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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


SHAKE / Addison Jane
SHAKE / Addison Jane

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

Ham perdeu toda sua família de uma só vez para a mão do diabo.
Seus pais foram mortos e seu irmão e irmã foram arrancados dele por um sistema corrompido. Como irmão mais velho, ele deveria protegê-los e manter o que restou de sua família.
Mas ele falhou.
Quando encontrou o MC Brothers by Blood, Ham recebeu sua segunda chance e uma família. A ele foi dado tempo para se redimir e ser o irmão que não pode ser antes.
Foi lá que ele encontrou Meyah — tudo o que ele queria, mas não merecia.
Meyah está fora dos limites, mas o fogo entre eles só se tornou mais intenso quando Ham a vê crescer e lutar para encontrar sua voz. Ela não é mais a garota jovem e inocente que ele sentiu que tinha que proteger, ela é mais forte do que nunca.
Cansado de negar a atração entre eles, Ham está determinado a consertar os erros que cometeu no passado, para finalmente se sentir um homem digno de alguém tão bonita, inteligente e verdadeira.
Primeiro, ele precisa voltar para onde tudo começou.
E o que Ham encontra lá pode não lhe dar paz.
Em vez disso, ele está prestes a criar uma nova tempestade.

 

 

 


 

 

 


CAPÍTULO 1

MEYAH

Sento do lado de fora do escritório do diretor, com meu sapato batendo nervosamente contra as tábuas do assoalho de madeira.

Minha mão está começando a ficar dormente por causa do gelo que coloquei nela - uma tentativa de matar a dor latejante em meus dedos. Não sei o que me preocupa mais, o fato de ter quebrado a mão no rosto estúpido de Nick, ou que a minha mãe está a caminho.

Já mandei ao tio Leo e Hadley um texto implorando para alguém vir e interceptá-la, sabendo que pelo menos eles estarão dispostos a me ouvir e ficarão do meu lado, uma vez que souberem o que o idiota fez.

Minha mãe, por outro lado, não ficará tão impressionada.

“Espero que esteja feliz”, Nick resmunga por baixo do grande bloco de gelo que pressiona contra o nariz, com a cabeça ligeiramente inclinada para trás. “Será expulsa, e talvez até presa se minha mãe tiver algo a ver com isso.”

Zombando, reviro os olhos, por um momento, me perguntando o quanto doerá se eu apenas levantar e bater nele novamente. “Talvez ela não devesse ter criado seu filho como um porco.”

Seus olhos arregalam, e ele afasta o bloco de gelo do rosto. Mordo o lábio para conter o riso que borbulha na minha barriga. Há uma trilha de sangue escorrendo por seu queixo, e sua narina tem uma bola de algodão ridiculamente grande. Mas é o inchaço em torno do nariz que me faz tentar conter o riso. A ponta do seu nariz é larga e espessa e ocupa mais de seu rostinho bonito do que o normal. Até mesmo seus olhos estão um pouco inchados e vermelhos, parecendo que em breve terão hematomas.

Quero me dar tapinhas nas costas.

Finalmente tomei uma posição.

Dei um soco no rosto de Nick.

Ele mereceu.

E foi bom pra caralho.

Este é meu último ano, e passei a maior parte do tempo olhando por cima do ombro enquanto caminhava pelo corredor ou querendo vomitar todas as manhãs a caminho da escola, perguntando que tipo horrível de rumor Nick começará.

Pode ter levado o ano todo, mas finalmente cheguei a um ponto onde estou cansada de ser tão atormentada, a menina que esconde o rosto num livro e espera que ninguém a reconheça. Sou humilhada e provocada porque as pessoas sabem que não irei reagir, bem, uma pessoa em particular sabe.

Não sou a mesma garota que era há alguns meses.

Quanto mais tempo passo com o clube, mais sinto que finalmente tenho alguém em minhas costas - não alguém, muitos alguéns, os mais assustadores alguéns do estado. Eles me fazem acreditar em mim mesma. Eles me lembram de que mereço ser tratada do mesmo modo que eles tratam suas mulheres. Eles a amam, entregam suas vidas pelas mulheres que amam. Até as meninas do clube são tratadas com respeito, protegidas e mantidas em segurança.

No entanto, aqui estou, deixando um punk que mentiu para entrar em minhas calças, falar sobre mim e me atingir.

Por quê?

Porque é assim que fui criada.

Amo minha mãe. Para mim, ela é uma mulher forte e orgulhosa que criou dois filhos sem precisar da ajuda de homem nenhum. Sempre tivemos tudo que precisamos e, embora o tenha sido difícil, e minha mãe perdido sua família e pessoas que amava durante sua vida, sempre passou por tudo com o queixo erguido.

O problema é que toda essa perda teve um impacto sobre ela, e a maneira como nos criou - com medo de nos levarem também. Ela tenta nos proteger, mas, em vez disso, enraizou costumes que apenas nos fazem parecer estranhos. Mamãe não nos deixa sair com as crianças quando não aprova seus pais. Ela nos encoraja a sempre nos afastar e quando somos provocados, não há problema em recuar. Aprendemos a procurar adultos quando temos problemas e nunca nos defender e resolver sozinhos.

Isso me deixa com medo de agir, e me faz pensar que não sou capaz de lidar com meus problemas. E vamos encarar, ninguém quer ser amigo da garota que é rotulada como uma idiota sempre correndo para um adulto ou um professor quando sente que algo está errado. Minha mãe é a definição de um pai helicóptero, e cansei de ter seu zumbido na minha cabeça.

A faculdade está se aproximando rapidamente, e não terei minha mãe ou o clube para me defender ou proteger. Eu tenho que ficar em pé sozinha, e não dou a mínima se serei expulsa depois disso, porque finalmente provei a mim mesma que posso.

Desta vez, vou lutar de volta, e a prova está na minha frente segurando uma bolsa de gelo gigante no nariz. Ele ainda geme de dor a cada minuto, embora estejamos aqui por quase meia hora, e tenho certeza que todo seu rosto provavelmente está entorpecido agora.

Passos apressados soam no corredor do lado de fora do escritório, e olho para cima esperando que a família de Nick não chegue primeiro. Se for assim, sei que ouvirei sua mãe gritar e gritar por ter machucado o rosto perfeito de seu garotinho.

"Carly, acalme-se", avisa meu tio Leo enquanto ele e minha mãe entram pela porta, seguidos de perto por Hadley, que olha em volta, preocupada, ao contrário do rosto enfurecido da minha mãe. Todos param de repente, com os olhos em mim. Tio Leo coloca a mão no ombro da minha mãe quando seus olhos se voltam para a minha mão. "Calma", ele repete.

Limpo a garganta, e tento sorrir e levantar a mão boa num aceno. "Ei", murmuro, com a boca totalmente seca. Engulo em seco algumas vezes antes de conseguir formar mais palavras, mas quando meus lábios e boca ficam molhados o suficiente para tentar explicar o que houve, o Diretor Lacky aparece na porta.

"Meyah", diz ele com um suspiro pesado. "Traga sua família, por favor."

Levanto, encolhendo-me quando o movimento lança dor através dos meus dedos. Minha mãe nem olha nos meus olhos ao avançar.

Leo, por outro lado, vem para meu lado e coloca a mão nas minhas costas. "Parece que precisamos aprender a dar um soco sem quebrar sua mão", ele sussurra em voz baixa ao entrarmos pela porta do escritório do Diretor. Hadley a fecha atrás de nós com um clique suave e ensurdecedor como o de uma cela de prisão.

Aqui vamos nós.

Leo me direciona para o único lugar livre, ao lado da minha mãe, enquanto fica nas minhas costas, com a mão no meu ombro. "Então, vamos ouvir, o que aconteceu?" Tio Leo exige quando estamos todos sentados.

O Diretor Lacky se move nervosamente. Posso dizer que ele está inseguro com a presença de Leo na sala - seu colete do clube usado orgulhosamente sobre uma camiseta gordurosa e jeans manchados. Não é exatamente um traje social. “Meyah quebrou uma das nossas regras mais rigorosas hoje. Feriu outro aluno, o que é estritamente proibido. Não toleramos lutas de qualquer tipo nesta escola. Ela socou outro aluno, e parece ter quebrado seu nariz.”

Tento arduamente não revirar os olhos para seu drama. Luta? Não. Nick levou um soco, e ficou no chão rolando e gritando como uma garotinha.

O chefe Lacky se recosta na cadeira enorme. "Tenho certeza que entende que vou suspender Meyah pelo resto da semana."

Os ombros da mamãe caem. “Tenho certeza de que Meyah já expressou seu arrependimento e pediu desculpas. Mas deixe-me dizer novamente, sentimos mui—”

"O que o garoto fez?" Tio Leo interrompe, ganhando um olhar sombrio da minha mãe. Ele ignora seu olhar e foca no diretor. “O que ele fez para Meyah para que ela precisasse se defender?”

Diretor Lacky começa a choramingar, lutando para encontrar palavras para explicar por que tive a necessidade de socar o rosto de Nick.

"Ele agarrou minha bunda e disse aos amigos que estava desapontado por não ter conseguido enfiar seu pau nela", respondo por ele, com a voz totalmente vazia de emoção, já que era a terceira vez hoje que Nick fazia algum tipo de insinuação sexual ou comentário, e tive o suficiente naquele momento, dado que eram apenas 10:00 da manhã.

Os dedos do tio Leo afundam no meu ombro um pouco mais, e pelo canto do olho, vejo Hadley mover seu corpo para a frente da porta para que ele não saia sem passar por ela e seu bebê que cresce rapidamente. Mamãe ofega, com a mão indo para a boca em choque por um breve segundo antes da raiva se acalmar, e ela levantar do assento batendo as palmas das mãos sobre a mesa.

O diretor Lacky salta quase caindo para trás da cadeira estupidamente enorme. Mamãe se inclina, seu tom e volume de voz enviando um calafrio por minha espinha. "É melhor me dizer agora que o garoto foi expulso", ela avisa.

Sento um pouco mais ereta, com a boca aberta.

"Porque não mando minha filha para essa porra de escola para que ela possa ser sexualmente assediada por um idiota como ele, e então ser punida quando se defende."

Puta merda.

Todos olhamos para mamãe como se tivesse crescido duas cabeças. Minha mãe definitivamente é uma mulher forte, nunca duvidei disso, mas esse é o próximo nível. Posso sentir a raiva queimando em sua pele.

“Agora, agora", balbucia o diretor Lacky com a explosão da minha mãe. Seus olhos se movem de um lado para o outro entre minha mãe, tio Leo, e a janela de vidro na porta do escritório, onde sei que pode ver os pais de Nick preocupados com o filho. Nick vem de uma família rica, eles têm dinheiro, fazem doações para a escola e tem amigos ricos. Basicamente, eles têm o diretor Lacky pelas bolas. "Meninos são—"

"Juro por Deus se disser 'meninos são meninos', vou te arrastar para a porra do clube e fazer os garotos agarrarem sua bunda e dizerem o quanto querem enfiar o pau nela", tio Leo silva, de pé com sua altura total. "Se está me dizendo que é normal adolescentes falarem essa besteira, vou começar a me perguntar que tipo de escola tem aqui.”

O rosto do diretor Lacky instantaneamente fica vermelho beterraba, sua boca abrindo com a ameaça muito séria do meu tio. Minha mãe recua, posso dizer pela forma como seu corpo afunda no banco e posso dizer pelo sorriso peculiar no canto de sua boca, que ela está feliz por tio Leo estar aqui.

Ela não se importa que ele faça ameaças ao meu diretor da escola porque sabe que se fosse apenas ela e eu aqui, teríamos sido ignoradas e expulsas, e sairia daqui com pelo menos uma semana de suspensão.

Quando o diretor Lacky não responde, tio Leo continua: "Que tal deixar Meyah sair sem uma suspensão, e faz o que diabos quiser com o idiota ali, e o chamamos de acordo justo?"

O diretor Lacky bufa, com as narinas dilatadas como se quisesse discutir. Felizmente, ele é um homem mais esperto que isso. Ele sabe que pode controlar essa escola, mas o Brothers by Blood MC controlam a cidade, e não tem medo de usar seu poder para defender ou proteger os seus. "Certo", ele finalmente rosna deixando todos saberem quão infeliz está em ter que entregar suas bolas, em vez de ser o homem duro que está mais preocupado com a escola e sua carteira, do que com suas alunas sendo assediadas por futuros idiotas.

"Bom. Fico feliz por termos resolvido isso”, diz Leo enquanto espera que mamãe e eu saiamos de nossos assentos antes de nos seguir. O som estridente da voz da mãe de Nick me cumprimenta quando Hadley abre a porta do escritório e me encolho.

“Sua pequena bruxa quebrou o nariz do meu filho! Farei acusações legais,” ela diz quando passo. Ela empurra o dedo na minha cara, e tropeço para trás tentando evitar que sua unha longa e pontuda acerte meu olho. Felizmente, tio Leo me segura. É quando mamãe dá um passo à frente e agarra o dedo da mulher, e percebo que não sou a única enfiando a cabeça na areia quando se trata de intimidações.

“Seu filho agarrou a bunda da minha filha", minha mãe adverte, baixa e mortal. "Se quer falar sobre acusações, vamos começar com assédio sexual."

Nick fica de pé, com os olhos arregalados e vejo medo neles. Talvez este seja o momento que o choca em ser um humano normal, gentil e genuíno. Talvez esse seja o momento que vá mudá-lo para sempre ou fazê-lo ver que ser um babaca não é o jeito de chegar onde quer na vida.

"É a palavra dela contra a dele", a mãe de Nick argumenta enquanto aperta o filho contra o peito.

"Na verdade, há um corredor cheio de alunos,” interrompo, movendo meus pés e dando um passo à frente. "E podem ser seus amigos agora, mas se for uma escolha entre Nick e dizer a verdade, eles não vão para a cadeia... aposto que logo será tipo... Nick contra quem?"

A mulher me olha com nojo. Só a encontrei uma vez, e ela me avisou em termos inequívocos que não era boa o suficiente para seu filho e que minha mãe, sendo mãe solteira de dois filhos, estava tão abaixo dela que poderíamos muito bem ter ido ao inferno.

“Nicholas, vá e entre no carro", ordena sua mãe, com um tom estridente que quase me faz querer cobrir os ouvidos. Ela se afasta da minha mãe, que está a encarando como uma leoa protegendo seu filhote e conduz Nick, a quem assumo ser seu pai, pela porta do escritório. É mais do que evidente quem usa a calça em seu relacionamento. Não tenho dúvidas de que as bolas dela são maiores que as dele também.

"Espero que a mulher o deixe de lado e que não saia de casa por uma semana", Hadley murmura para Leo enquanto caminham na minha frente pelo corredor. O toc toc dos saltos da minha mãe soa na parte de trás me dizendo que ela ainda está furiosa.

Leo sacode a cabeça. "Com sorte, ele não é estúpido o suficiente para se aproximar de Meyah novamente", acrescenta Leo, passando o braço em volta da cintura de Hadley e puxando seu corpo contra o dele.

"Oh, não é com Meyah que me preocupo, a garota pode cuidar de si mesma", Hadley responde, olhando Leo com um sorriso. Faço uma careta, imaginando do que diabos ela fala. “Quis dizer que espero que ela o mantenha trancado para sua própria segurança. Porque quando Ham ficar sabendo disso...” ela deixa as palavras no ar, mas até mesmo a mera menção do nome dele deixa meu estômago revirando, fazendo-me sentir doente.

Estou tão confusa que perco um passo e voo para frente conseguindo manter meu corpo em pé, mas deixo cair a bolsa de gelo que seguro. Tio Leo para e me ajuda a pegá-la, segurando minha mão quando ficamos de pé. "Preciso te ensinar como dar um soco", ele diz brincando, mas tenho a estranha sensação de que assim que me sentir melhor, estaremos no ringue, mano a mano.

E sabe o que, depois do dia que tive, soa como uma porra de ideia perfeita.

 

CAPÍTULO 2

HAM

Uma batida na porta do meu quarto me faz rolar e gemer. "Foda-se!" Viro para ver meu relógio digital. Mostra 10h30, mas não fui para a cama até depois das 4h00 da manhã.

E todo mundo sabe.

Espero ouvir passos indo embora. Em vez disso, a porta abre, batendo contra a parede com um baque forte. Instinto me faz pegar a arma que mantenho debaixo do travesseiro, ativando a segurança e me sentando num movimento rápido, pronto para colocar dez balas em quem está em pé na minha porta.

Meu alvo é perfeito, e poderia ter matado a pessoa em segundos, mas ninguém diria pelo modo que Wrench está ali com os braços cruzados sobre o peito e com um sorriso radiante no rosto.

Não abaixo a arma, e por um minuto me pergunto em quantos problemas ficarei se apenas atirar no bastardo presunçoso. "Você quebrou a porra da minha porta?”

“"Bem, você parece horrível de manhã", ele comenta casualmente. "Nenhuma moça vai querer acordar com seu rabo feio."

"Existe uma razão para estar batendo na minha porta de madrugada quando estive num turno na X-Rated até as três?" Resmungo.

Não, não sou uma maldita pessoa da manhã.

“Madrugada? É meio dia, porra.” Ele entra, ignorando o olhar mortal que dou a ele na luz fraca do meu quarto. “E desculpe, princesa, estou animado. Tenho certeza que vai me perdoar depois que te mostrar o que encontrei,” ele explica acendendo a luz e quase me cegando. Alheio, ele caminha até o pé da minha cama, tirando papéis do bolso de trás antes de sentar.

Bufo com aborrecimento, mas ativo a trava de segurança e coloco a arma de volta em seu esconderijo. Wrench me entrega os papéis e pego ansiosamente, meu cérebro finalmente desperto o suficiente para perceber do que Wrench fala. Pedi a ele que encontrasse informações sobre meu irmão e irmã e, até agora a busca foi um punhado de becos sem saída e ele parece extremamente otimista.

“Quando não consegui encontrar nada, um amigo na agência do governo fez buscas que poderiam até mesmo empurrar os limites das minhas habilidades", continua ele. “Há boas notícias. Algumas não tão boas."

Isso faz meu estômago revirar de excitação ao olhar e ler Romeo escrito no topo da página, mas o sentimento de êxtase logo começa a diminuir quando percebo o que são os papéis. "Registros de prisão?" Murmuro, olhando para Wrench esperando uma explicação.

O olhar excitado desaparece de seu rosto e ele dá um lento aceno de cabeça. “Sim, seu irmão está preso há cerca de seis meses. Ele tem menos de um mês da sentença para cumprir."

Franzo as sobrancelhas olhando as acusações. "Isso não pode estar certo", insisto. "Não há como meu irmão ser assim."

O arquivo diz que Romeo foi pego traficando cocaína e heroína em Las Vegas. E essas são as acusações anteriores - essa não é sua primeira vez atrás das grades. Fuga da polícia. Assaltar um oficial. Porra de Cristo. Simplesmente não consigo imaginar o irmãozinho que costumava me seguir por aí e me incomodar para brincar com ele o tempo todo sendo capaz de traficar drogas e assalto.

Claro, Rome tinha seu lado insolente, fazendo o que os adolescentes normais fazem, como ir a festas e beber sendo menor de idade, mas ele era o mais palhaço da turma. Não consigo imaginá-lo machucando alguém com seu corpo ou dando-lhe substâncias pesadas.

Wrench ergue as mãos em sinal de rendição por meu tom. "Ei cara, não atire no mensageiro. Seu irmão mudou o nome dele, é por isso que não consegui encontrá-lo em lugar nenhum depois do último lar adotivo. No minuto em que completou dezoito anos, ele se tornou outra pessoa. Mesma coisa com sua irmãzinha.”

Aperto os papéis na mão, com raiva, antes de jogá-los na cama ao lado de Wrench e afastar os cobertores. Ele não diz nada quando pego o jeans que joguei no canto da sala e pego uma camiseta branca da pilha dobrada na minha penteadeira. Coloco-a antes de pegar meu colete do clube do lugar na parte de trás da minha porta e deslizar sobre os ombros, dando-me o apoio que preciso para fazer a pergunta que penso há muito tempo. "Acha que eles estão tentando se esconder de mim?"

Wrench pega os papéis e se levanta para me encarar. Ele os segura, mas tudo que posso fazer é olhar para eles com nojo. Por tanto tempo, só quis encontrar meu irmão e irmã e me desculpar por não estar lá quando precisaram, e parece que talvez eles não sentiram tanto minha falta.

“Não posso imaginar que eu odeie meu irmão por lutar tantos anos no tribunal por mim, ou por ficar sem teto porque gastou cada centavo que tinha com advogados,” Wrench anuncia clara e lentamente, sem dúvida esperando que eu ouça cada maldita palavra. Não importa, no entanto, está entrando num ouvido e saindo pelo outro.

Balançando a cabeça, vou direto para a porta, entrando no corredor. Wrench me segue, sem dizer uma palavra, mas oferecendo apoio silencioso enquanto desço as escadas. Só quero bater em algo, ou quebrar alguma coisa, talvez apenas sentir algo diferente da dor no meu peito.

“Phee está bem", Wrench diz calmamente quando paro brevemente no bar, me abaixando para pegar uma garrafa de água. Aperto a garrafa gelada na mão, me permitindo olhar quando ele passa uma foto sobre o topo da barra de madeira. É um artigo de jornal sobre uma nova casa em Cali que recebe adolescentes desabrigados e ajuda-os a se levantarem e irem a escola. O dono é algum famoso diretor de cinema. "Ela e suas amigas estão morando nesta casa e indo à escola."

Encolho-me. "Outro grupo em casa."

“Não, não este. É diferente. As crianças lá são velhas o suficiente para cuidarem de si mesmas, então podem conseguir um emprego, ir à escola e serem membros respeitáveis da sociedade”, explica Wrench como se tivesse estudado os melhores pontos do artigo. “Eles têm voluntários, conselheiros e coisas assim para garantir que a casa é segura. Mas pelo que parece, é um ótimo lugar.”

Meu corpo aquece quando examino a foto mais de perto. É preto e branco e um pouco granulada, mas posso identificar o rosto da minha irmã se escondendo num grupo de seis ou sete adolescentes. Sempre reconheceria seu sorriso. É ligeiramente torto, como se um lado da sua boca não pudesse subir tanto quanto o outro, por mais que tente. Quando ela sorri, porém, seus olhos se iluminam tão brilhantemente que é como sair para o sol da manhã. Enche meu corpo com algo que sei que não encontrarei em outro lugar.

"Isso é bom", finalmente digo. Sentindo a emoção começar a se formar no meu peito e garganta, ela está me sufocando, queimando minhas cordas vocais. Tusso, tentando limpar, já me sentindo muito emocional e fora da minha área como se estivesse nadando e não conseguisse chegar ao fundo.

Ele joga os papéis contra meu peito. "Leia. Se realmente quer uma chance de, talvez, juntar sua vida e sua família, precisa saber pelo que passaram enquanto estavam separados," diz Wrench com toda a seriedade. "Todas as informações estão aí, cabe a você o que fará com isso."

Não tenho certeza de quanto tempo fico lá, apenas olhando a tinta no papel, nem mesmo lendo as palavras ou tentando entender o que dizem. Este é o momento que esperei por tanto tempo, incomodando Wrench dia após dia para fazer isso por mim, e indo ao fundo do poço sempre que chegávamos a um beco sem saída. Acho que ele provavelmente esperava algum tipo de excitação, talvez que eu pulasse e gritasse ya-hoo, mas ao invés disso, a realidade está me dado um soco no estômago. Todas as coisas que me forcei a não considerar antes estão me dando um tapa na cara - um alerta que acho extremamente difícil de engolir.

Eles poderiam ter me encontrado, meu nome é o mesmo e não estou me escondendo. Não há razão para que eles não pudessem vir me procurar.

Eles simplesmente não quiseram.

Envolvendo meus dedos ao redor dos papéis, assinto. "Obrigado por todo o esforço que fez para encontrá-los."

"É o que fazemos", ele responde simplesmente.

"Sabe que tem uma família aqui." Olho para cima e vejo Leo vindo em minha direção do pátio. “Sei que não é o mesmo, mas também tenho um irmão lá fora e me preocupo com ele todos os dias. Você também nos tem. Não está nessa vida sozinho.”

“Uau, isso foi sentimental pra caralho", Wrench ri, dando tapinhas nas costas de Leo com um sorriso provocador enquanto se vira para meu lado do bar.

Inclino-me contra o balcão e tomo minha garrafa de água enquanto Leo vai direto para a merda forte puxando uma garrafa de uísque da prateleira de cima. "Uh..." murmuro com uma careta. “Manhã estressante?”

Ele serve meio copo antes de colocar a tampa de volta e guardar na prateleira, provavelmente esperando que Optimus – dono da porra do uísque caro - não note.

“Tudo começou quando ele descobriu que Meyah deu um soco no rosto de um menino", Hadley ri enquanto se aproxima de nós. Suas palavras fazem meu corpo congelar. "E então percebeu que tem uma filha que já tem o dobro da atratividade de Meyah... ele não está preparado para o número de visitas e garotos adolescentes que estão em seu futuro."

Hadley parece estar completamente se divertindo, mas estou preso nas primeiras palavras que ela disse. "Meyah deu um soco em alguém?" Repito, olhando Leo enquanto ele toma um longo gole de uísque e nem sequer recua com o gosto amargo.

“Isso é o que acontece quando meninos pré-adolescentes pegam na bunda de uma garota,” Hadley bufa, tentando se sentar numa das banquetas e Wrench finalmente lhe oferece a mão depois de alguns segundos se divertindo com sua luta. Mesmo que Hadley esteja grávida, ela ainda odeia pedir ajuda e tenta fazer tudo sozinha. Ela bufa como uma pirralha quando aceita a ajuda de Wrench. "Há um limite que uma garota pode aguentar antes de se defender", ela finalmente acrescenta, levemente sem fôlego.

"Aquele Nick cretino-" Leo não terminou a frase, e já estou saindo de trás do bar numa maldita missão para fazer algo que deveria ter feito há muito tempo.

A única cor que vejo é vermelho.

Ouço Hadley rir enquanto vou em direção à porta da frente para minha moto, uma voz surge atrás de mim. "O que eu disse?"

É o suficiente.

O pensamento de suas mãos nela me faz querer levar minha arma, mas me controlo. Tenho planos do caralho depois disso e ser preso não é parte deles.

Primeiro, certificar-me que Nick sabe seu lugar. Então ir e ter certeza de que Meyah está bem.

Ele a tocou, e ela não é dele para tocar.

Ela não é minha também...

Mas logo será.

 

CAPÍTULO 3

MEYAH

Tio Leo tenta me forçar a ir ao pronto-socorro depois da infeliz interação com Nick. Consegui convencê-lo a parar e ver nosso médico a caminho de casa, que confirmou que minha mão não está quebrada, apenas um pouco ferida pelo impacto do nariz não tão bonito de Nick. Tudo que preciso é de muito descanso e gelo, além de alguns analgésicos que já tomei, e estou pronta para ir e dormir pelo resto do dia.

O médico chegou a concordar que talvez aulas de boxe não fossem ruins depois que tio Léo explicou a ele o que aconteceu.

Minha mãe, por outro lado, decidiu voltar ao trabalho com um beijo na minha testa e um olhar perdido. Mesmo que tenha ficado impressionada com a maneira que ela me defendeu do Diretor Lacky e da mãe de Nick, ainda assim posso poderia dizer que ela está com raiva. De mim ou da situação, não sei dizer, mas sei que é melhor me preparar para ouvir mais tarde esta noite. Acho que parte de mim entende porque dei um soco num adolescente, mas definitivamente não é assim que fomos criados para resolver nossos problemas.

É o oposto completo e total, mas sabe o que? Faria de novo num piscar de olhos.

Sei que minha mãe mais do que provavelmente culpará o clube pelo meu repentino ato de rebelião e violência, apesar do fato de que sua raiva em relação a eles recentemente diminuiu. Ela me deixa lá algumas tardes por semana e em finais de semana, especialmente quando Hadley está me ajudando a estudar para as provas finais. Acho que realmente não posso discutir o ponto, estar no clube tem um impacto em mim. Sinto-me parte de uma família grande, estranha e um pouco louca.

Tem as mulheres que são fortes, bonitas e amadas ferozmente. Elas me fazem querer me levantar, ser forte e exigir o respeito que mereço. E homens que tratam suas mulheres com o maior respeito, que matam para proteger as pessoas que amam. Eles definem o padrão para o que quero, o que sinto e desejo na minha vida - alguém que fique nas minhas costas quando eu precisar.

Vamos encarar, não tenho exatamente um grande exemplo de amor e relacionamento em casa.

Minha mãe sempre se recusou a contar ao meu irmãozinho, Denver, ou a mim, sobre nossos pais. Ela nem sequer fala sobre eles ou reconhece o fato de que os tivemos. Mamãe é bastante inflexível que eles são inexistentes, e ela não sabe quem são. Não foi até que entendi como as crianças são feitas que percebi que há um cara lá fora que possui metade dos meus genes.

Tio Leo teve certeza que sempre tive uma figura masculina incrível, mas a verdade é que quanto mais velha fico, mais sinto que metade de mim está faltando. Sinto que há tanto sobre mim que ainda não sei.

Qual minha descendência? O cabelo escuro vem do meu pai? Tenho avós lá fora? Primos?

Oh Deus, irmãos?

Tantas perguntas não respondidas que há um ano ou mais não importavam, mas agora quero respostas. E honestamente, sinto que toda garotinha em algum momento da vida só quer o pai.

Rosno de frustração enquanto tento segurar o lápis de esboçar na mão. Vou descobrir e me defender, se Nick ainda achar um jeito de arruinar minha vida. Adoro desenhar, desde coisas reais a padrões e desenhos animados. Como é uma coisa que posso fazer, não assusta minha mãe nem a deixa nervosa. É algo que ela não tira de mim porque acha que é perigoso demais ou me desorienta. E mais importante, é algo que posso fazer sozinha - que é como passo a maior parte do meu tempo.

Esboçar acalma minha mente e me dá satisfação. Estou criando algo. Estou expressando emoções. Às vezes minhas linhas são duras e afiadas, cheias de chamas. Outras vezes são suaves, misturadas e flutuam no céu. É uma parte minha, mas agora, quando mais preciso, não consigo nem segurar o lápis direito.

Franzo os lábios em frustração, estou prestes a levantar e ir em busca de talvez tintas ou algo que possa ser mais fácil de usar com menos pressão na mão quando ouço uma batida na porta da frente. Um arrepio percorre minha espinha quando desço do sofá na ponta dos pés em direção à porta. Pode ser um dos irmãos. Leo disse que enviaria alguém para me ver mais tarde se não tivesse tempo, mas já falei com Hadley e disse que estou bem. Entro no foyer e pulo quando a batida soa de novo.

"Meyah... abra!" Sua voz me atinge com força no peito, e recuo. Posso ver o contorno de seu corpo na grande janela fosca. É confuso e indistinto, mas noto o modo como ele anda de um lado para o outro, as botas pesadas soando na varanda. "Meyah, vamos lá?" Ham diz novamente, desta vez sua voz mais suave e menos urgente.

Sei que é porque ele pode ver meu corpo também, como se apenas ter essa visão de mim, borrada ou não, fosse o suficiente para aliviar um pouco de sua preocupação.

Lambendo os lábios e passando os dedos por meu cabelo, dou um passo para frente, nem mesmo completamente certa de que quero vê-lo, mas curiosa para saber por que ele está aqui. Ham me deixa nervosa no melhor dos momentos. Não posso deixar de me sentir tímida e insegura em torno dele em parte por causa das vezes que o vi com uma expressão perigosa nos olhos, e em parte porque estou com medo de como esse olhar excita meu corpo.

Movo a fechadura, o clique ecoando no ar. Minha mão nem tem tempo de segurar a maçaneta antes de a porta vir em minha direção, forçando-me a dar um passo para trás. Minha respiração para na garganta. Não importa o quão forte me sinta ou quanto esteja ficando, Ham sempre tem um jeito de roubar minha alma do meu corpo quando entra em cena.

Estou indefesa contra sua presença, o que parece estúpido, dado que sempre que nos vemos, mal conseguimos conversar.

Ainda há algo, no entanto.

Isso gira em torno de nós como um furacão - bonito, mas com a capacidade de nos deixar em fodidos pedaços.

Ele dá um passo para dentro e suavemente fecha à porta, seus olhos nunca me deixando, a cabeça baixa. "Ei", ele diz como se isso fosse todo o necessário.

Faço uma careta, tentando meu melhor para manter a voz firme e minhas emoções sob controle. "O que está fazendo aqui?"

Ham nunca veio à minha casa antes. Já o vi todo estranho, duas vezes, sentado do lado de fora da escola enquanto entrava no ônibus. Foi nessas horas que soube que havia algo não tão bom acontecendo no clube. Nossos caminhos frequentemente se cruzam quando estou no clube, mas desde que o encontrei com algumas das garotas do clube em seu colo, as coisas ficaram mais do que tensas entre nós.

Eu entendo, ele é mais velho, faz parte do clube, e sou apenas uma adolescente apaixonada. Sei que é o que ele pensa de mim, embora haja momentos em que perceba algo mais, algo mais profundo, mas apenas quando ele pensa que não estou olhando.

Os caras do clube bebem, transam, fazem coisas que tenho certeza que não são legais. Muitos deles estão criando famílias e crianças, então as coisas são mansas quando estão por perto. Mas também trazem novos membros, jovens prospectos que aproveitam a oportunidade, sempre que possível, para se soltarem. Eles me veem como a sobrinha de Leo, mal ganhando um olhar passageiro, especialmente se não querem ganhar um soco na cara.

Não sou mais uma garotinha, no entanto, não como era quando Ham e eu nos conhecemos. Um ano pode fazer muito para mudar alguém, e tive tempo de crescer - não apenas mentalmente, mas fisicamente também.

"Ouvi sobre o que aconteceu na escola", ele diz como se fosse óbvio a respeito de por que de repente sentiu a necessidade de aparecer em minha casa sem avisar quando ele costuma fazer seu melhor para evitar reconhecer minha presença. Continuo a encará-lo confusa e insegura da estranha tensão ao nosso redor. "Estou farto dele pensar que pode te tratar como faz com todos da escola, como seus malditos escravos. Deveria ter feito essa merda há muito tempo.”

Balanço a cabeça, o fato de que ele quer me proteger envia uma cascata de calor através do meu peito, mas é rapidamente resfriada por uma explosão inesperada e gelada. "O que fez?" Minha bolha de autoconfiança é estourada, e de repente estou muito consciente da mancha de sangue nas costas da mão de Ham.

Ele vê onde meus olhos estão e rapidamente aperta a mão num punho e examina-a cuidadosamente. Ele está com raiva. Já o vi desse jeito antes, a forma como seus músculos tensionam e o punho fecha como se ele quisesse acertar algo. É estranho que deveria estar me afastando e perguntando se ele irá dar um soco ou perder sua merda, mas ao invés disso, me aproximo.

Ele não me machucará.

Não posso explicar como sei disso, mas meu instinto me diz que é verdade.

Ele solta um suspiro longo e profundo, revirando os ombros e ficando um pouco mais alto, um pouco mais orgulhoso. Seus olhos? Quase suavizam, no entanto. Eles não combinam com sua postura forte, e nem a voz quando ele finalmente diz: "Não ia deixa-lo se safar com essa besteira, Meyah".

Tenho que evitar que minha cabeça flutue para as nuvens quando o ouço dizer meu nome com tanta intensidade.

"E ele não se deu bem com isso! Eu me assegurei disso,” argumento em voz alta estendendo a mão que o médico colocou numa bandagem simples, e felizmente, está muito menos inchada do que algumas horas atrás. Pela primeira vez, me levantei e mostrei a todos que posso cuidar de mim e que não vou mais me esconder. Não o deixarei tirar isso de mim se fazendo de machão, "Vou destruí-lo em sua honra."

Alguns meses atrás, seria a donzela em perigo, Ham ofereceria proteção e eu teria me apaixonado ainda mais.

Não mais.

Passar tempo com Hadley, Skylar e as outras mulheres do clube me fez perceber que são as mulheres fortes que atraem os homens fortes. Esses caras querem uma mulher que possa se manter firme, que possa ser sua parceira no crime e cuidar de si mesma.

É assim que quero que Ham me veja.

“Eu me certifiquei de que ele saiba", protesto, não surpresa quando ele não se incomoda em discutir, com os olhos queimando um buraco através de mim. Dou um tapinha no meu peito recusando-me a deixar sua natureza me fazer recuar. "Eu fiz isso. Eu. Não preciso de alguém para fazer por mim, porque se Nick vier novamente, vou chutá-lo nas bolas, ou encharcá-lo de água, e vê-lo derreter como a bruxa má do Oeste. O que diabos tiver que fazer para mostrar a ele que cansei de aguentar suas besteiras."

Ele está lutando contra um sorriso que puxa o canto de seus lábios. Estou me esforçando muito para manter a cara séria, mas quero fazer um ponto, e preciso que ele ouça.

“Posso lutar minhas batalhas. Não sou aquela garotinha do lado da estrada que teve que resgatar,” minha voz suaviza, mas ainda é forte e persistente. Sei que Ham ainda me vê como aquela garota - aquela que ele veio resgatar quando ela não conseguiu se salvar. “Aquele dia… eu precisei de você. Mas hoje não preciso de um cavaleiro de armadura brilhante, Ham. Você não é meu protetor, nem meu herói. Fiz isso sozinha, então me deixe ter meu maldito momento.”

Ham dá um passo à frente e, em resposta, dou um para trás. Não sei o que esperar. Esse é o máximo que já conversamos, e está sendo um pouco surreal. Ele está realmente aqui, de pé no foyer da minha casa, me dizendo que ele espancou a merda do meu ex-namorado porque ele me tocou?

Quão fortes são esses analgésicos?

“Você certamente fez tudo sozinha, e estou muito orgulhoso." Ele ri baixinho, passando os dedos pela parte mais longa de seu cabelo. Ham tem o cabelo curto nas laterais, mas o topo é comprido e curvado como uma onda. Alguns dias é confuso e desordenado, mas outros posso dizer que ele faz um esforço para arrumar da maneira que quer. Ele afasta os olhos, o sorriso em seu rosto me fazendo sentir como se houvesse uma corda em volta da minha cintura e alguém a estivesse puxando, apertando meu estômago, tornando difícil respirar. Quero me esticar e tocar seu cabelo. Quero ver se parece seda em meus dedos como imagino.

"Você está?" Pergunto, um pouco mais ereta, com o canto da boca curvando. Bufo uma risada. "Não tem ideia de como foi bom."

"Ele está tentando ferrar com você faz muito tempo. Deveria ter feito algo sobre isso há muito tempo atrás. Alguém deveria ter feito algo", corrige ele no final.

Olho minha mão. Seus olhos seguem o movimento e se estreitam na faixa bege. "Eu deveria ter feito algo há muito tempo", digo a ele, com uma careta no rosto quando ele vira minha mão e levanta mais perto de seu rosto. "Eu. Eu deveria fazer. Não qualquer outra pessoa.”

Posso sentir o momento em que as coisas mudam. É um momento importante, que está prestes a nos forçar num caminho diferente, um que não tentamos antes, e um que eu não tenho certeza que sairemos sem hematomas e um punhado de cicatrizes.

Ele estende a mão, segurando o lado do meu rosto, seus dedos afundando no cabelo da minha nuca. Não é como se nunca fui beijada antes. Também não sou virgem. Isso é algo que, infelizmente, dei a Nick pensando ter encontrado o amor da minha vida, meu amor de colegial, assim como tio Leo teve com tia Kim.

Fui ingênua. Fui idiota. E agora que eu vejo tio Leo e Hadley juntos, estava tão errada. Sim, ele e tia Kim eram apaixonados, deveriam ser, mas também ele e Hadley são. Ela estava certa quando disse que às vezes vale a pena esperar para encontrar a pessoa que foi feita para você e, em algum momento, eu ficaria feliz por não ter dado certo com o idiota do Nick.

Agora, é esta hora.

Ham avança me forçando a ir com ele até que minhas costas batem na pequena mesa da entrada da minha mãe. A única razão pela qual está lá é a tigela em cima - não apenas qualquer tigela, mas uma que meu irmão mais novo fez na pré-escola que ela adora de forma pouco saudável - colocar as chaves nela, já que ela continua perdendo-as. A tigela balança atrás de mim, com a mesa batendo contra a parede. Estendo a mão e agarro seu colete do clube quando penso que posso cair, mas seu braço envolve minha cintura firmando meu corpo.

Ele está tão perto agora, a respiração soprando no meu ombro nu, onde meu vestido de alça fina se estica para segurar meus seios de tamanho médio, já que não uso sutiã.

Ham baixa a cabeça inclinando-se para frente e forçando a borda da mesa ainda mais na parte inferior das costas. É desconfortável, mas logo se torna uma memória distante, uma vez que a sensação dos lábios de Ham roçando em meu ombro me faz ofegar de prazer. Arqueio o pescoço, meus olhos se fechando enquanto correntes elétricas disparam de todas as maneiras por meu corpo, fechando, dando choques e fazendo meu coração falhar.

"Ele nunca te mereceu, porra", ele murmura no meu ouvido. "Saber que ele te tocou me deixa chateado pra caralho." Ele se move para minha bunda, segurando-a com as duas mãos, levantando-me do chão. Movo-me num flash de susto envolvendo os braços em seu pescoço e pressionando meu corpo contra o dele. Ele guia minhas pernas ao redor de seus quadris, e prendo meus tornozelos na parte baixa de suas costas enquanto ele me coloca na beira da pequena mesa.

Piscando, meus olhos se abrem lentamente, e me vejo cara a cara com o garoto - não, não com o garoto, definitivamente homem - que estou obcecada há quase um ano. Imaginei isso na minha cabeça mais vezes do que posso contar, me perguntando se ele seria suave e atencioso, ou exigente e controlador quando finalmente me tocasse.

Seus dedos entrelaçam em meu cabelo puxando-o para trás enquanto a outra mão agora serpenteia por meu braço. Ele chega ao meu pescoço, seus dedos traçando padrões suaves através da pele macia e sensível logo abaixo do ouvido.

Apenas quando penso que talvez ele esteja indo para a abordagem suave, toda sua mão aperta minha garganta, e ele abaixa a cabeça engolindo meu ofego surpreso e pressionando os lábios nos meus numa onda de paixão e excitação. Sei então que terei o exigente e controlador Hamlet, e estou perfeitamente bem com isso porque é com esse Hamlet que sempre sonhei.

Eu não queria suave e gentil, não agora. Eu queria o seu verdadeiro eu e cada pedacinho louco e taciturno que circulava dentro dele.

Beijar Ham deixa minha cabeça tonta. Quero sentir cada movimento, cada toque ou roçar de seu corpo contra o meu, mas minha cabeça de repente parece estar numa nuvem, perdida no momento. Sua mão aperta minha garganta, mas não o suficiente para cortar meu ar, apenas para me segurar exatamente na posição que ele quer.

Meus quadris se movem por vontade própria, para frente. Prazer me enchendo quando toco a frente da sua calça jeans e estou bem ciente do fato de que ele está tão excitado, se não mais, do que eu. Seu pau está duro e pressionando firmemente contra o zíper.

Nossos lábios lutam um contra o outro, nenhum de nós conseguindo respirar, mas também não disposto a quebrar o contato, parece que estávamos desejando isso há muito tempo.

Escorrego um braço ao redor de seu pescoço e desço por seu peito. A sensação do seu colete embaixo dos meus dedos apenas reforça o fato de que estou me apaixonando por um homem que minha mãe nunca aprovará. Mesmo ela tendo aceitado meu tio e seus irmãos recentemente, estou me apaixonando por um homem que possivelmente fez coisas que meu cérebro simplesmente não consegue entender, mas sei que não importa de qualquer maneira.

Assim que minha mão alcança o cós da calça jeans, Ham repentinamente se afasta, e nós dois ofegamos por ar.

Meu estômago revira.

Talvez ele tenha voltado a razão.

O que diabos farei se ele se virar e for embora?

Ele retira a mão da minha garganta, levantando-a e passando os nós dos dedos por minha bochecha ardente. "Duvido que sua mãe gostará se eu deflorar sua garotinha no foyer." Ele sorri.

Minhas sobrancelhas se unem. Estou confusa sobre o que diabos ele está falando até que ouço a porta do carro fechar na garagem apenas do outro lado da cozinha. "Oh merda", amaldiçoo, arrastando a pequena mesa lateral em que estou e que aguentou meu peso sem quebrar. Então, assim que desço, a tigela no topo da mesa escorrega de onde aparentemente estava se equilibrando contra a mesa e metade contra minhas costas. Um forte estrondo no chão de madeira me faz fechar os olhos com força. "Por favor, me diga que não aconteceu", imploro, mas o som de sua risada abafada me diz o contrário. Lentamente, abro os olhos, respirando fundo, recusando-me a olhar a bagunça que sei estar atrás de mim.

"Meyah?" Mamãe diz, fazendo meu coração acelerar. Viro, minha mente tentando de alguma forma descobrir como esgueirar Ham sem que minha mãe o veja, mas ela já abriu a porta e está na varanda.

Ham balança a cabeça, com um sorriso presunçoso no rosto que não tenho tempo de quebrar em pedaços neste momento. "Tenha uma boa noite", diz ele antes de correr para sua moto, que agora percebi estar estacionada no meio-fio. Algo que minha mãe não teria perdido quando entrou.

Incrível pra caralho.

 

CAPÍTULO 4

HAM

Pelo segundo dia consecutivo, paro do lado de fora da casa de Meyah e desligo o motor, enganchando meu capacete no guidão antes de descer na calçada.

Pensei muito nela ontem à noite.

As coisas mudaram.

Não tenho certeza de quando ou como as coisas de repente se tornaram tão diferentes, mas é como se houvesse uma mudança no universo. Meyah fez uma escolha, forte e importante. Foi o ponto que ela escolheu ter uma voz e falar bem alto. Cada um de nós enfrenta esse ponto de ruptura na vida, onde temos que parar e dizer basta. É um momento decisivo em nossas vidas onde podemos escolher continuar vivendo como somos ou lutar - lutar por algo melhor, algo que merecemos, algo que até agora deixamos nos vencer.

E agora ela quer encorajar isso. Não quero que ela volte ao que era antes porque o fogo que vi em seus olhos ontem me fez querer me jogar nas chamas. É espetacular e lindo. Ela está orgulhosa e sem vergonha, e tudo que quero fazer é alimentar isso.

Por muito tempo lutei contra o crescente magnetismo entre nós. Até tentei calar isso com outras garotas, tentando dizer a mim mesmo que tenho muitos problemas, que eu só a arrastaria num ponto da sua vida onde ela deve estar voando.

Mas sinceramente, estou exausto.

Quanto mais penso sobre a luta que passei para encontrar Romeo e Phee, estou me dando conta de que perdi tempo. Imaginei como as coisas seriam diferentes se aquele motorista bêbado tivesse passado pelo cruzamento três ou quatro segundos depois e não tivesse acertado minha mãe e meu pai. Mas não foi isso que aconteceu e, na realidade, isso poderia acontecer com quase qualquer pessoa a qualquer momento.

É algo fora do nosso controle.

O que posso controlar, no entanto, é como passo o tempo que tenho. Pelo que sei, podem ser minutos, horas, alguns dias, alguns anos. Quem sabe? Não quero mais perder tempo. Quero viver cada maldito dia, e quero viver com as pessoas que mais importam para mim.

Apenas tocá-la ontem me deixou como uma merda de fogo de artifício. A sensação de seu corpo, os barulhos que ela fez, um simples roçar de minha pele contra a dela foi o suficiente para me dizer que não imagino a química que eletrifica o ar entre nós, nos aproximando quando ela está por perto. Não quero passar o resto da vida sem sentir isso novamente.

Então aqui estou, caminhando em direção à varanda da frente, mantendo o rosto sério quando a porta da frente lentamente abre, e Meyah fica lá com um sorriso torto e a sobrancelha erguida. "Esqueceu alguma coisa?"

Zombo. "Sim, mas é melhor ela ir e colocar um jeans se pretende vir comigo."

Ela fica mais ereta, ofegando dramaticamente e apontando para si mesma. “Moi?” A brincadeira é sexy e fofa, mas não tenho tempo, só quero andar e andar com ela. Acho que nós dois podemos pegar um ar fresco na estrada aberta.

"Quer dar uma volta?" Pergunto, revirando os olhos quando ela ainda não se move.

Posso dizer que ela está surpresa, seus olhos se arregalam quando olha para fora, onde estou em pé na parte inferior da varanda para onde minha moto está estacionada brilhando ao sol da tarde. Ela morde o lábio nervosamente antes de um sorriso dançar em seus lábios. "Um passeio, hein?"

Cruzo os braços sobre o peito balançando a cabeça com diversão. "Sabe o que quero dizer, espertinha."

Ela morde o lábio. “Minha mãe matará a nós dois. Já tive que ouvir vinte minutos de razões pelas quais eu, de forma alguma, devo namorar um motoqueiro, tipo jamais, ontem à noite depois que saiu.”

“Vamos," insisto, agindo como se nem a tivesse ouvido, dando alguns passos para trás, indicando que posso ir sem ela.

Posso vê-la pensando, seus olhos de um lado para o outro enquanto debate consigo mesma. Seu nariz franze por um momento, fazendo-a parecer um coelhinho antes de dar lugar a um sorriso travesso. "Bem, dei um soco no rosto de um adolescente e acabei com o bem mais precioso da minha mãe, então por que não adicionar um passeio com motociclista à lista de delinquência juvenil?"

Sorrio. "É isso que esperava que dissesse.”

 


Ter seus braços a minha volta, e o rugido da minha Harley abaixo de nós enquanto voamos pela estrada, é como um sonho louco e fodido que sinto já ter tido um milhão de vezes. Mesmo com o rosto escondido e pressionado contra minhas costas, ainda posso sentir seu largo sorriso, e a maneira como ela se agarra a mim com mais força quando giro o acelerador e forço meu bebê um pouco mais.

Esta é provavelmente uma ideia horrível. Provavelmente não deveria ter ido à sua casa esta tarde. Deveria ter deixado ela em paz e interrogado Leo para saber sobre como ela está. Mas não fiz. Foi como lutar contra a porra de um imã. Não pude resistir ao puxão. Precisava vê-la mais do que meus pulmões exigiam sua próxima respiração.

Meyah ansiosamente bate no meu estômago, e imediatamente começo a mover as marchas até que estou devagar o suficiente para parar ao lado da estrada. Quando finalmente paro, olho por cima do ombro para verificar se ela está bem e a vejo sorrindo para mim, seus olhos brilhantes e cintilantes.

“Pode voltar para a ponte lá atrás", ela diz por cima do estrondo baixo do motor.

Não há nenhuma maneira que possa dizer não àquele rosto, respondo com um aceno de cabeça e checo a estrada antes de dar meia-volta e voltar algumas centenas de metros até onde há uma pequena ponte sobre um rio. Parando numa pequena área de cascalho ao lado, chuto o suporte e desligo o motor.

Meyah ansiosamente coloca a mão no meu ombro e se apoia nas minhas costas para descer como se fizéssemos isso há malditos anos. Acho que ela está em volta do clube o suficiente para ver as Old Ladys subindo e descendo usando seus homens como apoio, que estudou o movimento para repeti-lo.

Levanto os óculos de sol e puxo minha bandana para libertar minha boca. Só carrego um capacete - algo que preciso reconsiderar muito em breve - então o dei a Meyah e escolhi protegê-la.

Ela coloca o capacete na parte de trás da moto antes de correr para a beira do cascalho e olhar sobre a borda que está coberta de árvores até o riacho. Descendo, não querendo perder a emoção que está borbulhando ao seu redor, sigo atrás dela.

“Quando era mais nova, costumava andar de cavalo aqui”, explica ela enquanto seus olhos percorrem a óbvia trilha de cavalos que corre ao longo do rio. “As trilhas Sulphur Creek são meu lugar favorito. Tinha um monte de amigos que vinham a cada dois fins de semana. Às vezes até acampávamos na entrada da trilha para poder levantar cedo e andar o dia todo.”

A excitação e o zumbido que ela sentia inicialmente estão se transformando em nostalgia, e quando o brilho em seus olhos começa a desaparecer, pude ver o momento em que ela se lembra de por que isso é apenas uma lembrança e não algo que continua a fazer.

"Não sabia que andava a cavalos", digo, aproximando-me dela, meu peito pressionando suavemente contra suas costas numa demonstração de apoio. Não quero força-la a falar sobre algo que obviamente não é uma lembrança inteiramente agradável, mas quero que ela saiba que estou aqui para ela se precisar de mim.

“Minha égua, Delilah, ficou assustada um dia quando nos deparamos com alguém andando com seus cães na trilha", ela lembra em voz baixa. Sua mão se afasta, os dedos inconscientemente roçando meu jeans em círculos enquanto continua a olhar para a trilha abaixo de nós. “Ela me derrubou e bati com a cabeça numa pedra. Houve sangue, uma ambulância aérea, e fiquei no hospital por alguns dias."

Sinto os músculos do meu corpo tensionarem ao pensar em Meyah se machucando, mesmo que ela fosse apenas uma menininha na época. "É compreensível que não quis voltar a andar de cavalo depois disso", asseguro, mas ela balança a cabeça.

"Não. Estava pronta para andar de novo na semana seguinte,” ela argumenta. “Sentia falta dos meus amigos e de Delilah. Já vi pessoas caindo de seus cavalos antes. Às vezes se machuca, outras apenas ri e volta. Não queria perder algo que amava, então estava pronta para voltar. ”

Ela vira para mim, seu corpo caído e derrotado.

"Ok... estou confuso. Por que não monta mais?

"Minha mãe", ela rosna, franzindo a testa numa carranca. "Ela não me deixa andar mais. Disse ser muito perigoso. Que posso me machucar." De repente, ela se afasta de mim chutando o cascalho e fazendo-o voar.

"Ei, ei!" Digo, correndo atrás dela e agarrando seu braço. "Não estou exatamente querendo ter minha moto repintada porque alguém chutou um monte de pedrinhas nela. Então, se puder manter as pedras voadoras no mínimo", tento brincar, mas posso ver a tristeza e agitação em seu rosto.

"Desculpe", ela murmura. "É irritante, sabe... não posso fazer nada sem minha mãe tentar me envolver em algodão. Perdi muitos amigos quando parei de andar. Até recentemente, não podia sair com tio Leo. E ela não me deixa ir a nenhuma festa... mesmo aquelas com os pais, porque tem medo que eu me torne uma viciada. Não que seja mais convidada de qualquer maneira.”

Não consigo parar o riso que borbulha e sai da minha boca, mesmo sabendo que ela está realmente magoada com a forma como as coisas estão na escola. No começo, ela parece horrorizada por eu achar isso tão divertido, mas o olhar chocado em seu rosto logo se transforma num sorriso, e então as risadinhas começam.

"Amo como sua mãe te deixa ir para um clube de motoqueiros, mas acha que uma festa do ensino médio vai te fazer usar drogas", bufo com diversão.

Ela corre os dedos por meu cabelo, afastando-o do rosto antes de me olhar com um largo sorriso. "Uau! Tenho alguns problemas, certo?” Ela confessa, balançando a cabeça como se não pudesse acreditar que isso está acontecendo.

"Confie em mim, você não é a única", digo.

Ela abre os braços e vira, o cabelo grosso e escuro voando ao redor dela. “Talvez devesse fazer uma lista... coisas para fazer hoje que sei que vão irritar minha mãe. Alguma ideia?"

Sorrio dando dois grandes passos e a colocando em meus braços. Ela grita numa mistura de surpresa e prazer envolvendo as pernas na minha cintura e quase me sufocando quando agarra firmemente em meu pescoço. Eu a carrego de volta para a moto, um braço ao redor de sua cintura, o outro segurando sua bunda perfeitamente redonda que não posso deixar de apertar.

Ela grita de novo e bate nas minhas costas com a mão. "Pare com isso, seu demônio!" Ela ri.

A mistura de nossas risadas ecoa como música através da densa floresta ao nosso redor. É como a sinfonia perfeita - meu tom profundo, seu leve tilintar rodopiando junto com a agitação da água e farfalhar das folhas. É somente nós, rindo, compartilhando histórias sobre o passado. Bem, ela compartilha pelo menos. Ainda não tenho certeza se estou pronto para compartilhar.

Passei tanto tempo longe de Meyah, mantendo-a a distância e observando de longe que não estou pronto para deixar meus fracassos mancharem isso, agora que finalmente estou com ela.

Deixando seu corpo mais alto, jogo a perna sobre a moto e sento com Meyah de frente para mim, de costas para o guidão e as pernas sobre as minhas. Com a bunda dela firmemente no assento, ela finalmente solta seu aperto de morte em mim, sentando-se um pouco, mas mantendo os dedos entrelaçados na parte de trás do meu pescoço.

"Tenho certeza que não podemos andar assim", ela sussurra com um sorriso suave.

Levanto as sobrancelhas. "Estou disposto a tentar, se quiser", provoco com um sorriso.

"Gire a chave então", ela se atreve, evidentemente não percebendo com quem está lidando. Estico o braço para as chaves e ligo o motor. Ele ganha vida abaixo de nós, e sorrio quando seus olhos se iluminam de surpresa.

Inclinando-me para frente, meus lábios roçam em sua orelha quando estendo a mão e tiro as suas mãos de trás do meu pescoço. "Tenho certeza que podemos adicionar isso à lista", sugeri alto o suficiente para ela ouvir sobre o ruído. Agarrando suas coxas, puxo sua bunda contra minha virilha antes de colocar a mão em seu estômago e desliza-la para o centro de seu corpo, lentamente, forçando-a a recostar-se até que sua cabeça está entre os guidões.

Lambo meus lábios enquanto a olho, incapaz de impedir que minhas mãos tracem o cós da calça jeans e a maneira como elas descansavam em seus quadris. Com o corpo esticado sobre a moto, sua camiseta levantou, expondo um pedaço de pele macia que é perfeita e imaculada. "Acho que morri", murmuro para mim mesmo, sabendo que ela não pode me ouvir, mas a forma como seu estômago começa a se mover com risos me diz que ela provavelmente entendeu pelo movimento dos meus lábios.

Colocando as mãos em seus quadris, uso meus polegares para desenhar círculos suaves em sua pele diretamente nos ossos do quadril e olho para cima, encontrando-a me encarando com cuidado, com um sorriso sexy. Seus olhos brilham e o sorriso aumenta quando ela pressiona os quadris contra mim e dá uma pequena mexida.

Meu pau se contorce vendo a natureza brincalhona dentro dela. É novidade para mim vê-la tão livre e sem se esconder. Meyah sempre foi um pouco viciante para mim, a sua inocência e a necessidade de protegê-la foram o que me atraiu. A donzela em apuros me deixou obcecado em observá-la como um fodido perseguidor, mas foram todas as pequenas coisas que aprendi sobre ela que me mantiveram fascinado e deixaram querendo mais e mais.

Como a maneira como ela mastiga a ponta da caneta enquanto estuda, ou como costuma esconder o sorriso com a mão quando está sentada com um grande grupo de pessoas. O jeito que ela sempre coloca os outros em primeiro lugar. O jeito que ela cora quando entro numa sala, e como não importa o quanto esteja machucada ou a merda que passa na escola, sempre mostra seu bom coração.

Ah, e o jeito que ela lida com uma arma?

Jesus fodido Cristo, isso é sexy.

Meyah é mais forte do que acha. Mas estou começando a entender por que ela é do jeito que é, e por que demorou tanto para se levantar e dizer foda-se para as pessoas que a magoavam. Ela teve uma mãe se recusando a deixá-la aprender com seus erros ou até mesmo cometê-los.

"Ham..." Meyah diz sobre o motor, me tirando do transe que pareço ter caído, "... meu telefone.”

Rapidamente a puxo para a posição sentada e ajudo a descer da moto enquanto ela luta para tirar o celular do bolso de trás. Ela se afasta, atendendo, enquanto desligo a moto.

"Ei, mãe", diz ela apressadamente antes de tomar o lábio inferior entre os dentes, obviamente nervosa. "O que? Não...” seu nariz franze e os ombros caem. "Sim, tudo bem. Encontro você lá em uma hora... Ok... tchau."

A sexy, atrevida e confiante Meyah é mais uma vez roubada, e seus ombros caem quando ela caminha de volta para mim.

"Mamãe não está feliz com alguma coisa?", pergunto.

Ela bufa uma risada sem graça. "Então, acho que um de seus funcionários me reconheceu na parte de trás de sua moto enquanto saiamos da cidade", explica ela, quando relutantemente empurra o celular de volta no bolso e pega o capacete atrás de mim. "Ela vai me pegar no clube em uma hora quando terminar o trabalho."

Fico desapontado, mas posso perceber que, embora Meyah tenha problemas com a mãe, ela a ama e respeita muito. Isso e o fato dela ser a cunhada do meu irmão significam que preciso manter a boca fechada por agora, e apenas deixá-la saber que estou lá para ela se precisar.

Estendo a mão e ela a segura. Dou um aperto suave, e ela força um sorriso antes de colocar o pé no apoio e jogar a perna atrás de mim. "Acho melhor irmos avisar Leo que provavelmente haverá uma palestra."

Ela geme. "Acha que podemos apenas virar e ir em outra direção até chegarmos ao Canadá ou algo assim?"

Sorrio e acaricio sua coxa com a mão. "Tem que encarar a música1."

“Essa música é uma droga.”

 

CAPÍTULO 5

MEYAH

Entramos num clube razoavelmente quieto - graças a Deus.

Ham disse que a maioria dos caras está terminando um trabalho de segurança em Huntsville, mas que devem voltar em breve. Estou muito feliz por não ter vinte pares de olhos me observando na parte de trás de sua moto, mas isso não impede Levi de levantar uma sobrancelha para nós quando passamos pelos portões. Corremos para dentro do clube pegando duas garrafas de água atrás do bar antes de ir para o pátio.

"Como está sua mão?" Ham pergunta, pegando-a e gentilmente a aproximando de seu rosto para olhar.

"Não é tão ruim. O inchaço quase desapareceu,” digo abrindo e fechando o punho com pouca dor.

Seu polegar roça a parte de trás dos meus dedos, esfregando suavemente, ternamente. É algo que eu o flagrei fazendo mais de uma vez no tempo que estivemos juntos esta tarde. Talvez seja um hábito, algo que ele faz e que talvez seja mais para ele do que para mim. De qualquer forma, porém, eu gosto.

O rugido de motos enche o ar ao nosso redor quando o clube avança pela rua como de costume e entra no complexo.

"Tenho que admitir..." Ham começa dando um passo atrás e deixando minha mão cair entre nós, "... estou impressionado. E quis realmente dizer que fiquei orgulhoso de você."

"Sim, fui da garota atormentada para a cadela louca que soca as pessoas." Sua risada me surpreende. Ainda estou me acostumando a ver esse lado, o que se solta e brinca comigo. O Hamlet que costumo ver é escuro e sombrio, sempre em algum tipo de missão, sua mente focada em outra coisa.

"Realmente se importa com o que alguns deles pensa?" Ham pergunta abrindo a garrafa de água.

Dou de ombros.

Realmente me importo com o que eles pensam?

"Acho que não", admito. Tenho um pequeno grupo de amigos - extremamente pequeno - que fica ao meu lado mesmo com toda a besteira que Nick tenta fazer. Enquanto a fofoca corria sobre mim, somente Nick e seus amigos saíam de seu caminho para serem babacas e me atormentarem nos corredores. O resto do corpo estudantil é culpado pelo silêncio. Ninguém nunca se incomodou em intervir e dizer: "Ei, ela não merece isso".

“Sabe, às vezes temos que fazer coisas que não nos orgulhamos para manter nossa sanidade intacta. Você se levantou por si mesma. Quem dá a mínima se as pessoas começarem a chamá-la de Meyah, a destruidora.”

Meus olhos arregalam em horror apenas para vê-lo com um sorriso maroto no rosto. "Isso não é engraçado, Hamlet", bufo, apertando meus lábios.

"Ok, ok." Ele ri, segurando as mãos em posição defensiva. A maneira como seus olhos se iluminam de brincadeira envia um choque de excitação através de mim, e tento esconder o rosto quando sinto uma corrente elétrica iluminar minhas bochechas em chamas. “E trituradora de narizes? Punhos em fúria?" Desta vez, ele levanta as mãos numa posição de luta protegendo o rosto com uma e brincando e me cutucando com a outra.

Tento imitá-lo e ter minhas mãos na mesma posição. Ele imediatamente para e coloca as duas mãos nos quadris, estreitando os olhos nos meus punhos e na maneira como meu corpo está. "Uau, precisamos ensinar-lhe como dar um soco", observa Ham enquanto me examina atentamente.

"Você soca um adolescente na cara, e de repente todo mundo é um maldito crítico", gemo.

Uma profunda risada familiar vem de trás de mim e olho por cima do ombro para ver tio Leo balançando a cabeça, divertido. “Ele está certo, garota. Isso é horrível."

Jogo as mãos no ar e reviro os olhos. “Sério, um soco e estão tentando me preparar para o MMA. Confie em mim, não planejo socar mais ninguém.”

"Isso é decepcionante", Emma interrompe passando por Leo com um sorriso satisfeito no rosto.

Eagle a segue com um sorriso divertido. "Um par de meses numa escola de verdade, e ela já se transformou numa adolescente sanguinária”.

Emma se tornou uma das minhas melhores amigas nos últimos meses desde que sua irmã, Skylar, e Eagle a aceitaram depois que ela escapou daquele culto maluco. É legal ter alguém em torno do clube para sair, pois não há muitas pessoas da nossa idade lá.

Emma revira os olhos dramaticamente para o comentário inteligente de Eagle antes de virar para mim. "Você é basicamente uma heroína na escola. Pelo menos metade do time de futebol quer seu número. Aparentemente, todos queriam acertar nosso amigo Nick faz um tempo, mas o treinador ameaçou suspendê-los se o tocassem."

"Por quê?" Ham pergunta antes que eu possa. “O garoto é horrível no futebol. Não sei por que o treinador continua colocando-o no maldito campo.”

O clube muitas vezes faz a segurança dos jogos de futebol americano. Nosso time está razoavelmente bem, e as coisas podem ficar um pouco loucas às vezes entre os torcedores adversários quando temos jogos em casa. Então, embora estejam lá para manter as coisas calmas, a maioria dos garotos do clube se tornou investidor do time.

"Ele continua sendo chamado porque a mamãe e o papai de Nick têm o treinador sob os polegares delicados", explica Eagle, largando sua enorme estrutura numa das cadeiras do pátio e abrindo a tampa da cerveja em sua mão. “Dinheiro fala. Acho que todos sabemos disso agora."

"Hey, Shake", Wrench chama. Ele tem uma profunda carranca no rosto e noto o corpo de Ham instantaneamente mais ereto. "Posso falar com você por um minuto?"

Olho para Ham e ele me dá um sorriso. "Desculpe, parece importante."

"Está bem. Estou feliz que minha mãe não terá a chance de falar com você", digo honestamente, e ele gentilmente aperta minha mão numa demonstração de apoio.

“Fique longe de problemas, Punhos em fúria", ele murmura para que ninguém mais possa ouvir antes de voltar para dentro do clube.

Há uma vibração de algo no meu peito enquanto o vejo sair. Seus ombros largos, a barba por fazer e o modo como anda são todas as coisas que mudaram no ano anterior.

Ham não é mais um garoto.

Não.

Todo homem.

Mais irmãos começam a entrar no pátio, onde há uma brisa suave e sol quente, cada um deles com uma bebida nas mãos. Obviamente, terminaram para o dia e estão prontos para relaxar.

Com Ham indo e minha mãe a caminho, decido que é um bom momento para uma rápida fuga. Respirando fundo, forço-me a caminhar em direção ao meu tio que agora conversa com Optimus. Os dois viram quando paro bruscamente ao lado deles.

“Mamãe vem me buscar. Alguém me viu na moto de Ham e ela está chateada. Vou esperar lá na frente, ok?” Digo rapidamente antes de fazer uma saída rápida. Bem, o que pensei ser uma saída rápida. Deveria saber melhor.

Tento passar pelas portas, mas outra pessoa é mais rápida enganchando o dedo na minha calça jeans e me arrastando. O primeiro rosto que vejo é de Optimus - o presidente do clube - com um sorriso divertido enquanto toma um gole de cerveja.

Então tio Leo agarra meus ombros e vira meu corpo para encará-lo. Ele dá um passo para trás e cruza os braços sobre o peito, esperando uma explicação.

Franzo o nariz. "Tive um dia ruim, ok?" Começo, instantaneamente sabendo que ele não engolirá.

“Está sentindo falta de algo?” Ele exige. “Socar e andar em motos… não qualquer uma, mas de um irmão? Mais alguma coisa que quer me contar? Tipo quando esse transplante de cérebro aconteceu?"

"Oh, querida", murmura Hadley, muito grávida, enquanto caminha para fora, com Macy em suas costas. Ela coloca minha prima no chão e dá um tapinha nas costas dela. “Vá brincar, baby.”

A garota não precisa ouvir duas vezes. Ela sai como um flash com um dos prospectos instantaneamente indo atrás dela. A maioria deles são bons assim - imediatamente intervém quando sabem que os irmãos ou as Old Ladys estão ocupados.

Tio Leo imediatamente a puxa para seu lado, ajudando a sustentar seu corpo dolorido. “Hadley, por favor, diga a ele que não é grande coisa. Só quero sair antes da mamãe entrar e fazer uma cena,” tento explicar. “Pensei que estava orgulhoso de mim? Nick faz da minha vida um inferno há quase um ano.”

"Claro, estou orgulhoso de você", ele responde. "Mas sua mãe... se não controlar essa merda, ela vai impedi-la de vir aqui. Apenas quando finalmente temos um pouco de compreensão."

Meu coração afunda. O clube tinha se tornado uma segunda casa, e tio Leo sempre está aqui para mim. Mas recentemente ele realmente assumiu a posição de pai na minha vida, e não quero que ele fique em apuros por minha causa. "Vou falar que você não sabia."

Hadley abre a boca para falar, mas tio Leo a interrompe. "Não importa, porque sou responsável por você quando está aqui. Sou responsável por você estar perto dos garotos, e prometi a ela que não andaria em motos.”

“Mas nós ..."

"Sim, nós o fazemos, mas apenas nas ruas que conheço como a porra da minha mão, porque sei que sua mãe pode ser um pouco super protetora", explica ele, o tom agudo da voz sumindo um pouco. "Não é que não confie em Ham com sua vida ... ele não seria meu irmão se eu não confiasse. Mas isso não muda o fato de que quando se trata do clube e das pessoas aqui, sou responsável, e você ou ele deveriam ter me falado primeiro.”

Até a última parte, certamente estava me sentindo um lixo sobre o que eu fiz, nunca quis perder meu tio. Mas então ele vai e usa esse argumento.

Jogo as mãos no ar, revirando os olhos. "Está agindo como ela." Engulo o nó na garganta que está ameaçando se transformar em lágrimas. “Por que tenho que checar com todo mundo primeiro? Quando começo a fazer escolhas sobre minha vida?” Pergunto bruscamente, chamando muito mais atenção do que pretendia.

"Quando tiver idade suficiente para entender como suas ações refletem em você e nas pessoas ao seu redor," tio Leo diz, a raiva em seu tom me fazendo dar um passo para trás.

Minha boca abre. Tio Leo nunca foi nada além de apoiador, encorajando-me a sair da concha e me manter firme. É por isso que ele permitiu que Hadley me ensinasse a fotografar, e ficou continuamente me dizendo que não devo me acovardar e aceitar as besteiras de Nick quando o fiz prometer que não resolveria as coisas por mim.

Agora ele está de repente preocupado com consequências?

"Sinto muito que minha felicidade te faz ficar mal", respondo, minhas palavras pingam com sarcasmo.

"Meyah, não queremos que haja razão para não poder vir mais aqui", Hadley diz, mas balanço a cabeça ignorando o olhar de dor no rosto de tio Leo.

"Eu tenho dezoito anos. Quando decidirei o que é certo para mim e o que é errado?” Declaro não me importando mais com quem assiste ou escuta. Sei que estou sendo um pouco dramática, mas simplesmente não consigo me importar. Quero fazer um ponto. Quero que eles me ouçam. "Ham me pediu para dar uma volta com ele e disse sim, e pela primeira vez em muito tempo me diverti..."

“Meyah.”

Minhas palavras são instantaneamente mortas. Minha mãe já me deu informações sobre o que fazer com Ham. Apenas tê-lo em casa ontem, mesmo depois do dia que tive, foi o suficiente para ela surtar epicamente. Cerro os dentes tentando parar as lágrimas que ardem quando viro para ver minha mãe parada na beira do pátio. Ela veio pelo lado do clube em vez da porta da frente.

"Entre no carro", ela retruca. Seus olhos estão escuros e nublados como se nunca os tivesse visto antes, como se houvesse uma tempestade acontecendo por dentro. Mesmo ontem de manhã no escritório do diretor, ela ficou chateada, mas nada assim.

Não, porque sou o anjo dela, a filha perfeita que nunca erra.

Este é um território desconhecido para nós duas.

"Carly, apenas ouça", tio Leo tenta, dando um passo à frente.

"Não", ela interrompe. "Meyah, entre no carro."

Com todos os irmãos lá assistindo, minhas bochechas coram de vergonha. Quero gritar e gritar, contar tudo o que lembrei hoje. Andar a cavalo. A maneira como meus amigos pararam de sair comigo quando ela parou de me deixar ir. O jeito que me deixou com medo de tentar coisas novas só no caso de serem destruídas também. Mas as palavras são perdidas na minha língua, e sei que tudo o que verão é uma adolescente fazendo birra e desrespeitando sua mãe.

Em vez disso, levanto meu queixo mesmo quando lágrimas escorrem por minhas bochechas e viro para encarar tio Leo. "Sinto muito", digo a ele, tentando manter a voz firme. Movo meu olhar para Optimus que está atrás dele assistindo silenciosamente. "Desculpe se causei algum problema."

Ele assente. "Sabe que é sempre bem-vinda aqui, garota."

Limpo minha garganta. "Obrigada."

Com isso, viro e caminho com a cabeça erguida até o final do pátio, onde mamãe espera, impaciente, recusando-se a olhar enquanto passo.

Já tive problemas antes. Já a deixei com raiva antes.

Mas tenho a sensação que isso é mais.

Isto será a merda do inferno, e estou bem no meio dele.

 

CAPÍTULO 6

MEYAH

A volta para casa ocorre em completo silêncio.

Mal consigo ouvir sua respiração.

Ela está com seu furgão de trabalho ao invés do nosso carro, então ao invés de entrar na garagem, estaciona na frente, e caminhamos até a porta. Quando entramos em casa, noto que Denver deve estar na casa de um amigo. Mamãe está com tanta raiva, que nem queria que ele fosse testemunha de como ela está prestes a gritar e gritar dizendo que filha horrível sou.

Sigo-a pela porta da frente encolhendo-me quando ela congela na entrada, os olhos correndo para onde a tigela deveria estar, com as chaves penduradas no dedo.

Puta merda, estou ferrada.

A tigela quebrada - pelo menos me senti mal por saber o quanto isso significa para ela. Consegui limpar a bagunça ontem antes que ela visse, mas não pensei no que ela faria quando de repente desaparecesse.

"Esbarrei nela ontem e a derrubei, sinto..."

"Vá para a cama", ela interrompe antes que possa começar a me desculpar.

"Mamãe..."

“Eu disse para ir para a cama, Meyah." Ela sai correndo para um pedaço da tigela que perdi na limpeza, e esmaga-o debaixo de seus sapatos enquanto desaparece na cozinha.

Qualquer outra hora, teria feito o que ela disse. Teria ido para o meu quarto e não sairia novamente até de manhã, quando estivéssemos calmas. Minha mãe daria seu castigo, eu assentiria e não diria uma palavra, e as coisas voltariam ao normal.

Geralmente é assim que nosso relacionamento funciona - não que tenhamos discutido muito, e as vezes que o fizemos foram principalmente sobre o clube.

Mas isso foi antes de eu ter tantos dias de merda, e antes de decidir estar farta de ser jogada para o lado. Preciso que ela me ouça e preciso que me respeite. Finalmente consegui isso na escola, mas minha mãe ainda está me tratando como uma garotinha como se eu fosse muito jovem para fazer minhas próprias escolhas sobre com quem passo meu tempo e por quê.

Tão teimosa quanto sou, a sigo até a cozinha pisando forte contra o chão de madeira. "Sinto muito sobre a tigela", começo, esperando que começar com um pedido de desculpas seja o caminho correto. Não sei dizer se ela está ouvindo ou não enquanto enche com raiva a lava-louças, os talheres e os pratos batendo uns contra os outros. "Não quis quebrar, foi um acidente. Ajudarei Denver a criar uma nova."

Ainda assim, ela não responde, desta vez passando para a limpeza do balcão da cozinha.

"Mamãe! Você pode, por favor, apenas me escutar uma vez,” imploro, batendo a palma na tampa de mármore lutando desesperadamente por sua atenção.

Ela congela, largando o pano de limpeza e virando o corpo para me encarar.

“Só quero ser ouvida. Quero dar minha opinião sem que as pessoas me digam que ela e minhas escolhas não têm valor e que sou muito jovem ou ingênua demais para saber o que faço.” Lambo meus lábios e empurro meus ombros para trás sentindo a intensa pressão sob seu olhar duro. "Sabe como me sinto sobre Ham, e ele é um cara bom—"

"Você não vai namorar um motociclista, Meyah", ela diz bruscamente. "Tivemos essa discussão ontem e a resposta foi não, e ainda é não."

Virando de costas para mim, ela continua a limpar em todos os lugares, mesmo que a superfície já esteja brilhando. Isso é o que ela faz, porém, ela limpa quando está chateada. É a razão pela qual sua empresa se sai tão bem, porque ela é muito boa no que faz. E usa isso para esconder suas emoções.

"Não pedi permissão, mãe", argumento, indo para a cozinha. “Ele não é apenas um motociclista. Ninguém no clube é apenas um motociclista. Eles não são nada além de incríveis para você e para mim. Tio Leo deixa que veja Macy sempre que quer. Hadley me ajudou a passar nos exames e preencher as inscrições para faculdade.”

“O clube é má notícia, Meyah. Eles têm inimigos. Eles são perigosos”, ela responde, mantendo a cabeça baixa e os olhos focados na bancada. "Por que não me escuta?"

Movo-me mais perto estendendo a mão para agarrar seu braço. “Porque os conheço. Passei tempo com eles e se apenas..."

"Não posso nem te olhar agora." Ela gira puxando o braço para longe do meu alcance. "Não vou assistir você se transformar em seu pai."

Silêncio.

Ela acabou de…

Posso sentir meu cenho franzido enquanto as palavras dela passam por meu cérebro, e começo a entender o que ela acaba de dizer. Nenhuma de nós sabe o que fazer ou dizer, então apenas nos encaramos. Meu corpo está congelado em choque. As palavras que ela disse são como uma faca direto no meu coração, mas, ao mesmo tempo, ela simplesmente soltou isso, algo que sempre disse não ter certeza. A tempestade em seus olhos já começa a diminuir instantaneamente substituída por tristeza e arrependimento pelas palavras que não quis dizer.

Minha mãe é minha rocha, ela me ama incondicionalmente.

Mas as coisas acabam de mudar.

"Meyah", ela implora e dá um passo em minha direção, estendendo os braços. Recuo, sacudindo a cabeça enquanto tento entender o que ela acabou de dizer. Se realmente ouvi aquelas palavras.

"O que diabos isso significa?" Sussurro, parcialmente estupefato. "Meu pai? De repente, eu te lembro do meu pai?"

Puta merda

"Mãe!" Grito quando ela apenas fica lá, me olhando horrorizada.

Ela segura o balcão com tanta força em suas mãos que acho que pode quebra-lo. "Perguntei-me quanto tempo ia levar para eu acordar um dia, e vê-lo em seus olhos", ela finalmente responde enquanto lágrimas escorrem por suas bochechas. "Mas você era tão quieta, tão doce e incrivelmente inteligente."

Sinto como se meu corpo inteiro estivesse sendo alimentado por uma corrente elétrica. Minha pele parece estar viva e há um zumbido surdo em minha cabeça. Não consigo me mover como se os sinais do meu cérebro estivessem parados. Posso imaginar que é assim que crianças se sintam quando lhes contam que são adotadas. Como se tudo que conheceu até aquele momento fosse uma mentira completa e absoluta. Ou como se estivesse perdendo algo importante. Um pedaço de você que está lá fora em algum lugar, um pedaço que nem percebeu faltar até aquele momento.

"Você disse..." Finalmente consigo murmurar, balançando a cabeça, afastando todos os pensamentos que estão voando a um milhão de quilômetros por minuto. "Você disse... que não sabia.”

Ela limpa as lágrimas das bochechas, afastando-as. "Eu sei", ela responde, a voz embargada. “Meyah, escute, não foi porque tentei te machucar. Foi para evitar que se machucasse."

Essa frase toda é tão clichê que engasgo com uma risada. “Minha vida toda, mãe, tudo sobre tentar me controlar. Tentando me levar na direção que queria que eu fosse. Tentando me proteger, mas nunca me deixando experimentar nada." Tenho que me lembrar que esta era a mulher que me criou, que desistiu de sua vida para ter certeza de que eu tivesse tudo que eu precisava. Que sempre me colocou em primeiro lugar e me amou mais do que qualquer coisa nesta terra. Mas agora, todos esses pensamentos estão sendo afastados. “Ficou com tanto medo de eu me tornar como ele e o que? Decidiu me impedir de viver? Quem diabos é esse cara que tem tanto medo que eu seja igual? De que tem tanto medo?"

Fico me perguntando o quanto perdi porque mamãe não me deixava andar a cavalo, ir a casas de alguns amigos, ou assistir a alguns programas de televisão. Ou como ela me manteve longe do clube por tanto tempo, apenas permitindo que tio Leo nos visitasse em casa. Como estava constantemente com muito medo de ficar em pé sozinha.

“Sabe como é para uma mãe ver seus filhos se machucarem? Sentir que há a possibilidade de perder todo o mundo diante dos seus olhos?” Ela responde. “Quando descobri estar grávida, foi um dos momentos mais difíceis da minha vida. Meus pais estavam mortos. Tinha recebido a custódia da minha irmãzinha e deveria criá-la. Você foi à única coisa que tornou meus dias suportáveis.”

Ela apoia as mãos no balcão e deixa a cabeça cair entre os braços. Posso ouvi-la respirar fundo várias vezes, como se estivesse tentando encontrar coragem para discutir um momento em sua vida que obviamente passou um bom tempo tentando bloquear.

"Então Kim morreu", ela funga, com a respiração mais rápida. “Eu perdi meus pais. Eu perdi minha irmã. E você e Denver foram tudo o que restou. Não havia nenhuma maneira no inferno de estar prestes a perder vocês. Então sim, fiz o que tinha que fazer para protegê-la, incluindo esconder você do seu maldito pai e os malditos genes que estão dentro de você.” Sua voz fica mais forte quanto mais ela conseguiu se convencer de que fez a coisa certa.

"Quem é ele?" Finalmente encontro coragem para exigir. Ouço o que ela está dizendo. Sei que ela fez apenas o que achava certo para me manter segura quando tinha perdido toda sua família. Mas ainda doí muito mais saber que ela mentiu para mim o tempo todo. Quero entender, sentir que sei do que ela está falando e que a maneira como ela lida com as coisas é completamente sensata, mas simplesmente não consigo. É como sentir que uma parte do meu corpo está faltando e, em seguida, descobrir que a pessoa que ama mais do que qualquer coisa propositalmente escondeu isso e te forçou a passar a vida sem ela.

“Meyah..."

"Não, mãe, apenas me diga!"

Ela balança a cabeça e meu coração dá um pulo. Ela não vai me contar. Ela não vai parar com essa ideia de que está me protegendo.

"Tudo bem", silvo, puxando meu celular do bolso e discando o número do tio Leo.

"Meyah, pare!" Ela grita, estendendo a mão para pegar meu celular. Afasto-me, mas a unha dela acerta o lado da minha bochecha. Viro meu rosto para longe como se tivesse sido esbofeteada e sentindo começar a doer. Estreitando meus olhos, tento conter o fluxo de lágrimas e bloquear a dor.

"Oh meu Deus, Meyah", minha mãe sussurra. Mas não consigo olhá-la. Só preciso dar o fora daqui antes que as coisas piorem.

“Meyah?” Tio Leo finalmente atende. "Tudo bem?" Posso dizer que ele está preocupado. Acabei de sair de lá e as coisas não estavam ótimas naquele momento.

“Preciso que venha me pegar. Não posso ficar aqui,” digo a ele, lutando para soltar as palavras, minha voz tremendo e instável. "Estou em casa. Pode apenas vir? Por favor?"

"Jesus! Sim, estarei aí em cinco minutos”, ele responde. Posso ouvi-lo chamar Hadley antes de desligar o telefone.

"Meyah, isso é ridículo", mamãe começa, mas já estou indo para as escadas, minha mão ainda pressionada contra a bochecha, lágrimas salgadas caindo em meus lábios.

Incapaz de manter a dor escondida, viro e olho por cima do ombro para ela, determinada a deixá-la saber o quanto me machucou. "Não posso olhar para você agora", digo, jogando suas palavras de volta para ela, meu coração se partindo em pequenos pedaços enquanto me afasto, machucada, mas determinada. Preciso mostrar a ela que sou mais velha agora. Ela não pode me controlar. Ela não pode mentir para mim ou continuar tentando me proteger de tudo. Sei que haverá momentos em que me machucarei, onde meu coração vai quebrar, onde alguém partirá minha confiança, onde os amigos vão me apunhalar pelas costas. Mas isso faz parte de aprender, crescer e ficar de pé. De pé por mim mesma e ser forte.

Preciso aprender sozinha.

E talvez aqui não seja o lugar onde farei isso.

 

CAPÍTULO 7

HAM

Preciso manter a cabeça calma e não dar a esses idiotas qualquer motivo para parar a reunião.

Tenho merda que preciso resolver, e já adiei por muito tempo.

Tudo aconteceu tão rápido, num momento estava tão chapado depois de ter Meyah na parte de trás da minha moto, absolutamente fascinado e ansioso para aprender mais e mais sobre ela. Então estava num avião com Wrench a caminho de Nevada.

Aparentemente, Wrench recebeu informações que diziam que meu irmão teve a soltura por fiança antecipada por causa da superlotação na prisão. Ele será liberado no final da semana, e há apenas mais um dia disponível para visitas. Se não fizer isso agora, ele pode sair e desaparecer no ar novamente, e não terei a chance de olhá-lo nos olhos e esperar o melhor.

Porque isso é tudo que estou fazendo.

Estou entrando nisso completamente consciente de que ele pode não querer nada comigo. Nem tenho certeza se ele falará comigo ou me dará uma hora do seu dia. Mas se não fizer agora, posso não ter outra chance, então deixei tudo, e pegamos o primeiro voo para fora do Alabama.

Nem tive tempo de conversar com Meyah. Quando soube o que estava acontecendo, ela se foi, e Wrench e eu já corríamos o risco de perder nosso voo. Pelo menos tenho meu irmão comigo. De todos no clube, Wrench sabe o quanto isso significa para mim. Ele sabia o quão difícil é, e sabe o quanto duvido de mim mesmo.

Zombo do guarda da prisão quando ele bate as mãos nos lados do meu corpo, apertando minha mandíbula quando suas mãos descansam um pouco perto demais do meu pau, lembrando-me que se soca-lo no rosto, terei minha bunda chutada.

Ou jogada numa cela.

"Pensei que iria ao menos, comprar uma bebida para mim primeiro", comento secamente antes do oficial recuar, com o lábio franzido como se estivesse enojado com o pensamento de namorar comigo. Dou a ele um sorriso animado. "Ei, sou um encontro barato."

Estendo a mão para acariciar sua bochecha, mas ela é imediatamente esbofeteada, e uma mão é forçada contra meu peito, me empurrando contra a parede de tijolos.

"Não sou gay. Mas tente me tocar de novo e vou me certificar de que um dos garotos daqui faça de você sua cadela,” o guarda fala lentamente, a mão descansando no bastão em seu quadril enquanto a outra me prende contra a parede.

Sorrio, levantando as mãos no ar. “Foi mal, cara. Sou bonito demais para ser a cadela de alguém.”

O guarda recua e bufa me olhando de cima a baixo. "Tire esse idiota do meu maldito caminho, Billy", ele zomba, recuando e deslizando de volta para sua pequena sala de vidro que deve servir para protegê-lo.

Outro guarda, Billy, presumo, me empurra da parede e acena, indicando que eu o siga quando uma senhora idosa se aproxima para passar pela revista. No fundo da minha mente, espero que ela acerte o Sr. Handsy nas orelhas com a bolsa.

Seguindo Billy por um curto corredor, esfrego as mãos nervosamente, um milhão de pensamentos percorrendo meu cérebro. Ele ergue a mão sinalizando para o guarda abrir a porta e ouço um zumbido alto antes de bater a palma contra uma grande porta de metal que range ao abrir, e pela maneira como os músculos e veias de seu braço se esticam e projetam, pesa uma tonelada.

Engolindo o nó que se formou na minha garganta, respiro fundo ao entrar, meus olhos se recusando a olhar para cima. A sala está zumbindo com vozes suaves e sons de crianças brincando.

Eu o reconhecerei?

Como me sentirei ao vê-lo?

Isso é apenas um erro?

Quando olho para cima, tenho instantaneamente todas as respostas às minhas perguntas.

“Que porra está fazendo aqui?”

Quero afundar, abraçar o sentimento de derrota que está me percorrendo e ir em direção ao meu irmãozinho implorando por perdão. Mas isso não é quem eu sou, não é o homem que me tornei, e se quero ajudá-lo, sei que terei que lutar para ter sua confiança novamente para protegê-lo. Ele não vai me dar um passe livre, e definitivamente não vai me abraçar e fingir que o passado não fez parte dele estar aqui.

Ele provavelmente me culpa.

E mereço isso.

Levantando o queixo, coloco um pé na frente do outro, minhas botas de motociclista pesadas batendo no chão de concreto até chegar à mesa onde ele está. Não espero por um convite, jogo meu corpo no banco frio e duro, concretado no chão.

“Levante e dê o fora daqui,” Romeo ordena, com as mãos apertando a borda da mesa. Posso ver a algema prateada envolvendo seus pulsos - sem dúvida estão acorrentadas debaixo da mesa. Pelo menos sei que ele não pode me dar um soco e chutar minha bunda. Seus lábios estão em linha reta, e os olhos estreitam e suas sobrancelhas franzem tão profundamente que me pergunto por um segundo se está causando-lhe dor olhar para mim.

Inclinando-me para frente, apoio os braços na mesa de metal, ignorando a patética ameaça. “Laranja é a sua cor. Complementa seu tom de pele,” digo, inclinando a cabeça com curiosidade. “Mas sempre teve o tom da mamãe. Tenho a pele esbranquiçada do papai.”

A dureza de suas feições não ameniza. "Vá. Porra. Embora, Hamlet,” ele avisa, os olhos indo para o lado, seu corpo tenso quando alguém se move muito rapidamente do outro lado da sala. Eu noto também. Não é nem um pouco ameaçador, mas, novamente, não estou preso neste prédio com criminosos violentos. É óbvio que está afetando-o.

"Você está delirando se acha que vou embora tão fácil, irmãozinho", digo dando de ombros. Colocando minhas mãos juntas na mesa, fico feliz em esperar que ele fale comigo. Para me dizer o que diabos aconteceu para colocá-lo aqui ou apenas qualquer coisa, porra.

Estou tentando agir casualmente como se fosse uma ocorrência diária, e não como se não tivesse visto meu irmão mais novo em seis anos. Por dentro, meu estômago dá cambalhotas, excitado e nervoso ao mesmo tempo. Não posso nem acreditar que ele está bem aqui, sentado em frente a mim. É algo que imagino por malditos anos. Talvez não numa sala de visitas da prisão, mas é o que é.

Meu irmãozinho não é mais tão pequeno.

Ele está mais alto e mais largo do que eu, mas honestamente, não tão bonito. A cicatriz que corta sua bochecha direita fode sua pele perfeita e as bochechas que herdou. Não brinquei quando disse que ele tem o tom de pele de mamãe. O bronzeado profundo e rico de sua pele e a cor de seus cabelos sempre faziam as pessoas olharem para nós três, quando crianças, estranhamente.

Phee e eu somos como nosso pai com a pele branca e cabelos cor de areia. Ele é um nerd da literatura. Como conseguiu encantar minha mãe é um mistério.

Mamãe era linda pra caralho. Tinha profundas raízes espanholas que a faziam parecer tão exótica e fora de alcance, mas nunca teve vergonha de segurar a mão de papai ou deixar as pessoas saberem que estavam apaixonados e felizes. Ela mostrava seu coração ao mundo e deixou todos saberem que a inteligência para ela sempre venceria a aparência.

Houve momentos em que tive inveja de Romeo. Ele era mais largo, mais alto, e mais selvagem o que significava que as meninas o amavam no momento em que colocavam os olhos nele. Não sou exatamente carente no departamento aparência, mas na escola, não era o menino mal e misterioso que Romeo encarnava.

O nariz de Romeo contrai quando percebe que intimidação não funcionará neste caso. "Como me encontrou?", pergunta ele, forçando-me a sentar um pouco mais reto.

Ele tentava se esconder de mim?

"Mudei de nome quando saí do sistema de adoção."

"Um dos rapazes do meu clube pode encontrar qualquer um", simplesmente digo. "Demorou um pouco, mas aqui estou. Que tal me dizer como acabou aqui?"

"Se seu menino é realmente tão bom, então já sabe por que diabos estou aqui", ele franze o cenho, inclinando-se para trás contra a parede e colocando as mãos sobre a mesa. As correntes soam.

Cerro meus dentes. Sabia que seria difícil. Tenho sorte que ele tenha me dado uma hora de seu dia, mas quero desesperadamente que seja fácil. Quero vê-lo esboçar um sorriso, me mostrar o sorriso atrevido com o qual cresci, aquele que sempre me dizia que ele não fazia nada de bom. "Prefiro ouvir de você. Não confio nos registros da polícia."

Ele me encara diretamente nos olhos, me avaliando, me julgando.

Ele está tentando descobrir se pode confiar em mim, e cara, isso dói. Tenho irmãos em casa, não de sangue como Romeo, mas homens que, no que me diz respeito, são minha família, e nenhum deles jamais me olhou assim. É hora de colocar tudo na mesa e deixar a coisa se desenrolar.

"Fiz tudo que pude, porra-"

"Bem, não foi o suficiente, foi?" Ele retrucou, e sei que não vamos a lugar nenhum até passar por isso. Ele puxa as correntes, e, pela primeira vez, vejo os hematomas e marcas vermelhas em seus dedos. “Eu sentei, noite após noite, esperando você aparecer na minha janela. Tinha uma porra de mala pronta para correr porque isso é o que teria feito se fosse você. Foda-se a corte. Você é meu maldito irmão. Nós poderíamos ter fugido, pego Phee, e saído de lá. Se estivéssemos juntos, estaríamos bem."

Minha boca abre em choque. Então é isso. “Eu tinha dezoito anos, Rome. Lutei o máximo que pude. Gastei cada centavo que mamãe e papai deixaram para tentar trazer você e Ophelia de volta. Houve um momento em que nem consegui pagar meu aluguel e tive que viver num maldito abrigo. Ainda estou pagando as taxas legais porque fico constantemente incomodando o advogado... lutando por você."

As pessoas ao nosso redor estão começando a prestar atenção em nossa interação, mas não dou à mínima. Este é meu irmão mais novo, e se for fazê-lo se sentir melhor me dizer que irmão inútil sou, então aceito. Mas me recuso a sair daqui sem saber que fiz todo o possível para nos conectar novamente.

"Não dou a mínima para sua merda legal", ele sussurra, inclinando-se para frente, alguns fios de cabelo escuro caindo em seu rosto. Está mais longo, puxado para trás num curto rabo de cavalo na parte de trás de sua cabeça. Não sou fã dessa merda em caras, mas combina com ele. Isso o faz parecer perigoso, e com o brilho escuro em seus olhos, até eu penso duas vezes e começo a questionar se cheguei tarde.

“Eu só queria que meu irmão estivesse lá por mim. Eu queria que se importasse mais comigo do que com advogados e policiais, e fizesse as coisas direito por uma vez. Você sempre fez o melhor na escola. Sempre seguiu as regras. Sempre fez as coisas pelo livro."

Sento um pouco mais ereto. Ele está certo, quando éramos mais novos, fui um bom garoto. Dei duro na escola, era bom em esportes, e acho que se pode dizer que eu era quase o garoto de outro. Mal pus um pé errado, enquanto Romeo era um espírito livre.

"Queria saber pela primeira vez que eu era mais importante para você do que as regras", ele sussurra, sua voz quase quebrando. Seus olhos brilham sob as luzes fluorescentes da sala de visitas. Sei que não é uma boa coisa, não pode chorar na prisão sem alguém ver e vir atrás de você, mas é como se ele não se importasse. Ele precisa que eu veja o quanto o machuquei. O garoto de dezesseis anos que vi sair da nossa casa de infância chutando e gritando. O mesmo que eu deveria ter ido atrás, que deveria ter protegido a qualquer custo, mesmo que isso significasse quebrar a lei.

“Eu me arrependo de tudo,” respondo finalmente. “Poderia ter feito mais. Deveria ter feito mais. Deveria estar onde você está agora. Deveria ter lutado mais arduamente." Minha garganta queima. Traço a tatuagem no meu antebraço, a que representa meu irmão. Uma bela e romântica rosa brilhante para Romeo. "Sei que te decepcionei," silvo, apertando minhas mãos em punhos. "Estou aqui. Pode me odiar, me dar um soco na cara, se recusar a me ver. Tanto faz. Não posso mudar o passado, mas só sei que não vou a lugar nenhum. Eu te encontrei uma vez, vou te encontrar de novo."

Não estou mentindo. Estou totalmente disposto a caçá-lo novamente se ele tentar fugir.

Farei o que tiver que fazer para preencher o buraco no meu peito que eles deixaram.

Posso dizer que ele está cerrando os dentes, sua mandíbula se movendo para frente e para trás enquanto me olha como se estivesse tentando descobrir se é verdade. Não consigo parar de tocar a tatuagem no meu braço, meu polegar traçando círculos distraidamente.

"Jesus fodido Cristo, que tipo de bucetas nos transformamos", ele geme, balançando a cabeça. Ele pisca algumas vezes expulsando a umidade de seus olhos antes que possa escorrer pelas bochechas. Então seus olhos se fixam mais uma vez em mim, a raiva se dissipando, um sorriso puxando o canto de sua boca. "Sempre disse que nunca faria tatuagens, que eram para criminosos, lembra?”

Romeo ergue os braços o máximo possível, as mangas do macacão escorregando para revelar um braço direito muito bem decorado, enquanto o outro permanece intocado - exatamente o que eu fiz, mas do lado oposto. Num breve olhar, posse ver correntes, um dragão e fogo, talvez, mas é a citação em seu pulso que me faz sorrir.

"Ser ou não ser", murmuro com um sorriso, revirando os olhos.

"Essa é a porra da questão", Romeu diz com o sorriso ameaçador que agora espero fazer sua presença conhecida.

A mais famosa citação de Shakespeare de Hamlet. É como um pontapé na porra do meu coração me dizendo que embora meu irmão jogue duro, ele nunca me esqueceu.

"Ah, então não se esqueceu de mim", provoco.

Seu sorriso vacila e ele dá de ombros. "Imaginei que iria aparecer um dia.”

Sorrio. "Tenha essa porra de certeza."

"Então, o que é este clube que fala?", pergunta ele, inclinando-se para trás contra a parede, com os olhos cheios de curiosidade e interesse para ouvir sobre minha vida.

"Cara, por onde começar."

 

CAPÍTULO 8

HAM

Meu coração acelera no peito enquanto respiro fundo tentando mantê-lo lento e firme. É uma luta contra os instintos naturais do corpo, quando tudo que seus pulmões querem é parar a tortura e sugar o máximo de oxigênio possível, mas ainda tento ir mais e mais e mais rápido do que ontem sem morrer do lado da rua.

"Corro com você!" Chelsea grita quando chegamos à esquina e finalmente podemos ver os portões do clube cerca de dois quarteirões abaixo.

Gemo alto, mas ela já foi, seu corpo acelerando como se não tivéssemos passado os últimos quarenta minutos correndo contra o asfalto. "Porra", murmuro antes de abaixar a cabeça e forçar meus braços e pernas para frente tentando forçar meu corpo exausto e drenado a ganhar velocidade e não parar de respirar ao mesmo tempo.

Chelsea está seis metros à frente e não há como alcança-la. A mulher é uma máquina. Juro que pode correr e correr e seu corpo nunca para, e em cima disso, nunca dirá que ela deu à luz gêmeos. Apesar de algumas estrias, que Chelsea exibe com orgulho, seu estômago está tão liso quanto antes de engravidar. Talvez ainda mais se formos totalmente honestos.

Ela trabalhou duro para chegar lá.

Correr não é meu ponto mais forte ou atividade que mais amo, mas quando era prospecto, Chelsea despertou meu interesse por isso. Ela me explicou por que corre. Por que isso é importante para ela, e como a ajudou a se encontrar quando sentia estar caindo aos pedaços.

Quando teve os gêmeos e decidiu voltar a correr, foi na época que decidi finalmente crescer e pedir a Wrench para me ajudar a encontrar meus irmãos e ter respostas para as perguntas que passei anos tentando evitar, porque estava com muito medo. Pensei que talvez fosse queimar algumas das frustrações enquanto corro ao ponto de esgotamento total, ou pelo menos até ouvir algo de Romeu e Phee. É assim que acabei correndo ao lado do Chelsea, três manhãs por semana às 05h30min da manhã.

Paro a cerca de dez metros do clube segurando a rede de arame nas mãos e tentando impedir que minhas pernas desabem, enquanto meus pulmões gritam de dor. Tenho suor nos olhos, e o último tiro velocidade até a casa fez algo em minhas calças se mover e me atrapalhar.

Chelsea ri sem fôlego quando cai contra a cerca ao meu lado, puxando um dos joelhos até o estômago. "Você está ficando mais rápido", elogia.

Zombo em resposta, mas sai como um som estranho de engasgo que a faz franzir as sobrancelhas como se não tivesse certeza se estou concordando, ou se ela deve me ajudar a desengasgar. Aceno para ela e coloco as mãos nos joelhos, inclinando-me e tentando sugar todo o ar para satisfazer meu corpo faminto antes de desmaiar.

Demora dez minutos para Chelsea conseguir me mover para dentro do complexo e do clube. Desabo no sofá mais próximo enquanto ela pega duas garrafas de água atrás do bar. Está quieto aqui dentro, mas estranhamente, a porta do pátio está aberta, e posso ouvir tiros suaves de um rifle de ar, obviamente na parte de trás.

Movo-me para alcançar os cadarços, pronto para sentir a satisfação de tirá-los e desmaiar aqui pelas próximas horas, mas Chelsea me ataca antes que possa puxá-los. “Claro que não, amigo, vai fazer alguns alongamentos. Não quer danificar um músculo porque está com preguiça de preparar o corpo adequadamente e depois relaxar.”

Gemo, bebendo metade da garrafa de água antes de levantar e acompanhar enquanto esticamos os músculos.

Sempre que o clube se move como um grupo, há comentários e perguntas sobre se o clube só deixa homens de boa aparência entrar, já que, a essa altura, nenhum de nós tem a temida barriga de cerveja que alguns caras mais velhos costumam ganhar. Nós somos tonificados, alguns mais do que outros, mas na maior parte, temos corpos fortes.

E a verdade é que isso é exigido de nós.

Juntar-se ao clube é um compromisso de nos mantermos saudáveis, fortes e capazes de lutar para proteger nossas famílias, se for necessário - o que já aconteceu antes. Espera-se que façamos todo o possível para manter nossa família segura e ter as costas de nossos irmãos, e não se pode fazer isso se não puder subir um lance de escadas sem ter um acidente vascular cerebral.

Não trabalhei tão intensamente como alguns dos outros caras, mas estou definitivamente bem, preferindo trabalhar com cardio em vez de musculação todos os dias. Não sou pequeno, mas também não sou tão grande quanto metade dos caras do clube.

“Bom trabalho hoje”, Chelsea sorri, acariciando-me no ombro. “É melhor eu ir salvar Op. Os gêmeos acordarão em breve, se já não o fizeram."

Faço uma saudação preguiçosa. O barulho do rifle de ar flutuando pelas portas abertas a esta hora chama minha atenção novamente, e luto contra meu corpo dolorido, forçando-o em direção ao barulho. Saindo, congelo quando vejo Leo de pé na beira da grama com uma xícara de café na mão. O ar já está começando a ficar quente, e estou feliz por já ter corrido quando o sol começa a esquentar enquanto sobe.

"Ei, o que está fazendo aí tão cedo?" Pergunto a Leo, saltando o limiar para ficar ao lado dele na grama. Estreito os olhos para a parte de trás do clube, onde estão os alvos de tiro, minhas sobrancelhas se juntando em confusão. “Essa é Meyah?”

Sua cabeça balança confirmando minhas suspeitas. “Sim, tive que ir buscá-la não muito tempo depois que saiu na outra noite. Ela e sua mãe tiveram uma discussão,” ele explica, não tirando os olhos dela. Ele é protetor, e ela está segurando uma arma - não uma que possa causar muitos danos porque é muito cedo para fazer esse tipo de barulho. Mesmo assim, embora Hadley tenha lhe ensinado e ela esteja se tornando melhor em segurar uma arma do que alguns de nossos irmãos, ele ainda se recusa a desviar o olhar apenas no caso de algo acontecer.

Wrench e eu voltamos ontem à noite de Nevada. Nós dois estávamos tão exaustos da viagem que apagamos ao chegar. Então, não sabia que Meyah estava no clube ou que algo aconteceu.

Nós dois assistimos em silêncio enquanto ela alinha o tiro, analisando o ar ao redor por apenas um momento antes de apertar o gatilho, seu corpo mal afetado pelo recuo. Ela coloca a segurança de volta e abaixa a arma antes de descer para verificar o alvo.

"Merda. A mãe dela perdeu a cabeça, hein?” Pergunto, preocupado apenas pelo jeito que ela posiciona seu corpo, os ombros caídos e derrotados em comparação com quando a vi dois dias atrás. Ela estava tão segura, tão orgulhosa de como ela finalmente assumia o controle de sua vida.

“Carly tem seus próprios demônios. Ela tem tentado esconder das crianças por um longo tempo. Alguns que nem mesmo compartilharia com Kim ou comigo. Aparentemente, Carly disse a Meyah que ela está começando a lembrá-la demais de seu pai. Que não pode nem olhar para ela,” Leo explica com um bufo. “Gostaria que Carly parasse de me ver como o inimigo. Quanto mais velha Meyah fica, mais ela está desesperada para saber quem é seu pai. Há um pedaço dela desaparecido. Uma parte de si mesma que não conhece. E ela está mais determinada do que nunca a ter respostas.”

Solto um longo suspiro. "Isso é o suficiente para deixar qualquer um louco." Meu coração dói por ela. Quero ir até lá e puxá-la para meus braços, dizer a ela que entendo, e que está tudo bem ela estar puta pra caralho.

"Ela vai procurá-lo", diz Leo do nada, e viro para olhá-lo com as sobrancelhas arqueadas. "Ela não me contou tudo o que Carly disse, e Carly não o fez também. Agora que sabe que ele está lá fora, vai querer encontrá-lo."

"E você vai deixá-la ir?" Pergunto, confuso. Eu imagino e assumo que se Carly não está disposta a tê-lo na vida de Meyah, então havia uma boa razão para isso. Mas, novamente, eu posso estar errado. O histórico de Carly em superproteger Meyah não grita exatamente a favor dela.

“"Eu amo Meyah como uma filha", Leo responde simplesmente, mas seus músculos estão tensos gritando algo completamente diferente, e tenho a sensação de que não vou gostar exatamente disso. “Carly não vai me dizer merda porque ela é teimosa e acha que ela tem o melhor interesse de Meyah no coração. Então, vou precisar da sua ajuda.”

Antes de terminar a frase, eu já estava balançando a cabeça. "Você está brincando, certo?"

“É mais provável que Meyah fale com você sobre isso do que comigo. Eu não posso deixá-la fugir em busca de um cara. Prometi a Kim há muito tempo que cuidaria de Meyah. Eu não me importo como terei que fazer isso, não vou quebrar essa promessa.”

Eu engasgo com uma risada e balanço a cabeça. “Olha, eu entendo, realmente entendo. Mas você sabe como me sinto sobre Meyah. Eu finalmente encontrei minhas bolas e quero ver onde as coisas vão. Mas você quer que eu comece algo com ela baseado em ser sorrateiro, porra?” Eu raciocino calmamente, olhando por cima do ombro, me sentindo estranho como se estivesse fazendo algum tipo de negócio de drogas.

"Ela ama você", diz Leo sério. As palavras enviam um arrepio na minha espinha e fazem meu estômago cair como se estivesse em uma montanha-russa. "Eu não estou tentando impedi-la de encontrar a peça que faltava. Eu sei o quanto isso é importante para ela. Mas não gosto da ideia dela entrar nessa cega. Consiga as informações que precisamos e poderemos fazer isso em nossos termos.”

Eu não me sinto bem com essa merda. Em absoluto. Mas pude ver onde Leo estava. Ele estava disposto a fazer o que fosse para proteger as pessoas que ele amava. É algo que admiro e também algo que há muito tempo, eu falhei em fazer. E o resultado? Eu perdi a maioria das pessoas importantes na minha vida e estava apenas começando a encontrá-las novamente.

Leo é meu irmão. Eu tenho suas costas, não importa o que, mesmo que possa estragar tudo antes mesmo de começar.

"Ah, e tente fazer isso enquanto mantém o seu pau em suas calças." Com isso, ele se vira e me entrega sua xícara de café antes de seguir através do quintal para sua sobrinha.

Bem, foda-me.

 

CAPÍTULO 9

MEYAH

A dor no meu peito ainda está lá, mesmo depois de dois dias com tio Leo. Não dormi nada na noite anterior, e a noite passada não foi melhor. Então, estou no quintal esta manhã, no segundo que o sol aparece, com a arma na mão, esperando que isso possa ajudar um pouco.

Até consigo manter o foco quando Ham sai vestindo nada além de shorts e tênis mostrando a tatuagem que decora seu peito que nunca soube que tinha.

Ele e tio Leo conversam por alguns minutos, sem dúvida sobre como perdi minha mente - não é uma mentira total.

Quando tio Leo me pegou outra noite, nem olhei para trás enquanto corri para fora com a minha bolsa no ombro. Hadley me segurou enquanto chorava no banco de trás, o que só piorou quando minha mãe ameaçou chamar a polícia se eles saíssem da garagem comigo. Infelizmente para ela, tenho dezoito anos, o que me torna adulta.

Mas não importa o quanto esteja com raiva, ou o quanto quero odiá-la, eu não posso.

Ela é minha mãe.

Eu a amo mais do que poderia imaginar amar outra pessoa no mundo, e é por isso que dói tanto.

Especialmente saber que há outra pessoa aí, alguém com quem compartilho metade dos meus genes. Alguém que nunca tive a oportunidade de desenvolver um relacionamento. Nunca tive a chance de ser a garota do papai. Para que as pessoas digam coisas como "oh wow, você tem os olhos de seu pai" ou sentir conforto em seus braços quando estiver assustada. O tipo de conforto que recebo de tio Leo quando ele envolve os braços em volta de mim e me embala contra seu peito porque sempre foi a coisa mais próxima que tive de um pai.

Mas mesmo assim, não é o mesmo.

Eu me sinto roubada.

Sinto-me incompleta.

Isso faz eu querer me enrolar na cama e desejar que tudo se foda e ficar enfiada na cama do tio Leo e Hadley pela segunda manhã seguida assistindo episódios de My Little Pony às 8:00 da manhã com Macy. Porque quem não fica feliz vendo pôneis cantar, dançar e voar?

"Todas essas cores me fazem querer vomitar."

Sorrio e olho para cima.

Aparentemente, Ham não fica feliz assistindo pôneis mágicos.

“Macy, Hadley está esperando no andar de baixo para levá-la para a escola. Está chamando seu nome,” anuncia Ham se encostando na porta com um sorriso atrevido.

“Eu não vou", Macy protesta, mas Ham não aceita. Caminhando em direção ao final da cama, ela o observa com uma careta, segurando o edredom no peito, incerta do que ele vai fazer, mas disposta a lutar se necessário. Não tenho dúvidas de que Macy será uma cadela malvada. Ela tem esses homens em volta do dedo desde que nasceu. "Eu não vou. Deixe-me sozinha, Hammy", ela avisa, mas em vez de sair ameaçadora, é simplesmente fofa. O balbuciar que costumava fazer todo mundo dizer "aww" está quase desaparecido agora que Macy está mais velha, mas a maneira inocente como ela fala ainda é fofa como o inferno.

“Macy, vamos lá", grita tio Leo das escadas, distraindo a garotinha tempo suficiente para que Ham pegue o edredom e o puxe completamente. Macy grita, mas antes que possa escapar, ele agarra seu tornozelo.

"Hammy", ela grita, mas o som estridente logo se transforma num ataque de riso.

"Hora da escola para Macy," Ham anuncia novamente puxando-a para o final da cama, pegando-a e jogando por cima do ombro. Tio Leo aparece na porta no momento perfeito, e Ham simplesmente deixa cair uma Macy ainda rindo nos braços do pai.

Ele apenas revira os olhos e se vira para ir, congelando por um momento e olhando por cima do ombro. "Vocês dois... fora do meu quarto", ele avisa levantando o nariz e olhando para nós.

Reviro meus olhos. "Está brincando, certo?" Ele não diz nada, apenas fica me encarando, como se me desafiasse a desafiá-lo. "Bem! Nossa.” Posso sentir minhas bochechas corarem levemente então escondo meu rosto enquanto saio da cama e os sigo para o corredor.

Satisfeito, tio Leo continua levando Macy pelas escadas. Pulo quando uma mão toca meu pulso e se acomoda quando Ham começa a esfregar círculos nas costas da minha mão. Meu corpo imediatamente fica um pouco mais leve, e inconscientemente me inclino para ele, minha cabeça encontrando seu ombro.

"Vamos lá", ele diz suavemente, envolvendo seu braço na minha cintura e segurando meu corpo contra o dele enquanto seguimos pelo corredor. Sei que estamos indo para o quarto dele, e meu coração começa a bater um pouco mais rápido, meu corpo sentindo uma onda de calor quando passamos pela porta e instantaneamente cheiro a ele - sua colônia, seu sabonete, seu gel de cabelo. Sinceramente não sei o que é, mas me faz sentir como se estivesse no céu, como se nada mais importasse porque tenho Ham me cercando, me protegendo.

Ele fecha a porta atrás de nós enquanto dou alguns passos adiante em seu quarto. Meus olhos tentam absorver o espaço, os cartazes na parede, as decorações esparsas - nada como o quarto de um adolescente. Minhas paredes estão cobertas de desenhos, fotos, cartazes, celebridades, unicórnios.

Ham aparentemente gosta de manter as coisas simples.

A insígnia do clube pende orgulhosamente da parede ao lado de sua cama, e do outro lado da cômoda há uma série de molduras, a maior parte delas com Old Ladys e muitas com seus irmãos. Obviamente, presentes. Não posso imaginar que ele tenha saído do seu caminho para fazer esse tipo de coisa.

O que não vejo são fotos de alguém que não reconheço.

Onde está sua família?

A família que ele tinha antes de se juntar ao clube?

Dói meu coração pensar que ele não tem nenhuma.

Viro para encará-lo.

Ele está me observando, com a cabeça ligeiramente inclinada para o lado. "Não é exatamente emocionante, certo?" Ele brinca andando ao redor do quarto, passando a mão ao longo da cômoda simplesmente decorada, seus dedos dançando através do punhado de fotos.

Lambo meus lábios, meu corpo girando com ele enquanto passa. "Tem alguma foto antes de entrar no clube?", Pergunto, tentando parecer casual, mas sabendo que pareço um pouco intrometida.

Ele solta um suspiro e senta na beira da cama. “Não… bem… não que queira colocar em exibição. Ainda não.” Sua resposta é relativamente enigmática e forte o suficiente para me dizer para não perguntar mais nada. Posso dizer, pelo menos, que é um ponto dolorido. Nunca direi a ele, mas quase me fez sentir um pouco melhor saber que não sou a única que ocasionalmente sente dor quando fala sobre família. Especialmente nos últimos dias, não consigo pensar em minha mãe sem querer correr para casa e me enrolar na cama como costumava fazer quando era pequena, e saber que é um lugar onde sinto que nada pode me machucar. É difícil ficar com raiva da pessoa para quem sempre corria quando se sentia chateada ou assustada.

"Meyah," Ham sussurra fazendo meu corpo tremer de medo e causando lágrimas que não percebo estar derramando até escorrer por minhas bochechas.

Sorrio, sentindo-me completamente idiota. "Desculpe, foram apenas dias emocionais."

"Quer falar sobre isso?" Ele pergunta acariciando a cama ao lado dele.

Limpo a garganta e balanço a cabeça. Não, não quero falar sobre isso. Não quero pensar nisso. Só quero por um momento estar livre disso. "Não, realmente não quero", digo a ele honestamente, ficando um pouco mais ereta e tentando me convencer de que sou mais corajosa do que acho. “Tudo o que quero fazer nos últimos dois dias é chorar, atirar em alguma coisa ou correr. Quero fingir por um momento que minha mãe não mentiu para mim por dezoito anos. Ou como se não tivesse perdido essa quantidade de tempo tendo um pai. Quero fingir que não demorei dezoito anos para descobrir como me defender e que poderia ter me poupado muita dor.”

Ham sai da cama e dá um passo em minha direção. Um de seus braços vem ao meu redor, sua outra mão gentilmente segura o lado do meu rosto, seu polegar roçando meu lábio inferior. "Ouça, tudo vai ficar bem. As coisas vão melhorar e tudo vai parecer insignificante.”

Inclino-me na palma da mão dele e fico na ponta dos pés, deliciando-me com o aperto de sua mão ao redor da minha cintura, nossos corpos juntos, nenhum de nós completamente certo de onde isso vai.

"Como sabe?" Pergunto quando seus lábios pressionam contra minha bochecha. Seu rosto não barbeado faz cócegas e envia um arrepio por minha espinha.

"Porque este é apenas um momento em sua vida", ele murmura, a sensação de seus lábios se movendo contra a pele me faz sorrir. “Em dez anos, serão os momentos importantes que lembrará. Primeiros beijos. Primeiro desgosto. Mas não vai sequer lembrar-se destes momentos.”

Inclino a cabeça para cima, o calor em seus olhos me surpreendendo enquanto suas mãos exploram meu corpo. Começa como um toque suave, algo para me acalmar, mas rapidamente se transforma em outra coisa. Engulo o nó nervoso na minha garganta. "Como ficou tão inteligente?"

Ele ri, é profundo, suave e sexy como o inferno. Aquecendo-me e queimando através do meu corpo para o meu clitóris e me acendendo em chamas.

Nem dou tempo para ele responder à pergunta. "Você está certo. Estou farta. Estou farta de imaginar o que deveria ter feito diferente." Sei o que quero, quero sentir outra coisa. Quero sentir a euforia que correu por mim quando seus lábios tocaram os meus ou o modo como meu corpo treme animadamente quando ele me toca. "Quero fazer desse um momento que vou lembrar", insisto.

Meus lábios roçam os dele, mas não darei o primeiro passo, preciso saber que ele quer isso tanto quanto eu, e tudo que posso fazer é esperar no fundo da minha mente que não esteja lendo os sinais errados.

"Meyah", ele murmura. Foi um aviso. Posso ouvir sua voz, mas ele ainda não se move.

Agarro seu cinto, puxando-o para baixo ligeiramente, criando um espaço entre sua camiseta e a calça jeans, mostrando o rastro de pelo escuro que desaparece em seu jeans. Nós dois respiramos pesadamente, e não posso deixar de mover meus quadris sentindo a umidade começar a se acumular entre minhas pernas.

“Se fizer mais um movimento perto do meu pau, não há maneira no inferno que seja capaz de sair tão cedo. Vou trancar a porta e explorar cada centímetro deste maldito corpo perfeito." Suas mãos se movem sobre meus ombros e em torno da curva dos meus seios, provocando-me, roçando por toda a frente da minha camisa deixando meus mamilos endurecidos.

Paro.

Ele está me oferecendo uma saída.

Paro bem aqui. Ele se afasta e isso é feito.

Respiro fundo e engulo o nó nervoso na minha garganta. Seus olhos ardem nos meus. Posso dizer que ele está lutando para se controlar. No entanto, ainda oferece uma saída se for o que quero.

Pela primeira vez nos últimos dias, sinto-me animada. Sinto algo além de tristeza, decepção ou raiva.

Minha mão se move quase sozinha, meu cérebro e coração, concordando que isso é o que quero. É isso, e não há maneira no inferno que vou desistir quando passei muitas noites deitada na cama imaginando se ele algum dia apareceria na minha janela.

Quero isso

Mais do que me lembro de querer qualquer coisa.

 

CAPÍTULO 10

Meyah

“Melhor fechar a porta, após entrar,” provoco, olhando para baixo e vendo como meus dedos afundam dentro do cós da calça jeans. Uma faísca de prazer me atravessa quando vejo a maneira como os músculos do seu estômago tensionam com meu toque.

Um sorriso curva o canto da minha boca. Saber que posso ter um efeito sobre um cara como Ham, é como nada que imaginei. Quando descobri que Nick estava interessado em mim, lembro de sentir borboletas no estômago e me perguntar como um cara como ele poderia se interessar por uma garota como eu.

As coisas com Ham são diferentes. Ele parece tão intocável, seu comportamento grita: fique bem longe. A maneira como ele me observa e acompanha meus movimentos através do clube deveria ser assustador, deveria ser estranho, mas isso não acontece. Parece a coisa certa ter seus olhos em mim. Eles são de proteção, e ao mesmo tempo ferozes e fortes, aquecendo-me como nunca percebi que um olhar poderia, especialmente não com um cara simples, como Nick.

Ham não apenas me faz sentir borboletas. Há multidões de animais selvagens pisoteando por mim, e isso me assusta pra caralho, porque ele não é apenas uma paixão de escola. Isto é mais, e nós dois sabemos.

Mesmo que num momento achei que meus sentimentos fossem unilaterais, sei agora com certeza que não são.

Mordendo meu lábio inferior, continuo a manter meus olhos baixos com medo de olhar para cima e encontrar seu olhar, com medo que irá completamente me amedrontar e roubar cada grama de coragem que estou tentando juntar.

Inalando pelo nariz, coloco as mãos sob a camisa. Sua pele quente cumprimenta-me enquanto continuo a empurrar, levantando-a. Sua cintura é estreita, mas não por falta de músculo. Seus abdominais são definidos, uma trilha de arrepios surge enquanto continuo a explorar, ansiosa para conhecer cada parte de seu corpo.

Achei ter isso, pensei estar no controle.

Pensei ter o poder.

Mas não.

Quando finalmente olho para cima e encontro os olhos dele, perco completamente o fôlego. “Você teve sua chance,” ele murmura envolvendo as mãos em ambos meus pulsos. Ele me puxa, me empurrando para a cama. “Tire as roupas.” Ele me solta e começa a andar em direção à porta.

Fico um pouco confusa, sem saber o que devo fazer. Minha confiança voa pela janela no instante em que Ham assume o controle. De repente ele está tão decidido, tão intimidante, e é sexy como o inferno. É sua atitude de “não aceito merda” que chamou minha atenção.

Dizem que primeiras impressões são tudo. Lembro de quão forte ele é, quão alto ficou, e mesmo que esteja em desvantagem, ele nunca vacila. Autoconfiança, e ouso dizer arrogância, dominam neste momento. Mas é a doçura, o Ham pensativo e divertido que me mantém cativa por tanto tempo.

Quero dar tempo para ele mais tarde.

Porque agora, sei exatamente o que fazer.

O bloqueio soa, e ele olha por cima do ombro para mim. “Meyah, quer manter as roupas que usa? Precisa tirá-las em dez segundos antes de eu ir aí lá e rasga-las... Dez.”

Ah Merda. Ele não está brincando.

Minha camisa sai primeiro, e a jogo por cima do ombro. É logo seguida por meu jeans, que leva muito tempo, com a maneira como pulo numa perna e puxo-a para baixo pelo meu pé. Começo a perceber que isso não é o que ele está pedindo.

Minhas bochechas avermelham, e começo a rir. “Isto não é o que imaginou?”

Viro para encontrá-lo recostado contra a porta, com os braços cruzados sobre o peito, sorrindo de orelha a orelha, ele sacode a cabeça. “Não, não exatamente. Mas ainda é muito sexy.”

Corro minha mão sobre o rosto e balanço a cabeça. “Estou uma bagunça”, gemo, finalmente chutando meu jeans pela perna, fazendo-o voar pelo chão.

Ele não responde, mas é como se pudesse ouvir o 'sim' soando por toda a sala. Surpreendentemente, ele tira seu colete enquanto reflito sobre minha fuga. Em seguida vem a camiseta que rapidamente segue o caminho da minha para o chão.

Sua calça já está nos quadris, tão baixas que o V aparente em seu corpo deveria ser ilegal.

“Você é uma bagunça muito sexy”, ele comenta dando um passo para frente, os olhos me observando com diversão, como se ele não pudesse decidir se vou correr ou apenas jogar junto. Quando ele finalmente chega perto o suficiente, estende a mão e passa os dedos em torno da volta do meu pescoço me puxando para a frente, meu corpo colidindo com o seu. “Tiro o restante”, ele sussurra trazendo os lábios para menos de dois centímetros dos meus.

Mal posso me mover, mas olho diretamente para seus olhos quando escorrego meus dedos na calcinha e puxo-as para o chão antes de chegar atrás de mim e soltar o sutiã com apenas dois dedos. Ele flutua para baixo, também, e de repente sinto-me muito exposta. Movendo-me nervosamente de pé para pé e lutando contra a vontade de me cobrir com as mãos, percebo que não sou mais uma garotinha.

Fiz sexo mais de uma vez.

E embora não tenha sido exatamente a experiência que esperava, já posso dizer que não é nada parecido com isso.

Puta merda meu corpo arde como se tivesse sido incendiado, e ele quase não me tocou. Meu clitóris pulsa ao ritmo do meu coração, preparado. O ar na sala é quente, pelo menos sinto-o assim.

Dou um passo à frente, mas ainda segurando meu corpo contra o dele, meus joelhos batendo na cama. Ham silenciosamente baixa a cabeça, os olhos conectados com os meus todo o tempo que ele passa a língua por meu mamilo. Meus quadris inconscientemente se movem. A segunda vez que ele faz contato, quase derreto numa poça no chão. Em seguida, ele vai para o outro lado, a língua deixando um rastro preguiçoso entre eles.

Agarro-o numa luta para manter o equilíbrio, meu braço em volta do seu pescoço e meus dedos em seus cabelos, segurando-o em meu peito enquanto minhas pernas tremem. Algumas lambidas aqui e ali, e já estou pronta para explodir.

Meus seios são minha queda. Se ele não fosse tocá-los, eu faria. Não sei o que é sobre meus mamilos, mas o Senhor me ajude, quando ele chupa um em sua boca, quase o escalo como uma maldita árvore querendo-o urgentemente em mim.

Puta merda.

É tão fácil.

Ele se aproveita da situação e me levanta do chão antes de deitar meu corpo de volta na cama e colocar seu peso sobre mim. Quando a fivela do cinto toca minha buceta molhada, quero gritar com ele, mas tudo que posso fazer é xingar. "Merda. Merda. Merda,” murmuro, para sua diversão.

Ele coloca o rosto em meu pescoço, dando beijos suaves por meu ombro. “Ainda há tempo.”

“Cale a boca,” Digo. “Por favor, tire sua calça, Ham. Por favor."

Ele se afasta e sorri. “Tenho algumas coisas para fazer primeiro.” Então ele some, uma trilha sexy de beijos indo até meu pescoço e sobre a curva do peito, então meu estômago. Quanto mais se aproxima, mais movo-me em antecipação. Posso sentir sua respiração, minha buceta já encharcada e a espera, pronta para colocar minhas malditas pernas em torno de sua cabeça e só ...

“Oh. Meu. Deus.” Com cada palavra, juro que sinto choques elétricos voarem através de mim. A ponta de sua língua provocando meu clitóris obriga-me a suspirar e levantar os quadris para fora da cama.

“Tão bom quanto eu imaginava. Melhor na verdade”, ele murmura para si mesmo, envolvendo os braços ao redor das minhas coxas e me segurando bem onde ele quer. Sua boca chupa e lambe, deixando-me tão louca que já baguncei todo seu cabelo o puxando.

Não consigo respirar.

“Isso é bom?”, Ele pergunta, fazendo-me abrir os olhos. Encaro-o, minha boca aberta enquanto tento respirar. Minha garganta está seca, e tenho que engolir várias vezes antes de conseguir responder.

“É tão bom”, sussurro sabendo que ele pode não ser capaz de me ouvir.

“Então precisa me dizer”, diz ele. “Você é muito gostosa... Eu quero ouvi-la, Meyah.”

“Eu não posso...”

Ele passa a língua por minha buceta novamente, e desta vez ele puxa meu clitóris na boca, sugando suavemente. Meu corpo começa a tremer.

"Hamlet!"

Ele não vai desistir. Sinto como se fosse explodir, mas ele continua a chupar implacavelmente como se estivesse me punindo por discutir. Mas Deus, essa punição parece uma recompensa. O formigamento começa na minha buceta e se espalha rapidamente deixando cada fio de cabelo em pé. Sinto-me sem controle. Meu coração bate muito rápido. Ofego de surpresa, quando onda após onda me domina, cada uma mais poderosa que a última e deixando-me desejando a próxima.

“Boa menina,” ele elogia quando se afasta, de pé no final da cama e me olhando. “A coisa mais bonita que eu já vi, porra.” Seus olhos percorrem meu corpo necessitado quando ele finalmente alcança seu jeans. Uma puxar da fivela e o som de um botão, e o jeans cai no chão antes de ser chutado para o lado.

Ainda estou tendo dificuldade para respirar, estou suando e tonta, mas no momento em que vejo o que está escondido em sua calça, meus olhos se arregalam, e meu coração dispara, começando a desacelerar, e subindo de volta.

Ele se acaricia lentamente subindo e descendo.

“Camisinha.”

Faço uma careta, puxando o lábio inferior entre meus dentes. Meus olhos não se movem mesmo quando ele se deita ao meu lado e coloca o preservativo que acabou de tirar do nada.

“Sempre preparado?” Provoco, rolando de lado para enfrentá-lo.

Tento não pensar sobre o quanto mais experiente Ham é. Foi provavelmente mais fácil com meninos do ensino médio, sabendo que sou sua primeira ou pelo menos estaria no top cinco. Ham tem seis anos a mais, não incluindo o que provavelmente fez na escola.

Não quero pensar em quantas meninas, não, não meninas, mais provável, mulheres, que ele teve.

“Pare”, ele diz, estendendo a mão e segurando meu queixo. Não tinha percebido que cerrei os dentes e agora doí. “Pare de pensar, apenas sinta. Somos apenas nós. Estou aqui. Ninguém mais deve estar nessa linda cabeça, exceto eu.”

Ele se inclina, capturando meus lábios, engolindo cada gota de insegurança enquanto acaricia meus lábios com a língua antes de deslizar em minha boca.

Perco-me nele.

Seu toque.

Seu cheiro.

A maneira como se move entre suave e áspero.

Não presto muita atenção ao fato de que ele está me puxando, colocando minha perna em cima de sua cintura. Seu pênis imediatamente encontra meu clitóris já sensível, e ofego em sua boca, fazendo-o sorrir.

“Esta é sua chance de assumir o controle. Eu quero te conhecer, Meyah. Vou descobrir tudo sobre você. O que te excita. O que te faz perder o controle. Quão longe quer levar isso.”

“Na medida do possível,” respondo imediatamente.

"Mostre."

Engulo o nervosismo, tomo seu comprimento na mão, antes de ficar de joelhos e posicionar-me sobre ele. Respiro fundo, gentilmente me abaixando, a sensação de ser preenchida me faz cerrar os punhos no peito de Ham.

Levanto e, em seguida, desço novamente, cada vez um pouco mais, cada vez um pouco mais rápido, criando um ritmo.

Suas mãos pousam em meus quadris. Ele faz pouco para tentar me controlar, os dedos, ocasionalmente, afundando em minha pele e deixando-me saber que ele está sentindo. A maneira como me olha é intensa, e no momento em que ele estende a mão, e quando penso que vai pegar meu cabelo em seu punho, ele simplesmente o afasta do meu rosto antes de me puxar para frente num suave, mas poderoso beijo.

Às vezes tenho o Ham macho alfa e mandão, às vezes tenho o doce Ham. Honestamente não me importo com qual tenho, ambos acendem meu corpo e me fazem sentir como mais do que apenas outra menina. Embora, Ham nunca me fez sentir como apenas uma menina.

Dizem que uma vez que encontrar a pessoa certa, vai perceber por que nunca deu certo com mais ninguém.

É neste momento.

O sexo com Nick foi confuso e desajeitado e pareceu mais uma tarefa que fui obrigada a fazer. Não havia intimidade, nenhuma paixão ou necessidade de ficar nos braços um do outro.

Não é como com Ham.

Ele se move um pouco mais rápido, levantando os pés e apoiando-os na cama, para poder levantar os quadris e me encontrar no caminho, o poder de seus golpes de repente se tornando mais fortes e mais profundos, forçando um suspiro de meus lábios.

Movemo-nos como um, cada um lendo ao outro, quando acelerar, quando desacelerar, ouvindo a respiração e os ruídos. Trata-se de dar tanto quanto receber. Quero dar-lhe o que ele precisa tanto quanto ele quer me levar para o lugar onde posso me sentir viva.

Meus lábios encontram seu pescoço, a subida ao topo é uma lenta construção.

As pessoas dizem que sou jovem, que não conheço meu corpo, ou que não estou pronta, mas isso não importa, porque ele faz. Posso não ser a criatura mais sexual do mundo, mas com ele, eu me tornei. Nós nos tornamos juntos.

“Segure firme, baby”, ele rosna, as mãos movendo-se de meus quadris, os braços envolvendo minha cintura me segurando firmemente e não me permitindo movimentos. Preparo meu corpo sobre ele, olhando-o, lambendo os lábios enquanto ele entra em mim, me forçando a jogar a cabeça para trás e gemer alto.

Tanto para me deixar ter o controle.

Impulso após impulso, mais poderoso, mais intenso. Ele entra e saí tão facilmente, minha buceta molhada e o desejando.

Tento respirar, mas apenas quando consigo, começo a cair no abismo. Meu corpo todo treme, e com um último impulso, ele fica dentro de mim, o pulsar do meu orgasmo puxando-o com força.

“Droga Meyah...” ele geme alto enterrando o rosto no meu cabelo, seu corpo contraindo quando goza. “Porra, maldição.”

Não quero me mover, partes do meu corpo estão entorpecidas, outras partes parecendo mais vivas do que nunca. “Não estou neste mundo,” murmuro no lado de seu pescoço. Seu pulso está acelerado, posso senti-lo contra minha bochecha. Viro a cabeça ligeiramente e beijo-o.

“Bom, porque eu não estou”, ele responde, empurrando os quadris novamente e rindo quando belisco seu braço. Depois de uma pausa tranquila, ele acrescenta, “Acha que seu tio está à espera fora da porta pronto para atirar em mim?”

Sorrio discretamente sob a respiração. "Não. Não acho que ele gostaria de ouvir isso”, cutuco. “Ele provavelmente vai esperar até que esteja lá embaixo.”

“Nesse caso, segunda rodada?”

 

CAPÍTULO 11

Ham

Não posso nem começar a explicar qual a sensação de finalmente tê-la em meus braços, seu cabelo fazendo cócegas no meu peito, e seus dedos levemente traçando o contorno das minhas tatuagens.

“Por que decidiu fazer essa?”, ela pergunta suavemente, traçando o anjo que está orgulhosamente no meu braço. “Lembro de sempre ter uma ou duas, mas parece que, de repente, tem o braço fechado.”

Balanço a cabeça. “Acho que meio que gosto disso”, admito. “Quando recebi meu colete do clube, fez-me sentir diferente, como se finalmente encontrasse o lugar onde realmente me encaixo. Encontrei uma nova família. Mas também me fez lembrar que há duas outras pessoas lá fora que são meu sangue, e não cuidei o suficiente.”

Ela levanta a cabeça do meu peito, olhando para mim com surpresa. Meyah não é apenas bonita, ela é inteligente e engraçada, e tem uma doçura que faz meu peito doer.

Antes, estava atraído por ela porque queria protegê-la. Queria ser capaz de abraçá-la e manter os demônios longe deste ser perfeito e puro que nunca imaginei querer ter algo a ver comigo. Ela socou aquele pequeno filho da puta no rosto e quebrou a porra de seu nariz, e foi como se de repente estivesse vendo algo dentro dela que não tinha antes, e lutar para ficar longe me desfez em pequenos pedaços.

“Onde está o resto da sua família?”, ela pergunta, descansando o queixo no centro do meu peito. Tento ignorar a forma dos seus seios nus pressionados contra mim e a maneira que minha mão ainda descansa na curva perfeita de seu traseiro.

Com a mão livre, afasto o cabelo de seu rosto, provocando um sorriso tímido em seus lábios. “Meus pais morreram por um motorista bêbado quando eu estava no último ano do ensino médio.” Seu sorriso cai imediatamente, transformando-se numa careta sutil, como se ela pudesse literalmente sentir a dor em minhas palavras.

“Sinto muito”, ela murmura antes de pressionar os lábios contra meu peito e deixar a testa descansar lá por um momento. Surpreende-me a maneira como ela já me conhece. Como um simples gesto me dá todo o conforto de que preciso.

“Nada para se desculpar:” Tranquilizo-a, enganchando meu dedo em seu queixo e levantando seus olhos para os meus. Seus olhos são calorosos e me lembra de chocolate quente, uma cor calmante que me aquece até a alma. Isso me faz querer abraçá-la um pouco mais, sentir seu corpo quente contra o meu, e me recusar a deixá-la ir. Encontrá-la foi a melhor coisa que me aconteceu, e decido falar o que ela não quer ouvir. “Você precisa falar com sua mãe.”

Ela senta-se para trás, e imediatamente quero alcançá-la, mas em vez disso, deixo-a ter seu espaço. “Ham ...” ela para, tentando desviar o olhar. Seguro seu queixo para me encarar, notando o modo como o lábio superior franze ligeiramente em aborrecimento.

"Não. Olhe para mim, e ouça”, peço, esperando quase um minuto antes que ela finalmente me leve a sério e permita que seus olhos encontrem os meus. Ela quer recuar com meu tom exigente e me mostrar o quanto confia em si mesma, uma mulher forte e independente. Quase desejo que ela seja porque estou começando a notar que essa atitude me excita pra caralho. Em vez disso, forço-me a focar. “Perdi minha mãe e pai quando tinha dezoito anos. Nunca vou vê-los novamente. Nunca serei capaz de ligar para saber como seu dia foi ou qual sua opinião sobre a garota que estou amando.”

As bochechas de Meyah coram, o rosa criando um contraste contra os fios escuros de cabelo caindo na frente de seu rosto. Ela ainda não fala. Embora, posso dizer que queira. Ela sente que precisa discutir, dizer-me que as coisas são diferentes, mas não são.

“Você não tem que justificar o que fez ou porque brigaram,” asseguro a ela antes que comece a balbuciar. “Porta, só o faça. Ela te machucou. Ela ainda é sua responsável. Você sente que algo está faltando, e é difícil entender como conseguiu esconder algo tão importante... não apenas porque ela escondeu, por que mentiu sobre isso.”

“Acha que estou sendo dramática?”, ela pergunta, sentando-se sobre minhas coxas e puxando o lençol por toda a frente de seu corpo.

“Claro que não”, discordo. “Não acho que esteja sendo dramática. Acho que está ferida, e acho que sua mãe precisa saber que fez algo errado. Mas aqui está minha pergunta para você. Qual a última coisa que disse a ela?”

Meyah se acalma, as mãos apertando o lençol, sua testa franzindo nervosamente. "Por quê?"

Coloco as mãos em seus quadris precisando que ela ouça e realmente entenda o que estou dizendo. “Se algo acontecesse com ela agora, você ficaria bem com a última coisa que disse a ela? Viveria com arrependimentos para o resto de sua vida, porque está com raiva?” Aperto seus quadris certificando-me de que seus olhos estejam focados em mim. “Não há um segundo onde não penso sobre como reclamei com minha mãe por cortar meu lanche errado antes de ir à escola, ou a maneira que não tive tempo de correr para dentro e dizer adeus ao meu pai. Eu perdi isso, Meyah. Vai perder também?”

Lágrimas florescem em seus olhos, e ela furiosamente pisca para afastá-las. “Disse que não podia sequer olhá-la”, ela sussurra, a voz presa, mas seu rosto tomado pela raiva. “Estava tão zangada com ela. Ela escondeu essa informação. Ela me fez pensar que não havia nada que pudesse fazer para me ajudar a encontrá-lo, mas sabia em todo o maldito tempo a verdade.”

Seguro seu rosto nas mãos e tomo sua boca, lambendo meus lábios quando recuo, saboreando o gosto de suas lágrimas. "Vá. Fale com ela. Ouça o que ela tem a dizer. Não tem que esquecer, mas se realmente quer que ela comece a te ver como mais do que apenas uma menina que constantemente tem que proteger e controlar, precisa mostrar a sua mãe que está pronta para ouvir o que ela tem a dizer... bom ou mau.”

Seco as lágrimas de suas bochechas com os polegares antes de afastar o cabelo de seu rosto. Ela lambe os lábios. Posso dizer que ela está nervosa. "E sua família. Vai falar com eles?”

Meu corpo tensiona, e tento bancar o tonto. “Não sei o que dizer.”

Ela não compra minha merda e me coloca contra a parede. “Disse que tem pessoas lá fora que são seu sangue.”

Meu coração acelera no peito como se estivesse gritando 'deixe-me dar o fora daqui!' Ele sabe que cada vez que falo sobre o meu irmão e irmã, dói mais do que qualquer dor que já senti na vida, mais do que uma tatuagem estúpida, mais de ser baleado, esfaqueado ou chutado nas bolas.

“Eles eram mais jovens quando nossos pais morreram,” murmuro, minha voz ameaçando rachar. Tusso, tentando limpá-la, para poder falar corretamente e não quebrar. “Romeo tinha dezesseis, e Ophelia doze. O sistema de adoção os levou e não me concederam a guarda. Nem sei o porquê. Eu era um bom garoto. Nunca tive problemas. Eles só recusaram, porra.”

Meyah sacode a cabeça. “Isso deve ter sido horrível. Quando foi a última vez que os viu?”

Meu estômago torce. Posso sentir isso apertando como se estivesse se preparando para lançar o conteúdo de meu estômago por toda a cama. Engulo de volta. “Vi Romeo ontem, preso em Nevada... numa sala de visitas da prisão. Estou tentando convencê-lo a vir para Athens. Ele se meteu em merda ... merda que eu poderia ter evitado e que pode voltar para assombrá-lo.”

“Uau,” ela sussurra, caindo para a frente e apoiando as mãos em ambos os lados do meu corpo. Meus olhos imediatamente vão para seus seios, minha mão contraindo enquanto me impeço de estender a mão e tocá-los. "E sua irmã?"

Coloco meu corpo numa posição sentada, colocando minhas costas contra a parede atrás da minha cama. Bufo uma risada. "Honestamente? Acho que tenho mais medo de ver Phee novamente do que estava por encontrar Romeo. Aquele desgraçado pode cuidar de si mesmo. Desejei ter estado lá para ele, então ele não teria que passar pelo inferno. Mas no final, ele pode lutar suas batalhas. Phee é minha irmãzinha. Ela não precisa. Ela deveria ter dois irmãos mais velhos espancando meninos que chegassem muito perto e fingindo que ela não está crescendo. Ela sempre foi uma lutadora, mas nunca deveria ter que ser.”

“Ela vai te perdoar.”

Fecho os olhos e respiro fundo antes de abri-los novamente. “Não me importo se ela me perdoa, só quero tê-la em minha vida.”

“Isso é ótimo”, ela diz com entusiasmo, mas quando não espelho a excitação, seu rosto cai. “Não é?”

Limpo a garganta, a emoção me sufocando. Isto não deveria ser sobre mim, e não me preparei para essa conversa. Compartilhar essa parte minha é algo que consegui evitar por muito tempo porque me destrói. “Sei que será difícil fazer minha irmãzinha confiar em mim novamente. Mas ela é minha irmã, e lutarei para sempre na esperança de tê-la novamente. Phee já deixou bem claro onde estava quatro anos atrás, quando finalmente encontrei a casa onde estava. Ela apareceu na porta, e disse que eu era um estranho, e que não me conhecia.”

Há pouca emoção na minha voz quando recordo minha irmã me olhando fixamente como se ela não tivesse ideia de quem sou. Essa porra me machucou porque é besteira.

“Acha que ela vai te afastar de novo?” Pelo menos não tenho que dizer as palavras, mas honestamente, não faz doer menos. “Realmente não acreditou nisso, não é?”

Meyah me olha com um mundo de determinação em seu rosto, que me diz que não há nenhuma dúvida em sua mente que esses tipos de pensamentos que tenho são errados. Tenho que sorrir. Embora tenha visto Meyah crescer e amadurecer e tornar-se uma jovem que vê o mundo pelo que é, ainda há uma inocência em seus olhos, que espero que ela nunca perca. Dá-lhe essa paixão e espírito.

“Estou com medo, de ir à procura e encontrar alguém que não quer ter nada a ver comigo. Apesar do fato de que imagino tê-los de volta na minha vida desde que saíram,” digo a ela, minha voz calma e inseguro. “Rejeição é uma puta.”

Ainda tenho minhas dúvidas se qualquer um deles me aceitará de volta com os braços abertos, mesmo com o tempo que passei com Romeo ontem e o jeito que ele abriu o jogo sobre o que foi forçado a viver através dos últimos anos.

Meyah escorrega para a frente, os seios nus contra meu peito, sua buceta contra meu pau crescendo. Já estava difícil me concentrar, mas agora é uma tortura.

“Você está sendo um idiota,” ela declara, surpreendendo-me.

Olho em seus olhos e levanto as sobrancelhas. “Oh, realmente?”

Seus dedos se afastam meu cabelo do rosto, e ela aperta a testa na minha enquanto suas unhas massageiam meu crânio.

Essa porra de mulher, puta merda.

“Já sonha em tê-los de volta em sua vida faz muito tempo. É o que te fará se sentir completo novamente.” Seus olhos vão para minhas tatuagens. Esta jovem já pode ver que estou tentando preencher o espaço que está faltando sem meus irmãos, e tentando sentir que estão lá, sem realmente estarem.

“Por que diabos não ir atrás disso? Vai perder a chance de tê-los de novo, mesmo que isso signifique enfrentar seus medos?”

Não posso deixar de sorrir e agarrar seu rosto com as duas mãos puxando seus lábios contra os meus.

Ela está certa, e de repente, estou me perguntando por que diabos esperei tanto tempo para deixá-la entrar. Ela roça contra mim, e num movimento rápido, agarro seus pulsos e rolo de lado caindo em cima dela e prendendo suas mãos acima da cabeça, enquanto nossas bocas continuam lutando e duelando. Ela engancha as pernas atrás de mim quando me afasto, sorrindo enquanto a mantenho presa e roço seu pescoço com o nariz.

“Está me mandando seguir meu próprio conselho?”, pergunto presunçosamente, dando uma olhada em seu rosto e rindo quando a compreensão cruza seu rosto.

Ela geme. “Terei que falar com a minha mãe, não é?”

“Vou pegar a informação que Wrench me deu e ir atrás de Phee ... se você ver sua mãe,” confirmo, sentindo-me doente no instante que digo as palavras, mas disposto a me machucar se isso significar que ela terá as respostas que precisa.

E Leo terá as respostas que precisa.

Afasto o último pensamento.

“Ok”, ela sussurra, surpreendendo-me um pouco.

"OK?"

Sua cabeça balança nervosamente. "OK. Vou vê-la amanhã”, ela sussurra. Ela aperta os quadris contra meu pau. “Mas tem outra coisa que preciso te perguntar.”

Solto as mãos dela e agarro seus quadris, apertando-os para tentar controlar seus movimentos, mas ela não aceita isso. Está determinada a me quebrar enquanto continua a me provocar com suas dobras molhadas.

“O que é?”, gemo. Movendo uma das minhas mãos para frente, desço-a sobre seu corpo e através dos lábios sedosos até encontrar o buraco perfeito que me levou a loucura anteriormente. Um mergulho do meu dedo e, de repente, ela está cantando uma música diferente, sua risada provocadora logo se transforma num gemido de prazer, e ela pressiona os quadris no meu dedo, buscando mais.

Ela geme baixinho, seu corpo balançando abaixo de mim. “Venha ao baile de formatura comigo neste fim de semana,” ela sussurra enquanto se contorce embaixo de mim.

Usar um terno e fazer uma porra de dança adolescente é a última coisa que quero fazer. Faz um longo tempo desde que estive na escola, e as memórias do meu último ano não são exatamente agradáveis – são exatamente o oposto, na verdade.

“Por favor”, ela implora. “Nem sequer quero ir, mas vou agora. Não quero me esconder. Você me dá força.”

Ela está tentando ser corajosa, mostrar aos adolescentes na escola o novo poder que descobriu, e não posso me impedir de concordar. Sei o quanto significa para ela provar a todas essas pessoas que passaram anos olhando enquanto ela foi perseguida por um idiota do caralho, e mostrar que ele não a quebrou.

Como não ficar ao seu lado e assistir com orgulho ela dar esse enorme foda-se?

Resmungo no fundo da garganta. "OK."

“Promete?”, ela pergunta animadamente.

"Prometo."

Todas essas promessas estão prestes a fazer os próximos dias interessantes.

Senhor, ajude-me.

 

CAPÍTULO 12

Ham

Meus dedos batem impacientemente sobre a mesa enquanto espero Optimus passar por todos os assuntos de negócios na igreja. Então será minha chance de falar, minha oportunidade de defender meu caso e esperar que os meus irmãos tenham minhas costas no que estou prestes a propor.

“Shake, você tem a voz”, Op finalmente anuncia, acenando para eu começar. Ainda é estranho ouvir meus irmãos usarem meu nome de estrada. Muitos deles ainda me chamam de Ham, e honestamente, não me preocupo que o façam.

Empurrando a cadeira para trás, levanto em duas pernas instáveis e apoio as mãos na mesa. “Não sei quantos de vocês já ouviram minha história, mas aqui está a versão curta. Meus pais morreram quando eu tinha dezoito. Meu irmão e irmã tinham apenas doze e dezesseis anos, e os tribunais não me deixaram levá-los. Eles se recusaram a me dar a custódia, e não tínhamos um monte de família, e os que estavam ao redor tinha antecedentes.”

Minha respiração fica pesada enquanto conto as diferentes maneiras que tentei lutar pela minha família. Como gastei cada centavo que meus pais deixaram. Como ainda pago taxas e dívidas para o advogado que fiz todos esses anos atrás.

“Com a ajuda de Wrench, finalmente encontrei meus irmãos,” digo aos homens, antes de respirar fundo. “Romeo está em High Desert State Prison, Nevada, e Ophelia está em Cali numa nova casa de acolhimento para adolescentes sem-teto.”

“Seus pais realmente amam a merda de Shakespeare, não é?” Dice comenta, inclinando-se para trás na cadeira.

Reviro os olhos ignorando o comentário que ouvi mais vezes do que posso contar. Sim, meus pais eram um pouco obcecados com Shakespeare e sua obra. Ainda acho que Romeo teve sorte com o nome mais normal. Não posso dizer que conheci outro Hamlet ou Ophelia.

Blizzard se inclina para frente colocando as mãos sobre a mesa. É uma obra impressionante de madeira, mas é o logotipo do clube que foi esculpida no centro que fez a peça completamente inestimável e significativa. “Não sei se tenho certeza do que está procurando por aqui, garoto.”

O termo garoto me irritava, especialmente quando estou tentando provar a mim mesmo como um homem, alguém que pode lidar com sua merda, alguém mais forte do que era antes. Agora, porém, é quase reconfortante como um lembrete de que esses caras são minha família. E embora não seja muito mais jovem que um monte deles, eles me tratam como se eu fosse um irmão ou um filho.

“Consegui descer e visita-lo dias atrás”, explico. Ainda estou exausto. “A porcaria que ele passou desde que nossos pais morreram é pesada, e não estava lá para ajudá-lo como deveria estar...” Olho para o teto, “...como um irmão de verdade faria. Então estou pedindo a vocês para me ajudarem a ser agora o irmão que deveria ter sido naquela época.”

“Ele está em algum problema?”, pergunta Blizzard, recostando-se no assento e ouvindo atentamente.

Respiro fundo enquanto tento passar os detalhes da minha visita a Romeo para meus irmãos.


“Então, realmente fez um nome para si, hein,” comento depois de ouvir Romeo explicar a forma como trabalha.

Ele é o intermediador, acho que posso dizer. Ele arruma fornecedores para os compradores. Tem algo que queira vender, Romeo conhece alguém que vai comprar. E não estou falando de carros, barcos ou pedaços de terra. Não, falamos de armas, drogas e às vezes, pessoas.

Isso me faz estremecer, pensar que meu irmão, o mesmo irmãozinho que costumava implorar-me para ler para ele durante a noite, ou que eu ensinei como bater uma bola de beisebol, pode ser capaz de fazer esse tipo de coisa. Muitas vezes pensei que pessoas que tem uma mão no tráfico nascem sem consciência ou algo tão terrível aconteceu a eles que simplesmente param de acreditar na ideia de certo e errado.

Quero perguntar, saber sobre a família adotiva de Romeo, saber onde ele foi depois que completou dezoito e como diabos entrou neste tipo de trabalho.

Os Brothers By Blood, não são exatamente anjos. Nós somos culpados de colocar drogas e armas lá fora, que sem dúvidas tem um efeito sobre diferentes pessoas e famílias. Talvez até mesmo destruiu a vida de alguém, mas há uma coisa que nunca faremos, tráfico humano.

“Tento bloquear isso”, ele argumenta com a mandíbula cerrada, tentando manter a voz num sussurro. “Cara, você não sabe o que é estar nessa situação, aos dezoito anos, onde um cara arrasta uma menina do porta-malas de um carro, exigindo que encontre um comprador. Você de repente é um acessório. Ele sabe que se a polícia descobrir, se eu falar, e se disser não, estarei morto dentro de segundos.”

Eu o ouço, entendo, mas ainda é como um chute no estômago saber que ele é parte disso. "E daí? Você sairá daqui e vai transportar ruivas da Escócia para algum empresário rico? Ou talvez entrega-las ao cafetão que usa drogas nelas para manter as meninas na linha.”

Estou tentando ser compreensivo, mas tudo isso deixa um gosto amargo na minha boca, e fico imaginando por que ele deixou chegar tão longe se odeia tanto.

Os olhos de Romeo estreitam, e ele se inclina para frente, as correntes em torno de suas mãos tilintando contra a mesa de metal. “Você seriamente acha que isso é o que me imaginei fazendo aos dezesseis anos? Acha que não me pergunto todos os dias se mamãe e papai teriam vergonha de mim. Se ainda estivessem vivos se eu ainda estaria aqui?” Ele olha ao redor, seus olhos se movendo rapidamente, para se certificar de que ninguém está escutando ou muito interessado em nossa conversa. Quando ele vira para mim, de repente a casca dura de Romeo tem uma rachadura, e olha de volta para mim como era aos dezesseis anos gritando para mim ajudá-lo enquanto a assistente social o carregava para longe. “Sei que provavelmente acha que sou um desperdício de ar. Não estou orgulhoso da merda que fiz, Hamlet, mas fiz o que tinha de fazer para sobreviver.”

Gostaria que ele tivesse me dado um soco na cara.

É uma merda me sentir assim quando poderia ter feito algo para protegê-lo de tudo isso. Poderia ter ido procurá-lo mais cedo. Poderia tê-lo sequestrado do lar adotivo e fugido.

Eu poderia …

Essas palavras não significam nada agora.

Tudo o que importa é quão longe fui e o que deveria ter feito naquela época para impedir meu irmãozinho de ter que passar por essa merda.

“Você não tem mais que fazer isso”, digo a ele, encontrando seus olhos e sentindo a dor neles.

Ele ri e balança a cabeça como se eu fosse uma pequena criança que acaba de lhe dizer que Papai Noel não é real. “Você não pode, irmão mais velho. Você não pode simplesmente sair deste tipo de coisa. Eles não te deixam fazer isso. Sei muito sobre essas pessoas que são, essencialmente, a porra de fantasmas.”

“Você é apenas um cara, Rome. Mas talvez vão pensar duas vezes se tiver um MC todo a sua volta.”

Seus olhos arregalam apenas ligeiramente, e posso ver o momento em que percebe que só tem uma saída.

Romeo não é insensível. Ele não é o idiota típico que fica feliz em arruinar a vida das pessoas e feri-las em nome de dinheiro, fama, ou apenas por diversão. Ele tem uma consciência e agora ela pede para ele aceitar minha oferta.

Ele quer sair.

E vou fazê-lo acontecer com meus irmãos atrás de mim ou não.


“Ele é um grande traficante em Cali e Nevada. Trabalha para alguns caras de alto perfil, que não acreditam em apenas sair deste tipo de negócio", explico. Espero que minha nova família posso encontrá-lo e fazer isso por mim, porque se disseram que não, não tenho certeza de qual meu próximo passo será.

Já expliquei a situação para Op, e ele confirmou o que suspeitava - por causa do passado de Romeo, isto precisava ser uma votação do clube.

“Então, estamos falando sobre ele vir para cá?”, Pergunta Leo, e viro para ele, respirando fundo, sabendo que a pergunta viria eventualmente.

“Isto não é ele,” digo brevemente. “Ele não está fazendo isso porque é divertido. Ele não disse, mas suspeito que alguém está segurando algo sobre ele para mantê-lo na linha. Então, se ele for embora, vão tentar usar isso contra ele, e as coisas podem ficar feias.”

O cômodo está tranquilo, e posso dizer que eles estão começando a entender a necessidade do meu irmão de dar o fora dessa situação. Ninguém vai embora tão facilmente depois de estar tão intimamente ligado com criminosos de alto perfil como Romeu está. Eles precisam mantê-lo na linha, e qual a melhor maneira de fazer isso? Controlá-lo com suas emoções.

É assim que sei Romeo não se transformou num monstro, porque monstros não têm nada a perder. Eles não têm medo de ameaças, porque não há maneira que pode atingi-los.

“Você se sente responsável? Como se ele não estivesse nessa posição se as coisas tivessem sido diferentes", Op pergunta, me observando atentamente como se estivesse esperando eu me descontrolar a qualquer momento.

“Ou sinto como se fosse a razão dele estar onde está, não importa. É fato de que ele é meu irmão... meu irmão de sangue... e meu instinto natural é tão forte com ele como é com qualquer um de vocês. Proteger."

Leo bate um dedo na mesa indicando que quer falar.

Op acena para ele ir em frente. “Vou supor que já esteve fuçando ao redor”, ele afirma, revirando os olhos.

Ele não está errado, tento evitar a pergunta, com medo do meu pedido ser rejeitado. Romeo é uma responsabilidade para o clube, sua reputação óbvia e conexões de quem está tentando escapar, podem trazer um perigo que não precisamos. Estes não são criminosos pequenos. Pelo que Romeo descreveu, são caras que correm as coisas - não seus lacaios ou um pequeno viciado tentando ganhar um dólar para alimentar seu vício. Não. Estes são os caras que tem os policiais em sua folha de pagamento, os caras que são os verdadeiros vilões.

“Quer que a gente o proteja no caso de alguém aparecer o procurando,” Leo diz, acertando o prego diretamente na maldita cabeça.

Respiro fundo e assinto. "Sei que é pedir muito, mas isso é enorme para mim. Sei que pensa que é estúpido culpar-me pelo buraco que ele fez para si mesmo, mas não significa que devo virar as costas para ele e deixá-lo ser destruído porque fez escolhas de merda. Ele quer fazer algo melhor, e alguém está roubando isso dele.”

Posso ver cada um dos meus irmãos na mesa considerando seriamente minhas palavras. Eles estão me ouvindo, ouvindo o que tenho a dizer.

"Acho que todos sabemos um pouco sobre merda em um momento ou outro e depois ter as pessoas que se importam nos perdoando”, insisto, não dando à mínima se um dos meus irmãos é a porra de perfeito, e todos eles sabem.

Estou colocando minha bunda na linha se eles disserem sim, e eu trazer Romeo ao clube. Significa colocar nosso clube em perigo - membros, Old Ladys, crianças, famílias. Se merda atingir o ventilador e alguém decidir vir atrás de Romeo, será culpa minha.

Simplesmente não posso deixá-lo no escuro. Não posso me afastar desta vez e não fazer nada.

Romeo está certo. Da última vez, fiz tudo pelo livro. Segui a lei e não pisei fora dela. Então me pergunto por que nunca consegui o que queria. Mas porra, eu era um garoto, estúpido e protegido da realidade da vida. Porque no mundo real, às vezes tem que levar as coisas um pouco além. Às vezes, a lei é apenas uma linha.

Camo se inclina para frente batendo na mesa e atraindo os olhos de todos. “Vamos enfrentá-lo, se fosse seu irmão, que estivesse com problemas, e tivesse os recursos para protegê-lo, o que faria?”

“Votação”, Op começa, sem responder à pergunta de Camo.

Todos votam sim e finalmente suspiro caindo para trás na cadeira enquanto Op vota em não, e o quarto fica em silêncio.

Op finalmente volta os olhos para mim e acena com a cabeça. “Sim para tê-lo. Vamos pedir as meninas para montar um quarto. Só que, haverá regras, e um forte reforço de sem drogas bem no topo. Não conheço seu irmão, e não vou julgá-lo pelo passado, mas cada homem nesta sala teve que provar sua lealdade e respeito ao clube, e não será diferente com Romeo.”

“Entendo”, respondo, mas não consigo evitar o sorriso que aumenta em meu rosto e o riso aliviado que se segue. “Puta merda”.

Optimus termina a igreja, e cada um dos meus irmãos vem me dar tapinhas nas costas antes de deixarem a sala lembrando-me de que essa luta não é sobre ter minha família de volta. É sobre a fusão de duas famílias.

O clube esteve lá para mim quando não tinha ninguém. Eles me ofereceram uma casa e um lugar onde poderia crescer e tornar-me o homem que sempre pensei que não conseguiria ser. A verdade é, no entanto, talvez eu estivesse destinado a estar aqui o tempo todo.

 

CAPÍTULO 13

Meyah

Estou na calçada movendo-me desconfortavelmente de pé para pé enquanto olho a casa que cresci. Minha mãe está em casa já. Avisei que estava vindo e pronta para conversarmos como duas adultas. Essa é a palavra mais importante. Preciso que ela me veja como uma adulta e me respeite como uma, também. Ou as coisas só terão o mesmo resultado.

Sei que há uma história, e quero ouvir.

Eu mereço ouvir.

Há uma batida forte na minha bunda, e em meu torpor, salto antes de olhar por cima do meu ombro e ver Ham. "Apenas vá. Quer ser tratada como adulta, tem que criar bolas, querida, e mostrar que pode lidar com o que ela tem a dizer."

Ele está certo, mas ainda é como um chute no estômago.

Propositadamente perguntei a Ham sobre a necessidade de ver minha mãe e ser capaz de fazer minhas escolhas, e ele é uma delas, uma inegociável. Não discutimos o que está acontecendo entre nós, mas sabemos que cansamos de contornar a química que surgiu entre nós durante o ano passado.

Passei quatro dias escondida na casa do clube com Ham e os outros. É bom estar num lugar com tantas pessoas, que já começo a considerar minha família. Tem sido apenas Mamãe, Denver, e eu por um longo tempo com exceção do Tio Leo aparecendo de vez em quando.

Agora tenho o clube, os irmãos, as Old Ladys, as crianças, é meio enlouquecedor, mas de um jeito bom, que descobri amar. Cada um tem personalidade diferente. Eles têm coisas diferentes que os torna único, e mesmo que pareçam ásperos e violentos, gosto disso bem mais que o silêncio ensurdecedor da minha casa. Quanto mais penso nisso, mais entrar na casa que cresci parece entrar numa camisa de força e quarto acolchoado. Tive um gosto da liberdade e emoção, e agora só quero voar. Não quero ficar presa nesta jaula.

Respirando fundo, forço um pé na frente do outro e faço o caminho. Tento acalmar minha respiração, lembro que esta é minha oportunidade de provar a ela que sou mais velha, mais madura, e que estou pronta para enfrentar qualquer coisa que ela tenha para me dizer.

Não vou afastá-la. Depois de conversar com algumas das meninas, elas me lembraram de que há momentos em que ainda precisarei da minha mãe. Momentos em que vou sentir como se o mundo desmoronasse ao meu redor. Momentos em que tudo dará errado, e ainda sinto que ela é o lugar mais seguro do mundo. Só preciso defender meu ponto de vista.

Abro a porta da frente e ouço o rugido da moto de Ham soando atrás de mim. Olho por cima do ombro, e ele balança a cabeça em apoio antes de acelerar o motor e se afastar do meio-fio.

Ham me dá força.

É difícil de explicar, mas a maneira como ele sempre está ao meu lado, sempre é o primeiro a vir e resgatar-me quando preciso de alguém, isso me faz sentir conforto e segurança. Enquanto ele está me incentivando a levantar-me, sei que está atrás de mim se as coisas não correrem como planejado. E preciso desesperadamente disso, porque, quando entro na casa, de repente não tenho tanta certeza que serei capaz de dizer tudo o que preciso dizer.

Andando levemente através do foyer, posso ver minha mãe, de costas para mim sentada no balcão da cozinha. O jeito que ela está respirando parece diferente, quase anormal. Minha mãe é muitas vezes bastante confiante, na fronteira com ser uma cadela total. Possuindo seu próprio negócio de limpeza particular e comercial, ela batalhou para construir estar aqui agora, mesmo tendo várias equipes junto com ela.

Mamãe é uma mulher dura, tem seus pontos de vista, e não os muda com facilidade. Ela é superprotetora e pode ser um pouco crítica, mas é minha mãe.

Quando ela me aconchega se estou com medo, faz-me sentir especial e segura. Ela nunca deixou a mim ou meu irmão mesmo se isso significasse abrir mão de algo que ela queria. Empurrando-me para conseguir as coisas na vida que sonhei e ser forte. E apesar de tudo, ela fez isso sozinha.

"Mamãe?"

Seu corpo salta ao som da minha voz, e ela vira, a mão pressionada no coração. Com minhas sobrancelhas juntas, movo-me mais para a cozinha e para a luz.

“Nossa, Meyah, eu quase morri”, ela repreende com um olhar estreito. “Não ande em torno desse jeito.”

Lambo os lábios secos, meu estômago revirando e não fazendo nada para ajudar com a inundação de emoções que estou sentindo neste momento. Felizmente, ela tem muito mais prática nisso do que eu. Ela se levanta e estende os braços para mim. Nem sequer penso duas vezes antes de correr e enterrar meu rosto em seu pescoço, inalando seu cheiro.

“Eu sinto muito”, ela sussurra, segurando meu corpo com força e apertando os lábios no meu cabelo.

“Eu sei, mãe”, tranquilizo-a, ligando os dedos atrás de suas costas. “Sinto muito, também. Eu te pressionei.”

Ela balança a cabeça, inclinando-a para trás para poder ver meus olhos. "Não. Você está certa.” Ela respira profundamente pelo nariz antes de liberar o ar pela boca. “Ouvir o que Nick fez e saber que não é a primeira vez que ele diz coisas, ou toca em você sem sua permissão, foi como um tapa na cara. Então tudo o mais...” um arrepio percorre todo seu corpo, surpreendendo-me.

"Mamãe…"

Ela balança a cabeça, calando-me. “Deveria ter lhe dado as habilidades há muito tempo para lidar com essas coisas. Nunca deveria ter deixado você pensar que precisa se esconder de um homem e não se defender.” Ela aperta minhas mãos com força, os olhos brilhando com algo feroz e lindo.

Sorrio, um sorriso radiante sabendo que ela finalmente entendeu. Minha mãe finalmente me ouviu.

Ham estava certo – vá em frente.

Eu precisava falar com ela. Se algo tivesse acontecido antes de termos a oportunidade de ter essa conversa, eu lamentaria para sempre.

Ela me solta, e recuo, finalmente percebendo a caixa de sapatos no balcão da cozinha e a confusão em torno dela.

“Deus, Mãe, quando se tornou uma colecionadora?”

Ela franze os lábios movendo-os como se considerasse seriamente a resposta para essa pergunta. Finalmente, ela solta um suspiro pesado. “Acho que lhe devo uma explicação, e você tem idade suficiente agora para ouvir.”

Meus olhos focam em algo em sua mão. Ela está esfregando suavemente as bordas com os dedos e segurando-o perto de seu corpo.

“O que é isso?”, Pergunto, apontando para o objeto. Vejo o modo como seus ombros caem, seu olhar seguindo meu dedo para a imagem.

Mamãe solta um longo e desgastante suspiro, como se tentasse expulsar um demônio ou o ar de seus pulmões. É algo que ela faz quando está com raiva ou frustrada. Ela respira fundo, mais e mais, até sentir que tem o controle sobre a situação. “Venha e sente por um segundo”, ela insiste, batendo no banco de madeira ao lado dela e girando de volta para o balcão. "Quero te mostrar algo."

Sua voz é diferente do habitual. Parece fraca, um pouco quebrada talvez, e faz meu coração já dolorido quebrar um pouco mais. Corro para o banquinho e finalmente consigo uma olhada na foto que ela tem agarrada com tanta força. Ela afasta todos os outros papéis e coisas deixando um espaço limpo e a coloca sobre o balcão de mármore, deslizando-a em minha direção.

Seguro-a suavemente, a imagem parecendo ser razoavelmente velha. “Eu não entendo”, digo calmamente enquanto examino a foto. Ela foi tirada na Strip de Las Vegas em frente ao sinal da cidade. Estivemos lá algumas vezes durante as férias de verão e feito todas as coisas de turistas. “Quem é esta?” Pergunto curiosamente, apontando para a jovem mulher na imagem. Seu cabelo é liso e preto. Tem uma vibe de Catherine Zeta-Jones em Chicago, mas talvez apenas um pouco mais longo e exceto a roupa no estilo dos anos sessenta. Ela está usando um short curto e um top azul cintilante.

Viro para olhar minha mãe, e ela tem um sorriso divertido no rosto. “Sou eu, sua esquisita.” Ela ri. "Quem mais poderia ser?"

Inclino-me para trás, meus olhos arregalados e a boca aberta. “Desculpe-me, mas quando já teve cabelo preto?”, Pergunto, estreitando os olhos para seus cabelos loiros.

“Nem sempre fui mãe, sabe”, ela responde com um toque de sarcasmo na voz. “Antes de seus avós morrerem, tive uma vida diferente, onde eu saia e me divertia.”

Tomando algumas respirações, tento me acalmar, mas não é apenas o cabelo e o fato de que ela está vestida como uma vadia que são minhas preocupações.

Ela não é a única pessoa na foto.

Há um homem com ela.

Minha mãe está colada em seu corpo, os braços em volta de sua cintura enquanto o rosto está virado para o lado, próximo ao seu ouvido. O braço dele envolve seu pescoço e ombros casualmente, mas também mostrando a todos que ela lhe pertence.

“Esse é seu pai”, ela sussurra, inclinando-se perto e olhando por cima do ombro para a foto com nostalgia. Ouço as palavras. Acho que na minha mente, já sabia quem ele era antes que ela dissesse, mas ainda sinto meu estômago tentar saltar para cima e para fora da boca.

Ele usa óculos escuros, e com a forma como ele está longe da câmera, a maior parte de seu rosto está escondida, mas ainda analiso cada centímetro que posso ver. A barba curta cobre seu queixo e boca e imagino que provavelmente faz cócegas no rosto de minha mãe, e me pergunto se é por isso que seu sorriso é tão grande.

“Ele te beijou?”, Pergunto, minha voz suave, com espanto e interesse.

Mamãe senta-se, a mão indo para a boca para cobrir a risada chocada que surge inesperadamente. Ela se recompõe e limpa a garganta. “Hum... não... ele estava apenas sussurrando-”

Ela não tem que terminar a frase. Levanto a mão apertando meu nariz em desgosto. “Hum, não... não termine isso, por favor.”

Minha mãe, a fodida puritana, está a ponto de me dizer o que meu pai sussurrava em seu ouvido que a fez parecer tão brilhante e animada. Já posso dizer de olhá-lo, sua jaqueta de couro, suas tatuagens e jeans, que não é do tipo de palavras doces.

“Espere um segundo. Está tentando me contar que teve um relacionamento com um motociclista?”, pergunto num tom acusador, dada toda a merda que ela dá ao meu tio Leo e ao clube. Aproximo a foto do rosto e estreito os olhos, em busca de qualquer sinal de um emblema do clube.

“Um... não fale com esse tom,” ela repreende, beliscando-me nas costelas e fazendo-me quase saltar do banco. “E não, não estávamos em um relacionamento. Eu conheci Huntsman por três dias."

“Sua vagabunda!”

“Meyah Kimberly Benson!”

Encolho-me com o uso do meu nome completo. “Vamos, mamãe, eu preciso de mais. Não me corte agora que finalmente decidiu compartilhar. É por isso que ficou tão chateada na outra noite quando disse...” as palavras estão na ponta da minha língua, mas não quero repeti-las.

Seus ombros caem, e ela concorda. “Você sempre foi uma boa menina. Você é inteligente, tem bom senso, e nunca sentiu como se tivesse que mudar para se encaixar em algum lugar. Então, de repente, é como se algo mudasse da noite para o dia. Você estava lutando, argumentando, quebrando coisas, e andando em motos. Apenas quando pensei que nunca iria ser como ele, era como se, de repente, eu visse seu pai.”

Mantenho meus olhos focados na fotografia na minha frente, gravando-a na memória, analisando o cabelo ondulado e desgrenhado do meu pai que tanto se assemelha ao meu e não da minha mãe, até a tatuagem intrincada e original que cobre a parte de trás de sua mão.

É como a mira de uma arma. Claramente a mira de um rifle, e o que parece ser um cervo num prado prestes a ser abatido. É detalhada e específica, e tenho certeza que deve ter sido feita precisamente às suas especificações para caber tão perfeitamente e coincidir com o nome.

“Quero saber mais”, digo a ela, olhando para cima e encontrando seus olhos preocupados. “Por favor, só quero saber como o conheceu e o que aconteceu.”

O pesado suspiro da minha mãe me diz que ela está apreensiva, seu corpo cai contra o balcão da cozinha. Mas aperto sua mão implorando silenciosamente para ela me dar algo mais quando fiquei a vida toda sem saber nada.

Ela assente e aperta minha mão de volta. “Eu trabalhava num bar em Las Vegas ganhando alguns dólares durante o verão antes de voltar para a College-”

"Faculdade!"

“Meyah! Vai ouvir ou não?”

Sinto como se meu coração fosse explodir, e meu cérebro começa a doer. Pergunto-me se mamãe ficará ofendida se eu começar a tomar notas para poder lembrar tudo isso mais tarde. Mas decido que é provavelmente melhor ouvir e memorizar o máximo possível.

Fazendo uma demonstração de fechar meus lábios, aceno para que ela continue. Ela estreita os olhos para mim com ceticismo, mas apenas sorrio.

“Sim, ele era parte de um clube. Mas estou dizendo agora, Meyah, procurá-lo seria uma péssima ideia", ela adverte, com os olhos brilhando. “Eles não são como seu tio e seus amigos, eles são mais do tipo 'se me olhar torto, vou colocá-la no porta-malas de um carro e enterrá-la no deserto'. Não estou te dando a informação para que possa usá-la. Estou dando a você porque sei que está curiosa e na outra noite cometi um erro. Espero que isso vá ajudá-la a entender por que fiquei tão chateada. E estou esperando que apenas, talvez, fique satisfeita com o que tenho a dizer e não vá à procura."

Ela parece completamente séria, talvez até um pouco assustada.

“Não posso prometer até que me conte tudo. Quero saber tudo o que aconteceu. Especialmente por que ele escolheu não estar em minha vida", digo, sabendo que não há muito mais. “Não sou mais uma garotinha, mãe. Preciso ouvir tudo. E preciso que me diga a verdade. Você fez suas escolhas, é hora de eu fazer a minha.”

Posso dizer que ela quer discutir, possivelmente, tentar me mandar para o quarto, mas não o faz. Ela segura a língua, e finalmente sinto como se estivéssemos chegando a algum lugar que me dá a coragem para fazer a pergunta que flutua no fundo da minha cabeça por dias. “Por que ele não me quis?”

Lágrimas brotam nos olhos dela, e fico chocada. Olho para cima, e ela me conforta quando estou me sentindo triste e destruída, a ponto de derreter. “Ele não sabe”, ela sussurra.

Minha boca fica seca, e uma onda de calor toma conta de meu corpo. “Você nunca disse a ele?” Acuso em um sussurro, tentando não me concentrar na forma como o meu estômago está revolto.

“Fui falar com ele quando descobri sobre mamãe e o acidente do meu pai. Precisava chegar em casa para Kim", ela explica através de lágrimas e se recusa a soltar minha mão quando tento afastá-la em estado de choque. Preciso de respostas.

“E o que foi que ele disse?” Resmungo, tentando não chorar ou pensar menos da mulher que me criou, que me ama mais do que a própria vida.

"Nada. Porque ele não estava lá.” Ela olha para mim por debaixo de seus cílios e vejo a dor que ela está revivendo. “Mas sua esposa estava.”

 

CAPÍTULO 14

Ham

Descendo para a base, minha mão envolve a superfície lisa, os dedos seguindo a linha das costuras num aperto que parece tão fácil, tão natural.

Também é algo que não faço há muito tempo.

Baseball é minha paixão.

Recebi bolsas de estudo. Tive faculdades desesperadas para me ter. Não só tinha as notas que queriam, mas era o melhor arremessador da liga de beisebol colegial do estado da Louisiana. Há uma chance de que poderia ter ido para as grandes ligas. Era meu sonho de qualquer maneira, e meus pais estavam atrás de mim cem porra por cento. Eles acompanhavam minhas práticas constantes e necessidade de perfeição.

Sem festas, bebidas ou meninas. Nada disso me interessava. Eu estava focado, e fui conduzido. Tanto é que decidi ficar até mais tarde depois do treino, trabalhando e treinando as rebatidas. Eu era bom, mas não excelente, e para chegar onde queria, precisava ser o melhor em tudo. Eu tinha atenção, mas se melhorasse minhas rebatidas, seria perfeito.

Eu deveria estar em casa já, mas tinha pais surpreendentes que estavam determinados a me apoiarem, ajudarem-me a seguir meus sonhos, e chegar onde quero estar. Eles me pegavam, levavam para casa, e então começava tudo de novo no dia seguinte.

Mas naquela noite, eles nunca fizeram isso.

Eles nunca deveriam estar na estrada em primeiro lugar.

Deveríamos estar todos em casa, mas eu fui um merda ganancioso. Queria tempo extra em campo, a prática extra para que pudesse ser melhor e colocar esforço extra no meu futuro.

Foi tudo sobre mim.

Foi tudo minha culpa.

A bola cai da minha mão.

Afastando-me, olho para ela como se estivesse infectada, um pedaço sujo do meu passado que prefiro esquecer.

Seis anos, é o tempo que faz desde que peguei numa bola de beisebol.

Porque agora?

Porque parece que estou prestes a enfrentar meu passado gostando ou não. Então, estou escolhendo fazê-lo em meus malditos termos.

Disse a Meyah sobre não viver sua vida com arrependimentos, incentivando-a a falar com sua mãe e resolver as coisas, mas não estou falando por experiência própria. Há duas coisas que me assombram a cada dia e decidi encarar e tentar mudá-las, então não passarei o resto dos meus dias deixando-as me prenderem ao chão.

Uma é lutar duro o suficiente por Romeo e Phee, obra já em andamento.

A segunda é voltar para a única coisa que eu amei. A única coisa que sei que deixaria meus pais orgulhosos, e que iriam querer que eu perseguisse.

Fui ingênuo naquela época, mas agora sou velho o suficiente para saber que eles nunca gostariam de me ver desistir por tudo o que treinei tão duro. E em retrospectiva, talvez se tivesse continuado a treinar, talvez tivesse mostrado aos tribunais quanta determinação tinha e teriam permitido que Romeo e Phee ficassem comigo.

Lembrar é realmente uma grande coisa.

Certamente cutuca os erros épicos em suas feridas.

Resmungo profundamente na garganta, irritado comigo mesmo por quão patético é. É apenas uma maldita bola, então por que diabos é tão difícil apenas segurá-la? Deveria ser fácil, especialmente dado que é a única ligação com um passado em que as coisas eram boas – onde minha família era feliz e as pessoas que eu amava e me preocupava estavam lá comigo.

Infelizmente, também foi parte da razão que senti que destruí minha família.

É difícil quando a única coisa que nunca deixou de te fazer sentir melhor sobre a vida e mais capacitado e pronto para enfrentar o mundo é a razão que precisa para querer se sentir bem para começar.

Revirando os ombros, pego a bola perdida do chão, respirando profundamente pelo nariz, tentando acalmar meus nervos. Se fizer isso e foder com tudo, posso ter graves repercussões. Vi caras quebrarem os braços num lance ruim e fazer todo tipo de dano aos ligamentos e músculos.

Isso não seria a porra do carma?

Arrastado meus pés contra o chão, rolo a bola na mão.

Parece natural ela estar lá. Pensei que seria estranho ou desagradável, até me perguntei se doeria.

Mas não.

Apenas sinto o conforto.

Esta é minha paz.

Meu coração está na garganta e cada batida torna difícil respirar enquanto decido apenas fazer. Foda-se todo o resto. Acabo no campo, meus músculos todos trabalhando juntos para passar a bola com o tipo de força que pode ferir gravemente alguém se estiver na outra extremidade. É como se meu corpo lembrasse de cada movimento. A maneira que giro o torso, quão alto minha perna precisa subir, o toque sutil e firme que fez meu passe tão perigoso, o que levei anos treinando com meu pai no quintal para aperfeiçoar.

No instante em que a jogo, sei que meu objetivo é no ponto, e em uma fração de segundo a bola facilmente voa para a linha de captura na outra extremidade do curto beco.

“Jesus, como não está nas grandes ligas?” Leo pergunta se aproximando do pequeno espaço. Achei ter encontrado um lugar onde ninguém seria capaz de me ver se isto fosse épico. Reviro os ombros, mas não respondo, pensando em apenas pegar outra bola e jogar e jogar até ter o ombro dolorido, porque estou com muita dor.

É como se parte do meu cérebro se lembrasse de como é bom se sentir animado novamente, e me sinto eletrificado. Instantaneamente, pego outra bola arrancando-a do balde e me preparando para lançar.

Então meus planos de autodestruição são esmagados.

“Sua irmã está aqui.”

 


Posso vê-la de pé na porta parecendo segura de si enquanto sigo à procura dos homens de meus irmãos. Leo caminha ao meu lado, deixando-me saber em termos inequívocos, que tem minhas costas.

A noção poderia ter sido divertida se a situação fosse diferente, dado que Phee nunca cresceu mais do que um metro e cinquenta. No momento em que põe os olhos em mim, embora, lembro do fogo que arde em seus olhos sendo o suficiente para deixar qualquer homem ou mulher cauteloso do que ela é capaz.

“Você deveria ter ficado longe dele!” Minha irmã grita, correndo para mim.

Meus irmãos não têm certeza do que fazer olhando entre si sem jeito.

Será que tentarão impedi-la?

Ela é perigosa?

A resposta é... realmente não tenho ideia.

Pelo que sei, ela pode tirar uma faca da jaqueta jeans que usa e afundá-la em meu coração.

Provavelmente não vou culpá-la.

Suas mãos acertam meu peito com a força de seu pequeno corpo, e sou empurrado para trás, os pés arrastando no cascalho. Agarro seus ombros e seguro-a no comprimento do braço, enquanto ela continua a soprar e bufar, olhando para mim como se me odiasse mais do que todo seu ser pode expressar.

Noto um pouco de movimento, dois rapazes que devem ter vindo com ela de pé ao lado de um SUV fora dos portões do clube. Eles parecem querer protegê-la, ambos avançando alguns passos antes de Op e Leo puxarem suas armas e imediatamente pararem seus movimentos.

Admiro sua bravura, prontos para entrarem e protegerem Phee sem hesitar, mas eles obviamente estão fora da sua área.

Ela luta contra meu aperto, e finalmente deixo-a ir. Seu cabelo loiro acinzentado está solto e voando ao redor do rosto e chicoteando no vento como se estivesse controlando-o com sua raiva. O tempo está frio. O que deveria ser um belo dia há apenas uma hora atrás, ameaça agora uma tempestade, e posso sentir isso, não apenas no céu, mas aqui entre nós. Ela veio aqui com um propósito. Phee tem algo que quer dizer e assim como fiz com Romeo, preciso ouvi-la.

Bem, provavelmente, vai doer, mas ficarei bem.

Não há cura sem primeiro ter sofrimento.

“Você deveria ter ficado longe. Deveria ter apenas o deixado sozinho", ela grita novamente, desta vez com menos energia e mais emoção na voz. Seus olhos estão vermelhos, mas ainda ferozes e determinados. Minha irmã não é de deixar ninguém tirar o melhor antes de desabafar.

Dou um passo para frente, estendendo a mão, mas ela me dá um tapa. “Phee, não sei do que diabos está falando. O que está acontecendo? Como chegou aqui para começar?” Estou confuso. Ela está numa casa na Califórnia. Como teve recursos para cruzar todo o maldito país?

“Romeo!”, Ela retruca. “A prisão me ligou. Ele foi espancado e está na enfermaria. Engraçado que aconteceu um dia depois de você visitá-lo."

Meu coração para.

“Foda-se,” ouço Wrench amaldiçoar suavemente atrás de mim. Olho por cima do ombro e ele já está puxando o celular do bolso. Seus olhos encontram os meus, e ele acena. “Vou descobrir o que aconteceu.”

“A culpa é sua,” Phee acusa, chamando minha atenção de volta para ela. “Deveria ter apenas ficado longe de nós, Hamlet. Chegamos até aqui sem você. Nós não precisamos de você.” Sua voz é instável, sua postura não tão forte como há alguns instantes.

Cerro os dentes e dou um passo adiante a forçando a recuar. “Você não precisa de mim, mas eu com certeza preciso de você. Quero minha família. Quero você de volta, e Romeo, e vou fazer o que for preciso para fazer com que isso aconteça.”

Ela balança a cabeça recusando-se a ouvir o que estou dizendo. Ela recua. “Fique longe de nós. Apenas fique bem longe.” Ela está recuando em direção ao portão como se tivesse terminado.

Mas eu não, de maneira nenhuma vou deixa-la sair assim.

“Por que apareceu, Lia?”, pergunto, usando o apelido que só minha mãe e pai a chamavam. Todos a chamam Phee, mas para mamãe e papai, ela sempre era sua pequena Lia. Ela perde a respiração e sua mão vai para o coração. Mas ela continua a tentar fugir, obviamente, não esperando que as coisas fossem assim. Talvez ela pensou que fosse aparecer, gritar comigo, fazer-me chorar, quebrar-me, e em seguida, sentir-se melhor. Ou talvez pensou que eu não seria a mesma pessoa que era há seis anos, acreditando que a deixei e a Romeo para apodrecer.

“Você está morando na Califórnia. Por que sentiu a necessidade de vir todo o caminho para o Alabama para me dizer para ficar longe?” Cutuco, igualando seu passo enquanto ela tenta escapar. “Estou quase tão longe quanto possível. No entanto, você veio até mim. Então vá em frente e diga o que precisa me dizer. O que quer que eu ouça.”

Estou preparado, eu me preparei. Posso dizer que ela está segurando. Ela esqueceu que sou seu maldito irmão e conheço-a por dentro e por fora. Fui eu quem cuidou de seus joelhos esfolados quando ela caiu da bicicleta. Fui eu que lhe ensinou a esconder os vegetais em seus bolsos para que pudesse ter sobremesa. Fui eu quem a levou para a escola todos os malditos dias desde a pré-escola.

Ela para de se mover, e a imito.

Sua luta ainda é forte, mas está abalada. Seus olhos lacrimejam, o lábio inferior treme enquanto ela luta contra as lágrimas. “Eu te odeio”, ela sussurra. Lágrimas finalmente escorrendo pelo rosto. “Eu queria que fosse você no carro, não eles.”

As palavras me atingem como uma fodida marreta no rosto.

Ela recua, a boca aberta como se estivesse chocada consigo mesma.

Sinto-me doente, meu estômago revirando como se quisesse vomitar. É difícil ouvir essas palavras de pessoas cujas opiniões não importam. Mas, ouvi-las de alguém por quem daria sua vida, num piscar de olhos, é como uma mão estendida em meu peito e esmagando meu coração.

“Eles teriam me protegido. Sabe com que tipo de crianças fui forçada a viver? Meninas que raspam seu cabelo quando está dormindo. Meninos que... que...” Phee soluça, cada palavra como um soco no meu estômago. “Eles nunca teriam me deixado ser colocada num lar. Eles teriam lutado por mim."

“Eu lutei por você”, rosno, minha voz ecoando através das árvores em torno do composto. Ela se assusta por um segundo e vejo um breve olhar de medo em seus olhos. Preciso que ela me ouça, e se é assim que vamos fazer isso, então acho que será. “Apelei aos tribunais por mais de um ano para ter sua custódia. Usei o seguro de vida de mamãe e papai. Vendi a casa e usei esse dinheiro. Morei num abrigo por meses para não ter que pagar aluguel. Para poder usar todo o dinheiro que tinha para lutar contra a decisão do tribunal. A cada maldita vez.”

Phee me encara, os olhos brilhantes e cintilantes cheios de emoção ao ouvir as besteiras e o inferno que passei.

“Tenho registros do tribunal,” grito, dando um passo para a frente, minha voz rouca de emoção. “Negação após a negação, depois de negação. Num ponto o tribunal me proibiu de saber onde estavam porque me consideravam louco e um risco para você e Romeo. Lutei com tudo que tinha até que não pude me dar ao luxo de lutar. E quando esse dia chegou, o dia em que sabia que tinha falhado com vocês, fui e sentei na borda da ponte mais próxima, e me questionei se merecia continuar respirando."

Tento respirar, mas falha. Tento lutar contra o caroço na minha garganta, mas não vale a energia, as lágrimas já rompendo a barreira que tento erguer.

Nunca admiti isso a ninguém, nem uma única porra de alma, com medo de parecer fraco ou ter as pessoas pensando que sou patético. Não quero simpatia ou que as pessoas sintam pena de mim, especialmente meus irmãos. Mas se Phee se virar e ir embora, preciso saber que ela tem todas as informações e sabe a verdade e o inferno que suportei.

Às vezes, parece que as pessoas esquecem que perdi meus pais, também. Não só isso, mas não havia ninguém para lutar por mim. Perdi as quatro pessoas que poderia confiar, e continuei sozinho.

Não é justo, e Deus, doeu, mas fiz o melhor que pude.

Todo mundo ainda está com medo de respirar enquanto minha irmã tenta processar o que disse a ela. A menina que costumava me olhar como se fosse seu herói, foi embora, talvez não completamente, mas em seu lugar está essa linda mulher. Ela é forte, destemida, e cheia de atitude que se disparada contra qualquer outra pessoa, teria me feito sorrir.

Só fiquei lá esperando por ela virar e sair ou me xingar novamente, não tenho certeza. Mas quando um doloroso soluço deixa seus lábios e seus pés derrapam no cascalho enquanto ela luta para chegar até mim, eu quebro.

Ela lança-se em mim, seguro-a, mas não tenho tempo suficiente para firmar meu corpo, e o impulso nos envia direto para o chão. Pedras e Deus sabe o que mais atingem partes diferentes e estranhas do meu corpo. Phee pousa diretamente no meu estômago tirando o ar de meus pulmões.

Minha irmã mais nova afunda o rosto no meu peito, e passo os braços em torno dela, jurando que alguém terá que erguê-la antes que eu a solte novamente.

Seis malditos anos atrás, ela foi tomada.

Agora aqui está.

Minha família sendo devolvida.

Alguém limpa a garganta, mas me recuso a olhar para cima, sabendo que não é bom. “Desculpe interromper este momento,” Wrench demora. “Mas precisamos falar sobre Romeo.”

 

CAPÍTULO 15

Ham

“Pode pedir aos seus amigos para baixar as armas agora?” Phee sussurra com o sorriso torto que adoro enquanto ambos levantamos do chão áspero. “Heath e Bray são dois dos adolescentes mais ricos em Cali. Acho que não estão realmente certos do que acabam de se meter.”

Olho os adolescentes elegantemente vestidos. Eles estão tentando ser fortes, mas é óbvio que este ambiente não é o que estão acostumados. Sem dúvida, que em casa eles são os reis do castelo, provavelmente dando alguns socos em uma ou duas festas só para mostrar o quão alfa são, para manter a concorrência à distância. Mas aqui em baixo, se não tem uma arma, ninguém vai te esperar chegar perto o suficiente para deixá-lo dar um soco.

Nós não brigamos na rua.

Por aqui, é matar ou ser morto.

“Traga-os para dentro,” digo a ela, apontando para Op para que ele saiba que eles não serão uma ameaça. Tanto ele quanto Leo guardam as armas, mas continuam a observar os dois rapazes cuidadosamente enquanto caminham em nossa direção, seus olhos digitalizando o complexo com cuidado. Os garotos seguem enquanto nos apressamos para entrar, o olhar preocupado no rosto de Wrench é como um pé na bunda.

“Gente, este é meu irmão, Hamlet,” ela apresenta com um sorriso. Sua mão ainda segurando firmemente meu braço. “Hamlet, estes são Heath e Braydon Carson. Sua família é dona da casa onde vivo. Sua mãe a criou para nos dar um lugar para ir à escola e aprender habilidades que nos ajudam a conseguir empregos e outras coisas.”

Estendendo a mão, Heath, o irmão mais velho, pega e aperta-a com força. Ele é amigável, e para um menino rico bonito, fico impressionado com a força com que a segura. “Muito prazer em finalmente conhecê-lo”, ele acrescenta. “Não tinha certeza se seria capaz de dizer isto ou não.”

Suspiro, minha cabeça balançando em acordo antes de oferecer a mão para Braydon, que é menos sério e um pouco mais distraído, com os olhos absorvendo o interior do clube. Há excitação em seus olhos, quase como uma criança pequena no meio de um parque infantil e não consegue decidir com que brinquedo brincar primeiro.

“Desculpe por toda a coisa com as armas,” Leo brinca enquanto passa se dirigindo ao bar e batendo Braydon nas costas enquanto passa. “Eu ofereceria uma cerveja aos meninos, mas são menores de idade.”

Braydon instantaneamente vai para o bar, com os olhos colados à garrafa de vodca na mão de Leo. “Então, não me julgue só porque tenho este rosto perfeito de bebê. Posso lidar com o álcool melhor que a maioria dos veteranos”, ele protesta, saltando numa das banquetas, arrebatando o pequeno copo do bar e estendendo-o. "Manda vir."

“Bray...” Heath rosna seguindo seu irmão, claramente pouco impressionado. Ele agarra a parte de trás do colarinho de Braydon em seu punho. “Não pode simplesmente entrar em um clube de motoqueiros e exigir álcool... ou qualquer merda.”

“Sim, nós não oferecemos essa merda de graça”, acrescento com um sorriso enquanto arrasto Phee em direção a eles. Leo está claramente divertido com as bolas que esse garoto esconde em suas calças de grife e ri baixinho. Braydon ansiosamente pega a carteira, sem sequer perguntar o preço. Pelo menos agora sei como Phee conseguiu chegar aqui tão rápido. Imagino aviões particulares.

“Nós trocamos por armas e cocaína”, Leo interrompe, quase conseguindo manter uma cara séria. “A garrafa vai custar-lhe algumas gramas.”

“Parece um pouco exorbitante,” Braydon responde como se estivesse completamente imperturbado pelo pedido enquanto abre a carteira de couro da marca Louis Vuitton e olha o conteúdo por alguns segundos antes de finalmente olhar para cima. “Tenho cinquenta dólares e metade de um baseado.”

Leo bufa, e Op e Wrench, que já estão na sala de reuniões esperando por nós, caem na gargalhada.

Sem hesitar, Leo abre a garrafa e despeja o conteúdo no copo de Braydon. “Gosto de você, garoto.”

Balançando a cabeça com um sorriso largo, encaminho Phee em direção a sala de reuniões do clube.

Heath nos dispensa quando Phee olha para ele interrogativamente. “Vou ficar aqui e manter um olho nele”, assegura-lhe com um suspiro puxando uma banqueta para o lado de seu irmão.

Fecho as portas atrás de nós antes de me sentar à mesa.

Wrench recosta-se na cadeira respirando fundo antes de contar o que sabe. “Ophelia estava certa... Romeo entrou numa briga com alguns rapazes na prisão. Parece que ele deu tanto quanto apanhou, mas sofreu algumas lesões que precisaram de pontos e cuidados.”

Aperto as mãos em punhos. “Acha que isso tem algo a ver com minha visita? Alguém me reconheceu? Têm algo contra o clube?”

“Não, foi um aviso,” Phee fala. “Não é a primeira vez que Romeo tenta deixar o ... negócio.” O jeito que ela diz a palavra envia um arrepio por minha espinha.

“Como sabe que foi isso que aconteceu?” Wrench pergunta curiosamente.

Ela inala profundamente dando uma espiada para mim com o canto do olho como se estivesse envergonhada. "Falei com ele. Ele me disse que você foi visitar, e que talvez desta vez ele seria capaz de escapar. Pude ouvir em sua voz como apenas a ideia de deixar tudo para trás lhe deu uma tábua de salvação.” Ela olha para a mesa, os olhos seguem o padrão profundamente gravado na madeira. “Ele viu alguma merda má. Ele teve que fazer algumas coisas...” a voz dela diminui, e inclino a cabeça me sentindo, uma vez mais, como um fracasso do caralho. Ele insinuou algumas coisas que me fizeram estremecer, mas dado o ambiente em que estávamos, ele não pode entrar em muitos detalhes.

Quando vim embora, ainda não tinha certeza se ele aceitaria minha oferta para protege-lo e lutar para ele ter uma vida nova e diferente, mas não percebi o quanto isso significou para ele.

Parece que meu irmão mais novo desenvolveu uma cara de pôquer além do que eu imaginava.

“O que aconteceu da última vez que ele tentou sair?” Op faz a pergunta que eu não consigo.

Viro a cabeça, observando Phee apertar os lábios nervosamente. “Seu chefe ficou sabendo -”

“Ele tem um chefe?” Wrench questiona com uma expressão profunda. “Pensei que ele basicamente trabalhasse para si mesmo.”

“Eu também...” acrescento confuso.

Phee suspira. “É sua história para contar, não minha. Existe um cara que acho que você pode dizer que o introduziu no negócio. Alguém que tem uma quantia enorme de poder e não tem medo de usá-lo para manter as pessoas na linha.”

Meu estômago se agita, e de repente estou me perguntando se devo voltar lá e tomar a garrafa de vodca dos meninos. Meu coração está acelerado, meu corpo em chamas. Quero entrar em movimento, pegar Romeo e fugir antes que qualquer coisa possa acontecer, mas também quero ouvir o que Phee tem a dizer. Estou em conflito e achando difícil ficar parado.

“Basicamente, o cara tem Romeo na mão e disse que se tentasse sair, ia me caçar e vender pelo maior lance”, ela finalmente admite, seu corpo visivelmente trêmulo. “É por isso que mudamos nossos nomes. Ele não queria que viesse atrás de nós e se envolvesse nessa porcaria, e depois de... alguns problemas... que tive nas casas de adoção em Louisiana, não havia mais nada para mim lá... então fugi.”

Apesar do fato do meu irmão agora estar em sério perigo, sinto como se um peso acabasse de ser tirado dos meus ombros. Como se tivesse passado o último par de semanas me perguntando se meu irmão e irmã mais novos mudaram seus nomes para que eu não fosse capaz de encontrá-los porque não queriam ter nada a ver comigo.

Soltando uma longa respiração que sinto estar prendendo durante anos, caio contra a cadeira e cubro o rosto com o braço apenas precisando deste momento para assimilar e processar tudo.

“Tudo bem, vamos cobrir onde estamos agora”, Wrench sugere, assumindo o comando quando percebe que estou com dificuldades porque ele é meu irmão, um de meus irmãos, e não está aqui onde preciso que esteja. “Romeo tecnicamente vai ser liberado em poucos dias. Precisamos nos assegurar que ele não saia da enfermaria até então.”

“É a única coisa entre ele e os caras que enviaram a mensagem”, Op acrescenta. “E dado que não estamos inteiramente certos de qual é a mensagem...” ele olha para Phee que balança a cabeça. “Ele apenas disse que é um aviso, que poderia facilmente terminar diferente.”

Limpo a garganta e reviro os ombros sentando-me mais ereto. “Foi uma mensagem do tipo 'é melhor pensar bem antes de tentar qualquer coisa estúpida'. Eles conseguiram meus dados do formulário de registro. Eles sabem que sou da família. Que vivo longe, e se o conhecem tão bem assim, sabem que não estou perto faz muito tempo.”

“Alguém estará observando quando ele for liberado. E se for para qualquer lugar que não seja Las Vegas...” Wrench deixa as palavras no ar, mas todos sabemos exatamente o que ele está dizendo.

Dei todos os meus dados a Romeo, inclusive depositei dinheiro na conta bancária da prisão. O suficiente para ele comprar uma passagem de avião para Alabama quando for liberado, embora nesta fase, não tenho certeza que ele virá.

Estava tentando manter a bola na sua quadra, fazê-lo sentir como se eu não estivesse forçando um caminho de volta para sua vida, com medo de que ele fosse se afastar.

No entanto as coisas se intensificaram, e estamos lidando com uma situação completamente diferente.

Romeo quer sair. Isso é certo. Assim, no que me diz respeito, estou prestes a fazer qualquer coisa que posso para trazê-lo aqui, um lugar onde posso protegê-lo de quem quer que seja o idiota que está ameaçando minha família.

“Acho que precisamos nos assegurar que quando ele sair de lá, não esteja sozinho”, Op resume, levantando-se da mesa, os olhos em mim. “Leve quem precisar. Entre em contato com Romeo, diga para fazer o que ele tiver que fazer para ficar na enfermaria até ser liberado... fingir uma dor de estômago, flertar com a enfermeira, não sei, porra. Tudo o que ele tiver que fazer para manter sua bunda viva até termos alguns homens lá.”

“Já estou tratando disso,” Wrench murmura, puxando o celular do bolso.

Phee olha para Op que está em pé na cabeceira da mesa, com os olhos cheios de lágrimas. “Obrigada”, ela consegue dizer, ao mesmo tempo que uma das lágrimas escorre por seu rosto.

Op assente. “Nós protegemos os nossos”, ele assegura antes do seu rosto finalmente quebrar num sorriso. "Bem-vinda à família."

 

CAPÍTULO 16

Meyah

“Estou feliz que não foi suspensa,” Callie murmura enquanto deita com os olhos fechados e o corpo brilhando na luz, como se tivesse sido mergulhado em diamantes.

Asha assente, virando a cabeça para me olhar.

Asha e Callie são duas amigas que ficaram do meu lado ao longo do ano passado.

Falei sobre não ter muitas, ou o fato de que ninguém deu um passo em frente, nem me protegeu nos momentos que precisei. Mas estas meninas, acho que quase gravitavam em torno de mim quando estava no meu pior, em vez de se afastarem como os outros. Imediatamente grudei em ambas.

Elas são meninas doces, mas corajosas, definitivamente não o que chamaria de populares, mas mais como o tipo de garotas que só gostam de fazer suas coisas e não serem colocadas numa caixa ou estereotipadas, exatamente o oposto de tudo o que Nick representa.

Callie e eu nos conhecemos durante a aula de arte e criamos uma ligação instantaneamente devido ao meu amor por desenhar e seu amor pela pintura. Duas formas de arte muito diferentes, mas a paixão por trás delas é a mesma. Asha foi minha parceira de laboratório por um tempo enquanto éramos juniores, e uma vez que ambas éramos muito ruins em ciências, a relação também surgiu de forma extremamente fácil.

“Quando não voltou naquele dia, pensamos que teríamos de fazer um motim,” Asha acrescenta com um sorriso. Os fios da frente de seu cabelo loiro grosso emolduram seu rosto enquanto o resto está puxado para trás num rabo de cavalo. “Nick voltou no dia seguinte com dois olhos roxos, um lábio cortado, e parecendo ter sido surrado num ringue. Fiquei impressionada, mas todo mundo disse que foi suspensa ou expulsa.”

Cab, o namorado de Asha, ri do nosso lado. Cab e o namorado de Callie, Trent, estão sentados numa mesa logo à direita de nossas espreguiçadeiras com um baralho, usando batatas fritas como fichas de apostas. “Eu pessoalmente, esperava que voltasse para a segunda rodada. Você deixou-o escapar facilmente.”

Os meninos estão no time de futebol com Nick. Embora tenham deixado bem claro que não gostam dele desde o início, e, assim como suas namoradas, eles não são do tipo de bajular ou serem falsos apenas por causa de quem Nick é.

Zombo. “Não posso ficar com o crédito por tudo. O lábio partido e o resto não foram cortesias minha.”

Ambas as meninas sentam, obviamente intrigadas. “Seu tio finalmente conseguiu pegá-lo, não é?” Asha pergunta um pouco aborrecida, pois, bem, tio Leo é um pouco assustador, mas também soando um pouco animada.

“Não sei se lembram do Ham?”

Callie me corta com uma gargalhada. “Lembrar do Ham? Aquele rapaz que a seguia para todo lado durante semanas.”

É verdade. Quando o avô de Jayla apontou uma arma para mim e ameaçou me levar, Hadley me protegeu. E entre ela e Kev, eles conseguiram eliminá-lo, enquanto eu corria para dentro do clube e me escondia.

Ham me encontrou, e ele sabia exatamente onde eu estava.

Em seu quarto, debaixo de sua cama.

Por que não corri para o quarto de tio Leo é uma pergunta que ainda me faço. Talvez estivesse com medo de levar algum lunático para o quarto de Macy. Talvez estivesse com medo que fosse o primeiro lugar que alguém pensaria em me procurar.

Em vez disso, corri para o lugar onde me sentia mais segura. Tê-lo ao meu redor é um sentimento que lutei muito tempo para entender ou explicar. É como calor ou uma garantia silenciosa que as coisas ficarão bem. É o único lugar que não duvido que ficarei bem. Sempre soube que ele lutaria por mim.

“Terra para Meyah!” Asha diz com uma risada suave, estendendo a mão e acenando na frente do meu rosto. “Está dizendo que Ham foi atrás de Nick?”

Piscando furiosamente, tento me concentrar. “Sim, o maldito idiota. Ele não deveria ter interferido, sabe. Eu lidei com isso.”

Callie revira os olhos dramaticamente. “Ham, possivelmente, tem uma definição de 'lidar com isso' diferente da sua. E, vamos ser honestas, quem não gostaria de ter um cara como ele te defendendo, lutando em seu nome, de preferência sem camisa...” as palavras dela param, seus olhos parecendo um pouco atordoados à medida que continua murmurando. Estendo a mão e a belisco fazendo com que ela quase salte para fora de sua pele.

“Uh... Olá?” Trent interrompe, acenando com a mão para tentar ter a atenção de Callie.

Ela olha para ele e revira os olhos. “Sabe que estou brincando, Trent.”

Ele estreita os olhos, desconfiado, mas volta para o jogo com Cab. Quando Callie volta para me encarar, ela balança a cabeça e articula com os lábios, não estou brincando.

Não consigo prender o riso.

“Então Ham finalmente se apresentou.” Asha encontra meu olhar com um sorriso. As meninas sabem um pouco sobre ele. Obviamente, é difícil não notar o fato que depois da merda bater no ventilador da última vez, ele me seguiu de casa e para a escola durante semanas. É meio difícil não reparar.

“Sim, acho que ele meio que roubou a segunda rodada,” bufo, levantando a mão e giro meu pulso. “O que provavelmente é uma coisa boa, uma vez que tanto ele quanto meu tio disseram que minha técnica de soco deixa muito a desejar. Acabo com os nós dos dedos machucados.”

“Talvez a segunda rodada pudesse ser apenas você acertando o joelho nas bolas dele”, Callie comenta casualmente, tentando esconder um sorriso tortuoso atrás da garrafa de água quando a leva aos lábios. O verde do seu biquíni é lindo, combinando perfeitamente com seus cabelos vermelhos e a leve sombra de sardas nas suas bochechas e nariz. “Isso, se conseguir encontrá-las. No segundo que Nick te ver, aposto que vai ficar tão assustado que irá se esconder nas próprias bolas.”

Trent contrai o nariz, e não posso deixar de rir quando aperta suas pernas juntas, olhando sua namorada com horror. “Foda-se, você é brutal”, ele resmunga e se afasta de forma dramática. Ele olha para Cab e estremece. “De repente, sinto a necessidade de encontrar meu cartão de homem de novo.”

Callie revira os olhos o dispensando. “Às vezes me pergunto se realmente pode lidar comigo.”

“Ninguém pode lidar com você”, Asha murmura baixinho.

Recosto-me na cadeira com um sorriso tranquilo, fechando os olhos e desfrutando do calor do sol. É apenas o suficiente para aquecer meu corpo e causar uma leve camada de suor na pele. O parque aquático está barulhento e turbulento com noventa por cento da nossa classe sênior aqui fazendo travessuras, e a maioria de turma do Liceu de Huntsville, também. É dia dos seniores matarem aula. Os professores desistiram de tentar acabar com isso há muito tempo, e agora basicamente faz parte do calendário escolar.

“Meyah, você não falou muito sobre o baile de formatura de amanhã”, Asha cutuca, deixando seus óculos de sol caírem para o nariz para que eu possa ver seus olhos. Eles combinam com o maiô azul bebê que é diferente do que a maioria das outras meninas aqui está usando. Não é exatamente uma surpresa, uma vez que Asha raramente mostra partes de seu corpo, ao contrário de Callie, que é confiante demais para seu próprio bem e aproveita todas as oportunidades possíveis para exibir o que tem. E honestamente, se tivesse o corpo que ela tem, provavelmente faria isso também.

Dou de ombros olhando para baixo e brincando com as contas que enfeitam meu biquíni amarelo pastel. A parte de baixo é amarrada nos lados, um estilo que não costumo usar porque estou ciente de como meus quadris são um pouco mais largos do que os de uma menina comum, mas Sugar insistiu que ficaria incrível contra minha pele. “Não há muito a dizer, honestamente.”

“Hamlet vem?”, pergunta Callie, tentando ser casual, mas posso dizer que ela está morrendo de vontade de saber. “Gostaria de ver como ele fica num smoking-”

“Estou bem aqui,” Trent interrompe novamente.

“Aposto que ele vai precisar fazê-lo sob medida. Seus ombros são largos e fortes, mas ele tem aquela cintura estreita super sexy,” Callie continua, seus olhos sonhadores olhando para longe como se Trent não existisse.

Quero dizer a ela que sim, que ele virá, e a parte vingativa e imatura de mim não pode esperar para andar ao lado dele sabendo que cada menina em nossa classe sênior vai desejar que ele pertencesse a ela.

A verdade porém, é que não tenho certeza se esse é o caso.


Corro para o clube, a excitação e a antecipação correndo através de mim, misturadas com o nervosismo.

Quero encontrá-lo. A foto de meus pais que minha mãe me deu está queimando um buraco no meu bolso, e estou desesperada para compartilhar o que descobri e pedir sua opinião e conselhos sobre a situação. Talvez se Ham estiver a bordo, poderemos ver meu tio e ver se ele tem conexões com alguém que possa conhecer meu pai.

Fazendo uma pausa na porta, paro por um momento, confusa.

O clube está em intensa atividade. Membros transportando mochilas, alguns em telefonemas com carrancas profundas nos rostos. A tensão no ar é óbvia. O que, misturado com o fato de que há um carro estacionado em frente que não reconheço, faz meu estômago torcer um pouco.

“Sky,” chamo do bar onde Skylar está arrumando copos no armário. “Sabe onde está Ham?”

Seu rosto cai, e seus ombros baixam. “Ele não está aqui, querida.”

Faço uma careta. "O que quer dizer? Ele está trabalhando? Por que tudo parece tão quieto?”

Ela ri com tristeza e arruma o último copo antes de contornar o bar para ficar ao meu lado. “Isto é a coisa dos rapazes, quando um deles chama, o resto vêm correndo.” Ela sorri calorosamente. “Suba e fale com seu tio, ele está lá em cima com Hadley.”

Minhas sobrancelhas franzem em confusão, mas Skylar aponta para a escada pedindo-me para ir em frente. Respiro fundo frustrada, pisando forte nas escadas. O primeiro quarto é o de Tio Leo e Hadley, e como a porta já está aberta, entro.

Embora esteja nervosa e confusa sobre o que está acontecendo, paro e sorrio para a imagem de Hadley sentada na beira da cama, tio Leo agachado na frente dela, com seus lábios pressionados no seu estômago e movendo-se num suave sussurro. Ambos estão sorrindo, e Hadley passa os dedos pelo cabelo curto dele.

Começo a voltar para sair do quarto com medo de ter arruinado o momento.

Ambos olham para cima, e congelo, franzindo o nariz. “Desculpe, não queria interromper.”

Os dois riem. Meu tio se levanta do chão. “Como correram as coisas com sua mãe?”, pergunta ele, estendendo a mão para Hadley que agradecida a pega, permitindo-lhe ajudá-la a se erguer da cama.

"Bem. Tudo bem.” Não consigo encontrar a palavra que se encaixe melhor. As coisas não estão exatamente incríveis, mas estão bem. “Quero falar com Ham. Onde ele está?"

“Ele teve que ir.” A resposta curta não é a que queria.

"Ir aonde?"

“Meyah, não posso compartilhar isso, sabe,” ele responde com firmeza, como se eu apenas devesse aceitar essa resposta. Sim, sei que não estou exatamente a par das informações do clube, mas é Ham.

"Estamos juntos."

Hadley se encolhe um pouco enquanto dá a volta para onde estou frente a frente com o tio Leo. “Meyah, está tudo bem, você não precisa se preocupar.”

“Eu não estou preocupada, só quero saber o que está acontecendo e por que ele me deixou em casa esta manhã e, em seguida, desapareceu no ar.”

Ambos sabem. Tio Leo não é estúpido. Ele sabe que passei mais de uma noite na cama de Ham desde que cheguei na sede do clube.

“E não posso te dizer porque você não é sua old lady”, ele responde. “Ele não te reivindicou. É assim que o clube funciona, Meyah.”

Já ouvi histórias das meninas quando foram reivindicadas. As coisas são diferentes aqui. Não se começa um relacionamento com um destes homens, e pronto. Não, estes caras tomam posse, e informam a todos que está tomada. É anunciado para todo o clube com orgulho.

Eles não brincam. Quando sabem que querem algo, eles pegam. Tio Leo só conhecia Hadley há um par de semanas, quando a reivindicou como sua, e ouvi histórias sobre Kit reclamando Harmony no dia seguinte ao que se conheceram.

O que isso significa para nós?

Passaram semanas desde que começamos a nos conhecer, e as coisas começaram a aquecer. Mas todos conhecem nossa história. Não é como se fosse um segredo a maneira como Ham e eu passamos tanto tempo dançando em volta um do outro.

Será que ele ainda está inseguro sobre o que quer?

“Quando ele vai voltar?” Exijo saber, tentando não ficar emocionada sobre algo tão estúpido. Demoraria cinco minutos para parar na minha casa e me informar que teria que ir embora por um tempo? Algumas horas? Um dia?

“Meyah ...”

“Ele prometeu que iria comigo ao baile.”

"Eu não sei. Mas tenho certeza que se Ham fez essa promessa, ele vai fazer tudo o que for humanamente possível para voltar antes disso,” Tio Leo assegura. “E, para compensar isso. Que tal irmos ver sua mãe sobre repensar acerca do clube escolta-la para o baile.”

O gesto me aquece, e assinto, mas honestamente, tudo que quero é Ham.

Ele é quem está me dando força para me erguer e ir ao maldito baile.

Ele é quem quero ao meu lado me dando o pequeno empurrão que não tenho dúvida que irei precisar.

É com ele que quero terminar este ano infernal e substituí-lo por sonhos e ideias para o futuro.

E ele apenas desaparece.


Sentindo-me estranha e envergonhada, sento-me e pego minha garrafa de água meio vazia, agitando-a no ar. “Vou encher isto, está ficando um pouco quente.” Não me incomodo em ficar e ver seus rostos confusos. Saio apressadamente. Quero dizer a elas que vou, e por uma vez, ser a garota que todo mundo inveja ao invés daquela que têm pena.

Que porra patética.

Mas é verdade.

Vejo as garotas olharem com cobiça para Ham no supermercado e parando nas laterais da rua enquanto ele passa de moto. Até vi seu nome rabiscado nas margens de seus livros. Ele é o bad boy sexy como pecado que usa couro e monta uma moto, sobre o qual o pai de cada menina adverte-as quando são pequenas. Ele faz com que elas queiram se rebelar, fazer uma curta viagem no lado selvagem, o que faz dele provavelmente o homem mais procurado na cidade. Embora, acho que Skins e Levi provavelmente podem superá-lo.

O problema é que elas nunca vão vê-lo como bom o suficiente para levar em casa para seus pais ou exibir em festas da família. Elas só querem que as outras meninas sintam ciúmes do que elas têm e tê-lo por um momento apenas para dizer que o tiveram.

E ele está completamente alheio a tudo.

Porque ele não é esse cara para mim.

Ele é mais do que uma aventura barata.

Ham é o cara que me faz sentir mais forte, porque ele acredita em mim. Ele é o cara que não se intimida pelo fato de eu saber como disparar uma arma, e pelo contrário acha sexy pra caramba e me incentiva a fazer melhor. Ele é o cara que não me deixa cair a menos que ele esteja lá para me pegar.

“Estará realmente trazendo seu motoqueiro ordinário para o baile?” Só o som de sua voz é como um ralador em minha pele. Isso me faz estremecer e querer mentalmente me socar na face por alguma vez ter pensado que esse tom sedoso é algo mais do que viscoso e repugnante. “Tenho certeza que calça jeans engordurada e couro não fazem parte do código de vestimenta.”

Respirando fundo, viro, forçando-me a ficar um pouco mais ereta. Mesmo que Nick ainda seja mais alto, recuso-me a deixá-lo pensar que pode ficar em cima de mim e falar de forma superior dessa maneira de merda. “Vá embora, Nick,” disparo, dando um passo para a direita para tentar contorná-lo.

Ele se move bloqueando meu caminho e se aproximando. Seguro forte a garrafa de água que acabei de encher, perguntando-me qual o dano farei se acertar sua cabeça com ela.

“Aquele cara te quer desde a primeira vez que te viu,” Nick continua, ameaçadoramente. O tom de sua voz está mais afiado, mais escuro do que o habitual tom de provocação, e nunca vi esse olhar em seus olhos. Outro passo mais perto, e de repente sinto como se isto não fosse apenas Nick sendo um idiota. “Aposto que o deixa furioso que cheguei antes dele, que sempre serei seu primeiro. O primeiro a tocá-la, o primeiro a te foder, o primeiro-”

“Cale a boca!” Digo, um pouco horrorizada com o quanto isto se intensificou.

Nick sempre foi bruto e nojento, mas isto é um nível acima. Isto não é mais brincadeira. Posso dizer pela maneira como seus olhos me percorrem como se eu fosse um pedaço de carne, e ele um caçador procurando sua próxima vítima.

“O que diabos está errado com você?” Pergunto, dando um par de passos para o lado na esperança de talvez conseguir passar. A fonte que usei para encher a garrafa é relativamente isolada do lado de um dos edifícios. Ele certamente não seria capaz de me ver lá, deve ter me seguido.

“Você sabe, originalmente, foi esse ato de garota tímida e conservadora que me atraiu,” Nick continua ignorando meu apelo para que ele pare. “Eu achei sexy. E minha mãe sempre disse que precisava de uma garota que me mimasse e idolatrasse. Que me olhasse querendo que eu fosse seu homem.”

“Sua mãe é louca pra caralho”, retruco, mal expelindo as palavras antes de ser empurrada contra a parede de tijolos.

O ar zumbe para fora dos meus pulmões e me esforço para enchê-los novamente.

“Você não pode falar merda sobre ela. Já fez bastante danos para a reputação da minha família quando tentou fazer-nos parecer mal.”

“Você que me tratou como merda”, argumento, com minha voz rouca, e meu corpo tremendo tanto de aborrecimento quanto de medo. Não há ninguém por perto para me apoiar se ele atacar, dependo de mim e terei que lutar para me defender. Estou farta de deixá-lo ganhar e ter o controle sobre minha mente, sobre meu corpo, ele não pode mais me machucar. Recuso-me a deixá-lo. Eu me recuso a recuar ou fugir. “Você realmente não quer fazer isso de novo, não é?” Digo, olhando-o como se não estivesse com medo de enfrentá-lo.

Ele me encara de volta, com a cabeça ligeiramente inclinada para o lado como se considerasse qual seu próximo passo. Há um olhar calculista em seus olhos e estou começando a me perguntar se ele é tão estúpido como penso que é. Assumi ser tudo um jogo juvenil que ele faz, usando-me como uma peça em seu tabuleiro.

Pensei que quando resistisse, ele se cansaria ou ficaria com medo e passaria para alguém um pouco mais fraco, alguém que iria se acovardar como eu passei o último ano fazendo. Mas em vez disso, é como se quanto mais eu resisto, mais determinado ele fica em me atingir, como se fosse um grande desafio.

Seus punhos cerram ao lado, e tenho quase certeza que vejo seus músculos tensionarem como em um efeito cascata por seu braço. E por um momento, pergunto-me como posso me proteger. É aquele momento em que sabe que as coisas podem dar errado, e se assim for, precisa saber como minimizar os danos. Como quando atinge uma pedra enquanto está de bicicleta, ou anda sobre uma trilha gelada.

Seu coração para.

Você vê o que está acontecendo.

Sabe que possivelmente vai doer.

“Meyah? Você está bem?"

E então consegue firmar a bicicleta ou se equilibrar.

Virando a cabeça para o lado, fico surpresa ao encontrar seis ou sete companheiros da equipe de futebol de Nick ali de pé, olhando-nos, com Trent na frente. Seus olhos estão em Nick, que ainda não se mexeu e nem sequer piscou.

“Venha, vamos todos para a cidade almoçar.”

Limpo a garganta. “Estou indo.” Agarro a garrafa de água na mão tão firmemente quanto é humanamente possível no caso de precisar de uma arma.

É como se as nuvens escuras nos olhos de Nick que ameaçavam destruição e fúria fossem imediatamente afastadas por uma brisa fresca e substituídas por um céu calmo, pássaros chilreando e tudo. “Estávamos apenas conversando, certo, Meyah?”, Ele força, mas não respondo quando deslizo para longe. Ele finalmente afasta o corpo de minha bolha pessoal e sorri. "Eu te vejo por aí."

Estremeço, dando um passo após o outro em direção a Trent e os meninos. "Espero que não."

 

CAPÍTULO 17

Ham

Não posso dizer que o deserto é exatamente minha ideia de um lugar onde quero estar preso ou mesmo passar mais tempo que o necessário. Embora haja explosões esporádicas de pequenos arbustos verdes a cada poucos metros que, literalmente, são tudo o que há. Isto me dá a porra de arrepios.

Esperamos pacientemente fora dos portões da prisão. Os caras da torre de guarda à nossa esquerda fazem piadas sobre a facilidade com que eles podem apanhar cada um de nós a partir dali, falando como se não pudéssemos ouvi-los. É o comentário que fazem sobre Phee que quase me faz perder minha merda.

Blizzard me agarra.

Como Phee também está cansada, ela se aproxima da torre. “Ei, você!”, ela diz para o cara que esteve cobiçando-a durante os últimos trinta minutos.

Ele sorri para seu amigo e empurra o rifle para trás quando se inclina sobre o corrimão. "Olá linda. O que está fazendo com esse bando? Quer fugir?”

“O que realmente quero ...” ela diz, girando o cabelo em torno do dedo como se estivesse flertando. No fim das contas minha irmã não tem ideia de como flertar, ela é ruim pra caralho nisso. Mas ainda é divertido de ver. “Quero que desça aqui, para que eu possa enfiar meu enorme pau tão fundo na sua bunda que fará cócegas nas suas amígdalas.”

Bufo, e os irmãos que me rodeiam tentam esconder o riso.

“Eu tenho um segundo”, Dice grita, agarrando seu pau.

“Cadela louca”, o guarda cospe. “Tem sorte que não mando alguém aí embaixo prendê-la.”

Phee ergue o dedo médio no ar e leva-o à boca, lambendo seu comprimento de uma forma que me faz estremecer, mas faz o pau de cada um dos meus irmãos se levantar em sentido. “Não seria a primeira vez.”

“Guarde essa merda.”

Todos nós olhamos para cima vendo meu irmão saindo do grande edifício, com uma mochila por cima do ombro, usando jeans escuro e uma camisa de colarinho com uma jaqueta de couro por cima. Ele deve estar derretendo uma vez que estamos aqui com camisas finas sem os coletes do clube e já nos sentimos quase morrendo de hipertermia.

Decidimos não colocar os coletes enquanto estivermos aqui. Tivemos que ser rápidos e não tivemos tempo de entrar em contato com alguns MCs locais para avisarmos que viríamos. A última coisa que queremos é perturbar alguém, assim, como demonstração de respeito, não os usamos.

Phee grita e corre diretamente para Romeo que deixa cair a bolsa na terra e levanta-a do chão, esmagando-a contra ele. Não posso me sentir mais completo naquele momento, minha família MC aqui comigo enquanto me reúno com meu sangue, algo que durante muito tempo pensei que nunca fosse acontecer.

A única coisa que poderia melhorar este momento é se meus pais estivessem aqui, também. Acho que de certa forma sei que eles estão. Não que seja espiritual, religioso ou qualquer coisa assim, mas ainda sinto como se minha mãe e meu pai estivessem sentados lá em cima olhando por nós. Sinto como se ajudaram a nos juntar de novo.

Avançando, sinto meu coração acelerar ao ouvir minha irmã dando risadinhas e gargalhadas, e a voz profunda e áspera do meu irmão quando fala com ela calmamente. Ele a coloca no chão, e ela se afasta olhando entre nós dois com seu sorriso brilhante. "Bem? Vocês dois podem dar logo um abraço?”, ela diz, jogando as mãos no ar.

Estendo a mão.

Romeo olha para minha mão e para mim antes de estender a sua e segurar a minha. Começo a sorrir, e quando o faço, ele me puxa para a frente e envolve o outro braço em mim me apertando com força.

Engasgo com uma risada. “Cristo, o que diabos esteve comendo nos últimos seis anos?” Consigo balbuciar antes dele finalmente me largar, o canto de sua boca formando um sorriso.

“Chama-se dedicação, irmãozinho.” Ele me olha de cima a baixo. “Você parece pequeno. Não anda treinando?”

“Não”, respondo, meu estomago afunda. Menos de cinco minutos e ele reparou.

"Há quanto tempo?"

“Seis anos.” Viro e caminho de volta para meus irmãos. “Vamos, quero que conheça meu clube.”

Leva alguns momentos, mas ele e Phee nos seguem. Phee já se encaixou dentro do clube. Seus dois amigos deixaram a cidade e voltaram para Cali, mas disseram que estariam de volta em breve com suas namoradas, que aparentemente são suas amigas mais próximas. Leo gostou deles, surpreendentemente, até convidando-os para seu casamento. Acho que ele achou não só a confiança, mas também a idiotice com que chegaram, um pouco intrigante.

Indivíduos com dinheiro tendem a ser uma raça diferente.

Eles não foram nada além de respeitosos e despretensiosos.

E o clube é sobre isso.

Você dá respeito, você tem respeito.

“Não esperava uma festa de boas-vindas,” Romeo diz quando vem ficar ao meu lado.

Ele parece impressionado. Vim com oito irmãos, não estando disposto a deixar nada ao acaso nem correr o risco de que quem quer que seja que está atrás de Romeo tente nos impedir de ir embora. Mas até aqui tudo bem. Chegamos na noite passada, encontramos um lugar para alugar algumas motocicletas e um SUV por um par de dias, porque todo mundo tem um preço, e os garotos odeiam viajar em veículos por longos períodos. Eles se sentem mais seguros em motos, e não os culpo.

Estou dirigindo o SUV porque, bem, Romeo não está prestes a montar atrás de mim e Phee olha para as motos como se fossem demoníacas. Elas parecem assustá-la um pouco. Não sei bem por que, mas tenho certeza que existe uma razão. Respeito sua escolha.

“Eu lhe contei sobre o clube”, explico antes de começar as apresentações. Cada um dos meus irmãos MC aperta sua mão. Romeo ainda defensivo. Ele não fala muito, o que me surpreende, dado que estamos aqui para protegê-lo. Acho que ele é assim. Suspeito e desconfiado. Ele não foi sempre assim, mas definitivamente não é alguém que faz amigos facilmente. Ainda há tempo para desenvolver relacionamentos e confiança. Ele logo verá que pode confiar em cada um desses caras com sua vida, se deixá-los entrar.

“Vamos,” insisto, acenando em direção ao SUV no qual Phee e eu chegamos. “Temos que pegar um avião em algumas horas.”

Começo a andar, mas quando não ouço passos atrás de mim, me viro e olho por cima do ombro. Phee está olhando Romeo com uma sobrancelha levantada. “Você não disse a ele?”

Viro lentamente ouvindo Blizzard rindo e murmurando. “Oh, isso deve ser bom.”

Correndo os dedos pelo cabelo, atrevo a perguntar: “Dizer o que?”

Romeo sorri. “Provavelmente deveria ter mencionado que estou numa lista de proibido voar.”

Jogo a cabeça para trás e fecho os olhos. “Claro que está,” gemo. “Sabe quantas horas são de Athens até aqui? Tipo vinte e sete horas. Isso não é algo que poderia ter mencionado antes?”

Romeo dá de ombros. “Esqueci. Foi há muito tempo atrás. Eles me deram dez anos.”

Wrench limpa a garganta, e olho para ele. “Não quero ser o chato, mas não deveria ir a um baile amanhã à noite?”

Foda.

Foda, porra.

“Prometi estar lá”, murmuro, já a sentindo me chutando nas bolas. E sabe de uma coisa? Porra, mereço isso porque não pensei sobre isto corretamente. Eu me apressei, pensando que quanto mais cedo, melhor, sem fazer as perguntas que precisava ou nem mesmo me importar em dizer adeus.

“Se sair agora, pode chegar a tempo se dirigir direto”, Blizzard observa dando um passo à frente. “Porém tem que mover essa bunda, e os caras vão ter que ajudá-lo.”

“Eu posso dirigir,” Phee oferece imediatamente.

Meus olhos se mudam para Romeo. Ele sorri. “Oh, posso ajudar a conduzir, mas primeiro precisa me explicar por que diabos está indo ao baile.”

Reviro os olhos, apressando-me para frente. “Basta entrar no carro, porra.” Olho para Blizzard. “Vamos separados até virar em direção ao aeroporto. Terá que ligar para o cara que arranjou o car-”

“Basta ir...”, ele me dispensa, “...eu resolvo. Nós te pegamos quando chegar em casa.”

“Só mais uma coisa,” Wrench diz enquanto corro para entrar no carro. “Vai estar em cima da hora, então pare em algum lugar e compre um maldito terno.”

Aceno para ele por cima do ombro antes de abrir a porta do lado do motorista apenas para ver Romeo lá. “Vou pegar o primeiro turno uma vez que conheço o caminho por aqui como a palma da minha mão.”

Uma vez que entro, partimos como um relâmpago, a estrada deserta à nossa frente é reta e quase vazia. Não há muitas pessoas, e só existe uma pequena comunidade estranha. Romeo, obviamente, não está preocupado em ser mandado parar. Você pensaria que uma vez que ele acabou de sair da prisão, a última coisa que gostaria de fazer é ir de encontro a um policial.

Não quero ser esse policial de qualquer maneira.

Demora menos de uma hora para chegarmos à cidade. O lugar é louco, e não um lugar onde posso me imaginar vivendo ou passando muito tempo. Gosto da calma que as pequenas cidades trazem, a capacidade de apenas escapar facilmente para o campo.

As luzes e os sons são demais para meus sentidos.

Eu provavelmente enlouqueceria.

O olhar no rosto do meu irmão me conta tudo. O sorriso, o jeito que ele relaxa para trás do assento, a condução fácil e suave.

Ele está em casa aqui.

Este é seu lugar.

Paramos num cruzamento. O clube se junta à faixa direta para o aeroporto enquanto damos uma guinada para a esquerda nos dirigindo para leste em direção a Athens. “Honestamente, isso me deixa ansioso.”

Romeo balança a cabeça quando nos afastamos. “Assim que sairmos da cidade, ficaremos bem. Eles não saem de Las Vegas, não querem ou precisam. Se ainda não apareceram, tenho quase certeza que ficaremos bem. Dez minutos, e vamos estar fora deste lugar.”

“Ter quase certeza não é exatamente convincente”, retruco.

Os olhos dele se movem para mim antes de voltarem para a estrada. “É tudo o que tenho. Nada é certo na vida, você sabe disso.”

 

CAPÍTULO 18

Ham

O carro fica quieto depois disso, o rádio está tocando suavemente no fundo enquanto Romeo entra e sai do tráfego com facilidade, a autoestrada de três faixas que corre pela cidade, torna quase demasiadamente fácil fugir. Phee está cochilando na parte de trás, e estou começando a pensar que talvez este seja um bom momento para dormir um pouco antes de Romeo precisar encostar e parar.

E então eu ouço as motos.

No início, não registrei que poderia ser qualquer outra pessoa que não os meus irmãos, sendo o meu primeiro pensamento, oh merda, algo mudou.

“Foda-se,” Romeo amaldiçoa em voz baixa quando duas motos correm de ambos os lados em alta velocidade. Suas cores brilham nos meus olhos, e imediatamente sei que não são nossos.

Viro-me para Romeo cujos lábios estão pressionados em uma linha dura. "O que isso significa?"

Os dois membros do clube entram na nossa frente e começam a desacelerar, forçando Romeo ou a ir de encontro a eles ou a frear.

Ele escolhe a segunda opção.

“Esses são os caras de quem você está fugindo?” Pergunto com seriedade, necessitando me preparar para qualquer coisa que esteja prestes a acontecer.

Uma a uma, as motos se movem à nossa volta com um dos pilotos na frente esticando o braço e apontando para a rampa de saída.

Tomo nota do emblema nas costas, The Exiled Eight MC, Las Vegas.

O nome soa familiar, mas não lembro de onde.

Romeo balança a cabeça. “São apenas caras com quem fazia negócios regularmente. Conheço muito bem o presidente. Não deve ser um problema.”

“Não deve ser, está no mesmo patamar de ter quase certeza.”

Meu coração está acelerado, e pego minha arma que está debaixo do casaco enquanto Romeo toma a rampa de saída. Uma que conduz a uma grande estação de trens, da qual uma parte está em construção, e a outra completamente vazia.

Seguimo-os para dentro, o carro saltando pelos buracos até que paramos do lado de fora de um grande armazém que guarda o equipamento e materiais de construção. Uma abundância de peças de máquinas, que podem vir a calhar se alguém estiver chateado conosco por entrarmos em seu território, sem nem um 'Oi, tudo bem'.

“O que está acontecendo?” Phee pergunta nervosamente olhando em volta para os homens estranhos em torno dela.

“Está tudo bem,” Romeo responde imediatamente. Estranhamente calmo. “Vou lidar com isso. Mas o que quer que diga, só acompanhe essa merda, ok?” Ele estende a mão para a maçaneta da porta antes que eu possa concordar, abrindo-a e saindo com as mãos ligeiramente levantadas em sinal de rendição.

Será que ele é estúpido?

Será que não sabe do que esses caras são capazes?

O que podem fazer comigo se descobrirem que eu uso o colete errado?

Mesmo que não esteja usando-o agora, ainda tenho minhas costas completamente cobertas.

“Jesus Cristo”, amaldiçoo. “Fique aqui, Phee. Não saia.”

Coloco a arma de volta sob o casaco e saio do carro. Olhos me observam quando sigo Romeo que está de pé, como se esperassem por alguém. Ninguém fala. Ninguém sequer se move para apontar uma arma para nós. Então ouço o rugido de mais motos descendo a rua e abrandando para encostar no mesmo caminho que acabamos de entrar.

Eles manobram em torno dos buracos como se soubessem onde cada um está e fizeram isso um milhão de vezes. Dois deles estacionam na parte de trás do grupo e descem removendo os capacetes e colocando-os nos guidões antes de caminharem em direção a nós.

Eles atravessam o círculo de homens e máquinas que nos cercam no pequeno quintal, seus olhos me observam primeiro antes de irem para Romeo. Vejo o patch de presidente quase que imediatamente. O garoto que parou com ele está usando o de V.P.

“Romeo”, o homem mais velho cumprimenta. Sua barba é grisalha e cortada rente ao rosto. Não é cheia, mas mais como um cavanhaque emoldurando a boca. Combina com o cabelo grisalho que está raspado nas laterais, mas o cabelo comprido em cima está puxado para trás num rabo de cavalo que foi trançado e cai sobre o ombro. “Quando saiu?”

O tom casual não passa por mim, e olho meu irmão que está com um sorriso no rosto. “Sou um homem livre há cerca de uma hora e meia”, ele anuncia, estendendo os braços bem abertos. “Você nos mandou encostar só para me felicitar, velho?”

O presidente sorri. “Tenho quase certeza que te devo uma cerveja”, ele responde, coçando a barba. “O clube não está longe. Você está à vontade para trazer seus visitantes e dar uma passadinha.” O tom agudo e o modo como seus olhos se movem para mim instantaneamente fazem com que eu fique um pouco mais ereto.

Romeo se aproxima avançando lentamente para a frente, para ficar ligeiramente adiante. “Então Huntsman, sabe que em qualquer outro dia eu iria, mas não vejo meu irmão ou irmã...” ele aponta para mim e, em seguida, para o carro, onde o rosto de Phee espreita sobre os assentos, “...há seis malditos anos, cara. Estamos deixando a cidade, rumo ao Alabama. Nenhum dano. Nenhuma falta.”

Huntsman assente, mas, mesmo assim, não tira os olhos de mim. “Isso é de onde seu clube é?”

Cerro os dentes. Claro, qualquer um que nos viu andando juntos pela cidade, provavelmente, vai juntar dois e dois. Há algo sobre a forma como um clube monta junto em comparação com quando os entusiastas da moto ou amigos saem andando por diversão. Estamos mais em sintonia uns com os outros, conhecemos nosso espaço, geralmente andamos ao lado da mesma pessoa, e somos grudados como fodida cola.

"Sim. Athens, Alabama,” respondo, não querendo negar o fato só para ser apanhado como um mentiroso se decidirem realmente se sujar.

“E o nome do clube?”

“Brothers by Blood”.

Observo seu rosto cuidadosamente. Saberei muito em breve, se estou em apuros ou não. As tatuagens que cobrem seus braços e as poucas que cruzam seu pescoço, não são para fins decorativos. Conheço os troféus de um assassino. Ele não é o primeiro que conheço, e cada um deles de alguma forma encontra uma maneira de comemorar suas mortes. A tatuagem na parte de trás da sua mão me conta quase tudo o que preciso saber sobre sua habilidade, sua técnica, as miras por baixo do telescópio de uma arma, a silhueta de um cervo, inconsciente, e provavelmente o motivo por trás de seu nome.

Ele é um caçador.

Ele procura por pessoas que estão fugindo, que estão na clandestinidade, ou que parecem ter desaparecido. E aposto que as encontra a cada maldita vez.

Neste momento, ele está olhando para mim como se eu fosse seu próximo alvo. Observando, avaliando.

Finalmente, depois de alguns tensos momentos, ele assente. “Conheço Digger lá no Texas. O que diabos está fazendo por aqui?”

Relaxo um pouco agora que posso sentir a tensão no ar se acalmando um pouco. É sempre tocar e partir com outros clubes. Não tenho ideia de que outras seções os Brothers by Blood têm algo contra, ou quem não gosta deles. Posso encontrar um clube que teve um encontro com um irmão de outra seção, e eles podem me matar no local só por isso. Temos que ter cuidado quando estamos longe de casa, e desta vez, não fomos cuidadosos o suficiente. Desta vez, tivemos sorte que Romeo conhece este cara e tem um bom relacionamento com um dos presidentes do nosso clube.

“Recebi um telefonema alguns dias atrás para dizer que bateram a merda neste imbecil em High Desert”, explico, acenando para Romeo que franze a testa e passa o polegar sobre seu lábio cortado. “Queria ter certeza que quem fez isso, não tivesse a oportunidade de ter outra rodada.”

Huntsman imediatamente volta sua atenção para Romeo com uma sobrancelha levantada. “Desde quando alguém te ataca?” Estas palavras me dão um pequeno vislumbre sobre o quão conhecido e respeitado meu irmãozinho é por estes lados.

“Como disse, não vejo meu irmão ou irmã, desde que fomos colocados num orfanato há seis anos. Decidi que vou sair com eles por um tempo. Alguém não gostou que estou saindo.” A ênfase nessa palavra e o brilho escuro nos olhos de Huntsman diz-me tudo o que preciso saber. Esse cara de quem Romeo está fugindo é importante por aqui. Ele é bem conhecido e nem Romeo nem o clube gostam disso.

Huntsman tenta manter uma cara séria, mas vejo a maneira como o lábio treme de raiva. “Dê o fora daqui”, ele ordena antes de virar para mim. “Tem sorte que foi seu irmão que saiu do carro. Não vejo com bons olhos você e seus rapazes se esgueirando no meu território. Poderíamos ter eliminado vocês há cinco fodidas saídas atrás, mas quis trazê-lo aqui... existe muita merda especial lá dentro... merda que pode facilmente desmembrar um corpo em poucos minutos. E coincidentemente, num dia onde planejamos colocar concreto.” Huntsman está falando sério, os homens em torno de nós ainda não deram um sorriso.

Eu não tomo a ameaça de ânimo leve e mostro o respeito que ele merece, e ele, sem dúvida, entende. “Sim, senhor”, respondo com os dentes cerrados.

“É melhor nos mexermos,” Romeo observa, baixando a cabeça com um sorriso. “Hamlet aqui tem que ir a um baile de formatura.”

Gargalhadas saem da boca de Huntsman, e os rapazes em torno juntam-se enquanto Romeu e eu nos dirigimos para a frente do carro, suas risadas profundas iluminando o local de construção.

“Você só tinha que fazer isso, não é,” sibilo quando entramos.

Romeo sorri. “Espero que ela vale a merda que vou te dar.”

Minha resposta é instantânea. “Vale mais.”

Seu sorriso malicioso lentamente se transforma num sorriso genuíno. Como se ele estivesse quase feliz que encontrei alguém por quem farei algo tão embaraçoso, quase aos vinte e cinco anos, como ir a um baile. "Ainda bem. Vai precisar se apegar a isso nas próximas vinte e seis horas, porque estive armazenando-as na minha cabeça desde que deixei a prisão.”

Será um milagre se conseguirmos chegar a Athens vivos.

 

CAPÍTULO 19

Meyah

Olhando para o espelho de corpo inteiro no meu quarto, aliso o tecido do meu vestido, bem, se é que se pode chamá-lo assim no momento.

Neste momento, tudo o que estou usando é um espartilho preto lindamente decorado com renda rosa escura em cima. Não tem tiras, mas a maldita coisa está tão apertada que não existe maneira no inferno de nada cair ou pular para fora. Na parte inferior, onde geralmente podemos encontrar uma saia deslumbrante feita de seda ou chifon, estou usando short de couro curto, com a mesma renda rosa numa faixa pequena do lado para combinar com a metade superior.

Há uma boa razão.

Minha mãe finalmente disse sim à oferta do tio Leo para alguns dos rapazes levarem Emma e eu ao baile na parte de trás de suas motos, é uma espécie de grande negócio por aqui, e a maior parte da cidade assistirá a todos chegando e entrando. Há prêmios para o transporte mais criativo, e alguns adolescentes exageram.

Nosso transporte não será tão criativo, mas sei que vão chamar a atenção uma vez que também prometeram que todo o clube irá nos acompanhar com os caras em suas cores e coletes.

Daí o traje.

Tio Leo não me deixará ficar na parte de trás da moto de qualquer pessoa com um vestido que tem a chance de prender nas partes móveis, por isso, entramos num acordo quando encontrei online Selena Gomez num traje como este com uma saia enorme de renda completamente preta até chão sobre o top.

Mamãe e eu procuramos como loucas em cada loja local até encontrarmos uma, para que quando eu chegue ao baile, simplesmente a deslize sobre o top, e pronto, vestido de noite, bem, quase um vestido.

Não é nada muito extravagante, mas realmente não me importo. Não estou tentando impressionar ninguém. Para ser sincera, nem queria ir. Simplesmente não ligo muito para este tipo de coisas, mas isto é uma coisa do meu último ano, e depois disto, terminarei o ensino médio para sempre. Ensino médio não foi minha ideia de diversão. Na verdade, o último ano foi basicamente um inferno. Ninguém quer passar pela escola com poucos amigos, sendo o alvo da chacota, sabendo que não é tanto por que as pessoas não gostam de mim, mas por que não vale a pena levantar e lutar por mim.

Esta é minha última posição de certa forma.

Isto é onde volto a entrar lá e digo, 'Fodam-se, vocês não me quebraram.'

E vou fazê-lo com Ham ao meu lado.

Pelo menos, espero que sim. Ainda não ouvi dele. Tudo o que sei é que o tio Leo disse que ele teve que sair por alguns dias. Ele não respondeu a nenhuma das minhas mensagens, e quando tentei ligar, o telefone estava desligado. Estou tentando não deixar este pensamento arruinar minha mente, especialmente tendo em conta que tio Leo não me deu qualquer detalhe.

Um estrondo profundo que faz a terra tremer me faz ficar um pouco mais ereta e, finalmente, traz um sorriso ao meu rosto. Fica mais forte e mais alto enquanto pego as sandálias vermelhas e minha saia de renda, e corro para fora do quarto, dando dois passos de cada vez para baixo onde mamãe já está me esperando. Ela sorri caprichosamente enquanto seus olhos se movem sobre minha roupa reveladora mostrando minhas longas e tonificadas pernas que são em parte ótimos genes e outra resultado de um surto na adolescência.

Comecei a fazer yoga e Pilates no meu quarto quando percebi que amava demais a comida, e nunca me exercitava, e como qualquer adolescente típica, comecei a comparar meu corpo com o das outras meninas da minha turma. Felizmente, realmente gosto de fazer as duas coisas e posso me esconder onde ninguém pode me ver enquanto as faço. Então, tento fazer pelo menos uma por dia, e até agora, têm funcionado para fazer meu corpo parecer muito bem, mesmo que seja eu a dizer isso.

“Você está linda,” Mãe diz enquanto sento na escada e deslizo meus pés nos sapatos ouvindo a sinfonia de motos chegar cada vez mais perto. Meu estômago revira nervosamente. Ham prometeu que voltaria a tempo, mas não falo com ele há dias, não desde que ele foi e pegou um avião para Las Vegas para ver seu irmão. Não posso ficar brava com isso, apesar que depois de tudo o que minha mãe e eu conversamos, seria bom sentar e ter alguém como ouvinte para me ajudar a processar tudo.

A casa treme quando todas as motos param na calçada. É um pouco intenso, mas também me enche de orgulho. Esta é minha família. São as pessoas que me protegem de tudo e me amam incondicionalmente. Nunca terei vergonha deles, embora saiba que as pessoas vão me olhar de lado quando aparecer no baile com o que parece ser um bando de criminosos.

Mamãe pega minhas mãos e me levanta entregando uma bolsa enfeitada com uma grossa corrente de prata. Ela pega minha saia e gentilmente coloca-a lá dentro com meu celular, antes de levantá-la sobre minha cabeça, para que a corrente passe por cima de meu ombro e cruze o corpo. “Bolsas como esta são boas para quando está montando”, ela comenta, seus dedos correndo pela corrente, os olhos um pouco perdidos.

“Então, agora está me dando dicas sobre estar na parte de trás de uma moto?”, pergunto com uma risada aguda.

Os olhos dela encontram os meus e se estreitam. “Não sou estúpida, Meyah, entendo a atração. Sei o tipo de adrenalina que dá.”

Eu não posso deixar de sorrir mesmo que saiba que ela está tentando manter um olhar duro e fingir que essa não é mais quem ela é. “Sabe, tenho certeza que se pedir, tio Leo vai-”

“Nem sequer termine a frase,” ela avisa, franzindo os lábios e colocando a mão na parte inferior das minhas costas orientando-me pela porta da frente e para o alpendre.

Meus olhos se iluminam, e sorrio para a rua, onde pelo menos quinze motos estão alinhadas no meio-fio, o cromo brilhando nas luzes da rua. O sol ainda está lançando uma cor nebulosa no horizonte, um brilho alaranjado que reveste a cidade à distância.

Respiro fundo dando um passo de cada vez para fora da varanda, minha mão segurando o corrimão, meus olhos buscando no grupo de pilotos pela única pessoa que estou ansiando estar à minha volta, com sua voz no meu ouvido me lembrando que posso fazer isto.

Emma desce da parte de trás da moto de Eagle vestindo uma roupa que combina quase exatamente com a minha, à exceção que a dela é azul. Ela caminha na minha direção, e quando ninguém mais a segue, meu estomago afunda, e tudo que quero fazer é me virar e voltar para dentro.

Emma corre para a frente com seus saltos estendendo a mão para agarrar meu braço antes que eu possa recuar. “Não!”, ela repreende em voz baixa. “Vamos fazer isto, e vamos nos divertir muito.”

Emma não é exatamente a garota mais confiante após o inferno pelo qual passou. Ainda há momentos em que vejo sua mente regressando para o lugar onde as memórias dolorosas assumem o controle sobre esta jovem bela, divertida e gentil que passei a chamar de melhor amiga. Ela sabe o que é ter medo. Prefere sentar sozinha num canto sossegado em vez de caminhar por um corredor cheio de pessoas.

Quem diria que precisaria duas introvertidas finalmente se unirem para se transformarem em duas mulheres confiantes e lindas?

Tio Leo aparece atrás de Emma com um sorriso no canto de sua boca. “Estou começando a me arrepender de ter concordado com isto”, ele fala arrastadamente, balançando a cabeça. “Você parece tão crescida.”

“Você quer dizer que ela se parece com uma jovem incrível pronta para enfrentar o mundo”, acrescenta Skylar, pisando em torno de meu tio e puxando Emma e eu para seu corpo.

Forço um sorriso, mas foco em Tio Leo. “Onde ele está?”, pergunto, sem rodeios. "Ele prometeu."

Seu sorriso falha, tornando-se um cenho franzido. “Ele está fazendo seu melhor, mas às vezes o universo não funciona como queremos, Meyah.”

“Não há surpresas,” Mamãe murmura atrás de mim, e fico um pouco mais ereta. Estamos nos dando bem desde nossa conversa. Mas posso dizer que ainda há coisas que ela não me contou, e me pergunto se está apenas mantendo suas opiniões para si mesma, porque tem medo que eu vá embora de novo e talvez desta vez não volte para casa.

“Isso está fora de suas mãos,” Tio Leo rosna, os olhos encarando por cima do meu ombro para mamãe.

Quero dizer que está tudo bem, que sei que ele provavelmente está fazendo seu melhor, e que merdas acontecem. Mas em vez disso, estou apenas irritada e desapontada. Ele me fez uma promessa. Ele me disse que estaria aqui. Sabendo o quão difícil isso será. Sabendo que realmente não queria ir em primeiro lugar. Ele não pode sequer ligar, dizer que não poderia vir?

Ele me deixou na casa de minha mãe naquela manhã e correu, desapareceu para só Deus sabe onde.

Sei que não falamos sobre o que está exatamente acontecendo entre nós, mas pensei que ele pelo menos me respeitava mais do que isso. Pensei que talvez ele entendesse o quanto isto significa para mim, o quanto tê-lo aqui significa para mim.

Neste momento, faço uma escolha. “Vamos,” digo firmemente, andando para a frente. Skylar, Emma, e tio Leo todos saem da frente quando desço pelo caminho.

Este é meu momento, provavelmente o último que terei antes de deixar a escola e todos esses adolescentes para trás. Alguns meses atrás, estaria feliz em terminar a escola na esperança de que minha turma me esqueceria e que seria uma recordação passageira em suas vidas.

Mas agora?

Agora estou determinada a me certificar que eles não vão me esquecer.

Não vou deixar que suas últimas memórias de mim sejam aquelas onde ando pelo corredor com os olhos no chão, ou de quando os adolescentes apontaram e riram no corredor quando Nick prendeu um sinal de 'chute-me' nas minhas costas.

Não.

Serei a garota que saiu de tudo isso com a cabeça erguida.

Serei a garota que chegou no baile de formatura na parte de trás de uma moto, com sua família ao seu redor, e o dedo médio firmemente no ar.

 

CAPÍTULO 20

HAM

Meu corpo dói e me sinto um pouco tonto enquanto faço meu melhor para chegar a Athens. Estou atrasado pra caralho. Mas tão determinado a chegar a Meyah que comprei um fodido terno barato algumas cidades atrás. Troquei-me no carro minutos antes de chegarmos no clube, saí do carro e peguei a moto, voltando para a cidade, esperando como o fodido inferno que ela me escute quando contar por que estou tão atrasado.

A última coisa que preciso agora é destruir minha moto.

Especialmente após os últimos três dias.

Há um milhão de fodidos pensamentos correndo pela minha cabeça. Coisas que me deixam feliz pra caralho, coisas que vão mudar, e coisas que podem nos jogar numa fodida tempestade de merda. Todas as coisas que estou disposto a arriscar se isso significar ter Romeo de volta.

Tenho minha família de volta, e se alguém vier por eles, terão que me enfrentar primeiro. Anos atrás, fiz escolhas, escolhas erradas, o que resultou em perder as pessoas que mais importam para mim. Não cometerei esse erro novamente.

Não tenho nada a perder lutando por eles e tudo a ganhar. E tenho um clube de filhos da puta perigosos nas minhas costas.

Desafio alguém a tentar levá-los de mim.

Isso tudo meio que passa num borrão enquanto estou no piloto automático. Atravesso Huntsville e saio do outro lado. Acabo de passar a estrada para o clube e estou a poucos minutos de Athens quando ouço o som agudo de sirenes da polícia atrás de mim.

“Filho da puta.” Xingo, assumindo ser Deacon ou um de seus caras prontos para apenas mostrar meu dedo do meio e continuar o caminho. Mas em vez disso, paro, pensando que talvez possa ganhar uma fodida escolta policial para a cidade e fazer uma cena.

Gemendo de aborrecimento, abrando a velocidade e uso todos os músculos do meu corpo cansado para parar no acostamento. Respiro fundo enquanto jogo a perna sobre a moto e estico meus membros, tirando o capacete e balançando a cabeça enquanto luto para ficar alerta.

Botas pesadas trituram o cascalho ao lado da estrada. Olho para cima, encarando os faróis, e tentando decifrar um rosto conforme um policial que não reconheço caminha os poucos metros entre minha moto e seu carro.

“Licença e registro?” Ele pede sem emoção, sua voz é rouca.

Estudo-o conforme puxo minha carteira do bolso de trás onde guardo a identidade e documentos. Ele é um homem mais velho, no fim dos cinquenta, provavelmente. Seu lábio superior está coberto por um espesso bigode cinza que combina com as listras na frente de seu cabelo.

“É novo por aqui?” Pergunto, abrindo a carteira e procurando a licença.

Ele não responde. Em vez disso, move a mão até a cintura e toca o cassetete pendurado ao seu lado. Meu corpo tensiona, e uma sensação de desconforto me domina, uma que tem meus sentidos, que estavam preguiçosos e cansados, de repente alertas.

Entrego minha merda e me inclino contra a moto tentando ver isso apenas como uma parada casual, mas meus músculos estão tensos, prontos para lutar. Isso só aumenta quando ele desliza o cassetete do suporte após colocar minha identidade em seu bolso da frente.

“Você tem a lanterna traseira quebrada.” Ele aponta, aproximando-se e acenando para a parte de trás da minha moto.

Faço uma careta, meus olhos seguindo sua indicação. “Eu não...”

Smash.

A ponta do seu cassetete atravessa minha lanterna.

Vejo acontecer.

Cerro os dentes quando ele puxa o cassetete de volta e enfia-o no cinto, seus olhos me observando o tempo todo com nenhuma emoção no rosto. Sem sorriso presunçoso, nenhum sorriso que diga que ele está orgulhoso de si, ou mesmo qualquer sinal de raiva ou aborrecimento que é geralmente o motivo da polícia viver fuçando em nossa merda.

O filho da puta está me atraindo.

Rolando meus ombros, tento lembrar que preciso manter a calma, mas honestamente, após a besteira com a qual lidei ao longo do último dia, não tenho certeza de quão possível isso será. Merda como os guardas da prisão me olhando como se eu fosse escória. Os visitantes que viam a própria família me olhando da mesma forma, fui tratado como merda no sapato de alguém enquanto Matt, o advogado do clube, recebia ofertas de café, comida, ou uma cadeira mais confortável. Tudo porque ele pode defender bandidos, mas tem um trabalho que é de alguma forma respeitável.

Eles não me conhecem, ou o que fazemos pela comunidade. Não.

Estou pronto para matar alguém. Não dou a mínima para quem seja. E esse cara acaba de se colocar na minha lista de merda.

“Bem, essa foi original.” Digo secamente, levantando o queixo e cruzando os braços sobre o peito. “Posso ajudá-lo com alguma coisa, ou sempre é maldoso assim tarde da noite?”

Ainda nenhuma fodida mudança em seu rosto. Nenhuma fodida demonstração de emoção.

Começo a imaginar se ele sequer sente algo.

“Vou puxar sua ficha. Não se mova.” Ele ordena quando vira e caminha de volta para o carro.

Instantaneamente, pego meu celular do bolso e aperto o número de Op.

Toca duas vezes.

“Você está bem?” Op pergunta ao atender.

Mantenho os olhos grudados no idiota no carro. Ele está digitando no pequeno computador, mas não fala com alguém ou pede por detalhes. “Estou a alguns quilômetros da cidade na estrada principal. Nem sequer cheguei à fodida escola. Um novo policial me parou e quebrou minha lanterna traseira com o cassetete.” Conto a ele de forma simples e breve.

“Porra.” Op xinga. “Vou mandar Blizz. Não perca sua merda antes dele chegar.”

Bato meu pé no asfalto enquanto espero o filho da puta fazer sua merda, e passam provavelmente menos de quatro minutos antes de eu ouvir o rugido de duas motos descendo a estrada.

As orelhas do oficial levantam também, e pela primeira vez, vejo uma carranca franzir sua sobrancelha.

Interessante.

Blizzard e Dice desaceleram e param as motos no lado oposto da estrada as desligando e vindo para mim. Não há dúvida de que posso lidar com minha merda, mas ter meus irmãos por perto me faz sentir um pouco mais relaxado, mas não menos irritado, porra.

“Deveria ter trazido Levi com você.” Blizzard repreende ao contornar minha moto, examinando a lanterna traseira quebrada e o vidro espalhado no chão. Levi ficou na sede do clube como disse a ele para fazer, não vendo o ponto em fazê-lo montar todo o caminho até Athens comigo. Estou envergonhado o suficiente que ele tenha me visto vestido assim.

Blizzard desliza seu telefone do bolso e vira as costas para o carro de polícia. Ele tira várias fotos da evidência, algo que não pensei, fazendo-me sentir ainda mais agradecido por tê-los lá.

Blizzard conhece essa merda.

Ele sabe seus direitos e como membro de um clube, é uma boa ideia ler sobre isso. Muitos policiais não acreditam que os temos por sermos criminosos, e tentam achar qualquer coisa para nos prender.

“Terno legal.” Dice diz com um sorriso, de pé ao meu lado com os braços cruzados sobre o peito.

Mostro meu dedo médio, muito cansado para lidar com sua fodida boca esperta.

Quando uma porta fecha, ambos, Blizzard e Dice se movem para ficar ao meu lado conforme o Policial Filho da Puta se aproxima. Ele não fala enquanto segura minha merda junto com duas multas.

Examino-as.

Uma pela lanterna traseira quebrada e a outra...

“Dirigir muito devagar? Você está fodendo comigo?” Digo, batendo a multa contra minha mão.

Blizzard pressiona a mão em meu peito quando dou um passo para frente.

O policial Estúpido pega sua arma, e é bom pra caralho saber que o Sr. Sem Emoções pode realmente sentir medo.

“Não posso dizer que já te vi por aqui.” Blizzard comenta, colocando-se na minha frente. Blizzard é um cara intimidante quando precisa ser. Especialmente, quando sente que sua família está sendo ameaçada. Ele é pelo menos dez centímetros mais alto que o oficial e bem mais largo, e com as luzes do carro da polícia criando sombras em seu rosto, fico surpreso de não ver mijo escorrer pela perna do idiota. “É novo na cidade, senhor?”

O policial idiota bufa e se vira. “Cuide dos seus negócios.” Ele responde enquanto caminha para a viatura como se não tivesse uma preocupação no mundo.

“Esta é a nossa cidade. Então, considero isso nosso negócio.” Blizzard grita conforme o cara se aproxima do veículo. O aviso está lá, e é claro como o fodido dia. Ele começou algo que o clube não tem nenhum problema em terminar se for o que precisamos fazer. Não saímos do nosso caminho para foder com a polícia ou irritá-los. O clube mantém as cidades vizinhas razoavelmente seguras mantendo gangues menores e suas drogas fora das ruas.

Esse cara, porém, tem uma porra de espinho no rabo, e está procurando alguém para tirá-lo.

Ele faz uma pausa, olhando para nós, novamente com o rosto em branco e sem emoção, que honestamente me dá arrepios. “Veremos.”

Nós três ficamos em silêncio quando ele liga o carro e se afasta fazendo uma curva em U de volta pela outra direção.

“Quem diabos é esse cara?” Dice pergunta com uma careta, enquanto observamos o carro desaparecer em direção a Athens.

Posso dizer que Blizzard está agitado, os punhos cerrados ao lado do corpo. “Acho que precisamos ir visitar nosso amigo, Deacon.” Ele declara, rolando os ombros para trás. “Talvez devesse ir ao clube e descansar um pouco.”

“Inferno não.” Bufo, balançando a cabeça e seguindo Blizzard que vai para sua moto. “Ninguém te disse que estou atrasado para um fodido baile?”

“Vai cair no sono enquanto dirige, e depois onde estaremos, porra?” Blizzard avisa montando em sua moto.

“Este rosto parece que dá uma merda?”

Ele pega sua chave respirando fundo antes de virá-la. “Não. Seu rosto parece destruído, e as bolsas sob os olhos não gritam princesa do caralho, elas gritam morto-vivo. Acha que Leo ficará impressionado quando tentar levar você e a menina para casa e acabar numa porra de buraco?”

Blizzard leva essa merda a sério. Ele se certifica que os irmãos nunca montem debilitados, e impõe essa merda pesadamente. Poucas pessoas entendem quão perigoso uma moto pode ser. Isso é algo que tomamos por garantido a cada dia, o fato de não termos nada ao redor para nos proteger. Se cairmos a vida fica entre nós, a estrada, e o fodido Deus.

“Vamos chamar alguém para vir nos buscar.” Bufo, sabendo que ele não me deixará ir, a menos que jure ser seguro.

Quero ir com eles. Não estou feliz em deixar Blizzard e Dice lidar com essa merda. O policial Babaca pode não ter dito as palavras, mas não foi uma ocasional batida de trânsito para “atormentar os motoqueiros locais”.

Há algo acontecendo.

Posso sentir, porra.

Mas fiz uma promessa a Meyah. Uma para a qual já estou atrasado pra caralho e me sinto como um fodido idiota. Então isso vem primeiro.

Posso confiar nos meus irmãos para conseguir as informações que precisam, sem dúvida.

Blizzard me olha com cuidado. “Ótimo. Vamos para a escola com você e seguimos de lá, mas se cair antes disso, vou deixá-lo na estrada para sangrar e pensar sobre quão certo estou.”

 

CAPÍTULO 21

MEYAH

Minha entrada no baile é tudo que queria que fosse... bem, quase.

Tento não deixar isso me derrubar, mesmo que meu coração esteja se quebrando.

Estranhamente, o que me dá o impulso que preciso é quando Nick chega com uma Ferrari parecendo valer um milhão de dólares. Tenho que admitir, ele tem confiança. Ele é um babaca arrogante do caralho, mas sabe se recuperar quando é derrubado. Vê-lo subir as escadas, sem se preocupar em oferecer a mão para seu encontro e ajudá-la a andar com o vestido até o chão, deixa-me muito mais determinada a levantar e fazer essa merda. Não passarei a noite toda olhando-o se divertir e aproveitar enquanto sento no canto fazendo beicinho por causa de um garoto.

Isso é tudo o que Ham é, apenas mais um fodido garoto.

Um que segura meu coração nas mãos, mas um garoto, mesmo assim.

Pessoas olham enquanto todos os caras param no meio-fio, onde o tapete vermelho começa. Como guarda-costas, todos descem e acompanham Emma e eu até a porta, para nossa diversão. Algumas pessoas estão absolutamente chocadas, puxando seus filhos um pouco mais perto apenas no caso de um dos caras decidirem agarrá-los. Isso literalmente me faz rir.

Eu entendo, realmente. Os caras são intimidantes, e honestamente, quando estão em público, raramente tem um vislumbre deles sorrindo. Estou quase perguntado a Tio Leo se isso é um jogo, onde não estão autorizados a sorrir em público apenas no caso das pessoas pensarem que não são motoqueiros tão fodões.

Essas pessoas não sabem nada sobre eles.

Assumem que são perigosos, e sei quão perigosos podem ser. Tio Leo acha que me protege da maior parte disso, mas tive uma arma apontada para minha cabeça, tive que correr enquanto Hadley disparava contra o homem que ameaçava me levar embora. Vi as consequências do clube quando fui atacada. Vi as manchas de sangue dentro e na rua, munições e buracos de bala nas paredes. Isso me assustou pra caralho, e não estou prestes a fingir que não aconteceu. Mas a coisa que também sei e que essas pessoas e seus olhos julgadores não sabem, é exatamente o quão longe esses homens vão para se certificar que nenhuma pessoa inocente seja ferida. Vi em primeira mão o quão longe vão para proteger sua família ou apenas para fazerem felizes as pessoas que amam.

Vi esses homens musculosos com suas tatuagens, olhares fixos, e presenças intimidantes, sentados numa mesa com uma xícara de chá de Princesa da Disney nas mãos e os dedos mindinhos no ar.

Por quê?

Porque, como estou começando a aprender, eles não têm porra nenhuma a provar.

Uma lição que posso tomar de seu livro.

Emma e eu perambulamos um pouco, parando para conversar com um par dos amigos dela de outras aulas. Fico surpresa com o número de pessoas que assentem ou dizem oi quando passamos. É confuso até Emma revirar os olhos.

“Lembra quando disse que todo mundo iria querer ser seu amigo agora?”

Eu lembro, mas não achei que ela falava sério.

“Meyah!”

Faço uma careta, girando e procurando quem chamou meu nome, um tom doce que facilmente reconheço. Asha e Callie acenam através da multidão, seus namorados atrás, brincando e rindo enquanto bebem ponche e seguem as namoradas.

Não perco a forma como os olhos das duas me circulam como se procurassem por algo, ou alguém. Quero afundar.

Mas o olhar no rosto de Callie instantaneamente ilumina, e ela me olha de cima a baixo e assovia. “Caramba.” Diz com um sorriso. “Não entendo por que não mostra seu corpo com mais frequência.”

Minhas bochechas queimam, e reviro os olhos porque sou horrível em aceitar um maldito elogio.

“Vamos.” Asha diz sobre a música agarrando minha mão e me puxando em direção à pista de dança. “Acho que precisamos te mostrar e deixar todos os caras verem o que estão perdendo.”

Callie estala os dedos no ar. “Sim!”

Sigo-as, mas sei o que estão tentando fazer. Parte de mim está grata pela distração, parte apenas extremamente envergonhada.

Ham não apareceu.

E isso doí.

Mas tento lembrar que estou com amigos, e há pessoas que se importam comigo. Hoje à noite, eles serão os que tem minhas costas quando preciso, e vou esquecê-lo. Esquecer sobre como ele me rejeitou. Esquecer sobre como ele fez uma promessa e não a cumpriu.

 


Callie arfa, abanando-se antes de apontar para uma das mesas que se alinham na sala. “Querem pegar uma bebida, sentar e conversar um pouco?” Ela grita sobre a música alta e corpos se movendo.

Olho Emma que assente brilhante e ansiosamente, o calor na sala está subindo com todos os corpos em movimento, e a dor de usar saltos é realmente mortal.

“Ficarei feliz quando estiver fora deste lugar e puder recomeçar num novo.” Callie comenta enquanto toma um gole de limonada. “U do A, aqui vamos nós!”

Meus ouvidos se animam, e me sento um pouco mais reta. “Vão para a Universidade do Arizona?”

Asha e Callie assentem animadamente. “Sim, os garotos, também.” Asha confirma. “Vamos para Las Vegas uma semana por mês. Será incrível!”

Um ataque de ciúmes atinge meu estômago.

A Universidade do Arizona é minha faculdade dos sonhos. É importante para mim, mais do que apenas um lugar para estudar. Foi onde meus avós estudaram, onde mergulharam na cultura da faculdade e eram orgulhosos como o inferno por ser um Wildcat. Ainda tenho alguns dos seus materiais. Está desvanecido e desgastado, mas é tudo que tenho deles. Desde que era velha o suficiente para saber o que é faculdade, jurei ir lá, e os deixar orgulhosos. Até mesmo me inscrevi e fui aceita.

“Para qual faculdade vai, Meyah?” Callie pergunta curiosamente.

Limpo a garganta, não querendo responder. “Só a Alabama State.” Respondo timidamente. Ainda é uma boa faculdade. Tem as aulas que preciso e o estilo de vida universitária que cada estudante está animado para experimentar. E é apenas a algumas horas de casa, dentro da minha rede de segurança.

“Não está animada para ir?” Asha pergunta com uma careta.

Sorrio e balanço a cabeça. “Ouvir você falar da U do A me deixa com um pouco de inveja. Realmente queria ir para lá, e fui aceita, mas é apenas... um pouco longe, acho.”

“Algo te mantém aqui?”

Meu estômago revira com a pergunta. Há algo me mantendo aqui? De repente tenho um momento de independência onde quero ser vista como adulta. Onde quero ser capaz de fazer minhas escolhas e ser minha dona, mas estou com muito medo de ir para uma faculdade, não apenas qualquer faculdade, mas a faculdade com a qual sonhei durante anos, só porque posso sentir um pouco de saudades de casa?

É isso? Ou é o pensamento de deixar certo motoqueiro pelo qual estou obcecada faz mais de um ano?

Ainda estou com raiva. Ainda irritada com Ham.

Mas a ideia de ir embora e não o ter ao meu redor quase todos os dias pelos próximos três anos quase soa como uma sentença de prisão. Não é apenas porque, de repente, temos esse relacionamento, se sequer posso chamá-lo assim, ou por causa de como o deixei entrar, deixei-o me tocar e estar dentro de mim, ser mais do que apenas o que as coisas aparentam. Trata-se de onde elas começaram.

“Acho que é mais como alguém a estar mantendo aqui.” Emma comenta, olhando-me incisivamente.

Encaro-a de volta. “Não é apenas alguém.” Argumento, mas mesmo quando as palavras saem da minha boca, sei que soam patéticas, mesmo que sejam mais verdadeiras do que qualquer coisa. Sim, tenho essas fantasias adolescentes estúpidas sobre Ham e eu ficarmos juntos, mas nunca foi apenas sobre eu o querendo. É mais sobre apenas não querer estar longe dele. Ele me faz sentir diferente. Segura. Então lá está minha mãe que me queria perto e sendo a criança complacente e obediente que fui, concordei. A única razão que até mesmo preenchi o pedido de U do A foi porque Hadley me incentivou a ter certeza que tinha opções apenas no caso de algo dar errado.

Por causa das minhas notas, ganhei uma vaga num programa da escola de verão. Um que não é obrigatório para o grau que farei em psicologia e aconselhamento, mas que pode beneficiar minhas perspectivas de trabalho drasticamente no final do curso.

Quando recebi a carta de aceitação, quase chorei. Em primeiro lugar, porque fui aceita para o único lugar com o qual sonhei durante anos, e em segundo, por saber que nunca diria sim.

“Ei, querem seguir para a festa?” Cab pergunta enquanto ele e Trent tropeçam até nossa mesa, ambos sorrindo como gatos Cheshire. Eles estiveram indo e vindo como gostam, mantendo as namoradas felizes, mas, sem dúvida, querendo ter um tempo com seus amigos do time de futebol.

Franzindo a testa, pego meu telefone da bolsa e olho a hora. “São apenas 22:30.” Todo mundo ainda está dançando e se divertindo. Não parece que alguém sairá em breve, e o baile vai até a 1:00.

Os olhos de Callie brilham e um sorriso malicioso aparece em seus lábios vermelhos. “Eles anunciarão o Rei e a Rainha do Baile às 23:00. E digo com autoridade que todos podemos adivinhar quem vai ganhar, apesar de ter seu rabo chutado por uma menina.”

Todos olham para mim, e gemo. "Fala sério? Ele ainda vai ganhar?”

Cab assente, seu rosto também torcido com desdém. “Nick detém o poder porque pode comprar sua popularidade, e, infelizmente, a maioria do nosso corpo discente se enquadra na categoria 'superficial pra caralho'.”

Acredito nisso, e sei ser a razão que ninguém ficou do meu lado, porque nunca foi apenas Nick que enfrentei, mas todas as pessoas que ele pode controlar. Não há maneira no inferno que queira ficar aqui e vê-lo ter uma coroa colocada na cabeça e passear como se fosse um fodido intocável.

“Uma festa você disse?”

 

CAPÍTULO 22

MEYAH

Para uma noite de verão, o ar está estranhamente frio e parado.

Emma decide ficar mais um pouco e conversar com alguns amigos antes de Eagle vir pegá-la à meia-noite. As horas que passamos conversando com as meninas foram divertidas, e Callie e Asha se apaixonaram pela natureza doce de Emma e nunca nenhuma vez brincaram ou a incomodaram pela forma como às vezes ela se esforça para ler os sinais emocionais e piadas.

Somos três meninas próximas ajudando a manter o calor, bem como o equilíbrio enquanto descemos as escadas, enquanto Trent decide dar uma chance ao corrimão, deslizando metade do caminho antes de cair no arbusto do outro lado. Não posso parar de sorrir, minhas bochechas estão realmente começando a doer.

“Quão longe é a festa?” Pergunto curiosamente, imaginando se devo enviar uma mensagem a tio Leo e deixá-lo saber onde irei.

“É na minha casa. Apenas a alguns quarteirões daqui.” Cab responde enquanto puxa Trent dos arbustos. “Meus pais sabem que estou levando algumas pessoas, então vão estar lá, mas quase não vão vê-los.”

“Estou dirigindo.” Trent murmura, segurando as chaves.

Meu estômago instantaneamente torce, e sei que precisamos conversar, mas luto para encontrar as palavras certas.

“Nem fodendo vai dirigir a qualquer lugar.”

Ambas as meninas gritam agarrando meus braços mais forte enquanto os caras viram, tentando descobrir de onde a voz profunda e ameaçadora vem. De repente, sinto-me muito mais sóbria do que a momentos atrás.

A grande área de estacionamento tem carros espalhados e algumas luzes, mas a escuridão ao redor do prédio é como o breu, e há muitos lugares para alguém se esconder. Ele poderia estar sob um foco de luz, embora, porque sei exatamente quem está lá.

“Legal você finalmente aparecer.” Zombo, meus olhos procurando as sombras, esperando talvez ver o brilho das luzes ao nosso redor refletindo em seu colete. “Está um pouco atrasado pra caralho.”

São seus olhos que vejo primeiro, o azul cortando através da escuridão, o concreto arranhando debaixo de seus sapatos. Quando a luz o atinge, congelo, não esperando ver o bad boy tatuado que aprendi a amar vestido com calças pretas e sapatos brilhantes combinando que sei que ele odeia. Sua camisa de botão branca está desabotoada no topo e puxada para fora do lado da calça, a gravata vermelha pende de seu pescoço e até mesmo sob essa luz, posso dizer que é a combinação perfeita para o espartilho que uso. As mangas arregaçadas e os braços cruzados sobre o peito, a postura de “não aceito merda” reforçando a ordem dura e direta que ele deu da escuridão.

“Uhh... amigo seu, Meyah?” Cab pergunta, olhando-me nervosamente.

Não posso culpá-lo, Ham é intimidante como o inferno e não apenas porque fala agressivamente. Não, ele segura sua merda se preciso, e acho extremamente difícil neste momento ficar zangada com ele. Porque tudo o que quero fazer é correr para ele e sentir aqueles musculosos braços tatuados ao meu redor, seus dedos no meu cabelo, sua mão na minha bunda enquanto me beija intensamente.

Ele me observa, seu rosto uma máscara esperando por minha resposta, desafiando-me a ser petulante, dizer a eles que não tenho ideia de quem diabos ele é.

O pensamento passa por minha cabeça.

“Sim, ele é meu encontro.” Cerro os dentes.

Asha e Callie me seguram um pouco mais forte quando meu corpo treme, uma mistura de ar frio e a raiva aumentando dentro de mim.

“Não quer saber o que vai acontecer se entrar neste carro.” Ham anuncia finalmente, olhando os meninos. “Estive observando os dois se esgueirarem para a parte de trás a cada meia hora com seus amigos para beber vodca e aquela garrafa nojenta de rum barato.”

Encolho-me. Sei que os garotos beberam. Posso dizer pela forma como se tornaram lentamente mais soltos durante a noite, mas não percebi que foi tanto assim.

Cab ergue as mãos, parecendo o mais sóbrio dos dois. “Não fizemos nenhum dano, minha casa é apenas a alguns quarteirões.”

“Então ande porra.” Ham rosna, dando mais alguns passos para frente.

“Vamos.” Callie concorda, virando e murmurando a palavra “desculpe” antes de me soltar e correr para seu namorado. “Você é um fodido idiota, Trent. Disse para esperar até chegarmos à casa de Cab para começar a beber.” Ela repreende enquanto ajuda Cab a levanta-lo.

Parece que nos últimos cinco minutos desde que decidimos sair, ele de repente passou de ligeiramente embriagado e feliz para quase em coma.

“Ainda quer vir, Meyah?” Asha pergunta com cautela, mantendo-me perto.

Não posso afastar meus olhos dele. Estou com raiva. Furiosa que não só ele me abandonou, mas agora fica aqui, todo macho alfa de merda na frente dessas pessoas que foram meus amigos e ajudaram a fazer esta noite quando ele não pode.

Os olhos de Ham queimam buracos através de mim. Eles estão ameaçando, mas não assustadores como se fosse um predador esperando que eu corra para poder me caçar e me punir. Recuso-me a desistir, nem por um segundo permitindo que ele pense que pode me machucar como fez esta noite, e então vir aqui e forçar seu caminho de volta.

“Vou levá-la para casa.”

Meus olhos ardem e luto arduamente para conter as lágrimas, mas também não estou disposta a quebrar na frente dos meus amigos, amigos que gostaria de manter, se possível sem o motoqueiro por quem estou apaixonada assustá-los para longe. Só preciso manter a compostura um pouco mais.

Asha se inclina perto apertando minha mão na dela e baixando a voz. “Posso ver por que quer ficar aqui e não se mover.” Ela sussurra, brincando. “Esse menino é todo sexy e tentador, e está olhando para você como se não houvesse nada que não faria para torná-la dele.” Sua risada suave me aquece um pouco e me faz pensar que apenas talvez, esta noite não seja um completo e total fracasso. Caminhamos para as escadas, precariamente ajudando o equilíbrio um do outro até chegarmos ao final, e Cab estende a mão para ela.

Callie abandona Trent por um momento me dando um abraço apertado, antes de se voltar para debaixo do braço dele. “Vamos te ver na escola segunda?”

Sorrio e assinto. Todos dizem adeus, e observo enquanto passam pelo carro de Trent e vão para a rua antes de desaparecerem ao virar da esquina. Assim que vão embora, viro e caminho na direção oposta que me levará através dos terrenos da escola, na direção geral de casa.

“Meyah!” Ham diz conforme faço o caminho entre o ginásio e o bloco de escritório da escola tropeçando nos meus saltos de quinze centímetros e quase plantando o rosto no concreto. Equilibro-me, agarrando o vestido de renda pura nos punhos e levantando-o para que não dificulte meus grandes avanços irritados. “Meyah, volte aqui!”

A ordem endurece minha espinha, meu corpo congelando no lugar. Está escuro como breu. Não há luzes dentro do recinto da escola, mas isso só torna a vista para a rua mais espetacular. Carros, música alta, e o riso de trezentos adolescentes enchem as ruas da nossa pequena cidade enquanto comemoramos nosso baile de formatura. Nossa grande partida. Nosso momento “é isso”.

Um par de semanas a escola terminar e, então, após este verão, começaremos a dispersar por todo o país, frequentando faculdades, contando com bolsas de estudo para pagar nossos dormitórios, e vivendo de miojo e qualquer outra coisa que possa colocar no micro-ondas. Para a maioria, é um rito de passagem, um que um monte de adolescentes antes de nós fez em sua jornada em direção à idade adulta. Um que pelo qual estou ansiosa, mais neste momento do que a apenas horas atrás.

Deixar Athens é uma decisão que me assombra desde o ano passado. Passei meses lutando comigo mesma sobre onde ir para a faculdade, enlouquecendo com listas de prós e contras. A universidade dos meus sonhos está no Arizona, um voo de seis horas até minha casa, minha mãe, o clube, e ele. Estes são os contras. Eles me deixam triste e com medo. Eles me fazem reconsiderar se estou pronta para isso.

Os prós embora?

Estarei a um voo de seis horas de casa.

Da minha mãe controladora e dominadora.

Do clube e do perigo que parecia segui-los.

E dele, o garoto em pé tão perto nas minhas costas agora, tão perto que posso sentir seu hálito quente e raivoso na minha nuca.

Ele está irritado, posso dizer por sua energia me rodeando. E sabe o quê? Simplesmente não posso encontrar forças para me importar agora.

Viro, soltando o vestido, então ele cai em volta dos meus pés e encontro Ham, olho no olho. Bem, quase isso, uma vez que ao longo do ano passado ou algo assim, ele cresceu para mais de 1,85 m., e não é mais o garoto que lembro. “O que está fazendo aqui? O que você quer?” Digo, estreitando os olhos e tentando engolir a emoção o suficiente para segurar as lágrimas. Estou cansada de chorar na frente dele, ficar amuada e contar a ele todos os meus problemas, como se fosse uma garotinha. Quero ser mais forte.

“Quero que pare de se afastar de mim como uma maldita pirralha mimada, e me ouça porra.” Ele rosna, estendendo a mão e agarrando meu pulso.

“Não fale assim comigo.” Cerro meus dentes. “Não fale comigo como se eu fosse uma criança.” Tento puxar minha mão de seu agarre, mas tudo que ele faz é chegar mais perto com cada puxão. Logo me vejo contra uma parede, escondida nas sombras de uma entrada que normalmente leva aos corredores do departamento de ciência, mas as portas estão trancadas.

Ele pega minhas mãos e as coloca acima da minha cabeça abaixando sua boca, então ele roça minha orelha. “Então talvez deva parar de agir como uma.”

Há vozes, risos, os alunos com a mesma ideia que nós tivemos de sair mais cedo e festejar em outro lugar, onde não há professores e regras.

Luto contra Ham quando eles parecem se aproximar, vozes profundas e a leve conversa de meninas misturadas com o clicar de seus saltos contra a estrada a seis metros de onde estamos, mas somos cobertos pelas sombras. Duvido que possam nos ver conforme passam, mas com a forma como meu coração está disparado, juro que podem ouvi-lo bater contra meu peito.

Seus lábios encontram meu pescoço, e arfo. O grupo de pessoas para e nos olha. Quero fugir, minhas bochechas queimando, sabendo que se eles se aproximarem seremos pegos, temendo os rumores que se espalharão pela escola em questão de horas.

Ham, no entanto, mantém seu corpo contra o meu, não permitindo qualquer movimento ou fuga, sua boca lentamente me atormentando enquanto seus lábios dançam sobre meu pulso vibrando. Ele me tem presa, e com a raiva correndo em minhas veias, neste momento, em vez de querer empurrá-lo e golpeá-lo no nariz, estou ficando quente, meu corpo traindo minha mente.

Os adolescentes logo desconsideram o que ouviram e continuam no caminho para o estacionamento do outro lado da escola. Com o perigo imediato retrocedendo, minha autopreservação dá as caras.

“Terminou?” Silvo, movendo meus quadris.

“Nem perto, porra.” Ele responde sombriamente no meu ouvido. Meu corpo estremece em resposta. “Você quase entrou num carro com um motorista bêbado, Meyah.”

“Eu não...”

Ele solta um dos meus pulsos batendo a palma da mão contra a parede de tijolos atrás de mim, fazendo-me ficar um pouco mais reta. “Não me venha com besteira.” Ele avisa, o tom de sua uma voz grita para eu não discutir. “Se não estivesse lá, possivelmente poderia ter entrado no carro e, então quem sabe que porra poderia ter acontecido.”

Finalmente puxo minha outra mão de seu aperto e empurro com força contra seu peito, com raiva o suficiente para forçá-lo a dar um passo atrás. “Mas você não estava lá. Você desapareceu. Nenhuma palavra. Nada por dias.” Não consigo parar as lágrimas agora. Mas não são lágrimas ai-de-mim, são de vá se foder. “Talvez o último par de semanas não signifique merda nenhuma para você, mas significaram algo para mim. Você significa algo para mim. Então, como se atreve a pensar que pode simplesmente levantar e sair, e, em seguida, aparecer do nada e esperar que eu respeite e ouça o que tem a dizer? Respeito vem dos dois sentidos, Hamlet.”

Recuso-me a deixar que outra pessoa me segure ou me trate como se eu não fosse digna de ter uma opinião ou escolha. Ele deveria ser diferente, ele deveria me ouvir, empurrar-me para ser quem quero ser. Ele deveria ter minhas costas.

Nem sequer tenho tempo para me preparar antes dele vir para mim, suas mãos indo direto para minha bunda e me levantando do chão antes de forçar minhas costas contra a parede com um baque. Meus braços envolvem seu pescoço e minhas pernas firmemente agarram sua cintura, não exatamente feliz com a ideia de pousar no chão duro de concreto. Deveria estar com medo, a escuridão em seus olhos me dizendo que talvez fui longe demais. E quando ele fala, de repente sei o porquê.

“Perdi as duas pessoas que mais importavam para mim neste fodido mundo porque um cara decidiu beber demais e dirigir para casa.”

Meu coração instantaneamente dói. Como se alguém enfiasse uma adaga diretamente por ele, e estou neste momento, ciente do que trouxe esta raiva e emoção. Posso sentir a dor em sua voz, a raiva e a frustração que sente em direção a minha ignorância. E puta merda, é uma pílula difícil de engolir. Rapidamente o puxo para perto, meus dedos afundando em seu cabelo e segurando sua testa contra a minha. “D-desculpe.” Sussurro, minha voz falhando.

Não o deixarei fugir com o que ele fez. Mais tarde ele vai ouvir tudo sobre quão irritada estou. Mas naquele momento, sinto que o que importa mais é puxa-lo de volta ao presente e ajuda-lo a ver que estou aqui, estou bem, e fui estúpida por esse erro que poderia tê-lo destruído.

"Aquele momento roubou tudo de mim.” Seus dedos afundam dolorosamente na minha bunda, e ele pressiona os quadris para frente, empurrando forte contra mim. “Você tem alguma ideia de quanto dói pensar em te perder para essa merda, também? Acha que posso lidar com a perda de mais uma pessoa que amo pra caralho por causa dessa merda?”

Ama?

Não tenho certeza do quanto mais posso lidar agora, então me inclino para frente e pressiono os lábios nos dele. “Estou bem aqui.” Digo, agarrando seu cabelo longo entre os dedos. “Eu estou bem aqui. Inteira. Com você.”

“Prove.”

 

CAPÍTULO 23

HAM

Mereço ter minha bunda chutada por não planejar a merda com Romeo melhor ou deixá-la saber o que está acontecendo. Estive acordado por dois dias, tirando um cochilo ou dois, mas ainda pronto para aguentar cada segundo necessário para fazer as pazes com ela, incluindo, finalmente, fazê-la minha.

Observei os dois idiotas entrarem e saírem do baile com seus amigos, puxando garrafas e frascos de Deus sabe onde, e bebendo como se fosse água. É ótimo e excelente pra caralho quando sente o zumbido. Isso te dá mais confiança e ajuda a se soltar um pouco. Mas em uma hora mais ou menos, pela forma como aqueles adolescentes beberam, eles não serão capazes de andar e muito menos festejar. Então, observar Meyah sair com eles, o idiota número um balançando as chaves, mas mal conseguindo descer a escada.

Fiquei irritado.

Não apenas por eles beberem e pensarem que está tudo bem dirigir.

Mas por Meyah não usar a voz que sei que ela tem para protestar.

Poderemos falar sobre isso mais tarde. Poderemos discutir, e ela pode gritar comigo por deixá-la no frio, e posso censurá-la sobre como beber e dirigir destrói a vida das pessoas. Mas agora, tudo o que quero fazer é saber que ela está aqui. “Não posso te perder. Não quando acabei de conseguir minha família de novo.”

Ela levanta a sobrancelha, obviamente, sem ter ideia do que aconteceu ao longo dos últimos dias. Não sobre Phee aparecer, ou nós tirarmos Romeo da prisão. Ela não tem ideia. Sinto como se tivesse ido de um ponto alto para um baixo, e agora só quero esquecer tudo e tê-la.

“Quer explicar?” Ela pergunta, inclinando a cabeça de lado. Seus dedos ainda acariciam meu cabelo, acalmando a fúria idiota dentro de mim, mas trazendo a outra besta que mantenho enterrada.

“Depois.” Baixo-a, permitindo-lhe colocar os saltos que usa no concreto. Eles a deixam mais alta, então não tenho que me abaixar para capturar seus beijos, e eles estão prestes a ter outro proposito. “Vire-se.”

Ela me olha nervosamente, mas sinto o calor de sua buceta contra meu pau, e não há um monte de material neste fodido short. Ela está excitada.

Já me certifiquei que não há câmeras de segurança onde estamos escondidos, numa pequena entrada coberta do edifício. Não há maneira no inferno que alguém veja qualquer parte de Meyah que considero minha.

Afasto seu cabelo e o empurro sobre um ombro deixando o outro nu. Ela sempre cheira incrível. É sutil, e talvez apenas o que resta de seu sabonete ou xampu. Seja o que for, é viciante, e não posso evitar correr o nariz ao longo de sua pele conforme pressiono os lábios suavemente lá.

“Mãos na parede.” Peço, meus dentes mordendo o lóbulo de sua orelha.

“Ham...” Ela sussurra, estremecendo ao meu toque. “Nós realmente devemos...”

“Confie em mim.”

Por um segundo, acho que isso pode ser demais. Meyah, em sua maior parte, é quieta e tímida. Embora lute de volta recentemente, ainda há uma parte dela que se importa tremendamente com o que as pessoas pensam e o que acham. Algo como foder minha mulher nas sombras, sabendo que as pessoas podem passar por nós e nunca saber o que está acontecendo na escuridão, tem meu pau esticando desconfortavelmente. Para Meyah, porém, esse é um território assustador, e nunca a forçarei a fazer algo que não queira.

Suas mãos levantam lentamente e pressionam contra a parede de tijolos. Esta é minha mulher confiando em mim, e santa porra se isso me faz querer agradá-la mais do que nunca. Pressiono por trás, sabendo que ela pode facilmente sentir meu pau duro através do shortinho apertado que usa. O pedaço de renda por cima é basicamente irrelevante, então o agarro com as duas mãos e puxo, rasgando acima do centro.

Ela arfa, olhando por cima do ombro. “Você não acabou de...” Ela para.

Dou de ombros, deslizando as mãos por dentro da fenda que acabei de criar e alcançando ao redor para encontrar três ou mais botões e o maldito zíper. O primeiro botão a faz ficar um pouco mais ereta, o segundo produz uma aceleração em sua respiração. No momento em que o terceiro se desfaz, seguido do zíper, ela está pressionando a bunda contra mim e arqueando as costas. Gemo em apreciação conforme puxo, apenas tendo espaço suficiente para minha mão deslizar dentro e encontrar exatamente o que espero.

Quente e úmido, seu clitóris já inchado e esperando por mim.

Meus dedos roçam por ele arrancando um gemido leve e gracioso de sua boca. É mágico, doce, e quero ouvir mais. Desta vez, adiciono um pouco mais de pressão, e suas mãos que estão pressionadas na parede curvam-se em punhos. “Hamlet.” Ela geme suplicante. “Vamos ficar em apuros.”

Sorrio baixinho e me inclino para frente pressionando a parte superior do seu corpo contra a parede, segurando sua bunda para trás e roçando-a com meu pau. “Você já está em apuros.” Murmuro em seu ouvido, apreciando o som de seu suspiro indignado.

“Desculpe?” Ela pergunta, embora sua voz esteja um pouco instável, juntamente com as pernas quanto mais a elevo. “Eu acredito... que é você... que está... atrasado.”

Sorrio, pressionando os lábios em seu ombro nu. “Bem, mais tarde pode ter o que quiser por isso. Agora, é minha vez, e concordou em me mostrar que está aqui mesmo, inteira, comigo.” Repito o que ela disse, palavra por palavra.

“Humm.” Ela geme, jogando a cabeça para trás e fechando os olhos. Aproveito, decidindo que agora é meu momento. Não quero que isso continue para sempre, não foi feito para isso. É excitante, perigoso, e destinado a ter seu coração acelerado.

Agora mesmo, ele está.

Posso ouvir mais passos, e sei o segundo que Meyah ouve também. Ela tenta se afastar, mas a seguro mais forte, recusando-me a remover o dedo de seu clitóris. Em vez disso, acelero, dedilhando mais rápido, movendo a mão por seu corpo até o peito. O espartilho que ela usa é quase demasiadamente fácil, um puxão e ambos os seios saltam, totalmente livres.

Vozes e risadas de um casal adolescente enchem o ar. Um menino e uma menina.

“Vamos, Dean.” Uma voz leve incita. “Alguém vai ver.”

“Evie, ninguém está por perto, esteve roçando em mim toda a noite, e meu pau está duro como pedra. Apenas o chupe, vamos lá...” Dean incentiva sua dama que parece pensar sobre um convite tão sedutor.

Eles não estão muito longe, ao virar da esquina de onde nos escondemos. Mais alguns metros, e eles irão nos ver.

Tomo o seio de Meyah na mão apertando seu mamilo no espaço entre meus dedos. Meyah geme, seu corpo derretendo, os quadris moendo contra minha mão. Seus mamilos são sensíveis, então os uso, e parece ser o que ela está procurando. O que preciso para enviar seu corpo ao limite.

“Ouviu isso?” Evie pergunta em pânico.

“Não, bebê, não há ninguém.”

Meyah goza forte em minha mão, seu corpo contorcendo-se em meus braços. Gemidos suaves e murmúrios de prazer saem de seus lábios. Os que normalmente exigiria ouvir em voz alta, mas permito que sejam baixos para evitar sermos encontrados. Meus lábios encontram seu pescoço outra vez, beliscando e sugando a pele quente enquanto ela desce de sua onda.

Evie e Dean continuam a discutir no canto, e apenas quando penso que Meyah vai escapar e assumir o controle, ela se estica, a mão lutando para desfazer minhas calças.

Estou surpreso.

Estou feliz em dar-lhe isto, e levá-la para casa. Mas quando acaba, ela quer mais. “Do que precisa?” Sussurro contra seu pescoço.

“Você.” Ela responde, sua respiração ainda pesada, a mão se movendo com urgência.

“Diga as palavras.” Peço, um tanto divertido e intrigado.

“Ham…”

“Meyah...”

Ela rosna como um gatinho quando suas mãos finalmente conseguem me livrar da calça. A mulher que amo pra caralho me surpreendendo mais uma vez, quando nem sequer se preocupa em perguntar, mas em vez disso, desliza o short por sua bunda até os joelhos e agarra meu comprimento, alinhando-me perfeitamente com sua buceta antes de pressionar para trás.

Debruço-me sobre ela, apoiando as mãos na parede e pressionando a testa contra suas costas.

Jesus fodido Cristo, esta mulher.

“Vamos, Dean.” Evie resmunga nervosamente. “Continuo ouvindo coisas. Podemos apenas ir?”

Seus passos se aproximam cada vez mais. Eles têm que passar por nós para chegar ao estacionamento.

Dean geme. “Tudo bem, mas bebê... só quero fazer você se sentir bem.” O adolescente sujo diz conforme passa o braço em volta dos ombros dela. Prendo a respiração enquanto passam, muito ocupados para perceber que estamos ali na escuridão.

Conforme eles saem, Meyah coloca as mãos no interior das minhas e começa a pressionar para trás e para frente, fodendo-se no meu pau.

Deveria me sentir violado.

Mas é uma das coisas mais sexys que já vi. Ela se recusa a pedir por isso. Ela quer que eu a foda, precisa disso desesperadamente, mas em vez de dizer as palavras, decide apenas tomar o que quer. “Porra.” Xingo sob a respiração, resistindo à vontade de assumir o controle.

Pensei que esta seria minha punição?

“Foda-me.” Ela sussurra, movendo-se mais rápido, mas oscilando um pouco nos saltos. “Por favor, Ham.”

Sorrio. “Agora precisa de mim? Acaba de pegar meu pau como se o possuísse.”

“Eu possuo.”

Minhas sobrancelhas sobem, e um sorriso se forma no canto da minha boca.

Sim.

Esta mulher.

Ela me surpreende todos os fodidos dias.

Meyah está crescendo, tornando-se mais confiante, tomando o controle, em mais maneiras do que essa, e apenas possuindo sua vida. Ela está florescendo na flor mais bela que já vi, e estou com ela, pronto para apoiá-la quando precisar de mim.

Exceto esta noite.

Hoje à noite não estive, e devo a ela por isso.

Mas a coisa é que ela não precisa de mim. Meyah entrou lá sozinha, se divertiu com as amigas, e não fugiu ou se escondeu no canto. Estive lá por mais tempo do que ela sabe, pronto para fazer uma jogada, se ela precisasse de mim, mas não direi a ela.

Porque ela não precisou.

Ela é mais forte do que pensa.

Coloco as mãos em seus quadris apertando a carne macia, o rubor de sua pele tão atraente enquanto goza.

Só porque ela é forte, não significa que ainda não amo ser o único a trazê-la aos seus fodidos joelhos.

Recuo, dirigindo meu pau profundamente dentro dela, grato que aquelas crianças se foram, porque o grito de prazer que sai de sua boca é erótico e definitivamente não silencioso.

“Toque-se.” Ordeno, batendo dentro dela de novo e de novo apenas acelerando quando sinto sua mão alcançar a buceta. “Toque-se.”

Ela acaricia para frente e para trás, seus músculos internos apertando e as pernas tremendo. “Oh Deus, Hamlet.” Ela geme, lutando para manter-se de pé.

Não estou muito melhor a sentindo apertar meu pau, lutando arduamente para mantê-lo dentro dela. “Maldição!” Digo, saindo e deixando meu pau cair na mão, usando seus sucos para continuar me acariciando, pronto para explodir. Meu gozo saí, cobrindo o arco de suas costas enquanto ela goza, seus dedos ainda freneticamente acariciando o clitóris.

Continuo acariciando meu pau derramando a última gota em sua pele perfeitamente intocada, mas resistindo à vontade de ser um homem das cavernas idiota e esfrega-lo, completamente cobrindo-a com minha porra.

Nossa respiração pesada ecoa no pequeno espaço confinado, e sinto que a temperatura deve ter subido. Ela está tentando se sustentar, mas posso dizer que suas pernas não estão concordando então me ajoelho e seguro seu pé nas mãos, puxando cada um dos saltos e colocando-os de lado. Eles vêm a calhar para colocar sua buceta na altura perfeita para foder. Mas agora que cumpriram seu dever, a última coisa que quero é carrega-la para casa com um tornozelo quebrado e ter que explicar que foi porque teve as pernas instáveis após gozar.

Pressiono os lábios no exterior de sua coxa, e ela estremece, olhando para mim.

“Não pense que está tudo bem agora.” Ela promete, mordendo os lábios num sorriso tímido. “Não pode simplesmente me foder e escapar com esse atraso.”

Assinto. “Eu sei, punhos em fúria. Vamos te limpar, e voltar ao clube. Tenho tanta coisa para te contar. Pessoas para você conhecer.”

Família para reunir.

 

CAPÍTULO 24

MEYAH

“Queria que estivesse lá para ver.” Emma ri enquanto caminhamos pelo corredor. “Acontece que não somos as únicas cansadas da atitude de Nick.”

Passando a mochila sobre o ombro, balanço a cabeça em descrença. “Não posso acreditar que eles praticamente deram uma de Carrie2 com ele.”

As meninas tinham razão na outra noite, Nick ganhou o rei do baile praticamente sem oposição. Mas, aparentemente, não porque as pessoas queriam que ganhasse. Foi porque o time de futebol finalmente decidiu dar um foda-se e encontrou uma maneira de se vingar depois de uma temporada inteira aturando a besteira de Nick se quisessem permanecer no time.

Acontece que não sou a única na lista negra de Nick. Ele foi tão idiota com sua equipe, falando sobre suas habilidades e os culpando quando perdiam. A maioria vai para a faculdade e não tem nada a perder.

“Pensei ser sangue de verdade por um momento, mas alguém disse que apenas encheram um balde com tinta vermelha e lama.” Emma continua, incapaz de afastar o sorriso do rosto. Acabou que Eagle estava certo, alguns meses numa escola de verdade, e ela está se transformando numa verdadeira adolescente, ansiando drama e todas as besteiras que vem com isso. “Estou tão decepcionada que perdeu. Embora, ouvi que há um vídeo circulando.”

Meus olhos iluminam, e agarro o braço dela. “Preciso encontrá-lo.” Sorrio enquanto saímos das dependências da escola e passamos os campos de tênis. “Sinto que devemos ter uma sobremesa gelada para comemorar.”

Emma salta na ponta dos pés de emoção. “Sim, vamos àquela sorveteria da última vez. Eagle disse que só poderá me pegar na sua casa as 16:30, então definitivamente temos tempo.”

Não posso deixar de sorrir. Ainda é estranho o modo que Emma fica animada com as pequenas coisas da vida, como sorvete e reality shows. Não posso imaginar o que foi para ela viver sem coisas como celular, lava-louças e chocolate. Deus ajude qualquer um ao meu redor se tiver que sobreviver aquela época do mês sem uma barra inteira de chocolate.

Não é longe da escola até a sorveteria no meio da cidade. O fluxo de estudantes lentamente assume nossa pequena cidade. Estamos todos em busca de comida e guloseimas e qualquer coisa que possa nos dar o impulso que precisamos após um dia inteiro de forçar nossos cérebros a aprender coisas que nunca usaremos novamente.

“Meyah Benson?”

Paro na calçada algumas portas abaixo da sorveteria conforme um homem dá um passo a nossa frente. A cor da roupa dele imediatamente o identifica, mesmo antes de eu notar o distintivo e chapéu.

“Sim, senhor?” Respondo, fui ensinada a ser respeitosa com a polícia.

Sei que o clube muitas vezes tem problemas com eles. Não estou dizendo que o clube é inocente. Também sei que há coisas que se passam por trás das portas que não deveriam acontecer. Os Brothers by Blood são 1%, e não conseguiram esse título sem merecê-lo.

A coisa é, simplesmente não me importo.

Este é o personagem de fora.

Conheço a verdade, e sei que tudo o que fazem é pelo clube e pelas pessoas com quem se preocupam. E por causa disso, escolho ficar no escuro. Já vi coisas que nenhuma pessoa em sua vida inteira deve ver. Corpos mortos. Ferimentos de bala. Assassinato. É o que é, e não muda a forma como me sinto sobre eles.

“Se puder ter um momento do seu tempo.” O policial pede educadamente, indicando a viatura estacionada no meio-fio. Ele volta sua atenção para Emma, que noto estar o observando com ceticismo e um olhar estreito. Ele pega o chapéu entre os dedos e abaixa a cabeça para ela. “Não vou mantê-la por muito tempo.”

Emma parece preocupada, então estendo a mão e aperto seu braço. “Está tudo bem, será só um momento. Vou te alcançar.” Certifico-me de soar tão confiante quanto possível, mesmo que esteja um pouco insegura do por que ele quer falar comigo, pensando que talvez a puta da mãe de Nick realmente me denunciou.

Emma franze o nariz e assente, segurando seus livros perto do peito enquanto caminha pela calçada. Ela olha por cima do ombro nervosamente enquanto desaparece ao virar da esquina para a sorveteria atrás de um punhado de adolescentes.

“Meu nome é Policial Visser. Se está tudo bem, gostaria de fazer isso o mais privado possível.” Ele indica, guiando-me em direção ao carro da polícia. Obedeço e abro a porta do passageiro, entrando enquanto ele contorna o veículo.

Quando finalmente estou dentro, viro o corpo em direção a ele. “Fiz algo errado?” Pergunto um pouco nervosa, mas tenho certeza que ele é um policial, e não estou em perigo.

Aparentemente, estou errada.

Ele tira os óculos escuros e os coloca sobre o painel antes de voltar o olhar para mim. Um arrepio me percorre, a cor azul clara de seus olhos me lembrando de gelo. “Srta. Benson.” Ele se dirige a mim, a doçura e tom casual substituídos por algo mais duro e desonesto. “Seu tio é parte do MC local, não?”

Minha boca de repente seca, e engulo para tentar adicionar um pouco de umidade antes de falar. “Sim, senhor.”

“E seu namorado?”

Tecnicamente Ham e eu não somos um casal. Então, embora queira gritar aos quatro ventos que ele é meu, meu primeiro instinto é o de admitir a verdade. Especialmente a um policial, não importa quão embaraçoso seja. “Hum... não tenho certeza do que quer dizer. Eu não...”

Sua mão se move como um relâmpago agarrando meu pescoço e forçando minha cabeça para trás contra o encosto do bando. Arfo de susto, e ele aperta com mais força. Posso sentir a aspereza de sua pele, os calos no interior da palma da mão contra minha garganta quando ele coloca mais e mais pressão contra minha traqueia.

“Vai ouvir com muito cuidado.” Ele avisa, mantendo a voz baixa e terrivelmente calma.

Meus olhos se movem, olhando para fora das janelas, imaginando por que ninguém está batendo nelas para fazê-lo me libertar, mas não há ninguém por perto. Não pensei nisso antes, mas a rua em que estamos é tranquila, com poucas lojas que precisam de tráfego a pé. Somente a usamos porque é o caminho mais curto para chegar onde queremos ir, mas parece que a corrida de estudantes seguindo para a cidade desapareceu.

“Olhe para mim.”

Tentando acalmar meu coração, movo os olhos para encontrar os dele. É difícil explicar o sentimento que tem quando olha alguém nos olhos. Normalmente, uma emoção te atinge, seja alegria, raiva ou até mesmo confusão. Dizem que os olhos são a janela para a alma. Se for assim, tenho quase certeza que a dele está morta. Se a cor de seus olhos for qualquer indicação, está congelada.

“Seu namoradinho e seu clube...” Ele começa. Debaixo de seu bigode tão bem cuidado e riscado de cinza, seu lábio contrai um par de vezes, a única indicação de que está tudo menos calmo e sereno. “Preciso passar uma mensagem. Desde que a que deixei com Romeo não parece ser clara o bastante.”

Seu aperto diminui ligeiramente, e luto contra a vontade de respirar fundo, tanto quanto possível apenas no caso dele estar fodendo com minha cabeça. Só preciso ouvir o que ele tem a dizer e dar o fora sem irritá-lo. Posso jurar que sinto meu coração parar quando sua mão começa a se mover para baixo, para o centro do meu peito, seus olhos a seguindo. Assim que ele alcança a curva do meu seio, sei que não posso deixar que isso aconteça, não posso sentar e deixá-lo me tocar ou machucar.

Não sou mais aquela garota.

Recuso-me a ser esta garota.

Com toda minha força afasto sua mão e, em seguida, empurro seu peito, a força do movimento fazendo a viatura balançar. Abro a boca para gritar, mas um duro golpe na minha bochecha joga minha cabeça de lado, batendo-a contra a janela, sem dúvida, reforçada. Atordoada e com dor, gemo alto, enrolando meu corpo em direção à porta e estendendo a mão para minha cabeça, imaginando se a parti. Meu rosto já se sente duas vezes maior, e tento não soluçar abertamente devido à dor excruciante.

Infelizmente, não termina aí.

Ele agarra um punho cheio do meu cabelo na parte de trás da cabeça, a lesão fresca fazendo-me gritar quando ele o puxa tanto que meu corpo se inclina para trás no painel central, e está quase em seu colo.

Não sei o que fazer. Devo gritar por ajuda. Mas tudo que faço é lutar e tentar brigar de volta. Mesmo que minha visão esteja turva, e na minha cabeça, tudo pareça um pouco nebuloso, tudo o que sei é que estou em apuros, e preciso dar o fora daqui.

“Putinha estúpida.” Ele murmura, usando a mão livre para acertar meu rosto de novo, o que tenho certeza é onde ele acaba de acertar seu punho, e que agora explode como um balão.

Girando e virando, luto contra seu agarre, meus pés chutando a porta e a janela tentando fazer tanto barulho quanto possível. Vejo a unidade de chamada da polícia que está no painel e estendo a mão, sem qualquer ideia do que estou fazendo, mas imaginando se posso talvez alertar alguém do outro lado, ou pelo menos fazer o suficiente para deixá-lo em pânico. Meus dedos roçam o microfone, e com um rosnado profundo em sua garganta, de repente, ele empurra, fazendo-me voar contra a porta. Minha mão se atrapalha enquanto luto para encontrar a maçaneta de prata, a superfície elegante e suave sob meus dedos queima meu corpo e atira meu coração para a garganta.

“Não faria isso se fosse você.”

 

CAPÍTULO 25

Ham

O rugido de uma moto surge do lado de fora. É a forma como as pessoas saem que te diz o que você precisa saber. O borrifo de cascalho e aceleração me dizem que precisam chegar a algum lugar rápido pra caralho.

“Sarah! Corra para cima e pegue o kit de primeiros socorros do meu quarto.” Skins grita, quando vem correndo atirando ordens em uma das mais recentes meninas do clube. Ela não perde uma batida, imediatamente joga o pano que ela estava usando para limpar as mesas e faz um caminho mais curto para a escada.

Um arrepio instantaneamente desce pela minha espinha, e me levanto do banco em que estou sentado deixando meu taco de sinuca encostado na parede. Romeo sente isso, também, seu rosto instantaneamente faz uma carranca profunda enquanto Phee alheia a isso faz sua jogada na mesa de sinuca. Passamos algum tempo juntos, é como uma espécie de conhecer uns aos outros novamente, eu acho. Algumas partes são fáceis, outras são estranhas e realmente fazem sentir emoções por dentro que não poderia ter imaginado. Bom ou mal, porém, estou aproveitando meu tempo com meus dois irmãos. E apesar de saber que ainda há um monte de coisas que Romeo está escondendo, e a confiança entre nós ainda está pairando no ar, estou feliz em saber que ele está disposto a tentar e que não vai me afastar.

“O que está acontecendo?” Pergunto, ainda mais confuso quando Skins pede a uma Hadley muito grávida para conseguir para ele um par de toalhas.

Skins corre para o sofá mais próximo e rapidamente o limpa. “Não sei o que você sabe, mas Eagle acabou de ligar e disse que alguma merda aconteceu. Ele está trazendo Meyah em sua moto.” Ele continua movendo almofadas, e quando Sarah pula dois degraus de cada vez escada abaixo com a bolsa médica de Skins e a coloca ao lado dele, imediatamente me sinto doente pra caralho.

“Ela está ferida?” Romeo pergunta seriamente, tentando entender o que está acontecendo.

“Alguém precisa pegar Op.” Skins indica a ninguém em particular.

Hadley aparece do corredor com toalhas pretas. “Sem problema, liguei para Leo. Ele deverá estar em uma reunião, mas estão saindo agora.” Ela explica, jogando as toalhas e retornando suas mãos vazias para sua barriga do bebê, movendo a mão sobre ela delicadamente quando volta sua atenção para Skins. “Agora me diga, Meyah está consciente?”

Skins assente. “Sim, Eagle disse que ela estava acordada e conversando.”

“Para o que são as toalhas?” Phee pergunta, finalmente vindo investigar, mas eu já sei a resposta.

“Sangue. Ele disse que havia um pouco de sangue.”

Romeo se aproxima observando a maneira que Skins meticulosamente tira ataduras e equipamento de pressão arterial, qualquer coisa que ele pensa que poderá precisar. São colocados sobre uma toalha limpa. “Você sabe o que está fazendo? Isso não é um pouco exagerado?”

Skins não se incomoda em olhar para ele. “Fui um EMT3 por anos. Não sou médico, mas sei o que estou fazendo. Eagle não falou muito, mas ouvi golpe na cabeça e sangue, então vou me preparar para o pior e esperar pelo fodido melhor.”

Não sei o que dizer enquanto fico lá com meu irmão esperando e esperando. Tenho imagens na cabeça que me fazem querer vomitar.

Meyah está ferida.

Ela está sangrando.

Que porra aconteceu?

Cerro os punhos ao meu lado, pronto para socar um fodido buraco através da maldita parede. “Por que isso está demorando tanto? Se eles estivessem apenas em Athens, não deveriam levar tanto tempo para chegar aqui.” Eu me preocupo, meus olhos continuam indo para a porta aberta como se eu não pudesse ouvir o rugido da moto de Eagle no complexo.

Naquele momento, o som dele mudando de marcha para atravessar os portões faz meus pés se moverem com meu irmãozinho bem atrás de mim.

Ele está se movendo lentamente, e então percebo por que levou tanto tempo para voltarem ao clube. As meninas normalmente ficam na parte de trás e se seguram, Eagle colocou Meyah na frente dele e a prendeu. Ela está recostada nele. Foi uma carona difícil e desconfortável, e isso deixou as coisas muito lentas.

Ele se aproxima parando sua moto apenas a alguns metros de onde Romeu e eu estávamos de pé. No momento em que ele coloca os pés no chão, corro para frente. Ele já está levantando-a debaixo dos braços e passando-a para mim. Ela está acordada, seus olhos abertos e alertas, mas ela parece um pouco atordoada, e toda sua bochecha direita está tão machucada e inchada que quase força seu olho a fechar. Eu a embrulho em meus braços.

Eagle é rápido a me segue chutando seu apoio e descendo da moto. “Não sabia se ela seria capaz de segurar se a colocasse nas costas, essa era a única maneira que poderia trazê-la aqui.”

Concordo, entendendo completamente. Eu teria feito a mesma coisa em vez de esperar que alguém trouxesse um carro. Ela funga em meus braços e se aconchega mais perto do meu peito. É quando olho para baixo de novo, noto que ela tem uma mão pressionada no lado de seu pescoço e sangue mancha seus dedos. “Fodido Cristo.” Xingo, seguindo para a porta e levando-a direto para onde Skins está esperando. “Tenho que te abaixar, Meyah.”

Ela choraminga, mas me dá um aceno de cabeça, e gentilmente a deito no sofá que Skins cobriu.

Minha irmãzinha arfa atrás de mim. “Oh meu Deus.” Ela sussurra em horror, mas eu não posso focar nela agora. Caio de joelhos ao lado de Meyah, tentando ficar fora do caminho, mas me recusando a mover longe demais. Skins terá que trabalhar ao meu redor.

O som de mais motos soa ao fundo enquanto assisto Skins trabalhar. Ele ilumina com um pouco de luz seus olhos e pressiona suavemente contra o hematoma já escurecendo na bochecha de Meyah. Ela se afasta ao primeiro toque, cada músculo em seu corpo tensionando me diz o quão doloroso é.

“Que porra aconteceu!” Leo ruge enquanto entra pela porta, Blizzard e Op bem atrás dele. “Onde ela está?”

“Aqui.” Eagle responde, acenando para o sofá onde estou agachado. Skins continua a examiná-la como se não houvesse nada acontecendo ao seu redor. Aprecio o fato de que Meyah é sua primeira prioridade e fodam-se todos os outros.

Seguro a mão dela na minha, meu polegar desenhando círculos na parte de trás da sua mão. É um hábito que tenho em situações onde fico nervoso ou inseguro sobre o que dizer. Minha mãe costumava fazer isso quando éramos pequenos, se estávamos sentindo medo ou sobrecarregados. O padrão contínuo era calmante. Isso nos fazia focar em algo mais, algo previsível e reconfortante.

“Meyah, preciso olhar seu pescoço.” Skins pede. Quando ela balança a cabeça, recusando-se a puxar a mão, ele se vira para olhar por cima do ombro para mim. “Preciso ver quão profundo é.”

Inalando pelo nariz, levanto-me e movo em torno de sua cabeça olhando diretamente para ela. “Skins precisa ter certeza de que não é muito profundo, Meyah.” Sussurro, escovando os fios loucos de cabelo longe do seu rosto. Ela olha para mim, e juro naquele momento, quero pegar quem a machucou e mergulhá-lo em gasolina antes de atear no fogo. Seus gritos serão como uma fodida música para meus ouvidos.

Ela está assombrada, a Meyah que está olhando para mim não é a Meyah que dei um beijo de adeus quando saiu para a escola esta manhã. A dor em seus olhos não é apenas física, é mental e deixará uma cicatriz.

Tento manter o meu tom leve, embora por dentro eu esteja gritando para rasgar pedaços de alguém. “Vamos, punhos em fúria.” Provoco, brincando, colocando minha mão sobre a dela e puxando-a gentilmente para longe. “Boa menina.”

A palma da mão dela está coberta de sangue e naquele exato momento, consigo ver por que. Então sei imediatamente, merda está prestes a bater na porra do ventilador.

“Desculpe, garotinha, preciso limpar isso.” Skins diz a ela suavemente conforme coloca um pano sobre a ferida fresca. Lágrimas escorrem pelas bochechas dela enquanto ele tenta limpar a bagunça ao redor do corte perfeito e propositadamente reto feito em sua pele.

Sento em minha bunda continuando a segurar sua mão sangrenta na minha, a mancha vermelha agora impressa em meus dedos e os braços, junto com algumas manchas no meu jeans. O sangue da minha menina derramado, cobrindo nós dois. Não é uma situação fácil de absorver na minha cabeça. Uma onda de emoções me inunda. Culpa por não estar lá para protegê-la. Raiva que alguém tenha feito isso com ela, ela é inocente, maldição.

“Quem fez isso?” Leo exige enquanto fica do outro lado do sofá olhando para sua sobrinha. Blizzard tem a mão no ombro de Leo, uma promessa silenciosa que seus irmãos têm suas costas e que ficará tudo bem.

Os olhos de Meyah se movem para mim, e aperto a mão dela, deixando-a saber que ficará tudo bem. “Acho que é melhor para ela agora se todos apenas se afastarem e deixar Skins trabalhar.” Anuncio, notando como os olhos de Leo brilham com raiva.

“Não acho que você tem o direito de tomar essa decisão por ela.” Ele desafia.

“Ela é minha.” Jogo de volta, olhando-o diretamente nos olhos, recusando-me a recuar. Ele teve sua vez. Meyah foi responsabilidade dele por anos. Não mais.

As sobrancelhas de Leo levantam em surpresa, juntamente com as de todos os outros. “Desde quando caralho?”

“Desde agora.” Tanto quanto estou preocupado, Meyah é minha desde que coloquei os olhos nela há um ano atrás. Para mim, isso foi o suficiente, mas no clube, as coisas funcionam de maneira diferente.

Uma vez que eu a reivindicar, ela é minha. Ela é minha responsabilidade, ela é minha mulher, e depende de mim protegê-la e garantir que ela esteja segura. Ela é minha Old Lady, fim da fodida discussão.

“Leo, vamos. Deixe Ham fazer o que ele acha que é melhor para sua mulher.” Op ordena, encontrando meu olhar e assentindo, deixando-me saber que ele me ouviu. “Igreja em uma hora.”

“Sim, estarei lá.”

As coisas estão prestes a serem muito diferentes.

Meyah é minha. Eu não tenho certeza se naquele momento ela entendeu exatamente o que isso significa, mas logo ela irá. Por agora, a minha prioridade é me certificar de que ela fique bem e segura. Então, descobrirei quem é o responsável, e haverá um fodido inferno a pagar.

Porque maior que o bônus de reivindicar a mulher que amo como minha, será dar o primeiro tiro no filho da puta.

 

CAPÍTULO 26

Ham


Skins fez bem trabalhando ao redor de nós dois, uma vez que Meyah se recusa a me deixar sair. E mesmo se ela quisesse que eu fosse, não há maneira que vá me afastar por um segundo. Consigo levá-la para meu quarto, e ela se aconchega contra meu peito, sua orelha pressionada no meu coração enquanto Skins trabalhava no corte em seu pescoço.

“Não vou costura-lo.” Ele anuncia. O corpo de Meyah tensiona enquanto Skins move a pele com os dedos. “Não é profundo o suficiente, e acho que vai curar bem com alguns pontos borboleta e um curativo.”

“O que são pontos de borboleta?” Pergunto, querendo saber todos os detalhes sobre o que ele está fazendo, e as coisas que ela precisará ao longo dos próximos dias enquanto seu corpo se recupera.

Ele levanta uma pequena coisa branca que parece um Band-Aid, mas é fino no meio e largo nos lados, como uma borboleta, acho. “Ele vai esticar mais e manter a pele junta para que poder curar naturalmente. Deve demorar apenas alguns dias antes de começar a parecer um pouco melhor.”

“Vai ficar uma cicatriz.” Meyah murmura suavemente. Seus dedos traçando as bordas do meu colete.

Meus olhos encontram os de Skins por cima da cabeça dela. Posso ver a raiva ardendo em seus olhos, ele tenta manter escondido por causa de Meyah. Posso imaginar que ele vê algo semelhante nos meus, embora esteja conseguindo manter essa merda confinada. E a única razão é porque agora, eu a tenho em meus braços e posso me convencer de que nada poderá tocá-la mais.

Deus me livre das coisas que poderei quebrar quando os caras me puxarem para longe, e tivermos que relembrar o que aconteceu. Espero que as Old Ladys tenham bebidas prontas. Todo o clube é protetor com Meyah. Há muitas razões, e não só porque Leo é tio dela. Não. Eles já a viram machucada. Depois de como Nick a tratou, nas vezes que apareceu aqui em lágrimas por causa dele, bem, foram mais vezes do que gostaria de contar, porra.

Lentamente, ela se tornou mais imune e tenho quase certeza que foi por causa do tempo que começou a passar no clube. Hadley a está ensinando como atirar, o que a faz se sentir mais confiante e segura de si. E porra, ela é boa atirando.

Ela cresceu, desenvolveu-se, tornou-se mais forte e floresceu em uma merda incrível.

Mas os caras no clube ainda a veem como a menina que apareceu há um ano, após o cara a quem ela deu sua virgindade largá-la e dizer para quem quisesse ouvir.

“Vou tentar deixar a cicatriz tão bonita quanto possível, querida.” Skins tenta assegurar.

“Serei capaz de vê-la no espelho?” Ela pergunta, desta vez com a voz um pouco mais forte.

“Não.” Respondo com confiança. “Está atrás da sua orelha. Então, não será capaz de vê-la se olhar diretamente para o espelho.”

Ela aperta os lábios e movo seus dedos dos patches em meu colete para baixo do meu antebraço, onde começa a traçar as linhas das minhas tatuagens. Skins toma isso como a deixa para ir em frente e faz um rápido trabalho em colocar cerca de dez pontos borboleta e enfaixa-los por agora.

“Tenho um pouco de analgé...”

“Não quero.” Ela o interrompe, e depois de alguns segundos, ela finalmente senta e se vira para ele, balançando a cabeça e franzindo o nariz. “Cristo. Estou sendo uma cadela, não é? Desculpe, Skins. Obrigada por cuidar de mim. Eu só... já estou me sentindo um pouco confusa. Não quero acrescentar algo mais à mistura.”

Skins abaixa a cabeça e se afasta da cama. “Entendo. Apenas venha me encontrar se decidir que quer algo.” Ele assegura a ela com um sorriso gentil antes de acrescentar: “Ninguém irá questionar o porquê.”

Ela abaixa a cabeça e recosta-se em mim conforme Skins sai pela porta. Posso dizer que ela está se culpando. Ela continua tentando desviar o olhar como se estivesse envergonhada. Embora não tenha dito as palavras ainda, Levi trouxe Emma de volta ao clube pouco antes de eu levar Meyah para meu quarto.

Um policial.

Ele pediu para falar com Meyah em particular, então entraram no carro dele enquanto Emma seguiu seus instintos e no segundo que virou a esquina, chamou Eagle, não inteiramente explicando o que aconteceu, mas o deixando saber que ela estava se sentindo mal com a interação.

Eagle chegou lá em minutos, mas era tarde demais.

“Sou tão estúpida.” Meyah confessa depois de momentos no quarto silencioso. “Emma sabia que algo estava errado com ele imediatamente. Como não vi? Sou uma idiota.”

“Pare.” Repreendo, enganchando o dedo sob seu queixo e a forçando a virar para mim. Quando seu olhar encontra o meu, ele é diferente. Não consigo entender. Talvez ela esteja com medo ou ainda confusa. Mas ela está nervosa com certeza. “Seu cérebro te diz que a polícia deve protegê-la, não causar dor. Emma não teve isso arraigado nela desde que era um bebê. Ela está muito mais treinada. Quando vê o mal tanto quanto ela, você apenas sabe.”

“Ele...” Ela começa a falar, mas sua voz quebra e ela para, sacudindo a cabeça com uma careta. “Ele disse que tinha uma mensagem.”

Inalo lentamente pelo nariz, soltando um longo suspiro antes de conseguir perguntar: “Qual é a mensagem?”

“Ele quer que Romeo volte para Las Vegas... que tem uma semana para voltar... ou então.”

Suas palavras roubam minha respiração, e me sinto doente. Sabemos que o passado de Romeo poderia segui-lo e que teremos que estar vigilantes, mas fazem apenas alguns dias. Estamos esperando fodidos criminosos, viciados em drogas, babacas que o mundo não sentirá a fodida falta, não um xerife do condado onde Deus sabe quem diabos carrega no bolso de trás e tem a lei do seu lado.

Merda acaba de ir ao próximo nível.

Pego a mão dela na minha, percebendo que ainda temos as mãos cobertas de sangue.

“Vamos.” Pego a mão dela, e nos arrastamos até a borda da cama. Puxando-a para fora, ando lentamente em direção ao banheiro e movo seu corpo na frente do meu enquanto estamos na penteadeira. Alcançando ao redor dela, viro a água quente antes de pegar o sabonete e esguichar algumas gotas em cada uma das nossas mãos.

Não quero que ela saiba os pensamentos loucos rodando em mim neste momento, apenas preciso me concentrar em garantir que ela está bem. E então, quando estiver com meus irmãos, faremos outro plano. Um que envolva eu ter as mãos no idiota que agora sei não ter apenas machucado a bela alma por quem me apaixonei, mas que está atormentando meu irmãozinho por Deus sabe quanto tempo.

Os olhos de Meyah estão fixos em suas mãos, enquanto ela arrasta nervosamente os pés. “Não achei que tinha sangrado tanto.” Ela sussurra, seus olhos passando rapidamente entre suas mãos e as minhas, que estão apenas ligeiramente melhores.

“Não importa agora.” Cubro as mãos delas com as minhas, e juntos esfregamos o sangue seco e os padrões que foram manchados em nossa pele. A espuma do sabão forma bolhas rosadas aumentando e cobrindo ambas nossas mãos. Ela esfrega a minha, os polegares encontrando uma parte seca particularmente escura no centro da palma e indo mais e mais como se estivesse fazendo uma massagem. Só posso ver o alívio em seu rosto quando ela finalmente some, seu corpo relaxando. Sabão manchado de sangue e água descem pelo ralo criando padrões na água. Ela sangrou mais do que esperava e planejo falar com Skins sobre o porquê.

Quando finalmente observamos a última gota desaparecer pelo ralo, levo-a de volta para o quarto e ajudo a se despir até a roupa intima e ela sobe na cama. Sinto como se alguém tivesse arrancado a mulher que amo e em vez disso deixado esta concha.

Esta não é minha Meyah.

Ela está quebrada.

Ela foi protegida por tanto tempo, mantida envolta em plástico bolha tão fortemente, que mal era capaz de respirar. Apenas quando penso que ela estava finalmente rompendo, assumindo riscos, mostrando suas cores bonitas para o mundo vê-la como é, começo a imaginar agora se tudo foi demais. Ela é forte o suficiente para se recuperar do que será a coisa mais traumatizante que alguma vez a tocou?

Isso será um teste, um que eu sei que ela pode passar.

Eu vejo.

Eu a conheço melhor do que acho que ela conhece a si mesma.

E preciso que ela lute de volta. Não deixe que isso se enterre dentro dela e a envenene. Ela é mais forte do que se dá crédito.

Cada uma das Old Ladys aqui atravessou o inferno e voltou, mais de uma vez. Chelsea quase morreu no chão de um porão sujo. Rose foi forçada ao coma induzido por drogas e esteve a horas de uma superdosagem. Hadley teve de assistir um dos irmãos perder a vida para protegê-la.

Esta vida não é para os fracos de coração.

Pessoas se machucam. Pessoas morrem. E nem por um segundo qualquer um dos meus irmãos ou suas Old Ladys usam a palavra arrependimento. Eles ficam na frente das pessoas com quem se importam num piscar de olho e levam uma bala se significar que aqueles que amam viverão o resto de suas vidas.

Não quero viver sem Meyah.

Ela é tudo o que preciso.

Ela é mais do que isso. Ela não deixará isso ganhar ou defini-la.

“Ela vai ficar bem.” Uma voz suave assegura os pensamentos silenciosos na minha cabeça, e olho para cima vendo Hadley em pé na porta com um sorriso gentil no rosto. Olhando para baixo, percebo que Meyah finalmente cedeu e está deixando seu corpo e mente descansarem.

Ela está exausta.

Mentalmente, fisicamente, apenas completamente quebrada.

“Como sabe?” Pergunto, esperando que Hadley possa ter uma grande explicação que me fará sentir melhor sobre reivindicar Meyah. Não quero arrastá-la para uma vida que a obrigue a se sentir como se estivesse continuamente olhando por cima do ombro.

Porra, isso me fez quase tão ruim quanto o pequeno imbecil do Nick.

Preciso saber que Meyah pode lidar com isso. Que não acabará quebrando-a. Que não a perderei porque a vida e a família que escolhi extrapolam os limites, levantam-se pelo que acreditam e protegem as pessoas com quem se preocupam a qualquer custo.

“Não estou dizendo que vai acontecer hoje, ou amanhã, mas vejo nos olhos dela o que o clube significa. O que o clube tem feito por ela e lhe dado. Ela ama o clube.” Hadley explica com segurança, enquanto olha a garota que se tornou mais do que apenas a sobrinha de seu Old Man, mas quase como uma filha. “Ela te ama.”

Suas palavras me tranquilizam, mas tenho que saber se o amor será suficiente, se aquele idiota tiver ido longe o suficiente em sua cabeça para realmente assustá-la.

“Vá.” Hadley insiste em voz baixa, entrando no quarto com um livro na mão. “Vou sentar com ela, enquanto está na igreja.”

Solto-me dos braços de Meyah sem movê-la demais. “Como os caras lidam em ver vocês, garotas, pegas no meio de guerras sem perder a mente? Porque agora, tudo que quero fazer é puxar minha espingarda, ir até o escritório do xerife e abrir um buraco na sua fodida cabeça.”

Hadley sorri e balança a cabeça. “Isso é algo que terá que perguntar a eles.”

Eu planejo.

Mas, primeiro, preciso encontrar meu irmãozinho.

 

CAPÍTULO 27

HAM


Quando entro na sala e fecho a porta atrás de mim, meus irmãos já estão lá, esperando.

“Como ela está?” Blizzard pergunta genuinamente.

Movo-me para tomar meu lugar à mesa caindo como um peso morto na cadeira de couro confortável. “Ela está petrificada pra caralho.” Respondo honestamente, inclinando a cabeça. “Ela finalmente adormeceu, embora lutou com cada gota de seu ser. Mentalmente e emocionalmente ela está completamente despedaçada.”

Não amenizo a situação.

Não poderia nem se tentasse.

Qualquer um pode dar uma olhada em Meyah agora e ver puro medo em seus olhos. É inconfundível, e quero desesperadamente tirá-lo, mas não posso. Ela é a única pessoa capaz de passar por isso, e a única coisa que podemos fazer é mostrar a ela que temos suas costas enquanto ela luta contra estes novos demônios.

“Pensei que não se deve dormir depois de uma concussão.” Leo desafia, parecendo preocupado.

“Mito” Skins responde com um balançar de cabeça abaixo da mesa. “Se a pessoa é capaz de manter uma conversa e andar, entre outras coisas, então não há razão para que não possam dormir. É realmente o melhor caminho para a recuperação. Seu cérebro acaba de sofrer um ferimento grave, e precisa de descanso. A concussão de Meyah é leve. Ela está muito consciente do que acontece ao seu redor.”

“Bom, porque estou pronto para ouvir que aconteceu, porra.” Leo diz, inclinando-se para frente e colocando as mãos sobre a mesa. “Um idiota tentou fatia-la. Quem, e por quê, porra?”

Inalando profundamente pelo nariz, sento um pouco mais ereto, e todos os olhos se voltam para mim.

“Meyah disse que foi o xerife.” Anuncio. “O mesmo filho da puta que me parou pela descrição que ela deu.”

Wrench tira um arquivo, deslizando-o sobre a mesa para Optimus conforme explica o que encontrou. “Deacon disse que ele apareceu do nada. Assumiu o Gabinete do Xerife de Madison County em Huntsville sem nenhum propósito real.”

“Athens está em Limestone County, não Madison, então os caras do Gabinete do Xerife de Limestone podem estar irritados que ele não sabe seu lugar e não se apega à jurisdição.” Blizzard adiciona.

O clube está aqui por fodidos anos. Embora não sejamos exatamente melhores amigos da lei local, eles nos deixam em paz porque sabem, na maior parte, que não machucamos ninguém.

“Ninguém tem ideia de por que ele só apareceu num piscar de olhos e assumiu.”

“Então me diga, qual a conexão aqui?” Leo pergunta, recostando-se e assimilando a informação.

“Romeo.” Respondo, cerrando os dentes. “Romeo é a conexão.”

Todos me olham como se tivesse crescido duas cabeças.

Isso não é o que esperamos.

Atirar primeiro, estamos acostumados.

Mas se empurrarmos esse cara, ele nos prenderá primeiro e perguntará depois. E então, estaremos ferrados. Não podemos proteger nossa família atrás das grades.

“É claro, este é o filho da puta com um tesão por seu irmãozinho.” Optimus quase geme, revirando os olhos para o teto. “Levi!”

É um breve segundo antes das portas da igreja abrirem, e Levi enfiar a cabeça.

“Traga Romeo aqui.” Op ordena, o prospecto não espera um segundo antes de sair novamente.

“Isso é algo que seria bom saber antes de começarmos.” Leo comenta, chamando minha atenção. “Não estou dizendo que não concordaríamos em ajudar. Família é família. Mas dado que sou responsável pela segurança do clube, poderíamos ter abordado a situação de forma diferente.”

Aceito a crítica com um aceno.

Ele está certo. Deveria ter tirado tempo para saber mais sobre o que exatamente Romeo fugia antes de começarmos toda essa confusão. Ir no escuro nunca é boa ideia, mas as coisas aconteceram tão rápido, e fui pego de surpresa. Tenho minha família de volta e foda-se o mundo se tentarem me derrubar. O que não considerei foi no que minha outra família está entrando. O que tomaram sobre os ombros para que eu pudesse ter o que quero.

Com sangue ou sem sangue, as linhas são turvas e agora não importa para mim se somos relacionados ou não. Meus irmãos são meus irmãos, e preciso colocar a cabeça no fodido jogo se quero manter cada um deles seguros.

Não demora muito para que a porta abra novamente, e Romeo entre. Op acena para ele tomar a cadeira livre no final da mesa. Posso ver o medo em seus olhos. Ele parece encurralado. Foram muitos anos sendo tratado como merda. Muitas vezes saltando na prisão. Ele está queimado, e em qualquer momento, sente que precisa estar pronto para lutar. Mesmo que estes homens tenham enfiado suas bundas na linha para salvá-lo, ele fará isso se necessário. E onde isso deveria me deixar orgulhoso de quão forte ele é, na verdade torce meu estomago saber que ele é tão hábil neste modo de pensar que quase se torna natural.

“Relaxe, Rome.” Peço. Acenando para a forma como ele está, inconscientemente, estalando as juntas, como se estivesse se preparando para uma luta. “Pode apenas se acalmar?”

“Ham está certo.” Optimus concorda, levantando as mãos no ar numa maneira de dizer que não quer brigar. “Apenas queremos ter uma conversa e espero que talvez tenha informação para preencher a lacuna.”

“Famosas últimas palavras.” Romeo resmunga, os olhos escuros verificando a sala.

Blizzard toma o arquivo com o nome e detalhes do xerife e envia-o voando mesa abaixo. “Descobrimos quem atacou Meyah.” Blizzard informa.

Romeo para o arquivo com a mão. “Bom para porra. Fodido bast...” suas palavras são interrompidas na primeira página, as sobrancelhas subindo conforme olha para a informação e a foto. Um rugido profundo começa em sua garganta, e ele rapidamente fecha o arquivo.

“Por que não mencionou estar fugindo da porra de um xerife?” Exijo. “Percebe o que ele poderia ter feito? O que ele ainda pode fazer? Ele cortou o pescoço de Meyah, Rome.”

“Porra eu sei, ok.” Ele ruge, levantando e fazendo a cadeira bater contra a parede. “Porra, sei porque vivo essa merda por quase seis malditos anos agora.”

Levantando lentamente, tento ignorar a forma como Romeo está me olhando como se estivesse tentando me derrubar com os olhos, mas, ao mesmo tempo, também vejo mágoa e a dor atrás deles. “O que quer dizer?”

“John Visser...” ele aponta o arquivo. “Seu fodido xerife foi meu pai adotivo quando mamãe e papai morreram.”

É como um soco no meu estômago. Tira o equilíbrio e me deixa instável. Meu coração já está batendo mais forte e rápido, o sangue bombeamento tão rápido que posso ouvi-lo zunindo ao redor dos meus ouvidos.

“A cicatriz em seu rosto.” Optimus aponta, o primeiro corajoso o suficiente para falar ou tomar o controle da situação. Esta é a razão que ele está no comando.

O lábio superior de Romeo contrai, mostrando os dentes. Ele roça os dedos sobre a característica proeminente, uma que comecei a me acostumar. “Meyah não é a primeira a sentir como é irritar o grande e poderoso xerife do caralho.”

Coloco as mãos sobre a superfície da mesa deixando minha cabeça cair entre os braços e xingando baixinho.

Romeo começa a caminhar até o final da mesa. “Olha, quando Ham disse MC, não foi isso que imaginei. Não sabia que haveriam crianças e Old Ladys. Pessoas que são vulneráveis e que ele pode usar para chegar até mim.”

Op recosta-se na cadeira. “Pensou que entraria num MC que é tudo sobre traficar e ser idiotas fodidos... pessoas de quem tenta fugir. Então, quando fôssemos atrás de Visser, não se sentiria culpado por perder um ou dois de nós aqui e ali?”

Romeo olha através da sala para meu presidente como se estivesse impressionado que alguém foi capaz de decodificar seu plano tão facilmente. “Exatamente. Só precisava de força extra para me apoiar.”

“Mas em vez disso conseguiu a nós,” bufo.

“Sim, consegui vocês. Algo mais forte, porra.” Romeo responde. “E é por isso que ele está com medo. Porque de repente não estou mais sozinho. Não sou o garoto assustado que observa qualquer um que se levante por mim ser derrubado ou encontrado dias depois flutuando na porra de um rio.”

Entendo.

O xerife manteve Romeo isolado. Manteve-o na linha, tirando qualquer um que lutasse ou cuidasse dele. Ele eliminava alguém que poderia, eventualmente, dar a Romeo a força para lutar.

“Ele normalmente enviaria alguém. Um dos estúpidos capangas idiotas que recruta.” Romeo continua, desta vez um pouco mais calmo. “John Visser não faz seu fodido trabalho sujo, é por isso que ele me tinha. Era o fodido menino vagabundo.”

“Trabalhou para ele?” Blizzard pergunta, todos os caras soando ansiosos para saberem a história de Romeo, enquanto tudo o que posso fazer é imaginar na minha cabeça as diferentes coisas que Romeo foi forçado a fazer. Que tipo de merda doente e torcida teve que suportar. Se esse cara, Visser, pôde fazer isso a Meyah sem piscar ou suar, o que fez para quebrar um cara como Romeo que é fisicamente e mentalmente muito mais forte?

“Eu me envolvi com as crianças erradas quando era mais jovem. Comecei a usar drogas e sair à noite, lutando, fodendo, e sendo um fodido babaca.” Romeo continua quase roboticamente como se esta fosse uma história que ele repete mais e mais em sua cabeça como um filme ruim. “Era um adolescente estúpido que acabou de perder as pessoas que mais importavam. Ele tomou essa fraqueza, e o fato de eu já estar tentando atenuar a dor com merda e fazendo conexões nas ruas e transformou isso em outra coisa.”

Blizzard ri, mas é escuro como se acabasse de perceber o quão fodida a situação é. “Ele te escolheu a dedo.” Blizzard observa com um aceno de cabeça. “Ele se inscreveu para ser pai adotivo procurando alguém com sérios problemas que pudesse manipular.”

“Meyah disse que o xerife deixou uma mensagem... que é melhor Romeo voltar a Las Vegas em uma semana ou...” Informo ao grupo, deixando as palavras no ar.

“Então temos tempo.” Optimus observa.

Romeo o olha, os olhos ligeiramente arregalados. “Tempo para o quê?”

Ele pensou que o clube iria atirá-lo para fora. Ele pensou que acabou, e que está por conta própria.

Mas isso é apenas o começo.

“Tempo para montar um plano.”

 

CAPÍTULO 28

MEYAH

Minha cabeça dói.

Meu pescoço doí.

Meu rosto doí.

“Vamos.” Hadley insiste, contornando a cama e sentando na borda. Ela afasta algumas mechas do meu rosto, sorrindo suavemente. “Skins disse que esse curativo em seu pescoço é à prova d'água, e Chelsea disse que podemos usar o banheiro que eles têm no quarto dela e Op para lavar o sangue de seu cabelo.”

O golpe na minha cabeça doí como o inferno e me deixa um pouco tonta, mas felizmente só deixou um inchaço e não a quebrou. Todo o sangue no meu cabelo veio do corte no meu pescoço. É forte e nojento, e loucamente quero que saia.

“Ok.” Concordo, deixando-a afastar os cobertores e me ajudar a virar o corpo e me levantar.

Sinto-me impotente, e não gosto disso.

Nem um pouco.

Saímos do quarto de Ham e seguimos pelo corredor até o quarto de Chelsea e Op. Eles tiveram seu banheiro alterado, então há espaço para os gêmeos sem ser muito louco e também adicionaram uma banheira para dar banho neles ser mais fácil.

Chelsea olha para cima da cama quando entramos, rapidamente colocando um marcador em qualquer coisa que esteja lendo e saltando. Os gêmeos estão em balancinhos no chão, totalmente absortos no desenho animado que passa na televisão acima deles. “Ei, garota.” Chelsea arrulha suavemente como se eu fosse uma criança que acabou de ralar o joelho. Essas mulheres não são tão mais velhas que eu, mas são incrivelmente maternais, o que me faz sentir um pouco melhor, especialmente sabendo que não serei capaz de ver minha mãe por pelo menos alguns dias até que o ferimento no meu rosto baixe o suficiente para esconder com maquiagem. E tenho que aparecer com uma fodida desculpa para a cicatriz que agora decora meu pescoço.

“Enchi a banheira. Pode entrar, lavar o cabelo, relaxar um pouco, e vamos nos sentar do lado de fora.” Chelsea explica, abrindo a porta para o pequeno, mas acolhedor banheiro.

Assinto, animada com a perspectiva de ser capaz de lavar a sujeira do dia. A água queima minha pele, mas não percebo até este momento o quanto preciso disso. Preciso sentir como se estivesse matando seu toque que ainda sinto na minha pele. Mergulhando o cabelo na água, o líquido claro é imediatamente tingido de rosa. Isso me incita a lavar mecha por mecha meticulosamente e afastar o sentimento de medo.

Isso é o que é.

Nunca tive de lidar com isso antes.

É difícil admitir para mim mesma que sou fraca, e que talvez não seja como as outras mulheres. Sempre fui abrigada e protegida atrás dos homens, todos cuidam de mim como se eu fosse sobrinha deles. Desta vez fui jogada no fundo do poço.

Sou parte disto, uma grande parte.

Não é apenas mais uma ameaça, isso é ação. Ação que resultou numa cirurgia amadora no meu pescoço e uma concussão parcial.

As coisas mudaram hoje, Ham finalmente se levantou e disse que sou dele, para grande horror do meu tio. Foi um grande passo, e não sou apenas um membro da família à margem.

Sou uma Old Lady, e isso me assombra e excita ao mesmo tempo.

“Como está, garota?” Hadley pergunta, enfiando a cabeça pela porta.

Olho-a não percebendo o quão emocional me tornei nestes poucos momentos e fungo alto, o som estranho seguido de uma risada. “Estou uma bagunça.” Sorrio tentando enxugar as lágrimas, sem sucesso com as mãos molhadas. Ela corre para dentro com um sorriso no rosto, deixando a porta aberta. Rose e Skylar se juntam a festa de piedade que estou dando, o que parece tornar isso muito mais divertido. Estas mulheres incríveis, poderosas e belas, que nunca alguém pegará chorando numa banheira.

“Diga o que está passando nessa linda cabecinha.” Hadley pede, sentando ao lado da banheira e tomando um par de fios de cabelo nas mãos lentamente separando-os e lavando o sangue.

“Não sou forte como você, Hadley.” Sussurro, emoção me sufocando. Lambo os lábios, provando minhas lágrimas e não a água do banho. “Como diabos lida com esse tipo de coisa?”

“Exatamente como você agora.” Chelsea ri, vindo ficar na porta. “Nós fechamos a porta. Entramos no banho, e choramos. Ficamos com raiva, e nos perguntamos por que fazemos isso, vez após vez. E então saímos, nos secamos e vamos para nossos homens. Ficamos ao lado deles e fazemos tudo de novo.”

Olho-a, imaginando se é verdade. “O que?”

É difícil acreditar que alguém como Chelsea, primeira dama do clube, tem momentos onde quebra e pergunta-se por quê.

Hadley revira os olhos e não é a única. Skylar e Rose o fazem, também.

“O que ela está tentando dizer é... o amor não conhece limites aqui. Todas entramos nisso sabendo muito bem que haveria momentos em que a merda bateria no ventilador e teríamos que não apenas lutar para proteger a nós mesmas e, possivelmente, nossos filhos, mas estarmos completamente confiantes e apoiando nossos homens.”

Puxo meus joelhos para o peito, abraçando-os com força. “Estou assustada.” Leva tudo em mim admitir essas palavras. Estou absolutamente aterrorizada e odeio isso pra caralho. Odeio que não possa simplesmente me levantar com vingança no meu coração, pronta para encontrar esse cara e derrubá-lo. Odeio que não estou irritada, que não lutei mais forte e que estou deixando isso me machucar tanto que fico me criticando.

“Aqui é onde toma sua decisão.” Hadley continua. “Amar seu homem é amar o clube e tudo o que ele representa. Amar seu homem significa saber que haverá momentos em que ele estará em situações perigosas, mas ciente que ele está fazendo isso pela família.”

A sinceridade e amor em suas palavras tocam minha alma. Ainda mais porque sei que é sobre meu tio que ela se sente assim. Elas me assustam pra caralho, mas me aquecem, ao mesmo tempo.

“Amar seu homem significa saber que haverá momentos em que ele terá que fazer... coisas.” Chelsea adiciona conforme se inclina contra o batente da porta. “Mas isso não muda o homem por quem se apaixonou e que tudo que ele faz é pelas pessoas que ama.”

Meu coração bate um pouco mais forte. Estas mulheres, estas mulheres incríveis e belas, fortes e independentes, são tudo o que admiro. Tudo o que quero ser. Quero ser capaz de me levantar e dizer foda-se para o mundo. Quero ser mais forte.

“Amar seu homem é saber que ele tem demônios e amá-lo mais por causa deles.” Skylar adiciona do outro quarto. “Haverá momentos em que ele precisará de você mais do que você precisa dele.”

Não quero ser a menina quebrada que pessoas sentem que podem atacar, como o xerife fez hoje e Nick no ano passado. Eu amo o clube. Essas pessoas tornaram-se mais importantes para mim do que jamais poderia imaginar. Eles se levantaram por mim. Eles me fazem sentir como se realmente tivesse uma família e um lugar num mundo onde sempre me perguntei qual o meu lugar. Eles me incentivam a lutar, a assumir o controle, e não deixar que outras pessoas me digam o que fazer. Eles são a razão pela qual não tenho medo de mostrar minha voz.

“Amá-lo é saber que as coisas não serão sempre perfeitas.” Rose diz do outro quarto, e posso sentir o sorriso em sua voz. “Mas quem diabos quer perfeição de qualquer maneira.”

Todas as meninas riem e balançam a cabeça.

“Nascemos apenas para sermos fêmeas fodonas e orgulhosas que não aceitam merda e protegem ferozmente seus homens.” Hadley sorri, continuando a brincar com meu cabelo na água.

“Quanta humildade.” Rose ri do outro quarto.

“Quis dizer isso.” Ela continua. “Acha que todas em algum momento, não pensamos que talvez não fossemos feitas para esta vida? Cada uma de nós questionou se aqui é onde deveríamos estar. Então tentamos imaginar nossas vidas sem eles. Sem o clube. Sem essas pessoas ao nosso redor e lembramos porque escolhemos esta vida.”

Há uma pancada forte na porta, e Chelsea move-se rapidamente, puxando a porta do banheiro quase completamente fechada. “Entre.” Ela diz.

“Ela está bem?”

Derreto ao ouvir o som da voz dele.

Eu o quero.

Hadley entende imediatamente e levanta da borda da banheira segurando a barriga redonda. “Ela está aqui.” Hadley diz enquanto se dirige para a porta.

“Obrigada.” Murmuro antes dela sair.

Ela apenas sorri por cima do ombro e pisca.

Ham aparece fechando a porta silenciosamente atrás dele e vindo para o lado da banheira. Ele se agacha, estendendo a mão e colocando a palma contra minha bochecha boa. Inclino-me para ele buscando o conforto que ele parece exalar naturalmente, fazendo-me sentir segura e protegida. “Como está?” Ele pergunta delicadamente mergulhando a outra mão na água e enchendo-a antes de jogá-la aos meus ombros expostos. O gesto é tudo.

Respirando fundo, decido que honestidade é a melhor política neste momento. “Estou com medo, Ham.”

Seus olhos instantaneamente escurecem. “Eu sei, deveria ter estado lá. Nunca deveria estar numa situação onde..."

“Não.” Interrompo, balançando a cabeça e sentando um pouco mais ereta na água, deixando nossos rostos um pouco mais próximos. Levanto a mão, colocando-a em seu rosto como ele acaba de fazer comigo. “Estou com medo de não ser suficiente. Estou com medo de ser muito fraca. Não quero que sinta como se você tivesse que manter constante vigilância em mim.” Digo honestamente.

“Meyah...”

“Quero ficar ao seu lado, ser mais forte do que sou hoje e lutar de volta. Não quero deixá-los tirar o melhor de mim.” Seu rosto é áspero e espinhoso e apenas isso me faz sorrir, junto com o fato dele agora estar molhado. “Mas vai levar tempo. Posso não estar lá agora, mas estarei.”

Ele coloca a mão na parte de trás da minha cabeça e me puxa para frente encontrando meus lábios. Sua língua traça minha boca, seduzindo-a a abrir, o que gentilmente faço. Ele tem gosto de hortelã e se tiver que adivinhar três a quatro doses de uísque. Saboreio o gosto conforme ele se afasta lambendo o álcool dos meus lábios.

“Isso é besteira.” Ele argumenta, não me soltando, segurando-me bem onde sabe que estou prestando atenção ao que ele tem a dizer. “Tudo isso é besteira completa. Você é forte. Você é linda. E é apaixonada por pessoas e as coisas que ama. Você não é fraca por estar com medo, não é fraca porque sua primeira reação a uma situação é fugir.”

Neste momento, juro que não posso amá-lo mais.

Acredito em toda a merda que ele está dizendo? Não exatamente, mas o ouço.

“Não tem que fazer essa merda sozinha. Sei que é assustador. Sei que às vezes merda vai acontecer e te fazer questionar se é isso que quer.” É como se ele pudesse ouvir todos os meus medos. Ele pode vê-los em meus olhos. Ele me vê. Quando era invisível, ele me viu. “Apenas me prometa, se essa pergunta passar por sua cabeça, virá para mim.”

Assinto. “Eu vou.”

“Prometa.”

Revirando os olhos, não posso deixar de rir. “Prometo.”

Ele se inclina para frente e pressiona os lábios na minha testa. “Bom. Agora, ou sai daí, ou vou entrar porque preciso de você agora, porra.”

“Quer que Optimus coloque um pé na sua bunda por foder na banheira dele?” Questiono com a sobrancelha arqueada e um sorriso.

Ele se encolhe. “Bom ponto. Vou pegar uma toalha.”

 

CAPÍTULO 29

HAM

“Ela desenha?” Romeo pergunta conforme caminhamos pelo longo corredor. A sala de mídia fica no fim e a porta está aberta dando-nos uma visão perfeita dela sentada num dos sofás, os joelhos para cima e seu bloco no colo.

“Sim.”

Ele geme baixo em sua garganta. “Ela está melhor?”

Levanto a sobrancelha. “Por quê?”

Levantando os braços, ele rola-os ao redor, dando-me uma boa visão da tinta que cobre seus braços. “Ainda tenho espaços que preciso cobrir.” Ele observa, apontando para pequenas manchas de pele que são honestamente menos que 5 cm x 5 cm.

Bufando, reviro os olhos. “O que vai colocar aí? Um inseto?”

Ele xinga sob a respiração. “Sim, vou chamá-lo de Hamlet, então sempre que me irritar pra caralho, posso fingir te esmagar.” Quando ele não consegue uma reação, continua... “Então terei que pegar outro chamado Meyah ao lado...”

“Vou te matar em seu sono.”

Sua profunda risada é familiar, mas também nova, graças à forma como a voz de Romeo mudou desde que ele era adolescente. O som enche meus pulmões de ar, isso significa tudo, embora ainda sinta que precise bater a merda fora dele apenas por essa observação sobre Meyah. “E é exatamente por isso que me pediu para fazer isso, em vez de fazê-lo sozinho.” Ele cutuca e não está exatamente errado, mas não é a única razão.

Não respondo conforme entramos na sala de mídia, o filme passando na televisão me faz gemer em voz alta. “Crepúsculo? De novo?”

Meyah finalmente ergue os olhos do bloco de desenho com um sorriso doce. “Você reclama, mas viu toda a série comigo nos últimos dias. Não te ouvi reclamando então.”

A explosão alta do riso de Romeo me faz pular antes dele me seguir para a sala. “O que você é? Team Edward ou Team Jacob, Hamlet?” Ele provoca, dando uma cotovelada nas minhas costelas com um sorriso maroto.

“O fato de que sabe qualquer um desses termos me diz que não é exatamente inocente.” Meyah observa com uma risadinha suave antes de voltar para seu desenho. Eu, por outro lado, não perco o olhar de culpa no rosto do meu irmão.

Decido ser o melhor homem, ignorá-lo e me concentrar na tarefa em minhas mãos. “Romeo quer conversar com você sobre algo.”

Ela olha para cima novamente, desta vez com os olhos estreitos, desconfiada. “Algo?” Ela pergunta, honestamente confusa a respeito de porque ele quer falar com ela. Estou impressionado pela forma como o inchaço em sua bochecha diminuiu rapidamente. Sei que ainda há algumas contusões, mas, nesta fase, é facilmente coberta com um pouco de maquiagem.

Temos sorte que a escola finalmente acabou, mas ainda há a questão com a mãe dela. Carly só pode ser afastada por um tempo, mas o corte no pescoço ainda é razoavelmente novo, e Leo está apreensivo sobre como abordar a situação.

Sei que ele está com medo que Carly de alguma forma tente levar Meyah embora.

Eu também estou.

Mesmo que sinta ser inacreditável agora que Meyah tem dezoito anos e é livre para fazer as próprias escolhas sem sua mãe poder dominá-las. Ainda há uma parte minha, porém, que imagina que se Carly for encurralada e pensar que Meyah está em perigo, pode manipulá-la a fazer o que quer.

Isso corre por minha mente.

Não acho que Carly é tão inocente como age.

Ela tem um passado, não há dúvida em minha mente.

Cutuco Romeo para frente deixando-o falar, embora ele diga que pedi para fazer isso, foi sua ideia. Ele resmunga baixinho e rola os ombros. “Ouvi que precisa aprender como dar um soco.”

Quando penso que ela vai instantaneamente negar, vejo como puxa o lábio inferior entre os dentes e bate o lápis contra a perna. “Tem outros truques que pode me ensinar?” Ela pergunta, surpreendendo-me.

“Quer aprender a lutar?” Romeo pergunta, de repente muito mais interessado. “Posso ensiná-la a deixar um homem de joelhos em mais maneiras do que pode imaginar.”

Reviro os olhos para seu discurso arrogante “Eu sou o fodido homem.”

Acontece que durante o tempo do meu irmão no inferno aprendendo a lidar com drogas e essa merda, ele ganhou habilidades ao longo do caminho. Faz sentido olhar de maneira ampla o que ele é. Ele sempre foi um pouco maior que eu, mas nunca assim tão grande.

“Ok.” Meyah concorda, levantando do sofá, enquanto fecha seu bloco e coloca-o debaixo do braço. Só vi alguns de seus desenhos. Os que vi são surpreendentes e detalhados. Romeo não foi o primeiro a pensar em pedir-lhe para projetar uma tatuagem. “Estou dentro.”

Levanto o braço levemente conforme ela avança e como uma peça de quebra-cabeça, ela se encaixa em mim, seu ombro deslizando perfeitamente debaixo do meu braço. Inconscientemente ela levanta a cabeça, procurando meus lábios, minha cabeça descendo para conceder seu desejo.

As coisas são fáceis entre Meyah e eu. Nós dois estamos tão em contato um com o outro, tão em sincronia. Mas acredito ser porque não somos novos nesse jogo. Passamos mais de um ano fazendo essa dança onde nos movemos perfeitamente em torno um do outro tentando evitar falar, tocar ou interagir. Quase somos perfeitos nisso, mas, ao mesmo tempo, aprendemos mais sobre o outro do que acho que percebemos.

“Bem?” Ela pergunta, olhando para nós. “Vamos.”

Sei que Meyah está ansiosa para aprender, e depois de ouvi-la dizer na outra noite quão fraca se sente, como sente não ser capaz de lutar por si mesma e o jeito que parece pensar que a vejo como menos por isso, tudo explodiu na minha mente.

Acho que mesmo que quisesse que ela fosse forte e independente, também sou um homem e não posso discutir o ponto que parece bom que sua mulher precise de você para algumas coisas.

No começo, sim, quis proteger Meyah, mas quanto mais a vejo florescer e desabrochar para esta mulher bonita, inteligente e forte, mas quero que ela encontre seu lugar. É sexy como o inferno vê-la levantar-se e argumentar seu ponto ou tomar uma posição. Só isso já é mais sexy do que eu jamais imaginei.

Ao meu lado é o seu lugar... não atrás de mim.

 


MEYAH

“Por que nunca foi embora?” Pergunto conforme saltamos em nossos pés dançando ao redor do ringue. Quero fazer essa pergunta há um tempo, especialmente depois do meu encontro com o xerife. Ele é mais velho, menos tonificado, nenhuma maneira de vencer contra o tamanho e forma de Romeo.

Ele fica surpreso com a pergunta e para por um momento antes de voltar a seus movimentos. “No primeiro par de vezes, eu tentei. Ele me perseguiu, sem exagero... dezessete anos e corria através da floresta sendo perseguido por homens com armas e óculos de visão noturna.” Romeo estremece visivelmente, uma das primeiras exibições do que sinto ser verdadeira emoção vindo dele. “Quando fiquei mais velho, mais inteligente, maior do que ele, apenas encontrou diferentes formas de me controlar.”

Batendo as luvas juntas, ele levanta a direita, em seguida, a esquerda. “Vou socar um, então dois e você vai levar as mãos ao seu rosto para protegê-lo. Sim?”

Assinto, seguindo sua direção.

Um, dois, proteger.

Um, dois, proteger.

“Não tenho orgulho das minhas escolhas de vida, sabe.” Romeo admite, do nada, distraindo-me por um segundo. Encontro o ritmo e começo de novo.

“Nunca te acusei de ter orgulho delas.” Aponto, suspirando levemente, tentando manter o padrão que fazemos na minha cabeça.

Seus olhos me observam intensamente, mas não como se estivesse com raiva, mais como se não olhasse diretamente para mim, como se olhasse através de mim vendo algo em sua cabeça. “Toda vez que pensei que poderia sair, ele ameaçou Phee, Hamlet, ou...” Ele faz uma pausa, sacudindo a cabeça. “Depois de um tempo, isso só se tornou minha vida. Eu tinha respeito. Estava sozinho e ninguém poderia se machucar por minha causa. Só era o que era.”

Suor reveste meu cabelo, e estou tentando me concentrar nos socos e respiração para que ninguém descubra quão inapta sou.

“Pare.” Ele ordena, e congelo, pressionando os lábios nervosamente enquanto ele examina minha posição. “Seu primeiro soco precisa ser um golpe, tipo... na garganta.”

Sorrio. “Não tem ideia de quantas vezes imaginei socar a garganta de alguém. Quão gratificante será.”

Ele ri conforme contorna meu corpo e fica ao meu lado. “Ok, então vamos socar na garganta, em seguida, o segundo será um tiro de energia no rosto.” Ele mostra o movimento, um golpe curto com a esquerda e, em seguida, o tiro de energia. “Precisa mover o corpo com o tiro de energia, girar seu quadril, tornozelo levantado. Precisa de tanta força quanto possível.”

Imito seus movimentos algumas vezes antes dele assentir bruscamente, satisfeito com meus movimentos.

Sorrio, não posso evitar, porra.

Romeo é diferente, distante, meio que assustador, mas seu elogio me faz sentir poderosa. Como se ele estivesse me dando as habilidades que preciso para me proteger, e as estou assimilando.

Mudamos as coisas um pouco, meu corpo doí, mas estou tão ansiosa para aprender. Já me sinto mais poderosa, como se pudesse lutar caso necessário e não preciso mais sentir pena de mim mesma.

“Só quero dizer.” Ele começa conforme chegamos ao fim e neste momento, sigo-o ao redor do ringue. Ele não usa luvas e está tentando me fazer acertá-lo. “Sinto muito que foi arrastada para minha bagunça.”

Balanço a cabeça. “Não é sua culpa seu pai adotivo ser um psicopata.”

Isso o faz sorrir. “Posso ver por que meu irmão te ama.”

Meu corpo inteiro derrete, e sorrio para ele totalmente desistindo da sessão de boxe. “Igualmente, Romeo. Igualmente.”

 

CAPÍTULO 30

Meyah

“Você está linda", digo, parada na porta do quarto de Blizzard e Rose.

Eles decidiram se casar nessa casa, em vez do clube por causa dos quatro carvalhos que crescem à direita da casa. Eles têm centenas de anos e são incríveis peças da natureza. Dois de cada lado numa grande área gramada, que parece se estender, com seus longos membros cobertos de diferentes tons de musgos e folhas verdes. Eles formam um dossel natural, num espaço bonito e privado.

Pedimos a Ham, Levi e Skins para escalar as enormes feras e pendurar lanternas e luzes de fadas, enquanto montávamos cadeiras brancas e um arco coberto de hera no final. Nunca vi nada parecido. Não há palavras para explicar como todo o espaço rouba seu fôlego e faz com que se sinta em paz ao mesmo tempo.

Ficamos felizes que Blizzard e Rose escolheram aqui para chamar de lar. É apenas a algumas quadras do clube, onde será a recepção - e por recepção, significa uma festa completa - apenas algo um pouco mais do que apenas um casamento de motoqueiros no quintal.

Os membros mais velhos estão começando a se estabelecer, a ter famílias e se casar. Um a um, eles estão saindo do clube e abrindo espaço para os caras mais novos se mudarem e começarem sua jornada. Isso não os torna menos duros, ou menos parte da irmandade, porque não moram na sede do clube. Não tenho certeza de que qualquer coisa faria. Mas isso significava que essa louca família está ficando maior o tempo todo.

“Pareço uma baleia embrulhada em renda.” Hadley ri. “Mas obrigada, linda. Venha aqui.” Ela acena e corro para frente escorregando em seus braços abertos. Não posso deixar de rir quando instantaneamente sinto o pequeno alienígena em sua barriga espetar e cutucar meu estômago.

"O homenzinho está ficando grande demais", provoco, recuando e me agachando, esfregando a saliência externa que se projeta.

Chelsea corre, com Jack em seu quadril, os olhos brilhantes e alertas, obviamente atordoados pela atividade e emoção enchendo a sala. "Nessa nota, vamos fazer essa garota se casar antes que sua bolsa estoure", brinca Chelsea, mas ouço a seriedade em seu tom de voz. Honestamente, Hadley está a apenas algumas semanas do parto, e com o quão grande ela ficou no último mês, não me surpreenderia se esse garotinho mostrasse seu rosto mais cedo.

“Ok!” Sorrio, pegando sua mão na minha e dando um aperto, respiro fundo e viro para encará-la, sentindo a emoção fechar minha garganta. "Só preciso te dizer o quanto estou feliz por sermos uma família em breve."

Seus olhos instantaneamente lacrimejam. "Querida menina, nós já somos", ela funga.

"Não! Não, não, de jeito nenhum,” Sugar grita, correndo pela sala com um lenço de papel na mão. “É melhor não deixar nenhuma lágrima escapar. Sua maquiagem está perfeita!”

"Oh merda", xingo, puxando as mãos e abanando os olhos de Hadley enquanto ela olha para o teto e tenta conter o fluxo de lágrimas.

"Jesus Cristo", Eagle geme da porta. "Que horas disse que nos permitiriam começar a beber?”

Hadley gira em torno com os olhos estreitos e rapidamente vai em direção a ele. "Ouça aqui, amigo", ela começa e solto uma risada sabendo que ele deveria ter mantido a boca fechada. Eagle não recua, no entanto. Ele a encara com um sorriso desafiador. “Estou grávida, meus hormônios estão por todo lugar, preciso fazer xixi pela décima vez em uma hora e estou prestes a casar com o homem dos meus sonhos. Então, se me der licença, por favor me ajude a descer as escadas, para que eu possa fazer isso antes de fazer xixi na minha...”

Já estou rindo, mas ao ver o olhar brincalhão no rosto de Eagle se apagar como uma luz e virar uma carranca profunda, já estou me movendo para frente antes de saber o que está acontecendo.

"Hadley?" Pergunto.

Eagle e eu corremos para ela.

"Minha bolsa..." ela sussurra, pegando o braço que Eagle lhe oferece. "Acaba de estourar."

O ar animado em torno de nós fica parado e tenso, todo mundo muito atordoado para dizer qualquer coisa. Brincamos que esse menino mostraria seu rosto no dia do casamento de Leo e Hadley. É como uma piada interna do clube, uma forcinha para Leo não querer esperar mais para se casarem e fazer Hadley caminhar pelo corredor enquanto ela está duas vezes o seu tamanho normal. Não que ela se oponha.

Os dois estão tão ansiosos para casar hoje sem a família de Leo aqui porque seu irmão mais novo foi enviado em outra missão, e sua mãe é velha demais para viajar sozinha.

A mãe de Hadley e seu irmão mais novo conseguiram, mas seu padrasto não conseguiu se afastar do trabalho, então estão saindo logo após a cerimônia para voltar para a Flórida.

"Puta merda," Eagle murmura, provavelmente lamentando agora concordar em andar com Hadley pelo corredor. "Ok, vamos nos acalmar."

"Brincadeira", ela grita, dando uma risada maníaca como se estivesse tão orgulhosa de fazer todos quase enfartarmos. “Minha bolsa está perfeitamente bem. Embora um pouco de xixi possa ter vazado.”

Tenho que sentar, meu coração pronto para saltar do peito.

Puta merda.

"Isso não foi engraçado, Hadley", grito, tentando retardar minha respiração.

Eagle está impressionado. "Acabei de ter a imagem num flash na minha mente de ter que pegar um bebê enquanto ele voa para fora da sua buceta", ele diz baixinho, como se tivesse visto um filme de terror em sua mente.

Skylar é a única que não está em silêncio, seu riso ilumina a sala inteira enquanto ela caminha em direção ao seu homem e se agarra a seu lado.

“Não estou brincando, mulher."

"Sei que não está e é por isso que é tão hilário." Skylar ri. “Mande-o para a batalha e ele já está carregando as armas. Ameace espremer um bebê para fora de sua buceta e, de repente, ele está marcado para toda a vida.”

"É isso, estou fodido." Eagle faz o caminho mais curto para a porta, mas Hadley é rápida em correr atrás dele.

"Nós vamos parar." Ela ri, agarrando o braço dele e puxando-o de volta. “Ok, estão todos prontos? Realmente vamos fazer isso?”

Sorrio, agarrando meu buquê pequeno, mas bonito e enganchando meu braço através de Hadley.

“Claro que estamos.”

 


Não posso deixar de rir enquanto Macy se arrasta pelo corredor, polvilhando pétalas de rosas vermelhas não apenas entre as cadeiras, mas jogando-as sobre as pessoas de ambos os lados. Praticamos isso quatro vezes ontem, caminhamos, deixando um rastro atrás dela, dando um abraço no papai.

Quando ela chega ao final do corredor, penso que ela pode fazer uma coisa certa, pelo menos, enquanto corre em direção ao tio Leo, que está muito bonito em seu terno com o colete do clube orgulhosamente exibido sobre a camisa de colarinho branco. Tento manter meus olhos em meu tio, mas eles simplesmente escolhem ir para Ham que está ao lado dele, já que Eagle tem o trabalho de garantir que Hadley chegue até ele. E o Lord está parecendo bem. Chamo a atenção dele por um segundo, e ele pisca fazendo minhas bochechas ruborizarem instantaneamente.

O tio Leo abaixa, abrindo os braços para Macy pular neles e abraçá-lo, mas ela para de repente e ergue a mão. Ele levanta uma sobrancelha e Ham bufa segurando uma risada.

“Toque aqui, papai", ela exclama, ficando frustrada quando ele apenas a olha. Com um largo sorriso, ele finalmente bate a mão na dela, e ela se vira para encarar todo mundo com um suspiro pesado. "Finalmente!"

O riso enche o quintal, e Hadley me cutuca nas costas, incitando-me a seguir em frente agora que a princesa teve seu momento. Engulo o nó nervoso na minha garganta. Não sei porque está lá, essas pessoas são minha família, não há necessidade de estar tímida. Respirando fundo, consigo dar o primeiro passo, seguido pelo segundo. Cada passo fica mais fácil. Inferno, com o jeito que estou tremendo, você pensaria que este é meu casamento.

Quando chego no meio do caminho, estou me sentindo bem. Olho os amigos e a família que nos cercam, mas quando finalmente me arrisco a olhar de novo, e meus olhos se encontram com os de Ham, sei instantaneamente que é por isso que meu estômago está girando do avesso. Seus olhos grudam em mim com o mesmo olhar intenso que sempre me faz sentir nua. Não há nada que possa esconder quando ele vê através de mim. Ele vê meu coração, minha alma, meus medos e sonhos e é isso que faz Ham ser tão perigoso.

Não consigo me esconder dele.

Consigo chegar ao fim do corredor sem me fazer de idiota e envolvo os braços ao redor da cintura de tio Leo. Ele beija o topo da minha cabeça e sorrio ao sentir seu corpo tremendo. Ele está nervoso. Pensei que fazer isso pela segunda vez tornaria mais fácil, mas a realidade é que ele colocou todo seu coração no primeiro casamento. Ele amava tia Kim mais do que pensei que outra pessoa poderia.

E ela foi tirada dele.

Roubada num momento do tempo.

Um momento que deixou um buraco em seu coração que nunca seria reparado.

Agora ele está prestes a fazer isso de novo. Ele está entrando nisso com um pedaço do seu coração já faltando e arrisca ser quebrado de novo se algo acontecer e ele perder Hadley.

É difícil entender como quis se colocar de novo nessa dor - de bom grado. Mas quando vejo Hadley e Leo juntos, posso ver o amor em seus olhos, a necessidade de estar um com o outro. Eles estão dispostos a arriscarem a maior dor, se isso significar que podem sentir o amor por apenas um momento. Porque para eles, este momento no céu vale uma eternidade no inferno.

Isso é dedicação.

Isso é amor.

 

CAPÍTULO 31

Ham

Não posso deixar de sorrir para Meyah, enquanto nós, caras, começamos a arrumar as cadeiras de casamento para levar de volta ao local de aluguel na cidade. Ela parece perfeita em seu vestido rosa pastel. É macio e fluido e cai no meio da coxa, a cor e o corte fazendo as pernas parecerem longas e bronzeadas. Tem sido uma luta resistir ao casamento inteiro tentando pensar em qualquer coisa além de como ela é sexy pra caralho, então Leo não terá que pendurar fotos de casamento em sua casa, que incluí eu com uma ereção como um adolescente.

Seu rosto se ilumina quando ela fica entre Leo e Hadley enquanto todas as garotas riem e tiram um milhão de fotos em seus celulares. A maior parte da família de fora já foi embora. A mãe de Meyah levou Macy com ela para que o casal pudesse aproveitar a noite juntos.

Tenho meus próprios planos de roubar Meyah durante a festa. Ela admitiu que nunca bebeu antes, então quero ter certeza de que, quando ela o faça, seja comigo para poder cuidar dela caso fique bêbada.

Romeo e eu carregamos uma pilha de cadeiras para a frente da casa.

"Espere!" Meyah diz atrás de mim. "Eu posso ajudar!"

Olho por cima do ombro e sorrio enquanto ela corre ao lado de Romeo. "Ajude-o, ele é o único xingando e bufando. Precisa ter sua bunda na academia, irmãozinho,” zombo.

Ele revira os olhos e balança a cabeça. "Não ouça essa merda, Meyah. Sempre fui o mais forte. Hamlet simplesmente não gosta de admitir que não é tão perfeito quanto se imagina,” Romeo diz, erguendo as sobrancelhas e me desafiando a discutir. Apenas sorrio, no entanto. Viro para ver onde vou andar quando ouço Meyah perguntar a Romeo merda de quando eu era criança.

Ela não conseguirá muito.

Sou o garoto-propaganda dos adolescentes bem comportados.

Os membros do clube ainda estão se movendo, tirando fotos e ajudando com as decorações. Ninguém está com pressa de voltar para o clube, apenas contente em desfrutar da companhia da família.

Ouço o barulho de um motor triturar o cascalho vindo pela pequena entrada, e olho para cima pensando se é um dos prospectos trazendo a van para levar tudo. Em vez disso, faço uma careta para o SUV escuro se movendo rapidamente em nossa direção, a sensação no meu estômago me dizendo que está se movendo rápido demais.

A risada suave de Meyah vem de trás de mim, quando Phee sai da casa e desce as escadas da varanda.

"Deve ser Heath e Bray", ela começa, mas recua quando o carro derrapa a cerca de dez metros da casa.

"Arma!" Romeo grita quando as janelas do carro começam a rolar.

As cadeiras brancas de madeira caem das minhas mãos. Meus instintos me dizem para encontrar Meyah, para chegar até ela, mas tudo que posso ver é minha irmãzinha em pé na escadaria ao ar livre, congelada em estado de choque.

Ela está com Romeo.

Ele vai protegê-la.

Bang. Bang. Bang.

As balas disparam pelo ar com ruídos curtos e agudos. Tento ignorar o som de lascas de madeira e pessoas gritando quando finalmente forço meu corpo para frente, meus pés derrapando na grama enquanto luto para chegar a Phee. Ela cai de joelhos, cobrindo a cabeça enquanto as balas continuam chegando, uma após a outra.

Várias armas.

Mais de um atirador.

Não tenho tempo para ser gentil agarrando seu braço e puxo-a da escada em minha direção e para meus braços, jogando nós dois a poucos metros em direção ao carro de Rose, que está estacionado ao pé da escada. Phee grita em meus braços e com cada tiro, seu corpo estremece como se estivesse sendo atingida. Afundo no chão com ela em meus braços, esperando que o carro nos proteja tempo suficiente para que alguém consiga se recompor.

"Harlyn!" Ela gritou no meu ouvido, sua voz rouca de lágrimas.

"O que?"

Ela aponta para o topo das escadas - escadas que tem vários buracos onde estávamos de pé - e vejo um tufo de cabelo saindo do meio dos corrimões finos que cobrem a varanda. "Ela me seguiu."

“Foda-se!” Não há mais ninguém na frente, a maioria dos garotos está nas laterais ou nas costas, e as crianças devem estar dentro com Chelsea, ajudando-a com os gêmeos. Respiro fundo e corro. Phee grita enquanto subo a escada, pedaços de madeira e lascas acertando minhas mãos. Não sei de que direção os disparos vêm, se ainda estão mirando a casa ou se miram nas pessoas que estão em campo aberto ao lado da casa.

Estou segurando a respiração, a adrenalina me percorrendo e deixando tonto, como se meu corpo fosse uma pena e pudesse flutuar a qualquer momento. No momento em que chego perto o suficiente para ouvir Harlyn soluçando baixinho, respiro fundo e deito no chão ao lado dela puxando seu corpo minúsculo para meus braços.

Ela grita e luta contra mim, o barulho ao nosso redor está diminuindo, mas ainda soa como uma porra de zona de guerra - pessoas gritando umas com as outras, o som de armas disparando e recarregando, coisas sendo destruídas.

“Har, tudo bem. Sou eu,” sussurro, rolando nossos corpos para que minhas costas estejam protegendo seu corpo.

Quando ouve minha voz, ela agarra minha camisa nas mãos e soluça mais alto.

"Ham!"

Olho para cima vendo a porta abrir e Kev parado do lado de dentro, estendendo os braços para mim. Movo-me para jogá-la para ele, outra chuva de balas vem e Kev fecha a porta, gritando palavrões atrás dela. O som distinto de tiros batendo no corrimão de madeira e quebrando o punhado de panelas que Rose colocou do outro lado da porta, força-me a quase esmagar Harlyn em meus braços, tentando o meu melhor para abrigar cada parte de seu corpo.

Ainda posso ouvir Phee chorando, mas estou com muito medo de olhar. Se posso ouvi-la, isso significava que ela está viva. Se ela pode chorar, ela pode respirar.

Através do pânico e do caos, escuto o vidro quebrando em algum lugar acima de mim, mas não tenho ideia de onde. Tudo o que sei é que ambos estamos respirando apesar da falta de proteção que o corrimão da varanda oferece.

Alguém mais estava olhando por Harlyn e eu.

Um estrondo alto me faz pular, mas não porque achei que ia nos atingir, mas porque vem do nosso lado do campo de batalha.

Boom.

Uma espingarda. Uma com muito poder, provavelmente do andar de cima.

"Ham!" A voz de Kev soa novamente e nem paro para verificar se as coisas estavam bem, prendo minhas mãos sob as axilas de Harlyn. Erguendo-a para longe de mim e com toda a força que posso reunir, levanto-a quando Kev sai pela porta. Ele a pega e se abaixa para dentro, apressando-se com a garotinha, sem dúvida para escondê-la com as outras crianças.

Tento respirar aliviado, mas sei que ainda estou em aberto.

Ainda um alvo fácil.

Mesmo que finalmente tenhamos nos unido e começado a revidar, ainda há uma chance de que eles recebam reforços. Há uma chance de que eles tenham mais armas do que assumimos e estou prestes a levar um lançador de foguetes até o idiota.

"Não a porra da minha família, imbecil," Blizzard rosna quando sai pela porta, nem mesmo me incomodando em olhar para baixo, onde estou encolhido nas tábuas da varanda de madeira. Ele já está levantando um M 15 semiautomático, com um olhar em seu rosto me dizendo que está procurando por sangue.

Ele não perde um segundo em retaliação e agora que as coisas estão um pouco mais claras, noto que não há mais tiros vindo do SUV. Em vez disso, o carro parece ter decidido que é hora de dar o fora, as rodas girando, mas não conseguindo tração enquanto luta para sair.

Tarde demais.

A nevasca deixou o solo solto, o fogo rápido da semiautomática como música para os meus ouvidos, chovendo o inferno nesses idiotas que achavam poder vir aqui e machucar nossa família e fugir com essa merda.

Inferno, porra, não.

Finalmente forço meu corpo a se sentar, deliciando-me com a visão enquanto as portas do SUV se abrem como uma lata de alumínio, enquanto mais de meus irmãos saem da destruição com vingança em seus olhos e armas totalmente carregadas.

Dia errado.

Clube do caralho errado.

Op e Eagle saem pela porta da frente com as armas sem parar por um único segundo antes de abrir fogo. Não sei por quanto tempo fico vendo o carro, uma vez cintilante, se transformar numa porra de bagunça, mas parece durar para sempre e tenho que esperar, mesmo que minha cabeça esteja gritando, vá e encontre Meyah.

Então, de repente, o tiroteio para. Meus ouvidos estão tocando e minha cabeça está girando. Não consigo descobrir o que acaba de acontecer ou como tirar meu corpo da varanda. Há vozes e pessoas correndo ao meu redor, mas me sinto flácido, exausto.

“Porra,” Eagle amaldiçoa, de pé em cima de mim, seu corpo balançando para frente e para trás - ou eu que estou cambaleando? "Ele foi baleado."

Faço uma careta. "Quem?" Murmuro.

"Skins!"

Não consigo descobrir o que está acontecendo, tudo está nebuloso. Só quero que todos saiam do caminho e quero ir para Meyah.

Onde diabos está Meyah?

"Cara, chamei um amigo, ele está a cinco minutos de distância", diz Skins, agachando-se ao meu lado, levantando meu braço esquerdo e virando meu corpo para longe dele. Estou prestes a perguntar a ele o que diabos ele está fazendo quando uma dor aguda percorre todo meu corpo e grito vários palavrões, alguns das quais não tenho certeza de que faz sentido. "Parece que está no tecido do seu quadril, não muito longe da superfície.”

A dor aguda é como um choque, reiniciando meu corpo e enviando outro choque de adrenalina através de mim. "Fui baleado porra?" Gemo, de repente, querendo rastejar numa bola e encontrar alguma posição que levará a dor embora. Torço e balanço, incapaz de descobrir se está piorando ou melhorando. "Onde está Meyah?" Exijo.

"Pare de se mover, idiota", Skins repreende. "Blizzard, pelo amor de Deus, coloque pressão sobre isso e faça-o ficar quieto."

Cerro meus dentes em aborrecimento. "Onde. Está. Meyah?

Skins revira os olhos. “Ela está com Hadley. Ela está bem, além de alguns arranhões."

Blizzard leva Skins ao meu lado, pressionando uma toalha enrolada contra a ferida no meu quadril. "Kev, tem um cobertor no carro na parte de trás da garagem, precisa cobrir essa porra de bagunça lá embaixo."

Kev desce as escadas dois degraus de cada vez.

Relaxo contra a parede, inclinando a cabeça para trás enquanto tento me concentrar no fato de que Meyah está bem e sei que teria que ficar bem com isso por agora, porque parece que Hadley e Leo precisam dela. "Hadley?" Consigo perguntar, olhando meu VP.

Blizzard bufa com raiva. “Acontece que situações estressantes a fizeram entram em trabalho de parto.”

 

CAPÍTULO 32

Meyah

Sei que estou correndo na fumaça.

Meu vestido rosa suave está manchado e rasgado, um corte indo do meu joelho até a coxa, manchas de grama e escoriações decoram minhas pernas e o resto está coberto de sujeira. Pareço ter acabado de atravessar o inferno, o que não é exatamente um eufemismo, mas também não é minha prioridade agora.

"Romeo, pare!" Chamo o irmão de Ham quando ele vai direto para a saída. "Romeo!"

Maldito seja.

Saltando da cadeira de plástico dura da sala de espera, não dou a mínima para quem me olha, tiro meus sapatos e saio correndo. Seus passos são enormes, um dos seus são três do meu.

Romeo é mais alto que Ham e construído como uma parede de tijolos. As pessoas saltam para fora do seu caminho enquanto ele atravessa a multidão, determinação e uma missão em mente.

Lançando-me para frente, agarro seu braço, minhas duas mãos em volta de seu pulso antes que ele atravesse as portas duplas e saia para a rua. Ele não briga comigo, mas posso dizer pelo jeito que ele olha por cima do ombro e para mim que não está impressionado ou feliz com a situação em que estamos.

“Preciso que você fique", digo a ele, um pouco sem fôlego, embora tenha corrido menos de trinta metros. "Por favor, fique comigo. Alguns do clube estão a caminho, mas agora, não quero ficar sozinha." Olho para ele, com lágrimas nos olhos.

As lágrimas são reais. Estou sentimental depois dessa situação.

Seus olhos percorrem o ambiente em torno como se estivesse fazendo uma nota de quão perto as pessoas estão, se podem nos ouvir, se são uma ameaça ou não.

Romeo cerra os dentes. Ele quer se afastar de mim, dizer que não se importa ou que não é seu trabalho cuidar de mim. Mas acho que no fundo, ele realmente começou a sentir que é. Ele se sente culpado pelo que o xerife fez por me machucar, sente como se fosse sua culpa trazer essa merda para o clube. Mas a verdade é que o clube não é estúpido. Eles sabiam o que estavam fazendo quando Ham veio pedir proteção para Romeu. Eles sabiam que era mais do que provável que fosse perigoso, e que haveriam ameaças onde as pessoas poderiam se machucar. Eles aceitaram isso, mas não consigo entender por que.

“Tudo bem, vou ficar até que alguém apareça,” ele murmura, com o olhar penetrante deixando-me saber que não está feliz com isso.

Aceito mesmo assim. Preciso aguentar até que alguém possa chegar aqui e explicar a ele por que não deve sair correndo numa perseguição selvagem.

Sentamos novamente na sala de espera, meus olhos grudados nas portas que tio Leo saiu com Hadley cerca de quinze minutos atrás, esperando que ele entre voando com meu novo e querido primo a qualquer momento.

Um momento que há pouco mais de uma hora atrás, perguntei-me se algum dia teria.

“Então, diga como ele era quando criança", sondo Romeu em busca de informações, finalmente notando um pequeno sorriso no canto da boca - uma raridade, com certeza. Ham continua a andar à nossa frente, rindo.

"Certinho até o osso." Romeo ri.

Tenho tantas perguntas, mas sou interrompida quando ouço o barulho de cascalho e um motor acelerando pela entrada da casa em direção à Blizzard. Não reconheço o veículo. Está se movendo rápido demais. Os irmãos sempre dirigem devagar por causa do número de crianças por perto.

Meu cérebro entende essas duas coisas, mas é incapaz de colocar dois e dois juntos até que ele para bruscamente e as cadeiras que Romeu segura caem no chão.

"Armas!" Ele grita.

Juro que meu coração para. Meu corpo congela enquanto observo as janelas rolando lentamente revelando não uma, mas três armas.

Um grito borbulha dentro de mim, mas antes que possa liberá-lo, sou atingida com tanta força que meus pulmões são esmagados. Um corpo vem sobre mim, dois braços a minha volta, levantando-me do chão.

O som das balas ecoa alto, uma após o outra, nunca parando, nunca parando para dar tempo às vítimas de escapar.

Romeo.

É Romeo me carregando, seus braços a minha volta, esmagando-me com tanta força que é difícil respirar.

Isso é melhor que ser baleada? Ou pior? Devo dizer a ele que está me machucando ou apenas ser grata por não ter levado uma bala na cabeça?

Com um baque, caio na grama enquanto ele aponta para cima o que percebo ser a mesa redonda que Hadley e Leo usaram para assinar a certidão de casamento. Não só isso, mas ainda estava sobre a mesa e Romeo acabou de jogar a certidão no chão, na sujeira.

"Vamos correr até lá", ordena Romeo, virando para mim. “Precisamos ficar atrás da casa e entrar. Sem dúvida, Blizzard tem um arsenal de armas e não sabemos quantos mais desses caras aparecerão.”

Meus ouvidos estão zumbindo, mas assinto sabendo que o que Romeo diz é verdade.

Os tiros parecem estar vindo esporadicamente agora, como se tivessem parado de disparar sem rumo e agora miram em alvos. Nós somos como os patos daquele jogo infernal. Os que apenas passam flutuando sem proteção e você tem que derrubar.

Eu amo esse jogo.

Sou boa nesse jogo.

Nunca imaginei ser um maldito alvo.

"Você está pronta?" Romeo pergunta, agachando-se, com as mãos prontas para sair do chão uma vez que eu der a palavra. Seus olhos estão estreitos e focados como se ele fosse um homem numa missão, como um maldito soldado da marinha pronto para enfrentar um exército de homens.

"Não." Não estou pronta.

Romeo estende a mão, pegando a minha na dele. "Confie em mim."

"Eu confio." A resposta é instantânea e honesta. Confio em Romeo, mesmo que ele seja um pouco assustador. Mesmo que ele tenha sido a razão pela qual fiquei com cicatrizes e quebrada. Mesmo assim, agora, estou com medo de quantas pessoas que amo serão feridas ou pior, e não tenho nenhuma dúvida que é porque ele está aqui.

Não importa.

Ele não espera que eu adivinhe quando fica de pé, e vemos o que sobrou do cenário de casamento mais incrível e deslumbrante que eu já vi, que momentos atrás estava cheio de família e amigos. Se isso tivesse acontecido então, estaria certamente coberto de corpos.

Ele me arrasta tentando manter meu corpo à frente enquanto nos abaixamos e esquivamos através dos assentos que agora estão parcialmente rasgados, e um confete de fitas e flores que parecem ter sido disparados de um canhão.

As balas recomeçam e Romeo me engancha pela cintura me puxando para trás de um dos grandes carvalhos, o tronco é grosso o suficiente para esconder nossos corpos. Com minhas costas pressionadas contra a casca, posso sentir um tiro após o outro depois de disparar contra a árvore, cada bala se prendendo na madeira, lutando para chegar até nós.

"Merda", Romeo amaldiçoa, segurando sua camisa em sua mão, e rosnando quando rasga um grande pedaço. Ele cai de joelhos, murmurando desculpas antes que eu perceba o que ele está fazendo. "Você deve ter tropeçado em algo."

Ele envolve minha perna e amarra um nó. Amaldiçoo quando percebo que há uma trilha de sangue escorrendo. O sangue é ruim, muito ruim, mas agora não é a hora de ter essa discussão. "Sim, pega por uma bala voadora.”

“Meyah!" Nós dois viramos para a casa que não está longe, mas o espaço entre nós é aberto, e não há lugar para se esconder. Tio Leo embala Hadley nos braços, carregando-a para a traseira da caminhonete do Blizzard. "Ela está em trabalho de parto!"

Meu coração para e olho para Romeo. “Preciso ir com eles. Preciso ter certeza de que ela está bem. Você não sabe o quanto vai destruí-lo se algo acontecer."

Os olhos de Romeo se movem de onde estamos para onde tio Leo está. As coisas estão quietas agora, o tiroteio parou, mas eles podem estar nos esperando fazer um movimento.

"Quão rápido pode correr?" Romeo pergunta, olhando minha perna com cautela.

"Tão rápido quanto preciso para chegar até a caminhonete antes que ele saia."

Inalando profundamente, Romeo mais uma vez agarra minha mão quase esmagando-a com o punho volumoso. "Em sua marca…"

Respiro fundo. "Prepare-se…"

"Vai."


Olho o pedaço de camisa que ainda está em volta da minha perna, segurando firmemente a ferida, ainda não tenho certeza de como aconteceu. Não é extremamente doloroso, então imagino ser apenas um ligeiro corte. Infelizmente, um leve roçar no meu corpo muitas vezes parece causar um massacre.

Enfio meu vestido rasgado na coxa escondendo-o de vista, sabendo que, se alguém entrar, quer seja velhinha ou irmãos, mais do que provavelmente farão alguém dar uma olhada nele e então posso perder o nascimento.

Se Romeo não estivesse lá hoje, as coisas poderiam ter sido diferentes.

Limpo a garganta. "Não agradeci ainda", admito, minhas bochechas queimando. "É por sua causa que estou aqui."

Romeo balançou a cabeça como se sua reação natural fosse negar esse tipo de merda. Então ele para. "Nada que qualquer um não teria feito", ele murmura, recusando-se a olhar para mim. Seu joelho salta subindo e descendo com impaciência.

"Não é assim que me lembro", digo, apenas para ele balançar a cabeça em minha direção com um olhar feroz no rosto, seus olhos uma mistura de raiva e medo.

"Então é melhor esquecer muito rápido."

Faço uma careta, ficando um pouco mais ereta, nem por um momento com medo do cara que sei que apenas a sua presença está fazendo toda a equipe e as pessoas na sala de espera se sentirem desconfortáveis e no limite.

Romeo é naturalmente suspeito e assustador. Honestamente não o culpo. Quem não ficaria quando passa anos e anos num mundo em que não pode virar as costas para ninguém, com medo de ter uma faca espetada diretamente entre seus ombros? Ele não está acostumado a confiar em ninguém. Ele não está acostumado a ter alguém por ele. Ele sempre teve que lutar as próprias batalhas.

Eu entendo.

Ser suspeito o impede de ser ferido.

Ser assustador impede que as pessoas com quem ele se importa se machuquem - porque não há nenhuma.

Estar sozinho significa não ter que se preocupar com essa merda. Significa não ter nada nem ninguém que possa ser usado contra você.

É por isso que ele mudou seu nome para que Ham não pudesse encontrá-lo.

É por isso que ele mandou Phee embora.

É por isso que ele luta com o estilo de vida do clube e não está se esforçando para se encaixar, porque quanto mais pessoas ele se importa, mais coisas poderão ser manipuladas para ele fazer o trabalho sujo que despreza. É difícil para ele ver o benefício de ter pessoas por você, para apoiá-lo e lutar, se precisar delas.

Espero que ele perceba logo porque não pode continuar lutando sozinho.

Este xerife - tornou óbvio que não está apenas ensinando uma lição a Romeo.

Ele quer sangue.

E levará mais do que apenas um homem para detê-lo.

"Meyah..." Pulo da cadeira, com os olhos arregalados enquanto vejo meu tio que está parado na porta da ala de parto. Meu coração para, um nó se forma na minha garganta. Então ele sorri e explodo em lágrimas, correndo para frente. Seus braços vêm ao meu redor, apertando-me com força e é exatamente o que preciso neste momento. "Hora de conhecer seu novo primo." Ele ri.

Balanço a cabeça ansiosamente, mas antes de nos virarmos e irmos em busca de Hadley e o novo bebê, o rosto de Leo fica severo. "Você também, Romeo", ordena tio Leo.

Romeo levanta devagar e avança, as sobrancelhas unidas, os olhos percorrendo a sala. Ele odeia a atenção. "Eu tenho merda para..."

"Você faz parte dessa maldita família agora", interrompe tio Leo, com a voz baixa, mas dura. Posso dizer, Romeo num dia ruim não tem nada sobre meu tio Leo quando se trata de sua família. “Então pegue sua porra e conheça meu filho.”

 

CAPÍTULO 33

Ham

A enfermeira abre a porta e corro para dentro, não dando a mínima para a dor no meu quadril. Skins diz que tive sorte. Depois de limparmos o sangue, disse que a bala apenas roçou a superfície, mas consegui rasgar a ferida quando me movi, tornando-a pior. O babaca costurou sem anestesia e teve sorte de não levar um soco na porra da boca.

Skins ainda está na casa, não houve fatalidades, mas ainda assim acabamos com nossa quota justa de lesões. Nós somos sortudos pra caralho.

Só quero chegar a Meyah.

Ela está sentada na beira de uma cama de hospital - uma que tem aquelas coisas estranhas que as mulheres colocam para ter bebês - respondendo a perguntas que a enfermeira faz. Fico confuso por um momento, já que Skins me disse que ela estava bem.

Não paro, porém e ela olha para cima a tempo de me ver chegando. Seu rosto cai instantaneamente e seus braços se estendem para mim. Ela abre as pernas e fico entre elas, segurando seu rosto nas mãos e engolindo um soluço.

Só preciso saboreá-la, tocá-la e saber que ela está inteira. Não é o suficiente ouvir isso de outra pessoa.

Ela agarra meu colete em seus dedos me puxando o mais próximo humanamente possível antes de deslizar os braços ao redor da minha cintura e unir os dedos nas minhas costas como se não fosse me deixar ir de novo. Gentilmente afasto meus lábios e ela choraminga, apertando-me um pouco mais forte.

"Desculpe", a enfermeira diz baixinho, aproximando-se de nós. “Só preciso verificar a perna de Meyah. Se estiver tudo bem, posso tirá-la daqui e pode levá-la para casa."

"Tem que me deixar ir, punhos em fúria", murmuro, pressionando os lábios em sua testa e recuando. Ela lenta e relutantemente me libera. "Quão ruim é isso?"

"Estão se certificando de que ela não perdeu muito sangue."

Viro para encontrar Romeo sentado no canto da sala, com os braços cruzados sobre o peito, afundado mais na cadeira de hospital desconfortável. Seus olhos se estreitam em Meyah.

"Estou bem", retruca Meyah e quando viro para olhá-la, ela está encarando Romeo com intensidade. “Foi apenas um arranhão. Devo ter tropeçado em alguma coisa." A enfermeira corta o que parece ser uma parte rasgada da camisa de Romeu, deixando cair o material azul-celeste ensanguentado na lixeira ao lado.

“Parece que finalmente está coagulando. Não é muito grande", observa a enfermeira, checando o tamanho antes de ir em direção ao armário que contém os curativos e desinfetantes. "O que aconteceu exatamente?" O tom que ela usa, mesmo que lute para fazer parecer casual, é desconfiado.

Meyah lambe os lábios. Ela está nervosa, os olhos se movendo entre Romeo e eu. "Acho que tropecei num prego ou algo saindo na lateral da casa", ela divaga. "Minha tia entrou em trabalho de parto e meu tio estava gritando e estávamos em pânico, simplesmente não olhei para onde ia."

A história é plausível.

"E as manchas de grama e escoriações nas suas costas?" A enfermeira continua a questionar e posso ver pelo olhar em seus olhos que ela não terá nenhum problema em levar essa merda ainda mais se nós não... "Olha, senhora" Romeo rosna. "Este não é exatamente o jeito que queria que meu irmão descobrisse que estava transando com a namorada dele no quintal enquanto ele ajudava com o casamento, ok? Então, se puder fazer somente seu trabalho da próxima vez, será ótimo.”

As bochechas da enfermeira instantaneamente coram, a boca se move, mas nenhum som sai.

“Romeo!" Meyah ofega, parecendo absolutamente horrorizada, mas logo percebendo o que está acontecendo. Se a enfermeira chamar os policiais alegando abuso, haverá muito mais perguntas a responder, e agora, nossos rabos estão um pouco mais longe do que gostaríamos. “Ham, sinto muito mesmo. Eu… hum… eu só…”

Meyah é uma atriz horrível o que provavelmente é uma das coisas que mais amo nela. Sua incapacidade de mentir ou fingir qualquer emoção diferente do que está sentindo.

Levanto a mão para pará-la. "Vamos conversar mais tarde", repreendo antes de virar para Romeo e apontar para a porta. "Uma palavra... oh, irmão mais novo."

"Sinto muito", a enfermeira continua a pedir desculpas quando caminhamos para a porta.

Romeo é instantaneamente atingido com a força de um pequeno foguete por nossa irmãzinha. Ela coloca os braços ao redor dele e enterra o rosto em seu peito, segurando a camisa suja e rasgada nas mãos. Op, Chelsea e Blizzard não estão muito atrás dela, caminhando pelo corredor, sem dúvida em busca do mais novo membro da nossa família.

Romeu se desembaraça e empurra Phee gentilmente para trás. "Preciso sair daqui. Cuidei de Meyah, agora todos estão aqui e tem uma merda que preciso lidar.”

Estendo a mão e pego um punhado de sua camisa, não deixando que ele saia tão facilmente. "Não vai deixar este lugar por conta própria", argumento, meu corpo tenso e equilibrado, esperando que ele me dê um soco.

"Deixe-me ir, Hamlet."

"No inferno."

Ele vira rapidamente apenas andando em minha direção, forçando-me para trás até minhas costas baterem na parede. "Você não entende," ele rosna, mantendo a voz baixa e os olhos focados em mim. “Isso foi ele. Ele me deu uma semana de acordo com Meyah e essa semana acabou. Ele ficou cansado de esperar. Ficou com medo de eu não me entregar. Tive a oportunidade de fazer uma merda.”

Optimus e Blizzard ficam de lado, mas Chelsea agarra a mão de Phee e puxa para trás, deixando-me saber que estão preparados para nós dois explodirmos.

"Pare com isso!" Phee grita, segurando firme em Chelsea, seus olhos uma mistura de dor ao nos ver lutar e aborrecimento, parecendo querer esmagar nossas cabeças juntas.

Meus olhos se voltam para minha irmã não tão pequena. Fúria e culpa me encaram.

“Não me inscrevi para isso", ele finalmente admite com os dentes cerrados. "Você não o conhece como eu. É por isso que não deveria estar aqui, porque você nunca disse nada sobre fodidas mulheres e crianças e... tudo isso.”

"Por que diabos importa?" Desafio, empurrando seu peito.

"É importante porque passei muito tempo sabendo que se tivesse algo errado, o único que iria sofrer era eu." Ele corre os dedos pelo cabelo, empurrando-o para trás do rosto e abaixando a cabeça. É um hábito que notei quando estamos estressados ou agitados.

Aponto o dedo para seu peito. "Pode sair daqui, mas estou dizendo agora... recuso-me a te perder de novo. Quase perdi os dois para sempre hoje. Quase assisti minha família ser despedaçada mais uma vez... justamente quando os tenho de volta." Empurro seu peito e agarro ambos os lados de seu rosto, tirando seu olhar raivoso do chão. Meu estômago pula na garganta enquanto olho em seus olhos vermelhos, vendo o menino que me lembro, o mesmo que foi roubado de mim seis anos atrás. “Eu os assisti se arrastando, chutando e gritando, incapaz de fazer uma única coisa para mudar o que estava acontecendo. Não vou deixar esse idiota, ou qualquer babaca, levar você embora de novo. Porque não sou mais indefeso."

Ele afasta minhas mãos. "Meyah quase morreu hoje por minha causa", ele diz, tentando afastar a rouquidão em sua voz que me diz que isso o atingiu. Que talvez, desta vez, eu tenha conseguido passar. Talvez ele esteja finalmente me ouvindo.

Bufo. "Mas ela não fez. Por sua causa. Droga, Romeo, apenas escute o que está dizendo.”

"Vou sair, isso acabou, porra." Ele vira, indo para as portas duplas.

Optimus balança a cabeça. "Meus caras não vão te deixar sair, a menos que seja para levá-lo de volta ao clube", ele diz a meu irmão, que para quando chega as portas.

Ele não olha para trás por cima do ombro. "Então? Sou um maldito prisioneiro agora? Isso não é irônico? Acho que já deveria estar acostumado, já que sou prisioneiro há seis anos."

“Na verdade, é para sua proteção e deles. Ninguém deve ficar do lado de fora do clube ou do hospital", corrige Optimus, mantendo a calma como o maldito profissional que é. Ele fala quando ele poderia ter acabado de derrubar Romeo e não ter que lidar com a porra da sua boca esperta. “Não brigue comigo sobre isso, Romeo. A merda que faço para proteger minha família é como nada que já viu antes... isso inclui quando tenho que protegê-los de si mesmos."

O corredor fica em silêncio por alguns segundos seguidos.

É por isso que o clube é uma parte de mim.

Porque quando estou fraco, quando estou lutando, tenho que me fazer forte.

Com essas palavras finais, Romeo empurra as portas e sai em disparada. Sei que ele me ouviu e sei que o que eu disse o atingiu. O que me preocupa é porque ele ainda sente como se tivesse que nos proteger de todos os seus erros.

O clube não aceita merda, eles não fazem nada ou lutam por qualquer um que achem que não mereça. Eles não têm medo de fazer o que tiver que fazer pelas pessoas com quem se importam, mesmo que isso signifique afastar alguém porque a bagagem que carrega é demais.

Solto a respiração que estive segurando quando a porta do corredor abre e Meyah sai. “Obrigada, sinto-me bem. Oh, olhe... minha família está aqui."

Ainda posso ouvir a enfermeira na sala pedindo desculpas profusamente até que a porta fecha atrás dela e ela praticamente corre em nossa direção, revirando os olhos. Abro os braços e ela desliza para dentro deles, inalando profundamente.

"Odeio vocês dois por me deixarem lá dentro", ela murmura, seu rosto pressionado contra meu peito.

Enterro o nariz em seu cabelo permitindo que seu perfume acalme meu coração acelerado.

"Oh, ótimo, a festa de boas-vindas finalmente chegou", uma voz explode no final do corredor. Olho para cima e vejo Leo andando até nós, com um pequeno pacote de cobertores azuis nos braços com um tufo de cabelo quase preto saindo do topo. Um sorriso cresce no meu rosto, meu corpo automaticamente avançando, encontrando-o no meio do caminho.

“Todos, conheçam o mais novo membro dos irmãos, Creed Jamison.”

 

CAPÍTULO 34

Ham

Não posso deitar de lado, a dor é menos excruciante e simplesmente mais irritante. Como se ao levar um tiro, a bala deveria atingir em algum lugar que vai doer, assim, pelo menos, você tem uma razão para grunhir e gemer ou até mesmo chorar. Essa ferida está no tecido, e toda vez que sinto uma pontada aguda ou dor, tenho que morder meu lábio para que os irmãos não achem que estou agindo como uma vadiazinha.

Meyah já fez uma observação grosseira esta noite sobre meu buraco de bala de bebê por causa da maneira que sibilei através dos meus dentes quando sentei. Se não fosse por isso já estaria num assento, teria ido atrás dela e espancado sua bunda redonda e flexível com tanta força que ela não sentaria adequadamente por uma semana.

Rangendo os dentes, fico de costas tentando o meu melhor para não empurrar a bela mulher adormecida ao meu lado. Voltando ao conforto da minha cama, finalmente encontro um espaço onde a dor é mínima e posso dormir um pouco.

Bang.

A porta do meu quarto abre.

Meyah grita.

Instantaneamente pego a arma enquanto tento cobri-la, mas Wrench já está falando. "Levante-se imbecil", ele exige, indo direto para minha cama e puxando as cobertas.

"Você bateu, filho da puta?" Exijo, lutando contra o desejo de dar um soco na cara dele.

Sério. Privacidade não significa nada para as pessoas neste clube?

Meyah e eu teremos nosso próprio lugar assim que possível.

Já posso ver isso. Muito espaço, um punhado de crianças, perto do clube, meu irmão e irmã morando no mesmo pedaço de terra...

"Temos um problema com Romeo."

Meu sonho desaparece instantaneamente numa nuvem de fumaça e, ao mesmo tempo, percebo que a arma que deveria estar na minha mão, debaixo do meu travesseiro, não está lá.

Claro, que sim.

Rolo e dou um beijo na bochecha de Meyah, não me importando tanto com a dor no quadril.

"Tenha cuidado", ela sussurra, puxando os cobertores com força, seus olhos encontrando os meus. Eles gritam: "É melhor voltar inteiro, porque não sei o quanto mais posso aguentar."

“Tudo bem,” prometo, recuando e pegando minhas roupas.

Wrench espera na porta, mantendo-a aberta, enquanto coloco meu colete. "Leo sabe que Meyah não está dormindo no quarto que deu a ela?"

Bufo, tentando descer a escada. "Ela tem dezoito anos."

"Ela é da família."

"Ela é minha."

Ele ri, fazendo-me querer socá-lo quando entramos na igreja e ele coloca seu tablete sobre a mesa.

"Onde ele está?", pergunta Optimus ao entrar.

É uma da manhã e o clube está morto. Faz apenas alguns dias desde o casamento, e estamos todos de cabeça baixa, cansados e esgotados para fazer algo mais. Agora, no entanto, há dez irmãos reunidos na igreja ao redor do tablete de Wrench, observando um pequeno ponto se mover pela cidade.

“Ele está indo para Huntsville. Pegou um taxi a cerca de cinco minutos do fim da rua", explica Wrench, os olhos segurando os meus.

Mal mantenho minha merda junta. Oferecemos-lhe proteção, colocamos as pessoas com quem nos importamos em perigo por Romeo. Porra! Meyah ainda tem pesadelos com o xerife cortando-a e, no entanto, ele se levanta e sai no meio da maldita noite e se coloca na linha de fogo.

Corro os dedos pelo cabelo puxando-o desconfortavelmente.

“Talvez ele tenha ido se encontrar com alguma cadela. Deus sabe que não vi o cara tocar em nada com uma buceta desde que chegou aqui e depois dos meses na prisão, como ainda não perdeu sua merda?" Camo continua falando.

A ideia é lógica, mas não é o que está acontecendo aqui. Meu irmão não está num passeio noturno para encontrar uma buceta.

"Ele tem minha arma."

“Foda-se,” Optimus amaldiçoa, batendo a palma da mão contra a parede. “Seu irmão sempre leva tanto tempo para pegar as coisas? Íamos resolver isso. O que diabos ele não entende?" Op está furioso, mas isso não vai nos impedir de ir atrás de Romeo hoje à noite. Significa apenas que Romeo pode acabar sendo expulso se alguém se machucar.

"Ele acha que está nos protegendo", observa Blizzard, recostado contra a parede, com o cabelo preso. Sem dúvida como o resto de nós, ele foi arrastado da cama por causa do desaparecimento de Romeu.

“Alguém vai ter que proteger sua bunda de mim quando isso acabar, porque em vez de foder minha mulher e colocar outro bebê dentro dela, estarei..." ele olha para o tablete, o ponto agora se movendo para alguma área de caça na periferia da cidade. Op revira os olhos. "No meio do inferno, em nenhum lugar, resgatando-o."

Porra, Romeo, seu idiota.

Por que não pode confiar em mim e contar essa merda?

“Beijem suas mulheres e me encontrem na frente.”

 


Conseguimos alcançar Romeo rapidamente. Paramos do outro lado de Huntsville, no parque estadual, vendo o mapa que Wrench tem. Ele aponta que o movimento de Romeo parou há poucos minutos perto da base da montanha. Não está numa estrada, então imagino que teremos caminhar.

Sei quem ele está procurando. Sei exatamente qual sua missão, mas essa merda é perigosa. Ele não conhece a área. Obviamente, está recebendo indicações ou, no mínimo, tem um destino.

Como diabos ele sabe o que está o esperando lá em cima?

Ele mal falou comigo nos últimos dois dias, evitou-me como a peste, mas conversou com Meyah várias vezes. Além disso, conversas em que não estive incluso.

Romeo está segurando muita merda, incluindo a necessidade de se manter separado de qualquer um que possa importar. Ele não entendeu a ideia da força unida. Enquanto vejo meus irmãos como força atrás de mim, ele vê como uma fraqueza que pode ser usada contra ele. Preciso que ele me ouça. Preciso que ele aprenda e entenda porque não quero deixar ele ou Phee irem de novo.

Tenho que fazê-lo ver.

Não sei como ainda.

Finalmente chegamos a uma estrada escura que mal dá para dois de nós andarmos lado a lado. Entramos na estrada de um fazendeiro feita de barro.

"Há uma enorme quantidade de máquinas no final da estrada", Wrench grita quando paramos na entrada, e ele pega um par de alicates de seus alforjes. Não vemos uma casa em alguns quilômetros, então, felizmente, não teremos que nos preocupar com testemunhas. “Conheço o fazendeiro. Se alguém nos ouvir indo embora, ele dirá que está apenas soltando seus bebês às 2:00 da manhã. ”

Wrench corta o ferrolho e descemos a estrada tão depressa quanto possível. Ele está certo, há fiadores enormes, cortadores de grama, tratores e outras máquinas de aparência assustadora com lâminas. Escondemos as motos entre alguns pedaços de metal. Todos pegamos as lanternas de nossos alforjes.

Wrench aponta para a montanha à nossa frente. "Ele desceu a estrada até lá", observa Wrench, apontando para uma estrada que é um beco sem saída, não muito longe de onde estamos. Ainda assim, não há casas em volta, o que dá uma sensação estranha.

"Há uma luz lá em cima”, Blizzard sussurra, apontando para as árvores, onde há um tipo de brilho em forma de quadrado. “Parece uma pequena cabana, provavelmente uma das antigas que eles alugam para os caminhantes. Precisamos ir agora e dar o fora daqui.”

Corremos para o campo esparso entre nós e a linha das árvores, tentando manter as lanternas acesas e não alertar ninguém que estamos chegando. Demora alguns minutos para chegarmos à linha das árvores e então a subida começa. Já estou lutando para respirar e a parte difícil está prestes a começar. Folhas soltas e galhos de árvores dificultam ainda mais a subida quando não podemos usar o caminho que leva para a cabana, e usamos botas pesadas e roupas escuras que cobrem nosso corpo o máximo possível. Enquanto a maioria de nós tem tatuagens, sempre que fazemos coisas que não queremos, tentamos cobrir quaisquer recursos identificáveis que possam levar à evidência.

Esta noite não é diferente, mesmo no escuro, mesmo num lugar remoto como este.

Estou começando a me preocupar.

Isso nos levará muito tempo.

Não vamos chegar a tempo.

Como digo a Phee que não fiz o que prometi a ela?

Uma mão pressiona minhas costas e olho por cima do ombro para Blizzard, meus olhos agora ajustados a escuridão. "Ainda não acabou", ele rosna baixinho. "Seu irmão pode ser um idiota, mas ele é um lutador."

Ele é.

Romeu é uma das pessoas mais fortes que conheço. Desde que éramos crianças, ele sempre viu o mundo pelo que é. Eu era seu irmão mais velho, mas ele sempre foi o primeiro a defender Phee e eu se sentisse que alguém não nos tratava de forma justa. E não só a nós, qualquer um que parecesse ser menosprezado. Ele estava sempre pronto para lutar por eles.

Às vezes isso o deixava em apuros, mas lhe dava muito respeito.

Semanas atrás, pensei que quando Romeo chegasse aqui, ele veria essa vida e sentiria o que é o clube. Ele seria um prospecto, entraria no clube e seria meu irmão em mais de uma maneira. Mas posso sentir que isso não é o que ele quer, não é a vida que o chama como acontece comigo.

Não me importo se ele quiser se juntar ao circo.

Ou se ele de repente decidir começar um show onde usa vestidos cor-de-rosa brilhantes e cantar músicas da Lady Gaga. Só quero que ele seja parte da minha vida.

Bang.

O tiro ecoa pelas árvores ao nosso redor e desce a colina, movendo-se pela terra aberta.

Não posso perdê-lo

De novo não.

 

CAPÍTULO 35

Ham

Com Blizzard bem atrás de mim, lutamos através da bagunça de folhagem, sentindo pingos de chuva através das árvores acima de nós e em nossos rostos. Tudo o que posso pensar é que, com sorte, chovera forte o suficiente para lavar nossos rastros depois disso, porque não tenho ideia do que diabos está prestes a acontecer.

A cabana é velha, parte dela feita de pedra grande, pedra bruta, de quando as cabanas foram construídas durante a depressão. Isso só representa cerca de um terço, no entanto. O resto é um revestimento fino que alguém obviamente usou como um conserto barato. O telhado está caindo aos pedaços em alguns lugares, e honestamente parece algo saído de um maldito filme de terror.

Meus irmãos se movem em torno da casa com segurança.

Blizzard me segue até a janela. Está suja como o inferno, mas com a luz acesa por dentro, podemos ver facilmente Romeo apontando a arma para o xerife que tem as mãos levantadas no ar como se estivesse se rendendo.

"Deixe-os em paz, John", Romeo silva.

Visser olha-o nos olhos, como se estivesse completamente indiferente ao fato de que Romeu está furioso e pode facilmente colocar quatro ou cinco balas em seu peito em menos de três segundos.

“Deve ser legal ver seu irmão mais velho novamente. Aquele que te deixou à mercê do sistema. Lembra-se disso, não é?" Xerife Visser insulta, parado na extremidade oposta da mesa gasta da cabana, um cigarro pendendo de seus dedos, um isqueiro na outra mão. A mesa tem pelo menos dois metros de comprimento e é feita de madeira maciça, mas parece que viu muitos cupins, com as pernas e lados cheios de buracos.

Acho que se pode dizer que combina com a decoração do lugar - pedaços rasgados do que parecem camisetas são usadas como cortinas, e um sofá que tem o enchimento do braço faltando, tanto que se pode ver a moldura de madeira se projetando. Há também teias de aranha por toda parte e tábuas quebradas que levam a Deus sabe onde. O lugar é algo que só posso imaginar que as pessoas usem para descansar, mas nunca ficar. Tenho certeza que o teto vai desmoronar a qualquer momento.

"É isso que estou aqui para discutir com você..." Romeo rosna com os dentes cerrados. "O que vai precisar para ficar bem longe deles?"

Meu dedo se move para o gatilho da minha arma - minha arma sobressalente, porque a minha normal está na porra da mão de Romeo - estou pronto para colocar um buraco de bala neste bastardo e isso só me levará um tiro. Isso tudo pode acabar. Tudo pode terminar e seguiremos em frente.

"Não", Blizzard silva, em pé na minha frente. Só posso ver seu rosto na luz da janela da cabana. Ele está me encarando e balançando a cabeça.

"Você não o conhece, porra,” Romeo ruge, batendo as palmas das mãos na mesa gasta, e como esperava, ela desmorona no chão, as pernas quebrando como galhos podres.

Ainda assim, o xerife quase nem pisca com o barulho e a ameaça de danos para ele. Em vez disso, o primeiro show de emoção apareceu, com um puxão no canto da boca. “Não vamos fingir que em algum momento você o desprezou. Odiava que sua mãe e seu pai sempre lutassem tanto para ajudá-lo a chegar onde precisava, enquanto você lutava na escola apenas para ter notas médias."

Eu posso matá-lo.

Eu quero matá-lo.

"Então, família briga às vezes", Romeo retrocede, aparentemente não se importando com as palavras do xerife. "Eu odeio que o cabelo dele seja mais bonito que o meu também, mas ele ainda é meu maldito irmão."

O xerife passa o polegar pelo isqueiro como se estivesse pensando em acender o cigarro, mas não consegue se decidir. Ou talvez seja apenas um tique nervoso, um que ele fez bem em esconder. "Bem, pode muito bem deixá-lo saber este pequeno segredo agora", anuncia o xerife Visser, levantando um pouco o queixo, deixando-me saber que está prestes a soltar uma bomba e está orgulhoso como o inferno disso. “Conheço seu irmão mais velho. Ele lutou arduamente para trazer você e a pequena Ophelia de volta, mas quando você caiu no meu colo... o maldito e zangado adolescente babaca que era... soube instantaneamente que seria uma vantagem para mim."

Meu corpo inteiro fica frio como se fosse atingido por uma tempestade de gelo.

"De que inferno está falando?" Romeo exige, sua voz quebrando quando se adianta. A madeira da mesa estala sob o peso de suas botas e ele cai para o lado como se estivesse fraco demais para tropeçar na bagunça estilhaçada. Os olhos de Romeo brilham, seu nariz queima enquanto ele continua apontando a arma. "Diga!"

Seu dedo roça o gatilho e meu coração pula na garganta. O xerife ainda mantém sua posição, o rosto não mudando, seu corpo alto e estoico. Ele é um maldito robô. Ele não tem emoções. Sem sentimentos. E esse pensamento é reforçado pelo que ele diz em seguida. "Sabia que faria tão bem quanto fez. Ganhando o respeito que ganhou. Você é um lutador. Estávamos dispostos a não seguir as regras e se deixasse Hamlet ganhar esses casos, teria perdido uma posse valiosa.”

O tempo passa, posso sentir em meus batimentos cardíacos.

Um segundo.

Dois segundos.

Três segundos.

Que—

"Você subornou o juiz?" Romeu acusa, os olhos brilhando como se tudo que passou, cada momento dos últimos seis anos, pudesse ter sido diferente se não fosse por esse homem. Praticamente posso vê-lo correndo pela cabeça de Romeo, lembrando cada evento, cada vez que precisávamos da nossa família, cada vez que ele foi forçado a fazer algo que não queria.

Tudo em mim queima.

Quero recuperar os anos que ele roubou de mim.

Quero esse tempo de volta.

O tempo que ele roubou de mim, que arrancou de nós três quando mais precisávamos um do outro. Estávamos de luto, todos lidando com um dos eventos mais estressantes e dolorosos que poderia acontecer em nossas vidas, e tivemos que fazer tudo sozinhos, porque esse imbecil queria um menino vadio?

De jeito nenhum.

"Seu desgraçado!"

Bang.

Romeo, tropeça para trás, mal conseguindo se equilibrar.

Pergunto-me por um momento se ele está bêbado pelo jeito que está agindo.

“Vá!” Blizzard silva. Minhas botas derrapam no chão, sujeira e folhas fazendo eu escorregar enquanto luto para conseguir tração suficiente para chegar à porta da frente da cabana. As luvas que uso tornam difícil girar a maçaneta, ou talvez seja apenas o fato de que não sou capaz de processar o que está acontecendo. O que esse cara disse. Isso não é apenas ter alguém fazendo seu trabalho sujo, isso é sobre Visser destruir a vida de Romeu.

Isso é o que ele se propôs a fazer - arruiná-lo.

Finalmente abro a porta, apenas para encontrar Visser no chão sujo e quebrado e minha arma apontada para meu rosto e a porta fechando atrás de mim. Visser segura o ombro logo acima do coração, contorcendo-se de dor, girando e girando. E rindo, ele está rindo. O homem que não mostra emoção, finalmente quebra.

"Ele fez isso conosco", Romeo ruge correndo para frente. Ignorando o maníaco no chão, entro na frente dele, segurando-o, sabendo que não podemos apressar isso. Precisávamos de um plano para lidar com essa situação que agora está fora de controle.

Houve muitos tiros.

Alguém os questionará.

Nós deixamos esse idiota vivo, ou o matamos, e arrastamos seu corpo para a montanha para fazer o que quiséssemos? "Ele não pode nos machucar mais", digo, tentando ser calmo, quando meu corpo grita para ir e espancar o cara que sei agora ter roubado os últimos seis anos da minha vida. "Precisamos limpar essa bagunça, no entanto."

Os olhos de Romeo se movem para minha arma que segura na mão, os olhos estreitos como se estivesse tendo problemas para vê-la.

"Então, precisamos descobrir agora o que..." Paro. Respiro fundo. Estou achando difícil respirar, minha cabeça parece estar saindo dos ombros. "Que cheiro é esse?"

Nossos olhos se encontram, nós dois inalando o cheiro estranho. Começo a engasgar. Está ficando mais espesso, e quanto mais espesso fica, mais percebo o que é.

"Gás. É a porra do gás,” Romeo balbucia, puxando o capuz para cobrir a boca.

O xerife Visser tosse e é seguida por mais risadas. Quando olho por cima do ombro, pronto para correr para a porta que está do outro lado dele, congelo. O isqueiro que ele movia e pensei ser inconscientemente, agora está suspenso no ar.

Estalando.

Ele estava enchendo lentamente a cabana com gás.

Isso explica por que Romeo está lentamente perdendo a capacidade de se concentrar, o gás afetando seus sentidos.

"Pena que não vai viver para encontrar Eliza", xerife Visser provoca, seu rosto pálido e a respiração lenta.

Estalando.

Ele está tentando nos explodir.

"Que diabos quer dizer?" Romeo exige, dando um passo à frente, mordendo a isca que Visser jogou. "O que fez com ela?" Ele grita.

Corro para Romeo. Acerto-o com meu ombro e forço-o de volta, a única saída que não inclui nos aproximar da explosão que Visser está tentando criar.

Seu polegar está se movendo para o isqueiro novamente. O gás da casa está ficando muito espesso.

É como se agora visse o que realmente está acontecendo.

Há tabuas novas, pregadas nas paredes em lugares onde pode ter havido buracos ou vazamentos. Há fita adesiva ao redor das janelas e toalhas colocadas no fundo das portas para evitar que o gás escape.

Este é o seu plano.

Acerto Romeu com tanta força que nós dois não conseguimos ficar de pé, nossos corpos e mentes já lutando com a falta de oxigênio. Voamos pelo quarto improvisado e, de alguma forma, caímos no chão ao bater com força numa porta.

Estalo.

Nada.

Tento me levantar, concentro-me na janela. Está fechada. Mas nós podemos... estalo.

ESTRONDO.

 

CAPÍTULO 36

Ham

A porta do quarto é a primeira coisa a sair, voando das dobradiças e batendo nas costas do meu irmão antes de ir para o ar. Ele ruge de dor, minha arma caindo de sua mão e batendo no chão.

Não é o estrondo que esperava.

Como as explosões que vê nos filmes em que o teto voa numa explosão de glória, e há o boom quase satisfatório que o acompanha.

Então vem o calor, é como nada que já senti antes e instantaneamente o fogo sobe pelas paredes onde estávamos há menos de meio minuto. Como um parasita, ele rasteja, engolindo as paredes com sua chama.

Romeo e eu tentamos ficar o mais longe possível da porta, meu rosto e pele parecendo estar derretendo do corpo.

No começo, fico grato pensando que a pedra salvou nossos traseiros - o quarto é o terço da cabana que ainda tem a pedra original com a qual construíram a casa. Então percebo que não é o caso porque nos colocamos num maldito forno de pedra que está rapidamente começando a esquentar.

Não consigo respirar, a estranha e escura fumaça rapidamente enchendo a sala sem escapatória. Aquele bastardo selou tudo. Ele quer que esta cabana seja como um maldito caixão, e ele está disposto a descer com isso. Esse é o ponto em que sabe que alguém fez muitas escolhas de merda. Ele sabe que, se sobreviver, Romeo falará e bastará algumas palavras do clube, não apenas para os criminosos, mas também para as forças da lei saberem quem ele é e ir atrás dele à procura de sangue.

Ele vai levar Romeo com ele.

O bastardo não morrerá sozinho.

"Temos... que sair", grita Romeo, tentando se arrastar pelo chão até mim.

Tento cobrir a boca e respirar fundo, mas mesmo isso é uma luta. O ar está quente demais, parece queimar meus pulmões. "Janela", consigo gritar. Meus irmãos estão do lado de fora. Sei que estarão cercando o lugar esperando por algum tipo de sinal se não estiverem tentando entrar.

Romeo olha para cima e vê a janela que tem tábuas sobre ela, e sem um segundo para pensar, puxa o capuz inteiro sobre o rosto e empurra seu corpo fraco no calor e na fumaça espessa. Estendendo a mão, ele agarra uma das tábuas, rugindo enquanto luta para puxá-la de onde foi pregada.

"Foda-se", sufoco, levantando e tentando lutar contra meus olhos ardendo, agarrando o outro lado e puxando. No segundo puxão, ela voa, jogando-nos para trás e no chão. Meu corpo inteiro dói, queima, e minha cabeça me diz que está tudo bem.

Apenas deite-se.

Vá dormir.

Você não precisa mais lutar.

Não quero mais lutar. Quero me deitar e não levantar.

“Ham, levante-se, idiota. Eu preciso de você!" Meu irmãozinho grita em meu ouvido, o pânico e desespero em sua voz sendo o suficiente para me despertar. Olho-o, lutando com a próxima tabua, a fumaça em seus cabelos e olhos, implorando para ajudá-lo a nos tirar daqui. Luto para ficar de joelhos, mas meu corpo está fraco, e desistindo.

Posso apenas sentar aqui e ver meu irmão morrer?

De jeito nenhum.

Cada movimento é difícil, e meus pulmões estão ofegantes, lutando por ar que não esteja sujo de fumaça preta e dióxido de carbono.

"Recue", ouço uma voz gritar. É baixa e difícil de entender porque vem de fora. Romeo tropeça para trás e, de repente, uma pedra enorme quebra o vidro e duas das tábuas que Romeu tentava retirar.

"Vamos", a voz grita, muito mais clara agora, e percebo que é Blizzard.

Romeo corre para onde ainda estou lutando para me levantar e agarra meu corpo, tirando-me do chão. Ele está fraco e tropeça, mas me leva até a janela. Meus irmãos ainda estão esmagando o vidro, tentando limpar os cacos.

"O cobertor", tusso, apontando para a cama solitária no quarto com uma única colcha que parece original da casa, como as pedras que nos protegeram da explosão.

Romeo rapidamente percebe o que estou dizendo e pega-o jogando sobre o vidro quebrado antes de me passar. Três irmãos me seguram do outro lado, meu corpo uma bagunça de membros quando me empurram para as árvores e para longe da cabana em chamas.

Romeo está bem atrás de mim, Optimus e Wrench o empurrando e passando os braços ao redor dos seus ombros enquanto o levam para um lugar seguro.

Leva-me alguns instantes enquanto estou deitado nas folhas grossas e na sujeira da floresta para perceber que sou golpeado por gotas de chuva afiadas e frias. Parece o maldito céu contra minha pele, e tenho quase certeza que derrete meus ossos.

“Puta merda, vocês dois são sortudos", Skins bufa quando ele cai de joelhos ao meu lado e começa a empurrar e cutucar partes do meu corpo verificando meu batimento cardíaco e respiração.

"Temos que ir", insiste Blizzard, respirando pesadamente enquanto se agacha ao lado de Romeo. "Esta coisa está pegando fogo, é como um maldito farol apontando para nós."

Assinto. "Vamos", murmuro, mal reconhecendo minha voz.

Skins e Levi me ajudam, enquanto Op e Wrench ajudam a transportar Romeo de volta à montanha.

Em alta velocidade.

Na porra da chuva.

Nós nos movemos rapidamente, desta vez, usando o caminho mais sólido que Romeu ensinou. A maior parte é de madeira, construído para facilitar as trilhas para as cabanas e como esta é a mais próxima do pé da montanha, a maior parte do trabalho foi feito.

Ainda é escorregadio como o inferno, e temos sorte quando chegamos ao fim sem ossos quebrados.

Os ataques de tosse começam quando corremos de volta através da terra para nossas motos e não param. Quero vomitar, mas já estou preocupado.

Não é uma grande evidência, mas em caso de evidências - quanto menos, melhor.

"Você está bem para montar?" Skins pergunta rapidamente enquanto ele me apoia contra minha moto, colocando a lanterna nos meus olhos e parcialmente me cegando enquanto procura sinais de que vou morrer.

Afasto a mão dele. "Vou ficar bem", minto. Minha garganta parece que engoli ácido.

"Vou chamar Eagle e pedir para pegar Leo e sua caminhonete e nos encontrar em Huntsville" Op ordena, tirando o celular do bolso. "Já vou lutar o suficiente com Romeo nas costas, sem deixar ele cair. Leo poderá levar a moto de Ham, e ele e Romeo vão na caminhonete com Eagle."

Romeo instantaneamente fica um pouco mais ereto, afastando-se do enorme trator que usa para se equilibrar. "Ei cara, eu não monto como cadela."

Op zomba. “Agora você faz. E esta noite você será minha."

Teria rido se a situação não fosse tão terrível.

Nós matamos um xerife. Explodimos uma cabana. Agora temos que chegar em casa sem que as pessoas nos vejam e coloquem dois e dois juntos. E estou realmente sentindo dor agora que a adrenalina baixou.

Meu quadril dói. Meus pulmões estão queimando. Sei que minha cabeça ainda não está certa.

“Precisamos tomar estradas diferentes. Espalhem-se por aí, se alguém nos ouvir, não terá certeza por qual caminho estávamos viajando ou se havia mais de um,” Blizzard diz enquanto empurramos nossas motos para a estrada, não muito dispostos a colocá-las tão perto da cena do crime.

Não vou admitir, mas estou lutando. Apenas quando pensei que ar fresco estaria finalmente circulando por meu corpo, a chuva lavando a sujeira e a merda negra da minha pele, começo a tossir, chiar e lutar por ar.

“Você só precisa chegar à cidade onde poderemos encontrar abrigo e cobrir os garotos. Vinte minutos no máximo", insiste Blizzard, enquanto observamos Levi e Kev ligarem os motores e partirem em direções diferentes. "Vou andar com você. Se cair, eu paro e te pego."

Sorrio, o som saindo mais como um gato com uma bola de pelo. "Não foi o que disse da última vez."

"Vamos lá, garoto, há uma garota em casa te esperando", ele tenta desta vez, quando outros dois irmãos saem pela noite, deixando apenas Blizzard, Op, Romeo e eu.

"Ela não estará esperando por muito tempo, vai embora em breve", murmuro, ainda lutando para manter a posição vertical, enquanto esperamos os caras se afastarem o suficiente para podermos sair.

Op levanta a sobrancelha. "Do que está falando? Pensei que você e Meyah fossem um negócio feito."

"Não vou fazê-la esperar enquanto cumpro pena."

"Você teve um golpe na cabeça ou algo assim?" Blizzard exige, mas quando olho Romeo, ele balança a cabeça. Ele sabe que a merda vai acertar o ventilador. Ele sabe que estou fodido e teremos que pensar seriamente sobre o que fazer a seguir. "Oi?"

"Romeo pegou minha arma", respondo.

Nem Blizzard nem Op comentam, ambos me olhando como se eu tivesse perdido a cabeça.

Blizzard olha para a montanha. Precisamos sair daqui antes que os bombeiros cheguem e eles estarão aqui em breve.

"Ele deixou a arma na cabana."

Blizzard e Op ambos se olham e murmuram a mesma palavra.

 

CAPÍTULO 37

Meyah

Eu o ouço entrar.

A verdade é que não dormi desde que ele saiu.

Quando ele veio recolher a arma debaixo do travesseiro horas atrás, fingi estar dormindo. Sabia que algo estava errado, e se isso tem algo a ver com Romeo e Ham precisando de uma arma, definitivamente não é bom ou reconfortante.

Mesmo quando seus lábios roçam minha bochecha, não abro os olhos esperando até que a porta feche e a sala esteja mais uma vez envolta na escuridão.

Quero sentar e questionar o que está acontecendo, observando-o reunir suas coisas para poder desaparecer e cuidar dos negócios. Em vez disso, opto por deixá-lo livre da minha voz preocupada e olhares em pânico que provavelmente darei enquanto ele pega a roupa escura da cômoda.

Estou aprendendo.

Ser uma Old Lady é sobre conhecer o seu homem, e sei que serei apenas uma distração e o manterei longe de seu foco, afastando sua mente da tarefa que tem em mãos. Ser uma Old Lady é confiar que ele virá até você se precisar e estar lá quando necessário.

Deveria esperar ele vir até mim, mas ele está de volta, ele está vivo, e preciso desesperadamente tocá-lo depois de algumas horas imaginando o que faria se isso não acontecesse mais. Acendo a luz ao lado da cama, sento-me e puxo o cobertor ao redor do meu corpo enquanto pisco na escuridão sombria.

"Meyah..."

Seu rosto está coberto de manchas de fuligem negra, as mãos não estão melhores.

Afasto os cobertores e saio da cama, minha boca aberta. Quanto mais perto chego, mais posso sentir o cheiro da fumaça que envolve sua roupa.

"Oh meu Deus", murmuro.

"Volte a dormir." Sua voz é rouca e crua e parece doloroso para ele falar.

"Acho que precisa ser examinado."

Ele bufa. "Estive lá em baixo com oxigênio por quase duas horas", explica ele, seguido por uma tosse seca e áspera. “Só quero sair dessas roupas e lavar essa noite. Skins tem um médico chegando com algumas coisas para ter certeza de que meus pulmões de merda estão bem, mas não será em menos de uma hora. Não se estresse."

Puxando meu lábio entre os dentes, pego a mão dele e o levo para o banheiro.

"Meyah, volte a dormir", ele tenta pedir, mas como sua voz soa como um sussurro áspero só me faz sorrir. "Está ficando todo suja."

Paro e viro para encará-lo. Ele não está errado. A mistura de sujeira e porcaria negra que o cobre e a suas roupas está agora em minhas mãos e também na camiseta branca que peguei dele para dormir.

"Veja."

Não me importo.

Ham está de volta.

Ele não está completamente ileso, mas está vivo, e está inteiro.

Dou um passo à frente pressionando meu corpo contra o dele e seguro seu rosto nas mãos. Meus polegares afastam a bagunça suja e gordurosa que mancha suas bochechas, fazendo nada além de deixar manchas aqui e ali e esfrego minhas mãos.

"Meyah."

Sem lhe dar a chance de me afastar, fico na ponta dos pés e aperto meus lábios nos dele. Minhas mãos deslizam em seu cabelo, meu lugar favorito. Movo meus dedos, puxando-o enquanto corro a língua por seus lábios, forçando-o a se abrir para mim. Então, quando penso que ele pode se manter firme, ele se afasta, respirando mais pesado que o normal, mas com um olhar em seus olhos que instantaneamente faz minha buceta se contorcer.

"Você precisa de algo?" Ele rosna, a textura áspera de sua voz apenas aumentando a intensidade.

Lambo meus lábios, tentando não me encolher com o gosto amargo. "Preciso de você. Só quero cuidar de você."

Nunca esperei que vê-lo assim me faria querer tocá-lo tanto. É como se soubesse que ele estava em algum lugar, que fez algo que não pode me contar, que sou ingênua se acho que isso não o colocará em um monte de problemas. Mas ele veio para casa para mim. Ele está aqui, e só preciso tocá-lo, ter certeza de que ele está bem e que está de volta comigo.

Acho que pode chamar isso de medo.

Temo que um dia ele vá embora e não volte.

Não sou uma Old Lady experiente, mas isso é natural.

Só quero sentir meu homem quando poderia facilmente tê-lo perdido. Movo-me ao redor dele, ligando o chuveiro e fechando a porta novamente antes de começar a soltar seu cinto. Minhas mãos movem-se meticulosamente para desfazer o cinto, puxá-lo para os lados, abrir o botão e abaixar o zíper. O pesado - que agora percebo estar molhado - jeans cai no chão surpreendentemente deixando-o nu, e ele rapidamente faz o trabalho de sair deles e chutá-los para o lado.

“Bom garoto,” sussurro, ganhando um grunhido profundo, mas silencioso. Não posso segurar a risada. Meu leão geralmente feroz se transformou num pequeno gatinho, seu rosnar mais como um ronronar.

A metade superior é a próxima. Puxo-a sobre sua cabeça e jogo por cima do ombro, sem me importar se acertam a parede, provavelmente deixando uma mancha preta antes de cair no chão.

"Minha vez", ele sussurra antes que eu possa levá-lo para dentro. "Se vamos entrar aqui juntos, preciso de algo para lavar." Tomando meus quadris nas mãos, ele me guia para trás até minhas costas baterem na penteadeira. "Vire e tire-a."

Minha língua serpenteia para fora, molhando meus lábios antes de pressioná-los juntos e lentamente obedecer a ordem severa. Faço um trabalho rápido no meu pijama, chutando-o para longe, observando que o banheiro está ficando muito mais quente. O vapor sobe enchendo o ar ao nosso redor.

O espelho já está embaçado, então não vejo quando a palma da mão de Ham acerta minha bunda num tapa retumbante. Fico um pouco mais ereta, a picada ainda subindo por minha espinha, mas da maneira mais surpreendente.

Tapa. Outro, no lado oposto e desta vez juro que quase quebro a borda da pia de porcelana, apertando-a com tanta força que tenho medo que ela possa se soltar.

"Sim, agora tenho algo para lavar", ele observa, sua voz um pouco menos crua, sem dúvida, graças à umidade quente da sala. Viro e olho por cima do ombro, rindo baixinho quando vejo as marcas de mãos em cada nádega, a borda em torno delas um pouco vermelho. Ainda posso sentir a ferroada e sei que, mesmo quando ele lavar, provavelmente haverá duas marcas de mão perfeitamente vermelhas por pelo menos a próxima hora.

“Você marca facilmente.” Seus lábios roçam meu pescoço, e suspiro, permitindo que minha cabeça caia para o lado e meu corpo relaxe. "Tenho que ter mais cuidado."

"Não", sussurro. "Não tenha."

Estendo a mão limpando a umidade no espelho e imediatamente encontro seus olhos em mim. Eles estão selvagens e brilhantes, a ereção que agora pressiona contra minha bunda parece ficar muito mais dura e próxima da minha buceta.

"Droga", ele diz, estendendo a mão e enfiando os dedos por meus cabelos com uma mão e puxando-os. “Iria me limpar antes de fazer isso, mas você é insaciável. Abra-se."

Obedeço, sabendo exatamente o que ele quer, o que terei e sei muito bem que minha buceta já está encharcada. Ele nunca teve que se esforçar muito.

"E nós sempre podemos fazer isso no banho de novo", ele acrescenta como uma reflexão tardia, talvez mais para si mesmo. "Não posso ter o suficiente, e tenho tempo o bastante, porra." É o jeito que ele fala, um pouco áspero e controlado que me afasta. Nunca pensei que seria a garota que é pega gritando para ir mais forte, mas Deus, com Ham, nunca pode ser forte o suficiente.

Doce e terno, seus lábios roçam minha pele pressionando beijos suaves no meu decote, e ofego quando seu pau entra em mim, gemo quando não posso evitar me pressionar contra ele, levando-o mais fundo.

"Puta merda", ofego, movendo as mãos da pia para o espelho enevoado enquanto ele força meu corpo a se inclinar um pouco. Meus dedos enrolam com cada movimento lento dentro de mim, levantando-me apenas ligeiramente na ponta dos pés quando vai mais fundo.

Sua mão livre corre pelo centro das minhas costas e move a outra mão do meu cabelo para o ombro usando-o para me puxar para trás bruscamente com o impulso de seus quadris. Grito e jogo a cabeça para trás.

“Quero ouvir as palavras, Meyah”, ele insiste. Ele sempre quer ouvir, quer me ouvir gemer, ouvir o quanto o amo, quer me ouvir gritar seu nome. Onde recuo, ele está constantemente tentando libertar a megera que tenho dentro de mim e que às vezes me assusta.

"Tão bom", silvo, lambendo os lábios secos e ofegando com força no calor. Estamos perto de foder numa sauna com o calor do banheiro. Minhas mãos estão escorregando no espelho deixando marcas em todos os lugares - Deus proíba que alguém mais o use.

"Mais alto", ele exige, pegando um punhado da minha bunda com a mão e me abrindo mais, para que ele possa pressionar mais fundo.

Grito sentindo-o bater num ponto dentro de mim que nunca poderia alcançar sozinha. "Aí", grito, tentando combiná-lo com cada impulso me empurrando de volta.

"Aqui?", Ele pergunta, atingindo bem no local.

“Oh. Meu. Deus."

Arriscando, sabendo que estou tão perto, preparo-me com uma mão no espelho e deslizo a outra para baixo entre as minhas pernas passando meus dedos pelo clitóris. Esse único toque é quase o suficiente para me iluminar como um foguete.

"Merda!" Ham amaldiçoa. "Faça isso de novo, quero sentir sua buceta apertar."

"Vou gozar se tocá-lo novamente", sussurro, tentando respirar, permanecer em pé e tomar seu pau duro e profundo.

"Então goze porra", ele diz, os quadris automaticamente ganhando velocidade, iluminando meu corpo em chamas e tornando difícil respirar. "Agora."

Passo meu dedo pelo clitóris, para frente e para trás algumas vezes, a estimulação instantânea enviando uma onda de êxtase por meu corpo. Minhas pernas começam a tremer, mas Ham rapidamente passa os braços em minha cintura e me segura, enquanto continua se perdendo dentro de mim, o som de pele contra pele, misturado com meus gemidos de prazer e seus profundos rosnados, são uma sinfonia perfeita.

Tento me firmar. Minhas pernas estão trêmulas e instáveis, o pau de Ham pressiona dentro de mim, bombeando seu esperma profundamente. Meu corpo formiga e parece eletrificado, tão feliz.

Inclino a cabeça para trás contra seu ombro. Fico assim por quanto tempo? Não faço ideia. Tempo o suficiente para ele sair, e eu senti-lo escorrendo por minha perna - o que acho estranhamente erótico. Talvez seja só porque sei que estamos prestes a entrar num banho quente apenas lavando um ao outro e tocando, sentindo, explorando.

Ham leva-me até o pequeno cubículo, seus lábios já perdidos no meu pescoço, o nariz no meu cabelo. "Você é incrível, já disse isso?"

"Ocasionalmente."

"Poderia ter esperado eu limpar toda essa merda."

Faço uma careta e balanço a cabeça. "Vou levá-lo como é, em qualquer dia. Não posso escolher quando te quero e quando não quero. Não é assim que funciona. Eu estou em tudo."

Ele fica quieto por alguns segundos e me pergunto se disse algo errado.

Giro em seus braços olhando-o com uma sobrancelha levantada. "Como tenho tanta sorte?"

Ham sorri. “Sorte não tem nada a ver com isso. Isso é tudo sobre destino."

 

CAPÍTULO 38

Meyah

O 4 de julho realmente nos surpreende rapidamente. Ham me assegurou há uma semana que as coisas com o xerife acabaram. Todo mundo está seguro e as coisas estão voltando ao normal.

Decido que provavelmente é uma boa hora para voltar para casa e passar algum tempo com mamãe e Denver. Estou negligenciando-os, e mesmo que as coisas entre mamãe e eu estejam menos do que bem, não quero que ela pense que eu desisti dela, ou que estou completamente a ignorando.

Eu amo minha mãe.

Só preciso que ela me veja pelo que sou - uma jovem mulher - não mais uma garotinha.

Com o caos que cerca o clube, ainda não tive a chance de falar com Ham sobre as coisas a fazer com meu pai. A foto queima um buraco no meu bolso desde que minha mãe a mostrou. O negócio é que não quero apenas contar a história ou ouvir o que ele acha de tudo. Quero perguntar se ele pode pedir ao clube para me ajudar a encontrá-lo.

Mamãe está certa por não querer que eu vá atrás de Huntsman e do MC ao qual ele faz parte, mas as últimas semanas foram tão loucas e emocionais. Vi Ham lutar por Phee e Romeo, e vi como ele não está disposto a deixá-los saírem de sua vida, mesmo que queiram. Tudo isso só me faz pensar se há um pai lá fora que se sente assim sobre mim.

Bem, será que ele se sentirá assim quando souber que eu existo?

Agora sei que ele está lá fora, não posso deixar de questionar tudo.

Ele teria lutado para me ter em sua vida?

Ele teria me criado de forma diferente?

Ele teria me ensinado a revidar, em vez de me esconder?

Ou que tal aquela velha pergunta - eu seria a garotinha do papai?

Quero saber tudo. Coisas sobre a família dele, coisas sobre a vida dele. Acho que só quero um encerramento. Ele pode me recusar, recusar-se a me reconhecer, o que definitivamente é uma opção, dado que ele tem uma esposa em casa, e uma Old Lady como sou agora.

Dirijo o carro de mamãe para o clube. Eles farão um churrasco no 4 de julho, e pretendo encontrar Ham imediatamente antes que ele tenha cervejas demais e seja incapaz de entender do que estou falando.

Todas essas perguntas estão queimando em minha mente. Preciso tirá-las rapidamente antes de me esquecer.

Também tenho que convencê-lo a pedir ajuda ao clube. Bem, pedir ajuda a Wrench.

Saltando para fora do carro, vou em direção às portas da frente já ouvindo as pessoas rindo e conversando na parte de trás do clube junto com as crianças gritando, que é exatamente onde quero evitar porque sei que estará louco.

Ouço a voz do tio Leo no momento em que entro, meus olhos procurando na sala por ele e percebendo que ele está na sala que usam como igreja.

Agarrando meu bloco de notas nas mãos, quero vê-lo primeiro, ter sua opinião sobre o que desenhei. Porque incluí o clube, sei que realmente deveria fazer com que ele olhasse primeiro no caso de achar que será um problema. Não quero desrespeitar ou ofender ninguém com meu trabalho. Fiz isso para Ham, ele não tem ideia, mas sei que ele vai amar.

As portas da igreja estão parcialmente abertas, então sei que eles não estão fazendo uma reunião, então levanto a mão para bater.

"Meyah disse algo sobre o pai dela?", pergunta tio Leo com um suspiro pesado.

Eu paro.

Do que ele está falando?

"Eu não sei."

Ham?

“Cara, pedi para me ajudar nessa. Se ela sair correndo numa perseguição inútil..."

Meu coração para na garganta, e acho difícil respirar pressionando minhas costas contra a parede ao lado da porta aberta e segurando meu bloco de desenho no peito. Não deveria estar escutando. Provavelmente ouvi coisas erradas.

Não sei a conversa inteira... "Tenha certeza que ela fique bem quando essa merda bater no ventilador", Ham responde. Posso ouvir o nervosismo em sua voz. Há algo errado, algo aconteceu. "Ela ficará arrasada quando eu sair."

Sinto como se fosse esfaqueada no coração, a dor me percorre ao ouvir essas palavras, o pensamento dele sair e ir embora é inexplicável. Sei que não é físico, está tudo na minha cabeça, mas parece tão real como se meu coração fosse arrancado do peito.

"Ela vai sobreviver", meu tio responde. "Ela vai se recuperar quando partir e todos estaremos aqui. Ela não ficará sozinha."

"Nunca quis machucá-la assim", Ham parece estar quebrado, mas não é nada comparado ao que sinto neste momento. Posso sentir-me caindo aos pedaços no chão, a terra se despedaçando ao meu redor e me engolindo por inteiro.

Quero gritar para ele, dizer que não tem que sair, ele não tem que me machucar.

O que diabos fiz de errado?

E por que diabos tio Leo apenas fica ali, ouvindo-o falar sobre ir embora. Dizendo que está tudo bem.

Ele está realmente tão ansioso para não me ter como parte do clube?

Sei que as coisas estão um pouco loucas. Eu me machuquei, mas com certeza ele viu o que essa pessoa significa para mim. Certamente, ele sabe o que finalmente percebi, que este é meu lugar.

No começo, senti medo de não ser forte o suficiente, mas agora percebo que isso não importa. Porque ir embora dói muito mais do que ficar e lutar, colocar minha calcinha de menina grande e ficar ao lado do homem que amo e que achei que me amava também.

"Vamos", diz tio Leo, e de repente meu corpo se incendeia quando os ouço se aproximando da porta. “Pegue um pouco de comida, respire fundo.”

Corro pelo corredor quando eles saem pelas portas duplas, meu corpo afundando no chão.

"Só vou subir", diz Ham ao saírem da sala de reunião. "Há algo que quero fazer primeiro. Pode segurar Meyah se ela entrar? Não vou demorar muito."

Sento no chão do corredor que leva ao escritório da Optimus e à porta da garagem.

A dor no meu peito é crua e muito real.

Ham não fez parte da minha vida por muito tempo, mas ele se tornou importante para mim.

Mais que importante.

Essencial.

Sou invisível desde que me lembro. Durante todo o ensino fundamental e médio, tive poucos amigos. Sou reservada e ridiculamente tímida, mas também muito inteligente e muito à frente das crianças normais da minha idade. Acontece que essas duas coisas são provavelmente uma mistura horrível porque, significa que passo muito tempo sozinha, pensando e analisando as coisas. Questionei por que não tínhamos família como outras pessoas e por que nem meu pai nem o de Denver ficaram para ajudar a nos criar.

Nick foi o primeiro cara a me dar atenção, e depois que a merda bateu no ventilador, descobri o porquê. Ele me viu como um alvo fácil. A garota quieta que sonha com contos de fadas onde o cara popular do time de futebol a escolhe para ser sua namorada. Ele me pegou, gancho, linha e chumbada, e eu me apaixonei por tudo o que ele disse. Sou a adolescente típica com problemas com o papai. No momento em que um cara me deu a atenção que desejava, eu me apaixonei – a porra de um clichê completo.

Dei a ele exatamente o que ele queria mesmo quando não tinha certeza se eu desejava, e então ele passou para a próxima otária crédula.

Isso machuca. Não tenho vergonha de admitir que o que Nick fez, e as mentiras que se seguiram, fizeram do meu último ano - o que deveria ser um dos anos mais incríveis e excitantes da minha vida – um verdadeiro inferno.

Nick e seus rumores de merda me esmagaram.

Mas também me deram Ham.

O alívio que senti quando Hadley parou naquele dia para me resgatar de Nick e seus capangas, nem posso começar a medir. Aquele dia foi um dos piores e um dos melhores da minha vida.

Tio Leo nunca trouxe seus irmãos para a casa. Fazia muito tempo desde que vi um deles além de um olhar passageiro enquanto passavam pela cidade ou talvez do carro quando mamãe pegava Macy.

Então, de repente, Ham estava lá, ameaçando Nick e parecendo não pensar duas vezes antes de socar Nick e limpar a poeira das mãos como um trabalho bem feito. Ele se levantou por mim. Ele assustou os valentões quando me atormentavam. Ele me apoiou quando eu não era forte o suficiente para me apoiar. Então, quando comecei a ir ao clube, sempre senti seus olhos em mim, observando-me e seguindo meus movimentos. Nós mal trocamos algumas palavras, mas ele me fez sentir como se eu fosse importante.

Não posso simplesmente sentar aqui e deixar isso desaparecer.

Preciso ouvir o que ele tem a dizer.

Talvez tenha sido estupidez.

Levanto do chão e respiro fundo. Ham disse ao meu tio que me parasse se eu entrasse, então terei que simplesmente passar como se nada tivesse acontecido como se estivesse apenas caminhando normalmente. Enquanto respiro, saio do corredor, meus olhos focados nas escadas.

"Meyah?" Ouço tio Leo chamar, mas o ignoro, recusando-me a olhar para ele e para o grupo de pessoas com quem está, agarrando o corrimão e subindo dois degraus de cada vez até o topo.

A porta de Ham está aberta apenas um pouco, seu quarto é apenas a alguns centímetros da escada.

Minha respiração está pesada, mas tento a nivelar enquanto caminho para frente. Meu bloco de desenho pende ao meu lado. Levanto a mão e abro a porta de seu quarto escuro. A luz do corredor ilumina parte da cama e, quando o faz, perco o fôlego. Meu bloco de desenho cai no chão com um baque, fazendo com que Jess pare de mover os quadris e vire para olhar por cima do ombro nu.

Ela não está sozinha.

Ela não é a única nua.

Sua boca abre. “Meyah!” Ela murmura horrorizada, o olhar culpado em seu rosto, me dizendo tudo o que preciso saber.

Jess desce dele, mas já estou correndo para o topo das escadas, lágrimas escorrendo pelo rosto, manchando a camisa rosa pastel que uso com cada gota que caí do meu queixo.

"Meyah?" Ouço a voz de Ham, mas me recuso a virar. Não posso olhar para ele, não posso encará-lo agora.

Tropeço na parte inferior das escadas, quase caindo em Skylar enquanto ela leva duas cervejas para o pátio. "Uau, menina bonita!" Skylar ri, pulando para trás, equilibrando-se para não deixar cair. Ela parece impressionada consigo mesma até que olha para cima e vê meu rosto. “Oh Deus, o que aconteceu? Leo!”

“Garota, por que correu assim?” Tio Leo pergunta enquanto se aproxima, seus olhos se estreitando quando percebe o jeito que estou lutando para respirar, e as óbvias lágrimas. "O que diabos aconteceu?"

"Meyah."

Ele está bem atrás de mim.

Não posso encará-lo.

Não quero encarar ninguém agora, sinto-me uma idiota.

"Fique longe de mim", afirmo, tentando não deixar minha voz falhar.

Ele agarra meu quadril, seu toque queimando minha pele, mas não da maneira que anseio, de uma maneira que só me faz sentir suja.

Aquela mão acaba de tocá-la.

Ele puxa, tentando me forçando a virar. Faço-o, usando o poder do meu giro e colocando tudo no meu gancho direito. Infelizmente, Ham é treinado e vê isso chegando, abaixando-se e agarrando meu pulso. Seus olhos brilham com calor enquanto ele me olha.

"Tire as mãos de mim", exijo, afastando-me, não esperando que ele me solte tão facilmente. Tropeço para trás, Skylar me pegando antes de eu bater numa das mesas.

"Alguém quer me dizer o que diabos está acontecendo aqui?" Tio Leo diz, olhando entre nós dois.

A camisa de Ham está longe, o cinto desabotoado e o jeans aberto.

Tive o suficiente. "Você é nojento, fique longe de mim."

Então corro, ignorando todas as pessoas que me chamam.

E tomando nota da única pessoa que não fez.

 

CAPÍTULO 39

Ham

Paro na porta observando-a acelerar pelos portões, os pneus do carro da sua mãe levantando pedras. Deveria ir atrás dela, persegui-la e perguntar o que diabos aconteceu, exigindo que ela me ouça e pare por um segundo. Mas, quando vi a dor em seus olhos, a dor que me disse que ela não voltaria, decidi que poderia ser o melhor.

Viro e volto para dentro, chutando uma das cadeiras.

"O que diabos aconteceu?" Leo pergunta quando ele e Blizzard se aproximam, os dois parecendo tão confusos quanto eu.

Balanço a cabeça. “Não tenho a mínima ideia. Eu a vi chorando no andar de cima e saindo do meu quarto. Estava falando com o amigo de Eagle para retocar a tatuagem que fiz."

Ela nem a viu.

É uma foto que encontrei rabiscada num guardanapo. Talvez uma maldita pomba ou algo assim... Algum tipo de pássaro. Eu gostei. Acho que pode dizer que é minha promessa para ela de que eu não irei a lugar nenhum, que ela não precisa se preocupar.

Mas agora…

"Ela tentou me colocar para fora, porra." Minha testa franze. Não tenho ideia do que diabos acabou de acontecer. Meu cérebro não consegue nem calcular o que está acontecendo.

“Acho que sei,” Jess diz enquanto desce a escada mordendo o lábio, meu irmão meio nu atrás dela. "Ela entrou, e podemos ou não ter estado em seu quarto..."

"Você está fodendo comigo?" Exijo, dando um par de passos para frente. Vejo medo e arrependimento instantâneos em seu rosto, o que quer dizer algo para alguém tão forte e confiante quanto Jess. Pouca coisa a abala.

"Ei", Romeo interrompe quando puxa a camisa sobre a cabeça e se move para ficar na frente dela. “Foi minha culpa, ok? As coisas ficaram um pouco quentes no corredor... seu quarto estava bem ali. Eu a arrastei para lá, então a deixe em paz, tudo bem?"

Correndo os dedos pelo cabelo, puxo-o para trás do rosto e balanço a cabeça. "Não. Não está bem, Romeo.” Não posso acreditar que isso está prestes a acontecer.

"Há tempo", insiste Blizzard. "Vá atrás dela agora, pode pegá-la na cidade."

As luzes de duas viaturas estacionam do lado de fora dos portões. Eles não usam sirenes, apenas as luzes, então sabemos que falam sério, mas não tenho tempo para correr.

Romeo fica um pouco mais ereto, posso praticamente ver as engrenagens em sua cabeça virando e o suor em sua pele. "O que é isso?", ele pergunta, com seus olhos se movendo dos oficiais que agora saem dos carros olhando para Leo e Blizzard e depois de volta para mim. Optimus sai do corredor, Wrench logo atrás dele. Todos ficam quietos, deixando para eu dar as notícias.

“Temos um amigo da polícia em Athens", explico, recostando-me no batente da porta e fechando os olhos. “Eles finalmente processaram a evidência. Ligaram para informar que os caras da cadeia em Huntsville estavam mandando alguém me pegar."

Romeo balança a cabeça, mas não diz nada. Suas mãos se apertam ao lado do corpo. Ele me olha, a culpa em seus olhos brilhando para mim. Ele sabe que isso é sobre ele. Ele pegou minha arma. Ele a usou para atirar no xerife e então deixou lá para encontrarem. Não o culpo, mas suas escolhas idiotas estão prestes a tornar minha vida um pouco mais difícil - assim como a escolha que ele fez de foder Jess em minha cama tornou meu relacionamento muito mais difícil.

Eu vou para a prisão.

Pode levar algumas semanas, pode levar meses, ou a porra de anos - a esta altura, ninguém sabe. Dado que há um oficial da lei morto, eles tentarão me enquadrar por tudo e qualquer coisa possível. Eles farão de mim um exemplo.

Estou pronto para isso.

Mas obviamente, meu irmãozinho não está.

"Você organizou minha merda?" Pergunto, olhando Blizzard. Estou tentando aguentar, mas me sinto mal. Estive preso antes, mas num lugar onde tinha aliados e não por matar um policial. Ouvi que os agentes da prisão não são gentis com esse tipo de coisa.

Algo para esperar.

Dor.

Blizzard assente. "Tenho sua bolsa. Vamos entrega-la o mais rápido possível."

Como Deacon pode entrar numa pilha de merda por nos dar um aviso sobre isso, não posso sair de lá como se os esperasse. Tudo tem que ser uma surpresa e não do tipo agradável. Parte de mim só quer dizer foda-se, se vão me prender de qualquer maneira, posso fazer valer a pena, perseguindo Meyah e fazendo-os virem atrás de mim.

Não que a queira aqui enquanto esta merda acontece, ver-me algemado e forçado a entrar na traseira de uma viatura não é exatamente uma visão que a aquecerá e a manterá positiva nas poucas semanas ou meses que estarei fora. Mas vê-la antes de sair pode me dar algum tipo de força para sobreviver a isso.

“Você poderia tê-la parado. Você acabou de deixá-la sair,” Leo acusa, agarrando meu ombro e me fazendo encará-lo.

"Ela não chega nem perto da prisão", ordeno, afastando-me do seu abraço, ansioso para acabar com isso antes que todas as mulheres que estão do lado de fora com as crianças percebam que algo está acontecendo.

Um punhado de irmãos me segue quando começo a caminhada em direção ao meu destino, incluindo Romeo que ainda não falou.

"Acho que é um erro", diz Leo, correndo para meu lado.

"Então é meu para cometer."

"Hamlet!" Olho por cima do meu ombro para ver Skylar correndo atrás de nós, acenando com uma camiseta na mão, uma enxurrada de irmãos enchendo a porta atrás dela e saindo para o quintal. Ela faz todo o caminho até nós, sem fôlego e me joga a camiseta. "Cuide-se."

Posso ver as lágrimas em seus olhos.

"Cuide de Meyah", respondo.

Ela assente uma vez antes de se virar e ir embora.

"Hamlet Matherson?", um dos policiais diz do outro lado do portão quando nos aproximamos.

Respiro fundo e olho para Romeo que mal está se segurando. Posso dizer que ele quer avançar, mas Op e Blizzard estão ao lado dele, prontos para segurá-lo ou derrubá-lo, se necessário.

Nós já discutimos isso.

Sei que não fui eu.

Sei que podemos provar que não fui eu.

Poderia demorar um pouco, mas sei que poderíamos nos afastar disso sem que meu irmão tivesse tempo para matar o homem que passou seis anos o torturando.

Nós fizemos o que tínhamos que fazer para lhe dar liberdade.

E isso significou tirar a minha.

"Sim, sou eu."

"Você está preso pelo assassinato do xerife John Visser", o policial diz, tirando as algemas do cinto. "Tem o direito de permanecer..."

O resto é um borrão.

 


Meyah

Dei a ele muito poder sobre mim e agora ...

Sinto-me usada.

Sinto-me traída.

Entreguei meu coração e ele levou minha alma.

Aqui estou eu, pensando que talvez ele estivesse finalmente interessado, que finalmente estivéssemos nos conectando. Eu encontrei minha força, e ele esteve lá para mim, de pé comigo e me apoiando enquanto o fazia. Ele me fez sentir forte como se merecesse mais e deu-me a confiança para lutar por isso.

Cada toque, cada toque de seus lábios contra minha pele, ele me fez sentir bonita e sexy. Ele sussurrou coisas no meu ouvido. Ele segurou meu corpo contra o dele enquanto me fez sentir prazer como nunca antes, como nunca imaginei sentir com alguém que não fosse alguém que amo.

E então ele foi e jogou na minha cara.

Fodeu com tudo isso.

Meyah mais uma vez a tola, aquela que pensa ter mais, aquela que acredita que ele se importa quando tudo o que ele fazia era tentar encontrar informações.

Uma idiota, é isso que sou.

Não aguento mais ficar aqui. A ideia de olhar para ele novamente me faz adoecer. A dor no meu peito começa a aumentar, e posso sentir lágrimas se formando no fundo da minha garganta. Arde, e fecho meus olhos para tentar combater a dor, desejando poder apenas fechar meus olhos e dormir, para talvez nunca acordar.

“Meyah, pare,” mamãe implora enquanto senta na beira da minha cama, observando-me tirar a mala do guarda-roupa e jogar na cama.

"Preciso ir embora." Corro até meu armário, abrindo-o quase violentamente e remexendo nas gavetas, procurando por nada em particular.

"Você precisa se acalmar e me dizer o que diabos aconteceu."

Quando viro para ela, sei que não consigo esconder as lágrimas que começam a marcar meu rosto. Planejei um ótimo verão, onde poderia ganhar algum dinheiro e passar um tempo com os poucos amigos que tenho, assim como ir ao clube nos dias de folga nadar e fazer um churrasco. Um onde Ham e eu fortaleceríamos nosso relacionamento e minha mãe aprenderia o quão incrível ele é, e talvez até mesmo nos desse sua bênção. Esse era o plano, e era bom - divertido e excitante - logo antes de começar o que provavelmente serão os três anos mais estressantes da minha vida, enquanto tento ter um diploma e começar uma carreira.

Em vez disso, estou fugindo.

E não tenho ideia de para onde vou.

Parte de mim sabe que estou tomando o caminho mais fácil e mesmo que esteja com raiva de mim mesma, só sei que se ficar aqui por mais dois meses, acabarei num lugar que eu realmente não quero estar.

Os olhos de mamãe se arregalam e ela pula da cama, correndo para o lado com os braços abertos. Inconscientemente gravito em direção a eles, buscando o conforto da pessoa que me faz sentir segura e aquecida. “Meyah, o que há de errado? O que aconteceu?"

"Acho que o amo, mamãe", sussurro, seguido por um soluço comovente.

Mamãe coloca os braços a minha volta e me puxa para seu peito. Sinto como se pudesse quebrar em pedaços a qualquer momento, quebrar como cacos de vidro, mas mamãe me segura forte, mantendo-me junta e me agarro a ela.

"Shhh", ela me acalma, balançando nossos corpos para frente e para trás. “Shhh, garotinha. Está tudo bem."

Suas mãos esfregam minhas costas enquanto tento recuperar o fôlego, mas cada um é mais dolorido que o último.

"Algo aconteceu com você e Ham, hein?" Ela pergunta baixinho, inclinando o corpo para trás para poder ver meu rosto. Olho para ela, esperando ver raiva, esperando enfrentar a fúria de uma mulher que me disse para não fazer sexo até os 30 anos. Em vez disso, vejo preocupação e compreensão.

Assinto. "Algo grande", sussurro, encolhendo-me, e esperando que essas palavras sejam o suficiente e ela não me faça dizer mais nada. Suas mãos nunca param, elas continuam a esfregar minhas costas suavemente. Não perco o jeito que ela está lutando para equilibrar a respiração, respirando fundo e segurando antes de soltar. "Desculpe mamãe."

Seus olhos finalmente vêm para os meus e ela balança a cabeça profusamente. "Não, não precisa se desculpar por se machucar. Colocamos nossa confiança e nossos corações nas pessoas e, às vezes, eles simplesmente não podem fazer o mesmo, mas isso não é sua culpa, é deles.”

Enquanto suas palavras me fazem sentir um pouco melhor, tenho a sensação de que não falamos de mim. O canto da foto no meu bolso espeta minha coxa dolorosamente. Com raiva, a puxo e jogo na penteadeira. Acerta o espelho, derrubando a carta que esteve presa lá com um chiclete. Ambos voam para o chão até nossos pés. A foto da minha mãe e meu pai sorrindo e minha carta de aceitação da Universidade do Arizona.

Posso ouvir a conversa que tive com Asha na minha cabeça.


“Vocês vão para a Universidade do Arizona?

Asha e Callie assentem animadamente. "Sim, os meninos também", confirma Asha. “Vamos a Vegas um fim de semana por mês. Será demais!”


A foto ao lado, o sinal de Vegas no fundo me chama, conectando os dois lugares.

Ele ainda pode estar lá.

Meu coração doí tanto.

Só quero que a dor vá embora, mas sei que não será aqui.

Eu o via, ouvia sua voz, precisava de seu toque.

Não serei capaz de ficar longe e me recuso a ser fraca novamente, a deixá-lo me tratar dessa maneira e depois simplesmente aceita-lo de volta. Não, não sou essa garota. Não mais.

Mas talvez possa encontrar outra coisa para preencher esse vazio. Talvez possa encontrar a peça que procuro há tanto tempo.

O pedaço que falta em mim.

“Em quanto tempo acha que podemos pegar um voo para o Arizona?”

 

                                                                                                    Addison Jane

 

 

 

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