Sra. Vetter. – Paul entregou a terceira taça de vinho para minha amiga sentando ao lado dela, sua mão pousando no alto da coxa. Ambos trocaram olhares de confidencias. Argh! Aquilo era muito para mim.

Eu não invejava a vida de Ângela, muito pelo contrário, eu que coloquei um pouco de juízo naquela cabecinha para ela ficar com Paul, mas eu sentia falta da minha amiga. Desde que ela tinha se casado, nossos encontros ficaram escassos, ambas tinham vários compromissos dominando a agenda, eu estava cada vez mais envolvida nos lançamentos de autores Indie e Ângela revezava seu tempo entre duas empresas e mais noites com seu marido. Mas eu sentia falta de tê-la apenas para mim, egoísta isso eu sei, mas Ângela era minha amiga, melhor amiga. Além de sempre me escutar quando algum romance não dava certo.

— Por que essa cara de quem comeu e não gostou? – Paul adorava me encher, era o passatempo preferido dele.

— Quero convencer sua mulher a largar você e ir para Las Vegas. – confessei.

Ele soltou uma gargalhada, todo convencido. Sabia que Ângela não sairia do lado dele. – Las Vegas? Você está assim tão enlouquecida por novos homens que cairá nas noites de Vegas?

— Paul! – Ângela repreendeu, mas se derreteu toda com um simples sorriso que Vetter lhe lançou.

— Sabe Paul, eu que fiz minha amiga aqui ver que você poderia valer à pena, mas estou mudando de ideia. – Ele ria ainda mais com minha tentativa de ser irônica. – Eu não preciso de sexo, apenas quero outras experiências, um fim de semana bem maluco e quem sabe, descanso.

— Descanso é sempre a última coisa que uma pessoa consegue em Vegas, e quase sempre as pessoas voltam querendo descansar do fim de semana que tiveram. – Disse rindo.

— Você parece bem experiente sobre Vegas, né Paul? – Ângela perguntou erguendo a sobrancelha.

— Passado querida, passado. Então sua primeira parada Ana, é o The Night.

— The Night?

— Sim, uma boate eró... É uma boate bem empolgante, tenho certeza que você iria gostar Aninha.

Eu odiava quando ele me chamava de Aninha, Paul estava fazendo um excelente trabalho de “irmão postiço” nesses dois anos de casamento.

— Sabe, acho que está na hora de ir. – Tomei o resto do meu vinho, colocando a taça na mesinha de centro.

— Está cedo, não ligue para ele amiga, sabe que Paul não se controla. – Ângela disse dando um tapa no ombro do marido. – E... Me fale como vai o Jimmy?

Jimmy . Jimmy era um cara legal, romântico e adorava me agradar. Mas não era “aquele mais” que te faz perder a cabeça.

— Está bem, você sabe. Vida de piloto. – comentei dando de ombros.

Na verdade, eu não tinha superado ainda minha paixonite pelo Nic, depois do casamento de Ângela ele praticamente sumiu, sempre fomos amigos. Mas, acredito que o fato de termos dormido algumas vezes juntos tinha estragado as coisas, ou então, minha confessa paixão.

Nicolas White não era um homem que se amarrava, muito pelo contrário ele amarrava as mulheres e depois... Bem depois, saía fora, como se nada tivesse acontecido. Deixando uma merda de bilhete para trás com uma desculpa esfarrapada e seu coração aos pedaços ao lado.

Eu não reclamava de minha vida sexual, mas ninguém tinha conseguido até hoje fazer minha perna tremer como Nicolas fez. Começou em uma brincadeira, pequenos encontros ao acaso, depois encontros marcados, saídas para jantares, sexos loucos e muito quentes e então eu me apaixonei. E o Nicolas? Deixou bem claro sua posição, com um grande pé na minha bunda...

— Amiga?

— Desculpe, viajei aqui, eu tenho que ir, muita coisa para ajeitar para meu fim de semana da “loucura”. – Levantei-me, fingindo uma falsa animação.

Ângela sorriu e me acompanhou até a porta. – Se precisar , estou aqui.

— Sim, claro. Amo você, se cuide. – Disse correspondendo ao seu abraço, vi Paul parado em pé olhando para nós. – Dê uma surra bem dada nesse seu marido. – Disse colocando a bolsa no ombro e saindo para o corredor.

Ângela sorriu, esperou o elevador chegar para fechar a porta. E eu pude suspirar em paz.


Final de mais um dia de trabalho e estava satisfeita comigo mesma, todas as provas tinham sido encaminhadas, assim como cada original aprovado tinha sido encaminhado para o setor de negociação.

Trabalhar em uma editora era um sonho, segui mesmo sabendo como era complicado entrar em um ramo assim. E hoje tinha orgulho de todo o caminho que percorri até chegar onde estou.

Olhei pela porta de vidro vendo que estava sozinha, mais uma vez ultrapassando a hora de ir embora, eu fiquei tão envolvida com a obra desse autor que me perdi no tempo. Arrumei as folhas, organizando minha mesa e guardando tudo nas gavetas. Meu celular começou a soltar um zunido perdido em algum lugar da bagunça, revirei tudo, até encontrá-lo no meio de um livro.

— Alô.

— Ursinha!

Revirei os olhos com o excesso de demonstração. Jimmy estava começando a me irritar com esse modo carinhoso que ele decidiu aplicar em mim. De todos os apelidos do mundo, ursinha não combinava em nada comigo. Quando você imagina um ursinho, você logo pensa em algo fofo, aquela carinha amorosa olhando para você. E essa, definitivamente não era eu. A menos que eu seja um urso raivoso da floresta.

Tudo bem, não era assim tão intragável. Mas, nem de longe era tão fofa como Jimmy acreditava.

— Ursinha? Está me ouvindo?

— Oi, Jim. Estou sim.

— Tudo bem? Ainda trabalhando?

— Sim, estou ajeitando tudo para o fim de semana. – Amansei um pouco a voz.

— Então posso trocar de suíte? Você vem mesmo para Las Vegas? Eu estou dividindo o quarto com um amigo, mas posso trocar hoje mesmo.

— Sim Jimmy, mas vou com a Kimberly, sabe que não estou indo para um fim de semana romântico.

— Eu sei ursinha, mas podemos mudar isso.

Soltei um suspiro desligando a luz e indo para os elevadores.

— Nos vemos em dois dias. – Disse se despedindo.

— Até. – Resmunguei.

Mais um fator sobre o Jimmy. Começamos a nos envolver faz uns quatro meses. Nada sério no começo, apenas alguns encontros, noitadas com um bom sexo, boas conversas... E sempre sendo claro nosso tipo de envolvimento. Eu não sabia se ele acompanhava a linha dos amigos pilotos de pegação, mas também não pretendia nem descobrir, afinal eu tinha minha linha secreta.

Vaca? Até poder ser, mas eu era uma vaca sincera. Não fico iludindo, se Jimmy acreditava que poderíamos ter um relacionamento sério, não seria eu que ficaria gastando meu latim novamente para dizer o contrário. Afinal cada louco com sua mania.


Capítulo 3

Nicolas White


O ônibus já aguardava a tripulação no aeroporto, pronto para nos levar ao Hotel Wynn, que não era apenas maravilhoso, como ficava no meio da strip de Vegas, onde você ficava no centro de todas as festas, cassinos e exposto a tudo que Las Vegas tinha de melhor.

— Não sei porque você gosta tanto de Las Vegas. – Jimmy comentou sentando ao meu lado, evitando seriamente uma comissária cheia de sorrisos.

— Preciso dizer?

Ele continuou me olhando.

— Tudo bem, vou explicar. Meu amigo estamos na terra do sexo, minissaia e dinheiro.

Ele soltou uma gargalhada. – Você só pensa nisso?

— Tem coisa melhor para se pensar?

O que eu mais gostava quando parávamos em Vegas era a The Night, uma boate para sócios e pessoas de alto escalão, pessoas que só iam para procurar uma coisa: Sexo. Um bom sexo sem nenhum pudor, aquele sexo bruto e animalesco, onde você ficava com tesão apenas por se ver no meio de toda a atmosfera que a The Night nos dava, aquele sexo que faria os padres se ajoelharem e rezarem o terço inteiro.

Ficaríamos três a quatro dias em Vegas, depois iríamos direto para Nova York e depois uma merecida folga. Fazia três meses que eu e Jimmy estávamos trabalhando direto, um voo seguido do outro, não reclamávamos. Era ótimo para guardar algum dinheiro e isso aumentava nossas horas de voos, o que aumentava nosso prestígio dentro da companhia.

— Vou dar uma volta, você quer ir comigo?

Sai dos meus pensamentos, olhando para o rosto vidrado de Ashley em mim, ela estava parada na minha frente, tapando a bela visão chafariz.

— Não, já deixei bem claro que não quero bancar de namoradinho Ashley.

— Eu não estou pedindo isso. – Ela amarrou a cara, cruzando os braços no peito. Fazendo os fartos seios saltarem da blusa com os primeiros botões abertos.

— Vou tomar um banho e aproveitar a cidade. Nos vemos por aí, gata.

Dei uma piscada e fui embora, deixando-a plantada, olhando com cara de quem comeu e não gostou.

A companhia sempre separava ótimos quartos e esse no Wynn era perfeito, simples, mas uma vista de arrasar. Joguei a mala no canto do quarto me esparramando na cama de casal, olhando para a parede de vidro com vista para todo centro de Las Vegas. Eu era um dos poucos pilotos que se mantinham solteiros, muitos de meus colegas tinham se engraçado com comissárias e se casado. Eu e Jimmy nos mantínhamos forte a essas tentações. Nos conhecemos ainda nos treinamentos e em meu primeiro voo como piloto ele foi escalado como meu copiloto e desde então estávamos juntos. Fazíamos uma bela parceria, mesmo ele estando seriamente de asas caídas por uma mulher, que até o momento não obtive muitos detalhes sobre ela.

Jimmy entrou se atirando na outra cama, era um costume dividirmos o quarto, eu na grande maioria do tempo ficava vagando pela cidade em busca de diversão, utilizando-o poucas vezes. Muitas apenas para descansar antes de pegar mais um voo.

— Ei camarada, vamos dar uma volta pela cidade? – Perguntei batendo de leve no joelho dele.

— Não, preciso descansar. – Disse com os olhos colados na TV.

— Não consigo acreditar que você não está animado, estamos em Vegas!

— Eu só quero descansar, tenho um encontro amanhã. – Jimmy sorriu verdadeiramente para mim.

— Encontro? O garanhão decidiu ir à caça? – Ironizei.

Joguei-me de novo na cama, rindo de sua careta.

— Minha gata chega amanhã.

Isso era novidade, Jimmy nunca convidou uma mulher para acompanhá-lo durante as viagens, nem quando namorou Patrícia, — outra comissária de bordo. – que fazia questão de voar nos mesmos v oos que ele.

Isso estava ficando sério, essa mulher era para valer. — Então é sério?

Ele me olhou, sentou na cama. – Cara ela é perfeita, mas não me deixa espaço sabe? Ela é dura na queda.

— Uau, ela não quer assumir? Terei que ver meu pobre amigo rastejando por uma mulher? – Dei uma risada alta, levando mais uma olhada feia. – Hilário.

— Vai à merda, Nicolas.

Levantei da cama rindo ainda mais, Jimmy estava de quatro por essa mulher. Separei uma roupa casual, tirando da mala, deixando em cima da cama.

— Bom, você pode estar de quatro. – comentei indo para o banheiro. – Mas o papai aqui vai pegar umas gatas hoje à noite.

— Pegar? – Jimmy perguntou rindo. – Você trata como se fosse um pedaço de carne.

— E são, deliciosas mulheres, aqueles corpos perfeitos para se pegar. – Disse me virando para ele na porta do banheiro, completando com um gesto obsceno. Balançando meu quadril para frente e para trás, dando um tapa numa bunda imaginaria. — Levar pro motel, comer, trepar bem gostoso. – Completei rindo de seu olhar reprovador.

— Espero que se comporte, quando for apresentá-la para você.

Fiz uma continência para ele sumindo dentro do banheiro.


Capítulo 4

Ana Suarez


Empolgada era pouco para o que eu estava sentindo, durante todo o voo, estava fantasiando sobre o que encontraria por trás da grande porta preta. Eu ansiava por estar dentro daquele lugar, com certeza a sensualidade era um dos aromas mais predominantes nesse ambiente. Kimberly decidiu ir para um dos cassinos o que facilitou minha saída sem maiores explicações.

The Night por ser bastante conhecida não ficava no centro das atenções como imaginei, era um clube totalmente discreto, a fachada de uma boate comum deixava-me ainda mais curiosa para saber como seria lá dentro, o que poderia encontrar. Passei pelo grande corredor, parando em frente a uma belíssima recepcionista, seus lábios pintados com um batom rosa forte, um vestido tubinho preto, dando um enorme destaque para os seios siliconados.

— Seja bem-vinda. Hoje é uma noite especial. Todos têm que utilizar as máscaras nas dependências comunitárias. Hoje é a noite dos novos associados.

— Claro.

Peguei ansiosa a máscara simples de veludo preto que ela me passou ajeitando em meu rosto, cobrindo meus olhos, deixando apenas minha boca e um pouco das bochechas visíveis, uma comichão tomava conta do meu estômago. Vivian, a associada que tinha conseguido o acesso para mim, tinha me alertado que eles tinham algumas regras, até que a tal máscara cairia bem. Não que eu quisesse me esconder, mas para quem nunca esteve num lugar como este, não achava ruim manter meu rosto envolto em certo mistério.

Cada novo detalhe que eu absorvia deste lugar me deixava deslumbrada, era tudo muito excitante. Tinham tantas pessoas sentadas conversando quanto em pé ou perto do bar, olhei para as dançarinas seminuas nos pole dance, “Artificial Nocturne — Metric” invadia meus ouvidos aumentando todas as sensações.

Sentei em um dos sofás de couro, de forma bem sexy. Deixando que a fenda do meu vestido deixasse um bom pedaço de minhas pernas aparecendo, um casal em minha frente se beijava de forma ávida, praticamente um sugando o outro em uma batalha de quem teria mais do outro na própria boca. O cara descia sua mão sem total vergonha por todo o corpo da mulher, apertando sua bunda, passando pelos seus seios, alcançando a barra do vestido dela. Praticamente um ato por si só no meio de todos e mesmo assim, as outras pessoas que conversavam ou seguiam os passos desse casal não pareciam se importar.

Passei a mão no cabelo afastando tanto ele do meu pescoço como o olhar do casal. Meus olhos recaíram sobre um homem sentado de forma confortável em um dos bancos do bar, seus olhos se mantinham nas dançarinas. Deixei meus olhos vagarem por todo seu corpo, seu rosto também oculto por uma máscara idêntica a minha, os lábios finos, se ele virasse um pouco o rosto em minha direção poderia comprovar as maças do rosto delineando todo um maxilar forte, ou até mesmo os dentes dele levemente trincados. Meus olhos seguiram para os braços fortes, quadril razoável, dando uma bela curva em seu corpo. Não pude deixar de pensar em como seria aquela bunda, pois para ter um quadril desse e honrar o belo porte de braços e pernas grossas que ele tinha. Com certeza tinha que ser “A bunda”.

Acredito que ele tenha percebido que estava sendo observado, pois seus olhos encontraram com os meus. Notei quando eles percorreram por todo meu corpo, fazendo uma faísca se acender dentro de mim. Levantei arrumando meu vestido, caminhando lentamente até o bar. Ignorando alguns homens que me chamaram ou tentaram segurar minha mão pelo caminho, como não tinha um espaço para me sentar ao lado do homem delícia que estava encarando, me sentei duas banquetas depois dele.

O barman veio em minha direção com um sorriso. – Um Dry Martini, com duas cerejas, por favor.

O barman concordou, indo para o outro lado do bar iluminado.


— Uma excelente escolha.

Todos os pelos de meu corpo se arrepiaram quando senti o hálito e o sussurro em meu ouvido, olhei em direção ao bonitão vendo que o lugar dele estava vazio. E como aquela voz era familiar, como mexeu internamente comigo.

Fiz menção de me virar, mas ele segurou minha cintura, mantendo-me presa no lugar.

— Pude reparar em seus olhos gulosos em cima de mim. – Disse novamente em meu ouvido, roçando levemente sua boca no lóbulo de minha orelha.

Aquela voz, pense Ana, você conhece de algum lugar.

— Eu vi os seus também. – Disse um pouco mais alto para que ele escutasse.

O barman depositou a taça de Martini em minha frente e logo se afastou. Peguei a bebida ávida por um gole, não me contentei, dei um grande gole, comendo uma cereja antes de afastar o copo.

— Primeira vez? – Perguntou o homem misterioso.

— Sim e seria mais agradável se eu pudesse olhar em seus olhos. – comentei.

— Não precisamos de olhos nos olhos para o que eu pretendo fazer com você.

Mais um arrepio tomou conta de mim, eu estava sedenta por isso. Afinal tinha ido a um clube de sexo, para fazer sexo. Sem compromisso, uma boa e velha troca de prazeres.


Capítulo 5

Nicolas White


Passava das onze horas quando estacionei o carro alugado em uma vaga disponível da boate, bem, boate não era o termo certo. Estava mais para um antro de perdição, um antro muito bem recebido por mim nesse momento. Eu precisava de uma bebida forte para aliviar a tensão e o sucesso de mais um voo e uma boa garota em meu colo.

The Night era conhecida por oferecer aquilo que os clientes procuravam. Passei por dois seguranças mostrando minha carteira de sócio.

— Seja bem-vindo. – Uma recepcionista peituda me recebeu com um enorme sorriso.

— Boa noite.

— Hoje nossa noite é dedicada para os novos sócios, por isso, todos sem exceção têm que utilizar uma máscara dentro dos salões abertos, como você é um sócio antigo pode retirar nas demais dependências. – Disse estendendo uma máscara totalmente preta e de veludo para mim, assim como a que ela própria usava. – Bom divertimento. – completou dando um sorriso sensual para mim.

Concordei com um sorriso, rapidamente colocando a máscara em meu rosto. A porta grande se abriu trazendo a batida da música eletrônica e um jogo de luzes vermelhas para a recepção, deixei que o casal saísse e entrei, caminhando para o bar.

Hoje em particular estava bastante movimentado, todos de máscaras como a minha, alguns sentados nos enormes sofás de couro nos cantos das paredes observando o show que algumas dançarinas faziam nos pole dances. A The Night tinha mais três filiais, uma, graças a Deus em Nova York, consegui entrar através de uma antiga amante que tive, ela adorava o que rolava dentro da “boate” então me trouxe para experimentar, e, lógico eu não saí mais.

Dei uma boa olhada enquanto procurava um banco disponível no bar, tinham mulheres para todos os gostos, as máscaras faziam bem seu trabalho. Deixando-as com olhares famintos e perigosos.

— Um Dry Martini, por favor. – pedi ao barman.

Apoiei os cotovelos no bar iluminado, ficando de frente para as dançarinas.

— Não acredito que o grande Nic está na área.

Virei-me para ver quem estava me chamando. Dei de cara com um homem grande, mas foi o sorriso inconfundível que o traiu. Seus cabelos estavam mais grisalhos que o normal e ele tinha ganho mais músculos.

— Brother! – Puxei Tony para um grande abraço.

— Quanto tempo Nic. – Tony retribuiu meu abraço. – Não sabia que estava em Vegas meu rapaz.

— Cheguei hoje, volto na segunda. – comuniquei.

— Um shot Guilhermo . – pediu ao barman que me atendeu.

— Como andam as coisas? E Ceci?

Tony esboçou um sorriso ainda maior ao mencionar sua esposa. – Muito bem, ainda mais atrevida que antes. – Comentou rindo.

Tony era um grande empresário em Londres. Uma das maiores fabricantes de joias era sua, e conheceu Cecília, ou Ceci para os amigos em uma das The Night. Tínhamos nos encontrado algumas vezes e logo nos tornamos amigos de bar.

— E Jimmy? Não veio com você? – Ele examinou a área tentando ver meu companheiro.

Tomei um grande gole de minha bebida. – Aquele ali está amarrado, ainda não conheço quem tirou Jimmy de campo, mas parece ser sério.

Tony deu uma risada, tomando seu shot em um gole só. – Um guerreiro perdido.

Estava em meu segundo copo, nenhuma das mulheres que se aproximou chamou minha atenção. Tinha acabado de mandar mais uma me deixar em paz quando senti que estava sendo observado, olhei em direção as mulheres dançando vendo se o tal olhar vinha dali.

Então eu descobri a origem, sentada em um dos sofás, quase escondido por um casal que estava se empolgando além da conta. Ela tinha um belo conjunto de pernas, que deixou bem amostra naquele vestido escuro com uma fenda lateral, subi meus olhos por seu corpo vendo uma cintura mediana e um belo par de seios. Ela se levantou, caminhando em minha direção com determinação e passos sensuais. Como uma gata selvagem, fazendo meu pau se agitar dentro da calça.

Ela se esquivou de alguns homens que tentaram chamar sua atenção enquanto andava para o bar, sentou em um banco, conversou com o barman que se afastou rapidamente dela, indo preparar seu pedido. Eu precisava agir com rapidez, se demorasse algum engraçadinho poderia tê-la.

Tomei o último gole do meu drink, já me levantando. – Com licença Tony, mas acho que minha noite acaba de se tornar mais divertida. – Apontei disfarçadamente para a mulher misteriosa.

— Uau e que divertimento, boa sorte camarada. – Tony exclamou me dando um tapinha no ombro. Larguei meu lugar, caminhando com a certeza que conseguiria um sexo incrível com aquela mulher, seus olhos transmitiam seu fogo. E ali, não era questão de sorte, essa mulher seria minha hoje.

Parei bem próximo dela, me encostando em suas costas.

— Uma excelente escolha. – sussurrei em seu ouvido, encorajando seu ato de me encarar, eu queria aqueles olhos gulosos para mim.

Queria aqueles olhos grudados nos meus enquanto estivesse de joelho me dando um boquete e tanto, e, eu tinha certeza que essa boca carnuda produzia um boquete dos deuses.

Ela fez menção de virar, mas segurei-a no lugar, colando ainda mais de meu corpo em suas costas.

— Pude reparar em seus olhos gulosos em cima de mim. – Disse novamente em seu ouvido, roçando minha boca naquele pedaço delicioso de pele. Senti seu cheiro e isso me soou familiar, como se já tivesse estado com aquele cheiro.

— Eu vi os seus também. – Ela retrucou.

Com certeza eu conhecia aquela mulher de algum lugar. Mas onde? Na verdade, seria um fato incrível se eu lembrasse de todas as mulheres que já cantei ou então que já levei para a cama.

O barman depositou a taça de Martini e logo se afastou. Ela tomou um longo gole, deixando apenas um dedo da bebida. Estava ansiosa.

— Primeira vez? – Perguntei.

— Sim e seria mais agradável se eu pudesse olhar em seus olhos.

Atrevida, eu gostava disso.

— Não precisamos de olhos nos olhos para o que eu pretendo fazer com você.

Sexo. Sem compromisso . – Pensei comigo mesmo.

Ergui o corpo da mulher misteriosa, tirando-a do banco. Mesmo surpresa ela me acompanhou por todo caminho, puxava delicadamente sua mão para ela andar rápido, sua presença era como labaredas prontas para queimar tudo em minhas costas, vi seus olhos curiosos percorrendo todo o espaço.

Passei pelos corredores que nos levariam aos salões abertos, mesmo querendo muito transar com ela, eu queria privacidade, queria que fôssemos apenas nós dois esta noite. Notei quando ela parou olhando a cena em nossa frente, observei seu rosto não conseguia traduzir se ela estava excitada, desejando o mesmo que os outros casais, transando totalmente sem pudor, homens e mulheres se entregando ao prazer mais sombrio dentro de si. Aos desejos mais inusitados ou se era apenas curiosidade por ser uma primeira vez.

Sorri em direção a ela, indicando uma porta preta e simples do outro lado da sala. Ela retribuiu o sorriso, logo depois mordendo o lábio inferior, enviando uma onda de tesão para mim.

— Agora somos apenas eu e você. – Disse fechando a porta atrás de mim.

Não daria tempo de chegar a cama, eu queria tocá-la, queria enfiar a mão naqueles cachos escuros e mais ainda morder aquela boca. Empurrei-a contra parede, pressionando seu corpo com o meu, pressionando meu membro duro como uma tora em sua cintura.

— Você atiçou minha curiosidade. – Ela sussurrou.

Aquela sensação de familiaridade passou por mim novamente. Eu conhecia aquela mulher. – Você pode dizer seu nome? Sinto que conheço você.

Ela sorriu abertamente. – Prefiro ficar no anonimato, acredito que isso aumente e muito nosso tesão, um pelo outro.

Definitivamente eu conhecia essa mulher. De onde? Eu queria mais que tudo arrancar sua máscara e ver seu rosto, não apenas aqueles olhos de um castanho profundo. Corri as mãos pelas suas costas encontrando o zíper do vestido, deixei que ele caísse sozinho revelando aos poucos o belo corpo, deixando a tal mulher somente de calcinha, uma calcinha minúscula por sinal. Ajoelhei-me em sua frente abaixando a calcinha e para cada pedaço de pele que aparecia eu dedicava um beijo úmido e provocante. Eu queria cada vez mais apreciá-la, degustar seu corpo como um bom prato.

Ela se libertou da calcinha com um chute, jogando do outro lado do quarto, nem um pouco envergonhada com sua nudez, muito pelo contrário ela estava bem com isso. Sentia-se a vontade.

Joguei uma de suas pernas sobre meu ombro dando a liberdade que precisava, eu me sentia faminto, e ver que ela estava excitada com tudo isto aumentava ainda mais meu desejo por aquele corpo, esqueci que estávamos de máscaras, esqueci que nenhum tipo de cumprimento fora trocado, nem nomes falados. Abri seu corpo para mim, comecei a chupar sua fenda com deleite.

Sugando sua excitação, sugando os lábios de uma boceta como se fosse sua própria boca. Na arte do sexo eu me dava bem, todas as mulheres sem exceção gostavam de ser apreciadas, de terem suas pernas transformadas em gelatina.

Não adiantava arrancar a roupa da mulher e ir logo metendo, você tinha que esquentar o terreno. Se é que me entende. Dediquei longos minutos chupando seu clitóris, ou fazendo movimentos circulares com o polegar, enquan to intercalava com minha língua dentro dela, provocando seu ponto extremo. Deixei que minha língua brincasse um pouco entre o limite de sua boceta e seu ânus. Arrancando tremores daquela mulher misteriosa.

Ela segurava meus cabelos empurrando-me mais para dentro de seu corpo, rebolando em minha boca, forçando um contato maior. Eu precisava de espaço me afastei escutando o gemido de desgosto dela, levei-a até a cama, fazendo com que se deitasse, ficando ali totalmente exposta e aberta para mim.

Livrei-me de minhas roupas, deixando apenas o pacote preto do preservativo por perto.

— Continue. – Ela resmungou.

— Poderia ser mais clara? – Brinquei me acomodando no meio de suas pernas.

— Eu quero você lá embaixo, quero que você me chupe novamente.

Olhei para seus olhos por trás da máscara, aqueles olhos... Eles me levavam até uma pessoa, mas não poderia ser ela, definitivamente eram olhos que me remetiam algo. Seu cabelo espalhado sobre o lençol branco da cama redonda. Refiz todo meu caminho até parar no meio de suas pernas novamente, raspando minha barba por fazer em sua coxa, sentindo seus gemidos e tremores. Passei a língua por seu clitóris, sentindo-o inchado e cheio de desejo, voltei a chupá-lo como se fosse à fruta mais deliciosa da Terra. Ela esfregava seu quadril em minha boca pedindo mais, gemendo por mais.

— Cacete, eu não vou aguentar por muito tempo. – resmunguei contra seu corpo, enfiando e tirando a língua de sua fenda, provocando-a com minhas lambidas. Geralmente eu não estava acostumado a agradar as mulheres por um longo tempo, dava o agrado necessário e logo partia para o que interessava, mas com ela eu queria vê-la gemer, queria senti-la se perdendo com meu toque.

Apertei um pouco meu pau com a mão livre tentando dar certo conforto para o pobre coitado, minhas bolas estavam pesadas, doidas para enchê-la com meu gozo.

Ela estremeceu, gemendo mais alto, sua mão afrouxou o aperto em meu cabelo. Ela queria gozar, e eu mais ainda. Com toda habilidade que eu tinha coloquei a camisinha sobre meu pênis retomando meu lugar contra seu corpo, dei a devida atenção para seus seios, me deliciando com os mamilos rosados e intumescidos em minha frente. Ao mesmo tempo em que penetrava fundo seu corpo, ela gritou quando foi invadida, mas em nenhum momento reclamou. Seu olhar se tornou mais duro, enlaçou as pernas em minha cintura, ela própria ditando os movimentos. Estávamos sendo duas forças contrárias, quando eu tentava me afastar, ela empurrava seu quadril ao encontro do meu, causando uma estocada profunda.

Não tive pena de seu corpo, fiquei de joelhos, agarrando seus seios fartos com as mãos enquanto castigava seu corpo com mais e mais estocadas. Sentindo meu pau bater no fundo de sua boceta, e ela me apertar inteiro dentro dela.

Tirei suas mãos de meu abdômen segurando-as em cima da cabeça, evitando que se mexesse. Mordisquei um de seus mamilos fazendo-a gemer ainda mais, eu me movia com investidas deliberadas e totalmente calculadas, diminuindo o ritmo quando seu corpo queria que intensificasse e forçando ao limite quando ele voltava a relaxar. Dominava a boca daquela mulher misteriosa, engolindo todos os seus gemidos, como se fosse minha própria respiração, ela estava me levando à loucura e logo eu gozaria.

Encaixei minha boca em seu ouvido, mordi o lóbulo macio de sua orelha. – Me deixe tirar sua máscara? – Perguntei.

Sua voz saiu tremida. – Não, me faça gozar.

Atendi seu pedido, deixando de lado mais uma vez a curiosidade de ver seu rosto e descobrir quem era aquela mulher, e por que dava a grande sensação de reconhecimento, não só pela sua voz como pelo meu corpo que parecia reconhecer o seu.

Soltei suas mãos, libertando de meu aperto para agarrar o lençol do lado de sua cabeça, aumentando o ritmo, tornando nossos movimentos urgentes e ferozes. Todo meu corpo estremeceu libertando o orgasmo violento que tomava conta de mim, senti que ela tinha se libertado, seu corpo contraía meu membro, retirando as últimas gotas de prazer dele. Fechei os olhos desabando ao seu lado, sentindo meu corpo tremer enquanto saia de dentro dela.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, fazendo nossas respirações e nossos corações voltarem ao compasso normal, ela se espreguiçava como um gato manhoso.

— Vou tomar um banho, você me acompanha? – Mais uma tentativa de tirar a porra daquela máscara. Aquilo já estava ficando estranho, eu entendia que fora dos quartos tínhamos que utilizá-la hoje, mas eu queria ver o rosto dela, eu queria saber e comprovar que eu conhecia sua identidade.

— Vou ficar mais uns minutos aqui. – disse sorrindo.

Levantei da cama, tirando a camisinha do meu pênis, dei um nó na ponta e joguei na lata de lixo perto da porta, tirei o laço da máscara que cobria meu rosto jogando-a na mesinha.

Vi que ela prestava atenção em meus atos, sabia que ela estava analisando meu corpo nu e queria aproveitar que tiraria a máscara para tomar um banho e transar com ela debaixo do chuveiro olhando realmente para seu rosto.

— Espero você lá dentro. – Disse me virando para ela.

Seus olhos encontraram os meus e vi seu sorriso sumir, ela concordou com um aceno se sentando na cama. Deixei que ela tivesse o momento dela antes de se juntar a mim no banho, entrei no banheiro deixando a porta entreaberta, liguei o chuveiro numa temperatura agradável, saboreando a água sobre meus ombros, sobre meu corpo relaxado depois de um sexo maravilhoso...


Capítulo 6

Ana Suarez


Puta que pariu! Eu tinha acabado de transar com Nicolas. Não apenas uma transa casual, mas “a” transa.

Eu tinha sentido familiaridade com o tal homem misterioso, quando ele pediu para retirar as máscaras, mas eu quis manter esse nível de excitação. Nada mais excitante do que você se entregar para alguém com os olhos vendados, mexia com todos os sentidos do seu corpo. Quando ele me dominou, me mostrando para que veio eu me entreguei de bom grado, sem nem pensar duas vezes.

O sexo tinha sido como fogo correndo por minhas veias, eu ainda podia sentir o toque dominante e forte dele por todo meu corpo e então ele retirou a máscara para tomar banho. Quando se tratava de Nicolas White, eu sabia o tipo de homem com quem estava lidando. Nicolas era safado, galinha, canalha, mas não era só isso. Ele encabeçava a lista de lindo e gostoso. Assim como a fila de corações partidos que ele tinha em seu currículo, muito maior que as milhas que ele percorria voando pelo mundo.

Nunca imaginaria encontrar com Nicolas, muito menos em uma boate feita para o sexo. Sendo bem verdadeira eu demorei mais para conseguir tirá-lo do meu pensamento e os bons momentos impregnados em meu corpo do que realmente demorei para me render ao seu charme incorrigível e estar nua em sua cama. Não sou dessas que sofrem por amores, nunca fui apegada, mas com Nicolas White eu gostaria de ter levado adiante, vai entender. Poderia ser o universo me dando o troco, a lei do retorno realmente funcionava.

Nosso “relacionamento” teve um fim assim que produzi as palavras para tornar as coisas mais sérias entre nós. Depois disso, Nicolas e eu não nos vimos mais. Foquei em meu trabalho, tendo alguns sexos casuais até cruzar com Jimmy um rapaz centrado e ajuizado, um sexo bom. Mas não aquele que me levava às alturas.

Por que estava com Jimmy? Ele realmente gostava de mim, ele se encaixava em mim sem eu ter que correr como uma louca ou ser aquilo que não sou por um homem. Sabe aquele velho ditado de mãe? “No amor sempre terá alguém que amará mais, que se entregará mais que o outro. Não deixe que esse alguém seja você”. Com Jimmy não era algo forçado, apenas rolava, nos conectávamos bem, ele entendia e sabia quando tinha que encerrar o assunto “tornar as coisas mais sérias”.

Motivo do por que eu não aceitava os diversos pedidos de namoro dele? Ele queria alguém que se tornasse sua futura esposa. Tivesse filhos, eu não queria nada disso, não no momento. Queria continuar a crescer em meu trabalho, viajar o mundo todo e ter muito sexo bom.

E ali estava eu, curtindo uma noite ao acaso e tropeço justo em quem deveria me manter longe. Nicolas White. Cujo aquele que me enfiou seus encontros e sorrisos galanteadores goela abaixo e deixou minha bunda marcada com um belíssimo pontapé tamanho 43.

Não esperei que ele saísse do banheiro cacei minhas roupas pelo quarto vestindo tudo com a maior rapidez que consegui. Ajeitei a máscara, passei a mão pelo cabelo notando que tinha perdido um de meus brincos quando estava ajeitando-os atrás da orelha. Mas agora não teria tempo de procurar.

A água do chuveiro parou de cair no mesmo instante que eu corri para fora do quarto. Eu sabia que minha cara de pós-foda estava presente, na verdade, todos ali apresentavam a mesma cara, os mesmos trejeitos de cabelos bagunçados. Refiz o caminho que Nicolas tinha feito, passando pelos casais transando sem nenhum pudor na frente de todos, me distrai olhando para um em específico quase me esquecendo do porque eu tinha que sair rápido dali.

O homem dominava com tamanha sensualidade a mulher que mesmo eu que tinha acabado de transar senti desejo pela cena. A mulher estava deitada na cama, os olhos vendados, suas mãos presas por algemas. Um outro homem passava uma espécie de óleo sobre seu corpo, massageando, enquanto o outro sugava seus seios. Fazendo meu corpo arder, como se ele tivesse fazendo tudo isso em mim.

Respirei fundo saindo do transe que tinha entrado com a cena, andando apressada, saindo dali antes que Nicolas viesse atrás da “mulher mascarada” que estava com ele. O salão estava mais vazio, poucos casais ou amigos estavam sentados ali, ou no bar, passei pela recepção encontrando a mesma mulher.

— Espero que tenha realizado todos seus desejos. – Ela disse com um sorriso.

Retirei a máscara do meu rosto entregando para ela. – Pode ter certeza que sim. – Disse lhe dando um sorriso ameno. Ela nem imagina que de todos os desejos eu encontrei, realizei justo com aquele que não queria mais ver.


Capítulo 7

Nicolas White


Enrolei a toalha em minha cintura, eu estava frustrado, ela não tinha entrado no banho comigo, mas eu teria o maior prazer em grudá-la na parede novamente, arrancar sua máscara e dar um sexo punitivo, bruto olhando diretamente em seus olhos.

Cruzei a porta do banheiro vendo o quarto vazio, a cama bagunçada do nosso sexo e mais nada, ela tinha fugido. Sorri da ironia disso tudo, ela era comprometida, com certeza. Por que fugiria se não fosse?

Atirei a toalha longe colocando minhas roupas, dei uma olhada para trás vendo algo brilhante emaranhado nos lençóis. Passei a mão trazendo um brinco de brilhante entre os dedos, eu poderia ir à recepção e persuadir a loirinha me dizer pelo menos o nome dela. E então poderia entregar pessoalmente o brinco para a dona.

Seria bom rever aquele furação novamente.

Sai do quarto levando a chave comigo, estava bem mais tranquilo agora, os casais já tinham ido para as outras dependências, no salão principal estavam os que já tinham realizado suas fantasias, ou os que não conseguiram nada esta noite, fiz o caminho indo até a entrada do The Night, sorrindo com a sorte de encontrar a mesma recepcionista lá.

— Meu anjo. – disse me curvando sobre o balcão.

Ela sorriu, seus olhos brilhando um pouco.

Coloquei o cartão em sua frente, esperando que ela fosse pegá-lo, e quando fez, segurei seus dedos com delicadeza. Vendo um rubor e um sorriso safado se infiltrar em seus lábios.

— Como é seu nome, meu anjo? – Perguntei com uma voz melosa.

— Não posso revelar senhor, normas da casa. – Disse baixo, como se me contasse um segredo.

Eu sabia que por baixo dessa fachada de mulher certinha tinha uma mulher louca para entrar e participar de tudo que pudesse.

— Prometo que não contarei para ninguém. – Sussurrei chegando mais perto de seu corpo.

Ela soltou um suspiro, colando seu rosto no meu, sua boca perto do meu ouvido. – Natasha.

— Hummm.

Virei meu rosto, capturando o lóbulo de sua orelha, em uma leve mordidinha. – Eu quero muito seu telefone e um pequeno favorzinho.

Ela se afastou, ajeitando os cabelos para trás do ombro, seus lábios entreabertos.

— Eu preciso saber o nome da mulher que saiu agora a pouco, tenho quase certeza que foi uma das últimas, coisa de meia hora talvez.

— Ah... Você pode me complicar, eu preciso desse emprego.

Natasha olhou para os lados vendo se continuávamos sozinhos.

— Você não se meterá em encrenca, meu anjo. – Disse em baixo tom.

Ela me encarou de verdade, olhando meu rosto em dúvida do que fazer, passei a língua sobre meus lábios, acrescentando um sorriso quando ela suspirou, abaixando o olhar para seus arquivos.

— Se foi uma das últimas, mesmo não tendo certeza, sabe não posso controlar. – Ela disse dando de ombros.

— Eu sei meu anjo, apenas o nome.

— Kimberly Tunner. Ela entrou com um cartão convite em nome de Vivian Logan.

Sorri. – Muito obrigada meu anjo.

Ela torceu a boca escrevendo algo em um cartão, passando para mim. Dei uma olhada rápida no que estava escrito, seu nome e seu telefone.

— Espero que você valha a pena gostosão.

Ajeitei a gola da camisa, rindo de seu comentário. – Eu vou te mostrar como posso valer, minha querida.


Capítulo 8

Ana Suarez


A noite passada me perseguiu em sonhos até o sol atravessar a janela, e pouco havia dormido desde então. Joguei as cobertas para o lado, me sentando na cama, Kimberly ainda não havia voltado de sua noitada, com certeza ela teve mais sucesso que eu. Ainda podia sentir o cheiro de Nicolas em meu corpo, sentia-me marcada por seu toque.

A porta do quarto se abriu me tirando dos pensamentos que rodeavam minha mente.

— Vejo que acordou. – Kimberly comentou.

Seu cabelo loiro platinado estava preso em um coque displicente, olhei para sua roupa de ginástica não acreditando que a pessoa viajava com o intuito de curtir a cidade e ia para academia. Ela notou que estava recriminando suas roupas.

— Você sabia que exercícios físicos aumentam sua disposição no sexo? – Perguntou sentando-se na ponta de sua cama.

— Você parece ter se divertido ontem.

— E você está com cara de quem não se divertiu nada. – comentou.

Dei de ombros, Kimberly não era o tipo de amiga que eu trocava muitas confidências, era uma boa companhia, mas não aquela pessoa que sabia guardar segredos e dar conselhos.

— Tenho aquele almoço com Jimmy, você quer ir?

— Claro! Ele tem algum amigo piloto gostosão?

Sai da cama procurando algo em minha mala. – Ele disse que estava com um amigo, acho que o convidou também.

Deixei Kimberly se preparando para o almoço e fui me arrumar, depois de um banho demorado, uma maquiagem simples e casual eu estava pronta. O vestido azul com detalhes de strappy nas costas acentuava em meu corpo, abraçando todas as minhas curvas como uma segunda pele. E mesmo o fato dele ser colado em minhas coxas não atrapalhava meu caminhar. Deixei que meus cabelos caíssem pelo corpo em grandes cachos produzidos com o secador.

— Está pronta? — Ouvi Kimberly me chamar do quarto.

— Sim, já estou saindo.

Respirei fundo, olhei mais uma vez para a figura que o espelho refletia. Eu não queria acabar com as esperanças de Jimmy, eu gostava dele.

Apenas não era da forma que ele esperava.

Os olhos de Nicolas entrando nu no banheiro ontem me assombraram até eu chegar ao elevador.

— Onde vamos almoçar?

Tirei os olhos do marcador, olhando para Kimberly. Ela também estava muito bonita, uma saia de couro colada ao grande quadril e sua blusa de frente única branca, deixavam sua pele recém bronzeada ainda mais dourada.

— Aqui mesmo no Bellagio. Jimmy fez reserva em um dos restaurantes.

Atravessamos o amplo saguão, em busca do restaurante. O piso de mármore deixava o barulho de nossos passos ainda mais alto, admirei o teto ornamentado cada vez mais agradecida por ter escolhido esse hotel. O Bellagio era extremamente sofisticado e bem centralizado, todos os atendentes tinham a excelência de um hotel cinco estrelas, assim como o restaurante para qual caminhava. Ele tinha uma das paredes toda de vidro, dando uma belíssima visão de Vegas, e da réplica da Torre Eiffel.

Kimberly praticamente saltitava ao meu lado, discorrendo sobre como estava animada com essa viagem e o quando estava agradecida pelo convite. Ela era uma de minhas primas, mesmo que não a considerasse assim. E lógico que não pude negar quando meus pais gentilmente falaram para meus tios que seria uma ótima ideia dela me acompanhar. Aquele sonoro “Nem pensar” atravessou meu cérebro enquanto tomava minha xícara de café com meus pais, mas acabei sorrindo para todos e disse que adoraria sua companhia.

Então aqui estávamos, soltas por Vegas.

Avistei Jimmy sentado em uma das mesas com vista para a janela panorâmica, ele sorriu assim que conseguiu me ver, ficando de pé.

Apontei para ele, dando uma leve puxada no braço da minha prima que estava indo para o lado errado.

— Ursinha. – disse beijando minha boca.

— Jim. – sorri.

— Kimberly, que bom finalmente conhecê-la. – Ele cumprimentou minha prima avoada com um sorriso e beijo no rosto. – Ana comenta muito sobre você.

Nossos olhares se cruzaram, eu não comentava dela, na verdade foram poucas vezes. E todas para dizer o quanto eu estava detestando a ideia de sua estadia em Nova York.

— O prazer é todo meu. – Kimberly sentou na cadeira ao lado de Jimmy. – Pensei que você tinha comentado que ele trouxe um amigo. – reclamou para mim.

Dei de ombros, sorrindo para os dois. Não estava com ânimo para conversa.

— Na verdade, trouxe sim, ele foi ao banheiro. – Jimmy fez uma pausa.

– Ali, já está voltando.

Kimberly se virou na cadeira para procurar o tal companheiro de Jimmy, dando privacidade para trocarmos um olhar.

Ele sorriu como quem achasse extremamente divertido a espontaneidade de minha prima.

— Desculpem o atraso.

Aquela voz... Ah não. Por favor, Deus. Você só pode estar de brincadeira.

— Nic essas são Kimberly e a minha Ana. – disse Jimmy, fazendo as apresentações.

Quando levantei meu olhar, seguindo a calça jeans folgada no quadril, a camisa social branca, chegando por fim nos olhos azuis que eu sabia que estavam me encarando não pude deixar de tentar engolir o bolo que se formou em minha garganta.

— Ana? – Nicolas estava tão surpreso como eu. Mas ele ainda não tinha juntado as peças que eu juntei na noite passada.

— Oi Nicolas. – disse, minha voz quase não saiu.

— Vocês já se conhecem?

Tentei dar meu melhor sorriso para Jimmy. – Nicolas e eu temos amigos em comum, querido.

Jimmy sorriu todo feliz, tirando por fim a ruga que tinha na testa. Segurou minha mão dando um beijo delicado, não pude deixar de notar que os olhos de Nicolas estavam grudados em nós.

O garçom se aproximou anotando os pedidos de todos, agradeci que pelo menos em uma coisa a tagarelice de Kimberly funcionava, ela foi a responsável por suavizar o clima na mesa. Mesmo Jimmy não sabendo de nada, a falação de minha prima contribuiu para que os olhares que Nicolas me lançava passassem despercebidos.

Jimmy contou sobre os voos e o tempo que passamos longe, requisitando a atenção de Nicolas o que me fez suspirar secretamente de alívio. Se ele já estava me lançando olhares de questionamento com apenas o que fora apresentado até ali, imagina se descobrisse que a mulher mascarada que ele transou ontem tinha sido eu? Afastei o cabelo do rosto, colocando-o atrás da orelha quando minha cobiçada sobremesa chegou.

— Minha Ana ama chocolate. – Jimmy beijou meu pescoço de forma carinhosa, sussurrando para mim. Mas todos com certeza ouviram suas palavras.

Retribui o sorriso colocando uma colherada grande do suflê de chocolate na boca, me deliciando com o sabor.

— Ana, não acredito! – Kimberly exclamou ao meu lado.

Olhei engolindo o resto da sobremesa, tentando entender do por que ela estava falando aquilo.

— Você perdeu o brinco. – Ela apontou para mim, fazendo meu estômago revirar.

Merda, com os eventos da noite passada eu me esqueci completamente que estava sem o brinco, cujo havia deixado no quarto da The Night.

Dei um sorriso. – É, eu devo ter perdido no quarto do hotel, mas tarde procuro por isso.

Cale a boca Kimberly! – gritei em minha mente.

— Poxa, eu estava na esperança de conseguir ele esta noite. – Kimberly fez um biquinho mimado, mas voltou a tagarelar com Jimmy sobre as viagens dele.

Nicolas que por nem um segundo desviou os olhos da conversa me encarava abertamente. Como se tivesse descoberto um grande segredo.

— Poderíamos dar uma volta, o que acham? – Jimmy pousou a mão em minha coxa, fazendo um carinho por ali. – Estou com tanta saudade de você.

— Sim, podemos.

— Ana, me fale mais. – Nicolas me interrompeu. – Como você e meu velho amigo se conheceram? – Aquele cretino olhava de mim para Jimmy. – Então foi por isso que negou meu convite, ontem? – Acrescentou para Jimmy com um sorriso todo simpático.

— Eu conheci a Ana numa livraria. – Jimmy começou a contar do nosso trágico primeiro encontro. – Ela esbarrou em mim, derramando todo seu café em nós. – Jimmy riu também se lembrando.

— Não derramei, fiz por querer. – Comentei.

— Sim, eu me lembro de você ter virado com tudo. – Jimmy me deu um beijo casto, e, voltou à atenção para seu amigo. – Ela depois me contou que só queria um motivo para falar comigo, sem aqueles “Oi, tudo bem?”

— Poxa, quem diria que você iria encontrar justo meu amigo. E que você camarada iria agarrar logo a ovelha desgarrada da turma. – Nicolas provocou olhando diretamente para mim. – Jim, tenho que confessar eu nunca iria acreditar, vocês formam um lindo casal.

Eu sentia toda a ironia e hostilidade dele e não entendia como nem o Jimmy ou a Kimberly, não tinham captados as frases de duplo contexto que Nicolas soltava.

— Se me derem licença, vou ao banheiro.

Levantei-me, colocando meu guardanapo de pano ao lado do meu prato e corri para longe deles. Eu precisava respirar sem ter toda aquela aura de Nicolas sobre mim. Entrei no banheiro luxuoso, decorado em tons pastel e dourado me apoiando na pia de mármore, minhas pupilas estavam dilatadas, meu coração batia forte dentro do peito. Merda! De todos os amigos do mundo tinha que ser logo ele, de tantos carinhas para se ter um sexo casual tinha que ser logo Nicolas White?

Abri a torneira para molhar um pouco minha nuca, quem sabe com a água gelada eu conseguia controlar meus nervos. Estava de cabeça baixa quando a porta do banheiro abriu e fechou logo em seguida.


— Engraçado que eu tenha um dos brincos do par, igual a esse que está na sua orelha.

Meu sangue gelou, meu corpo todo ficou trêmulo. Eu não conseguia controlar nem minha mente, boca ou nervos quando Nicolas estava por perto, sempre foi assim desde a primeira vez que o vi.

— O que você acha que está fazendo? – Perguntei com o resto de seriedade que restava dentro de mim.

Não respire, não chegue perto dele Ana Suarez. – Eu dizia o mantra em minha mente.

— Você não respondeu minha pergunta.

Ele parou diante de mim, uma das mãos no bolso da calça jeans e a outra segurando em frente aos meus olhos algo brilhante. E eu sabia muito bem o que era, meu brinco. O maldito brinco que não consegui resgatar antes que ele saísse do banheiro.

— Engraçado, pois ontem eu encontrei com uma mulher que estava usando esse mesmo brinco. – Nicolas olhou de minha orelha exposta para o brinco em sua mão, balançando-o de leve, fazendo os pequenos brilhantes reluzirem com as luzes do banheiro.

— É um brinco muito comum entre as mulheres. – Retruquei. – Alguém tão sem vergonha como você deveria saber.

Ele soltou uma risada baixa mexendo com o meio de minhas pernas.

— A questão aqui é porque você estava na boate ontem? E porque está hoje bancando a namoradinha do meu amigo?

— Eu não sei do que você está falando e gostaria que me deixasse passar. – Aprumei minha postura, tentando passar extrema confiança no que falava. – Jimmy está me esperando.

— Jimmy sabe que ontem você estava se contorcendo debaixo de mim, usando o nome de Kimberly? Engraçado, pois descobri que a verdadeira Kimberly mal faz ideia de que você roubou a identidade dela para foder com alguém que não era seu namorado. – Ele torceu a boca dando um passo em minha direção. – Espera um pouco, ele é mesmo seu namorado?

Senti minhas bochechas corarem. — Não sei...

— Não tente mentir para você mesma Ana. Eu agora posso juntar todas as peças que não se encaixavam ontem, você mudou. – Os olhos de Nicolas desceram pelo meu corpo, aquecendo minha pele. – Realmente você mudou, mas ainda reconheço seu jeito, sabia que havia alguma coisa errada com a mulher misteriosa de ontem. Você sabia, não? Foi por isso que não queria que eu retirasse sua máscara. E por falar nisso, você está com o mesmo perfume barato de ontem.

— Vá pro inferno. – Descarreguei.

Isso o fez rir ainda mais, ele deu um passo me prensando contra a pia. Nicolas se inclinou sobre mim ficando a centímetros de minha boca, uma de suas mãos começou a passar pelo meu corpo de forma liberal.

— A questão é que você gosta do inferno, então não poderei ir sozinho.

Não pensei, apenas ergui minha mão dando um tapa em seu rosto, Nicolas virou um pouco a cabeça, seu olhar ficou sério, duro pelo golpe que dei. Ele não deu tempo para minha cabeça formular uma resposta ou muito mesmo deu qualquer espaço para que eu saísse do banheiro. Quando tentei sair ele me agarrou pela cintura, empurrando meu corpo com força contra a pia, e, nem a dor aguda da batida fez com que eu realmente me importasse em sair. Ou criar qualquer vontade de empurrar seu corpo para longe do meu, Nicolas aproveitou aquele mísero segundo que não houve resistência para colocar sua língua dentro de minha boca, que o recebeu toda animada.

Ele sugava minha língua, assim como beijava minha boca de forma possessiva e descontrolada. Nossos corpos estavam um agarrando ao outro, soltei um gemido quando sua mão apertou meu seio por cima do vestido, fazendo os mamilos endurecerem, esperando por mais.

Nicolas desgrudou sua boca da minha interrompendo nosso beijo esfomeado. Um sorriso cínico brotou no canto dos seus lábios.

– Bem-vinda ao inferno, Ana. E nunca mais pense ou tente me dar um tapa. – Disse se virando e me deixando sozinha novamente no banheiro.


Capítulo 9

Nicolas White


Não sei quanto tempo fiquei contemplando a paisagem em minha frente, não sei quantas vezes revirei a porra desse brinco em meus dedos. A questão é que fui pego de surpresa, nunca imaginei que iria reencontrar Ana, ainda mais depois de dois anos, toda mudada e ainda bancando de namoradinha do meu melhor amigo.

A última vez que me envolvi com ela, estávamos embriagados e felizes por Ângela ter se casado, lembro que voltamos para o hotel ambos bêbados e quase arrancando as roupas no hall.

Porém, seguimos cada um para seu lado, Ana não gostou muito quando saí do hotel deixando um bilhete, lembro que inventei uma desculpa qualquer. A verdade? Eu estava gostando além do explicável dela, sua preguiça matinal sempre que acordava ao meu lado depois de uma transa sensacional ou quando era uma verdadeira tigresa na cama.

Sempre levei meus breves relacionamentos em cinco fases. A primeira é a conquista, nada melhor do que sair atrás e conquistar aquela mulher, nesse ponto você tinha que ser o príncipe que elas costumam sonhar. Sabe aquele velho ditado que tudo se baseia no olhar? Pois bem meu amigo, na arte da conquista trocas de olhares sedutores são essenciais se você quiser levar a mulher para cama.

O segundo encontro já tinha que ser divertido, fazer algo insano, rir sem se preocupar com nada. Este você estabeleceria um contato mais íntimo com a outra pessoa, mostraria que você pode ser divertido, que não quer complicação. Esse encontro você tem que provocar aquele “frio na barriga” que as mulheres tanto falam. Bem aquela coisa que você geralmente vê em filme, do casal se olhar e saber que aquilo ali poderia evoluir.

Para muitas mulheres, o terceiro encontro já podia rolar aquele algo a mais. Faça esse encontro ser arrasador, algo que a deixe de pernas bambas e prontas para você mais tarde. Isso era bem fácil.

Um dia me perguntaram por que eu perdia tempo com essa técnica de encontros se tudo que queria era levar a mulher para cama? Simples, as mulheres não funcionam como nós, nem sempre se sentem seguras o bastante para irem logo transando no primeiro momento e outra, mulheres não eram um botão que você ligava e pronto, vamos gozar. Não era apenas a questão de gozar, mas de sentir o prazer máximo que era ver a mulher largada na cama, satisfeita e bem comida .

Alguns também me perguntavam como eu sabia sair de uma complicação, no caso da mulher pensar que teríamos o “algo a mais”, por isso eu vinha o quarto encontro.

O quarto encontro poderia ser algo leve, afinal você já conseguiu aquilo que foi em busca, sexo. E no quinto, o quinto meu amigo, é o último, faça ser inesquecível, mas deixe logo claro que não teremos aquele algo a mais. Nada de almoço de domingo para conhecer os pais, nada de alterar status nas redes sociais, nunca, nunca mesmo envie flores ou qualquer coisa que ela possa pensar ou criar a teia maluca dentro da cabeça que você quer o próximo passo. Sabe, não fale de planos, não as inclua, não planeje o depois. Porque o depois nós sabemos que não vem, assim como as ligações ou mensagens se tornam raras.

E por fim um adeus sem complicações.

“Tudo tem o tempo certo para ser inesquecível” – E era esse ponto que eu seguia em frente, sempre vi meus amigos sofrendo em relacionamentos, amarrados, com mulheres paranoicas achando que cada passo que davam tinha uma traição envolvida. Nunca quis isso para mim, ainda mais pela minha profissão. Não era o momento de jogar a ancora, eu sempre admirei o casamento dos meus pais, mas sei que para ter um casamento assim, eu tinha que encontrar a mulher certa e também não adiantava jogar meus sonhos pela janela e nem me anular por qualquer casamento.

Quando chegasse a hora eu saberia, mas enquanto não chega... Ah, meu amigo, eu quero o que a vida tem para me oferecer de melhor no quesito sexo e mulheres.

Mas voltando a Ana eu falhei miseravelmente no terceiro encontro, ela é uma mulher despreocupada, eu sabia muito bem o que sentia por mim, que sentíamos a mesma atração maluca. E quando eu vi que poderia acabar enlaçado, fiz o que qualquer homem faz, pulei fora.

Agradeci imensamente que os trabalhos se intensificaram durante esse período, e, outras mulheres vieram. Poucas vezes fiquei em Nova York e dentro desses dois anos Ana Suarez tinha sumido completamente.

Até o momento.


— E aí cara, você sumiu.

Viro quando a porta abre, revelando um Jimmy sorridente e com os cabelos despenteados.

— Recebi uma ligação. – Disse dando de ombros.

— Mulher aposto. – Jimmy brincou se jogando em sua cama.

Acompanhei seus movimentos, Jimmy estava parecendo uma mulher, sorrindo pro nada, o que poderia significar que ele teria gastado bastante energia depois do almoço, transando com a Ana.

— Então sua noite foi realmente proveitosa? Está com pensamento longe.

Desviei meu olhar novamente para a janela. – Podemos dizer que sim.

Ele colocou os braços atrás da cabeça, chutando os tênis para longe.

— Sua cara não aparenta isso.

Soltei uma risada baixa. – Ah, meu amigo! Se você soubesse. – Me levantei passando a mão em meu casaco. – Foi uma noite muito reveladora.

— Reveladora? Nicolas White dizendo que sua noite de transa casual foi reveladora? Transou com uma cartomante? – Jimmy perguntou caindo na gargalhada.

Olhei novamente para Jimmy, esbocei meu melhor sorriso. – Você ficaria pasmo se soubesse sobre minha noite meu amigo, porém agora eu tenho que fazer uma coisinha, até mais.

— Até, bom divertimento. – Jimmy respondeu ainda exibindo seu sorriso bobo.

 

Enfiei-me em um bar qualquer de Vegas, eu precisava me manter longe do Jimmy, precisava me distrair dos olhares gulosos que Ana havia lançado para mim e principalmente de meu ataque sobre ela no banheiro do restaurante. Porém a dose de uísque estava sendo insuficiente para isso.

Dando uma olhada pelo salão vi duas morenas, lindas, pernas torneadas, um corpo esguio e todo repaginado por cirurgias plásticas olhando para mim. Dei um breve sorriso para elas, erguendo um pouco meu copo. Elas sorriram uma para a outra depois para mim, isso sim seria distração, uma jornada dupla com essas mulheres.

Um ménage a trois , isso sim seria perfeito para eu tirar qualquer resquício que restasse em meu corpo de Ana. Peguei meu copo deixando meu lugar ao bar, seguindo sorridente para a mesa das morenas, que me esperavam com sorrisos, obviamente ávidas por um pouco de atenção masculina. Afinal era Vegas baby , e o que seria de Vegas se não houvesse um bom e velho sexo a três?

— Olá moças, vejo que estão sozinhas, posso me sentar? – Perguntei todo galante.

— Oui, oui . – A mais alta respondeu toda solicita em seu francês arrastado.

Sentei sorrindo para elas, imaginando os palavrões que não arrancaria das francesinhas enquanto fodia as duas.

— Meu nome é Nicolas, vocês? – indiquei para elas.

— Meu nome é Berthe.

— Eu sou Fleur, somos de Lyon. – comentou a mais alta.

— Que doçura, vieram curtir Vegas então, se o sotaque de uma francesa é delicioso, imagine duas. – disse apoiando os cotovelos na mesa.

Fleur e Berthe riram baixinho trocando olhares entre elas. – Me fale meus amores, o que vocês estão fazendo em Vegas?

— Viemos procurando amusement . 1 – Fleur respondeu.

— Votre plaisir est arrivé! 2

Elas caíram na gargalhada, estava no papo!

— Você poderia começar a nos mostrar essa sua diversão? – Berthe estreitou os olhos chegando bem perto de mim, se quisesse poderia puxá-la para um beijo, mas não era hora.

— Nosso hotel fica do outro lado do quarteirão. – Fleur comentou.

— Com o maior prazer, só me mostrar o caminho.

Sorri lentamente, seguindo as duas até o hotel, se era diversão que elas queriam, iriam ter. Qual diversão melhor elas teriam senão sexo? Elas pediram por isso assim que pisei no bar, seria ótimo poder colocar minhas mãos naqueles corpos mignons , fazer as duas desejarem coisas como se fosse o último copo de água do deserto.

Não precisei seduzi-las muito, ou gastar uma boa hora em conversas forçadas, nós sabíamos o que era importante, o nome, o hotel e o que queríamos. Como sempre tudo estava a minha disposição, para usufruir e me distrair do meu real problema. Ana Suarez.

De pé no meio do quarto observei as duas transitarem tranquilamente, era um quarto amplo, com tudo que se tinha direito, porém não era conjugado, o que mostrava que as duas francesinhas em minha frente tinham outras preferências, e isso seria ainda melhor para mim.

Berthe que aparentou ser a mais calma do que a outra foi a primeira a jogar longe os sapatos e se ajoelhar em minha frente. Retirei o casaco, deixando cair perto de meus pés, enquanto Berthe abria minha calça, descia pelas minhas pernas para no fim se ver livre dela e da cueca.

Meu pau já estava lá pronto para elas, semiereto, mirando “gentilmente” para a boca da francesinha.

— Uau, que delícia!

— Garanto que será delicioso. – Disse acariciando um pouco a cabeça de Berthe.

Fleur se ajoelhou ao lado de sua amiga, tomando meu pau em suas mãos, lambeu a cabeça, sugando um pouco com seus lábios.

Com ar travesso as duas começaram a dividir meu pau, hora uma chupava ele todo, enquanto a outra se dedicava as minhas bolas, hora era o inverso. Percebi que as duas eram bem experientes, sabiam e gostavam muito de tudo que estavam fazendo.

Berthe assumiu a posição de Fleur, chupando-o com mais força, olhando para mim com ar travesso, me enterrando fundo em sua garganta. Sem dentes roçando, com pressão exata para arrancar um suspiro de meus lábios.

— Vocês são duas safadas gostosas. – Elogiei passando a mão na cabeça delas.

Fleur se ocupou tirando suas próprias roupas e tirando minha camisa, lambendo meu peito, mordendo meu pescoço. Envolvi sua cintura com meu braço colando seu corpo nu no meu, deixei que ela beijasse minha boca, realmente deixando o que elas fizessem o que queriam.

Mas não custaria nada acelerar um pouco. Puxei Berthe pelos cabelos colocando-a de pé, guiei as duas para a cama, deixando nosso joguinho erótico um pouco melhor. Quando elas já estavam estiradas na cama, subi de joelhos, ficando no meio delas.

— Se beijem. – Ordenei com uma voz baixa.

Elas trocaram um olhar acompanhado de um sorriso, Fleur aproximou seu rosto de sua amiga, beijando com suavidade sua boca, lambendo os lábios dela como se fosse um sorvete. Fiquei ainda mais excitado vendo-as se beijarem profundamente, sem deixar de prestar atenção na cena que decorria em minha frente fui tirando as roupas que restavam das duas, deixando-as completamente nuas. Os corpos das duas se pareciam muito, ambas eram esguias, mesmo Fleur sendo a mais alta, bundas arredondadas, seios pequenos, mas bem redondinhos e bicudos, como de duas menininhas.

Comecei a passar a mão pelo corpo das duas, pelas coxas, deixando uma trilha de arrepios ali, me concentrando ao máximo no que estava fazendo, meu pau latejava querendo atenção.

Deixei que Berthe ficasse deitada na cama, auxiliei para que Fleur chupasse o clitóris inchado e rosado de sua amiga, enquanto eu cuidava do seu, sua boceta estava pingando de desejo, brinquei um pouco com os dedos, passando de leve minha língua em sua abertura. Fazendo-a convulsionar no corpo da amiga, que por sua vez gemeu mais alto.

Retirei meu dedo, colocando a língua, enterrando o mais fundo que me permitia, abrindo seus lábios vaginais como pétalas de uma rosa, chupando com vontade seu corpo. Fleur gemia alto, seu desejo estava tão no ápice que ela se perdia nas carícias que provocava em sua amiga, seu corpo todo arrepiado mostrava que queria mais, porém não fiz o que ela pediu, deixei-a de lado na cama caindo de boca em sua amiga, dando a mesma atenção que a boceta de Fleur recebeu.

Fleur se dedicou em me agradar, dando um verdadeiro banho de língua, chupou minhas costas e mesmo de quatro na cama com espaço reduzido ela conseguiu chupar com maestria meu pau.

Como todo bom hotel, eles disponibilizavam preservativos e foi isso que encontrei na segunda gaveta, uma quantidade enorme deles, eu não estava errado essas garotas queriam sexo.

Abri um espaço entre elas, deitando na cama. – Monte em mim, quero ver meu pau sendo enterrado nessas bocetas gulosas. – Olhei para Berthe, sorrindo de modo bem sem vergonha. – Você sente-se sobre minha boca, não consegui prová-la como quero.

Fleur montou em mim ávida, suas mãos apoiadas firmemente em minha barriga, ganhando o apoio necessário para ela se enterrar em meu pau, descendo a vagina raspada sobre ele, engolindo tudo, fazendo com que eu sentisse as paredes se alargando enquanto ela rebolava e gemia sobre mim.

— Ce bâton! – Gritou jogando a cabeça para trás, mesmo eu entendendo que ela estava falando sobre meu pau, eu não queria nem saber, queria meter fundo.

Ela deslizava, massageando meu membro, uma verdadeira delícia. Realmente tirei a sorte grande com as duas. Puxei Berthe para cima de mim, deixando que ela se apoiasse na cabeceira da cama, com um joelho em cada lado da minha cabeça. Agarrei sua bunda esfregando minha boca em suas coxas, mordendo seus lábios vaginais, sentindo sua boceta tão molhada que escorria pelas pernas. Lambi lentamente seu clitóris, deixando que ela gritasse, gemesse, estremecesse sobre mim.

Enquanto minha língua cuidada de seu sexo necessitado, fui invadindo seu corpo, minhas mãos passeavam apertando seus mamilos, torcendo os bicos endurecidos de prazer, deixei que uma mão vagasse até sua bunda, apertando aquele pedaço delicioso, enterrando sua boceta em minha boca, fazendo-a se perder em gemidos, cada vez mais molhada, mais aberta para mim.

Fleur cavalgava com vontade sobre mim, meu pau pulsava sentindo-a escorregar e me engolir por inteiro, eu mesmo tendo que exercer um controle absurdo para não gozar com as duas mulheres trabalhando simultaneamente sobre mim.

— Ahh Nic...

Chupei Berthe duramente, seu corpo estava descontrolado, a ponto de gozar, enfiei a língua nela, levando ao limite. Berthe gozou em minha boca soltando palavrões e agarrando com força minhas mãos, deixando que eu sugasse toda sua excitação. E Fleur seguiu pelo mesmo caminho, praticamente pulando em cima de mim de tão violento que foi seu orgasmo.

— Estão cansadinhas né, porém o Nicolas aqui ainda não gozou. – brinquei tirando Berthe de cima do meu rosto e rindo internamente quando as duas arregalaram os olhos para mim.

— É minha vez Nic, Fleur já teve sua chance. – Berthe se colocou prontamente de joelhos na cama, recebendo uma olhada feia da amiga. Como uma amizade poderia acabar por sexo. Igual a minha e do Jimmy, sendo posta a fogo por aquela mulher linda, provocante... Não Nicolas foco onde você está, nas duas francesinhas brigando pelo seu pau, campeão.

Coloquei Berthe de quatro e nem esperei que ela se arrumasse, meti fundo em seu ânus, sendo recebido com um gemido estridente, hoje com certeza os hospedes dos quartos ao lado estavam recebendo um espetáculo e tanto. Comecei a estocar com firmeza, mais algumas jogadas de quadril e estaria onde desejava. Desci uma das mãos brincando com seu clitóris, sentindo-a relaxar e se abrir toda para mim, Berthe era sagaz, quando eu me afastava ela trazia seu corpo para frente fazendo meu corpo se chocar com força em sua bunda empinada. Pressionei a mão em sua coluna fazendo ela deitar na cama, deixando apenas a parte que me interessava empinada e a visão dela assim, sua bunda exposta para mim era demais. Dei uma olhada para Fleur ainda emburrada na cama, fiz um sinal para que ela se aproximasse o que fez prontamente, já com um sorriso no rosto.

— Terá para você também meu amor. Prometo acabar com você novamente com minha língua. – Disse fazendo um carinho em seu queixo, e, foi assim que eu me derramei dentro de Berthe, sua amiga se masturbando ao meu lado, esperando para ser comida novamente, Berthe gemendo como uma atriz pornô e meu gozo forte percorrendo minhas veias, turvando minha visão. E dando o relaxamento que eu tanto esperei.


Capítulo 10

Ana Suarez

 

Tantas pessoas que conheço, elas só tentam te tocar

Beije e toque com suas mãos e sinta

Beije e toque com suas mãos e sinta em você

Vou te dar um tempo para você provar

que posso confiar em você de novo.


(All Night – Beyonce)

 


Graças a Deus, Jimmy não percebeu nada quando retornei para nossa mesa, Kimberly foi pelo menos boa para manter ele entretido em algum assunto. Depois que conferi umas três vezes meu estado antes de aparecer suspirei ainda mais satisfeita por Nicolas não estar na mesa.

Kimberly seguiu para sua tarde de passeio e Jimmy e eu para minha suíte. Foi difícil me manter focada e entrar no clima, meu pensamento ainda estava longe, focado na falta de sorte de entrar pela primeira vez em uma casa de sexo e cruzar com Nicolas. Se você analisasse as probabilidades de isso acontecer, você diria que seriam ilusórias, eu também acreditaria nisso, mas comprovei que o destino estava tirando um verdadeiro sarro com a minha cara.

— Ana?

Levantei os olhos para seu rosto. – Desculpe.

— Você tem estado longe, desde o almoço percebo que está com os pensamentos em outro lugar. – Jimmy acariciou de leve meu rosto. – Está acontecendo alguma coisa?

— Ah... Não apenas preocupações cotidianas, você sabe a editora anda me consumindo demais.

—Minha ursinha, você precisa de um descanso, desde que nos conhecemos você tem emendado um trabalho atrás do outro.

Concordei com a cabeça, coloquei um sorriso singelo no rosto. Jimmy não merecia isso, não merecia ser enganado ou estar com uma pessoa que não correspondia ao seu sentimento.

— Jimmy... Eu... – Preciso contar, engoli em seco, respirando fundo para revelar tudo para ele.

— Ana.

Jimmy se ergueu na cama, deixando-me deitada sobre os travesseiros, ele era lindo, sua pele morena, seu olhar doce... O que você está fazendo Ana? Jimmy passou a mão sobre minha cabeça, dando um beijo ou outro pelo meu rosto, minha testa, minha bochecha, minha boca, despejando seu sabor doce sobre mim.

— Ana, estou tão feliz de estar com você, de sentir o que sinto por você...

— Jimmy. – Tentei interrompê-lo.

— Não Ana, sei como você é, sinto que você foi muito magoada, mas eu estou aqui para te dar o melhor. – Os olhos de Jimmy queimavam sobre os meus.

— Deixe-me amá-la.

A cada pedaço de roupa que ficava fora de nosso caminho Jimmy me devorava com o olhar, invadindo minha alma. O toque de Jimmy era leve, causando arrepios por toda minha pele, mexendo profundamente com meus hormônios.

Jimmy desceu pelo meu corpo como uma serpente, dando atenção para todas as partes que passavam pela sua boca. Quando seus dedos me abriram dando espaço para sua boca, todos os pensamentos secundários, sobre arrumar minhas malas e voltar para Nova York, foram ficando nebulosos, sendo encobertos pelo desejo que Jimmy dava ao meu corpo com seu toque. Afinal, segundo Jimmy me passou eles estariam indo embora amanhã bem cedo...

— Jimmy... – exclamei quando sua língua castigava meu sexo com lambidas, gemi alto quando seus dedos se juntaram com suas lambidas, me lançando no mais puro prazer.

Jimmy levantou o olhar, exibindo o melhor sorriso sexy que você espera de uma cena dessas, sua boca ainda trabalhando dentro de mim, seus olhos focados nos meus. Prometendo-me um sexo daqueles.


E aqui estou eu, deitada na cama, depois do Jimmy ter me dado um sexo excelente e realmente ele tinha dado tudo de si, foi à medida certa de carinho com a safadeza que você espera num bom sexo.

Mas agora sozinha em meu quarto os pensamentos indesejáveis surgiram em minha cabeça, me sentia como se estivesse num mar revolto, assim eram minhas emoções. De um lado Jimmy, com seu carinho e do outro Nicolas, trazendo na mala um caminhão de sentimentos frustrados, desejos e sentimentos amargurados, pois se tinha uma coisa que o Nicolas despertou em mim depois de nosso pequeno encontro, foi o desejo maluco que meu corpo sentia por ele, além de todo ódio. Uma vontade extrema de voar no pescoço dele, agora se eu conseguiria realmente matá-lo ou se seria para beijá-lo e morder todo aquele corpo escultural. Isso eu já não poderia dizer.


Capítulo 11

Nicolas White


O desembarque no aeroporto JFK, em Nova York era um dos mais tumultuados, diferente como foi no aeroporto de McCarran, em Las Vegas, que os passageiros saiam tranquilamente pelas duas portas. Em Nova York os passageiros tinham que sair pela dianteira, passando pela primeira classe o que causava um atraso até que todos saíssem e assim nos deixar livres para sair também.

Pelo canto do olho notei que Jimmy me encarava.

— Desembucha, Jim.

Ele arqueou as sobrancelhas para mim, — Um voo com Nicolas White em completo silêncio, no mínimo é assustador. Você não foi nem se divertir com a sua protegida.

Para Jimmy, Ashley era minha protegida, pelo fato de transarmos constantemente, mas eu não iria me explicar para ele, toda a empolgação do sexo que tive com as francesinhas não durou muito, logo fui afogado por todos os tormentos enquanto arrumava minhas co isas para voltar para Nova York e ver o sorriso satisfeito de Jimmy não estava me ajudando em nada, afinal eu sabia muito bem o motivo do seu sorriso malicioso, eu mesmo tinha experimentado. Um sentimento... O que seria? Culpa por ter fodido a possível namorada do meu amigo, não, eles não eram namorados, eu analisei bem a postura de Ana perto do Jimmy. Ciúmes de minha parte? Por ela estar com ele? Eu não sabia o que era aquela porra de sensação, mas ela estava ali, rondando minha cabeça como uma nuvem negra.

— Estou cansado, apenas isso meu amigo. – Esbocei um sorriso para ele.

Mas a verdade é que eu não tirava a noite no The Night da minha cabeça, por horas a fio os olhos castanhos e raivosos de Ana tomavam minha mente.

— Percebi que você não voltou para o hotel noite passada. A noitada foi boa? – Disse sorrindo amplamente para mim enquanto se levantava.

— Sim, muito boa e prazerosa.

— Aí está o velho Nic, já estava ficando com medo desse silêncio todo. – Disse rindo.

Retribui seu sorriso.

— Falando nisso, amigão, como você e Ana se conheceram?

Ali estava, o assunto pelo qual eu não queria falar, mas eu conhecia o Jimmy, ele pode ser calmo, até mesmo não ter notado nosso pequeno sumiço durante aquele patético almoço, mas Jimmy não deixaria de tirar sua curiosidade a limpo assim que pudesse.

— Amigos em comum, como já disse.

— Sim, eu me lembro.

Percebi que ele não estava satisfeito.

— Ana é amiga do Greg, sabe? Greg... Gay... – Ele concordou com um aceno. – Então e por isso nos tornamos conhecidos, ela saiu algumas vezes conosco e sua amiga. Até fomos no casamento dela, Ângela conhece?

— Sim, conheço.

Uma batida na porta interrompeu nosso papinho amigável.

— Entre.

— Desculpe incomodá-los, mas a aeronave já está vazia. Ashley pediu para vir avisá-los.

Ainda tinha mais essa, Ashley estava com raivinha de mim por não ter estendido nosso casinho de cabine de banheiro para Vegas.

— Obrigado Joline, estamos terminando o relatório e estaremos saindo.

— Imagine Sr. White. – Deu um sorriso largo para mim e saiu.

— Nicolas e seus rabos de saia, qualquer hora alguém vai pegar você se esbaldando entre as comissárias meu amigo. – Jimmy curtiu com minha cara, já pegando suas coisas para ir embora.

— Ah meu caro, espero que isso não aconteça. – Dei uma gargalhada, no fundo agradecendo por ele ter esquecido do assunto “Ana”, pelo menos por enquanto.


Você está me deixando louco agora...

Está me deixando louco agora

Me tem parecendo tão louco agora, seu toque

Quem ela pensa que é?

Olhe o que você fez comigo


(Crazy in Love – Beyonce)


Uma cerveja e a vista do meu apartamento no Upper East Side completam minha noite. Fazia uns bons meses que não me sentava em meu confortável sofá, ou desfrutava de um momento em meu apartamento.

Minha casa foi um projeto de muito planejamento e um grande investimento, algo que poderia garantir meu futuro caso a vida de piloto me cansasse. Um apartamento chique e elegante como minha família dizia, para eles só de entrarem em meu bairro já se sentiam envergonhados.

Meus pais sempre foram humildes, trabalhadores e apaixonados um pelo outro, muitos podem pensar que tenho problemas com minha família, mas muito pelo contrário, cresci em um ambiente repleto de amor e carinho. Atualmente meus pais, assim como meu tio Arnold e minha avó Clarice moram em West Village, Manhattan.

O que me faz lembrar de que esse pequeno período de férias ser excelente para visitá-los.

Cruzei a sala, pegando mais uma cerveja da geladeira. O prato inacabado de lasanha ainda estava sobre a pia e meu pensamento longe desde entrei em meu apartamento.

Duas batidas ritmadas na porta me tiraram de meus pensamentos. Escancarei a porta vendo minha vizinha do 1003.

— Vizinho, sabia que estaria em casa. – Ela deu uma boa olhada, os olhos passeando por todo meu corpo coberto apenas pela calça moletom.

— Cindy, que prazer em vê-la. – Respondi com um sorriso.

Cindy era uma arquiteta maluca, sim, maluca mesmo. Além de gemer como uma cadela toda vez que transava, ainda era bastante conhecida em meu condômino por arrumar confusões. Resumindo, totalmente pirada, e, sobre a parte de saber que ela gemia tanto que você ficava com enxaqueca depois do sexo? Fácil, ela passou pelo teste de qualidade do Nic aqui.

— Achei que tinha se mudado campeão. – Ela deu dois tapinhas em meu peito, entrando em meu apartamento. – Faz um bom tempo que não tenho visto movimentação por aqui.

Ela se virou para mim ainda parado na porta olhando ela andar toda cheia de rebolado na minissaia.

— Tenho andado muito ocupado.

— Imagino, mulheres, viagens...

Dei uma risada baixa. – Mais ou menos por aí.

— Quer uma cerveja? – Perguntei erguendo a minha garrafa para ela.

— Estou bem. Vim mesmo saber como você está, como disse, faz um bom tempo. – Ela jogou o peso de um pé para o outro, sua mão brincando com a barra da saia.

Arquei minha sobrancelha ela queria saber se eu estava em casa, ou queria saber se meu pau estava disponível para ela?

— Sim estou bem, e, praticamente de saída. – Respondi dando levemente de ombros.

— Puxa isso é mesmo uma pena. — Cindy caminhou até mim, parando bem perto do meu corpo, passou uma das mãos suave pelo meu peitoral, raspando as unhas de gavião. – Poderíamos brincar um pouquinho, mas... Quem sabe mais tarde. – Ela mordeu o lábio inferior de forma sensual, fazendo o Nic Junior começar a despertar em minha cueca.

Calma garotão, eu sei que não dispensamos uma gostosa, mas como disse essa daqui está taxada como maluca, e, não queremos complicações, não é? – Disse em pensamento para meu pau.

— Sim, claro que podemos, mas agora eu realmente preciso me arrumar para sair baby. – Tirei gentilmente suas unhas cravadas em meu peito.

— Vou esperar. – Disse dando um beijo em meus lábios. – Você sabe onde me encontrar.

— Claro, com certeza. – Respondi com um sorriso.

Também sei como fugir. – Pensei, esperei mais alguns segundos, vendo-a cruzar o pequeno corredor para fechar a porta do meu apartamento.

E pude respirar fundo.


Capítulo 12

Ana Suarez


Meu retorno para casa foi extremamente tranquilo, Kimberly se despediu de mim assim que chegamos no aeroporto. Seguindo seu próprio caminho, graças a Deus.

Sempre amei viajar, isso era o que mais me agradava em meu trabalho, a possibilidade de cruzar o mundo a trabalho, mesmo tendo altos níveis de stress. Ser uma das chefes de uma das editoras mais conceituadas do país era um trabalho árduo de todos os dias e com mínimos erros. Senão cabeças rolavam, ainda mais em meses de planejamentos, exibições de livros, feiras, eventos. Era uma completa loucura.

Eu não pretendia sair, estava bem com meu estoque de comida congelada, meu armário de doces, mas comecei a ficar inquieta demais. Ficar em casa sentada no sofá estava me deixando irritada. Dei uma olhada no telefone, quem sabe a Ângela não poderia sair comigo?


“Por favor, me tire do tédio”

Esperei por sua resposta...

“Venha para cá, Paul saiu com o irmão.”

Perfeito.

“Vou me arrumar e logo estarei aí”


A campainha tocava incessantemente, deixei minha bolsa na cama e fui até a porta, desejando que a pessoa tomasse um choque só pelo estardalhaço que estava fazendo.


— Nossa até que enfim.

— Nicolas? O que você esta fazendo aqui?

— Sabia que é falta de educação deixar uma pessoa esperando na porta.

— Ainda estou na primeira pergunta, o que você está fazendo aqui? Como o porteiro permitiu sua entrada sem me comunicar? – Perguntei olhando para seu corpo. – E porque diachos você está de roupão?

— Ah, isso? – fez um gesto para o próprio corpo como descaso. – Isso é apenas um detalhe.

Ele passou por mim, entrando no apartamento, me deixando com cara de boba ainda parada com a porta aberta.

— Nicolas, saia.

— Ah, Ana, você não vai negar um pequeno favorzinho para seu amigo. – Ele deu um sorriso deslumbrante. – Eu devo ter deixado de pagar uma ou duas contas de água.

— E o que eu tenho exatamente com isso? E amigos? Acho que eu perdi algo nesses dois anos que não nos falamos. – Retruquei.

— E... Como somos amigos, é claro com benefícios. Eu vim usar seu chuveiro. – Disse, como se eu tivesse ficado calada esse tempo todo.

Dei um passo me afastando da porta. – Como é? Você só pode estar bêbado. Não ouviu nada do que disse? Cai fora!

— Muito pelo contrário minha doce Ana!

Ergui uma das sobrancelhas para ele. – Doce Ana? Com certeza está sobre efeito de alguma droga.

— Bom, eu preciso de um banho.

— Eu quero que você saia. – Disse sem me comover, mesmo que a Ana interior esteja festejando com a visão de Nicolas embrulhado apenas num roupão branco felpudo.

— Prometo que serei rápido.

— Nicolas, saia do meu apartamento!

Nicolas me olhava com um sorrisinho no canto da boca.

— Nicolas, saia! Não estou brincando.

Ele me ignorou por completo, deixou as chaves do seu carro sobre o aparador, caminhando tranquilamente pelo meu apartamento.

— Nicolas, eu estou de saída, por favor.

Fui ignorada novamente.

— Nicolas, saia. – gritei. – Agora. Tenho certeza que alguma amiguinha vai poder te ajudar, você tem uma lista extensa de contatos.

Ele soltou uma gargalhada. – Pode ficar tranquila, eu tranco seu apartamento quando sair.

Olhei de novo para seu rosto, ignorando com pouco sucesso o espaço aberto que o roupão dava de seu belo peitoral. Ana se controle!

— Nicolas, saia. – disse apontando para a porta, ainda aberta.

— Como disse, — ele caminhou até mim, praticamente me prensando contra a bancada da cozinha, seu corpo, seu perfume serpenteava pelo ar, esse filho da puta não estava precisando de um banho. Ele precisa de vergonha na cara. Isso sim.

– A chave extra continua dentro do pote de feijão? – Perguntou a centímetros do meu rosto.

— Saia. – Resmunguei, nossas bocas estavam a poucos milímetros para se tocarem, dentro de mim algo desejava profundamente por isso, por um momento me perdi nos olhos azuis de Nicolas, esqueci que ele era um canalha, que iria sair, devo ter esquecido até do meu nome.

— Como nos velhos tempos, doce Ana. – Ele disse em meu ouvido, mordiscando o lóbulo de minha orelha.

Nicolas se virou dando um sorriso para minha cara de tacho, apoiada na bancada da cozinha, o meio de minhas pernas em chamas. Descaradamente soltou a fita do roupão, deixando-o cair aos seus pés. Revelando costas largas, braços definidos pela academia e uma bunda... Que bunda.

Engoli em seco, virando para o lado oposto, evitando essa visão.


Ângela gargalhava, tinha acabado de chegar e contar toda a história, estava fumegando de raiva mais que uma chaleira velha. E tudo que minha amiga conseguia fazer era rir da minha cara.

Cruzei os braços esperando que ela se acalmasse.

— Amiga, desculpa... – outra gargalhada. – Mas, ele é muito cara de pau. – outra gargalhada.

— Fico feliz que esteja se divertindo com a minha situação Ângela.

Ela respirou fundo, secando os olhos. – Olha, você está realmente em uma enrascada.

— Nem imaginava isso. Juro por Deus que eu taco fogo se o Nicolas ainda estiver em meu apartamento quando eu chegar.

— Não é para tanto né, amiga. E pelo que me disse, fogo é a última coisa que deseja tacar nele.

Ângela cruzou a enorme sala do seu apartamento, indo até a cozinha, voltando com uma garrafa de vinho tinto nas mãos.

— Você tem que ser sincera com você mesma e principalmente com Jimmy. – Ela me entregou uma taça, tomando um gole de sua própria.

— Esse é o problema sabe, eu não sei o que eu quero, como você ficaria se o Paul retornasse para sua vida, depois de um grande pé na bunda e ficasse com esses joguinhos? Eu estou uma merda, achei que ficaria livre dele aqui em Nova York.

— Amiga, você já tentou escutar o que realmente deseja? Você já se ouviu? Pois em todo o momento que chegou aqui, você só disse uma coisa. Nicolas. – Ela arqueou a sobrancelha olhando para mim com um meio sorriso nos lábios, Ângela estava muito mais serena e linda depois do casamento. Paul realmente era a alma gêmea de minha amiga, mesmo que eu custasse a acreditar nisso. Isso era coisa de livro, vivia no meio de romances em meu trabalho, mas quando o assunto era eu própria contar minha história, saía mais para uma comédia atrapalhada.

— O que eu tô vendo é que você, não pensou no Jimmy, sabe aquele carinha fofo que você está se embolando durante meses. Tudo que eu escutei foi Nicolas isso, Nicolas fez aquilo, mas o Nicolas...

Sai dos meus devaneios. – Não é justo com ele.

— Não é justo com você, Ana. – Ângela retrucou.


— O que não é justo, minha linda?

Paul surgiu pela sala, interrompendo nossa conversa. Quando Ângela comentava que a família de Paul foi agraciada com o manto da beleza eu ria de sua cara, mais agora vendo pessoalmente o homão que o irmão de Paul era, Jesus, eu conseguia acreditar.

— Nada de mais Paul, assunto de mulher. — Ela deu uma piscada para mim. – E aí cunhadinho, gostou de Nova York?

— Ah, pode apostar que sim cunhada. — ele cruzou o caminho vindo para onde estávamos sentadas. – Prazer, Jordan.

— Muito prazer Jordan, Ana. – Disse dando uma boa olhada naquele homem. Nossa senhora das calcinhas molhadas, o que era aquela tatuagem sexy correndo pelo braço dele?

— Ana, cunhado mala. Cunhado mala, Ana. – Ângela brincou.

Tirei meus olhos de Jordan, sorrindo para minha amiga. Já tinha problemas demais para resolver, e incluir mais um problema gostoso desse porte só aumentaria minha dor de cabeça.

Nada que um analgésico não resolva depois, meu bem – A Ana interior sussurrou em meu ouvido toda animada. – Foco Ana! Sem problemas, evite a testosterona extra em sua vida.

— Interrompemos algum papo calcinha meu irmão.

— Não interromperam nada Paul, eu já estou de saindo mesmo, amanhã tenho que estar logo cedo na sede da Roccoly.

— Nos vemos amanhã no almoço? – Ângela perguntou. – Podemos continuar essa conversa.

— Claro, podemos sim.

Virei-me para Jordan, acrescentando um sorriso em meu rosto. – Foi um prazer conhecê-lo, seja bem-vindo em Nova York.

— Ah, com certeza fui muito bem recepcionado, Ana.

Ele pegou minha mão acrescentando um beijo no dorso, o que fez Ângela e Paul se olharem rindo.

— Tchau, criatura.

— Tchau, Aninha! – Paul retribuiu.

Segui com minha amiga até a porta onde nos despedimos com um abraço.

— Pense nisso Ana, o que seu coração pede? É justo com você? Se depois de todos esses anos você ainda sente algo pelo Nicolas, capaz de passar por cima de um relacionamento com o Jimmy... Acho que você tem que pensar nisso.

— Pode deixar, pensarei.


Sinto que estou afundando

Mas eu sei que conseguirei sair vivo

Se eu parar de te chamar de meu amor

E seguir em frente


(Stitches – Shawn Mendes)


Entrei em meu apartamento curiosa, sim, queria saber se Nicolas estava por lá, ou me ouviu e realmente deixou meu apartamento. Deixei os saltos perto da porta de entrada, o abajur na sala estava ligado, mas todo o apartamento estava em silêncio.

Nicolas não estava, mas se respirasse fundo podia sentir o cheiro do seu perfume por ali. Quanto tempo ele ficou por ali? Será que ficou me esperando? Ou qual o real motivo para ele ter surgido assim do nada aqui?

Caminhei até meu quarto apagando as luzes enquanto passava, joguei a bolsa sobre o criado-mudo, derrubando alguns cremes que ficavam ali. Retirei o vestido a caminho do banheiro, deixando que ele caísse aos meus pés, soltei os cabelos. Tudo no automático, meus pensamentos poderiam ser ouvidos longe, minha cabeça estava a mil.

Busquei uma camisa dentro do closet e voltei vestindo, pronta para me jogar em minha cama.

— Poxa, estava um espetáculo e tanto, mesmo na penumbra.


Capítulo 13

Nicolas White


— Puta que pariu!

Ana correu para a luz, iluminando o quarto, me vendo deitado confortavelmente em sua cama.

— O que você está fazendo aqui? Quer me matar do coração?

— Olha poderia te matar de diversas coisas, mas do coração? – Brinquei fazendo um beicinho. – Não, coração não.

— Nicolas, saia daqui.

— Tem certeza que você deseja isso, Ana? – Sentei-me, olhando seriamente para seu rosto. – Diga Ana, é isso mesmo que você deseja?

Eu não pensei em provocar a Ana, muito menos aparecer em seu apartamento vestindo apenas um roupão. Mas, quando vi estava colocando esse plano maluco em prática, primeiro me certifiquei que ela estaria sozinha, não poderia aparecer na sua porta e dar de cara com o Jimmy. Quando o porteiro simpaticamente me contou que ela estava sozinha, não esperei que o arrependimento surgisse em minha mente, corri para seu apartamento.

Lógico que ela esperneou, bateu o pé e foi dura comigo, mas vi quando seu olhar se arregalou quando joguei meu roupão no chão mostrando que estava nu. Claro, que eu tinha roupas decentes me esperando no carro, mas foi impagável ver a cara dela.

E quando sai do meu banho encenado ela não estava mais ali, esta parte eu não contava, esperava que ela estivesse ali. Mas ela havia saído, o que me deu uma grande irritação. E me fez esperar pacientemente deitado em sua cama.

— Diga Ana, estou esperando sua resposta. – Pressionei.

— Nicolas, isso é errado em tamanho gigantesco, até para começar a falar.

— Por que não começamos com o simples, por que você não revelou que era você na boate?

Ela riu de forma debochada. – Como se eu soubesse, né, foi minha primeira vez tá legal, eu desconfiei que conhecia você de algum lugar, mas nunca imaginaria que seria o “diabo” em pessoa.

— Vai com calma, eu não fiz nada que você não quisesse.

— Sim, claro. Assim como o grande pé na minha bunda. – Retrucou, Ana assumiu uma posição ameaçadora.

— Ana, você sabia que eu não levava relacionamentos a sério.

— Claro, eu sempre soube do canalha que você era, mas esperava um pouco mais do cara que me conhece há um bom tempo. Não esperava acordar em um hotel no meio de uma praia na Califórnia e tomar um pé na bunda em formato de bilhete. – Ela andou um pouco pelo quarto, parando encostada na porta. – Realmente, muito simpático da sua parte.

Tá assumo, foi péssimo, mas eu não sabia o que fazer. Ana foi ficando de forma muito intensa e gostosa comigo, me vi envolto por seu jeito fácil de lidar.

— Eu sei o que fiz, foi errado. – Assumi.

— Sério? Errado? – Ela questionou arqueando a sobrancelha. – Que gentil de sua parte perceber isso dois anos depois.

— Ana, que porra. Veja onde chegamos. — Passei as mãos em meus cabelos. – Você está realmente namorando com meu amigo?

Ela contraiu a mandíbula. – Se estiver, isso não é um problema seu.

Levantei da cama olhando bem em seus olhos, cruzei o caminho até ela, sustentando nosso olhar.

— Sabe você é uma excelente mentirosa. Não sei o que você tem com o Jimmy, mas você não gosta dele.

— Quem é você para falar sobre quem eu gosto, Nicolas? Você sabe o que significa gostar de outra pessoa, sem ser seu próprio umbigo? – Ela destilou o veneno atingindo bem em cheio.

Nossas respirações se misturavam, o hálito doce de Ana batia em meu rosto.

— Você não tem mais nada para fazer aqui, saia. – Disse de forma rude.

Seguro os braços de Ana, exercendo uma mínima pressão. Coloco-a contra a cama, pronto para derrubá-la. Ela não reclama em nenhum momento. Sua respiração está ofegante, aproximo minha boca da sua, lambendo seu lábio inferior, me banhando com seu gosto doce. Isso incendeia o desejo dentro de mim.

Ana abre um pouco mais a boca me convidando para entrar, mas recuo.

– Diga Ana, ainda quer que eu saia?

Ela me encara, seus olhos estão turvos pelo desejo que eu sei que ela sente, não espero a confirmação, ergo seu corpo pela cintura, tomando sua boca na minha, enfiando minha língua, varrendo tudo para mim, trazendo todo seu gosto só para mim.

Enquanto aprofundo o beijo retiro a pouca roupa que ambos vestimos, chocando nossos braços durante a pressa de nos vermos livres e prontos, um para o outro. Jogo Ana contra a cama, subindo sobre seu corpo, beijando seus seios, sugando seu pescoço, mordendo sua barriga, para começar tudo de novo. Beijo sua boca já vermelha pela sucção que fiz ali, Ana não fala nada, permanece calada, me arranhando, guiando minha cabeça pelo seu corpo e se contorcendo ao meu toque.

Enfio seu mamilo em minha boca num gesto possessivo, mordiscando de leve a pequena auréola, Ana geme como uma gata manhosa debaixo de mim, dando ainda mais tesão para o que estou fazendo. Deixo a mão livre deslizar pelo seu corpo, descendo até suas coxas, se infiltrando em sua deliciosa boceta, fazendo meu pau duro reclamar por atenção. Ela está molhada , desejosa, querendo tudo que tenho para oferecer, brinco um pouco com seu clitóris, sentindo ela se abrir para mim.

— Nunca mais me expulse quando ambos estivermos assim. – Sussurro em seu ouvido.

— Nicolas...

— Isso minha doce Ana, chame pelo meu nome. – Mordo seu pescoço antes de descer por todo seu corpo e cair de boca em sua excitação, sentindo seu corpo pulsar na ponta de minha língua.

— Nicolas...

Levanto a cabeça de seu centro, vendo seu rosto se contorcer na cama, suas mãos estão agarrando os lençóis.

— Deseja algo, Ana? – Minha voz está rouca, meu pau duro como uma tora, eu estou louco para foder até o amanhecer.

— Quero você. – Ela sussurra.

Vou até a ponta da cama procurando no bolso de minha calça, da roupa que fui buscar no carro, a camisinha, rasgo com rapidez a embalagem com o dente. Desenrolo sobre meu pênis, olhando nos olhos da Ana.

Ela se abre para me receber, entregando-se para mim como da primeira vez, apenas nós dois, sem problemas ou terceira pessoa para nos tirar isso.

Apenas Ana e Nicolas.

Penetro de uma vez só, entrando fundo em seu corpo, sentindo-o latejar sobre mim. Ana me agarra colando ainda mais nossos corpos, fazendo o vai e vem se intensificar, seu clitóris raspa em meu corpo aumentando o atrito, aumentando o tesão e o fogo que corre por minhas veias. Seguro sua bunda deixando as estocadas mais fundas, mais duras.

— Olhe para mim, Nicolas.

Colo meu olhar no dela, vendo tudo que passa por minha cabeça também passar pela dela, vejo tudo refletido em seu olhar. Ela me recebe, aumentando suas reboladas em volta do meu pau, fazendo me gemer, gemer seu nome, chamando-a para mim. Sinto que ela está perto seu corpo se descontrola, assim como meu, dois malucos guerreando um com o outro em busca do orgasmo. Nosso sexo fica bruto, puxo o corpo da Ana para cima de mim, sentando na cama e trazendo ela junto comigo, fazendo ela se afundar em mim, agarrando seu corpo, sugando sua alma. Coloco um de seus mamilos em minha boca aumentando sua tortura enquanto ela dita os movimentos sobre meu pau. Isso se torna tudo, minha visão embaça de prazer, sinto as paredes de seu corpo me apertar deliciosamente e então ambos gozamos, chamando um pelo outro, ofegantes, suados, cansados no meio de todo o caos.


Passei uma vida inteira fugindo

E eu sempre escapo

Mas com você estou sentindo algo

Que me faz querer ficar

Se eu conseguir sobreviver ao dia

Então não tem mais porque fugir

Isso é algo que tenho que enfrentar


(Writing's On The Wall – Sam Smith)


Capítulo 14

Ana Suarez


Então vamos, deixe para lá

Apenas deixe acontecer

Por que você não pode ser apenas você?

E eu ser eu mesmo?

Tudo o que está quebrado

Deixe o vento levar

Que tal você apenas ser você

E eu ser eu mesmo?


(Let it go - James Bay)


E então era isso, de novo Nicolas estava presente em minha vida. Era um erro? Era correto? Quem pode julgar, quando falamos de coisas ligadas ao coração nem os mais sábios filósofos tinham explicações.

Ontem foi uma noite dessas, meu corpo desejava o dele e meu cérebro gritava para não me deixar levar, eu me entreguei a ele como em todas ás vezes. E, na manhã seguinte?

Acordei um pouco mais cedo do que o habitual, a claridade atravessando a cortina, atingindo meu rosto na cama. Espreguicei-me, sentindo o aroma de Nicolas espalhado por meu travesseiro, rolei para o lado sentindo mais espaço do que na realidade deveria de ter, abri lentamente os olhos, me habituando com a claridade.

Olhei para o lado mais frio notando que estava sozinha e aquele vazio certeiro de sempre estava ali, ele mais uma vez foi embora. Sem despedidas, sem um simples tchau...

— Finalmente acordou.

Olhei assustada para o banheiro. – Nicolas?

— Quem você pensou que fosse? – Perguntou sorrindo.

Retribui seu sorriso. Ele caminhou despreocupado até a cama, se sentou na ponta, dando um leve selinho em meus lábios.

— Eu queria realmente ficar, mas tenho um compromisso.

— Eu... Tenho que trabalhar.

Ele concordou com um aceno de cabeça. Estávamos sem jeito, não estávamos mais acostumados com isso, nenhum dos dois sabia o que falar.

— Bom, vou deixar você se arrumar, – Nicolas colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – voltaremos a conversar Ana.

Suspirei, aceitando o beijo de despedida, aceitando sua língua acariciar a minha sem pudor, sem muros ou desculpas. Aceitei suas mãos agarrarem minha cintura enviando uma onda de calor para meus ossos.

Nicolas descolou sua boca da minha, deixando nossas testas unidas.

– Até mais, doce Ana.

— Até. – murmurei.

Ele pegou o resto de suas coisas espalhadas pelo quarto, estava quase chegando perto da porta...

— Nicolas!

Ele se virou rapidamente olhando para mim. – Por favor, nada de “Doce Ana”. – disse sorrindo. – É forçado demais.

Ele soltou uma gargalhada, sacudindo os ombros, uma risada rouca maravilhosa, máscula como tudo nele. – Prefere ursinha?

Dei uma olhada feia, contraindo o rosto, o que o fez rir ainda mais.

— Pode deixar monstrinha , nada de apelidos melosos.

Ri balançando a cabeça, vendo ele se afastar pelo corredor e depois escutar a porta do meu apartamento batendo.

Ai Deus! Joguei-me de novo na cama agarrando o travesseiro que ele usou para dormir, seu cheiro ainda estava ali.


Telefones tocando, o barulho de teclados sendo digitados com agilidade, o vai e vem de pessoas com livros nos braços. Isso era meu trabalho, sentia falta dessa loucura toda, provavelmente minha mesa estaria atolada de manuscritos e projetos para dar uma olhada e Evelyn toda perdida no meio disso.

— Ana como foi a viagem?

— Muito boa Robert, você precisa fazer uma assim logo. – Disse sorrindo para nosso editor chefe.

— Logo, assim que os autores deixarem. – Respondeu brincando.

Acenei seguindo para minha mesa, cruzei mais alguns corredores entrando no hall do meu escritório.

— Bom dia, Ana. – Evelyn se levantou pronta para me atender.

— Tudo bom, Eve? Como funcionaram as coisas quando estava fora?

— Tudo muito bem, esta loucura começou hoje mesmo. – Disse rindo.

— Então isso tudo é para mim? – Perguntei já cruzando minha sala de olho nos grossos papéis em minha mesa.

— Sim, sinto muito, mas eles são todinhos para a senhorita.

Suspirei deixando de lado minhas coisas.

— Vamos ao trabalho, me deixe a par de tudo que anda acontecendo, como tanta coisa explodiu em apenas um fim de semana?

— Bom, temos três arquivos para você analisar, são de autores iniciantes, nesta pilha temos o projeto do evento que teremos agora no início do próximo semestre. Robert já deu suas opiniões e deixou anotado para você dar uma olhada, assim como Melissa está esperando que você coloque as suas e repasse para ela.

— Sim, vou ajeitar tudo isso e dar uma olhada. – Disse apontando para as pilhas e mais pilhas em minha frente. Retirei os óculos de grau da gaveta colocando-o sobre meu rosto.

— Vou pegar um café para você.

— Isso seria perfeito. – Sorri agradecendo.

Peguei a primeira pasta grossa, lendo algumas anotações que o setor de análise tinha deixado. Geralmente eu era responsável por cuidar dos autores em seus lançamentos, seguir com eles em eventos, mas de tudo que eu fazia, minha paixão era ler suas histórias, principalmente os romances. Romance era uma coisa que não esgotava, a cada dia chegavam novos originais, novos autores. Novos romances.

E me focar diretamente na história que estava em minha frente era o que eu realmente precisava. Entrar de cabeça naquele romance e esquecer por algumas horas a tragédia que era minha própria vida amorosa.


Capítulo 15

Ana Suarez

 

Assim seguiram dois dias, muito trabalho, algumas viagens agendadas e correria para finalizar todos os projetos que a editora tinha abraçado.

Tinha acabado de sair de uma reunião de duas horas com meu chefe e o conselho, Evelyn veio apressada ao meu encontro.

— Senhorita Suarez.

— Ana. Já conversamos sobre isso. – Repreendi.

— Desculpe. Ana, o Senhor Walker ligou pela terceira vez para você.

Parei de caminhar, me virando para ela. – Sr. Walker?

— Sim, — Ela deu uma olhada em seu caderninho de anotação. – Jimmy Walker.

Joguei a cabeça para trás rindo. – Eve, sabe quando eu iria descobrir quem é esse Sr. Walker? Nunca!

Ela riu junto comigo. – Desculpe Ana, foi assim que ele se apresentou. Você também recebeu uma ligação de um rapaz chamado Nicolas White, ele não quis deixar recado.

Suspirei.

— O que você falou para os dois?

— A mesma coisa, que você estava indisponível, que ainda estava em reunião com a diretoria.

— Ótimo, — ocupei minha cadeira, relaxando um pouco. – Eu continuarei em reunião o dia todo para os dois.

— Sim senhorita.

Ergui a sobrancelha para ela.

— Desculpe é o habito. – Disse sorrindo.

— Pode tratar de perdê-lo, a menos que estejamos na presença dos chefões, senão é apenas Ana.

— Tudo bem, você deseja que reserve uma mesa no Blakery?

— Por favor, Eve.


Peguei meu telefone na bolsa, notando seis mensagens não lidas. As três primeiras eram de Nicolas.

“Oi, liguei para seu escritório, está ocupada?”

“Sabe, posso ver quando foi sua última visualização.”

“Bom, já que quer... Posso aparecer na sua casa, porém agora vou pelado.”

Só faltava essa, abri a conversa digitando uma mensagem rápida.

“Sr. peladão, invadir propriedade alheia, ainda mais pelado é crime. Estava trabalhando!”

Mal saio da conversa chega sua resposta.

“Sabia que gostaria da ideia, poderíamos jantar hoje. O que acha?”

Peguei-me sorrindo ao ler a mensagem.

“Podemos ver, vou voltar ao trabalho. Faça o mesmo.”

“Estou de férias doce Ana, todo tempo disponível para você.”

Balancei a cabeça, Nicolas e suas cantadas, voltei para caixa de mensagem vendo que as duas últimas mensagens tinham sido do Jimmy.

“Minha ursinha, estou com saudades”

Eu precisava ser honesta com ele, mas como ser honesta com uma pessoa, se você própria não sabia o que fazer? Nicolas me devastou e eu não disse não, muito pelo contrário. Aceitei sua devastação e sorri no dia seguinte, me sentindo bem... Feliz.

Passei para a próxima mensagem, também do Jimmy.

“Estou providenciando um fim de semana em Sag Harbor, apenas eu, você e alguns amigos. Vamos ursinha? Passo na sua casa hoje!”

Eu queria e precisava de um momento longe. Longe da presença tanto do Jimmy como do Nicolas, não podia mais ficar sendo puxada como um ioiô. Jimmy sempre foi ótimo para mim, carinhoso e meloso. Mas isso não vem ao caso, ele sempre foi o que toda mulher procura. Estabilidade, ele era centrado, calmo. Mas, sim existia esse grande “mas” conosco.

Enquanto Jimmy era tudo que você procuraria para o futuro companheiro de vida, sim porque uma hora você tem que pensar em casamento é inevitável, eu sou editora de romances, vivo mais tempo com eles do que meu vibrador. Os romances me encantam, e, me fazem perguntar para mim mesma quando vou encontrar um homem que me tire o chão, que me arranque suspiros, como os mocinhos dos livros que estou rodeada. Quando acontecerá meu “feliz para sempre” moderno...

O Nicolas faz tudo isso, tira meu chão, arranca minha alma num suspiro, me dá o melhor sexo que uma pessoa pode desejar, mas, sim porque com ele também existe um “mas”. Ele é um canalha, na primeira oportunidade troca você por outra mulher. Ele destruiu meu coração como se fosse um pedaço de papel, me deixando remoendo sobre isso meses a fio. E quando eu acho que ele não pode interferir mais, aparece como melhor amigo do meu... o que Jimmy seria para mim? Um caso sério? Argh!!! Preciso dar um basta, com os dois, só assim poderei pensar melhor sem toda essa masculinidade me rodeando.

Jimmy seria o primeiro. E depois Nicolas.


Capítulo 16

Nicolas White


Deixei o telefone apoiado na perna, prestando atenção no que o tio Arnold dizia para mim, concordei com a cabeça olhando sério para seu rosto cheio de rugas da idade.

Se ele descobrisse que meus pensamentos estão voltados para uma morena de um metro e setenta e cinco, deliciosas curvas e uma boca viciante, e não para os assuntos políticos que ele assistia, tomaria uma bengalada na canela.

— Esses moleques não sabem o que fazem, vão acabar destruindo nosso país.

Tio Arnold, ou melhor, General da Marinha Americana - reformado, acreditava que os problemas que estamos vivendo, tanto na economia como na política é culpa exclusivamente dos jovens libertinos, ou seja, eu também. O sonho de meu tio e do meu próprio pai era que seguisse esses passos, mas minha vida era voar desde pequeno. Minha mãe contava que eu jogava todos os meus carrinhos e soldadinhos fora, para apenas ficar com meu avião.

— Meninos, está na mesa. – Minha mãe gritou da cozinha.

— Essa sua mãe acredita que porque estou velho, estou surdo. – Tio Arnold reclamou, pegando sua bengala.

— E não está tio? – Perguntei caçoando dele, como sempre levando uma bengalada na perna como castigo.


Minha mãe fez um verdadeiro banquete quando comentei que estava indo vê-los. A mesa estava repleta de minhas comidas preferidas, minha avó já se ocupava colocando o máximo de comida que o prato suportava, meu pai puxou assunto sobre futebol, dizendo como o Jets – New York Jets - estava ruim nessa temporada.

— Isso é hora de falar de futebol?

— Ele está triste vovó, o time dele tenta mais não consegue vencer o meu. – Disse, depositando um beijo na bochecha de minha avó quando colocou meu prato em minha frente.

— Ah, garotos!

Soltei uma gargalhada, já me preparando para a primeira garfada, minha mãe era famosa na família, ninguém conseguia fazer um Back Ribs 3 como ela, era de lamber os dedos.

— Então, você está de férias?

Larguei meu garfo, terminando de mastigar. – Sim, pelo menos por uns quinze dias, trabalhei três meses direto. O que foi ótimo, me ajudou com milhas e um salário melhor.

— Você trabalha demais meu filho. – Minha mãe era toda receosa com meu trabalho, sabe daquelas que um avião cai lá na China já está ligando para saber se fui eu? Pois é, eu não ligo, amo minha família, sempre fui muito ligado a eles.

— Como vai a loja de ferragens pai? – Perguntei entre uma garfada e outra.

— Naquelas, hoje em dia ninguém quer mais fazer algo manual, todos preferem chamar profissionais ou empresas para isso.

— Falei para seu pai se aposentar, vivemos bem com aposentadoria dele, ainda temos a ajuda do Tio Arnold e da vovó Clarice.

— Nem preciso falar sobre isso, você sabe que eu ajudo no que vocês precisarem.

Minha mãe afagou meu braço, sorrindo para mim. – Sabemos disso Nic, temos sorte de ter um filho como você.

Sorri, eu que tinha sorte de tê-los como minha família.

Meu celular vibrou no bolso, tirei olhando no visor rapidamente, uma regra na casa dos meus pais era nada de telefones na mesa, mas dessa vez teria que desrespeitar.

“Essa noite estarei ocupada. Marcamos outra hora”

Estranhei a mensagem praticamente formal que Ana me enviou, eu sabia que nesses dois dias que passamos longe tinham sido de reflexão para ela, afinal mesmo querendo eu não poderia esquecer que Jimmy estava no meio e depois dela dizer o quanto estava magoada pelo que fiz, eu não tinha garantia nenhuma de que ela fosse ficar comigo.

E principalmente, eu não sabia dizer sobre meus sentimentos, o que eu queria na verdade com Ana? Era algo de uma noite e nada mais? Minha nuca pinicava só de imaginar isso, nossa noite juntos foi tão boa, mesmo quando ela adormeceu deitada ao meu lado eu fiquei olhando-a, velando seu sono. Aquela mulher mexia comigo como nenhuma outra mexeu, isso soava tão patético em minha cabeça, mas tão verdadeiro ao mesmo tempo.

Nesses dois anos que ficamos sem nos falar, eu não pensei que sentiria falta, na verdade estava bem ocupado para sentir algo. Quando não estava pilotando estava com uma mulher do lado, e nas poucas noites que ficava sozinho não deixava nenhum pensamento moral ou sentimental assumir o controle.

Mas eu sentia falta da Ana, o que aquela morena tinha eu não sabia.

Sabe quando mesmo rodeado de pessoas, mulheres, sexo, danação e tudo que você deseja ou até mesmo o que seria uma vida perfeita no fundo era uma vida oca? Sei lá porque comecei a pensar sobre isso justo agora, mas minha vida era perfeita. E porque eu estava aqui discutindo mentalmente sobre isso. Ana ela era a culpada, ela estava novamente se infiltrando em mim, a questão é, eu deixaria ela assumir o controle ou eu fugiria mais uma vez?

“Tenho certeza que posso te fazer mudar de ideia”

Sua mensagem chegou quase que instantaneamente.

“Não, depois nos falamos Nic”

“Eu sei que você não para de pensar em mim”

“Você é muito convencido, essa é a verdade”

“Guarda um segredo?”

Sua resposta demorou um pouco para chegar.

“Fale de uma vez!”

“Você não sai da minha cabeça.”

— ...Tô falando, esses jovens são consumidos por esses aparelhos eletrônicos. – Tio Arnold me tirou do meu longo devaneio com sua reclamação.

— Que foi meu filho, você está com uma cara preocupada? – Minha mãe me questionou.

— Nada, mãe, apenas uns pensamentos. – Sorri suavizando as caras preocupadas dela e de minha avó, enquanto engolia em seco todos esses pensamentos que me atingiram como um meteoro.


Eu não vou mentir para você

Eu sei que ele não é certo para você

E você pode me dizer se eu estiver enganado

Mas eu vejo isso em seu rosto

Quando você diz que ele é o que você quer

Você está desperdiçando todo seu tempo


E quando quiser que isso pare

Me diga por quê estamos perdendo tempo

Quando você deveria estar comigo em vez disso


Eu vou parar o tempo para você

No segundo em que você disser que gosta de mim também


(Treat You Better – Shawn Mendes)

 

 

Tinha recebido uma mensagem do Jimmy pedindo que encontrasse com ele no bar que sempre frequentávamos. Só este pedido tinha feito meu estômago se revirar, será que ele havia descoberto tudo? Será que Ana já tinha contado sobre nosso envolvimento?

Por todos esses dias eu não tinha parado de pensar nisso, em minha amizade de anos com Jimmy.

Encostei o carro em frente ao Cysar’s Bar, desliguei o motor, respirando fundo antes de encontrar Jimmy, ao mesmo tempo que eu poderia encontrá-lo tomado pela raiva, ele poderia querer apenas passar um tempo, como fazíamos.

E também não poderia sair falando sobre meu envolvimento com Ana, eu teria que conversar com ela primeiro.

Sem passos em falsos, Nicolas. – Disse para mim mesmo em pensamento.

O bar tinha algumas pessoas sentadas, curtindo a música ao vivo, alguns amigos rindo enquanto tomavam suas cervejas. Um pequeno grupo de mulheres sentadas no balcão do bar, e, então Jimmy.

— E aí cara. – Disse batendo de leve em seu ombro.

— Nic. – Ele se ergueu no banco me cumprimentando, pelo visto ele não sabia de nada, ainda.

— O que vamos beber? Temos uma ocasião especial? – Brinquei

— Eu quero conversar com você. – Jimmy soltou um pesado suspiro.

– Preciso de um conselho e quem melhor do que meu melhor amigo mulherengo.

Um nó desceu pela minha garganta, eu estava falhando feio com ele. Fiz sinal para o rapaz atrás do bar. – Esses conselhos seriam sobre mulheres, qual enrascada você se meteu? – Perguntei tentando me mostrar calmo e brincalhão.

— O que vocês desejam? – Perguntou o rapaz mal-humorado por ser tirado das lindas mulheres sentadas perto de nós no balcão.

— Duas cervejas, por favor. – Jimmy respondeu, ele esperou que o rapaz tivesse deixado nossas cervejas e se afastado para continuar falando. – Eu quero saber... Na verdade , eu queria saber seus truques.

— Meus truques?

— Sim, você parece ter as mulheres nas mãos. – Jimmy apontou com a cabeça para o lado oposto, tomando um gole de sua bebida.

Olhei na direção que ele apontou, uma mulher me olhava com um sorriso no rosto, satisfeita por ter sido notada. Retribui seu sorriso, voltando minha atenção para Jimmy.

— Quem você quer ter nas mãos? Achei que estava bem resolvido nesta questão. – Completei dando de ombros.

— Ana. Faz uns meses que estamos saindo, ela deixou claro apesar de não falarmos sobre isso, que não quer algo realmente sério, na real, ela nem comenta porque não gosta da ideia de um compromisso.

— Ás vezes você pode ter se amarrado em uma loba solitária. – Comentei bebendo mais um gole de minha cerveja, aproveitando para analisar sua feição.

— O que posso fazer para ela se sabe...

— Querer algo com você? – Perguntei arqueando a sobrancelha. – Isso não é uma questão do que fazer, se ela já deixou tão aberto que realmente não quer compromisso respeite.

Dei de ombros tomando outro gole, controlando minha língua. Esse assunto estava fervendo algo dentro de mim, algo que era desconhecido para mim.

— Ela é bem gostosa sabe, na cama então parece um furacão. Eu te juro, ela consegue levar uma pessoa a loucura com o que faz na cama, além de ser uma excelente pessoa, profissional...

Devo ter parado de escutar quando ele mencionou como ela era boa de cama, minha visão se perdeu em ciúmes, sim era isso que sentia. Como iria falar qualquer coisa se eu fervi de raiva, se ele falava tudo como se eu não soubesse, como se eu não tivesse experimentado o gosto da Ana diversas vezes. Perdendo-me em seu calor, ou em seu corpo.

Passei as mãos afastando meu cabelo do rosto. – Bom, acho que você tem que ver realmente se ela gosta de você. Sabe, às vezes ela quer curtir e não ter um cara no pé dela. – Disse um pouco rude.

Jimmy colocou sua cerveja no balcão me olhando sério.

Engoli em seco.

— Bom, tente conquistá-la. – Suavizei a voz.

Parabéns Nicolas, você está jogando sua garota nos braços de outro cara. – Me repreendi.


Capítulo 17

Ana Suarez

 

Finalizei meu dia seguindo para casa, com sorte Nicolas tinha recebido e entendido o recado, devo dizer que fui bem sutil com o meu “Não apareça”. E chocada com a declaração que Nicolas fez, nem quando começamos toda essa história de gato e rato ele confessou ou ao menos disse que pensava em mim, isso só conseguiu me deixar ainda mais confusa por dentro.

Atravessei o hall atraindo alguns olhares, as pessoas que me olhavam mal sabiam que por dentro tudo estava um caos, em ponto de ebulição. Entrei em meu carro, joguei minha bolsa e algumas pastas no banco de trás. Liguei o som e o carro. Deixando a música alta me consumir, se tinha uma coisa que me dava paz de espírito era música. O entardecer em Nova York sempre era perfeito, o sol sumindo por entre os prédios altos, as pessoas correndo para seus próximos compromissos, o mar de carros que atravancavam nas avenidas.


Meu amor

Ele me faz sentir como ninguém

Mas meu amor

Ele não me ama, então eu digo para mim mesma

Eu digo a mim mesma


Dei uma olhada para o som, era a primeira vez que estava escutando esta música. E logo no primeiro verso já falava sobre minha vida, ou “New Rules – Dua Lipa” era diretamente para mim, ou então eu já estava enlouquecendo com tudo que venho passando.


1, não pegue o telefone

Você sabe que ele só está ligando

Porque está bêbado e sozinho

2, não o deixe entrar

Você terá que expulsá-lo novamente

3, não seja seu amigo

Você sabe que irá acordar na cama dele pela manhã

E se você estiver afim dele

Você não vai superá-lo


Comecei a cantar em plenos pulmões a música, tentando memorizá-la. Era exatamente o que vivia com Nicolas, ele me procurava quando estava sozinho, só veio me atormentar porque ficou com ego ferido, afinal viu seu amigo perto de mim, e eu sei que Jimmy deve ter comentado sobre suas ideias de tornar nosso affaire um relacionamento sério.


Eu continuo seguindo em frente

Mas ele continua a me fazer ter recaídas

(Não há lugar pra fugir) De jeito nenhum

(Não há lugar pra fugir) Não


Agora estou encarando o fato

Eu finalmente vejo o padrão

(Eu nunca aprendo)

(Nunca aprendo)


Mas se tudo não passou disso, ego ferido, porque ele ficou no dia seguinte, por que vi refletido nos olhos dele tudo que eu sentia dentro de mim?


Quarenta minutos depois finalmente podia me jogar no sofá, mudei de canal esperando encontrar algo bom, algum filme ou série. Algo que não precisasse sair do sofá, mas então vinha o problema dois, Jimmy vinha para cá, larguei o controle da TV no sofá e segui para o quarto, tirar as roupas de trabalho e tomar um banho. Quem sabe isso me revigorasse.

Jimmy havia me mandado uma mensagem avisando que estava chegando, pedi um combinado japonês para nós, como não sabia dos planos dele, preferi contar sobre o nosso “termino”, — bom, se é que era um termino — , quando ele estivesse de barriga cheia, ainda não tinha me decidido se contaria toda a verdade, ou ocultaria o fato que o amigo dele sempre foi o responsável por não ficar por inteiro com ele.

Mas no fundo sempre vi essa paixão toda do Jimmy como um fogo, sabe aquelas relações que acreditamos que são o nosso sonho de consumo e no final se mostram apenas um apego, algo de momento? Pois então...

Estava arrumando a mesa de jantar quando a campainha tocou, ajeitei o vestido que havia colocado e segui para a porta. Jimmy estava sorrindo, nos braços um enorme buquê de rosas vermelhas e na outra mão um vinho tinto.

— Ursinha que saudade.

— Oi Jim. – Selei seus lábios com os meus, peguei o buquê que ele estendia para mim. – São lindas, obrigada.

— Não mais que você! Também trouxe um vinho para nós, espero que combine com a comida que você pediu.

— Isso é ótimo, ela já deve estar chegando. – Dei um passo para o lado, permitindo que ele entrasse em meu apartamento. Jimmy estava diferente, não sabia o que dizer, mas seu jeito estava diferente.

Fechei a porta, rezando para que tudo corresse bem. Jimmy se sentou no sofá olhando para mim, ainda sorrindo. – Vou colocar as flores na água e o vinho na mesa.

— Como tem sido seu dia? – Ele perguntou da sala.

— Bem, muitos projetos e trabalhos para serem realizados. – Respondi um pouco mais alto.

— Podíamos passar algum tempo juntos, estou de férias.

Encontrei-o de pé perto da sacada. – Seria bom, mas estou com tanto trabalho acumulado que estou sem tempo até para respirar.

— Eu abro o vinho. – Anunciou.

Jimmy pegou a garrafa girando o abridor algumas vezes, por fim tirando a rosca, como uma pessoa que você se sentia extremamente à vontade com ela, se torna um estranho? Eu estava com um bolo no estômago, realmente contando as horas para me ver livre dele.

— A nós. – Disse entregando-me uma taça.

Sorri, batendo de leve minha taça na dele, sorvendo um pouco do vinho, protelando o momento de falar.

— Espero que você tenha pensado em nosso fim de semana, já combinei tudo com o pessoal.

— Jimmy, sobre isso...

— Ana vai ser muito bom para nós, sei que estamos afastados por conta dos trabalhos, por conta de outras coisas...

— Outras coisas? – Questionei.

— Sim minha ursinha, estamos sempre cheios de coisas e compromissos na cabeça, sem realmente poder nos curtir. – Ele acariciava meus braços, mantendo meu corpo colado no seu.

— Jimmy, eu realmente preciso...

— Ana, confie em mim, vai ser perfeito. – Ele me interrompeu novamente.

— Jimmy você não entendeu, eu não vou viajar.

Ele estreitou os olhos. – Olha Ana, eu sempre respeitei sua posição de “não namoro”, mas isso tem sido um pé no saco. – Jimmy colocou sua taça na mesa, agarrando-me pela cintura. – Não vamos estragar nosso jantar.

Encarei seu rosto com raiva. — Então acho que chegamos ao momento que...

— Chegamos “a momento” nenhum Ana, não me venha com desculpas, vamos para Sag Harbor, vamos passar esse fim de semana juntos, vai ser incrível. – Disse de forma rude.

Abri a boca para falar novamente, mas mal tinha produzido uma palavra quando a campainha tocou. Meu sangue gelou nas veias, por todo caminho até a porta eu rezei para que fosse apenas a comida e não um Nicolas nu parado no corredor. Respirei fundo antes de olhar no olho mágico e feliz por ver que era o entregador.

Jimmy se ocupou em organizar nossa janta na mesa enquanto pagava pela nossa janta. Sem tocar novamente no assunto, ele cantarolava enquanto tirava nossa comida das embalagens ajeitando em nossa frente.

— Jimmy, eu realmente preciso conversar sério com você.

— Ana, eu sei que alguma coisa pode ter se perdido, mas podemos consertar. Viajaremos na sexta a tarde, pode até levar uma amiga se quiser, tem espaço no carro. – Ele olhou para mim, ainda de pé perto da mesa.

– Venha jantar ursinha.


Capítulo 18

Ana Suarez


Uma dor de cabeça insuportável se alastrava sobre mim, Jimmy tinha acabado de sair, todo feliz por causa dessa merda de viagem, não que eu tivesse tido realmente a oportunidade de dar minha opinião. O cara não calou a boca desde que chegou! Todo meu plano de contar para ele, de me explicar, falar sobre meus motivos de não querer mais um envolvimento com ele, foi deixado de lado com sua tagarelice sobre a porra da viagem para Sag Harbor. E sempre que retomava o assunto ele desviava, comentando coisas fúteis, deixando ainda mais irritada.

Eu poderia ter gritado? Dado um tapa bem dado na cara dele? Esta era minha vontade, mas e se eu tivesse jogando fora a pessoa certa? Quantas vezes você não pensava em tomar uma decisão e na hora mesmo cagava para trás? Sim eu caguei para trás, de verdade.

Respirei fundo tomando o último gole do vinho que ele tinha trazido, olhei desanimada para louça, sem vontade nenhuma de dedicar o resto da minha noite frustrada a uma pia repleta de louça suja. Retirei o vestido deixando-o jogado na cadeira, ficando apenas de calcinha e sutiã. Dei mais uma olhada para a louça, confirmando que não teria jeito, ela iria continuar ali, pode ser bastante banal, mas olhar a louça de um jantar que poderia ter sido “perfeito” para minha libertação estava me deixando com mais raiva.

Fui até o quarto buscando uma blusa, vestindo-a bruscamente sobre a cabeça, parei em frente a pia, encharquei mais do que necessário a esponja com detergente e comecei a lavar os pratos. Ouvi meu telefone tocando no quarto, mas não fiz nenhum movimento para atendê-lo, que ficasse tocando. Ele tocou por mais quatro vezes depois se calou, me deixando apenas o barulho da água batendo nas louças ecoar pelo apartamento silencioso.

Enxuguei as mãos vendo que na minha ânsia de descontar a raiva tinha molhado toda a barra de minha camisa, comecei a apagar as luzes da cozinha quando minha campainha tocou. Será que o Senhor Jimmy Feliz tinha esquecido algo?

A campainha tocou mais uma vez.

— Estou indo – berrei caminhando sem pressa até a porta. Abri olhando para Nicolas, parado com um sorriso safado no rosto, seus olhos desceram por todo meu corpo, vendo que usava apenas uma camiseta molhada e uma calcinha de renda.

— Você só pode estar completamente maluco. – Explodi.

— Uau, se soubesse que recebe assim suas visitas teria me tornado seu vizinho, será que tem algum apartamento para vender por aqui? – Perguntou rindo.

Puxei-o pela gola da camisa para dentro, dando uma última olhada no corredor antes de fechar a porta.

— Você só pode estar maluco, seu amigo acabou de sair daqui! O que você tem na mente, Nicolas?

Nicolas caminhou até mim, segurou firme em minha cintura, colando minhas costas na porta, seu corpo definido colado ao meu. Seus olhos gulosos e safados, praticamente tirando minha roupa com seu olhar passeando pelo meu corpo.

— Eu vi quando ele saiu, dei um tempo antes de vir falar com você. – Sussurrou perto de minha boca, ele estava tão perto que quando lambeu seu lábio inferior, sua língua tocou um pedaço de minha boca.

— Eu disse que hoje não é um bom dia. – Respondi afetada por sua aproximação.

— Isso posso mudar rapidinho, estava com saudade.

Nicolas infiltrou suas mãos por debaixo da minha blusa, tocando meu corpo com posse, seus dedos longos subindo por minha barriga, tocando de leve meus seios por cima do sutiã.

— Nicolas, saia.

— Não me venha com o papo de “Nicolas saia”, olha como estamos. Não temos mais escapatória Ana. – Nicolas desceu sua boca para meu pescoço, pressionando meu corpo ainda mais na porta, seus lábios estavam úmidos, causando arrepios por minha pele, leves mordidas, beijos... Ele mordeu mais forte o arco do meu pescoço com o ombro me fazendo gemer.

— Eu...— Outro gemido quando sua mão se infiltrou em minha calcinha.

– Eu realmente preciso... Oh... Nicolas! – Arfei quando ele beliscou de leve meu clitóris com seus dedos, logo introduzindo um deles dentro de mim, testando minha umidade, brincando com minha excitação.

— Você precisa ver que sou eu, não adianta mais fugir. – Ele voltou seus olhos por um segundo para os meus, como sempre me levando inteira para ele.

Nicolas desceu sua boca pelo meu corpo, mordendo e beijando todos os pedaços que alcançava, sua boca parou a centímetros de minha intimidade, seu hálito quente me corroía, fazendo-me tremer por inteira. Minhas mãos agarravam seu cabelo com força, empurrando meu quadril em sua direção.

Sua língua atingiu com habilidade minha intimidade, sinto minhas pernas fraquejarem, seus gemidos se misturam com os meus. Desço minhas unhas agarrando seu corpo, fazendo com que ele fique de pé, Nicolas me olha confuso, mas como o ditado, se já estou no inferno, eu abraço o diabo.

Arranco sua camisa, deixando seu peitoral a mostra, dedico um pouco de atenção ali, parando com minha boca perto do seu membro. Abro sua calça descendo tudo de uma vez, seu pênis ereto como um mastro me da água na boca, mas eu quero torturá-lo. Passo minha língua por toda sua extensão sentindo ele agarrar meus cabelos, dando até uma pontadinha de dor no couro cabeludo, Nicolas espera ávido para que eu tome seu membro para mim, que coloque na minha boca, também estou com esse desejo, mas volto a ficar de pé empurrando-o em direção da mesa de madeira mogno, rezando que ela seja tão firme quando aparenta.

— Minha monstrinha . – Nicolas exclama interrompendo meu plano, fazendo meu corpo colidir na mesa, logo fazendo eu me deitar sobre ela, jogando o vaso com as flores que Jimmy trouxe no chão, deixando uma verdadeira bagunça de flores espalhadas e água por todo o lado.

Seus beijos me fazem entender que ele sentiu falta e me deseja como eu desejo seu corpo, isso serve como um mega combustível para nós. Nicolas ergue minha camiseta colocando atrás da cabeça, prendendo meus braços para o alto com o tecido enrolado neles, solta o fecho frontal do sutiã sem se preocupar em tirá-lo, a calcinha há muito tempo destruída em volta do meu corpo. Ele morde com vontade meus seios, fazendo meu corpo se arquear e um grito de prazer sair de minha garganta, eu estou pronta para gozar, nunca senti tanta fome, tanto desejo e fogo dentro de mim em uma única preliminar.

Nicolas está mais que excitado, sinto seu membro duro em minha coxa, a ponta úmida de sua glande quando raspa em minha pele.

Quero mais, quero ele, duro, forte e todo para mim.

Ele me puxa para a ponta da mesa, me posicionando melhor. Me abandona por alguns segundos indo até suas roupas jogadas perto da porta, ele não perde tempo, volta já encaixando o preservativo em seu pau. Com respiração entrecortada e me encarando com desejo, encosta seu membro na entrada da minha vagina, enfia alguns centímetros, causando uma tortura deliciosa e quando me remexo para ele aprofundar a penetração ele se afasta sorrindo.

— Nicolas! – Exclamo desesperada.

— Fala que você me quer, o quanto não consegue ficar sem mim. – Ele pede, sinto no seu olhar que não é apenas um pedido para satisfazer o ego, ele realmente quer escutar isso de mim.

— Eu quero você Nicolas, não sei qual foi a bruxaria que você fez, mas eu nunca deixei de pensar em você. – Sussurro.

Ele me puxa com força pela bunda, fazendo seu membro me estocar fundo, certeiro e completamente dentro de mim, fazendo nós dois gritarmos com a sensação maravilhosa que escorre pelo nosso corpo.

Nicolas morde o lábio inferior, desviando os olhos dos meus, seu peito subindo e descendo rápido com a respiração. Ele nos dá uns segundos para voltarmos a respirar antes de começar a balançar o quadril contra o meu, fazendo um círculo perfeito, me levando para o céu, ou até mesmo para o inferno. Eu já não me importava mais.

— Olha para mim, Nicolas.

Ele volta seus olhos para os meus. Calado, ele suspende meu corpo, ainda conectado com seu membro dentro de mim. Nossos corpos colados, uma de suas mãos sustenta minha perna, enquanto a outra agarra minha nuca, colando nossas bocas e nossos olhares.

— Eu não vou tirar meus olhos de você. – Responde rude contra minha boca entreaberta.

Eu o beijo, libertando meus braços da camiseta embolada, enquanto ele aumenta as estocadas. Uma, duas, três, quatro... Porra, estamos literalmente gritando de prazer, nem aí para os vizinhos, nem aí para nada, apenas para saciar esse desejo insano que corre por nossas veias.


Me diga, eu preciso saber

Depois tire o meu fôlego e nunca mais o solte

Se você me deixar invadir seu espaço

Eu trarei o prazer

Junto com a dor


E se nesse momento eu morder meu lábio

Baby, então você saberá

Que isso é algo maior que nós dois e vai além do êxtase

Me dê uma razão para acreditar


Porque se quiser continuar comigo

Você tem que me amar mais

E se você realmente precisa de mim

Você tem que me amar mais

Se você me conhece e escolheu ficar

Então fique com o prazer e com a dor


E se nessa hora você morder o lábio

Quando eu te fizer gemer, você saberá que é real

Você pode sentir a pressão entre seus quadris?

Farei você sentir como na primeira vez


(Love me Harder – Ariane Grande)


Capítulo 19

Nicolas White


O sol começa a se infiltrar pela janela aberta do quarto de Ana, ainda não dormimos, passamos a noite toda revirando o apartamento dela no mais puro e animalesco sexo. Pouso as mãos em seus joelhos, abrindo um pouco mais suas pernas, me enfiando no meio, retribuo o sorriso que ela me lança. Deslizo a ponta do meu nariz na parte interna de sua coxa, trocando de uma para outra, beijo sugando um de seus lábios vaginais sentindo Ana se contorcer debaixo de mim.

Subo minhas mãos por sua cintura, segurando seus seios redondos e empinados com vontade, domando seu corpo contra o meu. No fundo o som toca baixinho, uma seleção especial de músicas criadas por mim mesmo. Traço um círculo em seu umbigo reconhecendo a música que começou, subo mais um pouco olhando o tempo todo dentro dos olhos dela...


Nunca conheci uma garota como você antes

Apenas como em uma canção dos dias de outrora

Você vem bater na minha porta

Bem, eu nunca encontrei uma garota como você antes


Aproximo minha boca da dela, deixando meu pau roçar em toda sua intimidade aberta, livre e pronta para mim. Cantarolo em silêncio a música junto ao lábio de Ana, fazendo-a sorrir de meu desempenho e arfar ao mesmo tempo, meu membro se infiltrando com desejo dentro dela novamente.


Você me dá só um gostinho, então eu quero mais

Agora minhas mãos estão sangrando e meus joelhos estão machucados

Porque agora você me tem engatinhando, me arrastando pelo chão

E eu nunca conheci uma garota como você antes


(A girl like you – Edwyn Collins)


— Te adoro. – sussurro na ponta de seu ouvido, aumentando o ritmo de minha estocada, cravando-me no fundo dela.

Ana não retribui o que falei, vejo seus olhos buscando os meus, mas evito fixá-los. O desejo inflama nossas veias como ontem nos levando para mais um sexo arrebatador.


Estava exausto, tudo que conseguia pensar era tirar minha roupa e cair na cama. Atravessei meu apartamento tirando e largando as roupas pelo caminho, fechei as cortinas escurecendo o quarto, afastei as cobertas pronto para me deitar.

Suspirei fundo, sentindo a maciez tão bem-vinda de minha cama. Ana tinha me destruído, ambos tínhamos acabado um com o outro, ainda sentia as unhadas e seu cheiro pelo meu corpo. Virei de bruços me aconchegando no travesseiro, estava preste a me jogar no sono mais que bem-vindo quando meu telefone começou a tocar.

Virei o rosto em direção ao criado-mudo xingando baixinho a pessoa que insistia do outro lado da linha.

— Alô. – Resmunguei.

— Vejo que te acordei.

Jimmy. Ele devia estar desconfiado, ou então realmente estava sentindo cheiro de cueca. Sobre a noite dele e de Ana eu tive minha prova pessoal que eles não transaram, por todo tempo que eu aguardei ele sair do apartamento dela eu fiquei me corroendo para interromper, ou sei lá o que estivesse acontecendo naquela casa. Pensei até em ligar para ele fingindo uma emergência, e, quando vi que ele saiu com cara de poucos amigos, foi o motivo para controlar meu impulso de agir e aguardar a melhor hora de ir até ela.

Ficando mais do que satisfeito em ver que apesar das poucas roupas que ela vestia, eles não tinham transado.

— Eu nem dormi. – Retruquei.

— A noitada foi boa? – Perguntou rindo.

Ah, você nem imagina! – Sim, foi excelente.

— Serei breve, que tal um fim de semana de amigos? Sag Harbor, cerveja, descanso, o que acha?

A família do Jimmy tinha uma casa nos Hamptons, ao contrário da minha que cresceu com o trabalho suado, Jimmy era agraciado pela gorda herança que o avô dele tinha deixado para seu pai ao falecer. O verdadeiro menino do berço de ouro, não que ele fosse esnobe ou deslumbrado com isso, muito pelo contrário. Jimmy seguiu seu sonho assim como eu, ser piloto de avião era o que comandava nossas vidas.

— Seria bom, quem vai? – Questionei.

— Apenas eu você e alguns amigos do ramo, nada grande, apenas pessoas íntimas.

— Tá certo.

— Pego você na sexta-feira. Esteja pronto.

— Certo, até mais. – Disse me despedindo e jogando o telefone no meio da cama.

Até que seria bom uma viagem com o Jimmy, poderia contar tudo que estava passando, poderia explicar meus motivos. Sim, isso era o que eu teria que fazer. Ele provavelmente ficaria uma fera e me expulsaria de lá, mas eu tinha que fazer isso, não podia ficar com esse sentimento e ciúmes grudando dentro de mim toda vez que ele falava ou chegava perto da Ana.

Eu só esperava que ele pudesse entender, e que a Ana não me matasse por contar sem ao menos conversar com ela sobre isso.


Capítulo 20

Ana Suarez


— Bem, veja pelo ponto positivo, você poderá dizer tudo que sente para o Jimmy nessa viagem. – Ângela estava apoiando minha ida, seria mesmo uma oportunidade de eu encerrar com esse circo que o Jimmy estava criando, e... Eu estaria livre para o Nicolas.

Pensar nele automaticamente colocava um sorriso em meu rosto, o “Te adoro” que ele sussurrou em meu ouvido ainda me fazia suspirar. Eu não sabia se poderia me jogar de cabeça e se tratando no Nicolas, eu tinha todos os motivos para duvidar, mas eu não conseguia mais fingir que ele não fazia nada comigo. Que suas palavras não mexiam comigo, que seu sorriso não me afetava ou que um simples toque seu em meu corpo não era capaz de fazer eu me entregar.

A questão era, eu poderia superar os anos que passaram e as lembranças ruins que ficaram. E me entregar novamente para ele? Ou eu ficaria apenas no “e se”, uma coisa que eu tinha convicção é que não conseguiríamos mais recuar.

— Ana, você está me ouvindo?

— Desculpe, eu viajei aqui. – Disse colocando mais algumas mudas de roupas na mala.

— Percebi, aposto que estava pensando num corpo escultural, como foi mesmo que você descreveu a bunda do Nicolas... – Ela fez uma pausa dramática. – Ah, claro, aquela bunda maravilhosa . – completou rindo da minha cara.

— Sua ordinária! Obrigada pela ajuda viu, vou continuar arrumando minhas coisas, pois logo o senhor feliz estará chegando.

— Ana, vai com calma, o Jimmy é uma boa pessoa. – Ângela disse séria. – Concordo que ele foi um babaca não tendo uma conversa madura com você, mas eu sei como você é.

— Eu tenho que seguir meu coração, não foi o que você disse? Vou tentar ser delicada. – Comuniquei rindo. – Até mais.

— Até. – Disse se despedindo.

Fechei a mala com certa dificuldade, vamos dizer que eu não era a melhor em fazer malas, sofria com isso no meu trabalho, pois sempre pagava por peso extra. Dei uma olhada no relógio do criado-mudo, vendo que daqui a pouco Jimmy estaria aqui, ele disse que poderia convidar alguma amiga, mas a única que pensei estava em Washington curtindo o fim de semana com o marido.

Dei uma última olhada para o espelho vendo que tudo estava perfeito, meus cabelos caiam pelas minhas costas em ondas largas, meu jeans skinny estava colado em minhas coxas dando um contorno maior para meu quadril, assim como a regata delineava bem minha cintura e meu busto. Corri até o armário pegando uma jaqueta de couro, finalizando meu visual com um gloss bem fraquinho.

Estava arrastando minha mala até a sala quando o telefone informou uma nova mensagem.

“Cheguei ursinha.”

Ursinha! Agrh! Eu estava pegando ódio de todos os ursos existentes no mundo, tudo por causa da insistência de Jimmy me chamar de “ursinha”.

“Estou descendo.”

Parei na calçada esquadrinhando a rua a procura do Jeep Compass de Jimmy, não foi muito difícil, pois além de ser um carro grande ainda era laranja, pois é. Eu estava começando a ver que minha implicância com Jimmy estava subindo níveis altíssimos.

Ele saiu do carro assim que me aproximei.

— Você está linda. – Disse me puxando pela cintura.

— Obrigada Jim. – Dei uma olhada nele, Jimmy era lindo não poderia negar, seu visual de cabelo raspado, os óculos escuros tapando seus olhos claros e um corpo muito bonito. Sim ele era lindo, um moreno lindo.

Ele me puxou para mais perto, me deixando de costas para o carro, beijou minha boca, sugando um pouco meu lábio inferior antes de se afastar.

— Estou empolgado para essa viagem. – Disse pegando minha mala e seguindo para a traseira do carro.

— Eu também, como estou. — Disse sarcasticamente.

— Tivemos algumas mudanças, mas nada demais.

— Como assim mudanças?

— Convidei um casal de amigos. – Respondeu sorrindo.

— Achei que seríamos apenas nós.

— Será divertido, você vai ver ursinha.

Esperei que ele desse a volta, entrando junto com ele no carro, coloquei minha bolsa no chão ao lado dos meus pés. – Pelo menos posso controlar a playlist dessa vez? – Perguntei.

— Lógico que pode, meu amor. – Ele puxou o cinto chegando mais perto de mim, roçando o nariz em meu pescoço.

— Aí esses pombinhos né, garotão.

Olhei para trás assustada por não ter notado ninguém quando entrei, engoli em seco quando meus olhos foram da mulher peituda, no melhor estilo vadia, para Nicolas. Seus olhos estavam me encarando sérios.

Olhei novamente para a mulher agarrada ao seu pescoço, suas unhas pintadas de um rosa Pink, prontos para enganchar no pescoço dele como um gavião.

— Eles são a mudança, — Jimmy chamou minha atenção, uma de suas mãos pousadas em minha perna de modo possessivo. – Essa é a Ashley e o Nicolas você conhece. Eles viajarão conosco.

— Ai que fofo ele te chama de ursinha! – A tal da Ashley exclamou do banco de trás.

Dei um meio sorriso para ela, mas colando meus olhos em Nicolas. Como ele pôde fazer isso? Estávamos juntos na quarta-feira de noite, pela manhã na quinta. E agora ele aparecia com uma vadia colada em seu pescoço e por que ele não falou que viajaria comigo e com Jimmy? E eu querendo jogar tudo por ele novamente, ele nunca mudaria, nunca. Sempre seria um canalha, com palavras doces para me levar em sua lábia.

Nicolas balançou minimamente a cabeça em negativa, como se tivesse visto tudo que passava na minha, lancei um olhar duro para ele me voltando para frente.

— Que foi garotão? Por que você ficou sério?

Suspirei. No final da viagem eu teria um derrame cerebral com essa voz de S eriema .

— Nada, Ashley.

— Todos prontos? Que o fim de semana comece. – Jimmy disse animado. – Ana você como copiloto comanda nossa playlist .

Esbocei um sorriso para Jimmy pegando seu telefone e sincronizando com o aparelho de som do carro. Se não podia soltar os cachorros em cima de Nicolas, eu colocaria pelo menos umas músicas sugestivas.

Aumentei o som quando as batidas de “ Stitches – Shawn Mendes ” começou a tocar.

— Adoro essa música. – Jimmy sorriu para mim.

— Ela se tornou uma das minhas preferidas. – respondi olhando por cima do ombro para Nicolas.

Senti meu celular vibrando em meu colo, eu sabia que seria mensagem do Nicolas, mas iria ignorar. Eu tentei me manter longe dele, tentei fugir, mas ele se infiltrou novamente em minha vida apenas para me machucar.

— Assim como uma mariposa é atraída pelo fogo... Oh, você me atraiu, eu não podia sentir dor – cantei alto junto com a música. — Seu coração amargo e frio ao toque... Agora vou colher o que eu plantei. Estou sozinho com a minha raiva.

Meu celular vibrava como um louco em meu colo, atraindo a atenção de Jimmy. – Amor, pode atender.

— Deve ser alguém inconveniente do trabalho. – Disse alto.

— Estou tão empolgada para chegar a Sag Harbor Jimmy, é a primeira vez que vou. – A Seriema disse do banco de trás.

Logo a atenção de Jimmy foi levada por uma longa conversa com a tal Ashley sobre o local, como era a casa e as coisas que poderíamos fazer quando estivéssemos lá.

Meu olhar cruzou com o do Nicolas, ele estava possesso por ser ignorado. Eu queria que ele fosse à merda, além do mais ele teria dois trabalhos, ficar emputecido e depois se acalmar, isto sim. Mentiroso de uma figa.

Peguei meu telefone vendo que ele estava com várias mensagens dele. Passei o olho rapidamente por cada uma.

“Ana eu não sabia que você viria”

“Por favor, monstrinha quem armou tudo foi o Jimmy, eu não sabia que você viria.”

“Ana, por favor!”

E mais um monte desse tipo, todas dando desculpas para seus atos, como se eu fosse perdoá-lo por isso, estava nítido que ele nunca mudou, que tudo não passou de mentira.

“Nicolas me deixa em paz”

Sua resposta foi instantânea.

“Você precisa acreditar que fiquei tão surpreso quanto você quando Ashley entrou no carro.”

“Imagino, foi na cama dela que você passou a noite de ontem? Você é rápido, mal deixando o lençol esfriar”

“Ana, para de falar merda! Eu estou com você”

“Eu não devia ter colocado você na minha vida, foi um erro.”

— Tudo bem, ursinha?

Travei meu celular, deixando no silencioso. – Tudo sim, era apenas trabalho. – Sussurrei encostando minha cabeça no vidro frio, deixando meus olhos vagarem pela estrada.


Capítulo 21

Nicolas White


Eu nunca poderia imaginar que Jimmy tinha armado para mim, eu ainda não sabia porque ele tinha feito isso, mas eu fiquei sem saber o que fazer quando ele parou em frente ao hotel que Ashley estava, mais ainda quando ela saiu cheia de malas e com a empolgação no nível máximo.

Quando Jimmy me chamou para a viagem acreditei que seria como ano passado, onde juntamos os caras que trabalhavam conosco e fomos curtir o fim de semana de pegação pelos Hamptons. E quando vi Ana saindo toda linda, Jimmy agarrando-a, beijando sua boca foi difícil me controlar dentro do carro.

Seu olhar de decepção quando viu as mãos da Ashley agarradas em mim, agindo com toda a intimidade, foi demais para mim, eu precisava explicar que não tinha culpa, que eu estava entrando num plano do Jimmy, que se soubesse que ele havia planejado uma viagem assim, teria pulado fora e ainda levado Ana comigo. Mas como dizem o passado é uma sombra que se perpétua sobre você, Ana com certeza estava pensando nisso, no que eu havia feito para ela no passado.

Mas eu provaria que aquele Nicolas ficou no passado, junto com a lista extensa de mulheres, afinal eu estava com ela e precisava que acreditasse em mim. Mandei diversas mensagens para explicar o que tinha acontecido, mas ela estava brava demais. O melhor seria recuar e falar com ela quando estivesse mais calma.

— Jimmy, você não tinha dito que seria um fim de semana dos homens? – Perguntei quando paramos em um posto para abastecer.

— Sim, mas quando encontrei Ashley na rua, achei que seria uma boa. – Ele colou seu corpo no de Ana, fazendo minha raiva aumentar. – Um fim de semana de casais. – Completou beijando o rosto dela.

— Sim, eu adorei a ideia! – Ashley se intrometeu toda animada, tentando chegar perto de mim.

Filho de uma puta.

Olhei para Ana, tentando lançar algum sinal, ver se ela percebeu toda a armação, mas toda vez que meu olhar cruzava com o dela, ela desviava o rosto.

— Se não precisam de nada, podemos continuar.

— Sim, eu vou até o toallet .

Essa era minha deixa. – Eu vou comprar alguma coisa para comer no resto da viagem. – Anunciei já seguindo os passos de Ana.

— Se quiser posso ir com você Nic.

Revirei os olhos antes de me virar e sorrir para Ashley. – Não precisa querida, será bem rápido.

Dei graças a Deus pelo banheiro ser dentro da loja de conveniência, assim ficaria mais fácil interceptar Ana no meio do caminho. Ela estava quase perto do banheiro feminino, aproveitei a distração da atendente para empurrá-la para dentro do banheiro e trancar a porta.

— Você está...

Calei a boca dela com a minha, segurando seus braços para não acertar o soco que tentava me dar. — Fique quieta e me escute.

Ela bufou, mas ficou em silêncio.

— Eu sou mentiroso? Como você pode dizer isto? Eu não tive nada a ver com essa história. Jimmy que armou isso, eu fui convidado para um fim de semana com meus amigos. Não sabia que você viria.

— Jimmy sabe de algo, ou pelo menos desconfia.

— Eu não vejo como, não deixamos passar nada, eu iria contar para ele nesse fim de semana. – Confessei.

— Sem falar comigo?

Dei de ombros. – Eu não o quero cheio de mãos com você.

Ela soltou uma risada baixa. –Você está com ciúmes?

— Não. – Respondi rude. – Talvez.

— Desculpa ter te chamado de mentiroso, quando vi você com aquela Seriema colada no pescoço, meu sangue ferveu, eu...

— Seriema? – Soltei uma gargalhada alta, tendo minha boca calada por Ana.

— Ana, eu não posso mudar meu passado, sabe, eu sou o que sou. Mas eu não trairia você. Espero que não duvide mais de mim. Pois uma coisa que não aceito é isso. – Disse sério.

— Desculpe. – Ela respondeu desviando o olhar.

Puxei seu queixo para cima, colando sua boca na minha, suguei seus lábios para os meus, abrindo sua boca com minha língua, aprofundando nosso beijo, trazendo-a para mim.

— Precisamos ir. – Ana sussurrou em meus lábios.

Suspirei soltando seu corpo. – Saia primeiro, vou depois.


Capítulo 22

Ana Suarez


De Nova York até Sag Harbor eram duas horas e meia, sem o trânsito. Que para nossa sorte não pegamos, mas foram duas horas e meia num silêncio constrangedor, onde foquei em olhar a paisagem interiorana que ficava mais frequente, substituindo o aço e concreto excessivo de Nova York. Bom, um quase silêncio, a Seriema que Jimmy gentilmente arrumou para Nicolas foi falando asneiras durante o trajeto.

Eu teria que me acostumar com o passado de Nicolas ou engoli-lo pelo menos, mas passar um fim de semana inteiro com uma mulherzinha grudada no pescoço dele, quando era para ser eu ali, realmente estava me fazendo soltar suspiros e resmungos aleatórios.

O céu nos presenteava com um verdadeiro espetáculo, um entardecer de cinema. Todo tingido de laranja e rosa, Jimmy parou em frente ao restaurante The Beacon, era uma vista maravilhosa. O restaurante ficava em cima do Cove Yacht, dando uma vista privilegiada de Sag Harbor até a Shelter Island.

— Quem está com fome? – Jimmy questionou, virando-se para nós com um sorriso no rosto.

— Será bom esticar as pernas. – Disse Nicolas.

— Olha esse lugar garotão!

Sério se eu escutasse mais um “garotão” eu me tacaria para fora do carro em movimento.

— Se bem conheço minha ursinha, você deve estar com fome. — Jimmy tocou meu rosto, puxando-o para ele. – É por isso sua irritação?

Coloquei um sorriso simpático em meu rosto. – Você me conhece tão bem Jim. – Disse de forma sarcástica.

Eu teria que dar um fim nisso, não iria suportar fingir pelo fim de semana inteiro.

Jimmy como sempre abriu a porta, me ajudando sair do Jeep e Nicolas fez o mesmo com Ashley, sorrindo quando nossos olhares se cruzaram. Filho de uma mãe.

— Jimmy você realmente tem sorte, Ana é um mulherão. – Ashley soltou entrando no restaurante de braços dados com Nicolas. – Agora entendo porque você nunca deu bola para as comissárias, Ana seu homem é tão cobiçado quanto ao meu Nicolas.

Engoli a resposta que veio na ponta de minha língua. “Meu Nicolas”? Tá de palhaçada com a minha cara! Dei um sorriso que mais parecia que estava tendo um derrame do que propriamente sorrindo.

— Realmente eu tenho muita sorte. – Jimmy respondeu beijando meu pescoço.

O maître nos encaminhou para uma mesa no deck, com vista para toda a beleza do entardecer e do píer com os barcos atracados.

— E então Siri... Ashley – disfarcei com uma tosse. – Você conhece o Jimmy e o Nicolas, trabalham juntos? – Perguntei juntando minhas mãos, apoiando meu queixo nelas.

O garçom deixou nossas bebidas, a Seriema bebeu um gole de seu drink.

– Sim, trabalhamos em diversos voos juntos. Inclusive estávamos juntos em Vegas, né garotão. – completou descendo uma de suas mãos em direção a perna de Nicolas.

Foi instintivo, dei um chute certeiro na canela que acreditei ser de Nicolas, mas atingi Jimmy que estava sentado na minha direita. Nicolas disfarçou o riso tomando um gole de sua cerveja e desviando o rosto para o píer. Eu queria matá-lo.

Nicolas estava divertindo-se as minhas custas.

E durante todo nosso pequeno jantar, os olhares que Nicolas lançava para mim incendiavam o desejo dentro de mim, se tornando sufocante sustentar o olhar dele por mais que poucos segundos. Estávamos na sobremesa quando a Seriema se encostou mais nele, puxando sua boca para ela. Beijando-o como eu queria, deslizando sua língua para dentro da boca dele, a mão dela agarrando com propriedade a nuca de Nicolas enroscando suas unhas de gavião nos fios loiros e macios dele.

Desviei os olhos controlando a raiva que serpenteava pelo meu corpo.

— Quero que essa noite seja especial para nós. – Jimmy sussurrou em meu ouvido.

Mais essa. Sorri fazendo um aceno com a cabeça.


Seria minha segunda vez na casa de Jimmy, a primeira tinha sido um almoço em família que ele insistiu que viesse, mas mesmo assim eu não deixava de absorver e me admirar com a casa que seu avô tinha deixado de herança para ele. Passamos por um amplo gramado, parando em frente a grande porta de mogno da casa.

Sai do carro admirando a bela paisagem em minha frente, um rapaz saiu de dentro da casa, sorrindo amplamente para nós.

— Dimitri, que bom vê-lo. – Jimmy cumprimentou o homem retirando as malas do carro.

— Sr. Walker, é bom vê-lo novamente. Como foi a viagem? Espero que tenha sido agradável.

— Foi ótima, Dimitri. – Nicolas respondeu se espreguiçando.

— Sr. White, que prazer revê-lo. – O homem abriu outro amplo sorriso para Nicolas.

Seguíamos os três para dentro da casa, o pé direito alto, coisa que por fora não aparentava, a casa era de dois andares, tendo um pequeno corredor no andar de cima aberto, dando uma vista ampla da enorme sala e da cozinha americana mais a frente. Um pouco afastado da cozinha tinha um corredor que nos levava para o gramado, dando ali mesmo dentro da casa uma vista impressionante para o deck com um pequeno barco ancorado ao píer.

— Você sabe seu quarto Nicolas. – Jimmy anunciou me puxando pela mão escada a cima.

Entramos em um quarto na mesma elegância do resto da casa, os móveis de mogno davam cor e contraste para o restante do quarto.

— Pode deixar suas coisas no closet, vista algo confortável, vou falar com Dimitri sobre nossos planos para amanhã e já volto.

Concordei, deixando minha mala de lado, retribui o beijo que Jimmy me deu, respirando fundo quando ele saiu do quarto.

Arranquei a roupa seguindo para o chuveiro, enrolei o cabelo em um coque bagunçado, apenas para não molhar, esperei que o chuveiro chegasse à temperatura ideal. Soltei o laço do roupão olhando para o espelho e então meu olhar cruzou com o de Nicolas, fazendo eu me virar assustada.

— Você é completamente maluco, o Jimmy daqui a pouco aparece. – Sussurro mesmo querendo gritar para colocar um pouco de juízo nessa cabeça oca.

Ele me lança um sorriso safado.

— Ele está ocupado com o Dimitri e devo dizer com a Ashley.

— Ashley?

Nicolas me virou de costas, me agarrando pela cintura, — Sim, eu coloquei uma pequena sugestão dela conhecer a propriedade. – Ele deslizou a boca pela minha nuca, subindo até minha orelha, prendendo aquele pedaço de pele entre os dentes. Puxando-os de leve, ao mesmo tempo em que deixava meu lóbulo escapar de seus lábios.

— Nicolas, mesmo assim... É muito... Arriscado. – Sussurrei.

Suas mãos se infiltraram para dentro do roupão fazendo-o escorregar pelo meu corpo, me deixando nua e exposta para ele.

— Eu não aguentei, precisava de você. – Disse beijando minha coluna, suas mãos descendo pela minha barriga, uma mão começou a brincar com meu clitóris, torcendo, beliscando.

— Estou começando a acreditar que você tem algum tipo de fetiche com banheiro. — Sussurrei em forma de gemido.

— Ah, Ana, eu tenho muitos fetiches, com certeza mostrarei todos para você.

A imagem de nós dois, refletida no espelho só aumentava minha excitação, fazendo-me morder o lábio inferior para não gemer com Nicolas tocando meu corpo com tamanha posse, seus dedos em um vai e vem perfeito dentro de mim, tocando-me num ponto extremo.

Ele me vira para si, buscando minha boca, enfiando sua língua, me tomando para ele, seu beijo é brusco e sedento, somos dois loucos, condenados pelo desejo que corre em nossas veias. Nicolas me ergue, fazendo-me sentar no mármore da pia, abrindo minhas pernas para ter mais espaço entre elas.

— Quero você pensando em mim, quero você marcada por mim.

— Eu não pensaria em outra pessoa.

— Ótimo, já está sendo difícil o bastante ver você retribuindo os toques dele. – Seus olhos estavam sérios, vejo o ciúmes neles.

— Eu vou contar tudo. – sussurro num fio de voz.

Nicolas desce a mão pelo interior de minha coxa, meu sexo a ponto de explodir, como se lesse meus pensamentos ele me puxa pelo quadril mais para frente, se agacha, deixando minhas pernas apoiadas em seus ombros, sua cabeça do meio de minhas pernas, sinto seu hálito quente banhando minha intimidade. Ele assopra, fazendo-me soltar um gemido alto com o vento frio que me toca.

— Fique em silêncio monstrinha. – sussurra ainda no meio de minhas pernas.

Agarro seu cabelo macio sentindo sua língua me explorar, me invadir, jogo a cabeça para trás, apoiando no espelho, tentando ao máximo conter meus gemidos, meu quadril começa a se mover sozinho, indo ao encontro daquela boca. Nicolas me castiga, meu corpo está pulsando, minha intimidade latejando em busca do orgasmo.

Nicolas levanta os olhos e puta que pariu, esse ato de me olhar nos olhos enquanto me masturba com sua língua é sensual, apelativo e leva ondas de tesão diretamente para minha boceta. Fazendo eu me contorcer inteira, gozando na boca dele, um longo e delicioso orgasmo. Nicolas espera que meu último espasmo passe, lambe toda minha intimidade sugando a última gota de meus resíduos. Esperando que minhas pernas parem minimamente de tremerem para se levantar.

— Meu Deus me sinto uma vadia. – Resmungo sem forças, com os lábios encostados na curva de seu pescoço.

— Não quero que repita isso. – Nicolas diz bruscamente. Ele se afasta fazendo-me olhar para ele. – Nunca mais fale uma coisa dessas, eu que deveria ter agarrado você quando pude e não ter feito o que fiz.

Sorri, essa versão do Nicolas estava fazendo eu me apaixonar cada vez mais. Passei a mão pelo seu rosto, roubando um selinho dele.

— Infelizmente, preciso ir.

Concordei, mesmo não querendo isso. Jimmy poderia voltar a qualquer momento.

Nicolas arrumou os cabelos e a blusa. – Ana, por favor. Finja que está dormindo.

Soltei uma risada baixa com seu pedido.

— Estou falando sério, se eu escutar ele tentando te levar para cama eu perco a cabeça.

— E quanto a Seriema? Eu posso afogá-la na privada? – Questionei descendo da pia, ainda sentindo minhas pernas moles do orgasmo.

— Ela não vai encostar em mim minha monstrinha, eu sou seu.

Nicolas me deu um selinho demorado e sumiu pelo quarto, escutei quando a porta fez um mínimo clique se fechando. Meu rosto estava rosado e sorridente, me denunciando do ótimo orgasmo que tive há poucos minutos. Éramos completamente malucos.


Capítulo 23

Nicolas White


— Nic, vamos brincar. – Ashley ronronou pela terceira vez.

No rosto um sorriso malicioso, seu corpo vestido apenas com uma mini lingerie verde musgo, seus seios grandes apertados pela renda transparente. Bom, realmente é difícil para mim olhar isso e meu amiguinho não se animar, afinal esse era o trabalho dele, mesmo que eu não sentisse nada com a cena em minha frente, eu não o controlava.

— Ash, não estou legal. – Disse pela quarta vez. – Podemos deixar para amanhã?

Ela fez um bico de emburrada subindo na cama, sentou-se de frente para mim, tirou o sutiã deslizando ele de forma provocativa do corpo, jogando no chão ao lado da cama.

— Eu gosto de dormir livre. – Disse se aproximando.

— Desligue a luz quando decidir deitar. – Disse curto e grosso.

Afofei o travesseiro me virando de costa para Ashley e seus seios fartos ali, expostos. Senti quando ela se deitou ao meu lado, fazendo questão de empinar a bunda, colando-a em meu corpo.

Meu pensamento voltou para o quarto ao lado, eu tinha certeza que assim como Ashley fez sua investida, Jimmy com certeza tentaria algo com Ana. Essa situação tinha que se resolver, eu não estava mais suportando estar nesse papel, ou fingir que estava gostando das mãos bobas que Ashley me dava ou de ver Ana beijando e aceitando as carícias dele.

Ele poderia ser meu amigo de anos, mas aquela mulher era minha, ela que deveria estar deitada em meu peito nesse momento, aquela boca só deveria chamar pelo meu nome. Seu corpo era meu, e eu iria reivindicá-lo quantas vezes fossem necessárias. Até ela finalmente entender que eu fui burro o suficiente para perdê-la uma vez, mas que isso não aconteceria novamente.


Já passada das duas da madrugada, Ashley ressonava ao meu lado, estava encarando o teto escuro do quarto por um bom tempo. Na tentativa de pegar no sono eu assisti um filme, coloquei o travesseiro sobre o rosto, tudo que funcionaria muito bem, mas nada me fez dormir. Sai da cama sem produzir muito barulho, talvez uma dose de ar fresco pudesse me dar algum resultado.

Passei pelo corredor, parando alguns segundos para escutar atrás da porta, estava tudo silencioso, Ana deveria estar dormindo. Desci a escada, cruzando a ampla sala, seguindo para o fundo da casa onde dava no deck. A noite estava agradável, mesmo com o vento frio que às vezes soprava as árvores, estava uma noite linda para se observar. Parei nos degraus olhando a lua cheia iluminar tudo que tinha em seu alcance.

— Está realmente uma noite linda.

Virei notando Ana sentada numa cadeira rústica do outro lado do jardim, como eu não havia notado ela ali?

— Você... Pensei que estava dormindo.

Caminhei contente por ver seu sorriso, suas pernas expostas num short curto.

— Não conseguia dormir. Jimmy bebeu, deve ter ficado irritado por não ter aceitado suas investidas. – Disse dando de ombros.

Cruzei o pequeno espaço que nos separava, sentando ao seu lado na grama, coloquei uma das mãos sobre a coxa torneada de Ana, sentindo a pele se eriçar. – Ele fez algo com você?

— Ele não é maluco, apenas não conseguia ficar mais no mesmo quarto.

— Meu único desejo é voltar para casa com você nos meus braços.

— Será que se fugirmos juntos será um recado bom para ele largar do meu pé? – Ana perguntou brincando.

— Sem dúvida seria um recado. – Disse rindo.

Ana suspirou entrelaçando seus dedos nos meus. – Estamos enrascados.

— Você está pensando em pular fora? — Questionei olhando para a sombra que era seu rosto na escuridão.

— Nem se eu quisesse Nicolas, eu não posso mais negar para mim mesmo que estou completamente apaixonada por você, que te desejo a ponto de me agarrar a você num banheiro público.

Apertei de leve sua mão, fazendo carinhos circulares. – Eu não quero que pense por um momento que eu desejo outra pessoa. Sei que pode ser difícil, depois de tudo que fiz no meu passado. Mas... – Engoli o bolo na garganta. – Eu gosto de você Ana, mais do que consigo dizer pela primeira vez.

A luz do quintal ascendeu fazendo nos dois nos afastarmos, voltei meus olhos para a casa encontrando um Jimmy mal-humorado olhando em nossa direção. Levantei encarando meu amigo caminhando no gramado como um búfalo, não sei o quanto ele ouviu ou quanto presenciou, mas já estava me preparando para o pior.

— O que você está fazendo aqui? – Ele explodiu com Ana, que estava com os olhos arregalados, as bochechas vermelhas literalmente pega no flagra.

— Estava apenas vendo a vista, Jimmy. – Ela respondeu num fio de voz.

— Vista? – Jimmy olhou de mim para ela, voltou os olhos para seu corpo, como se quisesse conferir se tudo estava no lugar. – Você deveria estar na cama, não estava cansada demais para qualquer coisa?

Jimmy agarrou no braço de Ana pronto para levá-la. Segurei seu braço, exercendo a mesma força que ele fazia com ela. Quando me olhou eu vi raiva, raiva que nunca tinha visto ele dirigir a mim.

— Deixe ela Jimmy, estávamos apenas conversando.

— Você não tem nada com isso, volte para sua comissariazinha . – Cuspiu em minha direção.

Firmei o aperto em seu braço, Ana me olhava assustada. – Já disse para soltar o braço dela, se está nervoso desconte em alguém do seu tamanho.

— Seria excelente. Ana porque você não entra, conversamos depois. – Ele lançou um sorriso falso para ela, que negou automaticamente, seus olhos em mim.

— Entre Ana. – Pedi suavemente.

— Jimmy venha comigo, Nicolas já estava aqui quando cheguei, vamos conversar no quarto. Abaixe o tom de voz e vamos. – Ana repreendeu. – Não seja um idiota.

— Vai se foder, quer mandar em mim agora?

— Ana...

— Que foi Nicolas? Não está contente com a foda que a Ashley está te dando e quer empatar a do seu amigo? – Jimmy disse meio trôpego.

— Pare de ser babaca! – Ana exclamou puxando em vão seu braço das mãos dele. – Se você está irritado e bêbado que vá dormir.

Jimmy olhava para Ana como se fosse jogá-la longe.

Puxei seu braço com força pegando-o desprevenido, fazendo-o se afastar dela. – Eu disse para deixá-la em paz.

— Jimmy, Nicolas, parem com isso!

— Que é cara? Você acha que não percebi você rondando Ana com seus sorrisinhos canalhas? Acha que eu sou idiota?

Meu sangue ferveu. Soltei o braço de Jimmy segurando a gola de sua camisa, vendo seus olhos um pouco surpresos com minha atitude. – Eu acho não, tenho certeza que você é um idiota. E se encostar a mão, que seja em um fio de cabelo da Ana, você vai se ver comigo. – Cuspi para ele, eu queria que ele entendesse de uma vez por todas que a Ana nunca foi dele, queria que ele olhasse para a verdade estampada em sua cara.

Jimmy me surpreendeu soltando uma gargalhada alta, seus olhos se voltaram para Ana, injetados de raiva. Ele deu um empurrão em minhas mãos, me fazendo soltar sua camisa.

— Então realmente você tem sido uma puta, fingindo que está com dores de cabeça, inventando desculpas quando na verdade você estava dando para o Nicolas, esse é seu problema com relacionamentos sérios? – Jimmy deu um passo em direção a Ana, fazendo-a recuar. – Você não passa de uma puta, devo dizer que pelo menos você faz seu serviço direito. Ah, e como, já devo indicar para meus outros amigos seus serviços? Por que na cama, ah... Você é uma vagabunda de qualidade.

Meu sangue ferveu, minha visão ficou turva de tanta raiva, eu não admitiria ele falar esse tipo de coisa para ela, voei para cima dele acertando um soco em seu nariz, fazendo-o cambalear para trás esbarrando nas cadeiras rústicas, indo ao chão. O sangue pintou imediatamente seu peito, me ajoelhei ao seu lado deferindo uma quantidade enorme de socos, nem me importando com os que Jimmy tentava dar em mim.

— Nic, pare com isso! – Gritou Ana.

Segurei Jimmy pela garganta fazendo ele olhar para mim, vendo seu rosto marcado pelo sangue. — Nunca mais abra a boca para falar com ela assim.

Ele esboçou um sorriso sarcástico. Apertei mais sua garganta fazendo-o engasgar.

— Você é patético. – Jimmy cuspiu o sangue de sua boca, me empurrando para trás, se recuperando e partindo para cima de mim. — Você é um merda, se passando de meu amigo para comer minha namorada. – Jimmy explodiu conseguindo atingir um soco em meu rosto e outro em meu estômago, me fazendo baquear com a dor aguda que tomou meu corpo.

— Acorde para vida, seu imbecil. – Explodi indo para cima dele novamente.

— Jimmy, para! Nicolas!

Vi ao longe Dimitri sair correndo em nossa direção, os gritos de Ana e nossa briga devem ter chamado atenção dele. Sem muito esforço Dimitri segurou Jimmy pelo braço, fazendo-o ficar de pé, contendo-o e evitando que ele tomasse o soco que estava preste a dar nele. Minha camisa estava manchada de sangue, sentia meu rosto começando a inchar.

— Meu Deus, Nicolas. – Ana passou a mão em meu rosto.

Olhei para Ana vendo seu rosto assustado. – Eu estou bem.

— Quero vocês dois fora daqui, vocês me entenderam! – Gritou Jimmy tentando se desvencilhar dos braços de Dimitri. – Fora!

— Vai se foder seu merda! – Gritei para ele, tudo que eu mais queria era dar outro soco nele.

— Acalme-se rapaz. – Dimitri advertiu se colocando na frente. – Vamos Jimmy, entre. – Disse puxando-o contra vontade.

— Porque você não me deixou resolver as coisas? – Ela sussurrou.

— Eu não deixaria ele chegar perto de você, só se estivesse completamente maluco.

Passei a mão pelo rosto, sentindo o pequeno corte na bochecha arder. Amanhã a dor estaria presente, tomando todo o lado direito do meu rosto. Apertei os olhos já sentindo a dor que este pequeno movimento fazia.

— Precisamos arrumar nossas coisas, temos que sair daqui.

Segurei o queixo de Ana, trazendo seus olhos para mim, afaguei sua bochecha tirando a ruga no meio de sua testa. – Vamos dar o fora daqui. Pegue suas coisas, eu resolvi o resto.

— Nicolas, eu pedi tanto para me deixar resolver as coisas. – Disse chorosa.

— Ana não tinha outro jeito, tá legal!

Desvencilhe-me da sua mão, andando um pouco, respirei fundo passando a mão pelo cabelo.

— Eu não deixaria que ele saísse daqui com você, não deixaria que ele entrasse no quarto e tentasse tocar em você. – Amansei a voz, voltando para ela.

— Você quer ficar com ele? Está arrependida?

— Não me fale uma merda dessas! – Ana explodiu comigo. – Eu só quero você, não duvide disso.

Puxei-a contra meu corpo ignorando tudo, puxando sua boca para mim, invadindo, sugando sua língua. O lugar que era meu, somente meu.

Entramos de volta na casa com certa cautela, não queria outra briga com Jimmy, não queria tornar isso pior do que estava. Subi a escada puxando Ana pela mão, parei na porta do quarto que ela dividia com meu ex-amigo, dando uma olhada, verificando que estava vazio.

— Seja breve, vou pegar minhas coisas e espero você na entrada.

Ela concordou já correndo para dentro do quarto.

— Nicolas, meu Deus do céu...

Segui para meu quarto passando por Ashley parada no meio do corredor com as mãos na boca, fui primeiramente para o banheiro, dando uma olhada no estrago que tinha pela frente. Meu rosto do lado direito estava ficando inchado, o canto de minha boca estava cortado do soco que Jimmy me deu. Não poderia sair assim, joguei água no rosto, tirando qualquer evidência de sangue, joguei minha camisa no canto do banheiro, limpando meu peito.

— Nic, pelo amor de Deus, o que aconteceu com você?

Ashley se aproximou, me virando para ela.

— Nada que você não possa ficar sem saber.

— Credo Nic, eu acordei com Jimmy gritando pela casa, quando fui ver você não estava na cama.

Voltei para o quarto desviando dela, peguei minha mala jogada no chão, vestindo uma camisa qualquer. Agradeci por não ter tirado minhas coisas da mala, tive o trabalho só de recolher algumas coisas e fechar a mala pronto para ir.

Não queria cruzar com Jimmy, muito menos deixar que Ana cruzasse com ele.

— Nicolas, porque está fazendo as malas? Nos vamos embora?

Virei-me para Ashley ainda parada na porta do banheiro, coloquei a alça da mala no ombro. – Ashley eu estou indo embora, entenda, não vai acontecer mais nada entre nós.

— Como assim Nicolas, você não está falando coisa com coisa.

— Eu estou com a Ana, isso é tudo que você precisa saber, se cuide. – Disse virando as costas para ela, saí do quarto num rompante, indo para a entrada, nem ligando para os gritos de Ashley, muito menos me importando que ela chamava por mim.

Ana estava parada perto da entrada com Dimitri. – Você está bem?

— Sim, estou sim.

— Eu chamei um táxi para vocês. – Dimitri se dirigiu a mim.

— Muito obrigado.

Ele deu um aceno olhando para a entrada de carros, o táxi iluminou o caminho parando a poucos centímetros de nós. Ajudei Ana com a mala dela, deixando que entrasse logo no táxi, voltei o olhar em direção a Dimitri, vendo o reflexo de Jimmy na janela mais afastada, não parei para agradecer ou dizer mais nada, me despedi com um aceno de Dimitri e entrei no táxi.

— Nova York amigão, Upper East Side. – Disse para o motorista. Encostei-me no banco cobrindo o rosto com o braço, senti Ana inclinar em minha direção, encostando seu rosto em meu pescoço.

— Você está bem? – Perguntei ainda sem olhar para ela.

— Eu que devia perguntar isso para você. – Sussurrou.

Tirei o braço do rosto olhando seus enormes olhos castanhos, seus cílios molhados indicando choro recente. – Desculpe por isso.

Ana deu de ombros. Seu suspiro atingiu meu corpo, ela se esgueirou pelo banco beijando meu pescoço, enlaçando seus braços em mim, trazendo seu corpo para o meu, olhei seus olhos questionando sua atitude, eles brilhavam com malícia, dei uma olhada para o motorista atento no trajeto. Que se foda! Puxei a boca dela para a minha, mordendo seu lábio inferior, sugando sua língua, agarrei um punhado de seu cabelo em uma das mãos, enquanto a outra segurava firme sua cintura, colando seu corpo o quanto pudesse no meu.

Nosso beijo estava esfomeado, ambos brigávamos por mais, ofegantes e determinados a não nos separarmos.

— Nic...

Eu vi em seus olhos o desejo, seu corpo pedia pelo meu, do mesmo jeito que eu estava louco para deitá-la nesse banco de couro e me enfiar dentro dela. Dei mais uma olhada para o motorista, nada que uma boa gorjeta não compense, puxei Ana para meu colo, sentando-a de frente para mim, aninhando-a em meu peito como se fosse um bebê, para quem olhasse para nós veria isso, apenas uma mulher deitada sobre mim, aparentemente descansando.

Suas mãos agarraram meu pescoço, cravando as unhas em minha pele.

— Fique em silêncio. – Murmurei no pé de seu ouvido.

Tracei um caminho no meio de suas pernas, ultrapassando o limite de seu short curto, contornando sua calcinha, tocando sua intimidade, um pequeno tremor percorreu o corpo de Ana. Puxei um pouco para o lado sua roupa, no limite que a posição permitia, brincando com seu desejo, tocando seu clitóris sedento por atenção, enfiando dois dedos dentro de sua boceta molhada.

O pouco espaço, as roupas que limitavam meus movimentos fizeram seu papel, aumentando a fricção que meus dedos causavam dentro dela, tocando com eficiência aquele pontinho mágico. Ana mordeu meu pescoço sentindo minha ereção pressionando sua bunda e meus dedos brincando dentro dela.

Contive os movimentos que Ana tentava fazer, evitando chamar mais a atenção do motorista do que já tínhamos. – Deite a cabeça em meu ombro, controle seus gemidos monstrinha...

Ela concordou, colando sua boca em meu ombro, como se tivesse adormecido. Continuei minha tortura dentro dela, sentindo seu corpo me sugar cada vez mais para dentro, sedento por mais penetração, introduzi um terceiro dedo, sentindo Ana arfar em meu ombro, sua boceta encharcada de tesão, meu pau reclamava dentro da calça, exigindo por atenção e alivio.

Entrava e saia devagar dentro dela, mantendo o ritmo torturante que estava fazendo-a ficar no limiar do orgasmo. Aumentei um pouco o ritmo, afundando meus dedos dentro dela, mexendo com seu clitóris, girando meus dedos dentro dela.

— Nic...

— Shiuu, — Alertei parando de mexer. – você tem que ficar quieta.

Seu sexo se contraiu quando introduzi novamente meus dedos, ela estava na beirada do precipício e eu também, ela sentada sobre meu pau apertado na calça jeans, seus pequenos movimentos de vai e vem com a bunda causando aquela fricção deliciosa era capaz de me fazer gozar na roupa mesmo. Meti mais fundo meus dedos, tocando aquele ponto sensível, sentido os primeiros tremores percorrem o corpo de Ana, esfreguei a palma de minha mão com mais rapidez em seu clitóris, com meus dedos curvados ainda dentro dela, arrancando um orgasmo violento e libertador de seu corpo.

Ana mordia meu pescoço tentando controlar seus gemidos, eu precisava fodê-la assim que chegasse a minha casa, eu precisava meter fundo meu pau em seu corpo, tomar finalmente o que sempre foi meu.


Capítulo 24

Ana Suarez


— Mostrinha, – A voz de Nicolas preencheu meus ouvidos — acorde.

Remexi-me ainda em seu colo, continuando de olhos fechados e agarrada em seu pescoço.

— Chegamos. – Ele anunciou.

— Uhum. – Murmurei.

Sua risada baixa reverberou em seu peito, ele se remexeu no banco ainda me segurando em seu colo. – Fique com o troco.

Abri meus olhos vendo que estávamos na frente do seu prédio, o dia começava a amanhecer por trás de todos os edifícios. Pulei para o banco, me sentando ao seu lado, espreguicei o corpo tentando expulsar a preguiça que me dominava.

Nicolas saiu primeiro, estendendo a mão para mim. Uma brisa fria da madrugada fazia minha pele se arrepiar pela falta de roupas mais quentes.

— Vamos direto para o banho quente. – Nicolas acariciou minha pele arrepiada.

Dei uma olhada para seu rosto, vendo o estrago que a briga entre ele o Jimmy tinha causado, um roxo já começava a se acentuar em seu maxilar. Passei a mão me sentindo mal por isso. – Está doendo muito?

Nicolas me lançou um meio sorriso, entrelaçando meus dedos com os seus. – Nada de mais. Vem, vamos entrar.

Seu apartamento estava exatamente como no passado, a ampla sala com móveis modernos, a vista linda para o Central Park, a cozinha muito bem equipada, mesmo que seja até um desperdício, pois Nicolas mal ficava ali. Nicolas voltou do corredor, sem camisa, seu peitoral definido a mostra, assim como os pés descalços. Completamente à vontade e aquele sorriso safado nos lábios.

— Vamos tomar um banho.

Sorri colando meu corpo no seu, seguindo pelo corredor, a ampla parede de vidro na lateral do quarto permitia a claridade entrar, iluminando todo o ambiente, a cama grande no meio do quarto, o armário no outro canto. Tudo muito masculino, mas de extrema elegância. Eu me sentia encantada olhando tudo, era como entrar novamente em um lugar que eu conhecia bem, mas ter uma visão completamente diferente.

Nicolas voltou do banheiro já nu, seu corpo de arrancar suspiros, um corpo delineado, quadril estreito, porém muito bem representado.

— Admirando a vista?

Sorri arrancando minha camisa, jogando-a no chão aos meus pés, me sentindo sedutora com os olhares que Nicolas me lançava, como uma fera pronta para dar o bote, tirei meu short com a mesma rapidez, ficando nua. Nicolas andou até mim, suas mãos já me segurando pela cintura, vi seu olhar vacilar do meu corpo para cama e ir em direção ao banheiro. Soltei uma gargalhada vendo sua indecisão.

— Ah, você vai me enlouquecer ainda. – Disse me jogando contra a cama.

Ele me deixou estirada na cama indo até o banheiro, escutei o barulho da água sendo fechada, ele parou um instante perto do criado-mudo remexendo nas gavetas.

— Quero que você fique quieta. – Disse subindo na cama.

Nicolas balançou uma faixa preta cumprida em minha frente, sorrindo como uma criança no dia de Natal. Mordi os lábios de excitação esperando pelo que viria, ele juntou minhas mãos, colocando-as no alto de minha cabeça amarrando com a faixa. Sua boca veio beijando desde meu pescoço até meu seio exposto, mordiscando o bico, fazendo meu corpo se arquear em direção a sua boca.

Ele agarrou meu rosto, puxando minha boca para sua, juntando-as de forma doce e provocadora, com lambidas em meu lábio inferior. Eu queria agarrá-lo, mas quando fiz menção de passar meus braços amarrados por seu pescoço ele me segurou no lugar, aprofundando o beijo, aumentando meu desejo e o latejar no meio de minhas pernas. Nicolas me devorava com seu beijo, nos deixando cada vez mais excitados, nossos corpos quentes, febril de desejo.

Quando ele percebeu que não teria resistência de minha parte, soltou meus braços, passando as mãos pelo meu corpo, testando minha excitação, provocando um parafuso em minha cabeça. Sua boca desceu pelo meu corpo cravando em meu seio, arrancando um gemido. Nicolas se sentou me olhando nos olhos tinha algo a mais naquele olhar, naquele momento seu olhar me falava mais do que qualquer frase poderia dizer. Estávamos espelhados, meus próprios sentimentos estavam refletidos em seus olhos, que não se desviaram nem quando mudou sua posição, ficando no meio de minhas pernas.

Ele abriu minhas pernas o máximo que eu conseguia me deixando totalmente aberta para ele, exposta. Gemi, querendo mais de seu toque, mas ele se afastou. O simples ato dele passar a língua pelo seu lábio já fazia meu ventre se contorcer em expectativa. Nicolas agarrou o próprio membro, acariciando de forma lenta e ritmada, me deixando hipnotizada pela cena erótica em minha frente.

— Nicolas...

Sua risada grave reverberou pelo quarto, ele sabia bem o que fazia, ele sabia como me afetar. Nicolas se encaixou melhor no meio de minhas pernas, mantendo uma das mãos em seu pau, se provocando, se masturbando bem ali na minha frente, enquanto seus olhos me devoravam.

Senti sua mão brincar com meu clitóris inchado, causando um tremor pelo meu corpo, ele não se demorou muito na provocação, enfiou dois dedos em mim, me fazendo jogar a cabeça para trás gemendo enlouquecida pelo orgasmo que eu sei que viria.

Nicolas abandonou toda a provocação agarrando meu quadril, se metendo fundo dentro de mim, ambos gritamos, meu corpo ganhava vida própria, rebolei fazendo Nicolas jogar a cabeça para trás dando uma estocada profunda.


Eu coloquei um feitiço em você

Porque você é meu

Você é meu

Eu te amo de qualquer maneira

E eu não me importo

Se você não me quiser

Eu sou sua agora


(I Put a Spell On You – Versão Annie Lennox)


Parecíamos dois animais, Nicolas agarrava com firmeza meu quadril, nossos corpos suados, nossos gemidos nos embalavam e nos levavam para o desejo mais profundo.

— Preciso do seu toque. – Nicolas pressionou seu corpo sobre o meu ainda se movimentando dentro de mim, desatou o nó da fita liberando meus braços.

Passei a mão pelos pulsos sentindo aquele pedaço de carne meio dormente, fazendo o sangue voltar a circular. Empurrei seu corpo sentando sobre ele, mordendo sua boca, sentindo o nosso gosto misturado. Ele agarrou meus cabelos, forçando minha cabeça para trás, expondo meu pescoço, por onde deixou uma trilha de mordidas e beijos.

– Deliciosa, eu te adoro Ana.

Fechei os olhos sentindo essas palavras ondularem sobre mim, meu cérebro estava em curto-circuito. Intensifiquei minhas reboladas sobre seu pau, cavalgando com vontade sobre seu corpo, subindo e descendo, fazendo com que sentíssemos cada nuance daquela fricção deliciosa que nossos corpos causavam e por fim aquela sensação de paz.

— Eu te adoro. – Nicolas sussurrou novamente em meu ouvido gozando junto comigo.


Acordei enrolada no corpo gostoso e relaxado de Nicolas, não sabia onde começava minhas pernas e onde terminava as dele. Fitei seu rosto vendo-o dormir tranquilamente ao meu lado, os braços apoiados em cima de sua cabeça, totalmente tranquilo. Seu maxilar estava com uma coloração estranha de roxo indo até o pequeno corte na bochecha, assim como também havia um corte no canto da boca, meu coração afundou por vê-lo assim. Mas também nem queria imaginar como estava o Jimmy nesse momento, sendo que foi o mais atingido disso tudo.

Espreguicei-me tirando minhas pernas das de Nicolas, me virei para sair de mansinho da cama, mas fui interceptada.

— Onde pensa que vai sem falar comigo? – Nicolas e sua rouquidão matinal era um pecado, algo que devia ser engarrafado para mulheres solteiras se satisfazerem em momentos de solidão.

— Bom dia. – Disse me virando novamente para ele.

Nicolas selou seus lábios nos meus, fazendo uma pequena careta de dor.

— Você precisa de um analgésico.

— Eu tenho outra coisa em mente. – Seu sorriso safado se abrindo, assim como suas mãos traçando caminhos pelo meu corpo nu.

— Safado. Que horas são?

Nicolas se virou para o criado-mudo olhando o celular. – Já passa das duas horas da tarde.

— Meu Deus! Dormimos de mais. – Exclamei me sentando.

— Hoje é domingo, dia oficial da cama, monstrinha. – Nicolas me puxou de volta, fazendo-me cair em cima de seu peito. – Mas podemos abrir uma pequena exceção indo comer algo, meu estômago está faminto.

Soltei uma gargalhada. – Vou tomar um banho.

— Eu preparo o café-almoço.

Tirei o lençol de cima de mim engatinhando até a ponta da cama.

— Não demore, ou eu terei que me satisfazer de outra fome. – Nicolas disse acertando um tapa forte em minha bunda.

— Tarado.

Deixei que a água do chuveiro dominasse meu corpo, lavando toda a loucura que tinha sido esse fim de semana. Entenda, por mais que eu não tenha sido apaixonada por Jimmy não queria que nada tivesse terminado assim. Deus sabe como odeio relações mal terminadas, elas só sabem dar dor de cabeça.

Por diversas vezes eu tentei tocar no assunto, mas ele estava obstinado a não me escutar. Na verdade, ele já sabia o que estava acontecendo ninguém era tão cego assim. Tirei o condicionador, torcendo o cabelo em minha nuca.

O que está feito está feito, para quer ficar remoendo isso agora?

Sai do chuveiro me secando na única toalha a vista em todo banheiro, o cheiro de bacon fritando fez meu estômago se contorcer de fome, penteie os cabelos deixando-os soltos, busquei no armário de Nicolas uma camisa branca, grande o suficiente para tampar um pouco de minha nudez. E assim fui atrás do meu cozinheiro, nem me importando que estava apenas vestida com uma camisa, afinal, eu sabia onde acabaríamos mesmo.

— Chegou bem na hora. – Nicolas chamou minha atenção assim que cruzei a sala.

— O cheiro está divino.

Dei a volta na grande bancada de mármore, Nicolas trabalhava com habilidade no fogão, virando os bacons, sacudindo um pouco os ovos mexidos para não grudarem. Dei um salto na bancada sentando por perto, a camisa subiu alguns centímetros, exibindo meu corpo trazendo o olhar de Nicolas para mim.

Ele sorriu balançando a cabeça, voltando a atenção para suas panelas desligando o fogo. Seus olhos voltaram a observar meu corpo, vendo o mínimo caminho que minhas pernas abertas permitiam que ele visse. Nicolas parou em minha frente, suas mãos posicionadas em minhas coxas, seus dedos exercendo uma pressão mínima no local.

Assisto sua língua molhar os lábios, uma boca que sabia que era extremamente excitante e saborosa.

— Precisa de algo, Ana? – Ele questiona me olhando nos olhos.

— Não que me lembre. – Faço-me de ingênua.

Sua mão sobe pela minha coxa, encontrando minha fenda, a ponta de seus dedos começa a brincar com aquele pedaço sensível de pele subindo e descendo lentamente, me fazendo morder meu lábio inferior. Filho de uma mãe gostoso. Nicolas puxou com força sua camisa, fazendo os botões saltarem para fora, totalmente destruída. E então me beijou, tocando cada parte do meu corpo acessível e completamente a mostra para ele, beliscando meus mamilos ou brincando com minha intimidade já desejosa.

Enfiei minha mão dentro de sua calça de moletom, tocando com propriedade aquele pedaço duro e grande, sentindo seu membro em minha mão, espalhando o líquido pré-ejaculatório que já estava ali. Fazendo gemer quando dediquei um carinho bem na ponta, Nicolas era tão atingido por mim quando eu era por ele, éramos dois animais quando estávamos juntos, dois seres insaciáveis.

Desci da bancada invertendo as posições, colando a lombar dele no mármore frio, descendo um pouco sua calça, apenas para liberar aquele membro. Aproximei o rosto, beijando docemente a glande, descendo para seus testículos, dedicando um carinho ali com minha língua e depois com as mãos, segurando enquanto lambia toda sua extensão.

Nicolas mantinha seu olhar fixado em mim, os azuis mais escuros de desejo, seus cabelos despenteados, deixando a cena ainda mais sexy do que podia imaginar. Chupei seu membro com vontade, fazendo-o gemer jogando a cabeça para trás.

— Puta que pariu, que delícia Ana! – Rosnou sua mão agarrando meu cabelo, pressionando minha boca até o fundo, continuei acariciando sua perna enquanto engolia seu pênis com minha boca, intercalando os movimentos de chupadas ou apenas lambidas por toda a extensão dura como uma torra.

Chupava seu membro com vontade, com paixão, me deliciando ao ouvir seus gemidos ou frases desconexas. Senti seu corpo estremecendo, seu membro se comprimindo, ele me puxou com rapidez me pondo de pé, curvada sobre a bancada. Na mesma hora segurando minha bunda com as duas mãos, se metendo fundo dentro de mim, arrancando um grito de minha garganta.

Nicolas estava tomado pelo tesão, suas estocadas fazendo eu avançar para frente comprimindo meu corpo na bancada. — Eu quero fodê-la de tantas formas Ana, mas acho que para acompanhar o excelente café da manhã que fiz para nós, nada melhor do que retribuir e me deliciar no meio de suas pernas. – Disse perto de meu ouvido. – Vou te tornar minha sobremesa.

Nicolas abandonou seu lugar em minhas costas, me fazendo virar a cabeça para procurá-lo, ele parou em frente ao armário trazendo uma calda de chocolate nas mãos e um sorriso matreiro nos lábios.

— Você tem que ficar quietinha. – Disse mordendo uma de minhas nádegas, fazendo-me arfar.

Deitei a cabeça sobre o mármore frio, sentindo o líquido pegajoso da calda tocar minha coluna, descer por minhas costas, senti o líquido descendo por minha bunda fazendo eu me mexer incomodada.

— Eu disse quieta. – Nicolas me deu um tapa certeiro, arrancando um protesto baixo. – Você vai adorar, que combinação perfeita, monstrinha e chocolate.

Sua língua varria minhas costas, fazendo o caminho que o chocolate tinha feito, ele dava leves mordidinhas por todo caminho, em meu pescoço, meus ombros, beijando a lateral de meus seios espremidos na bancada. Senti sua mão abrir levemente minhas pernas dando mais acesso a ele. Senti sua língua tocar aquele ponto proibido, sugando a trilha de chocolate e o que eu pensei que seria ruim estava me dando um tesão enorme, sentir sua boca me lambendo, a sensação do proibido me deixava completamente molhada, Nicolas desceu sua mão pela minha vulva, torcendo meu clitóris inchado, sua boca tomando tudo somente para ele, sua língua entrava e saía naquele pedaço de carne, invadindo meu corpo, eu estava perto de gozar e ele sabia muito bem desvendar meu corpo. Sua língua tomou meu clitóris, sugando aquele pedaço delicado, sugando toda a excitação me fazendo estremecer.

— Porra... Humm... – Gemia descontrolada, meu corpo convulsionando, pedindo por mais, pedindo pelo orgasmo que vinha de dentro do meu corpo como um tsunami.

— Nic...

— Sim?

— Nic, por favor. – Implorei tentando me mexer, mas tento sua mão pressionando minha coluna contra o mármore.

Estava muito perto, Nicolas torceu meu clitóris em seus dedos, enfiando a língua o mais fundo dentro de mim, eu gritava, minha voz saindo rouca pelo tesão. Então ele deu o golpe final, seu pau entrou fundo dentro de mim, ocupando o lugar de sua língua, tocando aquele glorioso pontinho dentro de mim. Me lançando para frente a cada estocada que ele me dava, sua mão me apertando a cintura e a outra no meu cabelo, puxando minha cabeça para trás, uma verdadeira mistura de dor e prazer, escutei seu grunhido, ele estava se controlando para não gozar.

O orgasmo veio violento me sacudindo, me fazendo gritar, o corpo de Nicolas ficou tenso se entregando ao orgasmo que nos varria como se fogo tivesse tomado nossas veias, ele mantinha um vai e vem lento e prazeroso, prolongando meus espasmos. — Ah... – grunhi como um animal, enquanto ele devorava toda minha alma, tomando toda minha excitação.

Foi longo, prazeroso e quando acabou, eu estava inteiramente preenchida de algo novo e completamente assustador, que me deixava receosa só de pensar em nomear, imagina sentir.


Capítulo 25

Nicolas White


Estávamos completamente jogados em meu quarto, assistindo um filme qualquer que passava na TV, Ana deitada sobre meu corpo, seus lábios entreabertos, ressonando tranquila. Um sorriso bobo tomava conta do meu rosto, durante o dia todo não pensei em mais nada, apenas nessa mulher ocupando as horas do meu dia, no seu sorriso fácil quando falava alguma frase de duplo sentido ou quando ela respirava fundo toda vez que terminávamos de nos beijar. Se isso significava que estava apaixonado por ela, então meu rapaz que toque a marcha fúnebre, esse soldado está abandonando a guerra.

Enquanto admirava seu rosto dormindo em meu peito, me questionei do porquê fugi dois anos e por mais que eu procurasse motivos todos pareciam banais. Na verdade, eu posso afirmar que foi medo. Receio, sei lá o nome que as mulheres davam para isso, mas aqui deitado com ela em meus braços você pode me chamar de marica, mas meu último desejo era ter que sair de perto dela.

— Você sabia que encarar as pessoas enquanto dormem é falta de respeito? – Ana sussurrou beijando meu pescoço.

— Estava querendo saber como alguém tão linda pode roncar tanto. – Menti segurando o riso.

— Mentiroso! – Disse abrindo um de seus olhos.

— Ah, minha Ana, próxima vez eu gravarei. – Disse gargalhando.


Ela me olhou sorrindo, deu um beijo delicado em minha boca, grudando mais seu corpo no meu.

— Eu preciso ir.

Olhei para seu rosto buscando seus olhos. – Você pode ficar aqui.

Ana sorriu erguendo o rosto. – Bonitão eu tenho que trabalhar e estou sem roupas, quer dizer, nem sei mais o significado de usar uma roupa.

Dei de ombros sorrindo. – Por mim todas as roupas serão abolidas assim que passar por aquela porta.

Ela estreitou o olhar. – Seremos dois selvagens.

Inverti as posições, colocando-a contra o colchão. Beijando sua boca, mordiscando seu pescoço. – Posso passar o dia assim. – Sussurrei em seu ouvido, vendo aquele pedaço de pele se arrepiar.

— Quem me dera gostosão, eu tenho que trabalhar, alguém tem, né?

— Esse “né” seria para mim? – Perguntei mordendo forte seu pescoço, fazendo-a gargalhar.

— Eu levo você para casa, mas com uma condição. – Digo analisando o rosto dela.

— Condição?

— Sim, que você venha para cá depois do trabalho.

— Hum... – Ana faz charme revirando o rosto. – Realmente é muito difícil decidir sobre isso...

Dou uma mordida em seu seio, passando a ponta da língua em seu bico.

— Ahh...

Solto com um chupão deixando aquele pedaço de pele avermelhada.

— Então?

— Tudo bem, posso aceitar esse tipo de barganha.

Tomo seu corpo, enlaçando meus braços em sua volta, beijando sua boca, devorando aqueles lábios macios e carnudos, perdendo toda vontade de levá-la para casa.

Afasto-me com um suspiro ruidoso. – Vai se vestir ou não respondo por mim.

Ana sai correndo da cama, pegando a primeira peça de roupa que estava em sua mala, se trancando no banheiro. Aproveito para eu mesmo me trocar, coloco uma calça black jeans, uma camiseta branca de manga curta e um par de tênis. Para quem vive mais dentro de um terno e gravata ter a possibilidade de andar assim é como um bálsamo.

Paro em frente ao seu prédio desligando o carro, virei olhando para Ana, sentada de lado no banco, sua mão subindo e descendo por minha perna o tempo todo. – Nos vemos amanhã?

— Sim, combinamos durante o dia.

Sorrio buscando sua boca para um beijo, trazendo para mais perto seu corpo, minhas mãos agarram sua cintura, Ana aprofunda o beijo, sua língua vaga pela minha boca, enrolando, sugando a minha, faminta. Somos dois loucos, os dois completamente tarados, viciados no que podemos fazer de melhor.

Ana interrompe o beijo analisando meu rosto, uma ruguinha mínima aparece entre suas sobrancelhas.

— O que foi? – Questiono passando o polegar em seu rosto.

— Nada, apenas constatando que a vida é mesmo uma maluquice.

– Que maluquice mais deliciosa, né? – Brinco.

Ela balança a cabeça pronta para sair do carro.

— Ana?

Ela se vira olhando para meu rosto.

— Te adoro.

Novamente ela não retribui, apenas sorri, balança a cabeça e atravessa a rua puxando sua mala. Mas eu sei que ela também me adora, sei e tenho paciência para esperar pelo momento certo, Ana tem todo o receio sobre quem eu era, sim, tenho fama e um passado, nem tão passado assim. Sei que do mesmo modo maluco que ela me afeta, eu afeto seu corpo. Sei pelo modo de me olhar ou pelo modo como sorri. Também sei que estou fodido, estou completamente gamado nessa mulher. Ana mudou alguma coisa, algo grande e significante e ela irá perceber que aquele Nicolas, hoje não estava mais aqui.

Ligo o carro, saindo da vaga ao mesmo tempo em que o sistema de som religa fazendo “In The Name Of Love – Martin Garrix” invadir em batidas gostosas meu caminho de volta para casa. Abro os vidros deixando a brisa fria da noite entrar, sentindo o verdadeiro cheiro de Nova York, o trânsito causado pelos motoristas de táxis. Mal reconhecendo a mim mesmo.

Deus, o que aquela monstrinha está fazendo comigo?


Capítulo 26

Ana Suarez


Abro os olhos vendo a claridade entrar pela janela, rolo na cama ainda me localizando de tudo que aconteceu nesse fim de semana, volto para meu travesseiro pegando meu celular, dou um pulo da cama quando vejo que já passa das 8h30 min. Merda! Corro pelo quarto entrando no banheiro para um banho rápido, nem me lembrei de colocar o despertador para hoje, muito menos de colocar meu telefone no volume máximo. Causando esse imenso atraso.

Coloco a primeira saia social que vejo pela frente, uma blusa branca e corro com os saltos na mão. Qualquer parada para um café da manhã foi automaticamente excluída.

Com exatos quarenta minutos a mais de atraso atravesso o corredor da Roccoly, vendo as pessoas trabalhando de forma frenética até mesmo para uma segunda-feira. Dou uma espiada no corredor vendo que Robert não está em sua mesa, por enquanto caminho livre.

— Ana. – Eve me cumprimenta com um sorriso.

— Ele está atrás de mim? – Pergunto já ocupando minha mesa.

— Sim, Robert está furioso.

— Merda, merda. – Ligo meu computador, vendo o planner do dia, eu não podia ter me atrasado, muito menos ter perdido a reunião da manhã.

— Eu anotei todos os tópicos da reunião. — Eve dá a volta colocando uma pasta em minha frente. – Talvez isso possa te ajudar.

— Você é um anjo, Eve! – Exclamo sorrindo para minha secretária.

Suas bochechas ficam coradas, Evelyn sempre era muito discreta, fazia seu trabalho com excelência e só, poucas vezes a vi nos happy hour do escritório ou no meio de fofocas, literalmente ela chegava, executava seu trabalho e ia embora.

— Ana, a Sra. Vetter ligou, pediu que retornasse assim que possível.

— Eu ligarei mais tarde.

— Finalmente você apareceu!

Olhei para o rosto colérico de Robert, Eve deu um aceno saindo rapidamente da sala, fechando a porta.

— Robert, desculpas.

Ele arqueou a sobrancelhas olhando para mim. – Você tem noção do quanto foi irresponsável faltar a uma reunião da diretoria?

— Sim, entendo que foi imperdoável, e vou lutar para me redimir.

O que eu poderia fazer? Eu tinha dado uma mancada de tamanho fenomenal com meu chefe, teria sido melhor se jogasse café em sua cara do que ter faltado essa reunião.

— Bom, você iria ter essa oportunidade, teremos uma reunião em Buenos Aires pela próxima semana, você irá nos representar.

Sorri, fingindo meu contentamento. – Irei com o maior prazer.

Robert suspirou, deixou uns documentos em minha mesa e saiu sem dizer mais nada, seu recado foi dado, bem isso que a postura dele tinha mostrado.

Quando deu duas horas da tarde eu consegui sentar novamente em minha sala, minha cabeça zunia, meu estômago roncava de fome e eu estava exausta. Olhei para meu celular, vendo-o vibrar dentro da bolsa.

— Oi.

— Pela sua voz sinto que precisa de algo para relaxar.

Sorri escutando a voz rouca de Nicolas.

— Estou tendo um dia daqueles. – confessei suspirando.

— Uma típica segunda-feira.

— Bem por aí. – Massageei minha nuca tentando afastar a dorzinha aguda que se instalava ali.

— Faremos o seguinte, sua casa, mais tarde eu levo o jantar.

— Seria perfeito.

— Te vejo a noite.

— Até mais Nic.

Desliguei com um sorriso no rosto e foi assim que passei o resto de minha tarde no trabalho sorrindo por um simples telefonema.


— Meu Deus, Ana! — Ângela exclamou chegando mais perto de mim, dando lugar para dois executivos entrarem no elevador. – E eu ainda falei para você ser boazinha com ele, você devia ter dado um chute no saco, isso sim.

Segurei o riso, nos encontramos poucos minutos antes de sair do prédio da Solftk, entre esperar pelo elevador e chegar ao térreo contei todo meu fim de semana para ela.

— Pois minha vontade era essa, mas Nic me representou bem.

Passamos pelas pessoas saindo do trabalho, parando em frente ao prédio, Nova York estava no seu horário de pico, a avenida estava movimentada, buzinas soavam para todos os lados. Patrick, — motorista de Ângela – já aguardava por ela, encostado do lado de fora do carro, olhando para nós.

— Temos que marcar algo, vou conversar com Paul, um jantar. – Ângela divagou.

— Sim, marcaremos algo.

— Você está bem? Você sabe, com tudo isso?

Suspirei, sorrindo verdadeiramente. – Sabe, é tudo uma completa loucura, tudo muito rápido. Eu não sei por onde começar a explicar como me sinto Angel, mas... Estou feliz, sabe... – Sorri para minha amiga, encabulada na verdade.

Ângela me puxou para um abraço apertado. – Você está feliz, isso que importa.

Ela deu uma olhada em direção ao carro, vendo que Patrick parecia meio impaciente. – Tenho que ir, Paul está em Washington, pego um voo daqui a pouco.

— Nos falamos, vai lá mostrar quem manda para seu marido. – Brinquei já me afastando, seguindo em direção ao meu próprio carro.


Fazia pouco mais de uma hora que estava jogada no sofá vendo o programa estúpido que passava na TV, Nicolas entrou em meu apartamento me dando um susto entrando com várias sacolas nos braços e um sorriso de parar o trânsito.

Sento observando ele ir até a cozinha, deixar as coisas e voltar para mim, dá um beijo casto em meus lábios.

— Olá bonitão.

— Gostei do cumprimento.

Solto uma gargalhada voltando a me jogar nas almofadas.

— Então você ficou com minha chave extra? – Pergunto mesmo já sabendo a resposta.

— Sim, — Ele se levanta remexendo nos bolsos da calça. – essas daqui são suas. – Diz jogando um pequeno molho de chaves em minha direção.

Sinto minha garganta se fechar por um instante. Trocar as chaves de casa é um passo grande, até mesmo para um homem sem toda a bagagem que Nicolas carrega, imagine para o próprio Nicolas...

Ele parece não notar por onde meus pensamentos me levam. – Pedi de tudo um pouco daquele restaurante perto de casa, não sabia o que você queria.

— Vou ajudá-lo a arrumar. – Digo começando a me erguer.

— Não, não. Hoje você está na mão deste comandante, senhorita.

Ele deixa uma trilha de beijos por meu rosto e pescoço, logo sumindo de vista.

Escuto Nicolas revirando alguns armários a procura de pratos e nas gavetas atrás de talheres, alguns minutos depois ele retorna com algumas bandejas em uma das mãos e os utensílios na outra.

Nicolas arruma tudo na mesinha de centro, abrindo as embalagens, ajeitando um pouco de tudo nos pratos. Sua expressão relaxada, tranquila como se tivesse fazendo uma coisa corriqueira, como se isso que estamos fazendo seja algo normal entre nós. Apenas um casal de namorados se ajeitando numa segunda-feira, isso ainda me assusta, esse pensamento ainda me assusta. Ainda mais por gostar disso...

Nicolas me passa um dos pratos se sentando ao meu lado.

— Me conte como foi seu dia.

Olho para seu rosto, parando com o garfo no meio do caminho até a boca. – Perdi uma reunião com a diretoria, basicamente me atrasei uma hora e meia... – Mastiguei um pouco da salada.

Nicolas também comia, olhando para meu rosto.

— Resultado, meu chefe quer me mandar para Buenos Aires. – Disse ainda engolindo a enorme garfada.

— Bom pelo menos você pode encontrar algo de bom nessa viagem. – Disse com um sorriso safado.

— Algo bom? – Questionei entrando na brincadeira.

— Sim. – Ele afastou seu prato, tomou um gole de sua água. – Por exemplo, um piloto, muito atencioso, que pode transformar seu voo em uma completa diversão nos ares.

Sorrio saboreando outro pedaço do peixe que ele trouxe.

— Imagino que partirei muitos corações fazendo isso. – Digo me arrependendo no mesmo instante.

Nicolas me olha nos olhos, deixa seu prato na mesinha, voltando-se para mim. Nos olhamos fixos por alguns segundo, por fim ele beija meu pescoço, tirando o prato do meu colo, colocando-o junto com o seu.

— Ana não sei como falar esses tipos de coisas, sabe, nunca me preocupei com isso ou até mesmo pensei em dizer. – Ele muda um pouco o tom, ficando sério. – Você é especial para mim, e, pode acreditar que quando digo isso não estou mentindo. Sei que também sou para você. – Ele fez uma pausa. – Você não diz, mas eu vejo e sinto.

Fico encabulada com a força do seu olhar.

Nicolas puxa minhas pernas para cima de si, fazendo carinhos em minhas coxas, uma leve massagem em meus pés, não tocando mais no assunto.

– Deite-se aí, procure um filme descente para nós. – manda com um sorriso no rosto. Suavizando o silêncio que ficamos.


Sinto um calor absurdo, balanço as pernas tentando me livrar daquilo que me mantém presa, abro os olhos vendo que Nicolas está praticamente deitado sobre mim, suas pernas em cima das minhas, seu braço enrolado em minha cintura.

— Nic – sussurro acordando-o.

Nicolas sorri rolando para o lado, seu rosto metade escondido no meio do travesseiro, ele coça os olhos, afastando o resto do sono. – Bom dia.

— Bom dia. – Viro de lado ficando de frente para ele.

— Você capotou ontem, a música inicial mal tinha começado e você estava roncando.

– E você ficou...

— O filme estava realmente excelente para eu sair no comercial, iria perder o final. – Disse com cara de deboche.

Arquei a sobrancelha.

— Tá bom, eu queria cuidar de você.

Acho que eu esqueço de respirar por dois segundos, mas não consigo controlar minha língua. – Você dormiu com uma mulher e não transou com ela?

Ele torceu a boca para cair na gargalhada.

— Pois é, tudo tem uma primeira vez, dormimos juntos ou quase isso já que eu passei a maior parte do tempo guerreando com suas pernas por um pouco de espaço nessa cama.

— Nicolas White, o garanhão de Nova York dormiu com uma mulher ao seu lado sem transar! – Brinco gargalhando com seu ataque de cócegas.

— Eu mostraria o que o Nicolas garanhão aqui sabe fazer, se não tivéssemos que levantar.

Aceito ser tirada da cama por Nicolas, pronta para começar mais um dia.


Capítulo 27

Nicolas White


Eu estava ansioso, tudo era novidade nesse momento, eu não tinha experiência em relacionamentos. Era como se você soubesse o manual de cor, mas na prática era totalmente diferente.

Nicolas White não era de bajular, ou dormir na mesma cama que uma mulher sem conseguir o que realmente queria, sexo. Mas agora sem o “empecilho” que era Jimmy, eu e Ana rumávamos para algo novo, um terreno totalmente diferente para ambos.

Jimmy não retornou minha ligação, tínhamos uma amizade de anos, tudo bem você “roubar” a garota que ele estava ficando era literalmente jogar o código de honra dos amigos no lixo e ainda sair rindo. Foi exatamente isso que eu fiz, Jimmy só tinha que perceber que o que ele sentia pela Ana era fogo, sim, o mais puro desejo carnal.

Suspirei deixando esses pensamentos para o lado. Ana iria viajar a trabalho para Buenos Aires e pensando nisso programei uma noite especial para nós, por que não voltarmos para onde começamos?

Tinha feito reservas no Le Bernadin, um restaurante no centro de Midtown. Dei uma olhada vendo as pessoas conversando, sorrindo. Ajeitei o blazer marfim consultando o relógio.

Meus olhos grudaram em Ana assim que atravessou o hall vindo em minha direção, fiquei de pé contemplando seu corpo envolto de um vestido vermelho, colado em todas as curvas daquele corpo, causando uma sensação estranha na boca do meu estômago, vê-la caminhando tão confiante disparava meus batimentos cardíacos...

Puxei seu corpo no meu, dando um pequeno selinho em seus lábios, senti sua pele através do decote nas costas o que só aumentou meu desejo por essa mulher.

— Você está magnífica. – Sussurrei mordendo de leve o lóbulo de sua orelha.

Dispensei o maître eu mesmo puxando a cadeira para ela sentar, eu percebi os olhares de alguns homens, vi quando eles me encararam de volta. Bem aquela coisa de macho, eu “mijei no poste” . Era como falar silenciosamente com cada um deles: Isso mesmo rapazes, esta daqui é do Nicolas, tirem os olhos.

— Desculpe o atraso.

Puxei sua mão por cima da mesa entrelaçando nossos dedos. – Valeu à pena esse pequeno atraso.

Ela sorriu abertamente para mim, olhou o restaurante admirando a beleza do lugar.

— Faz muito tempo que não venho aqui...

— A última vez foi com você. – Completei o que ela iria dizer.

— Sim.

— Hoje estamos comemorando algo especial. – Disse curvando-me um pouco mais na mesa chegando mais perto dela.

— Algo especial?

— Sim, nosso recomeço.

Os olhos de Ana brilharam, ela mordeu o lábio inferior contendo o nervosismo. E eu me senti o filho da puta mais sortudo. Ela mal podia esperar pelo que viria após o jantar.

O garçom para ao lado de nossa mesa, depositando duas taças de vinho tinto, com as taças com águas em nossa frente.

Ana é diferente de todas as mulheres que eu já me relacionei, sua presença é marcante, ela domina o lugar quando chega, sabe manter uma ótima conversa, e olha que eu não paro para puxar papo com mulheres. Durante o jantar transitamos por tantos assuntos, falamos sobre sua carreira, conversamos sobre a minha. Ela não tenta se promover, ela não fala algo sem saber sobre aquilo, somente para aparecer. Ela é simplesmente... Ela. Eu não me reconhecia por pensar algo desse tipo, mas eu não conseguia acreditar na sorte que tinha ao dizer que ela era minha.

Ana se delicia com um pedaço de torta, a conta foi paga e eu estou ansioso pelo que vem a seguir.

— Quando você volta para o trabalho? – Ela pergunta chupando de leve o chocolate da colher, fazendo-me engolir a saliva que esse pequeno ato, somado ao estreitar de olhos fazem com meu pau.

Tomo um gole de minha água. – Recebi uma ligação deles, ainda não tem uma data, porém deve ser em breve. – Digo dando de ombros. – Quando você aceita entrar numa profissão como a minha é raro um longo período de folga, e eles sabem que não sou de ficar parado. Por isso me chamam para emendar uma viagem na outra.

Vejo seu sorriso esmorecer um pouco.

— Você sabe que isso não mudará as coisas.

Ela volta seus olhos para mim. – Mas você vai estar cercado de vadias. De Ashley.

Solto um riso baixo com sua cena de ciúmes. – Pode até ser, mas existe uma grande questão nisso tudo.

Ela arqueia a sobrancelha esperando que termine de falar.

— Eu não as quero.


Eu tinha planejado tudo para esta noite, queria testar todos os limites e sentidos de Ana, desde o caminho com minha playlist de “preliminares” até o que ela vivenciaria quando chegássemos a nossa próxima parada.

“Candy Shop – 50 Cent” quebra o silêncio do carro, piso no acelerador deixando o carro ronronar ultrapassando as faixas, Ana mantém uma mão sobre minha coxa, perto demais da minha virilha para ser ignorada, aproveito as trocas de marcha para passar a mão por sua perna, levantando um pouco do vestido, arrancando um sorriso safado de seus lábios, testando sua pele arrepiada com meu toque. Saio do centro de Manhattan, pego algumas ruas secundárias finalmente chegando.

Há uma quantidade considerável de carros parados em frente à boate, Ana olha pela janela observando tudo com interesse, em momento nenhum eu disse para onde estávamos indo, apenas comuniquei que nossa noite não havia acabado.

A The Night poderia ser apenas um prédio comum no meio de tantos por aqui, assim como em Las Vegas e nas outras casas o que era de máxima importância era ser discreto. Mas quem tinha o direito de passar pela grande porta preta é que sabia realmente o que acontecia lá dentro. Todos os sócios e participantes convidados assinavam um termo de confidencialidade, algo para proteger nossas próprias identidades, aqui não frequentavam apenas pessoas solteiras, a grande maioria dos sócios eram mulheres e homens casados, frustrados com suas vidas sexuais normais, que vinham buscar um pouco de depravação que a The Night oferecia.

Dei a volta no carro abrindo a porta para Ana, entreguei a chave do carro para o manobrista, que sorriu e se afastou em silêncio.

— Onde estamos?

Dei um sorriso de lado entrelaçando meus dedos nos seus.

— Estamos de volta ao começo. – Sussurrei em seu ouvido.

Ana caminhou ao meu lado, passando pelos seguranças, observando tudo, tentando desvendar para onde tinha nos levado. Um homem de terno, com aparência ameaçadora fez sinal para que nos aproximássemos. Soltei por um instante a mão de Ana, puxando o cartão prateado de dentro da carteira. Ele analisou o cartão por um instante, foi até a grande porta abrindo-a para nós.

— Seja bem-vindo Sr. White.

Dei um aceno com a cabeça deixando Ana entrar na minha frente. As batidas sensuais de “Gold – Kiara” invadiram a pequena recepção quando a porta foi aberta, caminhei com Ana colada ao meu lado, o grande bar de vidro estava lotado, vários casais conversando, as pequenas estações de pole dance tinham mulheres e homens dançando, dei uma olhada para Ana que estava compreendendo onde estávamos.

Andei até um grande sofá no canto mais afastado, Ana se sentou ao meu lado, seus olhos vagavam pelos casais, eu podia sentir em sua áurea que ela estava encantada, um misto de curiosidade, com desejo na forma mais pura. Assim como da primeira vez, só que desta eu a levaria para todos os lugares que ela nunca pensou em ir.

Esse era meu mundo, baby .

— Então você é sócio? – Questionou virando-se para mim depois de alguns segundos.

— Sim.

— Como você descobriu isso? Você sabe... – Ela deu de ombros.

— Existe todo um mundo para quem deseja se entregar para o prazer meu amor, desde casas de swings , boates de strippers , lugares onde podemos praticar BDSM, são tantos lugares.

Ana me encarava, absorvendo tudo que dizia.

— Os convites são difíceis, você só consegue se for indicado por alguém, vindo como convidado ou sendo sócio. Como no seu caso. – Colei minha boca em seu ouvido. – Aqui é pelo prazer Ana, as pessoas buscam por um lugar como esse para experimentar o que o sexo tem para oferecer de melhor.

— E as máscaras?

— Elas são necessárias apenas quando tem algum tipo de membro importante, ou como se fosse um baile para os novos sócios. – Expliquei.

Ana passou a língua nos lábios secos. Segui seu olhar, vendo a variedade de pessoas, algumas jovens outras mais velhas, mulheres em sua grande maioria, olhei para o lado oposto vendo uma mulher meio deitada no divã, um homem colocava pedaços de morangos em sua boca, junto com champanhe, lambendo o caminho que o champanhe fazia quando caia da boca da mulher.

Puxei delicadamente o rosto de Ana para ela ver o que eu estava vendo, notar o erotismo da cena, notar o quão era sensual uma coisa dessas. Notei quando ela apertou uma perna na outra, ela estava ficando excitada, sorri para mim mesmo, colocando a boca na curva do seu pescoço, sugando aquele pedaço de pele, sussurrando coisas em seu ouvido. Ana curvou um pouco a cabeça dando espaço para mim, ainda observando o casal.

O homem beijava a curva dos seios da mulher, lambendo seu pescoço como se fosse um sorvete, vi os olhos de Ana se arregalarem minimamente quando uma mulher se juntou a eles, beijando a mulher na boca, sugando sua língua de forma sensual. Ana apertou minha coxa por instinto, segurei seu rosto trazendo seus lábios para mim, invadindo sua boca com fome, desejo e um tesão absurdo. Ela gemeu, agarrou meus cabelos puxando-os para ela. Querendo aprofundar mais o beijo, porém eu interrompi, estava na hora de seguirmos para as outras salas.

Fiquei de pé trazendo-a comigo, atravessei um extenso corredor, entrei em um pequeno salão aberto, as paredes de veludo negro, sendo iluminados apenas por luzes âmbar, algo apenas para não deixar aquela sala na plena escuridão. Os alto falantes explodiam com “Fallin” o cheiro de sexo estava presente no ar, colei o corpo de Ana, fazendo-a observar o que acontecia naquela sala, roçando um pouco meu pau em sua bunda.

Sempre gostei do voyeurismo, tinha algo mais sexual do que você observar alguém se entregar ao sexo? Aqueles corpos ondulando entre o desejo, entre o carnal.

— Não vi algo assim na outra The Night. – Ana murmurou em meu ouvido.

— Eu não deixei meu amor, queria tê-la logo para mim. – Respondi sorrindo. – Aqui você pode observar, participar se o casal quiser.

— Eu não sei se quero.

— Fique tranquila, estamos aqui apenas pelo prazer do voyeur, não deixaria ninguém encostar em você, a menos que deseje.

Vi uma ponta de ciúmes em seu olhar, essa era minha garota.

— Não quero.

Dei um beijo molhado em seus lábios, indicando com o olhar o casal em nossa frente. A mulher estava deitada nua numa cama redonda, seus olhos vendados, um homem estava no meio de suas pernas chupando sua intimidade, fazendo ela se contorcer, um outro apertava seus seios, lambendo seu corpo. Apontei para o outro lado onde duas mulheres se divertiam com um homem, ambas se dedicando em satisfazer suas vontades, puxei sua mão saindo dali, entrei em outro salão deixando que ela absorvesse tudo em nossa volta.

As paredes eram revestidas de acessórios, as pessoas que circulavam por ali ou estavam nuas com apenas uma espécie de coleira em volta do pescoço ou estavam vestidos de couro. Ana fixou o olhar em um casal mais adiante. A mulher estava curvada sobre o banco de couro próprio para espancamento, o homem andava ao seu redor com uma vara nas mãos, se abaixando algumas vezes para sussurrar algo no ouvido dela, que fazia ela se contorcer e gemer alto.

A pele de Ana se arrepiou quando o primeiro golpe foi desferido.

— Você está bem?

— Sim, estou.

Coloquei a mão sobre seu queixo, trazendo os olhos dela para mim.

— Vamos.

Segui por outro corredor, me afastando dos salões, entrando em um quarto desocupado fechando a porta com chave, uma das paredes de vidro se acendeu.

— Eles vão nos ver? — Ana perguntou.

— Eles podem se você quiser, ou eu posso cancelar essa possibilidade.

— Deixe.

Ana parou no meio do quarto, seus olhos me encarando, mordendo os lábios, eu precisava ter seu corpo, meu pau já não aguentava mais a pressão que a cueca fazia sobre ele. Apesar do lugar onde estamos eu não queria apenas fodê-la, eu queria fazer amor com ela, intenso, forte e delicioso.

Caminhei até o som, deixando que as batidas sensuais inundassem o quarto. Viro-a de costas para mim, descendo as alças do seu vestido, vendo seu corpo ficar nu, vou depositando beijos em todos os cantos de pele que o vestido vai deixando à mostra, me ajoelho em suas costas, tirando do caminho seu vestido, jogando-o longe, admiro sua bunda coberta por uma minúscula calcinha de renda branca, passo a língua por sua bunda, suas coxas, Ana geme buscando apoio na parede em sua frente.

Atiro minhas roupas para longe, ficando nu em suas costas, não deixando que ela se vire, hoje a noite é dela. Agarro seus cabelos fazendo um rabo de cavalo com minha mão, ela empina o corpo, roçando sua bunda em meu pau, mordo seu ombro abaixando sua calcinha com a outra mão, ela me ajuda chutando aquele pedaço de pano para frente, completamente nua.

— Ah, doce Ana... – Digo perto de seu ouvido, fazendo-a gemer. — Eu vou adorá-la como nenhum homem fez.

Viro-a para mim tomando sua boca, interrompendo o beijo indo para seu pescoço, sugo seu mamilo intumescido, levo nos dois para a cama, deitando Ana sobre as almofadas, vou traçando caminhos de beijos por todo seu corpo, passo por sua intimidade dando uma breve mordida em seu clitóris para seguir por suas coxas, abro o máximo de suas pernas, me dando uma visão ampla de tudo que posso fazer com aquele corpo.

Seu olhar está carregado de erotismo, está excitada. Abandono meu posto por alguns segundos, retirando um potinho de óleo pequeno disponível na bancada, ainda de pé ao lado da cama abro jogando todo o líquido por seu corpo, do seu pescoço até sua fenda molhada.

— Nicolas.

Sorrio, espalhando o óleo pelo seu corpo, em seus seios dedicando atenção ali com minha boca também, o óleo tem sabor de morango o que deixa tudo ainda mais gostoso. Desço minhas mãos por sua perna, espalhando o óleo naquela área, Ana estremece, gemendo como uma gata no cio, vejo seus olhos se fecharem e é minha vez de revidar.

— Abra seus olhos meu amor, quero vê-la gozar.

Ela demora alguns segundos, mas me obedece grudando seu olhar no meu. Sento ao lado de seu corpo introduzindo meus dedos em sua vagina, minha língua se ocupa com seu clitóris, dando todo carinho para aquele pequeno ponto.

— Puta que pariu!

Assopro, mordo, beijo, sugo como se fosse a sobremesa mais doce do mundo, sentindo o gosto de sua excitação misturado com o do óleo. Tiro meus dedos vendo Ana protestar, pego sua própria mão, fazendo ela se tocar, sentir sua pele pulsar desejosa.

Levo meus dedos em sua boca, fazendo-a sentir a mistura de sabores, ela chupa ávida, gemendo com meus dedos em sua boca. Ana tenta se levantar, mas eu detenho seu movimento sorrindo, tiro meus dedos de sua boca tocando seu ânus, ela se contrai, porém vai relaxando quando lanço olhares famintos para ela. Espalho o óleo e sua excitação por todo o local, logo inserido um dedo ali, os gemidos de Ana aumentam, permitindo curtir os prazeres que este ponto tão “proibido” possa dar.

Logo acrescento mais um dedo, Ana continua trabalhando firmemente em sua boceta, massageando seu clitóris enquanto seu quadril vai ao encontro da minha mão, fazendo meus dedos entrarem mais fundo em sua carne.

— Por trás daquele vidro tem homens e mulheres maravilhados com esse corpo. – Sussurro mordendo sua coxa. – Estão nesse momento indo para seus próprios quartos tentar reproduzir todo o tesão que temos aqui.

— Nicolas...

— E sabe o que mais eles estão vendo? — Pergunto tirando meus dedos de dentro dela, ocupando o lugar no meio de suas pernas.

— Não. – Ela gagueja.

Posiciono meu membro em sua abertura, passando por toda sua fenda encharcada. Sentido meu pau pulsar em minha mão, coloco apenas a cabeça, balançando o quadril fazendo Ana agarrar os lençóis, gemendo coisas incoerentes.

— Eles estão vendo que você é minha, meu amor. – Digo isso penetrando com força seu corpo, sentindo suas paredes se alargarem para me receber.

— Nic...

Abro caminho dentro dela, ondulando meu corpo, fazendo amor com aquela mulher, tomando a cada investida um pouco de si e levando um pouco de mim para ela. Ana remexe o quadril querendo ir mais fundo, querendo ditar os movimentos, puxo seu corpo para cima do meu, deixando que ela me cavalgue, ela mexe freneticamente em cima de mim, levando nos dois por uma trilha de perdição. Agarro um de seus mamilos que pulam diante de mim, segurando sua cintura, forçando-a para baixo cada vez que ela sobe sobre meu pau, aumentando as estocadas.

Ela mordia o lábio, suguei seu pescoço, roubando para mim tudo que vinha de Ana, seu prazer, seus gemidos, o intenso cheiro de desejo puro no ar.

Tirei uma de minhas mãos de suas costas, batendo em sua bunda, ela estremeceu, mas não reclamou. Levantei novamente a mão batendo mais uma vez em sua pele.

— Ah...!

— Isso, quero ouvir seus gemidos.

Bati de novo, Ana jogou a cabeça para trás gemendo alto e rebolando em meu pau. Nada mais existia, apenas a música, aquela mulher cavalgando forte sobre meu pau, o desejo agudo que eu mal conseguia conter.

— Eu te adoro Ana... – Sussurro. – Como eu te adoro.

Sinto-a vibrar em mim, seus olhos se fecham por um instante, quando ela torna a abrir, encarando no fundo dos meus olhos, sinto que estamos no mesmo passo. – Eu te adoro Nicolas.

Ana retribui pela primeira vez, me levando a perdição, gozo chamando seu nome, urrando como um animal, aumentando os movimentos, prolongando meu orgasmo para que ela goze. E é assim que ela se entrega, olhando em meus olhos, gemendo, suada e uma grande verdade revelada, estamos completamente entregues e apaixonados um pelo outro.


Capítulo 28

Ana Suarez

 

De diversas coisas que se passa por minha mente, nenhuma delas é capaz de dizer tudo sobre a noite que tivemos. O jantar, Nicolas tão romântico, foi... Foi incrível. Como se tudo não tivesse passado de um sonho, irmos para a The Night foi o ponto alto de minha noite, eu nunca me entreguei ao sexo de forma tão crua, tão sensorial como tinha feito ontem. Ver todo o erotismo, os casais se entregando aos seus desejos, me deixou com água na boca, Nicolas estava relaxado, em seu próprio mundo, ele se sentia completamente à vontade com tudo que acontecia a nossa volta.

Mesmo que estivesse enlouquecendo de tão excitada fiquei feliz quando ele disse que não iria me dividir com ninguém, meu lado ciumento sorriu todo feliz. E as sensações que ele provocou em meu corpo, praticamente adorando cada pedaço dele, foi como ir ao céu mil vezes e voltar.

Olho pelo quarto escuro, passo a mão no celular ao meu lado vendo que ainda são 4h30 min, tenho tempo suficiente para tomar um banho e ir para o aeroporto. Ainda estava com raiva do meu chefe por me mandar para essa reunião, mas mesmo assim afastei as cobertas do meu corpo e segui para o chuveiro.

Estava protelando a hora de sair do chuveiro, quando me virei notei Nicolas parado na porta do banheiro. Os olhos estreitos pela claridade, o rosto ligeiramente amassado pelo sono.

— Boa noite, monstrinha.

— Bom dia. – retruquei sorrindo.

— Tem certeza que não quer uma carona até o aeroporto?

Fecho o chuveiro passando a mão no cabelo para tirar o excesso de água. – Sim, volte para cama.

— Vou então preparar um café para nós.

Meia hora depois, devidamente vestida, mala pronta, táxi esperando e muito beijos trocados com Nicolas, sigo até o aeroporto. De Nova York até Buenos Aires era uma viagem de dez horas, ou seja, dez horas dentro de um avião com uma criança bagunceira em minhas costas, aquele doce de criança achava que minhas costas eram sacos de porrada e seus pais ainda faziam cara feia para mim quando me virava para reclamar. A droga disso tudo é que o v oo estava com a capacidade máxima então nenhuma das comissárias conseguiu outro lugar para mim.

Desembarquei no aeroporto internacional de Buenos Aires – Ezeiza, por volta das dezesseis horas, um carro da empresa estava a minha espera.

— Srta. Suarez? – Uma mulher extremamente linda me aguardada ao lado.

— Sim... Você seria a Camille?

— Isso mesmo, espero que tenha feito uma ótima viagem.

— Sim, foi um voo tranquilo.

Entramos no carro já saindo da área de desembarque. O motorista começou a atravessar a cidade, me deixando ávida para olhar tudo em minha volta. Mesmo para um final de tarde frio, tinham muitos pedestres andando pelas ruas ou no centro comercial.

— Tomei a liberdade de hospedar a senhorita no Hotel Icaros.

— Ah, muito obrigada. – Disse voltando meu rosto para a mulher, seus traços morenos, seu cabelo preso de modo firme no coque, assim como o tailleur de corte refinado mostravam que ela era obcecada por ordem, nada estava fora do lugar, coisa que para quem trabalha o dia todo seria inevitável no final do dia.

— Você teria a agenda com os compromissos de amanhã? Gostaria de me por a par de tudo.

— Sim. – Ela pescou um papel em sua pasta de couro passando para mim. – Sr. Klasron informou que você vai acompanhar de perto esse contrato.

Robert era um grande filho de uma mãe, isso sim.

— Sim, estou aqui como representante dos direitos da Roccoly e de nosso escritor.

— Nós estamos empolgados, vimos muito potencial nos livros dele, e, trazê-lo para cá será um grande passo para a editora.

Trocamos mais alguns pontos sobre as três reuniões que teria amanhã, onde também visitaria toda a editora, o motorista parou em frente ao tal Hotel Icaros, sua fachada de vidro toda iluminada, parecia extremamente convidativa. Tudo que eu mais desejava era entrar em meu quarto tomar um banho e cair na cama.

Depois de pegar o cartão de acesso, dar uma gorjeta para o rapaz que trouxe minha única bagagem até o quarto, pude jogar longe os saltos que estavam fazendo meus pés latejarem. Andei pelo quarto vendo que era bastante confortável, pequeno, mas confortável. Liguei meu celular no carregador esperando que ele voltasse à vida, sendo bombardeado por inúmeras ligações do escritório e de Nicolas, o que arrancou um sorriso de meus lábios.

Decidi ligar para Nicolas, meu chefe que esperasse até amanhã.

— Ana. – No segundo toque ele atendeu, ouvi o som alto do que devia ser a TV.

— Boa tarde para você também. – Disse rindo.

— Como foi à viagem?

— Tirando o fato que tive os pés de uma criança endiabrada em minhas costas, acabei de chegar ao hotel.

Nicolas gargalhava do outro lado.

— Por que não usou meu nome, poderia ter ido de primeira classe. – Disse brincando.

— E você me fala isso agora? – Faço uma voz de falsa irritação.

— Ah, mas pensando bem, eles só deixariam se você se apresentasse oficialmente como minha namorada.

Engasguei do outro lado da linha. Fazendo Nicolas rir ainda mais.

— Vou pensar nisso da próxima vez, liguei mesmo para dizer que estou bem.

— Eu fico feliz que tenha ligado.

Suspirei.

— Ainda estou em seu apartamento. – Nicolas confessou.

— Espero que deixe tudo organizado para quando eu retornar.

— Sobre isso...

— O que foi? – Questionei erguendo a sobrancelhas.

— A companhia acabou de agendar um voo para mim, nada demorado, coisa de dois dias ou três no máximo.

Deitei na cama, olhando o teto do quarto. – Quando eu voltar você terá ido. – disse por fim.

— Sim minha monstrinha, mas volto assim que puder. Uns executivos agendaram uma viagem até Montana, uma viagem fácil, poucos passageiros, um voo fretado de quatro horas.

— Você embarca que dia?

— Amanhã de tarde. – Nicolas estava sério. – Ana, você sabe que isso não mudará nada entre nós.

— Eu sei.

Deixei de lado minha frustração, com um suspiro. – Podemos marcar algo para quando você voltar.

— Com certeza, será a primeira pessoa a saber o horário que estarei descendo o avião.

— Nos falamos amanhã.

— Eu ligo para você à noite. Se cuide.

— Você também, Nic.

Ele ficou em silêncio por uns segundos, ainda na linha.

— Ana?

— Sim.

— Eu te a... Adoro.

— Eu também, eu também. – Respondi, literalmente duas vezes uma para o que eu acreditei que ele falaria e outra pelo que ele realmente disse...


Assim como ontem, o motorista da empresa me esperava pontualmente às nove horas, na porta do hotel, onde me levaria para sede de um dos selos da Roccoly, com sede no centro de Buenos Aires.

Durante horas escuto atentamente tudo que se passa na reunião acertando todos os ponteiros dessa negociação, até uma vídeoconferência com a diretoria em Nova York. Paramos pouco depois das 14 horas para almoçar, o que foi facilmente dispensado por mim. Tinha acordado com o estômago totalmente enjoado, um mal-estar que só estava passando agora. Portanto Camille e eu fizemos um pequeno passeio pela cidade, onde ela me mostrou animada os pontos turísticos e até parando para algumas fotos.

Ás sete da noite cheguei ao hotel, me despedi de Camille e subi para meu quarto, estava morrendo de cansaço, meu corpo clamando por um banho e uma boa refeição. Enquanto esperava pela comida resolvo brincar com Nicolas.

Não pensei que sentiria essa falta dele, falta de sua conversa boba, ou de simplesmente ficarmos à toa como ficamos em meu apartamento.

Seco meu corpo do banho, colocando um conjunto sexy de lingerie, paro em frente ao espelho sorrindo e tiro uma foto. Enviando para ele.

Aproveitei enquanto aguardava sua resposta para olhar um pouco as redes sociais, eu não era muito ligada, apenas tinha. A curiosidade foi ao máximo quando vi o perfil de Nicolas, fazia tanto tempo que não mexia em seu perfil, nem me lembrava que ele continuava em minha rede de amigos, sua página era repleta de fotos de lugar paradisíacos e outros tantos que ele tinha viajado a trabalho. Dei uma olhada em suas amizades, não me surpreendendo que a maioria fosse do sexo feminino, uma extensa rede de mulheres bonitas a sua volta, também tinha algumas fotos dele acompanhado de algumas, isso acendeu o ciúmes dentro de mim, Nicolas era um homem bonito, inteligente, um verdadeiro homem com “H” maiúsculo, lógico que teria diversas mulheres em seu caminho.

Voltei para página principal evitando me irritar com as fotos postadas por ele e por seus amigos, mas foi ver seu status que me fez praticamente pular no lugar. “Em um relacionamento sério”. Uau! O acontecimento tinha diversas carinhas tristes que as “amigas” comentaram em seu status, minha vontade era escrever lá “todo meu”, mas contive esse ímpeto.

Eu estava um pouco insegura e encantada ao mesmo tempo, as coisas estavam acontecendo rápido demais, mas não podia deixar de sorrir como uma idiota quando via isso ou as demonstrações dele.


Capítulo 29

Nicolas White


Estava tomando uma cerveja com meus amigos quando recebi a mensagem de Ana.

Lucio um dos comissários que nos acompanhou nessa viagem se juntou a nós, sentando em uma das cadeiras vazias na beira da calçada. – Sobre o que estão falando?

— Só nosso pequeno soldado abatido, o grande comedor está em relacionamento sério. – Jack praticamente esfregou o telefone na cara de Lucio, fazendo-o gargalhar.

Eu tinha mudado meu status ontem depois de minha conversa com Ana, mas decidi não marcá-la, queria fazer um pedido oficial primeiro.

— Vão à merda. – Disse rindo junto com eles, tirei o telefone do bolso, abrindo a mensagem de Ana, engasgando quando vi a foto. De corpo inteiro, em frente ao espelho, usando apenas uma calcinha e um sutiã branco.

Abri o teclado digitando rápido uma resposta para ela.

“Você está querendo me enlouquecer?”

A resposta dela chegou imediatamente.

“Quer brincar?”

Tomei mais um gole de minha cerveja.

“Estou no bar com meus amigos, você quer me deixar louco, definitivamente.”

“Louco não, mas com muito tesão para quando eu voltar... Quem sabe”

Sorri diante de suas mensagens. Meu telefone apitou novamente,

“Faremos assim, eu espero você ir para seu quarto, não demore!”

Tomei o resto de minha cerveja me levantando de um pulo da cadeira.

— Tô indo nessa. – Disse me despedindo dos caras.

— Ih, vai vendo agora que ele tem um relacionamento sério nem pode mais ficar com a gente no bar. – Jack caçoava da minha cara.

— A mulher colocou um GPS nas bolas dele. – Lucio gritou erguendo sua cerveja.

Todos caíram na gargalhada, fazendo eu mesmo rir. — Tenho coisa melhor para ver nesse momento.

Deixei que eles me importunassem até eu atravessar a rua, dei graças a Deus que tínhamos optado por ficar no bar perto do hotel, acho que nunca andei tão rápido na minha vida, estava entrando no hall do hotel novamente quando mandei mensagem para Ana.

“Pronto, estou no hotel”

Ela respondeu de imediato:

“Foi rápido”

Então ela enviou outra foto, dessa vez de costas. Cacete! Sua bunda delineada na pequena, quase minúscula calcinha, a peça de cima jogada aos seus pés e ela com um sorriso safado no rosto, mordendo minimamente o lábio inferior.

“Você vai acabar comigo mulher!”

Ela mandou outra do seu rosto sorrindo, de modo bem safado. Ia responder sua mensagem quando meu celular apitou mostrando a nova mensagem, abri entrando em meu quarto no hotel, fechando a porta com um chute.

Caralho de mulher, outra foto, dessa vez de frente, os seios redondos que eu tanto venerava a mostra, firmes e suculentos.

“Porra Ana, isso é muito injusto.”

“Acalme-se gostosão”

“Você está fazendo isso porque estamos longe, aposto que não cutucaria a cobra se estivesse perto de você”

“Realmente é uma bela cobra...”

Ri sozinho me sentando na beirada da cama.

“Já estou com água na boca só de imaginar, passar a língua bem devagar por toda extensão, colocando-o todo em minha boca, sugando tudo que você tiver disposto a me dar...”


Filha de uma mãe, ela que me aguarde. Arranquei minha calça e a camisa, deitando na cama, aproximei o zoom da câmera para tirar uma foto apenas do meu pau bem definido na cueca boxer, com direito a legenda. “Ah, como eu queria estar aí. Ai sim você veria o que esse pau pode fazer.”

“Ah, seria delicioso”

“Que tal imaginar que estou aí?” – mandei, se ela queria brincar com fogo agora teria que aguentar.

Liguei para seu telefone, ela atendeu no primeiro toque.

— Você é um verdadeiro monstro. – Acusei.

Ela gargalhou do outro lado.

— Quero que você imagine que estou aí, te chupando inteirinha, descendo minha boca por todo seu corpo...

Tirei meu membro para fora da cueca, que comece a brincadeira...

Escutei seu gemido rouco e sorri satisfeito comigo mesmo. Nessa brincadeira eu era o Rei querida. Comecei a me masturbar, tocando todo meu pau, subindo e descendo. Fazendo a pressão necessária para me levar onde eu queria, as fotos de Ana já me encheram de tesão.

— Imagine que delícia minha boca sugando seu clitóris, mordiscando esse pedacinho de pele, minha boca tocando sua boceta deliciosa...

— Nic...

— Isso minha doce Ana, imagine... Meu pau descendo por toda sua fenda úmida, prontinha para me receber.

— Nic... eu...

— Estou metendo bem fundo, imagina eu virando você de costas, deixando você de quatro, agarrado a sua bunda. Te fodendo com força.

— Ah Deus!

Meu próprio corpo protestou querendo gozar intensifico os movimentos escutando os gemidos de Ana no telefone, saber que ela assim como eu se tocava. Querendo seu orgasmo, era capaz de me fazer perder o rumo. Meu pau se contraiu, minha respiração estava ofegante, soltei um gemido instigando Ana do outro lado que gemeu junto. Deixei que o orgasmo viesse, jorrei sujando minha barriga com meu gozo, me sentindo ainda desejoso, eu queria Ana, queria o corpo dela.

Ela estava quieta do outro lado da linha.

— Ana?

— Hum?

Ri me levantando, caminhando até o banheiro para limpar a sujeira que ficou em minha barriga.

— Ainda está aí?

— Sim, nunca mais provoco você.

Gargalhei. – Você me fez parecer um adolescente na puberdade.

A risada de Ana soou pelo telefone, me deixando com um enorme sorriso no rosto. — Você tem ideia do que faz comigo, Ana?

— Não.

— Pois comece a imaginar, logo nos veremos...


Capítulo 30

Ana Suarez


Às dez horas da noite eu já estava entrando no meu prédio, depois de um dia cheio de trabalho eu praticamente me arrastei para fora do táxi até meu apartamento.

Meu retorno para Nova York foi tranquilo, realmente fiquei encarando o corredor para ver se nenhuma criança mal-educada sentaria atrás de mim, mas dessa vez os anjos me abençoaram. Estava satisfeita com o trabalho que tinha feito na sede da Roccoly, já podia ver um Robert bem tranquilo e satisfeito com o contrato que apresentaria para ele na segunda-feira e esquecendo por completo meu deslize de perder a reunião.

Acordo cedo, até mesmo para um domingo, me levanto vou até o chuveiro, fazendo todo meu ritual matinal. Nicolas tinha me mandado uma mensagem avisando que voltaria hoje, o que me deixou animada, eu ainda queria vingança por ele ter virado minha brincadeira contra mim mesma, mas, como diz o ditado quem brinca com fogo acaba saindo queimado.

Volto para o quarto enrolada na toalha, dando uma olhada para a cama desfeita, vendo meu vibrador.

— Ah, como você me salvou ontem à noite... – Digo alto para mim mesma.

Acredito que toda mulher tem que ter um, ninguém sabe quando vamos ter um momento de intensa necessidade, comigo esse dia foi ontem.

Meu dia foi de intensa preguiça e descanso no sofá, estava no terceiro filme quando meu celular apitou.

“Estarei embarcando de madrugada.”

Nicolas, rapidamente abria a caixa de texto.

“Posso ir buscá-lo.”

“Vou chegar tarde, nos vemos amanhã”

Nicolas estava estranho, suas mensagens estavam sérias, sem a habitual brincadeira.

“Está tudo bem?”

“Sim, estou cansado, o voo foi adiado o dia todo.”

Abri de novo a caixa de texto..., Mas o que eu iria escrever? Suspirei deixando o telefone apoiado em minha barriga.

Poucos minutos depois ele tornou a apitar.

“Estou com saudades, logo nos vemos.”

Sorri involuntariamente.

“Também estou.”

“Preciso ir, assim que chegar mando mensagem. Podemos jantar juntos?”

“Seria perfeito”


Segunda-feira... Meu telefone toca, fazendo eu ter vontade de arremessá-lo longe.

Abro um olho verificando a hora e desligando o despertador, minha vontade é de voltar a dormir. Deveria ser proibido levantar cedo para trabalhar, poderia tornar isso como uma lei a favor dos trabalhadores.

Saio da cama a contragosto, sentindo meu estômago revirado novamente, maldita comida com tempero! Noite passada não dormi direito, depois que troquei aquelas mensagens com Nicolas fiquei pensando nele, em seu jeito sério, nada do que vinha sendo nos outros dias, mas decidi pensar que ele realmente estava irritado por conta do trabalho.

Faço todo meu ritual, banho, visto uma calça social com uma blusa branca de linho, saltos e por fim uma maquiagem simples. Troco meu café por um chá de camomila para acalmar meu estômago e algumas bolachas.

Chego ao escritório cedo, alguns dos diretores nem chegaram, deixo a bolsa sobre a mesa, me viro com uma batida fraca na porta.

— Bom dia, Ana.

— Bom dia, Robert.

— Ia perguntar como foi sua estada em Buenos Aires, mas pela sua cara...

Encosto o quadril na mesa, sentando-me na ponta.

— Eu devia ter moderado na comida. – Disse colocando um sorriso no rosto.

— Foram as Parrilladas , Choripan ou Chimichurri que fizeram isto? – Robert perguntou rindo.

— Olha, colocando numa lista, acredito que tenha sido um pouco de tudo.

— Bom, um chá de camomila pode ajudar.

— Fiz antes de vir para o trabalho. – Dou a volta na mesa pegando a pasta que já havia separado. – Espero que goste, acredito que fechamos um bom contrato com eles, o autor não terá do que reclamar.

— Sim, sim. Já estou por dentro disso, querida. – O sorriso confiante de Robert me deu certo ânimo. – Vou passar isso para os outros diretores, mas eu tinha certeza que você fecharia algo bom para nós.

Concordei com a cabeça.

— Volte ao trabalho, temos um dia lotado hoje.


Nenhuma notícia, nenhum telefonema, nem mesmo mensagem.

Olhava impaciente para o telefone achando estranho o sumiço de Nicolas, aquela famosa pulga atrás da orelha me persegue. Volto para o escritório pegando antes de tudo meu celular que havia deixado carregando.

Há quatro mensagens de Nicolas, o que me faz respirar aliviada.

“Me lembre de nunca mais aceitar um voo fretado!”

“Malditos executivos safados”

Abri a terceira mensagem rindo de sua irritação.

“Acabei de entrar no escritório da companhia, devo chegar realmente em casa daqui uma hora.”

E a última há poucos minutos.

“Podemos nos encontrar a noite?”


Abro a caixa de texto confirmando que estarei em sua casa depois do trabalho. Mas depois de enviar me vem a ideia de fazer uma surpresa para ele, olho para o relógio, são 15 horas, se ele ainda esta finalizando a papelada do voo com a Companhia eu teria um tempo extra para fazer uma surpresa.

Hoje fazia um mês que estávamos juntos. Parece que toda a confusão que nos metemos tinha ficado lá atrás, eu ainda sentia pelo Jimmy, ele era uma boa pessoa. Nicolas também sentia pelo amigo, eu vi a dor em seus olhos no dia da briga, vi como doeu nele ter perdido essa amizade.

Suspirei deixando esses pensamentos de lado enquanto estacionava em frente ao prédio dele, com sorte me lembrei da cópia da chave que estava sempre em minha bolsa.

— Ron, boa tarde. – Cumprimentei com um sorriso.

— Dona Ana, quer ajuda com essas sacolas?

Sorri equilibrando as sacolas com os ingredientes para nosso jantar e escondendo a sacola do sexy shop.

— Eu vim fazer uma surpresa para o Nicolas, mas eu não queria que ele soubesse. – Disse fazendo aquela careta pidona para o porteiro.

Ele soltou uma gargalhada. – Você precisa da chave extra? Sr. Nicolas sempre deixa uma aqui.

— Não precisa Ron, — Disse interrompendo uma possível caçada a chave. – eu tenho as minhas, gostaria apenas que ele não soubesse que estou aqui.

— Pode deixar! Será nosso segredo.

— Muito obrigada mesmo Ron.

Ele me deu um sorriso simpático, Ron era muito melhor que o outro porteiro, aquele era realmente puro mau humor, mal me cumprimentava quando chegava ao prédio de Nicolas.

Meu estômago se revirava de ansiedade, antes de vir para cá passei em um sexy shop, comprei umas velas aromáticas, pétalas de rosas e uma lingerie para lá de sexy, torcendo para que tudo desse certo e Nicolas não demorasse, entrei em seu apartamento, deixei as sacolas de nosso jantar na cozinha.

Acendi a luz da sala, peguei a sacolas restantes indo até o quarto, acendi a luz do corredor travando ao ver um par de saltos jogados no meio do caminho. Andei mais um pouco tentando escutar algum barulho, mas estava tudo silencioso, a poucos metros da porta do quarto encontrei um vestido jogado, junto com a calcinha. Meu peito se apertou com a cena, eu não conseguia acreditar, muito menos dar o passo seguinte. Não conseguia me forçar a enxergar aquilo que eu tanto lutei, não queria entrar naquele quarto e ver Nicolas com alguma mulher, muito menos comprovar minha estupidez.

Engoli em seco, deixei as sacolas encostadas na parede, tentando ser a mais silenciosa possível, mesmo com a vontade de sair quebrando tudo. Encostei minha mão na porta entreaberta, afastando ela aos poucos.

O quarto continuava do jeito que eu sempre via a grande janela panorâmica exibindo uma vista deslumbrante de Nova York, onde Nicolas e eu tínhamos feito amor da forma mais louca e apaixonada que existia. Desviei meus olhos, forçando-os a ir até a cama, que estava completamente bagunçada, os lençóis revirados, mostrando que alguém tinha se divertido muito durante o dia.

— Garotão, finalmente você chegou estava ficando faminta.

Virei o rosto encontrando a dona da voz, Seriema. Totalmente nua, seu corpo úmido do que deveria ser do banho.

— Ah! Ana... Como entrou aqui? – A falsa careta de espanto dela não me comoveu nem um pouco.

Em nenhum momento Ashley tentou se cobrir, esconder seu corpo nu de mim, muito pelo contrário, parecia que ela estava gostando de ser vista assim.

Respirei fundo.

— O que você está fazendo aqui, esta é a pergunta certa. – Disse, tentando controlar meus nervos para não voar em cima dela.

— Ana, é meio óbvio, né. – Ela respondeu de forma sarcástica, passando a mão pelos cabelos loiros.

— Cadê o Nicolas? Ele está aí? – Perguntei já andando até o banheiro.

— Não perca seu tempo, ele saiu. – Disse dando de ombros, — Ele foi comprar algo para comermos, você sabe ele é insaciável, eu estava faminta. – completou estalando os lábios. – Além de precisarmos de uma pausa.

Ela piscou para mim, como se fosse uma velha amiga dividindo um segredo, no caso, Nicolas.

Minha garganta se fechou com um nó, meus olhos estavam lacrimejando, mas eu não choraria na frente dessa mulherzinha.

— Sabe Ana, Nicolas nunca foi e nunca será de uma mulher só. – Ashley tombou a cabeça para o lado olhando-me como se tivesse pena de mim. – Nicolas gosta da diversão, do sexo na forma mais animal possível. Sabe foi legal todo esse joguinho que vocês tiveram, mas uma hora cansa.

Ela deu de ombros analisando as unhas perfeitamente pintadas.

Respirei fundo. – Então ele não foi viajar?

Ela sorriu abertamente para mim. – Foi sim querida, mas chegamos ontem e você sabe, a melhor forma de fazer um homem gostoso com o Nicolas relaxar é dar a melhor noite de sexo que ele pode ter.

Ela foi até o armário de Nicolas, andando pelo quarto totalmente nua, gostando do show que estava dando, pegou uma camisa branca vestindo-a, cobrindo parcialmente sua nudez. Eu não ficaria mais ali para escutar nada, virei às costas, praticamente correndo para fora daquele apartamento. Segurei o choro até mesmo dentro do elevador, passei correndo não conseguindo mais conter minhas lágrimas, nem dando atenção para Ron quando ele tentou me segurar e perguntar o que havia acontecido, sai em disparada do prédio, o enjoo de manhã batendo forte em meu estômago.

Eu me sentia uma completa idiota, me sentia a otária do ano, por ter jogado tudo pro alto por um relacionamento fadado ao fracasso, por um homem que só sabia fazer isso jogar com meus sentimentos e nem tinha a decência de ser honesto.


Não acredito que você me decepcionou

Mas a prova está no jeito como isso dói

Eu queria que isso acabasse agora

Mas sei que ainda preciso de você aqui...


Três ligações perdidas, sete mensagens...

Cinco ligações perdidas, quatorze mensagens e uma vinda até aqui.

Prendi a respiração quando bateram na porta do meu apartamento, fui em completo silêncio, evitando até respirar para olhar quem estava na minha porta. Nicolas.

Seus cabelos estavam bagunçados, como se ele tivesse corrido até aqui, sua camisa aberta nos primeiros botões, à gravata torta. Coisas que ele poderia ter produzido para jogar suas desculpas em cima de mim novamente, mas eu não abriria a porta, não iria cair nas suas desculpas esfarrapadas.

Ele passava constantemente as mãos nos cabelos tornando-os ainda mais uma bagunça.

— Ana, por favor, eu sei que está em casa. — Disse.

Afastei-me um pouco da porta segurando o soluço do choro. Ainda olhando pelo olho mágico da porta.

— Meu amor, por favor, abra a porta. Vamos conversar.

Nicolas deu um murro na porta, me assustando.

— Ana você precisa me escutar, eu não tive culpa de nada. Ana por favor! – Ele gritava.


Você diz que sou louco

Porque acha que não sei o que você fez

Mas quando você me chama de amor

Eu sei que não sou o único.


Ouvi o som de outra voz no corredor, voltei meus olhos para o olho mágico novamente.

— Por favor senhor, você está incomodando os outros vizinhos.

Os vizinhos ligaram reclamando, fazendo o segurança subir.

— Você não entende, ela precisa me ouvir. – Nicolas reclamava, tentando permanecer em frente a minha porta.

— Eu entendo senhor, vocês podem conversar em algum outro momento, por favor. – O segurança estava sendo paciente, apontando para o elevador.

— Ana, por favor, me escute. Você precisa ver a verdade, eu nunca te trairia, Ana abre a porta. Eu... – Nicolas gritou, fiquei paralisada escutando ele esmurrar minha porta com força, um bolo tomava minha garganta, formando um gigantesco nó.

Essas mentiras eram como facas perfurando meu peito. Virei-me, encostando na parede ao lado da porta, as lágrimas escorrendo como cachoeiras por meu rosto.

– Como eu queria acreditar nisso, como eu queria... – Sussurrei para mim mesma.


Eu amei você por muitos anos

Talvez eu não seja o suficiente

Você despertou o meu medo mais profundo

Mentindo e nos destruindo


(Sam Smith – I’m Not The Only One)


Capítulo 31

Nicolas White

Dois dias atrás.


— Bem-vindos a Nova York. – Desejei colocando um falso sorriso em meu rosto.

Tinha ido para Montana com esse grupo de executivos, velhos tarados. A volta estava programada para domingo de manhã, o que me deixou bem contente, eu estava morrendo de vontade de voltar para casa e ter Ana em meus braços novamente.

Mas esses filhos da puta decidiram cair na farra, deixando eu e a tribulação esperando pelo aval deles até o final da noite. Resultado, a volta foi atrasada até as cinco da madrugada, quando todo o álcool e o cheiro de puta estava fora do organismo deles.

Este com certeza não foi um dos meus melhores voos, um voo estranho em diversos modos, Jimmy não trabalhava mais comigo, depois de tudo, não esperava outra coisa dele, eu tinha destruído nossa amizade, mas era egoísta ao dizer que mesmo sentindo por não ter mais meu amigo e companheiro de trabalho comigo eu estava feliz. Sim, um mês que eu estava com Ana e que mês! Eu amava aquela mulher, mesmo não tendo falado para ela, eu amava cada centímetro dela.

Eu estava ansioso pelo meu retorno, esperei que os cinco empresários saíssem do avião para pegar minhas coisas na cabine.

— Foi um bom voo. – Brad exclamou se juntando a mim.

— Sim, você pega as coisas com facilidade. – Elogiei.

Ele soltou um suspiro. – Cara estava me borrando de medo!

Soltei uma gargalhada. – Foi seu primeiro voo?

— Sim, eu estava com medo de não fazer as coisas certas.

Dei um tapinha em seu ombro sorrindo para ele. – Você tem futuro Brad, pode deixar que vou falar bem no relatório, mas se você não se incomodar... Estou louco para cair fora daqui e ver minha garota.

Ele sorriu concordando. – Até mais!

— Até Brad! – Retribui correndo para fora do avião.

Enquanto esperava pelo táxi liguei para o celular dela, mas não tive sucesso.

“Monstrinha, onde você está, estou a caminho de casa”

Esperei pela sua resposta, mas nada.

Achei estranho, tínhamos combinado que nos encontraríamos.

“Ana, assim que ver minha mensagem me liga.”

Nenhuma resposta.

Coloquei o telefone no bolso pagando o taxista, um banho rápido e eu iria para o apartamento dela.

— Ron, como vai?

— Ah senhor Nicolas, eu preciso falar com o senhor. – Ron deu a volta na recepção vindo em minha direção.

— Alguma coisa errada? – Questionei sério.

— A senhorita Ana esteve aqui mais cedo, porém ela saiu chorando e muito nervosa.

— Como assim Ron?

— Sim ela subiu para seu apartamento, e, em questão de minutos saiu chorando, mal consegui falar com ela.

Ergui a sobrancelha tentando absorver o que ele tinha me falado, devia ser por isso que ela não estava me atendendo.

— Obrigado por me informar Ron, eu vou procurá-la.


Meu apartamento estava em completo silêncio, tirando o cheiro delicioso de tempero que dominava a cozinha, nada estava fora do normal, dei uma olhava vendo as embalagens de Tacos, coisa de Ana.

Deixei minha mala perto do sofá, vendo umas sacolas jogadas no meio do corredor, olhei dentro vendo que eram velas aromáticas, óleos, o que será que Ana estava aprontando?

Escutei uma risada vindo do meu quarto. Notei um vestido preto minúsculo jogado no corredor com uma calcinha de renda, sorri desfazendo o nó de minha gravata. Pela cena que encontrei no meio do meu corredor eu já poderia me preparar para um reencontro bastante animado.

Empurrei a porta pronto para agarrar Ana pela cintura e tomar seu corpo para mim, mas quando adentrei no quarto dei de cara com Ashley sentada no meio de minha cama, vestindo uma camiseta social minha, comendo um taco, rindo para algo que passava na TV.

— O que você está fazendo aqui? – Questionei enraivecido.

— Nic! Finalmente você chegou, estava ficando de mau humor já.

Ela andou pela cama, vindo em minha direção. Agarrando-me pelo pescoço.

— O que significa tudo isso Ashley? Como você entrou aqui? – Perguntei tirando ela de cima de mim.

— Ah, tive uma ajudinha de um porteiro muito simpático. – Disse soltando os botões da camisa, revelando sua nudez.

Desviei o rosto, seguindo para a parede de vidro. – Pegue suas coisas, vá embora.

— Ah garotão, não quer dar uma olhada no que está te esperando? – Ela perguntou toda manhosa.

— Eu quero saber o que aconteceu? A Ana veio aqui?

— Hum... Sim, veio sim. – Disse de forma descarada.

Minha raiva explodiu, meu sangue ferveu. Segurei com firmeza seu braço, dando uma sacudia fazendo ela me olhar nos olhos. – O que você falou para ela? Que merda você fez?

— Eu não disse nada demais, ela que entrou aqui como se fosse dona de tudo, acabou me pegando no banho.

— Pegue suas coisas e suma daqui.

— Você está me mandando embora só porque aquela mulherzinha sem sal veio e me viu assim. – Disse com cinismo.

— Estou te mandando embora porque se você ficar mais um segundo na minha frente, eu não sei do que serei capaz. – Gritei.

— Tudo bem, eu vou. – Disse puxando seu braço do meu aperto.


Respirei fundo tentando sem sucesso controlar minha raiva, eu tinha que falar com a Ana, ela precisava saber da verdade. Eu já imaginava as coisas que passavam pela sua cabeça.

— Você sabe onde me encontrar quando cansar dessa vidinha de homem fiel. – Ashley disse jogando minha camisa em mim.

— Suma daqui! – Gritei chutando uma poltrona para longe.

Ashley sumiu da minha vista, escutei o barulho de seus saltos pela casa e depois a porta batendo. Eu precisava procurar pela Ana, mas sabia que ela não acreditaria apenas em minha palavra, afinal eu tinha um passado um pouco comprometedor. Mas, ela tinha que ver a verdade. Corri até o interfone esperando que Ron me atendesse.

— Sim, Senhor Nicolas.

— Ron, como foi que essa maluca subiu aqui?

— Senhor eu entrei no meu turno há poucas horas, só se o outro porteiro liberou a subida dela, vou verificar isso para o senhor.

— Faça isso e já deixe um comunicado que ninguém poderá subir sem minha autorização.

— Sim senhor, vou providenciar isso imediatamente.

— Ron preciso que você me dê a fita de segurança, preciso das fitas do meu andar nos últimos três dias e da portaria.

— Sim senhor, porém isso demora, eu preciso realizar o pedido na segurança, pode demorar um ou dois dias.

— Merda! Ron, providencie assim mesmo.

— Pode deixar senhor.

Desliguei me sentindo um merda, como iria fazer Ana ver ou acreditar no que eu falasse se não tinha a fita mostrando que nem em casa eu estava, com a fita em minhas mãos eu poderia provar que a maluca da Ashley entrou sozinha em meu apartamento, que eu realmente tinha ido viajar.

Não aguentava mais ficar ali, eu tinha que ir atrás dela, mesmo que não me desse ouvido, não poderia deixar sair da minha vida, ainda mais por algo que não fiz.


Porque eu não quero te perder agora

Estou olhando bem para minha outra metade

O vazio que se instalou em meu coração

É um espaço que agora você guarda


Me mostre como lutar agora,

E eu vou lhe dizer, baby, foi fácil

Voltar para você assim que eu entendi

Que você estava aqui o tempo todo

Por que eu não quero te perder agora...


(Mirrors – Justin Timberlake)


Eu praticamente derrubei sua porta com tantos muros que dei, eu sabia que ela estava ali, perto da porta, provavelmente encolhida em algum canto. E saber que tudo não passou de um mal-entendido de tamanho gigantesco, foi o que mais me deixou emputecido .

Saí do seu prédio sendo escoltado pelo segurança, ele ficou parado na entrada do edifício olhando em minha direção, eu estava desnorteado, como tudo poderia ficar assim? Chutei o pneu do carro, abrindo a porta com um safanão, descontando minha raiva, eu queria ir até Ashley agarrá-la pelo cabelo e forçá-la a dizer toda a verdade, mas Ana não me escutaria. Mesmo não querendo eu sabia que tinha que dar certo espaço, só pioraria as coisas se forçasse uma aproximação agora.

Dirigi como um maluco, ultrapassando os carros, atravessando semáforos, sem me importar com nada, eu só queria que essa dor passasse, nunca em minha vida eu senti uma dor como essa, nunca cheguei perto para saber o que é essa dor e nem entender o porquê dela me tirar o ar, de me sentir sem chão.

Minha mente estava a mil por hora, tentando encontrar uma forma de falar tudo que realmente aconteceu para Ana, ela viu que eu tinha agendado uma viagem, eu neste um mês ou por toda confusão que tivemos com Jimmy eu nem sequer olhei para outra pessoa que não fosse ela. Como ela podia acreditar em Ashley? Como ela pôde jogar todas as coisas que passamos neste mês fora, nem cogitando falar comigo, me bater ou me confrontar, tudo isso até levar um tapa na cara vindo dela seria melhor que seu silêncio, que seu afastamento.


Joguei minhas coisas na mesinha de centro, arranquei os sapatos, assim como a camisa social. Sentei no sofá com uma garrafa de cerveja apoiada em minha perna. Meu telefone continuava intacto, sem uma ligação ou mensagem dela. Abri a caixa de texto, escrevendo e apagando diversas vezes... Decidi ligar, porém como imaginei seu telefone caiu na caixa postal.


Mensagem 1:

“Ana, você precisa escutar a verdade sobre tudo... Ana... você precisa acreditar em mim quando digo que nunca iria te trair, você e só você importa para mim. Deixa eu te provar que nada aconteceu, deixe eu mostrar a verdade para você. Eu prometo Ana, não vou deixar de tentar, não vou parar de te mandar mensagens ou ligar, você precisa me ouvir, de uma forma ou de outra. Seu Nicolas.”


Mensagem 7:

“Sou eu de novo, dois dias que tento falar com você, eu queria ouvir sua voz. Você proibiu minha entrada em seu prédio. Ana, eu preciso que você me escute. Eu posso provar que tudo, tudo mesmo não é nada como você está pensando... Ana... Sinto sua falta.”


Mensagem 20:

“Ana, nem sei como começar a falar... – Solto um suspiro, cinco malditos dias que estamos separados. – Eu tentei entregar a prova de minha inocência, hoje vou direto a você e foda-se, nenhum segurança iria me deter. Você tem que me ouvir... Ana, por favor.”

Desligo o telefone, deixando-o escorregar para o sofá. Eu estou uma bagunça, minha casa está igual. Por que ela não me escuta? A raiva me consome pego o copo que está em minha mão tacando-o na parede, fazendo-o se espatifar em mil pedaços, o resto da bebida voando por todo lado.

Viro a mesa de centro, derrubando todas as garrafas vazias, o vidro, tudo, um grito se aloja em meu peito. Sento no sofá amparando a cabeça com as mãos e então eu sinto o que tanto segurei, o que nunca vi pelo meu rosto. Uma lágrima escorrer e ela abre caminho para outras...


Apenas mais uma chance, apenas mais um suspiro

Caso reste apenas um

Porque você sabe, você sabe, você sabe

Que eu te amo


Eu te amei o tempo todo

E eu sinto sua falta

Estive tão longe por muito tempo

Eu continuo sonhando que você estará comigo

E você nunca irá embora

Paro de respirar se eu não te ver mais


Eu queria que você ficasse

Porque eu precisava

Eu preciso ouvir você dizer

Que eu te amo

Eu te amei o tempo todo

E eu te perdoo


Então continue respirando

Porque eu não vou mais te deixar

Acredite e se segure-se em mim e nunca me deixe ir

Mantenha a respiração


(Far Away – Nickelback)


Capítulo 32

Ana Suarez

 

Seis dias, seis miseráveis dias. Não queria falar com ninguém, tão pouco chegava perto do telefone, pois sabia que todas as ligações seriam dele. Mal conseguia fechar os olhos durante a noite, a cena de Ashley nua, saindo do banheiro dele toda confortável me matava por dentro como mil agulhas sendo enfiadas em minha pele. As mensagens que ele deixava constantemente em minha caixa postal também não ajudavam em nada, escutar sua voz... Tudo tornava a situação cada vez pior.

Passei a não me concentrar em nada, mal fazia meu trabalho, basicamente me trancava em meu escritório e deixava as horas correrem. Ainda não conseguia digerir tudo que aconteceu, dez dias antes estávamos completamente felizes, juntos, trocando carinhos e juras para o futuro, para ele fazer o que sabia de melhor. Ser um canalha.

Levantei os olhos do travesseiro vendo meu celular tocar de novo e cair na caixa postal pela sétima vez. Como se não bastasse tudo isso ainda tinha essas dores de cabeça abomináveis, tontura e esse bolo no estômago. Estava começando a acreditar que ficaria doente, mas também nesses dias pouco me alimentei, não sentia vontade de nada, apenas de continuar deitada debaixo da coberta fingindo que o mundo fora de meu quarto não existia.

Abri-me novamente para o amor ao lado de Nicolas e no final tudo não tinha passado de uma mentira, uma brincadeira para ele. Eu fui mais uma vez sua bonequinha. Olhei para minha poltrona vendo o envelope que chegou no dia anterior. Dele. Tinha um bilhete junto, mas do mesmo jeito que retirei na portaria do meu escritório e o joguei na poltrona, ele tinha ficado desde então. Nicolas tinha causando um grande tumulto esse dia na recepção da Solftk, Eve me informou que ele só foi embora depois que os seguranças o cercaram não o deixando dar mais um passo para dentro do prédio. Isso fazia meu coração ser ainda mais esmagado, ele já não tinha brincado demais comigo? Por que continuava com esses joguinhos e essas mensagens?

Dei uma olhada para o envelope em minha poltrona, virei o rosto para o outro lado, deixando que a claridade nublasse minha visão por alguns momentos, eu não queria saber mais nada, olhar mais nada que ele me mandasse.

Mas eu falhava duramente quando minha caixa postal acusava um de seus recados, todos escutados e deixados ali, sem a coragem necessária para apagá-los.


— Ana, tudo bem?

Parei de contemplar os papéis em minha frente para colocar um sorriso falso em meus lábios. Graças a Deus era sexta-feira!

— Tudo bem. – Respondi, tentando ser o mais convincente possível.

Robert me observava, seu semblante preocupado. – Tem certeza que está bem Ana?

— Tenho, é apenas um mal-estar.

Robert fez um breve aceno com a cabeça retomando o que estava falando, mostrando os originais que tinha que analisar para semana que vem. E eu não via a hora de chegar ao final do expediente e poder sair daqui as horas passavam lentamente, como se para caçoar de minha cara.

Dei mais uma olhada para o celular, três mensagens haviam chegado, todas dele. E se eu desse a chance dele se explicar? Isso mudaria alguma coisa? Será que tudo não passou de um mal-entendido. Ri de mim mesma por pensar tal coisa, mal-entendido não era ter uma mulher nua na casa do seu namorado, onde a única pessoa que tem a cópia da chave sou eu. Mal-entendido é você ter uma opinião equivocada sobre algo. Já isso era safadeza mesmo e Nicolas mais que ninguém era especialista nisso, mais engraçado ainda ele ter “precisado” viajar justo quando a Ashley ocupava preguiçosamente sua cama. Mas porque ele colocaria que estava namorando na rede social? Tudo isso não fazia sentido...

“Sabe Ana, Nicolas nunca foi e nunca será de uma mulher só... Nicolas gosta da diversão, do sexo na forma mais animal possível.”

“Sabe, foi legal todo esse joguinho que vocês tiveram, mas uma hora cansa.”

Balancei a cabeça levando esses pensamentos para longe, não poderia ouvir suas mentiras, pois não passava disso mentiras e mais mentiras. Não é? Mas eu estava disposta a mudar isso, essa noite eu sairia, colocaria minha roupa mais provocante, beberia e dançaria até todas as lembranças serem apagadas de minha memória seja pelo álcool ou pela boca de outra pessoa. Mesmo soando muito infantil essa minha decisão, mas eu iria provar que Nicolas White não me feriria mais, nunca mais.


Ás 23 horas estava em frente ao espelho, pronta para sair. Passo a mão pelo cabelo afastando a franja longa, dediquei boa hora da minha noite no cabeleireiro, cortando, pintando. Tudo para deixar para trás a antiga Ana, assumindo uma nova identidade, uma nova Ana.

A maquiagem com os olhos esfumaçados apenas para dar toda a atenção a boca, pintada num vermelho sangue. Viro-me para a cômoda pegando meu celular, suspiro antes de atender a ligação.

— Ana?

— Oi Angel.

— Como você está? – Sinto sua preocupação vindo em grandes ondas para cima de mim.

— Muito bem. – Digo terminando com minha taça de vinho.

— Ana, não faça nenhuma besteira.

— Uhum... – murmuro olhando meu reflexo no espelho , a saia de couro sintético colada em meu quadril como uma segunda pele, a sandália de tiras trançada faz minhas pernas parecerem maiores do que são na realidade, assim como minha saia mais curta. O cropped deixava um pedaço considerável da minha barriga em exibição, é eu estava fazendo um bom papel de vadia nessa roupa.

— Ana você está me escutando?

— Sim Ângela, pode ficar tranquila, ok? – Respondi de maneira rude.

— Só não faça nada que vá se arrepender, Nicolas parecia realmente desolado.

— Ele que se ferre, mentiroso de uma figa!

— Você pelo menos deu algum crédito para ele? Ou talvez o benefício a dúvida?

— Porra, Angel! – Gritei para ela. – Você é amiga de quem?

Escutei seu suspiro. – Sou sua amiga, e sei quando você está prestes a fazer uma grande burrada.

— Tenho que ir, nos falamos depois. – Disse cortando aquele papo, mencionar Nicolas estava fazendo meu enjoo retornar e tudo que eu não queria era meus pensamentos ligados a ele.

— Se cuide.

— Pode deixar. – Desliguei jogando o celular na clutch.

Baguncei algumas mechas do cabelo deixando-o um pouco rebelde. Eu estava pronta. Mas para onde iria? Eu queria acima de tudo provar que mesmo Nicolas pisando em meu coração como se fosse um pedaço de nada, eu não ficaria em casa chorando por ele.

Nicolas com certeza estaria agora em alguma boate, bebendo em algum bar pelo centro de Nova York, com alguma piranha no colo. Esse pensamento me fez querer vomitar, peguei a jaqueta vermelha que estava jogada na cama indo para cozinha, enchi a taça com mais vinho tomando tudo em uma grande golada.

A lembrança de nossa noite erótica na The Night veio com força em minha mente e então uma ideia me tomou, por que não cutucar o lobo na própria floresta? Corri para o quarto revirando minhas coisas, encontrando o cartão prateado que me deu o passe para conhecer a The Night de Vegas, fazendo eu sorrir pela primeira vez em dias.


Paro o carro um pouco afastado da entrada, fico olhando por alguns minutos antes de descer. Será que estou fazendo a coisa certa? Ou melhor, será que eu estou preparada para ver Nicolas dentro do clube com alguma vadia em cima dele? Fazendo nela o que fez comigo?

Respiro fundo criando coragem. Você já chegou até aqui Ana, não vamos amarelar. – ralho comigo mesma em pensamento.

Atravesso o estacionamento, passo pelos seguranças que fazem um aceno com a cabeça para mim, refazendo todos os passos que Nicolas havia feito. Hoje quem está na recepção é uma mulher, linda, seu cabelo cor de fogo está preso de forma irregular deixando o rosto livre, o que chama ainda mais atenção para ela.

— Boa noite, bem-vinda ao The Night. – Diz com um amplo sorriso.

— Boa noite. – Pego meu cartão entregando para ela.

Ela sorri, consultando algo no computador, o que estava me deixando ansiosa. Ela olha para mim novamente depois para a pequena tela em sua frente.

— Sinto muito, mas seu passe não é mais válido.

— Como assim?

— Sinto muito, ele tinha validade de um mês. – Disse com uma cara de pena.

Suspiro frustrada pegando o cartão de sua mão.

— Pode autorizar a entrada dela.

Viro para trás querendo ver o dono dessa voz rouca. Puta... Que... Pariu, que homem. Seu corpo é grande, todo musculoso. Seus cabelos pretos muito bem domados, o olhar de matar qualquer um. Não controlo meus olhos, esquadrinho o corpo daquele homem, realmente é de se admirar.

— Sr. Ferraz, boa noite. – A recepcionista se derrete toda na frente do homem.

Ele retribui um sorriso ainda me encarando.

— Libera a entrada da bela donzela, por minha conta – Disse esboçando um sorriso de canto.

— Sim, senhor. – Responde prontamente a mulher.

— Não precisa... – começo a dizer, mas ele me interrompe.

— Será um prazer, senhorita...?

— Ana.

Pego a mão que ele estende para mim, ele faz uma pressão mínima levando minha mão a sua boca, dando um leve beijo no dorso. A mulher destrava a porta permitindo nossa entrada, a música invade o pequeno hall, sensual, erótica e apelativa.

O t al Sr. Ferraz faz um sinal com a mão indicando para que entre primeiro. As paredes de veludo escuro hoje estão iluminadas com focos vermelhos indo do chão ao teto, hoje também está muito mais lotado do que a última vez que estive aqui. Observo o local, tentando encontrar qualquer indício do Nicolas ali, mas não encontro.

“Closer – Nine Inch Nails” soa alto das caixas de som, inundando meu corpo com suas batidas eletrizantes e eróticas.

Você me deixa te violar
Você me deixa te profanar
Você me deixa te penetrar
Você me deixa te complicar

O homem indica um lugar no sofá, caminho ao seu lado, engolindo o bolo que se formou em minha garganta, uma parte de mim dizendo que isso não está certo, mas a parte insana logo afasta essa vozinha para longe.

— Você é novata por aqui. – Disse bem perto do meu ouvido.

Encaro seu olhar predador. Que merda eu estou fazendo?

— Sim, vim apenas duas vezes. – Digo um pouco mais alto para que ele possa ouvir.

Ele sorri abertamente, um sorriso de comedor.

— Meu nome é Dante. – ele sussurra colado em meu rosto.

Dou um sorriso, desviando os olhos para o ambiente, hoje há vários casais, algumas mulheres dançam apenas de lingerie nos mini palcos, assim como da primeira vez, posso sentir os hormônios fluindo pelo ar, o cheiro de sexo, erotismo correndo à solta, Nicolas tinha me mostrado como admirar o que as pessoas faziam ali, logo meus olhos foram captando os casais se entregando a danação , conseguia ver mesmo diante de algumas pessoas em pé conversando ou tampando parcialmente a visão, mulheres fazendo sexo oral em seus parceiros, ou sendo o contrário...

Derrube a minha razão

Me ajude

É o seu sexo, eu consigo cheirar

Me ajude

Você me faz perfeito

Me ajude a me tornar outra pessoa

 

— Vou pegar uma bebida para nós. – Dante diz chamando minha atenção.

— Perfeito. – Digo mais para mim mesma do que para ele, álcool me dará a coragem, afinal se cheguei até aqui, não iria voltar e me encolher em minha cama para mais uma noite de choro. Eu cortaria por vez as amarras com Nicolas e me entregaria a um sexo punitivo.

Antes de se levantar Dante puxou meu rosto para o seu beijando minha boca, empurrando sua língua para dentro de forma sensual, logo se afastando. O beijo dele era feroz, nada amoroso, ele realmente mostrava para que veio, tudo naquele homem indicava sexo, assim como seu olhar me fazia desviar o rosto, saindo dessa magnitude.

Ele sorriu, acariciou meu queixo. – Essa noite você será minha.

Não respondi, apenas dei um pequeno sorriso, ele cruzou a massa de pessoas me deixando sozinha no sofá, cumprimentou algumas mulheres no bar. Dei mais uma olhada para a porta, se estava desejando ou agradecendo que Nicolas não estivesse aqui. Eu não sabia dizer ao certo.


— Aqui está Ana.

Dante me entrega uma taça de champanhe, tomo um gole do conteúdo deixando as bolhas do espumante brincarem em minha boca.

— Que tal irmos para algum lugar mais reservado?

Tomo o resto de minha bebida, ficando de pé. Dante me acompanha, indicando o caminho, suas mãos apertam minha cintura, atravessamos o corredor escuro, passando por alguns salões.

Dante me puxa em direção ao seu corpo, sinto seu membro roçar em mim, suas mãos brincarem com a barra da saia de couro, tocando minha pele. Jogo minha cabeça para o lado permitindo que ele tenha o caminho livre pelo meu pescoço, Dante me empurra contra a parede de veludo, fazendo meu rosto ficar colado contra ela, sinto suas mãos subirem pelas minhas coxas, passarem pela minha bunda, subir pela minha cintura dando um aperto firme ali.

— Ah minha querida, eu vou adorar brincar em seu corpo. – Disse em meu ouvido. – Você parece uma excelente sub.

Continuo calada, tenho receio de abrir minha boca para falar algo e acabar saindo correndo dali. Por mais que o toque de Dante me estimule eu me sinto suja, os olhos azuis de Nicolas me encaram em pensamentos, reprovador.

Foda-se ele, ninguém mandou ele te trair. – Meu consciente ralha.

Dante me liberta, virando-me para ele. Tomando minha boca na dele. É um beijo bruto, ele morde, puxa meu lábio inferior como um animal ansioso pelo banquete.

Ele termina o beijo da mesma forma que começou, me puxando pela mão para um dos salões mais afastados. Vejo algumas mulheres nuas, acorrentadas em um grande “X”, chamada Cruz de Santo André na parede, há alguns homens sentados apenas observando.

A música nesse espaço é ainda mais erótica, apenas batidas, uma melodia capaz de fritar seu cérebro de desejo.

Dante para perto de uma grande armação, sorrindo como uma criança no Natal. – Você gosta de experimentar coisas novas, Ana?

— Quero apenas sexo, da forma mais bruta e erótica possível. – Respondo engolindo em seco.

Ele passa a língua pelos lábios me encarando com desejo.

— Tire sua roupa. – Ordena. – Vou mostrar quem manda.

Tiro o casaco jogando na poltrona de couro, que está próxima, me atrevo a dar uma olhada ao meu redor, o ambiente está quase vazio, são poucos casais que entram e se aventuram, Dante me lança um olhar reprovador, seu peito musculoso despido da camisa, a calça pendendo no quadril.

Retomo a atividade de tirar minhas roupas, deixando tanto a saia e o cropped na mesma poltrona, ficando apenas de lingerie. Dante me circula como um leão preste a dar o bote, pega uma algema prendendo minhas mãos acima da cabeça.

— Você será bem fodida. Pode acreditar. – Disse em meu ouvido. – Você só irá falar comigo quando eu mandar e sempre como “Sim senhor” ou “Dom” ou “Mestre”. Você pode escolher.

Ele se abaixa beijando minhas coxas, me fazendo separar minhas pernas, volto meu olhar para a porta do salão e então nossos olhares se cruzam.

Nicolas está parado me encarando, vejo ódio refletido em seu rosto, sua feição fechada, sua mandíbula travada. Ele está tão lindo, fodidamente lindo. Sua camisa social preta aberta nos primeiros botões dando uma visão para seu peitoral, sua calça também preta colada ao corpo.

— Tire as mãos de cima dela! – O grito de Nicolas faz todos olharem para ele, mas ele não se importa marcha em nossa direção empurrando Dante para longe.

— Você está maluco? – Dante se volta para cima de Nicolas encarando com olhar mortal.

— Eu falei para você tirar as mãos de cima dela. Ou está surdo?

Nicolas se volta para mim, arrancando as algemas de minhas mãos, libertando meus braços, mas todo o momento em que recolhe minhas roupas da poltrona e joga-as para mim, ele não me encara.

— Quem você pensa que é para vir aqui e acabar com a minha foda?

Nicolas encara Dante ficando próximo, além do aconselhável.

— Vai se foder! Procure outra mulher. – Nicolas se vira para mim pela primeira vez. – Vista-se, você vai embora comigo.

Dante empurra Nicolas, fazendo-o ir para trás. – Vá procurar sua própria mulher, deixe que desta daqui eu cuido, por ter certeza. Ela entrou comigo e vai sair comigo. – Dante acrescenta um sorriso sarcástico nos lábios.

Vi as mãos de Nicolas se fechando, logo depois o punho dele colidir com o rosto de Dante, fazendo por incrível que pareça, um homem do tamanho que é Dante cambalear para trás com o soco.

— Tá esperando o que para vestir suas roupas, Ana? – Nicolas explodiu comigo.

Vesti rapidamente minhas roupas. Aproveitei que Dante veio para cima fazendo Nicolas se desviar de um soco para sair da sala, corri pelo corredor vendo uma pequena multidão indo na direção contrária, provavelmente para assistir a briga dos dois, assim como dois seguranças enormes passaram praticamente correndo por mim.

Atravessei a passos largos toda a boate querendo fugir dali, me sentindo suja, destruída e completamente estúpida. Onde eu estava com a cabeça? Estava quase chegando à recepção quando fui puxada para trás, colando no peito de Nicolas.

Seu olhar ainda era raivoso para mim.

— O que você pensa que está fazendo aqui?

Toda a raiva acumulada dentro de mim ferve e explode contra ele.

— Vai se foder! Quem você pensa que é?

— Sou a merda do seu namorado! – Nicolas grita, chamando atenção para nós.

— Não passa de um mentiroso de merda! – Grito de volta.

Nicolas me segura pelo braço me arrastando para fora, passamos pela mesma recepcionista, vendo seu olhar de questionamento, ele só me solta quando chegamos perto do meu carro. Arranca a bolsa de minhas mãos não trocando uma palavra, destrava meu carro escancarando a porta do passageiro.

Encaro seu rosto de braços cruzados, me recuso a ir para qualquer lugar com ele.

— Entre nesse carro, Ana. – Ele praticamente rosna para mim.

Sinto uma onda de calor com o olhar que ele lança para mim, olhando para meu corpo coberto de couro.

— Eu não vou a lugar nenhum com você.

Ele me lança um sorriso sarcástico. – Você não quer que te leve para casa, mas estava deixando um filho da puta qualquer te beijar? Se eu não tivesse aparecido agora você estaria de quatro deixando aquele imbecil meter em você. — Sinto o ódio em suas palavras.

— E se eu quisesse? E se eu tivesse desejando as mãos dele em meu corpo? – Desafiei.

Ele respira fundo passando a mão pelo cabelo. — Ana entre nesse carro agora ou vou enfiá-la a força.

Mantenho a posição, arqueio a sobrancelha desafiando ainda mais.

— Vá.Para.O.Inferno. – Digo pausadamente.

Um sorriso diabólico aparece em seu rosto, ele me encara ferozmente, como não faço nenhum movimento, Nicolas me pega pela cintura, me empurrando para dentro do carro de forma bruta, joga minha bolsa em cima de mim enquanto protesto, mas ele não está nem aí.

— Achei que já havia falado que não posso ir para o inferno sem você.

Nicolas simplesmente fecha a porta na minha cara e dá a volta no carro, ocupando o banco do motorista.

— Você é ridículo. – Acuso.

Ele solta uma risada. Viro-me encarando seus olhos azuis e sinto vontade de agarrá-lo, meu corpo está desejoso, seu olhar endurece no meu, sinto que ele pensa a mesma coisa. Mas não posso, desvio o rosto encostando a testa na janela fria, tentando ignorar a presença dele, ignorar meu corpo pedindo pelo dele.


— Foda-se, você fode com meu controle. – Nicolas explode, rompendo o silêncio pesado que nos rodeia.

Não desvio o olhar da janela, me concentrando na música que toca em volume baixo.


Com seus lábios manchados de vinho

Sim, ela só traz problemas

Fria quando a toco, mas é quente como o Diabo

Eu a dei meu coração, mas ela queria a minha alma

Ela resolveu parar e eu não consigo mais nada


Nicolas joga o carro para o acostamento, estamos perto do centro, poucos carros passam por aqui. Não quero encará-lo, mas meus olhos me traem, Nicolas se vira no banco agarrando meu rosto, puxando para ele, sinto sua boca consumir a minha, e por mais que queria travar os lábios ou arrancar um pedaço de sua língua atrevida com uma mordida, me rendo, gemendo quando sua língua ganha espaço em minha boca, se enrolando na minha. Nicolas agarra forte meu cabelo com uma das mãos, enquanto a outra sobe pela minha coxa.


Você me acorrentou

Você me acorrentou ao seu amor

Mas eu não mudaria

Não, eu não mudaria esse amor


Agarro seu pescoço, puxando ele para mim, ficando de joelho no banco. Merda! Dou um gemido em sua boca, ele espalma a mão em minha bunda levantando minha saia, deixando-a enrolada na cintura. Nicolas ataca minha boca, mandando tudo que pode nos manter afastados para longe, sua mão ganha caminho no meio de minhas pernas, tocando minha intimidade por cima do tecido da calcinha. Jogo a cabeça para trás, minha boca forma um “O” perfeito, meu corpo treme sentindo seus dedos me torturarem, apertando e massageando meu clitóris inchado pelo desejo.

Nicolas enfia dois dedos dentro de mim, arrancando um grito da minha garganta, sua boca cola em meu pescoço, me mordendo, lambendo, sugando o lóbulo de minha orelha. – Você queria que outro fizesse isso? Queria outro tentando dar o que somente eu posso te dar?

— Vai... Se... Foder. – Digo sem ar.

Ele pressiona seus dedos dentro de mim, forçando-o mais aquele ponto sensível. – Ah, como eu amo sua boca suja.


Sozinho na noite até ela bater em minha porta

Já estou acabado, mas não posso dizer não

Baby, me diga por que, por que você só me machuca?

Baby, me diga por que, por que você só me machuca?

Te dei meu coração, mas você levou minha alma


Ele me puxa para seu colo, eu rebolo como uma desavergonhada em cima de sua ereção, estou com tanta saudade que posso gozar só com esses movimentos de quadril. Corro a mão pelo seu peito arranhando com força, deixando marcas por todo pedaço de pele que minha mão consegue passar. Nicolas desce o zíper do seu jeans, não espero mais nada, arrumo seu pênis em minha entrada descendo de uma vez, ele urra me apertando, mordendo meu ombro. Apoio no seu ombro já subindo e descendo, ambos descontrolados, a sensação de preenchimento é tão forte que me faz jogar a cabeça para trás, gemendo seu nome.

Como estava com saudade desse corpo, como me sentia cheia de saudade desse mentiroso de uma figa. Não deixo meus pensamentos dominarem, subo e desço, engolindo todo seu membro, tomando tudo para mim, roubando os tremores, os gemidos que ele me dá. Nicolas segura minha cintura forçando meus movimentos, estamos frenéticos, suados e loucos para nos jogarmos no abismo do orgasmo que se anuncia...


Tentei destruir as correntes

Mas as correntes é que me destroem


(Chains — Nick Jonas)


Uma batida forte no vidro nos faz pular, interrompendo o momento. Escondo meu rosto no pescoço dele vendo que fomos pegos no flagra pela polícia, o guarda espera pacientemente enquanto Nicolas religa o carro abaixando o vidro.

— Boa noite. – Nicolas cumprimenta o mais simpático que pode, sua voz falhando.

— Documentos do veículo e sua carteira de motorista, por favor.

O policial evita olhar para nós, solto uma risada baixa voltando para meu lugar, arrumo a saia ao mesmo tempo em que Nicolas arruma sua calça, fechando-a novamente. Tentamos ficar o mais decente possível, minha respiração está entrecortada, estou ofegante, pegando fogo.

Nicolas entrega tudo que foi pedido, me olha pelo canto do olho.

O guarda retorna para seu carro, fazendo nos dois explodirmos em risadas.


— Está tudo certo. – O policial volta uns dez minutos depois, entrega os documentos para Nicolas, se abaixando na altura do vidro. – Meu rapaz, hoje livrarei vocês, mas leve sua garota para um motel.

Seguro o riso virando a cabeça para a janela.

Nicolas ficou visivelmente com vergonha, suas bochechas estão meio rosadas, o que é lindo e me faz suspirar secretamente, ele agradece o guarda, religa o carro nos botando em movimento.

Mas o clima que cresceu de forma enlouquecida entre nos ficou para trás, o silêncio nos domina, sinto os olhares de Nicolas sobre mim, mas não me viro para encará-lo, mantenho meus olhos na janela, vendo os carros e a cidade passarem diante de mim.


Ele entra com o carro na garagem, estaciona em minha vaga, fazemos tudo em completo silêncio. No elevador o clima se torna insuportável, Nicolas e eu fechados em alguns metros quadrados, seu cheiro me atingindo com força é capaz de enlouquecer até um monge.

— Ana olhe para mim.

Fico relutante em fazer o que ele pede, mas acabo me virando. Seu olhar me encara com desejo, com pedidos secretos. Não controlo minha mão, bato em seu rosto com toda a força que tenho dentro de mim, reunindo toda minha tristeza por sua traição. Seu rosto voou para o lado, mas ele volta a me encarar, sem dizer uma palavra. Bato novamente sentindo minha mão arder.

— Você mentiu para mim! – Grito.

— Ana...

As portas do elevador se abrem permitindo que eu fuja dali, que saia desse espaço apertado e cheio de Nicolas White.

Sei que não adianta fechar a porta na cara dele, por isso deixo a porta do meu apartamento aberta, permitindo que ele entre.

— Ana, você precisa me escutar. – Ele diz baixo.

Viro olhando para seu rosto, seus olhos estão tristes, seu semblante cansado, como se tivesse desistindo de lutar por algo. Respiro fundo indo até ele, fecho a mão acertando um soco em seu peito, nunca fui boa em luta, provavelmente amanhã amanhecerei cheia de dor nos pulsos por isso, mas não me importo.

— Você é um mentiroso! Você mentiu para mim. – Grito, as lágrimas começam a cair descontroladas por me rosto.

Acerto outro tapa, mas Nicolas não se mexe, deixa que eu acerte os tapas nele.

— Monstrinha, eu não fiz nada disso. – Sussurra.

— Você transou com aquela piranha!

— Ana como eu transaria com ela se eu estava viajando? Você assistiu o DVD que eu mandei para você?

— Eu não acredito em você, você sempre faz isso, me envolve com suas palavras fáceis e depois... – Soltou uma risada irônica. – Depois é o canalha de sempre.

Vejo seu semblante desmoronar, ele fica sério.

Respiro fundo, seco as lágrimas do meu rosto. Todo meu peito aperta, reclama, mas mesmo assim eu digo.

— Saia Nicolas. – Fecho os olhos por um momento.

— Pare de ser irracional Ana! – Nicolas grita para mim. – Acredite em mim pelo menos uma maldita vez.

— Por favor, saia, me deixe em paz... – Torno abrir os olhos. – Não me destrua mais do que você já fez.

Levanto o olhar vendo seu rosto se contorcer, ele está ferido, magoado. Mas, e eu? Estou sangrando por dentro, destruída pelo homem que mais amei. O enjoo volta com força total, me fazendo curvar para frente contendo uma ânsia antes de sair correndo para o banheiro.

Agacho-me na privada colocando tudo para fora, toda a bebida, eu não estava me alimentando direito e toda essa situação está me fazendo ficar no limite.

— Ana, você está bem?

— Vai embora Nicolas, é apenas um mal-estar.

— Ana me deixe cuidar de você. – Ele pede.

Empurro suas mãos para longe, me rendendo a mais uma ânsia. Meu estomago dói, sinto um calafrio atravessar meu corpo. Minha vista escurecer...

— Ana! — É a última coisa que escuto.


Guarde seu conselho, eu não vou ouvir

Você pode estar certo, mas eu não ligo

Há um milhão de motivos para eu te deixar

Mas o coração quer o que ele quer


A cama está esfriando, você não está aqui

O futuro que nos espera é tão incerto

Mas eu não estou bem até que você ligue

Aposto que a sorte não estará a nosso favor


(The Heart Wants What It Wants – Selena Gomez)


Capítulo 33

Nicolas White


A vida muda, constantemente, eu era prova viva disso. A imagem que eu via refletido no espelho não tinha o mesmo sorriso comedor, os olhos enevoados pelo desejo de me satisfazer. Não, não havia nada disso, eu nunca tive medo do amor, você pode pensar que seria ridículo um homem como eu falar esse tipo de coisa, mas homens também amam. Também somos inseguros e fazemos merdas, eu também era prova viva disso também.

Via em meus pais o relacionamento que eu queria ter no futuro, só não sabia que meu “futuro” tinha batido em minha porta e eu fechei em sua cara. Porque escolher a pessoa que você quer entregar sua vida era algo importante e eu achava que estava bem demais na minha vida de pegação para fazer isso, e, então Ana surgiu de novo, trazendo todos os seus sorrisos fácies, todas suas marrentices e eu não consegui afastá-la e nem queria.

Desviei os olhos do espelho atrás do bar, eu mesmo não sabia o porquê estava agora sentado aqui, olhando as mulheres desfilarem de um lado para o outro da The Night atrás de sexo.

Até mesmo a atmosfera que tanto me excitava hoje não estava tendo efeito, tudo que eu conseguia pensar era em Ana, em como ela se entregou confiante para mim, ali mesmo. Sai do meu lugar andando entre as pessoas, tomei o último gole do meu copo deixando em uma das mesas.

— Oi bonitão. – Uma mulher grudou em meu pescoço, o sorriso safado no rosto.

Ela era bonita, lábios carnudos, esbocei um sorriso.

— Desculpe minha linda, hoje não.

Ela fez um biquinho de contrariedade.

— Você tem certeza? Eu estava observando você... Parece que você precisa de algo para relaxar. – Ela passava as mãos pelo meu peitoral, indo para as costas, colando seu corpo no meu.

— Sim, hoje não.

Tirei as mãos dela do meu corpo, deixando-a para trás. Eu estava pronto para ir embora, na verdade, nem sei explicar o que me fez seguir na direção contrária. E foi então que eu vi Ana, algemada por aquele homem, o olhar de depravação no rosto dele foi o que bastou para voar em cima deles e arrancá-la daquela situação.

Vê-la no The Night foi como acender um barril de explosivos, mulher tola. Ela queria me atingir no meu mundo?


— Ana?

Segurei seu corpo inconsciente, por trás de toda a maquiagem Ana estava fraca, ela estava sofrendo, mas ela tinha que enxergar a verdade por trás dos fatos. Eu não poderia ser culpado por ter sido um canalha como ela mesmo falava, não poderia ser culpado pelo meu passado, não quando eu vinha sendo somente dela.

Coloquei seu corpo na cama, tirei os saltos, passei a mão por seu rosto. Ana sempre foi uma mulher segura, tinha uma personalidade forte capaz de queimar uma pessoa com o olhar cheio de significados que ela lançava. Mas o fato de tudo que passamos dois anos atrás criou uma rachadura profunda, deixando-a insegura.

Suspirei dando uma olhada para seu quarto, puxei uma coberta para ela.

— Ana? – chamei acariciando seu rosto.

Eu vi quando ela começou a passar mal, eu não poderia deixá-la naquele momento, ainda bem que eu sempre contrariava o que ela pedia, senão essa hora ela estaria desmaiada no chão frio do banheiro.

— Ana.

Seus olhos tremeram, se abrindo lentamente. Vi a confusão neles, amor e também mágoa.

— Nic.

— Você desmaiou.

Ela se sentou com dificuldade na cama, afastando seu rosto de minha mão.

— Quanto tempo você tem passado mal?

Eu não tinha prestado atenção nesse fato, mas Ana e eu cometemos deslizes, muitas das vezes fizemos sexo sem proteção, mas eu sabia que Ana era precavida, por isso nem questionei sobre o assunto, mas vendo ela correr pro banheiro vomitando todo o álcool consumido e sua fraqueza...

— Poucos dias, na verdade, desde que fui para Buenos Aires... – Ela me encarou, vi em seus olhos que ela pensou a mesma coisa que eu. – Não deve ser nada além do meu emocional me dando o troco.

— Vou fazer um lanche para você.

— Nicolas, vai embora.

Levantei olhando no fundo dos seus olhos. – Ana, você tem o direito de me mandar embora, mas eu só farei quando você me escutar. E eu tenho direito de falar.

Sua mandíbula trincou, mas ela não retrucou.

Preparei algo leve, um copo de suco. Coloquei tudo em uma bandeja e voltei para o quarto, Ana estava sentada na cama, seu rosto estava limpo, livre de toda maquiagem, mostrando as olheiras profundas, isso me atingiu em cheio.

— Coma. – Depositei a bandeja em sua frente, sentando-me na ponta da cama.

Esperei pacientemente que ela tivesse comido todo o lanche e tomado todo o suco para começar a falar, o silêncio estava pesado entre nós, o clima criado no carro tinha ido embora como se tivesse passado anos.

— Fale de uma vez, quero você fora daqui.

— Você está me culpando por uma coisa que eu não fiz.

Ela cruzou os braços me encarando.

— Ana, você acredita mesmo que eu iria fazer tudo isso, perder um amigo por conta de uma foda? – Minhas palavras fizeram ela se retrair. – Confesso que se fosse apenas por isso, não seria com você. Você sabe como era o Nicolas White, nunca repetia a dose.

Eu estava sendo grosso, mas Ana precisava disso, precisava enxergar coisas que estavam na sua frente.

Ela permaneceu em silêncio.

— Você tem todas as provas, veja, analise. E se depois disso tudo você continuar acreditando que eu não sou inocente das suas acusações, aí sim você pode se entregar para o primeiro homem que passar. Mas não faça como vingança, pois você só está destruindo tudo que criamos até aqui.

Ana endureceu o olhar, atingida pelo que estava falando.

— Tudo bem, você é inocente. – Ela fez uma pausa. – Como explica de ter Ashley nua no seu apartamento?

— Ana, eu não sei como ela conseguiu entrar. Eu deixo uma chave reserva, mas o porteiro que estava trabalhando disse que não foi ele.

— Pelo visto você tem muitas chaves reservas espalhadas por aí.

— Porra, Ana eu estava trabalhando.

Ela se assustou com meu grito, fiquei de pé andando de um lado para o outro do quarto.

— Ashley trabalha na mesma companhia que eu, ela pode ter pego a informação que estava fora na empresa. – Bufei passando as mãos pelo cabelo. – Eu não sei tá legal? Não sei como ela soube que eu não estava, e, muito menos por que foi justo aquele dia.

— Nossa, ela realmente é uma vidente, pois soube exatamente a hora que eu estava entrando para sair do banho, nua. – Ela me encarava, os braços cruzados diante do peito. – Engraçado que ela comentou que vocês retornaram um dia antes, no domingo, então você deve ter tido uma foda incrível durante toda a noite antes de iludir mais um pouco essa babaca aqui.

— Porra, Ana! Ashley não estava presente em meu voo, se você quer saber a tripulação era somente de homens, eu, meu copiloto e mais dois comissários.

Ela se calou, desviou os olhos por um segundo, encarando a parede.

— Ana, você precisa olhar o vídeo de segurança que eu mandei. – Agachei-me perto dela, pegando suas mãos nas minhas. – Eu não fiz nada, acredite em mim.

— Eu não tenho nada para falar, Nicolas.

— Ana... – Ela me interrompeu colocando o dedo sobre meu lábio.

— Você queria se explicar, eu permiti. Porém você não falou nada que não me tenha falado em todas as suas mensagens, mas você mesmo não consegue explicar o porquê de tudo isso acontecer. – Ela respirou fundo. – Nicolas a questão é, mesmo que você seja inocente, que eu te perdoe, quantas vezes vou passar por isso? Quantas mulheres vou encontrar nua em sua cama? Quanto tempo vou ter essa dúvida me perseguindo? Quantas vezes seremos vítimas do seu harém? Fica meio difícil perdoar um passado quando ele volta para te infernar.

Ela respirou fundo desviando os olhos dos meus. – Melhor deixar como estamos, li outro dia que nem todos os amores estão fadados a viverem seus felizes para sempre. Nós tivemos o nosso, é hora de seguir.

— Ana, não...

— Saia Nicolas.

Balancei a cabeça negando.

— Nicolas, você queria que eu ouvisse o que tinha para falar. Agora me respeite e saia.

Levantei sentindo um peso enorme dentro de mim. Parei na porta me voltando para ela. – Eu não posso mudar meu passado, não posso apagar tudo que vivi ou fiz, até mesmo com você. Só... Não destrua algo pelo seu medo de se arriscar. Pois eu estou aqui de braços apertos me jogando em algo que desconheço.

— Arriscar? Eu não fiz isso da primeira vez? Arrisquei por você e acabei quebrando a cara, eu te amo? Sim eu te amo, mas parada aqui encarando tudo, será que o amor é suficiente, será que nosso amor pode ser suficiente?

Ela não conseguiu segurar, vi uma lágrima escorrer pelo seu rosto, minha vontade era de correr até ela, tomando-a em meus braços, beijando aquela lágrima, tomando seu corpo para mim. Mas eu fiz o que ela pediu, virei as costas e fui embora.


O que você espera que eu diga?

(Você sabe que é apenas um pouco tarde demais)

Você pega a minha mão e diz que mudou

Mas garoto, você sabe que seu suplicar não me engana

Porque para você é só um jogo

(Você sabe que é apenas um pouco tarde demais)


(Too Little, Too Late – Jojo)


Capítulo 34

Ana Suarez


Apesar da noite mal dormida, das olheiras, olhos inchados por ter adormecido chorando e do constante enjoo, me levantei da cama. Não adiantaria ficar mais deitada ignorando tudo ao redor, remoendo o que Nicolas me disse.

“Eu não posso mudar meu passado, não posso apagar tudo que vivi ou fiz, até mesmo com você. Só... Não destrua algo pelo seu medo de se arriscar.”

Sacudi a cabeça afastando esses pensamentos. Parei em frente ao espelho olhando meu reflexo, eu teria que recomeçar de algum ponto.

— Como você está? — Ângela me questionou assim que cheguei ao seu apartamento.

— Estou bem, afinal ninguém morre de amor. Não é mesmo?

— Conte-me tudo.

Contei para minha amiga, com lágrimas escorrendo pelo rosto tudo nos mínimos detalhes, como estávamos desde que finalmente ficamos juntos até quando peguei Ashley nua, era doloroso só de pensar.

— Eu amo Nicolas, sei que ele gosta de mim, eu vi a mudança gradativa nele. Pode parecer ridículo, depois de tudo que falei. Pode me achar uma tola e até me acusar de não agir corretamente. – Soltei um suspiro olhando para minhas mãos cruzadas em meu colo. – Acho que foi uma sequência de atos que nos levaram até esse momento, não tivemos tempo, acho que fomos envolvidos pelos sentimentos do passado, junto com todas as sensações de estarmos juntos novamente. Sinceramente eu nem sei o que pensar, Nicolas olhou nos meus olhos Ângela e a única coisa que eu vi foi à mesma tristeza refletida.

Fiz uma pausa, Ângela esperou que eu desabafasse sobre tudo que estava rodeando minha cabeça, desde que Nicolas me tirou do The Night.

— Sinceramente, tenho medo de estar jogando fora a grande chance de estar com ele, de viver tudo que vivemos nesses dias, mas... E se formos melhores separados do que juntos? – Suspirei. – Não seria esse um aviso para eu cair fora?

— Ana, eu te entendo perfeitamente. Fiquei realmente brava com tudo, e olha que minha vontade de ir lá e chutar o saco dele foi uma coisa difícil de conter. Mas depois que analisei de fora, eu não acredito que Nicolas, sendo quem é e tendo um passado como o dele, iria perder tempo de fazer essa estupidez e deixar tão óbvia para você ver.

— Ele teria que ser muito idiota. – Concordei.

— Mas também não se precipite, dê um tempo para vocês. Acho que você foi algo que não é, nunca te vi sendo tão tola.

— Uau! – Arregalei meus olhos para ela.

— Ana, você deveria ter dado na cara daquela mulherzinha, uma boa coça para ela saber quem manda e não ter saído sem uma explicação. – Ângela suspirou. – Mas entendo que você está com os sentimentos bagunçados e quando estamos assim eles queimam nosso cérebro.

— Ângela!

Ela riu pegando minha mão na sua. – Fiquem separados, análise tudo antes de procurá-lo, não feche a porta totalmente, deixe uma frestinha. E só quando você perceber que pode lidar com tudo que vem do Nicolas você tome sua decisão.


Ficamos alguns minutos em silêncio.

— Eu preciso contar outra coisa.

Ângela analisou meu rosto.

— Eu posso estar grávida.

— Puta que pariu!

Dei de ombros com um sorriso de lado.

— Agora a coisa ficou realmente séria. Você tem certeza? Fez os testes? Ana do céu! – Ângela se empertigou no sofá.

— Eu não fiz nada, minhas dúvidas surgiram quando eu passei mal na sexta-feira, Nicolas presenciou tudo.

— Ele está desconfiado?

— Acredito que não, deve ter pensado que era por conta de todo álcool, ou fraqueza, na verdade ainda acredito que seja por isso, eu não ando me alimentando direito.

— Temos que tirar isso a limpo.

— Sim eu farei o exame de sangue na segunda.

— Se você tiver? Nicolas saberá, né? – Ela me questionou olhando para meus olhos.

Engoli em seco, isso tudo ainda era surreal demais para mim.

— Ana...

— Fique calma Ângela.


Capítulo 35

Nicolas White


Deitei sobre a espreguiçadeira colocando meus óculos de sol. Estava um tempo fantástico em Miami, depois de passar dois dias praticamente trancado no quarto esperando um sinal de Ana, eu decidi curtir meu último dia na cidade.

Uma sombra se lança sobre mim, tirando meu olhar da praia.

— Posso me sentar aqui? – Ashley pergunta com um sorriso nos lábios.

— Acho que você sabe a resposta. – Desvio meu olhar novamente para o mar, vendo o vai e vem constante das ondas.

Seu eterno movimento de avançar e se retrair.

— Nic, eu estou arrependida do que fiz. – Ela diz com a voz mansa, se sentando ao meu lado.

Eu tinha tentando de todas as formas não estar no mesmo voo que Ashley, eu ainda tinha uma vontade enorme de voar em seu pescoço, mas mesmo assim me contive e fiz meu trabalho. Brad estava se saindo um bom parceiro, Jimmy tinha trocado dois de seus voos para não estar comigo. E as pessoas começaram a desconfiar, lógico que nem eu ou Jimmy falamos sobre isso. Na verdade, eu cortava qualquer assunto que surgisse, mas as pessoas não eram idiotas e já sabiam que nossa parceria de anos estava ruindo, ou, no caso se ruiu.

— Espero que você tenha passado protetor, senão vai ficar todo bronzeado.

As pontas das unhas de Ashley rasparam em meu braço. Revirei os olhos por debaixo do óculos afastando meu corpo de sua mão. – Você ainda está aqui?

— Credo Nicolas. Eu já disse que me arrependi, sinto muito tá, não sabia que ela era tão importante assim para você.

Respirei fundo olhando para Ashley, ela contemplava as unhas perfeitamente pintadas.

— Eu fico até surpresa por você ter decidido que uma mulher qualquer é mais importante do que sua amizade com o Jim. – Ela me encarou com um sorrisinho esnobe. – Jim me contou, sabe ela pode até ter transado bem com vocês, senão, qual seria o motivo para vocês terem notado aquela garota sem graça.

Ashley passou a mão pelo cabelo platinado, tirando as mechas do ombro. – Convenhamos que todas as vezes foi meu nome que você gritou, gemendo de tesão.

Fiquei de pé em um pulo parando bem em frente a ela, seus olhos ficaram arregalados com medo de minha reação.

— Olha aqui Ashley, feche a porra dessa boca. Você já fodeu demais minha vida. – Eu apontava o dedo para sua cara, fazendo ela se curvar um pouco para trás. – E eu estou a um passo de deixar minha educação e voar em seu pescoço.

— Oh, oh, Nic meu camarada... – Jack colocou a mão em meu peito, entrando no meio. – Ashley minha delícia, vai dar uma volta.

— Eu só estava tentando conversar com ele. – Ela retrucou se levantando, amarrando novamente a canga na cintura.

Estava pronto para responder quando Jack me puxa, levando-me para longe dela, indo em direção ao bar.

— Calma cara, aquela ali não merece uma dor de cabeça. – Ele deu uns tapinhas em meu ombro. – Ela é encrenca, boa para foder, mas horrível para ter que lidar no dia seguinte.

Respirei fundo me jogando no banco.

— Vai cara, desembucha, o que tá rolando.

Encarei Jack ao mesmo tempo em que chamava pelo garçom.

— Você quer realmente saber?

— Claro, o que está fazendo você ficar assim, a tripulação tem notado que você e o Jim não andam mais juntos. E você sabe. – Ele deu de ombros.

– Ash não é de se manter quieta.

— Piranha. – Rosno.

— Nisso você tem toda razão, mas o que está pegando?


E enquanto tomávamos uma cerveja gelada eu contei tudo, me senti mais leve por contar para o Jack tudo que vinha guardando, eu estava péssimo, Ana não saía do meu pensamento. Achei que se começasse a pegar um trabalho atrás do outro eu me sentiria melhor, mas na verdade, me sentia vazio, estava cheio de saudade daquela maluca, doido para ter seu corpo debaixo do meu.

— Porra, Nicolas, que merda!

Ergui a garrafa de cerveja tomando um longo gole.

— Gosta mesmo dessa mulher, né?

Deixei a garrafa no bar, desviando os olhos para o mar. – Eu nunca pensei que ouviria isso sair da minha boca com tamanha facilidade Jack. – Voltei meus olhos para ele. – Eu amo a Ana.

Ele abriu um sorriso autêntico. – Cara, você está fazendo o que aqui ainda?

— Não é tão simples assim.

— Bem, por tudo que você me contou, não acredito nisso.

— Como assim?

— Cara, você conhece ela melhor do que ninguém, use isso a seu favor. Se você foi bom o bastante para se meter nessa enrascada com o Jim e assim mesmo conquistar sua garota depois do pé na bunda. – Ele soltou uma gargalhada que me fez sorrir. – Vai lá e a conquiste novamente, use as mesmas armas e o que você sabe sobre ela ao seu favor.

Ele estava certo, eu sabia como Ana pensava e agia, não adiantava agir por impulso, mas eu sabia que estávamos perdidos estando longe, eu tinha que agir com cautela e trazê-la de volta para mim.

Ana seria minha novamente, ou, eu não me chamava Nicolas White.


Coloquei meu telefone na mesa do quarto, conectando ele no carregador. Esperei que ele ligasse, os aplicativos começaram a apitar com as notificações, abri o aplicativo de mensagens, nenhuma dela. Tinha algumas de minha família, da Companhia, mas nenhuma da Ana. Abro nossa conversa, ainda guardo nossas últimas mensagens, ela estava online.

“Boa noite, mas um dia de merda.”

Ela visualiza, mas não responde.

“Saudades, estou em Miami, daqui embarco para Espanha... Pensei em você. Como gostaria de te levar para viajar comigo.”

Mais uma vez ela visualiza e nada de respostas.

Respiro fundo, jogo o celular de volta na mesa, passo as mãos pelo cabelo, afastando-o de meu rosto.

Tiro a camisa, jogando-a na cama, faço a mesma coisa com a bermuda, estou entrando no banheiro quando meu telefone apita, volto praticamente correndo.

É uma mensagem dela.

“Sonhei com você, foi bom, estávamos juntos, você dizia que me amava. Boa noite Nicolas.”

“Eu falarei isso novamente olhando nos seus olhos, boa noite meu amor, estou pensando em você sempre.”

Sinceramente eu não sabia se isso me ajudaria ou não, mas eu também estava sofrendo e Ana precisava perceber isso, eu precisava colocar para fora e deixá-la saber disso. Ela poderia ter ignorado minhas mensagens, assim como estava fazendo com as outras. Já fazia quinze dias que estávamos separados, mas dispôs a me responder. E isso era uma prova que eu ainda afetava, que ela ainda sentia algo. Mas era teimosa demais, era dura com ela mesma e com nosso sentimento.


Oh, deixe nosso amor sobreviver

Ou seque as lágrimas dos seus olhos

Não vamos deixar uma boa coisa morrer


No entanto meu amor, você sabe que

Eu nunca menti pra você

Caímos em uma armadilha

Não posso escapar

Porque eu te amo demais, meu amor

(Suspicious Minds – Elvis Presley)


Capítulo 36

Ana Suarez


Naquela manhã de segunda-feira aproveitei a folga no trabalho para acordar tarde, fiz todo meu ritual de higiene e fui fazer o teste de gravidez. Já tinha protelado demais para fazer isso, não tinha mais como fugir.

Nicolas não havia dado nem um sinal de vida depois de nossa discussão, me senti triste com isso. Porém, talvez assim fosse realmente melhor. Logo após ele ter saído de meu apartamento eu corri para o computador e assisti a fita, realmente aparecia Nicolas saindo do prédio todo vestido de piloto sexy que ele era e o espaço de tempo. Assim como também aparecia quando Ashley jogava charme para o porteiro mal-encarado, pegando a chave e seguindo para o elevador, e, por incrível que pareça cerca de três horas mais tarde eu aparecia na câmera e logo voltava chorando depois de ver aquela cena.

Minha cabeça só faltava explodir, eu liguei para Nicolas, mas seu telefone estava desligado e escutar sua voz na caixa postal foi o que me fez chorar e me desesperar.

Então vieram aquelas simples mensagens de boa noite, meu coração quase saiu pela boca. As dúvidas ainda pairavam sobre mim, eu mesma joguei-as na cara de Nicolas e hoje era eu que estava tentando respondê-las.

Agi por impulso, fui fraca e não confiei no sentimento que existia entre mim e o Nicolas, mas se eu queria mesmo tê-lo em minha vida eu precisa ir do zero. Nada se constrói em cima de dúvidas e vendo a falta absurda que ele fazia em minha vida eu podia dizer que tudo era melhor quando ele estava por perto.

Porém esse tempo separado iria fazer bem no final. Ele poderia perceber se isso, um relacionamento sério, era o que ele realmente desejava, e, eu poderia colocar as coisas em ordem, ainda mais com essa sombra de uma gravidez vindo sobre nós. Só de pensar nas possíveis reações que ele poderia ter, o enjoo já voltava com força.


Entrei no laboratório nervosa, fazia uma hora que estava rodando com o carro, tentando me distrair até dar a hora para retirar o resultado. A moça da recepção sorriu para mim logo se levantando e buscando o resultado, ela verificou o envelope me entregando com um sorriso.

Agradeci, mesmo sem saber se pronunciei corretamente, meu coração palpitava dentro do meu peito, minha garganta estava seca. Voltei para o carro me sentando no banco do motorista, me trancando ali dentro. Em partes eu queria muito que fosse negativo, mas fiquei petrificada com as letrinhas que estavam em minha frente.

POSITIVO

Eu estava grávida. Estava grávida de Nicolas.

O nervosismo me dominou como uma onda gigante, eu chorei, gritei dentro do carro, olhei novamente para o papel pensando que poderia ter lido errado, ou que o nome ali em cima estava errado e este exame não era meu. Mas ao comprovar que tudo estava correto foi espontâneo minha mão pousar sobre meu ventre e a ânsia tão conhecida por mim vir à tona, era como se o bebê confirmasse tudo que estava lendo.

Eu tinha que procurar por Nicolas, mesmo que seja apenas pelo bebê, não podia esconder isso dele. Mesmo que seja apenas por isso, meu coração se apertou cheio de angústia, como ele receberia a notícia?


Capítulo 37

Nicolas White


Estava arrumando minha mala quando meu telefone apitou, demorei um pouco para encontrá-lo no meio de todas as roupas.

Era uma mensagem de Ana, depois de dias ela finalmente tinha me procurado.

“Precisamos conversar.”

Abri a caixa de texto digitando rápido.

“Ana, como fico feliz de receber uma mensagem sua.”

Eu apaguei e digitei diversas vezes, mas foi apenas isso que consegui dizer para ela. Sua resposta demorou um pouco, quando o telefone apitou novamente era uma foto, esperei que carregasse o conteúdo.

Primeiramente não entendi do que se tratava, então as coisas foram fazendo sentido, aquele exame de sangue, as taxas altas e aquelas oito letrinhas foram capazes de me fazer cair sentado na cama.

POSITIVO.

Porra positivo, Ana estava grávida, estava esperando um filho meu. Eu devia estar com a cara de maior babaca do mundo, mas não conseguia nem por um minuto tirar meu sorriso do rosto. Porra eu teria um filho, nunca pensei nisso, mas era um filho, sangue e carne de mim, alguém para que eu pudesse passar tudo que sei e vê-lo crescer.

“Ana”

“Isso deve realmente ser desagradável para você, porém pretendo resolver tudo para que seja algo sem dores de cabeça”

Ela só poderia estar maluca, do que ela estava falando.

“Ana, porra vou ter um filho. Você não sabe como estou feliz!”

Ela visualizou minha mensagem, digitou e apagou diversas vezes antes de enviar.

“Você está feliz?”

“Porra, completamente”

“Bom... Quando retornar para Nova York podemos conversar sobre isso.”

Eu fiquei olhando a tela do telefone, mal acreditando no que ela dizia. Ana não demonstrou nenhuma felicidade, nenhuma reação ao me contar a notícia, foi como se falasse de um objeto que precisaríamos conversar no futuro. Juro que se estivesse perto dela tinha dado umas palmadas naquela bunda e depois a fodido bem gostoso.


Estava parado em frente à janela, olhando as ruas agitadas da Espanha, meu pai contava sobre suas novidades e tudo que eu conseguia era concordar algumas vezes.

— Nicolas?

— Sim pai.

— O que está acontecendo garoto, você mal sabe o que eu acabei de contar.

Dei uma risada, passei a mão pelo cabelo encostando a testa no vidro frio da janela.

— Ana.

Ele soltou um suspiro alto.

— Nicolas, nem sempre dá certo os relacionamentos, isso faz parte da vida. Faz parte do processo, isso até encontrarmos a pessoa que nos arrancará o chão, é normal caímos e notamos que não é aquilo que sempre esperamos. Mas quando você nota a pessoa certa e deixa-a passar, isso destrói você, tira o ar.— Meu pai fez uma pausa. – Quando eu conheci sua mãe não acreditei que aquela garota seria a mulher da minha vida, mas ela é... Nicolas, o que estou tentando dizer é que você tem que pôr na balança se ela é essa mulher, ou apenas mais um caso qualquer.

— Ela é pai. – Respondi com a garganta seca. – E ela está grávida.

O silêncio tomou o outro lado da linha por alguns instantes.

— Se ela realmente é essa pessoa, se Ana é a mulher que traz um colorido para sua vida. Corra atrás dela, não deixe essa oportunidade passar, mostre que você a ama. Todos ficam inseguros quando o assunto é o amor, é uma batalha de ambos mostrarem que ele realmente vale tanto à pena. Porém, senão for nada disso, assuma sua responsabilidade e deixe-a ir, seguir com a sua vida, assim como você deve seguir com a sua.

— Ela é a mulher da minha vida pai, eu errei, mas eu amo aquela monstrinha irritante.

Meu pai soltou uma pequena risada.

— Nicolas?

— Sim. – Disse me afastando da janela, me virando para minha mala sobre a cama, as roupas jogadas de qualquer jeito dentro dela.

— O que você está esperando para correr atrás da mulher da sua vida e a mãe do meu neto?

Sorri para o telefone. – Nada pai, vou agora mesmo retornar para Nova York.

— Isso mesmo moleque, honre as bolas que teu pai lhe deu!

— Tio Arnold? Você deixou no viva-voz, pai?

— Sim filho, seu pai deixou.

— Oi mãe. – Disse revirando os olhos.

— Vá meu querido, você tem algo importante para fazer agora, amamos você.

— Eu também amo vocês. – Disse desligando.


Eu com certeza era um homem de sorte.

Abri novamente a conversa com Ana. Eu precisava falar que não iria desistir, ainda mais agora com meu filho no ventre da mulher que eu amava, eu iria vencer e ter a Ana comigo nem que fosse pelo cansaço.

“Ana, eu quero amá-la em cada batida do seu coração, em cada suspiro que você der. Eu não posso descrever como eu me senti quando recebi a notícia que serei pai, mas posso dizer que quero e vou lutar para ser um pai melhor a cada dia para essa criança, assim como meu pai foi para mim. Por duas vezes eu deixei você sair de minha vida, a primeira dois anos atrás e a segunda agora, não estou disposto a manter isso por muito tempo. Sei que podemos deixar tudo isso de lado, sei também que você me ama. Vamos deixar de ter medo e se prender pelo passado, eu te amo minha monstrinha, eu estou voltando.”


Capítulo 38

Ana Suarez

 

Abri meus olhos dando de cara com Nicolas, ele ajoelhou-se na cama, passando as mãos pelas minhas pernas. Sorrindo daquele modo safado que tanto mexia comigo, eu abri minha boca para questionar o porquê de ele estar ali, mas ele me silenciou com seu olhar.

Arrepios percorreram meu corpo quando ele beijou minhas coxas, deixando seus lábios traçarem um caminho. Eu devia estar lutando contra isso? Não? Nossa, era tão bom, eu amava quando ele fazia isso comigo, meu corpo latejava de saudade. Nicolas subiu a boca traçando o caminho de minha calcinha com a língua, fazendo meu corpo queimar, logo seu dedo afastou minha calcinha testando a umidade antes de sua boca tomar meu clitóris para ela. Fazendo com que eu gemesse alto, agarrando um punhado daquele cabelo malditamente sedoso que Nicolas tinha.

— Eu te odeio. – Sussurrei.

Ele riu, provocando tremores em minha intimidade.

— Mentirosa. – Disse levantando um pouco o rosto, os olhos azuis brilhando de desejo.

Nicolas estava pronto para me fazer gozar, eu via isso em seu rosto e como sempre seria um orgasmo devastador. Mas antes de voltar ele virou o rosto para o outro lado do quarto, fazendo que eu imitasse seu gesto. E no meio de meu quarto estava um bercinho, ouvi os pequenos resmungos. O choro de bebê inundou meu ouvido e meus sentidos.

Abri os olhos, respirando pesadamente, sentada na cama toda suada. Puta que pariu, o que foi isso? Meu telefone estava jogado no meio da cama ainda com a mensagem aberta, meu sonho devia ser por isso. Nicolas realmente me deixou sem palavras quando me enviou aquela mensagem, lógico que me fez pular de alegria e me peguei sorrindo com tudo.


Eu tinha marcado uma consulta, realmente foi um achado conseguir uma vaga na agenda do Doutor Carlos, ele era um ótimo ginecologista e obstetra. Dispensei a companhia da Ângela, eu queria fazer isso sozinha.

— Está nervosa?

Desviei os olhos do casal sentado na saleta de espera, o homem estava todo sorridente acariciando a barriga de sua companheira, ambos em volta de uma bolha, toda, particular.

— Um pouco. – Respondi sorrindo para a recepcionista.

— É uma sensação maravilhosa, ter a primeira consulta para ouvir o bebê.

Sorri novamente para ela, colocando meus documentos de volta na bolsa.

— Logo o Doutor irá chamá-la.

— Tudo bem.

Eu sentia um misto de ansiedade com medo, a mulher em minha frente estava parecendo um balão de tão grande que a barriga dela estava e pensar que logo estaria daquela forma, com uma criança dentro de mim, uma vida prontinha para eu cuidar e ensiná-la por toda uma vida me fazia suar frio. Não demorou muito para a recepcionista me chamar e indicar uma das portas.

A sala era clara e muito bem decorada, alguns quadros com certificados e diplomas estavam pendurados atrás da mesa de mogno, o Doutor Carlos era alto, seus cabelos escuros faziam contraste com seus olhos castanhos claros, seu jaleco estava impecavelmente aprumado no corpo, assim como seu sorriso simpático nos lábios.

— Srta. Suarez, em que posso ajudá-la? – Disse pegando minha mão num cumprimento firme.

— Eu estou grávida, seria minha primeira consulta. – Deixei em sua frente o exame de sangue que havia feito.

O médico olhou rapidamente o papel sorrindo.

— Meus parabéns mamãe. Tem ideia de quanto tempo está?

— Acredito que um mês ou pouco mais que isso. Eu até hoje me sinto surpresa, sempre usei diafragma doutor.

— Apenas Carlos. – Me interrompeu sorrindo. – O problema com os diafragmas é que eles podem falhar ainda mais se não forem colocados corretamente, como todos os contraceptivos sempre há o risco de ocorrer à gravidez. O que você anda sentindo?

— Enjoos, muitos sempre pelas manhãs e pelo final da tarde.

— Seu ciclo menstrual é regular? – O médico me fazia as perguntas e anotava tudo numa grande prancheta.

— Não, tenho ciclo irregular desde os quinze anos.

— Entendo, vamos fazer assim, entre naquela sala, pode se deitar confortavelmente na maca vamos fazer uma ultrassonografia, matar um pouco da curiosidade da mamãe. Depois, vou prescrever todos os outros exames e vitaminas que você tem que tomar a partir de agora.

Segui para a pequena sala que o médico indicou, tirei os sapatos deitando na maca, dando uma olhada para o aparelho enorme ao meu lado, assim como a tela de TV em minha frente. Passou pouco mais de cinco minutos Doutor Carlos entrou na sala com seu amplo sorriso, sentando em um banquinho ao meu lado, mexeu por alguns segundos no aparelho.

— Preciso que você levante a blusa, se puder abaixar um pouco a calça também agradeço.

Fiz o que ele pediu deixando meu ventre exposto. Pode parecer loucura e devia ser, mas olhar assim para minha barriga ali exposta para o médico dava a sensação de ter um pequeno montinho bem no centro. Carlos pegou um tubo aplicando uma boa dose de um gel transparente no meu ventre e espalhou com o aparelho, por um instante eu só via a tela em preto e manchas cinzas, nada conclusivo.

— Nos não conseguiremos ver muito, pelo pouco tempo de gestação, mas vamos conseguir ver esse menino ou essa menina aí dentro, assim como escutar o coraçãozinho.

— Sério? – Perguntei olhando para ele.

Carlos sorriu ainda mais, o que deixava seu semblante ainda mais bonito.

– Sim, poderemos escutar.

Voltei meus olhos para a tela, vendo algumas coisas se focarem e depois sumir.

— O pai do bebê ajudará você?

Olhei para meu médico sentindo a garganta se fechar na menção do “pai” do meu bebê. – De certa forma. – Foi à única coisa que consegui falar, antes de focar meus olhos novamente na tela em minha frente.

O médico deve ter entendido o problema nas entrelinhas, pois voltou a espalhar o gel em minha barriga até que se fixou em um lugar, bem abaixo do meu umbigo, forçando um pouco o aparelho ali. Foi então que o som mais doce e assustador invadiu a sala, as batidas rápidas e constante do coração do meu pequeno grãozinho. Rápidas e ritmadas, Carlos apertou um pouco mais o aparelho sorrindo quando duas manchinhas cinzas tomaram o centro da tela, dois pequenos círculos que não pareciam com nada, olhei confusa para o enorme sorriso que ele esboçava tentando entender o que ele tinha visto que eu não estava compreendendo.

— Meus parabéns novamente Ana, você terá gêmeos.


Gêmeos, Gê-me-os! Essa palavra não saia dos meus ouvidos, o médico sorria me mostrando onde eles estavam o que eram duas pequenas manchas, na verdade, eram meus bebês. Meu Deus, meus bebês, sim no plural.

Engoli em seco olhando para o médico.

— Ana você está bem? – Ele perguntou virando o banco em minha direção.

— Eu... Doutor, eu acho que não devo ter escutado direito, ou, você está brincando comigo. Gêmeos? – Questionei.

— Sim, você terá gêmeos Srta. Suarez.


A chuva açoitava o para-brisa, mal conseguia enxergar os faróis do carro em minha frente, merda porque eu tinha decidido sair agora. Por que não esperei que a chuva diminuísse?

Um carro passou em alta velocidade ao meu lado, me lançando uma onda de água.

— Filho de uma puta! – Gritei, mesmo sabendo que não seria ouvida.

Piso um pouco no acelerador, desejando mais que tudo chegar em casa logo, meu dia foi exaustivo, minha cabeça lateja e tudo que desejo é um bom banho quente e minha cama. Continuo pegando o acesso para a rua lateral estou quase passando a Starbucks quando não vejo um buraco enorme que as poças d’água escondem. O carro faz um movimento estranho ao cair no buraco e sinto que o pneu pode ter furado.

Encosto o carro no meio fio vendo que realmente a merda do pneu deve estar furado, sinto o volante repuxando. Merda! Merda! Paro em frente à Starbucks lotada, desligo o carro.

Olho pela janela a chuva que não aparenta em nada querer diminuir, não tem jeito. Se eu quiser chegar em casa hoje ou chamo um táxi, ou eu mesma troco o pneu. Analiso as possibilidades, eu sei trocar o pneu, mas sair nessa chuva para fazer isso, me faz buscar meu celular dentro da bolsa.

Aperto diversas vezes o botão para destravar a tela e nada. Não acredito nisso.

— Tá de brincadeira com a minha cara? – Pergunto encarando o céu negro, vendo os relâmpagos clarearem algumas partes.

Respiro fundo, dou uma olhada para meus saltos. De jeito nenhum vou estragar um Jimmy Choo, mas também não posso sair descalça. Solto um suspiro forte abrindo a porta do carro, soltando alguns palavrões.

O vento forte açoita meu corpo, a chuva me deixa encharcada em poucos instantes, sigo para o porta malas pegando o estepe e os acessórios

Encaro o pneu dianteiro, vendo que ele realmente está furado, bufo trazendo tudo para que possa trocá-lo. A fúria me domina por dentro, estou encharcada, com fome, cansada e ainda esses enjoos não passam. O médico tinha me avisado que poderia ser assim nos primeiros meses, respiro fundo pedindo ajuda aos céus para conseguir trocar logo esse pneu e finalmente ir para casa. Ponho o macaco por baixo do carro e começo a fazer força para erguê-lo.

Após um esforço terrível, minhas mãos doem, minha cabeça está a ponto de explodir, consigo retirar o pneu furado. Minhas mãos estão pretas de tanta graxa, mas continuo mesmo assim. Levanto-me pronta para colocar o pneu novo no lugar quando sinto mãos em volta da minha cintura.

— Tá precisando de uma ajudinha?

Viro vendo Jimmy parado em minhas costas, com um sorriso no rosto.

— Jimmy.

— Ana. – Diz todo simpático.

— Eu... – Respiro fundo. – Estou trocando o pneu apenas.

— Que hora mais infeliz para isso. – Diz rindo, ele retira seu casaco, ficando apenas com a camisa branca de mangas compridas. – Toma, vista isso.

— Jimmy.

— Sério Ana, você vai ficar doente, eu estava lá no café te olhando, eu termino isso rapidinho.

Sorrio, aceitando o casaco. Meu corpo treme de frio, seu casaco está quente, o que logo me faz suspirar.

Jimmy rapidamente deixa o pneu ruim de lado, pega o estepe colocando no lugar. Cinco minutos depois, Jimmy dá a volta no carro, colocando todos os itens em seu lugar, assim como o pneu furado.

— Prontinho.

Ele estende uma flanela para mim. Esfrego as mãos para retirar a graxa.

— Obrigada, acho que ficaria a noite toda aqui. – Digo sem graça.

Essa é a primeira vez que encontro com Jimmy depois de tudo, ele está como sempre sereno, um amplo sorriso nos lábios.

— Que tal tomarmos um café?

— Jimmy, não é uma boa ideia...

— Apenas um café e pôr o papo em dia eu juro.

Respiro fundo concordando, Jimmy me guia até a Starbucks, as pessoas conversam animadas, aninhadas no calor da cafeteria. Jimmy passa as mãos pelo cabelo afastando as gotas de água, reparo que estão maiores, pelo tempo que ficamos juntos ele sempre os manteve raspados, quase sem cabelo.

“Chasing Cars – Snow Patrol” domina as caixas de som, Jimmy aponta para uma mesa perto da janela de vidro.

Ele se senta arregaçando as mangas da camisa molhada, que agora estão transparentes e coladas em seu abdômen definido.

— Seu casaco. – Digo começando a retirá-lo.

— Não, fique com ele.

Mais um sorriso sem graça.

A garçonete vem toda cheia de risinhos, depositando dois Cappuccinos em nossa frente. Fazendo ambos sorrirmos constrangidos.

— Acho que eles ainda lembram de nós. – Jimmy sussurra pegando seu café e dando um gole.

— Jimmy, eu...

— Ana, fica tranquila. – Ele pega minha mão dando um leve aperto em meus dedos.

Retiro minha mão debaixo da sua.

— Eu entendo o porquê tudo aconteceu, sério mesmo.

— Jimmy, eu não queria que tivesse acontecido daquela forma.

— Sabe Ana, eu realmente achei que você fosse a mulher certa, sabe. – Ele viu que torci a boca. – Entenda, depois que tudo aconteceu eu realmente fiquei bravo com você. Mas passou.

Tomo um grande gole do meu café.

— Nicolas realmente gosta de você para brigar comigo. – Ele dá uma risada, encostando ao banco. – Sabe fui amigo dele por oito anos, e, por todo esse tempo nunca vi arrumar uma confusão por mulher, bem você sabe como ele é, ou era.

— É. – Murmuro, um peso toma conta do meu peito. — Eu preciso ir, realmente estou cansada.

— Sinto pelo que Ash fez com você.

Olho novamente para seu rosto, arqueando um pouco a sobrancelha. Jimmy sorriu, dando de ombros. O que me deixa ainda mais desconfiada.

— Ela tem uma língua grande, é bom em certos lugares, mas ela me contou o que fez.

Levanto retirando seu casaco passando-o por cima da mesa. – Muito obrigada pela ajuda. – Digo rudemente.

— Não foi nada... Ana, eu não tive nada com isso. – Jimmy responde à pergunta que roda minha mente. – Mas concordo com a Ashley, o fruto não cai muito longe da árvore.

Jimmy encosta no banco, tomando um gole do seu café, seus olhos estão sarcásticos, verdade é a última coisa que ele demonstra.

— Você não sabe de nada. Sinceramente foi bom ter encontrado você, me serviu para mostrar que eu não fiz a coisa errada. E faria tudo de novo, como você mesmo disse, eu não sou mulher para você. — Disse encarando seus olhos. — E você não era o Nicolas, se é que me entende.

Jimmy me olha com um sorriso sarcástico. – Espero que seja feliz.

– Digo o mesmo. Você merece uma mulher que esteja acima de suas expectativas, mas sugiro que pare de comer vadias sem escrúpulos como Ashley.

Ele solta uma gargalhada, viro as costas e encaro a chuva novamente, correndo a pequena distância até meu carro, seguindo finalmente para minha casa.


Capítulo 39

Nicolas White


Foram dias infernais, não consegui que ninguém me substituísse no voo, o que me obrigou a cumprir minha rota até Espanha. Conseguindo finalmente pisar em Nova York na quinta-feira à noite, assinei o último formulário pronto para pegar minha bagagem quando cruzei com Jimmy, por um momento trocamos alguns olhares.

Jimmy lançou um olhar indiferente para mim. – Nicolas.

— Jimmy. – Respondi na mesma forma, eu sabia que alguns colegas olhavam curiosos, ávidos para ver tudo e ter o que fofocar depois.

Suspirei, aquilo era do caralho, uma situação chata. E totalmente irônico, brigamos por uma mulher e hoje nenhum de nós estava com ela.

Jimmy olhou o relógio no pulso, deu um sorriso. – Mande um beijo para Ana.

Encarei friamente. – Acredito que você sabe que não mandarei beijo nenhum.

Ele virou para mim ainda sorrindo. – Tudo bem, eu tive essa oportunidade. – Respondeu rindo.

Empurrei seu peito, fazendo com que ele cambaleasse para trás, Jimmy ergueu as mãos em sinal de redenção, sorrindo. – O que você disse?

— Que eu tive oportunidade de estar com ela, por breves minutos, mas ela continua a mesma gostosa de antes.

Agarrei na gola de sua camisa, puxando a gravata. – Fique longe da minha mulher. Você entendeu? – Praticamente rosnei perto de seu rosto.

— De certa forma isso soa extremamente irônico, não Nicolas?

— Na verdade, você devia pedir isso para o além, não tenho culpa que Ele a coloque no meu caminho. – Ele torceu a boca, sorrindo ainda mais. — Um dia de muita chuva em Nova York, um velho conhecido, um casaco quente, você sabe.

— Não brinque comigo, Jimmy. Hoje não existe mais nada que me detenha de quebrar novamente seu nariz.

— Eu sei bem, já a palavra “amigos” não te impede de nada.

Ergui um pouco seu corpo pelo pescoço. – Não teste minha paciência.

— Você deve saber a resposta. Vai se foder!

Fechei o punho em sua camisa com mais força.

— Caramba cara, é a segunda vez que tenho que tirar você de encrenca. – O braço de Jack envolveu meu pescoço fazendo-me soltar o de Jimmy.

Ele arrumou a camisa, ajeitou a gravata. – Controle seu amiguinho Jack, mas cuidado com sua mulher. – Disse piscando para mim e seguindo para o lado oposto.

— Fique na sua Jim, ou vou deixar Nicolas quebrar sua cara. – Jack gritou para ele.

Respirei fundo. – Pode me soltar.

— Cara, você quer arrumar uma carta de demissão? Tá maluco de brigar com ele aqui na empresa?

— Eu quero que ele se foda.

— Ah e nada melhor que um soco seu seguido de sua demissão? Fique calmo, cara.

Passei as mãos pelo cabelo, controlando meu gênio. – Tá certo, eu preciso ir.

— Se cuida, cara.

— Você também.


Eu vi quando Ana saiu de um carro luxuoso, deu um sorriso para trás e veio andando em direção ao seu prédio. Sua bolsa pendurada no ombro, ela estava com um vestido branco, seus cabelos estavam soltos balançando com a brisa fria da noite como se tivessem vida própria.

Lembrei de como era a sensação de tê-los em minhas mãos, de vê-los espalhados pelo travesseiro enquanto ela dormia. Minha vontade era de sair correndo dali e agarrá-la, beijar sua boca sem deixar que Ana falasse nada. Meu corpo doía pela falta que o seu fazia, não só pelo sexo e agora eu percebia que a parte insana do desejo mesmo latente pela saudade, não era nada comparado à vontade de tê-la para mim, de ter minha mulher de volta.

Olhei para seu ventre, por incrível que pareça, dois meses sem colocar os olhos nela foi possível ver que o quadril dela estava um pouco mais largo, mesmo que poucas as mudanças estavam ali. Desencostei um pouco do carro arrumando a postura, e foi aí que ela me notou. Seus olhos grudaram nos meus, ela parou sua caminhada e um singelo sorriso apareceu por alguns instantes em seus lábios.

Ela voltou a caminhar parando a poucos passos de mim.

— Ana.

— Oi. – Ela sussurrou afastando uma mecha de seus cabelos.

— Consegui voltar hoje, não consegui ninguém para me cobrir. – Expliquei.

Seus olhos estavam grudados nos meus, ela mordia um pouco o lábio inferior.

— Eu... Estava jantando com Ângela, — Ana desviou o rosto para a entrada do prédio. – quer subir?

— Eu acompanho você até seu apartamento, infelizmente não posso ficar.

Eu queria morder minha língua por dizer isso, eu era um babaca, ela estava me convidando para subir e eu soltava uma dessas?

Calma Nicolas, devagar, foco no prêmio. – Sussurrei para mim mesmo.

— Ah, tudo bem.

Vi a expressão de Ana morrer um pouco e isso me alegrou, ela queria que eu tivesse aceitado.

O caminho até seu apartamento foi em total silêncio, esperamos que o elevador chegasse ao térreo nos contentando com algumas trocas de olhares, eu analisei o corpo de Ana sentindo praticamente um suor escorrer pela minha testa de desejo. Dentro do elevador as coisas não melhoraram, Ana me olhava pelo canto dos olhos, aquele espaço fechado, o perfume dela circulando como se fosse o mais doce dos venenos atraindo sua presa estava ficando demais.

Faltavam quatro andares para seu aparamento. Três... Engoli em seco pegando-a pela cintura e prensando-a contra a parede, colando meu corpo no seu. Ela soltou um gemido, suas mãos agarraram meus cabelos, sentia sua respiração entrar pela minha boca entreaberta. Dois andares... Apertei mais firme sua cintura, chegando mais perto, meu membro roçava em sua barriga mostrando que estava pronto, a ponta da minha língua roçou de leve a boca dela, o que trouxe seu gosto para mim e fez com que Ana soltasse um suspiro fechando os olhos.

O elevador parou com um tranco leve, o apito soou indicando que tínhamos chegados, assim como as portas se abriram. Respirei fundo me afastando, olhando os olhos de Ana arregalados de desejo.

— Eu queria apenas saber se você estava bem. – Olhei em direção a sua barriga, colocando minhas mãos ali. – Se vocês estão bem.

— Eu... Nós... Hum... – Ana engoliu em seco ainda olhando para mim.

– Estamos bem.

Soltei seu corpo, dando um passo para trás, mantendo a porta do elevador aberta para que ela passasse.

— Eu gostaria de acompanhar você na consulta, se não se importar.

— Claro, eu passo o dia e o horário para você.

Ana estava desconcertada, segurei o riso. Eu iria atingi-la de tantas formas que ela iria enlouquecer de desejo.

Ana deu um passo dividindo o espaço comigo, olhando de minha boca para meus olhos. Fingi ser o mais inocente que consegui. – Desculpe por aquilo. – Sussurrei passando as mãos no cabelo, eu sabia que isso a afetava. – Não queria, você sabe. Não vou beijá-la.

Ana recuou, sua boca se comprimiu torcendo minimamente para baixo.

Eu me permiti sorrir.

— Hoje eu não vou beijá-la. Na verdade, por enquanto. – Disse piscando para ela e vendo a porta do elevador se fechar, deixando uma Ana contrariada e com cara de poucos amigos no corredor, enquanto eu gargalhava dentro do elevador.


Porque tudo de mim

Ama tudo de você

Ama as suas curvas e seus contornos

Todas as suas imperfeições perfeitas

Me dê tudo de você

Eu darei tudo de mim para você

Você é o meu fim e o meu começo

Mesmo quando eu perco estou ganhando

Porque eu te dou tudo de mim

E você me dá tudo de você


(All Of Me – John Legend)


Capítulo 40

Ana Suarez


Ângela quis comemorar a notícia dos gêmeos, eu ainda estava digerindo isso, saber que eu estava gerando não uma, mas duas crianças, era para deixar qualquer um maluco. Minha primeira reação quando descobri foi querer ligar para ele, mas me segurei. Isso não era um assunto para se tratar por telefone.

Depois de sua mensagem dizendo que estava voltando não tive mais contato com Nicolas, na verdade, esperei, mas com o passar dos dias o desânimo estava me dominando. A questão é que com os hormônios da gravidez eu ia de extremamente feliz para deprimida em instantes.

Eu fui insegura, tola, para não dizer coisa pior. Mas quem com o currículo que o namorado tinha não tacaria primeiro a pedra para depois perguntar se era inocente ou não? Bem, eu fui assim, e, me arrependia. Mas percebi que eu finalmente poderia responder o questionamento que nos fiz na última vez que nos encontramos.

Será que o amor era suficiente para passar por cima de tudo? Sim, ele seria, ele era. De que adianta eu ser dona da razão se não tenho a pessoa que tira o meu chão comigo? Do que adianta viver com esse receio sendo que o que eu sempre fiz foi me entregar para aquele homem? Se todos os meus relacionamentos foram para a privada por simplesmente não ser ele. Existem pessoas que somam algo em sua vida, te completam por algum período, mas não complementam sua vida. Nicolas me completava, me complementava.

O jeito como sua barba por fazer arrepiava meu corpo, o jeito que ele costumava me agarrar, suas mãos fortes, me deixando marcada como dele. O gosto selvagem de nosso beijo e do nosso sexo, a forma estúpida que ele tinha de levar tudo na brincadeira, mas que sempre conseguia me acalmar. Mas as lembranças pareciam ervas daninhas, sugando tudo, se enrolando nas lembranças, deixando um gosto amargo para trás.

E mesmo ele longe, esse desejo, essa sede de tê-lo não passava, e suas garras pareciam fundas dentro de mim, seu cheiro ainda marcado em minha pele como tatuagem. Porque uma coisa que nunca me abandonava era a ausência e a saudade dele de tudo que foi nosso, que poderia ter sido, queimando em meu peito, de forma que somente ele poderia curar.

Quando tudo se acende como uma luz dentro de sua cabeça a única coisa que você pode fazer é contemplar as merdas feitas no escuro. Quando Nicolas estava pronto para realmente se entregar em um relacionamento, ser de uma mulher. Ser meu, eu agi como uma tola e joguei isso fora, já o sentenciando pelo que fez há dois anos.

A pergunta era, será que Nicolas poderia ainda ser meu?


Senti o calor do olhar antes mesmo de confirmar que ele estava parado em minha frente, um arrepio de puro prazer balançou meu corpo e eu soube que era ele. Nicolas estava maravilhoso, sua camisa branca agarrando os músculos definidos de seu corpo, a jaqueta de couro em uma das mãos, deixei meus olhos percorrerem por seu corpo, indo dos sapatos pretos, a calça justa nas pernas... Só isso já tinha me feito corar, como eu queria aquele corpo sobre o meu, mal notei que estava com um sorriso no rosto ou que tinha parado de caminhar.

Eu vi apenas uma sugestão de bronzeado pela gola da camisa, seu cabelo loiro estava um pouco maior, caindo displicente por seu rosto. Sua barba estava maior também, modelando o sorriso em seus lábios. Eu queria tocá-lo.


Não prestei a mínima atenção no que eu falei, só sei que foi automático e eu o convidei para subir. A eletricidade dentro do elevador estava palpável, ninguém trocava uma palavra, pelo canto do olho eu via o sorriso cretino de Nicolas, fazendo minhas entranhas se contorcerem, eu estava a ponto de atacá-lo quando ele me empurrou para a parede, prendendo meu corpo com o seu.

A respiração ficou esquecida em minha garganta, quando avancei tentando sentir os lábios dele nos meus a porta do elevador abriu e ele se afastou. Nicolas apoiou o ombro no vão da porta, evitando que ela se fechasse, as mãos enfiadas nos bolsos da calça.

– Desculpe por aquilo. Não queria, você sabe. Não vou beijá-la.

O fato dele passar a mão jogando o cabelo para trás me fez comprimir os lábios, recuei parando no meio do corredor encarando seu rosto.

— Hoje eu não vou beijá-la. Na verdade, por enquanto. – Disse piscando para mim, com um sorriso cretino, abri a boca para mandá-lo para aquele lugar, vendo a porta do elevador se fechar, mas consegui escutar sua risada. Grande filho da puta!

Entrei em meu apartamento batendo a porta com o pé, mas nos lábios um grande sorriso por ter visto meu Nic.


Capítulo 41

Nicolas White

 

Liguei o som alto, deixando que a música acabasse com o silêncio do meu apartamento. Uma cerveja em minha mão e o olhar vago, nessa brincadeira de mexer com Ana, eu mexi comigo também, era inevitável, impossível de não acontecer. Tomei um gole da cerveja olhando para as luzes de Nova York, admirando aquela vista e me deixando levar por pensamentos, exatamente dois anos e meio atrás.


Tinha tomado um banho rápido, Greg tinha encontrado um novo lugar para suas paqueras e queria minha companhia, eu estava morto, tinha acabado de retornar do Brasil, uma viagem que só poderia ser descrita como sensacional, se um dia eu pudesse retornaria com certeza, as brasileiras tinham sangue quente, corpos curvilíneos e muito requebrado.

Joguei a toalha longe, passando os dedos de leve pelo cabelo, sorrindo para o espelho ao ver meu olhar sem vergonha ali.

O bar ficava um pouco afastado do centro, Greg já ocupava uma pequena mesa, três copos estavam esperando, sorri mexendo com uma loirinha que estava na porta com as amigas seguindo até a mesa.

— Nicolas White, até que enfim apareceu. – Greg se levantou me cumprimentando.

— E aí cara, quanto tempo.

Ocupei a cadeira perto da parede, onde poderia olhar para o público feminino animado por conta do álcool.

— Verdade você sumiu, como anda as viagens?

— Tudo perfeito. – Disse com um largo sorriso. – Mulher é o que não falta.

Ele riu pegando sua garrafa, completando o copo de cerveja.

— Eu chamei uma amiga, espero que você mantenha suas bolas longe. – Ele próprio riu do que falou, isso era meio impossível. – Ela não é para seu papo de cantadas furadas.

— Mulher é mulher, meu amigo. – Tomei um gole da cerveja, deixando o l íquido gelado descer pela minha garganta, suavizando um pouco do calor que estava sentindo.

– A questão é pegar de jeito, uma boa pegada te rende uma foda fantástica.

“Feels – Calvin Harris” tocava alto pelos alto-falantes, fazendo os frequentadores do bar se mexerem no ritmo da música. Greg deu um aceno, fazendo eu me virar para trás. Meus olhos foram direto para um par de pernas longas, coxas grossas apoiadas com elegância em um par de saltos altos caros. Eu adorava uma mulher de salto, ainda mais se tivesse totalmente nua, apenas com os saltos nos pés.

Deixei meus olhos subirem por aquelas coxas grossas, a saia colada no quadril largo, a blusa branca com um decote profundo clamou pelo meu olhar, assim como as duas montanhas levemente aparentes pelo decote. “Que bela diversão eu poderia ter ali”, comprimi a boca num sorriso de canto imaginando como seria ter aqueles seios em minha boca ou então me pagando uma excelente espanhola, ou até mesmo prensar esse corpo na parede apertando seu quadril e metendo com força.

— Pare de encarar Nicolas, eu falei. Mantenha suas bolas longe. – Greg chamou minha atenção.

Tomei mais um gole da minha cerveja vendo aquele pedaço de pecado andando confiante até nossa mesa. Cara eu ainda iria me fingir de gay apenas para conhecer essas mulheres, juro por Deus.

Greg se levantou, trocou um cumprimento seguido de abraço com ela e então se virou para mim. Continuei sentado, totalmente relaxado. Ela me lançou um olhar indiferente, como se eu não fosse nada de mais, o que devo dizer mexeu com meu ego. Espera aí, olha para o garotão aqui, nada de mais é a última coisa que uma mulher pensa e olhares indiferentes não rolam com Nicolas White senhorita.

— Ana esse é o Nicolas. Nicolas, essa é a Ana. – Greg me lançou um olhar que me fez rir.

Passei a língua pelos lábios, umedecendo-os. – Muito prazer, Ana.

Ela deu um sorriso, sentando-se de frente para mim, sua atenção voltada para Greg.


Com o passar da noite, colhi algumas informações daquela mulher. Ana era totalmente independente, trabalhava numa editora renomada, editora de romances. Tá essa parte fez perder alguns pontinhos comigo, uma mulher que vive rodeada de livros com finais felizes, e homens curvados para mulheres só podia dizer que ela era uma das que acreditavam nos príncipes encantados.

Tomei um gole da minha segunda cerveja. – Então Ana... – Disse chamando sua atenção.

Ela fixou os olhos castanhos em mim assim como Greg.

— Você é editora de romances?

— Sim.

— E que tipo de mulher você se encaixa? Nas que se perdem com romances de princesinhas ou as safadinhas dos romances eróticos?

Ela estreitou os olhos para mim, tomou um gole do seu Martini. – Eu gosto de finais felizes.

Merda!

Ela esboçou um sorriso maior. – Quando eles são na minha cama. – Completou erguendo o queixo em desafio.

Ah meu bem, você falou as palavras mágicas.

— Interessante. – Comentei sorrindo.


Eu odiava voos comerciais, sério preferia voar até a Tailândia, mas não me coloque em voos com crianças chorando às dez da manhã, com velhos reclamando do serviço de bordo. Apertei minha têmpora tomando o último gole de minha água. Jimmy já realizava todos os procedimentos para a decolagem e eu ainda estava parado na cozinha da classe econômica, minha dor de cabeça não tinha passado com a aspirina, as duas noites mal dormidas estavam cobrando sua vingança. Mas eu não estava reclamando, de maneira nenhuma , a inglesinha me deu uma noite de muito prazer, meu pau estava quase falecido dentro de minha cueca, acho que tinha esvaziado o estoque de porra por um mês.

Entreguei minha garrafa de água para Nadia que abriu um amplo sorriso. Essa era outra.

Ah, mulheres vocês ainda vão acabar comigo, – pensei sorrindo. – ou eu vou acabar com vocês.

Ajeitei o terno pronto para tomar meu lugar de piloto quando algo chamou minha atenção, foi uma sensação estranha, como um aperto no estômago, virei meu rosto olhando para os passageiros e lá estava ela. Suas pernas estavam cruzadas, a saia deixava um pequeno vão para minha imaginação viajar, sua blusa social ao contrário daquela noite estava com todos os botões fechados, o cabelo cor de mogno estava preso em um rabo de cavalo, deixando ondas soltas por seu ombro.

Ela ergueu os olhos largando os papéis que analisava sobre o colo e ali estava, os olhos fixos nos meus, o olhar indiferente vacilou um pouco, assim como notei que ela passou a língua pelos lábios, umedecendo aquele pedaço de carne que eu queria tanto morder.

Na noite em que nos conhecemos eu tentei encurralar Ana perto dos banheiros, dando a desculpa que estava indo para o bar, o local lotado me ajudou muito, mas sai com um pé no traseiro quando ela sorriu, passou a mão pelo meu peito e disse que eu tinha cara de babaca. Deixando-me ali parado, tentando entender o que tinha falado de errado para ela não cair na minha lábia, também me lembro da mulher que estava um pouco afastada olhando para mim com desejo e de como ela sussurrou em meu ouvido que se a Ana não queria ela estava esperando.

Lógico que a frustração me dominou quando Ana se despediu e foi embora, me deixando com um tesão reprimido, mas por sorte a loirinha oferecida ainda estava lá, doida atrás de sexo, obviamente, também frustrada por não encontrar ninguém. Dois sorrisos, uma aproximação determinada e em poucos minutos ela estava me pagando um boquete sensacional dentro do meu carro. Valeu à pena, ela me fez gozar e se contorceu satisfeita em cima de mim...

Sai dos meus pensamentos olhando para Ana mais uma vez, ela sustentava meu olhar, bati dois dedos no quepe como um cumprimento militar e virei às costas.

Eu iria comer essa mulher.


Ana estava com o rosto colado na parede, eu segurava firme sua bunda, metendo como um louco para gozar em cima dela. Nunca duvide de Nicolas White, demorou mais do que previsto para levá-la para onde estávamos, mas eu sempre conseguia o que queria, a regra dos cinco estava ali, iria curtir mais algumas fodas e depois tchauzinho baby. Ela gemia de forma sensual, as mãos espalmadas na parede, recebendo todas as minhas profundas estocadas, porra de mulher gostosa e viciante, tínhamos nos encontrado de novo durante viagens e mais uma vez eu não resisti e precisei comê-la no hotel.

Ana parecia tão faminta quanto eu, sexo nunca acabava na primeira gozada para nós, eu era duro e isto a instigava ainda mais, ela não fazia joguinhos, transávamos, ela se recompunha depois ia embora. Na primeira vez que ela fez isso, eu estava deitado preguiçosamente na cama, ela estava encaixada em meu corpo em silêncio, não era algo ruim, estava em um silêncio confortável.

Eu comecei a pensar que desculpa usaria para que ela seguisse para seu próprio hotel, mas então ela levantou, vestiu sua roupa íntima, o vestido, os saltos, ajeitou meramente o cabelo e se despediu. Deixando-me deitado nu, apenas coberto pelo lençol. Isso me incomodou, fiquei bons minutos remoendo isto até que por fim aceitei. E as outras vezes foi exatamente assim transávamos, conversávamos um pouco e ela ia embora.


Parei encostando na porta esperando que ela abrisse. Ana abriu a porta de seu apartamento, deixando que eu entrasse, sorri contemplando seu corpo, eu adorava quando ela exibia as pernas, assim como hoje com esse short curto.

— Eu estou terminando de arrumar o jantar.

— Eu trouxe cerveja e sorvete. – Anunciei sacudindo as sacolas.

— Ótimo, coloque na geladeira, eu já estou indo. – Gritou da cozinha.

Nessa noite jantamos, rimos, eu servi o sorvete para nós “Fetish – Selena Gomez” tocava ao fundo, quebrando o silêncio.

— Você nunca pensou em sair dessa vida?

Levantei os olhos do meu pote, olhando para Ana, ela chupava sua colher comendo o resto do sorvete de morango, o que fez meu pau se mexer dentro da calça.

— Nunca pensei nisso. – Dei de ombros. – Por que da pergunta? Quer entrar para o clube “amarra Nicolas White”? – brinquei.

Ela sorriu abandonando sua sobremesa.

— Se um dia eu quiser algo, não peço permissão. Eu simplesmente pego. – Disse olhando no fundo os meus olhos.

— Interessante, eu, por exemplo, adoraria ver seu corpo coberto de sorvete.

Lambi o canto da boca, fazendo-a direcionar seu olhar para minha boca.

— Como eu disse, eu não peço, eu pego. – Ela retrucou enrolando uma mecha de seu cabelo nos dedos.

Nesta noite terminamos pelados e grudentos de tanto sorvete, mas completamente satisfeitos com nosso sexo. Estava se tornando fácil estar com Ana.


Ainda não sabia o que me fez parar em frente do seu prédio.

Olhei mais uma vez para entrada, a chuva açoitava o vidro do carro. Que se foda. Sai em disparada, fugindo da tempestade. Sorri para o porteiro que já me conhecia, seguindo para os elevadores, pensando mais uma vez na atitude. Passava das duas e meia da madrugada quando parei em frente a porta da Ana e toquei a campainha.

Ela abriu a porta, seus cabelos estavam despenteados, o rosto indicando que estava dormindo. Vestindo apenas uma camisola curta, os seios demarcavam o tecido leve me dando água na boca.

— Nicolas?

— Você estava dormindo.

— Sim... Quer entrar? Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu. – Disse passando as mãos pelo cabelo molhado.

Ana deu um passo para o lado permitindo que eu passasse. Era quase um absurdo como ela estava sexy para caralho com aquela cara de sono, os cabelos bagunçados, os pés descalços.

— Nicolas? – Perguntando fechando a porta e se aproximando de mim.

Puxei-a pela cintura, empurrando para o sofá, derrubando-a sobre ele, deixando seu corpo de costas para mim. Suas mãos espalmadas no encosto, sua bunda exposta, ela estava completamente nua por debaixo da camisola. Aquela boceta depilada, ali amostra para mim...

Arranquei minha blusa, caindo de joelho em suas costas, agarrei sua bunda com ambas as mãos, traçando um caminho de beijo sobre sua bunda, desci minha língua chupando seu sexo exposto. Deliciando-me com os gemidos que ela soltava, Ana rebolava em minha boca, afundando a bunda em minha cara, me fazendo gemer junto com ela de tesão. Dei uma mordida em sua intimidade, me afastando.

— Diga Ana.

— O que? – Questionou ofegante.

— Você quer isso. Quer que eu foda você? Quer meu pau bem fundo em você?

— Sim!

Levantei-me com um pulo arrancando os sapatos e o resto de minhas roupas, colocando o preservativo em meu pau, Ana encarava todas as minhas atitudes, mordendo o lábio em expectativa, abriu mais as pernas para mim, empinando ainda mais sua bunda.

Enfiei meus dedos dentro dela, testando sua umidade, Ana estava sedenta, tão cheia de desejo como eu, quando cheguei aqui. Deslizei para dentro dela gemendo quando sua boceta comprimiu meu pau. O prazer era como mil volts passando pelo meu corpo.

Sai de dentro, fazendo-a gemer contrariada, estoquei fundo nos levando para frente e não parei, eu estava sendo bruto, mas ela não se importava, a cada estocada firme em seu sexo ela gritava de prazer, fincando as unhas em meu joelho, pedindo por mais.

Fazendo nossos corpos tremerem no mesmo instante...


Entrei no quarto tirando a gravata, estava realmente cansado, Ângela e Paul deram uma festança de casamento. O excesso de champanhe já subia para minha cabeça deixando-me leve, olhei para o quarto sentindo falta de Ana, andei notando que a sacada estava aberta, ela estava de costas para mim, seu vestido voava em volta de si com o vento gelado que vinha do mar, a lua estava perfeita, iluminava a pele dourada de Ana. Senti um nó em minha garganta, estava começando a sentir coisas estranhas perto dela, coisas que não conseguia sentir com as outras mulheres que ficava e isso estava me incomodando.

Quando Ana pegou o buquê e olhou em minha direção com um enorme sorriso eu percebi que aquilo tinha que acabar. Ana mesmo não demonstrando sonhava com príncipes e casamentos, romance e tudo que isso envolvia, e eu só queria curtir minha vida. Ela se virou notando que estava parado no meio do quarto, caminhou com um sorriso lindo no rosto, vindo em minha direção. Seus braços circularam meu pescoço.

— Você demorou.

— Eu estava me despedindo do irmão do noivo, cara maluco. – Disse com um falso sorriso.

— Tudo bem? – Ela questionou beijando minha bochecha, meu pescoço, minha testa.

Engoli um pouco mais o nó em minha garganta. – Sim, acredito que seja a quantidade de álcool. – menti.

Não tinha contado para ela que o motivo de minhas malas não estarem desfeitas como as dela, era que assim que ela dormisse eu iria embora. Agindo como o babaca que ela me chamou em nosso primeiro encontro, mas eu não quero romance e Ana estava confundindo e fodendo com meu psicológico.

Ana estendeu a mão tirando minha gravata e o terno, abrindo os botões de minha camisa com um sorriso sedutor nos lábios. Ah, monstrinha, ela era uma bruxa, mexendo com meus sentidos e fodendo comigo.

— Eu acho que poderíamos, você sabe, seguir outro caminho... – ela sussurrou em meu ouvido.

— Outro caminho?

— Sim, estamos há quatro meses nisso. Eu disse que se queria algo eu tomava para mim.

Ela se afastou olhando para meus olhos se agachando, ficando de joelhos, seus olhos fixos nos meus. – Eu quero você Nicolas. Seja meu.

Aquilo me fez congelar, eu já sabia disso, mas preferi ficar na ignorância, o sexo era fantástico com ela e eu não queria perder a coisa que criamos. Ana enganchou seus dedos em minha calça livrando meu pau dela e da cueca de uma vez, sua boca envolveu-o como veludo, doce e com chupadas leves e movimentos precisos.

Um gemido escapou de minha garganta, chamando seu nome. Inferno, uma última vez e então eu iria embora. Olhei para baixo olhando com seriedade para Ana chupando deliciosamente meu pau, vendo-o sumir dentro de sua boca, me dando um tesão do caralho...


Ana dormia tranquilamente ao meu lado, seu cabelo se espalhava como uma cortina castanha pelo travesseiro, seu braço estava sobre meu peito. Tirei delicadamente ajeitando-o perto de seu rosto, saindo da cama sem fazer barulho. Recoloquei minhas roupas em silêncio, ainda olhando para seu corpo nu, sentindo um aperto estranho no peito.

Eu sabia que depois disso ela nunca mais olharia para mim, eu estava chutando seu traseiro e nem dizendo tchau. Mas tinha que ser assim. Escrevi um pequeno bilhete dizendo que tinha que ir embora, que foi excelente o quanto durou, desejando que ela fosse feliz e que a adorava.

Sério, eu merecia um soco.

Deixei o papel no criado-mudo, seu nome virado para ela, algo para que visse assim que abrisse os olhos, carreguei minha mala para fora do quarto fechando a porta e entrando no táxi que me aguardava na entrada do hotel.


Talvez eu não tenha te tratado

Tão bem quanto eu deveria

Talvez eu não tenha te amado

Com tanta frequência quanto poderia

Pequenas coisas que eu deveria ter dito e feito

Eu simplesmente nunca tive tempo

Você sempre esteve em minha mente


Diga-me, diga-me que seu doce amor não morreu

Me dê, me dê mais uma chance

Para mantê-la satisfeita, satisfeita


(Always On My Mind – Elvis Presley)


Capítulo 42

Ana Suarez


Acordo suada, a respiração está presa na garganta. Malditos hormônios da gravidez e maldito Nicolas White, mais uma vez minha noite de sono foi arruinada por ele. Se infiltrando em meu sonho como um fantasma, uma sombra.

Puxei as cobertas até o pescoço, me encolhendo na cama, torcendo para que o sono voltasse.


Respirei fundo lançando tudo para o lado e me sentando na cama, olhei o celular vendo que já se passava de uma hora razoável, logo o sol iria surgir por entre os prédios. Mas não dava mais para continuar ali, corri para o banheiro prendendo meus cabelos em um rabo mal feito mesmo, vesti uma calça de moletom e o casaco, correndo porta a fora.

Enquanto perambulo de carro pelas ruas desertas de Nova York percebo que os olhos azuis me perseguem mesmo acordada. Paro em frente ao prédio de Nicolas, contemplando minha maluquice, tudo bem cheguei até aqui. E? Bateria na porta dele, inventaria uma desculpa absurda para entrar e o atacaria?

Ri de meus pensamentos, abri o porta-luvas do carro vasculhando entre os papéis e objetos jogados por ali, então encontrei, agarrei aquele molho de chaves como se fosse minha vida. Puxei o gorro do casaco escondendo meu rosto o quanto foi possível, a portaria estava vazia, sai correndo pela calçada, cruzando o hall de entrada a mais silenciosa possível, como um bom assaltante faria. Respirei aliviada quando abri a porta do elevador me escondendo naquela caixa de metal, a viagem até o vigésimo andar foi de ansiedade e borboletas no estômago.

Estava comprovado, eu era uma maluca.

O elevador para no andar de Nicolas, o apito soa alto pelo corredor. Sai o ainda analisando a possibilidade de voltar para casa, onde estava com a minha cabeça? Não. Se cheguei até aqui irei até o final, mesmo que seja para apenas olhar ele dormir.

Eu poderia ter ligado, ele iria ao meu encontro... Ah que se dane, coloquei a chave destravando a porta.

O apartamento estava todo apagado, fui pé ante pé pelo apartamento, tentando evitar possíveis trombadas com os móveis. A última vez que estive aqui não tinha se tornado uma boa lembrança, passei pelo corredor seguindo a luz fraca que saía pela porta do quarto, espiei um pouco vendo que o mesmo silêncio se estendia por ali.

Abri tomando cuidado para a porta não ranger, dando aos poucos a visão que vim buscar. Nicolas esparramado na cama, seu corpo meramente coberto com o lençol branco, as pernas torneadas estavam para fora, os braços dobrados embaixo da cabeça.

Andei até a ponta da cama, meus dedos coçavam para tocar nele, sentir sua pele, assim como minha boca ficou seca, como se ele fosse à água que eu estava necessitando. O perfume caro que ele usava invadiu meus sentidos, dominavam o quarto, me abraçando, me enlaçando para ele.

— Amo tanto você. E, seu amor me assustou, acredito que eu estava acostumada com seu jeito despreocupado Nicolas e quando mostrou seu sentimento... Não sei... – Não contive meus dedos, passei de leve por suas costas, vendo aquele pedaço de pele se arrepiar.

— Você mudou meu mundo, você entrou com seu jeito cafajeste e levou meu coração embora, por dois anos eu fiquei te comparando com cada carinha insignificante que passou pela minha cama.

Nicolas continuava dormindo tranquilamente, minha vontade de desabafar ficou maior.

— Desculpe por duvidar de você, mas quem pode culpar, quando falamos de amor nos tornamos burros. – Soltei uma risada baixa, quase inaudível. – Eu não sinto sua falta apenas, meu coração dói todos os dias porque você não está perto. E agora temos eles...

Suspirei colocando a mão em meu ventre, eu não contei para Nicolas sobre os gêmeos, ele sabia da gravidez, mas não fazia a menor ideia que eram gêmeos. Deus. Nem eu estava ainda totalmente crente disso!

Eu não podia ficar ali falando com um Nicolas adormecido, era melhor agir com calma. E eu ainda não tinha me esquecido do joguinho dele no elevador, maldito conquistador, como eu desejei aquele beijo e ele sabia, pude ouvir um pouco de sua gargalhada quando as portas se fecharam.

Virei às costas seguindo para o corredor.


— Eu perdoo você.

O calafrio tomou meu corpo, olho por cima do ombro para o quarto. Nicolas estava esfregando os olhos, sentado na cama.

— O que você faz aqui esta hora? Veio apenas dizer tudo isso para mim? – Ele questiona. – E ainda não me acorda?

Viro, ficando de frente para ele. – Eu, estava perto. – Minto descaradamente, óbvio que ele percebe. – Estava com desejo.

Nicolas ergue a sobrancelha. – E atravessou a cidade para isso?

— Desculpe por invadir sua casa.

— Não é uma invasão quando você tem a chave, suponho. – Nicolas dobra as pernas, apoiando os cotovelos nos joelhos e esse simples movimento faz o lençol cair, revelando seu corpo completamente nu.

É involuntário, meu olhar varre seu corpo como um animal pronto para dar o bote, justo hoje ele decidiu dormir assim?

— Aproveitando a vista? – Ele brinca.

— Eu, bom... É uma bela vista. – Respondo descarada.

Nicolas sai, engatinhando até a ponta da cama, ficando próximo a mim, o sorriso sem vergonha está ali.

— Então você ainda me ama? – Ele provoca, sinto sua mão agarrar minha cintura, um arrepio enorme percorre meu corpo.

— Mais que tudo nessa vida. – Digo. – Eu esperei você mesmo com ódio, mesmo querendo quebrar sua cara depois do que fez comigo naquele hotel. Mas mesmo assim eu te amei, amei tanto para não deixar de pensar um maldito dia sequer em você.

— Eu também amo você, monstrinha. Agora eu percebo que foi desde o primeiro olhar, aquele olhar indiferente que me lançou, ali você levou meu coração embora. Eu me arrependi de tê-la deixado naquele hotel no mesmo instante que tomei a decisão, mas fui fraco. Preferi a vida que conhecia, do que a agradável mudança. – Ele passou as mãos pelo meu rosto.

Ele colou seu corpo ficando em pé na minha frente, meu rosto firme em seu aperto, nossos olhos colados um no outro. – Uma vez você disse que não pedia permissão, que tomava aquilo que quisesse para você. – Seus olhos estavam selvagens, meu corpo tremia, eu estava sem ar. – Uma vez você pediu para que eu fosse seu, me tome para você Ana, eu quero ser somente seu.

E eu estava o beijando, foi um beijo esfomeado, urgente, apaixonado. Nicolas me correspondia com a mesma intensidade, minhas mãos corriam pelo seu corpo, peitoral, ombros, cabelo, a barba que estava maior que o costume. Éramos como espelhos, ele refletia meus movimentos, arrancou meu casaco jogando longe, sua boca desceu sedenta para meu pescoço, lambendo, sugando para ele. Perdi o ar quando ele apertou meus seios por cima da blusa regata, não paramos, nossas bocas se tocavam com frequência enquanto ele tirava minha roupa jogando-as pelo chão do quarto.

Nicolas desceu sua boca pelo meio dos meus seios, dando leves chupadas nos mamilos, fazendo-me jogar a cabeça para trás. Sua boca parou em cima do meu umbigo e ali ele ficou dando leves beijos, passando a ponta dos dedos, como se tivesse conversando com nossos bebês.

— Linda... – Murmurou emocionado, fazendo lágrimas brotarem em meus olhos. – Eu amo você meu pequeno e amo ainda mais a cabeça dura de sua mamãe. – Sussurrou para minha barriga.

— Sobre isso... – Gaguejei.

— O que foi? Aconteceu alguma coisa? – Ele me olhou sério.

— São gêmeos. – Disse rápido, analisando seu rosto.

Vi os olhos de Nicolas se arregalarem e sua boca se abrir minimamente.

– Gê-me-os?

Concordei com a cabeça sorrindo, eu devia ter feito a mesma careta quando o médico me contou.

— Quando você descobriu? – Nicolas ficou de pé, nos puxando para cama, ficando no meio de minhas pernas.

— Na primeira consulta.

— Eu queria ter estado lá, ao seu lado. – Um semblante triste tomou o rosto dele.

Agarrei seu rosto trazendo-o para mim. – Podemos marcar uma nova consulta para esta semana, tenho certeza que o médico não se importará, está perto mesmo da próxima.

— Médico? Então você tem deixado outro homem brincar na minha área?

— Pare de ser ridículo, ele mal me olha.

Nicolas desce a cabeça parando no meio de minhas pernas, o sorriso matreiro está nos lábios, mas há um brilho especial em seus olhos. Sua língua começa a me percorrer por dentro, adorando-me, sugando tudo para si.

— Nic... – Estremeço, abrindo mais minhas pernas sem pudor.

Sua boca se fecha em meu clitóris, chupando forte, me fazendo revirar os olhos e agarrar enlouquecida seu cabelo. Escuto-o gemendo, mas não me importo, seguro mais firme ao mesmo tempo em que ele se torna mais agressivo, duro, arrancando o primeiro orgasmo de mim.


— Eles estão bem? – Nicolas questiona deitado sobre mim, sustentando seu peso nos cotovelos.

— Nossos bebês estão mais que bem, agora termine o serviço. – Ameaço.

Ele sorri ao mesmo tempo em que mete com força dentro de mim, ambos estremecemos com a saudade que esse ato nos provoca.

— Eu quase morri de saudade disso, de nós. – Revela em meu ouvido.

— Eu também amor, eu também.

Nicolas para de se movimentar, seus olhos me encarando com paixão, desejo e amor. O desejo estava latente, absurdo, doloroso, como se tivesse cobrando os minutos, segundos, horas que ficamos longe um do outro.

Ele começou a se mover devagar, me tomando para ele, aumentando aos poucos o ritmo. – Amor...

Movi o quadril aumentando nosso contato, sugando o pau dele, me sentindo deliciada com a sensação de estar completa, sentindo o corpo de Nicolas se chocar forte contra o meu, sua boca sugando meu mamilo, enquanto eu gemia enlouquecida.

— Eu... Te... Amo

— Nicolas... – Choraminguei perdendo os sentidos com suas estocadas, busquei sua boca, beijando-o. – Te amo, sempre, para sempre.

Queimamos de desejo e amor, tentando recuperar tudo que a distância nos tomou, ele estava inchado, grande dentro de mim, pressionei minhas paredes em volta de seu pênis arrancando um gemido alto de Nicolas. No primeiro espasmo que meu corpo deu agarrando seu membro ele gozou, me levando junto com ele.


Capítulo 43

Nicolas White


Ana dormia de lado, espalhada entre os travesseiros. Parei encostando ao batente da porta, olhando seus cabelos espalhados como uma cortina por seu rosto, os lábios entreabertos. Fiquei lá, parado contemplando minha mulher, meus filhos. Ainda estava me sentindo fora de órbita desde que Ana me contou que estava esperando gêmeos.

Se eu tivesse escutado alguém me contar sobre isso há algum tempo, eu com certeza teria rido da pessoa, mas estava ali, a mudança clara e nítida para quem quisesse ver, acreditei um dia que só os tolos poderiam se apaixonar e ali estava eu, completamente apaixonado.

Contornei a cama devagar, até me agachar de frente para Ana, ela dormia tão tranquila que estava com pena de acordá-la. Depositei um beijo em sua boca, outro em seu pescoço, depois outro em sua barriga, sentindo que ela havia começado a se mexer. Levantei os olhos vendo Ana piscar algumas vezes e seus olhos se focarem em mim.

Ela suspirou sorrindo.

— Bom dia, dorminhoca.

— Eu dormi demais?

— Mais ou menos, eu estava entediado de esperar. – Confessei rindo.

Ana enrolou seus braços em meu pescoço, puxando-me para cima dela. – Eu poderia dormir o dia todo.

Sorri, beijando sua boca. Cara como eu senti falta disso.

— Trouxe seu café da manhã.

— Hum, estou morrendo de fome.

— Imaginei, você tem se alimentado direito? Espero que não esteja negligenciando comida aos meus filhos.

Ana arqueou a sobrancelha me encarando.

— Que foi? – Perguntei indo buscar a bandeja.

— Quem é você? Cadê o Nicolas? – Caçoou.

— Espertinha. Quero apenas que você se cuide.

— Paizão fique tranquilo. Com tudo que ando comendo é bom você aumentar a despensa, pois a daqui de casa já está pequena.

— Ótimo!

Pus a bandeja em seu colo, vendo seus olhos irem direto para o lanche e o pote com morangos. Roubei um fazendo uma ceninha com o morango em minha boca, atraindo automaticamente atenção de Ana para meu gesto.

— Se continuar me olhando assim eu vou entender que sua fome é outra, meu amor.

Ana abriu um autêntico sorriso.

— Como você descobriu Sr. White? – Perguntou de modo sarcástico, afastando a bandeja para o lado, me agarrando pelo pescoço.

Escorregando a mão de seu ombro para a parte interna de seu joelho, passando pela bunda, puxando sua perna para se enrolar em meu quadril. Dou graças a Deus que ela continua nua, mantenho todo o tempo meu olhar colado no dela.

Ana gira seu quadril pressionando seu sexo quente em mim, suas unhas pressas em minha pele.

— Então, eu serei seu café da manhã?

— Humm, que delícia, não? – Diz passando a língua de forma sensual pelos lábios.

Por um pequeno momento nos dois paramos e nos observar, toda uma conversa acontecendo em silêncio. Inclino beijando sua boca suavemente, seguindo todo caminho que sua língua fez há poucos instantes. Os lábios quentes se abrem convidando-me para si, deixando que eu os tome como quero. Diferente da necessidade que tivemos ontem, eu quero prová-la, quero apreciar cada pedaço de pele.

O beijo fica mais intenso, nossas línguas se tocam, seguindo a tortura imposta por mim, sem pressa, sem nada que impeça. Poderia amar Ana pelo resto do dia e assim o faria. Todas as nossas partes se conectam, quanto mais lento e profundo o beijo segue, mais gememos um na boca do outro, mas o ar escapa dos meus pulmões. Deixo minha mão abandonar aqueles cachos cor de mogno e descer pelo seu pescoço, traçando uma linha reta até seus seios, apertando os bicos com o dedão e o indicador, provocando um espasmo em Ana. Além de maiores, Ana está mega sensível o que facilita em meu projeto de enlouquecê-la.

Ana engancha os pés em minha cueca, descendo-a pelas minhas pernas, fazendo meu pau raspar em sua umidade. Eu me seguro, respirando fundo, esfregando-o em seu clitóris, brincando na entrada de sua boceta sedenta por atenção.

Vejo nos olhos dela o desejo cru, animalesco. – Eu juro que queria fazer amor com você, juro..., Mas eu preciso foder, preciso me enfiar fundo em você, sentindo as paredes dessa boceta deliciosa me apertarem. – Digo tudo me encaixando melhor entre suas pernas, ela está tão molhada que meu pau desliza feliz para dentro, as paredes envolvem ele com propriedade, apertando-o enquanto Ana joga a cabeça para trás gemendo.


O trânsito estava contra mim, demorei mais que o previsto na empresa, justo no dia da consulta. Ana com certeza estaria soltando fogo pelas ventas, se eu soubesse que filmes de mulheres grávidas falam tanto a verdade sobre os hormônios eu teria provocado menos a Ana. Buzinei mais uma vez para a porra do taxista folgado em minha frente. Eu seria um cara morto quando chegasse, estava comprovado.


Olhei mais uma vez para o relógio, 16h20min. Merda! Estava atrasado vinte minutos, estacionei o carro de qualquer jeito na vaga correndo todo caminho do consultório. Passei pelos corredores atraindo olhares, parei um instante para falar com a recepcionista confirmando que Ana já havia entrado na consulta. Mal bati na porta já entrando no consultório, o médico se calou olhando para trás.

— Desculpe, desculpe. Eu fiquei preso no trânsito. – Me antecipei.

Ao contrário do que pensei Ana me recebeu com um sorriso, fazendo um suspiro de alívio sair de mim enquanto caminhava para ela.

— Dessa vez está perdoado capitão White. – Ana sussurrou em meus lábios.

Sorri puxando uma cadeira para seu lado, mantendo nossos dedos entrelaçados, descobri que Ana tinha adquirido algum tipo de fetiche pelo meu uniforme, não que estivesse reclamando, mas a libido dela teve um aumento significativo. Logo eu estaria com meu pau em carne viva se essas crianças não nascerem logo.

— Como estava perguntando, como tem se sentido Srta. Suarez? – Perguntou o médico, ele analisava seu prontuário deixando sobre o aparelho de ultrassom. – As náuseas melhoraram?

— Sim doutor, graças a Deus. – Ana exclamou com um sorriso.

— Lembre-se chá de camomila ou gengibre pode dar alívio. – O médico aconselhou colocando a luva, espalhou um tipo de gel na barriga de Ana, se preparando para o exame. – Bom, você está com um pouco menos do que vinte semanas. Pode ser que ainda não consigamos ver com clareza o sexo dos bebês, mas podemos arriscar.

— Eu sinto que engordei muito desde a última consulta.

— Sim, seus pequeninos estão crescendo fortes, isso é bom.

Eu olhava do médico, que estava passando o aparelho no ventre da Ana, para a tela de TV em nossa frente. Ana já estava barrigudinha, quem olhasse já desconfiaria de sua gravidez e ela só se tornava ainda mais bonita.

— Olhem lá. – Doutor Carlos apontou para a tela, apertando um pouco mais a barriga de Ana. – Como disse o sexo ainda é um pouco cedo, mas ali estão seus bebês.

Apertei a vista para enxergar o que ele estava falando, então eu enxerguei, duas bolotas enchiam a tela, os pequenos dedinhos de um estavam à mostra, enquanto o outro estava mexendo os pés perto do irmão. Troquei um olhar emocionado com Ana, sentindo meus próprios olhos marejados.

— Olha pelo que estou vendo aqui vocês terão duas lindas princesas em casa. – O médico anunciou.

Senti meus olhos se arregalarem e minha garganta fechar. Duas meninas? Ana olhou para mim soltando uma gargalhada, chamando atenção do médico para minha cara.

— Pelo visto o papai está surpreso. – Brincou. – Sinal que aprontou muito na adolescência.

— Ah, doutor... – Ana deitou um pouco a cabeça para o lado com um sorriso cínico nos lábios. – Você não tem noção.

O médico soltou uma risada baixa. – Considerando que ainda é cedo, não posso atestar com clareza, mas considerando também que faço isso há bons trinta anos, afirmo que serão duas meninas, para a dor de cabeça do papai.


Capítulo 44

Nicolas White

 

— Você precisa mesmo me vendar? – Ana perguntou segurando firme minha mão, enquanto eu a conduzia pelo corredor.

— Sim é preciso. E preciso comentar que você grávida desse jeito e vendada, Deus está de matar monstrinha!

Ela gargalhou, dando o sorriso que tanto amava. A cada dia que passava Ana conseguia ficar ainda mais linda, a barriga saliente dos quatro meses e meio, estava linda, minha menina.

Ana tentou puxar a venda quando paramos na porta do quarto, mas consegui deter seus movimentos. – Safada, fique de venda até que diga quando pode tirá-la.

Abri a porta dando uma última olhada para dentro do quarto, realmente estava digno de duas princesas, eu fiz tudo em segredo, ás vezes que Ana ficou comigo em meu apartamento me certifiquei que esse quarto estivesse sempre trancado. Andei ficando nas costas de Ana, uma mão em sua barriga e com a outra desfiz o laço da venda.

— Ai, meu Deus! Nic...

— Eu sei, posso ter exagerado, mas...

Ana se virou agarrando meu pescoço, distribuindo beijos por todo meu rosto. – Está perfeito amor, eu amei.

O quarto era de um rosa suave nas paredes com detalhes de estrelas e luas, por todo o teto, as luas e estrelas tinham pequenas luzes de LED que deixavam o quarto como um sonho, o lustre que minha mãe ajudou a escolher era de cristal, pequeno e delicado no meio da sanca. Os berços um ao lado do outro, tinham pequenos bancos na frente com um urso branco em cada um, uma poltrona estilo divã dominava a parede oposta para que Ana amamentasse e tivesse seu momento com as meninas, tudo pensado e planejado para minhas mulheres.

— Eu fui longe demais? – Sussurrei com o queixo apoiado no ombro de Ana.

— Eu nem sei como descrever.

Ana se virou secando uma lágrima, beijou ternamente meus lábios.

— Só esse beijo já me deu muito mais em troca. – Disse beijando o caminho que a lágrima fez pelo rosto dela. – Eu quero o melhor para as minhas meninas.


Ana tomava café da manhã lendo o jornal, tirei seus cabelos do pescoço dando um beijo naquele espaço.

— Bom dia, gostosão.

— Bom dia, perdi o horário. – Comentei mordendo um pedaço de sua torrada. – Preciso correr.

Ana me analisou dos pés à cabeça, eu conhecia aquele olhar, sorri deixando o resto da torrada sobre o prato.

— Que foi?

— Eu conheço esse olhar, mas hoje não conseguirei atender sua libido.

Ana fez um biquinho cruzando os braços na mesa, fazendo seus seios ganharem destaque, seus seios estavam o dobro do tamanho e as peripécias que fazíamos na cama depois da autorização do médico realmente era capaz de deixar nós dois suados, sem fôlego e saciados na cama. Dei um beijo em sua testa segurando o riso.

– Eu conheço seu jogo, estou realmente atrasado, prometo que recompenso você quando voltar.

— É uma injustiça você ficar totalmente sexy nessa roupa e me deixar necessitada.

Ajeitei a gravata dando uma piscadela para ela. – Meu amor, nunca pensei que diria isso na minha vida, mas você vai acabar com meu pau. E além do mais, não quero que minhas filhas só conheçam o pau do pai delas.

Ela deu uma gargalhada, jogando a cabeça para trás. – Ridículo! Suma daqui.

Beijei delicadamente seus lábios e sua barriga dando início ao meu plano.


Vinte e cinco rosas compradas.

Dez colegas de trabalho praticamente subornados.

Um anel da Tiffany.

Um voo com mais de trezentos passageiros envolvidos.

Mãos suando e estômago ansioso.

Tudo estava pronto.


Capítulo 45

Ana Suarez

 

— Juro por Deus Ângela, Nicolas vai me enlouquecer até o fim da gravidez. — Mudei a marcha seguindo o fluxo até o aeroporto John F. Kennedy.

— Calma Ana, ele está sofrendo com seus hormônios. – Disse rindo.

— Quero ver você falar isso do Paul quando tiver com uma barriga do tamanho da minha. Pensa que é fácil carregar duas crianças?

Ela riu ainda mais acariciando a própria barriga. – Imagino que vou ficar pior que você, tudo é mágico no começo até os hormônios nos enlouquecerem.

Suspirei sorrindo, minha mão se mantinha em meu ventre, acariciando de leve minhas meninas. – Ele tinha que esquecer esses documentos justo hoje? Véspera de feriado, as pessoas estão todas na estrada.

Peguei o desvio na estrada seguindo o trânsito caótico que eu já sabia que estaria hoje no aeroporto, ficamos mais de vinte minutos paradas apenas para conseguir entrar com o carro no estacionamento de funcionários.

Deixei o carro na primeira vaga que surgiu. Nicolas havia esquecido uma pasta repleta de documentos que precisaria para sua viagem, fazendo com que eu cruzasse a cidade para trazê-los. Segundo sua mensagem, eu deveria ir para o portão de embarque quatro, onde uma colega de trabalho já estaria avisada sobre mim. Ângela seguia comentando sobre todos os planos para sua viagem com Paul, algo sobre curtir a última lua de mel antes de realmente se tornarem pais.

Atravessamos o saguão encontrando o embarque com algumas pessoas entrando. Uma comissária baixinha sorriu para nós.

— Bom dia senhoritas, passagem e seus documentos por gentileza.

— Bom dia, eu preciso falar com o piloto Nicolas White, ele me informou que estaria nesse portão de embarque.

Os olhos dela se iluminaram e seu sorriso se ampliou, o que me fez erguer a sobrancelha.

— Claro, Nicolas avisou que a Srta. estaria vindo. – Ela tirou uma cordinha que nos barrava, mostrando o caminho.

— Ana, eu vou esperar aqui. – Ângela anunciou.

— Tudo bem, vou ser breve.

— Demore o tempo que precisar. – Disse com um sorriso, logo se afastando.

Que porra estava acontecendo com as pessoas hoje? Segui o grande corredor, entrando no avião.

— Seja muito bem-vinda. – Outra comissária me recepcionou.

— Obrigada, eu preciso falar com Nicolas White.

— Claro, vou mostrar o caminho para a senhorita. – Ela deu um sorriso caminhando para dentro do avião.

Suspirei seguindo seus passos, o avião estava lotado, basicamente todas as poltronas já estavam ocupadas, estes documentos deviam ser realmente muito importante para Nicolas atrasar seu voo.

— Bom dia Srta. Suarez. – Um comissário me cumprimentou com um sorriso. – Isso é para a senhorita. – completou entregando duas rosas para mim.

— Hã, obrigada. – Disse aceitando as duas rosas vermelhas.

Passei por uma das cozinhas recebendo mais três rosas. Deus o que era tudo isso? Um nó já se formava em minha garganta.

Alguns passageiros me acompanharam com o olhar, fazendo que eu vacilasse por um momento em meus próprios pés.

— Senhoras e senhores, bom dia. – A voz de Nicolas soou pelo avião junto com a melodia de uma música. – Sejam bem-vindos ao voo 3367, com destino para Hawaii.


É inegável que devemos ficar juntos

É inacreditável como eu dizia que jamais me apaixonaria

Você precisa saber

Se já não sabe como me sinto

Então deixe-me mostrá-la agora que eu estou falando sério

Se todas as coisas, na hora certa, o tempo revelará

Sim...


— Peço desculpas por atrasar um pouco o voo, mas é por uma boa causa. Eu poderia fazer isso em terra firme, ou pulando de paraquedas. – Nicolas continuava dizendo, ao mesmo tempo em que mais rosas eram entregues para mim.

— Poderia levá-la para Paris e falar sobre isso admirando a Torre Eiffel, poderia levá-la para Vegas e fazer isso ao som do bom e velho Elvis, monstrinha.

A comissária que me acompanhava parou no meio da classe executiva me entregando mais duas rosas. Minhas mãos tremiam, meu corpo estava mole.


Um: você é como um sonho que se tornou realidade

Dois: só quero estar com você

Três: Garota, é evidente

Que você é a única para mim

E quatro: repita os passos de um a três

Cinco: e se apaixone por mim

Se algum dia eu achar que meu trabalho está terminado

Então voltarei para o primeiro passo

 

— Ana, eu poderia fazer uma superprodução ou poderia estar aqui me ajoelhando na sua frente.

Virei quando a voz dele ficou mais alto, mais perto, dando de cara com meu Nicolas, vestido totalmente alinhado em seu traje de piloto, o quepe conferindo aquele sex appeal que ele tinha. Ele se ajoelhou devagar em minha frente.

— Eu poderia fazer esse pedido em qualquer lugar, em qualquer hora que não mudaria ou tornaria isso mais especial. Ana eu te amo com todas as forças que esse sentimento pode ter, te amo desde o momento que pisou no meu pé e disse não. Amo você desde o momento que você sentou na poltrona 11B. E, posso dizer que te amei ainda mais quando foi embora e tenho outros milhares de motivos para dizer como você se tornou especial e me tomou para você.


É tão incrível como as coisas acontecem sozinhas

É tudo emocionante quando você descobre do que se trata, ei

E é indesejável que nós fiquemos separados

Eu jamais teria ido muito longe

Porque você sabe que tem as chaves do meu coração

Porque...

(Back At One – Brian McKnight)


— Ana Suarez, você aceita passar uma vida comigo, dividir todos os momentos, ser minha amiga, amante, esposa e minha eterna namorada?

As lágrimas desciam como cascata pelo meu rosto, Nicolas ajoelhado no meio de toda a tripulação, passageiros me pedindo em casamento era muito mais do que eu já li em qualquer romance, era o meu romance, o meu final feliz.

— Ana, você poderia, por favor, me tirar dessa angústia e responder?

Sorri, me abaixando até sua boca. – É claro que eu amo você, é claro que eu aceito dividir minha vida com você.

Nicolas se levantou com um pulo me puxando para seus braços, beijando minha boca com paixão, incendiando minhas veias com seu amor, enquanto todas as pessoas presentes aplaudiam.

— Eu amo vocês. – Sussurrou em meu ouvido.

— Amo você Sr. White...

— Venha, tenho um lugar na primeira classe reservado para você.

— Você só pode ter enlouquecido. – Exclamei, tirando um sorriso de Nicolas. – Nic, eu estou sem bagagem. Você enlouqueceu!

— Fica tranquila monstrinha, eu tenho tudo sob controle.


Capítulo 46

Nicolas White


Alguns minutos antes do pedido...

— Nicolas, ela já passou por Bianca. – Jack surgiu na porta da cabine com um sorriso no rosto.

Levantei, passei as mãos ao lado da perna tentando conter o suor que estava se alojando em partes diferentes do meu corpo. Quando planejei este pedido não contava que também poderia colocar duas pessoas definitivamente em seus lugares, uma delas seria o Jimmy.

Brad que estava sendo meu copiloto até então, estava afastado por motivo de doença, sobrando como um remanejo de última hora Jimmy. E para minha sorte ainda tinha Ashley a bordo.

Eu estava receoso sim sobre eles aprontarem mais alguma coisa, por isso fiz questão de procurar pessoas que realmente poderiam me ajudar e manter tudo isso em segredo até o dia certo.

As meninas da tripulação me ajudariam a dar seguimento no plano, trazendo Ana para dentro como eu havia combinado. Inventei que esqueci uma pasta com documentos importantes, praticamente enviei uma mensagem desesperada para ela, pedindo que me trouxesse.

Mas na verdade aproveitei que iríamos para o Hawaii para tirar quatro dias para nossa lua de mel, eu sabia que depois, todo nosso tempo seria dedicado a nossas filhas, então nada mais justo que curtir o momento.


Quando Ana disse sim, se jogando em meus braços foi surreal, o alívio me percorria, com toda certeza, mas saber que aquela mulher seria minha para sempre isso era tudo e mais um pouco. Devo confessar que a cara de ódio declarado do Jimmy e de Ashley foi impagável.

Como eu ainda tinha que levar essa belezinha de avião até Honolulu, deixei Ana aos cuidados de Vitoria, uma comissária de bordo simpática e realmente amiga. Onde levou minha futura esposa para primeira classe, onde ficaria confortável por todo voo.

Isso foi um dos primeiros questionamentos que fiz com o médico de Ana, a possibilidade dessa viagem, só depois eu comecei realmente a planejar esse pedido.


Ana estava muito cansada pelo voo longo e as horas em posições desconfortáveis, por isso deixei que dormisse durante todo trajeto até nosso bangalô.

Um raio de luz entrou pela janela, trazendo o calor do dia para o quarto, não era minha primeira vez em Honolulu, já tinha tido a oportunidade de aproveitar o que o Hawaii tinha de melhor para me oferecer. Sai da cama desenrolando uma Ana aconchegada em meu corpo, uma vista panorâmica do mar era o nosso pano de fundo, assim como a brisa suave que passava pela janela aberta.

Troquei minha cueca por uma sunga, meus pés afundaram na areia fofa, sentindo o calor do dia. Preparei um guarda-sol, assim como duas cadeiras a poucos metros do mar, olhando a água cristalina em seu vai e vem.


— Aloha.

Virei vendo Ana vestida com um maiô branco acentuando sua silhueta de grávida. Dou um sorriso batendo de leve em minha perna, pedindo que viesse ao meu encontro.

— Como você está Sra. White?

Ana abriu um sorriso amplo segurando meu pescoço. — Muito bem, Sr. White, ainda estou assimilando tudo que aconteceu nas últimas horas.

— Espero que se acostume logo, pois muitas coisas irão acontecer. Como estão minhas meninas?

— Estamos bem. — Ela desviou os olhos para o mar. – O que será que poderíamos fazer nesse mar?

— Bom, podemos surfar. – Digo com um sorriso malicioso. – Mas acho que poderia fazer outra coisa...

— Outra coisa? Interessante.

Ana se vira, montando de frente para mim, ela rebola um pouco aumentando a fricção entre nossos corpos. – Me diz Sr. White, o que poderíamos fazer nessa ilha paradisíaca, sozinhos... – Ana encosta sua boca em meu pescoço, o hálito quente me dando arrepios. – Eu não consigo pensar em nada.

— Bem-vinda aos comandos de Nicolas White meu amor, vamos ver o quão alto você poderá gritar com os orgasmos que lhe darei.

Puxei sua cintura contra meu corpo, grudando seus lábios nos meus. O beijo foi selvagem, brutal, estávamos preenchendo aquela fome insaciável. Devoramos a boca um do outro, mordiscando lábios e línguas, apertei seu traseiro pressionando meu membro em seu centro quente. Eu era incapaz de me afastar, Ana me puxava para ela, para seu gosto viciante. Abaixei uma alça do seu maiô liberando um de seus seios grandes, sugando o mamilo, fazendo-a gemer jogando a cabeça para trás. Ela enfiava suas unhas grandes em minha pele deixando marcas de meia lua em meus ombros, costas...

— Eu vou fazer você gozar muito. – Sussurrei abandonando o seio dela, firmei seu corpo contra o meu, ficando de pé, voltando para nosso quarto.

Deitei Ana delicadamente na cama, deixando minha sunga cair sobre o piso de cerâmica.

– Tire seu maiô.

Ana desceu o maiô pelo seu corpo, jogando-o do outro lado da cama, sua respiração estava acelerada pela expectativa. Avancei sobre seu corpo tomando seu clitóris em minha língua, afundando minha boca em sua boceta.

— Ah, merda, Nic. – Ela gritou agarrando meus cabelos, rebolando em minha boca.

Em alguns minutos de língua, meus dedos brincando em sua entrada, mexendo no seu ponto mais sensível, Ana estava gozando em minha boca. Deixando-me saborear seu gosto até o último gemido que saiu de sua garganta, posicionei meu corpo no meio de suas pernas raspando meu pau por toda sua intimidade, sentindo pequenos tremores com esse movimento, Ana se contorcia, a respiração falha na garganta, seus gemidos baixos.

Puxei suas pernas em torno de minha cintura, penetrando-a de uma vez, dando uma estocada funda e poderosa. Eu sabia o que mexia com ela, assim como também sabia o que a faria enlouquecer.

Retirei meu pau lentamente de sua abertura, deixando apenas a cabeça brincar por ali, Ana remexeu o quadril querendo mais profundidade, apertando meu pau com sua boceta.

— Nicolas, me deixe montá-lo.

Sorri metendo fundo outra vez, metendo mais rápido, minha respiração ficando ofegante como a dela, Ana estava em seu nível mais alto de sensibilidade e eu amava prolongar a tortura sobre seu corpo. Enquanto fodia seu corpo com força arrancando gritos de sua garganta, mexia em seu clitóris, sentindo seu corpo me apertar, suas unhas fincadas em meu braço, seu olhar grudado no meu.

— Boceta gostosa do caralho! Você é maravilhosa Sra. White. – Deitei sobre ela, mantendo meu corpo apoiado nos cotovelos para que não fizesse pressão sobre a barriga, sugando seu seio, largando um para morder o outro, tirando mais gritos de Ana. Senti seu corpo começar a se perder, ela ficava mais incoerente, seus gemidos altos somados a seu corpo se contorcendo debaixo do meu me fazia morder o lábio me segurando para não gozar.

— Vamos Ana, goze. Quero ver você gozar gostoso para mim. – Senti meu pau inchar dentro dela, anunciando que mais um tremor que essa mulher desse eu me perderia.

— Nic... – Sua frase se perdeu, seu quadril levantou um pouco da cama rebolando firme contra meu pau, seu sexo sugando meu pau. Foi o limite jorrei, preenchendo, lambuzando Ana com minha porra.

Fiquei por um instante debruçado sobre seu corpo, deixando meu cérebro clarear novamente e nossa respiração voltar aos poucos. Ana agarrada ao meu corpo, suas pernas tinham soltado minha cintura, caindo moles na cama.

— Ah, mulher, você vai acabar comigo! Antes do casamento serei um homem morto. – exclamei sorrindo contra seu pescoço.

— Ah, não venha colocar culpa em mim, foi você que começou dizendo que eu gozaria e gritaria até perder os sentidos. – Ela sorriu relaxada. – Para uma primeira está ótimo, estou ansiosa pelas próximas.

Fingi uma expressão de pânico, arregalando meus olhos. Arrancando uma gargalhada de Ana, fazendo nossos corpos tremer ainda conectados.

— Definitivamente cumprirei. – Disse lambendo seu seio.


Capítulo 47

Ana Suarez


— Ah... Por favor Nic, me fode de uma vez. — Gritei. – Chega, ou você me fode ou vou te jogar longe.

Nicolas afundou mais sua boca em meu clitóris, eu estava acabada, meu clitóris estava inchado, minha boceta não aguentava mais. Ele segurou firme minha bunda, seus dedos provavelmente deixariam marcas em minha pele, eu sentia que ele sorria de modo sem vergonha. Fazendo eu me perder mais uma vez ao clímax.

Eu tinha acordado o monstro, com minhas pequenas provocações e agora estava aguentando as consequências, ele me devorava de forma bruta, fazendo que eu perdesse a conta de quantos orgasmos sua língua me proporcionou, tudo o que eu sabia é que, se ele não colocasse seu pau dentro de mim, eu desmaiaria de exaustão.

Nicolas me puxou, fazendo minha bunda ficar empinada, me deixando de quatro.

— Segure-se Sra. White, eu preciso comê-la com força e vou foder essa boceta deliciosa.

Ele acariciou de leve minha coluna, diminuindo um pouco a pressão que as bebês já nos seus seis meses faziam sobre meu corpo. A ponta de seu pau pressionou minha entrada, me penetrando lentamente, um centímetro por vez, respirei fundo esperando a estocada, mas Nicolas foi devagar, saindo e entrando lentamente.

— Bem gostoso, devagar, sinta todo meu pau entrando e saindo. Extremamente molhado pela sua boceta suculenta.

Torci o pescoço vendo-o por cima do ombro, vendo-o entrar e sair lentamente de dentro de mim, enquanto eu respirava profundamente. Nicolas conhecia meu corpo como ninguém, ele sabia como meu corpo funcionava, assim como eu sabia o que ele necessitava, seu aperto em meu quadril se intensificou assim como suas estocadas, rápidas, ritmadas. Suas bolas batiam contra a carne inchada, acionando uma sensação de dor, de uma forma boa, depravada que eu arqueei, mantendo meu corpo inclinado para trás.

O prazer se elevou sobre nós, chegando de maneira intensa enquanto ele me segurava, Nicolas praticamente rosnou gozando dentro de mim. Meu corpo desabou sobre a cama, meus olhos se fechando por causa do cansaço, sinto Nicolas me ajeitando melhor sobre a cama, sinto ele passar um pano úmido no meio de minhas pernas, mas estou cansada demais para abrir meus olhos.

A última coisa que sinto é Nicolas voltando para cama, deitando ao meu lado, suas pernas envolvendo a minha, assim como sua mão repousando sobre minha barriga. Sinto alguns chutes, assim como os dedos de Nicolas passando em círculos sobre minha pele, desde que senti os primeiros chutes dos bebês elas sempre ficam mais agitadas quando sentem a presença ou a voz de Nicolas, o que me deixa cada vez mais apaixonada.

— Eu te amo. – Sussurra em minha orelha.

— Hum... – Resmungo.

A gargalhada de Nicolas é a última coisa que escuto antes de adormecer.


Os quatro dias no Hawaii foram uma experiência fantástica, Nicolas foi um verdadeiro guia turístico. Fomos desde os restaurantes locais até o mirante em Oahu, um almoço na praia de Waikiki, onde nos empanturramos com os melhores hambúrgueres e petiscos, até pequenas caminhadas pela ilha de Mokoli'i, passeio de quadriciclo por um pequeno vale verde onde haviam as montanhas e todo aquele pedaço sem nenhum toque da humanidade.

“Você me faz querer ajoelhar e agradecer aos céus por te ter como minha mulher.” – Nicolas sussurrou enquanto olhávamos para a vista.

Tudo tinha sido perfeito, suspirei encostando em seu peito, olhando para aquele pedacinho de paraíso ficar para trás pela janela do avião, estávamos voltando para casa.


Capítulo 48

Ana Suarez


E meu grande dia estava chegando...

Nesse momento a gravidez já fazia um grande peso sobre mim, mesmo reduzindo minha carga no trabalho não era fácil carregar as bebês. O constante peso nas costas e as mudanças de humor também estavam ali.

— Você precisa de um momento de diversão. – Ângela dizia pela terceira vez, comendo mais uma garfada do bolo de chocolate que tinha trazido.

Sorri olhando minha amiga devorar o bolo como se fosse um pedaço de paraíso.

— Acho melhor você ir com calma nos doces garota, não quero minha afilhada nascendo com níveis de glicose elevado porque você não consegue controlar a boca.

Ângela estreitou os olhos para mim, comeu mais um pedaço deixando por fim o prato na mesa.

— Você sabe muito bem que eu e Nicolas concordamos que não faríamos despedida de solteiro.

— Dois chatos.

— Você deixou Paul fazer amiga?

Ela soltou um resmungo incoerente, que me fez gargalhar.

— Que tal uma pequena reunião então com as amigas?

Bufei sabendo que ela não sossegaria até que aceitasse. – Ok, mais uma reunião pequena. Nicolas deve chegar amanhã de viagem.

— Faremos hoje mesmo, vou chamar o pessoal e organizar tudo, fique tranquila. – Ângela me deu um sorriso suspeito, que me fez suspirar.

Nada era pequeno com ela e eu já poderia prever que a pequena reunião de amigas, seria mais um evento do que simples amigas sentadas no sofá de casa comendo e bebendo, ou apenas conversando.


Cheguei em casa quase no final da tarde, como ficaria afastada depois do casamento e depois com o nascimento das bebês tinha que deixar tudo o mais fácil para Robert, que mesmo que não demonstrasse, eu sabia que estava surtando.

Joguei-me no sofá apreciando a vista e o silêncio de minha nova casa, como o apartamento de Nicolas era maior ele preferiu que nossa nova casa fosse ali, eu ainda estava decidindo o que fazer com meu apartamento, mas uma coisa que não passava em minha cabeça era vendê-lo.

O telefone apitou, me arrancando dos pensamentos.

— Alô.

— Ana, onde você está? – ouvi vozes ao fundo.

— Estou em casa, acabei de chegar.

— Venha logo, estamos te esperando.

— Me dê meia hora, vou apenas tomar um banho e estarei aí.

— Não demore. – Ângela disse rindo do outro lado da linha.

Coloquei um vestido fresco e segui para o apartamento da minha amiga. Seria bom conversar, falar besteiras, dar muita risada com aquelas mulheres.

O porteiro logo me reconheceu, permitindo que seguisse sem ser avisada, mal a porta do elevador foi aberta a música chegou aos meus ouvidos, assim como as risadas vindas de dentro do apartamento. E assim que abri a porta, me surpreendi com o que me aguardava.

— Surpresa! – gritaram em coro.

Toda a sala de Ângela estava decorada, flores cobriam cada quadrado, um enorme bar foi montado onde ficava a mesa de jantar, assim como o sofá tinha sido substituído por poltronas pretas, a sala de minha amiga parecia mais uma boate. Um garçom vestido apenas com uma calça social e uma gravata borboleta na garganta, pegou minha mão dando um beijo leve, logo colocando um copo com líquido rosa.

— Pode ficar tranquila amiga, é sem álcool. – Ângela gritou do outro lado.

— Vocês são malucas.

O garçom bonitão passou o braço por minha cintura me levando para dentro da festa, tinha que assumir eu dei uma olhada nele, não só nele como nos outros que estavam desfilando entre as mulheres. Aquilo estava parecendo um céu de homens gostosos, que Nicolas me perdoasse. Pensei rindo comigo mesma.

— O que vocês aprontaram? – eu ria divertida e ao mesmo tempo apreensiva. Nicolas e eu tínhamos combinado que não haveria despedida de solteiro. Bom, já tivemos nossa cota de experiências e queríamos evitar.

— Ah priminha, sua última noite como solteira não poderia passar em branco – Kimberly veio até mim, deixando de lado o garçom que ela estava agarrada.

— Não vale dizer que não gostou. Nada de estragar nossa noite, sabe como é difícil estar no meio de tanto homem gostoso? – Ângela veio até mim, me puxando pela mão. – Eu expulsei Paul de casa amiga.

“Hideaway – Kiesza” tocava alto pelo apartamento, algumas mulheres dançavam em volta dos strippers que Ângela tinha contratado, levando o sexo feminino presente a loucura com seu rebolado.

Logo eu estava por toda parte, bebendo minha batida sem álcool, conversando com minhas amigas, comendo os petiscos que Ângela tinha mandado preparar. Ela tinha sido perfeita, tudo estava perfeito, como sempre minha amiga tinha incorporado a organizadora de festas arrasadoras e feito muito mais do que eu podia sequer pensar para minha despedida de solteiro.

— Muito bem mulherada, — Ângela fez sinal para que o gostosão perto do som abaixasse o volume. – Já conversamos demais, está na hora de começar realmente essa festa.

— Meu Deus, o que você está aprontando?

— Venha aqui Ana, sente-se nessa cadeira. – Kimberly deixou uma cadeira do meio da sala, virada de frente para todos.

Sentei na cadeira tentando conter a animação que me fazia sorrir como uma adolescente.

— Vamos vendar seus olhos, mas não se anime muito, lembre-se que a partir de agora você se despede da solteirice e cai na vida de casada, onde você verá para o resto da vida apenas um pau, não terá mais os solteirões de Nova York babando por sua cintura, assim como terá que se contentar com um Nicolas velho e sem apetite sexual daqui a vinte anos.

— Misericórdia! – Exclamei. – Vocês estão tentando me fazer desistir? – Brinquei.

Todas começaram a soltar piadas e dizer como era triste viver apenas com uma opção sexual, começaram as perguntas íntimas, os castigos quando não adivinhava o que continha em cada caixa de presente, eu apalpei tantos brinquedos sexuais que perdi a conta. Eu não podia negar, mesmo tendo combinado com Nicolas que não faríamos a despedida, eu estava me divertindo muito.

— Ah, Ângela, vamos apimentar um pouco mais a coisa. – Escutei uma amiga do trabalho dizer. – Vamos algemar a Ana.

— Não inventem!

A mulherada caiu na gargalhada, vendo minha careta.

— Isso mesmo. E quem fará isso minha amiga será nosso Richard. – Ângela disse próxima de mim. – Richard, por favor, algeme essa meliante.

— Ah, com muito prazer.

A voz rouca um pouco próxima de mim, fez com que eu virasse a cabeça inutilmente seguindo a voz.

— Você foi uma menina má, Ana? – Sussurrou em meu ouvido.

Ele segurou meus braços para trás, fechando as algemas nos meus punhos, suas mãos brincaram um pouco pelo meu braço, pela minha cintura, deixando minha pele arrepiada.

Ouvi gritos e assovios, lá vinha mais sacanagem.

— Meu Deus, olhem lá o que vocês irão aprontar.

Se Nicolas descobrisse o que estava fazendo eu estaria encrencada com certeza. Mas essa ideia, só de provocá-lo para ter um sexo punitivo com ele já me deixava quente.

— Ih!! Ela está pensando besteira, ficou toda vermelha! – Exclamou uma mulher ao longe.

“You can your hat on” começou a tocar alto no som, puta merda, um dos homens presentes ali iria fazer um striptease.

Senti alguém próximo de minha, um par de mãos me segurou meu pescoço, passando o parecia uma pena em meu pescoço, segurando firme meu cabelo.

Tocando minha boca, minhas pernas, parecia estar em todos os lugares.


NICOLAS WHITE

Cheguei em casa bem mais cedo, na verdade foi muito bom a companhia adiantar minha volta, assim poderia passar uma noite de muito prazer com Ana antes do grande dia, entrei jogando o quepe na mesa de jantar, estava tudo quieto, quieto demais. Ana não tinha mandando nenhuma mensagem avisando que iria sair, verifiquei meu telefone novamente, nada.

Disquei seu número esperando que ela atendesse.

No terceiro toque. – Oi Nicolas.

— Ângela? Aconteceu algo com Ana. Minhas filhas? – Perguntei preocupado.

— Não, não, fique tranquilo.

Uma gritaria chegou até meus ouvidos assim como a música sensual ao fundo.

— Que porra é essa?

— Nos estamos fazendo uma reuniãozinha. Fique na sua e nem tende estragar. – Ângela disse rude.

“Arranca a roupa gostosão”, aquele grito vindo do telefone fez meu sangue ferver.

— Que porra!

Ângela gargalhou do outro lado, pelo visto ela estava tentando se afastar da festa. – Olha, Ana esta se divertindo, vá curtir sua noite com os amigos, prometo que ela não saberá.

— Sim, claro. Eu vou curtir sim. – Disse desligando.

Uma porra que eu iria deixar um stripper ficar tocando em minha mulher. Uma porra!


ANA SUAREZ

Eu gargalhava com as reações que a mulherada fazia, com certeza o cara estava dando um show e tanto para elas.

Senti que tinha trocado o rapaz, o cheiro era outro, algo doce, mas ao mesmo tempo forte e marcante. Passei a língua pelos lábios sentindo-os secos de repente.

O toque foi sútil, as mãos desse homem desciam com propriedade pelo meu corpo, como se conhecesse cada centímetro. O arrepio que tomou minha espinha abriu meus outros sentidos, ele acariciava de leve minha perna, brincando com a barra do meu vestido.

— Puta que pariu! Você me paga Ângela.

Ângela soltou uma risada, mas o restante das mulheres estava quieta. Senti que o homem circulou à minha volta, como se me estudasse.

Sua respiração quente junto ao meu ouvido me fez arrepiar novamente. Me senti excitada. Os a música continuava e aquele homem me cercando. Senti que parou à minha frente. Ele emanava excitação, algo que me fazia perder o ar.

Então suas mãos vieram aos meus joelhos e os afastaram lentamente, seu toque era quente, fazia meu corpo se arrepiar, puta merda. Eu tinha que parar aquilo.

— Acho que já está bom meninas. Vamos parar por aqui – falei, fechando minhas pernas, me sentindo molhada.

— Porque por acaso está gostando? – Kimberly falou ao fundo. – Olha porque eu gosto do que vejo.

Elas iriam em uníssono.

— Sério gente, chega!

— Deixa-o terminar o que veio fazer aqui. – Ângela disse, percebi que sua voz estava mais séria.

Será que esse cara estava mexendo com todas elas do mesmo jeito que fazia comigo?

— Ah Meu Deus!

Eu sentia, seu rosto estava muito próximo do meu, sua respiração junto ao meu pescoço. Minha boca estava seca. Porra eu estava para lá de excitada e me sentia como se estivesse traindo meu futuro marido. E quando sua língua fez uma trilha da minha clavícula até o lóbulo da minha orelha, achei que fosse desmanchar. Aquele toque me fez lembrar ele. Afastei meu rosto daquele contato, lágrimas vindo aos meus olhos.

— Por favor, meninas, chega.

Então ele recuou. Escutei Ângela vindo em minha direção.

— Vamos parar está bem? Se acalme, olha as bebês.

— Me soltem. – Falei tentando me acalmar.

Ela me soltou e retirando a venda. Demorei alguns segundos para me acostumar com a claridade. Olhei ao redor, mas não vi sinal de nenhum homem.


Enquanto dirigia para casa eu ainda sentia a energia daquele homem sobre meu corpo, Ângela não quis contar quem era, apenas disse que foi um dos contratados.

Nicolas estava sentado confortavelmente no sofá assistindo TV.

— Olha quem chegou!

— Não sabia que você estaria em casa mais cedo, estava esperando por você amanhã.

— Nossa, parece que não gostou de me ver. – Ele ergueu a sobrancelha para mim.

Corri até ele, me jogando em seu colo. – Não amor, estou surpresa.

Ele deu um beijo em minha têmpora. – Foi bom seu momento de meninas?

— Oi?

— Liguei para seu celular, Ângela disse que vocês estavam tendo uma festinha de meninas.

Engoli em seco. – É, ela armou tudo, foi uma surpresa.

— Tipo festa de despedida? Achei que não faríamos, ou melhor, faríamos a nossa juntos.

— Nicolas...

— Relaxa meu amor, eu confio em você, agora vamos descansar para amanhã.

Concordei engolindo o bolo que estava em minha garganta.


NICOLAS WHITE

Desliguei o telefone já catando as chaves do carro e descendo em disparada. Porra, não podia acreditar. Nós combinamos que não haveria festa de despedida de solteiro para nenhum de nós dois. E sabendo como as mulheres gostavam de uma festinha assim sabia que de mínimo teria homens pelados.


Cheguei em poucos minutos até o prédio onde Ângela morava. O porteiro autorizou minha subida depois de confirmar com Ângela se realmente tinha sido convidado, ela não teve muita escapatória.

Ana estava sentada e pelo visto amarrada a uma cadeira no meio da sala. Vendada enquanto um brutamonte musculoso de sunga preta se esfregava nela. Puta que pariu! Ele saiu da sua frente, agora se colocando atrás da cadeira, enquanto erguia seu cabelo, falando alguma coisa ao seu ouvido. Ela desviou e sorriu.

Não parecia afetada por ele, apenas se divertindo.

Vê-la vendada e amarrada à cadeira me excitou instantaneamente.

Lembrei-me das vezes em que a tomei daquela forma. E tive uma ideia no mesmo instante. Eu queria participar daquilo, estar no lugar daquele dançarino, sem que ela soubesse que era eu. Será que me reconheceria, pelo menos um déjà vu teríamos...

Não pensei duas vezes.

— O que você está fazendo aqui? Porra! – Ângela exclamou me puxando para fora da festa.

— Fique quieta!

Contei o que eu pretendia fazer, Ângela caiu na gargalhada só de imaginar a reação de Ana diante da situação, ela chamou Kimberly, contando para ela o que iríamos aprontar.

Fiz um sinal, reforçando para que todas se mantivessem quietas a respeito da minha presença. O mesmo para o musculoso que terminava seu exibicionismo para minha deliciosa noiva.

Kimberly colocou outra música para tocar, enquanto eu tirava o casaco de couro e me preparava. Ela estranhou o silêncio repentino e ficou visivelmente incomodada.

Aproximei-me dela, passando a mão por todo seu corpo, parando em seu pescoço. E senti como se arrepiou.

Circulei-a estudando sua reação, ela foi ficando visivelmente excitada e certa culpa surgia em suas feições.

— Só mais um pouquinho. Deixe-o terminar o que veio fazer aqui – Falou uma das amigas e piscou para mim.

— Ah, Meu Deus!

Testando mais um pouco seu limite, deslizei a língua da sua clavícula até o lóbulo da orelha, sentindo-a estremecer e tentar conter o gemido. Cacete, eu queria continuar com aquele jogo. Eu estava ardendo de tesão.

Ana desviou o rosto e quase suplicou para que parássemos. Seu corpo demonstrava seu estado de perturbação e precisei me afastar. Apesar de ter adorado participar da brincadeira, acabei me sentindo um pouco culpado pelo estado em que a deixei. Afinal também tinha que pensar nas minhas filhas, Ana não podia passar nervoso na fase final da gravidez

Ângela foi acalmá-la, enquanto eu pegava meu celular com Kimberly, que estava filmando a meu pedido e saia dali.

Talvez ela não tivesse noção, mas eu sabia que só eu conseguia lhe proporcionar aquelas sensações. E foi isso que a deixou perturbada. Sentir seu corpo reagir ao toque de um desconhecido, como reagia ao meu.

Agora eu estava curioso para saber se ela me contaria alguma coisa.

De qualquer forma eu só revelaria o segredo depois do casamento.


ANA SUAREZ

E tinha chego, junto com um misto de sentimentos, tinha chegado o dia do meu casamento.

Nicolas tinha feito questão de não nos separarmos durante o dia, ou pelo menos até os compromissos, ou o furacão que Ângela era, chegasse.

Nicolas tinha acabado de tomar seu café, e o bolo continuava em minha garganta. – Amor, eu preciso te contar uma coisa.

— O que foi, você está se sentindo bem?

— Sobre ontem à noite. A surpresa das meninas – Eu estava nervosa, ele me encarava tranquilo, cariciando meu braço. – Prefiro que você saiba por mim. Elas contrataram uns... você sabe, a questão é que um realmente...

Ele ergueu sobrancelha. – Tem certeza que quer me contar isso?

— Tenho. – Puxei o ar para continuar tentando ter coragem para falar tudo. – Elas me vendaram e me algemaram na cadeira. Então o primeiro cara começou a dançar, encostando-se em mim eventualmente..., Mas foi divertido apenas, nada que me abalasse.


— Primeiro, então foi mais de um encostando em você?

— E o que mais? – Nicolas questionou. – Me conte.

— Ele terminou o seu show e eu continuei lá do mesmo jeito. Então, veio o segundo... — E?

Nicolas chegou mais perto de mim, seus olhos brilhando num azul intenso.

— Eu não sei explicar, mas eu... Eu fiquei mexida com o toque dele. – Disse constrangida.

— Mesmo?

— Espera um pouco!

Olhei para seu rosto calmo, ninguém ficaria calmo com uma coisa dessas se fosse comigo eu já teria dado na cara dele e Nicolas estava divertindo.

— Você? Era você?

— Algum outro homem poderia fazer você se sentir daquele jeito?

Nicolas pegou seu celular da bancada me mostrando o começo do vídeo, dele passando a mão pelo meu corpo e eu praticamente me contorcendo na cadeira.

— Eu não acredito nisso! Vocês me pagam!

— Eu te liguei e sua amiga atendeu me contando o que estava acontecendo. Confesso que fiquei muito puto e fui para lá para acabar com a festa. Mas quando cheguei e te vi imobilizada daquele jeito, quis participar. E aí está!

— Puta que pariu! Eu mal dormi a noite, Nicolas!

— Desculpe amor, mas eu não resisti.

Ele me puxou para seu corpo, fazendo eu me sentar de frente para ele, sentindo seu pênis mostrar vida debaixo da cueca. Roubando um beijo quente e luxuriante de mim, roubando meu ar.

— Vou te mostrar o que é diversão... – A boca de Nicolas começou a descer em direção ao meu seio quando a campainha tocou incessante. – Merda, eu ainda mato sua amiga, pode ir, tenho certeza que é ela. — Nicolas reclamou desgostoso, me fazendo rir.

Dei um beijo em sua boca, já me levantando. – Mas tarde gostosão. Vejo você no altar. – Disse dando uma piscadinha.


Meu coração estava disparado durante o dia todo, ver a movimentação das pessoas ao meu redor só piorava. Nicolas não quis esperar as gêmeas nascerem, portanto em menos de um mês estávamos com a cerimônia montada, ambos não queriam um casamento grande, portanto apenas amigos íntimos e familiares foram convidados, também fugimos da tradição de padrinhos e madrinhas, queríamos apenas seguir o corredor, declarar nossos votos e finalmente seguirmos como marido e mulher.

O The River Café foi o local escolhido, com uma vista privilegiada a beira do East River, com a Brooklyn Bridge nos dava a visão de toda Nova York se estendendo pela água.

A cerimônia aconteceria no espaço aberto e a festa no enorme salão, todos já estavam a postos, Nicolas mexia nervosamente na gravata o que me fazia sorrir do meu esconderijo, eu parecia uma adolescente espiando pela janela. Minha mãe, assim como os pais de Nicolas estavam sentados na primeira fileira, Clarice, avó de Nicolas estava sentada ao lado do tio Arnold, minha prima Kimberly e meus tios estavam na quarta fileira. Avistei Ângela e Paul sentados do outro lado, junto de Greg e outros amigos.

Dei uma última olhada para meu vestido, como minha barriga estava enorme optei por um modelo de chiffon solto, trazendo todo o detalhe e atenção para o colo, tendo uma renda de pedrarias toda trabalhada descia até o final de minhas costas. Nicolas tinha me proibido de colocar qualquer tipo de salto com suas alegações malucas que eu poderia tropeçar, ou ser empurrada sem querer, me desequilibrar, fazendo eu colocar uma sapatilha branca. Revirei os olhos lembrando dele falando como um maluco no meio de nossa sala sobre isso, meus cabelos estavam soltos, tenho um pequeno enfeite neles, assim como minha maquiagem estava bem suave mais extremamente elegante.

— Você está magnífica, filha.

Virei sorrindo para meu pai. Eu peguei todos de surpresa quando apareci em nossa casa no Texas contando que me casaria, coitados eles mal tinham se recuperado da notícia que seriam avós e eu joguei mais uma em cima deles.

— Estou muito contente por você, principalmente por estar se casando.

Dei um abraço apertado nele, beijando sua bochecha.

— Amo você, pai.

— Eu também minha menina, me avise se ele não for bom para você, faço questão de vir aqui dar umas boas surras nele. – Disse erguendo seu bigode grosso em um sorriso.

Sorri engatando meu braço no dele, ouvindo os primeiros acordes da música. Em um consentimento mudo seguimos para pelo corredor, parando um pouco na porta vendo todos de pé olhando para nós.

Quando a música “Beethoven 5 Secrets — The Piano Guys” ganhou força começamos a caminhar pelo corredor. E ali, enquanto todos olhavam para mim, caminhando em direção ao meu futuro marido e ao padre, eu sorri, grudando meus olhos em Nicolas e pude sentir a onda de amor que ele me enviava, assim como as lágrimas nublando nossos olhares. Ele estava lindo, como um príncipe, meu mocinho dos romances tantas vezes lido. O terno branco como tínhamos escolhido e a gravata preta, criando o contraste perfeito, bem sensual como só ele poderia ser.

Sorri feliz por ter aquelas pessoas ali, por estar me casando, por ter realmente optado por seguir meu coração e não a voz da razão. E estar grávida de quase sete meses era como se fosse a cereja do bolo, deixando tudo ainda mais belo e harmonioso em nossas vidas.

Nicolas não esperou que chegássemos ao pequeno altar montado, caminhou até mim nos encontrando no meio do caminho.

— Tome conta dela meu rapaz.

— Terei o maior prazer, Sr. Suarez. – Nicolas disse apertando a mão de meu pai, sorrindo para mim.

Ele se abaixou, ficando na altura de minha barriga, acariciando e dando alguns beijos antes de ficar novamente de pé, entrelaçou nossos dedos dando um leve beijo em minha testa, abrindo a comporta para minhas lágrimas escaparem.

— Vamos nos casar, monstrinha. – Piscou nos levando até o padre.

— Ah, o amor... – Começou o padre a recitar. — Que sentimento mais real e enlouquecedor, não é verdade? Mas ainda assim, mesmo que tivesse o dom da profecia, conhecesse todos os segredos do universo, ainda que tivesse toda a fé, se não tivesse o amor, nada seria.

Sorri vendo que Nicolas olhava diretamente para mim.

— O amor é a união sincera de duas almas, nada pode impedir o real amor, nem mesmo os homens, nem mesmo os anjos. O amor não vacila diante de um obstáculo, não encontra outro meio, outro caminho de achar sua alma perdida. O amor meus jovens, ele é bravo, como uma tempestade varrendo o mar. Amar é escolher pular num abismo, mas pular de olhos abertos, sentindo todas as sensações, sentindo o frio na barriga ou o sorriso bobo nos lábios. Lembrem-se, o amor lhes dará asas, o amor fará vocês conquistarem mundos...

As lágrimas corriam livres pelo meu rosto, Nicolas pegou a caixinha com as alianças, virando-se para mim. – Eu, Nicolas White, recebo-te Ana Suarez como minha esposa, prometendo-te ser fiel, amar e respeitar, em todos os momentos de nossas vidas, ajudando-te e guiando-te quando precisares, sendo amigo, marido, amante e pai de nossas filhas. Para todo sempre.

Nicolas deslizou a aliança pelo meu dedo, seu rosto também estava úmido das lágrimas que por ali passaram.

Retirei a outra segurando firme em minha mão. – Nicolas, recebo-te como meu marido, prometendo-te ser fiel, amar e respeitar, amparar-te em todos os momentos de nossas vidas, quando mais precisar ou quando menos necessitar, amando você e seu passado, pois foi através dele que chegamos até aqui. Amo o homem que você foi ontem e amo o homem que você é hoje.

O padre disse mais algumas palavras nos declarando finalmente como marido e mulher, fazendo uma chuva de pétalas de rosas caírem sobre nossas cabeças, enquanto Nicolas me puxava contra seu corpo e nossos amigos e familiares aplaudiam.


Passamos de amigo em amigo recebendo os cumprimentos, até que finalmente todos os convidados tinham nos puxados para abraços ou beijos e desejos de felicidade e finalmente pudemos entrar na festa.

Estava tudo como planejamos, a festa a todo vapor, as pessoas rindo, dançando, bebendo. Os amigos de Nicolas animavam a pista de dança, nossa família tinha o mesmo sorriso estampado no rosto. Nicolas largou o paletó na cadeira mais próxima vindo até mim, me abraçando, beijando meu pescoço.

— Já falei que estou feliz para caralho?

— Acredito que tenha falando meio por cima. – Brinquei mordiscando sua boca.

— Então eu repito, estou feliz para caralho Sra. White, meus amigos, minha família, minha mulher e principalmente por ter minhas filhas.

— Eu te amo. – Disse rindo de sua animação.

— Muito.

Nicolas roubou minha boca, minha respiração, minha alma. Beijando com amor, intensidade, sua mão firme em minha cintura, sua língua dançando docemente dentro de minha boca.

Senti uma pressão na barriga, Nicolas notou minha careta de dor, se afastou olhando sério. – O que foi?

— Acho que elas estão animadas demais. – Massageei um pouco a barriga.

— Vamos sentar, você está pálida, Ana.

Nicolas puxou a primeira cadeira em minha direção trazendo atenção de algumas pessoas para nós.

— Tem algo que possa fazer?

— Fique calmo Nic, foi apenas um mal jeito.

Como se quisessem provar que estava errada a dor se intensificou, aumentando a pressão em meu ventre.

— O que foi meu neto? – Clarice surgiu pelas minhas costas.

— Ana sentiu uma pontada. – Respondeu em pânico.

— Fique calmo, Ana como você está? – Clarice se virou para mim, colocando as duas mãos em minha barriga.

Estava pronta para responder quando senti uma água descendo por minhas pernas, molhando o vestido. – Eu... elas vão nascer!

Nicolas arregalou os olhos em pânico, eu estava apenas de sete meses, ele correu até seu paletó pegando seu celular, com certeza ligando para o Doutor Carlos.

— Calma, querida, tudo vai dar certo. – Clarice trazia minha atenção para ela. – Não se preocupe.

— Uhum. – Murmurei sentindo mais uma pontada.

— Vamos para o carro, o médico já esta a caminho do hospital.

— Ajude a levantá-la, Nicolas.

— Eu estou bem, estamos bem. – Exclamei tentando em vão ficar de pé, mas Nicolas me puxou da cadeira para seu colo, praticamente saindo correndo da festa até o carro.

Estávamos a poucos minutos do hospital, mas pegar um pouco de trânsito deixou Nicolas no limite da impaciência dentro do carro.

— Você está bem? – Perguntou pela décima vez.

— Estou Nicolas, para de perguntar cada vez que solto um gemido. – Disse rangendo os dentes para mais uma contração.

Ele ultrapassou alguns carros, finalmente chegando ao hospital, parou o carro de qualquer jeito na frente da emergência dando a volta para me tirar dali.

Os enfermeiros vendo a movimentação correram para saber o que havia acontecido.

— Minha mulher está em trabalho de parto.

— Calma Nicolas, eles estão achando que você vai socá-los. – Disse me apoiando em seus ombros.

— E vou mesmo se eles não vieram rápidos.

Fui colocada em uma maca, as contrações vindo cada vez mais forte, com medo por estar em trabalho de parto prematuro, rezando para que minhas filhas estivessem bem. Nicolas me deu um beijo, segurando firme minhas mãos até me soltar.

— Estou esperando vocês.

Concordei deitando na maca, sendo levada para dentro do hospital, com a imagem de um Nicolas ansioso, descabelado e preocupado me olhando.

Nos ficaríamos bem.


Capítulo 49

Nicolas White


— Nicolas você quer se acalmar?

Parei de andar pela sala de espera, soltei um pouco a gravata, eu suava frio, estava com medo que algo acontecesse com elas, andei de um lado para o outro novamente, isso ajudava aliviar a preocupação ou a impotência de não poder fazer nada.

— Como elas estão? Já nasceu? – Ângela surgiu pelo corredor se juntando a nós.

— Ainda não.

— Nicolas você tem que se acalmar, foi por isso que não deixei que entrasse. – Minha avó estava de pé olhando para mim com sua sabedoria infinita. – Você só iria atrapalhar.

— Como posso me acalmar sendo que não sei de nada? – Passei as mãos pelo cabelo. – Cadê a porra daquele médico?

Escutei um pigarrear atrás de mim.

— Como elas estão doutor? – Foi uma pergunta unânime entre mim, meus pais e os pais da Ana.

— Elas estão ótimas. – Ele sorriu, nos inundando de alívio. – Ana teve um parto fácil, estávamos com tudo preparado para um cesariana, mas as bebês estavam posicionadas com a cabeça para baixo, o que facilitou muito. Elas nasceram com um peso excelente, não vão precisar passar por nenhum processo.

— Graças a Deus! – Minha mãe exclamou, ou tinha sido a mãe de Ana, nesse momento eu já não sabia mais nada.

— Uma nasceu com 45cm e 2.500kg e a outra com 44cm e 2,700kg.

Um sorriso enorme estava em meu rosto, eu queria vê-las. Ana e eu combinamos que só daríamos os nomes quando elas nascessem, assim que colocássemos os olhos nelas.

— Posso entrar?

— Ana está sendo levada para o quarto e as bebês estão sendo preparadas, uma enfermeira já vem buscá-lo.

Ele parabenizou a todos e se afastou, a sala de espera virou uma verdadeira festa, todos me abraçaram, desejaram boa sorte, brincaram do fato que tinha a partir de agora três mulheres para aturar. Eu estava nas nuvens, feliz para caralho.


Ana estava deitada, com os olhos fechados, bati de leve na porta entrando no quarto, ela abriu os olhos sorrindo. Eu tinha virado um molenga, as lágrimas já nublavam minha visão, inclinei sobre seu corpo dando um beijo carinhoso em seus lábios, sentindo seu cheiro doce que tanto amava.

— Elas são lindas, papai – Murmurou. – E você um bundão. – acrescentou rindo.

Revirei os olhos fazendo uma careta. – Minha avó disse que eu só iria atrapalhar e desmaiar ao seu lado.

Ana gargalhou me puxando para um abraço. – Um bundão extremamente lindo.

— Eu sinto muito por não ter entrado, mas eu realmente só atrapalharia, eu quase furei o chão da sala de espera de tanto que andei de um lado para o outro.

— Amo você. – Ela disse sorrindo.

— Eu também, muito.

— As primeiras fraldas são suas. – Piscou olhando para porta quando uma batida soou pelo quarto.

— Podemos entrar?

— Claro, mãe!


Estávamos todos no quarto, as duas enfermeiras chegaram trazendo nossas filhas, dormindo confortavelmente no carrinho, as duas estavam com roupinhas brancas, a única diferença eram os detalhes, uma tinha detalhe de flores na roupa e a outra com detalhes de estrelas. Meu coração batia descompassado de olhar aquelas coisinhas minúsculas e rosadas, as duas extremamente cabeludas e eu estava ali completamente apaixonado.

A enfermeira entregou uma para Ana e outra colocou em meus braços, me sentei ao lado de Ana na cama contemplando minhas mulheres.

Olhando para os rostinhos delas, me lembrei de todos os nomes que ficamos certa noite brincando com a combinação. – Olhei para a bebê que Ana segurava. – Seja bem-vinda Rosalie e Nayla.

Ana sorriu concordando. – Você escolheu os nomes que mais gostamos, lindos e únicos para cada uma delas.

Dei um beijo em cada cabecinha e, depois um beijo em minha mulher, dizendo em um beijo o quanto eu amava aquela mulher, o quanto eu estava feliz.

E era só o começo...


Capítulo 50

Ana Suarez


Gêmeas, só essa pequena palavrinha já dizia tudo. Rosalie e Nayla eram completos opostos, mas foram boazinhas no começo. Pouco choravam e quando faziam era realmente porque algo as incomodavam, eu me recuperei muito bem do parto o que foi ótimo, pois Nicolas teve que retornar para o trabalho.

Tanto minha mãe como a de Nicolas nos visitavam com frequência e ajudavam a cuidar das gêmeas. Felicidade não cabia mais dentro de mim, olhar aqueles rostinhos era como um sopro de ar fresco, elas não tinham nada meu fisicamente, cópias exatas de Nicolas, o que o deixava com o ego ainda mais inflado.

Se tinha um pai totalmente babão era ele, sempre que chegava do trabalho ia direto olhá-las, ou ficava durante a noite com elas, cantando ou lendo histórias. Um homão lindo, mas completamente de quatro pelas meninas, eu ria internamente pensando quando elas estivessem maiores se elas ainda iriam enrolar ele em seus dedinhos.

Rosalie e Nayla tinham cabelos loiros e olhos azuis, assim como o pai, a mínima diferença entre elas era que quando Nayla sorria uma pequena covinha aparecia em suas bochechas e Rosalie era um pouquinho maior que a irmã, além de ser a que mais gostava de bagunça.


Quando as meninas completaram um mês retornei ao médico, eu já não aguentava mais os resguardos, e eu via isso no rosto de Nicolas, sempre que ficávamos juntos depois de colocarmos as meninas nos berços, em meio a abraços e beijos acalorados no sofá o desejo estava ali, queimando nossas veias, mas tínhamos que recuar e aguardar.

O sorriso que ambos compartilhamos quando o médico me liberou, alegando que estava muito bem e saudável bastou para ver as engrenagens de Nicolas trabalhando. Esperei o médico passar todos os cuidados, como a receita para o anticoncepcional e brincar dizendo sobre a importância do preservativo nesse primeiro mês. Lógico que eu iria seguir à risca, amava minhas filhas, mas aguentar outra dose dupla, não, não tão cedo!

Nicolas abriu a porta do carro, ajudando acomodar as meninas nas cadeirinhas, abriu a porta do passageiro para mim.

— É hoje monstrinha. – Disse dando um tapa em minha bunda, fazendo-me gargalhar.


Bom, Rosalie e Nayla não deram um descanso nesse dia, quando realmente decidiram dormir já passava das duas da madrugada.

Nicolas se jogou na cama, sorrindo para mim. Subi deitando ao seu lado, meu corpo aninhando em seu peito.

— Hum, só um minutinho... – Nicolas exclamou de olhos fechados.

— Uhum, só vamos esticar a coluna por um momento.


— Teremos uma noite dos sonhos, monstrinha. – A voz de Nicolas estava rouca, continuei de olhos fechados.

Bom, nossa grande noite de sexo ficou nos sonhos, caímos no mais profundo sono até de manhã. Quando as meninas nos acordaram berrando, sentamos ao mesmo tempo assustados na cama, olhando um para o outro.

Nicolas passou a mão pelo cabelo, exausto, o sorriso debochado no rosto. – Que noite de paixão!

Gargalhei dando um beijo rápido em seus lábios já me levantando. – Pois é gostosão.

Agarramos as meninas, Nicolas sorrindo e beijando a bochechas de ambas. – Ah, minhas pequenas monstrinhas, vocês estão devendo uma para o papai.

— E você mamãe, se prepare, pois um mês na seca eu deixarei você sem andar uma semana.


Sorri, feliz e completa. A vida era momentos, bons e ruins. Mas, se você soubesse ter um equilíbrio entre a razão e o coração você teria grandes surpresa, valorize os momentos bons, eles sempre nos acompanharam no decorrer do tempo, marcados em nossas mentes e corações, e ali estava um momento que eu levaria para o resto da vida.

Nicolas, eu, nossas filhas. Nosso começo, nossa própria história sendo escrita pelas mãos de alguém, levada pelo tempo.


“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.”

(Clarice Lispector)


Epílogo

 

Solto um gemido longo.

— Sempre ansiosa demais, Sra. White. – sussurra ele, sua boca passa do meu pescoço para meu ouvido. – E extremamente molhada...

Seus dedos me consomem com facilidade, num entre e sai luxuoso, atingindo novamente aquele ponto dentro de mim.

— Trouxe uma surpresinha para você, como diz o ditado se não podemos fugir para The Night, trazemos até nós.

Meus olhos vendados não permitiam que eu espiasse o que ele tinha escondido nas minhas costas, mas quase de imediato aquilo tocava meu corpo, ele se arrepiou. Senti longas tiras passarem por minhas costas, da bunda até o pescoço, ás vezes sentindo os lábios de Nicolas, outras, apenas o nada, aumentando a ansiedade crescente dentro mim.

Aperto o lençol com a expectativa.

— Calma minha monstrinha. – Diz.

Então sinto o primeiro golpe, forte, arder minha pele que está em chamas, um grito escapa de minha boca. A dor e ardência me fazem ficar ainda mais excitada, o prazer está ali, assim como as mãos de Nicolas acariciando a parte atingida. As tiras passeiam novamente pelo meu corpo, sobre minhas costas e somem.

A dor se repete do outro lado de minha bunda, mas o prazer vem mais rápido, fazendo eu me contorcer... Querendo mais.

Nicolas me vira de barriga para cima, passando novamente as tiras pela minha barriga, meus seios, dando uma série de açoitadas pequenas por meu corpo.

— Ah, por favor. – puxando mais o lençol.

Nicolas encosta seu corpo e sua boca em meu ouvido, mordiscando o lóbulo de minha orelha. – Você quer mais?

Solto mais um gemido, minha garganta está seca, meu corpo treme, meu centro lateja de desejo. Nicolas desce uma de suas mãos por todo meu corpo, apertando meu mamilo, sua boca suga meu pescoço, descendo para meu outro seio, onde ele chupa, sugando-o todo para sua boca, me deixando praticamente a beira do orgasmo. Porém, Nicolas me conhece, conhece o meu corpo.

Sinto as tiras do que acredito ser um chicote de montaria passarem suavemente pelas minhas coxas e, a surpresa dele atingir minha boceta, me jogando no mais puro orgasmo.

— Isso meu amor, grite, eu adoro quando você grita de prazer. — Sussurra Nicolas.

Ele não dá tempo para que me recupere, abre minhas pernas ficando no meio delas, sinto sua ereção raspar pelo meu clitóris, a venda é arrancada dos meus olhos, pisco me acostumando com o ambiente e encontro os olhos azuis intensos de Nicolas.

— Eu adoraria que você me chupasse, de modo bem safado como adora fazer. – Ele sorri fazendo-me chupar os dedos que estavam dentro de mim, sentindo meu gosto. – Mas logo os convidados estarão chegando assim como nossas filhas.

Eu sei que ele irá prolongar essa sua provocação, sentindo meu corpo tremer com seu pênis roçando meu clitóris, por isso mesmo pego-o de surpresa, agarrando sua cintura com as pernas e seus braços, fazendo seu membro entrar fundo dentro de mim.

Ambos gememos com a sensação de preenchimento.

— Você é uma safada.

Nicolas não nos dá espaço para respirarmos, começa a meter com vontade, fundo e forte, arrancando os gritos de minha garganta, minhas unhas estão cravadas em suas costas, assim como suas mãos estão apertando minha cintura.

Ele solta minhas pernas de sua cintura colocando-as nos ombros, o sorriso safado ali, gostando de me deixar mais uma vez andando na corda bamba do orgasmo que eu sei que está por vir.

— Goza! — Ele fala entre os dentes.

Meu corpo explode, arrastando ele comigo, Nicolas deixa minhas pernas caírem moles na cama, ele próprio se jogando sobre meu corpo, tentando respirar.

— Você adora uma trepada sacana. – Ele diz em meu ouvido, esfregando a boca ali.

Eu rio. – É, eu adoro uma boa trepada com você, principalmente quando falta minutos para nossas famílias chegarem aqui.

Mal termino de falar escuto a campainha soar pelo corredor. Nicolas sai de dentro de mim gargalhando, acerta um tapa em minha bunda, recolocando sua roupa.

— Vai tomar um banho, eu distraio as visitas.


Rosalie batia as palminhas em meus braços, encantadas com as velas no bolo, oito meses tinham se passado. Eu ria, aquele sorriso sempre seria a imagem mais linda do mundo, meus olhos encontraram os de Nicolas que refletia meus pensamentos com Nayla em seu colo.

Passei o dedo pelo chantilly passando na boca tanto de Rose como Nayla, que riam lambendo os vestígios dos pequenos lábios.

— Como elas estão grandes meu neto. – Dona Clarice sorria para Nicolas, tirando Nayla de seus braços.

— Elas espicharam, com certeza. – Minha mãe comentou.

— São as bebês mais lindas da madrinha. – Ângela exclamou sentando-se no sofá. Paul praticamente gravitava em volta dela e da pequena Melaine, com olhos apaixonados. Melaine era a personificação de Paul, tanto na aparência, como do espírito indomável que Ângela tanto falava.

— O destino é uma coisa incrível. – Caçoei entregando o primeiro pedaço de bolo. – Resumindo, vocês estão perdidos com essas meninas, Nicolas com sua dose dupla e você Paul com a sua. Finalmente terei minha vingança, Melaine deixará você sem cabelos. – Completei rindo.

— Titio Greg vai separar o melhor para as minhas meninas. – Greg entrou na brincadeira, Matt deu um sorriso singelo e um pequeno tapa no braço do namorado como reprimenda.

Paul e Nicolas torceram a boca quase no mesmo instante fazendo todos caírem na gargalhada.

Se tinha outro momento que levaria na memória seria esse, todos sentados na sala, Rosalie e Nayla engatinhando e arriscando uns passinhos apoiadas nas mãos dos avós, e dos nossos amigos. Meu olhar cruzou novamente com Nicolas, refletindo todo amor que eu sentia por ele, por nossa família, por nossas filhas.

Ele mandou um beijo dizendo “Eu te amo” de forma silenciosa.


Paro por um instante do lado de fora do quarto, escutando Nicolas contar uma história para as meninas:

— Então o belo príncipe chamado papai lutou com grandes e bravos dragões pela princesa mamãe, ele derrubou um por um, só para roubar um pequeno beijo, na bochecha, viu meninas...

Escutei o risinho fraco de ambas, fazendo-me sorrir.

Cinco anos haviam se passados.

Deixei de lado a tarefa de guardar os brinquedos espalhados na sala para espiar os três, Nicolas estava deitado sobre o tapete felpudo do quarto, Rosalie e Nayla deitadas sobre seu peito, cada uma em um lado.

O abajur ligado fazia as pequenas estrelas viajarem pelo teto e chão.

— E o príncipe se casa com a princesa, onde nascem duas lindas princesinhas, mas agora, essas pequenas monstrinhas irão dormir.

Ele beija o topo da cabeça de cada uma, puxando-as para seu colo.


— Ana!

Suspiro, já era o terceiro grito que Nicolas dava pela casa.

— Estou no escritório, Nicolas.

Ouvi seus passos pesados vindo do corredor, a porta se abriu com tudo, entrando um Nicolas de olhos raivosos e uma Nayla com bochechas vermelhas de vergonha.

Deixei o manuscrito de lado olhando para eles.

— O que aconteceu?

— Sua filha está de namorinho na escola. – Nicolas bufava tentando controlar a voz, balançando um pedaço de papel amassado na mão.

Eu tive vontade de rir, com dez anos não poderíamos falar de namorinhos, eram simples paqueras inocentes, mas quando isso aconteceu com Rosalie ele fez a mesma tempestade.

— Veja se eu estou errado, amanhã estarei na porta do colégio, se for preciso converso com o diretor. – Ele passou a mão no cabelo, jogando as mechas loiras para trás, se tinha um homem que com o passar dos anos ficava ainda mais gostoso era Nicolas.

— Nicolas, primeiro deixe-me ver o que está escrito nesse bilhete e o que nossa filha tem a dizer.

Ao contrário de Rosalie, Nayla era a mais tímida, a mais estudiosa. Eu não via problemas vindos dela, mas de Rosalie, com certeza ela iria deixar Nicolas sem os cabelos se continuasse puxando-os da cabeça a cada bilhetinho de garoto que elas recebiam.

Minhas filhas eram lindas, dois anjos. Os mesmos olhos azuis de Nicolas, os cabelos loiros lisos até a cintura, resumindo dor de cabeça para um pai ex-safado.

— Nay me conte o que aconteceu.

Nayla olhou rapidamente para o pai, seu lábio inferior tremeu um pouco. – Eu não gosto dele mamãe, ele fede a suor, toda vez que passa por mim puxa meu cabelo.

Segurei o riso.

— Tá vendo, mais um motivo para eu falar com o diretor.

— Nicolas, se controle. – Lancei um olhar rabugento para ele. – Continue filha.

— Hoje quando estava saindo da sala ele me entregou isso e disse que eu era a garota mais linda da sala, até mais bonita que Rose.

Suas bochechas coraram, abri o bilhete amassado por Nayla, no mínimo para esconder do pai.

“Eu te acho incrível, linda, podemos ir ao cinema?”

— Tom


Dobrei novamente o bilhete. – Nay, você é muito nova para namoros, entendo a chateação de seu pai, queremos seu bem, assim como de sua irmã.

— Eu sei mamãe, eu nunca mais vou falar com Tom.

— Ah, então temos um nome. – Nicolas exclamou, ele estava andando pelo escritório como um leão enjaulado.

— Nicolas, cale a boca.

— Filha, não precisa parar de falar com seus amiguinhos, apenas tome cuidado. Queremos que sua prioridade seja seus estudos, os namoros são uma consequência do futuro, ok?

— Sim, mamãe. – Nay olhou para o pai, correu até ele dando um abraço apertado, fazendo-o se derreter com o amor de nossa filha.

— Nada de namorados, mocinha. – Disse beijando sua cabeça.

Ela sorriu e saiu correndo do escritório. Esperei a explosão de Nicolas.

— Namorados terão que vir aqui, terão que ser muito macho para estarem com minhas filhas.

Suspirei balançando a cabeça. – Como se isso nunca fosse acontecer Nic, as meninas estão crescendo, quando menos esperar terá dois marmanjos assaltando suas cervejas e beijando suas filhas no sofá.

— Só por cima do meu cadáver. – Nicolas retruca.

— Aham... Veremos.


Ele fecha a porta com delicadeza, passando a chave. Seus olhos se estreitam grudados em mim. – Acredito que preciso mostrar quem tem a última palavra.

Meu coração acelera, como se tivéssemos voltado dez anos atrás, tiro as coisas do centro da mesa, deixando o ambiente livre, ele dá a volta pela mesa, afastando minha cadeira para trás.

— Então você quer brincar?

— Mais do que nunca.

Nicolas começa a desabotoar a camisa, deixando a mostra seu peitoral definido, sua calça pendendo da cintura, dando uma visão para seu pênis marcando a calça jeans. Ele abre minhas pernas, fazendo meu vestido leve de verão subir, se ajoelha, suas mãos percorrendo minhas coxas, brincando com o tecido da calcinha fazendo uma onda de adrenalina percorrer meu corpo.

— Quando eu fizer você gozar na minha boca, quero ouvir meu nome e o quanto eu deixo você satisfeita Sra. White. – Ele passa a língua lentamente pela boca, fazendo minha respiração engasgar.

Ele me fita novamente, os olhos brilhando. – Seja minha.

— Sempre... – respondo perdendo o ar quando sua língua toma minha intimidade para ele.

Mas siga meu conselho
Antes de brincar com fogo, pense duas vezes
E se você ficar queimada, não fique surpresa.
Lá estava eu, sentado em um dos bancos altos do bar, o copo de Martini em uma das mãos, a outra, levemente apoiada sobre a coxa.
Pelo canto dos olhos eu já tinha notado sua presença, os lábios grossos pintados num batom escuro, os cabelos em um ondulado despojado, considerado “sexy” para as mulheres. O corpo era repleto de curvas, seios grandes, bunda perfeita e coxas grossas, era o pacote perfeito.
Ela estava encostada na parede lateral, logo na entrada, eu sabia que ela queria ser notada, e, não era por ninguém, não seria pelas amigas faladeiras e praticamente bêbadas que riam alto. Era por mim.
Voltei meu corpo em sua direção, semicerrando os olhos para ela, um claro recado que eu havia notado sua atitude. Ela tomou um grande gole de sua bebida, depositou o copo praticamente vazio na mesa, sorriu e mandou uma piscada para mim. Era um jogo explícito convidando-me, mostrando que ela queria tanto quanto eu que isso terminasse em um único lugar. Na cama.

 

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Larguei meu lugar, caminhando em sua direção, sendo notado por suas amigas a cada passada que dava em direção àquela mulher. O silêncio se fez quando fiquei a centímetros dela.

— Boa noite, senhoritas. – Cumprimentei o grupo de olho no meu prêmio.

— Boa noite. – Responderam com risinhos.

Fixei meus olhos na mulher que tanto quis minha atenção, ela mordiscava seu lábio inferior enviando uma onda de tesão diretamente para meu pau.

— Acredito que temos assuntos pendentes.

A confusão passou por um momento em seus olhos, mas logo um amplo sorriso me foi dedicado. – Assuntos pendentes? Eu nem sei seu nome.

Apertei sua cintura, puxando bruscamente seu corpo para o meu, me deliciando com o suspiro que saiu de sua boca.

— Nomes, será a última coisa que você vai desejar de mim, minha querida.


— Boa noite, meu nome é Nicolas White, hoje esta aeronave está sob meu comando, sejam muito bem-vindas, acomodem-se que eu prometo uma viagem e tanto pela frente... O tempo está um pouco encoberto esta noite, mas teremos uma vista linda depois que atravessarmos as nuvens. Desejo um excelente e prazeroso voo a todos.

— Você sempre tem que fazer isso? — Jimmy entrou na cabine rindo.

— Elas adoram minhas boas-vindas, você sabe, faço tudo pelas mulheres. — Brinquei.

— Uma boa noite para voar?

— Teremos um pouco de céu encoberto na decolagem e possivelmente no pouso. Os melhores voos são os noturnos — Comentei acionando os flaps e verificando todos os botões antes de taxiar o avião pela pista. Olhei para o relógio em meu pulso, estávamos alguns minutos adiantados.

Eu adorava isso, sempre me empolguei com a ideia de pilotar um monstrão desses. Meu favorito era o Boeing 787, capacidade para 330 passageiros.

— Destino Las Vegas.

— Existe coisa melhor? — Caçoei.

Uma batida na porta interrompeu nossa conversa, destravei, liberando a entrada.

— Nic — Ashley praticamente ronronou meu nome, ficando vermelha quando viu que eu não estava sozinho.

— Ashley minha gata, em que posso ajudá-la?

— Não sabia que estava aqui, Jimmy. — Ela lançou um sorrisinho para ele.

Dei uma olhada para Jimmy, ele sabia que era hora de tomar um café ou dar uma passadinha no banheiro, Ashley esperou no canto da cabine até que a porta se fechasse. Bati no meu colo com a mão, não precisou de uma segunda chamada, para ela percorrer o espaço que nos separavam e sentar em meu colo.

— Jimmy... — ela começou a falar.

— Relaxa gata, Jimmy não vai contar nada, ele é meu amigo.

Seu rosto logo se suavizou, ela estava com medo de ter um relatório dizendo sobre seus serviços extras para o piloto. Seu dedo longo passou pelo meu rosto, descendo até o colarinho da camisa.

— Pensei que poderia dar algo para você relaxar antes da viagem, mas teremos que nos contentar com o banheiro mais tarde.

Dei um sorriso sacana, aquele que era especialmente guardado para minhas conquistas. Deslizei minha mão por dentro de sua saia, sentindo a cinta-liga. — Depois, agora tenho que colocar essa belezinha no ar.

Como sincronizado Jimmy entrou ocupando seu lugar, recolocando os cintos. – Temos que decolar.

Dei uma piscadinha para Ashley apertando sua bunda, um visível "tchau". Ela pousou os lábios sobre os meus rapidamente e saiu sem se despedir.

Jimmy pigarreou olhando para mim.

— Que foi?

— Você consegue controlar sua libido até pousarmos o avião?

Ele sabia bem a resposta, sabia que assim que tudo estivesse certo, os passageiros já a meia-luz nas cabines eu iria para o banheiro transar com Ashley.

— Vamos fazer esse bebezinho voar.


Faltava pouco mais de uma hora para pousarmos em Las Vegas, o voo estava sendo tranquilo. Como previsto o tempo encoberto de Nova York não atrapalhou em momento algum. Jimmy estava ao meu lado escrevendo seu relatório de voo.

— Já volto. – Anunciei ficando de pé, espreguiçando.

— Impossível. – Jimmy sussurrou para mim.

Na primeira classe estavam todos dormindo, o total de sete passageiros. Entrei na cozinha da primeira classe encontrando com Lauren, uma das quatro comissárias que estava trabalhando esta noite. E, uma das que já foi para cama comigo.

— Nic, deseja algo? – Lauren largou as tarefas que estava fazendo para se virar, ficando totalmente de frente para mim.

— Uma garrafa de água seria ótimo.

Ela atravessou o pequeno espaço que tinha para transitar pegando uma garrafa de água mineral. – Esta sendo um voo tranquilo.

— Sim, sem os arruaceiros.

Um dos grandes problemas de voar para Las Vegas era que entre os passageiros sempre tinha aquela turminha de arruaceiros, os garotões que acham que as comissárias eram para seu bel-prazer, uma extensão do que eles encontrariam na terra do pecado. Isso além de ser constrangedor para elas, me rendia uma boa hora de atraso no voo seguinte fazendo relatórios e falando com o pessoal da polícia.

Como Lauren viu que não rolaria nada entre nós hoje saiu com sua bandeja para a classe executiva, me deixando sozinho na cozinha, mas não por muito tempo. Ashley estava ligada em meus movimentos, logo me segurou pela gravata empurrando-me para o banheiro.

— Estava ansiosa para isso. – Sussurrou mordendo o lóbulo de minha orelha.

— Ah, gata. Eu vou matar sua sede.

Beijo nem sempre era uma regra para mim, ainda mais quando estava voando eu queria partir logo para o “finalmente” e todas sabiam como o grande Nic funcionava. Abri sua blusa social com agilidade, logo atacando seus seios, tirando-os do sutiã de renda preta, Ashley tinha um corpo escultural, além de estar na mesma pegada que eu, apenas um sexo descomplicado nas horas vagas.

Mordi seu pescoço, fazendo o caminho até seus seios, chupando com força os mamilos rosados e intumescidos, enquanto minhas mãos subiam até o limite da cintura de sua saia. Nem o pouco espaço que o banheiro nos permitia nos atrapalhava, tirei um preservativo do bolso da calça segurando com a boca, abri o zíper e desci a calça o suficiente para me meter com força em Ashley que gemia baixinho com a expectativa. Puxei a calcinha de lado, coloquei a camisinha por toda minha extensão logo penetrando-a fundo, me sentindo inteiro dentro dela.

Ashley gemeu baixinho segurando com força meus braços, podia sentir suas unhas cravadas em meu bíceps. Penetrava-a com força, sentindo seu corpo estremecer. A combinação de pouco espaço, mais as estocadas forte que proporcionava a Ashley estava deixando a beira do orgasmo. Senti meu coração retumbando no peito, minha respiração ofegante e meus próprios espasmos tomando meu corpo.

— Uau! – Ashley ofegou quando sai de dentro dela.

— Vamos voltar ao trabalho. — Passei a mão pelo meu cabelo ajeitando a bagunça que tinha ficado pós sexo, ajeitei minha calça e minha gravata. E dei um sorriso galante para ela antes de sair.


Capítulo 2

Ana Suarez


— Tem certeza que não quer ir para Las Vegas comigo? Um fim de semana das garotas. Merecemos isso. – Disse sentando sobre meus pés e bebendo um longo gole do vinho.

Ângela sorriu e negou com a cabeça. Dois anos desde que ela tinha se casado e eu ainda não conseguia acreditar, vê-la tão sossegada e feliz com a vida de casada.

— Eu não iria me divertir na cidade do pecado amiga, iria empatar sua noite.

— Sinto falta de nossas farras, Kimberly não cumpre a função corretamente. – Resmunguei.

— Sua taça Sra. Vetter. – Paul entregou a terceira taça de vinho para minha amiga sentando ao lado dela, sua mão pousando no alto da coxa. Ambos trocaram olhares de confidencias. Argh! Aquilo era muito para mim.

Eu não invejava a vida de Ângela, muito pelo contrário, eu que coloquei um pouco de juízo naquela cabecinha para ela ficar com Paul, mas eu sentia falta da minha amiga. Desde que ela tinha se casado, nossos encontros ficaram escassos, ambas tinham vários compromissos dominando a agenda, eu estava cada vez mais envolvida nos lançamentos de autores Indie e Ângela revezava seu tempo entre duas empresas e mais noites com seu marido. Mas eu sentia falta de tê-la apenas para mim, egoísta isso eu sei, mas Ângela era minha amiga, melhor amiga. Além de sempre me escutar quando algum romance não dava certo.

— Por que essa cara de quem comeu e não gostou? – Paul adorava me encher, era o passatempo preferido dele.

— Quero convencer sua mulher a largar você e ir para Las Vegas. – confessei.

Ele soltou uma gargalhada, todo convencido. Sabia que Ângela não sairia do lado dele. – Las Vegas? Você está assim tão enlouquecida por novos homens que cairá nas noites de Vegas?

— Paul! – Ângela repreendeu, mas se derreteu toda com um simples sorriso que Vetter lhe lançou.

— Sabe Paul, eu que fiz minha amiga aqui ver que você poderia valer à pena, mas estou mudando de ideia. – Ele ria ainda mais com minha tentativa de ser irônica. – Eu não preciso de sexo, apenas quero outras experiências, um fim de semana bem maluco e quem sabe, descanso.

— Descanso é sempre a última coisa que uma pessoa consegue em Vegas, e quase sempre as pessoas voltam querendo descansar do fim de semana que tiveram. – Disse rindo.

— Você parece bem experiente sobre Vegas, né Paul? – Ângela perguntou erguendo a sobrancelha.

— Passado querida, passado. Então sua primeira parada Ana, é o The Night.

— The Night?

— Sim, uma boate eró... É uma boate bem empolgante, tenho certeza que você iria gostar Aninha.

Eu odiava quando ele me chamava de Aninha, Paul estava fazendo um excelente trabalho de “irmão postiço” nesses dois anos de casamento.

— Sabe, acho que está na hora de ir. – Tomei o resto do meu vinho, colocando a taça na mesinha de centro.

— Está cedo, não ligue para ele amiga, sabe que Paul não se controla. – Ângela disse dando um tapa no ombro do marido. – E... Me fale como vai o Jimmy?

Jimmy . Jimmy era um cara legal, romântico e adorava me agradar. Mas não era “aquele mais” que te faz perder a cabeça.

— Está bem, você sabe. Vida de piloto. – comentei dando de ombros.

Na verdade, eu não tinha superado ainda minha paixonite pelo Nic, depois do casamento de Ângela ele praticamente sumiu, sempre fomos amigos. Mas, acredito que o fato de termos dormido algumas vezes juntos tinha estragado as coisas, ou então, minha confessa paixão.

Nicolas White não era um homem que se amarrava, muito pelo contrário ele amarrava as mulheres e depois... Bem depois, saía fora, como se nada tivesse acontecido. Deixando uma merda de bilhete para trás com uma desculpa esfarrapada e seu coração aos pedaços ao lado.

Eu não reclamava de minha vida sexual, mas ninguém tinha conseguido até hoje fazer minha perna tremer como Nicolas fez. Começou em uma brincadeira, pequenos encontros ao acaso, depois encontros marcados, saídas para jantares, sexos loucos e muito quentes e então eu me apaixonei. E o Nicolas? Deixou bem claro sua posição, com um grande pé na minha bunda...

— Amiga?

— Desculpe, viajei aqui, eu tenho que ir, muita coisa para ajeitar para meu fim de semana da “loucura”. – Levantei-me, fingindo uma falsa animação.

Ângela sorriu e me acompanhou até a porta. – Se precisar , estou aqui.

— Sim, claro. Amo você, se cuide. – Disse correspondendo ao seu abraço, vi Paul parado em pé olhando para nós. – Dê uma surra bem dada nesse seu marido. – Disse colocando a bolsa no ombro e saindo para o corredor.

Ângela sorriu, esperou o elevador chegar para fechar a porta. E eu pude suspirar em paz.


Final de mais um dia de trabalho e estava satisfeita comigo mesma, todas as provas tinham sido encaminhadas, assim como cada original aprovado tinha sido encaminhado para o setor de negociação.

Trabalhar em uma editora era um sonho, segui mesmo sabendo como era complicado entrar em um ramo assim. E hoje tinha orgulho de todo o caminho que percorri até chegar onde estou.

Olhei pela porta de vidro vendo que estava sozinha, mais uma vez ultrapassando a hora de ir embora, eu fiquei tão envolvida com a obra desse autor que me perdi no tempo. Arrumei as folhas, organizando minha mesa e guardando tudo nas gavetas. Meu celular começou a soltar um zunido perdido em algum lugar da bagunça, revirei tudo, até encontrá-lo no meio de um livro.

— Alô.

— Ursinha!

Revirei os olhos com o excesso de demonstração. Jimmy estava começando a me irritar com esse modo carinhoso que ele decidiu aplicar em mim. De todos os apelidos do mundo, ursinha não combinava em nada comigo. Quando você imagina um ursinho, você logo pensa em algo fofo, aquela carinha amorosa olhando para você. E essa, definitivamente não era eu. A menos que eu seja um urso raivoso da floresta.

Tudo bem, não era assim tão intragável. Mas, nem de longe era tão fofa como Jimmy acreditava.

— Ursinha? Está me ouvindo?

— Oi, Jim. Estou sim.

— Tudo bem? Ainda trabalhando?

— Sim, estou ajeitando tudo para o fim de semana. – Amansei um pouco a voz.

— Então posso trocar de suíte? Você vem mesmo para Las Vegas? Eu estou dividindo o quarto com um amigo, mas posso trocar hoje mesmo.

— Sim Jimmy, mas vou com a Kimberly, sabe que não estou indo para um fim de semana romântico.

— Eu sei ursinha, mas podemos mudar isso.

Soltei um suspiro desligando a luz e indo para os elevadores.

— Nos vemos em dois dias. – Disse se despedindo.

— Até. – Resmunguei.

Mais um fator sobre o Jimmy. Começamos a nos envolver faz uns quatro meses. Nada sério no começo, apenas alguns encontros, noitadas com um bom sexo, boas conversas... E sempre sendo claro nosso tipo de envolvimento. Eu não sabia se ele acompanhava a linha dos amigos pilotos de pegação, mas também não pretendia nem descobrir, afinal eu tinha minha linha secreta.

Vaca? Até poder ser, mas eu era uma vaca sincera. Não fico iludindo, se Jimmy acreditava que poderíamos ter um relacionamento sério, não seria eu que ficaria gastando meu latim novamente para dizer o contrário. Afinal cada louco com sua mania.


Capítulo 3

Nicolas White


O ônibus já aguardava a tripulação no aeroporto, pronto para nos levar ao Hotel Wynn, que não era apenas maravilhoso, como ficava no meio da strip de Vegas, onde você ficava no centro de todas as festas, cassinos e exposto a tudo que Las Vegas tinha de melhor.

— Não sei porque você gosta tanto de Las Vegas. – Jimmy comentou sentando ao meu lado, evitando seriamente uma comissária cheia de sorrisos.

— Preciso dizer?

Ele continuou me olhando.

— Tudo bem, vou explicar. Meu amigo estamos na terra do sexo, minissaia e dinheiro.

Ele soltou uma gargalhada. – Você só pensa nisso?

— Tem coisa melhor para se pensar?

O que eu mais gostava quando parávamos em Vegas era a The Night, uma boate para sócios e pessoas de alto escalão, pessoas que só iam para procurar uma coisa: Sexo. Um bom sexo sem nenhum pudor, aquele sexo bruto e animalesco, onde você ficava com tesão apenas por se ver no meio de toda a atmosfera que a The Night nos dava, aquele sexo que faria os padres se ajoelharem e rezarem o terço inteiro.

Ficaríamos três a quatro dias em Vegas, depois iríamos direto para Nova York e depois uma merecida folga. Fazia três meses que eu e Jimmy estávamos trabalhando direto, um voo seguido do outro, não reclamávamos. Era ótimo para guardar algum dinheiro e isso aumentava nossas horas de voos, o que aumentava nosso prestígio dentro da companhia.

— Vou dar uma volta, você quer ir comigo?

Sai dos meus pensamentos, olhando para o rosto vidrado de Ashley em mim, ela estava parada na minha frente, tapando a bela visão chafariz.

— Não, já deixei bem claro que não quero bancar de namoradinho Ashley.

— Eu não estou pedindo isso. – Ela amarrou a cara, cruzando os braços no peito. Fazendo os fartos seios saltarem da blusa com os primeiros botões abertos.

— Vou tomar um banho e aproveitar a cidade. Nos vemos por aí, gata.

Dei uma piscada e fui embora, deixando-a plantada, olhando com cara de quem comeu e não gostou.

A companhia sempre separava ótimos quartos e esse no Wynn era perfeito, simples, mas uma vista de arrasar. Joguei a mala no canto do quarto me esparramando na cama de casal, olhando para a parede de vidro com vista para todo centro de Las Vegas. Eu era um dos poucos pilotos que se mantinham solteiros, muitos de meus colegas tinham se engraçado com comissárias e se casado. Eu e Jimmy nos mantínhamos forte a essas tentações. Nos conhecemos ainda nos treinamentos e em meu primeiro voo como piloto ele foi escalado como meu copiloto e desde então estávamos juntos. Fazíamos uma bela parceria, mesmo ele estando seriamente de asas caídas por uma mulher, que até o momento não obtive muitos detalhes sobre ela.

Jimmy entrou se atirando na outra cama, era um costume dividirmos o quarto, eu na grande maioria do tempo ficava vagando pela cidade em busca de diversão, utilizando-o poucas vezes. Muitas apenas para descansar antes de pegar mais um voo.

— Ei camarada, vamos dar uma volta pela cidade? – Perguntei batendo de leve no joelho dele.

— Não, preciso descansar. – Disse com os olhos colados na TV.

— Não consigo acreditar que você não está animado, estamos em Vegas!

— Eu só quero descansar, tenho um encontro amanhã. – Jimmy sorriu verdadeiramente para mim.

— Encontro? O garanhão decidiu ir à caça? – Ironizei.

Joguei-me de novo na cama, rindo de sua careta.

— Minha gata chega amanhã.

Isso era novidade, Jimmy nunca convidou uma mulher para acompanhá-lo durante as viagens, nem quando namorou Patrícia, — outra comissária de bordo. – que fazia questão de voar nos mesmos v oos que ele.

Isso estava ficando sério, essa mulher era para valer. — Então é sério?

Ele me olhou, sentou na cama. – Cara ela é perfeita, mas não me deixa espaço sabe? Ela é dura na queda.

— Uau, ela não quer assumir? Terei que ver meu pobre amigo rastejando por uma mulher? – Dei uma risada alta, levando mais uma olhada feia. – Hilário.

— Vai à merda, Nicolas.

Levantei da cama rindo ainda mais, Jimmy estava de quatro por essa mulher. Separei uma roupa casual, tirando da mala, deixando em cima da cama.

— Bom, você pode estar de quatro. – comentei indo para o banheiro. – Mas o papai aqui vai pegar umas gatas hoje à noite.

— Pegar? – Jimmy perguntou rindo. – Você trata como se fosse um pedaço de carne.

— E são, deliciosas mulheres, aqueles corpos perfeitos para se pegar. – Disse me virando para ele na porta do banheiro, completando com um gesto obsceno. Balançando meu quadril para frente e para trás, dando um tapa numa bunda imaginaria. — Levar pro motel, comer, trepar bem gostoso. – Completei rindo de seu olhar reprovador.

— Espero que se comporte, quando for apresentá-la para você.

Fiz uma continência para ele sumindo dentro do banheiro.


Capítulo 4

Ana Suarez


Empolgada era pouco para o que eu estava sentindo, durante todo o voo, estava fantasiando sobre o que encontraria por trás da grande porta preta. Eu ansiava por estar dentro daquele lugar, com certeza a sensualidade era um dos aromas mais predominantes nesse ambiente. Kimberly decidiu ir para um dos cassinos o que facilitou minha saída sem maiores explicações.

The Night por ser bastante conhecida não ficava no centro das atenções como imaginei, era um clube totalmente discreto, a fachada de uma boate comum deixava-me ainda mais curiosa para saber como seria lá dentro, o que poderia encontrar. Passei pelo grande corredor, parando em frente a uma belíssima recepcionista, seus lábios pintados com um batom rosa forte, um vestido tubinho preto, dando um enorme destaque para os seios siliconados.

— Seja bem-vinda. Hoje é uma noite especial. Todos têm que utilizar as máscaras nas dependências comunitárias. Hoje é a noite dos novos associados.

— Claro.

Peguei ansiosa a máscara simples de veludo preto que ela me passou ajeitando em meu rosto, cobrindo meus olhos, deixando apenas minha boca e um pouco das bochechas visíveis, uma comichão tomava conta do meu estômago. Vivian, a associada que tinha conseguido o acesso para mim, tinha me alertado que eles tinham algumas regras, até que a tal máscara cairia bem. Não que eu quisesse me esconder, mas para quem nunca esteve num lugar como este, não achava ruim manter meu rosto envolto em certo mistério.

Cada novo detalhe que eu absorvia deste lugar me deixava deslumbrada, era tudo muito excitante. Tinham tantas pessoas sentadas conversando quanto em pé ou perto do bar, olhei para as dançarinas seminuas nos pole dance, “Artificial Nocturne — Metric” invadia meus ouvidos aumentando todas as sensações.

Sentei em um dos sofás de couro, de forma bem sexy. Deixando que a fenda do meu vestido deixasse um bom pedaço de minhas pernas aparecendo, um casal em minha frente se beijava de forma ávida, praticamente um sugando o outro em uma batalha de quem teria mais do outro na própria boca. O cara descia sua mão sem total vergonha por todo o corpo da mulher, apertando sua bunda, passando pelos seus seios, alcançando a barra do vestido dela. Praticamente um ato por si só no meio de todos e mesmo assim, as outras pessoas que conversavam ou seguiam os passos desse casal não pareciam se importar.

Passei a mão no cabelo afastando tanto ele do meu pescoço como o olhar do casal. Meus olhos recaíram sobre um homem sentado de forma confortável em um dos bancos do bar, seus olhos se mantinham nas dançarinas. Deixei meus olhos vagarem por todo seu corpo, seu rosto também oculto por uma máscara idêntica a minha, os lábios finos, se ele virasse um pouco o rosto em minha direção poderia comprovar as maças do rosto delineando todo um maxilar forte, ou até mesmo os dentes dele levemente trincados. Meus olhos seguiram para os braços fortes, quadril razoável, dando uma bela curva em seu corpo. Não pude deixar de pensar em como seria aquela bunda, pois para ter um quadril desse e honrar o belo porte de braços e pernas grossas que ele tinha. Com certeza tinha que ser “A bunda”.

Acredito que ele tenha percebido que estava sendo observado, pois seus olhos encontraram com os meus. Notei quando eles percorreram por todo meu corpo, fazendo uma faísca se acender dentro de mim. Levantei arrumando meu vestido, caminhando lentamente até o bar. Ignorando alguns homens que me chamaram ou tentaram segurar minha mão pelo caminho, como não tinha um espaço para me sentar ao lado do homem delícia que estava encarando, me sentei duas banquetas depois dele.

O barman veio em minha direção com um sorriso. – Um Dry Martini, com duas cerejas, por favor.

O barman concordou, indo para o outro lado do bar iluminado.


— Uma excelente escolha.

Todos os pelos de meu corpo se arrepiaram quando senti o hálito e o sussurro em meu ouvido, olhei em direção ao bonitão vendo que o lugar dele estava vazio. E como aquela voz era familiar, como mexeu internamente comigo.

Fiz menção de me virar, mas ele segurou minha cintura, mantendo-me presa no lugar.

— Pude reparar em seus olhos gulosos em cima de mim. – Disse novamente em meu ouvido, roçando levemente sua boca no lóbulo de minha orelha.

Aquela voz, pense Ana, você conhece de algum lugar.

— Eu vi os seus também. – Disse um pouco mais alto para que ele escutasse.

O barman depositou a taça de Martini em minha frente e logo se afastou. Peguei a bebida ávida por um gole, não me contentei, dei um grande gole, comendo uma cereja antes de afastar o copo.

— Primeira vez? – Perguntou o homem misterioso.

— Sim e seria mais agradável se eu pudesse olhar em seus olhos. – comentei.

— Não precisamos de olhos nos olhos para o que eu pretendo fazer com você.

Mais um arrepio tomou conta de mim, eu estava sedenta por isso. Afinal tinha ido a um clube de sexo, para fazer sexo. Sem compromisso, uma boa e velha troca de prazeres.


Capítulo 5

Nicolas White


Passava das onze horas quando estacionei o carro alugado em uma vaga disponível da boate, bem, boate não era o termo certo. Estava mais para um antro de perdição, um antro muito bem recebido por mim nesse momento. Eu precisava de uma bebida forte para aliviar a tensão e o sucesso de mais um voo e uma boa garota em meu colo.

The Night era conhecida por oferecer aquilo que os clientes procuravam. Passei por dois seguranças mostrando minha carteira de sócio.

— Seja bem-vindo. – Uma recepcionista peituda me recebeu com um enorme sorriso.

— Boa noite.

— Hoje nossa noite é dedicada para os novos sócios, por isso, todos sem exceção têm que utilizar uma máscara dentro dos salões abertos, como você é um sócio antigo pode retirar nas demais dependências. – Disse estendendo uma máscara totalmente preta e de veludo para mim, assim como a que ela própria usava. – Bom divertimento. – completou dando um sorriso sensual para mim.

Concordei com um sorriso, rapidamente colocando a máscara em meu rosto. A porta grande se abriu trazendo a batida da música eletrônica e um jogo de luzes vermelhas para a recepção, deixei que o casal saísse e entrei, caminhando para o bar.

Hoje em particular estava bastante movimentado, todos de máscaras como a minha, alguns sentados nos enormes sofás de couro nos cantos das paredes observando o show que algumas dançarinas faziam nos pole dances. A The Night tinha mais três filiais, uma, graças a Deus em Nova York, consegui entrar através de uma antiga amante que tive, ela adorava o que rolava dentro da “boate” então me trouxe para experimentar, e, lógico eu não saí mais.

Dei uma boa olhada enquanto procurava um banco disponível no bar, tinham mulheres para todos os gostos, as máscaras faziam bem seu trabalho. Deixando-as com olhares famintos e perigosos.

— Um Dry Martini, por favor. – pedi ao barman.

Apoiei os cotovelos no bar iluminado, ficando de frente para as dançarinas.

— Não acredito que o grande Nic está na área.

Virei-me para ver quem estava me chamando. Dei de cara com um homem grande, mas foi o sorriso inconfundível que o traiu. Seus cabelos estavam mais grisalhos que o normal e ele tinha ganho mais músculos.

— Brother! – Puxei Tony para um grande abraço.

— Quanto tempo Nic. – Tony retribuiu meu abraço. – Não sabia que estava em Vegas meu rapaz.

— Cheguei hoje, volto na segunda. – comuniquei.

— Um shot Guilhermo . – pediu ao barman que me atendeu.

— Como andam as coisas? E Ceci?

Tony esboçou um sorriso ainda maior ao mencionar sua esposa. – Muito bem, ainda mais atrevida que antes. – Comentou rindo.

Tony era um grande empresário em Londres. Uma das maiores fabricantes de joias era sua, e conheceu Cecília, ou Ceci para os amigos em uma das The Night. Tínhamos nos encontrado algumas vezes e logo nos tornamos amigos de bar.

— E Jimmy? Não veio com você? – Ele examinou a área tentando ver meu companheiro.

Tomei um grande gole de minha bebida. – Aquele ali está amarrado, ainda não conheço quem tirou Jimmy de campo, mas parece ser sério.

Tony deu uma risada, tomando seu shot em um gole só. – Um guerreiro perdido.

Estava em meu segundo copo, nenhuma das mulheres que se aproximou chamou minha atenção. Tinha acabado de mandar mais uma me deixar em paz quando senti que estava sendo observado, olhei em direção as mulheres dançando vendo se o tal olhar vinha dali.

Então eu descobri a origem, sentada em um dos sofás, quase escondido por um casal que estava se empolgando além da conta. Ela tinha um belo conjunto de pernas, que deixou bem amostra naquele vestido escuro com uma fenda lateral, subi meus olhos por seu corpo vendo uma cintura mediana e um belo par de seios. Ela se levantou, caminhando em minha direção com determinação e passos sensuais. Como uma gata selvagem, fazendo meu pau se agitar dentro da calça.

Ela se esquivou de alguns homens que tentaram chamar sua atenção enquanto andava para o bar, sentou em um banco, conversou com o barman que se afastou rapidamente dela, indo preparar seu pedido. Eu precisava agir com rapidez, se demorasse algum engraçadinho poderia tê-la.

Tomei o último gole do meu drink, já me levantando. – Com licença Tony, mas acho que minha noite acaba de se tornar mais divertida. – Apontei disfarçadamente para a mulher misteriosa.

— Uau e que divertimento, boa sorte camarada. – Tony exclamou me dando um tapinha no ombro. Larguei meu lugar, caminhando com a certeza que conseguiria um sexo incrível com aquela mulher, seus olhos transmitiam seu fogo. E ali, não era questão de sorte, essa mulher seria minha hoje.

Parei bem próximo dela, me encostando em suas costas.

— Uma excelente escolha. – sussurrei em seu ouvido, encorajando seu ato de me encarar, eu queria aqueles olhos gulosos para mim.

Queria aqueles olhos grudados nos meus enquanto estivesse de joelho me dando um boquete e tanto, e, eu tinha certeza que essa boca carnuda produzia um boquete dos deuses.

Ela fez menção de virar, mas segurei-a no lugar, colando ainda mais de meu corpo em suas costas.

— Pude reparar em seus olhos gulosos em cima de mim. – Disse novamente em seu ouvido, roçando minha boca naquele pedaço delicioso de pele. Senti seu cheiro e isso me soou familiar, como se já tivesse estado com aquele cheiro.

— Eu vi os seus também. – Ela retrucou.

Com certeza eu conhecia aquela mulher de algum lugar. Mas onde? Na verdade, seria um fato incrível se eu lembrasse de todas as mulheres que já cantei ou então que já levei para a cama.

O barman depositou a taça de Martini e logo se afastou. Ela tomou um longo gole, deixando apenas um dedo da bebida. Estava ansiosa.

— Primeira vez? – Perguntei.

— Sim e seria mais agradável se eu pudesse olhar em seus olhos.

Atrevida, eu gostava disso.

— Não precisamos de olhos nos olhos para o que eu pretendo fazer com você.

Sexo. Sem compromisso . – Pensei comigo mesmo.

Ergui o corpo da mulher misteriosa, tirando-a do banco. Mesmo surpresa ela me acompanhou por todo caminho, puxava delicadamente sua mão para ela andar rápido, sua presença era como labaredas prontas para queimar tudo em minhas costas, vi seus olhos curiosos percorrendo todo o espaço.

Passei pelos corredores que nos levariam aos salões abertos, mesmo querendo muito transar com ela, eu queria privacidade, queria que fôssemos apenas nós dois esta noite. Notei quando ela parou olhando a cena em nossa frente, observei seu rosto não conseguia traduzir se ela estava excitada, desejando o mesmo que os outros casais, transando totalmente sem pudor, homens e mulheres se entregando ao prazer mais sombrio dentro de si. Aos desejos mais inusitados ou se era apenas curiosidade por ser uma primeira vez.

Sorri em direção a ela, indicando uma porta preta e simples do outro lado da sala. Ela retribuiu o sorriso, logo depois mordendo o lábio inferior, enviando uma onda de tesão para mim.

— Agora somos apenas eu e você. – Disse fechando a porta atrás de mim.

Não daria tempo de chegar a cama, eu queria tocá-la, queria enfiar a mão naqueles cachos escuros e mais ainda morder aquela boca. Empurrei-a contra parede, pressionando seu corpo com o meu, pressionando meu membro duro como uma tora em sua cintura.

— Você atiçou minha curiosidade. – Ela sussurrou.

Aquela sensação de familiaridade passou por mim novamente. Eu conhecia aquela mulher. – Você pode dizer seu nome? Sinto que conheço você.

Ela sorriu abertamente. – Prefiro ficar no anonimato, acredito que isso aumente e muito nosso tesão, um pelo outro.

Definitivamente eu conhecia essa mulher. De onde? Eu queria mais que tudo arrancar sua máscara e ver seu rosto, não apenas aqueles olhos de um castanho profundo. Corri as mãos pelas suas costas encontrando o zíper do vestido, deixei que ele caísse sozinho revelando aos poucos o belo corpo, deixando a tal mulher somente de calcinha, uma calcinha minúscula por sinal. Ajoelhei-me em sua frente abaixando a calcinha e para cada pedaço de pele que aparecia eu dedicava um beijo úmido e provocante. Eu queria cada vez mais apreciá-la, degustar seu corpo como um bom prato.

Ela se libertou da calcinha com um chute, jogando do outro lado do quarto, nem um pouco envergonhada com sua nudez, muito pelo contrário ela estava bem com isso. Sentia-se a vontade.

Joguei uma de suas pernas sobre meu ombro dando a liberdade que precisava, eu me sentia faminto, e ver que ela estava excitada com tudo isto aumentava ainda mais meu desejo por aquele corpo, esqueci que estávamos de máscaras, esqueci que nenhum tipo de cumprimento fora trocado, nem nomes falados. Abri seu corpo para mim, comecei a chupar sua fenda com deleite.

Sugando sua excitação, sugando os lábios de uma boceta como se fosse sua própria boca. Na arte do sexo eu me dava bem, todas as mulheres sem exceção gostavam de ser apreciadas, de terem suas pernas transformadas em gelatina.

Não adiantava arrancar a roupa da mulher e ir logo metendo, você tinha que esquentar o terreno. Se é que me entende. Dediquei longos minutos chupando seu clitóris, ou fazendo movimentos circulares com o polegar, enquan to intercalava com minha língua dentro dela, provocando seu ponto extremo. Deixei que minha língua brincasse um pouco entre o limite de sua boceta e seu ânus. Arrancando tremores daquela mulher misteriosa.

Ela segurava meus cabelos empurrando-me mais para dentro de seu corpo, rebolando em minha boca, forçando um contato maior. Eu precisava de espaço me afastei escutando o gemido de desgosto dela, levei-a até a cama, fazendo com que se deitasse, ficando ali totalmente exposta e aberta para mim.

Livrei-me de minhas roupas, deixando apenas o pacote preto do preservativo por perto.

— Continue. – Ela resmungou.

— Poderia ser mais clara? – Brinquei me acomodando no meio de suas pernas.

— Eu quero você lá embaixo, quero que você me chupe novamente.

Olhei para seus olhos por trás da máscara, aqueles olhos... Eles me levavam até uma pessoa, mas não poderia ser ela, definitivamente eram olhos que me remetiam algo. Seu cabelo espalhado sobre o lençol branco da cama redonda. Refiz todo meu caminho até parar no meio de suas pernas novamente, raspando minha barba por fazer em sua coxa, sentindo seus gemidos e tremores. Passei a língua por seu clitóris, sentindo-o inchado e cheio de desejo, voltei a chupá-lo como se fosse à fruta mais deliciosa da Terra. Ela esfregava seu quadril em minha boca pedindo mais, gemendo por mais.

— Cacete, eu não vou aguentar por muito tempo. – resmunguei contra seu corpo, enfiando e tirando a língua de sua fenda, provocando-a com minhas lambidas. Geralmente eu não estava acostumado a agradar as mulheres por um longo tempo, dava o agrado necessário e logo partia para o que interessava, mas com ela eu queria vê-la gemer, queria senti-la se perdendo com meu toque.

Apertei um pouco meu pau com a mão livre tentando dar certo conforto para o pobre coitado, minhas bolas estavam pesadas, doidas para enchê-la com meu gozo.

Ela estremeceu, gemendo mais alto, sua mão afrouxou o aperto em meu cabelo. Ela queria gozar, e eu mais ainda. Com toda habilidade que eu tinha coloquei a camisinha sobre meu pênis retomando meu lugar contra seu corpo, dei a devida atenção para seus seios, me deliciando com os mamilos rosados e intumescidos em minha frente. Ao mesmo tempo em que penetrava fundo seu corpo, ela gritou quando foi invadida, mas em nenhum momento reclamou. Seu olhar se tornou mais duro, enlaçou as pernas em minha cintura, ela própria ditando os movimentos. Estávamos sendo duas forças contrárias, quando eu tentava me afastar, ela empurrava seu quadril ao encontro do meu, causando uma estocada profunda.

Não tive pena de seu corpo, fiquei de joelhos, agarrando seus seios fartos com as mãos enquanto castigava seu corpo com mais e mais estocadas. Sentindo meu pau bater no fundo de sua boceta, e ela me apertar inteiro dentro dela.

Tirei suas mãos de meu abdômen segurando-as em cima da cabeça, evitando que se mexesse. Mordisquei um de seus mamilos fazendo-a gemer ainda mais, eu me movia com investidas deliberadas e totalmente calculadas, diminuindo o ritmo quando seu corpo queria que intensificasse e forçando ao limite quando ele voltava a relaxar. Dominava a boca daquela mulher misteriosa, engolindo todos os seus gemidos, como se fosse minha própria respiração, ela estava me levando à loucura e logo eu gozaria.

Encaixei minha boca em seu ouvido, mordi o lóbulo macio de sua orelha. – Me deixe tirar sua máscara? – Perguntei.

Sua voz saiu tremida. – Não, me faça gozar.

Atendi seu pedido, deixando de lado mais uma vez a curiosidade de ver seu rosto e descobrir quem era aquela mulher, e por que dava a grande sensação de reconhecimento, não só pela sua voz como pelo meu corpo que parecia reconhecer o seu.

Soltei suas mãos, libertando de meu aperto para agarrar o lençol do lado de sua cabeça, aumentando o ritmo, tornando nossos movimentos urgentes e ferozes. Todo meu corpo estremeceu libertando o orgasmo violento que tomava conta de mim, senti que ela tinha se libertado, seu corpo contraía meu membro, retirando as últimas gotas de prazer dele. Fechei os olhos desabando ao seu lado, sentindo meu corpo tremer enquanto saia de dentro dela.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, fazendo nossas respirações e nossos corações voltarem ao compasso normal, ela se espreguiçava como um gato manhoso.

— Vou tomar um banho, você me acompanha? – Mais uma tentativa de tirar a porra daquela máscara. Aquilo já estava ficando estranho, eu entendia que fora dos quartos tínhamos que utilizá-la hoje, mas eu queria ver o rosto dela, eu queria saber e comprovar que eu conhecia sua identidade.

— Vou ficar mais uns minutos aqui. – disse sorrindo.

Levantei da cama, tirando a camisinha do meu pênis, dei um nó na ponta e joguei na lata de lixo perto da porta, tirei o laço da máscara que cobria meu rosto jogando-a na mesinha.

Vi que ela prestava atenção em meus atos, sabia que ela estava analisando meu corpo nu e queria aproveitar que tiraria a máscara para tomar um banho e transar com ela debaixo do chuveiro olhando realmente para seu rosto.

— Espero você lá dentro. – Disse me virando para ela.

Seus olhos encontraram os meus e vi seu sorriso sumir, ela concordou com um aceno se sentando na cama. Deixei que ela tivesse o momento dela antes de se juntar a mim no banho, entrei no banheiro deixando a porta entreaberta, liguei o chuveiro numa temperatura agradável, saboreando a água sobre meus ombros, sobre meu corpo relaxado depois de um sexo maravilhoso...


Capítulo 6

Ana Suarez


Puta que pariu! Eu tinha acabado de transar com Nicolas. Não apenas uma transa casual, mas “a” transa.

Eu tinha sentido familiaridade com o tal homem misterioso, quando ele pediu para retirar as máscaras, mas eu quis manter esse nível de excitação. Nada mais excitante do que você se entregar para alguém com os olhos vendados, mexia com todos os sentidos do seu corpo. Quando ele me dominou, me mostrando para que veio eu me entreguei de bom grado, sem nem pensar duas vezes.

O sexo tinha sido como fogo correndo por minhas veias, eu ainda podia sentir o toque dominante e forte dele por todo meu corpo e então ele retirou a máscara para tomar banho. Quando se tratava de Nicolas White, eu sabia o tipo de homem com quem estava lidando. Nicolas era safado, galinha, canalha, mas não era só isso. Ele encabeçava a lista de lindo e gostoso. Assim como a fila de corações partidos que ele tinha em seu currículo, muito maior que as milhas que ele percorria voando pelo mundo.

Nunca imaginaria encontrar com Nicolas, muito menos em uma boate feita para o sexo. Sendo bem verdadeira eu demorei mais para conseguir tirá-lo do meu pensamento e os bons momentos impregnados em meu corpo do que realmente demorei para me render ao seu charme incorrigível e estar nua em sua cama. Não sou dessas que sofrem por amores, nunca fui apegada, mas com Nicolas White eu gostaria de ter levado adiante, vai entender. Poderia ser o universo me dando o troco, a lei do retorno realmente funcionava.

Nosso “relacionamento” teve um fim assim que produzi as palavras para tornar as coisas mais sérias entre nós. Depois disso, Nicolas e eu não nos vimos mais. Foquei em meu trabalho, tendo alguns sexos casuais até cruzar com Jimmy um rapaz centrado e ajuizado, um sexo bom. Mas não aquele que me levava às alturas.

Por que estava com Jimmy? Ele realmente gostava de mim, ele se encaixava em mim sem eu ter que correr como uma louca ou ser aquilo que não sou por um homem. Sabe aquele velho ditado de mãe? “No amor sempre terá alguém que amará mais, que se entregará mais que o outro. Não deixe que esse alguém seja você”. Com Jimmy não era algo forçado, apenas rolava, nos conectávamos bem, ele entendia e sabia quando tinha que encerrar o assunto “tornar as coisas mais sérias”.

Motivo do por que eu não aceitava os diversos pedidos de namoro dele? Ele queria alguém que se tornasse sua futura esposa. Tivesse filhos, eu não queria nada disso, não no momento. Queria continuar a crescer em meu trabalho, viajar o mundo todo e ter muito sexo bom.

E ali estava eu, curtindo uma noite ao acaso e tropeço justo em quem deveria me manter longe. Nicolas White. Cujo aquele que me enfiou seus encontros e sorrisos galanteadores goela abaixo e deixou minha bunda marcada com um belíssimo pontapé tamanho 43.

Não esperei que ele saísse do banheiro cacei minhas roupas pelo quarto vestindo tudo com a maior rapidez que consegui. Ajeitei a máscara, passei a mão pelo cabelo notando que tinha perdido um de meus brincos quando estava ajeitando-os atrás da orelha. Mas agora não teria tempo de procurar.

A água do chuveiro parou de cair no mesmo instante que eu corri para fora do quarto. Eu sabia que minha cara de pós-foda estava presente, na verdade, todos ali apresentavam a mesma cara, os mesmos trejeitos de cabelos bagunçados. Refiz o caminho que Nicolas tinha feito, passando pelos casais transando sem nenhum pudor na frente de todos, me distrai olhando para um em específico quase me esquecendo do porque eu tinha que sair rápido dali.

O homem dominava com tamanha sensualidade a mulher que mesmo eu que tinha acabado de transar senti desejo pela cena. A mulher estava deitada na cama, os olhos vendados, suas mãos presas por algemas. Um outro homem passava uma espécie de óleo sobre seu corpo, massageando, enquanto o outro sugava seus seios. Fazendo meu corpo arder, como se ele tivesse fazendo tudo isso em mim.

Respirei fundo saindo do transe que tinha entrado com a cena, andando apressada, saindo dali antes que Nicolas viesse atrás da “mulher mascarada” que estava com ele. O salão estava mais vazio, poucos casais ou amigos estavam sentados ali, ou no bar, passei pela recepção encontrando a mesma mulher.

— Espero que tenha realizado todos seus desejos. – Ela disse com um sorriso.

Retirei a máscara do meu rosto entregando para ela. – Pode ter certeza que sim. – Disse lhe dando um sorriso ameno. Ela nem imagina que de todos os desejos eu encontrei, realizei justo com aquele que não queria mais ver.


Capítulo 7

Nicolas White


Enrolei a toalha em minha cintura, eu estava frustrado, ela não tinha entrado no banho comigo, mas eu teria o maior prazer em grudá-la na parede novamente, arrancar sua máscara e dar um sexo punitivo, bruto olhando diretamente em seus olhos.

Cruzei a porta do banheiro vendo o quarto vazio, a cama bagunçada do nosso sexo e mais nada, ela tinha fugido. Sorri da ironia disso tudo, ela era comprometida, com certeza. Por que fugiria se não fosse?

Atirei a toalha longe colocando minhas roupas, dei uma olhada para trás vendo algo brilhante emaranhado nos lençóis. Passei a mão trazendo um brinco de brilhante entre os dedos, eu poderia ir à recepção e persuadir a loirinha me dizer pelo menos o nome dela. E então poderia entregar pessoalmente o brinco para a dona.

Seria bom rever aquele furação novamente.

Sai do quarto levando a chave comigo, estava bem mais tranquilo agora, os casais já tinham ido para as outras dependências, no salão principal estavam os que já tinham realizado suas fantasias, ou os que não conseguiram nada esta noite, fiz o caminho indo até a entrada do The Night, sorrindo com a sorte de encontrar a mesma recepcionista lá.

— Meu anjo. – disse me curvando sobre o balcão.

Ela sorriu, seus olhos brilhando um pouco.

Coloquei o cartão em sua frente, esperando que ela fosse pegá-lo, e quando fez, segurei seus dedos com delicadeza. Vendo um rubor e um sorriso safado se infiltrar em seus lábios.

— Como é seu nome, meu anjo? – Perguntei com uma voz melosa.

— Não posso revelar senhor, normas da casa. – Disse baixo, como se me contasse um segredo.

Eu sabia que por baixo dessa fachada de mulher certinha tinha uma mulher louca para entrar e participar de tudo que pudesse.

— Prometo que não contarei para ninguém. – Sussurrei chegando mais perto de seu corpo.

Ela soltou um suspiro, colando seu rosto no meu, sua boca perto do meu ouvido. – Natasha.

— Hummm.

Virei meu rosto, capturando o lóbulo de sua orelha, em uma leve mordidinha. – Eu quero muito seu telefone e um pequeno favorzinho.

Ela se afastou, ajeitando os cabelos para trás do ombro, seus lábios entreabertos.

— Eu preciso saber o nome da mulher que saiu agora a pouco, tenho quase certeza que foi uma das últimas, coisa de meia hora talvez.

— Ah... Você pode me complicar, eu preciso desse emprego.

Natasha olhou para os lados vendo se continuávamos sozinhos.

— Você não se meterá em encrenca, meu anjo. – Disse em baixo tom.

Ela me encarou de verdade, olhando meu rosto em dúvida do que fazer, passei a língua sobre meus lábios, acrescentando um sorriso quando ela suspirou, abaixando o olhar para seus arquivos.

— Se foi uma das últimas, mesmo não tendo certeza, sabe não posso controlar. – Ela disse dando de ombros.

— Eu sei meu anjo, apenas o nome.

— Kimberly Tunner. Ela entrou com um cartão convite em nome de Vivian Logan.

Sorri. – Muito obrigada meu anjo.

Ela torceu a boca escrevendo algo em um cartão, passando para mim. Dei uma olhada rápida no que estava escrito, seu nome e seu telefone.

— Espero que você valha a pena gostosão.

Ajeitei a gola da camisa, rindo de seu comentário. – Eu vou te mostrar como posso valer, minha querida.


Capítulo 8

Ana Suarez


A noite passada me perseguiu em sonhos até o sol atravessar a janela, e pouco havia dormido desde então. Joguei as cobertas para o lado, me sentando na cama, Kimberly ainda não havia voltado de sua noitada, com certeza ela teve mais sucesso que eu. Ainda podia sentir o cheiro de Nicolas em meu corpo, sentia-me marcada por seu toque.

A porta do quarto se abriu me tirando dos pensamentos que rodeavam minha mente.

— Vejo que acordou. – Kimberly comentou.

Seu cabelo loiro platinado estava preso em um coque displicente, olhei para sua roupa de ginástica não acreditando que a pessoa viajava com o intuito de curtir a cidade e ia para academia. Ela notou que estava recriminando suas roupas.

— Você sabia que exercícios físicos aumentam sua disposição no sexo? – Perguntou sentando-se na ponta de sua cama.

— Você parece ter se divertido ontem.

— E você está com cara de quem não se divertiu nada. – comentou.

Dei de ombros, Kimberly não era o tipo de amiga que eu trocava muitas confidências, era uma boa companhia, mas não aquela pessoa que sabia guardar segredos e dar conselhos.

— Tenho aquele almoço com Jimmy, você quer ir?

— Claro! Ele tem algum amigo piloto gostosão?

Sai da cama procurando algo em minha mala. – Ele disse que estava com um amigo, acho que o convidou também.

Deixei Kimberly se preparando para o almoço e fui me arrumar, depois de um banho demorado, uma maquiagem simples e casual eu estava pronta. O vestido azul com detalhes de strappy nas costas acentuava em meu corpo, abraçando todas as minhas curvas como uma segunda pele. E mesmo o fato dele ser colado em minhas coxas não atrapalhava meu caminhar. Deixei que meus cabelos caíssem pelo corpo em grandes cachos produzidos com o secador.

— Está pronta? — Ouvi Kimberly me chamar do quarto.

— Sim, já estou saindo.

Respirei fundo, olhei mais uma vez para a figura que o espelho refletia. Eu não queria acabar com as esperanças de Jimmy, eu gostava dele.

Apenas não era da forma que ele esperava.

Os olhos de Nicolas entrando nu no banheiro ontem me assombraram até eu chegar ao elevador.

— Onde vamos almoçar?

Tirei os olhos do marcador, olhando para Kimberly. Ela também estava muito bonita, uma saia de couro colada ao grande quadril e sua blusa de frente única branca, deixavam sua pele recém bronzeada ainda mais dourada.

— Aqui mesmo no Bellagio. Jimmy fez reserva em um dos restaurantes.

Atravessamos o amplo saguão, em busca do restaurante. O piso de mármore deixava o barulho de nossos passos ainda mais alto, admirei o teto ornamentado cada vez mais agradecida por ter escolhido esse hotel. O Bellagio era extremamente sofisticado e bem centralizado, todos os atendentes tinham a excelência de um hotel cinco estrelas, assim como o restaurante para qual caminhava. Ele tinha uma das paredes toda de vidro, dando uma belíssima visão de Vegas, e da réplica da Torre Eiffel.

Kimberly praticamente saltitava ao meu lado, discorrendo sobre como estava animada com essa viagem e o quando estava agradecida pelo convite. Ela era uma de minhas primas, mesmo que não a considerasse assim. E lógico que não pude negar quando meus pais gentilmente falaram para meus tios que seria uma ótima ideia dela me acompanhar. Aquele sonoro “Nem pensar” atravessou meu cérebro enquanto tomava minha xícara de café com meus pais, mas acabei sorrindo para todos e disse que adoraria sua companhia.

Então aqui estávamos, soltas por Vegas.

Avistei Jimmy sentado em uma das mesas com vista para a janela panorâmica, ele sorriu assim que conseguiu me ver, ficando de pé.

Apontei para ele, dando uma leve puxada no braço da minha prima que estava indo para o lado errado.

— Ursinha. – disse beijando minha boca.

— Jim. – sorri.

— Kimberly, que bom finalmente conhecê-la. – Ele cumprimentou minha prima avoada com um sorriso e beijo no rosto. – Ana comenta muito sobre você.

Nossos olhares se cruzaram, eu não comentava dela, na verdade foram poucas vezes. E todas para dizer o quanto eu estava detestando a ideia de sua estadia em Nova York.

— O prazer é todo meu. – Kimberly sentou na cadeira ao lado de Jimmy. – Pensei que você tinha comentado que ele trouxe um amigo. – reclamou para mim.

Dei de ombros, sorrindo para os dois. Não estava com ânimo para conversa.

— Na verdade, trouxe sim, ele foi ao banheiro. – Jimmy fez uma pausa.

– Ali, já está voltando.

Kimberly se virou na cadeira para procurar o tal companheiro de Jimmy, dando privacidade para trocarmos um olhar.

Ele sorriu como quem achasse extremamente divertido a espontaneidade de minha prima.

— Desculpem o atraso.

Aquela voz... Ah não. Por favor, Deus. Você só pode estar de brincadeira.

— Nic essas são Kimberly e a minha Ana. – disse Jimmy, fazendo as apresentações.

Quando levantei meu olhar, seguindo a calça jeans folgada no quadril, a camisa social branca, chegando por fim nos olhos azuis que eu sabia que estavam me encarando não pude deixar de tentar engolir o bolo que se formou em minha garganta.

— Ana? – Nicolas estava tão surpreso como eu. Mas ele ainda não tinha juntado as peças que eu juntei na noite passada.

— Oi Nicolas. – disse, minha voz quase não saiu.

— Vocês já se conhecem?

Tentei dar meu melhor sorriso para Jimmy. – Nicolas e eu temos amigos em comum, querido.

Jimmy sorriu todo feliz, tirando por fim a ruga que tinha na testa. Segurou minha mão dando um beijo delicado, não pude deixar de notar que os olhos de Nicolas estavam grudados em nós.

O garçom se aproximou anotando os pedidos de todos, agradeci que pelo menos em uma coisa a tagarelice de Kimberly funcionava, ela foi a responsável por suavizar o clima na mesa. Mesmo Jimmy não sabendo de nada, a falação de minha prima contribuiu para que os olhares que Nicolas me lançava passassem despercebidos.

Jimmy contou sobre os voos e o tempo que passamos longe, requisitando a atenção de Nicolas o que me fez suspirar secretamente de alívio. Se ele já estava me lançando olhares de questionamento com apenas o que fora apresentado até ali, imagina se descobrisse que a mulher mascarada que ele transou ontem tinha sido eu? Afastei o cabelo do rosto, colocando-o atrás da orelha quando minha cobiçada sobremesa chegou.

— Minha Ana ama chocolate. – Jimmy beijou meu pescoço de forma carinhosa, sussurrando para mim. Mas todos com certeza ouviram suas palavras.

Retribui o sorriso colocando uma colherada grande do suflê de chocolate na boca, me deliciando com o sabor.

— Ana, não acredito! – Kimberly exclamou ao meu lado.

Olhei engolindo o resto da sobremesa, tentando entender do por que ela estava falando aquilo.

— Você perdeu o brinco. – Ela apontou para mim, fazendo meu estômago revirar.

Merda, com os eventos da noite passada eu me esqueci completamente que estava sem o brinco, cujo havia deixado no quarto da The Night.

Dei um sorriso. – É, eu devo ter perdido no quarto do hotel, mas tarde procuro por isso.

Cale a boca Kimberly! – gritei em minha mente.

— Poxa, eu estava na esperança de conseguir ele esta noite. – Kimberly fez um biquinho mimado, mas voltou a tagarelar com Jimmy sobre as viagens dele.

Nicolas que por nem um segundo desviou os olhos da conversa me encarava abertamente. Como se tivesse descoberto um grande segredo.

— Poderíamos dar uma volta, o que acham? – Jimmy pousou a mão em minha coxa, fazendo um carinho por ali. – Estou com tanta saudade de você.

— Sim, podemos.

— Ana, me fale mais. – Nicolas me interrompeu. – Como você e meu velho amigo se conheceram? – Aquele cretino olhava de mim para Jimmy. – Então foi por isso que negou meu convite, ontem? – Acrescentou para Jimmy com um sorriso todo simpático.

— Eu conheci a Ana numa livraria. – Jimmy começou a contar do nosso trágico primeiro encontro. – Ela esbarrou em mim, derramando todo seu café em nós. – Jimmy riu também se lembrando.

— Não derramei, fiz por querer. – Comentei.

— Sim, eu me lembro de você ter virado com tudo. – Jimmy me deu um beijo casto, e, voltou à atenção para seu amigo. – Ela depois me contou que só queria um motivo para falar comigo, sem aqueles “Oi, tudo bem?”

— Poxa, quem diria que você iria encontrar justo meu amigo. E que você camarada iria agarrar logo a ovelha desgarrada da turma. – Nicolas provocou olhando diretamente para mim. – Jim, tenho que confessar eu nunca iria acreditar, vocês formam um lindo casal.

Eu sentia toda a ironia e hostilidade dele e não entendia como nem o Jimmy ou a Kimberly, não tinham captados as frases de duplo contexto que Nicolas soltava.

— Se me derem licença, vou ao banheiro.

Levantei-me, colocando meu guardanapo de pano ao lado do meu prato e corri para longe deles. Eu precisava respirar sem ter toda aquela aura de Nicolas sobre mim. Entrei no banheiro luxuoso, decorado em tons pastel e dourado me apoiando na pia de mármore, minhas pupilas estavam dilatadas, meu coração batia forte dentro do peito. Merda! De todos os amigos do mundo tinha que ser logo ele, de tantos carinhas para se ter um sexo casual tinha que ser logo Nicolas White?

Abri a torneira para molhar um pouco minha nuca, quem sabe com a água gelada eu conseguia controlar meus nervos. Estava de cabeça baixa quando a porta do banheiro abriu e fechou logo em seguida.


— Engraçado que eu tenha um dos brincos do par, igual a esse que está na sua orelha.

Meu sangue gelou, meu corpo todo ficou trêmulo. Eu não conseguia controlar nem minha mente, boca ou nervos quando Nicolas estava por perto, sempre foi assim desde a primeira vez que o vi.

— O que você acha que está fazendo? – Perguntei com o resto de seriedade que restava dentro de mim.

Não respire, não chegue perto dele Ana Suarez. – Eu dizia o mantra em minha mente.

— Você não respondeu minha pergunta.

Ele parou diante de mim, uma das mãos no bolso da calça jeans e a outra segurando em frente aos meus olhos algo brilhante. E eu sabia muito bem o que era, meu brinco. O maldito brinco que não consegui resgatar antes que ele saísse do banheiro.

— Engraçado, pois ontem eu encontrei com uma mulher que estava usando esse mesmo brinco. – Nicolas olhou de minha orelha exposta para o brinco em sua mão, balançando-o de leve, fazendo os pequenos brilhantes reluzirem com as luzes do banheiro.

— É um brinco muito comum entre as mulheres. – Retruquei. – Alguém tão sem vergonha como você deveria saber.

Ele soltou uma risada baixa mexendo com o meio de minhas pernas.

— A questão aqui é porque você estava na boate ontem? E porque está hoje bancando a namoradinha do meu amigo?

— Eu não sei do que você está falando e gostaria que me deixasse passar. – Aprumei minha postura, tentando passar extrema confiança no que falava. – Jimmy está me esperando.

— Jimmy sabe que ontem você estava se contorcendo debaixo de mim, usando o nome de Kimberly? Engraçado, pois descobri que a verdadeira Kimberly mal faz ideia de que você roubou a identidade dela para foder com alguém que não era seu namorado. – Ele torceu a boca dando um passo em minha direção. – Espera um pouco, ele é mesmo seu namorado?

Senti minhas bochechas corarem. — Não sei...

— Não tente mentir para você mesma Ana. Eu agora posso juntar todas as peças que não se encaixavam ontem, você mudou. – Os olhos de Nicolas desceram pelo meu corpo, aquecendo minha pele. – Realmente você mudou, mas ainda reconheço seu jeito, sabia que havia alguma coisa errada com a mulher misteriosa de ontem. Você sabia, não? Foi por isso que não queria que eu retirasse sua máscara. E por falar nisso, você está com o mesmo perfume barato de ontem.

— Vá pro inferno. – Descarreguei.

Isso o fez rir ainda mais, ele deu um passo me prensando contra a pia. Nicolas se inclinou sobre mim ficando a centímetros de minha boca, uma de suas mãos começou a passar pelo meu corpo de forma liberal.

— A questão é que você gosta do inferno, então não poderei ir sozinho.

Não pensei, apenas ergui minha mão dando um tapa em seu rosto, Nicolas virou um pouco a cabeça, seu olhar ficou sério, duro pelo golpe que dei. Ele não deu tempo para minha cabeça formular uma resposta ou muito mesmo deu qualquer espaço para que eu saísse do banheiro. Quando tentei sair ele me agarrou pela cintura, empurrando meu corpo com força contra a pia, e, nem a dor aguda da batida fez com que eu realmente me importasse em sair. Ou criar qualquer vontade de empurrar seu corpo para longe do meu, Nicolas aproveitou aquele mísero segundo que não houve resistência para colocar sua língua dentro de minha boca, que o recebeu toda animada.

Ele sugava minha língua, assim como beijava minha boca de forma possessiva e descontrolada. Nossos corpos estavam um agarrando ao outro, soltei um gemido quando sua mão apertou meu seio por cima do vestido, fazendo os mamilos endurecerem, esperando por mais.

Nicolas desgrudou sua boca da minha interrompendo nosso beijo esfomeado. Um sorriso cínico brotou no canto dos seus lábios.

– Bem-vinda ao inferno, Ana. E nunca mais pense ou tente me dar um tapa. – Disse se virando e me deixando sozinha novamente no banheiro.


Capítulo 9

Nicolas White


Não sei quanto tempo fiquei contemplando a paisagem em minha frente, não sei quantas vezes revirei a porra desse brinco em meus dedos. A questão é que fui pego de surpresa, nunca imaginei que iria reencontrar Ana, ainda mais depois de dois anos, toda mudada e ainda bancando de namoradinha do meu melhor amigo.

A última vez que me envolvi com ela, estávamos embriagados e felizes por Ângela ter se casado, lembro que voltamos para o hotel ambos bêbados e quase arrancando as roupas no hall.

Porém, seguimos cada um para seu lado, Ana não gostou muito quando saí do hotel deixando um bilhete, lembro que inventei uma desculpa qualquer. A verdade? Eu estava gostando além do explicável dela, sua preguiça matinal sempre que acordava ao meu lado depois de uma transa sensacional ou quando era uma verdadeira tigresa na cama.

Sempre levei meus breves relacionamentos em cinco fases. A primeira é a conquista, nada melhor do que sair atrás e conquistar aquela mulher, nesse ponto você tinha que ser o príncipe que elas costumam sonhar. Sabe aquele velho ditado que tudo se baseia no olhar? Pois bem meu amigo, na arte da conquista trocas de olhares sedutores são essenciais se você quiser levar a mulher para cama.

O segundo encontro já tinha que ser divertido, fazer algo insano, rir sem se preocupar com nada. Este você estabeleceria um contato mais íntimo com a outra pessoa, mostraria que você pode ser divertido, que não quer complicação. Esse encontro você tem que provocar aquele “frio na barriga” que as mulheres tanto falam. Bem aquela coisa que você geralmente vê em filme, do casal se olhar e saber que aquilo ali poderia evoluir.

Para muitas mulheres, o terceiro encontro já podia rolar aquele algo a mais. Faça esse encontro ser arrasador, algo que a deixe de pernas bambas e prontas para você mais tarde. Isso era bem fácil.

Um dia me perguntaram por que eu perdia tempo com essa técnica de encontros se tudo que queria era levar a mulher para cama? Simples, as mulheres não funcionam como nós, nem sempre se sentem seguras o bastante para irem logo transando no primeiro momento e outra, mulheres não eram um botão que você ligava e pronto, vamos gozar. Não era apenas a questão de gozar, mas de sentir o prazer máximo que era ver a mulher largada na cama, satisfeita e bem comida .

Alguns também me perguntavam como eu sabia sair de uma complicação, no caso da mulher pensar que teríamos o “algo a mais”, por isso eu vinha o quarto encontro.

O quarto encontro poderia ser algo leve, afinal você já conseguiu aquilo que foi em busca, sexo. E no quinto, o quinto meu amigo, é o último, faça ser inesquecível, mas deixe logo claro que não teremos aquele algo a mais. Nada de almoço de domingo para conhecer os pais, nada de alterar status nas redes sociais, nunca, nunca mesmo envie flores ou qualquer coisa que ela possa pensar ou criar a teia maluca dentro da cabeça que você quer o próximo passo. Sabe, não fale de planos, não as inclua, não planeje o depois. Porque o depois nós sabemos que não vem, assim como as ligações ou mensagens se tornam raras.

E por fim um adeus sem complicações.

“Tudo tem o tempo certo para ser inesquecível” – E era esse ponto que eu seguia em frente, sempre vi meus amigos sofrendo em relacionamentos, amarrados, com mulheres paranoicas achando que cada passo que davam tinha uma traição envolvida. Nunca quis isso para mim, ainda mais pela minha profissão. Não era o momento de jogar a ancora, eu sempre admirei o casamento dos meus pais, mas sei que para ter um casamento assim, eu tinha que encontrar a mulher certa e também não adiantava jogar meus sonhos pela janela e nem me anular por qualquer casamento.

Quando chegasse a hora eu saberia, mas enquanto não chega... Ah, meu amigo, eu quero o que a vida tem para me oferecer de melhor no quesito sexo e mulheres.

Mas voltando a Ana eu falhei miseravelmente no terceiro encontro, ela é uma mulher despreocupada, eu sabia muito bem o que sentia por mim, que sentíamos a mesma atração maluca. E quando eu vi que poderia acabar enlaçado, fiz o que qualquer homem faz, pulei fora.

Agradeci imensamente que os trabalhos se intensificaram durante esse período, e, outras mulheres vieram. Poucas vezes fiquei em Nova York e dentro desses dois anos Ana Suarez tinha sumido completamente.

Até o momento.


— E aí cara, você sumiu.

Viro quando a porta abre, revelando um Jimmy sorridente e com os cabelos despenteados.

— Recebi uma ligação. – Disse dando de ombros.

— Mulher aposto. – Jimmy brincou se jogando em sua cama.

Acompanhei seus movimentos, Jimmy estava parecendo uma mulher, sorrindo pro nada, o que poderia significar que ele teria gastado bastante energia depois do almoço, transando com a Ana.

— Então sua noite foi realmente proveitosa? Está com pensamento longe.

Desviei meu olhar novamente para a janela. – Podemos dizer que sim.

Ele colocou os braços atrás da cabeça, chutando os tênis para longe.

— Sua cara não aparenta isso.

Soltei uma risada baixa. – Ah, meu amigo! Se você soubesse. – Me levantei passando a mão em meu casaco. – Foi uma noite muito reveladora.

— Reveladora? Nicolas White dizendo que sua noite de transa casual foi reveladora? Transou com uma cartomante? – Jimmy perguntou caindo na gargalhada.

Olhei novamente para Jimmy, esbocei meu melhor sorriso. – Você ficaria pasmo se soubesse sobre minha noite meu amigo, porém agora eu tenho que fazer uma coisinha, até mais.

— Até, bom divertimento. – Jimmy respondeu ainda exibindo seu sorriso bobo.

 

Enfiei-me em um bar qualquer de Vegas, eu precisava me manter longe do Jimmy, precisava me distrair dos olhares gulosos que Ana havia lançado para mim e principalmente de meu ataque sobre ela no banheiro do restaurante. Porém a dose de uísque estava sendo insuficiente para isso.

Dando uma olhada pelo salão vi duas morenas, lindas, pernas torneadas, um corpo esguio e todo repaginado por cirurgias plásticas olhando para mim. Dei um breve sorriso para elas, erguendo um pouco meu copo. Elas sorriram uma para a outra depois para mim, isso sim seria distração, uma jornada dupla com essas mulheres.

Um ménage a trois , isso sim seria perfeito para eu tirar qualquer resquício que restasse em meu corpo de Ana. Peguei meu copo deixando meu lugar ao bar, seguindo sorridente para a mesa das morenas, que me esperavam com sorrisos, obviamente ávidas por um pouco de atenção masculina. Afinal era Vegas baby , e o que seria de Vegas se não houvesse um bom e velho sexo a três?

— Olá moças, vejo que estão sozinhas, posso me sentar? – Perguntei todo galante.

— Oui, oui . – A mais alta respondeu toda solicita em seu francês arrastado.

Sentei sorrindo para elas, imaginando os palavrões que não arrancaria das francesinhas enquanto fodia as duas.

— Meu nome é Nicolas, vocês? – indiquei para elas.

— Meu nome é Berthe.

— Eu sou Fleur, somos de Lyon. – comentou a mais alta.

— Que doçura, vieram curtir Vegas então, se o sotaque de uma francesa é delicioso, imagine duas. – disse apoiando os cotovelos na mesa.

Fleur e Berthe riram baixinho trocando olhares entre elas. – Me fale meus amores, o que vocês estão fazendo em Vegas?

— Viemos procurando amusement . 1 – Fleur respondeu.

— Votre plaisir est arrivé! 2

Elas caíram na gargalhada, estava no papo!

— Você poderia começar a nos mostrar essa sua diversão? – Berthe estreitou os olhos chegando bem perto de mim, se quisesse poderia puxá-la para um beijo, mas não era hora.

— Nosso hotel fica do outro lado do quarteirão. – Fleur comentou.

— Com o maior prazer, só me mostrar o caminho.

Sorri lentamente, seguindo as duas até o hotel, se era diversão que elas queriam, iriam ter. Qual diversão melhor elas teriam senão sexo? Elas pediram por isso assim que pisei no bar, seria ótimo poder colocar minhas mãos naqueles corpos mignons , fazer as duas desejarem coisas como se fosse o último copo de água do deserto.

Não precisei seduzi-las muito, ou gastar uma boa hora em conversas forçadas, nós sabíamos o que era importante, o nome, o hotel e o que queríamos. Como sempre tudo estava a minha disposição, para usufruir e me distrair do meu real problema. Ana Suarez.

De pé no meio do quarto observei as duas transitarem tranquilamente, era um quarto amplo, com tudo que se tinha direito, porém não era conjugado, o que mostrava que as duas francesinhas em minha frente tinham outras preferências, e isso seria ainda melhor para mim.

Berthe que aparentou ser a mais calma do que a outra foi a primeira a jogar longe os sapatos e se ajoelhar em minha frente. Retirei o casaco, deixando cair perto de meus pés, enquanto Berthe abria minha calça, descia pelas minhas pernas para no fim se ver livre dela e da cueca.

Meu pau já estava lá pronto para elas, semiereto, mirando “gentilmente” para a boca da francesinha.

— Uau, que delícia!

— Garanto que será delicioso. – Disse acariciando um pouco a cabeça de Berthe.

Fleur se ajoelhou ao lado de sua amiga, tomando meu pau em suas mãos, lambeu a cabeça, sugando um pouco com seus lábios.

Com ar travesso as duas começaram a dividir meu pau, hora uma chupava ele todo, enquanto a outra se dedicava as minhas bolas, hora era o inverso. Percebi que as duas eram bem experientes, sabiam e gostavam muito de tudo que estavam fazendo.

Berthe assumiu a posição de Fleur, chupando-o com mais força, olhando para mim com ar travesso, me enterrando fundo em sua garganta. Sem dentes roçando, com pressão exata para arrancar um suspiro de meus lábios.

— Vocês são duas safadas gostosas. – Elogiei passando a mão na cabeça delas.

Fleur se ocupou tirando suas próprias roupas e tirando minha camisa, lambendo meu peito, mordendo meu pescoço. Envolvi sua cintura com meu braço colando seu corpo nu no meu, deixei que ela beijasse minha boca, realmente deixando o que elas fizessem o que queriam.

Mas não custaria nada acelerar um pouco. Puxei Berthe pelos cabelos colocando-a de pé, guiei as duas para a cama, deixando nosso joguinho erótico um pouco melhor. Quando elas já estavam estiradas na cama, subi de joelhos, ficando no meio delas.

— Se beijem. – Ordenei com uma voz baixa.

Elas trocaram um olhar acompanhado de um sorriso, Fleur aproximou seu rosto de sua amiga, beijando com suavidade sua boca, lambendo os lábios dela como se fosse um sorvete. Fiquei ainda mais excitado vendo-as se beijarem profundamente, sem deixar de prestar atenção na cena que decorria em minha frente fui tirando as roupas que restavam das duas, deixando-as completamente nuas. Os corpos das duas se pareciam muito, ambas eram esguias, mesmo Fleur sendo a mais alta, bundas arredondadas, seios pequenos, mas bem redondinhos e bicudos, como de duas menininhas.

Comecei a passar a mão pelo corpo das duas, pelas coxas, deixando uma trilha de arrepios ali, me concentrando ao máximo no que estava fazendo, meu pau latejava querendo atenção.

Deixei que Berthe ficasse deitada na cama, auxiliei para que Fleur chupasse o clitóris inchado e rosado de sua amiga, enquanto eu cuidava do seu, sua boceta estava pingando de desejo, brinquei um pouco com os dedos, passando de leve minha língua em sua abertura. Fazendo-a convulsionar no corpo da amiga, que por sua vez gemeu mais alto.

Retirei meu dedo, colocando a língua, enterrando o mais fundo que me permitia, abrindo seus lábios vaginais como pétalas de uma rosa, chupando com vontade seu corpo. Fleur gemia alto, seu desejo estava tão no ápice que ela se perdia nas carícias que provocava em sua amiga, seu corpo todo arrepiado mostrava que queria mais, porém não fiz o que ela pediu, deixei-a de lado na cama caindo de boca em sua amiga, dando a mesma atenção que a boceta de Fleur recebeu.

Fleur se dedicou em me agradar, dando um verdadeiro banho de língua, chupou minhas costas e mesmo de quatro na cama com espaço reduzido ela conseguiu chupar com maestria meu pau.

Como todo bom hotel, eles disponibilizavam preservativos e foi isso que encontrei na segunda gaveta, uma quantidade enorme deles, eu não estava errado essas garotas queriam sexo.

Abri um espaço entre elas, deitando na cama. – Monte em mim, quero ver meu pau sendo enterrado nessas bocetas gulosas. – Olhei para Berthe, sorrindo de modo bem sem vergonha. – Você sente-se sobre minha boca, não consegui prová-la como quero.

Fleur montou em mim ávida, suas mãos apoiadas firmemente em minha barriga, ganhando o apoio necessário para ela se enterrar em meu pau, descendo a vagina raspada sobre ele, engolindo tudo, fazendo com que eu sentisse as paredes se alargando enquanto ela rebolava e gemia sobre mim.

— Ce bâton! – Gritou jogando a cabeça para trás, mesmo eu entendendo que ela estava falando sobre meu pau, eu não queria nem saber, queria meter fundo.

Ela deslizava, massageando meu membro, uma verdadeira delícia. Realmente tirei a sorte grande com as duas. Puxei Berthe para cima de mim, deixando que ela se apoiasse na cabeceira da cama, com um joelho em cada lado da minha cabeça. Agarrei sua bunda esfregando minha boca em suas coxas, mordendo seus lábios vaginais, sentindo sua boceta tão molhada que escorria pelas pernas. Lambi lentamente seu clitóris, deixando que ela gritasse, gemesse, estremecesse sobre mim.

Enquanto minha língua cuidada de seu sexo necessitado, fui invadindo seu corpo, minhas mãos passeavam apertando seus mamilos, torcendo os bicos endurecidos de prazer, deixei que uma mão vagasse até sua bunda, apertando aquele pedaço delicioso, enterrando sua boceta em minha boca, fazendo-a se perder em gemidos, cada vez mais molhada, mais aberta para mim.

Fleur cavalgava com vontade sobre mim, meu pau pulsava sentindo-a escorregar e me engolir por inteiro, eu mesmo tendo que exercer um controle absurdo para não gozar com as duas mulheres trabalhando simultaneamente sobre mim.

— Ahh Nic...

Chupei Berthe duramente, seu corpo estava descontrolado, a ponto de gozar, enfiei a língua nela, levando ao limite. Berthe gozou em minha boca soltando palavrões e agarrando com força minhas mãos, deixando que eu sugasse toda sua excitação. E Fleur seguiu pelo mesmo caminho, praticamente pulando em cima de mim de tão violento que foi seu orgasmo.

— Estão cansadinhas né, porém o Nicolas aqui ainda não gozou. – brinquei tirando Berthe de cima do meu rosto e rindo internamente quando as duas arregalaram os olhos para mim.

— É minha vez Nic, Fleur já teve sua chance. – Berthe se colocou prontamente de joelhos na cama, recebendo uma olhada feia da amiga. Como uma amizade poderia acabar por sexo. Igual a minha e do Jimmy, sendo posta a fogo por aquela mulher linda, provocante... Não Nicolas foco onde você está, nas duas francesinhas brigando pelo seu pau, campeão.

Coloquei Berthe de quatro e nem esperei que ela se arrumasse, meti fundo em seu ânus, sendo recebido com um gemido estridente, hoje com certeza os hospedes dos quartos ao lado estavam recebendo um espetáculo e tanto. Comecei a estocar com firmeza, mais algumas jogadas de quadril e estaria onde desejava. Desci uma das mãos brincando com seu clitóris, sentindo-a relaxar e se abrir toda para mim, Berthe era sagaz, quando eu me afastava ela trazia seu corpo para frente fazendo meu corpo se chocar com força em sua bunda empinada. Pressionei a mão em sua coluna fazendo ela deitar na cama, deixando apenas a parte que me interessava empinada e a visão dela assim, sua bunda exposta para mim era demais. Dei uma olhada para Fleur ainda emburrada na cama, fiz um sinal para que ela se aproximasse o que fez prontamente, já com um sorriso no rosto.

— Terá para você também meu amor. Prometo acabar com você novamente com minha língua. – Disse fazendo um carinho em seu queixo, e, foi assim que eu me derramei dentro de Berthe, sua amiga se masturbando ao meu lado, esperando para ser comida novamente, Berthe gemendo como uma atriz pornô e meu gozo forte percorrendo minhas veias, turvando minha visão. E dando o relaxamento que eu tanto esperei.


Capítulo 10

Ana Suarez

 

Tantas pessoas que conheço, elas só tentam te tocar

Beije e toque com suas mãos e sinta

Beije e toque com suas mãos e sinta em você

Vou te dar um tempo para você provar

que posso confiar em você de novo.


(All Night – Beyonce)

 


Graças a Deus, Jimmy não percebeu nada quando retornei para nossa mesa, Kimberly foi pelo menos boa para manter ele entretido em algum assunto. Depois que conferi umas três vezes meu estado antes de aparecer suspirei ainda mais satisfeita por Nicolas não estar na mesa.

Kimberly seguiu para sua tarde de passeio e Jimmy e eu para minha suíte. Foi difícil me manter focada e entrar no clima, meu pensamento ainda estava longe, focado na falta de sorte de entrar pela primeira vez em uma casa de sexo e cruzar com Nicolas. Se você analisasse as probabilidades de isso acontecer, você diria que seriam ilusórias, eu também acreditaria nisso, mas comprovei que o destino estava tirando um verdadeiro sarro com a minha cara.

— Ana?

Levantei os olhos para seu rosto. – Desculpe.

— Você tem estado longe, desde o almoço percebo que está com os pensamentos em outro lugar. – Jimmy acariciou de leve meu rosto. – Está acontecendo alguma coisa?

— Ah... Não apenas preocupações cotidianas, você sabe a editora anda me consumindo demais.

—Minha ursinha, você precisa de um descanso, desde que nos conhecemos você tem emendado um trabalho atrás do outro.

Concordei com a cabeça, coloquei um sorriso singelo no rosto. Jimmy não merecia isso, não merecia ser enganado ou estar com uma pessoa que não correspondia ao seu sentimento.

— Jimmy... Eu... – Preciso contar, engoli em seco, respirando fundo para revelar tudo para ele.

— Ana.

Jimmy se ergueu na cama, deixando-me deitada sobre os travesseiros, ele era lindo, sua pele morena, seu olhar doce... O que você está fazendo Ana? Jimmy passou a mão sobre minha cabeça, dando um beijo ou outro pelo meu rosto, minha testa, minha bochecha, minha boca, despejando seu sabor doce sobre mim.

— Ana, estou tão feliz de estar com você, de sentir o que sinto por você...

— Jimmy. – Tentei interrompê-lo.

— Não Ana, sei como você é, sinto que você foi muito magoada, mas eu estou aqui para te dar o melhor. – Os olhos de Jimmy queimavam sobre os meus.

— Deixe-me amá-la.

A cada pedaço de roupa que ficava fora de nosso caminho Jimmy me devorava com o olhar, invadindo minha alma. O toque de Jimmy era leve, causando arrepios por toda minha pele, mexendo profundamente com meus hormônios.

Jimmy desceu pelo meu corpo como uma serpente, dando atenção para todas as partes que passavam pela sua boca. Quando seus dedos me abriram dando espaço para sua boca, todos os pensamentos secundários, sobre arrumar minhas malas e voltar para Nova York, foram ficando nebulosos, sendo encobertos pelo desejo que Jimmy dava ao meu corpo com seu toque. Afinal, segundo Jimmy me passou eles estariam indo embora amanhã bem cedo...

— Jimmy... – exclamei quando sua língua castigava meu sexo com lambidas, gemi alto quando seus dedos se juntaram com suas lambidas, me lançando no mais puro prazer.

Jimmy levantou o olhar, exibindo o melhor sorriso sexy que você espera de uma cena dessas, sua boca ainda trabalhando dentro de mim, seus olhos focados nos meus. Prometendo-me um sexo daqueles.


E aqui estou eu, deitada na cama, depois do Jimmy ter me dado um sexo excelente e realmente ele tinha dado tudo de si, foi à medida certa de carinho com a safadeza que você espera num bom sexo.

Mas agora sozinha em meu quarto os pensamentos indesejáveis surgiram em minha cabeça, me sentia como se estivesse num mar revolto, assim eram minhas emoções. De um lado Jimmy, com seu carinho e do outro Nicolas, trazendo na mala um caminhão de sentimentos frustrados, desejos e sentimentos amargurados, pois se tinha uma coisa que o Nicolas despertou em mim depois de nosso pequeno encontro, foi o desejo maluco que meu corpo sentia por ele, além de todo ódio. Uma vontade extrema de voar no pescoço dele, agora se eu conseguiria realmente matá-lo ou se seria para beijá-lo e morder todo aquele corpo escultural. Isso eu já não poderia dizer.


Capítulo 11

Nicolas White


O desembarque no aeroporto JFK, em Nova York era um dos mais tumultuados, diferente como foi no aeroporto de McCarran, em Las Vegas, que os passageiros saiam tranquilamente pelas duas portas. Em Nova York os passageiros tinham que sair pela dianteira, passando pela primeira classe o que causava um atraso até que todos saíssem e assim nos deixar livres para sair também.

Pelo canto do olho notei que Jimmy me encarava.

— Desembucha, Jim.

Ele arqueou as sobrancelhas para mim, — Um voo com Nicolas White em completo silêncio, no mínimo é assustador. Você não foi nem se divertir com a sua protegida.

Para Jimmy, Ashley era minha protegida, pelo fato de transarmos constantemente, mas eu não iria me explicar para ele, toda a empolgação do sexo que tive com as francesinhas não durou muito, logo fui afogado por todos os tormentos enquanto arrumava minhas co isas para voltar para Nova York e ver o sorriso satisfeito de Jimmy não estava me ajudando em nada, afinal eu sabia muito bem o motivo do seu sorriso malicioso, eu mesmo tinha experimentado. Um sentimento... O que seria? Culpa por ter fodido a possível namorada do meu amigo, não, eles não eram namorados, eu analisei bem a postura de Ana perto do Jimmy. Ciúmes de minha parte? Por ela estar com ele? Eu não sabia o que era aquela porra de sensação, mas ela estava ali, rondando minha cabeça como uma nuvem negra.

— Estou cansado, apenas isso meu amigo. – Esbocei um sorriso para ele.

Mas a verdade é que eu não tirava a noite no The Night da minha cabeça, por horas a fio os olhos castanhos e raivosos de Ana tomavam minha mente.

— Percebi que você não voltou para o hotel noite passada. A noitada foi boa? – Disse sorrindo amplamente para mim enquanto se levantava.

— Sim, muito boa e prazerosa.

— Aí está o velho Nic, já estava ficando com medo desse silêncio todo. – Disse rindo.

Retribui seu sorriso.

— Falando nisso, amigão, como você e Ana se conheceram?

Ali estava, o assunto pelo qual eu não queria falar, mas eu conhecia o Jimmy, ele pode ser calmo, até mesmo não ter notado nosso pequeno sumiço durante aquele patético almoço, mas Jimmy não deixaria de tirar sua curiosidade a limpo assim que pudesse.

— Amigos em comum, como já disse.

— Sim, eu me lembro.

Percebi que ele não estava satisfeito.

— Ana é amiga do Greg, sabe? Greg... Gay... – Ele concordou com um aceno. – Então e por isso nos tornamos conhecidos, ela saiu algumas vezes conosco e sua amiga. Até fomos no casamento dela, Ângela conhece?

— Sim, conheço.

Uma batida na porta interrompeu nosso papinho amigável.

— Entre.

— Desculpe incomodá-los, mas a aeronave já está vazia. Ashley pediu para vir avisá-los.

Ainda tinha mais essa, Ashley estava com raivinha de mim por não ter estendido nosso casinho de cabine de banheiro para Vegas.

— Obrigado Joline, estamos terminando o relatório e estaremos saindo.

— Imagine Sr. White. – Deu um sorriso largo para mim e saiu.

— Nicolas e seus rabos de saia, qualquer hora alguém vai pegar você se esbaldando entre as comissárias meu amigo. – Jimmy curtiu com minha cara, já pegando suas coisas para ir embora.

— Ah meu caro, espero que isso não aconteça. – Dei uma gargalhada, no fundo agradecendo por ele ter esquecido do assunto “Ana”, pelo menos por enquanto.


Você está me deixando louco agora...

Está me deixando louco agora

Me tem parecendo tão louco agora, seu toque

Quem ela pensa que é?

Olhe o que você fez comigo


(Crazy in Love – Beyonce)


Uma cerveja e a vista do meu apartamento no Upper East Side completam minha noite. Fazia uns bons meses que não me sentava em meu confortável sofá, ou desfrutava de um momento em meu apartamento.

Minha casa foi um projeto de muito planejamento e um grande investimento, algo que poderia garantir meu futuro caso a vida de piloto me cansasse. Um apartamento chique e elegante como minha família dizia, para eles só de entrarem em meu bairro já se sentiam envergonhados.

Meus pais sempre foram humildes, trabalhadores e apaixonados um pelo outro, muitos podem pensar que tenho problemas com minha família, mas muito pelo contrário, cresci em um ambiente repleto de amor e carinho. Atualmente meus pais, assim como meu tio Arnold e minha avó Clarice moram em West Village, Manhattan.

O que me faz lembrar de que esse pequeno período de férias ser excelente para visitá-los.

Cruzei a sala, pegando mais uma cerveja da geladeira. O prato inacabado de lasanha ainda estava sobre a pia e meu pensamento longe desde entrei em meu apartamento.

Duas batidas ritmadas na porta me tiraram de meus pensamentos. Escancarei a porta vendo minha vizinha do 1003.

— Vizinho, sabia que estaria em casa. – Ela deu uma boa olhada, os olhos passeando por todo meu corpo coberto apenas pela calça moletom.

— Cindy, que prazer em vê-la. – Respondi com um sorriso.

Cindy era uma arquiteta maluca, sim, maluca mesmo. Além de gemer como uma cadela toda vez que transava, ainda era bastante conhecida em meu condômino por arrumar confusões. Resumindo, totalmente pirada, e, sobre a parte de saber que ela gemia tanto que você ficava com enxaqueca depois do sexo? Fácil, ela passou pelo teste de qualidade do Nic aqui.

— Achei que tinha se mudado campeão. – Ela deu dois tapinhas em meu peito, entrando em meu apartamento. – Faz um bom tempo que não tenho visto movimentação por aqui.

Ela se virou para mim ainda parado na porta olhando ela andar toda cheia de rebolado na minissaia.

— Tenho andado muito ocupado.

— Imagino, mulheres, viagens...

Dei uma risada baixa. – Mais ou menos por aí.

— Quer uma cerveja? – Perguntei erguendo a minha garrafa para ela.

— Estou bem. Vim mesmo saber como você está, como disse, faz um bom tempo. – Ela jogou o peso de um pé para o outro, sua mão brincando com a barra da saia.

Arquei minha sobrancelha ela queria saber se eu estava em casa, ou queria saber se meu pau estava disponível para ela?

— Sim estou bem, e, praticamente de saída. – Respondi dando levemente de ombros.

— Puxa isso é mesmo uma pena. — Cindy caminhou até mim, parando bem perto do meu corpo, passou uma das mãos suave pelo meu peitoral, raspando as unhas de gavião. – Poderíamos brincar um pouquinho, mas... Quem sabe mais tarde. – Ela mordeu o lábio inferior de forma sensual, fazendo o Nic Junior começar a despertar em minha cueca.

Calma garotão, eu sei que não dispensamos uma gostosa, mas como disse essa daqui está taxada como maluca, e, não queremos complicações, não é? – Disse em pensamento para meu pau.

— Sim, claro que podemos, mas agora eu realmente preciso me arrumar para sair baby. – Tirei gentilmente suas unhas cravadas em meu peito.

— Vou esperar. – Disse dando um beijo em meus lábios. – Você sabe onde me encontrar.

— Claro, com certeza. – Respondi com um sorriso.

Também sei como fugir. – Pensei, esperei mais alguns segundos, vendo-a cruzar o pequeno corredor para fechar a porta do meu apartamento.

E pude respirar fundo.


Capítulo 12

Ana Suarez


Meu retorno para casa foi extremamente tranquilo, Kimberly se despediu de mim assim que chegamos no aeroporto. Seguindo seu próprio caminho, graças a Deus.

Sempre amei viajar, isso era o que mais me agradava em meu trabalho, a possibilidade de cruzar o mundo a trabalho, mesmo tendo altos níveis de stress. Ser uma das chefes de uma das editoras mais conceituadas do país era um trabalho árduo de todos os dias e com mínimos erros. Senão cabeças rolavam, ainda mais em meses de planejamentos, exibições de livros, feiras, eventos. Era uma completa loucura.

Eu não pretendia sair, estava bem com meu estoque de comida congelada, meu armário de doces, mas comecei a ficar inquieta demais. Ficar em casa sentada no sofá estava me deixando irritada. Dei uma olhada no telefone, quem sabe a Ângela não poderia sair comigo?


“Por favor, me tire do tédio”

Esperei por sua resposta...

“Venha para cá, Paul saiu com o irmão.”

Perfeito.

“Vou me arrumar e logo estarei aí”


A campainha tocava incessantemente, deixei minha bolsa na cama e fui até a porta, desejando que a pessoa tomasse um choque só pelo estardalhaço que estava fazendo.


— Nossa até que enfim.

— Nicolas? O que você esta fazendo aqui?

— Sabia que é falta de educação deixar uma pessoa esperando na porta.

— Ainda estou na primeira pergunta, o que você está fazendo aqui? Como o porteiro permitiu sua entrada sem me comunicar? – Perguntei olhando para seu corpo. – E porque diachos você está de roupão?

— Ah, isso? – fez um gesto para o próprio corpo como descaso. – Isso é apenas um detalhe.

Ele passou por mim, entrando no apartamento, me deixando com cara de boba ainda parada com a porta aberta.

— Nicolas, saia.

— Ah, Ana, você não vai negar um pequeno favorzinho para seu amigo. – Ele deu um sorriso deslumbrante. – Eu devo ter deixado de pagar uma ou duas contas de água.

— E o que eu tenho exatamente com isso? E amigos? Acho que eu perdi algo nesses dois anos que não nos falamos. – Retruquei.

— E... Como somos amigos, é claro com benefícios. Eu vim usar seu chuveiro. – Disse, como se eu tivesse ficado calada esse tempo todo.

Dei um passo me afastando da porta. – Como é? Você só pode estar bêbado. Não ouviu nada do que disse? Cai fora!

— Muito pelo contrário minha doce Ana!

Ergui uma das sobrancelhas para ele. – Doce Ana? Com certeza está sobre efeito de alguma droga.

— Bom, eu preciso de um banho.

— Eu quero que você saia. – Disse sem me comover, mesmo que a Ana interior esteja festejando com a visão de Nicolas embrulhado apenas num roupão branco felpudo.

— Prometo que serei rápido.

— Nicolas, saia do meu apartamento!

Nicolas me olhava com um sorrisinho no canto da boca.

— Nicolas, saia! Não estou brincando.

Ele me ignorou por completo, deixou as chaves do seu carro sobre o aparador, caminhando tranquilamente pelo meu apartamento.

— Nicolas, eu estou de saída, por favor.

Fui ignorada novamente.

— Nicolas, saia. – gritei. – Agora. Tenho certeza que alguma amiguinha vai poder te ajudar, você tem uma lista extensa de contatos.

Ele soltou uma gargalhada. – Pode ficar tranquila, eu tranco seu apartamento quando sair.

Olhei de novo para seu rosto, ignorando com pouco sucesso o espaço aberto que o roupão dava de seu belo peitoral. Ana se controle!

— Nicolas, saia. – disse apontando para a porta, ainda aberta.

— Como disse, — ele caminhou até mim, praticamente me prensando contra a bancada da cozinha, seu corpo, seu perfume serpenteava pelo ar, esse filho da puta não estava precisando de um banho. Ele precisa de vergonha na cara. Isso sim.

– A chave extra continua dentro do pote de feijão? – Perguntou a centímetros do meu rosto.

— Saia. – Resmunguei, nossas bocas estavam a poucos milímetros para se tocarem, dentro de mim algo desejava profundamente por isso, por um momento me perdi nos olhos azuis de Nicolas, esqueci que ele era um canalha, que iria sair, devo ter esquecido até do meu nome.

— Como nos velhos tempos, doce Ana. – Ele disse em meu ouvido, mordiscando o lóbulo de minha orelha.

Nicolas se virou dando um sorriso para minha cara de tacho, apoiada na bancada da cozinha, o meio de minhas pernas em chamas. Descaradamente soltou a fita do roupão, deixando-o cair aos seus pés. Revelando costas largas, braços definidos pela academia e uma bunda... Que bunda.

Engoli em seco, virando para o lado oposto, evitando essa visão.


Ângela gargalhava, tinha acabado de chegar e contar toda a história, estava fumegando de raiva mais que uma chaleira velha. E tudo que minha amiga conseguia fazer era rir da minha cara.

Cruzei os braços esperando que ela se acalmasse.

— Amiga, desculpa... – outra gargalhada. – Mas, ele é muito cara de pau. – outra gargalhada.

— Fico feliz que esteja se divertindo com a minha situação Ângela.

Ela respirou fundo, secando os olhos. – Olha, você está realmente em uma enrascada.

— Nem imaginava isso. Juro por Deus que eu taco fogo se o Nicolas ainda estiver em meu apartamento quando eu chegar.

— Não é para tanto né, amiga. E pelo que me disse, fogo é a última coisa que deseja tacar nele.

Ângela cruzou a enorme sala do seu apartamento, indo até a cozinha, voltando com uma garrafa de vinho tinto nas mãos.

— Você tem que ser sincera com você mesma e principalmente com Jimmy. – Ela me entregou uma taça, tomando um gole de sua própria.

— Esse é o problema sabe, eu não sei o que eu quero, como você ficaria se o Paul retornasse para sua vida, depois de um grande pé na bunda e ficasse com esses joguinhos? Eu estou uma merda, achei que ficaria livre dele aqui em Nova York.

— Amiga, você já tentou escutar o que realmente deseja? Você já se ouviu? Pois em todo o momento que chegou aqui, você só disse uma coisa. Nicolas. – Ela arqueou a sobrancelha olhando para mim com um meio sorriso nos lábios, Ângela estava muito mais serena e linda depois do casamento. Paul realmente era a alma gêmea de minha amiga, mesmo que eu custasse a acreditar nisso. Isso era coisa de livro, vivia no meio de romances em meu trabalho, mas quando o assunto era eu própria contar minha história, saía mais para uma comédia atrapalhada.

— O que eu tô vendo é que você, não pensou no Jimmy, sabe aquele carinha fofo que você está se embolando durante meses. Tudo que eu escutei foi Nicolas isso, Nicolas fez aquilo, mas o Nicolas...

Sai dos meus devaneios. – Não é justo com ele.

— Não é justo com você, Ana. – Ângela retrucou.


— O que não é justo, minha linda?

Paul surgiu pela sala, interrompendo nossa conversa. Quando Ângela comentava que a família de Paul foi agraciada com o manto da beleza eu ria de sua cara, mais agora vendo pessoalmente o homão que o irmão de Paul era, Jesus, eu conseguia acreditar.

— Nada de mais Paul, assunto de mulher. — Ela deu uma piscada para mim. – E aí cunhadinho, gostou de Nova York?

— Ah, pode apostar que sim cunhada. — ele cruzou o caminho vindo para onde estávamos sentadas. – Prazer, Jordan.

— Muito prazer Jordan, Ana. – Disse dando uma boa olhada naquele homem. Nossa senhora das calcinhas molhadas, o que era aquela tatuagem sexy correndo pelo braço dele?

— Ana, cunhado mala. Cunhado mala, Ana. – Ângela brincou.

Tirei meus olhos de Jordan, sorrindo para minha amiga. Já tinha problemas demais para resolver, e incluir mais um problema gostoso desse porte só aumentaria minha dor de cabeça.

Nada que um analgésico não resolva depois, meu bem – A Ana interior sussurrou em meu ouvido toda animada. – Foco Ana! Sem problemas, evite a testosterona extra em sua vida.

— Interrompemos algum papo calcinha meu irmão.

— Não interromperam nada Paul, eu já estou de saindo mesmo, amanhã tenho que estar logo cedo na sede da Roccoly.

— Nos vemos amanhã no almoço? – Ângela perguntou. – Podemos continuar essa conversa.

— Claro, podemos sim.

Virei-me para Jordan, acrescentando um sorriso em meu rosto. – Foi um prazer conhecê-lo, seja bem-vindo em Nova York.

— Ah, com certeza fui muito bem recepcionado, Ana.

Ele pegou minha mão acrescentando um beijo no dorso, o que fez Ângela e Paul se olharem rindo.

— Tchau, criatura.

— Tchau, Aninha! – Paul retribuiu.

Segui com minha amiga até a porta onde nos despedimos com um abraço.

— Pense nisso Ana, o que seu coração pede? É justo com você? Se depois de todos esses anos você ainda sente algo pelo Nicolas, capaz de passar por cima de um relacionamento com o Jimmy... Acho que você tem que pensar nisso.

— Pode deixar, pensarei.


Sinto que estou afundando

Mas eu sei que conseguirei sair vivo

Se eu parar de te chamar de meu amor

E seguir em frente


(Stitches – Shawn Mendes)


Entrei em meu apartamento curiosa, sim, queria saber se Nicolas estava por lá, ou me ouviu e realmente deixou meu apartamento. Deixei os saltos perto da porta de entrada, o abajur na sala estava ligado, mas todo o apartamento estava em silêncio.

Nicolas não estava, mas se respirasse fundo podia sentir o cheiro do seu perfume por ali. Quanto tempo ele ficou por ali? Será que ficou me esperando? Ou qual o real motivo para ele ter surgido assim do nada aqui?

Caminhei até meu quarto apagando as luzes enquanto passava, joguei a bolsa sobre o criado-mudo, derrubando alguns cremes que ficavam ali. Retirei o vestido a caminho do banheiro, deixando que ele caísse aos meus pés, soltei os cabelos. Tudo no automático, meus pensamentos poderiam ser ouvidos longe, minha cabeça estava a mil.

Busquei uma camisa dentro do closet e voltei vestindo, pronta para me jogar em minha cama.

— Poxa, estava um espetáculo e tanto, mesmo na penumbra.


Capítulo 13

Nicolas White


— Puta que pariu!

Ana correu para a luz, iluminando o quarto, me vendo deitado confortavelmente em sua cama.

— O que você está fazendo aqui? Quer me matar do coração?

— Olha poderia te matar de diversas coisas, mas do coração? – Brinquei fazendo um beicinho. – Não, coração não.

— Nicolas, saia daqui.

— Tem certeza que você deseja isso, Ana? – Sentei-me, olhando seriamente para seu rosto. – Diga Ana, é isso mesmo que você deseja?

Eu não pensei em provocar a Ana, muito menos aparecer em seu apartamento vestindo apenas um roupão. Mas, quando vi estava colocando esse plano maluco em prática, primeiro me certifiquei que ela estaria sozinha, não poderia aparecer na sua porta e dar de cara com o Jimmy. Quando o porteiro simpaticamente me contou que ela estava sozinha, não esperei que o arrependimento surgisse em minha mente, corri para seu apartamento.

Lógico que ela esperneou, bateu o pé e foi dura comigo, mas vi quando seu olhar se arregalou quando joguei meu roupão no chão mostrando que estava nu. Claro, que eu tinha roupas decentes me esperando no carro, mas foi impagável ver a cara dela.

E quando sai do meu banho encenado ela não estava mais ali, esta parte eu não contava, esperava que ela estivesse ali. Mas ela havia saído, o que me deu uma grande irritação. E me fez esperar pacientemente deitado em sua cama.

— Diga Ana, estou esperando sua resposta. – Pressionei.

— Nicolas, isso é errado em tamanho gigantesco, até para começar a falar.

— Por que não começamos com o simples, por que você não revelou que era você na boate?

Ela riu de forma debochada. – Como se eu soubesse, né, foi minha primeira vez tá legal, eu desconfiei que conhecia você de algum lugar, mas nunca imaginaria que seria o “diabo” em pessoa.

— Vai com calma, eu não fiz nada que você não quisesse.

— Sim, claro. Assim como o grande pé na minha bunda. – Retrucou, Ana assumiu uma posição ameaçadora.

— Ana, você sabia que eu não levava relacionamentos a sério.

— Claro, eu sempre soube do canalha que você era, mas esperava um pouco mais do cara que me conhece há um bom tempo. Não esperava acordar em um hotel no meio de uma praia na Califórnia e tomar um pé na bunda em formato de bilhete. – Ela andou um pouco pelo quarto, parando encostada na porta. – Realmente, muito simpático da sua parte.

Tá assumo, foi péssimo, mas eu não sabia o que fazer. Ana foi ficando de forma muito intensa e gostosa comigo, me vi envolto por seu jeito fácil de lidar.

— Eu sei o que fiz, foi errado. – Assumi.

— Sério? Errado? – Ela questionou arqueando a sobrancelha. – Que gentil de sua parte perceber isso dois anos depois.

— Ana, que porra. Veja onde chegamos. — Passei as mãos em meus cabelos. – Você está realmente namorando com meu amigo?

Ela contraiu a mandíbula. – Se estiver, isso não é um problema seu.

Levantei da cama olhando bem em seus olhos, cruzei o caminho até ela, sustentando nosso olhar.

— Sabe você é uma excelente mentirosa. Não sei o que você tem com o Jimmy, mas você não gosta dele.

— Quem é você para falar sobre quem eu gosto, Nicolas? Você sabe o que significa gostar de outra pessoa, sem ser seu próprio umbigo? – Ela destilou o veneno atingindo bem em cheio.

Nossas respirações se misturavam, o hálito doce de Ana batia em meu rosto.

— Você não tem mais nada para fazer aqui, saia. – Disse de forma rude.

Seguro os braços de Ana, exercendo uma mínima pressão. Coloco-a contra a cama, pronto para derrubá-la. Ela não reclama em nenhum momento. Sua respiração está ofegante, aproximo minha boca da sua, lambendo seu lábio inferior, me banhando com seu gosto doce. Isso incendeia o desejo dentro de mim.

Ana abre um pouco mais a boca me convidando para entrar, mas recuo.

– Diga Ana, ainda quer que eu saia?

Ela me encara, seus olhos estão turvos pelo desejo que eu sei que ela sente, não espero a confirmação, ergo seu corpo pela cintura, tomando sua boca na minha, enfiando minha língua, varrendo tudo para mim, trazendo todo seu gosto só para mim.

Enquanto aprofundo o beijo retiro a pouca roupa que ambos vestimos, chocando nossos braços durante a pressa de nos vermos livres e prontos, um para o outro. Jogo Ana contra a cama, subindo sobre seu corpo, beijando seus seios, sugando seu pescoço, mordendo sua barriga, para começar tudo de novo. Beijo sua boca já vermelha pela sucção que fiz ali, Ana não fala nada, permanece calada, me arranhando, guiando minha cabeça pelo seu corpo e se contorcendo ao meu toque.

Enfio seu mamilo em minha boca num gesto possessivo, mordiscando de leve a pequena auréola, Ana geme como uma gata manhosa debaixo de mim, dando ainda mais tesão para o que estou fazendo. Deixo a mão livre deslizar pelo seu corpo, descendo até suas coxas, se infiltrando em sua deliciosa boceta, fazendo meu pau duro reclamar por atenção. Ela está molhada , desejosa, querendo tudo que tenho para oferecer, brinco um pouco com seu clitóris, sentindo ela se abrir para mim.

— Nunca mais me expulse quando ambos estivermos assim. – Sussurro em seu ouvido.

— Nicolas...

— Isso minha doce Ana, chame pelo meu nome. – Mordo seu pescoço antes de descer por todo seu corpo e cair de boca em sua excitação, sentindo seu corpo pulsar na ponta de minha língua.

— Nicolas...

Levanto a cabeça de seu centro, vendo seu rosto se contorcer na cama, suas mãos estão agarrando os lençóis.

— Deseja algo, Ana? – Minha voz está rouca, meu pau duro como uma tora, eu estou louco para foder até o amanhecer.

— Quero você. – Ela sussurra.

Vou até a ponta da cama procurando no bolso de minha calça, da roupa que fui buscar no carro, a camisinha, rasgo com rapidez a embalagem com o dente. Desenrolo sobre meu pênis, olhando nos olhos da Ana.

Ela se abre para me receber, entregando-se para mim como da primeira vez, apenas nós dois, sem problemas ou terceira pessoa para nos tirar isso.

Apenas Ana e Nicolas.

Penetro de uma vez só, entrando fundo em seu corpo, sentindo-o latejar sobre mim. Ana me agarra colando ainda mais nossos corpos, fazendo o vai e vem se intensificar, seu clitóris raspa em meu corpo aumentando o atrito, aumentando o tesão e o fogo que corre por minhas veias. Seguro sua bunda deixando as estocadas mais fundas, mais duras.

— Olhe para mim, Nicolas.

Colo meu olhar no dela, vendo tudo que passa por minha cabeça também passar pela dela, vejo tudo refletido em seu olhar. Ela me recebe, aumentando suas reboladas em volta do meu pau, fazendo me gemer, gemer seu nome, chamando-a para mim. Sinto que ela está perto seu corpo se descontrola, assim como meu, dois malucos guerreando um com o outro em busca do orgasmo. Nosso sexo fica bruto, puxo o corpo da Ana para cima de mim, sentando na cama e trazendo ela junto comigo, fazendo ela se afundar em mim, agarrando seu corpo, sugando sua alma. Coloco um de seus mamilos em minha boca aumentando sua tortura enquanto ela dita os movimentos sobre meu pau. Isso se torna tudo, minha visão embaça de prazer, sinto as paredes de seu corpo me apertar deliciosamente e então ambos gozamos, chamando um pelo outro, ofegantes, suados, cansados no meio de todo o caos.


Passei uma vida inteira fugindo

E eu sempre escapo

Mas com você estou sentindo algo

Que me faz querer ficar

Se eu conseguir sobreviver ao dia

Então não tem mais porque fugir

Isso é algo que tenho que enfrentar


(Writing's On The Wall – Sam Smith)


Capítulo 14

Ana Suarez


Então vamos, deixe para lá

Apenas deixe acontecer

Por que você não pode ser apenas você?

E eu ser eu mesmo?

Tudo o que está quebrado

Deixe o vento levar

Que tal você apenas ser você

E eu ser eu mesmo?


(Let it go - James Bay)


E então era isso, de novo Nicolas estava presente em minha vida. Era um erro? Era correto? Quem pode julgar, quando falamos de coisas ligadas ao coração nem os mais sábios filósofos tinham explicações.

Ontem foi uma noite dessas, meu corpo desejava o dele e meu cérebro gritava para não me deixar levar, eu me entreguei a ele como em todas ás vezes. E, na manhã seguinte?

Acordei um pouco mais cedo do que o habitual, a claridade atravessando a cortina, atingindo meu rosto na cama. Espreguicei-me, sentindo o aroma de Nicolas espalhado por meu travesseiro, rolei para o lado sentindo mais espaço do que na realidade deveria de ter, abri lentamente os olhos, me habituando com a claridade.

Olhei para o lado mais frio notando que estava sozinha e aquele vazio certeiro de sempre estava ali, ele mais uma vez foi embora. Sem despedidas, sem um simples tchau...

— Finalmente acordou.

Olhei assustada para o banheiro. – Nicolas?

— Quem você pensou que fosse? – Perguntou sorrindo.

Retribui seu sorriso. Ele caminhou despreocupado até a cama, se sentou na ponta, dando um leve selinho em meus lábios.

— Eu queria realmente ficar, mas tenho um compromisso.

— Eu... Tenho que trabalhar.

Ele concordou com um aceno de cabeça. Estávamos sem jeito, não estávamos mais acostumados com isso, nenhum dos dois sabia o que falar.

— Bom, vou deixar você se arrumar, – Nicolas colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – voltaremos a conversar Ana.

Suspirei, aceitando o beijo de despedida, aceitando sua língua acariciar a minha sem pudor, sem muros ou desculpas. Aceitei suas mãos agarrarem minha cintura enviando uma onda de calor para meus ossos.

Nicolas descolou sua boca da minha, deixando nossas testas unidas.

– Até mais, doce Ana.

— Até. – murmurei.

Ele pegou o resto de suas coisas espalhadas pelo quarto, estava quase chegando perto da porta...

— Nicolas!

Ele se virou rapidamente olhando para mim. – Por favor, nada de “Doce Ana”. – disse sorrindo. – É forçado demais.

Ele soltou uma gargalhada, sacudindo os ombros, uma risada rouca maravilhosa, máscula como tudo nele. – Prefere ursinha?

Dei uma olhada feia, contraindo o rosto, o que o fez rir ainda mais.

— Pode deixar monstrinha , nada de apelidos melosos.

Ri balançando a cabeça, vendo ele se afastar pelo corredor e depois escutar a porta do meu apartamento batendo.

Ai Deus! Joguei-me de novo na cama agarrando o travesseiro que ele usou para dormir, seu cheiro ainda estava ali.


Telefones tocando, o barulho de teclados sendo digitados com agilidade, o vai e vem de pessoas com livros nos braços. Isso era meu trabalho, sentia falta dessa loucura toda, provavelmente minha mesa estaria atolada de manuscritos e projetos para dar uma olhada e Evelyn toda perdida no meio disso.

— Ana como foi a viagem?

— Muito boa Robert, você precisa fazer uma assim logo. – Disse sorrindo para nosso editor chefe.

— Logo, assim que os autores deixarem. – Respondeu brincando.

Acenei seguindo para minha mesa, cruzei mais alguns corredores entrando no hall do meu escritório.

— Bom dia, Ana. – Evelyn se levantou pronta para me atender.

— Tudo bom, Eve? Como funcionaram as coisas quando estava fora?

— Tudo muito bem, esta loucura começou hoje mesmo. – Disse rindo.

— Então isso tudo é para mim? – Perguntei já cruzando minha sala de olho nos grossos papéis em minha mesa.

— Sim, sinto muito, mas eles são todinhos para a senhorita.

Suspirei deixando de lado minhas coisas.

— Vamos ao trabalho, me deixe a par de tudo que anda acontecendo, como tanta coisa explodiu em apenas um fim de semana?

— Bom, temos três arquivos para você analisar, são de autores iniciantes, nesta pilha temos o projeto do evento que teremos agora no início do próximo semestre. Robert já deu suas opiniões e deixou anotado para você dar uma olhada, assim como Melissa está esperando que você coloque as suas e repasse para ela.

— Sim, vou ajeitar tudo isso e dar uma olhada. – Disse apontando para as pilhas e mais pilhas em minha frente. Retirei os óculos de grau da gaveta colocando-o sobre meu rosto.

— Vou pegar um café para você.

— Isso seria perfeito. – Sorri agradecendo.

Peguei a primeira pasta grossa, lendo algumas anotações que o setor de análise tinha deixado. Geralmente eu era responsável por cuidar dos autores em seus lançamentos, seguir com eles em eventos, mas de tudo que eu fazia, minha paixão era ler suas histórias, principalmente os romances. Romance era uma coisa que não esgotava, a cada dia chegavam novos originais, novos autores. Novos romances.

E me focar diretamente na história que estava em minha frente era o que eu realmente precisava. Entrar de cabeça naquele romance e esquecer por algumas horas a tragédia que era minha própria vida amorosa.


Capítulo 15

Ana Suarez

 

Assim seguiram dois dias, muito trabalho, algumas viagens agendadas e correria para finalizar todos os projetos que a editora tinha abraçado.

Tinha acabado de sair de uma reunião de duas horas com meu chefe e o conselho, Evelyn veio apressada ao meu encontro.

— Senhorita Suarez.

— Ana. Já conversamos sobre isso. – Repreendi.

— Desculpe. Ana, o Senhor Walker ligou pela terceira vez para você.

Parei de caminhar, me virando para ela. – Sr. Walker?

— Sim, — Ela deu uma olhada em seu caderninho de anotação. – Jimmy Walker.

Joguei a cabeça para trás rindo. – Eve, sabe quando eu iria descobrir quem é esse Sr. Walker? Nunca!

Ela riu junto comigo. – Desculpe Ana, foi assim que ele se apresentou. Você também recebeu uma ligação de um rapaz chamado Nicolas White, ele não quis deixar recado.

Suspirei.

— O que você falou para os dois?

— A mesma coisa, que você estava indisponível, que ainda estava em reunião com a diretoria.

— Ótimo, — ocupei minha cadeira, relaxando um pouco. – Eu continuarei em reunião o dia todo para os dois.

— Sim senhorita.

Ergui a sobrancelha para ela.

— Desculpe é o habito. – Disse sorrindo.

— Pode tratar de perdê-lo, a menos que estejamos na presença dos chefões, senão é apenas Ana.

— Tudo bem, você deseja que reserve uma mesa no Blakery?

— Por favor, Eve.


Peguei meu telefone na bolsa, notando seis mensagens não lidas. As três primeiras eram de Nicolas.

“Oi, liguei para seu escritório, está ocupada?”

“Sabe, posso ver quando foi sua última visualização.”

“Bom, já que quer... Posso aparecer na sua casa, porém agora vou pelado.”

Só faltava essa, abri a conversa digitando uma mensagem rápida.

“Sr. peladão, invadir propriedade alheia, ainda mais pelado é crime. Estava trabalhando!”

Mal saio da conversa chega sua resposta.

“Sabia que gostaria da ideia, poderíamos jantar hoje. O que acha?”

Peguei-me sorrindo ao ler a mensagem.

“Podemos ver, vou voltar ao trabalho. Faça o mesmo.”

“Estou de férias doce Ana, todo tempo disponível para você.”

Balancei a cabeça, Nicolas e suas cantadas, voltei para caixa de mensagem vendo que as duas últimas mensagens tinham sido do Jimmy.

“Minha ursinha, estou com saudades”

Eu precisava ser honesta com ele, mas como ser honesta com uma pessoa, se você própria não sabia o que fazer? Nicolas me devastou e eu não disse não, muito pelo contrário. Aceitei sua devastação e sorri no dia seguinte, me sentindo bem... Feliz.

Passei para a próxima mensagem, também do Jimmy.

“Estou providenciando um fim de semana em Sag Harbor, apenas eu, você e alguns amigos. Vamos ursinha? Passo na sua casa hoje!”

Eu queria e precisava de um momento longe. Longe da presença tanto do Jimmy como do Nicolas, não podia mais ficar sendo puxada como um ioiô. Jimmy sempre foi ótimo para mim, carinhoso e meloso. Mas isso não vem ao caso, ele sempre foi o que toda mulher procura. Estabilidade, ele era centrado, calmo. Mas, sim existia esse grande “mas” conosco.

Enquanto Jimmy era tudo que você procuraria para o futuro companheiro de vida, sim porque uma hora você tem que pensar em casamento é inevitável, eu sou editora de romances, vivo mais tempo com eles do que meu vibrador. Os romances me encantam, e, me fazem perguntar para mim mesma quando vou encontrar um homem que me tire o chão, que me arranque suspiros, como os mocinhos dos livros que estou rodeada. Quando acontecerá meu “feliz para sempre” moderno...

O Nicolas faz tudo isso, tira meu chão, arranca minha alma num suspiro, me dá o melhor sexo que uma pessoa pode desejar, mas, sim porque com ele também existe um “mas”. Ele é um canalha, na primeira oportunidade troca você por outra mulher. Ele destruiu meu coração como se fosse um pedaço de papel, me deixando remoendo sobre isso meses a fio. E quando eu acho que ele não pode interferir mais, aparece como melhor amigo do meu... o que Jimmy seria para mim? Um caso sério? Argh!!! Preciso dar um basta, com os dois, só assim poderei pensar melhor sem toda essa masculinidade me rodeando.

Jimmy seria o primeiro. E depois Nicolas.


Capítulo 16

Nicolas White


Deixei o telefone apoiado na perna, prestando atenção no que o tio Arnold dizia para mim, concordei com a cabeça olhando sério para seu rosto cheio de rugas da idade.

Se ele descobrisse que meus pensamentos estão voltados para uma morena de um metro e setenta e cinco, deliciosas curvas e uma boca viciante, e não para os assuntos políticos que ele assistia, tomaria uma bengalada na canela.

— Esses moleques não sabem o que fazem, vão acabar destruindo nosso país.

Tio Arnold, ou melhor, General da Marinha Americana - reformado, acreditava que os problemas que estamos vivendo, tanto na economia como na política é culpa exclusivamente dos jovens libertinos, ou seja, eu também. O sonho de meu tio e do meu próprio pai era que seguisse esses passos, mas minha vida era voar desde pequeno. Minha mãe contava que eu jogava todos os meus carrinhos e soldadinhos fora, para apenas ficar com meu avião.

— Meninos, está na mesa. – Minha mãe gritou da cozinha.

— Essa sua mãe acredita que porque estou velho, estou surdo. – Tio Arnold reclamou, pegando sua bengala.

— E não está tio? – Perguntei caçoando dele, como sempre levando uma bengalada na perna como castigo.


Minha mãe fez um verdadeiro banquete quando comentei que estava indo vê-los. A mesa estava repleta de minhas comidas preferidas, minha avó já se ocupava colocando o máximo de comida que o prato suportava, meu pai puxou assunto sobre futebol, dizendo como o Jets – New York Jets - estava ruim nessa temporada.

— Isso é hora de falar de futebol?

— Ele está triste vovó, o time dele tenta mais não consegue vencer o meu. – Disse, depositando um beijo na bochecha de minha avó quando colocou meu prato em minha frente.

— Ah, garotos!

Soltei uma gargalhada, já me preparando para a primeira garfada, minha mãe era famosa na família, ninguém conseguia fazer um Back Ribs 3 como ela, era de lamber os dedos.

— Então, você está de férias?

Larguei meu garfo, terminando de mastigar. – Sim, pelo menos por uns quinze dias, trabalhei três meses direto. O que foi ótimo, me ajudou com milhas e um salário melhor.

— Você trabalha demais meu filho. – Minha mãe era toda receosa com meu trabalho, sabe daquelas que um avião cai lá na China já está ligando para saber se fui eu? Pois é, eu não ligo, amo minha família, sempre fui muito ligado a eles.

— Como vai a loja de ferragens pai? – Perguntei entre uma garfada e outra.

— Naquelas, hoje em dia ninguém quer mais fazer algo manual, todos preferem chamar profissionais ou empresas para isso.

— Falei para seu pai se aposentar, vivemos bem com aposentadoria dele, ainda temos a ajuda do Tio Arnold e da vovó Clarice.

— Nem preciso falar sobre isso, você sabe que eu ajudo no que vocês precisarem.

Minha mãe afagou meu braço, sorrindo para mim. – Sabemos disso Nic, temos sorte de ter um filho como você.

Sorri, eu que tinha sorte de tê-los como minha família.

Meu celular vibrou no bolso, tirei olhando no visor rapidamente, uma regra na casa dos meus pais era nada de telefones na mesa, mas dessa vez teria que desrespeitar.

“Essa noite estarei ocupada. Marcamos outra hora”

Estranhei a mensagem praticamente formal que Ana me enviou, eu sabia que nesses dois dias que passamos longe tinham sido de reflexão para ela, afinal mesmo querendo eu não poderia esquecer que Jimmy estava no meio e depois dela dizer o quanto estava magoada pelo que fiz, eu não tinha garantia nenhuma de que ela fosse ficar comigo.

E principalmente, eu não sabia dizer sobre meus sentimentos, o que eu queria na verdade com Ana? Era algo de uma noite e nada mais? Minha nuca pinicava só de imaginar isso, nossa noite juntos foi tão boa, mesmo quando ela adormeceu deitada ao meu lado eu fiquei olhando-a, velando seu sono. Aquela mulher mexia comigo como nenhuma outra mexeu, isso soava tão patético em minha cabeça, mas tão verdadeiro ao mesmo tempo.

Nesses dois anos que ficamos sem nos falar, eu não pensei que sentiria falta, na verdade estava bem ocupado para sentir algo. Quando não estava pilotando estava com uma mulher do lado, e nas poucas noites que ficava sozinho não deixava nenhum pensamento moral ou sentimental assumir o controle.

Mas eu sentia falta da Ana, o que aquela morena tinha eu não sabia.

Sabe quando mesmo rodeado de pessoas, mulheres, sexo, danação e tudo que você deseja ou até mesmo o que seria uma vida perfeita no fundo era uma vida oca? Sei lá porque comecei a pensar sobre isso justo agora, mas minha vida era perfeita. E porque eu estava aqui discutindo mentalmente sobre isso. Ana ela era a culpada, ela estava novamente se infiltrando em mim, a questão é, eu deixaria ela assumir o controle ou eu fugiria mais uma vez?

“Tenho certeza que posso te fazer mudar de ideia”

Sua mensagem chegou quase que instantaneamente.

“Não, depois nos falamos Nic”

“Eu sei que você não para de pensar em mim”

“Você é muito convencido, essa é a verdade”

“Guarda um segredo?”

Sua resposta demorou um pouco para chegar.

“Fale de uma vez!”

“Você não sai da minha cabeça.”

— ...Tô falando, esses jovens são consumidos por esses aparelhos eletrônicos. – Tio Arnold me tirou do meu longo devaneio com sua reclamação.

— Que foi meu filho, você está com uma cara preocupada? – Minha mãe me questionou.

— Nada, mãe, apenas uns pensamentos. – Sorri suavizando as caras preocupadas dela e de minha avó, enquanto engolia em seco todos esses pensamentos que me atingiram como um meteoro.


Eu não vou mentir para você

Eu sei que ele não é certo para você

E você pode me dizer se eu estiver enganado

Mas eu vejo isso em seu rosto

Quando você diz que ele é o que você quer

Você está desperdiçando todo seu tempo


E quando quiser que isso pare

Me diga por quê estamos perdendo tempo

Quando você deveria estar comigo em vez disso


Eu vou parar o tempo para você

No segundo em que você disser que gosta de mim também


(Treat You Better – Shawn Mendes)

 

 

Tinha recebido uma mensagem do Jimmy pedindo que encontrasse com ele no bar que sempre frequentávamos. Só este pedido tinha feito meu estômago se revirar, será que ele havia descoberto tudo? Será que Ana já tinha contado sobre nosso envolvimento?

Por todos esses dias eu não tinha parado de pensar nisso, em minha amizade de anos com Jimmy.

Encostei o carro em frente ao Cysar’s Bar, desliguei o motor, respirando fundo antes de encontrar Jimmy, ao mesmo tempo que eu poderia encontrá-lo tomado pela raiva, ele poderia querer apenas passar um tempo, como fazíamos.

E também não poderia sair falando sobre meu envolvimento com Ana, eu teria que conversar com ela primeiro.

Sem passos em falsos, Nicolas. – Disse para mim mesmo em pensamento.

O bar tinha algumas pessoas sentadas, curtindo a música ao vivo, alguns amigos rindo enquanto tomavam suas cervejas. Um pequeno grupo de mulheres sentadas no balcão do bar, e, então Jimmy.

— E aí cara. – Disse batendo de leve em seu ombro.

— Nic. – Ele se ergueu no banco me cumprimentando, pelo visto ele não sabia de nada, ainda.

— O que vamos beber? Temos uma ocasião especial? – Brinquei

— Eu quero conversar com você. – Jimmy soltou um pesado suspiro.

– Preciso de um conselho e quem melhor do que meu melhor amigo mulherengo.

Um nó desceu pela minha garganta, eu estava falhando feio com ele. Fiz sinal para o rapaz atrás do bar. – Esses conselhos seriam sobre mulheres, qual enrascada você se meteu? – Perguntei tentando me mostrar calmo e brincalhão.

— O que vocês desejam? – Perguntou o rapaz mal-humorado por ser tirado das lindas mulheres sentadas perto de nós no balcão.

— Duas cervejas, por favor. – Jimmy respondeu, ele esperou que o rapaz tivesse deixado nossas cervejas e se afastado para continuar falando. – Eu quero saber... Na verdade , eu queria saber seus truques.

— Meus truques?

— Sim, você parece ter as mulheres nas mãos. – Jimmy apontou com a cabeça para o lado oposto, tomando um gole de sua bebida.

Olhei na direção que ele apontou, uma mulher me olhava com um sorriso no rosto, satisfeita por ter sido notada. Retribui seu sorriso, voltando minha atenção para Jimmy.

— Quem você quer ter nas mãos? Achei que estava bem resolvido nesta questão. – Completei dando de ombros.

— Ana. Faz uns meses que estamos saindo, ela deixou claro apesar de não falarmos sobre isso, que não quer algo realmente sério, na real, ela nem comenta porque não gosta da ideia de um compromisso.

— Ás vezes você pode ter se amarrado em uma loba solitária. – Comentei bebendo mais um gole de minha cerveja, aproveitando para analisar sua feição.

— O que posso fazer para ela se sabe...

— Querer algo com você? – Perguntei arqueando a sobrancelha. – Isso não é uma questão do que fazer, se ela já deixou tão aberto que realmente não quer compromisso respeite.

Dei de ombros tomando outro gole, controlando minha língua. Esse assunto estava fervendo algo dentro de mim, algo que era desconhecido para mim.

— Ela é bem gostosa sabe, na cama então parece um furacão. Eu te juro, ela consegue levar uma pessoa a loucura com o que faz na cama, além de ser uma excelente pessoa, profissional...

Devo ter parado de escutar quando ele mencionou como ela era boa de cama, minha visão se perdeu em ciúmes, sim era isso que sentia. Como iria falar qualquer coisa se eu fervi de raiva, se ele falava tudo como se eu não soubesse, como se eu não tivesse experimentado o gosto da Ana diversas vezes. Perdendo-me em seu calor, ou em seu corpo.

Passei as mãos afastando meu cabelo do rosto. – Bom, acho que você tem que ver realmente se ela gosta de você. Sabe, às vezes ela quer curtir e não ter um cara no pé dela. – Disse um pouco rude.

Jimmy colocou sua cerveja no balcão me olhando sério.

Engoli em seco.

— Bom, tente conquistá-la. – Suavizei a voz.

Parabéns Nicolas, você está jogando sua garota nos braços de outro cara. – Me repreendi.


Capítulo 17

Ana Suarez

 

Finalizei meu dia seguindo para casa, com sorte Nicolas tinha recebido e entendido o recado, devo dizer que fui bem sutil com o meu “Não apareça”. E chocada com a declaração que Nicolas fez, nem quando começamos toda essa história de gato e rato ele confessou ou ao menos disse que pensava em mim, isso só conseguiu me deixar ainda mais confusa por dentro.

Atravessei o hall atraindo alguns olhares, as pessoas que me olhavam mal sabiam que por dentro tudo estava um caos, em ponto de ebulição. Entrei em meu carro, joguei minha bolsa e algumas pastas no banco de trás. Liguei o som e o carro. Deixando a música alta me consumir, se tinha uma coisa que me dava paz de espírito era música. O entardecer em Nova York sempre era perfeito, o sol sumindo por entre os prédios altos, as pessoas correndo para seus próximos compromissos, o mar de carros que atravancavam nas avenidas.


Meu amor

Ele me faz sentir como ninguém

Mas meu amor

Ele não me ama, então eu digo para mim mesma

Eu digo a mim mesma


Dei uma olhada para o som, era a primeira vez que estava escutando esta música. E logo no primeiro verso já falava sobre minha vida, ou “New Rules – Dua Lipa” era diretamente para mim, ou então eu já estava enlouquecendo com tudo que venho passando.


1, não pegue o telefone

Você sabe que ele só está ligando

Porque está bêbado e sozinho

2, não o deixe entrar

Você terá que expulsá-lo novamente

3, não seja seu amigo

Você sabe que irá acordar na cama dele pela manhã

E se você estiver afim dele

Você não vai superá-lo


Comecei a cantar em plenos pulmões a música, tentando memorizá-la. Era exatamente o que vivia com Nicolas, ele me procurava quando estava sozinho, só veio me atormentar porque ficou com ego ferido, afinal viu seu amigo perto de mim, e eu sei que Jimmy deve ter comentado sobre suas ideias de tornar nosso affaire um relacionamento sério.


Eu continuo seguindo em frente

Mas ele continua a me fazer ter recaídas

(Não há lugar pra fugir) De jeito nenhum

(Não há lugar pra fugir) Não


Agora estou encarando o fato

Eu finalmente vejo o padrão

(Eu nunca aprendo)

(Nunca aprendo)


Mas se tudo não passou disso, ego ferido, porque ele ficou no dia seguinte, por que vi refletido nos olhos dele tudo que eu sentia dentro de mim?


Quarenta minutos depois finalmente podia me jogar no sofá, mudei de canal esperando encontrar algo bom, algum filme ou série. Algo que não precisasse sair do sofá, mas então vinha o problema dois, Jimmy vinha para cá, larguei o controle da TV no sofá e segui para o quarto, tirar as roupas de trabalho e tomar um banho. Quem sabe isso me revigorasse.

Jimmy havia me mandado uma mensagem avisando que estava chegando, pedi um combinado japonês para nós, como não sabia dos planos dele, preferi contar sobre o nosso “termino”, — bom, se é que era um termino — , quando ele estivesse de barriga cheia, ainda não tinha me decidido se contaria toda a verdade, ou ocultaria o fato que o amigo dele sempre foi o responsável por não ficar por inteiro com ele.

Mas no fundo sempre vi essa paixão toda do Jimmy como um fogo, sabe aquelas relações que acreditamos que são o nosso sonho de consumo e no final se mostram apenas um apego, algo de momento? Pois então...

Estava arrumando a mesa de jantar quando a campainha tocou, ajeitei o vestido que havia colocado e segui para a porta. Jimmy estava sorrindo, nos braços um enorme buquê de rosas vermelhas e na outra mão um vinho tinto.

— Ursinha que saudade.

— Oi Jim. – Selei seus lábios com os meus, peguei o buquê que ele estendia para mim. – São lindas, obrigada.

— Não mais que você! Também trouxe um vinho para nós, espero que combine com a comida que você pediu.

— Isso é ótimo, ela já deve estar chegando. – Dei um passo para o lado, permitindo que ele entrasse em meu apartamento. Jimmy estava diferente, não sabia o que dizer, mas seu jeito estava diferente.

Fechei a porta, rezando para que tudo corresse bem. Jimmy se sentou no sofá olhando para mim, ainda sorrindo. – Vou colocar as flores na água e o vinho na mesa.

— Como tem sido seu dia? – Ele perguntou da sala.

— Bem, muitos projetos e trabalhos para serem realizados. – Respondi um pouco mais alto.

— Podíamos passar algum tempo juntos, estou de férias.

Encontrei-o de pé perto da sacada. – Seria bom, mas estou com tanto trabalho acumulado que estou sem tempo até para respirar.

— Eu abro o vinho. – Anunciou.

Jimmy pegou a garrafa girando o abridor algumas vezes, por fim tirando a rosca, como uma pessoa que você se sentia extremamente à vontade com ela, se torna um estranho? Eu estava com um bolo no estômago, realmente contando as horas para me ver livre dele.

— A nós. – Disse entregando-me uma taça.

Sorri, batendo de leve minha taça na dele, sorvendo um pouco do vinho, protelando o momento de falar.

— Espero que você tenha pensado em nosso fim de semana, já combinei tudo com o pessoal.

— Jimmy, sobre isso...

— Ana vai ser muito bom para nós, sei que estamos afastados por conta dos trabalhos, por conta de outras coisas...

— Outras coisas? – Questionei.

— Sim minha ursinha, estamos sempre cheios de coisas e compromissos na cabeça, sem realmente poder nos curtir. – Ele acariciava meus braços, mantendo meu corpo colado no seu.

— Jimmy, eu realmente preciso...

— Ana, confie em mim, vai ser perfeito. – Ele me interrompeu novamente.

— Jimmy você não entendeu, eu não vou viajar.

Ele estreitou os olhos. – Olha Ana, eu sempre respeitei sua posição de “não namoro”, mas isso tem sido um pé no saco. – Jimmy colocou sua taça na mesa, agarrando-me pela cintura. – Não vamos estragar nosso jantar.

Encarei seu rosto com raiva. — Então acho que chegamos ao momento que...

— Chegamos “a momento” nenhum Ana, não me venha com desculpas, vamos para Sag Harbor, vamos passar esse fim de semana juntos, vai ser incrível. – Disse de forma rude.

Abri a boca para falar novamente, mas mal tinha produzido uma palavra quando a campainha tocou. Meu sangue gelou nas veias, por todo caminho até a porta eu rezei para que fosse apenas a comida e não um Nicolas nu parado no corredor. Respirei fundo antes de olhar no olho mágico e feliz por ver que era o entregador.

Jimmy se ocupou em organizar nossa janta na mesa enquanto pagava pela nossa janta. Sem tocar novamente no assunto, ele cantarolava enquanto tirava nossa comida das embalagens ajeitando em nossa frente.

— Jimmy, eu realmente preciso conversar sério com você.

— Ana, eu sei que alguma coisa pode ter se perdido, mas podemos consertar. Viajaremos na sexta a tarde, pode até levar uma amiga se quiser, tem espaço no carro. – Ele olhou para mim, ainda de pé perto da mesa.

– Venha jantar ursinha.


Capítulo 18

Ana Suarez


Uma dor de cabeça insuportável se alastrava sobre mim, Jimmy tinha acabado de sair, todo feliz por causa dessa merda de viagem, não que eu tivesse tido realmente a oportunidade de dar minha opinião. O cara não calou a boca desde que chegou! Todo meu plano de contar para ele, de me explicar, falar sobre meus motivos de não querer mais um envolvimento com ele, foi deixado de lado com sua tagarelice sobre a porra da viagem para Sag Harbor. E sempre que retomava o assunto ele desviava, comentando coisas fúteis, deixando ainda mais irritada.

Eu poderia ter gritado? Dado um tapa bem dado na cara dele? Esta era minha vontade, mas e se eu tivesse jogando fora a pessoa certa? Quantas vezes você não pensava em tomar uma decisão e na hora mesmo cagava para trás? Sim eu caguei para trás, de verdade.

Respirei fundo tomando o último gole do vinho que ele tinha trazido, olhei desanimada para louça, sem vontade nenhuma de dedicar o resto da minha noite frustrada a uma pia repleta de louça suja. Retirei o vestido deixando-o jogado na cadeira, ficando apenas de calcinha e sutiã. Dei mais uma olhada para a louça, confirmando que não teria jeito, ela iria continuar ali, pode ser bastante banal, mas olhar a louça de um jantar que poderia ter sido “perfeito” para minha libertação estava me deixando com mais raiva.

Fui até o quarto buscando uma blusa, vestindo-a bruscamente sobre a cabeça, parei em frente a pia, encharquei mais do que necessário a esponja com detergente e comecei a lavar os pratos. Ouvi meu telefone tocando no quarto, mas não fiz nenhum movimento para atendê-lo, que ficasse tocando. Ele tocou por mais quatro vezes depois se calou, me deixando apenas o barulho da água batendo nas louças ecoar pelo apartamento silencioso.

Enxuguei as mãos vendo que na minha ânsia de descontar a raiva tinha molhado toda a barra de minha camisa, comecei a apagar as luzes da cozinha quando minha campainha tocou. Será que o Senhor Jimmy Feliz tinha esquecido algo?

A campainha tocou mais uma vez.

— Estou indo – berrei caminhando sem pressa até a porta. Abri olhando para Nicolas, parado com um sorriso safado no rosto, seus olhos desceram por todo meu corpo, vendo que usava apenas uma camiseta molhada e uma calcinha de renda.

— Você só pode estar completamente maluco. – Explodi.

— Uau, se soubesse que recebe assim suas visitas teria me tornado seu vizinho, será que tem algum apartamento para vender por aqui? – Perguntou rindo.

Puxei-o pela gola da camisa para dentro, dando uma última olhada no corredor antes de fechar a porta.

— Você só pode estar maluco, seu amigo acabou de sair daqui! O que você tem na mente, Nicolas?

Nicolas caminhou até mim, segurou firme em minha cintura, colando minhas costas na porta, seu corpo definido colado ao meu. Seus olhos gulosos e safados, praticamente tirando minha roupa com seu olhar passeando pelo meu corpo.

— Eu vi quando ele saiu, dei um tempo antes de vir falar com você. – Sussurrou perto de minha boca, ele estava tão perto que quando lambeu seu lábio inferior, sua língua tocou um pedaço de minha boca.

— Eu disse que hoje não é um bom dia. – Respondi afetada por sua aproximação.

— Isso posso mudar rapidinho, estava com saudade.

Nicolas infiltrou suas mãos por debaixo da minha blusa, tocando meu corpo com posse, seus dedos longos subindo por minha barriga, tocando de leve meus seios por cima do sutiã.

— Nicolas, saia.

— Não me venha com o papo de “Nicolas saia”, olha como estamos. Não temos mais escapatória Ana. – Nicolas desceu sua boca para meu pescoço, pressionando meu corpo ainda mais na porta, seus lábios estavam úmidos, causando arrepios por minha pele, leves mordidas, beijos... Ele mordeu mais forte o arco do meu pescoço com o ombro me fazendo gemer.

— Eu...— Outro gemido quando sua mão se infiltrou em minha calcinha.

– Eu realmente preciso... Oh... Nicolas! – Arfei quando ele beliscou de leve meu clitóris com seus dedos, logo introduzindo um deles dentro de mim, testando minha umidade, brincando com minha excitação.

— Você precisa ver que sou eu, não adianta mais fugir. – Ele voltou seus olhos por um segundo para os meus, como sempre me levando inteira para ele.

Nicolas desceu sua boca pelo meu corpo, mordendo e beijando todos os pedaços que alcançava, sua boca parou a centímetros de minha intimidade, seu hálito quente me corroía, fazendo-me tremer por inteira. Minhas mãos agarravam seu cabelo com força, empurrando meu quadril em sua direção.

Sua língua atingiu com habilidade minha intimidade, sinto minhas pernas fraquejarem, seus gemidos se misturam com os meus. Desço minhas unhas agarrando seu corpo, fazendo com que ele fique de pé, Nicolas me olha confuso, mas como o ditado, se já estou no inferno, eu abraço o diabo.

Arranco sua camisa, deixando seu peitoral a mostra, dedico um pouco de atenção ali, parando com minha boca perto do seu membro. Abro sua calça descendo tudo de uma vez, seu pênis ereto como um mastro me da água na boca, mas eu quero torturá-lo. Passo minha língua por toda sua extensão sentindo ele agarrar meus cabelos, dando até uma pontadinha de dor no couro cabeludo, Nicolas espera ávido para que eu tome seu membro para mim, que coloque na minha boca, também estou com esse desejo, mas volto a ficar de pé empurrando-o em direção da mesa de madeira mogno, rezando que ela seja tão firme quando aparenta.

— Minha monstrinha . – Nicolas exclama interrompendo meu plano, fazendo meu corpo colidir na mesa, logo fazendo eu me deitar sobre ela, jogando o vaso com as flores que Jimmy trouxe no chão, deixando uma verdadeira bagunça de flores espalhadas e água por todo o lado.

Seus beijos me fazem entender que ele sentiu falta e me deseja como eu desejo seu corpo, isso serve como um mega combustível para nós. Nicolas ergue minha camiseta colocando atrás da cabeça, prendendo meus braços para o alto com o tecido enrolado neles, solta o fecho frontal do sutiã sem se preocupar em tirá-lo, a calcinha há muito tempo destruída em volta do meu corpo. Ele morde com vontade meus seios, fazendo meu corpo se arquear e um grito de prazer sair de minha garganta, eu estou pronta para gozar, nunca senti tanta fome, tanto desejo e fogo dentro de mim em uma única preliminar.

Nicolas está mais que excitado, sinto seu membro duro em minha coxa, a ponta úmida de sua glande quando raspa em minha pele.

Quero mais, quero ele, duro, forte e todo para mim.

Ele me puxa para a ponta da mesa, me posicionando melhor. Me abandona por alguns segundos indo até suas roupas jogadas perto da porta, ele não perde tempo, volta já encaixando o preservativo em seu pau. Com respiração entrecortada e me encarando com desejo, encosta seu membro na entrada da minha vagina, enfia alguns centímetros, causando uma tortura deliciosa e quando me remexo para ele aprofundar a penetração ele se afasta sorrindo.

— Nicolas! – Exclamo desesperada.

— Fala que você me quer, o quanto não consegue ficar sem mim. – Ele pede, sinto no seu olhar que não é apenas um pedido para satisfazer o ego, ele realmente quer escutar isso de mim.

— Eu quero você Nicolas, não sei qual foi a bruxaria que você fez, mas eu nunca deixei de pensar em você. – Sussurro.

Ele me puxa com força pela bunda, fazendo seu membro me estocar fundo, certeiro e completamente dentro de mim, fazendo nós dois gritarmos com a sensação maravilhosa que escorre pelo nosso corpo.

Nicolas morde o lábio inferior, desviando os olhos dos meus, seu peito subindo e descendo rápido com a respiração. Ele nos dá uns segundos para voltarmos a respirar antes de começar a balançar o quadril contra o meu, fazendo um círculo perfeito, me levando para o céu, ou até mesmo para o inferno. Eu já não me importava mais.

— Olha para mim, Nicolas.

Ele volta seus olhos para os meus. Calado, ele suspende meu corpo, ainda conectado com seu membro dentro de mim. Nossos corpos colados, uma de suas mãos sustenta minha perna, enquanto a outra agarra minha nuca, colando nossas bocas e nossos olhares.

— Eu não vou tirar meus olhos de você. – Responde rude contra minha boca entreaberta.

Eu o beijo, libertando meus braços da camiseta embolada, enquanto ele aumenta as estocadas. Uma, duas, três, quatro... Porra, estamos literalmente gritando de prazer, nem aí para os vizinhos, nem aí para nada, apenas para saciar esse desejo insano que corre por nossas veias.


Me diga, eu preciso saber

Depois tire o meu fôlego e nunca mais o solte

Se você me deixar invadir seu espaço

Eu trarei o prazer

Junto com a dor


E se nesse momento eu morder meu lábio

Baby, então você saberá

Que isso é algo maior que nós dois e vai além do êxtase

Me dê uma razão para acreditar


Porque se quiser continuar comigo

Você tem que me amar mais

E se você realmente precisa de mim

Você tem que me amar mais

Se você me conhece e escolheu ficar

Então fique com o prazer e com a dor


E se nessa hora você morder o lábio

Quando eu te fizer gemer, você saberá que é real

Você pode sentir a pressão entre seus quadris?

Farei você sentir como na primeira vez


(Love me Harder – Ariane Grande)


Capítulo 19

Nicolas White


O sol começa a se infiltrar pela janela aberta do quarto de Ana, ainda não dormimos, passamos a noite toda revirando o apartamento dela no mais puro e animalesco sexo. Pouso as mãos em seus joelhos, abrindo um pouco mais suas pernas, me enfiando no meio, retribuo o sorriso que ela me lança. Deslizo a ponta do meu nariz na parte interna de sua coxa, trocando de uma para outra, beijo sugando um de seus lábios vaginais sentindo Ana se contorcer debaixo de mim.

Subo minhas mãos por sua cintura, segurando seus seios redondos e empinados com vontade, domando seu corpo contra o meu. No fundo o som toca baixinho, uma seleção especial de músicas criadas por mim mesmo. Traço um círculo em seu umbigo reconhecendo a música que começou, subo mais um pouco olhando o tempo todo dentro dos olhos dela...


Nunca conheci uma garota como você antes

Apenas como em uma canção dos dias de outrora

Você vem bater na minha porta

Bem, eu nunca encontrei uma garota como você antes


Aproximo minha boca da dela, deixando meu pau roçar em toda sua intimidade aberta, livre e pronta para mim. Cantarolo em silêncio a música junto ao lábio de Ana, fazendo-a sorrir de meu desempenho e arfar ao mesmo tempo, meu membro se infiltrando com desejo dentro dela novamente.


Você me dá só um gostinho, então eu quero mais

Agora minhas mãos estão sangrando e meus joelhos estão machucados

Porque agora você me tem engatinhando, me arrastando pelo chão

E eu nunca conheci uma garota como você antes


(A girl like you – Edwyn Collins)


— Te adoro. – sussurro na ponta de seu ouvido, aumentando o ritmo de minha estocada, cravando-me no fundo dela.

Ana não retribui o que falei, vejo seus olhos buscando os meus, mas evito fixá-los. O desejo inflama nossas veias como ontem nos levando para mais um sexo arrebatador.


Estava exausto, tudo que conseguia pensar era tirar minha roupa e cair na cama. Atravessei meu apartamento tirando e largando as roupas pelo caminho, fechei as cortinas escurecendo o quarto, afastei as cobertas pronto para me deitar.

Suspirei fundo, sentindo a maciez tão bem-vinda de minha cama. Ana tinha me destruído, ambos tínhamos acabado um com o outro, ainda sentia as unhadas e seu cheiro pelo meu corpo. Virei de bruços me aconchegando no travesseiro, estava preste a me jogar no sono mais que bem-vindo quando meu telefone começou a tocar.

Virei o rosto em direção ao criado-mudo xingando baixinho a pessoa que insistia do outro lado da linha.

— Alô. – Resmunguei.

— Vejo que te acordei.

Jimmy. Ele devia estar desconfiado, ou então realmente estava sentindo cheiro de cueca. Sobre a noite dele e de Ana eu tive minha prova pessoal que eles não transaram, por todo tempo que eu aguardei ele sair do apartamento dela eu fiquei me corroendo para interromper, ou sei lá o que estivesse acontecendo naquela casa. Pensei até em ligar para ele fingindo uma emergência, e, quando vi que ele saiu com cara de poucos amigos, foi o motivo para controlar meu impulso de agir e aguardar a melhor hora de ir até ela.

Ficando mais do que satisfeito em ver que apesar das poucas roupas que ela vestia, eles não tinham transado.

— Eu nem dormi. – Retruquei.

— A noitada foi boa? – Perguntou rindo.

Ah, você nem imagina! – Sim, foi excelente.

— Serei breve, que tal um fim de semana de amigos? Sag Harbor, cerveja, descanso, o que acha?

A família do Jimmy tinha uma casa nos Hamptons, ao contrário da minha que cresceu com o trabalho suado, Jimmy era agraciado pela gorda herança que o avô dele tinha deixado para seu pai ao falecer. O verdadeiro menino do berço de ouro, não que ele fosse esnobe ou deslumbrado com isso, muito pelo contrário. Jimmy seguiu seu sonho assim como eu, ser piloto de avião era o que comandava nossas vidas.

— Seria bom, quem vai? – Questionei.

— Apenas eu você e alguns amigos do ramo, nada grande, apenas pessoas íntimas.

— Tá certo.

— Pego você na sexta-feira. Esteja pronto.

— Certo, até mais. – Disse me despedindo e jogando o telefone no meio da cama.

Até que seria bom uma viagem com o Jimmy, poderia contar tudo que estava passando, poderia explicar meus motivos. Sim, isso era o que eu teria que fazer. Ele provavelmente ficaria uma fera e me expulsaria de lá, mas eu tinha que fazer isso, não podia ficar com esse sentimento e ciúmes grudando dentro de mim toda vez que ele falava ou chegava perto da Ana.

Eu só esperava que ele pudesse entender, e que a Ana não me matasse por contar sem ao menos conversar com ela sobre isso.


Capítulo 20

Ana Suarez


— Bem, veja pelo ponto positivo, você poderá dizer tudo que sente para o Jimmy nessa viagem. – Ângela estava apoiando minha ida, seria mesmo uma oportunidade de eu encerrar com esse circo que o Jimmy estava criando, e... Eu estaria livre para o Nicolas.

Pensar nele automaticamente colocava um sorriso em meu rosto, o “Te adoro” que ele sussurrou em meu ouvido ainda me fazia suspirar. Eu não sabia se poderia me jogar de cabeça e se tratando no Nicolas, eu tinha todos os motivos para duvidar, mas eu não conseguia mais fingir que ele não fazia nada comigo. Que suas palavras não mexiam comigo, que seu sorriso não me afetava ou que um simples toque seu em meu corpo não era capaz de fazer eu me entregar.

A questão era, eu poderia superar os anos que passaram e as lembranças ruins que ficaram. E me entregar novamente para ele? Ou eu ficaria apenas no “e se”, uma coisa que eu tinha convicção é que não conseguiríamos mais recuar.

— Ana, você está me ouvindo?

— Desculpe, eu viajei aqui. – Disse colocando mais algumas mudas de roupas na mala.

— Percebi, aposto que estava pensando num corpo escultural, como foi mesmo que você descreveu a bunda do Nicolas... – Ela fez uma pausa dramática. – Ah, claro, aquela bunda maravilhosa . – completou rindo da minha cara.

— Sua ordinária! Obrigada pela ajuda viu, vou continuar arrumando minhas coisas, pois logo o senhor feliz estará chegando.

— Ana, vai com calma, o Jimmy é uma boa pessoa. – Ângela disse séria. – Concordo que ele foi um babaca não tendo uma conversa madura com você, mas eu sei como você é.

— Eu tenho que seguir meu coração, não foi o que você disse? Vou tentar ser delicada. – Comuniquei rindo. – Até mais.

— Até. – Disse se despedindo.

Fechei a mala com certa dificuldade, vamos dizer que eu não era a melhor em fazer malas, sofria com isso no meu trabalho, pois sempre pagava por peso extra. Dei uma olhada no relógio do criado-mudo, vendo que daqui a pouco Jimmy estaria aqui, ele disse que poderia convidar alguma amiga, mas a única que pensei estava em Washington curtindo o fim de semana com o marido.

Dei uma última olhada para o espelho vendo que tudo estava perfeito, meus cabelos caiam pelas minhas costas em ondas largas, meu jeans skinny estava colado em minhas coxas dando um contorno maior para meu quadril, assim como a regata delineava bem minha cintura e meu busto. Corri até o armário pegando uma jaqueta de couro, finalizando meu visual com um gloss bem fraquinho.

Estava arrastando minha mala até a sala quando o telefone informou uma nova mensagem.

“Cheguei ursinha.”

Ursinha! Agrh! Eu estava pegando ódio de todos os ursos existentes no mundo, tudo por causa da insistência de Jimmy me chamar de “ursinha”.

“Estou descendo.”

Parei na calçada esquadrinhando a rua a procura do Jeep Compass de Jimmy, não foi muito difícil, pois além de ser um carro grande ainda era laranja, pois é. Eu estava começando a ver que minha implicância com Jimmy estava subindo níveis altíssimos.

Ele saiu do carro assim que me aproximei.

— Você está linda. – Disse me puxando pela cintura.

— Obrigada Jim. – Dei uma olhada nele, Jimmy era lindo não poderia negar, seu visual de cabelo raspado, os óculos escuros tapando seus olhos claros e um corpo muito bonito. Sim ele era lindo, um moreno lindo.

Ele me puxou para mais perto, me deixando de costas para o carro, beijou minha boca, sugando um pouco meu lábio inferior antes de se afastar.

— Estou empolgado para essa viagem. – Disse pegando minha mala e seguindo para a traseira do carro.

— Eu também, como estou. — Disse sarcasticamente.

— Tivemos algumas mudanças, mas nada demais.

— Como assim mudanças?

— Convidei um casal de amigos. – Respondeu sorrindo.

— Achei que seríamos apenas nós.

— Será divertido, você vai ver ursinha.

Esperei que ele desse a volta, entrando junto com ele no carro, coloquei minha bolsa no chão ao lado dos meus pés. – Pelo menos posso controlar a playlist dessa vez? – Perguntei.

— Lógico que pode, meu amor. – Ele puxou o cinto chegando mais perto de mim, roçando o nariz em meu pescoço.

— Aí esses pombinhos né, garotão.

Olhei para trás assustada por não ter notado ninguém quando entrei, engoli em seco quando meus olhos foram da mulher peituda, no melhor estilo vadia, para Nicolas. Seus olhos estavam me encarando sérios.

Olhei novamente para a mulher agarrada ao seu pescoço, suas unhas pintadas de um rosa Pink, prontos para enganchar no pescoço dele como um gavião.

— Eles são a mudança, — Jimmy chamou minha atenção, uma de suas mãos pousadas em minha perna de modo possessivo. – Essa é a Ashley e o Nicolas você conhece. Eles viajarão conosco.

— Ai que fofo ele te chama de ursinha! – A tal da Ashley exclamou do banco de trás.

Dei um meio sorriso para ela, mas colando meus olhos em Nicolas. Como ele pôde fazer isso? Estávamos juntos na quarta-feira de noite, pela manhã na quinta. E agora ele aparecia com uma vadia colada em seu pescoço e por que ele não falou que viajaria comigo e com Jimmy? E eu querendo jogar tudo por ele novamente, ele nunca mudaria, nunca. Sempre seria um canalha, com palavras doces para me levar em sua lábia.

Nicolas balançou minimamente a cabeça em negativa, como se tivesse visto tudo que passava na minha, lancei um olhar duro para ele me voltando para frente.

— Que foi garotão? Por que você ficou sério?

Suspirei. No final da viagem eu teria um derrame cerebral com essa voz de S eriema .

— Nada, Ashley.

— Todos prontos? Que o fim de semana comece. – Jimmy disse animado. – Ana você como copiloto comanda nossa playlist .

Esbocei um sorriso para Jimmy pegando seu telefone e sincronizando com o aparelho de som do carro. Se não podia soltar os cachorros em cima de Nicolas, eu colocaria pelo menos umas músicas sugestivas.

Aumentei o som quando as batidas de “ Stitches – Shawn Mendes ” começou a tocar.

— Adoro essa música. – Jimmy sorriu para mim.

— Ela se tornou uma das minhas preferidas. – respondi olhando por cima do ombro para Nicolas.

Senti meu celular vibrando em meu colo, eu sabia que seria mensagem do Nicolas, mas iria ignorar. Eu tentei me manter longe dele, tentei fugir, mas ele se infiltrou novamente em minha vida apenas para me machucar.

— Assim como uma mariposa é atraída pelo fogo... Oh, você me atraiu, eu não podia sentir dor – cantei alto junto com a música. — Seu coração amargo e frio ao toque... Agora vou colher o que eu plantei. Estou sozinho com a minha raiva.

Meu celular vibrava como um louco em meu colo, atraindo a atenção de Jimmy. – Amor, pode atender.

— Deve ser alguém inconveniente do trabalho. – Disse alto.

— Estou tão empolgada para chegar a Sag Harbor Jimmy, é a primeira vez que vou. – A Seriema disse do banco de trás.

Logo a atenção de Jimmy foi levada por uma longa conversa com a tal Ashley sobre o local, como era a casa e as coisas que poderíamos fazer quando estivéssemos lá.

Meu olhar cruzou com o do Nicolas, ele estava possesso por ser ignorado. Eu queria que ele fosse à merda, além do mais ele teria dois trabalhos, ficar emputecido e depois se acalmar, isto sim. Mentiroso de uma figa.

Peguei meu telefone vendo que ele estava com várias mensagens dele. Passei o olho rapidamente por cada uma.

“Ana eu não sabia que você viria”

“Por favor, monstrinha quem armou tudo foi o Jimmy, eu não sabia que você viria.”

“Ana, por favor!”

E mais um monte desse tipo, todas dando desculpas para seus atos, como se eu fosse perdoá-lo por isso, estava nítido que ele nunca mudou, que tudo não passou de mentira.

“Nicolas me deixa em paz”

Sua resposta foi instantânea.

“Você precisa acreditar que fiquei tão surpreso quanto você quando Ashley entrou no carro.”

“Imagino, foi na cama dela que você passou a noite de ontem? Você é rápido, mal deixando o lençol esfriar”

“Ana, para de falar merda! Eu estou com você”

“Eu não devia ter colocado você na minha vida, foi um erro.”

— Tudo bem, ursinha?

Travei meu celular, deixando no silencioso. – Tudo sim, era apenas trabalho. – Sussurrei encostando minha cabeça no vidro frio, deixando meus olhos vagarem pela estrada.


Capítulo 21

Nicolas White


Eu nunca poderia imaginar que Jimmy tinha armado para mim, eu ainda não sabia porque ele tinha feito isso, mas eu fiquei sem saber o que fazer quando ele parou em frente ao hotel que Ashley estava, mais ainda quando ela saiu cheia de malas e com a empolgação no nível máximo.

Quando Jimmy me chamou para a viagem acreditei que seria como ano passado, onde juntamos os caras que trabalhavam conosco e fomos curtir o fim de semana de pegação pelos Hamptons. E quando vi Ana saindo toda linda, Jimmy agarrando-a, beijando sua boca foi difícil me controlar dentro do carro.

Seu olhar de decepção quando viu as mãos da Ashley agarradas em mim, agindo com toda a intimidade, foi demais para mim, eu precisava explicar que não tinha culpa, que eu estava entrando num plano do Jimmy, que se soubesse que ele havia planejado uma viagem assim, teria pulado fora e ainda levado Ana comigo. Mas como dizem o passado é uma sombra que se perpétua sobre você, Ana com certeza estava pensando nisso, no que eu havia feito para ela no passado.

Mas eu provaria que aquele Nicolas ficou no passado, junto com a lista extensa de mulheres, afinal eu estava com ela e precisava que acreditasse em mim. Mandei diversas mensagens para explicar o que tinha acontecido, mas ela estava brava demais. O melhor seria recuar e falar com ela quando estivesse mais calma.

— Jimmy, você não tinha dito que seria um fim de semana dos homens? – Perguntei quando paramos em um posto para abastecer.

— Sim, mas quando encontrei Ashley na rua, achei que seria uma boa. – Ele colou seu corpo no de Ana, fazendo minha raiva aumentar. – Um fim de semana de casais. – Completou beijando o rosto dela.

— Sim, eu adorei a ideia! – Ashley se intrometeu toda animada, tentando chegar perto de mim.

Filho de uma puta.

Olhei para Ana, tentando lançar algum sinal, ver se ela percebeu toda a armação, mas toda vez que meu olhar cruzava com o dela, ela desviava o rosto.

— Se não precisam de nada, podemos continuar.

— Sim, eu vou até o toallet .

Essa era minha deixa. – Eu vou comprar alguma coisa para comer no resto da viagem. – Anunciei já seguindo os passos de Ana.

— Se quiser posso ir com você Nic.

Revirei os olhos antes de me virar e sorrir para Ashley. – Não precisa querida, será bem rápido.

Dei graças a Deus pelo banheiro ser dentro da loja de conveniência, assim ficaria mais fácil interceptar Ana no meio do caminho. Ela estava quase perto do banheiro feminino, aproveitei a distração da atendente para empurrá-la para dentro do banheiro e trancar a porta.

— Você está...

Calei a boca dela com a minha, segurando seus braços para não acertar o soco que tentava me dar. — Fique quieta e me escute.

Ela bufou, mas ficou em silêncio.

— Eu sou mentiroso? Como você pode dizer isto? Eu não tive nada a ver com essa história. Jimmy que armou isso, eu fui convidado para um fim de semana com meus amigos. Não sabia que você viria.

— Jimmy sabe de algo, ou pelo menos desconfia.

— Eu não vejo como, não deixamos passar nada, eu iria contar para ele nesse fim de semana. – Confessei.

— Sem falar comigo?

Dei de ombros. – Eu não o quero cheio de mãos com você.

Ela soltou uma risada baixa. –Você está com ciúmes?

— Não. – Respondi rude. – Talvez.

— Desculpa ter te chamado de mentiroso, quando vi você com aquela Seriema colada no pescoço, meu sangue ferveu, eu...

— Seriema? – Soltei uma gargalhada alta, tendo minha boca calada por Ana.

— Ana, eu não posso mudar meu passado, sabe, eu sou o que sou. Mas eu não trairia você. Espero que não duvide mais de mim. Pois uma coisa que não aceito é isso. – Disse sério.

— Desculpe. – Ela respondeu desviando o olhar.

Puxei seu queixo para cima, colando sua boca na minha, suguei seus lábios para os meus, abrindo sua boca com minha língua, aprofundando nosso beijo, trazendo-a para mim.

— Precisamos ir. – Ana sussurrou em meus lábios.

Suspirei soltando seu corpo. – Saia primeiro, vou depois.


Capítulo 22

Ana Suarez


De Nova York até Sag Harbor eram duas horas e meia, sem o trânsito. Que para nossa sorte não pegamos, mas foram duas horas e meia num silêncio constrangedor, onde foquei em olhar a paisagem interiorana que ficava mais frequente, substituindo o aço e concreto excessivo de Nova York. Bom, um quase silêncio, a Seriema que Jimmy gentilmente arrumou para Nicolas foi falando asneiras durante o trajeto.

Eu teria que me acostumar com o passado de Nicolas ou engoli-lo pelo menos, mas passar um fim de semana inteiro com uma mulherzinha grudada no pescoço dele, quando era para ser eu ali, realmente estava me fazendo soltar suspiros e resmungos aleatórios.

O céu nos presenteava com um verdadeiro espetáculo, um entardecer de cinema. Todo tingido de laranja e rosa, Jimmy parou em frente ao restaurante The Beacon, era uma vista maravilhosa. O restaurante ficava em cima do Cove Yacht, dando uma vista privilegiada de Sag Harbor até a Shelter Island.

— Quem está com fome? – Jimmy questionou, virando-se para nós com um sorriso no rosto.

— Será bom esticar as pernas. – Disse Nicolas.

— Olha esse lugar garotão!

Sério se eu escutasse mais um “garotão” eu me tacaria para fora do carro em movimento.

— Se bem conheço minha ursinha, você deve estar com fome. — Jimmy tocou meu rosto, puxando-o para ele. – É por isso sua irritação?

Coloquei um sorriso simpático em meu rosto. – Você me conhece tão bem Jim. – Disse de forma sarcástica.

Eu teria que dar um fim nisso, não iria suportar fingir pelo fim de semana inteiro.

Jimmy como sempre abriu a porta, me ajudando sair do Jeep e Nicolas fez o mesmo com Ashley, sorrindo quando nossos olhares se cruzaram. Filho de uma mãe.

— Jimmy você realmente tem sorte, Ana é um mulherão. – Ashley soltou entrando no restaurante de braços dados com Nicolas. – Agora entendo porque você nunca deu bola para as comissárias, Ana seu homem é tão cobiçado quanto ao meu Nicolas.

Engoli a resposta que veio na ponta de minha língua. “Meu Nicolas”? Tá de palhaçada com a minha cara! Dei um sorriso que mais parecia que estava tendo um derrame do que propriamente sorrindo.

— Realmente eu tenho muita sorte. – Jimmy respondeu beijando meu pescoço.

O maître nos encaminhou para uma mesa no deck, com vista para toda a beleza do entardecer e do píer com os barcos atracados.

— E então Siri... Ashley – disfarcei com uma tosse. – Você conhece o Jimmy e o Nicolas, trabalham juntos? – Perguntei juntando minhas mãos, apoiando meu queixo nelas.

O garçom deixou nossas bebidas, a Seriema bebeu um gole de seu drink.

– Sim, trabalhamos em diversos voos juntos. Inclusive estávamos juntos em Vegas, né garotão. – completou descendo uma de suas mãos em direção a perna de Nicolas.

Foi instintivo, dei um chute certeiro na canela que acreditei ser de Nicolas, mas atingi Jimmy que estava sentado na minha direita. Nicolas disfarçou o riso tomando um gole de sua cerveja e desviando o rosto para o píer. Eu queria matá-lo.

Nicolas estava divertindo-se as minhas custas.

E durante todo nosso pequeno jantar, os olhares que Nicolas lançava para mim incendiavam o desejo dentro de mim, se tornando sufocante sustentar o olhar dele por mais que poucos segundos. Estávamos na sobremesa quando a Seriema se encostou mais nele, puxando sua boca para ela. Beijando-o como eu queria, deslizando sua língua para dentro da boca dele, a mão dela agarrando com propriedade a nuca de Nicolas enroscando suas unhas de gavião nos fios loiros e macios dele.

Desviei os olhos controlando a raiva que serpenteava pelo meu corpo.

— Quero que essa noite seja especial para nós. – Jimmy sussurrou em meu ouvido.

Mais essa. Sorri fazendo um aceno com a cabeça.


Seria minha segunda vez na casa de Jimmy, a primeira tinha sido um almoço em família que ele insistiu que viesse, mas mesmo assim eu não deixava de absorver e me admirar com a casa que seu avô tinha deixado de herança para ele. Passamos por um amplo gramado, parando em frente a grande porta de mogno da casa.

Sai do carro admirando a bela paisagem em minha frente, um rapaz saiu de dentro da casa, sorrindo amplamente para nós.

— Dimitri, que bom vê-lo. – Jimmy cumprimentou o homem retirando as malas do carro.

— Sr. Walker, é bom vê-lo novamente. Como foi a viagem? Espero que tenha sido agradável.

— Foi ótima, Dimitri. – Nicolas respondeu se espreguiçando.

— Sr. White, que prazer revê-lo. – O homem abriu outro amplo sorriso para Nicolas.

Seguíamos os três para dentro da casa, o pé direito alto, coisa que por fora não aparentava, a casa era de dois andares, tendo um pequeno corredor no andar de cima aberto, dando uma vista ampla da enorme sala e da cozinha americana mais a frente. Um pouco afastado da cozinha tinha um corredor que nos levava para o gramado, dando ali mesmo dentro da casa uma vista impressionante para o deck com um pequeno barco ancorado ao píer.

— Você sabe seu quarto Nicolas. – Jimmy anunciou me puxando pela mão escada a cima.

Entramos em um quarto na mesma elegância do resto da casa, os móveis de mogno davam cor e contraste para o restante do quarto.

— Pode deixar suas coisas no closet, vista algo confortável, vou falar com Dimitri sobre nossos planos para amanhã e já volto.

Concordei, deixando minha mala de lado, retribui o beijo que Jimmy me deu, respirando fundo quando ele saiu do quarto.

Arranquei a roupa seguindo para o chuveiro, enrolei o cabelo em um coque bagunçado, apenas para não molhar, esperei que o chuveiro chegasse à temperatura ideal. Soltei o laço do roupão olhando para o espelho e então meu olhar cruzou com o de Nicolas, fazendo eu me virar assustada.

— Você é completamente maluco, o Jimmy daqui a pouco aparece. – Sussurro mesmo querendo gritar para colocar um pouco de juízo nessa cabeça oca.

Ele me lança um sorriso safado.

— Ele está ocupado com o Dimitri e devo dizer com a Ashley.

— Ashley?

Nicolas me virou de costas, me agarrando pela cintura, — Sim, eu coloquei uma pequena sugestão dela conhecer a propriedade. – Ele deslizou a boca pela minha nuca, subindo até minha orelha, prendendo aquele pedaço de pele entre os dentes. Puxando-os de leve, ao mesmo tempo em que deixava meu lóbulo escapar de seus lábios.

— Nicolas, mesmo assim... É muito... Arriscado. – Sussurrei.

Suas mãos se infiltraram para dentro do roupão fazendo-o escorregar pelo meu corpo, me deixando nua e exposta para ele.

— Eu não aguentei, precisava de você. – Disse beijando minha coluna, suas mãos descendo pela minha barriga, uma mão começou a brincar com meu clitóris, torcendo, beliscando.

— Estou começando a acreditar que você tem algum tipo de fetiche com banheiro. — Sussurrei em forma de gemido.

— Ah, Ana, eu tenho muitos fetiches, com certeza mostrarei todos para você.

A imagem de nós dois, refletida no espelho só aumentava minha excitação, fazendo-me morder o lábio inferior para não gemer com Nicolas tocando meu corpo com tamanha posse, seus dedos em um vai e vem perfeito dentro de mim, tocando-me num ponto extremo.

Ele me vira para si, buscando minha boca, enfiando sua língua, me tomando para ele, seu beijo é brusco e sedento, somos dois loucos, condenados pelo desejo que corre em nossas veias. Nicolas me ergue, fazendo-me sentar no mármore da pia, abrindo minhas pernas para ter mais espaço entre elas.

— Quero você pensando em mim, quero você marcada por mim.

— Eu não pensaria em outra pessoa.

— Ótimo, já está sendo difícil o bastante ver você retribuindo os toques dele. – Seus olhos estavam sérios, vejo o ciúmes neles.

— Eu vou contar tudo. – sussurro num fio de voz.

Nicolas desce a mão pelo interior de minha coxa, meu sexo a ponto de explodir, como se lesse meus pensamentos ele me puxa pelo quadril mais para frente, se agacha, deixando minhas pernas apoiadas em seus ombros, sua cabeça do meio de minhas pernas, sinto seu hálito quente banhando minha intimidade. Ele assopra, fazendo-me soltar um gemido alto com o vento frio que me toca.

— Fique em silêncio monstrinha. – sussurra ainda no meio de minhas pernas.

Agarro seu cabelo macio sentindo sua língua me explorar, me invadir, jogo a cabeça para trás, apoiando no espelho, tentando ao máximo conter meus gemidos, meu quadril começa a se mover sozinho, indo ao encontro daquela boca. Nicolas me castiga, meu corpo está pulsando, minha intimidade latejando em busca do orgasmo.

Nicolas levanta os olhos e puta que pariu, esse ato de me olhar nos olhos enquanto me masturba com sua língua é sensual, apelativo e leva ondas de tesão diretamente para minha boceta. Fazendo eu me contorcer inteira, gozando na boca dele, um longo e delicioso orgasmo. Nicolas espera que meu último espasmo passe, lambe toda minha intimidade sugando a última gota de meus resíduos. Esperando que minhas pernas parem minimamente de tremerem para se levantar.

— Meu Deus me sinto uma vadia. – Resmungo sem forças, com os lábios encostados na curva de seu pescoço.

— Não quero que repita isso. – Nicolas diz bruscamente. Ele se afasta fazendo-me olhar para ele. – Nunca mais fale uma coisa dessas, eu que deveria ter agarrado você quando pude e não ter feito o que fiz.

Sorri, essa versão do Nicolas estava fazendo eu me apaixonar cada vez mais. Passei a mão pelo seu rosto, roubando um selinho dele.

— Infelizmente, preciso ir.

Concordei, mesmo não querendo isso. Jimmy poderia voltar a qualquer momento.

Nicolas arrumou os cabelos e a blusa. – Ana, por favor. Finja que está dormindo.

Soltei uma risada baixa com seu pedido.

— Estou falando sério, se eu escutar ele tentando te levar para cama eu perco a cabeça.

— E quanto a Seriema? Eu posso afogá-la na privada? – Questionei descendo da pia, ainda sentindo minhas pernas moles do orgasmo.

— Ela não vai encostar em mim minha monstrinha, eu sou seu.

Nicolas me deu um selinho demorado e sumiu pelo quarto, escutei quando a porta fez um mínimo clique se fechando. Meu rosto estava rosado e sorridente, me denunciando do ótimo orgasmo que tive há poucos minutos. Éramos completamente malucos.


Capítulo 23

Nicolas White


— Nic, vamos brincar. – Ashley ronronou pela terceira vez.

No rosto um sorriso malicioso, seu corpo vestido apenas com uma mini lingerie verde musgo, seus seios grandes apertados pela renda transparente. Bom, realmente é difícil para mim olhar isso e meu amiguinho não se animar, afinal esse era o trabalho dele, mesmo que eu não sentisse nada com a cena em minha frente, eu não o controlava.

— Ash, não estou legal. – Disse pela quarta vez. – Podemos deixar para amanhã?

Ela fez um bico de emburrada subindo na cama, sentou-se de frente para mim, tirou o sutiã deslizando ele de forma provocativa do corpo, jogando no chão ao lado da cama.

— Eu gosto de dormir livre. – Disse se aproximando.

— Desligue a luz quando decidir deitar. – Disse curto e grosso.

Afofei o travesseiro me virando de costa para Ashley e seus seios fartos ali, expostos. Senti quando ela se deitou ao meu lado, fazendo questão de empinar a bunda, colando-a em meu corpo.

Meu pensamento voltou para o quarto ao lado, eu tinha certeza que assim como Ashley fez sua investida, Jimmy com certeza tentaria algo com Ana. Essa situação tinha que se resolver, eu não estava mais suportando estar nesse papel, ou fingir que estava gostando das mãos bobas que Ashley me dava ou de ver Ana beijando e aceitando as carícias dele.

Ele poderia ser meu amigo de anos, mas aquela mulher era minha, ela que deveria estar deitada em meu peito nesse momento, aquela boca só deveria chamar pelo meu nome. Seu corpo era meu, e eu iria reivindicá-lo quantas vezes fossem necessárias. Até ela finalmente entender que eu fui burro o suficiente para perdê-la uma vez, mas que isso não aconteceria novamente.


Já passada das duas da madrugada, Ashley ressonava ao meu lado, estava encarando o teto escuro do quarto por um bom tempo. Na tentativa de pegar no sono eu assisti um filme, coloquei o travesseiro sobre o rosto, tudo que funcionaria muito bem, mas nada me fez dormir. Sai da cama sem produzir muito barulho, talvez uma dose de ar fresco pudesse me dar algum resultado.

Passei pelo corredor, parando alguns segundos para escutar atrás da porta, estava tudo silencioso, Ana deveria estar dormindo. Desci a escada, cruzando a ampla sala, seguindo para o fundo da casa onde dava no deck. A noite estava agradável, mesmo com o vento frio que às vezes soprava as árvores, estava uma noite linda para se observar. Parei nos degraus olhando a lua cheia iluminar tudo que tinha em seu alcance.

— Está realmente uma noite linda.

Virei notando Ana sentada numa cadeira rústica do outro lado do jardim, como eu não havia notado ela ali?

— Você... Pensei que estava dormindo.

Caminhei contente por ver seu sorriso, suas pernas expostas num short curto.

— Não conseguia dormir. Jimmy bebeu, deve ter ficado irritado por não ter aceitado suas investidas. – Disse dando de ombros.

Cruzei o pequeno espaço que nos separava, sentando ao seu lado na grama, coloquei uma das mãos sobre a coxa torneada de Ana, sentindo a pele se eriçar. – Ele fez algo com você?

— Ele não é maluco, apenas não conseguia ficar mais no mesmo quarto.

— Meu único desejo é voltar para casa com você nos meus braços.

— Será que se fugirmos juntos será um recado bom para ele largar do meu pé? – Ana perguntou brincando.

— Sem dúvida seria um recado. – Disse rindo.

Ana suspirou entrelaçando seus dedos nos meus. – Estamos enrascados.

— Você está pensando em pular fora? — Questionei olhando para a sombra que era seu rosto na escuridão.

— Nem se eu quisesse Nicolas, eu não posso mais negar para mim mesmo que estou completamente apaixonada por você, que te desejo a ponto de me agarrar a você num banheiro público.

Apertei de leve sua mão, fazendo carinhos circulares. – Eu não quero que pense por um momento que eu desejo outra pessoa. Sei que pode ser difícil, depois de tudo que fiz no meu passado. Mas... – Engoli o bolo na garganta. – Eu gosto de você Ana, mais do que consigo dizer pela primeira vez.

A luz do quintal ascendeu fazendo nos dois nos afastarmos, voltei meus olhos para a casa encontrando um Jimmy mal-humorado olhando em nossa direção. Levantei encarando meu amigo caminhando no gramado como um búfalo, não sei o quanto ele ouviu ou quanto presenciou, mas já estava me preparando para o pior.

— O que você está fazendo aqui? – Ele explodiu com Ana, que estava com os olhos arregalados, as bochechas vermelhas literalmente pega no flagra.

— Estava apenas vendo a vista, Jimmy. – Ela respondeu num fio de voz.

— Vista? – Jimmy olhou de mim para ela, voltou os olhos para seu corpo, como se quisesse conferir se tudo estava no lugar. – Você deveria estar na cama, não estava cansada demais para qualquer coisa?

Jimmy agarrou no braço de Ana pronto para levá-la. Segurei seu braço, exercendo a mesma força que ele fazia com ela. Quando me olhou eu vi raiva, raiva que nunca tinha visto ele dirigir a mim.

— Deixe ela Jimmy, estávamos apenas conversando.

— Você não tem nada com isso, volte para sua comissariazinha . – Cuspiu em minha direção.

Firmei o aperto em seu braço, Ana me olhava assustada. – Já disse para soltar o braço dela, se está nervoso desconte em alguém do seu tamanho.

— Seria excelente. Ana porque você não entra, conversamos depois. – Ele lançou um sorriso falso para ela, que negou automaticamente, seus olhos em mim.

— Entre Ana. – Pedi suavemente.

— Jimmy venha comigo, Nicolas já estava aqui quando cheguei, vamos conversar no quarto. Abaixe o tom de voz e vamos. – Ana repreendeu. – Não seja um idiota.

— Vai se foder, quer mandar em mim agora?

— Ana...

— Que foi Nicolas? Não está contente com a foda que a Ashley está te dando e quer empatar a do seu amigo? – Jimmy disse meio trôpego.

— Pare de ser babaca! – Ana exclamou puxando em vão seu braço das mãos dele. – Se você está irritado e bêbado que vá dormir.

Jimmy olhava para Ana como se fosse jogá-la longe.

Puxei seu braço com força pegando-o desprevenido, fazendo-o se afastar dela. – Eu disse para deixá-la em paz.

— Jimmy, Nicolas, parem com isso!

— Que é cara? Você acha que não percebi você rondando Ana com seus sorrisinhos canalhas? Acha que eu sou idiota?

Meu sangue ferveu. Soltei o braço de Jimmy segurando a gola de sua camisa, vendo seus olhos um pouco surpresos com minha atitude. – Eu acho não, tenho certeza que você é um idiota. E se encostar a mão, que seja em um fio de cabelo da Ana, você vai se ver comigo. – Cuspi para ele, eu queria que ele entendesse de uma vez por todas que a Ana nunca foi dele, queria que ele olhasse para a verdade estampada em sua cara.

Jimmy me surpreendeu soltando uma gargalhada alta, seus olhos se voltaram para Ana, injetados de raiva. Ele deu um empurrão em minhas mãos, me fazendo soltar sua camisa.

— Então realmente você tem sido uma puta, fingindo que está com dores de cabeça, inventando desculpas quando na verdade você estava dando para o Nicolas, esse é seu problema com relacionamentos sérios? – Jimmy deu um passo em direção a Ana, fazendo-a recuar. – Você não passa de uma puta, devo dizer que pelo menos você faz seu serviço direito. Ah, e como, já devo indicar para meus outros amigos seus serviços? Por que na cama, ah... Você é uma vagabunda de qualidade.

Meu sangue ferveu, minha visão ficou turva de tanta raiva, eu não admitiria ele falar esse tipo de coisa para ela, voei para cima dele acertando um soco em seu nariz, fazendo-o cambalear para trás esbarrando nas cadeiras rústicas, indo ao chão. O sangue pintou imediatamente seu peito, me ajoelhei ao seu lado deferindo uma quantidade enorme de socos, nem me importando com os que Jimmy tentava dar em mim.

— Nic, pare com isso! – Gritou Ana.

Segurei Jimmy pela garganta fazendo ele olhar para mim, vendo seu rosto marcado pelo sangue. — Nunca mais abra a boca para falar com ela assim.

Ele esboçou um sorriso sarcástico. Apertei mais sua garganta fazendo-o engasgar.

— Você é patético. – Jimmy cuspiu o sangue de sua boca, me empurrando para trás, se recuperando e partindo para cima de mim. — Você é um merda, se passando de meu amigo para comer minha namorada. – Jimmy explodiu conseguindo atingir um soco em meu rosto e outro em meu estômago, me fazendo baquear com a dor aguda que tomou meu corpo.

— Acorde para vida, seu imbecil. – Explodi indo para cima dele novamente.

— Jimmy, para! Nicolas!

Vi ao longe Dimitri sair correndo em nossa direção, os gritos de Ana e nossa briga devem ter chamado atenção dele. Sem muito esforço Dimitri segurou Jimmy pelo braço, fazendo-o ficar de pé, contendo-o e evitando que ele tomasse o soco que estava preste a dar nele. Minha camisa estava manchada de sangue, sentia meu rosto começando a inchar.

— Meu Deus, Nicolas. – Ana passou a mão em meu rosto.

Olhei para Ana vendo seu rosto assustado. – Eu estou bem.

— Quero vocês dois fora daqui, vocês me entenderam! – Gritou Jimmy tentando se desvencilhar dos braços de Dimitri. – Fora!

— Vai se foder seu merda! – Gritei para ele, tudo que eu mais queria era dar outro soco nele.

— Acalme-se rapaz. – Dimitri advertiu se colocando na frente. – Vamos Jimmy, entre. – Disse puxando-o contra vontade.

— Porque você não me deixou resolver as coisas? – Ela sussurrou.

— Eu não deixaria ele chegar perto de você, só se estivesse completamente maluco.

Passei a mão pelo rosto, sentindo o pequeno corte na bochecha arder. Amanhã a dor estaria presente, tomando todo o lado direito do meu rosto. Apertei os olhos já sentindo a dor que este pequeno movimento fazia.

— Precisamos arrumar nossas coisas, temos que sair daqui.

Segurei o queixo de Ana, trazendo seus olhos para mim, afaguei sua bochecha tirando a ruga no meio de sua testa. – Vamos dar o fora daqui. Pegue suas coisas, eu resolvi o resto.

— Nicolas, eu pedi tanto para me deixar resolver as coisas. – Disse chorosa.

— Ana não tinha outro jeito, tá legal!

Desvencilhe-me da sua mão, andando um pouco, respirei fundo passando a mão pelo cabelo.

— Eu não deixaria que ele saísse daqui com você, não deixaria que ele entrasse no quarto e tentasse tocar em você. – Amansei a voz, voltando para ela.

— Você quer ficar com ele? Está arrependida?

— Não me fale uma merda dessas! – Ana explodiu comigo. – Eu só quero você, não duvide disso.

Puxei-a contra meu corpo ignorando tudo, puxando sua boca para mim, invadindo, sugando sua língua. O lugar que era meu, somente meu.

Entramos de volta na casa com certa cautela, não queria outra briga com Jimmy, não queria tornar isso pior do que estava. Subi a escada puxando Ana pela mão, parei na porta do quarto que ela dividia com meu ex-amigo, dando uma olhada, verificando que estava vazio.

— Seja breve, vou pegar minhas coisas e espero você na entrada.

Ela concordou já correndo para dentro do quarto.

— Nicolas, meu Deus do céu...

Segui para meu quarto passando por Ashley parada no meio do corredor com as mãos na boca, fui primeiramente para o banheiro, dando uma olhada no estrago que tinha pela frente. Meu rosto do lado direito estava ficando inchado, o canto de minha boca estava cortado do soco que Jimmy me deu. Não poderia sair assim, joguei água no rosto, tirando qualquer evidência de sangue, joguei minha camisa no canto do banheiro, limpando meu peito.

— Nic, pelo amor de Deus, o que aconteceu com você?

Ashley se aproximou, me virando para ela.

— Nada que você não possa ficar sem saber.

— Credo Nic, eu acordei com Jimmy gritando pela casa, quando fui ver você não estava na cama.

Voltei para o quarto desviando dela, peguei minha mala jogada no chão, vestindo uma camisa qualquer. Agradeci por não ter tirado minhas coisas da mala, tive o trabalho só de recolher algumas coisas e fechar a mala pronto para ir.

Não queria cruzar com Jimmy, muito menos deixar que Ana cruzasse com ele.

— Nicolas, porque está fazendo as malas? Nos vamos embora?

Virei-me para Ashley ainda parada na porta do banheiro, coloquei a alça da mala no ombro. – Ashley eu estou indo embora, entenda, não vai acontecer mais nada entre nós.

— Como assim Nicolas, você não está falando coisa com coisa.

— Eu estou com a Ana, isso é tudo que você precisa saber, se cuide. – Disse virando as costas para ela, saí do quarto num rompante, indo para a entrada, nem ligando para os gritos de Ashley, muito menos me importando que ela chamava por mim.

Ana estava parada perto da entrada com Dimitri. – Você está bem?

— Sim, estou sim.

— Eu chamei um táxi para vocês. – Dimitri se dirigiu a mim.

— Muito obrigado.

Ele deu um aceno olhando para a entrada de carros, o táxi iluminou o caminho parando a poucos centímetros de nós. Ajudei Ana com a mala dela, deixando que entrasse logo no táxi, voltei o olhar em direção a Dimitri, vendo o reflexo de Jimmy na janela mais afastada, não parei para agradecer ou dizer mais nada, me despedi com um aceno de Dimitri e entrei no táxi.

— Nova York amigão, Upper East Side. – Disse para o motorista. Encostei-me no banco cobrindo o rosto com o braço, senti Ana inclinar em minha direção, encostando seu rosto em meu pescoço.

— Você está bem? – Perguntei ainda sem olhar para ela.

— Eu que devia perguntar isso para você. – Sussurrou.

Tirei o braço do rosto olhando seus enormes olhos castanhos, seus cílios molhados indicando choro recente. – Desculpe por isso.

Ana deu de ombros. Seu suspiro atingiu meu corpo, ela se esgueirou pelo banco beijando meu pescoço, enlaçando seus braços em mim, trazendo seu corpo para o meu, olhei seus olhos questionando sua atitude, eles brilhavam com malícia, dei uma olhada para o motorista atento no trajeto. Que se foda! Puxei a boca dela para a minha, mordendo seu lábio inferior, sugando sua língua, agarrei um punhado de seu cabelo em uma das mãos, enquanto a outra segurava firme sua cintura, colando seu corpo o quanto pudesse no meu.

Nosso beijo estava esfomeado, ambos brigávamos por mais, ofegantes e determinados a não nos separarmos.

— Nic...

Eu vi em seus olhos o desejo, seu corpo pedia pelo meu, do mesmo jeito que eu estava louco para deitá-la nesse banco de couro e me enfiar dentro dela. Dei mais uma olhada para o motorista, nada que uma boa gorjeta não compense, puxei Ana para meu colo, sentando-a de frente para mim, aninhando-a em meu peito como se fosse um bebê, para quem olhasse para nós veria isso, apenas uma mulher deitada sobre mim, aparentemente descansando.

Suas mãos agarraram meu pescoço, cravando as unhas em minha pele.

— Fique em silêncio. – Murmurei no pé de seu ouvido.

Tracei um caminho no meio de suas pernas, ultrapassando o limite de seu short curto, contornando sua calcinha, tocando sua intimidade, um pequeno tremor percorreu o corpo de Ana. Puxei um pouco para o lado sua roupa, no limite que a posição permitia, brincando com seu desejo, tocando seu clitóris sedento por atenção, enfiando dois dedos dentro de sua boceta molhada.

O pouco espaço, as roupas que limitavam meus movimentos fizeram seu papel, aumentando a fricção que meus dedos causavam dentro dela, tocando com eficiência aquele pontinho mágico. Ana mordeu meu pescoço sentindo minha ereção pressionando sua bunda e meus dedos brincando dentro dela.

Contive os movimentos que Ana tentava fazer, evitando chamar mais a atenção do motorista do que já tínhamos. – Deite a cabeça em meu ombro, controle seus gemidos monstrinha...

Ela concordou, colando sua boca em meu ombro, como se tivesse adormecido. Continuei minha tortura dentro dela, sentindo seu corpo me sugar cada vez mais para dentro, sedento por mais penetração, introduzi um terceiro dedo, sentindo Ana arfar em meu ombro, sua boceta encharcada de tesão, meu pau reclamava dentro da calça, exigindo por atenção e alivio.

Entrava e saia devagar dentro dela, mantendo o ritmo torturante que estava fazendo-a ficar no limiar do orgasmo. Aumentei um pouco o ritmo, afundando meus dedos dentro dela, mexendo com seu clitóris, girando meus dedos dentro dela.

— Nic...

— Shiuu, — Alertei parando de mexer. – você tem que ficar quieta.

Seu sexo se contraiu quando introduzi novamente meus dedos, ela estava na beirada do precipício e eu também, ela sentada sobre meu pau apertado na calça jeans, seus pequenos movimentos de vai e vem com a bunda causando aquela fricção deliciosa era capaz de me fazer gozar na roupa mesmo. Meti mais fundo meus dedos, tocando aquele ponto sensível, sentido os primeiros tremores percorrem o corpo de Ana, esfreguei a palma de minha mão com mais rapidez em seu clitóris, com meus dedos curvados ainda dentro dela, arrancando um orgasmo violento e libertador de seu corpo.

Ana mordia meu pescoço tentando controlar seus gemidos, eu precisava fodê-la assim que chegasse a minha casa, eu precisava meter fundo meu pau em seu corpo, tomar finalmente o que sempre foi meu.


Capítulo 24

Ana Suarez


— Mostrinha, – A voz de Nicolas preencheu meus ouvidos — acorde.

Remexi-me ainda em seu colo, continuando de olhos fechados e agarrada em seu pescoço.

— Chegamos. – Ele anunciou.

— Uhum. – Murmurei.

Sua risada baixa reverberou em seu peito, ele se remexeu no banco ainda me segurando em seu colo. – Fique com o troco.

Abri meus olhos vendo que estávamos na frente do seu prédio, o dia começava a amanhecer por trás de todos os edifícios. Pulei para o banco, me sentando ao seu lado, espreguicei o corpo tentando expulsar a preguiça que me dominava.

Nicolas saiu primeiro, estendendo a mão para mim. Uma brisa fria da madrugada fazia minha pele se arrepiar pela falta de roupas mais quentes.

— Vamos direto para o banho quente. – Nicolas acariciou minha pele arrepiada.

Dei uma olhada para seu rosto, vendo o estrago que a briga entre ele o Jimmy tinha causado, um roxo já começava a se acentuar em seu maxilar. Passei a mão me sentindo mal por isso. – Está doendo muito?

Nicolas me lançou um meio sorriso, entrelaçando meus dedos com os seus. – Nada de mais. Vem, vamos entrar.

Seu apartamento estava exatamente como no passado, a ampla sala com móveis modernos, a vista linda para o Central Park, a cozinha muito bem equipada, mesmo que seja até um desperdício, pois Nicolas mal ficava ali. Nicolas voltou do corredor, sem camisa, seu peitoral definido a mostra, assim como os pés descalços. Completamente à vontade e aquele sorriso safado nos lábios.

— Vamos tomar um banho.

Sorri colando meu corpo no seu, seguindo pelo corredor, a ampla parede de vidro na lateral do quarto permitia a claridade entrar, iluminando todo o ambiente, a cama grande no meio do quarto, o armário no outro canto. Tudo muito masculino, mas de extrema elegância. Eu me sentia encantada olhando tudo, era como entrar novamente em um lugar que eu conhecia bem, mas ter uma visão completamente diferente.

Nicolas voltou do banheiro já nu, seu corpo de arrancar suspiros, um corpo delineado, quadril estreito, porém muito bem representado.

— Admirando a vista?

Sorri arrancando minha camisa, jogando-a no chão aos meus pés, me sentindo sedutora com os olhares que Nicolas me lançava, como uma fera pronta para dar o bote, tirei meu short com a mesma rapidez, ficando nua. Nicolas andou até mim, suas mãos já me segurando pela cintura, vi seu olhar vacilar do meu corpo para cama e ir em direção ao banheiro. Soltei uma gargalhada vendo sua indecisão.

— Ah, você vai me enlouquecer ainda. – Disse me jogando contra a cama.

Ele me deixou estirada na cama indo até o banheiro, escutei o barulho da água sendo fechada, ele parou um instante perto do criado-mudo remexendo nas gavetas.

— Quero que você fique quieta. – Disse subindo na cama.

Nicolas balançou uma faixa preta cumprida em minha frente, sorrindo como uma criança no dia de Natal. Mordi os lábios de excitação esperando pelo que viria, ele juntou minhas mãos, colocando-as no alto de minha cabeça amarrando com a faixa. Sua boca veio beijando desde meu pescoço até meu seio exposto, mordiscando o bico, fazendo meu corpo se arquear em direção a sua boca.

Ele agarrou meu rosto, puxando minha boca para sua, juntando-as de forma doce e provocadora, com lambidas em meu lábio inferior. Eu queria agarrá-lo, mas quando fiz menção de passar meus braços amarrados por seu pescoço ele me segurou no lugar, aprofundando o beijo, aumentando meu desejo e o latejar no meio de minhas pernas. Nicolas me devorava com seu beijo, nos deixando cada vez mais excitados, nossos corpos quentes, febril de desejo.

Quando ele percebeu que não teria resistência de minha parte, soltou meus braços, passando as mãos pelo meu corpo, testando minha excitação, provocando um parafuso em minha cabeça. Sua boca desceu pelo meu corpo cravando em meu seio, arrancando um gemido. Nicolas se sentou me olhando nos olhos tinha algo a mais naquele olhar, naquele momento seu olhar me falava mais do que qualquer frase poderia dizer. Estávamos espelhados, meus próprios sentimentos estavam refletidos em seus olhos, que não se desviaram nem quando mudou sua posição, ficando no meio de minhas pernas.

Ele abriu minhas pernas o máximo que eu conseguia me deixando totalmente aberta para ele, exposta. Gemi, querendo mais de seu toque, mas ele se afastou. O simples ato dele passar a língua pelo seu lábio já fazia meu ventre se contorcer em expectativa. Nicolas agarrou o próprio membro, acariciando de forma lenta e ritmada, me deixando hipnotizada pela cena erótica em minha frente.

— Nicolas...

Sua risada grave reverberou pelo quarto, ele sabia bem o que fazia, ele sabia como me afetar. Nicolas se encaixou melhor no meio de minhas pernas, mantendo uma das mãos em seu pau, se provocando, se masturbando bem ali na minha frente, enquanto seus olhos me devoravam.

Senti sua mão brincar com meu clitóris inchado, causando um tremor pelo meu corpo, ele não se demorou muito na provocação, enfiou dois dedos em mim, me fazendo jogar a cabeça para trás gemendo enlouquecida pelo orgasmo que eu sei que viria.

Nicolas abandonou toda a provocação agarrando meu quadril, se metendo fundo dentro de mim, ambos gritamos, meu corpo ganhava vida própria, rebolei fazendo Nicolas jogar a cabeça para trás dando uma estocada profunda.


Eu coloquei um feitiço em você

Porque você é meu

Você é meu

Eu te amo de qualquer maneira

E eu não me importo

Se você não me quiser

Eu sou sua agora


(I Put a Spell On You – Versão Annie Lennox)


Parecíamos dois animais, Nicolas agarrava com firmeza meu quadril, nossos corpos suados, nossos gemidos nos embalavam e nos levavam para o desejo mais profundo.

— Preciso do seu toque. – Nicolas pressionou seu corpo sobre o meu ainda se movimentando dentro de mim, desatou o nó da fita liberando meus braços.

Passei a mão pelos pulsos sentindo aquele pedaço de carne meio dormente, fazendo o sangue voltar a circular. Empurrei seu corpo sentando sobre ele, mordendo sua boca, sentindo o nosso gosto misturado. Ele agarrou meus cabelos, forçando minha cabeça para trás, expondo meu pescoço, por onde deixou uma trilha de mordidas e beijos.

– Deliciosa, eu te adoro Ana.

Fechei os olhos sentindo essas palavras ondularem sobre mim, meu cérebro estava em curto-circuito. Intensifiquei minhas reboladas sobre seu pau, cavalgando com vontade sobre seu corpo, subindo e descendo, fazendo com que sentíssemos cada nuance daquela fricção deliciosa que nossos corpos causavam e por fim aquela sensação de paz.

— Eu te adoro. – Nicolas sussurrou novamente em meu ouvido gozando junto comigo.


Acordei enrolada no corpo gostoso e relaxado de Nicolas, não sabia onde começava minhas pernas e onde terminava as dele. Fitei seu rosto vendo-o dormir tranquilamente ao meu lado, os braços apoiados em cima de sua cabeça, totalmente tranquilo. Seu maxilar estava com uma coloração estranha de roxo indo até o pequeno corte na bochecha, assim como também havia um corte no canto da boca, meu coração afundou por vê-lo assim. Mas também nem queria imaginar como estava o Jimmy nesse momento, sendo que foi o mais atingido disso tudo.

Espreguicei-me tirando minhas pernas das de Nicolas, me virei para sair de mansinho da cama, mas fui interceptada.

— Onde pensa que vai sem falar comigo? – Nicolas e sua rouquidão matinal era um pecado, algo que devia ser engarrafado para mulheres solteiras se satisfazerem em momentos de solidão.

— Bom dia. – Disse me virando novamente para ele.

Nicolas selou seus lábios nos meus, fazendo uma pequena careta de dor.

— Você precisa de um analgésico.

— Eu tenho outra coisa em mente. – Seu sorriso safado se abrindo, assim como suas mãos traçando caminhos pelo meu corpo nu.

— Safado. Que horas são?

Nicolas se virou para o criado-mudo olhando o celular. – Já passa das duas horas da tarde.

— Meu Deus! Dormimos de mais. – Exclamei me sentando.

— Hoje é domingo, dia oficial da cama, monstrinha. – Nicolas me puxou de volta, fazendo-me cair em cima de seu peito. – Mas podemos abrir uma pequena exceção indo comer algo, meu estômago está faminto.

Soltei uma gargalhada. – Vou tomar um banho.

— Eu preparo o café-almoço.

Tirei o lençol de cima de mim engatinhando até a ponta da cama.

— Não demore, ou eu terei que me satisfazer de outra fome. – Nicolas disse acertando um tapa forte em minha bunda.

— Tarado.

Deixei que a água do chuveiro dominasse meu corpo, lavando toda a loucura que tinha sido esse fim de semana. Entenda, por mais que eu não tenha sido apaixonada por Jimmy não queria que nada tivesse terminado assim. Deus sabe como odeio relações mal terminadas, elas só sabem dar dor de cabeça.

Por diversas vezes eu tentei tocar no assunto, mas ele estava obstinado a não me escutar. Na verdade, ele já sabia o que estava acontecendo ninguém era tão cego assim. Tirei o condicionador, torcendo o cabelo em minha nuca.

O que está feito está feito, para quer ficar remoendo isso agora?

Sai do chuveiro me secando na única toalha a vista em todo banheiro, o cheiro de bacon fritando fez meu estômago se contorcer de fome, penteie os cabelos deixando-os soltos, busquei no armário de Nicolas uma camisa branca, grande o suficiente para tampar um pouco de minha nudez. E assim fui atrás do meu cozinheiro, nem me importando que estava apenas vestida com uma camisa, afinal, eu sabia onde acabaríamos mesmo.

— Chegou bem na hora. – Nicolas chamou minha atenção assim que cruzei a sala.

— O cheiro está divino.

Dei a volta na grande bancada de mármore, Nicolas trabalhava com habilidade no fogão, virando os bacons, sacudindo um pouco os ovos mexidos para não grudarem. Dei um salto na bancada sentando por perto, a camisa subiu alguns centímetros, exibindo meu corpo trazendo o olhar de Nicolas para mim.

Ele sorriu balançando a cabeça, voltando a atenção para suas panelas desligando o fogo. Seus olhos voltaram a observar meu corpo, vendo o mínimo caminho que minhas pernas abertas permitiam que ele visse. Nicolas parou em minha frente, suas mãos posicionadas em minhas coxas, seus dedos exercendo uma pressão mínima no local.

Assisto sua língua molhar os lábios, uma boca que sabia que era extremamente excitante e saborosa.

— Precisa de algo, Ana? – Ele questiona me olhando nos olhos.

— Não que me lembre. – Faço-me de ingênua.

Sua mão sobe pela minha coxa, encontrando minha fenda, a ponta de seus dedos começa a brincar com aquele pedaço sensível de pele subindo e descendo lentamente, me fazendo morder meu lábio inferior. Filho de uma mãe gostoso. Nicolas puxou com força sua camisa, fazendo os botões saltarem para fora, totalmente destruída. E então me beijou, tocando cada parte do meu corpo acessível e completamente a mostra para ele, beliscando meus mamilos ou brincando com minha intimidade já desejosa.

Enfiei minha mão dentro de sua calça de moletom, tocando com propriedade aquele pedaço duro e grande, sentindo seu membro em minha mão, espalhando o líquido pré-ejaculatório que já estava ali. Fazendo gemer quando dediquei um carinho bem na ponta, Nicolas era tão atingido por mim quando eu era por ele, éramos dois animais quando estávamos juntos, dois seres insaciáveis.

Desci da bancada invertendo as posições, colando a lombar dele no mármore frio, descendo um pouco sua calça, apenas para liberar aquele membro. Aproximei o rosto, beijando docemente a glande, descendo para seus testículos, dedicando um carinho ali com minha língua e depois com as mãos, segurando enquanto lambia toda sua extensão.

Nicolas mantinha seu olhar fixado em mim, os azuis mais escuros de desejo, seus cabelos despenteados, deixando a cena ainda mais sexy do que podia imaginar. Chupei seu membro com vontade, fazendo-o gemer jogando a cabeça para trás.

— Puta que pariu, que delícia Ana! – Rosnou sua mão agarrando meu cabelo, pressionando minha boca até o fundo, continuei acariciando sua perna enquanto engolia seu pênis com minha boca, intercalando os movimentos de chupadas ou apenas lambidas por toda a extensão dura como uma torra.

Chupava seu membro com vontade, com paixão, me deliciando ao ouvir seus gemidos ou frases desconexas. Senti seu corpo estremecendo, seu membro se comprimindo, ele me puxou com rapidez me pondo de pé, curvada sobre a bancada. Na mesma hora segurando minha bunda com as duas mãos, se metendo fundo dentro de mim, arrancando um grito de minha garganta.

Nicolas estava tomado pelo tesão, suas estocadas fazendo eu avançar para frente comprimindo meu corpo na bancada. — Eu quero fodê-la de tantas formas Ana, mas acho que para acompanhar o excelente café da manhã que fiz para nós, nada melhor do que retribuir e me deliciar no meio de suas pernas. – Disse perto de meu ouvido. – Vou te tornar minha sobremesa.

Nicolas abandonou seu lugar em minhas costas, me fazendo virar a cabeça para procurá-lo, ele parou em frente ao armário trazendo uma calda de chocolate nas mãos e um sorriso matreiro nos lábios.

— Você tem que ficar quietinha. – Disse mordendo uma de minhas nádegas, fazendo-me arfar.

Deitei a cabeça sobre o mármore frio, sentindo o líquido pegajoso da calda tocar minha coluna, descer por minhas costas, senti o líquido descendo por minha bunda fazendo eu me mexer incomodada.

— Eu disse quieta. – Nicolas me deu um tapa certeiro, arrancando um protesto baixo. – Você vai adorar, que combinação perfeita, monstrinha e chocolate.

Sua língua varria minhas costas, fazendo o caminho que o chocolate tinha feito, ele dava leves mordidinhas por todo caminho, em meu pescoço, meus ombros, beijando a lateral de meus seios espremidos na bancada. Senti sua mão abrir levemente minhas pernas dando mais acesso a ele. Senti sua língua tocar aquele ponto proibido, sugando a trilha de chocolate e o que eu pensei que seria ruim estava me dando um tesão enorme, sentir sua boca me lambendo, a sensação do proibido me deixava completamente molhada, Nicolas desceu sua mão pela minha vulva, torcendo meu clitóris inchado, sua boca tomando tudo somente para ele, sua língua entrava e saía naquele pedaço de carne, invadindo meu corpo, eu estava perto de gozar e ele sabia muito bem desvendar meu corpo. Sua língua tomou meu clitóris, sugando aquele pedaço delicado, sugando toda a excitação me fazendo estremecer.

— Porra... Humm... – Gemia descontrolada, meu corpo convulsionando, pedindo por mais, pedindo pelo orgasmo que vinha de dentro do meu corpo como um tsunami.

— Nic...

— Sim?

— Nic, por favor. – Implorei tentando me mexer, mas tento sua mão pressionando minha coluna contra o mármore.

Estava muito perto, Nicolas torceu meu clitóris em seus dedos, enfiando a língua o mais fundo dentro de mim, eu gritava, minha voz saindo rouca pelo tesão. Então ele deu o golpe final, seu pau entrou fundo dentro de mim, ocupando o lugar de sua língua, tocando aquele glorioso pontinho dentro de mim. Me lançando para frente a cada estocada que ele me dava, sua mão me apertando a cintura e a outra no meu cabelo, puxando minha cabeça para trás, uma verdadeira mistura de dor e prazer, escutei seu grunhido, ele estava se controlando para não gozar.

O orgasmo veio violento me sacudindo, me fazendo gritar, o corpo de Nicolas ficou tenso se entregando ao orgasmo que nos varria como se fogo tivesse tomado nossas veias, ele mantinha um vai e vem lento e prazeroso, prolongando meus espasmos. — Ah... – grunhi como um animal, enquanto ele devorava toda minha alma, tomando toda minha excitação.

Foi longo, prazeroso e quando acabou, eu estava inteiramente preenchida de algo novo e completamente assustador, que me deixava receosa só de pensar em nomear, imagina sentir.


Capítulo 25

Nicolas White


Estávamos completamente jogados em meu quarto, assistindo um filme qualquer que passava na TV, Ana deitada sobre meu corpo, seus lábios entreabertos, ressonando tranquila. Um sorriso bobo tomava conta do meu rosto, durante o dia todo não pensei em mais nada, apenas nessa mulher ocupando as horas do meu dia, no seu sorriso fácil quando falava alguma frase de duplo sentido ou quando ela respirava fundo toda vez que terminávamos de nos beijar. Se isso significava que estava apaixonado por ela, então meu rapaz que toque a marcha fúnebre, esse soldado está abandonando a guerra.

Enquanto admirava seu rosto dormindo em meu peito, me questionei do porquê fugi dois anos e por mais que eu procurasse motivos todos pareciam banais. Na verdade, eu posso afirmar que foi medo. Receio, sei lá o nome que as mulheres davam para isso, mas aqui deitado com ela em meus braços você pode me chamar de marica, mas meu último desejo era ter que sair de perto dela.

— Você sabia que encarar as pessoas enquanto dormem é falta de respeito? – Ana sussurrou beijando meu pescoço.

— Estava querendo saber como alguém tão linda pode roncar tanto. – Menti segurando o riso.

— Mentiroso! – Disse abrindo um de seus olhos.

— Ah, minha Ana, próxima vez eu gravarei. – Disse gargalhando.


Ela me olhou sorrindo, deu um beijo delicado em minha boca, grudando mais seu corpo no meu.

— Eu preciso ir.

Olhei para seu rosto buscando seus olhos. – Você pode ficar aqui.

Ana sorriu erguendo o rosto. – Bonitão eu tenho que trabalhar e estou sem roupas, quer dizer, nem sei mais o significado de usar uma roupa.

Dei de ombros sorrindo. – Por mim todas as roupas serão abolidas assim que passar por aquela porta.

Ela estreitou o olhar. – Seremos dois selvagens.

Inverti as posições, colocando-a contra o colchão. Beijando sua boca, mordiscando seu pescoço. – Posso passar o dia assim. – Sussurrei em seu ouvido, vendo aquele pedaço de pele se arrepiar.

— Quem me dera gostosão, eu tenho que trabalhar, alguém tem, né?

— Esse “né” seria para mim? – Perguntei mordendo forte seu pescoço, fazendo-a gargalhar.

— Eu levo você para casa, mas com uma condição. – Digo analisando o rosto dela.

— Condição?

— Sim, que você venha para cá depois do trabalho.

— Hum... – Ana faz charme revirando o rosto. – Realmente é muito difícil decidir sobre isso...

Dou uma mordida em seu seio, passando a ponta da língua em seu bico.

— Ahh...

Solto com um chupão deixando aquele pedaço de pele avermelhada.

— Então?

— Tudo bem, posso aceitar esse tipo de barganha.

Tomo seu corpo, enlaçando meus braços em sua volta, beijando sua boca, devorando aqueles lábios macios e carnudos, perdendo toda vontade de levá-la para casa.

Afasto-me com um suspiro ruidoso. – Vai se vestir ou não respondo por mim.

Ana sai correndo da cama, pegando a primeira peça de roupa que estava em sua mala, se trancando no banheiro. Aproveito para eu mesmo me trocar, coloco uma calça black jeans, uma camiseta branca de manga curta e um par de tênis. Para quem vive mais dentro de um terno e gravata ter a possibilidade de andar assim é como um bálsamo.

Paro em frente ao seu prédio desligando o carro, virei olhando para Ana, sentada de lado no banco, sua mão subindo e descendo por minha perna o tempo todo. – Nos vemos amanhã?

— Sim, combinamos durante o dia.

Sorrio buscando sua boca para um beijo, trazendo para mais perto seu corpo, minhas mãos agarram sua cintura, Ana aprofunda o beijo, sua língua vaga pela minha boca, enrolando, sugando a minha, faminta. Somos dois loucos, os dois completamente tarados, viciados no que podemos fazer de melhor.

Ana interrompe o beijo analisando meu rosto, uma ruguinha mínima aparece entre suas sobrancelhas.

— O que foi? – Questiono passando o polegar em seu rosto.

— Nada, apenas constatando que a vida é mesmo uma maluquice.

– Que maluquice mais deliciosa, né? – Brinco.

Ela balança a cabeça pronta para sair do carro.

— Ana?

Ela se vira olhando para meu rosto.

— Te adoro.

Novamente ela não retribui, apenas sorri, balança a cabeça e atravessa a rua puxando sua mala. Mas eu sei que ela também me adora, sei e tenho paciência para esperar pelo momento certo, Ana tem todo o receio sobre quem eu era, sim, tenho fama e um passado, nem tão passado assim. Sei que do mesmo modo maluco que ela me afeta, eu afeto seu corpo. Sei pelo modo de me olhar ou pelo modo como sorri. Também sei que estou fodido, estou completamente gamado nessa mulher. Ana mudou alguma coisa, algo grande e significante e ela irá perceber que aquele Nicolas, hoje não estava mais aqui.

Ligo o carro, saindo da vaga ao mesmo tempo em que o sistema de som religa fazendo “In The Name Of Love – Martin Garrix” invadir em batidas gostosas meu caminho de volta para casa. Abro os vidros deixando a brisa fria da noite entrar, sentindo o verdadeiro cheiro de Nova York, o trânsito causado pelos motoristas de táxis. Mal reconhecendo a mim mesmo.

Deus, o que aquela monstrinha está fazendo comigo?


Capítulo 26

Ana Suarez


Abro os olhos vendo a claridade entrar pela janela, rolo na cama ainda me localizando de tudo que aconteceu nesse fim de semana, volto para meu travesseiro pegando meu celular, dou um pulo da cama quando vejo que já passa das 8h30 min. Merda! Corro pelo quarto entrando no banheiro para um banho rápido, nem me lembrei de colocar o despertador para hoje, muito menos de colocar meu telefone no volume máximo. Causando esse imenso atraso.

Coloco a primeira saia social que vejo pela frente, uma blusa branca e corro com os saltos na mão. Qualquer parada para um café da manhã foi automaticamente excluída.

Com exatos quarenta minutos a mais de atraso atravesso o corredor da Roccoly, vendo as pessoas trabalhando de forma frenética até mesmo para uma segunda-feira. Dou uma espiada no corredor vendo que Robert não está em sua mesa, por enquanto caminho livre.

— Ana. – Eve me cumprimenta com um sorriso.

— Ele está atrás de mim? – Pergunto já ocupando minha mesa.

— Sim, Robert está furioso.

— Merda, merda. – Ligo meu computador, vendo o planner do dia, eu não podia ter me atrasado, muito menos ter perdido a reunião da manhã.

— Eu anotei todos os tópicos da reunião. — Eve dá a volta colocando uma pasta em minha frente. – Talvez isso possa te ajudar.

— Você é um anjo, Eve! – Exclamo sorrindo para minha secretária.

Suas bochechas ficam coradas, Evelyn sempre era muito discreta, fazia seu trabalho com excelência e só, poucas vezes a vi nos happy hour do escritório ou no meio de fofocas, literalmente ela chegava, executava seu trabalho e ia embora.

— Ana, a Sra. Vetter ligou, pediu que retornasse assim que possível.

— Eu ligarei mais tarde.

— Finalmente você apareceu!

Olhei para o rosto colérico de Robert, Eve deu um aceno saindo rapidamente da sala, fechando a porta.

— Robert, desculpas.

Ele arqueou a sobrancelhas olhando para mim. – Você tem noção do quanto foi irresponsável faltar a uma reunião da diretoria?

— Sim, entendo que foi imperdoável, e vou lutar para me redimir.

O que eu poderia fazer? Eu tinha dado uma mancada de tamanho fenomenal com meu chefe, teria sido melhor se jogasse café em sua cara do que ter faltado essa reunião.

— Bom, você iria ter essa oportunidade, teremos uma reunião em Buenos Aires pela próxima semana, você irá nos representar.

Sorri, fingindo meu contentamento. – Irei com o maior prazer.

Robert suspirou, deixou uns documentos em minha mesa e saiu sem dizer mais nada, seu recado foi dado, bem isso que a postura dele tinha mostrado.

Quando deu duas horas da tarde eu consegui sentar novamente em minha sala, minha cabeça zunia, meu estômago roncava de fome e eu estava exausta. Olhei para meu celular, vendo-o vibrar dentro da bolsa.

— Oi.

— Pela sua voz sinto que precisa de algo para relaxar.

Sorri escutando a voz rouca de Nicolas.

— Estou tendo um dia daqueles. – confessei suspirando.

— Uma típica segunda-feira.

— Bem por aí. – Massageei minha nuca tentando afastar a dorzinha aguda que se instalava ali.

— Faremos o seguinte, sua casa, mais tarde eu levo o jantar.

— Seria perfeito.

— Te vejo a noite.

— Até mais Nic.

Desliguei com um sorriso no rosto e foi assim que passei o resto de minha tarde no trabalho sorrindo por um simples telefonema.


— Meu Deus, Ana! — Ângela exclamou chegando mais perto de mim, dando lugar para dois executivos entrarem no elevador. – E eu ainda falei para você ser boazinha com ele, você devia ter dado um chute no saco, isso sim.

Segurei o riso, nos encontramos poucos minutos antes de sair do prédio da Solftk, entre esperar pelo elevador e chegar ao térreo contei todo meu fim de semana para ela.

— Pois minha vontade era essa, mas Nic me representou bem.

Passamos pelas pessoas saindo do trabalho, parando em frente ao prédio, Nova York estava no seu horário de pico, a avenida estava movimentada, buzinas soavam para todos os lados. Patrick, — motorista de Ângela – já aguardava por ela, encostado do lado de fora do carro, olhando para nós.

— Temos que marcar algo, vou conversar com Paul, um jantar. – Ângela divagou.

— Sim, marcaremos algo.

— Você está bem? Você sabe, com tudo isso?

Suspirei, sorrindo verdadeiramente. – Sabe, é tudo uma completa loucura, tudo muito rápido. Eu não sei por onde começar a explicar como me sinto Angel, mas... Estou feliz, sabe... – Sorri para minha amiga, encabulada na verdade.

Ângela me puxou para um abraço apertado. – Você está feliz, isso que importa.

Ela deu uma olhada em direção ao carro, vendo que Patrick parecia meio impaciente. – Tenho que ir, Paul está em Washington, pego um voo daqui a pouco.

— Nos falamos, vai lá mostrar quem manda para seu marido. – Brinquei já me afastando, seguindo em direção ao meu próprio carro.


Fazia pouco mais de uma hora que estava jogada no sofá vendo o programa estúpido que passava na TV, Nicolas entrou em meu apartamento me dando um susto entrando com várias sacolas nos braços e um sorriso de parar o trânsito.

Sento observando ele ir até a cozinha, deixar as coisas e voltar para mim, dá um beijo casto em meus lábios.

— Olá bonitão.

— Gostei do cumprimento.

Solto uma gargalhada voltando a me jogar nas almofadas.

— Então você ficou com minha chave extra? – Pergunto mesmo já sabendo a resposta.

— Sim, — Ele se levanta remexendo nos bolsos da calça. – essas daqui são suas. – Diz jogando um pequeno molho de chaves em minha direção.

Sinto minha garganta se fechar por um instante. Trocar as chaves de casa é um passo grande, até mesmo para um homem sem toda a bagagem que Nicolas carrega, imagine para o próprio Nicolas...

Ele parece não notar por onde meus pensamentos me levam. – Pedi de tudo um pouco daquele restaurante perto de casa, não sabia o que você queria.

— Vou ajudá-lo a arrumar. – Digo começando a me erguer.

— Não, não. Hoje você está na mão deste comandante, senhorita.

Ele deixa uma trilha de beijos por meu rosto e pescoço, logo sumindo de vista.

Escuto Nicolas revirando alguns armários a procura de pratos e nas gavetas atrás de talheres, alguns minutos depois ele retorna com algumas bandejas em uma das mãos e os utensílios na outra.

Nicolas arruma tudo na mesinha de centro, abrindo as embalagens, ajeitando um pouco de tudo nos pratos. Sua expressão relaxada, tranquila como se tivesse fazendo uma coisa corriqueira, como se isso que estamos fazendo seja algo normal entre nós. Apenas um casal de namorados se ajeitando numa segunda-feira, isso ainda me assusta, esse pensamento ainda me assusta. Ainda mais por gostar disso...

Nicolas me passa um dos pratos se sentando ao meu lado.

— Me conte como foi seu dia.

Olho para seu rosto, parando com o garfo no meio do caminho até a boca. – Perdi uma reunião com a diretoria, basicamente me atrasei uma hora e meia... – Mastiguei um pouco da salada.

Nicolas também comia, olhando para meu rosto.

— Resultado, meu chefe quer me mandar para Buenos Aires. – Disse ainda engolindo a enorme garfada.

— Bom pelo menos você pode encontrar algo de bom nessa viagem. – Disse com um sorriso safado.

— Algo bom? – Questionei entrando na brincadeira.

— Sim. – Ele afastou seu prato, tomou um gole de sua água. – Por exemplo, um piloto, muito atencioso, que pode transformar seu voo em uma completa diversão nos ares.

Sorrio saboreando outro pedaço do peixe que ele trouxe.

— Imagino que partirei muitos corações fazendo isso. – Digo me arrependendo no mesmo instante.

Nicolas me olha nos olhos, deixa seu prato na mesinha, voltando-se para mim. Nos olhamos fixos por alguns segundo, por fim ele beija meu pescoço, tirando o prato do meu colo, colocando-o junto com o seu.

— Ana não sei como falar esses tipos de coisas, sabe, nunca me preocupei com isso ou até mesmo pensei em dizer. – Ele muda um pouco o tom, ficando sério. – Você é especial para mim, e, pode acreditar que quando digo isso não estou mentindo. Sei que também sou para você. – Ele fez uma pausa. – Você não diz, mas eu vejo e sinto.

Fico encabulada com a força do seu olhar.

Nicolas puxa minhas pernas para cima de si, fazendo carinhos em minhas coxas, uma leve massagem em meus pés, não tocando mais no assunto.

– Deite-se aí, procure um filme descente para nós. – manda com um sorriso no rosto. Suavizando o silêncio que ficamos.


Sinto um calor absurdo, balanço as pernas tentando me livrar daquilo que me mantém presa, abro os olhos vendo que Nicolas está praticamente deitado sobre mim, suas pernas em cima das minhas, seu braço enrolado em minha cintura.

— Nic – sussurro acordando-o.

Nicolas sorri rolando para o lado, seu rosto metade escondido no meio do travesseiro, ele coça os olhos, afastando o resto do sono. – Bom dia.

— Bom dia. – Viro de lado ficando de frente para ele.

— Você capotou ontem, a música inicial mal tinha começado e você estava roncando.

– E você ficou...

— O filme estava realmente excelente para eu sair no comercial, iria perder o final. – Disse com cara de deboche.

Arquei a sobrancelha.

— Tá bom, eu queria cuidar de você.

Acho que eu esqueço de respirar por dois segundos, mas não consigo controlar minha língua. – Você dormiu com uma mulher e não transou com ela?

Ele torceu a boca para cair na gargalhada.

— Pois é, tudo tem uma primeira vez, dormimos juntos ou quase isso já que eu passei a maior parte do tempo guerreando com suas pernas por um pouco de espaço nessa cama.

— Nicolas White, o garanhão de Nova York dormiu com uma mulher ao seu lado sem transar! – Brinco gargalhando com seu ataque de cócegas.

— Eu mostraria o que o Nicolas garanhão aqui sabe fazer, se não tivéssemos que levantar.

Aceito ser tirada da cama por Nicolas, pronta para começar mais um dia.


Capítulo 27

Nicolas White


Eu estava ansioso, tudo era novidade nesse momento, eu não tinha experiência em relacionamentos. Era como se você soubesse o manual de cor, mas na prática era totalmente diferente.

Nicolas White não era de bajular, ou dormir na mesma cama que uma mulher sem conseguir o que realmente queria, sexo. Mas agora sem o “empecilho” que era Jimmy, eu e Ana rumávamos para algo novo, um terreno totalmente diferente para ambos.

Jimmy não retornou minha ligação, tínhamos uma amizade de anos, tudo bem você “roubar” a garota que ele estava ficando era literalmente jogar o código de honra dos amigos no lixo e ainda sair rindo. Foi exatamente isso que eu fiz, Jimmy só tinha que perceber que o que ele sentia pela Ana era fogo, sim, o mais puro desejo carnal.

Suspirei deixando esses pensamentos para o lado. Ana iria viajar a trabalho para Buenos Aires e pensando nisso programei uma noite especial para nós, por que não voltarmos para onde começamos?

Tinha feito reservas no Le Bernadin, um restaurante no centro de Midtown. Dei uma olhada vendo as pessoas conversando, sorrindo. Ajeitei o blazer marfim consultando o relógio.

Meus olhos grudaram em Ana assim que atravessou o hall vindo em minha direção, fiquei de pé contemplando seu corpo envolto de um vestido vermelho, colado em todas as curvas daquele corpo, causando uma sensação estranha na boca do meu estômago, vê-la caminhando tão confiante disparava meus batimentos cardíacos...

Puxei seu corpo no meu, dando um pequeno selinho em seus lábios, senti sua pele através do decote nas costas o que só aumentou meu desejo por essa mulher.

— Você está magnífica. – Sussurrei mordendo de leve o lóbulo de sua orelha.

Dispensei o maître eu mesmo puxando a cadeira para ela sentar, eu percebi os olhares de alguns homens, vi quando eles me encararam de volta. Bem aquela coisa de macho, eu “mijei no poste” . Era como falar silenciosamente com cada um deles: Isso mesmo rapazes, esta daqui é do Nicolas, tirem os olhos.

— Desculpe o atraso.

Puxei sua mão por cima da mesa entrelaçando nossos dedos. – Valeu à pena esse pequeno atraso.

Ela sorriu abertamente para mim, olhou o restaurante admirando a beleza do lugar.

— Faz muito tempo que não venho aqui...

— A última vez foi com você. – Completei o que ela iria dizer.

— Sim.

— Hoje estamos comemorando algo especial. – Disse curvando-me um pouco mais na mesa chegando mais perto dela.

— Algo especial?

— Sim, nosso recomeço.

Os olhos de Ana brilharam, ela mordeu o lábio inferior contendo o nervosismo. E eu me senti o filho da puta mais sortudo. Ela mal podia esperar pelo que viria após o jantar.

O garçom para ao lado de nossa mesa, depositando duas taças de vinho tinto, com as taças com águas em nossa frente.

Ana é diferente de todas as mulheres que eu já me relacionei, sua presença é marcante, ela domina o lugar quando chega, sabe manter uma ótima conversa, e olha que eu não paro para puxar papo com mulheres. Durante o jantar transitamos por tantos assuntos, falamos sobre sua carreira, conversamos sobre a minha. Ela não tenta se promover, ela não fala algo sem saber sobre aquilo, somente para aparecer. Ela é simplesmente... Ela. Eu não me reconhecia por pensar algo desse tipo, mas eu não conseguia acreditar na sorte que tinha ao dizer que ela era minha.

Ana se delicia com um pedaço de torta, a conta foi paga e eu estou ansioso pelo que vem a seguir.

— Quando você volta para o trabalho? – Ela pergunta chupando de leve o chocolate da colher, fazendo-me engolir a saliva que esse pequeno ato, somado ao estreitar de olhos fazem com meu pau.

Tomo um gole de minha água. – Recebi uma ligação deles, ainda não tem uma data, porém deve ser em breve. – Digo dando de ombros. – Quando você aceita entrar numa profissão como a minha é raro um longo período de folga, e eles sabem que não sou de ficar parado. Por isso me chamam para emendar uma viagem na outra.

Vejo seu sorriso esmorecer um pouco.

— Você sabe que isso não mudará as coisas.

Ela volta seus olhos para mim. – Mas você vai estar cercado de vadias. De Ashley.

Solto um riso baixo com sua cena de ciúmes. – Pode até ser, mas existe uma grande questão nisso tudo.

Ela arqueia a sobrancelha esperando que termine de falar.

— Eu não as quero.


Eu tinha planejado tudo para esta noite, queria testar todos os limites e sentidos de Ana, desde o caminho com minha playlist de “preliminares” até o que ela vivenciaria quando chegássemos a nossa próxima parada.

“Candy Shop – 50 Cent” quebra o silêncio do carro, piso no acelerador deixando o carro ronronar ultrapassando as faixas, Ana mantém uma mão sobre minha coxa, perto demais da minha virilha para ser ignorada, aproveito as trocas de marcha para passar a mão por sua perna, levantando um pouco do vestido, arrancando um sorriso safado de seus lábios, testando sua pele arrepiada com meu toque. Saio do centro de Manhattan, pego algumas ruas secundárias finalmente chegando.

Há uma quantidade considerável de carros parados em frente à boate, Ana olha pela janela observando tudo com interesse, em momento nenhum eu disse para onde estávamos indo, apenas comuniquei que nossa noite não havia acabado.

A The Night poderia ser apenas um prédio comum no meio de tantos por aqui, assim como em Las Vegas e nas outras casas o que era de máxima importância era ser discreto. Mas quem tinha o direito de passar pela grande porta preta é que sabia realmente o que acontecia lá dentro. Todos os sócios e participantes convidados assinavam um termo de confidencialidade, algo para proteger nossas próprias identidades, aqui não frequentavam apenas pessoas solteiras, a grande maioria dos sócios eram mulheres e homens casados, frustrados com suas vidas sexuais normais, que vinham buscar um pouco de depravação que a The Night oferecia.

Dei a volta no carro abrindo a porta para Ana, entreguei a chave do carro para o manobrista, que sorriu e se afastou em silêncio.

— Onde estamos?

Dei um sorriso de lado entrelaçando meus dedos nos seus.

— Estamos de volta ao começo. – Sussurrei em seu ouvido.

Ana caminhou ao meu lado, passando pelos seguranças, observando tudo, tentando desvendar para onde tinha nos levado. Um homem de terno, com aparência ameaçadora fez sinal para que nos aproximássemos. Soltei por um instante a mão de Ana, puxando o cartão prateado de dentro da carteira. Ele analisou o cartão por um instante, foi até a grande porta abrindo-a para nós.

— Seja bem-vindo Sr. White.

Dei um aceno com a cabeça deixando Ana entrar na minha frente. As batidas sensuais de “Gold – Kiara” invadiram a pequena recepção quando a porta foi aberta, caminhei com Ana colada ao meu lado, o grande bar de vidro estava lotado, vários casais conversando, as pequenas estações de pole dance tinham mulheres e homens dançando, dei uma olhada para Ana que estava compreendendo onde estávamos.

Andei até um grande sofá no canto mais afastado, Ana se sentou ao meu lado, seus olhos vagavam pelos casais, eu podia sentir em sua áurea que ela estava encantada, um misto de curiosidade, com desejo na forma mais pura. Assim como da primeira vez, só que desta eu a levaria para todos os lugares que ela nunca pensou em ir.

Esse era meu mundo, baby .

— Então você é sócio? – Questionou virando-se para mim depois de alguns segundos.

— Sim.

— Como você descobriu isso? Você sabe... – Ela deu de ombros.

— Existe todo um mundo para quem deseja se entregar para o prazer meu amor, desde casas de swings , boates de strippers , lugares onde podemos praticar BDSM, são tantos lugares.

Ana me encarava, absorvendo tudo que dizia.

— Os convites são difíceis, você só consegue se for indicado por alguém, vindo como convidado ou sendo sócio. Como no seu caso. – Colei minha boca em seu ouvido. – Aqui é pelo prazer Ana, as pessoas buscam por um lugar como esse para experimentar o que o sexo tem para oferecer de melhor.

— E as máscaras?

— Elas são necessárias apenas quando tem algum tipo de membro importante, ou como se fosse um baile para os novos sócios. – Expliquei.

Ana passou a língua nos lábios secos. Segui seu olhar, vendo a variedade de pessoas, algumas jovens outras mais velhas, mulheres em sua grande maioria, olhei para o lado oposto vendo uma mulher meio deitada no divã, um homem colocava pedaços de morangos em sua boca, junto com champanhe, lambendo o caminho que o champanhe fazia quando caia da boca da mulher.

Puxei delicadamente o rosto de Ana para ela ver o que eu estava vendo, notar o erotismo da cena, notar o quão era sensual uma coisa dessas. Notei quando ela apertou uma perna na outra, ela estava ficando excitada, sorri para mim mesmo, colocando a boca na curva do seu pescoço, sugando aquele pedaço de pele, sussurrando coisas em seu ouvido. Ana curvou um pouco a cabeça dando espaço para mim, ainda observando o casal.

O homem beijava a curva dos seios da mulher, lambendo seu pescoço como se fosse um sorvete, vi os olhos de Ana se arregalarem minimamente quando uma mulher se juntou a eles, beijando a mulher na boca, sugando sua língua de forma sensual. Ana apertou minha coxa por instinto, segurei seu rosto trazendo seus lábios para mim, invadindo sua boca com fome, desejo e um tesão absurdo. Ela gemeu, agarrou meus cabelos puxando-os para ela. Querendo aprofundar mais o beijo, porém eu interrompi, estava na hora de seguirmos para as outras salas.

Fiquei de pé trazendo-a comigo, atravessei um extenso corredor, entrei em um pequeno salão aberto, as paredes de veludo negro, sendo iluminados apenas por luzes âmbar, algo apenas para não deixar aquela sala na plena escuridão. Os alto falantes explodiam com “Fallin” o cheiro de sexo estava presente no ar, colei o corpo de Ana, fazendo-a observar o que acontecia naquela sala, roçando um pouco meu pau em sua bunda.

Sempre gostei do voyeurismo, tinha algo mais sexual do que você observar alguém se entregar ao sexo? Aqueles corpos ondulando entre o desejo, entre o carnal.

— Não vi algo assim na outra The Night. – Ana murmurou em meu ouvido.

— Eu não deixei meu amor, queria tê-la logo para mim. – Respondi sorrindo. – Aqui você pode observar, participar se o casal quiser.

— Eu não sei se quero.

— Fique tranquila, estamos aqui apenas pelo prazer do voyeur, não deixaria ninguém encostar em você, a menos que deseje.

Vi uma ponta de ciúmes em seu olhar, essa era minha garota.

— Não quero.

Dei um beijo molhado em seus lábios, indicando com o olhar o casal em nossa frente. A mulher estava deitada nua numa cama redonda, seus olhos vendados, um homem estava no meio de suas pernas chupando sua intimidade, fazendo ela se contorcer, um outro apertava seus seios, lambendo seu corpo. Apontei para o outro lado onde duas mulheres se divertiam com um homem, ambas se dedicando em satisfazer suas vontades, puxei sua mão saindo dali, entrei em outro salão deixando que ela absorvesse tudo em nossa volta.

As paredes eram revestidas de acessórios, as pessoas que circulavam por ali ou estavam nuas com apenas uma espécie de coleira em volta do pescoço ou estavam vestidos de couro. Ana fixou o olhar em um casal mais adiante. A mulher estava curvada sobre o banco de couro próprio para espancamento, o homem andava ao seu redor com uma vara nas mãos, se abaixando algumas vezes para sussurrar algo no ouvido dela, que fazia ela se contorcer e gemer alto.

A pele de Ana se arrepiou quando o primeiro golpe foi desferido.

— Você está bem?

— Sim, estou.

Coloquei a mão sobre seu queixo, trazendo os olhos dela para mim.

— Vamos.

Segui por outro corredor, me afastando dos salões, entrando em um quarto desocupado fechando a porta com chave, uma das paredes de vidro se acendeu.

— Eles vão nos ver? — Ana perguntou.

— Eles podem se você quiser, ou eu posso cancelar essa possibilidade.

— Deixe.

Ana parou no meio do quarto, seus olhos me encarando, mordendo os lábios, eu precisava ter seu corpo, meu pau já não aguentava mais a pressão que a cueca fazia sobre ele. Apesar do lugar onde estamos eu não queria apenas fodê-la, eu queria fazer amor com ela, intenso, forte e delicioso.

Caminhei até o som, deixando que as batidas sensuais inundassem o quarto. Viro-a de costas para mim, descendo as alças do seu vestido, vendo seu corpo ficar nu, vou depositando beijos em todos os cantos de pele que o vestido vai deixando à mostra, me ajoelho em suas costas, tirando do caminho seu vestido, jogando-o longe, admiro sua bunda coberta por uma minúscula calcinha de renda branca, passo a língua por sua bunda, suas coxas, Ana geme buscando apoio na parede em sua frente.

Atiro minhas roupas para longe, ficando nu em suas costas, não deixando que ela se vire, hoje a noite é dela. Agarro seus cabelos fazendo um rabo de cavalo com minha mão, ela empina o corpo, roçando sua bunda em meu pau, mordo seu ombro abaixando sua calcinha com a outra mão, ela me ajuda chutando aquele pedaço de pano para frente, completamente nua.

— Ah, doce Ana... – Digo perto de seu ouvido, fazendo-a gemer. — Eu vou adorá-la como nenhum homem fez.

Viro-a para mim tomando sua boca, interrompendo o beijo indo para seu pescoço, sugo seu mamilo intumescido, levo nos dois para a cama, deitando Ana sobre as almofadas, vou traçando caminhos de beijos por todo seu corpo, passo por sua intimidade dando uma breve mordida em seu clitóris para seguir por suas coxas, abro o máximo de suas pernas, me dando uma visão ampla de tudo que posso fazer com aquele corpo.

Seu olhar está carregado de erotismo, está excitada. Abandono meu posto por alguns segundos, retirando um potinho de óleo pequeno disponível na bancada, ainda de pé ao lado da cama abro jogando todo o líquido por seu corpo, do seu pescoço até sua fenda molhada.

— Nicolas.

Sorrio, espalhando o óleo pelo seu corpo, em seus seios dedicando atenção ali com minha boca também, o óleo tem sabor de morango o que deixa tudo ainda mais gostoso. Desço minhas mãos por sua perna, espalhando o óleo naquela área, Ana estremece, gemendo como uma gata no cio, vejo seus olhos se fecharem e é minha vez de revidar.

— Abra seus olhos meu amor, quero vê-la gozar.

Ela demora alguns segundos, mas me obedece grudando seu olhar no meu. Sento ao lado de seu corpo introduzindo meus dedos em sua vagina, minha língua se ocupa com seu clitóris, dando todo carinho para aquele pequeno ponto.

— Puta que pariu!

Assopro, mordo, beijo, sugo como se fosse a sobremesa mais doce do mundo, sentindo o gosto de sua excitação misturado com o do óleo. Tiro meus dedos vendo Ana protestar, pego sua própria mão, fazendo ela se tocar, sentir sua pele pulsar desejosa.

Levo meus dedos em sua boca, fazendo-a sentir a mistura de sabores, ela chupa ávida, gemendo com meus dedos em sua boca. Ana tenta se levantar, mas eu detenho seu movimento sorrindo, tiro meus dedos de sua boca tocando seu ânus, ela se contrai, porém vai relaxando quando lanço olhares famintos para ela. Espalho o óleo e sua excitação por todo o local, logo inserido um dedo ali, os gemidos de Ana aumentam, permitindo curtir os prazeres que este ponto tão “proibido” possa dar.

Logo acrescento mais um dedo, Ana continua trabalhando firmemente em sua boceta, massageando seu clitóris enquanto seu quadril vai ao encontro da minha mão, fazendo meus dedos entrarem mais fundo em sua carne.

— Por trás daquele vidro tem homens e mulheres maravilhados com esse corpo. – Sussurro mordendo sua coxa. – Estão nesse momento indo para seus próprios quartos tentar reproduzir todo o tesão que temos aqui.

— Nicolas...

— E sabe o que mais eles estão vendo? — Pergunto tirando meus dedos de dentro dela, ocupando o lugar no meio de suas pernas.

— Não. – Ela gagueja.

Posiciono meu membro em sua abertura, passando por toda sua fenda encharcada. Sentido meu pau pulsar em minha mão, coloco apenas a cabeça, balançando o quadril fazendo Ana agarrar os lençóis, gemendo coisas incoerentes.

— Eles estão vendo que você é minha, meu amor. – Digo isso penetrando com força seu corpo, sentindo suas paredes se alargarem para me receber.

— Nic...

Abro caminho dentro dela, ondulando meu corpo, fazendo amor com aquela mulher, tomando a cada investida um pouco de si e levando um pouco de mim para ela. Ana remexe o quadril querendo ir mais fundo, querendo ditar os movimentos, puxo seu corpo para cima do meu, deixando que ela me cavalgue, ela mexe freneticamente em cima de mim, levando nos dois por uma trilha de perdição. Agarro um de seus mamilos que pulam diante de mim, segurando sua cintura, forçando-a para baixo cada vez que ela sobe sobre meu pau, aumentando as estocadas.

Ela mordia o lábio, suguei seu pescoço, roubando para mim tudo que vinha de Ana, seu prazer, seus gemidos, o intenso cheiro de desejo puro no ar.

Tirei uma de minhas mãos de suas costas, batendo em sua bunda, ela estremeceu, mas não reclamou. Levantei novamente a mão batendo mais uma vez em sua pele.

— Ah...!

— Isso, quero ouvir seus gemidos.

Bati de novo, Ana jogou a cabeça para trás gemendo alto e rebolando em meu pau. Nada mais existia, apenas a música, aquela mulher cavalgando forte sobre meu pau, o desejo agudo que eu mal conseguia conter.

— Eu te adoro Ana... – Sussurro. – Como eu te adoro.

Sinto-a vibrar em mim, seus olhos se fecham por um instante, quando ela torna a abrir, encarando no fundo dos meus olhos, sinto que estamos no mesmo passo. – Eu te adoro Nicolas.

Ana retribui pela primeira vez, me levando a perdição, gozo chamando seu nome, urrando como um animal, aumentando os movimentos, prolongando meu orgasmo para que ela goze. E é assim que ela se entrega, olhando em meus olhos, gemendo, suada e uma grande verdade revelada, estamos completamente entregues e apaixonados um pelo outro.


Capítulo 28

Ana Suarez

 

De diversas coisas que se passa por minha mente, nenhuma delas é capaz de dizer tudo sobre a noite que tivemos. O jantar, Nicolas tão romântico, foi... Foi incrível. Como se tudo não tivesse passado de um sonho, irmos para a The Night foi o ponto alto de minha noite, eu nunca me entreguei ao sexo de forma tão crua, tão sensorial como tinha feito ontem. Ver todo o erotismo, os casais se entregando aos seus desejos, me deixou com água na boca, Nicolas estava relaxado, em seu próprio mundo, ele se sentia completamente à vontade com tudo que acontecia a nossa volta.

Mesmo que estivesse enlouquecendo de tão excitada fiquei feliz quando ele disse que não iria me dividir com ninguém, meu lado ciumento sorriu todo feliz. E as sensações que ele provocou em meu corpo, praticamente adorando cada pedaço dele, foi como ir ao céu mil vezes e voltar.

Olho pelo quarto escuro, passo a mão no celular ao meu lado vendo que ainda são 4h30 min, tenho tempo suficiente para tomar um banho e ir para o aeroporto. Ainda estava com raiva do meu chefe por me mandar para essa reunião, mas mesmo assim afastei as cobertas do meu corpo e segui para o chuveiro.

Estava protelando a hora de sair do chuveiro, quando me virei notei Nicolas parado na porta do banheiro. Os olhos estreitos pela claridade, o rosto ligeiramente amassado pelo sono.

— Boa noite, monstrinha.

— Bom dia. – retruquei sorrindo.

— Tem certeza que não quer uma carona até o aeroporto?

Fecho o chuveiro passando a mão no cabelo para tirar o excesso de água. – Sim, volte para cama.

— Vou então preparar um café para nós.

Meia hora depois, devidamente vestida, mala pronta, táxi esperando e muito beijos trocados com Nicolas, sigo até o aeroporto. De Nova York até Buenos Aires era uma viagem de dez horas, ou seja, dez horas dentro de um avião com uma criança bagunceira em minhas costas, aquele doce de criança achava que minhas costas eram sacos de porrada e seus pais ainda faziam cara feia para mim quando me virava para reclamar. A droga disso tudo é que o v oo estava com a capacidade máxima então nenhuma das comissárias conseguiu outro lugar para mim.

Desembarquei no aeroporto internacional de Buenos Aires – Ezeiza, por volta das dezesseis horas, um carro da empresa estava a minha espera.

— Srta. Suarez? – Uma mulher extremamente linda me aguardada ao lado.

— Sim... Você seria a Camille?

— Isso mesmo, espero que tenha feito uma ótima viagem.

— Sim, foi um voo tranquilo.

Entramos no carro já saindo da área de desembarque. O motorista começou a atravessar a cidade, me deixando ávida para olhar tudo em minha volta. Mesmo para um final de tarde frio, tinham muitos pedestres andando pelas ruas ou no centro comercial.

— Tomei a liberdade de hospedar a senhorita no Hotel Icaros.

— Ah, muito obrigada. – Disse voltando meu rosto para a mulher, seus traços morenos, seu cabelo preso de modo firme no coque, assim como o tailleur de corte refinado mostravam que ela era obcecada por ordem, nada estava fora do lugar, coisa que para quem trabalha o dia todo seria inevitável no final do dia.

— Você teria a agenda com os compromissos de amanhã? Gostaria de me por a par de tudo.

— Sim. – Ela pescou um papel em sua pasta de couro passando para mim. – Sr. Klasron informou que você vai acompanhar de perto esse contrato.

Robert era um grande filho de uma mãe, isso sim.

— Sim, estou aqui como representante dos direitos da Roccoly e de nosso escritor.

— Nós estamos empolgados, vimos muito potencial nos livros dele, e, trazê-lo para cá será um grande passo para a editora.

Trocamos mais alguns pontos sobre as três reuniões que teria amanhã, onde também visitaria toda a editora, o motorista parou em frente ao tal Hotel Icaros, sua fachada de vidro toda iluminada, parecia extremamente convidativa. Tudo que eu mais desejava era entrar em meu quarto tomar um banho e cair na cama.

Depois de pegar o cartão de acesso, dar uma gorjeta para o rapaz que trouxe minha única bagagem até o quarto, pude jogar longe os saltos que estavam fazendo meus pés latejarem. Andei pelo quarto vendo que era bastante confortável, pequeno, mas confortável. Liguei meu celular no carregador esperando que ele voltasse à vida, sendo bombardeado por inúmeras ligações do escritório e de Nicolas, o que arrancou um sorriso de meus lábios.

Decidi ligar para Nicolas, meu chefe que esperasse até amanhã.

— Ana. – No segundo toque ele atendeu, ouvi o som alto do que devia ser a TV.

— Boa tarde para você também. – Disse rindo.

— Como foi à viagem?

— Tirando o fato que tive os pés de uma criança endiabrada em minhas costas, acabei de chegar ao hotel.

Nicolas gargalhava do outro lado.

— Por que não usou meu nome, poderia ter ido de primeira classe. – Disse brincando.

— E você me fala isso agora? – Faço uma voz de falsa irritação.

— Ah, mas pensando bem, eles só deixariam se você se apresentasse oficialmente como minha namorada.

Engasguei do outro lado da linha. Fazendo Nicolas rir ainda mais.

— Vou pensar nisso da próxima vez, liguei mesmo para dizer que estou bem.

— Eu fico feliz que tenha ligado.

Suspirei.

— Ainda estou em seu apartamento. – Nicolas confessou.

— Espero que deixe tudo organizado para quando eu retornar.

— Sobre isso...

— O que foi? – Questionei erguendo a sobrancelhas.

— A companhia acabou de agendar um voo para mim, nada demorado, coisa de dois dias ou três no máximo.

Deitei na cama, olhando o teto do quarto. – Quando eu voltar você terá ido. – disse por fim.

— Sim minha monstrinha, mas volto assim que puder. Uns executivos agendaram uma viagem até Montana, uma viagem fácil, poucos passageiros, um voo fretado de quatro horas.

— Você embarca que dia?

— Amanhã de tarde. – Nicolas estava sério. – Ana, você sabe que isso não mudará nada entre nós.

— Eu sei.

Deixei de lado minha frustração, com um suspiro. – Podemos marcar algo para quando você voltar.

— Com certeza, será a primeira pessoa a saber o horário que estarei descendo o avião.

— Nos falamos amanhã.

— Eu ligo para você à noite. Se cuide.

— Você também, Nic.

Ele ficou em silêncio por uns segundos, ainda na linha.

— Ana?

— Sim.

— Eu te a... Adoro.

— Eu também, eu também. – Respondi, literalmente duas vezes uma para o que eu acreditei que ele falaria e outra pelo que ele realmente disse...


Assim como ontem, o motorista da empresa me esperava pontualmente às nove horas, na porta do hotel, onde me levaria para sede de um dos selos da Roccoly, com sede no centro de Buenos Aires.

Durante horas escuto atentamente tudo que se passa na reunião acertando todos os ponteiros dessa negociação, até uma vídeoconferência com a diretoria em Nova York. Paramos pouco depois das 14 horas para almoçar, o que foi facilmente dispensado por mim. Tinha acordado com o estômago totalmente enjoado, um mal-estar que só estava passando agora. Portanto Camille e eu fizemos um pequeno passeio pela cidade, onde ela me mostrou animada os pontos turísticos e até parando para algumas fotos.

Ás sete da noite cheguei ao hotel, me despedi de Camille e subi para meu quarto, estava morrendo de cansaço, meu corpo clamando por um banho e uma boa refeição. Enquanto esperava pela comida resolvo brincar com Nicolas.

Não pensei que sentiria essa falta dele, falta de sua conversa boba, ou de simplesmente ficarmos à toa como ficamos em meu apartamento.

Seco meu corpo do banho, colocando um conjunto sexy de lingerie, paro em frente ao espelho sorrindo e tiro uma foto. Enviando para ele.

Aproveitei enquanto aguardava sua resposta para olhar um pouco as redes sociais, eu não era muito ligada, apenas tinha. A curiosidade foi ao máximo quando vi o perfil de Nicolas, fazia tanto tempo que não mexia em seu perfil, nem me lembrava que ele continuava em minha rede de amigos, sua página era repleta de fotos de lugar paradisíacos e outros tantos que ele tinha viajado a trabalho. Dei uma olhada em suas amizades, não me surpreendendo que a maioria fosse do sexo feminino, uma extensa rede de mulheres bonitas a sua volta, também tinha algumas fotos dele acompanhado de algumas, isso acendeu o ciúmes dentro de mim, Nicolas era um homem bonito, inteligente, um verdadeiro homem com “H” maiúsculo, lógico que teria diversas mulheres em seu caminho.

Voltei para página principal evitando me irritar com as fotos postadas por ele e por seus amigos, mas foi ver seu status que me fez praticamente pular no lugar. “Em um relacionamento sério”. Uau! O acontecimento tinha diversas carinhas tristes que as “amigas” comentaram em seu status, minha vontade era escrever lá “todo meu”, mas contive esse ímpeto.

Eu estava um pouco insegura e encantada ao mesmo tempo, as coisas estavam acontecendo rápido demais, mas não podia deixar de sorrir como uma idiota quando via isso ou as demonstrações dele.


Capítulo 29

Nicolas White


Estava tomando uma cerveja com meus amigos quando recebi a mensagem de Ana.

Lucio um dos comissários que nos acompanhou nessa viagem se juntou a nós, sentando em uma das cadeiras vazias na beira da calçada. – Sobre o que estão falando?

— Só nosso pequeno soldado abatido, o grande comedor está em relacionamento sério. – Jack praticamente esfregou o telefone na cara de Lucio, fazendo-o gargalhar.

Eu tinha mudado meu status ontem depois de minha conversa com Ana, mas decidi não marcá-la, queria fazer um pedido oficial primeiro.

— Vão à merda. – Disse rindo junto com eles, tirei o telefone do bolso, abrindo a mensagem de Ana, engasgando quando vi a foto. De corpo inteiro, em frente ao espelho, usando apenas uma calcinha e um sutiã branco.

Abri o teclado digitando rápido uma resposta para ela.

“Você está querendo me enlouquecer?”

A resposta dela chegou imediatamente.

“Quer brincar?”

Tomei mais um gole de minha cerveja.

“Estou no bar com meus amigos, você quer me deixar louco, definitivamente.”

“Louco não, mas com muito tesão para quando eu voltar... Quem sabe”

Sorri diante de suas mensagens. Meu telefone apitou novamente,

“Faremos assim, eu espero você ir para seu quarto, não demore!”

Tomei o resto de minha cerveja me levantando de um pulo da cadeira.

— Tô indo nessa. – Disse me despedindo dos caras.

— Ih, vai vendo agora que ele tem um relacionamento sério nem pode mais ficar com a gente no bar. – Jack caçoava da minha cara.

— A mulher colocou um GPS nas bolas dele. – Lucio gritou erguendo sua cerveja.

Todos caíram na gargalhada, fazendo eu mesmo rir. — Tenho coisa melhor para ver nesse momento.

Deixei que eles me importunassem até eu atravessar a rua, dei graças a Deus que tínhamos optado por ficar no bar perto do hotel, acho que nunca andei tão rápido na minha vida, estava entrando no hall do hotel novamente quando mandei mensagem para Ana.

“Pronto, estou no hotel”

Ela respondeu de imediato:

“Foi rápido”

Então ela enviou outra foto, dessa vez de costas. Cacete! Sua bunda delineada na pequena, quase minúscula calcinha, a peça de cima jogada aos seus pés e ela com um sorriso safado no rosto, mordendo minimamente o lábio inferior.

“Você vai acabar comigo mulher!”

Ela mandou outra do seu rosto sorrindo, de modo bem safado. Ia responder sua mensagem quando meu celular apitou mostrando a nova mensagem, abri entrando em meu quarto no hotel, fechando a porta com um chute.

Caralho de mulher, outra foto, dessa vez de frente, os seios redondos que eu tanto venerava a mostra, firmes e suculentos.

“Porra Ana, isso é muito injusto.”

“Acalme-se gostosão”

“Você está fazendo isso porque estamos longe, aposto que não cutucaria a cobra se estivesse perto de você”

“Realmente é uma bela cobra...”

Ri sozinho me sentando na beirada da cama.

“Já estou com água na boca só de imaginar, passar a língua bem devagar por toda extensão, colocando-o todo em minha boca, sugando tudo que você tiver disposto a me dar...”


Filha de uma mãe, ela que me aguarde. Arranquei minha calça e a camisa, deitando na cama, aproximei o zoom da câmera para tirar uma foto apenas do meu pau bem definido na cueca boxer, com direito a legenda. “Ah, como eu queria estar aí. Ai sim você veria o que esse pau pode fazer.”

“Ah, seria delicioso”

“Que tal imaginar que estou aí?” – mandei, se ela queria brincar com fogo agora teria que aguentar.

Liguei para seu telefone, ela atendeu no primeiro toque.

— Você é um verdadeiro monstro. – Acusei.

Ela gargalhou do outro lado.

— Quero que você imagine que estou aí, te chupando inteirinha, descendo minha boca por todo seu corpo...

Tirei meu membro para fora da cueca, que comece a brincadeira...

Escutei seu gemido rouco e sorri satisfeito comigo mesmo. Nessa brincadeira eu era o Rei querida. Comecei a me masturbar, tocando todo meu pau, subindo e descendo. Fazendo a pressão necessária para me levar onde eu queria, as fotos de Ana já me encheram de tesão.

— Imagine que delícia minha boca sugando seu clitóris, mordiscando esse pedacinho de pele, minha boca tocando sua boceta deliciosa...

— Nic...

— Isso minha doce Ana, imagine... Meu pau descendo por toda sua fenda úmida, prontinha para me receber.

— Nic... eu...

— Estou metendo bem fundo, imagina eu virando você de costas, deixando você de quatro, agarrado a sua bunda. Te fodendo com força.

— Ah Deus!

Meu próprio corpo protestou querendo gozar intensifico os movimentos escutando os gemidos de Ana no telefone, saber que ela assim como eu se tocava. Querendo seu orgasmo, era capaz de me fazer perder o rumo. Meu pau se contraiu, minha respiração estava ofegante, soltei um gemido instigando Ana do outro lado que gemeu junto. Deixei que o orgasmo viesse, jorrei sujando minha barriga com meu gozo, me sentindo ainda desejoso, eu queria Ana, queria o corpo dela.

Ela estava quieta do outro lado da linha.

— Ana?

— Hum?

Ri me levantando, caminhando até o banheiro para limpar a sujeira que ficou em minha barriga.

— Ainda está aí?

— Sim, nunca mais provoco você.

Gargalhei. – Você me fez parecer um adolescente na puberdade.

A risada de Ana soou pelo telefone, me deixando com um enorme sorriso no rosto. — Você tem ideia do que faz comigo, Ana?

— Não.

— Pois comece a imaginar, logo nos veremos...


Capítulo 30

Ana Suarez


Às dez horas da noite eu já estava entrando no meu prédio, depois de um dia cheio de trabalho eu praticamente me arrastei para fora do táxi até meu apartamento.

Meu retorno para Nova York foi tranquilo, realmente fiquei encarando o corredor para ver se nenhuma criança mal-educada sentaria atrás de mim, mas dessa vez os anjos me abençoaram. Estava satisfeita com o trabalho que tinha feito na sede da Roccoly, já podia ver um Robert bem tranquilo e satisfeito com o contrato que apresentaria para ele na segunda-feira e esquecendo por completo meu deslize de perder a reunião.

Acordo cedo, até mesmo para um domingo, me levanto vou até o chuveiro, fazendo todo meu ritual matinal. Nicolas tinha me mandado uma mensagem avisando que voltaria hoje, o que me deixou animada, eu ainda queria vingança por ele ter virado minha brincadeira contra mim mesma, mas, como diz o ditado quem brinca com fogo acaba saindo queimado.

Volto para o quarto enrolada na toalha, dando uma olhada para a cama desfeita, vendo meu vibrador.

— Ah, como você me salvou ontem à noite... – Digo alto para mim mesma.

Acredito que toda mulher tem que ter um, ninguém sabe quando vamos ter um momento de intensa necessidade, comigo esse dia foi ontem.

Meu dia foi de intensa preguiça e descanso no sofá, estava no terceiro filme quando meu celular apitou.

“Estarei embarcando de madrugada.”

Nicolas, rapidamente abria a caixa de texto.

“Posso ir buscá-lo.”

“Vou chegar tarde, nos vemos amanhã”

Nicolas estava estranho, suas mensagens estavam sérias, sem a habitual brincadeira.

“Está tudo bem?”

“Sim, estou cansado, o voo foi adiado o dia todo.”

Abri de novo a caixa de texto..., Mas o que eu iria escrever? Suspirei deixando o telefone apoiado em minha barriga.

Poucos minutos depois ele tornou a apitar.

“Estou com saudades, logo nos vemos.”

Sorri involuntariamente.

“Também estou.”

“Preciso ir, assim que chegar mando mensagem. Podemos jantar juntos?”

“Seria perfeito”


Segunda-feira... Meu telefone toca, fazendo eu ter vontade de arremessá-lo longe.

Abro um olho verificando a hora e desligando o despertador, minha vontade é de voltar a dormir. Deveria ser proibido levantar cedo para trabalhar, poderia tornar isso como uma lei a favor dos trabalhadores.

Saio da cama a contragosto, sentindo meu estômago revirado novamente, maldita comida com tempero! Noite passada não dormi direito, depois que troquei aquelas mensagens com Nicolas fiquei pensando nele, em seu jeito sério, nada do que vinha sendo nos outros dias, mas decidi pensar que ele realmente estava irritado por conta do trabalho.

Faço todo meu ritual, banho, visto uma calça social com uma blusa branca de linho, saltos e por fim uma maquiagem simples. Troco meu café por um chá de camomila para acalmar meu estômago e algumas bolachas.

Chego ao escritório cedo, alguns dos diretores nem chegaram, deixo a bolsa sobre a mesa, me viro com uma batida fraca na porta.

— Bom dia, Ana.

— Bom dia, Robert.

— Ia perguntar como foi sua estada em Buenos Aires, mas pela sua cara...

Encosto o quadril na mesa, sentando-me na ponta.

— Eu devia ter moderado na comida. – Disse colocando um sorriso no rosto.

— Foram as Parrilladas , Choripan ou Chimichurri que fizeram isto? – Robert perguntou rindo.

— Olha, colocando numa lista, acredito que tenha sido um pouco de tudo.

— Bom, um chá de camomila pode ajudar.

— Fiz antes de vir para o trabalho. – Dou a volta na mesa pegando a pasta que já havia separado. – Espero que goste, acredito que fechamos um bom contrato com eles, o autor não terá do que reclamar.

— Sim, sim. Já estou por dentro disso, querida. – O sorriso confiante de Robert me deu certo ânimo. – Vou passar isso para os outros diretores, mas eu tinha certeza que você fecharia algo bom para nós.

Concordei com a cabeça.

— Volte ao trabalho, temos um dia lotado hoje.


Nenhuma notícia, nenhum telefonema, nem mesmo mensagem.

Olhava impaciente para o telefone achando estranho o sumiço de Nicolas, aquela famosa pulga atrás da orelha me persegue. Volto para o escritório pegando antes de tudo meu celular que havia deixado carregando.

Há quatro mensagens de Nicolas, o que me faz respirar aliviada.

“Me lembre de nunca mais aceitar um voo fretado!”

“Malditos executivos safados”

Abri a terceira mensagem rindo de sua irritação.

“Acabei de entrar no escritório da companhia, devo chegar realmente em casa daqui uma hora.”

E a última há poucos minutos.

“Podemos nos encontrar a noite?”


Abro a caixa de texto confirmando que estarei em sua casa depois do trabalho. Mas depois de enviar me vem a ideia de fazer uma surpresa para ele, olho para o relógio, são 15 horas, se ele ainda esta finalizando a papelada do voo com a Companhia eu teria um tempo extra para fazer uma surpresa.

Hoje fazia um mês que estávamos juntos. Parece que toda a confusão que nos metemos tinha ficado lá atrás, eu ainda sentia pelo Jimmy, ele era uma boa pessoa. Nicolas também sentia pelo amigo, eu vi a dor em seus olhos no dia da briga, vi como doeu nele ter perdido essa amizade.

Suspirei deixando esses pensamentos de lado enquanto estacionava em frente ao prédio dele, com sorte me lembrei da cópia da chave que estava sempre em minha bolsa.

— Ron, boa tarde. – Cumprimentei com um sorriso.

— Dona Ana, quer ajuda com essas sacolas?

Sorri equilibrando as sacolas com os ingredientes para nosso jantar e escondendo a sacola do sexy shop.

— Eu vim fazer uma surpresa para o Nicolas, mas eu não queria que ele soubesse. – Disse fazendo aquela careta pidona para o porteiro.

Ele soltou uma gargalhada. – Você precisa da chave extra? Sr. Nicolas sempre deixa uma aqui.

— Não precisa Ron, — Disse interrompendo uma possível caçada a chave. – eu tenho as minhas, gostaria apenas que ele não soubesse que estou aqui.

— Pode deixar! Será nosso segredo.

— Muito obrigada mesmo Ron.

Ele me deu um sorriso simpático, Ron era muito melhor que o outro porteiro, aquele era realmente puro mau humor, mal me cumprimentava quando chegava ao prédio de Nicolas.

Meu estômago se revirava de ansiedade, antes de vir para cá passei em um sexy shop, comprei umas velas aromáticas, pétalas de rosas e uma lingerie para lá de sexy, torcendo para que tudo desse certo e Nicolas não demorasse, entrei em seu apartamento, deixei as sacolas de nosso jantar na cozinha.

Acendi a luz da sala, peguei a sacolas restantes indo até o quarto, acendi a luz do corredor travando ao ver um par de saltos jogados no meio do caminho. Andei mais um pouco tentando escutar algum barulho, mas estava tudo silencioso, a poucos metros da porta do quarto encontrei um vestido jogado, junto com a calcinha. Meu peito se apertou com a cena, eu não conseguia acreditar, muito menos dar o passo seguinte. Não conseguia me forçar a enxergar aquilo que eu tanto lutei, não queria entrar naquele quarto e ver Nicolas com alguma mulher, muito menos comprovar minha estupidez.

Engoli em seco, deixei as sacolas encostadas na parede, tentando ser a mais silenciosa possível, mesmo com a vontade de sair quebrando tudo. Encostei minha mão na porta entreaberta, afastando ela aos poucos.

O quarto continuava do jeito que eu sempre via a grande janela panorâmica exibindo uma vista deslumbrante de Nova York, onde Nicolas e eu tínhamos feito amor da forma mais louca e apaixonada que existia. Desviei meus olhos, forçando-os a ir até a cama, que estava completamente bagunçada, os lençóis revirados, mostrando que alguém tinha se divertido muito durante o dia.

— Garotão, finalmente você chegou estava ficando faminta.

Virei o rosto encontrando a dona da voz, Seriema. Totalmente nua, seu corpo úmido do que deveria ser do banho.

— Ah! Ana... Como entrou aqui? – A falsa careta de espanto dela não me comoveu nem um pouco.

Em nenhum momento Ashley tentou se cobrir, esconder seu corpo nu de mim, muito pelo contrário, parecia que ela estava gostando de ser vista assim.

Respirei fundo.

— O que você está fazendo aqui, esta é a pergunta certa. – Disse, tentando controlar meus nervos para não voar em cima dela.

— Ana, é meio óbvio, né. – Ela respondeu de forma sarcástica, passando a mão pelos cabelos loiros.

— Cadê o Nicolas? Ele está aí? – Perguntei já andando até o banheiro.

— Não perca seu tempo, ele saiu. – Disse dando de ombros, — Ele foi comprar algo para comermos, você sabe ele é insaciável, eu estava faminta. – completou estalando os lábios. – Além de precisarmos de uma pausa.

Ela piscou para mim, como se fosse uma velha amiga dividindo um segredo, no caso, Nicolas.

Minha garganta se fechou com um nó, meus olhos estavam lacrimejando, mas eu não choraria na frente dessa mulherzinha.

— Sabe Ana, Nicolas nunca foi e nunca será de uma mulher só. – Ashley tombou a cabeça para o lado olhando-me como se tivesse pena de mim. – Nicolas gosta da diversão, do sexo na forma mais animal possível. Sabe foi legal todo esse joguinho que vocês tiveram, mas uma hora cansa.

Ela deu de ombros analisando as unhas perfeitamente pintadas.

Respirei fundo. – Então ele não foi viajar?

Ela sorriu abertamente para mim. – Foi sim querida, mas chegamos ontem e você sabe, a melhor forma de fazer um homem gostoso com o Nicolas relaxar é dar a melhor noite de sexo que ele pode ter.

Ela foi até o armário de Nicolas, andando pelo quarto totalmente nua, gostando do show que estava dando, pegou uma camisa branca vestindo-a, cobrindo parcialmente sua nudez. Eu não ficaria mais ali para escutar nada, virei às costas, praticamente correndo para fora daquele apartamento. Segurei o choro até mesmo dentro do elevador, passei correndo não conseguindo mais conter minhas lágrimas, nem dando atenção para Ron quando ele tentou me segurar e perguntar o que havia acontecido, sai em disparada do prédio, o enjoo de manhã batendo forte em meu estômago.

Eu me sentia uma completa idiota, me sentia a otária do ano, por ter jogado tudo pro alto por um relacionamento fadado ao fracasso, por um homem que só sabia fazer isso jogar com meus sentimentos e nem tinha a decência de ser honesto.


Não acredito que você me decepcionou

Mas a prova está no jeito como isso dói

Eu queria que isso acabasse agora

Mas sei que ainda preciso de você aqui...


Três ligações perdidas, sete mensagens...

Cinco ligações perdidas, quatorze mensagens e uma vinda até aqui.

Prendi a respiração quando bateram na porta do meu apartamento, fui em completo silêncio, evitando até respirar para olhar quem estava na minha porta. Nicolas.

Seus cabelos estavam bagunçados, como se ele tivesse corrido até aqui, sua camisa aberta nos primeiros botões, à gravata torta. Coisas que ele poderia ter produzido para jogar suas desculpas em cima de mim novamente, mas eu não abriria a porta, não iria cair nas suas desculpas esfarrapadas.

Ele passava constantemente as mãos nos cabelos tornando-os ainda mais uma bagunça.

— Ana, por favor, eu sei que está em casa. — Disse.

Afastei-me um pouco da porta segurando o soluço do choro. Ainda olhando pelo olho mágico da porta.

— Meu amor, por favor, abra a porta. Vamos conversar.

Nicolas deu um murro na porta, me assustando.

— Ana você precisa me escutar, eu não tive culpa de nada. Ana por favor! – Ele gritava.


Você diz que sou louco

Porque acha que não sei o que você fez

Mas quando você me chama de amor

Eu sei que não sou o único.


Ouvi o som de outra voz no corredor, voltei meus olhos para o olho mágico novamente.

— Por favor senhor, você está incomodando os outros vizinhos.

Os vizinhos ligaram reclamando, fazendo o segurança subir.

— Você não entende, ela precisa me ouvir. – Nicolas reclamava, tentando permanecer em frente a minha porta.

— Eu entendo senhor, vocês podem conversar em algum outro momento, por favor. – O segurança estava sendo paciente, apontando para o elevador.

— Ana, por favor, me escute. Você precisa ver a verdade, eu nunca te trairia, Ana abre a porta. Eu... – Nicolas gritou, fiquei paralisada escutando ele esmurrar minha porta com força, um bolo tomava minha garganta, formando um gigantesco nó.

Essas mentiras eram como facas perfurando meu peito. Virei-me, encostando na parede ao lado da porta, as lágrimas escorrendo como cachoeiras por meu rosto.

– Como eu queria acreditar nisso, como eu queria... – Sussurrei para mim mesma.


Eu amei você por muitos anos

Talvez eu não seja o suficiente

Você despertou o meu medo mais profundo

Mentindo e nos destruindo


(Sam Smith – I’m Not The Only One)


Capítulo 31

Nicolas White

Dois dias atrás.


— Bem-vindos a Nova York. – Desejei colocando um falso sorriso em meu rosto.

Tinha ido para Montana com esse grupo de executivos, velhos tarados. A volta estava programada para domingo de manhã, o que me deixou bem contente, eu estava morrendo de vontade de voltar para casa e ter Ana em meus braços novamente.

Mas esses filhos da puta decidiram cair na farra, deixando eu e a tribulação esperando pelo aval deles até o final da noite. Resultado, a volta foi atrasada até as cinco da madrugada, quando todo o álcool e o cheiro de puta estava fora do organismo deles.

Este com certeza não foi um dos meus melhores voos, um voo estranho em diversos modos, Jimmy não trabalhava mais comigo, depois de tudo, não esperava outra coisa dele, eu tinha destruído nossa amizade, mas era egoísta ao dizer que mesmo sentindo por não ter mais meu amigo e companheiro de trabalho comigo eu estava feliz. Sim, um mês que eu estava com Ana e que mês! Eu amava aquela mulher, mesmo não tendo falado para ela, eu amava cada centímetro dela.

Eu estava ansioso pelo meu retorno, esperei que os cinco empresários saíssem do avião para pegar minhas coisas na cabine.

— Foi um bom voo. – Brad exclamou se juntando a mim.

— Sim, você pega as coisas com facilidade. – Elogiei.

Ele soltou um suspiro. – Cara estava me borrando de medo!

Soltei uma gargalhada. – Foi seu primeiro voo?

— Sim, eu estava com medo de não fazer as coisas certas.

Dei um tapinha em seu ombro sorrindo para ele. – Você tem futuro Brad, pode deixar que vou falar bem no relatório, mas se você não se incomodar... Estou louco para cair fora daqui e ver minha garota.

Ele sorriu concordando. – Até mais!

— Até Brad! – Retribui correndo para fora do avião.

Enquanto esperava pelo táxi liguei para o celular dela, mas não tive sucesso.

“Monstrinha, onde você está, estou a caminho de casa”

Esperei pela sua resposta, mas nada.

Achei estranho, tínhamos combinado que nos encontraríamos.

“Ana, assim que ver minha mensagem me liga.”

Nenhuma resposta.

Coloquei o telefone no bolso pagando o taxista, um banho rápido e eu iria para o apartamento dela.

— Ron, como vai?

— Ah senhor Nicolas, eu preciso falar com o senhor. – Ron deu a volta na recepção vindo em minha direção.

— Alguma coisa errada? – Questionei sério.

— A senhorita Ana esteve aqui mais cedo, porém ela saiu chorando e muito nervosa.

— Como assim Ron?

— Sim ela subiu para seu apartamento, e, em questão de minutos saiu chorando, mal consegui falar com ela.

Ergui a sobrancelha tentando absorver o que ele tinha me falado, devia ser por isso que ela não estava me atendendo.

— Obrigado por me informar Ron, eu vou procurá-la.


Meu apartamento estava em completo silêncio, tirando o cheiro delicioso de tempero que dominava a cozinha, nada estava fora do normal, dei uma olhava vendo as embalagens de Tacos, coisa de Ana.

Deixei minha mala perto do sofá, vendo umas sacolas jogadas no meio do corredor, olhei dentro vendo que eram velas aromáticas, óleos, o que será que Ana estava aprontando?

Escutei uma risada vindo do meu quarto. Notei um vestido preto minúsculo jogado no corredor com uma calcinha de renda, sorri desfazendo o nó de minha gravata. Pela cena que encontrei no meio do meu corredor eu já poderia me preparar para um reencontro bastante animado.

Empurrei a porta pronto para agarrar Ana pela cintura e tomar seu corpo para mim, mas quando adentrei no quarto dei de cara com Ashley sentada no meio de minha cama, vestindo uma camiseta social minha, comendo um taco, rindo para algo que passava na TV.

— O que você está fazendo aqui? – Questionei enraivecido.

— Nic! Finalmente você chegou, estava ficando de mau humor já.

Ela andou pela cama, vindo em minha direção. Agarrando-me pelo pescoço.

— O que significa tudo isso Ashley? Como você entrou aqui? – Perguntei tirando ela de cima de mim.

— Ah, tive uma ajudinha de um porteiro muito simpático. – Disse soltando os botões da camisa, revelando sua nudez.

Desviei o rosto, seguindo para a parede de vidro. – Pegue suas coisas, vá embora.

— Ah garotão, não quer dar uma olhada no que está te esperando? – Ela perguntou toda manhosa.

— Eu quero saber o que aconteceu? A Ana veio aqui?

— Hum... Sim, veio sim. – Disse de forma descarada.

Minha raiva explodiu, meu sangue ferveu. Segurei com firmeza seu braço, dando uma sacudia fazendo ela me olhar nos olhos. – O que você falou para ela? Que merda você fez?

— Eu não disse nada demais, ela que entrou aqui como se fosse dona de tudo, acabou me pegando no banho.

— Pegue suas coisas e suma daqui.

— Você está me mandando embora só porque aquela mulherzinha sem sal veio e me viu assim. – Disse com cinismo.

— Estou te mandando embora porque se você ficar mais um segundo na minha frente, eu não sei do que serei capaz. – Gritei.

— Tudo bem, eu vou. – Disse puxando seu braço do meu aperto.


Respirei fundo tentando sem sucesso controlar minha raiva, eu tinha que falar com a Ana, ela precisava saber da verdade. Eu já imaginava as coisas que passavam pela sua cabeça.

— Você sabe onde me encontrar quando cansar dessa vidinha de homem fiel. – Ashley disse jogando minha camisa em mim.

— Suma daqui! – Gritei chutando uma poltrona para longe.

Ashley sumiu da minha vista, escutei o barulho de seus saltos pela casa e depois a porta batendo. Eu precisava procurar pela Ana, mas sabia que ela não acreditaria apenas em minha palavra, afinal eu tinha um passado um pouco comprometedor. Mas, ela tinha que ver a verdade. Corri até o interfone esperando que Ron me atendesse.

— Sim, Senhor Nicolas.

— Ron, como foi que essa maluca subiu aqui?

— Senhor eu entrei no meu turno há poucas horas, só se o outro porteiro liberou a subida dela, vou verificar isso para o senhor.

— Faça isso e já deixe um comunicado que ninguém poderá subir sem minha autorização.

— Sim senhor, vou providenciar isso imediatamente.

— Ron preciso que você me dê a fita de segurança, preciso das fitas do meu andar nos últimos três dias e da portaria.

— Sim senhor, porém isso demora, eu preciso realizar o pedido na segurança, pode demorar um ou dois dias.

— Merda! Ron, providencie assim mesmo.

— Pode deixar senhor.

Desliguei me sentindo um merda, como iria fazer Ana ver ou acreditar no que eu falasse se não tinha a fita mostrando que nem em casa eu estava, com a fita em minhas mãos eu poderia provar que a maluca da Ashley entrou sozinha em meu apartamento, que eu realmente tinha ido viajar.

Não aguentava mais ficar ali, eu tinha que ir atrás dela, mesmo que não me desse ouvido, não poderia deixar sair da minha vida, ainda mais por algo que não fiz.


Porque eu não quero te perder agora

Estou olhando bem para minha outra metade

O vazio que se instalou em meu coração

É um espaço que agora você guarda


Me mostre como lutar agora,

E eu vou lhe dizer, baby, foi fácil

Voltar para você assim que eu entendi

Que você estava aqui o tempo todo

Por que eu não quero te perder agora...


(Mirrors – Justin Timberlake)


Eu praticamente derrubei sua porta com tantos muros que dei, eu sabia que ela estava ali, perto da porta, provavelmente encolhida em algum canto. E saber que tudo não passou de um mal-entendido de tamanho gigantesco, foi o que mais me deixou emputecido .

Saí do seu prédio sendo escoltado pelo segurança, ele ficou parado na entrada do edifício olhando em minha direção, eu estava desnorteado, como tudo poderia ficar assim? Chutei o pneu do carro, abrindo a porta com um safanão, descontando minha raiva, eu queria ir até Ashley agarrá-la pelo cabelo e forçá-la a dizer toda a verdade, mas Ana não me escutaria. Mesmo não querendo eu sabia que tinha que dar certo espaço, só pioraria as coisas se forçasse uma aproximação agora.

Dirigi como um maluco, ultrapassando os carros, atravessando semáforos, sem me importar com nada, eu só queria que essa dor passasse, nunca em minha vida eu senti uma dor como essa, nunca cheguei perto para saber o que é essa dor e nem entender o porquê dela me tirar o ar, de me sentir sem chão.

Minha mente estava a mil por hora, tentando encontrar uma forma de falar tudo que realmente aconteceu para Ana, ela viu que eu tinha agendado uma viagem, eu neste um mês ou por toda confusão que tivemos com Jimmy eu nem sequer olhei para outra pessoa que não fosse ela. Como ela podia acreditar em Ashley? Como ela pôde jogar todas as coisas que passamos neste mês fora, nem cogitando falar comigo, me bater ou me confrontar, tudo isso até levar um tapa na cara vindo dela seria melhor que seu silêncio, que seu afastamento.


Joguei minhas coisas na mesinha de centro, arranquei os sapatos, assim como a camisa social. Sentei no sofá com uma garrafa de cerveja apoiada em minha perna. Meu telefone continuava intacto, sem uma ligação ou mensagem dela. Abri a caixa de texto, escrevendo e apagando diversas vezes... Decidi ligar, porém como imaginei seu telefone caiu na caixa postal.


Mensagem 1:

“Ana, você precisa escutar a verdade sobre tudo... Ana... você precisa acreditar em mim quando digo que nunca iria te trair, você e só você importa para mim. Deixa eu te provar que nada aconteceu, deixe eu mostrar a verdade para você. Eu prometo Ana, não vou deixar de tentar, não vou parar de te mandar mensagens ou ligar, você precisa me ouvir, de uma forma ou de outra. Seu Nicolas.”


Mensagem 7:

“Sou eu de novo, dois dias que tento falar com você, eu queria ouvir sua voz. Você proibiu minha entrada em seu prédio. Ana, eu preciso que você me escute. Eu posso provar que tudo, tudo mesmo não é nada como você está pensando... Ana... Sinto sua falta.”


Mensagem 20:

“Ana, nem sei como começar a falar... – Solto um suspiro, cinco malditos dias que estamos separados. – Eu tentei entregar a prova de minha inocência, hoje vou direto a você e foda-se, nenhum segurança iria me deter. Você tem que me ouvir... Ana, por favor.”

Desligo o telefone, deixando-o escorregar para o sofá. Eu estou uma bagunça, minha casa está igual. Por que ela não me escuta? A raiva me consome pego o copo que está em minha mão tacando-o na parede, fazendo-o se espatifar em mil pedaços, o resto da bebida voando por todo lado.

Viro a mesa de centro, derrubando todas as garrafas vazias, o vidro, tudo, um grito se aloja em meu peito. Sento no sofá amparando a cabeça com as mãos e então eu sinto o que tanto segurei, o que nunca vi pelo meu rosto. Uma lágrima escorrer e ela abre caminho para outras...


Apenas mais uma chance, apenas mais um suspiro

Caso reste apenas um

Porque você sabe, você sabe, você sabe

Que eu te amo


Eu te amei o tempo todo

E eu sinto sua falta

Estive tão longe por muito tempo

Eu continuo sonhando que você estará comigo

E você nunca irá embora

Paro de respirar se eu não te ver mais


Eu queria que você ficasse

Porque eu precisava

Eu preciso ouvir você dizer

Que eu te amo

Eu te amei o tempo todo

E eu te perdoo


Então continue respirando

Porque eu não vou mais te deixar

Acredite e se segure-se em mim e nunca me deixe ir

Mantenha a respiração


(Far Away – Nickelback)


Capítulo 32

Ana Suarez

 

Seis dias, seis miseráveis dias. Não queria falar com ninguém, tão pouco chegava perto do telefone, pois sabia que todas as ligações seriam dele. Mal conseguia fechar os olhos durante a noite, a cena de Ashley nua, saindo do banheiro dele toda confortável me matava por dentro como mil agulhas sendo enfiadas em minha pele. As mensagens que ele deixava constantemente em minha caixa postal também não ajudavam em nada, escutar sua voz... Tudo tornava a situação cada vez pior.

Passei a não me concentrar em nada, mal fazia meu trabalho, basicamente me trancava em meu escritório e deixava as horas correrem. Ainda não conseguia digerir tudo que aconteceu, dez dias antes estávamos completamente felizes, juntos, trocando carinhos e juras para o futuro, para ele fazer o que sabia de melhor. Ser um canalha.

Levantei os olhos do travesseiro vendo meu celular tocar de novo e cair na caixa postal pela sétima vez. Como se não bastasse tudo isso ainda tinha essas dores de cabeça abomináveis, tontura e esse bolo no estômago. Estava começando a acreditar que ficaria doente, mas também nesses dias pouco me alimentei, não sentia vontade de nada, apenas de continuar deitada debaixo da coberta fingindo que o mundo fora de meu quarto não existia.

Abri-me novamente para o amor ao lado de Nicolas e no final tudo não tinha passado de uma mentira, uma brincadeira para ele. Eu fui mais uma vez sua bonequinha. Olhei para minha poltrona vendo o envelope que chegou no dia anterior. Dele. Tinha um bilhete junto, mas do mesmo jeito que retirei na portaria do meu escritório e o joguei na poltrona, ele tinha ficado desde então. Nicolas tinha causando um grande tumulto esse dia na recepção da Solftk, Eve me informou que ele só foi embora depois que os seguranças o cercaram não o deixando dar mais um passo para dentro do prédio. Isso fazia meu coração ser ainda mais esmagado, ele já não tinha brincado demais comigo? Por que continuava com esses joguinhos e essas mensagens?

Dei uma olhada para o envelope em minha poltrona, virei o rosto para o outro lado, deixando que a claridade nublasse minha visão por alguns momentos, eu não queria saber mais nada, olhar mais nada que ele me mandasse.

Mas eu falhava duramente quando minha caixa postal acusava um de seus recados, todos escutados e deixados ali, sem a coragem necessária para apagá-los.


— Ana, tudo bem?

Parei de contemplar os papéis em minha frente para colocar um sorriso falso em meus lábios. Graças a Deus era sexta-feira!

— Tudo bem. – Respondi, tentando ser o mais convincente possível.

Robert me observava, seu semblante preocupado. – Tem certeza que está bem Ana?

— Tenho, é apenas um mal-estar.

Robert fez um breve aceno com a cabeça retomando o que estava falando, mostrando os originais que tinha que analisar para semana que vem. E eu não via a hora de chegar ao final do expediente e poder sair daqui as horas passavam lentamente, como se para caçoar de minha cara.

Dei mais uma olhada para o celular, três mensagens haviam chegado, todas dele. E se eu desse a chance dele se explicar? Isso mudaria alguma coisa? Será que tudo não passou de um mal-entendido. Ri de mim mesma por pensar tal coisa, mal-entendido não era ter uma mulher nua na casa do seu namorado, onde a única pessoa que tem a cópia da chave sou eu. Mal-entendido é você ter uma opinião equivocada sobre algo. Já isso era safadeza mesmo e Nicolas mais que ninguém era especialista nisso, mais engraçado ainda ele ter “precisado” viajar justo quando a Ashley ocupava preguiçosamente sua cama. Mas porque ele colocaria que estava namorando na rede social? Tudo isso não fazia sentido...

“Sabe Ana, Nicolas nunca foi e nunca será de uma mulher só... Nicolas gosta da diversão, do sexo na forma mais animal possível.”

“Sabe, foi legal todo esse joguinho que vocês tiveram, mas uma hora cansa.”

Balancei a cabeça levando esses pensamentos para longe, não poderia ouvir suas mentiras, pois não passava disso mentiras e mais mentiras. Não é? Mas eu estava disposta a mudar isso, essa noite eu sairia, colocaria minha roupa mais provocante, beberia e dançaria até todas as lembranças serem apagadas de minha memória seja pelo álcool ou pela boca de outra pessoa. Mesmo soando muito infantil essa minha decisão, mas eu iria provar que Nicolas White não me feriria mais, nunca mais.


Ás 23 horas estava em frente ao espelho, pronta para sair. Passo a mão pelo cabelo afastando a franja longa, dediquei boa hora da minha noite no cabeleireiro, cortando, pintando. Tudo para deixar para trás a antiga Ana, assumindo uma nova identidade, uma nova Ana.

A maquiagem com os olhos esfumaçados apenas para dar toda a atenção a boca, pintada num vermelho sangue. Viro-me para a cômoda pegando meu celular, suspiro antes de atender a ligação.

— Ana?

— Oi Angel.

— Como você está? – Sinto sua preocupação vindo em grandes ondas para cima de mim.

— Muito bem. – Digo terminando com minha taça de vinho.

— Ana, não faça nenhuma besteira.

— Uhum... – murmuro olhando meu reflexo no espelho , a saia de couro sintético colada em meu quadril como uma segunda pele, a sandália de tiras trançada faz minhas pernas parecerem maiores do que são na realidade, assim como minha saia mais curta. O cropped deixava um pedaço considerável da minha barriga em exibição, é eu estava fazendo um bom papel de vadia nessa roupa.

— Ana você está me escutando?

— Sim Ângela, pode ficar tranquila, ok? – Respondi de maneira rude.

— Só não faça nada que vá se arrepender, Nicolas parecia realmente desolado.

— Ele que se ferre, mentiroso de uma figa!

— Você pelo menos deu algum crédito para ele? Ou talvez o benefício a dúvida?

— Porra, Angel! – Gritei para ela. – Você é amiga de quem?

Escutei seu suspiro. – Sou sua amiga, e sei quando você está prestes a fazer uma grande burrada.

— Tenho que ir, nos falamos depois. – Disse cortando aquele papo, mencionar Nicolas estava fazendo meu enjoo retornar e tudo que eu não queria era meus pensamentos ligados a ele.

— Se cuide.

— Pode deixar. – Desliguei jogando o celular na clutch.

Baguncei algumas mechas do cabelo deixando-o um pouco rebelde. Eu estava pronta. Mas para onde iria? Eu queria acima de tudo provar que mesmo Nicolas pisando em meu coração como se fosse um pedaço de nada, eu não ficaria em casa chorando por ele.

Nicolas com certeza estaria agora em alguma boate, bebendo em algum bar pelo centro de Nova York, com alguma piranha no colo. Esse pensamento me fez querer vomitar, peguei a jaqueta vermelha que estava jogada na cama indo para cozinha, enchi a taça com mais vinho tomando tudo em uma grande golada.

A lembrança de nossa noite erótica na The Night veio com força em minha mente e então uma ideia me tomou, por que não cutucar o lobo na própria floresta? Corri para o quarto revirando minhas coisas, encontrando o cartão prateado que me deu o passe para conhecer a The Night de Vegas, fazendo eu sorrir pela primeira vez em dias.


Paro o carro um pouco afastado da entrada, fico olhando por alguns minutos antes de descer. Será que estou fazendo a coisa certa? Ou melhor, será que eu estou preparada para ver Nicolas dentro do clube com alguma vadia em cima dele? Fazendo nela o que fez comigo?

Respiro fundo criando coragem. Você já chegou até aqui Ana, não vamos amarelar. – ralho comigo mesma em pensamento.

Atravesso o estacionamento, passo pelos seguranças que fazem um aceno com a cabeça para mim, refazendo todos os passos que Nicolas havia feito. Hoje quem está na recepção é uma mulher, linda, seu cabelo cor de fogo está preso de forma irregular deixando o rosto livre, o que chama ainda mais atenção para ela.

— Boa noite, bem-vinda ao The Night. – Diz com um amplo sorriso.

— Boa noite. – Pego meu cartão entregando para ela.

Ela sorri, consultando algo no computador, o que estava me deixando ansiosa. Ela olha para mim novamente depois para a pequena tela em sua frente.

— Sinto muito, mas seu passe não é mais válido.

— Como assim?

— Sinto muito, ele tinha validade de um mês. – Disse com uma cara de pena.

Suspiro frustrada pegando o cartão de sua mão.

— Pode autorizar a entrada dela.

Viro para trás querendo ver o dono dessa voz rouca. Puta... Que... Pariu, que homem. Seu corpo é grande, todo musculoso. Seus cabelos pretos muito bem domados, o olhar de matar qualquer um. Não controlo meus olhos, esquadrinho o corpo daquele homem, realmente é de se admirar.

— Sr. Ferraz, boa noite. – A recepcionista se derrete toda na frente do homem.

Ele retribui um sorriso ainda me encarando.

— Libera a entrada da bela donzela, por minha conta – Disse esboçando um sorriso de canto.

— Sim, senhor. – Responde prontamente a mulher.

— Não precisa... – começo a dizer, mas ele me interrompe.

— Será um prazer, senhorita...?

— Ana.

Pego a mão que ele estende para mim, ele faz uma pressão mínima levando minha mão a sua boca, dando um leve beijo no dorso. A mulher destrava a porta permitindo nossa entrada, a música invade o pequeno hall, sensual, erótica e apelativa.

O t al Sr. Ferraz faz um sinal com a mão indicando para que entre primeiro. As paredes de veludo escuro hoje estão iluminadas com focos vermelhos indo do chão ao teto, hoje também está muito mais lotado do que a última vez que estive aqui. Observo o local, tentando encontrar qualquer indício do Nicolas ali, mas não encontro.

“Closer – Nine Inch Nails” soa alto das caixas de som, inundando meu corpo com suas batidas eletrizantes e eróticas.

Você me deixa te violar
Você me deixa te profanar
Você me deixa te penetrar
Você me deixa te complicar

O homem indica um lugar no sofá, caminho ao seu lado, engolindo o bolo que se formou em minha garganta, uma parte de mim dizendo que isso não está certo, mas a parte insana logo afasta essa vozinha para longe.

— Você é novata por aqui. – Disse bem perto do meu ouvido.

Encaro seu olhar predador. Que merda eu estou fazendo?

— Sim, vim apenas duas vezes. – Digo um pouco mais alto para que ele possa ouvir.

Ele sorri abertamente, um sorriso de comedor.

— Meu nome é Dante. – ele sussurra colado em meu rosto.

Dou um sorriso, desviando os olhos para o ambiente, hoje há vários casais, algumas mulheres dançam apenas de lingerie nos mini palcos, assim como da primeira vez, posso sentir os hormônios fluindo pelo ar, o cheiro de sexo, erotismo correndo à solta, Nicolas tinha me mostrado como admirar o que as pessoas faziam ali, logo meus olhos foram captando os casais se entregando a danação , conseguia ver mesmo diante de algumas pessoas em pé conversando ou tampando parcialmente a visão, mulheres fazendo sexo oral em seus parceiros, ou sendo o contrário...

Derrube a minha razão

Me ajude

É o seu sexo, eu consigo cheirar

Me ajude

Você me faz perfeito

Me ajude a me tornar outra pessoa

 

— Vou pegar uma bebida para nós. – Dante diz chamando minha atenção.

— Perfeito. – Digo mais para mim mesma do que para ele, álcool me dará a coragem, afinal se cheguei até aqui, não iria voltar e me encolher em minha cama para mais uma noite de choro. Eu cortaria por vez as amarras com Nicolas e me entregaria a um sexo punitivo.

Antes de se levantar Dante puxou meu rosto para o seu beijando minha boca, empurrando sua língua para dentro de forma sensual, logo se afastando. O beijo dele era feroz, nada amoroso, ele realmente mostrava para que veio, tudo naquele homem indicava sexo, assim como seu olhar me fazia desviar o rosto, saindo dessa magnitude.

Ele sorriu, acariciou meu queixo. – Essa noite você será minha.

Não respondi, apenas dei um pequeno sorriso, ele cruzou a massa de pessoas me deixando sozinha no sofá, cumprimentou algumas mulheres no bar. Dei mais uma olhada para a porta, se estava desejando ou agradecendo que Nicolas não estivesse aqui. Eu não sabia dizer ao certo.


— Aqui está Ana.

Dante me entrega uma taça de champanhe, tomo um gole do conteúdo deixando as bolhas do espumante brincarem em minha boca.

— Que tal irmos para algum lugar mais reservado?

Tomo o resto de minha bebida, ficando de pé. Dante me acompanha, indicando o caminho, suas mãos apertam minha cintura, atravessamos o corredor escuro, passando por alguns salões.

Dante me puxa em direção ao seu corpo, sinto seu membro roçar em mim, suas mãos brincarem com a barra da saia de couro, tocando minha pele. Jogo minha cabeça para o lado permitindo que ele tenha o caminho livre pelo meu pescoço, Dante me empurra contra a parede de veludo, fazendo meu rosto ficar colado contra ela, sinto suas mãos subirem pelas minhas coxas, passarem pela minha bunda, subir pela minha cintura dando um aperto firme ali.

— Ah minha querida, eu vou adorar brincar em seu corpo. – Disse em meu ouvido. – Você parece uma excelente sub.

Continuo calada, tenho receio de abrir minha boca para falar algo e acabar saindo correndo dali. Por mais que o toque de Dante me estimule eu me sinto suja, os olhos azuis de Nicolas me encaram em pensamentos, reprovador.

Foda-se ele, ninguém mandou ele te trair. – Meu consciente ralha.

Dante me liberta, virando-me para ele. Tomando minha boca na dele. É um beijo bruto, ele morde, puxa meu lábio inferior como um animal ansioso pelo banquete.

Ele termina o beijo da mesma forma que começou, me puxando pela mão para um dos salões mais afastados. Vejo algumas mulheres nuas, acorrentadas em um grande “X”, chamada Cruz de Santo André na parede, há alguns homens sentados apenas observando.

A música nesse espaço é ainda mais erótica, apenas batidas, uma melodia capaz de fritar seu cérebro de desejo.

Dante para perto de uma grande armação, sorrindo como uma criança no Natal. – Você gosta de experimentar coisas novas, Ana?

— Quero apenas sexo, da forma mais bruta e erótica possível. – Respondo engolindo em seco.

Ele passa a língua pelos lábios me encarando com desejo.

— Tire sua roupa. – Ordena. – Vou mostrar quem manda.

Tiro o casaco jogando na poltrona de couro, que está próxima, me atrevo a dar uma olhada ao meu redor, o ambiente está quase vazio, são poucos casais que entram e se aventuram, Dante me lança um olhar reprovador, seu peito musculoso despido da camisa, a calça pendendo no quadril.

Retomo a atividade de tirar minhas roupas, deixando tanto a saia e o cropped na mesma poltrona, ficando apenas de lingerie. Dante me circula como um leão preste a dar o bote, pega uma algema prendendo minhas mãos acima da cabeça.

— Você será bem fodida. Pode acreditar. – Disse em meu ouvido. – Você só irá falar comigo quando eu mandar e sempre como “Sim senhor” ou “Dom” ou “Mestre”. Você pode escolher.

Ele se abaixa beijando minhas coxas, me fazendo separar minhas pernas, volto meu olhar para a porta do salão e então nossos olhares se cruzam.

Nicolas está parado me encarando, vejo ódio refletido em seu rosto, sua feição fechada, sua mandíbula travada. Ele está tão lindo, fodidamente lindo. Sua camisa social preta aberta nos primeiros botões dando uma visão para seu peitoral, sua calça também preta colada ao corpo.

— Tire as mãos de cima dela! – O grito de Nicolas faz todos olharem para ele, mas ele não se importa marcha em nossa direção empurrando Dante para longe.

— Você está maluco? – Dante se volta para cima de Nicolas encarando com olhar mortal.

— Eu falei para você tirar as mãos de cima dela. Ou está surdo?

Nicolas se volta para mim, arrancando as algemas de minhas mãos, libertando meus braços, mas todo o momento em que recolhe minhas roupas da poltrona e joga-as para mim, ele não me encara.

— Quem você pensa que é para vir aqui e acabar com a minha foda?

Nicolas encara Dante ficando próximo, além do aconselhável.

— Vai se foder! Procure outra mulher. – Nicolas se vira para mim pela primeira vez. – Vista-se, você vai embora comigo.

Dante empurra Nicolas, fazendo-o ir para trás. – Vá procurar sua própria mulher, deixe que desta daqui eu cuido, por ter certeza. Ela entrou comigo e vai sair comigo. – Dante acrescenta um sorriso sarcástico nos lábios.

Vi as mãos de Nicolas se fechando, logo depois o punho dele colidir com o rosto de Dante, fazendo por incrível que pareça, um homem do tamanho que é Dante cambalear para trás com o soco.

— Tá esperando o que para vestir suas roupas, Ana? – Nicolas explodiu comigo.

Vesti rapidamente minhas roupas. Aproveitei que Dante veio para cima fazendo Nicolas se desviar de um soco para sair da sala, corri pelo corredor vendo uma pequena multidão indo na direção contrária, provavelmente para assistir a briga dos dois, assim como dois seguranças enormes passaram praticamente correndo por mim.

Atravessei a passos largos toda a boate querendo fugir dali, me sentindo suja, destruída e completamente estúpida. Onde eu estava com a cabeça? Estava quase chegando à recepção quando fui puxada para trás, colando no peito de Nicolas.

Seu olhar ainda era raivoso para mim.

— O que você pensa que está fazendo aqui?

Toda a raiva acumulada dentro de mim ferve e explode contra ele.

— Vai se foder! Quem você pensa que é?

— Sou a merda do seu namorado! – Nicolas grita, chamando atenção para nós.

— Não passa de um mentiroso de merda! – Grito de volta.

Nicolas me segura pelo braço me arrastando para fora, passamos pela mesma recepcionista, vendo seu olhar de questionamento, ele só me solta quando chegamos perto do meu carro. Arranca a bolsa de minhas mãos não trocando uma palavra, destrava meu carro escancarando a porta do passageiro.

Encaro seu rosto de braços cruzados, me recuso a ir para qualquer lugar com ele.

— Entre nesse carro, Ana. – Ele praticamente rosna para mim.

Sinto uma onda de calor com o olhar que ele lança para mim, olhando para meu corpo coberto de couro.

— Eu não vou a lugar nenhum com você.

Ele me lança um sorriso sarcástico. – Você não quer que te leve para casa, mas estava deixando um filho da puta qualquer te beijar? Se eu não tivesse aparecido agora você estaria de quatro deixando aquele imbecil meter em você. — Sinto o ódio em suas palavras.

— E se eu quisesse? E se eu tivesse desejando as mãos dele em meu corpo? – Desafiei.

Ele respira fundo passando a mão pelo cabelo. — Ana entre nesse carro agora ou vou enfiá-la a força.

Mantenho a posição, arqueio a sobrancelha desafiando ainda mais.

— Vá.Para.O.Inferno. – Digo pausadamente.

Um sorriso diabólico aparece em seu rosto, ele me encara ferozmente, como não faço nenhum movimento, Nicolas me pega pela cintura, me empurrando para dentro do carro de forma bruta, joga minha bolsa em cima de mim enquanto protesto, mas ele não está nem aí.

— Achei que já havia falado que não posso ir para o inferno sem você.

Nicolas simplesmente fecha a porta na minha cara e dá a volta no carro, ocupando o banco do motorista.

— Você é ridículo. – Acuso.

Ele solta uma risada. Viro-me encarando seus olhos azuis e sinto vontade de agarrá-lo, meu corpo está desejoso, seu olhar endurece no meu, sinto que ele pensa a mesma coisa. Mas não posso, desvio o rosto encostando a testa na janela fria, tentando ignorar a presença dele, ignorar meu corpo pedindo pelo dele.


— Foda-se, você fode com meu controle. – Nicolas explode, rompendo o silêncio pesado que nos rodeia.

Não desvio o olhar da janela, me concentrando na música que toca em volume baixo.


Com seus lábios manchados de vinho

Sim, ela só traz problemas

Fria quando a toco, mas é quente como o Diabo

Eu a dei meu coração, mas ela queria a minha alma

Ela resolveu parar e eu não consigo mais nada


Nicolas joga o carro para o acostamento, estamos perto do centro, poucos carros passam por aqui. Não quero encará-lo, mas meus olhos me traem, Nicolas se vira no banco agarrando meu rosto, puxando para ele, sinto sua boca consumir a minha, e por mais que queria travar os lábios ou arrancar um pedaço de sua língua atrevida com uma mordida, me rendo, gemendo quando sua língua ganha espaço em minha boca, se enrolando na minha. Nicolas agarra forte meu cabelo com uma das mãos, enquanto a outra sobe pela minha coxa.


Você me acorrentou

Você me acorrentou ao seu amor

Mas eu não mudaria

Não, eu não mudaria esse amor


Agarro seu pescoço, puxando ele para mim, ficando de joelho no banco. Merda! Dou um gemido em sua boca, ele espalma a mão em minha bunda levantando minha saia, deixando-a enrolada na cintura. Nicolas ataca minha boca, mandando tudo que pode nos manter afastados para longe, sua mão ganha caminho no meio de minhas pernas, tocando minha intimidade por cima do tecido da calcinha. Jogo a cabeça para trás, minha boca forma um “O” perfeito, meu corpo treme sentindo seus dedos me torturarem, apertando e massageando meu clitóris inchado pelo desejo.

Nicolas enfia dois dedos dentro de mim, arrancando um grito da minha garganta, sua boca cola em meu pescoço, me mordendo, lambendo, sugando o lóbulo de minha orelha. – Você queria que outro fizesse isso? Queria outro tentando dar o que somente eu posso te dar?

— Vai... Se... Foder. – Digo sem ar.

Ele pressiona seus dedos dentro de mim, forçando-o mais aquele ponto sensível. – Ah, como eu amo sua boca suja.


Sozinho na noite até ela bater em minha porta

Já estou acabado, mas não posso dizer não

Baby, me diga por que, por que você só me machuca?

Baby, me diga por que, por que você só me machuca?

Te dei meu coração, mas você levou minha alma


Ele me puxa para seu colo, eu rebolo como uma desavergonhada em cima de sua ereção, estou com tanta saudade que posso gozar só com esses movimentos de quadril. Corro a mão pelo seu peito arranhando com força, deixando marcas por todo pedaço de pele que minha mão consegue passar. Nicolas desce o zíper do seu jeans, não espero mais nada, arrumo seu pênis em minha entrada descendo de uma vez, ele urra me apertando, mordendo meu ombro. Apoio no seu ombro já subindo e descendo, ambos descontrolados, a sensação de preenchimento é tão forte que me faz jogar a cabeça para trás, gemendo seu nome.

Como estava com saudade desse corpo, como me sentia cheia de saudade desse mentiroso de uma figa. Não deixo meus pensamentos dominarem, subo e desço, engolindo todo seu membro, tomando tudo para mim, roubando os tremores, os gemidos que ele me dá. Nicolas segura minha cintura forçando meus movimentos, estamos frenéticos, suados e loucos para nos jogarmos no abismo do orgasmo que se anuncia...


Tentei destruir as correntes

Mas as correntes é que me destroem


(Chains — Nick Jonas)


Uma batida forte no vidro nos faz pular, interrompendo o momento. Escondo meu rosto no pescoço dele vendo que fomos pegos no flagra pela polícia, o guarda espera pacientemente enquanto Nicolas religa o carro abaixando o vidro.

— Boa noite. – Nicolas cumprimenta o mais simpático que pode, sua voz falhando.

— Documentos do veículo e sua carteira de motorista, por favor.

O policial evita olhar para nós, solto uma risada baixa voltando para meu lugar, arrumo a saia ao mesmo tempo em que Nicolas arruma sua calça, fechando-a novamente. Tentamos ficar o mais decente possível, minha respiração está entrecortada, estou ofegante, pegando fogo.

Nicolas entrega tudo que foi pedido, me olha pelo canto do olho.

O guarda retorna para seu carro, fazendo nos dois explodirmos em risadas.


— Está tudo certo. – O policial volta uns dez minutos depois, entrega os documentos para Nicolas, se abaixando na altura do vidro. – Meu rapaz, hoje livrarei vocês, mas leve sua garota para um motel.

Seguro o riso virando a cabeça para a janela.

Nicolas ficou visivelmente com vergonha, suas bochechas estão meio rosadas, o que é lindo e me faz suspirar secretamente, ele agradece o guarda, religa o carro nos botando em movimento.

Mas o clima que cresceu de forma enlouquecida entre nos ficou para trás, o silêncio nos domina, sinto os olhares de Nicolas sobre mim, mas não me viro para encará-lo, mantenho meus olhos na janela, vendo os carros e a cidade passarem diante de mim.


Ele entra com o carro na garagem, estaciona em minha vaga, fazemos tudo em completo silêncio. No elevador o clima se torna insuportável, Nicolas e eu fechados em alguns metros quadrados, seu cheiro me atingindo com força é capaz de enlouquecer até um monge.

— Ana olhe para mim.

Fico relutante em fazer o que ele pede, mas acabo me virando. Seu olhar me encara com desejo, com pedidos secretos. Não controlo minha mão, bato em seu rosto com toda a força que tenho dentro de mim, reunindo toda minha tristeza por sua traição. Seu rosto voou para o lado, mas ele volta a me encarar, sem dizer uma palavra. Bato novamente sentindo minha mão arder.

— Você mentiu para mim! – Grito.

— Ana...

As portas do elevador se abrem permitindo que eu fuja dali, que saia desse espaço apertado e cheio de Nicolas White.

Sei que não adianta fechar a porta na cara dele, por isso deixo a porta do meu apartamento aberta, permitindo que ele entre.

— Ana, você precisa me escutar. – Ele diz baixo.

Viro olhando para seu rosto, seus olhos estão tristes, seu semblante cansado, como se tivesse desistindo de lutar por algo. Respiro fundo indo até ele, fecho a mão acertando um soco em seu peito, nunca fui boa em luta, provavelmente amanhã amanhecerei cheia de dor nos pulsos por isso, mas não me importo.

— Você é um mentiroso! Você mentiu para mim. – Grito, as lágrimas começam a cair descontroladas por me rosto.

Acerto outro tapa, mas Nicolas não se mexe, deixa que eu acerte os tapas nele.

— Monstrinha, eu não fiz nada disso. – Sussurra.

— Você transou com aquela piranha!

— Ana como eu transaria com ela se eu estava viajando? Você assistiu o DVD que eu mandei para você?

— Eu não acredito em você, você sempre faz isso, me envolve com suas palavras fáceis e depois... – Soltou uma risada irônica. – Depois é o canalha de sempre.

Vejo seu semblante desmoronar, ele fica sério.

Respiro fundo, seco as lágrimas do meu rosto. Todo meu peito aperta, reclama, mas mesmo assim eu digo.

— Saia Nicolas. – Fecho os olhos por um momento.

— Pare de ser irracional Ana! – Nicolas grita para mim. – Acredite em mim pelo menos uma maldita vez.

— Por favor, saia, me deixe em paz... – Torno abrir os olhos. – Não me destrua mais do que você já fez.

Levanto o olhar vendo seu rosto se contorcer, ele está ferido, magoado. Mas, e eu? Estou sangrando por dentro, destruída pelo homem que mais amei. O enjoo volta com força total, me fazendo curvar para frente contendo uma ânsia antes de sair correndo para o banheiro.

Agacho-me na privada colocando tudo para fora, toda a bebida, eu não estava me alimentando direito e toda essa situação está me fazendo ficar no limite.

— Ana, você está bem?

— Vai embora Nicolas, é apenas um mal-estar.

— Ana me deixe cuidar de você. – Ele pede.

Empurro suas mãos para longe, me rendendo a mais uma ânsia. Meu estomago dói, sinto um calafrio atravessar meu corpo. Minha vista escurecer...

— Ana! — É a última coisa que escuto.


Guarde seu conselho, eu não vou ouvir

Você pode estar certo, mas eu não ligo

Há um milhão de motivos para eu te deixar

Mas o coração quer o que ele quer


A cama está esfriando, você não está aqui

O futuro que nos espera é tão incerto

Mas eu não estou bem até que você ligue

Aposto que a sorte não estará a nosso favor


(The Heart Wants What It Wants – Selena Gomez)


Capítulo 33

Nicolas White


A vida muda, constantemente, eu era prova viva disso. A imagem que eu via refletido no espelho não tinha o mesmo sorriso comedor, os olhos enevoados pelo desejo de me satisfazer. Não, não havia nada disso, eu nunca tive medo do amor, você pode pensar que seria ridículo um homem como eu falar esse tipo de coisa, mas homens também amam. Também somos inseguros e fazemos merdas, eu também era prova viva disso também.

Via em meus pais o relacionamento que eu queria ter no futuro, só não sabia que meu “futuro” tinha batido em minha porta e eu fechei em sua cara. Porque escolher a pessoa que você quer entregar sua vida era algo importante e eu achava que estava bem demais na minha vida de pegação para fazer isso, e, então Ana surgiu de novo, trazendo todos os seus sorrisos fácies, todas suas marrentices e eu não consegui afastá-la e nem queria.

Desviei os olhos do espelho atrás do bar, eu mesmo não sabia o porquê estava agora sentado aqui, olhando as mulheres desfilarem de um lado para o outro da The Night atrás de sexo.

Até mesmo a atmosfera que tanto me excitava hoje não estava tendo efeito, tudo que eu conseguia pensar era em Ana, em como ela se entregou confiante para mim, ali mesmo. Sai do meu lugar andando entre as pessoas, tomei o último gole do meu copo deixando em uma das mesas.

— Oi bonitão. – Uma mulher grudou em meu pescoço, o sorriso safado no rosto.

Ela era bonita, lábios carnudos, esbocei um sorriso.

— Desculpe minha linda, hoje não.

Ela fez um biquinho de contrariedade.

— Você tem certeza? Eu estava observando você... Parece que você precisa de algo para relaxar. – Ela passava as mãos pelo meu peitoral, indo para as costas, colando seu corpo no meu.

— Sim, hoje não.

Tirei as mãos dela do meu corpo, deixando-a para trás. Eu estava pronto para ir embora, na verdade, nem sei explicar o que me fez seguir na direção contrária. E foi então que eu vi Ana, algemada por aquele homem, o olhar de depravação no rosto dele foi o que bastou para voar em cima deles e arrancá-la daquela situação.

Vê-la no The Night foi como acender um barril de explosivos, mulher tola. Ela queria me atingir no meu mundo?


— Ana?

Segurei seu corpo inconsciente, por trás de toda a maquiagem Ana estava fraca, ela estava sofrendo, mas ela tinha que enxergar a verdade por trás dos fatos. Eu não poderia ser culpado por ter sido um canalha como ela mesmo falava, não poderia ser culpado pelo meu passado, não quando eu vinha sendo somente dela.

Coloquei seu corpo na cama, tirei os saltos, passei a mão por seu rosto. Ana sempre foi uma mulher segura, tinha uma personalidade forte capaz de queimar uma pessoa com o olhar cheio de significados que ela lançava. Mas o fato de tudo que passamos dois anos atrás criou uma rachadura profunda, deixando-a insegura.

Suspirei dando uma olhada para seu quarto, puxei uma coberta para ela.

— Ana? – chamei acariciando seu rosto.

Eu vi quando ela começou a passar mal, eu não poderia deixá-la naquele momento, ainda bem que eu sempre contrariava o que ela pedia, senão essa hora ela estaria desmaiada no chão frio do banheiro.

— Ana.

Seus olhos tremeram, se abrindo lentamente. Vi a confusão neles, amor e também mágoa.

— Nic.

— Você desmaiou.

Ela se sentou com dificuldade na cama, afastando seu rosto de minha mão.

— Quanto tempo você tem passado mal?

Eu não tinha prestado atenção nesse fato, mas Ana e eu cometemos deslizes, muitas das vezes fizemos sexo sem proteção, mas eu sabia que Ana era precavida, por isso nem questionei sobre o assunto, mas vendo ela correr pro banheiro vomitando todo o álcool consumido e sua fraqueza...

— Poucos dias, na verdade, desde que fui para Buenos Aires... – Ela me encarou, vi em seus olhos que ela pensou a mesma coisa que eu. – Não deve ser nada além do meu emocional me dando o troco.

— Vou fazer um lanche para você.

— Nicolas, vai embora.

Levantei olhando no fundo dos seus olhos. – Ana, você tem o direito de me mandar embora, mas eu só farei quando você me escutar. E eu tenho direito de falar.

Sua mandíbula trincou, mas ela não retrucou.

Preparei algo leve, um copo de suco. Coloquei tudo em uma bandeja e voltei para o quarto, Ana estava sentada na cama, seu rosto estava limpo, livre de toda maquiagem, mostrando as olheiras profundas, isso me atingiu em cheio.

— Coma. – Depositei a bandeja em sua frente, sentando-me na ponta da cama.

Esperei pacientemente que ela tivesse comido todo o lanche e tomado todo o suco para começar a falar, o silêncio estava pesado entre nós, o clima criado no carro tinha ido embora como se tivesse passado anos.

— Fale de uma vez, quero você fora daqui.

— Você está me culpando por uma coisa que eu não fiz.

Ela cruzou os braços me encarando.

— Ana, você acredita mesmo que eu iria fazer tudo isso, perder um amigo por conta de uma foda? – Minhas palavras fizeram ela se retrair. – Confesso que se fosse apenas por isso, não seria com você. Você sabe como era o Nicolas White, nunca repetia a dose.

Eu estava sendo grosso, mas Ana precisava disso, precisava enxergar coisas que estavam na sua frente.

Ela permaneceu em silêncio.

— Você tem todas as provas, veja, analise. E se depois disso tudo você continuar acreditando que eu não sou inocente das suas acusações, aí sim você pode se entregar para o primeiro homem que passar. Mas não faça como vingança, pois você só está destruindo tudo que criamos até aqui.

Ana endureceu o olhar, atingida pelo que estava falando.

— Tudo bem, você é inocente. – Ela fez uma pausa. – Como explica de ter Ashley nua no seu apartamento?

— Ana, eu não sei como ela conseguiu entrar. Eu deixo uma chave reserva, mas o porteiro que estava trabalhando disse que não foi ele.

— Pelo visto você tem muitas chaves reservas espalhadas por aí.

— Porra, Ana eu estava trabalhando.

Ela se assustou com meu grito, fiquei de pé andando de um lado para o outro do quarto.

— Ashley trabalha na mesma companhia que eu, ela pode ter pego a informação que estava fora na empresa. – Bufei passando as mãos pelo cabelo. – Eu não sei tá legal? Não sei como ela soube que eu não estava, e, muito menos por que foi justo aquele dia.

— Nossa, ela realmente é uma vidente, pois soube exatamente a hora que eu estava entrando para sair do banho, nua. – Ela me encarava, os braços cruzados diante do peito. – Engraçado que ela comentou que vocês retornaram um dia antes, no domingo, então você deve ter tido uma foda incrível durante toda a noite antes de iludir mais um pouco essa babaca aqui.

— Porra, Ana! Ashley não estava presente em meu voo, se você quer saber a tripulação era somente de homens, eu, meu copiloto e mais dois comissários.

Ela se calou, desviou os olhos por um segundo, encarando a parede.

— Ana, você precisa olhar o vídeo de segurança que eu mandei. – Agachei-me perto dela, pegando suas mãos nas minhas. – Eu não fiz nada, acredite em mim.

— Eu não tenho nada para falar, Nicolas.

— Ana... – Ela me interrompeu colocando o dedo sobre meu lábio.

— Você queria se explicar, eu permiti. Porém você não falou nada que não me tenha falado em todas as suas mensagens, mas você mesmo não consegue explicar o porquê de tudo isso acontecer. – Ela respirou fundo. – Nicolas a questão é, mesmo que você seja inocente, que eu te perdoe, quantas vezes vou passar por isso? Quantas mulheres vou encontrar nua em sua cama? Quanto tempo vou ter essa dúvida me perseguindo? Quantas vezes seremos vítimas do seu harém? Fica meio difícil perdoar um passado quando ele volta para te infernar.

Ela respirou fundo desviando os olhos dos meus. – Melhor deixar como estamos, li outro dia que nem todos os amores estão fadados a viverem seus felizes para sempre. Nós tivemos o nosso, é hora de seguir.

— Ana, não...

— Saia Nicolas.

Balancei a cabeça negando.

— Nicolas, você queria que eu ouvisse o que tinha para falar. Agora me respeite e saia.

Levantei sentindo um peso enorme dentro de mim. Parei na porta me voltando para ela. – Eu não posso mudar meu passado, não posso apagar tudo que vivi ou fiz, até mesmo com você. Só... Não destrua algo pelo seu medo de se arriscar. Pois eu estou aqui de braços apertos me jogando em algo que desconheço.

— Arriscar? Eu não fiz isso da primeira vez? Arrisquei por você e acabei quebrando a cara, eu te amo? Sim eu te amo, mas parada aqui encarando tudo, será que o amor é suficiente, será que nosso amor pode ser suficiente?

Ela não conseguiu segurar, vi uma lágrima escorrer pelo seu rosto, minha vontade era de correr até ela, tomando-a em meus braços, beijando aquela lágrima, tomando seu corpo para mim. Mas eu fiz o que ela pediu, virei as costas e fui embora.


O que você espera que eu diga?

(Você sabe que é apenas um pouco tarde demais)

Você pega a minha mão e diz que mudou

Mas garoto, você sabe que seu suplicar não me engana

Porque para você é só um jogo

(Você sabe que é apenas um pouco tarde demais)


(Too Little, Too Late – Jojo)


Capítulo 34

Ana Suarez


Apesar da noite mal dormida, das olheiras, olhos inchados por ter adormecido chorando e do constante enjoo, me levantei da cama. Não adiantaria ficar mais deitada ignorando tudo ao redor, remoendo o que Nicolas me disse.

“Eu não posso mudar meu passado, não posso apagar tudo que vivi ou fiz, até mesmo com você. Só... Não destrua algo pelo seu medo de se arriscar.”

Sacudi a cabeça afastando esses pensamentos. Parei em frente ao espelho olhando meu reflexo, eu teria que recomeçar de algum ponto.

— Como você está? — Ângela me questionou assim que cheguei ao seu apartamento.

— Estou bem, afinal ninguém morre de amor. Não é mesmo?

— Conte-me tudo.

Contei para minha amiga, com lágrimas escorrendo pelo rosto tudo nos mínimos detalhes, como estávamos desde que finalmente ficamos juntos até quando peguei Ashley nua, era doloroso só de pensar.

— Eu amo Nicolas, sei que ele gosta de mim, eu vi a mudança gradativa nele. Pode parecer ridículo, depois de tudo que falei. Pode me achar uma tola e até me acusar de não agir corretamente. – Soltei um suspiro olhando para minhas mãos cruzadas em meu colo. – Acho que foi uma sequência de atos que nos levaram até esse momento, não tivemos tempo, acho que fomos envolvidos pelos sentimentos do passado, junto com todas as sensações de estarmos juntos novamente. Sinceramente eu nem sei o que pensar, Nicolas olhou nos meus olhos Ângela e a única coisa que eu vi foi à mesma tristeza refletida.

Fiz uma pausa, Ângela esperou que eu desabafasse sobre tudo que estava rodeando minha cabeça, desde que Nicolas me tirou do The Night.

— Sinceramente, tenho medo de estar jogando fora a grande chance de estar com ele, de viver tudo que vivemos nesses dias, mas... E se formos melhores separados do que juntos? – Suspirei. – Não seria esse um aviso para eu cair fora?

— Ana, eu te entendo perfeitamente. Fiquei realmente brava com tudo, e olha que minha vontade de ir lá e chutar o saco dele foi uma coisa difícil de conter. Mas depois que analisei de fora, eu não acredito que Nicolas, sendo quem é e tendo um passado como o dele, iria perder tempo de fazer essa estupidez e deixar tão óbvia para você ver.

— Ele teria que ser muito idiota. – Concordei.

— Mas também não se precipite, dê um tempo para vocês. Acho que você foi algo que não é, nunca te vi sendo tão tola.

— Uau! – Arregalei meus olhos para ela.

— Ana, você deveria ter dado na cara daquela mulherzinha, uma boa coça para ela saber quem manda e não ter saído sem uma explicação. – Ângela suspirou. – Mas entendo que você está com os sentimentos bagunçados e quando estamos assim eles queimam nosso cérebro.

— Ângela!

Ela riu pegando minha mão na sua. – Fiquem separados, análise tudo antes de procurá-lo, não feche a porta totalmente, deixe uma frestinha. E só quando você perceber que pode lidar com tudo que vem do Nicolas você tome sua decisão.


Ficamos alguns minutos em silêncio.

— Eu preciso contar outra coisa.

Ângela analisou meu rosto.

— Eu posso estar grávida.

— Puta que pariu!

Dei de ombros com um sorriso de lado.

— Agora a coisa ficou realmente séria. Você tem certeza? Fez os testes? Ana do céu! – Ângela se empertigou no sofá.

— Eu não fiz nada, minhas dúvidas surgiram quando eu passei mal na sexta-feira, Nicolas presenciou tudo.

— Ele está desconfiado?

— Acredito que não, deve ter pensado que era por conta de todo álcool, ou fraqueza, na verdade ainda acredito que seja por isso, eu não ando me alimentando direito.

— Temos que tirar isso a limpo.

— Sim eu farei o exame de sangue na segunda.

— Se você tiver? Nicolas saberá, né? – Ela me questionou olhando para meus olhos.

Engoli em seco, isso tudo ainda era surreal demais para mim.

— Ana...

— Fique calma Ângela.


Capítulo 35

Nicolas White


Deitei sobre a espreguiçadeira colocando meus óculos de sol. Estava um tempo fantástico em Miami, depois de passar dois dias praticamente trancado no quarto esperando um sinal de Ana, eu decidi curtir meu último dia na cidade.

Uma sombra se lança sobre mim, tirando meu olhar da praia.

— Posso me sentar aqui? – Ashley pergunta com um sorriso nos lábios.

— Acho que você sabe a resposta. – Desvio meu olhar novamente para o mar, vendo o vai e vem constante das ondas.

Seu eterno movimento de avançar e se retrair.

— Nic, eu estou arrependida do que fiz. – Ela diz com a voz mansa, se sentando ao meu lado.

Eu tinha tentando de todas as formas não estar no mesmo voo que Ashley, eu ainda tinha uma vontade enorme de voar em seu pescoço, mas mesmo assim me contive e fiz meu trabalho. Brad estava se saindo um bom parceiro, Jimmy tinha trocado dois de seus voos para não estar comigo. E as pessoas começaram a desconfiar, lógico que nem eu ou Jimmy falamos sobre isso. Na verdade, eu cortava qualquer assunto que surgisse, mas as pessoas não eram idiotas e já sabiam que nossa parceria de anos estava ruindo, ou, no caso se ruiu.

— Espero que você tenha passado protetor, senão vai ficar todo bronzeado.

As pontas das unhas de Ashley rasparam em meu braço. Revirei os olhos por debaixo do óculos afastando meu corpo de sua mão. – Você ainda está aqui?

— Credo Nicolas. Eu já disse que me arrependi, sinto muito tá, não sabia que ela era tão importante assim para você.

Respirei fundo olhando para Ashley, ela contemplava as unhas perfeitamente pintadas.

— Eu fico até surpresa por você ter decidido que uma mulher qualquer é mais importante do que sua amizade com o Jim. – Ela me encarou com um sorrisinho esnobe. – Jim me contou, sabe ela pode até ter transado bem com vocês, senão, qual seria o motivo para vocês terem notado aquela garota sem graça.

Ashley passou a mão pelo cabelo platinado, tirando as mechas do ombro. – Convenhamos que todas as vezes foi meu nome que você gritou, gemendo de tesão.

Fiquei de pé em um pulo parando bem em frente a ela, seus olhos ficaram arregalados com medo de minha reação.

— Olha aqui Ashley, feche a porra dessa boca. Você já fodeu demais minha vida. – Eu apontava o dedo para sua cara, fazendo ela se curvar um pouco para trás. – E eu estou a um passo de deixar minha educação e voar em seu pescoço.

— Oh, oh, Nic meu camarada... – Jack colocou a mão em meu peito, entrando no meio. – Ashley minha delícia, vai dar uma volta.

— Eu só estava tentando conversar com ele. – Ela retrucou se levantando, amarrando novamente a canga na cintura.

Estava pronto para responder quando Jack me puxa, levando-me para longe dela, indo em direção ao bar.

— Calma cara, aquela ali não merece uma dor de cabeça. – Ele deu uns tapinhas em meu ombro. – Ela é encrenca, boa para foder, mas horrível para ter que lidar no dia seguinte.

Respirei fundo me jogando no banco.

— Vai cara, desembucha, o que tá rolando.

Encarei Jack ao mesmo tempo em que chamava pelo garçom.

— Você quer realmente saber?

— Claro, o que está fazendo você ficar assim, a tripulação tem notado que você e o Jim não andam mais juntos. E você sabe. – Ele deu de ombros.

– Ash não é de se manter quieta.

— Piranha. – Rosno.

— Nisso você tem toda razão, mas o que está pegando?


E enquanto tomávamos uma cerveja gelada eu contei tudo, me senti mais leve por contar para o Jack tudo que vinha guardando, eu estava péssimo, Ana não saía do meu pensamento. Achei que se começasse a pegar um trabalho atrás do outro eu me sentiria melhor, mas na verdade, me sentia vazio, estava cheio de saudade daquela maluca, doido para ter seu corpo debaixo do meu.

— Porra, Nicolas, que merda!

Ergui a garrafa de cerveja tomando um longo gole.

— Gosta mesmo dessa mulher, né?

Deixei a garrafa no bar, desviando os olhos para o mar. – Eu nunca pensei que ouviria isso sair da minha boca com tamanha facilidade Jack. – Voltei meus olhos para ele. – Eu amo a Ana.

Ele abriu um sorriso autêntico. – Cara, você está fazendo o que aqui ainda?

— Não é tão simples assim.

— Bem, por tudo que você me contou, não acredito nisso.

— Como assim?

— Cara, você conhece ela melhor do que ninguém, use isso a seu favor. Se você foi bom o bastante para se meter nessa enrascada com o Jim e assim mesmo conquistar sua garota depois do pé na bunda. – Ele soltou uma gargalhada que me fez sorrir. – Vai lá e a conquiste novamente, use as mesmas armas e o que você sabe sobre ela ao seu favor.

Ele estava certo, eu sabia como Ana pensava e agia, não adiantava agir por impulso, mas eu sabia que estávamos perdidos estando longe, eu tinha que agir com cautela e trazê-la de volta para mim.

Ana seria minha novamente, ou, eu não me chamava Nicolas White.


Coloquei meu telefone na mesa do quarto, conectando ele no carregador. Esperei que ele ligasse, os aplicativos começaram a apitar com as notificações, abri o aplicativo de mensagens, nenhuma dela. Tinha algumas de minha família, da Companhia, mas nenhuma da Ana. Abro nossa conversa, ainda guardo nossas últimas mensagens, ela estava online.

“Boa noite, mas um dia de merda.”

Ela visualiza, mas não responde.

“Saudades, estou em Miami, daqui embarco para Espanha... Pensei em você. Como gostaria de te levar para viajar comigo.”

Mais uma vez ela visualiza e nada de respostas.

Respiro fundo, jogo o celular de volta na mesa, passo as mãos pelo cabelo, afastando-o de meu rosto.

Tiro a camisa, jogando-a na cama, faço a mesma coisa com a bermuda, estou entrando no banheiro quando meu telefone apita, volto praticamente correndo.

É uma mensagem dela.

“Sonhei com você, foi bom, estávamos juntos, você dizia que me amava. Boa noite Nicolas.”

“Eu falarei isso novamente olhando nos seus olhos, boa noite meu amor, estou pensando em você sempre.”

Sinceramente eu não sabia se isso me ajudaria ou não, mas eu também estava sofrendo e Ana precisava perceber isso, eu precisava colocar para fora e deixá-la saber disso. Ela poderia ter ignorado minhas mensagens, assim como estava fazendo com as outras. Já fazia quinze dias que estávamos separados, mas dispôs a me responder. E isso era uma prova que eu ainda afetava, que ela ainda sentia algo. Mas era teimosa demais, era dura com ela mesma e com nosso sentimento.


Oh, deixe nosso amor sobreviver

Ou seque as lágrimas dos seus olhos

Não vamos deixar uma boa coisa morrer


No entanto meu amor, você sabe que

Eu nunca menti pra você

Caímos em uma armadilha

Não posso escapar

Porque eu te amo demais, meu amor

(Suspicious Minds – Elvis Presley)


Capítulo 36

Ana Suarez


Naquela manhã de segunda-feira aproveitei a folga no trabalho para acordar tarde, fiz todo meu ritual de higiene e fui fazer o teste de gravidez. Já tinha protelado demais para fazer isso, não tinha mais como fugir.

Nicolas não havia dado nem um sinal de vida depois de nossa discussão, me senti triste com isso. Porém, talvez assim fosse realmente melhor. Logo após ele ter saído de meu apartamento eu corri para o computador e assisti a fita, realmente aparecia Nicolas saindo do prédio todo vestido de piloto sexy que ele era e o espaço de tempo. Assim como também aparecia quando Ashley jogava charme para o porteiro mal-encarado, pegando a chave e seguindo para o elevador, e, por incrível que pareça cerca de três horas mais tarde eu aparecia na câmera e logo voltava chorando depois de ver aquela cena.

Minha cabeça só faltava explodir, eu liguei para Nicolas, mas seu telefone estava desligado e escutar sua voz na caixa postal foi o que me fez chorar e me desesperar.

Então vieram aquelas simples mensagens de boa noite, meu coração quase saiu pela boca. As dúvidas ainda pairavam sobre mim, eu mesma joguei-as na cara de Nicolas e hoje era eu que estava tentando respondê-las.

Agi por impulso, fui fraca e não confiei no sentimento que existia entre mim e o Nicolas, mas se eu queria mesmo tê-lo em minha vida eu precisa ir do zero. Nada se constrói em cima de dúvidas e vendo a falta absurda que ele fazia em minha vida eu podia dizer que tudo era melhor quando ele estava por perto.

Porém esse tempo separado iria fazer bem no final. Ele poderia perceber se isso, um relacionamento sério, era o que ele realmente desejava, e, eu poderia colocar as coisas em ordem, ainda mais com essa sombra de uma gravidez vindo sobre nós. Só de pensar nas possíveis reações que ele poderia ter, o enjoo já voltava com força.


Entrei no laboratório nervosa, fazia uma hora que estava rodando com o carro, tentando me distrair até dar a hora para retirar o resultado. A moça da recepção sorriu para mim logo se levantando e buscando o resultado, ela verificou o envelope me entregando com um sorriso.

Agradeci, mesmo sem saber se pronunciei corretamente, meu coração palpitava dentro do meu peito, minha garganta estava seca. Voltei para o carro me sentando no banco do motorista, me trancando ali dentro. Em partes eu queria muito que fosse negativo, mas fiquei petrificada com as letrinhas que estavam em minha frente.

POSITIVO

Eu estava grávida. Estava grávida de Nicolas.

O nervosismo me dominou como uma onda gigante, eu chorei, gritei dentro do carro, olhei novamente para o papel pensando que poderia ter lido errado, ou que o nome ali em cima estava errado e este exame não era meu. Mas ao comprovar que tudo estava correto foi espontâneo minha mão pousar sobre meu ventre e a ânsia tão conhecida por mim vir à tona, era como se o bebê confirmasse tudo que estava lendo.

Eu tinha que procurar por Nicolas, mesmo que seja apenas pelo bebê, não podia esconder isso dele. Mesmo que seja apenas por isso, meu coração se apertou cheio de angústia, como ele receberia a notícia?


Capítulo 37

Nicolas White


Estava arrumando minha mala quando meu telefone apitou, demorei um pouco para encontrá-lo no meio de todas as roupas.

Era uma mensagem de Ana, depois de dias ela finalmente tinha me procurado.

“Precisamos conversar.”

Abri a caixa de texto digitando rápido.

“Ana, como fico feliz de receber uma mensagem sua.”

Eu apaguei e digitei diversas vezes, mas foi apenas isso que consegui dizer para ela. Sua resposta demorou um pouco, quando o telefone apitou novamente era uma foto, esperei que carregasse o conteúdo.

Primeiramente não entendi do que se tratava, então as coisas foram fazendo sentido, aquele exame de sangue, as taxas altas e aquelas oito letrinhas foram capazes de me fazer cair sentado na cama.

POSITIVO.

Porra positivo, Ana estava grávida, estava esperando um filho meu. Eu devia estar com a cara de maior babaca do mundo, mas não conseguia nem por um minuto tirar meu sorriso do rosto. Porra eu teria um filho, nunca pensei nisso, mas era um filho, sangue e carne de mim, alguém para que eu pudesse passar tudo que sei e vê-lo crescer.

“Ana”

“Isso deve realmente ser desagradável para você, porém pretendo resolver tudo para que seja algo sem dores de cabeça”

Ela só poderia estar maluca, do que ela estava falando.

“Ana, porra vou ter um filho. Você não sabe como estou feliz!”

Ela visualizou minha mensagem, digitou e apagou diversas vezes antes de enviar.

“Você está feliz?”

“Porra, completamente”

“Bom... Quando retornar para Nova York podemos conversar sobre isso.”

Eu fiquei olhando a tela do telefone, mal acreditando no que ela dizia. Ana não demonstrou nenhuma felicidade, nenhuma reação ao me contar a notícia, foi como se falasse de um objeto que precisaríamos conversar no futuro. Juro que se estivesse perto dela tinha dado umas palmadas naquela bunda e depois a fodido bem gostoso.


Estava parado em frente à janela, olhando as ruas agitadas da Espanha, meu pai contava sobre suas novidades e tudo que eu conseguia era concordar algumas vezes.

— Nicolas?

— Sim pai.

— O que está acontecendo garoto, você mal sabe o que eu acabei de contar.

Dei uma risada, passei a mão pelo cabelo encostando a testa no vidro frio da janela.

— Ana.

Ele soltou um suspiro alto.

— Nicolas, nem sempre dá certo os relacionamentos, isso faz parte da vida. Faz parte do processo, isso até encontrarmos a pessoa que nos arrancará o chão, é normal caímos e notamos que não é aquilo que sempre esperamos. Mas quando você nota a pessoa certa e deixa-a passar, isso destrói você, tira o ar.— Meu pai fez uma pausa. – Quando eu conheci sua mãe não acreditei que aquela garota seria a mulher da minha vida, mas ela é... Nicolas, o que estou tentando dizer é que você tem que pôr na balança se ela é essa mulher, ou apenas mais um caso qualquer.

— Ela é pai. – Respondi com a garganta seca. – E ela está grávida.

O silêncio tomou o outro lado da linha por alguns instantes.

— Se ela realmente é essa pessoa, se Ana é a mulher que traz um colorido para sua vida. Corra atrás dela, não deixe essa oportunidade passar, mostre que você a ama. Todos ficam inseguros quando o assunto é o amor, é uma batalha de ambos mostrarem que ele realmente vale tanto à pena. Porém, senão for nada disso, assuma sua responsabilidade e deixe-a ir, seguir com a sua vida, assim como você deve seguir com a sua.

— Ela é a mulher da minha vida pai, eu errei, mas eu amo aquela monstrinha irritante.

Meu pai soltou uma pequena risada.

— Nicolas?

— Sim. – Disse me afastando da janela, me virando para minha mala sobre a cama, as roupas jogadas de qualquer jeito dentro dela.

— O que você está esperando para correr atrás da mulher da sua vida e a mãe do meu neto?

Sorri para o telefone. – Nada pai, vou agora mesmo retornar para Nova York.

— Isso mesmo moleque, honre as bolas que teu pai lhe deu!

— Tio Arnold? Você deixou no viva-voz, pai?

— Sim filho, seu pai deixou.

— Oi mãe. – Disse revirando os olhos.

— Vá meu querido, você tem algo importante para fazer agora, amamos você.

— Eu também amo vocês. – Disse desligando.


Eu com certeza era um homem de sorte.

Abri novamente a conversa com Ana. Eu precisava falar que não iria desistir, ainda mais agora com meu filho no ventre da mulher que eu amava, eu iria vencer e ter a Ana comigo nem que fosse pelo cansaço.

“Ana, eu quero amá-la em cada batida do seu coração, em cada suspiro que você der. Eu não posso descrever como eu me senti quando recebi a notícia que serei pai, mas posso dizer que quero e vou lutar para ser um pai melhor a cada dia para essa criança, assim como meu pai foi para mim. Por duas vezes eu deixei você sair de minha vida, a primeira dois anos atrás e a segunda agora, não estou disposto a manter isso por muito tempo. Sei que podemos deixar tudo isso de lado, sei também que você me ama. Vamos deixar de ter medo e se prender pelo passado, eu te amo minha monstrinha, eu estou voltando.”


Capítulo 38

Ana Suarez

 

Abri meus olhos dando de cara com Nicolas, ele ajoelhou-se na cama, passando as mãos pelas minhas pernas. Sorrindo daquele modo safado que tanto mexia comigo, eu abri minha boca para questionar o porquê de ele estar ali, mas ele me silenciou com seu olhar.

Arrepios percorreram meu corpo quando ele beijou minhas coxas, deixando seus lábios traçarem um caminho. Eu devia estar lutando contra isso? Não? Nossa, era tão bom, eu amava quando ele fazia isso comigo, meu corpo latejava de saudade. Nicolas subiu a boca traçando o caminho de minha calcinha com a língua, fazendo meu corpo queimar, logo seu dedo afastou minha calcinha testando a umidade antes de sua boca tomar meu clitóris para ela. Fazendo com que eu gemesse alto, agarrando um punhado daquele cabelo malditamente sedoso que Nicolas tinha.

— Eu te odeio. – Sussurrei.

Ele riu, provocando tremores em minha intimidade.

— Mentirosa. – Disse levantando um pouco o rosto, os olhos azuis brilhando de desejo.

Nicolas estava pronto para me fazer gozar, eu via isso em seu rosto e como sempre seria um orgasmo devastador. Mas antes de voltar ele virou o rosto para o outro lado do quarto, fazendo que eu imitasse seu gesto. E no meio de meu quarto estava um bercinho, ouvi os pequenos resmungos. O choro de bebê inundou meu ouvido e meus sentidos.

Abri os olhos, respirando pesadamente, sentada na cama toda suada. Puta que pariu, o que foi isso? Meu telefone estava jogado no meio da cama ainda com a mensagem aberta, meu sonho devia ser por isso. Nicolas realmente me deixou sem palavras quando me enviou aquela mensagem, lógico que me fez pular de alegria e me peguei sorrindo com tudo.


Eu tinha marcado uma consulta, realmente foi um achado conseguir uma vaga na agenda do Doutor Carlos, ele era um ótimo ginecologista e obstetra. Dispensei a companhia da Ângela, eu queria fazer isso sozinha.

— Está nervosa?

Desviei os olhos do casal sentado na saleta de espera, o homem estava todo sorridente acariciando a barriga de sua companheira, ambos em volta de uma bolha, toda, particular.

— Um pouco. – Respondi sorrindo para a recepcionista.

— É uma sensação maravilhosa, ter a primeira consulta para ouvir o bebê.

Sorri novamente para ela, colocando meus documentos de volta na bolsa.

— Logo o Doutor irá chamá-la.

— Tudo bem.

Eu sentia um misto de ansiedade com medo, a mulher em minha frente estava parecendo um balão de tão grande que a barriga dela estava e pensar que logo estaria daquela forma, com uma criança dentro de mim, uma vida prontinha para eu cuidar e ensiná-la por toda uma vida me fazia suar frio. Não demorou muito para a recepcionista me chamar e indicar uma das portas.

A sala era clara e muito bem decorada, alguns quadros com certificados e diplomas estavam pendurados atrás da mesa de mogno, o Doutor Carlos era alto, seus cabelos escuros faziam contraste com seus olhos castanhos claros, seu jaleco estava impecavelmente aprumado no corpo, assim como seu sorriso simpático nos lábios.

— Srta. Suarez, em que posso ajudá-la? – Disse pegando minha mão num cumprimento firme.

— Eu estou grávida, seria minha primeira consulta. – Deixei em sua frente o exame de sangue que havia feito.

O médico olhou rapidamente o papel sorrindo.

— Meus parabéns mamãe. Tem ideia de quanto tempo está?

— Acredito que um mês ou pouco mais que isso. Eu até hoje me sinto surpresa, sempre usei diafragma doutor.

— Apenas Carlos. – Me interrompeu sorrindo. – O problema com os diafragmas é que eles podem falhar ainda mais se não forem colocados corretamente, como todos os contraceptivos sempre há o risco de ocorrer à gravidez. O que você anda sentindo?

— Enjoos, muitos sempre pelas manhãs e pelo final da tarde.

— Seu ciclo menstrual é regular? – O médico me fazia as perguntas e anotava tudo numa grande prancheta.

— Não, tenho ciclo irregular desde os quinze anos.

— Entendo, vamos fazer assim, entre naquela sala, pode se deitar confortavelmente na maca vamos fazer uma ultrassonografia, matar um pouco da curiosidade da mamãe. Depois, vou prescrever todos os outros exames e vitaminas que você tem que tomar a partir de agora.

Segui para a pequena sala que o médico indicou, tirei os sapatos deitando na maca, dando uma olhada para o aparelho enorme ao meu lado, assim como a tela de TV em minha frente. Passou pouco mais de cinco minutos Doutor Carlos entrou na sala com seu amplo sorriso, sentando em um banquinho ao meu lado, mexeu por alguns segundos no aparelho.

— Preciso que você levante a blusa, se puder abaixar um pouco a calça também agradeço.

Fiz o que ele pediu deixando meu ventre exposto. Pode parecer loucura e devia ser, mas olhar assim para minha barriga ali exposta para o médico dava a sensação de ter um pequeno montinho bem no centro. Carlos pegou um tubo aplicando uma boa dose de um gel transparente no meu ventre e espalhou com o aparelho, por um instante eu só via a tela em preto e manchas cinzas, nada conclusivo.

— Nos não conseguiremos ver muito, pelo pouco tempo de gestação, mas vamos conseguir ver esse menino ou essa menina aí dentro, assim como escutar o coraçãozinho.

— Sério? – Perguntei olhando para ele.

Carlos sorriu ainda mais, o que deixava seu semblante ainda mais bonito.

– Sim, poderemos escutar.

Voltei meus olhos para a tela, vendo algumas coisas se focarem e depois sumir.

— O pai do bebê ajudará você?

Olhei para meu médico sentindo a garganta se fechar na menção do “pai” do meu bebê. – De certa forma. – Foi à única coisa que consegui falar, antes de focar meus olhos novamente na tela em minha frente.

O médico deve ter entendido o problema nas entrelinhas, pois voltou a espalhar o gel em minha barriga até que se fixou em um lugar, bem abaixo do meu umbigo, forçando um pouco o aparelho ali. Foi então que o som mais doce e assustador invadiu a sala, as batidas rápidas e constante do coração do meu pequeno grãozinho. Rápidas e ritmadas, Carlos apertou um pouco mais o aparelho sorrindo quando duas manchinhas cinzas tomaram o centro da tela, dois pequenos círculos que não pareciam com nada, olhei confusa para o enorme sorriso que ele esboçava tentando entender o que ele tinha visto que eu não estava compreendendo.

— Meus parabéns novamente Ana, você terá gêmeos.


Gêmeos, Gê-me-os! Essa palavra não saia dos meus ouvidos, o médico sorria me mostrando onde eles estavam o que eram duas pequenas manchas, na verdade, eram meus bebês. Meu Deus, meus bebês, sim no plural.

Engoli em seco olhando para o médico.

— Ana você está bem? – Ele perguntou virando o banco em minha direção.

— Eu... Doutor, eu acho que não devo ter escutado direito, ou, você está brincando comigo. Gêmeos? – Questionei.

— Sim, você terá gêmeos Srta. Suarez.


A chuva açoitava o para-brisa, mal conseguia enxergar os faróis do carro em minha frente, merda porque eu tinha decidido sair agora. Por que não esperei que a chuva diminuísse?

Um carro passou em alta velocidade ao meu lado, me lançando uma onda de água.

— Filho de uma puta! – Gritei, mesmo sabendo que não seria ouvida.

Piso um pouco no acelerador, desejando mais que tudo chegar em casa logo, meu dia foi exaustivo, minha cabeça lateja e tudo que desejo é um bom banho quente e minha cama. Continuo pegando o acesso para a rua lateral estou quase passando a Starbucks quando não vejo um buraco enorme que as poças d’água escondem. O carro faz um movimento estranho ao cair no buraco e sinto que o pneu pode ter furado.

Encosto o carro no meio fio vendo que realmente a merda do pneu deve estar furado, sinto o volante repuxando. Merda! Merda! Paro em frente à Starbucks lotada, desligo o carro.

Olho pela janela a chuva que não aparenta em nada querer diminuir, não tem jeito. Se eu quiser chegar em casa hoje ou chamo um táxi, ou eu mesma troco o pneu. Analiso as possibilidades, eu sei trocar o pneu, mas sair nessa chuva para fazer isso, me faz buscar meu celular dentro da bolsa.

Aperto diversas vezes o botão para destravar a tela e nada. Não acredito nisso.

— Tá de brincadeira com a minha cara? – Pergunto encarando o céu negro, vendo os relâmpagos clarearem algumas partes.

Respiro fundo, dou uma olhada para meus saltos. De jeito nenhum vou estragar um Jimmy Choo, mas também não posso sair descalça. Solto um suspiro forte abrindo a porta do carro, soltando alguns palavrões.

O vento forte açoita meu corpo, a chuva me deixa encharcada em poucos instantes, sigo para o porta malas pegando o estepe e os acessórios

Encaro o pneu dianteiro, vendo que ele realmente está furado, bufo trazendo tudo para que possa trocá-lo. A fúria me domina por dentro, estou encharcada, com fome, cansada e ainda esses enjoos não passam. O médico tinha me avisado que poderia ser assim nos primeiros meses, respiro fundo pedindo ajuda aos céus para conseguir trocar logo esse pneu e finalmente ir para casa. Ponho o macaco por baixo do carro e começo a fazer força para erguê-lo.

Após um esforço terrível, minhas mãos doem, minha cabeça está a ponto de explodir, consigo retirar o pneu furado. Minhas mãos estão pretas de tanta graxa, mas continuo mesmo assim. Levanto-me pronta para colocar o pneu novo no lugar quando sinto mãos em volta da minha cintura.

— Tá precisando de uma ajudinha?

Viro vendo Jimmy parado em minhas costas, com um sorriso no rosto.

— Jimmy.

— Ana. – Diz todo simpático.

— Eu... – Respiro fundo. – Estou trocando o pneu apenas.

— Que hora mais infeliz para isso. – Diz rindo, ele retira seu casaco, ficando apenas com a camisa branca de mangas compridas. – Toma, vista isso.

— Jimmy.

— Sério Ana, você vai ficar doente, eu estava lá no café te olhando, eu termino isso rapidinho.

Sorrio, aceitando o casaco. Meu corpo treme de frio, seu casaco está quente, o que logo me faz suspirar.

Jimmy rapidamente deixa o pneu ruim de lado, pega o estepe colocando no lugar. Cinco minutos depois, Jimmy dá a volta no carro, colocando todos os itens em seu lugar, assim como o pneu furado.

— Prontinho.

Ele estende uma flanela para mim. Esfrego as mãos para retirar a graxa.

— Obrigada, acho que ficaria a noite toda aqui. – Digo sem graça.

Essa é a primeira vez que encontro com Jimmy depois de tudo, ele está como sempre sereno, um amplo sorriso nos lábios.

— Que tal tomarmos um café?

— Jimmy, não é uma boa ideia...

— Apenas um café e pôr o papo em dia eu juro.

Respiro fundo concordando, Jimmy me guia até a Starbucks, as pessoas conversam animadas, aninhadas no calor da cafeteria. Jimmy passa as mãos pelo cabelo afastando as gotas de água, reparo que estão maiores, pelo tempo que ficamos juntos ele sempre os manteve raspados, quase sem cabelo.

“Chasing Cars – Snow Patrol” domina as caixas de som, Jimmy aponta para uma mesa perto da janela de vidro.

Ele se senta arregaçando as mangas da camisa molhada, que agora estão transparentes e coladas em seu abdômen definido.

— Seu casaco. – Digo começando a retirá-lo.

— Não, fique com ele.

Mais um sorriso sem graça.

A garçonete vem toda cheia de risinhos, depositando dois Cappuccinos em nossa frente. Fazendo ambos sorrirmos constrangidos.

— Acho que eles ainda lembram de nós. – Jimmy sussurra pegando seu café e dando um gole.

— Jimmy, eu...

— Ana, fica tranquila. – Ele pega minha mão dando um leve aperto em meus dedos.

Retiro minha mão debaixo da sua.

— Eu entendo o porquê tudo aconteceu, sério mesmo.

— Jimmy, eu não queria que tivesse acontecido daquela forma.

— Sabe Ana, eu realmente achei que você fosse a mulher certa, sabe. – Ele viu que torci a boca. – Entenda, depois que tudo aconteceu eu realmente fiquei bravo com você. Mas passou.

Tomo um grande gole do meu café.

— Nicolas realmente gosta de você para brigar comigo. – Ele dá uma risada, encostando ao banco. – Sabe fui amigo dele por oito anos, e, por todo esse tempo nunca vi arrumar uma confusão por mulher, bem você sabe como ele é, ou era.

— É. – Murmuro, um peso toma conta do meu peito. — Eu preciso ir, realmente estou cansada.

— Sinto pelo que Ash fez com você.

Olho novamente para seu rosto, arqueando um pouco a sobrancelha. Jimmy sorriu, dando de ombros. O que me deixa ainda mais desconfiada.

— Ela tem uma língua grande, é bom em certos lugares, mas ela me contou o que fez.

Levanto retirando seu casaco passando-o por cima da mesa. – Muito obrigada pela ajuda. – Digo rudemente.

— Não foi nada... Ana, eu não tive nada com isso. – Jimmy responde à pergunta que roda minha mente. – Mas concordo com a Ashley, o fruto não cai muito longe da árvore.

Jimmy encosta no banco, tomando um gole do seu café, seus olhos estão sarcásticos, verdade é a última coisa que ele demonstra.

— Você não sabe de nada. Sinceramente foi bom ter encontrado você, me serviu para mostrar que eu não fiz a coisa errada. E faria tudo de novo, como você mesmo disse, eu não sou mulher para você. — Disse encarando seus olhos. — E você não era o Nicolas, se é que me entende.

Jimmy me olha com um sorriso sarcástico. – Espero que seja feliz.

– Digo o mesmo. Você merece uma mulher que esteja acima de suas expectativas, mas sugiro que pare de comer vadias sem escrúpulos como Ashley.

Ele solta uma gargalhada, viro as costas e encaro a chuva novamente, correndo a pequena distância até meu carro, seguindo finalmente para minha casa.


Capítulo 39

Nicolas White


Foram dias infernais, não consegui que ninguém me substituísse no voo, o que me obrigou a cumprir minha rota até Espanha. Conseguindo finalmente pisar em Nova York na quinta-feira à noite, assinei o último formulário pronto para pegar minha bagagem quando cruzei com Jimmy, por um momento trocamos alguns olhares.

Jimmy lançou um olhar indiferente para mim. – Nicolas.

— Jimmy. – Respondi na mesma forma, eu sabia que alguns colegas olhavam curiosos, ávidos para ver tudo e ter o que fofocar depois.

Suspirei, aquilo era do caralho, uma situação chata. E totalmente irônico, brigamos por uma mulher e hoje nenhum de nós estava com ela.

Jimmy olhou o relógio no pulso, deu um sorriso. – Mande um beijo para Ana.

Encarei friamente. – Acredito que você sabe que não mandarei beijo nenhum.

Ele virou para mim ainda sorrindo. – Tudo bem, eu tive essa oportunidade. – Respondeu rindo.

Empurrei seu peito, fazendo com que ele cambaleasse para trás, Jimmy ergueu as mãos em sinal de redenção, sorrindo. – O que você disse?

— Que eu tive oportunidade de estar com ela, por breves minutos, mas ela continua a mesma gostosa de antes.

Agarrei na gola de sua camisa, puxando a gravata. – Fique longe da minha mulher. Você entendeu? – Praticamente rosnei perto de seu rosto.

— De certa forma isso soa extremamente irônico, não Nicolas?

— Na verdade, você devia pedir isso para o além, não tenho culpa que Ele a coloque no meu caminho. – Ele torceu a boca, sorrindo ainda mais. — Um dia de muita chuva em Nova York, um velho conhecido, um casaco quente, você sabe.

— Não brinque comigo, Jimmy. Hoje não existe mais nada que me detenha de quebrar novamente seu nariz.

— Eu sei bem, já a palavra “amigos” não te impede de nada.

Ergui um pouco seu corpo pelo pescoço. – Não teste minha paciência.

— Você deve saber a resposta. Vai se foder!

Fechei o punho em sua camisa com mais força.

— Caramba cara, é a segunda vez que tenho que tirar você de encrenca. – O braço de Jack envolveu meu pescoço fazendo-me soltar o de Jimmy.

Ele arrumou a camisa, ajeitou a gravata. – Controle seu amiguinho Jack, mas cuidado com sua mulher. – Disse piscando para mim e seguindo para o lado oposto.

— Fique na sua Jim, ou vou deixar Nicolas quebrar sua cara. – Jack gritou para ele.

Respirei fundo. – Pode me soltar.

— Cara, você quer arrumar uma carta de demissão? Tá maluco de brigar com ele aqui na empresa?

— Eu quero que ele se foda.

— Ah e nada melhor que um soco seu seguido de sua demissão? Fique calmo, cara.

Passei as mãos pelo cabelo, controlando meu gênio. – Tá certo, eu preciso ir.

— Se cuida, cara.

— Você também.


Eu vi quando Ana saiu de um carro luxuoso, deu um sorriso para trás e veio andando em direção ao seu prédio. Sua bolsa pendurada no ombro, ela estava com um vestido branco, seus cabelos estavam soltos balançando com a brisa fria da noite como se tivessem vida própria.

Lembrei de como era a sensação de tê-los em minhas mãos, de vê-los espalhados pelo travesseiro enquanto ela dormia. Minha vontade era de sair correndo dali e agarrá-la, beijar sua boca sem deixar que Ana falasse nada. Meu corpo doía pela falta que o seu fazia, não só pelo sexo e agora eu percebia que a parte insana do desejo mesmo latente pela saudade, não era nada comparado à vontade de tê-la para mim, de ter minha mulher de volta.

Olhei para seu ventre, por incrível que pareça, dois meses sem colocar os olhos nela foi possível ver que o quadril dela estava um pouco mais largo, mesmo que poucas as mudanças estavam ali. Desencostei um pouco do carro arrumando a postura, e foi aí que ela me notou. Seus olhos grudaram nos meus, ela parou sua caminhada e um singelo sorriso apareceu por alguns instantes em seus lábios.

Ela voltou a caminhar parando a poucos passos de mim.

— Ana.

— Oi. – Ela sussurrou afastando uma mecha de seus cabelos.

— Consegui voltar hoje, não consegui ninguém para me cobrir. – Expliquei.

Seus olhos estavam grudados nos meus, ela mordia um pouco o lábio inferior.

— Eu... Estava jantando com Ângela, — Ana desviou o rosto para a entrada do prédio. – quer subir?

— Eu acompanho você até seu apartamento, infelizmente não posso ficar.

Eu queria morder minha língua por dizer isso, eu era um babaca, ela estava me convidando para subir e eu soltava uma dessas?

Calma Nicolas, devagar, foco no prêmio. – Sussurrei para mim mesmo.

— Ah, tudo bem.

Vi a expressão de Ana morrer um pouco e isso me alegrou, ela queria que eu tivesse aceitado.

O caminho até seu apartamento foi em total silêncio, esperamos que o elevador chegasse ao térreo nos contentando com algumas trocas de olhares, eu analisei o corpo de Ana sentindo praticamente um suor escorrer pela minha testa de desejo. Dentro do elevador as coisas não melhoraram, Ana me olhava pelo canto dos olhos, aquele espaço fechado, o perfume dela circulando como se fosse o mais doce dos venenos atraindo sua presa estava ficando demais.

Faltavam quatro andares para seu aparamento. Três... Engoli em seco pegando-a pela cintura e prensando-a contra a parede, colando meu corpo no seu. Ela soltou um gemido, suas mãos agarraram meus cabelos, sentia sua respiração entrar pela minha boca entreaberta. Dois andares... Apertei mais firme sua cintura, chegando mais perto, meu membro roçava em sua barriga mostrando que estava pronto, a ponta da minha língua roçou de leve a boca dela, o que trouxe seu gosto para mim e fez com que Ana soltasse um suspiro fechando os olhos.

O elevador parou com um tranco leve, o apito soou indicando que tínhamos chegados, assim como as portas se abriram. Respirei fundo me afastando, olhando os olhos de Ana arregalados de desejo.

— Eu queria apenas saber se você estava bem. – Olhei em direção a sua barriga, colocando minhas mãos ali. – Se vocês estão bem.

— Eu... Nós... Hum... – Ana engoliu em seco ainda olhando para mim.

– Estamos bem.

Soltei seu corpo, dando um passo para trás, mantendo a porta do elevador aberta para que ela passasse.

— Eu gostaria de acompanhar você na consulta, se não se importar.

— Claro, eu passo o dia e o horário para você.

Ana estava desconcertada, segurei o riso. Eu iria atingi-la de tantas formas que ela iria enlouquecer de desejo.

Ana deu um passo dividindo o espaço comigo, olhando de minha boca para meus olhos. Fingi ser o mais inocente que consegui. – Desculpe por aquilo. – Sussurrei passando as mãos no cabelo, eu sabia que isso a afetava. – Não queria, você sabe. Não vou beijá-la.

Ana recuou, sua boca se comprimiu torcendo minimamente para baixo.

Eu me permiti sorrir.

— Hoje eu não vou beijá-la. Na verdade, por enquanto. – Disse piscando para ela e vendo a porta do elevador se fechar, deixando uma Ana contrariada e com cara de poucos amigos no corredor, enquanto eu gargalhava dentro do elevador.


Porque tudo de mim

Ama tudo de você

Ama as suas curvas e seus contornos

Todas as suas imperfeições perfeitas

Me dê tudo de você

Eu darei tudo de mim para você

Você é o meu fim e o meu começo

Mesmo quando eu perco estou ganhando

Porque eu te dou tudo de mim

E você me dá tudo de você


(All Of Me – John Legend)


Capítulo 40

Ana Suarez


Ângela quis comemorar a notícia dos gêmeos, eu ainda estava digerindo isso, saber que eu estava gerando não uma, mas duas crianças, era para deixar qualquer um maluco. Minha primeira reação quando descobri foi querer ligar para ele, mas me segurei. Isso não era um assunto para se tratar por telefone.

Depois de sua mensagem dizendo que estava voltando não tive mais contato com Nicolas, na verdade, esperei, mas com o passar dos dias o desânimo estava me dominando. A questão é que com os hormônios da gravidez eu ia de extremamente feliz para deprimida em instantes.

Eu fui insegura, tola, para não dizer coisa pior. Mas quem com o currículo que o namorado tinha não tacaria primeiro a pedra para depois perguntar se era inocente ou não? Bem, eu fui assim, e, me arrependia. Mas percebi que eu finalmente poderia responder o questionamento que nos fiz na última vez que nos encontramos.

Será que o amor era suficiente para passar por cima de tudo? Sim, ele seria, ele era. De que adianta eu ser dona da razão se não tenho a pessoa que tira o meu chão comigo? Do que adianta viver com esse receio sendo que o que eu sempre fiz foi me entregar para aquele homem? Se todos os meus relacionamentos foram para a privada por simplesmente não ser ele. Existem pessoas que somam algo em sua vida, te completam por algum período, mas não complementam sua vida. Nicolas me completava, me complementava.

O jeito como sua barba por fazer arrepiava meu corpo, o jeito que ele costumava me agarrar, suas mãos fortes, me deixando marcada como dele. O gosto selvagem de nosso beijo e do nosso sexo, a forma estúpida que ele tinha de levar tudo na brincadeira, mas que sempre conseguia me acalmar. Mas as lembranças pareciam ervas daninhas, sugando tudo, se enrolando nas lembranças, deixando um gosto amargo para trás.

E mesmo ele longe, esse desejo, essa sede de tê-lo não passava, e suas garras pareciam fundas dentro de mim, seu cheiro ainda marcado em minha pele como tatuagem. Porque uma coisa que nunca me abandonava era a ausência e a saudade dele de tudo que foi nosso, que poderia ter sido, queimando em meu peito, de forma que somente ele poderia curar.

Quando tudo se acende como uma luz dentro de sua cabeça a única coisa que você pode fazer é contemplar as merdas feitas no escuro. Quando Nicolas estava pronto para realmente se entregar em um relacionamento, ser de uma mulher. Ser meu, eu agi como uma tola e joguei isso fora, já o sentenciando pelo que fez há dois anos.

A pergunta era, será que Nicolas poderia ainda ser meu?


Senti o calor do olhar antes mesmo de confirmar que ele estava parado em minha frente, um arrepio de puro prazer balançou meu corpo e eu soube que era ele. Nicolas estava maravilhoso, sua camisa branca agarrando os músculos definidos de seu corpo, a jaqueta de couro em uma das mãos, deixei meus olhos percorrerem por seu corpo, indo dos sapatos pretos, a calça justa nas pernas... Só isso já tinha me feito corar, como eu queria aquele corpo sobre o meu, mal notei que estava com um sorriso no rosto ou que tinha parado de caminhar.

Eu vi apenas uma sugestão de bronzeado pela gola da camisa, seu cabelo loiro estava um pouco maior, caindo displicente por seu rosto. Sua barba estava maior também, modelando o sorriso em seus lábios. Eu queria tocá-lo.


Não prestei a mínima atenção no que eu falei, só sei que foi automático e eu o convidei para subir. A eletricidade dentro do elevador estava palpável, ninguém trocava uma palavra, pelo canto do olho eu via o sorriso cretino de Nicolas, fazendo minhas entranhas se contorcerem, eu estava a ponto de atacá-lo quando ele me empurrou para a parede, prendendo meu corpo com o seu.

A respiração ficou esquecida em minha garganta, quando avancei tentando sentir os lábios dele nos meus a porta do elevador abriu e ele se afastou. Nicolas apoiou o ombro no vão da porta, evitando que ela se fechasse, as mãos enfiadas nos bolsos da calça.

– Desculpe por aquilo. Não queria, você sabe. Não vou beijá-la.

O fato dele passar a mão jogando o cabelo para trás me fez comprimir os lábios, recuei parando no meio do corredor encarando seu rosto.

— Hoje eu não vou beijá-la. Na verdade, por enquanto. – Disse piscando para mim, com um sorriso cretino, abri a boca para mandá-lo para aquele lugar, vendo a porta do elevador se fechar, mas consegui escutar sua risada. Grande filho da puta!

Entrei em meu apartamento batendo a porta com o pé, mas nos lábios um grande sorriso por ter visto meu Nic.


Capítulo 41

Nicolas White

 

Liguei o som alto, deixando que a música acabasse com o silêncio do meu apartamento. Uma cerveja em minha mão e o olhar vago, nessa brincadeira de mexer com Ana, eu mexi comigo também, era inevitável, impossível de não acontecer. Tomei um gole da cerveja olhando para as luzes de Nova York, admirando aquela vista e me deixando levar por pensamentos, exatamente dois anos e meio atrás.


Tinha tomado um banho rápido, Greg tinha encontrado um novo lugar para suas paqueras e queria minha companhia, eu estava morto, tinha acabado de retornar do Brasil, uma viagem que só poderia ser descrita como sensacional, se um dia eu pudesse retornaria com certeza, as brasileiras tinham sangue quente, corpos curvilíneos e muito requebrado.

Joguei a toalha longe, passando os dedos de leve pelo cabelo, sorrindo para o espelho ao ver meu olhar sem vergonha ali.

O bar ficava um pouco afastado do centro, Greg já ocupava uma pequena mesa, três copos estavam esperando, sorri mexendo com uma loirinha que estava na porta com as amigas seguindo até a mesa.

— Nicolas White, até que enfim apareceu. – Greg se levantou me cumprimentando.

— E aí cara, quanto tempo.

Ocupei a cadeira perto da parede, onde poderia olhar para o público feminino animado por conta do álcool.

— Verdade você sumiu, como anda as viagens?

— Tudo perfeito. – Disse com um largo sorriso. – Mulher é o que não falta.

Ele riu pegando sua garrafa, completando o copo de cerveja.

— Eu chamei uma amiga, espero que você mantenha suas bolas longe. – Ele próprio riu do que falou, isso era meio impossível. – Ela não é para seu papo de cantadas furadas.

— Mulher é mulher, meu amigo. – Tomei um gole da cerveja, deixando o l íquido gelado descer pela minha garganta, suavizando um pouco do calor que estava sentindo.

– A questão é pegar de jeito, uma boa pegada te rende uma foda fantástica.

“Feels – Calvin Harris” tocava alto pelos alto-falantes, fazendo os frequentadores do bar se mexerem no ritmo da música. Greg deu um aceno, fazendo eu me virar para trás. Meus olhos foram direto para um par de pernas longas, coxas grossas apoiadas com elegância em um par de saltos altos caros. Eu adorava uma mulher de salto, ainda mais se tivesse totalmente nua, apenas com os saltos nos pés.

Deixei meus olhos subirem por aquelas coxas grossas, a saia colada no quadril largo, a blusa branca com um decote profundo clamou pelo meu olhar, assim como as duas montanhas levemente aparentes pelo decote. “Que bela diversão eu poderia ter ali”, comprimi a boca num sorriso de canto imaginando como seria ter aqueles seios em minha boca ou então me pagando uma excelente espanhola, ou até mesmo prensar esse corpo na parede apertando seu quadril e metendo com força.

— Pare de encarar Nicolas, eu falei. Mantenha suas bolas longe. – Greg chamou minha atenção.

Tomei mais um gole da minha cerveja vendo aquele pedaço de pecado andando confiante até nossa mesa. Cara eu ainda iria me fingir de gay apenas para conhecer essas mulheres, juro por Deus.

Greg se levantou, trocou um cumprimento seguido de abraço com ela e então se virou para mim. Continuei sentado, totalmente relaxado. Ela me lançou um olhar indiferente, como se eu não fosse nada de mais, o que devo dizer mexeu com meu ego. Espera aí, olha para o garotão aqui, nada de mais é a última coisa que uma mulher pensa e olhares indiferentes não rolam com Nicolas White senhorita.

— Ana esse é o Nicolas. Nicolas, essa é a Ana. – Greg me lançou um olhar que me fez rir.

Passei a língua pelos lábios, umedecendo-os. – Muito prazer, Ana.

Ela deu um sorriso, sentando-se de frente para mim, sua atenção voltada para Greg.


Com o passar da noite, colhi algumas informações daquela mulher. Ana era totalmente independente, trabalhava numa editora renomada, editora de romances. Tá essa parte fez perder alguns pontinhos comigo, uma mulher que vive rodeada de livros com finais felizes, e homens curvados para mulheres só podia dizer que ela era uma das que acreditavam nos príncipes encantados.

Tomei um gole da minha segunda cerveja. – Então Ana... – Disse chamando sua atenção.

Ela fixou os olhos castanhos em mim assim como Greg.

— Você é editora de romances?

— Sim.

— E que tipo de mulher você se encaixa? Nas que se perdem com romances de princesinhas ou as safadinhas dos romances eróticos?

Ela estreitou os olhos para mim, tomou um gole do seu Martini. – Eu gosto de finais felizes.

Merda!

Ela esboçou um sorriso maior. – Quando eles são na minha cama. – Completou erguendo o queixo em desafio.

Ah meu bem, você falou as palavras mágicas.

— Interessante. – Comentei sorrindo.


Eu odiava voos comerciais, sério preferia voar até a Tailândia, mas não me coloque em voos com crianças chorando às dez da manhã, com velhos reclamando do serviço de bordo. Apertei minha têmpora tomando o último gole de minha água. Jimmy já realizava todos os procedimentos para a decolagem e eu ainda estava parado na cozinha da classe econômica, minha dor de cabeça não tinha passado com a aspirina, as duas noites mal dormidas estavam cobrando sua vingança. Mas eu não estava reclamando, de maneira nenhuma , a inglesinha me deu uma noite de muito prazer, meu pau estava quase falecido dentro de minha cueca, acho que tinha esvaziado o estoque de porra por um mês.

Entreguei minha garrafa de água para Nadia que abriu um amplo sorriso. Essa era outra.

Ah, mulheres vocês ainda vão acabar comigo, – pensei sorrindo. – ou eu vou acabar com vocês.

Ajeitei o terno pronto para tomar meu lugar de piloto quando algo chamou minha atenção, foi uma sensação estranha, como um aperto no estômago, virei meu rosto olhando para os passageiros e lá estava ela. Suas pernas estavam cruzadas, a saia deixava um pequeno vão para minha imaginação viajar, sua blusa social ao contrário daquela noite estava com todos os botões fechados, o cabelo cor de mogno estava preso em um rabo de cavalo, deixando ondas soltas por seu ombro.

Ela ergueu os olhos largando os papéis que analisava sobre o colo e ali estava, os olhos fixos nos meus, o olhar indiferente vacilou um pouco, assim como notei que ela passou a língua pelos lábios, umedecendo aquele pedaço de carne que eu queria tanto morder.

Na noite em que nos conhecemos eu tentei encurralar Ana perto dos banheiros, dando a desculpa que estava indo para o bar, o local lotado me ajudou muito, mas sai com um pé no traseiro quando ela sorriu, passou a mão pelo meu peito e disse que eu tinha cara de babaca. Deixando-me ali parado, tentando entender o que tinha falado de errado para ela não cair na minha lábia, também me lembro da mulher que estava um pouco afastada olhando para mim com desejo e de como ela sussurrou em meu ouvido que se a Ana não queria ela estava esperando.

Lógico que a frustração me dominou quando Ana se despediu e foi embora, me deixando com um tesão reprimido, mas por sorte a loirinha oferecida ainda estava lá, doida atrás de sexo, obviamente, também frustrada por não encontrar ninguém. Dois sorrisos, uma aproximação determinada e em poucos minutos ela estava me pagando um boquete sensacional dentro do meu carro. Valeu à pena, ela me fez gozar e se contorceu satisfeita em cima de mim...

Sai dos meus pensamentos olhando para Ana mais uma vez, ela sustentava meu olhar, bati dois dedos no quepe como um cumprimento militar e virei às costas.

Eu iria comer essa mulher.


Ana estava com o rosto colado na parede, eu segurava firme sua bunda, metendo como um louco para gozar em cima dela. Nunca duvide de Nicolas White, demorou mais do que previsto para levá-la para onde estávamos, mas eu sempre conseguia o que queria, a regra dos cinco estava ali, iria curtir mais algumas fodas e depois tchauzinho baby. Ela gemia de forma sensual, as mãos espalmadas na parede, recebendo todas as minhas profundas estocadas, porra de mulher gostosa e viciante, tínhamos nos encontrado de novo durante viagens e mais uma vez eu não resisti e precisei comê-la no hotel.

Ana parecia tão faminta quanto eu, sexo nunca acabava na primeira gozada para nós, eu era duro e isto a instigava ainda mais, ela não fazia joguinhos, transávamos, ela se recompunha depois ia embora. Na primeira vez que ela fez isso, eu estava deitado preguiçosamente na cama, ela estava encaixada em meu corpo em silêncio, não era algo ruim, estava em um silêncio confortável.

Eu comecei a pensar que desculpa usaria para que ela seguisse para seu próprio hotel, mas então ela levantou, vestiu sua roupa íntima, o vestido, os saltos, ajeitou meramente o cabelo e se despediu. Deixando-me deitado nu, apenas coberto pelo lençol. Isso me incomodou, fiquei bons minutos remoendo isto até que por fim aceitei. E as outras vezes foi exatamente assim transávamos, conversávamos um pouco e ela ia embora.


Parei encostando na porta esperando que ela abrisse. Ana abriu a porta de seu apartamento, deixando que eu entrasse, sorri contemplando seu corpo, eu adorava quando ela exibia as pernas, assim como hoje com esse short curto.

— Eu estou terminando de arrumar o jantar.

— Eu trouxe cerveja e sorvete. – Anunciei sacudindo as sacolas.

— Ótimo, coloque na geladeira, eu já estou indo. – Gritou da cozinha.

Nessa noite jantamos, rimos, eu servi o sorvete para nós “Fetish – Selena Gomez” tocava ao fundo, quebrando o silêncio.

— Você nunca pensou em sair dessa vida?

Levantei os olhos do meu pote, olhando para Ana, ela chupava sua colher comendo o resto do sorvete de morango, o que fez meu pau se mexer dentro da calça.

— Nunca pensei nisso. – Dei de ombros. – Por que da pergunta? Quer entrar para o clube “amarra Nicolas White”? – brinquei.

Ela sorriu abandonando sua sobremesa.

— Se um dia eu quiser algo, não peço permissão. Eu simplesmente pego. – Disse olhando no fundo os meus olhos.

— Interessante, eu, por exemplo, adoraria ver seu corpo coberto de sorvete.

Lambi o canto da boca, fazendo-a direcionar seu olhar para minha boca.

— Como eu disse, eu não peço, eu pego. – Ela retrucou enrolando uma mecha de seu cabelo nos dedos.

Nesta noite terminamos pelados e grudentos de tanto sorvete, mas completamente satisfeitos com nosso sexo. Estava se tornando fácil estar com Ana.


Ainda não sabia o que me fez parar em frente do seu prédio.

Olhei mais uma vez para entrada, a chuva açoitava o vidro do carro. Que se foda. Sai em disparada, fugindo da tempestade. Sorri para o porteiro que já me conhecia, seguindo para os elevadores, pensando mais uma vez na atitude. Passava das duas e meia da madrugada quando parei em frente a porta da Ana e toquei a campainha.

Ela abriu a porta, seus cabelos estavam despenteados, o rosto indicando que estava dormindo. Vestindo apenas uma camisola curta, os seios demarcavam o tecido leve me dando água na boca.

— Nicolas?

— Você estava dormindo.

— Sim... Quer entrar? Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu. – Disse passando as mãos pelo cabelo molhado.

Ana deu um passo para o lado permitindo que eu passasse. Era quase um absurdo como ela estava sexy para caralho com aquela cara de sono, os cabelos bagunçados, os pés descalços.

— Nicolas? – Perguntando fechando a porta e se aproximando de mim.

Puxei-a pela cintura, empurrando para o sofá, derrubando-a sobre ele, deixando seu corpo de costas para mim. Suas mãos espalmadas no encosto, sua bunda exposta, ela estava completamente nua por debaixo da camisola. Aquela boceta depilada, ali amostra para mim...

Arranquei minha blusa, caindo de joelho em suas costas, agarrei sua bunda com ambas as mãos, traçando um caminho de beijo sobre sua bunda, desci minha língua chupando seu sexo exposto. Deliciando-me com os gemidos que ela soltava, Ana rebolava em minha boca, afundando a bunda em minha cara, me fazendo gemer junto com ela de tesão. Dei uma mordida em sua intimidade, me afastando.

— Diga Ana.

— O que? – Questionou ofegante.

— Você quer isso. Quer que eu foda você? Quer meu pau bem fundo em você?

— Sim!

Levantei-me com um pulo arrancando os sapatos e o resto de minhas roupas, colocando o preservativo em meu pau, Ana encarava todas as minhas atitudes, mordendo o lábio em expectativa, abriu mais as pernas para mim, empinando ainda mais sua bunda.

Enfiei meus dedos dentro dela, testando sua umidade, Ana estava sedenta, tão cheia de desejo como eu, quando cheguei aqui. Deslizei para dentro dela gemendo quando sua boceta comprimiu meu pau. O prazer era como mil volts passando pelo meu corpo.

Sai de dentro, fazendo-a gemer contrariada, estoquei fundo nos levando para frente e não parei, eu estava sendo bruto, mas ela não se importava, a cada estocada firme em seu sexo ela gritava de prazer, fincando as unhas em meu joelho, pedindo por mais.

Fazendo nossos corpos tremerem no mesmo instante...


Entrei no quarto tirando a gravata, estava realmente cansado, Ângela e Paul deram uma festança de casamento. O excesso de champanhe já subia para minha cabeça deixando-me leve, olhei para o quarto sentindo falta de Ana, andei notando que a sacada estava aberta, ela estava de costas para mim, seu vestido voava em volta de si com o vento gelado que vinha do mar, a lua estava perfeita, iluminava a pele dourada de Ana. Senti um nó em minha garganta, estava começando a sentir coisas estranhas perto dela, coisas que não conseguia sentir com as outras mulheres que ficava e isso estava me incomodando.

Quando Ana pegou o buquê e olhou em minha direção com um enorme sorriso eu percebi que aquilo tinha que acabar. Ana mesmo não demonstrando sonhava com príncipes e casamentos, romance e tudo que isso envolvia, e eu só queria curtir minha vida. Ela se virou notando que estava parado no meio do quarto, caminhou com um sorriso lindo no rosto, vindo em minha direção. Seus braços circularam meu pescoço.

— Você demorou.

— Eu estava me despedindo do irmão do noivo, cara maluco. – Disse com um falso sorriso.

— Tudo bem? – Ela questionou beijando minha bochecha, meu pescoço, minha testa.

Engoli um pouco mais o nó em minha garganta. – Sim, acredito que seja a quantidade de álcool. – menti.

Não tinha contado para ela que o motivo de minhas malas não estarem desfeitas como as dela, era que assim que ela dormisse eu iria embora. Agindo como o babaca que ela me chamou em nosso primeiro encontro, mas eu não quero romance e Ana estava confundindo e fodendo com meu psicológico.

Ana estendeu a mão tirando minha gravata e o terno, abrindo os botões de minha camisa com um sorriso sedutor nos lábios. Ah, monstrinha, ela era uma bruxa, mexendo com meus sentidos e fodendo comigo.

— Eu acho que poderíamos, você sabe, seguir outro caminho... – ela sussurrou em meu ouvido.

— Outro caminho?

— Sim, estamos há quatro meses nisso. Eu disse que se queria algo eu tomava para mim.

Ela se afastou olhando para meus olhos se agachando, ficando de joelhos, seus olhos fixos nos meus. – Eu quero você Nicolas. Seja meu.

Aquilo me fez congelar, eu já sabia disso, mas preferi ficar na ignorância, o sexo era fantástico com ela e eu não queria perder a coisa que criamos. Ana enganchou seus dedos em minha calça livrando meu pau dela e da cueca de uma vez, sua boca envolveu-o como veludo, doce e com chupadas leves e movimentos precisos.

Um gemido escapou de minha garganta, chamando seu nome. Inferno, uma última vez e então eu iria embora. Olhei para baixo olhando com seriedade para Ana chupando deliciosamente meu pau, vendo-o sumir dentro de sua boca, me dando um tesão do caralho...


Ana dormia tranquilamente ao meu lado, seu cabelo se espalhava como uma cortina castanha pelo travesseiro, seu braço estava sobre meu peito. Tirei delicadamente ajeitando-o perto de seu rosto, saindo da cama sem fazer barulho. Recoloquei minhas roupas em silêncio, ainda olhando para seu corpo nu, sentindo um aperto estranho no peito.

Eu sabia que depois disso ela nunca mais olharia para mim, eu estava chutando seu traseiro e nem dizendo tchau. Mas tinha que ser assim. Escrevi um pequeno bilhete dizendo que tinha que ir embora, que foi excelente o quanto durou, desejando que ela fosse feliz e que a adorava.

Sério, eu merecia um soco.

Deixei o papel no criado-mudo, seu nome virado para ela, algo para que visse assim que abrisse os olhos, carreguei minha mala para fora do quarto fechando a porta e entrando no táxi que me aguardava na entrada do hotel.


Talvez eu não tenha te tratado

Tão bem quanto eu deveria

Talvez eu não tenha te amado

Com tanta frequência quanto poderia

Pequenas coisas que eu deveria ter dito e feito

Eu simplesmente nunca tive tempo

Você sempre esteve em minha mente


Diga-me, diga-me que seu doce amor não morreu

Me dê, me dê mais uma chance

Para mantê-la satisfeita, satisfeita


(Always On My Mind – Elvis Presley)


Capítulo 42

Ana Suarez


Acordo suada, a respiração está presa na garganta. Malditos hormônios da gravidez e maldito Nicolas White, mais uma vez minha noite de sono foi arruinada por ele. Se infiltrando em meu sonho como um fantasma, uma sombra.

Puxei as cobertas até o pescoço, me encolhendo na cama, torcendo para que o sono voltasse.


Respirei fundo lançando tudo para o lado e me sentando na cama, olhei o celular vendo que já se passava de uma hora razoável, logo o sol iria surgir por entre os prédios. Mas não dava mais para continuar ali, corri para o banheiro prendendo meus cabelos em um rabo mal feito mesmo, vesti uma calça de moletom e o casaco, correndo porta a fora.

Enquanto perambulo de carro pelas ruas desertas de Nova York percebo que os olhos azuis me perseguem mesmo acordada. Paro em frente ao prédio de Nicolas, contemplando minha maluquice, tudo bem cheguei até aqui. E? Bateria na porta dele, inventaria uma desculpa absurda para entrar e o atacaria?

Ri de meus pensamentos, abri o porta-luvas do carro vasculhando entre os papéis e objetos jogados por ali, então encontrei, agarrei aquele molho de chaves como se fosse minha vida. Puxei o gorro do casaco escondendo meu rosto o quanto foi possível, a portaria estava vazia, sai correndo pela calçada, cruzando o hall de entrada a mais silenciosa possível, como um bom assaltante faria. Respirei aliviada quando abri a porta do elevador me escondendo naquela caixa de metal, a viagem até o vigésimo andar foi de ansiedade e borboletas no estômago.

Estava comprovado, eu era uma maluca.

O elevador para no andar de Nicolas, o apito soa alto pelo corredor. Sai o ainda analisando a possibilidade de voltar para casa, onde estava com a minha cabeça? Não. Se cheguei até aqui irei até o final, mesmo que seja para apenas olhar ele dormir.

Eu poderia ter ligado, ele iria ao meu encontro... Ah que se dane, coloquei a chave destravando a porta.

O apartamento estava todo apagado, fui pé ante pé pelo apartamento, tentando evitar possíveis trombadas com os móveis. A última vez que estive aqui não tinha se tornado uma boa lembrança, passei pelo corredor seguindo a luz fraca que saía pela porta do quarto, espiei um pouco vendo que o mesmo silêncio se estendia por ali.

Abri tomando cuidado para a porta não ranger, dando aos poucos a visão que vim buscar. Nicolas esparramado na cama, seu corpo meramente coberto com o lençol branco, as pernas torneadas estavam para fora, os braços dobrados embaixo da cabeça.

Andei até a ponta da cama, meus dedos coçavam para tocar nele, sentir sua pele, assim como minha boca ficou seca, como se ele fosse à água que eu estava necessitando. O perfume caro que ele usava invadiu meus sentidos, dominavam o quarto, me abraçando, me enlaçando para ele.

— Amo tanto você. E, seu amor me assustou, acredito que eu estava acostumada com seu jeito despreocupado Nicolas e quando mostrou seu sentimento... Não sei... – Não contive meus dedos, passei de leve por suas costas, vendo aquele pedaço de pele se arrepiar.

— Você mudou meu mundo, você entrou com seu jeito cafajeste e levou meu coração embora, por dois anos eu fiquei te comparando com cada carinha insignificante que passou pela minha cama.

Nicolas continuava dormindo tranquilamente, minha vontade de desabafar ficou maior.

— Desculpe por duvidar de você, mas quem pode culpar, quando falamos de amor nos tornamos burros. – Soltei uma risada baixa, quase inaudível. – Eu não sinto sua falta apenas, meu coração dói todos os dias porque você não está perto. E agora temos eles...

Suspirei colocando a mão em meu ventre, eu não contei para Nicolas sobre os gêmeos, ele sabia da gravidez, mas não fazia a menor ideia que eram gêmeos. Deus. Nem eu estava ainda totalmente crente disso!

Eu não podia ficar ali falando com um Nicolas adormecido, era melhor agir com calma. E eu ainda não tinha me esquecido do joguinho dele no elevador, maldito conquistador, como eu desejei aquele beijo e ele sabia, pude ouvir um pouco de sua gargalhada quando as portas se fecharam.

Virei às costas seguindo para o corredor.


— Eu perdoo você.

O calafrio tomou meu corpo, olho por cima do ombro para o quarto. Nicolas estava esfregando os olhos, sentado na cama.

— O que você faz aqui esta hora? Veio apenas dizer tudo isso para mim? – Ele questiona. – E ainda não me acorda?

Viro, ficando de frente para ele. – Eu, estava perto. – Minto descaradamente, óbvio que ele percebe. – Estava com desejo.

Nicolas ergue a sobrancelha. – E atravessou a cidade para isso?

— Desculpe por invadir sua casa.

— Não é uma invasão quando você tem a chave, suponho. – Nicolas dobra as pernas, apoiando os cotovelos nos joelhos e esse simples movimento faz o lençol cair, revelando seu corpo completamente nu.

É involuntário, meu olhar varre seu corpo como um animal pronto para dar o bote, justo hoje ele decidiu dormir assim?

— Aproveitando a vista? – Ele brinca.

— Eu, bom... É uma bela vista. – Respondo descarada.

Nicolas sai, engatinhando até a ponta da cama, ficando próximo a mim, o sorriso sem vergonha está ali.

— Então você ainda me ama? – Ele provoca, sinto sua mão agarrar minha cintura, um arrepio enorme percorre meu corpo.

— Mais que tudo nessa vida. – Digo. – Eu esperei você mesmo com ódio, mesmo querendo quebrar sua cara depois do que fez comigo naquele hotel. Mas mesmo assim eu te amei, amei tanto para não deixar de pensar um maldito dia sequer em você.

— Eu também amo você, monstrinha. Agora eu percebo que foi desde o primeiro olhar, aquele olhar indiferente que me lançou, ali você levou meu coração embora. Eu me arrependi de tê-la deixado naquele hotel no mesmo instante que tomei a decisão, mas fui fraco. Preferi a vida que conhecia, do que a agradável mudança. – Ele passou as mãos pelo meu rosto.

Ele colou seu corpo ficando em pé na minha frente, meu rosto firme em seu aperto, nossos olhos colados um no outro. – Uma vez você disse que não pedia permissão, que tomava aquilo que quisesse para você. – Seus olhos estavam selvagens, meu corpo tremia, eu estava sem ar. – Uma vez você pediu para que eu fosse seu, me tome para você Ana, eu quero ser somente seu.

E eu estava o beijando, foi um beijo esfomeado, urgente, apaixonado. Nicolas me correspondia com a mesma intensidade, minhas mãos corriam pelo seu corpo, peitoral, ombros, cabelo, a barba que estava maior que o costume. Éramos como espelhos, ele refletia meus movimentos, arrancou meu casaco jogando longe, sua boca desceu sedenta para meu pescoço, lambendo, sugando para ele. Perdi o ar quando ele apertou meus seios por cima da blusa regata, não paramos, nossas bocas se tocavam com frequência enquanto ele tirava minha roupa jogando-as pelo chão do quarto.

Nicolas desceu sua boca pelo meio dos meus seios, dando leves chupadas nos mamilos, fazendo-me jogar a cabeça para trás. Sua boca parou em cima do meu umbigo e ali ele ficou dando leves beijos, passando a ponta dos dedos, como se tivesse conversando com nossos bebês.

— Linda... – Murmurou emocionado, fazendo lágrimas brotarem em meus olhos. – Eu amo você meu pequeno e amo ainda mais a cabeça dura de sua mamãe. – Sussurrou para minha barriga.

— Sobre isso... – Gaguejei.

— O que foi? Aconteceu alguma coisa? – Ele me olhou sério.

— São gêmeos. – Disse rápido, analisando seu rosto.

Vi os olhos de Nicolas se arregalarem e sua boca se abrir minimamente.

– Gê-me-os?

Concordei com a cabeça sorrindo, eu devia ter feito a mesma careta quando o médico me contou.

— Quando você descobriu? – Nicolas ficou de pé, nos puxando para cama, ficando no meio de minhas pernas.

— Na primeira consulta.

— Eu queria ter estado lá, ao seu lado. – Um semblante triste tomou o rosto dele.

Agarrei seu rosto trazendo-o para mim. – Podemos marcar uma nova consulta para esta semana, tenho certeza que o médico não se importará, está perto mesmo da próxima.

— Médico? Então você tem deixado outro homem brincar na minha área?

— Pare de ser ridículo, ele mal me olha.

Nicolas desce a cabeça parando no meio de minhas pernas, o sorriso matreiro está nos lábios, mas há um brilho especial em seus olhos. Sua língua começa a me percorrer por dentro, adorando-me, sugando tudo para si.

— Nic... – Estremeço, abrindo mais minhas pernas sem pudor.

Sua boca se fecha em meu clitóris, chupando forte, me fazendo revirar os olhos e agarrar enlouquecida seu cabelo. Escuto-o gemendo, mas não me importo, seguro mais firme ao mesmo tempo em que ele se torna mais agressivo, duro, arrancando o primeiro orgasmo de mim.


— Eles estão bem? – Nicolas questiona deitado sobre mim, sustentando seu peso nos cotovelos.

— Nossos bebês estão mais que bem, agora termine o serviço. – Ameaço.

Ele sorri ao mesmo tempo em que mete com força dentro de mim, ambos estremecemos com a saudade que esse ato nos provoca.

— Eu quase morri de saudade disso, de nós. – Revela em meu ouvido.

— Eu também amor, eu também.

Nicolas para de se movimentar, seus olhos me encarando com paixão, desejo e amor. O desejo estava latente, absurdo, doloroso, como se tivesse cobrando os minutos, segundos, horas que ficamos longe um do outro.

Ele começou a se mover devagar, me tomando para ele, aumentando aos poucos o ritmo. – Amor...

Movi o quadril aumentando nosso contato, sugando o pau dele, me sentindo deliciada com a sensação de estar completa, sentindo o corpo de Nicolas se chocar forte contra o meu, sua boca sugando meu mamilo, enquanto eu gemia enlouquecida.

— Eu... Te... Amo

— Nicolas... – Choraminguei perdendo os sentidos com suas estocadas, busquei sua boca, beijando-o. – Te amo, sempre, para sempre.

Queimamos de desejo e amor, tentando recuperar tudo que a distância nos tomou, ele estava inchado, grande dentro de mim, pressionei minhas paredes em volta de seu pênis arrancando um gemido alto de Nicolas. No primeiro espasmo que meu corpo deu agarrando seu membro ele gozou, me levando junto com ele.


Capítulo 43

Nicolas White


Ana dormia de lado, espalhada entre os travesseiros. Parei encostando ao batente da porta, olhando seus cabelos espalhados como uma cortina por seu rosto, os lábios entreabertos. Fiquei lá, parado contemplando minha mulher, meus filhos. Ainda estava me sentindo fora de órbita desde que Ana me contou que estava esperando gêmeos.

Se eu tivesse escutado alguém me contar sobre isso há algum tempo, eu com certeza teria rido da pessoa, mas estava ali, a mudança clara e nítida para quem quisesse ver, acreditei um dia que só os tolos poderiam se apaixonar e ali estava eu, completamente apaixonado.

Contornei a cama devagar, até me agachar de frente para Ana, ela dormia tão tranquila que estava com pena de acordá-la. Depositei um beijo em sua boca, outro em seu pescoço, depois outro em sua barriga, sentindo que ela havia começado a se mexer. Levantei os olhos vendo Ana piscar algumas vezes e seus olhos se focarem em mim.

Ela suspirou sorrindo.

— Bom dia, dorminhoca.

— Eu dormi demais?

— Mais ou menos, eu estava entediado de esperar. – Confessei rindo.

Ana enrolou seus braços em meu pescoço, puxando-me para cima dela. – Eu poderia dormir o dia todo.

Sorri, beijando sua boca. Cara como eu senti falta disso.

— Trouxe seu café da manhã.

— Hum, estou morrendo de fome.

— Imaginei, você tem se alimentado direito? Espero que não esteja negligenciando comida aos meus filhos.

Ana arqueou a sobrancelha me encarando.

— Que foi? – Perguntei indo buscar a bandeja.

— Quem é você? Cadê o Nicolas? – Caçoou.

— Espertinha. Quero apenas que você se cuide.

— Paizão fique tranquilo. Com tudo que ando comendo é bom você aumentar a despensa, pois a daqui de casa já está pequena.

— Ótimo!

Pus a bandeja em seu colo, vendo seus olhos irem direto para o lanche e o pote com morangos. Roubei um fazendo uma ceninha com o morango em minha boca, atraindo automaticamente atenção de Ana para meu gesto.

— Se continuar me olhando assim eu vou entender que sua fome é outra, meu amor.

Ana abriu um autêntico sorriso.

— Como você descobriu Sr. White? – Perguntou de modo sarcástico, afastando a bandeja para o lado, me agarrando pelo pescoço.

Escorregando a mão de seu ombro para a parte interna de seu joelho, passando pela bunda, puxando sua perna para se enrolar em meu quadril. Dou graças a Deus que ela continua nua, mantenho todo o tempo meu olhar colado no dela.

Ana gira seu quadril pressionando seu sexo quente em mim, suas unhas pressas em minha pele.

— Então, eu serei seu café da manhã?

— Humm, que delícia, não? – Diz passando a língua de forma sensual pelos lábios.

Por um pequeno momento nos dois paramos e nos observar, toda uma conversa acontecendo em silêncio. Inclino beijando sua boca suavemente, seguindo todo caminho que sua língua fez há poucos instantes. Os lábios quentes se abrem convidando-me para si, deixando que eu os tome como quero. Diferente da necessidade que tivemos ontem, eu quero prová-la, quero apreciar cada pedaço de pele.

O beijo fica mais intenso, nossas línguas se tocam, seguindo a tortura imposta por mim, sem pressa, sem nada que impeça. Poderia amar Ana pelo resto do dia e assim o faria. Todas as nossas partes se conectam, quanto mais lento e profundo o beijo segue, mais gememos um na boca do outro, mas o ar escapa dos meus pulmões. Deixo minha mão abandonar aqueles cachos cor de mogno e descer pelo seu pescoço, traçando uma linha reta até seus seios, apertando os bicos com o dedão e o indicador, provocando um espasmo em Ana. Além de maiores, Ana está mega sensível o que facilita em meu projeto de enlouquecê-la.

Ana engancha os pés em minha cueca, descendo-a pelas minhas pernas, fazendo meu pau raspar em sua umidade. Eu me seguro, respirando fundo, esfregando-o em seu clitóris, brincando na entrada de sua boceta sedenta por atenção.

Vejo nos olhos dela o desejo cru, animalesco. – Eu juro que queria fazer amor com você, juro..., Mas eu preciso foder, preciso me enfiar fundo em você, sentindo as paredes dessa boceta deliciosa me apertarem. – Digo tudo me encaixando melhor entre suas pernas, ela está tão molhada que meu pau desliza feliz para dentro, as paredes envolvem ele com propriedade, apertando-o enquanto Ana joga a cabeça para trás gemendo.


O trânsito estava contra mim, demorei mais que o previsto na empresa, justo no dia da consulta. Ana com certeza estaria soltando fogo pelas ventas, se eu soubesse que filmes de mulheres grávidas falam tanto a verdade sobre os hormônios eu teria provocado menos a Ana. Buzinei mais uma vez para a porra do taxista folgado em minha frente. Eu seria um cara morto quando chegasse, estava comprovado.


Olhei mais uma vez para o relógio, 16h20min. Merda! Estava atrasado vinte minutos, estacionei o carro de qualquer jeito na vaga correndo todo caminho do consultório. Passei pelos corredores atraindo olhares, parei um instante para falar com a recepcionista confirmando que Ana já havia entrado na consulta. Mal bati na porta já entrando no consultório, o médico se calou olhando para trás.

— Desculpe, desculpe. Eu fiquei preso no trânsito. – Me antecipei.

Ao contrário do que pensei Ana me recebeu com um sorriso, fazendo um suspiro de alívio sair de mim enquanto caminhava para ela.

— Dessa vez está perdoado capitão White. – Ana sussurrou em meus lábios.

Sorri puxando uma cadeira para seu lado, mantendo nossos dedos entrelaçados, descobri que Ana tinha adquirido algum tipo de fetiche pelo meu uniforme, não que estivesse reclamando, mas a libido dela teve um aumento significativo. Logo eu estaria com meu pau em carne viva se essas crianças não nascerem logo.

— Como estava perguntando, como tem se sentido Srta. Suarez? – Perguntou o médico, ele analisava seu prontuário deixando sobre o aparelho de ultrassom. – As náuseas melhoraram?

— Sim doutor, graças a Deus. – Ana exclamou com um sorriso.

— Lembre-se chá de camomila ou gengibre pode dar alívio. – O médico aconselhou colocando a luva, espalhou um tipo de gel na barriga de Ana, se preparando para o exame. – Bom, você está com um pouco menos do que vinte semanas. Pode ser que ainda não consigamos ver com clareza o sexo dos bebês, mas podemos arriscar.

— Eu sinto que engordei muito desde a última consulta.

— Sim, seus pequeninos estão crescendo fortes, isso é bom.

Eu olhava do médico, que estava passando o aparelho no ventre da Ana, para a tela de TV em nossa frente. Ana já estava barrigudinha, quem olhasse já desconfiaria de sua gravidez e ela só se tornava ainda mais bonita.

— Olhem lá. – Doutor Carlos apontou para a tela, apertando um pouco mais a barriga de Ana. – Como disse o sexo ainda é um pouco cedo, mas ali estão seus bebês.

Apertei a vista para enxergar o que ele estava falando, então eu enxerguei, duas bolotas enchiam a tela, os pequenos dedinhos de um estavam à mostra, enquanto o outro estava mexendo os pés perto do irmão. Troquei um olhar emocionado com Ana, sentindo meus próprios olhos marejados.

— Olha pelo que estou vendo aqui vocês terão duas lindas princesas em casa. – O médico anunciou.

Senti meus olhos se arregalarem e minha garganta fechar. Duas meninas? Ana olhou para mim soltando uma gargalhada, chamando atenção do médico para minha cara.

— Pelo visto o papai está surpreso. – Brincou. – Sinal que aprontou muito na adolescência.

— Ah, doutor... – Ana deitou um pouco a cabeça para o lado com um sorriso cínico nos lábios. – Você não tem noção.

O médico soltou uma risada baixa. – Considerando que ainda é cedo, não posso atestar com clareza, mas considerando também que faço isso há bons trinta anos, afirmo que serão duas meninas, para a dor de cabeça do papai.


Capítulo 44

Nicolas White

 

— Você precisa mesmo me vendar? – Ana perguntou segurando firme minha mão, enquanto eu a conduzia pelo corredor.

— Sim é preciso. E preciso comentar que você grávida desse jeito e vendada, Deus está de matar monstrinha!

Ela gargalhou, dando o sorriso que tanto amava. A cada dia que passava Ana conseguia ficar ainda mais linda, a barriga saliente dos quatro meses e meio, estava linda, minha menina.

Ana tentou puxar a venda quando paramos na porta do quarto, mas consegui deter seus movimentos. – Safada, fique de venda até que diga quando pode tirá-la.

Abri a porta dando uma última olhada para dentro do quarto, realmente estava digno de duas princesas, eu fiz tudo em segredo, ás vezes que Ana ficou comigo em meu apartamento me certifiquei que esse quarto estivesse sempre trancado. Andei ficando nas costas de Ana, uma mão em sua barriga e com a outra desfiz o laço da venda.

— Ai, meu Deus! Nic...

— Eu sei, posso ter exagerado, mas...

Ana se virou agarrando meu pescoço, distribuindo beijos por todo meu rosto. – Está perfeito amor, eu amei.

O quarto era de um rosa suave nas paredes com detalhes de estrelas e luas, por todo o teto, as luas e estrelas tinham pequenas luzes de LED que deixavam o quarto como um sonho, o lustre que minha mãe ajudou a escolher era de cristal, pequeno e delicado no meio da sanca. Os berços um ao lado do outro, tinham pequenos bancos na frente com um urso branco em cada um, uma poltrona estilo divã dominava a parede oposta para que Ana amamentasse e tivesse seu momento com as meninas, tudo pensado e planejado para minhas mulheres.

— Eu fui longe demais? – Sussurrei com o queixo apoiado no ombro de Ana.

— Eu nem sei como descrever.

Ana se virou secando uma lágrima, beijou ternamente meus lábios.

— Só esse beijo já me deu muito mais em troca. – Disse beijando o caminho que a lágrima fez pelo rosto dela. – Eu quero o melhor para as minhas meninas.


Ana tomava café da manhã lendo o jornal, tirei seus cabelos do pescoço dando um beijo naquele espaço.

— Bom dia, gostosão.

— Bom dia, perdi o horário. – Comentei mordendo um pedaço de sua torrada. – Preciso correr.

Ana me analisou dos pés à cabeça, eu conhecia aquele olhar, sorri deixando o resto da torrada sobre o prato.

— Que foi?

— Eu conheço esse olhar, mas hoje não conseguirei atender sua libido.

Ana fez um biquinho cruzando os braços na mesa, fazendo seus seios ganharem destaque, seus seios estavam o dobro do tamanho e as peripécias que fazíamos na cama depois da autorização do médico realmente era capaz de deixar nós dois suados, sem fôlego e saciados na cama. Dei um beijo em sua testa segurando o riso.

– Eu conheço seu jogo, estou realmente atrasado, prometo que recompenso você quando voltar.

— É uma injustiça você ficar totalmente sexy nessa roupa e me deixar necessitada.

Ajeitei a gravata dando uma piscadela para ela. – Meu amor, nunca pensei que diria isso na minha vida, mas você vai acabar com meu pau. E além do mais, não quero que minhas filhas só conheçam o pau do pai delas.

Ela deu uma gargalhada, jogando a cabeça para trás. – Ridículo! Suma daqui.

Beijei delicadamente seus lábios e sua barriga dando início ao meu plano.


Vinte e cinco rosas compradas.

Dez colegas de trabalho praticamente subornados.

Um anel da Tiffany.

Um voo com mais de trezentos passageiros envolvidos.

Mãos suando e estômago ansioso.

Tudo estava pronto.


Capítulo 45

Ana Suarez

 

— Juro por Deus Ângela, Nicolas vai me enlouquecer até o fim da gravidez. — Mudei a marcha seguindo o fluxo até o aeroporto John F. Kennedy.

— Calma Ana, ele está sofrendo com seus hormônios. – Disse rindo.

— Quero ver você falar isso do Paul quando tiver com uma barriga do tamanho da minha. Pensa que é fácil carregar duas crianças?

Ela riu ainda mais acariciando a própria barriga. – Imagino que vou ficar pior que você, tudo é mágico no começo até os hormônios nos enlouquecerem.

Suspirei sorrindo, minha mão se mantinha em meu ventre, acariciando de leve minhas meninas. – Ele tinha que esquecer esses documentos justo hoje? Véspera de feriado, as pessoas estão todas na estrada.

Peguei o desvio na estrada seguindo o trânsito caótico que eu já sabia que estaria hoje no aeroporto, ficamos mais de vinte minutos paradas apenas para conseguir entrar com o carro no estacionamento de funcionários.

Deixei o carro na primeira vaga que surgiu. Nicolas havia esquecido uma pasta repleta de documentos que precisaria para sua viagem, fazendo com que eu cruzasse a cidade para trazê-los. Segundo sua mensagem, eu deveria ir para o portão de embarque quatro, onde uma colega de trabalho já estaria avisada sobre mim. Ângela seguia comentando sobre todos os planos para sua viagem com Paul, algo sobre curtir a última lua de mel antes de realmente se tornarem pais.

Atravessamos o saguão encontrando o embarque com algumas pessoas entrando. Uma comissária baixinha sorriu para nós.

— Bom dia senhoritas, passagem e seus documentos por gentileza.

— Bom dia, eu preciso falar com o piloto Nicolas White, ele me informou que estaria nesse portão de embarque.

Os olhos dela se iluminaram e seu sorriso se ampliou, o que me fez erguer a sobrancelha.

— Claro, Nicolas avisou que a Srta. estaria vindo. – Ela tirou uma cordinha que nos barrava, mostrando o caminho.

— Ana, eu vou esperar aqui. – Ângela anunciou.

— Tudo bem, vou ser breve.

— Demore o tempo que precisar. – Disse com um sorriso, logo se afastando.

Que porra estava acontecendo com as pessoas hoje? Segui o grande corredor, entrando no avião.

— Seja muito bem-vinda. – Outra comissária me recepcionou.

— Obrigada, eu preciso falar com Nicolas White.

— Claro, vou mostrar o caminho para a senhorita. – Ela deu um sorriso caminhando para dentro do avião.

Suspirei seguindo seus passos, o avião estava lotado, basicamente todas as poltronas já estavam ocupadas, estes documentos deviam ser realmente muito importante para Nicolas atrasar seu voo.

— Bom dia Srta. Suarez. – Um comissário me cumprimentou com um sorriso. – Isso é para a senhorita. – completou entregando duas rosas para mim.

— Hã, obrigada. – Disse aceitando as duas rosas vermelhas.

Passei por uma das cozinhas recebendo mais três rosas. Deus o que era tudo isso? Um nó já se formava em minha garganta.

Alguns passageiros me acompanharam com o olhar, fazendo que eu vacilasse por um momento em meus próprios pés.

— Senhoras e senhores, bom dia. – A voz de Nicolas soou pelo avião junto com a melodia de uma música. – Sejam bem-vindos ao voo 3367, com destino para Hawaii.


É inegável que devemos ficar juntos

É inacreditável como eu dizia que jamais me apaixonaria

Você precisa saber

Se já não sabe como me sinto

Então deixe-me mostrá-la agora que eu estou falando sério

Se todas as coisas, na hora certa, o tempo revelará

Sim...


— Peço desculpas por atrasar um pouco o voo, mas é por uma boa causa. Eu poderia fazer isso em terra firme, ou pulando de paraquedas. – Nicolas continuava dizendo, ao mesmo tempo em que mais rosas eram entregues para mim.

— Poderia levá-la para Paris e falar sobre isso admirando a Torre Eiffel, poderia levá-la para Vegas e fazer isso ao som do bom e velho Elvis, monstrinha.

A comissária que me acompanhava parou no meio da classe executiva me entregando mais duas rosas. Minhas mãos tremiam, meu corpo estava mole.


Um: você é como um sonho que se tornou realidade

Dois: só quero estar com você

Três: Garota, é evidente

Que você é a única para mim

E quatro: repita os passos de um a três

Cinco: e se apaixone por mim

Se algum dia eu achar que meu trabalho está terminado

Então voltarei para o primeiro passo

 

— Ana, eu poderia fazer uma superprodução ou poderia estar aqui me ajoelhando na sua frente.

Virei quando a voz dele ficou mais alto, mais perto, dando de cara com meu Nicolas, vestido totalmente alinhado em seu traje de piloto, o quepe conferindo aquele sex appeal que ele tinha. Ele se ajoelhou devagar em minha frente.

— Eu poderia fazer esse pedido em qualquer lugar, em qualquer hora que não mudaria ou tornaria isso mais especial. Ana eu te amo com todas as forças que esse sentimento pode ter, te amo desde o momento que pisou no meu pé e disse não. Amo você desde o momento que você sentou na poltrona 11B. E, posso dizer que te amei ainda mais quando foi embora e tenho outros milhares de motivos para dizer como você se tornou especial e me tomou para você.


É tão incrível como as coisas acontecem sozinhas

É tudo emocionante quando você descobre do que se trata, ei

E é indesejável que nós fiquemos separados

Eu jamais teria ido muito longe

Porque você sabe que tem as chaves do meu coração

Porque...

(Back At One – Brian McKnight)


— Ana Suarez, você aceita passar uma vida comigo, dividir todos os momentos, ser minha amiga, amante, esposa e minha eterna namorada?

As lágrimas desciam como cascata pelo meu rosto, Nicolas ajoelhado no meio de toda a tripulação, passageiros me pedindo em casamento era muito mais do que eu já li em qualquer romance, era o meu romance, o meu final feliz.

— Ana, você poderia, por favor, me tirar dessa angústia e responder?

Sorri, me abaixando até sua boca. – É claro que eu amo você, é claro que eu aceito dividir minha vida com você.

Nicolas se levantou com um pulo me puxando para seus braços, beijando minha boca com paixão, incendiando minhas veias com seu amor, enquanto todas as pessoas presentes aplaudiam.

— Eu amo vocês. – Sussurrou em meu ouvido.

— Amo você Sr. White...

— Venha, tenho um lugar na primeira classe reservado para você.

— Você só pode ter enlouquecido. – Exclamei, tirando um sorriso de Nicolas. – Nic, eu estou sem bagagem. Você enlouqueceu!

— Fica tranquila monstrinha, eu tenho tudo sob controle.


Capítulo 46

Nicolas White


Alguns minutos antes do pedido...

— Nicolas, ela já passou por Bianca. – Jack surgiu na porta da cabine com um sorriso no rosto.

Levantei, passei as mãos ao lado da perna tentando conter o suor que estava se alojando em partes diferentes do meu corpo. Quando planejei este pedido não contava que também poderia colocar duas pessoas definitivamente em seus lugares, uma delas seria o Jimmy.

Brad que estava sendo meu copiloto até então, estava afastado por motivo de doença, sobrando como um remanejo de última hora Jimmy. E para minha sorte ainda tinha Ashley a bordo.

Eu estava receoso sim sobre eles aprontarem mais alguma coisa, por isso fiz questão de procurar pessoas que realmente poderiam me ajudar e manter tudo isso em segredo até o dia certo.

As meninas da tripulação me ajudariam a dar seguimento no plano, trazendo Ana para dentro como eu havia combinado. Inventei que esqueci uma pasta com documentos importantes, praticamente enviei uma mensagem desesperada para ela, pedindo que me trouxesse.

Mas na verdade aproveitei que iríamos para o Hawaii para tirar quatro dias para nossa lua de mel, eu sabia que depois, todo nosso tempo seria dedicado a nossas filhas, então nada mais justo que curtir o momento.


Quando Ana disse sim, se jogando em meus braços foi surreal, o alívio me percorria, com toda certeza, mas saber que aquela mulher seria minha para sempre isso era tudo e mais um pouco. Devo confessar que a cara de ódio declarado do Jimmy e de Ashley foi impagável.

Como eu ainda tinha que levar essa belezinha de avião até Honolulu, deixei Ana aos cuidados de Vitoria, uma comissária de bordo simpática e realmente amiga. Onde levou minha futura esposa para primeira classe, onde ficaria confortável por todo voo.

Isso foi um dos primeiros questionamentos que fiz com o médico de Ana, a possibilidade dessa viagem, só depois eu comecei realmente a planejar esse pedido.


Ana estava muito cansada pelo voo longo e as horas em posições desconfortáveis, por isso deixei que dormisse durante todo trajeto até nosso bangalô.

Um raio de luz entrou pela janela, trazendo o calor do dia para o quarto, não era minha primeira vez em Honolulu, já tinha tido a oportunidade de aproveitar o que o Hawaii tinha de melhor para me oferecer. Sai da cama desenrolando uma Ana aconchegada em meu corpo, uma vista panorâmica do mar era o nosso pano de fundo, assim como a brisa suave que passava pela janela aberta.

Troquei minha cueca por uma sunga, meus pés afundaram na areia fofa, sentindo o calor do dia. Preparei um guarda-sol, assim como duas cadeiras a poucos metros do mar, olhando a água cristalina em seu vai e vem.


— Aloha.

Virei vendo Ana vestida com um maiô branco acentuando sua silhueta de grávida. Dou um sorriso batendo de leve em minha perna, pedindo que viesse ao meu encontro.

— Como você está Sra. White?

Ana abriu um sorriso amplo segurando meu pescoço. — Muito bem, Sr. White, ainda estou assimilando tudo que aconteceu nas últimas horas.

— Espero que se acostume logo, pois muitas coisas irão acontecer. Como estão minhas meninas?

— Estamos bem. — Ela desviou os olhos para o mar. – O que será que poderíamos fazer nesse mar?

— Bom, podemos surfar. – Digo com um sorriso malicioso. – Mas acho que poderia fazer outra coisa...

— Outra coisa? Interessante.

Ana se vira, montando de frente para mim, ela rebola um pouco aumentando a fricção entre nossos corpos. – Me diz Sr. White, o que poderíamos fazer nessa ilha paradisíaca, sozinhos... – Ana encosta sua boca em meu pescoço, o hálito quente me dando arrepios. – Eu não consigo pensar em nada.

— Bem-vinda aos comandos de Nicolas White meu amor, vamos ver o quão alto você poderá gritar com os orgasmos que lhe darei.

Puxei sua cintura contra meu corpo, grudando seus lábios nos meus. O beijo foi selvagem, brutal, estávamos preenchendo aquela fome insaciável. Devoramos a boca um do outro, mordiscando lábios e línguas, apertei seu traseiro pressionando meu membro em seu centro quente. Eu era incapaz de me afastar, Ana me puxava para ela, para seu gosto viciante. Abaixei uma alça do seu maiô liberando um de seus seios grandes, sugando o mamilo, fazendo-a gemer jogando a cabeça para trás. Ela enfiava suas unhas grandes em minha pele deixando marcas de meia lua em meus ombros, costas...

— Eu vou fazer você gozar muito. – Sussurrei abandonando o seio dela, firmei seu corpo contra o meu, ficando de pé, voltando para nosso quarto.

Deitei Ana delicadamente na cama, deixando minha sunga cair sobre o piso de cerâmica.

– Tire seu maiô.

Ana desceu o maiô pelo seu corpo, jogando-o do outro lado da cama, sua respiração estava acelerada pela expectativa. Avancei sobre seu corpo tomando seu clitóris em minha língua, afundando minha boca em sua boceta.

— Ah, merda, Nic. – Ela gritou agarrando meus cabelos, rebolando em minha boca.

Em alguns minutos de língua, meus dedos brincando em sua entrada, mexendo no seu ponto mais sensível, Ana estava gozando em minha boca. Deixando-me saborear seu gosto até o último gemido que saiu de sua garganta, posicionei meu corpo no meio de suas pernas raspando meu pau por toda sua intimidade, sentindo pequenos tremores com esse movimento, Ana se contorcia, a respiração falha na garganta, seus gemidos baixos.

Puxei suas pernas em torno de minha cintura, penetrando-a de uma vez, dando uma estocada funda e poderosa. Eu sabia o que mexia com ela, assim como também sabia o que a faria enlouquecer.

Retirei meu pau lentamente de sua abertura, deixando apenas a cabeça brincar por ali, Ana remexeu o quadril querendo mais profundidade, apertando meu pau com sua boceta.

— Nicolas, me deixe montá-lo.

Sorri metendo fundo outra vez, metendo mais rápido, minha respiração ficando ofegante como a dela, Ana estava em seu nível mais alto de sensibilidade e eu amava prolongar a tortura sobre seu corpo. Enquanto fodia seu corpo com força arrancando gritos de sua garganta, mexia em seu clitóris, sentindo seu corpo me apertar, suas unhas fincadas em meu braço, seu olhar grudado no meu.

— Boceta gostosa do caralho! Você é maravilhosa Sra. White. – Deitei sobre ela, mantendo meu corpo apoiado nos cotovelos para que não fizesse pressão sobre a barriga, sugando seu seio, largando um para morder o outro, tirando mais gritos de Ana. Senti seu corpo começar a se perder, ela ficava mais incoerente, seus gemidos altos somados a seu corpo se contorcendo debaixo do meu me fazia morder o lábio me segurando para não gozar.

— Vamos Ana, goze. Quero ver você gozar gostoso para mim. – Senti meu pau inchar dentro dela, anunciando que mais um tremor que essa mulher desse eu me perderia.

— Nic... – Sua frase se perdeu, seu quadril levantou um pouco da cama rebolando firme contra meu pau, seu sexo sugando meu pau. Foi o limite jorrei, preenchendo, lambuzando Ana com minha porra.

Fiquei por um instante debruçado sobre seu corpo, deixando meu cérebro clarear novamente e nossa respiração voltar aos poucos. Ana agarrada ao meu corpo, suas pernas tinham soltado minha cintura, caindo moles na cama.

— Ah, mulher, você vai acabar comigo! Antes do casamento serei um homem morto. – exclamei sorrindo contra seu pescoço.

— Ah, não venha colocar culpa em mim, foi você que começou dizendo que eu gozaria e gritaria até perder os sentidos. – Ela sorriu relaxada. – Para uma primeira está ótimo, estou ansiosa pelas próximas.

Fingi uma expressão de pânico, arregalando meus olhos. Arrancando uma gargalhada de Ana, fazendo nossos corpos tremer ainda conectados.

— Definitivamente cumprirei. – Disse lambendo seu seio.


Capítulo 47

Ana Suarez


— Ah... Por favor Nic, me fode de uma vez. — Gritei. – Chega, ou você me fode ou vou te jogar longe.

Nicolas afundou mais sua boca em meu clitóris, eu estava acabada, meu clitóris estava inchado, minha boceta não aguentava mais. Ele segurou firme minha bunda, seus dedos provavelmente deixariam marcas em minha pele, eu sentia que ele sorria de modo sem vergonha. Fazendo eu me perder mais uma vez ao clímax.

Eu tinha acordado o monstro, com minhas pequenas provocações e agora estava aguentando as consequências, ele me devorava de forma bruta, fazendo que eu perdesse a conta de quantos orgasmos sua língua me proporcionou, tudo o que eu sabia é que, se ele não colocasse seu pau dentro de mim, eu desmaiaria de exaustão.

Nicolas me puxou, fazendo minha bunda ficar empinada, me deixando de quatro.

— Segure-se Sra. White, eu preciso comê-la com força e vou foder essa boceta deliciosa.

Ele acariciou de leve minha coluna, diminuindo um pouco a pressão que as bebês já nos seus seis meses faziam sobre meu corpo. A ponta de seu pau pressionou minha entrada, me penetrando lentamente, um centímetro por vez, respirei fundo esperando a estocada, mas Nicolas foi devagar, saindo e entrando lentamente.

— Bem gostoso, devagar, sinta todo meu pau entrando e saindo. Extremamente molhado pela sua boceta suculenta.

Torci o pescoço vendo-o por cima do ombro, vendo-o entrar e sair lentamente de dentro de mim, enquanto eu respirava profundamente. Nicolas conhecia meu corpo como ninguém, ele sabia como meu corpo funcionava, assim como eu sabia o que ele necessitava, seu aperto em meu quadril se intensificou assim como suas estocadas, rápidas, ritmadas. Suas bolas batiam contra a carne inchada, acionando uma sensação de dor, de uma forma boa, depravada que eu arqueei, mantendo meu corpo inclinado para trás.

O prazer se elevou sobre nós, chegando de maneira intensa enquanto ele me segurava, Nicolas praticamente rosnou gozando dentro de mim. Meu corpo desabou sobre a cama, meus olhos se fechando por causa do cansaço, sinto Nicolas me ajeitando melhor sobre a cama, sinto ele passar um pano úmido no meio de minhas pernas, mas estou cansada demais para abrir meus olhos.

A última coisa que sinto é Nicolas voltando para cama, deitando ao meu lado, suas pernas envolvendo a minha, assim como sua mão repousando sobre minha barriga. Sinto alguns chutes, assim como os dedos de Nicolas passando em círculos sobre minha pele, desde que senti os primeiros chutes dos bebês elas sempre ficam mais agitadas quando sentem a presença ou a voz de Nicolas, o que me deixa cada vez mais apaixonada.

— Eu te amo. – Sussurra em minha orelha.

— Hum... – Resmungo.

A gargalhada de Nicolas é a última coisa que escuto antes de adormecer.


Os quatro dias no Hawaii foram uma experiência fantástica, Nicolas foi um verdadeiro guia turístico. Fomos desde os restaurantes locais até o mirante em Oahu, um almoço na praia de Waikiki, onde nos empanturramos com os melhores hambúrgueres e petiscos, até pequenas caminhadas pela ilha de Mokoli'i, passeio de quadriciclo por um pequeno vale verde onde haviam as montanhas e todo aquele pedaço sem nenhum toque da humanidade.

“Você me faz querer ajoelhar e agradecer aos céus por te ter como minha mulher.” – Nicolas sussurrou enquanto olhávamos para a vista.

Tudo tinha sido perfeito, suspirei encostando em seu peito, olhando para aquele pedacinho de paraíso ficar para trás pela janela do avião, estávamos voltando para casa.


Capítulo 48

Ana Suarez


E meu grande dia estava chegando...

Nesse momento a gravidez já fazia um grande peso sobre mim, mesmo reduzindo minha carga no trabalho não era fácil carregar as bebês. O constante peso nas costas e as mudanças de humor também estavam ali.

— Você precisa de um momento de diversão. – Ângela dizia pela terceira vez, comendo mais uma garfada do bolo de chocolate que tinha trazido.

Sorri olhando minha amiga devorar o bolo como se fosse um pedaço de paraíso.

— Acho melhor você ir com calma nos doces garota, não quero minha afilhada nascendo com níveis de glicose elevado porque você não consegue controlar a boca.

Ângela estreitou os olhos para mim, comeu mais um pedaço deixando por fim o prato na mesa.

— Você sabe muito bem que eu e Nicolas concordamos que não faríamos despedida de solteiro.

— Dois chatos.

— Você deixou Paul fazer amiga?

Ela soltou um resmungo incoerente, que me fez gargalhar.

— Que tal uma pequena reunião então com as amigas?

Bufei sabendo que ela não sossegaria até que aceitasse. – Ok, mais uma reunião pequena. Nicolas deve chegar amanhã de viagem.

— Faremos hoje mesmo, vou chamar o pessoal e organizar tudo, fique tranquila. – Ângela me deu um sorriso suspeito, que me fez suspirar.

Nada era pequeno com ela e eu já poderia prever que a pequena reunião de amigas, seria mais um evento do que simples amigas sentadas no sofá de casa comendo e bebendo, ou apenas conversando.


Cheguei em casa quase no final da tarde, como ficaria afastada depois do casamento e depois com o nascimento das bebês tinha que deixar tudo o mais fácil para Robert, que mesmo que não demonstrasse, eu sabia que estava surtando.

Joguei-me no sofá apreciando a vista e o silêncio de minha nova casa, como o apartamento de Nicolas era maior ele preferiu que nossa nova casa fosse ali, eu ainda estava decidindo o que fazer com meu apartamento, mas uma coisa que não passava em minha cabeça era vendê-lo.

O telefone apitou, me arrancando dos pensamentos.

— Alô.

— Ana, onde você está? – ouvi vozes ao fundo.

— Estou em casa, acabei de chegar.

— Venha logo, estamos te esperando.

— Me dê meia hora, vou apenas tomar um banho e estarei aí.

— Não demore. – Ângela disse rindo do outro lado da linha.

Coloquei um vestido fresco e segui para o apartamento da minha amiga. Seria bom conversar, falar besteiras, dar muita risada com aquelas mulheres.

O porteiro logo me reconheceu, permitindo que seguisse sem ser avisada, mal a porta do elevador foi aberta a música chegou aos meus ouvidos, assim como as risadas vindas de dentro do apartamento. E assim que abri a porta, me surpreendi com o que me aguardava.

— Surpresa! – gritaram em coro.

Toda a sala de Ângela estava decorada, flores cobriam cada quadrado, um enorme bar foi montado onde ficava a mesa de jantar, assim como o sofá tinha sido substituído por poltronas pretas, a sala de minha amiga parecia mais uma boate. Um garçom vestido apenas com uma calça social e uma gravata borboleta na garganta, pegou minha mão dando um beijo leve, logo colocando um copo com líquido rosa.

— Pode ficar tranquila amiga, é sem álcool. – Ângela gritou do outro lado.

— Vocês são malucas.

O garçom bonitão passou o braço por minha cintura me levando para dentro da festa, tinha que assumir eu dei uma olhada nele, não só nele como nos outros que estavam desfilando entre as mulheres. Aquilo estava parecendo um céu de homens gostosos, que Nicolas me perdoasse. Pensei rindo comigo mesma.

— O que vocês aprontaram? – eu ria divertida e ao mesmo tempo apreensiva. Nicolas e eu tínhamos combinado que não haveria despedida de solteiro. Bom, já tivemos nossa cota de experiências e queríamos evitar.

— Ah priminha, sua última noite como solteira não poderia passar em branco – Kimberly veio até mim, deixando de lado o garçom que ela estava agarrada.

— Não vale dizer que não gostou. Nada de estragar nossa noite, sabe como é difícil estar no meio de tanto homem gostoso? – Ângela veio até mim, me puxando pela mão. – Eu expulsei Paul de casa amiga.

“Hideaway – Kiesza” tocava alto pelo apartamento, algumas mulheres dançavam em volta dos strippers que Ângela tinha contratado, levando o sexo feminino presente a loucura com seu rebolado.

Logo eu estava por toda parte, bebendo minha batida sem álcool, conversando com minhas amigas, comendo os petiscos que Ângela tinha mandado preparar. Ela tinha sido perfeita, tudo estava perfeito, como sempre minha amiga tinha incorporado a organizadora de festas arrasadoras e feito muito mais do que eu podia sequer pensar para minha despedida de solteiro.

— Muito bem mulherada, — Ângela fez sinal para que o gostosão perto do som abaixasse o volume. – Já conversamos demais, está na hora de começar realmente essa festa.

— Meu Deus, o que você está aprontando?

— Venha aqui Ana, sente-se nessa cadeira. – Kimberly deixou uma cadeira do meio da sala, virada de frente para todos.

Sentei na cadeira tentando conter a animação que me fazia sorrir como uma adolescente.

— Vamos vendar seus olhos, mas não se anime muito, lembre-se que a partir de agora você se despede da solteirice e cai na vida de casada, onde você verá para o resto da vida apenas um pau, não terá mais os solteirões de Nova York babando por sua cintura, assim como terá que se contentar com um Nicolas velho e sem apetite sexual daqui a vinte anos.

— Misericórdia! – Exclamei. – Vocês estão tentando me fazer desistir? – Brinquei.

Todas começaram a soltar piadas e dizer como era triste viver apenas com uma opção sexual, começaram as perguntas íntimas, os castigos quando não adivinhava o que continha em cada caixa de presente, eu apalpei tantos brinquedos sexuais que perdi a conta. Eu não podia negar, mesmo tendo combinado com Nicolas que não faríamos a despedida, eu estava me divertindo muito.

— Ah, Ângela, vamos apimentar um pouco mais a coisa. – Escutei uma amiga do trabalho dizer. – Vamos algemar a Ana.

— Não inventem!

A mulherada caiu na gargalhada, vendo minha careta.

— Isso mesmo. E quem fará isso minha amiga será nosso Richard. – Ângela disse próxima de mim. – Richard, por favor, algeme essa meliante.

— Ah, com muito prazer.

A voz rouca um pouco próxima de mim, fez com que eu virasse a cabeça inutilmente seguindo a voz.

— Você foi uma menina má, Ana? – Sussurrou em meu ouvido.

Ele segurou meus braços para trás, fechando as algemas nos meus punhos, suas mãos brincaram um pouco pelo meu braço, pela minha cintura, deixando minha pele arrepiada.

Ouvi gritos e assovios, lá vinha mais sacanagem.

— Meu Deus, olhem lá o que vocês irão aprontar.

Se Nicolas descobrisse o que estava fazendo eu estaria encrencada com certeza. Mas essa ideia, só de provocá-lo para ter um sexo punitivo com ele já me deixava quente.

— Ih!! Ela está pensando besteira, ficou toda vermelha! – Exclamou uma mulher ao longe.

“You can your hat on” começou a tocar alto no som, puta merda, um dos homens presentes ali iria fazer um striptease.

Senti alguém próximo de minha, um par de mãos me segurou meu pescoço, passando o parecia uma pena em meu pescoço, segurando firme meu cabelo.

Tocando minha boca, minhas pernas, parecia estar em todos os lugares.


NICOLAS WHITE

Cheguei em casa bem mais cedo, na verdade foi muito bom a companhia adiantar minha volta, assim poderia passar uma noite de muito prazer com Ana antes do grande dia, entrei jogando o quepe na mesa de jantar, estava tudo quieto, quieto demais. Ana não tinha mandando nenhuma mensagem avisando que iria sair, verifiquei meu telefone novamente, nada.

Disquei seu número esperando que ela atendesse.

No terceiro toque. – Oi Nicolas.

— Ângela? Aconteceu algo com Ana. Minhas filhas? – Perguntei preocupado.

— Não, não, fique tranquilo.

Uma gritaria chegou até meus ouvidos assim como a música sensual ao fundo.

— Que porra é essa?

— Nos estamos fazendo uma reuniãozinha. Fique na sua e nem tende estragar. – Ângela disse rude.

“Arranca a roupa gostosão”, aquele grito vindo do telefone fez meu sangue ferver.

— Que porra!

Ângela gargalhou do outro lado, pelo visto ela estava tentando se afastar da festa. – Olha, Ana esta se divertindo, vá curtir sua noite com os amigos, prometo que ela não saberá.

— Sim, claro. Eu vou curtir sim. – Disse desligando.

Uma porra que eu iria deixar um stripper ficar tocando em minha mulher. Uma porra!


ANA SUAREZ

Eu gargalhava com as reações que a mulherada fazia, com certeza o cara estava dando um show e tanto para elas.

Senti que tinha trocado o rapaz, o cheiro era outro, algo doce, mas ao mesmo tempo forte e marcante. Passei a língua pelos lábios sentindo-os secos de repente.

O toque foi sútil, as mãos desse homem desciam com propriedade pelo meu corpo, como se conhecesse cada centímetro. O arrepio que tomou minha espinha abriu meus outros sentidos, ele acariciava de leve minha perna, brincando com a barra do meu vestido.

— Puta que pariu! Você me paga Ângela.

Ângela soltou uma risada, mas o restante das mulheres estava quieta. Senti que o homem circulou à minha volta, como se me estudasse.

Sua respiração quente junto ao meu ouvido me fez arrepiar novamente. Me senti excitada. Os a música continuava e aquele homem me cercando. Senti que parou à minha frente. Ele emanava excitação, algo que me fazia perder o ar.

Então suas mãos vieram aos meus joelhos e os afastaram lentamente, seu toque era quente, fazia meu corpo se arrepiar, puta merda. Eu tinha que parar aquilo.

— Acho que já está bom meninas. Vamos parar por aqui – falei, fechando minhas pernas, me sentindo molhada.

— Porque por acaso está gostando? – Kimberly falou ao fundo. – Olha porque eu gosto do que vejo.

Elas iriam em uníssono.

— Sério gente, chega!

— Deixa-o terminar o que veio fazer aqui. – Ângela disse, percebi que sua voz estava mais séria.

Será que esse cara estava mexendo com todas elas do mesmo jeito que fazia comigo?

— Ah Meu Deus!

Eu sentia, seu rosto estava muito próximo do meu, sua respiração junto ao meu pescoço. Minha boca estava seca. Porra eu estava para lá de excitada e me sentia como se estivesse traindo meu futuro marido. E quando sua língua fez uma trilha da minha clavícula até o lóbulo da minha orelha, achei que fosse desmanchar. Aquele toque me fez lembrar ele. Afastei meu rosto daquele contato, lágrimas vindo aos meus olhos.

— Por favor, meninas, chega.

Então ele recuou. Escutei Ângela vindo em minha direção.

— Vamos parar está bem? Se acalme, olha as bebês.

— Me soltem. – Falei tentando me acalmar.

Ela me soltou e retirando a venda. Demorei alguns segundos para me acostumar com a claridade. Olhei ao redor, mas não vi sinal de nenhum homem.


Enquanto dirigia para casa eu ainda sentia a energia daquele homem sobre meu corpo, Ângela não quis contar quem era, apenas disse que foi um dos contratados.

Nicolas estava sentado confortavelmente no sofá assistindo TV.

— Olha quem chegou!

— Não sabia que você estaria em casa mais cedo, estava esperando por você amanhã.

— Nossa, parece que não gostou de me ver. – Ele ergueu a sobrancelha para mim.

Corri até ele, me jogando em seu colo. – Não amor, estou surpresa.

Ele deu um beijo em minha têmpora. – Foi bom seu momento de meninas?

— Oi?

— Liguei para seu celular, Ângela disse que vocês estavam tendo uma festinha de meninas.

Engoli em seco. – É, ela armou tudo, foi uma surpresa.

— Tipo festa de despedida? Achei que não faríamos, ou melhor, faríamos a nossa juntos.

— Nicolas...

— Relaxa meu amor, eu confio em você, agora vamos descansar para amanhã.

Concordei engolindo o bolo que estava em minha garganta.


NICOLAS WHITE

Desliguei o telefone já catando as chaves do carro e descendo em disparada. Porra, não podia acreditar. Nós combinamos que não haveria festa de despedida de solteiro para nenhum de nós dois. E sabendo como as mulheres gostavam de uma festinha assim sabia que de mínimo teria homens pelados.


Cheguei em poucos minutos até o prédio onde Ângela morava. O porteiro autorizou minha subida depois de confirmar com Ângela se realmente tinha sido convidado, ela não teve muita escapatória.

Ana estava sentada e pelo visto amarrada a uma cadeira no meio da sala. Vendada enquanto um brutamonte musculoso de sunga preta se esfregava nela. Puta que pariu! Ele saiu da sua frente, agora se colocando atrás da cadeira, enquanto erguia seu cabelo, falando alguma coisa ao seu ouvido. Ela desviou e sorriu.

Não parecia afetada por ele, apenas se divertindo.

Vê-la vendada e amarrada à cadeira me excitou instantaneamente.

Lembrei-me das vezes em que a tomei daquela forma. E tive uma ideia no mesmo instante. Eu queria participar daquilo, estar no lugar daquele dançarino, sem que ela soubesse que era eu. Será que me reconheceria, pelo menos um déjà vu teríamos...

Não pensei duas vezes.

— O que você está fazendo aqui? Porra! – Ângela exclamou me puxando para fora da festa.

— Fique quieta!

Contei o que eu pretendia fazer, Ângela caiu na gargalhada só de imaginar a reação de Ana diante da situação, ela chamou Kimberly, contando para ela o que iríamos aprontar.

Fiz um sinal, reforçando para que todas se mantivessem quietas a respeito da minha presença. O mesmo para o musculoso que terminava seu exibicionismo para minha deliciosa noiva.

Kimberly colocou outra música para tocar, enquanto eu tirava o casaco de couro e me preparava. Ela estranhou o silêncio repentino e ficou visivelmente incomodada.

Aproximei-me dela, passando a mão por todo seu corpo, parando em seu pescoço. E senti como se arrepiou.

Circulei-a estudando sua reação, ela foi ficando visivelmente excitada e certa culpa surgia em suas feições.

— Só mais um pouquinho. Deixe-o terminar o que veio fazer aqui – Falou uma das amigas e piscou para mim.

— Ah, Meu Deus!

Testando mais um pouco seu limite, deslizei a língua da sua clavícula até o lóbulo da orelha, sentindo-a estremecer e tentar conter o gemido. Cacete, eu queria continuar com aquele jogo. Eu estava ardendo de tesão.

Ana desviou o rosto e quase suplicou para que parássemos. Seu corpo demonstrava seu estado de perturbação e precisei me afastar. Apesar de ter adorado participar da brincadeira, acabei me sentindo um pouco culpado pelo estado em que a deixei. Afinal também tinha que pensar nas minhas filhas, Ana não podia passar nervoso na fase final da gravidez

Ângela foi acalmá-la, enquanto eu pegava meu celular com Kimberly, que estava filmando a meu pedido e saia dali.

Talvez ela não tivesse noção, mas eu sabia que só eu conseguia lhe proporcionar aquelas sensações. E foi isso que a deixou perturbada. Sentir seu corpo reagir ao toque de um desconhecido, como reagia ao meu.

Agora eu estava curioso para saber se ela me contaria alguma coisa.

De qualquer forma eu só revelaria o segredo depois do casamento.


ANA SUAREZ

E tinha chego, junto com um misto de sentimentos, tinha chegado o dia do meu casamento.

Nicolas tinha feito questão de não nos separarmos durante o dia, ou pelo menos até os compromissos, ou o furacão que Ângela era, chegasse.

Nicolas tinha acabado de tomar seu café, e o bolo continuava em minha garganta. – Amor, eu preciso te contar uma coisa.

— O que foi, você está se sentindo bem?

— Sobre ontem à noite. A surpresa das meninas – Eu estava nervosa, ele me encarava tranquilo, cariciando meu braço. – Prefiro que você saiba por mim. Elas contrataram uns... você sabe, a questão é que um realmente...

Ele ergueu sobrancelha. – Tem certeza que quer me contar isso?

— Tenho. – Puxei o ar para continuar tentando ter coragem para falar tudo. – Elas me vendaram e me algemaram na cadeira. Então o primeiro cara começou a dançar, encostando-se em mim eventualmente..., Mas foi divertido apenas, nada que me abalasse.


— Primeiro, então foi mais de um encostando em você?

— E o que mais? – Nicolas questionou. – Me conte.

— Ele terminou o seu show e eu continuei lá do mesmo jeito. Então, veio o segundo... — E?

Nicolas chegou mais perto de mim, seus olhos brilhando num azul intenso.

— Eu não sei explicar, mas eu... Eu fiquei mexida com o toque dele. – Disse constrangida.

— Mesmo?

— Espera um pouco!

Olhei para seu rosto calmo, ninguém ficaria calmo com uma coisa dessas se fosse comigo eu já teria dado na cara dele e Nicolas estava divertindo.

— Você? Era você?

— Algum outro homem poderia fazer você se sentir daquele jeito?

Nicolas pegou seu celular da bancada me mostrando o começo do vídeo, dele passando a mão pelo meu corpo e eu praticamente me contorcendo na cadeira.

— Eu não acredito nisso! Vocês me pagam!

— Eu te liguei e sua amiga atendeu me contando o que estava acontecendo. Confesso que fiquei muito puto e fui para lá para acabar com a festa. Mas quando cheguei e te vi imobilizada daquele jeito, quis participar. E aí está!

— Puta que pariu! Eu mal dormi a noite, Nicolas!

— Desculpe amor, mas eu não resisti.

Ele me puxou para seu corpo, fazendo eu me sentar de frente para ele, sentindo seu pênis mostrar vida debaixo da cueca. Roubando um beijo quente e luxuriante de mim, roubando meu ar.

— Vou te mostrar o que é diversão... – A boca de Nicolas começou a descer em direção ao meu seio quando a campainha tocou incessante. – Merda, eu ainda mato sua amiga, pode ir, tenho certeza que é ela. — Nicolas reclamou desgostoso, me fazendo rir.

Dei um beijo em sua boca, já me levantando. – Mas tarde gostosão. Vejo você no altar. – Disse dando uma piscadinha.


Meu coração estava disparado durante o dia todo, ver a movimentação das pessoas ao meu redor só piorava. Nicolas não quis esperar as gêmeas nascerem, portanto em menos de um mês estávamos com a cerimônia montada, ambos não queriam um casamento grande, portanto apenas amigos íntimos e familiares foram convidados, também fugimos da tradição de padrinhos e madrinhas, queríamos apenas seguir o corredor, declarar nossos votos e finalmente seguirmos como marido e mulher.

O The River Café foi o local escolhido, com uma vista privilegiada a beira do East River, com a Brooklyn Bridge nos dava a visão de toda Nova York se estendendo pela água.

A cerimônia aconteceria no espaço aberto e a festa no enorme salão, todos já estavam a postos, Nicolas mexia nervosamente na gravata o que me fazia sorrir do meu esconderijo, eu parecia uma adolescente espiando pela janela. Minha mãe, assim como os pais de Nicolas estavam sentados na primeira fileira, Clarice, avó de Nicolas estava sentada ao lado do tio Arnold, minha prima Kimberly e meus tios estavam na quarta fileira. Avistei Ângela e Paul sentados do outro lado, junto de Greg e outros amigos.

Dei uma última olhada para meu vestido, como minha barriga estava enorme optei por um modelo de chiffon solto, trazendo todo o detalhe e atenção para o colo, tendo uma renda de pedrarias toda trabalhada descia até o final de minhas costas. Nicolas tinha me proibido de colocar qualquer tipo de salto com suas alegações malucas que eu poderia tropeçar, ou ser empurrada sem querer, me desequilibrar, fazendo eu colocar uma sapatilha branca. Revirei os olhos lembrando dele falando como um maluco no meio de nossa sala sobre isso, meus cabelos estavam soltos, tenho um pequeno enfeite neles, assim como minha maquiagem estava bem suave mais extremamente elegante.

— Você está magnífica, filha.

Virei sorrindo para meu pai. Eu peguei todos de surpresa quando apareci em nossa casa no Texas contando que me casaria, coitados eles mal tinham se recuperado da notícia que seriam avós e eu joguei mais uma em cima deles.

— Estou muito contente por você, principalmente por estar se casando.

Dei um abraço apertado nele, beijando sua bochecha.

— Amo você, pai.

— Eu também minha menina, me avise se ele não for bom para você, faço questão de vir aqui dar umas boas surras nele. – Disse erguendo seu bigode grosso em um sorriso.

Sorri engatando meu braço no dele, ouvindo os primeiros acordes da música. Em um consentimento mudo seguimos para pelo corredor, parando um pouco na porta vendo todos de pé olhando para nós.

Quando a música “Beethoven 5 Secrets — The Piano Guys” ganhou força começamos a caminhar pelo corredor. E ali, enquanto todos olhavam para mim, caminhando em direção ao meu futuro marido e ao padre, eu sorri, grudando meus olhos em Nicolas e pude sentir a onda de amor que ele me enviava, assim como as lágrimas nublando nossos olhares. Ele estava lindo, como um príncipe, meu mocinho dos romances tantas vezes lido. O terno branco como tínhamos escolhido e a gravata preta, criando o contraste perfeito, bem sensual como só ele poderia ser.

Sorri feliz por ter aquelas pessoas ali, por estar me casando, por ter realmente optado por seguir meu coração e não a voz da razão. E estar grávida de quase sete meses era como se fosse a cereja do bolo, deixando tudo ainda mais belo e harmonioso em nossas vidas.

Nicolas não esperou que chegássemos ao pequeno altar montado, caminhou até mim nos encontrando no meio do caminho.

— Tome conta dela meu rapaz.

— Terei o maior prazer, Sr. Suarez. – Nicolas disse apertando a mão de meu pai, sorrindo para mim.

Ele se abaixou, ficando na altura de minha barriga, acariciando e dando alguns beijos antes de ficar novamente de pé, entrelaçou nossos dedos dando um leve beijo em minha testa, abrindo a comporta para minhas lágrimas escaparem.

— Vamos nos casar, monstrinha. – Piscou nos levando até o padre.

— Ah, o amor... – Começou o padre a recitar. — Que sentimento mais real e enlouquecedor, não é verdade? Mas ainda assim, mesmo que tivesse o dom da profecia, conhecesse todos os segredos do universo, ainda que tivesse toda a fé, se não tivesse o amor, nada seria.

Sorri vendo que Nicolas olhava diretamente para mim.

— O amor é a união sincera de duas almas, nada pode impedir o real amor, nem mesmo os homens, nem mesmo os anjos. O amor não vacila diante de um obstáculo, não encontra outro meio, outro caminho de achar sua alma perdida. O amor meus jovens, ele é bravo, como uma tempestade varrendo o mar. Amar é escolher pular num abismo, mas pular de olhos abertos, sentindo todas as sensações, sentindo o frio na barriga ou o sorriso bobo nos lábios. Lembrem-se, o amor lhes dará asas, o amor fará vocês conquistarem mundos...

As lágrimas corriam livres pelo meu rosto, Nicolas pegou a caixinha com as alianças, virando-se para mim. – Eu, Nicolas White, recebo-te Ana Suarez como minha esposa, prometendo-te ser fiel, amar e respeitar, em todos os momentos de nossas vidas, ajudando-te e guiando-te quando precisares, sendo amigo, marido, amante e pai de nossas filhas. Para todo sempre.

Nicolas deslizou a aliança pelo meu dedo, seu rosto também estava úmido das lágrimas que por ali passaram.

Retirei a outra segurando firme em minha mão. – Nicolas, recebo-te como meu marido, prometendo-te ser fiel, amar e respeitar, amparar-te em todos os momentos de nossas vidas, quando mais precisar ou quando menos necessitar, amando você e seu passado, pois foi através dele que chegamos até aqui. Amo o homem que você foi ontem e amo o homem que você é hoje.

O padre disse mais algumas palavras nos declarando finalmente como marido e mulher, fazendo uma chuva de pétalas de rosas caírem sobre nossas cabeças, enquanto Nicolas me puxava contra seu corpo e nossos amigos e familiares aplaudiam.


Passamos de amigo em amigo recebendo os cumprimentos, até que finalmente todos os convidados tinham nos puxados para abraços ou beijos e desejos de felicidade e finalmente pudemos entrar na festa.

Estava tudo como planejamos, a festa a todo vapor, as pessoas rindo, dançando, bebendo. Os amigos de Nicolas animavam a pista de dança, nossa família tinha o mesmo sorriso estampado no rosto. Nicolas largou o paletó na cadeira mais próxima vindo até mim, me abraçando, beijando meu pescoço.

— Já falei que estou feliz para caralho?

— Acredito que tenha falando meio por cima. – Brinquei mordiscando sua boca.

— Então eu repito, estou feliz para caralho Sra. White, meus amigos, minha família, minha mulher e principalmente por ter minhas filhas.

— Eu te amo. – Disse rindo de sua animação.

— Muito.

Nicolas roubou minha boca, minha respiração, minha alma. Beijando com amor, intensidade, sua mão firme em minha cintura, sua língua dançando docemente dentro de minha boca.

Senti uma pressão na barriga, Nicolas notou minha careta de dor, se afastou olhando sério. – O que foi?

— Acho que elas estão animadas demais. – Massageei um pouco a barriga.

— Vamos sentar, você está pálida, Ana.

Nicolas puxou a primeira cadeira em minha direção trazendo atenção de algumas pessoas para nós.

— Tem algo que possa fazer?

— Fique calmo Nic, foi apenas um mal jeito.

Como se quisessem provar que estava errada a dor se intensificou, aumentando a pressão em meu ventre.

— O que foi meu neto? – Clarice surgiu pelas minhas costas.

— Ana sentiu uma pontada. – Respondeu em pânico.

— Fique calmo, Ana como você está? – Clarice se virou para mim, colocando as duas mãos em minha barriga.

Estava pronta para responder quando senti uma água descendo por minhas pernas, molhando o vestido. – Eu... elas vão nascer!

Nicolas arregalou os olhos em pânico, eu estava apenas de sete meses, ele correu até seu paletó pegando seu celular, com certeza ligando para o Doutor Carlos.

— Calma, querida, tudo vai dar certo. – Clarice trazia minha atenção para ela. – Não se preocupe.

— Uhum. – Murmurei sentindo mais uma pontada.

— Vamos para o carro, o médico já esta a caminho do hospital.

— Ajude a levantá-la, Nicolas.

— Eu estou bem, estamos bem. – Exclamei tentando em vão ficar de pé, mas Nicolas me puxou da cadeira para seu colo, praticamente saindo correndo da festa até o carro.

Estávamos a poucos minutos do hospital, mas pegar um pouco de trânsito deixou Nicolas no limite da impaciência dentro do carro.

— Você está bem? – Perguntou pela décima vez.

— Estou Nicolas, para de perguntar cada vez que solto um gemido. – Disse rangendo os dentes para mais uma contração.

Ele ultrapassou alguns carros, finalmente chegando ao hospital, parou o carro de qualquer jeito na frente da emergência dando a volta para me tirar dali.

Os enfermeiros vendo a movimentação correram para saber o que havia acontecido.

— Minha mulher está em trabalho de parto.

— Calma Nicolas, eles estão achando que você vai socá-los. – Disse me apoiando em seus ombros.

— E vou mesmo se eles não vieram rápidos.

Fui colocada em uma maca, as contrações vindo cada vez mais forte, com medo por estar em trabalho de parto prematuro, rezando para que minhas filhas estivessem bem. Nicolas me deu um beijo, segurando firme minhas mãos até me soltar.

— Estou esperando vocês.

Concordei deitando na maca, sendo levada para dentro do hospital, com a imagem de um Nicolas ansioso, descabelado e preocupado me olhando.

Nos ficaríamos bem.


Capítulo 49

Nicolas White


— Nicolas você quer se acalmar?

Parei de andar pela sala de espera, soltei um pouco a gravata, eu suava frio, estava com medo que algo acontecesse com elas, andei de um lado para o outro novamente, isso ajudava aliviar a preocupação ou a impotência de não poder fazer nada.

— Como elas estão? Já nasceu? – Ângela surgiu pelo corredor se juntando a nós.

— Ainda não.

— Nicolas você tem que se acalmar, foi por isso que não deixei que entrasse. – Minha avó estava de pé olhando para mim com sua sabedoria infinita. – Você só iria atrapalhar.

— Como posso me acalmar sendo que não sei de nada? – Passei as mãos pelo cabelo. – Cadê a porra daquele médico?

Escutei um pigarrear atrás de mim.

— Como elas estão doutor? – Foi uma pergunta unânime entre mim, meus pais e os pais da Ana.

— Elas estão ótimas. – Ele sorriu, nos inundando de alívio. – Ana teve um parto fácil, estávamos com tudo preparado para um cesariana, mas as bebês estavam posicionadas com a cabeça para baixo, o que facilitou muito. Elas nasceram com um peso excelente, não vão precisar passar por nenhum processo.

— Graças a Deus! – Minha mãe exclamou, ou tinha sido a mãe de Ana, nesse momento eu já não sabia mais nada.

— Uma nasceu com 45cm e 2.500kg e a outra com 44cm e 2,700kg.

Um sorriso enorme estava em meu rosto, eu queria vê-las. Ana e eu combinamos que só daríamos os nomes quando elas nascessem, assim que colocássemos os olhos nelas.

— Posso entrar?

— Ana está sendo levada para o quarto e as bebês estão sendo preparadas, uma enfermeira já vem buscá-lo.

Ele parabenizou a todos e se afastou, a sala de espera virou uma verdadeira festa, todos me abraçaram, desejaram boa sorte, brincaram do fato que tinha a partir de agora três mulheres para aturar. Eu estava nas nuvens, feliz para caralho.


Ana estava deitada, com os olhos fechados, bati de leve na porta entrando no quarto, ela abriu os olhos sorrindo. Eu tinha virado um molenga, as lágrimas já nublavam minha visão, inclinei sobre seu corpo dando um beijo carinhoso em seus lábios, sentindo seu cheiro doce que tanto amava.

— Elas são lindas, papai – Murmurou. – E você um bundão. – acrescentou rindo.

Revirei os olhos fazendo uma careta. – Minha avó disse que eu só iria atrapalhar e desmaiar ao seu lado.

Ana gargalhou me puxando para um abraço. – Um bundão extremamente lindo.

— Eu sinto muito por não ter entrado, mas eu realmente só atrapalharia, eu quase furei o chão da sala de espera de tanto que andei de um lado para o outro.

— Amo você. – Ela disse sorrindo.

— Eu também, muito.

— As primeiras fraldas são suas. – Piscou olhando para porta quando uma batida soou pelo quarto.

— Podemos entrar?

— Claro, mãe!


Estávamos todos no quarto, as duas enfermeiras chegaram trazendo nossas filhas, dormindo confortavelmente no carrinho, as duas estavam com roupinhas brancas, a única diferença eram os detalhes, uma tinha detalhe de flores na roupa e a outra com detalhes de estrelas. Meu coração batia descompassado de olhar aquelas coisinhas minúsculas e rosadas, as duas extremamente cabeludas e eu estava ali completamente apaixonado.

A enfermeira entregou uma para Ana e outra colocou em meus braços, me sentei ao lado de Ana na cama contemplando minhas mulheres.

Olhando para os rostinhos delas, me lembrei de todos os nomes que ficamos certa noite brincando com a combinação. – Olhei para a bebê que Ana segurava. – Seja bem-vinda Rosalie e Nayla.

Ana sorriu concordando. – Você escolheu os nomes que mais gostamos, lindos e únicos para cada uma delas.

Dei um beijo em cada cabecinha e, depois um beijo em minha mulher, dizendo em um beijo o quanto eu amava aquela mulher, o quanto eu estava feliz.

E era só o começo...


Capítulo 50

Ana Suarez


Gêmeas, só essa pequena palavrinha já dizia tudo. Rosalie e Nayla eram completos opostos, mas foram boazinhas no começo. Pouco choravam e quando faziam era realmente porque algo as incomodavam, eu me recuperei muito bem do parto o que foi ótimo, pois Nicolas teve que retornar para o trabalho.

Tanto minha mãe como a de Nicolas nos visitavam com frequência e ajudavam a cuidar das gêmeas. Felicidade não cabia mais dentro de mim, olhar aqueles rostinhos era como um sopro de ar fresco, elas não tinham nada meu fisicamente, cópias exatas de Nicolas, o que o deixava com o ego ainda mais inflado.

Se tinha um pai totalmente babão era ele, sempre que chegava do trabalho ia direto olhá-las, ou ficava durante a noite com elas, cantando ou lendo histórias. Um homão lindo, mas completamente de quatro pelas meninas, eu ria internamente pensando quando elas estivessem maiores se elas ainda iriam enrolar ele em seus dedinhos.

Rosalie e Nayla tinham cabelos loiros e olhos azuis, assim como o pai, a mínima diferença entre elas era que quando Nayla sorria uma pequena covinha aparecia em suas bochechas e Rosalie era um pouquinho maior que a irmã, além de ser a que mais gostava de bagunça.


Quando as meninas completaram um mês retornei ao médico, eu já não aguentava mais os resguardos, e eu via isso no rosto de Nicolas, sempre que ficávamos juntos depois de colocarmos as meninas nos berços, em meio a abraços e beijos acalorados no sofá o desejo estava ali, queimando nossas veias, mas tínhamos que recuar e aguardar.

O sorriso que ambos compartilhamos quando o médico me liberou, alegando que estava muito bem e saudável bastou para ver as engrenagens de Nicolas trabalhando. Esperei o médico passar todos os cuidados, como a receita para o anticoncepcional e brincar dizendo sobre a importância do preservativo nesse primeiro mês. Lógico que eu iria seguir à risca, amava minhas filhas, mas aguentar outra dose dupla, não, não tão cedo!

Nicolas abriu a porta do carro, ajudando acomodar as meninas nas cadeirinhas, abriu a porta do passageiro para mim.

— É hoje monstrinha. – Disse dando um tapa em minha bunda, fazendo-me gargalhar.


Bom, Rosalie e Nayla não deram um descanso nesse dia, quando realmente decidiram dormir já passava das duas da madrugada.

Nicolas se jogou na cama, sorrindo para mim. Subi deitando ao seu lado, meu corpo aninhando em seu peito.

— Hum, só um minutinho... – Nicolas exclamou de olhos fechados.

— Uhum, só vamos esticar a coluna por um momento.


— Teremos uma noite dos sonhos, monstrinha. – A voz de Nicolas estava rouca, continuei de olhos fechados.

Bom, nossa grande noite de sexo ficou nos sonhos, caímos no mais profundo sono até de manhã. Quando as meninas nos acordaram berrando, sentamos ao mesmo tempo assustados na cama, olhando um para o outro.

Nicolas passou a mão pelo cabelo, exausto, o sorriso debochado no rosto. – Que noite de paixão!

Gargalhei dando um beijo rápido em seus lábios já me levantando. – Pois é gostosão.

Agarramos as meninas, Nicolas sorrindo e beijando a bochechas de ambas. – Ah, minhas pequenas monstrinhas, vocês estão devendo uma para o papai.

— E você mamãe, se prepare, pois um mês na seca eu deixarei você sem andar uma semana.


Sorri, feliz e completa. A vida era momentos, bons e ruins. Mas, se você soubesse ter um equilíbrio entre a razão e o coração você teria grandes surpresa, valorize os momentos bons, eles sempre nos acompanharam no decorrer do tempo, marcados em nossas mentes e corações, e ali estava um momento que eu levaria para o resto da vida.

Nicolas, eu, nossas filhas. Nosso começo, nossa própria história sendo escrita pelas mãos de alguém, levada pelo tempo.


“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.”

(Clarice Lispector)


Epílogo

 

Solto um gemido longo.

— Sempre ansiosa demais, Sra. White. – sussurra ele, sua boca passa do meu pescoço para meu ouvido. – E extremamente molhada...

Seus dedos me consomem com facilidade, num entre e sai luxuoso, atingindo novamente aquele ponto dentro de mim.

— Trouxe uma surpresinha para você, como diz o ditado se não podemos fugir para The Night, trazemos até nós.

Meus olhos vendados não permitiam que eu espiasse o que ele tinha escondido nas minhas costas, mas quase de imediato aquilo tocava meu corpo, ele se arrepiou. Senti longas tiras passarem por minhas costas, da bunda até o pescoço, ás vezes sentindo os lábios de Nicolas, outras, apenas o nada, aumentando a ansiedade crescente dentro mim.

Aperto o lençol com a expectativa.

— Calma minha monstrinha. – Diz.

Então sinto o primeiro golpe, forte, arder minha pele que está em chamas, um grito escapa de minha boca. A dor e ardência me fazem ficar ainda mais excitada, o prazer está ali, assim como as mãos de Nicolas acariciando a parte atingida. As tiras passeiam novamente pelo meu corpo, sobre minhas costas e somem.

A dor se repete do outro lado de minha bunda, mas o prazer vem mais rápido, fazendo eu me contorcer... Querendo mais.

Nicolas me vira de barriga para cima, passando novamente as tiras pela minha barriga, meus seios, dando uma série de açoitadas pequenas por meu corpo.

— Ah, por favor. – puxando mais o lençol.

Nicolas encosta seu corpo e sua boca em meu ouvido, mordiscando o lóbulo de minha orelha. – Você quer mais?

Solto mais um gemido, minha garganta está seca, meu corpo treme, meu centro lateja de desejo. Nicolas desce uma de suas mãos por todo meu corpo, apertando meu mamilo, sua boca suga meu pescoço, descendo para meu outro seio, onde ele chupa, sugando-o todo para sua boca, me deixando praticamente a beira do orgasmo. Porém, Nicolas me conhece, conhece o meu corpo.

Sinto as tiras do que acredito ser um chicote de montaria passarem suavemente pelas minhas coxas e, a surpresa dele atingir minha boceta, me jogando no mais puro orgasmo.

— Isso meu amor, grite, eu adoro quando você grita de prazer. — Sussurra Nicolas.

Ele não dá tempo para que me recupere, abre minhas pernas ficando no meio delas, sinto sua ereção raspar pelo meu clitóris, a venda é arrancada dos meus olhos, pisco me acostumando com o ambiente e encontro os olhos azuis intensos de Nicolas.

— Eu adoraria que você me chupasse, de modo bem safado como adora fazer. – Ele sorri fazendo-me chupar os dedos que estavam dentro de mim, sentindo meu gosto. – Mas logo os convidados estarão chegando assim como nossas filhas.

Eu sei que ele irá prolongar essa sua provocação, sentindo meu corpo tremer com seu pênis roçando meu clitóris, por isso mesmo pego-o de surpresa, agarrando sua cintura com as pernas e seus braços, fazendo seu membro entrar fundo dentro de mim.

Ambos gememos com a sensação de preenchimento.

— Você é uma safada.

Nicolas não nos dá espaço para respirarmos, começa a meter com vontade, fundo e forte, arrancando os gritos de minha garganta, minhas unhas estão cravadas em suas costas, assim como suas mãos estão apertando minha cintura.

Ele solta minhas pernas de sua cintura colocando-as nos ombros, o sorriso safado ali, gostando de me deixar mais uma vez andando na corda bamba do orgasmo que eu sei que está por vir.

— Goza! — Ele fala entre os dentes.

Meu corpo explode, arrastando ele comigo, Nicolas deixa minhas pernas caírem moles na cama, ele próprio se jogando sobre meu corpo, tentando respirar.

— Você adora uma trepada sacana. – Ele diz em meu ouvido, esfregando a boca ali.

Eu rio. – É, eu adoro uma boa trepada com você, principalmente quando falta minutos para nossas famílias chegarem aqui.

Mal termino de falar escuto a campainha soar pelo corredor. Nicolas sai de dentro de mim gargalhando, acerta um tapa em minha bunda, recolocando sua roupa.

— Vai tomar um banho, eu distraio as visitas.


Rosalie batia as palminhas em meus braços, encantadas com as velas no bolo, oito meses tinham se passado. Eu ria, aquele sorriso sempre seria a imagem mais linda do mundo, meus olhos encontraram os de Nicolas que refletia meus pensamentos com Nayla em seu colo.

Passei o dedo pelo chantilly passando na boca tanto de Rose como Nayla, que riam lambendo os vestígios dos pequenos lábios.

— Como elas estão grandes meu neto. – Dona Clarice sorria para Nicolas, tirando Nayla de seus braços.

— Elas espicharam, com certeza. – Minha mãe comentou.

— São as bebês mais lindas da madrinha. – Ângela exclamou sentando-se no sofá. Paul praticamente gravitava em volta dela e da pequena Melaine, com olhos apaixonados. Melaine era a personificação de Paul, tanto na aparência, como do espírito indomável que Ângela tanto falava.

— O destino é uma coisa incrível. – Caçoei entregando o primeiro pedaço de bolo. – Resumindo, vocês estão perdidos com essas meninas, Nicolas com sua dose dupla e você Paul com a sua. Finalmente terei minha vingança, Melaine deixará você sem cabelos. – Completei rindo.

— Titio Greg vai separar o melhor para as minhas meninas. – Greg entrou na brincadeira, Matt deu um sorriso singelo e um pequeno tapa no braço do namorado como reprimenda.

Paul e Nicolas torceram a boca quase no mesmo instante fazendo todos caírem na gargalhada.

Se tinha outro momento que levaria na memória seria esse, todos sentados na sala, Rosalie e Nayla engatinhando e arriscando uns passinhos apoiadas nas mãos dos avós, e dos nossos amigos. Meu olhar cruzou novamente com Nicolas, refletindo todo amor que eu sentia por ele, por nossa família, por nossas filhas.

Ele mandou um beijo dizendo “Eu te amo” de forma silenciosa.


Paro por um instante do lado de fora do quarto, escutando Nicolas contar uma história para as meninas:

— Então o belo príncipe chamado papai lutou com grandes e bravos dragões pela princesa mamãe, ele derrubou um por um, só para roubar um pequeno beijo, na bochecha, viu meninas...

Escutei o risinho fraco de ambas, fazendo-me sorrir.

Cinco anos haviam se passados.

Deixei de lado a tarefa de guardar os brinquedos espalhados na sala para espiar os três, Nicolas estava deitado sobre o tapete felpudo do quarto, Rosalie e Nayla deitadas sobre seu peito, cada uma em um lado.

O abajur ligado fazia as pequenas estrelas viajarem pelo teto e chão.

— E o príncipe se casa com a princesa, onde nascem duas lindas princesinhas, mas agora, essas pequenas monstrinhas irão dormir.

Ele beija o topo da cabeça de cada uma, puxando-as para seu colo.


— Ana!

Suspiro, já era o terceiro grito que Nicolas dava pela casa.

— Estou no escritório, Nicolas.

Ouvi seus passos pesados vindo do corredor, a porta se abriu com tudo, entrando um Nicolas de olhos raivosos e uma Nayla com bochechas vermelhas de vergonha.

Deixei o manuscrito de lado olhando para eles.

— O que aconteceu?

— Sua filha está de namorinho na escola. – Nicolas bufava tentando controlar a voz, balançando um pedaço de papel amassado na mão.

Eu tive vontade de rir, com dez anos não poderíamos falar de namorinhos, eram simples paqueras inocentes, mas quando isso aconteceu com Rosalie ele fez a mesma tempestade.

— Veja se eu estou errado, amanhã estarei na porta do colégio, se for preciso converso com o diretor. – Ele passou a mão no cabelo, jogando as mechas loiras para trás, se tinha um homem que com o passar dos anos ficava ainda mais gostoso era Nicolas.

— Nicolas, primeiro deixe-me ver o que está escrito nesse bilhete e o que nossa filha tem a dizer.

Ao contrário de Rosalie, Nayla era a mais tímida, a mais estudiosa. Eu não via problemas vindos dela, mas de Rosalie, com certeza ela iria deixar Nicolas sem os cabelos se continuasse puxando-os da cabeça a cada bilhetinho de garoto que elas recebiam.

Minhas filhas eram lindas, dois anjos. Os mesmos olhos azuis de Nicolas, os cabelos loiros lisos até a cintura, resumindo dor de cabeça para um pai ex-safado.

— Nay me conte o que aconteceu.

Nayla olhou rapidamente para o pai, seu lábio inferior tremeu um pouco. – Eu não gosto dele mamãe, ele fede a suor, toda vez que passa por mim puxa meu cabelo.

Segurei o riso.

— Tá vendo, mais um motivo para eu falar com o diretor.

— Nicolas, se controle. – Lancei um olhar rabugento para ele. – Continue filha.

— Hoje quando estava saindo da sala ele me entregou isso e disse que eu era a garota mais linda da sala, até mais bonita que Rose.

Suas bochechas coraram, abri o bilhete amassado por Nayla, no mínimo para esconder do pai.

“Eu te acho incrível, linda, podemos ir ao cinema?”

— Tom


Dobrei novamente o bilhete. – Nay, você é muito nova para namoros, entendo a chateação de seu pai, queremos seu bem, assim como de sua irmã.

— Eu sei mamãe, eu nunca mais vou falar com Tom.

— Ah, então temos um nome. – Nicolas exclamou, ele estava andando pelo escritório como um leão enjaulado.

— Nicolas, cale a boca.

— Filha, não precisa parar de falar com seus amiguinhos, apenas tome cuidado. Queremos que sua prioridade seja seus estudos, os namoros são uma consequência do futuro, ok?

— Sim, mamãe. – Nay olhou para o pai, correu até ele dando um abraço apertado, fazendo-o se derreter com o amor de nossa filha.

— Nada de namorados, mocinha. – Disse beijando sua cabeça.

Ela sorriu e saiu correndo do escritório. Esperei a explosão de Nicolas.

— Namorados terão que vir aqui, terão que ser muito macho para estarem com minhas filhas.

Suspirei balançando a cabeça. – Como se isso nunca fosse acontecer Nic, as meninas estão crescendo, quando menos esperar terá dois marmanjos assaltando suas cervejas e beijando suas filhas no sofá.

— Só por cima do meu cadáver. – Nicolas retruca.

— Aham... Veremos.


Ele fecha a porta com delicadeza, passando a chave. Seus olhos se estreitam grudados em mim. – Acredito que preciso mostrar quem tem a última palavra.

Meu coração acelera, como se tivéssemos voltado dez anos atrás, tiro as coisas do centro da mesa, deixando o ambiente livre, ele dá a volta pela mesa, afastando minha cadeira para trás.

— Então você quer brincar?

— Mais do que nunca.

Nicolas começa a desabotoar a camisa, deixando a mostra seu peitoral definido, sua calça pendendo da cintura, dando uma visão para seu pênis marcando a calça jeans. Ele abre minhas pernas, fazendo meu vestido leve de verão subir, se ajoelha, suas mãos percorrendo minhas coxas, brincando com o tecido da calcinha fazendo uma onda de adrenalina percorrer meu corpo.

— Quando eu fizer você gozar na minha boca, quero ouvir meu nome e o quanto eu deixo você satisfeita Sra. White. – Ele passa a língua lentamente pela boca, fazendo minha respiração engasgar.

Ele me fita novamente, os olhos brilhando. – Seja minha.

— Sempre... – respondo perdendo o ar quando sua língua toma minha intimidade para ele.

 

                                                                  A. K. Raimundi

 

 

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