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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


TENTAÇÃO / J. C. Wilder
TENTAÇÃO / J. C. Wilder

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Series & Trilogias Literarias

 

 

 

 

 

 

Damien St. James não está procurando o amor de sua vida... Depois da morte de seu amor, Sinjin renunciou às relações sérias. Como proprietário de um dos bares mais populares de Nova Orleans, as mulheres são abundantes e não tem problemas para encontrar companhia feminina, que não fazem perguntas nem exigências.
Mas é lançado a um redemoinho quando uma misteriosa mulher entra em seu bar e parece ser completamente imune a seus encantos... Vivian Carrington não está procurando um bom momento, está tentando salvar sua própria vida. Depois da morte de sua melhor amiga, ela mesma fica em um caminho de autodescobrimento e termina em Nova Orleans, a cidade dos segredos e o pecado. Quando o atraente dono de um bar a paquera, ela o põe em seu lugar, com toda a intenção de continuar com sua viagem e deixar Sinjin aonde pertence... Atrás do balcão. Mas está o pequeno assunto de um diário, um misterioso visitante e o atrativo ilícito da tentação...
Nota de Revisora Tessy: Mais uma história cheia de emoção, esta bem mais suave que as outras, mas sem deixar de ser empolgante, com cenas quentes e cheias de adrenalina. Não percam!
Nota de Revisora Dani A.: Mais uma boa opção para uma tarde em que se está de bobeira. Livro curto com uma estória leve, mas com tempero para animar.

 

 

Los Angeles, Califórnia.
Fevereiro
Vivian Carrington era a última ficava no cemitério. A chuva que caía a chumbo dos céus tinha pegado seu negro traje Chanel a seu corpo. Seu cabelo estava esmagado e sua maquiagem escorreu fazia muito tempo.
Os saltos de seus sapatos Stuart Weitzman se afundavam na terra saturada ao aproximar-se do recém construído mausoléu de sua melhor amiga, Melanie Reynolds.
Os últimos dias tinham sido um pesadelo além de qualquer comparação.
Quando a notícia do acidente de navio tinha chegado e de que a vida de Mel tinha acabado, junto com a de seu marido e de outros cinco membros de seu séquito, Vivian tinha estado desfrutando de seus necessários
dois martinis em seu almoço com sua ajudante, Pamela. Recordou ter atravessado o restaurante de Manhattan, pôs-se seu celular na orelha enquanto rezava por conseguir chegar ao banheiro de senhoras antes
que seu almoço líquido fizesse sua aparição.
Desde aquela horrível tarde, tinha sido uma inércia de adrenalina e de correr enquanto tratava de fiscalizar a miríade de detalhes que tinham acompanhado a organização do enterro de uma estrela internacional
de cinema. O número de assentos, as flores, o serviço, a música e os memoriais públicos todo tinham que ser atendido, assim como a segurança e a polícia de escolta aos dignitários que queriam dar seus
últimos respeitos.
Ao final, as barricadas da polícia tinham detido às multidões enquanto dezenas de limusines brancas levavam os assistentes do funeral aos serviços e, em última instância ao cemitério. Enquanto os carros
passavam, milhares de pessoas faziam fila nas ruas, atirando flores enquanto os carros fúnebres com pérolas de cor rosa passavam. Pródiga até o extremo, Mel teria encantado a cada segundo.
Vivian entrou no refúgio duvidoso da estreita entrada do mausoléu de mármore de cor rosa. O estreito interior estava iluminado por dezenas de velas brancas em seus suportes de bronze, seu resplendor dançando
através da superfície do caixão de bronze do outro lado em um estrado baixo. Um mestre fúnebre se encontrava dentro do mausoléu organizando as flores de tributo antes de selar a entrada para toda a eternidade.
Os enjoos a assaltaram e se estirou para tocar o mármore frio para manter o equilíbrio. O aroma da chuva e de muitas flores pesava no ar frio. Fez um nó na garganta enquanto o perfume inconfundível dos
cravos se formava redemoinhos a seu redor.
Recuperando a compostura, Vivian lançou um irritado olhar a um grande arranjo das flores ofensivas.
Por que a pessoa insistia em enviar cravos aos funerais? Por que eram baratos? Desprezava os cravos e não havia maneira de que permitisse que seus amigos selassem sua viagem com cravos murchos selados
na escuridão com seus restos mortais.
— Estes arranjos não deveriam ir à parte superior dos caixões — Ela assinalou à combinação de arranjos de múltiplas cores de rosas, lírios e flores silvestres — E deixe esses fora — Ela assentiu em acordo
à torre de cravos — Os cravos não serão selados aqui dentro.
O mestre fúnebre assentiu, e depois se inclinou antes de fazer uma saída precipitada com um montão das flores infratoras. Vivian voltou à cara quando as flores ofensivas passaram. Toda sua vida tinha associado
os cravos com os funerais, sobre tudo com o de sua mãe. Aos nove anos, tinha estado rodeada de centenas de cravos, havia sentido como se se afogasse em sua doçura. Agora não podia suportar estar perto
deles.
Ao ficar sozinha, aproximou-se do caixão de Mel, com a ponta de seus dedos roçando o metal frio e um calafrio a percorreu.
— O que vou fazer sem você? — Sussurrou ela.
O som silencioso da chuva foi sua resposta enquanto uma brisa fresca se estendia pela entrada e apanhava suas palavras só para fazê-las girar entre as pétalas dos arranjos sobre o caixão. As chamas das
velas piscaram acalmando-se depois, quando a brisa desapareceu.
A última vez que tinha falado com Mel foi só uma semana atrás.
Tinham estado fazendo planos para o aniversário de Jennifer, um fim de semana só para garotas em um balneário exclusivo no México. Três dias decadentes de massagens, tratamentos faciais, pedicura, por
não mencionar uma caixa de champanha e uma ampla seleção de tentadores bocados deliciosos preparados por um chef cinco estrelas para apaziguar seu apetite.
Agora Mel se foi e o aniversário de Jen havia passado sem celebração. Hoje, que deveriam ter estado todas juntas no México, trocando histórias e contos, sentindo prazer todo o tempo a si mesmos de uma
maneira em que só as mulheres podiam fazê-lo.
Mas este ano não haveria festa para Jennifer. Não se uniriam suas risadas, não haveria coquetéis e sessões de toda a noite sob máscaras pegajosas. Não faria falta pintar as unhas dos pés umas a outras,
enquanto compartilhavam seus segredos mais íntimos.
Não mais Melanie.
Vivian amava a todas suas amigas. Transformaram-se em sua família já que ela tinha muito pouca da sua. Mas ela e Mel tinham sido especialmente próximas, como a irmã que a cada uma tinha sido negada desde
que Mel se casou com o Ray por volta de uns anos, Vivian tinha tido consciência da vacuidade de sua vida. Tinha a dois patéticos ex-maridos, nenhum dos quais tinha tido contato agora, e montões de amigos.
Embora só uns poucos estariam realmente ali para ela. Tinha dinheiro, montões dele, mais do que uma só pessoa pudesse necessitar. Portanto, nunca teria que preocupar com ganhar a vida.
Só uma vez em sua vida tinha tido um trabalho remunerado e tinha sido na universidade quase vinte e cinco anos atrás. Seu fundo fiduciário havia coberto sua educação, mas ela tinha desfrutado da novidade
de em realidade trabalhar por dinheiro. Sorriu enquanto recordava a emoção de depositar seu lamentável cheque no banco, guardando só vinte dólares para a semana seguinte.
Naquele tempo, tinha vivido a vida de uma estudante universitária lutadora. Na escola, rodeada de novos amigos, ninguém tinha sabido nem tinha importado que ela tivesse sido amaldiçoada com os milhões
Carrington.
Agora era o único que ficava. O dinheiro.
Vivian tirou uma rosa vermelha como o sangue do arranjo do caixão de Mel. Ela vivia em um extenso apartamento de cobertura em Nova Iorque, era proprietária de todo o edifício, é obvio, e doava a maior
parte de seu tempo a diversas organizações benéficas em e ao redor da cidade. Não era que efetivamente trabalhava com a pessoa que se esforçava por ajudar, Deus não queira que uma Carrington de fato se
sujasse as mãos. Isso tinha sido amassado em sua cabeça do momento em que tinha nascido apesar de que tinha optado por ignorá-lo em muitas ocasiões.
A maior parte de seu tempo o passava no telefone, solicitando doações da multidão de empresas que trabalhavam com a Carrington Internacional. Ela tinha o grande prazer de ajudar aos menos afortunados,
mas cada noite estava sozinha em seu apartamento. Sem um homem em sua vida, nem sequer um gato como companhia.
Isso não queria dizer que era celibatária porque não o era absolutamente. Seus amantes eram como ela. Elegantes, sofisticados e sabiam sua pontuação. Os convidava a passar a noite, tendo prazer com seu
corpo enquanto ela sentia prazer com eles. Mas tinham que ir-se cedo à manhã seguinte. Enquanto se divertiam, os convidava a compartilhar sua cama e a certas partes de sua vida. Entretanto, ao momento
em que detectava qualquer sentimentalismo eram expulsos de sua cama e de sua vida a toda pressa.
Só uns poucos meses atrás Mel zombou dela, dizendo que era mais como um homem que uma mulher em suas relações com o sexo oposto. Em silêncio, Vivian reconheceu a verdade do comentário. Ela levantou a rosa
a seu nariz e inalou sua doce fragrância. Quando tinha ocorrido?
Sempre havia sentido que os homens eram um meio para um fim.
Era certo que seu pai tinha sido um homem difícil de tratar, mas seu ponto de vista dos homens não era completamente deformado. Scott, o assistente de seu pai, tinha sido amável com ela e tinha permitido
ir por ali enquanto levava os recados a seu pai. Inclusive tinha ensinado a balançar um talão de cheques e a escrever um cheque. Uma peça de conhecimento, se alguma vez tinha tido um, tinha sido escrever
um cheque. Para deleite de seus ex-maridos, tinha aprendido bem essa lição. Fez-se evidente depois dos casamentos que só tinham estado interessados nos milhões Carrington e nas vice-presidências que tinham
acompanhado o matrimônio com a herdeira Carrington.
Uma vez que Vivian tinha captado os planos de seu pai, tinha posto fim a esses desafortunados acertos.
Toda sua vida tinha estado asfixiada pelo dinheiro e pelos homens que tinham querido controlá-lo, e a ela. Em realidade, ela tinha importado um pepino, só tinham desejado o dinheiro, ela tinha sido simplesmente
a cereja do bolo. A grande filha de Bradford Carrington e as chaves do reino tinham sido um pacote.
Depois da traição de Bradford, ela tinha proposto ser fria e sem coração como os homens que a rodeavam, tendo amantes quando quisesse e fazendo-os a um lado sem pensar em seus sentimentos. Não se tratava
deles, tratava-se dela e de seu prazer. Em vez de permitir tomar o que queriam dela, ela voltava as coisas, decidida a não permitir que ninguém a usasse de novo.
Finalmente, entretanto, ela e Bradford tinham forjado uma incômoda paz depois de seu segundo divórcio, que tinha existido até sua morte por volta de seis anos. Então, seu amplo imóvel tinha sido dividida
entre ela, que recebeu sua parte como seu única parente de sangue e o resto tinha sido para sua segunda esposa, Felicity, e para seus quatro filhos. Vivian sabia que se olhava sua porção de riqueza com
grande avareza, entenderia por que uma mulher devia ter tão quando se teve que dividir sua cota em cinco partes. Além de Stephan, o irmão mais velho e Presidente da Carrington Internacional, estranha vez
tratava com eles e assim era como queria mantê-lo.
Agora tinha dois grandes prazeres na vida, um era gastar sua considerável riqueza, doando grandes porções às mesmas obras de caridade que sabia teriam posto os dentes de seu pai no bordo. Tinha um gozo
perverso na imagem dele sempre dando voltas em sua tumba.
Sua outra afeição eram os homens e tinha conhecido a um grande número ao longo dos anos. Houve um tempo em que tinha trocado de amantes da forma em que algumas pessoas trocavam de penteados. Tinha tido
dezenas de homens. De todas as idades, formas e tamanhos. Homens sem nome, sem rosto que a tinham satisfeito fisicamente, mas aos que nunca tinha permitido tocar o gelo encravado em seu coração. Nos últimos
tempos não tinha tomado a nenhum amante embora havia vários que tinham interessado. Não sabia o que tinha iniciado seu repentino desinteresse nos homens, mas sim não sentia mais a necessidade de tê-los
em sua cama ou em sua vida. Em consequência, quase se tinha convertido em uma reclusa.
Mas, teria se feito um fraco favor ao não permitir a intimidade em sua vida? Quem ia chorá-la no final? Sua amiga Shai, igual Jennifer e Erihn. Alguns profissionais conhecidos fariam sua aparição com a
esperança de ser nomeados em seu testamento... Mas, além disso, quem a choraria?
Ninguém...
Ela estremeceu enquanto uma destilação de premonição sussurrava ao longo de sua coluna. Ela estava com quarenta e quatro e a morte de Mel tinha levado a casa a fragilidade da vida com uma terrível segurança.
Agora, enquanto Vivian deixava o caixão de sua melhor amiga, com o resto de sua vida vazia diante dela, O que faria com ela? Sim, tinha obtido muito por outros com seu dinheiro. Tinha criado fundações
para ajudar às pessoas sem lar e aos pobres, mas o que tinha feito por si mesma que não fosse desfrutar das relações sem emoções e das atrações de compras?
Nada...
Seus ombros caíram. Fazia tudo o que tinha desprezado na universidade, sendo uma criação de Calígula com dinheiro e poder armada com cartões de crédito e bolsas Gucci por vingança. Uma criatura pouco profunda,
que procurava prazer e que zombava da jovem idealista que uma vez tinha sido. A mulher que tinha querido fazer uma diferença no mundo com suas próprias mãos já não existiam.
Vivian passou os dedos pelo bronze frio. Embora Mel se considerasse a realeza de Hollywood, tinha vivido no mundo real a maior parte. Tinha trabalhado com garras seu caminho para os níveis superiores do
sistema de estudos. Tinha recebido dezenas de propostas de casamento de homens muito mais poderosos que Ray, mas nunca tinha dado um segundo pensamento. Casou-se por amor e nunca tinha comprometido suas
crenças, optando por permanecer firmemente conectada a suas raízes e à custa de sua família em Nova Iorque. Teria sabido Mel quão abençoado tinha estado na vida?
Sim...
E o que aconteceria com Vivian? Quem estava ao lado dela? Devia continuar como o tinha feito, procurando o prazer onde quer que convenha? Quanta bolsa Fendeu necessitavam uma mulher? O que havia acontecido
com a garota idealista universitária que tinha sido? Quando tinha se desviado tão mal, muito mal?
Vivian se endireitou. Estava sã, era inteligente e tinha recursos, e talvez fosse tempo de responder essas perguntas.
— Sentirei sua falta de todos os dias de minha vida, Mel — Deu uma aguada risada — De fato, não sabe o que vou fazer sem você. Obrigado por sua amizade pelas chamadas telefônicas noturnas e por todo nosso
bom e mau tempo junta. Nunca a esquecerei de enquanto viva — Pôs a rosa aos pés do caixão de Mel antes de afastar-se.
Fora, a chuva tinha parado e o sol lutava por olhar através do banco grosso de nuvens. Vivian se endireitou arruinando sua jaqueta e se dirigiu para a elegante e branca limusine, ansiosa por começar a
viagem de descobrimento da mulher a que estava destinada a ser.
Capítulo Um
Nova Orleans, Louisiana.
Fevereiro
Com os pés descalços apoiados na beira de sua mesa, Sinjin se reclinou em sua cadeira, fazendo pouco caso das dores musculares que gritavam em sinal de protesto enquanto se movia a uma posição mais cômoda.
Com a cabeça apoiada contra o respaldo de sua cadeira, fechou os olhos e permitiu que o reconfortante silêncio de seu escritório se afundasse nos poros de sua pele.
Pela primeira vez em meses seu clube, o Chat Noir, estava tranquilo.
Nunca, desde que tinha aberto o lugar no fim de dezembro o tinha fechado há uma hora tão cedo. Quem teria sonhado que estaria fechando na última noite do carnaval? Essa deveria ter sido a noite maior para
fazer dinheiro no ano e, em vez de trabalhar no bar como era seu costume, estava sentado sozinho em seu escritório saboreando uma bebida solitária.
O Chat Noir era provavelmente o único negócio da Rua Bourbon que tinha suas luzes apagadas, com as janelas fechadas e as portas fechadas para as massas que corriam pela rua.
Por outra parte, ter cadáveres e móveis quebrados espalhados por seu clube o tinha obrigado a ter um efeito adverso em seus negócios. Aos humanos não gostava das festas em um lugar onde a morte tivesse
feito uma visita.
Abriu os olhos e procurou sua xícara de café em sua mesa. Junto a ela estava à jarra de uma cafeteira negra encarapitada em uma xícara de café quente. Na base, uma pequena luz vermelha brilhava, indicando
que a cafeteira estava funcionando. Ele levantou a xícara a seu nariz e aspirou ao aroma de sangue-were quente. O aroma disparou um calafrio de sensibilização através de seu sistema nervoso e pôs sua boca
cheia de água.
Para um vampiro, o sangue em qualquer forma ou temperatura era um sustento aceitável. O sangue quente era o preferido, com a temperatura do corpo era a melhor, mas em um apuro, refrigerado ou congelado
podia funcionar igual de bem. A menos que fosse o sangue de um were como um homem lobo ou um gato, só morna serviria.
Bebê-la fria seria como tomar o melhor Champanha francês a temperatura ambiente. O verdadeiro sabor se perderia.
Sinjin tomou um gole do cobiçado líquido, desfrutando do calor que alagou seu corpo. Picante e sensual, o sangue tinha uma mordida distintiva, não muito diferente ao de um bom uísque escocês. O calor correu
por seu pescoço e se estendeu por seu abdômen, enviando tentáculos de fogo a suas extremidades até que os dedos de seus pés sentiram o calor. À medida que seu corpo absorvia o líquido, uma embriagadora
sensação de bem-estar invadiu seus sentidos.
Sangue-were, em pequenas quantidades, afiava seus sentidos e alvoroçava ao bebedor. Consumir muito, entretanto, e sentir a euforia deixaria o bebedor uma sensação sobre-humana e seria propenso a atos de
idiotice.
Basta dizer que o sangue-were era uma bebida cobiçada entre os vampiros e, devido a seu incomum efeito em seus sistemas nervosos, não era desconhecido encontrar um viciado no sangue-were.
Muito similar ao alcoolismo nos humanos, o desejo constante e os tremores por passar muito tempo sem uma bebida eram todos sintomas do vício.
Inclusive para os viciados acostumados aos efeitos da bebida, beber muito em uma só sessão era perigoso. Os minerais ativos e os hormônios no sangue começavam a nublar a mente e a embotar os sentidos.
Depois de só 250mls, podia chegar à perda dos sentidos, deixando como uma presa fácil os vampiros que o queriam adoecer.
Hoje, havia muitos que os desejavam doentes.
Sinjin abriu uma gaveta da mesa do escritório e encontrou um pequeno comando a distância. Pulsou o botão vermelho e o som dos motores e o deslizamento do metal soou pela sala enquanto as persianas de aço
desciam sobre as janelas. Uma lâmina similar de aço fortificava a porta de seu escritório. Os sons da janela aberta com vista à Rua Bourbon desapareceram enquanto as cobertas se deslizavam em seu lugar,
com um snick metálico quando o passador foi posto. Ele deixou cair o comando a distancia na gaveta e empurrou fechando-a. Estava completamente seguro em sua guarida, com a sala inalcançável do exterior
pela luz solar ou pela vida de qualquer criatura.
Baixou os pés da mesa e se endireitou, alcançou a jarra para voltar a encher seu copo. Nada disso seria necessário se não fosse por Michail e seu desejo mal-entendido de liderar o Conselho de Anciões,
os que dirigiam aos preternaturais. Tudo era por causa de seus tortuosos planos com os preternaturais, Sinjin incluído para que vivessem sob um véu de uma vigilância constante e rigorosa. Sempre na busca
de alguém que os queria ver morto, sempre olhando sobre seus ombros e saltando às sombras.
Nos últimos anos, Mikhail tinha lutado pela supremacia sobre Alexandre Saint-Juste, o chefe do Conselho, que havia feito à vida de centenas de seres sobrenaturais e a uns poucos humanos. Alguns tinham
sido inocentes, meros espectadores da loucura, enquanto outros se uniram voluntariamente ao Exército de Mikhail, atraídos por falsas promessas e por sua carismática personalidade.
Sinjin substituiu a jarra. Com cada bebida, a coceira do líquido diminuía. Logo teria que interromper sua hora de coquetel pessoal ou se levantaria com a cabeça grossa. Esse era um risco que não poderia
tomar se por acaso algum perigo podia espreitar desde qualquer esquina.
Infernos tinham chegado com uma vingança a seu clube.
Ontem de noite a batalha tinha chegado a um novo crescimento, dando como resultado um punhado de mortes, incluindo a Casiopea, a mão direita do demônio Mikhail. Sinjin estava convencido de que Cass tinham
quebrado seu pacto e tinha traído Mikhail em vez de agir em seu nome. Não o sabia com certeza e, devido que ela tinha morrido, provavelmente nunca teria a resposta a essa pergunta, a menos que encontrasse
Miles e o diário.
O mundo sobrenatural inteiro agora o buscava uma vez mais por estar perdido, tinha sido visto pela última vez com Miles enquanto fazia uma boa fuga durante a briga ontem à noite. O Diário continha uma
cronologia do dia a dia da falecida esposa de Mikhail, Elsabeth, e de variáveis bits de informação que ela tinha solicitado sobre as origens dos habitantes das sombras. Como nunca tinha visto o livro,
ele não estava seguro de quão útil era a informação. Tudo o que sabia, era que continha receitas para a eliminação de manchas e de sopa de batata irlandesa. Só um grupo seleto que havia possuído o livro
tinha ideia do que continha, e a maioria deles agora estavam mortas.
O Consorte Revenant de Cass, Miles, tinha roubado o diário e tinha utilizado a informação para confeccionar um soro para criar um super-vampiro, um guerreiro sem sentido que tinha sido destruído enquanto
era dirigido pelo controlador. Mas algo tinha saído terrivelmente errado e o soro se traduziu na morte de um punhado de vampiros que tinham sido selecionados como cobaias. Alguns tinham sido ignorantes
dos planos escuros de Cass.
Só tinham querido uma vida melhor para si mesmo. Outros tinham sido impulsionados por sua própria cobiça para conseguir lucros financeiros ou incrementar suas habilidades vampíricas. Todos tinham perdido
a vida por sua desafortunada decisão. Sunni era a única tinha escapado. Pelo que ele tinha visto o diário descrito por todo mundo sempre tinha permanecido nas mãos erradas. Se a receita para o soro se
feito das páginas do diário, o que outros segredos diabólicos se encontrariam dentro?
Uma vez que se corresse a voz de que Miles escapou com o livro, todo mundo o começaria a procurar e não todos os que procurassem o tomo estariam dispostos a dá-lo de volta ao Alexandre, onde pertencia.
Miles o levaria a Mikhail ou se aventuraria por conta própria, como parecia que Cass o tinha tentado? Em qualquer dos casos, mais morreriam a menos que o livro fosse recuperado e colocado na custódia do
Conselho.
Sinjin deixou a xícara sobre a mesa. Seu dedo sem dar-se conta afastou um montão de recibos e se deslizou para um lado para revelar um pequeno marco ovalado. Seu olhar se fixou no retrato pintado à mão,
seu coração deu uma pequena sacudida estranha enquanto uns familiares e claros olhos azuis pareciam penetrar sua alma.
Pintado aos finais do século XX, Bliss tinha posado para o retrato sob coação. Só tinha concordado quando ele se pôs de joelhos e tinha suplicado, embora em brincadeira, que se ela não se sentava para
o pintor, ele expiraria no ato.
Cada noite durante várias semanas ela se vestiu com um vestido de cor rosa claro, com seu cabelo para trás em uma fita solto e se sentou frente ao pintor, ao mesmo tempo com o cenho franzido que tinha
rondado Sinjin no fundo, fazendo caretas a sua amada e respirando seu suave sorriso.
O artista tinha capturado a essência interior da jovem mulher. Seus olhos brilhavam de alegria e de amor, seus suaves lábios estavam curvados em um sorriso bondoso enquanto brincou com seu amante por cima
do ombro do pintor.
Mas tinha terminado muito cedo. Mortianna, sua mãe, tinha aberto uma brecha entre eles que nem sequer o amor tinha podido escalar.
Bliss o deixou e não se falavam há muitos anos.
Através de amigos comuns tinham mantido um seguimento um do outro até que ele tinha deslocado para ela uma fria noite em Edimburgo. Haviam passado a noite em uma estalagem, sentados junto ao fogo, falando
até altas horas da manhã. Desde essa noite, tinham reatado uma amizade tentativa, arriscando-se à ira de sua mãe e sua vida.
Várias vezes ao ano Bliss tinha ido visita-lo na Escócia até sua morte a finais do verão passado, como outra vítima das maquinações de Mikhail. Sua última viagem às Terras Altas tinha sido em um caixão
coberto de rosas. Em uma noite iluminada pela lua a final de outono, seus amigos a tinham enterrado em um campo de urzes.
Sinjin tomou o retrato e passou o dedo por cima de seu vidro cobrindo sua bochecha. O sangue-were quase o enganou com a crença de que podia sentir sua pele sob a ponta de seu dedo.
Seu intestino se torceu com uma angústia que parecia não terminar nunca.
A dor de sua perda nunca desapareceria a um nível manejável? Nunca poderia olhar essa imagem e não desejar deitar-se e chorar como um menino?
Algum dia...
Quando tinham reavivado sua relação, tinha sido uma fechada amizade somente. Além de um casto beijo nos lábios ou de um abraço de vez em quando, seu amor tinha sido puramente espiritual. Ambos tinham querido
mais, tinham-no admitido entre si. Mas também tinham sabido que se isso alguma vez chegava a Mortianna, ambos estariam em perigo e que era muito para arriscar-se à ira da bruxa mais poderosa do mundo.
Ao final, todas suas precauções tinham sido em vão.
Desde sua morte, quantas vezes tinha querido que tivessem tido uma noite mais, só uma mais em que pudesse tê-la sustentado e tê-la amado como tinha desejado? Mas não tinha sido assim. Ela se tinha ido
e ele ficou atrás, destinado a estar sozinho os anos restantes de sua vida.
A eternidade nunca se viu tão triste.
Sinjin se deu conta de que era hora de pôr seu amor a descansar em seu coração como o tinha previsto seu corpo em repouso no chão. Sua mente lógica sabia, mas seu coração estava tendo mais dificuldades.
— Amei-a mais que tudo no mundo — Percorreu seu loiro cabelo com seu olhar — Nunca verei uma beleza tal como a sua, e me roubou o fôlego junto com todo meu coração.
Alcançou sua xícara e bebeu o conteúdo, desfrutando da sensação cada vez mais atordoada que se formava redemoinhos ao redor de sua cabeça e embotava seus sentidos. A única vez que podia suportar recordar
o passado e pensar no que tinha perdido era quando estava bebendo. Sóbrio, a dor era muito para suportá-lo.
— Mas agora se foi e eu fiquei aqui entre os vivos. Não estava destinado a ser, suponho — Sua voz era crua e deixou a xícara vazia para agarrar o quadro com as duas mãos.
— Enquanto viva, nunca amarei a outra como a você, e sempre estará em meu coração. Não deixarei que outra mulher o toque.
Clareou garganta.
— Talvez em outra vida te veja uma vez mais e caminhemos sob a lua e compartilharemos nossas esperanças e sonhos, como estávamos acostumados a fazer. Espero esse tempo. Adeus, Bliss, meu amor, minha amiga.
Quando cruzou a sala, apenas se deu conta quando se golpeou a canela com uma mesa baixa junto ao sofá. Deslizando seus dedos na moldura de um quadro pendurado perto da porta fechada, sentiu um pequeno
seguro. Movendo-o, a aquarela se abriu para revelar uma caixa forte. Colocando números no teclado, o seguro se soltou e a porta de segurança girou abrindo-se.
Sinjin fez pouco caso das pilhas de moedas de ouro, algumas soltas e algumas contidas em cilindros claros, ou de blocos de cor amarela ou dos pacotes de papéis e das várias caixas pequenas quando trocou
as coisas para fazer espaço para ao retrato.
Olhou sua face uma última vez, como se memorizasse todas suas linhas, apesar de que conhecia sua face como a sua. Enquanto deslizava o retrato no nicho que tinha criado atrás entre alguns livros antigos,
uma lágrima se deslizou por sua bochecha. Fechando a porta, moveu a porta atrás em seu lugar, selando sua escuridão, junto com suas lembranças.
Nova Iorque
Não... Não pode ser. Não podia ter essa sorte...
Elena Vásquez deixou a tampa de madeira sobre a mesa, com o olhar pego aos conteúdos da caixa. Midnight Blue Velvet cobria o tema, mas o tecido estava enrugado como se tivesse sido substituída a toda pressa.
Feita a um lado, a capa superior não ocultava seus segredos por completo. Através de um oco no tecido, o canto de um livro era visível.
O coração pulsou com força, tirou o livro e sua cobertura de veludo da caixa e o pôs sobre a mesa ao lado da tampa. O veludo se afastou como se o livro já não pudesse suportar estar confinado. Ela ficou
sem fôlego quando o gasto couro marrom da capa foi revelada à luz tênue do abajur de escritório. Ela tirou uma pequena lanterna do bolso de sua calça inclinando-se sobre o livro para inspecionar a união.
Sem tocar a coberta, tomou nota de suas uniões antes de abrir a tampa traseira para estudar a construção da folha final.
Provavelmente era veneziano de origem, e pelo menos tinha várias centenas de anos de idade. Passou através das páginas, vendo à escritura apertada e os desenhos a tinta. Poder-se-ia dizer inclusive pelas
bordas que todas as páginas pareciam estar intactas.
Fechou o livro. As bordas da cobertura e as páginas estavam usadas como se tivessem sido bem utilizadas por centenas de anos e, entretanto se mantinham competentes.
O couro estava marcado, mas não escandalosamente e, a julgar pelo brilho e pela suave textura do couro, alguém tinha sabido o que ele ou ela estavam fazendo com o que respeita ao cuidado apropriado dos
livros antigos. Em seu conteúdo não obstante, o valor do livro era mínimo, já que não tinha iluminação[1], nem rubrificação[2] e o enlace não era dourado.
Ela apagou a luz e se endireitou, colocando a lanterna de novo no bolso de suas calças de carga, com cuidado levou seu dedo sobre a lapela de velcro para assegurá-lo. Não havia nada pior que tentar uma
saída elegante só para que algo caísse de seus bolsos e criasse um som.
Só se necessitava um truque como esse para pôr fim a uma carreira e possivelmente a uma vida.
Nesse momento, ela estava tentando salvar sua vida, não de acabar com ela.
Se este livro fosse o diário da famosa Elsabeth, era muito, muito mais que qualquer outro livro antigo e seu valor ia muito além do monetário. Para alguns, esse livro possuía poderes destrutivos de dimensões
incalculáveis. Continha o conhecimento para aniquilar a vida sobrenatural de cada um dos que caminhavam sobre a terra.
Para outros, como ela, este livro oferecia uma segunda oportunidade na vida. Uma vida normal e mortal. A vida a que desejava voltar. A ambos os lados da batalha, seu valor não tinha preço.
Seus dedos doeram ao acariciar o couro sem a barreira de proteção das luvas de pele de bezerro. Qualquer ladrão bem educado, e ela tinha aprendido dos melhores, sabia que a lição número um era manter sempre
as luvas e a roupa no lugar para permitir uma saída limpa. Apesar de que sabia que era absurdo ao extremo, tirou-se a luva e o tocou.
Um tremor familiar gelado se moveu por seu braço enquanto passava os dedos sobre a tampa. Os cabelos de seu pescoço e costas ficaram em posição de firmes, inclusive enquanto um grunhido se formava em seu
peito. Surpreendida, retirou a mão, com seus olhos lançando-se ao redor da sala, em busca de qualquer ameaça a sua segurança. Levantando a cabeça, cheirou o ar. Os aromas múltiplos, enredados em sua percepção
humana, eram agudos para ela. Cada aroma era diferente a seus sentidos de were-lobo. Madeira, couro, papel, pó, suor humano, café rançoso, fumaça de cigarro, madeira queimada da lareira e o aroma forte
de dissolvente para pistola. Atrás de tudo estava à essência do mal, um aroma que ela conhecia muito bem.
Assegurando-se que tudo estivesse como devesse, Elena se afundou no largo assento da cadeira da mesa, com o olhar voltado ao livro.
A idade estava certa, agora a comprovar o conteúdo. Tinha que saber se este era o diário antes de fazer algo estúpido como roubar um livro veneziano de erotismo ou de tratados sobre os direitos do homem.
Abrindo a coberta, selecionou ao azar uma página, aliviada ao ver o escrito em Inglês.
A finais desta véspera meu filho me roubou em nossa casa para pagar uma visita a Arianwen, a mulher sábia local. Disse que as mudanças que tinha visto superavam aos de Manfred e os medos que tinha por
meu filho. Todos os dias Manfred se volta mais irracional enquanto persegue o caminho escuro. Sinto a escuridão fechar-se sobre nós.
Amo meu filho Niall, que é tudo o que me é querido e temo por sua segurança. Cada hora que passa se volta mais consciente do mundo ao redor dele e enquanto o faz, meu medo aumenta também. Quanto tempo
passará até Manfred descubra meu vergonhoso segredo, a maldição que trouxe para minha casa, a meu filho, a meu coração?
Tenho muitos desejos de levar meu filho e desaparecer na escuridão, mas Arianwen me adverte contra essa ação. Diz que Niall tem um grande destino o que cumprir e Manfred é uma chave para meus futuros filhos.
Como sua mãe, é meu dever ver meu filho através de tudo.
Por ele e só por ele, espero meu tempo.
Com o coração na garganta, Elena fechou lentamente a capa.
O livro era verdadeiro, ou uma cópia pelo menos. Elsabeth, a autora do diário, tinha sido primeira e a única esposa de Mikhail, o vampiro que atualmente liderava a guerra contra o Conselho de Anciões.
Manfred era o nome de Mikhail quando humano e Niall era o filho de Elsabeth e Mikhail. O rumor selvagem entre os preternaturais era que Renault, O, tão solitário homem gato, era em realidade seu filho.
Não se acrescentava isso um giro aos dramas em curso?
Ela recolheu o diário. Contida nesse livro estava à chave dos segredos dos habitantes das sombras. Era difícil acreditar que esse pequeno diário tinha causado a morte de tantos na busca de seu conhecimento.
Agora estava em suas mãos.
Muitos não o pensariam duas vezes em matar para possuí-lo, não era que tivesse medo, não tinha fugido de uma briga em sua vida.
Em sua opinião, os outros preternaturais, os vampiros, os revenants, os were-gatos e as bruxas, nunca entenderiam o que era realmente importante na vida. Nos últimos dez anos, constantemente se tinham
metido em confusões mais por uma coisa ou pela outra, e quase todo se somou para nada. Essa era a razão principal pela que os homens lobo se negavam a unir-se à sociedade dos habitantes das sombras. Na
opinião de Elena, o teatro eram um pouco maior e a maioria de seus companheiros lobos estavam de acordo com ela.
Independentemente de como se sentia a respeito dos habitantes das sombras, a posse do livro dava luz à questão do que tinha haver com isso. Já que os lobos não eram parte do alvoroço atual, um lobo inteligente
se daria a volta e se afastaria do diário e dos problemas que representava. Entretanto, estando às coisas como estavam, em suas atuais mãos, o livro sem dúvida significaria a destruição de muitos. Sendo
a criatura relativamente moral que era, quando convinha dizê-lo, Elena não acataria a morte sem necessidade. Embora os vampiros já estivessem mortos, estavam vivos em alguns sentidos e ela não seria parte
de sua destruição.
Agora os were-gatos eram outra coisa.
Um sorriso lento curvou sua boca. A destruição dos were-gatos, como as criaturas assustadiças que eram, não rompia o coração. Eram um grupo afetado para começar, e davam a todas as criaturas um sobrenome.
Por isso a ela e os outros homens lobos se referia, poria a todos em um navio a Tombuctú e depois afundá-lo era uma solução perfeita.
Seu sorriso desapareceu. Não, não era certo. Ela não queria que os gatos adoecessem. Olhou o homem inconsciente atirado no chão a poucos metros da porta. A diferença de alguns, ela saía do caminho para
evitar ferir as pessoas, a pessoas inocentes pelo menos. O homem no chão era algo menos inocente, sua alma estava alagada com o sangue de suas incautas vítimas.
O homem ao que chamavam Miles caído sobre o tapete persa como roupa descartada. Como um Revenant e um demônio da água em primeiro lugar, era um homem que caminhava na escuridão e sentia grande prazer em
torturar as pessoas com seu intelecto e força física. Desta vez, tinha perdido a batalha. Isso ensinaria que ameaçar alguém que pudesse brigar em seus termos.
De todos os modos, era sua culpa ter terminado nessa posição pouca digna. O idiota não teria um grande nó na cabeça se tivesse ficado na cama como deveria ter estado às cinco da manhã. Ela tinha mantido
sua vigilância em sua casa durante duas semanas com o fim de aprender seu horário, seus padrões de vida. Essa mesma noite, tinha decidido fazer a entrada a sua casa, E o que tinha dito o tolo homem fazer?
Levantar-se cedo. Não o tinha feito antes, nenhuma só vez. Portanto, tinha-o tido que golpear na cabeça para evitar a interrupção de seu trabalho.
— Homens. Mostram que não pode confiar em nenhum deles — Murmurou.
Um fraco gemido saiu de Miles e se agitou ligeiramente, indicando que já era hora de abandonar a propriedade.
Com muito cuidado, acomodou o livro em sua cobertura de veludo antes de colocá-lo na caixa de madeira esculpida e assegurar a tampa.
O que finalmente decidisse com esse artefato, não estava disposta a deixá-lo para trás. Na atual Guerra Santa que se livrava entre os preternaturais e os rebeldes de Mikhail, Miles tinha se aliado com
o vampiro, e em suas mãos esse livro só conduziria à destruição de mais vidas.
Ela se levantou e pôs a caixa na parte inferior de sua pequena mochila de couro.
Na parte superior da caixa colocou outros objetos de valor que tinha optado por libertar do homem inconsciente, tomando cuidado de que nada se danificasse durante o transporte.
Deslizando-se, apagou o abajur da mesa, com seus agudos sentidos de homem lobo alerta enquanto sua visão noturna se encarregava. Passando por cima de Miles, Elena saiu, com sua mochila cheia com um bule
de prata do Paul Revere que se comprometeu a adquirir, e o futuro do mundo sobrenatural sobre seus ombros. Em sua posse, poderia utilizar o conhecimento do conteúdo do diário para ressuscitar uma vida.
A sua própria.
Capítulo Três
Quando Sinjin tinha convidado Vivian de novo ao Chat na noite, nunca tinha imaginado o caos que entraria em erupção inclusive antes que ela chegasse.
Graças aos dez centímetros de seus saltos de agulha, a anfitriã caiu na cozinha e torceu o tornozelo. Sinjin não tinha podido encontrar a nenhum de seus outros empregados para que a substituísse. Devido
aos próximos exames na universidade, ele tinha estado correndo nas últimas semanas e esta noite estava destinada a ser a pior de todas. Já sem uma garçonete porque tinha chamado antes, a anfitriã agora
estava fora junto com o ajudante de garçom que a tinha acompanhado ao hospital. As filas para entrar no restaurante e o clube eram igualmente longas e só eram as oito.
— Tracey, Ordem!
Sinjin acrescentou um tigela fresca à mistura de pretzels a sua bandeja cheia quando ela apareceu. Vestida com um vestido de algodão negro que parecia como se tivesse sido pintado sobre suas formosas curvas
e uma echarpe de seda vermelha que todas suas empregadas usavam, Tracey deu um grande sorriso, mostrando suas afiadas presas.
— Deve estar feliz esta noite, chefe. As multidões serão más.
— Poderia utilizar a maldade um pouquinho menos e umas quantas mãos mais. Pega Julius e envia-o para cá, quer? — Sinjin tomou um par de copos de coquetel e começou a lavá-los na pequena pia — Estou ficando
sem o Killian e necessito que alguém se encarregue de repor os refrigeradores.
— Tenho-o — Tracey lançou um olhar por cima do ombro à entrada cheia de gente antes de devolver o olhar a ele — Ela não está aqui ainda. Apesar deste amontoamento, ninguém poderia penetrar com você olhando
para a porta como um falcão, inclusive uma mulher magra como ela.
— Ela não é magra.
— Sim que é. Não tem nada para que um homem se agarre. Eu pessoalmente acredito que é esse exterior de não me toque que ela utiliza. Isso atrai aos homens como moscas.
— Os homens apreciam um desafio — Reconheceu. Sinjin pensou nas curvas esbeltas de Vivian. Ela podia não ser muito grande, mas tinha mais que suficiente para que um homem sustentasse — Curvas ou não, ela
me intriga.
— Bem, bem, não é isso um interruptor? Pelo geral, você é o que intriga — Sopesando a bandeja, deu a volta dando um zumbido — Que diferença faz um dia — Enquanto caminhava à multidão agitada.
Sinjin se ocupou de misturar bebidas, seus movimentos eram automáticos, enquanto fazia uma jarra azul de margaridas. Desde que havia chegado à Nova Orleans, entregou-se a uma variedade de estritas relações
físicas, mas ninguém o tinha atraído a um nível psicológico até agora. Não sabia o que tinha Vivian que o atraía. Ela era formosa, mas as mulheres formosas eram abundantes. Não, ela era mais que isso.
Era algo mais profundo, mais básico, uma atração visceral que sentia quando a olhava e era quão único podia fazer para não estirar-se e tocá-la.
Também era óbvio para ele que ela estava correndo ou de algo ou de alguém. Estaria em algum tipo de problema?
Julius se apresentou com duas caixas de cerveja enquanto Sinjin terminava as margaridas. Ajudou ao homem alto a repor o refrigerador antes de ir para trás do balcão. Movendo-se facilmente através da multidão,
ele assentiu a várias mulheres que o saudaram, sem deter-se conversar como o tinha feito no passado.
O restaurante estava cheio a sua capacidade com mais gente esperando por mesas. Uma multidão de pelo menos umas trintas pessoas se agrupavam na porta e, na pequena área de espera, a maioria tinha taças
de coquetel nas mãos. Contudo, essa noite seria um êxito financeiro para o Chat e essa era uma boa notícia. Graças ao Mardi Gras, o restaurante tinha mostrado seu primeiro benefício aos poucos meses de
sua abertura e ele estava determinado a que permanecesse dessa maneira.
Com as portas abertas do Bourbon Street, Sinjin apanhou um sopro de brisa da noite embriagadora. O feitiço frio se quebrou e, apesar de que era princípios de ano, o ar era já pesado de umidade e com o
suave perfume da capa de ozônio. Uma tempestade se aproximava. Ele levantou a cabeça para cheirar o ar. Os aromas misturados do mar e muitas pessoas em um espaço reduzido e o licor se formavam redemoinhos
derramando-se através de seus sentidos.
Não havia nada como Nova Orleans a princípios de maio.
Maio.
Que dia era? Franziu o cenho. A entrega de álcool cada duas semanas se produziu essa tarde: tinha encontrado as faturas em seu escritório quando tinha chegado. Isso a fazia Quinta-feira, primeiro de maio.
Entrou em um canto tranquilo atrás de umas plantas altas em vasos de barro, que se utilizavam para camuflar as portas dos banheiros.
Bliss.
Ele fechou os olhos enquanto um eco de dor se movia através de seu peito. Haviam passado seis meses hoje de que a tinha enterrado nas Highlands. E ao dia seguinte, tinha deixado a sua amada em casa sem
olhar para trás.
Todos os dias sentia mais saudades, mas pouco a pouco se embarcou em colocar sua vida de novo junta. Montando-a na normalidade e seguindo adiante. Não tinha sido fácil, a não ser necessário. Nos últimos
meses inclusive tinha começado a sair, se podia chamá-lo sair. Uma rajada de mulheres sem rosto se abriu passo através de sua cama e ele tinha tomado um grande prazer físico de todas elas.
Entretanto, não permitia que ninguém tocasse seu coração.
E assim era exatamente o que queria. Amar e perder uma vez tinha sido bastante doloroso e não tinha vontade de passar por isso de novo. Estava contente com o consolo físico que a multidão de damas oferecia.
O resto de sua vida estava cheia com seus negócios, com a renovação de sua casa, com seus amigos e com a guerra que se elevava no mundo sobrenatural. Não necessitava ou queria que nenhuma outra coisa o
distraísse.
Vivian.
O aroma da comida, licor e perfume desapareceu no fundo, enquanto seu aroma envolvia seus sentidos.
Seu sangue se agitou. Uma mistura sensual de gengibre, baunilha e mulher cálida, ele olhou por cima a tempo para vê-la entrar no Chat.
Vestida com uma blusa de seda vermelha sem mangas, saia curta negra e saltos altos, ele percorreu suas meias vestidas extremidades com pura apreciação masculina. Longas, magras e musculosas, ela tinha
as pernas que pareciam de uma milha de comprimento e quis beijar cada centímetro delas. Sua virilha se apertou, com a imagem dessas fabulosas pernas sobre seus ombros enquanto o fazia uma comemoração adequada
a suas formosas curvas. Só podia esperar que seu jeans fossem firmes essa tarde porque tinha a sensação do zíper ia estar a provado até seus limites.
Os dedos de luz de acima da partilha atravessaram seu cabelo escuro. Estava preso alto na parte posterior de sua cabeça em um descuidado nó, que expor a curva magra de seu pescoço. Ele umedeceu os lábios.
Sim, definitivamente queria conhecer melhor à Senhorita Vivian.
Ele saiu de trás das plantas e ela moveu seu olhar sobre ele. Ele captou a cautela que ficou em seus olhos mesmo que seus lábios se curvaram em um sorriso.
— Me alegro de que tenha chegado — Disse ele.
— Eu também.
— Como estão suas palmas?
— Muito melhor que meu tornozelo.
Ele jogou um olhar agradecido a seus magros tornozelos.
— Imagino que não usaria esses sapatos se o tornozelo te seguisse incomodando.
— Tem razão nisso. Uma dor no tornozelo e pernas de pau fariam um desastre igual — Ela deu uma olhada ao redor da sala cheia de gente — Este parece o lugar ideal para esta noite.
Ele assentiu.
— Tive sorte. Faz uns meses contratamos um novo trio de jazz para o clube. O que passa é que uma estação local os pôs em uma rotação pesada e agora a gente chega à massa para ver sua primeira atuação —
Sorriu — Espero que as próximas duas semanas esteja completamente louco por aqui.
— Isso é bom para os negócios.
— Sim, e eu não poderia estar mais contente — Sinjin viu que Julius o fazia gestos, e ele tomou o braço de Vivian e a conduziu para ao bar, tratando de não dar-se conta do quente e fragrante que sua pele
estava — Também tivemos umas quantas calamidades. Minha anfitriã torceu o tornozelo e um menino a levou em ônibus ao hospital. Para cúmulo, uma de minhas garçonetes se reportou doente. Assim em minha noite
está mais que concorrida até o momento, estou curto com só três pessoas.
— Soa como se tivesse as mãos cheias — Ela começou a afastar-se. —Talvez devesse voltar em outro momento?
— Não, por favor não vá. Eu gostaria que ficasse e se divertisse, talvez visse o espetáculo e coma um pouco de jantar.
Ela pôs-se a rir enquanto se deslizava sobre um tamborete.
— É assim como trata a todos seus clientes que sofrem um ataque? Ele negou.
— Só aos especiais.
— É suave, Sr. James — Ele captou o brilho de satisfação em seus olhos — Muito suave.
— É meu objetivo, por favor — Ele ficou atrás do balcão — Fez um relatório policial sobre sua bolsa ontem?
— Sim, e todos meus cartões foram reportadas como roubadas e as substituições estão em caminho.
— Bem.
— Desculpa, Sinjin — Disse Julius — Estamos baixos em rum e preciso correr a andar de baixo por um pouco mais.
Ele assentiu.
— Assumirei o controle por agora — Voltou-se para Vivian — Posso te dar algo de beber?
— Chardonnay?
— Kendall Jackson?
— Excelente, obrigado.
Sinjin serviu uma taça de vinho e a entregou.
Seus dedos se roçaram, enviando um raio de calor até seu braço. Ele sabia muito bem o que se sentia a luxúria, a tentação do fogo, junto com uma onda de espera. Isto não era só luxúria, era mais, muito
mais.
Dirigiu um olhar quente antes de retirar-se para o assunto da cocteria. Quanto tempo passou não soube enquanto as ordens dos clientes se mantinham acumulando-se. Uma bandeja de comida causou uma calamidade
menor enquanto seus empregados se apressavam a limpar e reparar mal em um tempo recorde. Ele mal conseguiu arrebatar uma palavra a Vivian de vez em quando apesar de que era consciente de sua presença cada
segundo.
Quando a banda começou sua primeira peça as nove, a multidão no bar se reduziu e ele pôde tomar sua primeira pausa.
Voltou-se para seu extremo do bar, encontrando seu assento livre, só uma taça de vinho meio vazia em seu lugar.
Vivian tinha se aborrecido da televisão no bar. Uma Notícia de última hora tinha perturbado sua mente. Alguma pobre mulher tinha sido assassinada, degolada, enquanto tinha estado às compras no bairro.
A imagem televisionada era uma mancha de sangue em um chão de ladrilhos, com seus pacotes ao redor onde tinham aterrissado. Momentos depois, a foto da vítima brilhou, cabelo escuro e encaracolado, olhos
escuros e um sorriso de orelha a orelha.
Quando essa mulher tinha saído de sua casa essa manhã, teria tido o pressentimento de que alguma vez ia voltar? Alguém teria chorado sua morte?
Vivian afastou seus preocupantes pensamentos para ver Sinjin trabalhar. Com um avental branco limpo ao redor de sua magra cintura e um perpétuo sorriso, trabalhava de maneira eficiente enquanto servia
as bebidas, com o café preparado e dirigido a seu pessoal com um movimento de cabeça ou um ligeiro gesto de sua mão. Inclusive com pouco pessoal, o Chat estava relativamente bem ordenado. A obstrução importante
parecia ser a ausência da anfitriã. Havia um atraso entre as mesas que se liberavam e preparavam e para sentar aos clientes.
Vivian olhou Sinjin, sob o profundo de quão pedidos ainda se empilhavam. Os clientes estavam amontoados ao redor do bar, com o dinheiro na mão, enquanto esperavam por seus coquetéis. Dado que não parecia
que ela poderia estar em curto prazo com ele, talvez pudesse ser útil.
Ela deslizou de seu tamborete, deixando seu vinho sem terminar no balcão. Depois de colocar sua mochila atrás do balcão e fora do caminho para que ninguém tropeçasse com ela, aproximou-se de uma curvada
Tracey.
— Estou aqui para ajudar — Ela tomou um punhado de menus.
— Por onde começo?
Tracey deu um olhar de acima a abaixo, passando por sua blusa de seda e sapatos Prada de salto.
— Atuará como anfitriã?
— Pensa que não posso? — Vivian deu um olhar malicioso. Dizer a Vivian Carrington que não podia fazer algo era similar a lançar um fósforo a um palheiro, alguém sairia chamuscado.
— Acredito que vai se sujar — Disparou Tracey de volta.
— Bom, vamos ver isso — Vivian passou à garçonete afastando-se para o posto de anfitriã. Duas folhas de papel estavam no pódio de estilo posto. Um era um desenho dos assentos do restaurante e estava coberto
de plástico com uma X sobre as mesas ocupadas. O outro era uma folha escrita à mão da pessoa à espera de sentar-se, o tempo de chegada e o número de pessoas estava claramente na lista.
Olhando por cima da zona das refeições, viu que uma mesa posta para quatro acabavam de ser preparada. Passou o dedo pela lista e localizou ao primeiro grupo pequeno em espera de assentos.
Apoiando-se em sua considerável experiência em um restaurante como comensal, tomou três menus.
— Caldwell, grupo de três.
À medida que dava um passo adiante, marcou-os na lista com uma x na distribuição antes de escoltá-los a sua mesa. Depois de tê-los sentado, entregou os menus e prometeu que sua garçonete chegaria breve.
Emocionada porque tinha sentado a seu primeiro grupo, retornou ao posto de anfitriã com um brilhante sorriso na face.
— Isso saiu bastante bem, não? — Moveu as mãos frente à Tracey — Olhe, sem me sujar tampouco.
A garçonete revirou os olhos.
— Se esqueceu da baixela de prata.
Vivian franziu o cenho enquanto Tracey partia para tomar suas ordens de bebidas. Bem, viva e aprenda. Outra mesa se esvaziou, e Vivian consultou sua lista e esta vez não se esqueceu dos talheres.
A noite passou rapidamente enquanto conduzia a um grupo atrás de outro a suas respectivas mesas. Recebeu queixa e elogios por igual e, por sorte, esses últimos ultrapassaram com muito aos anteriores. Depois
da primeira hora, ela realmente se meteu no ritmo da vida do Chat e o tempo passou rapidamente.
Três horas mais tarde com cada minuto que passava em seus saltos da Prada favoritos, teria matado por seu par de pantufas. Junto com seus pés doloridos, tinha adquirido em seu conjunto uma nova apreciação
da indústria alimentícia. Antes, nunca teria ocorrido a mão de obra necessária para preparar e servir as luxuosas apresentações que chamavam jantar. Agora sabia a quantidade de trabalho em todos os mantimentos
e era uma lição que não esqueceria.
As quatro garçonetes trabalhavam como uma equipe bem ordenada, de maneira eficiente cuidando dos clientes e dando uma mão a Vivian quando as coisas falhavam, como quando tratou de sentar a dez pessoas
em uma mesa para quatro. Em questão de segundos, as garçonetes tinham reorganizado as mesas para dar capacidade ao grupo e Tracey só tinha sorrido uma vez.
Enquanto a multidão do restaurante se esgotava ao redor da meia-noite, Vivian se afundou agradecida em uma cadeira em seu canto favorito. Movendo a cabeça para trás, fechou os olhos. Nunca em sua vida
tinha estado tão esgotada. Mas tinha sido divertido, surpreendentemente divertido em realidade. Não tinha dado conta antes dessa noite quão introvertida se tornou. Agora, ao ter-se empurrado para o centro
de um ocupado restaurante e obrigado a falar com os clientes, esqueceu-se do muito que gostava de tratar com o público. Com um ser social por natureza, permitiu-se atrás de um muro de privilégios.
— Ganhou sem dúvida isto.
O som da voz sexy de Sinjin a trouxe para sua cabeça. Ele colocou um prato de prata, em forma de cúpula sobre a mesa e foi tudo o que pôde fazer para não desmaiar enquanto ele tirava a tampa e o aroma
da carne de porco o fazia água a boca quando o vapor se levantou.
— OH, céu puro. Muitíssimo obrigado —E lá se obrigou a sentar-se enquanto tomava o garfo.
— Obrigado a você. Depois que saltou para nos dar uma mão, as coisas sem dúvida foram mais suaves.
Vivian sorriu.
— Foi muito divertido — Apontou à outra vazia cadeira — Quer te sentar comigo?
— Eu adoraria.
Ela tomou um bocado da carne de porco assada às brasas com deleite e não pôde evitar dar um gemido de prazer, enquanto a carne, literalmente, derretia-se em sua língua. Engoliu.
— Não vai comer também? — Perguntou ela, enquanto tomava outro bocado com um rangente pão de massa fermentada.
— Não, já comi.
Um menino jovem latino aproximou e entregou a Sinjin uma pequena xícara de café negro. Seus escuros olhos se aumentaram quando viu o Vivian e deu um tímido sorriso antes de sair tão silenciosamente como
tinha chegado.
Vivian suspirou enquanto o sabor e a textura da perfeitamente amadurecida carne de porco encantava seu paladar. Em silêncio, concentrou-se em sua comida, consciente que Sinjin a observava, entretanto,
não pôde evitar engolir sua comida como um peão comum. Nunca havia passado fome em sua vida, mas nunca se havia sentido tão voraz tampouco. Apenas para demonstrar que o trabalho duro era bom para o corpo.
— Necessita um trabalho?
Ela riu e levantou seu copo de chá doce, encantada de encontrar que a beberagem não era espessa como ao que a maioria dos sulistas pareciam aficionados.
— Como o adivinhou?
— Já que a roubaram, pensei que talvez pudesse necessitar de um trabalho em curto prazo. Minha anfitriã não voltará por uns dias e isso me deixa em inferioridade numérica em um momento crítico.
Agora cheia, Vivian tirou os sapatos e moveu seus estreitos dedos dos pés.
— Qual seria meu salário?
— Bom, temos que pagar mais do salário mínimo e as gorjetas são algumas dos melhores na cidade ou isso me disseram.
— Alguma vantagem que deva saber?
— Bem... — Um sorriso curvou sua boca, acendendo um poço de calor em seu estômago — Temos algumas coisas que não encontrará em nenhum lugar do resto da cidade.
— Por exemplo?
— Passará tempo comigo.
Ela passou a ponta dos dedos na parte superior de seu copo de chá.
— Acha um montão em si mesmo, não é assim, senhor James?
Ele encolheu os ombros.
— Já me disseram antes — Agachou-se e capturou seu pé, elevando-o para que descansasse em seu colo — Que tal massagear seus pés todas as noites?
Vivian fechou os olhos e gemeu quando ele amassou as plantas de seus pés, reduzindo a zero as dores e acalmando-os com suas grandes mãos. Um calafrio de puro prazer percorreu todo seu corpo. Contra a renda
de seu sutiã, seus mamilos se endureceram enquanto ela relaxava em sua cadeira. Não importava que ela estivesse estendida de uma maneira muito pouco feminina, com o pé em seu colo, com as pernas torcidas,
provavelmente, mostrando uma quantidade indecente de suas coxas ao público, nem menos. É obvio, o restaurante estava quase vazio e o clube estava cheio a capacidade, mas alguém caminhando os veria.
Ao terminar a massagem em um pé, ela abriu os olhos.
— Acha que pode me conseguir uma entrevista com o gerente?
Sinjin riu entre dentes enquanto se apoderava de seu outro pé e continuava a deliciosa tortura, provocando outro gemido de alívio.
— Estou bastante seguro de que posso arrumar algo. Tenho algo com o chefe.
— Com certeza que o tem.
Suas fortes mãos esfregaram o tornozelo, fazendo-a mais consciente de seu corpo que nunca. Suas pernas se sentiam tão frouxas como macarrão enquanto ele massageava a parte posterior de sua panturrilha,
com a sensação mesma de suas palmas contra suas meias agitando o centro entre suas coxas, pôde sentir como se umedecia. Vivian se moveu em sua cadeira, mais consciente que nunca da fricção sutil de seu
sutiã contra seus excitados mamilos. Ela sabia que ele a desejava e ela o desejava também. A pergunta não era sobre o desejo, já que parecia possuir isso em quantidade. A pergunta era o que necessitava
na vida e uma queda com um homem que só estava procurando um bom momento não estava em sua ordem do dia.
Tinha estado ali, fazia isso.
Obrigou-se a sentar-se em posição vertical, tirando os pés de seu colo. Seu pequeno avental fazia pouco para esconder o vulto impressionante debaixo dele. Sem lugar a dúvidas, o que estavam sentindo era
mútuo. Entretanto, um beco sem saída ainda era um beco sem saída, sem importar quão longa fosse à rua.
— Deveria retornar — Ela fez uma careta enquanto colocava os pés em seus sapatos de tortura. A massagem tinha sido encantadora, mas em questão de minutos seus pés doeriam muito outra vez.
— Quer que te acompanhe de retorno ao hotel? — Sinjin se levantou junto com ela, aproximando-se o calor irradiava fora dele. Sua altura e óbvia força eram impressionantes enquanto se elevava sobre ela.
— Não, obrigado — Ela deu um passo afastando-se e se obrigou a lançar uma despreocupada risada — Necessitarei um táxi, por favor. Não acredito que possa caminhar até lá esta noite.
Ele sorriu.
— Um táxi será então.
Vivian recuperou sua bolsa, com seu olhar uma vez mais atenta à televisão, enquanto reproduzia um fragmento da cena do assassinato no Bairro. Marcada pela fita amarela como cena do crime, o derrame de
sangue estava contra o mármore claro e toda a cena tinha um ar irreal. Qual seria a necessidade humana de destruir a outro de uma maneira tão violenta?
— Seu táxi está aqui.
Vivian se afastou da perturbadora cena na televisão.
— Quando te verei outra vez? — Perguntou Sinjin. Deslizou sua mão no oco de seu braço quando a acompanhou fora.
— Amanhã, estarei aqui as cinco para te dar uma mão.
— Decidiu aceitar o trabalho? — Disse ele.
— Fiz. Em troca do jantar cada dia mais uma percentagem das gorjetas. Ele assentiu.
— Acredito que podemos trabalhar em algo.
Ela dedicou um rápido sorriso enquanto se deslizava no táxi.
— Só que desta vez usarei sapatos mais cômodos.
Sinjin fechou a porta e se inclinou na janela aberta. Seus lábios roçaram a bochecha, enviando uma sacudida de calor através de seu sistema.
— Tenha bom cuidado dela, é muito especial — Disse ao taxista.
Levantou uma mão a sua bochecha formigante, enquanto o táxi se afastava pela calçada e Vivian não pôde evitar a risada encantada que fez erupção. O que tinha feito! Sua bolsa tinha sido roubada, mas não
estava na miséria, ainda não. Não teria que chamar o Stephan e fazer que enviasse seu dinheiro porque tinha conseguido um trabalho. É obvio, não se faria rica, mas as arrumaria. Um pequeno hotel em mal
estado era sem dúvida barato, razão pela qual o tinha escolhido. Para uma mulher acostumada às habitações nos melhores hotéis do mundo, sua pequena imersão longe de casa era muito baixa.
Sorriu. Podia arrumar muito bem sem seus recursos fiduciários e com cada dia que passava, estava mais perto de descobrir a mulher que estava destinada a ser.
— O que quer dizer com que não tem o diário? — Mikhail apertou o braço de sua cadeira e sentiu a madeira brilhante fraturar-se em sua mão.
Miles estava diante dele, rígido como um pau e sem expressão.
— Roubaram-no de minha casa.
— O que expõe a pergunta de por que não me devolveu o diário imediatamente, mas trataremos disso mais adiante — O vampiro se obrigou a soltar seu agarre na cadeira.
Em silêncio, amaldiçoou sua cegueira e debilidade física. Sentiu o medo e a aversão despertar nele por Miles, mas queria ver a face de Revenant. No momento, até que tivesse se curado, teria que confiar
em seus instintos e não gostava do que estavam dizendo agora.
— O que fará para retificar esta situação? — Perguntou ele.
— Tenho uma vantagem sobre o autor. Houve uma série de roubos na zona. O perfil se ajusta a este crime. Minha crença é que o ladrão que roubou o livro é a mesma pessoa. As autoridades estão trabalhando
sob a teoria de que é um profissional.
Mikhail fez um som de impaciência.
— Por que um gato ladrão roubaria um livro? Não tem nenhum valor monetário fora daqueles que dão conta do que contém.
— Exatamente. Esta pessoa sabia exatamente o que é o livro ou não o teria levado.
Mikhail esfregou o queixo, passando seu dedo sobre o agora familiar padrão da malha de sua cicatriz. Aborrecido, deixou cair sua mão. Alguma vez se acostumaria a sua desfiguração?
— Assim é um de nós?
— Isso parece.
Isso sem dúvida acrescentava um novo matiz aos quebra-cabeças. Se o diário agora estava em mãos de outra sobrenatural, a pergunta era o que faria com ele? Levantava-se a razão de que, se eram leais a ele,
já o teriam contatado para vender o diário. Se for leal a Alexandre o devolveriam a ele? Isso queria dizer que ele já tinha o livro?
Se Mikhail tinha muita sorte, o livro teria caído nas mãos de um dos que estavam indecisos na batalha, uma bruxa ou um homem lobo. Nenhuma linha tinha declarado sua lealdade, embora ultimamente as bruxas
parecessem estar inclinadas para o Alexandre e seus seguidores.
— E tem um plano para o seguimento desta pessoa?
— Já está funcionando.
— E terei o diário de novo quando?
— Em uma semana.
Mas, poderia ser de confiança? Miles tinha vindo a ele de forma voluntária, concedeu, mas tinha desobedecido a ordem de devolver o livro. Obviamente, o Revenant tinha outros planos, mas quais eram?
— Isso seria aceitável — Mikhail se levantou da cadeira — Para se apressar em sua ventura, farei que uma de minhas pessoas de maior confiança o ajudem.
Ele ouviu o toque dos pés de Miles no chão.
— Isso não é necessário.
— Mas insisto — O vampiro sorriu e soube que não seria agradável — Gerald, ajudará a Miles em sua missão de reconhecimento.
— Sim, Senhor — Mikhail sentiu o movimento do ar através de sua pele enquanto Gerald fazia uma reverência — Não falharemos.
O olhar de Mikhail se moveu ao lugar onde Miles se ficou, um homem alto com uma tênue sombra entre as sombras e sentiu a ira emanar do Revenant. Antes da morte de Cass, Miles tinha desfrutado de uma relação
quase igual com sua antiga companheira. Agora não era mais que outro avião não tripulado que se teria que trabalhar seu caminho até as filas do exército de Mikhail. Ambos sabiam e isso chocava o Revenant.
Mikhail estava seguro de que tinha dado muitas horas de mal-estar. Embora gostasse do mal-estar de Miles, também o fazia um aliado incômodo no melhor dos casos.
— Miles eu recomendaria, para que tenha uma boa saúde, que não me volte a falhar.
— Sim, senhor.
— Mestre — Mikhail o apressou.
— Sim... Mestre.
A tensão era evidente na voz de Miles e Mikhail mal pôde evitar um sorriso alegre. OH, como estava desfrutando disto. Finalmente, tinha ao filho de puta justo onde o queria.
— Pode ir.
Mikhail se afundou em sua cadeira para escutar como os dois homens saíam da sala, com a porta fechando-se atrás deles. Satisfeito de que estava sozinho, jogou a cabeça para trás e soltou uma risada, sem
importar se alguém o ouvia ou não.
Pouco a pouco, as coisas estavam caindo em seu lugar. Seu exército estava agrupando-se de novo e o diário voltaria para seu legítimo dono, ele. Uma vez que Miles tivesse demonstrado sua lealdade, Mikhail
decidiria seu destino e as coisas poderiam seguir adiante. Depois dirigiria o Conselho e tudo deveria ser como deveria.
Capítulo Quatro
De trás do balcão, Sinjin observou Vivian enquanto ela espertamente estava abrindo caminho entre a multidão para acompanhar um grupo a sua mesa. Estava vestida como as outras garçonetes, com camisa branca,
saia negra e o cachecol de seda vermelha em torno de sua fina garganta. Ela tinha recolhido seus cachos ricos e escuros com um toque elegante. Atrás ficaram os saltos de tortura e em seu lugar usava um
par de sapatos planos negros.
Depois de uns poucos passos em falso no começo de seu turno, ela tinha tomado as coisas com rapidez. Tinha tratado de entrar na cozinha pela porta de saída e procedeu a derrubar uma bandeja de sobremesas
da mão de um garçom. Também tinha misturado o café descafeinado com o café regular em um padrão. Além desses problemas menores, estava fazendo um bom trabalho e havia coisas sem dúvida mais suaves do que
tinha sido a noite anterior. Também tinha um entorno mais pitoresco.
Um dos homens que acabava de sentar-se inclinou para sussurrar algo. Ela riu, inclinando a cabeça para trás e expondo sua garganta pálida ao olhar de Sinjin. A fome se acendeu em suas vísceras enquanto
o homem dava uns tapinhas no ombro antes que ela se afastasse com um sorriso ainda adornando sua boca.
— Ela está bem — A voz de Tracey o sobressaltou.
— Ah, sim? — Ele fingiu indiferença, abrindo a porta do refrigerador e fazendo um inventário rápido.
— Parece ter um instinto inato para saber quando uma mesa necessita algo e não duvida em saltar dentro das circunstâncias normais pelo que imagino que tem feito isto antes, mas o duvido.
— Por que diz isso?
— Ela vem de dinheiro. Seus gestos e todas as polegadas de seu corpo simplesmente o gritam. Vê esses sapatos que traz postos?
Sinjin olhou seus pés enquanto Vivian se aproximava do posto de anfitriã a ficar de pé.
— Sim.
— Um mínimo de quinhentos dólares e o preço é com desconto — Tracey se inclinou sobre o balcão e tomou uma garrafa de molho picante — Temos a uma pequena princesa em nossas mãos.
O olhar de Sinjin seguiu Vivian enquanto ia a outra mesa, um casal de meia idade que se via como se tropeçaram no espelho e caído direto do país das maravilhas. A mulher agarrou uma bolsa feia, grande,
contra seu peito enquanto olhava ao redor da sala. Depois falou com Vivian, inclinando-se como se não quisesse que ninguém mais escutasse o que dizia. Vivian dirigiu um sorriso tranquilizador e deu uns
tapinhas no braço antes de dar volta e caminhar para Sinjin. Ele deu um olhar de admiração a suas longas extremidades flexíveis e a seu passeio fácil.
Princesa ou não, ela era um formoso pacote.
— Temos leite? — Perguntou ela. Sinjin piscou.
— Leite? — Que espécie de pessoa chegava a um bar e restaurante de jazz em New Orleans ordenava leite?
— Sim, já sabe, a coisa que vem das vacas — Vivian sorriu. Tracey revirou os olhos a Sinjin antes de entrar na cozinha. O sorriso de Vivian desapareceu.
— Não acredito que goste de mim.
Sinjin deu um olhar à porta de vaivém, perguntando-se o que estaria acontecendo a Tracey. Normalmente era muito extrovertida e amável com todo o pessoal, mas sem dúvida não era com Vivian.
— Falarei com ela.
— Não se preocupe, trabalharemos em algo — Vivian caminhou longe — Vou procurar o leite à cozinha.
Sinjin negou e tirou uma cerveja para um cliente que esperava. Enquanto vivesse, nunca entenderia às mulheres. Mortais ou preternaturais, eram conflitivas massas de emoções ilógicas. Se as mulheres pudessem
ser mais como os homens… Uma pontada de energia se moveu sobre sua pele, o advertindo da presença de outro sobrenatural. Procurou na multidão a fonte da perturbação, notando que a maioria da multidão era
de humanos. Havia uns poucos vampiros misturados com uma vintena de assombrações e um pequeno número de bruxas. Como a maioria deles tinha estado aqui por um tempo, não poderiam ter sido a fonte de sua
perturbação.
A pele na base de seu pescoço estremeceu e ele se voltou para ver uma mulher de pé a vários metros de distância. Era pequena, com não muito mais de um metro sessenta, mais ou menos. Suas magras curvas
estavam cobertas em couro negro dos pés a cabeça.
Seu comprido cabelo negro estava preso em uma trança apertada que estava jogada descuidadamente sobre seu ombro direito. Seus escuros olhos marrons o olhavam enquanto uma corrente de energia se movia por
sua pele antes de ficar em uma vibração baixa.
Fascinante, uma mulher lobo.
— Preciso falar com você, a sós — Disse ela. O que quereria uma mulher lobo com ele? Eram notoriamente distantes e tinham uma tendência a evitar tudo, exceto o contato mais superficial com outros preternaturais.
Ter a uma de pé no Chat pedindo que falasse com ele era similar à Segunda Vinda.
— Sobre o que quer falar?
— De uma questão de grande importância, para sua gente pelo menos.
Como podia uma mulher lobo dizer algo que interessasse a um vampiro? Ou é que teria outra razão, mais nefasta para querer falar com ele a sós?
— Podemos falar aqui, loba — Assinalou os assentos no extremo do balcão. Separados pela área de servidores, estavam como isolados, tendo em conta que estavam em meio de um bar cheio de gente.
— Não, não podemos.
Seu olhar se moveu ao longo de seu ombro e ele olhou para trás para ver vários Revenants tinham tomado nota da chegada da loba. À medida que observavam, um dos Revenants deu uma cotovelada a um vampiro
e levou sua atenção à mulher. Um dos Revenants se aproximou de seu extremo no balcão. Sua chegada estava atraindo uma quantidade excessiva de atenção, o que fazia uma conversa privada impossível ali.
— Subamos as escadas — Sinjin a levou a porta aos degraus que levavam a segundo andar. Ele abriu à porta e depois se fez a um lado para permitir que o procedesse — Primeiro as senhoritas.
Seu olhar se afiou, suas fossas nasais se abriram enquanto ela apanhava seu olhar. Tinha medo de estar indo a uma armadilha? Provavelmente. Se ele se houvesse aventurado a um território desconhecido, possivelmente
hostil, estaria em guarda também.
Com uma ligeira inclinação de cabeça, a mulher lobo passou junto a ele e se dirigiu pelas escadas, com sua coluna reta e a cabeça para cima e os ombros para trás. Pela extremidade do olho, ele viu Vivian
enquanto saía da cozinha, com um copo de leite em uma mão. Seus olhares se encontraram e ela sorriu, até que viu a mulher vestida de couro que o precedia. Seu cenho se arqueou enquanto sua expressão esfriava.
Ela afastou a vista.
Ele esteve tentado de dizer que a mulher só queria falar com ele. Mas, o que diria? O que uma mulher lobo necessitava um momento de intimidade com ele? Sinto muito, querida é uma chamada do negócio dos
não mortos?
Sinjin seguiu à loba pelas escadas. Falaria com Vivian essa noite e deixaria claras suas intenções, deixando-a sem uma dúvida de que a desejava e que não havia nenhuma razão para que ela estivesse irritada
que o tivesse visto falando com outra mulher. Haviam passado só quarenta e oito horas desde que tinha falado com ela, mas não podia tirar a de sua mente e não estava seguro de que realmente queria fazê-lo.
Preocupados com a direção de seus pensamentos, ele fechou a porta um pouco mais duro do que devia.
— Posso te oferecer uma bebida? — Ele perguntou, ignorando o olhar especulativo da mulher.
— Não, obrigado.
Sinjin fez um gesto para o cômodo sofá e esperou enquanto ela se sentava na borda, com a coluna reta como uma regra.
— E quanto o seu nome, então? — Ele escolheu a poltrona frente a ela. Seu sorriso foi débil.
— Meu nome é Elena Vásquez.
Ah, agora seu interesse despertou.
— Está relacionada com o Eduardo Vásquez?
— Era meu pai — Ele captou a tensão em suas palavras e, se era possível, ela se sentou mais reta. Muito mais disso e ela se partiria pela metade pela tensão.
A família Vásquez, a maioria dos quais eram Revenants, se rumorejava que haviam incursionado nas artes mágicas escuras e ganhavam a vida por organizar ataques de roubo. Mas não eram ladrões comuns, eram
únicos porque, segundo os rumores, roubavam unicamente sob pedido. Pelo geral, roubavam arte de coleção ou joias. Selecionavam só as tarefas mais difíceis que oferecesse o nível mais alto de perigo.
Eduardo Vásquez, o patriarca da família, tinha sido assassinado fazia vários anos quando foi encontrado na cama com a esposa de um dignitário de um pequeno país estrangeiro. A história sustentava que enquanto
roubava os diamantes, ele tinha dado uma olhada a sua face dormindo e se apaixonou. Haviam sustentado um romance durante vários meses antes que Eduardo fosse capturado e sumariamente decapitado pelo carrasco
real.
Como um insulto adicional à orgulhosa família, os dois meninos foram sequestrados pelo guarda real e convertidos em homens lobo contra sua vontade. Agora, já crescidos, os filhos de Vásquez nunca tinham
sido vistos em companhia de outro sobrenatural. De fato, o filho era conhecido no âmbito das sombras como “O Carrasco”, com a palavra em espanhol. Era um mercenário que era conhecido pelo grande prazer
que tinha na caça dos canalhas preternaturais e que os matava por esporte. Não era exatamente alguém a quem Sinjin queria conhecer melhor.
— Vejo que ouviu falar de minha família.
Ele se encontrou com seu olhar vigilante e inclinou a cabeça ligeiramente.
— Deu-me pena ouvir falar de final prematuro de seu pai. Seus olhos se obscureceram e se levantou de um salto.
— Tudo foi mentira.
Ela se afastou e caminhou até uma janela.
— Não foi assassinado pelo amor de uma mulher traiçoeira — O desprezo era evidente em sua voz — Foi assassinado.
Era óbvio que a morte de seu pai ainda era um tema muito doloroso. Enojado, sem dúvida, por seu tratamento nas mãos do Guarda. Enquanto ele sentia por ela uma dor óbvio, tinha sérias dúvidas de que tivesse
vindo a falar de seu pai ou de suas circunstâncias atuais.
— Do que é exatamente veio aqui a falar comigo, Senhorita Vásquez?
Visivelmente ela obrigou a suas emoções a ficar sob controle. Seu punho fechado vestido de couro se afrouxou em várias ocasiões antes que retornasse a seu assento anterior, com os olhos quentes.
— Por favor, me chame Elena.
— Só se você me chama Sinjin.
Ela assentiu com aquiescência.
— Não vim aqui para falar sobre história antiga — Cruzou suas pernas antes de continuar — Encontrei algo que acredito que poderia te interessar.
— E isso seria?
— O diário que todos estão procurando.
Sinjin não pôde controlar sua surpresa. A metade do mundo sobrenatural estava procurando o livro e tinha terminado nas mãos de uma mulher lobo? Que loucura era essa? Obrigou-se a permanecer imóvel, mas
já era muito tarde. A julgar pelo flash de triunfo em seus olhos escuros, ele já se entregou a si mesmo imediatamente.
Clareou a garganta.
— Poderia estar interessado em ver o livro. Está em sua posse?
— Não comigo, mas em um lugar seguro.
— Posso perguntar como sabe sobre o diário?
— Todo mundo sabe — Dedicou um sorriso zombador — Inclusive aqueles de nós que não querem participar do funcionamento do Conselho são conscientes da existência do livro e o que contém.
OH, a eficiência da vida preternatural. A União Ocidental era o mais fofoqueiro dos mortos viventes. Eram piores que um bando de gansos quando se tratava de rumores.
— Já vejo — Antes de ir mais longe, tinha que determinar se ela tinha a coisa real e para isso precisava vê-lo. Quanto antes, melhor.
Antes da morte de Eduardo, o nome Vásquez tinha sido sombra do melhor. Agora, depois do escândalo e a mudança de vocação de seu filho, não eram considerados exatamente cidadãos importantes inclusive entre
os homens lobo.
Poderia ser de confiança a bela Elena?
— O que tenho que fazer para conseguir dar um olhar ao livro com o fim de julgar sua autenticidade?
Ela sacudiu a cabeça.
— Se está me pedindo que te leve a ele, sinto muito, não acontecerá. Não te conheço. Como posso saber que não tentará me tirar isso.
Sinjin encolheu os ombros.
— Minha reputação fala por si mesmo, ou não teria vindo a mim.
Seu olhar se deslizou longe. Seus olhos se estreitaram.
— Mas por que vem a mim e não a Alexandre? Ele é o chefe do conselho, eu nem sequer sou um membro.
— É certo, mas é o cronista dos habitantes das sombras.
— Era. Já não mantenho a posição.
— Não importa — Ela se inclinou, apoiando os cotovelos sobre os joelhos — De todos, o livro é mais valioso para você como artefato, em vez de um instrumento de guerra. Sabe mais sobre a história dos preternaturais
que a maioria esqueceram.
Tudo isso era certo. Ele tinha atuado como o Cronista por quase duzentos anos, gastando a imensa maioria de seu tempo inclinado sobre livros enquanto investigava seus origens e o diário por temas de atualidade.
Esse tempo de sua vida tinha terminado e não tinha intenções de voltar, mas isso não significava que não estivesse intrigado pela possibilidade de ter o diário em suas mãos. Sendo um fanático da história
como era, daria suas presas por uma hora a sós com ele.
— Viu este livro?
Ela se recostou para trás, com expressão preocupada.
— Algo.
— E sabe se for autêntico?
Ela assentiu.
— Não tenho dúvidas de nenhum tipo.
— Eu gostaria de vê-lo antes de falar mais.
— Bom — Ela mordeu o lábio inferior, enquanto escolhia suas palavras — Trarei várias fotografias das páginas, as que possa ler e julgar sua autenticidade — Seu olhar se encontrou com a sua — Será adequado?
Ele apertou os dentes. A metade do mundo sobrenatural estava em busca desse livro e esta mulher estava brincando de ser tímida.
Não compreendia que jogavam com a vida? Quis sacudi-la até que se desse conta de quão importante era o diário. A julgar por sua expressão fechada, tinha a sensação de que a pressionando não obteria nada
absolutamente.
— Sim, isso será aceitável. Que tão logo pode fazê-lo?
Ela se levantou de seu assento.
— Retornarei amanhã pela tarde com as fotos. À meia-noite é satisfatório?
Não, quis gritar. Mas nesta situação, não tinha nada que dizer e, por agora, só podia jogar com suas regras. Sinjin ficou de pé.
Os lobos, como animais de carga, odiavam estar em lugares muito concorridos por qualquer que não fossem os de sua própria espécie. Deliberadamente ele deu um passo perto, por cima enquanto estendia a mão.
Era uma prova de classe. Ela tomaria sua mão ou a desprezaria?
Seus olhos se estreitaram, suas fossas nasais se abriram um pouco, depois tomou sua mão com uma sacudida firme. Ela imediatamente deu um passo longe, para a porta.
Ele sorriu.
— Estou desejando que chegue.
A atenção de Vivian trocou automaticamente à porta da escada enquanto saía da cozinha. Durante os últimos quarenta e cinco minutos, não tinha podido manter sua atenção concentrada em seu trabalho, desde
que essa moça vestida de couro tinha levado Sinjin ao andar de cima. Quem seria ela? Seria importante para ele?
O que importa, Viv? Não está interessada em uma noite com um bom menino e isso seria tudo o que seria, outra aventura de uma noite.
Com uma sólida porrada, deixou cair um punhado de menus laminados no depósito. Apesar de que Sinjin era o primeiro homem que tinha interessado em mais de um nível físico em muito tempo, venderia a si mesmo
por uns poucos minutos perto de outro ser humano. Já era hora de conseguir que sua mente e corpo, retornassem ao lugar aonde pertenciam.
Fez seu caminho pelas mesas, feliz de ver que todos tinham o que necessitavam para uma boa experiência de comida. Não havia nada pior que sair para jantar e receber um mau serviço. Isso era pior que a
comida medíocre. Surpreendeu-se ao descobrir que estava desfrutando muito de sua temporada como anfitriã aqui no Chat. Podia ser que não tivesse muitos talentos negociáveis, mas sempre tinha sabido como
lançar um inferno de festa. Seus amigos haviam dito que tinha nascido sabendo como fazer que a pessoa se sentisse como em casa.
Vivian voltou para sua posição no posto de anfitriã, contente de ver que a zona de espera estava vazia e a maioria da multidão ao redor do bar se foi à discoteca. No momento em que a banda começou seu
show, os clientes que se foram correram à discoteca e isso estava bem com ela. Daria um momento de descanso. Talvez fosse atrás do balcão e desfrutaria de um copo pequeno de vinho.
À medida que se aproximava do balcão, a porta que conduzia aos degraus se abriu e saiu à mulher vestida de couro. A outra mulher era alta e brilhavam os olhos, já fora pelo desejo ou pela ira, Vivian não
estava muito segura. Uma das coisas sim sabia, com o Sinjin poderia ir a qualquer direção.
A mulher passou, sem regular nenhum olhar a nenhuma pessoa a seu redor. Vivian não pôde evitar admirar seu elegante forma e seu caminhar seguro. Aspirou em seu estômago. Esta mulher provavelmente trabalhava
diariamente para conseguir esse físico e, aos quarenta e quatro anos, Vivian sabia que ela não se via nem de longe tão bem como a outra mulher. Deixou que seu estômago se desatasse depois que a outra mulher
saísse do Chat.
Não havia nada como um olhar de perto o corpo de uma jovem de vinte anos para te fazer uma ideia de que aos quarenta e quatro anos, sentia-se como o inferno.
— Vivian, pode pegar um pedaço de bolo de queijo com cerejas para mim?
Bonnee, uma das garçonetes mais recentemente havia passado junto a ela, tinha uma expressão acossada no rosto.
— É obvio.
Vivian se voltou para a cozinha e antes que pudesse dar dois passos, estrelou-se diretamente com Sinjin. Ela levantou as mãos e as pousou em seu peito. Através de sua camisa de algodão, sua pele se sentia
quente e dura sob suas palmas. Seu estômago se fez um nó.
— Como vai?
Seu sotaque correu por suas costas, acendendo um estremecimento de desejo, ameaçando convertendo suas vísceras em encurvada. De repente nervosa, ela umedeceu os lábios e se afastou. Ele não se via como
se tivesse estado lutando com sua amante acima das escadas. Seu cabelo estava limpo, a roupa em ordem, mas havia um estranho brilho quase vitorioso em seus olhos.
Não é que fosse seu assunto.
— Muito bem de fato. Casa cheia de novo.
— Estou seguro de que é porque a história sobre uma anfitriã nova e formosa viajou, e os está atraindo em grandes quantidades.
— Tenho sérias dúvidas disso — Ela se moveu ao passar a seu redor. De nenhuma forma ia deixar que paquerasse com ela depois de enredar-se com a garota de couro durante os últimos quarenta e cinco minutos.
Não era que contasse, é obvio.
— Como está esta noite? — Perguntou ele, seguindo-a a seu lado.
Maldição, ele a estava seguindo.
— Bem, e você? — Perguntou ela, mantendo seu tom ligeiro e impessoal.
— Excelente. Confio em tenha dormido bem?
— Muito bem, obrigado — Vivian deslizou através da porta oscilatória e no caos aromático da cozinha do Chat — E você?
— Estive um pouquinho... Inquieto.
— Isso é muito mau — Ela se esforçou por manter um tom suave — Experimentou o leite quente?
Ele riu entre dentes.
— Posso pensar em coisas muito mais interessantes para fazer na cama que leite quente.
Ela estremeceu para ouvir seu tom aveludado.
— OH, Lê na cama também? — A voz dela soou sem fôlego.
— Entre outras coisas — Deu um sorriso e seu interior se esquentou revoando. Rapidamente ela deu a volta para abrir a caixa de sobremesas.
— Tece? Quem o teria adivinhado?
— Bem, posso pensar em coisas que podem fazer-se com lenços, mas nenhuma delas têm que ver com o ponto.
A mão de Vivian se sacudiu e esteve a ponto de deixar cair ao bolo de queijo enquanto uma imagem dele atando-a a cama brilhava em sua mente. Franziu o cenho e deixou que a porta se fechasse de repente.
Por que se enredava mais com ele? Era uma mulher de mundo, muito mais velha e experimentada que ele. Tinha tomado amantes quando Sinjin ainda usava shorts. Só porque era terrivelmente bonito e construído
para o pecado não significava que não pudesse dirigi-lo com as mãos atadas às costas.
Atada...
— Veem minha casa a tomar uma taça — Disse ele.
Ela sacudiu a cabeça.
— Não acredito que seja tão boa ideia.
Ela se moveu à geladeira ao lado, que continha os ingredientes, a creme batido e outros condimentos para as sobremesas.
— Por que não? — Perguntou ele, movendo-se com ela.
— Porque sou uma empregada.
— Você e eu sabemos que é uma empregada temporária e isto é uma brincadeira. Você necessita deste trabalho tanto como eu preciso perfurar um buraco em minha cabeça. Admite-o, ao menos para si mesma, por
que está trabalhando aqui?
Ela estava desfrutando da perspectiva completamente nova de trabalho que o Chat estava dando...
Mentirosa. Estava trabalhando aqui, porque ele era muito bonito para as palavras e ela o queria em sua cama.
— Eu…
— Senhor St. James — Um dos garçons do clube se aproximou e deu um sorriso de desculpa — Temos um problema atrás do cenário que requer sua atenção.
— Estarei aí, Tom — Sinjin passou seu dedo ao longo de sua mandíbula, com seu toque arrepiando a pele ao longo de seus braços — Pensa a respeito, ponha em contato comigo mais tarde.
O olhar de Vivian seguiu suas costas em retirada, muito consciente do zombador olhar de outros empregados. Ela abriu a porta do refrigerador e ficou cega com o conjunto de condimentos.
— Tudo bem? — Tracey se aproximou.
— Muito bem, obrigado.
— Vi-a falando com o Sinjin, e só quis estar segura — Seu sorriso era reservado — Além disso, está um pouco ruborizada, pode colocar a cabeça no refrigerador durante uns segundos.
As mãos de Vivian voaram a suas bochechas quentes enquanto Tracey dava a volta e se afastava, assobiando.
— Que diferença faz um dia.
Maldição. Ela baixou as mãos e olhou cegamente a matriz de vasilhas de plástico. Isso não serviria de nada. Não, para nada. Alisou as mãos sobre sua saia e se endireitou, uma vez mais sob controle. Colocou
a mão no refrigerador só para dar-se conta de que tinha esquecido o que tiraria.
Capítulo Cinco
Vivian o estava esperando.
O coração de Sinjin se acelerou ao repetir automaticamente sua rotina fechando. No passado tinha desejado a muitas mulheres diferentes, mas nunca com a pressa que o consumia, que Vivian acendia dentro
dele. Só Bliss tinha inspirado a profundidade de sensações que agora sentia.
Esperou a que a familiar dor tomasse, em troca, um suave sentimento quase nostálgico sussurrasse em seu coração. Mentalmente se sacudiu. Por que fazia a comparação de Vivian com Bliss?
Bliss tinha sido o amor de sua vida, Vivian era uma mulher a que queria seduzir. Infernos, era virtualmente uma desconhecida.
Cedo ou tarde seus caminhos se separariam e, se o fazia a sua maneira, seria com sorrisos em seus rostos. Isso é tudo o que era, luxúria. As emoções não jogariam um papel nessa relação. Ele não o permitiria.
Apagou as luzes da discoteca, metendo-se à sala em uma cavernosa escuridão, com exceção de uma única luz no cenário. Vivian era uma formosa mulher que conhecia a partitura. Não havia perigo de que perdesse
outro pedaço de seu já fraturado coração.
Tirando o avental, jogou-o na bolsa de roupa suja enquanto entrava no restaurante. Vivian estava emoldurada na soleira que conduzia à Rua Bourbon. Uma suave brisa soprava os cachos que escaparam de seu
uma vez preciso coque. Ela ainda estava vestida com seu traje de trabalho, mas tinha trocado o par de tênis e sua mochila atada a suas costas.
— Está preparada? — Perguntou ele.
Ela se voltou, com seu sorriso cauteloso, mas assentiu.
Ele apagou as luzes do restaurante e recolheu um conjunto de chaves do balcão.
Depois de configurar o alarme, marcou o começo de sua saída para uma carruagem branca que os esperava.
— Para nós? — Perguntou ela.
— Estava tendo seus pés cansados em conta — Sorriu ele.
Ela riu quando o chofer abriu a minúscula porta para eles.
— Troquei os sapatos esta noite para que meus pés não me doam tanto como o fizeram ontem de noite — Deslizou-se fora a mochila e a deixou no piso do carro.
Sinjin se acomodou no assento de couro suave ao lado dela, consciente do calor de sua pele. Ele deslizou um braço ao redor de seus ombros, assegurando-a a seu lado, enquanto se se punham a andar pela rua
escura. Debaixo de seu braço ela se sentia tensa e ele teve a sensação de que se pudesse, teria se afastado dele.
Por que estaria tão reticente de estar a seu lado?
— Não te esfregarei os pés esta noite? — Perguntou ele.
— Não, não esta noite.
A maior parte da multidão se dissipou, deixando só uns poucos acérrimos festeiros nas esquinas das ruas, enquanto saboreavam as últimas gotas de seus coquetéis. À medida que a carruagem dava volta no Bourbon,
o som desapareceu até que o único som foi o ruído dos cascos do cavalo e o sussurro da brisa.
— Então, como chegou a possuir o Chat? — Perguntou ela rompendo o silêncio.
A julgar por sua voz com pressa, sem fôlego, ela tinha praticado essa pergunta em sua mente durante horas. Não, não estava nervosa, no absoluto.
— Cheguei à Nova Orleans em novembro passado. Não tinha nenhum propósito em mente que não fosse explorar. Tinha ouvido falar tanto desta cidade e tenho amigos aqui, assim parecia tão bom lugar como qualquer
outro para viver — Passaram um local frequentado e ele apontou à janela diáfana do apartamento de cobertura no que um fantasma supostamente vivia. Pouco a pouco, pôde senti-la relaxando-se em seu abraço.
— Uma noite estava caminhando ao longo do Bourbon e fui ao Chat. Estava descuidado, mas parecia ter uma elaborada multidão de tamanho médio. Entrei e vi o espetáculo e decidi que eu gostava do ambiente
do lugar. Devido à localização sabia que com um pouco de trabalho, poderia ser uma fonte real de dinheiro — Riu — Reuni-me com o dono de noite seguinte e me inteirei de que o poria à venda e se mudaria
a Florida com sua nova esposa.
— Não é brincadeira?
— Não é brincadeira. Menos de uma semana mais tarde, era o novo proprietário. Vivian deu uma risada baixa.
— Isso é o que eu chamo um bom momento.
— Sim. Não me arrependi.
— É um lugar encantador, de que deve estar muito orgulhoso.
— Obrigado.
— E que lugar te deu esse acento?
— Escócia. Vivi ali durante muitos, muitos anos apesar de que nasci na Inglaterra.
Ela riu, um som suave e entrecortado que foi diretamente a sua virilha.
— Não tem a idade suficiente para viver em qualquer parte muitos, muitos anos mais.
Que pouco sabia ela...
— Quantos anos parece que tenho? — Perguntou ele.
Vivian voltou à cabeça e seus olhares se reuniram, e a dela era especulativo.
— Bem, vê-se como se estivesse em metade dos vinte. Entretanto, diria que é trinta.
Foi seu turno de rir.
— Sim o diz você.
— Estou perto?
— Não.
— Bem, não posso estar tão longe.
Ele se encolheu de ombros.
— A idade é um estado de ânimo.
Vivian deu um bufo pouco delicado.
— Isso é algo que só um jovem diria.
— Como se fosse uma velha.
— Mais velha que você, sim.
— Duvido isso.
— Quantos anos acha que tenho? — O tom dela foi desafiante. Foi sua vez de contemplar seu belo rosto.
— Bem, é mais velha do que originalmente tinha pensado que era. Tem a essas linhas maravilhosas ao rir aqui — Roçou seus lábios sobre a extremidade do olho, onde as linhas indicadoras residiam — Acredito
que está no final dos vintes. Mas cheguei a descobrir que tem uma sabedoria que supera com acréscimo a de alguém de vinte anos. É segura de si mesma e de seu lugar no mundo e isso só vem de viver a vida.
Muito poucas garotas de vinte têm muita confiança em si mesmas.
Ela clareou garganta e ele teve a clara impressão de que suas palavras a tinham incomodado em algum nível.
— E seu veredicto final é?
— Trinta e oito.
— Não de tudo — Riu ela.
Na escuridão, seus olhos brilharam com diversão. Aquelas linhas de risada diziam ao mundo que se tratava de uma mulher que riu muito em sua vida, mas que tinha tido igual medida de tristeza espreitando
nas profundidades de seu olhar também.
— Que tão perto estive? — Desafiou-a.
— Tenho quarenta e quatro.
Ele negou.
— Não se vê de quarenta e quatro.
Ela revirou os olhos.
— Confia em mim, vejo-me de quarenta e quatro.
— É formosa, não importa sua idade.
— Sinjin…
— Mas sabe disso, não? Sabe que é formosa.
Tomou a mão, com seus dedos dobrando-se ao redor de seu pulso.
— Os homens disseram isso toda sua vida, mas nunca se importou, não é?
— Não.
Ela lambeu os lábios nervosamente.
Ele a atraiu mais perto, o calor de sua pele se afundou na sua, esquentando o de dentro para fora. O aroma de seu perfume e do ar da noite se formou redemoinhos ao redor deles em uma vertiginosa combinação.
Seu polegar detectou o batimento louco de seu coração, enquanto preguiçosamente acariciou seu pulso.
— Como posso não fazê-lo? — Ele soltou seu pulso para mover a linha de sua mandíbula e garganta, sua cabeça caiu e sua boca roçou a dela.
— Por favor, não — A voz dela se quebrou e ele pôde sentir seu tremor.
Ele se afastou, capturado pela dor e o medo que escutou em sua voz.
Algum homem teria machucado? Por que tinha tanto medo de deixar que a tocasse? No restaurante, tinha sido rápida em lançar de volta seu rosto, agora mal podia olhá-lo aos olhos.
Ele deslizou sua mão sob seu queixo, forçando sua cara até que seus olhares se cruzaram.
— Não te machucarei — Sussurrou ele.
Seus olhos brilhavam com a dor que não dizia.
— Como sei que não me machucará?
Poderia machucá-la? Não, não o permitiria. Ele era o ator principal dessa situação e se asseguraria de que nenhum deles saísse ferido.
Ele encolheu os ombros enquanto acariciava a delicada linha de sua mandíbula, maravilhado por sua pele suave.
— Não tenho medo.
— Como pode tomar essa oportunidade? Quando é suficiente, é suficiente?
Uma lágrima se derramou sobre suas escuras pestanas.
Quando suficiente, era suficiente? Em que momento ele tinha decidido alguma vez permitir que outra mulher tocasse seu coração como Bliss o tinha feito?
— Quando já não puder respirar sem ter vontade de chorar. Quando cada palavra se transforma em uma tolice absoluta e só queira se afastar da vida. É então quando suficiente é suficiente — Ele soltou seu
queixo e a tomou entre seus braços.
Por um momento pensou que ela resistiria, então se inclinou para ele, com seu corpo de forma natural contra ele relaxando-se, com sua bochecha contra seu peito.
— Aí é quando baixa à parte traseira e faz uma mudança para melhor.
Ela respondeu com um som como de água pestilenta. Ele se deleitou com o sentimento dela em seus braços. Nunca tinha desejado abraçar a uma mulher. Gostava de sentar-se no sofá, talvez de mãos dadas e trocar
uns quantos beijos. Nunca havia sentido a necessidade de envolver-se a seu redor como uma manta, mas estranhamente, com o Vivian, sentia-se cômodo.
— Sente-se melhor? — Perguntou ele.
Ela inclinou a cabeça para trás.
— Sim.
— Está zombando de mim, mulher — Ele fixou sua expressão em uma que esperava fosse feroz.
Ela sorriu.
— Sim, fiz. O que fará a respeito?
Antes que pudesse pensá-lo duas vezes, ele baixou a cabeça e tocou seus lábios com os seus. Ele sentiu sua sacudida de surpresa enquanto seu corpo ficava rígido. Desejando que se abrisse para ele, mordeu
o lábio inferior e conteve o fôlego enquanto esperava sua resposta.
Ela se negaria?
Seus lábios se separaram debaixo dele, com seu gosto assustador enquanto ele se afundava em seu calor.
Sim...
Ele mordiscou sua língua, provocando um som de surpresa dela. O calor em espiral foi por seu corpo enquanto suas mãos aterrissavam em sua cintura, com suas palmas queimando em sua carne. Suas calças se
sentiam muito apertadas e ela estava tão quente contra ele, que não podia pensar corretamente. Ele a tinha desejado do primeiro momento em que a tinha visto e havia passado longas horas perseguindo-a em
seu sonho mais escuro, sonhando tocando-a com impunidade.
Com um gemido, sua língua se deslizou profundamente possuindo sua boca da forma em que o tinha sonhado...
Ele se sobressaltou quando ela se expulsou de seus braços. Apoiou-se contra o lado do carro. Seu peito se inchava com cada fôlego e seu olhar caiu mais baixo. Seus mamilos se mostravam claramente através
de sua camisa branca. Ela estava tão excitada como ele, assim por que se afastou?
— Tenho que ir — Ela se empurrou sobre seus pés enquanto a carruagem fazia uma parada frente a seu hotel. Antes que o chofer pudesse dar a volta, ela agarrou sua bolsa e abriu a porta antes de, literalmente,
saltar da plataforma.
— Obrigado pela viagem.
Fez um gesto apressado ao chofer e se precipitou no luminoso vestíbulo.
O sangue fez estragos nas veias de Sinjin enquanto a via desaparecer, também sacudido pelo explosivo beijo para pensar em algo coerente que dizer. Fechou os olhos, perguntando-se teria ido muito longe
e muito rápido e tinha cometido um grande engano tocando-a.
O toque de Sinjin era seguro, mágico. A forma em que se concentrou nas áreas onde ela precisava ser tocada. Era como se tivessem feito amor centenas de vezes antes. Cada movimento de seus dedos na união
de suas coxas suscitava uma onda de prazer enquanto ele acariciava sua necessitada carne.
Ela estendeu suas coxas em silêncio, suplicando que a enchesse. Esse sorriso sexy, sensual, enigmático curvava seus lábios, seus olhos negros brilhavam enquanto ele baixava a cabeça, com seus lábios roçando
seus dedos, como se fossem mágicos.
— Venha para mim — Ordenou ele.
Ela fechou os olhos, dando-se ao calor que despertou nela. Seus quadris se moveram enquanto sua língua violava seu núcleo…
Vivian se sentou, seu relógio despertador de viagem zumbiu em seu ouvido.
O coração pulsava com força, ela franziu o cenho para o dispositivo enquanto apertava o botão de desligar com a mão esquerda. O relógio ficou em silêncio e ela caiu sobre os travesseiros. Ao mover-se,
deu-se conta de que sua própria mão direita estava afundada em sua carne úmida, necessitada, não a de Sinjin.
Com um grunhido, ela afastou a mão, com seu corpo quase imediatamente lançando um protesto. Seu orgasmo tinha estado muito perto, quase tinha podido sentir seu sabor, degustá-lo.
Maldição, agora ele tinha invadido seu sonho. Sentindo-se cansada e irritada, rodou da cama.
Estirando-se, seus olhos refletiram a luz vermelha piscante do telefone. Uma mensagem a esperava. Seu meio-irmão sem dúvida nenhuma já que era o momento de sua verificação de cada duas semanas com ele.
Ela se dirigiu por volta do banheiro. Chamaria mais tarde, se sentia vontade, queria dizer.
Homens!
Ela acendeu a luz do banheiro limpo mas em mal estado. Toda sua vida tinha tido que tratar com homens autocráticos que só queriam possuí-la por sua cara bonita, ou inclusive por seu mais bonito dinheiro.
Teria sido por isso que tinha afastado de Sinjin ontem à noite? Por que havia dito que era formosa? Ele tinha estado certo quando havia dito que os homens haviam dito que era formosa e isso não tinha querido
dizer nada para ela. Não podia atribuir o mérito de bons genes.
Sinjin não parecia necessitar dinheiro e não sabia nada a respeito dela, de modo que não era um fator. Ou teria fugido porque, pela primeira vez desde o Marc, um homem em realidade a tinha alcançado dentro
de seu coração e a tinha obrigado a sentir algo que não fosse um desprezo suave pelos macho da espécie?
Ela franziu o cenho quando tomou a escova de dentes e atacou a seus dentes com vingança. Seu pálido rosto se refletiu no espelho. Bolsas escuras tinham jogado raízes em seus olhos e sua idade se via cada
dia mais. De maneira nenhuma se atreveria a pensar que Sinjin a beijaria com esse aspecto. Um sorriso curvou sua boca enquanto enxaguava a escova de dentes. Talvez essa fosse a resposta. Se se voltasse
em alguém pouco atraente a seus olhos, ele o pensaria duas vezes sobre seu desejo de beijá-la. Se não a tocasse, não havia maneira de que pudesse machucá-la. Por outra parte, só podia ser franca a respeito
de por que não queria entrar em uma relação com ele.
Sempre tinha sido muito sincera com a pessoa em sua vida, em especial com seus amantes, e não tinha nenhuma razão para fazer o contrário. Olhou fixamente à imagem de si mesma no espelho.
Simplesmente diria que não estava interessada em adotá-lo como seu amante, que não era de seu interesse.
Mentirosa.
Afastou-se do espelho para abrir a ducha. Não importava o que ela quisesse, entrar em uma relação não era do que tinha que estar fazendo agora. Tirou sua enorme camisa de dormir e a jogou sobre a cama,
com movimentos bruscos.
Sem dúvida, devia tomar o comando de sua frustração sexual.
— Essa é a velha Vivian — Murmurou enquanto se despojava de suas calcinhas — Não a nova e melhorada. Já não uso às pessoas para conseguir o que quero na vida.
Não o usará, se for o que quer também.
— Se cale — Meteu-se na ducha, deslizando a porta de cristal e fechando-a atrás dela, encerrando a si mesma em um casulo de vapor.
Agarrando a pequena garrafa de xampu, começou a lavar o cabelo. O aroma de Sinjin formou redemoinhos a seu redor.
Consternada, tomou a garrafa que tinha tirado do armazém a tarde de ontem. Lendo a etiqueta, deu-se conta de que não era sua marca habitual, mas as garrafas eram quase exatamente as mesmas. Sacudiu a cabeça
e voltou a colocá-la na borda da banheira.
Vivian enfiou de novo sob a ducha para enxaguar o cabelo, as borbulhas se deslizaram por sua pele em rios de branca espuma. Agarrando seu sabão, ensaboou-se, com o aroma de laranja e gengibre misturando-se
com o aroma masculino do xampu de Sinjin.
Agora em realidade estava rodeada por ele.
Não pôde evitar a risada que brotou de seu peito. Seus mamilos se endureceram enquanto esfregava a grossa espuma sobre seus seios antes de mover-se a seu estômago para logo baixar a suas coxas.
Conhecia muito bem os sinais da excitação. Vivian era uma mulher que estava em sintonia com seu corpo e suas necessidades. Graças há meses na estrada e à falta de interesse no sexo, não tinha entregado
a um episódio sexual, nem sequer tocando si mesma. Portanto se sentia a ponto de explodir.
Graças a ele...
Fechou os olhos. Quando dano faria um pequeno orgasmo? Sem dúvida o necessitava agora mais que nunca.
Seus dedos se deslizaram por seus cachos e o sabão para aprofundar na sensível carne que protegiam. Apoiou-se na ladrilhada parede enquanto seus movimentos se voltavam mais atrevidos. Rodeando sua excitada
carne, com sua respiração voltando-se tensa quando a tensão em espiral cresceu. Gritou enquanto um poderoso orgasmo se apoderava de seu corpo.
Com as pernas tremulas, caiu no chão da ducha, com a água quente chovendo sobre sua cabeça. Seu corpo vibrava de satisfação, contente de saber que seu cérebro estava ainda com vida pelo menos. Enquanto
seu pulso se fazia mais lento e sua respiração se voltava normal, deu-se conta de que queria mais, muito mais.
Graças a Sinjin.
Capítulo Seis
Sinjin mal resistiu o impulso de ir sobre o balcão e encontrar-se com Brent Draven, o detetive de Nova Orleans que tinha estado paquerando com Vivian durante a última hora. Pouco depois que o Chat houvesse
reaberto sob o comando de Sinjin, Brent tinha desenvolvido o hábito de deter uma ou duas vezes por semana para jantar e tomar uma cerveja antes de ir-se a casa.
O detetive estava agora em sua terceira cerveja.
Vivian se aproximou do final do balcão, onde estava sentado Brent. Deu ao detetive um grande sorriso enquanto deslizava seu copo de cristal vazio sobre o balcão para que Julius o enchesse.
Vestida com o uniforme requerido do Chat, com os pés nos tortuosos sapatos de salto alto que mostravam suas pernas longas para sua melhor vantagem. Sua pele brilhava com saúde radiante e Sinjin sabia muito
bem o que era isso. Ele tinha notado a mudança sutil na energia sexual que emanava de sua pele. Durante as horas do dia, ela tinha tido algum tipo de poderosa libertação sexual e isso tinha levado sua
energia a um pico alto. Haveria outro homem?
Vivian inclinou a cabeça para trás e soltou uma risada encantada, com o som enviando ondas de pura sensação por sua coluna vertebral. O detetive de cabelo escuro certamente parecia interessado em sua encantadora
anfitriã. Seu olhar estava fixo em sua face enquanto falava, com os sinais de sua excitação a vista de todos. Não, isso não serviria de nada. Não havia lugar para o detetive em sua relação.
Sinjin pendurou um pano de cozinha sobre a churrasqueira e se aproximou do casal.
— Meu irmão, Michael, deve poder te ajudar — Disse Brent — Ele trabalha no Vice e está muito familiarizado com o lado mais esotérico de Nova Orleans.
— Isso seria fabuloso — Vivian deixou uma mão sobre seu braço e deu um amistoso apertão — Estou realmente em uma situação desesperada por essa informação. A gente parece ter medo de falar muito a respeito
dessa área de vodu. Pode-me dar seu número?
— Claro — Brent se inclinou por volta dela e Sinjin incomodou ver que Vivian não se afastava como o tinha feito com ele ontem à noite — Posso te dar meu número também? — Ele pôs sua mão sobre a sua, com
seu polegar acariciando sua suave pele.
—Bem.
Sinjin se aproximou do balcão.
— Vivian, por favor, Pode tomar uma nova garrafa de desinfetante do armário de fornecimentos? — Sua voz saiu um pouco mais dura do que tinha previsto.
— É obvio — A expressão dela foi surpreendida, quase culpada e se afastou do detetive.
Ambos os homens a viram desaparecer na cozinha antes de enfrentar-se entre si, com seus olhares chocando.
— Draven.
— St. James — Ele levantou sua cerveja em uma saudação zombadora.
— Paquerando com meus empregados outra vez?
A testa de Brent subiu com evidente surpresa. Encolheu os ombros.
— Nunca te incomodou no passado.
Sinjin era muito consciente da potência sexual do detetive com várias de suas garçonetes. Ainda com a cicatriz que estragava sua têmpora e sua bochecha, Brent Draven era muito popular entre suas empregadas.
Tracey havia dito que dava uma aparência sexy e perigosa, que atraía às garotas como loucas.
Uma coisa era segura, o detetive estava no certo, nunca tinha incomodado antes.
— Bem, desta vez o faz.
Brent deixou a garrafa sobre o balcão.
— Acredito que essa é uma decisão que a mulher tem que fazer por si mesmo.
— Que mulher, que decisão? — Vivian reapareceu com uma garrafa de aerossol que entregou a Sinjin.
Brent se recostou, com seu sorriso de bem-vinda e dando um olhar audaz.
— Só falávamos de uma amiga em comum.
Seu olhar se ficou em seus seios? Sinjin quis chegar pelo balcão e golpear ao detetive na cabeça com sua própria garrafa de cerveja.
— Está bem, então — Vivian tomou sua taça cheia — Por favor, não se esqueça de deixar o número de seu irmão para mim, Brent. Realmente aprecio isto — Dedicou um sorriso, quase fazendo pouco caso de Sinjin
antes de retornar a sua estação.
O detetive a seguiu com o olhar.
— É uma formosa mulher. Parece-me que vale a pena lutar por ela.
— Sim, assim é.
— E estou deixando a escolha a ela — Brent voltou e recolheu sua garrafa, elevando-a em direção a Sinjin de novo, sua expressão era de brincadeira —Que o melhor homem... Ganhe.
Vivian passou o cartão de crédito pela máquina com um murro na importância da fatura. Estava cansada, muito cansada. Era quase a uma e trinta da manhã e o bar ainda estava cheio mas o restaurante estava
quase vazio. Havia só duas mesas com clientes e a garçonete tinha sido chamada ao clube para dar uma mão porque Viv tinha concordado ser a garçonete para eles. Estavam quase preparados para pedir a conta
e ainda tinha que tirar o suporte da anfitriã, depois teria terminado a noite. Talvez, se tinha sorte, poderia estar na cama às três e levantada ao meio dia para começar a grande travessura de investigação
do Voodoo.
A máquina apitou e Vivian olhou para baixo. TRANSMISSÃO ERRÔNEA.
Ela pulsou o botão “Apagar”. A tela cintilou. PASSE O CARTÃO DE NOVO.
Ela passou o cartão de novo e teclou a quantidade antes de dar “enter” para enviá-la. MARCANDO.
— Bem, funcionou desta vez, caramba — Murmurou ela.
Um jornal jazia ao lado do registro e ela o recolheu para atirá-lo no lixo quando o titular chamou a atenção.
O RETALGADOR ATACA DE NOVO.
Ela franziu o cenho e procurou no artigo, tomando nota da referência da mulher que tinha sido encontrada morta no Bairro francês. A julgar pelo artigo, esse assassinato se produziu a só oito quadras de
distância do Chat. O corpo tinha sido deixado em um contêiner de lixo e descoberto logo depois de mais de vinte e quatro horas. O jornal mencionava que os assassinatos se produziram com poucas horas de
diferença. Estariam conectados?
Até agora, o NOPD tinha optado por permanecer virtualmente em silêncio, só indicando que uma investigação estava em curso e que não podiam comentar nada até que estivesse completa.
Vivian dobrou o papel e o atirou no lixo. Fora na Rua Bourbon, as multidões se reuniam ainda. Alguns caminhavam com os destinos desconhecidos, enquanto outros perambulavam em pequenos grupos, falando e
rindo com seus amigos. Seria fácil matar a alguém ali no coração do Bairro Francês.
Muitas das ruas eram estreitas e algumas estavam pouco iluminadas uma vez que escapava do centro da comarca.
Nova Orleans era uma cidade de cantos e gretas e havia segredos escondidos em suas profundidades.
Perigos à parte, havia uma energia na cidade como nada que já houvesse sentido. Ela amava Nova Iorque e sempre seria sua casa, mas Nova Orleans se sentia muito cômoda como um velho amigo. Possivelmente
o suficiente cômodo para jogar raízes e ficar um momento.
Ela sorriu enquanto o pensamento se apoderava dela. Pela primeira vez, sentia como se sua viagem estivesse a ponto de terminar. Talvez devesse comprar uma casa linda no Vieux Carré e fazer pastéis redondos
e café de chicória nas manhãs. Havia muito que ver e experimentar aqui.
E não se esqueceu de Sinjin...
Ela mordeu o lábio. Sim, ele era assim. O que faria a respeito de sua crescente atração para o arrumado garçom? Como havia dito ontem de noite, era muito velha para ele. Ele necessitava a alguém mais jovem,
mais receptiva à vida e armada com melhores coxas.
A máquina soou de novo e a impressora emitiu um recibo. Ela tomou o papel justo quando o cabelo na parte traseira de sua nuca se arrepiou como se alguém tivesse respirado nele.
Curiosa, olhou ao redor do restaurante procurando a fonte de seu mal-estar.
Os ocupantes de ambas de suas mesas estavam terminando suas bebidas mas nenhum a estava vendo.
Ela deu uma olhada ao balcão. Julius estava conversando com outra formosa loira e várias outras se atrasavam com suas bebidas. Sinjin não estava à vista.
Vivian arrancou o recibo e o meteu no bolso de pele junto com uma caneta. Passeando para a mesa, olhou pelas grandes janelas de cristal que davam às ruas comerciais, tratando de descobrir o que estava
dando heebie-jeebies[3]. Nada parecia fora do normal.
Ela chegou à mesa e apresentou a conta com um amplo sorriso antes de retirar-se a um canto desocupado do restaurante para olhar pelas janelas de novo.
A rua estava bem iluminada e as pessoas continuavam movendo-se para frente e atrás. Ninguém prestou a mais mínima atenção a ela ou às janelas iluminadas do Chat. Na atualidade diretamente através da rua
havia uma loja vazia em renovação. As janelas estavam cobertas de papel marrom grosso e a luz por cima da porta estava apagada.
Bonnee tinha mencionado que ia ser um café e confeitaria. Quando Vivian tinha entrado no trabalho antes que anoitecesse, tinha visto a atividade dos trabalhadores terminando o dia, mas agora se via tranquilo.
Seu olhar se estreitou enquanto uma mudança repentina nas sombras chamava a atenção de novo à escura porta.
Ou não?
Ela ficou atrás da samambaia de um vaso de barro grande, com abundância de zonas verdes para bloquear parte da iluminação interior isso permitia ver melhor através da rua. Ali, nas sombras da porta, havia
uma figura olhando fixamente as portas dianteiras do Chat Noir que estavam abertas. Ela franziu o cenho. Por que alguém que pararia na escuridão e olharia fixamente o restaurante? Seria um amigo de Sinjin?
Um inimigo?
— Senhorita?
Vivian deu um salto e uma folha grande golpeou a face, enquanto um de seus clientes se aproximava.
— Sinto muito — Deu uma risada forçada — Pensei que alguém tinha deixado cair alguns guardanapos de novo aqui — Ela deu um passo fora do oculto lugar.
— Nós gostaríamos de nossa conta, por favor — Disse a mulher.
— É obvio, em tão somente uns segundos — Vivian se empurrou para a caixa para compilar a conta antes de apresentá-la à mesa.
Mantendo um olho sobre eles, meteu-se a seu lugar anterior e apareceu à porta do logo-a-ser café.
O espectador se foi.
Sinjin olhou para a porta pela enésima vez. Onde estaria Elena? Eram quase a uma e meia e ainda tinham que fazer uma aparição. Tomou uma caixa de cervejas enquanto Vivian passava olhando para frente, com
um recibo em suas mãos dirigindo-se à mesa última ocupada. O aroma de seu perfume ficou no ar atrás dela.
Antes que Draven se foi, ele os tinha visto os duas com as cabeças juntas, enquanto entregava uma folha de papel. Ralava não saber exatamente o que estava escrito nele. O detetive estaria deslizando seu
número de telefone junto com o de seu irmão? Pôs as garrafas de cerveja no refrigerador. Sobre seu cadáver, ela se envolveria com um homem como Draven.
Uma onda de energia através de sua pele anunciou a chegada de Elena. Ele permitiu que a porta da geladeira se fechasse quando se voltou e a viu aproximar-se do balcão.
As calças de couro negro se agarravam a suas musculosas e magras pernas, com um casaco de couro de estilo espanador varrendo suas costas. Um colete creme de pele de gamo com o decote mostrando seu frente
à sombra do vale de seus seios completava seu traje. Em outro momento teria apreciado sua aparência e contemplado a forma de leva-la à cama. Mas agora não sentia nada mais que um leve interesse quando
a olhava.
Em troca, seu olhar se moveu a Vivian. Ela estava de pé junto à máquina dos cartões de crédito, com seu reduzido olhar definitivamente hostil enquanto seguia o progresso de Elena através da sala de espera
para o bar.
Essa mulher, uma mulher com a que não se deitou ainda, entretanto, infernos, que apenas a tinha beijado, tinha-o arruinado para todas as demais mulheres no planeta. Uma vaga sensação de pânico o impulsionou
de trás do balcão.
— Elena.
Um sorriso zombador adornava seu rosto, sua sobrancelha se levantou enquanto ela olhava para baixo.
— Para mim?
Ele olhou a caixa vazia que pendurava das pontas de seus dedos. Sorriu e a pôs em um dos tamboretes.
— Não a menos que queira ir trabalhar.
Ela inclinou o quadril, pondo sua mão na curva magra e levando sua atenção a seu corpo.
— Por muito prazer que certamente seria trabalhar para você, terei que passar.
Quanto ao que era um passe, era bastante bom, tinha que dar isso. Seu sorriso era grande.
— Perde com isso.
— Mmm — Ela abriu seu casaco para deixar ver um envelope em um de seus amplos bolsos interiores — Podemos subir as escadas e falar de negócios?
— Sim. Depois de você.
Ela assentiu e se dirigiu para as escadas, Sinjin não pôde resistir a dar um olhar retrospectivo a Vivian. Ela ainda se mantinha na máquina de cartões de crédito, recibo em mão vendo pela janela com expressão
perturbada.
Ele seguiu seu olhar à rua e não advertiu nada mal. O bulício nas calçadas, pessoas as percorrendo taças em mão enquanto desfrutavam da noite de Nova Orleans.
— Vivian — Gritou ele.
Ela olhou então além dele, com seus olhos reduzindo-se no momento em que viu a Elena em direção às escadas.
— Me espere, escoltá-la-ei ao hotel — Disse ele.
— com certeza que não estará muito ocupado? — O sarcasmo atava a voz dela.
Sinjin viu que Elena o esperava na parte inferior dos degraus, com expressão divertida.
— Acredito que está em problemas, tigre — Disse. Ele não fez conta.
— Me espere — Disse a Vivian.
Elena riu e Sinjin pôde sentir os olhos de Vivian como aborrecidos buracos em suas costas. Um duende o levou a pôr sua mão na parte baixa das costas da mulher lobo enquanto se adiantava nos degraus. A
mulher se inclinou para ele.
— Está metido até a cabeça e nem sequer sabe, não é?
— Do que está falando?
— De sua namorada. Ela não estará muito contente com você, meu amigo.
O hábito o fez responder:
— Não, não é minha namorada.
— O que é ela então? — Elena se moveu fora dele, enquanto entravam na desordem familiar de seu escritório — Outra em uma longa linha de namoricos?
Ele rodou os ombros, de repente incômodo.
— Faz soar como se fosse por mulheres a torto e direita — Murmurou ele.
— Fez a primeira vez que chegou a Nova Orleans — Elena tirou o casaco, deixando ao descoberto os ombros suaves e braços musculosos. Em seu braço esquerdo tinha uma tatuagem de um coração atravessado por
uma adaga.
— Esteve escutando histórias, não é? — Ele tirou uma pilha de faturas, recibos de lista de nomes e catálogos da parte superior da gaveta de sua mesa.
— Como você a respeito de minha família — Ela retirou o envelope do bolso de seu casaco — Precisava saber mais sobre o homem com o que poderia estar fazendo negócios. Assim fiz umas quantas sutis perguntas
a respeito de seu caráter e posição na comunidade sobrenatural.
Sinjin se sentou atrás de sua mesa, tratando de não mostrar sua irritação.
Ele teria feito o mesmo se tivesse estado em sua posição, assim por que o incomodava tanto que ela tivesse perguntado a respeito dele?
— Encontrou algo interessante?
— É muito respeitado pela maioria. Sua palavra é sua fiança e se pode confiar em você — Ela atirou o envelope na mesa entre eles — Alguns também acreditam que está louco como um touro por ter vivido na
selva do norte da Escócia só a maior parte do tempo. Alguns dizem que foi voluntariamente, enquanto outros acreditam que seus amigos se viram obrigados a te esconder.
Ele sabia o que a comunidade sobrenatural pensava dele e não o deteve nem um pouco. Fazia as decisões que fez porque era o correto no momento. Não poria desculpas, nem responderia a sua declaração.
— Também passou pelas mulheres como um louco quando chegou pela primeira vez a Nova Orleans depois de perder ao amor de sua vida.
— Realmente fez uma boa investigação — Ele chegou ao envelope.
— É compreensível — Ela fechou os dedos sobre os seus, tomando os dele. Seus olhares se encontraram e ele viu a dor nas profundidades de seus olhos marrons escuros — Sua reação. Não é mais que normal,
querer experimentar a emoção que a vida tem para oferecer depois da morte de alguém tão próximo a você, de deleitar-se com sua capacidade de ser justo — Elena o soltou e se afastou como se suas revelações
a fizessem sentir-se incômoda.
Em algum lugar das profundidades de seu passado ela tinha experimentado a perda de desejo de seu coração, como ele o tinha feito. Em silêncio reconheceu o vínculo comum de dor entre eles enquanto tirava
as páginas e as punha sobre a mesa.
Sem piedade ele obrigou a sua atenção de novo à tarefa em questão.
Havia quatro páginas de fotografias que haviam imprimido de um computador em papel com qualidade fotográfica. Cada uma mostrava uma página diferente do que parecia ser um velho livro. Sinjin colocou a
mão em sua mesa e tirou uma lupa. Pondo seu abajur em uma posição mais alta, selecionou uma para estudá-la.
A letra era antiga, provavelmente de meados de 1800. Se, o livro era verdadeiro, era um dos exemplares, com certeza o original se desintegrou, provavelmente com os anos. As páginas estavam bem conservadas,
com a escritura em negro, com o começo desvanecendo-se ao redor das bordas. Ao escanear o texto, uma palavra chamou a atenção. Niall.
Ele se deteve para ler a sentença.
Meu filho, Niall nasceu faz dois dias. É um menino saudável e dorme bem já. Manfred mostra pouco interesse em seu filho. Em seu lugar, vê-o com grande desconfiança e temo pela vida do menino.
Sinjin se recostou para trás. Não havia dúvida de que esse livro era o diário. Muito poucos sabiam que Renault o were-gato era o filho biológico de Mikhail. Certamente, nenhum o tinha sabido quando essa
cópia do diário tinha sido elaborada na década de 1800, enquanto o mundo sobrenatural tinha acreditado que o filho de Mikhail tinha morrido. O parentesco de Renault só tinha sido revelado dezoito meses
antes.
Deixou a página e selecionou a seguinte. Esta estava escrita em uma linguagem diferente, uma que não reconheceu imediatamente.
— O diário contém vários idiomas, alguns não os conheço — Elena se moveu mais perto para permanecer a seu lado — Não o tenho lido tudo, mas não parece haver nenhuma ordem nele. Ela vai escrevendo sobre
a vida temprana de seu filho a sua própria infância, a seu matrimônio, depois à história dos preternaturais, logo depois de volta a seu filho outra vez — Levantou suas mãos e depois as deixou cair, com
evidente frustração.
Interessante. O que seria exatamente o que a mulher lobo estaria tentando de deduzir das páginas do diário?
Sinjin revisou as outras páginas, tomando nota de que cada uma estava escrita em uma língua diferente. Uma estava em escocês antigo, enquanto a última estava em francês. Por que Elsabeth teria escrito
o diário em tantos idiomas? Ou o tabelião que tinha copiado o livro se teria tomado a liberdade de trocar os idiomas do original?
Ele deixou a lupa.
— Diria que o livro parece ser genuíno — Captou o olhar de alívio dela antes que o mascarasse atrás de uma expressão altiva.
— É obvio que o é, havia isso dito.
Ele fez caso omisso de sua fanfarronice.
— Quanto dinheiro quer pelo livro?
— Dinheiro? — Sua voz foi rouca — O dinheiro não me interessa no que concerne a este livro.
— Então, o que quer se não ser dinheiro?
— OH, quero algo — Seu olhar o empalou — Quero saber como inverter o were-lobo.
Ele não poderia ter estado mais surpreso se tivesse caminhado e tivesse dado uma bofetada na face. Ela queria o que dele?
Deve tê-lo dito em voz alta enquanto o repetia.
— Vamos ver se o entendo — Ele se levantou de sua cadeira — Quer que encontre uma maneira de reverter o estado de homem lobo de novo a um humano?
Ela assentiu.
— E tem que fazê-lo agora, primeiro, antes de aprofundar em qualquer outra coisa com o diário.
— Estou assumindo que isto é para você?
Elena ficou em cima da mesa dele, com expressão tensa e pareceu não estar disposta a responder.
— Dá-se conta que o mundo sobrenatural está em um alvoroço e milhares de vidas estão em risco. Inclusive agora, Mikhail está tramando sua seguinte batalha. Necessitamos deste livro e a informação que contém
para mantê-lo a raia.
— Como se me preocupasse com os preternaturais — Zombou ela — Os homens lobo nunca participaram das uniões por gosto de vocês e nunca o faremos.
— Não se trata de alianças, trata-se de vidas.
— E qual é o custo de minha vida? — Grunhiu ela — Qual é o custo de minha vida quando foi destruída e não tive palavra no que aconteceu? — Seus olhos brilharam com lágrimas não derramadas — Não era mais
que uma menina quando foi violada por um dos não-naturais. Nunca quis esta maldição e quero que se inverta, agora — A mão tremia, enquanto assinalava as páginas em sua mesa — Esse livro pode ser a chave
para reverter esta maldição.
— Sim. Pode ser. Conta-se de que inclusive se o fizer, a vida nunca será a mesma — Sinjin se levantou e se moveu ao redor da mesa — Que será irrevogavelmente trocada quando caminhar e viva nas sombras
junto a nós. Inclusive se os homens lobo se negam a unir-se a nós, será uma com as sombras.
Ela sacudiu a cabeça e recuou, estendendo a mão para mantê-lo afastado dela.
— Não, posso trocar de volta — Sua voz se quebrou — Tenho que fazê-lo.
— quem dera fosse certo.
Ela vacilou, enquanto ele tomava em um abraço solto, resistindo primeiro, sustentando seu corpo em tensão em seu abraço.
— Posso fazê-lo — Sussurrou ela contra seu peito.
Ele acariciou as costas e a ouviu afogar um soluço.
— Farei essa busca de investigação, mas não posso te garantir nada. Tenho que ajudar ao maior número de pessoas o mais rapidamente possível, mas tomará tempo — O coração doeu pela menina que tinha sido
e pela mulher atormentada em que tinha crescido e se converteu.
Elena inclinou para trás a cabeça, com seu rosto sulcado pelas lágrimas.
— É amável — Fungou ela — Para ser um vampiro.
Ele riu e deu um beijo rápido na testa. Um movimento no canto perto da porta chamou sua atenção.
Ele vislumbrou a face surpreendida de Vivian antes de girar-se ao redor e descer de novo pelas escadas, tentando fazer silêncio, mas com sua vista aguda notou sua pressa agitada.
— Agora está nisso — Elena se empurrou de seus braços.
— Sim, com certeza que se viu assim.
— Quanto acha que tenha ouvido?
— Muito pouco — Esperava. Ouvir Elena dizer que estava bem como vampiro, provavelmente não ganharia pontos com o Vivian, isso se ela o tivesse acreditado.
— Trarei o diário aqui amanhã de noite — Ela agarrou seu casaco e se deslizou nele — Me prometa que fará tudo em seu poder para encontrar as respostas que necessito.
— Sim, prometo-o.
— Agora, vá procurar a sua mulher e emenda algumas cerca. Acredito que a atormentou o suficiente — Deu um pequeno e triste sorriso — Teria sido um bom homem lobo.
Sinjin pôs-se a rir.
— Guarda o pensamento.
Anthony olhava através das janelas do Chat Noir enquanto Vivian fechava por essa noite. Qual não seria sua surpresa ao encontrar à chefa do Carrington Internacional trabalhando como anfitriã em um clube
noturno do bairro francês. As fotos que tinha recebido não faziam justiça a essa mulher. Matar a uma criatura tão formosa era uma vergonha, mas o dinheiro mais que o compensaria.
Ele colocou a mão em sua jaqueta leve e tocou o tranquilizador peso da cômoda Sig Sauer em sua capa. Logo, Vivian Carrington estaria morta e ele seria um homem rico.
Acomodou-se mais na porta para esperar, com a mente febrilmente planejando o que fazer com sua fortuna recém descoberta.
Capítulo Sete
Vivian ardia enquanto recuperava sua bolsa e sua jaqueta de estilo duster da sala de descanso dos empregados. Como se atrevia esse miserável a beijá-la e logo dar a volta e ter a outra mulher em seus braços
apenas vinte e quatro horas depois. Vivian Carrington não compartilhava seus brinquedos com ninguém. Não agora. Nem nunca.
JIGOLÔ.
Ela deslizou na jaqueta e saiu à porta principal. Sinjin era um exemplo mais do que estava errado com a maioria dos homens. Eram inconstantes, voltando sua atenção a uma mulher disponível não, a qualquer
mulher que passasse a revoar por ele. Devia tê-lo sabido já que tinham feito exatamente o mesmo várias vezes. Nunca tinha entregado a uma relação amorosa com um homem casado ou comprometido, já em várias
ocasiões tinha descoberto depois o fato de que a tinham enganado. Um homem, executivo de uma companhia petroleira se casou com uma amante de Park Avenue. Ambos tinham se negado a revelar a Vivian. Isso
se tinha convertido em um clichê.
Homens. Não podia confiar neles.
Uma grande multidão de pessoas bloqueava sua saída pelas portas principais. Irritada, voltou-se para a parte traseira do restaurante. Atrás do posto de café havia uma pequena porta que levava a Rua Bourbon.
Abrindo o seguro se deslizou à atmosfera ruidosa antes de fechar a porta atrás dela.
Necessitava um pouco de espaço longe do bar e de seu bonito proprietário. Agora era um momento tão bom como qualquer outro para contemplar seu seguinte movimento. Ficaria ou se iria? Seu trabalho de investigação
estaria terminado em uma semana e uma vez que recolhesse quão materiais tinha reunido seria uma mulher livre. Sentiu uma pontada na zona de seu coração diante a ideia de ir de Nova Orleans. No pouco tempo
que tinha estado na residência tinha chegado a amar a atmosfera e às pessoas que habitavam a cidade, a um dos residentes em particular.
Está em algo profundo minha querida...
— Não, não o estou — Murmurou ela — Estou só excitada — Fez seu caminho ao redor dos bêbados à festa e depois dobrou a esquina e se afastou das multidões, com sua agitada marcha comendo-a calçada enquanto
avançava ao norte para seu hotel —Tudo o que preciso é espaço para descobrir que diabos está acontecendo em minha cabeça e…
Uma repentina resistência a deteve enquanto algo ou alguém agarrava sua mochila e puxava as laterais. Antes que pudesse gritar em sinal de protesto foi levada de repente para o lado de uma parede de tijolo
enquanto umas mãos arrancavam sua bolsa.
— Quero o livro — Grunhiu uma voz em seu ouvido.
Vivian lutou contra seu atacante.
— Que livro? — Foi empurrada contra a parede de cara, com uma mão segurando-a pelo pescoço alguém arrancou a bolsa de suas costas.
— Sabe exatamente que livro, puta.
— Não, em realidade não sei — A adrenalina e a irritação alagaram seu sistema. Esta era a segunda vez em uma semana que tinha sido maltratada nessa cidade e estava cansada disso. Talvez não fosse um bom
lugar para comprar uma casa. Quem saberia que a taxa de delitos seria tão alta?
— Não está aqui — Falou outra voz.
Sem cerimônia, foi voltada para enfrentar a seus captores. Teve a impressão de altura e ameaça enquanto o que a tinha como refém a agarrava pela garganta.
Ela tomou seu pulso, com suas unhas afundando-se em sua pele, mas ele não pareceu dar-se conta do dano que estava infligindo.
— Onde está?
Os dedos se apertaram, ameaçando cortar seu fornecimento de ar. Seus olhos se abriram enquanto pontos negros dançavam diante deles.
— Não sei do que está falando — Ofegou ela.
A outra figura se aproximou e era muito menor que o primeiro.
— Esta não é a mulher adequada — Sua voz se tingiu com o sabor do sul — Não é mais que uma fodida garçonete.
O homem alto de cabelo escuro olhou o pequeno, depois, voltou a olhá-la. Seus olhos se estreitaram e o coração de Vivian saltou a sua garganta.
— Então não a necessito — Empurrou-a lançando-a para o mais baixo — Mate-a, mas faça-o em voz baixa. Não queremos que a encontrem logo — Ele deu a volta e se dirigiu para as luzes da Rua Bourbon.
— Não — Ela esfregou a garganta em carne viva — Por favor não me machuque.
O homem encolheu os ombros.
— Sinto muito, formosa. O alto, moreno falou brutalmente e devo fazer o que me diz.
Seus olhos brilhavam na escuridão e Vivian teve a impressão de que realmente sentia ter que machuca-la.
Mas não o sentia o suficiente para ir-se e deixá-la sozinha.
— Imploro, por favor, não me mate — Ofegou ela — Tenho dinheiro, posso te pagar.
Ele vacilou e olhou na direção de onde o outro homem se foi. A indecisão que estava escrita em seu rosto quando se voltou para ela. Levantou a mão e contemplou seu destino enquanto passava um dedo magro
por sua bochecha. Ela lutou por não estremecer-se debaixo de seu impessoal toque.
— É muito formosa para te matar — Apertou os dedos em sua garganta e ficou sem fôlego — Há tantas outras coisas que se pode fazer com você —Levantou a mão e a outra a deixou cair em um forte golpe em sua
mandíbula e ela não soube nada mais.
— O que quer dizer com que ela se foi?
Tracey deixou uma bandeja de copos sujos no balcão e começou sua descarga perto da pia.
— Quero dizer que se foi. Vi que penetrou pela porta traseira faz uns quinze minutos.
— Disse que me esperasse — Se queixou Sinjin — Por que as mulheres não escutam?
— Bom, talvez se os homens deixassem de nos dizer o que fazer e nos perguntar o que realmente queremos, em realidade poderíamos escutar — Tracey recolheu a bandeja e seguiu à cozinha.
Sinjin revirou os olhos. Só a mente feminina podia conceber algo tão lógico como isso. Guardou o envelope que continha as fotos sob o braço e se dirigiu à porta.
—Julius, vou daqui. Que tenha uma boa noite.
O garçom agitou uma mão em resposta, enfrascado em uma conversa com uma ruiva e uma loira curvilínea. Sinjin sorriu.
Parecia que seu garçom em chefe estava em algo interessante esta noite.
Saiu do restaurante e se aproximou do Borbón em um rápido clipe. Queria apanhar Vivian antes que chegasse a seu hotel ou do contrário não teria outra oportunidade até a seguinte noite. Tinha a sensação
de que não responderia seu telefone se tentava de chamá-la.
Mulheres. Quem as entendia?
Durante os últimos seis meses as mulheres com as que se enredou eram formosas no exterior com muito pouco piso de acima. Sejamos realistas.
Só tinha querido perder-se a si mesmo fisicamente na maioria delas.
Além da irritação que tinha deixado isso, não estava seguro do que sentia por Vivian. Desejava-a. Era uma mulher formosa e teria que ser cego para perder as interessadas olhadas que tinha recebido desde
que tinha começado a trabalhar no Chat. Os olhos masculinos jovens e velhos, pareciam gravitar para ela enquanto caminhava havia a barra. Inclusive mais importante que seus evidentes encantos, realmente
gostava. Tinha inteligência, um engenho rápido e não tinha medo de dizer o que pensava.
Se fosse completamente honesto consigo mesmo, isso era o que o atraía. Não tinha nada haver com suas fabulosas pernas ou com sua risada malvada. Foi sua confiança e comportamento. Vivian era o tipo de
mulher que estaria em casa em quase qualquer situação. Portanto, havia problemas nos que tinham que trabalhar entre eles mas poderiam obtê-lo. Eram dois adultos amadurecidos que…
Os flashes intermitentes dos veículos de emergência chamaram a atenção quando dobrou a esquina. Uma grande multidão se formou bloqueando seu ponto de vista dos fatos. Logo viu o detetive Draven ordenando
à multidão que se afastasse. A massa se moveu a contra gosto enquanto vários agentes uniformizados intervinham para animá-los. À medida que a maca se movia à vista, Sinjin viu a mulher atada a ela.
Reduziu a velocidade até deter-se, com o coração na garganta.
O cabelo escuro, a camisa branca, a saia negra e uma banda estreita de seda de cor vermelha ao redor de sua garganta foi tudo o que pôde ver enquanto sua face se separava dele. Correu as quarenta e algo
jardas que os separavam, fazendo aos mortais a um lado quando chegou à multidão. Enquanto se aproximava, Vivian era carregada na ambulância com o Draven seguindo-a levando uma mochila maltratada na mão.
— Dra…
— A onde acredita que vai? — Assinalou uma voz chamando sua atenção da atividade dentro da ambulância. Um oficial de polícia se parou junto a ele, a só polegadas da cara de Sinjin — Disse que a gente não
pode passar, não há nada que ver aqui.
— Só necessito…
— Olhe amigo, o pedi bem — O oficial pôs sua mão sobre a culatra de sua pistola embainhada — Mantenha em movimento, não me faça te prender. Sairei em uma hora e não desejo fazer a papelada.
Pela extremidade do olho Sinjin viu as portas fechando-se e a ambulância saindo. Embora se desse conta que o oficial estava só fazendo seu trabalho, mesmo assim tomou uma grande quantidade de sujeição
evitar açoitá-lo e ir-se. Sinjin apertou os dentes enquanto dava ao oficial uma seca inclinação de cabeça e se afastou.
Evitou a quão atrasados ficavam e começou a correr em direção a sua casa, já calculando o tempo que se necessitaria para chegar ao lado de Vivian.
— É uma jovem com sorte.
Vivian deu uma risada rouca.
— Não me sinto muito afortunada ou muito jovem nestes momentos.
O médico de urgências deu uns tapinhas no ombro.
— Bom, está viva e isso é o que conta. A dor de cabeça desperecerá igual aos hematomas em uns poucos dias.
— Tenho uma comoção cerebral?
— Possivelmente seja muito leve. O TAC foi normal, assim não acredito que tenhamos nada do que nos preocupar.
— Talvez não — Ela deu um sorriso forçado.
— Estamos a ponto de te deixar, tudo o que tenho que fazer é assinar na linha dedilhada. No momento há um detetive Draven flutuando para fora da porta. Posso deixá-lo entrar?
—Por favor e obrigado por cuidar tão bem de mim.
— Não há de que. Espero não vê-la de novo em virtude desta circunstâncias — O médico deu uma piscada.
Vivian deixou cair a cabeça no travesseiro. Cada centímetro de seu corpo doía e sua cabeça mais. O que tinha ocorrido na rua? Em um momento tinha estado caminhando para o hotel e ao seguinte tinha sido
empurrada.
A cortina foi empurrado a um lado e Brent entrou no cubículo. Seu olhar foi como uma avaliação enquanto a via da cabeça aos pés antes de assentar-se finalmente em seu rosto.
— Como se sente?
— Como me vejo? — Respondeu ela.
— Espancada — Reconheceu ele.
— Isso é mais ou menos como me sinto. Sua expressão se voltou séria.
— Preparada para responder a umas quantas perguntas?
— Perguntas de tipo pessoal ou profissional?
— Profissional.
Ela fez um gesto tentativo.
— Não sei o que posso dizer. É um pouco confuso agora.
— A que hora deixou o clube?
— Acredito que era ao redor das duas.
— E foi sozinha?
— Sim. Supunha-se que devia esperar ao Sinjin, mas…
Deteve-se, não querendo ir a por que não tinha esperado por ele. Soaria como uma completa tola se dizia a verdade.
— Mas, o que?
Ela pregou o lençol com seus dedos, sentindo seu olhar fixo em seus movimentos nervosos.
— Não quis fazê-lo. Mudei de opinião, assim que fui.
Brent fez uma nota em seu livro. Não disse nada, mas ela teve a sensação de que o tinha decepcionado de algum jeito.
— Então, o que aconteceu? — Perguntou ele.
— Estava caminhando de retorno ao hotel e alguém me agarrou e me empurrou contra a parede. Puxou minha mochila e a revisou — Franziu o cenho — Acredito que havia dois.
— Isso acredita?
— Lembro ter ouvido duas vozes diferentes, um tinha um ligeiro sotaque sulino — Olhou-o nos olhos — Como posso recordar isso e nada mais?
— Simplesmente toma-o com calma — Brent pôs sua mão sobre seu braço — Vivian, faz dois dias fez um prova litográfica de roubo de sua bolsa. Acha que este incidente poderia estar relacionado?
Ela franziu o cenho, sacudiu a cabeça e se deteve quando a dor enviou uma sacudida de advertência.
— Não vejo como poderia. Quero dizer, isso ocorreu na mesma área geral, mas dessa vez foi um homem só o que agarrou minha bolsa e saiu correndo. Nunca tratou de me machucar.
— Alguma vez pensou que talvez alguém pudéssemos estar te espreitando?
Ela soltou uma surpreendida risada, depois se cobriu a boca quando viu que ele se via muito sombrio. Ela clareou a garganta e acomodou suas feições em uma expressão mais séria.
— Por que alguém faria isso?
— É formosa e muito rica.
— Esteve fazendo sua tarefa — Ela agitou suas palavras as afastando — Sou quase uma figura pública. Noventa e nove por cento da gente nas ruas provavelmente nunca ouviu falar do Carrington Internacional.
— Que tão bem conhece o Damien St. James?
Ela franziu o cenho.
— O que tem ele que ver com isto?
— É só uma pergunta — Dobrou o caderno de notas e o guardou no bolso de sua jaqueta.
Vivian encolheu os ombros, não querendo falar de Sinjin, especialmente não com o Brent.
— Apenas o conheço absolutamente. Acabamo-nos de conhecer faz uns quantos dias.
Ele se inclinou sobre ela.
— Confia nele?
— Por que pergunta isso?
— Quero que sua reação seja visceral. Confia nele?
— Sim.
Ela fez um gesto tentativo.
— Vivian, há um montão de coisas no mundo que não entendemos. Nova Orleans é uma cidade muito antiga, cheia de mitos que lutam com o reino sobrenatural. Temos residentes e visitantes que acreditam que
há seres paranormais e em realidade vivem esse estilo de vida.
Ela franziu o cenho.
— Do que está falando?
— Temos um grupo que se acha a si mesmos algo como vampiros. Seus olhos se abriram.
— Quer dizer, como um jogo?
— Não, realmente acreditam que são vampiros. Só deixam suas casas de noite e bebem sangue. A maioria não parece caçar suas comidas, como caberia esperar, mas para todos os efeitos vivem a vida dos vampiros.
Ela esfregou a testa.
— Por que me diz isto?
— Porque quero que entenda que aqui embaixo, as coisas não sempre são o que parecem ser na superfície.
Ela fez um som de desgosto.
— Bati a cabeça e você fala de umas poucas pessoas equivocadas? O que tem isto que ver com Sinjin?
— Todas as provas apontam Sinjin…
O pano de fundo se abriu e o objeto de sua especulação apareceu com expressão tensa.
— Está bem? — Entrou no cubículo ignorando por completo ao detetive.
Ela sentiu o impulso absurdo de deixar cair sua cabeça sobre seu ombro. Mas Vivian Carrington nunca mostrava debilidade, não em público e certamente não frente a um homem. Mordeu o lábio fazendo uma careta
enquanto alcançava um ponto de dor. As lágrimas enchiam seus olhos assim levantou sua mão para proteger-se dos olhares.
Passos se aproximaram e os corrimões baixaram.
Em questão de segundos estava envolta nos braços de Sinjin, com seu aroma rodeando-a como um manto quente e familiar. Fechou os olhos e se apoiou nele deslizando os braços ao redor de sua cintura, contente
de estar quieta por uns momentos.
Recuperando a compostura o soltou e se moveu um pouco para trás, com seu olhar movendo-se sobre seu rosto.
— Está bem, tirá-la-ei daqui.
— Obrigado — Sussurrou ela.
— Farei que deem de alta e estaremos fora daqui a questão de minutos.
Ele a soltou.
— Necessito — Ela olhou a sua esquerda e Draven se foi.
— Aonde se foi?
— Foi quando cheguei — Sinjin retornou de fora da cortina — Só descansa, estarei de volta em poucos minutos.
Vivian apoiou a cabeça contra os travesseiros e fechou os olhos. A enfermeira tinha dado umas pílulas para a dor justa antes que o detetive tivesse chegado e a estavam chutando. Franziu o cenho. Do que
tinha estado falando Draven? Algo a respeito dos vampiros? Deu um sorriso débil.
Que tolice.
Capítulo Oito
— Poderia ter me levado de volta ao hotel — Disse Vivian enquanto abria a porta de entrada a sua casa.
— Não há ninguém ali para manter um olho em você — Empurrando-a Sinjin abriu a porta — Estará bem aqui e completamente segura. Ela caminhou ao redor dele e entrou na casa.
— Não me sinto segura em nenhuma parte neste ponto — Jogou a cabeça para trás para ver o teto recentemente restaurado e ele a viu fazer uma ligeira careta de dor — Isto é uma maravilha.
— Obrigado. Estou trabalhando na restauração. Os pátios são ainda um completo desastre mas a maior parte do interior é habitável, sempre e quando permanecer nesta ala da casa.
Ela olhou pelo corredor comprido e estreito que estava ao lado de sua lista de renovações. A luz da lua brilhava pelas janelas iluminando o andaime que tinha sido posto ali a princípios da semana passada.
— Parece um grande trabalho para mim. Ele deu um sorriso.
— Não há de que preocupar-se, suas habitações no segundo andar são bastante habitáveis.
— Neste momento, quão único preciso é uma cama com travesseiros. Os lençóis incluso são opcionais.
— Acredito que posso fazer o melhor que isso.
Ele a levou pelas escadas ao corredor até seu quarto.
Nunca o tinha utilizado para os fins previstos já que era muito perigoso para um vampiro entrar no sono escuro onde qualquer poderia facilmente ter acesso. Com o fim de manter o ritmo das aparências tinha
feito a renovação do quarto e de um amplo banheiro como um dos primeiros trabalhos que se levaram a cabo.
— O quarto está aqui e o banheiro é por aqui — Acendeu as luzes enquanto percorria as habitações —Tudo o pudesse chegar a precisar está no armário.
Ele se voltou a tempo para capturar a vista do maltratado aspecto dela no espelho. Seu cabelo estava enredado e um hematoma empanava seu queixo com vários mais na garganta.
O esgotamento se alinhava em seus olhos, dando uma cor avermelhada e inchada com sombras debaixo.
— Fiz que trouxessem algumas coisas do hotel, assim que as terá na manhã.
Seu olhar se encontrou com o escuro dela e viu a gratidão refletida em suas profundidades.
— Obrigado, Sinjin. Foi um bom amigo para mim.
Ele se adiantou e colocou a mão atrás de seu pescoço, movendo sua cabeça para baixo enquanto dava um beijo na testa. Com um nó na garganta a soltou e a deixou em paz para que se limpasse.
Seus pensamentos eram confusos enquanto se dirigia à biblioteca.
Quando tinha sido a última vez que uma mulher tinha agradecido por ser seu amigo? Ele e Bliss tinham sido amigos, melhores amigos de fato, mas de que mulher tinha sido amigo desde ela?
Ele deixou a carteira sobre a mesa. Colocando suas palmas sobre a mogno polido, estirou as costas, desejando em silêncio que seus músculos tensos se liberassem. Amigos ou não, não podia recordar a última
vez que tinha estado tão assustado como quando a tinha visto atada à maca e com os do EMT levando-a. A julgar pelas marcas ao redor de seu pescoço ela tinha estado a ponto de morrer essa noite.
Ele se endireitou. Estava cansado, entretanto passariam várias horas antes que se visse obrigado a procurar seu descanso. Não poderia protegê-la quando estivesse encerrado em seu sono escuro e ela não
podia ficar sozinha. Teria que ficar em contato com alguém que pudesse caminhar no dia para que mantivesse um olho sobre ela, só até que estivesse seguro de que ela estaria a salvo.
Com seus agudos sentidos, ouviu a ducha abrir-se.
Imagens dela de pé nua na ducha chegaram à superfície. Com suas magras extremidades brilhantes enquanto o sabão e a água quente se vertiam sobre pele suave, de bebê...
Seu pênis se agitou à vida, lutando contra suas calças jeans. Deu uma olhada ao tecido tenso. Parecia que desde que a conhecia tinha uma constante ereção. Era tão mau como qualquer adolescente de dezessete
anos de sexo masculino perpetuamente quente. Mas por seu controle não tinha tempo para a distração, não agora pelo menos.
Tomou a carteira e a levou até o armário abrindo a porta. Uma grande caixa de segurança ocupava a maior parte do espaço.
Com uns poucos movimentos de pulso abriu a caixa forte e assegurou os valiosos documentos. Sua primeira tarefa era informar ao Alexandre e ao Conselho que tinha encontrado o diário. Não havia dúvida que
seria escolhido para tratar de decifrar o texto logo que fosse possível.
Encontrou seu celular na gaveta superior da mesa. À medida que marcava, captou o tênue aroma de seu xampu. Gemeu. É obvio, ela estava usando seu xampu, o que outra opção tinha? Ele podia imaginar os fluxos
de borbulhas brancas correndo por suas sensuais curva enquanto se enxaguava o cabelo. Sua pele estaria cheia de sabão com seus mamilos duros… O correio de voz de Alexandre interrompeu seu sonho. O assobio
soou estridente, ele deixou uma mensagem.
— Sou eu, me ligue.
Fechou o telefone e rompeu a conexão antes de atirá-lo sobre a mesa. Que segredos sustentaria o diário? Alargou o braço e apertou o botão de aceso em seu computador. O resultado final seria que Mikhail
teria que ser derrotado e o mundo sobrenatural unido sob um líder. Mas, poderia o Conselho atual completar essa façanha?
Voltou-se para seu equipamento e abriu seu programa de correio eletrônico.
As probabilidades se empilhavam contra eles. Na atualidade a maior parte do mundo sobrenatural estava de seu lado, mas os seguidores de Mikhail estavam dispostos a morrer para ganhar a guerra. Nada era
mais perigoso que um radical armado com a informação equivocada.
No banheiro, ouviu a ducha deter-se enquanto seu correio eletrônico se deslocava pela tela. Viu vários correios de Lily, seu assistente nas crônicas. Deveria as ler agora ou velar por que Vivian descansasse
esta noite?
Tinha muito que fazer antes de procurar sua própria cama, mas queria voltar a vê-la, só para assegurar-se de que estava cômoda antes de sentar-se a trabalhar.
Claro... Isso era tudo...
Fez caso omisso da zombadora voz em sua cabeça quando saía da biblioteca e se aproximava do quarto. Deu uns golpes na polida porta.
— Entre — A voz dela foi afogada.
Ele abriu a porta e entrou. Ela tinha apagado as luzes salvo por um pequeno abajur Tiffany no canto. Estava sob uma pilha de mantas e tudo o que ele pôde ver foi seus brilhantes olhos.
— Tem frio? — Perguntou ele.
— Um pouco — Entre as mantas, ela estremeceu a pesar que o quarto fosse cômoda. Em choque, sem dúvida.
— Você gostaria que acendesse o fogo?
Ela empurrou para baixo as mantas e olhou o branco mármore da lareira.
— Sim, por favor.
— Sempre gosto do aroma de madeira queimada. Isto me recorda minha casa —Ele caiu de cócoras diante da lareira e chegou aos fósforos.
— Tinha um montão de lareira na casa de sua infância?
Sinjin sorriu ante a ideia de sua expansão, Aisling Crioch, escondido em um vale isolado nas montanhas.
— Podia dizer isso. A casa tinha calefação central a fim de permanecer quente, tudo o que tenho agora são as lareiras e as estufas de carvão.
— Soa como a correntes de ar.
A isca se acendeu e em questão de segundos a casca dos troncos começou a chamuscar-se.
— Sim, em alguns pontos. A casa é muito velha e como é feita de pedra, não importa o que faça, algumas parte da casa seguem estando tão frias como o chão de uma tumba todo o ano.
— Não acredito que eu goste.
Ele se levantou.
— Amaria as montanhas. É o lugar mais belo no mundo com quilômetros e quilômetros de verde, laminados, rochas, montanhas e vacas.
— Sente falta.
— Sim.
— Por que não retorna lá?
— Não é o momento.
Vivian ficou pensativa e logo assentiu.
— Posso entender isso.
Ele se sentou no bordo da cama.
— Há algo mais que possa conseguir para você?
Ela sacudiu a cabeça.
— Deixá-la-ei em paz então.
Um olhar de pânico se apoderou de seu rosto, detendo-o. Seu olhar correu pelo quarto como se esperasse que atacantes mascarados saltassem sobre ela dos escuros rincões.
— Preferiria que ficasse um momento?
Nesse momento, ela pareceu recuperar-se um pouco e o olhar altivo que recordou ela trazia quando a tinha conhecido esteve de volta.
— Não, obrigado.
— Possivelmente agora eu seja o que necessite garantias de que está bem — Ele riu de quão rápido ela se deslizou outra vez, permitindo que ele entrasse na ampla cama. Estirou-se junto a ela, deslizando
um braço ao redor de seus ombros. —Quer falar disso?
Ela enterrou a cabeça em seu ombro.
— Foi horrível. Estava caminhando e ele me agarrou e me empurrou à parede — Estremeceu — Não quero falar disso. Por que não me conta uma história em seu lugar?
— Uma história? De que tipo?
— Uma história de amor, algo doce.
Uma imagem de Bless flutuou em sua mente e a empurrou longe.
— Não sei muito sobre histórias de amor.
Ela riu entre dentes, com sua voz áspera pelos abusos que sua garganta tinha recebido.
— Não te acredito.
— Bom, é certo. Minha reputação está muito exagerada temo — Sentiu que ela se estremecia — Ainda tem frio?
Ela fez um gesto brusco.
Ele a atraiu mais perto e a meteu em seu flanco. Uma grossa capa de mantas os separou enquanto ele esfregava suas costas e a abraçava, tentando de dar calor.
— Amei só uma mulher. No momento em que a vi, soube que era com quem queria passar o resto de minha vida — Sentiu que ela se relaxava contra ele —Nunca houve nenhuma dúvida em sua mente nem na minha.
— Me fale dela.
Sinjin sabia que não podia dizer a verdade completa a Vivian, porque sua mente mortal não poderia aceitar sua história assim tinha que falsificar a verdade um pouco.
— Bem, ela era muito pequena, loira e não tão fera como você.
— Eu não sou fera…
— Pode sê-lo. Bliss era frágil, mas forte como o aço a sua própria maneira. Foi um pouco tímida quando a vi pela primeira vez e tinha uma mãe entristecedora que a tinha dominado, mas depois de que nos
conhecemos, Bliss, finalmente se afastou dela e passamos todo nosso tempo juntas. Compartilhávamos o amor pelo senderismo[4] e o oceano. Fomos à ópera e demos largos passeios em carruagem só de mãos dadas
e falando. Não podia imaginar algum dia estar assim com nenhuma outra pessoa no resto de minha vida.
— Então, o que aconteceu?
— Sua mãe interveio dizendo que se Bliss não me deixasse ela se encarregaria de que fosse destruído. Sua mãe era uma mulher muito poderosa e muitos a temiam. Embora não direi que tinha medo, fui sem dúvida
o suficientemente inteligente para tomar cuidado com o que ela podia fazer — Tomou uma respiração profunda, enquanto a dor recordada arrebentava seu coração — Bliss foi tão leal, tão protetora e tão indecisa
sobre o que estava acontecendo. Isso foi sua destruição, um dia se foi.
— Assim nada mais?
— Sim, assim de fácil.
— Rompeu-te o coração?
— Jurei que nunca amaria a outra.
— O que aconteceu ela?
— Passou o tempo e ela reavivou a relação como amigos. Sua mãe nunca soube disso, é obvio. Depois, no ano passado, Bliss foi assassinada em uma tentativa de sequestro — Vivian fez um ruído de simpatia
— Alguém estava tentando sequestrar o filho de um amigo em comum e Bliss morreu salvando-o.
— Então sua morte não foi em vão.
Sinjin fez uma pausa. Ele nunca o tinha visto dessa forma. Max de fato estava seguro e Bliss tinha pagado o preço mais alto por sua vida dando a sua. Sim, ela tinha tido êxito. Bliss tinha amado o pequeno
Max e teria estado devastada em todo caso se algo houvesse acontecido a ele. Em silêncio, Vivian deu um abraço.
— O que aconteceu sua mãe?
— Morreu aproximadamente seis semanas depois que sua filha.
— Que triste é isso? — Vivian suspirou — Não sabe nenhuma boa história?
— Sim.
— Por que não me diz uma delas em seu lugar?
Sua voz começou a arrastar as palavras com sono.
— Devido a que é hora que descanse.
— Não estou cansada...
Ele riu entre dentes. Ela era como uma menina de dois anos lutando com o sono e ficando de mau humor.
— Se cale.
Ela guardou silêncio por um momento e depois voltou a falar.
— Havia dois. Um cara grande e outro um pouco mais baixo.
Ele esfregou o ombro, sem dizer nada enquanto em silêncio queria falar e conseguir tirar tudo de seu peito. Permitiria a ela dormir melhor se contava a alguém de sua traumática experiência.
— Estavam procurando um livro e deveram pensar que era alguém mais — Ela esfregou sua face contra ele como um gato sonolento — Nem sequer tenho o diário.
Diário?
— Disseram que estavam procurando um diário?
— Sim, mas me disseram que era a mulher equivocada — Ela estremeceu — Não deixo de pensar nela em alguma parte e nesses valentões procurando-a e provavelmente nem sequer sabe ainda — Sua voz se apagou
enquanto ficava adormecida.
Isso não tinha sido um ataque ao azar. Estavam procurando Elena e a tinham confundido com Vivian. Eram mais ou menos da mesma constituição e de cabelo comprido e escuro, embora Vivian fosse mais alta.
Na escuridão, ver-se-ia bastante similar pelo que podia ser confundida uma com a outra. Seria Miles? Saberia ele que Elena tinha o diário e tinha retornado para reclamá-lo?
Qualquer que fosse a resposta tinha que encontrá-la com rapidez. Vivian quase perdia a vida pelo livro e sua relação com ele a tinha colocado direto nas primeiras linhas. A única forma de mantê-la a salvo
seria afastá-la dele e de Nova Orleans.
Ele fechou os olhos, saboreando a sensação de Vivian a seu lado e sabendo que, por seu próprio bem, tinha que ser a última vez.
— Conseguiram o diário?
Miles se apoderou do telefone, com seus nódulos brancos enquanto a voz de Mikhail se integrava a sua orelha.
— Não, ainda não. Encontramos à mulher e esperamos tê-lo em nossas mãos dentro de vinte e quatro horas.
Mikhail riu entre dentes.
— Encarreguem-se disso. Tenho trabalho o que fazer e este pequeno inconveniente está impedindo meu progresso.
O estalo na linha anunciou a interrupção da conexão e Miles mal controlou sua ira quando voltou a colocar o receptor. Sua humilde posição atual de hierarquia no Exército de Mikhail ralava seus nervos.
Isso era o que se conseguia ao confiar em uma mulher. Em silêncio amaldiçoou Cass e a suas traiçoeiras formas. Ela tinha pagado o preço mais alto com sua vida, mas o tinha deixado em uma situação insustentável.
Ele teria que fixar seu caminho ao topo da pilha de novo. Depois faria que Mikhail pagasse por tê-lo tirado tão à ligeira.
O sussurro dos lençóis atraiu sua atenção à prostituta em sua cama. Seu cabelo escuro estava enredado ao redor de sua cabeça, suas extremidades escuras atadas aos postes da cama, deixando-a nua e com as
pernas abertas. Pistas de agulhas marcavam seus braços, deixando-os machucados e avermelhados por seu vício às drogas.
Era uma peça feia e triste de trabalho. Se não fosse porque se parecia com Cass, nunca teria estado perto dela.
Maldição, sentia falta dela.
Nu, pôs o telefone no chão e saiu da cama.
A prostituta estava recuperando lentamente a consciência, com sua cabeça em movimento, enquanto gemia brandamente.
Ele envolveu uma carnuda mão ao redor de seu pênis, masturbando sua semiereta carne enquanto imaginava que a mulher em sua cama não era uma puta de vinte dólares, e sim Cass com seus membros perfumados
e seu olhar quente. Fechou os olhos enquanto a lembrança de sua risada sensual se envolvia a seu redor, energizando-o. A ereção aumentou em sua mão e ofegou enquanto seus movimentos aumentavam.
Sua liberação se aproximava assim que subiu à cama e investiu a si mesmo na carne úmida da prostituta. Seus dedos se dobraram ao redor de seu magro pescoço enquanto a golpeava uma e outra vez.
— Cass...
Debaixo dele, a mulher começou a lutar sem fazer nem um só som enquanto seus dedos se apertavam. Seu pescoço se quebrou enquanto a liberação do orgasmo se apoderava dele.
Capítulo Nove
A primeira coisa que Vivian ouviu o despertar foi um gemido.
Ficou em silencio por um momento, tratando de se localizar o ruído. O quarto estava tranquilo e o aroma de fumaça da madeira ficou no ar. Perguntou-se que hora seria, moveu-se e o lamento se ecoou de novo.
Desta vez ela se deu conta que provinha de sua própria garganta.
Ficou quieta. Doía mover-se, inclusive respirar. Ficando quieta, fez um balanço de suas lesões. A cabeça palpitava, mas sua garganta doía pior. Era tão mau como quando tinha tido amidalite na escola primária.
Combinado com sua dor de cabeça, era muito pior que qualquer ressaca que jamais tivesse experimentado.
Seu lado direito doía, devia ter aterrissado ali e seu cotovelo se sentia apertado e quente.
Mas o problema mais urgente era que tinha que ir ao banheiro. Só a ideia de tratar de sair da cama fazia que seu estômago rodasse perigosamente.
— As pílulas — Gemeu ela — Necessito os medicamentos.
— Assim está acordada.
Os olhos de Vivian se abriram de repente e se sentou pelo som de uma voz estranha. Uma moça estava sentada junto à janela e Vivian pensou por um segundo que poderia ser sua amiga, Shai.
Então, a dor atravessou seu crânio e ela se agarrou a cabeça, rezando para que não se separasse. Escutou um miado suave, como o de um gatinho e se surpreendeu ao dar-se conta que provinha dela.
— Agora, toma-o com calma — A voz foi suave como as mãos frias que a ajudaram a recostar-se contra a grande quantidade de travesseiros que, milagrosamente apareceram empilhadas atrás dela.
Vivian sentiu a queda na cama enquanto a mulher se sentava a seu lado.
— Quem é você? — Sussurrou ela.
— Meu nome é Maeve. Sou amiga de Sinjin.
Outra de suas mulheres, sem dúvida.
Vacilante, Vivian abriu os olhos, piscando pela intrusão da luz solar.
Por um segundo, tudo o que pôde ver foi a uma figura feminina vestida de negro. Ao redor de sua cabeça tinha uma coroa de ouro como as pinturas de figuras religiosas do período da Idade Média.
Pouco a pouco, seus olhos se acostumaram à intrusão da luz e a estranha a seu lado tomou forma. Seu parecido com Shai era impressionante. Tinha o cabelo castanho avermelhado, com a sombra que as mulheres
se esforçavam por ter com corante, mas com o que usualmente fracassavam miseravelmente. Comprido e solto, seu cabelo captava a luz do sol e estalava em chamas sedosas sobre seus ombros.
Seus olhos eram da mesma cor esmeralda e eram os olhos mais antigos que tinha visto. No profundo de suas fascinantes profundidades residia uma riqueza de conhecimento e de vida e por seu aspecto, não tudo
era bom. Ela tinha o aspecto de uma guerreira, com seu corpo bem tonificado, seus braços com agitados músculos. Vestida com calças negras, camiseta negra e uma estrela de cinco pontas de prata em uma corrente
ao redor de seu pescoço, parecia estar pronta para a batalha.
— Olhou o suficiente? — O tom de voz dela era engraçado.
Vivian piscou. Não era frequentemente que alguém tomasse por surpresa, mas esta mulher o tinha conseguido.
— Sinto muito, não quis te olhar tão fixamente.
Ela sorriu.
— Não todos os dias encontra a uma estranha em seu quarto.
— Não é isso. Parece com uma amiga minha.
— A Shai Jordânia?
Vivian ficou boquiaberta.
— Conhece Shai?
— Sim. É um pequeno mundo no que residimos, Vivian — Disse Maeve — Conheci a maior parte de seu círculo. A Erihn, a Shai, a Jennifer e escutei histórias de você — Seus olhos brilharam com a diversão.
Vivian deu uma risada gutural e depois fez uma careta de dor.
— Com certeza que as escutou. Mas ela era outra mulher.
O sorriso deslizou da face de Maeve, sua expressão agora foi sombria.
— Isso é muito mau. Sempre pensei que ia desfrutar conhecendo essa Vivian. Soava como um montão de diversão. Espero que não tenha desaparecido por completo.
Vivian deu um sorriso tremulo.
— Bem, talvez não tudo dela tenha sido vencido — Olhou ao redor do quarto, observando a porta aberta e a escuridão do corredor. Estremeceu-se.
Maeve deu um sorriso pormenorizado.
— Não se preocupe, Vivian, está a salvo aqui.
— Não me sinto muito segura — Para sua consternação, sentiu que seu lábio tremia.
Maeve pôs uma mão sobre o braço e uma estranha sensação de calma a invadiu. Era como se um medicamento para a dor tivesse sido liberado dentro de seu sistema e tivesse tido efeito imediato. Vivian podia
sentir seu corpo relaxar-se enquanto sua dor desaparecia a um nível mais manejável e se afundou de novo em seus travesseiros.
— Ninguém se atreveria a transpassar aqui. Sinjin não o permitiria.
Ela tirou a mão e a estranha sensação flutuante se manteve em vez da dor.
— Agora, vamos te limpar e irei preparar o café da manhã.
Bobamente, Vivian assentiu, estranhamente disposta a segui-la a onde quer que essa mulher mágica quisesse levá-la.
O sol da tarde era morno em sua pele enquanto Vivian estava em um cômodo divã no pátio coberto.
A seu lado, sobre uma pequena mesa havia um vaso de vidro cheio de um arranjo de flores do brilhante Detetive Dravens. Ela sorriu. Que bom homem era. Bonito, carismático e se poderia dizer que seria bom
na cama. Sabia como fazer que uma mulher se sentisse o centro do universo, quando falava com ela. Com sua concentração centrada nela, não existia nada mais, exceto eles dois. Pena que ela não se sentisse
atraída por ele. Seu sorriso desapareceu. Uma bonita e complicada relação era preferível a quão emocional Sinjin tinha posto sobre seus ombros.
Ela suspirou e olhou a seu redor freneticamente, ao pátio coberto que Sinjin chamava sua casa. Ruídos caminhos de tijolo estavam afogados por espinheiros, com os maciços de flores assemelhando um deserto,
com apenas umas poucas enlouquecidas rosas. No centro havia uma fonte em ruínas. O mofo aumentava de grossura sobre o que ela suspeitava era uma moça, a pesar que parecia como se estivessem justo para
o inverno em sua volumosa pele de cor verde. A concha estava cheia de água grossa, estancada e farrapos de ervas daninhas.
Maeve havia dito que a casa tinha estado vazia há quase setenta anos e os aldeãos acreditavam que estava enfeitiçada. Tinha mostrado ao Vivian os informe de recortes de jornais velhos dos corpos encontrados
na casa durante os últimos quarenta anos. Quase todos tinham sido vítimas das drogas ou da brutalidade das turmas. A casa e os amplos terrenos tinham ficado marcados pela violência por ter estado inabitada
durante tanto tempo.
Mas Sinjin estava trabalhando em trocar isso. Concentrou-se na restauração da parte interior da casa. Preferindo fazer a maior parte do trabalho ele mesmo, por isso tinha completado a maior parte da ala
sul, que incluía a entrada principal. Por sorte para eles também tinha incluído a cozinha.
Era bom ter uma tarefa na vida. Qual era a sua? Antes da morte de Mel, haveria dito que sua tarefa consistia em arrecadar recursos para várias organizações benéficas e em jogar com seus amigos.
Olhando para trás agora se dava conta de que não tinha sido terrível no cumprimento de sua existência.
Da morte de Mel, tudo o que tinha feito era viajar e evitar sua vida. Agora, sentada em um pátio em Nova Orleans, via-se obrigada a fazer frente. Era o momento de tomar decisões difíceis e uma delas era
reconciliar-se com seu passado e isso incluía sua relação com o Marc.
Marcus Hendricks III, era um nome de sangue azul, um estudante de medicina de segundo ano com os olhos como chocolate quente e um sorriso que apertava os dedos dos pés. Ela tinha tido só dezenove anos
e estudava trabalho social e história. Tinham sido completamente felizes, vivendo juntos em seu pequeno e alugado espaço, enquanto faziam seu caminho pela escola, decididos a fazer uma diferença no mundo
a sua própria maneira.
Então tinha chegado a citação para que ela retornasse a casa e seu sonho se terminou abruptamente. Vivian não se inteirou exatamente do que tinha acontecido para provocar essa ordem de seu pai.
Seu pai se teria informado da história de amor de sua filha?
Bradford Carrington tinha sido um homem controlador que tinha querido governar a vida de sua filha como fazia com sua empresa.
Com mão firme e estrita disciplina. Sua esposa, nesse momento e seus filhos, meio-irmão de Vivian, tinham dançado sua melodia. Só Vivian se negou a ser seu boneco.
Ela não tinha querido deixar a ensolarada Califórnia, a seus amigos, suas aulas nem a seu amante para retornar a Boston. De fato, o mesmo dia em que tinha recebido sua lacônica citação, ditada a seu assistente
Scott, sem dúvida, tinha chamado seu pai e se negou a retornar a casa. Imediatamente ele a tinha ameaçado deixando sem um centavo.
E esse incidente tinha provocado um momento decisivo em sua vida.
Ela nunca tinha estado sem dinheiro. Não sabia quem seria sem seus milhões e o prestigioso nome Carrington atrás dela. Apesar de que tinha tomado um trabalho e estava, em sua maior parte, mantendo-se sozinha,
no fundo de sua mente sempre tinha sabido que poderia acudir de novo a seu fundo fiduciário se tinha que fazê-lo. Por muito que tinha odiado as correntes que tinha imposto a sua vida, o dinheiro também
era uma parte dela igual a seus braços e pernas. Mas como poderia deixar ao homem que amava com cada respiração de seu corpo?
Em questão de horas, a decisão tinha sido arrancada das pontas de seus dedos. A noite tinha sido empapada pela chuva e Marc tinha chegado tarde a sua saída do hospital. Uma curva fechada na estrada tinha
escondido um acidente de três carros e ele tinha morrido imediatamente, seu carro se inundou no mar, seu corpo nunca tinha sido recuperado.
Inclusive agora se perguntava se teria tomado a decisão correta devido a que o destino tinha permitido essa escolha.
Ela teria escolhido Marc ou teria ficado com a segurança do dinheiro de sua família? Agora, inclusive vinte e cinco anos mais tarde, não estava segura de ter feito nenhuma escolha. Tinha amado Marc, disso
não havia nenhuma dúvida em sua mente, mas teria se afastado de seu legado e vivido sozinho por amor?
Essa era a pergunta que a perseguia na escuridão da noite.
Tremendo em sua orfandade, ela tinha deixado a universidade e a Califórnia para voltar para seu lar em Boston. Por um curto tempo, seu pai tinha parecido reconhecer sua necessidade de luto. Tinha mantido
uma relação respeitosa a distância e de poucas demandas. Mas depois de um ano tinha começado a pressionar aos maridos potenciais em sua garganta. Tudo bem criado garanhão jovem com nome como Richard, Emerson
ou Gregory e genealogias de qualquer da bem criada socialite de Boston seria posto em um gancho.
Em um primeiro momento tinha estado zangada com seu pai, rejeitando todos os homens que tinham desfilado como se fosse uma égua de cria. Até o James Longford, um jovem e empreendedor advogado com amáveis
olhos verdes. Um homem amável e gentil que parecia entender sua dor e se contentava tomando-o com calma, nunca pressionando-a para conseguir mais do que ela tinha estado disposta a dar.
Respirada por sua gentileza, ela tinha começado a passar tempo com ele e encontrou que gostava de seu comportamento solícito e irônico senso de humor. depois de uns meses, haviam passado a maior parte
de seu tempo de vigília juntos, dando largos passeios, indo a galerias e passando o tempo de calma. Ele vinha de uma buliçosa família de Nova a Inglaterra, que tomou ao Vivian como um pato na água. Sua
própria família era tanto física como emocionalmente distante, muito diferente aos animados Longfords. Justo quando ela pensava que talvez podia amar James e poderiam ter um futuro juntos, esse sonho se
fraturou também.
Uma tarde, ela tinha retornado cedo do chá de enxoval de bebê de uma amiga.
A casa tinha estado tranquila, enquanto ia para seu quarto, tinha ouvido seu pai e ao James falar na biblioteca. Querendo fazer uma surpresa, tinha ido às pontas dos pés à porta a tempo para ouvir discutir
a quantidade de dinheiro e a Vice-presidência no império que James Carrington receberia uma vez que um anel de compromisso estivesse no dedo de Vivian.
Horrorizada, Vivian tinha aparecido pela porta e conteúdo a respiração enquanto esperava que James lançasse o insultante suborno de volta ao rosto de seu pai. Em vez disso tinha sido testemunha da troca
de um grosso envelope, Bradford pagou James por pedir sua mão em matrimônio. A ira tinha feito imprecisa sua visão e mal tinha podido controlar sua ira.
Tinha escapado da porta e chamado ao serviço de seu pai que solicitava que fosse a seu escritório, sabendo que James ficaria atrás à espera de sua chegada, como tinham planejado. Depois que seu pai se
foi, ela tinha pegado um sorriso no rosto e se uniu a seu noivo na traiçoeira biblioteca. Aos poucos minutos tinha feito que ele se despisse e que estivesse disposto no antigo escritório de seu pai, onde
tinha tirado a tampa dos miolos por primeira e única vez.
Depois tinha descido dele, limpou-se com sua gravata de seda Hermes, tinha tirado o envelope de sua jaqueta e tinha jogado o dinheiro, dizendo que era a última vez que receberia algo dela e que esperava
que a foda houvesse valido a pena pelo que tinham pagado.
Agora sabia que nesse momento, os últimos vestígios da Vivian que Marc tinha conhecido e amado tinham morrido em um escritório da biblioteca Bradford. Ela tinha saído de casa de seu pai e nunca tinha retornado.
Ao chegar à maioridade, tinha herdados vários fideicomissos[5] de seus avós, mais que o dinheiro de Deus, estava acostumado a dizer Marc e não tinha necessitado o apoio de seu pai por mais tempo.
Esse foi também o momento em que se afastou da mulher em que se converteu.
De repente cansada, Vivian deixou cair a cabeça no respaldo com seus olhos fechando-se. Depois todo se converteu em nada mais que uma cadeia de homens, um após o outro e em dois faltados matrimônios. Durante
anos ela tinha derivado em uma nuvem de relações sem sentido, de casulos por seu dinheiro e emocionalmente disponíveis para todos a seu redor.
Até Mel.
Vivian sorriu. Conheceram-se em uma estação de televisão de Nova Iorque onde ela tinha trabalhado como a garota de cartões. Polos opostos, inclusive agora, Viv não podia dizer o que foi o que as juntou.
Mel tinha se criado em uma existência muito diferente com uma grande família e sonhos de converter-se em uma estrela em Hollywood e tinha tido êxito com uma vingança só para perdê-lo tudo em um acidente.
O que tinha conseguido cumprir Vivian? Na universidade, ela e Marc tinham acreditado que poderiam salvar ao mundo. Ao final não tinha podido salvar-se a si mesmo muito menos não falar dele.
A morte era um dos poucos absolutos da vida. Assim que o que queria obter antes da dela?
Salvar ao mundo podia estar fora de pergunta, mas que tal algo pequeno, o objetivo mais acessível? Algo estritamente para si mesma.
Queria uma relação com um homem que não conhecesse ou a quem não preocupasse seu dinheiro. Alguém que a amasse e não a olhasse para baixo por ser uma humana e que cometesse enganos de vez em quando, alguém
como Sinjin.
Abriu os olhos, bebendo o azul deslumbrante do céu cima. A alegria se estendeu por seus membros enquanto a correção da situação se afundava em seus ossos e em cada célula de seu ser.
Exatamente. Isso era o que desejava.
Mas o problema sendo uma humana era que podia morrer em qualquer momento. Não queria terminar em seu leito de morte com seus últimos pensamentos cheios só de remorsos. Era hora de deixar de perder o tempo
que tinha e de fugir por sua vida, era o momento de abraçá-la.
Capítulo Dez
Sinjin saiu dos limites de sua guarida do porão apenas uns segundos depois que o sol desapareceu no céu ocidental. Enquanto saía da ala intocável da casa, ouviu a risada sair das janelas abertas da cozinha.
Dirigindo-se nessa direção, cortou pelo pátio, com os olhos muito abertos ao ver a transformação que tinha tido o lugar.
A cama de erva mais próxima à porta da cozinha mostrava sinais de obras recentes. As plantas mortas tinham sido eliminadas e em seu lugar havia plantas verdes que pareciam estar sãs.
Em vez de estar coberta com vegetação frágil e morta, os pequenos brotos pareciam ser fortes e resistentes.
Quem teria pensado que algo teria crescido em toda essa confusão? Não tinha dúvida de que Maeve tinha tido uma mão nisso e provavelmente tinha dado um toque com sua ajuda mágica.
Apesar de que não precisava cozinhar, a cozinha era provavelmente sua parte favorita da casa. Era espaçosa com uma área de preparação de comida generosa com bar e ilha. Ao outro lado dela havia uma grande
lareira com uma coberta em um canto cheia de uma poltrona e uma cadeira.
Pela janela, viu Maeve enquanto permanecia de pé na estufa, limpando-a com um trapo de cozinha. Ao outro lado da sala estava sentada Vivian, aconchegada junto à lareira no sofá de dois lugares. Pela primeira
vez desde que a tinha conhecido, seu cabelo estava solto. Escuros e suaves cachos rodeavam seu rosto e se sacudiam até os ombros de seu vestido de azul escuro. Um pequeno hematoma empanava seu queixo com
vários mais na garganta. Além dessas marcas parecia estar em bom estado de saúde. Com as pernas debaixo, riu de algo que Maeve estava dizendo, com uma taça de vinho tinto na mão.
— Realmente tem que conhecer Quinn. É tão engraçado — Estava dizendo Maeve quando Sinjin entrou na sala.
— Alguém tem que ser divertido porque você não o é muito que digamos — Disse ele.
Maeve lançou um olhar azedo.
— Como se soubesse.
— Não é por falta de tentativas — Sinjin a tomou em seus braços, abraçando-a fortemente. Maeve tinha sido sua hóspede durante uma estadia prolongada o ano passado e ele tinha chegado a apreciar seu irônico
senso de humor. Também tinha conseguido salvar sua vida — É bom vê-la, minha amiga.
— Me alegro de vê-lo também — Retornou o abraço — Tive um formoso dia com sua nova amiga.
Deu ao Vivian um olhar bicudo.
— Deveria estar bebendo? — Perguntou.
— Ela está bem…
— Sou maior de idade — Vivian arrastou as palavras. Levou a seus lábios e tomou um gole, com o olhar desafiando-o a objetar.
— É. Estava mais preocupado por sua saúde física que por violar a lei.
— Graças a Maeve aqui, sinto-me bem. Fui mimada como uma mulher rica durante todo o dia.
Maeve pôs-se a rir.
— Não permiti levantar um dedo.
— Assim que você foi a que desenterrou meu jardim?
— Culpada — Ela lançou o trapo de cozinha sobre o grifo — Foi um dia glorioso, por isso vaguei fora e Vivian descansou enquanto eu trabalhava no barro.
Ele dirigiu um olhar lascivo.
— Soa excitante.
Maeve revirou os olhos e sorriu à outra mulher.
— Os homens são tão previsíveis.
— Mas divertidos em sua própria e tediosa maneira — Vivian arrastou as palavras.
— Está certa — Maeve recolheu sua bolsa — Devo sair. Tenho alguns recados que fazer — Cruzou a sala para dar ao Vivian um forte abraço — Se cuide e me chame se necessitar algo. E você — Se voltou para
Sinjin — Cuida dela. Não quero saber que foi golpeada na cabeça de novo.
— Prometo isso.
Ele sentiu uma onda de pânico quando Maeve se foi. Estavam sozinhos e as faíscas pareciam voar cada vez que estavam sozinhos e juntos. Depois dos acontecimentos de ontem, seria mais fácil para ele manter
as mãos quietas. Tinha estado muito perto de perdê-la e não queria passar por isso outra vez, assim por seu próprio bem tinha que manter sua distância. Mas como podia uma mulher encontrar o caminho a sua
mente em tão curto período de tempo?
Ele clareou a garganta.
— Então, Já se sente melhor?
— Estou — Deu um grande sorriso — Eu gosto de muito sua amiga. Foi ideal para passar todo o dia comigo.
— Sim, Maeve é única em sua classe.
— Sim, é — Vivian estirou as pernas e se levantou do sofá, deixando sua taça de vinho na lareira — Sinjin, sempre fui uma mulher simples. Menti a mim mesma no passado, mas isso já passou. Não fugirei da
verdade e do que quero na vida.
Um bater de asas de inquietação golpeou seu ventre quando ele captou o determinado brilho em seus olhos. O que estaria tramando?
— Viv…
— Não, me deixe terminar — O aroma de seu xampu se levantou de seu cabelo enquanto ela se detinha frente a ele — Você e eu não nos conhecemos um ao outro muito bem — Encolheu os ombros — Isso está bem.
Para algumas pessoas minha vida parecia fácil. Ia e vinha a meu desejo. Amava aos que elegia e os fazia a um lado quando cansava deles. Vivi uma existência superficial, mas isso terminou agora. Esta tarde
me dei conta, realmente me dei conta da fragilidade da vida. De quanto tempo perdi tentando me isolar para não ser machucada e rejeitada, mas isso não é do que a vida se trata.
Ele captou a brutal sinceridade refletida em seus olhos.
Todo o artifício tinha sido despojado e em seu lugar estava a essência da mulher que era ela em realidade. O aroma de sua pele cálida e feminina o estava matando. Devido que tinha fracassado em alimentar-se
ao levantar-se, seu corpo estava fazendo soar um alarme que era em parte por fome, em parte por luxúria crescente enquanto ela colocava uma mão sobre seu peito.
Ela lambeu os lábios e uma onda de calor encheu sua virilha, pondo-o em alerta máxima.
Sinjin desejava a esta mulher mais do que jamais tinha desejado nada, mas tomá-la estaria pondo em perigo sua vida.
Algo que não podia fazer.
— Viv…
— Shh — Ela pôs seu dedo sobre seus lábios, detendo a onda de palavras.
— Não me deixou terminar.
Contra sua vontade, sua língua se moveu para provar a ponta de seu dedo.
O calor de sua pele se derreteu sobre sua língua como chocolate Suíço, invadindo seus sentidos, fazendo sua cabeça zumbir. Ele viu como a surpresa cruzou seu rosto, trocando rapidamente a desejo.
— Nunca sabemos quando terminará nossa vida, ou trocará de maneira irrevogável em um momento. Só sei uma coisa neste momento e é que te desejo — Ela esfregou a palma de sua mão por seu estômago e uma onda
de choque de calor o golpeou tão duro que os joelhos tremeram — Acredito que... Não, sei que você me deseja também.
— Sim, mulher — A palavra se deslizou de seus dentes apertados enquanto sua mão se movia para cima, dobrando-se na parte traseira de seu pescoço.
— O que aconteceria alguma vez consumássemos este sentimento? O que aconteceria saísse por essa porta e me matassem, sem saber nunca o que é ser sustentada em seus braços? — Ela se inclinou contra ele,
pressionando seus peitos contra o seu.
Ele apertou os punhos, lutando contra a necessidade de tocá-la.
— Soa como uma racionalização de flagrante desprezo pelo decoro — Soprou contra seu cabelo. O aroma de seu próprio xampu nunca o tinha excitado antes.
Tomou a dura ereção de suas calças.
— Isto não se sente como uma racionalização para mim.
— Vivian…
Seus lábios eram firmes e úmidos contra ele enquanto seu sabor ela explodia em seu sistema. Sua língua jogou com a união de seus lábios e com um gemido, ele abriu a boca e a deixou entrar. Suas línguas
se enredaram e quando deu uma dentada gentil para depois tranquilizá-lo com uma mamada lenta, ele se deu conta que estava sendo beijado por uma mulher que sabia exatamente como devia fazê-lo.
Com um gemido, ele deslizou seus braços por seu corpo até que tomou a parte de atrás, levantando-a para girá-la contra a suavidade entre suas coxas. Ele gemeu, como se tivesse sido ferido quando ela levantou
a perna e a esfregou contra sua coxa. Ele podia cheirar sua excitação, seu calor e isso fazia que seu pulso se acelerasse.
Ele deslizou as mãos por nádegas e coxas. Levantando-a, deu meia volta e a colocou em uma das cadeiras da ilha. Empurrou sua saia enquanto dava um empurrão a suas coxas com seus quadris. Com um rápido
movimento, puxou-a para frente e pressionou a conjunção de sua virilha contra a união de suas calças jeans.
Suas bocas comiam um ao outro enquanto ele se esfregava ritmicamente contra sua umidade. Suas mãos se fecharam em seus quadris e a moveu para cima para encontrar-se com cada investida de suas pernas magras
enroladas ao redor de sua cintura, com seu corpo inclinado para um melhor ângulo.
Suas unhas se cravaram em sua pele enquanto ela rompia os botões de sua camisa.
Vagamente ele se deu conta do som da ruptura do algodão antes que suas unhas roçassem seu peito nu. Ela se moveu a seu mamilo, rompendo seus movimentos rítmicos. Se ela se mantinha nisso, o encontro estava
destinado a ser de curta duração.
Com a esperança de reduzir a velocidade, ele enredou os dedos em seu cabelo e puxou sua cabeça para trás. Arrastou quentes beijos com a boca aberta em sua garganta, fazendo uma pausa perto de sua base.
Debaixo de seus lábios podia sentir seu pulso, selvagem e desenfreado sozinho sob sua pele. Apenas as arrumou para resistir a tentação de degustá-la obrigando-se a mover-se mais abaixo em seu corpo até
que acariciou o vale cremoso entre seus seios. Suas mãos roçaram seu queixo enquanto desabotoava os botões de seu vestido, permitindo um melhor acesso.
Enquanto mordiscava sua carne, ele aconchegou ambas as mãos debaixo de sua saia azul escura e a subiu até a cintura. Só com seu toque, rasgou suas calcinhas, com o tecido suave cedendo sob seu controle
e as puxou, febril por tocá-la.
Ele estremeceu quando violou sua carne úmida com um dedo. Levantou a cabeça.
— Já está úmida para mim.
Seus olhares se enfrentaram e ela não se envergonhou ou olhou para outro lado.
— Sim, estou-o. Muito úmida.
— Quero que grite para mim — Circulou seus clitóris, vendo sua pele mover-se com prazer enquanto seus quadris o seguiam, as voltando mais duradouras. Seu olhar se voltou mais confusa com cada movimento.
Um sorriso zombador curvou seus lábios.
— Gritarei para você se você me devolver o favor — Ela tomou em sua mão sua ereção.
— Mais tarde.
Sinjin caiu de joelhos e seu corpo se encaixou entre suas coxas. Sua polpa interior era escura e brilhante com desejo. Ele deslizou suas mãos pelo interior de suas coxas até que chegaram a seu suave ninho
de cachos escuros. Era consciente de seu olhar quente, de seus inquietos dedos acariciando seu cabelo. Ele abriu sua suave carne e depois deslizou um dedo sobre a maioria da parte mais sensível de seu
corpo. Uma vez. Duas vezes. Uma meio queixa entrecortada se deslizou de sua boca enquanto seu corpo imitava seus movimentos, balançando-se para frente e atrás com cada golpe.
Ele inclinou a cabeça e enterrou seu rosto entre suas suaves coxas. Com o primeiro toque de sua língua contra sua pele, suas coxas se apertaram contra suas bochechas. Ela gemeu comprido e forte enquanto
ele mamava sua carne com uma só determinação na mente. Ele deslizou seus dedos profundamente em seu úmido canal e uma rajada de grito subiu a sua garganta.
Em questão de minutos, ela se retorcia sob seu toque. Sua cabeça estava jogada para trás, sua respiração se fez entrecortada enquanto suplicava brandamente, não, enquanto rogava para que pusesse fim a
sua tortura.
— Sim... Por favor. Aí. Não, mais duro. Sim... OH, Meu Deus. Sim. Sim. Sim!
Seu comentário final saiu como um grito, com o som ricocheteando nas paredes da cozinha e outras superfícies polidas.
Suas coxas se relaxaram e Sinjin acariciou sua coxa interna antes de levantar-se sobre ela.
Ela tinha a pele avermelhada, com seus lábios inchados por seus beijos enquanto seus cachos caíam violentamente sobre sua cabeça. Ela se via completamente comprometida.
— Você é o seguinte — Dedicou um sorriso suave e sexy.
— Não, não terminei ainda.
Vivian gritou e jogou os braços ao redor de seu pescoço quando ele a levantou da cadeira. Ele cambaleou enquanto ela dobrava as pernas ao redor de sua cintura, apertando-se contra o calor de sua ereção.
Ele só podia esperar que seu jeans pudessem contê-lo uns minutos mais para não envergonhá-lo.
À medida que a levava pela casa, ela o deixou louco tocando cada centímetro da pele exposta que podia alcançar. Seu lóbulo da orelha foi a primeira vítima de seus cuidados quando ela chupou a ponta suave
de sua carne entre os lábios.
Ele estremeceu e seu pênis se esticou procurando liberdade.
— Será melhor que deixe de fazer isso, mulher.
— Ou o que? — Mordeu o lóbulo da orelha.
— Terei que te golpear o traseiro.
— Ooh! — Ela deixou escapar enquanto ele subia os degraus — Soa sujo. Talvez possamos fazer isso da próxima vez.
Ele riu e golpeou brandamente sua parte traseira antes de dar um apertão firme.
— Por que não agora?
— Desta vez quero que me foda duro — Sussurrou ela na orelha.
As imagens evocadas por suas palavras a fizeram ofegar enquanto ele cambaleava a seu quarto. Em uns momentos, teve-a sobre suas costas no centro da cama. Com sua boca tomando a dela enquanto se dispunha
a devorá-la. Ambiciosas mãos passaram por cima de sua pele enquanto os objetos de vestir eram retiradas e jogadas no chão. Impaciente, ele tinha fome de tê-la debaixo dele, desesperado por estar dentro
dela. No profundo dela.
Sua moderação se foi, ele pressionou suas coxas e entrou nela com um gemido.
Seu corpo se abriu a sua invasão, acariciando seu pênis com sua carne úmida e sedosa. Movendo-se com pouca delicadeza e muita paixão, ele golpeou nela.
A realidade desapareceu e ele só foi consciente da mulher debaixo dele e as sensações que despertava nele.
Quentes, selvagens e indômitos, possuíram-se o um ao outro por completo.
Seus dedos se entrelaçaram, enquanto seus corpos ficavam tensos ao culminar. Com um grito selvagem, ela chegou a segundo liberação antes que ele. Seu corpo se esticou enquanto seu orgasmo rasgava por seu
corpo. Estremecimentos convulsivos e profundos o atormentaram antes de perder o controle, o que permitiu afundar-se no quente abraço de Vivian.
Depois de uns momentos, sua respiração se voltou lenta e a realidade se reafirmou em si. Sinjin rodou, sustentando Vivian com ele para dobrar-se a seu lado. Enquanto sua mão caía perto de seu coração,
ele saboreou a sensação de sua amante abraçando-se contra ele.
Fechando os olhos, ele experimentou uma alegria renovada.
Suas pernas seguiam enredadas, e Vivian ficou adormecida em seus braços. O embriagador aroma de seu amor ficou em sua pele. Ele odiava ter que deixá-la, mas era devido que tinha que encontrar-se com a
Elena no bar e receber o diário.
O dever era mais importante que o prazer físico.
Pouco a pouco, ele deslizou de sua forma relaxada. Puxando uma leve manta dos pés da cama, ele a cobriu. Ela deu um pequeno suspiro, enquanto a malha suave cobria suas deliciosas curvas.
Com um ligeiro beijo em sua testa, afastou-se da mulher que estava em perigo de roubar seu coração para alistar-se para sua próxima reunião.
Capítulo Onze
Elena lambeu os lábios. Seu olhar estava pego a Sinjin enquanto ele ficou olhando o livro de couro em seu leito de veludo azul.
Ela sabia muito bem como se sentia. O livro era singularmente espetacular à vista. Morno couro marrom, usado nas bordas e a coluna do livro estava desprovido de qualquer adorno.
Sabia que ele tinha esperado mais que esse tomo monótono e pequeno. É obvio não relâmpagos nas alturas nem nada disso.
Mas mais que isto.
— Muitas pessoas morreram pelo conhecimento neste livro — Sinjin falou enquanto passava os dedos sobre a tampa. Puxou sua mão e ela se perguntou se haveria sentido o mesmo calafrio que ela a primeira vez
que o havia tocado. Havia uma falta de santidade que descansava entre suas capas ela a sentia cada vez que o tocava.
— Tem pouco haver com o conhecimento e tudo relacionado com a cobiça do homem — Ela escutou a amargura em sua voz e fez uma careta.
Ele levantou a cabeça e seu olhar verde encontrou a sua. Ela lutou contra o impulso de afastar-se dele. Nunca tinha desfrutado de estar perto de outros preternaturais, especialmente de um vampiro.
— Vivian esteve a ponto de morrer por este livro ontem de noite.
— Como? — A apreensão correu por seu pescoço.
— Foi atacada a menos de uma quadra daqui quando se ia. Disse-me o que eles haviam dito e me soou como a Miles — Sua expressão se voltou de proteção — Perguntarei de novo, como conseguiu o livro?
Ela cruzou os braços sobre seu peito e se afastou.
— Prefiro não revelar essa informação.
— Importa-me um cominho o que prefira, Elena. Uma mulher inocente esteve a ponto de morrer porque se parecia com você. Alguém está, obviamente, atrás de você e sabem que tem o diário. É Miles?
Ela encolheu os ombros.
— Não tive nenhum problema. Ninguém me incomodou pelo livro.
— Foi de Miles que roubou o livro?
— É muito afortunada, sua mulher — Elena foi à janela, com o olhar caindo sobre as multidões buliçosas que passavam pela rua — Cheiro-a em sua pele. Invadiu cada centímetro de seu ser, embora não tenha
se dado conta ainda — A solidão ressoou em sua alma. Agora queria estar em qualquer lugar, exceto aqui, nesta cidade, neste escritório, em sua própria pele. O peso do livro e de sua traição do passado
pesava sobre sua alma. Tudo o que queria fazer era mentir e chorar, mas não era uma opção. Para ela nunca a tinha sido — Roubei o livro de Miles, enquanto dormia — Sorriu com a lembrança — Ou, ao menos
pensava que estava dormido. Quando despertou nocauteei-o — Deu a volta — Nem tenho dizer, que ele não está contente comigo.
— E está trás de você.
— Provavelmente.
— Alguma ideia de quem podia estar com ele? Ela sacudiu a cabeça.
— Homem ou mulher?
— Homem.
— Esse é um desenvolvimento interessante. Pelo geral viaja sozinho a menos que seja uma companheira.
Sinjin se recostou, com expressão contemplativa.
— O que me diz que alguém mais está por trás disto.
— E quem deseja o diário mais que ninguém?
— Mikhail.
Ficaram em silêncio, ambos olhando um ao outro, enquanto se davam conta das implicações da participação do vampiro.
— Acha que Miles tenha tido a intenção de levar o livro?
Sinjin encolheu os ombros.
— Poderia ter planejado algo, até que você jogou suas cartas. Não tenho nenhuma dúvida de que Miles está atrás do livro e, em consequência, atrás de nós. A pergunta é se estiver ou não atrás de Mikhail
também ou é outra a parte interessada.
— Há algo com o que necessite ajuda? — Perguntou ela.
— Não. Neste momento, só necessito várias semanas para começar o estudo do diário. Só podemos esperar que o tempo esteja de nosso lado.
— Manterei o espírito aberto e te informarei se algo do que se relacione com isto surge.
— Estará bem?
Elena fez um sorriso forçado nos lábios. Estava acostumada a cuidar de si mesma. Sempre estava atenta à terra sob seus pés e o faria nesta ocasião também.
— Sim. Legarei em umas poucas semanas.
— Por favor faça-o — Antes que pudesse ir-se, ele se levantou da cadeira e estendeu a mão. Elena o olhou por um segundo antes de tomá-la com uma sacudida rápida.
— Obrigado, Elena Vásquez. Tem feito a todo mundo sobrenatural um grande favor com a recuperação deste livro e com sua entrega a mim.
Ela o soltou, com sua pele queimando-se onde havia tocado.
Não sabia que ela não merecia sua gratidão? Sua posse do diário não tinha tido nada haver salvando nenhuma outra vida exceto a sua.
— Não há de que. Agora bem, se me desculpar, tenho outra entrevista a qual acudir.
Ela deu um trote rápido. O restaurante estava quase vazio quando passou através dele. Só a garçonete vampiro ruiva estava atrás do balcão, falando com um homem com uma cicatriz em seu rosto. Seu olhar
azul gelo se encontrou com o seu e um calafrio percorreu as costas de Elena, alertando a de um possível perigo. Seus olhos se estreitaram a seu passo, mal evitando lhe grunhir.
Mantendo seus sentidos em alerta, deslizou-se pela porta para misturar-se com a multidão e desapareceu na noite de Nova Orleans na busca de seu próximo destino e do trabalho que a esperava.
O alvorada estava a várias horas de distância quando Sinjin entrou em sua casa. Havia passado as últimas três horas fotocopiando o diário, página por insuportável página. A cópia estava agora secretamente
guardada em sua caixa forte pessoal no Chat enquanto o original estava metido na bolsa que levava.
Depois de fechar a porta, dirigiu-se às escadas, perguntando-se se Vivian, seguiria dormindo em sua cama, onde a tinha deixado. Seu pulso se acelerou diante a ideia de que ela o esperasse. Deteve-se para
guardar o diário na caixa forte da biblioteca antes de ir ao quarto.
Um pequeno fogo crepitava na lareira, pintando o quarto com um brilho dourado e suave. O quarto estava quente, quase muito quente, e ele se apressou a abrir a janela. Fora o ar da noite era grosso e pesado,
quase como se estivesse esperando algo. Inclusive os sons habituais da noite tinham sido silenciados, como se as próprias criaturas tivessem medo de atrair indevida atenção.
Um suave ronco soou atrás dele, com o que um sorriso foi a sua face. Então, não estava exatamente esperando-o, mas ainda estava ali. Isso era algo. Desabotoou a camisa enquanto se dirigia para onde Vivian
dormia, deixando cair sobre o tapete, enquanto se movia. Ela estava deitada de barriga para baixo, tão nua como o dia em que tinha nascido. Tirou as mantas e estavam meio enrugadas debaixo de seu torso,
seu traseiro estava para cima, com um de seus joelhos dobrados para sua cintura.
Ela fez um som inquieto e voltou a face enquanto ele se sentava a seu lado. A luz do fogo beijava a pele exposta e ele olhou suas curvas com admiração. Tinha a parte inferior mais bela que tinha visto.
Passou a mão pelo globo suave, acariciando e apertando sua carne com um toque suave.
Debaixo de sua mão, sua respiração se agitou e obstruiu sempre tão levemente.
Ele se deteve, esperando a que seu fôlego se reatasse com seu ritmo normal antes de mover-se entre suas coxas. Beijou a base da espinha depois deixou que a língua seguisse a curva de uma gordinha nádega.
Já excitado, seu pênis pôs a prova a braguilha de suas calças, com o que esteve no ponto de dor. Vê-la aqui, nua, com seu formoso corpo para que ele tomasse, dava uma corrente poderosa de luxúria que ameaçava
dobrando-o. Queria tomá-la por trás, sentir a bofetada de seu fundo suave contra seu estômago, enquanto a enchia completamente.
Mas antes tinha outra coisa que fazer.
Estirou-se, apoiando seu braço ao redor de sua cintura enquanto beijava a forma de sua espinha dorsal.
— Acorda, preguiçosa — Ronronou ele.
Vivian se moveu quando ele mordeu a curva de sua cintura antes de mordiscar um caminho sobre a curva de seu traseiro. Mordeu ligeiramente a oferta de carne entre sua nádega e coxa.
— Mmm... — Ela se moveu, com suas coxas abrindo-se ainda mais — Mais, amor.
Ela se moveu de novo e Sinjin deslizou a mão entre suas coxas, abrindo a carne para expor seu núcleo de cor rosa escuro brilhante com os dedos. Ela suspirou enquanto seu dedo roçava o botão ainda oculto
pelos cachos suaves.
— Tão formosa — Sussurrou ele — E tão molhada.
Separou ainda mais, deixando ao descoberto seus clitóris. Deslizou seus dedos em profundidade em seu escorregadio canal enquanto seu polegar acariciou seu molho de nervos. Seus quadris se levantaram quando
ela deu um forte gemido antes de mover o rosto mais profundo nos travesseiros. Suas mãos se ataram aos lençóis enquanto ele continuava com o assalto sensual em seu corpo. Seus quadris se levantavam com
cada estocada.
— Sinjin?
Sua voz era débil e tensa.
— Sim?
— Me faça gozar.
— OH, sim.
Sinjin inclinou a cabeça e aplicou sua língua a sua carne. Mamou seu núcleo interior quente, e ela gritou enquanto seus dedos aumentavam seu suave assalto, acariciando-a e jogando. Queria fazê-la chorar
de êxtase. Não, queria que gritasse e não estava disposto a aceitar nada menos.
— Sinjin!
Vivian tomou a mão livre e seus dedos se entrelaçaram, enquanto se retorcia contra sua boca. Ela gritou, um comprido e rouco soluço de liberação enquanto apertava os dedos.
Ele tirou as calças e depois acariciou a suave pele de suas costas baixa enquanto pouco a pouco se acalmava. Seu corpo caiu inerte contra os lençóis, sua pele estava empapada de suor. Com seus dedos entrelaçados,
ele se estendeu ao longo dela, empurrando suas coxas mais amplas com os joelhos, e depois deslizou nela por suas costas em um movimento suave.
— Mmm... — Vivian arqueou as costas, levando-o mais profundo — Tão formoso — Suspirou ela.
Ele elevou os braços para que suas mãos estivessem perto de sua cabeça e pudesse equilibrar seu peso sobre seus cotovelos. Ele apartou seus lábios de sua bochecha, com seu cabelo fazendo cócegas na pele
enquanto acariciava o ouvido. Enterrado no profundo dentro dela com suas suaves nádegas amortecendo seu ventre era o mais próximo a que um homem pudesse chegar ao céu e não ver-se obrigado a ficar um par
de asas.
Ele lutou contra o impulso de, simplesmente, conduzir-se sem pensar em seu corpo. Seus movimentos eram lentos, sensuais, mantendo-os excitados aos dois, mas não fazendo nada para levá-los a liberdade.
Entretanto, o apertão de sua carne com seus movimentos suaves e rítmicos ia desfiando o pouco autocontrole que possuía. Ele apertou os dentes enquanto sentia que ela se rompia debaixo dele. Escutar seus
gritos baixos de finalização destruiu o pouco de controle que ficava. Seu corpo se preparou no seu, conduziu-se nela, dura e profundamente. Uma, duas, três vezes... Sua cabeça se aproximou e gritou enquanto
se gozava.
Tremendo, desabou sobre ela. Repleto, sem ter absolutamente nenhum desejo de afastar-se dela. Acariciou seu pescoço e a suave curva de seu ombro. Seus cachos fizeram cócegas no nariz enquanto mordiscava
a parte posterior de seu pescoço.
— Foi fabuloso — Ronronou Vivian.
— Sim, foi — Fechou os olhos, saboreando o calor da mulher debaixo dele. Seu corpo e alma o enchiam.
Ela fez uma risada gutural.
— Ouvi a coisa mais divertida hoje.
— O que?
— Brent disse que era um — Um bocejo interrompeu suas palavras — Vampiro. Pode acreditar isso?
Sinjin congelou, com o resplendor quente de sua vida sexual descontinuada como uma maré contra as rochas. Debaixo dele, Vivian se afundou no sono enquanto o amanhecer continuava sua inevitável chegada.
Deslizou-se de seu corpo para começar a preparar-se para seu sono escuro. E pela primeira vez em séculos, amaldiçoou a forma de vida que os separava nas horas do dia.
Capítulo Doze
Que vinte e quatro horas tinham sido.
Vivian tomou um gole de seu forte café, desfrutando do sabor do amargo líquido, enquanto se derramava sobre sua língua. O sol estava brilhante e embora mal fosse meio-dia, o ar se estava pondo denso de
umidade.
Do outro lado do jardim, Maeve estava até os cotovelos na terra enquanto plantava roseiras. Vestida com gastos jeans e uma descolorida camiseta do Cleveland Browns[6]
(NFL). Datando de 1946 onde ganhou todos os títulos da extinta AAFC Western. Depois ganhou 4 títulos da NFL antes da fusão de 1970. Curiosamente, depois da fusão nunca alcançou um Super Bowl
, vivendo uma das maiores secas na história dos esportes americanos.
, via-se tão feliz como qualquer pessoa poderia estar em um montão de barro. Vivian sorriu. Quase tão feliz como poderia estar depois de uma longa noite de bom sexo. Não podia apagar o sorriso de sua face
enquanto deixava a xícara sobre a mesa. Sinjin tinha sido tudo o que tinha imaginado e mais. Sem tabus, apaixonado e terno, era tudo o que necessitava em um amante.
Que tal em um marido?
Soltou um bufido. Isso não era provável. Desejava-a e respeitava, mas estava bastante segura de que não estava apaixonado por ela. Se o estivesse, por que tinha despertado sozinha em sua cama com a luz
do sol só como sua companheira? Tomou a xícara de novo e sorriu. Talvez fosse realmente um vampiro.
O ruído da porta atraiu sua atenção ao outro extremo do pátio. Maeve saltou do chão e se lançou interpondo-se entre Vivian e o recém-chegado.
Brent Draven se aproximou e seu sorriso se alargou para Vivian.
— Bem-vindo, detetive Draven. Apresentei a minha amiga, Maeve Leigh?
Ele assentiu à outra mulher.
— Senhorita Leigh.
Maeve deu uma seca inclinação de cabeça.
— Detetive Draven.
Vivian se surpreendeu que Brent não oferecesse sua mão para estreitá-la como era de esperar que tivesse feito. Teriam se visto antes?
— Como está se sentido, Vivian? — Perguntou Brent.
— Estou bem, obrigado por perguntar. Maeve dirigiu um olhar medido.
— Estará bem sozinha?
— Sim, obrigado.
A mulher deu a Brent um olhar frio, quase como se estivesse o advertindo que tivesse seu melhor comportamento.
— Estarei junto às rosas. Só tem que me chamar se me necessitar.
Brent se sentou na cadeira que Vivian indicou e Maeve recuou de novo a um olhar divertido.
— Ela é muito diligente.
— Foi uma boa amiga — Vivian alcançou o bole de café — Café?
— Não, obrigado — Brent se acomodou em sua cadeira, com seu corpo espigado, grande e agradável em sua própria pele. Entretanto, possuía uma sensação de poder e ela sabia que, sem importar quão relaxado
se visse, estaria preparado para saltar se fosse necessário.
— A todos viria bem um bom amigo de vez em quando — Disse ele.
Ela assentiu, pensando em todas as vezes que tinha necessitado o apoio de seus amigos.
— Em realidade o necessitamos.
— Eu sou seu amigo, Vivian? Ela pôs-se a rir.
— Apenas te conheço.
Ele assentiu.
— É certo — Chegou a seu bolso e tirou um caderno fino — Se não se importar, tenho umas poucas perguntas.
— É obvio, dispara.
Ele tirou uma foto de seu computador portátil.
— Conhece esta mulher?
Vivian olhou o papel deslizado sobre a mesa. Era uma fotografia em cor da pele de frango que tinha visto em várias ocasiões no Chat em vivo com Sinjin.
— Não a conheço mas a vi antes — Ela olhou para cima — Quem é?
— Seu nome é Elena Vásquez — Ele tomou a foto e a guardou.
— Por acaso sabe onde poderia encontrar-se?
Vivian negou.
— Nunca falei com ela. Entrou no chat de vez em quando para ver Sinjin. Ele poderia ter alguma ideia de onde encontrá-la — Inclinou a cabeça para um lado — É uma criminosa?
— A está requerendo para ser interrogada — Ele olhou a seu redor o pátio em ruínas — Viu Sinjin hoje?
— Não, pelo geral não o vejo até tarde porque trabalha muitas horas.
Ele se voltou para ela.
— Pensou no que discutimos no hospital?
— Que Sinjin é um vampiro? — Vivian deu uma risada suave — Não estou muito segura do que espera ganhar no dizer uma mentira. Todo mundo sabe que os vampiros não existem no mundo real.
— Pergunte a ele, Vivian — Um assobio mecânico soou e Brent alcançou seu pager — Quero que pergunte antes que seja muito tarde. Se sentir algo por você, dirá a verdade.
— Pensará que estou louca.
— Não, não o fará — Brent se levantou de seu assento — Louca ou não, pergunte você isto. Por que nem uma vez o viu à luz do dia? Alguma vez o viu comer algo? Agora que o penso, viu a algum dos empregados
do Chat comer algo?
Ele tocou o pacote que continha a foto.
— E pergunte quem é Elena — Fez uma pausa, sua expressão se fez forte — Aposto meu distintivo que sabe exatamente o que te passou quando foi assaltada e por que.
— Não vejo…
— Confia em mim, Vivian — Guardou o localizador — Tenho que ir a outra chamada, se cuide.
— Você também.
Preocupada, viu-o sair e um calafrio percorreu sua coluna. O que faria que um homem, um detetive de polícia de todas as coisas, acreditar que outra pessoa podia ser um vampiro?
Nova Orleans era conhecido por estar imerso na mística e a magia, mas vampiros?
Olhou através do pátio para ver o Maeve observando-a com um olhar preocupado nos olhos.
Com o coração palpitando, Vivian se sentou na borda de sua cama no hotel. O sol se afundava no céu do oeste e ainda Shai não tinha ligado.
Onde poderia estar?
Esfregou as mãos pelos braços, tentando livrar do frio que se estabeleceu pouco tempo depois que Brent se foi essa tarde. Uma parte dela, a parte mais próxima a seu coração, queria rir das alegações do
detetive. Quem acreditaria que os vampiros podiam caminhar nesta terra?
Mas havia tantas coisas que estavam sem resposta, graças ao detetive, e essas eram as coisas que a atormentavam.
Nunca tinha visto Sinjin comer nada, apesar de que o tinha visto beber sua taça de café negro, de vez em quando. O que teria estado bebendo?
E o que acontecia com Maeve? Saberia algo sobre o que estava acontecendo? Era uma boa amiga de Sinjin e tinha afirmado ser amiga do Shai também.
À medida que a última luz do dia desaparecia do céu, tomou seu celular. Dado que Shai não tinha retornado sua chamada, só havia uma pessoa a que podia chamar.
— Olá?
— Jennifer? É Viv.
— Viv! — Não houve maneira de dissimular o prazer na voz de Jennifer — Estou tão contente de saber de você. Onde está?
— Atualmente em Nova Orleans.
— O que está fazendo ali?
— Estava fazendo uma investigação para Erihn e me encontrei com alguém que conhece.
— Sério? — Jennifer deu uma resposta incômoda — Não conheço muitas pessoas em Nova Orleans.
— A Maeve Leigh?
— OH, Maeve — Sua risada foi fácil — Sim, conheço Maeve. Como vai? Não ouvi falar dela em…
— E Damien St. James.
— Sinjin? — A voz de Jen falhou — Onde no mundo topou com ele? O coração de Vivian deu um tombo.
— Conhece-o?
— Sim. Conheço-o há anos, embora não o conheço muito bem — Houve uma pausa, e depois o som de uma respiração inalada — OH, Viv, você não... — No fundo, ouviu o som de algo cair.
Vivian fechou os olhos enquanto a dor se apoderava dela. Qualquer que fosse a verdade, Jennifer sabia.
— Jen, se alguma vez me amou, tem que me dizer qual é o inferno no que me coloquei aqui.
— Tem que ir, Viv — Jennifer tomou uma respiração profunda — Veem ao Colorado e te juro, que direi tudo.
— Não, necessito que me diga isso agora.
— Viv, por favor, suplico…
— Alguém tentou me matar, Jen — Escutou um som de socorro em sua amiga, mas Vivian não se deteve — Tenho o direito de saber a verdade.
— Ligarei a Shai e a Erihn. Por favor, veem ao Colorado e poderemos nos sentar e falar disto.
— Shai e Erihn estão envolvidas também? — Seus joelhos falharam e se baixou ao lado da cama, aterrissando no chão com um golpe suave. Era vagamente consciente de Jennifer rogando que empacotasse e partisse.
Mas não entendia que, finalmente, Vivian tinha se apaixonado? Uma risada histérica ficou apanhada em sua garganta e ameaçou estrangulando-a. Apaixonou-se, e agora sua melhor amiga estava pedindo que se
afastasse. Que ironia era essa?
— Quero saber o que está acontecendo, Jen. Ou me diz isso ou encontrarei Sinjin e o obrigarei a falar comigo.
Silêncio.
— Alguém me disse que Sinjin é um... — Lutou por conseguir sua voz —Vampiro. O que tem a dizer disso, Jen?
— Não sei o que dizer — Disse, com a voz um pouco triste.
— Pode começar por me dizer que estou louca. Que os vampiros não existem no mundo real.
Houve uma pequena pausa antes que Jennifer falasse.
— Não posso te dizer isso, Vivian.
Ela agarrou o telefone mais duro, com dor de seus nódulos pela pressão.
— Claro que pode. Acaba por me dizer, “está louca”, boneca.
— Não está louca, Vivian. Os vampiros existem.
O quarto pareceu tremer ao seu redor e ela pôs a mão para baixo, com suas unhas afundando-se no tapete enquanto se apoderava dela para manter o equilíbrio.
— Como pode…?
— Os vampiros existiram desde os tempo dos Faraós. Não sei se alguém sabe de suas origens mas foram observadores silenciosos com o passado do tempo.
— Não acredito — Doía o peito por suas sóbrias emoções — Por que me faz isto?
— Nunca quis que soubesse, Vivian. Amo-a. É minha amiga, mas a realidade é que a mente humana encontra estas coisas difíceis de compreender, e por isso nunca dizemos nada.
Uma sensação de horror se apoderou dela.
— Quem são… Nós? — Sussurrou ela.
— Erihn, Shai e eu nos…
— Todos são vampiros?
— Não. Há várias espécies de preternaturais que perambulam pela terra.
— Que diabos quer dizer preternatural?
— Significa algo que existe fora da natureza. Para os seres humanos, é algo sobre o que não podem envolver seu cérebro.
— Está tentando me dizer que todos vocês... Que vocês, que se supõe que são minha amigas são estes preternaturais?
— Sim.
— O que é? — Sua voz foi débil.
— Sou uma revenant, uma imortal. Somos os serventes humanos dos vampiros.
Vivian engoliu.
— Só c-quão imortal é?
— O que quer dizer?
— Não podem mata-la?
— Bom, não. Podem-me matar, mas não é fácil.
— O que acontece Shai e Erihn? São imortais também?
— Erihn é o que se chama uma were-gato.
— Uma o que?
— Uma were-gato, similar a um lobo só em forma de gato. À medida que a lua cheia se aproxima, ela troca de forma.
— Nossa, igual a Lon Chaney e os personagens que escreve. E quanto a Shai? O que é?
— Um vampiro.
Aturdida, Vivian olhou pela janela de seu quarto de hotel.
Como poderiam suas melhores amigas ser essas criaturas sobrenaturais sem que ela o tivesse sabido?
— Quando aconteceu tudo isto?
— Fui uma revenant desde muito antes de ter te conhecido. Shai, desde uns doze anos, e Erihn, ao redor de um ano ou algo assim.
— Val?
— Ele é um vampiro.
Uma sensação de irrealidade estabeleceu dentro. Como é possível que todos ao seu redor fossem de outra espécie e ela não soubesse? Como era possível?
Ela clareou a garganta.
— E Sinjin?
— Ele é um vampiro, Viv — Jennifer conteve o ruidoso fôlego — Onde está? Irei com Erihn e a recolheremos e poderemos nos sentar…
Vivian pressionou o botão “finalizar” cortando as palavras de Jennifer, e fechando os olhos contra a dor em seu peito. Tinha sido tão tola para apaixonar-se e o que tinha feito? Apaixonar-se por um vampiro,
de todas as coisas. Sim, ele era o homem perfeito para ela, outro chupa sangue como seu pai, só que Sinjin era a coisa real.
As lágrimas correram por seu rosto enquanto um soluço amargo rompia em sua garganta.
Mole, caiu no tapete enquanto os soluços percorriam seu atormentado corpo. Como podia ter se apaixonado por um homem que não só tinha mentido, mas também nem sequer era humano?
No chão, soou seu celular, mas o ignorou. Provavelmente era Jennifer tentando falar com ela e não tinha nada que dizer a sua antiga amiga. Não ficava nada que dizer.
O telefone ficou em silêncio e, pouco a pouco, seus soluços desapareceram. O quarto se obscureceu de noite que se aproximava e ainda jazia no chão, incapaz de mover-se, quase sem poder respirar.
Pouco a pouco Vivian se acalmou, com o coração encolhido, mas intacto. Suas lágrimas se secaram em um filme pegajoso em suas bochechas. Exausta, teve dificuldade para levantar do chão. Não podia ficar
ali por mais tempo. Voltaria para sua casa em Nova Iorque e recolheria os fios quebrados de sua vida o melhor que pudesse.
Marcou às linhas aéreas e reservou o primeiro voo disponível. Por desgraça, era a St. Louis, mas agora o norte se encontrava ao norte e tomaria. Quanto mais espaço pusesse entre ela e Nova Orleans, melhor
seria.
À medida que empacotava, seu celular soou várias vezes mais.
Endurecendo seu coração, ignorou-o. Não tinha nada que dizer nem a Shai, nem a Jen ou a Erihn nesses momentos. É obvio, poderia ser outra pessoa. Tomou o telefone e franziu o cenho quando viu o número
da casa de seu meio-irmão nele.
— Stephen?
— Viv, Cristo, estive tentando te chamar por dois dias.
— Bom, obtiveste-o — Apertou várias camisas de seda e as meteu em sua mala.
— Necessito que venha para casa imediatamente. Temos problemas com o negócio.
— Estou em caminho. Tenho um voo reservado para esta noite.
— Sério? — O alívio foi evidente em sua voz.
Ela estava saindo de Nova Orleans. Com mãos tremulas, fechou o zíper de sua mala. Em realidade se iria enfrentar Sinjin com o que haviam dito? O que acontecia sua promessa de viver sua vida com a verdade?
A velha Viv teria se afastado sem olhar atrás. Colocou-se nessa confusão por outra má decisão da que se alegrava de livrar-se.
A nova Vivian, a mulher que era agora, queria a oportunidade de confrontar o homem que tinha quebrado seu coração.
— Vivian? Ainda está aí?
— Sim, estou aqui.
— Perguntei se devia enviar um carro?
— Sim, envia-o a Chat Noir às 23h00min — Vivian deu o endereço do clube — Está-lo-ei esperando.
Brent franziu o cenho enquanto caminhava pela rua Bourbon. Tinha perdido de vista Elena Vásquez, nas multidões, e nada incomodava mais que perder a sua presa. Vásquez era suspeita em uma série de roubos
que tinham tido lugar ao longo de três anos. A primeira vez que a tinha visto no Chat duas noites atrás, seu coração quase se deteve.
Seu telefone soou enquanto se aproximava de seu carro. Puxou o celular de seu suporte para o cinturão e o abriu.
— Draven.
— Detetive Draven? Sou o detetive Grant do distrito dois.
— Boa noite, detetive, o que posso fazer por você? — Draven chegou a seu carro e abriu a porta.
— Tenho um pouco de informação sobre um de seus casos. É o detetive a cargo do assassinato de Janee Reynolds?
— A mulher que se encontrou no lixeiro? — Deslizou-se ao volante de seu carro —Sim, é meu. O que é o que tem para mim?
— O mesmo dia tivemos um assassinato similar em nosso distrito. O corpo da mulher foi achado no bairro e sua garganta tinha sido cortada. Estava revisando o inventário dos artigos encontrados em sua cena
do crime e acredito que pude ter encontrado uma similitude entre os dois crimes.
Em silêncio, Brent amaldiçoou. Tinha sido alagado com seu atual número de casos e tinha tido a intenção de comparar os dois inventários por si mesmo ao princípio do dia. Mas a vantagem sobre a Elena tinha
chegado e tinha chutado tudo à calçada.
— Qual seria?
— Ambas as mulheres tinham antecedentes penais por roubo e fraude com cartões de crédito. Ambas foram encontradas com múltiplos cartões de crédito roubadas em seu poder e as mulheres tinham cada uma, um
cartão com o nome de Vivian Carrington — Brent ouviu o rangido de papel sobre os batimentos de seu coração — Tenho aqui uma lista que havia com vários recibos. Viu para que foram utilizadas os cartões
de crédito esse dia?
— Sim, mas não tenho essa documentação frente a mim.
— Bom, veja isso e me devolva a chamada. Minha vítima usou o cartão da Srta. Carrington, só vinte minutos antes de ser assassinada. Se sua vítima estava usando esses cartões, também, poderíamos ter mais
em nossas mãos mais que um par de assassinatos.
Brent agradeceu ao detetive e desligou, sua mente se acelerou. Se ambas as mulheres tinham usado os cartões de Vivian justo antes de suas mortes, o que significava isso? Que alguém ia atrás de Vivian?
Acelerou o motor e pôs o carro em circulação. Talvez seu ataque não tinha sido tão aleatório como inicialmente tinha parecido.
Capítulo Treze
— Onde estão?
Draven Brent estava na porta do escritório de Sinjin e sua expressão era escura. Sinjin golpeou com leve irritação mostrando seu lado escuro à vista do detetive.
— Defina “elas” — Sinjin deixou as páginas do diário que tinha estado estudando de barriga para baixo sobre sua mesa. Não podia concentrar-se quando não sabia aonde foi Vivian. A maldita mulher não se
incomodou em deixar nenhuma nota.
— Vivian Carrington e Elena Vásquez — Disse Brent.
Sinjin franziu o cenho. Como sabia o detetive sobre a Elena e o que ele queria dela?
— Não tenho ideia. Estive chamando a toda a cidade perguntando por Vivian.
— Elena — Brent avançou na sala — Por quanto tempo a conhece?
— Por pouco mais de uma semana, suponho — Sinjin encolheu os ombros.
— Você se aproximou dela ou ela a você?
— Por que quer saber? — Sinjin estirou as costas. Estava-se cansando um pouco da inquisição.
— Só tem que responder à pergunta.
— Está aqui em qualidade de oficial? — Levantou-se de trás da mesa e se inclinou, com suas palmas sobre a polida parte superior — Se o estiver, não recordo ter visto nenhuma insígnia, nenhuma só ordem.
— Não necessito uma ordem judicial para fazer umas quantas perguntas... Em caráter oficial, é obvio — Os olhos do Brent brilharam com uma luz combativa à medida que avançava na sala, detendo-se quando
alcançou o lado oposto da mesa — Sempre posso obrigá-lo se isso ajuda a refrescar a memória.
Sinjin mal podia acreditar o que estava ouvindo e lutou contra o impulso de saltar em cima da mesa e romper a garganta do outro homem. Draven estava ameaçando prendendo-o?
Quão último podia permitir-se era o luxo de terminar na prisão. Não só seria desastroso se não as arrumava para conseguir ser solto ao amanhecer, mas sim não poderia esperar a chamada de Vivian. Onde diabos
estava essa mulher?
— Falei primeiro com ela — Deu ao detetive um olhar que esperava deixaria ao Brent saber sem lugar a dúvidas que se vingaria dele por este questionamento improvisado —Tinha estado frequentando o Chat e
me intrigou a primeira vez que a vi — Acomodou as cópias depois colocou as páginas em uma pasta antes de deixa-las cair em uma gaveta aberta.
— Mencionou algo a respeito de um colar de pedra de lua?
Ele franziu o cenho.
— Não. Por que Vivian me mencionaria um colar?
— Não estou falando de Vivian.
— Sobre quem está falando?
— Sobre a Elena.
Sinjin negou.
— Por que está procurando a Elena?
— Sim, por que está em busca da bela Elena? — Miles ficou na porta, com o olhar fixo no detetive e, em sua mão sustentava uma pistola semiautomática, apontando à cabeça de Brent.
— Boa noite, Miles — Sinjin amaldiçoou em silêncio o fato de que Brent tivesse conseguido distraí-lo e que um imortal tivesse podido subir sigilosamente as escadas. Como vampiro, Sinjin não tinha muito
que temer de uma arma. Entretanto, Brent era mortal e altamente suscetível ao dano que as balas podiam causar. Deu uma cotovelada à gaveta fechando-o com sua perna, afastando e guardando as páginas do
diário — O que posso fazer por você?
— Acredito que sabe — Miles deu um passo na sala, movendo o cano da pistola sobre o Brent, assinalando que se afastasse da mesa — Esvazia seus bolsos e ponha suas armas sobre a mesa.
Sinjin deu uma olhada a Brent e viu que o olhar do detetive estava centrado no cano da pistola de Miles. Levantou uma mão como se fosse a acalmar a Miles mostrando quão inofensivo era.
— Acredito que deveríamos falar do que está a ponto de fazer.
— Não há discussão que se necessite — Disse Miles — Esvazia seus bolsos e sua capa ou ela morre.
Outro homem entrou na sala, puxando uma figura menor atrás dele. Cabelo comprido e escuro pendurava em uma trança irregular e, com um olhar, Sinjin soube que era Elena. Seu lábio inferior estava aberto
e seu queixo marcado com sangue. Seu olho direito estava enegrecido e sua garganta inchada. Contusões e abrasões enchiam sua garganta por uma corda atada como uma correia de cão. Seus pulsos estavam asseguradas
e encadeadas a sua cintura.
O recém-chegado, empurrou Elena diante antes de empurrá-la para que se sentasse no sofá com a corda ao redor da garganta como as rédeas de um cavalo. Depois de que se sentou, tirou um pequeno revólver
e o colocou contra o lado de seu pescoço.
— Esta contém balas de prata, se me entende — Disse.
Brent olhou a Sinjin, com seu olhar claro perguntando o que fazer nesta situação. Sinjin deu ao detetive uma ligeira inclinação de cabeça. Brent podia estar a carrego nas ruas de Nova Orleans, mas Sinjin
trataria com os de sua própria espécie, algo com o que o detetive não tinha nenhuma experiência. Era seu problema guiá-los através da situação e que terminassem ilesos.
Sinjin olhou a Elena.
— Está bem?
O olho que não estava fechado pelo inchaço se reduziu e deu um gesto brusco, com seu queixo elevando-se a um ângulo soberbo.
Ele apertou os lábios. Nenhuma mulher deveria ter que suportar o que tinham infligido. É obvio, ela tinha se colocado em perigo roubando o diário em primeiro lugar e isso a tinha posto no centro do campo
de jogo. Mas suficiente era suficiente. Os Homens-lobo eram criaturas resistentes, mas isso não significava que não pudessem sentir dor e ele podia sentir sua dor e indignação, inclusive através da sala.
Sinjin se moveu ao redor da mesa enquanto Brent tirava uma arma 40 HK de sua pistoleira. Segurando-a com dois dedos, colocou-a no canto da mesa.
— O que quer, Miles? — Sinjin se inclinou contra a mesa, cruzando os braços sobre o peito, como se os revenants entrassem em seu escritório com armas de forma regular.
— Sabe exatamente o que quero. Me dê de volta o diário e iremos daqui.
Sinjin sabia que não podia pensar que Miles deixaria a nenhum sair ileso.
— O diário está em minha casa.
— E a outra, detetive? — Milhares deu ao Brent um sorriso desagradável.
O detetive elevou a perna e depois puxou a perna da calça para tirar uma arma pequena, de 9 mm semiautomática da capa de seu tornozelo. Pô-la junto à primeira arma sobre a mesa.
— Então façamos uma viagem a sua casa, St. James — O outro homem disse.
— Parece-me estar em desvantagem aqui. Sabe quem sou e não tenho ideia de quem é você.
Sinjin deu um sorriso desagradável.
— Gerald Lowery, a seu serviço.
— Corta o cilindro — Grunhiu Miles — Tenho um carro atrás.
Sinjin assentiu para a Elena e Brent.
— Ato a estes dois antes de ir?
— Não acha que desfrutariam da oportunidade de conseguir um pouco de ar fresco? — Miles disparou a Gerald um olhar divertido.
— Não.
— É uma pena, que vão também — Miles assentiu para o detetive — E o resto?
Brent murmurou algo pouco adulador enquanto alcançava em seu bolso e tirava uma faca dobrada. Colocou-o junto às armas.
— Têm suficiente hardware? — Perguntou Sinjin.
— Não o suficiente — Disse Brent. Olhou de Miles a Gerald, depois de novo, seu olhar foi de avaliação — A alguém importaria me dizer por que estou detido a ponta de pistola?
— Tudo ao seu devido tempo — Gerald puxou a Elena do sofá esticando a corda ao redor de seu pescoço. Ela fez um ruído de engasgo e se cambaleou sobre seus pés, equilibrando-se, porque suas mãos estavam
atadas a sua cintura. Gerald pôs-se a rir enquanto ela tinha dificuldades para permanecer de pé.
— St. James, vá você primeiro — Miles indicou a Gerald que se afastasse da porta.
Sinjin desceu as escadas deixando que os outros o seguissem, agradecido pela primeira vez na noite de que Vivian não estivesse perto.
Vivian estava em frente do Chat, brincando com sua bolsa sobre um ombro e com o estômago cheio de mariposas.
engolindo seu nervosismo, entrou no familiar caos do restaurante. Um sozinho olhar disse que Sinjin não estava atrás do balcão. Evitando a multidão, dirigiu-se à escada e se foi correndo a seu escritório.
A porta estava aberta e ela apareceu a cabeça por ela.
— Sinjin?
A sala estava desordenada e ninguém estava à vista. Ela entrou na sala, com seu olhar capturando duas pistolas desconhecidas e uma navalha na mesa. Que diabos estava fazendo com essas armas em sua mesa?
Não recordava ter visto nunca uma arma aqui ou em sua casa. Por que alguém teria deixado as armas à vista?
Inclusive uma neófita como ela sabia que deveriam estar asseguradas com um ferrolho ou ter outro tipo de seguro.
O nervosismo em seu estômago se voltou inquietação. Precisava encontrar Sinjin e logo. À medida que se aproximava da porta, viu em vários pontos no chão de madeira. Passou os dedos sobre eles e encontrou
os pontos ainda úmidos. Levantou os dedos e olhou as raias vermelhas. Seguro que parecia sangue para ela.
Alarmada, tirou um lenço de sua bolsa e depois correu ao andar debaixo. Quando entrou no restaurante, viu Tracey no bar falando com o Julius.
— Viram ao Sinjin?
— Não — A expressão do Tracey foi agitada e disparou um olhar inquieto a Julius.
— Está acontecendo algo que eu deva saber?
— Não — A garçonete se voltou afastando-se dela — Por que perguntas tal coisa?
Vivian a agarrou pelo braço e fez girar, segurando-a ao balcão.
— Porque encontrei sangue no chão do andar de cima — Levantou o lenço, vendo a maneira em que os olhos de Tracey se abriam como pratos quando viu as manchas vermelhas.
— Ele saiu por trás com outros homens — Disse Julius. Vivian soltou à garçonete.
— Obrigado.
— Não acredito que deva segui-los — Disse Tracey — Precisa se manter à margem disto. É muito perigoso.
— Não começou a ver o perigoso ainda.
Ela deslizou pela cozinha e pela porta de trás. No beco, um sedan escuro estava em funcionamento e um homem alto de cabelo castanho se metia no carro. Seu sangue se gelou quando o reconheceu como um de
seus agressores. No lado do passageiro, viu seu companheiro subir ao carro.
Através da janela traseira alcançou a ver Sinjin e outro homem... Estava Brent a seu lado? A luz do teto se refletiu em algo brilhante na mão do homem alto.
Uma arma.
Ai meu Deus! Estavam sendo sequestrados? Deveria chamar à polícia?
O que ia dizer? Infernos, Brent era da polícia.
Antes que pudesse formular outro pensamento, as luzes de freio brilharam enquanto o carro começou a circular. Vivian tomou nota da direção de sua saída antes de correr pelo Chat e subir as escadas ao escritório.
Olhou seu relógio. Se seu meio-irmão era tão eficiente como de costume, seu carro estaria esperando no fronte.
Correu ao escritório de Sinjin, em direção a seu escritório, onde as armas descansavam. Jogou-as em sua bolsa enquanto passava o sofá. Por sorte, sabia um pouco sobre o manejo de armas e estava segura
de que poderia evitar disparar-se em um pé. Sem pensar duas vezes, tomou ambas as armas e a faca antes de correr para as escadas. Deveria poder chegar a seu carro e seguir aos outros.
Lançou-se à rua e correu para o lugar onde um Cadillac negro estava estacionado.
O condutor baixou a janela enquanto ela se aproximava.
— Vivian Carrington? — Perguntou. Seus olhos se aumentaram quando viu as armas que sustentava em suas mãos.
Ela assentiu e, literalmente, mergulhou-se no assento de atrás, golpeando a porta atrás dela.
— O que aconteceu, senhorita? — Perguntou — Alguém a está perseguindo?
— Um carro sairá por essa rua, é um sedan escuro, com vários homens nele — Ofegou ela — Siga-os.
— Está brincando?
Vivian apareceu pela porta do carro quando o sedan se deslizava.
— Não, não o faço — Apontou a arma para ele — Parece que estou brincando? Siga as instruções e conseguirá uma gorjeta muito grande.
O chofer deu um grito emocionado e, com mãos tremulas, pôs o Cadillac em movimento, atirando para fora atrás de outro carro.
Vivian se acomodou no assento traseiro, com o olhar pego às luzes traseiras de diante. Seguiram-nos a uma distância moderada várias ruas até que o sedan se deteve frente à casa de Sinjin.
— Siga ao redor e rua acima um pouco. Não quero que me vejam.
Vivian se alegrou que fosse uma noite fechada já que os ocupantes não poderiam vê-la com claridade. Seu chofer se deteve meia quadra ao norte da casa do Sinjin. Ela apareceu pela janela da porta traseira
enquanto Sinjin e seu grupo saíam do carro.
O menor do grupo tinha uma corda ao redor de seu pescoço. O mais baixo de seus agressores deu um puxão da corda viciosamente fazendo tropeçar a sua vítima. Brent se aproximou e a ajudou a levantar-se.
Era a garota de couro a que era guiada pela corda? Desta distância, Vivian não podia estar segura de que era ela.
Enquanto eles entravam na casa, ela colocou a mão no bolso e jogou um punhado de mota de vinte ao chofer.
— Sinto ter apontado com a arma, acredito que estou um pouco emocionada.
O chofer recolheu os enrugados bilhetes.
— Por Deus, senhorita, a seguinte vez só diga por favor.
Vivian teve vontades de rir e chorar ao mesmo tempo em que saía do carro. A noite era cálida e úmida, grosa no ar.
O medo recobria sua boca com seu nauseabundo sabor metálico.
A arma maior afundou no estômago enquanto corria os metros para a propriedade de Sinjin, agarrando a arma menor com uma palma suarenta.
Aproximou-se nas pontas dos pés pelo terraço, orando porque a velha madeira não chiasse e a delatasse imediatamente. A porta principal estava fechada e a deslizou abrindo-a, contendo o fôlego enquanto
as velhas dobradiças davam um chiado. O vestíbulo estava vazio e ela viu o homem menor rodeando o canto à biblioteca. Entrou, deixando a porta aberta porque não acreditava ter uma oportunidade, com o ruído
tão forte enquanto se afastava.
E agora o que? Estava na casa, tinha uma arma, mas o que faria?
Deu um salto quando um movimento com a extremidade do olho lhe chamou a atenção. Agarrando a arma, voltou-se para encontrar-se a si mesmo olhando-se em um espelho, a arma apontava a seu reflexo na seção
medeia. Com um suspiro, deixou cair sua postura defensiva.
No espelho havia uma Vivian Carrington que nunca tinha visto antes. Seu cabelo estava desordenado, com mechas suaves perdendo seu giro e enroscando-se ao redor de sua cara. Sua pele era pálida e seus hematomas
eram um forte contraste. Seus olhos eram enormes sombras de medo.
Esta definitivamente não era a Vivian Carrington que possuía mais da metade de uma das corporações maiores na América. Esta não era a mulher que tinha enfrentado a homens sobre alimentados que tinham tentado
arrebatar a companhia de suas mãos quando seu pai tinha morrido. Esta não era quão jovem tinha amado e perdido. Esta não era a mulher que tinha enterrado a sua melhor amiga uns poucos meses atrás. Esta
não era a mulher que se deitou com seu amante só umas horas antes.
Esta era a face de uma mulher que estava disposta a lutar até a morte pelo homem que amava.
Endireitou-se e pôs a pistola no zíper. Passando uma mão por seu cabelo, tirou a presilha e a massa de cachos caiu sobre os ombros. Escapando da camiseta de suas calças jeans, voltou-se e comprovou a outra
arma que estava oculta na parte baixa de suas costas antes de guardar a menor na parte dianteira de suas calças. Depois, desabotoou os dois botões superiores de sua camisa para mostrar sua divisão.
Com mãos tremulas, beliscou-se as bochechas e se esfregou os lábios para dar um toque de cor. Em sua vida, enfrentou-se a advogados tentando tomar seu dinheiro e a ecologistas, que acreditavam que Carrington
Internacional estava destruindo a atmosfera, junto com várias ameaças de sequestro.
Vivian Carrington era uma mulher que poderia dirigir a uns poucos maus com armas, inclusive se fossem vampiros.
Esperava.
Sinjin escutou a banda rodar suave sobre seus passos momentos antes que seu perfume de gengibre envolvesse seus sentidos. Seu agarre apertou o diário, que acabava de retirar da caixa forte.
Agora não, ainda não...
— Sinjin, sei que está aqui e irei a por voc...
Vivian entrou muito alegre pela porta, com os olhos muito abertos, enquanto via às pessoas da biblioteca.
— Céus, Uma festa e não fui convidada?
— Vivian… — Sinjin começou.
— Brent. — Um grande sorriso adornou sua boca enquanto cruzava a sala jogando os braços ao redor do detetive, pressionando seu corpo contra o seu.
— Não te vi em anos. Como está, meu amigo?
Sinjin captou o olhar de surpresa no rosto do detetive enquanto ela o abraçava com seus braços envolvendo-se ao redor de sua cintura.
— Me alegro de vê-la também, Vivian — De deu um sorriso secreto, e depois a voltou sobre suas costas, protegendo-a com eficácia de qualquer ameaça que pudesse sair de seus captores. O impulso de seu movimento
fez que Vivian fosse para a janela, então se desatou o inferno.
A janela explodiu para dentro com uma ducha de vidros e balas que causaram que Vivian e Brent caíssem no chão. As balas orvalharam a parede perto de Sinjin e ele se lançou no chão enquanto rondas de munições
saltavam da porta da caixa forte ricocheteando ao redor da sala. Ele levantou a vista a tempo para ver Miles alcançar Vivian enquanto Gerald se deixava cair no chão puxando Elena diante dele para agir
como um escudo.
Do outro lado da sala, Brent estava tentando cobrir Vivian com seu corpo, mas Miles o tinha agarrado pelo braço e puxava-a para ele. A chuva de balas de fora se deteve.
— Que demônios foi isso? — Grunhiu Gerald.
— Matá-la-ei se não me dá o diário — Miles apontou a arma à cabeça de Vivian.
Sinjin avançou pelo chão para Vivian.
— Espera, pode o ter…
— Continue e mate-a — Disse outra voz da porta — Economizara-me munição se o fizer — Um homem magro vestido de negro estava de pé na entrada, com uma arma em cada mão. Uma correia sobre o ombro apoiava
um rifle de assalto MP5 em seu quadril, o que tinha usado para pulverizar a sala sem dúvida. Uma arma apontava a Vivian, a outra a Miles.
— Quem diabos é você? — Grunhiu Miles.
— O homem enviado para fazer frente a ela — Ele moveu a arma que apontava para o Vivian.
— Alguém está tentando me matar? — gritou ela. O homem deu um sorriso desagradável.
— Não só tenta, querida, terei êxito. Um problema de uma vez...
Sinjin se sentou e sustentou o diário para que todos na sala pudessem vê-lo.
— Tenho o livro aqui, Miles. Se o quiser, terá que deixá-los ir.
— Me passe o primeiro livro — Ordenou Miles.
— Nunca em sua vida — Ele assentiu para Vivian — Deixe-a em liberdade e o entregarei ao Gerald.
— Sim, Miles — O recém-chegado zombou — Deixa-a em liberdade para que eu possa terminar meu trabalho e cobrar meu salário — Riu entre dentes.
Miles fez pouco caso de suas palavras e soltou o braço de Vivian. Brent imediatamente a puxou, colocando-a atrás dele em um refúgio duvidoso de uma cadeira e seu corpo mortalmente frágil.
— Agora, a mão sobre o livro, St. James — Disse Miles.
— Deixa que se vá também — Ele assentiu para o Gerald onde Elena seguia sendo utilizada como escudo.
— Recebeu todas as concessões que obterá de mim — Disse Miles — Me dê o diário ou paga as consequências.
Pela extremidade do olho, Sinjin registrou um aumento da posição de Brent atrás da cadeira, enquanto Vivian se mantinha escondida no chão. O detetive deu a Sinjin uma piscada sutil, animando-o a soltar
o diário. O que tinha Brent sob a manga?
Havia uma só maneira de descobrir.
Sinjin atirou o diário a Gerald, o que o obrigou a soltar Elena com o fim de apanhá-lo. Ele sabia que acabava de atirar a única moeda de troca, mas se encontravam em um beco sem saída. O que outras opções
tinha?
— É autêntico? — Perguntou Miles. Gerald folheou umas quantas páginas.
— Claro que assim parece.
A emoção fez sua voz aguda e rouca.
— Nosso trabalho terminou aqui. A levaremos conosco — Assinalou a Elena que estava tentando afastar-se deles para a mesa de Sinjin.
— Deixa-a — Protestou Brent — Tem o que quer. Solta-a.
— O que te importa a vida de uma loba, mortal? Poderia te matar como carne fresca e nunca pestanejar — Miles puxou Gerald a seus pés, enquanto o homem nunca tinha deixado de folhear o jornal enquanto revisava
as páginas. Sinjin se sentiu mal pela ideia de que o livro terminasse nas mãos de Mikhail de novo.
— Ela é a apólice de seguro de que não tratarão de nos seguir. Se o fizerem, ela morre. — Disse Miles.
Sinjin sufocou um protesto enquanto Gerald colocava o livro em sua jaqueta antes que Elena se arrastasse a seus pés, utilizando a corda de barbárie. Seus olhos eram quentes, seus dentes estavam ao descoberto,
enquanto era obrigada a ir para a porta. Que o céu ajudasse ao pequeno zero à esquerda se alguma vez ela podia suas mãos nele.
O recém-chegado se fez a um lado enquanto Gerald e Elena passavam. Sua expressão era curiosa, mas não disse nenhuma palavra. Não parecia disposto a evitar que saíssem tampouco.
Miles se deteve junto a ele perto da porta.
— Pode ser que queira saber algo sobre o detetive — Assinalou para ele — Tem uma arma.
A expressão do homem armado se voltou uma de surpresa enquanto Brent apontava a pistola e disparava. Miles se precipitou fora da vista e baixou as escadas enquanto Sinjin se lançava para Vivian, usando
seu corpo como escudo, enquanto uma chuva de balas rompia os muros sobrecarregados. Uma bala assobiou junto a sua orelha e ele se aconchegou com mais força sobre sua mulher, rezando em silêncio para que
sobrevivesse corpo a corpo.
Uns segundos e uns quantos tiros mais tarde, ouviu uma gemido baixo e um golpe sólido. Sinjin levantou a cabeça para ver o homem armado através da porta.
— Está bem? — Perguntou a Vivian.
Vivian fez um gesto tremulo e Sinjin ficou de pé. Brent se tinha aproximado do pistoleiro e estava movendo os armamentos do homem a uma distância segura. Uma olhada aos dois espantosos disparos em sua
cabeça e Sinjin soube que esse assassino não se levantaria de novo. Sinjin agarrou o MP5. Não era como se o morto a necessitasse mais.
Enquanto ele corria pelas escadas, ouviu o som das sirenes da polícia. Brent caiu ao passo atrás dele. O detetive tirou um celular de seu bolso e deu gritos de informação nele, enquanto corria para a rua.
Sinjin patinou até deter-se nas luzes traseiras acelerando pela rua só para desaparecer na escuridão distante a muitas ruas. Sua cabeça caiu, seu fôlego fazia estragos em seus pulmões. Miles e Gerald se
foram de novo com o diário e Elena era sua refém. Ele passou a mão pelo cabelo.
— Quer me dizer que demônios está acontecendo?
Sinjin deslizou a correia da MP5 por cima de seu ombro antes de voltar-se e olhar a Brent. Movendo sua mão em um punho, fez a voar para a cara do detetive, com o recorte cuidadosamente em sua mandíbula.
Brent caiu, aterrissando em meio da rua com uma expressão surpreendida em seu rosto.
— Isso foi tratar de me prender, estúpido — Sinjin grunhiu. Abriu a boca para continuar quando um movimento pela extremidade do olho captou sua atenção.
Vivian estava na porta, iluminada pelo abajur de salão.
Tinha os braços envoltos ao redor de sua cintura, e estava procurando na escuridão por ele, com expressão ansiosa.
Quando o viu, a preocupação desapareceu e um sorriso de alívio tomou seu lugar. Apoiou-se contra a porta e ele estremeceu ao pensar no perto que tinha estado de chegar a perdê-la esta noite. Se não fosse
pela ação rápida de Brent, poderia estar morta agora mesmo e nunca tivesse sabido o sentimento que enchia seu coração.
Ele olhou ao aturdido detetive.
— Obrigado por salvar sua vida. Tenho uma dívida contigo que nunca te poderei pagar — Sinjin tendeu a mão ao Brent e o ajudou a ficar de pé.
— Pagara-me isso — Brent se esfregou a mandíbula.
— Entusiasma-me o desafio — Sorriu ao oficial descontente e deu uma palmada nas costas — E não quero te dizer o que está acontecendo — Sinjin olhou a Vivian quem o esperava na porta — Agora tenho algo
mais que devo fazer e isso é tudo o que precisa saber.
Elena apertou os dentes em contra a mordaça de couro. O rígido couro estava cedendo pouco a pouco, embora não o suficientemente rápido para ela. Mentalmente se amaldiçoou, zangada de ter terminado nessa
situação. Era inaudito que um revenant dominasse a um homem lobo, inclusive a um de seu tamanho, sem necessidade de utilizar drogas ou uma arma.
Deu ao couro um vicioso movimento, agradecendo que se sentia afrouxar-se ainda mais. Quem saberia que um imortal poderia ser tão forte? Sentiu a pontada desconhecida de medo. O que significava isto para
ela e para o resto da Manada?
O gag, finalmente cedeu e ela negou vitoriosa quando aterrissou no chão com um suave plop. Agora, a soltar suas mãos. Atadas a suas costas, doíam os ombros pelo tempo que tinham sido mantidos nessa condição.
Ignorando a dor, ela começou a girar e arquear seu corpo em um esforço por manobrar com as mãos para frente.
Só onde estavam seus carrascos agora?
Depois de sair da casa do Sinjin tinham conduzido diretamente ao aeroporto e se subiram a um jato privado. Ela não estava do todo segura em que país estava mas sabia uma coisa, que Mikhail estava a só
uma ou duas salas de distância.
Empurrou a imagem de seu rosto horrível com sua cicatriz longe.
Chegaram ao castelo em desmoronamento em algum momento a princípios da tarde. Com Miles à cabeça, Gerald a havia arrastado à porta e para a sala, enquanto Miles se ia à esquerda.
Pela porta aberta ela tinha visto o infame vampiro sentado em uma cadeira tipo trono com um gato grande de cor branca em seu colo.
Apesar de que Gerald tinha batido no olho pelo que era difícil ver pelo inchado, não necessitava os dois olhos para reconhecer a um monstro.
Elena estremeceu ao ver essas danificadas mãos acariciar a pelagem grossa, branca. Pobre animal, ela não teria desejado esse destino nem a seu pior inimigo, nem sequer a um sarnento gato.
Fazendo uma careta pela sensação de tensão em seus ombros, finalmente conseguiu subir suas mãos atadas e agora estavam frente a ela. Sentada em posição vertical, parecia que cada polegada de seu corpo
doía. Seus pulsos estavam em carne viva e fez uma careta quando se deu conta das manchas de sangue em seu casaco.
Por sorte para ela, os lobos tinham incríveis poderes curativos.
Ignorando a dor, e a pesadez de seus pés começou a procurar uma saída.
Suas mãos estavam em uma janela quando uma voz a deteve.
— Aonde acha que vai, lobo?
O fraco sotaque do sul da voz do Gerald se apoderou dela o fez a seu olho bom reduzir-se. Soltou o agarre na janela, dando-a volta. Ele estava de pé justo no arco, com a camisa parcialmente desabotoada
e com um copo de conhaque em uma mão. Um grunhido baixo cresceu em sua garganta.
Ele pôs-se a rir.
— Sabe, realmente é uma pena que a diferença dos gatos, não possa trocar a vontade. Não há maneira que tivéssemos podido te capturar se esse tivesse sido o caso.
Nisso tem razão.
Em vez de dizer o que queria, ela se pegou uma pequena expressão de “pobrezinha de mim” em sua face e optou por sustentar as mãos para ele.
— Por favor, pode afrouxar estas um pouco? Em realidade são terrivelmente incômodas — Elena manteve a voz baixa e inclusive a seus próprios ouvidos soou derrotada, perdida.
O sorriso de Gerald se alargou.
— Seria um prazer — Deixou sua taça em um piano desmantelado, depois tirou umas chaves de seu bolso — Normalmente não trato às mulheres de tal modo.
— Estou segura de que em melhores circunstâncias seria um homem bom.
Ela não lutou por morder suas palavras sinceras.
Especialmente quando as circunstâncias estarão mortas em meus pés...
Ele se viu satisfeito por suas falsas palavras.
— Eu gostaria de acreditar que o sou — Afrouxou seu pulso esquerdo e depois o direito — Acredite-me na era da cavalaria e da doçura por volta das mulheres e eu gosto de pensar que as lições de minha mãe
ficaram gravadas em todos estes anos.
— Assim é — Elena deu um sorriso tímido apesar de que era um esforço por despir seus dentes.
— Sabe, lobo — Seu olhar se moveu a seu corpo causando que sua pele se agitasse — Não posso deixar de pensar que você e eu nos poderíamos pôr selvagens na cama. Você, com toda essa força animal, eu com
a língua com mais experiência no hemisfério norte — Ele se moveu para frente e agitou sua língua para ela — com certeza que é um pedaço de quente de traseiro.
— Gerald, me diga algo — Elena manteve sua voz como de gatinha, o que o obrigou a mover-se mais, até que apenas uma polegada os separou.
— Tudo, meu mascote — Seu brandy empapou o ar apoderando-se dela.
— Esta manhã, quando se levantou — Ela se aproximou dele, com as pontas de seus dedos deslizando-se pela pele quente de sua garganta — Sabia que ia morrer?
— O que? — Ele nem sequer terminou a palavra antes que sua vida terminou. Tudo ocorreu tão rápido que nem sequer teve tempo de cair antes que seu coração desacelerasse e parasse. Ele vacilou diante dela,
com seus olhos muito abertos e a boca aberta como um peixe morto. Com um empurrãozinho de seu cotovelo, caiu ao chão.
Elena obrigou a suas mãos a relaxar-se, deixando cair o grande pedaço de sua garganta. Pousou em sua camisa empapada de sangue.
Agora estavam igualados.
Detendo-se só o suficiente para limpar suas mãos em suas calças, dirigiu-se para a saída. Com o coração pulsando com força, apareceu à entrada só para descobrir que estava vazia. Pouco a pouco, mantendo
as costas na parede, dirigiu-se para a porta principal.
Surpreendida pela facilidade com que escapou, esteve a ponto de gritar quando a voz rouca soou a suas costas.
— Indo tão cedo? — Elena girou, com as mãos em garras e um grunhido ressoou em sua garganta. Mikhail estava no lado oposto da entrada, com o rosto nas sombras, e o gato ainda em seus braços — E eu que
tinha esperado desfrutar de sua companhia por um tempo — Ele pôs-se a rir e foi uma grossa de pesadelo que soou como um mau filme de terror — Não recebo muitas visitas aqui, verá.
— Nunca em sua vida — Ela abriu a porta, agradecida pelo fluxo de ar fresco.
— Bom, então, necessitará isto com o fim de sair daqui — O vampiro jogou algo para ela e sem pensar tomou.
As chaves do carro? Olhou-o boquiaberta. Agora por que ia querer ajudá-la a escapar?
— Qual é o trato? — Ela moveu as chaves e fizeram um estrondo.
— É muito suspeito — Escutou a brincadeira em seu tom — Não há trato, é livre de ir, pequena lobo.
Antes que pudesse trocar de parecer, estava fora da casa e se dirigia para o carro a um ritmo rápido. Apertando o comando a distância, alcançou a ala, com seu corpo tenso e preparado para o que viria depois.
Realmente a deixaria ir-se...?
— Corre pequeno lobo, e diga o que viu hoje — Mikhail riu entre dentes — Diga ao Conselho que logo irei por eles.
Capítulo Quatorze
— Quanto tempo levará isto?
Sinjin viu que Elena passeava pela sala como uma mulher possuída. Seus movimentos eram frenéticos, ansiosos. Inclusive embora só havia passado um dia da destruição de sua casa, seus hematomas já desapareceram
um pouco. A marca em seu lábio ainda era visível e seu olho estava arroxeado ainda, mas em outro dia mais ou menos, as lesões teriam ido e nenhuma se notaria.
O mesmo não podia dizer-se de Gerald. Elena disse que depois que tinha entregado o jornal a Mikhail, quase tinha arrancado a cabeça do Gerald no momento em que cometeu o engano de afrouxar suas ataduras.
Um revenant mau e morto que deixava a centenas mais por caçar. Embora sinceramente esperava que Sinjin nunca deixasse uma guerra sem quartel, ninguém ganharia essa batalha.
— Não posso te responder, Elena — Voltou sua atenção a esfregar as manchas de sangue da porta de sua destroçada biblioteca — O diário não é como ler um livro regular. Os eventos não estão em ordem e há
múltiplos idiomas envoltos — Baixou a esponja ensanguentada a um cubo que continha uma mistura de desinfetante e água.
— O tempo está contra nós — Disse ela. Ele revirou os olhos.
— Contra nós, ou não, necessito tempo — Limpou o marco da porta. Interiormente, estremeceu-se ante o pensamento do perto que tinha estado de perder Vivian ontem de noite.
Um olhar à multidão de buracos de bala testemunhavam a determinação do Anthony por destruí-la. Inclusive a polícia parecia estar surpreendida pela forte fúria que tinha tido lugar nessa sala.
Agora Vivian dormia em sua cama, sem ser tocada. Ele esperou a que ela despertasse para poder ventilar as diferenças entre eles.
Ela o amava? Estava bastante seguro de que o fazia, mas o amaria o suficiente para sacrificar sua vida mortal por um ser uma imortal?
— Está me escutando? — Elena ficou diante dele, com seus punhos em seus magros quadris.
— Não. Já disse muitas tolices, mulher — Sinjin colocou a esponja no balde, sem importar que a água cheia de sangue se derramasse sobre o chão que justo tinha limpado — Disse que necessito tempo. Não posso
garantir que o diário contenha a informação que busca. E entretanto me persegue, como se não fosse dos bons.
Seus olhos se estreitaram e ela franziu o cenho enquanto apontava com um dedo comprido e magro para ele.
— Agora me escute…
— Não — Ele tirou as luvas de borracha e se levantou, empurrando sua mão.
— Escuta você. Seus dias me ditando que use o diário se acabaram. Já não temos o diário porque Miles o tomou e ficamos com uma cópia.
— A que não teria se não te tivesse dado o diário em primeiro lugar — Ela girou afastando-se dele — O diário que rapidamente perdeu.
— Assim é mulher — Foi tudo o que pôde fazer para evitar lançar-se a sua garganta — Tive que renunciar o diário ou teríamos perdido tudo, tola. Miles nos tinha contra a parede e…
— OH, pelo amor de Deus, por que os dois acabam por açoitar um ao outro e comparam a ver quem é realmente o tipo duro nesta sala?
Tanto Sinjin como Elena se voltaram para ver de pé Vivian no corredor. Seus cachos negros caíam por seu sono inquieto e levava a mesma roupa, agora enrugada, que tinha usado no dia anterior. Seus olhos
escuros se mostravam plenos e sua pele pálida estava vermelha de ira.
— Como se atreve? — Elena se dirigiu para Vivian.
Detectando um ataque eminente, Sinjin se interpôs entre as duas mulheres, detendo a loba com seu braço.
— Atrás, Elena.
Ela franziu o cenho.
— Sei que não me está dizendo que só retroceda.
— Já me escutou — Ele cruzou os braços sobre o peito — Entrar em uma briga com Vivian não te dará a informação do diário mais rápido. Necessito tempo e isso é tudo. Sugeriria que localize seu irmão e o
avise do que está acontecendo já que isto afeta a ele também. Por não falar de que a polícia continua te buscando. Por uma acusação de roubo, acredito?
O olhar no rosto de Elena dizia claramente que ressentia a sugestão de que se fora. Seus lábios e seus escuros olhos brilharam. Alisou a jaqueta de couro negro e caminhou ao redor dele para a porta.
Vivian se moveu à sala, cuidando de evitar a água ensanguentada, tanto no cubo como no chão. A seu passo, Elena fez uma pausa.
— Cuida suas costas, mortal.
Vivian revirou os olhos.
— É a menor de minhas preocupações.
Elena olhou a Sinjin, depois, olhou de novo a Vivian. Deu um sorriso desagradável.
— Não conte com isso — Seus passos se ecoaram na madeira polida enquanto saía da sala e descia as escadas correndo. Uns segundos mais tarde, a porta de entrada se fechou de repente.
— Bem — Vivian arrastou as palavras — Isso foi sem dúvida agradável.
— Os encontros com a Elena sempre o são.
Seu cenho se arqueou.
— Conhece-a por muito tempo?
— Não. Tão somente uns dias.
Ela se moveu a uma janela aberta, com tom casual.
— Suponho que ela não é... Normal.
Uh-OH, um terreno perigoso aqui.
— Define, normal.
— Humana.
Sinjin assentiu.
— Está correta, não é humano.
— O que é? — Vivian se sentou no batente, com seus treinados olhos em seu rosto. Viu a indecisão e a confusão persistindo em suas profundidades.
— É uma mulher lobo.
Ela inclinou a cabeça para um lado.
— Uma mulher lobo? Fica peluda uma vez ao mês?
— Sim.
— Falei com Jennifer ontem à noite e me contou tudo.
Seu olhar se deslizou longe de sua fixação no caos sangrento na porta.
— Como vou compreender tudo isso? — Sacudiu a cabeça lentamente — Como vou reagir quando um v-vampiro me diz que estava discutindo com uma mu-mulher lobo? — Passou a mão por seus cachos e ele viu que ela
estava tremendo. Seu coração se rompeu por ela — Eu só…
— Vivian?
— Nem sequer posso começar a…
— VIVIAN.
Ela voltou com a elevação de sua voz, seu olhar se voltou para encontrar-se com a sua.
— O que?
— Posso dizer algo?
Silêncio, ela assentiu.
Sinjin se aproximou e se deteve quando ela se endireitou. Ela estava à defensiva e não podia culpá-la nem um pouco. Ele se afundou no tapete, acomodando a si mesmo ao estilo índio. Ao ficar a si mesmo
em uma posição subordinada, era de esperar que pudesse aliviar parte de sua inquietação.
— Sinto que tenha ficado apanhada nisto. Sinto que alguém estivesse tentando te matar. Sinto que tenha se assustado e que a tenham machucado. —Apoiou os cotovelos em seus joelhos e se inclinou — Mas, sabe
o que mais sinto?
Ela sacudiu a cabeça.
— Ter mentido. Sei que é melhor não envolver-se com um humano a nenhum nível exceto em uma relação completamente superficial. Mas a primeira vez que te vi, senti-me atraído por você. Acredito que talvez
me tenha apaixonado por você na primeira noite quando me disse que tinha chegado a Nova Orleans para encontrar a si mesma — Sorriu com a lembrança — Nunca havia sentido nada igual. Antes de saber o que
estava passando, e ter tido em meus braços, tudo se sentiu tão correto — Sacudiu a cabeça — Então chegou Elena com o diário e todo se veio abaixo antes que soubesse.
— O que há no diário? Por que todo mundo o quer?
— Tem informação vital para a existência dos preternaturais. Sabe o que isso significa?
Vivian assentiu.
— Jennifer me explicou um pouco...
— Há um vampiro que tenta destruir o Conselho de Anciões, que é o corpo governante algo assim como nosso Congresso, se o quer ver assim. O livro contém informação histórica a respeito das diversas raças,
origens e, a nosso julgamento, a informação a respeito de como desenhar sua queda.
— Então o diário é muito importante.
Ele assentiu.
— E ainda há gente que está em busca dele?
— Sim, provavelmente milhares de pessoas. Muitas devolveriam o livro ao Conselho, alguns o dariam a Mikhail, e outros o utilizariam para seus próprios fins. O livro poderia ter as chaves para o reino ou
receitas únicas, que não conhecemos com certeza.
— E tem uma cópia dele?
— Sim. Fiz uma cópia — Com seu sabor persistente em minha boca enquanto dormia em minha cama.
— Isto te põe em perigo?
Ele encolheu os ombros.
— Além do conselho, ninguém sabe que a tenho. Eu diria que não estou em perigo mais do que estava antes.
Ela envolveu seus braços ao redor de sua cintura, claramente incômoda.
— O que se sente ao ser um vampiro?
Sinjin acomodou suas costas apoiando-a em sua mesa e estendeu suas longas pernas. Tinha a sensação de que estaria ali durante um tempo.
— Não muito diferente de um humano. Como, durmo, sinto dor e amo. Seu olhar se afastou.
— Mas bebe sangue.
— Sim.
— De seres humanos?
— Nem sempre. Há pessoas que a doam.
Seu olhar deslizou de novo para ele, com expressão curiosa.
— Como em um banco de sangue de vampiros? Ele assentiu.
— Poderia se dizer isso.
— E dorme durante o dia?
— Em sua maior parte. Um jovem vampiro dorme do momento em que o sol se levanta até que baixa de novo. Tenho 700 anos. Enquanto estou sob a terra, posso permanecer acordado durante uma hora depois da saída
do sol.
— Sente falta?
— De ser humano? — Ele assentiu — É obvio. Sinto falta da comida, beber vinho. Sinto falta da sensação da luz do sol em minha pele. Mas quer saber qual é a parte mais difícil?
Ela assentiu, com olhar cauteloso.
— Perder os que amo. Se forem mortais, estão destinados a morrer diante de mim. Essa é a parte mais difícil, quando se vão e eu fico sozinho.
Vivian engoliu, com seus olhos girando sem querer deixar cair as brilhantes lágrimas.
— O que acontece com um revê...? — Ela tropeçou com o mundo.
— Revenant? São imortais. Viverão sempre enquanto alguém não separe sua cabeça de seu corpo ou tire o coração. São muito difíceis de matar e podem viver facilmente tanto como um vampiro.
— Como se criam?
— Na maioria dos casos, são moldados por um vampiro, embora alguns nasceram de dois pais imortais.
Ela franziu o cenho.
— Como os criam um vampiro?
— Em realidade é bastante fácil. O vampiro escolhe uma pessoa a vontade e bebe deles três vezes. São os primeiros passados do ritual da transformação de vampiros, mas o processo não se completa. Essa transformação
foi descoberta por acidente faz mais de mil anos.
— Uma transformação incompleta?
— Sim.
— Isso é tudo? Ele assentiu.
— Transformou alguém?
— Só a um.
— A Bliss — Disse ela.
— Sim. Ela tinha decidido converter-se em uma revenant e ficar comigo.
— Mas não o fez?
— Não.
— Ela se foi porque te amava e queria evitar que desperdiçasse sua vida.
A garganta de Sinjin se esticou e assentiu, mudo.
Vivian ficou em silencio por um momento. Ele podia sentir que ela tinha um milhão de perguntas que corriam por sua cabeça e que estava lutando para decidir perguntar a seguir.
— Alguma vez matou alguém?
— Não, não por ter me alimentado. Ser um vampiro não é como nos filmes. Não machuca o doador se o faz bem e não matamos indiscriminadamente.
— Mas, matou alguém?
— Sim.
— Tenho algo que temer de você?
— Não — Ele sacudiu a cabeça — Morreria antes de te machucar, tem que acreditar nisso. A realidade é que os preternaturais vivem em um mundo perigoso, meu amor — Olhou para baixo às palmas de suas mãos,
mãos que tinham matado a humanos e preternaturais por igual — Para nós, não sempre é uma questão do bem e do mal. Às vezes é uma questão de vida ou morte, e temos que lutar pela sobrevivência da totalidade
do grupo.
Ela estremeceu.
— Soa como um mundo brutal.
— Sim, é certo, mas não mais que o seu. As cruzadas, o terrorismo moderno, os assassinos em série, matam a milhares de inocentes que só querem trabalhar e criar a suas famílias e desfrutar de suas vidas.
As mulheres morrem no mercado no Oriente Médio devido a que abandonaram seus lares para comprar mantimentos para suas famílias. E para que? — Seu olhar atravessou a sua — A diferença com nosso mundo é
que, a maior parte do tempo, sabemos pelo que estamos lutando por e contra o que. Os meninos maus podem não usar chapéus negros, mas se aproximam o suficiente.
— Ainda soa muito aterrador.
— Pensa nisto, Vivian. Como vampiro ou imortal, pode viver para sempre. Ver passar o tempo, e pode participar quando acontece. Tem um assento de primeira na história.
— E nós o que? — Ela apertou os braços ao redor de sua cintura — O que acontece com nós, Sinjin?
— Avançamos para o desconhecido, como todos os seres vivos fazem. Aonde quer que vamos? — Sustentou seu fôlego enquanto orava pela resposta que mais desejava ouvir.
— Não sei, Sinjin — Ela se empurrou fora da janela e se aproximou, deixando cair de cócoras diante dele. Sacudiu a cabeça —Não sei aonde iremos daqui.
— Não tomarei a decisão por você, é seu e só sua. Quero que saiba que não tem porque tomar nenhuma decisão hoje — Suas mãos doeram ao chegar a ela, por tê-la em seus braços — Por agora, estarei contente
de saber que me ama. Se pode ir até ali agora, todo o resto se pode decidir no futuro.
Ela mordeu o lábio.
— E cumprirá minha decisão, Sem importar o que? Seu intestino se apertou.
— Sim.
— Amo-a, Sinjin, mas não estou segura sobre toda esta coisa de vampiros.
Sinjin deu um grito enquanto o triunfo se precipitava por ele. Ela o amava e isso era o que importava. Agarrou-a pelo pulso e puxou-a para que perdesse o equilíbrio até que aterrissou em seu colo. Deslizando
seus braços ao redor dela, enterrou o nariz em seu fragrante cabelo.
— O que é o que você não gostaria de ser um vampiro? — Suas palavras foram amortecidas por sua pele.
— Todo tipo de sangue me dá náuseas — Ela deslizou seu braço ao redor de seu pescoço.
Ele assentiu.
— Entendo.
— Tenho que pensar sobre isto — Disse ela.
— Pensa-o bem e muito, mas não por muito tempo. Não quero ter a possibilidade de te perder.
Ela pôs sua cabeça sobre seu ombro.
— E eu, a você — Sentaram-se em silencio durante uns momentos, desfrutando da quietude da noite nos restos de sua biblioteca. Fora as cigarras cantavam sua canção noturna enquanto a casa se acomodava ao
redor deles. Vivian se moveu.
— Que tal uma revenant? São fortes?
— Fisicamente? Depende da estrutura de seu corpo — Ele beijou sua testa.
— Você é muito resistente, assim que eu diria que te dirigiria bem.
— Seria o suficientemente forte para chutar o traseiro de Elena?
Sinjin inclinou sua cabeça para trás e pôs-se a rir, com seus braços quase tão completos como seu coração.
Epílogo
Los Angeles, CA
Três meses depois.
Depois desta noite, tudo será diferente. Ela seria diferente.
Vivian inclinou a cabeça para trás, permitindo que a luz dourada percorresse sua pele. Esta noite, ela receberia o escuro beijo de Sinjin. Tinha pensado muito a respeito desta decisão nos últimos meses.
Converter-se em um vampiro tinha estado fora de pergunta enquanto desfrutava de seu vinho muito para ver-se obrigada a renunciar a ele por toda a eternidade. Assim em vez disso, converter-se-ia em uma
revenant. Que melhor maneira de demonstrar seu amor por Sinjin que converter-se em uma gatekeeper, na pessoa que faria a guarda e o vigiaria enquanto dormisse?
Um calafrio de reação sussurrou em sua espinha. Quem teria pensado que à idade de quarenta e quatro renunciaria a sua vida mortal para ser uma imortal com o amante de seus sonhos?
Sorriu e levantou o grande ramo de rosas amarelas do assento traseiro da limusine. A vida sem dúvida tinha dado alguns giros e fascinantes voltas ultimamente. Mal podia esperar a ver o que viria depois.
O cascalho rangeu sob suas sandálias enquanto se aproximava da câmara funerária, onde Melanie e Ray descansavam por toda a eternidade. A cada lado da porta havia uma série de prateleiras construídas especificamente
para oferendas florais. Cada polegada estava repleta de admiradores de todo o mundo.
Ela sorriu enquanto procurava as notas escritas à mão, a maioria em inglês, embora parecesse persa e o outro Chinês. Várias velas se queimavam, com sua fraca luz atenuada pelo brilho do sol sobre sua cabeça.
Perto da porta havia um banco de mármore gravado com os nomes de Melanie e Ray. Ela se sentou na superfície de pedra dura, deixando as flores em seus joelhos. Seu olhar cruzou a multidão de flores, ursinhos
de pelúcia, velas e cartas espalhadas perto do minúsculo edifício.
Saberia Melanie o muito que era querida pelo mundo?
Sim...
Significaria tanto para ela como o amor de um homem, de seu marido Ray?
Nunca na vida...
Vivian sorriu. Agora, também, entendendo do que Mel tinha falado todos os anos que tinha estado casada com Ray. Em como se sentia o saber que seu homem sempre estaria ali, à espera dela, amando-a apesar
de tudo o que fazia ou de qualquer engano que pudesse cometer. O verdadeiro amor é incondicional.
Nos últimos meses o tinham demonstrado a ela. A polícia tinha determinado que tinha sido sua madrasta, Felicity, quem tinha contratado o pistoleiro para matá-la. Embora não tinha havido um amor perdido
entre Felicity e ela mesma, ainda tinha sido uma surpresa dar-se conta de que a mulher tinha querido vê-la morta. Seus filhos tinham estado devastados pelas ações de sua mãe e Vivian tinha sentido pena
por eles. Felicity não podia ter sido uma grande mãe, mas era tudo o que tinham conhecido. Ao menos Vivian tinha algumas boas lembranças de sua própria mãe a que agarrar-se. Agora não tinham nada. Felicity
estava agora na prisão, despojada de seu mundo de posses.
Ao final, só uma madrasta.
Nos últimos meses, Sinjin e sua ajudante haviam passado a maior parte de seu tempo estudando atentamente as páginas do diário copiado, tentando tomar sentido a elas. O progresso era lento, mas todos tinham
grandes esperança de que o segredo do diário pudesse ser obtido com tempo e esforço.
Só o tempo estava escasso.
Quanto mais tempo demorassem para decifrar o diário, Mikhail teria uma melhor oportunidade de ter êxito em seus planos. Ela negou. Em sua mente, tudo era uma loucura. Conhecia bem os estragos causados
pelo dinheiro e o poder em alguém e simplesmente não valia a pena. O preço era muito alto.
E ela quereria unir-se a seu amante como uma preternatural quando seu mundo estivesse ao bordo do colapso? Vivian tocou o colar de dois quilates de rubis birmanos que Sinjin tinha entregue ontem de noite.
Sim
Ela, Vivian Carrington, tinha a cabeça sobre os calcanhares, estava estupidamente apaixonada por um homem várias centenas de anos mais velho que ela. A melhor parte disso era que ele estava apaixonado
por ela também. Um suave calor se moveu por seu peito ante a ideia do Sinjin.
Tinha sido abençoada verdadeiramente e, nesta ocasião, tinha tido o sentido suficiente para dar-se conta antes que fosse muito tarde. Pobre Marc. Esperava que soubesse que o tinha amado o melhor que tinha
podido. Talvez não tinha sido suficiente, mas era tudo o que tinha sabido vinte anos atrás. Graças a Mel e a Sinjin, agora sabia como amar e ser amada.
Vivian se levantou de seu lugar e se aproximou da entrada selada do mausoléu. Fazendo a um lado as flores mortas e outras oferendas murchas, arrumou as flores no degrau mais alto.
— Obrigado Mel por ser minha amiga e me mostrar o caminho — Secou as lágrimas que corriam por sua bochecha — Sempre sentirei saudades e te amarei do fundo de meu coração.
Uma suave brisa sussurrou sobre sua pele, esfriando suas úmidas bochechas e agitando seu cabelo. Vivian deu uma risada fraca, enquanto o calor a envolvia como um abraço. Era quase como se Mel dissesse
adeus a ela também. Com o coração aliviado, tirou um lenço do bolso e se soou o nariz enquanto caminhava para a limusine.
Já era hora de preparar-se para a noite pela frente. O que usava um quando se convertia em uma imortal? Seria algo ocasional ou mais formal? Fosse o que fosse ela queria algo novo para dar vida à ocasião.
O chofer abriu a porta do carro e Vivian se deslizou no interior do couro luxuoso. Tirou os saltos enquanto alcançava o minibar.
— E agora, Sra. Carrington? — Perguntou seu chofer.
— A Vitória’s Secret em Beverly Hills — Tirou um cigarro espanhol da bolsa e o acendeu, aspirando a fragrante fumaça profundamente em seus pulmões. Ao exalar, tomou seu copo de champanha.
Sim, Vitória’s Secret serviria muito bem para o que tinha em mente com um vampiro chamado Damien St. James...

 


[1] Um manuscrito ilustrado ou manuscrito iluminado é um manuscrito no que o texto é complementado com a adição de decoração, tal como letras capitais decoradas, bordas e miniaturas. Na definição mais estrita do termo, um manuscrito ilustrado é unicamente aquele que foi decorado com ouro ou prata. Entretanto, o conceito abrange agora a qualquer manuscrito com ilustrações ou decoração das tradições ocidentais e islâmicas.
[2] Epígrafe ou rótulo. Porque nos livros antigos estava acostumado a escrever-se com tinta vermelha
[3] Expressão que denota calafrios ou pressentimentos por um perigo iminente
[4] Caminhada
[5] O fideicomisso é um ato de disposição de vontade expressa em testamento, pelo qual uma pessoa pode deixar um bem imóvel para o sucessor do seu herdeiro. O herdeiro ou legatário que recebe em primeiro grau o imóvel denomina-se fiduciário, ficando ele com o encargo de transmitir a propriedade para aquele que será o proprietário final do bem, designado fideicomissário.
[6] O Cleveland Browns é um dos times mais antigos e tradicionais da National Football League

 

 

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