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Virando-me, me estico, sentindo cada músculo tenso, depois relaxo. Meu cabelo está embaraçado e estou suada. Os pesadelos foram ferozes, e não me lembro de muito sobre eles, mas o fato de minha blusa estar grudada ao meu torso me diz que fiquei nervosa durante o sono e também estava me mexendo.
Quando olho para a hora, percebo que estou atrasada.
Eu sempre estou atrasada.
Saindo da cama, noto o sangue no travesseiro, que eu mantive entre minhas pernas para aliviar. O vermelho penetrou no tecido da minha fronha de algodão. Se eu passasse um pouco mais na cama, estaria em cima dos lençóis.
Lembro-me da primeira vez que acordei com o fluido acobreado. Isso não foi por causa de eu finalmente me tornar uma mulher. Não no sentido que a maioria das meninas faz. Não, minha história é muito mais sombria do que isso. Muito mais violenta.
Mover dói.
Você fez isso de novo.
Não.
Balançando a cabeça, passo o olhar nas pernas. Elas estão vermelhas, manchadas.
Sempre.
Isso é sua culpa.
Não, não.
— Me deixe em paz! – Gritar nunca ajuda então me levanto, depois vou para o meu banheiro. Eles me deram um lindo apartamento para ficar enquanto estou aqui. Está decorado com azulejos brancos, tapetes e as paredes são pintadas de cinza estéril. Nada parece fora do lugar, mas não é um lar. Nunca poderia ser um lar. Tudo aqui é perfeito.
Isso é mentira.
Mentira do caralho.
— Jesus Cristo, me deixe em paz.
Isso é tudo o que você faz. Mentir, mentir, grande mentirosa.
Pego as torneiras de aço e as giro, observando o vapor encher o lugar. Na tentativa de me acalmar, inspiro profundamente. Mesmo se eu tentar me concentrar sei que será inútil. Nada pode ajudar depois dos pesadelos. Espero a sensação de estar envolta em calor, escondida no manto de calor antes de tirar minha roupa suja. Depois de pisar sob a água quente em cascata, me deleito com a ardência na minha pele.
Ele te encontrará.
Não.
Todo dia é a mesma música e dança. Ela gosta de me provocar. Para me lembrar do que há de errado comigo. Mesmo que ela tenha se tornado uma constante na minha vida, alguém que sabe, eu sei que não é normal.
Eles disseram que isso iria parar. Eles me disseram que eu ficaria bem. Mas é mentira. Eu nunca serei curada. Como posso ser curada quando nasci assim? Eu puxo meu cabelo, puxando-o das raízes.
A dor é a única coisa real. A única coisa.
Não, não é.
— Me deixe em paz! – Minha garganta dói por gritar tão alto. Eu tenho dito a ela para me deixar em paz, mas ela não deixa. — Por quê?
Por que eu?
— Aceite.
Não houve um tempo em que eu não a tenha conhecido, ouvido e sentido. Eu costumava me perder dentro da minha cabeça o tempo todo. Meus professores me disseram que era normal. Eles disseram que todas as crianças têm amigos imaginários. Então, acreditei neles. Eu não a afastei, e ela nunca foi embora. Ela me faz fazer isso.
Não me culpe.
— Foda-se!
Nunca.
Eu nunca serei a mesma.
01
— Você pode falar sobre isso, Tia? – A voz dela é calma, mas ainda não é esta guerra dentro de mim. Ela não me permite qualquer alívio dos pensamentos. É mais seguro na minha cabeça. No lugar onde ela está. A minha melhor amiga.
Ela é a única que entende.
Ninguém mais jamais entendeu.
— Tia, saia daí. Sei que você está em sua mente. Não se esconda.
Isso é tão fácil para ela. Ela me diz isso toda vez que estou nessa maldita cadeira, mas não sou como ela. Estou quebrada e nada pode me curar. Eu não sou normal como as outras garotas. Especial.
Eu não sou como ninguém.
Eu sou diferente.
Única. Mas eu não vejo isso.
— Eu estou... Eu não estou me escondendo. Eu só estou pensando. Não sei. – Balançando a cabeça, passo as mãos pelos cabelos e suspiro quando ela se senta, com a caneta pronta, esperando. Ela observa meus movimentos. Minhas palavras. Minhas ações.
— Me fale sobre ele.
Olhando para cima, olho para seus olhos gentis. — Ele é lindo. – Sorrio quando penso nele e na primeira vez que nos encontramos. É um sorriso honesto. — Quando o vi pela primeira vez, não falei com ele. Eu não podia porque ele era muito atraente. Seu amigo flertou comigo, mas ele nunca fez. Ele sempre parecia que me odiava. E eu não sabia por que, como se ele estivesse me afastando, e tudo que eu queria era que ele se aproximasse mais. – eu suspiro: — Mas agora que ele está aqui, que está comigo, é diferente.
— Tia, me diga. Você pensa nele e no futuro? – ela pergunta com cuidado.
Balançando a cabeça, tento me concentrar. Hoje me sinto cansada e todas as perguntas estão me confundindo. — Sim, há momentos em que me pergunto se isso é para... sempre. Isso é apenas uma longa distância para caralho. – digo honestamente porque é nisso que acredito.
Ela treme com meu palavrão. Ela sempre faz. Eu gosto de dizer palavrões. Isso é bom.
— E o amigo dele? Ele é... Não é bom? – Suas perguntas são cautelosas porque ela sabe que posso ser volátil. Às vezes, eu não consigo controlar o que acontece então apenas foco em seus olhos, que memorizei. Quando ele olha para mim, é como se houvesse um fogo queimando em seu olhar.
— Não, eu quero Braxton. Sempre foi ele. Mesmo quando ele me odiava. Homens que odeiam não te amam mais? – A pergunta, quando falo parece estúpida. Há algo nele que me atraiu. Algo que eu sabia que não podia lutar.
Há uma atração intoxicante quando aqueles olhos caramelos me prendem no local. É como se houvesse ímãs me segurando no lugar. Eu posso sentir sendo puxada para o campo de força dele.
Magnético.
— Ele é magnético. – digo a ela a palavra.
Ela assente lentamente e faz anotações.
Ela gosta de anotações.
Sempre está escrevendo.
Sempre analisando.
— Eu gosto que você tenha alguém em quem confiar, além de mim, é claro. Você sente a escuridão quando ele está lá?
Não, não, não. Ele é perfeito - sua boca, seu rosto e seus olhos. Até o corpo dele.
— É seguro quando ele está lá. Ela não vem até mim. Memórias não me atormentam. Não sinto que preciso me esconder, como se tivesse que entrar naquele lugar em minha mente.
Ela me incentiva com um gesto para que eu continue.
— Quero trepar com ele. Isso faz sentido? O lugar seguro na minha cabeça é como ele. É luz.
— Humm... – ela murmura e escreve furiosamente. O toque do relógio me diz que nosso tempo acabou. — Quero que você pense nesta sessão. Quero que você tome seu remédio. É apenas uma precaução, mas ajudará. Vejo você em dois dias.
Ela se levanta da cadeira. Disposta. Maravilhosamente feminina. Concordando, visto a jaqueta e vou para a porta.
— Dois dias. – eu sussurro antes de sair de seu consultório. Muita coisa pode acontecer em dois dias.
02
Quando levanto meu olhar do copo vazio na minha frente, ele imediatamente pousa sobre ela. Ele sempre pousa. Há um sorriso em seu rosto que parece iluminar o lugar. É o que ela sempre dá a ele quando ele entra. Embora ele seja meu melhor amigo, sei o que ele faz pelas costas dela. E por mais que eu adore ser seu cavaleiro de armadura brilhante, sei que isso machucará os dois.
Ela precisa descobrir por conta própria. Eu não disse a ela. Talvez deva. Ryker é um idiota desde que chegamos em casa do Afeganistão, e não sei como fazê-lo enxergar que o que ele está fazendo com ela está errado.
Estou aguardando o momento em que ela o conheça ou o encontre com uma das putas que ele gosta. Eu estarei lá para vê-la desmoronar. E quando ela o fizer, eu serei quem a apoiará, porque quando ele partir o coração dela e a fizer chorar, beijarei essas lágrimas. Aposto que elas têm um sabor tão doce quanto eu imagino.
Seis meses, me sentei e esperei. Estive aqui nos bastidores apenas olhando para ela. Olhando para ela, centímetro por centímetro. Conheço todas as curvas do corpo dela, todos os pontos a tocar que a fazem rir e tremer. Isso faz os seus olhos brilharem com intensa necessidade.
Sentado no sofá de couro macio, eu os vejo interagir como sempre, carinhosos, até românticos. Ela se inclina sobre o bar para dar um beijo em sua bochecha antes de lhe servir outra cerveja. Ele sorri, mas sei que é uma farsa. Conheço Ryker desde que éramos crianças e sei que tipo de homem ele se tornou.
Eu? Não sou melhor. Amo isso mais sombrio e repugnante quanto ele.
A única diferença é que, se eu tivesse a garota, não a foderia como ele está fazendo. Eu posso gostar de uma perseguição, mas uma vez que eu pego minha presa, meu foco está apenas nela.
Ela é perfeita... Para mim.
Meu nome é Braxton e eu gostaria de foder a namorada do meu melhor amigo até que ela não possa andar. Pegar o seu corpo incrivelmente flexível e usá-lo como uma boneca de pano. Quero aqueles lábios carnudos envolvidos na base do meu pau enquanto ela engole cada centímetro.
Por quê? Porque é a única coisa que penso em todos os malditos dias.
Levantando-me do sofá, eu caminho em direção ao bar e bato meu copo vazio no balcão de carvalho brilhante, interrompendo sua doce demonstração de sabe se lá o quê. Não sei como ele pode sussurrar docemente no ouvido dela agora, e mais tarde hoje à noite - quando ele a dispensar por outra pessoa – e enfiar as suas bolas fundo em outra mulher.
— Preciso de outra dose.
Ela olha para mim com aqueles olhos azuis eletrizantes antes de pegar meu copo e se virar para preenchê-lo com o líquido dourado.
— Você tem que ser tão idiota com ela? – Ryk diz com frustração.
— Sim, cara. Eu tenho.
Quando ela traz o copo de volta, eu inclino minha cabeça para o lado e dou a ela um sorriso lascivo, apenas para ser encarado com uma careta. Uma sexy por sinal. Uma que faz o meu pau ficar duro. — Obrigado. – eu mudo o meu tom, me preparando para uma discussão, e não perco o brilho no olhar que ela me imobiliza.
Dando as costas para eles, pego o celular e disco o número do escritório. Eu preciso obter as informações sobre nosso último objetivo. Um idiota dirigindo uma rede de tráfico na fronteira com o México. Ele vai ter o que merece - uma bala da minha arma dentro de seu crânio.
A voz familiar e grossa de Grant me cumprimenta do outro lado da linha.
— Queridinho, você está me trazendo um daqueles cervejeiros? – Filho da puta atrevido.
— Vá se foder. Estaremos aí em quinze minutos. Esteja pronto. – Com isso, tomo a cerveja gelada em alguns goles antes de vestir minha jaqueta de couro. — Vamos lá, Ryk, pode transar com ela mais tarde. – eu rio quando o ouço suspirar enquanto saio pela porta. Olhando por cima do ombro, através da vidraça impecável, a noto me observando. Inclinando meus dois dedos em uma saudação falsa, eu pisco para ela antes de ir em direção ao carro.
Em breve, Tatiana. Em breve estarei em sua bunda gostosa.
— Que porra é essa, B? – Ryker parece irritado, o que só me faz sorrir.
Ignorando meu parceiro, sento no banco do motorista do meu elegante Aston prateado. Ele ronca, ligo o rádio quando ele entra no banco do passageiro.
— Brax, por que você sempre é um idiota com ela? – ele pergunta novamente.
— Você está tendo seu pau chupado e fodido por todas as mulheres daqui até Deus sabe onde, estamos à trabalho, e você quer falar sobre eu ser um idiota com ela? – Minha réplica não passa despercebida; ele me olha com tanta animosidade quanto eu imaginava.
— Você a quer? – ele pergunta com os dentes rangendo.
Zombando de sua pergunta, paro na rua principal e vou para o sul. Temos uma reunião na sede e não vou discutir isso com ele enquanto estiver dirigindo. Eu o ignoro e aumento o rádio, esperando que os sons de rock dos The Killers cantando “Mr. Brightside” o vai sobrepor e diminuirá essa necessidade que tenho por essa mulher.
Ela é linda pra caralho.
Cabelos castanhos compridos e esvoaçantes, com finas mechas douradas que brilham sobre mechas mais escuras. Sua pele bronzeada é extraordinária, como malte suave, com o que acho que são raízes porto-riquenhas ou espanholas. Aqueles olhos azuis gelo que olham para mim toda vez que entro no bar. E aquelas curvas, Jesus Cristo, aquelas curvas que poderiam fazer um homem são perder a cabeça.
Balançando a cabeça para afastar as imagens de todas as coisas obcenas que eu adoraria fazer com ela, pego a estrada em direção ao lado industrial da cidade. Nossa sede está em um armazém nas docas, desolado onde ninguém mais pode nos encontrar. Somos um esquadrão de elite de ex-fuzileiros navais que sentem que algo precisa ser feito com as coisas violentas e depravadas que acontecem em nossa cidade e em nosso país.
Depois de me machucar, fui mandado para casa e agora chamo a cidade de San Antonio de lar. O subterrâneo que patrulhamos não é para os fracos de coração. Eu já tinha visto coisas quando estava em outros países onde matar e mutilar era normal, mas quando soube do que estava acontecendo em minha própria cidade natal, algo tinha que ser feito. Ryker juntou-se a mim pouco tempo depois e, por três anos, chamei Retribution - nosso esquadrão - de lar.
Assim que eu estaciono no estacionamento, meu melhor amigo está fora do carro. Provocá-lo se tornou um dos meus passatempos favoritos, e eu o observo por um momento enquanto ele entra. Eu sei que ele está com raiva porque ele sabe que eu a quero.
A única pergunta é: o que ele fará sobre isso?
Empurrando a porta do carro, eu o sigo até o armazém, acenando para Grant quando passo por ele. Ele está conosco há alguns anos e cuida dos telefones e de todos os novos inquéritos.
— O que houve, cara? O que mordeu a bunda de Ryk? – ele murmura. O homem poderia facilmente passar por um jogador de basquete com a altura de dois metros. Construído como um guerreiro dos anos passados, ele é um dos únicos homens aqui que poderia me derrubar com uma mão.
— Ele é um idiota. – eu respondo.
— Você já transou com a garota dele? – ele ri, e eu não posso deixar de encará-lo com um olhar.
Normalmente, vamos ao bar onde Tatiana trabalha depois de uma sessão na academia, e acho que meu olhar não passou despercebido.
— Ainda não. – Abaixando a minha voz, coloco as palmas das mãos em sua mesa enquanto respondo: — Mas quando ela o flagrar com o pau de fora, é quando vou juntar as peças e garantir que ela gema alegremente com sua boceta apertada.
Ele ri quando me viro para me afastar. O lugar está mortalmente quieto hoje à noite, mas ao chegar ao andar superior, encontro todos os caras assistindo a tela grande embutida na parede.
As imagens que me recebem são familiares porque reconheço a boate em que passei muito tempo. As garotas de todos os andares atendem a você, especialmente na seção VIP, onde ficam felizes em se ajoelhar por uma quantia em dinheiro. — O que estamos assistindo? – eu pergunto, caindo no sofá ao lado de Jake, um dos recrutas mais jovens.
— Este é nosso próximo acerto. O dono do local é um traficante de paradas altas. – ele desvia o olhar da tela e encontra o meu. — Garotas, munição e drogas. Qualquer coisa que você quiser, ele pode obter. Qualquer preço, qualquer idade, em qualquer escolaridade.
Minha pressão arterial aumenta quando o homem que eu estava esperando pela maioria da minha idade adulta aparecia na tela. Ele está velho, enrugado e com barriga. Ele tem duas garotas em cada lado, garotas que não parecem ter idade suficiente para beber e muito menos estar ao lado de um idiota com idade suficiente para ser seu avô. A ideia faz a bile subir na minha garganta.
Não consigo parar a raiva que me alimenta. — Vamos matar o filho da puta.
Meu sussurro é recebido com um alto: — Sim!
— Nós vamos. Quero você e Ryk dentro. – Corp caminha até nós, vestido com seu uniforme de combate. Ele parece sempre um general. Um ex-fuzileiro de cinquenta anos de idade, mais apático do que a maioria dos jovens de vinte anos, ele já passou por tudo, perdeu homens em batalha e agora está aqui, nos orientando e nos treinando para matar filhos da puta como o que nós estamos prestes a pegar.
— Isso soa bem, chefe. Você pode me dar os detalhes agora? – pergunto, precisando sujar minhas mãos. No fundo, pensei em voltar para casa, encontrar uma garota legal e começar uma família. Isso não aconteceu. Voltei para casa e para o meu próprio pesadelo. Agora, vingança é tudo que eu preciso. E se isso significa matar todos os filhos da puta por aí, eu farei.
Corp balança a cabeça, olhando entre o meu parceiro e eu. — Amanhã às dez e não se atrase. – Seu aviso é claro. Ryker está brincando com seu atraso há meses e tenho certeza de que Corp o mandará fazer as malas se ele não levar o trabalho a sério.
Levantando minha mão em uma saudação, dou a ele meu sorriso de marca registrada.
Depois que ele desaparece em seu escritório, os caras começam a gritar na tela, o que me leva a desviar minha atenção das imagens à minha frente. Ali, na multidão de belos corpos, há uma mulata de cabelos escuros com a menor saia do mundo. A blusa dela é apertada, envolvendo um par de tetas que eu adoraria deslizar meu pau no meio. Jesus, Tatiana. Ela pode muito bem estar nua.
— Vamos. – eu me levanto, agarro o braço de Ryker e o puxo atrás de mim. É hora de visitar o clube e ficar de olho no meu novo projeto para animais de estimação.
03
Eu a vi novamente hoje. É sempre o mesmo. Seus lindos olhos me avistam. Eles me enchem de necessidade. Uma dor que eu não conheço há anos. Estou quebrado há tanto tempo que não entendo as emoções que me percorrem. Tudo o que quero fazer é jogá-la por cima do ombro e reivindicá-la. Ela é minha.
Eu vou me certificar disso.
Está silencioso esta noite. Não há sempre essa paz neste lugar, mas hoje à noite eles me concederam uma folga. O medo que percorre nas minhas veias não me aquece, e tremo. Deitado, olho para o teto branco. É claro, com nada decorando, nenhum padrão para se concentrar. Embora a pequena lâmpada que paira no centro do teto oscila lentamente, como se uma brisa suave a tivesse acariciado.
— Braxton. – Um murmúrio suave faz minha mente funcionar na escuridão em que me perco e me sento na cama. Minha porta está fechada, mas eu a ouço.
Levanto-me e vou até a porta. Puxando a maçaneta, abro e a encontro em uma camisola branca. Os cabelos longos e esvoaçantes até o meio das costas estão soltos. Mesmo com ela escondida na escuridão, ela ainda é tão brilhante.
— Ei. – eu a cumprimento com um sorriso.
— Você pode sair para brincar? – Seus lábios fazem beicinho, com a cabeça inclinada para o lado enquanto ela me olha com aqueles olhos azuis irradiando malícia.
Eu concordo. Dando uma última olhada no quarto, cruzo a soleira e a sigo pelo corredor. Está deserto, do jeito que gosto. Nós aprendemos a passar despercebidos pelas portas.
Há muito tempo, nos encontramos neste quarto na casa da piscina. É enorme, com tetos de vidro que nos permitem ver as estrelas. Ela sempre me diz que ama meu pau dentro dela quando olha para as estrelas.
Na beira da água escura, tiro minha camiseta e minha calça. Não estou usando nada por baixo, e meu pau grosso paira obscenamente entre minhas coxas.
— Você já está duro? – ela ri.
— Estou sempre duro para você. – eu brinco com um sorriso que sei que ela gosta. Sem esperar, mergulho na água fria e, assim que eu apareço, vejo-a me observando. Com sua forma nua ao meu olhar. Pernas longas e esbeltas preparadas para pular para se juntar a mim, seios duros me provocam com mamilos escuros.
Assim que o barulho vem do meu lado, eu me viro para ela, e ela caminha em minha direção, envolvendo suas pernas ágeis em volta de mim. Nós nos encaixamos. Como se os deuses acima nos tivessem criado um para o outro.
— Foda-me, por favor. Faça a dor ir embora. – ela implora, e eu alcanço entre nós para encontrar a sua fenda molhada. Meus dedos a provocam enquanto minha boca chupa seu mamilo endurecido. Meus dentes raspam ao longo da pele, provocando um grito dela. Com um gemido que é tão inebriante que é como se eu tivesse tomado algo forte e viciante.
— Você brincou com você mesma antes de vir para o meu quarto? – eu pergunto. Minha voz é baixa, exigente, e ela responderá.
Tia assente, mordendo o lábio da maneira mais sedutora. Tudo o que ela faz é me provocar, mas eu não aceitaria isso de outra maneira, porque é assim que fomos criados. Em nossa fragilidade, encontramos consolo.
— Você quer isso forte e profundo? – Inclinando minha cabeça para o lado, eu vejo seus olhos escurecerem, e ela assente novamente, com seus dentes brancos perolados mordendo aquele lábio inferior carnudo.
Sem aviso, eu a penetro. Movendo os meus quadris, eu entro completamente nela, saboreando o aperto de sua boceta. Ela é sempre tão gostosa. Eu agarro as suas nádegas enquanto a penetro com o meu pau. Seus lindos seios me provocam, e eu pego um mamilo, mordendo com força, provocando um grito erótico dela.
Suas mãos seguram meus cabelos, me puxando para mais perto. Eu devoro o corpo dela. Ela geme quando eu penetro mais forte, com a água nos movendo de um lado para o outro em nosso frenesi. Seu corpo está apertado em volta do meu pau, me sugando mais fundo. Sua destreza está dificultando o meu orgasmo.
Eu me afasto de repente, e ela dá um olhar ardente para mim. — O que...?
— Ajoelhe-se nas escadas. – eu ordeno em um sussurro rouco. Ela caminha pela água e sobe no degrau mais baixo, ajoelhada. Ela olha para trás e me encontra atrás dela. Meu pau se alinha com sua fenda molhada, e eu agarro seus quadris antes de penetrar fundo. Entrando na boceta mais incrível que eu já senti.
Segurando seus longos cabelos castanhos, puxo sua cabeça para trás e vejo como a sua coluna arqueia lindamente. — É isso, baby, me faça gozar. – murmuro enquanto a fodo violentamente.
É assim que somos.
Brutal. Feroz. Raivosos.
Seu corpo pulsa, e ela grita meu nome repetidamente, o que me desencadeia, e eu explodo jato após jato de esperma quente dentro dela. Marcando-a. Ela é minha. Para sempre.
04
Jesus, ele é um idiota. Minha mente está sobrecarregada quando fecho o bar. No momento em que olhei para ele, sabia que ele seria um problema e, desde então, não me decepcionei. Braxton Carter é um idiota. Um idiota sexy, mas um, no entanto. Isso não importa que toda vez que estou perto dele, eu quero rasgá-lo em pedaços. Literalmente.
Sob aquele exterior resistente, eu sei que há um desejo de monstro a ser desencadeado. Aquelas camisetas pretas justas que ele veste, aquela forma esculpida em cada centímetro dele me fazem salivar toda vez que ele entra aqui e me dá aquela personalidade rude e grosseira.
Mas existem camadas naquele homem.
Eu as vejo.
Ele é fácil de ler, alguém que, sob toda aquela coisa de macho, tem um coração e ele o usa na manga. Embora ele esconda isso ao meu redor, sob a personalidade superconfiante, notei como ele me observa. Há uma escuridão em seu olhar que atrai o meu. Isso me arrasta e me magnetiza. E com todo olhar e cada sorriso predador, eu me pego o querendo. Eu o queria há meses.
Há algo animalesco nele que faz meu corpo tremer. Quando escolhi Ryker, sabia que não me apaixonaria por ele. Era mais fácil do que mexer com emoções quando tudo que eu preciso é vingança.
Mesmo que tudo faça parte do plano, de alguma forma, eu sei que estraguei tudo, porque no fundo tenho a sensação de que algo está prestes a acontecer e todos os meus segredos serão revelados. Chame de intuição feminina, ou o que diabos você quiser, mas eu sei que eles estão escondendo alguma coisa e vou descobrir o que é.
Caminhando até meu Lexus brilhante, sento no banco do motorista e gemo ao sentir o couro contra a minha pele. Meu uniforme de trabalho não deixa muito para a imaginação. O minúsculo shorts e a blusa de gola alta mostra mais pele do que eu normalmente exporia, mas quando estou no bar, tenho que fazer o papel.
Ligando o motor, conecto o meu iPhone à estação e pressiono o número que preciso. — Gatinha. – Maldito idiota.
— Eu já disse para você não me chamar assim. É tão difícil para o seu cérebro minúsculo entender? – A risada que recebo me irrita ainda mais. — Onde está Laney?
— Espere, não perca a paciência que você não tem. – ele resmunga no telefone. Ouço vozes abafadas e depois a ouço.
— Ei, queridinha, o que houve? Você vai sair hoje à noite? – Elaine é uma daquelas garotas que podem festejar até as quatro da manhã e ainda parecem ter dormido oito horas no dia seguinte. Trabalhamos juntas há meses, e ela é a única razão pela qual me aproximei do homem que treinei para matar.
— Vamos para um clube. Tenho a sensação de que encontraremos o que estamos procurando hoje à noite.
Ela ri antes de responder baixinho: — Você o viu? – ela me pergunta a mesma coisa todas as noites que eu ligo. E toda noite digo a mesma coisa.
— Você sabe que sim. O problema é que não consigo sentir nada por alguém de quem vou abandonar. – Virando à direita, dirijo pela rua em direção ao meu prédio. Não fica longe da cobertura que chamo de lar nos últimos seis meses e, com as ruas tão calmas a esta hora da noite, estou entrando na minha vaga de estacionamento em tempo recorde. Desligo o motor e sento-me, esperando minha melhor amiga me dizer o que ela faz todos os dias.
— Não precisa amar, Tia, você sabe disso. Apenas foda com ele, tire-o do seu sistema e siga em frente. – A voz de Laney é um sussurro, e sei que ela não quer que seu namorado imbecil a ouça. Olho para o celular. Mesmo que ela não possa me ver, sinto como se o olhar dela estivesse em mim.
Encolhendo os ombros, pego o dispositivo e o seguro em minha orelha. — Ele é gostoso, mas não consegue lidar com a minha loucura. – eu olho em volta, percebendo que o segurança está no pequeno escritório que fica dentro da garagem perto da minha vaga de estacionamento. — Escute, vejo você em dez minutos. Vou pegar um táxi para que possamos ter as fotos que você sempre me contou.
— Sim! – ela grita alto. — Tchau, queridinha. Estarei esperando.
Saindo do carro, fecho a porta e aperto o botão, trancando-o com um pequeno bipe.
— Senhorita Tatiana. – Uma voz grossa me cumprimenta, e eu aceno para o guarda que parece sempre trabalhar no turno da noite, e me pergunto brevemente se ele tem uma família o esperando. Ele tem cerca de um metro e oitenta de altura e é construído como uma porta de aço. Duvido que algo possa passar por ele. Depois de entrar no elevador, aperto o botão do andar de cima. Para minha linda cobertura. A única coisa boa que tive quando decidi me vingar.
A vida não foi fácil para mim, mas quando o Sr. Henlow me encontrou, me acolheu e me treinou para matar, eu sabia que havia uma pessoa que um dia sentiria minha ira. Henlow dirige uma organização secreta que "limpa a bagunça", como ele diz. Quando contei a ele por que queria me juntar a ele, ele não apenas me ofereceu o acesso livre do pavilhão, treinadores e armas, mas também me deu o que mais precisava - uma promessa de matar o homem que me machucou.
Fecho os olhos e tento me concentrar no aqui e agora. Minha mente volta para o Brax no início desta noite, e instantaneamente sinto um zumbido como se eu tivesse tomado uma dose de álcool puro. O homem é pecaminoso.
Com cabelos castanhos bagunçados e aqueles olhos de cor caramelo, eles sempre me atraem todas as vezes. Ele tem lábios que a maioria das mulheres mataria, em forma de arcos e carnudos - rosa e deliciosos. Adoraria mordê-los, chupá-los até ele gemer com a sua luxúria. Desde a primeira vez que o vi, eu queria conhecer a besta que ele esconde, o monstro que só se mostrou um pouco.
Sua mandíbula esculpida com uma barba por fazer é suficiente para fazer me contorcer. Seus músculos tonificados são nítidos naquelas camisas que ele prefere, e sei que é forte o suficiente para me levantar, me empurrar contra a parede e me foder com força.
Simplificando, ele é feito para foder.
Longas noites imaginando meus dedos cravando a pele macia de seus ombros, arranhando as suas costas enquanto ele me fode, me assombraram. Balançando a cabeça, eu vejo os números piscarem. Quando o elevador chega ao trigésimo andar, as portas se abrem e eu entro no meu hall de entrada.
Sou a única com acesso a esse andar, o que me dá meu próprio corredor particular que leva até a porta da frente. Uma vez dentro, acendo as luzes do teto para mais fraca e ligo o sistema de som. Algo alto e fodido é necessário. Cradle of Filth1. O metal pesado explode através dos alto-falantes ao redor, e tiro meu Doc Martens2 e entro na cozinha.
Pegando uma garrafa de cerveja gelada da geladeira, vou para o quarto e entro no meu closet. Preto, vermelho, preto e roxo. Pegando a menor saia jeans preta que eu possuo e uma blusa roxa pequena que é possivelmente muito apertada, volto para o quarto e tiro minhas roupas. Eu disse a Laney dez minutos, mas preciso tomar um banho.
Tomando um longo gole de cerveja, largo a garrafa e eu vou para minha suíte, abrindo o chuveiro e, antes que a água esteja quente, entro debaixo do jato. As agulhas frias3 me atingiram como um tapa no rosto, e eu saboreio o frio que penetra em minhas veias. Depois de ver Braxton, eu preciso disso.
Alguns podem pensar que sou uma vadia por desejar o melhor amigo do meu namorado, mas nunca trai; isso não é da minha natureza. O fato é que sei o que Ryker está fazendo e o uso tanto quanto ele me usa. O que preciso dele é uma confissão, que eu nunca vou conseguir, então preciso pegá-lo em flagrante.
Esta é uma transação comercial entre nós, apesar de Ryker não ter ideia. Ele acha que sou a namorada sem noção, quando sou eu quem pode matá-lo em um piscar de olhos.
Vim para San Antonio com uma coisa em mente. Quando Henlow me disse que o homem que estou procurando está aqui, deixei Nova York no dia seguinte. Faz apenas seis meses e eu reduzi a agenda dele.
Usar o Ryker para obter as informações necessárias é fácil porque não o amo. Então, por que não aproveitar enquanto posso? Tem dois homens gostosos querendo me manter a salvo. Isso é realmente bom, se eles soubessem que eu sou a pessoa quem eles deveriam ter medo.
Concentrando-me no meu banho, me ensaboo e sinto os meus músculos relaxarem com a água morna e com o cheiro de sândalo e lavanda. Fechando os olhos, imagino, Ryker, acariciando as minhas costas e ombros. Suas mãos fortes provocam os músculos do meu pescoço, pressionando os nós até que todos se acabem. Seus lábios macios provam minha pele nua, e eu não posso deixar de gemer.
Outro par de mãos desce pelos meus braços, e eu encontro íris penetrantes de cor caramelo com luxúria. “Você está carente por mim, não é?” O tom áspero em sua voz envia um arrepio na minha espinha.
“Ela quer os dois.” diz a voz atrás de mim, mas ele está errado. Eu não quero os dois. A mão de Ryker agarra minha garganta e, na minha mente, eu observo enquanto Braxton mostra os seus dentes. O animal está lutando pelo que é dele... eu.
Minhas mãos descem entre as minhas coxas, acariciando e provocando o meu núcleo molhado enquanto imagino os dois me tocando. Mãos fortes, músculos tensos e relaxados. Dois deles, um meu, tremendo sob a administração desses homens talentosos.
“Eu sei que você anseia pelo meu pau, Tatiana.” o sussurro da voz de Brax me provoca na minha fantasia, e meus dedos esfregam sobre o meu clitóris. “Não é?” Seus dentes mordem o meu lóbulo da orelha, fazendo-me chorar. “Goze para mim, Vixen4. Faça essa boceta apertada molhar seus dedos.” Suas palavras obscenas me enviam ao extremo, e grito seu nome como uma oração.
Fecho os olhos e me vejo sozinha no chuveiro, tremendo de um intenso orgasmo. O chuveiro fica frio, e um arrepio me percorre, atravessando minha espinha.
Eu estou confusa.
O pensamento me atinge quando eu saio, piso no tapete macio e pego uma toalha. Envolvendo-me no tecido macio antes de olhar para o meu reflexo no grande espelho, eu encontro uma mulher irreconhecível olhando para mim.
Você está confusa. Vocês estão todos fodidos. Ninguém pode te salvar.
Ela me provoca. Ela me diz o que eu não quero ouvir. Se eu pudesse apenas me livrar dela, mas sei que não posso. Ela está certa. Ninguém pode me salvar. Pegando o frasco na bancada, abro a tampa e coloco minha medicação na palma da minha mão. Engolindo as três pílulas que tomei desde a infância, inspiro devagar e profundamente, exalando os pensamentos que me assombram.
Não demorou muito para eu me acalmar e ir para o quarto me vestir.
Isso nunca vai acabar.
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Entrando na Innuendo, sinto que cada par de olhos me segue. Garotas. Rapazes. Todos.
— Você é como a sirene aqui hoje à noite. – Laney sussurra ao meu lado.
— Eu não estou procurando por isso. Só quero uma bebida. Assim que vou para o balcão, uma garçonete loira alta caminha até mim, estourando seu chiclete rosa e, imediatamente, minha pele se arrepia.
Vagabunda.
Cale-se.
— Cerveja, a garrafa está boa.
Ela assente sem cumprimentar, vira para o freezer atrás dela e coloca uma garrafa gelada no balcão. Jogo os cinco dólares na madeira suja e pego minha bebida.
— Obrigada. – eu não sei por que digo algo, pois ela não pode me ouvir. A música vibra através das paredes, entra no meu corpo e meu peito vibra com o ritmo melódico.
Laney pede sua bebida feminina rosa, e eu me viro para olhar atentamente a profissional. Nenhum homem chama minha atenção. Eu sei por quê. Nenhum desses homens é Braxton. Se eu não estivesse aqui à trabalho, seria capaz de fazer algo sobre a minha atração por ele.
Minha melhor amiga sorri, e quando eu olho para ela, meu coração sai do meu peito e vai para minha garganta.
— Olá, Vixen. – Íris caramelo me encontra, enviando um arrepio quente na minha espinha, percorrendo nas minhas costas. Reconheço o sentimento de quando estava sozinha no chuveiro. Quando tudo que queria eram aquelas mãos em mim. Ele dá um sorriso, o que me deixa nervosa.
— O que está fazendo aqui? – pergunto, tentando parecer legal e calma, mas não tenho certeza se posso estar perto de Braxton. Olhando para ele, espero por uma resposta, que ele apresenta como um sorriso que mostra suas covinhas.
Um vislumbre de travessura aparece em seus olhos, como se ele estivesse morrendo de vontade de me quebrar, e a maneira como ele está me olhando com aquele olhar confiante e estreito envia outro arrepio quente através de mim.
— Estou sempre aqui. – ele olha em volta, mas apenas por um segundo, como se ninguém mais fosse digno daquelas lindas órbitas cor de mel, exceto eu. — A pergunta é: o que você está fazendo aqui vestida assim? – O desprezo que ele dá me irrita, mas o jeito que ele olha dos meus saltos de foda, nas minhas pernas nuas, até o meu top minúsculo - parando momentaneamente nos meus seios e finalmente se fixando no meu próprio olhar, envia uma emoção de ansiedade sobre a minha pele, me aquecendo e me derretendo. Eu poderia facilmente entrar em erupção com o seu simples olhar.
— Estou aqui para me divertir. – eu levanto a garrafa, pressiono-a nos lábios e engulo lentamente o álcool que não sabia que precisava até que o olhar sexy de Braxton se fixasse em mim. Jesus, este homem vai me foder.
Você vai machucá-lo. Você sempre faz.
— Vamos, Vixen, vestida assim? Isso não é se divertir; isso é estar procurando problemas.
Laney olha entre nós, virando seu olhar de um lado para o outro.
— Estou indo para o banheiro feminino. – ela murmura, e antes que eu possa responder, ela se vira e me deixa com Braxton. Porra.
— Diga-me, Vixen. – ele insiste. Aproximando-se de mim, ele entra no meu espaço pessoal. Por mais que queira empurrá-lo, me aquecerei em seu calor. — Você gosta de homens vendo você se vestindo como uma vadia comum? – Suas palavras são como veneno e cheias de ciúmes. Ele está tentando me machucar, mas o que ele não sabe é que estou desligada para ofensas. Ouvi coisas piores na infância. Meu pai era mau e adorava mostrar sua autoridade. Agora, quando ouço a palavra vadia, não consigo deixar de sorrir, porque pra mim isso já é inútil.
A mão de Braxton agarra meu quadril. É a primeira vez que ele realmente me toca, e parece mais íntimo do que em qualquer uma das vezes em que coloquei as mãos de Ryker em mim. O calor abrasador das pontas dos dedos me queima através do tecido fino, e tenho certeza que ele vai me incendiar em breve.
— Gosto. – finalmente respondo a ele. — Desde que o meu namorado fode por aí, por que eu não posso? – pergunto.
O choque em seu rosto é uma evidência que ele sabia. Eu não ficaria surpresa se eles acabassem compartilhando as mulheres pelas minhas costas. Mas, novamente, quando olho para Braxton, ele não parece estar interessado em nenhuma das mulheres deste clube.
— O que? Você estava com muito medo de me dizer? – eu dou uma risada e me empurro contra ele, então meus seios pressionam contra seu corpo duro como uma pedra. — Eu não sou uma garotinha frágil, Brax. Eu posso lidar com más notícias. – eu sussurro em seu ouvido.
Seu corpo treme sob a palma da minha mão, que eu aliso em seu peito. Com a minha bebida na mão, deixo-o boquiaberto para mim e sigo em direção aos banheiros para encontrar Laney, mas o que encontro não é a garota que estava esperando. Em vez disso, uma visão que começo a processar.
— Ah Deus, sim, sim, mais profundo. – A bartender loira geme alto enquanto é fodida contra a parede. Suas pernas longas estão envolvidas na cintura do homem a penetrando, movendo tão rápido e tão profundamente que posso sentir.
— Porra sim, toma isso, vadia. – A voz murmura quando ele se move, violentamente entrando dentro dela.
— Ei, amor, eu não sabia que você estava aqui. – Minha voz é doce como xarope, tão doce, de fato, que estou com dor de dente. A raiva ofuscante que sinto quando olho para a mulher em que meu namorado estava se metendo é tudo que preciso.
O combustível para transformar meu corpo em uma arma.
O veneno escorre em todos os nervos do meu corpo.
O veneno que penetra no meu sangue bombeando através de mim.
É então que eu vejo vermelho.
05
Está quieto aqui hoje. Na minha mente e na sala. Ela me observa como sempre faz com um exame cuidadoso. Eu sei o que está por vir. Desde que mencionei Brax na última vez em que estive aqui, ela ficou curiosa. Não quero falar sobre ele, mas é inevitável.
Quando penso nele, meu coração dispara, meu corpo dói e minha mente está cheia de imagens de como eu sou quando estou com ele.
Uma vida normal.
Mas nunca serei normal. Eu preciso aceitar o meu destino. Assim como minha mãe fez.
— Braxton sabe o que você fez ou não? – ela pergunta baixinho. Balançando a cabeça rapidamente, eu a encaro, mas antes que eu possa responder, ela pergunta: — Gostaria de me dizer o que realmente aconteceu quando você os viu? – Sua cabeça se inclina para o lado, com a curiosidade estragando seus belos traços.
— Não, ele não sabe. – Mexo na minha saia. — EU... Isso machuca. Meu corpo doía todo. Era uma sensação estranha, como eletricidade passando por todas as minhas partes. E então, o preto... Havia vermelho também, brilhante, escuro, luminoso, e então eu estava perdida. Isso foi... Quero dizer momentaneamente. Foi apenas por alguns momentos, mas... – eu estremeço com a memória ainda recente em minha mente. Como Braxton me salvou de mim mesma. Ele estava lá, bancando o herói enquanto eu estava perdendo a cabeça. Eu estava com problemas, minha mente estava quebrada. Eu sabia. Sempre soube disso. E Braxton me ver assim não fez diferença.
Porra, eu não me importei com o que Ryker pensava de mim. Era o melhor amigo dele que eu queria impressionar. Braxton era quem eu não queria que descobrisse como eu estava realmente fodida. Não queria que ele soubesse que a mulher aqui dentro estava quebrada.
Destruída.
Apenas um fodido caso perdido.
De alguma forma, em seis meses, Braxton foi quem entrou tão profundamente em meu coração e mente que tudo que eu conseguia pensar era nele. Era como se ele estivesse nos meus ossos. Na medula, apenas uma parte de mim que não consegui apagar.
— Você a machucou, Tia? – ela pergunta, me trazendo da minha espiral para a escuridão.
Balançando a cabeça, fecho os olhos. A verdade é que eu não sei. Não me lembro. Ryker me disse que eu era louca; talvez ele esteja certo. Talvez eu tenha feito todas essas coisas tantas vezes. Todas essas coisas ruins. Todas as vidas que foram tiradas, talvez fosse eu. Mas, novamente, Braxton estava lá. Ele não disse coisas más para mim. Ele não me disse que estou doente.
Isso é o que papai costumava me dizer.
— Tia, você sempre vai lá quando as coisas estão difíceis? – Os olhos dela me penetraram. Isso me dói. Odeio quando as pessoas olham para mim, quando realmente me encaram. É como se eles pudessem ver a escuridão girando dentro de mim.
— Sim, é mais fácil. – Desviando meu olhar dela, eu permito que passe sobre o quarto. Todas as coisas - cadeiras, livros, vasos de plantas, janelas e tanque de peixes - observo todos os itens do escritório.
Eu posso sentir a curiosidade em sua postura. Como se ela estivesse se encharcado nisso como fez com o seu perfume. Ela franze as sobrancelhas antes de perguntar: — O que facilita?
— Eu não sou louca quando estou lá. As pessoas não me ignoram ou minhas ações por causa de quem eu sou. Ou o que eu fiz. Ninguém pode me machucar lá. – Minha voz soa longe. É como se eu estivesse tendo uma experiência extracorpórea. Às vezes isso acontece, e me sinto instável. Eu me sinto fora de controle. Como se estivesse flutuando em uma nuvem, e ninguém pudesse me tocar; mas isso não é bom porque não estou aqui, de castigo, e é aí que minha mente me engana. Ninguém entende. Eles não entendem por que sou assim, então me permito fluir para o nada.
— Você não é louca, Tia. Você já passou por muita coisa. Você viu coisas que assustaram sua mente. É perfeitamente natural quebrar como você fez. – ela confirma em um tom maternal. — Sua mente lhe deu uma folga. É a maneira que você encontrou para lidar. Isso é normal, Tia.
Eu olho para ela então, realmente a olho. Não há sorriso em seus lábios. Ela não está mentindo.
Eu sou normal?
Não, você não é.
— Eu não posso... isto... Quero dizer... – Levantando do sofá, pego o casaco que estava vestindo quando entrei no escritório dela, precisando sair daqui.
— Tia, olhe para mim. – ela se levanta, me seguindo até a porta. — Você nunca vai se curar se for embora toda vez que dói. – ela está certa, mas não há nada que eu possa fazer. Não consigo olhar para as minhas partes escuras. Eu me autodestruo quando faço isso.
— Sou destrutível. Memórias, meu passado, tudo me deixa frágil. É assim que minha mente se quebra quando eu volto para lá.
Ela balança a cabeça, mas tenho que desviar o olhar. O jeito que ela está me encarando me faz sentir quase normal. Ela insiste: — Não, isso faz de você forte. Você sabe por quê?
Eu me viro para olhá-la, me perguntando para onde ela está indo com isso, então balanço minha cabeça, esperando que ela dê algum tipo de explicação sobre o motivo pelo qual a escuridão toma conta de mim com tanta frequência.
— Porque você está lutando para sobreviver. Porque sobreviveu. Vá até ele. Vá até Braxton e fale com ele.
Assentindo, eu dou um sorriso. — Obrigada, eu preciso ir.
— Espero te ver em breve, Tia. Isso vai ajudar. Você só precisa se abrir para isso.
06
Assim que sua bundinha gostosa se afastou de mim, levou todo o meu controle para não ir atrás dela. Mas eu sou um homem, eu a segui, e foi aí que ela encontrou a imagem de seu namorado fodendo alguém na parte dos fundos do clube.
As coisas aconteceram tão rapidamente, tudo que eu precisava era ter certeza de que ela estava segura. Então, fiz. Sabia que ela ia perder a cabeça quando seu corpo ficou rígido. No momento em que eu a afastei da vadia loira que Ryker estava fodendo, ela caiu em meus braços.
A amiga dela a puxou para o banheiro feminino, deixando-me olhando para a porta fechada enquanto o Ryker tentava limpar a garçonete sangrando que abriu as pernas para ele. Sentando-me no banquinho, peço uma cerveja e dou outra olhada ao redor, observando o chão em busca de câmeras. O lugar está lotado, mas eu vejo os seguranças como se fossem malditas barras luminosas no escuro. Dez no total. Presas fáceis.
— Estou indo embora. – A voz do meu melhor amigo vem de trás de mim.
Viro no meu banquinho e encontro Ryker me encarando com a raiva nos olhos dele. Seu rosto está vermelho, zangado, e me pergunto por que ele sente alguma coisa, já que isso é culpa dele. Era isso que ele queria.
— O que? Acabamos de chegar aqui. – Dando-lhe um sorriso, eu sei que estou o irritando ainda mais. Tia precisava liberar a raiva dele por ele estar traindo ela, então eu não a culpo por espancar a garota.
Ele veste a jaqueta e me dá um sorriso. — Você pode tê-la. – Com isso, ele vira e me deixa franzindo a testa para sua forma saindo. Balançando a cabeça, levanto minha garrafa e tomo um longo gole de álcool.
— O filho da puta traidor se foi? – O cheiro dela me envolve, e eu me viro para encontrar minha pequena vixen vindo até mim. Sua mão treme quando ela acaricia a lapela da minha jaqueta de couro.
— Foi. O que foi aquilo lá atrás? Você perdeu a consciência ou algo assim?
Ela vacila com a pergunta, o que me intriga ainda mais. — Eu não gosto de estresse. Faz minha pressão cair, e eu desmaio. É algo com o qual tenho que lidar desde criança. Não há nada errado comigo. – Algo em sua atitude defensiva tem um alarme tocando ao meu redor, mas eu o ignoro e tomo minha cerveja.
— Vamos tomar uma bebida. – eu sugiro, sinalizando ao barman para outra cerveja. Ela assente, e eu levanto dois dedos. — Vê-lo com a garçonete te aborreceu? – eu encontro seus olhos de safira que parecem ter muitos segredos.
— Sim, eu acho que só queria a confirmação de que ele estava me traindo antes que eu fizesse algo estúpido. – As palavras dela escorrem dor, e eu estou mais intrigado com essa beleza do que nunca.
— Algo estúpido como bater em alguém? – eu levanto uma sobrancelha para ela, mas ela me ignora.
Quando as nossas bebidas chegam, ela pega a dela e bebe quase metade da cerveja gelada. — Brax. – ela murmura, com sua mão traçando círculos no balcão. — Por que você me odeia? Sempre pensei que você queria me foder.
A inocência no seu tom e as palavras obcenas são uma contradição, mas quando eu a olho novamente, percebo que não há pureza nela. Ela está longe de inocente, e já estou ficando duro só de pensar nas coisas indecentes que eu quero fazer com aqueles lábios carnudos.
— Eu quis você desde o momento em que entrei no bar onde você trabalha. Mas você escolheu Ryker. – eu encolho os ombros. — Estou sempre pronto para uma boa foda, Vixen. Isso é... se você estiver. – Piscando, termino a minha cerveja e me levanto. Ofereço a minha mão, e quando seus dedos se entrelaçam com os meus, eu a puxo comigo. — Onde está sua amiga? – eu questiono, e nós dois nos viramos ao mesmo tempo para encontrar a garota bonita dando voltas entre dois homens.
— Ela está ocupada.
— Você não quer...?
— Ela está bem. – Tia responde e caminha até a porta, deixando-me seguir seu rastro até a saída. Não sei se vamos começar a foder, porque não quero usá-la, mas como eles dizem, uma vingança é melhor do que ter pena. É verdade que não é o que dizem; isso é o que eu digo.
No táxi, sento-me ao lado dela, lutando contra o desejo de tocá-la. A volta para o apartamento dela é silenciosa, e a tensão entre nós é palpável - uma entidade viva e que respira. Receio que esteja prestes a nos sufocar.
— Aqui estamos. – O taxista olha pelo retrovisor e eu entrego para ele cem dólares, acenando para ele quando ele dá o troco.
— Obrigado. – murmuro, abrindo minha porta.
Tia está fora do carro em um piscar de olhos, e quando saio, encontro-a na entrada de um prédio de apartamentos imaculado, que parece que deveria estar no meio da cidade de Nova York, abrigando CEOs e celebridades.
— Você mora aqui? – Minhas sobrancelhas franzem em confusão. Para uma bartender, ela precisa ganhar muito dinheiro para morar em um dos quarteirões mais caros da cidade.
— Há muita coisa que você não sabe sobre mim, Sr. Carter. – ela diz de brincadeira e entra. O segurança olha para cima e sorri, balançando a cabeça em uma saudação amigável, mas na verdade ele não diz nada. Percebo naquele instante que eu deveria ter investigado a mulata de cabelos escuros. Não sei nada sobre ela e, por algum motivo, me sinto desconfortável com isso. Meus instintos entram em ação e, quando entramos em um elevador privativo, me pergunto se isso é uma boa ideia. Certamente posso acabar com ela, se necessário, mas sempre tomo cuidado com as pessoas que fazem parte da minha vida.
— Você vai me dizer como uma bartender de salário médio mora em um dos imóveis mais ilustres da cidade?
Ela encolhe os ombros antes de responder: — Papai pode pagar, então eu aproveito. – Sua resposta é ensaiada, o que coloca meu radar de besteira em alerta total.
— E eu devo acreditar nisso? – eu me viro para ela, encontrando aqueles olhos que guardam mais segredos do que eu gostaria de brincar.
— Não, eu não pedi para você acreditar. Você fez uma pergunta e dei a resposta em termos globais que todos esperam. – ela encolhe os ombros quando eu me aproximo dela. Algo nela me faz querer saber mais, mas há outra coisa que me faz querer afastá-la.
— Eu não tenho tempo para besteiras, Tia. – digo. A raiva queima através de mim como um incêndio florestal, e me viro para ela, empurrando-a contra a parede. Pressiono o meu corpo contra o dela e me inclino com nossas bocas a centímetros de distância.
Isso é o mais próximo que já estive dela, e meu Deus, ela é incrível.
— Não. Minta. Para. Mim. Porra. – Minha voz é fria ao enunciar cada palavra, para que ela não pense que estou brincando. Já passei por muita coisa para que uma mulher acabe com meu foco. Especialmente uma que anda com joguinhos.
Não perco o arrepio no seu corpo inteiro que a assusta ao meu resmungo. Sorrindo, eu vejo o rosto dela se transformar em um sorriso sensual. Ela estende a mão para o meu peito, colocando a mão no meu peitoral, mas ela não me afasta.
— Isso é o que você queria, Vixen? – eu estendendo a mão para baixo, movo-a sob a saia dela antes de deslizar meus dedos entre suas pequenas coxas e acariciar a seda macia que envolve sua boceta.
— Sim. – ela responde com convicção.
— Bom, porque você vai ser fodida. Você vai mergulhar meu pau nesse doce mel que eu sei que você está louca para me dar, e então você vai me chupar. Você me entendeu?
Mais uma vez, ela assente com confiança que faz meu pau inchar no meu jeans. Perfeito.
Afastando-me dela, observo as portas se abrirem, nos deixando no último andar, levando à suíte da cobertura. Ela está escondendo algo, e eu vou descobrir o que é.
Sem uma palavra da sua boca atrevida, ela abre a porta da frente e me permite entrar em um apartamento que parece estar pronto para uma sessão de fotos. Não há nada pessoal que se destaque quando entramos no lugar.
O som da fechadura atrás de mim me faz girar. A divindade bronzeada me persegue como se eu fosse sua presa, mas é aí que ela está errada. Eu sou o caçador. Seu olhar brilha, como se ela fosse outra pessoa por um momento, como se houvesse outra entidade dentro dela, e me pergunto se existe.
— Tem certeza de que está pronto para isso? Não sou a boa garota que você pensa que sou. – ela passa uma unha bem cuidada francesa pelo zíper da minha jaqueta de couro. O movimento é lento, erótico e me provoca, lentamente diminuindo com a minha imobilização.
— Boa garota? Quem te disse que penso isso? Quando olho para você, vejo uma garota muito má. – eu seguro o seu pulso, puxando-a contra mim. Seu corpo é pequeno, flexível ao meu toque. Ela levanta o olhar para o meu, encontrando meus olhos com um olhar indignado. — Eu sonhei com você. Fantasiei sobre tê-la de joelhos, me chupando.
Sem uma observação inteligente, ela se ajoelha enquanto eu me preparo contra a bancada da cozinha. Meus dedos seguram o mármore frio, segurando a beirada com os nós dos dedos brancos. A divindade me olhando através de seus cílios grossos e escuros parece uma estrela pornô do caralho.
Seus dedos puxam a fivela do meu cinto enquanto eu tiro minha jaqueta, então eu a vejo fazer um movimento rápido de puxar minha calça jeans. Assim que sua mão macia me segura, solto um gemido baixo. Um sorriso aparece em seus lábios, e sua língua sai, lambendo minha excitação. Os lábios carnudos engolem a cabeça do meu pau enquanto ela abaixa a boca no meu comprimento. É lento, torturante, mas eu amo cada minuto disso.
Ela pega meu pau inteiro em sua boca, a ponta atingindo o fundo de sua garganta enquanto ela move a cabeça para frente e para trás, enquanto mantém contato visual comigo. Isso é uma das coisas mais bonitas que já vi. Aqueles olhos azuis me olhando fazem meu corpo esquentar de desejo. Ela tem o rosto inocente, mas ela engole meu pau como uma profissional.
Estou sonhando com esse dia a muito tempo. Quando ela geme, as vibrações me enviam ao limite. Eu a alcanço, afastando-a do meu pau até que fique de pé comigo. Seus lábios estão inchados e implorando pelos meus, que eu graciosamente a presenteio.
Pressionando a minha boca na dela, minha língua sai, provando a doçura que é Tia, uma estranha de cabelos escuros sobre a qual não sei nada. Trilho minhas mãos pelos braços dela, segurando seus quadris, puxando-a contra mim. Meu corpo está pegando fogo com a necessidade enquanto abaixo minhas mãos na bunda dela, levantando-a para envolver as pernas em volta da minha cintura.
— Cama. – murmuro contra seus lábios, e ela aponta atrás dela.
Seguindo o corredor, encontro o quarto principal, que é grande, com uma cama king-size e lençóis de cor creme. Nós caímos no colchão juntos, pairando sobre ela, aninhado entre as coxas pequenas que me mantêm firme. O calor me envolve quando ela levanta os quadris, e eu sinto o calor do seu núcleo no meu eixo nu.
— Eu vou te foder tanto, Vixen. – eu juro. Vou garantir que ela se lembre de mim e lembre-se desta noite para sempre. Ajoelhado entre as suas coxas, puxo seu top minúsculo para encontrar o par de peitos mais incríveis que já vi. Seus mamilos são escuros e enrugados, e não posso deixar de salivar ao vê-los.
07
Ele tem gosto de pecado - cada centímetro dele - mas também tem gosto de salvação. Como luz. Calma. Eu o devoro, como um demônio se alimentando de sua alma, enquanto lambo sua boca. Sua língua move com a minha, e eu me torno viciada. Minhas veias queimam, faíscam, se iluminando com a necessidade.
O vício vem de várias formas, mas isso é puro. Como se ele fosse me salvar da escuridão que nubla minha mente. Seu corpo está pesado sobre o meu, me pressionando no colchão, enquanto ele murmura palavras obscenas, promessas indecentes, e eu quero todas elas.
Ele pega seu jeans, tirando uma embalagem de papel alumínio, que eu sei que não precisamos. Coloco a mão na dele antes que ele rasgue a camisinha. — Estou bem... – eu deixo escapar, depois permito que minhas palavras sejam filtradas e não sei como dizer a ele que nunca tive Ryker dentro de mim. Nunca uma vez ele me sujou. — Eu...
— Fale comigo. – murmura Brax, pedindo-me a verdade que acho tão difícil de pronunciar.
— Estou bem, não estou com ninguém há algum tempo, nem mesmo Ryk. – Quando olho para ele, o entendimento queima em seus olhos. — Apenas me foda.
Ele assente, mas não responde. Em vez disso, ele a joga no chão. Eu nunca pedi, nunca quis implorar para um homem me foder, mas quando essas piscinas de caramelo me olham, eu sei o que quero.
Minha mente está inundada com nada além dele. Pela primeira vez em muito tempo, tudo o que vejo é o homem diante de mim, não imagens que me assombram. Seu corpo - esculpido, em forma e quente - paira sobre mim por um longo momento, como se estivesse esperando por algo. Por mim.
Toda a minha vida, os homens me usaram. Em mais aspectos do que gostaria de falar, ou pensar, sobre esse assunto. Quando levo alguém para casa, sou eu quem controla, porque os homens machucam e mutilam. Mas esse homem é algo completamente diferente.
Ele ainda não me fode; em vez disso, ele me provoca. Movendo seus quadris, ele provoca minha entrada enquanto sua boca devora meus seios e mamilos. Eles estão inchados e dolorosamente duros. Sua língua os provoca, e seus dentes estão neles, mordendo para me dar apenas dor suficiente que dispara para o meu núcleo.
Gentilmente, ele se move mais para o alto, dando beijos quentes no meu pescoço, até o meu lóbulo da orelha, onde ele o puxa entre os dentes. O gemido baixo que emana dele vibra através do meu peito e profundamente dentro do meu núcleo.
Por sua vez, meu corpo está iluminado pela necessidade e desejo. Meus dedos agarram seus ombros e minhas unhas cravam na pele, como se estivesse prestes a tirar sangue. Nunca senti um desejo como esse antes. Uma necessidade tão feroz de ter alguém, de sentir alguém.
Quando ele finalmente me tira da minha miséria e lentamente me penetra, nos ligando, eu grito. Meu corpo está aberto para ele, aceitando-o dentro da minha loucura, e desejo tudo o que ele está dando. Ele penetra em mim, entrando profundamente no meu núcleo. Sinto tudo abaixo do umbigo apertar, fazendo com que um gemido escape dos meus lábios.
Sua boca mais uma vez abaixa em meus mamilos endurecidos, mordendo-os, enviando ondas de choque de desejo correndo através de mim. Ele é uma droga. Parece que eu o injetei na minha corrente sanguínea. Minha cabeça cai para trás quando meus olhos se fecham. As imagens e memórias me sufocam ao seu alcance, causando em mim uma espiral, descendo, descendo, descendo. Não, por favor, não. — Tia!
Um ruído profundo atravessa a minha escuridão, e olho para cima para encontrar olhos caramelo me olhando com preocupação. Nossos corpos ainda estão ligados. Ele está dentro de mim. — Eu...
— Olhe nos meus olhos. – ele ordena em voz baixa. Eu obedeço, observando suas órbitas moverem com mel e dourado. — Sinta-me. – ele ordena novamente, e eu sinto. Cada centímetro dele desliza para dentro de mim, atingindo um ponto dentro de mim que tem os dedos dos pés encolhendo nos lençóis.
Minhas mãos em seus ombros o seguram como se ele fosse minha tábua de salvação. Como se ele fosse me salvar. — Brax! – O nome dele escapa dos meus lábios. Não é um sussurro ou um grito de êxtase; é algo completamente diferente. Meu corpo se apega ao dele.
— É isso aí. Sinta-me. Esse sou eu fodendo você. Meu pau é dono de sua boceta. – Com cada palavra, ele desliza mais fundo do que no tempo anterior. Não sei bem como é possível, mas ele sabe. — Goze para mim. Dê-me o seu prazer. Eu quero cada gota.
Meu corpo convulsiona com suas palavras, e minhas unhas cravam em seus ombros. Arranhando a pele. Arranhando ele. É então que eu vejo.
Vermelho. Cobre. Como vinho tinto.
A força vital dele escorrendo de sua pele macia e suave. Eu me deleito com isso.
Eu quero tomar banho dele.
Ele geme, empurrando mais fundo, e sinto seu calor me enchendo. Ele para por um momento, e lambo o líquido em seu ombro, provando o sabor nítido de metal na minha língua. Quando ele sai de dentro de mim e olho para baixo para olhar seu corpo, eu realmente olho para ele - esculpido, tonificado e bonito.
Ele tem cicatrizes, mas não pergunto sobre elas. Marcas cinzas pequenas por todo o tronco. Há um V proeminente que mergulha em seu pau agora amolecido, e as coxas grossas e musculosas parecem fortes o suficiente para me segurar enquanto me fode contra qualquer parede.
— Venha aqui. – ele me alcança com um sorriso. Envolvendo-me em seus braços, coloco a minha cabeça em seu peito, ouvindo o seu coração bombear vida nele, através dele. A batida no meu coração acalma a minha respiração ofegante e parece coincidir com a dele e querer o mesmo ritmo.
Eu já fiz sexo antes, fodi, mas isso parecia... real. Diferente.
— O que está acontecendo nessa cabecinha bonita? – Seus dedos alcançam o meu queixo, levantando o meu rosto até os meus olhos encontrarem os dele. Eu sabia que ele iria me foder, porque quando olho para aquelas esferas brilhantes, eu vejo. Ele não quer dizer ou agir assim, mas eu vejo.
Emoção.
Não é amor. Mas preocupação, carinho.
— Nada. Por quê? – ele não me responde, mas balança a cabeça e se recosta, me puxando para o lado dele onde me encaixo facilmente. Eu me moldei ao seu tanquinho e depressões como se eu fosse parte dele uma vez, e agora estou de volta onde comecei.
O pensamento me assusta. Mas enquanto o medo persiste no fundo da minha mente, eu o tenho para mim mesma.
Ela não está aqui. E quando meus olhos se fecham, ela não vem.
Eu tenho paz.
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Despertando de um sono sem sonhos, eu me viro e encontro os lençóis frios, minha cama vazia.
Você está maculada agora. Ele te marcou.
Não, não, não.
Achou que ele queria você? Que ele iria te foder e se apaixonar?
Movo minhas pernas sobre a beira da cama. Levantando-me, entro no banheiro e me refresco. Meu reflexo não me provoca, e noto um rubor suave em minhas bochechas.
Maculada. Corrompida.
Uma noite com ele, e eu estava livre.
— Eu não sabia quanto tempo você dormiria. – Uma voz grossa e rouca me assusta, e grito de surpresa. Virando, encontro Brax na porta do quarto me observando, vestindo apenas jeans. Ele está descalço e sem camisa, com os braços cruzados na frente dele.
— O que...?
— Você acha que eu iria embora depois da noite passada? – ele inclina a cabeça para o lado, olhando para mim com aquelas cativantes piscinas douradas em que pareço me perder muito rapidamente.
— Não. Quero dizer sim. Você não estava na cama. – eu afirmo de maneira ofensiva.
— Eu não estava porque estava fazendo seu café da manhã. – Meu olhar se volta para ele em choque. — Eu sei cozinhar, então imaginei que você não se importaria de acordar com algo para comer, e talvez café? – Seus lábios se contraem quando seus olhos se estreitam, com seu ombro apoiando no batente da porta.
Suponho que sim. Abaixando o olhar, concentro-me nos ladrilhos, contando-os um por um. Devagar. Foco. Respire.
— Ei. – Suas mãos me alcançam. Elas estão quentes, e ele cheira a comida, como um sustento, e percebo que esse homem pode ser o fim da minha dor.
Talvez ele seja minha paz.
Minha salvação.
Não, não consigo me concentrar em outra pessoa.
Eu preciso de mim, só de mim.
Vou machucá-lo. Sempre os machuco. Ela vai me fazer machucar; ela irá me dizer que eu devo. Não há mais ninguém que possa me tirar disso. Estou sozinha há muito tempo para vacilar agora. Fui encarregada de fazer um trabalho, e é isso que farei.
— Vixen, olhe para mim. – ele me implora calmamente com um toque gentil. Quando movo meu olhar para o dele, encontro carinho. Tão viciante, que eu já estou perdendo toda a restrição. — Aonde você vai? O que tem aí dentro? – ele bate levemente na minha têmpora. Apenas um único toque envia um arrepio de prazer através de mim.
— Eu protejo os outros. – Minha resposta escapa dos meus lábios antes que possa pensar, fazendo uma careta para ele. O olhar de confusão em seu belo rosto amedronta meu coração, porque, eu não sei dizer. Seu olhar está paralisado em mim. — Eu não posso falar sobre isso. Podemos comer? – eu mudo de assunto, esperando que ele não pressione mais. Felizmente, ele não pressiona. Em vez disso, ele empurra seu corpo contra o meu, que faz calor subir pela minha coluna, sobre a minha pele, em todos os nervos do meu corpo.
— Eu adoraria. Que tal me familiarizar um pouco mais com essa linda boceta? – O lado de sua boca se levanta naquele sorriso de lado sexy dá uma sensação de borboletas despertando na minha barriga.
— O que faz você pensar que ontem à noite foi outra coisa que não foi uma única vez? – eu brinco.
Ele se inclina, sussurrando no meu ouvido: — O fato de você estar aqui toda molhada e necessitada para eu fazer você gozar novamente. Além disso, você ainda não me pediu para ir embora, o que significa que está me querendo novamente. Algo em mim faz você querer. Faço você me querer.
Suas palavras revelam tudo o que passa pela minha mente porque eu quero. Quero isso; Eu o quero.
Mas não posso. Eu deveria afastá-lo, dizer-lhe para ir embora. Ele não deveria estar aqui.
E quando ele se afasta, tenho toda a intenção de dizer isso a ele, mas sabe? Eu não digo. Por quê? Porque sou uma masoquista. Eu quero sentir, e mesmo sabendo que haverá morte, não o deixo ir. Em vez disso, deixo que ele coma minha boceta até não poder mais andar.
08
— Feche os olhos, Tia.
Eu fecho.
— Relaxe e respire.
Meus pulmões se enchem de ar tão necessário. Como se estivesse flutuando. Sua quietude me acalma, me dando um alívio da tempestade que assola minha mente.
Estou em uma nuvem, e ela é um anjo cuidando de mim.
Tão quieto, tão sereno, me dando o que apenas ele me dá. Paz.
Meus olhos tremem quando as memórias começam a aparecer, e por mais que queira abrir meus olhos para afastá-las, não o abro. Permito-me sentir, mergulhar no sonho hipnótico que ela está me dizendo para encontrar. Minha mente recua, volta, volta... até aquele dia... Está frio, muito frio. Minha cabeça dói. É uma batida violenta no meu cérebro, como se estivesse prestes a quebrar meu crânio.
— Quero que você se lembre do dia em que aconteceu. Quando sua vida mudou pela primeira vez.
Concordo. Devo concordar, porque ela fica quieta por um tempo.
— Mamãe, o que você está fazendo?
Ela está lá; Eu a vejo.
Está vindo em minha direção. Seus cachos escuros estão presos. Sua pele como chocolate brilha com o suor, como se ela se exercitasse. Não me lembro do por quê. Ou onde ela estava. Ela parece diferente, não é mais o rosto sorridente que lembro. Desta vez, é uma expressão distorcida, cheia de algo... raiva? Não, ela não parece estar. O que é? A alcanço, mas ela está longe demais. No entanto, está tão perto.
Ela está falando algo, mas as palavras são baixas. Sem som Apenas uma imagem.
— Você está com ela, Tia?
— Sim, ela está cansada. Suada. Está correndo para meu quarto. Gritando.
— Por quê? O que ela está falando? – Outra pergunta, mas tudo fica embaçado, e minha cabeça lateja em agonia. Então, de repente, sons penetrantes. Algo chia. O que? Eu não sei.
Meu corpo treme.
Meu coração dispara.
Nada faz sentido.
Está girando; tudo está girando, me deixando tonta.
Eu não consigo ouvi-la. Por que não posso ouvi-la?
— Tia, respire, ouça minha voz. – ela está tentando me acalmar, mas há muita coisa acontecendo. Como faço para corrigir isso? Mamãe. Minha mente está turbulenta e meus olhos doem. Estão com lágrimas. Estou chorando. Por que eu estou chorando? — Tia, volte... me escute. Vou contar regressivamente...
— Não! Não! Não!
— Cinco.
— Pare!
— Quatro.
— Mamãe, atrás de você! – eu não posso abandoná-la. Por que ela está me fazendo abandonar a mamãe? Só mais um momento. Posso salvá-la. Posso tirá-la do escuro. Está tão escuro. Está vermelho. Há muito vermelho.
— Três.
Isso está em cima de mim. Em minhas mãos. No chão. O tapete está manchado. O cheiro é de ácido no meu nariz. Balançando a cabeça, tento esvaziar minha mente. Meus sentidos. Tudo está muito alto. Há pessoas gritando comigo. Minha garganta dói.
— Dois.
— NÃO! – eu grito de novo, mas é tarde demais. Ela se foi. Estou fora. Eles me levaram embora.
— Um.
Levantando-me, olho ao redor da sala e a encontro me olhando horrorizada. Meu coração bate tão forte que me deixa com dor, sem fôlego, ofegando por ar. Meus pulmões parecem como se tivessem levado um soco e acabou. Toda vez que fazemos isso, é angustiante. Mas sei que eu estou mais perto de descobrir o que aconteceu naquele dia. Eu vi. Um pouco daquilo. O horror do sangue. Tanto vermelho, porra. Se ao menos eu visse de onde veio e como veio a ser.
— O que aconteceu? – pergunto, com o medo escorrendo da minha voz. Mas tudo o que ela faz é olhar para mim. — Eu disse alguma coisa? Você tem que me dizer!
Nesse momento, o relógio toca alto, dizendo que meu tempo acabou. Meu corpo está suado e tremendo.
— Eu preciso analisar isso. Eu... nunca vi nada parecido.
É tudo o que ela me diz antes de me escoltar para fora de seu escritório.
09
Desde que saí do apartamento de Tia, tenho me concentrado em fazer uma investigação sobre ela. Por mais que eu tenha gostado da noite passada, estou mais intrigado em saber sobre a mulher que ela é. Ou foi. Quando ela está calada, algo grita para mim, como se em sua mente ela estivesse pedindo ajuda, e pretendo fazer exatamente isso.
Seu comportamento e tudo sobre ela, me enfeitiçou. Mas tem outra coisa. É como se quando ela está comigo, ela vai a algum lugar. Seu foco está danificado. Isso me lembra daqueles momentos em que estou dirigindo por um longo caminho, ouvindo minha música favorita, quando de repente a frequência diminui e estou ouvindo estática.
Ela está quebrada, tão quebrada.
Por mais idiota que eu normalmente sou com mulheres, com ela sou diferente. Quero tratá-la bem e mostrar-lhe como ela é incrível e reconstituí-la. O pensamento mexe comigo, fazendo-me balançar a cabeça para afastar os pensamentos que passam desenfreados em minha mente.
— Ei, cara, parece que você esteve dentro de uma boceta apertada e gostosa. – Grant murmura enquanto eu ando até a entrada da nossa sede. Ele está carregando uma entrega pela porta quando me olha de soslaio.
— Cale a boca. – Passando por ele, entro no armazém e vou direto para o escritório no andar de cima. Não estou atrasado, o que é um milagre. Quando Tia me deixou sentá-la no balcão do banheiro para comer aquela boceta doce, eu estava perdido.
— Braxton, entre. É bom ver que você está na hora. – Corp se senta e me olha quando entro no escritório dele. Ele me lembra meu pai - rigoroso e controlador. Mesmo que eu o odiasse enquanto crescia, agora olho para trás e percebo que ele estava apenas tentando me ensinar a ser um bom homem, a trabalhar duro e nunca desistir.
— Eu gosto de surpreendê-lo às vezes. – Encolhendo os ombros, caio na cadeira de frente para a mesa dele e espero meu parceiro no crime chegar. — Então, aquele clube. É protegido por dez seguranças. Eu os contei ontem à noite. E também há câmeras de vídeo em cada canto.
Ele assente, puxando a pasta e examinando silenciosamente a papelada. — O dono usa o nome de Miguel. Ele é um traficante sujo em todos os aspectos. Temos o tráfico de drogas, a lavagem de dinheiro e as meninas sendo vendidas, embora não saibamos se o comércio de escravos é na China ou se as estão enviando para a Tailândia para bordéis. No entanto, houve relatos de sindicatos conhecidos criados onde homens ricos vão fazer lances por meninas. O maior lance ganha. – ele levanta seus olhos cinza cor de aço para mim, e eles estão virando de raiva e frustração.
Este tem sido um trabalho que está em segundo plano por causa de todos os trabalhos urgentes em que entramos, mas desta vez, estou fazendo a missão da minha vida, pegar esse filho da puta e acabar com a raça dele. — Nós podemos fazer isso. – Meu tom inflexível me faz ganhar um sorriso raro.
— É por isso que eu gosto de você, Cart... – As palavras de Corp são interrompidas por Ryker entrando pela porta. Ele se joga na cadeira ao meu lado e nos olha com os olhos vermelhos.
— Ryker Murphy, a que devo esse prazer? – Corp questiona com puro veneno em seu tom, mas o homem que eu chamei de meu melhor amigo, o homem que eu conheci a vida inteira, nem sequer vacila.
— Você ligou, eu cheguei. Vamos fazer isso. – O ar fica mais denso com a tensão que posso cortar com uma faca.
— Eu sugiro que você vá descansar de o que quer que esteja errado com você. Quando você descobrir o que quer fazer, poderá voltar. Fora isso, eu não quero que você em minha propriedade pareça ter sido arrastado pela rua por um agressor e deixado na minha porta.
Corp é severo, ele é rigoroso, e quando ele fala, você ouve. Ele prende Ryk com um olhar que a maioria dos homens, inclusive eu, se encolhe, mas quando o homem ao meu lado se levanta, ele sorri e vira, tropeçando em uma mesinha de madeira ao lado dele, derrubando-a com um estrondo. — Carter é melhor você entender, rapaz, já que todo mundo parece amar você.
O homem que tropeçou e que não reconheço sai e fico perplexo. Somos amigos há muitos anos. Eu o perdoei por muito, mas hoje, essa foi a gota d'água. Há muito que você pode fazer por um homem. Se ele continuar se afastando de você, não há nada que você possa fazer além de deixá-lo descobrir seus demônios.
Eu o vi descobrir ao longo dos anos. Eu o vi quebrar e despedaçar diante de mim. E toda vez que eu tentava ajudar, estar lá, ele insistia em me afastar. Meu melhor amigo não é mais o homem com quem cresci.
— Eu estou designando um parceiro para você. – diz Corp imediatamente, com seu olhar queimando em mim com curiosidade, provavelmente se perguntando o que aconteceu. Eu concordo. Não há nada que eu queira mais agora. — Você trabalhará com Grant. Ele está indo para a caça pela primeira vez, e acho que você é o homem ideal para mostrar a ele como isso é feito. Além disso, ele tem uma boa cabeça nos ombros. – Com isso, ele pega o telefone em sua mesa e disca. — Venha até aqui agora.
De repente, o meu mundo se inclina em seu eixo. Tudo está mudando, e lembro-me dos conselhos de meu pai neste momento. É uma lembrança espontânea e, quando me atinge, sinto-me sem fôlego.
“Quando sair, siga sua moral, sua confiança e esse coração que parece amar com facilidade. E quando você voltar traga essas mesmas coisas com você. Não deixe que o que você vê lá o mude e nunca diminua o homem que eu te ensinei a ser.”
Olho para meu pai. O orgulho brilhando em seus olhos me aquece.
Minha mãe se aproxima de mim, passando os braços em volta da minha cintura. O amor transborda dela e penetrando em mim, e eu sei que tenho sorte. Eu sempre tive sorte. “Brax, por favor, volte para nós. Eu preciso de você. Prometa que você vai voltar.”, ela me implora, e eu me viro nos braços dela, envolvendo-a nos meus. O corpo dela é pequeno. Ela é frágil por anos de tratamento, mas ainda o segue.
Eu tenho apenas 21 anos e os dois já estão com sessenta e poucos. Eles me tiveram no final da vida, um filho milagroso que tentaram e, quando eu finalmente cheguei, me sufocaram com tanto amor, tanta alegria e tudo que um garoto poderia precisar. À medida que envelheci, era uma questão de retribuir, e eu o fiz. Eu trabalhei duro e segui meu caminho ainda jovem. Agora, olhando para eles, percebo que fui verdadeiramente abençoado.
"Vejo você em breve, mãe." Dando um beijo suave no topo de sua cabeça, dou-lhe um último abraço antes de me virar para meu pai, apertando sua mão e saindo pela porta com a minha mochila pronto para a guerra.
— O que há, Corp? – Grant entra e tenho certeza de que sinto o chão embaixo de mim se desestabilizar.
— Você será parceiro do Braxton. Preciso de vocês dois naquele clube hoje à noite. Sonde ele, e eu quero dizer todos os malditos cantos. Quero o relatório na minha mesa amanhã, às 9:30.
Nós dois concordamos, e eu empurro a cadeira. Vou para a minha mesa e Grant me segue. Parando antes da grande mesa de madeira, ele me olha com um sorriso fácil. — O que? – resmungo, puxando minha cadeira para o lado e me jogando nela.
— Ele sabe sobre sua pequena paixão? – ele levanta o queixo, apontando para a mesa de Ryk. Concordo com a cabeça, esperando o sermão que ele está prestes a me dar. — Tudo o que tenho a dizer é, tenha cuidado. Ele é uma bomba relógio, e você sabe o quanto perigosos são esses filhos da puta. – ele se vira para ir embora, mas antes de sair, ele olha de novo para mim. — Apenas tenha cuidado.
Estive com homens como eles a vida toda, pessoas que passaram por encrencas, inclusive Tia. Minha mente volta para ela com frequência, mesmo quando ela estava namorando Ryker. Sempre havia algo nela, como se ela fosse um ímã e eu um fragmento de metal, e eu não consigo me afastar.
10
Recordações.
Estão sempre me provocando. Meus sonhos foram preenchidos com imagens que quero esquecer.
Eles foram mortos. Assassinados.
Ele era meu melhor amigo.
Eu perdi tudo.
Eu só tenho uma coisa que aprecio. Uma coisa que mantenho perto do meu coração.
Sua.
A beleza de cabelos escuros e olhos azuis.
Não é apenas o meu pau que a anseia. Meu coração também. Não sei porque nem como, mas ela encontrou esse feixe de luz na minha escuridão e se colocou ali, se instalando profundamente. Ela é minha salvação. Não posso oferecer o mesmo porque sou a condenação dela. Não vejo como sobreviveremos a isso.
O sol entra através das janelas com grades, e o encaro diretamente, esperando que ele me cegue, para que nunca precise olhá-la novamente. Então não vejo o desespero na expressão dela quando digo que acabou. Quando confesso quem sou, ou mais importante, o que sou.
Ela ainda vai me querer?
Talvez não.
Ela vai me olhar com raiva e arrependimento?
Sim.
Não tenho dúvida de que ela se machucará. Eu deveria deixá-la ir agora. Hoje. Devo dizer a ela que estou indo embora, e ela terá que fazer isso sozinha. Quando eu for embora, precisa ser um rompimento decente. Ela seguirá em frente. Ela encontrará alguém melhor. Ela merece isso.
Um homem bom faria isso. Ele permitiria que ela vivesse uma vida com um homem que pode lhe dar tudo. Não alguém que vai pegar e pegar e não dará nada em troca. É o que um homem admirável faria. Alguém com moral.
Eu sou esse homem? Não.
Quando ela entrar aqui em alguns minutos, eu a deixarei ir? Não.
Por quê? Porque sou egoísta. Eu quero corrompe-la. Quero usá-la para ter minha sanidade. Quero o corpo dela, a mente, o coração e serei condenado ao inferno, mas quero a porra da alma dela. Eu quero me aproximar dela e me aquecer no seu brilho. Quero devorar tudo o que ela tem para dar. Como um demônio se alimentando da inocência de uma virgem, quero consumi-la da maneira que ela me consumiu.
A porta se abre e lá está ela. Um anjo no fogo do inferno.
— Eu senti sua falta. – ela murmura com um sorriso.
Diga a ela.
Não.
— Como eu tive de você. – eu dou um pequeno aceno de cabeça e me levanto, perseguindo-a. Seu corpo é envolvido pelo fino tecido branco de um vestido. Seus mamilos escuros me provocam quando endurecem sob meu controle. — Sente-se. – eu ordeno. Eu me viro, apontando para a cama. Seus passos são suaves, quase silenciosos enquanto ela se aproxima da pequena cama no canto e se senta sobre ela.
Seus olhos azuis claros focam em mim e ela levanta as pernas, cruzando-as como uma criança.
— Então, o que vamos falar hoje à noite? Você quer ouvir o resto da história? – eu a questiono em um murmúrio suave, e ela assente. Me junto a ela na cama, sentando-me na cabeceira de metal e abrindo meus braços para que ela se aconchegue neles. Ela se encolhe ao meu alcance enquanto eu continuo a nossa história.
11
— Então, você transou com ele? – A voz de Laney é estridente na linha. Eu sabia que ela ficaria chocada, mas não esperava que ela gritasse assim.
— Sim, eu transei. E foi bom. Quero mais, Laney, muito mais, e não posso tê-lo. – Suspirando, abro a porta do bar e entro. O cheiro antigo de cerveja me atinge. Eu tenho que prender a respiração quando entro e fecho a porta atrás de mim com um som suave.
— Você terá que contar a ele, Tia. Se você vai fazer isso, ele precisa saber. – ela está certa, mas não posso contar a ele. Não consigo pronunciar as palavras. Se ele soubesse como eu estou confusa, ele se afastaria tão rápido que minha cabeça giraria.
— Tenho que ir. Ligo para você hoje à noite. – Sem esperar pela resposta dela, desligo e vou atrás do balcão para guardar minha bolsa no escritório nos fundos do bar. O lugar é misterioso quando fechado; um calafrio percorre minhas costas.
Por favor, não. Por favor.
Caramba. Você vai machucá-lo.
Não, não vou. Ele é um cara legal.
Você tem sangue em suas mãos.
Acabou. Eu não posso mais fazer isso.
Balançando a cabeça, fecho os olhos, esfregando as mãos no rosto e inspirando profundamente. Meu celular vibra no meu bolso e, quando o tiro, vejo uma mensagem de Brax.
Braxton: A noite passada não foi a última. Quer outra dose de mim?
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Suspirando alto, eu me sento e me pergunto como isso vai funcionar. Isso não vai. Não há como eu estar com ninguém. Eu não consigo me apegar porque, por mais que queira negar, eu não posso. Haverá sangue.
Você não é digna. Talvez ele devesse brincar comigo.
— Não.
Sim, eu vou ordenhar aquele pau dele.
— Me deixe em paz. Você não vai chegar perto dele. – eu aperto para resposta e digito uma mensagem, mas as palavras não estão certas e, antes que eu tenha tempo de detê-la, ela a envia.
Tia: Se você pode lidar com a minha loucura, eu vou lidar com o seu pau.
— PORRA! POR QUÊ?
Porque ele é meu também. Nós somos iguais, você não percebe isso agora? Estou em você, para sempre.
Levantando-me, deixo meu celular no balcão e saio do escritório. Minha cabeça dói, com uma dor incômoda que lateja atrás dos meus olhos, e sei que estou prestes a perdê-la. Antes de chegar à porta principal, sinto a dor familiar. Eu caio de joelhos.
Segurando o tapete embaixo das minhas mãos, eu cravo meus dedos dolorosamente, esperando que isso pare o que está prestes a acontecer, mas tudo fica preto.
“Isso é lindo. Olha, Tatiana.” A voz de minha mãe me chama, e eu a encontro sorrindo para mim segurando o vestido. Ela é linda. Ela sempre foi. Há uma luz que brilha dela.
"Eu não quero rosa, mamãe." Minha voz de choro é alta, e as outras pessoas ao nosso redor se voltam para nos olhar com desprezo. As pessoas são más.
Elas são horríveis. Todo dia tenho que me esconder. Elas não gostam de mim porque somos diferentes. Eu quero fugir. Se sairmos, não precisarei estar na escola com essas crianças.
"Vamos lá, Tia." ela implora em um tom mais suave, e sei que ela está envergonhada pelas pessoas olhando. Elas não parecem felizes, e eu posso ver que não gostam de nós. Eu movo minha cabeça para cima e para baixo. Eu não posso discutir porque isso vai só fazer as coisas piorar e ter mais pessoas a nos olhando.
Quando finalmente pagamos, ando alguns metros na frente dela em direção ao carro. A volta para casa é silenciosa e eu mexo na minha saia. Também não a queria. Ela sempre me faz usar coisas que não quero.
“Eu só não queria rosa. É tão feminino, e você sabe como são as crianças na escola.” Ela não responde quando nós entramos na garagem. Nada é dito quando entramos em casa, então vou para o meu quarto e deito na minha cama.
Uma dor na minha cabeça começa de repente, e eu grito, agarrando meu cabelo, puxando-o de suas raízes, mas não entorpece a agonia que queima em mim. Fechando os olhos, ouço a voz da minha mãe, pingando de preocupação. “Tia, querida, o que há de errado? Tia.”
Quando eu abro meus olhos, eu vejo isso. Vermelho rubi. Não, é mais escuro. A cor é quase preta.
O cheiro é nojento. Forte.
Há muito no chão.
Sangue. Fluido escuro e denso reunindo-se ao redor do corpo. O lindo vestido que ela usava está rasgado e tento cobri-la.
Um grito não natural ecoa ao meu redor.
Eu me pergunto de onde estaria vindo. Outro e outro. Meu rosto está molhado.
Meus olhos escorrem lágrimas pelas minhas bochechas, e percebo que sou eu quem está gritando. Minha garganta arde.
As mãos estão nos meus ombros, me puxando para trás, mas luto contra elas. Eu chuto e grito, mas não adianta, elas são muito fortes.
As pessoas correm para o corpo da minha mãe. Eu não posso pará-las.
“NÃO! Me solta!"
Estou chorando alto, mas o homem me segurando me diz no ouvido: “Está tudo bem, pequena. Feche os seus olhos. Deixe sua mente sair daqui. Pense em outro lugar.” Suas palavras parecem me hipnotizar, penetrando na minha mente como se estivesse pingando-as na minha pele, gota a gota.
Obedeço e fecho os olhos, afastando o horror da minha mente e imagino. Eu imagino um mundo sem a dor no meu coração. Não vejo vermelho, mas verde. Belos campos, sol quente no meu rosto.
“Você ficará bem, eu estou aqui agora.” ela diz. Eu não a conheço, mas gosto dela. Ela é carinhosa. Preciso dela. O sentimento só cresce à medida que me afasto da cena horrível. Ela vai ser minha amiga agora.
— Tia! – Um som profundo e meu corpo sendo empurrado me faz abrir os olhos. Olhos azuis marcantes olham para mim. Meu olhar dispara em alarme. Merda. Aconteceu novamente.
— Estou bem, estou bem. – eu afasto a mão dele. Aiden olha para mim como se eu tivesse enlouquecido. Infelizmente, isso aconteceu há muito tempo.
— Que porra foi isso, Tia? – Sua preocupação é palpável, mas ignoro sua pergunta. Eu não posso responder. Ninguém pode saber sobre mim, sobre ela.
Ele é bonito. Não.
Olhando de volta para o barman, dou um sorriso. — Eu estou bem. Acho que estou apenas com fome e desmaiei. Prepare-se para abrir.
Não espero sua resposta, me viro e vou para o escritório. Fechando a porta atrás de mim, caio na cadeira e abaixo minha cabeça. A dor se foi, mas a memória está de volta com uma vingança. O assassinato de minha mãe foi arquivado como um caso antigo.
Faz quase dezessete anos. E eles foram preenchidos com dor agonizante. Meu celular toca, trazendo minha atenção de volta ao presente. Pegando-o, encontro uma resposta de Brax.
Braxton: Eu posso lidar com a loucura se você estiver disposta a me dizer aonde você vai nessa sua mente, Vixen. Conte-me seus segredos.
Eu olho as palavras por tanto tempo que meus olhos lacrimejam, e quando começam a ficar borradas, eu pisco, permitindo que as lágrimas caiam, desejando que pudessem purificar meu passado e me permitir um presente que valha a pena viver. Mas a minha vida ainda está corrompida. Não importa quanto da minha história seja purificada, ainda tenho demônios.
Segredos.
A ruína de quem eu sou, do que sou, das coisas que fiz. Antes que eu possa responder, meu celular toca. — Alô! – eu sussurro, e não sei por que.
— Você está muito quieta. Eu te assustei quando perguntei sobre seus segredos? – ele me questiona com um pouco de diversão.
— Não, estou no trabalho. Não vi sua mensagem.
Mentiras. Elas escapam tão facilmente da minha boca.
Elas corrompem minha vida, escurecendo minha alma. Mas é a única maneira de saber como garantir minha segurança. E a segurança de todos ao meu redor.
— Você percebe que a sua voz muda quando me diz algo que claramente não é verdade? – Suas palavras param no meu coração; a ansiedade me atinge forte, tirando meu fôlego.
— O que?
— Sou treinado para ler pessoas, Vixen, e você é um livro aberto para mim. Cada frase, cada palavra que você esconde por trás desses olhos azuis, por trás desse rosto bonito e nessa mente caótica.
Meu mundo aponta para seu eixo, e a tontura me atinge. Ele não sabe. Ele não poderia saber. — Eu... Você...
— Vixen, me deixe entrar. Por favor! Não vou me assustar tão facilmente. Já vi guerras. Lutei batalhas. E eu ainda estou aqui. Você, minha querida, não é nada comparado ao que passei.
Cada palavra me aquece. Quero acreditar nele. Quero me envolver com ele e as doces promessas que ele profere. Mas não sou tão gentil. Eu sou doente.
— Olha, Braxton, você está sendo legal...
— Foda-se o legal, Tia. Eu não quero ser legal. Eu não sou um cara legal, e se você disser isso, eu vou até aí agora, e eu vou te inclinar por cima desse maldito balcão de bar e vou enfiar meu pau tão fundo dentro de você que você sentirá eu na sua maldita garganta.
Um suspiro alto dos meus lábios o fez gemer em resposta. — Você é um idiota.
— Sim, eu sou. Vou entrar na sua mente, Vixen. Da mesma forma que irei no seu corpo. Vou fazer você gozar tanto que esquecerá suas limitações e suas barreiras que você gosta de manter. Eu vou descobrir isso. Não estou assustado. Vejo você mais tarde.
Com isso, ele desliga, me deixando boquiaberta olhando a tela em branco, me perguntando o que diabos aconteceu.
12
Assim que desligo, eu me sento e olho para a tela à minha frente. Eu estive investigando o dia todo, mas nada apareceu no nome que tenho dela. Tatiana Nunez. Além de uma mulher de sessenta anos que morreu recentemente.
— O que está rolando? – Ryk se senta na cadeira ao lado da minha mesa e se inclina para ler minha tela. — Você continua viciado naquela boceta? Ela é maluca, cara. Seja cuidadoso. – ele ri, me dando um soco no ombro como se fôssemos melhores amigos, mas agora, me sinto tão distante dele.
Sim, eu o conheço desde que éramos crianças. Nós crescemos na casa um do outro, mas algo mudou nele, e eu não o reconheço mais. Meu melhor amigo se foi e, agora, acho que não o quero de volta. O homem diante de mim se transformou em alguém que não reconheço.
— O que aconteceu com você, cara? – eu expresso a pergunta que está passando em minha mente e olho para ele. Não espero uma resposta honesta, mas ele encontra o meu olhar enquanto empurra a cadeira.
— Eu cresci, fui para a guerra e vi coisas que me mudaram, coisas que nunca podem ser vistas. E nunca mais vou ficar bem. Agora, a menos que você me diga que vamos sair hoje à noite para comer uma bela bunda, então sugiro que cale a boca.
Eu me levanto para encontrá-lo em toda a minha altura. — Eu estava lá, passei por tudo que você passou e, se você não esqueceu, eu ainda sou eu. Lembra do garoto com quem cresceu? Este sou eu. Eu não me transformei em um idiota.
Minha resposta o faz recuar, mas ele mais uma vez encontra meu olhar indignado, e com um sorriso misterioso nos lábios, ele responde: — Bem, você não perdeu tudo quando foi embora. Você sempre teve tudo, não teve, rapaz? – Com um olhar final, ele vira e me deixa furioso sob o exterior calmo que eu colo no meu rosto.
— Carter, eu posso te ver? – O som profundo de Corp me traz de volta ao presente.
Eu aceno, seguindo para o escritório dele; Eu o vejo fechar a porta atrás de mim.
— Sente-se. – ele aponta para a cadeira em que eu estava apenas algumas horas atrás.
— Me desculpe por isso. – Meu pedido de desculpas é fácil. Não havia nada que eu deixasse comprometer esse trabalho, especialmente meu ex-melhor amigo.
— Olha, não tenho certeza do que aconteceu com vocês, rapazes, mas se ele está sentindo que o mundo lhe deve uma coisa, ele não vai ouvir você. Você é um bom homem, Carter, mas se você continuar o pressionando, ele pode pular. – Seu conselho sincero me assusta. Ele nunca foi quem nos deu conselhos paternais. Sim, ele está no comando da equipe, mas isso parece diferente.
— Ele está com raiva por sua namorada o deixar. Está brincando com ela há meses, e ela finalmente percebeu. Agora, ele a está culpando.
Ele acena com a cabeça em compreensão, depois me choca quando se senta, levantando os dedos como uma prece na frente da boca, lembrando-me de um pastor depois de ouvir uma confissão.
— E você está interessado nela? – ele pergunta.
— Não, claro que não. – eu encolho os ombros. Sim, eu gostaria de transar com ela no próximo mês, mas algo mais está fora de questão. —É só que há algo nela... Ela está escondendo alguma coisa. Ela tem muitos segredos, e eu quero descobri-los. Eu quero...
— Salvá-la? – ele pergunta, e eu aceno com a cabeça facilmente porque quero isso.
— Braxton. – Meu nome soa estranho quando ele diz. Ele nunca me chamou pelo meu primeiro nome antes. — Sei de onde você vem, mas não pode salvar todos, filho. Há momentos em que você precisa deixá-los se salvar. Talvez você possa ser o apoio dela, mas até que ela o deixe entrar, você não pode fazer nada. Você não pode forçá-la a dizer o que ela esconde. Talvez essas coisas são o que ela precisa para esquecer e seguir em frente.
— Eu entendo o que você está dizendo, mas com certeza, eu posso ajudá-la através do que quer que seja. – eu insisto, implorando para que ele veja o meu lado disso. Precisando que ele percebesse que de alguma forma essa garota se entrelaçou em minha mente e coração. Ela superou muitos dos meus pensamentos, sinto como se fosse eu quem estivesse com ela todos esses meses e não Ryker.
— O que você tem em mente? – A resignação está em seu rosto enquanto ele se inclina para frente, esperando que eu confesse que já usei nosso software para rastrear seu passado. Suspirando, olho para a estante atrás dele, inseguro do meu plano. Não pensei nisso. — Olha, Braxton, podemos descobrir o que você precisa, mas eu quero que você faça isso de acordo com as regras.
Movendo o meu olhar para o dele, eu aceno. — Eu tenho o nome dela, mas de alguma forma, nada aparece em minhas pesquisas.
— Você pode me conseguir um número de Seguro Social? Talvez o nome completo dela? Sabe se o que ela está usando é realmente dela?
Se ela confia em mim, posso descobrir tudo o que preciso para fazer uma investigação completa.
— Consigo as informações, mas será difícil. Ela já está cautelosa comigo. – eu confesso.
— Parece que tem uma mulher temperamental nas mãos. Venha até mim quando tiver mais e verei o que posso fazer.
Com isso, eu me afasto e vou para a porta. Antes de sair, eu me viro para ele e faço uma reverência. — Obrigado, Corp, isso significa muito. – Sem esperar por uma resposta, fecho a porta atrás de mim e vou para a minha mesa.
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— Está pronto? – Grant caminha até mim; seu grande corpo se move rapidamente.
Eu concordo. Agarrando minha jaqueta, eu me levanto e encolho os ombros. Com minhas chaves e celular na mão, seguimos para o carro.
— Então, você está pronto para acabar com aquele idiota? – Meu parceiro pergunta, com sua expressão séria.
— Sim, quanto mais cedo melhor. Parece que ele está muito ocupado e precisa ir embora. Por um longo tempo. – Sentando no banco do motorista, ligo o motor e saio da garagem.
— Gostaria de ter certeza que ele desaparecesse permanentemente. – A risada perigosa do meu novo parceiro me faz concordar. Gostaria de afastá-lo também, a seis pés de profundidade.
— Sim. – murmuro em resposta.
A viagem da sede não é longa, e quando paramos do lado de fora do movimentado clube, já existe uma fila alcançando o prédio. Com mulheres com a mínima roupa que eu já vi tremendo no ar frio da noite, e me pergunto o que acontecerá com elas hoje à noite.
Uma sensação nauseante enche minha mente, porque eu não quero saber. Eu já vi muito desde que eu trabalhei no Retribution e isso infelizmente não é novidade. — Vamos, cara. Não quero passar a noite inteira aqui. – Grant já saiu do carro antes que eu tenha tempo de limpar minha mente.
A lembrança de Tia estar aqui vestida como elas envia um sentimento de frustração através de mim. Ela poderia ter se machucado, ou pior, poderia ser uma das garotas que nós resgatamos de uma maldita cela.
Perto da porta, noto o segurança nos dando uma olhada. Grant faz que sim com a cabeça e nos deixam entrar pela porta dupla. Assim que eu entro, a música me atinge como um soco no estômago. O baixo soa pelos alto-falantes e estamos abrindo caminho através de corpos oscilantes.
Todo mundo olha como se estivessem bebendo por muito mais tempo do que o necessário, e com o meu olhar de dardos em torno, eu gostaria de saber se qualquer um dos frequentadores - e todos parecem muito jovens para estar em uma discoteca - sabem o que realmente se passa aqui. Claro que sim. Por que mais estariam aqui? Para as drogas? As garotas?
— Ei cara, vou dar uma olhada no último andar. Você ficará bem sozinho?
Eu me sento em um banquinho perto do balcão. — Não tenho doze anos. Posso cuidar de mim mesmo. – Assim que ele sai, eu peço uma cerveja. A multidão é cheia de jovens, entre dezoito e vinte e cinco e, de repente, sinto-me velho.
Essa costumava ser minha vida, antes de fazer algo do meu futuro. Queria ser mais do que apenas mais uma daquelas crianças que acordaram dez anos depois e percebesse que eu fiz merda.
Bebendo a minha cerveja gelada, eu observo o movimento no clube, observando os seguranças e a vigilância, até que os meus olhos pousam em uma mulata de aparência familiar no terraço, conversando com um homem mais velho. Algo sobre ele faz soar um alarme na minha cabeça.
Minhas irritação aumenta, e quero ir até lá e descobrir o que diabos está acontecendo, mas aprendi que a observar é melhor. Sente-se e observe seu oponente antes de atacar para que ele não o veja chegar, mas você sabe todos os movimentos deles. Seus longos cabelos movem quando ela balança a cabeça em resposta ao que o homem disse. Não consigo ver o rosto dela, mas tenho quase certeza de que sei quem é.
Tomando outro gole longo da minha bebida, sinto calor nas costas e, quando me viro, há uma loira bonita sorrindo para mim. — E o que posso fazer por você? – eu pergunto com meu sorriso.
— Apenas vendo um talento. – ela murmura.
Seu perfume, tão diferente do de Tia e ele faz o meu estômago revirar. Que porra há de errado comigo? Normalmente, teria enfiado minhas bolas até o fundo dessa pequena atrevida, mas agora só consigo pensar na mulata que está falando com a nosso alvo e ela tem um cofre que eu gostaria de abrir... A mente dela.
Meu foco está neles. Ela não sabe que estou aqui. Ela ainda não me notou, mas vou ficar de olho nela até saber que ela estará segura. Até que ela esteja longe daquele idiota e nos meus malditos braços.
13
— Você quer tentar cair de novo? A regressão?
Eu balanço minha cabeça rapidamente enquanto vejo a chuva cair ao longo da vidraça. É como ela estivesse chorando por mim. Lágrimas caem silenciosamente, queimando minhas bochechas e olhos ao mesmo tempo. Hoje tudo dói. Minha cabeça e meu coração. Como eu vivo assim? Acho que estou acostumada com a agonia latejante. Ela se tornou parte de mim agora.
— Isso não funcionou da última vez, ou antes. – digo calmamente, mas dentro de mim há um conflito.
Estou no campo de batalha.
Sacando a faca.
Armas em chamas.
Dois lados de cada luta, um tem que ser o perdedor. Só me pergunto quem será desta vez.
Faço isso há tanto tempo que não me lembro de uma época em que não queria lutar.
Comigo mesma.
Com os outros.
Quem ficasse no meu caminho.
— Olha, eu sei que isso é difícil... – ela começa, mas para quando me viro para encará-la com raiva.
— Você não sabe de nada. Isso... – meu dedo indicador aponta minha têmpora. — Está danificada. Faz muito tempo. – eu me inclino para trás, respirando fundo e tentando acalmar a frustração.
— Eu sei. O seu pai...
— Não. Fale sobre ele. – digo as palavras, mas ela não vacila. Em vez disso, ela me olha com cautela, esperando. Ela está sempre esperando. — Não estou aqui para falar sobre ele hoje. Você me disse que me ajudaria. Que você poderia me contar o que aconteceu com minha mãe.
— Se você não quiser fazer regressão, podemos fazer hipnose. É a única maneira de entrar em sua mente, Tia. Você quer se lembrar daquele dia? E se for algo que vai machucá-la?
Ela está certa, mas eu preciso saber. Eu matei minha mãe? Toda a minha vida, eu acreditei nisso. Todo momento, todo dia, em todos os meus sonhos e pesadelos. Em tudo.
— Sim, eu preciso saber.
Ela assente, com o seu lápis preparado. Esperando, observando. Porra. Sempre. Seu olhar me investiga. Como se ela estivesse abrindo um buraco na minha mente, esperando as memórias escorrerem do meu crânio como sangue.
Vermelho.
Escarlate.
A força vital de que nós todos precisamos, mas é tão facilmente removido. Sim, sei como sangrar um homem. Eu sei como tomar banho no líquido e me deleitar com o perfume metálico pungente.
— Tia. – diz ela, assustando-me com os pensamentos que passam desenfreados através da minha mente equivocada. Encontro seu olhar e vejo a tristeza em seus olhos.
— Hoje eu não posso fazer isso. Podemos falar sobre outra coisa? Você acha que terei uma vida normal? – eu acho que perguntei isso antes. Quero uma vida. Com Braxton. Eu gostaria que pudéssemos ter filhos também. Mesmo que o pensamento seja doloroso, a ideia dele dentro de mim, me marcando com sua semente e meu corpo aceitando, me faz sorrir. Estar grávida de seus bebês seria incrível. A tristeza domina meu sorriso.
— Você pode, Tia, mas precisa encontrar sua âncora. Você precisa encontrá-la e aguentar. Não corra para esse lugar dentro de sua mente. Depois que você para de correr, não precisa disso como fuga, é quando poderá ter uma vida normal. Você precisa enfrentar seus medos de frente.
Sua voz é preenchida com urgência, sinceridade, e medo. Ela está com medo de eu ser sempre assim. Então, eu estou. E sei que Braxton está. Não os culpo. É difícil. Posso realmente fazer isso? Encontrar uma âncora? Sim, Braxton é minha âncora. Ele não é?
14
Ele vai te machucar, e você vai fazê-lo sangrar.
— Não, não, não! – Minha voz é estridente, ecoando pelo o meu apartamento vazio. A pulsação, uma dor incômoda na minha cabeça, faz meus olhos embaçarem.
Pequena Tia, pequena mentirosa. Garota quebrada. Você sabia que garotas quebradas são sujas? Ninguém as amará.
— Me deixe em paz! – Agarrando o meu rabo de cavalo, solto-o e massageio minhas têmporas em pequenos círculos. Preciso da minha medicação, das pílulas que me fazem passar por isso.
Deixe-o vir. Eu quero brincar. Quero senti-lo.
Fundo e forte.
Não é isso que você gosta, Tia?
Lembra de como foi ser fodida rudemente por ele?
Quase violentamente?
Quanto foi bom?
Ignorando os jogos mentais, entro na cozinha e pego uma cerveja e o pequeno frasco branco. Minha mente ainda está no telefonema de antes e no tom inflexível de Brax para saber meus segredos. Afogando minhas mágoas quando deixo cair três pílulas na minha língua e engulo a bebida gelada. A quietude me atinge como uma onda, como sempre acontece quando chego em casa depois de um turno. Ficando sozinha por tanto tempo, me acostumou com o silêncio, mas hoje à noite me sinto inquieta.
O desejo de correr é forte, mas sei que não posso. Tenho que terminar o que comecei. Antes de chegar ao meu quarto, meu celular vibra e, assim que olho para a tela, meu coração sobe para garganta. Ele já tem muito controle sobre mim e faz apenas uma noite.
Mas a paz que ele me deu me faz querer mais, desejar mais. Passando o dedo pela tela, respondo, desejando ouvir sua voz. — Olá, Carter. – Usando seu sobrenome, abafo uma risadinha quando ele geme alto.
— Vixen. – Sua voz é baixa, ofegante e envia um choque diretamente para o meu núcleo. — Estou do lado de fora. Sugiro que você abra. – As palavras e a promessa de estar perto dele me fazem tremer de emoção. Indo para a porta, eu a destranco e a abro.
— Você precisará do código do elevador.
— Bem...?
Eu rio com sua insistência. — É 35728, e a porta está aberta. – eu vou para a cozinha com ele ainda na linha. Tirando duas garrafas de cerveja da geladeira e coloco-as na bancada. — Você está perto?
— Estou. – Sua voz ecoa da linha para a porta, e quando ele entra no apartamento, minha respiração dificulta. Vestido com uma camisa de botão azul escura e jeans preto rasgado que moldam suas coxas musculosas, ele me faz salivar. — Você está maravilhosa. – ele murmura naquele sussurro grosso e sedutor que acende o calor por toda a minha pele.
Uma apreciação lenta começa nos meus pés. Ele move o olhar pelas minhas pernas e quadris. Aqueles olhos caramelo brilhavam quando ele percebeu meus mamilos duros. Ele move seu olhar para a minha boca, e quando ele finalmente encontra meus olhos, eles estão calorosos.
— Eu? – eu brinco, inclinando minha cabeça para o lado. A dor no meu crânio do meu episódio anterior se dissipa quando ele se aproxima de mim. Suas mãos seguram meus quadris, me puxando contra ele.
— Está, Vixen. Maravilhosa o suficiente para comer. – Suas palavras são um lembrete do adeus desta manhã antes de ele sair para o trabalho. — Você gostaria disso, baby? – ele murmura no meu ouvido, passando o nariz pela lateral do meu pescoço, inalando meu perfume. — Jesus, você cheira bem. Faz meu pau ficar duro.
— Agora? Você só veio aqui para me foder? Ou há algum outro motivo para estar na minha cozinha? – Minha voz está rouca pela necessidade enquanto passo minha unha pelos botões de sua camisa. O tecido molda seus ombros, e eu gostaria de estar entrelaçada nele.
Quero me envolver em torno de seu corpo, dentro de sua própria alma. Para me conectar a ele para que a dor diminua. Para que ela não volte.
— Eu vim aqui para te foder, fazer você gozar e gritar meu nome, mas antes de chegarmos lá, vamos conversar. – ele se inclina mais, pressionando os seus lábios macios na minha nuca e no meu pescoço com um beijo suave. Minha pele formiga com o contato, me deixando tonta com uma dor intensa na barriga. — Você gostou disso, Vixen? – ele pergunta contra a pele sensível.
— Talvez. – eu provoco, mas quando ele se afasta de repente, vejo perguntas sobre perguntas em seu olhar.
— Isso é para mim? – ele pega uma garrafa, me entregando a outra, e eu aceno. — Vamos sentar. – A forma como ele parece assumir o comando me faz sentir segura, como se ele pudesse me curar. E tirar os demônios que me atormentam.
Uma vez que estamos sentados na sala, minhas pernas encolhidas debaixo de mim e minha garrafa na mão, eu o observo atentamente. O ar na sala está cheio de tensão, mas ele tenta esconder isso.
É estranho como os olhares das pessoas se sustentam tanto. Eles acham que têm uma expressão estoica, mas seu olhar fala muito. Grita e grita comigo. Isso me lembra de um dia em que finalmente percebi que o que você vê do lado de fora não é o que está escondido sob a superfície.
— Diga-me, Vixen? O que é que se esconde embaixo desse exterior intocado?
Voltando minha atenção para Brax, eu o observo por um momento antes de beber minha cerveja. Eu nunca costumava apreciar o sabor, mas lentamente, comecei a amar, e de alguma forma, isso parece estar me deixando assim.
— Sou uma garota de um lar desfeito. Estou sozinha há anos. Não há muito sobre mim, Braxton. Você está fazendo uma tempestade em um copo d’água. E sabe o que dizem sobre curiosidade e o gato? – eu franzo minha boca.
Seus olhos formam vincos de um lado quando um sorriso de tirar o fôlego aparece em sua boca carnuda. Seu lábio inferior é mais proeminente que o superior, mas são incríveis. Senti-los no meu corpo é como detonar uma bomba - explosiva.
Não se apegue.
— Foda-se. – digo em frustração. Levantando do sofá, eu coloco a garrafa sobre a mesa e caminho até a janela. A cidade abaixo brilha no escuro, mas sei que nessa escuridão existem segredos - segredos obscuros. Coisas vis e repugnantes que as pessoas fazem que me fazem estremecer.
Eu o sinto antes que ele me alcance, como se nós estivéssemos magnetizados. Mãos macias e quentes seguram meus ombros; não é um domínio dominante, mas reconfortante.
Algo dentro de mim para, esperando que ele faça o próximo passo.
Sabe, eu sou treinada agora. Eu não sou mais uma garotinha indefesa. Então se alguma vez sou ameaçada, sei como me defender. — Tenho muitas perguntas para você, Vixen, mas a primeira é a mais importante. Por que você me afasta? – A pergunta se espalha pela minha pele quente. Ela arde de desejo, desejo e necessidade por dele, mas não o deixo ver minha decisão, minha submissão. Meu corpo está parado, meu olhar focado nas luzes que escondem os atos imorais que acontecem sob a minha superfície.
— Porque é mais fácil. – O tom rouco na minha resposta é a evidência de seu efeito sobre mim. É claro que os meus sentimentos por esse homem podem ser minha ruína.
Embora, anseie por ele ser minha salvação, não sei ao certo se ele vai me salvar.
— Isso não é uma resposta. Você precisa ser honesta comigo. – ele implora, com seu tom grosseiro e rude no meu ouvido, enviando mais calor deslizando sobre minha pele febril.
— E o que faz pensar que eu vou ser sincera, Braxton? Minha vida não é só sol e arco-íris, porra.
— Eu não disse que era. A minha está longe disso. Não estou esperando que você me conte tudo hoje à noite, mas se isso... – ele me vira e aponta entre nós. — Vai funcionar, você precisa conversar comigo. Você precisará se abrir e me deixar entrar em algum momento, porque eu não vou fugir.
— Braxton, por favor, apenas pare. Não me pergunte algo que você não precisa ou deseja as respostas. – Afastando-me dele, entro na cozinha e pego outra cerveja.
— Jesus, Tia, me deixe entrar! – Seu resmungo está logo atrás de mim e, quando eu viro, seu corpo está perto. Muito perto.
— Vá embora! – Minhas palavras ecoam ao nosso redor, mas ele não escuta. Segurando meus quadris em um aperto tão forte, ele me levanta contra seu corpo e nos leva para trás até meu corpo ficar nivelado com a geladeira. Estou presa entre o torso sólido e o metal frio nas minhas costas.
— Eu não vou te deixar. Você quer brigar. Vamos brigar. Vamos, me dê um tapa, me xingue, faça o que quiser, mas não vou deixar você ir. – O tom baixo e perigoso de sua voz faz meu corpo pulsar com uma necessidade animalesca. — Você não pode fazer isso, pode? Vamos, Vixen. – ele provoca. — Quer que eu a machuque? Vou te dar a melhor foda com raiva que já teve, e depois disso, você responderá todas as malditas perguntas.
Sem outra palavra, ele pega no meu jeans e o abre, empurrando-o pelas minhas pernas. Seus dedos puxam o tecido minúsculo da minha calcinha, arrancando-a do meu corpo. Um suspiro escapa dos meus lábios e ele me dá um sorriso sexy. — Brax. – eu sussurro, seu nome é um gemido, uma oração.
Ele não responde com palavras, e quando o sinto me empalar, solto um gemido tão suave e afável que o meu corpo estremece. — Isso mesmo, Vixen, quer me arranhar e me esfolar? Porra, faça isso. Porque a única maneira de me machucar é transando com você até esfolar.
15
Meu gemido percorre através de seu corpo esbelto enquanto ela treme com minhas palavras. O calor liso me provoca quando eu deslizo em seu corpo. É incrível. Unhas compridas e bem cuidadas cravam em meus ombros, exatamente como eu pedi, como eu a ordenei. Fui gentil quando estivemos juntos, mas hoje isso foi pelos ares.
Entro em seu aperto. — Você. – impulso. — Sente. – impulso. — Isso? – Sua cabeça balança enquanto ela tenta assentir. — Isso sou eu fodendo você. – Meus quadris a batem violentamente na geladeira. Isso não é amor gentil; nem é foda; é primitivo, uma conexão primordial.
Suas orbitas azuis penetrantes me prendem com um olhar caloroso. Ódio, raiva, veneno rodopiam como um turbilhão, e não me importo porque sei que essas emoções não são para mim. Ela está lutando contra algo, lutando contra seu passado, que estou prestes a expulsar dela com meu pau enterrado profundamente em sua boceta apertada.
— Ah, Deus! – ela grita, e sei que ela está caindo no abismo. Sua boceta aperta meu pau, e eu sinto sua excitação me absorvendo. Meu corpo treme, e meu orgasmo percorre pela minha espinha, com meu aperto nela feroz, e percebo que provavelmente estou machucando-a, mas não consigo parar.
Nossos corpos encontram euforia juntos enquanto murmuro uma última vez antes de me esvaziar dentro dela. — Jesus, Tia, você vai me matar. – murmuro contra seu pescoço. Seu corpo caído se molda a mim, e seus braços envolvem em volta do meu pescoço, me puxando para mais perto como se eu fosse sua tábua de salvação e ela foi levada pelo mar. — É isso que você queria, baby? Ser fodida, rude e forte? – pergunto, dando um beijo carinhoso em seus lábios.
— Só quero esquecer, e você continua me pedindo para lembrar.
Sua confissão me acalma, e seus olhos azuis como gelo parecem derreter. — Eu quero que você confie em mim.
Balançando a cabeça, ela abaixa as pernas. Seus pés tocam o chão e ela já está me deixando ir. Assim que nossos corpos se separam, o frio me congela. Vestindo de novo a minha calça jeans, fecho-a e a encaro enquanto ela puxa sua calça, deixando sua calcinha rasgada no chão. — Confiança não é algo facilmente encontrado no meu mundo.
— É por isso que você estava no clube hoje à noite? Você foi lá para encontrar outra pessoa?
Uma risada irônica escapa de seus lábios carnudos. Ela levanta a garrafa para eles, tomando um longo gole de álcool, acho que ela está tomando para se acalmar.
— Vamos, Tia, você me quer aqui ou não? – Perto dela, estendo a mão, meio que esperando que ela se afaste, mas quando ela para e me permite tocá-la, a dor no meu peito diminui um pouco. Encontrar aqueles olhos intensos dela sempre me deixa cambaleando, e quando eu seguro seu rosto em minhas mãos, eu a seguro firme para que ela tenha que encontrar meu olhar.
— Eu não sei do que você está falando. Eu estive no trabalho e vim direto para cá. Talvez você esteja me vendo porque está obcecado por mim? – ela brinca, me deixando totalmente confuso porque tenho certeza de que era ela no clube hoje à noite. — E sim, eu quero você aqui, mas preciso de sua paciência. Preciso que você esqueça isso e pare de me pressionar. Pare de me forçar. – Há uma emoção de raiva por trás de suas palavras, quase um rosnado feroz. Ela está inflexível, então eu aceno. Se eu conseguir que ela confie em mim primeiro, ela se abrirá. Pelo menos, é o que eu digo a mim mesmo.
— Tudo bem, sem mais perguntas. Por enquanto. – eu a aviso. — Mas vamos esclarecer uma coisa. Não vou deixar isso passar. Quando você estiver pronta, eu estarei aqui. – Minhas palavras são sinceras e espero que ela possa ver a honestidade em meus olhos. Porque nada que eu possa dizer vai fazê-la mudar de ideia agora, então vou esperar.
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Já faz algumas horas, e eu ainda estou deitado bem acordado. O sono foge como antes tantas vezes. Quando encontrei os meus pais, mesmo quando ainda estava no exército, coisas que eu via costumavam deixar minha mente correndo um milhão de milhas por minuto.
É por isso que nunca fico a noite com nenhuma mulher. Não que tenha havido muitas, mas assim que termina, eu vou embora. Saio sem arrependimentos. A ideia de vê-las ver que tipo de homem atormentado sou não é um bom presságio. Então, visto minhas roupas e vou embora. Mas com ela, Tia, eu quero ficar. Não quero deixá-la sozinha.
Olhando para o lado, eu a observo na penumbra da lua cheia. Seus traços brilham lindamente. Ela parece um anjo. Eu me pergunto que segredos sombrios ela esconde por trás daqueles lindos olhos azuis.
Suas esferas de cores claras, misturadas com a pele escura, são atraentes. Uma beleza como nenhuma outra que eu já vi, e me pergunto sobre os pais dela, sua herança. Encontro-me querendo conhecê-la mais intimamente do que apenas o sexo que tivemos.
Quero saber se ela me levaria para casa para conhecer os pais. Se o pai dela me odiasse e a mãe pensasse que sou bom para ela. Eu sou. Eu sou bom para ela, se ela apenas visse.
— Me olhar dormir é assustador, sabe. – diz ela sonolenta. Sua voz é rouca e sexy. Seus olhos se abrem e ela me olha com um pequeno sorriso em seus lábios carnudos.
— É a única vez que eu realmente vejo você. – eu respondo, com minha voz baixa. Eu me afundo mais na cama e a puxo para meu peito. O corpo dela está quente; a pele dela parece seda, macia e lisa.
— Por que quer tanto entrar na minha mente, Braxton? E se você encontrar algo que não gosta? – ela levanta a cabeça e me observa.
— Tia, eu não sou a pessoa mais fácil de lidar. Tenho fantasmas e demônios que me assombram diariamente. Mas, se me perguntasse alguma coisa, eu seria honesto com você. Se você não gostasse, eu mostraria outras maneiras de você gostar de mim. Um relacionamento é dar e receber. Eu só quero conhecer a mulher que parece tão decidida a se esconder. Quero saber o que te excita, o que faz você se afastar e o que faz você querer se segurar, em vez de se soltar. Você parece muito disposta a fugir, mas estou determinado a pegá-la.
Ela ri, aconchegando-se mais nos meus braços. Seu dedo traça círculos lentos no meu peito, arrastando-se pelo meu torso e por baixo do lençol. Sua mão agarra meu pau endurecido, e eu solto um gemido baixo e faminto. — Que tal eu fazer isso? – ela se move para baixo na cama e desaparece debaixo do lençol, e sua boca engole a ponta do meu eixo.
Quentes e úmidos, os seus lábios me envolvem, me engolindo em sua garganta. Cada. Porra. De. Polegada. Pego debaixo do lençol, com as minhas juntas brancas quando quase rasgo o tecido quando ela geme. Levantando a cabeça ela me observa. Nossos olhos se encontram e sua boca abre. — Minha mãe está morta. – ela informa, mais uma vez me chupando em sua boca. — Meu pai deveria estar morto. – ela continua sua história entre me dar o melhor boquete que já tive e me contar sobre sua família. — Cresci em torno de muito ódio. – Minha concentração diminui e meus olhos se fecham. Se essa é a maneira dela de me contar sua história, não vai funcionar.
Sentando, eu a alcanço, afastando-a do meu pau agora duro. Ela solta um gemido sexy enquanto a posiciono acima de mim. Seu calor me envolve lentamente enquanto ela desliza pelo meu eixo. — Meus pais foram mortos, mortos por um monstro. – digo a ela enquanto empurro meus quadris em seu corpo firme. — Encontrei-os quando cheguei em casa da minha missão. – eu entrava mais fundo, atingindo o local que sei que a deixa louca. Ela está arranhando meu peito, mas não me importo. — Fiz da missão da minha vida encontrar o filho da puta que fez isso. – digo, enquanto seu corpo aperta ao meu redor. — E eu vou rasgá-lo em pedaços. – Meus quadris movem, cada vez mais rápido. Sua respiração é ofegante enquanto geme. Lágrimas escorrem por suas bochechas enquanto eu a fodo sem piedade.
— Braxton. – ela grita meu nome enquanto seu corpo convulsiona.
— Essa é a minha Vixen. – murmuro enquanto me junto a ela em êxtase. Meu orgasmo percorre através de mim em um ritmo alarmante, e meu aperto em seus quadris deixará uma marca, mas não me importo porque quero essa mulher, com tudo o que sou.
16
— Ele disse que te ama? – ela pergunta, e eu balanço minha cabeça rapidamente. Nós nunca falamos essas palavras um para o outro; tem sido uma verdade não dita. São as melhores. Momentos tranquilos com Braxton me acalmam. Eles me fazem sentir viva e real e, o mais importante, normal. — Então você deveria contar a ele. Dê o primeiro passo. Talvez você deva contar a ele sobre nossas sessões? Sobre o seu prognóstico, apenas para ele entender.
— Não, eu não posso contar a ele. Ele não sabe como estou fodida. Eu vou perdê-lo. – Minha confissão me assusta. Eu nunca tive medo de perder alguém. Meus sentimentos nunca foram um problema para mim. Mas Braxton parece ter quebrado minha concha. Por mais assustador que seja, eu o quero. Ele se intensificou dentro de mim, e eu sei que estou apaixonada. Ou já estava? Não me lembro. Eu sei que ele é meu. Eu sou sua.
— Acho que você deveria falar com ele. Se você quer isso a longo prazo, precisará que ele entenda você. – ela está certa. Ela está sempre certa. Mas como você diz a alguém que está apaixonado por ela?
— E se eu quero isso a longo prazo e não quero que ele desapareça porque sou louca. Porque estou quebrada. Por que ele iria querer alguém com fragmentos de seu antigo eu? Alguém que às vezes nem lembra onde estava ontem à noite? – Respirando fundo, tento imaginar como seria se Braxton se afastasse e me deixasse. O que eu faria? — Eu nem posso dar a ele filhos. Você sabe disso? Não sou mais uma mulher. Não posso ter filhos depois do que fizeram comigo. – eu continuo com severidade e o ódio pingando como ácido dos meus lábios, me queimando enquanto digo as palavras. — Meu pai se certificou de que nenhum homem jamais me amasse.
— Eu sei que ele machucou você, Tia. – ela murmura, mas isso só me irrita ainda mais.
— Você não sabe nada. – digo, e ela se encolhe. — Ele me destruiu, porra. Meu corpo não é inteiro. Meu coração não está inteiro. E minha mente... – eu soltei uma risada malvada. — Bem, você sabe como é minha mente. Meu aperto na cadeira aperta e sinto minhas unhas cravando no couro macio e falso.
— Conte-me. – ela coloca o caderno na mesinha ao lado dela.
— O que?
— Tudo, eu quero ouvir tudo. Eu não vou notar. Quero olhar para você enquanto revive isso. Deixe-me vivenciar com você. – ela afirma com um aceno de cabeça e minha boca se abre.
— Não.
— Tia, ele fez você acreditar que o que aconteceu com você foi culpa sua. Como ele fez isso? – ela inclina a cabeça para o lado e me observa atentamente como se eu fosse algum tipo de animal em uma gaiola.
— Ele... – Minhas palavras diminuem quando tento descobrir como diabos pretendo explicar isso a ela. Posso expressar as palavras? — Quando a minha mãe foi morta... – A dor corta meu coração, mas respiro fundo e continuo. — Quero dizer... – eu pisco as lágrimas que ardem meus olhos. — Depois que ela foi morta... – eu dou uma longa inspiração, seguro e depois expiro. — Ele me disse que minha irmã precisava ir... para a escola... Que eu seria a mulher da casa, e isso vinha com responsabilidade.
— Então, você interpretava o papel de mãe e esposa com ele? – O tom dela é irado e incrédulo, mas não há outra maneira de explicar isso. Ela está certa. Por mais errado que seja, era isso que eu era. Eu tinha apenas treze anos. Sim, no fundo, eu sabia que era errado, mas com as drogas que ele injetou em mim, não tive escolha. Eu era complacente. Assim como ele queria.
— Sim. – eu murmuro. Minha garganta está prestes a fechar e me sufocar. — Ele me dava uma bebida todos os dias. Era um líquido claro. Forte e horrível na minha garganta jovem, mas ele me disse que era bom para mim.
— Você sabe o que era?
— Eu não sabia na época. Quando completei dezoito anos, escapei e comecei a pesquisar. Descobri que era Escopolamina. É um medicamento usado na Colômbia semelhante ao conhecido Rohypnol. É óbvio que meu pai tinha uma variedade delas à sua disposição. O que a Escopolamina faz é enfraquecer o usuário, deixando você com perda de memória e sonolência. Você não é capaz... – eu fecho meus olhos com tanta força que vejo branco atrás das pálpebras enquanto lembranças me atingem. Não são reais, mas apenas aparecem, a dor e a agonia faz doer meu corpo.
— Você não é capaz de quê, Tia?
— Não é capaz de reagir com alguém. – Abro os olhos para olhá-la novamente quando a verdade escapa dos meus lábios. Sua boca abre em um suspiro alto que parece ecoar pela sala.
— Então, ele estuprou você repetidamente. – Sua percepção sussurrada me fez concordar. — Na sua opinião, era errado, mas não tinha como fazer nada.
Novamente, eu concordo com meu aceno em suas deduções.
— Eu era apenas uma criança.
— E seus amigos, companheiros?
— Eles participavam na maioria das vezes. Como eu estudava em casa, não tinha ninguém com quem pudesse conversar ou pedir ajuda. Fui eu contra ele. Seu poder e dinheiro se espalharam por toda a cidade. Eles eram fortes, um cartel, liderando as quadrilhas de tráfico de seres humanos na cidade em que cresci. Não tive outra escolha a não ser esperar, esperar um pouco até que eu pudesse revidar.
— Quando você tinha dezoito anos.
Eu concordo. — Sim. Fugi, peguei o que pude, roubei dinheiro do cofre e fiz questão de não ser encontrada. – Minha voz é tão baixa, tão dolorosa, quando eu olho para ela e vejo nos olhos dela, tristeza e compaixão.
— Você está segura agora, Tia. – ela sorri; é pouco, mas cheio de uma pena que me sufoca.
Balanço a cabeça rapidamente, ficando tonta com o movimento. — Eu nunca estarei segura. Não até ele morrer.
O toque do relógio nos diz que meu tempo acabou hoje, então me levanto e pego a minha jaqueta. Encolhendo os ombros, vou até a porta. A tristeza sufocante envolve suas garras em volta do meu coração enquanto eu giro a maçaneta.
— Não estou dizendo a Braxton. – É uma promessa. Eu não posso contar a ele. Não espero a resposta dela; em vez disso, saio do calor do escritório dela e entro no corredor frio e austero.
Ele nunca saberá. Eu não posso perdê-lo. Vou perder tudo.
Minha sanidade. Meu homem. Meu amor.
17
Meu olhar encontra o dele. Está escuro. Algo feroz na maneira como ele me olha faz minha cabeça girar levemente. Meu corpo treme e meu batimento cardíaco aumenta. “Por que está aqui?”Recuando lentamente, eu não permito que meu olhar se desvie dele. Ele não me responde; ele nunca faz. Tenho medo de que, se ele ficar, eu o machucarei. Ela vai machucá-lo. Ela sempre os machuca. Homens.
“Vim ver se você está bem, Tia. Você não pode viver assim.” ele aponta ao seu redor no vil apartamento em que estou dormindo, mas a culpa é dele. Ele me encontrou e não posso correr. Meu olhar percorre ao redor, mas não há saída.
Afastando-me de seus intensos olhos quase negros, vejo o sol se pondo no horizonte. Eu não posso mais fazer isso. Toda vez que eu o vejo, é a mesma coisa. Eu o odeio, e ele me quer de volta em casa.
Ele vai pagar.
Não. Por favor.
“Saia da minha casa.” digo inflexivelmente, mas ele não escuta. Eles nunca escutam. É como se falasse e implorasse para que fiquem. Mas eu não faço isso, ela faz.
“Que tal tentar de outra maneira?” Suas palavras são próximas e se espalham pelo meu pescoço em uma respiração quente. Fechando os olhos, eu mesmo não responderei, para o meu corpo não me trair. “Vamos, Tia?” ele implora com as mãos nos meus quadris, pressionando a minha bunda contra a ereção grossa que me preencheu tantas vezes. Todas essas vezes tem sido ela, não eu. Ele me convenceu e eu permiti que isso acontecesse. Ele me quebrou, me destruiu, e ela deixou isso acontecer. Somente quando finalmente completei dezoito anos eu finalmente me afastei, mas ele me encontrou.
Mas antes que eu possa recusá-lo desta vez, ele está em cima de mim. Pressionando-me no sofá. Uma lâmina de aço elegante vem do nada, e ele a pressiona contra meu pescoço. O ódio queima em minhas veias, correndo através de mim junto com o medo.
Meus gritos são abafados pela música que repentinamente toca através dos alto-falantes.
Alto. Heavy Metal. Música feroz.
Eu já estive aqui antes.
Você se lembra? ela me provoca.
Como eu poderia esquecer?
Então faça algo. Eu te ensinei como.
Ela ensinou. Tudo o que sei é por causa dela. Minhas calças de yoga esticadas são arrancadas do meu corpo e lágrimas caem dos meus olhos, encharcando o tecido do sofá com a minha dor e agonia. “Olhe para essa linda boceta. Vamos, Tia. Sei que você gosta quando fazemos isso, quando eu te fodo com força e até esfolar.” Seu sussurro rouco é venenoso. Vibra através de mim. É feroz, selvagem e me faz querer arrancar a pele dos ossos dele. Ver o sangue dele manchar minhas mãos.
Minha pele incendeia com o conhecimento de como pará-lo, mas se eu o fizer, ele nunca mais respirará.
Posso fazer isso?
Sim, você pode.
Por quê? Por que ele não para? Pergunto, mas ela se foi. Deixando eu me defender. Suas mãos agarram minhas pernas, separando-as.
“Olhe para você, menina, uma bocetinha tão gostosa.” Antes que a dor ardente de seus dedos me envolva, eu consigo empurrar as almofadas enquanto a adrenalina percorre minhas veias. Seu corpo treme de susto e quando encontro aqueles olhos escuros e animalescos, eu vejo isso.
“Foda-se!” eu o agarro; minhas unhas arranham a pele de seu rosto, arranhando sua bochecha enquanto escorre sangue. Perfumado, espesso e acobreado. Eu me deleito com a maneira como ele escorre da ferida.
Suas mãos seguram meus pulsos, mas eu não desisto. Cuspindo em seu rosto, vejo a raiva escurecendo ainda mais seus olhos. É como se eu estivesse olhando para o próprio diabo. “Você vai pagar por isso, putinha.” ele diz quando o meu joelho se levanta, mas ele antecipa minha jogada, prendendo-o. Ele solta seu aperto com uma mão e, sem aviso, me dá um tapa no rosto.
A dor na minha bochecha queima, com o sangue escorrendo da minha boca. Outro tapa e estou tonta. Ele é muito forte. Uma mão agarra meu pescoço, apertando dolorosamente. Meu corpo se agita em suas mãos quando ele me levanta no ar. A força vital vermelha cereja escura escorre dos meus lábios para a bochecha dele.
Ele parece um guerreiro em batalha, com o sangue de seu oponente adornando-o como uma máscara de vitória. “Como você está tão forte, você é apenas uma criança abandonada?” ele provoca com um sorriso sádico. “Tudo bem, você não precisa me responder.” ele responde. Meus sons de asfixia, misturados com a música, tudo cria uma sinfonia sombria.
Abaixando-me, ele me segura a centímetros do seu rosto.
O rosto que eu costumava amar e confiar.
O rosto de um homem que eu pensava conhecer.
Agora, quando olho para ele, vejo o mal.
Ele me solta, e os meus pulmões puxam o ar em rajadas bruscas. Quando movo meu olhar para o dele, faço a promessa que vou manter até que eu cumpra. — Eu vou te matar um dia, pai.
Levantando-me, respiro fundo, cada vez mais fundo, mas parece que estou me afogando.
— Baby? – Uma voz murmura atrás de mim e um grito é arrancado da minha garganta, mas quando me viro para ver de onde vem o timbre rouco, encontro Braxton, com seus cabelos despenteados pelo sono e olhos caramelo olhando para mim.
— O que...? Eu...
— Você estava resmungando enquanto dormia e, de repente, apenas se levantou. Foi um pesadelo? Fale comigo, baby? – ele estende a mão e, instintivamente, eu me afasto, não querendo ou precisando de um homem me tocando. Mas quando volto minha atenção para o rosto dele, aquele rosto bonito que estava enterrado entre as minhas pernas apenas algumas horas atrás, percebo que ele não é o monstro. A dor que estou causando a ele, a expressão agonizante e a cautela com que ele me olha, racha a concha escura e desolada que é o meu coração.
— Eu... Eu preciso de água. – murmuro, ganhando uma careta, mas não posso contar a ele sobre meu pesadelo. Não tem como ele entender.
— Vou pegar um pouco para você, baby. – ele me acalma e suas palavras acalmam meu coração errático.
O fato de que meu pesadelo não foi apenas a última vez que vi meu pai, mas também foi o dia em que me tornei uma pessoa que usa meu corpo para obter as respostas necessárias, me deixou em pânico.
Entrei em uma depressão da qual acho que nunca saí. Fiz tudo o que pude para descobrir para onde ele foi. Ele deixou o apartamento que eu estava dividindo com alguns amigos e desapareceu.
Ele está vindo para você.
Não, cale a boca.
Brax volta carregando uma jarra de água e um copo. — Imaginei que precisaria de mais de um copo. Esse grito poderia ter acordado os mortos. – ele se senta ao meu lado com uma expressão calma, mas naqueles olhos de mel, vejo tudo acontecendo como um filme. Todas as suas perguntas e toda a preocupação por uma garota que ele acha que ama. Faz apenas um mês, mas posso ver como ele me olha.
Ryker era diferente, tão amplamente diferente que não conseguia comparar os dois homens. Ele nunca foi tão atencioso e, por mais que Brax aja como um idiota, eu sei que ele não é. Algo em seus olhos me diz que há um homem sofrendo lá dentro, e eu gostaria de poder consertá-lo. Mas, porra, eu nem consigo me consertar.
Brax me contou sobre os comentários maliciosos vindos do meu ex, o homem que estava me fodendo por muito tempo. E agora que segui em frente, ele está com raiva. Quase enlouquecido. Felizmente, ele não se aproximou de mim. O medo disso fica comigo diariamente, porque sei que se ele era próximo a mim, eu o machucaria. Mais do que gostaria de deixar transparecer.
— Você está bem? Por favor, fale comigo? – Suas perguntas soam silenciosamente na penumbra que atravessa a janela. Normalmente deixo minhas cortinas abertas, mas hoje à noite elas estão fechadas, deixando apenas um feixe de luz passando. Sua voz suave está cheia de preocupação. Não quero que ele se preocupe comigo. Ele está dando muito, e eu estou apenas pegando, agarrando e segurando com as duas mãos. Eu não quero deixá-lo ir. Nesse ponto, me afastar de Braxton Carter pode me matar.
Não há como eu contar a ele sobre o pesadelo, então eu encolho os ombros e tomo a água que ele trouxe. Esperando com tudo o que sou, que ele vai desistir, mas sei que ele não vai. Ele é teimoso.
— Você sempre vai me ignorar quando eu perguntar algo pessoal? – Sua pergunta murmurada soa como um alarme no silêncio. Eu escolhi este apartamento porque era privado. Nenhuma outra pessoa pode se aproximar de mim, nem eu deles.
— Sim. – eu viro para colocar o copo na mesa de cabeceira. Eu me deito sob o cobertor e o puxo sobre mim. Sua silhueta bloqueia a iluminação mínima, o que, por sua vez, o faz parecer como se fosse um ser etéreo.
Um anjo.
Meu Salvador.
Ninguém pode te salvar, Tia.
18
— Deixe-me levá-la para sair? – pergunto, bebendo a cerveja que ela acabou de servir para mim. Faz dois longos dias que o trabalho me afastou dela. As mensagens no celular e texto não se comparam a estar na presença dela ou olhar em seus olhos.
— Num encontro? – ela pergunta divertida, e eu aceno. — E onde você me levaria?
Sentando-me, eu a olho através dos olhos estreitados. — A feira, neste Sábado. – eu encolho os ombros, observando choque tingir seu rosto com um sorriso lindo e provocador.
— Sério? – eu concordo. — E o que faz você pensar que eu quero ir a uma feira?
— Pelo que confessamos no outro dia, eu sinto que precisamos relaxar, apenas agir como adolescentes rindo e não falar sobre nada sério. Vamos ser normais. – eu fico em silêncio. Meu coração pula para a minha garganta, esperando.
— OK. – ela sorri, saindo para servir um de seus clientes. Seus quadris balançam, zombando e me provocando. Ela gosta de me seduzir e faz isso tão bem que eu estou salivando, ansioso para entrar em seu corpo e mostrar a ela o quanto eu me importo com ela.
Terminando a minha cerveja, pego o meu celular e envio uma mensagem para Grant. Amanhã, vamos ao clube e fazer a nossa jogada. Eu quero matar aquele filho da puta tão rápido que sua cabeça vai girar.
— Você quer outro, Brax? – eu nunca me canso de ouvi-la dizer meu nome. É melhor quando ela está gritando, mas deixaremos isso para mais tarde.
— Não, obrigado Vixen, preciso encontrar Grant para uma rápida reunião. Vejo você mais tarde? – Encontrando seu olhar azul-gelo, ela assente com um sorriso. Inclinando-me, dou um longo beijo em seus lábios. — E prefiro você de calcinha de renda vermelha. – eu sussurro ao longo de seus lábios. Com isso, eu me viro e a deixo olhando para as minhas costas.
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O calor do corpo de Tia me acorda e, enquanto eu viro e olho para a beleza ao meu lado. Eu não deveria ter ficado com ela hoje à noite, porque quando olho para ela, meu coração se enche de emoção.
Jesus, Brax, você está se transformando em um covarde.
Seus cabelos longos e esvoaçantes se espalham no travesseiro, e os cílios grossos tremem enquanto ela sonha silenciosamente.
Devo observá-la no escuro por muito tempo, porque, quando dou conta do tempo, percebo que a vejo dormir por pelo menos uma hora. Os olhos dela tremem e ela murmura. É um som suave no quarto. Está tão quieto que eu poderia ter perdido isso.
Meu coração dispara quando ela implora a ninguém em particular. É um apelo suave para deixá-la em paz. Para parar de torturá-la. Se eu descobrir quem a assombra, eu posso ajudar. Se ao menos ela se abrisse para mim. Confie em mim. Fechando os olhos, recosto na cabeceira da cama e me acalmo. Tento respirar profundamente, deixando o meu sangue esfriar.
Meus nervos estão à flor da pele por essa mulher que tem poder sobre mim.
Ela me consome.
Dias, semanas e meses, eu a queria.
Ansiava por ela.
De alguma forma, não sei se posso deixá-la ir, e o pensamento me assusta. Eu já estive apaixonado uma vez. Claro, eu fodi mulheres, mas isso... isto é diferente. Não me considero um mulherengo porque nem fico por uma noite e nunca me considerei pronto para uma esposa, uma família. Isso nunca esteve no meu plano. Dormir ao lado de uma mulher não é algo a que me acostumei. A primeira e última vez que fiz antes de Tia, terminou em quase a matando.
Acordei de um pesadelo do meu tempo no Afeganistão e abri os olhos para encontrar minhas mãos seguras em torno de seu pescoço esbelto. O mesmo lugar que eu havia passado horas devorando com meus dentes, língua e lábios. A partir daquele dia, jurei nunca passar a noite ao lado de ninguém.
Decidi me concentrar no que queria desde que voltei. Meu plano era encontrar o homem que matou meus pais. Ou matá-lo.
Então Tia entrou na minha vida, colidindo comigo com sua própria tempestade em seus grandes olhos azuis. Um furacão que me atraiu. Eu ansiava por ser pego nele e sentir a agonia e o prazer que ela promete. Ela se enfurece e eu luto, nós fodemos, gritamos e berramos, mas por tudo isso, eu quero derrubar esses muros.
Levanto da cama e dou passos silenciosos para o corredor e olho. Eu posso ver a sala de estar daqui, e os números vermelhos brilhantes em seu aparelho de som me dizem que são duas da manhã. Eu sigo as luzes, esperando encontrar algo enquanto ela ainda está dormindo.
Não quero fazer isso, mas não tenho escolha. Encontro a bolsa dela no sofá e a esvazio lentamente. O som ecoa pelo espaço cavernoso, e espero um momento antes de abrir o couro. Uma carteira pequena fica dentro, me chamando, e minha curiosidade vence.
Abrindo, encontro a carteira de motorista dela. A foto é minha garota, Tia, mas o nome no cartão não é o que ela me disse. O nome no cartão me deixa em pânico, em espiral em uma memória sombria.
"Pai, mãe, estou em casa!" Eu chamo, largando minha mochila no chão no hall de entrada da minha casa de infância. Fui dispensado de serviço por causa de uma lesão e tudo o que estou ansioso são as refeições caseiras da minha mãe e os conselhos do meu pai sobre o que fazer agora.
Ele está lá por mim para tudo e sei que ele está tentando me conseguir um emprego em uma empresa de segurança desde que eu disse a eles que voltaria para casa. A casa está silenciosa enquanto eu ando pelo andar inferior. Franzindo a testa em confusão pela falta de resposta, eu subo as escadas e empurro a porta familiar no topo da escada.
Tudo do meu quarto de adolescente me cumprimenta. Eu deveria ter imaginado que mamãe não daria nada. Talvez eles tenham saído, mas decido verificar o resto da casa antes de voltar. "Mãe? Pai?" Entro no quarto e tudo o que tenho no estômago sai voando.
Sangue.
Vermelho.
Por toda parte.
O odor metálico queima minhas narinas; Lágrimas ardem nos meus olhos enquanto seus corpos sem vida se apagam. Meu coração dói. A agonia me deixa sem fôlego, e caio de joelhos. Agarrando o tapete debaixo dos meus dedos, fecho minhas mãos, puxando a lã cinza suave, arrancando-a do chão. Um grito alto e agonizante é arrancado da minha garganta. Não um, não dois, mas três gritos depois, minha garganta queima como se houvesse um fogo ardendo através dela.
Não sei quem fez isso, mas eles pagarão. Com a própria vida deles.
Vou encontrá-los, rasgá-los em pedaços e ver como o sangue deles sujam minhas mãos.
Eles implorarão e clamarão por misericórdia, mas não demonstro nada.
Enfiando a carteira de volta na pequena bolsa de couro, engulo a raiva que parece estar borbulhando lá dentro. Meu sangue esquenta quando minha mente tenta entender o que acabei de descobrir. Alvarez, não Nunez. Por que ela mentiria? Por que ela mudaria de nome?
A menos que ela saiba quem eu sou e o meu passado?
Possibilidades passam desenfreadas na minha cabeça quando pego o álcool e o copo. Servindo uma dose dupla, rapidamente encho meu copo. A queima da bebida âmbar alivia a frustração, mas não impede a raiva que queima, percorrendo-me como uma chama, ameaçando me engolir.
Vou em direção às grandes janelas que dão para a cidade, observando as luzes brilhantes abaixo. A escuridão abre caminho através dos edifícios, e a iluminação prateada da lua cheia pairando no céu é a única coisa que oferece luz natural.
Passei muitas noites imaginando o que faria quando o encontrasse - o homem que matou meus pais. Era algo que eu prometia fazer e buscar vingança pelo que ele fez.
Após o dia fatídico em que os encontrei, descobrimos que meu pai havia recusado uma oferta para pegar um caso em que o criminoso estava enfrentando uma tentativa de condenação por assassinato. O advogado do meu pai não acreditava no caso e não queria representar alguém que considerava culpado.
Nós não pensamos em nada disso. Meu pai havia recusado muitos casos no passado, mas esse em particular foi o que mudou nossas vidas. O homem em questão, Miguel Alvarez, havia sido libertado por bom comportamento. Agora não conseguimos encontrar o filho da puta. Durante todos esses anos, procurei o assassino de meus pais e sempre saio de mãos vazias.
— Você está bem? – A voz sensual de Tia vem atrás de mim. Seus seios nus pressionam contra o meu torso nu enquanto ela passa os braços em volta da minha cintura. Eu preciso jogar isso direito. Ela não sabe que eu sei quem ela é. Eu preciso descobrir como entrar na cabeça dela e descobrir por que ela está aqui, na minha vida.
Ela é a chave para o pai, então eu me viro em seus braços e abaixo meu bourbon, colocando o copo em cima da mesa perto da janela. Cercando-a para alcança-la, puxo seu corpo contra o meu, sentindo a pulsação do meu pau quando os seus mamilos se esfregam contra o meu peito. — Estou bem. Só pensando em como eu quero te foder a seguir. Talvez eu deva amarrá-la à sua cama e seguir meu caminho perverso para essa bocetinha gostosa.
Seus olhos brilham com algo diferente de desejo.
— Não. Eu não gosto de ser amarrada. – ela tenta se afastar, mas eu a seguro.
— Então, eu vou te inclinar e te comer por trás. Lamber no meu caminho desde esse minúsculo clitóris até a sua bunda sexy. – eu sussurro em seu ouvido, e seu o arrepio em resposta me faz sorrir.
— Posso lidar com isso. – ela murmura brincando, mas algo sobre esse lado recatado dela me deixa cauteloso. Como se ela fosse duas pessoas diferentes em um corpo bonito e flexível.
— Eu sei que você pode, Vixen. – eu a levanto em meus braços e a carrego de volta para a cama. Se estou disfarçado, é melhor aproveitar as vantagens disso.
19
Seu corpo sempre se molda ao meu. Nós somos um. Imobilizados como uma entidade. Assim que estamos conectados, todos os meus demônios voltam ao escuro. Imagens vívidas de viver uma vida sem elas me provocando, como se estivesse fora de alcance. — Brax. – gemo em sua profunda estocada em mim. Minhas unhas o arranham, precisando sentir algum tipo de controle. Como é que um homem pode me deixar tão fora de controle, mas tão poderosa ao mesmo tempo?
— Sinta-me, Tia. – ele me penetra de novo e de novo. — Esse sou eu, o meu maldito pau dentro de você. Quero você. – ele murmura repetidamente.
Espere, o que? Sua boca pressiona na minha, roubando a minha pergunta não dita em um beijo quente.
Nossas línguas duelam em um tom erótico, lutando pelo domínio, e meu corpo se inclina para ele. Ansiando por mais. Por algo bruto e com força. Profundo e quase violento.
Afastando minha boca, eu peço, eu imploro por isso. — Foda-me, Brax, com força, por favor! – Seu olhar escurece, de dourado cintilante a um caramelo escuro e profundo, e de repente ele se afasta de mim. Com uma mão no meu pescoço, ele me levanta, com a chama ardendo atrás de seus olhos.
Como se um animal raivoso tivesse sido libertado de sua jaula, ele me levanta e nos leva em direção à porta, e agora estou ainda mais confusa do que antes. Seu pau grosso e duro salta entre as pernas quando ele para na parede fria de concreto. — É isso que você quer? – ele me prende com uma mão forte.
— Sim. – eu consigo dizer.
Ele não responde, apenas dando um sorriso diabólico. Com a mão livre, ele levanta a minha coxa, prendendo-a na cintura e me penetra de novo. Tão rápido, tão fundo e tão violentamente que sinto como se estivesse dividida ao meio. Eu grito, mas ele engole o som com a boca. Lambendo meus lábios, ele pega o inferior entre os dentes e se abaixa, mordendo até lágrimas brotarem nos meus olhos.
Não sei de onde esse homem veio, mas ele me deixou molhada. Sua mão na minha garganta aperta, e minha visão se confunde. Seu pau me penetra profundamente, uma e outra vez, esfregando contra o meu ponto G, e eu sinto tudo apertar abaixo do meu umbigo. Desejo, luxúria e fome rodopiam juntos em minha mente, através do meu corpo, e eles se reúnem no meu âmago. Meu clitóris pulsa e meus mamilos estão doloridos, doendo por sua boca. Mas ele não me dá o que eu quero. O que eu preciso.
Em vez disso, ele me fode. Como se uma necessidade primordial tomasse conta, uma posse diferente de tudo que já vi. Seu corpo brilha de suor e sua boca se levanta de um lado. — Você gosta de ser fodida assim? – ele sussurra entre dentes brancos perolados.
A cada impulso, fico sem fôlego.
— Você ama o meu pau na sua boceta apertada, não é? Tão apertada e tão maravilhosamente molhada. Apenas... – Impulso. — Por... – Impulso. — Eu.
Antes que eu possa responder, seus dedos cravam no meu pescoço e minha visão fica confusa. Estou prestes a desmaiar quando ele me solta e, em vez disso, pega o meu clitóris e o aperta com força, me enviando em espiral para um abismo de euforia.
Eu gemo, de novo e de novo. O nome dele ecoa pelo meu quarto. Ele não cede; em vez disso, ele continua me atacando, atraindo outro orgasmo de dentro de mim. Do meu núcleo, porra. Minha boca pressiona em seu ombro e eu mordo com força. Meus dentes mordem a superfície de sua pele macia e eu provo. O sabor metálico de Braxton Carter. Ele percorre minhas veias como uma droga. Cada nervo do meu corpo pulsa com o desejo.
Uma Corrente elétrica percorre meu corpo e tremo violentamente, como se ele tivesse me chocado. Eu choro novamente quando seu dedo entra no círculo apertado de músculo da minha bunda. Ele move implacavelmente dentro e fora do meu núcleo encharcado. Meu corpo pulsa, sugando-o, desejando-o e precisando dele. — Goze para mim, Tia. Faça essa maldita boceta me revestir com seu doce mel. – ele sussurra, com sua boca no meu pescoço. Ele morde a pele sensível, enviando o meu mundo em espiral, e tudo o que resta somos nós.
E depois preto.
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— Você é linda quando está dormindo, Vixen. – Um som rouco, grosso com o sono, vem de trás de mim, mas não abro os olhos. Quero saborear esse sentimento de felicidade e contentamento só mais um momento. Sei que, assim que abrir os olhos, eu serei bombardeada com perguntas.
— Já disse que me observar enquanto durmo é assustador. – murmuro sonolenta.
— Você adora quando sou assustador. – ele se inclina para perto, com seu torso nu quente nas minhas costas nuas. — Você ama ainda mais quando te fodo profundamente e com força, quando te machuco com meu pau. Você não ama, baby? – A menção dele me fodendo faz meu corpo pulsar e reagir. Eu sou tão desesperada por ele.
— Não provoque, Braxton. – eu sorrio, ainda sem olhar para ele. O lençol que estava me cobrindo se move, e eu fico nua ao seu olhar sexy. Sinto como se ele estivesse me acariciando com as pontas dos dedos. A respiração suave e refrescante provoca minha pele, do meu ombro ao meu braço. Quando ele chega ao meu quadril, eu gemo, e sei que ele está sorrindo. Seu hálito quente percorre a pele febril das minhas coxas até os tornozelos.
— Em suas costas, Vixen. – ele exige, e eu obedeço. Não posso negar nada a ele. Minhas coxas se abrem, meu corpo parece liquefazer sob seus olhos cheios de luxúria. Eles escurecem para um caramelo forte, brilhando faminto enquanto ele me consome cada centímetro de mim. Ele estende a mão, acariciando minhas coxas, com seus polegares massageando a pele sensível enquanto ele se aproxima do meu sexo. — Tão linda pra caralho. Você está sempre molhada para mim. Você não está, baby? – Mordendo meu lábio, gemo enquanto aceno e enquanto seu polegar calejado desliza em meus lábios nus.
Um gemido, baixo e selvagem, escapa profundamente de sua garganta. Meus olhos encontram os dele antes que ele mergulhe entre as minhas pernas e chupe meu clitóris em sua boca com tanta força que grito com a sensação. Tão forte que eu arranho o couro cabeludo dele. Agarrando e puxando o seu cabelo enquanto ele me devora.
Sua boca pressionada no meu centro é suficiente para ter meus quadris contra seu rosto, precisando de mais. Ele sabe do que gosto. Ele toca meu corpo como toca com meu coração, um instrumento que ele usa para coagir a sinfonia mais erótica, que ecoa ao nosso redor, enchendo meu quarto de luxúria e sexo.
— Por favor, por favor, ah, Deus, por favor... – Meus gemidos ficam cada vez mais altos. A boca de Braxton me atormenta e provoca, tentando tirar meu orgasmo diretamente da minha maldita alma.
— Humm. – ele geme contra o meu clitóris antes de morder e enfiar dois dedos na minha boceta, fazendo meu corpo convulsionar. Curvando dois dedos, ele pressiona contra aquele ponto especial, o que me manda em espiral na crista de ondas quebrando através de mim, fazendo com que meu orgasmo o molhe. — Tão deliciosa pra caralho. – ele dá uma volta em mim, lambendo cada gota que eu tenho para oferecer.
— Ah, Deus...
— Agora sinto vontade de te foder. De joelhos, Vixen. – ele se senta, com uma ereção grossa e orgulhosa projetando-se obscenamente para mim. Segurando meus quadris, ele me vira de barriga para baixo e eu me ajoelho. Meu corpo se abre para ele, convidando-o a fazer o que bem entender.
Duas mãos grandes seguram as nádegas da minha bunda, e seu hálito quente sussurra sobre a minha entrada enrugada. Meu corpo formiga na ansiedade, e seu polegar provoca o círculo muscular. — Tão bonito e apertado. – ele murmura.
Olho para trás para vê-lo me lamber do meu clitóris até minha bunda. — Por favor, apenas me foda. – eu imploro, mais alto, mais necessitado. Querendo ele.
Ele cospe no buraco apertado, provocando um dedo dentro de mim enquanto esfrega o meu clitóris com a outra mão. Suas ministrações provocadoras me fazem ir ao limite cada vez mais. Enfiando dois dedos em mim, ele me prepara para seu pau. Estou prestes a encontrar meu orgasmo quando ele para. Antes que eu possa implorar, a ponta lisa de seu eixo provoca minha bunda.
— Pronta para mim, Vixen?
— Simmmm! – sussurro quando ele lentamente me penetra. Dois dedos mergulham no meu núcleo encharcado, e seu pau enche minha bunda. Mais profundo, forte e mais rápido. Ele sai e depois penetra de novo.
— Você me sente, Tia? Você é a minha. Lembre-se disso. – ele comanda com um tom grave, fodendo minha bunda, tocando a minha boceta. Me possuindo. Porque ele possui. – eu aperto o lençol. Sua mão livre agarra o meu cabelo, me puxando em sua direção, arqueando minhas costas. — Você gosta disso, baby? Humm? Eu possuindo seus dois buracos, porra? – ele murmura, e meu corpo fica tenso, precisando do meu orgasmo. Sofrendo pelo meu orgasmo.
— Por favor, por favor, eu preciso gozar. – eu imploro novamente.
— Goze, Vixen, no meu pau e nos meus dedos. Agora. – ele ordena, e eu obedeço. Meu corpo obedece, meu coração incha, e minha mente solta todo o horror.
A única coisa que existe é nós dois, e vejo estrelas.
Momentos depois, Braxton se junta a mim. No paraíso. No inferno. Na euforia.
20
— Olá, Tia. – ela sorri para mim. Ela sempre parece tão feliz. — Fico feliz que você veio hoje. Pensei que você fugiria de mim depois da última sessão.
Balançando a cabeça, sento no meu lugar de sempre. O escritório dela está escuro hoje. As nuvens lá fora são sombrias, lançando tudo em uma névoa cinza. Tipo como a minha mente.
— Preciso de respostas. Preciso saber que está errado comigo, porra.
Outro tremor. Certamente agora ela está acostumada com os meus palavrões.
— Bem, não é tão fácil ou simples. Nunca tive um paciente como você... – ela olha para o bloco de notas e depois levanta os olhos para encontrar os meus com uma tristeza gravada em sua pele perfeita e sem falhas. — Isso é novo para mim. Para ser sincera, fiquei desconcertada desde a sessão de hipnoterapia quando você foi embora. É como se você tivesse entrado em outra sala e eu não consegui encontrar você.
Ela está falando, mas eu não entendo.
— Você tem dois problemas variados, Tia. – ela murmura baixinho. Quase como se ela estivesse com medo de me dizer. Meu coração bate forte.
Tum. Tum. Tum.
— Eu estou doente? Muito doente?
Ela sorri tristemente e balança a cabeça, mas encolhe os ombros. O que. Foi. Porra? — Tia, eu quero que você mantenha a mente aberta. Isso é algo que ainda não lidei. Então, enquanto analisamos o que descobri, preciso que você mantenha a calma.
Recostando-me, puxo minhas pernas para cima e para baixo de mim, observando-a atentamente, esperando a bomba cair. Eu não posso estar fazendo isso. Como diabos devo me vingar de meu pai quando estou doente? Quando eu sou louca?
— Tia, olhe para mim. – Sua é voz baixa, e eu movo meu olhar para o dela. — Você criou um lugar para ir quando está com medo ou quando as coisas ficam demais. Eu chamaria isso de um mundo imaginário, um lugar de segurança em sua mente. Isso não é incomum. O termo técnico é paracosmo. Nunca tratei alguém que tenha isso, por isso estou intrigada.
— O que você quer dizer? Então, e ela? A... Não sei mulher? Ela fala comigo. Isso é mesmo real? Foda-se isso.
Ela estremece novamente, e eu quero rir. Rir como uma colegial tonta que irritou sua mãe xingando.
— Simplificando, é um mundo imaginário detalhado. Ele se origina na infância, se a criança passou por uma tragédia ou sofreu a morte de um ente querido. É uma maneira de a criança lidar com o trauma. Você não está doente. Isso é visto como uma maneira altamente inteligente de lidar com as coisas. Contudo...
— Espere. Você está me dizendo que estou vivendo em um mundo imaginário? – Meu tom incrédulo a deixa boquiaberta. Ela deve estar brincando. Estou vivendo um pesadelo, e ela está me dizendo que estou inventando coisas.
— Olha, Tia, essa é uma maneira incrível de lidar com as coisas. Esses paracosmos são importantes para você continuar uma vida e permitir que você se oriente no mundo e na vida real. Agora, você mencionou uma garota... – ela para, encontrando meu olhar.
— Eu não estou aqui para você me dizer que sou uma criança inventando coisas, doutora. Estou aqui para você me consertar. Eu preciso da sua experiência para consertar as partes quebradas do meu cérebro. – Meu tom cai para um sussurro rouco, cheio de emoção.
— Há mais uma coisa sobre a qual gostaria de falar. Mas, antes disso, preciso entrar nessa sua mente. Eu quero que você se abra para mim. Eu quero falar com ela.
Balançando a cabeça rapidamente, empurro a cadeira e cruzo a distância de seu escritório para frente e para trás. — Eu não posso. Não há como trazê-la aqui. Ela faz coisas. Coisas que não posso me permitir mostrar a você.
— Como o que, Tia? Ela diz para você fazer coisas com os outros? – Sua pergunta me assusta, e eu paraliso. Ela sabe. Não há dúvida de que ela sabe e não está me ajudando.
Eu preciso de ar.
Ela quer falar comigo.
Não. Não. Você não pode.
Por que não?
Você não deveria estar aqui. Isso é sobre mim. Minha vida.
É nossa. Estamos nisso juntas.
— Não, você tem que ir embora.
— Quem, Tia?
Olho em seus olhos castanhos penetrantes, e ela espera. Ela sempre espera.
— Ninguém. Eu tenho que ir. Eu tenho um encontro com Braxton.
— Você disse a ele? – ela pergunta. Ela sempre pergunta.
— Não, eu não posso contar a ele. Ele não sabe como estou fodida. Eu vou perdê-lo. – eu nunca tive medo de perder alguém. Meus sentimentos nunca foram um problema para mim. Mas Braxton parece ter quebrado minha concha. Por mais assustador que seja, eu o quero. Ele se alojou dentro de mim, e eu não tenho como tirá-lo de lá.
— Por que diabos você acha que ele vai deixar você? – ela parece tão confusa, mais do que sinto na maioria dos dias. E para ser sincera, não sei como responder a ela. Eu não sou perfeita de forma alguma. Ele é alguém que precisa de uma mulher que pode lhe dar tudo. Como eu posso fazer isso?
— Eu não sei. – É a resposta mais honesta que posso dar.
Um pequeno sorriso em seus lábios me diz que estou pronta agora. — Ele não vai deixar você. Ele precisa saber que seus sentimentos são os mesmos dele.
— Como você sabe que ele sente o mesmo?
— Porque eu posso ver nos seus olhos. – Mesmo não tendo certeza do que ela quer dizer, eu encolho os ombros. — O amor que ele já lhe deu até agora está claramente gravado em você. Você está radiante, feliz, não é a garota quebrada que entrou aqui meses atrás.
Talvez ela esteja certa. Talvez, apenas talvez, eu possa encontrar a felicidade.
21
"Você está com grandes problemas desta vez, Belle." Suas mãos passam por minhas longas ondas de cacau. Ele agarra minhas madeixas na nuca, puxando minha cabeça para trás, encontrando meus olhos temerosos. "Vocês já cresceu agora, não é, querida?" Sua pergunta é sinistra, perigosa e o medo que nunca esteve presente quando eu estava perto dele agora ameaça me sufocar.
Como se ele pudesse ler minha mente, ele inclina a cabeça para o lado, olhando para mim com um olhar malicioso.
"Pai, por favor, eu não fiz isso", eu imploro, mas não é suficiente. As crianças da escola me provocavam sobre minha família, sobre as coisas fodidas que meu pai fazia. Todos eles sabiam sobre as relações dele. Então hoje, quando aquele idiota chamou meu pai de pervertido, eu surtei. Os professores tiveram que ligar para ele. Agora ele está com raiva, e não há nada que eu possa fazer para acalmá-lo.
"Então, você não bateu no seu colega de classe com uma régua de aço?" Não posso negar porque vi o sangue. Minhas mãos estavam vermelhas quando eu acordei. Minha saia, camisa e meias estavam manchadas com o líquido vermelho. O cheiro forte metálico permeia ao meu redor. Mesmo que tenha lavado as minhas mãos, o cheiro permanece nas minhas roupas. Desmaiei e de alguma forma acordei com uma enxurrada de enfermeiras, professores e crianças, todos olhando para mim como se eu fosse o anticristo.
"Eu... Eu não quis dizer...”
"Você não quis, Belle!" Saliva voa de sua boca enquanto ele grita comigo. "Você causou muitos problemas desde que a sua mãe morreu. Mesmo assim, você ficou aqui como uma ovelha perdida. Eu precisava que meus homens consertassem sua bagunça. Você não se lembra de como a machucou? Todo o sangue dela pingando de suas mãos? E então, o que você diz? Não fui eu. Você sempre faz merda!” Seu corpo vibra de raiva.
Desde que eles me encontraram em pé sobre o corpo de minha mãe com o seu sangue em mim, eu me tranquei dentro da minha mente. Encontrei uma amiga dentro do meu mundo, que é lindo, ensolarado e nunca há dor.
Ele me empurra e eu tropeço e caio no chão. Ele me levou direto para o meu quarto quando chegamos em casa da escola, e eu pensei que ele iria me trancar lá dentro, mas quando ele entrou comigo, fiquei chocada. Ele quase nunca entra aqui. Eu tenho dezesseis anos. Tenho idade suficiente para que, se ele tentar alguma coisa, eu o mate.
Como eu te ensinei.
Sim, como você me ensinou.
"Levante-se. Tome banho. Você está um lixo.", ele grita, mas eu não me movo rápido o suficiente, e com um rápido chute no estômago, o ar é tirado de mim. "Eu disse, levante-se, porra!" Mais rápido desta vez, eu levanto do tapete e corro para a porta.
Uma vez dentro do meu banheiro, eu me afastei, trancando-o. Minhas costelas protestam, e a dor dispara através de mim.
"E quando terminar, saia. Tenho alguns amigos chegando." Com isso, ouço a porta do meu quarto fechar e trancar.
Presa.
Saia. Mate-o.
Eu não posso, ele é meu pai.
E? Ele é um idiota, Belle.
"Eu sei, mas agora, preciso terminar a escola e depois posso ir embora", sussurro, e sinto o vai e vem dela me deixando com minha missão em mãos.
Abrindo as torneiras, eu espero que a água aqueça e tiro minhas roupas sujas. Uma vez que o vapor sobe ao meu redor, eu entro. Minhas costelas protestam, e tento inspirar profundamente. Relaxar, no entanto, nunca vem.
Momentos depois, eu ouço a música começar. As vozes grossas dos homens passam pelas portas e percebo que a festa deve ter começado. De volta ao meu quarto, visto-me rapidamente, vestindo uma calça jeans preta desbotada por cima de uma calcinha de algodão, um suéter de manga comprida por cima de uma blusa azul escura e minhas meias.
Estou prestes a calçar o tênis quando a porta do meu quarto se abre. Meu pai está vestido de calça cáqui e uma camiseta cinza e se aproxima de mim. "O que você está vestindo? Isso não vai funcionar. Onde está seu lindo vestido pink? O que usou no baile da escola?”
"Mas não posso usar esse vestido hoje à noite." Minha boca se abre em um suspiro. O vestido em questão é impermeável e para logo acima do meu joelho. É um vestido de dança formal. Não tenho como usá-lo na frente de não sei quantos homens.
“Você pode e você irá. Troque-se. Agora." Espero que ele saia, mas quando ele não sai, levanto da cama e vou para o meu closet e tiro o tecido de cor cereja, que combina com as sapatilhas de ballet pink. "Faça isso aqui", ele ordena em um tom áspero, e suspiro em choque. "Agora."
No meu quarto, eu o encontro sentado na minha cama, com os braços cruzados sobre um peito largo. "Você poderia pelo menos me dar um pouco de privacidade?" Minha pergunta me faz ganhar um olhar que eu prefiro não ver, então fecho minha boca e tiro o suéter. Quando pego na minha blusa e a coloco sobre minha cabeça, encontro o seu olhar intenso assim que o tecido cai no chão.
Meus seios estão nus ao seu olhar, e o desconforto se espalha lentamente por mim. Pego o meu sutiã, mas ele se estica, segurando meu pulso. "Deixe." Abro a boca para responder, mas eu engulo o comentário, sabendo que isso me renderia mais do que apenas um rápido chute nas costelas.
Ele solta minha mão e eu pego meu vestido antes de puxá-lo sobre minha cabeça e deslizá-lo pelo meu corpo. Eu então desabotoo meus jeans e o tiro.
“Boa garota. Agora tire sua calcinha e me encontre lá embaixo. Se você tentar alguma gracinha, eu vou fazer você se arrepender.” Fui deixada sozinha para fazer a mudança final que ele solicitou e o medo que senti anteriormente retorna com força total.
Hoje à noite, não é uma festa. Hoje à noite, estou sendo leiloada.
..............................................
Minha cabeça gira com a memória. Lembro-me perfeitamente da noite, como se fosse ontem. A dor e a tristeza foram suficientes para me enviar em espiral. Para me apavorar e me marcar para sempre. Meu pai me vendeu e fui enviada para o inferno. Ele sorriu e acenou para mim quando saí da casa que chamei de lar por dezesseis anos.
Tudo o que aconteceu comigo naquela noite e todas as noites seguintes me mudou.
Eu me tornei isso.
Eu não tive escolha.
Eu escolhi essa vida.
A vida de uma assassina.
Eles vão te encontrar.
Eles sabem onde você está.
Posso ter matado meus raptores, mas não matei quem me vendeu. Vestindo o meu shorts de couro, fecho-o e giro na frente do espelho. Minha bunda é curvilínea, sexy e sei que é a única maneira de entrar no complexo. Eu herdei meus longos cachos escuros da minha mãe. Ter uma mãe afro-americana e um pai espanhol me deu uma beleza além da minha imaginação. Minha pele escura e olhos escuros contribuem para uma visão sedutora. Foi isso que usaram para me vender.
Minhas curvas são envolvidas por couro e renda. Hoje à noite, o clube é minha primeira parada e depois o armazém. Agarrando a faca fina prateada, deslizo-a nas minhas botas de camurça ônix até o joelho. Uma última olhada na minha maquiagem, e vou para a minha sala de estar, pego a minha bolsa e chaves, e depois vou até o carro.
Dirijo o meu Benz preto há três anos e as janelas escuras me proporcionam privacidade e ocultam a arma que sempre repousa no banco do passageiro quando estou sozinha.
Gostaria de saber se ele estará no clube hoje à noite.
Um homem como nenhum outro. Sexy, bonito e forte. Aqueles olhos cor de mel perfuram todo mundo que ele olha. Há uma consciência nele, algo diferente, como se ele estivesse procurando por algo ou alguém.
A primeira vez que o vi, eu o queria. Ignore isso, eu precisava dele, caralho. Mas quando o vi indo com ela, eu sabia que não tinha chance. Não por muito tempo. Vou abrir caminho para a vida dele. De uma forma ou de outra. Venho fazendo isso há muito tempo para perder para essa vadia.
Ele será meu. A vida dela será minha.
Ela interpreta o ato gentil e inocente muito bem, mas o problema é que ela não sabe que eu voltei. Ela acha que está segura, mas está muito longe disso. Ela nunca mais estará segura. Não até terminar o que foi iniciado todos esses anos atrás. Não até seu último suspiro. O último que ela terá, e eu sei disso, porque vou dar o golpe final.
22
— É isso. – eu toco na tela. Grant olha a informação, mas tudo o que recebo é um gemido profundo. Ignorando-o, continuo. A confiança renovada faz minha mente girar com o que posso fazer. — Nós podemos acabar com esse idiota. Vou encontrar esse filho da puta e fazê-lo pagar. Miguel Alvarez implorará por sua vida, e não mostrarei piedade. – Mesmo que a investigação termine aqui, continuarei investigando. Eu vou cavar tão profundamente até que haja um buraco grande o suficiente para o pai dela se encaixar.
— E fará isso com minha ajuda. – ele afirma com naturalidade, dando-me um olhar sem sentido que não posso recusar.
— Obrigado, cara. Já se passaram quase dez anos, apenas para descobrir que a garota que eu estou fodendo está relacionada a esse monstro.
— Você quer dizer a garota pela qual está se apaixonando? – ele desafia. Movendo o meu olhar para o dele, abro a boca para responder, mas a fecho novamente, porque no fundo eu sei que ele está certo. Não há dúvida de que estou me apaixonando por Tia. — Isso está escrito em todo o seu rosto, cara, não há necessidade de negar. Tenho certeza de que todos notaram, incluindo ela.
— Se ela notou, ela não disse nada. Eu não lhe dei uma chance. –Minha mente volta à noite passada quando ela me encontrou na sala bebendo seu bourbon. Eu não disse a ela que havia encontrado sua bolsa ou descoberto seu nome verdadeiro, e deveria. Prometi a ela que esperaria, mas não estou esperando. Ela vai ter que confiar em mim.
De alguma forma, duvido que ela saiba das relações do pai e, se sabe, isso a coloca em mais perigo do que pensávamos. Há algo mais nela, algo que ela está escondendo, e vou descobrir o que é.
Grant senta na cadeira ao lado da minha mesa e me observa. — O que foi? – pergunto sem encontrar seu olhar intenso. — Despeja, cara.
— Essa garota, eu sei que ela é algo especial para você. Eu não estou lhe dizendo como viver sua vida, porque porra sabe que eu nem sei como viver a minha, mas apenas seja honesto com ela. Conte a ela sobre seus pais, o que aconteceu com eles, quem os matou. Permita que ela saiba. E acho que você deveria contar a ela sobre sua busca pelo pai dela. Se você está sério com ela, e ela com você, nada poderá ficar entre isso.
Olho de boca aberta para ele. Conheço esse homem há tanto tempo e nunca falamos abertamente sobre nossas vidas pessoais. Sempre foi trabalho, mas quando olho para ele, vejo um homem atrás do soldado. — Vou pensar sobre isso. No momento, ela não está me contando sua história completa, então não quero assustá-la e fazê-la correr pelas colinas. Eu a quero comigo o tempo todo. – Minha confissão nos assusta, porque seus olhos se arregalam em choque. Minha expressão deve revelar a mesma emoção, porque ele sorri, acenando com a cabeça com compreensão. Nunca na minha vida pensei em me apaixonar tão profundamente, mas estou. Eu fiz isso.
No fundo, me pergunto se minha mãe e meu pai teriam orgulho de mim. Dela. Se eu a trouxesse para casa, eu sei que minha mãe a teria a paparicado. Só me pergunto se ela é minha para sempre, ou estou latindo na árvore errada?
Ela tem muito o que está escondendo. Estou curioso para ver como isso funcionará. Se superarmos esse obstáculo e aprendermos a confiar. Descobrir que o pai dela é o dono do clube que estamos invadindo é um grande avanço. Eu adoraria entrar lá agora e acabar com ele, acabar com essa merda doentia de uma vez por todas, mas sei que precisamos fazer isso direito.
Com regras a seguir, preciso me acalmar e ter uma cabeça racional. Mas quem eu estou enganando? Eu nunca sou racional com ela. Ela é como uma tempestade, varrendo minha vida e derrubando tudo em seu caminho. E estou feliz em deixá-la fazer isso.
Eu não pensei em me apaixonar por ela todas aquelas vezes em que me sentei no bar e a vi flertar com meu melhor amigo, mas como ele está fora de cena e eu a conheci, posso dizer com segurança que ela foi feita para mim. Tudo o que ela precisa fazer é me deixar entrar na cabeça teimosa dela.
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É um daqueles dias em que o calor é insuportável e estou puxando minha regata branca quando ouço a ligação. “Ei, cara, precisamos sair daqui agora.” Olho para o meu parceiro, Ryker. Ele é meu melhor amigo desde que éramos crianças. Quando me inscrevi, ele também se inscreveu.
“Vamos sair.” eu pego meu cinto, passando-o pelas minhas calças de uniforme e saímos para o calor infernal. Nosso regimento teve uma missão aqui por três anos. Não estivemos na linha de frente, mas vimos algumas coisas horríveis.
Entrando no jipe, Ryk dá partida no motor e arrancamos do complexo para a capital. Tudo é marrom. A poeira assenta em todas as superfícies e, se eu fechasse os olhos, seria capaz de dizer exatamente como tudo está parado. Esta cidadezinha que ultrapassamos tornou-se um lar. Cada casa tem a mesma aparência, mas as pessoas são diferentes.
É doloroso, de partir o coração, ver a dor nos olhos deles. Eles vivem com a ameaça de assassinato, morte e perda de membros diariamente. É doentio estarmos aqui para defendê-los quando o pessoal deles está tentando machucá-los. “Olhe! Olhe!” Virando, olho para o adolescente gritando para nós. Antes que eu tenha tempo de reagir, algo levanta o jipe, me jogando do assento.
Há gritos, o fogo queima e, de repente, está escuro.
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Balançando minha cabeça com a memória, olho a hora e percebo que tenho que ir. Pretendo encontrar minha garota em vinte minutos. Não tenho notícias dela o dia todo. É verdade que estivemos ocupados na sede estabelecendo nosso plano de acabar o com o filho da puta, Miguel Alvarez, e seu maldito clube.
Os perigos envolvidos significam que devemos tomar todas as precauções. Não podemos perder homens neste trabalho, e eu estou preocupado com Ryker. Ele está sem desaparecido há quase uma semana. Quando ele saiu do escritório, não voltou e não respondeu a ligações ou mensagens.
Ele é um adulto, mas no fundo sei que ele também é um garoto quebrado. A vida dele não tinha sido fácil. Perder a mãe ainda jovem o deixou com um homem alcoólatra. A maior parte de sua infância foi passada em minha casa e, quando crescemos juntos, vi os machucados e cicatrizes em seus braços e pernas.
Agora, quando olho para trás, deveria ter contado a alguém. Eu só espero que ele possa recuperar sua vida.
Empurrando a cadeira, pego minha jaqueta e encolho os ombros. Com o meu celular na mão, envio uma mensagem rápida para Tia, informando que estou a caminho. Enquanto desço as escadas, Grant olha para cima e dobra o dedo, me chamando.
— Você deveria ver esse homem. – ele aponta para a tela. Quando me inclino, noto uma mulher bonita, com cabelos longos e escuros andando ao lado de Ryk. Eles estão indo para o Innuendo. Quem diabos ele está enganando?
Não vejo o rosto da mulher, mas pelo perfil dela ela se parece com Tia. — Ele vai ao clube que invadiremos em dois dias?
— Parece que ele está com sua garota. – comenta Grant em voz baixa. Ele tem razão; ela se parece muito com a minha mulher, mas não pode ser. Pode?
Pegando meu celular do bolso, digitei o número dela. Toca e toca, mas acaba indo para o correio de voz. Isso não faz sentido. Ela o odeia. Por que ela iria sair com ele?
Minha mente dispara com confusão e o meu coração acelera no peito. Eu deveria ir lá. Encontrar o homem que eu costumava chamar de melhor amigo e nocauteá-lo. O ciúme diminui, deixando a raiva em seu lugar.
— Eu vou com você. – diz Grant rapidamente. Olho para o homem ao meu lado quando ele se levanta e agarra o coldre e a jaqueta. — Vamos lá.
Sem uma palavra, seguimos para o meu carro e, quando saio do estacionamento, a única coisa em minha mente é como diabos vou ficar calmo e não matar Ryker.
— Porra! – O resmungo de Grant tira minha atenção da rua. — Pare agora! – ele ordena bruscamente, e eu paro. Felizmente, estamos em uma rua tranquila. Quando estacionei o carro, ele me entregou o celular.
Eu li o e-mail do nosso pessoal da inteligência e meu sangue esfria. As palavras ficam borradas, minha mente dispara e meu coração bate dolorosamente contra minha caixa torácica. O prontuário médico de Tia.
PORRA!
23
— Então, você está amando? – ela me pergunta do seu jeito tranquilo. A palavra amando é um conceito estranho. Não sinto isso há tanto tempo. Acostumei-me à raiva, ódio e tristeza. Talvez o amor seja algo que as pessoas apenas afirmam sentir. — Tia, você ama Braxton? Você pode me dizer. Qualquer coisa que esteja sentindo, você precisa assumir.
Eu aceno.
— E ele também te ama? – Um sorrisinho aparece em seus lábios com a pergunta, o que me faz sorrir. Ele me ama. Eu sei que ele ama. Mesmo que não disséssemos essas palavras, sei que ele me ama. Eu vejo isso nos olhos dele. Aquelas piscinas de caramelo brilham como ouro quando ele olha para mim.
Perfeito.
— Tia, você precisará dizer a verdade em breve. Você não pode viver uma mentira com ele. Se vocês se amam, há apenas uma coisa que você precisa fazer é jogar limpo. Você não quer jogar limpo, Tia? – Sua pergunta me tira do devaneio de felicidade e me joga na escuridão escura e sombria.
— Você sabe que não posso contar a ele. Se eu contar, ele vai embora. Assim como todo mundo bom na minha vida.
— Mentiras não é o caminho para construir um relacionamento, Tia. Há coisas que você precisa dizer a ele antes de formar um vínculo. E pelo seu olhar, você já se apaixonou profundamente por ele. – Ela está certa como sempre. Ela está dentro da minha mente, lendo-a como um livro aberto. Eu sou um livro aberto? Minhas páginas estão à mostra para todos verem?
— Mentiras é a única coisa que tenho manter. Elas são constantes. – digo severamente. É rude. Minha raiva sobe como um fogo lento, lambendo, aquecendo meu sangue que corre por todas as veias do meu corpo.
— Às vezes tem que deixar seu passado para trás. – ela murmura, rabiscando em seu caderno. Como se estivesse escrevendo cartas para alguém. Para o meu pai? Para mim?
— Desapegar significa me afastar do meu objetivo. Meu plano. Tudo pelo que trabalhei tanto. Se ele souber, se ele descobrir quem eu sou, não tenho certeza se serei livre. Ele vai me trancar e jogar fora a porra da chave.
Ela assente. Redemoinhos giram no ar ao nosso redor, e eu sei que ela está pensando em como prosseguir com isso. Como ela espera que eu me afaste de Braxton?
Se ele souber do meu passado sórdido, será o fim de algo antes que ele comece. Eu nunca quis mais, nunca quis que alguém me amasse. Mas com ele eu quero.
— Eu o amo. Eu não o estou perdendo porque você me disse para fazer isso. – digo severamente. — Esta é minha vida não sua. Você já amou alguém mais do que sua própria vida e não entendeu o porquê? Você já se sentiu tão completa com alguém que, no momento em que eles saem pela porta, você é mais uma vez um fragmento do que eles fazem de você? E me diga uma coisa, você já olhou nos olhos de alguém e realmente sabia que foi feito para ele? Que o motivo pelo qual você nasceu foi ser o seu cônjuge, a esposa ou o marido dela, para torná-la íntegro?
Meu discurso para quando ela me olha com uma expressão semelhante à pena. A tristeza sonda em seu rosto. A pele macia e lisa se enruga, franzindo as sobrancelhas escuras e seus olhos escurecem com medo, raiva e frustração.
Faz tanto tempo, e ela não está mais perto de me descobrir do que eu para descobrir por que estou aqui. Por que venho aqui toda semana? Eu não sei.
Não é como se estivesse me ajudando. Minha mente ainda está muito quebrada. A única coisa certa na minha vida é o homem que amo. — Isso acabou. Esta será a última vez que venho aqui. – eu passo por ela e vou em direção à porta.
— Tia. – ela chama calmamente, e quando eu me viro, seus olhos brilham com lágrimas não derramadas. — Volte. Apenas me dê mais um dia. – Seu pedido é sincero. Com tanta emoção. Muito amor. A confusão se instala em minha mente mais uma vez, mas não lhe dou uma resposta. Giro a maçaneta da porta e passo pelo limiar para a normalidade.
24
— Você acha que eu queria isso? Minha vida nunca foi tão perfeita quanto a sua! – Minha voz é estridente no escuro. O rosto bonito dela ainda é tão perfeito, mesmo depois que eu dei um tapa nela, mesmo depois de dar um soco nela. O ódio em espiral me percorre como uma serpente venenosa deslizando, pronta para atacar.
— Não sei do que você está falando. – Uma voz melódica cheia de medo, raiva e fúria é música para meus ouvidos. Tudo sobre ela estar amarrada à minha misericórdia dispara adrenalina através de mim.
Ela sempre foi a inocente.
A favorita.
Não mais. Ela vai pagar, devagar, cheia de dor que tive que viver. Ela experimentará dor em cada centímetro de sua pele, sangrando e queimando. Seu corpo e mente se juntarão aos meus nas profundezas mais sombrias.
— Por favor, não me machuque. Não sei quem você é. – Suas súplicas me excitam. Sim, elas fazem. Isso é tão bom. Toda vez que implorei e supliquei, eles só me faziam mais, mais forte, mais rude. Até que eu não conseguia andar. Balançando a cabeça com a memória, pego o bisturi. Seus olhos ainda estão cobertos com uma venda preta e grossa, e sei que sua audição vai se arrepiar com o som.
Usando os métodos deles, os mesmos que usaram em mim, sei como é, sei como soa. Ao me aproximar dela, vejo o tremor que a abala. Medo. Isso é demais.
Quando encontrei Ryker, vi-o com ela, sabia que ele podia ser influenciado. Eu o observei por meses. Vi como ele fodia todas as mulheres daqui até a costa leste. No momento em que me aproximei e flertei com ele, ele mordeu a maçã envenenada que estendi, e ele era meu.
Não demorou muito para eu sussurrar pensamentos sombrios para ele. Ele admitiu que estava apenas com ela para passar o tempo. Mas então ele soube sobre o meu passado, sobre como ela não fez nada para me ajudar a sobreviver à dor e à agonia que eu havia passado. Eu me certifiquei de que ele escutasse todos os detalhes sórdidos. A escuridão dentro dele ganhou vida, eu vi florescer. E eu o fiz sentir por mim o que eu sabia que ele não podia sentir por ela. Sim, eu posso tê-la pintado como a irmã má, mas isso é apenas porque é verdade.
Ela passou a vida como a menina dos olhos do papai enquanto eu era vendida para o comércio, onde aprendi mais sobre tortura do que gostaria de admitir. Mas agora isso é útil porque sei que ela nunca poderia entender. Ter Ryker era uma garantia que ela veria o quanto fraca ela realmente é. Achando que ela poderia usá-lo; ela saberá que não passa de um brinquedo quebrado.
Por um longo tempo, pensei que eu era a destruída, mas a mente dela quebrou muito antes da minha. Eu sou forte. Eu deveria liderar e terei tudo o que ela nunca poderia sonhar, porque eu sobrevivi.
A promessa de Ryker de ficar ao meu lado quando termino isso me deu uma força renovada. E ver sua dor quando ela percebe que ele estava apenas com ela porque eu o empurrei em sua direção tornará essa vingança muito mais doce.
Sorrio porque sabia o tempo todo que ele era o homem para mim.
— Você sabe quem eu sou. Ou você bloqueou isso também? – sussurro baixinho. Eu sei que ela me reconhece. Sua cabeça balança da esquerda para a direita novamente. Segurando os cabelos na sua nuca, puxo para trás, com minha boca em seu ouvido. — Você saberá o que acontece com as princesinhas. Minha vida foi um pesadelo. Meus pesadelos me assombram, e você sabe por quê? Porque seu rostinho precioso era muito inocente.
— O que? Eu não entendo Me deixar ir! – Se eu suplicasse assim, seria açoitada e espancada. Ela deveria estar agradecida por eu não ser eles.
— Acho que não, Tia. Você precisa pagar...
— Qualquer valor. Eu tenho dinheiro. Por favor, apenas...
— Cale-se! Você não estará pagando em dinheiro. Estará pagando com sangue. – sussurro no ouvido dela. Outro tremor de medo destrói seu corpo, e ela grita quando deslizo o metal pela lateral de sua bochecha. Há um pouco de mancha vermelha em sua pele bronzeada.
Um corte minúsculo, mas o pouco de sangue é tão bonito. Tão perfeito. — Por que está fazendo isso? – Suas perguntas estão irritando meus nervos, arranhando e me cortando. Dou um passo para trás e pego o pano que está sobre a mesa e enfio na boca dela. Gritos abafados agora ecoam no espaço amplo. Está quase no pôr do sol, mas o laranja profundo dos raios do sol brilha através das cortinas escuras de uma janela à minha direita. Este era o único lugar que eu poderia trazê-la sem ser notada. Este armazém abandonado, que é um edifício enorme do lado errado dos trilhos. Ninguém a encontrará aqui, já que ninguém sabe que meu pai é o dono dele. O nome dele não está nas ações.
Está esfriando quando o sol se põe no horizonte. O apartamento em si está vazio, além do pequeno sofá e caixas de papelão contra a parede - sem aquecedor. O corpo dela treme, e sei que é uma mistura de medo e frio.
Os sons de passos perto de mim chamam minha atenção e, quando olho para cima, vejo meu homem. Aquele que me ajudou.
— Nossa hóspede está confortável? – ele pergunta.
Quando ela para, eu sei que ela reconheceu a voz dele, mas ela não pode dizer nada, felizmente.
— Ela está, por enquanto. – eu o informo com um sorriso.
Ele estende a mão e acaricia a sua bochecha gentilmente, e ela se encolhe.
— Olá, Tia. – ele murmura contra o ouvido dela. — Você está linda, toda amarrada. Você não me disse que gostava, ou eu teria feito isso com você em vez de com sua irmã toda vez que eu precisasse gozar.
Ciúme, espontâneo, sinaliza, disparando através de mim. Por que é sempre ela? O que há de tão especial nela? — Você vai ficar aí o dia todo e provocá-la? – Olhos escuros me perfuram quando ele coloca a mão na minha garganta.
— Você quer que eu te foda? Quer que ela nos assista? – Imagens do que ele está pedindo passam pela minha mente como um filme pornô. Minha mente está fodida. Tudo o que sofri me faz querer isso. Quero que alguém seja rude, me amarre e me machuque. Fico excitada com essa merda, e ele também. Então eu concordo.
Ele se aproxima e arranca a venda do rosto dela. Os olhos se arregalam quando ela olha entre nós. Aqueles lindos olhos azuis olham para ele, mas é quando o olhar dela se fixa em mim, é quando o reconhecimento aparece. É uma chama ardente lenta que brinca logo atrás daqueles olhos azuis bebês.
Levantando um lado da minha boca, eu a encaro enquanto o sorriso se forma em câmera lenta no meu rosto. A mão segurando meu pescoço aperta, chamando a minha atenção da mulher com quem eu passei competindo em minha vida. Mesmo quando fui mantida em cativeiro, não havia nada além dela. Eles falavam dela o tempo todo. Me diziam o quanto ela era mais bonita, como ela teria ganhado mais dinheiro.
— Olá, Tia. – murmuro novamente, encontrando o seu olhar zangado e chocado. — Como vai você, irmãzinha?
— Já é diversão em família o suficiente. – Um som profundo vem do homem que me enforca. — Vamos jogar. – ele me leva até o sofá, e eu sinto os olhos dela em mim. Me queimando. Perfurando-me como uma broca, centímetro por centímetro.
Ele pega minha blusa e a puxa, tão rudemente que rasga a frente. Meus seios nus estão à sua mercê a medida que avança, colocando um mamilo na boca. Meus dedos percorrem seus cachos de cor chocolate rebeldes enquanto eu o seguro contra o meu peito.
Olhando de relance, vejo minha irmã mais nova me olhar com intensidade como nunca. Sua boca se move para o outro mamilo, chupando e mordendo o suficiente para ganhar meus gemidos. Suas mãos já estão desajeitadas no meu jeans. Um som do zíper e o som característico do jeans abaixando pelas minhas pernas finas são os únicos sons ao nosso redor, além dele me chupando.
Apelos abafados caem em ouvidos surdos quando seus dedos hábeis encontram meu clitóris, circulando-o. Ele esfrega seus dedos no meu núcleo, bombeando dentro e fora em um ritmo que altera a mente. É tão lento, e tudo que eu quero é uma foda rápida e furiosa.
Quando ele finalmente tira a boca dos meus seios, ele olha para ela, para a mulher que compartilha minha linhagem e sorri. — Sua irmã tem um gosto muito melhor do que você já teve, Tia. – Um sorriso maligno se forma em seus lábios quando ele me vira, me curvando sobre o braço do sofá. Nós dois temos uma visão incrível de seu rosto, com lágrimas escorrendo por suas bochechas.
Em um movimento rápido, o seu pau me penetra. Totalmente encaixado, ele para por um momento. — E a boceta dela é tão apertada ao meu redor. Estou tão feliz que não perdi meu tempo com você. – ele sai e entra de novo, mais forte, mais bruto, e quando ele puxa meu cabelo, me puxando contra seu peito, ele sussurra em meu ouvido: — Você é minha, não é, Belle?
Não consigo deixar de dizer minha resposta. — Sim, sou toda sua, Ryker.
25
Memórias do que aconteceu passam por meus pensamentos.
Ryker no meu apartamento, querendo conversar.
Tomei uma bebida, ele terminou a cerveja e a minha... não me lembro. Por que não consigo me lembrar?
Ele me drogou. Ele deve ter.
E agora estou aqui.
Minha mente dispara, como se houvesse algo girando dentro dela. Minha psicóloga me disse que isso aconteceria por causa do que testemunhei quando criança. Eu me escondi em um lugar seguro para lidar com o trauma. Ela explicou que minha mente não está certa. Não funciona como os outros.
Paracosmo.
Uma palavra que não significa nada para os outros, mas significa tudo para mim. Meu coração bate forte. Meu corpo está tenso. Isso dói. Tudo machuca. Somente Braxton faz ficar tudo bem. Só ele me consertou. Agora estou aqui, jogada de volta ao mundo do qual escapei.
Meu pai me disse que eu estava quebrada. Ele não podia me leiloar para outras pessoas; ele teve que lidar comigo. Foi quando aconteceu pela primeira vez. Quando tudo foi uma merda.
Eu descobri o que aconteceu naquele dia. O dia em que minha mãe se afogou em uma poça de sangue. Minha mente foi bloqueada. Escondida no mundo que eu criei. Lá, eu estava segura. Foi só lá que eu era uma garotinha normal. Onde ela estava. Minha amiga, minha inimiga, a outra metade de quem eu sou.
Veja bem, meu pai, Miguel Alvarez, é um monstro e prometi matá-lo.
Mas isso... isso não faz sentido. Belle é minha irmã. Como ela pode querer me machucar? O que eu fiz? Papai me disse que ela tinha que ir embora para a escola. E, claro, eu acreditei nas mentiras. Mas o que poderia ter acontecido com ela para fazê-la agir assim?
Está escuro dentro do meu mundo, minha mente. Ela não está aqui.
Onde você está?
Estou aqui. Agora que o Sr. Perfeito não está aqui, você precisa de mim?
Por favor, preciso sair daqui.
Você estragou tudo, Tia. É assim que você morre. Como nós morremos.
Não, você tem que me ajudar.
Eu não posso. Não dessa vez.
Meus olhos encontram os de Ryker, o homem que estava na minha cama, mas felizmente, nunca no meu corpo ou no meu coração. Eu nunca o amei, mas por um momento me importei. Isso não é suficiente? Estou vendo a minha irmã sendo fodida pelo meu ex-namorado. — Você vê isso, Tia? Ele me quer. Você não. – Suas palavras me cortam. Não que eu queira Ryk, mas o veneno que ela cospe com dor me machuca. Nada além de ódio reveste seu tom, e não consigo imaginar o que eu poderia ter feito para fazê-la ter tanta raiva e animosidade por mim.
É tudo culpa sua.
Você é a perfeita.
Você é quem eles escolhem.
A provocação começa, e a minha cabeça dói, latejando dolorosamente, me arrastando para a escuridão da minha mente. Minha medicação. Ela não sabe que eu preciso das minhas pílulas. Meus olhos se fecham; minha mente vai para Brax. Eu me pergunto se ele deu pela minha falta. Ele sequer percebeu que algo aconteceu comigo?
Mãos seguram meu rosto e meus olhos se abrem para encontrar Ryk olhando para mim. — Não gostou disso, não é? Vendo meu pau duro em outra pessoa. Todos os meses que estive com você, não foram reais. O pior momento da minha vida, foi agir assim - sua mão grande e áspera segura minha boceta através das finas calças de ioga - de querer você. Toda vez que eu estava perto de você, eu a imaginava. – ele aponta para Belle. — É por isso que eu nunca poderia te foder.
Minha boca ainda está amordaçada pelo pano, e eu não posso responder. Não posso dizer a ele que o odeio. Que eu estou apaixonada por Braxton. Mas todas as minhas palavras morrem na minha língua. A bile se eleva, enchendo minha boca com um gosto amargo e lágrimas surgem nos meus olhos. Ele acha que é por causa do que ele disse, porque o olhar satisfeito em seu rosto me diz isso.
Ele vai te machucar agora.
Não, por favor, não deixe. Tire-me daqui. Podemos ir à loja de doces. Eu te imploro, por favor.
Estou deixando você agora, garotinha. É hora de você crescer e lutar suas próprias batalhas.
Um medo profundamente enraizado me atinge quando sinto uma dor fria na minha pele. Uma lâmina brilhante corta minha frente. Não corta a pele, apenas minhas roupas. Uma onda fria de ar atinge meu corpo agora nu, e Ryker dá um passo para trás para ver seu trabalho.
— Esse seu corpo ficará tão fodido que seu namorado nunca mais vai querer você. Ele olhará para você com nojo. Ele sabe o que você fez quando era mais jovem? Como costumava foder com todos aqueles homens? Belle me contou sobre isso.
Ele olha para minha irmã que está sentada no sofá, vestida com sua pequena saia de couro e a camiseta de Ryker, com um cigarro nos lábios carnudos, uma fumaça branca em torno dela, fazendo-a parecer mais assustadora do que antes.
Não posso responder e me resigno ao fato de que não há nada que eu possa fazer. — Você gostou? – ele zomba. — Aposto que você amou a atenção, todas aquelas mãos imundas dos filhos da puta em você. – ele diz, e meu coração dói quando a memória me rouba.
“Vamos, Tia. Você é inútil pra mim quando está quebrada, mas ainda pode me sobrar algumas migalhas.” Papai me puxa pelo corredor pelo meu braço. Dói onde seus dedos cravam na minha pele, mas eu não choro. Ele não gosta quando eu choro. Ele odeia isso. É quando ele me bate. Golpeia-me com a mão ou com o que ele consegue encontrar.
Eu não gosto de machucados. Eu não gosto da dor. Não sei o que ele quer dizer, mas quando ele me arrasta para a sala, vejo dois de seus amigos sentados lá. Eu os reconheço porque papai me levou para trabalhar um dia. No clube que ele possui.
"Aqui está ela." diz aquele com uma cicatriz descendo pela bochecha, sorrindo para mim. "Venha aqui, pequena, eu preciso dar uma boa olhada em você." Seu sorriso é maldoso e os seus olhos maliciosos me percorrem, enviando repulsa através de mim.
Antes que eu possa responder, papai me empurra para frente e tropeço em direção ao homem. O medo penetra em minhas veias, espontaneamente e dolorosamente, como se algo estivesse me queimando de dentro para fora. Quando olho para onde o homem me segura, noto o invólucro de plástico de uma seringa. Ele injetou algo em mim.
"Ela vai se acalmar quando isso estiver na corrente sanguínea dela." diz ele, olhando para trás para o meu pai. Dezesseis anos, e só foi ele, mas agora não sou mais apenas dele. Eu serei deles também. Esses homens vão se aproveitar de mim. A confiança com a qual sei disso tem um medo me percorrendo.
Mãos se esticam para mim e para minhas roupas. Eu gostaria de poder fechar meus olhos. Eu gostaria que minha mente não soubesse o que eles estavam fazendo, mas sabe. Eu posso ver isso acontecendo.
Lute com eles.
Eu não posso.
Eles são maus. Eles precisam morrer.
Ela sempre me diz coisas que eu sei. Ela me diz a verdade.
Meus olhos estão abertos e eu os vejo, mas estou sentada no meu sofá em casa. Não é minha verdadeira casa. Aquele em minha mente. O lugar que fico segura. Onde minha amiga está. Ela é a única que me ama. Ela me mantém segura ao lado dela. Dedos, bocas e mãos. Eles estão me tocando. Isso queima e arde. "Tão linda, não é, pequenina?"
Eles estão conversando, mas eu não respondo.
Eu não posso.
Eu não sinto. Estou entorpecida.
Mais dedos. Algo maior. Mais grosso. Dor. Queimação, ardência excruciante.
Não consigo fechar os olhos. Eu não posso. Lágrimas escorrem pelo o meu rosto. Então outra dor ardente me atinge por trás. Mais lágrimas. Não consigo respirar. Eles estão gemendo no meu ouvido. Minha pele arde de seus dedos, que me seguram muito forte. Então eu estou me debatendo. Eu sou apenas uma boneca, uma boneca de pano sem vida. Meu corpo tomba e estou no chão.
É como se eu estivesse assistindo um filme de terror.
Eu quero gritar.
Eu quero reagir.
Meu corpo está entorpecido.
Meus membros estão fracos e não me ouvem. Eu digo para eles se mexerem com a minha mente. Mas eles não estão mais conectados à minha mente. Eles não se importam. Eu não ligo.
Calma, Tia. Eles só vão te machucar mais.
Ela sabe bem. Então, eu a ouço.
Ela é minha única amiga.
Sentamos no sofá e assistimos.
— Você é tão fodida da cabeça, não é? – A mão de Ryker dá um tapa no meu rosto, deixando-o doer. Mas isso me tira das lembranças mórbidas. A grosso modo, ele puxa o pano da minha boca e meus pulmões sugam o ar rapidamente.
— Por favor, Ryker, apenas me deixe ir. Eu não sei o que...
— Cale-se! – Saliva sai da boca dele. Ele parece demente. Este não é o homem que namorei. Este não é o homem com quem passei seis meses. Ele está perdido dentro de si. Eu sei como é isso; Vivi com isso por muito tempo. Há tanto tempo que, de fato, às vezes não consigo lembrar quem sou.
— Ryk, querido, precisamos ir. Papai vai ficar furioso se passarmos mais tempo com ela. Ele cuidará dela. – A menção de meu pai envia medo através de mim.
Ele me encontrou.
Eu disse que ele te encontraria.
Merda.
Ele vai nos machucar.
Não, eu vou escapar. Brax vai me encontrar.
Como você sabe?
Ele prometeu que sempre me encontraria.
E se ele não chegar até nós a tempo?
Pare. Ele tem que chegar.
Promessas não contam.
Sim, elas contam. As do Brax contam.
Pare de ser tão ingênua e apaixonada.
O amor é mais forte.
Amor é uma mentira.
Não, não é.
Você amou seu papai?
Balançando a cabeça, ignoro a pergunta dela. Eu não posso fazer isso. Não posso perder a cabeça agora. Eu já cheguei até aqui. Voltar para aquela garota não vai me tirar disso. Preciso pensar claramente. — Belle, o que você quer dizer? Cadê o papai?
Ela me prende com um olhar feroz. — Ele está chegando em breve, Tia. Quando ele fizer isso, você vai se arrepender de ter transado com ele. Você vê, seu namorado acha que é inteligente, mas... – ela faz uma pausa. Puxando uma tragada no cigarro, ela respira, e é como se eu pudesse ver a fumaça percorrendo o seu corpo, da boca até o peito. — Ele vai descobrir por que Miguel Alvarez é notório. Veja bem, Tia, depois que você fugiu, papai me encontrou e pediu desculpas. Ele me disse que você estava quebrada, que eu era a pessoa especial. Eu sou a favorita dele.
— Eu não entendo. Do que você está falando? Ele me disse que você foi para a escola. – eu imploro com meus olhos, esperando que ela veja a lógica.
— Não minta pra mim! – Seu grito me faz estremecer. — Ele me vendeu, Tia. – ela murmura e quase parece humana enquanto se afasta do sofá e caminha em minha direção. — Você foi sortuda. Você teve todo o amor do papai. Eu? Eu fui estuprada, todos os dias esquecida por Deus por homens que eu não conhecia. Fui abusada e drogada. – ela continua, e meu coração sucumbe. Pequenos cacos quebrados do amor que eu tinha caíam aos meus pés. Ele mentiu. Eu sabia que ele mentia, mas não sabia o quanto fodido isso era. Minha pobre irmã.
— Belle...
— Não diga meu nome, irmã. – ela zomba da última palavra e está cheia de veneno. — Você ficou com ele quando eu estava trancada em uma cela como um animal. Fui espancada todos os dias durante quatro anos, até Ryk me salvar. – ela sussurra o nome dele, passando uma unha vermelha como sangue no peito nu dele.
— O que? – Meu olhar passa entre eles, e uma risada sai de seus lábios. Meu mundo gira fora de seu eixo. — Você não sabe o que papai fez comigo depois que você foi embora? Quando fiz dezesseis anos, ele me fez fazer coisas, Belle, ele... – Minhas palavras são silenciadas por seu olhar mortal.
— Não minta para mim. Ele não fez você fazer nada. – ela se inclina, com o rosto a centímetros do meu. — Ele me contou como você saiu dos trilhos. Como você andou por aí fodendo cada pau à vista. Papai me disse que você tentaria me contar mentiras sobre ele. Foi você quem disse para ele me enviar em vez de você. – Balançando a cabeça tão rápido, sinto tonturas. É mentira. É tudo mentira. — Você até matou mamãe, só para que ela não me salvasse. Você pagará. – Meu estômago revira com a memória da minha mãe.
Sangue.
Vermelho.
Não, não, não.
Respire, Tia. Você não a matou.
Minhas sessões de regressão deveriam me dar respostas, mas essa memória está tão profundamente enterrada que nunca consegui me lembrar do dia em que minha mãe foi morta.
— Vamos lá, Ryk, ela não vale a pena. – Com isso, minha irmã se vira e se afasta, com a mão entrelaçada na de Ryker quando me deixam ficar aqui no escuro.
— Por favor! – eu imploro, mas eles me ignoram. Minha mente escurece e a enxaqueca começa.
Não. Não. Não. Por favor.
26
Quando invadimos o clube, não conseguimos encontrar Miguel em lugar algum, mas capturamos um de seus homens. — Onde diabos ela está? – eu digo na cara dele, mas tudo o que recebo é uma gargalhada maníaca. Isso é ridículo. Como vou encontrá-la quando não temos nada para seguir? Faz quarenta e oito horas e eu não tenho notícias dela. Ela não está no apartamento dela nem no bar.
Sim, há momentos em que ficamos sem nos falar, mas isso está fazendo minha irritação aumentar. Algo está tão errado que achei esse idiota. Ele tinha uma foto dela no bolso no clube. Entrar naquele lugar já era doloroso o suficiente, sabendo o que está prestes a acontecer.
Tia se foi, e eu não sei onde diabos ela está. Temos pessoas vasculhando as filmagens do circuito interno, mas nada aparece. A garota com quem Ryk estava não poderia ter sido Tia. Sei no fundo do meu coração que ela está lá fora em algum lugar e tenho medo que ela se machuque. Ou pior. Não. Não consigo pensar assim.
A mão de Grant pousa no meu ombro e ele me puxa para trás. — Deixe-me cuidar disso? – ele pergunta, e vejo a determinação em seu rosto. Ele vai conseguir o que precisamos. Eu aceno e dou um passo para trás. Virando, saio da sala e entro no corredor do clube. Está fechado, vazio, exceto pela equipe que eu trouxe. Só vi a parte da frente do bar, mas a parte de trás onde os escritórios estão localizados é gritante. Vazio de qualquer cor. Como a porra da minha vida sem Tia.
Ela é a única coisa que preciso. Eu a quero de volta. — Precisamos entrar nos escritórios, no último andar do clube. É a única maneira de descobrir o que Ryker estava fazendo lá.
Grant está certo. A primeira coisa que precisamos descobrir é por que meu ex-melhor amigo estava lá com uma mulher que se parece com Tia. — Deveríamos...
— Ei, cara, veja isso. – Jason chama da mesa, e eu estou ao lado dele em instantes. O feed pega a mulher que se parece com Tia conversando com um homem mais velho. Quando ele amplia a imagem na tela, meu corpo fica frio. O frio arrepia minhas veias e a raiva alimenta meu sangue.
O filho da puta que matou meus pais. O pai da Tia. A garota na tela sorri para ele. Inclinando-se, eles se abraçam, e a percepção me dá um tapa na cara e me dá um soco no estômago. Ela é irmã da minha garota. Ela deve ser. — Cheque a identificação. Preciso saber quem é ela! – digo, ganhando um sorriso convencido de Jason.
— Isso já foi feito. – Jason clica no mouse e a imagem em questão preenche a tela.
Isabelle Alvarez.
Irmã mais velha de Tia, ou Tatiana Alvarez.
— A mãe delas? – ele clica no mouse, puxando outra tela, e lá está.
Monique Jones.
Casada com Miguel por vinte anos, assassinada quando Tia tinha nove anos e Isabelle doze. O assassinato nunca foi resolvido.
— Precisamos encontrar Isabelle. Ela será a nossa chave para encontrar Tia e o pai delas. Eu preciso disso para terminar. Esse filho da puta precisa conhecer seu criador, e está acontecendo hoje à noite. Não ficarei mais esperando. – digo para os homens na sala. O consenso vem de cada um deles. Eles sabem o que esse idiota fez e é hora de ele pagar por seus pecados. Com sangue.
— Pessoal, eu acabei de encontrar seu esconderijo nos arredores da cidade. Também chequei ao registro do veículo que estávamos rastreando, e ele vai a este lugar aqui todas as noites. – Jason mais uma vez aponta para a tela no armazém que fica do outro lado da cidade.
— Vamos sair ao anoitecer. Será mais fácil entrar na propriedade sem ser detectado. Mostre as plantas do lugar. Precisamos descobrir um ponto de entrada. – Nosso gênio do computador acena e começa a digitar furiosamente o teclado.
Afastando-me dos caras, vou para a cozinha e pego a cafeteira. Meu celular toca me assustando, e eu o pego do meu bolso para ver o nome de Ryker me encarando. Passando o dedo pela tela, resmungo minha saudação. — O que você quer?
— Isso não é jeito de falar com o seu melhor amigo, Brax. Parece que a prostituta que você fodeu chegou até você. – O tom dele está cheio de malícia, e estou pronto para acabar com o filho da puta. Todos esses anos de amizade, crescendo juntos - praticamente como irmãos - se foram.
Acabou. Ele teve chance após chance, e eu perdi a paciência. — Se você tocar em um fio de cabelo da cabeça dela, eu vou acabar com você. Você me entende, Ryker? – eu bato o meu punho contra o balcão com tanta força que tudo chacoalha.
— Jesus, mano, essa cadela não tem uma boceta mágica. – ele ri de novo e estou pronto para jogá-lo contra uma parede. — Não que eu saiba, porque nunca estive lá ou fiz isso. Talvez eu esteja perdendo alguma coisa. – ele ri diabolicamente, e a raiva percorre minhas veias.
— Duas coisas. Primeiro, eu não sou seu mano. Segundo, se você chegar perto dela, falar mal dela ou tentar machucá-la, eu vou acabar com você que você ficará com um metro e oitenta. E eu não estou brincando. Eu vou te matar, Ryk. – Minhas palavras são duras, sérias e venenosas.
— Ah, não sou eu que você deveria se preocupar, mano. Definitivamente eu não vou machucá-la. Mas se o pai dela chegar, o que será... – ele fica quieto por um momento, e eu o imagino olhando para o Rolex que ele sempre usa. — Cerca de duas horas, duvido que você a encontre a tempo. Sabe, o pai dela tem rancor. E não importa se ela é filha dele ou não, você sabe o que ele faz com as pessoas que o contrariam.
Com isso, a linha fica muda e eu fico olhando para o celular. Correndo de volta para a sala de tecnologia, encontro os homens vasculhando páginas e páginas de plantas.
— Acabei de receber uma ligação de Ryker. Ele apenas confessou que o pai de Tia está querendo machucá-la. Havia sons ao fundo, pareciam uma linha de trem, possivelmente um armazém. Você pode mostrar todas as imagens de segurança dos armazéns mais próximos da ferrovia, Jason?
— Vamos encontrá-la, cara. – promete Grant.
Olho para o meu parceiro e aceno. Eu sei que a encontraremos. A única questão é, em que condições?
................................................
— Sim! – Meu resmungo é alto e ecoa ao nosso redor. Os olhos de todos estão em mim. Após duas horas vendo imagens de segurança, seis homens, seis telas, eu encontro o que estou procurando. O filho da puta estará aqui a uma hora. Minha equipe me cerca quando clico em imprimir nas informações que encontrei.
— Está a uma hora de distância. – diz Grant em voz alta. — Se partirmos agora, estaremos lá ao anoitecer. Vamos pegar esse filho da puta. Eu quero acabar com ele.
Olho de volta para o homem atrás de mim e vejo o sorriso malicioso que torce sua boca. Grant é conhecido por seu amor por facas. E sinto que ele está pronto para se vingar, mas não posso deixá-lo fazer isso.
Miguel Alvarez é meu.
— Esse alvo é meu. Ele matou meus pais. É hora de eu estripá-lo como ele os matou. Quero ouvi-lo gritar, suplicar e implorar por sua vida. Quero ver a vida desaparecer de seus olhos. Por mim e por Tia. –Uma mão pesada cai no meu ombro e eu o encaro.
— Então você o terá. Vamos lá. – ele agarra sua jaqueta e o coldre, que tem bainhas para duas facas de açougueiro, e ele guarda as duas. Meu coldre é tudo que eu preciso, mas, se encontrarmos Tia e ela se machucou, pego minha jaqueta e corremos para o SUV.
Os vidros escuros nos permitem anonimato, e eu sento no banco do passageiro. Com Jason fazendo a vigilância no armazém, sei que eles não nos verão chegando, mas eu os vejo. Ele.
Duas outras vans atrás de nós ligam os faróis e os motores rugem na noite escura. A estrada deve estar silenciosa, o que definitivamente nos ajudará a chegar lá mais rapidamente. Eu preciso terminar isso e salvar minha garota.
O pé de Grant acelera e o motor dá vida. Ele sai do estacionamento e seguimos em direção à estrada, que nos levará para fora da cidade e para a área mais tranquila, nos arredores do centro principal de San Antonio. Não há muito do que posso dizer no sistema de mapeamento.
Claro, que ele iria para um lugar longe da civilização. Meu coração bate forte quando penso em Tia. O que ele está fazendo com ela. Estou indo, baby. Apenas espere. Eu te amo. Eu amo você, porra. Não ouse me deixar. Minha mente repete o voto, a promessa, as três palavras que ambos estávamos com muito medo de dizer e só estou rezando para que não seja tarde demais.
— Nós a encontraremos. Ela vai ficar bem. Pare de se preocupar tanto. – A voz de Grant me tira da preocupação que está tomando conta de minha mente.
— Eu sei cara. É apenas... – Minhas palavras diminuem e não tenho certeza do que dizer. Como dizer isso. Ainda não confessei meu amor por ela, mas sei que posso confiar no homem ao meu lado.
— Você a ama, eu sei. Já tivemos essa conversa, Brax. Você poderá contar a ela. Escreva minhas palavras. – ele diz em um tom cheio de convicção. Se ele tem tanta certeza, eu também.
Vou te encontrar, baby. Juro pela minha vida, que vou te encontrar.
27
— Aqui está minha garotinha. – O som familiar do homem de quem fugi por tanto tempo me acorda de um sonho com segurança. Com Braxton. Quando meus olhos se abrem, ele está lá. O próprio diabo. Repulsa, medo e ansiedade me atingiram com tanta força que minha respiração falha. Estou pendurada nessas cordas há tanto tempo e minhas mãos estão dormentes, mas tudo o que quero fazer é envolvê-las em seu pescoço.
Meus dedos formigam e engulo a bile que está na minha garganta como um nó, ameaçando me sufocar. Felizmente, Belle colocou uma calcinha e uma blusa em cima de mim antes de me deixar aqui para morrer.
Prendendo-o com um olhar, não respondo, mas o medo desliza lentamente como uma serpente através de mim.
— Agora, Belle se superou. Encontrando você e te oferecendo, tão... – Um dedo grosso percorre meu quadril nu, enviando outra sensação de medo correndo pelas minhas veias. Ele dá a volta em minha cabeça, e com uma mão grande e forte, ele agarra meu cabelo bruscamente. — Maravilhosamente.
Um pequeno som escapa dos meus lábios; é tudo o que posso reunir. Minha força está esgotada e a dor de ter os meus cabelos puxados para trás tem lágrimas se formando nos meus olhos, mas me recuso a chorar. Não vou dar a ele a satisfação de ver minhas lágrimas.
Faz anos e ele ainda tem o poder sobre mim para me deixar em pânico. Ele é mais velho, mas ainda é mau. Olhos escuros, quase pretos sob grossas sobrancelhas escuras, me perfuram. A cicatriz que desce do olho esquerdo até o queixo parece brilhar na penumbra. Essa é a cicatriz que dei a ele, e a memória tem meu corpo formigando para fazê-lo novamente. Só estou vestindo uma blusa minúscula e uma calcinha, mas do jeito que ele está olhando para mim, eu também posso estar nua. Sinto-me nua, exposta por seu olhar faminto.
— Ainda é uma pequena arisca, não é, Tia? – ele murmura na minha cara, com a saliva saindo de sua boca e pousando na minha bochecha. Tem mais lembranças aparecendo, me sufocando. Meu corpo treme quando ele mais uma vez me puxa para frente. Meus braços gritam de agonia por estarem amarrados todo esse tempo. Não sei há quanto tempo estou aqui, mas agora, como a luz fica laranja queimada, tenho que supor que seja pelo menos doze horas. A menos que... Eu esqueci. Eu fui para lá. — Vou garantir que você pague por toda a merda que você causou com esse seu namoradinho. Você sabia que ele entrou no meu clube e tentou acabar comigo?
— Não, eu não sabia. – Meus pensamentos vacilam quando penso em Braxton.
Eu sabia que ele estava trabalhando para Retribution. Eles foram os que me salvaram. Somente Braxton não sabe. Eu nunca contei a ele toda a minha história. Eu nunca disse a ele tudo que me fez quem eu sou hoje.
Nunca disse a ele se não fosse por seu chefe, Corp, eu não estaria viva. Corp e sua equipe me encontraram e me disseram onde encontrar meu pai. Corp me salvou de passar a vida toda procurando por um homem que eu sabia que se esconderia até o dia em que ele desse seu último suspiro.
— Claro que sim, Tiazinha. – ele afirma com a confiança do idiota que ele é. Eu não sabia sobre o plano deles de acabar com o meu pai. Se o fizesse, teria sido mais fácil para mim concluir meu plano e me vingar.
Faz anos; já passou muito tempo desde que jurei que o mataria. E agora que estou na mesma sala, não estou em condições de fazer isso.
Liberte-se.
Eu não posso
Se você não fizer isso agora, nunca conseguirá.
Como? Diga-me como?
Faça com que ele solte suas amarras.
Ele não me ouvirá.
Com a conversa em minha mente, o vejo andar pela sala, puxando uma cadeira diante de mim. A pequena bandeja de prata que ele põe na mesa ao meu lado brilha, roubando minha atenção do conflito em minha mente, e meu olhar vai para as ferramentas que ele está prestes a usar em sua filha mais nova.
Sabe, meu pai é um mestre da tortura. De machucar pessoas. No entanto, ele não é mais o que eles chamam quando todo o resto falha. Ele é quem agora dirige o programa.
Um mestre manipulador.
Assim como você.
Ela me provoca, me dizendo coisas em que não acredito. Posso realmente manipulá-lo para soltar minhas amarras? Em me soltar? Possivelmente. Mas e depois? Eu o mato e me deixo prender por isso? Eu preciso pensar. Para descobrir como isso vai acontecer.
— Tia, minha garotinha. – ele chama minha atenção e, quando encontro aqueles olhos escuros e malignos, sei que não há escolha a não ser jogar.
Preciso lhe dar algo, brincar com suas emoções. Se há uma coisa que eu sei sobre ele, é que ele é um homem que é alimentado por elas. Crescer com ele me deu uma visão do funcionamento de seu cérebro. — Pai, podemos conversar? Eu senti saudades de você. Muito, muito. – Minha voz abaixa nas últimas palavras enquanto despejo tristeza nela. Minhas habilidades de atuação devem ter funcionado, porque ele fica em choque de surpresa.
— Voce estava com saudades de mim? – ele ri incrédulo. — Você sente saudades do dia em que ficou cara a cara comigo e me disse que ia me matar? – Seu tom está cheio de raiva agora. Ótimo. Emoção. Eu preciso disso para trabalhar. Se ele está com raiva, significa que posso abrir caminho na cabeça dele e fazê-lo me libertar.
— Não. – eu abaixo meu olhos novamente, esperando esconder minha expressão e não demonstrar medo. — Eu só... Eu estava errada quando disse isso. Meu medo anulou todo o resto, e eu não percebi o que estava dizendo. – As palavras que digo são besteiras, mas sei que o tenho quando seu olhar suaviza.
Se eu o convencer de que o amo, ele me soltará, e posso finalmente me vingar como preciso e quero. Ele agarra a lâmina de aço lisa da bandeja. Um bisturi que sei que ele pode usar para me machucar mais do que eu gostaria de admitir. Ou voltar atrás, agora.
Ele balança a cabeça enquanto se levanta, subindo a toda a sua altura. Como naquela noite em que eu quebrei, o medo confunde meus sentidos como um veneno, lentamente penetrando nas rachaduras de quem eu sou. Aquelas partes quebradas que ele criou em mim estão agora a seus pés.
Ele tem todas as cartas. Eu estou fodida. — Olha, você está aqui para me machucar. – eu sou franca com ele, com minha voz mais confiante e mais forte do que eu esperava, e pelo olhar em seu rosto, algo que ele também não esperava. — Mas, no fundo, você sabe que sou a chave para tirar você de qualquer plano que Brax e sua equipe estejam trabalhando. – Na esperança de que ele ouça e não surte, eu vejo como ele contempla minhas palavras.
Meu coração sobe para a minha garganta e as batidas apressam quando seu olhar escurece.
Tum. Tum. Tum.
Tum. Tum. Tum.
Merda.
Você estragou tudo, Tia.
Não, não, não.
Há redemoinhos negros ao meu redor, ameaçando me engolir, mas não posso fazer isso agora. Não posso perdê-lo de vista neste momento. Por favor, por favor, não. Eu suplico e imploro. E parece funcionar momentaneamente. Em segundos, meu pai, o próprio diabo, está a meros centímetros de mim. — Você acha que por um segundo eu quero que você me ajude? – ele diz as palavras como se fossem venenosas.
— Eu só...
— Você apenas pensou que poderia foder com seu velho. Por quê? Porque me culpa pelo seu cérebro fodido? – ele ri, com o som tão sombrio e maligno que é como se ele me encharcasse em água gelada. Meu corpo estremece na penumbra, na escuridão da sala em que eu estive pendurada. Ela é do tamanho de um escritório, com espaço que eu acho que para uma mesa e cadeira, mas é apenas mobiliada com um sofá, que está situado em frente a mim. O mesmo em que Ryker fodeu minha irmã.
Quando movo meu olhar embaçado de volta para ele, encontro o sorriso demente do meu pai preso em mim.
Preto. Preto. Preto.
Chute-o.
Eu não posso.
Faça alguma coisa, Tia.
Eu não posso.
Você precisa reagir.
Acabou. Não tenho mais nada em mim. Meu corpo dói. Ele estende a mão, segurando meus cabelos e puxando minha cabeça para trás. — Minha filha, a putinha de duas caras. Eu te dei tudo. Quase perdi clientes por sua causa e por seu cérebro estúpido. – eu estremeço de dor quando seus dedos seguram meu cabelo com mais força, me segurando no lugar para que ele possa zombar do meu rosto.
Os fios em suas mãos machucam meu couro cabeludo quando a ardência da dor dispara através de mim. — Por favor. – eu imploro, com mais uma tentativa de fazê-lo ver a razão, mas é inútil. Quando ele está assim, não há nada que possa detê-lo. Não há nada que possa derrubar essas paredes escuras que ele tem ao seu redor.
— Não fale, porra. – Então, eu sinto, o metal frio na minha pele. Ele me corta. A carne lisa do meu pescoço dilacerada pela lâmina afiada. Lentamente. Meticulosamente. Dolorosamente. Enquanto sinto o sangue escorrer, gota a gota carmesim e vou para minha casa.
Aquele lugar. Meu paraíso.
Só que desta vez, não é ela lá. É ele. Com seus penetrantes olhos de caramelo, ele sorri.
Estendendo a mão para mim.
Braxton Carter.
O homem ao qual meu coração pertence. A única pessoa neste mundo que finalmente me permiti sentir algo novamente. A única pessoa que eu amo desde a minha mãe.
Lágrimas ardem em meus olhos, ameaçando cair. Eu tento segurá-las enquanto a lâmina corta entre meus seios à mostra. Meu peito arfa em agonia e tento acalmar meu coração.
Quero sair deste lugar. Acordar ao lado de Brax, sentir seus braços em volta de mim. Firmando-me. Tornando-me indestrutível. Porque o meu próprio pai grava a minha pele com o metal, me marcando com essa sujeira, parece que estou quebrando tudo de novo.
Todos os fragmentos juntados por Brax, todos os pedacinhos que ele consertou estão sendo desfeitos, centímetro por centímetro ensanguentado, e acho que nunca mais estarei inteiro novamente.
— Olha como você está linda, Tia. – Satanás fala no meu ouvido. Soltando o meu cabelo, ele dá um passo para trás e admira sua obra. Do meu maxilar até o umbigo, há um corte vermelho. Sinto a força da vida se esvaindo de mim. Tão lento que é quase imperceptível. Isso é o que ele faz. Já o vi fazer isso muitas vezes antes.
Veja bem, meu pai é um tipo de artista. Ele tem uma mão firme. Ele se move rapidamente. Tornando-o um artista de tortura, cortando a pele, exibindo suas criações, usando os corpos de suas vítimas como telas.
Agora, ele me fez uma vítima. Sou a sua obra-prima. — Pai. – Minha voz é rouca. Meus olhos se fecham quando a inconsciência me rouba, mas eu luto. É a única coisa que posso controlar. Toda a minha força sangra da minha ferida junto com o fluido metálico de cor de merlot profundo que agora marca o chão abaixo de mim. — Por favor... nã... não... – Minha boca está seca enquanto imploro pela minha vida. A que está escorregando pelos meus dedos. — Fa... faça... I... isso...
Ele não responde, apenas pega outro instrumento da bandeja de tortura e se aproxima de mim. Não consigo ver o que é. Minha visão fica embaçada e as lágrimas que mantive afastadas agora caem. Elas caem dos meus olhos e escorrem pelas minhas bochechas. A salinidade arde as feridas nos meus lábios e rosto.
— Você, minha querida Tia, vai morrer. Sabe por quê? Porque você é como sua mãe. Por isso tive que cuidar dela. Você era jovem demais para eles encarcerarem e sua saúde mental não era cem por cento, então você levou a culpa. E todos esses anos você acreditou. Você não acreditou? – ele diz no meu ouvido.
Minha cabeça está começando a girar. Não tenho mais palavras. Eu caio, com minha cabeça pendendo como uma boneca de pano. A dor me dilacera uma e outra vez, mas em algum lugar na escuridão eu encontro luz.
Eu vou até ele.
Braxton.
Eu te amo.
28
A porta se abre. Está escuro por dentro, mas eu a sinto. Como se a força magnética dela estivesse me puxando para mais perto. Ela está aqui. Eu não posso simplesmente entrar, então quando os dois homens na frente levantam as armas e entram liderando, eu sigo. Minha Glock já está preparada diante de mim.
— Senhor! – Um dos homens da minha equipe grita, e o meu coração bate contra o peito com tanta força que tenho certeza de que quebrou uma costela. Entrando em uma parte desta casa, eu o vejo saindo por uma porta do que parece ser uma sala menor. Quando chego, eu a vejo. Tia. Corro em direção a ela e encontro o seu corpo pendurado por uma corda. Há pequenos cortes e escoriações dos quadris acima do corpo dela e logo abaixo dos seios.
O sangue secou entre suas coxas e os cortes em sua suave pele de caramelo, e tudo em mim luta para tentar me controlar. O rosto dela é perfeito, além do pequeno corte na bochecha. Seus lábios estão com um corte, e tudo que quero fazer é beijá-los até que fiquem macios e maleáveis. Eu quero curá-la. Para consertá-la.
— Baby. – murmuro, circulando meus braços em volta da cintura dela quando Grant a solta. Assim que ela está solta, seus braços caem para os lados e ela agora está caída em meus braços. — Jesus, o que eles fizeram com você? – murmuro em seus cabelos, inalando seu perfume, misturado com o cheiro de sangue. Meu pensamento racional voa pela porra da janela.
Se aquele filho da puta estivesse aqui agora, eu o destruiria. Membro por membro.
Andando para trás, sento em um sofá velho com seu pequeno corpo em meus braços. É então, que ela murmura em seu estado semi-consciente. — Eu amo você, Brax. – As palavras ainda acalmam o meu coração por um momento antes de subir na minha garganta.
Os homens se aglomeram ao meu redor, pegando provas e ensacando-as. Sua respiração é ofegante, e quando os médicos finalmente chegam, eles a pegam e a colocam na maca.
— O batimento cardíaco dela está estável, mas precisamos levá-la de volta a sede, Brax. – Um dos paramédicos, eu acho que o nome dele é Lincoln, me informa.
— Estou indo junto. – eu saio pela porta com eles. Mas sinto uma mão no meu ombro, me parando. Eu me viro para encontrar Grant.
— Ela ficará bem. Uma mulher forte não se dá por vencida facilmente.
Assentindo, engulo o nó de emoção que ameaça me sufocar e o deixo com o resto da equipe para coletar tudo o que precisamos para tentar prender aquele filho da puta.
Minha preocupação é com a minha garota. Sua segurança e bem-estar estão agora em primeiro plano da minha mente e, até que ela esteja acordada e nos conte o que aconteceu, não poderei me concentrar em nada. Medo pela sua vida e medo de fazer algo de que possa me arrepender quando achar o filho da puta que tramou contra mim.
Quando estou em segurança na traseira de um carro sem identificação, eles partem em direção ao nosso armazém. Para a segurança que é garantida. Eu fiz a minha escolha. Ela é minha. E logo ela saberá quem eu realmente sou.
Nem nos últimos doze meses que a conheci, fui sincero sobre o que faço. Eu desviava toda vez que ela mencionava isso, mas agora a verdade será revelada.
Incluindo a dela. Eu preciso saber tudo o que há para saber sobre o homem que ela chama de pai. O que vou guardar para sempre. Porra, quem sabe, talvez eu devesse matá-lo.
Eu os vejo cuidar de suas feridas, limpando seus cortes, mas mesmo com a pele ferida e aberta, eu vejo a garota pelo qual me apaixonei. A mulher que quero na minha vida. Mesmo sendo agredida e contundida, ainda é linda. Perfeita em todos os sentidos.
As dilacerações deixarão cicatrizes, talvez para sempre, e sei que ela se lembrará disso toda vez que se olhar no espelho. Só espero que o lembrete não atrapalhe nossa jornada juntos e que possamos seguir em frente, garantindo que nosso futuro seja cheio de felicidade e não as lembranças doentias do que aconteceu com ela.
Até aqueles demônios sombrios que ela esconde em sua mente.
Os mesmos que ela não sabe que eu compartilho.
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Faz horas. Minha mente está pensando no que eles estão fazendo. O médico está lá há muito tempo. Ele é o melhor do país, mas no fundo, estou cheio de uma emoção que não me permito sentir desde que vi meus pais em uma poça de sangue.
Medo.
A ansiedade me enche de pavor. A frustração se transforma em raiva. A emoção que gira dentro de mim é como um furacão que assola uma cidade, derrubando tudo em seu caminho.
— E aí, cara?
Eu me viro para ver o meu parceiro e amigo correndo em minha direção. — Grant, como foi? Alguma novidade? – Talvez ele possa me distrair do medo e a preocupação.
— Encontramos amostras de sangue e sêmen na sala, que testamos. – Suas palavras enviam gelo que percorre as minhas veias. — O sangue era de Tia. Muito disso. Os outros testes combinaram com o DNA de Ryker. Ele está envolvido nisso. A mulher com quem o vimos era a irmã de Tia, Isabelle. Não temos certeza de como ou por que ela está envolvida, mas acho que isso tem a ver com a infância delas e com a sua venda para o comércio sexual. Nós rastreamos todas as informações. Corp quer vê-lo quando você terminar aqui. – ele me informa, falando em tom firme.
Suas palavras são absorvidas, espessas e lentas, como melaço me puxando para baixo. Ryker? Por que ele esta fazendo isso? Meu melhor amigo. Ele era como um irmão para mim. E aqui ele está do lado errado, fazendo coisas assim com uma mulher que eu amo.
Meu peito dói tentando entender tudo. — Então, Ryker está envolvido? Que porra é essa? Ele está em uma espiral descendente e decide enlouquecer? – digo, e o homem diante de mim para, me vendo desmoronar, mas ele não me toca. O que é uma coisa boa, porque eu perderia a cabeça. Eu socaria qualquer coisa no meu caminho agora. Tudo o que recebo é um aceno de cabeça. Engolindo o caroço grosso na minha garganta que ameaça me sufocar, balanço a cabeça e pergunto: — E a irmã de Tia?
— Há relatos de que Miguel leiloou sua filha mais velha a seus sócios. Ela tinha dezesseis anos. – A informação faz meu estômago revirar em choque. Que. Porra. É. Essa? — Tia nunca foi vendida, no entanto... – ele para, e quero agarrá-lo pelos ombros e tirar a porra da informação dele. — Existem laudos médicos que foram arquivados, depois que o pai dela pagou. Tia sofreu vários ferimentos a partir dos dezesseis anos. Parece que foi quando tudo começou para as duas irmãs. Ela tem sido acompanhada por psicoterapeutas e psicólogos desde seu aniversário de dozes anos.
— Mas eu não...
— Ela acredita que matou a mãe. Só que não era ela. Ela desmaiou de choque ao ver sua mãe assassinada a sangue frio. Pelo pai dela. Eu tenho todos os relatórios escritos. O homem que apresentou as informações costumava trabalhar para Miguel.
Minha mente está cambaleando, e nada parece fazer sentido. Pelo menos para mim.
— Por que ele se apresentou agora?
— Miguel está com a sua filha. Ela fará dezesseis anos em quatro dias. – ele diz, mais calmo dessa vez.
Passando a mão pelo cabelo, inspiro profundamente, tentando me acalmar, mas é inútil porque estou furioso. A raiva entra em erupção lentamente do meu interior e viaja através de mim como se eu tivesse sido atingido por pura adrenalina.
— Jesus Cristo, este homem não tem limites. Sem limites. – resmungo, levantando o punho, mas antes que eu possa fazer contato com a parede, a mão de Grant me para. Minha raiva é palpável, com uma força viva rodopiando em volta de mim, pronta para me consumir como já foi feito tantas vezes antes.
Só que desta vez é pessoal.
Seu tom rude ressoa pela sala vazia onde estamos esperando. — Você precisa se acalmar, cara. Sei que é mais fácil falar do que fazer, mas precisa manter a cabeça no lugar aqui. Isso vai te comer vivo.
A preocupação está estampada em seu rosto, e a emoção rodopiando em seus profundos olhos verdes os faz reviver como se uma chama estivesse dançando neles.
— Ela está lá por causa daquele monstro. A filha dele está lutando pela vida porque ele é um animal. E sabe de uma coisa? – eu me viro para encará-lo completamente. — Ele deveria ser massacrado como a imundice que é. – Com isso, eu sigo o brutamontes para pegar meu café da mesa. Tomando a bebida quente, saboreio a queimação. É a única coisa que me permito sentir. Estou entorpecido. Sofrendo por ela.
Eu nunca estive apaixonado. Nunca quis mais do que um caso de uma noite. Eu nunca quis sentir outra coisa senão a agonia de perder meus pais, mas de alguma forma, quando Tia entrou, não, perseguiu a minha vida naqueles saltos altos dela, fiquei viciado. Como um viciado que precisa de sua próxima dose, eu a quero.
A satisfação que eu recebia toda vez que ela me encarava com um olhar furioso, ou franzia seus lábios carnudos de frustração, ou mesmo quando ela finalmente se submeteu e me permitiu transar com ela até o esquecimento, essas foram as ocasiões em que fui saciado. Em que fui feliz. E o sangue que assombrava meus sonhos e me seguia parecia atenuar, parecia me deixar, e eu finalmente estava em um lugar onde eu queria mais da vida.
A cadeira grita no chão, e me viro para encontrar meu parceiro sentado com os olhos fechados. Entro na sala e encontro a sala de espera vazia, além de Grant e eu, e sou grato por isso, porque não estou em condições de ter mais alguém perto de mim. A única coisa que eu preciso agora é da Tia.
Tê-la em meus braços.
Vê-la olhando para mim em frustração.
Vê-la gozar com meu pau dentro dela.
Ouvi-la sussurrar meu nome.
Pressionar meus lábios nos dela.
Para dizer a ela que eu a amo.
29
— Você se lembra da primeira vez, Tia?
Ignorando sua pergunta, olho pela janela. Ela realmente acha que algo tão horrível é fácil de esquecer? Ela está calada, e sei que ela está esperando que eu diga a ela. Confiar nela. Mas isso não é algo que eu possa facilmente confessar. Isso é doloroso. Isso é horrível. Foi o fim da minha inocência. Foi o dia em que minha mente finalmente quebrou. Sempre fui quebrada, isso eu já sabia. Mas foi isso que finalmente quebrou o último fragmento de sanidade que eu tinha.
E foi tudo culpa do meu pai.
— Tia. – ela fala em um tom que apenas uma mãe usaria. É melódico, calmante, mas não está funcionando comigo. A escuridão me consome e, em minha mente, eu volto... volto... volto...
— Faz muito tempo. Lembro-me de que Belle acabara de ir e fui deixada para me defender sozinha. Não houve um dia que ele não me machucasse. Tanto emocionalmente quanto fisicamente.
— Ele já fez isso? – ela para, mas sei o que ela quer. Balançando a cabeça, eu não consigo encontrar as palavras, então ela terá que encontrar. — E você sabe para onde sua irmã foi?
— Sim, eu sei agora. Naquela altura, eu não sabia. Ele me disse que ela fora mandada para uma escola especial. Eu tinha apenas treze anos, então não pensei nisso. – Meu foco está no tecido da minha calça jeans, os padrões e as linhas do tecido são a única coisa que me mantém calma. Foco. Calma. Respire.
— E quando você percebeu que era uma mentira? – Boa pergunta. Uma que não quero responder, mas sei que ela cutucará e cutucará até eu confessar. Até eu contar a verdade feia.
— Foi na noite em que ela voltou para mim. Quando ela voltou tão quebrada quanto eu. Ela foi embora por tanto tempo que pensei que ela tinha vindo para me salvar. Mas foi meu pai quem quebrou a nós duas.
Sento-me em silêncio por um tempo, imaginando o que posso dizer para chegar perto de explicar o que aconteceu. Mas não posso. No final, ninguém será capaz de compreender a dor.
— Eu sempre soube que ele fez coisas que não estavam acima da lei, mas foi uma noite que mudou tudo. Era muito tarde e fui acordada por um grito, tão alto que tenho certeza de que os vizinhos teriam ouvido. Eu me levantei, tentando ouvir de onde vinha, mas então tudo ficou em silêncio. – Minha mente volta para aquela noite. Lembro-me como se fosse ontem. Como se não houvesse anos entre mim vendo o que fiz e experimentando a pior dor que já conheci.
— Tia? – ela chama.
— Eu me afastei da cama, caminhei até o corredor, lentamente indo para o porão. Sabia que meu pai costumava trabalhar lá em baixo, mas ele nunca me permitia entrar. A porta estava sempre trancada e não me atrevia a ir para lá porque estava com medo de que ele me visse. Ao me aproximar da escada, ouvi sons vindos de trás da porta.
Eu me levanto da cadeira para me virar em direção à janela. Está chovendo lá fora, e saboreio o frescor do vidro, colocando minha mão nele.
— Quando finalmente desci as escadas, notei que a porta estava entreaberta. Os barulhos e vozes eram mais altos. Mas, acima de tudo, ouvi choro e lamentações. O medo me percorreu quando senti o meu corpo tenso. Quando olhei pela porta, foi quando o meu mundo desmoronou. – Inspirando profundamente, fecho os olhos com tanta força que vejo estrelas movendo atrás deles.
— E foi aí que você descobriu que seu pai mentiu? Ou...?
Ou...
— Meu pai. – Uma risada irônica escapa dos meus lábios. — Sim, o próprio Satanás. A porra do diabo. – eu confesso. Com a dor, tão aguda, me atingindo no peito. — Eu não poderia salvá-la. – Mais verdades escapam de mim como uma represa estourando quando me viro para encarar a mulher que esteve lá o tempo todo. Apesar de tudo, ela é a única que entende.
— Diga-me, Tia. – Mais uma vez, ela pressiona. Me persuadindo a contar a feiura que testemunhei. Para deixar a verdade sair. Admitir o que me quebrou em primeiro lugar. Eu nunca admiti uma vez. Nunca expressei isso em voz alta.
— Meu pai, junto com três de seus capangas... – eu não posso olhar para ela quando digo, então me viro para o céu sombrio. — Ele estava chicoteando uma garota. Ela devia ter dezesseis anos. Seus amigos estavam com as mãos nos seus paus. Com os seus paus duros como aço enquanto eles assistiam com olhos demoníacos enquanto meu pai a machucava. É só quando coloco a mão no meu rosto que percebo que estou chorando. — Eu os vi mutilá-la. Eu assisti. Não fiz nada, porque estava com muito medo. – sussurro as palavras. Raiva. Culpa. Vergonha. Todas essas emoções passam por mim e eu caio de joelhos. — Eles a mataram, e eu não fiz nada. – As palavras estão abafadas porque não consigo mais as formar.
— Tia. – Sua voz está bem no meu ouvido. Seus braços me envolvem, me segurando contra seu peito. O calor escoa através de mim, mas eu fiquei fria e presa em minha mente. — Você era uma garotinha. – ela mais uma vez murmura suavemente. Ela está tentando me fazer sentir melhor, mas não vai funcionar.
Eu sou responsável.
Eu deveria ter os parado.
Eu poderia ter gritado.
Chamado a polícia.
Mas eu fiquei em choque. Minhas pernas não queriam me levar embora.
Sangue.
Sempre tem sangue.
— Por favor, me ajude. – eu suplico, implorando, levantando meu rosto para encontrar seus olhos. Aqueles olhos gentis e carinhosos que me guiaram a vida toda.
— Eu sempre estarei aqui para você, Tia. – ela promete, mas sei que está mentindo. Ela nunca poderá estar aqui para mim novamente.
— Eu te amo, mãe.
30
Tudo dói.
Abra seus olhos.
Eu não posso
Você pode. Você está segura.
Não. Não. Ele está aqui.
Abra seus olhos.
Pare. Simplesmente pare.
Você sente isso? Sente ele?
A pergunta continua nossa conversa, e tento me concentrar. Sente ele? O que ela quer dizer? Acalmando a minha mente, eu inspiro profundamente. Eu tremo; Estou com frio. Meu corpo dói; meus ossos parecem como se estivessem congelados, como se eu estivesse sentada em uma geladeira. Um bipe consistente sai da minha direita e o silêncio fica à minha esquerda. É brilhante. Embora, os meus olhos estejam fechados, posso ver uma luz branca.
Bip. Bip. Bip.
Outro som chama minha atenção. Sussurros, sons, alguma coisa...
Abra seus olhos, Tia.
Ela insiste novamente.
Bip. Bip. Bip.
Vamos, garota. Você passou muito tempo no escuro.
Encontre sua luz.
Encontre-o.
Ele está esperando.
Sua voz desaparece e meus olhos finalmente se abrem. Está muito brilhante, e eu estremeço de dor. Um gemido, baixo e grave, retumba na minha garganta. Eu tento engolir.
— Tia. – uma voz preocupada, mas familiar, me chama. — Baby, por favor, abra seus olhos. Estou aqui.
Seu murmúrio está cheio de amor. Amor? Merda.
— Onde...? – A palavra arranha a minha garganta, que tem meus olhos picando com lágrimas. Por que eu estou com tanta dor? O que aconteceu?
— Tia, eu estou aqui. É o Brax. – ele sussurra sobre meus lábios rachados e secos. Eu devo parecer uma merda. — Você pode me ouvir, Vixen? – Desta vez, sua boca está perto do meu ouvido, o que envia arrepios percorrendo a minha pele. Abrindo os olhos, olho ao redor da sala sombria. Quando meu olhar encontra o dele, encontro uma emoção que me deixa em tumulto.
Está bem ali, me deixando sem fôlego.
Amor.
— Brax? – Minha voz está rouca e minha garganta queima quando tento falar. Tudo dói. A única coisa que sinto é dor em todos os lugares. — O que... Onde estou?
— Você está segura agora. Encontramos você em um armazém. Você estava inconsciente. – ele murmura tão baixinho que mal posso ouvi-lo. Como se ele estivesse no túnel, e eu estivesse do outro lado. — Tia. – Meu nome em seus lábios está cheio de necessidade. A preocupação está estampada em seu belo rosto, franzindo suas sobrancelhas e escurecendo seu olhar. Ele pega meu rosto, acariciando-o com ternura, como se eu fosse de vidro. — Fizemos exames. Você vai ficar bem.
Solto um suspiro que não sabia que estava segurando. A dor que está presente no meu corpo é entorpecente. — Brax. – Minha voz está irreconhecível. — Foi o Ry... Ryker... – ele acena. É claro que eles já descobriram.
— Descobrimos muito mais do que esperávamos, mas o que é importante agora, Tia... é que você precisa me contar sobre seu pai.
Eu sabia que isso seria algo que ele precisaria saber.
Ignoro a pergunta dele, contrariando a minha. — Há quanto tempo estou aqui? – Por um longo momento, ele me encara, e então ele baixa o olhar para minhas mãos, onde os tubos estão presos às agulhas. Eu posso praticamente ver as engrenagens em sua cabeça girando. A única coisa que quero fazer é sentir o calor dele e estar em seus braços.
— Três dias. – Movendo aquelas órbitas de cor caramelo de volta para as minhas azuis, ele observa a minha reação como se eu fosse a coisa mais interessante na sala.
— Você sabia que ele era meu pai? – murmuro, apontando com a mão no meu peito. A agulha no meu braço aperta, e não posso evitar de estremecer. Eu já passei por muito pior. Não sei por que isso está me afetando. Mas depois do que ele fez comigo naquele armazém enquanto eu estava presa, estou surpresa por estar viva.
Um arrepio invade-me involuntariamente, e encontro seus olhos preocupados. — Sim, na noite em que você me encontrou na sua sala, eu sabia. – eu o encaro por tanto tempo. O peso da sala é sufocante. Ele sabia quem eu era e ainda me queria? Eu não entendo
— Por que você ficou? – pergunto.
Seu olhar encontra o meu e me aquece no frescor da sala. — Você sabe o porquê, Tia. Ou você quer que eu diga palavra por palavra?
Eu? Curaria a minha mente se alguém dissesse isso? Essas três palavras. Encolhendo os ombros, eu me inclino para trás e o observo. Seu cabelo está despenteado, como se ele tivesse acabado de acordar. Também há olheiras sob seus olhos e suas roupas estão amassadas.
— Você dormiu aqui? – pergunto, precisando preencher o silêncio, mas não querendo dizer a ele que eu preciso desesperadamente ouvir as palavras.
Ele acena. Perto da cama, ele se inclina e pega minha mão. Seus olhos perfuram minha alma.
— Tia, eu estou apaixonado por você. – Seis palavras que roubam meu fôlego. Olhos dourados brilham com lágrimas não derramadas, com a sinceridade neles brilhando como se eu estivesse olhando por uma janela. Sua alma está lá, chamando a minha. Precisamos um do outro para sobreviver. Isso está claro agora. Eu nunca ficarei sem ele. Por alguma razão, ele me ama e me quer. E, por mais que eu queira afastá-lo e salvá-lo de mim, de minha mente e de tudo o mais, vou ser egoísta. Vou caminhar com ele no escuro. Só espero que ele seja forte o suficiente para me ajudar.
— Também estou apaixonado por você, Brax. – Minha confissão faz o meu coração pular na garganta e o meu estômago revirar de ansiedade. Eu nunca amei ninguém antes.
— Eu sei, você já me disse antes. – Um lado da boca se levanta infinitamente, é o menor sorriso, mas nele irradia todo o rosto.
— O que? – eu ranjo.
Ele assente lentamente, rindo da lembrança que não tenho. — Quando eu te carreguei do armazém, você murmurou enquanto estava nos meus braços.
— Ah, Deus. – sussurro com vergonha. Eu estava tão drogada; Eu não sabia o que estava acontecendo ou onde estava. Eu devo estar sonhando.
— Olha, falaremos sobre isso em breve, mas o mais importante é o que seu pai queria de você e o que sua irmã tem a ver com tudo isso?
Perguntas.
Perguntas.
Diga a ele, Tia.
Não, eu não posso.
Você não pode se esconder para sempre. Ele descobrirá. De uma forma ou de outra.
— Minha irmã me odeia. Ela acredita que é minha culpa que ela tenha sido vendida e levada. Meu pai disse a ela que eu escolhi que fosse ela em vez de mim. Ela acha que eu matei nossa mãe, mas, para ser sincera, não sei se matei ou não. É tudo uma memória que está tão bloqueada no meu subconsciente que nunca consegui me lembrar. Eu vim para San Antonio para encontrá-lo. Innuendo estava registrado em seu nome, e era o meu único elo para encontrá-lo e fazê-lo pagar pelo que fez. Todos os segredos estão se revelando diante de mim, e eu não sei o que fazer, Brax. – eu dou uma olhada para ele, esperando que ele não fuja para o outro lado, mas ele me choca assentindo.
— Sua condição mental é o que está te protegendo. Você precisa abandonar o lugar para onde foge e pensar em se concentrar nas memórias reais.
O tom sério de sua voz me acalma por um momento. — O que? Como você...?
— Passei pela mesma coisa que você, Tia. – Seu olhar se concentra no meu, procurando algo. Reconhecimento. Ele é como eu. Quebrado.
— Mas...
— Vi seus prontuários médicos, Vixen. Eu sei sobre você, sua mente. Vai ficar tudo bem. Tudo terminará em breve e nós iremos embora. OK? – Confiança em suas palavras, certeza em seus olhos, amor em seu sorriso, tudo me atinge, me deixando sem fôlego. Assentindo, eu me afasto, mas seus dedos alcançam meu queixo, me fazendo olhar para ele novamente.
— Não fuja de mim. Não vou embora e não quero que você vá a lugar algum. Estamos nisso juntos. Tia, desde o primeiro dia em que te vi, senti você. – ele coloca minha mão no peito. — Aqui.
Minha visão fica embaçada e, quando pisco, toda a emoção do passado me atinge como se uma represa tivesse estourado, e não aguento mais.
De alguma forma, ele consegue entrar na cama do hospital ao meu lado e me abraça. Meu corpo se estremece com calafrios e soluços. Ele não me diz que vai ficar tudo bem. Tudo o que ele faz é me abraçar e me permitir eliminar toda a dor e raiva.
Não sei quanto tempo ficamos lá, mas quando as lágrimas finalmente param, Braxton se move e me olha. — Vamos nos vingar, Vixen. Vou me certificar disso. – ele promete. Sua promessa apodera-se do meu coração e lágrimas surgem nos meus olhos.
— Obrigada Brax. Estou pronta para matá-lo. Chegou a hora de acabar com isso. – Minha própria promessa é suficiente para ele, e eu recebo esse sorriso. O que ele sempre me dá. Aquele que faz meu coração se encher de desejo, necessidade e amor.
— Então é isso que faremos.
31
Estamos do lado de fora do armazém onde Miguel deve estar escondido. Tenho uma equipe atrás de mim, Tia e Grant de ambos os lados me flanqueando. Levamos quatro dias para planejar isso, mas sei que Miguel Alvarez não é estúpido. Ele não é alguém que vai sentar e esperar que cheguemos até ele.
— Você tem certeza de que está pronta? – pergunto a Tia.
Ela assente. Seu corpo curou rapidamente, mas sua mente ainda está quebrada. Vejo os pensamentos dela à deriva e, quando ela pensa, estou aqui para trazê-la de volta. Sou a âncora dela tanto quanto ela é minha. Não sei se isso vai ajudá-la ou não, mas a vingança é algo que ambos precisamos.
Lentamente, atravessamos o prédio escuro. Meu coração bate forte, ecoando em meus ouvidos. Gostaria de saber se mais alguém pode ouvi-lo. Ela pode? Ela sabe o quanto quero que isso acabe para que eu possa finalmente estar com ela?
— Brax? – ela sussurra baixinho, e me viro para ela. — Obrigada por fazer isso. Eu... – Suas palavras desaparecem, e aqueles olhos azuis abaixam para o cascalho abaixo de nossas botas de combate pretas. Sempre que ela se afasta de mim, é como se meu mundo se desviasse de seu eixo. Como se ela fosse minha lua e eu sou a maré dela.
A equipe de Retribution atrás de nós está armada e pronta para qualquer merda que surgir. Eu disse a eles que ela vem primeiro. Não quero que nada aconteça com ela. De novo não.
— Eu faria qualquer coisa por você. É assim que funciona, Tia. – A honestidade no meu tom é clara. É isso que eu quero. Ela é quem eu quero. A decisão foi fácil. Quando disse ao Corp que estava pronto para seguir em frente, ele me apoiou e me deu tudo o que precisávamos para acabar com o pai de Tia de uma vez por todas.
Quando entramos na área principal do vasto armazém de metal, as luzes acendem e somos cercados por homens com armas. Eles estão focados em nós, e o medo me domina. Meu peito está apertado e meu coração está prestes a abrir caminho através da porra do meu peito.
— Ah! Minha filha e o namorado dela. Bem-vindos. – Miguel Alvarez dá um passo à frente, com seu olhar imundo e malicioso em Tia. Eu quero arrancar os olhos dele. Sei o que ele fez com ela quando ela estava amarrada e desamparada. Ela sempre terá as cicatrizes para lembrá-la. Não que ela tenha sido sequestrada e machucada, mas que ela era forte e sobreviveu. É isso que eu lembro a ela todos os dias. Não quero pensar no que ele fez quando ela era criança.
Bile sobe na minha garganta, ardendo com a necessidade de vomitar neste monstro.
— Eu disse que mataria você um dia. Hoje é esse dia, pai. – O olhar da minha garota é venenoso, suas palavras estão cheias de ódio, e eu não a culpo.
Uma gargalhada alta escapa de seus lábios quando ele a olha.
— Não seja boba, criança. Você sempre foi do tipo teatral. Sugiro que larguem suas armas. Meus homens as guardarão em segurança. – ele se vira para caminhar mais para dentro das entranhas do inferno, e nós o seguimos.
Mas antes que eu possa dar um passo à frente, sou arrancado pela gola da minha camisa. — Arma! – Um grito atrás de mim me ameaça e a raiva toma conta de mim. Virando, eu bato no filho da puta atrás de mim. Dois outros avançam, agarrando meus braços, e me deparo com o olhar sinistro de Ryker. — Bater no seu melhor amigo? Isso não é maneira de me cumprimentar, Brax. – ele ri, levantando a arma e me acertando no rosto com ela.
O grito de Tia ecoa ao meu redor, e então, eu ouço o pai dela novamente. — Traga minha filha. – E com isso, eu sou arrastado, junto com Tia, deixando meus homens para trás com armas apontadas para eles.
Somos levados para uma sala iluminada apenas por uma única lâmpada pendurada no teto.
— Irmã.
Eu me viro para encontrar uma versão mais velha de Tia olhando para nós. Seu cabelo é longo e ondulado, com reflexos dourados. Tudo sobre sua aparência física é como minha garota, exceto seus olhos - seu cabelo, seu rosto, até seu tom de pele poderia ser Tia. Elas poderiam ser gêmeas, mas posso dizer a diferença. O que separa Tia de sua irmã é a força e a luta em seu coração.
— Você tem um homem bonito, irmãzinha. Ele sabe que prostituta você é? – ela ri maliciosamente, seguindo em minha direção. Vestida com uma minúscula saia de couro e uma blusa preta que levanta os seios e ela se aproxima de mim. Inclinando-se, ela agarra meu queixo e inclina minha cabeça para o lado com a força de um homem. Ela passa a ponta do nariz pelo meu pescoço, me inalando. — Humm, tão delicioso. Acho que preciso descobrir por que a minha irmã está tão apaixonada por você. – Seus lábios tocam nos meus e eu estremeço de repulsa.
— Afaste-se de mim. – eu resmungo.
— Ah, não seja tão exigente agora. Basta perguntar ao Ryker. Sou uma boa foda. Talvez você e Ryk possam me foder ao mesmo tempo. – Sua risada profunda me envolve. Eu tenho que engolir minha raiva.
— Apenas nos solte. Nós...
— Já basta! – Miguel grita, afastando nossa atenção da filha mais velha. — É hora de Braxton e eu nos familiarizarmos. Como minha filhinha quer ficar com ele, eu preciso garantir que ele seja digno dela. Traga-o para o escritório. – ele ordena aos dois homens. Eles obedecem, me arrastando em direção a uma pequena sala escura e com cheiro umidade. Empurrando-me para uma cadeira, eles amarram meus braços e pernas e depois saem da sala. — Então, Braxton Carter, o homem que pensou que poderia foder com os meus negócios. Você sabe por que faço isso há tanto tempo? – ele se inclina, com seu rosto a centímetros do meu.
— Porque é um idiota que teve sorte. – eu provoco, encontrando uma risada sombria do homem diante de mim.
— Por sorte? Eu sou uma lenda! – Segurando o meu pescoço, ele me puxa para mais perto, garantindo que as restrições queimem em meus pulsos. — Sabe, Braxton... – ele cospe meu nome. — Eu vou te matar. Cortar você de orelha a orelha. E você sabe qual será a melhor parte? Minha filha vadia assistir o namorado sangrar até a morte.
— Você pode me matar, pode fazer o que quiser, mas deixe-me dizer uma coisa. Tia é mais forte do que você pensa. Ela vai matar você. – Sua gargalhada aumenta através de nós, mas eu continuo. — Ela não é uma prostituta. Ela é uma mulher.
Seu punho responde por ele, batendo dolorosamente no meu rosto. Meus olhos perdem o foco e vejo preto...
— Braxton, acorde, porra! – A voz grossa de Grant me arrasta do escuro. Abro meus olhos. — Cara, é melhor você olhar para mim. – Seu aviso me despertou. Quando encontro seu olhar, meu coração pula na garganta.
— O que? Onde ela está? – ele está puxando meus pulsos, e meus braços caem para os meus lados. O sangue corre pelas minhas veias, e a sensação de formigamento acorda meus membros do sono deles. — O que aconteceu?
— Ele nocauteou nós dois. Eles estão com a Tia. Precisamos entrar lá. – ele sussurra cuidadosamente, com seus olhos na porta. Os meus seguem. Ela é frágil. A trava não parece suportar muito.
— Você acha que o Corp tem uma segunda equipe a caminho? – pergunto. Grant assente. Conheço meu chefe, e ele sempre tem outra. Uma luz brilhando através da pequena janela perto do teto chama minha atenção. Então eu ouço. Tiros.
— Corp trouxe a segunda equipe, nós... – As palavras do meu parceiro desaparecem quando me levanto e arrombo a porta. Com minha adrenalina pulsando descontroladamente em minhas veias, eu a abro e encontro Miguel segurando Tia com uma faca na garganta.
— No chão! – ele ordena, mas o caos no armazém toma conta, e o barulho está chegando até mim. O olhar da minha garota passa ao redor, absorvendo a comoção. Estou prestes a apressá-los quando ouvi um tiro retumbante e vejo os dois caírem. Tudo acontece em câmera lenta. O grande portão de metal é arrombado e mais homens com quem treinei enchem o lugar, matando os brutamontes de Miguel. Eu corro para o lado de Tia.
— Baby? – Quando ela olha para mim, há apenas uma emoção em seus olhos. Vingança. Nós dois corremos para Miguel que está mancando, mas ele está ferido e não chega longe. Agarrando o seu pescoço, eu o puxo, e ele tropeça. — Hora da vingança, você não acha, Tia? – pergunto, e ela sorri. Não é o sorriso doce e inocente que ela sempre me dá, mas um cheio de desejo de matar. Fome de aniquilar o homem que estou arrastando em direção à corda pendurada no teto.
Minha mulher me segue com uma força insondável. Pegamos em torno dos pulsos de Miguel e, com a ajuda de Grant, levantamo-lo e prendemos a corda a um gancho no teto. A energia na sala é elétrica. Temos o imbecil, e ele não vai mais fugir. Não haverá mais mulheres machucadas. Nenhuma criança será mutilada por esse pedaço de lixo.
Momentos depois, com a ajuda de alguns homens, eu olho para ela e vejo.
Eu chamaria isso de visão.
Um sonho tornado realidade.
Vingança em sua melhor forma.
Miguel está amarrado, sangrando, pendurado alto no teto pelas correntes de metal com as quais pedi para prendê-lo. Tia se ajoelha, segurando o cabo de uma faca longa e elegante - a mesma que ele usou nela. Ela a empurra para frente e para trás, e o brilho brilha na luz fraca da lâmpada. — Baby? – eu a chamo, mas ela não me ouve. É como se ela estivesse em outro mundo. O mundo dela. O lugar onde ela está a salvo dele e dos males que a assombram há tanto tempo.
Por mais que eu goste da minha própria vingança, isso é mais do que jamais poderia ter pedido. Minha mulher está prestes a se vingar, e eu quero um maldito assento na primeira fila.
Ela estende a mão e a prata brilha na luz fraca. Eu assisto enquanto ela corta da orelha ao pescoço. O sangue escorre e pinga em sua pele escura, e eu vejo pingar, lento e constante. Suas risadas altas vibram através de cada centímetro do lugar. Sinistras e maldosas.
— Pai, já faz muito tempo, mas hoje você pagará. – Sua voz é maldosa e sinistra, e quando eu a alcanço, ela enfia a faca na coxa dele. Ela torce tão lentamente que sinto a pontada na minha perna. — Você sente isso, papai? – ela diz com raiva. Eu não percebo até ver a outra mão dela se mover. Outro corte da lâmina corta sua camisa e ela cai.
— Não pode me matar, Tiazinha, você me ama. – ele murmura com veneno pingando em seu tom.
— Amo? Amo! – Sua voz é estridente, e quando coloco a mão em seu ombro, sua cabeça se vira para mim e seus olhos encontram os meus. Com um sorriso maldoso, ela me entrega a faca e recua. — Ele matou seus pais. – ela me diz com confiança. Volto meu olhar frio e cheio de ódio para o homem em questão.
— Claro que sim. Aquele filho da puta não me ajudou quando mais precisei. Um advogado? Ele era um maldito ninguém. – O diabólico grita, e meu sangue ferve.
— Foda-se! – eu resmungo e enfio a faca que me foi entregue em seu estômago. Um murmúrio sai de sua boca, mas mesmo assim, um sorriso sinistro está presente em seu rosto. Quando finalmente dou um passo para trás, vejo minha garota assumir a liderança. Ela corta a pele do homem que chama de pai.
— Você se lembra, papai? – ela grita o nome dele. — Quando você forçou seu punho no meu corpo, quando eu chorei e gritei? – Com cada palavra, ela corta a pele dele. Um cor de vinho escorre das feridas no torso e se acumula no chão abaixo dele, criando uma poça grossa e quase preta; seus olhos se fecham.
Ela se lembra de cenas de sua infância. Ela lembra os momentos em que sua inocência foi roubada. Ela conta a ele sobre o dia em que seu corpo sangrou por dias. A cada história, o meu sangue ferve e aumenta até o ponto de dor.
— Você me amou. – ele argumenta, e de repente, ela levanta o punho para trás, e bate na mandíbula dele.
Um estalo alto ressoa de seu rosto e o sangue escorre de seu nariz. — Odiei você, em todos os momentos da minha vida. – Com isso, ela olha para um dos homens da minha equipe e aponta para o tanque de gasolina que ele está carregando. Sei que tínhamos planejado queimar este lugar, mas o que ela faz a seguir me deixa sem palavras. Agarrando o cabo, ela o mergulha no líquido com cheiro forte. — Agora, você queimará no inferno pelo que fez. Por me estuprar, me vender, por me fazer uma prostituta. – Antes que alguém possa chegar perto dela, ela acende o fósforo, e o homem que ela chamava de pai queima nas chamas.
— Tia. – Minha voz está cheia de emoção. Em choque.
— Acabou agora. – ela se vira para mim e encontra os meus olhos com um sorriso sádico. — Me leve para casa.
E eu levo.
32
O quarto é exatamente o mesmo de sempre. A luz flui através das cortinas, me aquecendo na cadeira à sua frente. Ela está sorrindo. É um sorriso que vejo desde criança. Lembro-me tão claramente, como se tudo isso fosse real. — Tia, é hora de você ir. Você está feliz por estar se afastando deste lugar agora? – ela pergunta.
Olhando em volta, vejo as pinturas, a mesa de madeira escura e até o tanque de peixes que fica encostado na parede ao lado das estantes de livros.
— Sentirei sua falta. – digo honestamente, porque sentirei. Toda a minha vida fiquei sozinha. Eu estive escondida em um mundo sozinha. Minha mente foi dividida em duas. Eu sofria de bicameralismo, onde uma parte do meu cérebro "falava" com a outra, e a segunda parte ouvia e obedecia.
Quando matei o meu pai, quebrei e me despedacei. Não era mais apenas louca; Estava completamente trancada no mundo que inventei. Passei um ano conversando e contando minha história. Brax e eu nos curamos, mas ele é minha âncora neste mundo. Ele é quem me mantém nessa realidade.
Por isso, quando ele me disse que queria me levar para casa, eu concordei. Não havia mais nada que eu pudesse querer do que ser sua esposa um dia. Ter filhos. Eles me testaram quando fui trazida e meu corpo se curou de uma maneira que me permitia carregar um bebê. Quando eu era mais jovem, os médicos do meu pai me disseram que eu nunca seria capaz de ter filhos. Eles me disseram que eu estava quebrada.
— E você contou tudo a ele? – ela sorri com orgulho em seu lindo rosto, e eu aceno. Ele sabe tudo. Ele sabe como eu ataquei a garçonete no clube quando encontrei Ryker transando com ela. Ele me observou, me salvou de fazer algo estúpido. Braxton teve que me arrancar de cima dela, mas não antes que eu colocasse minhas garras em sua pele pálida. — E Laney? - Minha melhor amiga, ou única amiga, que acabara sendo uma espiã para meu pai.
— Braxton checou seus antecedentes quando desapareci. Ele se lembrou dela da boate e descobriu que ela foi colocada no lugar por Miguel e Isabelle para ficar de olho em mim. – Meu coração doeu muito com isso. Aparentemente, o namorado dela era um dos homens do meu pai. Lembro-me do apelido dele agora e por que eu odiava tanto. Seu pai costumava me chamar assim quando ele... quando ele estava em nossa casa, me estuprando. Ele me machucou mais do que eu jamais imaginara. O primeiro homem a me fazer sangrar além do meu pai, é claro. Meu subconsciente obviamente se lembrava da palavra Pussycat, mas não a razão pela qual eu a odiava tanto.
— Foi a última vez que a vi, na boate. – eu confesso. — Braxton a procurou, mas tenho a sensação de que meu pai pode ter chegado até ela.
Ela assente novamente. Empurrando a cadeira, ela caminha até o armário e o abre. Levantando algo, ela se vira e estende para mim. É uma foto dela, Belle e eu. Lembro-me de quando foi tirada. Pouco antes de ela ser brutalmente assassinada por meu pai.
— Eu te amo, Tia, mas é hora de você ir agora. Viva sua vida. Você não precisa mais de mim. – Sua voz é triste, enchendo o meu coração com uma emoção semelhante. Eu quero chorar por ela. Chorar e lamentar. Cair de joelhos e implorar para que ela fique. Mas eu sei que não posso. É hora de eu ir.
— Eu também te amo, mãe. Sempre lembrarei de você. – prometo, e ela assente.
— Eu sempre estarei aqui... – ela pressiona os dedos no meu peito, onde está meu coração, e eu pisco, permitindo que as lágrimas caiam. — Adeus, minha Tia.
33
— Você tem certeza que ela está pronta? Ela não vai perde a cabeça? – pergunto ao médico.
Ele concorda. — Ela terá momentos de confusão, mas você estará lá. Você é a âncora dela.
Balançando a cabeça, lembro como os olhos da minha garota se iluminaram quando eu disse a ela que estávamos indo para casa. O dia em que saí daqui com ela finalmente chegou e é o dia mais feliz da minha vida.
Quando ela finalmente matou o pai, sua mente entrou em colapso. Era como se um cordão tivesse sido cortado e tivéssemos que trazê-la. Todos os dias, eu estive neste hospital, nesta enfermaria onde eles mantêm outros pacientes mentais, por causa dela, por nossa causa. Recontando a ela tudo sobre nós e o que aconteceu, esperei com expectativa até que ela finalmente me olhou da maneira que ela fazia antes de sua mente se retirar para um mundo que ela havia criado para escapar. Ela não sabe e nem se lembra de quando nos conhecemos tão claramente quanto ela. Se eu fosse ela, também iria bloquear. Mas todas aquelas vezes que eu me sentei no quarto contando a nossa história, ela deixou as palavras penetrassem em sua mente.
Agora que seu pai está morto, conseguimos derrubar a organização dele. Centenas de trabalhadores, homens que o ajudaram a vender as meninas, drogas e armas foram mortos quando tentaram fugir ou estão em uma prisão de segurança máxima. Nós libertamos muitas meninas. Corp as alojou em uma velha escola onde elas aprendem a ler, escrever e trabalhar. Aprendendo habilidades para a vida que nunca foram ensinadas.
Isabelle foi presa junto com Ryker por sequestrar minha garota, entre outras acusações que as afastaram por toda a vida. Os crimes que ambos possuem contra eles são horríveis. É triste ver a irmã de Tia cair tão fundo e atingir o fundo do poço. A influência de seu pai assumiu o controle e ele criou um monstro usando sua filha mais velha como moeda de troca.
Quando a primeira equipe foi até o armazém onde Miguel estava preso, o Corp tinha outra, que eu não sabia. Se não fosse por ele, Tia e eu estaríamos mortos. Agora que estamos livres do mal de sua família, e deste lugar que a manteve em algo parecido com uma maldita cela acolchoada, vou garantir que sua vida seja a mais normal possível.
Quero a cerca branca e as crianças; Eu até quero um maldito cachorro.
Foi um longo ano para ela, as sessões de terapia, a medicação e até acabei conversando com o psicólogo para entender sua saúde mental e a minha. Sim, Tia precisará de cuidados constantes, mas estarei lá por ela. Não importa como.
Agora que minha garota está pronta para sair daqui com a mente intacta, eu estou pronto para levá-la e fazê-la minha. Casar com ela.
Quando eles me disseram que era hora de partir, que ela estava pronta para ser liberada, eu sabia o que tinha que fazer. Planejei e certifiquei-me de que tínhamos um lugar para ir. Em algum lugar que podemos chamar de lar. Seu corpo é tão frágil, quase tão delicado quanto sua mente depois de tudo o que passamos e ela já passou, mas ela precisa viver sua vida agora.
Entro no quarto dela e a encontro em pé com a mala que trouxe esta manhã. — É hora de irmos para casa, Tia. – ela concorda com um sorriso. Eu esperei por esse dia por doze longos meses.
Todo dia eu passava ao lado dela.
Esperando. Observando. Precisando dela.
Contamos nossas histórias.
Ela passou por terapia.
Nós dois aprendemos a estar juntos, e ela finalmente pode parar de se esconder de mim. Sua mente parou de fugir, desaparecendo naquele mundo falso.
Ela está aqui comigo agora, e não a deixo ir a lugar nenhum perto dessa escuridão. Não havia nada que eu pudesse fazer antes, a não ser estar ao lado dela e orar a todos os deuses que ela se agarrasse a mim, ao invés do que quer que ela tenha dentro dela.
Ao relembrar nossa história, eu a vi ganhar vida. Aqueles belos olhos me olhavam com mais do que carinho; eles me olharam com amor. Eu disse a ela tudo o que aconteceu, o ruim e o bom. Eu disse a ela como seu sorriso brilharia através dos meus pensamentos sombrios. Abri meu coração para trazê-la de volta para mim.
Honestidade era melhor para ela. Até contei a ela sobre o momento em que acordei e a encontrei gritando e se debatendo na cama. Consegui virá-la e prendê-la. Ela teve um pesadelo e surtou. Eu soube de todos os seus segredos. Eu descobri que o pai dela levou as duas garotas a acreditar que mataram a mãe.
As histórias que ouvi quando ela era criança e o que ele fez com ela me fizeram querer desenterrar seu cadáver queimado e matá-lo repetidamente.
Ela vem até mim usando sapatilhas brancas, o que a torna mais baixa do que eu. Ela se encaixa perfeitamente no meu corpo. Em sincronia, como se tivemos sido feitos para se encaixar.
— Brax, eu estou pronta. – ela respira contra meus lábios enquanto estende a mão para me beijar. O doce aroma de sua respiração se espalha pelo meu rosto, e fico com água na boca para prová-la. Devorá-la. Ela não está mais quebrada, não está mais fragmentada. Ela será minha para sempre.
— Eu sei que você está, baby, e nunca fui tão feliz.
Ela nos leva para trás em direção à pequena mesa na sala. — Sente-se, eu vou fazer as malas. – ela sorri, com um brilho de felicidade brilhando em seu olhar como uma chama. Recostando-me, cruzo os braços na frente do peito e a encaro com um sorriso. Ela corre pelo quarto, indo do closet para a cama, da cama para o banheiro e de volta. Como não há muito para levar, ela termina em vinte minutos. — É isso aí. – ela anuncia alegremente.
Seu corpo se curou rapidamente, mas me pergunto brevemente se sua mente permanecerá fixa. Eu vejo os pensamentos dela à deriva e, quando o fazem, estou aqui para trazê-la de volta. Sou a âncora dela tanto quanto ela minha.
— Obrigada, Brax. – ela murmura enquanto coloca suas roupas em uma mala com destino ao céu. Onde finalmente podemos ficar juntos.
— Quero te levar embora, Vixen. – murmuro baixinho. Meu coração dói ao vê-la assim. A medicação que eu tenho que lhe dar garantirá que possa viver uma vida meio normal. E é isso que quero. Ficar neste lugar por tanto tempo não a estava ajudando, e eu percebi que não podia mais fazer isso, então disse a eles que gostaria de levá-la embora. Para levá-la para casa.
Eu a amo. Eu sempre a amei. Ela é minha desde o primeiro dia em que a vi, e não há nada que nos mantenha separados novamente.
— Mas... mas... Eu... eu... – ela murmura, balançando a cabeça e segurando o tecido de seu roupão até que as juntas estejam brancas. Porra.
— Vixen? – Com o apelido dela, seus olhos encontram os meus. Com todas as sessões que passamos juntos e com a história que contei a ela sobre nós, quero que ela seja feliz para sempre. Desejo com tudo o que sou que eu possa fazê-la realizar seus sonhos. Ela acredita que sou um contador de histórias talentoso.
Depois de testemunhar o assassinato brutal de sua mãe, sua mente não aguentou. Então, quando o seu pai e seus amigos imundos começaram a abusá-la, não havia como dizer o quanto mais de danos que causaram à sua psique.
— Braxton? – eu aceno, e ela sorri. A única coisa que eu estava esperando desde que entrei neste hospital hoje. — Leve-me para casa. – ela implora. Seus apelos suaves são suficientes para resolver a minha decisão, e eu abro meus braços. Ela corre em minha direção, passando os braços em volta de mim e me segurando como se eu fosse sua tábua de salvação. E eu sou.
— Nós estamos indo para casa, baby. – sussurro em seus cabelos. As mechas longas e escuras estão enroladas hoje e cheiram a seu xampu doce. Eu amo como ela parece em meus braços e nunca quero tê-la afastada deles.
Faz mais de dois anos desde que eu a vi pela primeira vez, e minha necessidade por essa mulher não mudou. Só ficou mais forte.
Meu coração é dela.
Minha alma é dela.
Como os dela são meus.
Pertencemos um ao outro. Eu nunca tive certeza de nada em toda a minha vida.
Levantando-a, eu a carrego pela porta e pelo corredor.
O novo medicamento que o médico me deu, caso eu precise, destina-se a acalmar suas crises. Sua mente ainda está perdida naquele lugar, às vezes, com essas lembranças, mas com o tempo, cada comprimido que ela toma a afastará do paracosmo que ela criou.
Só espero que, quando entrarmos em nossa nova vida juntos, ela finalmente se afaste dele e fique comigo. Quando chegamos ao carro, a coloco no banco do passageiro e certifico-me de que as malas estão no porta-malas.
Sentando no banco do motorista, eu coloco minha mão na coxa dela antes de ligar o carro. Finalmente estou levando-a para a casa que comprei há dois meses. Com os caras me ajudando a me mudar, estou animado para ela ver.
Ela fica calada enquanto avanço e saio para a estrada. Não é fácil para ela sair deste lugar. O medo de que algo aconteça que possa irritar sua mente é algo que precisamos tomar cuidado. Não vai ser fácil, mas estarei ao lado dela, não importa como.
— O sol está tão brilhante hoje. – diz Tia enquanto sorri.
Ela está certa; não há nuvens no céu. Um dia perfeito. Quanto mais chegamos aos subúrbios, mais sereno se torna. Deixar para trás o hospital estéril é como se afastar do passado.
— É seu dia. – digo a ela. — Vamos fazer um piquenique no jardim. Mal posso esperar para você ver a casa. – eu não mostrei as fotos dela para ela. Queria que seu primeiro olhar para nossa nova casa fosse tão emocionante como se fosse manhã de Natal.
— Não sei o que faria se não tivesse conhecido você. – diz Tia. Sua voz está abaixando, e eu posso ouvir a respiração dela quando ela fala. Eu sei tudo o que ela conta.
— Você seria forte por conta própria. – respondo. — Mas eu ainda te encontraria. De uma forma ou de outra.
— Por quê?
— Porque você foi feita para mim. Eu sempre estava indo até você e, quando fazia isso, roubava você para mim. – eu dei um rápido olhar para ela e a encontrei sorrindo para mim.
— Sério? Você me roubava?
— Sim. – eu concordo. — Você sabe que nunca pode se afastar de mim agora. Você está ligada a mim de várias maneiras.
Ela responde com um sorriso e um rubor. Suas bochechas têm um tom suave e rosado que faz com que cada centímetro do meu corpo fique em atenção. Eu me concentro de volta na estrada. Eu queria parar perto da água, com vista para o oceano antes de fazer a pergunta que estava na ponta da minha língua há um ano.
Eu queria esperar até que ela estivesse pronta. Dirigimos em um silêncio confortável até Tia ligar o rádio e estamos ouvindo uma música pop que eu realmente não reconheço. À medida que a estrada se aproxima de nosso destino, Tia canta junto, observando a paisagem enquanto dirijo.
Sua voz é melódica, em sintonia com a do artista. Não sei ao certo como ela conhece a letra, mas ela sabe.
Estamos dirigindo há quase duas horas quando finalmente temos vislumbres do oceano à frente. A excitação de Tia está borbulhando através dela quando ela pula no banco quando eu finalmente paro a beira-mar.
Corpus Christi5.
Entro em uma garagem e desligo o motor.
— É aqui que estamos hospedados? – ela pergunta confusa, mas balanço minha cabeça.
— Não, venha. – eu saio do carro e caminho para o lado do passageiro. Ajudando Tia a sair do carro, eu a conduzo para o caminho que serpenteia ao redor da beira da água.
No céu que escurece lentamente, percebo como as luzes da cidade estão piscando. E é aí que me ajoelho e puxo a pequena caixa de veludo preta que estou guardando por muito tempo.
— Tia, você entrou na minha vida e quebrou todos os muros que eu construí. Você fica me dizendo que está quebrada, mas se estiver, eu também estou. E é por isso que quero pedir que você passe o resto da sua vida comigo, para que possamos ser duas peças imperfeitamente quebradas, criando uma nova vida perfeitamente perfeita juntos.
As lágrimas que transbordam em seus olhos derreteram meu coração. Não sou um homem que goste ou até tente ser romântico. Eu sou um assassino treinado. Mas quando vejo as lágrimas da minha linda Vixen, não posso deixar de querer afugentá-las.
— Eu... eu nunca esperei sentir felicidade. – diz Tia sinceramente. — Mas você me trouxe de volta da escuridão que me manteve refém por tanto tempo. Você me assustou quando nos conhecemos. – Uma pequena risadinha escapa de seus lábios antes de continuar: — Percebi que você era alguém que podia ver através da minha fachada rachada e me amar de qualquer maneira.
— Eu vejo. Eu te amo muito, Vixen.
Outro sorriso, desta vez maior, mais radiante, e ela assente antes de finalmente responder: — É claro que vou me casar com você.
— Então está resolvido. – digo a ela enquanto deslizo um anel de diamante e ouro branco, que comprei. — Você será minha para sempre, Sra. Carter.
Epílogo
O quarto é mais escuro que o do hospital. Cada movimento aparece no meu periférico como se eu não estivesse sozinha. — Tia. – Pulando com o som, eu me viro para encontrá-lo. Sorrindo, levanto minha mão e o alcanço. Ele está carregando minha bandeja de remédios e um copo. Todo dia tomo isso e, com cada pílula, minha mente não se desvia. Não vai até lá.
— Brax. – digo brincando, o que me dá um sorriso diferente de qualquer outro. Ele é bonito. Tão devastadoramente bonito que às vezes dói olhar para ele.
Ele me dá a pílula e a água, que tomo graciosamente, engolindo. Coloco o copo ao meu lado e o olho novamente.
— Como você está se sentindo? – ele pergunta em um tom suave cheio de emoção.
— Cansado. – Inclino-me contra os travesseiros macios e vejo como ele se senta na cama ao meu lado. — Você acha que algum dia seremos normais? – A pergunta surge do nada, e espero que ele me diga não, que nunca poderei ter uma vida normal. Tenho 29 anos e nunca estive em um encontro de verdade. Conheço Braxton há muito tempo e, nesse período, ele me levou a encontros, mas eles não eram de verdade. Passamos o ano em um hospital onde eu precisava estar em tratamento. Para que eu pudesse me curar e voltar para ele depois dos horrores que enfrentei.
Minha mente é um lugar complicado.
A realidade que inventei enquanto estava trancada lá dentro deu a ele uma visão do funcionamento do meu cérebro. No tempo que passava comigo no hospital, ele me visitava, conversava comigo, contava a história que eu estava presa nos recessos da minha mente. E quando ele fez isso por mim, encontramos algo verdadeiro. Nós dois nos apaixonamos mais do que eu jamais pensei ser possível.
Ele se tornou a minha outra metade. Ele preenche as minhas partes quebradas e me faz sentir inteira novamente. E ouso dizer - normal. É algo que eu nunca esperava.
No começo, apaixonar-se por ele parecia como se eu tivesse sido pega no olho de uma tempestade ou de um tornado, apenas girando sem uma rede de segurança. Isso me assustou. Eu estava petrificada com a forma como ele me fez me sentir. Mas com o tempo, percebi que, se eu deixasse que ele me segurasse, ficaria com os pés no chão. E é aí que estou agora.
Durante um ano inteiro, doze malditos meses, enquanto eu estava sentada em uma camisola de hospital em uma sala branca, Braxton sentou-se ao meu lado e me contou uma história. Nossa história. Ele lembrou cada momento. Nosso conto de fadas pode ter sido pouco convencional, mas eu sei que nunca trocaria por mais nada. É perfeito como é.
Esta é a nossa história.
— Baby, me escute. – ele segura meu rosto em suas mãos e sorri. — Nós somos perfeitos. Você e eu. Somos incríveis juntos. Nós somos indestrutíveis. Nada jamais atrapalhará nosso amor, nossas vidas. Você é minha, Vixen. – ele promete, e meu coração bate forte. A excitação arrepia, e meu corpo responde. Carente e ansioso pelo meu noivo.
— Eu te amo, Brax. Eu tenho passado a escuridão do meu passado todos os dias com minha médica. Ele me deu maneiras de lidar com isso, mas o que me fez melhor foi você. Nós. Com você me dizendo como chegamos aqui. É isso que importa. Estive fora da minha mente e por dentro, e nada poderia ter me preparado para a felicidade que você trouxe para minha vida. Mas...
Minhas palavras são interrompidas quando o polegar dele traça meu lábio inferior. É um movimento lento que aquece meu corpo. Estou sempre excitada e pronta para ele. Eu o quero. Eu preciso dele. E depois do que tenho a dizer, acho que ele sentirá o mesmo.
— Braxton, você vai ser pai. – eu sussurro as palavras contra o polegar e nossos olhares se encontram. Descobri há pouco tempo que estou grávida. Por causa da minha medicação, eu tive que fazer exames regulares. Quando entrei no consultório médico há dois dias, não sabia que minha vida estava prestes a mudar. Ele me ligou com os resultados e me disse que eu deveria ir imediatamente. Cheguei confusa e estressada, apenas para ele me dizer que eu ia ter um bebê. Todos esses meses no hospital, e somente quando fui liberada, um milagre aconteceu. Mesmo que não tenha sido planejado, o sorriso que encontra meu olhar preocupado é resposta suficiente.
— Eu te amo, pra caralho. – ele murmura faminto enquanto sua boca devora a minha.
Dani René
O melhor da literatura para todos os gostos e idades