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Series & Trilogias Literarias
Uma dona de loja cética e um lindo vampiro que veio reivindicá-la.
Algumas horas atrás, Sherry Carne teria jurado que vampiros não existiam. Isso era antes de imortais desonestos invadirem sua loja, deixando o caos sangrento (literalmente) em seu rastro. O problema começa quando Sherry descobre que um dos vampiros na trilha dos bandidos pode ser seu companheiro de vida. Sua cabeça diz que tudo isso é impossível. O resto dela dá uma olhada em Basileios Argeneau e tem ideias muito mais interessantes.
Tudo o que Basil esperava em uma companheira de vida, engraçada, sincera, Sherry não é. Mas a química e o instinto alucinantes não mentem. Eles também lhe dizem outra coisa, que a conexão de Sherry com o mundo imortal é mais profunda do que ela sabe. E que ela está no tipo de perigo que apenas Basil pode salvá-la, se confiar nele, agora e para sempre ...
Capítulo 1
Sherry murmurava para si mesma enquanto trabalhava. Ela odiava calcular os impostos. Odiava pagá-los ainda mais.
Bufando de desgosto, depois que calculou a quantia de dinheiro que teria que pagar neste trimestre, salvou o programa e estava prestes a desligar o computador quando a porta do escritório se abriu. Mal-humorada depois dessa tarefa estressante, Sherry levantou a cabeça, pronta para brigar com o funcionário que havia entrado sem bater. Mas, em vez disso, as palavras ficaram presas em sua garganta e seus olhos se arregalaram de surpresa quando olhou para a pequena adolescente loira que entrou correndo e fechou a porta.
A garota não deu a ela mais do que um olhar rápido enquanto seus olhos deslizavam ao redor da sala procurando pela janela com vista para a loja. O escritório ficava a dois metros e meio acima do andar principal, então permitia uma excelente visão de tudo. Ao avistar a janela, a criança imediatamente foi até ela, se abaixou e levantou a cabeça para espionar ansiosamente a loja abaixo.
As sobrancelhas de Sherry se ergueram com a ação da menina e ela anunciou: — É um vidro unidirecional. Ninguém na loja pode ver você. —A garota olhou ao redor e franziu a testa para ela. — Shhh!
— Desculpe-me? —Sherry disse rindo de descrença com a pura ousadia da menina. Sua expressão se tornou séria e disse severamente: — Este é o meu escritório, garota. Sugiro que você explique sua razão para estar aqui ou saia.
Em vez de colocar a garota em seu lugar, as palavras apenas provocaram na menina uma cara feia, que se virou, olhando para Sherry com um par de olhos incríveis. Eles eram de um estranho verde-prateado e pareciam quase brilhar com intensidade.
Hipnotizada por aqueles olhos lindos e incomuns, Sherry se permitiu olhar brevemente para eles, principalmente porque a menina olhava chocada de volta, mas depois, arqueando as sobrancelhas Sherry perguntou. — Bem? Você vai se agachar aí e ficar de boca aberta ou se explicar?
Em vez de responder, a garota franziu a testa e perguntou: — Por que não posso ler você?
Uma risada curta e incrédula escorregou de Sherry, mas quando a garota simplesmente olhava para ela com perplexidade, disse de forma razoável: — Talvez porque eu não sou um livro.
As palavras não arrancaram nenhuma reação da garota. Ela ainda continuava a olhar para Sherry, parecendo quase aborrecida. Cansada de pensar nela como ‘a garota’, Sherry perguntou abruptamente: — Qual é o seu nome?
— Stephanie, —a menina respondeu quase distraidamente, olhando-a agora como se ela fosse um inseto sob um microscópio. Esse exame terminou abruptamente quando um som soou do alto-falante no canto do escritório de Sherry, anunciando que a porta da frente da loja tinha sido aberta. Parecendo perceber isso, Stephanie se virou para espiar a loja de novo, e rapidamente voltou a se esconder, de modo que apenas o topo de sua cabeça aparecesse na parte inferior da borda da janela.
— Já disse que o vidro é unidirecional, —disse Sherry com exasperação. — Eles não podem ver você.
— Shhh, —sibilou Stephanie sem olhar ao redor, simplesmente levantando a mão em sua direção, com a palma para cima, exigindo silêncio.
Apesar de tudo, Sherry obedeceu à ordem silenciosa. Havia algo sobre a garota, uma súbita serenidade, mas também ansiedade, que estiveram presentes antes e que agora se intensificou. Sherry franziu a testa e olhou na direção dela, para a loja além do vidro unilateral, quando quatro homens entraram no estabelecimento.
Usar a palavra ‘andar’ era um pouco equivocado. Se esses homens fossem normais e tivessem acabado de entrar, Sherry teria simplesmente tomado nota da entrada deles e depois voltado sua atenção para a adolescente em seu escritório. Mas não havia nada de normal nesses homens.
Todos os quatro recém-chegados pareciam ter vinte e poucos anos. Todos eles também tinham cabelos loiros escuros e longos. Um usava o cabelo em um rabo de cavalo, um outro em um coque, e um terceiro homem o transformou em longos e pontiagudos raios que saíam de sua cabeça como um ouriço1. Mas o líder, ou pelo menos o homem na liderança, tinha uma juba cheia e emaranhada que a fazia pensar em um leão.
Sentindo problemas, Sherry observou os homens. Cada um deles usava calças jeans que poderiam ter corrido direto para máquina de lavar roupas. Suas camisetas não estavam muito mais limpas, e eles pareciam perseguir alguém ou alguma coisa. Havia algo predatório sobre eles, um ar que a fazia se sentir como uma gazela2 nas savanas3 do Serengeti4 e grata de que elas estavam do outro lado do espelho.
Inconsciente de que já estava em pé e se movendo lentamente para o lado da garota, Sherry observava com apreensão o homem da frente erguendo a cabeça e dando uma profunda fungada no ar, parecendo um predador sentindo o cheiro da sua presa. Ele então assentiu, abaixou a cabeça e olhou ao redor para perguntar: — Onde está a garota?
A meia dúzia de clientes na loja continuaram olhando os utensílios de cozinha, provavelmente nem mesmo percebendo que o homem estava se dirigindo a eles ou a qual garota ele estava se referindo. Sherry duvidou de que alguém, exceto, talvez seus funcionários, tivesse notado a entrada da garota, e ocupados com os clientes como estavam, possivelmente nem mesmo seus funcionários notaram a sua invasão.
Quando ninguém deu atenção, o homem da frente franziu o cenho e lançou um olhar para os outros homens. O último homem, o que parecia um ouriço, ainda terminava de entrar pela porta da loja e com um baque alto a fechou, disparando os sinos de porta loucamente altos.
Quando os sinos ficaram em silêncio, o mesmo aconteceu com a loja. Todos os olhos do lugar estavam agora no quarteto, e o ar parecia carregado de uma súbita cautela, que Sherry não só percebeu, mas também sentiu.
— Obrigado pela atenção de vocês, —disse o líder agradavelmente, avançando um pouco mais para dentro. Depois de meia dúzia de passos, ele parou de novo, desta vez na frente de um dos funcionários da loja que estava atendendo uma jovem mulher, uma menininha segurava a saia dela.
Sherry respirou fundo quando a mão do homem disparou de repente para o lado e agarrou a mãe pela frente da blusa. Ele nem sequer estava olhando para a mulher enquanto a agarrava e a empurrava para cima. Só então ele virou a cabeça em direção a ela, seu nariz quase roçando o dela enquanto exigia: — Onde está a ...
Sherry se viu ficando mais tensa quando ele parou de repente no meio da pergunta. Ela mordeu o lábio, os cabelos da nuca se arrepiaram quando ele inspirou de novo, mais profundamente dessa vez. Sherry não sabia por que, mas a ação a deixara preocupada pela mulher, especialmente quando ele pareceu gostar do cheiro que tinha acabado de sentir.
— Você está grávida, —ele anunciou, um sorriso crescendo em seus lábios. Mergulhando a cabeça, correu o nariz ao longo da garganta da mulher, inalando profundamente novamente. Então soltou um suspiro feliz e anunciou: — Eu amo mulheres grávidas quase tanto quanto diabéticos não tratados. Todos esses hormônios bombeando através do sangue ... —Ele se afastou para olhá-la no rosto enquanto dizia: — É um coquetel poderoso.
— Droga.
Sherry piscou e desviou o olhar da cena abaixo para olhar para Stephanie, surpresa ao descobrir que havia se esquecido brevemente da garota.
— O que foi? —Sherry perguntou, instintivamente sussurrando dessa vez. Sherry não sabia quem eram essas pessoas, ou o que estava acontecendo, mas todos os seus alarmes internos soavam em alerta agora. Algo muito ruim estava acontecendo e ela sabia instintivamente que isso só iria piorar.
Stephanie mordeu o lábio e olhou em volta. — Existe uma porta de saída dos fundos neste lugar?
— Aquela porta leva ao beco atrás das lojas, —admitiu Sherry em voz baixa, apontando para uma porta que descia oito degraus atrás do escritório.
Sherry não culpava a criança por querer fugir. Ela própria queria fugir também, mas não podia, não com seus funcionários e clientes à mercê dos homens que atualmente ocupavam sua pequena loja. Era como quatro leões colocados dentro de um cercado cheio de cordeiros. Embora desconfiasse que essa era a analogia errada. Todos sabiam que eram as leoas que caçavam, não os leões. Lobos provavelmente descreviam melhor esses homens.
— Você não tem um carro estacionado no beco, não é? —Perguntou Stephanie esperançosa.
Sherry simplesmente ficou olhando por um momento. Ela ouviu a pergunta, mas não viu os lábios da garota se mexerem. O que ...?
— Você tem? —A adolescente sussurrou, seus lábios se movendo desta vez.
— Não. Eu ando de metrô, —admitiu Sherry em voz baixa. A maioria das pessoas fazia isso na cidade, em vez de pagar taxas de estacionamento exorbitantes.
A garota suspirou infeliz e então olhou de volta para o drama que acontecia do outro lado do vidro.
Sherry seguiu seu olhar. O líder agora cheirava o pescoço, como um cachorro, da jovem mãe que estava pressionada contra o balcão, o corpo dela inclinado para trás. Era estranho, e poderia até ter sido engraçado se Sherry não tivesse notado o canivete que ele agora retirava do bolso e o abria ao seu lado.
— Oh merda, —ela respirou.
— Sim, —murmurou Stephanie. — Um carro faria isso muito mais fácil.
— Faria o que mais fácil? —Sherry perguntou em uma voz distraída enquanto observava o homem correr levemente o lado da lâmina do estômago da mulher, aparentemente grávida, em direção à garganta. A mulher não estava reagindo. Sua expressão em branco, assim como as expressões nos rostos das outras pessoas na loja. Até mesmo a filhinha da mulher ficou simplesmente ali, sem expressão e despreocupada. As únicas pessoas na loja com alguma reação eram o líder e seus homens. O líder sorria com um sorriso suave e quase doce, enquanto os três homens, que poderiam ser seus irmãos, sorriam largamente com antecipação.
— É melhor você começar a correr, —disse Stephanie sombriamente, movendo-se para trancar a porta que levava à loja.
— Eu não estou correndo para qualquer lugar, —disse Sherry, suas palavras afiadas, apesar do esforço para manter seu tom suave. — Estou chamando a polícia.
— A polícia não pode ajudá-los, —disse a menina severamente, caminhando para pegar o pesado armário de arquivo no canto e levá-lo até a porta que se abria para a escada e que levava ao chão da loja.
Sherry ficou tão surpresa com a ação que ficou paralisada olhando. O arquivo era um armário alto, de quatro gavetas, cheio de papeladas e recibos. Pesava uma tonelada. Ela duvidava que pudesse empurrá-lo ou arrastá-lo pelo chão, quanto mais levantá-lo como se fosse um cesto de roupa suja vazio, como a menina acabara de fazer. Sua mente estava tentando entender como Stephanie tinha feito isso quando o movimento abaixo chamou sua atenção de volta para o chão da loja. O líder de repente soltou a mulher grávida e recuou. Talvez ele fosse embora. A vaga esperança mal se formou em sua mente quando ele pegou uma das tigelas de um expositor próximo e entregou a faca à mulher grávida e disse agradavelmente: — Isso vai ser uma bagunça e essa é minha camiseta favorita. Por que você não faz por mim? Incline-se para a frente sobre o balcão, coloque a tigela naquele banco para que fique debaixo de sua garganta e corte o seu pescoço para que o sangue flua dentro dele.
— Filho da puta louco ... —Sherry começou e depois quase mordeu a língua quando a jovem mãe, ainda sem expressão no rosto, fez exatamente o que ele sugeriu. Ela virou-se para se inclinar sobre o balcão, colocou a tigela no banquinho atrás dele, posicionou-se de modo que seu pescoço estava sobre a tigela e cortou sua própria garganta.
— Droga, —Sherry respirou com desânimo, mal capaz de acreditar que a mulher tinha acabado de fazer isso. — Eu estou chamando a polícia.
— Não há tempo, —Stephanie rosnou, pegando seu braço. — Ele está controlando essas pessoas. Você não pode ver isso? Acha que aquela mulher realmente queria cortar a própria garganta?
— Mas a polícia ...
— Mesmo que chegassem antes que Leonius terminasse, eles simplesmente se tornariam parte do massacre. A única maneira de salvar essas pessoas é levar Leo e seus filhos para longe daqui ... e para isso eu preciso chamar a atenção deles e depois correr como o inferno.
— Então, vamos chamar a atenção deles e vamos correr como o inferno, —disse Sherry com firmeza enquanto se apressava a descer os degraus para abrir a porta dos fundos. Não havia nenhuma maneira no inferno que ela estava deixando a adolescente lidar com o assunto sozinha. Ela era apenas uma criança, pelo amor de Deus.
Sherry tinha acabado de colocar a trava da porta para mantê-la aberta quando um estrondo a fez girar bruscamente. Virou-se a tempo de ver a cadeira da escrivaninha atravessar o espelho unidirecional e desaparecer de vista. Stephanie tinha feito isso.
Sherry correu de volta ao topo dos degraus e olhou para o chão da loja. A cadeira não tinha atingido ninguém, mas o barulho definitivamente chamou a atenção dos homens da outra sala. Ninguém mais olhou ao redor, mas os quatro homens estavam agora olhando através da abertura em direção a elas.
Stephanie prontamente mostrou o dedo do meio para eles e correu em direção a Sherry, gritando: — Corra!
O grito mal havia atingido seus ouvidos quando Stephanie passou correndo por ela, pegando seu braço ao passar e quase a derrubando quando ela a girou. No momento seguinte, foi arrastada pelas escadas e saiu pela porta. Stephanie deve ter chutado a trava quando elas passaram, porque a porta se fechou atrás delas.
A garota era rápida. Inumanamente rápida. Sherry estava correndo como nunca havia corrido em sua vida. A adrenalina deu-lhe um impulso e seus pés mal pareciam tocar o chão, mas a adolescente ainda estava quase arrastando-a com a própria velocidade. Era um beco curto, mal atravessaram a metade dele quando um forte estrondo chamou seu olhar por cima do ombro e viu os homens correndo atrás delas.
O coração de Sherry saltou. Como a menina, eles também eram rápidos. Muito rápidos. Ela nunca conseguiria fugir deles e estava apenas atrasando Stephanie.
— Vá! —Ela gritou, puxando o braço com força para quebrar o aperto da menina. — Estou apenas atrasando você. Deixe-me e corra!
Stephanie olhou para os homens que as alcançavam, olhou para a frente novamente e fez exatamente o que Sherry pediu. Ela soltou o braço e atravessou o resto do beco.
Sherry estava feliz pela menina ter feito o que ela disse para fazer, e ao mesmo tempo estava aterrorizada com essas hienas beliscando seus calcanhares. Apesar de seu medo, ou mais provavelmente por causa disso, Sherry conseguiu colocar um pouco mais de velocidade, mas era como tentar ultrapassar um carro esportivo. Impossível. A única chance de que eles ignorassem Sherry era se decidissem ir direto atrás da garota.
No momento em que teve o pensamento, Sherry começou a se preocupar que eles fizessem exatamente isso. Ela não podia deixar a garota a mercê da misericórdia desses homens, sem ao menos tentar atrasá-los ou impedi-los. Com esse pensamento em mente, olhou em volta em busca de algo para ajudá-la. A única coisa à sua frente no beco estreito era um par de caçambas de lixo.
— Trabalhe com o que você tem, —ela respirou, e mudou de direção, inclinando-se para as grandes caçambas de metal azul. Será que daria tempo de empurrar uma para cima desses homens? Será que teria forças o suficiente? As caçambas de lixo tinham travas nas rodas? E se tinha, será que as rodas estavam travadas?
Sherry nunca obteve as respostas para essas perguntas porque um tiro foi emitido. Ela tinha certeza de que sentiu a bala passar por sua orelha muito perto. No começo, achava que seus perseguidores estavam atirando nela ou na garota. Isso a fez se concentrar na entrada do beco a uns seis metros à frente, procurando a garota para ver se ela estava bem. Seus olhos se arregalaram incredulamente quando avistou Stephanie na posição de um atirador, a arma apontada para o lado enquanto um policial permanecia ao lado dela parecendo inconsciente do que estava acontecendo.
Enquanto olhava para a menina, vários tiros soaram. Desta vez, porém, Sherry ouviu um grunhido de perto atrás dela. Olhou por cima do ombro, chocada ao ver o líder a apenas três ou quatro passos de distância, o braço estendido, a mão estendida para ela. Seus dedos escovaram o tecido de sua blusa, mesmo quando ele começou a cair em direção ao chão.
Havia três buracos no peito, Sherry viu enquanto ele caía, e seus seguidores pararam para ajudá-lo. Com a esperança de que ela pudesse sair disso depois de tudo, Sherry se virou e correu como uma louca. Tudo o que estava pensando era que, se chegasse a Stephanie e ao oficial antes que um dos homens a perseguisse novamente, ela ficaria bem.
Quando Sherry chegou a Stephanie, a garota baixou a arma e a colocou de volta no coldre do oficial, dizendo: — Isso nunca aconteceu. Você nunca nos viu, deverá patrulhar mais a frente e ficar longe daqui até o beco estar vazio.
Stephanie fechou o coldre da arma do oficial quando terminou de falar, e então o oficial imediatamente virou e começou a caminhar para longe.
— O que? —Sherry perguntou com espanto e depois fechou a boca quando Stephanie agarrou sua mão e começaram a correr de novo, arrastando-a para longe da entrada do beco. Como Sherry estava mais do que feliz em se afastar de seus perseguidores, foi de bom grado, fazendo o melhor que podia para continuar. Mas assim que chegaram ao fim da rua e dobraram a esquina, ela puxou a mão de Stephanie e engasgou: — Espere ... pare ... eu não posso ... nenhum passo a ... mais.
— Nós não podemos parar, —disse Stephanie com firmeza, arrastando-a até a estrada, embora abrandando a velocidade, pelo menos. — Leo estará atrás de nós assim que ele se recuperar.
— Aquele cara ... você atirou? —Sherry ofegou com espanto, ainda puxando a mão de Stephanie. Mesmo uma corrida mais leve era demais para os pulmões exaustos no momento, e suas palavras eram ofegantes e agitadas quando ela disse: — Ele não estará ... recuperando ... em breve. Ele tem ... três balas ... em seu peito. Sua próxima parada ... será o ... hospital.
— Ele não vai precisar de um hospital, —assegurou Stephanie, que não parecia nenhum pouco sem fôlego. A menina olhou ao redor severamente quando chegaram ao fim da rua curta, e então de repente puxou Sherry para o outro lado da rua em direção a uma pequena pizzaria no canto oposto.
— Criança ... ele precisará de um ... hospital, —Sherry a assegurou, cansada, mas permitiu que Stephanie a levasse ao restaurante. Ela até seguiu docilmente enquanto a garota a arrastava para as mesas ao longo do lado entre o balcão e a parede sem janelas, até que chegaram à última mesa, que provavelmente não seria vista da rua.
— Posso usar o seu iPhone? —Perguntou Stephanie quando Sherry se sentou em uma cabine com as costas para a frente da loja.
Sherry fez uma careta e ofegou: — Eu não tenho ele aqui comigo. Nem minha bolsa também, —acrescentou franzindo a testa.
— Apenas recupere o fôlego. Vou pegar uma bebida para você, —disse Stephanie, e tão depressa quanto podia ela se foi.
Sherry afastou o cabelo do rosto suado e fechou os olhos com um suspiro. Os últimos momentos passaram pela sua cabeça como cenas cortadas de um filme, aquela pobre mulher cortando sua própria garganta, a cadeira quebrando a janela, o líder do pequeno bando de bandidos se aproximando dela enquanto ele caía de seus ferimentos ... seus olhos, brilhantes e alienígenas.
Sherry balançou a cabeça e cobriu os próprios olhos brevemente, pressionando-os em um esforço para apagar as imagens. Ela se perguntou onde teria ido sua vida segura e chata ... e por que estava sentada em uma pizzaria como uma criança bem-comportada, quando deveria estar chamando a polícia, voltando para checar seus funcionários e clientes, e ...
— Aqui.
Sherry ergueu a cabeça e se recostou abruptamente enquanto Stephanie colocava um refrigerante e uma fatia de pizza na mesa à sua frente. O olhar de Sherry deslizou dos dois itens para os itens idênticos na frente de Stephanie quando a garota entrou na cabine em frente a ela.
— Eu não sabia do que você gosta, então peguei uma fatia de pizza e Coca-Cola, —explicou Stephanie, pegando sua fatia de pizza e empurrando-a na boca.
Sherry ficou boquiaberta ao ver a garota mastigar e engolir com prazer, e então perguntou com espanto: — Como você pode comer?
— Estou com fome, —a menina disse simplesmente. — Você deveria comer também.
— Eu não como açúcar ... ou bebo refrigerantes. Coca-Cola não é nada além de água com xarope, —Sherry disse automaticamente, e então percebendo o quão estúpidas essas palavras soaram sob essas circunstâncias, ela balançou a cabeça. — Eu não entendo como você consegue agir assim é tudo apenas ...
— O açúcar é energia, —interrompeu Stephanie. — E você precisa manter sua energia caso tenhamos que correr de novo. Então coma, —ela ordenou, parecendo notavelmente uma adulta falando.
Esse fato fez Sherry franzir o cenho. — Deveríamos chamar a polícia.
— Sim, porque aquele policial na entrada do beco foi muito útil, —disse Stephanie com desinteresse seco antes de dar outra mordida em sua pizza.
Incapaz de argumentar com isso, Sherry franziu a testa e perguntou: — Por falar nisso, o que aconteceu lá?
Stephanie arqueou uma sobrancelha, mas ficou em silêncio por um momento enquanto terminava de mastigar e engolir. Então ela suspirou e disse: — Você obviamente não poderia fugir deles, e eu não poderia te deixar para trás, ele iriam te pegar, te torturar e matar, então quando vi o policial na entrada do beco, eu corri para pegar sua arma e atirei em Leo esperando nos comprar algum tempo com isso. Felizmente, funcionou.
Sherry não apontou que ela estava lá e viu tudo isso, em vez disso, simplesmente perguntou: — E o po ... policial, apenas deixou você pegar sua arma?
Stephanie deu de ombros. — Eu controlei sua mente. Ele não vai se lembrar de nada disso.
— O que realmente vai deixá-lo confuso quando perceber que sua arma foi disparada, —Sherry murmurou, mas sua mente estava na alegação da menina de ter controlado o policial. Ela queria rir da explicação, mas o homem parecia tão inexpressivo quanto a mulher que cortou sua própria garganta na loja. Stephanie alegou que Leo estava controlando aquela mulher também. Então, Leonius controlara a mulher, Stephanie controlara o policial ... como? Esse conjunto de habilidades em particular não era algo que Sherry sabia que os humanos tinham.
— Lá estão eles.
Sherry olhou em volta e viu os quatro homens passando rapidamente pela janela da frente do restaurante. Ela se encolheu em seu assento quando um deles olhou pela janela, mas eles não abrandaram ou pararam, então imaginou que não tinham sido vistas. Isso não era uma surpresa para ela, considerando que estavam no canto escuro dos fundos. O que foi surpreendente foi o fato de que o líder, Leo, como Stephanie o chamava, estava de pé e andando como se nada tivesse acontecido.
— Droga, —ela respirou, olhando para o homem até o grupo sair de vista.
— Eu disse que ser baleado não o impediria, —disse Stephanie solenemente.
— Eu sei, mas ... como? —Ela perguntou com perplexidade.
Stephanie ficou em silêncio por um momento, enquanto continuava a comer sua pizza, mas depois de algumas mordidas ela largou sua comida com resignação e estendeu a mão para seu refrigerante. Tomou um gole da bebida, e depois a baixou também, olhando Sherry pensativamente. Depois de um momento ela suspirou. — Eu suponho que vou ter que explicar.
— Isso seria bom, —disse Sherry secamente.
Stephanie assentiu. — Vampiros existem. Embora Leonius e seus homens sejam o que chamamos de Sem Presas, eles ainda assim sobrevivem com sangue, então eu suponho que ainda sejam vampiros. Como eu sou, embora eu seja uma Desdentada.
Sherry piscou quando as palavras correram por sua mente. Sem Presas? Desdentada? Ela não tinha ideia do que essas duas coisas eram e estava muito focada na outra palavra que ouviu.
— Vampiros? —Sherry perguntou, não se preocupando em esconder sua descrença. — Querida, eu odeio te dizer isso, mas vampiros não existem. Além disso, vampiros mordem as pessoas, eles não as fazem cortam suas próprias gargantas e sangrarem em uma tigela.
— Hum-rum, —Stephanie não parecia chateada por suas palavras. — Então, como você explica que ele controlou aquela mulher para fazê-la cortar sua própria garganta? Ou meu controle no policial?
Sherry considerou a questão brevemente e depois sugeriu: — Hipnose?
Stephanie revirou os olhos. — Veja, você não parece uma mulher estúpida. Leo não teve tempo para hipnotizá-la, e eu certamente não tive tempo para hipnotizar o policial. —Ela franziu o cenho e perguntou: — Qual é o seu nome?
— Sherry Carne, —ela respondeu. — E bem, talvez este Leo não tenha hipnotizado a mulher na minha loja, mas ele fez algo e não foi porque ele é um vampiro. Vampiros têm presas e mordem pessoas.
— Um minuto atrás você disse que não existiam coisas como vampiros, agora você está dizendo que existem, mas eles têm que ter presas?
Stephanie perguntou divertida.
— Bem ... Sherry franziu a testa. — Se você está indo com a coisa toda de vampiro para me explicar o que realmente aconteceu, então pelo menos seja consistente. Vampiros são criaturas mortas e sem alma que rastejam para fora de seus caixões e mordem pessoas.
— Sim, isso é o que eu também pensava, —disse Stephanie, parecendo cansada e muito mais velha que seus anos. Encolhendo os ombros, ela se endireitou e acrescentou: — Acontece que estamos erradas. Vampiros não estão mortos e sem alma, e enquanto a maioria tem presas, Leo e seus pequenos Leozinhos são uma aberração. Como eu disse, são chamados de ‘Sem Presas’. Eles não envelhecem e precisam de sangue para sobreviver, mas não têm presas, então cortam suas vítimas. Eles também são geralmente loucos. Mas não loucos normais, insanamente malucos.
Sherry inclinou a cabeça ligeiramente e olhou para a garota. Havia algo sobre o modo como ela transmitia a informação ... tinha sido em um tom de palestra, mas havia algo sob as palavras, alguma emoção quase como vergonha, que ela não entendia.
— Você não acredita em mim, —disse Stephanie com um encolher de ombros. — Tudo bem, mas deixe-me explicar tudo o que está acontecendo. Você pode acreditar ou não, sua escolha, mas lembre-se disso: tudo o que eu te disser pode salvar sua vida antes de sairmos dessa confusão.
Sherry ficou em silêncio por um minuto, considerando a garota, mas depois decidiu que não havia mal algum em ouvir. Além disso, deu-lhe uma boa desculpa para ficar ali sentada enquanto tentava recuperar seu fôlego, então se recostou em seu assento com um aceno de cabeça. — Continue.
Stephanie relaxou um pouco e até conseguiu dar um pequeno sorriso. — Certo, só quero deixar uma coisa clara, eu estou afirmando que os vampiros existem. Há alguns com presas, outras sem, mas ambos podem ler e controlar mortais. Leo e seus Leozinhos, Dois, Três e Quatro, são da variedade Sem Presas.
— Dois, Três e Quatro? —Sherry perguntou.
Stephanie deu de ombros. — Bem, provavelmente seus nomes não são Dois, Três e Quatro, mas ele particularmente chama seus filhos assim, ou seja, todos os filhos de Leo não passam de números para ele.
— Seus filhos? —Sherry perguntou com descrença. — Não há como esses homens serem seus filhos. Todos pareciam ter a mesma idade.
— Vampiro, lembra? —Disse Stephanie incisivamente. — Vampiros param de envelhecer fisicamente por volta dos vinte e cinco.
Sherry soltou a respiração em um suspiro exasperado, achando difícil engolir tudo isso, mas ela concordou em ouvir, então acenou para a garota continuar.
— Eu cresci normal e desconhecedora do que está aí fora, como você é, mas Leo e alguns de seus outros filhos sequestraram minha irmã e eu em um estacionamento de supermercado quando eu tinha quatorze anos, —anunciou Stephanie. Sua boca se apertou e então acrescentou: — Fomos finalmente resgatadas, e os filhos de Leo foram capturados e executados pelos Caçadores de Desonestos, mas ...
— Caçadores de Desonestos? —Sherry interrompeu.
— Uma espécie de polícia no mundo dos Imortais, ou vampiros, como você os chamaria. Eles mantêm os outros Imortais na linha, —explicou ela. — De qualquer forma, eu não sei se foi por causa que seus filhos foram mortos ou o que, mas por algum motivo, Leo ficou meio obcecado com minha irmã e eu. Ele quer nos adicionar ao seu criadouro.
Sherry olhou para ela, silenciosamente processando, e então limpou a garganta e perguntou: — O que quer dizer com ele quer te adicionar ao criadouro dele? Não ...?
Stephanie assentiu. — É como ele consegue produzir todos os filhotes Leos. Duvido que muitas mães desses filhos estivessem dispostas.
Sherry sacudiu a cabeça ligeiramente. — Você faz parecer que ele tem muitos deles.
— Um dos filhos que o ajudou a sequestrar minha irmã e eu era o número Vinte Um. Segundo ele, ele era um dos filhos mais velhos, —disse Stephanie, encolhendo os ombros. — Ele afirmou que havia cinquenta ou sessenta deles, que houve centenas ao longo dos séculos, mas alguns se mataram, outros foram mortos e Leo matou vários outros quando eles se recusavam a fazer o que o pai queria, ou quando eles o irritavam ...
Sherry não disse nada. Isso era uma loucura, como uma novela de vampiro ou algo assim. Não poderia ser verdade ... poderia?
— De qualquer forma, —prosseguiu Stephanie, — como eu disse, Leo pai está obcecado com a minha irmã e comigo e disse que viria atrás de nós, então Dani, minha irmã, —acrescentou ela, — Dani e eu estávamos escondidas e protegidas até hoje.
— Até hoje, —disse Sherry.
Stephanie fez uma careta. — Eu estava protegida. Estava com Drina e Katricia. Elas são Caçadores de Desonestos.
— Policiais vampiros, —Sherry murmurou.
— Policiais Imortais, ou Executores, mas policial vampiro servirá. Somente não use o termo vampiro na frente de Imortais mais velhos. Eles podem ficar irritados e sensíveis com isso, —informou Stephanie, e depois continuou. — Drina e Katricia estão se casando, então fomos fazer compras de vestidos de noiva. EU ... —Ela suspirou e fez uma careta. — Esqueci alguma coisa no carro e simplesmente sai rapidamente para pegá-lo de volta, mas ... —Stephanie sacudiu a cabeça. — Foi a minha sorte escolher justamente o momento em que Leo e seus meninos decidiram caminhar por essa rua.
Ela fez uma breve pausa e franziu a testa antes de dizer: — Não havia nenhum relato de que alguém tenha visto Leo e seus filhos em Toronto desde que Dani e eu fomos resgatadas. Eles fugiram e ficaram escondidos ao sul da fronteira por um longo tempo. Foram vistos pela última vez em algum lugar nos estados do sul. Nunca teria ido ao carro se soubesse que eles estavam na área. Eu só ... —Ela soltou um suspiro profundo e disse: — De qualquer forma, eu os vi antes que eles me vissem. Entrei em sua loja esperando que eles não me vissem, mas acabaram me encontrando.
Quando Stephanie deu outra mordida na pizza e começou a mastigar, Sherry ficou imaginando se acreditava em alguma coisa que a garota acabara de dizer. Curiosamente, Sherry começou não acreditando em tudo que ouvia, mas descobriu que do meio para o fim acreditava no que a menina contava. Ela não tinha ideia do porquê. Isso era uma loucura.
Vampiros, controle da mente, leitura de pensamentos, criadouros ...
Sherry afastou esses pensamentos por enquanto e mudou para um assunto que a preocupava desde que saíra da loja. — Quanto tempo dura o controle?
Stephanie fez uma pausa e olhou para ela brevemente, e então a compreensão cruzou seu rosto e ela lhe assegurou: — Não demora muito. Quer dizer, pode continuar um pouco depois que o vampiro se afasta, se for colocado uma sugestão em suas mentes, mas tenho certeza de que Leo e os seus garotos não tiveram a chance de fazer isso antes de nos perseguirem. No momento em que saíram do prédio, seus funcionários e clientes provavelmente saíram do transe e ajudaram a mulher que se cortou.
— Se eles puderam ajudá-la, —disse Sherry infeliz, pegando seu pedaço de pizza e mudando-o em suas mãos brevemente antes de dar uma mordida. Era surpreendentemente bom. Surpreendente porque não esperava que nada fosse bom nesse ponto. Culpou o susto que acabara de ter e, ao sobreviver, deve ter despertado suas papilas gustativas ou algo assim. Tanto faz. O gosto era bom. Açúcar ou não.
— Eles poderão ajudá-la, —assegurou Stephanie. — Ela não cortou profundamente o suficiente para acertar a jugular. Provavelmente está bem.
Sherry ergueu as sobrancelhas. — Como você sabe que ela não atingiu a jugular?
— Enviei a ela uma sugestão mental para impedir que ela cortasse muito fundo, —explicou Stephanie, depois fez uma careta e acrescentou: — Leo reconheceu minha intromissão imediatamente. É por isso que tivemos que sair de lá logo depois. Ele teria usado as pessoas na loja contra nós, torturando-as para me fazer sair. Então tive que me certificar de que ele me viu sair e sabia que eu não estava lá. Era a única maneira de ter certeza de que ele os deixaria em paz.
Sherry não se surpreendeu com a alegação de que ela havia dado uma sugestão mental na mulher para não se cortar muito fundo. Afinal, a garota disse que também controlou o policial. O que a surpreendeu foi que a garota tinha pensado nas pessoas da loja. Stephanie era uma boa criança. Ainda havia a possibilidade de que ela fosse maluquinha da silva. Sherry estava quase acreditando em sua história, mas era muita viagem para engolir. Então, Stephanie era uma criança corajosa e inteligente que se arriscara salvando a mãe grávida, ou ela era uma maluca? Uma maluca que tinha uma boa mira, pensou Sherry. Stephanie acertou um alvo em movimento ao redor dela. Interessante.
— Então, onde você aprendeu a atirar daquele jeito? —Sherry perguntou baixinho.
— Victor e D.J. levam-me a um campo de tiro a cada dois dias, —disse ela. Os nomes não significavam nada para Sherry, então ficou feliz quando a garota acrescentou: — Victor é ... bem, ele é um tipo de pai adotivo, eu acho. —Ela disse em voz baixa, sua voz tornando-se mais espessa, e então disse rapidamente, — E D.J. é como um tiozinho pé no saco, aquele que bagunça o seu cabelo e o embaraça em público.
Sherry sorriu fracamente com a descrição. — E seu verdadeiro pai?
— Vivo, bem e mortal, —disse Stephanie casualmente, muito casualmente, e evitando olhar para ela. Pegando no que restou de sua pizza, ela acrescentou: — Ele e mamãe acham que eu estou morta. —Antes que Sherry pudesse dizer algo, ela acrescentou: — Mas Victor e Elvi me acolheram e cuidam de mim. Elvi perdeu a filha, então eu sou um presente, como ela mesma diz, e eles são maravilhosos.
Maravilhosos, mas não seus pais verdadeiros, Sherry traduziu quando a garota virou a cabeça e correu com os olhos desviando de olhar para ela. Decidindo que uma mudança de assunto poderia ser boa, ela disse: — Então, a polícia não pode nos ajudar aqui ... mas e os Caçadores Vampiros de vocês? Devemos encontrar um telefone e ligar para eles, para que possam caçar esse Leo e seus homens.
Sherry simplesmente não podia chamar os seguidores do homem de seus filhos. Parecia impossível que fossem seus filhos. Todos pareciam ter a mesma idade. Irmãos teriam sido mais críveis. Percebendo que Stephanie não estava respondendo à sugestão de chamar os Caçadores de Desonestos, Sherry ergueu as sobrancelhas. — Você não acha que devemos chamar?
— O quê? —Perguntou Stephanie. Sua expressão vazia quando ela se virou para encará-la, tornando óbvio que a menina não estava ouvindo.
Sabendo que os pensamentos da garota provavelmente estavam com seus pais biológicos, Sherry perguntou pacientemente: — Você não acha que devemos chamar os Caçadores de Vampiros?
Stephanie balançou a cabeça e olhou para a massa de pizza que estava inconscientemente destruindo. A queda em seus ombros e o ar derrotado sobre a garota eram um pouco alarmantes. Sherry não tinha ideia do que estava acontecendo exatamente, mas sabia que não era hora da garota desmoronar. Sentando-se para trás, ela deliberadamente mudou sua expressão para um ar irritante: — Oh, eu entendo.
Stephanie finalmente olhou para ela com atenção. Com as sobrancelhas levantadas, ela perguntou com interesse: — O que você entende?
— Você, —disse Sherry com um encolher de ombros. — Eu também fui adolescente.
Stephanie bufou. — Por favor. Eu não sei quantas vezes já ouvi essa frase, ela é velha e cansativa. Como você, os mais velhos pensam apenas porque foram um dia jovem, nos tempos antigos, que saberão como é a minha vida. Você nem ... você era jovem em ... que? Os anos sessenta?
— Eu nem sequer nasci nos anos 60, obrigada, —disse Sherry, divertida. — Tenho apenas trinta e dois anos.
— Tanto faz ... —Stephanie acenou para longe. — Você não tem a menor ideia sobre mim.
— Hummm. Que tal eu contar o que penso e depois me dizer que estou errada? Se eu estiver, —Sherry acrescentou zombeteiramente.
Stephanie deu de ombros. — Tanto faz.
Sherry inclinou a cabeça e olhou para ela por um momento, e então disse: — Então, você estava olhando vestidos de noiva, fazendo compras com esta Drina e sua amiga?
— Katricia, —forneceu Stephanie. — Ela é prima de Drina, mas também é uma Caçadora de Desonestos. Vai se casar também, com Teddy, que é o chefe de polícia em Port Henry, onde eu moro. Viemos a Toronto para um fim de semana de garotas e compras de roupas.
— Hummm. —Sherry considerou isso e então disse: — E você disse que elas deixaram você sair para pegar alguma coisa?
Stephanie assentiu com a cabeça, seu olhar deslizando para a frente do estabelecimento e uma carranca aparecendo no rosto. Sherry suspeitou que a menina se perguntava onde estavam as duas mulheres. Sherry também se perguntava.
Certamente, a essa altura, elas não deveriam ter notado o desaparecimento de Stephanie? E se elas estivessem na área, os tiros deveriam tê-las alertado. Sherry deixou isso de lado por enquanto, e simplesmente disse: — Bem, tenho certeza que sobre essa coisa de deixar você sair para pegar algo no carro é uma mentira.
Stephanie olhou para ela bruscamente. — O que te faz pensar isso.
— Criança, se essas mulheres são Caçadoras de Vampiros, ou policiais de vampiros, e este Leo está atrás de você, como diz, eu acho que elas mantêm você bem perto por segurança. Elas não teriam deixado você vagar por conta própria. Então, Drina provavelmente estava em um vestiário experimentando um vestido de noiva, e Katricia estava lá ajudando-a com todo o processo complicado envolvido em colocar uma daquelas coisas, ou experimentando um nela mesma. Você provavelmente estava sentada na sala de espera do lado de fora do camarim sentindo-se entediada e negligenciada. Sem dúvida, procurou o seu iPhone para ouvir música ou assistir a um filme enquanto esperava, e percebeu que o tinha deixado no carro. —Inclinando a cabeça, ela acrescentou: — Provavelmente estava ligado ao sistema de som no carro, e é por isso que esqueceu de pegá-lo, então pensou em sair, pegar e voltar antes que elas notassem.
— Infelizmente, —ela adicionou.
— Você não chegou ao carro antes de avistar Leonius e seus amigos e teve que correr para a minha loja e se esconder.
Stephanie não escondeu sua surpresa. — Como você sabe de tudo isso?
Sherry encolheu os ombros e lembrou-lhe: — Você pediu para usar o meu iPhone mais cedo.
— E? —Perguntou Stephanie.
— E, você não está com o seu agora, então não conseguiu chegar até o carro.
— Talvez eu não tenha um celular e estava tentando pegar outra coisa, —sugeriu Stephanie.
Sherry sacudiu a cabeça com firmeza. — Há poucos adolescentes que não têm celulares hoje em dia. Além disso, você especificou o iPhone em vez de apenas dizer celular, o que sugere que é um modelo desses que você tem.
— Certo, então como você sabia que eu deixei meu telefone no carro, conectado ao USB? —Ela perguntou com interesse.
— Porque estou sempre esquecendo o meu no carro por esse mesmo motivo, —admitiu Sherry ironicamente. — Eu o conecto no USB para ouvir música que gosto e depois esqueço de tirá-lo quando saio.
— Hummm, —murmurou Stephanie, mas agora estava olhando para ela com interesse. — Ou talvez você tenha algumas habilidades psíquicas e é por isso que não posso ler ou controlar você.
Sherry não comentou. Sua mente queria se rebelar com a possibilidade de alguém controlar suas ações ou pensamentos, mas ela viu a mãe grávida cortar sua própria garganta. Ninguém faria isso sob seu próprio ímpeto. Ela acreditava que a cliente deveria ter sido realmente controlada ... e se ela pudesse ser controlada ...
Empurrando esses pensamentos perturbadores para longe, Sherry disse: — Então, sendo tudo isso verdade, você não quer chamar suas Caçadoras de Desonestos, porque vai levar uma bronca gigante por ter se afastado de suas protetoras e ter se colocado em risco em primeiro lugar.
— Humm, namm, —disse Stephanie com um sorriso lento.
Sherry ergueu as sobrancelhas em dúvida. — Você não vai ficar em apuros?
— Oh, sim, —disse Stephanie secamente. — Uma vez que Drina, Katricia, Harper, Elvi e Victor terminarem de me jogar nas brasas, o próprio Lucian provavelmente vai arrancar meu couro, —admitiu com resignação infeliz. — Mas não é por isso que eu não estou ligando.
— Certo, —disse Sherry lentamente. — Então, por que você não quer ligar?
— Não é que eu não queira ligar ... eu não preciso, —ela explicou. — Já liguei. Eles estão enviando Bricker enquanto conversamos. —Ela inclinou a cabeça, depois sorriu e acrescentou: — E ele está te trazendo uma surpresa.
Capítulo 2
— Ele está aqui.
Basileios já estava a caminho do corredor quando Marguerite anunciou. Chegando ao lado dela, ele olhou para o SUV agora estacionado na entrada da garagem quando o som de uma buzina atingiu seus ouvidos. Olhou para Marguerite, as sobrancelhas dela subindo em uma expressão preocupada. — Qual o problema?
— Não tem como Bricker ser mais grosseiro do que isso. Ele deveria ter estacionado aqui na porta para pegar você, —ela disse com uma carranca.
Basileios sorriu quando lhe deu um rápido abraço. — Ele não está me pegando para um encontro, Marguerite. Provavelmente está com pressa de chegar até Stephanie e sua amiga antes que Leo e os seus filhos as encontrem.
— Sim, suponho, —ela murmurou, mas ele podia perceber pela expressão dela que Marguerite estava preocupada com a jovem imortal e o que essa ‘grosseria’ de Bricker poderia significar.
Balançando a cabeça, Basil deu um aperto na mão dela e então se virou para sair da casa, assegurando-lhe: — Tudo bem. Vou ligar quando as levarmos para a casa dos Executores.
Movendo-se rapidamente, ele foi até a porta do passageiro da frente e entrou.
— Eu não sei porque me escolheram para pegar Steph, —Bricker reclamou no momento em que a porta se abriu. — Drina e Katricia deveriam fazer isso. Elas são as que deveriam estar guardando a menina ... e já estão ali na área.
Como o olá de Bricker tinha sido ‘eu não sei porque me escolheram para isso’, Basileios decidiu, engolir seu próprio olá enquanto fechava a porta do SUV e colocava o cinto de segurança.
— E por que diabos eles me obrigaram a levar você? —Justin continuou com irritação. — Você é um advogado, pelo amor de Deus, não um Caçador. Que bem você vai ser se as coisas ficarem feias?
Basileios levantou o olhar enquanto colocava o cinto de segurança, uma sobrancelha arqueada. Ele não sabia se a preocupação de Marguerite era justificada, mas Justin Bricker definitivamente estava de mal humor. Não sabia o que causara a ira do homem, mas não deixou que isso chegasse a ele. Com sua voz suave, disse: — Eu nem sempre fui um advogado, Justin. Fui um guerreiro por mais de um milênio. Estou advogando somente nos últimos vinte anos. Se a situação ficar arriscada ... —Ele deu de ombros. — Nós vamos lidar com ela.
Quando Bricker apenas franziu o cenho para a estrada à frente, Basileios acrescentou: — Quanto do porquê estamos indo buscar as mulheres, falei com Drina e ela e minha filha foram enviadas para limpar a situação na loja que precisava de atenção imediata, para evitar a exposição, e elas eram a equipe mais próxima disponível. Além disso, não há muita chance das coisas ficarem mais feias do que já está. Aparentemente, o perigo passou. Estamos pegando as meninas e as levando para a casa dos Executores até que Lucian decida como lidar com a situação.
— Sim, dever de babá mais uma vez, —Justin reclamou, e depois olhou para ele. — Então, deixe-me adivinhar, Marguerite queria que você viesse porque Stephanie é sua companheira de vida?
Basileios sacudiu a cabeça. — Não, mas ela acha que a mortal, Sherry pode ser.
As sobrancelhas de Justin subiram. — Isso não pode ser. Marguerite não a conheceu, —ele disse, e então franziu a testa e perguntou: —Ela a conheceu?
— Quem pode saber alguma coisa com Marguerite? —Perguntou Basileios, divertido. — Ela tem feito muitas compras para a cozinha dela agora que gosta de comida novamente, e o que sei é que a mulher em questão possui uma loja de utensílios de cozinha. —Ele sorriu fracamente e então acrescentou: — No entanto, me disseram que Stephanie tem alguma habilidade na área de companheiros de vida também, e ela parece achar que esta mortal é minha.
Bricker olhou ao redor com surpresa enquanto dirigia. — Você conheceu Stephanie?
— Sim, —respondeu Basileios franzindo a testa e admitiu: — Bem, na verdade não a conheci. Nós não fomos apresentados, mas eu visitei Katricia na casa dos Executores quando as meninas chegaram e nos vimos de longe. Presumo que alguém disse a ela quem eu era, assim como Katricia me disse quem ela era. — Dando de ombros, ele admitiu: — Eu não sei como elas identificam essa coisa de companheiros de vida, mas presumo que o breve encontro foi suficiente para ela identificar, seja lá de que maneira, e decidir que essa mulher mortal é uma companheira de vida adequada para mim.
— Bem, inferno, —Bricker murmurou com desgosto, apertando os freios um pouco mais do que o necessário quando chegaram à esquina.
A ação jogou Basil para frente até que o cinto de segurança o segurou. Ele olhou para o homem mais jovem com um toque de exasperação. — Bem inferno, o que?
— Você sabe quantos companheiros de vida eu vi formar pares nos últimos dois anos? —Bricker perguntou severamente. — Eu nem sei. Deve haver pelo menos vinte, embora eu não testemunhasse todos desde o começo. Christian e Caro se conectaram em St. Lucia, mas eles estão aqui agora, alegremente felizes em seu relacionamento de companheiro de vida. —Ele fez uma careta. — Eu só queria que Marguerite ou Stephanie levassem um minuto e me achassem uma companheira de vida.
Basileios relaxou e sorriu com uma leve diversão. — Você parece uma criança mortal.
— O quê? —Ele perguntou indignado.
— As crianças mortais não podem esperar até que elas tenham idade suficiente para dirigir, depois para terminar a escola, depois para beber, etc ... —Ele explicou e acrescentou gentilmente: — Você tem pouco mais de um século, Justin.
— Sim, sim, e alguns de vocês esperaram milênios, então eu deveria ser paciente. Isso vai acontecer quando for a hora certa, —ele murmurou com repugnância, obviamente tendo ouvido essas palavras em uma palestra antes.
Basileios não comentou. O homem era impaciente e amargo e nada do que ele falasse mudaria isso. Era melhor apenas deixar para lá. Justin encontraria o caminho dele ... ou não.
— Quantos anos você tem? —Justin perguntou de repente. — Você é um dos Argeneaus mais velhos, não é?
— Eu nasci em 1529 a.C5, —reconheceu Basileios em voz baixa, e não se surpreendeu quando Justin olhou para ele bruscamente.
— Mas Lucian e Jean Claude nasceram em 1534 a.C, —disse ele. — Isso significa que você é apenas cinco anos mais novo que eles.
Basileios assentiu, imperturbado pela acusação em sua voz.
— Hummph, —Justin grunhiu, e então disse amargamente, — Eu acho que a regra de ter filhos a cada cem anos não se aplica a vocês, Argeneaus.
— Eu nasci em Atlântida, Bricker, —disse Basileios pacientemente. — A regra dos cem anos ainda não estava em vigor naquele momento. Foi criado apenas após a queda, depois dos esforços de Leonius Livius para fazer um exército de sua progênie.
— Certo, —Justin rosnou. Ele ficou em silêncio por um momento e depois disse: — Então, Katricia é sua filha? Você já esteve acasalado antes?
— Eu fui acasalado brevemente em Atlantis. No entanto, ela não era a mãe de Katricia. Não tivemos filhos e ela não sobreviveu a queda.
— Então, você foi acasalado duas vezes, —ele comentou. — Interessante.
— Na verdade, não, eu não fui. Mary Delacort, a mãe dos meus filhos, é uma imortal que também é uma boa amiga e nada mais.
Bricker olhou para ele bruscamente. — Você teve filhos fora de um relacionamento de companheiro de vida?
— Você faz parecer isso tão errado, —disse Basileios, divertido, e depois apontou em voz baixa. — Perdi minha companheira de vida na queda, Bricker. Estava sozinho há muito tempo. Lucian tinha a tutela da família e imortais e mortais para ajudar a manter sua sanidade e humanidade. Eu não tive isso. Precisava de uma âncora, alguém para cuidar, uma razão para me levantar à noite. Se eu não pudesse ter uma companheira de vida, então crianças para me preocupar e olhar para além de minha miséria foram a melhor coisa que poderia acontecer para mim.
Ele olhou pela janela e acrescentou em voz baixa: — Meus filhos são provavelmente a única razão pela qual não me tornei um Desonesto como meu irmão Jean Claude.
Justin olhou para ele novamente, e então perguntou curiosamente: — E essa Mary? Ela não se importava?
— Felizmente, Mary estava na mesma situação. Bem, não felizmente para ela, suponho, —acrescentou ele franzindo a testa. — Mas você sabe o que quero dizer.
— Humm, —Justin soltou um suspiro profundo e perguntou: — Então, como é a sua companheira de vida ideal?
Basileios olhou para ele em questão. — Não tenho certeza se entendi o que você quer dizer?
— Bem, você deve ter imaginado ela em sua mente ao longo dos milênios. Como você imaginou sua companheira de vida? Alta, baixa? Magra, cheia de curvas? Loira ou morena? —Ele explicou, e depois acrescentou: — E que tipo de personalidade você imaginou? Engraçada, inteligente, briguenta, doce ... —Justin olhou para ele com curiosidade. — Com o que você sonhou?
Basileios considerou a questão solenemente. É claro que ele tinha imaginado algum dia ter uma companheira de vida e como ela poderia ser. Ele nunca havia imaginado o pacote inteiro, mas supunha que tinha algumas ideias. — Eu prefiro loiras a mulheres de cabelos escuros, e prefiro mulheres menores, pequenas e delicadas com uma personalidade agradável, doce e submissa.
— Submissa? —Justin bufou. — Cara, alguém está preso no século XV a.C. As mulheres hoje em dia não são dóceis e nem submissas. —Ele fez uma breve pausa e então acrescentou: — Bem, talvez se você encontrasse uma noiva por correspondência de algum lugar onde se espera que as mulheres façam como lhes é dito ... mas ouvi dizer que, uma vez que qualquer mulher coloque os pés no Canadá ou nos EUA, por qualquer período de tempo, elas são infectadas imediatamente pela personalidade e atitude de nossas mulheres.
Basileios encolheu os ombros. Ele acreditava que seria feliz com sua companheira de vida, não importando como ela parecia ou seu tipo de personalidade. Afinal isso era o que os companheiros de vida eram. Os nanos selecionava aquela que te faria feliz.
— Agora eu, —Justin disse de repente, — Eu não me importo se ela é inteligente ou engraçada, desde que seja uma garota alta, cheia de curvas e cabelos escuros, com peitos e uma bela bunda.
— Ah, —disse Basileios calmamente. Era a única coisa que ele poderia pensar em dizer. Afinal de contas, não importa como uma companheira de vida se parecesse antes dele a encontrar, a imagem dela seria alterada em sua mente depois disso, e se essa alteração incluía uma ‘boa bunda’ dependia de sua genética. Também era uma coisa pequena para se preocupar quando se tratava de uma companheira de vida. O que apenas mostrou a Basil quão jovem e imaturo o garoto era. Ele cresceria, porém, e o tempo ensinaria a ele o que era importante na vida e o que não era.
Sherry olhou para a garota em frente a ela com espanto. — Você já ligou? Quando? Como?
— Eu usei o telefone no escritório do restaurante enquanto esperava a pizza e aparecer, —explicou Stephanie. — Eu tinha que conseguir ajuda para as pessoas na loja, e ter certeza de que uma equipe de limpeza seria enviada para limpar as memórias e lidar com a bagunça. —Ela inclinou a cabeça, sorriu e acrescentou: — E eu queria falar com Marguerite e pedi-la que mandasse algo para você.
— O quê? —Sherry perguntou desconfiada.
Stephanie sorriu e disse: — Basil.
— Basil6? —Sherry perguntou incrédula. — Sua surpresa para mim é manjericão?
Stephanie assentiu com a cabeça.
— O que eu devo fazer com isso? Colocar na minha pizza? —Ela perguntou com perplexidade, e então inclinou a cabeça. — Ou o manjericão funciona como alho para manter os vampiros afastados?
Stephanie riu e depois explicou: — Basil é uma pessoa, não o tempero.
— Oh, —disse Sherry, e então, — Oh! —Franzindo a testa, ela balançou a cabeça rapidamente em negação. — Não, não, não, eu não quero um homem. Por que todo mundo quer me ajudar arrumar alguém? —Ela perguntou melancolicamente, e então imitou uma voz muito mais alta e disse, — ‘Oh Sherry, meu primo está na cidade e ele seria perfeito para você.’ ‘Oh Sherry meu filho é solteiro. Acho que você gostaria dele.’ ‘Oh Sherry, você é tão querida, deveria estar com um homem. Eu tenho um vizinho solteiro. Por que eu não organizo apenas um jantar e ...’ —Ela fez uma careta e balançou a cabeça. — Eu não estou tão interessada. Além disso, —ela acrescentou calmamente, — não é hora de me arrumar um encontro. Pelo amor de Deus, minha loja é um caos, uma mulher pode ou não estar morta ou pelo menos gravemente ferida, e nós estamos nos escondendo em uma pizzaria de um bando de cachorros selvagens de duas pernas. Você poderia escolher um momento pior para decidir dar uma de cupido? Este é um negócio sério, Stephanie.
— Companheiros de vida também é algo muito sério, —replicou Stephanie imediatamente.
Sherry apertou a ponte do nariz entre o polegar e o indicador e murmurou: — Certo, claro que é. O que são companheiros de vida?
— Entre o nosso tipo ...
— Nosso tipo? —Sherry interrompeu bruscamente.
— Vampiros, —disse Stephanie intencionalmente.
— Oh, certo. —Sherry forçou um sorriso. Por um momento ela esqueceu que a criança achava que era uma demônio sugadora de sangue. Inferno, a menina podia mesmo ser uma, por tudo que viu até aqui. Quando sua vida se transformou em uma cena do filme A Hora do Espanto7? Sacudindo esse pensamento, disse: — Seus pais não são vampiros, então você não nasceu uma.
— Não, —Stephanie admitiu em voz baixa, e então suspirou e disse: — Quando Leo nos sequestrou, ele também transformou nós duas. Dani e eu somos vampiros também.
As sobrancelhas de Sherry se ergueram com essa admissão, mas isso foi tudo. Deduziu que pela maneira como a garota falou o termo ‘nosso tipo’ não estava se referindo que ela era uma desse ‘tipo’, mas sim que havia muitos do tipo dela, e isso era perturbador. Sherry não teve a chance de perguntar sobre isso, porque Stephanie agora estava se apressando para explicar.
— De qualquer forma, para os Imortais ou vampiros como queira chamar, existem certas pessoas que são companheiros de vida para nós. Eles são os companheiros perfeitos para o Imortal. Eles trazem de volta suas paixões, tornam a comida saborosa novamente, fazem sexo alucinante e podem viver felizes juntos por eras.
— Fazem a comida ser saborosa de novo? —Sherry murmurou, e então olhou para o que restava da grande fatia de pizza que a menina quase havia demolido. — Comida não tem bom gosto para você?
— Oh, eu gosto de comida ainda, —Stephanie assegurou. — Mas eu sou uma Imortal jovem. Acho que depois de alguém viver nesse mundo por alguns séculos, o sabor da comida perde a graça e o sexo fica entediante.
— Entendi, —disse Sherry lentamente, e ela meio que entendia mesmo. Ou pelo menos podia ver como isso seria possível. Ela tinha apenas trinta e dois anos, mas havia algumas noites em que considerava o que comer para o jantar e nada parecia atraente. Pelo menos, não atraente o suficiente para se dar ao trabalho de fazer só para ela.
— De qualquer forma, —continuou Stephanie, —os companheiros de vida mudam tudo isso. Eles também são um achado muito raro. Muitos Imortais viveram séculos ou mesmo milênios esperando para encontrar o deles. Alguns nunca encontraram. Outros tornaram-se Desonestos pela falta de um. Então como pode ver, é um negócio muito sério.
— Humm, —disse Sherry, e então perguntou duvidosa: — E você acha que eu sou uma companheira de vida para esse cara que tem nome de um tempero?
— Basil. —Stephanie assentiu.
— Por quê? —Sherry perguntou.
— Porque eu posso sentir nos companheiros de vida o mesmo ... —Ela fez uma breve pausa e então disse: — Bem, acho que a melhor maneira de descrever o que sinto é um sinal ou frequência de energia. E você tem o mesmo tipo de sinal ou frequência de energia que Basil.
Ela alcançou a mesa de repente e apertou a mão de Sherry para chamar sua atenção. Uma vez que ela estava olhando nos olhos, acrescentou: — Isso é muito importante, Sherry. Esta é uma coisa única na vida. Quer dizer, eu sei que você está chateada com a coisa toda do Leo, e eu também estou. Mas bandidos como ele aparecem o tempo todo. Por isso precisamos de Caçadores. Já uma companheira de vida? Isso é ... épico.
— Épico, hein? —Ela perguntou divertida.
Stephanie assentiu, sua expressão séria. — Sim, épico. Elvi me disse que a felicidade e o contentamento que encontrou desde que está unida a Victor são como nada que já tenha experimentado em sua vida. Ela disse que vale a pena esperar.
Soltando a mão dela, a garota sentou-se e inclinou a cabeça antes de dizer: — Apesar de que, Elvi me disse isso depois de me dar a famosa palestra sobre sexo, e eu desconfio que ela estava tentando me convencer a não dormir por aí. De qualquer maneira, Elvi não mente para mim, então provavelmente essa história toda de que a relação entre companheiros de vida seja algo incomparável, é verdadeira. Além disso, eu vi companheiros de vida juntos e acabei entrando em suas mentes e ... —Ela fez uma careta e balançou a cabeça. — É meio doentio como eles estão obcecados um pelo outro. Nojento, realmente. É como se estivessem no cio ou algo assim.
Sherry teve que morder o lábio para não rir.
— De qualquer forma, —ela adicionou, sacudindo sua cabeça com desgosto, — isso não sou eu jogando de cupido, ou armando um encontro para você. Isto é ... maior do que ganhar a maior loteria. Uma companheira de vida é preciosa e ... e há um monte de outras vantagens também, —ela terminou com um encolher de ombros.
— Vantagens? —Sherry perguntou curiosamente.
— Sim, como por exemplo companheiros de vida nunca traem um ao outro, porque ... bem, ninguém poderá ser comparado ao que você tem com o seu companheiro. E o cara te estimaria ao ponto de dar a vida dele por você se for necessário.
— Só o cara? —Sherry perguntou com diversão. — A companheira de vida não daria a vida por ele?
— Sim, ela faria. —A menina deu de ombros como se isso não fosse importante. — Mas o grande barato é que os dois se tornam um. Eles trabalham juntos como ... —Ela franziu a testa, obviamente procurando uma maneira de explicar, e então olhou para os restos de comida no prato de papel e disse triunfante: — Como pizza.
Sherry olhou para os restos e perguntou, incerta: — Como pizza?
— Sim. O queijo é bom sozinho, assim como a pepperoni8, mas juntá-los na massa os torna a pizza perfeita. Como se um fosse criado para se unir ao outro.
— Hummm. —Sherry olhou para sua própria fatia e perguntou-se ironicamente se ela era o queijo ou pepperoni, macia, branca e sem graça, ou mais colorida e um pouco picante? Ela era provavelmente o queijo, reconheceu. Era definitivamente macia em lugares em que preferia ser firme, e por trabalhar longas horas mal tinha visto o sol no verão passado e por isso estava mais branca do que esse queijo. Sim, ela era o queijo... o que significava que esse cara, Basil, era o pepperoni picante. Supôs que era justo desde que ele tinha um nome de tempero.
Sherry sacudiu a cabeça com seus próprios pensamentos. No meio do caos que explodiu em sua vida na forma de uma Stephanie, a vampira, não só ela estava fazendo piadas—mesmo que apenas em sua cabeça—mas na verdade considerava agora este negócio de companheiro de vida. Odiava ser colocada em encontros a cegas, e este era o fim da picada: Um cara com um nome de tempero aparentemente estava sendo trazido para avaliá-la como uma possível companheira de vida; O pensamento a fez se contorcer e suar, mas também a fez pensar: Como seria ser uma companheira de vida? Ter alguém destinado a você? Alguém que se encaixa como pepperoni e queijo misturados na pizza. Seria possível desfrutar de uma felicidade e contentamento nunca antes experimentado?
Franzindo a testa, ela olhou para Stephanie. — Você tem certeza de que sou uma companheira de vida para o cara tempero?
— Basil, —disse Stephanie, e depois assentiu solenemente. — Tenho certeza.
— Humph, —disse Sherry, duvidosa, e depois olhou para a garota de novo, quando Stephanie de repente estendeu a mão e pegou a mão dela novamente.
Com as sobrancelhas levantadas, Sherry se inclinou sobre a mesa, a garota puxou ela para mais perto, Sherry virou a cabeça quando Stephanie se inclinou para a frente e sussurrou: — E ele está aqui.
Sherry enrijeceu, os olhos se arregalaram, e então se recostou abruptamente na cadeira quando o pânico subiu e invadiu cada parte de seu corpo. Ele está aqui.
Porcaria. E se ele não gostasse dela? E se ele não a quisesse para ser sua companheira de vida? E se ele preferisse ruivas, ou garotas magras, ou ... bom Deus, o que ela estava fazendo aqui? Deveria estar de volta a sua loja verificando as pessoas e cuidando dessa situação, não ...
Seus olhos dispararam de volta para Stephanie e ela perguntou em um silvo: — Ele sabe que você acha que eu sou sua companheira de vida?
— Sim.
— Merda, —Sherry murmurou quando a menina olhou para ela e sorriu cumprimentando alguém que obviamente se aproximava da mesa.
Sherry forçou-se a não olhar para trás como uma adolescente ansiosa e impaciente e simplesmente ficou lá, lutando contra o pânico que tentava dominá-la. Era bem forte, e por um minuto ficou dividida entre pular e sair correndo e se abaixar debaixo da mesa para se esconder como uma criança ... isso tudo era loucura. Mas na verdade, o dia inteiro tinha sido uma loucura até agora. No entanto, embora tivesse conseguido permanecer relativamente calma com a invasão de sua loja e a perseguição que se seguiu, Sherry receou que pudesse realmente hiperventilar ao ser examinada como uma possível companheira de vida. Sério, o momento era simplesmente ridículo e ...
Cortando seus pensamentos, Sherry baixou a cabeça, fechou os olhos e se forçou a respirar profundamente. Ela estava começando a se sentir um pouco mais calma quando sentiu uma presença ao seu lado.
Erguendo a cabeça, deslizou automaticamente ao longo do assento da cabine para dar passagem, o mesmo Stephanie fez, deslizando ao longo do assento em que ela estava.
O olhar de Sherry deslizou da garota para o jovem de cabelos escuros agora acomodando ao lado da adolescente, imaginando se ele era esse tal de Basil. Se assim fosse, ele não era o tipo dela. Vestido com jeans pretos e camiseta com uma jaqueta de couro, o cara parecia o bad boy estereotipado. Definitivamente não o tipo dela, pensou com algo parecido com alívio. Stephanie estava errada, ela não era uma companheira de vida para esse homem. Então, quando começou a relaxar, Stephanie fez um gesto e disse: — Sherry, este é Justin Bricker.
Sherry engoliu em seco e assentiu em saudação, todo o seu foco se deslocou para o calor que emanava do homem que agora se acomodava no assento ao lado dela. — E este ao seu lado é Basil Argeneau, —acrescentou Stephanie.
Respirando fundo, Sherry forçou um sorriso e virou-se para olhar o homem que supostamente era seu companheiro de vida. Olhou para ele em silêncio por um longo momento, observando-o.
Basil tinha cabelos loiros, mas um loiro dourado, não o loiro escuro de Leo e seus meninos. Também estavam cortados curtos. O homem tinha lábios carnudos, bochechas e queixo esculpidos, e os olhos azuis prateados mais incríveis que ela já tinha visto.
Seu olhar caiu para o que ela podia ver do corpo dele, já que estava sentado ao lado dela, e notou os ombros largos sob o terno escuro de designer, e que seu abdômen parecia super plano. Isso era tudo que podia dizer com ele sentado tão perto, mas era o suficiente. O cara era ... bem ... caramba, ele era gostoso.
— Definitivamente o pepperoni, —ela murmurou.
— Desculpe-me? —Disse Basil Argeneau, sem entender.
Percebendo o que ela disse, Sherry corou e balançou a cabeça. Ela não tinha intenção de explicar que ele era o quente e picante pepperoni da pizza de Stephanie. E ele era. Certamente era mais gostoso do que qualquer cara que já namorou. Esse cara, porém, parecia mais jovem do que ela que trinta e dois. Talvez vinte e cinco, pensou com preocupação, e depois lembrou-se da afirmação de Stephanie de que esses vampiros ou Imortais paravam de envelhecer por volta dos vinte e cinco. Antes que considerasse quão rude a pergunta poderia ser, ela soltou: — Quantos anos você tem?
Seus olhos se arregalaram um pouco e então ele simplesmente disse: — Velho.
Sherry franziu a testa para a vaga resposta e apertou: — Mais de trinta e dois?
Por alguma razão, isso fez Justin Bricker resmungar divertido.
Quando ela olhou em sua direção, ele tirou um celular do bolso, colocou-o na mesa e sorriu para ela quando ele sugeriu: — Tente adicionar alguns zeros atrás dos trinta e dois e você ainda terá uns três mil e trezentos e quarenta, e alguns anos.
Sherry franziu a testa diante da sugestão, sem ter certeza se acreditava nele, mas antes que pudesse interrogá-lo sobre o assunto, o roçar de dedos ao longo de seu braço a fez olhar rapidamente para Basil. Seu toque enviou um arrepio de sensações pelo braço dela, deixando arrepios em sua trilha. Sherry inconscientemente esfregou o braço em reação e olhou para ele com os olhos arregalados.
— Você tem trinta e dois anos, então? —Perguntou Basil.
Sherry assentiu.
— E você possui sua própria loja? —Ele perguntou. — Uma loja de utensílios de cozinha, pelo que sei.
— Sim. —Sherry sentou-se um pouco mais ereta, lembrando-se de que não era uma adolescente sem fôlego, mas uma mulher de negócios adulta e bem-sucedida que tinha trabalhado duro e agora estava colhendo as recompensas ... e que ela conseguiu pagar suas dívidas com o governo. O pensamento a fez franzir o cenho novamente, o que fez Basil se sentar um pouco para trás. Observando isso, ela sorriu ironicamente e disse: — Desculpe. Eu estava apenas pensando em meus impostos.
Se ela tivesse pensado que isso iria tranquilizá-lo, pensou errado. O fato dele ter franzido a testa disse a ela que provavelmente não era lisonjeiro pensar em seus impostos enquanto falava com ele.
— Você está solteiro? —Ela perguntou, para distraí-lo de sua falta de noção momentânea.
— Sim. Você? —Ele perguntou educadamente.
— Em geral, —ela respondeu imediatamente.
— Em geral? —Ele repetiu, franzindo a testa ainda mais.
— Bem é ... eu estou saindo com um cara, mas é apenas casual, jantares, um filme, reuniões ocasionais de negócios. Nós não somos exclusivos ou qualquer coisa, —ela assegurou a ele.
Basil assentiu solenemente. — Eu sou.
— Você é o que? —Ela perguntou incerta.
— Exclusivo.
Era uma palavra simples, mas de alguma forma carregava a finalidade do martelo do juiz. Sherry estava tentando descobrir o que significava exatamente, e como ela deveria responder, quando um som soou do telefone que Justin tinha colocado sobre a mesa. Ela olhou para ele quando ele pegou. Ele manuseou a tela, e então se levantou, dizendo: — Bem, crianças. Vocês terão que terminar essa coisa de ‘conhecer você’ no SUV. Nicholas disse que a rua está limpa no momento e temos que tirá-las daqui antes que Leo e seus filhos voltem.
Sherry olhou para Stephanie e depois para Basil enquanto ele se levantava, observou a mão que ele estendia para ajudá-la a se levantar. Tão gentil, Sherry pensou. Ela pegou a mão oferecida, assustada com o formigamento que lhe foi enviado pelos dedos e pelo braço. O homem parecia estar cheio de eletricidade estática. Provavelmente não usou Bounce9 na secadora, ela pensou distraidamente quando ele soltou sua mão para pegar seu cotovelo e conduzi-la para a porta da frente da pizzaria.
Sherry olhou por cima do ombro enquanto iam, aliviada ao ver que Stephanie estava bem atrás deles com Justin em seus calcanhares.
Sherry todo esse tempo se achou na obrigação de manter a garota em segurança, mas de repente sentiu como estivesse se afogando e Stephanie era a única tábua de salvação que ela tinha. Esquisito.
— Aqui estamos.
Sherry voltou a olhar para a frente quando Basil a tirou da pizzaria e se dirigiram para a porta traseira de um SUV estacionado ilegalmente em frente a ela.
Ela permitiu que ele a levasse para dentro, e ocupou-se colocando o cinto de segurança antes de se arriscar a olhar para ele novamente. Ele tinha se sentado ao lado dela e estava afivelando o cinto dele também, então ela olhou para a frente do veículo onde Stephanie estava fazendo o mesmo no banco do passageiro.
— Sabem se todo mundo está bem na loja? —Ela perguntou a ninguém em particular quando Justin Bricker entrou no banco do motorista.
— Minha filha e Drina foram para lá e estão cuidando dos assuntos, —anunciou Basil calmamente. — Elas informarão quando terminarem, mas tenho certeza de que todos estão bem.
Sherry olhou para ele sem expressão. — Sua filha?
— Katricia, —explicou ele.
— Katricia que vai se casar? —Sherry perguntou lentamente.
Ele assentiu e sorriu. — Ela conheceu seu companheiro de vida no Natal.
— Teddy, o chefe de polícia da cidade onde Stephanie mora, —disse Sherry, recordando as palavras anteriores da garota.
— Sim. —Ele sorriu. — Ela se estabeleceu em Port Henry com ele e o ajuda a policiar a cidade.
— Certo, —Sherry murmurou, mas estava tentando se concentrar no fato de que esse homem—que não parecia ter mais do que 25 anos—tinha uma filha com idade suficiente para se casar com alguém. Ela não se importava com o que Justin havia dito sobre adicionar zeros e assim por diante. Esse homem parecia ter vinte e cinco. Limpando a garganta, perguntou: — E quantos anos tem a sua filha?
Ele fez uma pausa e olhou para o teto do SUV brevemente. — Bem vamos ver. Ela nasceu em 411 d.C10., então isso a faz ...
— O quê? —Sherry gritou com espanto.
Basil piscou e olhou para ela com surpresa.
Forçando-se a voltar à calma, ela perguntou, incerta: — Você está brincando, certo?
— Não, —ele disse se desculpando.
— Certo. —Sherry olhou pela janela. 411 d.C. Então, se ela se relacionasse com Basil, teria uma enteada que tinha ... o que? Mil e seiscentos e alguns anos de idade? Raios. Isso era uma loucura.
— Você tem filhos?
— Bom Deus, não! —Sherry soltou, se empurrando ao redor em seu assento para olhar para ele com horror na própria sugestão. Ela não era casada, pelo amor de Deus. Embora supusesse que não era necessário ser casada para ter um filho hoje em dia, mas a própria ideia de ter filhos era aterrorizante para ela. Passava a maior parte do tempo na loja, trabalhando ridiculamente longas horas. Não podia imaginar tentar criar um filho, muito menos mais do que um, com o horário que mantinha. Talvez algum dia ... quando as coisas estivessem mais resolvidas ...
Suspirando, ela balançou a cabeça e decidiu que uma mudança de assunto estava em ordem. — Então, como você recebeu o nome de um tempero?
Os lábios de Basil se curvaram com diversão. — Stephanie pronunciou mal ele. Meu nome é Basil, —ele disse, pronunciando Baw-zil.
— Desculpe, —disse Steph do banco da frente. — Katricia sempre se refere a você apenas como pai. Foi Cheetah quem me disse seu nome. Eu acho que foi ele que pronunciou errado.
— Cheetah? —Sherry olhou para ela com curiosidade.
— Um Executor norte-americano que estava entregando alguma coisa para Mortimer, —explicou Stephanie, depois olhou para Basil e acrescentou: — Acho que ele não pronunciou mal o seu nome de propósito. Ele é de Cleveland. Todos os ‘sius’ são nasais.
Quando Basil apenas assentiu e depois voltou sua atenção para ela, Sherry forçou um sorriso e disse: — Então é Baw-zil, não Baysil?
Basil assentiu. — É a abreviação de Basileios.
Uma buzina de carro apitou enquanto ele falava, e ela não tinha certeza se tinha ouvido direito. Inclinando a cabeça, ela perguntou: — Belicoso?
— Não, não belicoso, —disse ele com uma risada. — Isso é um temperamento, não um nome. Meu nome é Basileios. —Ele falou devagar e em voz alta dessa vez para ter certeza de que ela ouviu.
— Basileios, —Sherry murmurou, e depois franziu os lábios brevemente enquanto o nome fazia cócegas em sua memória. — Então você não recebeu o nome de um tempero, mas recebeu o nome da cobra gigante de Harry Potter? Interessante Ele piscou. — Uma cobra? Do que diabos você está falando?
— Eu acho que ela está confundindo Basileios com basilisco11, —disse Stephanie solícita, virando no banco da frente para sorrir para eles.
— Basilisco, isso! —Disse Sherry com um sorriso, e depois encolheu os ombros. — Eles soam muito semelhantes.
— Eles não são semelhantes, —disse ele severamente. — Meu nome é Baw-sill-ee-os.
— Bem, você disse rápido na primeira vez e soou como 'basilisco', —ela disse se desculpando.
— Pareceu mesmo. —Concordou Stephanie.
— Não pareceu, —disse Basileios indignado.
Sentindo-se relaxar um pouco, Sherry brincou: — Bem, se você está ficando todo belicoso sobre isso, talvez devêssemos apenas te chamar com o nome do tempero, 'Bay-sil' depois de tudo, —disse ela, pronunciando como o tempero. E então ela sussurrou: — Ou Pep.
Aparentemente, ele tinha excelente audição. Expressão em branco, ele perguntou: — Pep?
— Abreviação de pepperoni, —explicou ela, embaraçada.
— Porque você é o pepperoni em sua pizza, —disse Stephanie, e começou a rir.
Basileios olhou fixamente de uma para a outra e perguntou a Stephanie: — Você tem certeza de que essa mulher é a minha companheira de vida? Não está errada?
Stephanie riu ainda mais com a pergunta, mas Sherry enrugou o nariz para o homem. — Seja legal, garoto tempero. Eu acordei esta manhã na terra. Cinco horas depois, entrei na zona do crepúsculo. Me dê uma folga aqui. Estava apenas brincando com você para liberar um pouco da tensão.
— Humm, —ele murmurou, e então permitiu que seus olhos passassem pelo corpo dela enquanto oferecia: — Há muitas maneiras muito mais agradáveis de liberar tensão.
Sherry ficou completamente imóvel enquanto imagens de algumas dessas maneiras mais agradáveis repentinamente passavam por sua mente. Eram pedaços de cenas quentes e suadas deles nus, a cabeça jogada para trás, o pescoço exposto enquanto a boca e as mãos percorriam seu corpo nu.
Raios, as cenas pareciam tão reais que era como se estivessem fazendo isso agora. E o corpo de Sherry respondeu a isso, sua respiração ficou baixa e superficial. Para seu espanto, seus mamilos endureceram, um líquido se acumulou em seu ventre e depois correu para molhar sua calcinha.
Com o rosto vermelho brilhante, ela se mexeu desconfortavelmente em seu assento e, em seguida, virou-se para olhar fixamente pela janela enquanto tentava banir as imagens e a reação do corpo a elas.
Eita, nunca tinha experimentado nada assim antes. Simplesmente não era do tipo que tinha fantasias sexuais sobre um estranho. Diabos, ela nunca teve uma imaginação tão poderosa assim com ninguém que já namorou. Verdade seja dita, não sabia que era possível se excitar apenas com um pensamento. E tê-los agora, no banco de trás de um SUV, com Stephanie, Justin e Basil lá ... bem. Foi apenas embaraçoso como todo o inferno. Ficou feliz por Stephanie não poder ler seus pensamentos. Ela esperava que Basil e Justin também não pudessem.
Sherry não se preocupou por tanto tempo. Seus olhos foram desviados por uma juba de cabelos loiros escuros em meio aos pedestres que passavam. Olhando com mais foco, reconheceu o homem que Stephanie tinha chamado de Leonius. Cercado por seus meninos, ele estava se movendo através de uma multidão que atravessava a rua, andando na mesma direção que eles estavam dirigindo. Quando ela o reconheceu e pensou em seu nome, o homem virou a cabeça em sua direção como se ela tivesse gritado para ele. Seus olhos se firmaram nos olhos de Sherry, e seu coração parou quando o reconhecimento explodiu em sua expressão. Então o SUV virou à direita, longe dele, e ele estava fora de sua linha de visão.
De repente, sua respiração ficou presa no peito, Sherry se esticou em seu assento tanto quanto seu cinto de segurança permitiu e procurou o homem novamente, desta vez pela janela traseira do SUV. Ela imediatamente desejou que não tivesse feito quando o viu se movimentar e entrar no primeiro carro parado no farol atrás deles. Abrindo a porta da frente, ele arrastou o motorista para fora. Seus homens estavam ali com ele, abrindo as outras portas e retirando os outros passageiros, a fim de entrarem também no carro roubado. Todos, com exceção de um passageiro, uma mulher tentava sair do carro e seguir os outros para fora do banco de trás do veículo, mas foi forçada a voltar para dentro pelo homem com o rabo de cavalo, que deslizou ao lado dela. Então outro dos homens entrou do outro lado, prendendo a mulher.
— Temos companhia, —disse Basil calmamente ao lado dela.
— Estou vendo, —Justin respondeu sombriamente, com os olhos no espelho retrovisor.
— Aquela pobre mulher, —disse Stephanie, infeliz, e Sherry olhou ao redor para ver que, como ela, Stephanie também olhava pela janela traseira do SUV.
— Nicholas está atrás do carro deles, —disse Justin enquanto um SUV escuro como o que eles estavam virava para a rua de onde eles vieram. Ela imaginou que Nicholas estivesse os observando e seguindo exatamente por esse motivo.
— Ele será capaz de salvar a mulher no carro? —Perguntou Sherry, preocupada, ao notar que havia duas pessoas no SUV. A pessoa no banco de passageiro do SUV de Nicholas era uma mulher que parecia ter um celular na mão. O telefone de Justin começou a soar quando Sherry viu a mulher levar o telefone ao ouvido.
— Jo? —Justin disse, e Sherry olhou por cima do ombro enquanto ele acrescentou: — Espere. Você está no viva-voz. Deixe-me desligar isso.
Ele pegou seu telefone, que aparentemente estava no console entre os bancos da frente, apertou um botão e colocou o telefone no ouvido. — Continue.
A boca de Sherry se apertou. Ela não era estúpida, e duvidava que sua preocupação de ouvir os dois lados da conversa fosse por causa de Stephanie ou Basil. Ela era a razão pela qual estava tirando a ligação do viva-voz. Isso só podia significar que ele achava que ela não ia gostar do que estava sendo dito.
— Sim. Eu os vejo, —disse Justin. — Não. Eu sei que não podemos levá-los de volta para casa.
Sherry virou-se novamente, para espiar os veículos atrás deles enquanto ouvia a conversa unilateral. Mas ela voltou seu olhar para Justin quando ele disse com interesse: — Uma armadilha? Sim, isso poderia funcionar. Ligue para Mortimer e faça com que qualquer um dos nossos funcionários na área se dirija para lá. Ele ... merda.
Sherry voltou olhar para a estrada atrás deles a tempo de ver o carro que Leo havia roubado de repente se desviar por uma rua lateral. O segundo SUV, com Nicholas dirigindo, imediatamente o seguiu, quando seu próprio SUV desacelerou. Por um momento Sherry pensou que Justin iria se virar e seguir o carro sequestrado também, mas então ele grunhiu algo no telefone e acelerou novamente, o carro deles continuou na direção que estavam indo.
— Eles vão segui-lo e ver se conseguem encurralar o bastardo, —Justin anunciou, jogando o telefone no console novamente. No momento seguinte Sherry se acomodou em seu assento e simplesmente olhou para cada um dentro do SUV. Estavam todos em silêncio, parecendo perdidos em seus pensamentos. Também estavam todos com cara feia, e Sherry suspeitava que ela também estivesse. Essa pessoa, Leonius, era um cara assustador. Ficou aliviada por ele ter desviado para longe deles, mas agora estava preocupada com a pobre mulher desconhecida que havia ficado presa no outro carro. Esperava que Nicholas e Jo pudessem ajudá-la.
Capítulo 3
— Ah merda.
Sherry olhou curiosamente para Stephanie com aquelas palavras murmuradas. Eles haviam atravessado portões com guardas armados há apenas alguns instantes, subiram por uma estrada comprida e sinuosa, e agora paravam em frente a uma casa grande. Sherry estava boquiaberta com o tamanho da mansão, mas não deixou de notar a expressão de dor de Stephanie e seguiu seu olhar até a porta da frente em um homem que acabara de sair. Ele era loiro como Basil, mas seu cabelo era mais platinado do que dourado. Ele também era alto e um corpo bonito vestido em jeans apertados e camiseta. Suas feições eram semelhantes às de Basil e, como ele, era atraente, ou poderia ser, se sua expressão não fosse tão sombria. Ele parecia malvado.
— Quem é esse? —Ela perguntou curiosa.
— Meu irmão Lucian, —disse Basil calmamente.
— Oh, —Sherry murmurou, entendendo a reação de Stephanie ao ver o homem. Ela disse que Lucian arrancaria o couro dela uma vez que Drina e Katricia terminassem de jogá-la nas brasas, e supôs que, pelo fato de Lucian estar aqui, isso significava que o arrancar do couro viria primeiro do que as brasas. Mas isso a fez imaginar qual era o relacionamento dele com Stephanie. Victor era seu pai adotivo, porém a garota não disse quem Lucian era.
Sherry ainda estava tentando deduzir sobre o relacionamento de Lucian com Stephanie quando Justin parou e todos soltaram os cintos para sair. Stephanie arrastou os pés um pouco, obviamente não ansiosa para encarar o homem. Sherry estava seguindo Basil logo atrás antes que a garota conseguisse abrir a porta. O mesmo instinto protetor que a fez fugir com a menina da sua loja fez com que Sherry se movesse ao lado da adolescente enquanto saía, oferecendo seu apoio silencioso.
Stephanie deu-lhe um sorriso fraco de gratidão e depois encarou Lucian e soltou: — Eu sei. Estraguei. Mas só fui até o carro para pegar meu telefone enquanto Drina e Katricia estavam no vestiário. E eu não tinha ideia de que Leo estava na cidade. Pensei que ele estava no sul e tudo ficaria bem. Se eu soubesse, nunca teria saído da loja nem por um minuto. Juro. Eu não quero parar nas garras de Leo novamente. Nunca mais.
Sherry mordeu o lábio e olhou do rosto ansioso de Stephanie para o homem chamado Lucian enquanto o silêncio caía ao redor deles. Seu olhar então deslizou para Justin e Basil. Os dois homens ficaram em silêncio e imóveis, observando Lucian. Na verdade, ninguém estava se movendo, incluindo ela. Era como se o homem tivesse prendido todos no local com algum superpoder secreto. Certamente, ela não tinha nenhum desejo de se mover e chamar a atenção dele. Todos esperaram o que pareceu uma quantidade interminável de tempo e então a porta da frente se abriu e uma pequena morena saiu da casa e deslizou a mão através de um dos braços cruzados de Lucian.
— Você não vai me apresentar a companheira de vida de Basil? —A recém-chegada perguntou, e a coisa mais surpreendente aconteceu ... Lucian relaxou tão abruptamente que parecia uma marionete quando suas cordas são cortadas. Seus ombros caíram, seus braços descruzados para que ele pudesse deslizar um em torno da mulher, e ele virou a cabeça e inclinou-se para pressionar um beijo em sua testa. Ele parecia quase um homem diferente quando se voltou para as quatro pessoas que esperavam.
— Dentro, —ele disse baixinho para Stephanie.
A menina assentiu com a cabeça, o alívio saindo dela em ondas enquanto passava pelo casal com um olhar agradecido para a morena e correu para dentro.
Sherry a observou ir embora, sentindo-se abandonada ... e quão patético era isso? Stephanie era a adolescente. Ela era a adulta. Sherry tinha estado muito preocupada com a menina desde o primeiro encontro, e agora tinha que se perguntar porque de repente se sentia dependente da garota. Bem, isso terminaria agora. Ela era uma empresária bem-sucedida e adulta. Não havia nada que não pudesse controlar, disse a si mesma, e então pulou quando Lucian latiu seu nome.
— Sherrilyn Harlow Carne?
Virando-se bruscamente para o casal nos degraus, Sherry encontrou seu olhar quando ele anunciou: — Esta é minha esposa, Leigh Argeneau.
Ela ofereceu a mão para a outra mulher. — Me chame de Sherry. Eu só fui chamada de Sherrilyn Harlow Carne por minha mãe e foi somente quando eu estava em apuros.
Leigh riu e pegou a mão dela em um aperto caloroso. — Sherry então.
— Sim. E você não está em apuros, —Lucian anunciou secamente enquanto as duas mulheres se cumprimentavam.
Leigh revirou os olhos com as palavras e sorriu ironicamente. — Ignore-o. Somos pais recentes, por isso não estamos dormindo muito neste momento. Isso o deixa irritado.
— Sim, é isso mesmo. Falta de sono devido aos bebês, —Justin disse com um bufo enquanto passava por eles. — Porque Lucian antes deles era um grande urso fofo de pelúcia.
Quando Sherry olhou com curiosidade para o homem que desaparecia na casa, Basileios disse prestativamente: — Justin foi irônico, porque Lucian sempre foi irritado.
Para sua surpresa, quando Sherry olhou de relance para Lucian e ver como ele recebia o anúncio de sua personalidade, o viu assentir em concordância e aparente satisfação. Ele parecia orgulhoso de sua irritação.
— Não se importe com Lucian, —Leigh disse baixinho. — Ele apenas age de forma mais ríspida com os mais jovens para mantê-los na linha. Mas no fundo é um marshmallow.
Agora foi Basil que bufou.
Leigh franziu o nariz para o homem e, em seguida, pegou o braço de Sherry e a levou até a casa, dizendo: — Venha, farei chá para nós duas enquanto nos conhecemos melhor. Vamos ser cunhadas.
— Oh, isso não é ... quero dizer, eu ... nós ... —Sherry gaguejou impotente quando Leigh a levou para dentro. Ficou em silêncio quando Leigh deu um tapinha simpático na mão dela.
— É muito para absorver, eu sei. Mas é melhor não lutar contra isso. Os nanos nunca estão errados.
Sherry não tinha ideia do que eram os nanos que a mulher falava, por isso apenas soltou um gemido embaraçoso e ficou em silêncio depois.
— Bem?
Basil tirou os olhos do traseiro de Sherry para olhar para o irmão e ergueu uma sobrancelha em dúvida. — Bem o que?
— Ela é ou não a sua companheira de vida? —Perguntou Lucian imediatamente.
Basileios fez uma careta. — Como diabos eu deveria saber? Acabei de conhecer a mulher.
Lucian fez uma careta. — Você tentou ler a mente dela?
— É claro, —disse ele irritado, avançando para entrar na casa.
— E? —Lucian perguntou, seguindo e fechando a porta atrás dele.
— Não consigo ler a mente dela, —confessou Basil, mas acrescentou depressa, —mas Stephanie também não conseguiu, portanto, não significa nada. —Ele parou na entrada e se voltou para Lucian. — Você conseguiu lê-la?
— É claro, —disse o homem, como se isso fosse de se esperar. — Apesar de que tive que fazer certo esforço. Suspeito que ela tenha estado ao redor de um Imortal por um longo período de tempo em seu passado e adquirido algumas habilidades naturais em bloquear nossos pensamentos.
Basil assentiu. Isso acontecia com mortais que passavam muito tempo com Imortais, mesmo que eles não soubessem que havia Imortais em sua presença. Suas mentes, inconscientemente, sentiam a sondagem e, instintivamente, aprendiam a construir muros mentais para bloquear a invasão. Isso o deixou curioso, no entanto, sobre quem era o Imortal que Sherry poderia ter convivido.
— Tente lê-la novamente, —disse Lucian, distraindo-o da pergunta. As palavras não eram uma sugestão. Nem as ordens que se seguiram quando ele disse: — E teste os outros sintomas também, comida e assim por diante. Preciso saber se ela é ou não sua companheira de vida antes de decidir o que fazer com ela.
Basil apenas assentiu.
— O que foi? —Lucian perguntou com diversão. — Não vai discutir ou me dizer para parar de mandar em você?
Basil sorriu levemente. Ele costumava se rebelar quando Lucian tentava lhe dar ordens. Por isso Basil era membro do Conselho norte-americano. As pessoas confiavam que ele não se curvaria facilmente as ameaças de seu irmão. Foi também por isso que morava em Nova York. Assim ficava longe o suficiente para não ter que lidar com a prepotência de seu irmão com muita frequência, mas perto o suficiente para ver a família em ocasiões especiais e voar para reuniões de emergências e regulares do Conselho.
— Por que se preocupar em discutir com você quando é exatamente o que eu quero fazer de qualquer maneira? —Basil respondeu. Ele então virou a cabeça para a cozinha, ansioso para ver Sherry novamente.
— Esta é Sam. Companheira de vida de Mortimer e uma advogada como Basil, —Leigh anunciou, levando Sherry para um dos bancos ao redor da ilha na grande cozinha branca e brilhante.
— Oi, —disse Sherry com um sorriso quando a ruiva esbelta no fogão colocou a tampa de volta em uma panela fervendo e se virou para cumprimentá-los.
— Oi de volta, —disse Sam, limpando as mãos em um pano de prato antes de oferecê-la com um sorriso caloroso. Ao apertarem as mãos, ela disse: — Ouvi dizer que você teve que passar por uma provação hoje. Sinto muito por isso. Leonius tem sido um problema há algum tempo. Espero que os garotos o peguem desta vez.
Um bufo do final da sala chamou a atenção de Sherry para o fato de que Justin Bricker estava com a cabeça na geladeira enquanto procurava alguma coisa.
— Não é muito provável, —o homem anunciou enquanto segurava uma bolsa de sangue na mão. — Leo é um bastardo escorregadio. Ele aparece em um lugar apenas o tempo suficiente para fazer todo mundo correr até lá, depois desaparece e aparece em outro lugar a centenas de quilômetros de distância. Inferno, anteontem, ele foi supostamente visto na Flórida. Hoje ele está aqui. Amanhã estará no México.
— Isso é verdade? —Sherry perguntou com uma careta, assistindo Justin acenar com a bolsa de sangue ao redor enquanto ele falava.
— Eu estou com medo, —Leigh admitiu calmamente.
— Sim. —Sam suspirou. — Leo é louco, mas inteligente. Ele nunca fica em qualquer lugar por muito tempo. Às vezes desaparece completamente, só ficamos sabendo que esteve em determinado lugar porque deixa para trás o rastro de crueldade dele.
— Esse rastro pode ser feito pelos filhos, —Justin disse sombriamente. — Ele tem muitos filhos, lembrem-se. E nem sempre estão com ele. Estou supondo que eles andam separados do pai, causam o rastro de sofrimento por conta própria e dessa forma aumentam o mito que é Leonius Livius.
— Sim, —disse Sam novamente, em seguida, balançou a cabeça e virou-se para pendurar o pano de prato sobre a lateral do fogão, dizendo: — Mas chega desta conversa deprimente. Sherry não precisa ouvir mais disso. Seu dia foi bastante difícil. É hora de mudança de tópico. —Voltando-se em sua direção, ela perguntou empolgada, — Então você é a companheira de vida de Basil?
— Oh, eu não ... —Sherry começou a responder baixinho, aliviada quando Leigh deu um tapinha tranquilizador no braço e falou.
— Ela ainda não aceitou isso, Sam. Você se lembra de como é difícil no começo.
— Oh sim, —disse Sam ironicamente e balançou a cabeça quando admitiu: — Eu resisti como uma louca, fiz sem querer a vida de Mortimer um inferno. Fiz minha própria vida um inferno também, na verdade. Só melhorou quando desisti e o aceitei, mas demorei um pouco para chegar até esse ponto.
— Você valeu a pena a espera.
Sherry piscou e olhou para o homem que entrara na cozinha. Alto, com cabelos loiros que tinham pontas escuras sugerindo que já tinha sido tingido de marrom, o homem caminhou até Sam e deslizou seus braços ao redor dela, e então deu um beijo em seus lábios. Sherry supôs que ele deveria ser Mortimer.
Endireitando-se, Mortimer olhou para Justin e disse: — Os cães precisam ser alimentados antes de serem soltos. Você pode ver isso para mim? —Quando o outro homem acenou com a cabeça e saiu da sala, Mortimer olhou para Sam e disse: —Algo cheira bem.
— Encontrei uma receita online para aquela sopa de queijo e cerveja que você gostou tanto quando saímos para jantar na semana passada. Estou fazendo uma panela, —Sam disse com um sorriso.
— Mesmo? —Mortimer perguntou com surpresa agradável.
— Sim, —Sam sorriu.
— Deus, eu te amo, —ele respirou e a beijou novamente, desta vez com paixão suficiente que teria feito Sherry desviar o olhar se tivesse sido capaz. Mas os olhos dela pareciam trancados no casal. Pelo menos estavam até que o som de passos atraiu sua atenção para a porta e viu Basil arrastando Lucian para a cozinha.
— Você vai com Basil, —anunciou Lucian, espetando Sherry com os olhos. — Vocês dois têm questões para resolver, e o resto de nós temos alguns negócios para discutir, então vá.
O homem definitivamente carecia no departamento de comunicação, Sherry pensou, mas depois Basil estendeu a mão e ela esqueceu tudo sobre o irmão enquanto se movia para ele como uma mariposa atraída pela chama.
Sério? Tudo o que ele tinha que fazer era estender a mão e ela ia como se fosse um cachorrinho treinado? Sherry teria ficado aborrecida consigo mesma, exceto que o caloroso aperto de Basil a distraiu.
— Você gostaria de me acompanhar até a sala de estar e conversar um pouco comigo? Ou podemos também andar ao redor da casa, o que acha? —Perguntou Basil enquanto a tirava da cozinha.
— Lá fora, —Sherry decidiu, não tendo certeza do que ele queria conversar, mas suspeitando que era sobre o negócio de companheiro de vida. Se assim for, ela realmente não queria que essa discussão acontecesse onde alguém pudesse ouvir.
Basileios acenou com a cabeça e levou-a ao longo do corredor para uma porta dos fundos e, em seguida, a conduziu para fora.
Sherry olhou ao redor com curiosidade enquanto ele fechava a porta atrás deles. O longo caminho na frente da casa lhe dissera que era uma grande propriedade, mas ainda a surpreendeu ver que a propriedade parecia se estender atrás da casa por uma boa distância. O quintal era grande e bem arborizado. Era margeado de um lado por bosques e do outro pelo calçamento, e então viu mais quintal seguido por mais bosques.
Sherry olhou curiosamente para a entrada da garagem, e mais na frente uma grande estrutura a uma boa distância atrás da casa. O edifício parecia ter apenas um andar, mas era mais largo do que a própria casa, com várias portas de garagem ocupando mais da metade.
Basileios segurou-a pelo braço e a impulsionou na direção do anexo.
Sherry, convencida de que ele a trouxe aqui para discutir esse absurdo de companheira de vida, esperou pacientemente que ele começasse. Infelizmente, Basileios não parecia ansioso para tocar no assunto ou em qualquer assunto. Ele não disse nada enquanto caminhavam, e antes que ela pudesse ter coragem de dizer algo, eles alcançaram o anexo.
— Eu pensei que poderia ser melhor apresentá-la aos cães, —explicou Basileios, abrindo a porta para ela. — Dessa forma, eles vão reconhecê-la como uma convidada bem-vinda quando estiverem patrulhando o quintal.
Os olhos de Sherry se arregalaram com a sugestão e achou uma boa ideia. A última coisa que ela queria era um bando de cães de guarda pensando que era uma intrusa e atacando-a.
Ele a levou por um escritório vazio e, em seguida, caminhou com ela por um corredor à esquerda. Passaram por outra porta e entraram em um corredor com o que pareciam ser celas de prisão distribuídas em um dos lados.
— Desonestos são mantidos aqui até serem julgados pelo Conselho, —explicou Basileios calmamente ao passarem pelas celas.
Sherry assentiu, mas se perguntou de que Conselho ele estava falando. Ela não perguntou a ele, no entanto. Sua curiosidade foi capturada pelo murmúrio de uma voz masculina da frente, acompanhado por um som que ela não reconheceu até que Basileios comentou: — Deve ser hora de alimentar os cães.
Percebeu então que era o som de comida seca de cachorro sendo despejada em pratos de metal e sorriu levemente. — Sim. Mortimer pediu a Justin para alimentar os cães pouco antes de você e Lucian entrarem na cozinha.
Basileios assentiu, e um momento depois eles chegaram à porta de uma pequena sala onde um homem tinha alinhado quatro pratos de cachorro de metal em um balcão e acabava de encher o último. Não era Justin, no entanto, Sherry viu com surpresa como o homem de cabelos escuros olhou em sua direção e ofereceu um sorriso de saudação e um amigável — Oi.
— Olá Francis, —respondeu Basileios. — Onde está Justin? Nós esperávamos encontrá-lo aqui.
O homem encolheu os ombros. — Eu não sei. Ele saiu depois de passar a ordem de Mortimer para eu alimentar os cachorros. Pensei que ele tivesse voltado para casa, mas talvez tenha ido checar Russell no portão.
Basileios balançou a cabeça lentamente, uma pequena carranca puxando seus lábios, e então se adiantou para pegar duas vasilhas que o homem acabara de encher. — Vá em frente e volte para o portão. Eu os levarei para os cachorros. Queria apresentar Sherry a eles de qualquer maneira.
Francis hesitou, mas quando Sherry pegou as outras duas vasilhas, ele assentiu e se dirigiu para a porta. — Obrigado. Se eles não tiverem terminado de comer quando você precisar sair, apenas ligue para portão e eu voltarei e os deixarei sair.
— Vamos deixá-los sair, —garantiu Basileios enquanto conduzia Sherry para uma porta ao lado da sala. — Esses rapazes não demoram a comer, se bem me lembro. Vão engolir a comida rápido.
— Sim, eles vão, —Francis concordou com uma risada, e saiu do quarto.
— São animais treinados, —Basileios avisou a Sherry, parando na porta para se voltar para ela. — Não tente acariciá-los ou ...
— Sem contato, sem falar, sem contato visual, —Sherry interrompeu com diversão, e o informou: — Eu sou uma grande fã do Encantador de Cães12.
Basileios sorriu. — Bem, eu não tenho a menor ideia de quem é, mas ele sabe no que está trabalhando se essas são suas instruções.
— Oh, sim, o cara é um gênio com cachorros, —assegurou Sherry.
— Humm. —Basileios voltou para a porta e colocou uma vasilha em cima da outra para liberar uma das mãos e abrir a maçaneta.
Então empurrou a porta e a levou para uma grande sala com quatro canis ao fundo, cada um com sua própria porta para o lado de fora. — Basta colocar as vasilhas na frente das portas. Vou abri-las depois que os tivermos colocado.
Sherry obedeceu, posicionando-se perto, mas de lado, de cada porta, enquanto pousava a comida para que cada animal pudesse sentir seu cheiro. Ela não olhou diretamente para nenhum dos cães, mas deu uma rápida olhada por alto para descobrir de que raça eram. Não ficou muito surpresa ao descobrir que eles eram pastores alemães.
Depois de pousar as duas vasilhas, Sherry moveu-se e ficou ao lado de Basileios, que terminara de pôr as próprias vasilhas à sua frente. Ela então observou-o apertar um botão ao lado do interruptor de luz. Todas as quatro portas nos canis imediatamente subiram de uma só vez, soltando os cães. Sherry esperou que eles saíssem e corressem em volta dela, farejando como uns loucos para descobrir que seriam esse novo humano no meio deles, mas os cães definitivamente eram bem treinados. Cada animal deu um passo à frente e sentou-se em frente ao prato antes de se virar e pedir permissão a Basileios.
— Vão em frente, —disse ele, e só então os cães começaram a comer.
— Eles ficam aqui o dia todo? —Sherry perguntou curiosa enquanto os observava comer tão bem-comportados que era quase assustador. Eram como soldados peludos sob o olhar atento de seu sargento.
— Não. Pelo que sei que eles passam o dia em casa ou no quintal com Sam ou ficam seguindo Mortimer ao redor, mas ele os coloca aqui por meia hora antes da hora do jantar. Então são alimentados e enviados para patrulhar o quintal. Mortimer alega que a meia hora aqui antes de comerem os ajudam a mudarem de cachorrinhos mimados a saber que é hora de trabalhar.
— Cachorrinhos mimados, hein? —Perguntou Sherry, divertida, observando os cachorros em questão. Eles não pareciam nada mimados.
— Oh sim, Mortimer diz que Sam está arruinando-os, —disse Basileios com um sorriso. — Aparentemente, eles andam escolhendo obedecer a ela do que a ele agora, o que o irrita imensamente.
Sherry riu e continuou a assistir os cachorros comerem, mas sua mente se voltou para a questão deste negócio de companheiro de vida ... bem como o fato de que Basileios não tinha puxado a conversa ainda. Era o grande elefante rosa na sala e estava começando a deixá-la um pouco louca. Tanto que depois de vários momentos, ela olhou Basileios e soltou: — Então, somos mesmos companheiros de vida?
Basileios pareceu brevemente surpreso e depois sorriu ironicamente. — Você gosta de uma abordagem sutil, hein?
— Sim. —Sherry fez uma careta. — E aqui você provavelmente pensando que eu era o tipo de pisar sobre um assunto como um touro em uma loja de porcelana. —Disse ela irônica.
— Nunca, —ele assegurou com um sorriso.
— Hum-rum. —Ela olhou para ele em silêncio, e então ergueu as sobrancelhas. — E?
— Então, —Basil murmurou, seus olhos patinando sobre ela antes de seus lábios torcerem e admitir: — Eu não sei.
Isso a fez franzir a testa. — Stephanie disse algo sobre termos a mesma assinatura energética ou algo assim, mas eu não tenho ideia do que ela está falando. Existe outra maneira de saber?
— Há sintomas, —ele reconheceu.
— Como o quê? —Ela perguntou.
— Como não ser capaz de ler ou controlar a mente do outro, —ofereceu Basil.
Sherry piscou várias vezes e então franziu a testa. — Mas Stephanie disse que não podia ler ou me controlar.
Ele apenas balançou a cabeça como se não fosse grande coisa, mas Sherry estava considerando isso com crescente alarme.
— Meus Deus. Isso não significa que eu possa ser a companheira de vida dela, não é? Ela não acha isso, não é? Porque se for, ficará muito desapontada. Eu não curto mulheres. Quer dizer, uma vez beijei uma quando estava bêbada, mas esse é o limite da minha experimentação nessa área. Sou muito bem resolvida. Eu gosto de pau.
Sherry percebeu o que estava dizendo quando aquelas palavras saíram de seus lábios e era tarde demais para chamá-las de volta. Pior ainda, Basileios definitivamente ouviu todas elas. Seus olhos tinham ficado tão grandes quanto pires e sua mandíbula estava quase no chão.
Fechando os olhos, Sherry apertou as mãos nas bochechas de repente e gemeu, depois abriu os olhos e começou a balbuciar como a idiota que era.
— Desculpa. Uma das garotas que trabalha para mim tem uma camiseta que diz isso. Embora eu ache que realmente diz: ‘Eu amo pau’, e não ‘eu gosto’ e tem uma flecha apontando para o lado, o que eu não entendo porque não é como se houvesse um flutuando no ar ao lado dela ... Bem, a menos que ela tenha um namorado de dois metros de altura e que ele esteja em pé ao lado dela, —acrescentou franzindo a testa, depois balançou a cabeça e continuou, — Além disso, ela também tem uma camiseta dizendo que é a presidente do Clube Fãs da Vagina, então ou ela é bi-curiosa13 ou não estou entendendo a camiseta do pau.
Um som abafado veio de Basileios quando ela se atreveu a fazer uma breve pausa, e Sherry rapidamente acrescentou: — Claro, ela não as usa enquanto trabalha. Ela chega usando, mas muda antes de começar a trabalhar. Eu nunca deixaria um dos meus funcionários usar uma camisa assim na loja. Caramba, normalmente eu nunca diria algo assim. Hoje foi um dia muito maluco e eu realmente acho que talvez meu cérebro deu curto circuito por tudo que aconteceu, e espero que isso não signifique que há algo errado comigo por ter dito que gosto de pau, e não isso ... eu amo isso como a camiseta diz. Eu não quis dizer ...
Sherry foi interrompida abruptamente quando Basileios tampou a sua boca com a palma da mão dele. Ele não fez isso violentamente, mas sua mão de repente cobriu sua boca, impedindo-a de falar, e realmente, ela ficou imensamente agradecida por ele ter feito isso.
Suas palavras ainda estavam ecoando em seus próprios ouvidos e a fazendo se encolher, e honestamente, não tinha ideia do motivo de ter dito nada disso. Talvez estivesse sendo controlada, pensou esperançosa.
— Estou muito feliz que você goste de ... homens, —disse Basil cuidadosamente, — em vez de mulheres. Obrigado por compartilhar isso comigo. No entanto, o fato de que Stephanie não pode ler ou controlar você não significa necessariamente que você seja uma possível companheira de vida para ela. Alguns mortais são simplesmente mais difíceis de ler do que outros, seja por causa de alguma doença física, mental, ou porque ...
Os olhos de Sherry se arregalaram quando ele falou, mas agora ela afastou a mão dele. — Você acha que sou louca?
— O quê? —Ele perguntou surpreso. — Não, claro que não.
— Então eu estou doente? —Ela perguntou preocupada.
— Não, —ele assegurou, acariciando o braço dela. — Não, tenho certeza que você está bem. Suspeito que você tenha, involuntariamente, passado muito tempo na companhia de um Imortal e adquirido algumas habilidades naturais em bloquear nossos esforços para ler seus pensamentos.
— Sério? —Ela perguntou surpresa.
— Sim, sério, —ele assegurou, e depois acrescentou: — Além disso, Stephanie é jovem e ainda está aprendendo a ser capaz de ler todo mundo. Ela pode ter feito uma tentativa superficial e parou quando encontrou o primeiro bloqueio.
Sherry assentiu distraidamente, mas não estava realmente prestando atenção. Estava agora fazendo uma lista em sua cabeça de todos que ela já conheceu, tentando descobrir quem poderia ser o Imortal. Mas ela deixou de lado esse esforço para depois, quando Basil anunciou: — Lucian pode ler você.
Essas palavras foram o suficiente para alarmá-la e fazê-la tentar lembrar o que pensou enquanto estava na presença de Lucian.
— E sendo apenas dois anos mais novo do que ele, eu também deveria poder, —continuou Basil, distraindo-a dessa preocupação também, e então reconheceu: — Mas não posso.
Sherry soltou um suspiro lento, sem saber se deveria ficar feliz com isso.
— E isso geralmente é suficiente para garantir que somos companheiros de vida, —continuou ele. — No entanto, o fato de Stephanie não ser capaz de ler ou controlar você torna isso um pouco menos conclusivo ... pelo menos para mim. Felizmente, há outros sintomas que ajudam a descobrir se você é minha companheira de vida.
— Como o quê? —Ela perguntou curiosa, pensando que o homem definitivamente falava como um advogado.
— Bem, depois de um tempo, os Imortais se cansam de comida e de outros prazeres e se abstêm deles, exceto em ocasiões especiais e reuniões de família, —explicou ele. — A chegada de um companheiro de vida pode despertar a fome.
Sherry assentiu. Stephanie já havia dito isso a ela. Inclinando a cabeça, perguntou: — E você está com fome?
Basil fez uma careta. — Ainda não, mas também não encontrei comida pela frente enquanto estou com você ... a menos que contemos comida de cachorro, o que eu não faço.
— Não, eu não acho que a comida de cachorro conta, —Sherry concordou com diversão, e então olhou para baixo quando sentiu uma cutucada em sua perna.
Dois dos cães acabaram de comer e vieram investigar. Eles estavam cheirando as pernas com interesse. Seu olhar deslizou para os outros dois cachorros quando ambos terminaram e vieram se juntar a seus amigos. — Parece que eles terminaram. Por que não os deixamos sair e depois voltamos para casa e ver se a comida atrai seu interesse?
Basil assentiu, seus ombros relaxando, e foi só então que ela percebeu que ele estava um pouco tenso. Ela se perguntou sobre isso, porque a sensação que sentia sair dele era uma vibração completamente calma e suave. Na verdade, foi essa vibração que a ajudou a relaxar tão rapidamente com ele. Agora parecia que Basil não estava tão relaxado com essa situação quanto ela pensava. De acordo com Stephanie, encontrar uma companheira de vida era épico, então se essa era a sua maneira de lidar com a tensão, o cara era um tranquilizante ambulante ... Ela gostou, Sherry pensou enquanto o seguia até a porta, os cachorros em seus calcanhares. Poderia ter um pouco de tranquilidade em sua vida.
Eles estavam andando de volta pelo corredor quando o primeiro cachorro cutucou sua mão direita, enfiando o nariz sob o convite. Sherry deu a ele, ou a ela, um carinho rápido enquanto caminhava, e depois fez o mesmo com o cachorro à sua esquerda quando esse a cutucou também. Supôs que isso significava que tinha sido aceita pela matilha, o que era uma coisa boa. Não queria ficar nervosa com esses belos animais. Não que ela planejasse ficar muito tempo, mas chegar até o carro quando fosse a hora de ir embora seria estressante se os cachorros não tivessem decidido gostar dela.
No minuto em que Basil abriu a porta, os cachorros recuaram para trás de Sherry e a deixou sair primeiro. Eles então os seguiram, mas ficaram perto até Basil dizer: — Vão em frente. Guarda.
Todos os quatro cães partiram de uma só vez, dando a volta na casa em direção à frente.
— Todos eles guardam apenas o jardim da frente? —Perguntou Sherry, curiosa, enquanto ele fechava a porta do anexo e a levava embora.
— Não. Eles provavelmente estão indo até o portão para cumprimentar Francis e Russell antes de começarem as rondas, —explicou Basil, pegando-a pelo braço e virando-a para a casa. — Agora vamos ver se tenho um súbito interesse por comida.
Capítulo 4
— Que cheiro horrível é esse? —Basil tinha acabado de abrir a porta dos fundos da casa, e o cheiro mais horrível que já sentiu em um longo tempo deu um soco no seu nariz quando entrou.
— O que? Eu não ... Oh, —Sherry disse quando o cheiro aparentemente chegou a ela. Franziu o nariz e disse: — Algo está queimando.
— Sim, —concordou Basil, correndo para a cozinha, de onde o odor parecia estar vindo. Surpreso, encontrou a cozinha vazia, e então parou, e olhou em volta tentando encontrar a fonte do cheiro. O cheiro havia tomado conta de todo o ar do ambiente e era difícil dizer o que estava causando isso. Ele esperava encontrar o ambiente em chamas.
— A sopa, —disse Sherry, passando por ele e chegando ao fogão. Ela desligou o botão do fogão e rapidamente pegou a panela, com a intenção de jogá-la debaixo da torneira de água fria, mas com o mesmo reflexo rápido que pegou, soltou a panela de volta com um grito de dor.
— Aqui. —Basil estava imediatamente ao seu lado, levando-lhe para a pia e jogando água fria sobre as mãos. A panela estava quente, ele adivinhou.
— Tudo bem, elas não queimaram, Sherry assegurou, mas não lutou com ele, aceitando colocar as mãos dela debaixo da torneira. — Apenas doeu e me pegou de surpresa.
Basil assentiu e deu um tapinha no braço dela. Ele então se moveu para cuidar da panela, dizendo: — Ainda assim, mantenha as mãos debaixo d'água por um minuto ou dois para ter certeza.
Ele moveu a panela para cima do balcão, franzindo o nariz com repugnância pelo fedor que saía dela. A sopa tinha cheirado muito bem quando ele entrou na cozinha mais cedo, mas agora ... Basil estremeceu ao pensar em alguém tentando comer.
Terminado com a panela, foi até as janelas e começou a abri-las para deixar o cheiro sair.
— Como estão suas mãos? —Ele perguntou enquanto trabalhava.
— Boas, —assegurou Sherry, e ouviu a água se desligar. — Um pouco dolorida, mas isso vai passar.
Basil olhou por cima do ombro quando ela terminou de secar as mãos com um pano de prato e se inclinou para abrir as janelas acima da pia para ajudá-lo.
— Pronto, —disse Sherry um momento depois, quando todas as janelas estavam abertas. — Espero que o cheiro saia rapidamente.
Basil assentiu e esperou que ela estivesse certa. Os Imortais tinham um olfato melhor do que os mortais e isso era horrível para ele.
— Ah não!
Aquele grito veio de Sam quando ela correu para a cozinha indo em direção a sua sopa. — Droga, —ela amaldiçoou, pegando uma colher grande e verificando o fundo da panela antes de parecer derrotada.
— Talvez possamos salvá-la, —disse Sherry simpaticamente, enquanto se movia para o lado da mulher.
— Não, há uma grossa camada de fundo queimado, —disse Sam, infeliz. — O sabor de queimado já está todo na sopa. —Suspirando, ela colocou a colher no balcão e levou a panela para a pia. Enquanto jogava a sopa no lixo, balançou a cabeça e murmurou: — Eu só me afastei por um minuto para ir ao banheiro, mas então a pequena Gemma começou a chorar e eu parei para ver como ela estava. Leigh chegou e eu estava prestes a voltar, mas aí o Luka começou a se mexer também ... —Ela balançou a cabeça, impotente. — A próxima coisa que eu senti foi um cheiro ruim entrar no quarto. Deus, isso fede, não é?
Sherry sorriu timidamente quando a mulher acenou com a mão na frente do rosto, mas não queria insultá-la concordando. Fedia, no entanto. Para mudar de assunto, ela perguntou: — Quem são Gemma e Luka?
— Eles são os bebês de Leigh e Lucian, —explicou Basil, encostado no balcão ao lado dela. — São gêmeos e seu nascimento foi parte da razão pela qual fiz uma visita. Isso me deu uma desculpa para visitar Katricia sem ela pensar que eu estava a checando.
— Ah, —disse Sherry com diversão. — Mas você veio? Checá-la, quero dizer.
— Claro. Eu sou um pai, —ele disse com um encolher de ombros.
Sherry sorriu e depois olhou de volta para Sam. Vendo o desalinho de seus ombros e sua expressão infeliz enquanto mexia com o triturador de lixo, Sherry deu um tapinha nas costas com simpatia. — Cheirava incrivelmente gostoso na primeira vez que entrei na cozinha. Aposto que o gosto era ainda melhor. Ajudarei você a fazer mais, se quiser.
Sam fez uma careta quando desligou o triturador de lixo e se virou para Sherry. — Eu não tenho ingredientes para fazer mais. Bem, eu tenho a cerveja, só usei uma delas na receita, mas não tenho queijo ou creme ou ... —Ela encolheu os ombros com desgosto e despejou sabão no fundo queimado da panela, e então começou a derramar água quente dentro. — Eu acho que será pizza de novo hoje à noite.
Basil viu o alarme cruzar o rosto de Sherry, e então foi até a geladeira dizendo: — Deve haver algo aqui para ... porcaria!
Curioso, Basil mudou-se para ver o que havia levado aquela reação. Sherry abriu a porta da geladeira, mas estava de pé na abertura, boquiaberta com o conteúdo, então ele teve que se mover para trás e olhar por cima do ombro dela. Ele estremeceu quando viu que, além do leite, da manteiga e de um talo de aipo murcho, a geladeira continha apenas uma caixa de seis garrafas de cerveja com uma em falta, e bolsas e mais bolsas de sangue.
— Desculpe, —disse Sam com uma careta. — Esta noite é a noite de compras de supermercado. Normalmente, vou ao supermercado de vinte e quatro horas por volta da meia-noite para evitar filas. Além disso, Mortimer gosta de ir comigo e ele não é uma pessoa da manhã. —Ela olhou ao redor e acrescentou: — Justin está constantemente comendo. Isso torna difícil manter comida neste lugar, mas há algumas refeições congeladas no freezer se você estiver com fome e não quiser esperar por pizza.
Quando Sherry olhou em sua direção, Basileios balançou a cabeça. — O cheiro matou completamente qualquer possibilidade de eu querer comida, mas se você estiver com fome ...
Suspirando, ela balançou a cabeça e fechou a porta. — Eu não estou com fome. Dei umas duas mordidas de pizza no restaurante. Isso foi só para ver se ... —Ela se interrompeu com um olhar autoconsciente para Sam, e então perguntou para ele sussurrando: — Há outras maneiras de saber?
Todos os imortais tinham audição superior, então Basil não ficou surpreso quando Sam perguntou distraidamente: — De saber o quê?
Sherry mordeu o lábio e encontrou seu olhar brevemente, e então admitiu: — Saber se ele é meu companheiro de vida ... ou se eu sou a dele, eu acho.
— Oh. —Sam estremeceu. — Eu suponho que isso estragou o teste da comida, hein?
— Temo que sim, —disse Basileios gentilmente.
Sam assentiu. — Bem, então há o teste do prazer compartilhado.
— Prazer compartilhado? —Sherry perguntou curiosamente. — O que é isso?
Sam abriu a boca, fechou-a, corou, depois secou rapidamente as mãos, murmurando: — Acho que vou deixar Basil explicar para você, ou te mostrar. Isso é realmente mais eficaz de qualquer maneira. Vou deixar vocês dois sozinhos.
Sherry olhou para ela com surpresa quando a mulher saiu correndo da cozinha. Quando ela se virou para olhar para ele, Basil sorriu.
Limpando a garganta, ele começou: — A comida não é o único prazer pelo qual perdemos o interesse ao longo do tempo. O sexo também se torna ... ééé... chato?
— Chato? —Suas sobrancelhas se levantaram com esta notícia. — Tá brincando né? Quero dizer, Stephanie mencionou algo sobre companheiros de vida fazendo sexo alucinante, mas ...
— Até mesmo o sexo se torna chato depois de vários séculos, —ele assegurou solenemente.
— De jeito nenhum! Sexo é incrível, —disse Sherry com uma risada, e depois acrescentou: — Você deve estar fazendo errado.
Basil endureceu um pouco ao julgamento, mas depois notou o brilho nos olhos dela e percebeu que ela estava provocando-o novamente. Ele estava começando a reconhecer quando Sherry brincava, notou, e achou esse fato reconfortante. Mesmo assim, respondeu seriamente. — A habilidade não tem nada a ver com isso. Todos os Imortais acabam se cansando do sexo depois de algum tempo. No entanto, encontrar uma companheira de vida estimula um interesse renovado nesse departamento, assim como a comida.
— Uau, —Sherry respirou, e por um momento ele pensou que ela estava chocada com o que ele tinha acabado de dizer ... e ela estava, só que não da maneira que ele pensava. Chegou a essa conclusão quando ela acrescentou: — Só um advogado poderia fazer a paixão soar tão mundana. Sério? ‘Um companheiro de vida estimula um interesse renovado nesse departamento?’ —Ela inclinou a cabeça e perguntou: — Isso traduzido para minha língua seria: o torna excitado novamente, certo?
O brilho em seus olhos tirou qualquer ofensa de sua pergunta, e realmente o fez rir. Ela certamente tinha um jeito com as palavras, ele pensou enquanto concordava com a cabeça.
— Entendo, —disse Sherry lentamente, e depois perguntou: — Mas e esse negócio de prazer compartilhado?
— Ah. —Ele se atrapalhou brevemente, e então simplesmente disse: — Se você for minha companheira de vida e nós ... ééé ... quando te tocar, sentirei o prazer que você sente e vice-versa.
Sherry pareceu considerar isso, e então subiu na ponta dos pés e apertou os lábios contra os dele. Pego de surpresa, Basílio não reagiu a princípio, e antes que ele pudesse, ela se levantou de novo para inclinar a cabeça e olhar para ele com os lábios franzidos. — Nada. Talvez não sejamos ...
Desta vez Basil silenciou Sherry beijando-a. Ele não podia se ajudar. Estava observando seus lábios enquanto ela falava desde que a conheceu, e eles eram cheios, e de aparência doce e suave. Realmente eles eram os lábios mais sensuais que já tinha visto, e já tinha visto muitos lábios ao longo dos milênios desde que nasceu. Mas também fez isso porque não queria ouvi-la dizer que ela não era sua companheira de vida.
Sherry não era pequena e loira. Não era dócil. Na verdade, não era nada como a mulher que ele achava que seria sua companheira de vida, mas parecia ser perfeita. Parecia certo estar com ela. Ele não tinha outro jeito de descrever isso. Esperava estar nervoso e até um pouco ansioso ao seu redor. Afinal, acreditava-se que ela era sua companheira de vida, uma mulher que ele desejaria ter e que o aceitaria, uma mulher que ele queria convencer a passar o resto de sua vida ao seu lado. Deveria realmente estar nervoso e ansioso. Em vez disso, imediatamente se sentiu confortável e em paz em sua presença. Não sentia que tinha que se monitorar ao redor dela; não precisava ser o que não era. Poderia ser apenas ele mesmo e isso era o suficiente.
Sendo esse o caso, foi uma espécie de choque quando sua boca cobriu a dela e paixão rugiu através dele como um raio. Ele não estava preparado para isso. Pensou que o desejo viria lentamente.
Lábios se entrelaçaram, línguas dançaram e calor deslizou através dele. Basil não estava pronto para a explosão de desejo que roubou sua respiração junto com seu bom senso. Até esqueceu onde estava e que qualquer um poderia entrar a qualquer momento. Caso contrário, teria malditamente arrancado suas roupas e copulado14 com Sherry no balcão da cozinha.
Ele não fez isso, mas queria, e chegou muito perto. No momento em que a onda de paixão passou por ele, foi como se uma coleira tivesse sido removida. Basil saltou sobre Sherry como um animal babando, as mãos se fechando ao redor dela e a puxando para mais perto antes de levantá-la e colocá-la em cima do balcão da cozinha. Ele mal a colocou lá quando suas mãos estavam se movendo, tentando tocar cada centímetro disponível dela de uma vez. Elas deslizaram pelos lados, deslizaram ao redor de seus ombros para pressioná-la mais perto, de modo que seus seios lhe tocaram o peito, então suas mãos deslizaram para baixo e ao redor para encontrar seus seios através do tecido de sua camisa. Mas elas pararam lá brevemente antes de se afastarem para trás e ir em direção as suas costas, apertando seu traseiro com prazer enquanto ela chupava a língua dele. Basil puxou a sua cintura para mais perto se encaixando dentro das pernas dela, enquanto ele empurrava a parte superior do corpo dela para trás com seu beijo.
Sherry estava, por sua vez, ofegando e gemendo, seu corpo se mexendo, contorcendo-se e arqueando-se, mas ela não podia, nem mesmo pela sua vida descobrir como tinha chegado a esse ponto. Um minuto estava sugerindo que talvez ela não fosse a companheira de vida de Basil, e no seguinte a boca dele estava na dela e ela estava pegando fogo. Tudo aconteceu muito rápido. Pega de surpresa por ter sido beijada por Basil tão abruptamente, Sherry não reagiu no início. Ela permaneceu completamente imóvel. Mas então sua língua forçou seus lábios separados e ... bem, francamente, todo o inferno se soltou em seu corpo. Seu cérebro se fechou e seu corpo veio a vida de uma maneira que nunca tinha experimentado antes.
E nada que eles faziam era o suficiente.
Sherry não lutou quando ele a levantou do chão e a carregou até o balcão. Ela sentiu suas costas encostarem na bancada e então ele a colocou em cima e a dobrou o suficiente para que as mãos dele pudessem deslizar sobre o corpo dela. Isso era como aquelas imagens que ela tinha visualizado em sua cabeça mais cedo no carro, exceto que agora não estava nua.
Mas ela queria estar.
Deus querido, ela queria sentir cada centímetro de sua carne nua contra a dela. Sua pele parecia gritar por isso e seu corpo estava chorando por isso. Podia sentir a paixão jorrando através dela e se acumulando desesperadamente nos lugares mais sensíveis do seu corpo.
Gemeu quando uma das mãos dele encontrou um dos seios e a outra começou a puxar seu top, Sherry se preparou para ajudá-lo com a tarefa de remover o tecido que impedia o seu toque...
— Eu diria que vocês são definitivamente companheiros de vida.
Sherry ouviu as palavras de Lucian, mas realmente não conseguia se concentrar no que ele falou, até que percebeu que Basil estava ainda em cima dela. Ela não sabia se a ação seguinte de Basil era resultado da idade dele, porque ao invés de agir como um adolescente e pular imediatamente de cima dela, todo agitado e envergonhado, ele, em vez disso, quebrou o beijo e recuou apenas o suficiente, lhe dando um espaço para arrumar suas roupas e se recompor, protegendo-a de seu irmão com seu corpo enquanto ela o fazia. Depois que ela terminou, ele perguntou: — Está tudo bem?
Sherry assentiu e, consciente de que estava corando, mas incapaz de fazer algo a respeito sobre isso, decidiu ignorar sua vergonha e obrigou-se a se controlar, determinada a ser tão composta quanto ele.
— Essa é a minha garota, —Basil murmurou encorajando-a, e apertou os seus braços antes de levantá-la do balcão, deslizando o braço em volta de sua cintura e virando-a com ele para encarar seu irmão.
Sherry olhou para o homem, grata ao descobrir que ele estava pelo menos sozinho, e então olhou para Basil enquanto dizia a Lucian com grande desenvoltura: — Parece que sim.
Lucian assentiu. — Bom. Isso nos poupa um pouco de mão de obra, o que infelizmente nos falta ultimamente graças a Marguerite e à sua equipe. —Ele franziu o cenho ao dizer isso e depois anunciou: — Vocês dois ficarão aqui esta noite e depois acompanharão Stephanie e as garotas de volta a Port Henry amanhã ... você vai ficar com eles na Casey Cottage15.
Sherry franziu a testa. — Eu tenho um negócio para administrar. Não posso simplesmente ...
— Você não pode voltar para o seu negócio agora, —Lucian interrompeu com firmeza. — Leonius viu você com a nossa mocinha Stephanie. Ele sabe onde fica o seu negócio e é um bastardo maluco e vingativo. Quando ele não conseguir encontrar Stephanie, é provável que volte para sua loja e desconte em você e em qualquer outra pessoa na vizinhança.
Sherry suspirou e assentiu com relutância, entendendo tudo o que ele disse. Na verdade, não tinha nenhuma vontade de voltar à loja agora se houvesse uma chance de Leonius voltar.
— Certo. Entendo que não posso voltar para a loja por enquanto, e estou disposta a ir com Basil e as meninas amanhã, —ela concordou, e depois acrescentou: — Mas não há necessidade de eu ficar aqui hoje à noite. Eu tenho que voltar para casa, arrumar algumas roupas, pegar minha escova de dentes e outras coisas, minha bolsa ainda está na loja. Eu ...
— Justin vai te arrumar uma mala, —anunciou Lucian. — E eu mandarei alguém pegar sua bolsa na loja. Mas você vai ficar aqui esta noite.
Com essa nota, Lucian pegou sua bolsa de sangue com ele, virou-se e saiu da sala.
Sherry olhou para ele até que desapareceu da sua vista e depois se virou para Basil e disse: — Ele sabe que os dias dos senhores feudais e a escravidão acabaram, não sabe?
Basil sorriu. — Ele é um bastardo arrogante e mandão como o inferno, não é?
— Definitivamente, —Sherry disse irritada.
A expressão de Basil ficou séria. — Mas ele quer dizer realmente o que disse, e está certo sobre ser mais seguro você ficar longe de sua loja e de sua casa. Se Leonius colocou na cabeça de ir atrás de você, não seria preciso muito esforço para ele descobrir seu nome e onde você mora.
— Como? —Perguntou Sherry franzindo o cenho.
— Ele e seus homens estiveram dentro das cabeças de seus funcionários. Saberá todo o tipo de coisas sobre vocês, será capaz de localizá-los e descobrir com eles quem você é e onde você mora. —Quando ele viu Sherry ficando chateada, acrescentou baixinho: — Embora, tenho certeza que Lucian tem pessoas observando seus funcionários. Ainda assim, é melhor ficar aqui por agora, em vez de correr riscos.
— Certo, —disse Sherry suspirando, e se encontrou consciente de um novo mundo hoje, um que tinha mais a ver com ‘A Hora do Espanto’ do que com Leave It to Beaver16. O pensamento a fez franzir a testa e murmurar: — Hoje.
— Hoje o quê? —Perguntou Basileios.
— Era meio da tarde quando Stephanie entrou na minha loja ... e nós corremos na luz do sol depois. — Virando-se para ele, ela acrescentou: —E você e eu caminhamos para o anexo na luz do sol também.
— Ah. —Basileios assentiu. — Entendo que Stephanie não teve a chance de explicar nossas origens para você?
— Suas origens, —ela murmurou, e então balançou a cabeça. — Ela disse que vocês não estão mortos e sem alma, mas não explicou exatamente mais nenhum detalhe de como e o que realmente são.
Basil assentiu e pegou a mão dela. Quando ele se virou para a porta do corredor, disse: — Bem, então vamos encontrar um canto tranquilo e eu irei explicar tudo agora.
— Sherry? Você está bem?
Aquela pergunta de Basil fez com que ela sorrisse e assentisse. Mas Sherry não tinha certeza se estava bem depois de ouvir as explicações que ele tinha acabado de dar a ela sobre seu povo e suas habilidades. Estavam sentados em uma pequena sala no andar principal e Basil havia passado a última meia hora dando as explicações que prometera. Agora estava tentando absorver o que tinha ouvido.
— Você não falou nada, —apontou Basil com uma carranca. — Não fala nada desde que comecei a explicar.
Não havia como negar a preocupação em sua voz e em seu rosto, e ela supôs que pudesse entender essa preocupação. Ele apenas deu a ela muitas informações, dizendo coisas que fariam a maioria das pessoas acharem que estavam enlouquecendo. No entanto, depois do que Stephanie lhe contara antes, das coisas malucas que tinha visto ... E todo aquele sangue na geladeira, sacos empilhados em cima uns dos outros, lotando-a.
— Sherry? —Basil repetiu, definitivamente preocupado agora.
— Estou apenas processando tudo, —ela assegurou-lhe calmamente, e então limpou a própria garganta e disse: — Então, deixe-me ter certeza de que entendi tudo isso ... Atlântida existia. Era tecnologicamente avançada, como os mitos sugerem. Os cientistas de lá desenvolveram uma tecnologia ... ééé ... algo ou, como você chamou, nanos, essas coisas poderiam ser introduzidas no corpo e deveriam curar doenças e curar feridas sem a necessidade de cirurgia ou quimioterapia e outras coisas.
Quando ela fez uma breve pausa, ele assentiu. — Isso mesmo.
— E esses nanos correm no sangue.
— E usa o sangue para fazer seus reparos, —ele inseriu.
— Certo. Mas isso significa que eles precisam de muito sangue, mais do que o corpo de pessoas como você pode fornecer.
— Mais do que um ser humano pode fornecer. Somos humanos também, Sherry, —disse ele em voz baixa.
Ela achou que isso era discutível. Os atlantes podem ter começado a vida como humanos, mas parecia que agora eles eram uma espécie de povo cibernético.
— Mas você tem razão, o corpo humano não pode produzir sangue suficiente para suportar o trabalho que os nanos precisam fazer, —acrescentou ele quando ela não comentou.
Sherry apenas assentiu e continuou. — Então, você está dizendo que em Atlântida eles lidavam com essa pequena falha com transfusões de sangue. Mas então a Atlântida caiu e aqueles de vocês que sobreviveram escalaram as montanhas para se juntar ao resto da sociedade e ... —Pausando, ela inclinou a cabeça e franziu a testa. — O que você quis dizer quando disse que Atlântida caiu? E vocês realmente tiveram que escapar? Não poderiam ter apenas ficado e reconstruído? Por que tiveram que se juntar ao resto do mundo? Como o resto do mundo se separou de vocês? Certamente não eram apenas as montanhas? E como poderia o resto do mundo estar tão atrasado tecnologicamente? Por que seu povo não compartilhou sua tecnologia com outros povos? Droga, se o resto do mundo soubesse disso, eles teriam roubado, mas como eles poderiam não saber? E ...
— Respire, —Basil instruiu.
Sherry fez uma careta. — Eu sinto muito. É só que ...
— Não precisa se desculpar. Eu deveria ter explicado essas coisas. —Ele sorriu ironicamente e então admitiu: — Esta é a primeira vez que tenho que explicar nossas origens a alguém.
— Sério? —Ela perguntou surpresa.
Basil encolheu os ombros. — Não somos encorajados a compartilhar nossa existência com os outros, temos uma boa razão para isso.
— Ah, —ela murmurou.
— A Atlântida era isolada do resto do mundo por montanhas. Tenho certeza de que haviam alguns atlantes que viajavam pelas montanhas para explorar, mas eu pessoalmente não conhecia ninguém que fizesse isso. A maioria era feliz por permanecer em Atlântida. Até o dia em que ela não existia mais, —acrescentou tristemente, depois respirou fundo e continuou: — Quando eu disse que caiu, quis dizer isso literalmente. Ela sofreu uma série de terremotos e desmoronou, deslizando para o mar. Não havia nada ... e nenhum lugar para reconstruir. E poucos preciosos sobreviventes para reconstruí-lo. Os únicos sobreviventes foram aqueles que tinham os nanos.
— Todo mundo em Atlântida não tinha os nanos? —Ela perguntou surpresa.
— Não. Foi testado apenas em uma dúzia de pessoas que foram mortalmente feridas ou fatalmente doentes antes que os cientistas percebessem a falha. Meus pais estavam entre eles e meus irmãos e eu herdamos os nanos ao nascermos.
— A falha? —Ela perguntou.
— Os nanos foram programados para devolver o hospedeiro à sua condição máxima de saúde e, em seguida, se autodestruir e se desintegrar no corpo do paciente.
— Então, alguém tem câncer, toma uma injeção cheia de nanos, eles matam a doença e depois se desintegram e você está normal de novo? —ela perguntou.
Basil assentiu. — Sim, isso foi o que eles esperavam que acontecesse.
Ela arqueou uma sobrancelha. — Então, por que isso não aconteceu?
— Porque ao invés de programarem tipos diferentes de nanos para cada problema, como programar um tipo de nano para tratar o câncer, outro para reparar o rim, outro para reparar as artérias, etc., eles escolheram o caminho mais simples e programaram os nanos com toda as informações sobre o corpo humano, —explicou ele. — E, como eu disse, programaram os nanos com a missão principal de deixar o corpo do seu hospedeiro em sua condição máxima de saúde.
Ela balançou a cabeça, ainda confusa.
— Embora tenha sido administrado a pacientes com doenças fatais ou que sofreram traumas internos, o corpo humano voltou para a saúde e aparência do auge dos vinte anos.
Suas sobrancelhas se levantaram. — Então, ao invés de apenas curar ou consertar, eles agiram como a fonte da juventude, fazendo de qualquer pessoa mais velha uma pessoa jovem novamente.
— Sim, mas o problema não terminou aí. Deixar o corpo em uma condição máxima de saúde é um processo interminável. Entre os danos causados pelo sol, a poluição ou mesmo o simples envelhecimento, os nossos corpos estão constantemente precisando de reparos.
— Então, uma vez que consertam uma coisa, outra coisa já precisa de conserto, —disse Sherry, compreendendo. — Os nanos estão sempre trabalhando e nunca se autodestrói.
— Exatamente, —ele disse, recostando-se, e então deu de ombros e acrescentou: — Uma vez que os cientistas perceberam isso, eles pararam os testes e voltaram a trabalhar nos nanos na tentativa de encontrar uma maneira de lidar com esse problema.
— Eu estou supondo que eles nunca tiveram sucesso, —disse Sherry calmamente. — Caso contrário, você e os outros não estariam ...
— Não, —ele concordou solenemente. — A queda aconteceu antes que eles conseguissem fazer isso, e os únicos sobreviventes eram os atlantes com nanos, os pacientes dos testes e seus descendentes. E então apenas cerca de sessenta por cento de nós, portadores de nanos, sobrevivemos.
— Então apenas sete ou oito de vocês sobreviveram?
— Não. Havia mais do que isso no momento da queda. Como eu disse, foi originalmente testado em doze sujeitos, mas esses doze se casaram e tiveram filhos ... —Ele encolheu os ombros. — Eu não tenho certeza de quantos saíram exatamente. Conhecia pelo menos vinte, mas nem todos saímos juntos. Outros tomaram rotas diferentes. Por exemplo, ninguém sabia que algum Sem Presa havia escapado. Nós nem sabemos como eles conseguiram isso. A conclusão a que chegamos foi que eles foram libertados por um dos cientistas, ou talvez apenas escaparam e escalaram quando os prédios começaram a desmoronar.
— Libertados? —Ela perguntou confusa.
— Os Sem Presa eram perigosos, loucos e sádicos, basicamente um monte de Jack, O Estripador17. Eles foram trancados, —ele disse baixinho, e então admitiu com desgosto, — Suspeitamos que os cientistas experimentaram neles, tentando remover os nanos.
— Então os atlantes eram pessoas iluminadas, —ela disse sarcasticamente. — Dispostos a experimentar as vítimas de suas próprias invenções.
— Eles eram apenas pessoas, Sherry, —disse ele em voz baixa. — E como em toda sociedade, também tivemos pessoas boas e pessoas más.
— Certo, —ela disse com um suspiro, então comentou: — Então, se nem todos vocês conseguiram escapar da tragédia, quer dizer que a sua espécie pode morrer? —Soavam como se não pudessem.
— Oh sim, nós podemos morrer. É mais difícil nos matar. Tanto quanto sei, apenas a decapitação ou a morte pelo fogo pode nos matar, —disse ele em voz baixa.
— Entendi, —ela murmurou. Sherry parou por um momento, pensou nisso e depois voltou para a conversa original. — Então, sessenta por cento dos atlantes com nanos sobreviveram ...
— Isso não inclui os Sem Presas, —ele inseriu.
Ela assentiu. — Mas aqueles de vocês que sobreviveram ficaram sem nada. Sem casa, sem pátria, sem transfusões.
Basil assentiu.
— Então os nanos te deram presas e ... habilidades, —ela terminou sem jeito.
— Presas, força extra, visão noturna, dons e habilidades que nos tornariam mais capazes de obter o sangue que precisávamos.
— Certo, mas eu não entendo como os nanos ... —ela hesitou, procurando as palavras certas e, finalmente, encontrou, — sabiam como fazer isso, eu acho. Quero dizer, você disse que eles foram programados para reparar lesões e outras coisas, mas quem os programou para dar presas e tudo mais?
— Tenho certeza de que ninguém programou isso neles, —disse ele. — Acredito que foi apenas a solução para o problema quando a Atlântida caiu e nos encontramos sem nenhuma maneira de conseguir transfusões de sangue para obter o sangue de que precisavam. Nos fazer conseguir sangue era a única maneira dos nanos cumprirem com a sua programação para nos mantermos saudáveis e vivos. Sem essas habilidades, nós teríamos morrido. De fato, alguns de nós morreram sem evoluir.
— Então esses nanos podem pensar? —Ela perguntou com uma carranca.
Basil franziu o cenho também e começou a sacudir a cabeça, mas então seus olhos se arregalaram um pouco e ele disse: — Acho que de certa forma eles podem.
Ele pareceu chocado com a ideia, e por um momento ambos ficaram em silêncio, e então Sherry soltou o ar que ela não tinha percebido que estava segurando e disse: — Então, Atlântida caiu, seu povo se juntou ao resto do mundo, cresceram presas e ... oh, ei! —Ela se interrompeu de repente. — Stephanie disse que Leo e seus homens eram Sem Presas. Ela disse que era Desden-alguma-coisa também, e depois disse que era imortal, então eu não tenho certeza se entendi ...
— Desdentado, —explicou ele. — É um imortal sem presas.
— Isso não seria um Sem Presas, então? —Ela perguntou confusa.
— Não. Os Sem Presas são do mesmo tipo de nanos que os Desdentados, mas enquanto os Sem Presa ficaram insanos, os Desdentados são os que sobreviveram a transformação com a sanidade intacta. Eles são muito parecidos conosco, apenas sem as presas.
— Havia mais de um tipo de nanos? —Ela perguntou com interesse.
— Sim. A primeira rodada de experimentos com nanos foi muito menos bem-sucedida. Um terço dos pacientes morreu, um terço saiu dos testes insano e apenas um terço saiu aparentemente bem. No entanto, aqueles que sobreviveram a transformação com os primeiros tipos de nanos, insanos ou não, nunca desenvolveram presas depois da queda. A maioria deles que sobreviveram à queda morreu quando não produziu presas.
— E Stephanie ...?
— Foi transformada por Leonius Livius, um Sem Presas, —explicou ele em voz baixa. — Assim sua irmã, Dani também. Felizmente, as duas sobreviveram a transformação com a sanidade intacta.
— Leonius é o Leo que invadia a minha loja? —Sherry perguntou, e ele assentiu.
— De qualquer forma, —disse Basil, — quando o primeiro tipo de nanos mostrou resultados muito ruins, eles mudaram a programação, e os novos nanos melhorados foram introduzidos em um novo grupo de pessoas, que mais tarde se tornaram os Imortais que desenvolveram presas. É muito raro alguém transformado por um Imortal com presas morrer no processo de transformação e ninguém nunca ficou insano ... bem, isso é possível se esse alguém for louco de antemão, —ele disse com um sorriso.
— Certo, —disse Sherry em voz baixa. — Você é um Imortal ... com presas?
Ele assentiu.
Sherry hesitou e perguntou: — Posso vê-las?
Ele piscou surpreso, e ela suspeitou que esse tipo de pergunta não era frequentemente feito a ele. Talvez até nunca, pensou ironicamente. Sherry duvidou que vampiros saíssem por aí dizendo o que eram. — Se você me mostrar a sua e eu mostrarei a minha.
— Basil! Sherry! Pizza chegou!
Ele se levantou abruptamente, oferecendo-lhe a mão enquanto dizia: — Acho que terei que lhe mostrar mais tarde.
Sherry aceitou a mão e ficou de pé, mas olhou para ele com curiosidade enquanto saiam da sala de estar. Ela teve definitivamente a sensação de que ele estava aliviado em adiar o momento de mostrar suas presas. Ela não sabia o porquê, no entanto. O homem reagiu como se tivesse pedido que ele ficasse nu.
Mas então, pensou de repente, talvez para os vampiros, as presas eram como os genitais. Certamente ele não tinha sido encorajado a exibi-las mais do que os homens mortais eram encorajados a exibir seus pênis em uma festa. Talvez era exatamente isso, pensou ela, e então essa preocupação foi embora quando chegaram à cozinha e se deparou com todo mundo lá. Lucian, Leigh, Stephanie, Bricker, Sam e seu Mortimer. Havia também outros dois casais que ela não conhecia. Um homem de olhos e cabelos escuros que parecia ter origem italiana estava encostado no balcão com os braços ao redor da cintura de uma mulher encostada a ele. A mulher era linda, com olhos azul-prateados e cabelos castanhos escuros com mechas vermelhas, e parecia familiar. Sherry suspeitou que ela pode ter visitado sua loja uma ou duas vezes.
— Essa é minha cunhada, Marguerite, e seu companheiro, Júlio, —murmurou Basil, observando para onde Sherry estava olhando.
Sherry assentiu e voltou sua atenção para o outro casal, que estava sentado à grande mesa da cozinha no final da sala.
Bem, o homem de cabelos escuros e olhos prateados estava sentado em uma cadeira à mesa. A mulher estava sentada em seu colo. Sherry olhou curiosamente para ela, notando o cabelo castanho em um rabo de cavalo e seus olhos castanho-dourados e pensou que a tinha visto antes também.
— Você já a viu, Sherry, —Bricker disse de repente.
— Desculpe-me, —ela perguntou, olhando para o jovem com confusão.
— Você já viu Nicholas e Jo antes, —explicou ele divertido. — Só não de perto e provavelmente não claramente. Eles estavam no ...
— SUV, —Sherry terminou para ele, reconhecendo os nomes agora. Eles foram os Caçadores no SUV que seguiram Leo e seus homens. Ela olhou para o casal com preocupação. — Vocês conseguiram pegar esses homens? A mulher está bem?
A boca de Nicholas ficou ainda mais sombria com a pergunta, e foi Jo quem disse: — Não. Leo bateu o carro e então ele e seus homens fugiram a pé em direções diferentes. Mas nós tivemos que parar e ajudar a mulher. Ela estava muito machucada.
— Ela vai ficar bem? —Sherry perguntou, relembrando o terror no rosto daquela pobre mulher quando percebeu que seus amigos estavam sendo arrancados para fora do carro, mas ela acabou presa no banco de trás com os homens de Leo.
— Sim, —assegurou Jo, depois fez uma careta e acrescentou: — Eventualmente. Ela realmente estava muito machucada. A médica do pronto-socorro acha que precisará de meses de fisioterapia. —Jo forçou um sorriso e acrescentou: — Mas isso ainda é melhor do que o que Leo e seus filhos poderiam ter feito com ela.
— E o que ele fará com suas próximas vítimas, —disse Lucian severamente.
Jo franziu a testa e fez uma careta para o homem. — Eu sei que você acha que deveríamos ter deixado a mulher e perseguido Leo, mas ela estava presa no carro e o carro estava em chamas. Ela teria queimado viva se não tivéssemos parado.
— Foi no centro de Toronto, —disse ele pesadamente. — Havia muitos mortais lá para ajudá-la.
— Eles não poderiam tê-la tirado do carro, Lucian, —retrucou Jo. Nicholas teve que dobrar o metal para tirá-la. Os mortais não poderiam ter feito isso.
— Então você salvou uma mulher e deixou Leo correr livre para atacar inúmeras outras vítimas, —disse Lucian severamente. — Eu duvido que as famílias de suas futuras vítimas pensem que foi uma troca justa.
— Você não estava lá, tio, —grunhiu Nicholas. — Nós fizemos o que achamos que era certo na hora.
— Você quer dizer que sabia que deveria ter seguido Leo, mas fez o que sua esposa de bom coração achou que era certo, —retrucou Lucian.
— Não, claro que ele não fez, —Jo disse de uma vez. — Eu não pedi a ele para me ajudar. Eu ia fazer isso sozinha.
— Mas ele temia que você não fosse forte o suficiente para dobrar o metal e tirar a mulher, —informou Lucian. — Então ele relutantemente parou para ajudar, porque temia que seu coração mole, combinado com sua teimosia, a mantivesse tentando até que o carro explodisse e tirasse a vida da mulher e a sua.
— Não, —protestou Jo, e então se virou para olhar o homem em cujo colo ela estava sentada. — Não é por isso que você parou, não é?
— É verdade, —garantiu Lucian quando Nicholas simplesmente evitou o olhar dela. — E é por isso que eu não acho que companheiros de vida devam trabalhar juntos.
— Bem, então, você vai perder um Caçador, —disse Nicholas sombriamente. — Porque Jo não vai trabalhar sem mim.
— Você vai perder dois Caçadores, —corrigiu Jo firmemente. — Porque eu não quero Nicholas caçando sem mim para ajudá-lo no que precisar.
— Querida, —Nicholas disse gentilmente, acariciando sua bochecha. — Tenho sido um Caçador por um longo tempo, eu ficaria bem.
Jo não amoleceu. — Se você sair caçando sem mim, para vigiar suas costas, então vou trabalhar com outra pessoa.
— Ela pode trabalhar comigo! —Leigh disse alegremente. — Eu tenho praticado minha pontaria e luta. Estou pronta para ser uma Caçadora.
— Não! —Nicholas e Lucian gritaram juntos, o som parecia uma pequena explosão na cozinha.
— Sem ofensa, Leigh, —disse Nicholas no silêncio que se seguiu. — Não é você. Eu simplesmente não quero que Jo trabalhe sem mim.
— Ou trabalhamos juntos ou não trabalhamos em nada, —insistiu Jo, e quando ele fez uma careta, acrescentou: — Caso contrário, acho que Leigh e eu estaremos nos unindo.
— Sobre meu corpo morto, —Lucian rosnou.
— Isso poderia ser arranjado se você quiser, —Jo disse docemente.
Para surpresa de Sherry, os lábios de Lucian se contorceram de divertimento com as palavras, mas ele disse: — Leigh não vai ser uma Caçadora.
— Eu não vou? —Leigh perguntou gentilmente. — E quem disse isso?
Lucian abriu a boca, fechou-a e depois argumentou: — Você está ocupada demais para assumir qualquer tipo de trabalho agora, meu amor. Você tem dois bebês para cuidar.
— Nós temos dois bebês para cuidar, —Leigh apontou com firmeza, e então sorriu e acrescentou: — E nós poderíamos administrar. Você poderia cuidar deles durante o dia enquanto Jo e eu trabalhamos, e então eu posso cuidar deles à noite enquanto você trabalha.
Sherry não tinha certeza do que horrorizou mais o homem. Ficou verde com a menção de cuidar dos bebês, mas ficou pálido com a parte sobre Leigh trabalhando com Jo. As mulheres obviamente tinham escolhido bem sua ameaça. Nenhum dos dois homens gostaria de ter suas esposas, duas recém-convertidas Imortais e caçadores relativamente inexperientes trabalhando juntas sem o apoio mais experiente.
— Ou, —Leigh disse agora, — você poderia deixar Nicholas e Jo continuarem a trabalhar juntos, e eu posso praticar um pouco mais e esperar que os bebês comecem a andar e conversar antes de considerar a creche, —e perguntou: — Existe uma creche para bebês Imortais?
Em vez de responder à pergunta de sua esposa, Lucian fez uma careta feroz para Nicholas e Jo. — Vocês podem continuar trabalhando juntos.
Mudando seu foco para Jo completamente então, ele acrescentou: — Mas você é completamente responsável por todos e qualquer um que Leo matar daqui em diante.
— Lucian, —disse Leigh com uma carranca quando Jo empalideceu. — Isso foi muito cruel.
— Talvez, —ele concordou, cansado. — Mas também é verdade. E talvez da próxima vez, saber disso vai ajudar Jo a ignorar o que seu coração mole quer que ela faça, e fazer a coisa certa ao invés. —Ele se virou para Jo e acrescentou calmamente: — Se tiver a escolha entre uma vida ou capturar Leo, você precisa lembrar que não pode salvar a todos e que deixar Leo fugir significa muito mais mortes. Mortes que estarão em sua cabeça.
Toda a luta pareceu sair de Jo. Assentindo, ela afundou no peito de Nicholas e enterrou o rosto no pescoço dele. Nicholas prontamente se levantou e a levou para fora da cozinha.
— Bem, —disse Sam secamente. — Alguém ainda está com fome? Ou coloco a pizza na geladeira até mais tarde?
Bricker bufou com a sugestão e pegou uma das seis caixas de pizza. — Dane-se isso. Estou esfomeado.
— Eu também, —anunciou Stephanie, pegando uma segunda caixa e levando-a para a mesa. — Vamos lá, Sherry, Basil. Pegue o de vocês antes que Bricker coma tudo.
Sherry sorriu, a tensão da discussão anterior diminuiu, e então ela se virou para Basil, seu olhar o questionando. Ele tinha apetite por comida de novo? Isso era, aparentemente, um dos sinais de ter encontrado uma companheira de vida, juntamente com paixão compartilhada. Mas, embora certamente tenha experimentado um arrebatamento apaixonado pouco antes com Basil, Sherry não tinha certeza se realmente experimentara o prazer compartilhado que ele mencionou. Ela simplesmente explodiu de desejo quando ele a beijou. De repente, ter um apetite seria um indicador mais confiável para ela do que o que havia ocorrido entre eles antes.
Ele sorriu e abriu a boca para dizer alguma coisa, mas antes que pudesse, Lucian gritou: — Basil. Reunião do conselho é em quinze minutos. Temos de ir.
— Oh. Certo. Basil olhou para o relógio. Suspirando, se virou para Sherry e disse, desculpando-se: — Eu tenho que ir. Você vai ficar bem?
— Claro que sim, —disse Stephanie alegremente, pegando a mão dela e puxando-a para uma cadeira vazia à mesa. — Eu vou cuidar dela. Vá em frente. Ela estará aqui quando você voltar.
Basil sussurrou, e por um minuto Sherry suspeitou que ele ia se despedir dela, mas no final ele apenas assentiu e se virou seguindo Lucian para fora da cozinha. Ela observou-o ir, surpresa com o quão desapontada ficou por ele ter que deixá-la.
— Não se preocupe. Ele estará de volta, —disse Stephanie alegremente. — Não poderá ficar longe de você por muito tempo a partir de agora. Enquanto isso, coma pizza. É realmente boa.
Capítulo 5
— Estou espantada com o quão bem você parece estar aceitando tudo isso.
Sherry levantou os olhos no espelho da pia do banheiro enquanto lavava as mãos e encontrou o olhar de Drina. Estavam no banheiro feminino de um posto de serviço, a cerca de quarenta e cinco minutos do destino de Port Henry. Ao avistar o sinal de que estavam se aproximando de um posto, Stephanie anunciara a necessidade de usar o banheiro, então Drina desviou da estrada e entrou no caminho que levava a parada. Uma vez o carro estacionado, todas decidiram que usar o banheiro era uma boa ideia.
— Você não parece estar muito aflita com a gente, e isso é bastante raro, —continuou Drina com uma torção irônica dos lábios. — A maioria dos mortais tem pelo menos um pequeno colapso nervoso quando descobrem sobre nós.
Sherry sorriu levemente enquanto sacudia as mãos de debaixo da torneira automática e se movia para o porta toalhas de papel.
— Acredite em mim, estou enlouquecendo por dentro. Apenas escondo bem.
— Ela está, —anunciou Katricia, saindo de uma das cabines e se movendo para uma pia. Sorrindo gentilmente com Sherry, ela acrescentou: — Mas não é algo descontrolado. Apenas uma espécie de ‘isso-está-realmente-acontecendo?’ ou ‘será-que-alguém-me-drogou? E-estou-tendo-alguma-alucinação?’ ‘Enlouqueci?’.
Sherry olhou para a garota com surpresa. Esses pensamentos exatos passaram por sua mente várias vezes desde que Stephanie apareceu em seu escritório.
— Não acredito!
Assustada, Sherry virou-se para a fila de cabines quando Stephanie gritou isso de dentro de uma delas. Uma descarga soou e então uma porta se abriu e a adolescente saiu correndo, seus olhos imediatamente procurando por Katricia.
— Você pode lê-la? —Ela perguntou com descrença.
Katricia assentiu. — Sim. Ela é difícil de ler, no entanto. Você tem que se concentrar, focar e ainda assim é um pouco confuso.
Stephanie se virou para Drina. — E você?
— Sim.
Sherry ficou surpresa com a resposta. Já que a mulher pensava que ela estava lidando com tudo isso bem, assumiu que não poderia ler seus pensamentos um pouco dispersos.
— Seus pensamentos estão um pouco dispersos, —Drina reconheceu, como se ela tivesse falado em voz alta. — Mas confie em mim, não é nada como algumas pessoas reagem.
Katricia assentiu. — Você realmente está lidando com isso bem.
— Obrigada, —ela murmurou, olhando a mulher. Essa era a filha de Basil ... nascida em 411 d.C. Sherry realmente não teve a chance de dizer mais do que um rápido olá para a garota enquanto era empurrada para dentro da van quando eles saíram da casa dos Executores naquela manhã. O começo do dia dela foi bastante acelerado. Depois de uma noite agitada enquanto se virava, preocupada com tudo o que havia acontecido no dia anterior e tudo o que tinha descoberto desde então, Sherry foi acordada naquela manhã por Stephanie irrompendo em seu quarto para dizer que eles partiriam em meia hora e se ela quisesse tomar um café da manhã antes de sair, seria melhor se levantar.
Stephanie girou e saiu correndo e Sherry se levantou e vestiu suas roupas. Elas eram suas roupas do dia anterior. Não havia escolha. Lucian providenciara que sua bolsa fosse recolhida da loja e voltasse para ela na noite anterior. Ele então pediu as chaves dela e as entregou a Justin com a ordem de pegar uma mala com mudas de roupas para ela. No entanto, Justin não havia voltado até o momento que ela foi para a cama.
Viu sua mala na frente da porta de entrada da casa quando desceu e pensou em arrastá-la de volta para seu quarto, encontrar a escova de dentes, escovar os dentes e trocar de roupa, mas os cheiros da cozinha a convenceram a fazer isso depois que comesse. Ela encontrou Sam, Mortimer, Justin, Stephanie e Basil já comendo na cozinha e se juntou a eles ansiosamente. Mas se arrependeu dessa decisão quando Katricia e Drina chegaram no momento em que estava terminando seu café da manhã e se viu correndo para fora da casa e entrando na van sem a oportunidade de trocar de roupa primeiro.
Sua apresentação às duas mulheres foi breve, ‘— Sherry esta é minha filha, Katricia e minha sobrinha Drina,’ —quando Basil a levou até a van. Sherry tinha murmurado um: ‘— Olá, prazer em conhecê-las’, —quase por cima do ombro enquanto subia e então elas estavam a caminho. Com Drina dirigindo, Katricia no banco do passageiro da frente e Stephanie sozinha no primeiro banco no espaço de trás, Basil e Sherry sentaram nos bancos no espaço mais atrás de Stephanie. Isso dificultou a conversa, e tudo o que Sherry pôde ver de Katricia foi a parte de trás de sua cabeça.
Agora, Sherry observava os cabelos loiros de Katricia, o corpo atlético, os delicados traços faciais e os olhos azul-prateados e achou que definitivamente ela puxou o pai na aparência. Katricia também parecia legal, até onde Sherry pôde ver, e isso a fez se perguntar se a garota sabia que ela era supostamente a companheira de vida de seu pai.
— Não há supostamente sobre isso, —Katricia disse com diversão, terminando na pia e se movendo para o dispensador de papel toalha.
— O tio Lucian garantiu que você era. Ele também mencionou que flagrou a cena de vocês dois sendo impertinentes na cozinha, e meu pai nunca se descontrolou tanto ao ponto de fazer algo assim. Você deve ser a companheira de vida dele.
— Nós estávamos apenas nos beijando, —Sherry disse de uma vez, corando brilhantemente quando ela assegurou de que era realmente tudo o que tinha sido. Certo, talvez houve umas mãos bobas aqui e ali, reconheceu vagamente, mas ‘sendo impertinente’ fazia parecer que eles estavam realmente fazendo sexo no balcão da cozinha. Tudo bem que as coisas poderiam estar indo nessa direção, mas a chegada de Lucian impediu isso.
Graças a Deus, pensou, mas não com muita convicção. Por mais embaraçoso que tinha sido ser flagrados em uma troca apaixonada um pouco mais aquecida do que devia, ela não pôde deixar de pensar que valeu a pena. Basileios tinha incendiado seu corpo com seus beijos e carícias, e ela tinha desejado por mais desde então, mas Basil não tinha feito mais do que dar-lhe um beijo na bochecha quando ele a levou a seu quarto na noite anterior.
— A paixão entre companheiros de vida é bastante poderosa, —Drina disse calmamente, deixando claro que ela ainda estava lendo seus pensamentos. — Mas tio Basil é da velha escola.
Sherry não tinha certeza do que isso significava exatamente. Ela sabia que o homem era velho, mas...
— Ele foi criado na Atlântida, —acrescentou Katricia gentilmente. — Foram ensinados a ser sempre respeitosos, especialmente com as mulheres. Ele tentará lutar contra seus impulsos para lhe dar tempo em se ajustar. É uma coisa cavalheiresca a fazer.
— Oh, —disse Sherry, fazendo o seu melhor para ignorar que ela estava corando e que esta foi a conversa mais esquisita que já teve.
A filha do homem que ela desejava estava lhe tranquilizando, dizendo que seu pai só não pulou em cima dela por respeito e não por falta de desejo. Coisa esquisita.
— Sim, você tem razão, somos esquisitos, —disse Drina de repente, divertida. — Mas, com o tempo, aprendi que o normal é meio que superestimado ... e realmente chato.
— Sim, eu acho que você tem razão, —disse Sherry com um sorriso. Certamente sua vida era muito normal antes de Stephanie invadir seu escritório. Comparando agora, apenas um dia depois, percebeu o quanto sua vida era chata.
— Oh, vamos lá, —disse Stephanie de repente com nojo quando ela terminou de secar as mãos e jogou a toalha de papel para longe. — Isso é tão injusto. Eu não consigo ler o que ela está pensando, então estou apenas entendendo a metade da conversa.
— Ah, pobre Steph, —brincou Drina de leve, passando um braço pelos ombros da garota e dirigindo-a para a porta. — Eu acho que você terá que se esforçar mais para lê-la. Suspeito que, se o fizer, verá que também pode.
— Sério? —Perguntou Stephanie, olhando por cima do ombro enquanto Sherry e Katricia seguiam a dupla para fora do banheiro.
— Realmente, —Drina assegurou, puxando-a para o lado e evitando uma colisão com uma coluna de apoio. — Mas tente fazer isso quando não estiver andando, para não correr o risco de esbarrar contra uma parede.
— Você não me deixaria esbarrar em uma parede, —disse Stephanie em uma risada, mas virou-se e olhou para frente e, em seguida, deu de ombros sob o braço de Drina. — Eu vou no Wendy’s18 comprar um refrigerante antes de irmos.
— Espere um pouco. —Drina segurou a adolescente antes que ela pudesse correr. Parando, ela olhou ao redor, sorrindo quando Basil se afastou da parede e se juntou a eles. Olhando para ele e Sherry, ela perguntou: — Vocês querem alguma coisa?
— Café do Timmy's19 para mim, mas eu mesmo vou. —Sherry disse de uma vez, feliz por ela ter sua bolsa de volta e não ter que depender dessas pessoas por dinheiro, pelo menos. Percebendo que Drina não permitiria que Stephanie fosse sozinha para a barraca do Wendy’s depois do que tinha acontecido da última vez, Sherry perguntou a Drina: — Você quer um café ou outra coisa? Pego para você enquanto você vai com Stephanie.
— Você não vai, —disse Basileios calmamente. — Eu vou cuidar das bebidas. Apenas me digam o que todo mundo quer.
— Eu vou deixar vocês aqui discutindo com Katricia enquanto eu levo Steph no Wendy’s, —Drina disse divertida. Virando-se em direção ao balcão da lanchonete com a garota impaciente, ela acrescentou: — Mas eu apreciaria um café médio, duplo ... e talvez um donut de chocolate.
— Oh, eu também, por favor, —disse Stephanie por cima do ombro.
— Entendi, —Sherry disse com diversão, mas ficou em dúvida sobre ‘o discutindo com Katricia’. Era ela e Basileios que estavam discutindo.
— Estou pagando, —Katricia anunciou interrompendo seus pensamentos, e quando Basileios abriu a boca para argumentar, ela levantou um cartão dourado. — Por conta do Conselho.
As sobrancelhas de Basil subiram. — Estamos distribuindo cartões de crédito agora?
Katricia deu de ombros. — Tio Lucian me deu esta manhã quando paramos para pegar sua van. Suponho que os Executores estão recebendo cartões para usar no trabalho. —Ela olhou para Sherry e explicou, — Executores usam pagamento em dinheiro quando precisam pagar uma despesa de trabalho, mas há toda uma dificuldade nos recibos que se perdem, outros esquecem de pegar, e Bastien estava enchendo o saco sobre precisar deles para impostos, então Lucian decidiu que os cartões de crédito são mais fáceis de administrar.
Ela virou-se e os conduziu para o balcão da cafeteria.
Sherry seguiu, mas perguntou curiosamente: — Quem é Bastien e quem paga a conta deles?
— Dos cartões de crédito? —Katricia perguntou.
— Dos cartões, a casa, os veículos e os Caçadores, —esclareceu Sherry. — Quero dizer, eu suponho que todos vocês recebem salários?
— Eu sou deputada em Port Henry agora, —Katricia disse a ela. — Principalmente trabalho para a cidade, mas ocasionalmente trabalho para o tio Lucian, como agora ... e sim, os Executores são pagos.
— Todos do Conselho contribuem para os fundos necessários na administração dos Executores, —disse Basileios, respondendo à sua pergunta inicial quando começaram a caminhar em direção às longas filas de clientes que esperavam no balcão do Tim Horton’s.
— Então você basicamente paga pelas decisões que você toma? —Sherry sugeriu, lembrando do que ele disse a ela na noite passada. Basil fazia parte do Conselho que administrava os Executores, mantendo os Imortais na linha.
— Suponho que você está certa sobre isso, —ele concordou ironicamente.
— E isso influencia suas decisões? —Ela perguntou curiosa, parando no final da fila mais curta, uma que ainda continha doze pessoas. O domingo era um dia excelente para viagens, com pessoas retornando de seus passeios finais de semana ou visitas de um dia.
— Se você quer dizer que tendemos a escolher as alternativas baratas no lugar do que é correto, porque o correto seria mais caro, então não, —assegurou ele.
— A maioria dos Imortais do conselho tem pelo menos dois mil anos, —Katricia explicou, virando-se para encará-los para que pudesse falar baixinho e não ser ouvida pela pessoa na fila diante deles. — Eles tiveram mais do que tempo suficiente para acumular riquezas, o dinheiro usado para administrar os Executores é pouco mais que uma gota no balde. Certamente mais barato que os impostos mortais.
Sherry ergueu as sobrancelhas, mas manteve a voz baixa quando perguntou: — Então todos os Imortais mais velhos são podres de ricos?
— A maioria, —reconheceu Basil. — Embora existam alguns que simplesmente não se importam o suficiente para se preocupar em acumular uma fortuna e fazer pouco mais do que precisam para sobreviver.
Sherry inclinou a cabeça para esta notícia e perguntou: — Você está brincando, certo? Quero dizer, certamente nem todo Imortal é inteligente o suficiente para acumular uma fortuna. Você tem que ter um ou dois que ...
— Imortais estúpidos não costumam viver séculos, muito menos milênios, —Katricia interrompeu calmamente, e depois acrescentou: — Pelo menos eles não costumavam. Agora que não há uma guerra em cada esquina, eles têm uma expectativa de vida mais longa.
— Pelo que sei há várias guerras ainda acontecendo ... —disse Sherry secamente. — Afeganistão, Somália, Paquistão, Iraque ...
— Sim, mas isso só está acontecendo em certas partes do mundo, e esses lugares podem ser evitados. Além disso, as armas são diferentes agora, —retrucou Katricia. — Na Idade Média, na Europa, parecia que todo mundo lutava contra todo mundo, país contra país, mas também contra seus vizinhos ... e eles usavam espadas e machados, e outras coisas que muitas vezes cortavam a cabeça.
— Que é uma das poucas maneiras que seu tipo pode morrer, —disse Sherry com compreensão.
Katricia e Basileios assentiram.
— Então vocês perderam um monte de Imortais estúpidos na lâmina de machados e espadas? —Ela murmurou, sacudindo a cabeça. Não podia acreditar que estava tendo essa conversa. Imortais, decapitações, pessoas que viveram séculos ou até milênios.
— Um bom número de estúpidos ou impetuosos, e alguns que foram simplesmente azarados, —Katricia disse com um encolher de ombros, e depois acrescentou gentilmente: — Você vai se acostumar com a ideia de nossa existência e parar de sentir como se estivesse em outra dimensão. Leva um pouco de tempo para se acostumar.
— Você está tendo problemas para lidar com tudo isso? —Perguntou Basileios com uma expressão de preocupação. — Pensei que estava lidando bem com isso.
— Ela está, —Katricia assegurou-lhe. — Mas convenhamos, todas essas novidades deixariam qualquer um tonto.
— Sim, suponho que sim, —concordou Basileios em voz baixa.
Sentindo-se como uma criança cujos pais estavam discutindo sobre ela, Sherry pigarreou e apontou: — É a nossa vez.
— Nossa ...? Oh! —Katricia disse com surpresa quando ela olhou ao redor para ver que a fila na frente deles tinha ido embora e era a vez deles de pedir. Ela avançou imediatamente e depois parou para olhar de volta para Sherry e seu pai. — O que vocês gostariam?
— Um café normal e um donut creme de Boston, —disse Sherry, sorrindo para o funcionário.
— O mesmo para mim, —murmurou Basileios, quando a menina começou a apertar os botões na caixa registradora.
Katricia assentiu com a cabeça e virou-se para terminar de dar a ordem, e Sherry olhou para Basileios, com um sorriso lento cruzando os lábios.
— Você pediu comida, —ela disse baixinho, e então seu sorriso aumentou quando ela se lembrou de que ele estava tomando café naquela manhã, quando se juntou a eles. Estava tão agoniada com a pressa que não notou isso no momento, mas agora ela se lembrava de que ele tinha um prato cheio de bacon e ovos mexidos quando ela se sentou à mesa.
— Estou me sentindo com fome, —disse ele, sorrindo em troca. Mas o calor em seus olhos quando ele deslizou o braço em volta da cintura dela e a puxou para o lado sugeriu que a comida não era o que ele estava pensando.
Sherry sorriu, apesar do rubor que pôde sentir subindo em seu rosto, ao sinal do despertar do apetite de Basil. Ela ainda não tinha certeza se o que tinha experimentado com ele no dia anterior era esse negócio de prazer compartilhado que mencionaram. A paixão tinha sido louca e forte, mas parecia ser dela, não dele e dela combinados. Ainda assim, ele não podia lê-la e seus apetites estavam definitivamente em evidência. Ela provavelmente era sua companheira de vida ... Só tinha que decidir o que queria fazer sobre isso, reconheceu e um pouco de seu ânimo diminui. Até então, havia gostado de Basil e sentia uma compulsão séria em agarrá-lo, mas esse negócio de companheira de vida era como um casamento, até onde pôde entender, e ela só o conhecia por um dia, nem mesmo vinte e quatro horas inteiras ...
Enquanto ela era conhecida por ser espontânea e impulsiva, pular nisso parecia um pouco louco, e não apenas impulsivo. Realmente precisava pensar sobre seu futuro e o que ela queria ... o que não significava que não iria agarrar Basil em todas as oportunidades enquanto resolvia. Ele tinha um corpo incrível. Sherry estava muito ciente de cada centímetro do corpo masculino pressionado contra o seu lado e teve que lutar contra o desejo de passar as mãos sobre o peito e beijá-lo. Fechando os olhos, mordeu o lábio e imaginou exatamente isso, deslizando as mãos pelo peito dele enquanto se movia para pressionar contra sua virilha. Reivindicando seus lábios com os seus próprios e beliscando, então chupando o lábio inferior como ela ...
— Por que vocês dois não vão esperar na van? —Katricia sugeriu de repente. — Eu vou cuidar disso.
— Boa ideia, —disse Basileios, afastando Sherry e levando-a para a saída.
Sherry foi de bom grado, mas não pôde deixar de olhá-lo com curiosidade. Ele praticamente grunhiu as duas palavras, e a única vez que ouviu a voz dele tão rouca foi durante a experiência de paixão compartilhada na cozinha na casa dos Executores na noite passada. Um olhar para o brilho prateado em seus olhos disse a ela que seus pensamentos estavam correndo na mesma linha que os dela, então não ficou surpresa quando ele a apressou para a parte de trás da van, abriu a porta e depois caiu no banco puxando-a em seus braços. Ele não precisou fazer muito esforço, ela já estava se jogando, os braços estendidos para ele.
Seu beijo era tão excitante quanto se lembrava da noite anterior. A culpa da experiência de ontem não havia sido simplesmente a adrenalina em alta após a fuga de Leonius. Chegou a considerar essa desculpa na noite passada enquanto tentava dormir e encontrar qualquer explicação, hormônios ou eventos que elucidasse os motivos do despertar da paixão arrebatadora. Sua língua a atacou.
Querido Deus, o homem sabia beijar, pensou, e gemeu quando a mão dele encontrou o seio dela através do tecido da blusa. Quando ele abriu os primeiros quatro ou cinco botões, puxou a camisa e o sutiã para o lado e segurou o seio dela sem impedimentos, Sherry ofegou em sua boca e arregalou os olhos. Gemendo enquanto ele apertava e amassava, olhou rapidamente para fora da janela atrás dele, uma pequena parte de sua mente lembrando que seria uma boa ideia observar Katricia e as outras meninas se aproximando.
Olhando para o cabelo loiro do outro lado do estacionamento, tentou se concentrar, mas não era Katricia. Achou que a pessoa sequer fosse uma mulher, mas alguém que se parecia muito com Leonius. Franzindo a testa, ela se concentrou no homem, tentando ver se era ele ou não, mas no momento seguinte um caminhão passou, bloqueando sua visão, e então Basileios quebrou o beijo e baixou a cabeça para reivindicar o mamilo que ele havia desnudado ... Sherry olhou para baixo com um suspiro quando ele fechou os lábios sobre o mamilo já duro e começou a sugar.
— Oh, Deus, Basileios, não faça isso. Eles vão voltar a qualquer momento, —ela gemeu enquanto segurava sua cabeça para incentivá-lo.
Ele murmurou alguma coisa ao redor do mamilo e depois acrescentou um ponto de exclamação para o que quer que ele tenha dito, deslizando uma mão para baixo, entre as pernas dela através da saia. Sherry gritou e cobriu a mão dele, pressionando-a com mais firmeza contra ela, todos os pensamentos do homem loiro no estacionamento escorregaram de sua mente.
No momento seguinte, ela estava de costas no banco com Basileios em cima dela, a virilha dele pressionada contra a sua através de suas roupas enquanto as mãos dele substituíam sua boca em seu seio e ele voltou a beijá-la novamente. Cada nervo no corpo de Sherry estava clamando agora e se esforçando para um orgasmo explosivo que ela tinha certeza que estava chegando. Suas pernas estavam enroladas em torno de seus quadris para um melhor ângulo e suas mãos estavam alternando entre puxar suas roupas e apertar suas costas para estimulá-lo, e então o som da porta sendo escancarada chegou em seus ouvidos e ela ouviu Stephani dizer: — tente se lembrar de usar contrações20 com mais frequência. Você sabe, ‘dele’ ao invés ‘de ele’, ‘desses’ ao invés ‘de esses’, e coisas assim e ... Ei, porque essas janelas estão embaçadas?
Basileios congelou e depois rompeu o beijo e levantou a cabeça para lhe dar um sorriso de desculpas.
Sherry olhou de volta com os olhos arregalados quando lentamente a ocorreu que ela estava se esfregando na parte de trás da van, algo que não fazia desde que era adolescente. E eles foram pegos, ela percebeu quando Basileios se afastou dela e se sentou no final do banco quando ouviu Stephanie dizer: — Oh, aí estão vocês. —Houve uma pausa e então ela ofereceu: se quiserem posso voltar daqui uns cinco ou dez minutos. Mas vou logo avisando que não estou vestindo nenhum dos dois quando voltarmos e encontrarmos vocês desmaiados e nus.
— Entre. —A voz de Drina soou meio divertida e meio exasperada quando ela deu a ordem, e Sherry sentiu a van se movimentar quando Stephanie entrou. Percebendo que estava deitada lá com a blusa aberta e o seio ainda fora do sutiã, Sherry rapidamente se endireitou e arrumou as roupas, depois passou as mãos pelo cabelo enquanto se sentava.
— Com fome? —Perguntou Stephanie com um sorriso na cara enquanto se endireitava no banco na frente. Ela levantou um saco da Tim Horton’s que carregava e acrescentou: — Por comida, quero dizer.
Sherry respondeu com a maturidade da qual já era conhecida e mostrou a língua para a garota.
Stephanie gargalhou.
— Eu gosto dela.
Basileios observou Sherry desaparecer na escada curva até o segundo andar da Casey Cottage e sorriu para a filha. — Eu também.
— Que bom que ela é sua companheira de vida, —disse Katricia em uma risada.
— Sim, —ele concordou, e então ergueu as sobrancelhas. — Você está voltando para Teddy agora?
— Não. Na verdade, ele está vindo para cá, —disse ela com ironia, e depois explicou: — Lucian nos pediu que ficássemos mais um ou dois dias até que tenha uma melhor compreensão da situação de Leonius. Falei com Teddy, ele concordou, fez a malas para nós dois e nos encontrará aqui. Deve chegar a qualquer momento.
Basileios não escondeu sua surpresa com esta notícia e perguntou secamente: — O que? Lucian não acha que seis Caçadores de Desonestos na casa são suficientes?
— Na verdade, comigo e Teddy somos só quatro Executores aqui, —Katricia disse a ele. — Hazel e D.J. estão de férias em BC21 no momento, e Elvi e Harper não são caçadores, então é só Drina, Victor, Teddy e eu.
— E eu, —acrescentou calmamente.
Katricia franziu os olhos e disse: — Siiiiiiim. —A palavra saiu longa e demorada com um tom que era mais duvidoso do que qualquer coisa. — Sem ofensa, pai, mas o fato de ter acabado de conhecer sua companheira de vida, você não será muito útil nos próximos dias. Temo que você esteja um pouco distraído e não será muito confiável quando se trata de vigilância e outras coisas.
— Ela quer dizer que seu cérebro estará firmemente alojado em suas cuecas no futuro previsível, —anunciou uma profunda voz masculina, e Basileios se virou para ver seu irmão mais novo, Victor, entrar na casa pela porta dos fundos. Elvi tinha sido a única a recebe-los quando todos chegaram de van na pousada Casey Cottage e ela informou a eles que Victor tinha ido ao supermercado. Katricia então se ofereceu para mostrar Sherry o quarto que prepararam para ela. Victor estava de volta agora, no entanto.
— Cuecas? —Perguntou Stephanie. — Ninguém mais usa essa palavra, tio Vic. Pelo menos não desse jeito, —ela anunciou, fechando a porta da geladeira e se movendo para abraçar Victor em saudação.
— Bem, desculpe-me, senhorita sabe-tudo, —disse Victor, dando a menina um aperto afetuoso com a mão que não estava segurando quatro sacolas de compras. — Tentarei lembrar disso no futuro para não ofender seus delicados ouvidos.
— Bom, porque você é bonito demais para parecer um velho careta, —disse Stephanie com um sorriso quando ela saiu de seu abraço de um braço só. — Você comprou alguma coisa boa?
— Um monte de batatas fritas e outras porcarias, —disse Victor com um sorriso, quando ela começou a pegar as sacolas da mão de Victor. — Sua tia Elvi achou que você poderia querer comida de conforto depois do seu encontro.
— Ooooh, mistura de bolo! —Stephanie gritou, arrastando os sacos para o balcão e começando a remover o conteúdo.
Balançando a cabeça, Victor deixou-a ali e contornou o balcão para se aproximar de Basileios e Katricia. Ele deu um abraço carinhoso em Katricia, depois se virou para Basileios e fez o mesmo, os dois homens bateram nas costas um do outro. Quando o abraço terminou, Basileios arqueou uma sobrancelha. — Tio Vic?
— Bem, eu não posso ser pai, ela tem um, —disse Victor com um sorriso. — Mas ela é a nossa garota ... e de Drina e Harper, e de Hazel e D.J., —ele adicionou ironicamente, então olhou para Katricia e disse: —E de vez em quando até mesmo de Teddy e Katricia.
— Ela é uma menina de sorte, —disse Basileios calmamente.
— Todos nós somos sortudos, —assegurou Victor, e então arqueou uma sobrancelha. — Então, onde estão Drina e Harper?
— Harper estava tirando uma soneca quando chegamos aqui, —anunciou Katricia. — Drina subiu para acordá-lo e dizer a ele que chegamos.
Victor assentiu e olhou para Basil. — E onde está sua companheira de vida? Lucian me disse que você a encontrou. Sherry, não é?
— Sim. Sherry. —Basil percebeu que estava sorrindo com a mera menção do nome dela e tentou se controlar um pouco. — Elvi subiu com ela para mostrá-la seu quarto. —Basileios olhou para as escadas agora, desapontado por encontrá-las vazias. Voltando atrás, ele acrescentou: — Mas não fui eu que a encontrei, foi Stephanie.
— Ah. —Victor assentiu. — Sim, ela disse que conseguia saber quem eram companheiros de vida quando os conhecia e quem não era. Era só uma questão de tempo antes que ela se transformasse em uma mini Marguerite, —Victor disse baixinho enquanto se virava e se dirigia ao balcão que separava a cozinha da sala de jantar. Parando na geladeira, ele olhou para os outros quando abriu a porta e perguntou: — Sangue?
Basileios hesitou, seu olhar se voltou para as escadas novamente.
— Ela ainda não viu você se alimentar, papai? —Katricia perguntou, lendo sua expressão ou lendo sua mente.
— Pai, Tricia, —Stephanie corrigiu com diversão. — Chame Basil de pai. Você não pode continuar chamando-o de papai22.
— Por que não? —Basil perguntou com uma carranca.
— Porque isso faz com que ela pareça velha, —disse Stephanie secamente.
— Ela é velha, —apontou Basil.
— Obrigada ... Papai, —disse Tricia, secamente.
— Somos todos velhos, —disse Basil calmamente. — Comparado aos mortais, claro. Embora você seja apenas um filhote para mim.
— Eu não quis dizer velha em anos, —disse Stephanie com exasperação. — Como você disse, vocês são todos velhos. Mas parecem jovens, só que todos vocês falam como se fossem de outro século.
— Nós somos, —apontou Basil.
— Sim, mas ...
— Stephanie acha que chamamos a atenção para nós mesmos com nosso discurso antiquado, —disse Victor calmamente.
— Eu não acho, tenho certeza, —disse Stephanie, e balançou a cabeça. — E não entendo também. Sei que vocês evitam contato com mortais o máximo possível, mas de vez em quando vocês falam com eles. Por que o vocabulário de vocês ainda é tão antiquado?
— Porque os padrões de fala e sotaques são aprendidos quando você ainda é jovem e esses padrões tendem a se fixar, —Katricia disse com diversão, e depois acrescentou: — Certamente você conheceu pessoas de outros lugares, mas que ainda têm fortes sotaques depois de anos vivendo aqui.
Stephanie assentiu. — Sim, nossa vizinha, a velha Senhora Marcetti, tinha ainda um sotaque italiano muito forte, mesmo depois de muito anos. Ela mudou para o Canadá quando tinha quinze anos.
— Sim, bem, e tenho certeza que ela terá enquanto viver, porque com quinze anos já era velha o suficiente para fixar um sotaque e um modo de falar antes de ter mudado para cá, —anunciou Katricia.
— É difícil para ela mudar agora, e assim é para nós.
Quando Stephanie franziu o cenho, Victor rapidamente disse: — No entanto, Stephanie está certa e nosso discurso provavelmente nos destaca, por isso estamos tentando modernizar nosso padrão de fala ... com a ajuda dela, claro.
— Ah, —disse Basil, divertido, ao notar a maneira como Stephanie relaxou. — Entendo.
— Então? —Victor perguntou, arqueando uma sobrancelha. — Sim ou não para sangue?
Basil hesitou. Até onde ele sabia, Sherry não tinha visto ninguém se alimentar. Ela nem tinha visto presas ainda, pelo menos não as dele.
Ela não pediu novamente quando ele retornou da reunião do Conselho e ele não a lembrou. Estava preocupado sobre como Sherry reagiria. Uma coisa era descobrir a existência de vampiros ou Imortais, mas outra inteiramente diferente era realmente ver suas presas e testemunhar ele sugando, através das pequenas presas pontudas, como canudinhos em latinhas de refrigerantes.
— Ela vai ver isso mais cedo ou mais tarde, —Katricia disse calmamente. — E acho que vai aceitar numa boa.
— Sim, —Stephanie concordou, — Sherry pode achar um pouco estranho no começo, talvez, mas vai acabar ficando bem também.
— Certo, —murmurou Basileios e depois olhou para Victor. — Sim, eu aceito ...
Mal acabou de falar e Victor já tinha pegado quatro bolsas e agora estava lançando uma enquanto ele chutava a porta da geladeira fechada.
Basileios pegou a bolsa com facilidade e enquanto furou a bolsa com as presas, Victor jogou uma bolsa para Katricia e depois colocou uma terceira no balcão ao lado da pilha de compras que Stephanie ainda estava organizando. Ele então andou ao redor do balcão, dizendo: — Sangue antes de comida porcaria, Steph.
— Ahh, —ela reclamou. — Eu não posso simplesmente ...
— Você conhece as regras, garota, —Victor interrompeu, antes de pegar a última bolsa e furar com suas próprias presas.
Basileios sorriu ao redor da bolsa em sua boca. Ele sabia que Stephanie ainda achava difícil consumir sangue. Não ter presas dificultava mais ainda, então tinha que beber de um copo, como leite vermelho. Mas a troca de palavras parecia tão típica entre pai e filha que ele não pôde evitar sorrir. Além disso, estava feliz em ver seu irmão tão feliz novamente. Fazia muito tempo desde que tinha visto Victor tão contente.
— O seu quarto tem um banheiro próprio, —Elvi tagarelou, abrindo a porta para mostrar a Sherry o banheiro. — E este quarto está longe da rua, então os sons do tráfego não devem incomodá-la.
— Muito obrigada, Elvi, —Sherry disse sinceramente quando Elvi fechou a porta do banheiro. — Eu aprecio isso.
— Você é mais do que bem-vinda, —Elvi disse sinceramente. — Além disso, enquanto nós recebemos vocês aqui em casa, os Executores nos pagam, então você realmente não tem nada para me agradecer.
— Oh, entendi, —disse Sherry em uma risada, e depois encolheu os ombros e acrescentou: — É a intenção que conta, no entanto, e você se ofereceu para nos hospedar.
Elvi sorriu. — Eu gosto do jeito que você pensa.
Sherry sorriu e se virou para abrir a mala que Elvi havia colocado na cama. Ela agora sabia por que a mulher insistira em carregá-la para ela. Elvi sentiu que precisava, porque Sherry aparentemente era uma hóspede oficial.
Consciente de que Elvi estava se movendo em direção à porta para deixá-la sozinha, Sherry rapidamente perguntou: — Então, o que Basileios realmente gosta?
Olhando por cima do ombro, viu que Elvi havia parado junto à porta e se voltou com surpresa no rosto.
— Eu só o conheci ontem, —Sherry apontou em voz baixa. — No entanto, aparentemente, posso ser sua companheira de vida, mas, na verdade, não sei nada sobre ele. Apreciaria qualquer coisa que você pudesse me dizer.
Elvi hesitou, mas depois assentiu com compreensão e recuou, sentando-se na cama ao lado da mala antes de admitir: — Esta é a primeira vez que o conheço. —Antes que Sherry pudesse comentar, ela prosseguiu: — Mas Victor diz que é muito parecido com Lucian, e é por isso que os dois constantemente discutem muito.
— Eles discutem? —Sherry perguntou com interesse, esquecendo tudo sobre tirar as suas coisas da mala.
— Aparentemente, —Elvi disse com um encolher de ombros. — Victor disse que os dois estavam sempre em desacordo quando eram mais jovens. Até que Basileios se afastou para evitar Lucian, que gosta de mandar nas pessoas.
Sherry franziu a testa. — Isso significa que Basileios gosta de mandar nas pessoas?
— É o que eu entendi, —admitiu Elvi com uma risada, e depois disse ironicamente: — Quero dizer, Lucian é ótimo, mas não acho que o mundo está pronto para dois tiranos como ele. Victor disse que ele não é assim, segundo ele Basileios é mais do tipo viva e deixe viver. Mas tem um temperamento forte como Lucian e um senso ainda mais forte de certo e errado. O problema é que, enquanto Basil não tenta mandar nos outros, ele também não gosta de ser mandado ... e isso era um problema com Lucian como um irmão mais velho.
Sherry assentiu, não surpresa ao ouvir isso. Ela não conhecia Lucian melhor do que Basileios, mas não demorou muito para chegar à conclusão de que o Lucian pensava que ele era um lorde feudal e toda a população do mundo eram seus súditos.
— Ele não é tão ruim assim, —disse Elvi solenemente, provando que ela também podia lê-la.
— Pensei que eu era difícil de ler, e provavelmente impossível de ler para os recém imortais, —disse ela com uma carranca. — Você é uma Imortal mais velha? Achava que você era recém transformada.
— Sério? —Elvi perguntou com interesse. — Por que acha isso?
— Eu não sei, —Sherry murmurou, e depois de um momento que considerou isso, disse: — Acho que é porque você não fala tão rigidamente como os mais velhos. Você usa frases mais curtas e diretas, enquanto eles tendem a usar palavras mais formais com muita frequência. Você parece mais atual em comparação com Basileios, Katricia e Drina.
— Sim, eles falam mais formalmente. Embora Stephanie esteja tentando mudar isso, —Elvi disse com um leve sorriso, e então admitiu: — E você foi um pouco difícil de ler no começo, mas quando está próxima de Basileios ... —Ela encolheu os ombros. — Receio que se torne mais fácil de ler você com o passar do tempo.
— Por quê? —Sherry perguntou curiosamente.
— Acredito que é o sexo, ou talvez os hormônios sexuais, —Elvi disse, e depois acrescentou secamente: — Eles certamente parecem mexer com cérebro nos primeiros dias. —Ela encolheu os ombros. — Acredito que eles diminuem a capacidade de guardar os pensamentos.
— Humm, —Sherry murmurou, e levantou uma blusa preta da mala para pendurar no armário. Era uma blusa transparente e ela supunha que seria útil se saíssem para jantar ou algo assim. Mas só se Justin tivesse embalado o casaco preto que ela gostava de usar com a blusa. A ideia dele ter passado por sua gaveta de lingerie, no entanto, era meio embaraçoso. Para se livrar do embaraço, perguntou: — Então, até onde você sabe, Basileios é um cara legal?
— Segundo Victor, Basileios é um bom homem. Na verdade, ele é o irmão favorito de Victor, então estou ansioso para conhecê-lo.
— Oh. —Sherry se virou e caminhou até a mala quando disse: — Sinto muito. Vá conhecê-lo, então. Eu não queria te impedir de ...
— Pode esperar, —disse Elvi com uma risada, e depois se levantou oferecendo: — Que tal eu te ajudar a pendurar suas roupas. Vai acelerar a arrumação e assim podemos descer e fazer chá. Victor já deve estar de volta com guloseimas para tomar chá.
— Obrigada, —Sherry murmurou, e pegou outra camisa, franzindo a testa enquanto notava que era sua blusa branca, semelhante à sua preta, mas com um modelo um pouco diferente. Ainda assim, também precisava de um casaco. Segurando-a com uma mão, ela começou a cavar as roupas com a outra e soltou um murmúrio de desânimo.
— O que há de errado? —Elvi perguntou.
— Além das duas blusas transparentes, o resto é camisolas e robes. Não tem meias, calça nem calcinha e ... Oh, espere, ele pegou meu sutiã de renda preta e a calcinha combinando, —disse ela com desgosto.
— Vejo que não foi você que fez as malas? —Elvi perguntou cuidadosamente, obviamente tentando não rir de sua situação, o que Sherry supôs que seria engraçado para os outros, mas não para ela. Ela não podia andar por aí em camisolas o tempo todo. Na verdade, não podia andar com elas em lugar nenhum, exceto em seu quarto. O que diabos deveria usar?
— Não, —disse ela, jogando os robes de seda de volta em sua bolsa com irritação. — Lucian enviou Justin para fazer isso.
— Ah, provavelmente ele acha que isso é engraçado, então, —Elvi disse baixinho. — Não se preocupe, podemos continuar nossa conversa no Walmart23 e comprar tudo o que você precisar. Ou podemos até ir a London24 e visitar as melhores lojas. Ela deu um tapinha no ombro de Sherry e depois sorriu. — E, uma vez que foi Justin que estragou tudo, podemos simplesmente fazer a festa e deixar o Conselho pagar por isso. Erro dele, eles pagam a conta.
Sherry sorriu lentamente com a sugestão, fechou a mala e assentiu. — Parece divertido.
— Boa. Vamos descer e fazer um pouco de chá, estou com sede, —disse Elvi, indo para a porta. No meio do caminho, no entanto, ela pensou: — Ou talvez um copo de vinho seria bom.
— Ainda nem é meio-dia, —Sherry mostrou diversão.
— Sim, mas o álcool não me afeta de qualquer maneira, —assegurou Elvi. — Os nanos limpam rapidamente. Eu apenas gosto do sabor ... e isso pode ajudá-la a relaxar. Você está praticamente vibrando com a tensão.
Sherry parou de andar e olhou para ela com os olhos arregalados. — Eu estou?
Elvi assentiu com um sorriso simpático no rosto. — Sua mente está em alta velocidade. ‘Eu sou uma companheira de vida? O que isso significa? Esse Leo realmente viria atrás de mim? Minha vida voltará ao normal? Foi prazer compartilhado ou apenas luxúria?’
Sherry tinha certeza de que estava corando brilhantemente quando Elvi terminou de listar os pensamentos que estava lendo dela. E essas eram as preocupações correndo dentro de sua cabeça. Era terrivelmente desconcertante, porém, pensar que todo mundo estava ouvindo essas preocupações ... especialmente aquela sobre prazer compartilhado e luxúria.
— Eu sei, —disse Elvi em um pequeno suspiro. — É terrivelmente embaraçoso e angustiante saber que cada pessoa nesta casa saberá exatamente o que você está pensando no próximo segundo. Infelizmente, não há uma coisa que você, eu ou qualquer outra pessoa possa fazer sobre isso. Nós não costumamos ouvir tanto os pensamentos um dos outros, o problema é que você está gritando seus pensamentos para nós. E isso é outro sinal de companheiros de vida, —explicou ela.
— Oh querida, —Sherry suspirou, horrorizada com o pensamento de que sua mente estava gritando coisas como ‘Isso era prazer compartilhada ou luxúria?’ Para todos.
Elvi assentiu. — É por isso que achei que o vinho pode ser bom. Espero que ajude você a relaxar e se preocupar um pouco menos.
— Sim, então o vinho parece bom, —Sherry decidiu com firmeza.
— Vamos, então, vamos ver se temos algum, —disse Elvi, voltando-se para abrir a porta. — Se não, faremos os meninos nos levarem às compras e depois sairemos para almoçar. Você não pode se preocupar com todas essas coisas enquanto debate entre qual blusa comprar.
Sorrindo, Sherry seguiu-a para fora do quarto. Ela suspeitava que ela e Elvi iriam ser boas amigas. Certamente, já gostava da outra mulher.
Capítulo 6
— Você tem que ir ao restaurante hoje, meu amor? —Victor perguntou.
Sherry olhou para Elvi, surpresa. Eles estavam sentados à mesa da sala de jantar saboreando o café. Sherry acabou desistido de tomar o vinho, sentindo-se desconfortável beber tão cedo. Ela, Basil, Elvi, Victor e Katricia estavam lá. Drina e Harper ainda não tinham descido, e Stephanie foi para o seu quarto pouco depois de Sherry e Elvi terem descido.
— Você trabalha em um restaurante? —Sherry perguntou curiosamente. Por alguma razão, assumiu que Elvi trabalhava somente na Casey Cottage.
— Minha amiga Hazel e eu possuímos um restaurante mexicano na cidade. É chamado de Bella Black, —explicou Elvi. Ela então olhou para o marido e disse: — Eu iria mais tarde, mas depois que Lucian ligou ontem à noite, pedi a Pedro e Rosita para abrirem hoje e chamar uma das garotas para um turno extra. —Ela sorriu e encolheu os ombros. — Pensei em ficar aqui para cumprimentar Basil e Sherry.
— Ah. —Victor assentiu.
— E ainda bem que tomei essa decisão, porque Bricker não pegou nada além de lingerie para Sherry e precisamos sair e fazer compras, —acrescentou Elvi secamente.
— Eu preferiria que vocês esperassem um dia para esse passeio de compras.
Sherry olhou ao redor, surpresa com aquele comentário, e encarou o homem que estava na porta aberta da cozinha. Alto, moreno, e realmente lindo, o homem usava um uniforme da polícia e carregava duas mochilas que ele agora colocava no chão. Esse deveria ser o Teddy de Katricia, Sherry imaginou. A filha de Basil se levantou e se moveu ao redor do balcão e o cumprimentou com um beijo que fez suas sobrancelhas se elevarem. Parecia que no começo era de fato um beijo suave de saudação, com as melhores intenções e nada mais, mas rapidamente pegou fogo e se transformou em outra coisa. Sherry estava prestes a se afastar quando Teddy repentinamente quebrou o beijo e enfiou a cabeça de Katricia contra seu peito para evitar a tentação.
— Deus, mulher, eu espero que você tenha encontrado um vestido porque eu certamente senti sua falta e não quero que você tenha que sair de novo, —ele rosnou, segurando-a perto.
— Eu dou um jeito, —ela assegurou-lhe, e depois levantou a cabeça para acrescentar: — Não tive a chance de comprá-lo, mas posso comprar por telefone e pedir para ser entregue.
— Bom, —disse ele, e beijou sua testa, em seguida, liberou-a para remover suas botas.
— Então, por que você quer que Sherry e eu esperemos um dia para fazer compras? —Elvi perguntou agora. — Tem algum problema?
— Não, —respondeu Teddy, terminando com as botas. Endireitando, ele adicionou, — Eu preferiria que Sherry e Stephanie ficassem perto da casa por um dia, só para termos certeza de que elas não foram seguidas de Toronto até aqui. — Deslizando o braço em torno de Katricia, ele então a puxou ao redor do balcão para se juntar a eles na sala de jantar, dizendo: — Quando tivermos certeza de que não há problemas, vocês poderão levá-la às compras.
— Drina e eu ficamos de olho, tenho certeza de que não fomos seguidas, —disse Katricia, e depois acrescentou: — Mas é melhor prevenir do que remediar.
Quando Victor e Basil concordaram com a cabeça, Elvi suspirou e lançou um olhar de desculpas a Sherry. — Amanhã então. Mas eu vou te emprestar roupas até podermos fazer compras.
Sherry duvidou seriamente que ela se encaixaria nas roupas de Elvi. A mulher era um pouco mais baixa que ela e definitivamente mais magra. Sherry tinha um corpo mais parecido com o tipo Marilyn Monroe25 do que gostava.
— Sherry, este é Teddy Brunswick, chefe de polícia em Port Henry e um velho amigo muito querido, —disse Elvi, fazendo as apresentações.
— Olá, —Sherry murmurou, sorrindo para o homem e, em seguida, pegando a mão dele em cumprimento.
— É um prazer conhecê-la, senhorita, —Teddy disse educadamente ao apertar sua mão. — Bem-vinda a Port Henry. Lamentamos que sua visita não esteja em melhores condições.
— Obrigada, —Sherry murmurou quando ele soltou a mão dela.
Assentindo, Teddy virou-se para Elvi. — Se você me disser em que quarto estamos, pegarei as malas e as tirarei do caminho.
— Último andar ao lado do quarto de Harper, —anunciou Elvi, levantando-se e recolhendo xícaras de café vazias. Quando Teddy se virou para pegar as malas perto da porta, ela perguntou: — Você quer um café, Teddy? Ainda há um pouco na garrafa.
— Talvez mais tarde, obrigado, —disse ele enquanto se inclinava para recolher as malas.
— Eu vou ajudá-lo a levá-las, —disse Katricia com um sorriso enquanto rapidamente pegava uma. Então subiram de mãos dadas pelas escadas.
— Tão cedo não veremos esses dois, —disse Victor, divertido, enquanto observava os dois se apressarem, subindo as escadas.
Elvi sorriu e olhou para Basil e Sherry antes de dizer: — Bem, então posso ir para o restaurante depois de tudo, assim tiro folga amanhã para a nossa viagem de compras.
Sherry sorriu com a sugestão e então desviou o olhar para Victor quando ele também estava em pé.
— Vou levá-la ao restaurante, amor, —anunciou Victor, e depois olhou para Basil. — Há um solário26 na nossa suíte com uma televisão e outras coisas. Os dois podem ir lá e conversar em particular, se quiserem. Tenho certeza de que vocês têm muito a conversar.
Basil assentiu. — Obrigado.
— Colocamos um sistema de alarme e segurança quando terminamos a reforma da casa depois do incêndio, —acrescentou Victor. — Vou ligá-lo quando saímos. Quando eu voltar te mostro como mexer nele, mas enquanto isso, se algo acontecer, os outros sabem o que fazer.
— Certo, —murmurou Basil.
Assentindo, Victor se virou para Elvi. — Vamos?
Sorrindo, ela pegou a mão que ele estendeu e se dirigiu para a porta.
— Bem, —disse Basil uma vez que a porta se fechou atrás do outro casal. — Você gostaria de ir ver o solário?
Sherry assentiu e se levantou. Não parecia haver muito mais para eles fazerem no momento. Além disso, tinha muitas perguntas que gostaria das respostas, então pensou como as faria enquanto subiam as escadas.
O quarto de Elvi e Victor ficava na casa no lado oposto do quarto dela. Era uma suíte grande e bonita, decorada em tons de azul suave, observava enquanto caminhavam pelo curto corredor ao lado, levando ao solário.
— Uau, —disse ela quando eles entraram no solário. Era lindo, mobiliado com um grande e confortável sofá e uma cadeira ao longo das paredes externas, e uma grande televisão, um PlayStation27 e sistema de música organizados em prateleiras contra a parede voltada para casa. Essa parede e as metades inferiores das paredes externas eram todas pintadas de amarelo claro, enquanto grandes janelas de vidro formavam as metades superiores das paredes externas, deixando uma visão de três lados. Cortinas transparentes cobriam as janelas, permitindo a entrada da luz do sol, mas imaginou que elas não permitiam que alguém do lado de fora tivesse uma visão de dentro. Ela sorriu enquanto espiava o bonito quintal arborizado, com seu jardim e velhas árvores.
— Muito bonito, —Basil concordou sorrindo e observando ao redor. — Fiquei agora com inveja da casa do meu irmão.
— Não me fale, —disse Sherry em uma risada quando se aproximou da janela traseira e olhou para baixo no chão no quintal.
Ela tinha um apartamento em Toronto. Era proprietária dele, não pagava aluguel, e de bom tamanho, mas não havia muitas árvores perto dela nem perto de sua loja. Ela não via esse tipo de vegetação com frequência e não percebeu o quanto sentiu falta disso até aquele momento.
Olhando para Basil, perguntou de repente: — Então, por que esta é sua primeira viagem até aqui?
Basil virou-se para arquear uma sobrancelha. — Quem disse que é?
— Elvi disse que não tinha conhecido você antes, —explicou Sherry, voltando seu olhar para a janela. — Então ... ou você só veio quando ela não estava aqui, ou ... —Ela encolheu os ombros, deixando o resto não dito.
— Muito bom raciocínio dedutivo, Dr. Watson28, —Basil brincou levemente, e depois admitiu: — Eu tenho planejado por meses pegar um avião e subir o país para conhecer a nova companheira de vida de Victor, mas negócios ou problemas na família sempre interveio.
— Subir o país? —Sherry perguntou.
— Eu moro e trabalho em Nova York.
— Oh. —Isso a surpreendeu. Ela assumiu que ele era de Toronto como ela.
— De qualquer forma, eu deveria ter conhecido Elvi no casamento, mas fui detido na Europa, —ele disse ironicamente.
— Detido? —Sherry perguntou. — Pela segurança do aeroporto?
— Não, —disse ele em uma risada. — Eu deveria voltar na noite anterior ao casamento, mas uma grande tempestade aconteceu. Ninguém podia voar. Saímos assim que pudemos, mas mesmo assim acabamos chegando a Nova York umas boas quatro horas depois do casamento. Ainda pegamos trânsito na cidade, quando chegamos, a recepção do casamento já havia acabado também.
— Elvi e Victor se casaram em Nova York? —Ela perguntou com surpresa.
Basil assentiu. — Foi um grande casamento múltiplo. Vários casais se casaram ao mesmo tempo. Elvi e Victor estavam entre eles.
— Ah, —ela murmurou, mas depois perguntou: — Então, o que você faz em Nova York?
— Pastoreio o meu rebanho de filhos, assedio meu irmão Lucian com ligações de longa distância e ganho dinheiro para mim e para o Conselho, —disse ele com um encolher de ombros.
Ela sorriu sobre o assédio a Lucian, mas perguntou: — E trabalhar como advogado te dá tanto dinheiro assim?
— Embora eu seja atualmente um advogado, também gerencio meia dúzia de empresas e gerencio vários investimentos que construí ao longo dos anos.
— Certo, —ela disse lentamente. — Eu esqueci, você é velho, então é podre de rico.
— Eu tenho muito dinheiro, mas não o ganhei de forma desonesta, —ele assegurou.
Se ela não tivesse pegado o brilho de divertimento nos olhos dele, Sherry teria pensado que ele havia se ofendido. Então apenas sorriu e perguntou: — Que tipo de advogado?
Basil hesitou e então se virou e se sentou no sofá antes de responder: — Direito empresarial principalmente no momento, embora eu seja licenciado em direito criminal, civil e de imigração também.
— Claro, que é, —disse ela secamente, e balançou a cabeça enquanto se movia para se sentar na outra extremidade do sofá. — Eu suponho que viver tanto tempo permite que diversifique um pouco.
— Sim, —ele concordou. — Nem sempre fui um advogado. Decidi ser um neste último século.
Ela olhou para ele com curiosidade. — O que você era antes de ser um advogado?
Basil fez uma careta e depois sorriu e admitiu: — Fui muitas coisas ao longo dos séculos. Fui um Caçador de Desonesto por muito tempo, um guerreiro, um médico, um cozinheiro, um músico, um artista, um ...
— Artista? —Ela perguntou com interesse. — E um médico?
— Eu era um artista ruim, —ele admitiu, —e apenas um músico razoável, mas eu era um bom médico.
— Bem, você definitivamente parece gostar de variedade, —ela disse ironicamente.
— Isso ajudou a aliviar o tédio de viver tanto, —ele disse calmamente.
Ela balançou a cabeça e olhou para os carros que passavam na rua em frente à casa por um momento antes de mudar de assunto, e perguntou curiosamente: — Você disse rebanho de filhos. Quantos filhos você tem?
— Vinte e dois, —ele respondeu com facilidade.
Sherry congelou e então se virou para encará-lo com os olhos arregalados. — O que?
Basil olhou para ela, notou sua expressão e disse um pouco mais cautelosamente: — Vinte e dois.
— Você tem vinte e dois filhos?
Basil assentiu lentamente, parecendo perplexo com o desalento dela.
— Por quê? —Sherry perguntou.
Suas sobrancelhas se levantaram com surpresa. — Porque o que?
— Por que vinte e dois filhos? —Ela esclareceu. — Quero dizer, eu posso entender três ou quatro, mas ... vinte e dois?
— Na verdade, nós tivemos vinte e seis no total, mas apenas vinte e dois ainda vivem, —disse Basil calmamente. — E nós tivemos tantos porquê ... bem, Mary e eu gostamos de crianças. Poderíamos ter um a cada cem anos, e assim tivemos. Nosso caçula tem vinte e cinco anos e acabou de se formar em direito. Estamos muito orgulhosos dele.
— Nós estamos? —Sherry perguntou com desânimo. — Sua esposa ainda está viva? Quer dizer, eu imaginei que você deveria ter sido casado em algum momento, uma vez que tem Katricia, mas ela nasceu em, bem, há séculos atrás, pelo amor de Deus. Pensei que sua esposa tinha morrido. Mas ela ainda está viva? Você ainda é casado? —Sherry estava gritando no final, estava muito horrorizada com esta notícia. Todo mundo aqui insistia sobre ela ser a companheira de vida dele, e compartilhamento de prazer e blá, blá, blá, e o homem era casado, pelo amor de Deus.
— Respire, —disse Basil suavemente, estendendo a mão para tocá-la de leve. Permitiu-lhe um momento para recuperar a calma e depois disse: — Mary e eu não somos casados, nunca fomos casados ou se quer envolvidos. Nós não somos nada mais do que amigos.
Sherry piscou repetidamente e depois retrucou: — Amigos que tiveram vinte e seis crianças juntos, mas vocês não estão envolvidos? Isso parece muito complicado para mim.
Basil estremeceu e balançou a cabeça. — Você tem que entender ...
— Entender o que? —Ela disse, e então disse sarcasticamente: — Não, deixe-me adivinhar uma desculpa. Ela não entende você, ou ela é uma mulher fria e não deixa você tocá-la, mas você continua com ela por causa das crianças, ou, ah, ela está tendo um caso com o encanador, mas não concorda em se divorciar porque é católica. Me poupe, —ela rosnou. — Você ...
— Nós não somos casados em nenhuma religião ou oficialmente no civil. Nós nunca vivemos juntos nem agora e nem nunca. Sempre fomos amigos e pais colaboradores. As crianças eram ... —Ele parecia lutar pelas palavras para explicar, e então suspirou e puxou a mão dela, instando-a a se sentar ao lado dele. Uma vez que ela se sentou rigidamente no sofá ao lado dele, ele disse solenemente, — Sherry, viver por tanto tempo parece grandioso e maravilhoso. Todo mundo acha que nunca quer morrer, mas a verdade é que, com o tempo tudo fica muito maçante. Você se levanta, se alimenta, trabalha, dorme e depois se levanta e faz tudo de novo.
Com a boca apertada, virou-se para espiar pela janela e depois disse: — Estou vivo há 3.538 anos. Isso significa que eu vi cerca de 1.291.370 nascer e pôr-do-sol. Tenho comido, dormido, trabalhado e ... francamente, tudo se torna aborrecido como o inferno. É por isso que alguns da nossa espécie se desgarram e tornam-se Desonestos. Estão exaustos e entediados e precisam de algo para que se sintam vivos novamente. Um companheiro de vida pode facilitar nessas angustias. Mas esperar para encontrar um companheiro de vida é o inferno. Eu estava nesse lugar. Eu precisava de algo para me dar uma razão para olhar para frente, algo para capturar meu interesse e segurá-lo. Mary e eu crescemos juntos. Nós éramos mais amigos do que qualquer outra coisa. Podemos ler um ao outro e, como sou mais velho do que ela, imagino que posso controlá-la, embora nunca tenha tentado. Então, quando ela admitiu que estava ficando cansada de viver, eu a entendi completamente. E quando ela disse que achava que ter um filho poderia tirá-la dessa depressão, que lhe daria alguém para pensar e se importar além de si mesma, pensei ... —Sua boca apertou e então ele disse: —Bem, pensei que valeria a pena tentar essa alternativa. Certamente ela foi melhor que o suicídio ou ser executado por um Caçador de Desonesto, então concordei. Nós não pensamos muito sobre isso, —ele admitiu em voz baixa.
— Não planejamos nada, simplesmente deixamos acontecer. E funcionou. Gabriel foi nosso primeiro filho, um lindo menino. Ele nos deu uma razão para nos levantarmos à noite. Ele nos revigorou. Estamos ambos vivos e relativamente saudáveis todos esses séculos depois por causa de Gabriel, Katricia, Crispinus, Marius, Flavia e todos os outros. E eu não me arrependi. Não me arrependo. Amo meus filhos, cada um deles, e também sou grato a eles porque salvaram minha sanidade e minha vida ... e a Mary também é.
Sherry ficou em silêncio por um minuto e depois perguntou: — Você não morava com Mary? Mesmo quando as crianças eram pequenas?
— Não, —assegurou ele. — Nós não somos companheiros de vida, Sherry. Você não entende o que isso significa. Podemos ler os pensamentos uns dos outros. É difícil viver com alguém que possa ler seus pensamentos. Você tem que guardar cada pequena coisa que passa pela sua mente, até mesmo um pensamento perdido pode, sem intenção, ferir o outro. Você pode começar o dia com tudo bem, um pensamento perdido, e, boom, é uma guerra mundial no meio de sua casa.
Ela sorriu fracamente e disse: — Não pode ser tão ruim assim.
— Confie em mim, é. Lembre-se de alguns de seus pensamentos durante o dia. Cada um deles foi politicamente correto?
Sherry franziu a testa, considerando seus pensamentos. Até onde ela sabia, não corria por aí com pensamentos ofensivos.
— Você está balançando a cabeça. Não pode lembrar de nada insultante que possa ter pensado? —Ele perguntou, e quando ela balançou a cabeça novamente, ele assentiu. — Muitas vezes nem sequer estamos conscientes disso. —Ele hesitou por um momento e depois disse: — Tudo bem, você entra no escritório, ou no seu caso, na sua loja, um dos seus funcionários aparece com cara de cansado, bolsas sob os olhos, etc ... você realmente nunca pensou: — Uau, ele está horrível?
Sherry mordeu o lábio. Ela realmente pensara isso. Nunca teria dito isso, é claro, mas ela havia pensado isso sim.
— Ou você nunca olhou para alguém e o achou que estava mais gordo, ou aquelas calças fazem o seu traseiro parecer enorme?
Sherry fez uma careta. Sim, ela pensou isso.
— Ou você está treinando um novo funcionário e ele parece lento para aprender, você perde a paciência rapidamente e pensa: 'Bom Deus, como é ele difícil’, antes de respirar e tentar de novo?
— Ah, —Sherry respirou com um suspiro.
— Ou você acha que a risada de alguém soa como prego no quadro-negro. Ou alguém está cantando e você acha que eles são surdos. Ou ...
— Eu entendi, —Sherry interrompeu, e fez uma careta quando admitiu: — Sim, eu acho que provavelmente tenho pensamentos que podem ser considerados insultantes, e mais frequentemente do que eu percebi.
— Você não os considera um insulto. Eles são seus pensamentos, afinal, ninguém pode ouvi-los, —disse Basil calmamente.
— Mas Imortais podem, —disse Sherry em um suspiro. — Eu acho que isso tornaria difícil viver com um Imortal.
— É um pouco mais complicado do que isso, —disse Basil calmamente. — Imortais mais jovens geralmente não podem ler Imortais mais velhos se estivermos guardando nossos pensamentos, mas é impossível guardar constantemente os pensamentos. Bem, não impossível, mas é estressante e essa guarda pode escorregar. E, é claro, os mortais não podem ler Imortais, mas também não guardam seus próprios pensamentos, e ser constantemente bombardeado com pensamentos perdidos, insultos e fantasias podem ser exaustivos.
— Eu posso imaginar, —disse Sherry calmamente, mordeu o lábio ansiosamente e, em seguida, perguntou: — Mas você não pode ler meus pensamentos, não é? Ou você pode agora? Stephanie pode agora.
— Não, eu não posso ler você, —assegurou Basil. — O que faz de você a pessoa mais tranquila em estar perto em Casey Cottage.
— Tranquila? —Sherry perguntou com um estremecimento. Isso poderia significar tanto uma coisa boa quanto uma coisa ruim.
Basil riu da expressão dela. — Acredite em mim, isso faz de você a mulher mais atraente para mim no mundo. Eu posso relaxar com você, Sherry. Normalmente, a única vez que posso relaxar é quando estou sozinho, mas ficar sozinho é ... bem solitário, —disse secamente. — É bom poder desfrutar da companhia de alguém sem ter que ficar guardando os meus pensamentos. Não sentia isso desde Acantha.
— Acantha? —Sherry perguntou. — Onde fica isso?
— Acantha não é um lugar, ela foi minha primeira companheira de vida, —ele disse baixinho.
— Sua primeira companheira de vida? —Ela perguntou com surpresa. — Então eu não sou a primeira?
— Não, —ele disse solenemente. — Tive a sorte de encontrar uma companheira de vida enquanto eu era bem jovem. Infelizmente, não a tive muito tempo.
— O que aconteceu com ela? —Sherry perguntou.
— Atlântida caiu seis meses depois de nos casarmos. Ela não sobreviveu. —Ele ficou em silêncio por um momento e depois acrescentou: — Acantha era professora. A escola onde ela ensinava explodiu durante o primeiro terremoto que atingiu Atlântida. Ela ficou presa nas chamas e ... —Ele engoliu em seco e depois explicou: — Por algum motivo, os nanos torna nossos corpos muito inflamáveis. Ela não teve chance.
— Sinto muito, —disse Sherry calmamente.
— Estou bem agora, —disse ele solenemente, mas admitiu: — Na época, o meu mundo parecia que tinha acabado, e eu tenho vergonha de admitir isso, mas basicamente me sentei e ... —Ele encolheu os ombros. — Eu não estava exatamente motivado a lutar para sobreviver. Teria morrido lá com todos os outros se não fosse por Lucian. Ele basicamente me arrastou para fora de Atlântida, eu e nosso irmão Jean Claude, embora eu não saiba onde Lucian encontrou à vontade ou desejo de viver ele mesmo. Ele perdeu não apenas sua companheira de vida na queda, mas também seus filhos.
— Isso é horrível, —Sherry murmurou.
— Sim. —Basil suspirou a palavra e, em seguida, olhou para ela com um sorriso irônico. — E esta é uma conversa terrivelmente deprimente. Além disso, tudo aconteceu há muito tempo atrás. Todos nós tivemos mais de três mil anos para lamentar a perda de Atlântida e de todos aqueles que morreram com ela, família e amigos, lar, uma vida que nunca poderá ser refeita.
Sherry assentiu e olhou para as mãos deles entrelaçadas, tentando pensar em outro assunto, algo menos deprimente para discutir.
Depois de um momento, ela disse: — Se a Atlântida era tão avançada naquela época, imagine o quanto estaria agora.
— Humm, —Basil murmurou, e depois apontou: — Por outro lado, eles poderiam eventualmente ter encontrado uma solução para a questão dos nanos e então eu não estaria aqui para conhecê-la.
Ela assentiu silenciosamente, reconhecendo que era verdade. Ela não conhecia o homem há muito tempo, mas estava definitivamente feliz por tê-lo conhecido ... até agora.
— E então ... por que uma loja de utensílios de cozinha? —Perguntou Basil, de repente.
Sherry olhou para ele com surpresa e depois sorriu para sua expressão um pouco confusa. Ela supostamente pensou que, para um homem, abrir uma loja de utensílios de cozinha seria a última coisa que ele pensaria fazer. Especialmente um homem que não comia. Encolhendo os ombros, ela disse simplesmente: — Porque eu amo comida.
Basil considerou sua resposta por um momento, mas sua expressão não esclareceu e ele finalmente perguntou: — Bem, então por que não um restaurante?
— Porque sou péssima em cozinhar, —ela disse honestamente, e riu com o desânimo que isso trouxe para o rosto dele. Depois de um momento, ela assegurou-lhe: — Certo, eu não sou muito ruim, mas não sou boa o suficiente para administrar um restaurante. Além disso, amo todos os aparelhos e coisinhas na minha loja, máquinas para fazer massas, sorvetes, aparelhos que descasca, recheia e fatia suas maçãs ... —Ela encolheu os ombros. — Há tantas coisas bacanas lá fora agora que facilitam a hora do cozinhar para mulheres como eu que são ocupadas e querem economizar tempo. E depois há adoráveis conjuntos de servir, decantadores de vinho bonitos, formas de cubos de gelo e assim por diante. Há tantas inovações e novidades quase semanais.
— E você provavelmente tem cada um deles em sua própria cozinha, —ele adivinhou com diversão.
— Isso mesmo, —ela confessou com um sorriso autodepreciativo, e então confessou: — Tenho praticamente tudo e qualquer coisa necessária para fazer jantares fabulosos. Infelizmente, nunca consigo usá-los. Eu nunca tenho tempo, e mesmo que tivesse, não tive tempo para fazer muitos amigos. Eu tenho um casal de amigos, mas estou sempre tão ocupada com a loja que acabo deixando a desejar com eles.
— Então, uma borboleta social que é aprisionada pelo trabalho? —Basil sugeriu gentilmente.
Sherry considerou isso, depois sorriu com auto depreciação e disse: — Isso ou uma pretensa borboleta social que se esconde atrás de seu trabalho.
Basil pareceu surpreso com sua franqueza, mas apenas perguntou: — Há quanto tempo você tem sua loja?
— Três anos, —respondeu Sherry.
— E você tem trinta e dois agora? —Ele perguntou.
— Sim, eu abri no meu vigésimo nono aniversário.
Basil ergueu as sobrancelhas e deu um assobio silencioso. — Impressionante.
Sherry sorriu levemente e sacudiu a cabeça. — Não é tão impressionante. Apesar de ter trabalhado duro e economizar durante a faculdade, quando terminei eu ainda não tinha condições de abri-la sozinha.
— Então como? —Ele perguntou curiosamente.
Sherry encolheu os ombros e evitou responder dizendo: — Eu até poderia ter aberto seis ou sete anos antes. Luthor me ofereceu o dinheiro para abrir a loja quando nos formamos, mas eu recusei.
— Luthor? —Basil perguntou, obviamente curioso.
— Oh. —Ela deu uma leve risada. — Um amigo. O nome dele na verdade é Lex, mas eu costumava chamá-lo de Lex Luthor29 como uma piada e então de alguma forma ele se tornou Luthor. —Ela deu de ombros e depois sorriu, lembrando-se antes de dizer: —Ele é o melhor amigo que eu já tive. Nós nos conhecemos na universidade, acabamos alugando quartos na mesma casa quando eu saí do campus depois do meu primeiro ano, e ainda somos amigos hoje, embora eu não consiga mais vê-lo. De qualquer forma, ele vem de uma família rica, —acrescentou ela.
— Então, quando a formatura chegou, ele se ofereceu para financiar a minha loja. Nós seríamos parceiros. Mas ... —Ela fez uma pausa e fez uma careta. — Eu queria fazer isso sozinha. Queria provar para mim mesma que eu podia fazer isso, e eu tinha um plano. Além disso, não queria arriscar com o dinheiro dele. Nunca teria me perdoado se a loja falhasse e eu perdesse o dinheiro dele.
— Esse Luthor é o homem com quem você estava namorando, mas não era exclusivo?
Sherry notou que ele se referiu ao relacionamento casual dela no tempo passado, como se já tivesse rompido seu relacionamento com o homem que estava namorando. Mas ela deixou isso para lá e sacudiu a cabeça. — Não. Luthor sempre foi um amigo. —Ela sorriu e acrescentou: — Na verdade, eu não o vejo há anos. Foi-lhe oferecido uma posição realmente boa em uma empresa na Arábia Saudita na época em que abri minha loja e, além de e-mails ocasionais, quase não nos falamos mais. Mas antes disso ele era como um irmão mais velho. E eu acho que ele é gay, embora ainda não tenha admitido isso para mim. —Sherry fez uma pausa para refletir sobre isso brevemente, imaginando por que Luthor não iria admitir isso para ela. Não era como se ela se importasse.
Deixando de lado essa preocupação, ela continuou: — De qualquer forma, ele me ofereceu o dinheiro para abrir a loja, mas eu disse não e comecei a planejar sozinha. De acordo com meu grande plano de vida, eu teria economizado o suficiente para abrir minha própria loja quando tivesse trinta e quatro anos, e teria sido livre e limpo, sem empréstimos nem nada.
— Mas ao invés disso você foi capaz de abri-lo aos vinte e nove, —ele murmurou, e então perguntou: — O que aconteceu? Você ganhou na loteria?
— Bem que eu queria, —Sherry disse baixinho, e balançou a cabeça. — Não. Minha mãe morreu. Um ataque cardíaco aos cinquenta e quatro anos.
— Sinto muito, —disse Basil calmamente.
— Como você disse sobre sua esposa, eu estou bem agora.
— Presumo que você usou sua herança para começar sua loja mais cedo? —Ele adivinhou.
Sherry assentiu. — Mamãe tinha uma apólice de seguro. Eu a usei na loja. Acredito que é o que ela queria. Ela sempre apoiou meu sonho.
Basil assentiu. — E seu pai? Irmãos?
Sherry encolheu os ombros. — Eu tinha um irmão, Danny. Ele era um ano mais novo que eu, mas ...
Ela fez uma pausa, engoliu e então de repente saiu. Derramando por seus lábios, como o vinho quando derrama por uma garrafa, deixou escapar toda a história de como havia perdido seu irmão.
— Ele se afogou quando eu tinha oito anos. Nós estávamos em uma viagem de barco para Cedar Point. Fomos com várias outras famílias, todos em um mesmo barco. Chegamos um pouco antes da hora do jantar e devíamos visitar o parque no dia seguinte. Os barqueiros decidiram fazer um churrasco no cais naquela noite, para economizar dinheiro no dia seguinte, eu acho. Havia bancos de piquenique e coisas no litoral para os velejadores usarem. Nós, crianças, brincávamos enquanto os adultos faziam churrasco em churrasqueiras de carvão ... cachorros-quentes e hambúrgueres. Mamãe esqueceu os pãezinhos de cachorro-quente. Papai mandou Danny de volta para o barco para pegá-los.
Ela olhou para o quintal novamente e disse: —Demorou um pouco para perceber que ele não tinha voltado com os pães. Quando foram atrás dele, Danny estava flutuando entre o barco e o cais. Ele era um bom nadador. Nós dois erámos, mas havia um corte em sua testa. Acham que ele deve ter batido com a cabeça quando entrou ou saiu do barco.
— Tão jovem, —disse Basil tristemente, sacudindo a cabeça. — Isso deve ter sido difícil para todos vocês.
Sherry assentiu. — Meus pais nunca se recuperaram disso. Eles culpavam um ao outro e a si mesmos. Se ela não tivesse esquecido os pães ... se ele tivesse ido atrás dele ... —Ela balançou a cabeça. — Não demorou muito para se divorciarem. Papai se mudou para o oeste, conheceu e se casou com uma outra mulher que já tinha dois filhos e teve mais dois com ela, e eu não o vejo desde então.
Basil franziu o cenho. — Ele nunca entra em contato com você ou ...?
— Ele ligou algumas vezes. E-mail também, —ela admitiu. — Mas eu não fui muito receptiva. Senti que, além de ter perdido meu irmão, ele nos abandonou. Também parecia que ele não se importava comigo, como se Danny fosse tudo o que importava para ele e eu não era o suficiente para mantê-lo lá, —Sherry admitiu baixinho.
— Tenho certeza de que isso não é verdade, —disse Basil calmamente.
Sherry encolheu os ombros. — Ele não se esforçou muito para ver ou falar comigo quando parei de atender as ligações dele, —ela apontou, então suspirou e disse: — Mas tudo bem. Foi há muito tempo.
— Então, você está sozinha no mundo? —Perguntou Basil.
— Não. Eu tenho três tias do lado da minha mãe e suas famílias. Eles se reuniram em torno de mim e foram muito prestativos quando a mãe morreu. Eles ainda são. Sempre me incluem em feriados e aniversários. E eu tenho amigos.
Basil apenas balançou a cabeça e perguntou: — Então, em que você se formou na universidade? Negócios?
— Sim. —Ela sorriu. — Parecia o curso mais sensato, já que eu queria ter meu próprio negócio um dia.
— Muito sensato, —ele concordou. — E você usou seu diploma antes de iniciar o seu negócio?
— Claro. Trabalhei nos escritórios de um grande empreiteiro internacional com sede em Toronto. Foi um bom trabalho, o pagamento era excelente, caso contrário nunca teria sido capaz de economizar dinheiro como fiz. E eles estavam dispostos a pagar todas as horas extras que eu queria trabalhar. —Ela sorriu. — Trabalhei muitas horas extras.
— Ah. —Ele assentiu. — Você nunca se casou, então?
Ela olhou para ele com confusão. — O que tem horas extras a ver com o casamento?
— Falou como alguém que nunca foi casada, —disse ele com diversão. — Um marido protestaria com tanta hora extra.
— Oh. —Ela balançou a cabeça. — Não. Eu não tive muita sorte no amor. Eu tenho um gosto terrível para homens. Tem encontrado com todos os perdedores e parasitas, —disse ela ironicamente, e depois acrescentou: — Fui noiva uma vez, no entanto, por um tempo.
— O que aconteceu para terminar o noivado? —Basil perguntou, curioso.
Sherry encolheu os ombros. — Só não deu certo. Essas coisas acontecem. Foi melhor assim.
Ele assentiu e então sorriu fracamente. — Bem, certamente foi melhor para mim.
— Por que? —Ela perguntou.
Basil hesitou e depois disse: — Pergunte-me isso de novo daqui a uma semana.
Sherry olhou para ele com curiosidade, mas depois virou-se para olhar para fora novamente quando o movimento chamou sua atenção. Uma mulher tinha acabado de sair da casa ao lado com luvas, um chapéu de sol e uma cesta cheia de ferramentas de jardinagem. Enquanto Sherry observava, a mulher foi até as roseiras que cobriam a frente de sua casa, largou a cesta, pegou as tesouras de podar e começou a trabalhar em suas roseiras.
— É um dia lindo, —disse Basil calmamente.
— Sim, lindo, —Sherry suspirou e depois apontou: — Quando eu te perguntei sobre a luz do sol e questionei sobre ter observado que vocês não pareciam ter nenhum problema com ele, você me explicou sobre os nanos. Isso significa que, ao contrário dos vampiros de Stoker30, vocês não têm problemas com a luz do sol?
— Não.
Ela levantou uma sobrancelha. — Mas os vampiros tradicionais não suportam a luz do sol ... ou alho ... ou símbolos religiosos como a cruz.
— Ah. —Basil sorriu levemente enquanto observava a mulher trabalhar no outro lado da rua. — Bem, apesar de não explodirmos em chamas ou qualquer coisa quando somos atingidos pela luz do sol, isso danifica nossa pele, assim como faz os mortais. Tradicionalmente, nós evitamos e continuamos evitando a luz solar o máximo possível. Você não encontrará adoradores do sol entre o nosso povo. Quanto mais danos tivermos, mais sangue precisamos. A necessidade de mais sangue ao mesmo tempo significava mais risco de ser pego. Então tomar sol significa apenas desperdiçar sangue, o que é um bem precioso. Nossos bancos de sangue têm os mesmos problemas para substituir suas reservas do que a Cruz Vermelha e os bancos de sangue mortais. —Ele encolheu os ombros. — Então, evitamos o máximo possível. No passado, isso significava ficar em casa a maior parte do dia e viver principalmente à noite. Hoje em dia, porém, somos muito mais livres. Temos vidros de proteção UV31 colocados nas janelas de nossas casas e carros, então é só uma questão de ir do veículo para um prédio ou vice-versa, o que causa pouco dano.
Sherry voltou sua atenção para o vidro da janela que ela estava olhando, supondo que eles provavelmente tinham a proteção UV.
— Quanto a igrejas e símbolos religiosos, —continuou Basil. — Eles não são um problema para nós.
Mudando sua atenção de volta para ele, ela perguntou: — E alho? —A pergunta era mais uma provocação do que algo sério.
— Eu pessoalmente amo alho, —ele assegurou. — Bem, eu não comia antes de um encontro, mas por outro lado ... —Ele encolheu os ombros. — Não nos faz nenhum mal. —Ele franziu os lábios e depois acrescentou: — Meu irmão Jean Claude detestava alho, no entanto. Pode ter sido de onde veio todo o mito com alho.
Sherry olhou em dúvida para ele, imaginando como o desgosto por alho vindo de um homem poderia se transformar no mito do alho sendo prejudicial à saúde dos vampiros. Mas Basil apenas sacudiu a cabeça e murmurou: — Longa história.
— Você mencionou seu irmão Jean Claude algumas vezes. Ele mora no Canadá ou nos EUA?
— Ele viveu por último no Canadá, mas faleceu há alguns anos, —respondeu Basil.
— Oh. —Ela fez uma careta. — Sinto muito.
Basil encolheu os ombros. — Essa é uma das desvantagens da vida, a morte é uma companhia constante.
— Menos para a sua espécie do que para a minha, —ela apontou secamente.
— Talvez eu devesse ter dito que a perda de outro é uma companhia constante em nossas vidas, —disse ele solenemente. — Enquanto vivi muito tempo, testemunhei e lamentei a perda de inúmeros familiares, amigos e conhecidos.
— Uau, você está realmente tentando vender esse negócio de imortalidade, —Sherry brincou com ironia. O homem não estava fazendo isso atraente.
Basil fez uma careta. — Vendedor é uma carreira que nunca tentei. Eu sabia que não seria bom nisso.
Sherry encolheu os ombros. — Eu também não sou boa em vendas.
Basil riu disso. — Você possui uma loja. Vendas são o seu negócio.
— Isso é diferente. As pessoas vêm procurando por algo e as ajudamos a encontrá-lo. Nós não arrastamos as pessoas para fora da rua e tentamos vender algo para elas.
— Ah, —ele sorriu. — Sim, eu posso ver a diferença.
Ambos ficaram em silêncio por um minuto, e então Sherry perguntou: — Você gosta de morar em Nova York?
Basil encolheu os ombros. — Estou bem lá. Mas certamente seria bom ver mais árvores e grama. Essa é provavelmente a única coisa que sinto falta em Nova York. Há parques, claro, e eu tenho um par de árvores em vasos no meu terraço, mas não é o mesmo que viver em algum lugar assim.
— Não. É assim que me sinto em morar em um apartamento em Toronto, —concordou Sherry.
Basil assentiu. — Por outro lado. Normalmente estou trabalhando, então não conseguiria curtir muito as árvores.
— Sim, —Sherry concordou com um sorriso irônico. — É o mesmo comigo. Eu pareço estar sempre trabalhando também. Não que eu me importe, —acrescentou ela rapidamente. — É o meu sonho. Um trabalho que amo, mas ... —Ela encolheu os ombros.
— Mas isso deixa pouco tempo sobrando para uma vida social? —Ele sugeriu.
— Oh, eu não me importo com isso também, —ela assegurou, e ele pareceu surpreso.
— Sério? —Ele perguntou. — Nenhuma pressão do relógio biológico passando pela sua mente? Sem ansiar por casamentos e crianças?
Sherry balançou a cabeça e franziu a testa. — Eu costumava ansiar por isso. Quando eu era mais jovem, muitas vezes pensava em encontrar um homem que amaria, casaria e me estabeleceria. Mas agora só quero que a loja de certo e funcione bem.
— Você a abriu há três anos? —Ele perguntou.
Sherry assentiu.
— Não é autossustentável agora? Geralmente, leva cerca de três anos para uma loja se firmar.
— Sim, —ela concordou.
— E a sua ainda não se firmou? —Ele perguntou.
— Sim. Tem sido surpreendentemente bom desde o começo, e desde que não fiz empréstimos, começamos a lucrar quase imediatamente, —admitiu ela.
— Então não deveria precisar de todo o trabalho extra mais, —ele argumentou.
— Sim, mas eu só quero que a loja de certo e funcione bem, —ela repetiu enquanto olhava para a máquina de café Keurig32 ao lado da televisão. — Será que eles se importariam se eu fizesse um café? Toda essa conversa está me deixando com sede.
Basil ficou em silêncio por um minuto, observando-a, mas depois sacudiu a cabeça, levantou-se e foi até a máquina de café. — Claro que eles não se importariam.
Sherry se levantou e se juntou a ele, notando que a máquina estava em um suporte de metal preto para as pequenas cápsulas de café K, semelhante à que ela tinha em seu próprio escritório. Abrindo a gaveta, encontrou vários tipos de café. Xícaras estavam alinhadas ao lado da máquina e uma lata de prata segurava colheres. Havia até açúcar. Seu olhar deslizou para um bebedouro ao lado da estante e ela sorriu. — Aposto que há creme na geladeira do bebedouro.
— Geladeira? —Basil ecoou duvidosamente.
Sorrindo, Sherry ajoelhou-se e abriu a parte inferior da base do bebedouro de água, revelando o pequeno compartimento refrigerado no interior e o creme que continha. Havia também alguns refrigerantes lá. — Eu tenho o mesmo modelo no meu escritório. Bebedouro de água com geladeira embutida. Ele fornece a água para o meu Keurig, e eu posso manter meu leite frio, então nunca tenho que sair do meu escritório para pegar um café enquanto estiver trabalhando. Poupa tempo.
— Esperta, —comentou Basil enquanto recuperava o creme e se levantou.
— Ou preguiçosa, —ela admitiu com diversão. — Também é mais barato do que instalar uma pia e uma geladeira no meu escritório.
— Estou muito surpreso que Victor bebe café, —disse Basil enquanto selecionava uma cápsula K de sabor baunilha com avelã e colocava na máquina Keurig. — Na verdade, percebi que todos os caçadores parecem beber, o que me surpreende.
— Por quê? —Sherry pegou uma xícara de café e a colocou na grelha prateada, depois apertou o botão do meio. Ela se mexeu para se apoiar contra a prateleira enquanto esperava que Basil respondesse.
— A cafeína pode tornar os Imortais um pouco ... —Ele hesitou, obviamente procurando pela palavra certa. Finalmente, ele deu de ombros e disse: — Bem, eu acredito que o termo moderno é ‘ligado’.
— O suficiente de café pode fazer qualquer um ligado, —disse ela com diversão, e então levantou as sobrancelhas e perguntou: — Os nanos não cuidam da cafeína em seus sistemas?
— Estranhamente, não. Em vez disso, os efeitos parecem ser amplificados em Imortais.
— Humm. Estranho, —ela comentou, e se virou para pegar o café enquanto a máquina terminava de pingar em seu copo. — Isso significa que você não quer café? Eles têm cápsulas sabor cidra e chocolate quente aqui também, eu notei.
— Não, eu vou tomar o café. Gostei muito do que tomamos no caminho para cá, —disse Basil, abrindo a gaveta. Depois de uma hesitação, ele selecionou uma avelã de baunilha também.
Sherry pegou uma xícara e a colocou na grelha de prata, enquanto ele colocava a cápsula do compartimento da máquina. Então ela o deixou apertar o botão do meio e voltou sua atenção para adicionar creme e açúcar ao seu próprio café.
— Então, esse homem com quem você está casualmente namorando ... —Basil perguntou um instante depois, quando começou a observar seu próprio café.
Sherry se virou para caminhar até o sofá, ciente de que suas sobrancelhas se ergueram. Ela não sabia por que, mas o fato dele abordar o assunto a surpreendeu. Embora supôs que não deveria se surpreender. Ele perguntou se Luthor era a pessoa que ela estava namorando quando ele entrou em uma conversa. Sentada no sofá, colocou seu café na mesa lateral e olhou para ele em questão. — Sim?
— Conte-me sobre ele, —sugeriu Basil.
Sherry encolheu os ombros. — Não há muito a dizer. Barry é dono da loja de artigos esportivos ao lado da minha loja. Ele acabou de se divorciar e está passando pela fase de puta.
— Fase de puta? —Basil perguntou com uma espécie de perplexidade horrorizada.
Sherry riu levemente com a expressão dele. — Eu percebi que quando os casais terminam, um ou outro frequentemente passa por um período louco ou fase de puta. Na fase de puta se namora e as vezes até dorme com tudo que se move. O período louco é o período da choradeira, lamentações, reclamações e só que ficar sozinho. Barry está passando pela fase de puta.
— E você está namorando com ele? —Ele perguntou com desânimo.
Sherry revirou os olhos. — Eu disse que era casual. Nós vamos ao cinema ou jantamos e coisas assim e somente isso. Eu não sou estúpida o suficiente para dormir com ele quando está dormindo com metade das mulheres em Toronto.
— Oh. —Basil se estabeleceu no sofá ao lado dela e colocou seu próprio café no final da mesa. Ele então olhou para ela com uma expressão confusa e perguntou: — Mas por que até mesmo sair com ele?
Sherry suspirou. — Porque é fácil. Ele não tem expectativas. Não quer compromisso. Não fica bravo quando eu trabalho até tarde, ou quando eu cancelo no último minuto porque algo apareceu na loja. Ele só chama uma de suas outras amigas. —Ela franziu os lábios e então admitiu: — Eu suponho que não dá nem mesmo para chamar isso de namoro, saímos em alguns encontros de vez em quando.
— Mas por que fazer isso? —Ele perguntou, verdadeiramente parecendo desnorteado. — O namoro é realizado na esperança de encontrar um companheiro e, no entanto, você não parece considerá-lo digno de consideração.
— Talvez, mas eu realmente não tenho tempo para um companheiro agora, —disse Sherry com um encolher de ombros. — Preciso que a loja de certo e funcione bem antes que eu possa aproveitar o tempo para um marido e família.
Ele piscou. — Mas a loja está indo bem. Você disse que começou a lucrar quase imediatamente, —ressaltou.
— Sim, —ela concordou com um sorriso. — Estou muito orgulhosa disso.
— Então o que ...
— Basil, —ela interrompeu suavemente. — Você vai me beijar de novo?
Capítulo 7
— O que?
Sherry fez uma careta. O homem parecia bastante desnorteado com a pergunta dela. Ela não sabia se era porque ele realmente não entendeu o que ela queria dizer quando disse: ‘Você vai me beijar de novo’, o que parecia bastante improvável. Foi uma pergunta direta, afinal de contas, ou se ele estava apenas confuso por ela ter sido descarada o suficiente para perguntar. Ela suspeitava que fosse o último caso. Supôs que de alguma forma chocou suas sensibilidades antiquadas.
Autoconsciente sob o olhar fixo, ela se mexeu desconfortavelmente e começou a balbuciar. — Quero dizer, estamos sozinhos aqui, algo que provavelmente não vai acontecer com frequência. E temos que descobrir se experimentamos esse negócio de prazer compartilhado que você mencionou. Por um lado, estou realmente curiosa sobre isso. Quer dizer, eu nem posso começar a pensar em como isso poderia ser. Mas também precisamos descobrir e para isso precisamos experimentar, só para ter certeza que realmente sou uma possível companheira de vida. Porque eu não tenho certeza ...
Para alívio de Sherry, Basil terminou seu balbucio beijando-a ... e foi tão incrível quanto as duas últimas vezes que ele a beijou. Ela sempre achou que era uma boa beijadora, mas o homem era um mestre nessa arte. Não havia hesitação, ele estava de repente ao lado dela no sofá, sua mão na parte de trás de sua cabeça, puxando-a para frente quando sua boca desceu para cobrir a dela.
Suspirou aliviada em sua boca, e então se abriu para ele quando a língua dele deslizou para frente e exigiu a entrada. Paixão imediatamente rugiu através dela como um trem de carga, e ela desistiu de analisar suas habilidades de beijar. Era impossível pensar quando seu corpo de repente se transformou em fogo líquido. Sherry sentiu como se estivesse borbulhando e derretendo onde quer que ele a tocasse, e suas mãos estavam por toda parte. A mão em sua cabeça caiu para suas costas, pressionando-a mais perto, mesmo quando a outra mão encontrou e cobriu um seio, apertando e amassando o globo macio antes de beliscar suavemente o mamilo através do tecido de sua blusa e sutiã.
Sherry gemeu e agarrou seus ombros, seu corpo se arqueando para se receber sua carícia. Ela então gemeu novamente quando ele a soltou para trabalhar nos botões de sua blusa. Tentou ajudá-lo, mas suas mãos estavam repentinamente desajeitadas. Não importava, porém, o homem era hábil em mais do que beijar. Ele desfez os botões e o fecho frontal de seu sutiã, desabotoando tão rápido que a deixou ofegante de choque. Ofegou novamente quando ambas as mãos de repente se fecharam sobre seus seios.
Gemendo em sua boca, Sherry arqueou-se e balançou em suas carícias enquanto os dedos dele brincavam sobre ela. Então ela gemeu de decepção quando ele quebrou o beijo, apenas para ofegar, — Oh, Deus, —quando sua boca substituiu uma mão e ele puxou o mamilo entre os lábios quentes e molhados e começou a sugar.
— Basil, —ela engasgou, apertando a cabeça para incentivá-lo. Sherry sentiu sua mão deslocar-se e brevemente apertar seu joelho. Quando começou a deslizar a mão pela perna, por baixo da saia, instintivamente deixou que suas pernas se abrissem um pouco para ele, chocada ao sentir que elas tremiam, como se ela fosse uma virgem, enquanto sua mão continuava sua jornada acima.
Basil levantou a cabeça para beijá-la novamente enquanto seus dedos roçavam o tecido de seda de sua calcinha. Foi apenas um leve toque na primeira vez, mas ficou mais firme na segunda vez, e Sherry gemeu, suas pernas apertando em torno de sua mão ansiosamente.
Basil beliscou o lábio dela em resposta e retirou a mão para afastar as pernas dela novamente. Ele então dobrou uma perna sobre o joelho dela, mantendo a única perna imóvel e impedindo a outra de fechar também. Uma vez que isso foi feito, ele aprofundou o beijo novamente, sua língua empurrando em sua boca enquanto ele encontrava sua calcinha de seda novamente. Ele escovou o tecido uma vez, em seguida, rapidamente puxou o material para o lado e começou a acariciá-la sem o tecido no caminho.
Sherry gritou em sua boca e então começou a chupar sua língua, seu corpo contorcendo-se onde ele a tinha presa no sofá enquanto sua necessidade crescia em ondas que se tornavam quase insuportáveis. Ela precisava gozar, precisava dele dentro dela, empurrando-se e ...
Arrancando sua boca da sua, ela gritou: — Basil por favor! —E pegou suas calças. Suas mãos não eram mais desajeitadas.
De repente, eles estavam arrancando os botões da calça e ela rapidamente teve suas calças desfeitas. Ela planejava enfiar a mão por dentro e encontrar o que queria, mas Basil imediatamente quebrou o que estava fazendo, levantou-se, e ao mesmo tempo pegou as pernas e a colocou deitada no sofá, e depois desceu em cima dela. Seus beijos então se tornaram quase violentos, sua língua se estendeu para espalhar seus lábios, ao mesmo tempo ele abaixou sua mão entre eles, libertou sua ereção, e então moveu seus quadris e se empurrou para dentro dela.
Sherry gritou, seus quadris resistindo em recebê-lo, seu canal apertando sua dureza, relutante em liberá-lo enquanto ele se retirava um pouco antes de mergulhar de novo. Alguma parte de sua mente estava ciente de que tudo estava acontecendo extraordinariamente rápido, que as preliminares foram muito, muito negligenciada, mas ela não se importava. Ela o queria, precisava que ele fizesse exatamente o que estava fazendo.
Preliminares podiam esperar pela próxima vez, pensou, e então gritou em prazer, chocada quando um orgasmo explodiu através dela e com ele veio uma escuridão repentina.
Uma batida na porta acordou Sherry algum tempo depois e ela olhou em volta com confusão no quarto em que estava. Janelas, persianas, uma televisão ... ah, sim, o solário, lembrou-se, e lembrou-se do que acontecera aqui no mesmo instante em que se deu conta do homem caído em cima dela. Basil. Bom Deus, eles ...
Outra batida interrompeu sua compreensão do que havia acontecido, e ela rapidamente pegou a manta do encosto do sofá e a puxou sobre os dois quando a porta começou a se abrir.
— Oh, desculpe pessoal, —disse Teddy, virando a cabeça quando entrou e percebeu o que tinha acontecido. — Só checando para ter certeza de que vocês dois ainda estavam aqui e tudo bem. Por um tempo pensamos que vocês tinham ido embora. Este foi o último lugar que pensei em procurar. Mas vou deixar vocês. —Ele começou a fechar a porta novamente, mas parou com ela ainda aberta. Olhos ainda os evitando, acrescentou: — Katricia e Drina estão fazendo o jantar se vocês quiserem comer. Não se preocupem se não quiserem. Nós todos estivemos onde vocês estão, então vamos entender. Mas vou pedir para guardar um pouco na geladeira, assim vocês podem comer mais tarde.
— Obrigado, Teddy, —murmurou Basil, e Sherry olhou para baixo e viu que ele estava acordado agora e puxou um pouco a colcha de cima da cabeça dele, olhando para dentro. Os olhos dele sonolentos em seus seios nus, estavam brilhando e girando em prata cintilante enquanto olhava para sua carne nua.
— Não há de que, —disse Teddy, voltando a desviar o seu olhar. — E se eu não ver vocês antes de dormir, boa noite.
Ele fechou a porta e Sherry olhou para Basil. — Ele não acha que vamos querer comer?
— Como ele disse, ele já esteve onde estamos. Sabe qual o tipo de fome que tem prioridade entre companheiros de vida, —murmurou Basil, tirando a manta de ambos e deixando-a deslizar para o chão.
— Esta é a fome de companheiro de vida? —Sherry perguntou incerta.
Basil endureceu, seus olhos encontrando os dela com surpresa. — Você ainda não tem certeza? Mesmo depois do que acabou de acontecer?
— Bem, isso foi incrível, —ela admitiu. — Mas ainda não experimentei nada que pudesse ser descrito como prazer compartilhado. Pelo menos, acho que não. Quero dizer, nunca foi tão intenso antes, mas ... —Ela deixou as palavras sumirem quando Basil baixou a testa para descansar em seu ombro e depois perguntou: — O que foi?
— Isso é culpa minha, —ele reconheceu, levantando a cabeça. — Eu estava muito ... tem sido um longo tempo ... e, praticamente ataquei você e ...
— Você não me atacou, —ela interrompeu com um sorriso. — Diabos, eu pedi-lhe para me beijar, e fui a única que ...
— Não, quis dizer que não te dei a chance de fazer muito em mim. Eu estava em cima de você e não lhe dei a chance de fazer mais do que me aceitar em seu corpo.
Determinação preenchendo sua expressão, ele mudou para uma posição sentada, forçando-a a fazer o mesmo. Uma vez que eles estavam sentados lado a lado, ele a beijou novamente, e Sherry gemeu quando o desejo imediatamente reacendeu dentro dela. Por Deus, o desejo se levantou completamente, como se já não o tivessem saciado uma vez, mas apenas tivessem instigando-o e depois feito uma pequena pausa.
Todo o corpo de Sherry estava zumbindo só pelo beijo. Ela mal notou quando Basil pegou a mão dela e puxou-a para ele ... até que envolveu sua ereção já dura e apertou seus dedos suavemente, instigando-a. Ao invés de responder ao pedido silencioso, ela congelou com o choque. Algo havia passado por ela quando Basil envolveu a mão dela em torno de si. Algum tipo de ... ela apertou-o suavemente e, em seguida, aliviou sua mão em seu comprimento e engasgou em sua boca quando a sensação aconteceu novamente. Excitação atirando nela como ...
— Isso é prazer compartilhado, —Basil rosnou, quebrando o beijo. — O que você está sentindo é o que eu sinto quando você me toca. Eu também sinto o seu prazer da mesma maneira quando eu te toco. E a razão pela qual tudo é tão intenso é porque o seu prazer e o meu saltam de um lado para o outro entre nós, ao mesmo tempo amplificando e construindo a um nível insuportável, ao ponto de nós perdemos a consciência.
— Eu desmaiei, —Sherry percebeu com espanto quando ela continuou a tocá-lo. Tinha ficado tão surpresa com Teddy os acordando que não parou para considerar que havia perdido a consciência enquanto estava no auge do orgasmo. Ela não percebeu que ele perdeu a consciência também. Achou que ele estava apenas dormindo.
— Sim, —disse ele com os dentes cerrados, em seguida, pegou-a pela cintura e a levantou, mudou-a para montar o seu colo com um murmúrio: — Eu sinto muito. Não aguento mais isso.
Como ela estava experimentando o prazer dele junto com ele, Sherry entendeu completamente e não protestou. Ela simplesmente soltou-o e agarrou seus ombros. Ela já sabia que ia ser um inferno de um passeio.
Estava completamente escuro quando Basil acordou. Ele olhou para as luzes da rua e para os faróis dos veículos que passavam, e então mudou o olhar para onde Sherry estava caída com a cabeça no ombro e se perguntava que horas eram ... e quão logo Victor e Elvi retornariam. Ele não queria que Sherry ficasse envergonhada por eles serem pegos assim.
— Querida, —ele murmurou, escovando o cabelo para trás do rosto para que ele pudesse ver seus olhos. — Sherry?
Murmurando sonolenta, ela apertou os braços ao redor de seus ombros e virou o rosto em seu pescoço, soltando um pequeno suspiro quando sua pélvis se moveu contra a dele. Essa pequena ação foi o suficiente para acordar a besta em Basil e fazer com que seu pênis começasse a inchar entre eles. Ele fechou os olhos brevemente, tentando manter o controle de si mesmo. Querido Deus, havia esquecido como poderia ser inconveniente a paixão entre os companheiros de vida, reconheceu ele, rangendo os dentes. Depois de um momento em que os dois permaneceram imóveis, relaxou novamente e soltou o ar.
Agora tudo o que tinha que fazer era levantá-los, sair deste quarto e entrar no dela, ou mesmo no dele, sem acordar a fera novamente. Uma perspectiva muito mais difícil do que se poderia pensar, uma vez que tudo o que ele realmente queria fazer era jogá-la no tapete de pele de cordeiro no chão e se empurrar várias vezes dentro dela até que desmaiassem de novo.
— E pensar sobre isso não é muito útil, —murmurou Basil para si mesmo com desgosto. Porra, o sexo de companheiros de vida era loucamente viciante.
— O que? —Sherry murmurou com sono, levantando a cabeça e sentando-se em seu colo.
— Oh, Deus, não, —ele engasgou com alarme, apertando os quadris para segurá-la ainda. — Não se mexa.
Sherry congelou de uma só vez, sua primeira reação confusa e assustada, mas isso foi rapidamente dominado pelo desejo quando sua resposta ao seu corpo se moveu dele para ela, atingindo-a, seu prazer transmitindo-se a seu corpo.
— Não olhe para mim assim, —Basil assobiou, fechando os olhos. — Não se mova e não olhe para mim assim. Estou tentando resistir a você. —Ele soube imediatamente que era a coisa errada a dizer pela maneira como Sherry imediatamente relaxou em seu colo.
— Não, —foi tudo o que ela disse, e então ela estava mordiscando seus lábios, suas mãos movendo-se sobre sua pele, acariciando seus ombros, seu peito, e parando para apertar seus mamilos já eretos quando ela mudou seu corpo, esfregando ela mesma ao longo de sua crescente ereção.
— Sherry, —ele rosnou, virando a cabeça. — Eu não sei que horas são, mas está escuro. Elvi e Victor poderiam voltar a qualquer momento.
— Então devemos nos mudar para o meu quarto, —ela murmurou, lambendo e mordiscando seu pescoço, enquanto se movia sobre ele novamente.
Basil rosnou e depois se virou para pegar sua boca com a dele, beijando-a como punição enquanto ele a pegou, segurando seu traseiro em cada mão e se levantou.
A ideia da punição não foi muito bem-sucedida, pensou quando Sherry imediatamente envolveu suas pernas em torno de seus quadris e o beijou ansiosamente de volta. Ela obviamente estava muito envolvida com a loucura da paixão entre companheiros de vida para pensar. Ele teria que pensar por ambos. Vesti-la para atravessar pela casa não era possível, pensou quando ele quebrou o beijo e ela voltou sua atenção para o pescoço e a orelha dele, lambendo.
Embora ela não estivesse realmente nua, ele notou. A paixão os dominou com rapidez suficiente nas duas vezes, ao ponto de não conseguirem se despir. Ela ainda usava a saia, estava na altura dos quadris e a blusa estava aberta. Olhou para si próprio, ele ainda usava a camisa, estava apenas desabotoada também, e as calças dele estavam ...
Certo, elas não estavam mais presas a ele, reconheceu quando de repente escorregaram em torno de seus tornozelos. Talvez eles não encontrassem ninguém, Basil pensou esperançoso quando saiu completamente de dentro da calça e se dirigiu para a porta.
Sherry estava ciente de que eles estavam se movendo. Ela também sabia que provavelmente deveria ser mais prestativa nessa situação, que deveria ter pedido a ele que a colocasse no chão para que pudesse arrumar suas roupas e caminhar até seu quarto sozinha. Infelizmente, ela simplesmente não conseguia fazer isso. E não queria. Queria que Basil voltasse a beijar e acariciá-la e o queria dentro dela novamente. E enquanto sabia que deveria se importar com o fato de que Elvi e Victor estivessem de volta a qualquer momento e flagraria os dois em seu solário, ela não conseguia se importar com isso. Só queria Basil. Sua mente estava cheia do que experimentou com ele. Seu corpo doía por ele. Ansiava por ele como ninguém e nada que tenha experimentado antes. Era desesperador. Ser privado de oxigênio era a única coisa que podia comparar sua necessidade para ele. Cada terminação nervosa em seu corpo estava ciente dele e gritando por ele. Ela sentiu como se fosse morrer se ele não fizesse amor com ela novamente.
Era uma loucura, Sherry reconheceu, e não se importou com isso também. Se estivesse louca, poderiam trancá-la, desde que a trancassem com Basil, pensou, e então olhou ao redor quando ele parou abruptamente. Eles tinham chegado à porta do solário e ele a abriu e agora estava examinando o corredor escuro e ouvindo.
Sherry podia vagamente distinguir vozes, mas elas pareciam distantes. Provavelmente no andar de baixo, pensou, e perdeu o interesse. Sua atenção voltou para Basil e ela começou a mordiscar o lóbulo dele e depois passar a língua ao redor da borda da orelha dele.
— Pare com isso, —ele sussurrou, e então avançou para o final do corredor curto e olhou cautelosamente para o corredor principal.
Sherry não parou, começou a deixar as mãos dela vagarem, passando-as por suas costas e ombros e até em seu cabelo. Mas quando ela apertou as pernas em torno de seus quadris e usou seu aperto para tentar levantar e deslocar-se sobre a ereção que ela podia sentir pressionada entre eles, Basil amaldiçoou e começou a andar rapidamente pelo corredor principal vazio.
Eles estavam talvez na metade do caminho para o quarto dela quando Basil de repente congelou. Levou outro momento para Sherry perceber os passos que subiam as escadas ... e rapidamente. Eles nunca conseguiriam chegar ao quarto dela.
Sherry mal teve a percepção de quando Basil saiu correndo para uma porta alguns passos à frente deles e a abriu entrando com ela. Pouco antes de fechar a porta, ela teve um vislumbre de prateleiras, toalhas e lençóis cuidadosamente dobrados. Estavam no armário de roupas de cama, percebeu, e por algum motivo isso a fez rir. Quando Basil imediatamente cobriu a boca dela com uma mão para silenciar a sua risada, Sherry empurrou a cabeça para trás em surpresa, batendo na parede. — Aí.
Ela murmurou e ele tirou a mão sussurrando: — Você está bem?
— Olá? —Alguém disse fora da porta do armário antes que ela pudesse responder.
Sherry parou e olhou para o reflexo de luz ao redor da porta. Soava como a voz cautelosa de Stephanie, ela notou, mas seguiu o exemplo de Basil e permaneceu em silêncio.
— Sherry? Basil? São vocês dois no armário?
Basil abaixou a cabeça em derrota, e foi Sherry quem disse: — Não, —com uma risada.
— Siiiiimmm ... Ceeerrrto, —Stephanie prologou as suas palavras em resposta, e então suspirou com exasperação. — Vocês sabem que estão em uma pousada, não é? Quero dizer, há uma tonelada de quartos neste lugar e cada um de vocês dois têm um. Por que estão no armário de roupas de cama?
— Porque Basil está sem calças, —Sherry admitiu com um sorriso malicioso.
Basil gemeu com o anúncio dela, mas ele não gemeu sozinho. Stephanie gemeu também e depois disse: — Oh, isso é nojento. Ele não está tocando em nenhuma das roupas de cama, não é? Eu não quero as marcas de bunda de Basil na próxima toalha de rosto que eu usar. Eeeecca. Vocês, companheiros de vida, são todos malucos.
— Eu não estou tocando a roupa de cama, —anunciou Basil com o que Sherry considerou grande desenvoltura considerando a situação. — E estaremos nos movendo assim que você sair do corredor. Eu simplesmente não queria te alarmar ... e possivelmente arruinar o seu jantar, —acrescentou secamente.
— Tarde demais anunciou Stephanie. — Bem, vocês podem sair. Eu estou indo para o meu quarto, pegar algumas coisas. Por favor, por favor, por favor, leve a festa para o quarto de Sherry ou para o seu antes de eu voltar.
— Certamente, —respondeu Basil com dignidade.
— Bom. Eu vou agora, —anunciou Stephanie. — Contem até dez antes de sair para que eu possa chegar ao meu quarto.
— Claro, —disse Basil em um suspiro.
— Onde é o quarto dela? —Sherry perguntou curiosamente.
— O canto traseiro direito, se você estiver de frente para a casa. Do outro lado do pequeno corredor para o solário, —respondeu Basil enquanto ouviam seus passos se afastarem.
— Oh, —Sherry murmurou, e então sorriu ironicamente quando ouviu uma porta bater daquela direção.
— Eu acredito que é seguro, se você pudesse alcançar a porta ... —Basil disse em uma voz ridiculamente educada.
Sherry estendeu a mão para a maçaneta, rapidamente abriu a porta e fechou-a novamente depois que Basil a levou para fora. Ela colocou os braços ao redor dos ombros dele novamente enquanto ele a levava para o quarto dela.
— Você sabe que é um perigo, não é? —Perguntou Basil enquanto conversava.
— Eu sou? —Sherry perguntou com diversão.
— Primeiro me seduzindo no solário, depois tentando me manter no solário quando eu, muito cavalheiresco, tentei trazê-la para algum lugar seguro dos olhares indiscretos e então você grita para Stephanie ‘porque Basil está sem calças’, —ele citou de volta secamente. — Isso foi uma punição por não deixar você ter do seu jeito comigo no solário e insistindo em mudar para outro quarto?
— Sim, —ela admitiu.
— Sim? —Ele repetiu, aparentemente surpreso que ela admitisse isso.
Sherry encolheu os ombros sem arrependimento e, em seguida, estendeu a mão para abrir a porta de seu quarto quando ele parou na frente dele. — Acho que sou apenas uma garota má, —disse ela quando a porta se abriu. Voltando-se, ela sorriu e perguntou: — O que você vai fazer sobre isso?
— Vou pensar em alguma coisa, —murmurou Basil, levando-a para o quarto e chutando a porta com um pé.
Capítulo 8
— Então eu olho pela janela, e o galpão está pegando fogo, —disse Victor, balançando a cabeça. — E quem você acha que está trancada por dentro?
— Elvi? —Sherry e Basil adivinharam juntos, ambos sorrindo com diversão.
— Exatamente, —disse Victor, e estendeu a mão para apertar a mão de sua esposa carinhosamente quando ele acrescentou: — A mulher quase se matou meia dúzia de vezes depois que nos conhecemos. Se não fosse pelos nanos, eu teria cabelos brancos como a neve agora.
— Felizmente, você tem nanos, —disse Elvi secamente, e depois apontou: — Além disso, a maior ameaça à minha vida era você que estava aqui me caçando.
— O que? —Sherry gritou, largando o garfo no prato com um ‘claque’, atraindo a atenção dos outros convidados no restaurante.
— Victor era um Caçador de Desonesto, —Elvi disse a ela com um aceno de cabeça. — Ele foi enviado para me caçar e me levar a julgamento.
— Verdade, —Victor concordou baixinho. — Mas no momento em que percebi que você era minha companheira de vida, eu sabia que não poderia fazer isso.
— Você era uma Desonesta? —Sherry suspirou, olhando para Elvi com descrença. A mulher era tão legal, tão gentil ... boa. Era difícil imaginar que ela fosse em algum momento Desonesta.
— Eu nunca fui uma Desonesta, —assegurou Elvi. — Bem, na verdade fui, mas só porque meus amigos me enganaram.
— Seus amigos? —Ela perguntou curiosa.
— Sim. Teddy e Hazel. Meus melhores amigos, —disse Elvi secamente. — Não de propósito. Como é que eles iriam saber que publicar na seção de relacionamentos do jornal, para me achar um vampiro macho, poderia ser perseguida e executada?
Os olhos de Sherry se arregalaram incrédulos. — Eles colocaram um anúncio de relacionamento no jornal?
— Eles fizeram, —assegurou ela. — E veja bem, sem me dizer nada.
— Oh meu, —disse Sherry com diversão.
— Hum-rum. —Elvi sorriu levemente. — É engraçado agora, mas não foi engraçado na época. Fiquei mortificada.
— Eu posso imaginar, —disse Sherry com simpatia. — Odeio que me arrumem encontros a cegas também. Stephanie foi só a última de uma longa fila de pessoas que tentaram me arrumar alguém ao longo dos anos. É como se as pessoas não suportam ver uma mulher sozinha. Mas esses tipos de encontro nunca funcionaram. Eles foram sempre um desastre.
— Ao longo dos anos? —Elvi perguntou curiosamente. — Você nunca esteve em um relacionamento sério?
— Sim. Eu fui noiva uma vez, —ela admitiu.
— Mas você não se casou?
— Só não deu certo. Essas coisas acontecem. Foi melhor assim, —Sherry disse com um encolher de ombros, e então perguntou. — O que fez Teddy e Hazel decidirem colocar um anúncio de relacionamento no jornal?
— Oh. —Elvi sorriu fracamente. — Foi realmente muito doce. Teddy e Hazel eram meus melhores amigos desde quando erámos crianças. Eles estavam envelhecendo, no entanto, e eu não. Todos os nossos amigos já estavam a uma certa idade, então começaram a se preocupar em morrer um dia e me deixar sozinha no mundo, então decidiram que tinham que me encontrar um vampiro que pudesse me fazer companhia depois que eles se fossem.
— Oh, isso é doce, —disse Sherry.
— Eu sei, —disse Elvi em um pequeno suspiro. — Teddy e Hazel sempre foram amigos incríveis.
— Teddy. —Sherry sorriu. — É um nome tão raro e ainda há dois deles aqui em Port Henry. O Teddy de Katricia e seu amigo Teddy.
— Não. Há apenas um, —assegurou Elvi. — O Teddy de Katricia é meu amigo Teddy.
— Mas ele não é velho, —Sherry protestou com espanto. — Por que ele estaria preocupado? ... —Sua voz sumiu quando a compreensão se estabeleceu.
— Sim. Ele era mortal antes que Katricia o transformasse em seu companheiro de vida. Ele tinha sessenta e quatro anos quando se conheceram no Natal passado, —Elvi disse a ela.
— Uau, —sussurrou Sherry, pensando no homem de boa aparência, cabelos escuros e olhos prateados que viu na casa. Como todo mundo, ele parecia não ter mais de vinte e quatro ou vinte e cinco anos. Ele também era lindo, e parecia muito bem no uniforme da polícia. — Ele parece bom para sessenta e quatro.
— Sessenta e cinco agora, —disse Elvi com diversão.
— Oh. —Sherry assentiu e então olhou para ela bruscamente. — Ele era seu melhor amigo e era mortal? —Quando Elvi acenou com a cabeça, ela perguntou: — Isso significa que você era?
— Mortal? Simm, —admitiu Elvi. — Assim era minha outra amiga, Hazel. Ela é Imortal agora também, no entanto.
— Então Katricia nasceu uma vampi ... Imortal. —Sherry se corrigiu rapidamente quando notou o modo como Victor e Basil estremeceram quando ela começou a dizer vampiro. Stephanie tinha dito que Imortais mais antigos não gostavam do termo, e parecia que ela estava certa. — Então Katricia nasceu uma Imortal e Teddy um mortal. Victor nasceu Imortal e você era mortal. Hazel era mortal ...
Quando ela hesitou, Elvi disse: — Sim, D.J. era Imortal.
Sherry assentiu. — E quanto a Drina e Harper? Qual deles era mortal?
— Nenhum, —anunciou Basil. — Ambos nasceram Imortais.
— Oh, —disse ela com surpresa. — Então, um companheiro de vida pode ser um Imortal também?
— Sim, —assegurou Basil. — Embora seja mais frequentemente um mortal, mas isso é provavelmente por conta das proporções da população. Há muito mais mortais que Imortais.
— Certo, —Sherry murmurou. — Mas espera-se que os companheiros de vida mortais se tornem ... —Ela simplesmente não podia dizer e não precisava. Elvi sorriu simpaticamente e assentiu.
— Sim, um companheiro de vida de um Imortal geralmente se torna Imortal também.
— Claro, —Sherry murmurou e sentou-se. Ela sabia disso, claro. Em alguma parte de sua mente, sabia que era isso o que aconteceria. Todas as pessoas que ela conheceu na casa dos Caçadores eram Imortais e a maioria eram casais. Além disso, fazia todo sentido. Olhou para as pessoas na mesa com ela. Cada um deles parecia ter vinte e poucos anos. Qualquer um que olhasse para eles pensaria que ela era a mais velha aqui aos trinta e dois anos, mas nenhum de seus companheiros era mais jovem do que ela. Elvi tinha sessenta anos, Basil mais de três mil, sua filha nascera em 411 d.C. e não fazia ideia da idade de Victor, mas deveria ser muito antigo também.
Isso era uma loucura, ninguém vivia tanto tempo, pensou vagamente. Mas então tudo isso era uma grande loucura. Vampiros, beber sangue, ler mentes, controlar mortais ...
Mas o mais louco nessa história era que ela acreditava em tudo isso. Obviamente perdeu a cabeça ... ou talvez estivesse sonhando, ou eles a drogaram com LSD ou algo parecido e ela estava alucinando toda essa situação.
Tinha que achar uma explicação, pensou agora, porque ... bem, francamente, era meio difícil de engolir. Era como se de repente soubesse que Papai Noel realmente existia ... ou a fada dos dentes. Mesmo a paixão extrema, ou talvez especialmente a paixão extrema que ela experimentou com Basil, era difícil de aceitar como realidade. Ela não era virgem, tinha feito sexo, bom sexo, ótimo sexo, ao longo dos anos, mas nada como a loucura que experimentou com Basil. Tudo o que ele teve que fazer foi tocá-la e ela pegou fogo. Quando ele a beijou, tudo em que ela conseguia pensar era levá-lo em seu corpo até ficar inconsciente novamente. Inferno, ele nem precisava saber de que ela o queria como uma viciada em drogas que precisava desesperadamente da próxima dose. Depois que escaparam do armário de roupas de cama e chegaram ao seu quarto na noite passada, fizeram outra rodada de sexo antes de desmaiar de prazer novamente, mas desta vez Sherry acordou primeiro. Ela piscou os olhos abertos, encontrou-se deitada em seu peito, cheirou a combinação de especiarias e madeiras que era sua colônia misturada com seu odor natural, e então se encontrou lambendo seu caminho pelo seu corpo. Depois que teve seu tempo saboreando Basil, ele acordou e decidiu que a reviravolta era justa e enterrou o rosto entre as pernas dela. Depois disso mal acordou a tempo de aproveitar o orgasmo que ele deu a ela antes de ser mandada de volta à inconsciência de novo.
Sherry perdeu a conta de quantas vezes gozou e desmaiou durante a noite. Como um nadador que se afogava, subia para respirar, ofegava quando o prazer enchia seu corpo e mente, e então afundava sob as ondas e desmaiava antes de voltar a subir novamente... e de novo.
Provavelmente estariam ainda lá em seu quarto, pensou, se Elvi não os tivesse acordado com uma batida na porta e os avisado de que o café da manhã estava pronto e elas poderiam ir às compras depois. Foi só depois de Basil beijar sua bochecha e sair do quarto para tomar banho e se vestir, que ela tomou consciência do estado de seu corpo. Sherry tinha chupões e mordidas de amor em todos os lugares e estava inchada e dolorida como o inferno em lugares que nunca estiveram inchados e doloridos. A pior parte foi a constatação de que, por mais dolorida que estivesse, se ele a beijasse de novo, ela abriria as pernas e daria as boas-vindas ao homem de novo em um piscar de olhos, mesmo aqui na mesa com Elvi, Victor e todo o restaurante assistindo-os. Ela queria e precisava muito dele, e isso não era ela. Mesmo pensar assim era loucura. Então isso não poderia ser real. Era um sonho ou drogas ou qualquer outra coisa, mas não era real, pensou ela, e de repente subia uma vontade de chorar, porque queria tanto que tudo isso fosse real.
— Bem, eu preciso ir ao banheiro feminino antes de sairmos, —Elvi anunciou de repente, ficando de pé. — Você vem comigo, Sherry?
— Oh, —disse Sherry, piscando seus pensamentos. — Uh ... claro.
De pé, ela forçou um sorriso para Basil e Victor e, em seguida, seguiu Elvi para o banheiro feminino, parando abruptamente quando a porta se fechou atrás delas e a outra mulher parou, virou-se e a beliscou.
— Ai! O que ...? —Sherry disse confusa, e então Elvi abriu a boca e seus incisivos se moveram e deslizaram para baixo, aparecendo duas presas afiadas. Sherry recuou um passo assustada e olhou fixamente para os dentes pontiagudos por um momento, observando enquanto eles simplesmente deslizavam e se moviam novamente, tornando-se o que pareciam ser dois incisivos normais. Um batimento cardíaco depois e eles cresceram mais uma vez. Presas!
Elvi deixou que terminassem de crescer e depois arqueou uma sobrancelha. — Você quer tocá-los e sentir o quanto são reais? Que tudo isso é real? —Ela acrescentou significativamente.
Sherry piscou, mas sacudiu a cabeça.
Elvi assentiu. — Você quer que eu te morda para que possa ter certeza que eles são de verdade?
Ela balançou a cabeça mais rapidamente com isso.
— Você vai parar de tentar se convencer de que está sonhando ou drogada e aceitar que o que está acontecendo é real e o que lhe dissemos sobre Imortais, nanos e Sem Presas é verdade?
Quando Sherry apenas olhou para ela com confusão, Elvi suspirou e segurou uma das mãos de Sherry com as duas dela.
— Querida, eu sei que isso é muito para absorver, —disse ela solenemente. — Eu também sei que agora você está se agarrando a soluções alternativas porque está com medo do que isso significa para você.
Sherry piscou quando essas palavras tocaram no ponto certo.
— Você tem medo de se tornar um Imortal como o resto de nós, —Elvi disse calmamente.
Sherry mordeu o lábio, mas não disse nada. No início ficou fascinada e ansiosa para acreditar em toda essa situação, mas agora que percebeu que, sendo a companheira de vida de Basil, deveria se tornar uma Imortal também ... bem ... ficou apavorada. Aterrorizada. Não era uma mudança qualquer, não era como ter que se converter ao catolicismo ou outra religião para estar com o homem que você amava. Isto era uma alteração física permanente.
Isso era imenso ... e ela ainda não sabia o que realmente sentia por Basil. Claro, desejava horrivelmente o homem...
— Sherry, —Elvi disse calmamente, puxando-a de seus pensamentos. Quando Sherry encontrou seu olhar, Elvi deu um tapinha na mão dela e disse: — Você está assustada e não há necessidade disso. Acredito que você não deveria se preocupar agora em ter que se tornar uma Imortal. Você tem o suficiente acontecendo na sua vida no momento. Por que não apenas aproveita para conhecer Basil e deixa que o futuro cuide de si mesmo?
Sherry soltou a respiração lentamente. — Você estava lendo minha mente na mesa.
— Sim, estava, Elvi concordou. — Embora, como eu já te disse, seus pensamentos estão gritando para nós e eles dizem que você está à beira de um ataque de pânico completo sobre a possibilidade de ter que se tornar uma Imortal.
Sherry assentiu e depois soltou: — Acho que não posso beber sangue.
Elvi não pareceu surpresa. Sorrindo ironicamente, ela encolheu os ombros. — Não é exatamente algo que nós, como mortais, esperamos ter que fazer.
Sherry soltou um suspiro, aliviada porque a mulher estava sendo muito compreensiva.
— Claro que eu entendo, —disse Elvi com um sorriso torto, obviamente ainda lendo seus pensamentos. — Sherry, eu sei que isso é tudo muito assustador. Mas, minha querida, você não precisa fazer nada que não queira, —disse ela com firmeza. — Neste momento, você é a nossa convidada e está sob nossos cuidados e proteção, enquanto os Caçadores de Desonestos cuidam de Leo. Qualquer coisa além disso é com você, então apenas relaxe e aproveite sua estadia conosco. Considere isso como férias grátis.
— E Basil? —Ela perguntou.
Elvi encolheu os ombros. — Isso é com você também. Ele pode ser um romance de férias ou pode ser o seu futuro, mas você será a única a decidir qual.
— Certo, —Sherry suspirou. Elvi estava certa, claro. Ela estava reagindo como se não tivesse escolha em nada disso, e ela tinha. Não havia necessidade de pânico. Deveria apenas relaxar e, como Elvi sugerira, aproveitar as férias de graça. Havia pessoas dirigindo sua loja, estava em uma adorável pousada, e prestes a desfrutar de uma farra de compras por conta dos membros do Conselho. Ela também estava curtindo o melhor sexo de sua vida. O que aconteceria depois que eles pegassem Leo era a decisão dela.
— Isso garota, —disse Elvi com um sorriso, obviamente ainda ouvindo seus pensamentos. — Agora vamos gastar algum dinheiro do Conselho em um guarda-roupa novinho para você.
No meio a uma risada trêmula, Sherry assentiu e seguiu-a para fora do banheiro feminino.
— Terminaram? —Elvi perguntou quando chegaram à mesa onde os homens esperavam.
Victor assentiu e pegou a conta enquanto se levantava. — Só tem que pagar isso no caminho, meu amor.
— Cartão de crédito do Conselho? —Perguntou Basil divertido, quando viu o cartão que seu irmão tirou da carteira.
— Sim, então acredito que é você que está realmente pagando, —disse Victor com diversão. — Ou pelo menos parte disso.
— Então eu não preciso me oferecer para pegar a conta sozinho, —disse Basil com um sorriso.
Sherry olhou para ele silenciosamente, seu olhar deslizando sobre suas roupas e observou. Ele se vestia bem. Suas roupas também pareciam caras. Ela não viu nenhuma marca óbvia para sugerir que ele usava roupas de grife, mas apostaria sua vida no fato de que ele usava. Deus querido, ela estava namorando um homem com presas, Imortal, e que não estava apenas bem de vida, mas tinha milhares de anos acumulado uma grande fortuna. Deus querido, ele ...
— Respire, —Elvi sussurrou em seu ouvido, deslizando o braço pelo dela para levá-la em direção à saída. — Ele é apenas um homem ... bem, um homem imortal, —acrescentou ela com ironia. — Mas um homem do mesmo jeito.
— Quem é um homem? —Perguntou Basil curioso, aproximando-se de Sherry quando Elvi se virou para dizer algo a Victor enquanto ele se dirigia ao caixa.
— Você ouviu isso, não é? —Sherry perguntou secamente. Isso foi apenas a sua sorte. Encolhendo os ombros para si mesma, ela admitiu: — Elvi estava apenas me lembrando que você é apenas um homem.
— Eu sou, —ele assegurou solenemente, abrindo a porta para ela.
— Certo, —disse Sherry enquanto ela liderava o caminho para fora. — Um homem que é Imortal e tem mais dinheiro do que Deus. —Ela balançou a cabeça. — Isso não é nenhum pouco intimidante.
— Sherry. —Basil pegou sua mão e a deteve no estacionamento. — Antes de tudo, tenho certeza de que Deus não tem nem se importa com dinheiro, e francamente, nem eu, não realmente. Eu simplesmente acumulei muito porque estou vivo há muito tempo e não gasto muito em luxos desnecessários. O dinheiro não é importante.
— Você não diria isso se não tivesse muito dele, —ela assegurou. — Quero dizer, eu tenho um bom salário na minha loja, mas economizei por muito tempo juntando dinheiro para começar. Então não tem muito tempo que eu fiquei sem ... por escolha, é verdade, —admitiu ela. —Mas, seja por escolha ou não, quando você não tem, o dinheiro tem muito mais importância do que pensa.
— Sherry, —disse ele solenemente. — Estou vivo há muito tempo e gosto de pensar que aprendi um pouco durante minha longa vida. O que aprendi é que são as pessoas que são importantes ... família e amigos. Eles são as únicas coisas de qualquer valor real na vida. Eles estarão lá para você, e serão o seu único apoio real. O dinheiro compra comida, roupas e um teto sobre sua cabeça. A comida dura alguns minutos em sua boca e você fica com fome novamente horas depois. A roupa muda a cada estação, e um teto sobre sua cabeça é apenas isso, um teto. É a família que faz dela uma casa e uma família que dura a vida toda. Quer seja a família em que você nasceu ou uma família escolhida entre amigos ou entes queridos. Eles são tudo o que realmente importa.
Sherry sacudiu a cabeça, certa de que Basil tinha sido rico por tanto tempo que simplesmente não se lembrava de como era ficar sem isso, e o quão importante realmente era.
Basílio considerou a expressão dela e perguntou: — Você não economizou, como diz, e desistiu de todos os luxos que poderia ter tido para poupar o dinheiro e começar sua loja?
— Bem, sim, —ela admitiu com uma carranca.
— E você não desistiria de sua loja e todo o dinheiro que ela faz para ter sua mãe de volta? —Ele perguntou.
— Em um piscar de olhos, —ela disse sem ter que pensar sobre isso.
— Entendeu? O dinheiro não é tão importante assim. É apenas a nossa sociedade que faz parecer que sim. As corporações, revistas e comerciais de televisão com seus anúncios e propagandas para comprar isso e mais isso e um pouco mais disso e você deve ter aquilo.
— Bem, claro, se você tem dinheiro suficiente, então ...
— Quanto é o suficiente? —Ele perguntou divertido. — Porque eu conheço muitos mortais ricos que têm milhões e, em vez de relaxar e aproveitar, desperdiçam suas vidas curtas adquirindo mais milhões, —ele disse ironicamente, e depois acrescentou: — Não me entenda mal, a riqueza que tenho me permite fazer coisas que eu não poderia fazer de outra maneira. Não poderia visitar minha filha aqui no Canadá quando quisesse, não poderia bancar os Executores e assim por diante. Mas não foi o dinheiro que tenho que me manteve vivo durante todos esses séculos, foi o amor da minha família e dos meus filhos. O dinheiro não é o segredo para a felicidade, —assegurou ele.
— E não é tão importante quanto a cultura atual afirma ser. Infelizmente, aqueles que estão sem dinheiro e infelizes pensam que o dinheiro consertará todos os seus problemas, e aqueles que têm um pouco de dinheiro e estão infelizes, acham que mais dinheiro fará a diferença. Mas o pensamento deles está errado, —disse ele solenemente, segurando os ombros dela.
— E sei disso porque, com todo o dinheiro que possuo, em todos os milênios que vivi, não fui verdadeiramente feliz, a não ser duas vezes na minha vida ... quando conheci Acantha e agora desde que te conheci.
Sherry olhou para ele, de olhos arregalados. Eles se conheciam há pouco menos de dois dias ... e ela não tinha ideia de como responder a isso, então ficou muito grata quando Victor gritou: — Desculpe, mano.
Ela e Basil olharam em volta para vê-lo andando na direção deles, o braço em volta de Elvi.
— Eu deveria ter lhe dado as chaves do carro para que vocês não ficassem esperando por nós, —disse Victor, e levantou seu chaveiro para apertar o botão e destrancar as portas do carro. — Entrem. Hora de fazer compras.
Assentindo, Basil levou Sherry ao carro e abriu a porta para ela. Ela deslizou sem protestar e então se ocupou em colocar o cinto de segurança enquanto os outros entravam. Para o seu alívio, Elvi começou a tagarelar sobre seu restaurante, salvando Sherry de responder às palavras de Basil, o que foi um alívio já que ela ainda não o fez. Não tendo a menor ideia do que dizer.
Acontece que a entrada do Shopping Masonville ficava do outro lado da rua do restaurante onde eles almoçaram. Lá dentro, demorou cerca de dois minutos e meio para Sherry notar que a maioria das lojas era voltada para o público mais jovem, e que os fregueses que circulavam em torno deles eram em sua maioria jovens também.
— Este shopping é perto da universidade, —Elvi explicou quando pararam para olhar em uma vitrine. — Onde a maioria dos estudantes faz compras.
— Ah, —disse Sherry com um aceno de cabeça. — Então, por que estamos fazendo compras aqui?
— Porque tem boas lojas e muita variedade ... também tem uma loja de chocolate da Rocky Mountain33, que eu adoro, —a outra mulher acrescentou com um sorriso.
Sherry riu da admissão.
— Você ficaria bem nisso, —Elvi comentou, olhando para um manequim em uma vitrine de loja que usava uma blusa cor de vinho e jeans rasgados.
— É meio casual, —disse Sherry, incerta, e depois perguntou: — Você não acha que é um pouco jovem para mim?
— Você está de férias, casual é o que precisa. Também tem trinta e dois anos e é solteira, não tem sessenta e dois anos e é uma vovó, —disse Elvi, divertida. — Vamos. Precisa pelo menos experimentar.
Sherry balançou a cabeça, mas permitiu que a mulher a arrastasse para a loja, ciente de que os homens estavam seguindo docilmente junto.
Dez minutos depois, Sherry se viu em um provador com roupas totalmente inapropriadas penduradas nos cabides ao seu redor. Saias curtas, blusas decotadas, jeans apertados ... não havia uma coisa lá que ela normalmente usaria. Era uma empresária, usava roupas de negócios ... sempre. Mas então estava sempre trabalhando e fazia isso há muito tempo. Passou anos trabalhando horas extras, poupando e economizando para abrir sua própria loja, e desde que a abrira, trabalhava duro e sempre para conseguir fazê-la um sucesso.
Pensando bem sobre isso, levava uma vida muito chata, Sherry reconheceu com uma carranca.
— Eu não ouço nenhum som vindo daí, —disse Elvi do outro lado da porta. — Você já começou a se despir?
— Não, —admitiu Sherry.
— Bem, vamos lá. Comece com aquela saia curta de couro e a blusa decotada, enquanto eu pego as calças de pele de cobra que passamos a caminho daqui. Eu volto já.
— Pele de cobra? —Sherry murmurou, e sacudiu a cabeça. Ela tinha trinta e dois anos de idade. Responsável, trabalhadora ... chata. Não usava nada de pele de cobra.
— Que diabos, —murmurou para si mesma. Não estava pagando por essas roupas, então não importaria se nunca as usasse novamente. Por que não usar algumas dessas roupas enquanto estiver aqui? Certamente seria uma nova experiência. Antigamente era uma garota de jeans e camiseta, com o nariz preso em livros na universidade e depois que se formou foi direto para os ternos de negócios. Meio que pulou toda a fase de experimento com roupas mais ousadas.
— Estou realmente ficando doida, —ela disse seu reflexo no espelho, e começou a se despir.
A saia de couro marrom e a blusa cor de vinho pareciam bonitinhos juntos ... se as gordurinhas da barriga não estivessem aparecendo entre o ponto em que a blusa decotada terminava e a saia começava, pensou com uma careta. Realmente precisava se exercitar. Dieta também. Provavelmente estava se matando com toda a comida que comia e as horas que passava sentada em sua mesa debruçada sobre os livros. Estava certamente acabando com o seu corpo.
— Gordurinhas e pneuzinhos, —ela respirou com um suspiro quando olhou para si mesma. — Legal. E isso era uma papada debaixo do seu queixo?
Ugh! Bem, pelo menos a saia escondia os pneuzinhos, ela notou, virando-se um pouco de um lado para o outro. Tinha boas pernas também. Suas coxas eram um pouco grossas, mas ninguém podia ver por baixo da saia.
— E aí? —Elvi perguntou, do lado de fora da porta.
Sherry pegou a maçaneta da porta do vestiário e depois hesitou. — Os homens estão aí fora?
— Sim.
— Então eu não vou sair, —disse Sherry, deixando a mão cair da maçaneta.
Elvi riu com exasperação e depois disse: — Basil, vá ver se há alguma coisa para você lá fora, Victor, vá com ele.
Sherry ouviu as vozes dos homens ressoarem e depois silenciar.
— Certo, eles se foram, —anunciou Elvi.
Sherry abriu a porta e saiu. Tudo o que ela disse foi: — Gordurinhas na barriga.
— Humm. —Elvi a olhou pensativamente. — A saia é fofa, no entanto.
Sherry olhou para baixo. A saia era fofa. Muito jovem para ela, mas fofa. — Nós deveríamos ter trazido Stephanie. Ela adoraria esse lugar.
Elvi sorriu tristemente e assentiu. — Infelizmente, ela não pode fazer muitas compras em lugares lotados. Ela nem sai mais para almoços ou jantares, exceto para aproveitar e pegar comida.
— Sério? —Sherry arqueou as sobrancelhas. — Por quê?
— Ela ainda não pode bloquear os pensamentos das pessoas, —admitiu Elvi em voz baixa. — Estar em público para ela é como estar em uma sala com uma centena de rádios tocando estações diferentes. Mesmo em casa com todos nós, é um pouco demais para ela. Você perceberá que ela passa muito tempo em seu quarto para descansar a cabeça. —Explicou: — Harper colocou todos os tipos de isolamento acústico em seu quarto quando as reformas foram feitas após o incêndio. Não bloqueia completamente tudo, mas reduz muito e torna-o suportável para ela.
— Então, depois que se transforma, você não pode bloquear pensamentos de outras pessoas? —Sherry perguntou com uma carranca. Isso parece cada vez mais atraente.
— Geralmente é o oposto. Novos Imortais geralmente não conseguem ler pensamentos, mesmo que eles tentem. Demora um tempo para poder fazer isso. Stephanie é ... talentosa, —terminou finalmente, entretanto sua expressão sugeriu que não era algo bom. — Ela tem sido capaz de ouvir todos desde o começo, até mesmo Imortais mais antigos, o que é raro, começou a controlar os mortais rapidamente também.
— Stephanie mencionou algo sobre o controle dos mortais ... vocês podem realmente fazer isso? —Sherry perguntou, não gostando da ideia de que qualquer uma das pessoas da casa pudesse fazer com que ela fizesse algo contra sua vontade.
— Estou apenas começando a fazer isso, —admitiu Elvi. — Mas Stephanie pode fazer isso desde muito cedo, e sem treinamento.
— Então por que ela não tomou o controle de mim quando nos conhecemos? —Sherry perguntou, e depois explicou: — Ela não parava de me mandar calar a boca e eu continuei falando, mas não tomou o controle de mim ou me fez parar.
Elvi encolheu os ombros. — Quando Stephanie teve dificuldade em ler você, provavelmente apenas assumiu que não seria capaz de controlá-la também.
— Oh, —Sherry murmurou. — Você diz que ela é talentosa, mas ...
— Não, realmente não é algo bom, —Elvi admitiu infeliz. — Seria se ela pudesse controlar, mas não pode.
— E você está preocupada com ela, —disse Sherry calmamente.
Elvi assentiu. — Stephanie começou a frequentar o ensino médio aqui e tentou levar uma vida normal, mas pouco a pouco foi desistindo. Nós a educamos em casa agora. Abandonou os amigos de sua idade porque não aguenta sair e passa muito tempo trancada em seu quarto sozinha. É por isso que Drina e Tricia insistiram no fim de semana das garotas com ela, para tentar tirá-la de lá.
— Mas as compras? —Sherry perguntou com uma carranca.
— Era uma loja de roupas muito exclusiva. Somente com agendamento. Eles prometeram que só seriam elas e alguns vendedores para ajudá-las.
— Ah, —Sherry assentiu.
— Então elas iam ficar no apartamento de Harper e Drina na cidade. Harper instalou uma sala especialmente isolada, como a que Steph tem aqui em Port Henry, para que ela pudesse passar um tempo lá se quisesse fugir, —explicou Elvi. — Lucian enviou outro medicamento para ela tentar, um que eles esperavam que abafasse as vozes. Mas, como os outros, só funciona até que os nanos o eliminem.
— Medicamentos? —Sherry perguntou com uma carranca.
— É ruim, —disse Elvi solenemente. — Ruim o suficiente para que tenhamos medo, se não encontrarmos uma maneira de silenciar as vozes para ela, poderá se tornar uma Sem Presas.
— Stephanie? —Sherry perguntou com desânimo.
Elvi assentiu. — Pelo que sabemos, esse tipo de coisa é o que realmente faz um Sem Presas enlouquecer.
Sherry olhou para ela com horror, tentando imaginar Stephanie agindo como Leo agiu em sua loja. A ideia não foi agradável.
Ela gostava de Stephanie. A garota parecia uma criança relativamente normal, bem, para uma vampira. Nem percebeu que havia algo errado com ela.
— Vai ficar tudo bem, —disse Elvi com um sorriso forçado. — Drina, Harper e Victor estão tentando treiná-la para bloquear pensamentos. Quando ela conseguir fazer isso, ela ficará bem.
— Tenho certeza que sim, —Sherry murmurou, embora parecesse óbvio para ela que, apesar de suas palavras, Elvi não tinha certeza.
— Enfim, chega dessa conversa. Precisamos encontrar roupas para você. Tente essa saia com uma blusa diferente e depois tente isso, —Elvi disse, entregando-lhe a calça de pele de cobra. — Eu vou procurar mais algumas blusas.
Sherry assentiu e observou-a se afastar, depois se virou e voltou para o provador. O pensamento de Stephanie se tornando uma Sem Presas continuou a incomodá-la, enquanto tirava a blusa decotada e a trocava por uma mais comprida com aberturas nos ombros. Ela olhou os resultados com surpresa. Esta cobria a parte superior das gordurinhas, mas também parecia bastante sexy.
Uma batida na porta anunciou o retorno de Elvi e Sherry virou-se e a abriu com um sorriso. — Esta ficou muito melhor, eu ...
Sua voz morreu quando ela percebeu que não era Elvi.
Capítulo 9
— Você deve convencer Sherry de que precisa transformá-la
Com as sobrancelhas levantadas naquele anúncio, Basil olhou para Victor e depois de volta para a blusa brilhante e muito transparente que segurava nas mãos. Tentando imaginar Sherry vestida nela, ele apontou: — Acabei de conhecê-la. Não posso simplesmente abordar essa questão antes de conhecê-la melhor e ...
— Não. Com Leonius por perto, você não pode se dar ao luxo de conhecê-la melhor, —disse Victor com firmeza. — Especialmente desde que eu acredito que você terá alguns problemas para convencê-la a se transformar.
— O que? —Basil soltou a blusa e virou-se para ele.
Victor deu de ombros. — A mulher entrou em pânico no restaurante ao simples pensamento de se tornar Imortal. Ela começou a tentar se convencer de que tudo isso era apenas um sonho ou o resultado de drogas. —Carrancudo, ele perguntou: — O que diabos você disse a ela para fazê-la ter tanto medo de se tornar uma de nós?
Basil franziu a testa e depois admitiu com relutância: — Eu posso ter mencionado que viver tanto tempo sem um companheiro de vida foi difícil.
Victor estreitou os olhos para ele e depois engasgou com desânimo. — Suicídio e execução pelos Caçadores de Desonestos?
Basil fez uma careta. — Fique fora da minha cabeça.
— Eu vou, se você começar a usar sua cabeça, —Victor respondeu sombriamente. — Querido Deus, como você pode dizer tudo isso?
— Ela parecia chateada, talvez até um pouco horrorizada, que tive tantas crianças com Mary, e eu estava tentando explicar ...
— Oh Deus, você contou a ela sobre Mary e as crianças também? —Victor perguntou, parecendo alarmado.
— Claro. Ela é minha companheira de vida, Victor. Eu tenho que ser honesto com ela, —ele apontou.
— Sim, mas você poderia ter guardado essa pequena parte de informação para depois de tê-la convencido a ser sua companheira de vida, —disse Victor sombriamente. — Bom Senhor, cara. Disse a ela como você esteve deprimido e miserável por tanto tempo? E você acha que isso a fará ansiosa para se tornar imortal?
Basil virou as costas e começou a revirar as blusas em exibição, mas estava preocupado agora que tinha estragado tudo com Sherry.
Talvez não tenha sido uma boa ideia contar a ela ...
— Sinto muito, irmão, —disse Victor de repente. — Claro que tinha que contar a ela sobre as crianças. E talvez seja justo que a tenha avisado sobre quanto solitário a vida pode ser quando se vive por tanto tempo, —acrescentou ele solenemente. — Eu só queria que não ... eu não quero ver a mesma coisa acontecer com ela, como aconteceu com Stephanie e sua irmã, Dani.
Basil endureceu com o pensamento de Sherry de alguma forma sendo transformada por Leonius e se tornando uma Desdentada. Passariam por algumas preocupações que um Imortal não teria. Eles teriam que se preocupar com qualquer criança que tivessem, para que ela crescesse e não se tornasse uma Sem Presas, isso se sobreviver ao nascimento. Franzindo a testa, ele disse: — Isso não deveria ser uma preocupação. Nós a trouxemos para Port Henry para mantê-la longe de Leonius. Ela deveria estar segura aqui.
— Sim, bem, Dani deveria estar segura na casa dos executores também, —Victor apontou. — Mas Leo ainda colocou as mãos sobre ela.
Basil acenou com a cabeça lentamente e então perguntou: — Como isso aconteceu? Foi-me dito sobre isso na época, mas agora não me lembro exatamente como. Eles estavam longe da casa, não estavam?
Victor assentiu. — Eles foram fazer compras. Ela se separou dos outros por alguns minutos e foi o tempo todo que Leo precisou.
Basil olhou ao redor e avistou Elvi arrumando uma prateleira de blusas a uns três metros de distância. Sherry estava sozinha. Amaldiçoando, dirigiu-se à entrada dos provadores.
— Ele não podia passar por nós e ir até ela sem ser visto, —disse Victor calmamente, seguindo em suas costas. Ao passarem pela entrada até as cabines, ele acrescentou: — Eu tenho observado. Ela está perfeitamente ... Merda! —Ele murmurou no momento em que Basil gritou alarmado, — Sherry! —E correu em direção ao corpo no chão no final do corredor, cheia de portas de vestiários.
Alcançando o lado de Sherry, Basil ajoelhou-se e ansiosamente a virou para procurar por feridas.
— Ela está ilesa, —disse Victor com alívio ao lado dele, quando notou que não havia feridas óbvias. — Ela está bem.
— Ela não está bem, está inconsciente, —Basil rosnou, pegando-a em seus braços.
— Eu só quis dizer que não há feridas graves, —disse Victor, endireitando-se ao lado dele.
— O que aconteceu? —Elvi perguntou com preocupação, correndo para se juntar a eles. — Eu ouvi você gritar o nome dela. O que ...? Por que ela está inconsciente? —Perguntou alarmada quando Basil se virou para ela com Sherry em seus braços.
— Nós não sabemos. Ela ... —Victor parou quando Sherry gemeu e se mexeu nos braços de Basil.
Piscando os olhos abertos, Sherry olhou para os três.
— O que aconteceu? —Perguntou confusa, e então começou a se mexer quando percebeu que Basil a carregava. — Coloque-me no chão, estou bem, —murmurou com vergonha. — Você vai se machucar me carregando. Eu sou muito pesada.
— Você não é pesada, e eu não vou me machucar, —disse ele secamente, mas colocou-a cuidadosamente de volta em seus pés. Ele continuou a segurá-la pelos braços, enquanto ela se recuperava.
— O que aconteceu? —Perguntou novamente.
— Nós não sabemos, —disse Victor sombriamente. —Encontramos você inconsciente no chão. Não se lembra do que aconteceu?
— O quê? —Ela olhou para ele sem expressão e então balançou a cabeça. — Não, eu estava experimentando roupas e depois ... —Franziu a testa brevemente e terminou: — Acho que desmaiei.
Basil olhou para seu irmão, silenciosamente dizendo-lhe para procurar em sua memória o que havia acontecido, mas depois olhou de volta para Sherry quando ela puxou seu aperto e se virou para o provador novamente.
— É melhor eu voltar. Ainda tenho muitas roupas para experimentar. Ela fechou a porta do provador. Não havia como Victor conseguir lê-la agora. Ele precisava estar na frente dela para lê-la.
— Talvez devêssemos deixar as compras para outro dia e voltar para casa, —sugeriu Basil a ela pela porta.
— Não. Elvi não pode tirar outro dia de folga para fazer compras comigo, —respondeu Sherry, parecendo um pouco exasperada. Além disso, preciso de roupas.
— Mas se você não está se sentindo bem ... —Basil começou.
— Estou bem. Eu me sinto bem, —insistiu, definitivamente exasperada agora.
— Podemos voltar amanhã, —disse Basil calmamente. — Agora acho ...
— Basil, estou usando a mesma roupa por três dias agora. Não vou vesti-la pela quarta vez, —ela disse firmemente. — Se você não gosta de esperar enquanto eu provo as roupas, vá tomar uma xícara de café na praça de alimentação. Serei o mais rápida que puder.
Basil franziu o cenho para a porta e se virou para encarar seu irmão quando Victor começou a rir.
— Que diabos é tão engraçado? —Basil perguntou com irritação.
— Desculpa, irmão, —disse Victor, fazendo um esforço óbvio para tirar seu sorriso do rosto, mas falhando miseravelmente. Balançando a cabeça, ele desistiu de tentar parar de sorrir e disse: — Eu sinto muito, eu só ... —Ele deu de ombros, impotente. — Os nanos escolheram bem. Ela é perfeita para você.
— Perfeitamente teimosa, —Basil murmurou.
— Exatamente como você, —disse Victor, e riu novamente, desta vez mais alto.
— Eu não sou teimoso, —Basil resmungou, encostado na parede ao lado da porta do provador e cruzando os braços sombriamente.
— Você é, —Victor respondeu imediatamente. — É por isso que você e Lucian se enlouquecem. Você é tão teimoso quanto ele.
— Então você está dizendo que Sherry e eu vamos enlouquecer um ao outro? —Basil perguntou maliciosamente.
— Bem, isso dificilmente soa como companheiros de vida, —disse Sherry de dentro do provador, sua voz encharcada de desgosto.
— Não, eu tenho certeza que Victor não quis dizer que você ficaria louca, —disse Elvi rapidamente, levantando a voz para ter certeza de que Sherry a ouviu.
— Não, eu não quis dizer dessa maneira, —Victor concordou, levantando a voz também. — Mas você não deixará meu irmão mandar em você também, o que seria fácil para ele fazer com a maioria das mulheres. Ele precisa de alguém com uma espinha dorsal sólida e você parece ter uma.
— Sim, exceto pelo desmaio parecendo uma donzela vitoriana, —murmurou Sherry, com a voz um tanto abafada, o que sugeriu que ela estava em processo de colocar ou puxar algo sobre sua cabeça. A ideia pegou os pensamentos de Basil, e ele se viu imaginando isso em sua mente. Sherry tirando a blusa sexy que estava usando, revelando um pedaço de pano que mal cobria seus generosos seios.
— Seus seios não são tão generosos, —disse Victor com diversão, aparentemente pegando a fantasia perdida na mente dele.
— Os seios dela são perfeitos, —disse Basil com firmeza.
— Sim, eles são, mas eles não são tão grandes como você está imaginando-os em sua mente, —ele assegurou.
— Sim, eles são? —Elvi perguntou ao marido. O tom era sarcástico, mas ela tinha um brilho de diversão em seus olhos. — Como assim ‘sim, os seios de Sherry são perfeitos’?
— Os seus são mais perfeitos, claro, meu amor, —disse Victor com um sorriso.
— Oh, pelo amor de Deus, —Sherry murmurou. A porta do provador se abriu e ela saiu correndo, uma montanha de roupas presas em seus braços, os cabides aparecendo para todo lado. — Eu vou levar estes, agora vamos.
Ela passou por eles e saiu da área de vestir, em direção ao caixa.
— É melhor você se apressar e alcançá-la, Victor, —disse Elvi. — Você está pagando.
— O diabo que ele está! —Basil estalou, correndo atrás de seu irmão enquanto ele caminhava atrás de Sherry. — Se alguém está pagando, esse sou.
— Pode ter certeza disso, —assegurou Victor com diversão, e depois acrescentou: — Pelo menos parte dela. O Conselho está pagando, lembra? Bricker não pegou nada além de lingerie para ela, então o Conselho deve pagar.
— Ah, certo, nada além de lingerie, —Basil murmurou, e se perguntou se ele poderia se controlar por tempo suficiente para permitir que Sherry vestisse uma das roupas que Bricker tinha pegado.
— Ele também embalou blusas transparentes, sutiãs e calcinhas fio dental, —Elvi anunciou, diversão clara em sua voz.
— O que mais ela precisa, hein, irmão? —Victor perguntou com diversão.
Apesar de tudo, Basil sorriu com as palavras enquanto seguia Victor até a caixa registradora. Blusas transparentes e lingerie. Ele não podia culpar Bricker pela escolha. Tinha certeza de que tudo isso seria adorável em Sherry. Mas no momento seguinte, Basil franziu o cenho ao perceber que isso significava que o outro homem olhou e mexeu suas lingerie, sutiãs e calcinhas.
— Pervertido, —ele murmurou, e franziu o cenho para Victor quando seu irmão começou a rir do comentário.
— Tacos34! Oaaba!
Sherry olhou para cima do queijo que estava ralando e sorriu para Stephanie quando a adolescente entrou na cozinha com aquele grito feliz. Enquanto Sherry cortava o queijo, Elvi estava cortando cebolas, Drina cortando alface, Katricia cortava tomates, Victor cozinhando a carne, Harper preparando a massa, Teddy e Basil tinham assumido a tarefa de arrumar a mesa e ir buscar algumas coisas como salsa, creme azedo e guacamole35. Com todos eles trabalhando, seria a refeição mais rápida já feita, pensou Sherry divertida, era bom fazer parte de um grupo tão grande. A coisa mais próxima que ela tinha disso, além de feriados com suas famílias, era quando ela e Luthor costumavam realizar sua noite de ‘jantar e cinema’. Os dois se uniam para fazer o jantar, depois se acomodavam na frente da televisão e assistiam a um filme. Sempre foi bom e relaxante.
— Quem é Luthor? —Perguntou Stephanie, beliscando um pouco do queijo ralado e colocando-o na boca.
— Um velho amigo, —respondeu Sherry com um leve sorriso.
— Ele não parece velho, —disse Stephanie, beliscando mais um pouco do queijo da tigela.
Sherry enrugou o nariz para a garota. — Percorrendo minhas memórias? —Ela perguntou secamente. Quando Stephanie apenas deu de ombros, acrescentou: — Bem, pare com isso.
— Eu gostaria de poder, —resmungou Stephanie infeliz.
Sherry voltou para sua tarefa e disse: — Luthor não é velho, velho. Ele tem a minha idade. Mas nos conhecemos há muito tempo. Fomos para a universidade juntos e eu ainda o considero um amigo, mesmo que não nos vejamos mais.
— Assim, ele é como uma melhor amiga, ou um namorado, —disse Stephanie lentamente, e Sherry olhou para ela com diversão e, em seguida, notou que seu olhar estava em Basil, que tinha parado de organizar os talheres e virou olhando para elas.
Sherry voltou seu olhar para o queijo e continuou a raspá-lo. — Sim. Ele era meu melhor amigo, não o meu namorado.
— Eu percebi, —disse Stephanie levemente.
Olhando para cima com surpresa, Sherry arqueou uma sobrancelha. — Como?
— Porque você pensa nele vestida em suas roupas e não pelado como faz quando pensa em Basil.
O queixo de Sherry caiu e ela tinha certeza de que estava tão vermelha quanto os tomates que Katricia cortava enquanto os outros riam com as palavras de Stephanie.
— Stephanie, —Elvi repreendeu. — Não a constranja.
— Desculpe, —disse Stephanie com sinceridade. — Eu disse isso em benefício de Basil. Ele estava ficando todo ciumento.
Sherry olhou rapidamente para ele, e viu que Basil estava agora estudando de novo a colocação dos talheres, mas também estava vermelho como beterraba.
— Quanto tempo até o jantar? —Perguntou Stephanie abruptamente, e Sherry notou com uma expressão preocupada que a menina estava esfregando distraidamente a testa. Lembrou-a do que Elvi dissera sobre Stephanie não ser capaz de controlar os pensamentos dos outros, e quanto mais gente por perto, pior era para ela.
— Cinco minutos, —disse Elvi gentilmente. — Você quer esperar no seu quarto? Podemos ligar para você quando estiver na mesa.
— Não. Estou bem. —Stephanie baixou a mão e conseguiu sorrir, mas voltou a olhar para Sherry. — Não estou tendo problemas em ler você mais.
— Percebi, —disse ela ironicamente.
— É a coisa do companheiro de vida. Você e Basil realmente são companheiros de vida, —informou Stephanie.
Sherry não comentou e manteve o olhar fixo no que estava fazendo.
— Você deveria ver o que Sherry comprou hoje, Steph, —disse Elvi. — Ela escolheu algumas roupas muito legais.
— Eu gosto do que ela está vestida, —disse Stephanie com um aceno de cabeça, e Sherry olhou para si mesma. Jeans rasgados e a blusa com as grandes aberturas nos ombros. Ela também gostou, mas ainda não estava acostumada a usar roupas tão casuais, ou roupas muito sexy também. Roupas de negócio não são exatamente sexy. Bem, tudo bem, algumas roupas de negócios elegantes podem ser sexys, mas ela geralmente não vestia esse tipo de roupas de negócios. Vestia-se para parecer profissional. No entanto, essas roupas agora ficaram boas nela e estava se sentido bem também, nem parecia que havia desmaiado.
— Você desmaiou? —Perguntou Stephanie, e Sherry olhou para ela quando os olhos da garota se estreitaram e de repente se arregalaram. — Você viu Leo!
— O que? —Sherry gritou com espanto, mesmo quando todos os outros na cozinha congelaram e latiram a mesma palavra.
— Sherry? —Basil perguntou com preocupação, indo em direção a ela. — Você viu Leo hoje? Aqui? Em Port Henry?
— Não, —garantiu Sherry. — Eu teria dito a vocês se eu o tivesse visto.
— Você o viu, —insistiu Stephanie. — Mas não em Port Henry, em London, enquanto fazia compras. É a última coisa na sua cabeça antes de Basil acordá-la no chão do provador.
Sherry sacudiu a cabeça. — Eu não vi. Lembraria disso.
— Não necessariamente, —disse Basil calmamente, apesar da preocupação evidente em cada linha de seu corpo.
— Claro que sim, —ela insistiu.
— Ele poderia ter limpado a sua memória, —Elvi disse gentilmente.
— Então, como poderia Stephanie estar lendo? —Katricia perguntou com uma carranca. — Se ele limpou de sua memória, não deveria estar lá para Steph ver.
— A menos que haja uma imagem dele em sua mente e Stephanie seja capaz de perceber isso, —Drina sugeriu, e Sherry pôde sentir a ansiedade que a sugestão causava na sala. Ela sabia que todos já estavam preocupados com Stephanie. Sugerir que ela tinha mais habilidade só aumentaria os medos que eles tinham para ela.
— Ou talvez Sherry esteja bloqueando a memória, —Teddy disse baixinho. — As vítimas geralmente bloqueiam lembranças horripilantes. Mas ainda estaria lá para Stephanie encontrar.
— Ou talvez tive um pesadelo enquanto estava desmaiada, —sugeriu Sherry. — Quero dizer o homem é como aquele personagem Freddy Krueger36, então eu não ficaria surpresa se eu sonhasse com ele enquanto estivesse inconsciente. Mas definitivamente não vi o homem. —Ela olhou em volta para as pessoas na cozinha, todos olhando para ela com vários graus de preocupação, e então suspirou com exasperação e exigiu, —Bem, alguém mais de vocês pode ver? Leo na minha cabeça?
— Sherry, só podemos ler o que você pensa, —Elvi disse calmamente. — Se você bloqueou isso de sua mente ou apagou, o resto de nós não conseguirá ver.
— Talvez você possa, Elvi —Basil respondeu, e pegou os braços de Sherry puxando-a em direção a ele. — O que você estava pensando antes que Stephanie dissesse que você tinha visto Leo? —Ele perguntou.
Sherry franziu a testa e tentou se lembrar, mas, francamente, depois de toda a empolgação dos últimos minutos, ela não conseguia lembrar o que ela ...
— Eu disse que gostei da sua roupa, —disse Stephanie de repente, estimulando sua memória.
— Oh, sim, —Sherry murmurou e lembrou-se de se perguntar se a roupa era um pouco jovem para ela e depois pensou que, mesmo com as grandes aberturas e o jeans rasgados, as roupas novas ficaram bem nela e que estava se sentido bem mesmo depois de ter caído no chão desmaiada e ...
— Eu vi, —gritou Dree. — Foi apenas um lampejo, mas Stephanie está certa. Sherry abriu a porta do provador e Leo estava lá.
— Eu também vi, —disse Katricia calmamente.
— Mas como pode ser isso? Como ele passou por vocês dois, invisível? —Elvi perguntou com desânimo. — Victor, você disse que estava vigiando a entrada do vestiário.
— Eu estava, —Victor assegurou-lhe com firmeza. — É por isso que não tentei ler a memória de Sherry na hora e ver se alguém a tinha machucado quando a encontramos. Ninguém tinha entrado ou saído. Ela estava sozinha.
— Eu não vi ninguém entrar ou sair da área de vestir, exceto Elvi, —acrescentou Basil, apoiando-o. — Mas se as garotas estão vendo a mesma lembrança ...
Também vi, —disse Harper solenemente.
— Eu também, —admitiu Victor. — Mas eu não vejo como ele poderia ter chegado até ela. Não faz sentido.
Eles ficaram em silêncio por um momento e então Teddy se mexeu e disse: — Ele poderia ter te seguido até a loja, a visto escolhendo roupas e deslizado em um dos provadores vazios antes que alguém o visse, sabendo que ela provavelmente os experimentaria, —ele apontou, — Então tudo o que ele tinha que fazer era esperar vocês saírem, se aproximar dela, e então voltar para qualquer cabine e se esconder de novo até vocês irem embora. Dessa forma, ele não teria que passar por vocês dois.
— Droga, —Basil respirou, arrepios subindo em sua pele ao pensar em Leonius sozinho com Sherry. Ele poderia ter feito qualquer coisa com ela.
— E se esse é o caso, ele provavelmente te seguiu de volta de London, —Teddy apontou agora. Expressão sombria, ele se moveu para olhar pela janela da cozinha para o quintal escuro.
Drina e Tricia foram até as janelas da frente para espiar, e Harper virou a cabeça para fora da cozinha. Sherry supôs que ele fosse olhar pelas janelas laterais da casa, mas notou que retirou o celular do bolso enquanto saia.
— Não! —Elvi protestou, soando quase desesperada. — Leo não poderia ter nos seguido de volta. Nós teríamos notado.
— Querida, —disse Victor calmamente, desligando o queimador sob a carne e movendo-se para deslizar seus braços ao redor de sua esposa. — Ele pode ter. Nós não estávamos procurando por ele. Pensávamos que ele estava em Toronto.
— Sim, mas ... —O olhar dela passou ansiosamente para Stephanie, e ela disse com frustração. — O que ele estava fazendo em London? Ele deveria estar em Toronto.
— Quem sabe? —Victor disse cansado, puxando-a contra seu peito.
— Há Caçadores rastejando por toda Toronto procurando por ele, —Katricia disse calmamente, continuando a olhar pela janela. — Ele provavelmente saiu da cidade para evitá-los.
— Mas London? Por que London de todos os lugares? —Elvi perguntou quase melancolicamente, e Sherry franziu a testa, certa de que havia algo acontecendo aqui que ela não estava conseguindo entender.
— Ele poderia ter seguido vocês de Toronto? —Perguntou Teddy, e os olhos de Sherry se arregalaram quando se lembrou de encontrar alguém que pensava ser Leonius no estacionamento do posto de serviço.
— Não, —assegurou Drina. — Eu estava olhando para ...
Sherry piscou seus pensamentos e olhou para Drina com curiosidade quando ela ficou em silêncio abruptamente. A mulher estava olhando para ela, desanimo em seu rosto. Ela não foi a única. Todos na sala olhavam para ela com expressões que variavam de surpresa, horror e raiva. Apenas Basil não olhava de nenhuma dessas formas. Ele estava olhando para cada expressão, estreitando os olhos.
— O que foi? —Ele perguntou finalmente.
— Você o viu? —Elvi perguntou a Sherry, acusação em sua voz. Ela se afastou de Victor e se aproximou dela, rosnando: — E você não disse nada?
— Eu não tinha certeza se era ele, —Sherry disse de uma vez. — E então um caminhão passou e ele se foi e ... —Seu olhar deslizou para Basil quando ela se lembrou de como se distraiu com seus beijos. Quando os outros voltaram para a van, Leo era a última coisa em sua mente. Balançando a cabeça, ela suspirou. — Eu sinto muito. Eu ...
— Você sente muito? —Elvi a interrompeu em uma voz que tremia com raiva e pesar, e que deixou Sherry perplexa. — Estamos prestes a perder a nossa filha por sua causa, e você só sente muito?
Sherry olhou para ela com os olhos arregalados. — Eu não entendo. Sua filha?
— Stephanie, —disse Victor calmamente. — Ela foi enviada para cá porque era um lugar seguro que Leo não podia saber. Mas agora ...
— Mas agora ele sabe, —disse Elvi severamente. — Porque você não disse nada sobre o ter visto naquele estacionamento do posto de serviços. Se você tivesse dito alguma coisa, Drina e Tricia poderiam ter continuado dirigindo, ou voltado para Toronto, ou qualquer outra solução. Qualquer coisa, mas não a traria para cá, para Port Henry. Você não disse nada e agora ele sabe sobre esse lugar. Ela nunca estará segura aqui novamente até que ele seja pego. Ela terá que sair. Nós vamos perdê-la ... por sua causa.
— Elvi, —disse Victor cansado, puxando-a em seus braços novamente. — Isso não é culpa de Sherry. Leo é o único vilão aqui.
Elvi empurrou seu peito, tentando se soltar. — Mas se ela tivesse dito alguma coisa ...
— Ela não tinha certeza se era ele, e nem se lembrava de que viu alguém supostamente parecido com ele depois que Basil a beijou, —Victor apontou em voz baixa, esfregando as costas. — Não até agora. Você lembra como foi quando encontrou seu companheiro de vida pela primeira vez.
— Sim mas ...
Sherry não ficou para ouvir mais. Virando-se, saiu correndo da cozinha e subiu para o quarto. Mas quando tentou empurrar a porta fechada atrás dela, bateu em algo. Balançando ao redor, ela olhou com os olhos arregalados para Basil enquanto ele a seguia para dentro.
— Eu ... —ela começou, mas foi a única coisa que Sherry disse antes de Basil a puxar em seus braços e beijá-la. Como de costume, o corpo dela reagiu imediatamente, inundando com paixão e necessidade esmagadora, mas ele quebrou o beijo rapidamente e apoiou a testa na dela.
Ambos ficaram em silêncio por um minuto, tentando recuperar o fôlego, e então Basil levantou a cabeça e olhou-a nos olhos.
— Nada disso é culpa sua, —disse ele solenemente.
— Mas ...
— Nada disso, —ele repetiu com firmeza, e então disse: — Sherry, anteontem você era apenas uma dona de loja com uma vida normal, amigos e família. Então Stephanie entrou em sua loja, Leo e seus homens a seguiram e tudo mudou. Toda a culpa é de Leo.
— Mas se eu tivesse dito a eles que eu pensei que poderia tê-lo visto no posto de serviço ...
— Você não se lembrava disso, Sherry. Você não podia dizer a eles algo que não lembrava, —ele argumentou.
— Sim, mas eu deveria ter lembrado, —ela disse severamente. — Essa é a questão. Eu deveria ter me lembrado. Não é como esquecer onde você colocou suas chaves ou onde estacionou seu carro. Leo é um monstro. Eu deveria ter me lembrado de vê-lo. Na verdade, não posso acreditar que não fiz.
— Victor disse que você não tinha certeza se era Leo em sua mente. —Ele está certo?
Sherry suspirou. — Eu suponho. Mesmo assim ...
— Quão perto ele estava? —Basil interrompeu.
— O quê? —Ela perguntou confusa.
— Quão perto estava a pessoa que você viu e que pensou que poderia ser Leo?
Sherry hesitou e sacudiu a cabeça. — Não tenho certeza. Ele estava do outro lado do estacionamento, perto do posto de serviços.
— E nós estávamos na van, a cerca de sessenta metros de distância, —disse ele secamente. — Sherry, você é mortal, com visão mortal. Não há como você ter sido capaz de ver mais do que alguém com cabelo loiro a essa distância. Dessa distância, teria sido difícil dizer se era um homem ou uma mulher, a menos que usassem roupas apropriadas para o gênero. O que ele estava vestindo?
— Jeans e uma camiseta, —ela disse infeliz.
Ele arqueou uma sobrancelha para isso. — Na sociedade atual, todos parecem usar jeans e camisetas. Por tudo o que você sabe, pode ter sido uma mulher que você viu no posto de serviços, —ele apontou, e então perguntou: — Ele estava sozinho?
— Sim. Não, eu não sei, —disse ela com frustração. — Eu não vi ninguém com ele.
— Então você viu alguém com longos cabelos loiros? —Ele perguntou. — E imediatamente pensou em Leo?
Sherry assentiu.
— Isso não é surpreendente. Ele teria ficado firme em sua mente depois do que aconteceu no dia anterior em sua loja. Mas pode não ter sido ele, —ressaltou.
— Mas ele está aqui, —ela respondeu. — Pelo menos, ele estava em London. Deve ter sido ele.
— Na verdade não, não, —disse Victor da porta, e Sherry olhou para o homem bruscamente.
— Victor, —ela respirou infeliz. — Eu sinto muito. Me perd ...
— Não há nada para se desculpar, —ele assegurou-lhe, movendo-se para o quarto e facilitando a porta fechada. — É por isso que eu vim pedir desculpas pelo que Elvi disse. Ela não queria dizer aquilo. Está chateada.
— Claro que ela está, —disse Sherry, cansada. — Vocês dois basicamente adotaram Stephanie, pelo que percebi, e agora ela vai ter que ir embora e é tudo culpa minha.
— Não, —ele disse solenemente. — Não é, e Elvi vai perceber isso e se sentir mal pelo que disse no momento em que se acalmar. —Ele hesitou e depois acrescentou: — E Basil está certo, pode não ter sido Leo que você viu no posto de serviços. Sabemos que seus filhos estão sempre com ele. Segundo Basha, ele nunca viaja sem pelo menos dois filhos ao seu lado. Na verdade, a única vez que esteve sem eles foi quando capturamos um punhado de seus filhos e ele estava tentando libertá-los. Então, se você não viu nenhum dos outros Leos no posto de serviço, provavelmente não era ele, apenas alguém que se parecia com ou lhe lembrava dele. —Sherry mordeu o lábio, mas depois apontou, — Talvez, mas se eu tivesse lembrado de tê-lo visto no shopping hoje, vocês não teriam voltado aqui, e Stephanie não teria que ir embora.
— Você está determinada a assumir a responsabilidade por isso, não é? —Victor disse com um leve sorriso, e então balançou a cabeça. — Você não se lembra de tê-lo visto quando recuperou a consciência, Sherry. Ainda não se lembra disso. Como podia nos dizer algo que não lembra? —Ele balançou a cabeça. — Não, Sherry. Você não tem culpa aqui. Leo é o único culpado. Agora, —ele adicionou, seu sorriso desaparecendo. — Vocês dois precisam arrumar as malas.
— Arrumar as malas? —Basil perguntou.
Victor assentiu. — Harper mandou chamar seu helicóptero. Ele e Drina estão levando Sherry e Stephanie de volta a Toronto para a casa dos Executores. Presumo que você irá querer acompanhar Sherry?
— Sim, claro, —disse Basil imediatamente.
— Então façam as malas e desçam as escadas. Se vocês forem rápidos, podem até ter tempo suficiente para comer antes que o helicóptero chegue aqui.
Sorrindo ironicamente, ele se virou para a porta quando acrescentou: — Caso contrário, o resto de nós iremos comer tacos por uma semana.
Capítulo 10
— Tudo certo?
Sherry olhou para Basil enquanto ele a seguia até o apartamento de Harper. Ela forçou um sorriso e acenou com a cabeça, mas não resistiu em acrescentar: — Eu realmente acho que não gosto de helicópteros.
Stephanie deu um tapinha simpático no braço dela enquanto passava por ela na grande entrada. Tirando o casaco, ela disse: Eu também não gostava nas primeiras viagens. Mas você se acostuma. Quer dizer, mais ou menos. —Ela fez uma careta e então admitiu: — Bem, não totalmente. Eu ainda fico enjoada, menos enjoada agora.
— Isso soa encorajador, —murmurou Sherry, pegando sua mala e a de Basil e, em seguida, passando por ele enquanto Basil tirava o casaco. Ela não tinha um casaco para tirar. Bricker não tinha embalado o dela e não era algo que pensou em comprar em sua viagem, então ficou sem. Não foi um grande problema. Embora tivesse sido bom ter um, era outono e a temperatura caíra à noite. Felizmente, não precisou ir muito longe, apenas atravessou a rua da Casey Cottage até o pátio da escola onde o helicóptero os pegou e, em seguida, atravessou a cobertura para entrar no prédio, quando aterrissaram.
— Sherry, —Drina chamou, seguindo-os para o apartamento com Harper em seus calcanhares. Parando, ela olhou de volta interrogativamente.
— Não pule de surpresa se Lucian estiver na sala de estar, —advertiu Drina.
— Lucian? —Ela perguntou confusa.
Drina assentiu. — Harper ligou e deixou uma mensagem dizendo que estávamos voltando. Da última vez que Harper fez isso, encontramos Lucian esperando aqui quando chegamos. —Ela encolheu os ombros. — Eu só não queria que você ficasse surpresa se ele fizer isso de novo.
Assentindo, Sherry virou-se e continuou em frente, subindo os quatro degraus que levavam a uma grande sala aberta. Dessa vez, olhou ao redor com curiosidade, esperando encontrar o sombrio rosto de Lucian Argeneau em algum lugar, os olhos duros, cheios de acusações, a inspecionando como se ela fosse um inseto sob um microscópio. Em vez disso, encontrou uma sala gloriosa, cheia de belos móveis, mas vazia de pessoas. A maior parte do grande espaço era montada como uma área de estar ao redor de uma grande lareira, porém a extremidade mais distante continha uma mesa de jantar e cadeiras.
— Uau, —ela suspirou, colocando as malas ao lado de um dos sofás e movendo-se para as janelas. O apartamento era aparentemente todo o último andar do prédio, mas essa grande sala ocupava pelo menos boa parte do andar. Janelas formavam a parede à sua frente e a parede à sua direita, apresentando uma vista da cidade absolutamente deslumbrante.
— Legal, —Basil comentou atrás dela, e Sherry virou-se para olhar para ele com descrença.
— Legal? —Ela se virou, olhou para o horizonte da cidade e perguntou: — Você acha que isso é apenas 'legal'?
— É difícil superar a boa impressão do horizonte de Nova York à noite.
Sherry olhou para a direita naquele comentário sarcástico, para ver Lucian saindo do que obviamente era a cozinha. O homem tinha uma bebida em uma mão e um sanduíche embrulhado em papel de ceda em um prato na outra. Ele levou os dois para o sofá afundado em frente à lareira e os colocou sobre a mesa de café enquanto se sentava.
— Sentem-se, —ele ordenou, e então olhou para trás pelo caminho que veio e gritou, — Bricker! Não se esqueça do ... —Ele terminou em um grunhido de satisfação quando um saco de batatas fritas voou pela porta da cozinha e atravessou a sala em direção a ele. Lucian pegou a sacola e deixou-a cair na mesa ao lado de seu prato, depois olhou para Sherry quando Basil insistiu que ela se sentasse no sofá em frente.
O olhar de Lucian era afiado e direto. Também era penetrante. O homem não se mexeu. Ele foi direto para seus pensamentos.
Sherry podia senti-lo mexer em sua mente, vasculhando lembranças, pensamentos e recolhendo o que estava procurando. Quando ele encontrou, grunhiu com aparente descontentamento e imediatamente voltou sua atenção para a abertura das fichas.
— Jantar? —Perguntou Basil, divertido. — Leigh tinha acabado de colocar o jantar na mesa quando recebi a mensagem de Harper, —disse Lucian. — Então eu pedi a Bricker para pegar sanduíches no caminho até aqui. —Ele piscou e franziu o nariz quando a sacola abriu, e Sherry só pôde supor que o cheiro que emanava o surpreendeu. Ele inclinou a bolsa para ler o rótulo. Uma maldição escorregou de seus lábios e ele olhou para a porta da cozinha e gritou: — Eu disse batatas assadas, Bricker.
— Eles não tinham batatas assadas no forno, —anunciou Bricker, saindo da cozinha com uma bebida, um sanduíche em um prato e um pacote de batatas fritas. — Então eu peguei sal e vinagre. Confie em mim, sal e vinagre com sanduíche é muito bom. Você vai gostar delas.
Lucian rosnou algo baixinho e baixou as batatas para pegar o sanduíche.
— Você não tinha que pegar nada, —disse Harper, levando Drina e Stephanie para o quarto agora. — Tem comida aqui, Lucian. E eu lhe disse para se sentir confortável. Isso inclui comer o que você quiser.
Lucian encolheu os ombros e simplesmente desembrulhou o sanduíche. — Eu não estava com vontade de cozinhar.
— Não precisava, —garantiu Harper. — Eu disse a Senhora Parker para fazer e congelar algumas refeições e preparar alguma comida caso você aparecesse durante a semana.
Basil ergueu as sobrancelhas. — Por que Lucian precisaria comer aqui durante a semana? Pelo que sei Leigh é uma cozinheira incrível.
— Ela é, —disse Lucian, parecendo sombrio. — Mas viu alguma coisa maldita na internet sobre a crueldade com animais de fazenda e agora se tornou vegetariana.
— Oh céus, —disse Basil com um estremecimento. — Então ela só cozinha comida vegetariana agora?
Quando Lucian apenas grunhiu e sacudiu a cabeça, foi Harper quem disse: — Leigh ainda cozinha pratos principais de carne para Lucian.
Basil ergueu as sobrancelhas. — Então, qual é o problema?
Lucian engoliu em seco e repetiu em tom seco: — Ela é vegetariana agora.
Ele disse isso como se isso pudesse esclarecer o assunto. Não esclareceu. Basil simplesmente olhou para ele sem entender.
— Leigh não consegue mais fazer uma receita se tiver carne envolvida, —explicou Bricker, divertido. — Então, é um lance de sorte se vai sair bom ou não. Às vezes, faz pouco, às vezes faz muito, e às vezes tem gosto do jantar de hoje à noite.
Ele olhou para Lucian e perguntou: — Medalhão de carne de vaca com molho cremoso, não foi isso que você disse que era?
— Frango ao molho, —corrigiu Lucian severamente. — Mas tinha gosto de medalhão de vaca com molho cremoso.
— Oh céus, —disse Basil, soando suspeitosamente como se quisesse rir.
— Hum-rum, —Lucian murmurou, e olhou para Harper. — Fiquei feliz em receber sua mensagem.
— Te deu uma desculpa para evitar comer a comida de Leigh, hein? —Perguntou Harper, divertido.
Ele assentiu e pegou seu sanduíche novamente. — É por isso que não estou tão zangado quanto deveria estar.
— Leo deixou todos furiosos, —disse Basil calmamente quando Lucian deu outra mordida em seu sanduíche.
Lucian nem olhou para ele. Seu olhar estava trancado em Drina enquanto ele mastigava. Uma vez que engoliu, ele perguntou: — Por que você trouxe as meninas de volta?
— Eu expliquei tudo na minha mensagem, —disse Harper com uma carranca.
Quando Lucian nem sequer olhou para o seu caminho, mas continuou a olhar para Drina, ela disse: — Leo encontrou as meninas.
— Não. Ele não as encontrou, —Lucian disse, e deu outra mordida em seu sanduíche.
— Sim, ele fez, —Drina assegurou. — Pelo menos encontrou Sherry. Ele se aproximou dela em um shopping em London. Estávamos preocupados que Leo pudesse tê-las seguido de volta a Port Henry.
Lucian acenou com a cabeça quando ele engoliu e depois disse novamente: — Ele não encontrou.
— Ele não as seguiu de volta? —Drina perguntou com uma carranca. — Como você pode saber disso?
— Porque não foi ele que se aproximou dela no shopping, —disse Lucian severamente.
— O quê? —Drina perguntou confusa.
— É como no caso de Susan, —anunciou Lucian.
— Susan? —Sherry murmurou, olhando para Basil interrogativamente. No entanto, ele apenas deu de ombros, aparentemente sem saber do que o homem estava falando.
— Eu não entendo, —Drina disse lentamente.
— Port Henry, —ele lembrou a ela. — Os ataques lá. Vocês todos assumiram que era obra de Leonius.
— Mas não foi, —Drina apontou. — Daquela vez foi Susan que armou tudo.
— Sim, —ele concordou. — E a mesma coisa está acontecendo mais uma vez.
Drina sacudiu a cabeça. — Isso não é nada parecido com a última vez, tio. Não houve ataques. E desta vez é Leo. Ele se aproximou dela no shopping. Nós o vimos nas memórias de Sherry.
— Você viu? —Perguntou Lucian, olhando para o saco de batatas fritas e pegando um para cheirar suspeitosamente antes de colocá-lo na boca.
— Sim, nós fizemos. —Stephanie falou agora, franzindo o cenho para o homem enquanto ele estremecia, suas bochechas sugando para dentro como se tivesse mordido um limão. — Todos nós vimos isso em suas memórias.
Lucian nem olhou para a garota. Voltando seu olhar para Drina, ele mastigou, engoliu e disse: — Olhem de novo ... e desta vez realmente olhe com muita atenção ... como vocês fariam se não tivesse ideia de quem poderia ser.
Sherry não ficou surpresa quando Drina imediatamente se virou para ela. Sherry estava um pouco desanimada, porém, por que todos os outros também o fizeram.
Bem, todos menos Lucian que voltou a atenção para comer enquanto Drina, Harper, Stephanie, Bricker e até Basil viravam-se para olhá-la. Basil era o único que não estava olhando para ela com aquela estranha expressão concentrada, mas também ele era o único que não conseguia lê-la.
Resignando-se a isso, Sherry lembrou o momento em que eles estavam procurando e simplesmente esperou.
— Veja, —disse Stephanie com um aceno de cabeça. — Ela estava vestindo a roupa que tem agora. Alguém bateu na porta do camarim.
Ela abriu e foi ... —Stephanie balançou a cabeça com frustração. — Parece Leo, exceto ...
Sherry inclinou a cabeça para o que Stephanie dissera. Isso mexeu com uma lembrança para ela. Ela lembrou exatamente o que Stephanie descreveu.
Estava usando o jeans que agora usava e a blusa. Uma batida soou na porta. Ela abriu, esperando que fosse Elvi, mas ... Sherry franziu a testa e sacudiu a cabeça. Foi tudo muito confuso. Viu Leo parado do lado de fora do provador, mas outro rosto continuava tentando substituir o dele, e a imagem estava sobrepondo a dele, ou talvez a imagem dele estivesse sobrepondo a outra de modo que parecia uma foto confusa, como duas fotos sobrepostas.
— Foi um sonho, —disse Stephanie de repente, com os olhos arregalados. — Foi confuso na primeira vez, mas posso ver melhor agora. É como uma gravação digital que ficou maluca. Deve ter sido um sonho que pegamos.
Sherry soltou a respiração com um pequeno suspiro de alívio. Isso fazia sentido. Como ela sugeriu na pousada, estava tendo pesadelos sobre Leo e seu pequeno trio de monstros desde o ataque em sua loja. Por que não teria um durante seu desmaio?
— Não foi um sonho, —anunciou Lucian, e deu outra mordida em seu sanduíche.
— Tem que ser, —protestou Stephanie, franzindo o cenho para Sherry como se estivesse lembrando deliberadamente de tudo errado e confundindo-a de propósito.
— Receio que Lucian esteja certo, —disse Drina, parecendo cansada. — Eu já vi isso antes. O que você está vendo é o resultado de alguém tentando fazê-la ver algo que não estava lá.
— O que? —Perguntou Stephanie, virando-se para olhar Drina.
— Seja lá quem bateu na porta do provador queria que Sherry pensasse que era Leo, —explicou Drina. — Mas Sherry tem uma forte resistência ao controle da mente. Não funcionou direito. —Drina fez uma careta e olhou para Sherry novamente, acrescentando: — Suspeito que ele percebeu isso e tentou apagá-lo completamente. Só que isso não funcionou totalmente também, e é por isso que podemos lê-lo da sua memória, apesar de estar oculto para Sherry. A tentativa de apagar isso da sua memória a fez desmaiar, entretanto. —Ela olhou para Lucian e admitiu: — Eu teria percebido na primeira vez que olhei a memória, mas não olhei o suficiente. Vi Leo, e era o que eu esperava, então não me preocupei com o fato de que a imagem estava distorcida. Desculpe, tio. Eu te decepcionei e fiz exatamente o que ele queria.
— Quem queria? —Sherry perguntou com uma carranca.
— Alguém que quer que a gente pense que Leo estava no shopping, —Drina explicou sombriamente.
— Por que alguém iria querer isso? —Perguntou confusa, e então antes que pudessem responder, ela acrescentou: — E isso pode ser uma coisa boa. Isso poderia nos ajudar a diminuir quem poderia ser. Não pode haver muitas pessoas que conhecem Leo e como ele é, certo?
Stephanie bufou com a pergunta. — Todo mundo sabe que ele está sendo caçado e como ele é. Ele é o Garoto das Bolsas de Sangue há meses.
— O Garoto das Bolsa de Sangue? —Perguntou Sherry, confusa.
— Sim, —disse a menina secamente. — Sabem essas fotos de crianças desparecidas que costumam colocar em caixas de leite?
Sherry assentiu.
— Bem, é mais ou menos assim, —anunciou Stephanie. — Só que é o rosto de Leo colado em bolsas de sangue do banco de sangue. Todo Imortal encomenda sangue do banco de sangue, dessa forma todo Imortal já viu sua foto, sabe que ele é o Imortal-inimigo-número-um, e sabe que eles devem ligar se o virem em sua vizinhança.
— Oh, —Sherry murmurou com desapontamento.
— O problema é que Leo se tornou um cara prático sempre que há problemas, —explicou Lucian. — Ele é o cara mau que conhecemos, então o primeiro suspeito.
Harper assentiu. — Ele se tornou o bicho papão cruel. Algo de ruim aconteceu? Deve ter sido Leonius.
— Precisamos cuidar do bastardo, —disse Bricker com uma sacudida de cabeça.
Lucian apenas resmungou e depois encolheu os ombros. — Esse não é o problema aqui, no entanto.
— Que problema? —Perguntou Stephanie franzindo a testa. — Esta é uma boa notícia. Significa que Leo não nos encontrou. Podemos voltar para Port Henry.
— Você pode, —Lucian disse calmamente.
Stephanie franziu a testa. — E Sherry e Basil também, não é?
Lucian apenas balançou a cabeça negando.
— Mas ...
— Espere, —disse Sherry com uma carranca. — Não entendo. Por que alguém iria querer que eu pensasse que Leo estava em London?
— Meu palpite seria que ele sabia que isso colocaria todo mundo em pânico e nos faria trazê-la de volta aqui, —disse Harper. — O que é exatamente o que fizemos.
— Então, alguém me queria fora de Port Henry? —Ela perguntou confusa. — Por quê? Eu nem conheço ninguém lá.
— Esse alguém não te queria fora de Port Henry necessariamente. Pode ser que ele na verdade te queira de volta a Toronto.
— Não é a mesma coisa? —Ela perguntou.
Houve silêncio, e então Lucian perguntou: — Quem é o Imortal em sua vida?
— Basil, —Sherry respondeu prontamente, e depois acrescentou: — E o resto de vocês, eu acho.
Lucian sacudiu a cabeça. — Sua resistência a ser lida e controlada sugere exposição a longo prazo da presença de um Imortal, ou talvez mais de um.
— Quanto tempo levaria para um mortal construir esse tipo de resistência? —Bricker perguntou curiosamente.
— Pelo menos vinte anos, —Drina murmurou, olhando Sherry curiosamente.
Ela imediatamente sacudiu a cabeça. — Não há como ter tido um Imortal em minha vida por vinte anos sem o meu conhecimento. Vocês não envelhecem. Eu notaria isso.
— Tintura de cabelo, roupas mais velhas, talvez um pouco de acolchoamento e um pouco de maquiagem poderiam fazer parecer que eles estavam envelhecendo, —Drina disse calmamente.
— Sério? —Sherry perguntou com surpresa.
Drina assentiu. — Tem que ser alguém com quem você passou muito tempo. Quase diariamente por vinte anos, é o que acho. Eles ... —Sua voz sumiu quando Sherry começou a sacudir a cabeça novamente.
— Você pode parar por aí. Eu não tive ninguém na minha vida por tanto tempo.
— Ninguém? —Basil perguntou com uma carranca.
— Bem, minha mãe estava por perto nos meus primeiros vinte e nove anos, mas ela morreu três anos atrás de um ataque cardíaco. Seu povo não morreria de um ataque cardíaco.
— Não é sua mãe. Se sua mãe fosse Imortal, você também seria. É transmitido através do sangue da mãe.
— A menos que a mãe dela foi transformada depois que Sherry nasceu, —Drina apontou.
Sherry se mexeu impaciente. — Olá. Ataque cardíaco. Morta. Vocês só morrem por decapitação e fogo, pelo que me disseram.
— Sua mãe tinha um parceiro? —Perguntou Drina.
— Apenas meu pai. Ela nunca namorou depois que eles se separaram.
— Ninguém?
Sherry começou a sacudir a cabeça, mas depois hesitou.
— Quem é o tio Al? —Perguntou Lucian bruscamente, aparentemente lendo o pensamento que lhe passara pela cabeça, mas que ela não disse. — O irmão do seu pai?
Sherry sacudiu a cabeça. — Não. Ele não era realmente um tio. Era um amigo da família. Costumava passar muito tempo conosco, e deu muito apoio à mamãe quando ela e papai se separaram. —Ela encolheu os ombros. — Por um tempo pensei que eles poderiam começar a namorar ou algo assim, mas nada aconteceu.
— Você tem certeza disso? —Perguntou Basil, apontando: — Eles podem não ter lhe dito que estavam namorando.
— Não. Eles não namoraram, —Sherry os assegurou. — Eu teria percebido. Além disso, ele não ficou na minha vida tanto tempo. Chegou depois que meu irmão Danny morreu, quando eu tinha oito anos. Como eu disse, ele não era realmente um tio. Quando comecei a universidade, ele era pouco mais do que uma boa lembrança.
— Então ele era amigo da família ou não? —Bricker perguntou com uma carranca, e quando ela olhou para ele interrogativamente, explicou: — Você disse que ele era um amigo da família, ou seja, de sua mãe e seu pai, mas depois disse que ele chegou quando seu irmão morreu e que você tinha oito anos. Ele apareceu quando você tinha oito anos ou antes disso?
Sherry hesitou e depois encolheu os ombros, impotente. — Eu não sei. Eu era uma criança.
— Não importa se ele não está em sua vida desde a adolescência, —interrompeu Drina. — Estamos lidando com um Imortal que obviamente ainda está em sua vida. Esse tio Al dificilmente desapareceria por quinze anos e, de repente, apareceria para assustá-la em Port Henry todo esse tempo depois.
— Bem, não há ninguém na minha vida que se encaixe no perfil de um Imortal, —disse Sherry. — As únicas pessoas com as quais lido diariamente, e que parecem ter vinte poucos anos, são meus funcionários Emma, Joan, Allan, Zander, Sarah e Eric ... e eu não conhecia nenhum deles antes de abrir a loja há três anos. Então, se um deles é um Imortal ...
Drina sacudiu a cabeça. — Três anos não são longos o suficiente. Mas não precisa ser alguém que parece ter vinte e poucos anos. Como eu disse, tintura de cabelo, maquiagem e roupas podem fazê-las parecer mais velhas.
— Não importa quantos anos eles têm, —insistiu Sherry. — Eu não tive ninguém na minha vida por muito tempo. O mais longo que alguém esteve na minha vida é minha mãe, que como eu disse ela está morta. Depois dela, meu amigo Luthor é que esteve por mais tempo na minha vida, nove anos, e ele conseguiu um emprego na Arábia Saudita e se mudou para lá pouco antes de eu abrir a loja, três anos atrás. Eu não o vejo desde então.
— Tias e tios? —Drina perguntou.
— Meus parentes não são vampiros imortais, —disse Sherry com certeza.
— Você não pode ter certeza ... —Drina começou, mas Sherry a interrompeu.
— Tenho certeza, —ela insistiu com firmeza. — Nenhuma quantidade de maquiagem e tintura de cabelo poderia fazer uma aparência de vinte e poucos anos, parecer sessenta a setenta anos de idade. Minha mãe era a mais nova, uma filha temporão, nascida quinze anos depois de sua última irmã. Todas as minhas tias têm varizes enormes e estão enrugadas de suas testas até os pés. Quanto aos meus tios, um é calvo com um pouco de cabelo grisalho no topo da cabeça, o outro tem aquela coisa estranha acontecendo, no topo da cabeça é careca e o cabelo cresce ao redor dos lados, e o terceiro tem uma barriga que na verdade, sacode como uma tigela cheia de gelatina quando ele ri. Eu estou dizendo a vocês, eles não são Imortais.
O silêncio preencheu a sala rapidamente, e então Lucian amassou as embalagens vazias de seu sanduíche, jogou-o no prato com o saco de batatas fritas agora vazio, pegou o prato e o copo e levantou-se para sair da cozinha. Eles o ouviram fazendo algum barulho lá, presumivelmente descartando as embalagens e colocando o prato no lava-louças, então voltou com um bloco de anotações e uma caneta.
— Anote todos que você já conheceu em sua vida e quanto tempo estiveram presentes, —ele instruiu, entregando o bloco de notas e caneta para ela.
— Todo mundo? —Sherry ecoou com alarme.
— Todo mundo que passou muito tempo por perto de você enquanto você vivia sua vida, —ele esclareceu. — Amigos, amigos da família, esse tipo de coisa.
— Isso é um monte de gente, —advertiu Sherry, aceitando o bloco de notas e a caneta.
— Você tem até a manhã, —disse Lucian com firmeza, e depois se virou para Harper. — Você pode levar Stephanie e Drina de volta a Port Henry, ou ficar por alguns dias, como quiser. Mas se ficar, Stephanie não sai do apartamento.
Harper assentiu, mas perguntou: — E Sherry e Basil?
— Eles ficam aqui até descobrirmos quem é o Imortal em sua vida e por que eles não a queriam em Port Henry, —anunciou ele.
Sherry não pôde deixar de notar que ninguém protestou por ele ditar a vida de todo mundo assim. Mesmo ela estava mantendo a boca fechada, reconheceu ironicamente, enquanto Lucian continuou.
— Se vocês irão ficar esta noite, —ele disse para Harper e Drina, — eles podem ficar aqui também. Caso contrário, Bricker os levará para a casa dos Executores quando ele for me deixar.
Harper assentiu e olhou para Drina quando ela pegou a mão dele. Ela puxou-o para o lado e sussurrou em seu ouvido, e suas sobrancelhas se levantaram ligeiramente. Mas ele assentiu e então se endireitou e disse: — Sherry e Basil podem ficar aqui. Gostaríamos de ficar alguns dias e tentar ajudar a descobrir quem é esse Imortal antes de irmos.
— Para compensar o meu erro, —Drina acrescentou calmamente. — Não faz mal ter mais mentes trabalhando no quebra-cabeça de quem o Imortal na vida de Sherry pode ser.
— Eu gosto de quebra-cabeças, —anunciou Stephanie, caindo no sofá ao lado de Sherry e sorrindo para ela com bom humor.
Sherry sorriu de volta e olhou para Lucian enquanto ele se dirigia para a entrada, anunciando: — Estamos indo embora, Bricker.
Bricker parou com o sanduíche a meio caminho da boca e ficou boquiaberto com o homem, depois suspirou e rapidamente embrulhou a segunda metade do sanduíche, murmurando: — Claro que sim.
Sherry mordeu o lábio enquanto todos olhavam Bricker correndo atrás de Lucian. Ninguém falou até que eles ouviram o sinal da porta do elevador abrindo e fechando, e então Drina olhou para Sherry e sorriu.
— Vou fazer um café e ver se a Senhora Parker fez bolo ou qualquer coisa para ajudar a alimentar seu cérebro enquanto você faz a lista.
— Eu vou ajudar, —ofereceu Harper, movendo-se para o lado dela.
Sherry deu um pulo de surpresa quando Stephanie de repente gritou: — Bolo! —E pulou do sofá para correr atrás do casal.
Ela observou a garota ir com diversão irônica. Às vezes, Stephanie parecia ter sessenta anos e às vezes parecia ter apenas dezesseis anos ... ou até seis, ela pensou, e sacudiu a cabeça.
— Você está bem em ficar aqui?
Sherry olhou para Basil e começou a assentir, depois franziu a testa e disse: — Oh, Deus, sinto muito, Basil. Você veio ao Canadá para visitar sua filha e agora ... —Mordendo o lábio, ela balançou a cabeça e disse: — Você não precisa ficar aqui comigo. Eu vou entender se você quiser voltar para Port Henry e continuar sua visita a Katricia.
Ele sorriu com suas palavras e estendeu a mão para acariciar sua bochecha, depois enfiou uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Podemos visitar Katricia depois de resolvermos isso. Eu quis dizer se você acha melhor ficar aqui ou na casa dos Executores? Este é o terceiro novo lugar nesses últimos dias. Eu me perguntei se você preferiria um lugar onde já esteve.
— Oh. —Ela sorriu e olhou ao redor. — Não, tudo bem. Certamente o apartamento tem uma ótima visão, —disse ela, depois franziu a testa e acrescentou: — Desde que Drina e Harper nos queiram aqui. Não gostaria de incomodá-los.
— Você não está, —anunciou Harper, voltando a sala com uma bandeja de açúcar, creme, adoçante e colheres. — Na verdade, é legal tirar algum proveito desse lugar. Nós passamos muito tempo em Port Henry, este apartamento é realmente um desperdício. Graças a Deus eu o possuo e não pago aluguel, —acrescentou secamente. Harper sorriu para ela tranquilizadoramente enquanto colocava a bandeja na mesa de café. — Existem vários quartos ou os dois podem compartilhar um. Vocês decidem.
— Graças a Deus meu quarto é à prova de som, —disse Stephanie agora, trazendo uma segunda bandeja, esta com um pedaço de bolo e vários pratos. — Pelo menos eu não vou ter que ouvir vocês quatro hoje à noite. Eu não sei como os outros dormem com toda essa algazarra.
— Falou a garota que ronca como um lenhador, —provocou Harper.
— Eu não! —Stephanie ofegou com desânimo e, em seguida, perguntou preocupada: — Eu ronco?
— Não, querida, —assegurou-lhe Drina com um olhar reprovador para Harper quando entrou na sala com uma bandeja de xícaras de café. — Harper está apenas brincando com você.
— Humm. —Stephanie fez uma careta para ele enquanto Drina colocava o bolo e pratos, então ela se jogou no sofá ao lado de Sherry e olhou para o bloco de notas. — Seria mais fácil fazer sua lista na mesa da sala de jantar?
— Oh! —Drina fez uma pausa, sua própria bandeja ainda na mão. Estalando sua língua, virou na direção da sala de jantar. — Eu deveria ter pensado nisso. Podemos tomar café e bolo na mesa para que você possa escrever. O café, a propósito, sairá em um minuto.
— Oh, você não precisa ... —Sherry deixou sua voz ir embora. Drina já estava a meio caminho da mesa, e Harper e Stephanie estavam pegando as bandejas para seguir. Encolhendo os ombros, ela se levantou e seguiu também, inclinando-se para Basil quando ele deslizou o braço ao redor dela enquanto se juntava a ela. Realmente seria mais fácil trabalhar na mesa de qualquer maneira.
Sherry e Basil se instalaram enquanto Stephanie cortava e distribuía pratos de bolo e Harper distribuía as xícaras de café. Drina se ocupou dando a todos colheres e garfos e colocando os acompanhamentos do café no centro da mesa. Ela então pegou as bandejas e voltou a cozinha para verificar o café.
Sherry abriu o bloco de anotações e colocou a caneta na primeira linha, mas não havia escrito nada ainda quando Basil sugeriu: — Talvez devesse começar desde suas primeiras lembranças. Escreva o nome de todos que consegue se lembrar quando era criança, descreva por quanto tempo eles estiveram em sua vida e depois continue até hoje.
— Certo, —disse ela, olhou para a página e, em seguida, anotou o nome de sua mãe, seguido da data em que ela morreu.
— Se ela tem que listar todos, de amigos de escola a professores, isso vai demorar um pouco, hein? —Stephanie comentou, colocando uma fatia generosa de bolo em um prato.
— Por que você acha que Lucian a deu até de manhã? —Perguntou Harper secamente.
— Eu pensei que vocês dormiam durante o dia, —Sherry murmurou enquanto seguia o nome de sua mãe com o de seu pai.
— Alguns fazem, alguns não, —murmurou Basil, esfregando os seus ombros enquanto ela escrevia os nomes de seus avós. — Todos nós evitamos sair à luz do dia, mas isso não significa que não possamos estar acordados e ativos. Lucian provavelmente tirará uma soneca quando chegar em casa, então estará acordado de manhã cedo.
Sherry apenas assentiu e continuou com sua lista. Quanto mais rápido ela terminasse, mais rápido poderiam ir para a cama e mais sono eles teriam antes que Lucian estivesse de volta para assediá-los.
— Como se vocês dois fossem dormir, —disse Stephanie secamente.
— Steph! —Harper rosnou.
— O quê? —A garota perguntou, e encolheu os ombros. — Vocês sabem que é verdade. Vocês dois mesmo não vão dormir muito, e Basil e Sherry são mais novos nessa coisa de companheiro de vida do que vocês. Duvido que eles durmam além dos breves surtos de inconsciência. —Ela levou um prato com uma fatia de bolo ao redor e o colocou na frente de Basil, depois deu um tapinha no braço de Sherry e sugeriu: — Você deveria realmente deixar Basil te transformar ... A falta de sono não a afetará tanto assim. Tudo o que precisa fazer é sugar mais sangue. Além disso, com Leo rondando por aí ... —Ela hesitou e então terminou com tristeza: — Bem, você só não vai querer que seja ele que a transforme, confie em mim.
Sherry ergueu o olhar do bloco de notas e olhou ao redor quando o súbito silêncio caiu sobre a sala. Drina estava na porta da cozinha, uma cafeteira grande e cheia na mão e um olhar ferido no rosto. Harper estava na cabeceira da mesa, olhando para seus pés, sua expressão era uma combinação de frustração e tristeza, e Basil estava olhando para Stephanie com pena. Quanto à própria Stephanie, a adolescente havia retornado ao seu lugar em frente à bandeja de bolo, mas agora simplesmente olhava para os pedaços, os ombros caídos.
— Alguém me prometeu bolo? —Sherry perguntou com alegria forçada. — Já estou na minha lista e ainda assim sou a única sem bolo.
Stephanie endureceu os ombros e voltou a cortar, murmurando: — Não podemos deixar isso acontecer.
Sherry engoliu em seco um suspiro e olhou novamente para o bloco de anotações, mas sua visão estava um pouco embaçada, os olhos cheios de lágrimas.
Capítulo 11
Sherry terminou de escovar os dentes, colocou a escova de dentes no balcão ao lado da de Basil e depois se virou para a porta e fez uma pausa. Era tarde, mais de duas da madrugada e Lucian deveria vir de manhã, então eles não teriam muito tempo para dormir, e ainda assim estava hesitante sobre ir para a cama. Já havia escovado os dentes três vezes.
Fazendo uma careta, se virou para a pia e olhou para a mulher no reflexo do espelho. Uma mulher nervosa com uma camisola de renda curta e cor-de-rosa que era a mesma coisa de não usar nada, já que mostrava tudo mesmo. Não era como se Basil não tivesse visto tudo, mas ainda assim estava nervosa.
— Sério? —Ela sussurrou para seu reflexo. — Você já fez sexo com o homem várias vezes, mas agora está nervosa porque está dividindo um quarto com ele?
Seu reflexo não respondeu, e Sherry revirou os olhos e disse: — Tudo o que você precisa fazer é abrir a porta, sair e subir na cama. De preferência sem passar nenhum vexame ou tropeçar e quebrar seu pescoço.
— Sherry?
Ela virou-se bruscamente para a porta fechada. — Sim?
— Você está bem? —Basil perguntou com preocupação, e então soou confuso quando acrescentou: — Com quem você está falando?
Sherry olhou de volta para seu reflexo e sussurrou: — Mais essa! Está vendo o que você fez?
— O que eu fiz?
Resmungando ela disse: — Maldição de audição imortal, —abriu a porta. Basil estava do lado de fora com um pijama de algodão azul-claro e um roupão azul-escuro. Ele parecia tão à vontade ... como se estivesse acostumado a estar em quartos estranhos com mulheres que conheceu apenas alguns dias atrás.
— Nada, —assegurou Sherry quando percebeu que não havia respondido ao comentário dele, e então admitiu com um certo desgosto: — Eu estava falando comigo mesma.
— Oh. —Ele parecia aliviado com esta notícia e sorriu, seu olhar deslizando sobre ela com prazer. — Você está incrível.
— Obrigada, —respondeu, e passou por ele, correndo para a cama, seu único pensamento era se esconder debaixo das cobertas. Deus, ela era tão boba.
Sherry subiu rapidamente para se sentar na cama e puxou as cobertas até o pescoço. Ela então os segurou no lugar com uma mão e forçou um sorriso para ele.
Basil ainda estava do outro lado da sala, um olhar bastante confuso no rosto. Supôs que não poderia culpá-lo. Estava agindo como uma virgem aterrorizada em sua noite de núpcias. Limpando a garganta, deu um tapinha no colchão ao lado dela com a mão livre e perguntou: — Você não vai vir para a cama?
Basil olhou para o local, mas sacudiu a cabeça. — Não, acho que provavelmente é melhor se eu não fizer isso.
— O quê? —Ela gritou de surpresa.
Virando-se para a cadeira que ficava no canto da sala, ele se acomodou e disse solenemente: — Querida ... nós precisamos conversar.
— Oh, Deus, isso mesmo? —Sherry gemeu, fechando os olhos e esfregou a testa com os dedos de uma mão. De acordo com os filmes, ‘querida, precisamos conversar’ era o código para ‘estou prestes a dá um pé na sua bunda’.
— Isso mesmo o que? —Basil perguntou incerto.
— A conhecida ladainha da separação, —disse ela severamente, soltando a mão para franzir o cenho para ele. — Deixe-me adivinhar, ‘tudo isso está indo muito rápido e precisamos dar um tempo.’
— O quê? —Ele perguntou com perplexidade. — Não, claro que não. Querida, você é minha companheira de vida, nunca vou desistir de você.
Sherry estreitou os olhos, mas ele parecia tão sério, ela realmente acreditou nele. Relaxando um pouco, perguntou: — Então por que você está bem aí?
Ele sorriu torto e admitiu: — Porque, se eu chegar mais perto, temo não ser capaz de me controlar em agarrar você, e precisamos conversar primeiro.
Controlar-se em me agarrar? Ele era tão fofo, pensou Sherry, e deixou os cobertores escorregarem um pouco para que ficasse logo acima do decote da camisola dela. O olhar de Basil imediatamente baixou para acompanhar o movimento e ela viu as mãos dele apertarem os braços da cadeira. De repente, sentindo-se mais alegre, ela disse: — Claro. Sobre o que você quer falar?
Basil hesitou e então forçou o olhar de volta para o rosto dela. — Você se lembra do que Stephanie disse mais cedo hoje à noite?
— Que horas? —Ela perguntou, deixando o cobertor cair um pouco mais para que a metade superior de seus seios, visível através da camisola de renda, estivesse em exibição. Poderia muito bem estar nua dos mamilos para cima, ela notou com um rápido olhar para baixo, então não ficou terrivelmente surpresa quando Basil pareceu achar um pouco mais difícil voltar sua atenção para seu rosto desta vez.
Ele fez, no entanto, eventualmente, e depois limpou a garganta, franziu a testa e perguntou: — O que eu estava falando?
— Stephanie, —ela o lembrou docemente, sentindo-se incrivelmente poderosa naquele momento.
— Oh sim. —Basil acenou com a cabeça, seu olhar deslizando até o topo de renda quando ela deixou o cobertor cair completamente. Ela estava totalmente exposta agora, seus seios visíveis através da renda, seus mamilos um rosa mais escuro do que a própria camisola. Eles também estavam eretos, ela percebeu, e sentiu um rubor subir em suas bochechas. Era incrível a rapidez com que pôde deixar de se sentir uma boba, como uma colegial tímida, e passar a se sentir poderosa, pensou Sherry.
Um som lamentoso atraiu seu olhar de volta a Basil e viu que ele estava agarrando fortemente os braços da cadeira agora e aparentemente tinha feito algum dano ao material. Mais importante, porém, seus mamilos não eram a única coisa na sala que estavam eretos. Havia uma mini-tenda no colo de Basil.
Confiança restaurada e a sensação de poder voltando para dentro dela, Sherry deslizou para fora da cama, e desta vez não fugiu, mas andou devagar e esperava que estivesse caminhando sexualmente em direção a frente de Basil.
Ele estendeu a mão para ela antes mesmo dela chegar até ele. Sherry parou na sua frente, as mãos dele apertaram seus quadris e a puxou para frente, colocando-a entre suas pernas.
Sherry agarrou seus ombros para manter o equilíbrio, e então ofegou quando Basil fechou a boca sobre o mamilo através da renda. Ela sentiu a língua dele mover-se, raspando e mordendo o mamilo através do tecido, e ela gemeu quando o calor úmido instantaneamente se derramou através dela. Estava tão distraída que nem notou que as mãos dele haviam deixado os quadris até sentir um ar frio no estômago. Percebeu que ele puxou sua camisola para cima, passando pelos seus seios, Basil soltou seu mamilo e abaixou a cabeça para lamber sua barriga acima do umbigo.
De repente, consciente de seu corpo novamente, Sherry começou a recuar, mas Basil puxou a camisola sobre sua cabeça e agarrou seus quadris novamente, segurando-a no lugar. Ele murmurou algo também, mas ela não tinha ideia do que era. As palavras podem ficar um pouco confusas quando se tenta falar enquanto lambe o corpo de uma mulher ao mesmo tempo.
Ofegante, Sherry agarrou a cabeça para não cair quando Basil repentinamente a forçou a dar um passo e caiu de joelhos entre ela e a cadeira. Sua língua nunca deixando sua pele enquanto ele fazia a manobra, teria ficado até impressionada, mas estava muito ocupada ofegando de novo, desta vez em prazer chocado enquanto ele passava os dedos de uma mão levemente pela carne úmida entre suas pernas.
Enquanto seu corpo respondia à carícia, ele retirou a mão para agarrar sua perna esquerda e colocá-la sobre o ombro. Basil então mergulhou a cabeça entre as pernas dela e a acariciou com a língua.
Sherry tinha certeza de que seu coração iria parar. Ela também tinha certeza de que não conseguiria manter o equilíbrio por muito tempo e ficou aliviada quando ele de repente a virou e, ainda ajoelhado na sua frente, a forçou sentar na cadeira que ele acabara de desocupar. Esse alívio só durou até que ele estendeu a mão, agarrou seus joelhos e abriu suas pernas, colocando uma sobre cada braço da cadeira. A posição a deixou aberta para inspeção. Sherry imediatamente tentou se sentar e fechar as pernas, mas ele não a deixou fazer isso. Plantando as mãos com firmeza em cada coxa, Basil a segurou no lugar, depois inclinou a cabeça e voltou a lambê-la.
A primeira lambida dessa vez provocou um grito de prazer, e Sherry deu graças a Deus que o quarto de Stephanie tinha isolamento acústico. Mas foi o último pensamento sensato que teve quando Basil a reduziu a nada mais do que uma massa trêmula de gemidos, murmúrios e um orgasmo que se seguiu de um gemido tão alto que provavelmente pôde ser ouvido vinte andares abaixo. Depois veio a escuridão.
Sherry abriu os olhos devagar, a princípio confusa com o que estava fazendo sentada no canto do quarto. Mas então percebeu que estava espalhada ali como uma boneca abandonada e rapidamente juntou as pernas e sentou-se, puxando a camisola para baixo e cobrindo-se decentemente.
— Eu teria feito, mas fiquei com medo de que se eu tocasse em você, não pararia.
Ela olhou através do quarto naquele anúncio e viu Basil em pé, olhando pela janela. Ele deve ter se virado em algum momento para vê-la se endireitando, mas agora estava de costas para ela, as mãos entrelaçadas atrás dele.
— Eee ... —ela disse baixinho, e então balançou a cabeça quando nada se seguiu. Aparentemente, não era a mais brilhante das conversadoras no momento.
— A transformação, —disse Basil de repente, e ela olhou para ele com confusão.
— O que?
— É sobre isso que eu queria falar com você, —ele explicou ainda de costas para ela. — Eu queria falar com você sobre a transformação e o que Stephanie disse sobre isso.
— Oh, —ela respirou, e depois tentou se lembrar do que a garota havia dito. Ah sim. — Que eu não iria querer que Leo me transformasse.
— Sim, —disse solenemente, e finalmente a encarou. Ela não pôde deixar de notar, no entanto, que ele evitou olhar abaixo do pescoço dela. O homem ainda estava excitado e ela gostou disso nele.
— Seu rosto, —Sherry engasgou, levantando-se de susto quando notou o círculo redondo vermelho em sua bochecha esquerda.
Basil acenou com a preocupação dela. — Aparentemente, quando desmaiamos depois ... —Ele acenou de novo ao invés de dizer o que ele estava fazendo com ela, e então continuou, — Eu acho que caí e bati meu rosto em algum lugar. —Ele sorriu ironicamente. — Pelo menos é a única conclusão que posso chegar ... e minha mão estava na minha bochecha quando acordei.
— Oh, —Sherry murmurou e se recostou na cadeira novamente, supondo que houvesse mais posições embaraçosas nas quais ele poderia ter se encontrado.
— Isso foi absolutamente culpa sua, a propósito, —disse ele de repente, e Sherry olhou para ele novamente.
Colocando uma expressão inocente, ela perguntou: — Do que você está falando?
Basil bufou, aparentemente não acreditando, e acusou: — Você deliberadamente me distraiu.
— Tudo o que fiz foi atravessar o quarto, —disse ela com um encolher de ombros. — Não é como se eu puxei minha camisola e fiz a dança da alegria na sua cara.
— A dança da alegria? —Ele perguntou com uma carranca.
— Você sabe, balançando meus seios na sua cara.
Basil lambeu os lábios, um olhar distante no rosto que sugeriu a ela que ele estava imaginando exatamente isso, e então sua expressão clareou e ele fez uma careta mais uma vez. — Você está me distraindo novamente.
Sherry olhou fixamente, a súbita vontade de abraçá-lo por alguns instantes.
— Por que você está me olhando assim? —Ele perguntou cautelosamente.
— Como o quê? —Ela perguntou suavemente.
Ele hesitou e depois admitiu: — Não sei como descrever isso. Como se você quisesse me comer ou me dar um tapa.
Sherry começou a rir disso. Fale-me sobre alguém não ser capaz de ler expressões. Balançando a cabeça, ela sorriu e disse: — Eu ficaria feliz em te comer. Parece justo retribuir o favor.
Basil gemeu. — Sherry nós temos que falar sobre isso.
Recuando, ela se levantou e foi para a cama. Desta vez se deitou nela em vez de se sentar, e então puxou as cobertas até as axilas e descansou as mãos em cima. — Tudo certo. Conversa.
Basil soltou um suspiro e moveu-se cuidadosamente para o canto inferior do lado oposto, o mais longe que conseguia chegar da cama. Quando ela simplesmente esperou pacientemente, ele finalmente disse: — Eu acho que Stephanie está certa.
— Que eu não iria querer ser transformada por Leo? —Sherry perguntou.
— Sim.
— Certo. Eu entendo isso, e você está certo, eu não quero que Leo me transforme, —ela admitiu.
Basil assentiu, e então respirou fundo e soltou: — Então, talvez eu deva te transformar para evitar que isso aconteça.
Sherry congelou. Ela tinha certeza de que seu coração realmente parou, ou pelo menos pulou uma batida. Não estava esperando por isso. Deveria ser capaz de apenas aproveitar o que estava acontecendo entre ela e Basil e se preocupar com o resto mais tarde. Isso não era uma preocupação para agora.
— Sherry? —Ele perguntou solenemente.
— Eu ... —Ela fez uma pausa, lambeu os lábios e depois admitiu: — Não acho que estou pronta para isso ainda, Basil. Tudo aconteceu muito rápido. Precisamos desacelerar e pensar sobre isso.
— Isso soa estranhamente como a ladainha da separação que você mencionou, —disse ele secamente.
Ela fez uma careta e sentou-se na cama, sem se importar que os cobertores caíssem. — Basileios, nós nos conhecemos há alguns dias e você está me pedindo para fazer algo que não pode ser desfeito.
— Para evitar que você sofra o destino de Stephanie, que também não pode ser desfeito, —disse ele em voz baixa.
— Sim, mas ... —Franzindo a testa, ela olhou para as mãos e então mordeu o lábio e perguntou: — Mas e se não dermos certo? E se você se cansar de mim?
— Sherry, —ele começou, e então fez uma pausa e se levantou para se mover ao redor da cama e se sentou ao lado de seu quadril, pegando as mãos dela. — Eu sei que tudo isso é muito para absorver. Até alguns dias atrás você nem sabia que existíamos em seu mundo e muito menos que existiam coisas como companheiros de vida, mas por favor acredite em mim quando eu te falo que isso vai funcionar e eu nunca vou me cansar de você. —Apertando seus dedos, ele disse com firmeza, — Nós somos companheiros de vida. Esse é um vínculo que não pode ser desfeito e não se desvanece com o tempo. Ele resistirá e prosperará pelo tempo que vivermos. Enquanto estivermos ambos vivos, ninguém e nada poderá ficar entre nós. É simples assim.
Sherry olhou para as mãos entrelaçadas por um momento, mas finalmente sacudiu a cabeça. — Eu preciso de mais tempo.
Basil permaneceu imóvel como uma estátua, com a boca apertada, e então ele disse: — Você não precisa concordar em ser minha companheira de vida agora. Apenas concorde em me deixar te transformar.
Seus olhos se arregalaram incrédulos. — Mas e se você fizer isso e nos separarmos?
— Estou disposto a usar minha única chance de transformar alguém em Imortal só para mantê-la segura. Prefiro ter você viva e Imortal, mesmo que não esteja comigo, do que morta, —ele disse severamente.
Sherry olhou para ele por um momento, a surpresa a dominando. Ela não sabia o que fazer com a oferta dele. O que isso significa? Ela precisava pensar. — Você pode por favor me dar um pouco mais de tempo?
Basil fechou os olhos e confessou: — Tenho medo de perder você. Esperei por você por tanto tempo, por milênios, e estou apavorado que Leo leve você e te mate ou te transforme, que também pode te matar ou te deixar louca. —Olhos se abrindo, ele disse, — Receio que, se eu não te transformar, você possa estar perdida para mim para sempre.
Sherry encontrou seu olhar diretamente ao dizer: — Sinto muito por isso. Mas quando eu tomar essa decisão, não quero que seja pelos motivos errados. Quero que seja baseado em nossos sentimentos um pelo outro, não porque estamos com medo do que Leonius Livius poderia fazer. —Ela hesitou e então disse: — Por favor, me diga que você entende.
Basil ficou em silêncio por um minuto, e então, em vez de responder, ele deslizou uma mão em volta do pescoço dela, puxou o rosto para frente e depois a beijou. Foi um beijo profundo e faminto, mas podia sentir que havia um pouco de desespero nesse beijo.
Sherry estava tão aliviada que ele não saiu do quarto chateado pela sua resposta, que ela imediatamente reagiu, seu corpo se moldando ao dele enquanto suas mãos deslizavam pelo peito dele, ao redor de seu pescoço de cada lado e em seu cabelo macio e curto... quando ele apertou os braços ao redor dela e se levantou, levando-a com ele, foi de bom grado. Suas pernas deslizaram para fora das cobertas e caíram contra as dele, então tomou seu peso quando ele a colocou no chão.
Basil alcançou a bainha de sua camisola e Sherry ergueu os braços para que ele pudesse puxá-la por cima da cabeça. Uma vez que a camisola se foi, ela pegou o cinto do robe dele. Ela mal começou a puxar o cinto quando ele segurou com firmeza os dois pulsos dela em uma das mãos dele enquanto ele mesmo removia o cinto. Ela não resistiu quando ele rapidamente amarrou as mãos dela com uma das pontas do cinto, ficou lá, simplesmente assistindo com curiosidade.
Ele a beijou de novo, a língua dele empurrando quase violentamente em sua boca, e então a empurrou para trás. Sherry caiu do outro lado da cama com um suspiro surpreso, e então olhou para cima, observando-o ajoelhar com um joelho no topo da cama junto à sua cabeça e amarrando a outra ponta do cinto do robe através das ripas de madeira da cabeceira da cama. Ela olhou para o rosto dele preocupada quando ele terminou, meio com medo de que ele pretendesse transformá-la de qualquer maneira, sem a permissão dela. Mas ele simplesmente se levantou e começou a tirar a parte de cima do pijama dele, seus olhos observando-a com desejo todo tempo.
Uma vez terminado com os botões, a camisa foi jogando no chão ao lado de sua camisola. Sherry mordeu o lábio enquanto seu olhar patinava sobre o peito dele.
Então seus olhos caíram e o viu enganchar os polegares sob o cós da calça do pijama enquanto as empurrava para baixo.
Basil saiu delas, depois se arrastou para a cama e subiu para beijá-la novamente. Ele então se inclinou em uma mão, colocou o outro braço sob as costas dela e levantou a parte superior do corpo até que ele pudesse fechar a boca sobre o seio dela.
Sherry gemeu quando ele chupou e lambeu primeiro um seio e depois o outro, e então ela engasgou surpresa quando ele beliscou a ponta sensível de um antes de liberá-lo e a colocou de volta na cama. Seus olhos estavam brilhantes e turbulentos quando ele se endireitou e deixou seu olhar deslizar sobre ela. Sherry sabia que ele estava tão afetado pelo que estava fazendo quanto ela. Basil sentia o prazer dela, saltando entre eles, expandindo a cada passagem, e achou que ele estava lutando com isso, tentando prolongar o prazer deles. Ou talvez estivesse tentando atormentá-la por recusar sua oferta e concordar com a transformação. Se assim fosse, ele também estava se torturando.
Distraída com seus pensamentos, Sherry foi pega de surpresa quando de repente Basil se inclinou para frente e roçou sua mão levemente contra seu clítoris antes de empurrar um dedo dentro dela em um movimento tão rápido que arrancou um grito dela. Aquele grito foi seguido por um gemido quando seu polegar encontrou seu ponto sensível e começou a correr levemente para frente e para trás sobre ele, e então ao redor dele em círculos.
Ofegante, ela empurrou os pés na cama e se levantou em seu toque, observando a luta ocorrendo em seu rosto através dos olhos quase fechados. Ela tinha que admirar o autocontrole de Basil. Se suas mãos não estivessem amarradas, ela estaria tentando desesperadamente empurrá-lo de costas para que pudesse subir em cima dele, levá-lo para dentro do seu corpo e acabar com esse tormento.
— Oh Deus, —Sherry chorou quando ele aliviou o dedo para fora e empurrou de volta novamente, duro, desta vez usando dois dedos e esticando-a. Ela puxou suas amarras, seu corpo arqueando, quadris pressionando o impulso, buscando o orgasmo que estava tão perto de encontrar. E então Basil parou de acariciá-la e tirou a mão entre as pernas.
— Não, não, não, por favor, —ela gemeu e, em seguida, caiu com alívio quando Basil mudou para se ajoelhar entre as pernas. Havia suor em sua testa que lhe disse o quanto aquele pouco de preliminares lhe custara, o quanto ele teve que lutar contra sua paixão crescente para tentar chegar até aqui. Mas ela não se importou. Naquele momento, tudo o que queria era senti-lo se empurrando nela, então ficou aliviada quando ele a agarrou pelos quadris, levantou-a da cama e se arrastou para dentro dela com a força e urgência que os dois precisavam.
— Deus, sim, —chorou Sherry, envolvendo uma perna em torno de seus quadris. Ela manteve o outro pé plantado na cama para alavancar e usou ambos para empurrar para trás, encontrando cada impulso com sua própria paixão ansiosa. E então Basil soltou seus quadris, deixando-a para montá-lo enquanto ele se inclinava para acariciar seus seios.
Sherry empurrou contra ele em um grito de excitação quando ele beliscou seus mamilos, em seguida, empurrou novamente quando ele mudou uma mão entre eles para passar o polegar rudemente sobre seu clítoris inchado. Por mais sensível que fosse, seu prazer era quase doloroso sob o toque ousado, e ela enlouqueceu, empurrando, contorcendo e gritando obscenidades enquanto cavalgava sua ereção para seu próprio prazer ... e o dele.
Sherry acordou primeiro dessa vez. Sua memória do que aconteceu não chegou a ela imediatamente. Não até que ela tentou se sentar e seus pulsos amarrados e o corpo de Basil em cima dela a fizeram lembrar. Corando todo o caminho dos fios da cabeça até os dedos dos pés, fechou os olhos brevemente.
Eita, que ela não sabia que tinha uma boca tão obscena! Pensou quando se lembrou das palavras sujas que estava gritando no final. Mordendo o interior do lábio, olhou para a cabeça de Basil e tentou imaginar o que ele deveria pensar dela agora ... e o que ia acontecer quando ele acordasse. Ela teria que pedir a ele para desamarrá-la, isso era certo, e fechou os olhos enquanto imaginava a vergonha que teria ao olhar para ele enquanto Basil a desamarrava e ...
Os olhos de Sherry piscaram quando ele se mexeu. Quando ela olhou para baixo desta vez, foi para ver dois olhos bem abertos olhando para ela.
— Oi, —ela disse baixinho, e então limpou a garganta e perguntou: — Você acha que poderia me desamarrar agora?
Basil lhe deu um sorriso preguiçoso, e então se afastou dela e se arrastou até a cabeceira da cama para examinar o nó do cinto do robe.
— Eu acho que se você subir mais um pouco na cama vai folgar o cinto e facilitar desamarrar, —disse ele com uma carranca enquanto examinava o material esticado.
Sherry hesitou, e então rolou de bruços e se ajoelhou, murmurando — Obrigada, —quando ele se aproximou para pegar seu cotovelo e ajudá-la a rastejar até o topo da cama de joelhos. Ambos estavam ajoelhados nos travesseiros agora, lado a lado, e Basil esfregou a mão brevemente pelas costas dela antes de começar a trabalhar no cinto.
— Obrigada, —ela sussurrou novamente quando ele conseguiu desatar o final ligado à cama.
— O prazer é meu, —ele assegurou, e então se virou e a beijou.
Sherry beijou-o de volta, sugando ansiosamente a língua, antes de se debater com ela própria. Ela sentiu uma das mãos dele reivindicar um seio e pressionou a carícia, então gemeu quando a outra mão dele correu pelas costas dela para acariciar seu traseiro, antes de escorregar entre as pernas por trás para encontrar o calor úmido que crescia ali.
— Oh, Deus, —Sherry gemeu quando ele quebrou o beijo para correr a boca até a orelha e mordiscá-lo. Ela estava montando a mão dele, sua excitação para trás e queimando brilhante, e então Basil de repente amaldiçoou e parou o que estava fazendo e se mudou para atrás dela, agarrando seus quadris. Ele parou então, e respirou fundo.
— Eu deveria terminar de desamarrar ...
Ela levantou as mãos sobre a cabeça para ele alcançar o cinto, e Basil rapidamente começou a desatar o nó, gemendo quando ela esfregou o traseiro contra sua ereção. Era loucura e ela sabia disso. Eles tinham acabado de fazer isso duas vezes, bem, não exatamente duas vezes, mas ambos haviam gozado duas vezes e ainda tudo o que ele tinha a fazer era tocá-la ou beijá-la e ela estava queimando brilhantemente como uma vela romana, desesperada para gozar novamente.
— Depressa, —ela pediu, esfregando com mais força contra ele, e ofegando com o prazer que se enviou através de ambos. Quando de repente suas mãos se soltaram, Sherry agarrou a parte superior da cabeceira da cama e esfregou-se contra ele uma última vez antes dele apertar seu ombro com uma mão e seu quadril com a outra e puxá-la para trás, ao mesmo tempo que ele se empurrou para dentro dela.
Ela gemeu quando ele a encheu, seu corpo apertando em torno dele e tentando segurá-lo no lugar. Ela então se abaixou entre as pernas para acariciar-se, seus dedos brincando sobre sua pele lisa enquanto ele empurrava dentro e fora dela. Ela estava apenas à beira do orgasmo quando ele de repente se abaixou para encontrar e beliscar um de seus mamilos. Era o que ela precisava. No momento seguinte, ambos gritaram quando o prazer os dominou.
Capítulo 12
A próxima vez que Sherry acordou, estava sozinha na cama. Ainda sonolenta, se virou de lado, pretendendo voltar a dormir, mas depois parou quando viu a hora no relógio digital na mesa de cabeceira. Eram nove da manhã ... e Lucian deveria voltar esta manhã. Suspirando, relutantemente empurrou os cobertores de lado e saiu da cama, em seguida, fez o seu caminho para o banheiro. Abriu a porta e entrou antes que ocorresse a ela que Basil poderia estar lá.
Felizmente, ele não estava. Embora o banheiro estivesse quente e um pouco úmido, sugerindo que ele deve ter tomado banho não muito tempo atrás. Tomar um banho era uma boa ideia, e esperando que isso a acordasse e a fizesse parecer menos com alguém que acabou de morrer, Sherry fechou a porta. Quinze minutos depois, de banho tomado, escovava os dentes, seu cabelo úmido cobria seu rosto ... ela olhou para si mesma no espelho e fez uma careta para os círculos sob seus olhos. Estendeu a mão para a maquiagem, reconhecendo que deveriam ter dormido na noite passada em vez de ...
Cor entrou em suas bochechas pálidas quando se lembrou do que tinham feito. Pegou a maquiagem e com um pequeno movimento da cabeça empurrou o cabelo para trás.
— Você é uma selvagem, —ela disse baixinho ao seu reflexo, e era assim que se sentia. Descontrolada, selvagem, gulosa. Se as mãos dela não tivessem sido contidas pela primeira vez e se ela não estivesse de costas para ele da última vez, as costas dele e talvez até a frente teria ficado uma festa de arranhões hoje.
Talvez seja por isso que ele a amarrou, ela pensou de repente. Tinha certeza de tê-lo arranhado durante a primeira rodada na casa em Port Henry ... embora, como ele se curava rápido, não havia nenhuma prova disso no momento em que olhou suas costas na manhã seguinte. Por alguma razão, com Basil ... não podia se controlar. Ela se tornou essa coisa selvagem, sem cérebro, interessada em apenas ...
— Deus, eu amo pau, em vez de apenas gostar, afinal de contas, —murmurou com auto depreciação, e depois acrescentou para si mesma: — Bem, pelo menos o de Basil. —Nenhum de seus antigos amantes a enlouquecia como ele. Não que tivesse tido muitos. Podia contar quantos amantes tinha tido nas mãos, o que era bastante moderado para uma mulher de trinta e dois anos no mundo de hoje. Ainda assim, pensava que tinha feito sexo quente antes, mas isso com Basil estava além do quente.
Tendo feito todo o controle de danos que poderia com a maquiagem, Sherry saiu para o quarto para se vestir. Quando estava chegando para tirar a tampa de seu cabide, notou que seus pulsos estavam marcados e vermelhos de suas tentativas de se soltar do cinto do robe.
Ela não havia curado da noite para o dia, como Basil teria feito. Fazendo uma careta, desistiu da camisa que originalmente pretendia usar e pegou uma blusa de mangas compridas.
O som de vozes veio pelo corredor quando abriu a porta do quarto. Reconheceu a voz de Drina e Harpers, e depois Basil, mas depois outra mulher falou e ela não reconheceu essa nova voz. Franzindo a testa, Sherry diminuiu a velocidade quando chegou ao final do corredor e parou para observar as pessoas na sala de estar.
Lucian, Bricker, Drina, Harper e Basil, todos conhecidos. Ela não reconheceu a segunda mulher na sala ou o homem que estava com ela. A mulher, alta, esbelta, vestida toda de preto e com várias armas amarradas à cintura e às pernas, certamente impressionava. Mas o cabelo dela era a coisa mais notável que tinha, da raiz do cabelo até uns dez centímetros era um loiro claríssimo, depois começava a mudar de cor, para um tom mais escuro, que era uma mistura de marrom e vermelho que desciam uns quarenta centímetros abaixo. Sherry não sabia dizer se era efeito de uma tintura antiga e o cabelo estava crescendo na sua cor natural na raiz ou se tinha sido deliberadamente tingido com pontas escuras, mas era impressionante da mesma forma, e estranhamente atraente. O homem era loiro e igualmente atraente.
— Essa é Basha Argeneau e Marcus Notte.
Sherry olhou para o anúncio silencioso e ergueu as sobrancelhas para Stephanie, que agora estava em seu cotovelo. — Quem são eles?
— Basha é sobrinha de Lucian e Basil, —explicou Stephanie. — Marcus é seu companheiro de vida.
— Certo, mas por que eles estão aqui? —Sherry perguntou, esclarecendo sua pergunta anterior. — Eles são Caçadores como Drina?
— Oh, —disse Stephanie com uma careta. — Não ... bem, mais ou menos. Pelo menos eles estão agora, —ela acrescentou, e disse mais: — Basha é a mãe de Leo.
— O que? —Sherry ofegou com espanto, seus olhos se arregalando incredulamente.
— Ela disse que eu sou a mãe de Leo.
A cabeça de Sherry recuou naquele anúncio suave, o alarme disparou através dela quando viu que Basha atravessara a sala e agora estava em frente a ela. Enquanto isso, o homem que Stephanie havia dito ser Marcus, se aproximou de Basha e passou o braço em volta da cintura dela de maneira protetora.
Sherry simplesmente olhou para o par em silêncio, sem saber o que dizer. Ela deveria se desculpar? Ofereça-lhe simpatia? Pedir à mulher que, por favor, controle seu filho para que ela possa voltar à sua vida?
— Um pedido de desculpas é desnecessário, —assegurou-lhe Basha em voz baixa. — As simpatias são apreciadas, porém, e se eu pudesse controlar meu filho, como você disse, eu teria feito há muito tempo, em vez de ser a única agora que tem que sacrificá-lo como o cão raivoso que ele é.
— Ah, —Sherry murmurou, e então franziu a testa. — Lucian está fazendo você ir atrás do seu filho? —Isso parecia duro.
— Não tão duro quanto o que poderia ter sido feito a mim, —disse Basha calmamente. — Eles tinham Leo alguns anos atrás. Eu o ajudei a escapar. Não sabia o que ele tinha feito e o que estava fazendo, acrescentou calmamente. — Mas isso não importa. O fato é que ele matou novamente depois disso e eu sou responsável por essas vidas perdidas. O Conselho poderia ter me responsabilizado por elas e me punido. Em vez disso, eles esperam que eu limpe a minha bagunça ... e eu pretendo fazer isso.
— Nós pretendemos fazer isso, —Marcus disse em um tom solene, puxando a mulher de volta contra ele.
— Sim, —ela suspirou, e inclinou a cabeça para trás e ofereceu ao homem um sorriso agradecido.
— Se vocês acabaram de se apresentar, —Lucian disse secamente no breve silêncio.
Basha sorriu com a expressão alarmada de Sherry. — Seu latido é pior do que sua mordida.
— Não, não é, —disse Marcus secamente, passando o braço ao redor de Basha para voltar as costas para o sofá.
Sherry e Stephanie seguiram em silêncio, ambas indo em direção a Basil quando ele se mexeu para dar espaço a elas no sofá que ele ocupava sozinho.
— Bom dia, amor, —ele sussurrou, inclinando-se para ela e beijando-a brevemente enquanto Sherry se estabelecia ao lado dele.
— Você deveria ter me acordado, —ela murmurou, cobrindo a mão dele, onde descansava em sua perna e apertou suavemente.
— Você parecia tão tranquila dormindo, eu não tive coragem, —disse Basil solenemente, e então sorriu ironicamente e acrescentou: — Eu também estava com medo de que se fizesse, nunca sairíamos do quarto.
Sherry sorriu silenciosamente reconhecendo que ele provavelmente estava certo.
— Assim que Leo apareceu em sua loja, avisei Basha e Marcus e eles vieram para ajudar na situação, —anunciou Lucian, atraindo a atenção de todos.
O olhar dela imediatamente mudou-se para Basha com essa notícia, e ela se perguntou como a mulher deveria se sentir, sabendo que seu filho era um monstro. Tudo isso tinha que ser difícil para ela.
— Harper fez cópias de sua lista, Sherry, —disse Drina, gesticulando para várias pilhas de papéis sobre a mesa de café. — Você quer café e algo para comer antes de passarmos por ela?
Sherry hesitou e depois se levantou. — Está bem. Vão em frente, vou pegar um café enquanto vocês olham os nomes. Eu já os conheço.
Drina acenou com a cabeça e começou a distribuir as pilhas de papel, dizendo: — Há bagel37 no armário e cream cheese na geladeira, ou há pão de forma, manteiga de amendoim, mel e geleia se você preferir torradas.
— Obrigada, —Sherry murmurou enquanto ela passava pelos joelhos de Basil e a mesa de café, se dirigindo para a cozinha. Foi direto para a cafeteira primeiro. Estava quase vazia. Se serviu da última xícara e depois fez mais um pouco, considerando o que comer no café da manhã. Não gostava de comer muito pela manhã, mas tinha gastado muita energia na noite passada, então decidiu ter um bagel.
Sherry comeu na ilha em vez de levá-lo para comer na frente dos outros. Quando terminou, o café fresco também estava pronto, então ela pegou a garrafa e levou com ela para sala, caso alguém quisesse mais um pouco.
— Alguém quer mais café? —Ela perguntou quando se juntou a eles nos sofás. — Eu posso trazer creme e açúcar quando levar de volta a garrafa.
Lucian cutucou a xícara na mesa sem tirar os olhos da lista de nomes que estava examinando, o que Sherry supôs ser sua versão de — Sim, por favor. —Mas Basílio, Bricker, Basha e Marcus realmente disseram as palavras.
— Sherry? —Drina murmurou pensativamente, olhando para cima, vendo-a derramar café na xícara de Basil.
— Sim? —Sherry mudou-se para Basha e Marcus, enchendo suas xícaras.
— Eu dei uma rápida olhada e não há ninguém aqui que tenha estado em sua vida por mais de dez ou onze anos, —Drina apontou com uma carranca.
— Não, não há, —Sherry concordou, parando para encher a xícara de Bricker.
— Isso não pode estar certo, —informou Drina. — Para se desenvolver a resistência que você tem, tem que haver um Imortal que foi parte integrante de sua vida por uns bons vinte anos, pelo menos.
Sherry ergueu as sobrancelhas com essa notícia enquanto se movia para a xícara de Lucian. Encolhendo os ombros, ela disse impotente: — Bem, eu não sei o que te dizer. As únicas pessoas que estão na minha vida há vinte anos ou mais são tias, tios, primos e amigos da minha mãe.
Ela se endireitou com a garrafa quase vazia na mão. — Tenho certeza de que nenhum deles é Imortal. Mas, além disso, nenhum deles foi realmente parte integral da minha vida, se é isso que você quer saber. Eu só vejo minha família em feriados e aniversários, e é assim que sempre foi. Quanto as amigas da minha mãe, a última vez que vi uma delas foi no funeral dela, três anos atrás, e eu não as vi mais de uma vez a cada ano ou dois antes disso. —Ela encolheu os ombros. — Realmente não há ninguém que tenha estado em minha vida diariamente por vinte anos.
— Há, —anunciou Lucian, pegando seu café. As palavras foram ditas com certeza inabalável, mas então Sherry suspeitou que o homem sempre falava assim. Ele era esse tipo de cara.
Tendo aprendido que era uma perda de tempo discutir com pessoas assim, ela se afastou, dizendo baixinho: — Se você diz.
— Isso foi sarcasmo? —Ouviu Lucian rosnar enquanto ela escapava para a cozinha.
— Nãoooo, —assegurou-lhe Basil com um sorriso em sua voz. — Acredito que ela está adorando conversar com você.
Sherry não ouviu a resposta de Lucian, mas ele estava de cara feia quando ela voltou para a sala com colheres, creme e açúcar.
— Você menciona o tio Al aqui, aquele amigo da sua mãe, —Drina apontou quando Sherry se acomodou no sofá novamente. — Mas você não colocou o sobrenome dele.
— Porque eu não me lembro, —admitiu Sherry, notando a surpresa nas expressões das pessoas à sua volta antes que ela continuasse: — Eu sempre o chamei de tio Al. Mas, como eu disse, Ele não era realmente um tio. Era um amigo da família. Costumava passar muito tempo conosco, e deu muito apoio à mamãe quando ela e papai se separaram, mas depois simplesmente parou de nos visitar. Quando comecei a universidade, ele era pouco mais do que uma boa lembrança.
Drina piscou e lentamente se sentou de volta.
— Ela tem outros exemplos disso, —disse Basil calmamente.
— Exemplos de quê? —Sherry perguntou, virando-se para ele com confusão. — Amigos da família cujos sobrenomes não me lembro?
Basil sacudiu a cabeça. O bloco de notas com sua lista original estava na mesinha ao lado da caneta que ela usara. Ele pegou as duas agora, rabiscou rapidamente algo e fechou o bloco de notas. Colocando-o no joelho, ele se virou para Sherry e perguntou: — Você disse que não namorava muito?
— Não, —admitiu Sherry. — Eu realmente não tenho tempo. Posso namorar depois. Mas agora só quero que a loja de certo e funcione bem. —Basil assentiu.
— Mas você estava noiva uma vez. Um artista.
Sherry assentiu.
— O que aconteceu?
Sherry encolheu os ombros. — Só não deu certo. Essas coisas acontecem. Foi melhor assim.
Basil entregou o bloco de notas para Drina. — Abra e leia o que eu escrevi.
As sobrancelhas da mulher se levantaram, mas ela abriu o bloco de anotações e arregalou os olhos ao ler o que ele havia escrito.
— O que foi? —Sherry perguntou confusa, e Drina virou o bloco de notas para que ela pudesse lê-lo. Ela fez isso em voz alta, uma carranca começando a puxar seus lábios: — Mas agora só quero que a loja de certo e funcione bem ... Só não deu certo. Essas coisas acontecem. Foi melhor assim.
Sherry recostou-se depois de ler aquilo, olhou para Basil com confusão. — O que ...?
— É o que você diz exatamente toda vez que esses assuntos são abordados. Percebi a parte de colocar a loja em funcionamento quando conversávamos na varanda da Casey Cottage. Não fazia sentido. Você disse que a loja estava indo bem e até mesmo lucrando, mas continuou repetindo que precisava que a loja desse certo e funcionasse bem antes que você pudesse aproveitar o tempo. A mesma frase exata todas as vezes. —Ele fez uma careta. — Pensei que talvez fosse apenas uma única vez, mas você disse a mesma coisa quando o assunto surgiu no almoço com Elvi e Victor. Você também teve outra frase que repetiu quando o assunto da sua vida amorosa surgiu no almoço. Você mencionou seu noivado rompido, e quando ela perguntou por que, você explicou ...
— Só não deu certo. Essas coisas acontecem. Foi melhor assim, —Sherry disse, e então cobriu a boca com horror quando percebeu que estava dizendo exatamente o que ele havia escrito. Acabara de sair, como uma reação instintiva.
— Esses pensamentos foram colocados em sua cabeça, —Drina disse calmamente. — Da mesma forma a sua resposta às perguntas sobre o seu tio Al.
— Ele não era realmente um tio. Era um amigo da família. Costumava passar muito tempo conosco, e deu muito apoio à mamãe ...
— Simplesmente parou de nos visitar. Quando comecei a universidade, ele era pouco mais do que uma boa lembrança, —disse Drina com ela.
Sherry se recostou, certa de que todo o sangue havia sumido de sua cabeça. — Alguém está me controlando?
— Não, —assegurou Basil. — Pelo menos não diretamente. Essas são explicações que foram colocadas em sua cabeça. Mas para você repeti-los com tanta fidelidade, eles devem ter sido colocados em sua cabeça com firmeza e frequência ... e reforçado durante um longo período de tempo. —Depois de uma pausa, ele comentou: — O fato de que há uma resposta automática a perguntas sobre o tio Al ...
— Ele não é realmente meu tio. Era um amigo da família ... —Pegando-se repetindo a frase, Sherry se cortou tão abruptamente que quase mordeu a própria língua. — Isso é sinistro, —ela murmurou, — Desculpe. O que você estava dizendo?
— Eu iria sugerir que investigássemos mais sobre essa pessoa Al, —ele terminou.
— Mas ele não esteve na minha vida por vinte anos, —ela apontou com uma carranca.
— Tem certeza? —Perguntou Basil. — Como ele era?
Sherry olhou para ele com surpresa e encolheu os ombros. — Ele era ...
— Que cor era o cabelo dele? —Perguntou Drina quando Sherry ficou em silêncio, com a testa franzida.
— Isso foi ... —Ela franziu a testa e depois balançou a cabeça. — Eu não ...
— Qual a altura dele?
— Ele era gordo ou magro?
— Como ele se vestia?
Sherry olhou para todos eles inexpressivamente. As respostas para suas perguntas simplesmente não estavam chegando. Ela não conseguia lembrar. Não conseguia visualizar o homem. Continuava tentando lembrar dos momentos em sua vida quando sabia com certeza que ele estivera, o funeral de seu irmão, seus aniversários, sua formatura ... Mas tudo o que viu foi um contorno difuso de um homem, como se alguém tivesse apagado a imagem.
— Está tudo bem, —disse Basil calmamente, pegando sua mão suavemente na dele. — Respire.
Sherry se concentrou em respirar por um minuto, mas sua cabeça estava girando. O bom e velho tio Al.
— Isso é horrível, —ela respirou com horror.
— Não. Isso é bom, —assegurou Basil. — Estamos um passo mais perto. Tio Al era o Imortal.
— Mas ele não esteve em minha vida por ...
— Ele pode muito bem ter estado, Sherry, —disse Basil calmamente, e depois apontou: — Por que mais ele iria apagar suas memórias de como ele era?
— Você está sugerindo que ele tenha apagado minha memória de como ele era, como tio Al, para que pudesse estar em minha vida como outra pessoa? —Ela perguntou com uma carranca. — Isso é mesmo possível?
Por um momento ninguém falou, mas Sherry não pôde deixar de notar que vários olhares foram trocados, e então Drina suspirou e disse: — Ele teria que trabalhar com cuidado. Retirando-se da sua vida por alguns meses para permitir que a memória desvaneça um pouco naturalmente e, em seguida, usando apenas algum controle mental quando ele aparecesse novamente.
— E ele provavelmente teria mudado de visual quando voltasse para a sua vida, —acrescentou Basil calmamente. — Cor e corte de cabelos diferentes, estilo diferente de se vestir, barba ou sem barba, ao contrário de como ele parecia anteriormente, quando foi seu tio, —ele segurou rapidamente, e depois acrescentou: — Talvez até mesmo em um contexto diferente.
— Contexto diferente? —Sherry perguntou incerta.
— Alguém ligado à universidade ou ao trabalho, em vez de casa e família, —explicou Drina. — As pessoas costumam manter os três separados mentalmente. Nós automaticamente compartimentamos nossas vidas em casa, escola e trabalho. Geralmente não misturamos os três.
Sherry sacudiu a cabeça, confusão e perplexidade se espalharam dentro dela, e então finalmente perguntou com frustração: — Mas por quê? Por que um imortal iria ter todo esse trabalho para passar um tempo comigo?
Houve um momento de silêncio enquanto todos trocavam olhares, e então Basil suspirou e segurou as mãos dela. — Existem apenas duas razões possíveis. Uma, você pode ser uma possível companheira de vida para ele, ele reconheceu isso quando você era bem jovem, e assim tem sido uma parte de sua vida desde então, esperando que você envelheça antes de se aproximar.
Sherry piscou surpresa com a sugestão, e então perguntou com exasperação: — Bem, pelo amor de Deus, quantos anos tem que envelhecer para vocês? Tenho trinta e dois anos e não uma mocinha.
— Sim, bem, é possível que ele esteja esperando que você tenha sucesso em sua vida e que tenha mais confiança antes de se torna a mulher dele, —ele disse baixinho. — Tenho visto através dos séculos e milênios, que entre o relacionamento de companheiros de vida entre um mortal e um Imortal, os mortais acabam submetendo a sua própria vida em torno da vida do Imortal e muitas vezes esse mortal torna-se frustrado.
— Bem, isso é bobagem, —disse Sherry com aborrecimento.
— É? —Basil perguntou com um leve sorriso. — Você pode pensar isso agora, porque viveu um pouco e já teve algum sucesso na sua vida. Mas, imagine-se quando era ainda muito jovem, saindo do ensino médio. Imagine descobrir naquela época que há Imortais e que você é uma possível companheira de vida para um. —Ele a deixou pensar por um minuto e depois disse: — Se ele fosse um Imortal antigo como eu e rico, não haveria necessidade de você trabalhar. Você poderia não ter ido para a universidade e obter seu diploma de negócios. Você poderia nem ter perseguido o seu sonho de abrir uma loja. Ou você pode até ter feito, usando o dinheiro que seu marido lhe deu, e isso não teria lhe dado tanta confiança e satisfação quanto ter economizado e feito tudo sozinha.
Sherry franziu a testa, admitindo com relutância, mesmo que apenas para si mesma, que ele estava certo. Na verdade, ela imaginaria que teria ido além disso. Sabendo que seu companheiro de vida tinha vivido tanto tempo, e visto e experimentado tanto, ela provavelmente teria desenvolvido uma espécie de adoração de herói por ele, confiando a ele todas as decisões, em vez de confiar em sua própria inteligência e instintos. Supôs que isso realmente poderia ter dificultado seu amadurecimento como pessoa e mulher.
— Ainda assim, —ela disse, — já consegui realizar meus sonhos e comecei minha loja há três anos. Certamente, se for realmente meu companheiro de vida, ele teria se aproximado de mim agora, não é?
— Sim, —disse Lucian, juntando-se à conversa pela primeira vez. — É por isso que eu suspeito que o Imortal em sua vida é seu pai.
Sherry virou-se para ele com espanto. — Meus pais se separaram depois que meu irmão morreu. Meu pai então se mudou para o BC. Ele não tem estado na minha vida desde que eu tinha oito anos de idade.
— Eu não estava falando do marido de sua mãe, —disse Lucian.
Por um momento, suas palavras não fizeram sentido para ela, e então Sherry sentou-se como se tivessem batido nela. Ela começou a sacudir a cabeça.
— Eu estava vasculhando suas memórias quando conversava com Drina sobre o fato de que não tem ninguém em sua lista que esteja em sua vida há mais de dez ou onze anos, —disse Lucian. — Você passou por cima da lista em sua cabeça enquanto falava e estava recordando todo mundo desde a infância, —ele informou a ela.
Sherry não ficou surpresa por ele ter peneirado seus pensamentos, e ela sabia que tinha corrido rapidamente pela lista de pessoas em sua vida.
— Das lembranças que deslizaram pela sua cabeça, você tem a forma e os lábios de sua mãe, Lynne Harlow Carne, —disse Lucian. — Mas todo o resto, a cor dos olhos, a cor da pele, o nariz, a forma do rosto ... —Ele balançou sua cabeça. — Nada como sua mãe, e nada como o homem que você conheceu como seu pai, Richard Carne.
Sherry sentiu a respiração escapar dela. O que ele disse era verdade. Não foi o primeiro a comentar sobre isso. Ela não tinha nenhum traço do pai. Seus pais eram loiros e de olhos azuis, ela tinha cabelos escuros e olhos escuros e sua pele era mais bege que o marfim que ambos tinham. E enquanto ela tinha os olhos grandes e lábios carnudos de sua mãe, seu nariz era quase romano em sua retidão e seu rosto era oval em vez de longo e fino. Ela também era baixa e curvilínea em comparação com seus pais altos e esbeltos.
Sua tia Vi tinha uma vez comentando sobre isso e brincou que ela era trocada na maternidade.
Sherry sacudiu a cabeça, forçando esses pensamentos para fora. Eles eram loucos. Loucura. Não poderia ser verdade. Droga, se o pai dela fosse um Imortal ...
— Eu não sou Imortal, —disse ela abruptamente, com a certeza que havia refutado a teoria.
— Você não seria, —disse Basha calmamente. — Como aprendi recentemente, a criança assume a natureza da mãe. Se ela é Imortal, a criança será. Se ela é Desdentada, a criança será. E se ela é mortal ...
— A criança vai ser, —Sherry terminou por ela. — Mas se minha mãe era a companheira de vida de um Imortal, por que ele não teria transformado a minha mãe e a feito uma Imortal também?
— Ela não era a companheira de vida desse Imortal, —disse Lucian com certeza.
— Ou, talvez ela fosse, mas ele já havia usado a sua única capacidade de transformar alguém e não pôde transformá-la, —disse Basil rapidamente, dando um olhar feio para Lucian, dizendo que ele estava sendo insensível.
Lucian fez uma careta em resposta. — Você não está salvando seus sentimentos sugerindo que havia um relacionamento que não existia. Você está apenas arrastando o problema para debaixo do tapete. Ela chegará a essas conclusões eventualmente. —Ele se virou para Sherry e disse: — Embora ele possa ter cuidado de sua mãe de alguma forma, ela não era sua companheira de vida. Se fosse, ele seria incapaz de ficar longe dela.
— Mas se você estiver certo e ele tem estado em minha vida todos esses anos, então ele não ficou longe, —Sherry apontou. — Talvez ele fosse seu companheiro de vida e ...
— Ele ficou em sua vida, não na vida da sua mãe, —Lucian interrompeu.
— Ela estava lá também, —disse Sherry rapidamente.
— Ela também era casada e dormia com seu marido mortal, —disse Lucian severamente. —Um companheiro de vida não suportaria e nem aceitaria isso.
Sherry franziu o cenho e sacudiu a cabeça. — Bem, isso é tudo especulação estúpida de qualquer maneira. Meus pais estavam casados já há um ano quando eu nasci. Minha mãe não era do tipo infiel. E ela teria me dito se meu pai não fosse meu pai.
— Tem certeza disso? —Perguntou Lucian, obviamente sem concordar com ela.
— Isso explicaria a ausência de seu pai em sua vida, —disse Basil gentilmente. — Se ele soubesse que você não era realmente sua filha ...
Sherry simplesmente olhou para ele com desânimo por um momento, e então se pôs de pé e tropeçou passando pelas pernas de Stephanie e correu para o corredor que levava aos quartos. De repente estava desesperada para ficar sozinha.
Capítulo 13
— Deixe-a ir. Ela quer ficar sozinha.
Basil desviou o olhar de Sherry, recuando para encarar a mão imobilizadora de seu irmão em seu pulso. Seu rosto ferido diante da possibilidade de que Richard Carne não fosse seu pai o detivera e ele demorou um pouco a reagir. Mas agora queria desesperadamente ir até ela e confortá-la.
— Tire a mão de mim ou eu a removerei para você, irmão, —disse Basil friamente.
Lucian considerou-o brevemente e depois encolheu os ombros e soltou-o. No momento em que ele fez, Basil deslizou em torno da mesa de café e fez o seu caminho para o quarto que tinha compartilhado com Sherry na noite passada. Seu olhar examinou o quarto vazio rapidamente quando ele entrou.
Os lençóis estavam desarrumados, suas roupas de dormir da noite anterior espalhadas por toda parte, mas ela não estava à vista. No entanto, a porta do banheiro estava fechada.
Empurrando a porta, atravessou o quarto, então hesitou, mas pressionou uma orelha na porta. Tudo o que podia ouvir era o batimento cardíaco e a respiração dela.
— Sherry? —Ele chamou suavemente. — Você está bem?
Houve um breve silêncio e depois — Sim. —Basil pegou a maçaneta e encontrou a porta trancada. Soltando-a, ele perguntou: — Posso entrar?
— Não.
— Sherry, —ele insistiu preocupado.
— Estou bem, Basil. Eu só ... vou enrolar meu cabelo e arrumar minha maquiagem. Volte e ajude com as listas. Estarei fora daqui a pouco.
Basil deslocou os pés, olhou para a porta e depois para os pés. Ela estava sofrendo. Ele sabia que ela estava sofrendo. O que eles sugeriram a chocou, abalou o mundo dela, na verdade. Ele queria confortá-la, mas parecia que ela não queria consolo. Realmente queria ficar sozinha.
Afastando-se da porta, olhou ao redor do quarto novamente e então recolheu suas roupas. Dobrando-as cuidadosamente, as colocou na cadeira, depois voltou sua atenção para a cama. Todo o tempo enquanto fazia isso, ouviu os sons do banheiro, estava determinado que se ouvisse o que soava vagamente como um soluço ou choro, ele entraria e a confortaria, ela querendo ou não.
Ele não ouviu isso, no entanto. Em vez disso, ouviu um ocasional estalido metálico e um barulho que suspeitava ter vindo do modelador de cabelo sendo usado e depois colocado no balcão, enquanto ela juntava novos fios de cabelo para envolvê-lo. Realmente estava enrolando o cabelo, percebeu, e balançou a cabeça. Quando ele cedeu e saiu do quarto para deixá-la em paz, Basil reconheceu que não sabia nada sobre as mulheres.
Um homem teria espancado alguém ou algo depois de tal notícia, mas uma mulher? A sua mulher? Ela não chorou, não esbravejou, nem bateu em nada, simplesmente foi enrolar o cabelo.
— Eu lhe disse que ela queria ficar sozinha, —disse Lucian quando Basil voltou a se juntar a eles.
— Cala a boca, irmão, —Basil murmurou.
No banheiro, Sherry desligou o modelador e o deixou no balcão para esfriar enquanto começava a escovar os cabelos. Sua mente estava totalmente vazia. Ela queria ficar sozinha para absorver a possibilidade de que seu pai não era seu pai, e sabia que não seria capaz de fazer isso com Basil lá. Ele teria a abraçado, oferecendo conforto, mas teria se transformado em paixão e ... parecia melhor estar sozinha. Mas mesmo sozinha, sua mente não parecia estar absorvendo isso. Era como se alguém lhe dissesse que o céu era amarelo quando você o conheceu e o viu como azul por toda a sua vida. Apenas não conseguia assimilar.
Sherry se virou, abriu a porta e saiu para o quarto. Tinha ouvido Basil se movimentando pelo quarto, então não ficou muito surpresa ao encontrar tudo arrumado. Seu olhar deslizou para a cama e ela considerou se deitar, mas Basil tinha acabado de arrumar tudo.
Além disso, não estava cansada. Na verdade, estava se sentindo bastante inquieta ... e sua mente corria a toda velocidade. O homem que sempre pensou ser seu pai, não era seu pai.
Ela nem sabia como se sentir sobre isso. Basil estava certo, isso explicaria por que seu pai tinha se retirado tão facilmente de sua vida. Tudo bem que ela não respondeu às poucas tentativas dele de entrar em contato, mas ele não tinha insistido também ... e isso sempre a machucou. Se é verdade de que ele não é seu pai, por que nunca contaram a ela? Poderia entender terem escondido esse segredo quando era criança, mas depois de adulta ... e especialmente quando sua mãe estava em seu leito de morte. Teria esperado que sua mãe pelo menos contasse a ela então.
Sua mãe estava fraca e hospitalizada após o primeiro ataque cardíaco, mas sobreviveu durante uma semana ainda, antes de um segundo ataque ter tirado sua vida. Sherry passara todas as noites daquela semana com ela, as duas conversaram, compartilharam lembranças, e outras bobagens. Durante essas conversas, houve muitas oportunidades para a mãe lhe dizer que Richard Carne não era realmente seu pai. Por que ela não faria isso?
Porque não era verdade, Sherry decidiu. Não poderia ser. Sua mãe teria dito a ela.
Mas Basil estava certo, isso explicaria muita coisa, pensou ela no momento seguinte. Por que ela era tão diferente fisicamente dos seus pais? Por que cresceu praticamente sem um pai a partir dos oito anos de idade?
Mas Sherry simplesmente não conseguia acreditar que sua mãe não teria contado a ela. A menos que sua mãe tivesse tido medo de Sherry ficar com raiva e muito magoada com ela, depois que descobrisse.
Não saber de um jeito ou de outro iria deixa-la louca, Sherry pensou sombriamente. Ela precisava saber a verdade ... Mas o único com as respostas que precisava era o tal Imortal que todos pensavam ter sido uma parte tão integrante de sua vida por tanto tempo.
E quem diabos era ele? Ela se perguntou com frustração.
Todos acreditavam que ele se passou por seu tio Al durante seus anos mais jovens, e era verdade que ele havia passado bastante tempo em sua vida. Ela o via diariamente depois que seus pais se separaram. A mãe de Sherry trabalhava em serviços sociais e, embora a deixasse na escola todas as manhãs, era Tio Al que a recebia em casa, enquanto a mãe ainda estava no trabalho. Quando ela começou o balé aos nove anos, era ele que a levava para suas aulas depois da escola. Quando ela mudou para a ginástica aos doze anos, mais uma vez foi o tio Al quem a levou. Ele até a levou para jantar algumas vezes por semana nas noites em que sua mãe trabalhava até tarde.
Na verdade, agora que pensava nisso, a maior parte do tempo com o tio Al era passada sem a presença de sua mãe. Embora houvesse ocasiões em que ele levara tanto ela quanto a mãe em passeios, ao centro de ciências ou ao zoológico em um sábado ou domingo.
Ele meio que entrou em cena e ocupou o lugar de seu pai, pelo menos em sua vida, mas parece que não a de sua mãe.
Engraçado como havia se esquecido desses detalhes, Sherry pensou agora com uma pequena carranca.
Mas tio Al tinha desaparecido de sua vida durante seus anos de ensino médio, vendo-a cada vez menos, até que ela quase não o viu nos últimos dois anos antes de ir para a universidade, e ela nunca mais o viu depois disso. Envolvida na escola, preparando-se para a universidade enquanto desfrutava de uma vida social recém descoberta, não tinha realmente notado sua ausência na época ... ou talvez não tivesse porque ele mexeu com a cabeça dela, ela pensou severamente agora.
Lucian acreditava que o tio Al era o Imortal em sua vida e que ele havia mudado sua aparência e depois reapareceu enquanto ela estava na universidade.
O pensamento a fez filtrar as pessoas que ela conheceu lá. Teve alguns bons amigos do sexo masculino na universidade e depois. Ela também teve alguns professores que a orientaram. Mas a única pessoa que via diariamente durante esse período e por vários anos depois foi Luthor.
Eles se conheceram durante o primeiro ano de faculdade, fizeram várias aulas juntos e acabaram saindo do campus na mesma época, depois alugaram uma casa com cinco quartos que dividiam com outros colegas durante o segundo ano. Eles permaneceram como companheiros de quarto durante o resto de seu tempo na universidade. Seus outros colegas de quarto haviam se mudado, mas ambos permaneceram naquela casa até que eles se formaram, e depois continuaram a ser colegas de quarto enquanto trabalhavam. Luthor foi seu melhor amigo e confidente. Ela chorou em seu ombro, ouviu seus conselhos e compartilhou sua vida com ele. Ele era como um irmão mais velho. Luthor havia trabalhado alguns anos antes de iniciar a universidade e tinha vinte e quatro anos quando se conheceram, cinco anos mais velhos que ela.
Pelo menos ele alegou ter vinte e quatro anos, ela pensou agora. E então, depois do funeral de sua mãe, e nos meses que se seguiram, enquanto Sherry estava ocupada com as despesas de saúde de sua mãe e depois na preparação da abertura de sua loja, Luthor havia conseguido uma oferta irrecusável de um emprego na Arábia Saudita, o salário era tão bom que teria sido loucura não aceitar. Ele tinha aceitado, é claro, e desapareceu da vida dela, assim como o tio Al.
Os únicos homens que via diariamente desde então eram Allan, Eric e Zander, que trabalhavam em sua loja e o fizeram desde que ela abriu, há três anos.
Sherry andou de volta ao banheiro, entrou, verificou se o modelador estava frio e se inclinou para colocá-lo de volta na bolsa que estava no chão. Foi quando estava se endireitando que tudo finalmente se encaixou no lugar.
— Filho da puta, —ela murmurou, e olhou para seu reflexo brevemente, em seguida, girou e correu para fora do quarto, atravessando corredor. Estava se movendo rapidamente, ansiosa para chegar aos outros e dizer que sabia quem era o Imortal, mas diminuiu a velocidade e parou quando ouviu o que eles estavam dizendo na sala de estar.
— Bem ... —disse Basil, olhando por cima das anotações que ele segurava. — De acordo com as datas que Sherry listou aqui, seu amigo universitário Luthor e este tio Al são as pessoas que estiveram em sua vida por mais tempo e, até onde ela pode lembrar, seu tio estava em sua vida de sete aos dezoito anos, e o colega de quarto estava em torno de dezoito a vinte e nove.
— Então, os dois estavam em sua vida há muito anos, —disse Harper, pensativo.
— Eu suspeito que este tio Al é o pai, e que estava por perto provavelmente desde o dia em que ela nasceu, —disse Basha pensativa.
— Sim, mas é duvidoso que ele estivesse em sua vida diariamente antes que seu irmão Danny morresse e o homem que ela conhecia como seu pai deixasse sua mãe, —disse Drina com uma carranca. — Richard Carne dificilmente teria acolhido ele.
— Verdade, —Marcus comentou. — Nenhum homem quer o velho amante de sua esposa por perto.
— Mesmo se ele for o pai biológico da menina? —Perguntou Basha.
— Especialmente se ele for o pai, —Marcus assegurou a ela. — Há uma razão pela qual os leões comem os filhotes da leoa de outros leões quando tomam conta de um covil. Os mortais não podem matar os filhos da mulher, mas muitos se ressentem de uma criança que não é deles. É um lembrete constante de que ela teve um companheiro anterior.
— Existe um homem que ela vê diariamente agora? —Lucian perguntou.
Drina olhou a lista. — Eric, Zander e Allan. Eles são todos funcionários da loja.
— Parece bastante fácil, —disse Bricker agora. — Tio Al é agora Allan.
— Lex não é o nome verdadeiro do colega de quarto de Sherry? —Perguntou Stephanie de repente, e Basil olhou para onde a garota estava sentada, com os pés no sofá e os braços em volta dos joelhos, olhando para todos com as sobrancelhas levantadas. Ela parecia pálida e as sobrancelhas estavam unidas como se estivesse com dor. Katricia lhe dissera que Stephanie não só podia ouvir os pensamentos dos mortais, mas também dos jovens imortais e até mesmo dos imortais mais velhos, e não conseguia controlar esses pensamentos gritando em seus ouvidos. Ele suspeitava que ter tantos deles ali, todas as suas mentes gritando para ela de uma só vez, causava uma grande dose de angústia.
— Sim, Lex Brown, —Drina respondeu quando ninguém mais falou. — E o que tem isso?
Stephanie levantou as sobrancelhas, descruzou os braços e sentou-se. — Sério? Vocês não percebem?
Basil olhou em volta. Os outros estavam olhando um para o outro, parecendo tão inexpressivos quanto ele provavelmente parecia, exceto Lucian, que quase sorria. Se Basil fosse adivinhar, ele diria que Lucian tinha visto o que Stephanie estava falando. E provavelmente há muito tempo. O bastardo estava sentado esperando para ver quem iria resolver primeiro.
— E foi a criança, em vez de um dos adultos, que resolveu primeiro, —disse Lucian secamente, obviamente ouvido seus pensamentos.
— Não sou criança, —disse Stephanie, aborrecida.
— Podemos pular para o que não estamos vendo? —Perguntou Basil, impaciente.
Stephanie olhou para Lucian por mais um momento e depois se virou para Basil e encolheu os ombros. — Pensem nisso ... Tio Al? Lex? Zander?
Basil franziu a testa para ela brevemente e então sua expressão clareou e ele respirou, — Alexander, —com uma compreensão súbita.
— Dessa forma ... ele está por aqui desde que ela tinha pelo menos sete anos. São vinte e cinco anos. Definitivamente tempo suficiente para ela ter construído uma forte resistência, —percebeu Basha.
— Eu suspeito que ele esteja por perto desde que ela nasceu, —disse Lucian em voz baixa.
— Então você não acredita que ele seja outro companheiro de vida? —Basil perguntou, sentindo alívio deslizar através dele. Essa possibilidade o incomodara.
Em vez de responder diretamente, Lucian perguntou: — Você poderia ter deixado de reivindicá-la todo esse tempo se a conhecesse aos sete anos ou menos?
— Por um tempo sim, teria. Sendo uma criança, ficaria por perto, mas não teria a reivindicando, —Basil apontou secamente.
— É verdade, mas uma vez que ela completasse dezesseis anos, seria muito difícil não a reivindicar. Você poderia até querer fazer a coisa honrada e permiti-la que ela amadurecesse sem interferência, —ele disse solenemente. — Mas sua mente lembraria que ela era mortal e um acidente poderia tirá-la de você. Você iria a querer por perto, mantê-la segura, e fazer isso tornaria muito difícil de não a reivindicar. —Ele balançou a cabeça. — Este Alexandre é o pai dela.
— Ótimo! —Stephanie disse brilhantemente. — Agora que resolvi isso para vocês, alguém mais está com vontade de um milk shake? Eu poderia realmente tomar um dos seus famosos de chocolate agora, Harper ... e tenho certeza que o leite é bom para os meus ossos em crescimento, —acrescentou ela em tons sedutores.
— Um de chocolate então, —disse Harper, divertido, em pé para levá-la à cozinha.
— Alguém mais quer um? —Drina perguntou, levantando-se.
— Oh sim. Eu vou querer um de chocolate também, por favor, —Bricker disse imediatamente, mas todos os outros simplesmente balançaram a cabeça negando.
— Então ... —disse Basha enquanto Drina se dirigia a cozinha para dizer a Harper que Bricker também queria um. — Agora que sabemos ou imaginamos quem é o Imortal na vida de Sherry ... —Ela levantou as sobrancelhas. — O que faremos a seguir? Vamos questioná-lo e descobrir por que ele queria que ela achasse que encontrou Leo em London?
— Nós já sabemos a resposta para isso, —disse Lucian, e depois apontou: — Era porque ele a queria de volta em Toronto.
— Sim, mas por quê? —Basil perguntou, e então inclinou a cabeça e olhou para ele com desconfiança. — Você sabe a resposta para isso também, não sabe?
— Sherry nos deu a resposta quando ela disse que nasceu um ano depois que seus pais se casaram, —ele disse suavemente.
— Eu não vejo o que um tem a ver com o outro, —admitiu Basil.
— Isso é porque você é velho, —Bricker comentou, parecendo compreender a questão.
Basil fez uma careta para o homem mais jovem. — O que isso tem a ver com alguma coisa?
— Isso significa que você não tinha, até esses últimos dias, o menor interesse em sexo ou namoro por muito tempo, —disse Bricker secamente.
— O que isso tem a ver com ...
— Quando você não tem uma companheira de vida e ainda é jovem o suficiente para se interessar por sexo e namoro ... —Bricker fez uma pausa para considerar suas palavras, depois deu de ombros e disse: — Bem, francamente, o mundo é um banquete. Mulheres bonitas estão por toda parte e com nossa capacidade de ler suas mentes e saber exatamente o que elas estão pensando e o que querem ouvir, etc ... —Ele encolheu os ombros novamente. — Qualquer uma será sua, se você quiser. —Ele fez uma pausa e, em seguida, acrescentou solenemente: — A menos que elas sejam casadas.
— Ah. —Basil assentiu devagar. Os companheiros de vida eram algo muito sério entre os Imortais, e enquanto os mortais não eram abençoados ou amaldiçoados com companheiros de vida, em alguns casos, o casamento seria a coisa mais próxima que os mortais teriam de um relacionamento parecido com o relacionamento de companheiros de vida. Considerava-se mais do que vergonhoso que um homem Imortal usasse seus dons de forma injusta para conseguir que uma mortal casada dormisse com ele. Eles tinham até mesmo feito uma lei menor para impedir que isso ocorresse. Leis menores não eram puníveis com a morte, mas havia outras penas a se cumprir. Por exemplo, multas, sanções, omissões ou encarceramento por um prazo determinado. Basileios não conseguia lembrar qual era a penalidade por se divertir com uma mortal casada, mas tinha certeza de que era desagradável. Houve um tempo em que uma esposa poderia ser assassinada por ter sido pega em um relacionamento de adultério. Em alguns países isso ainda era permitido. A penalidade tinha que ser severa para evitar que isso acontecesse.
— Receio não entender, —admitiu Basha em voz baixa, e Basil lembrou que ela havia voltado recentemente para a família e que provavelmente ainda não conhecia todas as leis.
— É contra uma das nossas leis menores interferir em um casamento mortal, —explicou ele agora, e Bricker bufou.
— Menor, minha bunda, —Bricker murmurou. — A maioria dos homens preferem ser empalados e assados do que ter o seu ... bilau rasgado, o mesmo número de vezes da sua idade de quando ele quebrou a lei.
Basha piscou. — Então, se você tem um século de idade, se quebrar essa lei ...
— Eles rasgarão cem vezes, deixando-o curar entre cada dose da punição, —disse Bricker secamente.
— Como eles rasgam isto? —Ela perguntou curiosa.
— Eu não sei, —ele admitiu severamente. — Nunca quis saber também, então fico bem longe das mulheres casadas.
— Bem, então, parece ser eficaz, —disse Lucian secamente.
Bricker bufou. — É bárbaro.
— E as mulheres? —Perguntou Basha. — E se uma mulher Imortal interferisse em um casamento mortal?
Obviamente, não sabendo a resposta para isso, Bricker piscou e olhou para Lucian interrogativamente, mas foi Basil quem disse: — Na verdade, na época em que a lei foi feita, os homens mortais eram os agentes do poder no mundo. Eles eram livres para ter amantes sem medo de interferir em seus casamentos, então não havia sanção para uma mulher Imortal que tivesse um caso com um mortal masculino.
— Ah, cara! —Bricker gritou. — Isso é tão injusto.
Basha apenas sorriu e trouxe de volta ao assunto em questão. — Então, teria sido contra a lei que um Imortal tenha interferido no casamento dos pais de Sherry? —Ela disse. — Mas achamos que ele é pai de Sherry, e ela nasceu um ano depois que seus pais se casaram.
— O que significa que o Imortal teve um relacionamento com uma mulher casada e está sujeito à punição, —disse Basil, apontando o óbvio.
— E se ele não usou suas habilidades Imortais com a mãe de Sherry para dormir com ela? —Marcus perguntou. — E se ele não usou influência, leitura da mente ou controle mental? O castigo é o mesmo?
— Não é o caso aqui, —disse Basha antes que alguém pudesse responder a isso. — Se ela nasceu um ano depois de seus pais se casarem, ela foi concebida durante o terceiro ou quarto mês de seu casamento. Eles ainda estariam na paixão da lua de mel e provavelmente ainda loucamente apaixonados. O Imortal provavelmente usou influência e controle mental.
— A menos que a mãe de Sherry fosse esse tipo de mulher, —apontou Bricker.
— Eu não tive essa impressão das memórias de Sherry de sua mãe, —disse Basha secamente.
Bricker encolheu os ombros. — Bem, ela poderia muito bem não ser esse tipo de mulher quando mais velha. Isso não significa que não era quando era mais nova.
— É duvidoso que ela estivesse disposta a ter esse caso, —disse Lucian em voz baixa. — Suspeito que ele usou influência indevida.
— Você acha que ele a estuprou? —Perguntou Stephanie, chocada, chamando a atenção deles para o fato de que a garota havia entrado na sala, com Harper e Drina atrás dela.
— Ele não teria que estuprá-la, —Bricker disse calmamente. — Somos estranhamente atraentes para os mortais. Bastien uma vez me disse que era graças a feromônios especiais que os nanos produzem em nós. Ele acha que eles foram originalmente destinados a nos ajudar quando precisávamos nos alimentar diretamente das pessoas.
— Isso não teria sido suficiente, —disse Basha com certeza. — Especialmente quando ela era tão recém-casada. Ele deve ter usado algum controle mental para superar sua consciência e qualquer relutância que ela sentia.
— O que é a mesma coisa de estupro, —disse Stephanie, sombria, e franziu o cenho para eles como se fossem culpados, acrescentando: — Sei que ele provavelmente a fez se divertir, e sei que vocês estão tão acostumados a controlar meros mortais e obriga-los a fazer o que vocês querem, que provavelmente não achem que isso é um estupro, mas é.
O silêncio encheu a sala rapidamente, e então Harper limpou a garganta e colocou uma mão suave no ombro dela antes de dizer: — Mas isso não explica realmente por que ele a queria longe de Port Henry. Se tudo isso for verdade, não temos certeza, afinal de contas o que temos até agora é só especulação, —ressaltou. — E nós nem sequer estaríamos tentando descobrir sobre esse Imortal se ele não tivesse assustado Sherry, trazendo para cá de volta.
— Acho que só descobriremos o motivo quando conversamos com ele, —disse Lucian, sombrio, e olhou para Basil. — Sherry vai saber o endereço de Zander.
— Ele não trabalha na loja? —Drina apontou. — É dia. Deve estar lá, já que é gerente da loja. Especialmente com Sherry longe.
Lucian sacudiu a cabeça. — Coloquei Caçadores na loja, e pedi que eles mandassem os funcionários para casa no caso de Leo e seus filhos voltarem. Ele deveria estar em casa, não na loja.
— Certo. —Basil se levantou e saiu silenciosamente da sala, andou pelo corredor em direção ao quarto que dividia com Sherry. Um rápido olhar dentro do quarto foi o suficiente para que seu coração disparasse em alarme e medo. O quarto estava vazio e a porta do banheiro estava aberta, mostrando que também estava vazio.
Girando, Basil se apressou a voltar pelo caminho que tinha vindo, mas última porta, antes da abertura para a sala de estar, chamou sua atenção. Estava aberta. Ele empurrou, revelando uma pequena área do tamanho de um armário com uma grande porta de aço amarelo na parede oposta.
Uma saída de emergência, deduziu.
Capítulo 14
— Chegamos, senhora.
Sherry olhou ao redor e viu que o taxi que pegara estava parado em frente a sua loja. Acontece que, afinal de contas, sua loja não ficava longe do apartamento de Harper. Ela poderia ter caminhado, mas não tinha reconhecido onde estava quando saiu do prédio, então sinalizou para o táxi ... e depois passou toda a curta viagem tentando entender o fato de que ela poderia ser filha de um Imortal, em vez do homem que cresceu chamando de pai, e se esse era o caso, ela era filha de um estupro.
— Senhora? —Perguntou o motorista.
— Oh, desculpe. Quanto devo a você? —Sherry murmurou, e virou para pegar sua bolsa quando o motorista lhe disse o valor. Foi quando percebeu que não tinha a bolsa. Ela tinha certeza de que não tinha dinheiro em seus bolsos, mas começou a checá-los desesperadamente enquanto procurava uma solução para seu problema. Então olhou bruscamente para a porta do passageiro da frente que se abria e Basil perguntou: — Quanto foi senhor?
Suspirando de alívio, Sherry saiu do banco de trás enquanto Basil pagava ao motorista.
— Obrigada, —ela murmurou enquanto ele fechava a porta e se virava para ela. — Eu não estava pensando direito. Esqueci que deixei minha bolsa para trás.
— Você me deixou para trás também, —ele disse baixinho, pegando seus braços e olhando solenemente em seu rosto. — Por quê?
— Eu ... —Sherry sacudiu a cabeça, impotente. — Como eu disse, não estava pensando. Apenas corri. —Ela fez uma careta e então acrescentou: — Ouvi o que vocês disseram sobre o estupro da minha mãe. Não queria encarar ninguém ... e então não queria que alguém falasse com ele antes de mim. Quero que ele mesmo me diga. Preciso que seja ele que me diga, Basil.
— Eu sei, —ele murmurou, e pressionou a cabeça dela contra o peito dele com uma mão, enquanto com a outra ele esfregou as costas suavemente. — Entendo, mas eu gostaria de vir com você.
Sherry não respondeu por um momento, e então de repente recuou e olhou para ele questionando. — Como sabia que eu viria para cá?
— Eu não sabia. Saí do prédio de Harper no momento em que seu táxi se afastou, então a segui.
— Em outro táxi? —Ela perguntou, procurando por um.
— Não. Eu corri, —ele admitiu secamente. — Felizmente, foram apenas cinco quarteirões e seu motorista pegou todos os sinais vermelhos.
Ela olhou para ele com os olhos arregalados por um momento e depois sacudiu a cabeça. — Eu sinto muito. Deveria ter ...
— Tudo bem, —ele disse com firmeza, apertando os braços dela.
Sherry desistiu de suas desculpas e abaixou a cabeça.
— Você está bem? —Basil perguntou, e ela podia ouvir a preocupação em sua voz. Ela estava olhando para o chão, e supôs que era por isso que ele estava preocupado. Provavelmente o desespero e angustia que ela sentia deveria estar estampado em seu rosto.
— Sim. —Levantou a cabeça e forçou um sorriso. — Claro.
— Certo. —Parecendo um pouco aliviado, mas ainda preocupado, ele deslizou o braço ao redor de seus ombros e, em seguida, virou-se para o prédio. — Então, aqui é a sua loja, —ele perguntou. — Querida, ele não vai estar no trabalho. Os Executores enviaram todos os seus funcionários para casa, no caso de Leo e seus filhos retornarem.
— Eu sei. Vim aqui para pegar o endereço dele nos meus arquivos, —explicou ela.
— Oh. —Ele olhou ao redor cautelosamente agora, e então abruptamente a empurrou para frente. — Vamos entrar, então. Se Leo voltar, não quero que ele te encontre aqui.
Assentindo, Sherry moveu-se rapidamente, olhando ao redor. Ela esperava que pessoas de preto, os Executores, estivessem em todos os cantos, em vez disso, seu olhar encontrou e parou em um de seus próprios funcionários atrás da caixa registradora.
— Joan? —Disse ela, aproximando-se lentamente. — O que você está fazendo aqui? Achei que você e os outros tinham sido mandados para casa até que fosse seguro voltar?
— Nós fomos, —disse Joan Campbell com um sorriso brilhante. — Mas eles ligaram ontem à noite e disseram que o vazamento de gás havia sido consertado e que poderíamos voltar hoje.
— Vazamento de gás? —Sherry ecoou com confusão, voltando-se para Basil.
— Uma história para encobrir o que aconteceu de verdade. Eles provavelmente removeram as lembranças dos seus funcionários sobre o que realmente aconteceu e os substituíram por essa história, —ele assegurou a ela.
Sherry assentiu, recordando as expressões em branco no rosto de todos naquele dia. Ela olhou para Joan novamente quando Basil perguntou à menina: — Quem ligou para você?
— Zander, —ela respondeu.
— Zander ligou? —Sherry perguntou, olhando ao redor agora em busca do homem.
— Sim. Eu liguei para Allan ontem à noite com a notícia porque Zander não conseguia entrar em contato com Allan. Zander me disse que ligou para todos os outros e passou os horários de turno para hoje. Ele disse que você estava fora da cidade, no entanto, —ela adicionou.
— Eu estava, —admitiu Sherry. — Zander está aqui agora?
— No seu escritório, —disse Joan. — Ele ia fazer algumas ligações de pedidos que foram adiados enquanto estávamos fechados.
Assentindo, Sherry virou-se bruscamente e se dirigiu para os fundos da loja, mas parou quando a porta da frente se abriu. Por um segundo ela temeu que fosse Leo e seus garotos entrando em sua loja como no outro dia. Em vez dele e de seus filhos vestido em jeans azuis, havia dois homens de jeans pretos e jaquetas de couro.
— Executores? —Perguntou a Basil, só para confirmar. Eles estavam vestidos como Bricker, Basha e Marcus.
Basil assentiu. — Anders e meu sobrinho Decker. Espere aqui, eu vou falar com eles.
Sherry assentiu com a cabeça, seu olhar se deslocando sobre os dois homens novamente quando Basil se aproximou deles. Ambos eram altos, mas um tinha cabelos escuros e olhos azul-prateados, enquanto o outro tinha pele da cor do café escuro, e olhos castanhos dourados que brilhavam como ouro. Sherry supôs que o primeiro homem era o sobrinho de Basil. Não só ele tinha a mesma cor dos olhos, mas as formas de seus rostos eram semelhantes.
— O que está acontecendo? —Perguntou Basil. — Pelo que sei os funcionários foram mandados para casa e que os Executores estavam cuidando da loja até esclarecermos o problema com Leo.
Sherry se aproximou para ouvir a resposta dos homens.
— Somos desajeitados com essas coisas da loja e esse problema com Leo pode demorar um pouco para resolver, —disse o homem mais sombrio. — Então, Mortimer achou que seria uma boa ideia trazer os funcionários de volta e observar a frente e o fundo do prédio com dois homens, em vez de ter que lidar com quatro ou cinco.
— Então, quem está cuidando dos fundos? —Basil perguntou incisivamente.
— Eu estava, —anunciou Decker. — Mas eu vim para frente quando Anders disse que você estava aqui com uma mulher. Achei que seria a sua companheira de vida que a tia Marguerite mencionou.
— E você queria vê-la, —adivinhou Basil.
— Claro, —disse Decker, divertido, e acrescentou: — Mas também porque o tio Lucian me ligou há alguns minutos e disse que, se você chegasse por aqui, era para a gente avisá-lo imediatamente.
— Então é melhor avisá-lo, —disse Basil, e virou-se para ir em direção a Sherry, acrescentando: — Diga a ele que Zander está aqui e Sherry e eu vamos ao escritório dela para conversar com ele.
— Farei isso, —disse Decker, pegando o celular do bolso e começando a apertar botões.
Parando na frente de Sherry, Basil apertou os ombros dela gentilmente. — Vamos acabar com isso.
Quando Sherry assentiu, ele segurou-a pelo cotovelo e a empurrou para os fundos da loja. Sherry avançou, mas agora que estava ali, relutou em ver o homem que podia ou não ser seu pai. Uma vez que ela falasse com ele, toda a sua vida mudaria. Bem, pelo menos seu passado mudaria de qualquer maneira.
Ambos ficaram em silêncio enquanto caminhavam, mas logo chegaram à porta do escritório e Basil a abriu. Sherry hesitou quando ele parou e olhou para ela. Mas não havia como voltar agora. Respirando fundo, começou a subir os degraus que levavam ao seu escritório.
Ela podia ver a sala antes de subir todos os degraus, mas não viu Zander até o último passo. Ele estava na janela com vista para o chão, as costas retas e rígidas.
Sherry olhou de volta para Basil, e então percebeu que ele ainda estava na escada porque ela estava bloqueando o caminho, ela se moveu mais para dentro da sala e abriu caminho para ele. Então olhou ao redor. Era seu próprio escritório, e ainda assim parecia estranho de alguma forma. Parecia que tinha estado ausente por anos, em vez de alguns dias.
Seu olhar deslizou de volta para Zander quando ele finalmente se virou e olhou para ela. Ele não parecia surpreso em vê-la lá. Na verdade, parecia resignado.
Por um momento Sherry simplesmente olhou para o homem. O conhecia como Zander há três anos, mas era como vê-lo pela primeira vez. Zander era mais alto que ela, mais baixo que Basil. Mais baixo do que seu pa ... do que o homem que ela pensava ser seu pai todos esses anos. Seu cabelo era ruivo, mas as raízes eram da mesma cor escura que o dela, como se o cabelo dele tivesse sido tingido de vermelho e estivesse crescendo. Ele também tinha um nariz romano e rosto oval como o dela... e ele não olhava em seus olhos agora. Virando-se para o balcão atrás da escrivaninha, ele disse: — Vou fazer café para você.
— Eu não quero café, —disse Sherry antes que ele pudesse se mexer.
Zander fez uma pausa e depois virou-se relutantemente, com uma expressão triste no rosto. — Não. Você está aqui atrás de respostas.
Apesar do modo como as palavras saíram, não era uma pergunta, mas Sherry assentiu de qualquer maneira. Ao mesmo tempo, suas palavras lhe deram a certeza de que ele não era só simplesmente o cara legal que ela contratou para administrar sua loja e, em seguida, tornou-se um amigo dela.
— Claro. —Zander hesitou e depois endireitou as costas. Expressão sombria, abriu os braços. — Manda ver.
Sherry hesitou, sem saber por onde começar, e depois soltou: — Você é meu pai?
— Sim, —ele respondeu.
Simples assim, sim. Uma pequena palavra que abalou o mundo dela, literalmente. Sherry balançou em seus pés. Ela sentiu a mão firme de Basil em seu braço e respirou fundo, mas continuou olhando para o homem que acabara de admitir que era seu pai, sem saber para onde ir a partir dali.
Foi Basil quem perguntou: — E você é tio Al?
Ele assentiu solenemente.
Sherry fechou os olhos. Agora que ela sabia que ele era tio Al, as lembranças dele de sua infância que tinham sido tão difusas se tornaram claras e ela podia lembrar de tudo. Ele tinha cabelos tão escuros quanto os dela, e barba e bigode grandes. Ela descreveria melhor sua aparência na época como Grizzly Adams38 só que mais jovem.
Lex, por outro lado, estava sempre barbeado, com o cabelo escuro despenteado e muito curto. Ele também ostentava um brinco em uma das orelhas, embora tivesse sido um brinco de pressão em vez de um piercing, o que a fez provocá-lo impiedosamente quando ela descobriu isso. Era um brinco de pressão muito bem feito, impossível distinguir de um brinco de verdade até ser retirado.
Agora, como Zander, ele tinha cabelos ruivos e cavanhaque. Três visuais completamente diferentes, mas parecia óbvio que todos os três homens eram iguais. Ainda assim, ela perguntou: — E Lex?
— Sim, —ele disse solenemente. — Meu verdadeiro nome é Alexandre, e tenho tido o privilégio de estar em sua vida de uma forma ou de outra desde o dia em que você nasceu.
— Porque você é meu pai, —Sherry murmurou lentamente, lutando com essa notícia. Sua mãe não era do tipo que teria um caso, mas ela não imaginaria que seu maravilhoso tio Al, seu melhor amigo do mundo, Lex, ou até mesmo seu amigo e gerente de loja, Zander, poderiam estuprar uma mulher.
— Eu não queria estuprá-la, —disse Alexander em voz baixa, sem dúvida lendo o pensamento de sua mente. Erguendo as mãos desamparadamente, acrescentou: — Foi um acidente.
— O quê? —Sherry gritou com espanto. Bem, isso era novo. Certamente essa era a primeira vez que ouviu essa desculpa ... e é claro que não acreditava nisso. — Deixe-me adivinhar, você tropeçou e caiu em cima de minha mãe, e seu pau acidentalmente saiu de suas calças?
— Não, claro que não, —disse ele bruscamente, e então suspirou e passou as mãos pelos cabelos. — Sherry, eu sou seu pai.
— Você é o gerente da minha loja, —ela interrompeu severamente. — E, aparentemente, você foi meu doador de esperma, meu afável tio amoroso Al, e certa vez meu suposto melhor amigo, mas você nunca foi meu pai. E ... —Acrescentou friamente, virando-se para as escadas, —acho que já ouvi o que vim ouvir aqui, então ...
— Por favor, —disse Alexander, avançando rapidamente e estendendo a mão como se para tomar seu braço. Ele fez uma pausa e deixou cair a mão, porém, quando Basil endureceu e se aproximou dela.
— Sherry, —disse ele, sua voz suave, mas implorando ao mesmo tempo. — Você esta brava. Eu entendo isso, e tem todo o direito a essa raiva, mas por favor, deixe-me explicar o que aconteceu. Certamente você me deve ...
— Eu lhe devo? —Perguntou ela, incrédula, sublinhada pela raiva, e então se virou para Basil quando ele tocou o braço dela.
— Talvez você devesse ouvir o que ele tem a dizer, —Basil sugeriu em voz baixa, e depois apontou: — Caso contrário, você sempre se perguntará.
Sherry franziu a testa, querendo se recusar e simplesmente sair. Mas ela sabia que Basil estava certo.
Ela se perguntaria. Respirando fundo, balançou a cabeça e se virou, mas descobriu agora que era ela quem não conseguia encontrar seus olhos. Não conseguia nem olhar para ele. Simplesmente ficou de pé, olhando para o logotipo da loja em sua camisa enquanto esperava que ele falasse.
— Eu conheci sua mãe em um bar, —Zander começou devagar, e quando ela olhou rapidamente para cima, sorriu ironicamente e acrescentou: — Na verdade, no balcão do bar. Eu estava sentado no canto final e ela se aproximou para pedir bebidas para si e algumas amigas que estavam lá com ela. Ela era uma mulher bonita, sua mãe, —acrescentou com um sorriso de recordação. — Alta, esbelta, com longos cabelos loiros e um sorriso encantador. Coloque asas nela e poderia ter se passado por um anjo andando pela terra.
Sherry sentiu a boca apertar e olhou para as mãos novamente. Ela viu fotos de sua mãe quando era jovem e realmente era muito bonita. Muitas foram as vezes que Sherry desejou ser parecida com ela. Agora estava imaginando aquela bela jovem sendo transformada em nada mais do que uma boneca sexual, feita para fazer o que esse homem queria.
— Eu sempre tive uma fraqueza pela beleza, —disse Alexander solenemente. — Eu flertei descaradamente com ela.
Quando ele ficou em silêncio, Sherry olhou relutantemente para ele e viu que estava passando as mãos pelos cabelos, sua expressão culpada. Depois de um momento, deixou as mãos caírem e balançou a cabeça.
— A primeira vez que ela se aproximou do balcão, a resposta dela ao meu flerte foi bem legal. Mas mal ela tinha saído do balcão com uma rodada de bebidas já estava de volta para outra e mais outras. Pensei que ela estava ... quer dizer, por que uma das outras mulheres não veio pegar uma rodada de bebidas no lugar dela em algum momento? Eu assumi ...
— Você pensou que ela estava voltando para o balcão porque estava interessada, —disse Sherry quando ele ficou em silêncio.
Ele assentiu.
— Mas você é um Imortal. Pode ler mentes, —disse ela, acusadora.
— Eu li a mente dela, —ele assegurou. — Infelizmente, tudo o que fiz foi mergulhar só o suficiente para ver que ela também me achara atraente. Eu não sei se foi por ego ou ... —Alexandre balançou a cabeça. — Eu não me preocupei em aprofundar em seus pensamentos e descobrir qualquer outra coisa sobre ela. Eu estava atraído, ela estava atraída, e isso era tudo o que importava para mim. Ela era mortal, —disse ele, tentando explicar.
— Ela não era uma possível companheira de vida. Não poderia haver mais do que ...
— Uma noite, —Sherry sugeriu severamente quando ele vacilou.
Ele deu um leve aceno e depois admitiu solenemente: — Eu deveria ter olhado mais fundo. Se tivesse, teria percebido que, embora ela me achasse atraente, nunca teria cedido a essa atração porque era casada e amava o marido.
Alexander esfregou a mão pelo cabelo novamente e então disse: — Infelizmente, aquele mergulho rápido em seus pensamentos foi tudo que eu me importei em dar, e a partir disso, idiota arrogante que eu era, achei que ela estava se fazendo de difícil e só precisava de um empurrãozinho mental para incentivá-la a se entregar.
Horrorizado agora, ele continuou, — Então eu pedi uma rodada de bebidas para a mesa que ela estava e me juntei a sua festa. Havia cinco mulheres jovens, todas menos ela, estavam bêbadas, comemoravam uma despedida de solteira de uma delas. Sua mãe era a dama de honra da noiva e ela era a responsável em cuidar delas nessa festinha. Elas juntavam o dinheiro e sua mãe, por questões de segurança é que ia comprar as bebidas, mas não estava bebendo, era a responsável em deixá-las em casa também.
— O que explica por que ela continuou voltando para o balcão, —Sherry apontou.
Ele assentiu. — Sim. Embora eu não tenha entendido isso na época.
— Claro que você não entendeu, —ela disse secamente.
— Eu mencionei que era arrogante naquela época, —Alexander lembrou em voz baixa. — Percebi isso depois, tarde demais para evitar o que aconteceu.
Sherry franziu a testa, mas antes que ela pudesse perguntar o que aquilo significava, ele disse: — Sua mãe ficou em silêncio quando me aproximei da mesa e pedi para me juntar a elas, mas duas outras estavam bêbadas, solteiras e ansiosas para me receber. Elas também deixaram claro que se interessaram em mim, mas eu queria a sua mãe.
— Quem não iria querer, —disse Sherry friamente.
— Eu pensei que ela estava apenas ...
— Se fazendo de difícil, —Sherry disse cansada e depois acenou com aborrecimento. — Apenas vá em frente.
Zander encolheu os ombros. — No final da noite, sua mãe pediu dois táxis. Ela enviou metade das meninas no primeiro que chegou, deixando a si mesma e duas outras para o segundo táxi. Quando o segundo não chegou em dez minutos depois, ofereci-me para levar as três para casa. Novamente sua mãe ficou reticente, mas as outras duas estavam mais do que felizes em aceitar, e como ela tinha que cuidar da segurança delas, concordou. Deixei as outras duas primeiro e depois a levei para o seu apartamento. Ou o que eu pensava ser o apartamento somente dela. Mais tarde, descobri que ela e seu pai compartilhavam o pequeno apartamento de solteiro. Ele estava em seu último ano na faculdade de negócios e sua mãe trabalhava para sustentar os dois. No ano seguinte, ele iria trabalhar e sustenta-los enquanto ela terminava o curso.
Alexander ficou em silêncio e então disse: — Seu pai estava fora da cidade naquela noite para a despedida de solteiro do noivo da amiga dela. Aparentemente, os homens foram acampar durante a noite, essa foi versão deles de festejar a despedida.
Ele fez uma pausa e levantou os olhos para encontrar os dela. — Eu não sabia disso naquele momento. Realmente pensei que ela estava apenas se fazendo de difícil ... e ela estava atraída por mim ... —Alexandre balançou a cabeça e depois abaixou-a novamente, olhando para as mãos ao admitir: -— Eu não entrei em sua cabeça para tomar o controle. Se eu tivesse, teria lido que ela era casada. Além disso, sabia que ela estava atraída ... então tudo que fiz foi empurrar uma sugestão mental para ela de que estava tudo bem. Que ela deveria passar a noite comigo. Que não havia nada de errado com isso. Que ela poderia fazer o que quisesse sem culpa ou repercussão e ...
— Sem culpa? Pensei que você não sabia que ela era casada, —Sherry retrucou.
— Eu não sabia, —ele assegurou. — Apenas pensei que ela era uma boa menina, que não tinha o hábito de passar a noite com homens desconhecidos. Essa é a culpa que eu me referi, —ele explicou, e então abaixou a cabeça brevemente antes de olhar para ela novamente. — Eu sei que você considera o que fiz estupro, mas na época não ... meu caráter não era dos melhores. Mas, em minha defesa, eu tinha sido criado para pensar que nós, Imortais, éramos superiores aos mortais. E tive muitos anos conseguindo o que queria e quem eu queria. Além do mais eram os anos oitenta. Sexo era fácil e estava em toda parte.
Quando ela não disse nada, ele continuou: — Enfim, porque pensei que ela estava apenas se fazendo de difícil, não apaguei a memória dela depois. Apenas agradeci e segui meu caminho alegre. Eu nunca esperava vê-la novamente.
— Mas você a viu, —ela apontou.
— Sim, —ele reconheceu. Com a boca torcendo-se ironicamente, ele disse: — Graças a um menininho que se separou de sua mãe e correu para a frente do meu carro. Era dois meses depois, uma noite chuvosa. Eu não pude parar a tempo para evitar bater nele. Felizmente, diminuí o ritmo o suficiente para que ele simplesmente fosse derrubado, mas ele bateu a cabeça, havia muito sangue e sua mãe estava em pânico. Parecia mais fácil e mais conveniente simplesmente levá-los ao hospital do que esperar pela polícia ou uma ambulância, por isso coloquei mãe e filho no carro e os levei para a emergência do hospital mais próximo. A lesão na cabeça do menino não foi nada grave, então eu estava indo embora quando uma ambulância parou. Dei um passo para o lado e abri caminho para os enfermeiros levarem o paciente, e quando a maca passou eu olhei para baixo e ... era sua mãe.
Sherry endureceu. — Minha mãe?
Ele assentiu. — Eu a reconheci imediatamente e mergulhei nas mentes dos paramédicos para descobrir o que havia acontecido. Fiquei muito chocado e ainda mais perturbado ao saber que ela havia cortado seus pulsos.
Capítulo 15
O queixo de Sherry caiu no anúncio e suas pernas ficaram fracas, então ela se sentou no canto da mesa, indiferente aos itens que a cutucavam no traseiro. Ninguém nunca lhe disse que sua mãe tentou cometer suicídio. Na verdade, achou difícil de acreditar nisso. Sua mãe simplesmente não era do tipo. Sherry sempre soubera que sua mãe era do tipo otimista. Pelo amor de Deus, a mulher costumava cantar enquanto lavava a louça e fazia outras tarefas domésticas.
— Como eu disse, também fiquei chocado, —disse Alexander solenemente. — O suficiente para eu querer saber o que tinha acontecido, então eu me virei e os segui, tomando o controle de qualquer um que tentasse me impedir. Mas é claro, ninguém no hospital sabia por que ela tinha feito o que tinha feito e ela estava inconsciente. —Ele fez uma breve pausa, e então disse: — Foi um choque quando um jovem chegou e eu li sua mente e descobri que ele era seu marido. Entre os pensamentos dele e de sua mãe quando ela acordou, eu soube que ela tinha apenas três meses de casada e muito feliz quando a conheci. Que, embora ela estivesse de fato atraída por mim, amava seu marido e nunca teria sido infiel se eu não tivesse colocado uma sugestão em sua mente, rompendo sua resistência. Que depois que a deixei, ela sofreu terrivelmente a culpa e vergonha pelo que aconteceu. Mas estava terrivelmente confusa com a coisa toda também. Em sua memória, ela tinha somente sido o tempo todo educada comigo, mas resistiu sua atração por ele e de repente ... não sabia por que ou como isso aconteceu. Ela estava lutando com sua culpa e vergonha pelos dois meses desde que eu a vi pela última vez, mas quando descobriu que estava grávida, sabia que não era do marido. Eles sempre usaram preservativos. Ela e eu não usamos. Ela tinha certeza de que era meu filho, e não podia viver com o conhecimento de que não só ela era infiel, mas agora estava grávida como resultado. Não podia fazer isso com o marido, então ela ...
— Tentou se matar, —disse Sherry em voz baixa.
Alexander assentiu com vergonha. — Eu encontrei uma jovem bonita e vibrante e fiz de sua vida uma bagunça. Uma bagunça na vida do casal. Tinha que consertar isso, claro. Mas não foi tão fácil quanto parece. Apaguei o que havia acontecido entre nós dois de sua memória, coloquei o pensamento nas mentes dos dois que talvez nem sempre tivessem sido tão cuidadosos em usar proteção, além disso, a proteção nunca é cem por cento, e que a criança era dele. Mas sua mãe viveu com a memória por dois meses, e uma simples limpeza mental nem sempre evita que a memória reapareça. Então, fiquei em suas vidas, fiz amizade com marido dela e me tornei seu amigo.
— Tio Al, —disse ela, levantando-se novamente e cruzando os braços.
— Eu era apenas Al, e nunca pretendi ser o tio Al, —ele confessou se desculpando. — Pensei que poderia ir embora depois que você nascesse e ela te visse mais firmemente como filha deles, mas no momento em que te vi ...
Houve uma emoção gritante nos olhos dele, e então disse: — Eu queria fazer parte da sua vida. Então, me tornei o bom e velho tio Al, o amigo da família, à margem da sua vida, mas pelo menos ainda conseguia vê-la algumas vezes por semana.
— Até meu irmão morrer, —disse Sherry, com voz rouca.
Alexander assentiu. — Até que seu irmão morreu e o casamento de seus pais se desfez. Isso não foi culpa minha, —ele adicionou rapidamente.
— Eu sei, —ela disse baixinho. — Ele a culpava pela morte do meu irmão e ela culpava ele.
— Eles não conseguiram superar isso, —ele disse tristemente. — Seu pai acabou se mudando e sua mãe pediu o divórcio.
— E você começou a me ver diariamente, —disse Sherry. — Me pegava depois da escola, me levava para balé, ginástica ou apenas jogava beisebol comigo.
— Esses foram os melhores anos da minha vida, —disse ele solenemente. — E os mais assustadores.
Suas sobrancelhas se levantaram. — Mais assustadores?
— Você é mortal, —ele disse baixinho. — Tão frágil. A morte do seu irmão trouxe a realidade da sua condição para mim. Uma queda, doença, fogo, afogamento, um acidente de carro ... qualquer coisa poderia tirar você de mim em um piscar de olhos. Eu fiquei obcecado em manter você segura. Estava te observando mesmo quando você não sabia que eu estava te observando. —Alexander engoliu em seco e admitiu: —Eu até considerei usar a minha chance de transformação em você. A única coisa que me impediu foi que isso significaria ter que lhe contar o que fiz, como você nasceu, e eu sabia que você me odiaria por isso.
Sherry simplesmente abaixou a cabeça, sem saber como responder a isso. Ela o odiava? A verdade era que não tinha certeza de como se sentia mais. Suas emoções estavam em completo caos. Estava recordando sua adoração de seu maravilhoso tio Al, seu amor fraternal por seu melhor amigo Lex, e a amizade que tinha com Zander, e então colocando isso ao lado de sua repulsa e raiva ao pensar em sua mãe sendo controlada e usada como uma boneca sexual inflável. Ela queria odiar o homem diante dela pelo que ele fez com a mãe dela ... mas sua mente argumentava que ele tentara compensar isso. Depois do encontro no hospital, ficou por perto para garantir que tudo estivesse bem. Outro homem poderia não ter se dado ao trabalho, ou até mesmo outro Imortal.
Ainda assim, ele quase destruiu sua mãe. Ela quase não levou apenas sua própria vida, mas a de Sherry também quando tentou se matar. E mesmo ela sendo fruto de seu comportamento egoísta, arrogante e indiferente aos sentimentos da sua mãe, se ele não tivesse feito isso, ela não existiria.
Basil deslizou o braço ao redor das costas dela e puxou-a para mais perto, e Sherry olhou para ele. Ele ofereceu-lhe um sorriso gentil e depois se virou para Alexander, seu pai, ela reconheceu, e perguntou: — Presumo que foi você quem se aproximou dela no provador em London?
— Sim, —disse Alexander solenemente.
Quando ele não se explicou, Basil perguntou: — Por que você queria que ela pensasse que encontrou Leo? Presumo que foi para ela sair de Port Henry e voltar para Toronto.
— Sim, —ele admitiu. — Joan me ligou depois da confusão na loja e cheguei aqui antes que os Executores chegassem para limpar a mente e arrumar a bagunça. Entre o que Joan me disse e o que eu sei sobre Leonius Livius, eu sabia que Sherry estava em perigo ... e eu sabia ... —Ele fez uma pausa e depois disse com frustração: — Eu sabia que os Caçadores iriam perceber que ela tinha um Imortal em sua vida por muitos anos e iriam tentar descobrir quem era e por quê. Sabia que eventualmente tudo apareceria se eu não a afastasse, e entrei em pânico.
— Como você nos seguiu até Port Henry? —Perguntou Basil.
— Sei onde fica a casa dos Executores, a maioria dos Imortais da área sabem, —acrescentou, e depois continuou: — Estacionei na rua e observei o portão de lá com binóculos. Quando o SUV saiu com Sherry, você e os outros, eu segui vocês até Port Henry.
— E ficou vigiando a casa e depois nos acompanhou a London no dia seguinte? —Imaginou Basil.
Alexander assentiu. — Não sabia, no entanto, que ela era sua companheira de vida quando me aproximei dela nos provadores e comecei a colocar a memória de que ela tinha visto Leonius em sua mente, —ele assegurou a Basil. — Eu li isso em seus pensamentos enquanto estava reorganizando suas memórias, e uma vez que percebi, tentei desfazer o rearranjo. —Ele fez uma careta e acrescentou: — Entendo que fiz uma bagunça da coisa toda.
Basil grunhiu afirmativamente, e Alexander, seu pai, ela pensou tristemente, suspirou infeliz.
— Sinto muito, —ele disse agora. — Eu estava apenas tentando proteger você, Sherry.
— Você estava? —Ela perguntou duvidosa, seus olhos se estreitaram.
— Sim, —assegurou ele. — É tudo o que sempre fiz e faço desde o dia em que você nasceu.
Sherry apenas olhou para ele por um momento. Ela estava recordando as frases que repetia quando certos assuntos surgiam.
Aquele sobre Tio Al obviamente tinha sido para protegê-la e evitar que alguém a interrogasse profundamente sobre um tio que não estava mais por perto. Provavelmente até para explicar a ela mesma se ela tivesse dúvidas sobre sua ausência. Mas e as outras duas frases? Aquele sobre o noivado rompido dela. E aquele sobre não ter tempo para namorar até que sua loja estivesse funcionando bem?
Agora que ela estava pensando em seu rompimento com Carl, o artista, ela não conseguia se lembrar por que eles haviam terminado exatamente. Ainda pior, nem se lembrava de ter feito isso.
— O que você está pensando? —Alexander perguntou baixinho, e estendeu a mão para ela, mas Sherry recuou um passo, fora de seu alcance. Eles disseram que ela construiu uma resistência a ter sua mente lida em geral, mas mais especificamente para quem era o Imortal em sua vida. Este homem. Ele tinha que tocá-la para lê-la, suspeitava, e definitivamente para controlá-la, e ela estava começando a suspeitar que ele tinha controlado muito de sua vida.
Levantando o queixo, olhou para ele. — Só não deu certo. Foi melhor assim.
Alexander parou, o alarme piscando em seu rosto.
— Você colocou esse pensamento na minha cabeça, assim como colocou o pensamento sobre o tio Al ter desaparecido da minha vida, —Sherry acusou.
— Sim, —ele confessou em voz baixa, e depois explicou, — Foi para o seu próprio bem, querida. Carl era um desperdício de ser vivo. Tudo o que ele fazia era fumar maconha e se pavonear com um pincel na mão. Você era muito melhor que isso. Você era trabalhadora e tinha ambições e ele era uma âncora que te arrastava para baixo.
— Eu o amava, —Sherry lamentou, mas não tinha certeza se realmente o amava enquanto dizia isso. Suas lembranças daquela época eram nebulosas na melhor das hipóteses.
— Sherry, ele estava colocando maconha e outras drogas em sua vida. Você estava perdendo o fio da sua vida, —ele disse baixinho.
— Eu não estava, —ela engasgou com descrença. — Nunca usei drogas na minha vida.
— Você fez com ele, —argumentou Alexander. — Não no começo, mas depois de uma noite de festa em que você bebeu demais, você deu algumas tragadas com ele, e então aconteceu de novo e de novo. E então ele fez você experimentar ácido e cogumelos ... —Sua boca se apertou. — Você estava saindo dos trilhos. Acreditando nas ideias malucas dele de que ninguém deveria ter que trabalhar, de que se as aves não se vestem de terno e vão a um escritório todos os dias, as pessoas também não precisavam.
— Eu não fiz isso, —Sherry negou, mas com um pouco menos de fervor. Aquela frase soava vagamente familiar. Franzindo a testa, ela argumentou: — Os pássaros não precisam vestir ternos, mas eles trabalham. Eles constroem ninhos e eles têm que caçar a sua própria comida.
— Exatamente, isso era o que você dizia quando estava sóbria. Só que a partir do momento que ele começou a fazê-la experimentar drogas, você começou a escorregar. E no dia em que você repetiu sua frase sem sentido sobre os pássaros para mim como se fosse um evangelho, eu sabia que tinha que intervir.
Sherry ficou em silêncio, a confusão crescendo em sua cabeça quando as memórias começaram a inundá-la agora. Relaxando no sofá em uma névoa de maconha, dançando pelo parque observando as trilhas coloridas de vaga-lumes, resultado do ácido, alucinações depois de comer cogumelos.
— Sua mãe ficou muito preocupada com você, tentou conversar e convencê-la do que estava acontecendo. Mas em seu coração você a culpava pelo divórcio de seus pais. ‘Se ela não o culpasse, se tivesse tentado falar com ele, ainda poderiam estar juntos’. Era assim que você pensava. Então, quanto mais sua mãe a criticava e falava, mais rebelde você ficava e mais você o deixava convencer a fazer o que ele queria, —ele disse severamente. — Você começou a faltar as aulas. Suas notas começaram a cair. Todo o seu futuro estava acabando em fumaça de maconha e eu não sabia mais o que fazer, e então o dia em que você o pegou na cama com sua vizinha ...
— O que? —Sherry gritou, enquanto uma imagem apareceu em sua cabeça.
— Você estava chateada, e quando veio até mim e me disse, eu esperava que finalmente você terminasse com ele, mas então ele apareceu e começou a lhe dizer algumas bobagens sobre ‘o homem não ser naturalmente monogâmico, que a maioria dos animais não era e era tudo legal, ele amava somente você, mas por que ele não poderia se divertir um pouco?’ Percebi que você ficou confusa com essa conversa idiota. Entrei em pânico com medo de que você voltasse para ele, então eu ...
— Então você tomou o meu controle, terminou tudo entre mim e Carl e apagou tudo isso da minha cabeça, —disse Sherry lentamente.
— Foi melhor assim, —assegurou Alexander. — Você voltou a ser como era antes imediatamente. Suas notas voltaram a melhorar, e você tornou a ser mais estudiosa e determinada do que nunca.
Ela balançou a cabeça lentamente e simplesmente perguntou: — E a parte sobre querer que a loja esteja funcionando antes de se preocupar com o namoro?
— Eu ... era o que você queria. E você não aceitou dinheiro vindo de mim. Então pensei que se ficasse estável, com uma renda estável, eu poderia me preocupar menos. E você tem um gosto muito ruim com homens, querida.
Ele estendeu a mão para ela novamente e Sherry novamente empurrou de volta.
— Quantos erros como Carl, o artista, você consertou? —Ela perguntou severamente.
— O quê? —Ele perguntou cautelosamente.
— Quantas vezes você interveio na minha vida? —Sherry perguntou, sua voz de aço agora. — Quantos 'homens errados' você me impediu de sair? Quantas decisões ruins você me impediu de fazer ou mudou para mim? Quanto da minha vida foi realmente minha? —Ela terminou pesadamente.
— Eu ... —Alexandre balançou a cabeça, impotente. — Eu só estava tentando impedir que você cometesse erros.
— Eles eram os meus erros para cometer, —Sherry estalou. — Era a minha vida. Isso faz parte de crescer e amadurecer.
— Eu estava apenas fazendo o que qualquer pai faria, —disse Alexander, impaciente. — Todo pai tenta impedir que os filhos cometam erros.
— Eles fazem, —ela concordou, — mas nenhum pai ou mãe podem controlar a mente do filho, apagar ou substituir memórias e fazê-los fazer o que eles querem. Você literalmente comandou minha vida. Eu não sei agora o que era eu e o que era você. Eu realmente sempre quis ter meu próprio negócio ou isso é outra coisa que você colocou na minha cabeça?
— Você sempre quis, —assegurou ele. — Era o que você queria desde quando era pequena. Eu apenas ajudei a conseguir isso.
— Ao me impedir de sair dos trilhos, —ela sugeriu.
— Exatamente. Mantive você no caminho certo, —Alexander disse com alívio, agora que ela parecia entender.
— Você dirigiu o maldito trem que foi a minha vida, —retrucou Sherry. — Você assumiu a minha vida e fez do jeito que decidiu que deveria ser.
— Você queria ter seu próprio negócio, —argumentou ele desesperadamente.
— E antes disso eu provavelmente queria ser uma bailarina ou uma cantora, —ela disse secamente, e então lembrou: — Quando cheguei à universidade eu não gostei tanto dos cursos de negócios quanto achei que gostaria, mas amava os cursos de psicologia e até considerei trocar meu grau. Você teve alguma coisa a ver com a minha permanência nos negócios?
— Ninguém consegue um bom emprego em um dos cursos de ologias, a menos que estudem até o doutorado, —disse ele, impaciente.
— Um dos ologias? —Basil perguntou.
— Psicologia, sociologia, arqueologia, —Alexander explicou. — Bacharel em qualquer um deles é basicamente papel higiênico.
— Essa é a sua opinião, —retrucou Sherry. — E quem disse que eu não teria percorrido todo o caminho para obter o meu doutorado?
— Sua mãe não podia se dar ao luxo de sustentá-la todo o caminho até um doutorado, —disse ele com irritação.
— Eu tinha excelentes notas nas avaliações das disciplinas. A universidade me ofereceu bolsa de estudos pelo meu desempenho, —ela lembrou friamente. — Você sabia disso. Eu te disse quando você era Lex Luth ... —Querido Deus, você realmente era meu Lex Luthor, —ela percebeu de repente. — Você é o vilão da minha vida.
— Não, —Alexander protestou. — Eu estava apenas tentando ajudar.
— Ajudar-me a ser o que você queria que eu fosse, —ela retrucou, e virou-se para Basil. — Já ouvi o suficiente. Eu ... —Ela parou abruptamente quando viu alguém à sua direita. Virando-se, olhou para Lucian Argeneau. Quase perguntou quando ele havia chegado e quanto tempo estava lá ouvindo, mas isso realmente não importava. Mesmo que não tivesse ouvido tudo, uma rápida leitura da mente dela diria a ele tudo o que havia sido conversado.
— Se você já acabou de conversar com seu pai, eu vou pedir a Bricker para levá-lo até a casa dos Executores agora, —disse Lucian suavemente.
— Por quê? —Ela perguntou incerta.
— Porque eu quebrei uma de nossas leis e interferi em um casamento mortal, —disse Alexander em voz baixa, passando por ela ao lado de Lucian enquanto Bricker subia as escadas e se aproximava dele. — É hora de pagar pelos meus erros.
— Ele ficará detido até que o Conselho possa se reunir, ouvir seu caso e julgar, —disse Basil calmamente em explicação.
— Nós não usamos algemas, amigo, —disse Bricker quando seu pai segurou seus pulsos juntos. — Imortais podem simplesmente quebrá-las de qualquer maneira. Eu vou confiar em você para não tentar fugir enquanto o levo até o SUV.
Alexander deixou os braços caírem, mas depois voltou para Sherry. — Eu cometi muitos erros com você, Sherry. Me perdoe. Minha desculpa é que você é minha única e primeira filha e eu ... —Ele suspirou e balançou a cabeça, então disse: — Eu sei qual é o castigo e eu vou aceitar. E mesmo que eu me arrependa de machucar sua mãe emocionalmente, eu não me arrependo do que eu fiz, porque tenho você, e ter vivido tudo o que vivi ao seu lado, faria de novo. Se eu não tivesse feito isso, sua mãe e eu não teríamos você, e acho que ela concordaria comigo de que você valeu a dor emocional que ela sofreu, e você certamente vale a pena a dor física que vou sofrer. —Ele levantou a mão como se acariciasse sua bochecha, mas então deixou cair e suspirou. — Espero que, depois que minha punição terminar, possamos conversar e eu ainda possa fazer parte de sua vida. Eu amo você, querida. Você é minha filha.
Ele se virou de novo para Bricker e assentiu. Justin pegou seu braço e o empurrou para as escadas que levavam à porta que se abria para o beco.
— Felizmente para você, nós estacionamos no beco, não consegui achar uma vaga na rua, —explicou Bricker para seu pai quando eles pararam na porta dos fundos e ele abriu a porta.
— Por que felizmente para mim? —Alexander perguntou secamente.
— Porque Victor e Elvi dirigiram hoje até aqui e estão na frente da loja, —explicou Bricker quando destrancou a porta. — E eu tenho certeza que Elvi quer chutar a sua bunda por aparecer em London e assustá-la com esse truque que você fez no provador, —disse Bricker secamente.
— Eu não cheguei perto de Elvi, —ele disse baixinho.
— Sim, mas apenas a desconfiança de que Leo esteve na área fez com que eles tirassem Stephanie de Port Henry, e Elvi é uma mamãe ursa que agora quer destruir o Imortal que ficou entre ela e seu bebê, —disse Bricker ironicamente.
— Certo, —disse Alexander com um suspiro quando Bricker abriu a porta e pediu-lhe para sair do escritório.
A porta dos fundos se fechou e Sherry olhou para ela em total confusão. Estava com raiva e magoada, e muito insegura de quem ela era mais. Ela não tinha ideia de quanto de sua vida era composta de suas próprias decisões e quanto tinha sido de Alexander. Jamais imaginou que teria esse tipo de problema antes de aprender sobre a existência de Imortais.
— Preciso conversar com você, —disse Lucian a Basil.
Basil hesitou e então se virou para Sherry e segurou o rosto dela com as mãos. Olhando nos olhos dela com preocupação, ele perguntou: — Você vai ficar bem por um minuto sozinha?
Sherry assentiu e limpou a garganta. — Claro. Eu vou apenas ... —Ela acenou vagamente em direção a sua mesa, sem saber o que faria. Sentar-se e pensar sobre tudo o que descobriu, provavelmente. Tentar descobrir quantas de suas decisões de vida foram dela e se realmente queria estar onde estava, ou se ao invés disso, estava onde Alexander queria que ela estivesse.
— Tem certeza? —Basil perguntou em dúvida.
Obviamente, não tinha sido convincente, Sherry pensou ironicamente, e endireitou os ombros. — Estou bem. Vá em frente e fale com Lucian. Estarei esperando aqui quando você terminar.
Basil ainda parecia preocupado, mas ele a beijou gentilmente e então soltou seu rosto e seguiu Lucian para dentro da loja.
Sherry observou-os ir embora, depois começou a se virar para a escrivaninha, mas parou quando o som de um veículo começando e se afastar atraiu seu olhar de volta para a porta. Bricker tinha desbloqueado para sair, mas não podia trancá-la pelo lado de fora. Ela deveria fazer isso agora, pensou, e foi em direção a porta dos fundos, mas fez uma pausa e olhou para a porta da loja quando esta abria.
— Sherry? —Elvi chamou, e depois disse: — Oh, —quando ela a viu no topo da escada. — Posso subir? —Elvi perguntou incerta.
— Claro, —disse Sherry em voz baixa.
Assentindo, Elvi passou pela porta e subiu apressadamente os degraus e se juntou a ela no patamar entre os dois conjuntos de escadas. Ela hesitou uma vez lá, e então a puxou para um abraço forte. — Eu sinto muito, Sherry. Não deveria ter dito aquelas coisas. Eu só estava com medo de perdermos Stephanie. Isso não é desculpa, eu sei, mas realmente sinto muito.
Sherry abraçou a mulher sem hesitar. — Eu sei. Está tudo bem. Compreendo.
— Mas você pode me perdoar? —Elvi perguntou, afastando-se. — Fui cruel e desagradável, e nunca sou cruel ou desagradável.
— Você foi uma mamãe ursa protegendo seu filhote, —disse Sherry, recordando as palavras de Bricker. Ela deu um tapinha no ombro de Elvi. — Victor explicou tudo e eu realmente entendo. Stephanie é como uma filha para vocês.
— Sim. Eu acho que é uma coisa de pais, —Elvi disse ironicamente. — Nós ocasionalmente fazemos coisas estúpidas porque nos importamos muito. Independentes se somos humanos ou Imortais, vamos estragar da mesma forma. Quer dizer, eu não sei o que teria feito se descobrisse que Stephanie estava usando drogas. Bem, se ela fosse mortal e eu pudesse controlá-la, provavelmente faria o que seu pai fez e apenas assumiria o controle da vida dela. O que suponho ser uma coisa horrível de se admitir, —ela acrescentou.
Sherry estreitou os olhos devagar, e depois perguntou sem raiva, — Lendo minha mente de novo?
— Na verdade, não, —disse Elvi, e quando Sherry não escondeu sua descrença, acrescentou: — O interfone da loja estava ligado. Ouvimos tudo.
— O que? —Sherry ofegou, e girou em direção a sua mesa. Ela viu o painel do interfone no canto da mesa ... e ainda estava ligado. Ela deve ter se sentado nele quando se encostou na mesa no início da conversa com o pai, percebeu, e agora correu para desligá-lo.
— Tudo bem, —Elvi disse suavemente quando Sherry correu os dedos em seus cabelos com um gemido. — Decker e Anders assumiram o controle de seus funcionários e os enviaram para o almoço, depois trancaram as portas e colocaram a placa de fechado para que nenhum cliente entrasse e ouvisse qualquer coisa.
— Mas eles ouviram tudo, —disse ela em um suspiro. — E você e quem mais estava lá embaixo.
Elvi assentiu, desculpando-se. — Desculpa. Se eu fosse uma pessoa melhor, teria saído da loja e esperado que terminassem a conversa antes de voltar, mas ... —Ela encolheu os ombros, impotente. — Acredito agora que não sou uma pessoa tão boa quanto sempre achei que fosse.
— Isso ou você é tão curiosa quanto o resto do mundo e não pôde resistir, —disse Sherry, e depois deu um tapinha no braço dela. — Não se preocupe, eu não estou brava. Provavelmente não seria capaz de me fazer sair também. É como uma poça d’água ao lado da estrada, ninguém consegue resistir a passar jogando água em todo mundo quando deveria era frear.
— Hum-rum. —Elvi acenou com a cabeça, mas depois apontou: — O lado positivo, porém, é que nenhum de nós estará lendo sua mente quando você sair da loja para ver o que aconteceu.
Sherry deu uma meia risada, sabendo que era exatamente o que teria acontecido se o interfone não estivesse ligado. Parecia não haver privacidade entre essas pessoas. Isso a fez se perguntar se eles tinham que ser pessoas melhores por causa disso. Ela estava certamente encontrando-se censurando seus pensamentos muito mais ... e nem sequer se considerava uma pessoa má, mas de vez em quando tinha pensamentos que poderiam ser prejudiciais ou rudes se falados em voz alta.
— Como você está? —Elvi perguntou depois de um momento. — Descobrir todas essas coisas sobre sua mãe, sua concepção e seu pai ... —Ela encolheu os ombros. — Você está bem?
— Eu não sei, —admitiu Sherry. — A verdade é que nem sei como devo me sentir.
— Não há um ‘como devo me sentir’, —Elvi disse calmamente. — Você sente como se sente.
Sherry assentiu solenemente.
— Eu imagino que você esteja sentindo todos os tipos de coisas agora. Raiva pelo que ele fez com sua mãe, mas confusa porque é a razão pela qual você nasceu.
— Minha pobre mãe, —disse Sherry infeliz.
— Ele não a estuprou, —disse Elvi suavemente. Pelo menos não de maneira violenta e violada. Ela estava atraída por ele e ele apenas mentalmente retirou suas razões para não dormir com ele, subjugando sua consciência. E, —Elvi apontou, — ela teve você como resultado. Enquanto sua mãe aparentemente não teria tido um caso com ele sem a influência dele, tenho certeza que ela estava feliz por ter você como filha, Sherry. Qualquer mãe estaria. Especialmente depois que seu irmão morreu.
— Sim, mas talvez se eu fosse realmente filha do meu pai, talvez eles não tivessem se divorciado. Quero dizer, essa situação de não ser a filha deles, pode ter influenciado. Talvez ele sentisse que eu não era dele. Se eu tivesse sido filha deles, talvez tivessem feito um esforço mais para ficarem juntos.
— Sherry, você nunca poderia ter sido sua filha. Não haveria como você existir se não fosse filha de Alexander e sua mãe, —ela apontou gentilmente, e depois acrescentou: — E isso não é uma garantia de que o casamento teria funcionado de qualquer maneira. Pelo que sei, muitos casais não sobrevivem à morte de um filho. Especialmente quando o casal se culpa pela morte, e parece que seus pais fizeram isso.
— Eles fizeram, —ela admitiu, e depois acrescentou ressentida, — Mas Alexander também me controlou. Me fez fazer coisas que eu não queria fazer.
— Não é exatamente isso que todos os pais fazem? —Elvi perguntou, e depois disse: — Não a parte de controlar a mente, mas a parte de obrigar os filhos fazerem coisas que eles não querem fazer. Embora, —ela disse pensativamente, — até mesmo a parte de controlar comportamentos é algo que os pais têm que fazer também, só que geralmente é feita com recompensas, broncas e ameaças de punição ao invés de assumir o controle mental.
Elvi deixou que ela compreendesse e depois perguntou: — Você realmente se ressente de que agora é uma empresária bem-sucedida e não uma maconheira em um casebre com alguém que achava que a monogamia e o trabalho eram para idiotas?
— Não, mas ...
— Sinto muito, querida, —interrompeu Elvi. — Mas eu não conheço muitos pais que não gostariam que pudessem controlar seus filhos quando descobrem que eles estão cometendo um grande erro. E em defesa de Alexander, ele tinha as melhores intenções no coração a favor dos seus interesses.
— Tudo bem, —ela permitiu. — Mas como vou saber se o sucesso que conseguir ter aqui na loja é realmente fruto da minha capacidade e não um produto do controle dele me fazendo fazer o que ele achava que era certo?
— Você me disse que seu amigo Lex, que é seu pai Alexander, ofereceu-lhe o dinheiro para abrir sua própria loja quando você se formou, mas você se recusou, —ela lembrou.
— Sim.
— E ele permitiu que você fizesse isso, em vez de assumir o seu controle, e fazer você pensar que era uma boa ideia aceitar a proposta dele, —ressaltou. — Então você economizou o dinheiro para abrir a loja.
— O dinheiro do seguro da minha mãe ajudou, —ressaltou Sherry.
— Permitiu que você abrisse alguns anos antes do que estava planejando, —ela reconheceu. — Mas você ainda conseguiu o resto sozinha. E estou supondo que você projetou e organizou a loja sozinha.
— Eu fiz, —admitiu Sherry com um leve sorriso. — Lex tinha voado para seu suposto trabalho na Arábia e eu não tinha contratado Zander ainda.
— Então o seu sucesso é todo seu, —assegurou Elvi. — Você fez um trabalho incrível. Não é de admirar que Marguerite goste tanto dessa loja.
— Marguerite? —Sherry perguntou, reconhecendo o nome de sua primeira noite na casa dos Executores. — Cunhada de Lucian? Sabia que a conhecia de algum lugar.
Elvi assentiu. — Na última vez que a vi ela falou sobre essa loja e o quanto você era adorável. Disse que a loja era iluminada, arejada, acolhedora e ... o que ela falou mais mesmo? Ah, que mesmo no meio do inverno, parece um dia quente de primavera quando você entra na loja, —ela contou e sorriu. — Marguerite estava certa. Eu adorei a loja.
Sherry sorriu. Esse era exatamente o efeito que ela esperava produzir, e parecia que foi bem-sucedida.
— Tenho certeza de que seu pai não teve nada a ver com isso, —disse Elvi solenemente, e então sorriu. — Os homens são um pouco inúteis quando se trata de decoração e utensílios de cozinha. —Ela pensou brevemente e acrescentou: — Provavelmente é por isso que seu pai sentiu que poderia deixá-la sozinha logo após a morte de sua mãe. Ele sabia que não ajudaria em preparar a abrir a loja, e sabia que isso a manteria ocupada.
— Isso se ele realmente me deixou sozinha, —disse Sherry com suspeita.
— Bem, ele provavelmente não deixou, —reconheceu Elvi. Provavelmente ficou por aí, vigiando você, mesmo à distância, como ele fazia quando seus pais ainda eram casados. Acho que ele realmente te ama e quer o seu melhor, Sherry, —ela disse baixinho. — Espero que você dê a ele a chance de fazer parte de sua vida depois que tudo estiver resolvido.
Quando Sherry permaneceu em silêncio, seus pensamentos circulando, Elvi acariciou sua mão e disse: — Não sei você, mas eu poderia beber algo depois de toda essa conversa.
— Eu tenho uma Keurig39, —disse Sherry, olhando ao redor.
— Estou com vontade de tomar uma bebida mais sofisticada e cara, e tenho certeza de que vi uma dessas cafeterias extravagantes na esquina.
— Na verdade, isso soa melhor do que um cafezinho da Keurig, —concordou Sherry.
— Eu vou ver se consigo convencer um dos meninos a ir pegar duas para nós, então. Volto logo!
Sherry assentiu e a observou ir embora, depois virou-se para espiar a loja pela janela. Basil e Lucian estavam conversando com Decker, Anders, Victor, Basha e Marcus. Enquanto ela observava, Elvi correu para o grupo. Depois de alguns minutos, Basha e Marcus foram os que se separaram e se dirigiram para a porta. Sherry supôs que eles queriam também algumas bebidas. Isso, ou Decker e Anders não podiam sair da loja.
Elvi se virou para voltar, mas Victor a pegou e a virou para um beijo. Sherry sorriu quando Elvi jogou os braços ao redor dele e beijou de volta, um pé deixando o chão para pendurar no ar. Sherry sempre pensara que isso só acontecia em filmes clássicos. Aparentemente não. Fez ela se perguntar se já tinha feito isso quando Basil a beijou.
— Ah, isso não é romântico? Deve ser amor verdadeiro, hein?
Sherry virou-se para encontrar Leonius ao lado dela, observando as pessoas abaixo.
Capítulo 16
Sherry pulou para trás do susto, quase tropeçando em seus próprios pés em um esforço desajeitado de fugir. Mas Leo pegou o braço dela, segurando-a. Seu domínio também a impediu de escapar.
— Cuidado, Cathy desajeitada40, —ele repreendeu, puxando-a para o lado. — Eu não quero que você caia e se machuque.
— Meu nome é Sherry, não Cathy, —disse ela desafiadoramente.
— Sim, mas Cathy descuidada soa melhor do que Sherry descuidada, você não acha?
Carrancuda, Sherry ignorou a pergunta e o questionou: — Como você entrou no meu escritório?
Leo ergueu as sobrancelhas e disse: — Tem uma coisinha chamada porta ... —Ele inclinou a cabeça. — Você deveria realmente bloquear a sua. Quer dizer, eu sei que você tem que manter a porta da frente destrancada para os clientes, mas a porta dos fundos? E em um beco? Você realmente deveria ter trancado quando seu pai e Justin saíram.
— Você os viu sair?
— Sim. Eu estava me escondendo em sua lixeira. Felizmente, a sua loja não vende alimentos, então estava apenas agachado em meio a caixas de papelão e outras coisas. Ainda assim, é uma coisa muito indigna de se fazer, —ressaltou. — No entanto, quando ouvi Bricker dizer que o SUV estava no beco e percebi que ele sairia por aquela porta, não havia outra saída a não ser pular na sua lixeira azul.
— Você o ouviu?
— Eu ouvi muitas coisas. Vocês gostam de falar, e estou lá desde que Decker deixou sua posição de guarda dos fundos e correu para frente da loja, —ele informou a ela. — Na verdade, eu estava prestes a entrar depois que Basil e Lucian foram embora, mas Elvi, esse é o nome dela, não é? Entrou, então esperei. Devo confessar, no entanto, que estava perdendo a paciência e considerando levar vocês duas, mas ela finalmente foi embora.
Ele olhou para ela e estalou a língua. — Falando em Elvi, acredito que está prestes a subir com o marido até aqui. Nós devemos ir. Caso contrário, teremos que levá-los conosco. —Usando a mão que ainda segurava em seu braço, Leo a empurrou para a porta que dava para o beco. — E você conhece o velho ditado, um é pouco, dois é bom, mas três ... seria bom também.
— Eu pensei que três seriam demais, —Sherry murmurou, puxando inutilmente seu braço para distraí-lo enquanto pegava o abridor de cartas de sua mesa quando passaram por ela e o escondeu contra o seu lado.
— Só quando você está falando de Argeneaus. Três deles são definitivamente demais, —ele assegurou enquanto a arrastava escada abaixo. — Falando nisso, eu soube que você é a companheira de vida de Basil, tio de minha mãe.
— Isso não faria dele seu tio-avô? —Ela perguntou quando ele parou para abrir a porta e espiar cautelosamente para o beco.
— Não. Eu não sou um Argeneau. Pelo menos não por sangue. Uma grande decepção para minha mãe, tenho certeza.
Sherry olhou para ele com curiosidade quando ele abriu a porta agora e a arrastou para fora. Sua voz estava cheia de dor ou raiva quando ele disse isso.
— Falando em desapontar seus pais. —Parando do lado de fora da porta quando ela se fechou, Leo arqueou uma sobrancelha para ela.
— Fumando maconha, Sherry? Mesmo? Safadinha, safadinha.
— Eu era uma criança, —disse ela entre os dentes quando ele se virou para começar a se mover novamente.
— Na verdade, você já tinha vinte anos, —ele corrigiu. — Aviso, é ridículo mentir para um homem que pode ler sua mente, então não se incomode.
— Tudo bem, eu tinha vinte anos. Isso ainda é uma criança, —ela disse defensivamente.
— Só para alguém com mais de trinta anos, —ele assegurou a ela, e então apontou: — Afinal, o exército acha que crianças de dezoito anos têm idade suficiente para tirar uma vida. Pessoalmente, comecei a matar muito mais jovem. Então vinte anos é uma idade suficiente para saber o que está fazendo.
— Tanto faz, —disse Sherry, cansada, desistindo de puxar. — O que isso importa, afinal?
— Nada, —assegurou Leo. — É só que é bom saber que não sou o único que desapontou meus pais. —Sorrindo, ele acrescentou: — A boa notícia é que você pode se drogar à vontade agora que vai estar comigo. Eu gosto de me alimentar de mulheres drogadas. Muito menos gritaria assim, e por mais que eu goste do gostinho de terror no sangue, os gritos tendem a me causar dor de cabeça. Além disso, eu gosto do barato que recebo quando o sangue drogado entra no meu organismo. Mas as drogas são muito ruins, na verdade. Você não acha?
Sherry balançou a cabeça, achando muito trabalho seguir a conversa e tentar pensar em um jeito de se afastar dele ao mesmo tempo. — Eu pensei que você gostasse de drogas.
— Bem, claro, mas sempre nos leva a situações maiores e nem sempre melhores. Como vai ser para você, por exemplo, vai começar com drogas e depois se encontrará amarrada em um prédio em ruínas, com o grande e desagradável Leo te cortando e lentamente drenando sua vida. —Parando de novo, ele se virou para sorrir para ela e acrescentou: — Ah, e não se incomode tentando usar esse abridor de cartas que você pegou da sua mesa. Eu vou te parar, e não faria muito bem de qualquer maneira. Posso não ter presas como os outros, mas me curo com a mesma velocidade que qualquer imortal. —Leo piscou e então acrescentou: — Mantenha-o, no entanto. Vou usar seu abridor de cartas em você.
— Você é um bastardo doente, —Sherry disse severamente, tentando novamente libertar o braço dela.
— Surpreendentemente, você não é a primeira mulher a dizer isso, —Leo disse a ela, e então se virou para olhar para o final do beco, uma carranca de repente puxando seus lábios. — Falando de filhotes ... onde diabos estão os garotos?
Sherry seguiu seu olhar até a entrada do beco uns dez metros à frente deles. Não só os garotos dele não estavam lá, mas ninguém estava lá, ela notou com receio. O beco se abria para uma rua lateral movimentada. Deveria haver pessoas passando e ...
— Mamãe!
Sherry piscou com aquele grito assustado de Leo quando Basha de repente apareceu na frente deles. Ela então engasgou de surpresa quando foi puxada para trás de Leo como se fosse um biscoito de chocolate e ele estivesse tentando impedir que Basha visse que ele tinha pegado do pote de biscoitos.
Foi uma reação ridícula, claro. Ela não era um biscoito maldito e Basha podia vê-la, especialmente quando ela se inclinou para o lado e olhou ao redor do braço de Leo.
Basha não estava sozinha, viu com alívio. Marcus, Bricker e seu pai, Alexander, haviam saído detrás da mãe de Leo.
— Você matou seus próprios netos, —Leo disse de repente com desânimo.
— Apenas dois deles, —disse Basha calmamente.
— Leos Quatro e Seis, —Leo rosnou. — Meu mais velho e meu favorito.
— Onze e vinte ainda estão vivos, —ela ofereceu.
— Não por muito tempo, tenho certeza, —disse ele secamente. — Feri-los mortalmente e jogá-los amarrados na traseira de um SUV é algo muito desagradável, especialmente feito por você e principalmente quando teria sido mais gentil de sua parte simplesmente matá-los. Você sabe que o Conselho vai ordenar suas mortes. Inferno, há uma ordem MAV para todos nós agora.
— O que é uma ordem MAV? —Sherry perguntou, olhando de Basha para Leo.
— Matar à vista, —disse Leo com uma carranca. — Sermos executados assim que nos encontrar.
— Vocês têm o direito de irem ao Conselho antes, —disse Basha severamente. — Se vocês ...
Basha fez uma pausa enquanto o filho colocava Sherry na sua frente novamente, mas então Leo parou abruptamente de novo e Sherry viu que Decker, Lucian, Basil, Anders e Victor estavam espalhados pela largura do beco atrás deles, nessa ordem, da esquerda para a direita.
Lucian tinha uma mão no braço de Basil como se o tivesse segurado, e Elvi ficou alguns passos atrás deles, parecendo preocupada.
Amaldiçoando, Leo se virou para encarar Basha, arrastando Sherry na frente dele. — Então, o que você está esperando? Estou à sua vista. Me mate.
Basha se mexeu, apertando a mão na espada que segurava e levantando-a um pouco antes de baixá-la e sacudir a cabeça. — Não tem que ser assim, Leo. Você tem o direito de ir também ao Conselho.
— Só passando por cima do cadáver de Sherry, —ele rosnou, arrastando-a na frente dele.
— Leo, —disse Basha, dando um passo à frente. — Não faça isso.
— Fazer o que? Quebrar o pescoço dela como um galho? —Ele perguntou, pegando o queixo de Sherry com uma mão e virando a cabeça para a direita. — Ou talvez apenas rasgar sua garganta com meus dentes não Imortais. Sem presas, seria seriamente ferida, não é? Ou talvez ... —ele disse de repente, com o que Sherry tinha certeza que era um sorriso em sua voz. — Talvez eu apenas a transforme aqui e agora com todos vocês assistindo, impotentes, sem poder fazer nada.
— Merda, —Sherry murmurou, pensando: Quem foi a estúpida idiota que se recusou a deixar Basil transformá-la ontem à noite para impedir que esse tipo de coisa acontecesse?
— Você, —disse Leo, e Sherry olhou ao redor, perguntando com quem ele estava falando e por que ele parou.
Leo suspirou cansado, deu um tapinha no queixo para chamar sua atenção e disse em voz baixa: — Eu estava falando com você, Sherry. Você é a estúpida idiota que se recusou a deixar Basil te transformar na noite passada.
— Sim, eu sou, —ela sussurrou em acordo, arrependida de todo o seu coração. E não só porque provavelmente teria salvado a vida dela, mas porque naquele momento em que ela não sabia se o pescoço ia ser quebrado, a garganta dilacerada, ou se seria transformada por um Sem Presas, Sherry viu sua vida com uma clareza que nunca havia experimentado antes.
Ela teve uma boa infância ... mesmo depois da morte de seu irmão. Sua mãe e Alexander estavam sempre lá, oferecendo apoio e amor. E sim, Alexander a controlou e fez coisas que agora não apreciava, mas ele não tinha feito para garantir que ela não cometesse erros e falhasse? Todos os bons pais não faziam o que podiam para tentar ajudar os filhos a terem a melhor vida possível?
E então houve Basil. Ele disse que eles eram companheiros de vida e queria transformá-la para que pudessem passar o resto de suas vidas juntos. Mas ontem à noite ele se ofereceu para transformá-la apenas para garantir que ela estivesse segura. Abrir mão de sua única chance de transformar alguém em Imortal era algo muito mais difícil de fazer do que ela concordar em se transformar, mas ele estava pronto para fazer isso, apesar do fato de que ela ainda não tinha concordado em ser sua companheira de vida. Ela poderia ter deixado que ele a transformasse e então continuasse sua vida sem ele, deixando-o sozinho. No entanto, ele estava disposto a fazer isso para mantê-la segura. Se isso não fosse amor, não sabia mais o que era.
Ela era amada por dois homens maravilhosos, foi muito bem recebida por todos os outros agora em pé ao seu redor, e não havia apreciado nada disso até agora, quando poderia ser tarde demais para fazê-lo. Era mais do que uma idiota, mas era hora de parar de agir assim, como uma impotente e fazer alguma coisa.
Apertando a mão em torno do abridor de cartas, Sherry repentinamente o cravou com toda sua força na perna de Leo. Ele gritou de dor, e quando a mão dele soltou o queixo e braço dela, ela se afastou e tropeçou vários passos para o lado até que colidiu com um peito duro.
— Sherry, graças a Deus, —Basil ofegou, seus braços se fechando ao redor dela.
Ela começou a erguer a cabeça, mas depois girou para olhar para Leo, enquanto um zumbido de metal cortava o ar atrás dela. O que viu foi Leo, inclinado para a frente, segurando o cabo do abridor de cartas. Não tinha cravado na perna dele, como ela pensou. Viu que acabou cravado em sua virilha. Basha se aproveitou da posição curvada de Leo, e enquanto Sherry observava, ela baixou sua espada no ar, decapitando Leo em um movimento rápido. Pelo menos era o que Sherry suspeitava que ela havia feito. Sherry não viu realmente, pois Basil agarrou a cabeça dela e a virou rapidamente para encará-lo, perdendo o golpe real.
Não ficou nenhum pouco chateada por isso. Os sons que acompanharam o ato e o sangue que choveu sobre eles e através da parede atrás dela e de Basil ... bem, a combinação foi bastante nojenta o suficiente. Ela ficou mais do que grata quando Basil a pegou nos braços e correu de volta para a porta dos fundos da loja. Não queria ver como era a expressão de Leonius Livius na sua morte eminente. Ele ficou surpreso que sua mãe realmente acabou com sua vida miserável? Ou grato por isso?
Pessoalmente, Sherry tinha certeza de que ele foi ao encontro de sua mãe para que ela pudesse matá-lo. Por que mais ele seria estúpido o suficiente para ir a Toronto, onde a base dos Executores estava situada?
Apesar de não querer ver Leo, Sherry se viu virando a cabeça para espiar a cena atrás dela. Ela virou a tempo de ver Basha cair nos braços de Marcus, chorando. Sherry supôs que a mulher estava chorando pela criança que havia criado, e não pelo homem que ele se tornara, e sabia que essa provavelmente era a coisa mais difícil que Basha Argeneau já tivera de fazer. Ela esperava que fosse a última, de qualquer maneira, e sentia pela pobre mulher.
Enquanto Sherry observava, Marcus pegou Basha em seus braços, assim como Basil fizera com ela. Então levou a sua mulher para fora do beco na direção oposta.
O olhar de Sherry se deslocou sobre os outros. Victor estava conduzindo Elvi atrás dela e de Basil, mas os outros, incluindo seu pai, Alexander, estavam todos em volta a abertura do beco, conversando em voz baixa.
— Eu não sei o sobrenome dele.
Basil olhou para Sherry e viu que ela estava olhando por cima do ombro para a cena que acabara de acontecer. — Livius, —disse ele. — Seu nome completo era Leonius Livius.
Ela balançou a cabeça. — Ele não. Meu pai. Eu sei que o primeiro nome dele é Alexander, mas eu não tenho ideia do seu sobrenome. — Ela endureceu de repente, seus olhos se voltando para o rosto dele enquanto perguntava: — Ele não é um Argeneau, não é?
— Não. Não estamos relacionados, —assegurou ele imediatamente.
Sherry relaxou com um pequeno suspiro. — Bom. Quero dizer, o que isso nos faria se você fosse meu primo ou um tio ou algo assim?
— Isso nos faria infelizes, —disse ele secamente.
— Eu que o diga, —ela murmurou, e depois olhou ao redor quando ele parou. Vendo que tinham chegado à porta, ela estendeu a mão para abri-la. Basil empurrou na parte de baixo com o pé e a abriu mais, então entrou, enquanto ela suspirava e encostava a bochecha no ombro dele, e ele a segurava um pouco mais apertado, querendo mantê-la ali, desse jeito, para sempre.
Basil nunca teve mais medo em sua vida do que quando saiu correndo da loja e viu Sherry presa nos braços de Leo. Os momentos antes também tinham sido estressantes. Primeiro, Bricker ligou para dizer que viu os garotos de Leo em uma cafeteria bem em frente à entrada do beco atrás da loja. Lucian ordenara que estacionasse e os perseguisse.
Mas Bricker já tinha voltado e estava se dirigido a loja, com a intenção de chegar a Sherry e certificar-se de que ela estava bem. Lucian ligou para Basha enquanto caminhavam pela loja em direção a porta dos fundos, Basha avisou que já estava na entrada do café, e já havia avistado os homens lá dentro. Basil ligou para Bricker e o ordenou que ele e Alexander esperassem por ele e Lucian para ajudá-los a lidar com os quatro homens. Basil mal tinha desligado quando Elvi de repente irrompeu pela porta do escritório à frente deles. Ele não precisava que ela gritasse que Sherry tinha sumido ou que lhe dissesse que havia um problema, o rosto pálido e a expressão horrorizada da mulher tinham sido suficientes para fazê-lo passar correndo por ela e subir ao escritório. Seu corpo tremeu de pavor quando chegou no patamar superior e não encontrou Sherry.
— A porta dos fundos, —grunhiu Lucian bem atrás dele, e Basil começou a se mover de novo, descendo as escadas e saindo para o beco. Se lembraria do momento em que viu Leo segurando Sherry pelo resto de sua vida. Essa cena irá ficar marcada em sua mente e em seu próprio coração. O monstro tinha sua mulher, e Basil era incapaz de fazer malditamente nada para salvá-la. Ainda assim, ele teria tentado. Correu para a frente, pretendendo atacar o bastardo, o que provavelmente teria matado Sherry ou pelo menos machucado, mas ele não estava pensando. Felizmente, Lucian segurou seu braço para detê-lo.
Agora, dentro do escritório, em segurança, Basil se moveu para a cadeira atrás da mesa de Sherry. Ele pretendia colocá-la na cadeira, mas uma vez que chegou lá, se acomodou com ela no colo. Ele não estava pronto para deixá-la ir. Nunca poderia deixá-la ir de novo.
— E agora? —Sherry perguntou, e ele olhou para o rosto dela.
— Você vai me deixar transformá-la como eu queria ter feito na noite passada, —disse ele com firmeza, e quando seus olhos se arregalaram de surpresa, ele se viu subitamente irritado. — Você poderia ter morrido, Sherry. Leo tinha você e não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso. Você poderia ter morrido.
Sherry hesitou, mas depois apontou gentilmente: — Ser Imortal não protege realmente contra isso, Basil. Leo era Imortal e agora está morto.
Quando Basil olhou para ela sem expressão, ela suspirou e admitiu: — O que realmente eu estava me perguntando era, e agora como posso saber o sobrenome do meu pai?
— Oh. —Ele franziu a testa, e então olhou para a porta quando ela se abriu e Victor conduziu Elvi para dentro.
— Você está bem? —Elvi perguntou ansiosamente, correndo ao redor da mesa em direção a eles.
— Sim. Eu estou bem, de verdade. —Sherry começou a se levantar, mas Basil a segurou no lugar. Ela olhou para ele com surpresa e então se virou quando Elvi começou a falar novamente.
— Fiquei muito assustada quando voltei e percebi que você tinha desaparecido, e então eu vi que a porta dos fundos estava escancarada, e senti que Leo estava por trás disso, —Elvi balbuciou. Apertando as mãos, acrescentou: — Graças a Deus você está bem.
— Sim, mas o mais importante é que Stephanie está a salvo agora, —Sherry apontou com um sorriso, e Basil poderia ter apertado pescoço de sua mulher. Quem se importa se Stephanie está segura? Stephanie estava a salvo em Port Henry. Era ela quem quase morreu, caramba!
— Oh, meu, —respirou Elvi, arregalando os olhos. Aparentemente, isso ainda não havia ocorrido a ela. Agora que tinha, Basil não sabia dizer se ela iria explodir em lágrimas ou gritar de alegria. As lágrimas venceram e Elvi se virou para Victor e enterrou o rosto no peito dele, seus ombros tremendo.
Para diversão de Basil, Victor olhou para a mulher como se ela tivesse perdido a cabeça.
— Querida, isso é uma coisa boa, —ele apontou, seus braços automaticamente indo ao redor dela.
Elvi levantou a cabeça para soluçar: — Eu sei, —e depois enterrou o rosto no peito mais uma vez.
— Ela está feliz e aliviada, —disse Sherry, esfregando as costas da outra mulher com simpatia. — Deve ter ficado terrivelmente assustada por Stephanie. Elvi ficou muito chateada de ter que mandá-la a Toronto, longe dela.
— Aca-ca-bou, —Elvi chorou, cavando mais fundo no peito de Victor.
Victor olhou impotente da sua mulher para o irmão. — Eu ... ééé ... acho que devemos ... ééé ... —Desistindo de explicar, ele pegou Elvi em seus braços e se virou para as escadas, fez uma pausa e permitiu que Lucian e Bricker passassem por ele e entrassem no escritório. No momento em que o caminho ficou livre, porém, ele desceu as escadas que levavam à loja.
— O que diabos está acontecendo? —Bricker perguntou com espanto enquanto observava Victor levar Elvi para fora. — Primeiro Basil sai carregando Sherry para longe, e então Marcus sai carregando uma Basha arrasada e aos prantos, e agora Elvi está chorando e sendo carregada por Victor que está quase chorando também. As mulheres ficaram loucas ou isso é uma convenção de homens Imortais das cavernas?
Lucian estendeu a mão e deu um tapa no homem mais novo na parte de trás da cabeça.
— Ai! —Reclamou Bricker, esfregando o local. — O que foi?
— Tenha algum respeito, —Lucian retrucou. — Basha acabou de matar o homem que ela considerou seu filho por dois milênios. Não há vergonha dela chorar por isso.
— Sim, tudo bem, —concordou Bricker. — Entendi.
Lucian grunhiu e virou-se para espiar Basil, apenas para franzir a testa quando o jovem Caçador disse: — Mas e quanto a Elvi e Sherry?
— Eu queria tirar Sherry da cena o mais rápido possível. Ela não estava chorando, —apontou Basil. — Mas ela é mortal. Ver um homem decapitado e lidar com as consequências não é uma ocorrência comum para ela.
— Certo, eu também entendo isso, —Bricker falou, e então olhou de Basil para Lucian e perguntou: — Mas e Elvi?
Lucian franziu as sobrancelhas quando o rapaz pousou o olhar nele. Parecia óbvio para Basil que seu irmão não sabia por que Elvi estava chorando, mas, em vez de dizer que não sabia, simplesmente disse: — Ela é uma mulher. Elas não precisam de um motivo para chorar. Choram e acabou.
Sherry soltou o que soou suspeitamente como um bufo, seu corpo empurrando contra o dele, e então ela explicou para Bricker, — Elvi está aliviada que a vida de Stephanie não está mais em perigo. Tem sido uma grande pressão para ela se preocupar com a garota por todo esse tempo.
— Ah, —disse Bricker com compreensão. Mas agora Lucian estava carrancudo ainda mais.
— Ela deveria estar feliz agora então. Stephanie está a salvo, —assinalou Lucian.
— Ela está feliz, —Sherry assegurou pacientemente. — É por isso que ela estava chorando.
As palavras de Sherry só confundiram mais ainda Lucian. Balançando a cabeça, ele se virou para Bricker e disse: — Está vendo? É como eu disse, as mulheres não precisam de um motivo para chorar. Elas apenas fazem.
— Certo, certo. É melhor você não estar sugerindo que Leigh é do tipo chorona, —Bricker disse divertido. — Ela é a mulher mais forte que conheço. Só o fato de ter que aturar você ...
Lucian olhou furioso para o homem. — Ela chorava quando estava grávida. Muito. Marguerite me disse que era a culpa dos hormônios, —acrescentou ele, e depois estremeceu e confessou: — Estou feliz por poder termos filhos a cada cem anos.
Basil sorriu largamente. Ele sabia que Lucian amava sua esposa tanto quanto ele mesmo amava Sherry, e era tão bom vê-lo agir como um humano novamente. Seu sorriso desapareceu quando ele avaliou seus próprios pensamentos. Ele amava Sherry?
Sim, Basil reconheceu. Ele fazia. No começo, simplesmente quando notou que não podia ler ou controlá-la, aceitou que ela era sua companheira de vida. Era muito simples, como 1 + 2 = 3, sua incapacidade de ler mais a incapacidade de a controlar, era igual a companheira de vida em sua mente. Fim da história. Mas isso foi no começo. Agora ele tinha chegado a conhecê-la.
Basil conhecia as ambições de Sherry, sua determinação, até mesmo como ela havia se perdido no caminho da sua vida por um curto período. Ele gostava de seu senso de humor, sua inteligência e sua bondade. Ela tinha uma decência que tornava o mundo um lugar melhor e uma paixão igual à sua. Ela também tinha coragem. Nos últimos momentos, quando Leo segurava a sua vida nas mãos dele, ninguém poderia salvá-la sem um alto risco de matá-la. Sabendo disso ou não, sua mulher não aceitou ser uma vítima impotente daquele homem, a mercê dos caprichos de Leo, esperando ser salva, mas tomou a decisão em suas mãos e o esfaqueou bem nas bolas, fugindo para longe dele. Sherry se salvou no final.
Mesmo que ninguém mais estivesse lá, e se Basha não tivesse entrado na frente para cortar a cabeça no momento em que Sherry se afastou, Basil tinha certeza de que Leo não teria se recuperado rapidamente da ferida que Sherry lhe dera. O homem estava prestes a desmoronar no chão, gritando em agonia quando Basha para sempre o silenciou com sua espada. Se Sherry estivesse lá sozinha, tinha certeza de que ela teria tido tempo suficiente para escapar antes que Leo se curasse e fosse atrás dela. E Basil estava muito orgulhoso disso. Mas mais que isso, ele a amava por isso. E agora queria mais do que nunca que ela aceitasse se transformar e concordar em ser sua companheira de vida.
Ele queria que ela o amasse de volta. Precisava disso.
— Meu pai ainda está no beco? —Perguntou Sherry, interrompendo seus pensamentos.
Basil olhou para Lucian em sua pergunta e notou que ele estava olhando para ele com uma concentração silenciosa. Sem dúvida, Lucian estava ouvindo suas revelações. Ele não se importou. Ficaria feliz em gritar no telhado que ele amava essa mulher.
— Não, —Bricker respondeu quando Lucian simplesmente continuou a olhar para Basil. — Decker e Anders o levaram de volta para a casa dos Executores com os outros.
— Ah não. Temos que fazer alguma coisa. —Sherry começou a se esforçar para se levantar, e Basil voltou a segurá-la a princípio, mas depois a soltou e se levantou também. Ele sabia que ela queria descobrir o sobrenome de seu pai. Provavelmente esperava perguntar a ele antes que ele fosse levado embora.
— Na verdade, no momento, ela está mais preocupada com o bilau dele do que com o sobrenome, —grunhiu Lucian, provando que ele não estava apenas lendo o pensamento de Basil, mas também o de Sherry.
— Seu o quê? —Basil perguntou com um sobressalto.
— A punição por se envolver com uma mulher casada, —lembrou Lucian. — Eles rasgam o ... bilau, como Bricker chamou, não fui eu quem deu o termo, se você se lembra, —acrescentou ele com dignidade.
Basil olhou ao redor, com a intenção de acalmar Sherry, mas ela de alguma forma desapareceu durante os poucos segundos que ele tinha se distraído.
— Onde diabos ela foi? —Ele murmurou, movendo-se para o patamar entre as escadas que levavam até a loja, e as que levavam até a porta do beco. Ambas as portas estavam fechadas e ele não tinha ideia de que caminho ela tinha ido.
— Ela arrastou Bricker pela loja, —disse Lucian calmamente, seguindo Basil quando desceu as escadas. — Pretende que ele a leve para a casa dos Executores.
A loja parecia vazia quando Basil desceu, mas olhou em volta para ter certeza. Ele não viu ninguém, então correu para a calçada e olhou primeiro de um lado para o outro. Amaldiçoando quando ele não viu nem Sherry nem o jovem Caçador, voltou para a loja com impaciência, parou na porta abrindo-a e gritando: — Você vai se apressar, caramba! Onde estacionou seu carro?
— Relaxe, —disse Lucian secamente, saindo para a rua. — Bricker não vai sair sem mim. O SUV está ...
— O que foi? —Basil perguntou quando seu irmão parou com o braço meio levantado, apontando para o lado, choque cruzando suas feições.
— O merdinha foi embora sem mim, —disse Lucian com espanto.
Olhando na direção que Lucian começara a apontar, Basil viu o SUV preto que agora estava se fundindo ao tráfego. A palavra que ele xingou Bricker foi muito pior do que ‘o merdinha’ que Lucian chamou.
Capítulo 17
— Você sabe, Lucian vai ficar seriamente chateado com a nossa decolagem desse jeito, —Justin avisou enquanto entrava no tráfego.
— Eu não me importo, —assegurou Sherry. — Isto é urgente. O bilau do meu pai está nas minhas mãos.
— Ecaaaaa, isso soou muito errado, —Bricker falou.
— O que foi? —Sherry perguntou com perplexidade, então percebeu o que ela disse e estalou a língua com impaciência. — Você sabe o que eu quero dizer.
— Na verdade, eu não sei não, —ele informou a ela. — O Conselho decide essas coisas, Sherry. O bilau do seu pai não está em suas mãos.
Ela mordeu o lábio com esta notícia e então perguntou: — Bem, certamente, se eu disser a Mortimer que não quero que eles machuquem seu bilau uma centena de vezes, ele o deixará ir? Quer dizer, eu sou a vítima aqui. Bem, minha mãe é que foi, mas ela está morta, então isso me deixa a responsável de uma forma ou outra. Além disso, não há uma cláusula que trate sobre limites de tempo? Aconteceu trinta e dois anos atrás, pelo amor de Deus.
— Simmm, vou dar a volta no quarteirão e voltar a loja para pegar Lucian e Basil agora, —Bricker decidiu.
— O que? Por quê? —Sherry perguntou com uma carranca. — Eu queria chegar na casa antes deles e tentar convencer Mortimer a libertar meu pai para mim.
— Sim, mas isso não vai funcionar, doçura, —informou Bricker. — Você pode argumentar com Mortimer até ficar roxa, mas ele não vai soltar seu pai sem que Lucian ordene. E, —acrescentou ele secamente, — tudo que conseguiremos ao deixar Lucian para trás é que ele se irrite e fique menos propenso a ouvir seus pedidos.
Seus olhos se arregalaram em desânimo quando percebeu que o que ele disse provavelmente era verdade. — Marcha ré. Volte.
— Eu já estou voltando, —disse Bricker suavemente quando ele entrou na próxima esquina.
Sherry mordeu o lábio e começou a torcer as mãos, preocupada com a possibilidade dos homens terem saído da loja e percebido que ela e Bricker haviam partido. Quando Bricker chegou na próxima esquina, ela murmurou: — Eu gostaria que você tivesse dito isso antes. Por que você concordou em deixá-los em primeiro lugar?
— Porque eu queria saber o que você estava pensando, se planejava tentar tirar o seu pai da cadeia ou o que, —ele admitiu com um encolher de ombros, e então acelerou quando chegou na próxima esquina antes de dizer, — eu sou um Executor. É meu trabalho verificar que você não seria um problema.
Sherry virou-se para ele desanimada com a notícia.
Bricker captou sua expressão, sorriu e admitiu, — Eu também não resisti provocar Lucian e ver a expressão dele enquanto saia e o deixava para trás. —Seu sorriso se alargou em um sorriso saboroso, e ele assegurou: — a cara dele foi inestimável.
Com os olhos apertados, Sherry grunhiu: — Você é um provocador de merda.
— Sou mesmo, —ele concordou facilmente.
— Um pé no saco, —ela murmurou com desgosto.
— Oh, não seja assim, Sherry. Olhe para o lado bom, desse jeito você estará com eles o caminho inteiro até a casa, —ele apontou brilhantemente enquanto dava a volta seguinte. — Eles serão ouvintes cativos, incapazes de escapar de seus argumentos. Veja como tudo isso funciona tão bem?
Sherry apenas franziu o cenho novamente. Era óbvio que Bricker tinha um senso de humor distorcido. Isso a fazia se perguntar que tipo de mulher os nanos escolheriam para ele.
— Eu acho que Lucian vai querer o banco da frente, —disse Bricker com diversão.
Sherry olhou em volta para ver que eles pararam em frente à loja e Lucian agora estava do lado de fora da porta do passageiro, franzindo o cenho desagradavelmente. Ela considerou trancar a porta e fazê-lo entrar na parte de trás, mas não parecia a coisa inteligente a fazer quando queria algo do homem.
Destravando o cinto de segurança, ela deslizou para fora do assento e se arrastou para trás quando Basil abriu a porta para entrar ao lado dela.
— Nós pensamos que vocês tinham nos deixado para trás, —admitiu Basil quando ele fechou a porta e reivindicou o assento ao lado dela.
— Nós dirigimos ao redor do quarteirão, —ela murmurou enquanto colocava o seu cinto de segurança. Quando terminou e se endireitou, encontrou Lucian no banco do passageiro da frente, olhando para Bricker com uma expressão carrancuda. Ele, claro, poderia lê-la. Fazendo uma careta, apontou: — Nós voltamos para vocês — Bricker sempre planejou voltar. Você, no entanto, só concordou porque está preocupada com as joias da família de seu pai, —disse Lucian secamente.
— Você está? —Basil perguntou com preocupação, pegando a mão dela.
— Ééé ... na verdade, as joias da família não estão em perigo, —anunciou Bricker. — Joias da família são os testículos, Lucian. Não o bilau.
— Bem, então me dê outro nome para o item em questão, porque eu não estou dizendo bilau novamente. É ridículo.
— Você acabou de fazer ... disse o nome, quero dizer, —brincou Bricker, e quando Lucian fez uma careta para ele, encolheu os ombros.
— Certo, bem, vamos ver, que tal ‘cutucador de tornozelo’?
Sherry piscou para o nome. — Cutucador de tornozelo? Sério? Nenhum homem é tão grande assim.
Justin considerou por um minuto. — Certo, então, que tal badalo ou anaconda?
Quando Lucian simplesmente fez uma careta para ele, ele deu de ombros e ofereceu mais sugestões.
— Passarinho? Fazedor de xixi? Bráulio? Banana? Piroca? Berimbau? Salsichão? Cacete? Dito cujo? Espada? Pinto? Nabo? Foguete? Minhoca? Bengala? Vara? Amigão? Cajado? Jibói ...41
— Chega! —Lucian gritou, e quando Bricker parou e olhou para ele interrogativamente, Lucian disse: — Eu não sei o que me alarma mais, que você tenha tantos nomes para apelidar o pênis ou o que isso significa em relação a quanto tempo você gasta pensando em pau. —E então arqueando uma sobrancelha, ele perguntou: — Há algo que você gostaria de nos dizer, Bricker?
— O que? —Justin disse com desânimo, e então ele gritou: — Não! Eu li uma vez em um site que tinha mais de duzentos apelidos para ele. Esses são apenas os que eu me lembro.
— Hum-rum, —Lucian murmurou duvidosamente. — Bem, desde que você acabou de passar por um sinal vermelho, eu sugiro que você pare de pensar sobre pau e preste atenção na estrada.
— Tudo bem, —Bricker estalou, e depois murmurou: — Céus, tente ajudar um cara e você será julgado ...
Lucian o ignorou e se virou em seu assento para espiar Sherry. — Então ... você está preocupada com o equipamento do seu pai.
— Sim, claro, —disse Sherry com cara feia. — Você não estaria?
— Eu não poderia me importar menos com o equipamento do seu pai, —assegurou Lucian secamente.
— E se fosse seu pai? —Sherry perguntou severamente. — E pare de falar sobre o equipamento do meu pai. De acordo com vocês, ele se curaria, mas eu estou preocupada com a dor que essa punição irá causar.
— Você não acha que ele merece isso? —Lucian perguntou suavemente. — Sua mãe quase se matou e a você, —acrescentou ele pesadamente, — por causa do que ele fez com ela.
— Mas ela não se matou, —disse Sherry calmamente. — E ele passou os últimos trinta e dois anos tentando compensar isso. Vocês não têm uma cláusula sobre limites de tempo em seus crimes?
— Querida, —disse Basil calmamente, pegando a mão dela. — Se deixarmos que ele fique impune, podemos ser acusados de favoritismo, porque ele é seu pai. Não podemos ter uma lei para nós e outra para aqueles que não estão conectados à família.
— Além disso, —disse Lucian, — os outros podem pensar que estamos amolecendo nas nossas punições e acabarem repetindo o erro, esperando que não sejam punidos por nós também.
Sherry rangeu os dentes com frustração, mas foi Justin quem disse: — É uma lei bárbara mesmo assim. Quero dizer, os tempos mudaram. O divórcio é mais comum e os maridos geralmente não matam esposas por infidelidade ... bem, não na maioria dos países.
— Então, isso dá ao Imortal o direito de usar nossas habilidades para interferir em um casamento que, de outra forma, poderia estar bem? —Lucian perguntou. — Para fazer uma mulher a concordar com o sexo quando ela não teria feito?
— Não, eu suponho que não, —disse Justin com um suspiro, e depois e acrescentou: — Mas se essa é a preocupação, então a lei deve ser aplicada a mulheres Imortais agora também. Uma mulher tem a mesma probabilidade de se divorciar do marido se ele for infiel como um homem é agora. Pelo menos aqui no país que vivemos.
— Ele está certo, —disse Basil solenemente. — Quando fizemos a lei, os homens mortais tinham amantes, claro. A esposa não só sabia disso muitas vezes, e outras até esperava que o marido tivesse. Agora ... —Ele encolheu os ombros.
Lucian assentiu. — Teremos que revisar a lei.
— Não me importo com a sua lei, eu me importo com o meu pai, —disse Sherry com frustração. — Ele tentou fazer as pazes. Pelo que eu sei, nem sequer namorou desde então.
— O que? —Bricker perguntou com espanto, encontrando seu olhar no espelho retrovisor. — É sério?
— Tanto quanto eu sei, ele nunca namorou ninguém quando estava no papel de Lex ou Zander. E na época quando eu era jovem, não acho que ele tenha feito isso como tio Al também.
Houve um momento de silêncio e depois Lucian e Basil trocaram um olhar antes que Lucian dissesse. — Vamos conversar com seu pai quando chegarmos a casa. Vou lê-lo e ver o que ele fez ou não fez.
— E então? —Sherry exigiu.
— E então veremos, —ele disse simplesmente.
— Talvez você possa lhe dar uma sentença alternativa, —sugeriu Sherry. — Você sabe, liberdade provisória permanente ou qualquer outra coisa. Enquanto ele nunca mais cometer o mesmo erro estará bem. Mas se fizer novamente, receberá a punição em dobro.
— Veremos, —foi tudo o que Lucian disse, e então se virou e encarou a frente, deixando óbvio que a conversa estava encerrada.
Sherry relaxou no banco com um pequeno suspiro e depois olhou para Basil quando ele apertava a mão dela.
— Você não parece estar tão zangada agora com seu pai como estava mais cedo, —ele apontou solenemente.
Sherry fez uma careta e então admitiu: — Elvi disse algumas coisas que me fizeram pensar, e então quando Leo me pegou ... —Ela mordeu o lábio quando se lembrou do medo, mas superou e disse: — Lembrei-me do que ele fez de bom todo esse tempo para mim em vez do que fez de ruim. Ele foi basicamente meu pai quando criança, depois que meu irmão morreu, me levou para as aulas, para o centro de ciências, ajudou-me com o dever de casa ... preparava meu jantar de vez em quando, quando minha mãe trabalhava até tarde. Ele era péssimo nisso, —ela admitiu com um sorriso torto. — Mas ele tentava.
— Parece que ele tentou preencher o buraco deixado por Richard Carne quando se separou de sua mãe, —disse Basil calmamente.
— Mais do que preencheu, —disse Sherry em um suspiro. — Me deu mais atenção e foi mais pai do que Richard Carne nunca foi.
— E então ele saiu e voltou para sua vida como Lex, —disse Basil suavemente.
Sherry assentiu. — Como Lex foi meu melhor amigo, mas ... bem, eu pensava nele como um irmão mais velho, mas a verdade é que ele ainda era uma figura paterna. Ainda fazia todas as coisas que tinha feito antes, me aconselhava sobre os cursos a serem feitos, ajudava-me com tarefas quando me deparava com dificuldade, certificava-se de que eu estava sempre alimentada quando me envolvia em estudos e outras coisas.
— E como Zander? —Perguntou Basil.
— A mesma coisa. Ele era meu funcionário e supostamente mais novo que eu, mas sempre esteve lá para mim, oferecendo-me apoio e encorajamento e ajudando o quanto pudesse.
— Parece que ele dedicou muito do seu tempo a você, —disse Basil calmamente, e depois acrescentou: — Como pai sei o quanto é difícil acertar, Sherry. Somos humanos, cometemos erros, mas ele parece ter se esforçado muito para ser um bom pai para você, dadas as circunstâncias.
Sherry assentiu e então olhou para as mãos entrelaçadas e admitiu: — Você está certo. Ele realmente se esforçou. —Ela fez uma careta e depois acrescentou: —Eu não estou feliz que ele me controlou, mas percebi depois de falar com Elvi que é o que os pais fazem. Os pais mortais usam punições, argumentos e outras maneira para controlar seus filhos. É trabalho dos pais manter seus filhos longe das drogas ou de outras coisas que possam prejudicá-los e torná-los pessoas decentes e autossuficientes. E sei que isso é algo cada vez mais difícil de realizar nessa sociedade. Alguns pais nem se incomodam, mas Alexander, pelo menos, tentou, e ele sempre esteve lá por mim.
Ela ficou em silêncio, e quando Basil não disse nada, ergueu o olhar para ele incerta, e então parou, observando sua expressão. Ele estava olhando para ela, uma suavidade em seus olhos que ela nunca tinha visto antes. Mordendo o lábio, ela inclinou a cabeça e perguntou: — O que foi?
— Deus, eu te amo Sherry Harlow Carne, —ele rosnou, e então a beijou. Não era um beijo devorador apaixonado habitual, mas uma carícia delicada, e Sherry sentiu seu coração inchar e seus olhos se encher de lágrimas, e então sua língua deslizou entre seus lábios e sua calcinha estava em chamas. Deus querido, o homem era fogo para sua gasolina. Tudo o que ele tinha que fazer era beijá-la e ela estava pronta para rastejar em seu colo e montá-lo em qualquer lugar ... e ela não se importava particularmente que Lucian e Bricker estivessem lá.
— Se vocês dois puderem se desgrudar, já chegamos, —disse Lucian secamente do banco da frente.
Sherry gemeu de decepção e encostou a testa no peito de Basil quando ele relutantemente rompeu o beijo. Os dois permaneceram imóveis enquanto recuperavam a compostura, e então Sherry recuou para o assento e olhou em volta para ver que tinham passado pelos portões e estavam parados em frente à casa.
— Espero que você queira conversar com seu pai ainda, —disse Lucian, soltando o cinto de segurança. — Basil pode levar você. Vocês têm dez minutos.
Sherry franziu a testa para o homem autoritário, mas estava começando a ver que era impossível discutir com ele, então não se incomodou. Em vez disso, rapidamente soltou o cinto de segurança e saiu do SUV.
— Onde ele está? —Ela perguntou a Basil enquanto ele fechava a porta. — Nas celas perto do canil?
Quando Basil acenou com a cabeça, Sherry pegou sua mão e andaram naquela direção.
— Você quer falar com ele sozinho? —Basil perguntou quando chegou à porta do anexo atrás da casa e de repente parou, sem chegar a abrir a porta.
— Não, —ela disse rapidamente, girando para encará-lo. — Não, eu quero você lá, —e então soltou, — eu te amo, —e virou para abrir a porta.
Sherry estava a meio caminho da primeira cela quando percebeu que Basil não estava mais com ela. Franzindo a testa, ela correu de volta para a porta e a abriu para vê-lo de pé onde ela o deixou, parecendo como se tivesse sido atingido na cabeça.
— Basil? —Ela disse impaciente.
Seu olhar cintilou em seu rosto. — Você me ama?
Sherry franziu a testa, seu olhar indo por cima do ombro até o prédio que abrigava seu pai, mas depois suspirou e deu um passo para fora.
Parando na frente dele, ela estendeu a mão para segurar seu rosto e disse: — Sim, Basil. Eu te amo. —Ela seguiu com um beijo suave, mas se afastou antes que ele pudesse aprofundar e girou de volta para a porta, acrescentando rapidamente, — Agora vamos. Podemos falar sobre isso depois. Nós só temos dez minutos.
— Certo. Depois. Dez minutos, —murmurou Basil, parecendo confuso, mas quando ela começou a subir o corredor e olhou para trás, Basil a acompanhava dessa vez. Ele também estava usando um sorriso bobo agora, ela notou, e se viu usando um também. Merda, ela o amava.
Balançando a cabeça, Sherry tomou o saguão da esquerda logo depois do escritório e correu para frente. Ela não podia ouvir os cachorros desta vez, então supôs que eles estavam na casa sendo mimados por Sam, ou arruinados, como Mortimer disse. Esse pensamento a fez sorrir, e então empurrou a porta que levava ao corredor de celas e seu sorriso desapareceu.
Encontrou seu pai na segunda cela à direita. Ele estava sentado em uma cama, um livro na mão. Mas rapidamente fechou e ficou de pé quando a viu.
— Oi, —ele disse incerto quando Sherry apenas olhou para ele.
— Oi, —ela murmurou de volta, encontrando-se recuando até que bateu contra o peito de Basil. Relaxou um pouco quando os braços dele deslizaram ao redor dela, e então disse: — Qual é o seu sobrenome? Você é meu pai e eu nem sei seu nome todo.
Alexander suspirou e largou o livro na cama, depois deu alguns passos para mais perto das grades. Ele fez uma pausa, porém, quando Sherry endureceu novamente.
— Eu te disse, meu nome é Alexander, —disse ele suavemente.
Sherry se moveu impaciente e avançou um passo, sem querer sair dos braços de Basil. — Eu sei disso. Mas Alexandre, do que? Você era Lex Brown e Zander ...
— Marrone, —ele respondeu antes que ela pudesse terminar.
— Oh, —disse Sherry, e depois repetiu o nome. — Alexander Marrone. Eu suponho que está tudo bem.
— Fico feliz que você aprove, —disse seu pai com diversão, e então olhou para Basil quando ele se mexeu ao lado de Sherry.
— Você é o filho de Reg? —Basil perguntou com curiosidade. — Aquele que está desaparecido por ...
— Trinta e três anos, —Alexander terminou para ele secamente quando Basil fez uma pausa com realização repentina. — Agora você sabe onde eu estava e por quê.
— Seu pai ainda está vivo? —Sherry perguntou a Alexander com surpresa, e quando ele acenou com a cabeça, virou-se para Basil e disse: — E você conhece o pai dele?
Basil assentiu. — O pai de Alexandre, seu avô, faz parte do Conselho, Sherry.
Seus olhos se arregalaram incrédulos quando ele disse a palavra avô. Ela tinha família além das tias e tios que via apenas algumas vezes por ano? Não tinha ideia de como se sentir sobre isso.
Enquanto virava isso em sua mente, Basil olhou para o pai dela e disse: — Eu sei agora onde você estava, mas não necessariamente por quê.
Alexander fez uma careta. — Meu pai é um homem muito controlador e ...
— Controlador? —Sherry interrompeu secamente, e a expressão de seu pai se encheu de vergonha.
— Sim, eu acho que a maçã realmente não cai longe da árvore, querida, —ele disse com um suspiro. — Sinto muito por controlar você. Eu não conseguia pensar em mais nada para fazer no momento, e estava tão preocupado, mas hoje, quando você ficou chateada ... —Alexandre balançou a cabeça. — O que você disse não foi diferente do que eu disse ao meu pai antes de sair de casa da última vez que discutimos, —ele admitiu.
Sherry ergueu as sobrancelhas e perguntou: — Quantos anos você tem?
— Cinquenta e dois, —ele respondeu baixinho.
— Então você tinha vinte anos quando conheceu minha mãe? —Ela perguntou surpresa. Todos os Imortais que ela conheceu até agora eram mais de cem. Seu pai era um bebê em comparação, praticamente como um mortal.
— Dezenove, na verdade, —ele admitiu, ruborizando, e depois acrescentou: — Um garoto de dezenove ignorante, muito arrogante, que achava que sabia de tudo e, como se viu, não conhecia uma coisa maldita.
Sherry virou-se para Basil. — Ele era apenas uma criança. Quer dizer, praticamente um bebê para vocês. Certamente o Conselho levará isso em conta?
— Sherry, —disse Alexander em voz baixa. Quando ela se virou para ele, ele balançou a cabeça. — Eu não quero que você se preocupe com o Conselho ou com a minha punição. Isso não é da sua conta, e ... —ele acrescentou firmemente quando ela começou a protestar, — estou disposto a aceitar o castigo que for decidido. —Ele fez uma pausa e sorriu ironicamente. — Quero dizer, não estou ansioso por isso, mas ... —Ele encolheu os ombros. — O mereço.
— Mas ...
— Escute-me. Preciso que você entenda, —ele interrompeu baixinho.
Sherry suspirou, mas fechou a boca, depois olhou em volta e sorriu em gratidão quando Basil se mexeu atrás dela para puxá-la contra seu peito e segurá-la novamente.
— Como você disse, eu era criança, mas estava indo pelo caminho errado. Eu tinha um amigo, Ben, que me conseguia sangue batizado e ...
— O que é sangue batizado? —Sherry perguntou com confusão.
— Sangue de mortais que ingeriram álcool ou drogas, —disse Basil calmamente.
Os olhos de Sherry se arregalaram. — Você estava mordendo mortais?
— Não, —assegurou ele. — Eu não tinha ido tão longe dos trilhos. Era sangue ensacado e só álcool na mistura. Eles vendiam no Night Club ou podia encomendá-lo no caso, se você quisesse em casa.
— Oh. —Sherry relaxou.
— De qualquer forma, —Alexander continuou, — comecei a me indignar, ficando um pouco selvagem, fazendo coisas estúpidas. Apenas coisas mesquinhas, realmente, mas foi o suficiente. Meu pai veio e puxou minhas orelhas. Eu decidi com minha arrogância que ele era um idiota, que não tinha a menor ideia, disse para ele ir para o inferno e sair correndo.
— Pelo o que conheço de Reg acho difícil acreditar que ele tenha aceitado isso bem, —disse Basil secamente.
— Sim, eu percebi que você o conhecia quando você o chamou de Reg pela primeira vez, —disse Alexander com um sorriso irônico. — Ele faz a maioria das pessoas chamá-lo de Regulus. Apenas seus amigos o chamam de Reg.
— Temos servido no Conselho juntos por um longo tempo, —disse Basil com um encolher de ombros.
Alexander assentiu. — Para falar a verdade, não sei como ele aceitou. Eu queria ir o mais longe que pudesse, em algum lugar onde ele não me encontraria.
— E você escolheu o Canadá? —Sherry perguntou com um estremecimento. — Por que não em algum lugar quente e agradável como a Flórida?
— Querida, você tem uma hora e meia a mais de escuridão aqui no sul de Ontário no inverno do que na Flórida. Para uma dupla de jovens vampiros ansiosos para festejar, quanto mais a escuridão durar, maior a festa. Além disso, alguém nos disse que as garotas ... ééé ... mais amigáveis estavam aqui.
— Esses foram seus fatores decisivos? —Ela perguntou secamente. — Escuridão e garotas amigáveis? Mesmo? Deus, você um garoto.
— Todos nós fomos uma vez, —disse ele com diversão.
Balançando a cabeça, ela acenou para ele continuar. — Então você e Ben vieram para o Canadá e ...?
— Sim. —Ele suspirou. — Estava longe de casa, meu pai não sabia o que eu estava fazendo e não podia me castigar, e fiquei um pouco louco. Nós sempre estávamos festejando. Comprávamos sangue batizado ensacado, e para falar a verdade, acho que Ben pode ter nos comprado algumas bolsas do mercado negro, coisas que não deveríamos ter experimentado. Houve um par de vezes em que sei que tinha mais do que álcool nessas bolsas. —Ele fez uma breve pausa, sua expressão reflexiva, e então suspirou e balançou a cabeça.
— De qualquer forma, esse é o estado em que eu estava quando conheci sua mãe.
Alexander encontrou seu olhar e admitiu: — Eu disse que não sabia que ela era casada, que simplesmente mergulhei em sua cabeça para ver se ela estava atraída por mim e foi só isso. E isso é verdade, mas o fato é que eu não estava em condições de mergulhar mais fundo do que isso. Estava tão fora de mim, nem tenho certeza se eu não tive em algum momento uma pista de que ela era casada. Quer dizer, é possível que uma das outras garotas tenha dito alguma coisa, não é? Se assim foi, eu estava muito longe para ouvir.
Basil se mexeu atrás dela, e Sherry olhou por cima do ombro para ver que agora ele estava franzindo a testa. Depois de uma hesitação, ele disse: — Os nanos teriam limpado seu sistema com relativa rapidez. Você disse que se sentou com elas até elas irem embora. Você deveria estar lúcido até então e ... Oh, —ele terminou com um suspiro.
— O que 'oh'? —Sherry perguntou, franzindo a testa agora enquanto se voltava para seu pai.
— Basil acabou de ler minha mente, —Alexander explicou a ela, e depois disse: — O que ele encontrou foi que, como eu disse, nós estávamos comprando em lotes. Tínhamos uma caixa na parte de trás do nosso carro na maioria das noites, incluindo essa com sua mãe, então quando o efeito do sangue batizado começava a passar, pedíamos licença por um momento, escorregávamos para o banheiro masculino e nos abastecíamos com o sangue batizado, tomávamos uma bolsa ou três.
— Você estava uma bagunça, —disse Sherry solenemente.
Ele assentiu. — Para dizer a verdade, se sua mãe não tivesse sido tão excepcionalmente amável, eu não tinha certeza se a teria reconhecido no pronto-socorro quando eles a trouxeram. Não me lembrava da maioria das mulheres com quem dormi durante esse tempo.
Sherry mordeu o lábio. Estar bêbado não era desculpa para o que ele fez, mas certamente o atenuava um pouco, não é?
— Eu não estou lhe contando isso como uma desculpa. Estar no estado em que me encontrava não tira a responsabilidade pelas minhas ações. Eu escolhi estar nesse estado, e então fui para mundo e fiz exatamente o que meu pai disse que eu faria, que acabaria machucando alguém, —Alexander disse baixinho agora. — Não sabia disso até dois meses depois, mas eu fiz. E quando percebi... bem, foi um alerta, um despertar. Não toquei em sangue batizado desde o dia em que vi sua mãe sendo levada para o pronto-socorro.
— Sherry disse que achava que você não namorou ninguém desde então, —disse Basil, e era uma pergunta.
Alexander assentiu. — Não foi porque... bem, eu só dediquei todo o meu tempo a Sherry e não tive tempo para as mulheres. —Ele desviou o olhar para Sherry e avançou para segurar as barras enquanto dizia: — Então como você pode ver, realmente mereço uma punição. E não será tão ruim. Eu tinha apenas dezenove anos e ainda sou jovem, então me recupero rapidamente. Acabará em pouco tempo, —ele disse com falsa bravata.
Sua expressão ficou séria e ele disse: — Eu só ... você é minha filha. Eu te amo, Sherry, desde o minuto em que coloquei os meus olhos no seu rostinho enrugado e vermelho no hospital. Espero que você venha a me perdoar pelo que fiz a você, assim como a sua mãe. Quero continuar a fazer parte da sua vida.
Ela tinha um pai. Alguém que sempre esteve lá por ela e sempre estaria, Sherry percebeu. Lágrimas borrando seus olhos, antes que pudesse responder, virou a cabeça ao som de uma porta se abrindo. Lucian entrou no corredor com Mortimer em seus calcanhares. Seus dez minutos terminaram.
Virando-se para o pai, ela chegou através das barras e apertou sua mão dizendo: — Você sempre esteve aqui para mim. Eu também te amo, —e virou-se, passando por Lucian e Mortimer com a cabeça baixa, não querendo que eles vissem suas lágrimas.
Ela não diminuiu a velocidade até estar do lado de fora do prédio, e então girou, agarrando Basil na frente da camisa e perguntou: — Ele estava mentindo quando disse que tudo acabaria em pouco tempo, não estava?
Basil fez uma cara desagradável. — Temo que sim. Mesmo que ele tenha apenas dezenove anos, leva tempo para se curar entre cada uma ... ééé ...rodada de punição, —ele terminou finalmente.
— Então você precisa fazer duas coisas para mim, —disse Sherry com firmeza.
— E o que seriam elas? —Ele perguntou cautelosamente.
— Você precisa conseguir para mim algumas bolsas de sangue batizado desse mercado negro, o sangue de alguém que tomou morfina, talvez. E precisa me levar para vê-lo um pouco antes das seções de punição, o mais próximo possível.
— Querida, —disse Basil em um suspiro. — Os nanos removerão a morfina de seu sistema muito antes que a punição seja feita.
— Talvez, mas talvez não. Se os nanos estiverem ocupados curando-o, eles podem deixar a morfina até que estejam terminados, —ela apontou, e quando ele parou para pensar nisso, Sherry acrescentou: — E é melhor do que não fazer nada.
Ele olhou para ela em silêncio por um momento, e então suspirou e assentiu. — Tudo bem.
— Sério? —Perguntou surpresa.
Basil assentiu. — Eu te amo, Sherry. E não quero ver você infeliz ou preocupada com o castigo do seu pai, então se isso te ajudar, farei isso.
— Você realmente não acha que vai funcionar, não é? —Ela perguntou com um suspiro.
— Eu não sei, —ele admitiu solenemente, e ela acreditou nele.
O que significava que poderia funcionar, Sherry pensou esperançosa, e então permitiu que sua mente se movesse para o que estava tentando afastar as preocupações de seu pai, — Você disse no SUV e então novamente agora que me ama? Você quis dizer isso mesmo?
— Sim, —ele disse simplesmente, sua expressão séria.
— Mas nós não nos conhecemos há muito tempo e ...
— Você não quis dizer isso quando me disse que me ama? —Basil interrompeu com preocupação.
— Oh, sim, —ela assegurou-lhe, escorregando em seus braços. — Eu percebi isso quando Leo me pegou. Você é perfeito para mim, Basil. É uma alma gentil com tanto amor para dar. Você é um cavalheiro e tem um ótimo senso de humor. Eu nunca sorri tanto com alguém como eu tenho feito com você, e ... —Ela encolheu os ombros, impotente. — Estou feliz ao seu lado. Não me sinto ansiosa ou preocupada. Não tenho que fiscalizar o que eu digo ou penso por medo de que você pense menos de mi. Posso ser eu e sei que é o suficiente.
— É mais do que suficiente, —assegurou Basil e inclinou-se para beijá-la, mas ela o deteve com uma das mãos na boca.
Arqueando uma sobrancelha, Sherry perguntou: — Você não vai me dizer por que você me ama?
Endireitando-se, ele assentiu, pegou a mão dela e começou a atravessar o quintal.
— Onde estamos indo? —Ela perguntou com surpresa.
— Em algum lugar que podemos conversar, —anunciou Basil, caminhando rapidamente, e momentos depois ele estava empurrando-a através de um conjunto de portas francesas e em que parecia ser um cruzamento entre um escritório e uma biblioteca.
— De quem é o escritório? —Sua pergunta terminou em um suspiro assustado quando Basil de repente a puxou em seus braços e a beijou. Sherry hesitou, mas depois deslizou os braços ao redor dele e o beijou de volta, seu corpo pressionando ansiosamente contra ele.
Quando ele quebrou o beijo e mordiscou seu caminho até o ouvido dela para dizer: — Cérebro, —ela piscou e se afastou com choque.
— Hã?
— Eu amo o seu cérebro, —explicou ele. — Você queria uma lista de coisas que eu amo em você e essa é uma delas. Eu amo o jeito que você pensa.
— Oh, —ela disse com alívio, — Por um minuto pensei que tinha ido da Hora do Espanto para Zumbilândia42.
— O quê? —Ele perguntou com perplexidade, aparentemente sem entender a associação.
— Não importa, —ela disse, e sorriu. — Eu gosto do jeito que você pensa também.
— Humm. —Basil puxou-a para mais perto e inclinou-se para beijar seu pescoço. — Eu também amo o seu senso de humor. E você também me faz rir mais do que antes.
— Isso é bom, —Sherry suspirou, inclinando a cabeça para fora do caminho enquanto os lábios dele arrastavam por sua garganta e ao longo do colarinho da camiseta decotada no pescoço que ela vestira naquela manhã.
— E eu acho você gentil também, —disse ele, puxando o decote para baixo para que pudesse correr a língua ao longo do topo do sutiã. — E generosa. Eu também gosto disso, —ele adicionou, pegando a borda do sutiã e puxando-o para baixo e liberando o seio dela, — E eu amo seus mamilos, —ele murmurou enquanto pegava um, segurando-o entre os dentes.
Sherry gemeu e agarrou sua cabeça e um ombro enquanto ele a mordia e sugava.
Soltando seu mamilo, ele levantou a cabeça e acrescentou: — E eu amo sua paixão, —quando ele deslizou a mão entre as pernas dela e segurou-a através de seu jeans, pegou seu gemido animado com a boca enquanto a beijava novamente.
Sherry chupou violentamente a língua dele e se moveu contra a mão dele enquanto ele aplicava pressão. Então ela deslizou a própria mão para baixo e o tocou através de seu jeans, pressionando sua dureza firmemente.
— Deus, eu amo a sua paixão, —Basil murmurou, pegando-a atrás das coxas e levantando-a, colocando na ponta da mesa.
— Basil, —Sherry gemeu, pegando-o pelos quadris e puxando-o entre as pernas e para cima apertado contra ela.
— Eu também amo o seu cabelo. —Ele pegou um punhado e puxou a cabeça para outro beijo, em seguida, puxou mais forte até que seu rosto estava inclinado para cima e seu pescoço estava nu e mordiscou sua pele antes de acrescentar: — sua pele também. Tão suave, tão redondos.
Redondos? Sherry piscou os olhos abertos com confusão, mas depois ele soltou o cabelo dela e as mãos dele estavam firmemente segurando seus seios através de seu top. Oh eram eles que são redondos, ela pensou.
— Eu sinto que posso ser eu mesmo quando estou com você, —ele acrescentou, amassando seus seios.
— Oh, sim, —Sherry engasgou, envolvendo as pernas ao redor dele e puxando-o mais apertado contra ela. — Eu gosto quando você é você mesmo, especialmente quando você está dentro de mim. Talvez nós poderíamos... —Alcançando entre eles, ela começou a desfazer as calças, e Basil deu uma risada ofegante.
— Deus, eu amo o seu cérebro, —ele murmurou, mas afastou a mão dela e pegou-a da mesa e em seus braços.
— O que ...?
— Um quarto, —explicou Basil, levando-a até a porta. — Este é o escritório de Mortimer. Ele poderia voltar aqui e ...
— Oh, —Sherry suspirou, e inclinou a cabeça na curva do pescoço dele, em seguida, passou a língua, lambendo-o, depois mordendo-o, e então começou a chupar levemente, uma mão se movendo sobre as costas e a outra sobre o peito, e Basil rosnou.
— O que foi? —Ela perguntou inocentemente.
— Coloque seus seios de volta em sua blusa e abra a porta, —ele ordenou.
— Humm, —Sherry murmurou enquanto fazia o que ele pediu, primeiro puxando o decote para cobrir o seio livre e, em seguida, estendendo a mão para abrir a porta. — Eu adoro quando você é todo mandão e dominador.
— Assim como eu sou.
Basil parou abruptamente com aquela voz, e Sherry suspirou, suspeitando que não haveria nenhum quarto agora, quando reconheceu a voz de Lucian. Pelo jeito ele e Mortimer tinham acabado a conversa com o pai dela, pensou enquanto notava a presença do homem loiro atrás de Lucian.
— Obrigado por terem o bom senso de não começarem algo no escritório, —disse Lucian secamente. — Eu tenho flagrado bastante casais no meio do coito ultimamente, obrigado.
Sherry mordeu o lábio ante a palavra coito. Esses irmãos eram tão bonitinhos com sua terminologia antiga. Sorrindo torto, ela comentou: — Você faz soar como se isso fosse uma ocorrência diária.
Lucian soltou um suspiro. — Há pelo menos uma dúzia de casais recém-acasalados entre aqui e Port Henry ...
— Provavelmente mais perto de vinte, —Basil demorou com diversão.
— Sim, você pode estar certo, —Lucian murmurou, e então suspirou e disse: — O ponto é: é como viver em um canil cheio de cães quando as cadelas estão no cio. Os companheiros de vida não conseguem manter as mãos longe um do outro. Eu já os encontrei na cozinha, no escritório, na sala de estar, no banheiro, nos veículos, nas celas, no quintal e até no armário de casacos.
— Armário de casacos? —Basil perguntou com interesse.
— Nem pense nisso, —disse Lucian, sombrio, e depois ficou de lado para eles passarem. — Vocês dois podem usar o quarto que Sherry usou na última vez que ficaram aqui. Seu avô vai ficar no quarto que Basil estava.
— De quem é o avô? —Perguntou Sherry, confusa, olhando para Basil enquanto ele avançava.
— Seu, senhorita, —disse Lucian secamente. — Eu chamei Reg Marrone, quando estava nas celas. Seu pai falou com ele e ele está voando para vê-lo e conhecê-la. Ele está trazendo sua avó e eu acredito que uma de suas tias.
— Para me conhecer? —Sherry gritou, girando de Lucian para Basil com alarme.
— Eles estarão aqui de manhã, —disse Lucian, com a voz sumindo enquanto Basil a levava escada acima.
— Basil, —ela falou preocupada quando ele a levou para o quarto que havia ficado na primeira noite que passou nesta casa. — Talvez não devêssemos ...
— A manhã está a horas de distância, —disse ele suavemente, deixando cair os pés no chão.
— Sim, mas temos que descobrir o que dizer a eles. Eu quero que a família do meu pai goste de mim e aceite você.
— Eles vão amar você tanto quanto eu, —assegurou Basil, puxando a blusa para cima e sobre a cabeça quando ela levantou automaticamente os braços. Desabotoando e abrindo a calça jeans, acrescentou: — E seu avô e eu já somos amigos. Já nos conhecemos a muito tempo.
— Sim, mas ... —Sherry fez uma pausa para sair do jeans quando ele se ajoelhou para removê-los.
— Mas o que, querida? —Ele perguntou, puxando sua calcinha para baixo.
— Isso foi como um amigo, não como companheiro de sua neta, —ressaltou.
Basil se endireitou abruptamente. — Você quer se casar comigo?
Ela piscou surpresa. — Bem, claro. Eu não estou concordando em ser transformada se nós não nos casarmos também.
— Você está concordando em se transformar? —Ele perguntou alegremente, e quando ela assentiu, deslizou seus braços ao redor dela, levantando-a para balançá-la.
— Coloque-me no chão, —protestou Sherry em uma risada.
Em vez disso, Basil deu-lhe um beijo duro e depois prometeu: — Você não vai se arrepender. Juro que farei de tudo, todos os dias para ter certeza de que você é a mulher mais feliz do mundo.
— Eu já sou, —ela assegurou gentilmente.
Sorrindo, ele a deixou escorregar e começou a se inclinar para beijá-la, mas de repente parou. — Espere um minuto, o que você quer dizer como amigo e não como companheiro de sua neta? Por que ele não iria me querer como companheiro de sua neta?
Sherry enrugou o nariz. — Ele pode não gostar muito do modo como você tem espalhado sua semente por todos esses séculos. Eu quero dizer, um homem que tem cinquenta filhos, sendo companheiro para sua doce neta? Pode ser uma preocupação.
— Não são cinquenta filhos, são ... —Basil se cortou, estreitando os olhos quando notou o brilho de diversão nos olhos dela. — Você está me provocando.
— Eu estou, —ela concordou, e estendeu a mão para começar a desabotoar sua camisa. — Você disse que gosta do meu senso de humor.
— E gosto, —assegurou-lhe, chegando a acariciar seus seios. Ele deixou que ela tirasse a camisa, mas quando desceu para trabalhar no jeans, ele acrescentou: — Mas você ainda terá que ser punida.
— Que tipo de punição? —Sherry perguntou, olhando para cima com um sorriso enquanto abaixava o zíper.
Basil gemeu, seus olhos se transformando em prata pura e sua semi ereção se tornando uma total em um piscar de olhos. Sherry olhou para a tenda agora passando pelo zíper aberto e sorriu, então deu um pequeno suspiro de surpresa quando ele de repente a pegou por baixo dos braços e a pôs de pé.
Deslizando os braços ao redor de sua cintura, ele a puxou para perto e sugeriu: — Que tal uma vida comigo? Você quer casar comigo, Sherry?
— Nós não já havíamos concordado com isso? —Ela perguntou com surpresa, recuando.
— Sim, mas agora estou realmente propondo. Não quero que nossos filhos pensem que você não foi pedida em casamento.
Sherry riu e abraçou-o com força. — Deus, eu amo você, Basil Argeneau.
— Graças a Deus por isso, futura senhora Argeneau, —ele murmurou, e empurrou-a de volta para a cama.
Sherry aterrissou com um suspiro, e então levantou a cabeça para ver que ele estava terminando o que havia começado e retirando o resto de suas roupas. Ao vê-lo se despir, ela sorriu e comentou, — Nós poderíamos nos casar rapidamente, então você não precisa vir me visitar com tanta frequência.
Basil parou depois de sair do jeans. — Mesmo? Nenhum longo compromisso e meses de planejamento?
Sherry sorriu e balançou a cabeça. — Vegas, baby.
— Deus, eu amo seu cérebro, —Basil murmurou, e se arrastou para a cama com ela.
Lynsay Sands
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