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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


THE BOYFRIEND EXPERIENCE / J.A. Huss
THE BOYFRIEND EXPERIENCE / J.A. Huss

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Lawton Ayers está vestido para o sucesso. Ele tem o terno, a gravata, o relógio, os sapatos, o corte de cabelo, as abotoaduras e o par de óculos escuros. Estamos sentados do lado de fora hoje. É oficialmente primavera, então o proprietário do Tea Room, Chella Baldwin, tem assentos ao ar livre. É realmente apenas uma pequena área separada da calçada por cordas de veludo amarela penduradas em postes pretos, e há apenas meia dúzia de mesas, mas é legal. Realmente muito legal.
—Então o que você acha que eu deveria fazer? — Law pergunta.
—Sobre?
—A porra do programa de TV que eu tenho falado para você pelos últimos dez minutos!
—Quero dizer, o que você quer que eu diga, Law? Isto está basicamente resolvido, se você me perguntar. Você é o que as pessoas da TV procuram, certo? Jovem, bonito, profissional, rico.
—Sim, mas há muitos caras que se encaixam nesse público alvo.
Eu olho para ele de lado por usar a palavra público alvo para se descrever. Ele é muito focado em todas as coisas erradas se você me perguntar. —Apenas seja você, cara. Você é um vendedor do caralho. E você nem está vendendo uma casa para eles. Você está vendendo a eles você vendendo casas de outras pessoas.

 

 


Ele olha para mim por um segundo. Inclina a cabeça um pouco. —A Home TV fez um nome por si mesma vendendo pessoas, e você também.

—Exatamente, — eu digo. —Nada para se preocupar.

—Mas, — continua ele. —Todos os outros shows têm casais, sabe? Como equipes. Eu não tenho um time. Eu apenas me tenho.

—Você tem uma equipe. Coloque seu parceiro nisso. Eles amariam Zack. Aquele cara é hilário. As pessoas sintonizariam só para vê-lo falando merda com você.

—Não, — diz ele. —Zack disse que de jeito nenhum ele apareceria na TV. Diz que apenas pensar sobre isso o faz ter comichão. Ele se recusou completamente a fazer parte disso. É por isso que eu tive que começar uma nova empresa. Milionários das Montanhas Rochosas. Esse é o nome que eu estou chamando o programa, também. Eu preciso...—

Ele hesita.

—O que? Você precisa do quê?

—Eu preciso, — diz ele, inclinando-se sobre a mesa como se ele não quisesse que ninguém o ouvisse. —Eu preciso de uma vantagem. Eu preciso que essas pessoas da Home TV me vejam como uma delas. Eu preciso de uma namorada.

Eu encosto na minha cadeira, sorrindo.

—Não é engraçado, — diz ele.

—Eu não disse nada.

—Você está pensando nisso. Você está pensando, oh, o grande Lawton Ayers finalmente caiu em si. Ele precisa de uma namorada. E quantas vezes você tentou me consertar...

—E você disse não, — eu termino por ele.

—E agora ele está aqui, me implorando por ajuda.

Eu estendo minhas mãos para fora, como... eu pedi por isso. —Então você quer que eu encontre uma namorada para você?

—Uma que finja, — acrescenta rapidamente. —Um adereço. Apenas para aparências. Alguém que poderia aparecer na próxima semana e impressioná-los.

—Uma pessoa atraente?

—Sim. Ela tem que ser bonita.

—Uma empresária? — Eu adiciono.

—Isso seria útil. Uma do setor imobiliário seria perfeito, exceto...

—Exceto que você já fez seu jogo sujo e desapareceu depois com todas aquelas mulheres.

Ele suspira. —Eu perguntei a todas. Toda garota que conheço no ramo.

—Elas despejaram uma bebida no seu colo? Ou deram um tapa na sua cara?

Ele encolhe os ombros. —Ambos.

—Então, — eu digo, me sentindo presunçoso e não tentando esconder isso. —Meus avisos estavam certos. — Eu me inclino para frente e aponto para ele. —Eu te disse para parar de foder no ano passado, mas você ouviu?

—Eu não preciso do sermão, ok? Eu só preciso de ajuda. Eu quero esse acordo. Não... eu preciso desse acordo. Estou entediado, Jordan. Entendiado pra caralho com essa merda e eu nem tenho 30 anos ainda. Eu não posso simplesmente vender imóveis pelo resto da minha vida. É deprimente pensar nisso. Eu preciso de mais. Eu quero esse show. Estamos nos estágios finais de negociação. Estou a esta distância, — diz ele, segurando o polegar e o indicador a cerca de meio centímetro de distância. —De conseguir o que quero. Eu só tenho que fechar.

—E então o quê? E se você conseguir o acordo e eles gostarem dela? O que então?

—Eu afasto ela. Ela aparece quando eu precisar dela e desaparece quando não precisar mais. Eu não vou estragar tudo com ela. Isso são negócios.

Eu paro por um momento. Para fazê-lo pensar que eu poderia dizer não. Claro, eu nunca diria não a um jogo. Especialmente quando envolve um dos meus melhores amigos. Mas este jogo é um pouco complicado, então eu tenho que andar com cuidado.

E a verdade é que... Eu aceitei o convite dele para tomar um café no Tea Room esta tarde porque eu ia pedir um favor a ele. É como se as estrelas estivessem alinhadas.

—Eu tenho um jogo, — eu digo. —Já rolando. Bem, na verdade prestes a começar. E uma garota. A garota perfeita para o seu pequeno negócio.

—Quem? — Ele pergunta.

Mas é aí que fica complicado. Oaklee Ryan é uma mão cheia. Eu já dei o perfil dela para seis outros homens e eles educadamente recusaram. Ela é linda, então não é a aparência dela. E ela é bem-sucedida, então não é a sua motivação.

Mas a personalidade dela é... bem, ela é o que eu gosto de chamar de imprevisível. Ou maluca, se eu for honesto. Ela é muito louca.

Mas eu só tenho mais um dia para começar este jogo ou ela recebe um reembolso. E ela pagou setenta mil por um 24/7 por duas semanas. Setenta mil em dinheiro líquido que eu já tenho planos. Que eu preciso. Na verdade, também preciso de Lawton para isso. Preciso dos dois a bordo para conseguir o que quero.

Então, talvez eu consiga dois jogos e todo o dinheiro em um único negócio?

—Se eu te ajudar, eu preciso de um favor em troca.

—Manda, — diz Law.

—Você conhece o Clube?

—No Turning Point? O que tem ele?

—Eu preciso de você para descobrir quem comprou.

—Por quê?

—Porque está vazio há mais de um ano e... bem, o que diabos está acontecendo lá?

—Por que você se importa?

—Porque sim. Você pode descobrir?

—Provavelmente. — Law dá de ombros. —Não deveria ser muito difícil. É tudo registro público.

—Eu sei, mas é apenas uma empresa-fantasma. Eu preciso que você descubra.

—Seu cara não deveria estar fazendo isso?

—Eu não quero que essa investigação seja rastreada até mim. Então eu preciso que você faça isso.

—Você está pensando em comprar?

Estou pensando em comprá-lo. Mas essa é uma conversa para outro dia, porque há muita bagagem que vem com essa admissão e eu não sinto vontade de falar sobre isso ainda. Então eu apenas dou de ombros e mudo o assunto de volta para ele. —Você já foi a essa cervejaria na Wynkoop?

Ele ri. —Qual delas? Há um milhão delas lá agora.

—Aquela com a torre de água.

—A do antigo prédio da mercearia? Tijolo vermelho, cinco andares de altura. Eu vivo logo atrás daquela filho da puta. Posso ver aquela torre de água do meu pátio. Como é chamado aquele lugar agora?

—Bronco Brews.

—Certo. Como eles conseguiram sair com esse nome, afinal? Você acha que os Broncos estariam todos naquela merda.

—Eles estavam, mas esse lugar é chamado Bronco Brews há quase setenta e cinco anos. Então eles venceram. Eu conheço o dono. Eles contrataram nossa firma para esse processo há cerca de dez anos, mas o velho morreu e sua filha assumiu. Oaklee Ryan é o nome dela. E acontece que ela me ligou no mês passado procurando por um jogo chamado...

Ele espera por isso.

—A experiência do namorado.

Ele sorri. O que é fofo. E que boa sorte a minha. Porque esse sorriso significa que ele obviamente nunca conheceu Oaklee Ryan. —Então, o que eu estou ouvindo é...

—Você vai ser o namorado dela, ela vai ser sua namorada, todo mundo fica feliz.

Ele está balançando a cabeça com entusiasmo, mas depois franze a testa. —Espere. Oaklee Ryan. Por que esse nome parece familiar?

—Nenhuma pista, — eu minto.

Ele estala os dedos. —Oh sim. Eu me lembro agora. Ela começou um protesto alguns anos atrás tentando fazer com que todas as antigas mansões fossem declaradas como prédios históricos para que não pudessem ser vendidas para os empreiteiros. Ela me custou um grande negócio... —

—Mas tudo isso é passado, — digo, tentando acalmar as coisas. —Ela não está mais nessa merda hippie. Na verdade, ela renovou sua cervejaria no ano passado e ela teve um curso intensivo sobre valores de propriedade desde então. Ela não é mais quem ela costumava ser.

—Então, por que você tem mantido esse jogo por um mês?

Ele é rápido, vou dar isso a ele. Lawton Ayers não se tornou um dos agentes imobiliários de luxo mais bem-sucedidos de Denver porque ele é lento. —Eu estive procurando pelo cara certo. Ela é exigente. Na verdade, ela pode não gostar de você, então vou ter que cuidar disso primeiro.

Ele parece ofendido. O que também é fofo. —O que tem para não gostar de mim? Eu sou a porra do material perfeito para um namorado de mentira.

—Você é, Law. Você é. Tenho certeza que ela vai amar você. Então você está nessa? Você pode lidar com a experiência do namorado?

—Isso é como... o que? Jantar, encontros e merdas assim?

—Exatamente, — eu digo.

—Ok, mas garanta que ela saiba o que eu preciso em troca. Eu preciso de polimento. Eu preciso de personalidade. Preciso de uma parceira que entre lá de braço dado comigo e essas pessoas olhem para nós e digam: 'Agora esse é um casal da Home TV!' E essa reunião é na próxima semana, então faça esse acordo hoje.

Com isso ele bate na mesa, levanta-se, abotoa o paletó e joga vinte dólares. —Ligue para mim, — diz ele por cima do ombro enquanto sai. —Esta noite.


Oaklee Ryan não é tão fácil.

—Quem? — Ela diz, com o rosto enterrado na tela do computador. Estamos no escritório dela, no último andar do prédio da Bronco Brews, no Lower Downtown. Eu posso ver as montanhas, o Pepsi Center, a Union Station e Coors Field enquanto eu giro minha cabeça e olho pelas janelas do chão ao teto.

—Lawton Ayers. Ele é um agente imobiliário. Não apenas qualquer agente imobiliário. Ele é como top de linha, sabe? Ele é o namorado perfeito para você.

Ela se afasta do computador, desliza os óculos pelo nariz para espiar por cima deles. Olhando para mim. Praticamente ofuscada. —Agente imobiliário?

—Ele é bom.

—Eu não preciso de um bom. Eu preciso de um ótimo.

—Ele é melhor que ótimo, Oaklee. Ele é rico pra caralho. Sexy pra caralho. Inteligente, em forma...

—Quão em forma? Como bíceps enormes? Ou magro em forma?

—Isso importa?

—Isso importa para mim, — diz ela. —Sou eu quem te pagou, então sim. Importa.

—Ele é... — Eu dou de ombros. —Quero dizer, ele tem um corpo legal. Eu transaria com ele.

—Eu não estou perguntando sobre seu sex appeal, Wells. Estou perguntando sobre seu nível de condicionamento físico.

Eu odeio o jeito que ela sempre me chama de Wells. É como se ela zombasse a cada momento. Eu não tenho tomado isso pelo lado pessoal porque Oaklee zomba de cada palavra que sai de sua boca. Ela está praticamente gotejando com cinismo.

Mas estou começando a pensar que ela não gosta de mim.

—Por quê? Você vai fazer dele o seu parceiro de triatlo? Você vai fazê-lo montar um touro? Andar de bicicleta até o topo da colina? Por que diabos você precisa saber disso?

Ela sorri. Ela é muito bonita quando sorri. Seu cabelo é longo, loiro e selvagem. Não são enrolados, não são retos - mas com grandes ondas que quase tomam vida própria quando ela se move. É como uma metáfora para ela, percebo. À beira de algo. Sempre à beira de alguma coisa.

Eu a vi com eles amarrados e naqueles dias ela parece... mansa. Como um cachorro na coleira ou um leão em uma gaiola. Mas hoje está solto, então ela está selvagem, eu suponho.

Ela não tem escolha a não ser selvagem. Isso é apenas quem ela é. E é por isso que todo cara que eu enviei para ela me deu um muito firme obrigado.

Seus olhos são castanhos. Que não é algo que você vê com muita frequência em pessoas loiras. E não apenas qualquer marrom, mas um marrom muito claro. Suas maçãs do rosto são proeminentes, mas não afiadas, mas seu queixo é redondo e seu nariz também. Então isso não faz com que ela pareça bonita. Não. Ela não é bonita. Tudo nela é bonito.

—Porque eu tenho uma imagem muito específica em mente e estou pagando pelo maldito jogo, — diz ela, respondendo a minha pergunta.

Tudo, exceto sua boca, é isso.

—Enviei-lhe um e-mail. Você pode pelo menos olhar e ver se ele é bom o suficiente? Porque eu tenho que te dizer, Oaklee, ele é sua última chance.

—O que isso significa? Eu te paguei setenta...

—Eu vou devolver, — eu digo, levantando a mão. —Eu não quero, — eu resmungo para mim mesmo. —Mas eu vou. Eu não vou te enganar, pelo amor de Deus. Eu só estou... Eu não sabia que você tinha uma reputação na cidade.

Sua boca cai aberta. Ela está horrorizada. —O quê?

—Por ser uma cadela, ok? Isso não sou eu falando. Eu te amo, Oaklee. — Eu paro para sorrir aqui. —Você é a melhor. — E eu preciso do seu dinheiro, eu não adiciono. —Mas olha, você é uma daquelas mulheres fortes, certo?

—Certo, — diz ela, cruzando os braços sobre o peito, olhando-me com algo próximo ao desprezo.

—Você tem dinheiro, você tem um negócio, você é muito bonita. Você não precisa de um homem.

Ela estreita os olhos para mim. —Eu paguei por um homem.

—Eu sei, eu sei, eu sei! — Eu digo, segurando minha mão, pressionando-a para frente no ar para afirmar cada palavra. E então eu suspiro. E fecho a cara. E aponto para o e-mail que ela não abriu na tela do computador. —Ele é seu homem. E se você não gostar dele - bem, Oaklee, vou ter que devolver seu dinheiro e encerrar o assunto. Porque eu estou sem homens. E acredite em mim, eu quero o seu dinheiro. Eu preciso disso para algo específico. Mas Lawton é meu último cara, ok? Então pegue-o ou deixe-o.

Ela se inclina para trás em sua cadeira, fazendo-a ranger. Não parecendo derrotada. De modo nenhum. Apenas... resignada. Nós dois olhamos para fora de suas janelas do escritório. É final da tarde e você pode dizer que vai chover em breve, porque o céu está com aquela cor de cinza ardósia com nuvens de primavera.

—Ok, — diz ela. Sem drama. Sem explicação. Apenas. —Ok, quando começamos?

—Ele é todo seu, — eu digo, aliviado, mas mantendo o alívio fora da minha voz. —Que tal eu o fazer vir aqui para jantar esta noite?

Ela olha para mim então, apertando os olhos. —Ele pode me pegar aqui. Mas eu não paguei setenta mil dólares por um namorado de mentira só para ser levada para jantar na minha própria cervejaria.

—Claro, — eu digo. —Ele vai buscá-la e levá-la para jantar fora.

—Ok, — Oaklee concorda. Então ela vira a cabeça um pouco enquanto sorri, como se estivesse tentando esconder isso de mim.

—Só tem mais uma coisa, — eu digo.

—O que é agora?

—Ele precisa de ajuda com uma coisa.

—Quem?

—Lawton, — eu digo.

—Não, de quem? — Ela esclarece. —De mim?

—Sim. Veja, ele tem essa reunião com o pessoal da Home TV na próxima semana. Ele vai participar de algum teste para um show imobiliário e ele precisa de uma parceira.

Ela pisca para mim. Três vezes devagar. —O que?

Então eu explico. E eu espero todos os tipos de reações de Oaklee Ryan sobre este pequeno problema, mas ela está surpreendentemente calma. Na verdade, ela está quase pensativa. Contemplativa enquanto eu a informo sobre essa ideia estúpida. Ela nem mesmo pergunta sobre suas expectativas de longo prazo - que, se você me perguntar, também são estúpidas. Ela só diz: —Esta entrevista será gravada?

Eu dou de ombros. Porque eu não tenho ideia. Mas então eu digo: —Provavelmente, — apenas para cobrir minhas bases.

Ela pensa sobre isso. Com uma cara de pôquer no lugar. Então ela balança a cabeça e diz: —Concordo. Vou jogar a Experiência da Namorada como um bônus.

Eu sorrio cautelosamente. Porque há muitas maneiras de interpretar esse pequeno comentário para que seja um sorriso confortável.

Mas o negócio está feito, esse dinheiro é meu e é tudo que eu precisava. Então eu apenas digo: —Então deixe o jogo começar.


CAPÍTULO 2

Lawton


—Sim, — eu digo no meu telefone.

—Está rolando, — diz Jordan. —Ela concordou em ser sua parceira para a entrevista na próxima semana e você concordou em dar a ela uma experiência de namorado. Ela está esperando você hoje às sete. Então, apareça na cervejaria e finja que vocês não se conhecem e merdas assim. Tipo olhar para ela e se apresentar...

—Eu não preciso de dicas sobre como conhecer uma garota, idiota. Eu sei como pegar uma garota.

—Sim, — diz ele. —Entendido. Apenas tenha cuidado.

—Tomar cuidado? Por quê?

—Eu tenho que ir. Mas se você tiver algum problema, me ligue, ok?

Ainda estou me perguntando o que significa tomar cuidado quando recebo o bip de desligar. —Idiota, — eu digo, abaixando meu telefone.

—Quem era? — Zack pergunta. Eu posso vê-lo através da porta do meu escritório, encostado na copiadora, parecendo um modelo na capa da revista Le Mans. Cabelos escuros curto, terno caro, com um relógio que vale mais do que as pessoas pagariam por um conversível em seu pulso.

—Jordan, — eu digo. —Ele me encontrou uma parceira para a entrevista na próxima semana.

—Quem? — Zack ri, cruzando os braços sobre o peito.

—Uma mulher, — eu digo. O que faz Zack bufar. —É dona de uma empresa local, jovem, atraente, empreendedora. Ela vai ser a namorada perfeita.

—Não faça isso, cara. Esta é uma péssima ideia.

—Eu quero esse show.

—Eu entendo, — diz Zack, entrando no meu escritório e caindo em uma cadeira do outro lado da minha mesa. —Eu realmente entendo. Quero dizer, estou procurando algo mais também. Mas mentir para entrar na TV? — Ele sacode a cabeça. —Vai explodir na sua cara. Você tem que saber disso.

—Eu acho que posso fazer isso. E, além disso, tenho uma semana para sentir essa garota e ver se ela é uma boa opção.

—Eu posso ver as manchetes agora, — diz Zack, fazendo um daqueles gestos de manchete com as mãos na frente de seu rosto. —Lawton Ayers mente para a Home TV. O casamento é uma farsa.

—Eu não vou me casar com ela, pelo amor de Deus. Somos apenas parceiros de negócios. E ei, todo tabloide quer uma boa história de separação. Nós vamos fazer a nossa espetacular.

Zack ri. —Eu mal posso esperar para ver tudo isso desmoronar. Ela vai te quebrar. Tirar tudo que você tem. Então pisar no seu rosto com um salto de dez centímetros e...

—Tão dramático, — eu digo, revirando os olhos. —Eu tenho um contrato todo pronto para ela. Vou buscá-la hoje à noite. De fato, — digo, levantando-me da mesa. —Estou saindo cedo para poder ir para casa tomar banho. Tenho que causar uma boa impressão.

Zack se levanta e caminha de volta para a copiadora, juntando seus papéis enquanto eu pego minha pasta. —Isso vai ser divertido, — diz ele. —Seu plano estúpido é o destaque da minha vida agora. — Então ele desaparece em seu escritório e fecha a porta.

—Sim, — eu digo. —Minha vida está parecendo muito boa em comparação com a sua, desculpe, foda-se.

Zack faz tudo pensando em segurança. Ele é uma daquelas pessoas que compra um Porsche e depois dirige no limite de velocidade. Ele é um daqueles caras que nunca agride outro jogador no basquete. Seu lema é: Caráter é quem você é no escuro.

O que eu aprecio totalmente em um parceiro de negócios, mas ninguém segue isso em linha reta e direta para a perfeição. Todo mundo cambaleia enquanto andam na linha. E eu não estou mentindo para o pessoal da Home TV. Eu estou apenas... dramatizando meu relacionamento com essa mulher, isso é tudo. Além disso, a essa altura, na próxima semana, quando eu fizer a reunião, tenho certeza de que estaremos na mesma página. Estaremos na metade do jogo e saberemos tudo o que há para saber um do outro.

Sim. Resolvido, cara. Re-sol-vi-do.

Tenho certeza que toda essa experiência de namorado é sobre sexo. Quero dizer, por que mais ela estaria fazendo isso? Ela quer algo estranho e isso se encaixa no jogo todo do Jordan, certo? Sim, ela quer algo estranho, algo que ela não pode simplesmente receber de qualquer cara, e ela quer que um homem ofereça isso a ela para que ela não precise pedir.

Isso é basicamente como esses jogos são.

Pelo menos eu acho que é assim que eles são. Jordan nunca fala muito sobre eles, mas é tudo normal, tenho certeza.

Então, do jeito que eu vejo... eu recebo sexo gratuito, uma namorada de mentirinha, a entrevista perfeita com o pessoal da TV, e tudo o que tenho a fazer é dar flores para ela e abrir a porta do carro por duas semanas.

Minha viagem para casa é curta porque o meu loft fica a apenas alguns quarteirões ao norte, no centro de Lower, comumente chamado de LoDo nessas partes. No momento, estou morando em uma propriedade de investimento que comprei no outono passado, quando estava em execução. Passei o inverno inteiro arrumando tudo para que eu pudesse vendê-lo na primavera, mas isso está se sentindo um pouco mais como destino do que sorte. Quer dizer, a cervejaria da Oaklee está praticamente ao meu lado. Eu simplesmente posso ir a pé até lá esta noite.

Quando toda essa coisa de namorado acabar, provavelmente terei um comprador e o programa de TV e... sim. Milionários das Montanhas Rochosas estreando, aqui vou eu. Eu tenho um lugar em mente nas encostas. Vou vender todas as minhas propriedades aqui na cidade, comprar aquela área em expansão e começar uma nova vida como o cara da Home TV dos imóveis nas montanhas. Eu vou ser como aquele cara que vende as ilhas particulares em seu canal.

Eu mal posso esperar.

Tomo um banho rápido, passo os dedos no cabelo e me encaro no espelho, imaginando se devo me barbear. Eu fiz a barba esta manhã, mas há uma sombra lá. Tipo uma sombra sexy se eu tiver que dizer.

Então eu deixo. Essa garota administra uma cervejaria. Ela provavelmente gosta de uma mandíbula áspera.

Às seis e quarenta e cinco, saio do loft, desço os seis lances de escada até o nível da rua e subo o beco até a entrada da frente.

Mesmo que o meu endereço diga Rua Wynkoop, eu estou um pouco atrás do prédio dela. Eu tenho uma ótima visão da torre de água. É no nível dos olhos da minha cobertura quando estou no terraço da cobertura. E há toda uma parede de janelas logo abaixo dela.

Eu me pergunto se é o apartamento dela?

Seu prédio é antigo. Como mais de cem anos de idade. Mas agora que estou prestando atenção, lembro que houve uma renovação no ano passado. Eu estava à espera de anúncios, desde que eu pensava que ela estava transformando esse lugar em apartamentos, mas... isso nunca aconteceu.

A frente do prédio dela está voltada para a Rua Wynkoop. Que é meio famoso pelas cervejarias. Inferno, nosso ex-governador costumava ter uma cervejaria aqui em Wynkoop. E na última década, elas apareceram em todos os lugares.

A nova competição não pareceu prejudicar a Bronco Brews. Eu vejo seus rótulos e toques em todos os bares em LoDo. E essa renovação deve ter custado a ela milhões. Então ela não pode estar indo muito mal.

Deus, onde estava essa garota em toda a minha vida? Ela é tão... perfeita.

A frente do prédio tem uma entrada no nível da rua, mas eu paro e olho para cima antes de entrar. Há andaimes lá em cima e me pergunto se ela vai trabalhar na fachada?

Mas então o som das pessoas chama minha atenção de volta para a meta da noite e eu entro. O lobby é enorme, tem dois andares e é ladeado por elevadores de ambos os lados. Diretamente nos fundos, logo depois da grande escadaria que vai até o segundo andar, há uma parede de janelas que exibe várias fileiras de gigantescos tanques de cerveja e funcionários se movimentando de um lado para o outro.

À minha esquerda há um pequeno bar - presumivelmente para pessoas que estão à espera de uma mesa no restaurante à direita.

Que está abarrotado. Eu estou falando abarrotado de pessoas. Eu alcanço uma das recepcionistas enquanto ela pega os menus para algumas pessoas que estão celebrando. —Estou procurando por Oaklee? — Eu digo sobre o barulho da multidão. —Eu tenho um compromisso com ela.

—Você é Lawton? Ela está no andar de cima em seu escritório. Pegue os elevadores para o andar de cima. Você vai encontrá-la.

—Obrigado, — eu digo. Mas ela já se foi.

Eu ando até os elevadores, pressiono o botão de chamada e depois entro. Quando as portas se fecham, a cacofonia da conversa vai cessando e depois desaparece completamente quando eu subo.

Eu costumava ser um cara de festa, mas os últimos dez anos ou mais têm sido principalmente sobre o trabalho. Portanto, esse silêncio relativo é um alívio bem-vindo.

Um sinal sinaliza a abertura de portas e eu saio em... um apartamento? Jesus Cristo, esse elevador leva diretamente ao seu apartamento?

Há uma ampla sala de estar cercada por janelas em todos os lados e vislumbro meu terraço.

—Você é Lawton Ayers? — Uma voz de mulher chama de algum lugar. O espaço é uma planta bem aberta e as poucas paredes que vejo não chegam até os altos tetos de dois andares.

Quando olho para o teto com vigas, noto um espaço no sótão e meus olhos acompanham o corrimão da passarela perimetral, feito de cabos de aço inoxidável, até que espio os quartos. Três, eu decido. Sua decoração é simples e acolhedora. Um grande sofá de couro marrom em forma de U, em frente a uma lareira de pedra empilhada, ocupa um canto, enquanto uma longa mesa de jantar de madeira ocupa outra. Há um grande tapete do tamanho de um quarto ao redor do sofá - padrão marrom e branco de vaca. Não é um verdadeiro esconderijo, mas aquele destaque é o suficiente para eu entender o ambiente. Chame de percepção. Country. Muito Colorado. Quase cowboy, mas falta todas aquelas coisas de cowboy que você encontra em casas de fazenda. Como um búfalo sobre a lareira e fotos de cães de caça na parede.

Em vez disso, as paredes ao longo da passarela são decoradas com cartazes emoldurados de seus rótulos de cerveja. Trabalhos artísticos originais, provavelmente. Eles são todos muito gráficos em seu design. Um cavalo alaranjado em um fundo marrom com um monte de espirais pretos em relevo. Uma cadeira de balanço rosa choque em um fundo preto com tipografia cor-de-rosa. E mais. Cada cerveja que eu já vi nos bares locais - e muitas que eu nunca ouvi falar - todas exibidas ao longo das paredes.

Sua história, em arte.

A cozinha está no centro do espaço. Bancadas de pedra-sabão pretas com armários cinza-amarelados pintados. Aparelhos de aço inoxidável e um desses dissipadores industriais de aço inoxidável que combinam com os acabamentos em aço inoxidável dos puxadores do armário, placas de luz e ladrilhos de backsplash.

É totalmente personalizado de cima a baixo. Ela colocou muito pensamento em seu design. E é legal, eu decido. Algo que eu escolheria. Se eu estivesse reformando uma casa para mim e não para algum futuro comprador genérico. Algo que se funde com a visão externa.

E falando de visão - Jesus Cristo, ela pode ver todo o Colorado. O que me faz rir. Todo o lado frontal é colocado à minha frente, incluindo o imponente Monte Evans no lado oeste, Pikes Peak no sul, Long's Peak no norte e no leste espalhando o subúrbio de Denver.

Este apartamento tem que valer milhões. É tão incomum, tão grande, tão perfeito. Eu listaria este lugar por dois milhões, fácil. Talvez mais.

—Puta merda, — eu finalmente digo. —Este lugar é incrível.

—Você é Lawton, certo? Porque se não for, você precisa sair.

—Desculpe, — eu digo, caminhando em direção a ela com a mão estendida. Ela tem estatura média. Seu cabelo é longo, loiro escuro e indisciplinado. Como se ela estivesse na praia e o vento a despenteasse.

Ou como se ela tivesse acabado de sair da cama.

Ou como se alguém apenas a tivesse fodido com força.

Eu saio disso. —Eu acabei de me perder por um momento. Sua vista... — E então eu me perco nos olhos dela. Uma cor de caramelo incomum, com manchas nebulosas de verde que captam a luz. E ela tem lábios carnudos e grossos - com um ligeiro amassado no meio de seu inferior que, por algum motivo, é inexplicavelmente sexy. Seu rosto é suave, mas não redondo e seu corpo é leve, mas não magro. Atlético, eu decido.

Ela sorri com força enquanto ela aperta minha mão. —A vista. Eu sei. É a única coisa que alguém vê quando vem aqui.

Isso definitivamente não é verdade. Não se ela estiver por perto. A vista é definitivamente bonita, mas Oaklee Ryan é absolutamente deslumbrante. —Mas você mora aqui?

—Moro e trabalho. — Ela encolhe os ombros. —Tem sido minha casa toda a minha vida. Mas fiz isso no ano passado.

—Mas esse elevador só chega a esse andar assim? Nenhuma chave?

—Eu o mantenho aberto durante o horário comercial e estava esperando por você. Ele bloqueia quando eu preciso.

—Oh, bem, que bom. Eu estava preocupado com sua segurança por um segundo.

—Doce, — diz ela. Então nada.

—Então, — eu digo, esfregando minhas mãos juntas. —Eu sou seu namorado.

Ela me olha de cima a baixo como se não tivesse certeza se isso é certo. —Hmm.

—O que? —

—Eu só estou pensando...

—Sobre?

—Se você é certo para o trabalho.

Eu olho para ela. —Eu sou totalmente o material de namorado. Eu posso jogar seu jogo. Quer dizer, eu acho que poderia ter vindo até aqui e fingir como se eu tivesse me perdido procurando o banheiro e te encontrado. A mulher dos meus sonhos. — Eu pisco para ela. —Tornar um pouco mais misterioso como Jordan me disse para ser... mas a visão, — eu digo. —Este lugar... me pegou desprevenido.

Ela encosta o queixo com a mão. Pensando. Perguntando. —Bem, tenho dúvidas. Então esta noite é uma entrevista.

—Uma entrevista? — Isso me faz rir.

—Sim. — Ela acena com a mão na cozinha, onde agora noto que há uma fileira de garrafas de cerveja alinhadas na bancada. Bem em frente a cada uma tem um copo pequeno. Como o tipo que eles provavelmente te dão no andar de baixo quando você pede uma dessas bandejas de amostras de degustação. —Para ver se você é o que eu preciso.

—O que você precisa? — Eu pergunto, balançando minhas sobrancelhas. —Quero dizer que você não precisa me embebedar, se é isso que você esteja tentando aqui.

—Oh, pelo amor de Deus. — Ela suspira, esfregando a testa com o dedo indicador e o polegar. —Isso provavelmente não vai funcionar. Quero dizer, você é bonito e tudo, mas eu preciso mais do que bonito. Eu sinto muito.

—Espere, — eu digo, levantando a mão. —Nós tínhamos um acordo. Eu preciso de uma garota...

—Eu sei tudo sobre suas necessidades, Sr. Ayers. Essa é a única razão pela qual eu disse sim. Foi intrigante. Mas eu simplesmente não sei se você está pronto para isso.

Eu ri. —Pronto para o quê? Tratar você bem, dar flores para você, abrir a porta e puxar sua cadeira? Eu posso lidar com isso, garanto-lhe. E eu posso lidar com a cerveja também. O que você precisa? Devo provar cada uma e dizer qual eu gosto mais?

Eu ando até as cervejas, pego o abridor de garrafas, tiro a primeira tampa e despejo no copo usando a técnica adequada de despejar cerveja. É uma cerveja escura. Como a porra da lama. Não é realmente o que eu bebo. E agora que eu li o rótulo, vejo que é chamado de Lama da Montanha. O que deveria ter sido minha primeira pista. Mas... foda-se. Se for para arriscar, certo?

Eu tomo um gole, a espuma coletando no meu lábio superior, depois engulo e penso por um momento.

Oaklee tem os braços cruzados na frente de seus seios muito bonitos, sua boca não está sorrindo, definitivamente não está sorrindo. —Bem? — Ela diz.

—Nozes, — eu digo, limpando a espuma do meu lábio. —E grosso. Talvez uma pitada de baunilha também. É uma cerveja marrom? Ou uma cerveja preta?

—Marrom, — diz ela. E talvez... apenas talvez, ela sorri. —Então você é um cara de cerveja artesanal?

—Na verdade, não. Mas aqui é o Colorado. Há uma cervejaria artesanal em cada esquina hoje em dia.

—Sim. — Ela suspira. —O que é parte do meu problema.

—Eu não entendo.

—Você não precisa. Ainda.

—Ok, espere um minuto. Vamos voltar. Jordan me disse que você comprou namorado de experiência. O que isso tem a ver com cerveja?

—Tudo, — diz ela. —Mas eu não vou perder meu tempo explicando se você não é o homem certo para o trabalho.

—Qual é o trabalho?

—Namorado de Experiência, — ela diz.

—Eu sinto que estamos falando em círculos. Então, novamente, o que isso tem a ver com cerveja?

—Apenas prove a próxima.

—Foda-se, — murmuro, estourando o topo da próxima na fila. Esta é chamada de Anarchy Orange IPA1 e o rótulo é rosa choque igual ao da obra que eu notei anteriormente. O IPA é mais meu estilo, então eu derramo e tomo um longo gole. —Isso aí. Isso é ótimo. Cítrica com muito lúpulo. Trabalhe nisso.

Agora isso foi um sorriso.

—Veja, — eu digo. —Eu sou o cara certo.

—Próxima.

—Você está tentando me embebedar, não é? Então você pode se aproveitar de mim mais tarde. Eu estou com você, Oaklee Ryan. — Eu aponto meu dedo para ela e pisco.

—Apenas prove. Suas piadas de flerte são desperdiçadas em mim. Eu sou toda negócios aqui.

—Seja como for, — murmuro. Estou tentando ser amigável e ela é apenas um pouco rude. Como se eu não fosse bom o suficiente para ela. Como se ela não estivesse interessada em mim.

Ela tem sorte de eu precisar dela ou eu sairia daqui.

Eu estalo a parte de cima da próxima cerveja - que se chama Assassin Sour Saison e tem um ninja vermelho em um rótulo preto. Eu despejo a bebida light no copo. É muito borbulhante. Eu tomo um gole enquanto ela assiste. —Não, — eu digo, colocando o copo para baixo. —Talvez algumas pessoas gostem disso, mas eu não sou uma delas.

Ela encolhe os ombros. —Esperado. Nem todo mundo gosta do azedo, e essa é a quantidade de carbonatação que é mais como champanhe do que cerveja. É o meu favorito.

—Imagino, — eu digo. Porque tenho a sensação de que isso vai acontecer. Independentemente do quanto eu goste de seu design de cozinha, de sua vista e de sua decoração em estilo country falso, somos opostos. —Então eu passei, ou o quê?

—Você pode servir. Pelo menos você é honesto.

—Então... me conte mais sobre você.

—Não. — Ela bufa. —Este é um trabalho, Sr. Ayers. Eu paguei por você e em troca você faz o que eu peço.

—Espere, tem algo para mim também. Então não fique muito mandona, parceira. Eu preciso que você esteja no seu melhor comportamento na próxima semana para o meu encontro com o pessoal da Home TV. Jordan explicou?

—Sim. E tudo bem. Eu lido bem com isso.

—Eu não estou falando sobre sua aparência. Você está bem. Estou falando de sua atitude, que definitivamente precisa ser ajustada.

—Você não consegue me ajustar. — Ela bufa. —Eu paguei setenta mil dólares por você.

—Meu Jesus do caralho. Você está falando sério? Quem paga tanto por uma fantasia sexual?

—Não é uma fantasia sexual, é o namorado de experiência. Não haverá sexo, Sr. Ayers. Não entre você e eu de qualquer maneira.

O que isso significa? Eu pergunto para mim mesmo. —Sem sexo entre você e eu? — Ela já tem namorado?

E eu sei que é irracional - quero dizer, eu nem gosto dela, pelo amor de Deus - mas se ela tem um namorado... bem, isso pode me irritar. —Me chame de Law, ok? Ninguém me chama de Sr. Ayers, nem mesmo meus clientes.

—Bem. Law. Eu tenho necessidades muito específicas, ok? Você pode até chamá-las de...tarefas. É por isso que estou pagando, então você está disposto a isso? Ou o que? Porque estou com pressa e preciso que este jogo comece imediatamente. Eu tenho sido paciente com Jordan, mas eu não sou realmente uma garota paciente. Então você fará. E em troca de sua assinatura no meu contrato, eu serei sua... o que for que você precise para aquela reunião na próxima semana.

Ocorre-me que eu deveria estar sendo pago por isso. E por dois segundos eu considero acertar o Jordan por uma porcentagem dos lucros.

Mas mais uma olhada nos lábios carrancudos da Srta. Ryan e reconsidero. Ela é obviamente rica, profissionalmente bem-sucedida, bonita de um jeito que é difícil de descrever, inteligente, provavelmente implacável, e ela é cem por cento local. Em todos os sentidos. Ela é o pacote total no que diz respeito às minhas necessidades. Então, deixo de lado meu ego e minhas expectativas sexuais e digo: —Estou dentro. Onde eu assino?


CAPÍTULO 3

Oaklee

Lawton Ayers é exatamente o que eu esperava de Jordan Wells. O que é bom e ruim. Bom, porque ele é bonito de uma forma que ameaça outros homens. Rico - também ameaçando outros homens. E inteligente. O que a maioria dos homens não se importa com um jeito ou outro, mas eu me importo. Eu gosto de um homem inteligente. Significa que ele pode pensar rápido. Mude as táticas no meio do caminho e veja as oportunidades que um idiota pode perder.

E acredite em mim, isso vai ser útil.

Mas ele também é... bem, como colocar isso. Arrogante? Sim. Assim como Jordan. Ele é um daqueles caras que tem tudo, o que significa que há uma chance de ele desistir no último segundo e me deixar enforcada. Tipo... talvez ele seja bom demais para um trabalho como esse, sabe?

Mas esse contrato está blindado. Eu me assegurei disso. E apesar de Jordan Wells ser um advogado muito bom, ele escreveu sob uma falsa presunção.

—Precisamos nos livrar do terno, — eu digo.

—O que?

—Tipo... você não tem jeans? E uma camiseta? Quero dizer, posso levá-lo às compras, se necessário, mas prefiro usar o que você tem.

—Você? Me levando às compras? — Ele ri.

—Porque é que isso é engraçado?

—Eu acho que deveria ser o contrário, certo? Você quer toda a experiência de uma Linda Mulher.

—Ela era uma prostituta, Senhor...

—Law, — ele diz.

—Eu não sou prostituta, Law. Eu não preciso do seu cartão de crédito. Não preciso ser levada para um almoço chique em um campo de polo. Eu preciso, de um homem.

—Eu sou um homem.

—De fato você é. Eu tenho dúvidas sobre isso, eu gostaria de deixar esclarecido. Então, se você tiver dúvidas, provavelmente deveria sair agora. Porque uma vez que assinarmos este contrato, você está dentro. Não há como voltar atrás. Eu te possuo por duas semanas.

—Posso pelo menos ler o contrato?

—Claro. Está no meu escritório e eu vou pegar agora. Um momento.

Eu me viro e ando em torno de uma divisória na parede para o meu escritório. O contrato foi redigido por Jordan há mais de um mês. Há detalhes suficientes para deixar claro o que preciso, mas é vago o suficiente para impedir que um bom advogado como Jordan faça muitas perguntas. Eu não acho que Law aqui será um problema, mas... sempre há uma chance de ele perceber antes de assinar.

Eu entrevistei vários homens desde que Jordan o elaborou, mas nenhum deles passou pelo teste da cerveja. Se Lawton Ayers tem uma coisa a seu favor, é isso. Então, apesar das minhas hesitações, pego o arquivo da minha mesa, pego uma caneta e caminho de volta para a sala de estar. Ele abriu outra garrafa e está despejando no copo.

—Eu já tomei essa antes, — diz ele, depois de tomar um gole.

É a nossa cerveja de assinatura chamada Bucked Up e tem o cavalo icônico no rótulo.

—Você gosta disso?

—Quando eu bebo cerveja, eu saio do meu habitual, que está no barril. Então sim, eu acho que você pode dizer que eu gosto disso. — Ele serve um segundo copo, presumivelmente para mim, e então vira, com ambos os copos em suas mãos, e diz: —Vamos beber.

—Primeiro o contrato, — eu digo.

—Buck2 o contrato. — E então ele ri. —Entendeu? Buck em vez de...

—Eu entendi, Law. —

—Deus, para uma garota hippie você é muito tensa, Oaklee.

—Ninguém diz que eu sou hippie. Quem disse que eu era hippie?

—Você sabe, — diz ele, tomando um longo gole de um dos copos. —Aquela campanha 'salve as mansões' que você fez há um tempo atrás.

—Não tinha nada a ver com liberdade de sexo e filhos das flores. Eu estava tentando preservar a vizinhança.

—É por isso que você renovou seu prédio histórico? — Ele está sorrindo para mim agora.

—Tomei muito cuidado em preservar os elementos históricos quando reformei, obrigada.

—Você está mudando a fachada. Como isso está preservando?

—Eu não estou mudando a fachada. Eu estou tendo um cavalo selvagem pintado sobre o tijolo.

—Oh. — Ele ri e toma outro gole da cerveja. —Desculpe. Desfigurando a fachada. Minha culpa.

—Este edifício tinha um cavalo pintado quando foi construído em 1912. Foi o lar de um lugar chamado Mustang Grocers. O novo mural terá a aparência de cem anos quando terminarmos na semana que vem e do lado de fora, meu prédio ficará exatamente como estava em 1912. Então não se preocupe. Vai acrescentar muito valor ao bairro. Eu contratei mais de uma dúzia de consultores antes de fazer qualquer alteração e os valores das propriedades neste bloco subiram nas últimas seis semanas.

—Eu sei, — diz ele, terminando seu copo de cerveja. É um copo de amostra para degustação, portanto, apenas 100 ml. Mas ainda assim, o teor alcoólico de Bucked Up é de oito ponto oito por cento.

Não tenho certeza se ele percebe isso. Não tenho certeza se devo contar a ele. De fato, talvez deixá-lo bêbado o despertará. Faça-o ficar mais agradável. Estou quase sem tempo. E Jordan disse que não ia me encontrar outra pessoa. É esse cara ou nada.

Eu preciso dele, eu decido. Ele terá que servir.

—Eu possuo uma cobertura logo ali, — diz Law, apontando. —Você pode ver meu terraço daqui. Eu comprei no ano passado e agora vale quase o dobro. —

Eu olho pela janela, olhando naquela direção. Interessante. O fato de sermos vizinhos. E conveniente também.

Então eu me viro para encará-lo e sorrio. O primeiro sorriso real que eu dei a ele a noite toda. —Vê? — Eu digo. —Como eu disse, os valores das propriedades estão subindo rapidamente.

—O que você sabe sobre imóveis?

—Eu sei o suficiente, mas não é o ponto.

—Bem, para mim é. Eu tenho essa reunião na próxima semana. E se tudo isso der certo você e eu poderíamos ser parceiros nesse negócio de TV. Então eu gostaria de saber se estou perdendo meu tempo aqui também.

Ele inclina a cabeça para mim, os olhos brilhando com o que? Travessura? Ousadia? Eu não sei, mas é adorável. Eles não são olhos especiais. Apenas marrom e não marrom como o meu. Apenas um marrom sem graça. Mas aquele maldito brilho neles faz algo para mim.

E você precisa dele, diz o monólogo interior. Pelo menos tanto quanto ele precisa de você. Portanto, não se distraia com seus olhos sonhadores.

Então eu digo: —O setor imobiliário de LoDo está subindo constantemente desde 2012. A gentrificação dos Cinco Pontos a leste daqui tem valores imobiliários atingindo meio milhão pela primeira vez na história daquele bairro. A listagem média no LoDo é de setecentos mil. Este edifício vale agora mais de sete milhões de dólares sem o meu apartamento de cobertura. E quando eu terminar de renovar os outros andares e colocar os apartamentos à venda, ele vai chegar aos setenta e cinco milhões. Então você me diz. Você está perdendo seu tempo aqui, Sr. Ayers?

Ele sorri. Satisfeito com o meu desabafo. —Law, — diz ele em voz baixa. —E não, eu acho que não, Srta. Ryan.

—Oaklee, — eu digo, jogando seu jogo.

—Você precisa de um agente? — Ele pergunta.

—Para?

—Seu prédio? Os condomínios? Eu tenho estudado este lugar. Esperando pelos anúncios.

Bem... isso é interessante. Eu deveria ter pensado nisso. Deveria estar aberta a isso. E o fato de que eu perdi uma oportunidade de atraí-lo com a tentação de ser o agente imobiliário dos meus novos condomínios ao invés de concordar em ser sua estúpida parceira de programas de TV... bem, isso me perturba.

É um sinal de como me distraio com o meu pequeno... problema.

—Você ainda não passou no meu teste, Law. Então, por que não começamos com o meu negócio e podemos conversar sobre o seu mais tarde?

Ele olha para mim por alguns segundos. Eu praticamente posso ver sua mente correndo com possibilidades. Calculando quantas unidades eu tenho aqui - trinta e cinco - o quanto elas poderiam pagar - começando com o preço de quatrocentos e cinquenta mil e chegando aos novecentos para o quinto andar - e o que ele pode levar a respeito disso.

Quase seis milhões de dólares cintilam em seus olhos. —Vamos lá, Oaks. Me teste o quanto você quiser.

Coloco o contrato no balcão da cozinha, vou até a geladeira, trago uma nova bandeja de degustação de cervejas - dessa vez com as etiquetas todas escondidas com papel pardo - e coloco na frente dele.

—Um teste as escuras? — Ele ri. —Você realmente leva essa merda a sério.

—Com medo de falhar? — Eu pergunto, inclinando a cabeça e sorrindo de volta para ele.

—Realmente, não. Deixe-me adivinhar. Eu tenho que adivinhar qual é qual. — Ele acena com a cabeça para a bandeja de degustação agora vazia. —Eu acho que posso fazer isso apenas pela cor, Oaklee.

—Perfeito, — eu digo, estourando o topo da primeira cerveja. —Então devemos terminar em cerca de dois minutos. — Eu coloco a primeira cerveja no copo de degustação e entrego para ele.

Ele faz um gesto falso com o copo e toma um gole. —Bucked up. Sem dúvida alguma.

Eu cerro meus dentes, estalo o topo da próxima, despejo e entrego.

Ele diz: —Anarchy Orange, cadelas. Amo esse. Eu posso precisar levar um pouco para casa.

O que me faz murchar um pouco. Não. Não um pouco, muito. Mas eu derramei a última, mesmo que ele esteja dizendo Mountain Mud antes de tomar um gole. Depois do gole, depois dele limpar a espuma marrom dos lábios, ele diz: —Eu passei?

Eu concordo. Triste. —Sim, passou. Você quer assinar?

Ele olha para mim por alguns instantes, tentando descobrir a mudança no meu humor, talvez. Mas então ele acena e diz: —Sim. Certo. Vamos fazer isso.


CAPÍTULO 4

Lawton

Esse teste.

Eu não consigo parar de pensar nisso. Nós assinamos o contrato. Eu escrevi a parte em que ela concorda em ser minha parceira para o programa de TV e ela rubricou esse adendo sem comentários. Mas há algo errado aqui. Eu posso sentir isso.

Esse teste foi muito fácil. Quero dizer... ela deveria ter escolhido vários tipos de cerveja, não três que poderiam ser identificados pela cor e pelo cheiro sozinhos.

Eu tenho seu site aberto no meu laptop enquanto eu deito na cama, distraidamente olhando entre as luzes de sua cobertura da vista da minha janela, e seu site.

Ela tem vários IPAs. Várias cítricas, na verdade. Por que ela não encheu tudo isso e me fez descobrir qual era Anarchy Orange? E ela tem três cervejas escuras. Duas cervejas pretas e aquele Brown Mountain Mud. Ela poderia ter alinhado aquelas e me fazer escolher. Não vejo outras Saisons3 em seu cardápio, mas esse não era nem um dos testes. E Bucket Up - inferno, qualquer um poderia identificar a Bucket Up. É tão comum quanto Coors nesta cidade.

Isso não faz sentido.

E então ela ficou quieta depois do teste de degustação às escuras. Como se ela estivesse... chateada.

Mas sobre o que?

Que passei no teste idiota dela?

Como eu não poderia passar?

O que me faz pensar sobre os outros homens que ela entrevistou para este contrato. Como eles poderiam ter fodido isso?

A menos que fosse ela. Certo? Sua atitude. O dinheiro dela. Sua confiança.

Quero dizer, há muitos homens por aí que odeiam uma mulher de sucesso. Talvez fosse isso? Ou talvez ela seja simplesmente... imprevisível para eles?

Ela é definitivamente selvagem.

Mas seu conhecimento do mercado imobiliário é impressionante. Ela é perfeita para essas pessoas da TV. Quero dizer, ela é a porra de um nocaute, antes de mais nada. Inteligente. E ela parece uma empresária implacável.

Mas esse teste.

E a sua personalidade do Velho Oeste.

Eu faço uma busca por Oaklee Ryan e encontro vários artigos de notícias locais sobre ela na primeira página. Principalmente sobre a cervejaria. O obituário de seu pai há vários anos. Um artigo no Westword sobre seu novo projeto de renovação, dois sobre o mural que fica na frente do prédio e muitos - como dezenas - sobre os prêmios que suas cervejas artesanais conquistaram nas últimas décadas. Vários internacionais também.

Exceto que... nenhum deles é recente. Ela não ganhou um prêmio em três anos. Nem mesmo o Denver BrewBest Fest no mês passado.

Não desde que seu pai morreu, percebo.

Talvez ela precise de um cara de cerveja para ajudá-la a ter uma ideia nova?

Mas então porque o namorado de experiência?

Simplesmente não faz sentido. Nada disso.

Então eu olho para todas as fotos dela online. Ela tem um olhar. Vaqueira urbana. Muitas delas a exibem usando saias curtas com velhas botas de cowboy e camisetas enfeitadas com strass. O tipo que você vê as mulheres vestindo no rodeio. Algumas delas ela veste jeans - com as pontas dos pés saindo debaixo da bainha. E apenas uma tem ela vestida com algo que eu chamaria de socialite de elite.

Isso foi para uma festa que seu pai participou apenas um ano antes de morrer para celebrar a abertura de uma galeria de arte dedicada a artistas ocidentais. Ele era um homem bonito. Cabelos brancos, corpo em forma, barba curta e bem cuidada e o mesmo olhar de não foda comigo.

Eles se parecem com animais selvagens pegos por uma pena. Mustang, talvez. Broncos4, um pouco dos dois.

E então eu me pergunto se ele a chamou de Oaklee por causa da Annie Oakley5?

O que me faz rir e espero que seja verdade. Eu posso imaginar minha Oaklee com um rifle na mão dela atirando em latas como uma garotinha. Vestindo um chapéu de cowboy que é arrancado de sua cabeça enquanto ela mira em algum campo de tiro ao ar livre rural.

Ela me mandou para casa depois que assinamos o contrato. Parecendo triste e talvez um pouco desesperada. Minhas únicas instruções foram buscá-la no saguão da Bronco Brews amanhã ao meio-dia, vestindo jeans e uma camiseta.

Quando perguntei o que estávamos fazendo, ela foi até o elevador, chamou ele e disse adeus com um aceno de mão.

Ela é dona de um império. Tipo... um verdadeiro império. Aquele prédio é incrível. Aquela torre de água é original também. E seu pai foi uma espécie de filantropo durante seus últimos anos. Ele era um grande defensor das artes - organizou um festival de música local todo verão de 1922 até o final dos anos noventa. E eles têm um fundo de bolsas de estudos no Colorado State, na University of Northern Colorado e na Universidade do Colorado Boulder para estudantes de microbiologia.

O que eu achei estranho até que vi um artigo que afirma que ela tem um mestrado em microbiologia no Colorado State e somando dois mais dois percebo... é isso que faz cerveja, certo? Levedura é o que dá sabor a cerveja.

Ela não é uma daquelas —pessoas que amam cerveja, então eu vou começar uma cervejaria. —

Ela é uma cientista e fermentação é algo que ela entende. Vive e sabe no fundo, como um instinto.

E ela nasceu no negócio. Ela se tornar uma cervejeira era quase inevitável.

Meus e-mails soam, então eu troco as telas para trazê-las e encontro uma mensagem do departamento de aquisições da Home TV com os detalhes da reunião da semana que vem.

É uma carta de formulário, tenho certeza disso. Explicando os detalhes. Hora, data, lugar. Merdas assim. E o pequeno parágrafo que eles enviam no final de cada e-mail que eu já recebi me dizendo para estudar seus shows de sucesso, então eu entendo o que eles estão procurando.

Eu sei o que eles estão procurando. Tivemos mais de uma dúzia de conversas telefônicas desde que comecei este processo. Mais e-mails do que eu posso contar. E muitas idas e vindas com os advogados para chegar a esse ponto.

Esta é minha chance. Estamos tão perto do fim e tudo o que tenho a fazer é fechar a maldita transação com esta última reunião.

Eles amam a minha ideia. Eles têm vários shows sobre casas de montanha, mas nenhum deles é baseado nos anfitriões e todos eles se concentram nas casas. Eles têm uma curta temporada, talvez duas. Em seguida, eles os cortam, encontram outro ângulo e tentam novamente.

Eles estão desesperados para encontrar essa combinação crítica de personalidade e o fator wow. Eles querem algo novo. Algo relevante.

Eles disseram isso para mim muitas vezes e eu lhes assegurei que eu tenho o que eles precisam.

E eles já estão a bordo, mas com uma boa dose de cautela misturada. Tipo eles gostam de mim, mas eles não me amam. E eles vão decidir de uma forma ou de outra nesta reunião final.

E Jordan bateu na cabeça. Eles me querem, mas não só eu. Eles querem um casal.

E Oaklee Ryan é perfeita. Ela é tudo que eu preciso para fazer os Milionários das Montanhas Rochosas acontecer. Inferno, ela é uma milionária também porra! Não das montanhas, mas é o que eu estou trazendo para a mesa. Eu sou o único com esse sonho. Então tudo o que tenho que fazer é encaixar sua boca redonda no buraco redondo...

O que me faz rir. Por causa das insinuações sexuais e tudo mais.

Só que ela deixou bem claro que não há sexo envolvido nessa experiência de namorado.

E então há aquele sinal vermelho piscando novamente.

Por quê? Isso não faz sentido algum.

O teste, o contrato, o jogo... nada disso faz sentido.

Qual é o ângulo dela?

Eu fecho meu laptop, exausto, em seguida o coloco na minha mesa de cabeceira e me viro para que eu possa ver as luzes de sua janela no beco. Alguns segundos depois, elas se apagam e eu a imagino indo para a cama. Pensando em mim. Pensando no que poderíamos fazer amanhã. Eu me pergunto se ela acha que sou tão interessante quanto eu acho que ela é.

Provavelmente não. Isso é um negócio para ela. Como é para mim. Então, não importa se ela gosta de mim.

Fecho os olhos, tirando a vista do apartamento dela e fico pensando em como minha vida vai mudar na próxima semana.

Como eu posso vender todos os meus imóveis na cidade, comprar aquele lugar no pé das montanhas e começar uma nova vida longe da cidade. Eu imagino uma vida de perambulação pelas montanhas, procurando casas e lotes vazios com os locais de construção perfeitos próximos aos rios, e encontrando outras pessoas, a peça perfeita do Velho Oeste.

A vida da cidade será uma coisa do passado. A corrida desenfreada acabou.

E tudo isso está agora ao alcance. Esse plano é perfeito e Oaklee Ryan é meu ingresso para a liberdade.


Na manhã seguinte, eu me vejo em pé no meu terraço, com uma xícara de café na mão, olhando para a cobertura de Oaklee. Eu não posso ver a rua porque meu prédio está atrás e minha cobertura está do outro lado, mas tenho vislumbres das pessoas passando pela entrada do beco. É sábado, então as famílias saem cedo para tomar café da manhã em um dos muitos restaurantes desse quarteirão. O sol está brilhando, a temperatura amena vai atingir os dezesseis graus hoje e não há sinal de chuva vindo das montanhas.

E eu tenho uma namorada para compartilhar isso.

Isso me faz rir.

Quero dizer, para todos os efeitos, ela é minha namorada. Nós estaremos passando as próximas duas semanas fazendo praticamente tudo que os casais fazem.

O que os casais fazem?

Eu tomo um gole de café e pondero isso. E no mesmo momento vejo Oaklee emergir de seu apartamento por uma porta de correr, telefone ao ouvido, enquanto anda de um lado para o outro e acena com as mãos em gestos exagerados.

Hmmm.

Ela parece chateada.

Eu tomo outro gole de café e penso em gritar para ver se consigo chamar sua atenção. Então decido apenas observá-la. Ela está vestindo uma camisa longa branca. Como a camisa de um homem, eu acho. O que provoca um sentimento de inveja inaceitável em mim que eu engulo rapidamente.

Nós não somos esse tipo de casal.

Debaixo da camisa ela está usando shorts e uma blusa. Está um pouco frio esta manhã para isso, mas ela está tão ocupada falando ao telefone, que eu duvido que ela perceba o frio.

Ela certamente não olha para cá - o que causa uma pontada de desapontamento. Porque parece que eu não pensei em nada além dela desde que nos conhecemos na noite passada e ela claramente tem outras coisas em mente.

Eu olho por cima do meu ombro, encontro o relógio de parede na minha sala e acho melhor me preparar para o nosso primeiro encontro.

Então deixo-a em seus negócios, volto para dentro e coloco minha xícara de café na pia e considero suas instruções.

Use jeans e uma camiseta, ela disse.

Hmmm... eu não sou um cara de jeans. Quer dizer, eu nem sempre uso ternos nos fins de semana, mas eu faço isso com a frequência que meu guarda-roupa começa a me preocupar.

Então eu vou para o meu armário, pondero o que eu tenho, e decido sobre um par de jeans de Joe que eu ganhei da Neiman Marcus no verão passado, quando Zack me convidou para ir de barco a Grand Lake com ele.

Ele riu deles, mas esses jeans são a merda. Jeans escuro, de corte reto, não skinny, e eles me fazem parecer bem.

Eu acho que Oaklee vai apreciá-los.

Eu pego da gaveta uma camiseta branca da Balmain com o logotipo espalhado na frente, passo um vapor rápido, porque ela tem um vinco na lateral, e deslizo sobre a minha cabeça.

Sapatos ... hmmm ... tênis, eu acho. Eu tenho um par de Burberry no estilo house-check, então eu dou uma olhada em mim mesmo.

Sim. Eu totalmente tenho esse visual.

Oh... um cinto. Eu preciso de um cinto. Eu tenho uma queda por cintos, então eu gasto muito tempo nessa escolha, eventualmente decidindo pela Burberry porque combina com os sapatos.

Saio de casa faltando dez minutos para o meio-dia, porque sou pontual dessa maneira e desço as escadas como uma mola no degrau porque não tenho muito tempo.

Oaklee Ryan. Eu poderia gostar dela. Isso pelo menos será divertido, eu acho.

E ei, se conseguirmos esse show, seremos parceiros. Eu poderia me sentir assim por anos se isso acontecer.

Quando chego ao saguão, fico agradavelmente surpreso ao ver Oaklee esperando. Ela está conversando com uma de suas recepcionistas, então ela não me percebe imediatamente. Eu faço meu caminho através da multidão do brunch esperando por uma mesa no lobby e espero ela se virar.

O que ela faz. E imediatamente franze a testa.

—O que?

—Que porra você está vestindo?

Eu olho para minha roupa. —O que você quer dizer? Você disse jeans e camiseta.

Ela está vestindo o habitual. Saia curta e rodada que palpita contra suas coxas nuas, botas de cowboy, uma camiseta regata e uma jaqueta militar com bordados de suas etiquetas de garrafa de cerveja.

—Que diabos? Balmain Paris? — Ela franze a testa.

—O que? Esta camisa é muito legal.

—Essa camisa é estúpida. — E então ela vê meus sapatos. —E o que diabos você está vestindo em seus pés?

—Burberry, — eu digo, começando a ficar puto.

—Oh meu Deus. — Ela pressiona as pontas dos dedos nas têmporas e olha para o chão.

—O que? — Eu pergunto. —Qual é o problema?

Ela levanta a cabeça, olhando-me diretamente nos olhos. —Você disse que mora perto?

—Sim, no prédio ao lado. Por quê?

—Leve-me para o seu armário.


CAPÍTULO 5

Oaklee


—Não é pessoal, — eu digo. Pela centésima vez. —Eu só preciso de um estilo específico, entende?

—Eu entendo, — diz ele. Mas é mais um grunhido. Seus dentes estão cerrados, o que eu considero um mau sinal. E os nós dos dedos estão brancos quando ele torce a maçaneta da porta e a abre acenando para mim. —Depois de você.

—Oh, isso é bom, — eu digo, olhando em volta para o seu lugar. —Muito caseiro.

—É mobiliário de mostruário, — ele responde. —Estou me preparando para vender o lugar e tudo isso está incluído no preço pedido. Então não perca seu tempo me elogiando no design. Eu não escolhi e não...

—Jesus, — eu digo, interrompendo-o. —Entendi. Não é o seu estilo.

É um loft, como o meu lugar, é uma cobertura. Mas nada como minha cobertura. É pequeno. Quero dizer, mesmo comparativamente falando. Entendi. Eu sou dona do meu prédio e tenho todo o andar superior. Além disso, eu o uso como um escritório. Não há outros apartamentos de quatro mil metros quadrados neste bairro.

Mas esse lugar é pequeno. —Quantos quartos? — Eu pergunto.

—Apenas um. A maioria das pessoas não pode pagar mais do que um quarto no LoDo. Eu quero vender rápido e este vai vender.

—Está bem. — Ele é sensível sobre a disparidade de metragem quadrada entre nós. Entendi. —Vamos ver o seu armário.

—Por aqui, — ele diz, mais uma vez acenando para eu ir na frente. O que são boas maneiras. Não é necessário para este trabalho de namorado, mas um bom privilégio. Lawton Ayers obviamente tinha uma boa mãe.

Eu entro em seu quarto e a primeira coisa que vejo é a vista. O que quase me faz rir, porque reviro os olhos toda vez que alguém aparece na minha casa e observa a vista.

Não é como se ele tivesse uma ótima visão. Este apartamento fica na parte de trás do prédio e fica de frente para o beco. Há apenas uma vista esquisita das montanhas porque meu prédio - especificamente minha cobertura - é realmente o que ele está olhando.

—Huh, — eu digo.

—O que? — Ele pergunta, acendendo a luz em seu armário.

—Você pode ver o meu apartamento do seu quarto.

—Eu te disse isso ontem à noite.

—Sim, mas nunca me ocorreu que alguém pudesse realmente ver meu lugar, sabe?

—Privacidade na cidade é um mito. É por isso que estou dando o fora daqui. Sem espaço. Não aguento mais.

—Oh, — eu digo, me afastando da janela para encará-lo. Ele está de pé na porta do armário, meio iluminado por trás, então uma sombra cai em seu rosto e borra suas feições. —Para onde você está se mudando?

—Indian Hills. Você sabe onde é isso?

—Mais o menos, — eu digo. —Em algum lugar lá em cima. — Eu aceno na direção geral das montanhas. —Por que tão longe?

Ele inclina a cabeça para mim. —Está certo. Nós não falamos sobre o meu objetivo do negócio em tudo isso. Bem, acho que agora é um momento tão bom quanto qualquer outro. O programa de TV que estou lançando é chamado Milionários das Montanhas Rochosas. Você conhece esses programas na Home TV que têm casas de madeira de milhões de dólares e merdas desse tipo?

—Mais o menos, — eu digo novamente. Porque eu não sou realmente uma telespectadora da Home TV.

—Bem, é o que estou fazendo. Eles têm outros shows que apresentam agentes imobiliários de luxo. Então meu show é algo entre os dois. Nós só lidamos com casas da montanha e apenas com compradores de alta qualidade. É um show de fantasia. Para pessoas que querem sair da cidade e viver um tipo diferente de vida.

—Pessoas como você, — eu digo.

Ele concorda. —Pessoas como eu.

—Interessante, — eu digo.

—Como assim? — Ele pergunta.

—Bem. — Eu ri um pouco. —Você é o tipo de cara que aparece em uma camiseta da Balmain Paris e tênis Burberry quando eu digo para vir vestido de jeans e camiseta.

—Só porque sou profissional não significa que não goste do exterior. Este é o Colorado, pelo amor de Deus.

—Olha, eu não sei porque você está sendo defensivo comigo por causa das roupas. Eu te disse cem vezes. Isso...

—Não é pessoal, — diz ele, interrompendo-me. —Sim, eu entendi. Então, o que devo vestir, chefe?

Eu sorrio. Firmemente. —Vou ignorar sua atitude e voltar ao trabalho manual, ok? Vamos ver o que você tem.

Ele fica de lado e faz uma pequena reverência enquanto acena para o armário.

Que é um muito. Agradável. Armário de roupa.

—Uau, — eu digo, passando por ele. Nossos corpos se tocam, meu estômago roçando o dele enquanto eu manobro meu caminho para dentro, e por um segundo eu sinto o cheiro de sua loção pós-barba. É um perfume viril. Como sândalo ou algo assim.

Eu paro, nossos corpos ainda se tocando, e olho para ele. Quando nossos olhos se encontram, ele aperta os olhos para mim.

Eu sei que estamos pensando nisso. No sexo. Porque ele é atraente e estou muito sexy agora com minhas botas e saia. Mas nenhum de nós diz nada.

Então eu inalo profundamente, passo por ele para quebrar o contato e abro o armário.

Dois espaços separados inteiros. Todos os armários de madeira escura personalizados de alta qualidade um quarto e uma sala com espelhos e um banco baixo no meio do próximo.

Há prateleiras de paletós. Como duas dúzias de camisas abotoadas com perfeição, calças largas e uma parede inteira de sapatos alinhados ao longo das prateleiras. Tenho certeza de que, se eu tivesse uma régua comigo, tudo aqui estaria a dois centímetros de distância.

—Ei, o que é isso? — Eu digo. Meus olhos são imediatamente atraídos por uma jaqueta de couro preta pendurada na parte de trás de uma fileira de casacos.

Law ri. —Sobras da minha adolescência.

—Você deveria usar isso hoje, — eu digo, pegando o cabide e derrubando-o.

—Merda. Eu tinha quinze anos a última vez que usei essa jaqueta. Não vai caber. Duvido que eu possa até mesmo colocar meus braços nas mangas.

É uma jaqueta de motoqueiro. O velho tipo com zíperes e merdas do tipo. Pesado e gasto, e há dois remendos na frente. Um é um crânio negro flanqueado de ambos os lados por corvos sobre um fundo branco. O outro é de uma motocicleta branca sobre um fundo preto. Ambos dizem Shrike Bikes. Quando eu viro ao redor para ver a parte de trás, há um grande patch de peça central de símbolo de anarquia e nada mais.

—Você estava em uma...

—Gangue? — Ele diz, terminando minha frase mais uma vez. —Você poderia dizer isso.

—Hmmm, — eu digo, tentando imaginá-lo naquela luz o que acho impossível, tiro o meu casaco do exército para que eu possa colocar a jaqueta. —Serve em mim, — eu digo, sorrindo para ele.

Ele encolhe os ombros. —Leve com você se você quiser. Eu não tenho uso para isso.

—Mesmo? — Eu digo, entrando no camarim para que eu possa me ver no espelho de corpo inteiro.

—Certo. Isso é o que os namorados fazem, certo? Dê a sua garota a jaqueta para usar.

Eu olho para ele e nós dois rimos.

Law não é tão ruim, eu decido. E esta é uma nova luz para vê-lo. Adolescente bad boy. —Então, em que tipo de gangue você estava?

—Clube de luta. Estilo MMA, porém, não nu, como o filme.

—Bad boy, hein? Eu posso ter me enganado, Law.

—As pessoas costumam fazer. — Ele suspira.

—Você sabe, — eu digo, —há um showroom da Shrike Bikes apenas abaixo da estrada em Five Points. Eu conheço alguns dos caras lá. O proprietário tem um pequeno bar anexado e ele tem todas as minhas cervejas em suas torneiras. Nós fizemos um pequeno negócio há alguns anos atrás. Podemos ir até lá e comprar uma jaqueta nova.

—Então podemos combinar, — diz ele, piscando para mim.

—Sim, — eu digo. —Nós poderíamos combinar. Quão perfeito seria isso?

—Esse é o tipo de namorado que você está procurando, Oaklee? Parceiros fora da lei?

Eu concordo. —Isto é. Esse é o tipo que eu preciso para este jogo, de qualquer maneira.

Então ele dá de ombros. —O que você quiser, então.

—Você poderia pegar uma camiseta também.

Ele faz uma careta. —Você quer que eu seja um outdoor ambulante para a Shrike Bikes?

Eu estremeço. —Sim, não posso fazer isso. — Eu dou outra olhada em seu armário. Desesperada para encontrar algo adequado. —Você tem alguma camisa cinza?

Há uma parede de gavetas no pequeno corredor entre as duas salas do closet. Ele se vira para eles, abre uma gaveta e começa a procurar.

—Que tal agora?

É uma velha camisa do Johnny Cash. Tipo, bem velha, está cinza quando claramente ela já foi preta. E há pequenos buracos na frente perto do colarinho. Como se tivesse sido lavada tantas vezes que o tecido está caindo aos pedaços. —Isso é uma sobra também?

—Sim. — Ele concorda. —Eu acho que usei isso todos os dias durante um mês, quando eu tinha dezesseis anos. — E então ele ri. Como se ele estivesse pensando naqueles dias e os achasse melhor agora que eles estavam no passado.

—Está perfeito. Você tem suas sobras de botas e alguns jeans rasgados?

—Não, — ele diz. —Quero dizer, eu tenho alguns all stars que eu poderia usar. Eu nunca usei botas naquela época.

—Jeans rasgado? De preferência desbotado?

—Não, novamente. Eu sou um cara diferente agora, Oaklee. Eu uso ternos.

—Hmm, — eu digo, desapontada. —Bem, bote a camiseta, troque os sapatos e vamos dizer que você está bem.

—Onde estamos indo? — Ele pergunta, jogando a camiseta para mim que eu pego por instinto e em seguida, agarra a parte de trás de sua camisa atrás do pescoço e levanta-a sobre a cabeça.

Eu não estava pronta para isso. Na verdade, todo o processo - a partir do momento em que as pontas dos dedos dele encontram a camisa e levantam - meus olhos seguem até seu estômago enquanto ele revela o que parece ser em câmera lenta, mas claramente não é, porque isso é realidade e não um filme.

Ele. É. Musculoso.

Musculoso, cadelas.

As linhas... oh, as linhas de seus músculos. Eles são algo para se contemplar. Colinas e vales de músculos tensos. E a maneira como eles se movem quando ele puxa a camisa sobre a cabeça é como um balé. Algo coreografado. Algo bonito.

—Oaklee? —

—Hã? — Eu digo, forçando meus olhos a encontrar os dele. Me encontrando relutante em fazer isso.

—A camiseta? — Ele diz, com a mão estendida.

Eu espero que ele esteja sorrindo. Você sabe, porque ele me pegou olhando. Mas ele não está. Ele é apenas... inconsciente, eu acho. Inconsciente do fato de que a visão de seu peito nu só me deixou sem fôlego. Completamente alheio à minha óbvia admiração. Porque ele diz: —Então, para onde estamos indo? — Enquanto ele desliza a camiseta do Johnny Cash sobre sua cabeça.

—Uma festa, — eu digo. —E não do tipo de festa de campo que você provavelmente frequenta no Country Club da região. O tipo de cerveja. É por isso que preciso que você aparente de uma certa maneira.

—Entendi, — ele diz uma vez que a camiseta está colocada. E então ele ergue os tênis Burberry e se vira para a parede de sapatos para pegar seus all stars.

Eles são velhos e rasgados - como a camisa - e os laços já estão amarrados do jeito que ele gosta deles, então eles escorregam facilmente. Ele sorri depois disso e entra no closet, onde ainda estou de pé, vestindo a jaqueta de couro envelhecida, para me olhar no espelho. Como esta camisa e estes sapatos são velhos amigos ele está feliz em se encontrar novamente.

—Deus, eu me sinto tão diferente.

—Você parece diferente também.

—Melhor? — Ele pergunta, pegando um par de óculos de sol em um balcão próximo e colocando-os.

Eu aceno, incapaz de reconciliar as duas versões deste homem. O milionário que ele era há cinco minutos e o bad boy que ele acabou de se transformar em meus olhos.

—Então você não tem namorado? Por quê?

—O que?

—Bem, você me contratou para ser seu namorado, então claramente você não tem um. Mas você precisa de um para essa festa?

—Sim. Eu acho que você poderia dizer isso.

—Tentando deixar um cara com ciúmes?

—Não. — Eu sacudo minha cabeça.

—Mentirosa, — diz ele. E agora ele está sorrindo. —Você gosta dos bad boys, admita. E por qualquer motivo, esse garoto mau que você está de olho não está interessado. Então você precisa que eu seja seu substituto para que ele entenda o que está perdendo.

—Não, — eu digo, com mais força desta vez. —Não é isso.

—Seja como for, — diz ele, saindo do closet e depois me deixando sozinha enquanto ele desaparece em seu apartamento. —Eu vou descobrir o que você está fazendo, mais cedo ou mais tarde, você sabe. Não adianta mentir para mim.

Eu o sigo, o encontro na cozinha tilintando com as chaves na mão. —Pronta?

Eu aceno que sim quando ele abre a porta do apartamento e acena para eu ir na frente. Sempre o cavalheiro, esse cara.

Nós estamos em sua garagem subterrânea indo em direção ao seu carro quando percebo que ainda estou usando sua jaqueta. —Oh, merda, — eu digo, parando. —Eu estou com sua jaqueta.

—Mantenha-a, — diz ele, clicando no alarme em seu chaveiro. As luzes de um BMW preto piscam duas vezes quando o alarme para e ele abre a porta do passageiro para mim.

Ele definitivamente tem boas maneiras. Se eu conhecer a mãe dele, com certeza vou elogiá-la por sua educação.

Eu deslizo e ele fecha a porta gentilmente quando encontro e seguro meu cinto de segurança. Mas meus olhos nunca param de segui-lo enquanto ele caminha na frente do carro para entrar de lado.

Como esse homem ficou tão quente no intervalo de dez minutos?

Isso é tudo que é preciso para mim? Uma camiseta estúpida e alguns óculos escuros?

Não, Oaklee. Você viu o corpo dele, idiota. Você é superficial pra caralho.

—Agora você realmente tem que me dizer para onde estamos indo. — Ele ri. —Caso contrário, nunca chegaremos lá.

—Golden, — eu digo. —Há um bar lá em cima com uma festa de degustação de cerveja.

—Oh, legal. Então você tem algumas cervejas lá?

—Não, — eu digo. —Não exatamente.


CAPÍTULO 6

Lawton

Enquanto pegamos a 6ª Avenida Freeway no sentido da Golden, Oaklee está quieta. Foi meio divertido na minha casa. Eu a vi olhando para mim quando tirei a camisa. Quero dizer, fiz isso de propósito. Eu tenho malhado cinco dias por semana desde que eu tinha dezessete anos, então eu tenho um corpo legal. E eu não estou sendo vaidoso também, é simplesmente legal.

Apesar que as pessoas não notam muito. Provavelmente porque eu uso ternos. Como se soubessem que sou grande - um pouco mais de um metro e oitenta e oito e meus ombros são tão largos que todas as camisas do meu armário foram feitas sob medida. As mangas das camisetas se esticam ao redor dos meus bíceps e no peito está sempre muito apertado. O que faz parecer que estou me exibindo, e eu não estou. É assim que as coisas me servem.

Esta camisa é especialmente apertada. Quero dizer, eu a tive desde que eu era um adolescente e a única razão pela qual eu não rasguei a filha da puta a colocando na minha cabeça é porque era enorme em mim naquela época.

Então as pessoas não podem deixar de notar que eu sou grande. Mas eu apenas levo isso numa boa, eu acho.

Sim. Ela olhou. Bem e com força.

O que me faz sorrir. Então olho para ela para ver se ela está percebendo o meu sorriso - mas ela não está.

—O que está em sua mente? — Eu pergunto.

—Hã?

—Você ficou toda quieta de repente. Você provavelmente está pensando ‘Ele está fora do meu alcance’, certo?

—O que? — Isso a faz rir.

—Bem, eu sou uma espécie de bom partido.

—E eu não sou? — Ela realmente bufa.

—Não, eu não disse isso. Você é total pegável. Mas eu entendi. Eu provavelmente não sou o tipo de cara que você namora, certo?

—O que te faz dizer isso?

—Bem, você está me vestindo como um... como um motociclista ou algo assim. É com quem você costuma namorar? Há algum motociclista irritado esperando por mim neste bar em Golden?

—Não, — diz ela, balançando a cabeça. —Quero dizer, sim, eu gosto dos ruins, eu admito isso. Mas não é por isso que estamos indo.

—Então, por que você está fazendo isso? Você não precisa comprar um namorado. Você tem milhares de pessoas vindo na sua cervejaria toda semana e as chances são de que a maioria delas são caras que ficariam mais do que um pouco empolgados com o namoro com Oaklee Ryan. Então, o que realmente há com esse jogo?

Ela suspira, mas não olha para mim. Apenas olha pela janela enquanto seguimos para o oeste, ao pé das montanhas.

Eu entendo a dica para mudar de assunto. Eu sou um cara paciente por sinal. Eu vou descobrir o que é realmente isso em breve. Então eu digo: —Eu vi um lugar na encosta da Golden. Era muito bom também. Bom demais, talvez.

Isso chama sua atenção. —Quão bom demais?

—Você sabe. Merda elegante. A casa que eu escolhi, a que eu vou fazer uma oferta se eu conseguir este negócio de TV, é mais... caseira, eu acho. Não é uma cabana de troncos, mas tem vigas de borda crua, e o acabamento é aquele pinho nodoso e fresco. Não muito nodoso, — eu explico. —Porque há uma diferença de qualidade.

Ela bufa uma risada pelo nariz e vira um pouco o corpo para que ela esteja de frente para mim.

—Esta casa da Golden tinha uma piscina e quadras de tênis com luzes e merdas do tipo. E fica em um condomínio fechado de fazendas de sessenta acres. A que eu escolhi é de apenas dez acres de terra, mas tudo é cercado por floresta. Você não pode ver ninguém. E essa é um pouco menor. Eu apenas gosto dos acabamentos melhores.

—É engraçado, — diz ela.

—O que é?

—Ouvir um cara falar sobre acabamentos de casas.

—Imobiliário. — Eu dou de ombros. —Essa é a minha vida.

—Isso... te desaponta?

—Não sei. É tudo legal, eu acho. Quer dizer, certamente paga as contas. Mas eu fazer 30 anos este ano e estou começando a pensar em fazer outras coisas.

—Crise da meia idade aos trinta anos, hein?

—Há uma parte de mim que pensa... eu nunca fui esse cara, sabe? Esse cara de terno de dez mil dólares. Este relógio de trinta mil dólares.

Ela olha para o meu relógio, e não recua como ela fez com as minhas roupas e ofega. —Você está falando sério sobre o relógio?

Eu dou de ombros. —Todo homem de sucesso precisa dizer a hora, certo? Por que não fazer isso em grande estilo?

—Então você é esse cara então. O cara do terno.

—Não posso ter um bom relógio e viver nas montanhas?

—Você pode fazer o que quiser, eu acho.

—E quanto a você? Você sempre se vê como Oaklee Ryan, mestre cervejeira?

—Eu cresci naquele prédio, — diz ela. —Eu sabia preparar cerveja muito antes de me formar. Muito antes de eu ter idade suficiente para beber, com certeza. E eu gosto de certas partes disso. Eu gosto de encontrar novas leveduras e descobrir novos sabores. Eu gosto de pensar em novos nomes e desenhar rótulos. Isso é tudo muito divertido.

—Eu te pesquisei online. Vocês ganharam muitos prêmios.

Ela bufa novamente, só que desta vez é diferente. Cinismo, eu acho.

—Mas não desde que seu pai morreu, — acrescento. Porque havia ficado subentendido e ambos estamos pensando nisso.

—Não é minha culpa.

—O que você quer dizer?

Mas ela apenas dá uma grande sugada no ar, solta lentamente e fica quieta.

—Por que você não toma uma cerveja nessa degustação? Neste bar que vamos?

—Tenho meus motivos.

—Isso é parte do jogo?

—Por que você faz tantas perguntas? Eu vou deixar você saber quando você precisar saber, ok?

—Tudo bem comigo, — eu digo. —Podemos conversar sobre a reunião na próxima semana. Que tal isso?

—Legal. Conte-me tudo.

—Então... — Eu começo. —Você sabe como a Home TV é construída em torno de personalidades?

—Eu acho, — diz ela. —Eu não sou realmente uma daquelas meninas que vive por shows de renovação e reforma.

—Não é um show de renovação. É um show imobiliário, mas apenas para os ricos que procuram casas de montanha no Colorado. Como uma segunda casa em Vail ou Aspen, entende?

—Eu entendo você, — diz ela, a tensão saindo de seu corpo enquanto ela relaxa contra a porta, de frente para mim novamente.

—Então, eu estou negociando este acordo há um ano e finalmente estamos no estágio final do lançamento. Eu ainda não conheci ninguém, então eles estão voando para o Colorado para a turnê, certo? Eu os levo, mostro a eles a minha ideia, dou a eles um gostinho do que estou vendendo, convenço-os de que sou um cara que as pessoas querem ver na TV e toda essa merda boa. Mas Jordan, — nosso amigo mútuo de jogos sexuais. —Mencionou que eles gostam de parcerias e eu não tenho isso. Meu parceiro de negócios é antissocial. Ele está se recusando a fazer isso comigo, mesmo que ele seja perfeito. Então Jordan mencionou você como uma perspectiva. Nós poderíamos ser parceiros. E para ser honesto, você é meio perfeita, Oaklee. Do jeito que você é. Esse jogo com você é como a sorte me dando um soco no rosto. Você tem tudo que essas pessoas estão procurando. Você é bonita, — eu digo, levantando um dedo. —Inteligente. — Segurando outro. —E bem-sucedida. — Marcando o número três. —Mas não apenas com sucesso. Muita gente é bem-sucedida, sabe. Você é como um sucesso criativo.

—Então eu te completei. — Ela ri. —É isso que você está dizendo?

—Sim. — Eu rio de volta. —Sim. É isso que eu estou dizendo. Você me completa. Do jeito que você é. Tipo eu não consigo pensar em uma única coisa que eu mudaria sobre você indo para aquela reunião. Apenas seja você, cara. Está no papo. Nós totalmente temos isso.

—Eu tenho que estar na TV com você? — Ela franze o nariz para isso.

—Provavelmente. Quero dizer, isso é um negócio de verdade, Oaks. — Eu não sei de onde veio esse apelido, mas eu gosto disso. Isso a surpreende também, porque acho que ela está corando. —Você tem muita... cor em você. Eles vão te querer. Eles vão te ver e pensar, ok, ela é legal de se olhar. Mas então eles vão aprender sobre você e pensar: Nós precisamos dessa garota agora. Porque você é apenas interessante.

—Bem. — Ela ri. —Fui chamada de um monte de coisas e interessante nunca esteve no top 10.

—O que há nos dez primeiros então?

—Hum... bem, o número um é louca. Rude vem em segundo lugar. Extravagante, barulhenta, pomposa, dramática, vulgar, arrogante, brega e implacável completa a lista.

Eu sorrio. —Eu não vi nada disso ainda. Talvez um pouco, — faço esse gesto com as pontas do polegar e do indicador separados por meio centímetro. —Extravagante.

—Isso é porque eu preciso de você. E você ainda não me conhece.

—Não, — eu digo.

—Apenas espere.

—Isso é um aviso?

Ela acena com a cabeça. Mas seu corpo mudou novamente, suas costas ligeiramente para mim, seu rosto apontado para a janela como o caminho para o centro de Golden fosse a coisa mais interessante que nunca.

—Lá, — diz ela, apontando para um bar na Washington Avenue. —É para onde estamos indo. A Taverna da Casa da Ópera.

—Parece que está fechado, — eu digo, passando para encontrar o estacionamento.

—É uma festa privada para cervejarias locais. Todo mundo que é alguém no Colorado vem para essa festa idiota. Eu pensei que teria que cancelar este ano desde que Jordan estava tão lento em me encontrar o que eu precisava. Mas então você apareceu.

—Como o príncipe fodidamente encantador, — murmuro baixinho.

Acho um lugar para estacionar algumas ruas e saímos. Golden é legal. Ainda pequena o suficiente para parecer um bairro, mas cheia de estudantes da Escola de Minas e aquelas pessoas estranhas que acham que andar de caiaque em Clear Creek é divertido. Tem uma sensação underground de frio, como Boulder, mas sem a cultura das drogas.

Além disso, a cidade inteira cheira a lúpulo agora porque a Cervejaria Coors fica a poucos quarteirões. Então, ei, se você vai dar uma festa para os cervejeiros do Colorado, esse seria o lugar certo?

Nós caminhamos pela rua de volta em silêncio. Eu estou consumido com pensamentos sobre os meus sapatos. Os all stars são bons. Talvez até ótimos. Mas eles parecem estranhos. Me faz sentir estranho. Já faz muito tempo desde que eu os usei. Eu deveria tê-los jogado fora uma década atrás, mas como a jaqueta de couro que Oaklee está usando agora, eu não podia. Eles são como uma conexão com o meu passado. Eles são tudo o que resta da minha juventude. Do cara que eu costumava ser. O eu que desapareceu anos atrás e nunca mais voltou.

Que é burrice. Eu ainda estou na minha juventude. Eu tenho apenas trinta anos. Nem mesmo trinta. Não até o verão. Mas Oaklee meio que bateu em casa quando ela me perguntou se eu estava tendo uma crise de meia-idade.

Isso parece como uma crise de meia-idade.

—Ok, — diz Oaklee, trazendo-me de volta ao presente. —Quando chegarmos lá, você é meu namorado.

Eu tento não rir, mas não posso evitar. —Sim. Quero dizer, é por isso que você me contratou.

—Eu não contratei você, — diz ela. —Eu comprei você.

Eu nem me incomodo de ficar aborrecido com isso. Ela está de mau humor e não tem nada a ver comigo. É essa festa ou o que for. Essas pessoas, provavelmente.

—Então o que você quer que eu faça? Exibições públicas de afeto e coisas assim? Se gabar da nossa vida sexual de fantasia? Ser um babaca e dizer a eles quanto dinheiro eu ganhei no ano passado?

Ela para de andar e se vira para mim. —Fique com ciúmes.

—Do que?

—Eu! — Ela ri. —O que mais?

—O que você quer dizer exatamente?

—Só você sabe. Seja um idiota ciumento. Como olhar para todos os homens e me bater na bunda, se eu estiver falando com um deles. — Ela morde o lábio e olha para o céu. Como se ela estivesse pensando muito.

—Oh. Meu. Deus. Eu tinha razão. Você está aqui para deixar um cara com ciúmes.

—Não, — diz ela. —Não, não é isso. Apenas... Eu não tenho tempo para contar a história toda e você não acreditaria em mim de qualquer maneira, então vá lá e aja como um idiota. Oh! — Ela de repente diz. Como se a ideia, enquanto ela estava olhando para o céu, de repente, aparecesse em sua cabeça. —Eu sei o que você pode fazer. Faça mansplain de tudo.

—Mansplain?

—Sim, você sabe. Quando os homens fazem as mulheres se sentirem idiotas ao tentar explicar alguma coisa. Tipo... Ok, você está no mercado imobiliário. A maneira como você assumiu que eu não entendia os valores das propriedades. Isso é mansplaining.

Eu aponto para ela. —Eu não fiz isso. E eu sei o que é mansplaining. Apenas... o que eu devo supostamente fazer mansplaining?

Ela me olha de cima a baixo. Sorrindo E diz: —Que tal fitness? Jordan estava certo. Você está bem em forma. — Ela levanta as sobrancelhas quando diz a palavra.

—Haverá muitas mulheres lá dentro? — Eu pergunto. —Como quem eu estou direcionando esse comportamento? Esses caras trazendo suas namoradas?

Ela bufa. É meio bonito do jeito que eu exaspero ela. —Eu amo que você acabou de assumir que todo mundo lá dentro é um cara. — Ela revira os olhos. —E não. Não insulte suas namoradas.

Eu ri. —Então eles são todos homens?

—Obviamente eu não sou um homem.

—Obviamente você não é meu alvo.

—Há apenas uma outra mulher mestre cervejeira no Colorado. — Ela faz uma careta. —Hanna Harlow. Faça isso com ela. E, — ela diz, como se fosse outra grande ideia que ela acabou de pensar. —Bata na bunda dela também.

—O que? Não, eu não estou batendo na bunda de ninguém, Oaklee.

—Apenas faça! — Ela diz. —Eu paguei muito dinheiro por essa oportunidade, Law. Você precisa fazer o que eu digo.

Eu tenho uma vontade infantil de dizer a ela que ela não é minha chefe. Mas ela meio que é. E ela pagou muito para que eu ficasse com ela por duas semanas. Então eu digo: —Se a oportunidade de bater em sua bunda aparecer, eu farei isso. Mas eu não vou lá com isso como meu objetivo. Me dê outra coisa aqui. Não tenho ideia do que estamos fazendo.

—Apenas flerte com ela, ok?

—Ela? Eu pensei que era seu namorado.

—Você é. Apenas confie em mim.

E com isso ela se vira e caminha em direção à porta, esperando que eu a abra para ela.

Eu a sigo, minha mão na maçaneta da porta para abri-la. Mas então paro e esclareço porque isso não faz sentido. —Então, eu devo agir como seu namorado ciumento, fazer mainsplaining do meu bíceps para essa garota Hanna, e então ser um idiota e bater nela?

—Exatamente.

Mas não há mais tempo para conversar porque ela coloca a mão sobre a minha e abre a porta.

No interior está escuro e barulhento. Não com música, embora haja alguma música tocando em uma velha jukebox quando passamos pelo pequeno lobby, mas com uma conversa gregária. Muitos homens segurando canecas, conversando animadamente um com o outro. Todos eles ostentando barbas. A maioria deles vestindo jeans apertados. Alguns exibindo tatuagens. Todos eles descolados.

Hipsters, pelo amor de Deus. Eu deveria saber disso. Provavelmente sabia disso inconscientemente. Mas nunca me ocorreu o quanto eu me destacaria nessa multidão.

Eu não sou um hipster. Esta camiseta do Johnny Cash e esses all stars pretos da velha escola não podem esconder esse fato.

Assim que as pessoas nos notam há um coro de —Oaklee! — sendo gritado de todos os cantos da sala. Ela é muito popular, eu acho. Claro, se todo o movimento de cervejas artesanais no Colorado tiver apenas duas cervejarias femininas, isso não é surpreendente.

Ela começa a me apresentar a eles. Há um Rosco, um Duque, um Cormac, um Ace, um Beckett, um Bear e um Jack.

Eu sinto que a qualquer minuto agora todos nós vamos cantar. Comece a cantar Sugar Boats, da Modest Mouse, e fale sobre a Whole Foods e nossas coleções de vinil, enquanto reclamamos das pessoas que dirigem carros.

Até eu perceber que Law também é meio hipster.

Porra.

Suas namoradas são chamadas de Beatrix, Magnólia, Tallulah, May, Piper, Frankie e Juniper.

Oaklee se encaixa bem lá também.

Jesus. Somos um casal hipster. De repente sinto a necessidade deixar a barba crescer e comprar um pote.

Quando percebo que o cara chamado Rosco está usando alguns all stars da velha escola, me sinto um pouco melhor. Mas só um pouco. Porque todo mundo está usando botas de lenhador ou mocassins, ou Adidas da velha escola, e eu estou esperando por meus tênis Burberry House-Check. Porque mesmo que Rosco e eu usemos a mesma coisa em nossos pés - é aí que as semelhanças param. Porque ele está usando bermudas com uma camisa havaiana abotoada.

Estes não são meu povo.

E é muito óbvio porque todo cara aqui está me olhando de lado com suspeita.

As garotas, porém... elas estão em cima de mim. E Oaklee. Todos se aglomeram em torno dela. Na verdade, todo mundo está se aglomerando em torno dela. Ela é definitivamente bem vista neste grupo, porque a partir do momento em que entramos, ela comanda a sala inteira com sua presença sozinha.

Todo mundo tem algo a dizer para ela. Todos eles têm perguntas como: —Onde você esteve? — E, —Por que você não veio a nossa sessão de barista na semana passada? — E então, claro, —Quem é esse?

No caso se referindo a mim.

Mas é quando a porta se abre de novo - luz forçando seu caminho para a sala escura, destacando fluxos de poeira no raio de sol.

E agora o coro grita: —Hanna!

E a coisa toda começa tudo de novo.

Oaklee parece desvanecer-se no fundo da sala. Quase inconscientemente. Como se ela fosse uma loba e essa garota Hanna é uma cabra que ela quer matar e comer no jantar.

Eu olho para trás e para frente entre elas, tentando descobrir a dinâmica. E assim que eu estou prestes a decidir que elas são inimigas, Hanna a vê e grita: —Oaklee! — Enquanto ela abre caminho através da multidão e a abraça forte. Quase girando em torno dela com seu entusiasmo.

—Aminigas6, — murmuro sob a minha respiração.

—Law! — Oaklee grita de seu canto. O que agora foi invadido por todas as mulheres aqui, porque é óbvio que Oaklee e Hanna são as líderes nesta matilha.

Exceto – que grupo de meninas nunca têm duas líderes. Até eu sei disso.

—Onde você conseguiu está jaqueta? — A garota chamada Juniper exclama, tocando o couro envelhecido da manga de Oaklee.

Isso ilumina Oaklee enquanto eu cautelosamente me aproximo delas. —Esta obra prima da moda pertence ao meu novo namorado, Lawton Ayers. — Ela prende o braço no meu e me puxa para perto. —Ele usava isso quando era adolescente e guardou para as memórias. Mas isso não serve mais para ele, como você pode ver. — Ela ri cordialmente com isso. —Porque ele é construído como um lenhador agora.

Eu levanto as sobrancelhas para ela por causa dessa comparação. Lenhador e Lawton Ayers não têm nada em comum. Mas é hipster falar de um jeito legal, certo? Então eu vou junto. —Eu dei para Oaklee porque é uma parte preciosa do meu passado e merece um bom lar. Eu sei que ela vai amar tanto quanto eu costumava. — É estúpido, mas é cheio de sentimentos e essas garotas gostam de caras com sentimentos.

Todas as garotas dizem —Aww— e tomam goles da cerveja enquanto batem os cílios para mim.

—Então, onde vocês se conheceram? — Hanna pergunta. Estranhamente, suspeito de mim como os homens são.

E percebo - não tenho ideia do que dizer. Por sorte, Oaklee começa a falar e desvia todos os olhares expectantes de mim para ela.

—Nós estávamos andando de caiaque em Clear Creek - não juntos, lembre-se. — Oaklee ri. —E eu fiquei presa em um emaranhado de galhos que devem ter sido apanhados em algumas pedras depois de uma tempestade. — Ela acaricia seu rosto no meu peito e suspira. —Ele me salvou.

—Aww, — todos elas dizem novamente.

Exceto Hanna. Ela realmente franze a testa. Qual é o negócio dessa garota?

—Desde então, somos inseparáveis.

—Nós provavelmente estamos apaixonados, — acrescento. Porque todo rosto se vira para mim como se eu devesse dizer algo assim.

Desta vez elas não dizem —Aww. — Elas apenas olham para mim. Confusas.

—Ele quer dizer... estamos casados com nós mesmos, é claro. Mas podemos nos enredar no futuro.

—Ahhhh! — Todos elas riem. —Claro.

Claro? Eu não sou mais legal. Quem diabos se casa? Como isso foi apenas uma expressão? Ou as pessoas realmente fazem isso?

—Então, o que você faz, Law? — Hanna pergunta.

Ah Finalmente. Estou na tarefa. —Agente Imobiliário, — eu digo. —Imóveis de alta qualidade. Isso significa que eu lido apenas com milionários. Eu só vendo nos bairros mais modernos e todo mundo tem pré-aprovação para um empréstimo de alto padrão antes de eu receber suas ligações.

Mansplaining e auto-justiça monetária em três frases sucintas. Excepcionalmente babaca, se eu disser isso mesmo.

Todo mundo faz uma careta. Mesmo aquele cara chamado Jack, que se aproximou de sua namorada, Beatrix.

Eu apenas sorrio para ele e digo: —Qual é o seu negócio, Jack? Você possui uma cervejaria como Oaklee aqui?

Beatrix, sempre a namorada de apoio, esfrega o braço enquanto ele olha para mim e diz: —Eu sou da cerveja caseira, mano. Administro um clube mensal apenas para membros.

—Ah, — eu digo, rindo. —Entendi. Todo mundo tem que começar de algum lugar.

—Sim, — diz Hanna. —Todos nós começamos nosso caminho até este nível. Não como Oaklee, que nasceu para isso.

Eu olho para Oaklee, porque isso foi um insulto não muito velado. Como se o sucesso dela tivesse sido entregue de bandeja em suas mãos.

Mas ela apenas sorri e diz: —Felicidades para os empreendedores! Agora, onde está minha cerveja para que possamos brindar um ao outro corretamente?

Oh bom. Cerveja. Eu preciso de uma porque as expectativas sociais e culturais nesta sala estão me estressando.

—Cerveja! Cerveja! Cerveja! — Os caras começam a cantar. E então aquele chamado Bear7 - que se parece com um, se você me perguntar - está de pé no bar, batendo palmas até que todos se acalmem.

—Estamos aqui hoje, — grita Bear. —Para celebrar o melhor das cervejas do Colorado. Parabéns aos vencedores deste ano. Jack e sua Black Label Stout ficaram em primeiro lugar no Breckenridge Beer Festival. Parabéns, Jack!

Jack faz uma reverência e celebra olhando para mim. Como se isto apenas provasse o seu valor e que meu comentário foi estúpido, assim como o designer da minha calça Joe Jeans.

—Segundo lugar, — continua Bear. —Vai para Ace e seu Gold Digger IPA! Também em primeiro lugar no Fort Tire Fat Tire Fest!

Ace grita para si e dá um soco no ar.

E então Bear está gritando de novo. —E o primeiro lugar, pelo terceiro ano consecutivo, vai para Hanna e sua cervejaria Buffalo Brews Buffed Up, que ficou em primeiro lugar no Brews of Colorado na semana passada!

Todo mundo fica louco por isso. Assobiando e gritando. Bear até pula do bar para balançá-la enquanto ele a abraça.

Eu olho para Oaklee, que está batendo palmas educadamente, mas seu sorriso é forçado.

Sim. Essas duas definitivamente têm história.

Mas isso é ciúme? Porque Hanna é a estrela agora, não Oaklee?

—E agora para a cerveja!

Quatro das garotas aparecem com bandejas de copos cheios do que eu presumo serem as cervejas vencedoras deste ano. Cada uma está montada no bar, uma para cada um, e Oaklee me pega pelo braço e me arrasta até o final do bar, onde pegamos duas banquetas e olhamos para a bandeja de copos à nossa frente, enquanto todo mundo encontra o seu próprio lugar no bar, ou nas mesas, e começam a falar de negócios.

—Você está bem? — Eu pergunto.

—Sim, — diz ela, projetando o queixo para os copos de cerveja. —Tente eles. Eu não posso esperar para ver o que você pensa.

—Ok, — eu digo, pegando o primeiro. É um copo que diz Black Label Stout, então eu só posso assumir que isso é do Jack. Eu tomo um gole, faço uma careta porque não é o que eu gosto e depois coloco para baixo. —É bom, eu acho. Mas eu gosto mais da sua lama da montanha.

Oaklee sorri, pega a próxima cerveja e entrega para mim. —Tente este.

É o Gold Digger IPA do Ace. Que eu sei que vou amar antes mesmo de tomar um gole.

—Sim, — eu digo. —Isso é bom.

—Sim, ele merece o primeiro lugar se você me perguntar. Agora esta aqui, — ela diz, entregando-me a Buffed Up de Hanna.

Eu tomo um gole e aceno. —Sim, eu amo isso. Tem gosto de...— Mas então eu paro. Tomo outro gole. Então outro, só para ter certeza. Eu olho para ela. Ela está franzindo a testa. Na verdade, seus olhos estão muito tristes de repente. E não porque ela também não ganhou essa competição estúpida.

Ela está franzindo a testa porque...

—Isso é Bucked Up, — eu digo.

Ela acena com a cabeça. Lentamente. Silenciosamente

—Ela roubou sua receita de cerveja e está passando isso como dela?

Outro aceno de Oaklee. Então ela sussurra: —Ela roubou minha receita. E esta não é a única, Law. É por isso que eu preciso de você.


CAPÍTULO 7

Oaklee

Tudo depois disso se torna um borrão. Nós ficamos por um tempo. Um longo tempo. E eu fico bêbada. Porque o que mais eu posso fazer neste momento? O que?

Hanna Harlow era minha colega de quarto na Universidade do Colorado. Nós duas tínhamos dezessete porque nossos aniversários são em outubro. Nós duas éramos especialistas em microbiologia - eu para a cerveja, é claro. Ela para o bem da humanidade. O CDC8 fica em Fort Collins. No campus ocidental da Universidade do Colorado, na verdade. E é aí que ela queria trabalhar. Seu sonho, antes de me conhecer, era erradicar a malária em todo o mundo.

Pelo menos foi o que ela disse.

Nós éramos inseparáveis naquele primeiro ano da faculdade. Na verdade, estávamos tão unidas, tão enraizadas na vida uma da outra, que quando nos permitiram mudar de dormitório no segundo ano, nós alugamos uma casa juntas.

Claro que juntas significava que meu pai pagou porque Hanna disse que não tinha família. Tipo ninguém. Ela me disse que estava com uma bolsa de estudos. Uma assistente social ajudou-a a navegar pelo sistema enquanto ela estava em um orfanato quando criança. Alimentou ela. Cuidava dela quando necessário. Mas aquela assistente social morrera apenas uma semana antes de começar a estudar e a pobre Hanna estava sozinha agora. Tudo o que ela tinha era eu.

Eu quero me amordaçar só de pensar nisso. Quão estúpida eu fui. Quão confiante e ingênua eu era. E todas as maneiras que ela me fodeu no momento em que nós formamos.

Ela começou a roubar minhas anotações primeiro. Ela teve problemas na escola. Em quase todas as aulas e especialmente cálculo e microbiologia.

Eu a peguei roubando minhas anotações de Cálc. III no último ano. E você pode dizer: qual é o grande problema? São apenas anotações, certo?

Mas minhas anotações não são apenas anotações. Eu sou meticulosa. Eu sou metódica. Eu sou uma especialista em anotações. Eu tinha dezenas de pessoas em Cálc. II implorando para comprar uma cópia das minhas anotações no primeiro ano e sempre dizia não.

Eu dava-lhes as cópias de graça.

Porque sou generosa, confiante e estúpida.

Então novamente. Qual é o problema se Hanna as pegava? Eu as teria dado a ela de qualquer maneira, certo?

Mas não é esse o ponto? Não é? Que ela sentiu a necessidade de ir pelas minhas costas? Ela entrou no meu quarto, vasculhou minha mochila e as pegou como se pertencessem a ela.

E elas não eram. Elas eram minhas.

Era uma bandeira vermelha que eu deveria ter ouvido. Um grande e gordo letreiro luminoso de néon me dizendo para dar uma segunda olhada nessa garota Hanna. E sua estúpida história de não ter família. Que, a propósito, não era verdade. Mas eu não descobri isso até o último ano, quando a família dela - todos os seis – apareceram para a formatura.

Descobri depois que os pais dela eram fazendeiros perto de Sterling. Não eram grandes, lembre-se. Não do tipo que ganha vários milhões de dólares por temporada. Mas ainda. Eles estavam bem o suficiente para pagar suas mensalidades porque, sim, está certo. Ela mentiu sobre a bolsa de estudos também.

Ela não era uma daquelas histórias da miséria à riqueza. Ela não era uma empreendedora. Ela vinha de uma família de fazendeiros de classe média alta que parecia muito orgulhosa e muito legal, quando eu finalmente os conheci e percebi que ela era uma sociopata.

Naquela época eu tinha terminado com ela por um tempo. Tínhamos apartamentos separados antes do final do penúltimo ano. Ela estava hospedada em quarto com quatro outras garotas em uma casa no lado oeste da rua Shields e eu estava em um condomínio na loja de tatuagem do centro da cidade. E cara, ela esfregou aquele condomínio na minha cara todas as chances que ela tinha.

—Deve ser bom ter o seu pai pagando por tudo, — ela zombou quando eu dei uma festa e ela se convidou com o novo grupo de amigos que eu fiz desde a nossa queda.

Até parece.

Mas eu não sabia disso então. Eu não percebi o quanto ela mentiu até a escola acabar. E a essa altura quem eu poderia contar? Todos estavam saindo da cidade. De volta às suas casas ou tentando algo por conta própria.

Fui para casa em Denver naquela mesma noite. Meu pai apareceu com um monte de caras da cervejaria. Eles empacotaram minhas coisas enquanto eu recebia meu diploma e me levaram de volta para a Bronco Brews.

Eu encarei ela como uma infeliz associação que provavelmente nunca mais veria, comecei a trabalhar no meu mestrado no Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Colorado e durante três anos felizes, ela não passava de uma lembrança ruim.

Então meu pai morreu e ela voltou.

Enquanto eu estava lidando com o negócio logo após a sua morte e geralmente pegando todas as peças e colocando-as de volta em uma nova maneira enquanto eu tentava descobrir como seguir em frente - verdadeiramente sozinha pela primeira vez na minha vida - ela estava fazendo amigos com todos os outros cervejeiros artesanais. E naquele ano - o ano em que meu pai morreu - foi o primeiro ano em oito décadas que a Bronco Brews não entrou em um único festival de cerveja.

Bem... nós entramos. Eu sei disso agora. Apenas não estava sob o nosso nome. Estava sob o nome dela.

Ela começou a roubar nossas receitas antes que o corpo do meu pai estivesse frio.

Ela começou com uma cerveja velha que havíamos descontinuado. Então, mesmo sabendo que essa era nossa receita, não havia nada que eu pudesse fazer. Não havia nem mesmo uma maneira de provar isso.

Mas este ano ela veio com a Bucket Up. Grande momento.

—Eu não entendo, — diz Law. Estamos dirigindo pela Sexta Avenida em direção ao centro. Eu estou bem e bêbada também. Eu bebi muitos Gold Diggers esta tarde.

—O que você não entende? — Eu pergunto, ficando um pouco tonta enquanto olho pela janela e vejo o cenário passar. Ele ficou quieto esse tempo todo em que eu contei a história para ele.

—Com a audácia dela, em primeiro lugar. Como ela poderia pensar que ninguém notaria?

Eu dou uma risada. —Alguém notou hoje?

—Mas por que eles não notaram? Como eles não notaram? Eu notei, pelo amor de Deus, e nem sequer estou no negócio.

—Você notou porque estava bebendo na noite passada.

—Mas eles são profissionais. É o trabalho deles notar.

—Bucked Up foi novo há trinta anos. É a primeira grande cerveja que já fizemos. Ganhou todos os tipos de prêmios na época, mas não entramos mais nos concursos do festival. Por que nós? Desenvolvemos novas cervejas a cada ano. Já teve o seu dia.

Ele apenas balança a cabeça. —Bem, eu não acho que ela gosta de mim. Todo esse plano não vai funcionar. Ela nem olhou para mim esta tarde. Na verdade, ela saiu do seu caminho para me evitar. Eu tentei mansplain sobre meu treino na academia e ela zombou disso.

—Sim, porque eu estava lá. Ela viu você. Você praticamente declarou seu amor por mim. Eu estou vestindo sua jaqueta. É uma história de amor de adolescentes no que me diz respeito e ela vai reagir apropriadamente. Acredite, você vai esbarrar nela daqui a alguns dias. Ela vai aparecer do nada e ser amigável e provavelmente cheia de mãos também. Ela não roubou minhas anotações, ela roubou pelo menos três dos meus namorados na faculdade. E ela copiou totalmente minha tese sênior.

—O que você quer dizer?

—Como roubou, Law. Ela descobriu qual era o meu tema e fez o dela sobre a mesma coisa. Então ela pediu para se apresentar em primeiro lugar na aula, então parecia que eu roubei dela.

—E as pessoas caíram nisso?

—Bem, ela tem um A e eu tenho um B +. Então eu acho que eles caíram.

—Talvez ela tenha apenas feito um trabalho melhor?

—Mas que porra?

—Eu estou sendo o advogado do diabo aqui, Oaklee. Não fique com raiva de mim. Estou do seu lado.

—Ela vai fazer um movimento em você, apenas observe.

Mas ele está balançando a cabeça. —Acho que não. Eu não sou o tipo dela.

—Você é o tipo dela. Seu tipo é meu tipo, ok? Então você é o tipo dela.

Ele olha para mim e sorri. —Eu não sou seu tipo também.

Eu solto um longo suspiro de ar porque ele está certo. Eu não saio com caras do setor imobiliário. Eu realmente não namoro, mas quando eu namoro... namoro bad boys. —Amanhã vamos ao showroom da Shrike Bikes e vestimos você como um motoqueiro, então quando ela finalmente fizer seu movimento, ela verá o que está perdendo.

—Então esse é o seu tipo, huh? Motociclista?

—Não me julgue.

—Eu não estou te julgando. Eu só estou perguntando.

—Por que você acha que eu não namoro? É porque não importa com quem eu saia, ela descobre e rouba ele.

—Ela não veio para mim hoje.

—Não, claro que não. Mas ela vai. E mesmo que você ache que gosta dela, e é seu trabalho seduzi-la - não se apaixone por ela. Ela só quer o que eu tenho. Ela não quer você.

—Você percebe que isso é um pouco...

—Paranoico? — Eu ri. —Apenas espere. — Viro as costas para ele e cruzo as pernas, balançando o pé em irritação. —Eu não sou paranoica. Isso vem acontecendo desde o primeiro ano. Eu a conheço melhor do que ninguém. Ela está fixada em mim. No meu sucesso, ou na minha sorte, ou na minha família, ou qualquer outra coisa. Ela pega o que eu tenho, não porque ela quer, mas porque ela não quer que eu tenha. É simples assim.

—Então esse é o seu jogo final? Fazer ela se apaixonar por mim. Então o que?

—O Capitol Hill Beer Fest é no próximo domingo. Você pode inserir uma cerveja para o concurso até a noite anterior, porque a degustação é feita ao vivo na frente de uma multidão. Então, vou inscrever a Bucked Up e ver o que acontece quando os provadores tiverem que provar duas cervejas iguais. Porque eu já sei que ela inscreveu a Buffed Up também.

Ele coça o pescoço, como se estivesse pensando sobre isso. —Essa é a única inscrição que você tem?

—Não. — Eu suspiro. —Assassin Sour Saison é minha cerveja de edição especial de grande reserva este ano. Essa é a minha entrada principal. Mas de jeito nenhum ela produziu uma Saison. Ela não tem talento para criar uma receita azeda, número um. E ela tem uma única cervejaria. Buffalo Brews é pequena. Ela tem um bar muito pequeno em Boulder e não emprega um departamento inteiro para pesquisa e desenvolvimento como eu faço. Ah, e eu mencionei o nome do selo dela? Buffalo Brews. — Eu bufo novamente. —Você vê como ela roubou meu nome também?

—Não, — diz ele, saindo da Sexta Avenida e indo para o norte na I-25. —A sua se chama Bronco. A dela é Buffalo.

—Sim, mas é semelhante.

—Não realmente, — diz ele.

O que só me irrita. Como ela faz isso? Levar as pessoas a confiar nela? Dar a ela o benefício da dúvida? Dar uma de advogado do diabo?

—Bem. — Eu ri. —Não há como negar que Buffed Up está descaradamente copiando Bucked Up. E você sabe que ela tentou registrar uma marca para o Buffed Up?

—E?

—E? É uma confusão gritante! Ela sabe que as pessoas não saberão a diferença!

Ele suspira. E isso me irrita porque estou certa, droga! Eu não sou louca!

—De qualquer forma, — eu digo, limpando a minha raiva e irritação. —Não tem como ela entrar inscrever uma Saison este ano. Mesmo que ela soubesse que eu estava preparando uma, ela não pode replicar. É um processo longo. E eu tenho essa receita escondida no meu apartamento desde que eu a inventei. Eu fiz isso sozinha. Eu tive esses tanques e fermentação fechados com chave e cadeado durante os últimos três anos enquanto envelhecia. Eu supervisionei pessoalmente todo o processo - da incubação de leveduras ao engarrafamento. Você é o único que viu o rótulo. Ela não roubou essa.

—É por isso que eu só fiz o teste do sabor cego em três cervejas na noite passada, não quatro.

—Exatamente. Ela não tem isso. E ela não sabe que eu também tenho.

Pelo menos eu digo a mim mesma isso. Eu preciso acreditar nisso. Porque se Hanna Harlow pusesse as mãos na minha receita de Sainson eu poderia matá-la. Como realmente explodir seus malditos miolos.

—Às vezes eu acho que ela sabia sobre mim, sabe?

—Não, — diz Law. —O que você quer dizer?

—Como... ela foi para a CSU9 porque eu estava indo para a CSU. Ela sabia de mim. De alguma forma. E planejou tudo isso.

—Oaklee, — ele diz com uma risada. —Isso não é paranoia, isso é loucura. Como ela saberia sobre você?

—Eu sou a herdeira de Bronco Brews!

—Sim, mas e daí? Quero dizer, por que diabos ela se fixaria em você?

—Não sei. Mas tudo foi perfeitamente planejado. A coisa da companheira de quarto. E por que ela faria microbiologia? Ela era péssima nisso. E eu poderia dizer que ela nunca estava realmente interessada nisso. Ela só passou em genética microbiana porque me enganou no final.

—Talvez ela realmente quisesse salvar o mundo da malária? — Ele diz.

—Eu não sou louca, ok?

—Seja como for, — diz ele, saindo da estrada para a Speer e indo para LoDo. —Você me comprou por duas semanas e eu preciso de você para o show de Home TV. Então eu farei o que você quiser. Até mesmo atrair sua arqui-inimiga para uma experiência falsa de namorado, se é isso que vai fazer você feliz. Mas é um desperdício de setenta mil dólares se você me perguntar.

—Bem, eu não perguntei a você. E eu não sou maluca. Ela é obcecada por mim.

Ele apenas sorri e fica quieto. O que significa que ele pensa totalmente que sou louca.

—Você sabe, é por isso que eu nunca falei sobre isso para os caras lá na Ópera House. Eles agiriam da mesma maneira que você.

—Eu não estou agindo de jeito nenhum, ok? Eu estou apenas...

—Sendo o advogado do diabo, eu entendo. Mas você não acredita em mim, não é?

Ele encolhe os ombros quando ele entra em sua garagem. —Eu acho que essa garota está debaixo da sua pele. Acho que você perdeu seu pai há alguns anos e ainda está se recuperando. Ela é um bom bode expiatório. Talvez até uma adversária digna. E é possível que você esteja fora do seu jogo agora e precise de uma desculpa. Algo mais do que você apenas esteja... triste. Você sabe?

Ele olha para mim e desliga o carro. Nós nos sentamos lá no escuro silêncio do estacionamento subterrâneo apenas olhando um para o outro.

—Foda-se, — eu digo.

—Não, buck você, Oaklee.

E eu não posso evitar. Eu ri.

—Você está bêbada. Eu vou te levar para casa. — Ele sai do carro, anda para o meu lado e abre a minha porta, inclinando-se sobre mim para soltar o cinto de segurança. —Vamos, — diz ele, estendendo a mão.

Eu pego e deixo ele me puxar para fora do carro, então seguro seu braço para me equilibrar enquanto caminhamos pelo beco em direção ao meu prédio.

—Ela está...

—Pare, — diz ele, me cortando. —Apenas esqueça ela. Você tem sua cerveja azeda estúpida para mostrar a ela quem manda naquele festival de cerveja. Apenas deixe ir.

—Eu não vou deixar passar. E você também não. Este é o seu trabalho, Law. Você vai seduzi-la e descobrir se ela realmente roubou minha receita da Bucked Up.

—Como diabos eu devo fazer isso?

—Faça ela se apaixonar por você, é claro. Em seguida, bombeie-a para obter informações.

—Você percebe que se ela é a psicopata que você diz que ela é, ela vai estar em cima de mim, certo?

—Ela tem um objetivo. Ser eu. Então ela não estará pensando em cerveja quando estiver com você. Você vai ter certeza disso. Amanhã vamos ao Shrike Bikes e transformar você em meu tipo de cara.

—Tanto faz.

Entramos no saguão da Bronco Brews, que está movimentado com uma multidão que se reúne na sexta à noite, e nos dirigimos diretamente para os elevadores. —Eu posso ir sozinha a partir daqui, — eu digo, encostando minha chave de acesso no elevador uma vez que ele fica trancado nos fins de semana.

—Merda, — diz Law quando as portas se abrem e me empurra para frente. —Que tipo de namorado eu seria se não a levasse até a sua porta?

—Procurando por um beijo de boa noite, Sr. Ayers?

Ele apenas sorri para mim quando as portas se fecham.

Alguns segundos depois eles se abrem de novo no meu apartamento e nós dois saímos.

—Eu não gosto dessa configuração.

—Que configuração? — Eu pergunto, jogando minha bolsa no balcão da cozinha e caminhando até o sofá para cair nas almofadas.

Ele segue, senta do outro lado do sofá e pega meus pés para cima, colocando-os em seu colo enquanto desliza meus sapatos e começa a massagear. —Aquele elevador que leva direto para o seu apartamento. Você percebe que, depois de vender os condomínios, haverá um monte de estranhos com acesso a eles?

—Todos as chaves de acesso serão codificadas.

—Não durante o horário comercial.

—Deus, isso é bom. — Sua massagem nos pés não é brincadeira.

—Você precisa de um desses portões de sanfona.

—Eu pesquisei isso, — eu digo, fechando os olhos para apreciar a maneira como as pontas dos dedos estão pressionando as solas doloridas dos meus pés. —E eu provavelmente vou tê-los antes que os apartamentos sejam colocados à venda.

—Eu conheço um cara que faz isso. Vou ligar para ele para você.

Eu abro um olho turvo para sorrir para ele. —Sentindo-se protetor de repente?

Ele encolhe os ombros, olhando para mim. —Você é jovem. Bonita. E rica, Oaklee. E enquanto eu acho que sua obsessão com Hanna é apenas isso - uma obsessão - você é um alvo. Você deve levar a segurança pessoal mais a sério. Especialmente desde que você mora aqui sozinha. Não te assusta?

—Não até você colocar dessa maneira. — Eu ri.

—Sério, quão grande é esse lugar? —

—Quatro mil metros quadrados. Mais ou menos.

—Jesus, — diz ele, olhando em volta.

—Mas é um lar, — eu digo. —Meu pai e eu moramos aqui desde que nasci. Eu o renovei, claro. Mas todo o material original ainda está aqui. Eu não posso sair. Mesmo se eu quisesse.

Ele balança a cabeça e começa a massagear minha panturrilha. O que provoca uma sensação mais sensual que o pé.

Eu só olho para ele um pouquinho. A maneira como ele está se concentrando na massagem. A sombra da barba no queixo. Seus ombros largos e a maneira como seus músculos se movem em seus braços enquanto ele trabalha sua magia na minha perna cansada.

Eu não tenho uma massagem há séculos.

Ou sexo. Eu não faço sexo há meses e o último mal conta. Foi rápido e anticlimático. Literalmente. Pelo menos para mim.

Talvez eu deva aproveitar as vantagens que vêm com a experiência do namorado, afinal de contas?

Eu sei que estou bêbada. Possivelmente perto de bêbada, como ele insinuou. Aqueles Gold Diggers tinham mais de oito por cento de teor alcoólico e eu tenho certeza que bebi um pacote de doze. Mas Lawton Ayers é muito bonito. Mesmo que ele não seja exatamente o meu tipo.

—Isso é bom, — eu sussurro.

Ele sorri para mim, fazendo-me notar, pela primeira vez, que ele tem uma pequena covinha no queixo quando faz isso. —Sim. Sou bem conhecido pelas minhas massagens nos pés e nas pernas. Praticamente famoso.

O que me faz pensar. —Então qual é o seu negócio? Quero dizer, além de você estar passando por uma crise precoce da meia-idade e quer ser uma estrela de TV?

—Ah, — diz ele, rindo um pouco. —Essa é uma longa história para outra hora.

—Quero dizer, você não tem namorada?

—Não, — diz ele, balançando a cabeça enquanto olha de volta para a minha perna.

—Por que não?

—Por que você não tem um namorado?

Eu dou de ombros —Estou muito ocupada, eu acho. Para colocar esse tipo de esforço.

—O mesmo, — diz ele, olhando para mim por um momento, soltando a covinha mais uma vez.

—Então você só o que? Se relaciona com as pessoas?

—É isso o que você faz?

—Ocasionalmente.

—Mesmo.

—Você está dando uma de misterioso em mim, Sr. Ayers?

—Eu vejo para onde isso está indo e não quero que saia do controle.

—O que você quer dizer? — Eu rio.

—Você está bêbada. Você está com raiva daquela garota Hanna. E eu sou seu garanhão contratado por duas semanas. Então você está pensando... ei, por que não transar com ele?

Eu mordo minha língua. Mas não nego isso. Porque eu estou bêbada, com raiva e com tesão. —Então você vai o que? Me negar?

—Você está perguntando?

—Você diria que não?

—Provavelmente não. Quero dizer, você é meio gostosa.

—Só meio? — Eu digo, piscando.

—Mas eu me odiaria de manhã.

—Por quê? — Agora estou de cara feia.

—Porque você está bêbada, Oaklee. E não está certo.

—Ohhhh, — eu digo, entendendo. —Você é um daqueles homens morais que tem dificuldade em enxergar a diferença entre oportunidade e vantagem.

—Você está vindo para mim? — Ele pergunta.

Eu concordo.

—Então a cerveja faz você convenientemente esquecer que esse jogo não é sobre sexo? Que nem é sobre você?

—Bem... você está me tocando de uma maneira que substitui todas as minhas sensibilidades.

—Que é a razão perfeita por que eu deveria levantar e ir para casa agora e deixar você dormir.

—Então vá, — eu digo.

Ele apenas ri.

—Ou você poderia ser um bom namorado e me colocar na cama.

—Não comece algo que você não pode terminar. Não é justo.

—Justo? — Eu rio alto.

—Sim. Porque eu sou um cara e você é simpática. Também louca. Mas de uma forma divertida até agora. E você é linda. É isso que você está esperando para ouvir? Que te acho atraente?

—Mais ou menos atraente que Hanna Harlow?

—Jesus.

—Sério.

—Bem, vocês duas são muito parecidas, na verdade.

—Eu sei! Certo? Ela até copiou meu cabelo! Você sabia que quando eu a conheci ela tinha cabelo joãozinho? E agora é longo e ondulado e selvagem como o meu!

—Eu estava brincando, Oaks.

O apelido me faz sorrir. —Meu pai costumava me chamar assim.

—Desculpe, — diz ele, redirecionando sua concentração para a massagem. Que parece muito melhor do que deveria. Tipo... todo o meu corpo está vibrando. O formigamento está subindo pela minha perna direto para a minha boceta.

Quando chega lá, começa a pulsar.

Ele tem razão. Eu deveria parar isso agora.

Mas ele me chamou de Oaks. Como se fôssemos velhos amigos. E ele está aqui e não há nenhum embaraço como costuma acontecer com um primeiro encontro - mesmo que isso não fosse um encontro.

É como se fosse um encontro.

Deus, Oaklee. Se recomponha.

Então eu tento me concentrar na conversa.

—Não, eu sinto falta desse apelido. E eu sinto falta dele, então você estava certo sobre isso. Assumir o negócio sempre foi o meu destino na vida. Mas não é assim, sabe?

Agora seu sorriso é triste. E eu não quero me sentir triste. Triste é algo que eu estou muito familiarizada. Então eu puxo minhas pernas para cima, me ajoelho e rastejo até ele. Sento-me em seu colo e depois monto em seu colo.

Tudo isso para me recompor.

—O que você está fazendo? — Ele pergunta, olhando nos meus olhos.

—Eu não estou tão bêbada, — eu digo, inclinando-me para beijá-lo.

Ele beija de volta. Sem brigas. Sem palavras. Somente...

Sua língua encontra a minha e elas se movem juntas como se fôssemos velhos amigos. Como se este não fosse nosso primeiro beijo, mesmo que seja. Como fizéssemos isso milhares de vezes antes, embora não tenhamos feito isso.

—Eu menti, — eu digo, sussurrando em sua boca.

—Sobre o que? — Ele sussurra de volta.

—Eu comprei a experiência do namorado para mim.

Ele sorri e eu amo o jeito que isso provoca contra meus lábios.

—E você é perfeito até agora.

—Eu sou?

—Mmmhmmm. Você abre as portas. E me diz para usar meu cinto de segurança. E me leva para casa.

—Isso é apenas o serviço padrão, minha senhora.

—Oh. — É a minha vez de sorrir contra seus lábios agora. —Bem, eu paguei pelo pacote de luxo. O que isso inclui?

—Você que diz. Qual é a sua ideia do namorado perfeito?

Eu me inclino para trás, segurando os músculos firmes de seus ombros, e penso sobre isso. Ele apenas olha para mim com um sorriso estúpido no rosto.

Não é estúpido, como idiota. Mas estúpido como fofo.

Sim. Fofo.

—Bem, — eu digo, levando-o. —O namorado perfeito está sempre do seu lado, sabe? Mesmo quando você está sendo louca.

Ele ri baixinho. Mas seus olhos nunca deixam os meus. Ele apenas olha para mim. —O que mais?

—E, — eu digo, mordendo meu lábio enquanto penso. —Ele protege você.

—Como se ele conseguisse uma porta de segurança para o seu elevador, para que nenhum maluco conseguisse se acidentar.

Eu rio e balanço minha cabeça. —Meio assim, sim.

—O que mais?

—Ele se lembra das coisas.

—Que tipo de coisas? Como aniversários, datas especiais e Dia dos Namorados?

—Puff, — eu digo. —Não. Esse é o pacote padrão. — O que o faz sorrir. Grande o suficiente para aparecer aquela covinha para mim. —No pacote de luxo para namorado, ele se lembra de coisas como... como ela gosta de cozinhar para ele, então ele traz para casa ingredientes frescos uma vez por semana.

Ele levanta as sobrancelhas. —Ela gosta de cozinhar?

Eu concordo. —Ela gosta. E ele gosta de comer. Mesmo que ela faça alguns pratos experimentais de vez em quando. Na verdade, ele procura por receitas obscuras on-line e apenas traz as compras necessárias para casa de vez em quando para mostrar seu apoio.

—Ahh, — diz ele, rindo. —Anotado. O que mais?

—Ele se veste para o Halloween.

—Hmmm, — diz Law. —Tipo combinando as fantasias?

—Exatamente, — eu digo, me forçando a manter uma cara séria.

—O-kay... é isso?

—Nuh-uh, — eu digo, balançando a cabeça um pouco. —Tem mais.

Ele espera, mas ele deve ter captado o significado quando eu não respondo - e eu estou sorrindo como uma idiota com os pensamentos correndo soltos na minha cabeça. Porque ele diz: —Certo. Ele conhece todos os seus pontos doces que querem ser massageados.

Eu ri. Eu não posso evitar. —Ele conhece. — E então eu me inclino em seu ouvido, meus lábios roçando a pele de sua mandíbula, e sussurro: —Ele pode fazê-la gozar em segundos se ele quiser. Ou ele pode tirar isso dela lentamente durante uma noite inteira.

—Do que ela gosta mais? — Ele sussurra de volta.

—Depende do humor dela. Por exemplo, hoje à noite ela está apertada e só precisa de uma liberação. O namorado de luxo perfeito saberia disso e agiria apropriadamente.

Eu me inclino para trás assim que ele abre a boca para responder, e coloco meus dedos em seus lábios, dizendo: —Shhhhh.

Ele olha para mim por sete longos segundos. Seus olhos procurando os meus. Correm de um lado para outro como se ele estivesse travando uma guerra interna consigo mesmo.

Mas então as mãos dele encontram o caminho até a curva da minha bunda e eu fecho os olhos e digo: —Você tem ótimas mãos.

CAPÍTULO 8

Lawton

Então é isso que eu estou pensando enquanto tudo isso está acontecendo.

Ela está bêbada.

Ela é gostosa.

Mas ela está bêbada.

Mas ela está vindo para mim.

Mas ela está bêbada.

Mas ela pagou pela experiência do namorado.

Mas ela está...

Foda-se.

Exatamente assim. Quero dizer, sou um cara. Eu só posso travar uma guerra comigo mesmo por esse tempo, sabe? Ela tem sua buceta posicionada bem em cima do meu pau. E porque eu sou apenas um cara, na verdade eu ficaria duro apenas com isso. Adicione a insinuação sexual e bem você tem que saber quando a batalha acabou e é hora de se render.

Então eu deixo minhas mãos deslizarem pelo seu corpo e seguro sua bunda. Isso a faz avançar um pouco, pressionando-se no meu pau de um jeito que me leva de meio mastro a vela cheia.

O primeiro beijo foi incrível. Sua boca é macia e seus lábios carnudos apertados contra os meus podem ser a coisa mais sensual que eu experimentei em muito tempo. Melhor que a sensação dela esfregando meu pau. Melhor que essa dança acontecendo entre as nossas línguas.

Mas o segundo beijo é ainda melhor. É um pouco mais duro. Apenas um pequeno desespero adicionado. De repente eu quero segurá-la em todos os lugares ao mesmo tempo. Eu quero segurar seu rosto e sua bunda e deslizar minhas mãos entre suas pernas porque eu sei que sua buceta está tão molhada quanto sua boca agora.

Eu gosto do desespero. A foda dura e rápida é sempre uma vencedora. Mas me sinto um pouco culpado. Como se eu estivesse aproveitando esse dia. Deste contrato. Dela.

Então eu troco as coisas e levanto minhas mãos até o pescoço dela, enfiando-as em sua longa e selvagem juba de ondas loiras, e a abraço enquanto nos beijamos.

Eu gosto do lento e macio também e é isso que eu vou dar a ela hoje à noite.

Quero dizer... lutar contra isso é uma causa perdida. Eu já me perdi. A opção de parar não está mais na mesa. Então eu vou fazer valer. Eu vou fingir que ela é a única garota no mundo. Ela é minha visão de parceira perfeita. Somos um casal e somos um casal desde o início dos tempos.

Eu vou fazer isso perfeito.

É assim que vou justificar isso. É assim que eu vou fazer as pazes com ela por ser um idiota que não consegue controlar seus desejos primitivos.

—Oaklee, — eu digo. Porque eu quero que ela saiba que estou com ela. Dela. Não mais ninguém. Somente ela.

—Deus, — ela diz, sussurrando a palavra. —Você é muito mais quente do que parecia na primeira vez, Law.

—Isso é porque você está bêbada, — eu digo, rindo enquanto eu tiro um pedaço de cabelo cobrindo os olhos e o coloco atrás da orelha.

—Se você diz, — ela diz, sua mão passando contra a minha camiseta enquanto ela pega meu cinto. Quando ela consegue, ela olha para baixo e para de rir. —Burberry. Inspecionado. Eu deveria saber.

—Combina com os meus sapatos, — murmuro distraidamente, ainda brincando com o cabelo dela. É macio. Tanto na textura como nas ondas. Ela estaria em casa, nas margens do rio que passa pela propriedade que vou comprar em Indian Hills. Eu quase posso imaginá-la lá comigo. Vestindo uma camisa de verão transparente e shorts curtos que têm todas aquelas cordas brancas penduradas nas bordas irregulares. Seus ombros bronzeados pelos dias ao sol. Rindo, claro. Porque ela ri muito. Eu não ouvi muito disso, mas o que eu ouvi, eu amo.

Amor. Jesus. Se segure, Lawton. Ela contratou você para ser um namorado falso para sua inimiga. Ela não está na sua.

Certo.

Exceto que agora ela está.

Então, novamente... foda-se. Porque eu não quero dizer não. Mesmo se eu pudesse, e eu decidi que não posso, não quero.

Ela está com o cinto solto e o botão do meu jeans aberto. O zíper está para baixo e a mão dela está pressionada contra mim, massageando meu pau enquanto penso nessa rápida mudança de eventos.

Eu não deveria pensar nisso. Eu deveria deixar todos os pensamentos errantes em minha cabeça irem e me concentrar no aqui e agora. Apenas aproveitar isso.

Mas eu não sou esse tipo de cara. Eu não sou uma pessoa que deixa fluir. Em absoluto. Eu estava pensando no amanhã e agora é completamente diferente. Porque amanhã eu acordarei aqui, ou sozinho em meu loft, e terei que lidar com as consequências. Haverá aqueles silêncios constrangedores enquanto nós nos lembramos do que fizemos. Vai haver algum tipo de muro entre nós agora. Distância desconfortável.

Mas ela me beija novamente. E mesmo que eu já tenha me sentido de duas maneiras sobre seus beijos, também é diferente dessa vez. Não é suave, não é exigente, é... uma passagem para outra coisa.

O problema é que eu não tenho ideia do que essa outra coisa é e isso vai me deixar louco.

—Você está me deixando louco, — eu digo inesperadamente.

Ela se aproxima de mim, então seus seios estão pressionando meu peito. Sua mão ainda está entre nós, mas ela está levantando a saia e - eu acho - brincando consigo mesma.

—Estou me deixando louca também. — Ela ri.

—Você tem certeza...

—Sim.

Então eu me levanto, agarrando sua bunda para manter seu corpo perto, e ela automaticamente envolve suas pernas em volta da minha cintura. Eu quero levá-la para cima, mas eu realmente não sei onde o quarto dela está e procurando isso iria matar o clima. Então eu apenas a reposicionei em uma das extremidades longas do sofá em forma de u e a levanto para trás até que suas pernas parem de agarrar minha cintura e ela se deixa deitar.

Eu coloco uma mão em cada um dos joelhos dela e vou em frente. Basta abri-los enquanto ela levanta a saia para fora do caminho e puxa a calcinha para o lado, e vai em frente.

Eu estou de joelhos, minha cabeça posicionada, minha boca salivando com o pensamento de lambê-la. Ela se reposiciona de modo que suas costas estejam pressionadas nas almofadas e suas pernas estejam bem abertas, e uma de suas mãos está na minha cabeça - não me guiando exatamente. Mas me incentivando.

Eu não preciso da insistência. Minha língua se move contra suas dobras, fazendo ela gemer e se mexer um pouco. E eu assumo o trabalho de manter sua calcinha afastada, então ela está livre para fazer o que quiser com essa mão.

Ela desliza ao longo do meu pescoço, arrastando suavemente suas unhas compridas pela minha pele, e esses leves toques de pena fazem meu corpo inteiro acordar com um arrepio de prazer.

Ambas as minhas mãos alcançam e agarram seus seios, apertando-os enquanto eu lambo ela, procurando pelo local que vai fazê-la gemer.

—Ele pode me fazer vir em segundos, se ele quiser, — diz ela. —Ou ele pode arrastá-lo para fora de mim lentamente, durante uma noite inteira.

Suas palavras sobre o que faz um namorado perfeito.

Uma mão solta seu seio e desliza para baixo, roçando em sua camisa brilhante com pedrarias até que eu tenho um dedo pressionando contra a entrada de sua buceta.

Ela está molhada lá embaixo. Assim como a boca dela estava molhada quando nos beijamos. E quando eu empurro a ponta do meu dedo dentro dela apenas alguns centímetros, apenas o suficiente para separar suas dobras de carne com cheiro doce, ela arqueia as costas e começa a respirar pesadamente. Seu peito sobe e desce, o ar saindo de sua boca em suspiros irregulares, como se eu realmente pudesse fazê-la gozar em segundos.

Mas eu não quero.

Eu decido arrastá-lo devagar.


CAPÍTULO 9

Oaklee

Meu Deus, ele é tão bom. Sua língua faz coisas mágicas para mim. Seu dedo é gentil enquanto sonda minhas profundezas interiores. Talvez seja muito gentil. Eu posso sentir o clímax apenas esperando. Apenas saindo, sentado na beira de uma queda de trinta metros, esperando que ele me empurrasse.

Mas ele não faz.

Oh, sua língua nunca para e seu dedo continua pressionando. Mas ele não vai deixar isso entrar em mim profundamente. Sua língua sempre sente falta do meu clitóris, e eu sei - eu apenas sei - ele está fazendo isso de propósito. Lawton é um homem que conhece o caminho de uma mulher, posso dizer. Ele sabe exatamente onde estão meus botões quentes.

—Mais, — eu digo. —Eu quero mais.

Mas ele não me responde. Não para o que ele está fazendo. Não faz nem mesmo a menor mudança em seus movimentos.

É tortura com um lado de felicidade.

É um prazer delicioso.

É uma agonia lúdica.

E eu não acho que posso aguentar. Eu não acho que ele vai me fazer vir em segundos e é isso que eu quero agora. Ele vai arrastar isso para fora de mim devagar só porque ele pode.

—Lawton, — eu gemo. —Vamos...

Mas ele continua lambendo. Apenas continua pressionando. Sua língua deliberadamente perdendo o único lugar que eu quero desesperadamente tocar. Seu dedo apenas fundo o suficiente dentro de mim, então eu sei o que ele poderia fazer, sempre me segurando e nunca me dando o que ele deveria fazer.

—Você está me provocando.

O que o faz rir. O leve sopro de ar que escapa de sua boca é como um vibrador ajustado na velocidade mais lenta.

Eu agarro seu cabelo e pressiono seu rosto em mim. Eu mexo meus quadris, procurando uma maneira de fazê-lo escorregar. Fazer ele desistir e me dar o que eu preciso.

Mas ele puxa de volta. Retira o dedo.

Eu olho para ele, horrorizada. —O que você está fazendo?

O sorriso travesso deve ser suficiente, mas ele dá um passo além e confirma minhas suspeitas. —Tomando o meu tempo.

Minha respiração é pesada e rápida, minha mente girando e um pouco tonta. Meus olhos querem fechar e quero que ele volte a me lamber, mas ele se levanta.

—Mais, — eu digo, sussurrando as palavras.

—Oh, você vai conseguir mais, Oaklee. Muito mais.

Ele tira os sapatos e puxando a camiseta sobre sua cabeça.

Eu assisto, paralisada por seu peito perfeitamente musculoso. E então ele arrasta o jeans para baixo de suas pernas, chuta-as para o lado e apenas... fica lá.

O luar está brilhando através das janelas da minha cobertura. Iluminando-o de um lado, mantendo-o na sombra do outro.

Ele é Adônis. Ele é o David. Ele é a perfeição.

Seu pênis é longo e duro, deitado contra sua coxa. A ponta redonda e seu eixo grosso. Ele está totalmente ereto. Pronto pra mim.

Então, por que ele simplesmente não me toma?

—Me tome, — eu imploro.

Ele apenas balança a cabeça negativamente.

—O que você está fazendo? — Eu pergunto.

Ele não diz nada. Apenas se senta no sofá e dá um tapinha na coxa dele. Um gesto de vir para cá. Um convite para sente-no-meu-colo.

Eu nem hesito. Apenas me levanto, dou alguns passos que nos separam, e sento-me novamente em seu colo, pressionando minha buceta contra seu pênis para tentar seduzi-lo a ceder.

—Alto lá, vaqueira, — diz ele, seus olhos ainda brilhando com malícia. —Ainda não estamos prontos para isso.

Como? Eu me pergunto. Como ele pode estar tão calmo e no controle e pronto para ir devagar quando tudo que eu quero é que ele me foda com força e me faça gozar?

Como poderíamos ser tão diferentes?

—Tire a jaqueta, por favor.

Eu dou uma risada. Mas eu tiro essa coisa em dois segundos.

—Bom, — diz ele, brincando com meu cabelo. —Agora a camisa.

Agora estamos chegando a algum lugar, quero dizer de volta. Mas eu não sei. Porque eu não acho que ele quer que eu seja brincalhona. Eu não acho que ele quer que eu faça nada além de ouvi-lo e fazer exatamente o que ele diz.

Então eu pego a bainha da minha camiseta e a levanto sobre a minha cabeça, meus seios se levantando enquanto eu faço isso. Eu o coloco de lado, esperando que ele esteja olhando para os meus seios e do jeito que eles querem sair do meu sexy sutiã, mas ele não está. Ele está me olhando nos olhos quando eu encontro seu olhar.

—Tire isso, — diz ele.

Meu sutiã, obviamente. Então eu chego ao redor, solto os ganchos, e a tensão do elástico diminui, deixando meus seios caírem de sua apertada restrição.

Eu sinto que não posso respirar. Ele está me observando, ainda sem olhar para os meus seios. Mas ele tem um pequeno sorriso subindo pelo rosto. Assim está indo exatamente do jeito que ele planejou.

Eu retiro meu sutiã e deixo cair no chão, inconscientemente pressionando meus seios junto com meus braços.

Meus mamilos estão apertados, a pele macia esticada quando eles chegam ao pico.

—Brinque com eles, Oaklee, — diz ele. —Eu quero ver você brincar com eles.

Bom Deus. Eu sinto a umidade entre minhas pernas.

É estranho ser controlada assim. Porque mesmo que ele esteja me dizendo o que ele quer e o que ele quer que eu faça, sinto que estou desistindo disso livremente.

Eu brinco com eles. Eles não são enormes em nenhum sentido. Mas eles são grandes. Do tamanho de pequenos melões. Eu massageio com as palmas das mãos, em seguida, belisco cada mamilo, beliscando forte o suficiente para me fazer estremecer.

Como? Como ele está me fazendo fazer isso?

—Você é multi-orgásmica? — Ele pergunta, ainda sem olhar para os meus seios, apenas para os meus olhos.

Eu dou de ombros. —Acho que não. Não sei. Eu nunca tive esse tipo de experiência antes. —

—Você quer que eu te mostre? — Ele pergunta.

—Me mostrar? — Eu pergunto de volta.

—Como se tornar multi-orgásmica?

Eu concordo. Porque eu gostaria muito disso. Então eu digo: —Sim. Mostre-me como.


CAPÍTULO 10

Lawton

Eu digo: —Eu vou rasgar sua calcinha agora, — bem quando o som do tecido sendo rasgado enche a sala. Ela engasga, mas continuo observando seus olhos. —Elas estavam no meu caminho, — acrescento, a título de explicação.

—Ok, — ela responde, dois segundos tarde demais para se opor.

—Agora me coloque dentro de você.

Eu quase posso ouvir o batimento cardíaco dela quando as palavras saem da minha boca. Ela fica dois segundos atrasada novamente, meu comando correndo em sua mente, procurando por significado.

O significado vem depois. Não há pressa.

Ela deve concordar, porque ela levanta seus quadris, alcança meu pau e envolve sua mão em torno dele. Eu assisto ela. Meus olhos nunca saem dela enquanto ela bombeia algumas vezes, consumida pela vontade de me sentir.

—Mantenha o foco, Oaklee, — eu digo. Um lembrete gentil que ela leva a sério porque ela respira fundo e pressiona a ponta do meu pau contra suas dobras molhadas. —Agora afunde. Coloque-me totalmente dentro de você. E então mantenha parado.

—Você está tentando me matar, não é?

Eu me permito rir um pouco disso. —Não, — eu digo. —De modo nenhum. Estou tentando fazer com que você sinta o que merece sentir quando se entrega a um homem. Isso é tudo.

—Isso é tudo, — diz ela. Mas não é como uma pergunta. Ela engole em seco, coloca as mãos em ambos os meus ombros e afunda como eu pedi a ela.

Seus olhos se fecham e este pode ser o melhor momento do dia. Observando-a sentir prazer enquanto ela enterra meu pau dentro de sua vagina.

Quando suas coxas estão contra as minhas, ela abre os olhos de novo, ficando parada como eu pedi. —O que agora?

—Agora brinque com seus seios novamente. E Oaklee?

—Sim, — ela sussurra.

—Aproveite.

Ela solta um longo suspiro com seu sorriso e diz: —Oh, eu vou. Não se preocupe com isso.

Quando ela começa a massagear seus seios mais uma vez, eu deslizo uma mão por baixo de sua saia sedutora e encontro seu clitóris, meu polegar deslizando sobre ela enquanto ela segura o fôlego e para o que ela está fazendo.

—Não pare, — eu digo. —Estou mostrando como é feito, lembra?

—Mmmhmm, — ela choraminga. —Está bem. — E então recomeça a brincar com seus seios.

—Mais duro, — eu digo. O que ela interpreta mal e começa a balançar os quadris para trás e para frente, então eu agarro seu quadril e ainda assim quando digo: —Não, aperte seus seios com mais força, Oaklee. Mas fique parada até eu deixar você me foder.

—Jesus, Lawton. O que você está fazendo comigo? — Mas ela ri e eu gosto da risada, então eu também rio.

—Confie em mim. Você vai me agradecer daqui a pouco. — E então volto aos negócios. Meu polegar continua a estimular seu clitóris enquanto eu a vejo apertar seus peitos. Ela fecha os olhos mais uma vez e considero isso uma vitória. —Você gosta disso? — Eu pergunto. —É bom?

—Sim, — ela geme. —Eu gosto muito disso.

—Então aperte mais forte. Sinta-me, sinta-se, e quando estiver pronta, venha para mim, Oaklee.

Ela continua quieta. Rígida, quase. E em segundos sua boca se abre, suas pálpebras vibram, e suas coxas se apertam contra minhas pernas enquanto ela aperta meu pau com sua buceta, derramando sua liberação por todo o meu pau.

Eu paro de esfregar seu clitóris e deixo ela se divertir. Deixo as contrações pulsando contra meu pau desacelerarem, então finalmente pararem.

—Eu pensei que você duraria um pouco mais. — Eu rio.

—Não posso evitar, — diz ela. Seu corpo se derrete. Praticamente cai contra o meu peito. Seu coração batendo contra o meu, sua respiração diminuindo, o tempo todo meu pau permanece dentro dela, duro e pronto para mais.

—Nós não terminamos. Você está pronta para mais?

—Eu acho que posso dormir. — Ela diz isso preguiçosamente, suas palavras se arrastando um pouco. Mas ela não está bêbada de álcool. Ela está bêbada de mim.

—Você não vai adormecer.

Eu agarro seus ombros, empurro-a suavemente para trás até que ela esteja sentada em cima de mim novamente, e levanto a cabeça dela com um dedo sob o queixo. —Olhe para mim, — eu digo.

Ela abre os olhos e sorri.

—Agora coloque as mãos no meu peito assim, — eu digo, colocando as palmas das mãos em cada um dos meus peitorais. —E foda-me.

Todo o seu peso corporal está empurrando para baixo no meu peito, seus seios balançando quando ela começa a se mover. Eu agarro os dois, endireito-a para que o inevitável arco em suas costas possa se formar, e começo a apertar seus seios do jeito que ela estava há alguns momentos atrás.

Eu aperto-os com força. Com as mãos, em seguida, belisco seus mamilos.

—Vá tão rápido ou tão devagar quanto quiser, Oaklee. Apenas nos sinta e esqueça o resto. Esqueça tudo sobre querer voltar. Esqueça as dúvidas que você tem sobre fazer isso. Apenas me sinta apertar você e me foda.

Sua pele se arrepia exatamente como a minha antes.

E ela faz tudo isso. Ela solta. Ela cede.

Ela começa a mover a parte inferior do corpo. Começa a desenhar seus quadris para cima e para baixo, cobrindo meu pau com seu próprio clímax, e o tempo todo eu estou apertando seus seios com tanta força que ela deveria estar gritando.

Mas ela não está gritando. Ela está gemendo. Suas mãos saem do meu peito e agarram meus ombros enquanto sua coluna se curva para fora, então se arqueia para dentro. Isso me faz escorregar um pouco mais dentro dela. Apenas o suficiente para a ponta do meu pau tocar seu ponto G.

Seu corpo convulsiona e ela engasga, quase como se estivesse surpresa. Seus gemidos suaves se tornam mais altos enquanto eu aperto seus seios cada vez mais e mais forte ainda, até que eu tenha certeza que ela terá impressões digitais em sua pele pela manhã.

Ela provavelmente sabe disso também, mas ela não se importa. A única coisa que importa é a maneira como ela se sente de repente.

E é quando ela vem de novo.

Desta vez, ela range os dentes e fecha os olhos com força. Um olhar que cai em algum lugar entre dor e prazer.

Continuo acariciando seus seios, com delicadeza agora, porque quero que ela aproveite os efeitos posteriores de seu orgasmo. Mas também para que ela possa se recuperar. Esteja pronta para mais.

Porque tem mais. Muito mais.

—Puta merda, — ela murmura, caindo para a frente no meu peito. Sua cabeça descansando no meu ombro. —Droga, Lawton. Eu nunca cheguei duas vezes seguidas antes.

—Duas vezes? — Eu ri. —Ainda não terminamos.

Ela levanta a cabeça um pouco para que ela possa olhar para mim. —É a sua vez agora? Devo devolver?

Seu sorriso malvado me diz exatamente o que ela pensa ‘retribuir’ significa. —Eu chego lá, não se preocupe. E enquanto sua oferta é apreciada, meu pau fica muito feliz dentro da sua bucetinha. Esta noite é sobre você. Da próxima vez, se houver uma próxima vez, pode ser sobre mim, se você quiser.

—Se? — Ela ri.

Eu dou de ombros. —A vida não vem com uma garantia. Eu sei disso melhor que a maioria.

—Hmmm, — diz ela.

—Mas chega de conversa. Você está pronta para ir de novo?

—De novo. — Ela diz quase como uma pergunta. —Três vezes. Não sei se isso é possível.

—Ah, é.

Ela olha para mim, corando com um rosa brilhante - que fica bem em sua pele bronzeada - e encolhe os ombros. —Está bem. Mas eu estou te avisando, a próxima vez não será tão fácil.

Eu me levanto, levando-a comigo mais uma vez. E isso está começando a parecer um movimento familiar entre nós, porque suas pernas automaticamente me envolvem. Então eu a viro e a coloco no sofá. —Vire-se, — eu digo. —Coloque suas mãos bem aqui. — Eu dou tapinhas nas costas do sofá. —E seus joelhos bem aqui. — Indicando a almofada em que ela está sentada.

Ela sorri grande. Corando novamente.

Eu decido que gosto dela. Eu acho que ela é capaz de muitas coisas. Tem muitas ideias. A maioria provavelmente é maluca por causa dessa estranha obsessão que ela tem com Hanna Harlow. Mas Oaklee Ryan é uma daquelas garotas divertidas. O tipo que mantém você em seus dedos. O tipo que toma decisões erradas com base na emoção. O tipo que provavelmente faz ex muito ruins porque eles acabam fazendo coisas psicopatas como aparecendo em seu trabalho e mandando mensagens de texto quarenta e sete vezes em uma hora.

Mas tudo isso torna mais emocionante, certo? E se conseguirmos este acordo de TV, quem sabe. Talvez nunca seremos ex-nada. Talvez nós vamos ser amigos, amantes ou parceiros de negócios para sempre.

Ela se coloca na posição que eu quero, colocando as mãos nas costas do sofá e sua bunda diretamente na minha frente.

—Tatuagem legal, — eu digo, notando pela primeira vez.

Ela olha para mim por cima do ombro e sussurra: —Obrigada.

Suas letras abrangem todo o espaço entre as omoplatas. Não é grande e chamativo, como uma tatuagem de gangue. Mas pequeno e feminino na caligrafia à mão.

Eu me inclino para ler em voz alta. —'O mundo adora o original'. Quem disse isso?

—Ingrid Bergman, — diz Oaklee. —Era supostamente para ser: 'Seja você mesmo. O mundo adora o original.’ Mas acho que a primeira parte é óbvia, então deixei sem dizer.

—Palavras para viver.

—Como eu faço, — ela brinca de volta, sorrindo para mim.

Eu me posiciono perto dela. Deixando meu pau deslizar entre as bochechas da bunda dela enquanto eu me movo em um movimento lento de ida e volta.

—Isso é bom, — ela sussurra.

Não digo nada. Apenas me concentro no que estou fazendo. Que é tentar acertar seu clitóris com a ponta do meu pau com cada pequeno impulso para a frente.

Quando eu consigo, ela geme. Inclinando a cabeça para apoiá-la na almofada macia e estofada do sofá. Eu faço de novo, e de novo, e na terceira vez, ela arqueia as costas, o que a alivia da estimulação.

—Algo errado? — Eu pergunto, não me incomodando em esconder meu sorriso.

—É... intenso.

—É para ser.

—Uma parte de mim quer que você apenas me foda com força. Apenas bata seu pau dentro de mim. Eu gozaria desse jeito, você sabe. Eu posso dizer. Eu posso sentir isso construindo.

—E a outra parte?

—A outra parte, — diz ela, relaxando-a novamente para que ela possa me sentir contra seu clitóris. —A outra parte nunca quer que isso pare.

—Bem, você pode ter um problema então. Porque eu não posso fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Então, o que você quer primeiro?

Ela solta uma gargalhada. —Você provavelmente terá três de mim, mas não quatro. De jeito nenhum. Depois disso, vou adormecer, apesar de todos os seus melhores planos.

Isso me faz rir. —Basta responder a pergunta, Oaklee.

—Isso, — diz ela, virando a cabeça para que ela possa me ver.

Então eu continuo, e imediatamente eu posso ver que ela está no limite novamente. Na beira da libertação. Então eu me acalmo e deliberadamente me contenho na próxima vez que eu vou para frente.

—Vamos, — ela choraminga. —Você está brincando agora.

—Você queria saber como se tornar multi-orgásmica. Assim que se faz. É um dar e receber. Isso e aquilo. Ganhe alguns, perca alguns.

Ela sacode a cabeça. —Eu já tive dois e estou pronta para o terceiro. Isso não é multi-orgásmico o suficiente para você?

—Esse é um resultado muito triste, Oaks. Estou apontando para pelo menos seis.

—Seis? — Ela ri. Mais alto desta vez. —Nunca vai acontecer.

—Vai, — eu digo. —Tenha um pouco de fé. — E então eu bato nela. Duro, do jeito que ela pediu. Tão duro que as mamas dela estão pulando. Batendo um contra o outro assim como meus quadris estão batendo contra sua bunda.

Leva apenas cerca de um minuto para tê-la chorando. É um grito primitivo. Alto, e enquanto ela geme, —Porra. Sim. Porra. Sim. Porra. Sim, — ao ritmo dos meus impulsos.

E então... ela. Chega. Silenciosamente. Mordendo o lábio. Fechando seus olhos com força. Batendo de costas quando uma de suas pernas cai, seu pé encontrando o chão para se firmar.

Seus músculos começam a tremer quando ela vem. Seus dentes batendo como se estivesse no frio. Seu corpo em uma contradição suada.

Eu a deixo desmoronar depois disso. Sento-me ao lado dela e a deixo se enroscar em mim enquanto seus músculos trêmulos começam a relaxar e sua respiração pesada começa a diminuir.

Eu brinco com o cabelo longo e comprido dela. Seguro um pedaço na minha mão e uso-o como uma pena. Arrastando-a para cima e para baixo em sua espinha para fazê-la tremer. E digo: —Deixe-me saber quando você estiver pronta para o quarto. Eu posso fazer isso a noite toda.


CAPÍTULO 11

Oaklee

Eu acordo com pássaros cantando do lado de fora da minha janela, e nesse estado nebuloso entre o sono e a vigília, eu tenho um sonho sobre...

Sexo.

Jesus Cristo. Sento-me na cama, meu cabelo cobrindo meu rosto como um cobertor. Eu o tiro, fazendo um buraco para ver através e olho para o outro lado da cama.

O lado dele.

Que está vazio.

Como deveria estar, Oaklee, a voz interior diz.

Mas definitivamente houve sexo nesta cama na noite passada.

Eu caio de volta nos travesseiros, fecho meus olhos e penso sobre isso. Como ele me fez voltar de novo e de novo e de novo. Como eu estava tão exausta momento em que chegamos ao orgasmo número sete, todo o meu corpo estava praticamente convulsionando pela tensão nos meus músculos. Na verdade, sinto-me dolorida. Não é só minha buceta. É tudo.

Eu estava gritando. O que deixa meu rosto quente de vergonha só de pensar nisso. Eu, Oaklee Ryan, não sou uma gritadora sexy.

Até agora.

Ele levou o sexo sujo para um nível totalmente novo.

Ele. É uma aberração. Na cama.

Aberração.

Uggggh. Eu viro as cobertas sobre a cabeça e sorrio. Porque foi fantástico. Eu sinto que nunca fiz sexo antes de Lawton Ayers me pegar na noite passada. Como se todas as outras vezes, era apenas fingimento comparado ao que ele fez comigo. Como ele me fez sentir.

Eu suspiro, em seguida, tiro as cobertas e balanço meus pés para fora da cama. Eu olho em volta, esforçando-me para ouvir se ele está talvez no banheiro ou no andar de baixo.

Mas é apenas silêncio. Bem, o som da cidade lá embaixo e os pássaros, é claro. Há como um bazilhão de pardais e sabiás aninhando-se no telhado da torre de água. Mas eu não acho que Law ainda esteja aqui.

Algumas garotas podem se sentir tristes com isso. Uma ficada de uma noite geralmente vem com muitos arrependimentos no dia seguinte. Ou isso ou o inevitável, ele vai me ligar de novo? Ou não vai?

Eu não tenho nenhum desses sentimentos. Eu só tenho... satisfação.

Sim. Eu rio, levantando-me para me alongar. Lembro-me apenas que ele me vestiu nesta camisola ontem à noite antes de me foder uma última vez. E mesmo que pareça uma bagunça quando olho para o gigantesco espelho emoldurado do chão ao teto apoiado na parede perto do meu armário, me sinto linda.

Eu ando até lá e apenas me encaro. Na camisola cor de pêssego com o babado de renda branca dividindo o tecido puro no meio para revelar o menor decote dos meus seios. A pequena calcinha combinando. Minhas longas pernas bronzeadas e meus braços tonificados.

Eu o vejo de pé atrás de mim. Talvez colocando os braços em volta de mim enquanto nós olhamos através do espelho. Talvez ele se incline e me beije no pescoço, seus olhos reflexivos fixos nos meus.

Nós sorrimos, eu acho.

Bom Deus, Oaklee. Tire a porra disso da cabeça. Ele está fingindo.

Mas eu suspiro novamente de qualquer maneira. Eu não me importo. A noite passada foi... uau.

Eu desço, só para ter certeza de que ele se foi, e até do topo da escada vejo que ele deixou uma nota na ilha da cozinha.

Meu coração estúpido e bobo começa a bater rápido e meus pés saltam pelo longo lance de escadas e atravessam para o centro onde eu pego a nota e leio.

Oaks,

Eu imagino que você está bem de ressaca hoje de manhã.

O que me leva a dar uma checada em mim. Porque enquanto eu me sinto cansada e meu corpo está dolorido, nada disso tem a ver com beber cerveja ontem. E pelo amor de Deus, cerveja é minha vida. Eu bebo todos os dias na sala de degustação. Um pacote de doze não é suficiente para me derrubar.

Então tomei a liberdade de te deixar instruções de recuperação.

Um - beba a garrafa de água de coco imediatamente. Isso vai te hidratar. Está cheio de potássio, o que você precisa depois do treino que te dei na noite passada.

Dois - tome os dois ibuprofenos.

Três - achei sua academia em casa. Então tomei a liberdade de montar um treino de ressaca. Não recuse, também. Isso está provado para fazer você se sentir melhor depois de uma noite difícil de bebida e sexo.

Eu deslizo o treino, que consiste em muitas abdominais, uma dose saudável de flexões e vinte minutos no ciclo, depois volto para a carta.

Quatro - beba a segunda garrafa de água de coco.

Cinco - tome um longo banho quente. Há uma bomba de espuma esperando por você ao lado da banheira. Uma boa variedade para escolher, por sinal. Eu escolhi bolo de morango porque... bem, você é deliciosa e doce.

Seis - eu não pude evitar. Eu escolhi uma roupa do seu guarda-roupa. Eu sinto que é justo desde que você começou esse jogo de vestir comigo.

Sete - Apanhe-me em uma hora para fazer compras.

Vejo você então,

O namorado.

Oh. Meu. Deus. Ele é meio adorável. Na verdade, estou pensando que ele é bom demais para essa vadia da Hanna.

Talvez eu deva mantê-lo para mim mesma? Quer dizer, eu o comprei por duas semanas. Eu poderia apenas fingir que este é um jogo para ela e torná-lo meu, não poderia?

Eu mordo meu lábio enquanto penso sobre isso. Eu já quebrei minha regra de não fazer sexo. Ele provavelmente acha que eu sou uma puta fácil.

Não, ele disse que eu era doce e deliciosa. Isso tem que contar para alguma coisa. E enquanto eu não tenho uma grande lembrança dele saindo na noite passada, eu sei que ele fez.

Eu sei que ele fez.

Não foi?

Merda. E se eu desmaiar antes de ele chegar na sua vez?

Eu mastigo meu lábio enquanto penso sobre isso. E enquanto eu estou fazendo isso, eu ouço o meu telefone apitando com uma mensagem de... em algum lugar.

Eu olho ao redor, encontro minha bolsa ao lado do sofá, e cavo ao redor para encontrar meu telefone.

Número desconhecido: você seguiu as instruções?

Eu: Quem é?

Obviamente, é Law, mas estou sendo boba por algum motivo.

Número desconhecido: Olhe pela janela para o leste e descubra.

Levanto-me, caminho até a janela, abro a trava deslizante e saio.

Lawton Ayers está acenando para mim do seu terraço, quente pra caralho, com um par de shorts curtos e nada mais.

—Ei! — Ele brada.

O que me faz rir e caminhar até a borda do meu terraço para olhar para baixo e ver se alguém pode ouvi-lo.

Há algumas pessoas olhando para ele do beco, mas foda-se. Eu grito de volta: —Eu tenho uma pergunta para você.

—Atire, Oaklee.

Jesus. Eu ri. Porque atirar e Oaklee - isso é meio engraçado. —Você...— Mas eu não consigo gritar por toda a cidade.

—Se eu cheguei? — Ele grita de volta.

Eu coloco a mão na minha testa e sinto o calor subindo pelas minhas bochechas.

—Sim, — ele fala. —Duas vezes.

Eu aceno com a cabeça e sorrio. —Bom.

—Você parece sexy nisso, a propósito. E eu não estou tentando ser um idiota nem nada, mas se você ainda está usando aquela camisola, significa que você não seguiu as instruções.

—Eu estava prestes a seguir, — eu grito.

—Conto com isto, Oaks. Já são onze e meia e estarei aí a uma. Em ponto. — Então ele acena para mim e volta para dentro de seu apartamento, fechando sua cortina atrás dele.

Alguém assobia para mim do beco abaixo, então eu recuo e entro, fechando as minhas atrás de mim também.

Eu não sei o que pensar sobre isso. Eu apenas torço a tampa da primeira garrafa de água de coco e tomo um longo gole. Então eu caminho de volta para a janela e olho para o seu terraço, imaginando toda essa interação na minha cabeça. Inferno, quem eu estou enganando? Estou revivendo toda a maldita noite.

Aberração. Ele é uma aberração na cama. Quem teria pensado, certo? Esse cara de imóveis sofisticados poderia agitar meu mundo inteiro. Sete. Vezes. Em uma noite.

Eu caminho distraidamente até a ilha da cozinha e coloco os dois ibuprofenos na minha boca, em seguida, engulo-os com a água de coco e vou para a minha academia. Porque malhar será um tempo de pensar por mim.

Eu faço os abdominais na minha bola gigante porque eu gosto do apoio, então faço metade da contagem de flexão prescrita e começo o ciclo.

É só então que percebo que o ciclo está posicionado de modo que olhe para o terraço. Então passo trinta minutos inteiros sonhando acordada como uma colegial sobre Lawton Ayers. Que é dez minutos a mais que suas ordens.

Eu bebo a segunda garrafa de água de coco, embora ainda me sinta cheia desde a primeira. Eu sinto que ele se deu ao trabalho de chegar a essa cura de ressaca que eu não precisava, então eu devo honrar isso seguindo as instruções dele. E então eu corro no banho, jogo a bomba de bolhas e sei, com cem por cento de certeza, que toda vez que eu sentir o cheiro de morangos deste dia em diante, vou pensar nele.


A roupa que ele escolheu para mim é... interessante.

Jeans, que eu amo. E eles são jeans velhos com rasgos nos lugares certos. Desgastado fino e macio de anos de lavagem e só um pouco solto.

Um velho cinto de couro marrom que ele deve ter escolhido porque o couro está gasto e tem muitas marcas de desgaste. Como se ele soubesse que este era o meu favorito, e é, então ele estava certo.

Uma camiseta que diz: Economize água, beba cerveja - que eu até esqueci que eu tinha - mas na verdade foi uma que eu dei ao meu pai para o seu quinquagésimo aniversário quando eu era adolescente. Encontrei-o quando limpei seu quarto pouco antes da reforma no ano passado e não pude me arriscar a jogá-la fora porque ele usava essa coisa pelo menos uma vez por semana até morrer.

Como a camisa de Law do Johnny Cash ontem, costumava ser preta, mas desde então se tornou cinza clara e todas as barras há muito tempo desistiram e se tornaram nada a não ser bordas desgastadas.

Há também um par de botas colocadas no topo da pilha. Meu primeiro par de botas Frye. Botas de engenheiro10 de couro marrom escuro com fivelas de prata perto dos tornozelos. Elas são botas de motociclistas por excelência. Eu odeio admitir isso, mas Law estava certo. Não tenho orgulho disso, mas gosto de um bad boy, o que posso dizer? E eu os atraio com a aparência de garota má.

Ele me pegou.

Na verdade, é como se Lawton tivesse vasculhado todas as centenas de itens do meu armário e encontrado as quatro coisas que mais dizem sobre mim.

Como ele fez isso? Como ele sabia?

Eu coloquei tudo, enfiando a camisa para mostrar o cinto, em seguida, puxando um pouco para que ela flua sobre meus quadris em alguns lugares. Quando eu puxo as botas e me olho no espelho me sinto jovem novamente.

Eu me sinto livre por algum motivo.

Tantas coisas que ainda não haviam me transportado para quando eu era adolescente. Meu pai ainda estava saudável e vivo. O negócio estava crescendo. Como totalmente indo para o nível foda de sucesso. Nós tínhamos acabado de inventar o Anarchy Orange IPA, o qual eu participei totalmente na criação. E estávamos ganhando prêmio após prêmio em todos os festivais globais de cerveja.

Como ele sabia?

Foi também antes de conhecer Hanna Harlow na faculdade. Antes dela mentir para entrar na minha vida e então prontamente me fuder. Antes que ela roubasse meus namorados, minhas receitas e minha personalidade.

Antes que ela roubasse minha vida.

Eu me afasto do espelho. Principalmente porque é quase uma hora e quero estar lá embaixo para deixar Lawton subir quando as garotas fizerem burburinho do saguão. Mas também porque me deixa triste pensar naqueles dias. Isso me faz perceber o quanto perdi esses últimos anos. E seria tolerável - eu poderia lidar com a estúpida Hanna - se meu pai ainda estivesse aqui. Ele cuidaria dela. Ele faria tudo ir embora. Ele lidaria com as coisas como ele sempre fazia, me protegendo de todos os desagradáveis do mundo.

Mas todo esse paraíso está perdido e não há como eu recuperá-lo.

Eu me sinto como... como se estivesse sozinha.

Eu sei que não estou. Eu tenho uma tonelada de amigos. Conhecidos, pelo menos. Eu tenho cinquenta e dois funcionários e a maioria deles gosta de mim. Há um ou dois veteranos na cervejaria que eu discuto de vez em quando, porque temos ideias diferentes sobre quais novas cervejas vamos lançar a cada ano. Mas eles ainda estão aqui. Eles não desistiram de mim. E eu não fico pisando em cima deles. Eu escuto e nós discutimos e chegamos a um compromisso.

E as garçonetes gostam de mim. Eu acho. Quer dizer, eu posso ficar um pouco louca às vezes. Eu dou uma estourada de vez em quando. Mas elas também não desistem. A maioria delas fica. Quero dizer, você não pode esperar que uma pessoa espere mesas por toda a vida. Rotatividade é esperada. Não é como se os cervejeiros que tivessem uma carreira aqui.

O departamento de marketing pode me odiar.

Pensar sobre eles me faz sorrir. Porque eu estou sempre em seus negócios. Sempre chegando com novas formas de promover. Eles provavelmente gostariam de ser mais livres, mas eu gosto do marketing. E minhas ideias são boas.

Na maioria das vezes.

Houve aquela época em que insisti que tivéssemos uma Shrike Bike personalizada com a etiqueta de cerveja Winter Park Wheat pintada no tanque. Mas eu a montei no Toy Run naquele ano e depois a leiloamos para caridade algumas semanas depois. Então isso foi muito bem gasto se você me perguntar. Ficou todo mundo empolgado, nos certificamos de que duzentas crianças carentes em Denver tivessem um bom Natal, e quando tudo estava dito e feito, a coisa toda era uma redução de impostos.

Depois, houve o tempo em que patrocinei um concurso de jeans molhado no telhado. Havia como uma dúzia de helicópteros circulando por cima disso. Foi uma grande publicidade.

Toda vez que penso nisso, ainda tenho que rir em voz alta. Foi para o lançamento de um IPA sazonal de verão chamado Full Boner. Mas, ei, se os bares podem ter concursos de camisetas molhadas para as mulheres destacarem seus peitos, então podemos ter uma competição de jeans molhados masculinos para destacar seus paus.

Justo é justo.

Todo o departamento de marketing fez uma pesquisa perguntando o que meu pai pensaria sobre essa jogada. Este foi o primeiro verão depois que ele morreu. E —rolando em seu túmulo— ficou em primeiro.

Mas eu escrevi —Rindo com o Diabo— como uma das escolhas e essa veio em segundo.

Ele teria rido. Eu sei isso.

Eu tenho muitas pessoas ao meu redor e, embora eu as enlouqueça noventa e cinco por cento do tempo, os outros cinco por cento é tudo amor. Eles apreciam a minha loucura. Eles respeitam meus talentos como mestre cervejeira. Eles podem não gostar das minhas ideias de marketing, mas no final, eles têm que admitir, minha reputação como um curinga intriga as pessoas e as coloca na porta.

Mas ainda me sinto sozinha.

Especialmente agora. Com toda essa besteira de Hanna acontecendo. Eu queria que meu pai estivesse aqui. Eu realmente queria. Seria bom ser cuidada de novo. Seria um alívio ser a segunda no comando, em vez de capitã do navio.

—Bem. — Eu suspiro, andando pela passarela em direção às escadas. —Ele não está aqui, Oaks. Então você só tem que lidar com a merda por conta própria.

Eu desço as escadas e, assim que estou pisando no piso de madeira rangente, o elevador se abre e Lawton e outro cara que eu não conheço saem.

—Como você chegou aqui? — Eu pergunto. Mas enquanto essas palavras estão passando pelos meus lábios, eu percebo o que Law está vestindo.

Calça cáqui marrom slim, uma camisa jeans azul-claro com uma camisa branca por baixo e um par de sapatos Oxford marrom com um adorável detalhe desgastado preto no couro.

Eu pisco. Três vezes. Porque mesmo que esse visual não seja um que eu normalmente prefiro em um homem, ele parece estar gostoso.

—Oaklee Ryan, conheça Eduardo Montes de Oca. Ele é especialista em segurança de elevadores e ele invadiu sua segurança em menos de um minuto.

Eduardo - que é alto, jovem, bonito e muito parecido com Lawton, então eu suponho que eles devem malhar na mesma academia - acena para mim e diz: —Seu sistema é uma merda, — em um espanhol fortemente acentuado.

—Oh, — eu digo. —Cristo! Está bem. Bem, acho que devemos consertar isso.

—Já resolvi isso, — diz Law. —Ele vai dar uma olhada em tudo enquanto almoçamos no seu terraço. — É quando noto que ele tem uma sacola na mão que diz —Capitol Hill Bagels. — —Ele pode ter o seu cartão de acesso para que ele possa fazer uma avaliação completa?

—Hum... claro. — Eu ando até a minha bolsa no sofá, cavo até encontrar o cartão e o entrego.

—Gracias, — diz Eduardo. Em seguida, volta para o elevador, entra e desaparece quando as portas se fecham.

—Eu te disse que era horrível, — diz Law. —Mas ele cuidará disso. Não se preocupe. No final da semana, essa merda será trancada. Agora, como chegamos ao telhado?

Estou um pouco atordoada. Não porque seja presunção de Lawton assumir a responsabilidade de lidar com a segurança do meu elevador, mas porquê... toda a sua personalidade é de poder. Ele tirou minha capacidade de tomar essa decisão sozinha.

Ele... lidou com as coisas.

Apenas o que eu pedi antes dele aparecer.

E isso é bom.


CAPÍTULO 12

Lawton

Ela aponta para as escadas e diz: —Lá em cima, — para indicar como chegamos ao terraço da cobertura. Então eu a sigo, sorrindo o tempo todo porque ela está vestindo a roupa que escolhi.

A noite passada foi... uau. Tantas palavras para descrever ontem à noite. Inesperado vem primeiro. Porque eu não tinha intenção de fodê-la quando acordei ontem de manhã. Ela deixou bem claro que este jogo não era sobre sexo e eu tomei sua palavra sobre isso.

Mas ela estava bêbada.

E isso me faz sentir muito culpado. Como se eu tivesse aproveitado dela de alguma forma.

—Então, ei, — eu digo, uma vez que chegamos à passarela e ela desce em direção a um quarto. —Eu só gostaria de me desculpar sobre a noite passada.

Ela ri. —Por quê? Foi bem divertido.

—Então você se lembra?

—Como eu poderia esquecer?

—Bem, você estava muito alta.

—Oh, — ela diz. —Certo. — Indo para o quarto.

Eu percebo que é o quarto dela. O que eu a peguei na noite passada. Os lençóis estão uma bagunça. Tipo, totalmente pendurado na cama. O edredom é apenas uma pilha branca amontoada no meio e a maioria das almofadas estão no chão.

—Desculpe a bagunça, — diz ela, passando por cima de um travesseiro enquanto caminha em direção ao terraço do quarto. —Eu não sou uma daquelas pessoas que fazem a sua cama diariamente.

Não, ela não é. Ela é uma daquelas pessoas meio bagunçadas, eu acho.

—O elevador realmente vai até o telhado também. É assim que as pessoas chegam lá quando eu faço festas. Mas há uma escada que leva até lá a partir deste terraço e, uma vez que Eduardo, o seu homem está monopolizando meu elevador hoje, a escada do terraço do quarto terá que servir.

—Jesus, Oaklee, — eu digo.

—O que?

—Isso é tão não seguro!

Ela encolhe os ombros. —Eu tenho seis andares. Quem se importa?

—Bem, quando as pessoas podem andar de elevador até o telhado e descer a escada que leva ao seu quarto, eu me importo!

—Você é meio mandão, Lawton. — E então, ela sacode o cabelo, passa a mão pelas cortinas brancas para encontrar a maçaneta da porta - que nem está trancada! - abre as portas francesas e desaparece por trás do tecido que agora está soprando no vento.

Eu sigo. E quando chego lá fora ela já está subindo a escada e eu tenho uma ótima visão da bunda dela naqueles jeans que escolhi.

Quando ela chega ao topo e se vira, ainda estou olhando para ela. —Jogue a bolsa para cima.

Eu faço isso e subo atrás dela. Quando eu subo no telhado eu paro. Fico parado por um momento olhando as montanhas sem nada obstruindo-as. Então eu me viro e dou o resto da visão de trezentos e sessenta graus. —Puta merda. — Isso é praticamente tudo que tenho a dizer.

—Sim. — Oaklee suspira. —Meu pai fez este lugar quando eu ainda era uma menina. — Então ela se vira e aponta para uma mesa de piquenique de madeira pintada de branco embaixo da torre de água. —Ele costumava pendurar mosquiteiros em todos os lados da torre e colocar luzes brancas no jardim nas pontas para os meus aniversários. Ele me deu uma festa particular aqui todos os anos.

Eu imagino isso na minha cabeça e sorrio. —Parece muito legal, Oaks.

—Foi, — diz ela, sorrindo de volta, mas infelizmente. —Realmente foi. E um dia, quando eu finalmente me estabelecer e tiver meus próprios filhos, espero poder fazer isso por eles também.

Pego a sacola de comida da mão dela, pego sua outra mão com a minha vazia e a conduzo até a mesa. —Bem, eu me sinto orgulhoso de ter essa ideia. Eu não acho que isso possa me surpreender mais sobre esta cidade. —

Nós dois nos sentamos. Eu em um banco, ela no outro.

—Quero dizer, conheço Denver. Já vendi mais de duzentas casas desde que adquiri minha licença imobiliária oito anos atrás, em todos os bairros em que você consegue pensar, mas principalmente no centro da cidade. Então, eu sinto que já vi tudo o que esse lugar tem a oferecer. E então você me traz aqui e me mostra o quanto eu perdi. Quanto mais tenho que ver.

—Você mora bem ali, Lawton, — ela diz, apontando para o meu prédio no beco. —Não é tão diferente.

Mas eu discordo. —Minha vista é meio ruim. Não, realmente é uma merda comparada a sua. Não há nada especial sobre uma vista de cobertura de um beco.

—Não é verdade, — diz ela, abrindo o saco de papel e tirando os dois bagels de bacon, ovo e queijo. Ela cheira, sorri e diz: —Bacon. Um dos meus quatro grupos de alimentos.

O que me faz rir. —Quais são os outros três?

—Cerveja, manteiga e carne.

E agora eu rio de novo. —Uma mulher atrás do meu coração.

Ela cora um pouco, o que me encanta por algum motivo. Então ela diz: —Sua vista é da minha torre de água, Law. Isso é meio especial, certo?

Eu concordo. Porque ela não está errada. E agora que eu sei como esse lugar aqui é realmente - uma fatia do lado romântico de Denver, montanhas se estendendo por todo a frente de norte a sul, o zumbido de pessoas e carros lá embaixo como uma música sendo pega pelo suave sopro de vento e o cenário da cidade por cima do ombro - bem, a coisa toda é como um pano de fundo fantástico de Hollywood, se você me perguntar. —Eu aposto que é escandalosamente lindo aqui à noite.

—É, — diz ela, abrindo o bagel e dando uma mordida. Ela olha em volta por alguns momentos enquanto mastiga. —Eu vou trazê-lo até aqui à noite, se tivermos tempo.

—Nós podemos fazer o tempo, — eu digo. E sai ligeiramente... sedutor. Como se eu estivesse planejando transar com ela aqui. O que eu não estou. Tenho certeza que o que fizemos ontem à noite foi um erro. Todo esse arranjo, de cima a baixo, é um negócio. E eu deveria ter me parado ontem à noite. Deveria ter mantido isso profissional. Porque agora ela provavelmente está pensando que eu sou um idiota gigante por tirar vantagem dela enquanto ela estava bêbada.

É como eu me sentiria se fosse ela.

—Você sabe, — eu digo, desembrulhando meu bagel também. —Você não é tão louca como eu pensei que você fosse.

Ela pisca para mim. E essa piscadinha diz: Você ainda não me conhece.

—Sério, — eu digo. —Quando cheguei em casa esta manhã, procurei você on-line.

—Por quê? — Ela ri, quase cuspindo sua comida.

—Porque eu tive essa visão de você como uma mulher selvagem de cabeça quente, e pela minha vida, eu não consegui descobrir onde eu tive essa impressão.

—Hmmm. Então, o que você achou online?

—Bem, — eu digo. —Você fez muitas acrobacias ao longo dos anos. Surpreende-me que a única coisa que eu tenha percebido foi a campanha ‘salve as mansões’.

—Tem exemplos? — Ela pergunta. Piscando novamente.

—Um monte.

—Foi o concurso de jeans molhado que eu fiz? Isso foi aqui em cima. Eu estava no noticiário naquela noite.

—Encontrei aquele, sim. — Eu ri. —E um monte mais desses. Mas o melhor foi quando você fez cerveja de maconha como uma piada do primeiro de abril.

Ela quase bufa. —Oh meu Deus. Isso foi incrível. Meu pai riu por dias. Nós filmamos um comercial mostrando as pessoas se empolgando com uma cerveja robusta chamada Rocky Mountain High e se tornou viral. Três milhões de visualizações no YouTube em dois dias! E foi tão real que os policiais de Denver vieram e nos prenderam!

Eu não posso ajudar, eu também rio. Porque eu li isso online. Ela e seu pai foram presos por vender ilegalmente maconha e ficaram presos durante todo o final de semana. Na manhã de segunda-feira houve um protesto do lado de fora do prédio do Capitólio, com milhares de pessoas segurando placas dizendo 'Liberte Oaklee!'

—Como eu nunca encontrei você antes disso? — Eu pergunto.

Ela encolhe os ombros e mastiga seu bagel. —Você é um cara chato, eu acho.

—E você é verdadeiramente selvagem.

—Culpada.

—Mas você está levando tudo isso dá Hanna Harlow muito bem se você me perguntar. Porque você ainda não fez nada maluco com ela. Quero dizer, a manhã toda estive me perguntando por que isso acontece. Então... por que isso?

Ela franze a testa agora, depois balança a cabeça. —Não é mais divertido. Não desde que meu pai morreu. Ele é o único que me fez selvagem. Ele é o único que estava sempre fazendo brincadeiras e sendo louco quando eu estava crescendo. Ele é o único que eu estava sempre tentando fazer sorrir com minhas palhaçadas. Ninguém mais. Só ele. E agora que ele se foi... eu simplesmente não sinto o mesmo. Eu não penso mais em coisas divertidas como essa. Não faço uma piada sobre o primeiro de abril desde o ano em que ele morreu.

—Mas você tem um plano para Hanna Harlow, certo?

—Na verdade, não. — Ela encolhe os ombros. —Eu apenas pensei... eu não sei. Eu poderia convencê-la a roubar meu namorado e isso iria provar alguma coisa. Mas é uma ideia idiota, não é?

Parte de mim espera que ela pense que é uma ideia idiota porque ela gosta de mim. Quer namorar comigo de verdade. Quer experimentar isso. Porque eu meio que gosto dessa mulher.

Mas há outra parte de mim que espera que ela venha com algo muito legal para voltar para aquela garota. Porque, embora essa experiência de namorado possa ser falsa, Hanna Harlow realmente roubou sua receita de cerveja e passou a receita como se fosse dela. E ela deveria pagar por isso.

Então eu digo: —Não. Não é burro. Eu não sei se vai funcionar. Mas não é idiota querer que as pessoas paguem quando elas te prejudicaram.

—Exatamente, — diz ela. —Isso é o que eu realmente quero. Eu quero que ela pague. Eu quero que ela saiba que eu sei e quero que todos saibam também. Eu quero que ela se sinta envergonhada. Porque ela é uma cadela mentirosa e traidora. E não é justo.

—Não. Não é, — eu digo. —Então, que tal irmos até o Shrike Bikes e me transformar em seu namorado?


Nós caminhamos porque o Five Points está a poucos quarteirões de distância e a loja Shrike Bikes fica em um prédio do outro lado da estrada de Coors Field. Na verdade, é um prédio bem grande. Eu vi esse lugar muitas vezes. Há um restaurante na estrada chamado Cookies que tem os melhores hambúrgueres da cidade. Eu vou lá de vez em quando. Mas eu nunca parei nesse showroom. Outros, sim. Eles os têm em todo o Colorado. E quando eu era criança - de volta aos dias selvagens - eu tive uma Shrike Bike antes. Era o pagamento por algum dinheiro de luta que um cara me devia e o casaco que Oaklee levou para casa ontem à noite veio com ele. Eu destruí a moto muito rápido porque... bem, eu tinha dezesseis anos. Não era nem lícito eu andar de moto, então não tinha ideia do que estava fazendo.

Mas também não tive medo. Nada a perder naquela época. Isso foi antes de Elias Bricman me encontrar e mudar minha vida.

Fiquei feliz em deixar essa parte de mim para trás. Na verdade, apenas caminhando em direção ao prédio me dá uma sensação estranha no estômago. Me lembra de todos aqueles dias que eu não fiz nada além de coisas estúpidas.

E não coisas estúpidas como Oaklee faz. Coisas realmente estúpidas.

—Jesus, — eu digo, uma vez que entramos pela porta. —Quão grande é este lugar? —

Há cinquenta motos no chão do showroom, um bar à esquerda, e o zumbido vindo de trás - para não mencionar o letreiro rosa neon que diz Sick Girlz Ink - me diz que há uma loja de tatuagens aqui também. Há até uma galeria de tiro - falsa, como o tipo que você vê em um carnaval, ocupando uma parede inteira à minha direita. O lugar todo cheira a verão. Pipoca, algodão doce e couro. Há também uma loja de roupas na frente, e é aí que estamos agora.

Eu estudo a parede de botas, depois olho para as prateleiras cheias de jaquetas de couro personalizadas pintadas à mão.

—Grande, — diz Oaklee. —Esqueci que vir aqui é uma experiência. Você precisa de botas e uma jaqueta com certeza. Mas pegue o que quiser. Eu estou comprando.

—Você não está comprando, — eu digo. —Isso é ridículo.

Mas ela já está na seção feminina, folheando as saias.

Um cara vem vestindo uma camisa de boliche vermelha e preta com um patch bordado no lado esquerdo do peito que diz —Chuck— em letras cursivas retrô. —Procurando algo em particular? — Ele me pergunta.

—Botas, — eu digo.

—Para sair? Para andar de moto?

—Moto, — eu acho, imaginando que Oaklee quer que eu pareça um motociclista, mesmo que eu não possua um.

—De engenheiro? Ou montaria?

—Mostre-me os dois, — eu digo. Porque eu lembro de querer um par desses no passado. Quando eu era pobre como sujeira. Tão selvagem, sem-teto não seria uma maneira imprecisa de descrever meu status de vida. Deus, que pena que eu queria um par dessas botas. E porque eu nunca consegui um par depois que o dinheiro começou a rolar... Eu não sei.

—Marrom ou preta? — Ele pergunta.

—Preta, — eu digo. Mesmo que eu goste mais de marrom. Eu não posso usar botas de motoqueiro pretas no escritório... mas marrom, eu poderia talvez tirar isso com jeans. —Preta, — eu digo novamente. Porque isso não é sobre mim. É sobre o que Oaklee precisa que eu seja. —Tamanho quarenta e três.

—Beleza, mano, — diz Chuck. —Volto logo.

Eu examino as jaquetas enquanto espero, imaginando se Chuck é o nome verdadeiro dele ou esse é apenas o nome que vem com a camiseta.

Agora essas jaquetas são peças de arte sérias. Elas começam com quatrocentos dólares e vão para cima porque ouvi dizer que a família Shrike as pinta em algum lugar em Fort Collins. E... levanto a manga, espreito para dentro e sinto uma sensação de satisfação por saber onde encontrá-la. Cada uma é assinado individualmente por quem a pintou. Esta diz Spencer. O cara que é dono dessa empresa inteira. Tem três zeros no preço.

Mas a arte é magnífica. Não chamativa, também. Não com alguma águia manca posando na frente de uma bandeira americana.

Não, são dois corvos sentados em frente ao icônico crânio de Picanço. E é sutil. Tipo, a maior parte é pintada de preto-azulado metálico e você não consegue enxergá-la até que a luz acenda do jeito certo.

Eu deslizo, só para ver se encaixa. Isso acontece. E eu estou prestes a tirá-la quando Chuck retorna com duas caixas de madeira com o logo Shrike queimado na madeira. Quem faz o marketing para este lugar realmente tem um olho para detalhes.

Ele coloca as caixas perto de uma cadeira de couro estofada e diz: —Tome seu tempo, mano. Eu tenho que cuidar de algumas pessoas bem rápido.

—Claro, — eu digo, olhando na direção em que ele estava balançando a cabeça. Há meia dúzia de pessoas segurando câmeras. O tipo que você usa para transmitir notícias ou filmar.

Hã. Pergunto o que é isso tudo.

Mas eu volto para as botas porque todas essas pessoas desaparecem em um quarto dos fundos e não há mais nada para ver.

—Essa jaqueta é ótima, — diz Oaklee, chegando atrás de mim. —Eu amo isso. Você está entendendo, certo?

—Claro, — eu digo, em seguida, empurro meu braço para longe quando ela vai para alcançar o preço. —Você não está comprando isso. — Eu ri. —Então, apenas caia fora, Oaks.

Ela sorri e balança a cabeça. —Estas são suas escolhas de botas?

—Sim, — eu digo, abrindo a primeira caixa e tirando uma bota.

—Oh, essa é bonita, — diz ela, inclinando-se sobre o meu ombro para acariciar o couro. —Experimente-as, quero ver você.

Então eu deslizo meus sapatos, coloco as botas e percebo... —Merda. Minhas calças são muito retas.

—Oh, eu vou te encontrar alguns jeans. Um segundo.

Ela foi embora antes que eu possa impedi-la. Não que eu pudesse impedi-la. Então eu apenas coloco a outra bota, ignorando o quão estúpido eu pareço em usá-las com calças de corte reto, e ando por aí, experimentando-as.

Você sabe que está usando um par de botas de qualidade quando elas parecem feitas sob medida para seus pés.

Eu experimento as botas de engenheiro em seguida. Que dão a mesma sensação, mas não a vibe clássica de motoqueiro que as de montaria transmitem, então eu as coloco de volta e decido sobre o primeiro par.

—Aqui, — Oaklee diz, entregando-me uma pilha de jeans. —Eu não sabia o seu tamanho, então eu imaginei. Vá experimentá-los.

Suspiro, pego a pilha e saio para os provadores.

—Parecer quente não é tortura, Lawton Ayers! É divertido! — Ela fala atrás de mim.

—O que você quiser, Oaklee, — murmuro de volta.

Existem três tamanhos em estilos diferentes, mas todos eles estão desbotados e rasgados. Eles são muito parecidos com os que escolhi para Oaklee hoje. Suave, a lavagem tão leve, eles são quase azul bebê. E preenchido com buracos estrategicamente colocados que não parecem fabricados. Quando olho para o preço, tenho a sensação de que não são fabricados. Que cada buraco foi cuidadosamente feito à mão por alguma costureira.

Eu escolho meu tamanho, tiro minhas próprias calças, depois as puxo.

Um cinto de couro preto vem voando por cima da porta do provador, as fivelas batendo nas persianas de madeira. —Coloque isso também, — Oak chama do outro lado. —E deixe-me ver você antes de tirá-la, ok?

—Claro, — eu resmungo. —O que você quiser, Oaklee.

—Isso foi sarcasmo? — Eu posso vê-la através das venezianas. Ela está com o olho pressionado contra a porta tentando dar uma olhada.

—Vá embora, sua maluca. Eu sairei em um segundo.

Mas ela não vai embora. Eu posso ver sua bota batendo no carpete através da abertura na parte inferior da porta.

Foda-se. Eu mudo, puxo minhas botas de volta, e abro a porta para deixá-la ficar de boca aberta para mim.

Ela cobre a boca com a mão quando eu saio, tentando esconder seu sorriso. Então ela diz: —Oh, espere, — enquanto ela vem em minha direção, deslizando a jaqueta pelos meus braços. —Eu realmente amo o visual que você tem hoje, mas tire isso para que eu possa ver como fica a camiseta.

Ela está puxando minha camisa de brim para baixo, então eu tiro isso, sorrindo enquanto observo Oaklee estudar os músculos em meus braços, e depois deslizar a jaqueta de couro de volta sobre a camiseta branca.

—Como estou? — Eu digo. —Esse é o visual que você está procurando?

Ela morde o lábio, aproxima-se de mim, estica os dedos pelo meu cabelo, bagunça tudo, depois recua e sorri. —Você está perfeito. Não, você está gostoso pra caralho, Lawton. Eu amo isso. — Ela gira no lugar, e é quando eu vejo Chuck, de pé atrás dela. Esperando pacientemente. Ela diz: —Nós vamos levar isso, — enquanto ela faz um movimento para cima e para baixo com o dedo indicador para o meu corpo.

—Pode deixar, Oaklee, — diz Chuck. E então ele está tirando as etiquetas de preço do jeans e do casaco e indo embora antes que eu possa pará-lo.

Estou prestes a lembrá-la de que ela não está pagando por essas coisas. Nenhuma delas. Mas decido que essa é uma batalha perdida e quando você quer fazer o seu caminho com Oaklee Ryan, você joga o jogo dela. Então eu digo: —Ei, você não está levando nada? Você não achou uma saia que gosta por lá? — Eu aceno com a cabeça para a seção feminina.

—Talvez, — diz ela, mordendo o lábio novamente. Eu meio que adoro quando ela faz isso.

—Vá olhar de novo. Você pode também. Estamos aqui, você sabe.

—Está bem. — Ela sorri. —Eu não vou demorar muito, eu prometo.

—Ei, há cinquenta motos neste lugar para eu experimentar. Tome todo o tempo que quiser.

Ela se afasta e desaparece nas prateleiras de roupas.

Veja, agora é assim que você lida com Oaklee. Distraia-a enquanto paga pelas roupas que ela acha que está comprando.

Eu sinto vontade de me dar tapinhas nas costas agora.

Mas não perco tempo vangloriando-me. Eu vou direto para a caixa registradora onde Chuck já está no total.

E é quando vejo a moto.

—Ah, — diz Chuck. —Legal ela, não é? O velho fez isso para si mesmo há quinze anos. Mas ele está vendendo se você estiver interessado.

—Eu conheço essa moto, — eu quase sussurro. —Eu realmente me lembro de vê-lo montar uma vez. Uma grande abertura para uma loja, eu acho.

—Sim, — diz Chuck. —Ele está vendendo um monte de seu estoque antigo para dar espaço para novas motos. Eu acho que a velhinha colocou o pé no chão e disse que não havia mais motos na fazenda até que ele vendesse algumas.

—Louco, — eu digo. —Que ele venderia essa... obra prima.

—Elas são todas obras-primas. — Chuck ri. —Monte nela e sinta a sensação enquanto eu ligo ela para você.

Estou prestes a dizer, Nah. Mas em vez disso minha boca diz: —Sim. Está bem.

E então minha perna se agita. Meus olhos procurando todos os últimos detalhes de arte no tanque. Um pé no chão. Um pé no pedal. Ambas as mãos nos manetes. —Jesus, — eu digo. —Isso é muito bom.

—Tem uma boa suspensão traseira, — diz Chuck. —Assento de cadela flutuante para Oaklee. Eu montei nas costas daquela menina má e deixe-me dizer, ela vai sentir como se estivesse voando.

Eu posso imaginar isso também. Eu. Ela. Esta moto. O futuro.

Pare com isso, Law. Essa coisa toda é falsa. Apenas um negócio, nada mais.

—Ei! — Alguém fala da porta. —Eu tenho uma entrega. Onde você quer que coloque elas?

Tem um cara parado à minha esquerda com um carrinho de mão cheio de barris.

—No bar, — diz Chuck, apontando para o outro lado do prédio.

E é aí que vejo a etiqueta estampada no barril.

Buffalo Brews.

Eu olho por cima do meu ombro bem rápido, tentando ver se Oaklee ainda está no provador.

Ela não está. E eu sei que ela vê a mesma coisa que eu apenas pelo olhar em seu rosto.


CAPÍTULO 13

Oaklee

A saia é super fofa e é só isso que eu estou pensando quando saio da cabine do provador e começo a andar até Law. Ele está sentado em uma moto perto da caixa registradora e a primeira coisa que noto é que ele parece... ele parece... como o homem dos meus sonhos.

Eu rio disso. E estou prestes a fazer uma piada sobre comprar para ele aquela moto só para poder andar na garupa com ele quando vejo um cara rolando barris no showroom em direção ao bar.

Minha boca está aberta, minha cabeça prestes a pedir a Chuck para perguntar-lhe o que é isso - mas antes de ver a marca impressa no barril.

Buffalo Brews.

—Que porra é essa? — Eu grito. Há uma tonelada de pessoas na loja, então eu tenho muitos olhares estranhos, mas eu não me importo. —Chuck! O que está acontecendo aqui? Nós temos um acordo!

Chuck olha para mim confuso. —O que você está... — Mas é quando ele vê o problema. —Ah Merda. Eu não sei, Oaklee. Deixe-me ir descobrir.

Ele deixa a caixa registradora assim que Law se aproxima de mim. —Ei, talvez não seja o que você está pensando, — diz ele.

—Não seja o que eu estou pensando? — Eu exclamo. Estou muito puta. E as pessoas por toda a loja ainda estão olhando para mim. Então eu me recomponho e cerro os dentes. —Ela está tentando pegar meus vendedores, Law. É exatamente o que eu penso.

Meu corpo inteiro está tremendo de raiva. Eu estou tão brava. Eu quero matar essa cadela! Quero dizer, eu tenho sido paciente com ela por todos esses anos. Eu estive mordendo minha língua e mantendo minha boca fechada, apenas tentando ser razoável, e obviamente não está funcionando.

Eu preciso melhorar meu jogo. Preciso colocar a arma de guerra e a armadura de batalha e declarar guerra. Porque é isso que é.

—Oaklee, — diz Law, esfregando meu ombro. —Acalme-se. Você está tremendo, pelo amor de Deus.

—Sim, — eu digo. —Eu estou. Porque nunca senti tanta raiva em toda a minha vida. Eu olhei para o outro lado quando ela me enganou na faculdade. Eu virei a outra face quando ela roubou meus namorados. Eu me convenci a ser racional, calma e sã porque eu não gosto de ficar louca, eu realmente não gosto. Minha raiva não é algo de que eu tenha orgulho. Eu quero que a vida seja fácil. Eu quero que a vida seja calma. Eu não quero ser a rainha do drama que todos pensam que eu sou. — Eu me viro para olhar para ele. —E onde isso me levou? Hã? Eu tenho esse acordo com Spencer Shrike desde antes do meu pai morrer. Já faz quase oito anos! E ela acha o que? Que ela pode se mudar para o meu território e tomar o meu lugar agora que meu pai se foi? Eu não penso assim, Lawton! Eu não penso assim!

—Shhh, — diz ele, puxando-me em seu peito e colocando os braços em volta de mim. —Vamos lidar com isso.

—Como? — Eu pergunto. —Como vamos lidar com isso?

—Apenas espere Chuck voltar e nos dizer o que está acontecendo, ok?

Eu não respondo. Estou com muita raiva. Eu sinto vontade de chorar, é assim que fico com raiva. —Ela não tem o direito, — eu digo. —Não tem o direito de brincar com minha vida assim! O que eu fiz para ela, além de ser uma boa amiga? O que?

Law apenas me segura mais forte e balança a cabeça. —Apenas respire fundo. Provavelmente não é o que você pensa. Tipo... talvez esse cara esteja aqui para deixar amostras ou algo assim. Para o gerente provar.

—Dois barris para degustação? — Eu digo.

—Oaklee, — ele diz em uma voz calma que me faz querer dar um tapa nele. Então ele me empurra para longe, me segura no comprimento do braço e diz: —Apenas. Fique. Calma. Eu vou ver o que está acontecendo e você vai ficar aqui. Está bem?

Eu olho para ele. Sinto as lágrimas ardendo nos cantos dos meus olhos. Mas eu não digo nada. Porque tudo em que consigo pensar é como preciso me equilibrar com aquela vadia estúpida, Hanna Harlow.

—Está bem? — Law repete.

—Tanto faz, — eu digo, afastando-se dele. —Eu vou me trocar. — Então eu ando em direção à cabine do provador. E ele caminha na direção de Chuck, que eu vejo que está conversando com o gerente do bar. E quando chego ao provador, Law chega a Chuck e começam a conversar.

Eu assisto. Fervendo. Vendo vermelho. Tão quente de raiva, eu estou realmente suando. Minhas mãos estão tremendo e minhas pernas estão fracas. Então, agarro-me em uma prateleira de camisetas e me seguro enquanto observo a conversa do outro lado da loja.

Eu não posso ouvi-los e não sei ler lábios, mas posso ler expressões faciais muito bem.

Chuck está perguntando ao gerente do bar sobre os barris.

O gerente do bar provavelmente diz algo como, Hanna Harlow veio aqui na semana passada e nos convenceu a colocar seus barris na torneira para um teste gratuito.

E Law diz algo como: Mas essa é a torneira de Oaklee. Ela tem um acordo.

E Chuck diz: Sim, não podemos fazer isso. Há um acordo.

E o gerente do bar diz...

Law está voltando para mim agora. Com uma expressão estoica no rosto. E eu não o conheço bem o suficiente para entender o que isso significa, mas não preciso adivinhar, porque a primeira coisa que ele diz para mim é: —Hanna Harlow também fez um acordo.

—Deixe-me adivinhar, — eu digo com os dentes cerrados. —Ela ofereceu-lhes um teste gratuito.

—Não, — diz Law, balançando a cabeça, parecendo um pouco triste. —Não, não é esse o acordo.

—Então, o que é?

—Vamos apenas pagar por essas coisas e vamos conversar sobre isso lá fora. Chuck! — Ele grita, arranca a etiqueta da minha saia e vai até a caixa registradora. —Adicione isso à conta e torne-a rápida. Estamos indo embora.

Eu pego minhas roupas e bolsa do provador e caminho até o balcão. —Qual foi o negócio? — Eu pergunto.

Chuck apenas balança a cabeça e se recusa a olhar para mim enquanto ele administra o cartão de crédito de Lawton.

—Eu disse que vamos conversar sobre isso lá fora, Oaklee.

—Eu quero falar sobre isso agora. Qual é o problema, Chuck?

Mas ele não responde. Apenas espera que Law assine a pequena máquina para finalizar a venda e depois entrega a ele um recibo e nossas sacolas.

—Vamos, — diz Law, segurando no meu braço enquanto ele começa a abrir a porta.

Eu deixo ele me levar porque eu realmente não quero perder a paciência nesta loja. Eu realmente não quero. Mas assim que estamos do lado de fora, eu me viro e digo: —Diga-me o que está acontecendo!

—Eu vou, — diz Law calmamente. —Mas nós vamos caminhar para casa enquanto eu faço isso. Está bem?

—Você está falando comigo como se eu fosse uma pessoa louca!

—Eu acho que você tem um grande potencial louco dentro de você, Oaks. E quero que você fique calma.

—Oh Meu Deus, é ruim, certo? Apenas me diga!

—Prometa-me que vamos continuar andando e você não vai explodir em público.

Eu respiro fundo. Estamos a poucos quarteirões da minha casa e eu só quero chegar lá. Como agora mesmo. Porque eu sinto que vou chorar. Então eu digo: —Eu prometo, — no tom mais razoável que eu posso reunir.

—Está bem. Então aqui está o acordo. Duas semanas atrás, Hanna Harlow entrou perguntando sobre o aluguel da torneira.

—Mmm-hmm, — eu digo através dos lábios apertados. —Entendi.

—Ela foi informada sobre o seu negócio e que eles só servem Bronco Brews no bar do showroom Shrike do centro.

—Está bem.

—E ela apontou que Buffalo Brews ganhou Best Brew em Denver este ano no Westword.

O Westword é o jornal semanal gratuito. Todos os hipsters o liam com seu bagel de domingo nos fins de semana. Então esse concurso não era brincadeira. Eu nem entrei este ano.

—E... — Diz Law, arrastando a palavra. —Ela também mencionou que era muito parecido com o Bucked Up, então eles deveriam apenas tirar Bucked Up da torneira e colocar Buffalo Brews Buffed Up em seu lugar.

Eu paro de andar para poder encará-lo. —E eles disseram sim?

—Oaklee, — ele diz, ainda calmo. —Você prometeu não fazer uma cena.

Eu olho em volta e percebo que todos estão olhando para mim porque eu estava gritando. Então eu respiro fundo, fecho os olhos para a contagem de três, abro os olhos e digo: —Estou sob controle. Continue.

—O gerente do bar disse sim.

—Aqueles filhos da puta. — Eu vejo isso. Mas eu estou andando de novo. Eu não gritei. Eu estou no controle. —Eu vou matar os Shrikes.

—Agora espere um minuto, — diz Law. —Chuck, quem eu presumo ser algum tipo de gerente do showroom?

—Ele dirige todo o lugar, sim.

—Bem, Chuck disse ao gerente do bar para não a colocar na torneira até que você tivesse uma reunião com eles. Então eles vão ligar para você e programar isso para a próxima semana. Mas até lá, eles só servirão o Bronco Brews no bar. Então, veja, tudo vai dar certo.

—Não, não vai. Ela vai entrar na minha torneira. Ela vai dar tudo de si para arranjar isso, e eu vou ficar sem nada quando ela terminar comigo.

—Não, — diz ele. —Isso não vai acontecer. Porque nós vamos chegar a um plano. Ok? Um plano lógico. Vamos nos concentrar e ficar calmos, e vamos provar que ela roubou sua receita e contar a todo o mundo sobre isso.

—Como? —

—Pare de gritar, Oaklee.

Oh meu Deus. Eu estou tão irritada. Mas eu respiro fundo e rosno: —Como vamos provar isso, Lawton?

Ele suspira. —Eu não sei ainda. Nós vamos promover uma degustação, talvez. Colocar as pessoas na porta e fazer com que elas façam um teste as escuras e fazer com que percebam que é a mesma cerveja.

—Isso não vai funcionar! E se as pessoas não puderem dizer? E se eles disserem que o Buffed Up é melhor? Então o que eu faço?

—Olha, eu estou fazendo o meu melhor, ok? Nós só precisamos pensar sobre isso um pouco. Não tire conclusões precipitadas e não faça nada estúpido que possa fazer com que você seja processada.

—Processada! — Eu dou uma risada. —Deixe que a cadela tente!

Por esta altura estamos de volta ao meu prédio. Entramos no saguão e eu me forço a sorrir e ser gentil com as garçonetes e recepcionistas quando passamos por elas, indo em direção aos elevadores. Eu não levo minha loucura para os funcionários. Isso não está certo. Então, quando entramos no elevador, acabo de socar o último andar.

—Eu não posso acreditar que você acabou de fazer isso, — diz Law.

—Fiz o que?

—Pressionou o botão do último andar e ele aceitou. Você nem usou o cartão de acesso!

—É horário comercial, — eu digo.

—Alguém poderia roubar você, Oaklee. Apenas subir lá e pegar o que eles quiserem.

—Bem, eu tenho câmeras. Então eu os pegaria se eles fizessem. Além disso, todas as garçonetes ficam de olho.

—Não quando elas estão ocupadas, elas não veriam.

—Olha, tem sido assim desde quando me lembro. Ninguém nunca...

Mas eu paro de falar e no mesmo momento nós dois dizemos: —Hanna invadiu e roubou as receitas.

—Essa cadela!

—Eu te disse que sua segurança é uma droga. — Law pega seu telefone e aperta um contato. —Eduardo? Quanto tempo antes que você possa obter a nova segurança? — Ele espera, sorri para mim e acena com a cabeça assim que as portas do elevador se abrem no meu apartamento. —Uh-huh, — diz ele para Eduardo.

Nós dois saímos para o meu apartamento e ele continua a ouvir Eduardo falar. —Bem. — Ele finalmente suspira. —Achamos que houve uma violação. — Então ele olha para mim. —Onde você guarda sua filmagem de segurança, Oaklee?

—Eu só fico com isso por uma semana. Ele é deletado a cada sete dias. Ela tinha que ter roubado essas receitas anos atrás. Ela nem vai estar lá.

—Certo, — diz ele. —Está bem. Mas onde está sua sala de segurança? Eduardo vai te atualizar para que a partir de agora, nós saibamos.

—Porão, — eu digo. —Há uma porta trancada no final da sala do barril. Meu cartão irá abri-lo. Está tudo lá.

—Ouviu isso? — Law diz no telefone. Eu ouço a resposta fraca de Eduardo e então Law desliga.

O pensamento de Hanna Harlow estar no meu apartamento me deixa doente. Como... literalmente, quero vomitar.

Eu corro para o banheiro mais próximo e é exatamente isso que eu faço.

Law vem atrás de mim, puxa meu cabelo para longe do meu rosto enquanto eu seco, tentando fazer esse sentimento doentio ir embora, e diz: —Este é um sinal de um namorado perfeito, a propósito.

O que me faz sorrir e depois rir. Porque ele está certo. Você sabe que um cara é um protetor quando ele segura seu cabelo enquanto você vomita.


Vinte minutos depois, escovei os dentes, Eduardo veio e foi embora, executando uma nova configuração de segurança para Lawton, e nós dois estamos sentados no sofá.

Ele tem meus pés em suas mãos novamente. Massageando meus dedos.

—Eu me sinto tão triste, — eu digo.

—Não fique triste, — ele responde.

—Mas eu estou. Quero dizer, sou tão idiota. Claro que ela entrou aqui e roubou minhas receitas. Eu praticamente entreguei a ela um convite. E ai meu Deus. E se ela pegasse o Assassin Sour também?

Eu quero chorar. E no momento em que isso passa na minha cabeça as lágrimas escorrem.

Lawton me alcança, me puxa para o seu peito e diz: —Nós vamos consertar isso. Eu prometo, nós vamos. Apenas pare de chorar. — Demoro um pouco, mas ele é paciente enquanto eu me deixo ficar sem lágrimas. E então, no silêncio que se segue, ele diz: —Então, onde você as guarda? Suas receitas?

—Meu escritório. No meu disco rígido, principalmente. Mas as mais velhas, como Bucked Up e Mountain Mud, estão todas nos arquivos antigos do meu pai. Eu nem sequer acho que o armário esteja trancado!

—Não seja dura com você mesma. Você é apenas... muito confiante, Oaklee. Pessoas implacáveis como Hanna veem você como alvo e depois se aproveitam de você.

—Isso me faz soar ainda mais fraca! — Eu bufo.

—Não, isso faz você... doce.

—Foda-se doce! Eu entreguei tudo a ela! Eu nem lutei! Eu deixei ela me enganar na faculdade e tirar os garotos que eu gostava, e agora eu entreguei a ela o meu negócio! Ela provavelmente tem todas as receitas antigas que nós temos e ela vai lançar uma nova a cada ano até que ela assuma todas as torneiras da Bronco Brews em Denver!

Ele abre a boca para dizer algo em resposta, mas depois não faz. Porque ele sabe que estou certa. Hanna Harlow é uma vagabunda sorrateira que vai me atropelar e depois voltar seu caminhão para fazê-lo novamente.

—Eu preciso de um jeito de chegar até ela, Lawton. Você precisa convencê-la a confiar em você.

—Ela me odeia, eu já posso dizer. Ela nem olhou para mim ontem. Não disse uma palavra para mim.

—Isso é porque você não estava realmente vestido como meu tipo de cara, sabe? Eu não acho que ela realmente acreditou que estávamos juntos. Mas agora você tem as botas e a jaqueta...

—Botas e uma jaqueta! — Ele ri. —Isso não vai fazê-la mudar de ideia sobre mim.

Ele tem razão. Não é o suficiente. Eu preciso de algo melhor. Algo mais.

—Hey, — diz ele. —Você está com fome? Porque o bagel não foi suficiente para mim.

—Eu não estou com fome, — eu digo. —Eu nunca poderia comer de novo, é desse jeito que não estou com fome.

—Vamos, — diz ele, empurrando-me fora dele e de pé. —Eu vou te levar a algum lugar divertido. E acredite, quando você chegar lá, vai comer.


Algum lugar divertido acaba sendo o Funsville. E mesmo que eu queira fingir que isso não foi uma ótima ideia, não posso deixar de sorrir enquanto atravessamos as portas.

É um bar. É um restaurante. É um fliperama dos anos oitenta.

Funsville é um lugar onde você não pode não se divertir.

—Ei, Larry, — eu falo para o proprietário quando passamos pelo bar. Eu faço uma verificação rápida para ter certeza de que o Bucked Up ainda está disponível aqui. Se Hanna Harlow chegou a Larry, estou com sérios problemas.

É, então eu suspiro de alívio.

—Jesus, você conhece todo mundo em Denver? — Law diz.

—Aquele é Larry. Ele e meu pai são – eram – velhos amigos. Eu costumava vir aqui o tempo todo quando era criança, mas já faz um tempo.

Larry se aproxima de nós enquanto compramos fichas e ingressos na máquina e diz: —Oaklee! — Enquanto ele envolve seus braços em volta de mim e me dá um grande abraço de urso. —Você não esteve aqui em anos!

—Eu sei. Tão ocupada nestes dias. Este é... — E então eu paro, me perguntando o que Lawton é para mim. Mas eu digo: —Meu namorado, Lawton Ayers. — Porque ele é meu namorado. Eu até consegui por escrito. Durante duas semanas inteiras, tenho alguém com quem contar. E é bom, então vou aproveitar ao máximo.

Law e Larry conversam enquanto eu levo minhas fichas para a área do skee ball11 e começo a jogar. Ver Larry me deixa triste porque me faz lembrar de todos os grandes momentos que estive aqui com meu pai quando criança. E é por isso que eu não apareço por aqui mais. Eu não gosto de pensar sobre isso.

E parece que eu tenho pensado muito sobre o passado nestes últimos dois dias. Desde que Law começou a jogar esse jogo comigo.

Mas eu os vejo enquanto eles conversam. De vez em quando eles riem também. Como se fossem velhos amigos. E enquanto eu assisto, imagino que seria assim se Lawton conhecesse meu pai. Porque Larry e meu pai são muito parecidos.

Ambos tinham os braços fechados de tatuagens. As tatuagens do meu pai eram na maioria coisas do Velho Oeste. Mas Larry é cheio de coisas carnavalescas antigas. Uma mulher barbada. Um homem gordo. Leões e zebras e um apresentador em suas costas. Eu sei disso porque costumávamos ir a Grand Lake com Larry para pescar todo verão e ele tirava a camisa.

Na verdade, agora que Law está transformado como o namorado de Oaklee, eles se parecem muito também.

Ambos estão vestindo camisetas brancas. Ambos estão usando botas de motoqueiro. Ambos estão vestindo jeans desbotados e rasgados.

Mas eles ainda são... diferentes de alguma forma.

O que é isso? Por que eles são diferentes?

E isso é quando me atinge.

É quando eu descubro porque Hanna não está na de Lawton.

Ele precisa de algumas tatuagens.


CAPÍTULO 14

Lawton

Mesmo que eu não conheça pessoalmente Larry como Oaklee, eu já estive em Funsville muitas vezes com Bric. Este lugar tem sido uma instalação em Denver há mais de vinte anos e Larry aqui tem sido seu único proprietário.

Então eu digo isso a ele enquanto vejo Oaklee ir até a bola e começar a jogar. Eu digo: —Meu padrinho costumava me trazer aqui quando eu era adolescente.

—Sério? — Larry diz, vendendo uns tickets para uma criança no balcão.

—Sim, — eu digo, lembrando daqueles dias.

—Você era... um alcoólatra? — Larry diz. —Então vocês dois costumavam se encontrar aqui, como? Quando você tinha vontade de beber? Não é um bom plano, já que aqui é um bar também.

Por um segundo eu nem entendo as palavras saindo de sua boca. Então eu digo: —Alcoólatra? Não. — E eu rio porque acho que é o que as pessoas pensam quando você diz ‘padrinho’. —Não. Elias Bricman foi meu padrinho do Boys Without Brothers12. Ele me deu uma bolsa de estudos para frequentar uma escola particular e mudou minha vida. E esse lugar era parte disso. Porque costumávamos nos encontrar aqui para você sabe, falar merda.

—Ah, — diz Larry, rindo de suas pressuposições. —Desculpa. Estou cansado. Não se importe comigo.

—Não tem problema, — eu digo. —Eu acho que nunca pensei nisso dessa maneira. Eu não falo muito sobre Bric. Você o conhece?

—Quem não conhece? — Larry ri novamente. Ele tem uma risada fácil. É legal também. Ele tem um olhar sobre ele que diz ‘não foda comigo’. E é assim que eu sempre imaginei que ele seria se eu tivesse a oportunidade de falar com ele.

Mas não é assim que ele é.

—Eu conheço Bric desde que ele se mudou para cá na adolescência. Costumava entrar o tempo todo. E agora que penso nisso... — Larry faz um daqueles movimentos de olhar para o teto, como se estivesse tentando se lembrar de algo. —Eu conheço você. Criança magra. Sempre vestindo uma jaqueta de couro. Atitude de rua ruim.

—Sim, — eu digo, sorrindo. —Era eu.

—Você não parece muito diferente agora, sinceramente. Bric chegou a fazer de você um homem honesto?

—Ele fez, — eu digo. Porque um, eu entendo porque estou vestido assim hoje é fácil imaginar que nada mudou para mim. E dois, ele não disse isso de uma maneira ruim. Ele não estava me julgando. —Eu administro uma agência imobiliária multimilionária aqui em Denver agora. Mas estou fazendo um favor para Oaklee esta semana e ela quer que eu pareça um cara durão.

Eu dou de ombros e ele também. Um mútuo Meninas são loucas, o que você pode fazer? gesto.

—Bem, fico feliz em ouvir isso, Lawton. Realmente feliz por ouvir isso. É legal quando as crianças voltam e me mostram quem manda.

E com isso ele me lança mais um sorriso e sai para ajudar um cliente perto da máquina de moedas.

É estranho. Como meu passado está desaparecido há tanto tempo e conhecer uma garota louca chamada Oaklee trouxe tudo correndo de volta.

Como aquela jaqueta. E a camiseta do Johnny Cash. A motocicleta e as botas nos meus malditos pés.

Eu olho para Oaklee, que está franzindo a testa para um par de ingressos que a máquina de bolinha está cuspindo, e decido... é meio legal. Que ela me levou neste turbilhão de dois dias pela estrada da memória. E ainda tenho mais doze dias com ela. Nem é o sexo também. Embora isso tenha sido muito divertido e se ela está a bordo, vamos fazer tudo de novo. É só... ela.

Ela tem um lado selvagem, eu vejo isso. E agora que eu a conheço há dois dias, eu posso entender como os caras que transformaram Jordan em seu jogo teriam pensado que ela seria difícil de lidar. Ou irracional. Arriscado, talvez.

Ela é todas essas coisas em alguns aspectos. Mas em outros... ela é apenas uma garotinha que perdeu o pai e está passando por cima de alguém que ela uma vez chamou de amiga.

Eu ando até ela e ela sorri para mim por cima do ombro. —Eu fui péssima hoje. Normalmente eu sou boa nesse jogo.

Pego uma bola, enrolo-a na mão, depois a jogo pela pista e ela passa suavemente pelo buraco central.

—Exibido. — Ela ri.

—Eu joguei muito skee ball quando eu era criança. Bastante skee ball.

—Aqui? — Oaklee pergunta.

—Sim, mas em outros fliperamas também. Eu era um garoto de rua. Sem casa aos quatorze anos.

—O que? Mas sua mãe fez um trabalho tão bom!

—O que? — Eu realmente solto uma gargalhada com essa observação.

—Você tem ótimas maneiras. Eu imaginei... eu percebi errado, eu acho. Eu pareço entender muito errado. O que não é justo.

—Por quê?

—Porque você tem sido um cavalheiro comigo, sabe?

—Bem, sim, — eu digo, pegando outra bola e jogando-a. Ele pula para fora do buraco central e entra na sarjeta. —Minha mãe não me ensinou nada, a não ser que eu não pudesse contar com ela. Eu poderia contar comigo mesmo. Não se pode ganhar todas, certo? Quero dizer... eu não lidava com isso muito bem e então encarei muito bem porque o Bric mudou minha forma de pensar sobre isso. Ele me ensinou que as pessoas se importam. E você pode contar com elas. E não importa o quanto isso tenha sido difícil, nunca me esqueço de ser grato pelo que tenho.

Oaklee apenas olha para mim. Assentindo. Então ela diz: —Eu também entendo. Eu costumava lidar com isso muito bem, e depois ficou muito difícil. E a única coisa que me manteve em movimento foi o fato de que as coisas sempre poderiam piorar, então é melhor eu ser grata pelo que me restou.

—Sim, isso é uma merda. Desculpe. — Eu digo. E não apenas porque quero que essa palavra preencha o silêncio enquanto ela me olha. —Eu realmente sinto muito que você tenha perdido seu pai. Lamento que Hanna Harlow seja uma idiota e tenha se aproveitado de você. E eu estou a bordo, ok? Estou aqui para te ajudar e é o que vou fazer. Nós vamos pegá-la, Oaks. Eu prometo. Nós vamos pegá-la por piorar a sua vida quando as coisas já estavam ruins.

Ela pega uma bola e a joga, desta vez atingindo sua marca. Observamos a bola desaparecer dentro do buraco central e ela diz: —Você não tem que fazer isso, você sabe.

—Não tenho que fazer o quê?

—Fazer isso. Jogar este jogo idiota comigo. Quero dizer, você tem muito a seu favor, Lawton, e eu estou fodendo isso. Ainda vou aparecer para essa reunião. Não se preocupe com isso. Ainda farei minha parte.

—Hey, — eu digo, meio que rindo, mas não completamente. Porque eu não estou pronto para isso acabar ainda. Eu gosto muito dela para desistir dela depois de apenas dois dias. —Eu estou dentro, querida. Para ganhar, sem dúvidas. Então você diz a palavra e nós vamos pegar aquela cadela.

Ela se afasta, mas tenho quase certeza de que está sorrindo enquanto faz isso. Então eu olho ao redor do ombro dela e digo: —O que? Você está rindo de mim?

Ela balança a cabeça, mas seu sorriso é tão grande, eu juro por Deus, ela parece uma pessoa diferente. Uma pessoa feliz. Provavelmente mais como a pessoa que ela costumava ser do que ela é agora. A garota que brincou com o mundo inteiro com a cerveja Rocky Mountain High no primeiro de abril e foi para a cadeia por um final de semana inteiro só para manter a piada em andamento.

—Por que você está sorrindo assim? — Eu pergunto.

E então ela respira fundo, solta e diz: —Ok, se você está dentro, isso é bom. Eu quero que você esteja dentro. E eu tenho um plano, e você vai pensar que é loucura, então eu só quero que você saiba que pode desistir e dizer não. Eu não vou ficar brava, e eu não vou estragar seus negócios e não irei te odiar nem nada. Isso é tudo. Eu só quero que você saiba disso.

Ela diz tudo em uma respiração e quando termina, ela está sugando o ar.

—Ahhh... eu deveria estar preocupado com esse plano? Você sabe, porque basicamente você só me assustou com essa pequena declaração.

—O que você quer dizer? —

—Bem, qualquer um que tenha que prometer todas essas coisas em um só fôlego só para me fazer entender que esse plano maluco só depende de mim e dizer que não está tudo bem, tem algo em mente que não vou querer ouvir. Então desenbuxe isso.

—Bem, isso depende, — diz ela. —Sobre como você se sente sobre dor.

—O que? — Eu rio alto dessa vez. —Do que você está falando?

Ela agarra meu bíceps, me puxando para perto dela como se ela estivesse prestes a divulgar um segredo. E então ela olha nos meus olhos - seus olhos cor de caramelo olhando para mim. Amplos e inocentes, e muito provavelmente que eles estarão prontos para me implorar se isso tiver que acontecer. —Você já pensou em tatuagens?

Por um segundo eu não entendo a conexão com o que estávamos falando e sobre o que estamos falando agora. Então eu olho para ela, em silêncio, e digo: —O quê?

—Tatuagens, Law. Eu estava pensando... você sabe, enquanto você estava lá com Larry, que você realmente parece um motociclista hoje. Exceto que ele é todo tatuado e você não é. E sim, você tem a jaqueta, então ninguém sabe que você não é. Mas Hanna sabe que você não é, certo? Ela viu você ontem naquela camiseta do Johnny Cash. Então eu acho...

—Você acha que ela não está olhando para mim porque... o que? Eu sou apenas um poser de fim de semana?

Ela coloca o dedo no meu peito e diz: —Exatamente!

—Ah, cara, — eu digo.

—Apenas escute, ok? Hanna gosta dos caras que eu namoro. Ela provou isso para mim uma e outra vez. E mesmo que ela não tenha roubado um namorado de mim desde a faculdade, ela sai com eles depois que eu termino. É como... é como se ela desviasse do seu caminho para encontrar meus ex-namorados e então ela traz eles para os lugares que ela sabe que eu estarei. Então eu sei, eu só sei... se você tivesse tatuagens, ela realmente pensaria que estávamos juntos. Quer dizer, eu não sei o que ela acha que estamos fazendo juntos agora, mas ela deve se sentir bastante confiante de que eu não estou falando sério sobre você. Então, precisamos fazê-la pensar que estamos falando sério.

—E as tatuagens vão fazer isso? — Eu digo, dando a ela um olhar de reprovação.

—Sim!

—Eu não sei, — eu digo. —E não tem nada a ver com a dor também. É só que... Bric sempre me avisou sobre a arte corporal, sabe?

—Bric? — Ela pergunta, confusa.

—Elias Bricman. Ele é dono... bem, de muita merda. Costumava ser dono de um clube privado no edifício do Capitólio. É assim que Jordan e eu nos conhecemos. Bric é o denominador comum. Ele me encontrou quando eu tinha dezesseis anos, tirou fora o deliquente que eu era e me preparou com uma bolsa de estudos para uma escola particular. Eu nunca olhei para trás, sabe? E ele estava feliz por eu nunca ter feito uma tatuagem como um monte de outras crianças que ele estava apadrinhando. Disse que seria mais fácil no mundo real se eu não me marcasse assim. Anuncie quem eu era para o mundo antes que eles me conhecessem e merdas do tipo. Então... eu não sei. É um grande problema para mim.

Ela acena com a cabeça. Franzindo a testa. —Entendi. Sem problemas. Foi apenas uma ideia. Tenho certeza de que a jaqueta vai ficar bem. — E então ela sorri. Fracamente. E se volta para o jogo do skee ball.

E eu odeio isso. Eu odeio ter decepcionado ela. Eu odeio a carranca, e as linhas de preocupação vincando sua testa, e esse olhar em seus olhos. Aquele olhar que diz que as coisas sempre podem piorar. Porque eu costumava me sentir assim também. E as pessoas que vivem dessa forma sabem. Não importa o quanto as coisas sejam boas, a vida sempre estará lá para chutá-lo quando você está para baixo.

Então eu digo: —Espere um minuto. Eu não disse não. Eu acabei de dizer que é um grande negócio. Quer dizer, eu nunca pensei em fazer uma tatuagem, então nem sei o que quero. Eu não sei quem me tatuaria, mas eu gostaria que fosse alguém especial. Alguém que conhece, sabe dessa merda. Não apenas qualquer João ninguém fodido em alguma loja de tatuagem suja.

—Está tudo bem, Law. Apenas esqueça que eu mencionei isso.

—Quero dizer, o que eu recebo? — E agora eu tenho que sentar na beirada da máquina de bolas e pensar sobre isso. —Eu nem tenho a menor ideia. Como você decidiu essas palavras nas suas costas?

Ela olha para mim e sorri. —Você quer a versão curta? Ou a longa?

—Longa, — eu digo. Automaticamente. Porque eu não quero a versão curta de qualquer coisa quando se trata de Oaklee Ryan.

—Ok, mas vamos pegar cachorros-quentes porque estou morrendo de fome. Eu te conto quando estivermos comendo cachorros-quentes.


Dez minutos depois, estamos sentados em uma cabine bebendo Bucked Up e olhando para nossas escolhas exóticas de cachorro-quente. Larry é conhecido por seus cachorros-quentes. Pelo visto. Já que isso é o que Oaklee me diz enquanto esperamos na fila para pedir. Ele tem cachorro-quente de javali. Cachorro-quente de búfalo - o que nos faz sorrir, já que, sabe, a empresa de Hanna Harlow arruinou essa espécie específica de animal para nós dois agora. Ele tem um que ele jura que é de cascavel. Mas finalmente decidimos o cachorro jackalope13, o que é estúpido. Porque não existe tal coisa como um jackalope.

—É antílope, — diz Oaklee, percebendo a minha relutância em comê-lo. —Eu prometo. É apenas antílope americano. Que é realmente apenas um tipo especial de pequeno cervo com chifres de um antílope. Eles são na verdade um membro da família das girafas. Você já os viu, certo? Eles estão por todo o campo ao leste de Denver.

Balanço a cabeça negativamente, porque, embora eu saiba aquela velha canção sobre o lugar onde o búfalo pasta e o veado e o antílope correm, nunca pensei nisso antes.

—Apenas coma isto. Dê uma mordida e eu lhe contarei minha história da tatuagem.

Então eu faço. Porque eu quero essa história. Eu dou uma mordida enorme porque quando eu entro, eu entro com tudo.

—Nada mal, — eu digo, ainda mastigando.

Oaklee dá sua mordida e mastiga, balançando a cabeça como se fosse o cachorro-quente mais delicioso de todos os tempos, depois limpa a boca com um guardanapo e começa sua história.

—Ok, então quando eu estava na sexta série eu tive que fazer um relato sobre uma mulher famosa que eu admirava. Então escolhi Ingrid Bergman porque meu pai adorava filmes clássicos em preto e branco, então quando eu tinha doze anos eu vi Casablanca um milhão de vezes e achei que era simplesmente muito romântico. Quero dizer, Rick desistiu de Ilsa porque sabia que ela estava melhor sem ele. —

Oaklee suspira. Sorrindo para mim. —Eu amei esse final, mesmo que fosse triste e todo mundo queria que Rick fosse para a América com Ilsa ao invés de Laszlo. Eu acho que ele fez a coisa certa, deixando-a para trás. Ele sabia que ela seria infeliz e ele a amava tanto, que ele não poderia arruinar a vida dela assim. Então escolhi Ingrid Bergman para o meu trabalho e foi aí que encontrei sua citação. 'Seja você mesmo. O mundo adora o original.’ E no meu décimo oitavo aniversário meu pai me levou para fazer minha tatuagem. Logo antes de sair para a faculdade. Porque ele sabia o que eu queria e achava que isso me manteria firme quando eu estivesse contra o mundo todo e as pessoas quisessem me forçar a ser algo que eu não sou.

Eu sorrio. Verdadeiramente amando essa história. —Então, por que você não fez a coisa toda? — Eu pergunto. —Por que você não adicionou a parte 'seja você mesmo'?

Ela encolhe os ombros. —Eu acho que isso fica subentendido. Quer dizer, você não pode ser original se não está sendo você mesmo, certo?

—Você é uma mulher inteligente, você sabe disso, Oaklee?

Ela sorri. —Eu tenho meus momentos.

Sim, ela com certeza tem. —Então escute, eu nunca fui contra tatuagens. Eu meio que amo elas. Eu amo a sua, com certeza. Foi uma surpresa muito agradável virar você ontem à noite e ver isso esperando por mim.

Ela cora. E oh, porra, sim. Eu amo esse blush. Quero dizer, eu sei que acabei de conhecê-la há dois dias, mas não gosto de vê-la triste. O que me dá uma ideia para mais tarde. Mas primeiro... —Então, se eu disser sim, preciso ir a algum lugar bom. Um artista de verdade, sabe? Não alguém que faça desenhos, porque não é isso que estou procurando.

—Eu tenho apenas o lugar, — ela sussurra.

—É preciso pensar em algo digno. Algo que eu possa olhar para trás ao longo dos anos e dizer: 'Sim, eu faria de novo’.

—Ok, — diz ela. —Então vamos ver o que podemos fazer. O que é significativo para você?

Eu apenas pisco para ela.

—Tipo, que símbolo você usa para inspiração?

Mais piscadas.

—Por exemplo, — ela diz, entendendo que eu sou apenas um cara que não pensa muito em símbolos, —eu me identifico com... bem, é estúpido dizer cerveja, mas isso é exatamente o correto. Essa é a minha vida. Isso lembra a família e os bons momentos e claro, o negócio. Eu não faço mais todos os rótulos, mas é o que eu fazia quando eu era criança. Eu fazia rótulos. Vinha com nomes inteligentes. Porque cada cerveja tem uma história. Cada cerveja que criamos tem memórias associadas a ela. E sim, Bucked Up foi inventada antes mesmo de eu nascer, mas eu estava lá quando chegou à fama. Eu lembro do rosto do meu pai quando ele ganhou o primeiro prêmio internacional. Então, se eu fosse fazer mais tatuagens, usaria cerveja como inspiração.

—Você faria garrafas de cerveja? — Eu pergunto. —Ou rótulos? — Eu tento imaginá-la como Larry ali, só que em vez de carnaval, ela teria seis pacotes de cerveja em seus braços.

—Não, seu besta. — Ela ri. —Palavras são a minha praia. Eu colocaria nossos nomes de cerveja na mesma caligrafia que está no rótulo. Mas sem fotos. Apenas palavras.

—Interessante, — eu digo.

—Talvez se eu fosse realmente inteligente, — ela acrescenta, olhando para o teto, como se essa ideia tivesse aparecido na cabeça dela: —Eu pegaria os nomes das cervejas e as transformaria em um poema. Então escrevesse isso nas minhas costas. E todas as palavras regulares estariam em uma fonte e todos os nomes de cerveja estariam na fonte original. — Ela sorri e se senta, aparentemente satisfeita com seu futuro plano de tatuagem. —Sim. É o que eu faria.

—Bem, eu não acho que quero palavras.

—Claro que não. Esse é o meu símbolo. — Ela sorri para mim. —Você só precisa encontrar suas raízes. A única coisa que pode descrevê-lo em uma foto. E então vá de lá. Como meu pai, ele tinha um tema do Velho Oeste. Um monte de Mustang nas costas. Seis atiradores em seus braços. E, claro, o infame bronco bucking14 como sua principal peça de frente.

—Ele estava todo empolgado, hein?

Ela acena com a cabeça. Inclinando a cabeça um pouco como se ela estivesse se lembrando dele. Todas as tatuagens dele. Todo o tempo juntos quando ela era jovem.

Então eu digo. —Não querendo ser rude, mas o que aconteceu com sua mãe?

—Ela está morta para mim.

—Morta... para você? — Eu pergunto. —Ou realmente morta?

—É tudo o mesmo para mim. Meu pai engravidou uma mulher. Ela nunca contou a ele sobre o bebê, apenas desapareceu, e então um dia ele encontrou uma menina de quatro anos em sua porta.

—Ele não fez! — Eu berro.

—Eu juro por Deus! Ela me levou até a cervejaria, me deixou no saguão, disse à recepcionista que eu era sua filha e me deixou lá. Ela nunca voltou. Eu nunca mais a vi. Fomos apenas só nós dois depois disso.

—Então você sabe o nome dela.

—Sim. Eu a procurei quando eu tinha quinze anos. Ela estava morta até então.

—Uau, — eu digo. —Eu nem sei o que dizer sobre isso.

Oaklee encolhe os ombros. —Não tenha pena de mim, pode ter certeza. Eu tive uma infância tão boa quanto qualquer criança poderia pedir. E meu pai poderia ter sido um motociclista que fazia cerveja para viver, mas ele era um homem de negócios astuto. Ele viu a tendência da cerveja artesanal antes de qualquer outra pessoa e levou a Bronco Brews ao próximo nível. Quando ele morreu, herdei um portfólio de quinhentos milhões de dólares.

Assobio. Você sabe que as pessoas do assobio fazem quando estão surpresas com alguma coisa? Isto é o que eu faço.

—Jesus, — eu digo. —Isto é muito dinheiro. É por isso que você decidiu renovar seu prédio? Você só tem tanto dinheiro que não sabe o que fazer com isso?

—Mais ou menos. Mas também, ele sempre quis consertar o prédio. Só não tinha tempo ou inclinação para lidar com isso. Então eu imaginei que faria isso. Nós já tinhamos planejado tudo antes dele morrer. Então, tudo o que fiz foi ver até o fim. E você sabe o que é engraçado?

—Não, mas mal posso esperar para ouvir.

—Tudo que fiz foi aumentar meu patrimônio líquido quando foi finalizado. É como... dinheiro faz dinheiro.

Eu levanto minha cerveja para aplaudir e digo: —Nenhuma palavra mais verdadeira já foi dita.

Ela ri, segurando a dela para tilintar contra a minha. —Mas de qualquer maneira, estamos fora do assunto. Se você vai fazer uma tatuagem, você precisa de um plano antes de começar. Caso contrário, você pode se arrepender mais tarde.

—Certo. Um símbolo. — Eu acho muito difícil, mas não sei. —Eu não tenho um símbolo, — eu finalmente admito. —Eu não tenho nada como você. Na verdade, não. Quer dizer, minha infância foi cheia de pais fodidos, drogas e violência. Que não é o tipo de merda que você quer lembrar em seu corpo em tinta.

—Certamente havia algo. O que você pensava quando era adolescente?

Eu pondero isso um pouquinho. Então digo: —Caos. Essa é a única coisa em que consigo pensar. Apenas... caos.

—Ok, — diz ela. —Bem, como você descreveria sua vida agora?

Eu suspiro. Porque é triste que eu não tenha nenhum símbolo. —Só... ganhando dinheiro, eu acho.

Oaklee faz uma careta. Amassando o nariz no processo. Que eu acho adorável. —Você quer ser uma estrela de TV. Isso é algo.

—Sim, mas não. Eu quero o show. Eu quero o estilo de vida da montanha. Eu quero a casa e a terra, e talvez alguns cavalos. Eu quero...

—Você quer a paz, — ela termina.

—Sim, — eu digo, assentindo. —Sim. A vida era o caos crescendo e ainda é, apenas de uma maneira diferente. Então eu acho que só quero a paz. Eu quero desistir, sabe? Ficar longe da agitação e relaxar.

—E um programa de TV vai te dar isso?

Eu dou de ombros. —Eu sei que parece loucura, mas eu sinto que vai. Como se eu pudesse vender todas as propriedades que possuo aqui, eu poderia me mudar para as montanhas, vender casas para outras pessoas como eu - pessoas que precisam desistir de vez em quando e que podem se dar ao luxo de fazer isso - e eu ficarei feliz.

—Hmm, — ela diz. —Caos. Eu meio que gosto disso.

O que me faz gargalhar. — O que há para gostar no caos?

—Bem, algumas pessoas recebem o caos e se desligam. Como seus pais. Eu não sei nada sobre eles, mas normalmente as pessoas caem em uma vida assim porque não conseguem encontrar uma saída. O caos os ultrapassa. Mas outros prosperam nisso. Isso os torna mais fortes. Faz com que eles se levantem. Torna-os melhores do que eram antes. E você é uma dessas pessoas, Lawton. Você vê o caos como um desafio.

De repente eu me sinto feliz. Demoro alguns segundos para colocar esse sentimento em um pensamento coerente, mas quando o faço, digo: —Como você. Você é o caos, Oaklee Ryan. Todo esse jogo que estamos jogando é o caos. Mas é disso que eu mais gosto em você. O desafio.

Ela olha para baixo, corando. Seu longo cabelo loiro cai sobre os olhos, mas ainda posso vê-los olhando para mim por trás da fina cortina. E ela diz: —Bem, então. O que estamos esperando?

Nós não terminamos nossos cachorros-quente de jackalope ou nossas doses de Bucked Up. Apenas levantamos e saímos. Suas mãos segurando meu braço como se ela fosse minha namorada.


CAPÍTULO 15

Oaklee

Nós deixamos nossas sacolas com a recepcionista na Bronco Brews e todo o caminho de volta para Shrike Bikes me sinto culpada por trazer a ideia da tatuagem. Quero dizer, se o cara quisesse tatuagens, ele já as teria feito.

Mas, por outro lado, Lawton Ayers não é um homem que concorda com algo apenas para ir junto. Ele é o tipo de cara que tem uma opinião. Ele é o tipo de cara que sabe o que ele quer. Então ele não é o tipo de cara que marca seu corpo com tinta apenas para fazer uma garota que ele mal conhece feliz.

Esse raciocínio me faz sentir bem sobre isso.

Mas a culpa ainda permanece no fundo da minha mente.

—Nós não temos que fazer isso, — eu digo.

Já estamos nos aproximando da porta da frente do Shrike e minha fraca tentativa de convencê-lo de toda a ideia nem o faz parar. Ele apenas abre a porta, fica de lado e diz: —Estamos fazendo isso.

Então, vamos para dentro, vamos até o fundo da loja de tatuagens e ficamos sob o letreiro rosa néon que diz Sick Girlz Ink. O zumbido da máquina nas minhas costas enche meus ouvidos enquanto toco o pequeno sino que deixa os artistas saberem que alguém está no balcão esperando.

Vivi Vaughn espia pelo canto da parede. —Aguarde um... ei! — Ela diz, mudando seu tom no meio da frase. —Oaklee! Quanto tempo, cadela!

Vivian Lee Vaughn. Como descrevê-la? Cabelo rosa penteados com rolos estilo pinup dos anos cinquenta. Alta, curvilínea, grandes seios e lábios carnudos. Ela é alguém que você não pode deixar de olhar. Adicione seus braços cobertos de tatuagens - todos com crânios rosa choque e pretos e corações vermelhos, preenchidos com uma dose saudável de estrelas rosas - e ela é exatamente uma modelo de tatuagem de capa de revista.

—Vivi! — Eu digo. —Eu tenho um amigo que precisa de algum trabalho.

—Estou quase pronta, docinhos. Saio em um segundo! — Ela fala de volta.

—Então... — Law se vira para mim. —As lojas de tatuagem não costumam ter obras de arte nas paredes? Não há nada aqui para obter ideias.

—Oh, ela faz tudo personalizado. Você diz a ela o que você quer, ela desenha no local, então ela faz sua mágica. Você queria um artista? Ela é a melhor em Denver. Sua família é dona do icônico Sick Boyz Ink em Fort Collins, então ela e suas irmãs já nasceram com isso.

—Bem, você percebe isso? — Law ri. —Eu tenho dois exemplos da vida real de mulheres sendo filhas de peixe15.

Eu também rio, porque nunca pensei nisso dessa maneira. Mas é verdade. Vivi e eu somos duas vadias no topo do jogo em um mundo dado a nós por nossos pais.

—Mas ela tem uma pasta de fotos de seu trabalho aqui, — eu digo, caminhando até uma mesa de café e sentando em um sofá de couro rosa estofado. —Quer ver um pouco disso?

Ele quer, porque ele se junta a mim, e então nos sentamos lá, o livro em nosso colo entre nós, e folheamos.

—Jesus, — diz Law. —Você não estava brincando. Todo mundo aqui é uma obra prima viva e que respira.

Ele tem razão. Todos no livro têm uma obra de arte bem planejada e colorida em seus corpos.

—Ela me faz querer mais do que uma. — Ele ri. —Como, no mundo, você só tem apenas aquela parte de trás?

Eu dou de ombros. —É tudo que eu queria. Mas sim, é viciante. Especialmente quando Vivi ou suas irmãs as fazem. Você só quer voltar assim que puder e conseguir mais para continuar.

Ele folheia o livro, parando para olhar alguns. Uma é uma peça de cavaleiro das trevas feita em preto e azul. O próximo é o Homem de Ferro feito em vermelho escuro e cinza. E o terceiro é um baú do Sex Pistols com um enorme símbolo de anarquia sobreposto a uma moça de moicano alto.

Ele permanece nessa por vários minutos.

—Você gosta de uma tatuagem de Sex Pistols, Law?

—Não, não exatamente. Mas...

—Ok, — diz Vivi, levando uma mulher ao balcão para pagar. —Estarei com vocês em um segundo. Só tenho que finalizar esse show primeiro.

—Não há problema, — eu digo, voltando-me para Law. —O que você ia dizer?

—Bem, caos, certo? Eu procuro controlar o caos. Então, o símbolo da anarquia é um bom começo. Essa é a estampa na parte de trás da jaqueta que te dei. — Em seguida, ele aponta para alguns quadrinhos emoldurados na parede. —Mas eu realmente gosto disso também.

—Tema de super-herói anarquista. Não vi isso vindo. — Eu rio. Ele abaixa o livro e nos levantamos para ver mais de perto a arte na parede. —Isso é uma história em quadrinhos de verdade? — Eu pergunto. —Eu nunca ouvi falar de Anarchy Found.

—Sim, mas é algo de edição limitada. Apenas três edições e foi principalmente uma obra de arte.

—Então você está familiarizado com esses anarquistas?

—Eu ouvi sobre eles quando estava na faculdade. Li cópias piratas online, mas nunca as vi pessoalmente.

—Hmmm, — eu digo. —Bem, isso soa um pouco como raízes, se você me perguntar.

—Ei, pessoal, — diz Vivi, caminhando até nós. —Desculpe pela espera. O que posso fazer por você, Oaklee?

Então eu digo a ela. Eu conto a ela tudo sobre meu novo namorado, Lawton Ayers, e o que ele está procurando. Ele pula quando apropriado, tentando explicar sua visão, mas tendo problemas.

—Ok, — diz Vivi, levantando uma sobrancelha loira para ele. —Então você gosta de histórias em quadrinhos, anarquistas, as cores azul e vermelho e punk rock.

Lawton faz uma careta. —Foi isso que eu disse?

—Isso é o que eu ouvi, — Vivi responde.

—Eu não acho que é isso que eu quero dizer. Eu quero algo legal. Algo que meio que personifica de onde eu vim, mas não quem eu sou agora. Algo que narra essa jornada.

Vivi morde o lábio. Seus olhos subindo em direção ao teto, enquanto ela pensa.

—Oh! — Eu digo. —Eu sei. — Ambas as cabeças se viram para mim. —Espere. — Eu pego o livro e começo a folhear as fotografias. —Como esse, mas... — Eu abro mais algumas páginas até encontrar outra foto. —E esse também.

Vivi olha para mim. Então, para Law. —Isso é o que você quer?

Law pega o livro da minha mão. Olha a foto. Volta as páginas de volta para o primeiro. Em seguida, repete esse processo mais algumas vezes até que ele começa a sorrir. —Sim, mas...— Vira as páginas novamente. —Mas com isso também. — Ele aponta para outra fotografia.

Vivi o observa por um segundo e depois diz: —Você está nu agora. Nenhuma tinta. E você está me dizendo que quer isso?

Law concorda.

Eu tento imaginar quão intrincada essa peça seria e não consigo.

—O que você está pedindo é mais do que um bíceps. Tem que fluir para o peito e terminar no braço oposto. Provavelmente envolva ambas as omoplatas nas costas também. Isso é um compromisso. Você vai precisar voltar um monte de vezes no próximo ano para conseguir esse tipo de trabalho. Como você e eu vamos ser bons amigos quando eu terminar.

Ele acena novamente. —Entendi.

Mas eu não sei. Era só... apenas deveria ser uma. Eu não queria mudá-lo tanto assim. Quero dizer...

Mas Law segue Vivi quando ela caminha até o balcão, pega um bloco de notas e começa a desenhar com lápis de cor, como se estivesse realmente acontecendo.

Quando ela termina, ela levanta e Law diz. —Sim. Faça. —

Vivi olha para mim e eu não digo nada, porque eu ainda estou meio chocada que ele vai levar isso até aqui.

Então Vivi diz: —Ok. Me siga.

Então ele a segue de volta para trás da parede para se levantar.

Para mim.

E a culpa está de volta. Tanta culpa está fluindo através de mim, eu coloco uma mão em seu braço e digo: —Você tem certeza?

E ele diz: —Sim.

É isso aí. Apenas... sim

Mas eu não acho que ele estaria aqui se eu não mencionasse isso. Eu não acho que ele tenha pensado em tatuagens depois que seu amigo disse a ele para não as fazer. E agora ele está aqui fazendo um compromisso insano de transformar sua pele em arte apenas para jogar meu jogo.

Meu coração começa a bater rápido. O suor começa a pingar na minha testa e fico um pouco tonta quando a realidade do que está acontecendo afunda. Vivi sai da sala para pegar alguma coisa.

—Law, — eu digo. —Talvez você não devesse fazer isso.

—O que? — Ele ri, sentando-se na cadeira de tatuagem. —Foi ideia sua!

—Eu sei, — eu digo. —Não deveria ser minha ideia, deveria ser sua.

Ele estende a mão, coloca a mão na minha bochecha e diz: —A ideia é minha. Eu sempre quis uma, é só que... me disseram para parecer profissional, sabe. E essa foi a ideia de Bric de quem eu era, não minha. E agora toda a minha vida está prestes a mudar. Daqui a alguns dias eu vou me encontrar com as pessoas da Home TV e depois que tudo estiver pronto, eu serei um cara diferente. O cara que eu sempre quis ser. O cara que eu sempre achei que era. Talvez... talvez seja o meu problema? Talvez eu esteja tendo uma crise no início da meia-idade porque eu me transformei em quem Bric queria que eu fosse, não no cara que eu queria ser?

—E esse cara que você imagina ser... ele tem tatuagens no braço e no peito? Porque é isso que vai ser quando você terminar.

—Por que não? — Ele diz. —Quero dizer, se eu estivesse feliz sendo esse cara, eu continuaria fazendo o que estou fazendo. Estou cansado de ser esse cara. Nunca pareceu certo, sabe? Sempre me senti falso. Como se eu tivesse esquecido de quem eu era e de onde eu vim. E eu sinto que, se eu conseguir essa tatuagem, não há como eu esquecer de novo.

Eu sorrio para ele. Hesitante. Quase convencida.

—E além disso. Precisamos pegar a cadela de Hanna Harlow e assim que ela ver meu novo eu, ela cairá na armadilha.

Meu sorriso vacila. Ele quer me fazer feliz, o que por alguma razão, me deixa triste em vez disso.

—Você vai ficar? — Law pergunta, me tirando do meu estado de pânico. —Ou vai fazer alguma coisa? Ela diz que vai demorar algumas horas, pelo menos. Então não se sinta obrigada a segurar minha mão. — Então ele pisca para mim. —Eu posso aguentar.

Eu levanto um banquinho extra de médico até a cadeira onde ele está sentado. —Eu não estou indo a lugar nenhum. Estou contigo.

Vivi retorna e começa a trabalhar. Passando por todos os movimentos de preparar o braço dele, depois pegando todas as agulhas dela, colocando uma em sua máquina. Ela alinha todas as suas tintas e em seguida, coloca seu suporte de lanterna na cabeça que direciona uma luz brilhante para baixo em seu corpo e começa.

O zumbido enche meus ouvidos. Lawton brinca, estremecendo quando a agulha corta seu desenho, mas também observa. Fascinado com as mudanças que ele está fazendo em seu corpo.

Por mim.

Jesus Cristo, Oaklee. Você está tão envolvida em si mesma. É preciso algum tipo de ego para pensar que esse cara iria suportar a dor, marcar seu corpo e pagar mil dólares por uma tatuagem se ele não quisesse.

Pelo menos eu digo a mim mesma isso. O tempo todo Vivi está trabalhando sua mágica.

Porque isso é tudo que posso dizer a mim mesma.

Porque se eu for a única razão pela qual Lawton Ayers tomou essa decisão, não poderei viver comigo mesma.


CAPÍTULO 16

Lawton

Oaklee eventualmente deixa o banco de médico e se acomoda em uma cadeira estofada no canto. Mas ela nunca tira os olhos de mim. Sua expressão é uma mistura de tristeza e medo. Mas toda vez que ela me vê olhando para ela - é difícil não olhar para ela - ela sorri para mim. Como se ela estivesse tentando fazer uma expressão corajosa.

Eu sei que ela está preocupada com esta situação da Hanna. E ela tem todo o direito de estar porque essa merda é muito mais séria do que qualquer um de nós percebeu.

Eu poderia descrevê-la como uma espécie de ilusão paranoica egoísta – a coisa toda de Hanna quer ser eu. Mas não é isso que Hanna está fazendo. Eu acho que isso está bem claro. Ela está alvejando Oaklee. Por qualquer motivo, ela quer roubar sua vida ou levá-la para baixo.

Por quê? Eu gostaria de saber.

Vivi não fala muito. Ela está cem por cento focada em seu design. Eu assisto pela primeira hora. Cuidadosamente. Certificando-me de que ela está fazendo o que eu imaginei. E dói pra caramba. Parece uma faca esculpindo minha pele.

Mas eventualmente meu braço fica dormente e minha confiança está completa. Oaklee estava certa. Se você vai fazer uma tatuagem, esse é definitivamente o melhor lugar para se estar.

Meu telefone apita uma mensagem - Eduardo, que me diz que atualizou o painel de segurança e encomendou uma porta de metal para bloquear a entrada do apartamento. Estou prestes a respondê-lo de volta e dizer-lhe obrigado quando me lembro da minha ideia anterior. Então eu mando um texto de volta, fazendo outro pedido também.

—Tem algum lugar para estar? — Vivi pergunta, sem tirar os olhos do trabalho.

—Não, — eu digo, olhando para Oaklee. Ela parece sonolenta e ainda um pouco triste. —Estou presente.

—Bom, — diz Vivi. —Porque eu vou precisar de mais três horas antes de eu estar pronta para deixar você ir hoje.

Oaklee se levanta e caminha até nós, olhando para o trabalho em andamento. Então ela sorri para mim, mas novamente, parece forçada. —Está com fome? Eu posso pegar alguns hambúrgueres no bar.

—Sem cerveja, — diz Vivi.

—Sem cerveja, — repete Oaklee. —Eu sei. Lawton? Comida?

—Não, — eu digo. —Eu tenho planos para nós depois. Melhor salvar nosso apetite. — E então eu pisco. O que a faz sorrir de novo, e desta vez acho que é real. E eu quero muito que ela se sinta melhor sobre as coisas, eu decido fazer um esforço maior para incluí-la.

—Então... este festival de cerveja, — eu digo. —Que dia será?

—Próximo domingo.

—O que você está inscrevendo este ano? — Vivi pergunta, entrando na conversa.

—Uma cerveja secreta, — diz Oaklee. —Algo que eu tenho trabalhado por um tempo agora, mas ninguém sabe.

—Para impedir que Hanna Harlow a roube? — Vivi pergunta.

—O que? — Oaklee diz. —Como você...

—Dê-me algum crédito. — Vivi ri. —Eu bebo cerveja. Qualquer um que não tenha notado que Buffed Up é uma versão barata da Bucked Up é um idiota.

—Certo! — Oaklee exclama. —Como as pessoas não veem isso?

Vivi para de trabalhar e olha para Oaklee. A luz da lanterna dela brilha nos olhos de Oaklee por um momento, o que faz Oaklee levantar a mão para protegê-los. Vivi ajusta sua luz e diz: —Eu não sei. É estranho, com certeza. E ouvi dizer que ela veio aqui mais cedo reclamando sobre o Shrike Bar não o colocar na torneira.

—O que aconteceu? — Oaklee pergunta.

—O habitual colapso de Hanna. Muito drama. Muitas promessas. Muita besteira.

—Então, qual foi a decisão? — Eu pergunto.

Vivi sorri. —De jeito nenhum essa cadela trapaceira vai colocar o pé nessa porta. Ela só quer nossa torneira por causa do programa de TV.

— Qual programa de TV? — Oaks e eu perguntamos ao mesmo tempo.

—O novo show do Shrike Bikes. Meu primo Oliver decidiu aceitar o canal Biker para fazer um programa. Spencer fez um ano atrás e se cansou disso. Mas agora que Oliver está no comando, parece que ela está...

—Interessada, — eu digo. Eu acho que não sou o único cara no Colorado que quer agitar as coisas.

—Muito interessada, — Oaklee ecoa. —Eu não tinha ideia de que as pessoas gostavam tanto de fazer esses reality shows.

—Pessoas? — Vivi pergunta, voltando a trabalhar agora. Eu odeio quando ela para. Como... eu me acostumo com a dor constante, então uma pausa piora quando ela recomeça. —Quem mais está fazendo um show?

—Lawton, — diz Oaklee. Sorrindo para mim.

—Nós dois, — eu a lembro.

—Mesmo? — Vivi pergunta. —Me conte mais sobre esse novo empreendimento, Oaklee. Você não mencionou no mês passado quando a vi naquela festa.

—Oh, isso é tudo do Lawton, — diz Oaklee. —Ele precisa de uma parceira e eu precisava de um favor, então decidimos nos unir.

—É para a Home TV, — eu digo. —Eles gostam de parceiros, sabe? E Oaklee é como a garota local perfeita para apresentar comigo.

Vivi olha para mim, seu desenho parando. Então ela olha para Oaklee. De volta pra mim. E diz: —Sim, vocês dois são como o casal perfeito. Eu posso ver totalmente isso. Mas Home TV? Mas que tipo de show teria uma herdeira da cerveja e... o que você faz mesmo?

—Agente Imobiliário, — eu digo.

Ela ri. —Sério?

—Sim, por quê?

—Não sei. Eu teria chutado que você era músico ou algo assim. Você parece um motoqueiro rock star. O que é tudo isso?

Eu olho para Oaklee e ela suspira.

—É uma longa história, — eu digo. Porque eu posso dizer que Oaklee não quer falar sobre o nosso pequeno jogo de namorados. —Mas meu teste com o pessoal da Home TV é sobre a venda de casas de montanha multimilionárias. Você sabe, o grande sonho de fuga e merdas assim.

—Por que? — Vivi pergunta.

—Porque estou cansado de vender casas. Eu quero fazer algo mais... colorido, eu acho.

Vivi para de novo, olha para mim, move a luz para que não fique brilhando nos meus olhos e diz: —Então você acordou um dia e disse: 'Acho que serei uma estrela de TV?'

E então ela ri novamente. Desta vez, uma gargalhada total.

O que me faz rir, porque é bem ridículo. E então Oaklee também ri.

—Eu sei, — eu digo. —Entendi. Mas eu tenho planejado isso há muito tempo. E o encontro com a Home TV é nesta quinta-feira. Este é o decisivo, sabe. Aquele em que eles vêm me ver no meu habitat natural e decidem se eu sou um bom negócio.

—Então você precisa de uma parceira no crime? — Vivi pergunta.

—Exatamente, — eu digo. —E Oaklee é a parceira perfeita.

—Há quanto tempo vocês se conhecem? — Vivi pergunta. —Não muito, se eu tiver que adivinhar, porque você nunca mencionou ele antes e eu não estou dando em cima de você nem nada, Law, mas você é sexy. Ela teria mencionado você.

—É recente, — diz Oaklee. —Mas é perfeito. — Ela sorri para mim. —Eu tenho algo que ele precisa e ele tem algo que eu preciso e por isso é... apenas... perfeito.

—Espere, — diz Vivi. —O que você precisa dele? —

Vivi é um biscoito inteligente. Ela percebe que os olhares nervosos que Oaklee e eu estamos trocando são uma pista de que há mais nessa história do que estamos contando.

—Vamos, — diz ela. —O que diabos está acontecendo?

Oaklee suspira. Alto. Em seguida, puxa o banquinho de rodinhas e diz: —Ok, mas se eu lhe disser, prometa não rir de mim.

Vivi cruza seu coração com um dedo enluvado de preto.

—Estou jogando o Jordan's Game com ele.

—O que? — Agora Vivi - que provavelmente não é uma garota que você pode chocar facilmente - parece chocada. —Vocês dois estão jogando um jogo de sexo?

—Você sabe sobre o Jordan? — Eu pergunto. Provavelmente a pergunta errada para essa conversa particular, mas estou tão curioso.

—Todo mundo sabe sobre aquele perverso. — Vivi ri. —Um dos caras do showroom tentou comprar um jogo dele há alguns meses, mas ele não podia pagar. Então, quanto você está pagando por isso? — Vivi pergunta a Oaklee.

—Essa não é a questão. E não é um jogo sexual. É um jogo de se-iguale-com-Hanna-Harlow.

—Então vocês dois não estão... — Vivi faz um gesto rude para indicar sexo. Oaklee fica cor-de-rosa. O que faz Vivi gargalhar novamente. —Você! Sua pequena gatinha sexual. — Então ela olha para mim. —Eu tentei colocá-la com uma dúzia de caras para tirá-la desse tipo de brisa que ela esteve nos últimos anos e ela se recusou o tempo todo. Então bom para você, Lawton. Muito bom!

Como sair desse tipo de conversa?

Deixa pra lá. Irrelevante. Porque Vivi está agora interrogando Oaklee sobre o nosso plano para derrubar Hanna.

Que, depois de muita persuasão, Oaklee conta também.

Trinta minutos depois, Vivi, aparentemente satisfeita por ter pegado toda a sujeira enquanto estava usando meu braço com uma agulha, diz: —Não é um ótimo plano. Vocês precisam de mais, pessoal. Você precisa de uma aula avançada sobre métodos de destruição. Provocando-a para se apaixonar por Lawton? — Ela olha para mim. —Sem ofensa, Law. Você é totalmente quente e eu ficaria feliz em cair na sua armadilha. Mas eu sou um pouco vadia e não tão desconfiada quanto Hanna. Ela nunca vai morder a isca, pessoal. Você precisa tipo... invadir seu lugar e encontrar suas receitas. Esse é o tipo de prova que você precisa.

—Isso é ridículo, — eu digo, rindo de sua sugestão idiota.

Mas quando olho para Oaklee, ela está quieta.

—Você não está considerando isso? — Eu pergunto.

—É claro que ela está, — diz Vivi. —Ridículo é como Oaklee está fazendo agora. Ouça, aqui está um plano que você deve considerar...

E é isso que fazemos. Nós ouvimos Vivian Lee Vaughn, extraordinária artista de tatuagens de cabelos rosados, nos dizendo exatamente como ganhar de três a cinco anos em uma prisão estadual com um plano tão louco que nem vale a pena mencionar aqui.

Eu fico quieto. Principalmente porque Oaklee está quieta também. E também porque uma vez que você fala com Vivi sobre seu curso intensivo sobre como se tornar um fora-da-lei, é difícil interrompê-la.

—É o que eu faria, — diz Vivi, quando finalmente termina. E então ela rola para trás em seu banquinho, tira as luvas com um estalo alto e diz. —Então, o que você acha?

—Sobre o seu plano louco? — Eu pergunto, ainda estupefato com o que acabei de ouvir.

—Não, seu besta. — Ela ri. —Sua tatuagem. Está pronta. Por agora. Você vai precisar me ver de novo em cerca de quatro semanas e faremos o outro braço. Então vamos começar no peito e nas costas. Deixe-me pegar algumas coisas de cuidados posteriores.

Com isso ela se levanta e sai do quarto.

Eu olho para Oaklee. Ela olha para mim. Eu digo: —Estamos de acordo que o plano dela é insano, certo?

Oaklee concorda com a cabeça, e embora eu só a conheça há dois dias, posso ver aquelas rodas loucas girando em sua cabeça.

—Oaklee, — eu digo. —Esta não é uma piada de 1º de abril. Isso não é brincadeira. Isso é cem por cento não acontecendo.

Ela acena com a cabeça, ainda em silêncio. Então, finalmente, ela diz: —Concordo, — bem no momento em que Vivi volta falando sobre como eu deveria cuidar da tatuagem.

Que está fabulosa.

É um grupo de cinco pessoas. Adolescentes que eu poderia ter saído no passado. Jaquetas de couro, cabelos punks, tatuagens em seus corpos. Todos saindo em um ambiente urbano decadente. O prédio atrás deles com janelas quebradas. O velho tijolo desmoronando. E no lado da parede há um símbolo de anarquia pintado em spray vermelho e azul. Tudo feito em fotorrealismo.

Eu tenho que admitir, a artista pode ser louca, mas seu trabalho desafia qualquer opinião que eu tenha de sua bússola moral.

Ocorre-me embora. A ironia de que o que ela acabou de pintar no meu corpo é uma prova de quem eu era. E eu tenho que me perguntar, enquanto a vejo envolver meu braço com uma película de tatuagem, então levanto-me, ouço as instruções dela, e pago a ela mil dólares no meu cartão de crédito, se eu tenho alguma moral para julgar.


CAPÍTULO 17

Oaklee

—Eu vou levá-la para casa, — diz Law, assim que saímos do Shrike.

—Claro que você vai, — eu digo, sorrindo para ele. —Você é um verdadeiro cavalheiro, Law. E tenho certeza que você vai me levar até a minha porta de novo, não vai? — Eu faço uma daquelas piscadelas. Para indicar que estou pensando em sexo.

Ele entende.

—Eu definitivamente estou te acompanhando até lá. Preciso mostrar o progresso que Eduardo fez no seu sistema de segurança hoje.

—Essa é a única razão? — Eu brinco.

Ele apenas me dá um sorriso malicioso. Mas é o suficiente. E não é que eu realmente queira fazer sexo com ele hoje à noite. Quero dizer, isso seria um bônus, claro. Eu só quero que ele fique por perto. Tem sido bom ter alguém para desviar minha atenção de toda essa besteira da Hanna. Mesmo indo até Golden ontem para a coisa de cerveja na Opera House foi engraçado com ele lá. E hoje... bem. Uau. Nós nos envolvemos muito hoje.

—Eu estou realmente muito cansado, — diz ele, me chamando de volta para a conversa que estamos tendo. —Então, eu provavelmente vou deixá-la e vamos descobrir para onde vamos amanhã.

—Oh, — eu digo. —Está bem.

—Eu tenho clientes amanhã, — diz ele, tentando explicar. Porque minha reação foi claramente de decepção. —Eu tenho três casas para mostrar e a inevitável documentação que virá com elas, já que o mercado está quente e as três estão interessadas em colocar ofertas. —

—Tudo bem, — eu digo. —Eu tenho uma tonelada de coisas para fazer amanhã também.

O que é uma mentira. Eu realmente não faço nada na cervejaria. Quero dizer, não é como se eu cuidasse do bar ou faço as reservas das mesas ou qualquer coisa importante assim. Eu tenho papelada. Sempre tem isso. Mas nada disso é urgente. Na verdade, a maioria dos meus dias é gasto fazendo trabalho pesado. Alguns testes de cerveja. Eu faço isso quase todos os dias apenas por hábito. Eu converso com os clientes no almoço ou jantar. Eu trabalho em novas receitas, novos designs de rótulos, novos nomes de cervejas e novas receitas de cerveja. Que é toda a diversão que vem em se comandar uma cervejaria. E sim, isso é muito importante, mas... eu não tenho rótulos para projetar, nem cervejas para nomear, nem receitas para criar, porque emprego cinquenta e duas pessoas por um motivo. Então elas podem fazer todas essas coisas por mim.

Então eu gasto muito tempo pensando em Hanna Harlow. Muito tempo pensando sobre essa cadela.

Talvez eu esteja tendo uma crise precoce de meia-idade também?

Não é como se alguém já tivesse me perguntado se eu gosto de administrar uma cervejaria. Foi apenas assumido. Por mim, não apenas meu pai. Eu nunca sequer considerei outra carreira.

Isso é estranho?

—Você sabe, — eu digo enquanto atravessamos a rua e nos dirigimos para a porta da frente da cervejaria, —Estou ansiosa para esta entrevista do programa de TV. Na verdade, acho que seria divertido trabalhar com você neste projeto.

—Sim? — Law diz.

—Sim. Eu posso estar entediada, Lawton. Encontrar você pode ter destacado algumas deficiências na minha vida.

—Social? — Ele pergunta. —Ou profissional? —

—Ambos.

—Você está se apaixonando por mim, não é?

Eu rio quando ele abre a porta da cervejaria e segura para mim. —Talvez um pouco.

Ele me segue e depois me cutuca para apertar o botão do elevador.

Mas o pequeno botão não acende. —Oh, meu Deus, Eduardo esqueceu de ligar o elevador ou algo assim?

—Não, — diz Lawton. E é quando percebo que há um pequeno painel na tampa do botão de aço inoxidável. —Agora você tem que pressionar um código para abrir as portas. —

Ele aperta o código no teclado, as portas se abrem e entramos. Então ele repete o código novamente para fazer o botão da cobertura acender e as portas se fecharem.

—Pode ser um exagero, — diz Law. —Mas é uma boa ideia ter muita segurança do que não ter nenhuma.

Sua preocupação me dá um sentimento caloroso por dentro. Como se ele realmente fosse meu namorado, porque esse é o tipo de coisa que os namorados prestam atenção e cuidam.

Quando as portas se abrem novamente no meu apartamento, ele sai comigo. —Oh, nos esquecemos de jantar! — Eu digo, feliz que ele ainda esteja aqui, mas com medo de que ele apenas diga adeus e vá embora.

—Não, nós não esquecemos, — diz ele, atirando-me um sorriso. —Eu cuidei disso. Vamos. Há uma pequena surpresa para você no telhado. — Ele pega minha mão e começa a me levar até as escadas.

—O que? Que tipo de surpresa? — E se sua preocupação com a minha segurança me fez sentir toda pegajosa por dentro, isso me empurra para o limite. E fico feliz que ele esteja de costas para mim enquanto subimos os degraus, porque eu tenho um largo sorriso no rosto.

—Você vai ver, — diz ele, olhando por cima do ombro para mim uma vez chegamos ao topo. Nós fazemos o nosso caminho para o meu quarto e eu pego sua jaqueta de couro velha da cama quando eu passo. Porque está frio lá fora. Porque eu quero usar isso. Porque era dele e agora é minha.

Eu deslizo ela em mim, em seguida, subo a escada, imaginando o tempo todo se Law está olhando para minha bunda.

Espero que ele esteja olhando para minha bunda.

Assim que chego aos últimos degraus da escada, paro.

—Continue, — ele pede com uma mão no meu quadril.

—O que você fez? — Eu respiro.

—Apenas continue, — diz ele. —Você vai ver em breve.

Então eu subo os últimos degraus e saio para o meu telhado. Law me segue. Fica ao meu lado enquanto eu absorvo tudo.

A torre de água inteira está iluminada com cordas de luzes brancas. Elas brilham contra o pano de fundo da noite, da cidade e das estrelas, como algo saído de um sonho. E a parte de baixo está coberta com um mosquiteiro branco. Do jeito que meu pai costumava fazer em dias especiais.

—O que é tudo isso? — Eu respiro, com medo de que falando muito alto acabe com o feitiço.

—O namorado do pacote de luxo presta atenção, senhorita Ryan. Então... — Ele encolhe os ombros quando olho para ele. —Eu combinei com Eduardo para arrumar isso.

—Para mim? — Eu digo, com minha mão sobre o meu coração.

—Sim, claro que para você. — Ele ri.

—Mas... não é nem mesmo meu aniversário!

—Oaklee, — diz Law, virando-se para mim enquanto ele pega minhas duas mãos nas dele. —Não há regras para algo especial. Nós podemos tornar está vida tão divertida, tão legal e tão especial quanto quisermos. Qualquer hora que quisermos. Não há feriado no calendário chamado Dia Especial.

—Mas você... nós... não estamos nem mesmo namorando.

—E? E daí? Eu gosto de você, você parece gostar de mim. E talvez não estejamos namorando de verdade, mas somos definitivamente parceiros, certo? No seu jogo. No meu jogo. — Ele solta minhas mãos e joga os braços para cima. —Nós podemos fazer o que você quiser. E você disse que isso fazia você feliz quando criança, então não demorou quase nada para eu reproduzir o que você amava.

Nenhum esforço? Ele está brincando? —Meu pai nunca escalou a torre de água para pendurar luzes até o topo. Eu acho que a cidade inteira pode ver isso hoje à noite.

—Bem, Eduardo não estava feliz com isso, sem dúvida. — Ele ri. —Mas foi assim que eu vi na minha cabeça quando você descreveu para mim, então foi assim que foi feito.

—Eduardo... — eu digo. —Como você conseguiu que ele fizesse isso?

—Ele e eu nos conhecemos há muito tempo. Nós trabalhamos juntos o tempo todo. Ele é um cara legal e além disso, agora eu lhe devo um favor, e acredite em mim, ele vai me fazer algo igualmente ridículo quando for sua vez de cobrar. Além disso, ele vai me cobrar muito mais por essa segurança, não se preocupe.

Eu me viro e olho para a cidade. Imaginando quem pode ver isso. Imaginando se as pessoas que olham para a minha torre de água todas as noites estão olhando para ela agora pensando: Bem, droga. Isso é foda demais.

Porque é exatamente isso que estou pensando.

Lawton Ayers me surpreendeu.

Eu viro para ele e ele diz: —Eu também tenho pizza. Então nós podemos comer. Está bem frio, então imaginei...

E é aí que eu ando até ele, pego seu rosto em minhas mãos e o beijo. Bem na boca.

Ele me beija de volta, nossas línguas fazendo aquela dança doce e familiar novamente. Suas mãos vão para os meus braços, apertam meus ombros com força enquanto o beijo cresce. Torna-se menos desesperado e mais apaixonado.

—Para que é isso? — Eu pergunto, relutantemente me afastando para apontar para a mesa de piquenique.

—Isso, — diz Law, balançando a cabeça para a mesa. —É o tapete de pele de carneiro do chão do seu quarto. Eu não achei que você iria querer tirar farpas das suas costas amanhã de manhã.

Eu não posso evitar. Eu rio. —Você planejou as luzes, o jantar, — eu digo, apontando para a caixa de pizza em uma pequena mesa ao lado. —E o sexo?

—Bem, é tudo ou nada. — Então ele sorri. —Você pode dizer não se você não quiser...

Eu o empurro para trás. Pegando-o de surpresa, ele para de falar. Eu coloco as duas mãos em seu peito, fazendo-o dar outro passo para trás. Então outro. Até que ele bate no final da mesa de piquenique e se inclina para trás, meio sentado, meio em pé. Sorrindo para mim como um garoto que está prestes a se dar bem.

Porque ele está.

Minhas mãos alcançam o botão de sua calça jeans. Suas mãos escorregando para dentro da minha jaqueta de couro e debaixo da minha camisa. Eu sugo um pouco de ar porque elas estão geladas. Mas eu não me importo. Eu arrasto seu zíper para baixo, minhas mãos alcançando o interior, meus dedos envolvendo seu pênis.

Eu o sinto crescer ao meu toque e seus olhos se enchem de prazer e desejo.

—Esta noite, — eu digo, —é a sua vez.

Ele sacode a cabeça. —Eu tive a minha vez na noite passada.

—Mentiroso, — eu sussurro, agachando-me, seu pênis totalmente duro agora, e beijo a ponta da sua cabeça enquanto eu olho em seus olhos.

—Você vai me matar, Oaklee.

Deus, eu amo quando ele diz meu nome. Isso me faz querer derreter. Abro a boca, cubro sua cabeça com meus lábios e giro minha língua até que ele fecha os olhos.

Ele os abre novamente. Quase imediatamente. E as mãos dele seguram cada lado da minha cabeça. Seus dedos agarrando meu cabelo para me guiar, ajudando-me a levá-lo mais fundo.

Eu quero olhar para ele. Eu quero ver todas as expressões em seu rosto. Mas é tão bom apenas fechar os olhos e bombear seu pênis com as duas mãos. Apreciando a minha parte nisso tanto quanto ele está gostando dele.

—Deus. Droga, — Ele rosna, quando eu pressiono minha cabeça para frente até que o topo de seu pênis esteja batendo na parte de trás da minha garganta. Eu posso não ter habilidades de uma estrela pornô quando se trata desse tipo de coisa. Mas eu tenho uma boa ideia do que deixa os caras com tesão. E mesmo que eu saiba dos meus limites e o reflexo de engasgar esteja prestes a acontecer, eu me esforço mais. Eu o levo mais fundo. Abro a garganta, respiro pelo nariz e vejo sua expressão. Meus olhos nos dele. Seus olhos nos meus. Desesperado para manter esse momento em uma jaula para sempre. Nunca deixar ir.

Mas nada dura para sempre. E eu tenho que recuar e respirar para que eu possa mergulhar de novo e repetir a coisa toda de novo. Então, novamente, e de novo, e de novo... até que eu estou chupando seu pau como se fosse comida e eu estivesse morrendo de fome.

—Oaklee, — ele geme novamente. —Você vai...

Mas ele não termina, porque eu paro, levanto e pego minha saia para deslizar minha calcinha pelas minhas pernas.

Ele me observa. Um sorriso torto no rosto.

E quando coloco minha mão no peito dele novamente, ele se deita no tapete de pele de carneiro. Seu pênis está tão duro. Como um convite para eu subir em cima dele e cobri-lo com minha boceta molhada.

O que eu faço. Com prazer.

—Nós poderíamos ir para dentro, — diz ele, sem fôlego agora enquanto suas mãos deslizam sob a minha camisa novamente, puxando meu sutiã para baixo e acariciando meus seios. —Então a cidade inteira não poderá assistir.

—Deixe-os assistir, — eu digo, posicionando meus quadris de cada lado de suas coxas. Eu afundo. Seu pau me enchendo. Minha boceta molhada e pronta. Mas o atrito ainda está lá. Ele é grande. E duro. E grosso. E eu sinto tudo isso como se fosse a minha primeira vez.

—Sim, — eu gemo, colocando minhas mãos em seu peito enquanto começo a balançar para frente e para trás. Eu quero sentir tudo esta noite.

—Sim, — ele concorda, gemendo de volta. Ambas as mãos ainda segurando meus seios do jeito que fizeram na noite passada quando ele me levou ao clímax, e de novo, e de novo. —Foda-me, — diz ele. Incitando-me a ir mais rápido. —Foda-me com força, Oaklee.

Então eu faço. Eu paro de balançar e começo a pular. Meus seios ainda embalados em suas mãos. Segurando-os enquanto eu levanto e bato.

Eu quero ele perto de mim. Mesmo que eu esteja exatamente a uma distância de um braço, parece muito longe.

E ele entende isso.

Porque ele me entende.

Então suas mãos param de apertar meus peitos e em vez disso, ele envolve seus braços com força em minhas costas, me puxando para baixo em cima de seu peito. Me segurando em cativeiro enquanto ele assume. Empurrando dentro de mim com um desespero que eu nunca senti antes com ninguém.

Ele me leva completamente, assim mesmo. Deitada em um tapete de pele de carneiro, perfeitamente equilibrada em uma mesa de piquenique, no topo do meu prédio, na ponta do mundo.

Ele me fode enquanto a cidade assiste.

Duas pessoas sob uma velha torre de água. Aquecendo-se em luzes brancas brilhantes. Escondidos apenas pela falsa privacidade da rede mosqueteira. Sob o céu noturno cheio de estrelas.

Nós chegamos.


CAPÍTULO 18

Lawton

Há a pressa do clímax sexual... e depois há a pressa do clímax sexual com alguém que você adora.

A diferença entre os dois é tão instintiva que todos sabem que isso é verdade. Há alguma conexão... algo no seu peito. Talvez seja o coração, talvez seja a alma - não importa o que você chama. Quando você tem sentimentos por alguém e consuma isso com uma experiência sexual, tudo é intensificado.

Seu corpo inteiro suaviza e depois escorrega para o lado. Seus seios contra minhas costelas. Seu rosto enfiado na curva do meu pescoço. Suas unhas traçando um padrão preguiçoso no meu peito.

Meus olhos estão fechados, então eu realmente não sei ao certo se os olhos dela estão fechados também, mas tenho certeza de que eles estão. Ela está se aquecendo no mesmo brilho pós-sexo que eu.

—Então... uma pergunta, — ela sussurra através de sua respiração ainda pesada.

—Mande.

—Você é multi-orgásmico também? Ou isso é apenas um talento que você traz nos outros?

Eu sorrio. Seguro uma gargalhada. Então abro meus olhos para uma versão fantasiosa surreal da parte de baixo de sua torre de água.

As luzes brancas fazem tudo parecer tão especial. É engraçado como isso acontece. Como uma série de miniluzes de nove dólares pode mudar tudo. Como um tapete de pele de carneiro pode transformar uma velha mesa de piquenique em algo muito mais. Como uma jaqueta de couro e uma tatuagem podem mudar um homem no espaço de dois dias. Como uma mulher chamada Oaklee pode fazê-lo se ver de uma maneira totalmente nova.

Eu envolvo meus braços em volta dela e rolo para trás, então ela está de costas e eu estou no topo. Eu movo meus quadris. Só um pouco. Apenas o suficiente para ela sentir meu pau ainda duro contra sua parte interna da coxa.

—O que você acha? — Eu pergunto a ela.

Ela está sorrindo para mim, seus olhos castanhos levemente amarelados pelo brilho das luzes, suas bochechas rosadas. Ruborizada pelo exercício do sexo. Sua respiração mais lenta agora, mas não seu coração. Porque eu posso sentir isso debaixo de mim.

Ainda batendo.

Esperando por mais.

Tentando combinar com o meu.

Então podemos manter o tempo juntos.

Eu acho que é isso que os corações fazem. Tenha paciência. Mantenha tudo junto. Mantenha essa coisa louca chamada vida em perspectiva.

—Mais uma vez aqui, — eu digo. —Então eu vou levá-la para dentro para que eu possa tê-la nua.

Está frio demais para fazê-la tirar a roupa. Mesmo que eu saiba que ela faria isso se eu pedisse a ela. Eu já posso sentir o frio dela embaixo de mim. Mas o calor do meu corpo vai ajudar. Vai protegê-la do frio.

O pacote de luxo inclui um cobertor para namorado em uma noite fria.

Ela abre as pernas, alcança a parte de baixo entre elas para brincar consigo mesma, e meus quadris se ajustam o suficiente para permitir que meu pau deslize até a abertura dela. Seus dedos estão agarrando meu ombro agora. E mesmo através do couro eu posso senti-los cavando-os em mim.

Eu quero tirar a jaqueta para que ela possa deixar marcas em mim. Eu quero que não haja nada entre nós. Mas eu quero que ela esteja debaixo de mim pelo menos uma vez. Então ela pode olhar para cima e ver a versão fantasiosa surreal da parte inferior de sua torre de água, assim como eu fiz. Assim, podemos compartilhar essa sensação especial de estar com alguém que você adora de uma maneira que não pode ser repetida.

Ninguém jamais fará amor com ela assim novamente. Nem mesmo eu. Porque este é um momento e momentos passam para outros momentos e não há dois iguais.

Ela empurra seus quadris para cima, tentando me forçar a entrar nela. Eu apenas sorrio, porque não vai acontecer. Não até que eu diga, pelo menos.

—Venha, — ela sussurra, me observando atentamente. —Vamos lá.

—Nós temos tempo. Não há pressa.

Ela empurra para cima novamente. —Há uma emoção. Uma emoção que quero experimentar novamente. Não me faça implorar, Lawton Ayers.

—Implorar? — Eu pergunto brincando. —Isso é algo que você faz?

Ela ri e fica séria rapidamente. Ela franze a testa. Faz beicinho nos lábios dela. Amplia os olhos dela. —Por favor, — sai como um gemido. Como se ela tivesse sido ferida e precisasse de alívio. Alívio que só eu posso administrar.

—Apenas espere um momento, Oaklee. Sinta comigo.

Seus olhos estreitam ligeiramente. Como se ela estivesse tentando descobrir o que estou pedindo.

—O jogo acabou, — eu digo. —É o que eu quero que você sinta. Nós passamos por ele algum tempo atrás. Eu não tenho certeza quando exatamente. Mas o jogo acabou.

—Ok, — diz ela, com o rosto relaxado. O beicinho sumiu. A confusão se foi. E todas as suas expectativas parecem desaparecer. —Somos reais, — ela sussurra.

Ela não está me perguntando, ela está me dizendo.

Eu aceno, e nesse mesmo momento eu permito que meu pau escorregue dentro dela.

Ela fecha os olhos e aperta meus ombros com mais força. E sim, eu quero muito estar nu com ela lá dentro para que eu possa realmente sentir o aperto que ela tem em mim agora.

Eu fodo com ela devagar dessa vez. Eu a sinto dessa vez. Eu aprecio o jeito que sua boceta aperta contra o meu eixo grosso. Eu gosto de como ela está molhada. Como ela geme só um pouco. Como as pernas dela envolvem minha cintura, tentando me encaixar e me manter perto.

Ela não precisa fazer isso. Eu não estou indo a lugar nenhum.

Eu a beijo enquanto a gente fode. É um beijo lento porque é uma foda lenta. Nossas línguas se embrulharam uma na outra. Na simplicidade desta noite e como tudo depois disso será complicado.

Porque é assim que acontece.

Ela respira fundo, segura enquanto seu corpo endurece e eu sei o que está por vir.

Ela está vindo.

E não há nada mais bonito do que assistir o rosto de uma mulher que você adora atingir o auge do prazer da contração muscular com você em cima dela.

Então eu também venho.

Porque é isso que me excita mais.

O prazer dela.


CAPÍTULO 19

Oaklee

No momento do meu orgasmo ele empurra seus quadris e me enche tão profundamente que não consigo respirar. Os músculos das minhas pernas estão com espasmos. Minhas pálpebras se fecham - não tendo certeza se elas querem ficar assim e retirar o momento para atrás de uma cortina de fogos de artifício no preto, ou abrir para ver a coisa toda em perfeita clareza.

Eles perdem a batalha e ficam fechados enquanto o prazer passa por mim em ondas. Meus músculos se contraindo contra o seu pênis. O grunhido baixo vem de dentro dele quando ele atinge seu clímax comigo, e então a explosão quando ele vem dentro de mim.

Eu rio. Eu não posso evitar. Eu apenas sorrio, e rio, e deixo a felicidade e a satisfação saírem de mim como uma criança selvagem que nunca foi solta para brincar.

—Jesus, — ele diz, seu corpo relaxando.

Eu inclino meu rosto em seu pescoço. Cheirando o novo couro de sua jaqueta, o leve cheiro de antisséptico da tatuagem, e a loção pós-barba que sobrou desta manhã.

Ele agarra meu cabelo, puxa-o - não muito forte, mas também não muito suavemente - até que minha boca esteja contra a dele novamente.

Nós não nos beijamos. Nós nem sequer nos movemos. Nós apenas vamos ainda.

Eu posso senti-lo sorrir. Tenho certeza que ele pode me sentir sorrindo também.

—O que agora? — Eu pergunto.

—O que você quiser, Oaks, — ele responde de volta, beijando meus lábios suavemente. Ternamente.

—Eu não estou falando sobre...

—Eu sei do que você está falando, — diz ele, me cortando. —E minha resposta ainda é: 'O que você quiser, Oaks'.

—Mas...

—Shhh, — diz ele. —Pare de pensar.

Eu rio. —Ninguém pode parar de pensar.

—Não foi um pedido.

—Não?

Ele continua me beijando. Sua boca mais urgente. Seus lábios mais exigentes. Sua vontade imposta.

—Não. Nós vamos levar essa pizza para dentro, — diz ele. —Então vamos foder em um banho quente para que possamos nos aquecer. E depois vamos jantar nus na frente da sua lareira.

Eu apenas sorrio.

—Alguma objeção?

—Não consigo pensar em nenhuma.

—Bom, porque isso não era realmente uma questão também.

—Você é idiota.

Ele coloca as palmas das mãos no topo do tapete de pele de carneiro e levanta a parte superior do corpo de cima de mim. Minha camisa subiu, expondo minha barriga. E os zíperes frios e prateados de sua jaqueta arrastam-se pela minha pele e me fazem estremecer.

—Fim do jogo, Oaklee.

Eu fico séria. Meu sorriso sumiu. Meu corpo estremecendo ainda. Eu tenho que engolir em seco antes de acenar sim e dizer: —Ok. — Porque isso... isso é real. Eu acho que isso é real. —Ok, — eu digo novamente.

Ele se levanta, coloca o pênis de volta em suas calças e fecha. Em seguida, pega minha calcinha, desliza pelas minhas pernas tão lentamente que eu quero morrer... e me oferece sua mão enquanto ele pega a caixa de pizza com a outra. Nós tomamos o caminho mais longo para as escadas que levam para outro terraço no lado oposto do prédio, para que não tenhamos que descer a escada.

Talvez ele pense que estamos fazendo isso porque é difícil descer uma escada segurando uma caixa de pizza.

Mas não é por isso que eu o levo pelo longo caminho.

É porque não quero largar a mão dele.

Entramos através de uma porta de vidro que leva a um dos cômodos vagos no nível principal.

—O que é esse quarto? — Ele pergunta enquanto passamos pelos grandes barris de madeira e gigantes jarros de vidro chamados garrafões.

—Esta é a minha sala de cerveja secreta, — eu digo, olhando por cima do ombro para piscar para ele. —Aqui é onde eu mantenho o Assassin Saison.

Ele puxa a minha mão para me fazer parar. Então eu faço e o acho estudando tudo. —Então, por que você precisa tanto de barris quanto de jarras?

—Oh, os jarros servem para infundir os sabores das frutas. Eu estava testando dois tipos diferentes, então ao invés de fazer um lote enorme em um barril, eu uso os garrafões para isso. Então, quando está certo, transfiro isso para os barris.

Ele olha para mim e diz: —Isso é muito quente.

—O que é? — Eu rio.

—Que você saiba fazer esse tipo de coisa. Cerveja. Só de pensar em você usando um jaleco enquanto bebe a cerveja que você fez com suas próprias mãos me deixa duro.

Ele me puxa para perto tão rápido, meus seios batem contra seu peito. Eu inclino minha cabeça para olhá-lo e o sentimento mais estranho percorre meu corpo. Eu nem acho que tenho uma palavra para descrever isso.

Há vários longos momentos em que tudo o que fazemos é olhar nos olhos um do outro. É esquisito, mas quente. É estranho, mas legal. É...

—Vamos sair para jantar amanhã, — diz ele.

—Está bem.

—Eu vou buscá-la depois do trabalho.

—Ok, — repito.

—Eu vou monopolizar o seu tempo a partir de agora até que você me faça parar.

Eu sorrio. —Está bem.

Ele olha para mim por mais alguns segundos. Em seguida, acena com a cabeça, satisfeito por eu entender o que está acontecendo e assume a liderança quando saímos da sala de cerveja secreta.

Ele deixa cair a pizza na ilha da cozinha, depois me gira ao redor. Minha saia se ergue quando eu giro, e então ele tira a jaqueta de couro dos meus braços. Ela cai no chão de madeira com um baque audível. E enquanto eu ainda estou pensando em como esse som é sexy, sua jaqueta faz o mesmo.

Sua tatuagem está brilhante por causa da película plástica antibacteriana que Vivi usou para encobri-la. Sua camiseta apertada no peito e no braço.

Eu traço um dedo pelo lado de fora da película, fazendo sua pele tremer.

—Você gostou? — Ele pergunta.

Eu aceno, levantando lentamente os olhos para encontrar os dele novamente. —Eu amei.

—Bom, — ele sussurra, as pontas dos dedos alcançando a bainha da minha camisa. Quando ele levanta meu corpo começa a tremer. Talvez do frio no ar, mas mais provavelmente, é apenas... o toque dele que faz isso.

—Frio? — Ele pergunta, enquanto a camisa sobe sobre a minha cabeça e depois cai no chão em cima do meu casaco.

—Um pouco, — eu digo, enquanto seus dedos encontram o cós da minha saia. Um puxão depois ela sai pelos meus quadris, juntando-se aos meus pés com um leve movimento.

Ele desabotoa sua calça jeans, agarra seu pênis através de suas calças. Está claramente duro e pronto para ir de novo. E sim. Sim, ele é definitivamente multi-orgásmico.

—Chuveiro? — Ele pergunta, estudando meu corpo. Seus olhos traçando cada curva, cada pedaço de mim, até que finalmente descansa nos meus olhos novamente.

Eu concordo. Sabendo muito bem, que não é uma pergunta, não que isso me importe.

Ele pega minha mão novamente e me leva até as escadas e desce o corredor da passarela para o meu quarto. Uma vez lá dentro, ele me leva diretamente ao banheiro principal.

—Bom, — diz ele, parando em frente à banheira gigante. —Nós vamos usar isso. Eventualmente, mas não esta noite.

Eu imagino o que um banho de espuma com Lawton Ayers pode parecer. Ele iria me foder? Passar shampoo no meu cabelo? Ele me tocaria embaixo da água enquanto eu me sentase entre suas pernas e recostava-me no peito dele?

—Oaklee? —

—Hã? — Eu olho para ele. Ele está sentado em um banco perto da entrada do meu armário, tirando suas botas.

—Ainda comigo?

—Estou aqui. Apenas... — Eu coro um pouco. —Tendo uma pequena fantasia sobre você e eu naquela banheira, é só isso.

Ele ri. —Nós vamos chegar lá.

—Eu tenho certeza que vamos, — eu digo, caminhando em direção a ele enquanto eu chego ao redor das minhas costas para desabotoar meu sutiã. Ele me observa atentamente quando o desabotoo e deslizo pelos meus braços até cair no chão de mármore duro aos meus pés. Eu continuo. Porque eu quero ficar nua com esse homem. Agora mesmo. E rebolo enquanto desço a minha calcinha pelos meus quadris. Não é tão sedutor quanto uma stripper em um palco, mas chega próximo.

Sua boca está aberta, seus olhos fixos na minha boceta enquanto eu a revelo, depois me afasto da minha roupa íntima descartada e me dirijo para o chuveiro. Dando-lhe um bom e longo olhar para o meu traseiro enquanto eu chego e ligo a água.

Ele está atrás de mim então. Mãos no meu estômago, braços circulando-me enquanto seus dedos mergulham entre as minhas pernas e deslizam entre as dobras suaves da pele para me encontrar molhada.

Seus lábios acariciam meu pescoço com beijos e eu juro por Deus, eu apenas derreto de volta nele. Minhas pernas tremem, minhas costas arqueiam e quando viro minha cabeça para ele, seus lábios estão lá.

Como? Como isso aconteceu?

—Pare de pensar, Oaklee. — É como se ele estivesse lendo minha mente.

—Eu não estou pensando, — eu digo, tentando explicar.

—Não importa. Há tempo para pensar depois. O agora nunca mais acontecerá novamente, então vamos apenas aproveitar.

Não sei se isso é triste ou romântico. Um pouco dos dois, eu acho, porque...

—Oaklee, — ele sussurra, brincando com o meu clitóris.

—Oh, Deus, — eu gemo.

—Pare. De. Pensar.

Ele me pede para entrar no chuveiro, o jato de água me atingindo como uma névoa quente da floresta. Um momento depois, ele está pressionando uma barra de sabonete colorido cor de lavanda ao longo do meu braço, enquanto me toca com a outra mão ao mesmo tempo.

Nós dois paramos sob a água, deixando-a cair em nossos corpos - tornando-nos escorregadios onde nos tocamos. Minhas costas contra o peito dele. Seu braço no comprimento do meu estômago. A espuma de sabão enche o banheiro com o aroma dos lilases.

Eu fecho meus olhos. Ficando presente. Prestando atenção em todos os pequenos detalhes que não quero esquecer. A maneira como me sinto com o dedo dele dentro de mim. O vapor fluindo em direção ao teto. A dureza de seu pênis pressionando contra a minha bunda e o jeito que a respiração dele pega no mesmo momento que a minha.

Eu me viro para encará-lo porque não consigo me conter. —Eu quero ver você, — eu digo, tomando seu rosto em minhas mãos. Os olhos dele são marrons. Tão marrom. Acho que nunca os notei antes. Eles têm manchas pretas neles. E anéis verdes que eu nunca notei antes. Suas bochechas e mandíbula estão sombreadas com a barba por fazer de hoje. Apenas o suficiente para ser arranhado. Apenas o suficiente para ser sexy.

Seu pescoço é grosso com músculo, mas não desproporcional com seu corpo alto. Seu cabelo é escuro, a água mudando o marrom para um quase preto. Parece mais comprido agora também. Bagunçado. Menos terno e mais jaqueta de couro. Um fio grosso cai em sua testa, curvando-se um pouco no final. E aquela covinha do queixo aparece, perfura meu coração com uma flecha, e então desaparece tão rápido.

—Eu também gosto de você, — diz ele. Porque ele sabe o que está passando pela minha cabeça.

Ele me conhece. De alguma forma, ele me conhece.

Ele vê dentro de mim - através de mim.

Seu dedo se retrai dentro de mim e sua mão descansa no meu ombro, me pedindo para virar. Então eu estou de pé embaixo da água e ele está a um passo disso.

Eu me sinto exposta por algum motivo.

Ele está tão nu quanto eu, mas o jeito que ele olha para mim. Com essa fome dentro dele. Silenciosa, introspectiva, inalterável.

Isso me faz estremecer, mesmo que a água descendo pelas minhas costas esteja um pouco quente demais.

Sorrindo, ele volta para a parede de mármore, se encosta nela, com uma perna dobrada e a outra reta, fazendo seu corpo se inclinar um pouco. Apenas o suficiente quando ele diz: —Venha aqui, — e eu faço, e eu o alcanço – ele levanta uma das minhas pernas para cima, desliza seu pau ereto dentro de mim, e então aperta os músculos firmes da minha bunda e me levanta.

Ele me segura assim por tanto tempo - seu olhar fixo no meu - eu começo a contar em voz alta por algum motivo. —Um, — eu digo. —Dois. Três...

E quando chego ao três ele me desce um pouco. Apenas o suficiente para que seu pau afunde tão profundamente dentro de mim, eu posso sentir isso - não apenas na minha boceta, mas nas minhas entranhas. No meu coração. Em minha alma.

—Como? — Eu digo.

Ele encolhe os ombros, como se essa pergunta fizesse todo o sentido, mas ele simplesmente não tem a resposta.

—Isso importa? — Ele finalmente pergunta de volta.

E eu decido... —Não—

Não importa.


CAPÍTULO 20

Lawton

Eu sei o que ela quer saber. Eu só não sinto vontade de pensar muito sobre isso.

É insano. É um amor adolescente idiota. Isso desafia a lógica e portanto, não é real. É a situação em que fomos jogados. É o jogo. É Jordan Wells e Hanna Harlow. É a Bronco Brews e os Milionários das Montanhas Rochosas, é a Home TV, a Shrike Bikes, e aquela estupida taverna da Opera House em Golden.

É a jaqueta de couro, o Assassin Saison e a torre de água no telhado decorada com luzes brancas.

É a falta de segurança nos elevadores, é a vista de sua cobertura do meu terraço, é o beco abaixo dela, e a tatuagem no meu braço coberta de plástico antibacteriano, e um sentimento persistente dentro de mim que...

Nós fizemos algo errado.

Nós fodemos isso.

De alguma forma, perdemos a pista mais óbvia.

E ainda... ainda é a coisa mais próxima da perfeição que eu já senti com uma mulher.

Então isso importa? Importa que quando eu sair daqui e amanhã chegar - quando eu voltar a trabalhar, receber telefonemas, reuniões, apresentar as casas e fazer papelada - a fantasia acabe?

A picada do amanhã vai tirar a doçura de hoje?

Essa é a pergunta que ela está fazendo.

E essa é a pergunta que eu respondo quando reafirmo e digo: —Não. Não vai.

—Foda-me com força desta vez, — diz ela.

Eu sorrio.

—Apenas faça.

Eu sorrio ainda mais.

—Foda-me como se o mundo acabasse hoje à noite. Foda-me como nunca vamos foder novamente. Foda-me como...

Eu giro ao redor, pressionando-a de volta para a parede de azulejos do chuveiro, volto meus quadris para cima, então apenas a ponta do meu pau está dentro dela. E empurro para frente.

Suas unhas cravam em meus ombros nus, agarrando-os como se ela nunca quisesse soltar, e eu a golpeio novamente. Ela inclina a cabeça para baixo, com a boca aberta, e me morde na parte carnuda do meu braço. Apenas um beliscão rápido. Como se ela precisasse de toda a minha atenção, mesmo que ela já tenha. Precisa estar completa. Precisa ser consumida. Precisa pertencer a ela e só a ela.

Eu empurro novamente. Então, novamente, e de novo e de novo. Dando a ela o que ela quer. Sua mordida se torna um beijo. Suas unhas encontram o caminho para as minhas costas. Arrastando para cima e para baixo, para cima e para baixo, e eu a fodo de um lado para o outro. Vai e volta.

E então eu mudo minhas táticas. Parando completamente.

—Não, — ela choraminga, mordendo meu ombro novamente. —Não.

Eu a abraço forte. Minhas mãos segurando sua bunda tão forte, que ela vai ter hematomas amanhã. Meu peito pressionando seus seios, saboreando a sensação de sua suavidade contra a minha dureza.

Tão lento e suave como tem sido até agora com Oaklee, é assim que é rápido e duro agora.

Eu a fodo como se o mundo acabasse hoje à noite.

Eu fodo ela como se nunca mais foderíamos.

Eu a fodo do jeito que ela quer que eu faça.

Seu orgasmo vem com um grito desta vez. Um grito primitivo que me faz pensar em vizinhos perturbados. Acordando e voltando um para o outro com perguntas como —O que foi isso?

Mas então eu lembro que ela é dona de todo esse prédio e ninguém mora aqui além dela.

Então eu continuo.

Eu a fodo até que ela está gritando, gemendo e choramingando, e implorando para que eu continue e pare tudo no mesmo fôlego.

Ela chega em todo o meu pau pela terceira vez esta noite.

Eu chego dentro dela pela terceira vez esta noite.

E mesmo quando isso acabou e eu estou sentado no banco de pedra do outro lado do chuveiro, com ela no meu colo, sua cabeça no meu ombro, nossos corações ainda batendo rápido - como se essa fosse a única velocidade que eles soubessem bater - ela diz: —Mais uma vez, — e escorrega do meu colo e cai de joelhos para pegar meu pau na mão. Seus olhos olham para mim como se eu fosse seu deus e ela é minha serva.

E eu juro que estou duro para ela. Não deveria ser possível. Eu estou gasto de todas as maneiras possíveis. Mas eu estou duro para ela. Antes dela chegar até a ponta do meu pau com os seus lábios, eu estou pronto.

Eu aperto o cabelo dela. Firme, porque eu não posso me ajudar. Duro, porque é assim que ela quer agora. Áspero, porque eu sei que a dor só vai satisfazê-la no final.

Ela engasga, mas eu não paro. Eu empurro seu rosto para baixo até que ela perde o contato visual comigo. Eu empurro seu rosto para baixo até que seu queixo está esfregando contra minhas bolas e seu nariz está pressionado até a pele do meu baixo-ventre.

A saliva sai de sua boca. Um fio pendurado em seus lábios, então lentamente, como um filme em câmera lenta, ele cai sobre minhas bolas.

Eu solto a cabeça dela porque, senão, vou descer pela garganta dela. Ela se afasta, ofegando, a mão automaticamente chegando para limpar a saliva.

Eu espero que ela fique com raiva. Eu espero, no mínimo, uma carranca.

Mas ela sorri e depois inclina a cabeça para baixo e fazemos de novo. Então novamente. E de novo. Fazendo pausas a cada vez que ela atinge a massa crítica. O momento em que ela não consegue prender a respiração ou manter o reflexo de engasgar sob controle, ou aguentar outro segundo.

E cada vez ela vai mais. Cada vez que ela se esforça mais. Cada vez... ela me surpreende de uma maneira que nenhuma mulher que eu já conheci me surpreendeu antes.

—Eu vou continuar, — eu digo. —Eu não vou parar. Eu não vou. Não até você me dizer que já teve o suficiente. — Sai como um aviso porque é exatamente isso. O autocontrole sexual é algo que eu aperfeiçoei. Algo que eu aprecio. Algo que eu levo a sério. —Eu posso ir a noite toda, — eu digo, quando ela não me responde.

Ela está respirando com tanta força agora. Ofegando por ar. Suas bochechas são vermelhas brilhantes. Seus lábios ligeiramente inchados de seus esforços. Seus olhos... ainda brilhantes. Ainda excitados.

Ela beija a ponta do meu pau novamente, em seguida, abre a boca - olhar fixo no meu - e envolve seus lábios em volta do meu pau. Ambas as mãos seguram meu eixo, bombeando para cima e para baixo com um leve movimento de torção. Eles estão escorregadios com água e saliva. Isso, junto com o calor do banho, é a combinação perfeita para me fazer gozar.

Mas eu não vou. Não até ela desistir. E suas ações deixam claro que ela não está cedendo, ela está apenas mudando de tática.

Ela vai devagar agora, e eu não a pressiono. Eu me inclino para trás contra a parede de azulejo e me deixo relaxar. Deixo meu corpo amolecer um pouco. Deixo meus olhos apreciarem a bela imagem que ela está pintando com suas ações.

Ela tira meu pau da boca e passa a língua para cima e para baixo do meu pau. E Jesus Cristo, eu posso ser um mentiroso. Porque há um momento em que acho que posso perder o controle depois de tudo.

Ela também sente isso. Sente como se apenas uma mulher conectada - sintonizada em mim e só em mim - pudesse estar.

Porque ela para. Me dá um minuto. Joga o jogo que não estamos jogando.

Ela não quer ganhar. Não às minhas custas. Porque isso não é uma competição.

Ela quer que eu consiga o que eu quero, do jeito que eu quero.

—Você não é real, — eu digo.

Ela ri. Me dando um sorriso, que eu não acho que tenha visto antes. Algo entre feliz e satisfeita. Algo que eu quero ver mais.

—Você é o único que não é real.

—Talvez nenhum de nós seja real?

—Talvez nada disso seja real?

Eu sorrio agora também.

—Deus, — diz ela. —Essa covinha que você solta quando sorri algumas vezes. Eu quero morrer toda vez que eu vejo.

—Covinha? — Eu digo, momentaneamente distraído. —Que covinha?

—O que você quer dizer? Aquela pequena covinha no queixo quando você sorri.

Eu franzo minhas sobrancelhas enquanto ela brinca com meu pau. Suas mãos nunca param. Seus olhos mais uma vez se trancam nos meus.

—Você quer dizer que você nem sabe que tem isso?

—Não tenho isso. — E então eu sorrio. —Até você, aparentemente.

—Você é um idiota.

—Mas é engraçado. Eu só estava pensando a mesma coisa sobre o seu sorriso.

—O que é que tem?

—Está diferente hoje à noite.

—Não, é o mesmo sorriso que eu sempre tive.

Mas eu balanço minha cabeça. —Se eu posso ter uma covinha secreta que eu só revelo para você, então você pode ter um sorriso que você só revela para mim.

Ela se levanta, soltando meu pau. Que é quase um alívio. Porque apesar de estarmos conversando, ainda estou muito perto de voltar. E então ela volta para o meu colo, abaixando-se para mim. Pressionando com força até que eu estou fundo, profundamente dentro dela.

—Vamos chegar juntos. E sorrirmos nossos sorrisos secretos enquanto fazemos isso.

Eu nem sequer tento entender neste momento. Eu apenas aceno com a cabeça e sorrio até ela rir e cutuca um dedo no meu queixo.

E esse é o seu sorriso secreto também. Eu sei que é para mim e só para mim.

Porque nós chegamos, pela quarta vez esta noite juntos.


Mais tarde, depois que nos vestimos - eu em meu jeans, ela em uma camiseta e short - e nós comemos nossa pizza e conversamos sobre tudo, exceto Hanna Harlow, e programas de TV, cerveja, e imóveis, nós subimos na cama juntos nus.

Seu corpo pressiona contra o meu. Seu calor é meu calor e meu calor é seu calor.

Não há pressão alguma. Nós transamos, fodemos e transamos de novo. Então não há mais nada a fazer além de estar no escuro. Meu braço embaixo do ombro dela. Sua cabeça no meu peito. Seu coração batendo devagar, mantendo a mesma batida que o meu porque é o que eles fazem.

Ela diz: —Boa noite, Law.

E eu digo: —Boa noite, Oaks.

E isso é exatamente o que fazemos antes de dormir.

Como se fossemos um casal há décadas em vez de dias.

E é só então que me lembro desse sentimento que tive anteriormente.

A sensação de que perdi alguma coisa. Alguma pista que é tão óbvia.

Mas sua respiração suave me diz que ela está dormindo e não parece justo ficar acordado sem ela.

Então eu durmo também.

Porque isso é tudo que resta para fazer.


CAPÍTULO 21

Oaklee

Eu sonho com sorrisos. Risos. Felicidade. E mesmo que esteja dormindo e sei que é um sonho, eu sei porque estou feliz.

—Ei, raio de sol, — uma voz rouca sussurra perto do meu ouvido.

Eu sei que é Law. Eu sei que é de manhã. E sei que a próxima coisa que ele vai dizer será sobre ter que sair. Sobre trabalho. Ou estar atrasado.

Eu abro meus olhos e sorrio de verdade. Seu rosto está bem ao lado do meu, seus olhos a poucos centímetros de distância. Os olhos castanhos com manchas pretas e anéis verdes são praticamente a melhor coisa para despertar. Sempre. —Você está indo embora, certo?

—Ainda não. É cedo.

O que me faz rir.

—Eu ia fazer o café da manhã primeiro. O que você gosta?

Eu nem sequer tomo café da manhã, mas não quero dizer isso. —Ummm... eu não sei. Cereal?

Ele faz uma careta. O que é adorável porque surge a covinha. —Não, quero dizer, café da manhã de verdade. Algo quente.

Ele é sensual. Sua barba está claramente no território de coisas-que-me-deixam-molhada. Eu não o vi acordar ontem de manhã - Deus, foi apenas ontem? - então perdi a barba da manhã.

Eu nunca mais quero perder isso de novo. Eu pego seu rosto, minha mão encontrando um lugar em sua bochecha para sentir a aspereza. —Bacon?

Tenho certeza que os caras amam bacon.

—Que tal torrada francesa? — Ele oferece em vez disso.

—Torrada francesa é algo regular no seu cardápio?

—Não. — Ele sorri novamente. Fodida covinha. —Mas é doce e eu quero que você tenha algo doce para começar o dia.

Eu suspiro. É um daqueles suspiros de Deus-eu-acho-que-amo-você. Contentamento, ou seja, o que for. —Certo. Eu adoraria uma torrada francesa.

—Ok, — diz ele, inclinando-se para me beijar na bochecha. —Eu vou trabalhar nisso enquanto você acorda. Te encontro na cozinha em dez.

Eu o vejo sair da cama. Nu. Ele tem uma bunda muito legal. Como... esses glúteos são trabalhados regularmente. E as coxas dele. Jesus. Ele olha por cima do ombro enquanto puxa o jeans de ontem.

Covinha. Só que esta é uma nova covinha. Esta tem uma gêmea e ambas estão em sua parte inferior das costas, logo acima de sua bunda.

—Você está bem? — Ele pergunta. —Não está tendo arrependimentos sobre a noite passada ou algo assim, você está?

Eu balanço minha cabeça negando enquanto estudo sua nova tatuagem. É linda. Ainda embrulhada naquele plástico que Vivi colocou ontem à noite. As cores são fantásticas. Brilhante e novo. Assim como esse relacionamento. —Você almoça, Lawton Ayers?

Ele ri. —Sim. Eventualmente, mas eu tenho clientes hoje, então não há como dizer quando vai ser. Eu voltarei para o jantar. Ainda quer jantar hoje à noite?

Eu aceno com a cabeça. Soltando um longo suspiro de ar. E me pergunto como vou passar um dia inteiro sem ele.

Então me pergunto... como isso aconteceu durante um fim de semana?

—Dez minutos, — diz ele, voltando para me beijar novamente. —Não me deixe esperando.

Eu o vejo sair do quarto. E me pergunto se ele sabe o quão quente ele é. Ele não age como se soubesse. Ele não tem um ar de arrogância. Mesmo que ele seja rico, bonito e inteligente. Que é como a trinca perfeita.

Mas Lawton é um cara que veio do nada. Eu não posso esquecer isso. Ele tem tudo agora, mas se essa nova tatuagem em seu braço é qualquer indicação, foi uma longa jornada para chegar até aqui.

Eu posso ouvi-lo no andar de baixo enquanto ele passa pelos meus armários da cozinha procurando por coisas. Uma frigideira. Uma espátula. Eu ouço a geladeira abrir e fechar várias vezes. Pegando os ovos e a manteiga provavelmente.

—Cinco minutos, Oaklee! — Ele chama do andar de baixo.

Mas eu fico na cama um pouco mais. Pensando em como é bom ter alguém nessa cobertura para variar.

Isso vem com um monte de sentimentos. Principalmente sobre perda, tristeza e dor. E nem todos eles podem ser atribuídos ao fato de que meu pai morava aqui comigo e agora está morto.

Alguns deles, admito, vêm do medo de fracassar. Que eu possa acabar com esse novo começo e tudo ir embora.

Porque - eu balanço meus pés para fora da cama, minhas mãos espalmadas no colchão, minha cabeça baixa - porque sou muito ruim em relacionamentos. Eu nunca tive um de longo prazo. E talvez eu diga a mim mesma que foi Hanna que me impediu de me apaixonar. Que eu sempre tive medo de que ela tentasse pegar o que eu tinha. Estivesse sempre lá esperando para matar qualquer coisa boa que tenha entrado na minha vida.

E isso é parcialmente verdade, eu acho. Porque ela é uma cadela sorrateira que é muito obcecada por mim e pela minha vida. Mas não é toda a verdade.

A verdade toda é... Eu sou muito ruim em relacionamentos. Eu não recebo ordens. É difícil colocar as necessidades dos outros em primeiro lugar. É um desafio considerar as opiniões de outras pessoas, em vez de apenas as minhas.

Mas não me sinto assim com Law. Eu gosto de considerá-lo. E ele não é realmente um cara mandão. Pelo menos não fora do sexo. Nisso ele tem um lado mandão.

—Dois minutos, Oaks! — Law grita. —Traga sua bunda até aqui!

E aparentemente também no café da manhã.

Mas isso é tão quente que não me importo.

—Estou indo! — Eu grito.

Eu faço xixi, visto meus shorts e a camiseta da noite passada, e desço as escadas, me chutando internamente por não ter chegado aqui imediatamente, porque eu poderia ver as covinhas nas costas enquanto ele joga as torradas francesas no fogão.

Eu ando em silêncio até ele e envolvo meus braços ao redor de seu torso, pressionando meu rosto na parte de trás de seu ombro. —Delicioso, — eu digo.

Ele vira a cabeça apenas o suficiente para eu vê-lo sorrir, depois olha para o café da manhã. —Vá se sentar. Eu vou levar para você.

Eu recuo. Relutantemente. E sento-me na banqueta contra a ilha, onde ele arranjou um lugar para mim.

Ele coloca dois pedaços de torradas francesas em um prato, despeja um pouco de calda sobre elas, depois enfia as pontas dos dedos em uma tigela de açúcar em pó e polvilha por cima.

Quando ele coloca na minha frente eu me sinto... especial?

Sim, mas não. Não é isso.

—Coma, — diz ele.

—Você não está comendo? — Eu pergunto, com meu garfo já cortando a torrada.

—Eu nunca tomo café da manhã, — diz ele, inclinando-se para que ele possa colocar os cotovelos no balcão e se inclinar para frente. Ele apenas sorri para mim. Como se servir um pequeno café da manhã caseiro fosse o começo perfeito para o seu dia.

Cuidada?

Sim, mas não. Não é isso também.

—Eu também, — eu digo. —Mas para você eu faço uma exceção.

Ele ri. —Bem, isso não está aberto para discussão. Se estou aqui, você está tomando café da manhã. É bom para você.

—Mas não é bom para você? — Eu pergunto, empurrando o garfo na minha boca. —Mmmm, — eu murmuro.

—Bem, você não está insistindo que eu coma, está?

—Eu deveria estar? — Eu pergunto, com minha boca ainda cheia. —Quero dizer, você escutaria?

—Claro que eu escutaria. Ouvir é o mínimo que posso fazer por você.

Adorada?

Pode ser isso. Mas é tão ridículo.

—Você não precisa comer, — diz ele.

—Não, — eu digo de volta rapidamente. —Eu quero. — Porque eu quero mesmo. Ele fez isso especialmente para mim. Ele quer que eu coma isso. Então eu quero comer. —É o mínimo que posso para você.

Ele caminha para a frente na ilha. Lentamente vindo em minha direção. Eu engulo minha comida e prendo a respiração por um momento. Então seus lábios tocam os meus e nos beijamos.

Se eu não estivesse sentada, poderia desmaiar. Isso não é nem um exagero.

Quando ele se afasta, ele lambe os lábios e diz: —Você tem um gosto bom.

Que porra está acontecendo? Eu estou me apaixonando por esse homem?

—Você também, — eu sussurro de volta.

O que faz ele suspirar. —Eu tenho que ir para casa tomar banho e começar a trabalhar. Tenho que mostrar uma casa às nove horas em Greenwood Village.

—Então o que? — Eu pergunto. —O que você vai fazer então? — Porque eu tenho uma súbita necessidade de entender melhor o dia dele. Eu quero saber tudo.

—Então... — Ele pensa por um momento. —Então eu tenho outra casa em Cherry Creek ao meio-dia e eu termino o dia com outra em Park Hill às três da tarde. Nesse meio há muita papelada e merda do tipo. Coisas muito chatas.

Eu imagino tudo isso. Ele levando as pessoas para essas casas de milhões de dólares. Conversando com pessoas ricas. Provavelmente casais, mas talvez não. Então eu percebo algo. —Você sabe, se conseguirmos este programa de TV, podemos fazer isso juntos.

Ele concorda. —Eu acho que seria divertido pra caralho, Oaklee Ryan.

Nós nos encaramos por um longo momento. —Eu acho que estou muito feliz por você ser meu namorado esta semana.

Ele ri e recua. De pé em linha reta. Enfia as mãos nos bolsos e fica parado ali, olhando para mim enquanto olho para ele. Seu cabelo está bagunçado, aquela onda perdida que notei no chuveiro ontem à noite ainda pairando sobre sua testa. É como se fosse o lugar onde ela vive, quando não está domada de volta para um estilo mais profissional.

—Bem, — ele diz. —Eu serei seu namorado também na semana que vem, então tem isso.

—E então o quê? — Eu pergunto.

—Então, seremos parceiros para sempre, — diz ele.

E não tenho certeza se ele está apenas falando profissionalmente. Ou se ele quer dizer que vamos... realmente dar uma chance a esse romance.

—Então, eu vou buscá-la para o jantar? — Ele diz.

Eu concordo. —Estarei esperando.

Ele anda pela ilha e se senta no sofá para calçar as botas. Então ele agarra sua camiseta e a coloca sobre a cabeça. Desliza os braços na jaqueta de couro e fica parecendo um deus grego que precisa de uma motocicleta.

—Eu vejo você mais tarde, ok?

Eu aceno, porque estou sem palavras. Então eu me dou por mim, porque não quero que ele saia sem que eu diga nada. —Sim. Eu adoraria.

Ele pisca para mim e se vira. Anda até o elevador, aperta o botão e olha por cima do ombro para mim. —Respeitada, — diz ele.

—O que? — Eu pergunto, me sacudindo do estupor em que ele me colocou.

—Isso é o que você sente. Porque sei que você está se perguntando isso desde que desceu. É respeitada, Oaklee.

E então o elevador se abre, e ele entra.

Eu vejo as portas se fecharem. Assistindo-o desaparecer.

E me pergunto quanto tempo terei que esperar antes que eu possa me casar com esse homem. Quão cedo é demais?

Porque sim, eu me sinto especial, cuidada, adorada e respeitada quando estou com Lawton Ayers. Mas é o que ele está me fazendo sentir. Não é o que estou sentindo de volta.

O que eu sinto de volta me assusta pra caralho.

Porque Hanna Harlow ainda está por aí. Eu ainda tenho que lidar com ela. Ela ainda está roubando minhas receitas. Ela roubaria minha vida se eu a deixasse.

Se eu o amo, então agora tenho outra coisa que ela pode tirar de mim.

E contratei Jordan Wells para me dar um namorado para Hanna. Não eu, ela. Então eu poderia me aproximar dela e descobrir como ela está fazendo tudo isso. Por que ela está fazendo tudo isso?

E eu apenas sei - eu sinto isso em minhas entranhas - que se ela ver Lawton assim... como ele está agora e não como ele estava no sábado na taverna da Opera House... se ela ver o verdadeiro ele, ela vai querer ele apenas tanto quanto eu o quero.

Por que como ela não poderia?

E isso me apavora. E se ele gostar dela mais do que eu? E se ele se apaixonar pelo charme dela como todos os outros namorados fizeram?

Há uma parte de mim - uma parte racional - que diz que ele não vai. Ela não tem nada que eu não tenha também, afinal. Ela é bonita, mas não é mais bonita do que eu. Ela é inteligente, mas não mais inteligente do que eu. Ela é bem-sucedida, mas não tem mais sucesso do que eu.

Mas há outra parte de mim - a parte insegura - que diz que ele vai. Porque ela é mais extrovertida do que eu. Ela se mantém firme quando as coisas ficam difíceis. Eu explodo. Ela está satisfeita, feliz e subindo.

E eu estou perdida, triste e caindo rapidamente em todo esse negócio de cerveja. Eu não ganhei um prêmio do festival da cerveja desde que meu pai morreu. Eu estou sobrevivendo com o que sobrou de sua fumaça e ela está cheia, pronta para vencer a corrida.

Então, há alguns minutos, enquanto sento e como o resto da minha torrada francesa, que eu me debruço sobre tudo isso. Sobre como ela sempre tira as coisas de mim. Sobre como ela sempre me bate na linha de chegada.

Mas eu saio desse pensamento.

Lembro-me de quem eu sou.

Lembro-me do que sou capaz.

E decido lutar pelo que é meu desta vez, em vez de deixá-la tirar isso de mim.

Eu vou lutar por Lawton. E vou lutar pelas minhas receitas de cerveja. E eu vou inscrever o Assassin Sour Saison no festival neste fim de semana e ganhar esse prêmio também.

Eu não ligo para o que é preciso, vou lutar com essa vadia.


CAPÍTULO 22

Lawton

É estranho estar em um terno depois desse fim de semana. O que também é estranho, porque eu uso ternos todos os dias e jaquetas de couro... nunca. Mas eu sinto falta disso. Eu quero de volta. Eu quero tirar essa gravata, tirar essa camisa de colarinho engomado, tirar essa vida e colocar outra coisa.

Mas trabalho. Esse maldito trabalho. Eu tenho clientes para encontrar e papelada para arquivar, e negócios para fechar e... sim.

Então é assim que passo minha manhã. Dirijo até Greenwood Village para mostrar outra mansão de meio acre. Sou educado com os clientes enquanto discutem os prós e contras da quantidade de veias nas bancadas de mármore. Ouvindo pacientemente enquanto eles me dizem que gostariam de oferecer cento e cinquenta mil dólares em valor justo de mercado, para que eles sintam que estão fazendo um acordo. Forço-me a sorrir e dizer: —Essa é uma excelente ideia, Scott. Vamos fazer acontecer. — E depois dirijo para longe e faço tudo de novo em Cherry Creek e Park Hill.

Na verdade, não faço um almoço, então estou feliz por não ter feito planos com Oaklee. Não, a menos que você conte atravessar o carro do Carl's Jr e comer a refeição número três no meu carro enquanto sento no trânsito e como.

O que eu não faço.

Eu tenho um desejo de mandar uma mensagem para ela o dia todo, mas não sei o que dizer. Pelo contrário, sei o que dizer, só não sei se é apropriado. Porque o que eu quero dizer é: —Deus, eu sinto sua falta.

Mas isso é muito estúpido porquê... eu não acho que ganhei o direito de dizer isso ainda. Eu preciso ganhar o direito de ter esses sentimentos por ela. As pessoas não se apaixonam apenas em um fim de semana. Especialmente quando elas se uniram apenas para fins comerciais. Especialmente quando ambas as proposições de negócios são loucas.

Quero dizer, ela me contratou para atrair sua inimiga para um relacionamento falso, então eu poderia... poderia o quê? Roubar alguma coisa dela? Gravá-la admitindo algo? Eu não vejo o seu jogo final nisso e eu não acho que Oaklee também o veja.

Este jogo foi um capricho. Um último recurso. Ela está se agarrando a qualquer coisa para se salvar de se afogar sob um inimigo obcecado.

E eu.

Jesus. Eu não sou melhor porque eu quero que ela seja uma figura no meu novo empreendimento com o programa de TV.

E ambas as coisas são igualmente ridículas.

Quando eu volto para o escritório, Zack está fora, a recepcionista já saiu, e está muito quieto enquanto eu termino o que preciso fazer para colocar esse lugar atrás de mim e voltar para o joguinho que estou jogando com Oaklee.

Meu celular toca na minha mesa e quando eu verifico o número, o código de área de LA16 aparece, então eu atendo.

—Lawton Ayers, — eu digo.

—Por favor, aguarde na linha para Michaela Cummings. — E então eu recebo três bipes de espera.

Eu entendo porque as pessoas fazem isso. Elas poderiam estar tão ocupadas assim, e Michaela Cummings é a executiva com quem estou trabalhando na Home TV, então ela provavelmente está tão ocupada que não pode ser incomodada em pressionar alguns botões do telefone para fazer uma ligação.

Mas às vezes eu acho que é apenas uma tática. Assim, a pessoa que recebe a chamada de espera pensa que algo importante está prestes a acontecer.

—Lawton! — Michaela diz no meu ouvido. —Como estão as coisas? Você está pronto para esta reunião?

—Cem por cento, Michaela. Cem por cento. Eu sou seu homem. Esse show vai ser ótimo.

—Perfeito. Perfeito. Perfeito. — Ela diz isso três vezes. Como se ela estivesse realmente fazendo outra coisa lá fora em Los Angeles e quer me fazer pensar que tenho toda a sua atenção quando ela faz isso.

Eu reviro meus olhos, meio aborrecido. Tem sido um dia longo e eu particularmente não sinto vontade de acariciar egos. —Então, como vai? — Eu pergunto.

Ela sussurra algo para alguém, então diz em sua voz normal, —Apenas ligando para fazer arranjos de última hora. Estamos mudando a reunião para quarta-feira. Você está disponível quarta-feira?

—Uh, claro, — eu digo. —Sim. Eu posso fazer na quarta-feira.

Eu não posso realmente fazer na quarta-feira. Eu tenho cinco encontros fodidos naquele dia. Mas também não posso dizer isso a ela, posso?

—Que tal... — Ela faz uma pausa por um longo tempo. Como dez segundos inteiros. —Que tal meio-dia? Meio-dia funciona? Acho que podemos pegar um voo de volta para LA às três. Então... meio dia?

Meio dia. Ela vai estar voando naquela manhã? Eu não entendo. E se o voo dela sair às três, quanto tempo ela acha que esse encontro vai durar? Dez minutos? Vinte segundos?

—Meio-dia é... ótimo. Nós vamos almoçar...

—Desculpe, não há tempo para o almoço, Law. Apenas um rápido encontro e depois temos que voltar ao trabalho. Você entende, certo?

—Totalmente, — eu digo. —Sem problemas. Vamos nos encontrar no meu escritório?

—Parece bom. Me envie os detalhes por e-mail e meu assistente cuidará das coisas de lá.

—Está bem...

Mas o telefone está morto na minha mão. Eu coloco o aparelho de volta na base e olho para ele por um momento. Imaginando... me perguntando se esta é realmente a segunda chance de uma nova vida que eu pensei que seria.

Mas então ele toca novamente, e minha mão automaticamente capta. —Lawton Ayers, — eu digo, esperando que seja a assistente de Michaela.

—Mmmmm, Lawton Ayers. É um nome muito legal.

—Desculpe? — Eu digo para a voz desconhecida.

—É a Hanna Harlow, Lawton. Eu queria saber se você tem tempo de me encontrar hoje à noite. Talvez um jantar? Bater um papo um pouco? Nós não tivemos muito tempo para conversar no sábado e estou completamente intrigada com a sua aparição repentina na vida da minha velha amiga.

No começo não consigo colocar todas essas palavras em algo que faça sentido. O anúncio de que esta é Hanna passa por mim. Especialmente a maneira descarada como ela ronronou seu nome. Para não mencionar o tom sedutor de sua voz enquanto ela deixa suas intenções claras.

—Eu sinto muito, Hanna. Eu adoraria, mas tenho planos com Oaklee esta noite.

—Cancele, — ela cantarola. —Ela vai entender.

O que me faz rir. —Uh, não, eu realmente não acho que ela faria.

—Eu sei o que ela está fazendo, — diz Hanna.

—Bom para você, — eu digo.

—Não vai funcionar, você sabe.

—Eu não tenho ideia do que você está falando, Hanna. Mas tenho que ir.

—Última chance então.

—Última chance para o quê? — Estou irritado agora e isso transparece.

—Para negociar algum tipo de acordo para a pobre Oaklee. Ela não vai gostar do que está prestes a acontecer com ela.

—O que diabos isso significa? —

—Venha jantar comigo e descubra.

Eu suspiro.

—Apenas mande uma mensagem para Oaklee e diga que você está atrasado. Eu prometo que você estará em casa para ela a tempo de dormir. — E então ela faz uma pausa e acrescenta: —Se é isso que você ainda vai querer depois da nossa... conversa.

Eu nem sei o que dizer.

—Lawton?

Mas eu não gosto de sua autoconfiança arrogante. Especialmente quando ela está roubando receitas de cerveja de Oaklee. É como se... ela tivesse um segredo. Algo que deixamos escapar. E não foi essa a sensação que tive ontem à noite? Eu não estava apenas pensando em como algo estava bem na minha frente e eu não conseguia ver?

Então eu digo: —Onde?

—Meu bar. Em Boulder. Procure no seu GPS. Buffalo Brews na Pearl Street. Vejo você em uma hora.

E então ela é a segunda pessoa a desligar na minha cara em cinco minutos.

Adorável.

Suspiro novamente enquanto pressiono o contato de Oaklee no meu telefone.

Ela atende no primeiro toque. —Ei! Você já está pronto para o jantar agora? Que horas você estará aqui?

—Ei, Oaks. Eu... Acabei de receber um telefonema de Hanna Harlow que diz que eu preciso jantar com ela esta noite para que ela possa me contar sobre seus grandes planos para você. Eu disse sim, mas posso cancelar.

Oaklee fica quieta por muito tempo do outro lado. Eu começo a me perguntar se ela ainda está lá. —Oaklee?

—Que porra é essa?

—Sinto muito, vou cancelar

—Não, você vai. Quero dizer, o que diabos ela está fazendo?

—Bem, eu acho que ela vai me dizer, certo? É por isso que ela quer que eu dirija até Boulder e a conheça.

—No bar dela?

—Sim.

Oaklee fica quieta novamente.

—Eu prefiro jantar com você, então... basta dizer a palavra e eu vou ligar de volta e cancelar.

—Não, — diz Oaklee. —Não. Ela está tramando algo e você precisa descobrir o que é. Então você vai jantar com ela, e se ela der em cima de você, você joga junto, ok? A experiência do namorado. Apenas tente descobrir por que ela está fazendo tudo isso. Tipo... o que eu fiz para ela?

Eu faço uma careta. É uma mistura entre triste, exausto e resignado. —Claro, — eu digo. —Eu farei o que puder.

—Ligue para mim quando terminar.

E então ela desliga na minha cara também.


CAPÍTULO 23

Oaklee

Eu ando de um lado para o outro depois de desligar com Law. Mastigando meu polegar, cheia de ansiedade por essa pequena jogada que Hanna apenas deu.

O que isso significa? O que ela está fazendo? Quero dizer, obviamente ela quer o Lawton. Eu não acho que Law esteja interessado nela, então não estou muito preocupada com essa parte.

Mas quanto tempo antes de ela trabalhar sua magia do diabo e tê-lo enrolado em seu dedo mindinho como todo mundo?

Há uma parte de mim que acha que toda essa experiência de namorado é suficiente para mantê-lo, mas é isso? É realmente? Quer dizer, nós temos um acordo. Ele me ajuda a entender Hanna e eu o ajudo a fazer esse programa de TV.

Ele precisa de mim.

Mas eu não quero que ele precise de mim. Não dessa maneira. Eu quero que ele goste de mim. E não apenas como um adereço comercial. Eu quero que ele goste de mim por mim. Eu quero que ele esteja comigo. Saia comigo. Talvez até... me ame.

Eventualmente

Algum dia.

Talvez.

Poderia acontecer.

Nós temos uma conexão, acho que nós dois sentimos isso. E nós tivemos um ótimo sexo no final de semana passado, foi como uma avalanche de orgasmos.

Então, nós definitivamente sabemos que somos compatíveis.

Paro de andar e olho pela janela para o terraço dele.

Deus, eu estou louca pra caralho. Eu nunca deveria ter deixado ele aceitar esse trabalho. E eu nunca deveria ter concordado em ser sua parceira. Porque agora estamos todos misturados nos negócios. Estou praticamente tendo um caso no local de trabalho.

Meu telefone do escritório zumbe na minha mesa, então eu ando e o pego.

—Oaklee, — eu digo. É alguém de baixo na cervejaria desde que esta é uma linha dedicada.

—Hum... Oaklee? Aqui é Dana? Do bar?

—Sim, Dana? — Ela está comigo há três anos como gerente do bar durante o dia e ela ainda diz isso todas as vezes que liga para o meu telefone comercial.

Ela suspira. —Ok, todos me disseram para não dizer nada para você, então não diga a ninguém que fui eu.

—Que diabos você está falando? — E ela soa como uma garota do vale, então cada frase soa como uma maldita pergunta.

—A notícia, Oaklee. Eu sei que você está chateada com essa mulher da Buffalo Brews. Haley ou algo assim?

—Hanna, — eu rosno.

—Sim, ela. Bem, ela está no noticiário agora mesmo dizendo às pessoas que ela tem a cerveja artesanal número um no Colorado.

—O que? — Eu digo, ficando quente de raiva. —Todo mundo sabe que isso não é verdade. A Bronco Brews ainda é a número um.

—Eu sei, mas há um artigo no site do Westword hoje. Sobre o festival do próximo fim de semana e tudo mais. E eles já a declararam a vencedora porque ela tem uma cerveja secreta, e ela deu uma amostra para provarem.

—Ela tem uma cerveja secreta? — Eu digo.

—Sim.

—Merda. Ok, obrigada por me contar, Dana. E não se preocupe, não direi a ninguém que foi você.

—Obrigada! — Ela diz, depois desliga o telefone.

Pego o controle remoto na minha mesa, ligo a TV e, em seguida, começo a passar os canais locais à procura do maldito rosto de Hanna Harlow.

—Eu não posso te dizer como se chama, — diz Hanna para a câmera no canal cinco. —Não até o próximo fim de semana. Mas o Westword já...

Eu desligo. Estou muito chateada para assistir.

Online eu encontro o site do Westword e sim. Com certeza, há o rosto estúpido de Hanna. Se eles já estão falando sobre ela na coluna de destaque de segunda-feira, e a nova edição impressa não sai até quinta-feira, eles provavelmente vão lhe dar a porra da capa dessa semana.

Essa puta estúpida!

Eu apenas olho para o artigo. Leio algumas coisas, mas seu orgulho é tão exagerado que simplesmente não aguento mais. Como ela veio do nada. Como ela se arrastou pela escada no mundo dos homens. Como ninguém a ajudou e ela fez tudo sozinha.

Eu quero vomitar. Eu quero gritar —Ela me enganou!

Eu quero estrangulá-la.

E esta noite, Oaklee, ela está jantando com seu namorado. Porque você disse a ele para fazer isso.

Eu sou estúpida. Muito estúpida. Porque claramente Hanna está jogando um jogo que eu não conheço. Não conheço as regras, as jogadas ou as armadilhas - nem nada. Eu não tenho noção nenhuma.

—É... — eu relutantemente admito. —Estou perdendo.

Ela está falando sobre sua cerveja secreta, eu não. Marque um ponto para Hanna.

Ela está na TV, eu não estou. Mais um ponto para o inimigo.

Ela tem a cerveja em destaque no Westword Online de hoje. Eles estão chamando a cerveja dela de melhor no Colorado e o concurso não é por mais seis dias!

E... ela está jantando com meu namorado agora.

Eu não posso. Eu não posso deixá-la fazer isso. Ela quebrou minha vida em pedacinhos e agora é hora de juntar todos aqueles pedaços novamente.


CAPÍTULO 24

Lawton

Boulder fica encostado ao pé das Montanhas Rochosas, a cerca de cinquenta quilômetros a noroeste de Denver. Mas uma vez que você chega lá, fica imediatamente claro que Boulder e Denver, enquanto conectados através de subúrbios espalhados, não têm quase nada em comum.

Denver tem uma vista das montanhas, mas não é nas montanhas. Boulder é onde as montanhas começam, e a grande formação rochosa a oeste da cidade, chamada de Flatirons, é o símbolo icônico de Boulder.

Tem uma sensação de cidade pequena, é uma cidade universitária - o campus da Universidade do Colorado ocupa uma parte significativa do vale - e é mais conhecido por suas 420 atividades, o dia oficial não oficial onde todos se reúnem e fumam maconha no campus... Mas o time de futebol - os búfalos, de Buffs, como são chamados por estas bandas - também não são ruins, e os departamentos de ciências são de primeira linha.

Pearl Street, onde estou indo me encontrar com Hanna, tem sua própria cultura. Assim como Denver tem a 16th Street com um calçadão, Boulder tem a Pearl Street como seu calçadão.

Se você vai ser um cervejeiro artesanal em Boulder, abrir uma cervejaria na Pearl Street não é uma má ideia. Hipsters e famílias migram pelos quatro quarteirões do centro comercial todos os dias.

Depois de lutar contra o tráfego noturno na Boulder Freeway, finalmente faço meu caminho até o centro da cidade, pago pelo estacionamento e ando os dois quarteirões até as lojas.

E enquanto Oaklee meio que me preparou para quem e o que Hanna Harlow é - não estou preparado para o que vejo quando vou até a entrada de sua cervejaria.

Tem três andares de altura, tijolo vermelho, histórico e... há uma cabeça de búfalo gigante pintada na frente.

As bolas nesta mulher são quase inacreditáveis. Não é bem assim, porque estou vendo com meus próprios olhos, mas ela tem uma coragem que a maioria dos homens mataria para ter.

Eu suspiro, querendo muito apenas me virar, voltar para a casa de Oaklee e foder com ela a noite toda.

Mas eu entro de qualquer maneira. Porque é o meu trabalho.

É muito menor do que o Bronco Brews. Apenas uma área de recepção muito pequena, onde as pessoas estão contra as paredes enquanto esperam por uma mesa ou um assento no bar ficarem vagos. E apenas uma anfitriã, que parece um pouco sobrecarregada olhando para o mapa de assentos no pequeno púlpito.

—Com licença, — eu digo, me inclinando para ter certeza de que ela pode me ouvir sobre todo o barulho. —Estou aqui para ver Hanna Harlow. Eu sou Lawton Ayers.

A garota, que não pode ter mais de dezenove anos, olha para mim com uma expressão esgotada enquanto tenta entender minhas palavras. Então todas devem fazer algum sentido, porque ela sorri e grita: —Ela está esperando por você no andar de cima. Apenas suba. — Eu olho em volta procurando as escadas, então a garota aponta. —Lá!

Eu agradeço a ela, mas ela já está olhando para o seu mapa de assentos novamente. Então eu passo pelos garçons, clientes e as pessoas que esperam por uma mesa, e puxo a porta para as escadas, suspirando de alívio quando o nível de ruído diminui quando a porta se fecha atrás de mim.

Claro que ela está lá em cima. Porque é onde Oaklee estaria.

Essa coisa toda é arrepiante. Tipo, o que há de errado com essa mulher? Por que ela está tão obcecada por Oaklee? E por que ninguém mais consegue ver isso além de nós?

Quando chego ao terceiro andar, a porta está trancada. Mas há uma campainha ao lado, e quando eu a pressiono, uma dessas campainhas industriais soa por vários segundos do outro lado.

A porta se abre antes mesmo da campainha parar - e lá está ela.

Hanna Harlow parece muito com Oaklee neste momento, eu dou um passo para trás. Seu cabelo, sua maquiagem, suas roupas... tudo. Oaklee.

Um calafrio corre pela minha espinha.

—Você veio, — diz ela em voz baixa.

—Você me convidou, — eu digo de volta.

Nós nos encaramos por um longo momento, seus olhos encontrando os meus. Então ela se afasta e diz: —Entre. Por favor.

Eu respiro fundo, puxo meu paletó e entro.

Seu apartamento não fica no último andar de um prédio no centro de Denver e não tem vista para as montanhas, mas todo o resto... Deus. É tudo a mesma coisa.

Como isso é possível?

As mesmas janelas do chão ao teto. O mesmo layout de loft aberto com a cozinha no centro. As mesmas escadas, a mesma passarela em volta do perímetro, e há até rótulos de cerveja emoldurados nas paredes, como Oaklee.

Eu solto uma risada incrédula.

—Sim, — diz Hanna. —É assustador, certo?

Eu apenas viro para olhar para ela. Imaginando como ela pode ficar lá, deixando-me vê-la pelo que ela é, e ainda permanecer calma. Como se isso tudo fosse normal. —O que diabos está errado com você?

—Hmmmpph, — diz ela, soprando ar pelo nariz. —Você sabe, eu percebi que você era um cara esperto. Um milionário aos trinta anos. Um cara que veio do nada, assim como eu, e fez isso. Isso diz muito sobre uma pessoa, sabe. Então eu fiz algumas suposições. Mas talvez eu tenha lhe dado muito crédito?

É a minha vez de bufar. —Bem, eu certamente não lhe dei o suficiente.

Ela olha para mim, em silêncio por vários momentos dolorosos enquanto a animosidade entre nós se constrói. Então ela diz: —Então você já se decidiu? Ou você está interessado no outro lado da história?

—Que outro lado? — Eu rio. —Quero dizer... — Eu aponto para ela. Então para o apartamento dela. —Você até tem um maldito búfalo pintado na frente do seu prédio.

Mais silêncio da parte dela enquanto ela me observa. —Então você vai ficar e me ouvir? Ou você vai sair e levar todas as suas noções preconcebidas com você?

—Seja como for, — eu digo, dando mais alguns passos para dentro do apartamento. —Fale então. Mas tenho certeza de que não há nada que você possa dizer que explique... — eu levanto as duas mãos . . —. isso.

—Bem, — diz ela, caminhando até a bancada onde há duas garrafas de Buffed Up esperando por nós. Ela usa um abridor de garrafas para estourar os topos, depois se vira, me dá um – que eu pego por instinto - e diz: —Você estava errado, Lawton Ayers. Há vinte e oito anos desta história que você não tem ideia. Porque nada disso se encaixa na narrativa de bosta que Oaklee Ryan vendeu a você.


CAPÍTULO 20

Oaklee

O Shrike Bikes está fechado quando eu chego lá, mas o Sick Girlz está aberto e há uma entrada lateral no beco, então é lá que eu entro. A loja está cheia. O zunindo na parte de trás me diz que há vários artistas trabalhando hoje à noite e há dois grupos de clientes sentados em vários sofás e cadeiras à espera de tatuagens.

Mas Vivi está na recepção, pintando suas unhas rosa-choque, quando eu entro. —Estou pronta, — diz ela, pulando do banquinho e dando a volta no balcão segurando um saco preto com cordão.

Eu aceno, então me viro e saio, com minha amiga de cabelo rosa ao meu lado. —Você tem certeza disso? — Eu pergunto a ela.

—Não é nada de mais, — diz ela, caminhando para o meu carro e ficando no lado do passageiro.

Eu também entro, então olho para ela, sem saber se eu realmente deveria fazer isso. —A última vez que você disse isso acabamos na cadeia.

Ela encolhe os ombros. —Ei, esse é o preço que você paga quando precisa de coisas que você não tem.

—Vivi...

—Eu entendi, ok? Estamos bem. Ela não vai saber. E você tem o Lawton lá, certo?

—Sim, ele provavelmente está com ela agora. — Deus, estou com tanta raiva disso.

—Então pelo menos sabemos que ela está ocupada. Confie em mim. Você absolutamente precisa fazer isso.

Eu confio nela. Principalmente porque Vivi é foda, mas também porque ela tem boas conexões aqui no Colorado. Se nos metemos em encrenca como fizemos da última vez, ela tem maneiras de se safar das coisas. Ela tem pessoas que apareceriam e cuidariam dessa merda.

Então eu respiro fundo, ligo o carro, saio do beco e faço o meu caminho em direção à autoestrada.

Ela fala sobre todos os tipos de coisas enquanto eu dirijo, como se isso não fosse grande coisa. Eu apenas escuto, não digo nada, e roo minha unha quando entramos em Boulder e eu procuro um lugar para estacionar a uns bons seis quarteirões de distância da loja da Hanna em Pearl Street.

Ela tira a jaqueta de couro quando saímos do carro, me entrega um par de luvas de couro, e uma vez que as colocamos, estamos ambas vestidas de preto de cima a baixo.

—Eu me sinto como um ladrão noturno, — eu digo enquanto andamos. Vivi está balançando seu pequeno saco de cordão preto como se estivéssemos apenas passeando.

Ela olha para mim. Eu pego um brilho de ousadia em seus olhos. Um brilho de luz refletindo sob as lâmpadas de rua amarelas. —Miau, — ela ronrona. E então ela me bate no ombro e diz: —Relaxe. Você precisa de provas, Oaklee. E é isso que vamos conseguir hoje à noite. Meu plano é perfeito. Nada vai acontecer e mesmo que isso aconteça...

Aqui vem, eu penso comigo mesma.

—Vou ligar para meu primo Oliver e ele vai consertar.

Eu decido concordar com ela. Porque... que escolha eu tenho? Eu preciso parar Hanna Harlow antes que ela me arruíne para sempre.

Não nos incomodamos em entrar na Pearl Street como todos os outros pedestres, porque não temos intenção de atravessar a porta da frente. Não. Nós vamos direto para o beco e, alguns minutos depois, estamos de pé debaixo de uma escada de incêndio anexa ao edifício Buffalo Brews, olhando para ela.

—Ok, — diz Vivi. —Essa cadela usa o sistema de segurança da empresa da minha prima e eu trabalhei lá por três anos na adolescência e conheci todas as brechas do sistema. Então foi super fácil de hackear enquanto eu estava esperando você aparecer. Agora tudo o que você precisa fazer é me impulsionar. — Ela faz dois punhos ao redor das barras que cobrem as janelas do beco no primeiro andar e diz: —Vou pegá-la, abaixá-la e depois podemos subir juntas.

—Isso vai fazer uma tonelada de barulho, — eu sussurro.

—É por isso que eu tenho isso, — diz ela, abrindo a bolsa para que eu possa ver a lata do WD-40 dentro. —Confie em mim. Esta não é a minha primeira vez com escadas de incêndio, Oaklee.

E por um segundo eu me pergunto o que Vivi Vaughn faz em seu tempo livre? Será que quebrar e invadir é apenas uma segunda-feira à noite normal para ela?

Perguntas que eu provavelmente deveria ter me feito antes de concordar com o plano dela, mas agora é tarde demais. Eu me abaixo, ela coloca o pé no meu ombro, e então ela está subindo a lateral do prédio como um macaco. Dois minutos depois, ela está no patamar do segundo andar, soltando WD-40 pra caralho na escada de incêndio.

—Ok, eu vou descer, você vai subir e nós vamos subir de volta. Pronta?

E antes que eu possa dizer qualquer coisa em resposta, ela está descendo.

Faz barulho. Sem dúvida. Mas não chia. Quando ela me alcança, nós duas olhamos para cima, depois para os lados. Só para ver se alguém ouviu e vê o que diabos está acontecendo.

Eu quase desejei que alguém nos visse, então teríamos que fugir, provavelmente rindo como garotas enlouquecidas, e esquecer todo esse plano maluco.

Mas nada disso acontece, porque se alguém ouviu a escada de incêndio descer, eles não se incomodaram em vir olhar.

Então eu respiro fundo, subo atrás dela e resigno-me à insanidade de Vivi Vaughn porque este é o primeiro passo para recuperar minha vida.

Quando chegamos ao patamar do segundo andar, nós duas olhamos pela janela. Está escuro lá, escuro demais para ver qualquer coisa.

Eu tento abrir a janela, mas ela não se move. —Trancada, — eu sussurro.

—Não tem problema, — Vivi diz, procurando através de sua bolsa de truques por alguma coisa. E então, como se ela fosse uma espiã em um filme do Missão Impossível, ela remove um cortador de vidro, prende-o ao vidro e gira o braço em círculo. Faz um pouco de barulho, mas estou surpresa com o quão rápido e quieto é o ato de cortar uma janela.

Algumas batidas mais tarde e o círculo de vidro que ela traçou agora é um buraco. Um segundo depois e ela está com a mão dentro, destravando a fechadura, e então estou olhando para uma janela aberta.

—Vamos, — ela sussurra, dando uma última olhada ao redor do beco antes de colocar a perna e entrar.

Meu coração está batendo tão rápido, tenho que respirar fundo várias vezes para me acalmar. Mas então eu ouço vozes abaixo. As pessoas estão descendo o beco, então não tenho escolha.

Eu deslizo minha perna atrás dela e desapareço dentro do prédio de Hanna.


CAPÍTULO 26

Lawton

—Não? — Eu pergunto a Hanna. —Então tudo o que ela me contou sobre você está errado, é isso que você está dizendo?

—Olha, — diz Hanna. —Toda história tem dois lados, ok? E o que quer que ela tenha dito, tenho certeza que você acha que é tudo real porque acha que a conhece. Ou, no mínimo, você a conheceu primeiro e só ficou do lado dela, então é natural que você acredite.

—Certo, — eu digo, soltando uma risada com a palavra. —Ok, então me diga então. — Mas assim que a palavra sai da minha boca, meu telefone toca no meu bolso. Eu o pego e olho para a tela.

Oaklee: Leve-a para o bar. Ou para um jantar. Leve-a para qualquer lugar que não seja a casa dela. E faça rápido.

Eu olho para Hanna e digo: —Com licença, um minuto. Eu tenho que responder esta mensagem.

—Claro, — diz Hanna. —Não tenha pressa. Eu tenho a noite toda.

Então eu mando a Oaklee uma mensagem de volta. O que você está falando?

Oaklee: Apenas faça isso! Eu preciso que ela esteja fora da casa dela tipo agora.

Eu: Onde você está?

Oaklee: Eu estou no apartamento dela. Estou vendo vocês dois conversarem agora.

Eu: Que diabos Oaklee!

Oaklee: Eu tenho que encontrar provas. Vivi está aqui comigo, então não se preocupe. Nós ficaremos bem. Apenas tire-a daí!

Volto para Hanna, que está tomando cerveja da garrafa da Buffed Up. —Tudo ok? — Ela pergunta.

—Claro. Mas eu estou com fome. Então, que tal irmos pegar alguma comida enquanto você me conta tudo sobre como eu entendi errado?

—Eu posso pedir algo para nós do andar de baixo...

—Não, — eu a interrompo. —Eu não tenho estado em Boulder há muito tempo. Vamos para algum lugar. Algum lugar legal.

Ela me olha com desconfiança. E ela deveria, certo? Porque Oaklee e Vivi invadiram seu apartamento e estão prestes a roubar coisas, e provavelmente estão a seis metros de onde estamos neste exato momento.

—Estou morrendo de fome, Hanna. E quero algo bom em um lugar onde possa relaxar. Porque eu comi um hambúrguer no meu carro no almoço hoje e comida de bar não vai servir para mim hoje à noite. Então você pode vir comigo ou não. Mas eu vou comer.

Ela olha para mim por mais um longo momento, depois coloca a cerveja no balcão e diz: —Tudo bem. Nós faremos do seu jeito. Que tal o Joe´s Italian? Tem vinho e toalhas de mesa brancas. Isso será suficiente?

—Parece perfeito, — eu digo. —Vamos lá.


Joe´s fica a apenas dois quarteirões da Pearl Street, então vamos a pé. Hanna está quieta enquanto esperamos por uma mesa. Aguardando seu tempo até estarmos realmente sentados e termos os menus à nossa frente. Eu peço um uísque porque sinto que esta história pode exigir um. E uma vez que pedimos nossas entradas, ela diz: —Ok. Eu gostaria que você me desse o benefício da dúvida e checasse todas as suas opiniões sobre mim e noções preconcebidas sobre o que está acontecendo entre Oaklee e eu, até terminar de falar. Você pode me fazer esse único favor?

—Claro, — eu digo, tomando o uísque. Por que não?

Hanna respira fundo e começa a falar ao expirar. —Eu conheci Oaklee na faculdade, mas eu a conhecia muito antes disso. Quero dizer, todo mundo sabe sobre a Bronco Brews, certo?

—Eu acho, — eu digo.

—Especialmente os adolescentes que estão aprendendo a beber. É uma espécie de rito de passagem para se familiarizar com suas cervejas de celebridades locais e Colorado não tem escassez de cervejeiros locais. Então eu conheci Oaklee porque as crianças falam. E ela era da nossa idade, ela era bonita e bem, você provavelmente pode adivinhar o que os garotos da minha escola costumavam dizer sobre Oaklee.

—É por isso que você é tão obcecada por ela?

Ela levanta um dedo. —Segure esse pensamento. Eu nem sequer comecei esta história ainda. Só estou dizendo que eu sabia dela antes de conhecê-la. Então, fomos designadas para o mesmo dormitório no primeiro ano da faculdade e foi muito legal ir para o quarto com ela porque ela é tipo... meio famosa em seu próprio jeito.

—Então você sabia sobre ela e você era sua colega de quarto, e vocês duas eram estudantes de microbiologia? — Eu pergunto.

—Eu vejo onde isso está indo, mas eu sempre usaria meu diploma para preparar cerveja. Eu simplesmente não poderia ser aceita em microbiologia com isso como um objetivo. Então eu menti e disse que queria usá-lo para erradicar doenças.

—Por que não? — Eu pergunto. —Eu quero dizer por que você teve que mentir? Porque começar essa história com uma mentira, Hanna, isso não parecendo muito bom para você.

—Bem, aqui está a novidade. As especializações em ciências são competitivas e naquela época, microbiologia estava repleta de pessoas que queriam usá-la para a fabricação de cerveja. Oaklee sempre iria ser aceita. Seu pai conhecia professores da CSU. Eles dão bolsas lá. Ela tinha uma automática. Eu não tinha. Eu tive que levar a sério para que eles me levassem a sério.

—Oh, vamos lá, Hanna. Isso é besteira. Por que não admitir que você achava que ela era superinteressante e decidiu seguir seu exemplo depois dela? Porque é tão óbvio. Eu não acho que estou interessado em ouvir mais se isso está indo aonde eu acho que está indo.

—Vai chegar aonde você pensa que está indo, Lawton. Porque essa é a verdade. Ela me copiou e não o contrário.

Eu rio alto, as pessoas olham para nós. —Então essa é a sua história? Você é a vítima? Ela roubou suas receitas de cerveja? Ela roubou seus nomes de cerveja e rótulos e... — Aponto para a janela, na direção de onde fica sua loja. —Buffalo Brews e Bronco Brews não são categoricamente similares, e Buffed Up não é uma imitação de Bucked Up? É isso que você vai me contar hoje à noite? Porque se assim for, não acho que aguento.

Eu verifico meu relógio, observando que já faz vinte minutos desde que tirei Hanna de seu apartamento. E eu me pergunto se é tempo suficiente para Oaklee conseguir o que ela precisa. Porque eu não quero ouvir mais nada.

—Isso é porque você está perdendo a informação mais importante, Lawton. A mesma informação que eu estava perdendo até o primeiro ano da faculdade.

—Que seria? — Eu pergunto.

Ela olha para mim. Respira fundo. Solta para fora. E então diz: —Eu não sou a inimiga de Oaklee. E se você ouvir a minha história do começo ao fim, você verá meu lado. Você vai vê-la por quem ela realmente é. Uma garota selvagem com um traço de maldade. Uma garota que veio do privilégio, recebeu o mundo, tem mais do que a maioria e quer mantê-lo assim. Você verá que o que ela está dizendo a você... é tudo mentira.


CAPÍTULO 27

Oaklee

Vivi e eu assistimos através de uma porta quebrada do outro lado do apartamento de Hanna, quando Law pega minha mensagem e dá uma desculpa para tirá-la do apartamento. E assim que eles saem, entramos no modo ladrão furtivo.

Vivi vai direto para o escritório e começa a invadir o computador. Eu olho em volta, atordoada com o que estou vendo. Porque... é o meu apartamento. Quero dizer, claro, é menor e a arte nas paredes é sua marca, não minha. Mas...

—Este lugar é assustador, — diz Vivi do escritório. —E eu estou dentro. O que eu deveria estar procurando?

Mas esse é meu apartamento. Como... um passeio pelo Mundo Bizarro.

—Oaklee! — Vivi sussurra alto. —Diga-me o que procurar!

—Receitas, — eu digo, pondo minha cabeça para dentro do escritório. —Procure por qualquer coisa que se pareça com uma receita de cerveja. Que fermento ela está usando, qualquer coisa que você possa encontrar em seu design gráfico... coisas assim.

Então volto para a sala principal. Comparando e contrastando o design dela com o meu. Sua cozinha é menor. Tudo é menor. Mas é tão claro. É tão... eu.

Eu me sinto mal de repente. Quase violada. E eu sei que é estúpido, porque nada disso é meu. Este não é o meu apartamento. Todas as minhas coisas estão seguras em Denver.

Mas...

—Encontrei algo, — diz Vivi. —Venha e olhe.

Entro no escritório dou a volta pela mesa para ver o que Vivi tem no computador.

E mesmo que eu tenha vindo aqui com um objetivo em mente - encontrar evidências dela roubando as receitas do meu pai. Minhas receitas, agora – eu não estou preparada para o que vejo na tela.

Receitas manuscritas, digitalizadas em seu computador. Na caligrafia dele.

—Ela deve ter os originais por aqui, — diz Vivi, levantando-se da cadeira. Eu tomo seu assento, enquanto ela começa a procurar pelos arquivos nos armários.

—Elas são minhas, — eu digo.

—Eu sei, — Vivi responde. —Imprima-as. Mas também precisamos encontrar as cópias impressas. Nós vamos levar elas com a gente, já que elas são suas de qualquer maneira.

Eu examino a lista, não tentando descobrir quais receitas ela tem, mas quais ela não tem.

Porque ela tem todas elas.

Cada cerveja que já desenvolvemos está nesta lista. E todos elas estão na caligrafia do meu pai.

—Eu não estou conseguindo encontrá-las, porra, — diz Vivi.

—Isso é porque ela as escaneou, — eu digo baixinho. —Ela roubou isso do meu apartamento, escaneou e deixou os originais comigo.

—Apague-as, — diz Vivi. —Cada uma.

Eu sei que devo levantar, sair daqui e esquecer que já vi isso. Eu sei que o que estamos fazendo é ilegal e eu poderia ir para a cadeia. Eu sei que nada disso, mesmo se eu levar comigo, seria admissível no tribunal.

Eu entendo tudo isso. Mas eu realço cada um desses arquivos de receita e meu dedo passa sobre o botão delete, pronto para tomar essa ação final.

Mas então meu telefone toca com uma mensagem.

—Merda, — diz Vivi. —Veja se é Lawton.

É o Lawton. Eu sei disso antes mesmo de ver a mensagem na tela. Estamos voltando. Se você ainda estiver aí, dê o fora agora!

Vivi a lê comigo, em seguida, pressiona o dedo no botão delete, agarra-me pelo ombro e diz: —Levante-se. Eu tenho que cobrir meus rastros rapidinho.

Eu levanto. E apenas fico ali, observando seus dedos voando pelo teclado. Excluindo as digitais dela. Tirando os vestígios que estávamos aqui. E então ela desliga e se levanta, cuidadosamente colocando a cadeira contra a mesa, e diz: —Vamos.

Saímos do apartamento da mesma forma que viemos, aquele buraco no vidro é a única coisa que não podemos apagar. A única evidência que devemos deixar para trás.

E alguns minutos depois, voltamos para o beco, enviando a escada de incêndio para cima.

Todo o caminho para casa, Vivi fica falando. Teorias selvagens saindo de sua boca. Explicações malucas de porquê Hanna Harlow tem todas as receitas originais do meu pai.

—Ela invadiu, — diz ela. Que é a resposta mais óbvia. Especialmente desde que minha segurança era tão frouxa. Por que eu fui tão ingênua? Ela tem tudo meu. Tudo. E ainda não tenho provas.

—Talvez ela tenha hackeado você remotamente? — Vivi oferece, como outra teoria. —Você tem todos esses arquivos no seu computador também?

Eu concordo. —Meu pai fez isso. Ele as escrevia, depois as digitalizava no computador para que ele pudesse tê-las em seu tablet enquanto ele estava lá embaixo.

—Ela poderia ter te hackeado. Nós podemos fazer um teste forense. Não há como ela ter sido cuidadosa o suficiente para esconder todas as suas pegadas. Não, a menos que ela tenha contratado hackers pelo menos tão bons quanto eu e meus primos.

—Bem, por que ela não contrataria? — Eu pergunto. —Quero dizer, o que a impede de contratar o melhor? Se eu fosse ter todo esse problema, eu contrataria os melhores. E eles poderiam estar em qualquer lugar do mundo, sabe? As pessoas vão naquela dark web ou qualquer outra coisa, e podem fazer com que qualquer um faça alguma coisa. Então, embora eu tenha todas as respostas que eu precisava para provar que não sou louca, que ela realmente está roubando meus segredos corporativos, não tenho provas. Nenhuma. Então não há absolutamente nada que eu possa fazer sobre isso.

Vivi está dirigindo para casa. Ela simplesmente pula para o banco do motorista e diz: —Chaves, — e eu as entrego. Então ela faz uma careta quando nos leva de volta à estrada em direção a Denver.

—Talvez Lawton tenha descoberto algo útil? — Ela oferece como uma maneira de me fazer sentir melhor.

—Merda. — Eu rio. —Ela provavelmente falou doce com ele para ele cair em suas mentiras. Ele provavelmente está namorando com ela agora. Eles provavelmente têm um encontro para o jantar amanhã também.

Eu estou apenas meio brincando.

—Bem, não tire conclusões precipitadas até conversarmos com ele, ok? Lawton sabe o que ela está fazendo. Ele não vai se apaixonar por isso.

Eu apenas olho pela janela enquanto dirigimos, em silêncio, até saímos da estrada e voltarmos para o LoDo. Ela estaciona na entrada do beco do meu prédio e desliga o carro. Olha para mim.

—Obrigada, — eu digo. —Eu nunca teria feito nada disso sem você.

—Eu gostaria que tivéssemos provas reais que você pudesse usar. Mas pelo menos você sabe agora. Ela está roubando de você.

—Sim, — eu digo de volta. —Mas quanto mais ela planeja tirar de mim antes de terminar? Porque eu não tenho muito mais.


CAPÍTULO 28

Lawton

Eu apenas sento e ouço a história de Hanna. Sem fazer comentários, do jeito que ela queria, do começo ao fim. E quando ela finalmente para de falar, ela faz uma pausa. Toma um fôlego, depois outro, como se ela estivesse tentando pegá-lo.

—Bem, — ela finalmente diz.

Eu apenas dou de ombros. —O que você quer que eu diga?

—Que tal, 'Talvez eu não tenha a história toda?' Que tal, 'Talvez eu estivesse errado sobre você?' Que tal, 'eu deveria escolher meus amigos com mais cuidado?

Essa última parte vem cuspindo de sua boca como veneno.

Tudo o que posso fazer é dar de ombros. —É a sua palavra contra a dela, não é? E você diz que ela sabe tudo isso?

—Ela sabe, — diz Hanna, erguendo o queixo em desafio. —Eu tentei dizer tudo a ela anos atrás. E tudo o que ela fez foi se virar contra mim. Disse que nunca mais queria me ver ou falar comigo de novo. Ameaçou-me fisicamente. Disse que iria fazer com que os seus amigos cuidassem das coisas se eu decidisse levar isso mais adiante. E se você a conhece há algum tempo, então já viu do que ela é capaz. Você sabe que tipo de amigos ela tem.

—Bem, pelo que eu vi, vocês duas têm os mesmos amigos. Então, o que isso diz sobre você?

—Besteira. Ela sai com essas pessoas da Shrike. Eles são todos criminosos. Você gosta dessas botas extravagantes que você tem? Aquela jaqueta de couro superfaturada com a assinatura de Spencer Shrike dentro da manga? Você sabe que ele é um assassino, certo? Todas essas pessoas são um bando de mentirosos violentos. Todo o círculo retorcido é um cruzamento entre uma família da máfia e a realeza do Colorado.

—E você foi até lá tentar pegar sua torneira. Tentar que Buffed Up substituísse a Bucked Up. Quero dizer, vamos lá, Hanna. Isso é tudo besteira.

—Ela é louca. E em algum lugar lá no fundo, você sabe que estou certa.

Eu apenas balanço minha cabeça. —Eu realmente não vi esse lado, Hanna. Não sei o que pensar da sua história, mas vou levá-la para Oaklee e perguntar a ela.

Ela endurece. Respira pelo nariz. Contrai seu maxilar e me encara. —Ela vai negar tudo.

—Quero dizer, eu não sei o que você quer de mim hoje à noite. Eu nem sei porque você me chamou aqui. Nada disso é mesmo da minha conta. Eu sou apenas um cara namorando uma garota que você odeia. É tudo que vejo.

—Bem, você sabe o que eu vejo? Eu vejo um homem que usa um terno todos os dias entrar em um bar no sábado tentando fingir que ele é um motociclista. Tentando desempenhar o papel que Oaklee Ryan atribuiu a ele. Eu vejo um homem muito bem-sucedido curvando-se à vontade de uma mulher muito doente. E isso é triste, Lawton. Triste. Porque eu gosto de você do jeito que você é. Eu sei que ela te trouxe para a Opera House para me atrair. Para ver se eu te levaria embora. E quão estúpida eu teria que ser para cair nesse velho truque?

—Por quê? Porque você fez isso muitas vezes antes de ficar velho?

—É isso que ela te contou? Que eu roubei os namorados dela? — E então ela ri. —Isso, — diz ela, acenando com a mão para mim. —Você, vestido em um terno. Esse é o meu tipo, Lawton. Aquele traje de motoqueiro que ela te vestiu no último fim de semana, é o tipo dela. Logo ela vai pedir para você fazer uma tatuagem.

—O que?

—Não seria a primeira vez. Inferno, ela fez algumas coisas bem loucas para pegar um cara. Eu não colocaria nada além dela. E ela tem algo na manga para você, tome minha palavra sobre isso.

—Como o quê? — Eu rio.

Hanna encolhe os ombros. —Como eu deveria saber? Mas apenas espere. Algo vai acontecer. Ela está com você por um motivo e você vai descobrir isso mais cedo ou mais tarde, porque Oaklee Ryan não conseguiu o que ela tem por acaso. Ela é implacável. Ela não tem consciência. E ela é uma ótima pequena atriz, Law. Uma mentirosa muito boa.

E então Hanna empurra a cadeira para trás, coloca o guardanapo na mesa e diz: —Eu vou pagar a conta, não se preocupe com isso. Foi bom falar com você, Law. Espero que você dê uma boa olhada no que eu te disse. E eu espero que você descubra que você é apenas um peão em seu jogo antes que seja tarde demais e ela estrague tudo que você construiu ao longo dos anos.

Ela me deixa sentado lá. Apenas repetindo toda a história dela na minha cabeça.

E relutantemente, tenho que admitir, algumas coisas fazem sentido.

Não, muito do que ela disse faz sentido. Tipo... todas aquelas perguntas estranhas sobre ‘por quê?’ que passaram pela minha cabeça nos últimos dias de repente fazem sentido se eu ver pela lógica de Hanna.

Perguntas como... por que Hanna faria toda essa loucura?

Mas se o que ela me disse é verdade - e é certamente plausível - então tudo se encaixa.

As cervejarias concorrentes. As receitas. Os nomes da cerveja e até mesmo o estúpido mural de cabeça de búfalo na frente de seu prédio.

Oaklee é louca?

Quero dizer... ela fez algumas proezas. Não há como negar isso. E por que todos os seus amigos da cerveja não veem o que eu vejo? Por que eles deixariam Hanna se safar com tudo isso? Por que, a propósito, toda a comunidade cervejeira artesanal a deixaria ganhar festival após festival? Dar-lhe as torneiras onde Oaklee uma vez governou?

Se nada do que Hanna acabou de me dizer é verdade... então... Jesus. Ela é louca.

Mas se for verdade... então isso deixa Oaklee louca.

Afasto-me da mesa, saio do restaurante, caminho de volta para o meu carro e volto para Denver. Mais confuso do que nunca.

Quem eu acredito? A garota que eu pensei que estava me apaixonando no fim de semana?

Ou aquela que acabou de me dar uma explicação racional que se contrapõe a tudo que Oaklee tem me dito?

Eu não sei. E mesmo que antes do jantar com Hanna, eu estava planejando passar a noite fodendo Oaklee como nunca e adormecer em sua cama, segurando-a com força - não é isso que eu faço.

Eu vou para casa.

Sozinho.


CAPÍTULO 29

Oaklee

Eu mando uma mensagem para Law quando chego em meu apartamento e, em seguida, olho para o meu telefone enquanto assisto a pequena notificação me dizer que a mensagem foi entregue. E que foi lida. Mas as pequenas bolhas me dizendo que ele está digitando uma mensagem de volta não aparecem.

Eu não sei o que pensar sobre isso.

Bem, isso não é verdade. Eu tenho muitas coisas para pensar sobre isso.

Um. Ele ainda está com Hanna e ele não pode me responder ainda.

Dois. Ele ainda está com Hanna e não quer me responder.

Três. Ele está dirigindo para casa, então ele viu o texto, mas não pode enviar mensagens de texto e dirigir. O que faz sentido porque isso é perigoso e eu não quero que ele bata seu carro na estrada tentando acalmar meus medos de que ele tenha, de fato, decidido que Hanna é muito mais interessante, bonita e bem-sucedida, e ele gostaria de foder ela em vez de mim.

Quatro. Ele está transando com ela agora.

Deus, sou tão idiota.

Vou até meu terraço e abro as portas. O ar da noite está fresco e o vento é forte, mas não me importo. Eu apenas olho para o apartamento dele no beco, esperando que a qualquer minuto...

As luzes se acendem.

Ele está em casa! Eu mando uma mensagem para ele novamente. Perguntando se ele recebeu minha mensagem. Que eu sei que ele recebeu, porque foi entregue.

Eu roo minha unha enquanto espero as bolhas dos comentários...

Nada.

O que está acontecendo agora? Os medos dois e quatro são justificados?

Eu sei que não deveria ligar, mas não posso me conter. Eu pressiono o botão verde no meu telefone e ele começa a tocar. E quando acho que vai para o correio de voz, ele atende.

—Hey, — diz ele, sua saudação curta e pontual.

—Heeeey, — eu digo de volta, minha saudação suave e longa. —Então o que aconteceu?

—Eu deveria estar perguntando isso a você, Oaklee.

—O que você quer dizer?

—O que eu te disse sobre o plano estúpido da Vivi na noite passada? Quero dizer, Jesus Cristo. Que diabos vocês duas estavam pensando?

—Eu precisava de provas, Lawton. E eu encontrei. Ela tem todas as receitas do meu pai no computador dela!

—Você invadiu o computador dela? — Ele suspira. E é claramente um suspiro exasperado.

—Eu não invadi. Eu não sei como fazer essa merda. Vivi invadiu.

—Vivi invadiu, — diz ele. —Então ela é uma hacker, ela é uma tatuadora. Alguma outra habilidade especial que eu deveria saber sobre Vivi Vaughn, Oaklee?

—O que você quer dizer?

—Você sabe o que eu quero dizer. Hanna me contou tudo sobre a família dela.

—Hanna disse a você, — eu zombei. —O que exatamente ela disse?

—Que ela vem de pessoas perigosas, foi o que ela disse.

—Bem...

—Eu a investiguei, então não se incomode. Tudo o que Hanna disse parece ser verdade. O primo dela é um famoso violador...

—Besteira! — Eu grito. —Ele não é! Isso é tudo besteira!

—Seu tio matou um cara um tempo atrás. E praticamente todos os jornais do Colorado - para não mencionar várias publicações nacionais e internacionais também – fizeram extensas exposições sobre o sindicato do crime ao qual ela está conectada.

—Sindicato do crime? — Eu ri. —Vamos lá. E você acredita nela?

—Tudo o que sei é que você e Vivi invadiram o apartamento de Hanna - enquanto eu estava lá - e... e... mas que porra, Oaklee?

—Acalme-se, — eu digo. Mas tenho uma sensação muito doentia no estômago. —O que exatamente ela disse hoje à noite? Porque você não respondeu minhas mensagens e agora está com raiva de mim.

—Porra, com toda certeza eu estou com raiva.

—Eu vi a prova, Lawton. Ela roubou tudo de mim! E ela vai continuar tomando e tomando, e tomando até que eu não tenha mais nada.

—Você sabe... — Ele suspira de novo. —Ela me contou uma história esta noite.

—Que história?

—Um monte de merda que você deixou de fora.

—Como o quê?

—E seria bom, — ele continua, como se eu nem estivesse falando. —Se você me dissesse tudo isso, então eu não tenho mais que jogar o jogo com você.

—Tudo sobre o quê? O que exatamente ela disse a você?

Ele está em silêncio do outro lado do telefone. Eu posso ver sua sombra através das cortinas que cobrem sua janela do terraço. Ele está andando de um lado para o outro.

—Lawton, — eu digo, meu tom irritado agora. —Diga-me o que diabos aconteceu hoje à noite.

—Sabe, estou cansado, Oaklee. Tem sido um longo dia. Inferno, tem sido um longo fim de semana. E eu tenho trabalho amanhã e a reunião com a Home TV foi reagendada para quarta-feira por algum motivo, então eu vou para a cama e passo aí amanhã depois do trabalho e vamos discutir como as coisas ficarão.

—'Vamos discutir como as coisas ficarão? O que isso significa?

—Eu quero dizer esse jogo. Eu quero dizer esse programa de TV. Eu simplesmente não sei. Você é selvagem, Oaklee. Você invadiu seu maldito apartamento hoje à noite!

—Então o que você está dizendo? Que você acredita em qualquer coisa que essa vadia mentirosa da Hanna te contou? Que você não vai me ajudar? Que eu não vou a essa reunião com o pessoal da Home TV com você?

Mais um longo suspiro de Lawton. E eu sei o que ele vai dizer antes que ele diga. —Sim. Talvez. Eu não sei. Nós vamos falar sobre isso amanhã à noite. Ok? Eu tenho que ir.

E então ele desliga porque eu recebo três bipes rápidos, deixando-me saber que a ligação foi cancelada.

Eu apenas fico lá. O ar frio agora, não apenas fresco. O vento selvagem agora, não calmo. E olho para o meu celular.

Ela fez isso de novo. Ela vai tirá-lo de mim agora também. Tudo porque eu disse a ele para ir jantar com ela.

Então é minha culpa, não é? Eu praticamente dei ele para ela. Praticamente os empurrei juntos. Fiz ele se vestir como... como o tipo de cara que ele não é. O tipo de cara que eu gosto, que é o tipo de cara que Hanna também gosta.

Não é?

E mesmo que eu não seja uma daquelas garotas que choram por causa de um homem... eu quero chorar. As lágrimas ardem nos meus olhos. O vento chicoteando meu rosto, tentando apagá-las.

Mas quando volto para dentro não há vento.

Então minhas lágrimas caem livremente enquanto eu me deito na cama e escondo meu rosto no travesseiro.

E logo estou chorando. Choro feio. Porque não importa o que eu faça, não posso competir com ela.

Ela está sempre um passo à frente.

Sempre lá, pronta para me chutar quando estou pra baixo.

Eu praticamente posso sentir sua bota se conectando com o meu estômago enquanto eu me deito na cama me sentindo como...

Como se eu tivesse acabado de perder algo muito mais importante do que uma receita de cerveja idiota.


CAPÍTULO 30

Lawton

Eu desligo na cara dela e me sinto mal imediatamente porque quero acreditar nela. Eu quero estar do lado dela. Eu gosto dela, pelo amor de Deus. Foi... foi o que? Me apaixonei por ela apenas ontem. O que é ridículo, mas é o que as pessoas pensam quando se encontram pela primeira vez.

E não se conhecem, digo a mim mesmo na minha cabeça.

Porque não nos conhecemos. Ela não sabe nada sobre mim e o que eu acho que sei sobre ela pode não ser verdade.

Mas aquela Hanna... ela com certeza pode contar uma história. E se ela está mentindo ela é uma sociopata. Porque foi tão... tão autêntico. Ninguém é tão bom mentiroso. Nenhuma pessoa sã, de qualquer maneira.

Ela não parecia insana. Lamento dizer.

Eu seguro meu telefone na mão e olho pela janela. Para o apartamento de Oaklee. Eu a vejo andando para dentro. Como se ela estivesse lá fora olhando para mim enquanto conversávamos.

Meu polegar está em seu contato. Pronto para pressioná-lo e tentar explicar como estou me sentindo, mas não sei como estou me sentindo. Esse é o problema. E eu estou muito cansado para analisar isso esta noite.

Amanhã, eu decido. Amanhã eu vou marcar um encontro com ela no almoço e vamos discutir tudo isso. Vou contar a ela tudo o que Hanna disse e ver como ela reage.

Eu dou uma última olhada em seu apartamento e então as luzes se apagam.

Eu me afasto da janela, apago minhas luzes também e vou para a cama.


Quando acordo com meu despertador de manhã, parece que passei a noite inteira pensando e não tive um momento de sono. Mas não é verdade. Eu dormi porque acabei de acordar. Eu apenas sinto que não.

Eu passo pelos movimentos de me preparar para o trabalho, completamente morto por dentro. E não é apenas por causa da Oaklee e Hanna, tampouco. É tudo. Eu não quero ir trabalhar. Eu não quero mais vender imóveis. Eu nem tenho certeza se quero esse programa de TV. Alguma coisa parece errada lá também. Como... aquele telefonema ontem. Alterando a data. Como desligando o telefone na minha cara.

Algo está errado.

Mas eu não tenho nenhuma opção agora. Sem boas opções. Então coloco o terno, tomando cuidado com a tatuagem, porque tirei o plástico antibacteriano no chuveiro e agora está tocando o tecido engomado da minha camisa.

E até isso está me incomodando. Como... o que diabos eu estava pensando? Fazer uma tatuagem? Jesus Cristo, eu realmente estou tendo uma crise de meia idade aos trinta anos. É patético.

Meu telefone toca quando estou pegando minha carteira, pronto para sair para o trabalho. Eu verifico a chamada recebida e vejo 'número desconhecido' na tela.

Com medo de ser da Home TV, eu aceito e digo: —Lawton Ayers, — com tanto entusiasmo quanto posso. O que não é muito.

—Lawton, é Hanna.

Jesus. Isso é tudo que preciso.

—Hey, Hanna, — eu digo, alcançando a porta da frente com a minha mão livre. —Estou saindo para trabalhar agora. Posso te ligar mais tarde?

—Receio que isso não pode esperar. — Seu tom é cortado. Quase zangado.

Então eu paro na frente da minha porta e digo: —O que está acontecendo? — Sabendo no fundo de mim que eu não vou gostar nem um pouco do que está acontecendo.

—Eu não sei se você está ciente, mas eu tenho um sistema de segurança bastante sofisticado em minha casa.

—Não. Não sabia disso. — Eu digo isso com calma, mas eu já sei aonde isso vai chegar.

—Bem, eu sei. Ou eu sabia. Porque, como pude constatar, meu contrato com a empresa de segurança foi cancelado ontem à noite.

—Hmmm, isso é estranho, — eu digo, revirando os olhos. Porra, Oaklee.

—Muito estranho sim. Especialmente quando eu faço uma pequena pesquisa – pesquisa essa que eu provavelmente deveria ter feito antes de contratá-los – e você sabe o que eu encontrei?

—Hanna, não tenho tempo para jogos de adivinhação. Então, chegue ao ponto, por favor. Estou a caminho do trabalho.

—Que minha empresa era realmente uma fachada para a Shrike Security.

—A família mafiosa-barra pesada-real do Colorado?

—Essa é a única.

—Ok? — Eu digo, apertando a ponte do meu nariz.

—E alguém estava no meu apartamento ontem à noite.

—Se você está se referindo a eu ter estado lá, então sim, isso não é mistério.

—Não é você quem eu estou me referindo, Lawton. Como você bem sabe. Porque eu tenho minha segurança particular, além daquela que contrato. Então nem todas as câmeras foram desligadas na noite passada. E adivinha quem estava no meu apartamento enquanto saíamos para jantar?

Eu não me incomodo de responder dessa vez. É retórico de qualquer maneira.

—Sua namorada.

—Bem, isso é estranho.

—Ela enviou você para me manter ocupada, não é?

—Não, Hanna. Você me convidou, lembra?

—Eu não sei o que vocês dois estão fazendo, mas eu te disse o que estava acontecendo na noite passada. E vou lhe dar cinco segundos para fazer uma escolha, Lawton. E se você fizer a escolha errada, serei forçada a tomar isso como um problema. Porque alguém estava no meu disco rígido e excluiu todas as minhas receitas de cerveja. Então escolha.

—Escolher o quê? — Eu pergunto, completamente irritado agora.

—Ela. Ou eu.

Eu rio. Eu não consigo lidar. —Que tal eu escolher nenhuma de vocês? Hã? Que tal eu fingir que nunca conheci você ou ela? E vocês duas podem apenas se foder e lutar sua pequena guerra sem esse soldado, que tal?

Hanna suga a respiração do outro lado do telefone. Depois a solta. —Eu queria que fosse assim tão simples, Lawton. Mas não é. Então, se essa for a sua escolha, se você não está do meu lado, receio que tenhamos terminado aqui.

—Ótimo, — eu digo. —Está feito.

Eu aperto o telefone, abro a porta da frente e desço as escadas até a garagem, porque estou tão puto agora que preciso gastar energia.

Estou clicando no chaveiro para destrancar meu carro quando um golpe na minha cabeça me derruba no concreto duro.

Quando olho para cima, atordoado e confuso com o que aconteceu, vejo dois homens de ternos baratos de pé em cima de mim. Mais que 30 anos, talvez. Um deles tem cabelo castanho curto e uma tatuagem no pescoço. O outro tem um rabo de cavalo e um rosto comprido que me faz pensar em um cavalo.

—Estávamos esperando que todos fôssemos amigos, — diz o da tatuagem do pescoço, estalando os nós dos dedos em busca de efeito. Ele olha para mim quando sua perna balança para trás, e então chuta meu estômago e me faz dobrar de novo.

—Mas não está dando certo, — diz Cara de Cavalo, balançando o pé para dar o terceiro golpe.

Mas aqui está a coisa que ninguém saca sobre mim. Eles me veem nesse terno. Eles comentam minhas boas maneiras. Mas eu sou feito como um lutador de MMA por uma maldita razão. Então, assim que o pé está vindo em minha direção, pronto para me atingir, eu agarro, torço e me levanto ao mesmo tempo. Isso faz com que o corpo do Cara de Cavalo se torça, e agora ele está em pé, no meio do ar, com as mãos para fora tentando evitar a queda, para não esmagar o rosto de cavalo dele no maldito concreto.

Ele não consegue e há um estalo doentio quando sua boca se conecta com o chão e uma poça de sangue surge sob ele como um lago recém-formado.

Eu olho para o Tatuagem no Pescoço, faço um daqueles movimentos com meus dedos e digo: —Não, isso não vai ficar assim. —

Ele ataca. E ele sabe duas coisas quando ele faz isso. Um. Eu sou treinado. Dois. Ele também é. Porque ele vai para a minha perna, levanta alto, como se ele fosse me fazer tropeçar para trás. Mas o que ele acha que sabe sobre mim, está errado. Porque esta é minha defesa de assinatura. No segundo em que ele me tira do centro de equilíbrio, viro meu corpo, coloco as duas mãos no concreto e chuto-o no rosto com o pé solto.

Ele vai cambaleando para trás enquanto eu fico de pé e então nos atacamos. Ele vai alto, porque ele é mais alto que eu, e alcança a minha cabeça, indo para baixo.

Desviando com as duas mãos, enfio a cabeça no intestino dele e faço uma queda de perna dupla. Ele está de costas, eu estou em cima dele, e embora eu saiba que o peguei agora, esse filho da puta pula em mim como um covarde. Então eu não pego o caminho difícil e o deixo sair fácil. Eu enfio meu joelho em sua boca, seus punhos batendo no meu rosto. Um se conecta com o meu olho com tanta força que eu quase desmaio, mas agora estou puto.

Eu dou um soco duplo nele. Bochecha, testa, maçã do rosto, testa. Mais e mais até que ele está sufocando em seu próprio sangue.

Eu me levanto, respirando pesadamente, e olho em volta para o Cara do Cavalo. Ele está correndo para um carro, entra, liga, e então grita os pneus enquanto aponta o veículo diretamente para mim.

Esta é a minha dica que acabou. Preciso sair daqui, e como a porta da escada tem uma trava de segurança, eu vou para ela. Eu procuro no meu bolso pela chave de acesso enquanto corro, e a deslizo.

Eu olho por cima do meu ombro quando entro na escada, mas eles terminaram comigo. O Tatuagem no Pescoço está tropeçando em direção ao carro, e dois segundos depois ele está dentro e eles desaparecem na rampa da garagem.

— Filhos da puta, — eu digo, ainda sem fôlego.

Eu olho para a minha blusa e a vejo coberta de sangue pelo golpe no rosto que tomei. Então eu subo as escadas de dois em dois degraus até o meu andar, depois volto para dentro do meu apartamento e grito de novo.

—Filhos da puta!

Foi a porra da Hanna, eu sei disso. Isso é o que ela quis dizer com o seu pequeno telefonema. Aquela puta mandou bandidos me ferrarem.

Essa merda é louca. Essas garotas são loucas.

Eu tiro meu terno, lavo o sangue do rosto e das mãos, visto as roupas de ontem porque elas estão jogadas no chão e depois saio. Indo direto para a Bronco Brews para dizer a Oaklee que esse maldito jogo acabou.


CAPÍTULO 31

Oaklee

Foi uma noite sem dormir. Mexendo e me revirando nem sequer podem descrever como passei as últimas oito horas. Foi mais como... eu queria vomitar. Eu queria voltar no tempo. Para não deixar Law ir ver Hanna. Parar com esse jogo estúpido antes de começar e dizer a ele... que eu gosto dele. Que nós devemos dar uma chance real.

Porque eu sabia. Essa é a pior parte. Eu sabia que Hanna arruinaria as coisas e eu o mandei para lá de qualquer maneira.

O que diabos está errado comigo?

Saio da cama cedo, fico em frente à minha janela do terraço enquanto o sol nasce e concentro-me em seu terraço no beco.

Ele dormiu?

Ele está pensando em mim?

Mas então eu me faço tomar um banho, me preparo para o trabalho e faço o café. Mas apenas fica na minha frente. Intocado.

Eu tenho que consertar isso. Não sei como vou fazer isso, porque não sei o que Hanna disse a ele. E mesmo que ele tenha dito que me ligaria depois do trabalho para que pudéssemos conversar sobre isso, não acho que ele quisesse dizer isso.

Meu telefone toca no meu escritório. Então eu entro lá, pego e digo: —Oaklee. — Isso sai triste e patético.

—Oaklee, aqui é a Janice do andar de baixo.

Janice. Ótimo. Ela é uma das cervejeiras, o que significa que essa ligação não é o que eu preciso agora. —O que posso fazer por você, Janice?

—Bem, tem umas pessoas lá fora e eu não sei o que fazer.

—Pessoas? Que pessoas?

—Eu não abri a porta, não se preocupe. Mas eles disseram algo sobre um compromisso com você esta manhã.

—Compromisso?

—Você quer que eu os deixe entrar e os deixe subir aí?

—Não, — eu digo. Com todo esse drama louco acontecendo e Lawton me fazendo pensar em segurança. —Não. Eu vou descer e cuidar disso eu mesma. Obrigada.

—Sem problema, — diz Janice antes de desligar.

Que porra é essa? É melhor que isso não seja Hanna. Eu realmente não estou com disposição para esse tipo de confronto agora.

Entro no elevador, desço os andares e, assim que saio, vejo um grupo de pessoas em pé na porta da frente. Nós não abrimos até o almoço, então eu não tenho ideia do que é isso.

Eu destranco a porta e a abro para encontrar duas mulheres elegantemente vestidas e dois homens igualmente bem vestidos. —Posso ajudar?

—Oaklee? — A mulher com o loiro chanel diz.

—Sim, — eu digo.

Ela oferece sua mão e eu a alcanço por instinto. —É Michaela! — Ela diz. Como se eu soubesse quem ela é.

—Ok, — eu digo.

Ela inclina a cabeça para mim, com uma expressão estranha no rosto. Algo entre confusão e curiosidade. —Nós conversamos no telefone ontem?

—Nós conversamos? — Eu digo. —Sinto muito, estou confusa. Isso é sobre o quê?

Michaela olha por cima do ombro para sua comitiva, depois de volta para mim. —O que você quer dizer? Nós conversamos ontem. Você falou da ideia sobre um programa para mim porque sabia que eu estava vindo para a cidade para uma reunião. E nós combinamos de repassar as coisas.

—Coisas? — Eu digo.

—O programa Brewery Smackdown17? — Ela diz. Como se isso fosse me dar um estalo.

—Eu... eu não tenho ideia do que você está falando.

—Home TV, — diz Michaela. E agora ela está irritada. —Fiquei muito empolgada com este conceito e é por isso que voamos esta manhã para nos encontrar com você e seu parceiro.

—Com Lawton? — Eu digo, ainda confusa. —E o que você quer dizer com —Duelo entre Cervejarias—? O programa é sobre casas da montanha, não uma cervejaria. E certamente não minha cervejaria.

Michaela ri nervosamente. —Lawton Ayers?

—Sim, ele e eu temos uma reunião com os caras esta semana sobre o show dos Milionários das Montanhas Rochosas. Eu não tenho ideia de onde você teve a ideia de que eu estava fazendo um show sobre cervejaria.

—Você me ligou, — diz Michaela. —Podemos entrar? — Ela olha por cima do ombro novamente.

—Ok, — eu digo, abrindo a porta. —Meu escritório é no andar de cima, então... você gostaria de ir lá e resolver as coisas?

—Isso seria ótimo, — diz um dos homens. Ele parece muito irritado. Mas eu não posso dizer se é comigo por não estar entendendo nada, ou com Michaela por foder tudo isso.

Eu os levo até o elevador, sentindo-me nervosa e autoconsciente porque todos estão na página errada, e depois os levo para o meu apartamento. —Posso pegar alguma coisa para vocês? — Eu pergunto. Eu quero jogar bem, porque se eu acabar com o acordo de Lawton, ele provavelmente nunca mais falará comigo. —Algo para beber? — Eu ofereço.

—Isso não será necessário, — diz o homem. —Você é Srta. Ryan? —

—Sim, eu sou Oaklee Ryan.

—E você é a proprietária da Bronco Brews?

—Sim, — eu digo.

—Você ligou para nossos escritórios corporativos no sábado de manhã? — A segunda mulher pergunta.

—Sinto muito, quem são todos vocês?

—Eu sou Mike Brown, — diz o homem. —Produtor Executivo na Home TV. Eu supervisiono todos os novos conceitos dos programas. Este é meu assistente, Jake Slocum. E esta é a assistente de Michaela, Lisa Stevens. Estamos aqui porque, de alguma forma, você sabia que viríamos à cidade para conversar com Lawton Ayers sobre seu show na montanha, e você queria nos dar uma ideia sobre o duelo de cervejarias locais antes de decidirmos nos comprometer com ele.

Meu estômago se afunda. —Deixe-me adivinhar, — eu digo. —Essas duas cervejarias seriam a Bronco Brews e a Buffalo Brews?

—Sim! — Michaela diz. Ela está animada agora que pareço estar na mesma página. —Nós amamos, amamos, amamos essa ideia, não é Mike?

—Eu fiquei intrigado o suficiente para entrar em um jato às cinco da manhã de hoje para voar para a sua reunião, mas tenho que dizer, esta não foi a recepção que eu estava esperando.

—Jesus Cristo, — eu sussurro. —Isso não está acontecendo. Olha, tem sido...

Mas isso é tanto quanto eu fico no caminho de uma explicação. Porque as portas do elevador soam e depois as portas se abrem e Lawton aparece.

Com seu rosto todo espancado.

Com uma expressão furiosa no rosto.

E gritando: —Que porra vocês duas estão fazendo uma a outra? — Antes que eu possa dizer a ele que a Home TV está aqui.


CAPÍTULO 32

Lawton

Eu me arrependo do meu acesso de raiva quando as palavras estão saindo da minha boca por três razões.

Um. Oaklee não fez isso comigo, Hanna fez isso.

Dois. Ela está no meio de uma reunião de negócios e eu apenas gritei a palavra porra.

E três. Eu pareço que acabei de entrar em uma briga de rua. Porque eu fiz. Então as duas mulheres realmente parecem com medo de mim e os dois homens apenas com raiva.

—Uh... — Eu digo, no silêncio que se segue. Quatro desconhecidos bem vestidos olham para mim com os olhos arregalados. —Hum...— Eu forço um sorriso. —Eu sinto muito. — Então olho para Oaklee, que está balançando a cabeça para mim às escondidas. —Eu não sabia que você tinha pessoas aqui em cima.

—Lawton, — diz Oaklee. —Você está sangrando! O que diabos aconteceu com você?

Eu olho para ela... para os desconhecidos, depois de volta para ela e digo: —Hum... eu posso voltar mais tarde.

—Espere, — diz um homem alto em um terno muito caro. —Você é Lawton Ayers?

—Uh... — E por algum motivo eu sei que a resposta certa para essa pergunta é não.

Mas Oaklee diz: —Sim. Esse é Lawton. Ele é aquele com quem você tem uma reunião, não eu.

—Reunião? — Eu digo. —Não. Eu não tenho ideia do que vocês estão fazendo, ou falando, ou... qualquer coisa. Então eu vou embora. — Eu aponto para o elevador enquanto olho para Oaklee. —Vou ao escritório do Jordan conversar um pouco com ele sobre o contrato que assinamos. Eu voltarei mais tarde, até mais.

Mas Oaklee corre para mim e agarra meu braço, me puxando de volta para a briga. —Lawton, — ela sussurra. —Estas são as pessoas da Home TV. Eles estão aqui para a sua reunião. Eu não sei como eles receberam meu nome, você mencionou sobre mim? De qualquer forma, não importa. Eles estão aqui sobre o show.

—Podemos ouvi-los, — diz uma mulher. —E nós já explicamos. Nós não estamos aqui por Lawton Ayers. Estamos aqui por você.

Eu giro porque eu reconheço sua voz. —Michaela? — Eu digo. —Michaela Cummings?

Ela franze os lábios e acena com a cabeça. —Sim. Sinto muito pela confusão, Lawton. E eu não sei porque você está aqui. Mas esta não é a sua reunião. Estamos aqui porque Oaklee Ryan nos contatou sobre um show baseado em sua cervejaria.

—Isso não é verdade! — Oaklee diz, agarrando meu braço com mais força. —Eu não fiz isso! Eu não sei o que está acontecendo, mas nunca liguei para essas pessoas! Eu nem saberia por onde começar o processo de fazer um programa de TV!

A outra mulher abre a tampa do tablet, balançando a cabeça. Ela apunhala a tela algumas vezes com os dedos e a segura para que possamos ver. —Oaklee, temos e-mails de você. Uma apresentação inteira sobre duelos de cervejarias artesanais em Denver. Você até disse que sabia que estaríamos na cidade esta semana e marcaria o encontro desta manhã.

—Mas eu não fiz! — Oaklee diz, olhando para mim. —Eu juro! Não fui eu!

—Então quem foi? — O homem pergunta.

—Eles vieram da ORyan@broncobrews.com, — diz a mulher com o tablet. —Esse é o seu e-mail?

Eu olho para Oaklee.

—Lawton...

—Esse é o seu e-mail? — Eu pergunto a ela.

—Sim, mas...

—Jesus, que porra...

—Ok, — diz o homem. —Srta. Ryan, estamos muito interessados em ouvir mais sobre esse show. Nós temos procurado por algo assim por um tempo agora. Caso contrário, não estaríamos aqui. Então você vai se apresentar ou não?

—É o show do Lawton! — Ela diz. —Não é meu show. Vocês querem o Lawton.

—Não, — diz Michaela. —Olha, Lawton. — Ela se vira para mim. —Agradecemos todo o trabalho duro que você colocou nesse conceito e para ser honesta, estamos apenas fazendo sua reunião amanhã porque estávamos chegando para ouvir o discurso de Oaklee. Nós íamos cancelar com você. Desculpe, mas não estamos procurando outro show de milhões de dólares no momento.

—O negócio acabou? — Eu pergunto. Atordoado. Incapaz de acreditar que esta cena toda está acontecendo.

—Não houve acordo, filho, — diz o homem. —Está bem? Foi apenas um passo e embora tenha começado interessante, não estamos avançando. E para ser franco, Sr. Ayers, você não é realmente o tipo de personalidade que estamos procurando.

Eu olho para Oaklee, aquele último eco ecoando em minha mente.

Ela está balançando a cabeça. —Não fui eu, — diz ela. —Isso é coisa da Hanna, Law. Isso tem Hanna escrito por toda parte. Ela fez isso! Ela arruinou a sua...

—Chega, — eu digo, parando Oaklee antes que ela possa dizer qualquer outra coisa. —Você sabe o que, Oaklee. Eu vim aqui para dizer uma coisa e é tudo o que vou dizer e depois vou embora: O Jogo Acabou.

—Espere! Lawton! Deixe-me explicar!

Eu me viro para ela. —Explicar? — Então eu rio. —Sabe, eu acreditei em você, Oaklee. Mas as coisas que Hanna me contou ontem à noite me fizeram questionar tudo. E sabe de uma coisa? Eu não acho que me importo com quem está dizendo a verdade. — Eu sacudo minha cabeça. —Não, isso não está certo. Eu não me importo. Eu não me importo com nada disso. Estou saindo deste contrato agora. Boa sorte com tudo. E espero que você e Hanna possam superar essas besteiras. Porque vocês duas são tóxicas. Para si mesmas, uma com a outra e para todos ao seu redor.

—Lawton! — Ela grita.

Mas eu apenas ando até o elevador, aperto o botão de chamada e entro sem dizer outra palavra.

Eu terminei com essa garota.

Eu terminei com o programa de TV.

E acabei com esse jogo.


A viagem até o escritório de Jordan, perto do Capitólio, leva apenas alguns minutos, e isso não é tempo suficiente para me acalmar depois da manhã tempestuosa que acabo de ter.

Pego o elevador até o andar dele e paro na recepcionista. —Estou aqui para ver Jordan Wells.

—Você tem um compromisso? — Ela pergunta.

—Não, — eu digo secamente. —Mas ele vai me ver. Diga a ele que Lawton Ayers está aqui e quer conversar. Agora. Mesmo.

—Hum...— Ela olha para mim, e eu não sei se estou assustando-a porque eu pareço um bandido que acabou de brigar, ou se eu estou meio que irritando ela porque eu estou sendo excessivamente agressivo. —Ok, — diz ela. —Deixe-me verificar com o assistente dele e ver se ele está disponível.

Ela se levanta, atravessa as portas de vidro que separam os escritórios da recepção e desaparece para a direita.

Eu ando de um lado para o outro na frente da mesa, olhando para onde a garota desapareceu. Ela volta, seguida por outra mulher um pouco mais velha que ela, depois sai pelas portas de vidro e diz: —Eileen pode ajudá-lo, Sr. Ayers.

—Por que não vem até aqui, — diz ela, acenando com a mão para as portas de vidro. —E eu vou verificar a sua agenda.

Estou prestes a dizer algo sarcástico, mas decido respirar fundo em vez disso. —Bem. Mas preciso falar com ele imediatamente.

Abro a porta para ela, deixo-a liderar o caminho, e sigo-a de volta para outra área de recepção, onde ela se senta em sua mesa e aperta um botão em seu telefone de mesa. —Jordan?

—Jesus Cristo, Eileen. Que porra que é agora? — O que me diz que ou ele está tendo um dia muito ruim, ou Oaklee já está torcendo seu ouvido sobre o que aconteceu.

Eileen me lança uma expressão aflita. —Lawton Ayers está aqui para ver você.

Eu sei que Oaklee está enchendo a cabeça de Jordan com mentiras neste exato momento. Então eu simplesmente saio pelo corredor em busca do escritório de Jordan.

—Ei! — Eileen grita. —Você não pode ir lá!

—A porra que eu não posso, — eu murmuro sob a minha respiração. Eu olho nos escritórios enquanto ando procurando por...

Ali está ele! A porta se abre para mim e um cara alto bloqueia meu caminho. Há dois outros homens no escritório com Jordan, os quais parecem estar no meio de uma conversa séria.

—Cara, — eu digo, caminhando em direção a mesa de Jordan. —Caaaaaara.

—Eu sinto muito! Ele passou por mim! — Eileen diz da porta.

Então um dos rapazes se levanta e diz: —E eu estou fora daqui. — E ele está, porque ele sai.

—O que diabos está acontecendo, Lawton? Oaklee Ryan acabou de me ligar, aparentemente angustiada. E por que diabos você está vestido como um...

—Um bandido? — Eu termino por ele.

Mas ele apenas sorri para mim. —Não. Como um cara quente. Isso é... você fez uma tatuagem?

—Oh, isso é engraçado. Realmente engraçado, Jordan. Você tem alguma ideia do tipo de jogo que essa garota quer que eu jogue com ela?

—Uh, sim. — Ele olha para um dos outros caras. O do terno que pode ter tirado uma arma quando entrei no escritório, mas talvez tenha imaginado isso, porque não a vejo agora. Jordan ri, como se isso fosse realmente engraçado. —Um pouco de vinho, um pouco de comida, mandar flores para ela no trabalho, talvez um pouco de dança, e depois feche tudo, levando-a para o casamento de sua irmã ou algo assim, certo?

Casamento da irmã. Isso é quase engraçado. —Uh, não, — eu digo.

—Reunião de turma? — Jordan pergunta.

—Não, — eu digo. E quando digo não, quero dizer não a toda essa merda. Você tem alguma ideia do que ela acha que o trabalho de um namorado é realmente?

—Diga-me, — diz ele, rindo. —Porque eu tenho me perguntado qual foi o verdadeiro motivo dela para esse jogo desde que aceitei o contrato.

Toda coisa estúpida que eu fiz para ela nos últimos quatro dias vem saindo da minha boca. Sua nêmesis louca. Sua ideia de mudar a maneira de me vestir. A porra da tatuagem. O arrombamento. E como ela acabou de me custar o maldito programa de TV.

—Estou farto, — eu digo encerrando meu discurso. —Eu quero sair deste contrato agora mesmo.

E é aí que Oaklee abre a porta com Eileen protestando atrás dela e grita: —Ele está mentindo!


CAPÍTULO 33

Jordan

—OK, — eu digo. —Vamos todos apenas nos acalmar...

—Mentindo? — Law se enfurece. —Mentindo? — Ele olha para mim e rosna: —Tire-me deste contrato, Jordan. Já chega.

Eu olho para Oaklee, que agora está fazendo beicinho. Mas ela não diz nada.

—Oaklee? — Eu digo. —O que está acontecendo?

Ela encolhe os ombros e é claro que ela está segurando as lágrimas. —Eu... — Mas ela só começa a sacudir a cabeça.

—Você o que? — Eu pergunto, tentando ser gentil, então eu não a empurro para realmente quebrar.

—Ela acabou de arruinar o meu negócio da TV.

Oaklee ainda está balançando a cabeça. Ela sussurra: —Eu não tive nada a ver com isso.

Eu realmente não sei o que dizer aqui, então eu apenas os espero. Law se senta em uma cadeira, sua perna pulando para cima e para baixo como se ele não pudesse controlar a adrenalina. Oaklee apenas olha para os pés e tenho certeza de que ela realmente está chorando agora. Então eu olho para Darrel, que simplesmente encolhe os ombros.

Finn, que está de guarda na porta, diz: —Seu pai está vindo.

—Merda, — eu digo. —Todo mundo cale a boca e me deixe lidar com isso.

Meu pai sempre bate na porta, é a coisa profissional a fazer. Mas ele é o chefe, então essa é apenas uma advertência de que ele está chegando.

—Papai? — Eu digo. —Tudo bem?

Ele olha em volta. Primeiro em Oaklee, depois em Law. Porque ele conhece Darrel e Finn. Então ele diz: —Tudo bem aqui? Todo o escritório ouviu os gritos.

—Desculpe por isso, — eu digo. E então eu sussurro: —É um divórcio muito emocional.

O que faz as sobrancelhas do meu pai enrugarem, porque eu não sou realmente um advogado de divórcio. Mas ei, ele aceita isso porque eu às vezes faço coisas estranhas.

—Tente mantê-lo mais baixo. Estamos recebendo depoimentos na sala de conferências.

—Claro, pai. Me desculpe por isso.

Ele sai e eu digo: —Estou trabalhando aqui, Law. Ok? Você não chega invadindo meu escritório exigindo nada. Especialmente quando tem a ver com um jogo.

—Foda-se, — diz ele. Mas ele mantém a voz baixa. —Eu quero sair dessa merda estúpida.

—Eu não tive nada a ver com essa reunião esta manhã, — Oaklee chora, desesperada para ser ouvida. —Foi tudo Hanna e você sabe disso. Por que eu iria sabotar você, Lawton? Eu gosto de você. Eu pensei que você gostasse de mim. Por que diabos eu iria foder tudo isso sobre algo que eu nem quero? E como diabos eu conseguiria a informação para organizar a reunião? Você está sendo irracional e não sei o que Hanna lhe contou ontem à noite, mas o que quer que seja, é tudo mentira.

—Tudo mentira, Oaklee? — Ele bufa um pouco de ar.

E agora me sinto mais como moderando a sessão de terapia de um casal do que fingindo facilitar um divórcio confuso.

—Ok, — eu digo. —Oaklee, você comprou a Experiência do Namorado para outra pessoa?

—Sim. — Ela acena com a cabeça. —Mas não foi assim que aconteceu! Ele é minha experiência de namorado! Eu nem quero que ele continue com o jogo.

Jesus. Espero que ela não queira seu dinheiro de volta. Eu estava contando com esse dinheiro para o pagamento que eu preciso.

—Bom, — diz Law. —Porque eu estou fora. Eu terminei com vocês dois. O que você e sua irmã estão fazendo uma com a outra, não quero fazer parte disso.

—Minha irmã! — Oaklee grita.

—Shhh, — eu assobio. —Se meu pai voltar aqui...

—Desculpe, — diz Oaklee. —Onde diabos você teve a ideia de que ela era a porra da minha irmã? — E para seu crédito, ela sussurra toda a frase.

—Ela me contou a história toda ontem à noite. Como seu pai traiu sua mãe e depois abandonou as duas. E quando ele morreu, ela contestou o testamento e...

—Eu vou matá-la porra! — E desta vez não é um sussurro, é o negócio real.

Todos olhamos para a porta e sim. Dois segundos depois meu pai está batendo e entrando novamente. —Jordan, — ele sussurra.

—Desculpe, — diz Oaklee. —Eu perdi o controle. Não vai acontecer de novo.

Meu pai me dá um olhar mais severo. Um olhar que diz: Não foda comigo agora. E eu estou meio feliz com isso. Então sorrio quando digo: —Última vez, prometo.

Eu o vejo ir. Na verdade, encarando a porta mesmo depois que ele se foi. E fico triste de repente. Lawton e Oaklee estão brigando sobre se ela tem ou não uma irmã chamada Hanna, mas deixei meus pensamentos permanecerem no meu pai por mais alguns instantes.

Até que Law diz: —Ela mandou dois babacas para me baterem essa manhã!

—Quem? — Eu digo. —Oaklee?

—Não, a porra da Hanna.

—Ok, — eu digo, apertando a ponte do meu nariz. —Conte tudo isso para mim novamente. E desta vez mantenham suas vozes baixas. — Eu aponto para Oaklee ir primeiro e quando Law interrompe, eu aponto para ele e digo: —Cale a boca. Você já teve sua opinião, então deixe-a falar.

Então ela faz. Seu conto vem derramando tão rápido quanto o de Law. É um conto de traição e confiança equivocada. Uma mulher invejosa tirando tudo que foi ganho com seu suor. E mesmo que ela admita a invasão da noite passada, eu me encontro... do lado dela.

Porque às vezes só se pode jogar sujo antes de ficar sem opções racionais. Elas mapeiam um curso de ação diplomática. Elas são nosso foco. Elas são os objetivos do nosso caminho, para permanecer em nossa rota, jogar conforme as regras do jogo... e que bem isso faz?

Eu posso me relacionar com essa parte.

As pessoas cometem erros, mas um erro poderia defini-las para sempre?

Eu olho para Darrel assim que Oaklee chega na parte da manhã e o vejo me observando. Ele concorda. Um pequeno aceno de cabeça que ninguém mais vê. Nem mesmo Finn.

Mas eu sim.

E eu sei exatamente o que esse aceno significa.


CAPÍTULO 34

Oaklee

Eu ando de um lado para o outro na frente da mesa de Jordan enquanto conto meu lado da história. É uma história que Law já sabe, porque é o que eu tenho dito a ele o tempo todo. Eu não tenho ideia do que Hanna disse a ele, mas ele deve ver através disso. Eu devo fazê-lo ver através de suas mentiras. Eu já desisti demais da minha vida por causa dessa cadela louca.

Eu não vou desistir dele também.

Então, quando termino de explicar as coisas para Jordan, eu me sento ao lado de Law, viro meu corpo para que eu esteja de frente para ele, olho nos olhos dele, respiro fundo e digo: —Sinto muito. Eu sei que isso é tudo culpa minha. Eu era a única que queria jogar este jogo, mas eu não quero mais jogar, Lawton. Me desculpe se você acha que eu não gostei de você como você era. Porque isso não é verdade. Sim, foi minha ideia você fazer essa tatuagem, e se você se sentiu pressionado... se você sentiu que eu de alguma forma te convidei para isso, eu sinto muito por isso também. Sinto muito pelas botas que você está usando, pela camisa e pelo jeans. Me desculpe se você sente que eu não te aceitei por quem você era. Eu aceito. E eu não tive nada a ver com as pessoas da TV aparecendo esta manhã. Não fui eu. — Eu paro para recuperar o fôlego. —Tem que ser ela.

Eu paro. Esperando que ele diga alguma coisa. Ele apenas olha para mim, pensando, eu acho. Repassando tudo em sua mente.

Eu olho para Jordan, que apenas encolhe os ombros. Então ele diz: —Lawton. Eu realmente estou começando a me sentir como um conselheiro matrimonial aqui. Você precisa dizer alguma coisa.

Law olha para ele, depois para mim e diz: —Quanta insanidade uma puta deve ter para me contar uma mentira como aquela que ela me contou na noite passada?

—O que ela disse? — Eu pergunto. —Irmãs? Quero dizer, isso não faz sentido algum. Tudo o que alguém precisa fazer é olhar para a certidão de nascimento.

—Ela tinha uma, Oaklee. Com o nome do seu pai.

—Isso é ridículo! Nós temos a mesma porra da idade pelo amor de Deus! — Tenho cuidado para não levantar a voz e trazer o pai de Jordan de volta para aqui pela terceira vez. —Meu pai nunca disse nada! E ela nunca disse nada! Eu não sabia quem diabos ela era até que ela apareceu no meu dormitório da faculdade! E ela conheceu meu pai, Law. Ela veio à minha casa algumas vezes naquele primeiro ano. Você pensaria que meu pai teria agido estranho... ou... ou algo assim! Mas ele não fez. Isso tudo é mentira. Tudo isso. Ela é louca! Nós somos da mesma idade do caralho! Não é nem biologicamente possível!

E então eu sei o que ele vai dizer, então eu aponto para ele e rosno: —Se você me acusar de ser sua irmã gêmea, eu vou... vou te dar um soco no olho.

Law solta um longo suspiro e depois olha para Jordan. —Então...

—Então... — Jordan diz. E ele está sorrindo. Como... que parte disso é engraçada? Eu quero dar um tapa nele. Mas então Jordan se vira para um dos outros caras na sala. Aquele de terno. Ele acena para ele e esse cara sorri também. Ele diz: —Ok, estamos nisso. Vamos, Finn, temos merdas para fazer.

E os dois saem do escritório, e nós três apenas olhamos um para o outro.

Jordan é o primeiro a falar. —Bem, acho que devo algo a você por levar esse jogo em primeiro lugar, Lawton. Então, se estiver tudo bem com vocês dois, nós vamos assumir a partir de agora.

—Assumir o que? — Eu pergunto. —Para onde?

—Ele quer dizer, — diz Law. —Que ele vai consertar isso para nós.

—Se é o que você quer? — Jordan pergunta.

—Como? Como você conserta uma insanidade?

—Ela sabe que Oaklee e Vivi Vaughn invadiram sua casa ontem à noite, Jordan. Não me surpreenderia, no mínimo, se ela estivesse registrando acusações neste exato minuto. Ela diz que tem vigilância.

—Ah Merda! — Eu digo. —Vivi disse que cuidou disso!

Jordan aperta um botão no seu telefone de mesa e diz: —Eileen, chame Oliver Shrike no telefone, por favor.

—Claro, — diz Eileen de volta.

Jordan olha para mim, depois para Law. Ele diz: —Eu posso cuidar de tudo isso. Felizmente, Oliver estará interessado em proteger sua família. Então ele provavelmente vai querer entrar nessa. Mas se alguma dessas merdas de gêmeas for verdade... — Ele olha para mim.

—Não é! — Eu insisto. —Ela está mentindo sobre tudo isso! Ela não é minha irmã estúpida! Ela é apenas uma aberração ciumenta que quer roubar minha vida.

—Se for tudo mentira, — Jordan continua. —Então ela é uma vadia louca e precisamos ter cuidado. Os sociopatas não reagem como nós. Eles não têm culpa, não têm consciência, e eles definitivamente revidam.

Bem quando ele diz isso, meu telefone toca no meu bolso. Eu tiro e vejo a tela. —Merda. O que agora?

—Quem é? — Law e Jordan perguntam ao mesmo tempo.

—É da cervejaria. — Eu atendo e digo: —Sim? —

—Oaklee? —

Eu reviro meus olhos, porque ela me ligaria, certo? Mas eu não quero ficar chateada com pessoas que não têm nada a ver com a minha manhã muito ruim. Então eu digo: —Sim, Dana. O que está acontecendo?

—Hum... você pode querer ligar o Canal Cinco se estiver perto de uma TV.

Meu estômago afunda novamente. —O que é agora? — Eu sussurro de volta.

—Hanna está fazendo uma entrevista. Você realmente vai querer ver isso. Porque... Apenas ligue.

Ela encerra a ligação e eu vejo um controle remoto na mesa de Jordan, então eu o pego e ligo a TV, navego até o Canal Cinco e vejo o rosto de Hanna Harlow na tela.

A pequena faixa na parte inferior diz: Buffalo Brews lança cerveja de edição especial para o festival neste fim de semana.

E então eu ouço o nome da cerveja dela.

Qual é o nome da minha cerveja?

E é isso. Eu não posso evitar. Desisto. Eu não posso vencer.

Ela roubou meu segredo Assassin Sour Saison e desta vez ela nem se incomodou em mudar o rótulo ou o nome.

Ela acabou de roubar minha cerveja e anunciou para o mundo como dela.

Eu olho em volta da sala, incapaz de me concentrar em nada. E basta dizer: —Eu tenho que ir, — quando eu me viro e saio.


CAPÍTULO 35

Lawton

Oaklee sai. Ela parecia murcha - entrou como um leão e saiu como um cordeiro.

Eu olho para Jordan, que está franzindo a testa. —Siga-a, — diz ele. E então seu telefone vibra e Eileen diz: —Oliver Shrike está na linha três para você, Jordan.

—Obrigado, Eileen. — Então ele olha para mim, surpreso por eu ainda estar em seu escritório, e diz: —Vá segui-la, porra!

Eu aceno, me viro e saio.

Ela está esperando no elevador quando eu saio no saguão da recepção. Seus braços estão cruzados sob seu peito. Ela inclina a cabeça enquanto olha para a placa eletrônica acima da porta, esperando o sinal soar.

—Oaklee...

—Só... não agora, ok? — Ela não olha para mim.

O pai de Jordan anda entre nós. Inclina-se para frente para apertar o botão, mesmo que já esteja aceso. E então ele e eu nos olhamos.

O elevador chega, as portas se abrem e Oaklee entra. Wells pai e eu seguimos, cada um de pé ao lado dela. Oaklee aperta o botão do saguão, Wells pressiona o botão para o sétimo andar. Então as portas se fecham e nós três ficamos em um silêncio constrangedor.

Wells limpa a garganta. —Você sabe, minha esposa e eu passamos por um período difícil quando Jordan era adolescente. Ele... — Wells ri. Como se ele estivesse revivendo a memória de seu filho e isso o faz feliz. —Ele dava um trabalho, aquele garoto. Ainda dá. Mas ele se transformou em um bom homem.

Oaklee e eu voltamos a cabeça para olhar para o homem alto e bem vestido mais velho. Nossos olhos se encontram e depois nos afastamos.

—Mas se você ama alguém, às vezes a luta vale a pena.

O elevador para no sétimo andar as portas se abrem. Wells sai, depois se volta para nós, a mão dele pressionada contra a porta, segurando-a aberta. —Só vocês dois sabem se a luta vale a pena. Mas na minha experiência, na maioria das vezes, vale a pena lutar pelas pessoas. —

Então ele sorri para nós, se vira e vai embora.

As portas se fecham e tanto Oaklee quanto eu, suspiramos enquanto descemos para o saguão.

Quando saímos do elevador e começamos a caminhar para a porta, pego seu braço gentilmente e faço-a parar. —Olha, me desculpe, ok? Posso voltar para o seu apartamento para que possamos descobrir uma solução?

Ela ainda está chateada. Seus olhos estão brilhando com lágrimas. Mas ela balança a cabeça e diz: —Sua casa. Eu não sei como Hanna conseguiu todas essas informações, mas só posso supor que ela esteja com um grampo no meu apartamento. E não há como eu ter lhe dado outro momento particular da minha vida. Então eu não vou para casa. Não volto mais lá até que eu possa chamar um especialista para procurá-lo.

Ela sai para onde quer que tenha estacionado o carro. Eu a vejo até ela virar a esquina. E então eu ando na direção oposta.

Quando eu paro na minha garagem, Oaklee está esperando por mim, o carro dela provavelmente estacionado em seu próprio terreno no beco. Ela se inclina contra um espesso pilar de concreto parecendo derrotada e triste.

Eu saio, ando até ela e pego a mão dela. Ela começa a chorar de novo. Então eu a puxo para perto, a abraço com força e digo: —Vamos resolver isso. Não se preocupe.

Oaklee balança a cabeça negativamente. Porque ela não acredita em mim. Eu fodi tudo e agora... a confiança dela se foi. Talvez não a confiança dela em mim. Eu não tenho certeza sobre isso ainda. Mas a confiança dela na minha capacidade de fazer as coisas certas está definitivamente suspensa agora.

E eu não a culpo.

—Vamos, — eu digo, me afastando. —Vamos subir e relaxar.

—Você não tem trabalho? — Ela pergunta.

—Foda-se o trabalho. Liguei para o meu escritório e cancelei meu dia depois que os capangas de Hanna tentaram me dar uma surra.

—Sinto muito sobre o programa de TV, Law.

—Esqueça isso. As coisas acontecem por uma razão. Eu realmente acredito nisso. Então... foda-se eles. Talvez você devesse aceitar a oferta deles?

Ela bufa. —Não, obrigada. Eu nunca quis um programa de TV. Isso só seria divertido porque teríamos sido parceiros.

Eu aperto a mão dela enquanto entramos no elevador. —Ainda somos parceiros, Oaks.

Ela olha para mim e me dá um aceno de cabeça, tentando sorrir através das lágrimas.

—Nós ainda somos parceiros e vamos pegar essa vadia, ok? Porque se toda aquela merda que ela disse ontem à noite for uma mentira...

—Mas foi! Meu pai não era esse tipo de homem. Ele era honesto e bom, e mesmo quando cometia erros, ele assumia. Ele assumia a responsabilidade. E ela não é a porra da minha irmã!

—Então Hanna Harlow é uma psicopata.

—Sim, — diz Oaklee. —Ela é. Mas você sabe quem mais é meio louco?

—Você?

Isso a faz rir. O que me faz me sentir um pouco melhor sobre ter sido um babaca essa manhã.

Saímos do elevador e caminhamos para a porta do meu apartamento. Eu abro, aceno ela, e então ela se vira. —Eu, — diz ela. —Sim. Mas não só eu. Agora ela está fodendo com Vivi Vaughn. E não há uma pessoa viva em sã consciência que faria isso. Então isso só prova que ela não é apenas insana, ela é estúpida também.

Então ela caminha até a minha cozinha, abre o freezer, olha em volta por um momento e retira uma sacola de legumes congelados. —Seu olho está inchando, — diz ela, caminhando em minha direção e pegando minha mão. Ela me leva até o sofá, aponta para ele e diz: —Sente-se. Estou te dando uma experiência de namorada de luxo de cortesia.

Deus. Eu acho... eu acho... —Eu acho que te amo, Oaklee Ryan.

Isso a faz sorrir, mas ela me empurra para trás com uma palma no meu peito. Sento-me e ela sobe no meu colo, pressionando o saco congelado de brócolis contra a minha testa.

Isso machuca. Mas não é a pior picada que já senti. E de qualquer forma, tê-la no meu colo vale a pena.

Nossos olhos se encontram. Ambos tristes. Porque nós perdemos coisas hoje. Ainda estamos perdendo coisas neste momento.

Mas então ela meio que sorri para mim. E eu meio que sorrio de volta, porque como eu não poderia? E ela diz: —Você vale a pena lutar por isso.

—Não, — eu digo, estendendo a mão para colocar minhas mãos em ambos os lados do rosto dela. —Não eu, nós. Vale a pena lutar por nós.

—Ela roubou minha cerveja, roubou meu rótulo, roubou meu nome... e roubou seu programa de TV. O que mais ela poderia querer?

—Esqueça ela, — eu digo. —Só um pouquinho. Apenas... apenas esteja comigo agora mesmo.

Seus ombros caem e seus lábios fazem beicinho da maneira mais adorável.

Mas eu sei que ela não está tentando ser adorável, ela está muito triste agora. E nada disso é culpa dela. Então eu digo: —Sabe, há muito tempo atrás, quando eu era esse cara, — eu aponto para a tatuagem no meu braço. —Eu tinha perdido tudo. Meus pais tinham ido embora, eu morava na rua, usava drogas. Eu não tinha vida, nenhum futuro para esperar. Eu era inteligente, mas não achava que isso iria me levar a lugar algum. Então eu desperdicei isso. Eu perdi anos apenas... fingindo que nada disso importava. Que eu era forte o suficiente para lidar com o mundo sozinho.

—Mas então Bric veio e me disse algo um dia. Algo que eu nunca esquecerei. Ele disse: 'Um lutador nunca desiste e um desistente nunca luta. Você nasceu um lutador, então haja assim’.

—E naquele momento eu o afastei. — Eu rio. —Eu literalmente dei a ele o dedo e disse para ele se foder. Mas algumas semanas depois eu estava no reformatório novamente. E Bric veio me socorrer. Ele me apadrinhou. Deu-me uma bolsa de estudos para uma escola particular muito boa aqui em Denver, e convenceu o juiz que eu estava pronto para mudar, mesmo que não estivesse. E quando entramos em seu carro naquele dia, quando estávamos saindo do tribunal, ele disse: 'É assim que você desiste, Lawton. É assim que você deixa todo mundo ganhar’.

Oaklee faz uma careta. —O que ele quis dizer?

—Ele quis dizer... Ele quis dizer que eu era responsável por todas as coisas ruins que aconteceram. Ninguém mais.

—Mas... — Oaklee suspira. —Eu não pedi por isso, Lawton. Eu não fiz nada para Hanna Harlow, exceto existir.

—Não, não é isso que ele quis dizer. Ele queria dizer que só posso me controlar. Não importa o que mais alguém faça comigo, só eu posso controlar como reajo a eles.

Ela suspira. Inclina a cabeça e olha para as mãos apoiadas nas pernas. —Por que você estava no reformatório? — Ela pergunta, olhando para mim através de seu cabelo.

—Daquela vez? — Eu rio. —Eu tive um clube de luta. Como... lutas de gaiola de MMA. Eu estorei um cara uma noite. Coloquei-o no hospital. Mas eles me pegaram pelo jogo ilegal, não pela luta. Ele tinha dezoito anos, eu tinha apenas dezesseis anos. Mas eles me pegaram pelas apostas que eu estava fazendo.

—Então você fez escolhas ruins, — ela suspira novamente. —Tenho certeza de que também fiz escolhas ruins, mas juro por Deus, Lawton, não sei o que fiz com Hanna para fazê-la me odiar tanto. Para fazê-la querer roubar de mim e mentir sobre o meu pai assim. Por qualquer motivo, eu sou o alvo dela. É como... se a missão dela na vida fosse arruinar a minha. E eu não entendo. Eu simplesmente não entendo o porquê.

—Ela está doente, Oaklee. — Eu bato na cabeça dela. —Aqui em cima. E não podemos controlar isso. Nós só podemos controlar como reagimos a ela.

Ela faz beicinho com os lábios. —Você é minha experiência de namorado, não dela.

Eu rio, então me inclino para frente e a beijo na boca, minhas mãos segurando seu rosto. E minha risada é real. Mesmo que tudo na minha vida tenha acabado de ser derrubado - eu ainda a tenho.

E isso é tudo que importa.

—Sinto muito, — eu digo. Porque eu sinto que precisa ser dito. —Sinto muito por tornar sua vida mais difícil. Por não ter vindo ontem à noite. Por não chegar esta manhã. Por perder a paciência e estressar você. E para o registro, Oaklee... você não me mudou. — Eu olho nos olhos dela quando digo isso porque é importante. —Roupas não podem me mudar. Botas novas não podem me mudar. E essa tatuagem sou eu do começo ao fim. Este sou eu, Oaklee. Este é apenas quem eu sempre fui. Você simplesmente me fez ver isso. Você, — eu digo. —Me pediu para ser eu mesmo e mais ninguém. Este sou eu.

Ela sorri, um sorriso real. O que eu vi na outra noite. O sorriso secreto que só eu posso ver.

E então ela diz: —O jogo acabou, mas ainda podemos vencer.


CAPÍTULO 36

Oaklee

Eu quero estar mais perto dele. Eu estou sentada em seu colo, meu rosto a poucos centímetros dele. Meu corpo pressionado contra o peito dele. Minhas mãos em seus ombros. Cada parte de mim já está perto e não está perto o suficiente.

Preciso de pele em contato com a pele. Eu preciso dele dentro de mim. —Eu preciso de você, — eu sussurro. E então eu desço minhas mãos e puxo minha camisa sobre a minha cabeça. Ele olha para mim de uma maneira que nenhuma outra pessoa jamais olhou para mim.

É fome.

É desejo.

Há um anseio dentro dele que combina perfeitamente com o desejo dentro de mim.

Eu alcanço minhas costas e solto meu sutiã. Deixando cair livremente. Deixando meus seios livres também. Suas mãos se levantam automaticamente. Colocando e apertando-os, nossos olhos ainda trancados.

—Esta não foi exatamente a experiência que você estava procurando, — diz ele.

—Não, — eu digo de volta. —Eu tenho muito mais do que um namorado. Eu tenho um parceiro.

Ele desliza meu sutiã pelos meus braços e joga descuidadamente no chão. Seus olhos fixos nos meus. Eu puxo a bainha de sua camisa e trago-a sobre sua cabeça. Ele me ajuda a tirá-lo e deixa cair em cima das minhas roupas, formando uma pilha.

Eu coloco minhas mãos em seu peito. Palmas das mãos para que eu possa senti-lo. Sentir seu peito subir e descer. Sentir seu coração acelerar com entusiasmo.

E então, só por um segundo, tenho uma pontada de medo. Medo que Hanna venha e leve-o embora. Medo de que ela passe a vida tentando nos arruinar. Medo que ela tenha sucesso.

—Hey, — diz ele. —Não vá lá. Agora não. — Ele se inclina para me beijar. Faz eu esquecer tudo, menos ele, eu e o que significa sermos nós. E então ele se levanta, me levando com ele. Eu envolvo minhas pernas em torno dele. Meus seios pressionaram seu peito. Nossos corpos mais próximos agora, mas ainda não perto o suficiente.

Ele me leva até a ilha da cozinha e me coloca na frente dela.

Eu sorrio, tímida. Porque eu sei que ele vai me foder agora. Como ele vai fazer isso, eu não sei. Tudo que sei é que ele me fará vir e vir e vir de novo. Tantas vezes quanto eu deixar.

Seus dedos estão no botão do meu jeans, mas eu coloco minha mão sobre a dele e digo: —Não, você primeiro.

Ele me agarra pela cintura, nos mudando de lugar, e então se inclina contra o balcão enquanto eu desabotoo sua calça jeans, arrasto-a por suas pernas, e pego seu pênis em minha mão enquanto me ajoelho a seus pés.

É uma posição muito submissa, eu sei disso, mas não é por isso que estou fazendo isso.

Eu não estou me submetendo para ele. Eu não espero que ele se submeta a mim também.

Somos iguais, Law e eu. Eu sei disso. É algo que ele nunca terá que dizer. É algo entre nós. Respeito? Não sei. Eu não acho que precise de uma palavra, porque é apenas um sentimento.

Eu o coloco na minha boca porque eu quero. Isso é tudo que existe para isso.

Eu quero.

Ele inclina a cabeça para trás. Suas mãos segurando o balcão. Fazendo seus braços se contorcerem com sombras que destacam os longos músculos de seu bíceps. Eu solto seu pênis, pressiono meu rosto até sua virilha, tanto quanto posso, e coloco minhas mãos em suas coxas enquanto eu balanço para frente e para trás, arrastando minha língua para cima e para baixo em seu eixo enquanto encontramos nosso ritmo.

Sua respiração se torna pesada, atada com luxúria. Seus olhos se fecham enquanto observo seu rosto. Suas pernas relaxam enquanto ele se segura contra a bancada de mármore.

Eu quero que ele venha. Eu quero que ele seja o primeiro para variar. Eu quero tanto isso que se torna minha missão.

—Oaks, — ele sussurra, sua voz rouca e baixa. —Deixe-me...

—Não, — eu digo, afastando-me por um momento. —Não, Law. Desta vez, você vai me deixar.

—Mas... — Ele tenta lutar contra isso. Eu sei que ele quer fazer o seu caso. Eu sei que ele quer que eu venha primeiro. Isso é o que os bons namorados fazem. Eles deixam a garota vir primeiro. Eles abrem as portas, puxam as cadeiras e permitem que sejam as primeiras em tudo.

Porque o namorado perfeito se coloca em segundo.

Mas não é assim que está acontecendo hoje.

Hoje ele é o primeiro e eu sou o segunda.

Porque é isso que a namorada perfeita também faz.

Eu pressiono meu rosto contra sua pele novamente, desta vez levando-o mais fundo do que eu já o tomei antes. Eu engulo o reflexo para engasgar e, ao fazê-lo, levo ele ao limite.

Ele vai de bom grado. Seu corpo endurece, seu pau latejando quando ele derrama sua liberação na minha boca e na minha garganta.

Eu vejo seu rosto enquanto engulo. Seus olhos se abrem bem a tempo de ver esse gesto final do meu compromisso.

E então ele sorri e diz: —Você virá duas vezes por isso, — como se fosse uma ameaça, e não uma promessa que ele quer manter.

Eu me levanto, suas mãos já desabotoam meu jeans. Arrastando o zíper para baixo. Seus dedos entre minhas pernas e depois dentro de mim antes que eu possa respirar novamente.

Meu corpo fica mole, mas ele está lá para me pegar. Ele sempre estará lá para me pegar.

E antes que eu perceba, minhas costas estão pressionando contra a bancada de pedra fria. Minhas calças se foram, caídas no chão. Minhas pernas abertas, suas mãos em meus joelhos, me deixando aberta e exposta.

E então o rosto dele... o rosto dele está lá. Seu queixo pressionando contra minha boceta enquanto sua língua faz uma pequena dança selvagem em todo o meu clitóris.

Estou preparada. Escalar o pico até o primeiro clímax é fácil. Está bem ali... bem... ali.

E no momento em que seus dedos deslizam dentro de mim. No momento em que sua boca fecha meu clitóris e ele começa a chupar ...

Eu chego.

Depois disso, tomamos nosso tempo. Ele se despiu - eu já estou nua - e ele me fode por todo o seu apartamento. No balcão primeiro. Agarrando-me pelos joelhos e puxando minha bunda ao longo da pedra até seu pênis deslizar facilmente em minha abertura lisa. Ele me bate. Ele me fode devagar. Ele me faz vir e vir de novo.

Então no sofá. Eu no colo dele. Beijando, saboreando um ao outro enquanto eu me movo, suas mãos nos meus quadris, me guiando para frente e para trás até que nenhum de nós possa aguentar mais.

Então contra a parede. Suas mãos debaixo da minha bunda, me segurando tão apertado, que vou ter hematomas mais tarde. Seus empurrões são tão duros que suas bolas batem contra a minha bunda, o que só me deixa mais selvagem.

Mais tarde, tomamos um banho. Suas mãos em cima de mim, me ensaboando. Massageando meus músculos cansados e trêmulos. Minhas mãos fazendo o mesmo por ele.

Porque somos iguais.

E é assim que você se iguala.


CAPÍTULO 37

Lawton

Ficamos relaxando e principalmente nus pelo resto do dia. Tentando esquecer o mal e lembrando do bem. Eu a amo em meus braços. Estou cheio de culpa por fazê-la chorar esta manhã, mesmo que ela diga que foi Hanna quem a aborreceu, não eu.

Fui eu. Faz muito tempo desde que eu deixei a raiva e a frustração tirar o melhor de mim, mas foi o que assumiu esta manhã e me arrependi, porque isso a machucou. Ela se sentiu sozinha quando ela quebrou. Abandonada. E isso é algo que eu sei um pouco sobre. Ninguém quer ser deixado de lado.

Mas estou aqui por ela agora. E ela está sorrindo pelo menos.

—Você está com fome? — Eu pergunto a ela. Ela está vestindo um par de boxers e uma das minhas camisetas. Eu encontrei uma antiga escondida no meu armário de outra época da minha vida. Uma camiseta descolorida do Nirvana, com os dizeres ‘Somos filhos da puta do mau’ nas costas. O que totalmente combina com ela, porque ela está cheia até a borda com filhos da puta do mau.

—Eu poderia comer, — diz ela. —Devemos pedir um delivery?

—Não, — eu digo. Porque tenho outro motivo para sair daqui. —Vamos a algum lugar. Venha, levante-se. — Eu bato na coxa dela e a faço gritar.

E assim que ela está prestes a me bater de volta, meu telefone toca na mesa de café.

Nós dois olhamos para a tela. Número desconhecido.

—Vamos ignorar isso, — diz Oaklee.

—Foda-se isso. Foda-se ela. — Eu pego o telefone, atendo e ponho no viva voz. —Lawton Ayers.

—Lawton, — Hanna ronrona. —Eu não achei que você iria responder.

—O que você quer?

—O que há de errado? As coisas não estão do seu jeito hoje?

—Na verdade, — eu digo. —As coisas estão indo muito bem pra mim. — Eu pisco para Oaklee.

Hanna faz um barulho com os lábios. Como se ela estivesse irritada. —O pessoal da Home TV me ligou e me fez uma oferta, já que Oaklee não estava interessada.

—Bom para você, — eu digo, observando a expressão de Oaklee.

—Eles nos querem.

—Desculpe não estou interessado. Eu desisti de programas de TV.

—Não você, — sussurra Hanna. —Oaklee e eu. Eles gostam da ideia de duelos entre cervejarias.

—Cai fora, cadela, — diz Oaklee. —Não há suborno grande o suficiente neste mundo que poderia me fazer entrar em um negócio com você. Você é apenas uma mentirosa fodida, sabe disso? Uma mentirosa maluca.

—Oh, que fofo, — ela cantarola. —Vocês dois estão passando um tempo de qualidade juntos antes de Oaklee ir para a cadeia.

Eu olho para Oaklee e balanço minha cabeça para ela. Gesticulo com a boca as palavras, mantenha a calma.

—O que você quer, Hanna?

—Quero que Oaklee diga sim ou vou à polícia com o vídeo dela e Vivi Vaughn invadindo meu prédio ontem à noite. Você consegue me ouvir, Oaklee? Mike e Michaela estão voltando para o festival no domingo para nos ver duelarem pessoalmente antes de fazerem essa oferta. E é melhor você inscrever uma cerveja para que eu possa ganhar, vadia.

Ela é doida. Totalmente perdeu a cabeça.

—Você está me ouvindo? — Ela grita. —Você. Está. Me. Ouvindo?

Oaklee pega o telefone e coloca na boca. —Como diabos eu deveria inscrever uma cerveja quando você a roubou de mim? Talvez eu deva chamar a polícia para você, sua psicótica! Que tal eu repassar as imagens da câmera de segurança de você invadindo meu apartamento e mandar isso para a polícia? Que tal lançarmos isso para o piloto das cervejarias em duelo?

Eu sei que é provavelmente uma má ideia cutucar o urso adormecido, mas ela não está realmente dormindo, está? Então, eu estou sorrindo direto para Oaklee quando eu digo: —Cai fora, Hanna. Você conseguiu o que queria...

—Oh, — Hanna diz, interrompendo-me com um latido incrédulo. —Consegui o que eu queria! Não. Eu tenho muito mais do que eu preciso de Oaklee.

—Você não está recebendo nada de mim, cadela! E que porra está errado com você? Dizer ao Law aquela história sobre meu pai e que você é minha irmã? Você está usando algumas drogas seriamente boas, se você acha que qualquer um de nós está comprando sua fantasia insana!

Hanna faz um som de reprovação. Mas sua bravata está voltando assim como Oaklee está perdendo a dela. —Você não o conhecia como eu, Oaklee. É triste e doloroso quando um pai morre e você percebe que ele tinha uma vida secreta, mas...

—Vai se foder! — Oaklee grita. —Vai se foder! Foda-se! Você é uma maldita mentirosa!

—Ouça, — sussurra Hanna. —Você vai fazer este programa de TV comigo e você vai inscrever uma das suas cervejas patéticas no concurso deste fim de semana para que eu possa ganhar.

—Você vai ganhar com a minha cerveja! Quão insana você é, caralho?

Eu tiro o telefone de Oaks e digo: —Tudo bem, Hanna, você venceu. — E então eu termino a ligação.

—Porque você fez isso? — Oaklee grita. —Ela é uma puta de merda.

—Porque você realmente invadiu seu apartamento. E você e eu sabemos que qualquer imagem de segurança que você tenha em seu prédio, Hanna não estará nela. Então temos que jogar isso direito.

—Eu odeio ela, — Oaklee protesta. —Eu sinto vontade de matá-la.

Uma mensagem aparece exatamente quando Oaklee diz isso. —Hanna, — eu digo, olhando para a tela.

—Deus, por que ela não pode nos deixar em paz?

—Ela diz que vai ter uma reunião em sua cervejaria amanhã ao meio-dia. — O que me faz rir. —Oh, e isso é super fofo. Eles têm uma reunião agora porque a minha foi cancelada.

Oaklee parece horrorizada. E então ela volta para as almofadas do sofá, resignada que ela provavelmente tem que ver isso e tocar junto.

—Não se preocupe, — eu digo. —Eles têm que pegar um avião às três, então...

Ela não sorri.

Então me inclino, coloco meus braços ao redor dela e a seguro.

Eu realmente torço para que Jordan resolva isso por nós.


CAPÍTULO 38

Oaklee

Minha mente não consegue parar. Ela corre com planos, enredos e ideias insanas sobre como eu poderia derrubar minha arqui-inimiga.

Eu considero todas as maneiras que eu poderia matá-la. Contratar um assassino. Tenho certeza de que Vivi poderia me encontrar alguém disposto a matar por dinheiro. Ou matá-la eu mesma. O estrangulamento é minha primeira escolha. Ou deixar sua cervejaria em chamas. Então o pessoal da Home TV iria embora e eu não seria forçada a fazer aquela reunião.

Mas mesmo sendo louca, não sou insana.

Ela quer que eu faça algo assim. Ela está esperando que eu estrague tudo.

Então eu penso na chantagem. Eu faço planos para invadir seu apartamento novamente, roubar as imagens de Vivi e eu invadindo seu lugar, e me livrar de todos os vestígios que já estivemos lá. Porque ela vai segurar isso na minha cabeça pelo resto da minha vida se eu não fizer algo drástico.

Mas drástico é estúpido. É impulsivo e perigoso, porque há uma boa chance de eu estragar as coisas ainda mais.

Eventualmente eu tenho que deixar o apartamento de Law e voltar para o meu prédio para cuidar de algumas coisas de negócios, mas eu não vou ao meu escritório. Eu uso o computador no escritório do restaurante para fazer o que preciso, e depois volto para Law e passo a noite lá.

Na manhã seguinte, ele tem que ir trabalhar e eu tenho que enfrentar Hanna e o pessoal da Home TV. O que significa que eu tenho que voltar para o meu apartamento e dar-lhe mais imagens de mim, porque claramente, há um microfone lá ou uma câmera ou qualquer outra coisa. Porque eu estive pensando sobre isso a noite toda.

Law veio ao meu apartamento na sexta-feira passada e conversamos sobre o nosso jogo. Eu disse a ele o que eu precisava, ele me disse o que precisava, e as pessoas da Home TV disseram que receberam uma ligação no sábado.

O que significa que Hanna ouviu toda essa conversa.

E cara, essa cadela trabalha rápido ou o que?

Quando chego ao Bronco Brews, são apenas nove da manhã. Pensei em ficar longe até a reunião, mas então recebi uma ligação do Jordan me dizendo que ele tinha um especialista em segurança vindo para fazer uma varredura em meu apartamento.

—Ei, Oaklee! — Justine, a anfitriã do turno de hoje, diz. —Seu compromisso das nove e meia está aqui mais cedo. — Ela acena para um cara sentado em um banco tocando algo em seu telefone.

—Obrigada, Justine, — eu digo, então caminho até o homem. —Você é Dennis?

Ele se levanta, me oferece sua mão e diz: —O primeiro e único. Por onde você quer que eu comece?

—Siga-me, — eu digo, caminhando até os elevadores, onde a novíssima segurança vai garantir que Hanna nunca mais suba, porque Eduardo colocou todo o sistema no bloqueio e mudou o código, só por precaução.

Quando chegamos ao meu apartamento, digo: —Verifique tudo.

Mas ele já tem sua grande bolsa preta aberta, pescando equipamentos eletrônicos de varredura para procurar por escutas e câmeras.

Então eu vou até minha mesa e começo a pensar sobre o meu plano novamente.

Matar ela.

Ou botar fogo em sua cervejaria.

Essas são as únicas coisas que tenho até agora e nenhuma delas é a resposta.

Essa é a coisa da vingança, certo? Você afunda tão baixo para obtê-la.

Eu me tornarei Hanna se eu fizer algo estúpido.

E não adianta lutar contra suas mentiras. Quer dizer, minha irmã? Qual é. Ela é tão insana. Mas tudo o que é preciso é um boato, certo? As pessoas não se importam com a verdade. Só é preciso uma entrevista com Hanna falando merda para mudar mentes. Ela poderia afundar todo o meu negócio de cervejaria com uma mentira. E mesmo que nada do que ela disse a Law seja verdade, ele acreditou nela. Mesmo que fosse só por uma noite, ele acreditou nela.

E todos que ela contar essa história também acreditarão nela também. Mesmo que seja apenas por um dia. Um dia é muito longo.

Então eu não posso matá-la. E eu não posso me defender das mentiras dela porque ela ainda não foi a público.

O quão fodido é que eu não posso lutar até que ela ataque. E se ela nunca contar essa mentira para o público, isso se torna um impedimento. Torna-se a arma mais poderosa em seu arsenal.

Agora mesmo, o que temos é um caso clássico de destruição mutuamente assegurada. Temos bombas voltadas umas para as outras que nenhuma de nós pode usar sem nos destruir ao mesmo tempo.

Como diabos eu saio disso?

Como tirar o poder dela e não me explodir ao mesmo tempo?

O telefone vibra no meu escritório, então eu me afasto dos meus pensamentos, levanto e caminho para apertar o botão do viva voz. —Sim? — Eu digo.

—Aqui é a Dana! Então, você tem pessoas aqui embaixo, — ela diz em seu sotaque de garota do vale. —Você quer que eu os envie até aí?

—Não, — eu digo. —Eu vou descer.

—Tudo pronto, — diz Dennis, descendo as escadas da passarela.

—Encontrou alguma coisa?

Ele apenas sorri. Eu tomo isso como um sim.

—Obrigada, — eu digo.

—É apenas o meu trabalho, — diz Dennis, encontrando-me no elevador.

Entramos, eu o levo para o andar de baixo, onde ele desaparece na cozinha para sair pelo beco.

Concentro-me nas pessoas que me esperam na área da recepção, arrumo minha camiseta enfeitada para me concentrar e, em seguida, caminho para a frente com um sorriso para cumprimentar Hanna e a comitiva da Home TV.

Eu dou um amplo sorriso, jogando como uma boa menina fazendo o que lhe foi dito.

Há beijos no ar e apertos de mão, e risos, e... sim.

Eu estou praticamente vivendo meu pior pesadelo.

Hanna está comendo.

Eu quero vomitar.

Mas eu me seguro porque não tenho um plano. Eu não tenho nada. Mesmo que ela fez toda essa merda indescritível para mim, ela segura todas as cartas e nós duas sabemos disso.

Eu os levo para cima. Eu dou uma de hostess. Eu pego minhas cervejas e as coloco no balcão, do mesmo jeito que fiz com Lawton na semana passada. Hanna, sempre pronta para um combate, trouxe a dela com ela e há alguns olhares curiosos entre os executivos quando eles chegam à mesma conclusão que Law fez.

—Uau, — diz Michaela. —Elas são certamente semelhantes. Vocês duas não brincam em serviço, não é?

Eu me faço sorrir.

—Você sabe por que elas são semelhantes? — Hanna pergunta, sorrindo com prazer em seu golpe.

—Por que? — Eu pergunto, inclinando-me um pouco para frente, porque não posso esperar para ouvir sua resposta.

—É porque Oaklee e eu somos... bem, ela é minha inimiga.

Eu quero dizer: Ah ha! Mas eu não sei porque... bem, acho que é bem óbvio.

—E eu sou a dela, — continua Hanna. —E você sabe o que eles dizem sobre o seu inimigo?

—Não, — eu rosno. —O que eles dizem?

Hanna sorri para mim e eu juro por Deus, acho que é real. —Eles dizem... que eles desafiam você a ser a sua melhor versão de si mesmo. Eles te fazem melhor. Nós, Oaklee, fazemos o melhor uma a outra.

—Sim, — diz Michaela. —Isso é tão fascinante! É isso que estamos querendo agora, senhoras. Isto... isto... esta sensação diabólica que vocês duas querem matar uma a outra. E, no entanto, essa raiva e ódio tornam vocês muito mais interessantes. Muito mais bem-sucedidas. Esse show vai ser fabuloso!

Sim, essa Michaela, ela pode chupar meu pau.

—É como Larry Bird e Magic Johnson, — Mike, aparentemente, um cara de basquete, diz. —Eles jogaram, não apenas para que seus times pudessem vencer, mas para que eles pudessem vencer um ao outro. E quando um não estava jogando, o outro fracassava.

—É mesmo? — Eu pergunto. —Eu não acompanho basquete. — E isso certamente não é nada disso, não acrescento.

Porque isso é... isso é Charles Xavier versus Magneto. Isso é o Super-homem versus Lex Luthor. Isso é o Batman contra o Coringa.

E Hanna Harlow é Magneto, Lex Luthor e Coringa, tudo embrulhado em um pacote de insanidade. Ela me prendeu em metal fundido com criptonita e eu nem tenho uma porra de Bat-rangue18 para me defender.

Estamos falando de inimizade com a mais alta ordem. Estamos falando de idiotas insanos e radioativos com egos do tamanho de planetas. Larry Bird e Magic Johnson parecem crianças brigando por brinquedos comparados a mim e a Hanna.

Eu preciso encontrar sua fraqueza. Porque até agora, nada que eu faça ou diga a afete. É apenas uma mentira em cima da outra. E tudo sai da boca dela soando como... como verdade absoluta.

Ela é carismática da pior maneira. Tão diabólica, as pessoas querem acreditar que há algo por baixo de todo aquele ódio e raiva - porque senão eles têm que acreditar no próprio diabo... e isso os assusta pra caralho.

Ela é a razão pela qual amamos assistir ao Coringa. E nem importa que saibamos que ele é insano, que tudo o que sai da boca dele é mentira, que ele vai trair qualquer um e todos que ficarem em seu caminho - mesmo aqueles que estão do seu lado.

Queremos acreditar que ele é bom por baixo ou temos que admitir que o mau é real.

Como eu luto contra isso?

Eu preciso de uma equipe inteira de super-heróis do meu lado para bater em sua bunda. Eu preciso de todas as minhas superamigas para aparecer e me ajudar. Eu preciso...

Agora, calma aí. Espere só um segundo...

Isso não é uma má ideia...

Na verdade, acho que acabei de elaborar um plano.


CAPÍTULO 39

Lawton

A semana passa tão rápido, que já estamos no domingo - o dia do festival - passou tão rápido que minha cabeça parece estar girando com toda a merda que está acontecendo.

Eu não vou mentir – Oaklee recebendo uma proposta para um programa de TV em vez de mim... bem, isso doeu por alguns dias. Mas então eu me coloquei no lugar dela. Como ela deve se sentir estando presa a Hanna durante todo o dia nos últimos três dias. Incapaz de falar o que pensa. Não sendo possível dizer a alguém o quanto ela foi prejudicada. Incapaz de encontrar... justiça, eu acho.

E então eu superei isso.

Porque eu percebi algo importante na semana passada. Que eu não sou o homem que eu pensava que era. Que eu nunca fui esse homem. E que o meu problema não era que eu estivesse insatisfeito com a minha carreira, eu estava insatisfeito comigo mesmo.

O programa de TV nunca iria me consertar.

—Ok, — diz Oaklee enquanto caminhamos até o recinto do festival. —Eu acho que estou pronta para isso.

—Pronta para perder e levar um para o time? — Eu pergunto, atirando-lhe um sorriso torto.

—Tão pronta, — diz ela, apertando minha mão. —Eu só quero acabar com isso.

—Só para que fiquemos na mesma página, — eu digo. —Não importa o que aconteça hoje, você é minha heroína, senhorita Ryan.

—Ah, pare com isso, — diz ela. —Eu estou cedendo. Eu não sou uma heroína.

—Você pode estar cedendo, mas você nunca desistiu. — Beijo sua mão quando entramos na multidão e seguimos para o palco de degustação de cerveja. Toda a competição é ao vivo. Provavelmente há milhares de pessoas aqui e mesmo que seja uma coisa de dois dias, esta competição é o evento principal. Há um prêmio decente ligado a isso também. O vencedor recebe um troféu, dez mil dólares em dinheiro e sua cerveja em todas as concessões da cidade. Isso significa Coors Field, o Pepsi Center, o Elitch Gardens, o zoológico, os museus... tudo isso.

Oaklee está estranhamente calma e quieta, considerando o que está prestes a acontecer aqui hoje. Tudo está por um fio. Seu futuro não poderia ser mais precário.

Paramos ao lado do palco onde os degustadores tomaram seus assentos em frente as bandejas de amostra de cerveja.

Eu vejo todos os seus amigos da taberna do Opera House do sábado passado.

Ace, Rosco e Beckett estão amontoados, parecendo nervosos enquanto falam em voz baixa. Duke e Cormac ficam ao lado deles sem dizer nada. Bear e Jack parecem querer vomitar. E todas as garotas estão aqui também. Tallulah, May, Piper, Beatrix, Juniper e Magnólia. Cada um deles com caras sérias, nervosas, ansiosas.

Vê-los tão acabados me irrita novamente, então eu digo: —Você tem certeza?

—Sim. — Oaklee me interrompe. —Tenho certeza.

—Mas... mas Bronco Brews. Seu pai. Toda a sua vida, Oaklee. Pode ser destruído.

Ela engole em seco, mas acena com a cabeça. —Eu sei. Mas valerá a pena acabar com esse jogo estúpido que ela está jogando comigo. Vai acabar, Law. E se as coisas ficaram desse jeito então eu não terei arrependimentos. Porque é a última chance que tenho de me salvar de uma vida controlada por Hanna Harlow.

Eu concordo. Entendendo seu desespero.

Então olho ao redor procurando por rostos familiares e amigáveis.

Todos os nossos amigos estão aqui. Vivi e Chuck. Jordan e seus dois associados. Até a assistente de Jordan, Eileen, apareceu.

—Onde está...

Mas assim que Oaklee diz isso, nós os ouvimos.

Um rugido ensurdecedor vindo da rua. Ele fica mais alto e mais poderoso à medida que eles aparecem, suas motos roncando, agitando tudo por onde passam.

Toda a multidão se vira para ver a procissão, Spencer Shrike, o próprio patriarca fora-da-lei, assumindo a vanguarda, enquanto mais de trinta motociclistas param ao lado do parque e param.

Eles não desligam as motos. Eles apenas sentam-se ali, como um exército das trevas em couro e correntes, torcendo os aceleradores para anunciar sua chegada - como se precisassem do anúncio.

Prontos para o que tiver que acontecer depois.

—Hora do show, — diz Oaklee, enxugando as mãos na saia. Ela dá um passo para longe de mim, depois se vira, me beija nos lábios e sussurra: —Vejo você do outro lado.


CAPÍTULO 40

Oaklee

Eu tenho que limpar minhas mãos na minha saia duas vezes enquanto eu faço o meu caminho através da multidão para o palco onde todos os meus colegas cervejeiros estão reunidos, esperando a degustação começar.

Eu olho rapidamente ao redor, reunindo minha coragem, enquanto subo as escadas e me aproximo de Hanna.

Ela está sorrindo com alegria transbordante e felicidade enquanto fala com um dos juízes. Jogando a cabeça para trás para rir do que deve ser uma piada.

Eu olho para os meus colegas, que olham para mim com expressões quase vazias que não são facilmente decifráveis. Pode ser medo, ódio ou talvez apenas ansiedade.

Acho que vou descobrir em breve, mas não há tempo para isso agora. O anfitrião já está apresentando os juízes de hoje. Todas as celebridades locais - o que torna este concurso um pouco diferente do que a maioria - e um pouco mais interessante também, porque as pessoas saem para assisti-lo tanto quanto bebem cerveja no parque.

Hanna me vê chegando e instantaneamente suas maneiras gregárias que ela estava fingindo para os juízes se transformam em algo que ela reserva apenas para mim.

Demorei um pouco para descobrir o que era aquilo. Mas durante toda a semana, desde aquele encontro com o pessoal da Home TV, onde ela admitiu ser minha inimiga, está na minha cabeça.

Ontem à noite eu coloquei meu dedo nela.

Ódio. Servido com um sorriso.

É tão simples e complicado quanto isso.

Ela só me odeia.

—Oaklee, — diz ela, com uma voz cheia de melosidade falsa. Como se... pequenos pacotes amarelos e rosas com a palavra açúcar viessem derramando para fora de sua boca automaticamente. —Bem, se você não está bonita vestindo sua roupa habitual.

—É isso aí, — eu digo, olhando para a minha curta saia esvoaçante, minhas velhas botas Frye, e uma camiseta deslumbrante que diz ‘Eu não sou a presa’ em strass rosa e amarelo em meus seios. —Esta sou eu. O que você vê é o que você recebe.

Os lábios de Hanna puxam para os lados com um sorriso, os olhos meio fechados quando ela encontra o meu olhar e diz: —Sim, esse sempre foi o seu problema. Você é transparente, Oaklee. Você deveria tentar uma cara de pôquer de vez em quando.

—Você quer dizer de mentirosa? Como você?

Ela levanta um ombro, inclina a cabeça para ele, sorrindo. Um encolher de ombros que diz, culpada, mas ninguém se importa.

Um aplauso da multidão nos faz olhar para o palco. As celebridades locais estão sentadas à mesa de degustação e a primeira cerveja está sendo servida.

—Sinto muito ter que ser assim, — diz Hanna, olhando para mim.

—Eu também, — eu digo. —Sinto muito, este é o dia em que você finalmente perde e tem que lidar com o que você fez.

Ela ri alto. Tão alto que vários dos juízes mais próximos olham para nós. —Deus, você é adorável, Oaklee. Sempre se colocando em uma boa luta. Nunca tendo o bom senso de desistir enquanto está na frente.

—Bem, você está errada sobre isso.

Ela olha para mim. —Como assim?

—Eu sei como parar quando eu estou à frente. E é por isso que estou vendendo a Bronco Brews.

Suas sobrancelhas se unem. Ferozmente. E pela primeira vez sou eu quem quer rir dela. Porque a confusão dela - mesmo que seja por apenas alguns segundos - é perfeita.

Observá-la tendo dúvidas... bem, isso é inestimável para mim depois de todos esses anos.

—O que você quer dizer? — Ela pergunta.

—O que você ouve é o que você tem, Hanna. Você me ouviu. Estou vendendo.

—Besteira, — ela diz.

Eu olho em volta e encontro as pessoas da Home TV olhando para nós da primeira fila. Todos os quatro acenam. Eles estão apaixonados por este show estúpido do —Duelo entre Cervejarias, — eu aceno de volta para eles enquanto eu digo o que Hanna se recusa a acreditar. —Não, — eu digo. —Não é besteira. — E então eu aponto para Spencer Shrike e sua fila de amigos. Tem umas dezenas deles aqui. Todos vestidos em couro, todos tatuados, todos olhando para nós como a família real mafiosa que são. —Estou vendendo Bronco Brews para Spencer Shrike, Hanna. Ele está aqui para assinar o contrato.

—Mas... — Hanna gagueja. —A porra do show!

—Foda-se a porra do show, — eu digo. —Eu nunca quis isso, você queria. E eu odeio estragar isso para você agora, porque eu sei que você estava esperando que este fosse um dia muito divertido, mas eu sinto que é meu dever avisá-la.

—Sobre o que? — Hanna se agarra.

—Que roubar minhas receitas de cerveja era uma coisa. Mas roubar as dele, — aponto para Spencer e sua comitiva. —É algo completamente diferente. — Eu sorrio para ela e então sussurro: —Então você vai precisar tirá-las do mercado, agora mesmo, querida. Ou... — Aponto para a multidão. —Você os vê?

Seu olhar segue meu dedo apontando até ela ver quem eu estou me referindo. Um suspiro involuntário escapa antes que dela se sentir encurralada. Porque lá está a família dela.

Oh, sim.

Eu fui lá.

—Você tem uma família adorável. Você esqueceu que eu os vi na formatura, Hanna? Eu não esqueci. Então eu fui para a fazenda da sua família no outro dia e tive uma ótima conversa com sua mãe e seu pai. Eles estão tão orgulhosos de você, mesmo que você tenha cortado todos os laços com eles anos atrás. Você sabe, quando decidiu que era minha irmã. — Eu cuspo essa última parte. —Eu contei a eles tudo sobre o nosso contrato de TV e os convidei aqui como uma maneira de surpreendê-la porque você gostaria de fazer as pazes com eles e você não está muito confortável em admitir que está errada, sabe? O que eles entenderam totalmente. Então eles vieram. Surpresa!

—Você está fodendo... — Mas isso é o máximo que ela consegue dizer, porque ainda não terminei.

—E então... bem, você sabe que Spencer não é o assassino que você parece pensar que ele é, então sua família está segura. Mas ele tem um bilhão de dólares, e... você não tem. Ele te levará ao tribunal, Hanna. Expor todas as suas mentiras. E você os vê? — Eu aponto novamente. Desta vez para dois homens de terno, óculos de sol escuros e fones de ouvido brancos totalmente clichê pendurados em seus pescoços. Agora eu os conheço como Finn Murphy e Darrel Jameson, —associados— de Jordan, mas não digo isso a Hanna. —Esse é o FBI, Hanna. Eles estão aqui para prendê-la por espionagem industrial e convidei sua família para ver isso acontecer.

Ela vira a cabeça para olhar para mim. E se os olhos pudessem atirar veneno, tenho certeza que esse seria seu poder de supervilão. —Besteira, — ela rosna.

—Ah não. Isso é uma merda, com certeza, mas não é besteira.

—Eu vou te colocar na prisão. Eu tenho imagens de você...

—Não, querida. Você não tem. Porque você vê aquele cara ali? O que está ao lado da Vivi Vaughn? Aquele é o Oliver Shrike. Sim, seu parente. E ele é um hacker notório que não só invadiu seu sistema de segurança e descobriu que a filmagem não existia, mas também encontrou recibos para os homens que você contratou para invadir meu computador e roubar as receitas de cerveja de meu pai.

É quando as coisas finalmente começam a aparecer para Hanna Harlow. Porque ela quebra. —Você não tem provas. Eu cobri meus rastros. Você não tem provas.

—Oh, mas eu tenho, — eu digo, apontando para nossos colegas. —Você os vê? Você vê Jack, e Ace, Rosco, Bear, Beckett, Duke e Cormac? Você conhece aqueles caras que você tem chantageado nesses últimos anos? Aqueles que sabiam que você roubou minha cerveja e ameaçaou roubar a deles também se dissessem alguma coisa? Sim. — Eu ri. —Eles foram difíceis de convencer. Se cagavam de medo de você, Hanna. Mas no minuto em que mencionei que Spencer Shrike estava comprando minha cervejaria e não estaria agindo como de costume, eles decidiram que havia monstros maiores para se preocupar e me contaram tudo.

—Que porra você quer? — Ela sussurra.

Eu dou de ombros. —Eu tenho o que eu quero. Eu não quero nada de você. Estou vendendo a cervejaria, dando o fora desse negócio insano de TV, você está sendo presa, envergonhada na frente de sua família e colegas, e então você está indo para a prisão por espionagem industrial ou...

Deixo isso ficar por alguns segundos. Apenas para apreciar o olhar em seu rosto.

—Ou o quê? — Ela finalmente rosna.

Eu estalo meus dedos e Jordan Wells aparece ao meu lado, junto com sua assistente, Eileen, segurando uma pasta para Hanna pegar.

—Ou... — Diz Jordan. —Você vende Buffalo Brews para Oaklee pela soma de um dólar, concorda em nunca mais fabricar cerveja ou vender cerveja, e nós estaremos quites. — Ele aponta para a pasta. —Está tudo aí. Eu atuei como seu advogado e cobri todas as bases, então tudo que você tem a fazer é assinar.

Ele enfia a mão no bolso do paletó, pega uma caneta e a segura ao lado da pasta.

—Vocês são todos loucos, — Hanna sussurra.

—Não, — eu digo. —Você é insana. E eu espero que você consiga a ajuda que precisa, mas honestamente, Hanna, eu não me importo com o que você fizer depois disso. Enquanto você assinar esses papéis e eu nunca mais ver seu rosto, você está livre para ir.

—Mas... minha cerveja...

—Minha. Cerveja. — Eu cuspo essas palavras entre os dentes cerrados. —Você não tem nenhuma cerveja. São. Minhas. Cervejas. E eu juro por Deus, Hanna, eu vou te derrubar. Eu vou arruinar sua vida. Eu farei tudo o que acabei de falar e vou estar sorrindo enquanto fizer isso. Eu não quero vender minha cervejaria, mas eu vou. Se isso significa que eu vou te derrubar, vou vender tudo. Terei todo o prazer em desistir de tudo que construí, tudo o que meu pai construiu, para ter a chance de vencer você. Então pense com muito cuidado. Pense muito bem como você deseja passar os próximos dez anos. Na prisão, envergonhada e triste. Ou livre para pensar sobre como você é uma mentirosa nojenta e doente e tentar obter a ajuda que precisa. Mas de qualquer forma, estou saindo dessa sua armadilha. Você perdeu. Eu venci. E é melhor você se resolver bem rápido, vadia. Porque eu vou contar até dez e esse acordo acabou.

Ela parece que quer me matar. Estender sua mão, envolve-las ao redor da minha garganta e me estrangular até a morte.

Você sabe, meio que gostava dos meus sentimentos por ela nesses últimos anos.

Eu começo a contar. —Um, dois, três...

Suas emoções passam por vários estágios. Raiva, ódio, medo, finalmente tristeza e rendição.

Porque assim que chego à contagem nove, o apresentador no palco anuncia que Buffalo Brews Assassin Sour Saison é a próxima degustação... ela assina.

E isso, meus amigos, é como você derruba seu superinimigo.

Às vezes a única maneira de ganhar o jogo é desistir do jogo.


CAPÍTULO 41

Lawton

Eu seguro a mão de Oaklee enquanto caminhamos os poucos quarteirões até o Shrike Bikes em Five Points. Meio que balançando. Sorridente. Apenas... muito feliz, eu acho. E como não é possível estar feliz?

Assassin Sour Saison venceu a competição, sem dúvida. Mesmo que esses juízes fossem celebridades locais e realmente não soubessem nada sobre cerveja, eles sabiam que era diferente. Eles sabiam que era única. E eles sabiam que merecia vencer.

E sim, foi sob o selo Buffalo Brews, mas Oaklee fez Hanna admitir no palco que era a receita de Oaklee e depois contar mais uma mentira.

Que ela e Oaklee prepararam juntas.

Então Hanna anunciou a venda e entregou o troféu vencedor e pediu dez mil dólares para Oaklee na frente de toda a cidade.

Feliz. Fodido. Final.

Mas espere aí. Ainda não terminamos...

—Ok, o que diabos estamos fazendo? — Oaklee pergunta, uma vez que ela descobre onde estamos indo. —Você disse que íamos para as montanhas hoje.

—Eu tenho que pegar algo no Shrike. Apenas fique fria, Oaks.

Oaklee nunca quis vender a cervejaria. Ela preferiria morrer a vender o trabalho da vida de seu pai. Mas ela teria. Apenas para ficar longe de Hanna Harlow. Mas não chegou a esse ponto.

E Spencer Shrike teria comprado, mesmo que ele não quisesse uma cervejaria. Ele teria. Apenas para ajudar sua sobrinha a se livrar da prisão. Mas não chegou a isso também.

Buffalo Brews em Boulder teve uma mudança de nome e está em processo de renovação. As pessoas da Home TV propuseram a Oaklee e eu outro show juntos, uma vez que toda essa merda caiu e eles perceberam que confronto não era uma novidade. Montanhas Rochosas de Renos.

Nós dissemos não.

Eu abro a porta para Oaklee quando chegamos no Shrike, seguro para ela enquanto ela passa, e depois entro atrás dela, deslizando meus óculos de sol na minha cabeça.

—Ali estão eles! — Chuck grita do outro lado do showroom. —Apontem as câmeras para isto!

—O que? — Oaklee diz, olhando para mim, confusa.

Uma equipe inteira de pessoas vem até nós. Segurando microfones sobre nossas cabeças. Três câmeras diferentes filmando quando encontramos Chuck em frente à caixa registradora.

—Basta entrar na onda dele, — eu digo, apertando sua mão antes de soltar para cumprimentar Oliver, em seguida, Spencer.

Eu me sinto como uma criança conhecendo seu ídolo pela primeira vez quando ele segura minha mão e diz: —Você promete cuidar bem dela? — Enquanto ele acena com a cabeça.

Por um segundo, acho que ele está falando sobre a moto que estou prestes a comprar. Aquela que ele construiu há muitos anos atrás e agora está vendendo para dar espaço para mais.

Mas então percebo que ele está falando sobre Oaklee.

Então, eu aceno de volta e digo: —Eu prometo.

—Você comprou isso? — Oaklee diz, olhando para mim.

—Comprei.

—Porque...

—Porque eu sempre quis uma. E agora eu tenho todo esse dinheiro... então... por que diabos não?

Ela suspira. Sorri seu sorriso secreto. O que me faz sorrir o meu. E então ela diz: —Bem, esta é uma boa surpresa.

Mas esta não é a surpresa.

—A transferência de dinheiro passou esta manhã, — diz Spencer. —Então deixe-me contar tudo sobre a minha princesinha aqui antes de levá-la embora.

—Mande, — eu digo. —Eu quero ouvir tudo sobre ela.

—Ela é um pouco temperamental no período da manhã. Então você tem que aquecê-la corretamente. E ela gosta de estar limpa, então certifique-se de lhe dar um banho depois de terminar de andar nela. E sua pintura se lasca facilmente, então você precisa trazê-la para recondicionar com frequência. Não quero que minha filhinha se vá sem ser mimada.

Ele continua assim e o tempo todo eu só estou sorrindo. Porque todas essas instruções soam um pouco como o pacote de namorado de luxo.

Leva horas para que Spencer Shrike me entregue as chaves do seu bebê. Mas eventualmente Oaklee e eu a temos lá fora, com novos capacetes combinando em nossas cabeças. Jaquetas de couro em nossas costas, botas em nossos pés... prontos para começar a viagem para o nosso futuro.

E no momento em que chegamos a Indian Hills e descemos o caminho de terra para a mansão na montanha que comprei na semana passada...

Somos totalmente nós mesmos.

Quando saímos da moto, pego a mão dela e a conduzo por volta da propriedade. Mostrando a ela o celeiro e os limites que cercam a casa como uma parede. Então eu a levo para dentro e mostro a ela também.

A cozinha onde vamos cozinhar o jantar.

A sala de jantar onde vamos comer.

O quarto principal onde dormiremos a noite.

O banheiro principal, onde uma banheira com pés espera nosso primeiro banho de espuma juntos.

E todos os outros quartos, vazios por enquanto, mas que um dia, esperançosamente, serão preenchidos com crianças.

É uma casa de fim de semana. Por enquanto.

Eu vendi meu apartamento e me mudei para a cobertura da Bronco Brews com Oaklee. Estou terminando as reformas do condomínio nos andares inferiores e me preparando para colocá-los no mercado.

Eu sei. Eu sei. Eu disse que não queria mais ser corretor de imóveis.

Mas eu serei por isso. Talvez eu saia depois de terminar. Talvez eu venda minha metade do negócio para Zack.

Mas, novamente, talvez não.

Eu não tenho mais esse sentimento. Aquele que exigia que eu fizesse uma mudança. A crise inicial da meia-idade acabou.

Então eu decido apenas viver a vida que me foi dada com a mulher que amo.

Talvez Oaklee e eu não tenhamos tido a experiência que assinamos há algumas semanas, mas nós tivemos uma experiência, não foi?

A versão de luxo, com certeza.

O programa do Shrike Bikes me teve como convidado quatro vezes esta primeira temporada e eles estão falando sobre me fazer um regular recorrente na próxima temporada.

E Oaklee está de volta, melhor do que nunca, agora que Hanna está fora de sua vida. Ela já está pensando sobre o design do rótulo para suas temporadas de outono e inverno.

Eu acho que sua crise da meia-idade acabou também.

Vivi Vaughn começou minha segunda tatuagem no meu outro ombro. Sou eu de terno, cercado por um monte de rostos familiares.

Aquele dia no festival é agora uma lenda local. Nós não admitimos nada, é claro. Mas rumores correm por aí sobre como derrubamos Hanna e salvamos a indústria de cervejas artesanais do Colorado.

Eu acho que foram os hipsters que falaram.

E tudo bem. Deixe as pessoas falarem. Deixe-as transformá-lo em algo mais do que foi se quiserem.

Nós não nos importamos.

Estamos muito ocupados planejando a experiência do marido.


EPÍLOGO

Jordan

Eu moro em uma mansão histórica de sete milhões de dólares e dez mil metros quadrados ao lado do Jardim Botânico de Denver. Eu comprei no ano passado em um leilão com a esperança de...

O que?

O que eu estava esperando?

Eu moro aqui agora porque estou liquidando. Eu tenho esperanças e sonhos também. Eu preciso de coisas. É tudo o que resta e não quero a menos que...

São sete quartos, onze banheiros, duas salas de TV, dois escritórios, duas cozinhas, uma sala de jogos, uma biblioteca e um salão de festas.

E eu moro aqui sozinho.

Não tenho onde soltar minhas chaves quando chego pela porta da frente porque o lugar está vazio. Uma família morou aqui antes que sua sorte mudasse. E eles deixaram tudo para trás quando o venderam. Até fotografias. O casal feliz no dia do casamento. Fotos de seus filhos, e eu só posso supor que eles fizeram isso porque eles as têm digitais no Dropbox ou alguma merda, porque essa parte é bem fria.

Frio.

Pra.

Caralho.

(Mas quem sou eu para julgar?)

Eles deixaram tudo como se fosse uma casa de férias e o que quer que eles mantivessem lá era apenas... extra. Como se eles tivessem ido fazer compras e compraram dois de tudo e então tudo isso fosse apenas... o conjunto de reposição.

Exceto que não foi.

Mas tudo acabou agora. Eu empacotei as fotografias em uma caixa e as entreguei a Lawton. Ele alguma vez os devolveu? Não faço ideia porque nunca perguntei. Então vendi todos os móveis em um leilão de móveis no mês passado e comprei uma escrivaninha, uma cama e um sofá da IKEA e coloquei tudo no escritório de mais de mil e quinhentos metros quadrados no andar principal.

Tenho certeza de que o pessoal da entrega da IKEA achou que eu era louco, mas não me importo. E de qualquer maneira, pode ser verdade.

Eu moro no escritório. Eu nem me incomodo em usar a cozinha principal porque não cozinho e o escritório tem um bar - porque todos os senhores que possuem casas de 10 mil quadrados têm um bar com pia no escritório - e até tem uma máquina de lavar louça para lavar os copos de cristal que eu bebo Bourbon todas as noites antes de dormir, então quem se preocupa com a cozinha de chef industrial do outro lado da casa?

Sobre a mesa há um laptop e na parede há uma TV de cinquenta e cinco polegadas, exceto que eu não tenho cabo, nem Netflix, nem Hulu, nem mesmo Prime, então por que comprei a TV, não posso lhe dizer.

Se alguém me visse hoje em dia, eu seria rotulado.

Se eu tivesse sorte, esse rótulo seria... excêntrico. Mas é mais provável que eles me rotulassem como... triste.

E isso seria preciso.

Estou triste. Por todas as coisas que perdi. Por todas formas que tentei compensar as pessoas que importam. Por todas as coisas que nunca terei - coisas que não têm nada a ver com o tamanho de uma TV ou com o número de banheiros em uma casa na qual nem sequer vivo, ou com um bar com pia no grande escritório doméstico.

Eu sinto muito por aquela família que perdeu esta casa. Eu realmente sinto. Porque pelo menos eles a trataram como uma casa. Pelo menos foi amada.

Eu não amo isso.

Eu chuto meus sapatos quando entro no escritório e me sirvo quatro dedos de uísque. Sento-me no sofá, de frente para a janela que dá para o jardim da frente - visível por causa da iluminação da paisagem chique - e penso no jogo que acabou de terminar.

Às vezes as pessoas me perguntam por que eu faço isso. Por que eu inventei esses jogos? Por que eu fodo com tantas vidas? E eu digo... por que não?

Eu tomo um gole da minha bebida, ainda olhando pela janela, e me pergunto agora.

Não é por causa de Oaklee. Eu não devo nada a ela. Se ela sabe ou não, ela teve a experiência do namorado. Eu também não devo a Law. Embora eu ainda precise dele. Se eu quiser conseguir o que quero, é isso. Eu preciso dele, mas eu não devo a ele. Então não é por isso.

Então por que? Por que eu faço isso? É algum desejo profundo de perdão?

Provavelmente. Mas isso não é suficiente. Não pelo tipo de merda que eu fiz.

Então por que? Qual é o pagamento?

Eu tenho pensado muito sobre isso ultimamente. Muito.

E há realmente apenas uma resposta.

Eu gosto disso.

Eu sorrio apenas pensando nessa verdade.

Eu gosto disso.

Eu contratei o Darrel para trabalhar comigo por um motivo. E Finn também. Ambos são decentes o suficiente do lado de fora. Mas por dentro... por dentro Darrel e Finn são como eu. Dois filhos da puta moralmente falidos procurando fazer uma nova fortuna.

Eu manejo um poderoso martelo tendo Darrel e Finn ao meu lado. Alguns podem dizer que não é justo, mas quem escreve as regras do jogo ganha, certo?

Exceto... estou gastando muito.

Por todo o caminho.

Porque só resta uma coisa para eu querer.

Aquela merda de construção.

Eu pego meu telefone e ligo para Lawton, pronto para fazer a minha jogada. Liquidei tudo o que tenho - exceto a casa, porque, bem, ainda não desisti disso. Eu tenho mais um jogo para jogar e envolve esta casa.

Lawton responde: —Sim, — e por um segundo, esqueci que o liguei e hesito. —Jordan? — Ele pergunta.

—Então, ei, — eu digo. —Estou pronto para fazer uma oferta no Turning Point. Você descobriu quem é o dono?

—Uh, sim, — diz ele, hesitando.

—Então, o quanto eles querem?

—Eles não estão vendendo. E cara, eu também tentei o meu melhor. Eu tirei todas as paradas para você, irmão. Mas essas pessoas estão segurando firme.

—Cara, eu juntei quinze milhões de dólares em dinheiro. Você contou a eles toda a oferta em dinheiro?

—Sim, eles não se importam. Eu estou dizendo a você, eles não estão vendendo.

—Quem diabos são essas pessoas? — Eu pergunto.

—Bem, veja, essa é a parte interessante. Eles te conhecem.

—O que?

—Sim, uma mulher chamada Augustine e seu marido Alexander.

—Augustine e Alexander compraram meu prédio?

—É o prédio deles, cara. Eles não estão vendendo. Me desculpe, eu sei que o clube significou muito para você, mas me desculpe. Eu tentei o meu melhor e...

Eu termino a ligação. Olho pela minha janela. Bebo minha bebida.

E com raiva pela audácia daqueles dois surgindo do meu maldito passado, na minha fodida cidade, comprando o meu maldito prédio, e então deixando ele ficar lá por quase dois malditos anos enquanto eles esperam que eu perceba...

Acabei de perder meu próprio jogo.

Foda-se isso.

É hora de jogar sujo.

 

 

                                                   J.A. Huss         

 

 

 

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