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Series & Trilogias Literarias
Três meses após a separação.
Um homem de verdade sempre admite suas falhas. Isso eu ouvi de minha mãe, quando tinha sete anos de idade, e havia roubado um brinquedo de um amiguinho. Ao ser pego em flagrante, tentei negar meu delito, mas sua voz austera e forte me educou em um dos seus maiores ensinamentos.
E, provavelmente, o último.
Um câncer agressivo a levou de mim, deixando-me solitário em um mundo bastante cruel.
Voltei o olhar para minha ex-esposa no banco ao lado. Ana estava concentrada em uma revista sobre política, e mal me encarava. Enquanto eu dirigia pela rodovia naquela noite chuvosa, eu volvi o pensamento sobre nossa vida.
Jogado de um lado para o outro pela casa de tios e parentes que não me queriam, abandonado por um pai que, pouco tempo depois conquistou uma nova família ao qual não havia espaço para mim, eu acabei apegando-me muito ao meu primeiro e, possivelmente, único amor. Exatamente a mulher que agora parecia esquecida de minha existência.
Em me chamo Felipe. Tenho trinta e dois anos, dos quais, os últimos vinte, foram passados ao lado ou próximo daquela mulher bonita, de rosto pacifico e de beleza singela.
Conhecemo-nos na escola. Ela era uma garota de cabelos castanhos sempre presos num rabo de cavalo e o olhar intenso em tonalidade mel. A pele clara era cercada por sardas que eu acreditava ser a mais bela característica física que uma garota poderia ter, e o corpo era bem moldado por exercícios que praticava todos os dias.
Ana era uma beldade, e eu não demorei a me apaixonar por ela.
E, bem da verdade, ela por mim. Talvez ela bem mais por mim. Porque, afinal, ela tinha tudo e eu nada, e mesmo assim ela me queria mais do que qualquer coisa.
Ela engravidou aos dezessete anos. Por sorte, eu já havia conseguido um estágio numa empresa multinacional, e conseguimos ficar juntos. A família dela não ficou muito feliz com nossa união, mas após me verem, com o passar dos anos, subindo de cargo em cargo na empresa, formando-me em administração e, por fim, tornando-me presidente da multinacional na qual eu comecei entregando café, passaram-me a tratar bem.
E Ana, nisso tudo?
Virou a dona de casa, mãe e esposa que sempre me recebia com um sorriso lindo nos lábios, mesmo quando parecia cansada demais para isso.
Nunca questionava. Nunca se impunha. Sempre submissa e perfeita.
E, enfim, enfadonha.
Um homem sempre admite seus erros, não é? Quando olho para trás, agora, percebo exatamente os meus.
Fui egocêntrico. Egoísta. Enquanto eu sentia-me o dono do mundo, o magnata das finanças, o empresário de sucesso, eu não percebia que deixava toda a responsabilidade da criação de Lucas, meu filho, para Ana. Não reparava em seu olhar cansado, seu semblante amedrontado diante de um espelho que não mais mostrava seus músculos rígidos de exercícios, e sim uma mulher que passara a viver para uma casa na qual mal parecia ser notada.
E, naquele ínterim, apareceu Christina. Jovem, linda, loira, ambiciosa e quente. Minhas reuniões de trabalho passaram a adentrar madrugada aberta. Enquanto minha esposa ficava sentada no sofá, acordada, esperando-me voltar para casa, eu gemia de prazer nos motéis pelo caminho.
Só percebi exatamente no que eu havia me transformado quando vi o olhar de Ana, assustado em minha direção, no quarto de um apartamento que eu havia alugado para meus encontros extraconjugais com a secretária.
Eu me vi, ali. Naquele olhar repleto de lágrimas, na decepção latente, no suspiro acanhado que ela deu antes de virar as costas e desaparecer.
E só então eu senti a culpa esmagando meu peito e o confronto de que eu havia destruído a família que eu havia construído com tanta luta.
Dizem que só damos valor àquilo que perdemos. Acreditem, é verdade. Eu só passei realmente a ver a minha esposa quando a percebi ao lado das minhas malas prontas, seu olhar firme, revoltado, enquanto a boca parecia contorcer-se na ânsia de atirar-me algumas verdades.
— Nós podemos conversar – eu sugeri, idiota, acreditando mesmo que Ana me daria qualquer chance.
— Apenas v á— ela apontou a porta, e então me deu as costas, de forma definitiva.
Em menos de uma semana, eu fui informado pelo advogado que ela arrumou sobre a separação de corpos, a pensão para Lucas e a necessidade de que eu entrasse num acordo rápido sobre o divórcio.
Ana queria se ver livre de mim, de meu nome, e de minha presença. Mas, eu, até então, que só a via como uma válvula de escape para sexo comum ou para ter alguém a me esperar no final de um dia, percebi que a amava.
Foi no silêncio do apartamento que eu passei a viver após me separar dela, que notei o quanto sua ausência me fazia falta. Foi na mesa vazia, nas horas que pareciam se arrastar sem companhia... a solidão foi minha maior professora, ensinando-me a lição mais importante de toda uma vida: você, homem, não deixe de lado a mulher que ama por uma paixão fugaz.
E, nisso tudo, me perguntava se ela ainda sentia algo por mim...
Naquele instante, três meses após o ocorrido, nós viajávamos para a casa dos avôs de Ana, no interior, para buscar Lucas que havia passado alguns dias de férias naquela cidade.
Ana iria buscá-lo sozinha, mas o carro dela estragou e, ao saber disso, percebi uma oportunidade. Insisti para que ela me acompanhasse, e percebi a dúvida e o medo no seu olhar.
Queria aproveitar aqueles momentos para conversar com ela, desculpar-me, fazê-la entender que eu me arrependia da maior burrada da minha vida e que queria outra oportunidade.
Mas, desde que entrara no carro, Ana enfiou a cara na revista e passou a me ignorar sumariamente.
Aquilo me enlouquecia. Teríamos a chance de retomar aquele casamento?
Senti os olhos umedecerem de repente. Sinceramente, eu não me lembrava de ter chorado antes. Nem no dia que mamãe morreu, nem quando me casei com Ana, nem quando Lucas nasceu (e eu amava meu filho mais que tudo nessa vida!).
Mas, naquele instante, eu quis chorar por ela. Por nosso casamento. Por meus erros, pela esmagadora e avassaladora culpa que me comprimia, e pelo amor que eu sabia que existia no meu coração, mas que eu, nos meus muitos erros, havia fingido desconhecer.
Porque, bem da verdade, era mais fácil ser ignorante. O amor é aquele sentimento que nos deixa completamente vulneráveis. E, francamente, eu não queria ser vulnerável a nada.
Não estou justificando minhas falhas. Apenas, para mim era mais fácil enredar-me num prazer momentâneo e sem importância com Christine do que entregar a alma a Ana.
Porque amar... Amar te destrói. Eu sabia disso. Eu havia amado meu pai, e ele me deixou. Minha mãe... ela morreu...
A chuva se intensificou. Eu arqueei as sobrancelhas, um tanto quanto preocupado. Era acostumado a dirigir, e minha Hilux último ano era um carro de qualidade e segurança; contudo eu mal conseguia ver adiante naquele aguaceiro.
— Talvez devêssemos para r— Ana recomendou.
A voz dela me arrepiou. Só então percebi que Ana havia largado a revista.
— Se eu parar agora, só chegaremos até Lucas de madrugada e iremos acordar seus avôs.
— Prefiro chegar de madrugada a não chega r— ela comentou e eu senti a apreensão no tom da voz .— Podemos parar em algum lugar, ligarei aos meus avôs e explicarei a situação.
Eu concordei. É claro que concordei. Algumas horas a mais ao lado dela era uma chance de ouro que eu não queria desperdiçar.
— Tem um hotel mais adiant e— murmurei .— Podemos passar a noite lá.
No meu íntimo, eu sorri, mesmo sabendo que nada seria muito fácil, e que ela faria de tudo para ficar o mais afastada possível de mim.
— Como está sua vida ?— indaguei, fingindo despreocupação .— Está namorando?
Ana deu os ombros.
— Eu não sou como voc ê— ela retrucou, amarga .— Eu não saio da cama de alguém e me deito na cama de outro sem qualquer peso.
Doeu, mas eu merecia.
— Foi um erro, An a— murmurei.
— É, foi .— Ela concordou, suspirando .— Não maior que o meu, é claro.
— Seu?
— Meu erro de ter me apaixonado pelo meu coleguinha de escola que parecia ser o homem da minha vida.
Enfim, estacionei diante do hotel. Sua ultima frase martelando meu coração.
— Você se arrepende de tudo entre nós?
— Claro que nã o— ela sorriu .— Lucas foi a melhor coisa que já me aconteceu, e é por causa dele que eu ainda olho para a tua cara.
Ela desceu da pick-up, deixando-me destruído para trás.
***
— Está acontecendo um evento na cidade próxim a— justifiquei, um tanto nervoso.
Não era mentira, mas eu sentia como se fosse. Uma noite chuvosa com minha ex-mulher, uma parada inesperada e um hotel lotado, onde apenas um quarto de casal poderia ser disponibilizado, parecia uma cena armada por um coração desesperado.
Ana nada disse enquanto achegava-se ao ambiente, olhando para a cama, os armários e a mesa. Ela não era dada a chiliques, sempre muito firme e bem disposta, não se recusaria a ficar comigo ali.
Porém, meu corpo, desde que entramos naquele ambiente, parecia num processo de combustão.
Nossa vida sexual já estava desgraçada antes mesmo da traição. Fazia muito tempo que Ana e eu não éramos íntimos. Agora, porém, parecia o momento certo.
— Eu vou tomar um banh o— ela murmurou, afastando-se em direção ao banheiro.
Sentei-me na cama, nervoso. Era um homem e aquela era a mãe do meu filho. Mesmo assim, subitamente, era como um garoto diante de uma estrela inalcançável.
Ela voltou pouco depois, com os cabelos úmidos. Sentou-se na cama, o olhar longe de mim, e eu também não a encarei. Enquanto caminhava em direção ao banheiro, eu pensei no que dizer, na forma de me aproximar.
Postei-me embaixo do chuveiro, deixando que a água quente tirasse de mim não apenas a tristeza que parecia me dominar nos últimos meses, como também o medo que eu tinha de magoá-la novamente.
Quando voltei ao quarto, ela estava concentrada no noticiário. Imaginei se falaria alguma coisa, e preparei-me para uma sessão de silêncio, quando palavras inseguras surgiram entre nós.
— Se estivesse em casa, agor a— Ana comento u— , estaria preparando seu jantar.
Aquilo foi quase inacreditável. Assenti, inseguro, enquanto olhava o relógio.
Eram oito horas da noite. Nas últimas semanas de casamento, eu chegava em casa após a meia noite. Mas, de qualquer maneira, minha janta sempre estava quente, prontinha, próxima do fogão.
Eu mal conseguia dizer qualquer coisa. Meu coração batendo tão forte, tão tristemente abatido.
Ela deitou-se. Eu segui seu exemplo, ficando do seu lado, mas com o olhar fixo no teto.
Era tão irônico. A mulher que eu amava, e na qual eu pensei tão intensamente nos últimos dias estava ali, ao alcance das mãos, a centímetro do corpo que clamava por ela, na mesma proporção, que parecia estar no outro lado do mundo.
— Você me odeia ?— eu murmurei, uma questão tão baixa que duvidei que ela houvesse escutado.
A chuva prosseguia, impiedosa, naquela sinfonia que fazia os olhos pesarem.
— Eu não se i— ela respondeu, num sussurro que me fez perceber que a dor que eu sentia tão intensamente, também era compartilhada por ela.
Girei o corpo, de frente para suas costas. Na escuridão, não via seu rosto, mas sentia a emoção ali, latente, gritando, como um pássaro desesperado para se livrar da gaiola.
Pousei a mão em sua cintura. Senti o estremecimento pelo toque. Sorri. Ali estava ela, a minha mulher, doce e delicada, lutando bravamente contra os próprios sentimentos.
— Eu sei que eu não mereço seu perdão, Ana...
— Já discutimos isso tantas vezes, Felip e— ela retrucou, evitando-me .— E de que adianta? Não podemos voltar ao passado e consertar os erros que foram cometidos.
Girou o corpo, ficando de frente para mim.
— Acha que o culpo por tudo? Eu sei que deixei de me esforçar para fazê-lo interessá-lo...
— Nunca esteve mais enganada, Ana. Você foi perfeita, me apoiou em tudo. Não fosse por ti, jamais chegaria tão longe em minha carreir a— confessei .— Eu devia...
— Nós podemos ser amigo s— ela me interrompeu .— Por Lucas. Nosso filho vai precisar dos pais. Ele só tem dez anos, está numa fase tão difícil...
— Eu não quero ser seu amig o— retorqui .— Eu ainda te amo, Ana...
Ela desviou o olhar. A mão que ainda estava na sua cintura desceu um pouco mais, achegando-se no quadril.
— Par e— ela mandou.
— Por quê ?— reagi.
Havia um clima potente ali, e eu não a deixaria negá-lo.
— Você não tem mais nenhuma liberdade de colocar a mão em mi m— ela afirmou, mas a voz vacilou, e foi naquele tom frágil que me firmei.
— Você me odeia ?— repeti a pergunta. Era a única coisa que valia naquele momento.
— O que isso importa?
— É tudo que import a— aproximei mais meu corpo, sentindo a respiração dela carregar e ficar mais rápida .— Porque se me odeia, eu vou desistir. Eu não vou obrigá-la a me suportar. Eu serei o melhor pai que puder para Lucas, mas vou desaparecer da sua vida, porque eu te respeito, não apenas como mãe do meu filho, mas como a única mulher que eu realmente amei — confessei .— Eu sei que cometi erros, e eu me arrependo deles todos os dias, mas se houver qualquer sentimento... qualquer anseio em seu coração, eu vou lutar por você!
Naquela noite chuvosa, tantos anos depois de eu dizer que a amava pela primeira vez, Ana tomou a iniciativa na nossa relação.
Colocou a mão em minha nuca e beijou-me ferozmente nos lábios. Não um beijo gentil ou delicado, mas um beijo de mulher, um beijo de quem sabe o que quer, como quer, e aonde quer.
Eu mal conseguia acreditar naquela ventura. Agarrei-a firme, sabendo que não poderia a deixar se afastar. Se a perdesse ali, a perderia para sempre.
— Não devemo s— uma réstia de consciência pareceu tocá-la, e eu logo a afastei.
Movendo o corpo, postei-me sobre o dela, naquele vai e vem com o quadril que sabia que ela adorava.
Enfiei a língua dentro da boca sedenta. O gosto de Ana era doce, com uma pitada de canela.
Ao sentir o corpo amolecer, permiti-me afastar da boca para descer até os seios. Puxei sua camiseta para cima, encarando as formas femininas com paixão.
As aréolas claras, enfeitadas pelo mamilo duro e sexy foi um convite que não pude recusar. Lambi aquela parte de seu corpo, sabendo que ela adorava a sensação, que ela se enroscaria em mim como uma gatinha manhosa, ansiosa por sexo.
— Diga que me quer dentro de você, An a— ordenei, já sentindo minha carne dura esfregar-se na coxa macia.
Senti os dedos firmes de Ana deslizarem pela minha cintura, até minha cueca. Logo ela me libertava dos tecidos, enquanto observava meu membro firme.
Como aquela mulher era perfeita para mim. De todas as formas, em todos os encaixes!
— Eu quer o— ela admitiu, e aquilo parecia arrebatá-la .— Você foi o único homem que quis na vida.
Desci o corpo dos seios à barriga, lambendo o umbigo, baixando mais adiante, arrancando a calcinha, deslumbrado perante o seu centro de mulher.
Ela sempre foi tão cuidadosa. Sempre se mantinha depilada, de pelos aparados, e limpa. Não sou machista, mas devo admitir que aquilo sempre me excitava, porque sempre soube que era para mim que ela se cuidava assim.
Desci a boca naquela cavidade. Apertei um dos seus seios, enquanto observava a reação diante da minha ousadia.
Ana era um ninfa, naquele instante. Uma mulher entregue completamente ao prazer.
Sua cabeça para trás, o gemido que não parava de sair de seus lábios, o movimento sexy no quadril... Era a personificação da lasciva.
Enfiei a língua mais fundo, chupando com força sua umidade. Seus dedos enroscaram nos meus cabelos, enquanto minha boca fazia movimentos eróticos e ritmados.
Senti meu pau duro afundando-se no colchão. Queria adentrar aquela mulher, ouvi-la gritar meu nome, gozar dentro dela, sentir seu calor envolvendo meu corpo... Não me contive mais.
Afastei-me da sua vagina e sentei na cama, em posição de meditação. Diante de mim, meu pau estava completamente ereto, vermelho e molhado. Ana me encarava e eu sabia que ela ansiava tanto quanto eu.
— Ve m— a chamei, num tom seco e forte.
Não era mais Felipe, o marido arrependido querendo a esposa de volta. Agora eu era um macho diante da fêmea. A minha fêmea.
Ana engatinhou até mim. O fogo e a fome de prazer parecia tê-la arrebatado. Ela sequer pestanejou ao sentar-se sobre mim, as pernas enroscadas na minha cintura, os seios a altura da minha boca.
— Me fode...
Aquele pedido, as palavras vulgares ditas apenas em momentos que a porta do quarto estava fechada, me enlouqueceu.
Forcei-a contra meu pênis, sentindo-a deslizar através da sua umidade.
Impeli tudo, e então a empurrei para trás, caindo sobre ela, e metendo até as bolas.
Como homem, nunca precisei me envergonhar do tamanho da minha saliência. Como marido, eu me envergonhava por muitas vezes não dar a ela o prazer que ela merecia. Naquela noite, jurei a mim mesmo fazer de Ana a mulher mais satisfeita daquele mundo.
— Sua bucetinha está pegando fogo ?— brinquei, porque amava nossos jogos de palavras mais desavergonhadas na cama.
Ela gemeu alto, enquanto eu tirava e metia de novo, várias vezes, dentro dela.
— Est á— respondeu, sem ar .— Mais rápido... Mais fundo... Mais!
Aquelas ordens eram enlouquecedoras. E eu as cumpri inteiramente. Sentia meu pênis quase escapulindo do seu centro de mulher, e então voltava com toda força para dentro dela, ouvindo-a choramingar de prazer.
— Fazia tanto temp o— eu murmurei, enquanto tomava sua boca, apertando-a em meus braços, entocando meu pau com toda minha paixão.
— Eu te am o— ela disse, em resposta, e aquilo me fez delirar.
Havia esperança ali. Não que fosse fácil. Não que, enquanto meu pênis entrava e saia daquela mulher, todos os nossos problemas se resolveriam. Mas, havia perspectiva. Havia recomeço. Poderia haver perdão.
E isso não era mais uma dúvida. Era uma afirmação.
E enquanto nossos corpos deliravam de prazer no clímax que se intensificava, beijei-a de todo meu coração.
Aquela lembrança perturbadora de que o amor nos tornava fraco voltou, no entanto, repentinamente, percebi que o meu por Ana, pela mãe do meu filho, era o que me tornava o homem que eu era.
Não o homem que eu havia me tornado, mas o homem que eu era.
Melei-a com meu líquido quente e esbranquiçado, enquanto ela gemia mais alto, também alcançando o orgasmo. Afundei o rosto entre seus seios, certo de que, enfim, havia a promessa do amor entre nós.
— Eu te amo – murmurei, abandonando aquele corpo quente e caindo para o lado.
Houve um breve silêncio que me deixou apreensivo.
— É mesmo?
Sorri. O tom dela estava normal.
— Eu terei a vida toda para te provar iss o— murmurei, beijando sua testa suada.
Ana sorriu.
— Nunca mais me machuqu e— ela murmurou, os olhos fechando, prestes a se entregar ao sono.
Eu ainda a observei por mais alguns segundos. O amor que sempre existiu entre nós parecia ainda mais forte e potente.
— Eu juro.
Aquela promessa se cumpriu.
Josiane Biancon da Veiga
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