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ELA NÃO SERÁ CONQUISTADA
O espírito livre Janet Buchanan não é propriedade de ninguém. Ela se recusa a se casar com o inimigo jurado de sua família — malditas fossem as consequências. Ela prefere levantar uma adaga para o bruto. No entanto, quando um tentador — e enfurecido — homem de seu passado vem em seu socorro, Janet se encontra inegavelmente tentada por seu beijo quente e faminto.
ELE NÃO PODIA SER DOMINADO
Notório por suas proezas como amante e lutador, Darach Grant tem apenas um objetivo em mente: defender a terra de seus parentes do cerco iminente de um clã hostil. A última coisa de que ele precisa é a deliciosa distração na forma de Janet Buchanan — a única mulher que pode agitar sua ira tão profundamente quanto aquece seu sangue. Mas o pretendente de Janet não vai parar por nada para reclamá-la, forçando Darach a escolher entre render sua honra... ou seu coração.
Capítulo Um
Darach Grant ergueu sua taça de cerveja e curvou os lábios em um sorriso corrompido por muita bebida e toda uma variedade de más intenções. A mais perversa das quais queria interpretar com Catherine MacDonald. Ele observou com olhos semicerrados enquanto ela passava pela taverna de seu irmão Shamus.
Darach sabia dos perigos de estar nas terras dos MacDonald, especialmente depois que ele e Patrick MacGregor foram pegos em recentes indiscrições envolvendo algumas garotas bonitas. O perigo nunca parou Darach. Na verdade, ele preferia a imprudência à cautela. Além disso, ele poderia ser culpado porque as moças MacDonald o achavam atraente? Não, era como se ele tivesse se deitado com a esposa de alguém. Ele não era tão ruim. Ele não se lembrava de Catherine, entretanto. Sim, ele teria se lembrado do alargamento de seu traseiro e do balanço de seus quadris quando ela se aproximou dele como as outras. Ele viu algumas delas aqui na taverna. Elas desviaram os olhos, mas ele pegou mais do que algumas o observando secretamente.
— Saudações, Darach, não pensei em vê-lo aqui novamente.
Darach sorriu para Murron MacDonald se deslizando na cadeira ao lado dele na pequena mesa. Como um flash, ele se lembrou de Murron e suas mechas vermelhas como o sol lambendo sua carne, como chamas antes de apreciá-la em um palheiro no mês passado.
— Você me disse que não voltava para a mesma cama duas vezes. — Ela tirou o sapato e colocou o pé entre as coxas dele. — Eu não sei o que você está fazendo aqui, mas talvez eu possa tentá-lo a quebrar sua própria regra?
Quando ela começou a esfregar o pé em seu pênis, ele fechou os olhos. Murron sabia como agradar a um homem, mas ela estava certa. Ele não voltava para a mesma cama duas vezes. Ele gostava de seu coração onde estava... em suas próprias mãos, robusto e forte.
Isso não significava que ele seria cruel em sua rejeição ou que não pudesse se divertir um pouco ou garantir que ela fizesse o mesmo. Com um movimento de sua mão, ele arrastou sua cadeira para mais perto. Perto o suficiente para deslizar a mão por baixo de seu kirtle1 e correr os dedos sobre seu joelho.
— Devo recusar, bela Murron. — Ele traçou a curva de sua coxa para cima até que ela fechou os olhos e lambeu os lábios. — Porque, se eu sentir o gosto deste corpo novamente, não serei capaz de ir desta vez, e isso provavelmente poderia iniciar uma guerra.
Ele tirou o pé dela dele, compartilhou mais palavras com ela, e então assistiu sua partida relutante. Seu olhar encontrou Catherine novamente na multidão. Ele sorriu para ela. Não que ele gostasse muito dela. Ele não a conhecia. Essa era a atração. Ele não a conhecia e não queria particularmente conhecer. Ele conheceu uma moça na primavera passada e deixá-la foi como se alguém o tivesse apunhalado nas entranhas e levado um maça2 em seu peito. Ele nunca iria deixar isso acontecer novamente.
— Não o vi aqui antes, senhor. — Disse Catherine ao alcançá-lo.
Ele olhou para ela e pensou nela em seu colo. O humor se espalhou por sua boca. O mais provável é que ela o considerasse nobre por causa da elegância de seu plaid e capa. As mulheres de Camlochlin eram mestras no segmento de tecelagem. Além disso, não havia nada de nobre nele.
— Eu não sou um cavalheiro, moça. — Soou mais como um aviso do que uma mera declaração e era exatamente isso que ele quis dizer. Ele observou o sorriso dela se aprofundar. Ele beijaria aquela boca antes que a noite acabasse.
— E agora que abrimos o caminho, — ele passou a mão na parte superior das coxas. — Posso oferecer um assento a você?
Ela obedeceu com uma risadinha e ele se aproximou para cheirar a fragrância de mel de seu cabelo escuro. Ela seria mais fácil do que ele pensava. A maioria delas eram.
Ele gostava assim; ele sorriu e levou os lábios ao ouvido dela.
Poucos minutos depois, Darach abriu os olhos e olhou através das folhas de grama para a vasta cadeia de montanhas virada de lado. Ele não conseguia se lembrar onde estava ou por que havia pequenas luzes cintilantes girando em torno de sua cabeça. Sua mandíbula doía como o inferno. Ele tentou movê-la e fechou os olhos novamente. Parecia que ele tinha sido atingido por...
Um par de mãos grandes o agarrou pela camisa sob o plaid e o puxou para cima. Darach teria agradecido ao homem por sua ajuda, já que tinha certeza de que não seria capaz de se levantar sozinho, mas quando olhou para o estranho pensativo, reconheceu Shamus MacDonald e sua lembrança veio à tona. Infelizmente, ele voltou ao chão no mesmo instante em que o punho poderoso de Shamus acertou sua mandíbula pela terceira vez.
Darach sentiu seu lábio rasgar e teve certeza de que era seu dente de trás pousado em sua língua. As luzes mudaram de cor e as coisas ficaram quase totalmente pretas. Desta vez, porém, ele manteve as pernas firmes sob ele e por pura força de vontade, recusou-se a ser nocauteado novamente. Ele cuspiu o dente na terra e acertou o olho de Shamus com o punho. Ele era um Grant, e Grants não ficavam abaixado. Quando o altaneiro Highlander recuou, segurando o rosto, Darach não hesitou e acertou um murro com o punho esquerdo na mandíbula de Shamus, depois o acertou com um soco forte no rim. Ele levou um momento para limpar a boca ensanguentada e impedir que suas pernas dobrassem sob ele. Ele ouviu alguns gritos a seu favor, mas estava nas terras de MacDonald e a maioria torceria por seu oponente. Instado a continuar, Shamus se lançou contra ele. Darach se abaixou e Shamus errou o golpe. Ele voltou a se balançar com uma série de murros no corpo que fizeram o corpulento Highlander cair de joelhos.
Já estava na hora.
Uma joelhada forte no rosto de Shamus encerrou a luta rapidamente. Dobrado, de joelhos e respirando fundo, Darach olhou para seu oponente caído e agradeceu a Deus por todas as surras, brincalhonas ou não, que ele recebeu ao longo dos anos de seus primos. Eles o transformaram em um bom lutador e fortaleceram seu queixo. Apesar da dor em sua mandíbula, lábio e costelas, ele se sentia bem e animado. Ele gostava de uma boa luta. Ele gostava de ganhar mais ainda.
Ele olhou ao redor em busca de seu prêmio enquanto se levantava. Ele a encontrou de pé no meio da multidão de espectadores, observando, horrorizada e um pouco ansiosa, a julgar pela forte ascensão e queda de seu decote glorioso.
Bonny3 Catherine.
Darach estava sempre pronto para uma boa luta, mas ele preferia afundar seu membro em uma moça quente e disposta a ter a uma tímida conquistada por ele.
Quando ele alcançou Catherine agora, ele deslizou o dedo indicador sob seu queixo e ergueu sua boca para um beijo de vitória rápido. Ele não queria cobri-la de sangue e seu lábio ardia como o inferno, sem mencionar que ele acabara de jogar seu irmão no chão. Ele duvidava que ela apreciasse seu apetite. Ele simplesmente queria recompensa, um pequeno beijo, nada mais. Ele ficou surpreso quando ela recuou e deu um tapa nele.
Ele olhou para ela e inclinou a cabeça, um pouco desapontado mais uma vez porque nem todas as moças possuíam o mesmo fogo que uma certa garota atrevida que vivia em Perth. Mas ele tirou essa moça da cabeça.
Ele precisava de uma cama e de uma bebida forte. Ele estava grato por ter pensado em alugar seu quarto antes de ficar bêbado demais para fazê-lo.
Ele passou por Catherine e por entre a multidão e voltou para a taverna. Lá dentro, ele pagou por uma garrafa de uísque e uma prostituta para cuidar de suas feridas. Subir as escadas não foi tão ruim quanto ele pensou que seria se carregasse seu peso sobre o lado esquerdo. Ele encontrou seu quarto sem incidentes e caiu com um suspiro tempestuoso na cama.
— Deixe-me ver suas feridas, senhor Grant.
Darach abriu os olhos. Ele queria Catherine cuidando dele agora? Se sua paixão explodisse, provavelmente doeria como o inferno. Ele se apoiou em um cotovelo e sorriu com o lado não ferido de sua boca para a moça parada na entrada.
— Eu apreciaria tal gentileza, Srta. MacDonald. — Especialmente depois do que ele fez ao irmão dela.
Ela fechou a porta atrás dela e correu para a bacia de água na pequena cômoda ao lado de sua cama. Ele a observou pegar um pano de lavagem de um gancho na parede e mergulhá-lo na bacia. Ela era uma moça bonita, com longas tranças escuras, grandes olhos âmbar e quadris redondos e deliciosos. Quadris que ele poderia segurar enquanto ela lhe dava uma boa e dura cavalgada.
Ele sentiu que seu pênis ficava mais duro e lutou para controlar seus desejos.
— Embora eu ache que seu irmão pode atirar em mim pelas costas se descobrir você no meu quarto?
Ela balançou a cabeça e foi até ele na cama.
— Eu tranquei a porta.
Darach não achou que apontar para ela que seu irmão bestial pudesse chutar a porta trancada faria qualquer diferença. Ele não queria mais pensar em Shamus de qualquer maneira quando ela começou a limpar o sangue de sua boca com carícias ternas. Quando ela prometeu suturar seu lábio com delicadeza, ele se lembrou da última vez em que estivera em tal condição. Na primavera passada, depois de ser atacado na estrada por um bando de Buchanans bastardos em Perth, eles o mantiveram prisioneiro no celeiro do laird do clã. A moça que cuidou de seus ferimentos na época era bem diferente de Catherine. Janet Buchanan havia costurado sua testa com uma agulha cega e uma música nos lábios.
Bruxa.
Ele raramente se permitia pensar nela e com certeza não queria pensar em sua boca frustrantemente ardente agora. Ele se permitiu afeiçoar-se por ela e então a deixou controlar todos os seus pensamentos por meses depois que ele a deixou. Ela voltava nos sonhos dele de vez em quando para provocá-lo com sua firme vontade de odiá-lo, e o balanço frio e casual de seus quadris cada vez que o deixava amarrado em seu celeiro. Mas na maior parte, ele triunfou sobre sua lembrança e deu boas-vindas a outras para tomar seu lugar.
Infelizmente, nenhuma delas conseguiu.
— A costura não está tão ruim, — Catherine sussurrou perto de sua boca. Ela enxugou a boca dele e passou a ponta do dedo pela fenda vertical. — Vai fazer uma pequena cicatriz que vai ficar bem com o resto. — Ela ergueu os olhos e traçou a cicatriz irregular ao longo de sua sobrancelha, depois a que cruzava o queixo. — Por favor, eu não costumo fazer isso com os clientes do meu irmão.
Ele não se importava se ela tinha feito isso antes ou não. Ele não estava aqui para julgar moças perversas. Ele abriu a palma da mão sobre seu traseiro e puxou-a para baixo montando-a em seus quadris.
Ela deu um beijo ansioso em sua boca dolorida e aqueceu seu sangue. Ele preferia mais um desafio, mas não estava disposto a mandá-la embora depois de levar uma surra por ela.
Uma batida forte soou na porta. Catherine cobriu a boca e Darach jurou que mataria o bastardo por interrompê-lo.
— Darach!
Espere, aquele não era Shamus.
— Malcolm?
O que diabos seu primo estava fazendo aqui? Aconteceu alguma coisa em casa? Ele deu um empurrão suave em Catherine e tirou as pernas da cama. Ele agarrou seu lado e amaldiçoou a dor em sua costela, sabendo que estava quebrada.
— Darach! — A batida soou novamente.
— Sim, um momento, maldito.
— Quem é esse? — Catherine perguntou a ele, apavorada.
— Meu primo, Malcolm Grant.
— Você não vai deixar que ele mate Shamus, vai?
Ele balançou a cabeça e se levantou. Ele ignorou a terceira série de batidas e ferido, alcançou a porta em seu próprio tempo.
— O que diabos aconteceu com você? — Malcolm perguntou, parecendo decididamente menos interessado do que sua pergunta poderia sugerir.
Darach deu as costas para ele e voltou para a cama. Ele não se despediu de Catherine quando ela fugiu. Na verdade, ele mal percebeu.
— O que você está fazendo aqui, Cal?
— Eu preciso de um favor, — disse seu primo, seu olhar seguindo Catherine porta a fora. Seu sorriso com covinhas a fez parar na saída. — Eu preciso que você cavalgue para Ravenglade.
Ravenglade? Inferno, de jeito nenhum. Janet estava em Ravenglade.
— Por que temos que ir para Ravenglade? — Ele perguntou com os olhos fechados.
— Nós, não — corrigiu Malcolm, entrando no quarto e dando uma olhada casual ao redor. — Você. Eu preciso que você vá em meu lugar. Você precisa ir esta noite.
Darach riu, então gemeu quando a dor em seu lábio disparou por ele. Droga, ele precisava de pontos e seu primo afugentou Catherine.
— Você está louco, Cal. Não vou a lugar nenhum perto de Perth e com certeza não vou hoje à noite.
— Os Menzies têm tentado se infiltrar no castelo nos últimos meses, já algum tempo agora, — Malcolm forçou adiante, ignorando a recusa de Darach. — William Buchanan me escreveu para ir rapidamente.
Os malditos Menzies, inimigos naturais dos parentes de Darach desde que ele se lembrava, mesmo antes de traírem os MacGregors durante a primeira proscrição. Normalmente, Darach queria a chance de lutar contra alguns deles, mas não em Ravenglade.
— Quando você pode partir, Darach? — Malcolm pegou o pano ensanguentado que Catherine usou para limpar o lábio de Darach e balançou a cabeça, deixando-o cair de volta na cama. — Ela valeu a pena pelo que você pegou?
— Eu não sei, primo. — Darach se sentou novamente e olhou para ele com o olho inchado. — Você nos interrompeu. Como sempre, sua presença é uma praga em minha alegre vida. E só para você saber, eu ganhei a briga.
Malcolm sorriu.
— Eu não tinha dúvidas disso. — Ele se sentou na beira da cama e olhou para o rosto de seu primo. — Independentemente da poesia que encontrei em casa, em seu quarto, eu conheço a ferocidade de luta que flui em suas veias. É por isso que quero que você resolva as coisas em meu castelo.
Darach queria chutá-lo pelo quarto por vasculhar seus pertences para encontrar seus escritos. Os rapazes de casa nunca o deixaram esquecer que era filho de um bardo, mestre em contar histórias e escrever canções corria em suas veias, tanto quanto a luta. Seu pai, Finlay Grant, cantou sobre amor e atos heroicos enquanto os outros homens ensinavam seus filhos a lutar.
E daí se o filho de Finn gostasse de brincar com poesia de vez em quando?
Os primos de Darach o tomaram sob suas asas cedo e dispararam seu amor pela batalha. Eles o irritavam com suas brincadeiras sobre seu lado terno, mas ele era grato por ensiná-lo a fazer o maior dano com as mãos. Mas ele não estava aqui para cumprir suas ordens.
— Eu não vou para Ravenglade, — Darach disse a ele, caindo de costas no colchão, agarrando seu lado. — Este é seu castelo, dado a você por seu pai. Você vai protegê-lo... ou mandar seu irmão, Cailean.
— Nenhum de nós pode ir, Darach. Minha irmã foi sequestrada por um pirata. Nós vamos buscá-la. Praticamente todos no clã estão indo.
— Piratas? — Darach ergueu os olhos. — Ora, isso é algo que eu gostaria de ir. Eu vou para casa esta noite.
— Não. — Malcolm balançou a cabeça, recusando-se a ser demovido. — Eu preciso de sua ajuda. Devo recuperar minha irmã. Cailean não está preparado para lidar com os Menzies. Eu preciso que você suprima esta perturbação em Perth para mim.
Inferno, Darach queria obrigá-lo, e não tinha nada a ver com os Menzies. Ele não se importava com o quão implacáveis eles eram. Ele só não queria vê-la novamente. Janet Buchanan o desequilibrou. Ela o fez sofrer... e se sentir, bem, um pouco impotente. As mulheres nunca o desequilibrava e com certeza, nenhuma o fez doer ou se sentir impotente. Ele gostava assim. Ele não queria escrever canções sobre amor e filhotes. O amor e a maneira terrível como fazia um homem adulto se abater não o interessavam. O prazer é o que prendia sua atenção. Já era ruim o suficiente que ele escrevesse cartas para si mesmo sobre a beleza da silhueta dos Cuillins4 contra o pano de fundo azul do céu. Ele não era um idiota suavemente girante e que poderia ser conduzido por um asno em particular. Havia muitos traseiros por ali.
— Só para não me considerar um canalha — disse Malcolm, com sua covinha mais profunda. — Eu entendo por que você não quer ir para Ravenglade, primo. As dezenas de poemas que você escreveu sobre a moça Buchanan testemunham...
— Cal, — Darach avisou. — Não, não irei para Ravenglade se você mencionar isso de novo, mas juro pela minha espada que vou marcar seu lindo rosto para sempre. Não duvide de mim.
Malcolm ergueu as palmas das mãos, mas não fez nada para esconder sua diversão.
— Calma, primo, não quis ofender. Perder seu coração para uma moça, até mesmo uma Buchanan, e dizer palavras floridas sobre isso não é um sinal de fraqueza.
Darach olhou para sua espada no canto do quarto e amaldiçoou seus ferimentos. Ele não seria capaz de enfrentar Malcolm em uma luta hoje. Ele faria melhor em ignorar suas zombarias e tirar Janet de seus pensamentos.
— Seu oponente te chutou na boca com uma bota?
— Não. — Darach suspirou, agradecido por seu primo finalmente ter mudado de assunto. — Mas as mãos dele são como martelos.
— Alguma coisa quebrada?
— Uma costela ou duas, eu suspeito. Meu queixo milagrosamente está inteiro.
Malcolm se levantou e foi em direção à porta.
— Você precisará ser enfaixado e costurado antes de sua jornada. Vou trazer sua serva de volta.
— Cal, — Darach chamou, parando os passos de seu primo. Ele não queria fazer isso. Seu primo precisaria encontrar outra pessoa. — Sério, eu não quero...
— Eu preciso ir para casa e ir encontrar minha irmã, Darach, — Malcolm disse a ele seriamente antes que ele pudesse terminar. — Estou confiando a você minhas terras.
Maldito seja o inferno.
— Tudo bem. — Darach cedeu com um suspiro de frustração e ergueu as mãos para evitar mais súplicas. — Eu irei. — Ele ignorou o sorriso largo de seu primo. — Mas se eu estrangular qualquer Buchanans enquanto estiver lá, não me culpe.
Capítulo Dois
— Eu não me importo com o que ele prometeu. Eu não vou me casar com ele! — Janet Buchanan cerrou os punhos ao lado do corpo. Ela olhou para seu irmão com determinação gelada. Se ele queria uma luta, uma luta era o que ela lhe daria. Uma brisa no jardim varreu um cacho dourado em seu rosto. Ela explodiu e se preparou para ficar frente a frente com o irmão. — Roddie Menzie é um bode estúpido que sai por aí falando sobre sua força e poder até ter todos os cordeiros ao seu redor tremendo na grama.
O brilho de raiva que despertou nos olhos de seu irmão desmentia seu tom calmo e aparência.
— Você está me chamando de cordeiro, Janet?
Ela encolheu os ombros e arqueou uma sobrancelha com desdém.
— Vou te dizer o que vejo, William. Você permite ao bode uma união entre nós, em vez de desistir de um castelo que nem é nosso.
— Antes, era nosso, — ele a lembrou suavemente.
— Nunca foi nosso, — ela o corrigiu.
— Nós o mantemos sob o feudo do rei Charles.
— Sim, — ela concordou, — junto com Connor Stuart, o primo do rei, que James Buchanan, nosso falecido tio-avô, tentou matar. Quando o rei recuperou o trono, ele deu o castelo e essas terras aos Stuarts. Ravenglade não é nosso.
— Não importa, — William insistiu, indo por outro caminho. — Somos senescal pagos. Malcolm Grant me paga para manter este lugar impenetrável.
— Então você entregaria sua irmã para ver seu dever para com Grant feito?
— Não. — Ele cobriu o rosto ligeiramente barbudo com as mãos e as correu até o queixo. Olhando para ela novamente, ele suspirou. — Mas você é a única coisa que Menzie quer mais do que Ravenglade, e ele concordou com uma troca.
— Sim, porque eu disse não a sua oferta de casamento no mês passado e agora ele quer me mostrar que minha vontade não significa nada. Ele ostenta seu poder e despreza o fato de eu não o temer. — Ela olhou nos olhos de William. Como os únicos dois parentes próximos partiram depois que seu pai morreu no rio Tay, eles prometeram cuidar um do outro. Como poderia seu irmão entregá-la a um homem que a queria apenas para que pudesse dominá-la?
— É nossa única esperança, — ele disse, soando tão desesperado quanto parecia. — Grant vai responder minha carta e vir. Ele estará aqui antes que qualquer casamento possa acontecer e ele lidará com Roddie Menzie.
— E se ele não vier? — Ela perguntou a ele. — O que será de mim, então, Will?
— Então — ele fez uma pausa e fechou os olhos. — Eu vou matar Roddie Menzie. Eu vou matá-lo. Mas não vou abandonar Ravenglade para eles.
— Não é você, — ela o lembrou novamente. Quantos mais parentes eles perderiam, em vez de perder o castelo? Ela conhecia sua história com Ravenglade e sabia que a obsessão de seu tio-avô James Buchanan com o castelo o fez oferecer a vida de seu amigo de infância. Só por causa dessa traição, os Buchanans nunca seriam dignos de Ravenglade. E agora, seu próprio irmão parecia estar enfeitiçado com a marca desses tijolos, até mesmo para traí-la.
— Grant permite que todos nós vivamos aqui, — ele continuou. — Em vez de lutar contra nós e trazer seus parentes, incluindo os MacGregors, para derrubar nossas cabeças por todos os anos que lutamos com ele por este lugar, e nos paga para mantê-la para ele enquanto está fora. E vamos ser honestos, ele está fora com frequência. Ele saiu na primavera passada e ainda não voltou. Tudo que peço é dizer a Roddie que concorda com o casamento, mas precisa de tempo para organizar tudo. Precisamos de tempo para nos reagrupar e nos recuperar de seu último ataque. Ele pode balir com frequência, mas seus chifres são afiados. Ele tem poder no número de seus parentes.
Janet bateu com as mãos nas coxas.
— Então dê o que ele quer antes que qualquer outra pessoa seja morta!
— Não vou, Janet. Eu quero ficar aqui. Não serei expulso do lugar que se tornou minha casa porque outra pessoa o deseja.
Ele disse isso. Ravenglade havia se tornado sua casa. Ele se deixou seduzir por suas tapeçarias brilhantes, tons ricos de madeira e tapetes quentes. Inferno, tinha seduzido todos eles.
— Confie em mim, irmã, por favor.
Ela poderia? Ela sempre fez isso antes. Mas as apostas nunca foram tão altas.
— Eu não quero que você vá em frente com isso. Eu só preciso de tempo para Malcolm chegar e agora você é a única maneira que eu posso conseguir. Por favor, irmã, confie em mim.
Ela olhou em seus suplicantes olhos azuis e sentiu sua coragem vacilar. Och, inferno, ela não podia lutar com ele nisso, não quando seu irmão estava certo. Ela gostava de morar aqui também. Cada Buchanan gostava. Por que ela não preferiria um castelo, sem correntes de ar, a uma cabana? Ela adorava a casa que seu falecido pai construíra para sua família nos arredores de Aberfeldy, mas era pequena e ventosa e o telhado estava gotejando. Foi por isso que ela concordou em se casar com John Wallace, o mestre carpinteiro de Aberfeldy, antes que Malcolm Grant e seu pequeno grupo de primos matassem seu prometido na noite em que voltaram para Ravenglade quase sete meses atrás.
Uma bênção e uma maldição, pois ela não amava John Wallace. Na verdade, ela nem gostava dele. Ele bebia uísque demais e falava alto.
Ela ainda odiava os Grants por matá-lo. Assim como seus parentes foram ensinados a odiar os Stuarts por tomarem Ravenglade. Para muitos, James Buchanan era um herói. Mesmo que ela acreditasse de forma diferente, ainda sentia o desejo de retomar o castelo.
— Muito bem, Will. — Ela sorriu levemente quando ele a puxou para seus braços. — Mas é apenas para ganhar tempo. Eu não vou me casar com ele.
— Vou me certificar disso! — Ele prometeu, então correu para ver os arranjos.
Deixada sozinha, Janet olhou ao redor do jardim. Ela sorriu, pensando no quanto havia mudado desde que ela se mudou para aqui. Havia muito trabalho a fazer, arrancar raízes mortas e emaranhadas e plantar novos arbustos e árvores, mas valeu a pena. Na próxima primavera, este jardim seria glorioso, e Janet pretendia estar aqui para vê-lo.
Ela se sentou no banco de pedra e olhou para a pequena fonte que seu primo Henry construíra. Seus pensamentos vagaram para o lorde do castelo, Malcolm... e para seu primo, Darach, o homem mais insuportável, frustrante e arrogante que ela já teve o desprazer de conhecer. Se sua família o tivesse matado como disseram que fariam quando o atacaram na estrada na primavera passada, ela não teria que cuidar dele enquanto seu irmão o mantinha prisioneiro em seu celeiro. Ela não teria revivido constantemente em seus pensamentos aqueles dias com ele amarrado e espancado e ainda mais fascinante do que todos os homens em seu abraço. Ela não o teria deixado correr desenfreado pelos seus pensamentos desde que o libertaram.
Se toda a verdade fosse conhecida, os homens pelos quais estava cercada eram tão enfadonhos em comparação a ele, havia dias em que ela o desejava de volta. Sua perspicácia afiada a atraia. Ele era seguro de si mesmo, sem falta de confiança em suas habilidades no campo e no quarto. Ele não precisava se gabar para convencê-la disso. Ele respirava virilidade, movia-se com a graça flexível de um lobo. Seus olhos verdes esfumaçados a convidaram para um fogo do qual ela nunca poderia escapar. A curva desafiadora de sua boca aqueceu seu sangue e sentiu uma ardência atrás de suas rótulas, entre os seios, logo abaixo do umbigo.
Ela olhou ao redor do jardim e ergueu a mão para o rubor que estava varrendo a ponta de seu nariz. Maldição, ela pensava que estava livre dele. Ele deixou passar sete meses sem nem mesmo uma missiva. Ela pensou... Não, não importava o que ela pensava ou esperava. Ela estava finalmente começando a conquistar suas lembranças dele e colocá-las de lado. Mas agora, toda essa conversa de Malcolm Grant e casamento o trouxe de volta, gritante, dolorosamente.
Ela pensou na última vez que o viu, quando eles se separaram em Killiecrankie, depois que ele descobriu que ela estaria morando em Ravenglade enquanto Malcolm estivesse fora. Ela se perguntou o que ele diria se soubesse que ela dormia em sua cama todas as noites, assim como ele previu que aconteceria.
— Sonhando com o homem que se opôs a seus golpes e algum dia retornará para conquistá-la debaixo dele.
Maldição, ela ainda se lembrava de como se sentiu ao ouvir o pronunciamento confiante dele. Desgraçado. Ele a fazia tremer em sua pele.
Sim, ela sonhava com ele frequentemente. Ela se perguntou se isso tinha a ver com dormir na cama dele. Ela deveria tirá-lo da mente, mas ela nunca o fez. Ele disse que um dia voltaria. Por que diabos ela esperava?
Ela fez o possível para não pensar nele, mas qual era a alternativa? Roddie Menzie? Bom Senhor, não havia nenhuma maneira no inferno dela se casar com ele.
Como se falar do demônio o invocasse, ela ouviu o toque de sua trompa além do fosso. Ah não! Os Menzies já haviam voltado para mais? Ela voltou para dentro e procurou por William. Não o encontrando, ela avançou em direção às escadas, para as ameias.
Ela saiu e fez uma careta, olhando para baixo. Era Roddie, certo. Oh, como ela o odiava! Ela avistou seu irmão ao longo do parapeito oeste e o observou assinar seu nome em um pergaminho e amarrá-lo a uma flecha. O acordo de casamento. William ergueu os olhos e pegou seu olhar. Eles compartilharam um aceno sutil e uma promessa silenciosa, e então ele encaixou a flecha em seu arco e a lançou.
O estômago de Janet deu nós enquanto ela observava a flecha cair. Era esse o seu destino selado e empurrado para o tronco grosso de uma árvore? Ela mudou seu olhar para Roddie em sua sela. Ela adivinhou que ele tinha mais ou menos a mesma idade de Will, mas anos de excesso de indulgência o deixaram gordo e beber demais o deixaram exausto. Por si mesmo, ele não tinha nada para apoiar sua promessa orgulhosa de tomar Ravenglade e deixar seus parentes mortos a seus pés, mas o número de seus parentes rivalizava com as estrelas no céu.
Ela gostaria de enfiar o pé direto no...
Ele a viu o olhando e acenou. Ele acenou enquanto outro cavaleiro buscava a mensagem na flecha e a levava para ele.
Ela ergueu os dedos primeiro, forçando sua vontade em sua mão relutante. Quando ela acenou de volta, ele sorriu, expondo mais espaço vazio do que dentes. Ela fechou os olhos e se afastou. William teria que matá-lo. Se ele não o fizesse, ela o faria. Ela não se importava se Ravenglade era esculpida em ouro, ser a esposa de Roddie não valia a pena.
Afastando-se, ela correu de volta para dentro do castelo, com medo de que eles tivessem acabado de assassinar sua vida. Ela orou enquanto descia correndo as escadas para o quarto de Darach Grant para que Malcolm Grant se apressasse e chegasse logo.
Capítulo Três
A última vez que Darach esteve em Ravenglade, havia um exército de homens do duque de Queensberry acampado nos campos além do fosso. Eles estavam lá para pegar de volta a sobrinha do duque, Amélia Bell, a quem ele e seus primos haviam sequestrado, e para negar suas exigências de dissolução do Tratado de União.
Agora, outro exército menor esperava no mesmo local. Menzies. Darach os observava de seu esconderijo nas árvores. Ele reconheceu seu laird, Roderick Menzie, de algumas brigas com ele e seus parentes problemáticos no passado. O guerreiro estava se comunicando com Will Buchanan por flecha. Eles não pareciam estar brigando. Não era surpreendente, já que ambos os clãs não serviam para nada além de praticar tiro ao alvo. Eles provavelmente estavam planejando assumir Ravenglade e matar Malcolm quando ele chegasse aqui. Os Menzies foram inimigos de longa data desde os dias de Callum MacGregor e o avô de Darach, Graham Grant. Os Buchanans foram adversários mais recentes, mas desonestos e covardes.
Outro motivo para esquecer Janet.
Ele observou a comunicação continuar por pouco mais de uma hora. Ele faria questão de colocar as mãos nessas notas quando entrasse no castelo. Pelo menos, por enquanto, aquelas que Menzies atirou para este lado. Ele pegaria as outras em outro dia.
Ele estava feliz em ver a ponte levadiça levantada, pelo menos. Se os Buchanans estivessem aliados aos Menzies, William não os teria mantido fora. Ainda assim, ele teria cuidado com o laird Buchanan e descobriria o que pudesse antes de agir.
Quando os Menzies finalmente partiram, apaziguados, ao que parecia, por sua nota, Darach voltou para a floresta e procurou o que sabia que estava lá. Uma caverna, escondida atrás de amoreiras e arbustos espinhosos grossos o suficiente para esconder o longo túnel que leva a Ravenglade. Um túnel que os Buchanans cavaram nos últimos anos em suas muitas tentativas de tomar a fortaleza.
Ele deixou seu cavalo em uma pequena clareira a poucos metros da caverna. A besta não fugiria sem ele e Darach voltaria para buscá-lo amanhã, depois que ele baixasse a ponte levadiça.
Ele foi até a abertura da caverna e, movendo a folhagem para o lado, entrou nas sombras, então cuidadosamente colocou tudo de volta no lugar.
Maldição, ele não gostava de ter que entrar sorrateiramente no castelo de sua família como um ladrão comum.
A luz da lua o seguiu por cerca de dez respirações e então o túnel ficou escuro, até que ficou muito escuro para ver sua mão na frente dele. Os Buchanans não usavam o túnel há muito tempo, evidenciado pela ausência de fogo nas muitas tochas que foram acesas da última vez que ele esteve aqui.
Para manter sua mente longe da distância e da falta de ar sufocante, ele cantarolou uma melodia rápida que compôs para acompanhar uma história sobre uma mulher de língua afiada que quase conquistou seu coração. Claro, ninguém jamais ouviria isso sendo cantado, então sua confissão estava segura... e seu coração também. Era natural pensar nela, já que ele estava aqui novamente e provavelmente a veria, disse a si mesmo. Não significava nada.
Ela estava casada? Seu marido a estrangulou? Darach sorriu, lembrando-se de sua promessa de que ele nunca a conquistaria. Nenhuma moça jamais fez uma afirmação tão ousada. Ele não podia negar que parte dele queria descobrir se ela poderia realmente resistir ao ataque dele a seus sentidos, suas emoções, seu coração. A outra parte dele não estava tão certo de que poderia resistir a ela, e isso o assustava muito. Darach gostava de ser o mestre de sua vida. Ele viveu entre homens suficientes em Camlochlin para saber e entender muito bem o que amar uma moça fazia a um homem. Ele acreditava que poderia resistir e agora teria a chance de provar que podia.
Ah, luz, finalmente! Ele chegou até o alçapão abaixo da cozinha e olhou para cima. A cozinheira ainda estava trabalhando? Ele olfateou e não sentiu nenhum cheiro de comida sendo preparada. Ele esperou alguns minutos, ouvindo sons de movimento ou vozes. Quando ele não ouviu nada, estendeu a mão, soltou a trava e elevou-se pela abertura.
Uma rápida olhada ao redor provou que ele estava sozinho. Quantos Buchanans residiam aqui? Ele se perguntou. Ainda era muito cedo para estar na cama. Onde estava todo mundo? Onde estava o laird?
Darach se moveu em silêncio, conhecendo todas as câmaras e para onde levavam cada corredor. Ele foi atraído para a luz fraca de uma vela vinda do solar privado, a porta entreaberta. Ele ficou contra a parede por um momento, absorvendo qualquer som vindo de dentro. O suspiro lento de um homem e um juramento murmurado. William Buchanan. Sua irmã estava lá com ele?
Darach não esperou para descobrir, mas deu um passo à frente e empurrou a porta. Seu rangido atraiu o olhar sombrio de William da carta em suas mãos para Darach.
Ele saltou da cadeira.
— Como você...? Os túneis? — Ele adivinhou por conta própria. — Onde está Malcolm? — Ele perguntou, contornando Darach para olhar para a porta depois que Darach confirmou sua entrada.
— Em algum lugar do Atlântico Norte agora, eu apostaria, — Darach disse a ele, caminhando para a mesa onde William estava sentado. — Surgiu um assunto urgente e ele teve que cuidar disso com seu pai. — Ele olhou para os pergaminhos espalhados pela superfície da mesa, alguns amassados, outros dobrados.
William se voltou para ele.
— Mais urgente do que perder seu castelo para os Menzies?
Darach acenou com a cabeça e pegou uma das cartas.
— A irmã dele foi sequestrada por um pirata.
— Oh... — William disse, parecendo doente do estômago. Sua cor sumiu até que Darach se moveu para ajudá-lo se ele tropeçasse. — Então ele não vem. Oh meu... — Seu olhar mergulhou para o pergaminho na mão de Darach. — Ele tem que vir.
Darach não perguntou por quê. Ele leu a nota, depois leu novamente. Finalmente, ele olhou para o laird com um flash de raiva acendendo seus olhos.
— Você prometeu sua irmã a Roddie Menzie? Por quê?
— Para ter mais tempo. Recusei-me a desistir do castelo. Depois que outra pessoa toma posse, especialmente os Menzies, é muito mais difícil recuperá-la. Achei que assim que Grant recebesse minhas cartas, ele voltaria e cuidaria dos Menzies. Eles invadiram as muralhas mais de uma vez e não posso arriscar perder mais nenhum dos meus parentes. Eu sou o laird deles. É meu dever protegê-los.
Darach acreditou nele. O homem parecia ter acabado de vender sua mãe como escrava. Ele queria perguntar a William por que ele ficou e lutou por Ravenglade tão tenazmente, mas o laird passou a mão pelo rosto pálido e pegou uma cadeira.
— Eu esperava que Malcolm viesse nos ajudar. Agora vou ter que matá-lo.
— Quem?
— Roddie Menzie.
— Bem, — Darach disse enquanto se sentava na cadeira atrás da mesa, — é preciso fazer o que puder para salvar sua irmã. É por isso que estou feliz por ser o único filho.
— Você não entende, — disse o laird Buchanan em voz baixa. — Se eu o matar, a guerra irá além deste castelo e seguirá meus parentes aonde quer que formos.
Darach olhou para ele, tentando decifrá-lo.
— Por que você já não os tirou daqui?
— E deixar Ravenglade para os Menzies?
Um leve sorriso curvou os lábios de Darach. William Buchanan falava como um homem que amava este castelo. Darach adivinhava que todos os Buchanans se sentiam da mesma maneira. Seu falecido patriarca James trouxe muitos de seus parentes aqui para viver e treinar com seu amigo de infância Connor Stuart. Quando foram expulsos depois que James tentou, e não conseguiu, matar Connor, eles nunca desistiram de sua noção equivocada de que Ravenglade era parcialmente deles. Mas o quanto Will Buchanan amava Ravenglade? Até onde ele iria para salvá-la?
Quaisquer que fossem os motivos de William, Darach gostou de sua resposta. Ele faria o melhor para salvar todos eles. Para fazer isso, porém, ele precisava saber quantos Menzies eles poderiam enfrentar em uma luta e se ele precisava começar a recrutar ajuda. Não importava quantos homens William tivesse a postos, o laird não queria perder mais nenhum de seus parentes. Darach veria que ele não os perdesse. Ele elaboraria seu plano esta noite e, com sorte, começaria a executá-lo pela manhã.
Com sorte, não haveria luta.
— Bem, — ele prometeu ao Buchanan, — você não precisa mais se preocupar com isso. Estou aqui agora, tão bom, talvez até melhor, do que Malcolm.
— Oh, Senhor, não. — Disse uma voz em sintonia com o vento soprando ao longo das muralhas do castelo lá fora. — Você não!
Aqui estava; aquela coisa que fazia seus dentes cerrarem e querer sorrir na mesma medida. Ele nunca poderia decidir se queria estrangulá-la ou sorrir como um filho perdido da mãe com suas malditas entranhas seguras nas mãos como uma oferenda a ela.
Ele se virou e escolheu sorrir para ela.
Ela parecia quase exatamente como ele lembrava, pele clara, com um nariz pequeno e atrevido e boca carnuda... todos aqueles cachos dourados emoldurando seu rosto, e olhos como geleiras desmentindo suas feições angelicais.
Impressionante.
E tão impetuosa como quando ele a deixou.
Ele não deveria ter voltado.
— Sim, Srta. Buchanan, vim para salvá-la, goste ou não. — Seus olhos afiados não perderam quando ela cerrou os punhos ao lado do corpo. — Ou, neste caso, é mais provável que eu esteja salvando Roddie Menzie.
Capítulo Quatro
O dia dela poderia ficar pior? Primeiro Roddie, agora ele! Oh, ele não! Onde diabos estava Malcolm Grant? Ela ouviu a declaração de Darach certo? Ele estava aqui no lugar de seu primo... para “salvá-la”? Ela queria rir, e então gritar e chorar com seu irmão. William a havia colocado na posição em que precisava ser salva. Embora ela não pudesse esquecer que teve uma participação em sua própria morte, também. Ela concordou em se casar com o laird Menzie, apenas no pergaminho, para salvar Ravenglade. Ela não queria deixar o castelo... ou a cama de Darach Grant. Ela confiou em Will quando ele prometeu que Malcolm Grant voltaria e tomaria de volta seu castelo, salvando-os. Mas Malcolm não viria e ela e Will dependiam de Darach para ajudá-los. Ela sempre esperou que Darach voltasse. Finalmente, ele tinha retornado, mas não por ela. Por Ravenglade. Tudo sempre foi por Ravenglade. Mas este castelo não era deles. Ela sabia disso, sempre soube. Darach estar aqui no lugar de Malcolm era parte de sua punição por tentar segurar o que não pertencia a ela. A outra parte era ter que concordar em se casar com Roddie.
Isso não iria acontecer. Ela não se importava se os Menzies pegassem Ravenglade e queimassem até o chão. Ela não era filha de um nobre nascido em alta posição, prometeu se casar pela paz entre os clãs, ou por uma casa que não era dela. Seu pai havia se afogado. Ela estava livre para se casar com quem quisesse. E ela não queria Roddie Menzie. Ela não queria pensar sobre Darach Grant estar aqui, parecendo mais bonito do que ela se lembrava, se isso fosse possível.
— Eu não me importo com o que devemos fazer, Will, — ela disse, virando-se para seu irmão e ignorando seu convidado indesejado. — Não haverá casamento.
— Já discutimos o que será feito, — Darach respondeu no lugar de Will. — Vocês dois farão exatamente o que eu disser.
Ela girou lentamente e lançou-lhe um olhar frio. Ele também era arrogante.
— Você não tem nada a ver com isso, Sr. Grant. Cuide gentilmente de seus próprios assuntos.
Um canto de sua boca se curvou em um sorriso que a convenceu de que ele cuidava bem deles.
— Você e seu clã sairão ilesos, — prometeu ele. — Se você colocar este assunto sob meus cuidados. Se você se recusar, vai ficar gorda com o pirralho de Roddie Menzie no próximo verão.
Pensar nisso a enojou, mas se ela aceitasse a ajuda de Darach, o que ele esperaria em troca? Ela não seria mais uma de suas conquistas.
— Não estarei em dívida com você. Não precisamos da sua ajuda.
— Você provavelmente perderá seu irmão, — ele continuou como se ela não tivesse falado, — e mais da metade de seus parentes. Meus parentes já lutaram contra os Menzies no passado. Eu estive presente em uma dessas batalhas e posso dizer agora, seus parentes não vão vencê-los.
Ela sabia que ele estava certo. Sua vida foi dada a Roddie, acordada por ela e assinada por seu irmão, laird dos Buchanans de Aberfeldy. Roddie nunca aceitaria um acordo quebrado. Haveria muita luta. Muitas mortes. Ela desviou os olhos para o irmão.
Ela não o deixaria morrer por causa de seu orgulho teimoso.
— Muito bem então, Sr. Grant, — ela concordou, voltando sua atenção para ele. — O que você quer que eu faça?
Ela leu sua resposta em seu rosto. Oh, seu rosto. Ela sabia muito bem. Ela tinha pensado neste rosto muitas vezes. Ela tentou desviar o olhar dele, mas seu olhar quente e verdejante a manteve cativa. Sua boca exuberante e irritante conjurou imagens que fizeram sua respiração acelerar. Como um homem podia fazer suas rótulas dobrarem com tão pouco esforço? Ela estava hipnotizada novamente pelo mais leve indício de perigo e diversão que fez seus olhos esmeralda brilharem.
Ele estava de volta e ela não queria mais que estivesse. Ele a tentava a arrastá-lo para um beijo profundo e apaixonado e, em seguida, implorar para que ele não fosse embora de novo, ou dar um tapa em seu rosto por todas as noites atormentadas sem dormir que ele causou a ela. Sua lógica disse a ela que ele não era confiável. Ela tinha que se proteger contra este homem ou ele iria tirar sua lógica de sua cabeça como tinha feito antes, e então a deixaria novamente.
— Vamos discutir isso no desjejum, — ele disse a ela, alheio ao perigo de seu tom de desprezo, especialmente porque envolvia um assunto tão urgente. — A propósito, — ele ergueu os olhos vagamente da nota de seu irmão com Roddie. — Algum de vocês ouviu uma palavra da amada cozinheira de Ravenglade, Henrietta?
A cozinheira? Ela tinha que esperar até de manhã para falar sobre seu futuro, mas ele queria falar sobre a cozinheira agora?
— Posso ter ouvido alguns boatos sobre ela. — Janet disse a ele e deu um tapinha em um bocejo. — Mas vamos discutir isso no desjejum junto com... Qual era o outro assunto?
A leve curva no canto de seus lábios a enfureceu.
— Seu futuro. — Ele a lembrou.
— Sim. — Ela não o deixaria irritá-la. — Meu futuro, — ela concordou com um sorriso gelado.
Ela olhou para ele. Aqueles eram pontos no lábio? Ela notou a leve descoloração ao redor de seu olho esquerdo e maçã do rosto, mais escura ao longo de sua mandíbula. Esta era a segunda vez que ela o encontrava e ele foi espancado e machucado. Já passou um mês em sua vida sem que seu rosto e sua boca não testemunhasse excessivamente sua confiança em lutar? Ela se perguntou quem o esmurrou desta vez e como ele iria mantê-los seguros.
— Você caiu do cavalo e bateu com o rosto em uma rocha?
— Eu pareço tão mal?
Ele parecia extremamente extraordinário. Ele não usava seu costumeiro plaid das Highlands, mas sim calças de montaria e botas empoeiradas com uma camisa de linho branca com cinto e ligeiramente largo na cintura.
— Não pior do que a última vez que te vi.
— Isso é uma coisa boa, eu suponho. — Sua risada curta lançou uma dúzia de borboletas em sua barriga. — Não fui atacado por uma dúzia de homens desde que cavalguei por sua cidade natal na primavera passada.
Ela tinha esquecido o quanto ele gostava de irritá-la.
— Bem, eu acho que estou encantada que meus parentes que o atacaram eram em sua maioria homens velhos, caso contrário, você não estaria aqui esta noite.
Ele jogou a cabeça para trás e encheu o solar com sua gargalhada.
Olhar para ele tornava difícil pensar, então Janet se virou. Ela precisava fugir e limpar seus pensamentos.
— Eu irei me retirar para meu quarto e verei os dois pela manhã então.
No instante em que ela saiu do solar, disparou escada acima. Ela tinha que tirar suas coisas de seu quarto antes que ele a descobrisse.
Ele pensaria que ela dormia lá porque sentia saudades dele, que estava esperando por sua volta! E ele estava certo, droga! Ela simplesmente se recusava a admitir isso para ele. Nunca lhe diria que desejava que ele estivesse lá com ela à noite, presa em seus braços, sorrindo aquele sorriso puramente irritante para ela. Somente ela. Mas ele era um patife sem coração e ela nunca o deixaria conhecer seu coração.
Sua mente disparou com o que primeiro limpar no quarto.
Havia cinquenta e sete quartos em Ravenglade e porque muitos em seu clã optaram por ficar em sua própria aldeia, em suas próprias casas, a maioria dos quartos estavam vazios.
Ela correu para um deles e abriu a porta. Então ela correu pelo corredor até o quarto dele, irrompeu para dentro, juntou o máximo que pôde em seus braços e correu de volta para fora. Percebendo quantos vestidos ela possuía e amaldiçoou sua própria vaidade. Ela pegou seus chinelos, pentes, fitas e correu de volta para seu novo quarto uma segunda vez. Na quarta viagem, sua respiração ficou pesada. Ela deveria ter levado seus baús primeiro, agora ela estava cansada e só conseguiria levar um por vez. Ela tinha que se apressar, alguns de seus itens mais valiosos estavam naqueles baús.
Darach subiu até o topo da escada e viu a porta de seu quarto entreaberta, a luz de velas vindo de dentro. Ele procedeu com cautela e entrou, empurrando a porta que rangia com ele. Ele olhou ao redor. O quarto estava vazio e em desordem, como se alguém estivesse entrando ou saindo com pressa. Ele respirou fundo e deixou o perfume de Janet Buchanan fluir para seus pulmões.
Ele levantou um travesseiro da cama e o levou ao nariz. Ela estava dormindo aqui enquanto ele estava fora. O que isso significava? Ela se importou com ele todo esse tempo? Sua boca ficou seca e ele sentiu o coração acelerar um pouco. Ele balançou a cabeça, recusando-se a deixar que isso significasse algo para ele. Mas, e para ela...? Droga, mas ela deve ter entrado em pânico quando o viu, sabendo que tinha que sair daqui antes que ele a descobrisse. Ele sorriu e olhou para a porta. Mulher orgulhosa. Se ela tivesse admitido usar seu quarto, ele teria ficado perfeitamente feliz em deixá-la ficar, em vez de mover tudo sozinha. Ele olhou ao redor do quarto agora. Vestígios dela ainda permaneciam em um vaso fino de flores secas colocado dentro do profundo recorte da janela, um pequeno pote de barro cheio de óleo perfumado que ela ainda não havia pego, um grampo de cabelo que ela deve ter deixado cair. Ele o pegou e examinou. Alguns fios longos de cabelo dourado estavam enrolados em seus dentes. Ele o levou ao nariz e inalou.
Ele se lembrou de como ela cheirava bem naquela manhã, quando seu clã o capturou e o espancou, amarrou seus pulsos e tornozelos e o deixou sob seus cuidados. Era o cheiro dela que o perseguia, e a forma como a luz do fogo no celeiro caía sobre os contornos de seu rosto. Inferno, ela era uma chama de fogo. Arrojada e forte vontade que ele gostava de como ela se colocava contra ele. Ele tentou tirá-la de seus pensamentos, mas só conseguiu enterrá-la em seu coração, nunca realmente a deixando partir.
Ele amaldiçoou seu primo Malcolm por trazê-lo de volta aqui e atiçar as brasas. Ele estaria mais seguro se ela permanecesse enterrada.
De todos os aposentos em Ravenglade, ela escolheu ficar neste e em sua cama. Ele preenchia seus pensamentos à noite, enquanto ela deitava a cabeça em seu travesseiro? Isso não mudava nada. Na verdade, piorava as coisas! Isso o fazia ansiar por ela ainda mais.
Ele tinha que manter a cabeça limpa. Ele tinha que salvá-la e Ravenglade de Roddie Menzie. Desde o momento em que leu o acordo de Menzie com a proposta de casamento, ele não teve escolha. Ele não estava disposto a deixá-la se casar com Roddie Menzie, ou qualquer outro Menzie maldito por causa deste assunto.
Ele varreu seu olhar sobre os baús em sua cama. A tampa de um deles estava torta e algo que parecia um pergaminho apareceu nele. Ele estendeu a mão para pegá-lo. Era um pequeno maço de cartas, todas as páginas desdobradas, escritas de forma clara e levemente inclinada. Cartas de um amante? Ele pegou uma e examinou. Não foram escritos por um pretendente, mas por Janet, escrita por ela mesma.
Sonhei com ele novamente. Eu sei que dormir em sua cama apenas contribui para suas visitas noturnas. No entanto, não posso deixá-lo, imaginando que de alguma forma que ele está lá comigo. Eu sou uma tola, lançada sob um feitiço feito de esmeraldas e ouro, e uma língua de dois gumes mais afiada do que qualquer espada. Sou uma escrava do fantasma de um homem que claramente me amedronta. Och, como eu o odeio.
Isso era sobre ele, tinha que ser. Ela pensava que ele a tinha esquecido e por isso o odiava? Por que a ideia de ela odiá-lo o fazia querer ir procurá-la e corrigi-la? Ele não a tinha esquecido. Nem por um momento.
Droga, isso não era bom. Não era nada bom.
Capítulo Cinco
Mais duas viagens e ela teria acabado. Se Darach estava bebendo com William lá embaixo, ela ainda tinha um pouco de tempo. Ela alcançou a porta e derrapou até parar. Ele estava parado ao lado de sua cama.
Ele se virou, como se pudesse ouvir o coração dela prestes a explodir no peito.
Isso que estavam nas mãos dele eram cartas?
— Sr. Grant! — Ela correu para ele e arrebatou as cartas dele. — Estas coisas são da minha prima Margaret, se não se importa. Ela usou o seu quarto na última véspera
— Sua prima. — Ele levantou uma sobrancelha e acenou com a cabeça quando ela o confirmou.
— Está correto. — Ela se forçou a sorrir. — Margaret. Quando eu disse a ela que você tinha voltado, ela insistiu que eu a ajudasse a remover suas coisas.
— Por quê? — Ele perguntou, parando-a quando ela teria contornado ele para pegar seu baú.
— Por quê?
Ele assentiu.
— Por que mandou você e não veio ela mesma buscar suas próprias coisas?
Ela o estudou por um momento ou dois, fazendo pouco para disfarçar o flash de frustração em seus olhos antes de mergulharem em seu grampo de cabelo em sua mão. Dane-se tudo para o inferno.
— Ela ouviu sobre sua habilidade com as mulheres, Grant. Ela teme que você tente seduzi-la quando estiver sozinha. — Ela afastou um cacho do nariz e passou por ele, depois colocou as cartas de volta no baú. — Eu disse a ela que você poderia ser facilmente subjugado com um chute na virilha, mas ela é uma coisa mansa e... — Ela parou, olhando para o baú. — Você leu alguma dessas cartas? — Ela perguntou, virando seus olhos preocupados para ele.
— Por quê? — Ele se moveu em direção a ela. — Quem as escreveu? Srta. Buchanan, sua prima Margaret tem um amante?
— Não! — Ela insistiu, querendo tirar aquele sorriso do rosto dele. Ela se virou para o baú em vez de observá-lo. — É que Margaret não o iria querer bisbilhotando nas coisas dela. Ela não gosta de você.
— É assim mesmo? — Sua risada encheu sua cabeça como um bom vinho. — Bem, eu acho que não gosto dela também.
Ela se endireitou com o baú debaixo do braço e jogou o cabelo para trás.
— Estou satisfeita em ouvir isso, Grant.
— Que eu não gosto dela? — Ele perguntou.
— Não. Isso você pensa. Eu estava começando a duvidar que você não soubesse.
- Na verdade, eu cavalguei todo o caminho de volta para Skye para salvá-la, duvidando também.
Seus olhos brilharam e seus lábios se apertaram, mas ela conseguiu sorrir.
— Você voltou para salvar Ravenglade. Não a mim. — Ela o contornou para sair, mas ele bloqueou seu caminho.
— Isso é verdade, — ele disse em voz baixa, pegando o baú dela e colocando-o ao seu lado. Quando se endireitou novamente em toda a sua altura, ele se aproximou. Tão perto, na verdade, que a fragrância repentina de lenha fumegante e algo mais masculino invadiu seus sentidos e foi direto para sua cabeça. — Mas talvez eu mude de ideia. Talvez eu deva salvar você.
Ela riu, atraindo seu olhar para sua boca.
— Ora, ora, Grant, mas você certamente não mudou. Você está tão arrogante quanto antes.
— Você não é o primeiro a pensar assim. — Deixando-a ouvir o sorriso malicioso em sua voz, ele levou os dedos ao rosto dela e acariciou o contorno doce de seu queixo. Ele parou de repente com a picada de aço em sua virilha. Ele olhou para a pequena adaga em sua mão livre, posicionada entre suas pernas.
— Se não tirar a mão do meu rosto, provavelmente será o último a fazer.
Sua promessa foi feita de seda e aço, convincente o suficiente para mantê-lo quieto. Perto o suficiente para olhar em seus olhos, Darach encharcou sua visão com o que viu. Uma moça forte e destemida, que no momento, estava se divertindo imensamente. Uma égua vigorosa com mãos rápidas como um raio e uma inclinação impiedosa nos lábios.
— Eu só desejo beijar você, moça. Nada mais, — ele prometeu baixinho, pressionando-a, puxando-a com um dedo sob o queixo. Ela não o mataria. Não com um casamento com o laird Menzie aparecendo em seu futuro. Ele inclinou a cabeça e roçou sua boca com a sua, apenas levemente o suficiente para compartilhar o fôlego, curto e instantaneamente aquecido. Ele observou os olhos dela se fecharem, os lábios se separando levemente para recebê-lo mais plenamente.
Ele fez uma pausa. O que ele estava fazendo? Não demorou meses para tirar Janet da cabeça? Toda moça que ele perseguiu desde que a conheceu não era uma pálida comparação com seu espírito ardente? Ela o fazia querer domesticá-la, embora ele soubesse que nunca poderia. Ninguém o faria. Ele deveria persegui-la desta vez? Ela alegou odiá-lo, mas ele duvidava que fosse verdade. E se não fosse verdade, e ela quebrasse seu coração quando partisse novamente? Ele poderia querer Janet Buchanan, mas Grants não perdem coisas como castelos... ou corações para Buchanans. E se sua família não a aceitasse?
— O pensamento de sua boca na minha me repele. — Ela disse trêmula, recuando.
Ela estava mentindo. Darach sorriu. Ele não queria pensar sobre seus parentes ou rixas passadas, ou qualquer coisa, exceto a boca de Janet. Ela estava dormindo em sua cama. Ela pensou nele o suficiente para sentir a necessidade de escrever sobre isso exatamente como ele fazia. Não deveria parecer uma vitória, por menor que fosse, mas parecia. E como Darach sabia que as vitórias com Janet seriam poucas, ele se permitiu desfrutar disso. Ele deu um passo mais perto e mergulhou os lábios em sua orelha.
— Prove.
Assim como ele suspeitava, ela não podia. Ela ficou fraca quando ele a pegou na curva de seu braço. Ela não resistiu a sua boca faminta, mas procurou a dele com igual abandono.
Ela despertou todas as suas terminações nervosas, enviando um calor abrasador pelo corpo de Darach. Ele parou de pensar e beijou-a do jeito que tinha sonhado em fazê-lo muito depois de deixá-la pela primeira vez. Com um gemido forte e um braço sob sua cintura, ele a ergueu, mais perto, se isso era possível, e apoiou suas costas e sua nuca enquanto se inclinava sobre ela e aprofundava seu beijo. Ele sentiu sua resistência, muito leve. Outro homem poderia ter ignorado. Mas Darach não era outro homem. Ele queria encaixar-se entre suas coxas e deixá-la sentir o que ela endureceu, mas prometeu que queria apenas um beijo.
Então ele a estabilizou e a colocou firmemente em pé.
Ele ficou louco. Tinha que ser isso.
Ela pode ter oscilado. Ele sabia que sim, o queria.
Ela o encarou com os olhos semicerrados, quase o fazendo se arrepender de ter parado.
— Se você fizer isso de novo, — ela avisou um instante depois, parecendo mais lúcida, — Vou arranhar seus olhos. — Sem esperar pela resposta dele, ela se abaixou e tirou as cartas do baú. — Mandarei alguém amanhã buscar o resto das coisas de Margaret. Agora afaste-se e deixe-me passar.
Ele obedeceu, sorrindo quando ela deixou seu quarto. Voltando para a cama, ele não tinha certeza se queria ir para a cama com ela ou jogá-la pela janela. Ele pegou seu travesseiro e cheirou a fragrância dela por toda parte.
Para a cama com ela.
Definitivamente.
Capítulo Seis
Janet não dormiu bem naquela noite. Não era por causa de seu medo de se casar com Roddie, ou da cama desconhecida, embora o colchão fosse irregular e os cobertores estivessem mofados e ela espirrou por uma boa meia hora depois de se enfiar embaixo deles. Não, seus olhos não permaneciam fechados por mais de dez respirações de cada vez, graças à lembrança de Darach Grant e sua boca na dela, quente e faminta. Seus dedos largos e calejados tocando sua mandíbula como se tivesse todo o direito. Então, segurando-a enquanto ela o envolvia em seus braços, fraca e indefesa. Ele não temeu sua adaga e corajosamente pegou o que queria antes de colocá-la de volta em pé. Santos, se ele não tivesse parado, ela o teria deixado seduzi-la em sua primeira noite de volta a Ravenglade. Ela teria adorado, também, até que se odiasse pela manhã.
Oh, Senhor, ele tinha as cartas dela nas mãos. Poderia ter visto as palavras que ela escreveu ao longo dos meses para ele, sobre ele. Ela teria morrido se ele os tivesse lido.
Ela tentou dormir, mas as lembranças de seus beijos a torturaram. Seus lábios eram quentes e carnudos, maleáveis à sua paixão e fascinantes. A língua dele era uma chama dentro de sua boca, acendendo um fogo incontível. Ela não tinha jurado para si mesma que nunca se apaixonaria por ele novamente?
Ela ficou acordada graças a seus olhos extraordinariamente bonitos e a maneira como olhavam através dela, para sua alma, com um aviso de perigo que fazia seu sangue chiar.
Ela desceu as escadas atrapalhada pela manhã com os olhos inchados e xingamentos nos lábios. Darach Grant era a última pessoa que ela queria ver, mas seu futuro precisava ser discutido. Quanto antes algo fosse feito sobre os Menzies, mais cedo Grant poderia partir. Precisaria ser rápido antes que ela se sentisse atraída por ele novamente.
Ela fez seu caminho para o Salão Principal apenas para encontrar seu irmão esperando sozinho.
Desde que os Menzies começaram a atacar, Will parou de sorrir. Ele amava Ravenglade. Janet acreditava que este lugar significava mais para seu irmão do que para Malcolm Grant. Ele faria qualquer coisa para mantê-lo fora das mãos de Menzie, mas o que aconteceria quando Malcolm Grant voltasse e governasse aqui? Will se afastaria?
Mais do que seu futuro, ela se preocupava com seu irmão desistindo de sua vida por Ravenglade. Eles cresceram ouvindo histórias sobre o famoso castelo. Quando tinham idade suficiente, eles o visitaram durante os muitos meses e anos que Malcolm o havia negligenciado. Will adorava então, mas nunca imaginou morar aqui.
— Onde está Grant? — Ela perguntou a ele antes de se sentar na mesa vazia.
— Ele saiu bem cedo. Disse que precisava levar seu cavalo para os estábulos.
— Saiu? — Ela perguntou incrédula. — Ele baixou a ponte levadiça?
William levou a caneca à boca.
— Ele realmente baixou. — Seu irmão bebeu o que ela esperava ser água tão cedo pela manhã, então suspirou. — Um lembrete chocante de como ele é imprudente. Ele me garantiu que, se precisasse, poderia enfrentar os Menzies antes que eles entrassem.
— Sozinho? — Janet perguntou, querendo rir, mas se sentiu mal do estômago para fazê-lo. O seu “salvador” era tolo o suficiente para pensar que poderia enfrentar os Menzies sozinho? Eles estavam condenados. Ele morreria e seu irmão teria que manter sua palavra para ela mesmo. Ele teria que encontrar uma maneira de evitar casá-la, e Janet não tinha mais certeza de que Will poderia manter sua palavra.
— Perdoe-me, Janet, — seu irmão disse, parecendo derrotado. — Vamos encontrar uma maneira
— É cerveja que você está bebendo?
Quando ele acenou com a cabeça, ela levantou o traseiro da cadeira e se inclinou sobre a mesa para pegar o copo na mão dele. Ela o jogou na lareira sem tirar os olhos dele, pois ele bateu na parede.
— Não vamos encontrar uma saída disso se estivermos bêbados demais para ficar de pé. Controle-se, Will. Preciso pensar com a cabeça limpa e preciso saber que não estou sozinha.
— Janet. — Seus olhos sobre ela ficaram grandes e redondos de pena e preocupação. Duas coisas que ela não queria ou precisava. — Se matarmos o laird Menzie... — Ele fechou os olhos, cerrou os dentes e começou de novo. — O que você pretende fazer?
O medo em seus olhos era claro para ler, e ele tinha todo o direito de senti-lo. Se matassem o laird Menzie, iniciariam uma rixa que provavelmente duraria décadas. Nenhum laird, por mais imposto que fosse o título, queria começar uma contenda. William certamente não. A única outra opção era dar a Roddie o que eles haviam combinado. Ela.
Tinha que haver outra maneira de sair do acordo sem iniciar uma rixa.
— Ela não vai fazer nada.
Ela se virou na cadeira para ver Grant parado embaixo do batente da porta, tirando as luvas de montar. Senhor, a ajude, como o homem conseguia parecer tão viril e divino ao mesmo tempo? Ele carregava nos olhos a geada verde do início do verão e liberava de seu corpo o ar fresco da manhã ao ar livre. Quando ele se aproximou dela, um arrepio percorreu seu sangue, um arrepio com cheiro de couro e pinho. Ela não conseguia parar de olhar para sua boca. Ele removera seus próprios pontos. Maldição, ele tinha uma boca sexy. Ele não lhe ofereceu um sorriso quando alcançou sua cadeira e a olhou.
— Você vai fazer o que eu digo, Srta. Buchanan. — Sua voz era uma mistura lenta e rica de cetim e a melodia profunda de sua raça ancestral. Como o feitiço de um feiticeiro, isso a compeliu a concordar com o que ele queria.
Ele era mais perigoso para ela do que qualquer Menzie.
E cem vezes mais irritante.
— Grant. — Ela ficou de pé para ter que olhar menos para ele quando disse: — Você não é meu mestre.
Ele não respondeu imediatamente, mas em vez disso se apoderou dela com um simples movimento de seu olhar de baixo para cima. Ela sentiu como um toque, potente e suave como um sussurro sobre sua carne, fazendo os pelos delicados ao longo de sua pele se arrepiarem. Ele demorou na curva de seu quadril, bebendo e atraindo-a mais profundamente em seu pecaminoso feitiço. Seu olhar encoberto disparou seu sangue até que ela se sentiu consumida pela paixão e desejo... dar um passo à frente e dar um tapa em seu rosto.
A única razão pela qual ela não fez isso foi para salvar William de ter que se preocupar com os Menzies e Darach Grant.
— Não desejo ser seu mestre, Srta. Buchanan — disse ele, sem se preocupar em esconder o tom contraditório de sua voz e o brilho de sílex em seus olhos. — Eu, no entanto, pretendo salvar este castelo e você de ter que se casar com Roddie Menzie se não ficar contra mim.
Droga, ele parecia tão certo, tão confiante de que poderia fazer isso, que poderia salvar a todos. Era o que ela queria. O que precisava de alguém para ficar com ela e lutar. Inferno, ela não se importava de se afastar e deixar um homem ajudá-la com seu dilema. Mas Darach era um tolo. Um tolo arrogante.
— Você pretende salvar todos nós por conta própria? — Ela perguntou a ele, cruzando os braços sobre o peito. — Você baixou a ponte levadiça e colocou todos nós em perigo. Como devo confiar em você?
Ele sorriu, tão levemente que ela teria estranhado se não conhecesse seu rosto tão bem, não tivesse sonhado com ele por tanto tempo.
— Não pedi que confiasse em mim. Eu pedi a você para não ficar contra mim. — Ele contornou a mesa e parou diante de uma cadeira a alguns centímetros de Will. — Para salvar todos vocês por conta própria, — ele gesticulou para que ela se sentasse e depois a seguiu. — Há vinte e seis Menzies acampados treze léguas ao Norte daqui. Derrubá-los por conta própria seria difícil, mas não impossível.
— Como você sabe que há vinte e seis Menzies em seu acampamento? — Ela perguntou a ele. Como ele poderia saber com certeza? — Ou onde fica exatamente o acampamento deles?
— Eu os contei. — Ele olhou para cima quando o cozinheiro, Kevin, seu primo distante por duas ocasiões, entrou no Salão Principal.
— Sim... — Ele não era apenas um tolo arrogante, mas também um tolo louco e arrogante. — Você os contou? — Ela perguntou a ele, quase sem palavras. Ela lançou seu olhar para Will.
— Sim, — Darach disse a ela, — esta manhã enquanto eles dormiam.
Ele estava louco... ou totalmente destemido e possivelmente capaz de tirá-los disso.
— Por que você não matou todos eles então?
— Porque mais habilidoso que seja como um lutador, eu não posso matar vinte e seis homens de uma vez. Sério, Srta. Buchanan, os planos devem ser feitos antes de um ataque. — Ele lançou a seu irmão um olhar impaciente, então voltou seu olhar para ela. — Você trará meus planos à ruína se tentar algo tolo.
Ela queria gritar com ele que não se importava com seus planos. Era sua vida a ser sacrificada a uma cabra balindo. Ela deveria confiar sua vida a um homem que ela encontrou por duas vezes, e nas duas vezes, ele foi espancado por uma maldita confusão? Ele mal conseguia se defender, muito menos ela e um castelo. Ela estava com medo.
Mas ela não disse nada. Ela não tinha um plano e se tivesse e contasse, ele tentaria impedi-la de qualquer maneira. Em vez disso, ela observou Kevin servir carne de carneiro abatido há um mês, encharcada em molho de cogumelo branco e pão marrom velho. Darach deu uma olhada, inclinou a cabeça alguns centímetros para inspirar e empurrou o prato para longe.
— Temos vivido com o que temos nos últimos meses, — defendeu Janet. — Nosso rebanho praticamente se foi e não conseguimos caçar.
Ele a assustou quando ficou de pé, alto e zangado.
— Isso não vai servir.
Ela e Will, junto com Kevin, o assistiram sair furioso do Hall. O que ele pretendia fazer? Janet não esperou para descobrir, mas saltou e o seguiu, seu irmão logo atrás.
Capítulo Sete
— O que você vai fazer?
Darach se virou para olhar a mulher que o acompanhava enquanto ele caminhava pelo longo corredor que levava à cozinha. Quando ele voltasse para casa, iria quebrar o nariz de Malcolm, novamente, por mandá-lo aqui. Salvar Ravenglade era uma coisa. Colocá-lo na companhia desta mulher era pedir demais.
E daí se ela sonhou com ele? Provavelmente muitas garotas sonhara. E daí se olhar para ela o encantava? Ela era bonita. Cem outras mulheres também. Ela era forte, não sem ter medo, mas não era silenciada por este sentimento. Sua boca atrevida e sua juba de cachos dourados selvagens o fizeram querer conquistá-la ao antigo ritmo de seu sangue. Ele achava que ela não se renderia facilmente. Isso só fez seu sangue arder mais quente. Maldito seja.
Dane-se ela.
— Nós vamos caçar. — Ele ignorou o leve suspiro saindo de seus lábios. Ela ia ser difícil, correndo atrás dele a cada passo, querendo saber cada decisão sua e então tentando dissuadi-lo disso. E ele provavelmente cederia a cada um de seus pedidos. — Will, — ele se virou para o irmão dela, que permaneceu quieto a maior parte do tempo esta manhã. — Arme meia dúzia de seus homens com arcos e flechas e traga um para mim também. Encontrarei você e os outros no fim do túnel.
Quando Will assentiu, parecendo um pouco pálido, Darach se virou para ele e para sua irmã.
Seu rosto o distraiu da partida de Will. A leve inclinação de seu queixo com covinhas o incitou a sorrir. A tempestade relâmpago em seus olhos prometia uma luta digna. Seria fácil escrever uma música sobre...
Ele fechou os olhos por um momento, limpando sua cabeça dela.
— Você vai ficar aqui, — ele ordenou apontando para o ambiente, então, correndo o risco de perdê-lo, pressionou o dedo sobre os lábios dela. — Não discuta. Se o fizer, voltarei para Skye hoje à tarde e você e seu irmão podem fazer o que quiserem. Se os Menzies tomarem Ravenglade, meus parentes irão retirá-la dele quando voltarmos na próxima primavera ou quando Malcolm decidir.
Ele viu a tempestade em seus olhos escurecer sua expressão. Ele não se importava se ela o odiava. Ele não queria que ela fosse e se matasse. Mas, maldição, ela não era responsabilidade dele. Ele tinha que manter a cabeça limpa em torno dela. Ele ponderaria amanhã por que ela nublava seus pensamentos. Se ela vivesse tanto. A mão dela em seu braço o parou quando ele se virou para deixá-la.
— Se os Menzies vierem sobre vocês, eles alcançarão os oito.
— Eles não virão sobre nós. — Assegurou-lhe ele. — Nós vamos apenas caçar. Vamos lutar outro dia.
— Se você vai apenas caçar, — ela desafiou, — por que não me deixa ir?
Inferno, ele não conseguia decidir se gostava de sua vontade teimosa ou se era a coisa mais irritante sobre ela. Se ela quisesse a verdade, ele lhe daria. Ela poderia lidar com isso.
— Porque você tem sede de sangue, — disse ele. — Se encontrarmos um deles urinando na floresta, é provável que você atire a adaga em sua garganta.
— O que haveria de tão terrível nisso? — Ela perguntou, tentando-o a concluir que, irritante ou não, ela era a mulher mais irresistível que ele conheceu em sua vida.
Ele gostava que ela não tivesse medo de um pouco de sangue, mas os Menzies eram muito perigosos. Alguns deles não pensariam em matá-la, mulher ou não. E ele teria que matar cada um deles então.
— Eu vou com você, — ela gritou, parando sua partida novamente. — E se você partir por causa disso, pode não haver uma Ravenglade deixada para Malcolm retornar. Os incêndios causam estragos devastadores, sabe.
Ele se virou para ela lentamente, os olhos arregalados de descrença. Ele tinha ouvido direito? Ela acabou de ameaçar queimar Ravenglade? Ela estava louca e determinada a arrastá-lo para sua loucura também.
Ela faria isso? Ele olhou para ela parada ali, ombros retos, peito para fora, mandíbula ligeiramente inclinada para cima como uma labareda de fogo, pronta para ficar cara a cara com ele, para cobrar seu blefe em qualquer ameaça que ele lançasse contra ela. Ele estava confiante em fazer o mesmo?
Não. Ela faria isso. Ela atiraria tochas no castelo com um sorriso no rosto. Ele pensou em todas as tapeçarias tecidas pelas mãos de seus parentes, os móveis que seu tio Connor construiu, todos virando cinzas.
— Muito bem, — ele admitiu, apenas vagamente preocupado que ela o tivesse vencido em seu próprio jogo. Haveria outras rodadas. Ele esperaria por elas. — Venha conosco, então. Comece uma luta e eu vou deixar você terminá-la.
Ele ignorou seu juramento venenoso e continuou em direção à cozinha. No caminho, ele ergueu duas tochas da parede e entregou uma a ela. Havia dezenas de tochas no túnel que precisavam ser acesas para que o grupo pudesse ver para onde estavam indo.
Ele entrou na cozinha e removeu o alçapão do chão. Ele entrou e acendeu o primeiro suporte da tocha enquanto Janet descia pela porta seguinte.
— E quanto a William e os outros? — Ela gritou quando ele continuou se movendo, iluminando o caminho.
— Vamos esperar por seu irmão no fim do túnel. Esse era o plano, se você estivesse ouvindo.
Ela ignorou seu golpe e acendeu a próxima tocha.
— Você acha que encontraremos algum Menzies?
— Diga-me agora, moça. Você vai fazer perguntas durante toda a excursão?
Ela se virou para ele com gelo nos olhos.
— Você é realmente minha única esperança? Tem certeza de que não há como mandar recado para seus parentes para nos enviar outra pessoa?
Na frente dela, um canto de sua boca se curvou em um sorriso.
— Se todos os homens de Skye viessem aqui, eu ainda seria sua única esperança.
Ela riu e o tilintar suave ecoou pela luz fraca.
— A sua opinião sobre si mesmo é tão elevada que pensa que é o único homem que pode me ajudar?
— Não. — Ele acendeu outra tocha e se virou para ela novamente, sua tocha entre eles. — Acho que depois de uma hora em sua torturante companhia, todos os parentes se voltariam para o lado dos Menzies.
Ela parou de andar e o olhou como se ele tivesse acabado de colocar a mão nela. Inferno, ele foi longe demais. A ideia de fazê-la chorar fisgou-o mais profundamente do que esperava. Ele gostava de suas brincadeiras. Ele não queria ferir seus sentimentos. O que diabos ele sabia sobre as sensibilidades de uma moça? Ele estava acostumado a fazê-las rir e gemer. Não chorar. E por que ele se importava tanto com essa moça em particular? Por que simplesmente olhar para ela o inspirava a escrever novos versos descrevendo todas as facetas dela?
— Venha agora, — disse ele antes de pensar um pouco mais sobre isso, — você deve admitir que é teimosa e presunçosa e nem sempre agradável de se ter por perto.
Os olhos dela se arregalaram e ele fechou a boca. Ele poderia escrever uma dúzia de linhas de palavras dignas do alaúde de seu pai, mas ele não sabia o que dizer para consolar uma moça.
Mas essa moça não precisava de consolo. O que ele pensava ser um insulto aos olhos dela era desprezo, latente e robusto.
— Esta não é sua tentativa débil de um pedido de desculpas, é, Grant?
Ele sorriu. Algo completamente perverso estalou em suas costas e queimou seu sangue apenas ao vê-la contra a luz suave da tocha, pronta para enfrentá-lo. Ela não era uma flor de pele fina, capaz de lançar um golpe, mas capaz de revidar. Ele gostava. Ele sempre gostou.
Maldito seja.
— Estou feliz por não ser agradável de se ter por perto, Grant, — ela disse, movendo-se para ultrapassá-lo. — Se eu puder fazer com que você fique aqui o menos possível a ser tolerável, então meu dever é...
Fechando os dedos ao redor de seu pulso, ele a puxou de volta e com força contra ele. Ele não deu a ela tempo para protestar, mas se inclinou sobre ela, e colocando a parte de trás de sua cabeça em sua palma, capturou sua boca com a dele e a beijou como se tivesse o direito e não uma maldição. Sua língua mergulhou profundamente em seus lábios entreabertos, acariciando-a, saboreando-a, e inferno, mas ela tinha um gosto bom. Quando sua língua encontrou a dele, acariciando-o em uma dança febril tão antiga quanto o tempo, ele fechou os braços ao redor dela com mais força e pressionou os quadris contra os de Janet.
Ela ofegou com a sensação de seu pênis duro como ferro aninhado contra ela e tentou se libertar. Ele a soltou e ela ergueu a mão e deu um tapa no rosto dele. Por um momento, enquanto sua bochecha ardia, ele simplesmente olhou para ela, respirando-a, desfrutando de toda a glória de sua vontade de odiá-lo. Ele deu um passo para trás, mas ela o seguiu. Ela não fez mais objeções quando ele a empurrou contra a parede.
Ele sabia que deveria parar. Ele geralmente possuía muito mais controle do que isso. Mas Janet Buchanan o tentava além de sua resistência e o deixava louco com a necessidade de conquistá-la.
Esticando os braços sobre a cabeça, ele colocou seu peso contra ela e arrebatou sua boca, sua língua. Ela se moveu contra ele até que, lentamente, enrolou uma panturrilha em torno de sua perna, abrindo-se para ele até que Darach pensou que poderia enlouquecer.
— Eu não serei sua conquista. — Ela interrompeu o beijo e respirou fundo embaixo dele.
— Bem. — Ele lambeu a comissura de sua boca. — Eu serei de você.
Ela sorriu para ele pela primeira vez e Darach lutou contra o desejo enlouquecedor de parar tudo e pensar nas palavras certas para descrevê-lo. Ele pressionou seus quadris mais profundamente contra os dela e se esfregou enquanto explorava os cantos mais profundos de sua boca.
Ele poderia tomá-la. Ele sabia o que fazer, o que dizer e como se mover para deixá-la louca. Mas algo o detinha.
Não era porque ela era uma Buchanan, ou porque poderia cortar sua garganta mais tarde por saqueá-la contra a parede de um túnel. E inferno, mas ele a queria saquear. Ele nunca quis tanto em sua vida, e isso também o assustava. Ela tinha fogo e coragem que o atraíam como uma mariposa, incapaz de resistir. Ela era diferente de outras moças que ele conhecia, e por causa disso, ele não queria tratá-la como uma prostituta comum. Ela também não iria querer isso. Ele daria o fora daqui assim que cuidasse dos Menzies. Ele provavelmente não a veria novamente por um longo tempo e temia que se a tomasse e a deixasse, seu coração torturado não seria capaz de suportar.
— Janet, eu... — Ele sussurrou, arrastando os lábios sobre o queixo dela. Eu o quê? O que ele quase disse a ela? Que ela o fazia sentir de que não poderia se contentar em fazer nada além do que cantar sobre seu rosto glorioso, sua boca de mel e sua língua de fogo? Que o tentava como nenhuma outra moça antes para ficar com ela, para torná-la uma parte permanente de sua vida se ela quisesse. Não. — Janet, acho que ouvi seu irmão.
Ela lançou um olhar preocupado para o túnel mal iluminado e depois de volta para ele.
— Por que você me beijou?
Como diabos ele deveria responder isso?
— Eu já te disse, — ela avisou com um sussurro tenso. — Nunca mais tome tais liberdades comigo.
— Você inflama meu sangue, — admitiu ele com uma respiração irregular, — e tenta-me a domar essa língua perversa.
Um flash acendeu seus olhos como um relâmpago no céu.
— Eu nunca deixarei você me domar, — ela prometeu com zelo, erguendo o queixo.
Ela queimava seu sangue com desejo. Suas terminações nervosas queimavam com a força disso. Seus músculos latejavam para segurá-la, mas ela era muito perigosa para seu coração.
Felizmente, o resto do grupo de caça tinha chegado, seus passos quebrando imagens dela nua e ofegante embaixo dele. Imagens de si mesmo fazendo de tudo para agradá-la. Somente ela.
Droga, ela o fazia refletir sobre coisas permanentes para as quais ele pensava que não estava pronto. Ele tinha que fazer o que veio fazer e sair antes de prometer essas coisas a ela.
Capítulo Oito
— Eles nunca desafiaram seus parentes quando estavam no castelo? — William Buchanan perguntou a Darach enquanto eles ficavam na parede da ameia observando os Menzies cavalgando sobre o cume, se aproximando de Ravenglade.
Darach balançou a cabeça, mantendo os olhos nos Menzies.
— Nunca. Foi só seus parentes que nos desafiaram.
— É um insulto danado.
— Sim, é, — Darach concordou com ele. Os Menzies eram mais cautelosos com seus inimigos de décadas, os Grants. Eles esperaram para atacar Ravenglade quando os Buchanans colocaram os pés aqui, em um clã do qual não temiam. — Você não tem culpa, entretanto, — Darach disse a ele. — Eles têm medo de muitos guerreiros.
— Eles terão medo de você?
Finalmente voltando-se para ele, Darach sorriu.
— Vamos esperar que sim.
Seus olhos encontraram Janet vindo em sua direção e seu sorriso desapareceu. Ele ergueu a palma da mão para impedi-la de avançar.
— Volte para dentro, Janet. Eu cuido disso.
Ela não diminuiu o passo, mas tirou a mão dele de seu caminho e olhou por cima da muralha.
— Por que Roddie está de volta tão cedo? Ele concordou em me dar tempo.
O esforço que ela fez para não soar assustada picou Darach em seu coração. Ele sabia que seu ar de frio desapego era praticado e não genuíno. Ela estava com medo de que Roddie Menzie tivesse vindo buscá-la. Ela não amava o laird e não queria ser forçada a passar a vida com ele.
— Ele veio a meu convite.
Ela piscou e olhou para ele. Ele pensou ter visto uma partícula de umidade em seus olhos.
— Por que você faria isso?
— Quando você quer que eu comece a nos livrar deles? Em outro par de semanas? — Darach perguntou. Quando ela abriu a boca para responder, ele a interrompeu. — Vou me certificar de que você não terá que se casar com ele, Janet. Você vai confiar em mim?
— Quando você os convidou?
Ele suspirou. Inferno, ela era irritante.
— Deixei uma carta no acampamento deles depois de contá-los.
Ela não sabia o que dizer sobre isso e permaneceu em silêncio, o que Darach achou bastante do seu agrado.
Ele preparou seu arco e puxou uma flecha da aljava amarrada em suas costas. Amarrado ao laço estava um pergaminho enrolado, que ele havia escrito esta tarde.
— Posso ler o que você escreveu para ele antes de enviar?
Ele balançou a cabeça enquanto encaixava a flecha na corda do arco. Ele fechou um olho e mirou no chão um pouco à frente do cavalo de Roddie Menzie.
— Não tenho o direito de saber o conteúdo de sua correspondência, uma vez que parte dela me inclui?
Ele observou a flecha voar alto com o vento, a corda do arco tremendo em sua mão. Ele seguiu sua descida e esperou até que pousasse a uma polegada de onde ele mirou. Só depois que os homens de Menzie correram para recuperá-lo, ele se virou para imobilizá-la com um olhar irritado.
Ela encontrou seu brilho mais frio e combinou com ele.
— Eu quero saber o que você discutiu sobre mim, — ela exigiu enquanto os raios do sol caíam sobre sua juba dourada, uma mecha soprada em suas bochechas pelo vento.
Ela o atormentava, ela e sua boca sedutora. Ele achava a força de seu coração igual à daquelas que viviam em Camlochlin e mais atraente do que ele admitia. Ele teve que lutar contra a lembrança dela na primeira vez que a deixou. Ele teve que lutar e resistir a ceder ao buraco que ela colocou em seu coração. Por meses ele não amou nem riu, mas viveu na miséria de sentir falta de uma garota que deveria odiar. Ele precisava vencer, do contrário Janet Buchanan teria se tornado o padrão pelo qual ele avaliava todas as mulheres.
Inferno, ele não poderia amá-la. Ele tinha certeza de que poderia resistir. Mas todos os sinais apontavam para ele sucumbindo à força do amor, droga.
— Você saberá em breve — foi tudo o que ele disse e então se voltou para os Menzies. Ele não queria mais nada, precisava continuar com as coisas e voltar para Skye assim que pudesse.
Ele esperou um momento enquanto Menzie lia sua missiva. Ele observou, esperando por uma bandeira verde, ou uma vermelha. Felizmente, Janet permaneceu em silêncio, esperando com ele, embora ela não soubesse o quê.
Menzie gritou para um de seus homens, o porta-bandeira.
Vermelho.
— O que isso significa? — Janet perguntou a ele, sem fôlego contra o silêncio abafado da tarde.
— Isso significa que ele não fará nada, exceto, nos meus termos. — Ele a olhou quando ela puxou sua manga, determinada a ter suas respostas. — Significa que renegociamos.
— Quais foram seus termos? — Ela perguntou.
Ele olhou para seu irmão antes de ceder.
— Que ele desista de suas reivindicações sobre você e sobre o castelo de meu primo e eu não o mato.
Aquilo foi um sorriso que ele viu em seu rosto bonito? Foi como se o sol explodisse por entre as nuvens.
— Você realmente acha que ele poderá aceitar?
— Se ele for sábio e se importar com seus homens, aceitará. Não importa, farei uma nova oferta.
Ele sentiu o sopro do ar passar sobre sua cabeça e então observou seu gorro, perfurado por uma flecha, voar para longe.
A expressão de horror no rosto de Janet era quase cômica. Um centímetro mais baixo e teria escapado de seu gorro e atravessado sua têmpora.
Não foi um acidente. A flecha era de Roddie e ele acabara de fazer uma observação.
Darach arrancou outra flecha de sua aljava, encaixou-a, mirou e, desta vez, sem nenhuma interrupção, atirou-a para o céu. Ela assobiou, fez a curva e pousou, depois de um momento, no peito do cavaleiro diretamente à direita de Roddie Menzie. Quem quer que fosse, ele era parente de Roddie e caiu no chão em uma pilha morta. Se o bastardo queria uma guerra, ele teria uma.
— Eles vão nos atacar agora, — disse Janet, parecendo um tanto desesperançada.
— Não, — Darach prometeu a ela, preparando mais uma flecha. Desta vez, ele pediu ao irmão dela que trouxesse o pano oleado e a tocha que ele havia deixado logo após a escada.
— Vou mantê-los fora até de manhã, — disse ele. — Esta noite, vou visitar o acampamento deles e convencer o laird de que um ataque não seria uma vantagem para ele.
Antes que ela tivesse tempo de questioná-lo mais, William voltou. Eles amarraram o pano na ponta do arco e depois o incendiaram. Quando Darach mirou, os Menzies, observando do outro lado do fosso, se espalharam em todas as direções.
A flecha de fogo pousou com um baque no solo e pegou fogo instantaneamente. Eles observaram, a uma distância segura nas ameias de Ravenglade, a parede de chamas se erguer enquanto varria o solo em um grande círculo ao redor do castelo.
— Seu irmão e eu e alguns outros colocamos alcatrão na noite passada, não foi, Will?
— Sim, Darach, nós fizemos, de fato.
— Bem, então venha. — Darach os conduziu até a entrada. Não havia nada a ser feito agora. Eles poderiam muito bem encher a barriga. Eles haviam feito muitos jogos ontem, muito graças à hábil flecha de Janet. Amanhã mandaria recado para algumas pessoas que conhecia em Breadalbane, questionando o paradeiro de Henrietta. — O Kevin sabe preparar algum prato francês?
William riu e Darach notou que foi a primeira vez que o laird riu desde que Darach chegou.
— Se ensopado de coelho é francês, então sim, ele sabe.
— Tortas de chocolate? — Darach pressionou, esperançoso. — É feito com ovos, creme e chocolate.
— Que diabos é chocolate? — Will perguntou.
Darach ergueu o olhar para o céu. Bem, ensopado de coelho fresco era melhor do que carneiro abatido em um mês.
Ele precisava encontrar Henrietta logo.
Capítulo Nove
Ele não me dá descanso, dia ou noite. A pena de Janet dançou levemente sobre um pergaminho. Antes que ele voltasse, fui torturada pela lembrança de seu sorriso superficial e olhar confiante. Agora, estou torturada pela visão dele, o som dele, o cheiro dele, perto de mim, me beijando. O que eu devo fazer? Sou uma prisioneira dele, mantida cativa por nada mais do que o tom profundo e melódico de sua voz, a inclinação de seus lábios, desejando sua boca na minha apenas mais uma vez.
Como meus pensamentos, meu coração, podem estar totalmente obcecados por um homem cujos hábitos arrogantes me fazem querer esbofeteá-lo a maior parte do tempo? O que ele fez para que eu não possa controlar meus próprios desejos? Oh, se ele apenas me prometesse o que claramente não deu a mais ninguém. Mas já posso ver o desejo em seus olhos de ir embora.
Janet largou a pena na mesa e olhou para o que estava escrevendo. Como seu coração podia bater tão ferozmente só de pensar nele? Ela estava com problemas. Ela odiava admitir, mas era isso. Ele não abandonara seus pensamentos na primeira vez que invadira sua vida e ela sabia que a segunda vez seria muito mais difícil. Ela nunca esqueceria a visão da flecha de Roddie sem acertar sua cabeça. Se ele tivesse morrido, ela também teria caído em seu corpo?
Graças a Deus, o jantar transcorreu sem intercorrências, com pouca ou nenhuma conversa sobre Roddie Menzie. Depois de compartilhar sorrisos com Agnes e o resto de suas primas cacarejando ao redor dele, ansiosas para servir o que ele quisesse, Darach finalmente voltou sua atenção para ela.
Ela se perguntou durante toda a refeição se ele se preocupava com alguma coisa ou se sua autoconfiança arrogante era uma parte natural de seu comportamento. Ela não pensava que ele pudesse, mas a fazia se sentir segura.
Ela soltou um suspiro forte e pegou sua pena.
Eu me sinto tola com a maneira como me sento encantada observando-o comer, como se seus lábios e sua língua aparecendo de vez em quando fossem parte de algum glamour de fada que ele possui para me fazer tremer na minha pele. Não posso...
Um som vindo de cima a fez abaixar a pena novamente e deixar seu assento. Aquilo era... gaita de foles?
Ela saiu do quarto e olhou ao redor do corredor cavernoso. A música vinha das ameias. Quem era? Ela sabia que seu tio Amish tocava, mas ele não tocava gaita há anos e nunca tinha soado assim! Por que, quem estava tocando essa gaita era um mestre. Poderia ser Darach? Ela quase riu enquanto subia as escadas. Darach tocando gaita? Ele era um guerreiro, não um músico.
Quanto mais perto ela chegava do som, mais convencida ficava de que não era Darach tocando. Não poderia ser. A música era muito... delicada, muito assustadora e séria, como os lamentos cheios de tristeza de um amante que acabara de perder aquela que seu coração amava.
Darach não valorizava ninguém, certo?
Chegando ao arco, ela parou e olhou para a muralha do parapeito, que estava envolta nos raios dourados do pôr do sol. A música continuou, trazendo lágrimas aos seus olhos.
Ela saiu e olhou na direção do som. Lá estava ele, encostado na muralha do castelo, o fole de couro debaixo do braço, bordão e copas5 casualmente jogados por cima do ombro, a cantadeira segura ternamente por suas mãos enquanto enchia o ar com uma bela música.
Janet ficou quieta olhando para ele, a descrença ainda a fazendo duvidar de seus ouvidos, seus olhos. Deus a ajudasse, ela achava que ele parecia bonito antes, rindo durante o jantar, preparando-se para beijá-la nas sombras do túnel. Mas isso não era nada comparado à emoção pungente agora irradiando de sua expressão suavizada. Ele não estava tocando a música. Ele estava sentindo isso com cada fibra de seu ser. Ele abriu os olhos e sob a fuligem de seus cílios escuros, a luz do sol poente fez seus olhos brilharem em tons de verde que rivalizavam com a ilha esmeralda.
Ela poderia tê-lo observado, ouvido por dez vidas, mas ele a avistou e tirou o bocal dos lábios.
— Não pare, — ela implorou.
Ele sorriu, não o sorriso confiante que ela estava acostumada a vê-lo usar, mas algo mais humilde, mais vulnerável.
— Eu não ouvi você chegar.
— Você toca muito bem, — ela disse a ele suavemente, gostando deste lado diferente dele que não tinha visto antes.
Ele encolheu os ombros e as copas escorregaram para seu braço.
— É apenas algo que aprendi quando menino. Eu não toco com frequência.
— Pena. — Ela se moveu em direção a ele, como se puxada por uma corda invisível. — Você parece adorar.
Seu olhar penetrante a tomou, pareceu procurá-la por completo até que ela se moveu de lugar, sentindo-se nua diante dele.
— Eu amo muitas coisas, — ele disse a ela, colocando os canos em suas bolsas e ignorando seu olhar de decepção. — Eu amo minha espada, minhas pistolas, meu país, meu...
— Não me disse na primavera passada que seu pai é poeta?
Sua boca se fechou e ele assentiu... relutantemente.
Ela sorriu quando ele desviou o olhar para as colinas distantes. O que ele não queria que ela visse? Como alguns dos Grants antes dele, ele tinha uma reputação no quarto e no campo de batalha. Mas havia mais nele do que desejo por lutar e mulheres. Ela tinha visto em seus olhos alguns momentos atrás.
— Darach Grant, filho de um poeta, você também ama sua pena?
Ele deslizou seu olhar para o dela. Ele pareceu bastante atordoado por um bom momento ou dois, e então um canto de sua boca se curvou em um sorriso terno.
— O que você sabe de mim, Janet Buchanan? Você sentiu tanto a minha falta enquanto estive fora que vasculhou tudo o que pôde?
Oh, pelo amor de Deus, o homem era insuportável! Ela esqueceu o quanto queria bater nele com algo.
— A única vez em que lhe poupei um pensamento foi em esperar nunca mais vê-lo. — Seu sorriso largo provou que ele não acreditava nela. — Roddie Menzie seria um marido melhor do que você! — Ele fez beicinho, cedendo ao discurso dela, e levou cada grama de força que ela possuía para não beliscá-lo, ou rir de seu próprio discurso insano e então cair em seus braços. — Que tola da minha parte pensar que você é qualquer coisa que não seja um galo apaixonado por suas próprias penas para...
— Eu amo minha pena.
— O quê? — Ela piscou para ele. Ela ouviu direito? — Você está brincando.
— Não. — Seus olhos verdes brilharam na luz. — É mais poderosa do que a espada, não é? — Ele se afastou da muralha do castelo e deu um passo em sua direção. Ela não recuou, mas tentou acalmar o coração batendo forte. — Com ela, ações são lembradas, leis são decretadas, o amor é definido e... — ele ergueu os dedos para um cacho caindo sobre sua bochecha e afastou-o com o mais terno cuidado — corações são revelados.
Ela sorriu quando ele inclinou a cabeça perto da dela, esperando por seu beijo. Ela estava certa sobre ele então. Havia, de fato, mais nele do que corações são revelados? Não! Oh não, ele não poderia... Ela preferia morrer a pensar que era verdade. Ela nunca quis que ele soubesse como se sentia. Ele não se sentia da mesma forma ou teria voltado para ela... por ela antes. A humilhação disso seria demais.
— Então você leu minhas cartas. — Sussurrou ela contra sua boca suculenta e irresistível. Ela queria mordê-lo e tirar sangue.
— Apenas uma. — Ele sussurrou de volta, pronto para beijá-la até deixá-la sem sentido.
Ele não teve a chance.
Não! Ele sabia! Ele sabia como ela se sentia! O patife! O bastardo! Ele tinha lido a carta dela! Qual? Oh, não importava qual. Elas eram todas sobre ele! Ela o empurrou, ignorando a dura força dele sob a camisa.
— Você é exatamente como o resto de seus parentes, Darach Grant! Um patife sem coração e vaidoso que fará e dirá qualquer coisa para ter o que quer.
— Janet. — Ele estendeu a mão para agarrá-la, mas ela escapou dele.
— Não diga nada, por favor. Já ouvi o suficiente. Pense que sou uma idiota porque caí no seu feitiço e lhe dei meu coração! Espero tê-lo divertido! — Ela enxugou uma lágrima do olho e saiu correndo das ameias antes que ele pudesse impedi-la, antes de ouvi-lo dizer baixinho atrás dela.
— Receio, bela Janet, que o idiota sou eu.
Capítulo Dez
Darach ouviu as palavras de Janet repetidamente em sua mente ao deixar Ravenglade mais tarde naquela noite. Ela deu a ele seu coração! O que diabos ele faria com isso? E se ele quebrasse? Ele já tinha feito isso? Mas como? Ele nem tinha estado aqui. Moças tinham perdido seus corações por ele no passado, mas a diferença era que Darach nunca se importou o suficiente para fazer algo a respeito. Ele nunca mais voltou, fazendo a ambos o favor de não deixar que os apegos se formassem. Mas a ideia de se ligar a Janet não era abominável. Na verdade, isso o agradava.
Ele tentaria descobrir tudo mais tarde, pensou, chegando ao fim do túnel. Ele se virou para olhar por cima do ombro. Ninguém o seguiu do castelo. Ele recusou quando Will se ofereceu para ir com ele para diminuir o número de seus oponentes de maneira silenciosa. Ele poderia se mover mais rápido sozinho. Ele saiu do túnel e correu para as sombras alimentadas pelo céu noturno. Quando ele alcançou a parede de fogo, parou diante das chamas e fez uma prece silenciosa para que ele não tivesse ficado completamente louco e não soubesse disso. Ele realmente iria correr através do fogo e arriscar a vida e os membros para salvar Ravenglade para Malcolm, e Janet Buchanan de Roddie Menzie?
A lua cheia não forneceu respostas, mas forneceria alguma luz do outro lado, uma vez que o fogo estivesse atrás dele. Ele não teria problemas para encontrar o acampamento Menzie.
Ele enfiou a mão no alforje de couro e tirou um grande pano ensopado de água.
Por quanto tempo mais ele poderia negar que estava fazendo isso para impedir que Roddie tivesse Janet? Menzie teria que matá-lo antes que ele deixasse isso acontecer. Ele poderia abater o laird lento em uma luta. Darach preferia não ter que matar Roddie e começar uma guerra, mas se precisasse matá-lo para mantê-lo longe de Janet, ele não hesitaria.
Era Janet em sua mente, não Ravenglade, quando ele saiu correndo para a parede de fogo e saltou sobre a grama pegajosa encharcada de alcatrão. Ele pousou do outro lado com um baque e rolou até parar além do fogo. Ele desembrulhou a cabeça e molhou as manchas em chamas de suas roupas com o pano.
Ele olhou ao redor. Como ele esperava, a visibilidade era melhor com a luz atrás dele. Ele sabia que caminho seguir e... Seus pensamentos terminaram abruptamente quando seus olhos encontraram uma bola de fogo explodindo através das chamas.
Alguém o havia seguido. Ele saltou para frente com seu trapo gotejante e pulou em cima do corpo para apagar as brasas que queimavam as roupas do idiota... saias. Não! Ela nunca... Ela usava um pano encharcado igual ao dele em volta da cabeça. Ele o puxou para fora.
— Janet! — Ele queria sacudi-la, verificar cada centímetro dela para ter certeza de que não estava machucada. — O que diabos você está fazendo, moça?
O cabelo úmido e macio caindo sobre os olhos apenas parcialmente revelava seu alívio ao vê-lo acima dela. Cedo demais, porém, se foi.
— Eu quero ter uma parte no meu futuro, Darach. Quero saber quais decisões estão sendo tomadas sobre minha vida. O que há de tão terrível nisso?
Nada. Inferno, ele iria querer a mesma coisa.
— Não vi você me seguindo no túnel.
—Eu sabia que você estaria deixando Ravenglade esta noite para visitar os Menzies, então deixei o túnel antes de você e esperei na floresta.
Darach queria estrangulá-la. Mulher inteligente. Ele podia sentir as batidas rápidas de seu coração sob ele, sua respiração pesada contra seu pescoço. Ele não se afastou dela, mas olhou em seus olhos. Ela tinha o direito de estar envolvida em seu próprio futuro, e ele lhe contaria tudo pela manhã, mas agora ela precisava ouvi-lo.
— Você precisa ficar aqui e...
Ele não esperava que ela segurasse seu rosto com as mãos e o puxasse para um beijo. Sua boca estava, o que não era surpreendentemente, quente, tendo acabado de sair do fogo. Foi o mergulho tímido de sua língua em sua boca que queimou seu sangue. Ela tinha gosto de desafio obstinado, determinação e desejo. Isso era sobre seus sentimentos por ele, ou uma tentativa de conseguir o que queria?
Ele não se importava.
Ela gemeu em algum lugar do fundo da garganta e ele aprofundou o beijo, desfrutando da sensação dela embaixo dele. Ele se moveu sobre ela, mergulhando seus quadris e coxas contra as dela. Seu pênis endurecido aparentemente a enervou e ela se libertou de sua boca.
—Eu quero ir com você, Darach, — ela disse em um sussurro rouco contra seus lábios. — Dei meu consentimento para um futuro com Menzie, mas eu preciso de volta. Eu não posso casar com ele. Preciso da sua ajuda para tirá-lo da minha vida.
Ele ergueu a cabeça e olhou para ela.
— Você é uma moça engenhosa, Janet Buchanan. Usando sua boca doce para me atrair para a conformidade.
— Vou usar qualquer coisa para me casar com o homem que amo, não com aquele de quem não gosto. — Disse ela com uma pontada de falta de ar.
— Quem é o homem que você ama? — Ele perguntou a ela. Era ele. Tinha que ser. A ideia de ela se casar com outra pessoa o revoltava.
—Você sorri porque zomba de mim, Darach. Você pensa, porque roubou minha carta e a leu...
— Eu não a roubei, — disse ele. — E foi apenas uma que li.
— Eu nunca vou perdoá-lo. — Ela prometeu baixinho e virou o rosto para longe dele.
— Eu vou fazê-la perdoar. — Ele respondeu perto de sua orelha.
— Talvez sim. — Ela deu de ombros e olhou para ele novamente, seus lábios quase se tocando. — Ou você pode me deixar ir com você.
Ele sorriu em sua boca e a beijou antes de se retirar.
— Tudo bem, você pode vir. Mas quando eu disser para você ficar parada, o fará ou me verá fazer coisas que não acreditará por muito tempo. — Quando ela assentiu em concordância, ele se levantou, fazendo o possível para ignorar a sensação de vazio que a separação deixou.
Puxando-a para seus pés e amaldiçoando seu temperamento insignificante, ele virou o rosto para a floresta e sua atenção para seus instintos. Ele confiava neles para levá-lo ao Menzies.
— Vamos discutir essa falta de obediência pela qual você está amaldiçoada mais tarde. — Disse ele, segurando a mão dela na escuridão quando eles entraram nas árvores.
— Eu só obedeço a Deus, e sinceramente, não com a frequência que deveria. — A paixão em sua voz foi substituída por desinteresse brando. — E apesar do que pensa, você não é Ele.
Na frente dela, ele sorriu. Droga, ele gostava de passar tempo com ela. Seria absolutamente imprudente e injusto se apaixonar por ela? Ele estava pronto para dar sua vida a uma mulher? Ele se importava com o que os outros pensavam sobre quem ele amava? Inferno. Ele estava quase certo de que a amava.
Eles se moveram por entre as árvores como uma flecha em direção ao alvo. Indo contra a brisa, seus sentidos se alertaram para qualquer som peculiar ou cheiro fora do lugar... como fumaça de madeira.
Eles estavam perto. À medida que se aproximavam do acampamento Menzie, as vozes dos homens aumentaram mais claramente com o vento. Ele se virou para Janet, levou um dedo à boca dela e ordenou que ela não se mexesse.
Vindo da borda leste da linha das árvores, ele olhou ao redor do fogo. Ele fixou o olhar no laird, adormecido sob um dossel, e tirou a adaga do cinto. Foi para isso que ele treinou, pelo que vivia. Lutar. A única coisa melhor do que a vitória era a luta.
Ele se aproximou mais da fogueira, arriscando-se pelo mais breve dos momentos de ser visto à luz do fogo ou ao luar na clareira pelos homens de guarda. Mas Darach aprendeu como se mover nas sombras e ninguém o viu. Tão silencioso como um fantasma no meio da noite, ele apareceu por trás de sua primeira vítima e deslizou sua adaga no pescoço do homem. Ele deixou o homem cair no chão e então ele desapareceu novamente nas sombras das árvores.
Ele encontrou Roddie novamente, roncando. Pobre e gordo. Janet tornaria a vida dele um inferno se ele a obrigasse a se casar. Menzie deveria agradecê-lo pelo que estava fazendo.
Sem nem mesmo o som de um galho quebrando sob seus pés, ele matou a próxima vítima da batalha que Roddie Menzie trouxe sobre seus parentes. Não importava que fosse uma batalha silenciosa. Darach iria vencer.
Finalmente, ele foi até o laird e se agachou na sombra da árvore atrás dele.
— Levante-se. — Sussurrou Darach em seu ouvido e passou a ponta de sua adaga ensanguentada pelo pescoço do laird. — Vá mijar ou vou matar você onde está sentado.
Alguns homens não entendiam ou não respeitavam a misericórdia e, vivendo em um ambiente tão hostil como a Escócia, aprendia-se a lutar de qualquer maneira que pudesse manter-se vivo.
— Eu já matei o homem à sua esquerda e outros quatro à sua direita.
Já que Menzie não estava de frente para ele, Darach não poderia dizer se o laird estava olhando para os lugares indicados para ver o espaço vazio ao invés de seus parentes quando ele alegou não acreditar em Darach.
Darach não se importava se ele olhava agora ou não. A verdade seria revelada quando o sol nascesse.
Roddie coçou a virilha e se levantou.
— Eu preciso mijar. — Ele gritou para os homens ao seu redor, então caminhou para a mortalha de sombras além do fogo.
Eles caminharam até a outra extremidade da linha das árvores, onde os homens de Menzie não podiam ouvi-los.
— Leve seus homens para casa, Roddie. — Darach o avisou quando pararam. — Se você estiver aqui amanhã, eu voltarei e matarei mais de vocês. Você não vai me impedir. Vou pegá-los um por um e deixá-lo por último.
— Não tenho problemas para sair assim que conseguir o que foi combinado. — Disse Menzie.
— Nenhum acordo foi feito comigo. — Darach se aproximou dele, cerrando a adaga em seu punho. — Atuante lorde de Ravenglade na ausência de meu primo. Perdoará a Srta. Buchanan tão rápido quanto você perderá Ravenglade, Menzie. Ou eu juro que você vai se arrepender.
— Por que, Grant? O que te preocupa com a moça? Seu nome e seus parentes são seus inimigos. É a ela que você me nega com tanta veemência?
Inferno, o que ele diria sobre isso? Janet Buchanan, sua. Ele quase riu da loucura disso. Que homem em sã consciência gostaria de ser selado em união com uma víbora de língua tão afiada?
— Sim, é ela.
— Ela é o quê? — Menzie perguntou.
— Minha. — Inferno.
— Quando você diz que ela é sua. — Menzie sorriu maliciosamente ao luar. — Isso significaria que ela é sua esposa, sua prometida, ou. — Ele riu, fazendo os dentes de Darach doerem. — Se os rumores sobre você estiverem corretos, ela é simplesmente o interesse atual de seu pau?
Darach queria matá-lo, mas ele queria matar a si mesmo quando respondeu, estranhamente incapaz de controlar sua própria língua:
— Ela está noiva. — Droga! O que diabos havia de errado com ele? Ele não tinha controle sobre sua própria maldita boca. Por que ele diria tal coisa? Bem, era melhor do que um mero interesse comum e certamente melhor do que ter esposa. Se isso a mantivesse a salvo deste porco grunhindo, ele diria. Agora que tinha falado, ele poderia muito bem fazer Roddie acreditar.
— Você acha que meu primo Malcolm entregaria os cuidados de seu castelo aos Buchanans se não houvesse uma promessa entre nós? Você sabe que os Buchanans e os Grants não são amigos. Fizemos uma união para selar as relações em prol de Ravenglade. Não se interponha entre isso ou não irá bem para você.
Roddie soprou.
— Você tem coragem de entrar em meu acampamento e me ameaçar.
— Seu acampamento. Nossas terras, — Darach o lembrou causticamente. — Como uma ameaça? Aceite minhas palavras como quiser, mas saiba que vou apoiá-las.
— Assim como eu ficarei do meu lado. — Menzie rosnou em voz baixa. — Eu dei minha palavra que iria em paz quando tivesse a irmã de Buchanan. Até que sua reivindicação sobre ela seja jurada diante de Deus, ela está livre para ser tomada. Só depois disso irei embora sem ela. Até então, vou continuar a atacar Ravenglade.
O quê? O sorriso de Darach se desvaneceu. O que diabos aconteceu? Este bastardo teimoso não estava cedendo facilmente então. Ele acariciou o punho de sua adaga.
— Você está me deixando ansioso para matá-lo, Menzie. — Como diabos Darach sairia dessa? O quanto ele queria?
— Faça isso, — provocou o laird, — e meus parentes, que estão espalhados tão ao sul quanto Ayr até as montanhas das Highlands, vingarão minha morte contra seus parentes em Skye.
Darach fechou os olhos e cerrou os dentes. Seus parentes não se importariam de lutar, mas os Menzies sabiam a localização de Camlochlin e podiam usá-la como alavanca, e Roddie era ousado o suficiente para fazê-lo. Um voto que ele daria ao clã Menzie, eles eram um bando destemido.
Mas isso não mudava nada.
— Você é ousado com as ameaças, mas da próxima vez que os Menzies tocarem em nossas terras, serão esmagados sob as bolas de nossos canhões, nossas flechas e, o pior de tudo, nossa ira. Antes de me ameaçar, considere se deseja perder a maior parte de seu clã, começando aqui com os vinte e três que sobraram. Amanhã à noite haverá menos de vocês até que não haja mais nenhum. Vou deixar a escolha para você, laird. A luz da manhã decidirá seu futuro. Ir para casa e viver? Viver por mais uma noite? Ou, se você ousar tentar chegar perto de minha noiva, morrerá rápido?
O laird permaneceu em silêncio. Nenhuma surpresa nisso. Os Menzies não eram apenas destemidos. Eles eram orgulhosos. Darach o deixaria pensar nisso até de manhã.
Ele deu um passo para trás, desaparecendo nas sombras. Certificando-se de que não estava sendo seguido, dirigiu-se para onde havia deixado Janet.
Ele não tinha ido muito longe quando caminhou direto para ela.
Ela o desafiou novamente. Ela o seguiu até o acampamento dos Menzies, arriscou sua maldita vida para ouvir o que ele disse a Menzie...
Inferno. Ela ouviu o que ele disse a Menzie.
Capítulo Onze
— Faça um movimento.
Janet se sentiu enraizada em seu lugar. Menzie não iria embora até que ela se casasse com ele ou Darach. Como diabos os homens em sua vida continuavam colocando-a nos mesmos problemas? Por que Darach alegaria ser seu prometido?
— Janet, venha agora. — Sua voz era tão gentil que quase a fez chorar. Ela não discutiu com ele. — Vamos discutir isso, sim?
Ela acenou com a cabeça, ainda muito atordoada para absorver tudo. Ela tinha que se casar com Darach para evitar Roddie. Por que Darach faria isso? Ela ficou chocada com sua promessa de se casar com ela, abalada até o âmago. Quem era ela para que ele a protegesse assim? Até onde ele iria para provar que sua afirmação era verdadeira? Seu lamentável coração disparou. Ela não significava nada para o Highlander. Ela significava? Ele estava fazendo isso por Ravenglade. O zelo de suas sombrias promessas a Roddie, caso o laird se aproximasse dela, era sincero? Por que seria? Ele nem gostava dela. Ele gostava?
— Você acha que ele vai embora amanhã de manhã?
— Não. — Ele disse atrás dela. — Ele estará aqui. — Ele não parecia feliz com isso, mas por que ficaria? Ele realmente teria que enfrentar os Menzies sozinho? Os homens em Ravenglade ainda estavam se recuperando do último ataque Menzie, quando os bastardos prometeram uma conversa pacífica lá dentro. Eles seriam de pouca ajuda em uma luta.
— O que faremos? — Perguntou ela, virando-se ligeiramente por cima do ombro. — E não me diga para não me incluir, Darach. Você sabe que vou ser incluída.
Silêncio por um momento, então ele disse:
— Sim, tudo bem, então. A primeira coisa que vamos fazer é dormir um pouco.
Ela concordou que dormir era importante, mas não tinha nenhum pouco de sono. Ela olhou para longe, perguntando-se a que distância eles estavam de casa.
— O anel de fogo caiu?
— Não. — Ele respondeu calmamente. — É do outro lado da floresta.
Ela se virou para olhar para ele atrás dela. Havia pouco para ver, exceto pela silhueta de seus ombros largos, os ângulos de seu belo rosto moldado entre a escuridão e a luz clara da lua.
— Estamos perdidos?
Era uma loucura, sabia, mas podia ver seus olhos na luz fraca, vastos campos iluminados pela lua acenando para ela se juntar a ele, para confiar nele.
— Não, moça. — Ele disse suavemente. — Nós não estamos perdidos. As chamas ainda estão queimando e não temos nada molhado para nos ajudar a atravessá-las. Por esse motivo, e porque estamos sendo seguidos, vamos dormir aqui fora esta noite.
Seu coração bateu mais rápido. Ela olhou em volta, mas não conseguia ver muito.
— Seguidos? Quantos? E por que esperou até agora para reconhecer isso? Nada te perturba?
— Um. Não o mencionei de imediato porque não havia motivo para contar a você até chegarmos a essa curva e eu tiver uma chance melhor de matá-lo. E muitas coisas me incomodam. Você é uma delas.
Ela olhou para as costas dele quando passou por ela. Ela o perturbava? Quanto? Não houve tempo para perguntar enquanto ele os conduzia ao redor da curva até uma pequena clareira, onde tinha uma bolsa de couro esperando. Ele sabia que não seria capaz de passar pelo fogo sem proteção. Ela, por outro lado, não havia pensado em suas ações.
— Fique aqui, Janet. — Disse ele enquanto acendia o fogo. — Dê-me sua palavra.
Ela deu. Ela sabia que eles não poderiam voltar para Ravenglade pelos túneis com alguém em seu rastro. Ela não queria ver o que ele tinha que fazer para mantê-los seguros e vivos. Ela não queria distraí-lo e arriscar um ferimento. Ela esperou perto das chamas, sozinha com os sons noturnos. Para se manter ocupada, ela mexeu na bolsa dele. Ela encontrou água e um grande plaid, que colocou diante do fogo. Sentada no plaid, ela vasculhou o resto de suas coisas. Ela encontrou uma pequena adaga e colocou-a sobre o cobertor ao lado da adaga que trouxera com ela. Sentindo-se um pouco mais segura com duas armas, ela mordeu uma maçã. Uma criatura da floresta se aproximou um pouco mais e a fez desejar que Darach estivesse ali.
Ela olhou para baixo e olhou para o plaid. Imagens dele dormindo... ou não, derramaram-se sobre ela e não foi mais capaz de deixar de lado sua ansiedade sobre a noite. Ela teria que dormir ao lado dele, assim como fazia em seus sonhos. Senhor, a ajude. E se ele a beijasse de novo? E se ela não conseguisse dormir a menos que ele...? Ela deixou a verdade de seu coração torturá-la. Ela o amava. Ela tentou não amá-lo. Ela fizera o possível para esquecê-lo por sete meses, mas amava Darach Grant. A pedra de aço em seus olhos a emocionava até os ossos e a enfurecia. Sua boca... oh, os Santos a ajudem, sua boca esculpida pela sem-vergonhice e pelo prazer pecaminoso, a tentava além de qualquer razão, e a desafiava em cada extremidade. Ela sabia quem ele era e o que isso o tornava, o inimigo de seus parentes, não importava o quanto eles sorrissem para ele enquanto eram os inquilinos dos Grant, e um patife extremamente perigoso por causa do poder que seu coração dava a ele.
Mas houve momentos... momentos em que ela esquecia quem ele era e via apenas um amável, extremamente atraente, permanentemente arrogante, firmemente protetor... guardião. O céu sabia que ela precisava de ajuda. Mas de Darach? Ela fechou os olhos contra as estrelas e puxou os joelhos até o queixo. Ela se lembrou das palavras dele na noite em que chegou.
— ...Vim salvá-la, goste ou não.
Por que ele faria isso? Seu primo o tinha enviado aqui para salvar seu castelo. Roddie concordou em ir embora se ela fosse entregue. Por que Darach estava pronto para matá-lo e começar uma rixa... por ela?
Ela ouviu um movimento e abriu os olhos para ver Darach de pé sobre ela. Antes que pudesse se conter, ela sorriu para ele.
Ele caiu de joelhos ao lado dela e sorriu de volta.
— Você está com frio, moça?
Ela balançou a cabeça.
— Você está ferido?
— Não, apenas sem fôlego. Depois de despachar aquele que estava nos seguindo, pensei que poderia haver mais um que eu perdi vindo para você, mas não havia ninguém.
O sorriso dela não diminuiu, mas se alargou.
— Está dizendo que voltou correndo aqui atrás de mim, Sr. Grant?
— Se alguém precisa salvá-la, Srta. Buchanan, será eu.
Ele gostava de irritá-la.
Talvez ela adorasse deixá-lo irritá-la. Ela arrancou as duas armas do plaid e as segurou nas mãos.
— Gostaria de ver como posso lutar contra um homem com duas adagas, então?
Ele parecia bastante divertido e ela teve vontade de esbofeteá-lo... com uma adaga.
— Você assume que terá que lutar contra mim. — Ele olhou para as chamas enquanto tateava sua bolsa. — Você se considera muito bem, moça... — Não sentindo o que estava procurando, ele sacudiu a bolsa.
— Você está procurando por isso, Darach?
Ele deslizou seu olhar para a maçã mordida na mão que ela segurava. Quando ele estendeu a mão para pegá-lo, ela a afastou.
— Descobri que você mexeu nas minhas coisas, então posso mexer nas suas. — Ela afundou os dentes na fruta vermelha e puxou os lábios, pegando uma gota de suco na ponta da língua enquanto rolava pelo lábio inferior. Seus olhos mergulharam em sua língua. O que diabos ela estava fazendo? Tentar a besta era pura loucura, aqui, sozinho à luz do fogo com ele, a floresta úmida em todos os lugares ao redor deles. Ela não sobreviveria a um encontro com ele como os quais sonhou.
Mas embora ele parecesse um grande gato prestes a devorá-la, ela arriscou seu coração e levou a maçã de volta aos lábios.
— Obrigada por sua generosidade...
A risada dele gotejou em seus ouvidos enquanto ele atacava, pegando a maçã e ela com as duas mãos. Ele olhou nos olhos dela por um momento, então jogou a maçã por cima do ombro e a puxou para mais perto, prendendo-a em seu abraço.
Agarrada contra ele, ela podia sentir o estrondo de seu coração contra seu peito. Ele se importava com ela? Ela era apenas mais um entalhe em seu cinto?
— Darach? — Ela desacelerou o riso e deu a ele um olhar sério.
— Sim, moça? — Ele perguntou, então devorou o pescoço dela.
— Você pensou em mim depois que me deixou em Killiecrankie? Fale francamente. Eu posso ouvir a verdade.
A boca dele parou em sua garganta. Ela podia sentir seu hálito quente ao longo de seu pulso. Ela poderia realmente entender a verdade?
Quando ele ergueu a cabeça e a olhou com a luz do fogo em seus olhos, ela achou que não poderia e quis se levantar e fugir do constrangimento.
— Janet, — Ele sussurrou, parecendo instável e rouco. — Você nunca me deixou. Eu escrevi canções sobre você que tenho certeza que algum dia terei meu traseiro espancado por meus parentes.
Ela queria sorrir. Ele escreveu canções sobre ela? Mas...
— Então por que você não voltou para mim?
Capítulo Doze
Darach olhou nos olhos esfumados de Janet e desejou poder desaparecer neles. Como ele iria responder a sua pergunta? Ele não queria dizer a ela que tinha sido um covarde. Ele tentou se virar, se afastar dela, mas os dedos dela ao longo de sua mandíbula o pararam.
— Você realmente quer uma esposa, Darach?
Och inferno, o que havia com ela e suas perguntas?
— Alegar que você é minha noiva é a única maneira de Roddie ir embora antes que eu seja forçado a matar cada um de seus homens. — Disse ele, supondo que deveria responder pelo menos uma das perguntas.
— Então você está esperando que ele vá embora antes de nos casarmos. — Desta vez, não foi uma pergunta.
Não, ele queria dizer a ela. A ideia de se casar com ela era chocantemente agradável. E isso era o que o assustava muito à noite. Ele já estava perdido para o feitiço do amor lançado sobre os homens rudes. Ele se deleitava com a forma como o corpo macio e curvilíneo dela tremia em seus braços e o deixava seu membro duro como ferro. Como diabos ele iria se impedir de tê-la? Pior, como ele iria impedir Roddie de querê-la sem ter que matá-lo, ou a maioria de seus homens?
— Não vou deixar Roddie ficar com você, Janet.
— Mas por quê? Você não me deve nada.
— Porque eu quero você, moça. — Ele confessou, sua voz profunda com a emoção de que parecia extremamente desconfortável. — Devo escrever para você na lama? Porque é assim que meu coração se sente atualmente. Como lama.
Ela curvou a boca para ele, arrancando seu coração de seu lugar e dando em suas mãos.
— Seu pai ficaria muito orgulhoso, bardo.
Och, mas ela era uma víbora de língua afiada. Ele riu, escorregando de seu corpo para se deitar ao lado dela. E daí se ela soubesse seu segredo mais profundo e sombrio... que ele era um poeta de coração? Ela o emocionou, acendeu seus sentidos como ninguém antes dela. Ele lhe daria o que ela queria e não dava a mínima para o que isso significava.
— Amor e palavras bonitas é o que você quer? — Antes que ela pudesse responder, ele os enrolou frouxamente em seu plaid e soltou suas palavras sobre ela.
— A primeira vez que coloquei os olhos em você, pensei, aqui está a moça mais ossuda que meu pobre olho inchado já viu. — Ele sorriu com ela enquanto eles se lembravam de seu rosto machucado quando se conheceram. — Como a geada de uma noite clara de inverno. — Ele continuou suavemente, afastando uma mecha de cabelo enrolado de sua bochecha. — Seu olhar gelou meu sangue, avisando minha alma que você não era uma garota comum. — Ele traçou as pontas dos dedos sobre o contorno de seu lábio inferior carnudo. Ele queria beijá-la, sentir a doce entrega de sua boca, seu corpo e seu coração. — Meu coração é seu inimigo, não por causa de seu nome, mas por causa do que você faz a ele. — Ele encontrou o olhar dela à luz do fogo e viu seu coração ali, exposto diante dele.
Ele beijou o sorriso suave de seus lábios e puxou-a para mais perto dele.
— Mas é pior sem você. É por isso que... — Ficou alarmado ao pensar no que estava para sair de sua boca e na facilidade com que chegou. — Quero que você consinta em ser minha esposa.
Seus sentidos e lógica pareciam tê-la abandonado também.
— Eu consinto. — Ela prometeu calmamente.
Ele buscou tempo com ela, sabendo que sua submissão não veio sem um custo para ela. Ele queria que ela pagasse muito pouco.
— Eu sonhei muitas vezes. — Ele disse a ela enquanto puxava os laços de seu vestido. — De libertar seus seios exuberantes em minhas mãos, de beijar um de cada vez. — Ele puxou o último laço e sua camisola se abriu, quase derramando seus seios precisamente onde ele disse que os queria.
Mergulhando o rosto em seu seio, ele puxou seu vestido com os dentes e então puxou a lã, expondo-a a sua língua magistral. Ela tremeu contra ele, deixando seu sangue em chamas. Ele a tomou em sua boca e se deleitou com a sensação de seu mamilo duro contra a carícia de seus dentes. O tempo todo, seus dedos hábeis a tiraram de suas vestes. Ele queria tudo dela, cada centímetro. Se ele realmente iria reivindicá-la, o faria corretamente.
— Há um padre em Ravenglade? — Ele perguntou asperamente, parando seu ataque aos seios dela.
— Claro. — Ela respondeu, então mordeu o lábio, levando-o à ruína. — Mas não vamos esperar até de manhã, vamos? — Ela selou seu destino no momento em que terminou sua pergunta puxando sua camisa.
Ela o queria fora de suas roupas, e ele obedeceu sem pressa. Ele não queria esperar. Seu interesse pelo padre era mais para Menzie do que para eles. Amanhã eles planejariam os dias que viriam. Esta noite era só para eles.
Janet não conseguia acreditar que isso estava realmente acontecendo. O corpo duro e nu de Darach acima do dela a convenceu de que era real.
Toda a luta que ela tinha feito para livrar seus pensamentos dele, reduzida a nada pela inclinação de seus lábios, um movimento de seu olhar. Ela não conseguia resistir a ele, estava completamente perdida para ele, e não se importava.
Ela nunca teve intimidade com um homem, mas confiava em seus instintos... e seus instintos não eram tímidos ou delicados. Além disso, Darach pareceu gostar quando ela o agarrou pelos cabelos e encontrou a paixão de sua boca com igual fervor.
Ela não tentou detê-lo quando ele mergulhou os dedos entre suas coxas, perdido no ritmo acelerado de sua respiração e, em seguida, no prazer desavergonhado que ela sentia em seus cuidados.
Abriu os olhos muitas vezes para se lembrar que aquele era Darach Grant acima dela, prestes a fazer amor com ela. Ela não poderia pará-lo mesmo se quisesse, o que ela não queria. Ela tentou acalmar seu coração agitado, mas ele não quis ouvir. Nunca acontecia quando se tratava deste áspero e robusto Highlander.
Seus músculos ondulavam contra as palmas das mãos enquanto ela as percorria pelas colinas e vales de seu peito, descendo por suas costas. Ele foi esculpido para agradar e a agradava muito. Ele sorriu para ela quando seus olhares íntimos se encontraram, transformando seus ossos em água. Em seu estado enfraquecido, ela não era páreo para a força dele quando ele separou seus joelhos e se acomodou em cima dela.
Ela quase guinchou com a lança de aço pressionada contra sua abertura. Se ele pensava que aquela besta caberia dentro dela, ele estava...
Ele inclinou a cabeça para a dela e a beijou, quebrando todos os seus pensamentos até que nada restasse além de seu toque, sua respiração se fundindo com a dela. Este era um dos seus sonhos? Ela teve muitos com ele, mas a carícia de sua ereção era real e difícil de ignorar. Seu rosto acima dela era real e muito mais bonito em carne e osso. Ele a manteve quente em seus braços enquanto seu nariz se enchia com o cheiro dele. Ele não afundou nela como um mergulhador ansioso, mas a envolveu em seus braços e beijou-a até fazê-la perder os sentidos. Muito melhor do que seus sonhos. Ele tinha lábios macios... macios, firmes e exigentes. Ela amava como eles eram movendo-se sobre sua boca, sua garganta.
Eles se encaixam confortavelmente juntos, aninhados nas curvas e ângulos um do outro. Ele a acariciou com as mãos tenras sobre o rosto dela e se moveu como um vento forte contra seu ponto crucial, levando-a perto da borda. Mas ele não forçou ou apressou sua união. Como um feiticeiro, ele a envolveu cada vez mais profundamente em seu feitiço com promessas sussurradas suavemente de fazê-la feliz, fazê-la rir e, é claro, deixá-la com raiva.
Ele entrou nela com golpes lentos e tentadores, conquistando-a no chão da floresta. Depois de algumas dores curtas e agudas, ele rompeu seu véu de virgindade e se moveu com mais determinação. A dor diminuiu em sua carícia magistral até que nada restou além de choques de prazer que curvaram seus dedos dos pés. Ela ergueu as pernas ao redor de sua cintura para satisfazer algum desejo básico de tomar cada centímetro dele. Ela o teve, com golpes longos e escaldantes, sorrindo entre beijos com a paixão em seu olhar. Ele se importava com ela. Ela podia ver isso nas profundezas verdejantes de seus olhos. Pensar nisso a fez querer lhe dar mais prazer, até que ele explodiu dentro dela.
Ela girou contra ele e lambeu o lábio inferior quando ele gemeu como um urso ferido na floresta. Ela se moveu sob ele como um véu ao vento e agarrou suas nádegas com as palmas das mãos. Ela o empurrou mais fundo, com mais força, gritando com a lança de ferro em chamas entrando e saindo dela.
Ele gozou em uma erupção de gemidos grossos e um sorriso largo e aberto tão lascivo que a levou ao clímax com ele.
Ela o amava. Deus a ajudasse, ela o amava muito.
Capítulo Treze
— Posso te perguntar uma coisa?
— Sim.
Janet apoiou-se em um cotovelo e olhou para Darach estendido em seu plaid ao lado dela.
— Por que você está fazendo isso?
Seu olhar traçou suas feições contra as chamas douradas. Ele sorriu como se não pudesse se conter.
— Fazendo o quê?
— Casando comigo. Você fala palavras bonitas, mas é um patife.
Ele curvou sua boca cheia e sexy para ela.
— Você acha que minhas palavras são vazias?
Ela encontrou seu olhar profundo e o procurou diretamente.
— Então, você as quis dizer?
— Sim, e se eu não casar com você, terei que matar todos os Menzies.
— Hmmm. — Ela acenou com a cabeça e sorriu para o rosto dele. Para um poeta, ele era muito prático. Ela teria que trabalhar nisso com ele. Ela despenteou uma mecha de seu cabelo dourado com os dedos e moveu seu corpo um pouquinho mais perto do dele. — Matar todos os Menzies pode ser melhor do que me ter como esposa.
Ele riu, olhando para a lua, deixando seu coração em ruínas.
— Não importa. Você é minha agora... sim?
Ela era? O que exatamente ser “dele” significava? Ela perguntou a ele.
— É a lei das Terras Altas, moça. Você está familiarizada com isso.
Sim, ela estava. Normalmente, o casamento era realizado sob a lei canônica, mas os Highlanders ainda se casavam por consentimento, no presente ou no futuro. Para um casamento ser válido não importava se houvesse testemunhas. As testemunhas, incluindo padres, só tornaram mais fácil provar. Não importava se os proclamas foram postados com antecedência ou não. A troca de consentimentos na floresta com apenas criaturas da floresta como testemunhas era legal e obrigatória, especialmente para um clã proscrito pela lei e ao qual os sacramentos foram recusados pela igreja.
Ela consentiu. Bom Senhor, o que William diria? Ele pensaria que foi uma jogada inteligente para salvar o castelo. Tudo sempre voltava para o castelo. Desde que ela era um bebê e os homens de seu clã costumavam se sentar ao redor do fogo e discutir o que Ravenglade significava para eles e por que deveriam sempre lutar para recuperá-la.
Agora ela estava sendo casada para salvá-la. Agora ela era uma Grant. Ou ela não era?
— Não é verdade que nós dois devemos consentir? — Ela perguntou, erguendo a sobrancelha para ele. — Do jeito que está agora, só eu concordei. Você não o fez.
— Claro que sim. — Ele insistiu depois de pensar por um momento.
Ela balançou a cabeça.
— Você não consentiu. Uma maneira inteligente, talvez, de anular o que afirma ser vinculativo.
Ele olhou para ela por um momento como se ela tivesse perdido a cabeça. Então ele começou a rir.
— Eu consinto em ser seu... marido.
— Você fez uma pausa. — Ela apontou.
Ele balançou a cabeça, sua risada se transformando em um sorriso.
— Só porque eu nunca pensei que me ouviria dizendo isso. Não até você. — Ele a puxou de volta para baixo, perto dele.
— Janet Buchanan, — Sua voz sedosa contra ela interrompeu suas palavras, seus pensamentos. — Consinto, aos olhos de Deus, em ser seu marido. Eu prometo não estrangulá-la, embora o desejo às vezes seja opressor. Eu prometo...
Seus votos terminaram abruptamente quando o clique de uma pistola soou em seu ouvido.
Quando Janet viu o homem parado sobre eles, ela começou a gritar. Uma mão sobre sua boca a silenciou. Outra mão ao redor de seu braço a arrancou de Darach e de seu plaid.
Tudo aconteceu tão rápido que ela não teve tempo para pensar. Ela só pôde observar enquanto Roddie Menzie enfiava a sola da bota no pescoço de Darach, onde estava deitado, e apontava o cano de sua longa pistola entre os olhos de Darach.
— Atire em mim, — Darach rosnou. — Porque vou te matar se não o fizer.
Mais quatro Menzies os cercaram. Um deles apontou a ponta da pistola para a têmpora de Janet.
Darach ficou imóvel. Ele encontrou seu olhar aterrorizado e pareceu desmoronar em pedaços dentro de sua pele. Logo, porém, a fúria o encheu e se espalhou no brilho de seus olhos.
— Cubra-a! — Roddie gritou para seus homens maliciosos. — Vou cortar os olhos do próximo homem que olhar para ela. Isso inclui você, Grant. — Ele cravou a ponta da bota no pescoço de Darach. — Você nunca vai tocá-la novamente.
— Você nunca mais verá sua casa novamente. — Darach o advertiu através do leve ar que entrava em seus pulmões.
Roddie ergueu sua pistola no ar e antes que Janet pudesse gritar, o laird Menzie girou o cabo de metal e acertou a cabeça de Darach. Ela observou, horrorizada, enquanto ele caía inconsciente ou morto. Ela implorou a Deus que não fosse o último, enquanto um dos Menzies puxava o plaid de Darach de baixo de seu corpo e o envolvia em seus ombros.
Ela enxugou os olhos quando Roddie marchou em sua direção. Ela estava determinada a não deixá-lo ver o quão apavorada estava. A raiva a encheu quando ele atingiu Darach e ela queria arrancar o coração de Roddie. Suas adagas, infelizmente, jaziam inúteis na grama.
— Prostituta, — Ele disse em um grunhido baixo, então puxou o punho para trás e a atingiu no rosto. — Sorte sua, — ele disse enquanto ela caia no chão, inconsciente, — Eu ainda quero você. Por enquanto.
— O que fazemos com ele? — Um de seus homens chutou o corpo inerte de Darach enquanto eles se preparavam para partir. — Devo matá-lo?
Roddie olhou por cima do ombro depois de colocar Janet perto dele.
— E ter seus parentes cavalgando para fora das brumas e matando cada um de nós? Eles não vão parar até que não haja mais um Menzie na Escócia. Não, deixe-o aí. A vergonha de perdê-la para mim será punição suficiente para ele.
Capítulo Quatorze
Darach despertou lentamente. Ele abriu os olhos e fechou-os novamente quando a dor subiu por sua têmpora como uma lança de fogo. Uma árvore caiu e o atingiu? Não, foi... De repente a névoa se dissipou e ele se lembrou. Janet! Ele se sentou, ignorando sua cabeça latejante e a onda de náusea que o percorreu.
Ela se foi.
Ele não tinha certeza se se sentia aliviado por ela não estar deitada na grama, maltratada e usada, ou morrendo de medo de que Roddie a tivesse levado para sua propriedade para fazer isso.
Seu coração batia forte como um tambor de batalha feroz em seu peito. Ela estava nua quando Darach a viu pela última vez. Nua com o Menzies. Ele gemeu. Ele cerrou os dentes e fez um som do fundo da garganta que teria assustado qualquer pessoa, se estivessem lá para ouvi-lo. Na verdade, um coelho, mordiscando a grama, saiu correndo.
Darach pôs-se de pé, instável nos primeiros momentos. Então ele olhou ao redor em busca de suas roupas. Ele as encontrou espalhadas em um arbusto próximo, seu vestido junto com as dele. Ele pegou sua espada e a golpeou com força, ignorando a dor do punho de Menzie. Ela estava sozinha e nua com os Menzies! Se a tocassem... Se a machucassem... Ele se vestiu rapidamente, prendendo em várias partes de seu corpo todas as armas que havia escondido no acampamento. Ele iria encontrá-la. Ele iria caçá-los e trazê-la de volta, e então faria todos desejarem nunca ter posto os olhos em Janet Buchanan.
Ele sentiu sua têmpora e puxou seus dedos ensanguentados. Ele havia sangrado antes. Nada importava, exceto trazer Janet de volta.
Há quanto tempo Roddie a havia levado? Ele apertou os olhos, olhando para cima. O sol estava alto. Inferno, ele estava desmaiado por várias horas. Com o sangue gelando nas veias, ele rezou para que Janet ainda estivesse viva e saiu em busca dela.
Ele não era um rastreador tão bom quanto alguns em Camlochlin, mas avistou alguns galhos quebrados e folhas achatadas e seguiu o caminho tênue. Ele se moveu rapidamente, correndo em alguns pontos onde a trilha era mais fácil de encontrar.
Um pouco depois, ele pensou que havia encontrado o acampamento de Menzie quando ouviu vozes de homens à distância. Puxando sua adaga, ele correu, ficando abaixado para não ser visto. Ele encontrou o primeiro homem em minutos e enrolou o braço em volta do pescoço por trás.
— Grant! — Era a voz de William vindo em sua direção, com as mãos estendidas. — Pare! É Kevin que você está prestes a matar!
A lâmina de Darach parou no ar enquanto ele girava Kevin para dar uma boa olhada nele. O cozinheiro tremeu em suas botas e sufocou uma oração truncada.
— O que diabos você está fazendo aqui? — Darach exigiu do laird, zangado por ele ter estado tão perto de matar Kevin.
— Minha irmã não estava na cama esta manhã. Suspeitei que ela o seguiu até aqui. Saímos pelo túnel e estamos procurando desde esta manhã.
Quando a expressão dura de Darach vacilou, William empalideceu.
— Onde ela está? — Perguntou o laird Buchanan. — Você a viu? O que aconteceu com a sua cabeça?
— Roddie Menzie está com ela, — Darach admitiu, então continuou apesar da tez pálida de seu irmão. — Ele veio e a tirou de mim um pouco antes do amanhecer. — Ele não disse ao irmão de Janet que ela estava nua ou que eles fizeram amor a maior parte da noite. — Eu devo encontrá-la. Estamos perdendo tempo. Você tem cavalos?
— Não, — William disse a ele. — Mas nós podemos correr.
— Sim. — Darach assentiu, eles iriam correr.
Com um pequeno exército de treze homens, incluindo William, ele partiu para a propriedade Menzie. Roddie deve ter voltado para sua casa. Darach esperava que sim. Ele estava pronto para enfrentar todos eles. Roddie já estava morto por tomá-la e por ameaçar tomar o castelo de Malcolm. Ninguém iria impedir Darach de matá-lo. Se Menzie a tocou, machucou-a... O pensamento empurrou Darach para apressar seus passos até que ele estava correndo, pulando sobre galhos e pedras caídos, esquecendo William e os outros atrás dele. Ele saltou sobre a vau6 de um riacho e quebrou galhos baixos. Um galho afiado cortou sua bochecha. Ele não sentiu, muito ocupado concentrando-se em seus outros sentidos para se preocupar com o sangue escorrendo pelo rosto.
Ele sentiu um cheiro de fumaça cerca de dez minutos em sua corrida. Diminuindo a velocidade para uma pausa, ele ergueu a palma da mão para parar Will e seus homens.
— Eles estão perto.
— O que nós vamos fazer? — O irmão de Janet perguntou, alcançando-o.
— Encontrar o acampamento deles, contorna-lo, destruir o máximo que pudermos antes de sermos vistos. Como eles não voltaram para sua propriedade, o número deles está como eu deixei. Podemos terminá-los rapidamente, mas eu quero Roddie.
— Darach, — Will tentou detê-lo quando ele se virou para ir embora. — Ela é minha irmã. Se ele a tocou
Os olhos de Darach escureceram e ele balançou a cabeça.
— Roddie é meu, Will. — Ele não ofereceu nenhuma outra explicação antes de partir, perseguindo baixo na folhagem, seus sentidos afiados para tudo ao seu redor.
Quando ele chegou ao acampamento dos Menzies, levou tudo o que possuía para não atacá-los de imediato, balançando a cabeça e os membros enquanto avançava.
Ele olhou através da teia de galhos, seus olhos procurando por ela.
Ele não a encontrou imediatamente, mas então avistou uma pequena tenda mais para trás, entre as árvores. Ela tinha que estar lá dentro, mas com quem? Roddie estava lá dentro fazendo o que queria com ela? Darach precisava chegar até ela com pressa.
Silencioso como os raios do pôr do sol, ele rastejou ao longo do solo e alcançou dois Menzies compartilhando uma bebida e algumas risadas nos arredores do acampamento. Ele soltou as adagas de Janet de onde estavam enfiadas em seu cinto e as virou de ponta-cabeça. Pegando os punhos com as mãos, ele os cravou nas costas das vítimas, puxou-os para fora de vista e continuou em direção à tenda.
Ele ouviu os grunhidos abafados de Will e dos outros derrubando mais Menzies, mas não parou para olhar. Ele abriu caminho através de mais três homens antes que o resto do acampamento percebesse que estavam sendo atacados... de novo.
Os Menzies lutaram da melhor maneira que puderam, mas não foram páreo para a habilidade e determinação selvagem de Darach para trazer Janet de volta. Will e seus primos derrubaram mais seis, com um de seus parentes chamado Andrew passando sua própria lâmina na coxa. Mais dois estavam caindo sobre Kevin, que estava entre Darach e a tenda, mas com um movimento de sua claymore, Darach deixou um curvado e sangrando no chão da floresta. O outro caiu no chão facilmente com uma lâmina na garganta e um chute impiedoso.
Quando ele chegou à tenda, Darach ainda não tinha visto nenhum sinal de Roddie. O bastardo tinha que estar lá dentro.
Com a respiração presa, Darach abriu a aba, tentando se preparar para o que poderia ver. Ele percebeu imediatamente que Roddie não estava lá. Tudo o que ele viu foi Janet parada no canto, a boca amordaçada, seu plaid firmemente enrolado em torno dela, amarrando-a com um pedaço de corda em um casulo de lã.
E o que parecia ser um enorme vergão roxo em seu bonito rosto.
Ele parou em seu caminho. Ela foi atingida. Seu coração escureceu. Ele sabia o quão perto ela estivera de morrer e pensar nisso quase o deixava louco. Guerra ou não, ele iria matar Roddie Menzie por tocá-la.
Ele ouviu um som atrás dele enquanto corria em sua direção, e então a dor aguda de algo duro batendo em sua cabeça.
Capítulo Quinze
Janet observou Darach vir em sua direção. Seu coração estava dividido entre a alegria e o alívio de vê-lo e o terror de saber que dois dos homens de Roddie estavam esperando por ele nas sombras da tenda. Ela queria gritar. Ela tentou, mas com o nó da corda na boca era impossível formar qualquer palavra inteligível. Ela saltou para cima e para baixo no lugar e acenou com a cabeça para ele se virar. Se ela tivesse que assistir Darach morrer, ela nunca se recuperaria.
Ele deve ter entendido o que ela quis dizer, porque se abaixou bem a tempo de evitar que seu crânio se partisse pelo punho da espada de Donald Menzie. Mesmo assim, o metal o atingiu e ele quase caiu. Janet gritou quando o segundo homem, John Menzie, saltou das sombras e entrou na briga. Ele agarrou o braço de Darach e tentou puxá-lo para baixo, mas seu Highlander não se mexeu. Com os olhos fixos nela, ele puxou Donald por cima do ombro e o jogou no chão. Enquanto Donald ainda ofegava, Darach se virou para John e enfiou a adaga no peito dele. Donald lutou para ficar de pé, mas a claymore impiedosa de Darach o deteve.
Janet assistia a tudo, apavorada, sem conseguir respirar. Quando Donald e John jaziam mortos aos pés de Darach, ele se aproximou dela novamente.
Ela chorou enquanto ele libertava sua boca de suas amarras e quando ele a soltou das cordas, ela se jogou em seus braços.
— Você veio atrás de mim.
— Claro que sim, meu amor. — Ele a abraçou com força, como se ela significasse mais para ele do que jamais admitiria. Ele colocou beijos carinhosos em sua cabeça e falou suavemente, perguntando o quanto ela estava machucada e se o bastardo a havia tocado de alguma forma obscena. Quando ela assegurou de que seu captor não o fizera e que ela não estava tão ruim quanto parecia, ele passou as pontas dos dedos pelo rosto machucado e desviou o olhar como se vê-la partisse seu coração. — Onde ele está?
— Não sei, — disse ela. — Ele saiu há cerca de uma hora. Ele não disse para onde estava indo.
Ela estava prestes a perguntar se ele invadiu o acampamento sozinho e matou todos os homens do lado de fora quando seu irmão mergulhou dentro da tenda com seu primo Kevin diretamente atrás dele. Will olhou para ela, enrolada como uma múmia em um plaid das Terras Altas, envolta nos braços de Darach Grant, e deu um passo hesitante para frente.
— Janet... eu... você está... — Ele tropeçou em suas palavras e ela sorriu e o encontrou no meio do caminho. Ele a tomou nos braços, sua expressão quase tão negra quanto a de Darach no hematoma em seu rosto. Então ele deixou seu olhar percorrer sua manta. — Menzie... ele te contaminou?
Ela balançou a cabeça. Darach lhe disse que ele a reivindicou? Will sabia que ela agora era considerada a esposa de Darach? Ela não achava que ele tinha dito. Era melhor. Era demais para um dia. Eles diriam a ele mais tarde.
— Eu só quero ir para casa. — Ela disse a ambos.
— Há muitos cadáveres lá fora. — Disse o irmão, depois olhou para Darach. — Roddie não está entre eles.
Darach acenou com a cabeça, suspeitando disso.
— Eu vou encontrá-lo.
— Não. — Janet se virou para ele. — Eu quero que você volte para Ravenglade conosco. Eu preciso de você lá comigo.
Darach balançou a cabeça. Ele não se arriscaria a deixar Roddie vivo e lá fora, em algum lugar.
— Eu quero a cabeça dele na ponta da minha espada.
— Por favor, Darach, — ela disse, — deixe-o para amanhã.
— Amanhã pode ser tarde demais.
Ela estava com raiva dele e se libertou dele. Ela contornou o irmão e quando olhou para Darach novamente, ele estava a olhando. Ele parecia preocupado, mas determinado. Ela estava com medo por ele. Um contra tantos. Ele seria morto.
— Janet, — disse Will na frente dela. — Vá com Kevin para os cavalos. Desejo ter uma palavra com o Sr. Grant.
— Não, Will. Se você vai discutir sobre mim, o que eu suspeito que sim, quero ouvir o que está sendo discutido.
William fez uma careta para ela, mas sabendo que discutir com ela era inútil, ele se virou para Darach diretamente.
— Você disse que Roddie a tirou de você pouco antes do amanhecer. Posso presumir então que você passou a noite com minha irmã?
Darach acenou com a cabeça, sem se preocupar em negar.
— Ela estava vestida adequadamente quando vocês dois adormeceram?
— William, — disse ela, dando um passo em direção ao irmão, — este não é o...
Mas ele a silenciou com a palma da mão no ar.
— Bem? — Ele perguntou a Darach. — Ela estava?
— Não, ela não estava vestida adequadamente. — Confessou Darach. Ele não se incomodou em sair do caminho quando o punho de seu irmão acertou seu rosto. Ele levou um golpe no queixo que cortou o lábio, arqueou a coluna para trás e produziu luzes diante de seus olhos. Mas ele não caiu e não revidou contra William.
Janet cobriu a boca para se impedir de gritar com o irmão. Como seu guardião, ele tinha todo o direito de bater em Darach até deixá-lo sem sentido. Mas ele não fez isso. Um soco e ele parecia satisfeito. Ele não disse nada quando ela correu para o lado de Darach, sua raiva esquecida, e enxugou o sangue da velha costura em seu lábio com o polegar.
— Você vai precisar de pontos novamente. Venha para casa e eu cuidarei disso.
Ele sorriu, consentindo com seus desejos e derretendo seu coração por todas suas costelas.
— Desta vez, não cante enquanto faz isso, esposa.
Eles deixaram a tenda juntos, deixando William gaguejando atrás deles.
— O quê? Você acabou de chamá-la de esposa ou bruxa? O que diabos ele disse? Janet?
Ela não respondeu. Não, quando a boca gloriosa de Darach precisava de cuidados.
Capítulo Dezesseis
Darach caminhou pelo corredor fora do quarto de Janet enquanto suas primas Margaret e Agnes ajudavam a desemaranhá-la de seu plaid, dar banho e vesti-la apropriadamente. Ele deveria estar caçando Menzie, não esperando no corredor, perdendo tempo. Inferno, isso é o que acontecia com os homens que se apaixonavam. Eles cediam. Eles foram conquistados com uma mera inclinação dos lábios de uma moça, um olhar velado, o balanço sedutor de seus quadris. Ele deveria ir. Ele deveria estar lá fora, encontrando o homem que tentou tirar Janet dele.
Ele olhou para o outro homem esperando no corredor com ele. William Buchanan se encostara na parede oposta, olhando para ele com olhos tão gelados quanto os de sua irmã em seu pior dia.
— Diga-me novamente, — O irmão de Janet exigiu baixinho. — Sobre essa lei das Terras Altas que torna minha irmã sua esposa sem o benefício de um padre ou de qualquer testemunha.
Sim, Will estava com raiva por Darach ter passado a noite sozinho com sua irmã. Em uma floresta. Com ela despida.
Darach suspirou e disse a ele novamente, embora suspeitasse que William Buchanan soubesse disso muito bem.
— Foi a única maneira de impedir que Roddie atacasse você novamente. — Darach olhou para ele. — Você não queria outra batalha, sim?
— Então você se casou e se deitou com minha irmã?
Os olhos de Darach correram para a porta, esperando que Janet não tivesse ouvido. Ele deixou Buchanan bater nele uma vez. Ele não iria deixá-lo desonrar Janet falando sobre sua noite juntos. Não quando ele não conseguia tirar isso da mente. Agora que ele sabia que ela estava segura, a queria em seus braços, em sua cama. Inferno, o que aconteceu com ele? Seus primos zombariam dele, assim como ele zombou deles por se apaixonarem.
— Ela sabe que você fez isso apenas para evitar uma guerra?
Darach deixou sua irritação acender seus olhos quando olhou para seu irmão em lei novamente.
— E para salvá-lo de ter que matar Menzie você mesmo... ou você esqueceu?
— Entendo, — disse Will, igualmente irritado. — Então você nos fez um favor.
— Sim, — Darach rosnou, frustrado e cansado, sem mencionar que seu lábio ardia como o inferno. — Eu fiz. Alguém precisava. Você pode me agradecer por isso mais tarde. — Ele estava com raiva, frustrado, cansado. Ele não quis dizer uma palavra do que disse, e quando olhou para cima e viu Janet parada na porta, parecendo magoada e com raiva, ele fez um movimento para correr até ela.
— Menzie! — Ela gritou, apontando para trás dele.
Como um sonho em movimentos lentos, Darach se virou para ver Roddie Menzie no final do corredor, uma pistola na mão. O tiro ecoou, perto o suficiente para ensurdecer o ouvido de Darach enquanto a bala cortava o ar onde ele estava um instante antes. Em vez de acertá-lo, perfurou Janet.
— Não! — Darach ouviu sua própria voz gritar, embora não tivesse certeza de que fora ele. O terror o atingiu como nunca antes em sua vida. Ele ouviu William gritando... ou era ele. Ela estava caindo. Ele se moveu em um borrão de velocidade e a pegou. O sangue gotejou por seu vestido na ponta do ombro. Seu ombro. Foi um ferimento superficial. Ela iria viver!
Ele se virou, com sangue nos olhos, e viu Roddie tentando desesperadamente recarregar a arma.
Darach entregou Janet gentilmente ao irmão com ordens de levá-la para a cama e pedir ajuda, então ele avançou, desafiadoramente quando Roddie apontou a pistola para ele. Emperrou e não disparou. Darach arrancou a arma de sua mão e então derrubou seu inimigo no chão. Ele queria matar o laird Menzie, mas era muito fácil assim. Ele precisava enviar uma mensagem para o restante deles. Com três socos esmagadores no rosto, Roddie foi nocauteado. Amanhã de manhã, a ponte levadiça seria baixada e Roddie Menzie seria enforcado à vista dos poucos homens que lhe restava. Deixaria o restante deles voltarem. Deixaria tentarem iniciar uma contenda. Darach estava pronto. Seus parentes também estariam prontos.
Por enquanto, ele tinha coisas mais importantes para cuidar.
Ele entrou nos aposentos de Janet e engoliu o coração quando a viu, linda e ensanguentada, em sua cadeira, seu ferimento sendo cuidado por suas primas. Quando ela o viu, tentou deixar sua cadeira, mas Darach levantou a palma da mão e foi até ela. Ele pensou no que dizer. Afinal, ele era filho de um bardo. Mas palavras bonitas e praticadas falhavam e ele deixou seu coração falar. Ajoelhando-se a seus pés, ele pegou sua mão e a beijou.
— Eu não voltei da primeira vez porque estava com medo de como você me fazia sentir. Mas foi ficar longe de você que doeu mais. Eu sei disso porque agora que estou com você novamente, me sinto curado e inteiro. Esqueça o que você ouviu sobre o meu passado. Era você que eu estava procurando. Fui um idiota, e posso ser mais uma vez, mas nada é igual a você, Janet. Você significa mais para mim do que qualquer outra. Quero passar o resto dos meus dias com você. — Ele fez uma pausa e olhou para o irmão dela, que acenou em concordância. — Amo você, moça. Eu a amarei e somente você pelo resto dos meus dias.
Ela olhou para ele e sorriu.
— Você só está dizendo isso porque levei um tiro. Se for sincero, vai cantar para mim esta noite.
Ele riu.
— Peça meu coração e estará em suas mãos, garota sem coração.
Ela o agraciou mais uma vez com seu sorriso bonito. Och, mas se fossem canções que ela queria, ele cantaria para ela noite e dia. Ele já pensou em mil palavras para descrevê-la.
Amor.
Ele transformava os guerreiros em bardos.
Inferno, seus primos nunca parariam de zombar dele.
Notas
[1] Kirtle – manta xadrex que se usa por cima da túnica.
[2] Maça – arma de combate medieval.
[3] Bonny – bela.
[4]Cuillins cadeia de montanhas da Highlands.
[5] Ponteiro ou Cantadeira - Tubo melódico pelo qual se digita a música, cuja extremidade geralmente possui uma campânula.
Bordão, Ronco ou Roncão - Tubo melódico pelo qual soa-se a constante nota pedal, geralmente distinguindo-se entre baixo e tenor quando há mais de um. A depender do modelo e costume, o bordão composto apenas de ombreira e copa é também chamado de ronqueta.
Copa - Sessão superior do bordão, cuja ponta geralmente possui um sino.
Fole - Reservatório de ar, por meio do qual soam-se as palhetas do instrumento.
[6] Vau é um pequeno trecho de águas baixas que se pode atravessar.
Paula Quinn
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