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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


THE PROTECTOR / Donna Grant
THE PROTECTOR / Donna Grant

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Quando sua tia e seu tio são assassinados e seu pai foi sequestrado, o capitão do Marine Force Recon e bad boy, Cullen Loughman se une à única mulher que vira seu mundo de cabeça para baixo.
Tudo está mais quente no Texas ...
Quando o capitão do Marine Force Recon, Cullen Loughman, souber que seu pai foi sequestrado, ele fará o que for preciso para encontrá-lo. Para alcançar sua missão, Cullen precisará se unir aos melhores dos melhores, alguém que por acaso é a mulher mais impressionante que ele já viu...
Este não é o primeiro rodeio da ex-piloto da Força Aérea Mia Carter. Ainda assim, a boa aparência e o charme de Cullen a distraem do dever... e parece que o sentimento é mútuo.
Enquanto Mia e Cullen descem para um mundo escuro e perigoso, sua atração atinge o ponto de ebulição. Mas será que o desejo deles vale o risco quando um inimigo cruel está esperando nos bastidores, ou o amor da Estrela Solitária conquistará tudo em O Protetor?

 


 


CAPÍTULO UM

Flórida

—Você me enganou — veio a voz espanhola com forte sotaque.

Mia olhou nos olhos negros e não viu nada além da morte refletida ali. O trovão roncou logo antes do relâmpago brilhar e soar com um estalo que a lembrou demais do estalo de uma arma.

Ela queria dar um passo atrás, mas estava cercada por colombianos sem saída. A arma dela estava no avião. Uma demonstração de fé entre ela e essa festa desagradável.

Mas ela não era exatamente sem armas - nunca mais voltaria depois... Ela parou essa linha de pensamento. Ela precisava se concentrar no aqui e agora.

Ela respirou fundo e levantou as mãos. Se ela não tivesse controle dessa situação, isso poderia ir de mal a pior.

—Você entendeu tudo errado, Camilo.

—Realmente? — Ele sorriu e olhou para os três homens ao seu redor. Camilo passou o polegar e o indicador pelo bigode fino enquanto a olhava.

Ele deu um passo mais perto, aproximando-o dela. Sua reputação como homem de uma dama era uma que ele encarnava em tudo o que fazia, desde o terno Armani até o cabelo perfeitamente estilizado.

—Sim, sério — disse ela. —Você me contratou para voar para o Panamá e recuperar suas caixas. Eu já fiz isso.

Os olhos dele se estreitaram.

—Mas você não tem minha mercadoria.

Ela manteve o olhar fixo em Camilo, mas estava ciente de cada movimento que os homens dele faziam. Eles podem não ter armas, mas, como ela, não estavam sem armas.

—Não sou culpada pelas autoridades verificando meu avião e confiscando o que encontraram.

—Me disseram que você era a melhor. Que você poderia conseguir qualquer coisa nos Estados Unidos.

—Esta é a primeira vez em centenas de voos que eu sou pega com qualquer coisa. Talvez se você me dissesse que estaria transportando répteis para o comércio no mercado negro, poderia determinar qual aeródromo poderia ter autoridades procurando em aviões apenas por essa carga e desviado para outra.

—Você não precisava saber — disse ele.

Ela encolheu os ombros. Desde o momento em que os répteis foram retirados de seu avião e ela foi presa, não houve outro resultado. Ela estava com sérios problemas com a lei - sem mencionar as sanções que seriam impostas a ela pelos militares.

Sua única esperança estava saindo da Flórida antes que Camilo e seus homens a encontrassem. Se eles tivessem chegado cinco minutos depois, ela chegaria em casa.

—Um encolher de ombros — Camilo disse com um sorriso que não tinha nem um pingo de humor.

Merda. Isso estava prestes a ficar muito ruim. Se ao menos ela tivesse ouvido Sergei, mas o velho russo estava sempre lhe dizendo para ficar longe de homens maus. Não importa o fato de que ele era um homem.

Camilo andou ao seu redor.

—Você me dá de ombros quando eu perdi dois milhões de dólares.

Ela virou a cabeça para mantê-lo na mira. —Essas coisas acontecem.

—Não para mim. Prometi esses animais a alguém e ele não encolhe os ombros como resposta.

—Ficarei feliz em fazer outra corrida ao Panamá de graça. No entanto, meu avião será revistado toda vez a partir de agora.

—Isso não é problema meu. — Ele parou diante dela, aproximando-se dela. —Você concordou em me trazer minha carga. Quero isso. Amanhã.

Mia odiava quando as pessoas entravam em seu espaço pessoal. Ele fez isso porque ele pensou que a intimidaria - um equívoco comum com os homens.

—Não posso ser mais claro se eu expliquei para você. Terei a sorte de reter minha licença de piloto depois disso. Eu não posso te ajudar.

—Então você me pagará os dois milhões.

Ela abaixou as mãos para os lados. Então ela disse: —Não.

—Você obviamente não tem ideia de com quem está mexendo — disse Camilo antes de dar um passo atrás.

Mia se abaixou e girou ao sentir um dos homens a aproximar. Quando ela se endireitou, ela lutou contra o desejo de soltar a faca escondida na palma da mão.

Ela voltou para manter os quatro homens à vista. Eles a procurariam ao mesmo tempo. Eles tinham os números, mas a subestimariam.

—Você vai morrer hoje à noite — disse Camilo com uma risada. —Ou talvez eu te leve comigo e te entregue aos meus homens. Será divertido ver o que eles farão com esse seu belo corpo. Duvido que você dure uma semana.

Ninguém jamais a manteria acorrentada novamente.

Ela sorriu para os homens e fez sinal para que eles a atacassem. O primeiro a alcançá-la foi o maior do grupo. Ela evitou o punho carnudo dele, esquivando-se.

Desta vez, quando ela se endireitou, o punho da faca deslizou em suas garras. Era bom segurar a arma. Ela a manteve escondida para que nenhum dos homens a visse.

A próxima vez que o grandalhão veio até ela, ela se inclinou para o lado para evitar seu soco. Então ela torceu ao inverter o aperto no punho da lâmina. Balançando o braço largo, ela cortou o peito do grandalhão.

No instante seguinte, ela girou para trás e o esfaqueou no estômago. Quando ele tentou agarrá-la com as duas mãos, ela usou seu impulso contra ele, enfiando-o em rápida sucessão.

Ele ficou parado, balançando. Ela deu um passo para trás antes de chutá-lo no peito. Quando ele caiu no chão, ele estava morto.

—Pegue ela! — Camilo gritou, saliva voando de sua boca enquanto a apressava.

Ela era boa no combate corpo a corpo contra um. Contra dois, ela poderia se segurar. Contra três? Bem, ela não estava caindo sem causar algum dano.

Logo antes de um dos homens a alcançar, uma faca embutida no fundo de sua garganta. Ele caiu aos pés dela, borbulhando sangue. Ela olhou em volta, tentando descobrir de onde a lâmina havia sido lançada, mas ela não conseguia ver ninguém.

Então ela não teve tempo de continuar olhando enquanto lutava com Camilo e seu último homem. Ela rangeu os dentes quando o braço direito foi cortado.

Ela deu um passo para trás e olhou para Camilo e seu homem, cada um segurando uma lâmina comprida. Pelo canto do olho, ela viu movimento. Ela teve um vislumbre de um homem de preto bem antes de Camilo levantar a arma e atacá-la.

Mia manteve sua posição enquanto ele atacava. Ela viu sua vantagem e a pegou. Usando o cadáver do grandalhão como escudo, ela se lançou, com os pés primeiro, em Camilo, em uma garra de perna dupla.

Envolvendo as pernas em volta do pescoço dele, ela aproveitou o momento e girou para o lado, trazendo-o ao chão. Ela sentiu o pescoço dele quebrar quando torceu.

Girando no ar, ela caiu em um joelho com a mão esquerda no chão. Com a faca de combate ainda na mão, ela se virou para o último homem de Camilo - apenas para encontrá-lo deitado no chão com uma faca no peito.

Um homem de preto saiu das árvores e pegou suas lâminas. Sem uma palavra, ele foi até ela. Quando ele fechou a distância entre eles, ela deixou seus olhos correrem sobre esse homem desconhecido.

Alto, musculoso e ... duro. Ele andou com um propósito, como se tivesse certeza de que conseguiria tudo o que procurava. Ele tinha a aparência de um militar, com o cabelo escuro cortado nas laterais e curto em cima.

A sugestão de bigodes enfeitou uma mandíbula e queixo fortes. O lábio largo e fino dele se inclinaram em um meio sorriso que fez seu estômago sentir como se ela tivesse acabado de estar em uma montanha-russa - e desejava outro passeio.

Sobrancelhas grossas cortaram os olhos castanhos que a observavam com interesse. Ele parou a alguns metros dela e a deixou olhar por cima dele. Ela se levantou lentamente, observando a roupa preta e a camiseta preta.

—Temos companhia — disse ele e sacudiu o queixo enquanto olhava por cima do ombro dela.

Ela virou a cabeça e viu os seis homens correndo na direção deles. Um segundo depois, balas começaram a voar ao seu redor.

—Vai! — o homem disse enquanto a segurava pelo braço e a puxava em direção ao avião.

Ela não precisou ser avisada duas vezes. Em instantes, ela estava dentro do avião e ligando os motores. Com cada bala que perfurou a Valquíria, ela estremeceu.

O som dos motores rugindo para a vida a fez sorrir. Ela avançou, olhando para a porta aberta. Quem quer que fosse o estranho que a ajudou, teve pouco tempo para alcançá-la antes de partir.

Ela fechou os olhos brevemente, porque sabia que não o deixaria. Não era da natureza dela. A impaciência a encheu quando o avião começou a rolar para longe dos tiros.

Houve um grunhido. Quando ela olhou para trás, o estranho estava em seu avião, fechando a porta. Sem uma palavra, ela estrangulou a aeronave, acelerando pela pista.

As luzes piscantes dos carros da polícia interromperam a perseguição dos homens de Camilo, mas por quanto tempo? Eles não sabiam onde ela morava. Com Camilo morto, eles podem deixá-la em paz. Mas foi um grande poder.

Quando o estranho se sentou no assento ao lado dela, ela olhou para ele. Ele afivelou o cinto de segurança e inclinou a cabeça para trás, fechando os olhos.

—Quem é Você? — ela exigiu.

—Nem mesmo um agradecimento? — ele perguntou com um sorriso, os olhos ainda fechados.

Ela conteve um suspiro. —Obrigado. Agora. Quem é Você?

—Eu pensei que você saberia. — Ele virou a cabeça e abriu os olhos para encará-la novamente.

Havia algo nele que parecia familiar. Levou um momento, mas ela juntou as peças. — Qual irmão Loughman você é?

—Cullen — ele disse com um sorriso.

Cullen. Ela olhou para ele com um pouco de surpresa. Ela sabia das conversas com Orrin, bem como dos relatos que tinha lido, que os meninos Loughman eram alguns dos melhores do setor militar ou privado.

Ela também sabia que o irmão do meio, Owen, era o pacificador, que estava quieto enquanto ouvia tudo e todos antes de reagir. O mais velho, Wyatt, era o mais intenso, com pouca violência sob a superfície.

Mas foi o mais novo, Cullen, que a colocou de costas. Cada vez que ela pensava nele, calafrios percorriam sua pele - e isso foi antes que ela soubesse que ele tinha uma aparência de parar o coração.

Ele a fez ... doer ... de uma maneira que ela não experimentava há muito tempo.

Por que tinha que ser ele que a procurava? Por que não poderia ter sido Wyatt? Ela poderia lidar com o Loughman mais velho com facilidade.

Cullen realizou uma combinação de ambos os irmãos. Havia uma dose pesada de brutalidade letal esperando para ser liberada para aqueles que se opunham ao seu país - ou à sua família.

Mas ele também era paciente. Para alguns, ele pode parecer indiferente, mas ela já tinha visto o olhar que ele usava no rosto de Orrin antes. Não houve indiferença. Somente planejamento e preparação até os mínimos detalhes.

Ela fechou os olhos brevemente. A atração não pôde ser negada. Mas não foi só isso. Ela já sentiu desejo antes. Isso era algo... mais. Era mais profundo, mais cheio.

Mais agudo.

Isso a deixou com um desejo que a abalou, uma fome que a consumiu. Ela pode ter ouvido histórias sobre Cullen, mas não o conhecia.

O olhar dela se fixou nele como se estivesse magnetizado. Os olhos castanhos dele a observavam como um predador, mas ela não tinha medo. Não, era mais emocionante do que qualquer coisa.

Forçando sua atenção a voar, ela estabeleceu um caminho para Dover. De volta ao lugar que não tinha apenas alterado a vida dela, mas os meninos Loughman também.

—Eu estava esperando um de vocês — ela finalmente disse.

Ele olhou pelo para-brisa.

—Há respostas para perguntas sobre o sequestro de meu pai em Dover. E com você.

—Nada vai me impedir de encontrá-lo. Orrin é um dos melhores homens que conheço.

—Então comece do começo. Temos um pouco de tempo antes de chegarmos à base.

O início. Não. Não tão longe assim. Havia coisas que Cullen não precisava saber, coisas que eram melhores deixar no passado.

Ela pode estar em uma situação desagradável, e ele pode ter acabado de salvá-la, mas isso não lhe deu o direito de seus segredos.

—Foi Orrin quem se aproximou de mim — disse ela.


CAPÍTULO DOIS


Cullen não esperava que Mia Carter fosse tão... incrível. Ele nunca viu uma mulher lutar com tanta paixão ou com movimentos tão bonitos que se viu observando-a em vez de acabar com o colombiano.

Pela primeira vez na vida de Cullen, ele não conseguiu encontrar palavras. Ele só podia encarar a mulher bonita com um pensamento - Valquíria.

Ela era o epítome de como ele imaginava as criaturas aladas da mitologia nórdica. Tudo que ela precisava era de armadura e espada para completar sua visão.

Agora, sentado ao lado dela no avião britânico da Segunda Guerra Mundial Bristol Buckingham C. MK 1, também conhecido como Bristol Type 163 Buckingham, ele não conseguia tirar os olhos dela.

Linda não começou a descrever essa mulher incrível. Toda vez que seu olhar negro de aço franja com cílios impossivelmente grossos se voltava, ele ficava extasiado. Seus olhos eram grandes e levemente inclinados para os cantos.

Ele se esqueceu de respirar enquanto observava seu rosto impecável e beijado pelo sol. Com maçãs do rosto altas e lábios largos e cheios, ele estava apaixonado.

Tufos de cabelo preto escaparam do seu rabo de cavalo para cair ao longo da estreita coluna do pescoço. Uma camiseta de oliva roçou seu torso para mostrar curvas de dar água na boca, e o jeans preto mostrou suas pernas ágeis com perfeição.

—Foi Orrin quem se aproximou de mim — disse ela.

Isso não o surpreendeu. Seu pai sempre teve um dom para encontrar talentos e usá-los em seu proveito.

—Quando?

—Alguns anos atrás.

Isso fez Cullen se perguntar o que mais seu pai estava fazendo. Enquanto ele e seus irmãos estavam construindo suas vidas, Orrin Loughman estava montando uma equipe de membros da Black Ops para realizar alguns dos trabalhos mais sujos.

Uma das missões, organizada pelo Departamento de Defesa, enviou Orrin e sua equipe à Rússia para roubar uma arma biológica.

Exceto que algo deu terrivelmente errado. Alguém traiu Orrin Loughman. No processo, ele foi sequestrado e sua equipe foi executada.

A última pessoa a ver seu pai foi a mulher sentada ao lado dele.

Os anos que passou como capitão do Marine Force Recon lhe ensinaram muitas coisas. Ele sabia como sair de várias situações usando as mãos, o corpo e a mente. Ele sabia como identificar covis e traidores. Ele também teve dezenas de resgates em seu nome.

Ele era muito bom em seu trabalho. Mas ele tinha que ser mais do que bom agora. A própria vida de seu pai dependia disso.

—Como você me achou? — Mia perguntou.

—Fui à Base da Força Aérea. Quando você não estava lá, fui ao escritório do general Davis. Parece que eles mantêm um registro de cada voo que você faz.

Os lábios dela se comprimiram.

—Isso eles fazem.

—Para meu benefício. Se eu não tivesse chegado, você estaria morta ou sob os cuidados de Camilo. Nenhum dos dois parece atraente.

—Eu já te agradeci.

—Sim, senhora. Você com certeza fez. — Ele colocou os dedos sobre o estômago. Havia algo em Mia Carter que ele achava atraente, e não tinha nada a ver com a beleza dela. Ela era muito parecida com ele, ele percebeu de repente.

Desconfiada do mundo com um olhar de cinismo que ela não se preocupou em esconder.

—Diga-me como um piloto com suas habilidades é capaz de ter um hangar em uma base, trabalhar para os militares como contratado e ainda ser capaz de aceitar trabalhos com criminosos. Porque vamos ser honestos... Camilo era um criminoso.

—Não importa o que eu lhe der como explicação. Você já formou uma opinião — ela respondeu friamente.

De fato, ele formou uma opinião. Ele suspeitava que ela gostasse do perigo. Ela também adorava voar. Combine os dois, e ela estava no céu.

—Você estava me contando sobre como você e meu pai começaram a trabalhar juntos — disse ele, colocando-os de volta ao assunto.

Ela o olhou com seus olhos negros.

—O que você realmente quer saber é se eu o traí. Como eu disse a Callie - e todos que estavam ouvindo ao telefone naquele dia - não fui eu.

—Eu lembro dessa ligação. Embora eu tenha aprendido que as pessoas dizem muitas coisas que não são verdade.

—Você quer a verdade? — ela perguntou, virando a cabeça para ele.

—Vou lhe dizer a verdade. Eu odiava receber ordens, então deixei a Força Aérea o mais rápido possível. Mas eu não estava pronto para desistir de voar. Essa é a minha vida.

Isso ele sabia dizer. Estava no sangue dela.

—Para minha sorte, a Força Aérea ainda não estava pronta para me perder. Minhas habilidades como piloto são úteis. Tive a ideia de fazer contratos em troca de usar um hangar e obter peças para o meu avião. É uma situação mutuamente benéfica.

Ele assentiu, impressionado. —Jogada inteligente.

—Eu estava pegando... outros empregos quando Orrin se aproximou de mim para fazer uma de suas missões. Nunca me encolhi no trabalho e nunca o decepcionei.

Cullen olhou pela janela para as cidades abaixo. —E o trabalho russo?

—Orrin entrou em contato comigo sobre a contratação do time. O dinheiro era bom e eu não me importei com a viagem. Expliquei a ele que, embora meu avião seja resistente, ela não poderia fazer a viagem inteira sem parar na Irlanda para reabastecer.

—Ele concordou com isso?

—Não havia outro jeito — disse ela com um leve encolher de ombros. —Mas chegamos à Rússia sem incidentes.

—Orrin mencionou algo sobre ter alguma dúvida sobre a missão? — Ele perguntou.

Ela pensou por um momento antes de balançar a cabeça.

—Ele agiu como costumava fazer antes de um emprego. Calma, pensando em tudo. Uma hora antes de chegarmos a Moscou, ele e a equipe revisaram os planos.

—E depois? — Cullen pressionou.

Sua testa enrugou quando ela olhou pela janela da frente.

—Eu estava com pressa de me reabastecer e fazer minha pré-partida. A equipe chegou mais cedo do que o esperado. Não foi até que decolamos que eu percebi o quanto eles estavam em silêncio. No passado, eles costumavam comemorar.

Ele não ficou surpreso com a notícia. O fato de terem roubado uma arma biológica de outro país sem ser informado de que era isso que eles buscavam tinha uma maneira de colocar as coisas em perspectiva.

—Quando Orrin lhe contou o que eles levaram?

—Quando tive que parar e reabastecer em Dublin, sabia que Orrin e os homens estavam ansiosos. Eles estavam com as armas na mão, como se esperassem problemas.

—Aconteceu alguma coisa na Irlanda?

—Não — ela disse balançando a cabeça. —De modo nenhum. Uma vez que estávamos no ar novamente, Orrin chegou ao meu lado e me mostrou o frasco. Ele me disse o que era. Perguntei a ele por quem ele roubou e ele respondeu para o governo.

Cullen cruzou o tornozelo sobre o joelho oposto. Ele se perguntou quando seu pai havia enviado o frasco desde que ele foi levado assim que chegaram aos Estados Unidos. Agora ele tinha sua resposta. Ele só precisava de Mia para admitir.

—O que você fez para ganhar a confiança de meu pai tão completamente que ele entregou uma arma dessas em suas mãos?

—Eu mantenho minha palavra— ela respondeu instantaneamente.

Ele não estava comprando. Ele conhecia Orrin bem o suficiente para saber que algo havia acontecido entre ele e Mia. Fosse o que fosse, ela não se separaria facilmente das informações.

—Há mais do que isso.

Ela suspirou e olhou para frente.

—Foi a minha segunda vez voando com Orrin. Estávamos na América do Sul e ele perdeu a hora da partida. Fiquei escondido e esperei outra hora por ele. Quando ele ainda não apareceu, eu tive uma escolha a fazer. Vá embora ou encontre-o.

—E você foi procurá-lo? — Cullen perguntou. —Como você sabia para onde ir?

—Eu conhecia o curso dele. Ele teve que atravessar a floresta em um ponto. Voei sobre sua rota e o encontrei preso por um grupo perto de um rio. Eu circulei de volta, esperando que Orrin tivesse me visto e ficaria claro. Ao voltar, abri fogo.

—Abrindo caminho?

—A maior parte. Mais homens armados chegaram. A asa de Valquíria foi atingida, assim como a linha de combustível, o que fez meu motor esquerdo parar de funcionar.

Ele olhou para o antigo avião britânico da Segunda Guerra Mundial e se perguntou a sanidade de Mia. Uma coisa era entrar em uma batalha como essa com um jato ou helicóptero, mas o avião dela? Foi suicídio.

Ele voltou a olhar para ela. —O que aconteceu?

—Eu circulei de volta para outra tentativa.

—Você sabia que o avião não poderia voar por muito mais tempo. Você mal conhecia meu pai. Por que você arriscaria sua vida dessa maneira?

Ela inclinou a cabeça para o lado e olhou para ele.

—Você perdeu a parte em que eu estava no exército? Eu poderia não estar nas Forças Especiais, mas sei o que significa estar em batalha. Eu fiz uma turnê no Iraque. Não havia como sair de Orrin. Ele era engenhoso. Eu só tive que dar tempo a ele para sair.

Quanto mais ele estava com Mia Carter, mais ela o surpreendia. Ela não era como ele esperava.

—O que aconteceu?

—Eu tirei mais homens. Na volta, vi Orrin chegar às árvores. Voei o mais longe que pude antes de não ter escolha a não ser pousar o avião em uma clareira. Então eu corri para consertar o dano na linha de combustível

—Uma mecânica também? — Havia algo que essa mulher não pudesse fazer? Ela pode muito bem ser a mulher perfeita.

O que pode ser uma coisa muito ruim, pois ele estava certo de que não existia para ele.

Ela ergueu um ombro esbelto, a camisa verde-oliva com o pescoço largo se movendo apenas o suficiente para dar a ele um vislumbre de uma alça de sutiã preta.

Ele cerrou os dentes enquanto lutava contra a fome crescente para provar o belo e ousado piloto.

—Um piloto deve saber como consertar seu próprio avião para essas situações — respondeu ela.

Lá estava ela, calma e reunida como uma flor, enquanto a luxúria batia nele. Não era justo que apenas ele fosse tão afetado.

—Meia hora depois, Orrin me encontrou — continuou ela. —Liguei o motor e voltamos aos Estados Unidos.

—Você salvou a vida dele.

—Ele salvou a minha também. — Ela olhou para a frente mais uma vez.

—Orrin é um cara legal. Um ser humano decente. Não sei por que ele me confiou o pacote. Ele pediu que eu enviasse. Eu disse a ele que não havia motivo para ele não conseguir. Ele não disse outra palavra sobre isso. Encontrei o pacote em seu assento depois que deixei o avião. Eu tinha comigo quando descobri a equipe no hangar. — Ela fez uma pausa e respirou fundo.

—Alertei a base, esperei alguém receber minha declaração e depois corri para os correios.

Cullen obteve mais informações do que esperava, e isso o agradou.

—Mensagens codificadas vêm de Washington para Callie. Ela os decifra e passa a mensagem para Orrin, que decide se ele aceitará uma missão.

—Isso eu sei — disse Mia.

—Quando você alertou a base e eles descobriram que Orrin estava desaparecido, meus irmãos e eu fomos imediatamente enviados para o Texas. Fomos obrigados a encontrar papai, mas não houve menção à arma biológica.

—Ninguém considerou que ele poderia ter matado seus homens? — ela perguntou com uma careta.

—Aparentemente não. — Algo que o incomodou.

Ela lançou lhe um olhar inacreditável.

—Eu sei que Orrin não matou seu time. Você?

—Sim. — Ele deixou o pé cair no chão. —Por todos os defeitos do meu pai, ele nunca trairia ninguém.

Mia o estudou em silêncio por um momento. —Então você voltou ao Texas e encontrou sua tia e seu tio assassinados.

—Não demorou muito para percebermos que eram os russos — disse Cullen. —Callie entrou em contato com a DC para que eles soubessem sobre o ataque. Em poucas horas, estávamos em casa e o inferno se abriu.

—Quem em DC sabia sobre a missão? — ela perguntou.

—Pelo que Callie nos disse, apenas um homem, Mitch Hewett.

—Homens como Hewett não administram seus escritórios sozinhos. Haverá várias pessoas trabalhando para ele. Pode ser ele ou qualquer pessoa em sua organização.

Cullen respirou fundo e soltou-o lentamente. —Então precisamos conhecer todos os associados à Hewitt.


CAPÍTULO TRÊS


Mia podia imaginar a mente de Cullen tentando descobrir se ela fazia parte do sequestro de Orrin ou não. Porque, apesar da garantia de Callie de que Mia não era culpada, Cullen era o tipo de homem que fazia sua própria avaliação.

Se ao menos Callie estivesse lá. Ela não era apenas a mão direita de Orrin dirigindo Whitehorse, ela também se tornara uma boa amiga de Mia. E agora, ela poderia usar um amigo.

Ela se sente assim desde que entrou no hangar e encontrou a equipe morta.

—Estamos a dez minutos de Dover — disse ela à Cullen.

—A essa altura, o general Davis já saberá da sua prisão.

Como se ela precisasse do lembrete. —Estou ciente.

—Isso terminará seu acordo com eles?

—Poderia. Mas essa não é minha preocupação agora. Orrin é.

Cullen emitiu um som no fundo da garganta.

—Tanto que você conseguiu um emprego para voar para o Panamá.

A cabeça dela virou-se para encará-lo.

—Vá em frente e desperdice sua energia acreditando que eu fazia parte do sequestro. Continuarei concentrando meus esforços em encontrar Orrin. Era o que eu estava fazendo no Panamá.

—Por favor explique. Estou morrendo de vontade de ouvir.

Ele era como todos os outros homens, ela percebeu. O fato de ele ser filho de Orrin a levou a acreditar que ele seria como seu pai. Depois, havia o fato de que ela não conseguia parar de olhar para ele - ele era tão sexy.

Mas as relações de sangue e a sensualidade não significavam nada no mundo dos homens.

—Camilo administra - administrava - um cartel que atende compradores que procuram itens do mercado negro. Muitos cartéis de drogas, multidões e até empresas têm suas mãos nos negócios lucrativos. Eu esperava que uma conexão no Panamá me desse algumas informações sobre os russos.

—E?

Ela soltou um suspiro.

—Ninguém queria falar sobre os russos. Disseram-me para esquecê-los. Isso não vai acontecer.

—Se os homens que levaram o papai já não souberem de você, uma vez que descobrirem, estarão atrás de você.

—Eu sei. — Era por isso que ela dormia com duas armas agora, em vez de uma.

Ela levantou a mão quando ele começou a conversar e falou com a torre, conseguindo autorização para pousar. Mia não estava ansiosa para enfrentar Davis. O general ficaria furioso.

Mas perder o hangar seria o menor de seus problemas se sua licença fosse revogada ou suspensa.

Não demorou muito para que eles pousassem na base e taxiassem para o hangar. Ela olhou em volta, esperando Davis ou a Polícia Militar, mas não havia ninguém para cumprimentá-los.

Ela desligou o motor do lado de fora do hangar e desafivelou o cinto de segurança. Assim que ela saiu do avião, Cullen chamou seu nome.

—Quero ver onde aconteceu — disse ele.

Ela não precisava perguntar o que ele queria dizer. Toda vez que ela entrava no hangar, seu olhar sempre ia para a área. Era um lembrete constante de que ela havia escapado da morte. Mas por quanto tempo?

—Siga-me — disse ela.

Ela o levou para as manchas escuras no concreto. Essas manchas eram um lembrete assustador de como os amigos podiam ser levados com facilidade.

Era isso que Orrin era - um amigo. O sorriso de Orrin era contagioso, assim como seu profundo amor pela América. Ele - como seus filhos - arriscou sua vida pela liberdade e liberdade de todos os homens, mulheres e crianças do país. Sem reconhecimento.

Apesar de suas tentativas de impedir Orrin de se aproximar, ele era muito carismático, charmoso demais para ser negado.

Muito parecido com Cullen.

Cullen parou diante dela e inclinou a cabeça levemente.

—Está tudo bem?

—Sim. — Ela teve uma visão de perto de seus ombros muito largos e grossos. Músculos incharam em seus bíceps, e uma imagem daqueles braços a envolveu enquanto eles se beijavam brilhou em sua mente.

Ela se sacudiu mentalmente. Agora não era hora de seu corpo repentinamente se tornar devassa. Especialmente com um homem como Cullen. Ele era o tipo de amar e deixar.

E ela era o oposto. Se ela se entregou a um homem, foi porque ela viu um futuro. Cullen estava aqui por Orrin. Quando essa missão estivesse completa, ele retornaria à sua unidade Force Recon sem olhar para trás.

Foi o que fez dele um bom fuzileiro naval.

Também é o que reforça que, não importa o quanto ela queira saber a sensação do beijo dele, isso apenas trará sua miséria. Ela não sabia como se divertir ou brincar.

—Callie falou muito bem de você.

Ela se afastou dos pensamentos de despir Cullen para deixar suas palavras afundarem.

— Eu falo com ela com frequência, embora tenhamos nos encontrado apenas algumas vezes. Ela é incrível em coordenar tudo. Orrin se apoia muito nela, e ela nunca o decepciona.

—Eu não sabia que Callie havia passado de mão de fazenda para trabalhar para o pai até recentemente.

Mia não perdeu a corrente de animosidade. Para o observador casual, isso pareceria nada. Mas ela não era uma observadora casual.

—Você não aprova?

—Este trabalho é perigoso.

—Callie é uma mulher crescida, que pode tomar suas próprias decisões.

Cullen deixou cair os braços para os lados.

—Eu ainda me lembro dela como uma menina de 13 anos.

—Você se lembra dela como se fosse uma irmã.

Os olhos dele seguraram os dela por um momento.

—Eu faço. Ela precisava de uma família, e meu pai lhe deu isso.

—Orrin tem uma maneira de saber o que as pessoas precisam. — Assim como ele teve com ela.

—Há mais na história de você e meu pai — disse Cullen.

Ela não iria entrar nisso agora - ou nunca, se quisesse.

—Você sabe que Orrin era um planejador. Ele tentou ver dez passos à frente e estar pronto para qualquer coisa.

—Ele não podia estar pronto para a traição.

Ela entendeu muito bem a traição.

—Ninguém nunca é. Você tem alguma ideia de quem possa ser, além de Hewett?

—Ainda não.

—Você quer ter certeza de que não sou eu antes de me contar mais.

Houve um sorriso rápido antes de ele responder:

—Callie disse que você me entendeu.

Descobrir? Dificilmente. Isso foi parte do que a atraiu para ele. Ela conhecia os militares muito bem, mas havia algo muito mais em Cullen, algo que a puxava como a lua comandava as marés.

E isso a assustou muito.

Assim como a intrigou e a excitou.

Ela encolheu os ombros. —É um pensamento militar comum.

—Possivelmente.

Ela queria dar um passo atrás, para colocar alguma distância entre eles. O hangar era enorme, mas com Cullen dentro, parecia pequeno e confinado.

—Todo voo que eu faço está nos livros de registro dos regulamentos da FAA, bem como na Força Aérea, já que estou na base deles.

—É claro — disse ele com seu sotaque sexy do Texas.

—Faço anotações de todas as ligações, pedidos e pessoas que embarcam no meu avião.

Ele olhou para o avião. —Gostaria de ver esses livros.

—Claro.

Eles caminharam para o escritório em silêncio. Ela ficou atrás da mesa enquanto sua mente ficou em branco por um segundo sobre o que ela deveria estar fazendo.

Ela se sentou e abriu a gaveta de arquivo do lado direito. Depois de encontrar o arquivo de Orrin, ela o colocou sobre a mesa. Quando ela fechou a gaveta e abriu a pasta, Cullen ficou ao lado dela.

Ele apoiou a mão na mesa perto dela e olhou para os papéis. A proximidade dele atrapalhou seus pensamentos. Quando ele olhou para ela, ele levantou uma sobrancelha. Ela limpou a garganta e voltou sua atenção para o arquivo.

Ela fechou os olhos brevemente e disse a si mesma para ganhar o controle. Então ela apontou para os documentos na pasta.

—Estes são meus registros particulares.

—Não está no computador?

—Os computadores podem ser invadidos.

—E papéis podem ser roubados.

Ela sorriu para ele. —É verdade, mas isso significa que eles teriam que entrar no hangar, o que significa que os culpados teriam que passar primeiro pela segurança básica.

—Este é um bom ponto. E alguém na base?

—Poderia acontecer. É também por isso que faço três cópias. Um eu digitalizo no meu computador e criptografo. O segundo está em um cofre em minha casa. O terceiro está aqui, nos arquivos.

—São muitas precauções.

Ela olhou para os papéis.

—É o que acontece quando alguém tira vantagem de você uma vez. — Ela mudou rapidamente de assunto antes que ele pudesse perguntar o que ela queria dizer com aquilo. —A primeira entrada é o e-mail de Callie, perguntando se a data solicitada estava aberta. A partir daí, é uma lista de nossas comunicações: reservar o avião e o destino.

Cullen pegou o arquivo e se endireitou enquanto continuava lendo. Ela não conseguia tirar os olhos dele enquanto ele se movia lentamente para a frente da mesa dela, onde havia duas cadeiras.

Quando ele terminou o arquivo, ela o despiu em sua mente. Duas vezes. Seu olhar castanho levantou e encontrou o dela. O rosto dele não tinha expressão, mas isso normalmente não a impedia de saber o que uma pessoa estava prestes a fazer ou dizer.

Não é assim com Cullen Loughman, capitão da Force Recon. Ele era uma página em branco e a deixou sentindo como se estivesse caindo no céu sem paraquedas.

—Callie era jovem quando veio ao rancho — disse Cullen. —Eu a conheço há tanto tempo, é como se ela estivesse sempre em nossas vidas. Tenho vergonha de admitir que não volto para casa há muito tempo. Duvido que voltaria ao Texas se o pai não tivesse sido sequestrado. Mas aqui estou eu.

Ela ficou em silêncio, imaginando o que ele estava dizendo.

Ele jogou o arquivo na mesa dela.

—O problema é que existem algumas coisas que nunca mudam. A personalidade abrasiva de Wyatt ou a necessidade de Owen de proteger aquilo com o qual ele se importa. Ou a capacidade inerente de Callie de saber quando alguém pode ser confiável. — Cullen cruzou as mãos sobre a barriga lisa. —Ela confia em você. Então, Mia Carter, isso significa que eu também.

—Porque Callie disse isso? — ela perguntou, mais do que um pouco chocada.

—Isso, e porque eu concordo com ela.

—Eu poderia estar trabalhando com os russos. — Ela não sabia ao certo por que era a advogada de Diabo, mas queria ter certeza de que Cullen realmente sabia que era confiável.

Seu sorriso era lento e comovente.

—Você poderia, mas desde que Callie verificou sua correspondência no seu celular, telefone da mesa e e-mail, você não foi contatado por ninguém na capital.

—Então você acha que é Hewett?

—Parece que assim.

Era uma pilha pesada de estrume em que ela estava se metendo, mas não havia como voltar atrás agora. Não que ela faria.

Ela segurou o olhar de Cullen enquanto se inclinava para frente.

—Diga-me o que você sabe.


CAPÍTULO QUATRO


Cullen não conseguia desviar o olhar preto de Mia. Não havia dúvida de que ela queria um pedaço do grupo responsável pelas mortes da equipe de Orrin, tanto quanto ele e seus irmãos.

Ele teve que admitir que Mia era mais do que ele esperava. E ele gostou. Se o intestino dele estivesse errado e ela se mostrasse uma pessoa em quem não podiam confiar, ele poderia muito bem matar o pai.

Enquanto a olhava, ele não tinha ideia do tamanho de uma equipe que os russos tinham. Tinha que ter sido a sorte que permitiu a Mia sua vida. Caso contrário, ela estaria tão morta quanto o resto da equipe e incapaz de ajudá-lo a encontrar Orrin.

—Infelizmente, não coletamos muitas informações. Meu irmão do meio, Owen, e Natalie, que trabalhava na Embaixada da Rússia em Dallas, estão investigando algumas coisas.

Ela levantou uma sobrancelha preta.

—Portanto, não temos mais do que Hewett para continuar.

—Os russos deram um golpe em Natalie quando perceberam que ela havia aprendido sobre Ragnarok.

—A arma biológica — disse Mia com um aceno de cabeça.

Cullen torceu os lábios.

—Para ajudar Natalie e confundir os que estão atrás de nós, nos separamos. Natalie e Owen ficaram no rancho. Callie e Wyatt foram por um lado...

—E você veio aqui — ela terminou para ele.

Ele sorriu. —Sim, senhora.

Ela se mexeu na cadeira. —Nosso governo sabe que você tem a arma biológica?

—Não. E não pretendemos contar a eles.

—Isso provavelmente é sábio — disse ela. —Até que você saiba em quem pode confiar.

—Ninguém deveria ter essa arma.

—Eu concordo de todo coração. Mas vivemos em um mundo onde esses tipos de armas são desenvolvidos repetidamente. Esconder este não impedirá que seja feito mais uma vez.

—Nem impedirá que outras armas sejam concebidas e implementadas — acrescentou com um aceno de cabeça. —Eu sei.

Ela empurrou a cadeira para trás, as rodas rolando silenciosamente no chão. Ela se levantou e reuniu o arquivo que ele examinara anteriormente.

Então ela disse:

—Precisamos nos reagrupar e fazer um plano para encontrar Orrin.

—Os homens que o levaram são um bom lugar para começar.

—Gostaria de conversar com eles pessoalmente. — Ela se levantou, meio sentada no canto da mesa, e cruzou os braços sobre o peito. —Então, Cullen Loughman. Por onde devemos começar?

—Do começo, é claro. Tudo começa aqui. Nesta base.

O olhar dela abaixou por um momento.

—Conheço essa base por dentro e por fora. Procurei em todos os lugares para tentar descobrir onde os homens entraram e saíram. Não encontrei nada.

—Alguém deve ter ajudado o grupo.

—Esta é uma base militar. Eles não vão deixar ninguém entrar.

Ele segurou o olhar dela.

—Alguém fez. Assim como alguém traiu meu pai.

O comprimento do seu rabo de cavalo passou de um ombro para o outro enquanto ela balançava a cabeça.

—Não nesta base. Eu confio em todos aqui. O general Davis é um dos homens mais honoráveis que conheço.

—Por quê? Porque ele te deu o que você queria? – O queixo dela levantou, alertando Cullen de que ele havia atingido um nervo. Ele encolheu os ombros. —Acho que o melhor conselho que podemos fazer é não confiar em ninguém.

Suas narinas queimaram quando ela respirou fundo.

—Se há alguém na base, faz parte da minha família aqui.

—Vai ser difícil. Eu não vou mentir.

—Davis não nos deixa fugir com nada.

Cullen olhou em volta.

—Então onde ele está? Tenho certeza de que ele já foi informado de sua prisão e do fato de você ter voado aqui quando não deveria.

—Planejo dizer a ele que houve circunstâncias atenuantes. — Uma carranca se formou quando ela olhou pelas janelas do escritório. —Mas é estranho que ele não tenha chegado. Ninguém veio falar conosco.

—Esse não é um bom sinal.

—Não. Não é — ela disse, levantando-se e caminhando até as janelas.

Ele se levantou e se moveu para ficar ao lado dela. —Talvez devêssemos sair.

—E fazer parecer que estou correndo? De jeito nenhum. — Ela deu uma risada suave. — Sabe, Orrin falava de você com frequência. Ele me disse que, se eu estivesse com problemas, eu deveria recorrer aos filhos dele.

Cullen sentiu-se mal o suficiente para fazer anos desde que ele falou com seu pai. Agora, saber que Orrin havia pedido a outros que procurassem ajuda o fez se sentir pior. Que triste estado os homens Loughman haviam se tornado ao levar seu pai para ser sequestrado para reuni-los novamente.

—Ele disse que eu podia confiar em você — disse Mia.

O olhar dele colidiu com o dela. —Você pode.

—Você salvou minha bunda na Flórida.

—Você estava se saindo muito bem. O simples fato é que preciso da sua ajuda. Você estava lá para a missão. Você levou o time para o russo e voltou. Eu preciso saber tudo o que você viu, ouviu e disse.

—Desde aquela noite, estou olhando por cima do ombro. Eu não gosto desse sentimento. — Ela olhou para o avião. —Prefiro caçar.

—É por isso que estou aqui.

—Como duvido que voarei para qualquer lugar em breve, tenho tempo de sobra para ajudar.

Ele lambeu os lábios, sua mente mais uma vez em Orrin. —Papai falou sobre mim, hein?

—Muito — disse ela com uma curva suave dos lábios. —Ele estava orgulhoso de seus filhos. Orrin costumava contar histórias de cada uma de suas façanhas. Wyatt com Delta Force, Owen com os SEALs e você com Force Recon.

Cullen franziu a testa, imaginando como Orrin sabia de suas missões.

—Eu vi um pouco de cada um dos seus arquivos — disse Mia enquanto se afastava das janelas.

—Como ele conseguiu nossos arquivos?

Ela riu enquanto balançava a cabeça.

—Seu pai tem muitas conexões e uma infinidade de amigos. Ele fez questão de saber o que cada um de vocês estava fazendo a qualquer momento.

Cullen digeriu essa notícia. Ele nunca parou para pensar em seu pai olhando para eles. Surgiram tantas perguntas que ele adoraria fazer a Orrin sobre algumas missões.

Mas isso foi ficaria para mais tarde.

Ele ficou de pé.

—Você conhece bem os locais?

—Há muitos russos com quem podemos conversar. Eles administram as docas.

—Onde eu acho que existem muitos armazéns onde Orrin poderia estar escondido.

Ela torceu o nariz e assentiu. —Você está certo. Levaria dias para revistá-los.

—Semanas. E não temos esse tipo de tempo.

—Nem Orrin.

Cullen se perguntou o que havia unido seu pai e Mia. Os filhos de Orrin fizeram de tudo para tirá-lo de suas vidas, e mesmo assim Mia estava disposta a morrer por Orrin. Callie também. Ela fazia parte da família desde os 13 anos e trabalhava no rancho. Ele entendeu por que Callie amava seu pai, mas Mia era outra questão completamente.

—Você queria a história desde o começo — disse ela enquanto passava por ele. —Eu deixei de fora algumas coisas. Eu conheci Orrin no meu primeiro ano na Força Aérea. Ele se interessou por mim, pedindo que eu seguisse meu coração quando se tratava de voar.

Cullen a observou caminhar até a cafeteira, os olhos dele caindo nos quadris dela enquanto eles balançavam. Ela era inteligente, forte e atrevida. Uma combinação que era um favorito particular dele.

Normalmente, ele poderia controlar sua reação se houvesse uma atração, mas ela era diferente. Ela o colocou fora de ordem de todas as maneiras possíveis.

—Como você começou a trabalhar com ele? — Cullen perguntou.

Ela serviu duas xícaras de café e ofereceu uma.

—Lembra quando eu estava dizendo que eu tenho um problema em receber ordens? Meu tempo na Força Aérea durou pouco, mas fiz bons amigos aqui.

—Pelo visto.

Ela voltou para sua mesa. —Estou disposto a assumir missões que outros não. Eu me provei várias vezes. Uma vez foi quando o piloto que deveria tirar Orrin e sua equipe da Argentina decidiu que era muito perigoso.

—Mas você não achou? — ele adivinhou.

O sorriso dela era largo. —Foi extremamente perigoso, mas vidas estavam em risco.

—Então você resgatou Orrin e a equipe e, no processo, ele ficou em dívida com você.

O sorriso dela desapareceu lentamente quando uma carranca tomou o seu lugar.

—Você conhece seu pai? Ele é um grande homem que suscita lealdade e amor de quem o conhece.

Ele desviou o olhar do olhar penetrante dela. —Não conheço meu pai como você.

—Que pena.

—Sim, é — ele admitiu.

A cabeça dela inclinou para o lado. —Nós o encontraremos.

Eles estavam melhor. Agora que Cullen estava em Delaware, ele não iria parar até encontrar seu pai - e os bastardos que o levaram.

—Está tarde. Eu acho que você precisa chegar em casa.

—Esta é minha casa — ela argumentou.

Ele largou o café. Ele teve um mau pressentimento desde que chegaram à base. Algo estava errado, e ele suspeitava que tivesse a ver com tudo o que envolvia seu pai. E Mia tinha sido arrastada para dentro.

Mas ele não queria contar essa parte ainda.

—Quanto mais cedo começarmos, mais cedo encontraremos Orrin — disse ele.

Ela assentiu com relutância. —Vou levá-lo para Sergei, então.

O ar da noite teve um toque de queda enquanto eles caminhavam do escritório para o hangar. O som distinto de dois F-22 Raptors se preparando para a decolagem pôde ser ouvido. Os pilotos acionaram os motores e, em segundos, as aeronaves furtivas mais temidas do mundo estavam no ar.

Seu olhar foi imediatamente para o avião de Mia. O bombardeiro bimotor de tamanho médio tornou-se obsoleto logo que realizou seu primeiro voo de teste e foi regulamentado para as tarefas de transporte. Intrigado com a escolha do piloto, ele caminhou até o avião.

Ele viu quatro metralhadoras colocadas na fuselagem - o corpo principal da aeronave - em posições de tiro para frente. Observando mais de perto, ele observou que as armas não eram as que originalmente vieram com o avião. Essas novas metralhadoras eram modernas, móveis e extremamente precisas.

Outros quatro estavam na torre dorsal e outros dois na torre ventral. Em suma, o avião estava armado melhor que o original - e com armamento avançado.

Mas não foram as adaptações do avião que o impressionaram. Era Mia Carter.

Ela era uma mulher forte e capaz, abrindo seu próprio caminho em um mundo dominado por homens. E ela estava fazendo um ótimo trabalho. Não é de admirar que seu pai tivesse gostado tanto dela.

A beleza de Mia atraiu as pessoas, mas foi sua inteligência e astúcia que a conquistaram no dia.

—O que? — ela perguntou, olhando em sua direção.

Cullen balançou a cabeça, sorrindo. — Tenho pena de quem se atreve a lutar contra você. Não tenho certeza de tê-la no ar. Eu teria você em presa à terra.

Ela riu, seus olhos negros brilhando. Isso causou uma onda de desejo tão forte, tão rápida que o atravessou que ele errou e quase perdeu o equilíbrio.

—Eu gosto de você, Cullen Loughman. Mas você realmente não me viu voar.

—Eu gostaria de ver. — Também não foi apenas um comentário precipitado. Ele realmente queria ver o que ela poderia fazer.

Ele imaginou que ela era magnífica. Orrin tinha conseguido ver e experimentar várias vezes. Cullen ficou instantaneamente com ciúmes de seu pai por ter tanta sorte.

Isso o levou a um curto prazo. Ele nunca ficou com ciúmes de uma mulher. Nunca. Ele mal conhecia Mia, e ainda assim a emoção era espessa como mel dentro dele.

Sua expressão deve ter mostrado o que ele estava sentindo, porque ela de repente parou e se virou para encará-lo.

—Esqueça o que levou vocês se afastarem. Tudo será esquecido assim que vocês dois se reunirem.

—Sim — ele respondeu, não querendo dizer a ela que ela estava completamente errada em sua avaliação, já que a cabeça dele estava girando.

Ela colocou a mão no braço dele, e algo quente e formigante passou por ele, originando a pele que ela tocou. Seus olhos se arregalaram uma fração quando ela olhou para sua mão. Então seu olhar se voltou para ele.

Cullen teve vontade de deslizar a mão pela parte inferior das costas dela e lentamente atraí-la para ele, para que ele pudesse beijá-la longa e lentamente, saboreando cada respiração que ela respirava.

A mão dela caiu e ela deu um passo para trás.

—Hum. Sim, tudo vai ficar bem. Seu pai te ama.

—Então você disse. Ele também foi pai para você.

Sua língua espreitou para lamber os lábios.

—Não posso negar isso. Eu não tenho o melhor relacionamento com meu pai. Orrin sempre me apoiou.

Houve aquela onda de ciúmes novamente. Cullen realmente precisava encontrar uma maneira de pará-lo. A melhor maneira seria levá-la para a cama dele.

Um pensamento que ele descartou rapidamente desde que desapareceu da vida de uma mulher depois de dormir com ela. Agora que ele estava trabalhando com Mia, isso não funcionaria.

Haveria muitos banhos frios em seu futuro.

Além de odiar o pai por uma nova razão.


CAPÍTULO CINCO


Mia continuou seu jipe com Cullen ao seu lado. Ela ainda estava se recuperando do que aconteceu quando o tocou. Quase parecia elétrico. Mas estava quente e a fez querer se aproximar dele.

De alguma forma, ela conseguiu se manter firme e não ceder. No entanto, estava perto.

O ar da noite tinha um beliscão afiado que esfriava sua pele agora quente. Eles entraram no veículo. Ela percebeu como Cullen absorveu tudo ao seu redor com um olhar. Ele era muito parecido com o pai e nem sabia disso.

Ela ligou o motor e acionou o jipe. Eles saíram da base e dirigiram pelas ruas em direção às docas. Ela não estava exatamente emocionada por eles estarem indo para lá.

O relacionamento dela com Sergei era... difícil na melhor das hipóteses. Ele não era um homem para se mexer de qualquer forma. Sergei era muito velho e valorizava a lealdade acima de tudo.

Mas ele também matou sem hesitar.

—Você não gosta de ir para as docas, não é? — Cullen perguntou.

Ela não sabia ao certo como responder à pergunta dele, pois havia muita história entre ela e Sergei.

—As docas são um lugar perigoso, mas Sergei pode ser capaz de ajudar.

Cullen não disse mais nada, mas ela sentiu o olhar dele várias vezes enquanto manobrava pelas ruas. Ela não o levou diretamente para a entrada da doca, mas para uma ponte com vista para a área.

Ela parou o jipe e desligou o motor para observar as luzes que iluminavam a área. Ele saiu e caminhou até o parapeito da ponte.

Suspirando, ela a seguiu. Quando ela parou ao lado dele, ela apontou para os armazéns.

—Existem alguns que não estão sendo usados, mas todos são patrulhados. As empresas pagam muito dinheiro a Sergei para garantir que seus produtos sejam mantidos em segurança.

—Se eu fosse um russo segurando um americano em cativeiro, recorreria aos meus compatriotas em busca de ajuda — disse Cullen.

—O problema é Sergei.

O olhar avelã de Cullen se voltou para ela. —Exatamente quem é Sergei?

—Sergei Chzov. Como eu disse anteriormente, ele controla as docas - e uma grande parte de Dover. Nada é feito sem a aprovação dele.

—Então, precisamos conversar com ele.

—Ele não vai desistir de outro russo.

Um pequeno cenho franziu a testa de Cullen.

—Como você sabe tanto sobre as docas e Sergei?

—Meu trabalho freelance me colocou em contato com Sergei algumas vezes. — Não era mentira. Também não era toda a verdade, mas por enquanto seria suficiente.

—Perfeito. Isso significa que você pode falar com ele. Todo homem tem seu preço, até um homem como Sergei. Precisamos descobrir o que ele é.

Ela balançou a cabeça. —Ele tem poder e dinheiro. Não há nada que ele queira.

—Duvido muito disso. Não vai doer fazer uma visita a ele e aprender o que podemos.

—Você está me ouvindo? — ela perguntou frustrada. —Não seria do nosso interesse alertar o grupo que levou Orrin para que pudéssemos saber onde eles o estão mantendo.

—É exatamente isso que precisamos fazer.

Ela piscou, surpresa. —Para que eles possam mudar seu pai?

—Então eles sabem que estamos chegando. Eles cometerão um erro dessa maneira.

Ela ainda não estava convencida. O golpe na equipe havia sido feito rapidamente, sem alertar a base. Esse grupo não parecia do tipo que cometia esses erros.

Cullen apoiou um braço no corrimão de ferro. —Até agora, os russos estão em vantagem. Eles suspeitam que temos a arma biológica. Chegou a hora de que eles saibam que não vamos cair sem brigar.

—Podem muito bem matar seu pai. Eles o seguram porque acham que ele informara da localização da arma.

—Ele mandou você enviar para Callie porque sabia que ela manteria em segurança.

Mia desviou o olhar para os muitos armazéns. Não havia maneira de contornar isso. Ele estava determinado a ver Sergei, e ela teria que conversar com o líder russo. A essa altura, Sergei já sabia do fiasco com Camilo.

Sem dúvida, haveria uma sessão

—Eu te disse. — Ela estava pronta para admitir que Sergei estava certo sobre os colombianos, mas aproveitou a oportunidade para encontrar Orrin.

E o dinheiro tinha sido bom também.

Pelo menos ela não precisava se preocupar com os colombianos agora. Com Camilo morto, sua atenção voltaria a encontrar outro líder.

—E se Sergei fizer parte do grupo russo que levou Orrin? — ela perguntou.

—Então saberemos isso em breve — respondeu Cullen. —A informação é a nossa vantagem. A menos que haja um motivo para você não querer falar com Sergei.

Ele estava ficando desconfiado. Ela encarou Cullen e encontrou o olhar dele.

—Ele gosta de mostrar seu poder. Estou apenas salientando que estaremos entrando em um lugar com todos contra nós. Eu gostaria de sair, porque se não o fizermos, quem ajudará seu pai?

—Vamos sair daqui — prometeu Cullen.

—A mesma arrogância que seu pai.

Ele apenas sorriu. —Você chama isso de arrogância. Eu chamo de confiança.

Ela só conseguiu balançar a cabeça quando ele voltou ao jipe. Mia se juntou a ele e ligou o veículo, mas ela não foi embora.

—Nunca conseguiremos revistar esses armazéns sem o consentimento de Sergei.

—Teremos que nos infiltrar.

—Ele dobrará a segurança.

—Então vamos nos ajustar. Vamos procurar nos armazéns com ou sem a ajuda de Sergei.

O que Cullen ia fazer era matá-los. Ela teria que mantê-lo sob controle quando visse Sergei.

Ela atravessou a ponte e virou à esquerda em direção às docas. Havia muita atividade por toda parte, mesmo no meio da noite.

Quando chegaram aos portões, ela abriu a janela e reconheceu dois dos quatro homens que estavam de guarda, embora não se lembrasse dos nomes.

—Não pode ficar longe, hein? — um dos russos perguntou com um forte sotaque e um sorriso.

Ela lhes lançou um sorriso. —Eu preciso falar com Sergei.

—Em que negócio? — outro dos russos perguntou.

Pelo canto do olho, ela viu Cullen olhando os homens andando ao redor de seu jipe.

—Isso é entre Sergei e eu.

—Ele é um homem ocupado.

Ela queria revirar os olhos. Por que sempre tinha que ser a mesma dança toda vez que ela visitava?

—E eu sou uma mulher ocupada — ela respondeu firmemente.

Um dos russos bufou. —Vamos ver isso — ele disse e levou o celular ao ouvido.

Ele se virou para que ela não pudesse ouvir a conversa. Ela não estava nem um pouco à vontade com os homens circulando o jipe. Eles não costumavam fazer isso, o que significava que Sergei estava em alerta máximo.

—Relaxe — Cullen sussurrou. —Vai ficar tudo bem.

—Você não conhece Sergei.

—Eu conheço homens como ele. Eles são todos iguais, não importando a nacionalidade ou o local em que se estabeleceram.

Ela esperava que Cullen soubesse do que ele estava falando. Em todas as suas negociações com Sergei, ela conseguiu se destacar. Quanto tempo mais a sorte dela aguentaria? Sem mencionar que ela estava vindo para ele com um pedido. Algo que ela não gostou e se esforçou para evitar.

—Você tem armas? — Cullen perguntou.

—Há uma arma embaixo de cada assento, uma no porta-luvas e outra no console central. Há uma faca dobrada ao lado de cada porta.

Cullen se abaixou entre o assento e a porta e encontrou a faca que ele facilmente deslizou em sua bota antes de puxar a perna da calça para baixo.

—Eles vão nos procurar.

—É por isso que não estou conseguindo uma arma — disse ele com uma piscadela.

Muito parecido com o pai. Ela tamborilou com os dedos no volante e olhou para o homem falando ao telefone. Ele não pareceu satisfeito quando desligou e virou-se para ela.

Ele a lançou um olhar e apontou para um dos outros para abrir o portão. Mia deu um grande sorriso e acenou com os dedos antes de sair.

—Ele não gostou de você — Cullen apontou.

Ela encolheu os ombros indiferentemente.

—Eu talvez o tenha feito parecer o idiota da última vez que tive relações com Sergei.

—Quando foi?

—Uma semana atrás.

Muito cedo, ela parou no prédio que abrigava os escritórios da doca. A porta se abriu e dois homens de jaqueta de couro preta saíram.

Ela desligou o jipe e soltou um suspiro.

—Vamos acabar logo com isso.

—Você não tem fé que eu vou tirar a gente disso?

—Eu tenho muita fé. — Que um dia, Sergei pode ser responsável por sua morte. Por outro lado, foi ela quem continuou aceitando suas ofertas de emprego.

Cullen piscou para ela e desdobrou sua estrutura alta do veículo. Ela foi mais lenta a seguir. Ela sabia que não devia trazer uma arma para ver Sergei. Seus homens sempre os encontravam, e eles nunca eram devolvidos.

Ela abriu a porta e saiu. Cullen estava na frente do seu jipe, olhando para os dois homens. Ela caminhou até os três.

—Olá meninos. Acredito que Sergei esteja nos esperando.

—Em um momento — disse o da esquerda.

Ela nunca gostou de esperar, mas era pior quando era Sergei. Ele pode ter alguém lá, ou pode estar se preparando para um confronto de algum tipo. Nunca se soube com um homem como ele.

Cada um dos homens checou Mia e Cullen por armas, pegando a faca de Cullen antes de voltar para seus lugares contra a porta.

Cullen se recostou no jipe dela e cruzou os braços sobre o peito enquanto bocejava. Ela estava tão feliz que isso não pareceu afetá-lo. Então, novamente, como poderia? Ele não tinha ideia do tipo de homem que Sergei era - ou por que ela estava com um pouco de medo do russo.

Por trinta minutos, eles esperaram na umidade antes que ela visse mais homens saindo do lado do escritório. Eles usavam ternos escuros. Um segurava uma maleta. Eles olharam para ela antes de entrar em três Audis pretos.

Ainda havia dois russos vigiando-os. O da esquerda abriu a porta do prédio.

—Agora você pode entrar.

Ela lançou outro olhar para os homens que estavam saindo. Eles eram grandes e tinham uma aparência do Leste Europeu sobre eles. Eles poderiam ser os homens que pegaram Orrin e mataram seu time.

Foi apenas mais um motivo para ela não querer conversar com Sergei. Por outro lado, ele sabia tudo o que havia para saber sobre os russos na área. Sergei poderia transmitir informações - mas haveria um preço.

Ela não achava que Cullen iria gostar do custo. Ela sabia que nunca. E nas poucas vezes em que veio a Sergei, ela não teve escolha. Era exatamente como o russo gostava.

Ela preferia muito quando ele a procurava. Porém, isso já fazia um tempo. Agora, ela estaria em dívida com ele. Algo que precisava ser remediado. E assim por diante.

Mia entrou no prédio, passando os dedos pelos cabelos. A única coisa que ela aprendeu sobre Sergei foi que ele gostava de mulheres.

Ela o intrigou porque era uma mulher no mundo deles. Ela não tomou nenhuma besteira, sabia como escapar das situações e não escondia o fato de que ela era uma mulher. Foi assim que ela o conquistou pela primeira vez.

Era assim que ela o conquistava.

Um dos russos liderou o caminho, enquanto o outro permaneceu alguns passos atrás. Ela viu as armas escondidas sob as jaquetas de couro.

Eles se aproximaram de outro conjunto de portas guardadas por dois homens fortemente armados, que os observavam com cautela. Quando eles se aproximaram, os dois guardas a encararam até que ela atravessou as portas duplas e ficou de pé dentro do luxuoso escritório de Sergei Chzov.

—Mia! — Sergei disse com um grande sorriso e braços abertos.

O russo estava no final dos anos sessenta, com uma faixa grossa de cabelos brancos como a neve em cima de sua cabeça. Ele era alto, com ombros largos, mãos carnudas que ela viu sufocar a vida das pessoas e olhos azuis vívidos.

—Sergei — ela respondeu, sorrindo. Era difícil não gostar dele, mesmo que ele fosse um assassino implacável. Toda vez que a via, sorria, dando-lhe as boas-vindas como se ela fizesse parte da família dele.

E de certa forma, ela era.

O que isso disse sobre ela? Que ela era tão cruel? Que ela não teve problemas em trabalhar com bandidos? Ou que ela era forte o suficiente para manter seu juízo sobre ela com esses homens?

—Sente-se, sente-se — ele insistiu, apontando para o sofá de couro cor de vinho quando ele se levantou de trás de sua mesa e caminhou em direção a eles.

Ela parou no sofá, mas não se sentou. O olhar de Sergei mudou para Cullen. Os passos do russo diminuíram a velocidade e imediatamente os homens - todos os sete - palmaram as armas.

—Quem é seu convidado, Mia? — Sergei perguntou.

Ela soltou um suspiro. —Este é Cullen Michaels.

—Loughman — Cullen a corrigiu.

Ela ficou boquiaberta, confusa sobre o motivo pelo qual ele daria seu nome verdadeiro. Tanta coisa por ela tentar manter o conhecimento de quem Cullen era dos homens que tomaram Orrin.

Sergei cruzou os braços sobre o peito. —Qual é? Michaels ou Loughman?

—Loughman — respondeu Cullen. —Talvez você já tenha ouvido esse nome antes.

—Possivelmente. Que preocupação é sua?

Ela agarrou o braço de Cullen e o puxou para o sofá. Assim que eles se sentaram, os homens de Sergei baixaram as armas, embora não os guardassem.

—Sergei, precisamos da sua ajuda — disse Mia.

Seus olhos azuis deslizaram para ela. —Um favor?

—Um favor — disse ela, passando pelo nó na garganta. —Eu devo a você.

—Algo que você jurou que nunca mais aconteceria — ele respondeu com um sorriso. Então ele largou os braços e afundou em uma cadeira. —Deve ser grave para você quebrar essa promessa. Conte-me. Estou curioso para saber o que poderia chateá-la.


CAPÍTULO SEIS


Estar em uma sala cheia de assassinos não era a primeira vez de Cullen. Ele também não esperava que fosse o último. Era apenas mais uma parte do trabalho dele.

Foi como Mia ficou quieta que o alertou de que estava tudo menos confortável. O que foi estranho, considerando a maneira como Sergei a cumprimentou. Ou talvez fosse esse o motivo.

Quanto mais Cullen estava perto de Mia, mais ele tinha certeza de que ela intencionalmente escondia algo dele. Ele ainda não havia reunido o que era, mas definitivamente tinha algo a ver com Sergei Chzov.

E depois houve a reação do russo à menção de um favor. Mia não deu uma olhada. Ela estava sendo muito cuidadosa em conter suas emoções. Um aviso em si.

Ele se recostou no sofá e descansou um braço ao longo das almofadas superiores. Embora ele tenha lido muito sobre a máfia russa, ele nunca viu isso em primeira mão antes.

Os homens que os receberam no portão eram Shestyorkas, ou os membros mais baixos do clã. Os homens que os levaram para dentro do prédio eram Byki - guarda-costas.

Os sete dentro do escritório de Sergei eram Boyevik - guerreiros que compunham a principal força de ataque do clã.

Sergei era o Pakhan - chefe - mas foi o homem por trás de Sergei que chamou a atenção de Cullen. Ele assistiu tudo, ouvindo atentamente. Ele era um assassino, e Cullen apostaria seu rifle favorito de que o homem era o brigadeiro - capitão e mais confiável.

Mia olhou para Cullen, mas permaneceu quieta enquanto um dos homens de Sergei carregava uma bandeja de copos e uma garrafa de vodka fechada.

Russos e sua vodka. Cullen ficou tão bêbado com vodka uma vez que ele realmente pensou que tinha morrido. Quando ele não tinha, ele desejava ter. Mas não havia como ele recusar a vodka do Pakhan, não quando eles precisavam da ajuda dele.

Sergei abriu a garrafa e pegou três copos. Ele entregou uma a Mia, que a aceitou com relutância. Cullen se inclinou para frente e pegou o que Sergei lhe ofereceu.

—A favor — disse Sergei, levantando o copo.

—A favor — Cullen e Mia responderam em uníssono.

Então os três jogaram de volta o líquido transparente. Cullen assentiu com o sabor suave da vodka enquanto pousava o copo.

Sergei levantou uma sobrancelha branca e sorriu. —Você aprova?

—Eu sei — respondeu Cullen. —É muito bom.

—É a marca da minha família — disse o russo com orgulho. —O melhor da Rússia. — Ele serviu outra rodada. — Agora, Mia. Diga-me esse favor.

Ela terminou sua segunda tentativa e colocou o copo na mesa de café.

—Estamos procurando por alguém.

—Meu pai — Cullen acrescentou rapidamente.

Sergei não bebeu seu segundo tiro. Ele olhou para Cullen por um longo tempo.

—Seu pai?

—O nome dele é Orrin Loughman, e suspeitamos que ele possa estar em um dos armazéns aqui nas docas.

Por longos minutos, Sergei manteve o olhar. —Minhas docas?

—Se você souber alguma coisa, isso poderia realmente nos ajudar — disse Mia.

Os olhos azuis de Sergei se voltaram para ela. —Você acredita que os russos o pegaram?

Cullen permaneceu em silêncio enquanto a observava prender seus longos cabelos negros atrás da orelha.

—Sim, sabemos que os russos levaram Orrin — respondeu ela.

Os olhos afiados de Sergei ficaram frios. —E você acha que vou me virar contra a minha?

—Eu esperava que você ajudasse um velho amigo.

Pelo canto do olho de Cullen, ele viu um dos homens de Sergei se mover atrás de Mia. Ele desejou ter uma arma. Sem dúvida, Sergei tinha um a uma curta distância.

Talvez estivesse na hora de Cullen conversar novamente e, esperançosamente, difundir a situação.

—Eu não tenho sido um bom filho. Eu vivi minha vida sem qualquer consideração pelo meu pai.

—Agora que ele está desaparecido, você se lembra de ser um bom filho? — Sergei perguntou, com dúvida em seu olhar.

Ele levantou um ombro. —É uma dose de realidade. Minha mãe foi assassinada quando eu tinha sete anos. Culpei meu pai porque não entendi. Quero a chance de falar com ele novamente.

—Minha mãe também foi assassinada — disse Sergei em uma voz suave. Seus olhos ficaram distantes por um momento.

Cullen trocou um olhar com Mia. Ele não tinha certeza se tinha feito progressos com Sergei ou piorado as coisas trazendo algo tão doloroso.

—Você sabe quem matou sua mãe? — Sergei perguntou.

Ele balançou sua cabeça. —Todas as pistas que eu investiguei levaram a um beco sem saída.

—Encontrei o assassino da minha mãe. Era uma família rival tentando ganhar o controle das terras que protegemos. — Sergei jogou de volta sua dose de vodka e colocou suavemente o copo vazio na mesa de café.

— O final foi necessário. Você não entendeu.

—Eu duvido que alguma vez farei— admitiu Cullen.

Sergei fez sinal para que seus homens fossem embora. Todos eles partiram, exceto pelo homem quieto e imóvel que estava no canto atrás de Sergei.

—Por que seu pai foi levado? — Sergei perguntou.

Cullen esperava omitir o motivo, mas ele deveria saber que seria a primeira pergunta do velho russo.

—Meu pai foi enviado para encontrar algo na Rússia.

Sergei se endireitou, seus olhos astutos se estreitando um pouco.

—Enviado pelo seu governo?

—Sim.

—Ele encontrou o que estava procurando?

Cullen assentiu.

Sergei soltou um suspiro. —O que ele levou?

Foi Mia quem respondeu. —Uma arma biológica.

—Entendo — respondeu Sergei e passou a mão pela boca e pelo queixo. —Como você sabe que foram os russos que o levaram?

—Voei com Orrin e a equipe — disse Mia. —Eu suspeitava que eram russos no momento em que soube qual era a missão. É simplesmente pela graça de Deus que eu não estava no hangar quando a equipe de Orrin foi morta.

Cullen desviou o olhar de Mia para olhar para Sergei. —Eu sei que eram russos porque eles vieram atrás de mim e dos meus irmãos em nosso rancho.

Sergei se inclinou para frente, seu olhar intenso e focado em Mia.

—Explique como você viveu.

Mia olhou para ele antes de responder a Sergei. —Eu tive um problema com o avião. Deixei Orrin e seus homens no meu hangar e peguei o avião para ser verificado. Se nada estivesse errado, eu estaria no hangar com eles.

—E? — Sergei perguntou quando ela parou.

—Voltei para encontrar Orrin tinha desaparecido e a equipe executada.

Sergei se virou na cadeira e olhou para o homem atrás dele.

—Você sabe o que é Etom?

O homem apenas respondeu com um único aceno de cabeça.

Cullen se inclinou e perguntou a Mia: —O que Sergei perguntou?

—Se o homem sabia alguma coisa sobre o que eu falei.

Agora eles esperariam para ver se Sergei iria transmitir alguma informação. Cullen achou que sim, mas dependia de quem eram os homens que haviam levado Orrin.

Sergei voltou lentamente para encará-los. Ele olhou para Mia antes de voltar seus olhos azuis para Cullen.

Cullen esperou Sergei dizer alguma coisa. Quando ele não o fez, Cullen perguntou: —Você vai ajudar?

—Receio que isso não seja possível — afirmou Sergei.

A expressão chocada de Mia combinava com a dele. —Sergei, por favor.

—Não adianta rebater aqueles lindos olhos para mim, Dochenka Moya1. Eu não posso ajudar.

—Não pode? Ou não quer? — ela perguntou com raiva.

Sergei virou a cabeça para Cullen.

—Os homens que você procura são da Rússia. Eles são perigosos. E mortal. Se eles ainda não mataram seu pai, é apenas uma questão de tempo.

—Eles querem a arma biológica — disse Cullen. —Se eles matarem meu pai, nunca mais verão isso.

A cabeça de Mia empurrou em sua direção, mas ele a ignorou. Ele não entregaria voluntariamente a arma, nem permitiria que Orrin morresse por algo que nunca deveria ter sido desenvolvido.

—Se esses homens descobrirem que você está aqui, eles o buscarão — advertiu Sergei.

—É com isso que estou contando.

—Você colocaria a vida de Mia em perigo?

Cullen não tinha tais intenções. Ele abriu a boca para responder, mas Mia o venceu.

—Eles mataram amigos e sequestraram outro—, disse Mia, indignada. —Eu não vou sentar enquanto os 'homens' fazem todo o trabalho. Sou mais do que capaz de me cuidar.

Sergei sacudiu lentamente a cabeça de cabelos brancos. — Agora não, Dochenka Moya. Você já foi poupado. Não tente o destino uma segunda vez.

—Orrin é meu amigo — disse ela.

Sergei estendeu a mão e deu um tapinha na mão dela.

—Então ele tem sorte. Eu já te disse que você me lembra minha Nastya? Você tem a beleza, a coragem e a teimosia dela. Isso a matou. Temo que você esteja no mesmo caminho.

—Eu tenho que encontrar Orrin.

Cullen viu como Mia era fisicamente afetada pela ideia de ser excluída de encontrar Orrin. Não havia como ele poder detê-la. A única coisa que ele podia fazer era ficar de olho nela.

—Mia não será negada — disse Cullen a Sergei. —Mas eu vou protegê-la com a minha vida.

Sergei assentiu, um sorriso triste no lugar.

—Eu acredito em você, Cullen Loughman. Mas isso é muito maior do que apenas encontrar seu pai e os homens que o levaram.

—O que? — Havia algo nas palavras de Sergei que fez a espinha de Cullen formigar ameaçadoramente.

—Eu avisei Mia para não trabalhar com os colombianos.

Ela deu de ombros. —Tudo deu certo. Sim, a carga foi confiscada e eu fui presa. E minha licença de piloto foi suspensa. Mas Camilo está morto.

—Camilo não era o chefe do cartel, como ele a levou a acreditar. Eu te avisei sobre ele.

Cullen franziu a testa quando a preocupação se instalou em seu estômago como uma pedra. —O que você sabe?

—Camilo já comandou o cartel, mas outro grupo mais poderoso está unindo todas as facções criminosas da América do Sul e do México. É para quem Camilo responde. — Sergei fez uma pausa. —Eles virão atrás de você, Mia.

—De quem é esse grupo que você fala? — Mia exigiu.

Mas Cullen já sabia. Eles foram os que tomaram Orrin.

—Eles são chamados de Santos — respondeu Sergei.

Cullen sentiu um aperto no estômago com medo.

—Os mesmos que atacaram Natalie e atacaram o rancho.

—E as mesmas pessoas que levaram seu pai.

A mão de Mia parou na perna de Cullen. Ele virou a cabeça para ela, seus olhares travando. Os Santos iriam atrás dela agora por causa de Camilo.

Quanto tempo eles descobriram que ela era a piloto da missão de Orrin?

Ou pior, e se eles soubessem o tempo todo? E se Camilo contratá-la tivesse sido uma armadilha?

Então as palavras de Sergei penetraram em seu cérebro. Cullen olhou para o russo.

—Se os Santos estão unindo todas as organizações criminosas, isso significa que você faz parte disso?

Quando Sergei não respondeu imediatamente, Mia ficou boquiaberta. —Não.

—Eles vieram com uma oferta — admitiu Sergei. —Eu recusei.

Cullen olhou para o homem no canto. —Quanto tempo até eles voltarem?

—Logo, eu suspeito. — Sergei deu de ombros. —Eu vencerei ou não.

Mia estava balançando a cabeça. —Isso não está certo. Nada disso.

—É o caminho — disse Sergei e se serviu de outra dose de vodka.

—Dinheiro e poder governam o mundo, Dochenka Moya. Suspeito que os Santos tenham trabalhado nos bastidores por mais anos do que se poderia imaginar. Eles estão fazendo a sua jogada agora.

— Então nos ajude - insistiu Mia.

Sergei deu um sorriso triste antes que ele se levantasse e se voltasse para sua mesa. —Lev, leve-os para fora.

Cullen levantou-se e esperou que Mia fizesse o mesmo. Ela olhou para Sergei por um longo tempo antes de se levantar e sair do escritório com raiva.

—Ela é uma mão cheia — disse Sergei de trás da mesa. —Mas vale a pena.

Cullen não sabia ao certo por que o russo disse uma coisa dessas. Ele acenou com a cabeça para o velho e viu Lev esperando. Cullen seguiu Mia com Lev nos calcanhares.

—Por aqui — disse Lev com seu forte sotaque, tomando uma rota diferente da que eles costumavam entrar.

Todo mundo que viu Lev se afastou, ficando o mais longe possível dele. Cullen já tinha visto esse tipo de respeito e medo antes. Sempre foi conquistado.

O que significava que todos provavelmente estavam mais aterrorizados com Lev do que Sergei. Sergei pode tomar as decisões, mas foi Lev quem executou essas ordens.

Eles viraram à esquerda, depois à direita e à esquerda novamente antes de chegarem a uma porta. Mas Lev não abriu. Ele os encarou, seu cabelo preto curto penteado para longe do rosto e seus olhos azuis tão intensos quanto os de Sergei.

—Sergei ajudaria se pudesse— disse Lev, com a mão na porta, impedindo-os de sair.

Mia levantou o rosto para ele. —De quem são esses homens que ele tem medo?

Uma das sobrancelhas negras de Lev se levantou quando ele olhou para Mia.

—Você não entende. Sergei não tem medo de nada. Ele está tentando te salvar.

—Eu? — Mia repetiu, surpresa em sua voz e em seu rosto.

Cullen colocou a mão nas costas dela.

—Ele disse que você o lembrava a filha dele.

Ela fechou os olhos brevemente. —Se são os Santos que têm Orrin, não temos escolha. Temos que encontrá-los.

—Eu sei. — Cullen levantou o olhar para encontrar Lev olhando para ele.

—Eles saberão que você esteve aqui — alertou Lev.

Ele entendeu o que o brigadeiro estava tentando lhes dizer. Ele deu um aceno de agradecimento.

—Estaremos atentos.

—Não volte. Sergei não verá você novamente, Mia, até que isso esteja resolvido.

Ela deu um passo em direção a Lev. —Se Orrin morrer porque você não ajudaria, voltarei para me vingar de você e de Sergei.

A resposta de Lev foi abrir a porta de metal pesado. Cullen deu a Mia um pequeno empurrão para fora. Quando ele passou por Lev, seus olhos se chocaram.

Havia algo sobre Lev. Cullen não conseguiu identificar, mas o brigadeiro parecia querer ajudar. As pessoas que tomaram Orrin devem ser poderosas para impedir Sergei e seus homens.

O que deixou Cullen ainda mais curioso. Eles não receberam nenhuma ajuda de Sergei, mas obtiveram algumas informações. Era uma pena que eles não pudessem contar com o velho russo. Ele poderia ter sido um bom trunfo.

—Precisamos pegar armas — disse Cullen enquanto alcançava Mia.

—Não é um problema — disse ela enquanto subia em seu jipe.


CAPÍTULO SETE


Mia ficou mais abalada com a conversa com Sergei do que deixou transparecer. Em todas as suas relações com ele, ele nunca agiu tão ... paternalmente antes.

O que houve com os homens que tiveram Orrin que causou essa reação? Sergei instilou terror em todos os que lidavam com ele. Ele não deu um quarto, apesar de ser conhecido por ser honesto e justo.

Apenas nunca tente traí-lo.

Sergei provocou-a, empurrou-a, a agravou e até a irritou. Mas ele nunca havia lhe dado conselhos assim antes. Isso lhe deu motivos para se preocupar. Especialmente quando ele nem pensaria em lutar contra os Santos.

E se perguntou se voltaria novamente.

Houve uma finalidade em suas palavras que a deixaram triste. O que era ridículo, já que ela odiava lidar com ele.

Ela não?

Seus pensamentos se voltaram para o desastre na Flórida com Camilo. Ela deveria saber que não iria acabar com ele. Ela deveria saber no momento em que mais homens saíam das árvores, disparando armas, que eles não parariam até que a tivessem.

Mas saber que os colombianos faziam parte dos Santos era como ser mergulhado em água gelada.

Os russos a assustaram porque ela sabia que era apenas uma questão de tempo antes de procurá-la. Agora, eram os russos e os colombianos.

—Há quanto tempo Sergei está nos Estados Unidos? — Cullen perguntou.

—Ele controla as docas por quase quarenta anos.

Cullen emitiu um som no fundo da garganta.

—Isso significa que ele está longe da Rússia há tanto tempo.

—Significado? — ela perguntou.

—Os homens que pegaram meu pai e mataram seu time são da Rússia. Eu conhecia aqueles que estavam atrás de Owen e Natalie chegaram no Texas há algumas semanas, mas achei que eram apenas músculos.

—Se alguém da Rússia estiver administrando as coisas, isso poderia explicar a reação de Sergei.

—Eu acredito que é a Rússia controlando os Santos.

A maneira como Cullen disse isso, com tanta certeza, fez Mia lhe lançar um olhar. —Você sabe quem está no comando.

—Apenas um pressentimento.

—Eu gostaria que soubéssemos com certeza. Um nome e um rosto fariam as coisas parecerem menos assustadoras.

Cullen manteve o olhar morto à frente, como se ele estivesse dirigindo, não ela.

—A coleta de informações leva tempo, especialmente quando fazemos isso sozinhos.

—Porque não podemos confiar em ninguém. — Ela fez a direita no caminho para seu apartamento.

—Isso dificulta as coisas.

Ela chegou ao semáforo. —Pode ser qualquer um executando coisas.

—Eu suspeito que já é alguém com poder.

—Isso faria sentido.

—Qualquer russo nos Estados Unidos fica sob suspeita, então.

Ela entrou no estacionamento e estacionou. Ela desligou a ignição.

—Poderíamos começar a investigá-los, mas sem autorização, será mais do que complicado.

—Você está certo.

Ela saiu do jipe e caminhou até o prédio. Cullen estava em seus calcanhares enquanto ela digitava o código que a permitia entrar.

—Com que frequência sua carga é despachada? — ele perguntou enquanto passavam pelo elevador e subiam as escadas para o terceiro andar.

Era uma pergunta curiosa e uma mudança de assunto, mas ela não mencionou.

—Nunca sei quando será verificado. Às vezes, está em todas as viagens. Às vezes, demora muito para que eles me parem.

—Mas a Força Aérea sabe onde quer que você vá?

Ela assentiu, parando na porta do apartamento e destrancando-a.

—Em toda parte.

—Então a base sabia que você estava indo para a Rússia.

—O general Davis sabia. Ele não vai aprovar que eu voe se eu não avisar.

Ela entrou em seu lugar e começou a puxar armas de seus vários - e muitos - esconderijos em todo o apartamento de dois quartos.

—Você tinha que contar a Davis, apesar de ser uma missão de Black Ops? — Cullen perguntou surpreso.

Ela estava deitada de costas no chão e puxou um rifle e dois clipes de munição que estavam presos embaixo do sofá. —Isso é afirmativo.

—Davis tem negócios com Sergei?

Ela puxou mais dois clipes e uma faca que estava presa por baixo da mesa de café antes de se ajoelhar e pegar um dos travesseiros do sofá. Ela abriu o zíper e tirou uma arma.

—Tudo que é necessário para os militares são trazidas diretamente para a base, não pelas docas e Sergei. Mas sim, Davis conhece Sergei. Você não pode morar em Dover e não sabe quem é Sergei.

Mia foi para o quarto e juntou mais armas. Então ela voltou para a cozinha, colocando tudo sobre a mesa antes de se virar para os armários.

Tirou uma arma de uma panela, outra do forno e mais uma da despensa. Ela voltou para a mesa e olhou para Cullen.

—Isso vai dar?

—Acho que estou apaixonado — ele respondeu com uma piscadela.

Ela balançou a cabeça e pegou uma Glock, verificando o clipe, mesmo sabendo que estava cheio.

—Por que você acha que há uma conexão entre o general Davis e Sergei?

—Sabemos que alguém traiu o pai. Nosso primeiro pensamento foi que era Hewett em DC. Depois que você me disse que Davis conhece todos os voos que você faz, ele também se tornou suspeito. Não estamos apenas procurando pelos Santos, Mia. Temos que ficar à frente deles, porque eles virão para nós dois.

—Você porque você é filho de Orrin — disse ela.

Ele assentiu. —E você porque você voou com papai e perdeu a carga de Camilo.

—Bem, merda.

Um sorriso levantou os cantos dos seus lábios. —Exatamente.

Ela deixou Cullen escolher as armas que ele queria.

—O general poderia saber para onde eu estava levando Orrin e a equipe, mas ele não sabia para quê.

—Não demoraria muito para descobrir. Papai era Black Ops. Acho que isso não era segredo para Davis?

Orrin é amigo dele. A maioria das pessoas pensam que Orrin se aposentou. Poucos sabem que ele montou seu próprio time.

Os lábios de Cullen torceram. Outra marca contra Davis.

—Ele sabia que você estava indo para a Rússia e sabia que meu pai era Black Ops. Seriam necessários apenas alguns telefonemas para descobrir qual era a missão.

—Orrin foi cuidadoso com quem ele confiava.

—Nesse ramo, a traição acaba encontrando você - não importa o quão cuidadoso você seja.

Isso não a fez se sentir melhor. Ela sentiu como se um temporizador tivesse sido colocado acima dela, contando até quando os Santos a encontrariam. Ela perdeu um tempo considerável depois de seu encontro com Camilo.

Quanto tempo ela tinha antes que alguém a traísse? Isso fez seu estômago revirar.

—Pode ser qualquer um — disse ela.

—Sim.

Ela juntou as armas restantes e as colocou em sua pessoa. —E agora?

—Comida. Eu estou com fome. Desde que vi sua despensa, é melhor sairmos.

Ela lançou um olhar para ele.

—Então, eu não gosto de cozinhar. Não é grande coisa.

—É claro que não — ele disse com um sorriso de conhecimento.

—Suponho que você pode cozinhar?

—Eu sou muito bom nisso, se eu disser.

Havia algo em que ele não era bom? Ela estava começando a pensar que não.

Agora totalmente armados, eles deixaram o apartamento dela e retornaram ao jipe. Como já passava da meia-noite, havia poucos lugares abertos.

Ela o levou a um de seus lugares favoritos. A lanchonete existe desde os anos cinquenta, mas com algumas das melhores comidas e cafés.

Eles rapidamente se estabeleceram em uma cabine, ambos em alerta máximo. Ela tentou tomar o banco onde ela podia ver a porta, mas Cullen bateu nela. Em vez disso, ela deslizou para o lado oposto do estande e sorriu quando a garçonete, uma mulher de sessenta anos, com cabelos loiros e olhos cinzentos e castanhos, se aproximou.

—Olá, querida — disse ela à Mia. —Você está atrasada hoje. Ou devo dizer cedo?

Mia não pôde deixar de sorrir. —Ei, Molly. Eu terei o meu de costume.

Os olhos de Molly se voltaram para Cullen.

— Olá, lindo. Já era hora de Mia entrar aqui com alguém da idade dela.

—Molly — ela avisou.

Os olhos da garçonete se arregalaram.

—O que? Não posso cuidar de você, querida?

—Vou comer uma omelete de três ovos com tomate, pimentão e presunto. Adicione um lado de purê, crocante extra. Ah, e sua maior caneca de café - disse Cullen.

—Entendi — disse Molly e foi embora com um sorriso.

Mia moveu o agitador para alinhar com o ketchup, sal e pimenta. Ela podia sentir o olhar de Cullen nela. Ele olhou como se pudesse ver em sua mente, e ela estava começando a pensar que ele poderia ser capaz.

—O que há em você que faz as pessoas quererem protegê-la? — ele perguntou.

Ela encolheu os ombros. —Eu não sei. Minha personalidade encantadora, eu acho.

Ele levantou uma sobrancelha em questão.

—Você faz um trabalho perigoso. Você voluntariamente coloca sua vida em risco. Por quê?

—Por que você faz isso?

—Faço isso porque é o que os homens da minha família fazem. Tem sido assim desde a Revolução Americana, e eu suspeito que continuará muito tempo depois que eu virar pó.

—Por ser mulher, não posso ter a mesma ambição?

Ele deu um aceno de agradecimento quando Molly entregou dois cafés antes de se afastar novamente. Cullen derramou açúcar e mexeu o líquido. Quando ele olhou para Mia, ele disse:

—Seu sexo não tem nada a ver com isso. Você saiu do exército. Você ainda trabalha para a Força Aérea, assim como homens como meu pai e Sergei. Mas por que? Por que fazer isso sem a proteção do governo?

—Eu gosto de fazer as coisas do meu jeito. Se eu visse alguém com problemas, não teria um comandante me dizendo que não poderia salvá-los simplesmente por causa de alguma ordem.

Cullen tomou um gole de café antes de se recostar, colocando o braço na parte de trás do estande.

—Você é como a maioria dos pilotos, então. Você vive em perigo.

—Você não pode entrar em um avião ou helicóptero e não amar o perigo. Cada vez que subimos no ar, enfrentamos uma infinidade de coisas que podem dar errado e nos fazem cair no chão. É incrível ter uma máquina tão grande para controlar? Para fazer o que os criadores disseram que não poderia fazer? Sim. Não há alegria maior do que pegar meu avião nas nuvens e ver o quão pequeno o mundo realmente é.

Seu olhar castanho simplesmente a observava.

Ela não terminou, no entanto.

—Todo mundo faz comentários sobre pilotos e nossa arrogância. No entanto, todos os militares - especialmente os ramos das Forças Especiais - são iguais. Você é tão arrogante quando pega sua arma e sai em uma missão. Você aprecia e compreende o mesmo perigo quando enfrenta o inimigo.

—Sim eu quero.

—Então por que me pergunta? — ela exigiu.

—Porque eu quero saber o que faz você se mexer, Mia Carter. Você me fascina.


CAPÍTULO OITO

Sklad


Orrin puxou as correntes que seguravam os pulsos. Seu pulso esquerdo quebrado doía de dor, mas ele o desconsiderou.

A única maneira de saber a que horas era do dia era de uma das máquinas às quais estava ligado e que piscava o tempo. Fazia quase vinte e quatro horas desde que Yuri o provocou com a notícia de que alguém havia morrido no rancho. Toda vez que ele se perguntava se era um de seus filhos ou Callie, ele queria berrar sua fúria.

Sua amada Melanie havia morrido por causa dele. Agora, alguém que ele amava havia sido levado. E porquê? Por causa de alguma droga de arma biológica que o governo dos EUA tinha que ter porque não era inteligente o suficiente para desenvolvê-la primeiro?

Eles usaram a desculpa de impedir os russos de usá-lo. Mas Orrin sabia a verdade. Seu governo queria isso em seu arsenal.

Quantas injeções ele recebeu ao longo dos anos para combater várias - e numerosas - armas que poderiam ser liberadas pelo ar ou pela água?

Ele lutou para manter seu país seguro, mas a verdade era que ninguém estava seguro. Sempre. Primeiro, eram armas nucleares. Agora, eram armas biológicas. O que seria o próximo?

Ele fechou os olhos e soltou um suspiro. O dever que ele sentia de servir seu país lhe custara tudo. Sua esposa, seus filhos e sua felicidade.

Não importa o quê, ele continuou com o conhecimento de que estava mantendo o mundo seguro para seus filhos e suas esposas. Pareceu-lhe difícil que tudo tivesse sido em vão.

Tudo o que ele fez foi por nada. Ele foi traído por alguém em quem confiava. Disso, ele tinha certeza. Apenas um punhado de pessoas sabia de sua missão na Rússia para roubar a arma biológica.

Um desses indivíduos foi responsável pelos assassinatos de sua equipe, pela morte de seu irmão e cunhada, pela destruição de sua casa e, agora, pela morte de um de seus filhos ou Callie.

Orrin não era tão jovem como costumava ser. A idade o desacelerou mais do que ele gostava. Os golpes doíam mais, e seu corpo demorou muito para se curar.

Nada disso o impediria de se libertar de seu velho amigo, Yuri, matando-o e depois rastrear os responsáveis por revestir sua família com mais sangue.

Ele não descansava até que todos os responsáveis pagassem.

A porta do quarto de Orrin rangeu. Seus olhos se abriram e seu olhar caiu sobre os familiares cabelos ruivos e rosto bonito. A médica estava sendo chantageada por Yuri. Ela tinha que tratar Orrin se não queria que seu filho morresse.

Ele queria perguntar o nome dela, mas fazê-lo alertaria Yuri e seus homens de que ele estava preocupado com ela. Se foi a última coisa que ele fez, Orrin faria tudo ao seu alcance para devolvê-la ao filho.

—Como você está se sentindo hoje? — ela perguntou quando veio conferir os monitores.

Ele não respondeu. Quanto menos comunicação eles tivessem, melhor. Ela já se arriscava muito por ter dado a ele algo para ajudá-lo a se curar mais rápido.

Não havia nada que ela pudesse fazer sobre o pulso ou as costelas quebradas, embora ela tivesse colocado o ombro deslocado de volta no lugar. Seria um inferno de fuga, ferido como ele estava, mas quando se tratava de família, ele atravessava os fogos do próprio inferno.

Ela verificou o IV dele, a cabeça inclinada para que uma mecha de seus cabelos grossos roçasse seu braço. O olhar de Orrin foi atraído para os cabelos dela. Era um vermelho tão vibrante que ele ansiava por tocá-lo, deixando os fios sedosos percorrerem seus dedos.

—Ele está em uma reunião — ela sussurrou.

Ela quis dizer Yuri. Orrin não conseguia desviar o olhar quando a cabeça dela se levantou e seus olhos cinzentos encontraram os dele. Ela era uma mulher deslumbrante. Apesar do medo, ele viu coragem em seu olhar.

—Eu não valho a pena — disse ele. —Faça o mínimo que você deve e proteja seu filho.

Em resposta, ela pegou outra seringa do bolso e a enfiou na IV dele antes de empurrá-la lentamente na solução salina. Quando terminou, enfiou a seringa no bolso do jaleco branco e pegou a pasta dele.

Ela então deu as costas para ele, mas ficou ao lado de sua cama. —Eu não vou permitir que você fique aqui e se machuque. Você é americano.

—Esses homens vão matar seu filho e você em um piscar de olhos. Não o teste — avisou.

Mas ele sabia que suas palavras estavam caindo em ouvidos surdos. Ele queria a ajuda dela no começo, estava pronto para dizer ou fazer qualquer coisa para obtê-la.

A morte de um de seus filhos trouxe tudo para um foco claro. Muitas pessoas já haviam morrido por causa dele. Ele não valia nada disso.

Havia muito sangue em suas mãos. Ele não aguentava mais.

—Ele mentiu — disse ela.

Orrin fechou os olhos novamente. Ele não queria mais ouvir. Ele precisava se concentrar em tomar o nome de todos aqueles que mataria quando saísse.

Uma mão quente e gentil tocou brevemente a dele.

—Foram seus homens que foram mortos. Não é sua família. Eu os ouvi conversando.

As palavras foram ditas em um sussurro rápido. Os olhos de Orrin se abriram. Seu coração bateu com renovada esperança. Todos ainda poderiam estar vivos?

Ele sabia o quão bom eram seus filhos, e Callie poderia combiná-los a qualquer dia. Foi um choque os russos terem conseguido surpreendê-los.

Agora Orrin sabia a verdade. Ele queria sorrir, mas manteve isso escondido - como todas as suas emoções. Yuri o queria quebrado. Orrin poderia dar isso a ele.

Seria tão bom matar Yuri. Ele sufocaria a vida dele? Ou ele afundaria uma lâmina em seu coração através das costelas? Talvez uma bala no cérebro.

Todos pareciam justificadamente perfeitos. Porque não havia como Orrin permitir que Yuri se libertasse. O governo dos EUA prontamente o acolheria e ofereceria proteção a Yuri. Então Orrin nunca se vingaria.

Não, Yuri morreria. Lentamente. Dolorosamente. Mas a vida seria extinta de seu corpo.

Todos os homens e mulheres que trabalharam com Yuri, que atacaram sua família e destruíram seu rancho, morreriam. Não importava quanto tempo levasse, Orrin veria isso acontecer.

—Obrigado — ele sussurrou para a médica.

Ele odiava que não houvesse janelas para ele vislumbrar o céu. Então, novamente, era para desorientá-lo.

A porta se abriu de repente novamente. Seu olhar pousou na forma alta de um soldado com cabelos loiros e olhos castanhos duros. O rifle que ele carregava estava apontado para o chão, mas ele o segurou como se quisesse ligá-lo a Orrin.

Orrin o observou, imaginando o que estava fazendo. O soldado ordenou que alguém viesse em russo. Ele se moveu mais para dentro da sala, seguido por mais dois homens.

—Doutora — o loiro disse com um forte sotaque russo enquanto ele lhe entregava uma seringa.

Seu rosto estava sombrio quando ela olhou para a agulha. —O que é isso?

—Algo para fazer o paciente dormir.

Orrin guardou os rostos dos homens na memória. A médica não teve escolha a não ser fazer o que pediu. Ela se virou para ele com a seringa na mão, seu olhar cheio de remorso.

Ele não olhou para ela. Em vez disso, Orrin manteve contato visual com o alto russo. Quase instantaneamente, a partir do momento em que o líquido atingiu o IV, Orrin sentiu o remédio puxá-lo para baixo.

O sono pesava suas pálpebras e, mesmo sabendo que não havia sentido em combatê-lo, ele o fez. Em segundos, a escuridão o levou.

—Ele dormiu — disse Kate e deu um passo atrás. Ela não estava nada confortável em estar com tantos russos armados.

O soldado loiro no comando assentiu com os homens. Uma escada foi trazida junto com o equipamento. Ela tentou ver o que eles estavam fazendo, mas a mão grande do loiro envolveu seu braço.

—Hora de sair — disse ele.

Ela foi levada sem cerimônia para fora da sala. Kate andou devagar quando os russos começaram a falar. Ela não entendeu a língua deles, o que não ajudou em nada a ela ou a Orrin.

Desde que descobriu que ele era americano, Kate fez o que pôde para descobrir quem ele era. Levou muito mais tempo do que ela queria admitir antes de descobrir o nome dele.

Com a maneira como Yuri e seus homens monitoraram seus aparelhos eletrônicos, não houve tempo para procurar Orrin ou encontrar alguém para entrar em contato para que eles soubessem que ele estava vivo.

Suas férias nas Bermudas a impediram de ir trabalhar. Felizmente, isso estava chegando ao fim em breve. Não que o retorno ao hospital resolvesse alguma coisa. De fato, provavelmente colocaria mais pessoas em perigo.

Depois havia o filho dela. Ele não tinha ideia do que estava acontecendo, e ela queria que continuasse assim. Enquanto ele ficava com o ex-marido, aproveitando o tempo que passava, ela lutava por toda a vida deles - dele, dela e de Orrin.

A princípio, tudo o que ela pensou foi em seu filho. Mas isso mudou rapidamente depois de falar com Orrin pela primeira vez e ouvir sua conversa com Yuri.

Yuri era uma das pessoas mais más que já havia encontrado e não conseguia se afastar dele rápido o suficiente. Embora ela não tivesse ideia de por que Yuri estava segurando Orrin e o torturando, o fato de ele estar fazendo isso em solo americano foi suficiente para alimentar sua raiva.

Havia algumas coisas que ela ouvira enquanto estava no armazém. Sklad, ela os ouvira chamar. Deve ser a palavra russa para armazém.

Orrin estava no exército dos EUA. Ela não sabia qual ramo, e isso não importava. Ele era um cidadão americano sendo mantido contra sua vontade por um estrangeiro.

Na maioria das vezes, Kate manteve para si mesma, exceto quando ela precisava verificar Orrin. Ela teve acesso livre à sala cheia de vários medicamentos.

Foi assim que ela descobriu o cálcio, o magnésio, a vitamina D3 e o ômega-3 para aumentar a cicatrização óssea de Orrin. Ela não tinha certeza de quanto tempo mais ela seria capaz de dar a ele secretamente. O soldado loiro que Yuri havia encarregado a observava como um falcão.

Ela começou a suspeitar que a loiro sabia que estava dando a Orrin algo extra. Ele não a viu, mas isso não significava que ele não estava acompanhando as doses.

Kate diminuiu os passos no caminho de volta para o quarto quando outros três soldados passaram por ela no corredor. Ela viu uma pequena câmera em uma das mãos e seu coração pulou uma batida.

Mais preocupante foi o fato de haver mais homens agora que não estavam de uniforme. Ela não tinha certeza se eram russos ou americanos, e isso realmente não importava. Quem estava envolvido era um inimigo.

Por que Yuri estava instalando uma câmera no quarto de Orrin? Era por isso que eles queriam que Orrin fosse nocauteado, para que ele não soubesse. E ela também não.

Kate era horrível em esconder coisas, especialmente suas emoções. Ela era a pior mãe do mundo na Páscoa e tentava esconder os ovos. E isso era cem vezes mais perigoso.

Seria melhor se ela parasse de dar a Orrin a dose de vitaminas por um tempo. E de alguma forma, ela teria que informá-lo sobre a câmera. Embora ela não soubesse se teria áudio ou não. Isso era outra coisa a ser levada em consideração.

Isso estava lhe dando dor de cabeça. Como no mundo ela iria continuar seu ardil? O rosto do filho brilhou em sua mente. Seu largo sorriso com o aparelho. Seus longos cabelos caíam em seus olhos o tempo todo. Sua forma alta e magra e a voz que se agitavam de vez em quando enquanto seu corpo mudava.

Ele era o mundo dela. Ele era a única coisa pela qual ela tinha que viver. Seu instinto materno disse-lhe para protegê-lo a todo custo. Mas ela também sentiu a necessidade de proteger Orrin.

Kate parou e viu os soldados passarem por ela. Foi então que ela percebeu que o loiro a estava seguindo, seus olhos escuros observando cada movimento.

As luzes amarelas e fluorescentes lá em cima eram duras, lançando sombras em seu rosto. Ela rapidamente se afastou, chutando um pedaço de tinta que caíra no chão enquanto fazia isso.

Ela entrou no quarto e foi imediatamente para a cama. Ela se sentou, as mãos segurando o colchão em uma tentativa de manter o medo trancado por dentro.

O loiro parou na porta. Por longos minutos, ele a olhou silenciosamente. Ela queria gritar com ele para dizer alguma coisa ou ir embora, mas sua garganta travou em torno do pedaço de terror.

—Lembre-se do seu filho— disse ele.

Kate desviou o olhar para ele. —Sempre.

—Bom. Seria estúpido fazer algo tolo e colocá-lo em risco.

Com isso, o loiro fechou a porta e se afastou.

Ela enterrou o rosto nas mãos e chorou.


CAPÍTULO NOVE


Quanto mais Cullen estava com Mia, mais certo ele tinha de duas coisas.

1. Ela estava fazendo tudo o que podia para impedi-lo de descobrir o que escondia. O fuzileiro naval nele suspeitava que pudesse ter algo a ver com seu pai, e isso o impedia de confiar totalmente nela.

2. Mia era uma das mulheres mais fascinantes, atraentes e agravantes que ele conhecia. E ele a queria com todas as fibras de seu ser.

Ele nunca esteve em tal situação antes, e isso o deixou mais do que um pouco fora de controle. Para querer alguém tão desesperadamente quanto ele queria Mia, mas se perguntar se ela estava de alguma forma envolvida no sequestro de seu pai ...

No entanto, ele não podia acreditar que ela estava envolvida nas mortes da equipe. Sua reação foi visceral demais para ser qualquer coisa, menos a verdade.

—Então, eu te fascino? — ela perguntou.

Cullen sorriu e tomou um gole de café, os dois antebraços descansando na mesa do estande. Ele não sabia ao certo por que disse isso a ela, mas não queria voltar atrás.

—Isso é tão chocante?

—Eu sou como qualquer outra pessoa, então sim.

—Você está longe de ser como qualquer outra pessoa. — Era sua imaginação, ou tinha sido um olhar satisfeito que brilhava em seus olhos negros?

Ela tomou um gole de café.

—Você diz que se juntou às forças armadas porque é o que sua família faz, mas você é bom nisso.

—Bom — não significava que ele gostasse. Na verdade, ele odiava estar no exército. Era um segredo que ele guardara para si todos esses anos e que continuaria guardando.

—Nada a dizer? — ela perguntou. —Eu li sobre algumas de suas missões. Você sempre faz o trabalho.

—Eu sou bom em matar — ele disse com um encolher de ombros. —Não é exatamente algo de que me orgulho.

Seu sorriso desapareceu então. Ela deu uma mordida, mastigou e engoliu antes de dizer:

— Você tem um presente. Um que você não quer.

—Eu não disse isso. — Ele já falou demais. Havia algo nela que tornava mais fácil para ele falar - não algo que ele fazia muito com mulheres. Conversas não significativas de qualquer maneira.

Ela largou o garfo.

—Você fez. Não em palavras, mas na maneira como você endureceu e seus olhos ficaram distantes e duros.

—Você mata o suficiente, seja por prazer ou por causa de uma ordem, e eventualmente esvazia sua alma. — E ele estava acabando na parte da alma.

Ele resistiu nos últimos anos, mas estava chegando ao fim. Assim que encontrou Orrin, ele estava deixando as forças armadas. Tudo o que ele queria era voltar ao rancho, criar gado e andar a cavalo o dia todo.

É tudo o que ele sempre quis.

A mão dela repousou sobre a dele. O mesmo choque passou por ele, e ele moveu o polegar para que ele segurasse a mão dela tanto quanto ela.

Grandes olhos negros o observavam.

—Você é um homem bom, que salvou inúmeras pessoas. Sim, envolveu matar, mas isso não diminui quem você é. Orgulhe-se do que realizou.

Ele nunca pensou nisso dessa maneira. Quando ele olhou nos olhos dela, ele se viu como ela. E de alguma forma, isso o absolveu de alguns de seus pecados.

Ela afastou a xícara de café meio bêbada. —Você terminou sua refeição, e agora?

—Gostaria de conversar com o general Davis.

Ela olhou para o relógio. — Passa das duas da manhã.

—Podemos voltar para a base para que eu possa olhar mais ao redor antes de ver Davis.

Sem dúvida, ela saiu do estande e procurou Molly. Ele sentia falta do toque dela e de tocá-la. Ele jogou o dinheiro pela conta na mesa, junto com uma grande gorjeta, e colocou a mão nas costas de Mia enquanto elas saíam da lanchonete.

Eles voltaram ao jipe e pararam na estrada em direção à base. Desde que ele perguntou sobre uma conexão entre o general Davis e Sergei, ele queria conversar com o general. Faltava uma peça. Ele estava certo disso. Tudo o que ele precisava fazer era olhar embaixo de mais algumas pedras e conversar com mais pessoas, e ele poderia descobrir.

Mia disse que não havia razão para Davis ter relações com Sergei, mas Cullen não tinha tanta certeza. O fato de Davis saber da tarefa de Orrin era outra coisa que o incomodava.

Principalmente porque era outra pessoa que poderia trair o pai. Havia muitas variáveis, muitas coisas no ar, muitas pessoas que poderiam ter ligado o pai dele. Tudo o deixou com um gosto ruim na boca.

Depois havia os Santos. Quanto tempo ele e Mia tinham na base antes do grupo aparecer? Quanto antes descobrissem tudo o que pudessem e seguissem em frente, melhor.

Ele olhou para Mia, que parecia tão perdida em seus pensamentos quanto ele. Quem ela realmente era? Callie não sabia dizer coisas boas o suficiente sobre ela.

Seu primeiro instinto foi fazer com que Callie investigasse o passado de Mia. Callie pode ficar na defensiva e argumentar contra isso, principalmente porque tudo o que ele tinha era seu instinto e não fatos concretos.

Como Callie e Mia haviam trabalhado juntos várias vezes, Callie não entenderia. Por outro lado, o amor que ela tinha por Orrin poderia mudar isso.

Ele não tinha certeza de quem queria encontrar mais Orrin, ele ou Callie. Olhando para trás, Cullen deveria ter visto a importância que Callie havia se tornado para seu pai.

Ele e seus irmãos deixaram o rancho e o Texas assim que puderam. Tudo o que Orrin tinha era Callie. Não era de admirar que ele a adorasse e a amasse como uma filha.

Mia os conduziu pelo posto de controle de segurança até a base sem problemas. Não foi até que ela estacionou do lado de fora do hangar e desligou a ignição que virou para ele.

Ele levantou uma sobrancelha. —O que foi?

—Qual é o seu plano? Até agora, você acabou de me dizer para onde queria ir. Eu sou parte de encontrar Orrin, então gostaria que você me desse uma ideia do seu pensamento.

—Eu não tenho um plano. — Não era exatamente uma mentira. Que pequena parte de um plano que ele tinha era rastrear qualquer pista que pudesse levá-lo aos responsáveis pela traição e sequestro de Orrin.

Ela revirou os olhos.

—Isso é muita merda. De maneira alguma Orrin criaria qualquer um de seus filhos para entrar em uma situação e não ter uma estratégia em prática.

—Eu quero falar com o general Davis primeiro.

Ela abriu bruscamente a porta do jipe e saiu, batendo-a atrás dela. Ele sorriu ante a demonstração de indignação dela antes de segui-la para dentro do hangar.

Ele observou quando ela entrou no escritório em direção a sua mesa e começou a olhar os papéis. Ele usou esse tempo para percorrer o hangar sozinho. Contornando as manchas de sangue, ele percorreu a circunferência do edifício.

Nada estava fora do lugar. Ela manteve o hangar limpo e organizado. As ferramentas estavam limpas e cada uma tinha um local específico. Até o piso de concreto estava limpo - além de onde os assassinatos aconteceram.

Ele se virou para o avião. A Valquíria. Seu olhar observou as letras vermelhas. Um homem pode ter adicionado a imagem de uma mulher com pouca roupa, com uma espada e um capacete Viking. Mas Mia não tinha tal adorno.

Ela nomeou o avião, mas ele pensou que o nome era mais sobre Mia. Ela não parecia perceber que uma mulher forte colocando sua vida em risco era rara e surpreendente.

Ele andou pela aeronave mais uma vez, embora desta vez seus pensamentos estivessem no voo para a Rússia e volta. Ela mencionou que Orrin e sua equipe pareciam nervosos após o assalto.

O pai dele sabia que eles foram traídos? Isso era altamente provável. Por que, então, Orrin havia cumprido a missão? A menos que seu pai não tenha descoberto a traição até que a arma biológica foi roubada. Ou possivelmente durante o trabalho.

Isso tornaria as coisas ainda mais difíceis para Cullen. Se ele pudesse falar com o pai. Por outro lado, se Orrin estivesse lá, o governo nunca teria chamado ele e seus irmãos.

Ele se virou para as manchas de sangue. Eles estavam quase na cor preta agora, embora não houvesse como negar o que era. Ajoelhou-se na frente dos seis pontos. Nem uma única marca de arrasto. Ninguém tinha tentado se arrastar para longe, ou mesmo se virar.

Eles foram executados, como Mia disse.

Ele se levantou e se moveu por trás das manchas, de costas para a grande porta do hangar. Estaria aberto naquele dia desde que Mia deveria puxar o avião.

Cullen olhou por cima do ombro. As portas eram enormes. Aberto, qualquer um poderia ter visto. Os russos não se importaram. Era como se eles soubessem que poderiam fugir sem serem vistos.

Ou que não importaria, já que alguém na base sabia que eles estavam lá.

Ele levantou o braço, usando os dedos como uma arma, apontou para onde a equipe de Orrin se ajoelharia com as mãos atrás das costas. Um por um, ele fingiu atirar em todos eles antes de deixar o braço cair ao seu lado.

Nessa situação, nenhum homem tão habilidoso quanto os da equipe de Orrin esperaria por um tiro. Após o primeiro tiro, eles saltaram e tentaram atacar ou correr.

Eles nunca teriam ficado ajoelhados, esperando para morrer.

—Havia um atirador para cada um dos seis membros da equipe — ele supôs em voz alta.

Ele achava que havia uma pequena equipe de russos que de alguma forma havia conseguido a queda de Orrin e seus homens. Agora, ele estava começando a pensar que havia oito a dez homens.

Seria uma façanha fazer com que muitos homens passassem pelo portão e entrassem na base. Não havia como negar que os homens não haviam acabado de entrar. Eles tiveram ajuda.

Alguém os deixou entrar.

Alguém que sabia o que estava procurando.

Alguém que tinha o tipo de poder e força para onde nenhuma pergunta seria feita.

Mais do que nunca, ele queria falar com o general Davis. Velho amigo do pai ou não, ele agora suspeitava que Davis estivesse ajudando os Santos.

Não seria a primeira vez que um general participaria de um assassinato ou sequestro. E Cullen duvidava que fosse o último.

Esse tipo de poder foi para a cabeça das pessoas. Às vezes era pior nas forças armadas por causa das pesadas decisões que esses homens tinham que tomar. Era vida ou morte.

E é tão fácil para aqueles homens conseguir um complexo de Deus.

Ele suspirou, não gostando da sensação que suas descobertas o causaram. Quanto mais ele mergulhava em tudo, mais percebia que estava mergulhado no pescoço.

Cullen olhou para Mia. Ela estava com o queixo apoiado na mão e piscava os olhos rapidamente. A exaustão dela era evidente, mas ele não conseguiu parar. Ainda não. Só este tempo para examinar tudo era crucial para sua investigação e poderia ajudar a salvar a vida de seu pai.

Mais importante, porém, manteria Mia segura.

Voltando para fora do hangar, ele fechou os olhos e ouviu. Mesmo à noite, a base fervilhava de atividade - os aviões de combate aterrissando nos voos noturnos, o zumbido dos veículos circulando, o riso dos homens enquanto trabalhavam.

Os olhos dele se abriram. Onde quer que olhasse, via pessoal. O hangar de Mia era um dos mais distantes, mas não havia como se esconder. Muitas pessoas patrulhavam a área ou tinham o hangar em sua linha de visão enquanto realizavam seus negócios.

Durante o dia, o número mais que dobraria. Tudo isso confirmou o que ele havia descoberto anteriormente. Os Santos tiveram ajuda.

Ele não acreditava que fosse Sergei. O velho russo não conseguiu esconder sua afeição por Mia. Ou o fio de preocupação quando soube que os Santos poderiam vir buscá-la.

Cullen não o removeria completamente da lista. Sergei foi movido mais para baixo. Embora o aviso do russo sobre o que poderia vir ajudou a esclarecê-lo um pouco.

Foi o general Davis quem mais interessou Cullen agora. Ele teria que ter cuidado com o general. Mesmo que não fosse Davis quem mexesse nas cordas, sua indignação por ser chamado de conspirador poderia levá-lo a conversar com sua equipe - um dos quais poderia muito bem ser o culpado.

Este não foi o primeiro encontro de Cullen com tanta confusão. Havia outra missão no Iraque há vários anos. Os erros que ele cometeu não seriam repetidos agora.

Ele girou nos calcanhares e caminhou até o escritório de Mia. Por longos minutos depois que ele entrou, ele olhou para Mia, que estava com a cabeça na mesa, dormindo.

Incapaz de se conter, ele afastou uma mecha de seus longos cabelos negros da bochecha. Ela o tentou além da razão. Talvez fosse porque ele sabia que não podia tê-la que o fazia sofrer tanto por ela, mas quanto mais tempo ele estava com ela, mais ela crescia.

Pelo menos, agora ele tinha certeza de que ela não fazia parte do grupo responsável por sequestrar seu pai e assassinar sua tia e tio.

Aprender que um membro de sua equipe, alguém em quem você confiou em sua vida, o traiu de tal maneira mudou algo vital dentro de você. Isso altera você, transforma você em algo duro e com raiva.

Cullen deveria saber.

Ele largou o braço e foi para o sofá. Abaixando-se, ele esfregou os olhos arranhados com o polegar e o indicador.

Amanhã seria outro dia longo. Ele deveria descansar enquanto podia, porque, a qualquer momento, tudo isso poderia explodir em seu rosto.

Ele abaixou a cabeça e fechou os olhos. Antes que o sono o reivindicasse, ele puxou uma imagem mental do mapa de Dover em sua mente, lembrando-se do que tinha visto quando o examinou no voo do Texas. Havia várias maneiras de ele sair da cidade. Não demoraria muito para chegar a Nova Jersey, Maryland ou Pensilvânia.

Havia uma cabana nas montanhas Blue Ridge, em Maryland, onde ele podia ficar escondido, se necessário. Se isso acontecesse... as coisas não estavam bem para os Loughmans.


CAPÍTULO DEZ


Mia acordou com um choro horrível no pescoço. Ela esfregou o local, fazendo uma careta quando abriu uma gaveta da mesa e encontrou a grande garrafa de Tylenol.

Não foi a primeira vez que ela adormeceu em sua mesa. Na verdade, ela não dormia em seu apartamento desde que Orrin foi levada.

Havia muito medo e preocupação para ela se sentir segura o suficiente para rastejar em sua cama. Ah, mas ela sentia falta do colchão macio e dos travesseiros macios. As noites estavam ficando mais frias, e ela desejava se enrolar e se aconchegar embaixo do cobertor felpudo e dos lençóis de flanela.

Mas isso não aconteceria tão cedo.

Ela abriu a garrafa e jogou duas pílulas na mão. Então ela girou a cadeira para a pequena geladeira que mantinha abastecida com bebidas e o sanduíche ocasional.

Dentro da geladeira havia duas garrafas de água, uma Coca-Cola, metade do sanduíche de dois dias atrás, algumas framboesas e uma fatia de cheesecake.

Mia pegou a caixa de framboesas e uma água e fechou a porta antes de voltar para a mesa. Seu olhar pousou no sofá e no espécime muito acordado e muito masculino que a observava.

—Com fome? — ela perguntou.

Ele sacudiu a cabeça. —Estou bem.

Bom. Mais para ela. Ela não tinha comido nada desde... Mia franziu a testa. Quando foi a última vez que ela comeu? Ela tentou colocar algumas mordidas do ovo frito e torradas na boca na lanchonete, mas estava muito cansada. Agora, ela estava se arrependendo de não comer mais.

Seu estômago roncou com o pensamento da comida rica e gordurosa. Oh, como ela queria afundar os dentes naquele ovo frito agora.

Ela abriu a caixa de frutas e colocou uma na boca. O sabor maravilhoso a rejuvenescia. Ela comeu outro punhado antes de abrir a água e engolir em seco. Então ela tomou as pílulas e voltou a comer o resto das frutas.

Uma olhada no relógio mostrou que passava pouco das seis. Aquelas poucas horas de sono fizeram maravilhas. Para salvar o pescoço e as costas, ela teria que aprender a chegar ao sofá e se esticar.

Uma imagem dela enrolada contra Cullen ali a fez prender a respiração. Se ela não estivesse tão consciente dele e de tudo o que ele fez. Foi enervante.

— A que horas Davis entra? — Cullen perguntou.

Ela deu de ombros, agradecida por ter algo em que pensar além dele.

—Cedo, mas não tão cedo.

Cullen se levantou e foi para a cafeteira. Ele começou a preparar o café sem pronunciar uma palavra. Ela usou esse tempo para estudá-lo mais. O que ele fez enquanto ela dormia?

Ele parecia ter dormido oito horas inteiras. E, embora ela não precisasse encontrar um espelho, tinha certeza de que havia bolsas grandes sob os olhos e que precisava de um banho.

Foi só depois que o café foi preparado e ele tinha uma xícara na mão que se virou para ela. —Você está dormindo aqui.

—Às vezes sim.

—Diria da sacola de roupas atrás de mim que tem sido muito mais do que às vezes.

Ela colocou a última framboesa na boca e mastigou. Isso lhe deu tempo para pensar em uma resposta. A verdade é que ela estava assustada. Mas ela não queria que Cullen soubesse quanto.

—Não sei em quem confiar — confessou.

Essa era a verdade honesta de Deus. Em todo lugar que ela olhava havia um inimigo em potencial. Ela estava fazendo todo o possível para manter a cabeça acima da água, mas estava afundando rapidamente.

Foi a sorte que trouxe Cullen para ela? Ou foi o destino finalmente dizendo a ela que seu tempo acabou?

—Existe um lugar para tomar banho?

Agora que ela não esperava. Ela empurrou a cadeira para trás e se levantou.

—Não é longe. Percebi que você não trouxe uma bolsa. Haverá roupas que você pode usar.

—Bom. Vamos lá. — Ele largou o café e se inclinou para recuperar a bolsa dela.

Ela não se incomodou em tirar isso dele. Se ele quisesse arrastá-lo, ela o deixaria feliz. Ela fechou a porta do escritório atrás deles, a trava automática clicando no lugar.

Então ela liderou o caminho para outro hangar onde a parte de trás tinha chuveiros. Foi quando ela pegou sua bolsa das mãos dele, virando à direita para a das mulheres. Cullen tinha um sorriso no rosto enquanto entrava no chuveiro dos homens.

Ela pegou todas as armas, escondendo-as na bolsa. Em seguida, ela tirou as roupas e as dobrou para colocar no banco ao lado da bolsa. Quando ela pisou sob a água, fechou os olhos e suspirou. Ela permaneceu sob a água quente por mais tempo do que o habitual, enquanto tentava resolver a dor no pescoço.

Passaram mais vinte minutos antes que ela saísse dos chuveiros com o cabelo ainda úmido, mas com roupas limpas. Ela parou quando viu Cullen em uma camiseta cor de areia que fez sua pele beijada pelo sol parecer ainda mais escura. Ele não tinha enfiado a camisa na calça jeans, em vez disso, deixando-a pendurada nos quadris caídos. Seus jeans envolveram suas longas pernas.

Quando o olhar dela voltou ao rosto dele, seus olhos castanhos estavam fixos nela. Ele acenou para um grupo com quem estava conversando e a encontrou enquanto eles caminhavam em direção um ao outro.

—Como está seu pescoço? — ele perguntou.

—O Tylenol entrou em ação e o chuveiro ajudou. Eu vou ficar bem.

—Claro que você vai.

Ele disse sem sorrir, como se acreditasse. Ela não tinha certeza do que pensar dele. Toda vez que ela pensava que o tinha descoberto, ele fazia ou dizia algo para fazê-la repensar tudo.

A conversa na noite passada no restaurante mostrou um lado dele que ela não tinha percebido que ele tinha. Ele realmente não gostou de fazer o trabalho dele. Ela não conseguia entender por que ele não deixou as forças armadas. Ele cumpriu seu tempo.

Demorou muito para perguntar o que ele realmente queria fazer com sua vida. Tudo o que ela queria era voar. Isso a levou a tomar decisões muito questionáveis ao longo do caminho. Isso então a colocou nessa posição.

Depois de um rápido desvio de volta ao hangar para guardar a bolsa, ela o levou em direção à sala de jantar. Quanto mais se aproximavam, mais seu estômago revirava de ansiedade. Principalmente porque ela não tinha exatamente certeza do que Cullen estava pensando. E isso a assustou.

Este era o seu sustento. A situação que ela teve com o general Davis e a Dover AFB foi fluida. Foi um dar e receber. Nos últimos três anos, funcionou. E, francamente, ela não estava pronta para terminar.

Embora ela provavelmente já tivesse feito isso sozinha ao ser presa.

Ela parou antes de chegarem ao prédio e se virou para Cullen.

—Eu preciso saber o que você planeja.

—Eu já te disse — ele respondeu.

—Me diga de novo.

Ele segurou o olhar dela por um longo momento.

—Quantos homens você acha que entraram no seu hangar, mataram o time e levaram Orrin?

Ela piscou, tentando se lembrar da cena que ela havia caminhado.

—Eu não sei. Quatro Talvez cinco.

—Tinha que haver pelo menos oito.

—Oito? Isso não é possível.

Ele cruzou os braços sobre o peito e ampliou a postura.

—Realmente? Todos os seis homens altamente treinados de meu pai estavam de joelhos. Eles lutariam após o primeiro tiro, ou permaneceriam quietos, esperando a vez deles?

—Eles brigaram — ela respondeu imediatamente. Então ocorreu-lhe. —Tinha que haver pelo menos um russo para cada um dos seis membros da equipe.

—Exatamente. Mais dois ou quatro para ficar de guarda e pegar Orrin.

Ela olhou em volta para se certificar de que ninguém estava ouvindo quando ela deu um passo mais perto de Cullen.

—Dois ou três deles poderiam ter escapado e chegado à base. Mas oito ou dez? Alguém os ajudou.

—Foi o que concluí ontem à noite. Alguém com autoridade e poder para não ter uma ordem em questão.

—Davis. — Ela virou a cabeça em direção ao refeitório.

—A verdade é que poderia haver várias pessoas nessa base.

Ela lançou um olhar para ele. —Isso não me faz sentir melhor.

—Bom. Porque essa é a maior pilha de merda, e está crescendo. Você estava certo em acreditar que não podia confiar em ninguém.

Embora ele não tenha dito isso, o único em que ela podia confiar era Cullen. Ele estava procurando por seu pai e disposto a fazer o que fosse necessário para descobrir todas as verdades feias do que havia acontecido.

Era simplesmente uma questão de tempo antes que ele descobrisse a dela.

—A esposa de Davis o faz comer claras de ovo todas as manhãs sem café permitido. Assim que ele chega na base, ele chega ao refeitório e pega um donut e café — ela disse a Cullen.

Ele sorriu, abaixando os braços para os lados. —Há muitas pessoas lá dentro.

—Mais do que eu gostaria de ouvir.

—Talvez chamemos a atenção dele o suficiente para nos responder onde ninguém pode ouvir e descobrir a verdade, ou ele nos trará ao seu escritório.

Ela bufou.

—Você obviamente não conhece Davis se realmente acredita que conseguirá algo dele facilmente. Ele é mais forte que Fort Knox.

—Vamos ver — disse Cullen, enquanto se dirigia para as portas.

Ela o alcançou e entrou primeiro na sala de jantar. Ela examinou as mesas e viu o cabelo grosseiro do general à esquerda em um canto.

Ela não olhou para ver se Cullen estava com ela enquanto caminhava em direção a Davis. A meio caminho da mesa, o general olhou para cima e a viu. Houve uma pequena carranca que se aprofundou quando ele olhou por cima do ombro dela.

Mia não tinha ideia se Davis conhecia Cullen. Quem estava perto de Orrin sabia sobre seus filhos. Embora ela soubesse que havia uma brecha entre Orrin e seus três filhos que tinha a ver com a morte de sua esposa, ela não sabia detalhes.

Davis fez? Era por isso que ele estava carrancudo quando olhou para Cullen? Ela receberia suas respostas em breve porque chegaram à mesa dele.

—Bom dia, general — disse ela, forçando um sorriso que não sentia.

Ele acenou com a cabeça em sua direção. — Carter. Estou morrendo de vontade de ouvir sua explicação sobre o que aconteceu na Flórida.

—Ficarei feliz em lhe contar.

—Vejo que você trouxe um amigo.

—Cullen Loughman, senhor — disse ele enquanto a contornava.

Davis pousou seu donut pela metade e soltou um suspiro. Então ele apontou para as cadeiras.

—Sentem. Vocês dois.

Ela tomou um lado de Davis enquanto Cullen sentou no outro. Cullen manteve seu rosto desprovido de emoção. Era uma característica que ela realmente precisava aprender. Nunca houve motivo para ela querer esconder alguma coisa.

Até agora.

O general afastou o donut e apoiou os cotovelos na mesa.

—Você é o Orrin mais novo.

Cullen assentiu. —Eu sou.

—E você está aqui para encontrá-lo — disse Davis.

—Sim senhor.

Mia assistiu a troca com interesse. Os homens estavam se sentindo fora. Embora ela soubesse o tipo de poder que Davis exercia, ela colocou seu dinheiro em Cullen saindo vencedor.

Davis olhou para ela.

—Tenho certeza que ela contou tudo o que sabemos.

—Ela me disse o que sabe — disse Cullen. —Gostaria de saber sua opinião sobre algumas coisas.

O general recostou-se na cadeira. —Tudo bem.

Ela se apressou a falar antes de Cullen. Ela conhecia Davis desde seus anos na Força Aérea e como empreiteira civil que trabalhava na base. Ele era um mentiroso excepcional, mas ela sabia que ele sabia. Enquanto ele mentia, seu olho direito se estreitou.

—Geral — disse ela. —Estávamos vendo a cena em que os homens de Orrin foram assassinados. Cullen apontou o fato de que esses homens teriam sido mortos juntos, não um de cada vez. O número de homens que chegaram à base teria que ser o dobro do que pensávamos inicialmente.

Os lábios de Davis afinaram quando ele olhou entre os dois.

—Que muitos russos não poderiam ter escapado — continuou ela. —Alguém teve que dar a ordem para permitir que eles entrassem na base.

—E você acredita que fui eu? Você está errado.

Mia riu porque estava quase congelada de terror. O olho direito de Davis se estreitou. Ele estava mentindo.

—Eu disse a Cullen que não podia ser você. Você é um bom homem que nunca trairia um amigo assim.

—Muito bem — disse Davis. Ele se inclinou para frente novamente. —Isso é tudo? Ou havia algo mais que você queria me acusar?

—Isso é tudo — disse ela, mantendo o sorriso enquanto se levantava. Felizmente, Cullen seguiu o exemplo. —Lamentamos interromper seu café da manhã.

Davis agarrou seu pulso enquanto tentava se afastar. Ela se virou para ele. Pelo canto do olho, ela viu que Cullen estava se movendo lentamente em direção ao general.

—Espero no meu escritório uma explicação sobre sua prisão e licença suspensa — disse Davis.

Ela lambeu os lábios. —Sim senhor.

—Vejo você em uma hora.

—Ela estará lá, senhor — disse Cullen.


CAPÍTULO ONZE


—Não diga mais uma palavra — alertou Cullen a Mia enquanto caminhavam do refeitório.

Se não fosse por seu ligeiro enrijecimento, ele nunca saberia que o general mentiu. Porque ele a estava observando e não Davis. A necessidade de chegar o mais longe possível da base empurrou-o com força.

—Loughman.

Seus passos pararam ao som da voz do general Davis. Ele se virou lentamente.

—Senhor?

Davis levantou-se da mesa e caminhou em direção a eles. Mia se virou para o lado para poder assistir, mas se inclinou para a porta como se já estivesse mentalmente do lado de fora.

Havia pelo menos trinta policiais na sala de jantar. Se Davis quisesse detê-los, lutar pela saída seria inútil. Mesmo se eles conseguissem sair, haveria aviadores esperando por eles.

Ele sacudiu levemente a cabeça para Mia para mantê-la quieta. Ela não estava feliz com isso, mas também reconheceu a situação pelo que era.

Davis os alcançou. Ele colocou a mão no ombro de Cullen e soltou um suspiro alto.

—Orrin é um bom amigo. Me mata saber que ele está sendo mantido contra sua vontade. Estou oferecendo meus serviços, se você precisar deles. —

—Eu aprecio isso, senhor.

—Orrin e eu somos amigos há mais de três décadas. Ele faria qualquer coisa para me encontrar se nossos lugares fossem invertidos. Não sou tão livre para fazer o mesmo com minha posição. No entanto, estou mais do que disposto e apto a usar o poder que tenho.

Cullen olhou nos olhos castanhos do general e viu a verdade neles. Davis queria ajudar a encontrar Orrin. Por que então ele mentiu antes?

Davis virou Cullen e colocou um braço em volta dos ombros enquanto eles caminhavam para a porta. O general então abaixou a voz quando disse:

—Vou investigar quem pode ter deixado o grupo entrar. Vocês dois estavam certos. Seria necessário alguém mais alto para fazer isso.

—Obrigado — ele respondeu.

Davis sorriu e soltou a mão. —Orrin teve minhas costas mais vezes do que eu posso contar. Nós vamos encontrar esses bastardos.

Cullen percebeu que estavam dispensados. Ele se virou e saiu com Mia ao seu lado. Eles não disseram uma palavra até estarem no hangar dela.

Só então ela correu para a porta do escritório, digitou o código e correu para dentro. Ele esperou na porta, observando quando ela abriu o laptop e começou a pressionar as teclas.

—O que você está fazendo? — ele perguntou.

—Apagando qualquer correspondência que Callie e eu tínhamos sobre Orrin.

Ele franziu a testa. —Tudo isso?

—Claro que não. O e-mail inicial e tudo o que se segue sobre a missão na Rússia ainda está lá. Qualquer coisa particular sobre Orrin e a equipe após os assassinatos. — Ela terminou e fechou o laptop enquanto se endireitava. —Davis estava mentindo.

—Eu sei. Eu vi sua reação.

Ela engoliu em seco. —Ele notou?

—Difícil de dizer. O fato de ele nos parar pode significar que ele suspeita que acreditamos que ele mentiu. Ou pode ser que ele quisesse parecer melhor, então se ofereceu para ajudar.

—O que nós fazemos?

Cullen encostou o ombro no batente da porta e cruzou os braços sobre o peito.

—Temos algumas opções. Poderíamos permanecer e continuar nossa investigação até que você tenha sua reunião com ele.

—Na base? — ela perguntou de olhos arregalados. —Você quer ficar aqui?

—Vai ser perigoso. Se Davis não autorizou o acesso do grupo à base, alguém o faça. Eles estão trabalhando para os Santos? Difícil dizer neste momento. Se Davis começar a fazer perguntas, quem quer que seja será imediatamente procurado. O que significa que estaremos em risco.

—As outras opções? — ela insistiu.

—Nós partimos e nos escondemos. Nossa investigação levará o dobro do tempo porque estaremos fugindo. Não teremos o mesmo acesso ou poderemos nos mover livremente.

Ela deu a volta na mesa e recostou-se nela, as mãos dos dois lados dos quadris.

—Se partirmos, estaremos mais seguros, mas prejudicados. Não poderemos verificar os armazéns nas docas.

—Isso será problemático de qualquer maneira. Sergei nos disse para não voltarmos.

—Ele sabe que eu vou.

—Ele também sabe o quão perigoso será para você — apontou Cullen.

Ela levantou uma sobrancelha preta. —Isso não me parou antes.

—Este grupo de homens desonestos não é apenas um daqueles que moraram nos Estados Unidos. Callie descobriu que havia alguns que vieram da Rússia. Esta facção mata sem consideração, abate sem hesitação. Você viu em primeira mão. Os Santos têm o poder agora, até que possamos obter vantagem.

—Você está tentando me convencer a não ajudá-lo?

Foi ele? Cullen não tinha certeza. Ele não gostou da ideia de ser colocado nessas situações, mas, novamente, seu pai não pensou duas vezes sobre isso. Isso significava que Mia havia se provado Orrin várias vezes.

Por que ele deveria questioná-la?

—Não, não estou — respondeu ele. —Estou apenas descrevendo o que está por vir.

Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. —Quanto tempo nós temos?

—Enquanto Orrin permanecer vivo durante a tortura, e enquanto meus irmãos e eu ficarmos fora das mãos dos Santos.

—Foi bom que vocês três se separaram, então.

Ele assentiu. Isso foi. No entanto, ele sentia falta de seus irmãos.

—O que foi? — ela perguntou.

—Passei anos sem ver ou falar com meus irmãos. Nem mesmo um texto. Eu pensei que seria estranho, ou até desafiador, trabalhar com eles.

Ela sorriu então. —Mas não foi.

—Estava bem.

—Então vocês três seguiram caminhos separados.

E ele voltou a ficar sozinho. Era como ele preferia as coisas. Foi mais fácil.

—Cada um de vocês tem suas forças — disse Mia. —Vocês três estão usando essas forças para encontrar seu pai. Ainda estão trabalhando juntos, mesmo que você não esteja lado a lado.

Ele segurou seu olhar preto e percebeu que ela estava certa. Isso não o fez sentir falta de seus irmãos, nem de Callie. De fato, ele desejava estar de volta ao rancho sob o céu aberto do Texas.

—Temos que ficar — disse Mia no silêncio.

Ele se afastou da porta e deixou cair os braços. —Temos algum tempo antes que você tenha que ver Davis. Usamos esse tempo para procurar por mais.

—Dentro da base?

—O general.

Ela olhou para ele como se ele tivesse enlouquecido.

—Eu não sou um hacker como Callie. Como vamos descobrir alguma coisa?

—Conversamos com seus assessores.

Um latido de risada seguiu suas palavras. —Eles não conversam.

—Não para mim — disse ele com um sorriso.

Havia confusão em seu rosto. —Você quer me usar?

—Você se olhou no espelho ultimamente? — Ou notou como os homens a observavam onde quer que ela fosse? Ele não mencionou a última parte, mas definitivamente percebeu.

—Vou tentar, mas duvido que possamos aprender alguma coisa.

Ele caminhou até ela e tocou uma mecha de cabelo. Ele imediatamente se arrependeu quando ela ficou subitamente imóvel. Foi quando ele percebeu o quão perto ele estava dela.

Ela cheirava a madressilva e baunilha. Ele achou impossível respirar enquanto seu sangue batia em suas veias - e foi direto para seu pênis.

Ele se perdeu nos olhos dela, caindo neles sem se importar. A mecha fria do cabelo dela deslizou pelos dedos dele como cetim.

A vontade de afundar as mãos em seus brilhantes cachos da meia-noite era esmagadora. Ele não podia soltar o cabelo dela, então o enrolou no dedo e se manteve firme.

Não havia um pingo de maquiagem estragando sua pele impecável. E ele gostou. O que você viu foi o que conseguiu com ela. Não havia como negar sua feminilidade, desde as curvas dos jeans e da camisa até as delicadas feições e cabelos compridos.

Os dedos da outra mão roçaram os dela. Outro choque passou por ele. O ligeiro engate em sua respiração disse que ela também sentiu.

Era de sua natureza seduzir. Ele tinha várias mulheres em sua cama, mas nenhuma estava lá por mais de uma noite. Ele não queria emaranhados, nem cordas de nenhum tipo. O fato de ele ficar com Mia por mais alguns dias o impedia de se inclinar e tomar os lábios dela naquele momento. Porque ele a desejava, desejava por ela.

Ansiava por ela.

Seu corpo exigia que ele se satisfizesse, mas ele se conteve. Eles tinham uma missão. Não era hora de ceder a desejos que apenas causariam mais problemas entre eles. Já havia problemas suficientes para lidar. Seria estúpido e inútil adicionar outro.

Ela ficou de pé, fazendo seus corpos se tocarem. Ele lutou contra a necessidade de reivindicar seus lábios. Mas os olhos dele se voltaram para a boca dela de qualquer maneira.

Seus lábios estavam abertos, seu pulso batendo violentamente na garganta. Ele se perguntou como ela provaria. Doce? Sexy? Selvagem?

Porra. Isso o matou por não saber.

—Você tinha algo a dizer? — ela sussurrou com uma voz profunda e rouca.

Seus joelhos quase cederam. Ela escondeu seu lado megera. E isso o fez ansiar ainda mais por ela.

Ela levantou o rosto para que seus lábios estivessem separados milímetros.

—Você está dizendo que acha que eu deveria usar minhas artimanhas nos homens para obter informações?

Ele tentou responder, mas nada saiu. Ele acabou concordando com a cabeça.

—Tudo bem.

Com o que ela concordou? Ele piscou, procurando em sua mente a conversa. Ele estava muito envolvido em olhá-la e imaginá-la enquanto removia cada peça de roupa que ela usava, pois ele não ouvira nada.

Os olhos dela baixaram quando ela inclinou a cabeça para o lado, expondo a coluna fina do pescoço. Ele respirou fundo, enquanto apertava as mãos para não agarrá-la.

Cullen não conseguia se lembrar da última vez que sentiu essa necessidade. O que houve em Mia que o atraiu? Ele achava cada vez mais difícil ignorar o desejo que continuava a crescer, apesar de suas tentativas de ignorá-lo.

Longos cílios subiram quando suas pálpebras se levantaram. Ela colocou a mão no peito dele, queimando-o através do algodão da camisa dele. Já não podia negar o que sentia.

Nada importava além de prová-la, abraçá-la.

No momento em que seus lábios tocaram os dela, o mundo caiu. Ele começou a beijá-la, lenta e sensualmente - saboreando cada detalhe. Ele queria que as próximas horas fossem passadas segurando-a enquanto continuava a beijá-la.

Então ele percebeu que não era possível. Eles estavam muito envolvidos em fraudes e organizações secretas no momento. No entanto, ele ainda não conseguiu se afastar. Não quando ele queria tanto isso.

Mia foi quem terminou o beijo. Ela limpou a garganta e olhou para ele.

—Vamos fazer isso.

A próxima coisa que ele soube foi que ela estava na porta. Ele teve que sair do nevoeiro do desejo e sacudi-lo rapidamente.

Ela parou na porta e olhou para ele. —E se Davis me encontrar?

—Menta.

Ela assentiu, considerando as palavras dele.

—Certo. Eu posso fazer isso. Onde você estará?

—Vou percorrer o perímetro da base.

—Para ver se havia uma maneira de entrar? Explore todas as opções, assim como Orrin sempre diz.

Ele assentiu, querendo ajustar sua excitação dolorida. Seu pai tinha dito essas palavras? Isso o fez compreender exatamente o que havia perdido com Orrin.

Mas tudo isso ia mudar.


CAPÍTULO DOZE


Mia se afastou de Cullen com o sangue tamborilando nos ouvidos. E um desejo tão intenso que suas pernas ameaçavam ceder. Sua respiração ainda estava voltando ao normal, e era tudo o que ela podia fazer para se afastar dele.

O beijo tinha sido ... incrível. O tipo de beijo que ela lembraria daqui a cinquenta anos. O tipo de beijo que deixou uma pessoa sem fôlego e dolorida.

O tipo de beijo que esmagou a determinação.

Isso é exatamente o que estava acontecendo. Ela sabia que não devia chegar tão perto dele. Não importa o quanto ela o queria, eles eram parceiros nesta missão. Tudo era necessário para permanecer platônico.

Embora isso estivesse agora fora da janela.

Ela apertou os lábios. Eles ainda formigavam com o beijo. Ela aumentou o passo e saiu do hangar, furiosa consigo mesma. Não importava se ela e Cullen trabalhavam juntos pelos próximos dez anos ou dez segundos. Ele era o parceiro dela. Envolver-se com um colega nunca resultou bem.

Mentalmente, ela se sacudiu e depois engoliu em seco e desviou a mente de Cullen. Seu foco precisava estar na sedução de alguém que não ele. E, obviamente, ela precisava trabalhar em suas habilidades, porque não teve nenhum efeito nele.

Esse fato não a incomodou. Ou ela não permitiria. Não poderia incomodá-la.

Não a incomodaria.

Por que ele tinha que mexer com ela assim? Por que ele não era desinteressante ou feio? Por que ele não podia ter algo, qualquer coisa, que a impedisse de desejar seu toque?

Talvez ela estivesse sozinha. Fazia ... bem, um tempo desde que ela se colocou na cena do namoro. Foi mais fácil se concentrar em seu trabalho.

Ela não estava procurando um relacionamento. Longe disso, na verdade. Por que então ela não conseguia parar de pensar nele?

Havia também a pequena maneira do que ela escondia dele. Ela estava agradecida por estar perto de um prédio quando colocou a mão na lateral para ajudar a segurá-la. Não era como se ela pudesse sair e dizer a ele que tinha tido relações com outros russos além de Sergei.

Ou que ela suspeitava ter aceitado empregos dos Santos antes de Camilo. Ela soltou um suspiro frustrado. Era tudo teoria, mas quanto mais ela pensava, mais fazia sentido.

Em que merda bagunça brilhante ela se meteu. Nunca em seus sonhos mais loucos ela pensou que a facção com que lidara e as decisões que tomara voltariam para assombrá-la.

—Oh, papai adoraria dizer 'eu te disse'—, ela murmurou para si mesma.

Não que o pai dela soubesse disso. Ela fez o que tinha que fazer para manter sua vida privada. Ainda assim, ela sabia que ele pagava aos outros para mantê-lo informado de seus movimentos. É isso que o dinheiro pode fazer.

E ele tinha bastante.

Não que ela estivesse acima de usá-lo para conseguir o que queria. Ela conseguiu comprar uma cabana nas montanhas, não foi? Mas essa foi a última vez que ela usou dinheiro da família para qualquer coisa.

Tudo o que ela tinha - seu trabalho, o hangar, seu apartamento, a Valquíria e as armas - tinha conseguido com seu próprio dinheiro.

Era incrível romper com os laços familiares e ser sua própria pessoa. Esse sonho a alienou do pai, no entanto.

Toda a comunicação foi cortada da madrasta até e a menos que ela conversasse com o pai primeiro. Ela perdeu as longas ligações com Cindy. Sua madrasta foi a coisa mais próxima que ela já teve de uma melhor amiga.

O fato de o pai tirar isso havia solidificado sua decisão de se afastar da riqueza e das conexões da família Carter.

Como seria simples chamar o pai e ser protegido por seu poder. Seria a coisa mais fácil de fazer. Ele faria tudo ir embora.

Como ela poderia viver consigo mesma? Orrin não iria fugir e se esconder. Ele procuraria por ela. Ele já fez isso uma vez.

Ela devia isso a Orrin e muito mais.

—Mia?

Ela olhou para o rosto do aviador Schenck. Seus olhos eram brilhantes, curiosos e tinham uma pitada de preocupação enquanto a olhava. Ele tinha um rosto comprido e fino, com sobrancelhas grossas e olhos azuis arregalados. Com sua forma alta e magra, ele poderia ser escolhido em qualquer lugar.

—Schenck — disse ela e se afastou da parede. —Eu não vi você.

—Você está bem?

Ela colocou um sorriso no rosto. —Certo como a chuva.

—Você estava encostada no prédio. E você parecia estar com dor.

Ele não deixaria passar. Ela teve que lhe dar algum tipo de explicação.

—Estou com um pouco de dor de cabeça. Nada que um café e uma aspirina não curem.

—Tem certeza que está bem? — Sua carranca se aprofundou.

Ela sempre gostou de Schenck. Suas raízes alemãs eram fortes, e todos sabiam disso pela comida que ele sempre trazia para compartilhar. Ele estava orgulhoso de sua herança. Jovem e ambicioso, Schenck era honesto e leal.

Isso mudaria. A deixou triste ao pensar que isso estava acontecendo com ele, no entanto. Ele era um bom garoto. Mas os militares mastigavam e cuspiram bons garotos como ele.

—Tenho certeza — ela disse a ele. —Eu esperava que você soubesse o que o general Davis planejou fazer comigo?

Ele lhe lançou um sorriso torto. —O que?

—Vi o general no refeitório mais cedo. Eu tenho uma reunião com ele.

—Eu não vi nada aparecer na minha mesa sobre você. Talvez Bailey ainda não tenha me enviado.

Ela o deixou refletir sobre isso por um momento.

—É estranho que você não saiba sobre qualquer tipo de punição ou algo assim, não é?

—Muito. — Ele passou a mão sobre o queixo. —Isso não acontece. Eu sempre sei para onde você foi enviado.

Bem, isso era algo que ela não sabia antes, e definitivamente um petisco que ajudaria. Desde que ela teve que trabalhar com Schenck e Bailey, ela não queria tornar nada estranho flertando com ele e não fazendo nada a respeito.

Parecia errado. Especialmente com Schenck. Talvez porque ela estava com os olhos arregalados e inocente quando entrou na Força Aérea. Mais ainda porque seu pai a havia protegido de qualquer coisa que pudesse prejudicá-la.

Ela teve que aprender rápido. Algumas vezes, ela não tinha certeza se sobreviveria, mas nunca desistiu. Nunca. Ela não ia começar agora.

—Há quanto tempo você é assessor de Davis? — ela perguntou.

Seu peito inchado. —Dois anos. Vou ser promovido a aviador de primeira classe na próxima semana.

—Parabéns. Essas são ótimas notícias.

Ele abaixou a cabeça, um leve rubor manchando suas bochechas.

—Obrigado. Você sempre foi legal comigo.

—Por que eu não seria? — Ela lançou um sorriso brilhante para ele. —Este mundo é um lugar cruel. É bom ter pessoas como você nele.

Ele olhou para ela como se ela fosse um presente, algo a ser adorado. E isso a deixou desconfortável. Tudo o que ela queria era dar-lhe um incentivo que pudesse ajudá-lo nos próximos anos.

Ela desviou o olhar e começou a cercá-lo. Ela tomou duas medidas quando ele disse o nome dela. Ela voltou-se para ele.

—Você precisava de algo do general Davis? — Schenck perguntou.

—Fiquei curiosa se você sabia alguma coisa sobre a noite daqueles assassinatos no meu hangar.

Ele deu um passo em sua direção, linhas de preocupação entre a boca. —Fiquei muito grato por saber que você não estava lá durante essa bagunça.

—Obrigado. Eu também estava. — Ela tentou não pensar nos corpos e no sangue que havia encontrado.

—Se você está curiosa sobre o que o general estava fazendo, ele estava em um jantar com o governador.

Isso deu a ele um álibi para aquela noite, mas isso não significava que ele não havia enviado a ordem para permitir que o grupo russo entrasse na base.

—Entendo — ela murmurou.

Os olhos azuis de Schenck se arregalaram.

—Você acha que o general Davis teve algo a ver com isso?

—Claro que não. Só estou tentando descobrir como os homens entraram e saíram da base sem serem vistos ou interrogados.

Sua cabeça de cabelos loiros arenosos assentiu.

—Para que isso aconteça, a ordem teria que vir de muito alto.

—De fato.

Ele secretamente olhou em volta, depois se inclinou e sussurrou.

—Venha comigo.

Mia o seguiu até o prédio até o escritório de Davis. A porta do general estava rachada, mostrando que ele não estava lá.

Schenck sentou em sua mesa e começou a procurar em seu computador. Ela olhou em volta para as placas que cobriam as paredes, declarando algum prêmio ou conquista que o general havia recebido durante seus anos nas forças armadas.

—Mia — Schenck sussurrou.

Ela se virou e correu para o lado dele. Ali, na tela do computador, não havia outro senão a ordem assinada pelo próprio Davis para permitir que uma equipe de dez militares russos chegasse à base para treinamento especializado em extração.

Então foi assim que eles tiraram Orrin da base sem serem parados.

A ordem era vaga. Mas afirmou claramente dez homens do exército russo. Cullen suspeitava que pudesse ser um grupo de dez. Esta era a peça que eles estavam procurando.

—Posso obter uma cópia disso? — ela perguntou.

Schenck apertou uma tecla. O papel saiu da impressora alguns segundos depois. Ela pegou e dobrou várias vezes, enfiando no sutiã.

—Como ele pôde fazer isso?

Ela viu o olhar de desolação e perplexidade no rosto de Schenck.

—Não sabemos que Davis estava envolvido nisso. Talvez seja tão inocente quanto parece.

Pelo bem de todos, ela rezou para que sim. Não apenas para Schenck, mas também para si mesma. Orrin contou a Davis como um amigo íntimo e pessoal.

Se o general soubesse do plano de matar a equipe e levar Orrin, sua traição foi tão profunda que afetaria muitas pessoas.

Doeu seu coração ver Schenck tão impressionado com o que descobriram. Infelizmente, essa seria a primeira de muitas vezes que o mundo provaria o quão cruel poderia ser.

O som de vozes se aproximando a impediu de dizer mais. Ela se virou quando o general Davis, seguido pelo general Yuri Markovic, entrou no escritório.

—Carter — disse Davis quando a viu. —Não é hora do nosso encontro.

Ela tentou não olhar para Yuri, mantendo sua atenção diretamente em Davis.

—Claro senhor.

— Volte na hora marcada — declarou Davis, dispensando-a enquanto continuava em seu escritório.

Yuri se aproximou tanto que ela sentiu o cheiro do loção pós-barba. Quase a fez amordaçar. Ele pode ter sido quem levou Orrin. No entanto, ela não podia confrontá-lo. Agora não. Não quando ela não tinha Cullen.

Cullen. Merda. Se ela contasse a ele sobre Yuri, teria que contar o resto.

—Obrigado, Schenck — disse ela por cima do ombro e saiu correndo do escritório.

Ela tinha que encontrar Cullen. Primeiro, ela precisava descobrir o que fazer. Eles poderiam seguir Yuri de volta a qualquer buraco que ele rastejasse, o que poderia levá-los diretamente a Orrin.

Se Cullen permitiria que ela viesse uma vez que ele descobrisse que ela não tinha trabalhado com Yuri antes, mas ela o ajudou. Tinha sido um trabalho paralelo, algo para ganhar dinheiro suficiente para reservar para o futuro.

Nunca em seus sonhos mais loucos ela jamais imaginou que tais escolhas começariam a destruir o mundo que ela criou para si mesma.


CAPÍTULO TREZE


Cullen não tinha ido muito longe andando no perímetro da base quando um jipe parou, e dois policiais militares saíram.

—Procurando por algo — a ruiva curta perguntou.

—Várias noites atrás, um grupo entrou nessa base, assassinou um time de Black Ops e sequestrou meu pai. Estou tentando descobrir como eles entraram — afirmou Cullen.

O segundo policial deu um passo mais perto. Ele era mais alto com feições linha dura.

—Muitos de nós conhecíamos o almirante. Sinto muito pelo seu pai.

Fazia muito tempo desde que Cullen ouviu alguém chamar seu pai de Almirante. A posição de Orrin enquanto ele ainda era um SEAL havia sido vice-almirante. O apelido estava preso.

—Eu sou Wallace.

Cullen apertou a mão de Wallace e anotou sua posição.

—Obrigado, tenente. Eu sou Cullen Loughman.

Wallace apontou o dedo para o parceiro.

—Esse é O'Mara, mas todos o chamamos de Red.

Red se aproximou.

—A primeira coisa que Wallace e eu fizemos foi verificar o perímetro.

—Vocês estavam em patrulha? — Cullen perguntou.

Wallace balançou a cabeça.

—Eles nos chamaram para o serviço quando os corpos foram descobertos. Deveríamos inspecionar apenas um lado, mas Red achou que devíamos dirigir por toda a base.

—Não encontramos um único lugar onde eles pudessem entrar — disse Red.

Não foram boas notícias. Ele esperava que Davis não tivesse nada a ver com o sequestro de Orrin, mas parecia cada vez mais que ele estava envolvido.

—Isso nos faz parecer que não estamos fazendo nosso trabalho — continuou Red. —Eu não tinha uma marca contra mim até isso.

Cullen passou a mão por cima do cabelo.

—Como você disse, você não estava de serviço até depois dos assassinatos.

—Não importa. — Wallace compartilhou um olhar com Red. —Isso vai contra todos os policiais da base.

—Havia oito a dez homens. Alguém deveria ter visto eles. Se eles não entraram, alguém os deixou entrar.

O rosto de Red estava cheio de raiva quando ele disse:

—Eu sabia que o filho da puta mentiu.

—Quem? — Cullen pressionou.

Wallace levantou a mão para impedir Cullen de falar mais. Ele se virou para o parceiro.

—Ele disse que não viu nada.

— Como essa equipe entrou lá, Wallace? Eles não voaram. Eles seriam vistos saltando de paraquedas. Além disso, foram embora com o almirante.

O queixo de Wallace caiu no peito.

—O que significa que eles dirigiram. Ele mentiu. Porra! E nós acreditamos nele.

—Todos nós fizemos — disse Red, com as mãos em punhos ao lado do corpo.

Cullen rapidamente perdeu a paciência ouvindo as duas conversas.

—Quem?

—Segundo tenente Ernie Mendoza — respondeu Wallace.

—Eu gostaria de falar com ele. — Porque Cullen sabia que Mendoza seria capaz de responder à maioria das perguntas que ele tinha.

Red virou-se e apontou para o veículo. —Ele não está de serviço. Entre.

Em pouco tempo, eles estavam no quartel. Cullen seguiu os dois homens até o prédio até o quarto de Mendoza. Wallace bateu na porta, mas não houve resposta.

Red então bateu nele. —Mendoza! Abra a maldita porta.

A essa altura, o barulho chamou a atenção de outras pessoas. Cullen olhou para todos os rostos, catalogou expressões e tomou notas mentais de quem falava com quem. E quem foi embora.

—Ele não vai sair — disse Red, irritado.

Wallace deu de ombros. —Então nós o fazemos sair.

—Isso é sobre o quê? — alguém perguntou.

Os dois deputados ignoraram os outros e prepararam-se para chutar a porta. Pouco antes deles, houve uma comoção quando alguém empurrou a multidão.

Um major, seguido pelo homem que Cullen viu partir, perseguiu Wallace e Red.

—O que está acontecendo?

Foi Wallace quem se adiantou. —Precisamos questionar Mendoza sobre a noite em que o almirante foi levado e sua equipe foi executada.

—Por quê? — o major perguntou, sobrancelhas tricotando.

—Porque alguém deixou os homens responsáveis entrarem — disse Cullen.

A atenção do major voltou-se para ele. —E você é?

—Ele é filho do almirante — disse Red.

Com isso, os ombros do major caíram. —Eu poderia te salvar uma visita. Estamos fazendo nossa própria investigação.

—Fico feliz em ouvir isso — disse Cullen. —No entanto, nosso governo retirou eu e meus dois irmãos de missões ao redor do mundo especificamente para encontrar nosso pai. Continue sua investigação, mas eu vou fazer a minha.

—Preciso conversar com o general Davis — começou o major.

Cullen o parou dizendo:

—Eu já vi Davis esta manhã. Ele sabe que estou aqui e o que estou fazendo.

Sem nenhum outro recurso, o major pegou um conjunto de chaves e foi para a porta de Mendoza. Ele a destrancou e abriu. Cullen estava atrás dele, com Wallace e Red logo atrás dele.

Os quatro pararam quando viram Mendoza pendurado no teto com um laço no pescoço. Não haveria informações dele agora.

—Ele se matou — disse Wallace ao lado da mesa de Mendoza.

Cullen olhou em volta procurando uma nota de suicídio. Quando ele não encontrou um, ele girou nos calcanhares e saiu da sala. Só haveria uma razão para Mendoza se matar. Ele teve uma ordem e o executou. Somente depois, ele descobriu o que havia saído dessa ordem.

Quando as perguntas começaram, Mendoza provavelmente tentou responder da melhor maneira possível, sem alertar ninguém da verdade. Mas essa verdade pesava demais. A morte de outros irmãos militares foi demais para Mendoza suportar.

Cullen saiu do quartel. Enquanto outros corriam para ver o que estava acontecendo, o som de um avião decolando abafou tudo o resto por um momento.

A única pessoa que poderia lhes dar respostas estava morta. Seja por suicídio ou assassinato, Mendoza não falaria com ninguém.

Cullen voltou para o hangar. A todo momento, a busca por seu pai estava sendo bloqueada. Quem eram os Santos? E como eles tinham essas conexões?

Conexões que pareciam alcançar todos os lugares. Incluindo alvejar Mia em um trabalho aparentemente não relacionado. Ela pensou que estava segura na base, mas isso não era verdade.

Se os Santos pudessem matar seis homens e sequestrar outro, eles poderiam chegar a Mia em qualquer lugar. Então, o que eles estavam esperando?

Então ocorreu-lhe. Eles sabiam que um dos Loughmans visitaria Mia. Os Santos poderiam então matar ele e Mia de uma só vez.

Ele pegou o telefone para ligar para Owen e Wyatt para informar tudo quando avistou Mia. Exceto que ela não estava sozinha. Ela estava conversando com um homem mais velho de uniforme. Um cara de uniforme russo.

Colocando o telefone de volta no bolso, Cullen se escondeu para que ele pudesse vê-los. Mia não disse nada. De fato, ela se recusou a olhar para o homem.

O major-general falou usando gestos rígidos com as mãos. Ela então se virou e foi embora. O russo não a deteve.

Cullen queria se aproximar, mas se ele se afastasse, eles o veriam. Se ele não tivesse parado para ligar para seus irmãos, nunca a teria visto e o general.

Alguns segundos depois, o russo girou e se afastou na direção oposta. Então Cullen o perdeu de vista. Seu olhar voltou-se para Mia e descobriu que ela havia se escondido atrás de um prédio e estava respirando fundo.

Outros dois minutos se passaram antes que ela se afastasse da estrutura e seguisse em direção ao hangar. Ele permaneceu onde estava enquanto sua mente corria com possibilidades.

Ele sabia que Mia estava escondendo algo dele. Foi coincidência o envolvimento dos militares russos? Isso foi duvidoso.

Por enquanto, ele não a deixaria saber que a tinha visto com o russo. Era outra peça do quebra-cabeça cada vez maior, mas está o incomodava e preocupava.

Quando ele entrou no hangar, ela estava olhando por cima do avião. O jeito que ela sussurrou e acariciou como se fosse um amante o excitou.

Ele observou as mãos dela deslizarem suavemente sobre o metal e desejou que suas mãos estivessem em seu corpo. Seu olhar se moveu para a boca dela, suas bolas apertando quando ele se lembrou do beijo ardente.

Não era de sua natureza não ir atrás de uma mulher que ele queria, e mesmo assim era exatamente o que ele estava fazendo com Mia. De repente, seu olhar sombrio se voltou para ele, fazendo com que ele controlasse seus desejos.

Seu cabelo estava em um rabo de cavalo, os longos fios pretos caindo em cascata pelas costas. —Ei. Eu esperava que você voltasse em breve. Eu encontrei algo.

—Eu também — ele respondeu.

—Quer ir primeiro?

Ele observou quando ela fechou uma escotilha e limpou as mãos na calça jeans antes de encará-lo. —Você vai primeiro — disse ele.

Ela sorriu e enfiou a mão no pescoço da blusa para puxar um pedaço de papel do sutiã. Havia um sorriso no lugar quando ela acenou com o jornal.

—Aqui está o pedido de Davis permitindo que a tripulação russa entre.

Ele a pegou avidamente e a abriu para revelar uma cópia da ordem. Foi assinado por Davis, o que significava que ele mentiu para eles mais cedo, como eles sabiam.

—Tenho a sensação de que ele vai me mandar embora, para que eu não possa ajudá-lo — disse ela.

Cullen poderia investigar sozinho, mas ele achou curioso que Davis quisesse que Mia se fosse. —Isso não vai me impedir de olhar.

—Isso facilitará você a matar.

Ele levantou uma sobrancelha.

—Então Davis obviamente não sabe quem eu sou.

—Eu acho que esse é o ponto.

Ele dobrou o papel e o colocou no bolso de trás.

—Por que não matar você também? Não seria mais fácil levar os dois juntos?

—Esta é uma boa pergunta. — A testa dela franziu.

—Onde você conseguiu a cópia do pedido?

—De Schenck. Ele é um dos assessores do general.

Cullen apontou o queixo para o avião. —Você vai sair em breve?

—Gosto de estar preparada para o caso. Oh — ela disse, os olhos arregalados. —Davis chegou ao escritório dele enquanto eu estava lá, mas ele não estava sozinho. Havia um major-general russo com ele.

Ele teve que lhe dar crédito por adicionar essa parte à história. Mas ele duvidava que ela contasse a ele sobre o confronto que ela e a russa tiveram.

—Eu não vi nenhum outro exército russo na base.

—Cerca de um ano atrás, cinco chegaram e treinaram com nossos pilotos. Não éramos a única base que tinha esse exercício de treinamento. Algo sobre nossos dois países trabalhando juntos.

—Você falou com algum deles?

Ela hesitou por apenas um segundo, mas foi o suficiente que Cullen percebeu.

—Eu fiz.

—O major-general que estava com Davis?

Ela assentiu timidamente. —Ele algumas vezes. Eu estava mais interessado em falar com os três pilotos. Você disse que tinha novidades?

—Eu tenho. — Ele andou pela asa do avião, percebendo como ela havia mudado rapidamente a direção da conversa deles.

—Encontrei dois policiais militares que disseram ter feito um perímetro de verificação na noite em que a equipe de Orrin foi morta.

—Você acredita neles?

—Eu acredito. Especialmente quando disseram que conheciam o homem que estava de plantão naquela noite.

Ela o seguiu pela asa. —Você falou com esse homem?

—Mendoza. E nós tentamos. Ele se enforcou.

—O que? — Ela parou, com o rosto frouxo de choque. —Ele está morto?

—Não havia uma nota de suicídio.

—Então você acha que ele pode ter sido morto?

Ele levantou uma sobrancelha. —Eu acho.

—Não acredito nisso — disse ela. —E agora?

Ele caminhou até ela, parando um pé atrás. Ele alisou uma mecha de cabelo que havia pego em seus cílios e a viu pulsar na base da garganta.

A fome de puxá-la em seus braços era forte. Quase mais forte que a necessidade de encontrar respostas.

—Eu quero conhecer todos os seus segredos, Mia Carter.


CAPÍTULO QUATORZE


O coração de Mia apertou dolorosamente em seu peito. Cullen sabia? Ele a viu com Yuri? Sua mente parou, as palavras entrando em sua garganta. Ela não conseguiu formular uma explicação.

—Quem é Você? — ele perguntou.

Ela lambeu os lábios, desejando que ele não estivesse tão perto. Era impossível não pensar em beijá-lo novamente, mesmo quando ela deveria manter a cabeça limpa para responder às perguntas dele.

A proximidade dele causou todo tipo de estragos no corpo dela. Isso, combinado com o fato de que seu cérebro parecia ter parado de funcionar, a deixou em pânico.

—Quem sou eu? — ela repetiu, pois não conseguia pensar em mais nada para dizer.

Seus olhos cor de avelã seguraram os dela enquanto sua voz se abaixava.

—O que você está escondendo?

Ah Merda. Ele sabe. Isso girou em sua cabeça repetidamente pelo que pareceu uma eternidade. Todas as desculpas que vieram à mente pareciam esfarrapadas enquanto ela passava por cada uma.

—Todos nós temos segredos — ela respondeu, levantando a cabeça. Era melhor que ela desviasse a conversa dela.

A verdade sairia, mas não agora. Ela estava preparada para contar tudo a ele uma vez que eles tinham Orrin. Mas se Cullen fosse parecido com o pai, ele não pararia até saber o que queria.

Isso é o que ela temia. Que ele seria implacável em sua busca pela verdade. A verdade nunca foi tão em preto e branco como todos queriam que fosse. Sempre houve outros fatores envolvidos.

Cullen sorriu com sua declaração. —Afastando a atenção de você. Bem feito.

—É verdade. Todos temos segredos. Não há uma única pessoa por aí que possa dizer honestamente que não está escondendo algo.

—Eu suponho.

Ela ouviu a pequena pausa e sabia que ele carregava um segredo. Ela podia pular, mas decidiu que era melhor deixar as coisas em paz.

—Eu não estou bisbilhotando sua vida.

Ele apoiou a mão na asa do avião e inclinou a cabeça para o lado.

—Porque você já sabe tudo sobre mim.

—Só sei o que Orrin escolheu compartilhar comigo. Vi apenas alguns arquivos com relatórios de suas missões. Eu não te conheço pessoalmente.

—Mas eu sou o único em quem você confia — ele deduziu, o sorriso arrogante ainda no lugar. —Você não me pressiona por respostas, porque não quer que eu faça o mesmo com você.

Ela não ia sair disso. Ele foi impiedoso em seu esforço para descobrir a verdade. Tanta coisa para pensar que ele era paciente.

—Bem. O que você quer saber?

—O que você está escondendo?

Havia tanta coisa que ela escondia do mundo. Nada disso ela gostava de falar, mas talvez isso lhe daria tempo suficiente.

—Meu pai é Stockton Carter.

O sorriso desapareceu quando a surpresa encheu o olhar de Cullen.

—O magnata da expedição?

Seu pai havia assumido o negócio da família que remonta a um século. Não havia muitos morando na costa leste que não sabiam o nome dele.

Ou a reputação dele.

Mas o envio não era a única coisa em que o pai metia os dedos. Não importava quanta riqueza ele acumulasse, nunca era suficiente.

—O dinheiro vai e vem, Mia. Você sempre deve ter um backup para quando um plano der errado, para que o dinheiro continue entrando.

Ele perfurou essas palavras nela desde que ela era criança. A família Carter havia perdido muitas fortunas, mas sempre conseguia sair de lá várias vezes. Stockton Carter queria garantir que a família não sofresse tal destino novamente.

Ela viu o olhar de Cullen mudar enquanto ele a encarava. Era sempre o mesmo quando as pessoas descobriam quem ela era. Exceto que Cullen era diferente.

Seu olhar não estava aguçado com juros monetários, como na maioria. Em vez disso, havia uma pitada de entendimento em seus olhos. Isso a surpreendeu. Então, novamente, talvez não deva.

Ela conhecia Orrin como líder e ex-SEAL com habilidades que incomodavam sua mente. Mas no Texas, devido ao tamanho de seu rancho, o nome Loughman provavelmente era igualmente conhecido.

—Você realmente acreditou que quem seu pai é faria diferença para mim?

Cullen perguntou com uma sobrancelha.

Agora que ele falou assim, a fez parecer ... mimada e estúpida. Ela levantou o queixo e lançou lhe um olhar ameaçador.

—Para a maioria. Eu gosto de fazer o meu próprio caminho no mundo, sem o dinheiro do meu pai para abrir portas para mim.

Ele olhou ao redor do hangar antes que seus olhos se voltassem para o avião. Depois de um momento, ele olhou para ela.

—Você fez tudo isso?

—Eu comprei o avião. — Era seu orgulho e alegria, a coisa de que ela mais se orgulhava em sua vida.

—Economizei dinheiro e pechinchei o proprietário anterior até chegarmos a um acordo.

—Sem usar dinheiro da família?

Ela riu enquanto balançava a cabeça.

—Não toquei um único centavo que foi confiado a mim, se é isso que você está perguntando. Este avião é todo meu com dinheiro ganho enquanto eu servia na Força Aérea.

—E o seu acordo com Davis?

—Gostaria de dizer que fiz isso sozinho, mas meu pai entrou pelas minhas costas enquanto eu negociava as coisas. Essa é uma das muitas razões pelas quais não falo mais com ele.

—Porque ele te deu o que você queria?

—Ele pensou que, me ajudando, ficaria agradecido. Meu pai tem um péssimo hábito de ouvir apenas o que ele quer. Eu dizendo a ele que queria fazer parte do mundo sem usar o dinheiro da família caiu em ouvidos surdos. —

Cullen respirou fundo e deixou o braço cair ao seu lado. Ele ficou em silêncio por tanto tempo que ela ficou desconfortável. Era óbvio que, embora ela tivesse compartilhado algo sobre sua vida, não era o que ele esperava ouvir.

Bem, isso foi muito ruim. É melhor deixar alguns segredos escondidos.

—E você? — ela perguntou. —O que você está escondendo?

Uma pequena carranca franziu a testa, como se a pergunta o pegasse desprevenido. Ou ele não gostou da resposta que veio à mente. De qualquer maneira, ele não parecia feliz.

—Provavelmente não temos tempo para descobrir se Mendoza se matou. Se ele não o fez, então o assassino é o nosso elo.

Ela quase sorriu ao ver como ele havia mudado de assunto. Assim como ela, ele não queria se aprofundar muito nas coisas melhores deixadas em paz.

Ela precisaria lembrar que, por sentir que essa mesma cena surgiria em um futuro não muito distante. Com um homem como Cullen, sempre era melhor estar preparado.

—O momento da morte de Mendoza é o que me leva a fazer uma pausa. Porque agora? — ela perguntou.

—Não procurei na sala, mas não vi uma nota de suicídio.

—As pessoas geralmente sempre deixam uma nota.

—Poderia estar no computador dele?

Ela cruzou os braços sobre o peito. —Eu suponho. Havia alguém com ele?

—Um laptop. Estava fechado.

—Por que sinto que há algo muito maior em jogo do que um simples grupo de homens procurando uma arma biológica?

Ele deu de ombros, torcendo os lábios. —Provavelmente porque existe. Meus irmãos estão olhando para coisas diferentes.

—Enquanto você veio aqui. — Foi por acaso que Cullen estava em Delaware? Ela não acreditava na coincidência. Mas a ideia de que o destino o trouxera a deixava extremamente desconfortável.

Sua vida já era complicada o suficiente sem alguém como Cullen Loughman. Não que ele ficasse tempo suficiente para ser um problema. Ela conhecia o tipo dele.

Normalmente, ela mantinha distância de tais homens e, no entanto, sentia-se atraída por ele. Quase como se o destino tivesse traçado seus caminhos para se cruzarem. Assim, não a deixou outra alternativa a não ser continuar.

Porque ela faria. Para Orrin.

E por si mesma.

Cullen inclinou a cabeça para o lado.

—Com Natalie de volta à vida de Owen, eu garantiria que meu irmão mais velho deixasse de ser idiota e reacendesse o amor deles.

Ela esperou, sem saber o que a vida amorosa de seu irmão tinha a ver com qualquer coisa.

—Depois, há Wyatt — continuou ele. —Eu acho que há algo entre ele e Callie.

Com isso, seus olhos se arregalaram em choque.

—Callie? Você está falando sério? Nas poucas vezes em que ela e eu falamos de você, Loughmans, ela nunca teve nada de bom a dizer sobre Wyatt.

—Porque acredito que ele a machucou terrivelmente. Você deveria vê-los juntos no rancho. Duas pessoas com tanta animosidade uma com a outra, mas que se olham secretamente, devem ter alguma coisa acontecendo.

Ela assentiu em concordância.

—Eu acho que você está certo. Eu nunca imaginaria pela maneira como ela fala sobre Wyatt.

O que significava que Cullen estava aqui simplesmente porque ele era o homem estranho. Por que isso a incomodava tanto, ela não sabia. Por que ela deveria se importar com qual dos irmãos veio para Delaware?

Ela pegou os ombros grossos de Cullen que se estreitaram até a cintura dele, deixando-a com água na boca. Teria sido melhor se outro irmão tivesse vindo. No entanto, ela estava feliz que fosse Cullen.

—Com o tempo, meus irmãos e eu reuniremos as informações necessárias — afirmou com um aceno firme.

— Mas quanto tempo Orrin tem? Quanto tempo temos contra os Santos?

Parte de sua arrogância diminuiu.

—Estamos todos fazendo o melhor que podemos.

—E não podemos ligar para ninguém em Washington porque podem ser os que o traíram.

—Sem mencionar, eles colocam um grande alvo em você.

No comentário, ela torceu o nariz.

—Não me lembre. Eu sinto que eles montaram tudo, incluindo a apreensão da carga.

—Para mantê-lo no chão e em um só lugar.

—Eu realmente odeio essas pessoas. — Ela abaixou os braços e lambeu os lábios na tentativa de conter a ansiedade.

—Ainda temos Davis.

—Ele não vai nos dar nada a menos que possamos chantageá-lo a fazê-lo.

Abafando um bocejo, ela perdeu a batalha, virando a cabeça e cobrindo a boca. Ela estava cansada de ossos e levaria muitas horas antes que ela pudesse encontrar o resto que precisava.

Ela começou a responder quando a porta do hangar se abriu. Suas cabeças se viraram para ver o segundo assessor do general Davis, Airman Bailey.

—Carter — disse ele quando a viu. —O general vai vê-lo agora.

Uma olhada no relógio mostrou que ela ainda tinha mais trinta minutos. Ela olhou para Cullen para encontrar um tom de preocupação aparecendo em seu olhar.

Ela começou em direção a Bailey quando Cullen se inclinou para perto e sussurrou: —Esteja pronta para qualquer coisa. E tenha cuidado.

Ele não precisava lembrá-la. Ela estava presa na teia de aranha. A única saída era com Cullen. Se eles pudessem fugir antes que tudo se fechasse à sua volta.

Mesmo assim, ela sabia que as chances de sobreviver eram mínimas. Ao sair do hangar e de seu avião - a única coisa que amava nos últimos anos - lembrou-se do quanto estava perto do perigo. Ou melhor, voou.

Sempre a emocionara. Testando a si mesma para ver se conseguia que o avião fizesse o que precisava. Desafiando sua capacidade mental sob pressão. Avaliando suas fraquezas para fortalecê-las.

E, no entanto, nada jamais a havia preparado para Cullen Loughman.

Estranho como seus pensamentos estavam nele enquanto caminhava para o escritório do homem que ela acreditava que trabalhava com os Santos e poderia tentar matá-la.


CAPÍTULO QUINZE

Sklad...


Orrin chegou devagar, como se estivesse saindo de um denso nevoeiro. Foi difícil pensar. Ele tentou balançar a cabeça para limpá-lo, mas não fez nada.

—Não vai ajudar.

Yuri. O olhar de Orrin se voltou para o pé da cama, onde havia sombras. Uma forma emergiu da escuridão para revelar seu inimigo.

—O que você fez comigo? — Orrin exigiu.

Yuri levantou um ombro e levou um charuto aos lábios. Suas bochechas santificaram quando ele respirou fundo. Depois de soprar a fumaça, Yuri jogou as cinzas no chão.

—Você não tem ideia no que entrou.

—É bastante óbvio, na verdade. Um homem que eu pensei que fosse um amigo me traiu.

Yuri o encarou com olhos azuis.

—As coisas são realmente tão simples, estragadas, velho amigo?

—Sim.

—Nunca.

Isso colocou os dentes de Orrin no limite. —Você matou meus homens.

—E você matou muitos dos meus no passado.

—Não os alinhei e coloquei balas na cabeça deles.

Yuri soltou um suspiro. —Onde está Ragnarok?

Então eles voltaram a isso novamente. Orrin nunca diria nada a Yuri. Não importava quanta tortura ele foi submetido. Não importava o quanto sua alma estivesse cansada, como ele poderia desejar a morte.

As palavras nunca passariam por seus lábios.

—Você sabe mesmo o que roubou?

Ele franziu o cenho para a pergunta de Yuri. Havia uma nota de algo peculiar na voz do russo que chamou a atenção de Orrin. E coloque-o no limite.

—Uma arma biológica.

—Isso faz o que?

A crescente apreensão fez seu sangue virar gelo. —Isso mata. Como todas as armas.

Yuri respirou fundo, seu peito inchando antes de soltá-lo lentamente. Ele então olhou para o charuto na mão.

—Oh, mata, estraga-prazeres. Mas não da maneira que você pensa.

O bipe do monitor combinava com o bater do seu coração. Em todos os anos que serviu seu país, Orrin viu armas progredirem a um ritmo espantoso. Então veio a próxima geração de armas - agentes biológicos.

A ideia o adoeceu. Mas nada mais do que ver como essas armas poderiam desfigurar e matar de segundos a anos depois. Mas todas as armas tinham uma coisa em comum - abate.

Yuri estava sugerindo mais uma maneira de chegar a esse fim. O que poderia ser pior que a morte? Ele procurou em sua mente, relembrando relatos de cientistas sobre várias maneiras pelas quais um agente biológico poderia matar.

—Você não descobriu — disse Yuri com uma voz cansada. —Você não vai.

—Então me diga.

Yuri levantou o olhar. —Você sabe o que Ragnarok significa?

—É o fim do mundo.

—O desenvolvedor desta arma em particular, Konrad Jankovic, nomeou-a assim porque é exatamente isso. Um destruidor que ataca sem que ninguém perceba.

Quanto mais Yuri falava, mais perturbado Orrin ficava. —Uma arma como essa teria efeitos imediatos.

—Normalmente. Esse não. — Yuri suspirou alto e apagou o charuto na parede. Ele jogou no canto antes de olhar para Orrin. —Dr. Jankovic nos levou a acreditar que mataria assim que fosse inalado. Foi a defesa do meu país contra ameaças contínuas em nosso caminho.

—Mas ...— ele pressionou quando Yuri parou.

—Outro cientista descobriu o que Jankovic realmente desenvolveu. Fomos notificados imediatamente, mas a essa altura ele estava no vento.

—Você o perdeu? — Não era algo que Yuri ficaria feliz. Orrin estava começando a ver o que levou seu velho amigo.

Yuri encolheu os ombros indiferentemente. —Essa era a preocupação de outra pessoa. Eu fui trazido depois. Durante a caçada, o cientista que nos contou o que Jankovic estava fazendo foi assassinado.

—Jankovic o matou.

—Da. Então nos disseram que você estava indo roubar Ragnarok.

Orrin simplesmente olhou para Yuri. Saber que ele foi traído não ficou mais fácil de ouvir, não importa quantas vezes isso foi dito.

—Isso te irrita — disse Yuri com um sorriso. —Eu tenho a mesma raiva dentro de mim. Veja bem, eu mudei Ragnarok para outro local. No entanto, de alguma forma, acabou no laboratório para você roubar.

—Quem te traiu?

—Não poderia ter sido uma única pessoa. — Yuri balançou a cabeça, baixando os olhos mais uma vez. —Eu trouxe homens comigo em quem posso confiar para encontrar Ragnarok.

Pelo menos a mente de Orrin estava clara agora, mas não parecia ajudá-lo a resolver o emaranhado de mentiras e enganos. Orrin não sabia ao certo em que acreditar.

—Diga-me o que a arma faz.

Por vários minutos, Yuri permaneceu em silêncio. Quando ele encarou Orrin, seu rosto estava cheio de arrependimento e exaustão.

—Ragnarok recebeu esse nome porque pode ser liberado em qualquer coisa - comida, água, ar - e ninguém saberia. Levaria gerações para que alguém percebesse que havia algo errado.

—Yuri. O que isso faz?

—Eles culpariam muitas coisas primeiro. O ponto é que isso poderia ser feito sem que nenhuma culpa viesse a nenhum país ou pessoa.

—Yuri, caramba — disse ele, raiva entrelaçando suas palavras quando sua voz subiu. —Que porra isso faz?

—Impede as mulheres de engravidar.

As palavras atingiram Orrin com toda a força de uma bala de 50 mm. Ele não conseguia entender algo tão hediondo.

—Eu acho que tinha a mesma expressão—, disse Yuri, cansado. —Descrença. Ultraje. Horror. Confusão. Por último, mas não menos importante... medo.

—Querido Deus. — Ele pensou em Callie, Mia e Natalie. Mulheres que ele trouxera para sua família ou que estavam ligadas de alguma forma. Ele pensou em seus filhos nunca tendo filhos, e isso o deixou enojado nas profundezas de sua alma.

—Por quê? Por que Jankovic criaria isso?

—Porque ele podia. E ele recebeu milhões.

Ele olhou para Yuri.

—Quem pediu a essa porra de lodo para criar uma arma dessas?

— Você deveria saber, caipira. É o seu país.

Orrin recuou diante do veneno na voz de Yuri. —Isso não faz sentido. Por que pagar Jankovic para criar uma coisa dessas, apenas para me fazer entrar e roubá-la?

—Isso dividiu nossa atenção. Ragnarok e Jankovic. Não conseguimos nos concentrar em uma única coisa. Isso permitiu que o cientista escapasse do país.

—Você sabe disso com certeza?

—Encontramos mensagens codificadas em imagens em um site de mídia social. Embora estejamos olhando, não sabemos ao certo onde Jankovic chegará em solo americano.

Orrin encolheu os ombros.

—Não importa. Assim que ele pedir asilo, meu governo o dará. Você explicou o que a arma faz, me contou sobre o designer e seu papel. Você tentou implicar meu país. Você ainda não me disse por que matou meu time.

—Você não entende? — Yuri olhou para o teto e riu, o som vazio. Ele abaixou a cabeça e ele nivelou Orrin com um olhar intenso. —Velho amigo, nós dois estávamos acostumados. Existe uma organização sombria que se infiltra em todos os lugares, mas eles se originaram na América. Eles são chamados de Santos.

—Eu ouvi falar deles. — Ele não se incomodou em mencionar que suspeitava que Yuri fazia parte do grupo.

—Toda a sua equipe era Santos.

Foi a vez dele de rir. —Isso não é possível. Eu conhecia aqueles homens pessoalmente. Eu mesmo os examinei.

—Os Santos são inteligentes. Eles nos cercam da mais alta autoridade ao mendigo na rua, sempre ouvindo e observando. E esperando.

—Para quê?

—Qualquer coisa. Tudo. O que grupos como esse querem? Poder. Controle absoluto.

E eles o teriam com Ragnarok em seu poder. Ele nunca ficou mais feliz por ter mandado Mia enviar o frasco para Callie do que naquele momento.

Só que isso colocava seus filhos, Callie, Natalie e Mia em perigo iminente.

—Você entende por que devo encontrar Ragnarok? — Yuri perguntou.

Orrin se mexeu na cama, desejando estar de pé. —O que sei é que não posso confiar em nada. Você poderia estar me dizendo a verdade. Ou você pode fazer parte dos Santos.

—Estou tentando salvar o mundo! — Yuri rugiu.

Orrin ergueu uma sobrancelha e disse calmamente:

— Então saiba que Ragnarok está seguro e em um lugar que ninguém consegue entender.

Se Yuri realmente não fazia parte dos Santos, ele aceitaria o que Orrin disse. Se não... bem, então ele saberia a verdade sobre seu velho amigo Yuri.

—Um de nós precisa confiar primeiro — disse Yuri com um olhar estreitado.

—Penso nas minhas quatro filhas. Eu já tenho um neto. Não consigo imaginar contar às minhas garotas que tive a chance de parar com isso, mas não o fiz. Que é minha culpa que eles não possam ter mais filhos. — Yuri passou a mão pelo rosto. —Você tem certeza de que é seguro?

—Eu sei que é.

—Você enviou para seus filhos?

Ele sorriu e abanou a sua cabeça. —Na verdade, não.

Yuri soltou uma série de palavrões. —Todo esse tempo, eu tinha homens atrás deles quando seus filhos nem sequer o tinham.

Seja qual for o sorriso iniciado, logo desapareceu quando ele se lembrou da visita anterior de Yuri. —Quem morreu no meu rancho?

—Seus filhos estão seguros e sem ferimentos.

Isso o fez se sentir um pouco melhor. Ele não ficaria contente até ver seus filhos e Callie para si.

Foi então que ele notou que Yuri havia se aproximado do lado da cama, sua voz baixa como se não quisesse ser ouvido.

—O que você não está me dizendo, Yuri? — Orrin exigiu.

—Estou fingindo trabalhar para os Santos. Eu vou manter Ragnarok deles. Para fazer isso, tive que concordar em ajudar Egor Dvorak.

—Você está me dizendo que Dvorak é um santo?

—Eu sou.

—E sua prova?

—Nada que eu possa lhe mostrar.

Então ele deveria aceitar a palavra de Yuri. Poderia ele? Como Yuri havia dito, alguém tinha que confiar primeiro. Se Yuri cedeu em sua busca por Ragnarok, ele confiaria nele - até certo ponto.

O fato era que Orrin não podia confiar em ninguém.

—Dvorak não confia em mim — disse Yuri, trazendo sua atenção de volta ao presente. —Eu não me provei para os Santos. Existem mais do que apenas meus homens aqui.

—Dvorak's?

—Ele tem russos que vêm aos Estados Unidos há semanas. Eles estão preparados. Você causou desordem por não ter a arma biológica com você.

—E se eu tivesse? — ele perguntou.

—Eu teria que matar você.

Orrin resmungou. —O que agora?

—Eu não sei.

—Precisamos sair daqui.

Yuri cruzou os braços sobre o peito grosso.

—A última vez que te segui, levei um tiro.

—No braço. Foi uma pequena ferida.

O sorriso que se formou morreu no rosto de Yuri rapidamente. —Você já descobriu quem matou Melanie?

—Não.

Yuri emitiu um som no fundo da garganta antes de se virar e sair da sala.

A pergunta fez Orrin pensar no assassinato de sua esposa de um ângulo diferente - e ele não gostou da direção de seus pensamentos.


CAPÍTULO DEZESSEIS


O vento soprava quando Mia abriu a porta para entrar no prédio que continha o escritório do general Davis. Ela se perguntou brevemente se era o destino avisando-a para não entrar.

Atrás dela, Bailey esperou pacientemente para segui-la. Ela puxou a porta e passou pelo limiar. Bailey ficou em silêncio enquanto se dirigiam para Davis.

Quando eles entraram na pequena sala onde os assistentes trabalhavam, ela notou que Schenck se fora. Isso foi muito ruim. Ele sempre teve um sorriso amigável.

Ela forçou seu crescente medo e pânico. Davis não conseguiu fazer nada no meio do dia em seu escritório. Haveria muitas perguntas. Além disso, Cullen sabia onde ela estava.

Cullen viria procurá-la. Ela tinha certeza disso.

Ela respirou fundo e abriu a porta de Davis, entrando no escritório dele. Ele olhou para cima da mesa, o telefone no ouvido, e fez sinal para ela entrar.

Depois de ter certeza de que a porta estava fechada atrás dela, ela caminhou até o conjunto de cadeiras diante da mesa. Ela pegou uma e esperou que Davis terminasse sua ligação.

Ela tentou fingir que não estava ouvindo, o que não foi muito difícil, já que Davis ainda não tinha dito nada.

Finalmente, ele disse:

—Deixe-me saber o que acontece com isso. — Então ele desligou o telefone. Davis olhou para a mesa por um momento antes de levantar o olhar para ela. —As acusações contra você na Flórida foram retiradas desde que você trabalhava disfarçado para mim.

Ela piscou, sem saber se o ouvira corretamente. Porque ela não estava trabalhando disfarçada. Por que Davis estava tentando ajudá-la?

—Isso significa que sua licença não está mais suspensa.

—Obrigado — disse ela no silêncio.

Davis respirou fundo e soltou-o lentamente, como se estivesse se preparando mentalmente para alguma coisa.

—Eu sei suas suspeitas sobre mim.

Decidindo que era do seu interesse permanecer calada por um momento, ela segurou a língua.

—Seria mais fácil se eu pudesse lhe contar tudo. — O general recostou-se na cadeira grande com um longo suspiro. —Mas eu não posso. Eu o trouxe à frente da nossa reunião porque é imperativo que você saia desta base. Imediatamente.

Isso certamente chamou sua atenção. Ela agarrou os braços da cadeira, sua mente acelerando com as implicações do que Davis havia dito - e o que ele não tinha.

—Sua vida está em perigo, Mia. Por pilotar Orrin, por perder a carga na Flórida e porque você é uma ameaça para eles.

Pela primeira vez, ela notou as linhas de tensão ao redor da boca do general e o estresse que estava deixando seu rosto abatido.

Seu coração batia loucamente no peito.

—Geral, o que você não está me dizendo?

—Fiz uma missão para afastar você — respondeu ele, ignorando a pergunta dela. —Quando terminarmos, entre na Valquíria e vá embora. Não confie em ninguém.

Ela correu para a beira da cadeira e colocou a mão na mesa dele. —General Davis, me diga o que está acontecendo.

—As coisas estão fora do meu controle. Fiz tudo o que pude, mas eles estão se aproximando de mim.

—Quem?

—Os Santos.

Oh Deus. —Eu não posso sair. Estou ajudando Cullen.

—Você não sobreviverá a isso se permanecer. Você é a nossa única chance - ele disse, os olhos esbugalhados enquanto se inclinava para frente. Ele bateu a mão na mesa. —Você entende?

Agora ela estava completamente assustada. Ela só podia ficar boquiaberta com Davis, imaginando se ele estava tendo um ataque de pânico. Foi o medo que ela viu refletido em seus olhos castanhos que lhe disse que era a verdade que ele falava.

—Quanto tempo eu tenho?

—Não é o suficiente—, disse Davis em um sussurro abafado. Ele empurrou a cadeira para trás e se levantou antes de dar a volta na mesa.

Ela ficou de pé. —Venha comigo.

—Isso não é possível. Você é um dos melhores pilotos que eu já vi. Todas as habilidades que você aprendeu serão úteis. Confie nos seus instintos. Eles vão fazer você passar por isso.

—Você faz parecer que estou cercado por inimigos.

—Porque você está. Eu sei que Cullen encontrou Mendoza. Diga a ele que ele está certo. Mendoza foi morto.

Ela engoliu em seco. As batidas do seu coração a lembraram do terror e pressentimento que a atacaram depois de encontrar a equipe morta.

Davis a virou em direção à porta e caminhou lentamente com ela. Ele se inclinou para perto, sua voz um sussurro.

—Eu sei que é minha assinatura na papelada permitir que os russos entrem na base, mas nunca assinei esse pedido.

A boca dela se abriu em choque, mas ele continuou: — Siga a trilha deixada pelos Santos. É assim que você descobrirá a verdade.

Não houve tempo para responder, porque ele abriu a porta e assentiu. As pernas de Mia estavam bambas quando ela se virou e encontrou Schenck e Bailey em suas mesas.

—Boa sorte — disse Davis e prontamente fechou a porta atrás dela.

Ela pulou com o som. Soou tão final. A vida dela estava em perigo. Isso brilhou em sua mente como uma tenda iluminada. Em vez de entrar em marcha e se mover mais rápido, ela estava presa.

—Carter? — Perguntou Bailey.

Schenck correu para ela. —Está tudo bem?

Ela forçou um sorriso. —Sim. Desculpa. Falta de sono está cobrando seu preço - ela disse com uma risada forçada.

—Para onde o general está enviando você? — Perguntou Bailey.

Não confie em ninguém. —Vejo vocês em breve — disse ela, ignorando a pergunta e acenando para eles enquanto se afastava do escritório.

No caminho de volta ao hangar, todos que ela viu a fizeram se sentir como se estivessem assistindo e seguindo-a. Isso a deixou nervosa, fazendo-a sentir como se estivesse sob um microscópio.

Assim que ela estava dentro do hangar, ela bateu a porta atrás dela, desejando que houvesse uma fechadura.

—Mia.

Ela girou, sua mão instintivamente sacando a arma. Então ela se viu olhando para Cullen pelo cano da pistola. Se ela não se controlasse logo, faria algo estúpido.

Soltando um suspiro, ela abaixou a arma. —Você me assustou.

—É mais do que isso. — Seu olhar estreitou quando ele fechou a distância entre eles. —O que aconteceu?

Ela passou por ele até seu escritório, onde pegou a bolsa que sempre guardava para essas emergências e correu para o avião.

Abrindo a porta da Valquíria, ela jogou a bolsa para dentro e começou a inspeção antes da partida. — Davis está assustado. Ele confirmou que Mendoza foi morto.

—Droga.

—Ele também disse que, embora sua assinatura esteja nas ordens de entrada dos russos, ele não assinou.

Cullen assentiu lentamente. —O que mais?

—Ele disse que eu não podia confiar em ninguém. Ele está usando uma falsa missão como um ardil para que eu possa sair da base, porque aparentemente minha vida está em perigo.

Uma mão em seu braço a impediu de se afastar. Ela virou a cabeça para Cullen. Ela viu a determinação em seus olhos castanhos. Ele não a deixou se mexer até ela contar tudo a ele.

Ela o encarou então, puxando o braço dele. —Ele disse que eles estavam atrás de mim porque eu voei com Orrin, perdi a carga na Flórida e porque sou uma ameaça.

—Os Santos — disse Cullen firmemente.

—Sim — ela respondeu brevemente, apertando os olhos fechados. —Davis disse que as coisas estavam fora de controle agora, que ele fez tudo o que pôde.

—Ele disse mais alguma coisa?

Ela balançou a cabeça lentamente.

—Ele disse que os Santos estavam se aproximando dele.

O corpo inteiro de Cullen ficou tenso. —Filho da puta—, ele resmungou.

Mia estava assustada. Verdadeiramente assustado. E ela estava começando a perceber que não havia onde ela pudesse ir onde estaria segura.

—Não há mais nada que possamos fazer aqui — disse Cullen, passando a mão pelo rosto. —Faça como Davis ordenou. Cai fora.

—E ir para onde?

— Existe algum lugar onde você pode esconder o avião? Em algum lugar que ninguém pensaria em procurar por você?

Ela acenou com a cabeça, pensando na pequena cabana nas montanhas Allegheny. —Em Maryland. Montanha da espinha dorsal.

—Eu sei— ele disse com um aceno de cabeça. —O caminho mais rápido seria para eu pegar a US-48, mas isso tornaria mais fácil para qualquer pessoa me rastrear.

Ela estava feliz que ele iria encontrá-la. Por mais que lhe doesse admitir, eles eram melhores como equipe. Especialmente quando ele era o único em quem ela podia confiar.

—Existem estradas secundárias — sugeriu ela.

—Levará mais tempo, mas será melhor.

Ela tirou as chaves do jipe do bolso e as jogou para ele. —Saia agora. Levarei mais trinta minutos para verificar o avião antes que eu possa pegá-lo na pista.

—Não vou embora até que você esteja no ar.

Seu tom lhe disse que sua decisão foi tomada. Ela lambeu os lábios. —Davis me disse para seguir a trilha deixada pelos Santos. Que eu encontraria a verdade.

—Então é isso que faremos. Enquanto eu estiver respirando, eles não tocarão em você. Eu sempre fui o caçador, e é isso que faremos agora.

Caçando. Sim. Ela gostou do som disso. Cullen deu uma piscadela.

Ela se virou e começou a inspecionar a Valquíria. Cada minuto que passava e ela não estava no ar a deixava exposta. Não era uma emoção que ela gostasse. Na verdade, ela estava começando a odiar.

Finalmente, a inspeção foi feita. Enquanto ela subia no avião, Cullen abriu as portas do hangar. Ela ligou os motores e colocou o fone de ouvido.

Ela acenou para ele enquanto dirigia a Valquíria para frente do hangar. Só então ela entrou em contato com a torre. —Este é o N3874X da torre, pronto para a partida.

—N3874X, temos a sua autorização — veio a voz masculina através do fone de ouvido.

Assim como ela esperava. Ela virou o avião para a pista. Ela deu à torre uma posição falsa quando solicitada. A cada segundo, ela esperava que eles a limpassem, parecia uma vida inteira.

Houve um estalo no fone de ouvido antes da torre dizer: —N3874X, você está pronto para decolar.

Ela ligou os motores. O avião avançou, acelerando rapidamente. Ela olhou para a base enquanto passava rapidamente. Quando ela alcançou a velocidade desejada, ela acelerou. O nariz da Valquíria levantou e, em segundos, ela estava no ar.

* * *

Estava fora de suas mãos agora. O alívio percorreu Davis enquanto ele estava em sua janela, as mãos cruzadas atrás das costas, enquanto observava Mia Carter desaparecer de vista. Ao mandá-la embora, ele assinou sua própria sentença de morte. Já não temia o inevitável. Por mais de trinta anos, ele serviu seu país da melhor maneira possível. Em todo o seu treinamento, ninguém o havia ensinado a lidar com uma organização secreta que ameaçava o próprio modo de vida que ele arriscava tudo - que todos os homens e mulheres que serviam arriscavam.

O aparelho de escuta que ele encontrou acidentalmente em seu escritório três dias atrás o impediu de contar tudo a Mia. Sua paranoia se estendia a todos e a tudo agora. Ele tinha certeza de que havia outros que o observavam. Ainda outros que fizeram questão de ouvir as coisas.

Ele duvidava que houvesse tempo para notificar Yuri do novo empreendimento. Então, novamente, a notícia chegaria a Yuri sobre sua morte em breve. Isso era realmente tudo o que o russo precisava saber para descobrir as coisas.

Era uma pena que ele não conseguisse falar com Cullen. O filho mais novo de Orrin tinha um caminho difícil pela frente. Por outro lado, Orrin também.

Pelo menos ele não estaria por perto para ver o que resultaria disso tudo. Os Santos venceriam? Eles encontrariam Ragnarok e o desencadeariam naqueles que a organização considerava indignos de produzir filhos?

Quantas civilizações e países seriam varridos pela arma biológica do mal? Com que rapidez as grandes potências do mundo desmoronariam quando percebessem do que os Santos eram capazes? Não haveria guerra. Como você pode lutar contra algo como os Santos? Seu alcance foi longe. Eles eram intocáveis, sua influência e autoridade impressionantes.

Davis ouviu a porta do seu escritório abrir. Ele se virou para encarar seu pretenso assassino. Desde que Orrin partiu para a Rússia, Davis suspeitava que um de seus assessores estivesse com os Santos.

E agora ele tinha confirmação.

—Você nunca a pegará agora — afirmou Davis.

O rosto jovem em que ele confiou sorriu. — Claro que sim, general. Tudo o que você fez é torná-lo um pouco interessante. Além de selar sua morte.

Davis abriu a boca para falar, mas o assessor levantou a mão e soprou um pó no rosto do general. Sua garganta imediatamente se fechou, bloqueando qualquer ar.

Ele estendeu a mão para agarrar seu assessor enquanto ele sufocava lentamente. Davis bateu em sua mesa, espalhando papéis e batendo no telefone.

Seu assessor sorriu de alegria.

—Ligue para o médico! O general caiu!

Davis arranhou sua garganta, tentando desesperadamente respirar. Dor destruiu seu corpo.

E então não havia nada.


CAPÍTULO DEZESSETE


Assim que Mia estava no ar e longe da base, Cullen caminhou até o jipe e dirigiu até o portão principal. Em vez de deixá-lo passar, o sargento o deteve.

Ele estava preparado para abrir caminho até ver os dois policiais anteriores. Nada o manteria na base, mas ele estava curioso para ver o que os dois homens poderiam querer.

Red o alcançou primeiro. —Você não está na investigação, capitão?

Ele olhou entre Wallace e Red. —Estou seguindo uma pista sobre meu pai. Você descobriu mais alguma coisa sobre Mendoza?

—Além da ausência de uma carta de suicídio? — Wallace perguntou.

Cullen decidiu não contar o que Davis tinha compartilhado com Mia.

—Você checou todos os lugares?

—Até os e-mails dele—, confirmou Red. —Encontramos machucados nas articulações da mão direita de Mendoza.

Wallace deu um aceno de confirmação. —Houve uma luta. Mendoza não se matou. Uma investigação formal foi aberta.

—Estou curioso sobre as descobertas. Vou conversar com vocês quando voltar.

—Cuidado, senhor — disse Wallace.

Cullen olhou para ele por um longo tempo, se perguntando se o tenente sabia mais do que ele revelou. Com um aceno de cabeça aos deputados, ele se virou para o sargento, que abriu o portão para ele passar.

Com a base desaparecendo no espelho retrovisor, ele sabia que não a deixará para trás. Isso seria fácil demais. Quanto tempo ele teve antes que alguém viesse procurá-lo era uma incógnita. Mas ele estava aproveitando ao máximo seu tempo.

Ele tentou ligar para Owen, mas o telefone não se conectou. Cullen então tentou Wyatt. O telefone tocou uma vez e depois desconectou. Por mais conveniente que fosse a tecnologia, às vezes também era frustrante.

Um pensamento surgiu em sua mente de que os Santos poderiam estar impedindo-o de fazer ligações. Mas como eles poderiam? Eles não sabiam onde ele estava.

Largando o celular no suporte para copos, ele se concentrou na estrada. Havia um mínimo de cinco horas de carro à sua frente. Ele não tinha certeza do que encontraria, mas, pelo local, estava nas profundezas das montanhas. Seria um bom lugar para esconder o avião e dar-lhes um dia para fazer um plano.

E comece a caçada pelos Santos. Davis instou Mia a seguir a trilha. Sem dúvida, os Santos haviam deixado muito para encontrar. Muito provavelmente, isso levaria de volta a Dover.

Depois de duas horas na estrada, Cullen parou em uma loja de conveniência para comprar gasolina, comida e uma bebida energética. Enquanto o gás bombeava, ele examinou o jipe em busca de um dispositivo de rastreamento. Ele ficou feliz por não encontrar nada.

Só para ter certeza, ele checou o telefone. Como precaução, sempre que levava o celular, ele desligava o localizador GPS.

Para seu choque, estava ligado. Ele rapidamente desligou. Sua mente corria com possibilidades de como poderia ter sido ativada. Não estava fora de suas mãos desde antes de ele voltar ao Texas.

E ele verificou enquanto estava no rancho. O GPS estava desligado.

Seu olhar baixou para o telefone. No entanto, estava ligado. Alguém deve ter hackeado o telefone e ter certeza de que o GPS foi ativado. Isso não seria Callie. Ela sabia melhor.

Os Santos.

Nesse momento, o telefone tocou, o nome de Owen aparecendo na tela. Cullen queria responder, mas ele não teve a chance. Ele recusou a ligação e entrou na loja.

Uma caminhonete surrada acelerou. Um momento depois, o motorista deu a ré ao contrário. Cullen caminhou perto da caminhonete e jogou o telefone na parte de trás.

Ele parou antes de entrar na loja para ver o caminhão voltando na direção em que Cullen tinha vindo. Ele ainda estava sorrindo quando voltou ao jipe com uma carga de comida e bebida - e também um mapa - alguns minutos depois.

Ele não conseguiu entrar em contato com ninguém, mas também não pôde ser rastreado. Era sua única opção neste momento. Mesmo que o general Davis tivesse tido um rompimento mental e tudo o que ele dissera a Mia era falso, ainda havia os Santos atrás dela.

O que Cullen desejava poder contar aos irmãos era que essa confusão com Ragnarok passava dos russos. Até se estendia mais do que quem traíra Orrin.

A ameaça estava muito mais perto de casa do que qualquer um deles imaginava.

Cullen abriu a bebida energética e engoliu em seco. Jogando a lata vazia no lixo, ele subiu no jipe e espalhou o mapa.

Ele estudou e memorizou as diferentes estradas secundárias para a Backbone Mountain de várias direções. Dobrando o mapa, ele olhou em volta enquanto ligava o veículo.

Cullen foi embora, observando para ver se algum carro o seguia. Quando não viu nada, deu um suspiro de alívio. Sua próxima parada seria encontrar um telefone para que ele pudesse entrar em contato com seus irmãos e Mia.

Todos eles precisavam estar preparados para o que estava por vir.

Uma hora depois, ele viu uma loja de eletrônicos. Ele parou apressadamente e comprou dois telefones. Assim que ele pagou, ele abriu um deles e enviou uma mensagem para Mia -

É CULLEN. ESTAMOS SENDO RASTRADOS. SE LIVRAR DO SEU TELEFONE.

Logo, ele estava na estrada novamente. Felizmente, Mia perderia o celular rapidamente. Não lhes faria bem esconder o avião se estivessem sendo rastreados.

Seu tempo de viagem diminuiu bastante quando ele saiu da estrada principal e começou a ziguezaguear pelas estradas secundárias. Mas tornou mais fácil ver se ele estava sendo seguido. Por enquanto, tudo bem.

Enquanto dirigia, ele pensou em seus irmãos. Ele sorriu porque sabia que Owen não permitiria sua segunda chance com Natalie sem lutar. Aqueles dois pertenciam juntos. Era hora de finalmente estarem juntos.

Cullen riu quando seus pensamentos se voltaram para Wyatt e Callie. Ele imaginou que Callie estava dando a Wyatt o inferno a todo momento - e esperava que ela estivesse. Ninguém merecia ser espancado mais do que o irmão mais velho.

As chances de todos saírem vivos estavam diminuindo a cada dia. Esse pensamento fez seu sorriso desaparecer. Sem contato com seus irmãos, Cullen não pôde trocar informações com eles.

Quando seus pensamentos se voltaram para o piloto temerário, ele não sabia o que fazer com ela. Sua beleza e coragem eram inegáveis. Ela valorizava honra e amizade. No entanto, o que quer que ela estivesse escondendo fez com que ele hesitasse em lhe dar toda a sua confiança.

Não havia dúvida de que ela estava envolvida em alguns negócios obscuros, mas ele não achava que era isso que ela mantinha escondida. Nem tinha nada a ver com a família dela.

Ele se lembrou de tê-la visto com o russo em Dover. Não importava como ele tentasse identificar o desaparecimento de Orrin e a execução da equipe nela, ele parecia não conseguir.

Havia uma angústia genuína sobre o que ela havia encontrado após os assassinatos, demais para ela estar fingindo. Ele também não acreditava que ela havia resolvido o problema do motor para não estar no hangar.

Como isso se conectou ao russo e seu segredo, Cullen ainda não havia resolvido. Tudo o que ele precisava era de tempo e informações para juntar tudo.

Sua viagem diminuiu os caminhos sinuosos das montanhas Allegheny. Faz vários anos desde que ele esteve nesta parte da Cordilheira dos Apalaches.

Os Alleghenies abrangiam a parte centro-oeste dos Apalaches. As densas florestas eram esconderijos perfeitos - como ele aprendeu em treinamento especializado.

No momento em que ele parou para pegar gasolina e mais comida, a noite estava se aproximando rapidamente. Ele usou o tempo fora do veículo para esticar as costas, pescoço e pernas. Depois limpou o jipe, livrando-se das embalagens e das latas vazias.

Ele reabasteceu seu estoque de comida e bebidas, dando outra olhada no mapa antes de partir novamente. Se o tempo dele estivesse certo, ele chegaria à casa de Mia em algumas horas.

Quando ele estava prestes a iniciar o jipe, algo no espelho lateral chamou sua atenção. Ele viu um Suburban preto estacionado ao lado e, embora a luz estivesse diminuindo e as janelas estivessem manchadas, ele ainda conseguiu ver alguém olhando para ele enquanto falava ao telefone.

Ele não arriscaria alguém que o seguisse. Ele saiu do veículo e voltou para a loja.

A dona, uma mulher idosa com olhos atentos e vigilantes, olhou para cima.

—Esqueceu uma coisa, filho? — ela perguntou com um sorriso.

—Você pode me apontar para a saída dos fundos?

Ela escorregou do banquinho e foi parar no balcão. Então ela olhou para o conjunto de quatro pequenos monitores onde o SUV estava estacionado. O olhar dela voltou para ele.

Cullen colocou as mãos no balcão.

—Senhora, sou capitão do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Force Recon. Estou indo ajudar um amigo e tenho alguns... hostis que gostariam de me impedir.

—Você tem uma visão honesta— afirmou. —E eu sempre tive um fraquinho por um sotaque do Texas.

Ele lançou um sorriso para ela. —Assim que eu resolver esse pequeno problema, irei embora.

—Bem, eu não disse que você tinha que sair — ela brincou, piscando. Então ela levantou a mão enrugada e apontou para a parte traseira esquerda. —É logo ali.

—Obrigada Senhora.

—Seja cuidadoso!

Ele piscou para ela por cima do ombro e caminhou até a porta que ela havia apontado. Cullen saiu silenciosamente da loja.

Com as costas pressionadas contra o prédio, ele olhou ao virar da esquina para ver o motorista abrir a porta e sair do SUV.

A luz dentro do veículo acendeu para mostrar que não havia mais ninguém lá dentro. Ele viu o homem ajustar a jaqueta no terno preto, xingando baixinho. Nem uma vez o homem tirou os olhos do jipe.

Cullen silenciosamente apareceu atrás do homem. —Procurando por mim?

O homem virou-se, pegando sua arma. Cullen pegou o pulso do homem com a mão esquerda e deu um soco no rim com a direita.

Houve um grunhido alto do homem. Cullen bateu a arma da mão e o jogou contra o SUV. Ele então enviou mais dois golpes no mesmo rim.

—Entendo que você está me procurando — disse Cullen.

O homem se inclinou, ofegando, com o rosto ficando roxo quando ele olhou para cima. Cullen bateu o cotovelo na parte de trás do pescoço do homem, nocauteando-o.

Cullen passou por cima dele e procurou dentro do veículo o celular para checar as últimas ligações entrando e saindo. Depois de guardá-los na memória, ele largou o telefone no chão e bateu nele, quebrando-o em pedaços.

—Deixe-o comigo.

Cullen se virou ao som da voz da velha. —É melhor se você não se envolver.

—Ninguém jamais saberá.

Ele começou a discutir, mas percebeu como ela ficava fora da linha de visão da câmera, e ela o virou para que seu rosto não fosse visto com clareza. Ninguém assistindo a fita teria ideia de que ele estava falando com alguém.

Seu sorriso era largo quando ela levantou um telefone celular.

—Vá em frente, capitão.

Com um aceno em sua direção, ele se virou e caminhou até o jipe. Ele não sabia ao certo o que fazia a velha ajudá-lo, mas estava feliz por isso.

Quando Cullen partiu, ele deu mais uma olhada na loja de conveniência. Foi por acaso que alguém o viu?

Ele não tinha certeza. O general Davis havia dito a Mia que os Santos estavam por toda parte. Se fosse esse o caso, qualquer um poderia fazer parte do grupo.

Cullen odiava não ter informações. Quaisquer que fossem os passos que ele e Mia deram a seguir, teriam que ser feitos com cuidado e cuidado, se quisessem ficar sob o radar em sua caçada.

Suas mãos agarraram o volante com mais força quando seu pé pressionou o acelerador. Ele correu pela estrada, uma súbita necessidade de chegar a Mia imediatamente montando nele.


CAPÍTULO DEZOITO


Mia estava na varanda, cercada pela escuridão, os braços em volta dela para afastar a brisa fresca. Sempre que ela escapava para a cabana, era porque queria se esconder do mundo, mas sempre conseguia voltar à vida quando estivesse pronta.

Essa opção não só não estava prontamente disponível agora, como também se sentia desconectada de tudo sem o celular. Assim que ela recebeu a mensagem de Cullen, ela jogou o telefone para fora do avião.

Ela se arriscou porque o texto pode não ter vindo dele. Por outro lado, poucos sabiam que viajavam juntos.

Ela já estava hiper consciente, mas havia entrado em ação depois desse texto. Agora, todo som emitido durante a noite era um inimigo se aproximando. Ela mantinha a arma e a faca perto, mas isso só seria bom se alguém a atacasse. Não faria nada se houvesse um atirador de elite.

Como precaução, ela voou baixo para evitar o radar. Ninguém veio atrás dela, então ela assumiu que funcionava. Suas armas lhe davam uma sensação de controle, mas era uma ilusão.

Ela sabia melhor do que a maioria como uma equipe de indivíduos altamente qualificados poderia entrar silenciosamente e atingir seu alvo em segundos. Tudo sem alertar ninguém.

A cabana estava isolada e situada no fundo das montanhas, cercada por uma densa floresta. Isolamento total era o que ela queria quando o comprou. Agora, a localização difícil pode ser exatamente o que salvou suas vidas.

Ela virou a cabeça de um lado para o outro, esticando o pescoço para ajudar a aliviar o estresse. Era uma caminhada de duas milhas até o avião, que ela pousou em uma pista curta e coberta de camuflagem.

Normalmente, a caminhada ajudava a clarear a cabeça. Desta vez, apreensão e medo do que poderia estar seguindo - ou o que esperava - ela a fez se mover rapidamente.

Seu estômago roncou de fome. Ela não se incomodou em comer. Com os nervos tão esticados, ela sabia que a comida não ficaria bem.

E onde diabos estava Cullen?

Ela vigiava a montanha para se aproximar dos faróis. Até agora, ninguém havia subido a estrada. A cada hora que passava, ela ficava cada vez mais preocupada.

Os Santos o pegaram?

Ele ainda estava ao seu alcance?

Não era como se ela pudesse permanecer na cabana indefinidamente. Foi apenas uma questão de tempo até que alguém descobrisse que ela era a dona. Ela pagou em dinheiro e usou o nome de solteira de sua mãe, mas isso só lhe daria um pouco de tempo.

Se Cullen não chegasse de manhã, ela teria que decidir qual seria seu próximo passo. Ela não tinha um veículo, o que tornaria a viagem mais difícil. No entanto, ela não conseguiu parar o que ela e Cullen haviam começado.

Siga a trilha que os Santos deixaram.

Essa era sua ordem final do general Davis, e ela seguiria adiante. Para Orrin. Pela equipa. Para Cullen e seus irmãos.

Para ela mesma.

Ela não passaria o resto da vida olhando por cima do ombro, preocupada que um santo estivesse assistindo e esperando para matá-la.

Ou ela encontraria uma maneira de acabar com os Santos ou morreria.

Havia muitos obstáculos diante dela. Na cabine de piloto de um avião, ela poderia fazer qualquer coisa. Ela não tinha a mesma confiança no terreno em meio a um grupo que causava medo em um homem como o general Davis.

Ela estremeceu só de pensar em caçar os Santos. Contra ... merda. Ela nem sabia com quem estava lutando. E isso a aterrorizou.

Primeiro, ela acreditava que eram os russos. Depois da conversa com Davis, ela teve certeza de que isso se estendia aos colombianos e provavelmente muito além disso.

Os Santos.

Era um nome sagrado, mas ela suspeitava que a agenda deles estivesse longe de ser divina. Especialmente agora, quando eles queriam Ragnarok. Ela franziu a testa, pensando na arma biológica. O que havia de tão especial nisso?

Algo chamou sua atenção pelo canto do olho. Ela virou a cabeça e viu o contorno de um homem ao luar. Foi mais tarde que ela percebeu que era Cullen que estava na beira da varanda.

Ela ficou tão aliviada que correu para ele, passando os braços em volta do pescoço dele. Ele a pegou, segurando-a com força.

Por alguns segundos, nenhum dos dois disse nada enquanto se abraçavam. Seu calor a envolveu enquanto seus braços fortes a seguravam firmemente. Ela fechou os olhos, dizendo uma rápida oração de agradecimento por Cullen estar com ela novamente.

Então ela percebeu o que tinha feito. Mas seu corpo duro parecia divino contra ela. Ela bebeu a sensação dele, saboreando-a e guardando-a na memória, antes de recuar.

Instantaneamente, ela sentiu falta dele. O luar fluía ao redor deles, dando à cena uma sensação de outro mundo. Quando ela ergueu o olhar, calafrios percorreram sua pele quando ela viu o desejo flagrante refletido em seus olhos.

Tornou-se difícil respirar sob uma necessidade tão flagrante. Com o corpo aquecendo e o coração batendo forte, ela não conseguia se mexer. O desejo se desenrolou baixo em sua barriga.

Perigoso!

Sim, Cullen era perigoso. Para seu corpo e seu coração. Mas ela ainda ansiava por seu toque.

Mas agora não era a hora.

Se ela fosse inteligente, nunca haveria um bom momento para ceder à necessidade de tomar Cullen como seu amante. Não importa o quanto ela desejasse sentir as mãos dele correrem sobre seu corpo ou tê-lo preenchido.

Fazia tanto tempo desde que ela experimentara um desejo tão requintado e poderoso quanto o que a agredia agora. Tornou quase impossível não agir sobre isso.

Ela engoliu em seco e desviou o olhar.

—Eu estava ficando preocupada.

O silêncio se estendeu entre eles quando ele a examinou. O que ele viu? O que ele achou?

—Estacionei o jipe lá embaixo — ele respondeu com uma voz profunda cheia de fome.

Ela se virou e entrou na cabana. Era imperativo colocar alguma distância entre eles antes que ela fizesse algo estúpido.

—Você se livrou do seu telefone? — ele perguntou enquanto a seguia.

A cabana de um quarto era pequena. Com Cullen dentro, o prédio parecia tão pequeno quanto um dedal, sua presença era tão grande. Embora houvesse eletricidade, ela optou por manter as luzes apagadas e acendeu velas.

—Eu fiz. — Ela caminhou até a lareira e alimentou o fogo. —Como você sabia que alguém estava nos rastreando?

Ele se abaixou no sofá diretamente atrás dela.

—Eu sempre mantenho o serviço GPS desligado no meu telefone. Alguém invadiu meu telefone e ligou.

—Quem são essas pessoas? — ela perguntou frustrada.

—Eles estão muito bem conectados. Mais de duas horas a leste daqui, parei para abastecer. Notei um suburban e um homem lá dentro com um interesse particular em mim. Ele era americano.

Ela se virou para o lado para vê-lo, o medo a atravessando. —O que aconteceu?

—Eu o nocauteei para que ele não pudesse me seguir.

Ela se sentiu um pouco melhor com as notícias. —Ele sabia que você estaria lá?

—Essas pessoas sabiam onde eu estava antes de largar o telefone. Muito provavelmente, eles tinham outros espalhados, procurando por mim.

Ela largou o atiçador e sentou-se na extremidade oposta do sofá, já que era o único móvel além da cama, mesa da cozinha e cadeiras na cabine. Estar tão perto dele estava impossibilitando que ela não quisesse estar mais perto.

—Voei baixo para evitar o radar, mas qualquer um poderia me rastrear — disse ela.

—Ou seja, alguém poderia ter visto você pousar?

—Sim. O avião fica a três quilômetros de distância, paguei em dinheiro pela cabana e usei o nome de solteira da minha mãe.

—Mas eles ainda vão encontrar — disse Cullen com um aceno de cabeça. —Isso nos dá dois dias, no máximo. Deveríamos sair amanhã de manhã.

Ela virou a cabeça para o fogo, encarando as chamas. —Para onde vamos a seguir?

—Eu não sei. — Ele sentou-se à frente e passou a mão pelo rosto.

Foi então que ela viu o cansaço dele. Nenhum deles havia dormido muito na noite anterior. Se eles não descansassem adequadamente, não durariam muito.

Ela se levantou e foi até a cozinha. A luz das velas tinha sido uma precaução para que ninguém pensasse que ela estava lá. Agora, estabeleceu um clima romântico, lembrando-a da atração que continuava a crescer quanto mais tempo ela estava sozinha com Cullen.

Em um esforço para esquecer tais pensamentos, ela começou a arrumar algo para eles comerem. A despensa estava abastecida, mas a geladeira tinha apenas alguns itens. Isso deixou pouco com o qual cozinhar.

—Eu comprei um telefone para você—, disse Cullen.

Ela encheu uma panela com água e a colocou no fogão para ferver. —Bom. Eu me sinto estranha por não ter um.

—Não há serviço aqui em cima.

—Parte do apelo de comprar este lugar — disse ela, quando o encontrou segurando o telefone, procurando um sinal.

Ele suspirou. —Eu esperava falar com meus irmãos. Estamos voando cegos aqui. Não podemos voltar à base e até voltar a Dover é arriscado.

—Venho analisando o que Sergei nos disse. Ele foi rápido em nos mandar embora, mas acho que não foi porque Orrin está lá.

A sobrancelha de Cullen franziu. —Por que você pensa isso?

—Acho que ele sabe onde está Orrin. Ele nos mandou embora para tentar nos apontar em outra direção.

Cullen torceu o rosto e se mexeu no sofá para vê-la melhor.

—Suponho que poderia ser uma opção. As docas parecem um bom local para abraçar meu pai. Está perto da base e nas mãos de um russo.

A água começou a ferver. Ela jogou o macarrão na panela e começou a cortar cubos de queijo.

—Eu pensei a mesma coisa quando pensamos que eram os russos controlando tudo. Davis e Sergei me contaram sobre o envolvimento dos colombianos. Agora você diz que os americanos também podem fazer parte dos Santos.

—Não sabemos nada desse grupo.

—Eu não acho que eles levaram Orrin para longe de Dover. Sergei nos mandou embora, e Davis disse para seguir a trilha dos Santos.

Cullen assentiu enquanto ouvia.

—Sergei conhece essas pessoas, esse grupo secreto que trabalha das sombras. Nunca o vi ou o general Davis temeu alguma coisa e, no entanto, no espaço de um dia, vi isso nos dois rostos.

Cullen grunhiu. —Os Santos parecem ter um longo alcance. Isso significa dinheiro ilimitado. Se eles abrangem dois continentes e três países, quem dirá que não é ainda maior que isso?

—Por que eles se autodenominavam Santos?

—Estou mais interessado em saber por que eles querem Ragnarok.

Ela terminou com o queijo e lavou a faca na pia. — Orrin sabia que algo estava errado. Ele não conseguiu descobrir o que era.

—Ele sabia o suficiente para mandar o bioagente embora. Essa é a única coisa que salvou a vida dele.

—Mas como ele sabia?

—Instinto — disse Cullen com um encolher de ombros. —Você e Callie mencionaram que papai não estava completamente confortável com a missão. Foi tão profundo que ele viajou para Dallas e conversou com a namorada do ensino médio de Owen, Natalie. Papai não ignorou o instinto, mas não conseguiu encontrar nada concreto para continuar.

—Se ao menos Davis me dissesse algo, nos desse algo sobre esta organização — ela disse com um suspiro.

Ele coçou a testa. — Você mesmo disse que Davis queria que você fosse imediatamente. Ele lhe disse o que podia, sabendo que você descobriria. O motivo dele era salvar sua vida. O que ele fez.

—Eu sou um piloto, Cullen. Eu posso voar qualquer coisa. Não faço bem a ninguém estando no chão, — ela disse antes de jogar o macarrão cozido em uma peneira para escorrer a água. —Estamos caminhando às cegas em território desconhecido, cercado por inimigos.

Então ela misturou o macarrão e vários queijos juntos. Só então ela pegou um pacote de salmão defumado da despensa e o adicionou.

Depois de misturada com sal e pimenta, ela serviu duas tigelas e levou para o sofá.

Ele a agarrou pelo braço quando ela lhe entregou sua comida. —Primeiro, isso não é novidade para mim. Segundo, você é mais do que capaz. Eu vi você com Sergei.

—Porque eu o conheço.

—Foi mais do que isso. Confie em si mesmo.

A corrente que passou entre ela e Cullen era espessa e forte. Estava se tornando cada vez mais difícil ignorar a necessidade pulsando dentro dela.

—Este lugar nos dará o tempo que precisamos para resolver as coisas — disse ele e a soltou

Ela afundou no sofá. Lentamente, ela começou a comer.

—Isso é muito bom — disse ele em torno de uma boca cheia de comida.

Ela sorriu e recostou-se, embalando sua tigela. Nas horas antes de sua chegada, ela havia repassado o que Davis havia lhe dito. Então ela tentou reunir as informações que Sergei havia dado. Havia buracos demais para dar sentido a isso.

Mas havia uma conexão - Yuri.

Se ela dissesse a Cullen sobre Yuri, o segredo que ela queria manter escondido seria revelado. No entanto, que escolha ela tinha? Os Santos precisavam ser parados.

—Há alguém que possamos perguntar sobre Orrin.

O olhar de Cullen levantou para ela. —Quem?

—O nome dele é Yuri Markovic. Ele é um grande general do exército russo. Eu o vi com Davis antes.

—Você acha que esse Yuri vai ajudar. Por quê?

—Porque ele e seu pai costumavam ser amigos.


CAPÍTULO DEZENOVE


Mia esperou Cullen fazer alguma coisa, dizer alguma coisa após sua revelação. Em vez disso, ele simplesmente levou o garfo à boca e deu outra mordida. Ele estava levando isso melhor do que ela esperava. Por outro lado, ela não contou muito a ele.

—Markovic e Orrin trabalharam várias missões juntos, enquanto os EUA e a Rússia procuravam continuar fortalecendo as relações. Começou durante a Guerra Fria — disse ela.

Cullen deu de ombros e continuou comendo.

Ela piscou e colocou uma mordida na boca. Depois de engolir, ela disse:

—Você não acha curioso que Yuri estivesse em Dover? O mesmo lugar em que seu pai foi sequestrado?

—Eu acho. Estou esperando você me dizer como o conhece.

A comida alojou em sua garganta antes de deslizar para baixo. O olhar dela travou com o dele. Ela pensou que ele poderia tê-la visto com Yuri quando eles conversaram em seu hangar. Agora, ela sabia com certeza.

—Por que você não me perguntou enquanto estávamos na base? — ela exigiu.

Ele levantou um ombro com indiferença.

—Eu esperava que você desse livremente as informações.

Não era como se ela tivesse uma escolha agora.

—Eu não menti antes. É melhor deixar alguns segredos em paz.

—Os segredos se tornam mais pesados quanto mais são carregados — ele respondeu suavemente.

Maldito seja. Ela olhou para a comida e comeu, não provando mais o macarrão que atingiu sua língua. Seu estômago agitou-se com emoções - raiva, medo, remorso, vergonha.

Vergonha.

Quando ela teve todo o estômago capaz de suportar, ela colocou a tigela no chão e colocou as pernas contra ela no sofá. Ela se concentrou nas chamas enquanto elas tremeluziam loucamente na lareira.

—Voei no meu primeiro avião os oito anos de idade — disse ela no silêncio. —Era um dos meus pais. Eu implorei por aulas, e ele se certificou de que eu tivesse os melhores instrutores. Assim que me sentei no banco do piloto, senti ... como se estivesse em casa. Como se eu tivesse encontrado o que estava destinado a fazer.

Ela sorriu com a lembrança de estar tão alegre cada vez que entrava em um avião.

—Eu fui do Cessnas para jatos executivos. Isso nunca foi suficiente. Eu queria mais por isso, certifiquei-me de saber pilotar helicópteros também e, por mais maravilhoso que estivesse no ar, eu ainda preferia os aviões.

—Passei cada minuto que podia voando. Eu acumulava horas a um ritmo incrível. Quando eu tinha dezesseis anos, eu estava indo ao show aéreo e biplanos voando em demonstrações de acrobacias. Foi emocionante. Por um tempo. Em um dos shows, um coronel da Força Aérea se aproximou de mim. Eu mal ouvi o que ele disse. Peguei o cartão dele e não pensei mais nele.

—Uma empregada encontrou o cartão enquanto ela lavava a roupa e deu para meu pai. Papai perdeu a cabeça. Seu rosto ficou vários tons de vermelho quando ele falou sobre eu nunca servir nas forças armadas. Ele não cedeu nem quando eu lembrei a ele que alguns de seus amigos mais íntimos eram militares. Meu pai tinha planos para mim, você vê.

Mia respirou fundo e soltou-a lentamente quando a raiva começou a se acumular novamente cada vez que pensava naquele dia.

O fogo era hipnotizante, dando-lhe a ilusão de que ela continuava sua história, mesmo que Cullen não tivesse emitido nenhum som.

—Eu sabia que não devia discutir com meu pai. Se ele soubesse o que eu realmente planejei, eu seria enviada para algum colégio interno com todos os meus movimentos observados. Então fiquei em silêncio e nunca levantei o assunto, mas continuei voando.

Não a incomodou que Cullen ainda não tivesse respondido. De certa forma - de muitas maneiras, na verdade - era mais fácil. Não olhando para ele, não vendo suas expressões.

—No dia da minha formatura, liguei para o coronel. Conversamos por uma hora e ele me enviou para o escritório do recrutador mais próximo, onde preenchi toda a papelada. Então voltei para casa para a grande festa que meu pai havia planejado. Como filha única, ele tendia a exagerar nas coisas.

—Ele não descobriu o que fiz até três meses depois, quando lhe disse que estava saindo para o campo de treinamento. Essa foi a segunda vez que o vi enlouquecer. Ele ameaçou todos os tipos de coisas. No final, foi minha madrasta que interveio e nos impediu de dizer algo que mais tarde nos arrependeríamos. Ela me levou no dia seguinte. Ele estava com tanta raiva que não veio me ver.

Mia odiava essa lembrança. A rejeição dele pelo que ela decidiu para o futuro a machucou profundamente. A ferida foi profunda, afetando-a mais de uma década depois.

Ela se levantou do sofá e colocou outro tronco no fogo. O calor das chamas a chamou para permanecer, então ela se sentou de pernas cruzadas no chão.

—Meu problema com autoridade deriva do meu pai. Eu odiava a porcaria do dia-a-dia na Força Aérea. A única vez que fiquei verdadeiramente feliz foi quando estava voando, mas minha insubordinação me manteve fora dos céus mais vezes do que não. Algumas pessoas chamaram minha confiança de arrogante e se ofenderam por eu ser melhor do que elas. Acabei odiando tudo sobre a Força Aérea, exceto o acesso a aeronaves tão magníficas. Meu pai se recostou, esperando que eu voltasse para casa com o rabo entre as pernas. Eu não fiz. Eu vim com meu próprio plano.

—Foi uma boa. Fiz muitos amigos e contatos durante meu tempo nas forças armadas. Eu sabia que um bom piloto sempre estaria em demanda. Então comecei a procurar algumas dessas pessoas. O primeiro a responder foi Sergei.

—Eu sabia que me envolver com ele seria perigoso. Eu o conheci apenas uma vez através de um amigo e, mesmo assim, eu sabia que podia estar pensando demais. Mas Sergei me ofereceu muito dinheiro. Aceitei o emprego - legítimo, devo acrescentar - pilotando um de seus aviões para a Flórida para deixar uma remessa e retornar. Ganhei mais dinheiro naquele sábado do que em um ano inteiro com a Força Aérea.

—Renunciei minha comissão seis meses depois. Até então, eu já havia alinhado vários trabalhos. Não importava o que eu estava voando, desde que estivesse no ar. Encontrei a Valquíria durante uma dessas viagens. Depois que eu tive meu próprio avião, o dinheiro dobrou. Durante esse período, aluguei um lugar em uma pista de pouso particular para a Valquíria.

—Davis não aceitou bem minha demissão. Era como se ele estivesse planejando isso, porque, quando tratei do assunto sobre minha vontade de trabalhar como contratado particular para as forças armadas, ele concordou na hora. E quando mencionei o hangar, ele consentiu rapidamente.

Ela balançou a cabeça, lembrando-se daquele dia.

—Pensei ter vencido uma grande batalha. Descobri depois que meu pai tinha uma mão nisso. Mas eu tinha o que queria, então deixei para lá. Havia mais trabalho oferecido a mim do que eu tinha tempo de assumir. Eu era capaz de escolher quais empregos eu queria. Peguei os mais perigosos que os militares ofereceram. Às vezes usando meu avião. Às vezes o deles.

—Para meus outros trabalhos, Sergei estava se tornando um regular. Ele me avisou sobre o envolvimento com pessoas erradas. Eu tolamente acreditei que poderia distinguir entre eles. Eu estava errada. Me envolvi com um grupo ruim no comércio sexual.

Ela quase olhou para Cullen para ver a reação dele. Então ela pensou melhor.

—Eu acreditei neles quando me deram um manifesto do que havia nos caixotes. Não foi até minha terceira viagem à América do Sul que ouvi chorar depois de pousar. Abri a caixa e encontrei a garota. Ela não tinha mais de doze anos. Suja, faminto e cheio de marcas de agulhas no braço.

—Um por um, abri os outros caixotes para encontrar mais garotas. Eu estava com nojo. Para os homens que me contrataram. Para mim. Eu não estava prestes a entregar as meninas. Mas eu não sabia para onde levá-las. Eu sabia que minha melhor chance estava nos Estados Unidos. Então, voltei ao meu lugar e pretendia decolar. Os homens tinham outras ideias. Eles atiraram em um dos meus motores. Consegui matar vários com as armas da Valquíria, mas no final, eles me capturaram e levaram as meninas.

Ela teve que fazer uma pausa para recontar a história. Aqueles cinco dias trancados naquele quarto, amarrados e amordaçados quando os homens se despiram e a tocaram foram os piores de sua vida.

Houve um movimento atrás dela, mas ela não se virou. Ela manteve o rosto desviado de Cullen.

—Os homens me informaram que eu seria vendida como escrava sexual. O tempo todo em que fiquei trancada naquele quarto, nua e amarrada, tudo o que ouvi foram os gritos e gritos das outras mulheres. Era o lugar mais horrível em que eu já estive. E eu sabia que não iria sair.

—Fui drogada, banhada e vestida para ser exibida e oferecida. Tudo o que eles me deram desapareceu rapidamente. Lembrei-me de todo o meu treinamento e não estava afundando sem luta. Eu ataquei um dos homens me segurando, matando-o. Depois atirei mais dois antes de me ajoelharem com uma arma na cabeça.

De repente, uma porta se abriu e um homem entrou. Era Orrin. Ele me deu um sorriso, mas quando olhou para os homens, a vingança que vi foi palpável. Ele levantou o braço, a arma na mão, e matou todos eles. Ele salvou a mim e a todas aquelas garotas naquela noite.

Se ao menos tivesse terminado então. Se ao menos ela tivesse ouvido Sergei. Se apenas... Havia tantos “se apenas”. Mas ela escolheu seu caminho e seguiu por ele.

—O que aconteceu então?

Ela pulou porque a pergunta sussurrada dele veio diretamente atrás dela. Quando ele se mudou? Mia soltou um suspiro profundo.

—Eu tentei superar tudo isso. Seu pai estava lá, me ajudando com isso. Ele até conseguiu meu avião de volta para mim. Quando pensei que era capaz, comecei a voar novamente. No meu segundo voo, eu tinha um emprego na Bulgária. Outra parte do grupo de comércio sexual estava lá, esperando por mim. Eles tentaram me capturar novamente.

—Fugi depois de matar vários deles. Mas algo dentro de mim havia mudado. Eu ignorei o aviso de Sergei e comecei a trabalhar para outros de... tipos questionáveis. Transportava drogas e armas para quem quisesse pagar minha tarifa. Não sei porque. Eu sabia que estava errado, e uma parte de mim queria ser pego. Eu até voei por caminhos que garantissem a verificação da minha carga. Isso nunca foi.

—Foi assim que entrei em contato com Yuri. Ele me fez contrabandear seus homens para os Estados Unidos. Eu nunca fiz perguntas. Aceitei o dinheiro e voei. Depois de algumas dessas viagens, percebi que tinha começado a odiar voar. Voltei para a base depois de uma jornada para encontrar Orrin no hangar. Ele não disse nada, apenas me abraçou.

Mia chorou pelo que pareceu dias. Foi limpeza, cura.

—Passei dois meses nesta cabana. Quando voltei para a base, senti-me como era antes. Mas eu sempre soube que minhas decisões passadas voltariam para me assombrar.

Cullen se moveu para se sentar ao lado dela.

—Você aprendeu uma lição e saiu mais forte por isso.

—Acho que trabalhei para os Santos.

Ele deu de ombros, olhando para ela.

—Você trabalhou com e para muitas pessoas.

—Sim, mas não é o mesmo.

—Isto é. Veja quanto tempo você trabalhou com Sergei. Você não traiu ninguém só porque um dos seus clientes eram os Santos.

Ela fechou os olhos, querendo acreditar nele. Mas em seu coração, ela sabia a verdade.

—Isso é o que você não queria que eu soubesse?

—Sim.

—Você pensou que eu não confiaria em você por causa disso?

Ela franziu a testa, virando-se para encará-lo. —Eu certamente não.

—Foi o seu segredo que me fez hesitar em confiar.

—Você? Confie em mim?

—Nesse ponto, só temos um ao outro. Temos que confiar um no outro — disse ele.

Não era o que ela esperava ouvir, mas era bom o suficiente. Seus pensamentos voltaram para a prisão de que Orrin a salvara.

—Eu sei como é ser contra a sua vontade. Não fui espancada, mas estava acariciado e tateado. Eu pensei que morreria assim. Descobri mais tarde que foi Sergei quem disse à Orrin onde eu estava. Quero retribuir o favor e resgatar Orrin.

—Nós vamos. Ele é treinado para isso. Ele pode suportar muito. Ele é forte.

—Você tem sorte de tê-lo como pai.

Ele olhou para baixo, envergonhado.

—Eu não saberia. Não falo com papai há cinco anos. Ele é o único pai que me resta e eu o ignorei.

—Às vezes é mais fácil afastar os pais do que lidar com eles ou com o passado.

—O passado. Sempre volta a isso.

Ela estudou o perfil dele enquanto ele olhava para o fogo. Havia algo em sua expressão que a pegou bem no peito. Foi uma mistura de arrependimento e esperança.

—Isso é sobre sua mãe, não é?

Ele bufou.

—A maioria das pessoas não a educa. Eles têm medo. Onde eu cresci, seu nome é sussurrado por medo de perturbar um de nós. Ninguém sabia o quanto eu queria falar sobre ela ou o que aconteceu.

—Então fale comigo — Mia ofereceu.


CAPÍTULO VINTE


Cullen engoliu em seco enquanto considerava a sugestão de Mia. O assassinato de sua mãe o seguiu da pequena cidade de Hillsboro até os fuzileiros navais e além.

Ele foi tratado como todo mundo - até que chegou a sua mãe. Então a maioria o segurou com luvas de pelica. Outros evitaram o problema completamente.

No entanto, aqui estava Mia, encarando-o de frente. E desafiando-o também.

Como ele poderia deixar passar essa chance? Ele pensou que, após tantos anos, reunir-se com seus irmãos para procurar Orrin poderia ter aliviado a dor o suficiente para que eles conversassem sobre o assassinato. Não neste caso.

Isso fez a dor dentro dele crescer. A mesma dor que começou no dia da morte de sua mãe só se expandiu, inchando dentro dele até que ele sentiu que poderia explodir por causa disso.

—Orrin nunca falou sobre isso— disse Mia no silêncio. —Eu não sabia sobre sua mãe até depois de trabalhar com ele por alguns anos. Mesmo assim, eu não trouxe à tona. Imaginei que ele tivesse todo esse tempo para me dizer, e ele optou por não por um motivo.

—Ninguém na minha família gosta de falar sobre isso — ele admitiu. —Eu tinha sete anos quando ela morreu, e papai só me sentou uma vez para falar sobre isso. Ele me disse que alguém havia entrado em nossa casa e machucado mamãe. Ele tentou suavizar o golpe do que havia acontecido, mas você não pode morar no rancho e não saber da morte. Então ele me jurou que não descansaria até encontrar a pessoa responsável.

As sobrancelhas dela se ergueram. —É isso aí? Ele não perguntou se você precisava conversar?

—Foi isso. Eu não pensava muito nisso na época. Eu não queria falar sobre isso. Mas a dor do pai foi tremenda. Depois que enterramos mamãe, ele desapareceu por semanas. Quando ele voltou, ele era diferente, mais difícil. Como se qualquer ternura estivesse dentro dele murcha com a morte dela.

—Ele a amava profundamente.

Cullen assentiu lentamente e olhou para Mia.

—Eu nunca a vi. O dia em que ela morreu. Eu sei por que Wyatt e Owen me mantiveram longe, mas isso me irritou. Ainda me irrita. Ela era minha mãe. Eu tinha o direito de vê-la.

—Eles estavam protegendo o irmão mais novo.

—Eu sei. — Não facilitou as coisas. —Li o relatório da polícia anos depois. Isso vem de viver em uma cidade pequena e conhecer todos.

Ela colocou o cabelo atrás da orelha. —O que ele disse?

—Houve uma tempestade naquele dia. Corremos para a casa porque pensávamos que poderia haver um tornado. Nunca esquecerei isso porque houve algumas rajadas que me arrepiaram. E o raio. Era bonito e aterrorizante. Quando chegamos a casa, algo chamou a atenção dos meus irmãos. Wyatt se recusou a me deixar entrar em casa. Ele correu para o celeiro, e Owen pegou minha mão e me levou a um esconderijo ao lado da casa.

—A chuva estava tão forte que estávamos molhados em segundos. Vi Wyatt vindo do celeiro com duas armas. Ele deu um para Owen, e eles desapareceram dentro de casa. Então a coisa mais estranha aconteceu.

Ela se inclinou para ele. —O que? O que aconteceu?

—A chuva e o vento pararam. Era como se alguém tivesse pressionado a pausa. Sentei-me encolhido e tremendo, esperando meus irmãos. Parecia horas antes de eles acabarem. A próxima coisa que soube foi que eles selaram um dos garanhões. Era o cavalo mais rápido que tínhamos, mas ele era tão selvagem quanto eles. — Cullen sacudiu a cabeça. —Ele ficou parado como uma pedra depois que o selaram, esperando que eu caísse nas costas dele. Era como se ele soubesse que algo estava errado.

—Ele deve ter — disse Mia.

—Eu corri com o garanhão várias milhas até o vizinho mais próximo, as palavras de Wyatt ecoando na minha cabeça. Quando cheguei ao Decker, tudo o que eu podia dizer era o que meu irmão havia me dito. ‘Envie a polícia. Mamãe foi assassinada. Os Deckers entraram em ação. A sra. Decker me puxou do cavalo enquanto o Sr. Decker chamava as autoridades. Tentei voltar ao rancho, mas eles não me deixaram. Fiquei na casa deles por dois dias antes que papai viesse me buscar.

Uma mão macia tocou seu braço.

—Eles queriam protegê-lo de ver qualquer coisa.

—Eu sei. Mas é o desconhecido que é o pior. — Cullen gostou da sensação da mão dela nele. Isso o confortou, o acalmou. —Imaginei todo tipo de cenário sobre o que aconteceu. Quando ninguém me disse nada, eu acabei atacando. Meus irmãos me ignoraram. Papai, no entanto, entendeu. Foi ele quem explicou com essa única discussão.

Para sua irritação, Mia deixou a mão cair e perguntou:

—O assassino de sua mãe foi pego?

—Não. — Ainda não, de qualquer maneira. —Todos suspeitamos que isso tenha algo a ver com papai e seu trabalho como um SEAL.

Ele se recostou, apoiando as mãos no chão e esticando as pernas para fora, para que seus pés chegassem perto do calor das chamas. —Não foram encontradas impressões digitais, nenhum tipo de DNA.

—Isso significa que não foi qualquer um que cometeu esse crime.

—Exatamente. Foi um especialista. Apenas mais uma pista que direcionou tudo de volta para o que papai estava trabalhando.

—Você nunca falou com ele sobre isso? — ela perguntou com uma carranca perturbada.

Para sua vergonha, ele não tinha. O orgulho tinha sido o culpado. Ele queria mostrar ao pai que ele poderia ser o melhor. Isso significava que o assassinato de Melanie Loughman havia sido empurrado para o lado enquanto Cullen vivia sua vida.

—Como eu disse, isso não é discutido.

O olhar dela endureceu. —É bastante difícil resolver qualquer coisa quando você passa cinco anos sem conversar com sua família.

—E você? — ele atirou de volta.

Ela levantou o queixo. —Posso levar meses para passar, mas falo com o pai no dia dos pais. Eu tento vê-lo no aniversário dele, no aniversário da minha madrasta e até no meu. Mas garanto que estou lá no Natal e no Dia de Ação de Graças.

Ele estremeceu, a verdade da situação lhe dando um tapa na cara.

—As coisas mudaram após a morte da mamãe. Papai fez o melhor que pôde, mas depois partiu para outra missão. Minha tia e meu tio se mudaram para a fazenda para nos criar. Tornou-se um hábito não conversamos com papai, porque ele nunca estava lá. Isso continuou quando eu fui para a faculdade e depois para os fuzileiros navais.

Mia colocou os braços em volta das pernas que ela havia puxado contra o peito.

—Ele checava todos vocês todos os meses. Você pode não ter pensado nele, mas vocês três nunca estavam sozinhos.

Agora ele se sentia um idiota de primeira classe. Então, novamente, é exatamente isso que ela queria. Ela viu outro lado do pai dele. Ela recebeu os conselhos e as risadas de Orrin. Ele só tinha trechos de lembranças ao longo dos anos de seu pai voltando para casa por algumas semanas antes de sair novamente.

Ele estremeceu ao perceber que estava com ciúmes de Mia. Inveja do tempo que ela teve com Orrin, tempo que deveria ter sido de Cullen. Ressentido por seu pai ter recebido de boa vontade outros quando teve três filhos bem-sucedidos.

Quem não precisava dele.

Cullen encontrou seu olhar sombrio. Ela precisava do pai dele. Callie também. Como ele podia estar diferente de feliz por Orrin estar lá para ajudar os dois?

—O que? — Mia perguntou em seu olhar.

Ele balançou sua cabeça. —Nada.

—O que a polícia informou sobre o assassinato de sua mãe?

—Não era apenas a polícia local. O FBI, a CIA, a Marinha e até o Departamento de Estado já tinham investigações. Ao longo dos anos, consegui colocar minhas mãos em cada um dos relatórios.

—Algo que poderia ajudar?

—Os fatos eram todos iguais. Melanie Loughman deixou seu atacante entrar em casa. Havia uma xícara de café meio bêbada na mesa da cozinha que pertencia à minha mãe. Por causa disso, suspeita-se que ela tenha sido estrangulada lá.

Ela recuou. — Estrangulado? Querido senhor.

—Uma matança de perto e pessoal —ele respondeu com um aceno de cabeça. —Eu sei. Isso é o que se destaca para mim também. Ela poderia ter sido tirada por um atirador de elite a qualquer momento enquanto papai estava fora e nós estávamos na escola. Havia apenas quatro trabalhadores no rancho, e todos estavam pastando gado naquele dia.

—Deixando-a completamente sozinha.

—Sem evidências, nenhum dos investigadores aprendeu exatamente onde ela foi assassinada. Mas o assassino fez questão de colocá-la na cama dos meus pais.

O rosto de Mia franziu em repulsa. —Definitivamente, era sobre Orrin. O assassino queria deixar uma mensagem para ele.

—Eu acredito que sim.

—Você deveria perguntar a ele sobre isso.

Os lábios de Cullen apareceram em um sorriso.

—Assim que o encontrarmos e lidarmos com os Santos, eu vou. É hora de o assassino de minha mãe ser levado à justiça.

—Mesmo que seja justiça Loughman — afirmou ela com um sorriso.

Ele tinha que admitir que seria difícil não se vingar do filho da puta assim que fosse pego. De repente, Cullen franziu a testa.

—Foi por coincidência que Orrin foi convidado a roubar Ragnarok?

—Ele é bom no que faz, mas há homens mais jovens que também poderiam ter feito isso.

—Então por que meu pai? Por que não enviar uma equipe SEAL? Por que não enviar Delta Force? Por que um Black Ops? Por que papai?

O choque fez seu rosto empalidecer na luz alaranjada do fogo.

—Você acha que tudo isso remonta ao assassinato de sua mãe.

—Papai deveria ter a arma biológica quando vocês desembarcaram em Dover. Foi o instinto dele que o fez lhe entregar para colocar no correio.

—Se ele tivesse, ele estaria morto junto com os outros — disse ela com nojo.

Ele assentiu, uma sensação de mal estar no estômago.

—Eles o queriam morto, removido.

—Orrin os superou.

—Você acha que foi Yuri quem o levou?

Ela encolheu os ombros, impotente.

—Quem mais? Vimos a ordem do general Davis concedendo entrada àqueles dez soldados russos na base naquela noite.

—Esta manhã, eu estava convencido de que Davis fazia parte disso. Você vê-lo com Markovic não ajuda. No entanto, as coisas que ele lhe disse sobre os Santos, assim como Davis tirando você da base, emprestam sua inocência.

—Pode ser que o general tenha se arrependido de se juntar aos Santos e tenha mudado de ideia.

Cullen dobrou uma perna e se inclinou para frente. —Ou ele foi forçado a ajudá-los. —

—Existe isso também. Não saberemos até conversarmos com ele novamente.

Cullen de repente se lembrou de algo que o general havia dito a Mia.

—Ele não disse que eles estavam em todo lugar?

—Sim — ela disse, assentindo. —Ele olhou para o teto quando disse isso.

—Havia um aparelho de escuta em seu escritório e provavelmente um também o observava.

O rosto dela caiu em remorso. —Ele disse que não havia muito tempo. Não é à toa que ele não disse mais nada.

—E o que ele disse a você pode matá-lo.

Ela deixou cair a testa nos braços. Ele entendeu como ela se sentia. Foi difícil entender tudo. Conspiração, decepção e mentiras combinadas com indivíduos enganosos foram suficientes para fazer girar a cabeça de uma pessoa.

—O general me ajudou — disse ela, levantando a cabeça.

—E sou grato por isso.

Ela apertou os lábios. —Eu deveria ter ajudado ele.

—Não sabemos nada com certeza.

—Esse é o problema. Estamos adivinhando.

—Eles são palpites — ele lembrou.

Ela jogou os braços para fora.

—Isso não nos levou a lugar nenhum, sem ideia do que fazer a seguir?

—Eu sei o que fazer a seguir. Nós encontramos Yuri Markovic.


CAPÍTULO VINTE E UM


A floresta ainda estava zumbindo com sons, fazendo a noite parecer viva. Era elétrico, estimulante.

Mexendo.

Mia procurou uma desculpa - qualquer desculpa - para parar de pensar em Cullen. E não encontrou nada.

Foi desanimador ter certeza. Especialmente quando ela o queria tão intensamente.

Essa necessidade rodou através dela, lentamente a princípio, mas aumentando constantemente. O núcleo de desejo que havia começado quando ela o vira pela primeira vez se transformou em um inferno.

Ela usou o tempo sozinha enquanto ele fazia uma varredura na área para tentar se controlar. Quando ele falou do assassinato de sua mãe e nos anos seguintes, ela não conseguiu esconder as mãos dele. E esse toque apenas inflamava sua necessidade de mais.

Para não se jogar nele, ela não teve escolha a não ser libertá-lo. O que tinha sido mais difícil de fazer do que ela esperava. O que havia em Cullen que a seduziu e a cativou?

E ele a convenceu a baixar a guarda e convidá-lo a entrar?

Foi sua voz sexy e excitante que atiçou e seduziu? Foram suas palavras encantadoras que tentaram e atraíram?

Ou foram aqueles olhos castanhos hipnóticos com sua misteriosa mistura de verde e ouro que a persuadiram?

Seu estômago revirou ao pensar em ceder ao desejo. A atração estava lá, pairando sobre eles como uma nuvem. Ela não tinha certeza de quanto tempo ela poderia resistir. Até agora, sua mente continuava forte, mas seu corpo estava virando a maré rapidamente.

Nem mesmo uma tarefa mundana como lavar a louça poderia aliviar o desejo crescente. Queimou. Brilhava quente e implacável. Cullen era o tipo de homem que ela não podia fugir ou ignorar.

Ele exigiu a atenção dela com um simples olhar. A promessa de prazer em seu olhar estava lá sempre que ela procurava vê-lo. E isso a aterrorizou.

Mas também a emocionou.

Com as mãos apoiadas na pia, ela fechou os olhos e imaginou como seria se entregar a Cullen. Sua cabeça rolou para o lado enquanto seus mamilos enrugavam, formigando com a necessidade de serem tocados.

Calafrios percorreram seu corpo, enquanto suas respirações eram mais rápidas. Com o nome dele nos lábios, ela se abaixou e se tocou, tentando aliviar a necessidade que crescia rapidamente.

Os olhos dela se abriram. No reflexo da janela, ela o viu parado atrás dela. Seus olhares se chocaram quando o fogo estalou. O desejo ardia em suas profundezas cor de avelã.

Não havia como voltar agora. Mia nem tentou. O caminho estava exposto diante dela, e era bom demais para deixar passar por ela.

Ela se virou. Por longos momentos, eles simplesmente ficaram olhando. Ela tinha medo de se mexer - e com medo de não se mexer.

O desejo era tão tangível que o ar estava denso com ele. Ela estava tremendo quando deu o primeiro passo tentativo em direção a ele.

Ele a encontrou no meio do caminho, mas mesmo assim eles não se tocaram. Mia estava com medo de que, uma vez que o fizesse, o desejo primordial e selvagem por ele assumisse o controle.

Foi Cullen quem estendeu a mão primeiro, colocando a mão na cintura e lentamente puxando-a para mais perto. Instintivamente, os braços dela dobraram, agarrando os antebraços dele.

A luz das velas e da lareira os banhava em um brilho suave. Ela estava encantada, presa na teia de desejo e necessidade refletida em seus olhos.

A cabeça dele inclinou-se para a frente gradualmente, dando-lhe tempo para afastá-lo. Exceto que ela já passou muito disso. O rosto dela se levantou, antecipando o beijo dele.

O primeiro toque de seus lábios nos dela a deixou sem fôlego. Sua boca estava firme quando ele se moveu contra ela, provocando e persuadindo.

Ela voluntariamente abriu para ele. Quando a língua dele entrou e tocou a dela, ela suspirou e passou as mãos pelos braços dele, pelos ombros e ao redor do pescoço dele.

Ele a segurou com força, seus braços como tiras de aço enquanto ele aprofundava o beijo. Desejo derretido derramou através dela. Se havia alguma última reserva sobre ceder a seu desejo, eles desapareceram.

Faíscas de prazer deslizaram ao longo de sua pele quando ele a beijou vigorosamente. Ela derreteu contra ele, querendo, precisando, mais.

Um gemido a atravessou quando ele deslizou a mão em seus cabelos. Então ele a virou, apoiando-a no sofá e se aproximando do fogo.

Foi ela quem pegou a barra da camisa e puxou-a para cima. O beijo terminou o tempo suficiente para ele tirar a camiseta e jogá-la fora.

Os lábios de Mia se separaram enquanto ela olhava para o espécime diante dela. Ela espalhou as mãos sobre o peito dele, depois beijou a bala no ombro direito e a outra mais perto da cintura. No lado esquerdo, ela passou os lábios e a língua pela cicatriz de dez centímetros ao longo de seu abdômen, proveniente de uma faca.

Ela encontrou o olhar dele e sorriu. O tendão grosso sob as palmas das mãos se retesou enquanto ele lutava para não tocá-la. Ele empurrou quando ela alcançou entre eles e desabotoou seu jeans.

O som do zíper foi sufocado pelo seu gemido. Com o coração batendo forte no peito, ela colocou a mão sobre a excitação grossa dele através da calça jeans.

O fio fino de controle que Cullen se agarrou a quebrar quando ela tocou seu pênis. Ele a puxou contra ele, saqueando sua boca com um beijo brutal.

Os dedos dela deslizaram pelos cabelos dele, as unhas roçando suavemente o couro cabeludo. Ele não a conseguiu aproximar o suficiente. Ela o estava tentando desde que ele a viu pela primeira vez.

Mas entrar na cabana e encontrá-la se tocando o surpreendeu e o excitou. Agora que ela estava nos braços dele, ele não a deixaria ir.

O dia seguinte não significaram nada, pois cederam ao desejo, ao desejo um pelo outro.

Ele lutou para tirar a blusa dela. Finalmente, foi ela quem o removeu. O sutiã dela seguiu rapidamente. Então ele tinha um punhado de seios bem torneados.

Quando ele passou o polegar sobre um mamilo esticado, ela gemeu, as unhas afundando nele. Como se entendessem mutuamente, eles se separaram o suficiente para tirar o resto de suas roupas.

E então eles estavam juntos, carne com carne.

Cullen glorificava a mulher em seus braços. Ele passou a mão pelo lado dela até o recuo da cintura dela, e depois pela lavareda do quadril antes de pegar um punhado de sua bunda e puxá-la contra seu pênis.

Ele sorriu quando ela lhe deu um sorriso perverso logo antes de pular, envolvendo as longas pernas em volta da cintura dele. Beijando-a novamente, ele a abraçou enquanto se ajoelhava.

Com uma mão nas costas dela, ele se inclinou para frente até tocar a mão no chão. Lentamente, ele a abaixou no chão. Ela manteve as pernas presas ao redor dele, as mãos por todo o corpo.

Ele não a parou quando ela os rolou e montou em seus quadris. Ela jogou os cabelos por cima do ombro com um movimento da cabeça. As mãos dela estavam apoiadas no peito dele enquanto ele segurava a cintura dela.

O desejo bateu nele, grosso e exigente. Seu pênis saltou, ansioso por estar dentro dela. Incapaz de ajudar a si mesmo, ele segurou seus seios e apertou seus mamilos.

Sua cabeça caiu para trás enquanto seus quadris balançavam contra ele. Ele nunca viu alguém tão sensual, tão perversamente sexy em sua vida. Ela era uma criatura tão rara, uma que ele não tinha certeza de que poderia abandonar.

Esse pensamento o assustou desde que ele fez questão de nunca se encontrar em um relacionamento. Então ele parou de pensar completamente quando seus dedos longos e finos envolveram seu pênis. Ele observou quando ela o segurou e se abaixou.

Ele gemeu ao sentir as dobras escorregadias dela envolvendo-o. Sua cabeça caiu para trás, seus olhos se fecharam quando ela o levou mais fundo, suas paredes apertadas o agarrando.

A sensação foi requintada e pungente.

Depois que ela pegou todo ele, ela girou os quadris. Suas pálpebras se abriram porque a paixão era grande demais agora. Enquanto eles se encaravam, não havia como negar a necessidade tangível.

Sua respiração o deixou com pressa quando ela se inclinou para frente e começou a se mover. Ele levantou a cabeça e tomou um mamilo duro na boca. Seu grito de prazer assustou-o, enquanto ela aumentava o ritmo. Ele lambeu e provocou seu mamilo até que ela estava empurrando contra ele.

Então ele se mudou para o outro seio.

Ela tremeu sob as mãos dele, seus gritos ficando mais altos e mais rápidos. De repente, ela se sentou, abaixando a cabeça para trás enquanto o montava com força.

Ele se gloriou ao ver seus seios balançando enquanto a luz do fogo a cobria. Os olhos dela estavam fechados, os lábios abertos. Um olhar de prazer tão intenso, tão puro brilhou em seu rosto.

Seu peito se apertou quando ele percebeu que tinha uma mulher nos braços. Quão sortudo ele foi?

Impotente para manter as mãos longe dela, ele colocou a mão na barriga dela e usou o polegar para encontrar o clitóris. Então ele circulou lentamente o nó inchado.

Em instantes, ela estremeceu e tremeu quando um clímax a atravessou, suas paredes apertando em torno de seu pênis. Ele cerrou os dentes, segurando o próprio orgasmo.

Ele a jogou de costas e, com o clímax ainda pulsando, ele apoiou uma mão em cada lado da cabeça dela, puxou-a para fora e empurrou.

—Cullen!

O som dela gritando o nome dele o enviou além do limite. Ele moveu os quadris mais rápido, mergulhando fundo. Ele a sentiu estremecer quando outro orgasmo a levou. Ele olhou para ela com os cabelos escuros espalhados ao redor, os lábios inchados abertos e o corpo corado de prazer. Era uma visão que ele nunca esqueceria. Estava marcado em sua memória para sempre.

Ela estendeu a mão e tocou o rosto dele, algo em seu olhar que ele não reconheceu - ou não queria reconhecer. Mas o momento não pode ser esquecido.

Então seu sorriso diabólico apareceu logo antes de ela prender os tornozelos ao redor dele e erguer os quadris para encontrar seus impulsos. Isso foi o suficiente para enviá-lo ao limite.

Ele deu um mergulho final, enterrando-se profundamente quando o orgasmo o varreu.

Quando ele chegou, estava deitado no peito de Mia, com os braços em volta dele, acariciando gentilmente suas costas. Normalmente, esse tipo de afeto o fazia fugir rapidamente. Desta vez, no entanto, ele não queria se mudar. Não tinha nada a ver com o fato de que não havia lugar para ele ir, ou que ele sentia que precisava protegê-la.

Ele não queria olhar muito de perto as razões pelas quais preferia permanecer trancado em seu abraço. Foi o suficiente para ele se contentar pela primeira vez em sua vida.

Era uma sensação estranha e surpreendente. Ele mentiria se dissesse que Mia não o deixou perplexo em todos os níveis. No entanto, ele foi incapaz de ignorar a atração ou sua necessidade de tê-la.

Embora ele não fosse quem recusasse um amante pela noite, ela era diferente.

E ele se sentiu diferente depois de estar com ela.

Ele não sabia explicar o que havia mudado, mas isso o tocou até a alma. Ele ecoou através dele, silenciando os demônios que estavam com ele por tanto tempo quanto ele conseguia se lembrar.

Quando ela beijou sua testa, ele fechou os olhos. Era hora de parar de pensar e imaginar. Era hora de apreciar a bem-aventurança que se seguiu a um amor tão incrível.

Embora ele não pudesse deixar de se perguntar o que ela poderia estar pensando. Ela se arrependeu do que tinha acontecido? Porque ele certamente não. Na verdade, ele estava feliz por não ter escolha a não ser ficar perto dela. Outra novidade para ele.

Estranho como isso não o incomodava nem um pouco.


CAPÍTULO VINTE E DOIS

Sklad...


Os segundos passaram na cabeça de Orrin, enquanto ele pensava sobre tudo o que Yuri havia lhe dito - e o que ele não tinha.

Em que ele acreditava? Ele ousou confiar em seu velho amigo? A explicação de Yuri parecia boa, mas isso poderia ser tudo. Então, novamente, pode muito bem ser a verdade.

Esse foi um pensamento sério. Um terrível também.

O que ele sabia era que Yuri estava assustado. Um medo arrepiante e profundo da alma que mantinha um homem acordado à noite. Foi isso que impediu Orrin de descartar as declarações de Yuri de imediato.

Os pensamentos de Orrin mudaram para Ragnarok. Ele esfregou o peito enquanto imaginava o resultado potencial se uma arma desse tipo fosse lançada. Não importava se era uma pequena vila ou um país inteiro os resultados seriam surpreendentes.

A porta se abriu no quarto dele, e a médica entrou. Ela manteve o olhar desviado dele enquanto movia o cabelo para trás da orelha.

Sua mente estava ocupada demais com tudo para se preocupar com o motivo de ela não encontrar o olhar dele. Ele fechou os olhos enquanto ela começava sua rotina.

—Tem uma câmera — ela sussurrou. —No canto esquerdo, de frente para você.

Ele abriu os olhos em fendas para olhá-la. Ela manteve as costas voltadas para onde ela disse que a câmera estava. Orrin pensou em quando os soldados haviam entrado, e ele recebeu algo para deixá-lo inconsciente.

—Eles estão assistindo tudo.

Obviamente. Mas era Yuri? Ou os Santos? Ele não podia perguntar a Yuri sobre isso, caso fosse por ele. Então Yuri saberia que ela estava falando com ele. Merda. Ele odiava situações como essa.

Em que acreditar? Em quem confiar? Um movimento errado, e isso pode significar a vida dele ou dos filhos dele. Muitas pessoas já morreram, mas ele sabia que as coisas não estavam terminadas de longe. Mas morreriam.

Isso foi inevitável. Uma verdade que todo homem e mulher de uniforme entende. Mas pessoas como a médica não entenderiam essas coisas. Natalie também não. Ele havia envolvido Natalie e ele teria que viver com isso. Havia muitos fatores em ação para ele se sentir confiante sobre um resultado agora.

—Orrin?

O som do sussurro dela o arrastou de seus pensamentos. Ele resmungou, deixando-a saber que ouvira suas palavras. Havia uma necessidade crescente dentro dele para proteger ela e o filho, mas como ele poderia quando não podia ajudar a si mesmo ou a sua própria família?

O desamparo que o assaltou foi horrendo. Ele nunca sentiu algo assim antes e detestava. Ele mal podia esperar até conseguir se livrar do sentimento e voltar a fazer o que deveria fazer.

Ele não ficou surpreso ao encontrar Yuri entrando na sala com dois de seus homens armados ao seu lado. Orrin abriu os olhos e observou o velho amigo.

—Como ele está, Doc? — Yuri perguntou.

Ela fechou o gráfico. —Ele melhorou a um ritmo notável.

—Melhorou o suficiente para retornara sua cela? — Yuri perguntou com uma sobrancelha levantada.

Houve um pouco de hesitação dela antes que ela dissesse: —Eu não recomendaria. Ainda não.

—É... como você diz? Fora de suas mãos — Yuri respondeu com um sorriso frio.

Orrin assistiu à troca com interesse. A médica estava tentando protegê-lo da única maneira que ela podia, mas esse tempo acabou agora. E de certa forma, isso foi uma coisa boa.

—Você está certo, Yuri. — Ele acenou com a mão para o monitor e IV. —Eu não preciso mais disso.

O que significava que Yuri poderia deixar a médica voltar à vida e ao filho.

Yuri acenou com a cabeça para o IV. —Desengate ele.

Mais uma vez, ele fez questão de não olhar para a médica, mesmo quando suas mãos tremiam enquanto ela removia o IV.

Quando foi libertado de tudo, Orrin jogou as cobertas e jogou as pernas para o lado da cama. Seu corpo tremia, mas a dor não era tão intensa quanto ele esperava. Até suas costelas não doeram tanto quanto deveriam. Então ele olhou para Yuri, esperando para ver o que aconteceria.

Yuri olhou para o soldado à esquerda, o loiro alto que sempre parecia estar por perto. O soldado saiu da sala, apenas para voltar um segundo depois com roupas e botas.

Eles foram colocados ao pé da cama. Orrin olhou para eles. A única coisa melhor do que roupas limpas seria um banho.

—Vista-se — ordenou Yuri. —Venha, doutora.

Depois que todos partiram, Orrin se levantou cautelosamente, testando suas pernas e o resto de seus ferimentos. O que quer que a médica tivesse lhe dado rapidamente o ajudou a se curar. E ele estava mais do que agradecido.

Ele vestiu a camiseta verde-oliva primeiro. Então ele tirou a calça suja e ensanguentada e pegou as calças táticas. Não foi fácil prendê-los com o pulso quebrado. Então vieram as botas. Foi só quando ele os agarrou que ele viu o novo par de meias.

Agitando os dedos dos pés contra o azulejo frio, Orrin sentou-se na cama e calçou as meias e os sapatos. Quando terminou, seu pulso latejava, suas costelas quebradas impossibilitavam respirar profundamente, e qualquer movimento causava dor.

Mas não foi a primeira vez que ele quebrou costelas em uma situação de combate. Ele ainda estava sentado na cama, tentando aliviar a dor quando a porta se abriu, e Yuri encheu a porta. Yuri olhou para ele antes de acenar para Orrin seguir com uma inclinação de cabeça.

Orrin se levantou e seguiu Yuri, esperando que ele voltasse para a pequena e úmida prisão em que esteve originalmente. Ele não estava errado.

A porta se fechou atrás dele. Ele se virou, mas se viu sozinho. O que Yuri estava fazendo?

Várias horas depois, Yuri voltou. Para surpresa de Orrin, não havia soldados com ele. Enquanto Yuri se recostava na porta, Orrin se levantou.

Eles se entreolharam por um longo tempo. Então Yuri disse:

—Seu filho mais novo está em Delaware.

Ele antecipou que pelo menos um deles retornaria ao último lugar em que foi visto. Um sorriso ameaçou quando ele imaginou Cullen e Mia juntos. Ambos poderiam ser imprudentes, mas funcionariam bem juntos.

—Tenho certeza que você previu isso.

Yuri deu de ombros. —É necessário tomar uma decisão. Minha lealdade aos Santos foi posta em questão.

—Foi por isso que fui drogado? O que eles fizeram naquele quarto em que eu estava?

—Instalaram uma câmera.

Então talvez não fosse Yuri. Orrin ainda não tinha certeza ainda. Tudo poderia ser um truque. —Para me assistir?

—Para ter certeza de que estou fazendo meu trabalho.

—Pode haver uma câmera aqui.

Yuri sacudiu a cabeça. —Não há. Eu chequei.

—E agora?

—Agora, decidimos o que fazer. Você diz que Ragnarok está em algum lugar que ninguém consegue. É bom saber disso, mas não para todo o resto. O cientista que criou Ragnarok, Jankovic, pode fazer mais.

Orrin se moveu devagar, para não agravar seus ferimentos. —Ele precisa ser encontrado.

—E os Santos pararam.

—Acordado. Como fazemos isso?

Yuri sorriu lentamente. —Partimos daqui, é claro.

—Claro. — Não seria tão fácil assim. —E seus homens?

—Ainda são meus. Existem vários homens dos Santos aqui, no entanto.

—Assistindo e ouvindo — ele disse com um aceno de cabeça.

Yuri se afastou da porta e caminhou até Orrin. —Partimos à noite.

—Se você deixar seus homens para trás, eles serão mortos.

—Existe uma estratégia de saída que eu coloquei em prática antes de deixarmos Moscou. Eles vão se separar, partir separadamente.

Orrin encostou-se na parede. —Como eles vão voltar para a Rússia?

—Um homem chamado Sergei Chzov.

Orrin não se deu ao trabalho de dizer a Yuri que ele conhecia Sergei. Embora isso fosse apenas por causa de Mia. Sempre que alguém dizia a Mia que era impossível, ela se certificava de que não era. Muitos disseram que era impossível se envolver com Chzov se você não tivesse raízes russas. E, no entanto, Mia havia desenvolvido um vínculo com Sergei.

Orrin disse: —Você precisa deixar a médica ir.

—Já foi feito. Não preciso mais dos serviços dela.

Ele se sentiu melhor sabendo que ela estava longe de Yuri. Ainda assim, ele sentiria falta daqueles olhos cinzentos dela e daquele cabelo vermelho incrível.

—Ela exigiu saber o que eu tinha feito com você. Você acredita nisso? Yuri perguntou com um bufo.

Ele sorriu porque podia. —O que você disse a ela?

—Para sair sozinha.

Se eles fossem embora, ele teria que enviar uma mensagem para ela não entrar em contato com o governo. Ainda não, de qualquer maneira. Havia muito que ele e Yuri tinham que fazer antes que alguém descobrisse o que estavam fazendo.

—Você pode fazer o que é necessário?

Ele lançou um olhar duro para Yuri. —O que diabos isso quer dizer?

—Você está ferido.

—Eu tive pior. — Muito pior, na verdade.

O sorriso de Yuri continha uma nota de miséria. —Não somos tão jovens quanto costumávamos ser.

Isso com certeza. Mesmo dez anos atrás, Orrin se recuperaria rapidamente de tal espancamento. Mas ele não se sentiria tão bem quanto estava se não fosse pelo que a médica havia lhe dado.

—Farei o que for preciso. É o que eu sempre fiz.

—Da. Você e eu — disse Yuri. Ele puxou uma arma na parte de trás da cintura da calça e estendeu-a, primeiro com o alvo, para Orrin. —Teremos que sair rapidamente.

Orrin agarrou o metal quente da Glock, o peso familiar — e bem-vindo. —Eu estarei pronto.

Depois que Yuri saiu, Orrin encostou as costas na parede e lentamente se abaixou no chão. Havia tantas coisas que poderiam dar errado.

Ele não tinha ideia da localização exata ou do layout do edifício. Isso significava que Orrin tinha que confiar em Yuri. Não havia outra escolha. Se ele queria sair, ele tinha que seguir seu velho amigo.

Só porque ele estava disposto a trabalhar com Yuri agora não significava que ele confiava nele. De fato, Orrin não. Havia alguma verdade no que Yuri havia dito a ele, mas havia outras partes sobre as quais ele não tinha tanta certeza.

Desde o início, há quase trinta anos, quando ele e Yuri se conheceram, eles tiveram um relacionamento contencioso. A amizade deles começaria a se fortalecer, e então algo faria um deles desconfiar do outro, destruindo o que havia começado.

Era um círculo amargo que eles nunca foram capazes de deter. A situação atual mudou um pouco as coisas, mas não o suficiente.

No entanto, Orrin sabia que chegaria um momento em um futuro muito próximo, quando ele teria que decidir se confiava em tudo que Yuri dizia - ou se afastava.

Nesse jogo de gato e rato, ele teria que manter o juízo sobre ele o tempo todo e confiar em seus instintos. Eles o tiraram de situações ruins antes.

Ele os ligaria em breve porque Orrin estava determinado a ver seus filhos novamente. Ele queria ver Callie, Natalie e Mia também. Havia tanta coisa que ele não contou aos filhos. Ele sempre pensou que haveria tempo. No entanto, o tempo estava acabando.

E ele ainda não havia pegado o assassino de Melanie. Ele jurou encontrar o bastardo e, se fosse a última coisa que Orrin fizesse, faria isso por sua amada esposa.


CAPÍTULO VINTE E TRÊS


Mia se espreguiçou, sentindo falta do calor de Cullen. Ela bocejou e abriu os olhos para encontrá-lo colocando mais lenha no fogo. Ele virou a cabeça para ela e sorriu.

Aquele sorriso torto fez seu estômago palpitar. Ela estendeu a mão para ele, que ele pegou. Então ela o puxou de volta para ela.

Um longo suspiro o deixou quando ele estava deitado de costas e a trouxe contra ele. Eles não se falavam desde que fizeram amor e, na verdade, ela não tinha tanta certeza de que queria que as palavras quebrassem o que estava acontecendo entre eles. Era uma ilusão, ela sabia. Uma que seria quebrado logo que eles deixassem a cabana. Mas para cada batimento cardíaco que eles tinham, ela a segurava com força.

—O sol vai nascer em breve— disse ele, colocando o outro braço atrás da cabeça.

Ela tentou não se decepcionar, mas não conseguiu. —Eu sei.

—Eu também não quero ir embora.

Os olhos dela se fecharam. Se ao menos ela pudesse fazer o mundo parar. Mas não era justo para ela e Cullen encontrar qualquer tipo de prazer quando Orrin sofria.

Os dedos de Cullen deslizaram por seus cabelos. Ele era tudo o que ela esperava e muito mais. As mãos dele tocaram seu corpo com dedos hábeis, trazendo-a a alturas que ela não sabia que existiam.

A maneira como eles se deitaram nos braços um do outro depois foi incrível. Não era só porque o corpo dela zumbia em êxtase. Algo aconteceu. Ele pairava no ar, cercando-os.

Ela temia que naquela noite, ele pudesse ter roubado seu coração. Claro, ela não diria nada. Não seria sensato. Agora não, pelo menos.

Mia deu um beijo em seu peito e sentou-se. A mão dele agarrou a dela antes que ela pudesse se levantar. Quando ela olhou para ele, sua testa estava franzida em pensamentos.

Ela esperou que ele falasse, para lhe contar o que estava em sua mente. Finalmente, ela se levantou. E desta vez, ele não a impediu.

Enquanto ela tomava banho, ela se perguntava o que ele queria dizer. Ele queria dizer a ela que era algo casual entre eles?

Foi como ela o chamou desde o início. Infelizmente, ela não fez casual. Ela estava toda ou não estava.

Ela terminou o banho rapidamente. Quando ela entrou no quarto onde guardava algumas roupas, ouviu-o se mexer.

Mia encontrou um par de cargas cáqui e uma camisa Henley preta de manga comprida. Depois de colocar o cabelo em um rabo de cavalo, ela voltou para a sala para puxar as botas.

Quando ela terminou, ela olhou para cima e viu Cullen segurando a jaqueta que havia deixado na cabana. Ela aceitou com um sorriso. Enquanto ela vestia o casaco, ele apagou o fogo.

Ela deu uma última olhada ao redor do lugar, seu olhar permanecendo no chão diante da lareira enquanto ela colocava suas armas e facas no lugar. Ela nunca seria capaz de estar aqui novamente e não pensar em Cullen.

—Pronta? — ele perguntou por trás dela.

Ela se virou para vê-lo na porta, esperando por ela. —Sim. Vamos lá.

Eles caminharam da cabana para a quietude do início da manhã. Ela viu um vislumbre do céu cinza suave quando o sol começou a subir.

—Onde você acha que vamos encontrar Yuri? — ela perguntou um pouco depois.

Cullen saltou de um afloramento de rocha para o chão dois pés abaixo. —Sergei pode saber — disse ele e se virou para ajudá-la.

Ela sorriu para ele, ignorando a mão dele enquanto pulava ao lado dele.

—Todos vocês, meninos do Texas, são tão cavalheirescos?

—Com medo, querida. Está na água.

Incapaz de ajudar a si mesma, ela riu baixinho. Ele realmente a fez querer ver o Texas, especificamente o Loughman Ranch.

Partiram juntos novamente, serpenteando entre as árvores, mantendo-se longe de qualquer trilha. Seus pensamentos se voltaram para Sergei, e os possíveis problemas que uma visita a ele poderia causar.

—Sergei nos avisou para não voltar — disse ela.

Cullen brevemente encontrou seu olhar. —Se você pode pensar em outra opção, eu estou aberto.

—Eu não posso.

—Então não vejo que tenhamos outra escolha. Sergei saberá como se apossar de Yuri ou pode nos levar até ele.

—Se ele quiser — acrescentou. —Você está assumindo que Sergei ajudará. Você o viu pela última vez. Ele não quer participar disso.

Cullen moveu um galho para fora do caminho, esquivando-se enquanto caminhava por baixo dele. —Sergei Chzov tem uma queda por você.

Ela balançou a cabeça. —Absolutamente não. Eu não vou usar isso.

—A última vez que visitamos, todo mundo nos viu entrar e sair. Desta vez, precisamos chegar até ele sem que os outros nos vejam.

Ele perdeu a cabeça. Ela tinha certeza disso. —Você estava no mesmo prédio nas docas que eu, certo? Você viu todos os homens dele, as armas?

—Eu vi.

—Como você espera que passemos por eles sem que ninguém avise Sergei?

Os olhos castanhos de Cullen tinham um brilho travesso. —A casa dele, é claro.

—É claro — ela repetiu, balançando a cabeça. —Isso é ainda mais uma fortaleza.

Antes que ela pudesse piscar, ele parou e a prendeu contra uma árvore. Seu rosto abaixou, de modo que seus lábios roçaram os dela sedutoramente.

Seu corpo aqueceu rapidamente ao sentir os músculos duros dele. Ela agarrou seus braços, com medo de que ele se afastasse, mas com medo de que não o faria. Ela queria o beijo dele, ansiava por isso com uma fome que a assustou. Seu sexo apertou, doendo para senti-lo dentro dela. Depois de uma noite, ela estava viciada.

Completamente, totalmente obcecado.

—Você confia em mim? — ele sussurrou.

Os olhos dela encontraram os dele. —Sim.

Sua resposta foi um sorriso lento antes de seus lábios se moverem sobre os dela. Ela inclinou a cabeça para o lado e separou os lábios. Suas línguas se encontraram, dançaram quando um gemido retumbou em seu peito. A chamada de um falcão a lembrou onde eles estavam. O beijo terminou e ele descansou a testa na dela. Por vários minutos, eles permaneceram assim.

—Droga, mas eu sofro por você — ele murmurou.

Parecia que um voo de pássaros decolara em seu estômago. Ela tocou o rosto dele e inclinou a cabeça para trás. —Eu também.

Ele deu um passo para longe, pigarreando. —Devemos continuar andando.

—Sim.

Ela não tinha certeza do que havia de errado com ela. Ela nunca agiu assim com ninguém antes. O desejo era tão intenso, tão avassalador, que era tudo em que ela conseguia pensar.

Só cresceu agora que ela sabia o que era ser amado por Cullen. A ideia de que ele poderia desejá-la tão freneticamente quanto ela o deixava quase tonta. E vertiginoso era algo que ela nunca esteve em sua vida. Mesmo quando menina.

Tudo estava fora de controle pra ele. Ela estava desequilibrada ao redor dele. Ele virou o mundo dela de cabeça para baixo, e ela continuou voltando para mais. Ela era uma gula por punição?

Ela deve estar, porque não se cansa dele.

Ele se moveu à frente dela em um local estreito, permitindo que ela desse uma olhada em sua bela bunda. Ela conhecia o corpo dele, conhecia a sensação daqueles músculos se movendo sob sua mão, juntando e mudando. Ela sentiu a força e a ternura.

Vestindo roupas e sem, não havia um homem que pudesse comparar. Cullen Loughman era tão diferente de qualquer homem que ela conhecia. Talvez esse fosse o apelo.

Ou talvez ela apenas tivesse um fraquinho por um sotaque do Texas. Tudo o que sabia era que gostava de estar com ele.

—Você me contou seu segredo ontem à noite — disse ele.

Ela franziu a testa, imaginando o desconforto em sua voz. —Eu fiz.

—Você estava certa. Todo mundo tem segredos.

—O que foi?

Ele parou e a encarou, engolindo quando encontrou seu olhar. —É um que nunca contei a ninguém.

—Eu nunca vou repetir.

—De qualquer forma, não vai importar muito mais tempo. Tenho certeza de que no tempo que passou com Orrin, ele falou sobre como todos os homens da família Loughman serviram seu país.

Ela assentiu devagar. —Ele fez.

—Papai nunca impôs isso a nós, mas todos sabíamos que era esperado. Pelo menos, eu me senti assim. Tanto Wyatt como Owen mal podiam esperar para participar.

—E você não estava tão interessado — ela adivinhou, pois tudo aconteceu.

—Tudo que eu queria era ficar no rancho e administrá-lo. Eu era bom nisso. Você diz que ser piloto era o seu chamado. A pecuária é minha.

—Você se juntou aos fuzileiros navais de qualquer maneira. Você não precisava. Orrin não teria dito nada a você.

—Eu sei — disse Cullen rapidamente. —Depois que entrei, nem precisei me esforçar muito. Tudo veio tão facilmente. E quando eu coloquei tudo nele... eu não falhei. Nem uma vez.

Ela fechou a distância entre eles e ligou os dedos aos dele. —Como isso vai acabar em breve?

—Estou renunciando à minha comissão depois que encontrarmos o papai. Estou voltando para o rancho onde sempre pertenci.

Olhos castanhos procuraram seu rosto. Ela sorriu para ele, dando-lhe todo o apoio.

—Você continuou a tradição de sua família e serviu seu país com honra. Não há nada de vergonhoso em fazer o que você quer fazer agora.

Seus ombros relaxaram, e um sorriso puxou seus lábios. Como se tivesse sido libertado de mil toneladas sobre os ombros, ele continuou andando com um propósito renovado.

Ela não conseguia imaginar quanto tempo ele mantinha esse segredo. Mas ele estava livre disso agora. Ele também era livre para fazer o que quisesse.

Infelizmente, ela não achava que faria parte do futuro dele.

Eles chegaram ao jipe. Ele jogou as chaves para ela quando os dois entraram. Ela ligou o motor e ligou o aquecedor. Ela esfregou as mãos para se aquecer antes de colocar o veículo na estrada e atravessar o terreno acidentado por cinco quilômetros até chegar à estrada.

—Você não estava brincando que escondeu o jipe — disse ela com um sorriso.

Ele riu e segurou a maçaneta acima da porta. —Eu não me arriscaria.

—Você fez isso no escuro em um lugar que nunca esteve antes. Impressionante.

—Obrigado.

Ela olhou para ele, compartilhando um sorriso. Ela ficou impressionada. Não havia nada que Cullen não pudesse fazer? Ela não gostou de saber que algo era impossível, mas para ele, essa palavra não existia.

Eles já estavam na estrada por alguns minutos quando ele disse:

—Existe uma maneira de você passar uma mensagem para Sergei?

—Acho que sim. É assim que você vai nos levar para dentro da casa dele?

—Sim, senhora. Ele não vai recusar você. Uma vez lá dentro, com nenhum de seus homens ouvindo, ele pode nos ajudar.

Ela manteve o jipe a uma velocidade constante enquanto navegava nas curvas acentuadas da montanha. —Eu espero que você esteja certo.

—Eu também.

Ela olhou pelo espelho retrovisor e viu um Suburban preto se aproximando rapidamente. —Acredito que temos companhia.

Ele se virou e olhou para trás. —Merda.

—O que eu faço?

—Tire-nos desta maldita montanha.

Ela acelerou, tentando manter distância entre o SUV e eles. Quando um segundo Suburban se juntou à perseguição, seu coração começou a bater forte contra as costelas.

O som de um tiro a fez abaixar a cabeça. Cullen murmurou xingamentos quando ele sacou a arma e rolou pela janela. Então ele soltou o cinto de segurança e se inclinou, a arma apontada para trás deles quando ele começou a atirar.

A troca de balas só piorou a situação. Ela era uma boa motorista, mas o jipe não era um avião. Ela não podia controlá-lo como controlava sua aeronave.

O segundo SUV avançou, aproximando-se deles e batendo nela. Ela olhou para o veículo ao lado e viu a arma apontada em sua direção.

A mão de Cullen agarrou seu ombro, empurrando-a para trás. Um segundo depois, sua janela explodiu. Ela virou a cabeça para longe do vidro voador enquanto Cullen esvaziava mais balas no SUV ao lado deles.

Quando ela se endireitou, o Suburban havia recuado, mas os homens do primeiro veículo ainda atiravam neles. Seria apenas uma questão de tempo até que uma bala a encontrasse ou Cullen.

—Foda-se — Cullen murmurou enquanto voltava para o veículo e ejetava seu clipe antes de bater outro em sua arma. Então ele estava recostado na janela, tentando atingir o Suburbano atrás deles.

—Quem são essas pessoas? — ela perguntou.

Ele rapidamente voltou para dentro do jipe quando várias armas dispararam, borrifando o veículo. —Os Santos nos encontraram.

Era disso que ela suspeitava. Porra, essas pessoas não tinham vidas? Foi a sorte que permitiu que os Santos os encontrassem? Ou o grupo tinha homens espalhados por toda a montanha?

Um terceiro SUV parou quando eles passaram correndo por uma estrada isolada.

—Cuidado! — Cullen gritou em aviso.

Mia viu os dois SUVs aparecerem de cada lado deles. Eles bateram no jipe dos dois lados. Ela tentou manter o controle do veículo, mas os subúrbios tinham mais poder.

De repente, eles se afastaram no momento em que o terceiro SUV bateu o jipe por trás. O segundo golpe foi direcionado para o para-choque esquerdo, enviando-os girando.

Ela viu a beira da estrada chegando. Não havia como ela controlar o jipe antes que passassem pela borda. Como se estivesse em câmera lenta, ela virou a cabeça e encontrou o olhar de Cullen.

E então eles foram para o lado.


CAPÍTULO VINTE E QUATRO


Por um segundo ou dois, Cullen olhou para Mia, seus olhos escuros arregalados de medo. Quando o jipe avançou, ele viu as árvores e a montanha passarem tão rapidamente que pareciam uma mistura de preto e verde.

Então veio o primeiro golpe chocante.

Ele foi jogado para frente contra o painel, batendo com a cabeça nele. A dor explodiu, mas foi abafada pela forte lasca do para-brisa.

O som ensurdecedor - e doentio - de trituração de metal encheu seus ouvidos pelo jipe pousando no nariz.

Ele alcançou Mia, tentando agarrar a mão dela. Ela ainda estava presa no cinto de segurança, o que a mantinha segura em seu assento. Ele não teve tanta sorte. Seus braços foram levantados em um esforço para bloquear o rosto do vidro. Os dedos dele roçaram a mão dela, mas ele não foi capaz de agarrar.

Um rangido de metal foi todo o aviso que ele teve antes que o jipe caísse para o lado com um estrondo. Vidro choveu sobre ele mais uma vez. Um instante depois, ele foi jogado quando o veículo e começou a descer a montanha.

Ele perdeu a conta de quantas vezes colidiu com algo, impotente, arremessado de um lado para o outro. Até que finalmente - felizmente - o veículo parou.

Seus ouvidos tocaram, sua cabeça parecia ter sido usada como uma bola de futebol e havia sangue pingando em seus olhos. Não houve tempo para pensar em seus ferimentos, porque os homens depois deles chegariam em breve.

Ele piscou, passando as costas da mão na testa. Ele saiu coberto de vermelho. Droga. Uma olhada ao redor mostrou que o jipe havia caído no teto e ele estava em algum lugar entre o painel e o para-brisa. Ele virou a cabeça na direção de Mia e a encontrou pendurada de cabeça para baixo. Vários pequenos cortes estavam em seu rosto de todo o vidro, mas ele não viu nenhum outro sangue.

Esse foi um pequeno conforto depois do que eles acabaram de suportar. Com uma careta, ele se mexeu, apenas para descobrir que de alguma forma segurara sua arma. Colocou-o na cintura da calça e caminhou até Mia.

O cinto de segurança estava preso. Ele soltou um suspiro frustrado porque não estava se movendo tão rápido quanto queria ou precisava. Abaixando-se, ele puxou a faca da bota. Então ele rapidamente cortou o cinto de segurança, pegando-a nos braços quando ela caiu. Ele verificou o pulso dela, achando firme e forte. O alívio surgiu através dele.

Como esperado, a porta dele não se abriu. Ele deu vários chutes antes de se abrir. Ele a segurou mais apertado e saiu do jipe. Uma vez livre, ele olhou para cima para ver até onde eles caíram.

A distância era vasta, dificultando o acesso dos homens. Isso lhes daria algum tempo. Ele se levantou e correu para algumas árvores, onde colocou Mia no chão. Não havia como ele cobrir qualquer tipo de distância em sua condição enquanto a carregava.

Mas ele também não permitiria que eles fossem pegos. Ele pegou o telefone, mas o bolso estava vazio. Ele correu de volta para o jipe e encontrou seu celular quebrado em pedaços. Felizmente o da Mia estava por aí em algum lugar.

Ele começou a procurar, mas ouviu vozes distantes se aproximando, falando americano e russo. Sua mente corria com diferentes possibilidades, vários métodos para fugir. Foi quando ele ouviu o som de algo pingando no chão.

Uma rápida olhada confirmou que o tanque de gasolina havia sido atingido por uma bala, o que comprometeu a integridade. A queda da montanha só piorou as coisas.

Cullen olhou para a frente do veículo quando viu fumaça e viu que o motor estava pegando fogo. Foi apenas uma questão de tempo até que as chamas e a fumaça do tanque de gasolina colidissem.

Ele se virou e correu para Mia, escorregando no terreno irregular da terra inclinada. Cullen parou por tempo suficiente para agarrá-la e se virar para protegê-la.

A explosão foi ensurdecedora, dando-lhe pouco tempo para se preparar antes que a explosão atingisse suas costas, empurrando-o para frente. Ele mudou no último minuto para não aterrissar nela. Quando ele recuperou o fôlego, ele levantou a cabeça para ver o fogo queimando alto no céu.

Ele cobriu Mia com seu corpo para protegê-la dos escombros que começaram a despencar de volta à Terra. Acabou rapidamente, mas então vieram os sons de homens correndo em direção ao jipe.

Cullen se ajoelhou e mais uma vez levantou Mia em seus braços. A dor passou por seu braço e lateral, mas ele a ignorou e ficou de pé cambaleando. Então ele colocou um pé na frente do outro.

Ele não sabia quanto tempo andou. O sol estava brilhante, cegando-o, mesmo através das árvores. Ele não ouvia mais os homens, mas isso não significava que os Santos pararam de procurar.

Isso só significava que eles tinham conseguido se afastar.

Ele encontrou um local isolado de pedras e árvores. Lá, ele caiu sobre um joelho e colocou Mia no chão. Preocupava-o que ela ainda não tivesse ganhado consciência. Ele tocou o rosto dela com dedos sujos e ensanguentados.

Com um torcer de seus lábios, ele afundou no chão e descansou contra uma das árvores. Por alguns minutos, ele simplesmente ficou sentado, dando tempo para descansar. Cautelosamente, ele sentiu a parte superior do ombro direito e rangeu os dentes quando encontrou a ferida.

Como ele não podia olhar, esperava que a bala tivesse passado. Caso contrário, alguém teria que cavar a merda da bala de dentro dele. Seu olhar se voltou para Mia.

Se ela não acordasse logo, os dois precisariam de atenção médica. Contanto que eles pudessem encontrar um carro em breve, ele seria capaz de cuidar de sua ferida apenas com uma parada em uma loja.

Então ele se lembrou da força do seu lado. Ele olhou para o lado esquerdo e viu sua camisa encharcada de sangue. Cuidadosamente, ele puxou-o para longe da ferida, o som de sucção doentio. A visão da laceração tornou sua situação mais precária.

Ele pressionou contra ele, esperando estancar o fluxo de sangue. Ele sussurrou com a picada. O corte precisava ser costurado imediatamente. Quanto mais sangue ele perdeu, mais fraco ele se tornou.

Eles haviam passado por casas em seu passeio escaldante pela montanha antes do acidente, mas isso era mais além do que ele queria escalar. Sem mencionar o perigo dos homens atrás deles.

Russo e americano. Os Santos. Quem eram esses filhos da puta? Eles eram implacáveis, o que significava que procurariam corpos no local do acidente. Quando não encontrassem, a caçada continuaria novamente.

Ele só precisava descansar um pouco mais. Então ele levaria Mia para fora dali.

* * *

Mia agarrou a cabeça assim que recuperou a consciência. Ela se enrolou, tentando parar as marteladas. Ela bateu no avião?

Os olhos dela se abriram quando tudo voltou para ela. Ela caiu bem, mas não o avião dela. O jipe.

Com o coração batendo contra o peito, ela se levantou, com a mão na cabeça. Ela olhou em volta. O veículo dela não estava à vista, mas ela ainda estava na montanha.

Ela largou a mão e moveu as pernas para ficar de joelhos, e foi quando o pé bateu em algo. Sua mente ficou em branco quando viu Cullen deitado ao lado dela. Ela foi tocá-lo, mas hesitou quando viu o sangue.

—Ah não. Nonononononono — disse ela balançando a cabeça.

Ele deve ter carregado ela do acidente. E isso significava que os homens ainda estavam atrás deles. Não havia como ela o levar muito longe.

A lesão do lado dele estava sangrando muito. Ela tirou a jaqueta, estremecendo com a dor. Toda vez que ela se mexia, doía, mas seus ferimentos eram menores em comparação aos ferimentos dele. As dores do seu corpo foram ignoradas quando ela voltou sua atenção total para Cullen.

Ela tirou a blusa e usou a faca para cortá-la ao meio. Com um lado, ela colocou a camisa embaixo do braço dele e por cima e por cima do ombro dele para amarrá-lo. Então ela cortou parte da outra metade da camisa em uma tira longa.

O resto ela juntou e colocou contra o corte do lado dele. Usando a última peça da blusa, ela conseguiu colocá-la debaixo dele e amarrar com força.

Não era perfeito, mas ajudaria a estancar o sangue por um tempo. Havia suprimentos para esse evento na cabana, mas eles não podiam voltar para lá agora.

Ela colocou a jaqueta e fechou-a. Ela se levantou e saiu do abrigo do bosque de árvores e dos pedregulhos para ter uma ideia de onde eles estavam. Cullen os levou para o oeste em vez do sul. Felizmente, os Santos assumiriam que estavam descendo a montanha. Isso lhes daria mais tempo, mas não muito.

Ela se virou e sentiu algo em seu casaco. Quando ela procurou, ela encontrou o telefone provisório. Seu olhar foi para Cullen.

Eles não podiam ficar na montanha. Nem podiam permanecer onde estavam. Os homens os encontrariam em breve e, francamente, ela não queria nenhum deles perto dela.

Houve apenas uma decisão. Ela olhou para o celular na mão e soltou um suspiro. Então ela discou um número. Tocou duas vezes antes de a ligação ser atendida.

—Ei —ela disse. —Sou eu. Preciso da tua ajuda.

Houve uma longa pausa. Então Sergei disse: —Este não é o seu telefone.

—Eu tive que pegar outra. Eu estava sendo rastreado.

—Por quem?

Ela lambeu os lábios, não querendo dizer o nome por telefone. —Você sabe quem.

—Onde você está?

—Em algum lugar na Backbone Mountain. — Ela soltou um suspiro. —Fomos seguidos na estrada. Devo ter batido a cabeça quando cai da montanha.

Sergei começou a gritar por Lev. Então ele trouxe o telefone de volta ao ouvido. —Você está machucado?

—Algumas contusões e um inchaço na cabeça. É Cullen quem está ferido. Ele levou um tiro e há um corte que não para de sangrar. Ele está inconsciente agora. Ela engoliu em seco e se virou para encarar Cullen.

—Eu sei que você não queria se envolver, mas eu não sabia a quem recorrer.

—Você está escondido?

—Sim.

Sua voz ficou abafada enquanto ele falava com Lev. Então Sergei disse a ela:

—Fique onde está. Estarei ai o mais rápido possível.

—Eles estão aqui — ela avisou.

—Eles estão por toda parte, Dochenka Moya.

A linha foi desconectada. Ela olhou para a hora no telefone. Fazia apenas duas horas desde que eles deixaram a cabana. Pelo menos ela não precisava se preocupar em estar na montanha durante a noite.

Ela devolveu o telefone ao bolso. O avião dela estava a vários quilômetros do outro lado da montanha. Não havia como chegar lá. Além disso, os Santos provavelmente o cercaram para que ela não pudesse chegar lá.

Mia voltou para Cullen e sentou-se ao lado dele. Ela viu o copo no cabelo dele e começou a pegá-lo. Então ela tocou os cabelos e sentiu os cacos.

Não apenas ele não estava usando o cinto de segurança durante o acidente, mas também conseguiu levá-la embora mesmo depois de sofrer ferimentos graves.

Ela não conseguia imaginar a dor que ele sentiu ao fazer tudo isso. Ele salvou a vida dela. E agora ela iria salvar a dele.

Tirando a arma, ela a apoiou na coxa. Ela não seria pega de surpresa pelos Santos novamente. Eles tiveram sorte mais cedo. Se ela estivesse no ar, seu avião sob seu controle, teriam sido eles que caíram.

Três SUVs estavam esperando por eles. O general Davis e Sergei estavam certos. Os Santos estavam por toda parte. Ela estava arriscando que Sergei não fosse um deles, mas não tinha muita escolha.

Cullen precisava ser consertado. Ela cuidaria disso assim que saíssem da montanha.

—Depressa, Sergei — ela sussurrou quando passou a mão pela testa de Cullen e sentiu o calor sob a palma da mão.


CAPÍTULO VINTE E CINCO


Perigo! Há perigo se aproximando!

Cullen acordou, alerta instantaneamente e agarrou sua pistola com a mão esquerda. Ele levantou a arma, apontando-a para a área à sua frente enquanto olhava em volta para Mia.

Ela não estava lá. A preocupação cortou através dele, afiada e escaldante. Então ele viu o chão pisoteado ao seu redor. Ela se moveu várias vezes. Há quanto tempo ele estava inconsciente?

Ele reconheceu o curativo improvisado como a blusa dela, então pelo menos ela estava bem. Se ele soubesse onde ela estava.

Uma olhada no relógio confirmada por mais de cinco horas se passou desde que ele perdeu a consciência. Cinco horas em que tudo poderia ter acontecido. O braço dele começou a tremer. Ele abaixou, a perda de sangue dificultando a força.

Parecia que a sorte estava do lado deles. Para o momento. Quanto tempo isso duraria, ninguém poderia saber. Ele viu isso ir e vir tão fugazmente quanto o vento.

Talvez Mia estivesse procurando água. Não havia como os homens atrás deles a pegarem e o deixarem para trás. A menos que ela tentasse afastá-los dele.

Esse pensamento o aterrorizou. Ele começou a se sentar quando ouviu algo. Imediatamente, ele levantou o braço, pronto para atirar em alguém que não fosse Mia.

O rosto que apareceu não era ela, mas ele reconheceu o olhar azul brilhante olhando de volta para ele. Isso não significava que ele abaixaria a arma.

Lev levantou as mãos, a arma balançando no dedo médio. —Calma, Cullen.

—Vire-se — disse Mia atrás de Lev.

O russo e o brigadeiro de Sergei achataram os lábios, frustrados. Então ele lentamente se virou para o lado e virou a cabeça para Mia.

—Você pediu ajuda.

—Liguei para Sergei.

Cullen franziu a testa. Ela ligou para Sergei? Claro que ela tinha. Com os ferimentos dele e os Santos, ela se voltou para alguém que tinha os meios necessários para ajudar.

Lev brevemente olhou para Cullen. —E Sergei me enviou.

—Ele não me disse que você estava vindo — afirmou ela em um tom gelado.

O brigadeiro levantou um ombro em um encolher de ombros.

—Ele ouviu seu medo e queria que você o encontrasse rapidamente.

O braço de Cullen começou a tremer. Sua respiração estava difícil, e ele continuava piscando, esperando que os pontos pretos em sua visão desaparecessem. Em vez disso, eles dobraram.

Ele balançou a cabeça um pouco para limpá-lo. Mia sabia exatamente como ele que eles deveriam ter cuidado em quem confiavam. Por outro lado, não havia muitas opções disponíveis.

—Você tem suprimentos? — Cullen perguntou antes de desmaiar.

Lev removeu a mochila e a deixou cair. —Tudo o que você precisa está aí.

Bom. Era exatamente o que ele queria ouvir. Agora eles poderiam mandar Lev embora e não precisariam se preocupar com isso.

Tornou-se cada vez mais desafiador para Cullen levantar o braço. A pistola parecia pesar cem vezes mais do que realmente. Suor e sangue rolaram em seus olhos, picando-os.

A escuridão rastejava nos limites de sua visão, mas ele lutou para permanecer acordado. Ele rolou para o lado e sentiu sangue quente e espesso escorrer pelas costas do ferimento.

Ele olhou para Mia. Quando ele abriu a boca para dizer a ela para mandar Lev embora, a escuridão o levou.

* * *

Mia manteve sua arma apontada para Lev enquanto ela passava correndo por ele para Cullen. O sangue estava fluindo em grossos riachos. Um sentimento doentio começou a retorcer seu estômago.

—Ele precisa de atenção agora — disse Lev.

Uma decisão precisava ser tomada naquele momento. Porque para ajudar Cullen, ela teria que largar a arma. Era confiar em Lev ou deixar Cullen morrer.

Com um suspiro, ela guardou a arma e apontou para a mochila.

—Pressa.

Lev entrou em ação. Ele pegou a mochila e se ajoelhou do outro lado de Cullen. Enquanto ela puxava a camisa de Cullen incrustada de sangue, Lev colocou vários itens da mochila.

Ela mordeu o lábio quando viu os restos encharcados de sangue de sua blusa. Foi muita perda de sangue. Sua pele era pálida e seu corpo queimava.

—Nós vamos consertá-lo — disse Lev com naturalidade.

Ela queria a certeza dele. Ela tentou segurá-lo dentro de seu coração, mas a preocupação o sufocou.

Lev apontou o queixo para a laceração.

—Essa ferida parece ser a pior. Vamos tratá-lo antes de passarmos para o ombro dele e os cortes menores.

Ela não se importava com o que ele fazia, desde que fosse feito. Depois que Lev limpou o corte profundo, ele entregou a ela um pacote de Quick Clot2. Ela rapidamente a abriu e derramou no ferimento de Cullen. Em segundos, agiu, diminuindo o fluxo de sangue.

Enquanto isso, Lev pegou um kit cirúrgico de campo. Ele preparou coisas para costurar Cullen enquanto ela limpava o sangue para ver melhor a lesão. Assim que Lev começou a fazer o primeiro ponto, ela o parou com uma mão no braço dele. Ela pegou a agulha dele e ficou de pé.

—Troque comigo. Você pode ver o ferimento da bala enquanto eu o costuro.

Ele assentiu e se levantou sem dizer uma palavra. Depois que ela se sentou no lado esquerdo de Cullen, ela respirou trêmula e perfurou a pele dele com a agulha curva.

O tempo pareceu parar enquanto ela costurava lentamente o longo corte. Quando ela finalmente deu um nó, estava rezando. Não era algo que ela fazia com frequência. Ela sempre achou que os outros tinham problemas maiores que os dela, então por que incomodar a Deus?

Desta vez foi diferente. Porque eles estavam sendo caçados por homens que tinham acesso ilimitado a tudo. Porque outras vidas dependiam deles.

Porque era Cullen.

Ela tentou fingir que se importava como faria com qualquer um que enfrentasse essa aventura com ela. Mas ela sabia disso pela mentira.

—A bala passou — disse Lev. —Limpei a frente, mas as costas dele precisam ser cuidadas.

Assentindo, ela ajudou a rolar Cullen em sua direção. Lev se ocupou da ferida e, entre entregando itens, Mia se viu encarando Cullen.

Ela tocou sua mandíbula e desejou que ele abrisse os olhos. Talvez tenha sido uma bênção que ele estivesse inconsciente e não pudesse sentir o que estavam fazendo.

Lev logo concluiu sua tarefa, enrolando com rapidez e eficiência um curativo em ambos os lados do ombro de Cullen.

—Você teve alguma prática — respondeu ela.

Ele não olhou quando disse: —Pensei em ser médico.

Antes que ela pudesse responder à declaração surpreendente, Lev passou a enrolar um curativo no abdômen de Cullen e o ferimento que ela havia costurado.

—Ele precisa de líquidos, que eu darei a ele quando estivermos seguros — disse Lev.

Ela olhou em volta.

—E como você propõe que saiamos daqui? No seu jato invisível?

Ele lançou um olhar duro para ela. Então ele pegou o celular e apertou um botão em um texto.

—O que foi isso? — ela exigiu.

—Sergei se certificou de que os homens que estavam atrás de vocês foram na direção oposta. Dessa forma, podemos tirar vocês dois. Eu não sabia a gravidade das feridas de Cullen quando você ligou. Foram tomadas precauções caso não pudéssemos sair daqui.

Ela esfregou a testa, sentindo-se uma idiota. Tudo o que ela fez foi pensar o pior, enquanto Sergei e Lev pensaram em coisas que ela não tinha.

—Sinto muito—, disse ela. —Estou um pouco paranoica.

—É melhor suspeitar do que confiar.

Durante todo o tempo que ela passou com Sergei, ela não conseguia se lembrar de Lev falando muito - se é que havia. Agora que ela não estava focada em Cullen, ela percebeu que havia muito pouco sotaque em seu discurso.

Ele também não falava nos mesmos padrões que Sergei e os outros russos. Lev falou mais... americano.

Ele a pegou olhando. —O que você está pensando, Carter?

—Você não tem muito sotaque.

—Isso é porque eu fui criado na costa leste.

Agora isso a chocou. Ele não apenas foi para a faculdade para ser médica, mas também não havia sido criado na Rússia.

Ele bufou enquanto balançava a cabeça e se levantou antes de reunir os suprimentos médicas e colocá-los na mochila.

—Você acha que todo mundo que trabalha para Sergei cresceu na Rússia e veio aqui apenas para ele?

—Bem... sim — ela admitiu.

Lev fez uma pausa, um sorriso curvando seus lábios. —Na verdade, isso é verdade em todos os casos, exceto eu.

—O que há de diferente em você?

O sorriso desapareceu rapidamente. —Muita coisa.

Ela viu seu olhar invernal, o conjunto firme de seus lábios finos e largos e a linha dura de sua mandíbula. Havia uma história sombria que ele mantinha firmemente escondido.

Lev era alto, musculoso e muito bonito. Era a nuvem sinistra da morte que pairava ao seu redor como um manto que deixava todo mundo tenso.

Embora isso o tornasse o brigadeiro perfeito.

Lev fechou a mochila e jogou para ela. —Sergei está colocando sua vida em risco para você.

—Do que você não gosta.

—Não. Eu não gosto. Eu disse a ele para não se envolver, mas ele não vai ouvir a razão quando se trata de você. Existem dezenas de mulheres por aí que fariam qualquer coisa por Sergei para lhes dar a atenção que ele presta a você.

Ela se ofendeu imediatamente.

—Eu nunca pedi tratamento especial.

—Isso e o fato de você parecer muito com a filha morta dele é o que a destaca.

Ela viu a fúria em seu olhar. —Você não gosta de mim.

—Se algo acontecer com Sergei por sua causa, eu também vou te matar.

—Se você fizer o seu trabalho, nada vai acontecer—, ela respondeu.

Ele não respondeu, simplesmente verificou as ataduras de Cullen antes de se levantar e olhar em volta.

Ela pegou a mão de Cullen, sentindo-se melhor apenas tocando nele.

—Se você me odeia, por que está ajudando? — ela perguntou a Lev.

—Sergei pediu isso de mim.

Sua lealdade ao Pakhan estava presente em todas as sílabas. Assim que ela começou a gostar de Lev, ele a deixou conhecer seus verdadeiros sentimentos. Agora, ela pode não gostar dele, mas ela o respeita.

—Eles estão vindo — disse Lev e virou-se para ela.

Ela o parou antes que ele pudesse levantar Cullen. —Você confia nesses homens?

—Sim. — Lev segurou o olhar dela. —Se eu achar que um deles nos trai aos Santos, à lei ou a qualquer outra pessoa, arrancarei a língua deles antes de matá-los. Lentamente.

Não havia uma palavra que ele dissesse que ela duvidava. Lev não havia conseguido facilmente o cargo de brigadeiro. Ele matou pessoas. Tudo em nome da lealdade e da proteção de Sergei.

—Você está vindo? — Lev perguntou.

Ela apertou ainda mais a mão de Cullen. Ela esperava que estivesse tomando a decisão certa. Por Cullen, por si mesma e por Orrin. —Sim.

Sem outra palavra, Lev pegou os braços de Cullen e o puxou para uma posição sentada. Então ele o levantou por cima de um ombro.

Ela pegou a arma caída de Cullen e ficou de pé, jogando a mochila no braço. Os longos passos de Lev comeram a distância, fazendo-a correr para alcançá-lo.

Eles saíram das árvores assim que uma motocicleta apareceu. Atrás havia um ATV.


CAPÍTULO VINTE E SEIS


Cullen arranhou seu caminho da escuridão, lutando para alcançar Mia. Ele não sabia se ela estava segura. Suas dores não importavam. A dor que ele poderia lidar.

Mas quando seu corpo não faria o que ele exigia, era quando ele queria gritar de raiva.

Ele lutou para abrir os olhos. Quanto mais ele lutava, mais parecia que alguém os havia selado. Então ele ouviu. A voz de Mia. Era à distância e, felizmente, ela não parecia angustiada.

Se ele pudesse vê-la.

Se ele pudesse tocá-la.

* * *

Ele veio novamente. As pulsações em seu ombro e lado foram as primeiras coisas que o atacaram. Ele começou a afundar na inconsciência quando pensou em Mia.

Não importava o quanto ele se esforçasse, ele não a ouvia. O pânico tomou conta dele. Ela se machucou? Eles a levaram? Ela precisava de ajuda?

Ele lutou com tudo o que tinha para abrir os olhos. Era enlouquecedor não poder controlar seu corpo conforme necessário. A única outra vez que ele se sentiu tão... indefeso... foi o dia em que sua mãe morreu.

Ele jurou nunca mais estar nessa situação. E, no entanto, aqui estava ele.

Não!

Como se o fole que ecoava em sua cabeça tivesse destrancado algo, ele conseguiu abrir um olho uma fenda. Foi o suficiente para ficar cego por uma luz, fazendo com que sua tampa se fechasse instantaneamente.

Aquela pequena briga lhe custou caro quando a escuridão o engoliu mais uma vez.

* * *

Cullen não sabia quanto tempo se passou desde a última vez que recuperou a consciência. Desta vez, ele pretendia fazer o que fosse necessário para abrir os dois olhos.

Demorou algumas tentativas, mas finalmente, suas pálpebras se abriram. Mais uma vez, a luz o cegou. Ele virou a cabeça para o lado, fechando os olhos por um momento para protegê-los.

Então ele os abriu novamente.

Seu peito arfava com o esforço necessário. Foram várias piscadas antes de seus olhos começarem a focar.

À medida que as coisas apareciam, ele viu uma janela coberta com cortinas grossas de bordô profundo. Em frente à janela havia uma cadeira de couro com encosto nas asas e uma pequena mesa ao lado.

Seu olhar se moveu mais para baixo na parede e ele viu um armário. Então ele viu a madeira grossa da cama de dossel aos seus pés.

Os olhos de Cullen se fecharam por conta própria, o peso deles muito pesado. Mas ele os forçou a abrir novamente. Sua cabeça rolou para o outro lado. Ele se esqueceu do quarto quando olhou pela porta e viu Mia.

Ela se inclinou sobre uma mesa, olhando para algo esparramado diante dela. Um mapa? Ele não conseguia ver com quem ela falava. A única coisa que o acalmou foi o conhecimento de que ela não havia sido prejudicada.

Algo mudou para bloquear sua visão. Ele tentou ver o que era, mas seu corpo tinha outras ideias.

—Calma, Loughman — disse uma voz masculina.

Ele reconheceu, mas não conseguiu.

—Ela está segura. Por enquanto.

Foi a última coisa que ele ouviu quando se afundou no esquecimento.

* * *

A mente de Cullen ficou muito mais clara quando ele voltou. Ele ficou parado, ouvindo. Foi silencioso. Não havia sons ao seu redor, o que o levou a acreditar que estava sozinho.

Ele fez um balanço de seus ferimentos. Seu ombro torceu um pouco, mas a dor era manejável. Era a ferida do seu lado que tornaria as coisas difíceis. Mesmo assim, ele sofreu pior.

Já não se sentia tão letárgico. Provavelmente devido ao uso de analgésicos. Isso permitiria que ele se movesse mais facilmente sem que suas reações fossem entorpecidas. Vozes se aproximando chamaram sua atenção. Ao som de passos, havia pelo menos três pessoas, possivelmente quatro.

Suas mãos coçavam por ter uma arma na palma da mão. O peso reconfortante da pistola lhe daria segurança em uma situação como essa.

—Você não sabe o que pede — veio uma voz com sotaque russo.

Cullen conhecia aquela voz. Ele estava examinando quem poderia estar em sua mente quando ouviu outra voz que interrompeu todos os pensamentos. Mia.

—Eu sei exatamente o que peço — disse ela.

—Dochenka Moya, você apenas especula — argumentou Sergei.

Ela soltou um suspiro. —Nós discutimos isso nos últimos dois dias. Eu sei o que estou fazendo.

Os olhos de Cullen se abriram e sua cabeça se virou por vontade própria em direção ao som da voz dela. Alívio derramou através dele quando seu olhar pousou nela.

Ela estava em um novo conjunto de roupas. A camisa branca moldava seus seios, fazendo com que ele sentisse água na boca ao se lembrar de segurá-los nas mãos e provocá-la.

De repente, sua cabeça girou para ele. Seus olhos se encontraram, e um sorriso brilhante iluminou seu rosto.

—Cullen — ela sussurrou e correu para ele.

A sensação de sua mão na dele quando ela alcançou a cama o fez sorrir. Era incrível tocá-la novamente. Ele disse a si mesmo que era porque temia que ela se machucasse.

Mas ele sabia que isso significava algo muito mais profundo.

—Onde estou? — ele perguntou.

Ela olhou por cima do ombro quando Sergei e Lev entraram na sala. Quando ela encarou Cullen mais uma vez, o sorriso ainda estava lá.

—Este lugar está sujeito à execução duma hipoteca. Sergei encontrou e achou que seria um bom local para nos esconder um pouco.

O olhar de Cullen mudou para o russo. —Pensamento inteligente. Obrigado pela ajuda.

—Você precisava disso — disse Sergei enquanto se movia para ficar ao pé da cama.

—Se Lev não tivesse chegado quando chegou, você teria sangrado.

Ele encontrou os olhos azuis de Lev. —Devo-lhe obrigado também.

—De modo nenhum. — A boca de Lev disse uma coisa, mas seu olhar disse algo completamente diferente quando ele cruzou os braços sobre o peito.

Uma troca silenciosa passou entre eles. Um dia, Lev pediria um favor, e Cullen era obrigado a fazer o que pedisse.

—Como você está se sentindo? — Mia perguntou.

Ele ficou feliz por afastar seus pensamentos de Lev e se concentrar no rosto dela. —Bom.

—Tudo isso é devido a Lev. Ele te remendou na montanha, mas quando chegamos aqui, ele trabalhou sua mágica.

Ótimo. Cullen lhe devia ainda mais. —Obrigado — disse ele a Lev.

O brigadeiro levantou um lado da boca em um sorriso.

—Foi Mia quem costurou você.

Cullen apertou a mão dela. —Você foi ferida?

—Apenas pequenos cortes.

Sergei fez um som grunhido. —Você teve uma concussão.

—O que? — Ele procurou o rosto dela, procurando por algum sinal de doença.

Ela revirou os olhos. —Estou bem. Lev me deu okey.

Seu olhar se estreitou no brigadeiro, fazendo com que o sorriso de Lev crescesse.

—O cinto de segurança a salvou—, disse Lev. —Você pode querer usar um na próxima vez.

—Ele estava atirando nos homens nos perseguindo — afirmou ela em um tom frio.

Sergei levantou a mão, pedindo silêncio imediato.

—Mia me disse que vocês dois querem falar com Yuri Markovic.

—Sim — ele confirmou.

—Eu não acho que isso seja sábio.

—Ele poderia ser a resposta — argumentou Cullen. —Yuri estava na base. Não é por acaso que ele está aqui neste momento.

Sergei cruzou as mãos atrás das costas. —Mia me contou tudo o que vocês dois descobriram. Concordo que Yuri está envolvido, mas não sei até que ponto. Você pode estar entrando em uma armadilha.

—Eu tenho que encontrar meu pai. Isso significa explorar todas as pistas.

—Yuri é um homem poderoso. Mesmo aqui na América. Os laços dele com seu pai só podem complicar as coisas.

—Sem dúvida eles vão — Cullen concordou. —Se você estivesse no meu lugar, procurando sua filha, o que você faria?

Os olhos azuis de Sergei nublaram com tristeza e depois admiração. —Eu faria como você está fazendo.

—Então você marcará a reunião com Yuri? — Mia perguntou, seus olhos se arregalando esperançosamente.

Mas Cullen sabia a hesitação de Sergei. O pensamento de Mia entrando em uma armadilha em potencial não era algo que Sergei pudesse tolerar.

—Eu vou sozinho — anunciou Cullen.

O olhar zangado de Mia deslizou para ele. —O que? Não. Fazemos isso juntos.

—Se algo acontecer comigo, você pode retomar de onde parei e continuar a caçada. Mas você saberá que Yuri não é a chave.

Ela estava balançando a cabeça o tempo todo. —Pare. Eu estou indo com você. Além disso, Yuri me conhece. Ele falará comigo antes de você.

—Ele conversará com Cullen — disse Lev.

Dói-lhe vê-la tão chateada quando os três estão contra ela. A dor em seus lindos olhos negros rasgou seu coração, mas ele preferia que ela estivesse furiosa do que vê-la machucada ou morta.

—Isso é besteira — declarou ela.

Sergei colocou a mão no ombro dela. —É a coisa certa.

Ela se levantou e saiu da sala.

Cullen apertou a mão dele, instantaneamente sentindo falta do toque dela. Muito tempo depois que ela partiu, seu olhar permaneceu na porta. No pouco tempo em que esteve com ela, ele entendeu por que seu pai gostava tanto de Mia e por que Sergei a protegeu como ele.

Ela era inteligente, forte e corajosa. Ela ficou em pé por conta própria em um mundo dominado por homens poderosos. De alguma forma, ela convenceu os outros a confiar nela apenas por ser o belo, gentil e leal temerário que ela era.

—Durante muito tempo, eu queria ver Mia se estabelecer com um bom homem — disse Sergei suavemente enquanto se movia para o local que ela havia deixado ao lado da cama.

Cullen olhou para Sergei, imaginando o que o russo estava dizendo.

—Ninguém era bom o suficiente — continuou Sergei. —E ela não parecia interessada. Ela caminhou pela vida principalmente por conta própria, como se estivesse procurando alguém sem saber.

Cullen estava trancado em um olhar fixo com o velho.

Finalmente, Sergei suspirou. —Você poderia ser aquele alguém, Cullen Loughman. Eu vejo o jeito que ela olha para você.

Estava na ponta da língua para negar, mas as palavras não passavam por seus lábios.

—Você olha para ela da mesma maneira — disse Sergei com um olhar conhecedor. —Ela é preciosa para mim. Eu não vou perdê-la.

—Então estamos de acordo.

Sergei sorriu. —Nós estamos. Só conheci seu pai uma vez, mas gostei dele instantaneamente. Eu também gosto de você. Você está disposto a ir ao extremo para proteger Mia. Lev me contou a distância que você a carregou dos destroços até o local em que o encontrou, enquanto estava ferido.

Cullen deu de ombros.

—Me mostrou até que ponto você irá para aqueles com quem se importa. Vou marcar a reunião com Markovic, mas apenas se Mia ficar para trás.

—Combinado.

—Em quanto tempo você estará pronto para viajar?

Cullen sentou-se e empurrou as cobertas para o lado antes de balançar as pernas para o lado da cama. Então ele se levantou, sem se importar que estivesse nu. —Agora.


CAPÍTULO VINTE E SETE


—Ela estará em boas mãos.

Cullen assentiu com o comentário de Sergei. Mas eles não são meus.

—Lev não permitirá que nada aconteça com ela.

Ao contrário de Cullen. Ele esfregou a bochecha, sentindo o barulho dos bigodes.

—Você tem certeza que pode conseguir que Yuri se encontre com você? Da.

Cullen puxou a camisa nova, agradecida por ter abotoado a frente. Até o jeans dele era novo. Suas botas e armas esperavam por ele do lado.

Sergei soltou um suspiro e pousou o celular na cama.

—É estranho Yuri não responder.

—Você tem um novo número — Lev lembrou.

Sergei acenou com as palavras. —Yuri ainda deve responder.

Depois que ele terminou de se vestir, Cullen se endireitou, cerrando os dentes enquanto seu lado puxava. —Você tem outra maneira de entrar em contato com Markovic?

—Ele responderá — respondeu Sergei e discou novamente.

Cullen caminhou até Lev. —Você conhece bem o Markovic?

—Não muito. Por quê?

—Eu não sei. Sinto que algo está errado.

Lev bufou.

—Você quer dizer que não seja uma organização secreta que sabemos que abrange pelo menos dois países atrás de você?

—Sim. — Foi mais do que isso. Muito mais. Embora Cullen estivesse hesitante em compartilhar tudo.

Lev os ajudou, mas isso não significava que Cullen confiasse no homem. Com apenas uma palavra ou olhar de Sergei, Lev cortaria sua garganta em um segundo. Ele sentiu os frios olhos azuis de Lev nele. Cullen virou a cabeça e encontrou o olhar do brigadeiro. Por longos momentos, os dois permaneceram assim.

Por fim, Lev perguntou: —O que você não está nos dizendo?

—Quase tudo que vocês não estão nos contando.

O sorriso de Lev foi passageiro. —Os Santos estão matando sem hesitação pela arma biológica. Por quê?

—É algo que eu também gostaria de responder.

—Ir para tantos problemas e despesas em matar e sequestrar por isso...— Lev disse, seu olhar baixando para o chão quando um olhar pensativo encheu seu rosto.

Cullen o observou com cuidado. Lev poderia ter estudado medicina e agora era um assassino para Sergei, mas ele pensou e reagiu como qualquer homem altamente treinado nas forças armadas.

—A chave é a arma biológica — disse Lev de repente. Seu olhar se voltou para Cullen.

—Eu acredito que sim.

Ambos olharam para Sergei quando ele jogou o celular na cama e se virou com raiva, murmurando baixinho em russo. Esse não era um bom sinal. Se eles não conseguiram encontrar Yuri, estavam de volta à estaca zero.

O som de uma garganta pigarreando atrás dele fez Cullen se virar. Lá, ele encontrou Mia na porta, segurando um pedaço dobrado de um jornal.

—O que é isso?

—Leia — ela disse a ele.

Ele pegou o jornal, seu olhar foi para a foto de Yuri Markovic junto com vários outros militares russos e americanos entrando no Pentágono.

—Ele está na Virgínia — disse ela.

Cullen entregou o papel a Lev, que olhou para ele antes de passá-lo para Sergei. —Faz sentido. Se Markovic estiver aqui nos negócios oficiais, isso o colocará na área de Virginia / DC.

—Com Dover a apenas duas horas de carro.

—Meu pai não está preso em Dover.

Mia sorriu. —Orrin está na Virgínia.

—Então você não precisa mais de Sergei — declarou Lev.

Cullen percebeu o que o brigadeiro estava fazendo, e foi o mesmo movimento que ele fez na posição de Lev. Pelo olhar no rosto de Mia e Sergei, não seria tão fácil.

—Eu preciso encontrar Yuri para eles — disse Sergei.

Lev disse pacientemente: —Você se coloca em perigo demais.

Mia começou a falar quando Cullen colocou a mão no braço dela. Ele se aproximou e disse:

—Lev está certo. Os Santos estão atrás de nós. Não queremos que eles voltem os olhos para Sergei.

—Sim. Claro — ela murmurou.

Cullen também queria a ajuda de Sergei, mas ele não podia, em sã consciência, pôr em risco a vida de outra pessoa para facilitar a sua.

—Nós vamos encontrar Yuri.

Lev desdobrou o papel, mas fez uma pausa, com o rosto tenso.

—O que foi? — Sergei perguntou a ele.

Cullen observou Lev de perto. O que quer que o homem viu, não ficou bem com ele. Um momento depois, Lev entregou o jornal a Sergei, seu olhar encontrando o de Cullen.

Uma carranca profunda franziu a testa de Sergei.

—O corpo de Egor Dvorak foi encontrado na água, não muito longe da Virgínia.

Cullen leu o jornal por cima do ombro de Mia depois que Sergei o entregou. Foi por coincidência que o consulado russo estava morto? Ele duvidava disso. Um homem como Dvorak faria parte dos Santos. Por que então ele estava morto?

—A maneira como ele foi colocado na água diz que seus assassinos queriam que ele fosse usado como comida — disse Mia enquanto jogava o jornal na cama.

—Dvorak não era um bom homem. Ele conseguiu o que estava vindo para ele — afirmou Lev.

—É melhor encontrarmos Yuri antes que seu corpo também seja usado como isca — disse Cullen.

Mia voltou seu olhar sombrio para ele. Ela estava tão perto que ele podia sentir o cheiro da lavanda e hortelã de seus cabelos. Sem pensar, ele passou um braço em volta dela.

Até aquele momento, ele não havia percebido o quanto desejava segurá-la novamente. Era bom tê-la contra ele. Também parecia... certo.

Ela abaixou a cabeça e sussurrou: —Você me assustou.

Ele colocou um dedo sob o queixo dela e levantou o rosto.

—Eu não achei que nada assustasse você — ele brincou.

Mas ela não retribuiu o sorriso dele. —Eu não conseguia parar o sangramento.

—Você fez tudo certo — disse ele e a envolveu em seus braços.

Ele fechou os olhos por um segundo quando ela descansou a cabeça no peito dele. Quando ele olhou para cima, Sergei e Lev os estavam observando. Sergei assentiu enquanto o rosto de Lev continuava tão sem emoção como sempre.

Mia deu um passo para trás e para fora de seus braços.

—O que fazemos agora?

—Vá para a Virgínia. — Foi o único movimento deles. Voltar a Dover estava fora de questão. —Espero que, enquanto lá, encontramos Yuri ou algum vestígio dele.

—Não vamos parar até encontra-lo.

Ele sorriu para ela. Ela nunca desistiu. Ele não tinha certeza de como ela se mantinha tão otimista. —Exatamente.

Ela então se virou para Sergei. —Não podemos agradecer o suficiente por tudo, mas Lev está certo. Você já fez o suficiente. As pessoas dependem de você. Você precisa estar lá para eles.

—Eu te salvei apenas para que você possa lutar outro dia — disse Sergei, com uma pitada de tristeza em sua voz.

—Aprendi com os erros do meu passado. Eu conheço meus limites. Muito bem — ela acrescentou.

Cullen caminhou até Sergei e estendeu a mão. Quando o russo apertou a palma da mão, ele sacudiu com firmeza. —Eu te devo tudo o que você fez.

—Você não me deve nada — disse Sergei. —Qualquer um de vocês. Fiz isso porque queria.

—Independentemente disso, se você precisar de alguma coisa, eu estarei lá.

O sorriso de Sergei era largo. —Aceito essa oferta, Cullen Loughman.

Cullen soltou a mão do russo e apertou brevemente a de Lev. —Não podemos mais ficar. Quanto mais cedo nos movemos, mais cedo encontramos os Santos.

—Pegue isso — disse Lev, jogando algo para ele.

Cullen pegou, olhando para o conjunto de chaves na palma da mão.

—As janelas possuem insulfilme, o que ajudará a mantê-lo escondido — disse Lev. —Também dentro, há um telefone celular, ainda dentro do pacote.

Mia disse: —Obrigado a ambos.

Ela começou a se virar quando Sergei chamou seu nome. Voltando para ele, ele acenou para ela. Cullen observou quando o velho russo a envolveu em um breve abraço antes de passar por ela e sair pela porta.

Lev estava bem atrás dele. Em questão de minutos, Cullen e Mia estavam sozinhos.

Ele se virou para ver uma expressão chocada no rosto dela.

—Eu pensei que você sabia o quanto Sergei se importava com você.

—Até recentemente, eu tinha pavor do homem. Eu sempre pensei que ele seria o único a me matar.

—Ele seria o único a salvar você.

—Eu acho que você está certo. Por que ele intencionalmente me assustou todos esses anos?

—Para impedir que você tome decisões erradas. E para mantê-lo vivo.

Ela engoliu em seco e olhou ao redor da sala. —Eu devo muito a ele.

—Devemos muito a ele.

—Sim. — Ela passou por ele para fora da sala. —Vamos pegar a estrada, capitão.

Não demorou muito para que eles estivessem no Ford Escape prateado, em direção a Virginia. Enquanto Mia pegou o telefone, ele estabeleceu um curso.

Ele percebeu que fazia dias desde que falara com seus irmãos. Sem dúvida, ambos tentaram ligar para ele. Ele deveria checar com eles enquanto ainda podia. Como se estivesse lendo sua mente, Mia estendeu o telefone.

—Eu vi você olhando para ele.

—Eu preciso ligar para meus irmãos.

—Diga-me o número e eu discarei.

Ele deu o celular para Owen. Assim que começou a tocar, ela entregou a ele. Cullen colocou o telefone no ouvido. Enquanto continuava a tocar, ele começou a se preocupar que algo tivesse acontecido com seus irmãos, Cassie ou Natalie.

—Olá? — veio a voz concisa pelo telefone.

Ele sorriu. —Porra, é bom ouvir sua voz.

—Cullen?

—O primeiro e único.

Owen soltou um grito alto. Então ele gritou: —Nat! Cullen está no telefone.

O sorriso de Cullen cresceu.

—Onde você esteve? — Owen perguntou.

Ele balançou sua cabeça. —Em todos os lugares que parece. Eu tenho algumas informações.

—Nós também.

—Você vai primeiro — disse ele e colocou o telefone no viva-voz para que Mia pudesse ouvir.

Owen soltou um suspiro alto. —Primeiro, Natalie e eu fizemos uma viagem à Universidade Baylor há alguns dias. Ela tem uma amiga que nos ajudou a analisar Ragnarok.

—O que você descobriu?

—Ei, Cullen — disse Natalie. —Não encontramos nada, realmente. Seu irmão brigou com três russos, no entanto.

Cullen trocou um olhar com Mia. —Parece com ele.

—Não a ouça — disse Owen, com um sorriso na voz. —Tinha que ser feito. Tudo o que o químico conseguiu nos dizer foi que havia um marcador diferente na arma que ele nunca tinha visto antes.

—O que isso significa? — Mia perguntou.

Natalie soltou um suspiro alto. —Não sou cientista, mas posso dizer que, com base na reação dele, não é bom. Um marcador desconhecido pode significar qualquer coisa e, com Ragnarok, acho que é algo muito ruim.

—O que é pior do que o que uma arma biológica normal faz? — Owen perguntou.

Cullen mudou de faixa. —Meu palpite é que isso está longe de ser uma arma normal.

—Não importa o que faça. Precisa ficar escondido — afirmou Mia.

Natalie respondeu: —Oh, vai.

—Também descobrimos quem comanda os russos — disse Owen. —Egor Dvorak.

Cullen e Mia trocaram um olhar. Então ele perguntou: —E?

Owen soltou um suspiro. —Tivemos uma conversa com ele, e Nat o levou a divulgar algumas informações.

—Primeiro, o cientista que desenvolveu a arma biológica se chama Konrad Jankovic. Dvorak disse que eles estavam procurando por ele. Descobrimos que Jankovic desertou para os Estados Unidos. Ah, e em boas notícias, Dvorak disse que Orrin esteja na Virgínia — anunciou Natalie.

Cullen sorriu quando ele acelerou. —Ainda bem, porque estamos indo lá para conversar com o major-general Yuri Markovic.

—Parece que você também recebeu algumas informações — disse Owen.

—De uma maneira indireta. Primeiro, você deixou Dvorak vivo?

Owen soltou um suspiro alto. —Infelizmente. Por quê?

—Porque o corpo dele foi encontrado na água da Virgínia — disse Mia.

—Droga — Owen murmurou.

Cullen disse: —Natalie, você se lembra de qualquer menção aos Santos nesse documento que colocou uma mira em você?

—Eu nunca esquecerei isso. Por quê? — ela perguntou.

—Os Santos são uma organização clandestina que sabemos que abrange tanto russos quanto americanos. E possivelmente colombianos. São os Santos que estão fazendo tudo isso.

Houve uma pausa antes de Owen dizer: —Porra.

—Essa foi praticamente a nossa reação — acrescentou Mia.

Cullen olhou para ela. —Foi o general Davis em Dover que deu a Mia a informação. Os Santos são bem formados, com um alcance muito longo.

—Você faz parecer que eles estão atrás de você — disse Owen, sua voz diminuindo de nível.

—Eles estão. Nós os enganamos por enquanto.

—Você está machucado?

Ele não questionou como seu irmão sabia. —Vou ter mais algumas cicatrizes para adicionar às outras.

—Precisamos ir até você?

—Não — disse Mia apressadamente. —Essas pessoas estão em todo lugar. Tudo o que eles querem é encontrar um de vocês. É melhor para vocês ficarem no rancho.

Natalie disse: —Deixe-nos saber se você precisar de nós.

—Você descobriu mais alguma coisa? — Cullen perguntou a eles.

Houve uma pausa antes de Owen dizer: —Natalie concordou em ser minha esposa.

Houve risadas suaves no fundo de Natalie. Cullen sorriu, verdadeiramente feliz por seu irmão. Isso o fez pensar em Mia. Ele olhou para ela, mas seu rosto estava virado para olhar pela janela.

—Parabéns — disse Cullen.

Havia um sorriso na voz de seu irmão quando Owen disse:

—Obrigado. Tem certeza de que está bem?

—No momento, os Santos não sabem onde estamos. Estamos usando isso a nosso favor.

—Certifique-se de ficar seguro. E Mia — disse Owen. —Cuidado com ele.

Ela encontrou o olhar de Cullen. —Eu vou.


CAPÍTULO VINTE E OITO

Sklad...


Sem uma janela, Orrin não tinha ideia de que horas eram. A cada minuto que passava, ele se tornava cada vez mais tenso. E ele questionou se Yuri apareceria. Então, novamente, mesmo que ele fizesse, tudo poderia ser uma armadilha. Era para isso que Orrin teria que se preparar.

Ele pensou em seus filhos. Todos os três homens inteligentes, corajosos e letais. Eles se destacaram em seus ramos escolhidos. Nenhum pai poderia estar mais orgulhoso de seus filhos.

Se ao menos Melanie estivesse lá para vê-lo.

Ele não se deixou aborrecer como costumava fazer quando pensava em sua esposa morta. Melanie se foi por mais de vinte anos. Durante esse tempo, ele manteve sua memória e o amor que haviam compartilhado.

E ele sempre faria.

Ele a via toda vez que olhava para os filhos. Se era um olhar, um sorriso ou algo que eles diziam, ela estava sempre lá.

A porta do quarto se abriu e Yuri entrou correndo, fechando a porta suavemente atrás dele. Orrin se levantou com cuidado.

—Você parece surpreso, estridente.

—Eu estou — ele admitiu.

Yuri sacudiu a cabeça. —Você terá que confiar em mim para que isso funcione.

—Eu sei. — Foi isso que o incomodou tanto.

Orrin removeu o clipe da pistola, verificando-o, antes de colocá-lo de volta no lugar e testá-lo antes de enfiá-lo na cintura da calça. Ele apontou para a porta com o queixo. —Vamos dar o fora daqui.

—Ainda não.

Foi quando Yuri o trairia? Parecia muito cedo para isso. Ele permaneceu em seu lugar, esperando Yuri explicar.

—A troca de guarda acontece em dois minutos — disse Yuri e olhou para o relógio. —Teremos que nos apressar. Não vai demorar muito para perceber que você está desaparecido.

—Ou você.

Yuri deu de ombros.

—E sua família?

—Eu os avisei da melhor maneira que pude—, Yuri sussurrou. —Só posso rezar para que eles cheguem a algum lugar seguro.

—Eu pensei que você deveria saber que a médica não queria sair.

Ele franziu a testa quando seu olhar encontrou o de Yuri. —O que? Por quê?

—Eu acredito que ela gosta de você.

—Ela estava apenas tentando ajudar.

—Talvez. Talvez não. Está na hora.

Orrin seguiu Yuri para fora da sala e para um corredor que se estendia sem parar em qualquer direção. Yuri não hesitou em virar à esquerda e caminhar pelo corredor.

Eles deram alguns passos de metal para outro andar. Lá, Yuri hesitou. Achatando as costas contra a parede, eles esperaram que dois homens de terno passassem.

Pela maneira como Yuri os observava, Orrin suspeitava que eles fossem parte dos Santos. Eles não usavam uniforme discernível e pareciam o mesmo que qualquer outra pessoa na rua.

Não era de admirar que Yuri estivesse ansioso. Os Santos podem ser qualquer um, em qualquer lugar. Pelo que Orrin sabia, todo mundo com quem ele já fazia parte fazia parte dos Santos.

Esse pensamento colocou seus dentes no limite. Quem eram esses bastardos? Era óbvio que eles queriam dominar o mundo - ou, pelo menos, controlar quem estava no comando.

Liberar Ragnarok em certos países poderia mudar drasticamente os poderes que governavam o mundo. Os EUA podem ser derrubados. Qualquer país poderia.

Não seria uma mudança rápida, mas os Santos pareciam estar bem com isso.

A menos que Ragnarok não fosse o único cartão na manga.

Orrin teria que descobrir mais sobre o grupo. Essa era a única maneira de encontrar uma maneira de derrubá-los.

Yuri bateu no braço dele, o sinal para se mover. Eles silenciosamente viraram a esquina e correram para a porta do outro lado.

No momento em que se aproximaram da porta, um homem apareceu na frente deles. Ele e Yuri olharam por um longo minuto. Então ele saudou Yuri, uma mensagem silenciosa de boa sorte. Os olhos do soldado então deslizaram para Orrin. Ele acenou para Orrin antes de se virar para o lado para permitir que passassem.

No instante seguinte, eles estavam do lado de fora. Ele respirou fundo o ar fresco, nem se importando que estivesse chovendo. A tempestade os ajudaria a escapar.

Orrin segurou o braço contra as costelas machucadas. A amarração em seu pulso ajudou com o estrondo enquanto se moviam. Seu ombro estava bem no momento.

Para combater os Santos, Orrin precisava estar no seu melhor. E ele estava longe disso. Levaria dias de cura antes que ele estivesse em forma, e era hora de não terem.

—Pronto — Yuri sussurrou e apontou para um grande SUV preto no estacionamento.

Orrin olhou em volta, procurando alguém que pudesse estar assistindo. Ele encontrou um primeiro, depois dois, que estavam nas sombras perto de portas.

—Eles são meus homens — disse Yuri.

Orrin sinceramente esperava que sim, ou seria a fuga mais curta da história. No entanto, eles chegaram ao Range Rover sem incidentes.

Yuri ficou ao volante enquanto Orrin subia no banco do passageiro. Ele respirou fundo para combater a dor de suas costelas.

O motor do SUV rugiu para a vida. Eles foram embora, as luzes do armazém desaparecendo rapidamente na chuva. Embora Orrin esperasse nunca mais vê-lo, ele se certificou de se familiarizar com o ambiente, caso ele precisasse voltar.

Não foi uma tarefa fácil no escuro, com muitas luzes da rua apagadas, mas as placas e sinalizações para as docas à direita ajudaram.

—Eu tenho uma liderança em Jankovic.

Orrin levantou uma sobrancelha e virou a cabeça para Yuri.

—Você encontrou o cientista?

—Ele está em Washington, escondido em uma casa com mais segurança do que seu presidente.

—Então os Santos o têm.

—Parece que sim.

Orrin torceu os lábios. —Isso não tornará fácil chegar a ele.

—Assim que ele me vir, saberá por que estou lá.

—E os Santos saberão quem eu sou. Isso não nos deixa muito.

Yuri lançou um sorriso para ele. —Tivemos menos.

Essa era a verdade. Por outro lado, a vida de suas famílias não estava em risco antes.

—Onde você colocou a fórmula? — Yuri perguntou.

Ele deu de ombros com indiferença. —Em algum lugar seguro.

—Você tem certeza de que os Santos não a encontrarão?

—Positivo.

—Vamos torcer para que você esteja certo.

Orrin esperava que sim também. Ele se recostou no banco.

—Se pudermos chegar a Jankovic, atacaremos os Santos em grande estilo.

—Isso chamará a atenção deles. Ragnarok ainda está lá fora.

—Quando Jankovic estiver morto e incapaz de formular mais do bioagente, destruiremos Ragnarok e a fórmula.

Yuri assentiu enquanto avançava pelas ruas.

—Eu gosto desse plano. Mas você e eu sabemos que é apenas uma questão de tempo até que os Santos encontrem outro cientista que possa produzir outra arma biológica dessa magnitude.

—O público precisa conhecê-los. Alguém do nosso governo precisa fazer as honras.

—Eu não confio em ninguém em nenhum dos nossos governos.

Esse foi o problema, porque Orrin também não. Ele queria pensar que Mitch Hewett estava do seu lado, mas como Orrin poderia ter certeza? Não era uma chance que ele estivesse disposto a aproveitar.

—Então, o que fazemos?

Ele soltou um suspiro, odiando a dor que isso causou.

—Nós encontramos uma maneira de chegar ao cientista. Ou traga-o para nós.

—Eu gosto dessa ideia — Yuri respondeu com uma risada alta. —Traga o imbecil para o nosso lado.

Jankovic certamente era um idiota. Que tipo de ser humano poderia criar algo como Ragnarok? E tudo por dinheiro.

Se era verdade que todo homem tinha um preço, parecia que o de Jankovic não era tão alto. Sua alma, no entanto, pagaria pela eternidade. Logo após Orrin o fez sofrer por alguns dias.

—Você deseja entrar em contato com seus filhos? — Yuri perguntou.

—Não. — Ainda não, pelo menos. Em parte, porque ele queria se concentrar em manter os Santos fora de suas trilhas, mas uma grande parte também era porque ele não tinha certeza de como eles reagiriam ao ouvir dele.

Não era como se estivessem com ele com frequência. Orrin parou de tentar ligar depois que eles se juntaram aos militares porque ele tinha mais acesso a eles lá.

Eles não sabiam todas as vezes que ele os assistia de longe. Matou-o não falar com eles e saber o que estava acontecendo em suas vidas, mas ele também entendeu por que eles queriam ficar longe dele e do Texas.

—Eles culpam você pelo assassinato de Melanie, não é?

—Sim. Eu também me culpo.

—Você não tem pistas sobre o assassino dela?

—Cheguei perto cerca de um ano depois que ela foi morta, mas a trilha ficou fria. Depois fui mandado embora em várias missões que me mantiveram fora do país.

—Curioso, você não acha?

Ele certamente fez agora. Por que não havia levantado bandeiras vermelhas na época? A devastação de sua perda foi tão grande que ele permitiu que algo assim passasse sem perceber? O que mais ele tinha perdido?

—Você disse que chegou perto de descobrir quem era? — Yuri perguntou.

Orrin assentiu lentamente.

—Aparentemente, muito perto. A questão agora é: meu próprio governo tirou minha esposa de mim e de seus filhos? Ou foram os Santos?

—Provavelmente é o mesmo.

Orrin fechou os olhos. O pensamento de que seu próprio governo poderia fazer algo assim com ele o deixou gelado para sua própria alma. Ele dedicou grande parte de sua vida a seu país e para quê? Ter alguma facção executando sua própria agenda?

—Eu me senti tão doente quando percebi que estava cercado pelos Santos — disse Yuri.

Orrin abriu os olhos, determinação fortalecendo sua determinação.

—Minha família tem sacrificado suas vidas por este país desde que foi formado. Não vou ficar parado e vê-lo arruinado pelos Santos.

—Ah, agora esse é o Orrin que eu estava esperando — disse Yuri, batendo no volante. —Está pode ser a nossa última batalha, estraga-prazeres.

—Então saímos com um estrondo.

—E leve esses filhos da puta conosco.

Orrin virou a cabeça para Yuri. —Vamos precisar de ajuda.

—Você tem pessoas em quem pode confiar?

Ele estava prestes a responder isso quando lembrou que sua equipe assassinada havia sido todos Santos — ou seja, Yuri afirmou.

—Se os homens que avaliei, treinei e confiei eram Santos, acho que não posso confiar em ninguém além da minha própria carne e sangue agora.

—Então faremos isso sozinhos.


CAPÍTULO VINTE E NOVE


—Eu pretendo perguntar. Como é que Sergei te chama? — Cullen perguntou enquanto dirigia.

Mia virou a cabeça para ele. — Dochenka Moya. Significa minha filha.

—E você pensou que ele não se importava?

—Supus que ele quis dizer isso como algumas pessoas dizem 'querida' ou 'coração' sem o significado suave para isso.

Cullen deu de ombros. —Eu acho que ele fala sério.

Isso a fez perceber a sorte de ter três homens fortes cuidando dela — seu pai, Orrin e Sergei.

—Você tinha uma expressão estranha quando descobriu que Dvorak estava morto. Você o conhecia?

Ela voltou o olhar para a estrada. —Eu o conheço e nada disso é bom.

—Eu conheço esse tom evasivo. O que você não está me dizendo?

Ela lançou um olhar surpreso. Maldito seja por aprendê-la tão rapidamente.

—Dvorak fez ondas em todo o país com seus comentários recentes sobre alianças dos EUA e da Rússia.

Cullen levantou uma sobrancelha e olhou para Mia.

Ela suspirou profundamente.

—Também porque ele teve algumas relações com Sergei.

Era tudo o que ela ia dizer a ele. O resto não foi nada.

Mas quanto mais ele permaneceu em silêncio, mais irritada ela se tornou. Ela tentou ignorá-lo, mas Cullen foi paciente enquanto esperava que ela derramasse o resto.

Ela se mexeu na cadeira, tentando ignorar o silêncio expectante. Não se concentrou em carros que passavam ou no cenário ajudou. Um rápido olhar em sua direção mostrou que ele mantinha um olho igual nela e na estrada.

—Tudo bem — disse ela. —Um dos favores que fiz para Sergei foi levar carga para as docas de Dvorak.

—Da Rússia?

—Sim, da Rússia — disse ela, exasperada. —Eu tive um emprego que me levou para a Alemanha. Havia homens esperando por mim. Eles carregaram a carga enquanto meu cliente cuidava dos negócios dele. Depois voltamos aos Estados Unidos.

—Qual foi a carga?

—Disseram-me para não olhar. — Mas era o avião dela e a bunda dela na linha.

Cullen emitiu um bufo. —Qual foi a carga?

—Arte.

—Você espera que eu acredite que ele usou você para transportar arte simplesmente porque ele não queria pagar os impostos de importação?

Ela deu a ele um olhar engraçado.

—Debaixo da arte havia documentos. Eles estavam todos em russo. Eu posso falar o suficiente para sobreviver, mas não leio bem. Junto com os documentos havia armas e munições.

—Merda.

Essa foi certamente uma palavra para isso.

—Não é uma boa notícia que Dvorak esteja no comando das coisas.

—Ele estava bem conectado. Se foi devido aos Santos ou não, não importa. Ele foi um assassino brutal.

Ela cruzou os tornozelos e considerou Dvorak.

—Você não acha estranho?

—O que? Que Dvorak foi estúpido o suficiente para ser levado por Owen e Natalie?

—Isso. Mas também que ele deixou Owen e Natalie saber quem ele era. Os Santos permaneceram nas sombras. Até alguns dias atrás, eu nem sabia que elas existiam.

Cullen manteve o fluxo do tráfego para não chamar atenção.

—Dvorak pode estar no comando das coisas no Texas, mas ele obviamente não está no comando da organização.

—Não sei se estou aliviado ou mais preocupado.

—Estou mais preocupado.

Seu estômago revirou. —Eu também.

—Temos informações suficientes para nos implicar, nada mais. Sabemos que Ragnarok é perigoso com um marcador aparentemente novo, mas não sabemos o que ele faz.

—E sabemos que Dvorak fazia parte dos Santos, mas não onde ele estava na organização — acrescentou.

—Cada camada que retiramos expõe dezenas de outras.

Ela torceu o nariz. —Penso desde que Natalie mencionou o cientista Jankovic. Li os jornais e recebo atualizações sobre as notícias, mas não ouvi nada sobre um russo desertor.

—Dvorak mencionou que eles estavam procurando por Jankovic. O que significa que os Santos não o têm — disse Cullen.

Ela podia ver a frustração na maneira como ele segurava o volante e também podia ouvi-lo em sua voz.

—Nós somos os caçadores agora.

—Os Santos não sabem disso.

—Conversar com Yuri ajudará — acrescentou.

—E se não conseguirmos encontrá-lo?

—Nós o encontraremos. — Eles tiveram que. Porque eles precisavam de algum tipo de vitória para ganhar energia e continuar caçando.

Cullen mudou de faixa para dar a volta em um carro lento.

—Grupos como os Santos assustam as pessoas. É o segredo deles, e não saber quão grande é a organização ou até que ponto ela se estende impede que outras pessoas tentem derrubá-las.

—Não somos nós.

Ele virou a cabeça para ela por um momento.

—Com certeza o inferno não é.

Ela estendeu a mão e colocou a mão sobre a dele no volante.

—Quanto tempo você acha que temos antes que eles nos encontrem novamente?

—Se tivermos sorte, chegaremos a Arlington. Quando começarmos a bisbilhotar por lá, não vai demorar.

—Nós poderíamos usar isso a nosso favor — disse ela com um sorriso.

Seus lábios se inclinaram em um sorriso.

—Normalmente há isca ao caçar a humanidade.

—Considere-me sua isca.

—Nós — ele a corrigiu. —Nós somos a isca.

Ela largou a mão da dele.

—Você não mencionou Wyatt enquanto conversava com Owen.

—Se houvesse algo para me dizer, Owen teria feito.

—Você não conversa com seu pai ou irmãos há anos. Esse fiasco trouxe todos vocês de volta juntos. Não deixe de lado essa oportunidade.

Sua mão agarrou o volante com mais força.

—Eu disse algo muito semelhante a Owen em relação a Natalie antes de sair.

—Então, siga seu próprio conselho.

—É mais fácil falar do que fazer quando se trata da Wyatt. Ele é... emocionalmente indisponível. Ele fecha tudo e todos.

—Ele sempre foi assim?

Cullen balançou a cabeça.

—As coisas mudaram após o assassinato de mamãe. Wyatt foi retirado. Todos nós fizemos por um tempo, mas ele nunca se recuperou.

—Ele permanece assim para se proteger.

No olhar interrogativo de Cullen, ela deu um encolher de ombros meio de coração.

—Fiz algo semelhante quando era mais jovem em relação ao meu pai e seus 'planos' para mim. É mais fácil manter-se afastado do que permitir-se sentir ou se machucar novamente dessa maneira.

—Wyatt é apenas um idiota para todos.

—E sua teoria sobre ele e Callie?

Ele levantou a mão, impotente.

—Wyatt não namora.

—Ele é gay?

—Acho que não. Não do jeito que eu o peguei olhando para Callie.

Ela estava intrigada agora.

— Então Wyatt deve estar interessado nela. Seja de algo do passado ou de algo novo.

—Ela costumava seguir Wyatt como um filhote. Ele foi gentil com ela por um curto período de tempo e depois se tornou seu idiota comum.

—Talvez ele tenha começado a sentir algo por ela.

Cullen bufou, seus lábios achatando.

—Não consigo imaginar Wyatt cuidando de ninguém.

—Ele ama você e Owen. Vocês são irmãos dele.

—Somos uma obrigação. Ele não queria encontrar o pai.

Agora isso a chocou. Ela pode querer estrangular seu pai às vezes, mas nunca consideraria não o ajudar se ele precisasse.

—Sim — disse Cullen com um aceno de cabeça enquanto olhava para ela.

—Exatamente. Esse é o tipo de homem que Wyatt é.

—Há mais do que isso. Tem que haver.

—Ele torna impossível querer descobrir. Ou até para se importar.

—Mas ele é seu irmão, seu sangue.

—Por causa disso, eu sempre estarei lá. Sinceramente, não posso dizer que ele faria o mesmo por mim.

Ela queria colocar todos os Loughmans em uma sala e colocar algum sentido neles.

—Eu acho que você ficaria surpreso.

Ele a olhou com curiosidade.

—Por que minha família tem tanto interesse?

—Eu não tenho irmãos. Acho que você e seus irmãos têm a sorte de ter um ao outro, de poder contar um com o outro. Saber que, não importa o quê, você sempre estará lá para o outro.

—Acho que sim — ele disse com uma careta.

—Você deveria ligar para Wyatt.

Cullen grunhiu.

—Sim, senhora. Vou ligar quando chegarmos à Virgínia.

Isso a fez feliz. Ela se recostou no banco, com a mente ainda nos Loughmans. Que família única que sofrera um tremendo desgosto.

Ela nunca se considerou uma fixadora, mas era exatamente isso que ela queria fazer por Cullen. Cada um dos homens Loughman tinha cicatrizes do assassinato de Melanie, e essas cicatrizes moldaram a vida que levaram.

Cullen pode não ter visto o corpo de sua mãe, mas não o afetou menos. De certa forma, isso o mudou mais do que Owen ou Wyatt.

Ela virou a cabeça um pouco para ver melhor Cullen. Ela se perguntou o que se passava em sua mente.

—Por que você não é casada? — ele perguntou de repente.

Chocada, ela só podia olhar de boca aberta para ele.

Ele sorriu e deu uma piscada rápida.

—Estou morrendo de vontade de saber.

Ela lambeu os lábios para se dar tempo de pensar em uma resposta.

—Eu tinha outras coisas para fazer.

—Você já chegou perto?

—Uma vez.

—O que aconteceu? — Cullen perguntou.

Ela puxou a manga da camisa pelo pulso. —Ele queria que eu parasse de voar.

—Ah — Cullen murmurou.

Mia então perguntou: —E você? Por que você não é casado?

—Eu nunca quis isso.

—Então você nunca chegou perto?

Ele balançou sua cabeça.

Ela franziu a testa, pensando em sua avaliação inicial dele como sendo do tipo ame-os-e-deixe-eles.

—Você teve um relacionamento sério?

—Eu nunca senti a necessidade de qualquer tipo de relacionamento com mulheres.

Bem, se ela tinha alguma esperança de ter algo com Cullen, estava espalhado como atropelamento agora.

No entanto, de alguma forma, sua declaração não a chocou. Com a maneira como sua mãe havia sido morta, e como Cullen ficou arrasado por perdê-la, ele evitaria qualquer um que pudesse machucá-lo dessa maneira.

—Não há mais perguntas? — ele perguntou.

Ela torceu o nariz.

—Eu acho que sua última declaração disse tudo.

—Não fique chateado.

—Eu não sou — ela respondeu apressadamente.

—Foi você quem iniciou esta conversa.

—Então eu fiz.

—Por quê?

Os olhos castanhos dele encontraram os dela brevemente.

—Você é o tipo de mulher com quem um homem passa a vida.

Era uma pena que Cullen não fosse esse tipo de homem.

Seu coração tropeçou em seus pensamentos. Ela não estava procurando por casamento. Mas amor? Sim. Quem não era? Todos ansiavam por encontrar a outra metade de si mesmos, a pessoa que foi feita para eles - sua alma gêmea.

Ela começou a pensar que ninguém existia para ela. Então ela conheceu Cullen.

Seu erro foi ceder ao desejo e provar seu corpo perversamente delicioso e o prazer que ele podia dar. Mas Cullen nunca seria dela.

Quanto mais cedo ela percebesse isso, melhor.

Ele quase soletrou. Ela não seria uma daquelas mulheres que esperavam depois que não havia mais esperança de um relacionamento.

Ela já viu isso antes. Inferno, ela já havia feito isso antes. Mas não com Cullen. Ela era mais velha e mais sábia agora. Desde o início, ela sabia que tipo de homem Cullen era. Ele nunca mudaria.

Nada disso a fez parar de esperar que encontrasse amor, no entanto.

Um dia ...


CAPÍTULO TRINTA


Desde que Cullen perguntou a Mia sobre o status de seu relacionamento, ele se perguntava por sua sanidade. Ele disse a verdade em relação a seus pensamentos sobre relacionamentos.

Então, por que ele queria tanto conhecer o dela?

Ela pesou muito em sua mente, seus pensamentos afetados por ela. Ele desejou saber o que havia em Mia que o manteve querendo mais. O que ela tinha que nenhuma outra mulher antes dela exibira?

O que o deixou louco se ela não estava por perto?

As milhas passaram em um borrão enquanto se aproximavam cada vez mais da Virgínia. Ela cochilou em seu assento, dando-lhe tempo para se perder em seus pensamentos. O que não era exatamente uma coisa boa.

Porque ela os consumiu. Embora ela pudesse estar em roupas novas, as consequências do acidente foram visíveis nos pequenos cortes que ainda não haviam se curado em seu rosto e na contusão na linha do cabelo acima do olho direito, onde sua cabeça havia batido no volante e a concussão.

Os sons do acidente ecoaram em sua cabeça. Ambos haviam sobrevivido, e isso por si só era um milagre. Mas isso significava que os Santos só aumentariam a aposta na próxima vez.

Quando parou para encher o tanque de gasolina, ele ainda tinha que encontrar uma solução para mantê-la segura. Ela lutaria contra ele para estar em ação.

Não era que ela não estivesse qualificada para ficar com ele. Não, ele querendo mantê-la fora disso por razões puramente egoístas. A ideia de vê-la machucada novamente, ou pior - morta - o deixou abalado.

Ele vestiu o boné de beisebol que encontrou no banco de trás. Com o puxão baixo no rosto, ele desligou a ignição e saiu.

Enquanto o gás bombeava, seu olhar se movia sobre cada pessoa na estação. Todo mundo era uma ameaça em potencial. Depois que o tanque ficou cheio, ele trancou o veículo com Mia ainda dormindo lá dentro e foi até a loja para pegar alguns lanches.

Dentro de minutos, ele estava de volta no carro. Ele olhou para ela e a encontrou ainda dormindo. Incapaz de se conter, ele passou as costas dos dedos pela bochecha dela.

Ela salvou a vida dele. Ele devia muito a ela agora e não tinha certeza de como começar a pagá-la de volta. Outros o salvaram antes, e ele não sentiu tanta... incerteza com eles. Então, novamente, nenhum deles tinha sido Mia. Ela era tão única e especial quanto as estrelas.

Ele soltou um suspiro e ligou o carro. Então ele foi embora, recuando para a estrada. Ele olhou para o telefone, pensando nas palavras dela sobre Wyatt.

No entanto, ele ainda não chamava seu irmão mais velho. Wyatt era sua família de sangue, mas Wyatt nunca fez Cullen sentir como se quisesse outro irmão.

Havia um vínculo entre Wyatt e Owen porque eles foram os únicos a encontrar a mãe. Antes disso, Cullen tinha sido o irmão irritante que sempre quis acompanhar, enquanto não acompanhava.

Mesmo depois de todos esses anos, ele ainda se sentia como aquele garoto jovem e rebelde. Ninguém completamente medido aos olhos de Wyatt.

Com tudo o que Cullen havia experimentado e participado, ele não sentia mais a necessidade de tentar. Wyatt nem queria procurar o pai deles. Somente Callie e Owen o estavam fazendo participar.

Talvez tenha sido essa a razão pela qual Cullen não estava tão interessado em chamar seu irmão mais velho. O motivo não importou no final. Sem dúvida, Owen informaria Wyatt quando falavam.

Cullen pousou o telefone celular e pressionou o acelerador. Ele viu o sinal de boas-vindas ao passarem pela Virgínia. Suas mãos agarraram o volante com força. Começariam imediatamente a caçar os Santos.

Seria complicado. Caçar, mantendo-se escondido. Não importa o que eles fizeram, eles não seriam capazes de ficar longe dos Santos por muito tempo.

Ao lado dele, Mia soltou um suspiro ao acordar. Ela se espreguiçou, arqueando as costas para empurrar os seios para a frente. Ele conteve um gemido, seu sangue esquentando enquanto imaginava se inclinando e envolvendo os lábios em torno de um mamilo.

—Estamos na Virgínia? — Ela perguntou enquanto olhava pela janela, lendo as placas.

—Acabei de cruzar a linha do estado.

Ela se sentou reta e alisou os cabelos para trás. —Por onde começamos?

—Pensei em ir ao Pentágono e vigiá-lo por um tempo. Markovic pode aparecer lá.

—E se ele não?

—Esse é o único lugar em que consigo pensar.

Ela ficou quieta por um momento antes de colocar a mão no bolso da jaqueta. Ele a viu franzir a testa antes de pegar um pedaço de papel para lê-lo.

—Precisamos de um lugar para ficar — disse ela.

Ele estava tão envolvido com tudo o mais que não tinha pensado onde eles iriam dormir. O carro pode funcionar por uma ou duas noites, mas nada mais. Ter um lugar onde eles pudessem se instalar os beneficiaria.

—Vamos encontrar um motel em algum lugar — disse ele.

Ela fez uma careta. —Temos a chance de alguém ser um santo.

—Não é como se tivéssemos uma casa.

Um sorriso se formou quando ela virou a cabeça para ele. —Na verdade, acho que poderíamos.

—O que você quer dizer? — ele perguntou.

Ela levantou um pedaço de papel com um endereço escrito.

—Sergei deve ter colocado na minha jaqueta.

—Ou Lev.

Ela bufou, seu rosto declarando claramente o que pensava daquilo.

—Lev não quer Sergei ajudando. Lev não faria isso.

—Vamos verificar o endereço.

O sorriso dela aumentou.

—Devemos muito a Sergei se sobrevivermos a isso.

Ela riu, assentindo.

—Eu sei. E Sergei vai cobrar.

—Lev ficará chateado.

—Deixe-o estar — disse ela. —Ele precisa ter essas penas perfeitas dele.

Ele sorriu com a declaração dela.

—Ele está apenas fazendo o trabalho dele.

—Eu sei, mas isso não significa que ele tem que ser um idiota.

—Ele é um homem perigoso. Tê-lo como aliado é uma coisa boa, especialmente agora.

Ela deu de ombros. —Ele é tão... frio.

—E calculista.

—Sim — ela concordou. —Mas você é tão calculista. O que faz você diferente dele

Ele olhou para ela. —Você me acha frio?

Houve uma breve pausa. —Qualquer coisa menos isso.

Era bom que ele estivesse dirigindo, porque, se não, ele a teria abraçado e a beijado. O fogo que ele viu nos olhos dela era elétrico.

Ele voltou os olhos para a estrada. O desejo nele queimava. Em chamas. Suas bolas apertaram apenas imaginando tê-la em seus braços novamente.

Com um aceno mental de cabeça, ele afastou esses pensamentos antes que eles o levassem por um caminho que não estava preparado para andar.

Então ele lembrou a pergunta dela sobre o que o diferenciava de Lev.

—Eu não acho que sou muito diferente de Lev. Eu mato pelo governo que me treinou. Ele mata para proteger um homem a quem deve lealdade.

—Ele é um assassino.

Cullen pensou em uma missão anterior — a pequena vila no Kuwait e a casa em que ele entrou com sua equipe.

—Há muitas coisas que eu fiz em nome da liberdade para o meu país. Não se engane, Mia, sou tão assassino quanto Lev.

—Você e todo homem e mulher de uniforme mata em guerra. É isso ou será morto.

—Às vezes não é tão preto e branco. Às vezes, as coisas dão muito errado.

Ela lambeu os lábios, seu olhar nunca o deixando. —Como?

Por que ele disse alguma coisa? Por que ele não deixou isso de lado? Seria porque ele não queria que ela pensasse que ele era um bom homem? Talvez ele estivesse tentando fazê-la não gostar dele como ela fazia com Lev. Isso tornaria mais fácil se afastar dela?

Porque ir embora, ele deve.

Mesmo que ele desejasse ficar.

Pela primeira vez em sua vida, ele encontrou alguém que o chamava de maneiras que não achava possíveis.

—Cullen? — ela insistiu.

—Há alguns anos, minha equipe e eu fomos enviados ao Kuwait para verificar uma pista que recebemos de um membro importante de um grupo terrorista. Nós encontramos a pequena vila e fizemos o nosso caminho para a casa. Nós batemos na porta. Ali estava um menino de quatro anos, olhando para nós com grandes olhos escuros.

Ele via o garoto em seus sonhos algumas vezes, mas os pesadelos haviam diminuído com o passar dos anos.

—Minha hesitação matou um dos meus homens quando os terroristas abriram fogo. Os gritos das mulheres eram tão altos quanto os tiros. Eu podia ver o garoto gritando, mas não conseguia ouvi-lo por causa do barulho.

—Nós devolvemos o fogo. Quando tudo acabou, a quietude e o silêncio eram estrondosos. E aos meus pés estava o garoto. Eu não sei quem o matou. Se fôssemos nós ou os terroristas, a poucos metros de distância havia uma mulher cheia de balas. Ela estava deitada com a mão estendida para a criança.

—A mãe dele — disse Mia.

Ele assentiu. —Eu acredito que sim.

—Não foi sua culpa. Você fez o seu trabalho. A culpa é dos terroristas por ficar em um lugar com mulheres e crianças.

—Eu disse a mim mesmo exatamente isso. Quando fomos enviados para outra casa, não hesitei como antes. Abrimos a porta e entramos. No instante em que vi uma arma, atirei. Foi só quando todos morreram que percebemos que a casa tinha apenas mulheres e crianças. Nem um único terrorista estava no local.

Ela balançou a cabeça quando uma carranca aprofundou sua testa.

—Você disse que viu uma arma.

—Foram armas que encontraram e estavam desmontando para que os terroristas não pudessem usá-las. Essas mulheres e crianças estavam tentando nos ajudar.

—Oh, Deus — ela murmurou.

Ele soltou um suspiro. Ele viveu com o que fez por muitos anos. Se ao menos ele hesitasse novamente. Talvez ele não estivesse carregando o peso dessas mortes, mas ele não merecia menos.

—Você fez o seu trabalho — disse Mia.

Ele apreciou como ela estava tentando justificar o que ele havia feito, mas nada poderia fazer isso.

—Eu sou um assassino. O mesmo que Lev.

—Você não é nada como Lev. Você faz o que faz para salvar vidas. Ele faz o que faz para manter Sergei no topo. Essas são duas coisas diferentes.

—Eu acho que há mais em Lev do que você imagina.

—Bem, eu não quero saber.

Cullen não tinha tanta certeza de que tinha visto o último brigadeiro. Lev era exatamente o tipo de pessoa que eles precisavam para combater os Santos. Além disso, havia algo sobre Lev que Cullen reconheceu, algo que ele viu em si mesmo - arrependimento.

Mia de repente colocou a mão no braço dele.

—O que aconteceu com você e essas crianças foi uma coisa pavoroso e horrível. Mas não foi feito com malícia. Você não entrou lá procurando matar mulheres e crianças. Isso foi um erro. Você estava lutando contra terroristas tentando matá-lo.

—Nossa informação foi confirmada por um local que usamos várias vezes. Eu o encontrei em um bordel algumas horas depois. Eu bati nele até meus dedos sangrarem. Ele confessou que os terroristas o pagaram para mentir para nós.

—O que você fez em seguida?

Ele encontrou seus olhos escuros. —Eu cortei sua garganta.

—Ele não merecia menos.

Cullen não se incomodou em mencionar que o que ele fez foi assassinato porque ele podia ver nos olhos dela que ela nunca pensaria dessa maneira.

E estranhamente, isso curou uma parte de sua alma.


CAPÍTULO TRINTA E UM


Assombrado. Era o que Cullen era. Embora ele tentasse esconder. Ele fez um bom trabalho, mas permitiu que ela visse um pouco. Mia não se perguntou por que. Ela apenas aceitou que ele se abrisse.

Ela pode não ter estado no meio da batalha como Cullen, mas ela viu sua parte justa nos céus.

Ela esteve apenas em algumas brigas de cães, mas com milhões de dólares em metal ao seu redor, isso trouxe uma perspectiva diferente para as coisas.

Além disso, qualquer briga no ar era legítima defesa. Era completamente diferente de Cullen, que estava no chão, ficando cara a cara com o inimigo.

Mia tinha certeza de que não lidaria com as coisas tão bem quanto ele. Ela ficou surpresa que ele não sofria de TEPT. Ou talvez ele tenha.

Ela colocou o endereço do pedaço de papel em seu telefone e usou o GPS para dar instruções a Cullen. Para sua surpresa, não era uma mansão, como ela esperava, com base nas preferências de Sergei.

Era uma casa modesta em um bairro no qual poucos ousariam se aventurar. A casa estava acabada o suficiente para se misturar com o resto.

—Bem, não é uma surpresa bem-vinda — disse Cullen com um sorriso enquanto diminuía a velocidade do carro e olhava pela janela.

Ela devolveu o sorriso dele. —Sergei é cheio de surpresas.

—Será perfeito para nós. — Cullen então partiu, virando na direção do Pentágono.

Nada mais foi dito quando eles cruzaram a cidade e circularam duas vezes pelo Pentágono. Todo mundo que ela via era um santo em seus olhos. Foi isso que tornou a organização tão perigosa, porque eles sabiam muito pouco sobre eles ou quem estava envolvido.

Não eram apenas pessoas com dinheiro e poder. Era todo mundo.

Ela estava agradecida pelas janelas serem pintadas para impedir que alguém a visse, porque muitos olhavam. Várias vezes, Cullen tentou encontrar um lugar para estacionar, mas continuou aparecendo vazio.

—Deixe-me sair — disse ela.

Ele atirou uma careta para ela.

—Farei o papel de turista e avisarei se eu o encontrar.

—E se um dos Santos te vir?

—Os detalhes de segurança não nos ignoram sentados no carro.

Cullen pegou a próxima esquerda e foi embora.

—Vamos precisar de ajuda.

—Quem?

—Callie.

O que significava que ele teria que conversar com Wyatt. Como Mia era filha única, ela não entendeu por que alguns irmãos não se davam bem. Ela sempre quis um irmão ou irmã. Família era família.

Eles foram os únicos que nunca puderam afastar você porque o sangue estava ligado. Quando o pai e a madrasta se foram, ela não teria outra família.

Pelo menos com um irmão, ela sabia que havia mais alguém com ela no mundo. Cullen tinha isso e não parecia entender o quão precioso isso era.

No caminho de volta para casa, ela se perguntou se ele estava se preparando mentalmente para conversar com Wyatt. Entristeceu-a que os dois irmãos tivessem uma brecha entre eles.

Pelo menos Cullen conversou com Owen facilmente. Talvez quando tudo isso acabasse, os irmãos pudessem consertar o que quer que os separasse. E ela rezou para que Orrin se reunisse com seus filhos.

—Você acha errado eu não querer falar com Wyatt, não é? — Cullen perguntou.

Ela balançou a cabeça. —De modo nenhum. Você explicou seu raciocínio.

—Mas? — ele insistiu.

—Eu sou filha única. Eu não posso te dizer o quão solitário isso era. Meu pai e minha madrasta se foram com frequência e, embora eu tivesse alguém para cuidar de mim, não era como ter um irmão ou irmã. Tenho que admitir, estou com um pouco de inveja de você.

—Eu não pensei dessa maneira. — Ele torceu o nariz enquanto entrava na entrada da casa. —Isso foi insensível da minha parte.

—Você só sabe o que tinha. Só sei o que tenho.

Ele estacionou o veículo e desligou o motor. Então ele olhou para ela.

—Eu quero que você conheça meus irmãos.

—Espero conseguir. — Ela olhou para a casa então. —Devemos?

—Vamos.

Eles saíram do SUV juntos, fechando as portas quase simultaneamente. Ela o encontrou na frente do veículo

—Suponho que Sergei não saiba como entrar? — Cullen perguntou.

—Eu só tenho o endereço.

Ele balançou as sobrancelhas. —Vamos tentar de volta.

Ela pegou sua arma e o seguiu pela casa. Ela olhou por baixo do tapete velho, uma panela rachada com os restos secos de alguma planta, e em todos os outros lugares que ela pensou que poderia estar uma chave enquanto Cullen fazia o mesmo.

Foi enquanto ela olhava para a porta que ela percebeu que havia algo errado com a campainha. Era maior do que qualquer um que ela já viu.

—Você conhece alguém que coloca uma campainha na porta dos fundos?

—Não — respondeu Cullen. —Então, novamente, eu não conheci muitos homens como Sergei.

Ela subiu os dois degraus da porta e apertou a campainha, ouvindo. Não havia som dentro da casa. Não importa quantas vezes ela empurre, não há nada. Ela então mexeu a campainha.

Para seu choque, ela girou em uma dobradiça do topo. Quando ela empurrou para o lado, ela viu um teclado que se iluminou.

—Você conhece o código? — Cullen disse atrás dela.

Ela olhou as chaves.

—Sergei só me enviaria sem o código se ele pensasse que eu poderia descobrir.

—Então você sabe disso.

Mia levantou a mão, parando sobre o teclado. Só houve uma vez que Sergei o havia dado um código. Foi depois que ela foi resgatada dos escravos sexuais e precisava de um lugar onde ninguém pudesse encontrá-la.

Era uma casa de praia em Florida Keys. Sergei disse a ela que o código era uma data, a primeira vez que ela concordou em trabalhar com ele.

Ela deu um chutou em 4-12-11.

Houve um clique quando a porta se abriu. Ela trocou um olhar com Cullen, que deu uma piscadela. Então ele abriu a porta e entrou lentamente.

Ela recolocou a parte externa da campainha e seguiu Cullen até a casa. O interior era tão modesto quanto o exterior, mas limpo. Ela fechou a porta atrás de si e ouviu o clique do mecanismo de trava.

—Essa é uma porta de aço — disse Cullen. —Ninguém está entra. Pelo menos não rápido.

Isso deu-lhe algum alívio. Enquanto ele explorava o andar de cima, ela verificou a cozinha. A despensa e a geladeira estavam completamente abastecidas. O produto parecia fresco, como se alguém o tivesse comprado naquele dia.

—Dois quartos e um banheiro no andar de cima — disse Cullen enquanto descia as escadas e entrava na sala de estar.

Ela saiu para encontrá-lo.

—Tudo o que poderíamos querer está na cozinha.

—Deve ser uma casa segura. As janelas têm vidros duplos com vidro à prova de balas.

—Então, estamos seguros.

Ele assentiu. —Acho que sim.

Ela sorriu e se esparramou no sofá. —É ótimo estar fora do carro.

—Sim.

Ela levantou a cabeça do travesseiro e o viu segurando o telefone celular, o rosto cheio de apreensão.

—Eu posso ligar para Callie.

—Eu tenho que fazer isso. — Ele respirou fundo e soltou. Então ele discou um número antes de colocá-lo no alto-falante e colocar o telefone na mesa de café de madeira.

—Olá? — Callie respondeu.

Cullen sorriu ao som de sua voz. —Ei, Cal.

—Cullen? É você? — ela perguntou esperançosa.

—Sou eu.

Callie soltou um grito. Então ela perguntou: —Onde está Mia?

—Estou aqui — respondeu Mia.

—É tão bom ouvir vocês dois — disse Callie. —Estávamos ficando preocupados.

Cullen passou a mão na mandíbula, raspando os bigodes.

—Callie, infelizmente não tenho muito tempo para informar você agora. Basta dizer que não são apenas os russos atrás de nós. É um grupo — os Santos.

—Foi isso que foi escrito naquele papel que Natalie pegou da embaixada — disse Callie.

Mia sentou-se e correu para o final do sofá. Ela juntou as mãos e os antebraços apoiados nos joelhos.

—Os Santos estão bem conectados. Eles têm pessoas por toda parte.

—Eles estão nos procurando, então estamos nos escondendo — explicou Cullen.

—Você precisa de nós? — Callie perguntou.

Cullen lambeu os lábios. —O que eu preciso é que você use sua mágica.

—Onde você está? — veio uma voz profunda por telefone.

Mia sabia sem perguntar que era Wyatt. A atitude inteira de Cullen mudou. Ele endureceu e seu rosto endureceu. Seu coração doeu pelos dois irmãos.

Houve uma pausa antes de Cullen dizer: —Virginia.

—Bom. Com base nas informações que Owen e Natalie obtiveram, Orrin deveria estar ai — disse Callie.

Cullen sentou em uma das cadeiras.

—Estamos procurando um major-general Yuri Markovic. Mia o viu na Base Aérea de Dover e sei que ele esteve no Pentágono.

—Você acha que ele levou Orrin? — Wyatt perguntou.

Mia disse:

—Achamos que ele é um bom lugar para começar. Eu fiz alguns negócios com Yuri antes, e posso usar isso como nosso caminho para vê-lo. Achamos que ele faz parte dos Santos. O problema é que precisamos encontrá-lo.

—Ah — disse Callie. —Me dê um tempo. Vou localizá-lo. De que número é esse que você ligou?

—Um queimador — respondeu Cullen. —Nossos telefones estavam sendo rastreados pelos Santos.

Houve alguns murmúrios. Então Callie disse:

—Isso significa que eles poderiam estar monitorando a nossa também. Teremos que conseguir novos. Eu ligo quando tiver alguma coisa.

A linha ficou morta então.

Mia sorriu para Cullen. —Isso não foi tão ruim.

—Não.

Ela esfregou as mãos nas coxas.

—Sei que não é da minha conta e não hesite em ignorar isso, mas não consigo imaginar como foi para seus irmãos encontrarem sua mãe como eles. Esse evento mudou todos vocês, mas aposto que afetou mais a Wyatt do que você ou Owen.

—Não estou dizendo que Wyatt não é culpado por suas ações em como ele a tratou. O que estou dizendo é que talvez ele nem saiba que está fazendo isso por causa da dor que carrega. A mesma dor que você tem.

Quando Cullen não respondeu, ela desejou não ter dito nada. Ela ficou de pé e passou por ele. A mão dele estendeu a mão e a agarrou.

Ela parou, a cabeça balançando na direção dele. Olhando profundamente em seus olhos castanhos, ela descobriu que queria acalmar todas as suas mágoas e lavar sua dor.

Os segundos se estenderam enquanto seus olhares se sustentavam. O ar ficou cheio de desejo quando a frieza deixou seus belos olhos para serem substituídos por um desejo flagrante.

Ela esperou que ele fizesse alguma coisa. Diga qualquer coisa. Mas o momento chegou e se foi. Ela engoliu em seco e puxou a mão da dele.

Talvez fosse melhor que nada mais acontecesse entre eles. Porque quanto mais tempo ela estava perto de Cullen, mais ela queria saber sobre ele.

Sem olhar para trás, ela subiu as escadas para colocar algum espaço entre eles - e seu coração.


CAPÍTULO TRINTA E DOIS


Mia ligou a água do chuveiro. A casa podia ser modesta, mas o único banheiro havia sido reformado e adaptado com todas as comodidades que alguém poderia desejar.

Havia uma banheira com garras que ela considerou usar. Em vez disso, ela optou pelo grande chuveiro de vidro com dois chuveiros de cada lado.

Os grandes azulejos retangulares no chão do banheiro eram de um cinza ardósia suave. O fundo do chuveiro não tinha ladrilhos, mas pedras grandes e macias da cor de ônix.

Ela tirou a roupa enquanto olhava para as duas pias separadas. Um com luzes brilhantes e vaidade para uma mulher, enquanto o outro tinha todos os componentes que qualquer homem precisava para se barbear, além de uma variedade de colônias.

Mia estava ansiosa para ver o que havia do lado da mulher, mas o vapor da água acenava. Ela ficou no meio do chuveiro espaçoso, a água quente atingindo sua frente e para trás.

Ela permitiu que a água acalmasse seus músculos doloridos. De repente, um braço a envolveu, puxando-a contra um peito forte.

Seu coração pulou uma batida ao sentir o corpo magnífico de Cullen. Ele a virou lentamente, suas mãos grandes acariciando-a.

Mais uma vez, ela olhou para as profundezas verde e dourada e viu o desejo chiando lá. Seu sangue bombeava em seus ouvidos e o prazer enrolava em sua barriga.

Ele a puxou para mais perto, abaixando a cabeça para tomar sua boca em um beijo. Seus lábios eram macios e insistentes. Então a língua dele varreu sua boca para acasalar com a dela.

Ela suspirou e derreteu contra ele. Enquanto o beijo se intensificava, ela passou as mãos pelos ombros largos dele. A sensação do curativo a fez tentar recuar, mas ele apenas intensificou o beijo.

Com um empurrão duro, ele a empurrou de volta. Um gemido retumbou em seu peito quando ele a pressionou contra o vidro e a beijou como se não houvesse amanhã.

Como se ele morresse sem o gosto dela.

Ela se agarrou a ele, seu corpo doendo para que ele a preenchesse novamente. Sua excitação pressionou seu estômago enquanto ele balançava seus quadris. Ela estremeceu e gemeu. Seu sexo apertou ansiosamente quando seu corpo se lembrou dele amando muito bem.

Com a água escorrendo sobre eles, ele agarrou a bunda dela e a levantou. Mia arregalou as pernas, envolvendo-as em volta da cintura dele.

—Suas feridas — ela ofegou entre beijos.

Ele sacudiu a cabeça. —Eu preciso de você.

A sensação do copo frio em suas costas, o corpo quente de Cullen na frente e a água quente ao redor era uma combinação erótica.

Ela jogou a cabeça para trás enquanto os lábios dele desciam pelo pescoço. Impotente, ela balançou os quadris para frente. A necessidade de estar conectado a ele em um ato tão antigo quanto o próprio tempo a consumia.

Seus dentes beliscaram a pele onde o pescoço dela encontrava seu ombro. Ela estremeceu. Este homem tinha a capacidade de tocá-la de maneiras que ela nunca imaginou.

Era como se a alma dele cantasse uma música que a dela reconhecesse. Tudo nele a chamou, convocou. E ela era incapaz de negá-lo, mesmo que quisesse.

Ela gemeu alto quando o hálito quente dele abanou sua orelha antes que ele tomasse o lóbulo suavemente entre os dentes e mordesse antes de chupar. O tempo todo, ele a trocou para que seus dedos se aproximassem do sexo dela.

A provocação foi uma tortura requintada e bonita. Ela queimou por ele. Seu corpo estava em febre, e ela esperava nunca se recuperar dele.

Cullen assistiu o prazer cruzar seu rosto. Ela não escondeu nada, permitindo que ele visse tudo o que experimentou. Ele tentou ignorar seu desejo por ela, mas tinha sido impossível.

Ele sempre foi capaz de se afastar das mulheres, mas não com Mia. Ela o enfeitiçou de alguma forma. E a parte surpreendente e verdadeiramente alarmante... ele gostou.

Inferno, ele ansiava por isso.

Seu olhar se abaixou ao ver seus mamilos de cascalho com a água caindo em cascata sobre seus seios exuberantes. Ele torceu e levou um a boca, chupando forte.

As unhas dela afundaram no pescoço dele, enquanto as pernas se apertaram. Havia tantas maneiras que ele queria fazer amor com ela e explorar seu corpo enquanto via quantas vezes ele podia arrancar gritos de paixão daqueles lábios tentadores dela.

Seu pênis se contraiu. Ansiava por estar dentro dela novamente, por sentir suas paredes escorregadias fecharem-se firmemente ao seu redor. Só de pensar nisso, trouxe uma gota de umidade para a ponta de sua vara.

Ele a levantou para que suas dobras pairassem sobre sua excitação. Os olhos deles se encontraram. Seu peito arfava e sua pele corava.

—Por favor — ela implorou.

Seu pênis roçou contra seu sexo. Então ele deslizou lentamente para dentro. Seu suspiro era uma mistura de sensualidade e decadência. Isso destruiu o último de seu controle com toda a força de um sussurro.

Ele soltou a mão e a deixou abaixar em seu pênis até que ela estivesse totalmente sentada. Os olhos dela estavam fechados, os lábios abertos. O belo olhar carnal em seu rosto fez seu coração tropeçar.

A voz dentro dele que lhe permitiu deixar seus amantes anteriores o avisou de que ele estava chegando muito perto. Mas já era tarde demais.

Era tarde demais no momento em que ele provou seus lábios pela primeira vez.

Ele começou a mexer os quadris. Lentamente, a princípio, mas o ritmo aumentou rapidamente.

Seus corpos deslizaram um contra o outro, sua paixão crescendo a cada batimento cardíaco. Suas paredes apertadas o apertaram quando seus seios saltaram lindamente.

Sua respiração parou, e seu corpo ficou tenso. Então ele viu a felicidade atravessar seu rosto quando seu clímax atingiu. Ele empurrou com força, querendo prolongar o prazer dela para poder continuar assistindo.

Mas não importa o quanto ele tentasse, ele não conseguiria segurar seu próprio orgasmo. O cano passou por ele, deixando-o atordoado e nervoso.

Quando ele conseguiu levantar a cabeça, as mãos de Mia acariciaram suas costas e pescoço. Ele nem tentou inventar uma desculpa para deixá-la.

Em vez disso, ele a aproximou das torneiras para que ela pudesse fechar a água. Ainda segurando-a, ele caminhou do chuveiro para o quarto, onde colocou um joelho na cama e abaixou os dois.

Ela não tinha certeza de qual emoção era refletida nos olhos castanhos de Cullen. Havia uma pitada de angústia, mas desapareceu antes que ela pudesse pensar sobre isso.

Ela suspirou quando ele enfiou os dedos nos dela e levantou os braços sobre a cabeça. Seu peito raspou contra seus mamilos sensíveis.

Ela assobiou, fazendo seus lábios formarem um sorriso torto. Parecia divino tê-lo ainda dentro dela. Ele estava semi-duro e se tornando mais duro quanto mais tempo ele permaneceu.

Ele deu um beijo na testa dela, outra na ponta do nariz e depois nos lábios antes de continuar pelo corpo. Suas pálpebras se fecharam.

Quando ele saiu dela, ela queria chamá-lo de volta, mas as palavras morreram em seus lábios quando a língua dele encontrou seu clitóris. Ela respirou fundo rapidamente.

Seus braços se moveram para o lado dela, onde ela segurava o edredom. Ela estava indefesa contra esse prazer perverso. A língua dele fez coisas maravilhosas e pecaminosas que a deixaram ofegante e as costas arqueadas para fora da cama.

Quando as mãos dele alcançaram e seguraram seus seios, massageando-os suavemente, ela suspirou. Esse suspiro se transformou em um grito de prazer quando ele beliscou seus mamilos.

Ela já podia sentir outro clímax crescendo - e rapidamente. As mãos dele se afastaram dos seios dela, deslizando sobre o corpo dela, como um escultor poderia acariciar uma estátua.

Ela nunca se sentiu mais bonita ou mais sensual do que nos braços de Cullen. Ela se tornou uma devassa, uma criatura que não poderia sobreviver sem o toque dele.

Assim que as primeiras ondas de seu orgasmo atingiram, ele se levantou e entrou nela em um movimento suave. Ela gritou, segurando-o.

Ele se manteve acima dela, seus quadris balançando para frente quando ele mergulhou dentro. O êxtase roubou seu fôlego quando ela foi jogada no selvagem passeio do puro êxtase.

O tempo todo, ela estava se afogando em suas profundezas de ouro verde. Ele se recusou a permitir que ela desviasse o olhar. O elo que foi forjado, que os conectou, fortaleceu e cresceu.

Enquanto ele a observava, ela pôde ver o prazer preencher seu rosto quando ele chegou ao clímax. Ela o segurou quando seu corpo se afastou da força dele.

E então eles estavam nos braços um do outro, seus corpos emaranhados. Ela tentou manter os olhos abertos, mas estava muito saciada. Ela adormeceu com um sorriso no rosto.

Mia não sabia quanto tempo ela dormiu ou o que a havia puxado tão cruelmente de seus sonhos. Ela ficou imóvel, ouvindo. Ao lado dela, a respiração de Cullen a embalava.

Ela moveu a mão do lado dele e sentiu algo nos dedos. Foi só quando ela levantou a mão e viu o sangue que ela percebeu que ele devia ter rasgado seus pontos.

—Cullen — ela disse suavemente enquanto o rolava de costas e se ajoelhava.

Ele piscou e franziu a testa quando abriu os olhos. —O que é isso?

—Seus pontos. Fique aqui. Eu vou encontrar algo para parar o sangramento.

Ele levantou a cabeça para olhar para o lado. Ele timidamente tocou a ferida. Ela correu da cama, correndo nua pelas escadas.

Ela procurou na cozinha e na despensa antes de correr de volta para o quarto para olhar no banheiro. Foi lá que ela encontrou o kit de primeiros socorros.

Agarrando-o e algumas toalhas, ela correu para o quarto. Ela jogou a caixa na cama. Então ela subiu ao lado de Cullen e limpou o sangue. Com a maior parte disso, ela foi capaz de ver o quão ruim era o sangramento. Três dos pontos estouraram.

—Não acredito que esqueci sua ferida.

Ele agarrou a mão dela para acalmá-la. Somente quando ela olhou nos olhos dele, ele disse: —Isso não é culpa sua.

Ele a soltou quando ela assentiu. Ela estava mortificada por ter sido tão descuidada. Cullen precisava estar no topo de seu jogo. Quanto mais ele permanecesse machucado, mais difícil seria.

Em pouco tempo, ela colocou os pontos de reposição, limpou a ferida e colocou um novo curativo. Ela fechou o kit de primeiros socorros e começou a se levantar.

Ele a deteve, tirou tudo da cama e a puxou contra ele quando ele se recostou. Ela detestava machucar o lado dele, mas o outro ombro também estava ferido.

—Eu quero você ao meu lado — disse ele no silêncio enquanto ela se deitava rigidamente ao lado dele. —Você não está me machucando. Eu não estava com dor antes.

Lentamente, ela relaxou e descansou a cabeça no ombro dele. Os olhos dela ficaram pesados novamente. Ela os deixou se fechar enquanto desfrutava de estar nos braços de Cullen.

—Você acha que vamos encontrar Orrin?

Ela mudou a cabeça para olhar para ele. —Sim. Não é?

—Há tantas coisas contra nós. Estou começando a me preocupar.

—Eu não estou.

Ele sorriu. —Mentirosa.

—Acho que vamos ter uma batalha difícil? Sim. Eu acho que nossa caçada nos levará aos Santos? Definitivamente. Eu me sentiria melhor se estivesse no ar. Eu sou bastante inútil no chão.

—Eu não diria isso.

Ela sorriu com a insinuação dele.

—Eu não tenho o treinamento de solo que você tem.

—Infelizmente, não acho que um avião possa nos ajudar agora.

—Eu gostaria que sim, porque ninguém pode me tocar no ar.

Ele a apertou. —Eu não quero que você se machuque.

—Você quer dizer o jeito que você foi ferido? — ela perguntou, sua voz cheia de calor.

—Exatamente.

—Você não está me deixando para trás. — Não importa a quão qualificada ela fosse por isso, Cullen era melhor com ela ao lado dele do que sozinha, sem ninguém para cuidar de suas costas.

Ele colocou o dedo embaixo do queixo dela e o ergueu para dar um beijo em seus lábios.

—Não. Eu não estou.


CAPÍTULO TRINTA E TRÊS


Por mais que Cullen gostasse de mentir ao lado de Mia, sua mente não lhe permitia relaxar. Ele cochilou um pouco, mas agora estava pensando em encontrar Markovic.

Yuri foi sua melhor chance de encontrar não apenas os Santos, mas também Orrin. Sem Markovic ... eles não tinham nada.

Cullen sempre teve um backup de um plano. Desta vez, ele não fez. E isso o preocupou.

Com a mão de obra e o dinheiro que os Santos tinham, qualquer coisa poderia estar esperando por eles. Mia estava sendo ativamente procurada pelo grupo, o que o tornava particularmente precário para ela.

A única coisa que eles tinham do lado deles era surpresa. E mesmo assim, ele não sabia quanto tempo levaria até que os Santos soubessem que estavam na cidade.

Ele puxou o braço debaixo de Mia e passou as pernas para o lado da cama, sentando-se.

—Você não foi quem disse que me queria ao seu lado? — veio sua voz sonolenta.

Ele sorriu e olhou para ela por cima do ombro. —Eu disse.

—Então, onde você está indo? — Ela se apoiou em um cotovelo e levantou uma sobrancelha para ele.

—Eu não consigo dormir. Temos muito pouco na forma de um plano, e nada além disso.

Ela sentou-se. —Eu estava pensando sobre isso também. E se nenhum de nós for dormir, é melhor acordarmos.

Ele observou quando ela se levantou da cama e voltou ao banheiro para pegar suas roupas. Cullen se levantou e se vestiu. Assim que ele saiu do quarto, ele parou e olhou para a cama.

Como regra, ele não transou com a mesma mulher mais de uma vez. Ele quebrou essa regra com Mia, mas não estava assustado.

Bem. Não muito, pelo menos.

Foi exatamente isso que ele ficou aterrorizado por toda a sua vida. Foi o que o impediu de permitir qualquer mulher muito perto. E, no entanto, aqui estava ele.

Quase parecia que o destino entrou em cena e colocou o que ele havia evitado na frente dele. Talvez ela tivesse. Ele não sabia, e não adiantava se preocupar com isso.

Ele desceu as escadas diante de Mia e preparou café fresco. Com uma caneca grande na mão, ele entrou na sala para pegar o celular. Havia uma mensagem esperando.

Cullen não reconheceu o número. Ele enfileirou a mensagem quando Mia desceu as escadas.

—Você ouviu falar de Callie? — ela perguntou.

Ele levantou o telefone celular.

—Eu estava prestes a tocar uma mensagem.

Mia caminhou até ele. —Continue.

Ele colocou no alto-falante e apertou play. Houve uma pausa, e então ele ouviu a voz de Callie.

—Sou eu — disse Callie. —Fiz o que você pediu. Sua caça participou de um evento ontem, mas houve duas reuniões perdidas esta manhã.

Mia olhou para Cullen. —Por que Yuri perderia essas reuniões?

—Talvez ele não pudesse comparecer.

A voz de Callie os interrompeu.

— Acho que você deve procurar um hotel em relação a nossos amigos. O Willard, em DC. Avisarei se encontrar alguma outra coisa.

A mensagem terminou então. Callie se esforçara muito para não dizer nomes, no caso de alguém estar ouvindo. Enquanto os Santos não sabiam que ele estava procurando por Markovic, eles ainda tinham a vantagem.

Mia girou nos calcanhares para desaparecer na cozinha. Quando voltou, tinha uma caneca de café e um mapa.

—Vi isso mais cedo quando estava olhando através dos armários.

Ela desdobrou o mapa para mostrar que era um de Arlington, Virginia e DC. Não demorou muito para localizar a casa em que estavam no mapa.

Ele colocou o dedo na localização e depois se moveu em linha reta para o Pentágono. Foi Mia quem encontrou a posição do hotel.

—Markovic não levaria tempo para viajar pela cidade — disse Cullen.

Ela balançou a cabeça.

—Provavelmente não. Ele tem reuniões nas quais precisa comparecer para querer um local conveniente.

—Aqui — disse Cullen enquanto desenhava um círculo em torno de uma seção de negócios.

Mia apontou para um ponto não muito longe daquele que ele indicou.

—Ou aqui.

Ele olhou para as docas e teve que concordar. —Seria muito fácil para eles movê-lo rapidamente de barco. Teremos muita área para pesquisar.

—Nós sabemos onde Yuri está hospedado.

Eles tinham um palpite, mas ele concordou com Mia. Foi muito mais do que eles tinham alguns minutos atrás. E depois de tudo o que eles passaram, ele ficou feliz por isso.

—Estou faminto. Vou cozinhar alguma coisa e, enquanto comemos, vamos descobrir como vamos entrar no hotel — disse Mia.

Ele a seguiu até a cozinha e abriu a geladeira para encontrar itens para fazer um sanduíche. —Vamos pular a grande refeição.

Em alguns minutos, eles estavam à mesa, comendo. Depois de algumas mordidas, ele disse:

—Se entrarmos no hotel, haverá câmeras. Algo que Callie encontrou a fez pensar que havia Santos lá.

—Costumo pensar que há Santos em todo lugar. Eu posso usar uma peruca para me disfarçar. Eu só preciso parar em algum lugar e pegar os itens que preciso.

Isso poderia funcionar.

Mas isso significava que ela entraria sozinha. Algo que ele não era louco.

—Isso o levará ao hotel e, possivelmente, a qualquer pessoa que trabalhe para os Santos. Não a levará ao quarto de Yuri.

—Será que eles acham que eu sou a esposa dele — respondeu ela com um sotaque russo perfeito.

Cullen sorriu e balançou a cabeça. Havia algo que ela não poderia fazer?

—Será uma grande chance.

—Como se isso não descrevesse tudo o que estamos fazendo.

Tudo muito verdade.

—Não importa quão perigosas sejam minhas missões, eu sempre soube que tinha outras pessoas com quem poderia entrar em contato em situações ruins. Estamos por nossa conta. Sempre que trocamos telefonemas com Owen ou Wyatt, estamos colocando-os em risco.

—Então limitamos essas ligações a importantes. Quanto ao resto, teremos que ser criativos.

—Significado? — Havia algo em seu tom que dizia que ela já tinha uma ideia.

Ela engoliu a mordida do sanduíche que havia tomado e sorriu.

—O que significa que eu sei onde podemos encontrar coisas que poderíamos usar. Digamos, como um dispositivo que pode nos levar ao quarto de hotel de Yuri.

Justo quando ele pensou que ela tinha descoberto. Cullen comeu o resto do seu sanduíche e limpou as mãos.

—O lugar é seguro?

—O mais seguro. Apenas um punhado de pessoas sabe sua localização.

Ele ia perguntar a ela onde estava, mas suspeitava que ela não compartilharia até a hora certa. Pelo brilho travesso em seus olhos escuros, ela estava animada com a perspectiva de sua próxima aventura.

Em pouco tempo, eles estavam de volta à estrada, procurando um lugar para comprar uma peruca. Estranhamente, não foi difícil encontrar. A loja ficava às margens da parte decadente da cidade.

Ele colocou o SUV no parque. Mia enrolou o cabelo e colocou o boné de beisebol que ele usava antes. Quando ele foi desligar a ignição, ela sacudiu a cabeça.

—Não precisamos entrar. Entrarei e sairemos rápido. Deixe o carro ligado.

Como ele estava estacionado em frente à loja com vista para o interior, ele cedeu. Ela piscou para ele e abriu a porta do SUV. Seu olhar a seguiu pela frente do veículo e entrou na loja.

Ele a perdeu entre as prateleiras altas e, enquanto os minutos passavam sem que ele a visse, ele começou a se preocupar. Então ela apareceu na caixa registradora.

Assim que ela entrou no SUV, ele recuou e foi embora. A bolsa grande colocada entre os pés tinha mais do que apenas uma peruca.

Ela o pegou olhando e sorriu.

—Eu tenho um papel a desempenhar. Agora, preciso de um lugar para mudar.

Demorou algum tempo, mas Cullen encontrou um lugar para ela que não tinha câmeras. Mais uma vez, ele esperou no veículo quando ela foi ao banheiro e se trocou.

Ele olhou duas vezes quando ela saiu. Seu cabelo longo e escuro tinha sumido, substituído por uma peruca loira curta com franja franzida. Maquiagem pesada nos olhos e batom vermelho substituíram seu visual natural.

Suas roupas também foram trocadas por roupas muito reveladoras. A camisa preta e branca com listras horizontais mal segurava em seus seios enquanto mergulhava baixo na frente, mostrando amplo decote.

Então havia a minissaia preta que mostrava suas pernas longas e magras. Quando ele viu os saltos da plataforma, ficou surpreso que ela pudesse andar neles. Uma jaqueta preta com gola de pele falsa era o toque final.

Ela subiu no SUV e virou a cabeça para ele. —O que você acha?

—Eu acho que você impediria um cego de seguir.

Ela riu, o som enchendo o veículo e fazendo-o sorrir em troca.

—Vou tomar isso como um elogio.

—Isso é o que era.

—Então, loira é uma boa cor para mim? — ela perguntou e tocou a peruca.

Ele sacudiu a cabeça. —Você parece a melhor nua com seu cabelo preto espalhado ao seu redor.

Não tinha sido sua intenção revelar tal pensamento, mas saiu antes que ele percebesse. A maneira como seus lábios se curvaram em um sorriso suave disse que ela não se importava.

—Você tem certeza disso? — ele perguntou.

—Eu tenho. Nós precisamos do Yuri. Obter acesso ao seu quarto é uma maneira de fazê-lo.

Cullen não tinha tanta certeza. —Se ele é um santo, você o enfrentará sozinho. É se ele não tem homens com ele, o que ele provavelmente terá.

—Não vejo que tenhamos outra opção.

Cullen passou a mão pelo rosto enquanto soltava um suspiro.

—Quero meu pai livre desses bastardos, mas também sei que ele não revelará nada.

—Eles poderiam matá-lo.

Isso foi algo que ele aceitou desde o momento em que soube que seu pai havia sido sequestrado.

Os olhos dela se arregalaram de indignação. —E você está bem com isso?

—Claro que não — ele respondeu, deixando sua frustração ser ouvida em cada sílaba.

—Ragnarok está escondido. Ninguém sabe onde está a fórmula.

—Você está esquecendo, Jankovic ainda é MIA3.

—Não, eu não esqueci. Estou tentando nos manter vivos para que possamos finalmente chegar aos Santos e obter informações.

Ela olhou pelo para-brisa antes de voltar seu olhar sombrio para ele.

—Agora, os Santos precisam de Orrin. Jankovic está no país. Não sabemos onde, mas acho que ele já estará nas mãos do seu governo, também conhecido como os Santos. Quanto tempo até ele começar a fazer mais Ragnarok? Quanto tempo até que os Santos não precisem mais do seu pai?

Cullen desejou que ele tivesse um bom argumento contra o que ela disse, mas ele não fez. Ele sabia melhor que a maioria que nem todos voltaram das missões.

Mas ele não podia perder Mia. Ele não conseguia segurar o corpo dela nos braços. Ele não pôde comparecer ao funeral dela.

Ele fez isso para muitos de seus amigos. Embora ele os lamentasse - e sempre o faria -, era diferente com ela. E ele sabia que seu pai ficaria do lado dele nisso.

—Dirija para o hotel — disse ela. —Vou dar uma olhada. Se eu vir Yuri, vou me aproximar dele. Se não, então vamos embora. Ir atrás de Yuri foi sua ideia, e é uma boa. Antes de jogarmos de lado, vamos dar uma olhada.

Cullen sabia que ela estava certa, mas não facilitou a aceitação. Ela estaria indo para o hotel sozinha. Mesmo disfarçado, um dos Santos podia identificá-la.

Mas ele estaria assistindo. Apenas no caso de.


CAPÍTULO TRINTA E QUATRO


—Vai ficar tudo bem — disse Mia a Cullen ao sair do veículo em frente ao Willard Hotel.

Ela parecia mais confiante do que se sentia. Na verdade, ela estava aterrorizada. Seu coração batia loucamente, e o ar parecia fraco cada vez que ela tentava respirar, impedindo-a de respirar fundo. No entanto, ela sabia que o que ela havia dito antes era a verdade.

Sua caçada pelos Santos dependia de rastrear Yuri.

Ignorando os olhares para sua roupa minúscula que mostrava uma abundância de pernas e decotes, ela entrou no saguão. O olhar dela procurou o rosto de Yuri. Mas não importava o quanto ela parecesse, ele não estava em lugar algum.

—Droga — ela murmurou.

Seu próximo passo foi convencer a recepção a levá-la até Yuri ou ligar para ele. A preocupação do hotel era com os hóspedes, o que significava que Yuri seria convidado a descer.

O saguão estava lotado demais para ela destacar um homem que ela esperava influenciar para levá-la a Yuri. Quando ela estava prestes a ir para a recepção, algo a deteve.

Em vez disso, Mia foi para a área de estar e escolheu uma cadeira que lhe permitia ver a entrada do hotel e o caminho dos elevadores.

Seus instintos a levaram a ir ao hotel. Se ela estivesse errada, eles perderiam horas. Mas se ela estivesse certa, eles poderiam saltar sobre os Santos.

Se Yuri cooperasse.

O fato de suspeitarem que o russo também tinha Orrin tinha muito a ver com sua tomada de decisão, mas ela também sabia que Cullen estava certo. Orrin era forte. Ele poderia suportar semanas de tortura.

Foram os próprios Santos que representaram a maior ameaça. Sem mencionar que eles estavam atrás dela e Cullen. Após sua estreita ligação com eles na montanha, ela estava mais do que pronta para enfrentar os idiotas e deixar que eles soubessem o que ela pensava de sua organização secreta.

Quanto mais ela descobria sobre os Santos, mais sabia que eles precisavam ser retirados. A cada dia que eles podiam existir, o mundo inteiro era colocado em mais perigo.

Enquanto observava as pessoas irem e virem do hotel, cuidando de seus próprios negócios e da vida cotidiana, sem perceber a ameaça que pairava sobre eles, ela sentiu como se um relógio estivesse acima dela, contando a uma velocidade incrível.

Quanto tempo mais eles tiveram? Como eles derrubaram uma organização que abrangeu pelo menos dois países? Como eles começaram a desmantelar os Santos sem conhecer sua verdadeira agenda?

Porque para parar um inimigo, é preciso entendê-lo primeiro.

E ela não sabia quase nada sobre os Santos.

Isso é provavelmente o que mais a assustou. Eles poderiam existir por meses ou décadas. A rede deles pode ser tão extensa que pode levar anos para desmontá-los.

A única coisa que ela sabia com certeza era que os Loughmans não parariam de lutar contra os Santos até que os texanos respirassem por último.

Ela ficaria ao lado deles o tempo todo, lutando com tudo o que tinha. Mesmo que isso significasse pedir ajuda ao pai.

Sua influência foi substancial, o que significava que ele poderia ajudá-los de maneiras que os outros não.

Ela olhou o relógio. Quase uma hora se passou. A espera não os levava a lugar nenhum. Ela precisava entrar no quarto de Yuri de uma maneira ou de outra.

Seu olhar chamou a atenção de dois homens que entraram no saguão da rua. Um estava vestido de terno, o estômago saliente sobre o cinto e o rosto vermelho de esforço. Gotas de suor pontilhavam seu rosto gordinho enquanto seus olhos redondos olhavam para todos com desprezo.

O segundo homem era alto e em forma, vestindo calça preta e uma camisa cinza escura que mal cabia nos braços grossos. Seus cabelos escuros eram grossos e penteados para longe do rosto. Ele andava como se fosse o dono do mundo, ignorando todos os outros ao seu redor.

Algumas pessoas tinham um olhar distinto sobre eles, e esses dois homens usavam o manto russo com facilidade. Estava na posição deles, nas roupas e até no jeito que eles estavam.

Pela maneira como procuraram no saguão, eles também estavam procurando por alguém. E ela apostou na empresa de seu pai que era Yuri.

Ela olhou para fora das portas giratórias de vidro e viu uma forma do outro lado da rua que reconheceu. Cullen. Um sorriso apareceu em seus lábios apenas olhando para ele. Ele pode não estar ao lado dela, mas fez questão de estar perto.

Não era porque ele não achava que ela poderia cuidar de si mesma. Era porque estava em sua natureza proteger.

Ela tomou uma decisão rápida e levantou-se da cadeira. Ela caminhou até o balcão da portaria perto dos russos. Felizmente, já havia algumas pessoas lá. Ela pegou uma brochura sobre os pontos turísticos da região e se posicionou perto dos homens para ouvi-los falando russo em tons calmos.

—Ele não seria tolo o suficiente para voltar aqui — disse o gordinho.

O outro bufou. —Eu te avisei para não confiar nele. Markovic foi facilmente convencido a se juntar a nós.

Mia conteve um sorriso. Assim como ela pensara. Eles estavam procurando por Yuri. Então ela franziu a testa. Por quê? Onde estava Yuri então? E por que ele estava correndo? Quando eles começaram a conversar de novo, ela se aproximou para ouvir melhor, enquanto esperava que o pequeno russo que ela conhecia a ajudasse a traduzi-lo corretamente.

—Ele era necessário — respondeu Chubs.

—Você pensou que a conexão dele com Loughman ajudaria. Eu tive minhas dúvidas.

—Quando encontrarmos Markovic, você pode matá-lo.

Slim sorriu.

—Até lá, teremos Ragnarok e nosso plano estará em ação.

Seu estômago despencou. Ouvi-los falar sobre o uso da arma biológica como se fosse repelente de insetos a deixou abalada. O fato de os Santos serem maníacos o suficiente para querer usar essa arma praticamente dizia tudo.

Era bom que ela e Cullen tivessem começado a caçar os Santos. Eles poderiam começar com esses dois.

Os homens se afastaram. Quando ela começou a seguir, o olhar de Slim encontrou o dela. Ela lhe lançou um sorriso sedutor, esperando que ele pensasse que ela era outra turista.

Sua careta irritada quando ele se virou novamente permitiu que ela soltasse uma respiração aliviada. A peruca e as roupas conseguiram escondê-la à vista. Ela substituiu o folheto e saiu calmamente do hotel.

Enquanto atravessava a rua em direção a Cullen, ela viu uma mulher olhando para ele como se tivesse visto um fantasma. A mulher estava a cerca de seis metros de Cullen, imóvel.

—O que? — Cullen perguntou quando Mia o alcançou.

Ela apontou o queixo na direção da mulher.

—Ela parece que ela reconhece você.

—Eu nunca a vi — respondeu Cullen quando ele se virou para a mulher.

Mia suspeitava que a mulher tinha quarenta e poucos anos. Ela era magra e, com suas roupas de marca, tinha dinheiro. Seu cabelo vermelho na altura dos ombros complementava sua pele pálida.

Finalmente, com passos lentos, a mulher fechou a distância entre eles. Ela nunca tirou os olhos de Cullen. Ele a encarou, esperando.

Mia se aproximou dele, curiosa também. Ninguém disse nada. Foi Mia quem quebrou o silêncio.

—Oi. Podemos ajuda-lo?

A mulher deu um empurrão assustado. Ela balançou os olhos cinza para Mia e sorriu brevemente antes de olhar para Cullen.

—Isso pode parecer incrivelmente avançado, mas é seu sobrenome Loughman?

Todo o comportamento de Cullen mudou. Ele olhou em volta antes de pegar o braço da mulher e afastá-la da multidão. Mia correu para alcançá-lo.

Quando eles ficaram em um beco, logo à luz de um poste, ele deu um passo ameaçador em direção à mulher.

—Como você sabe quem eu sou?

—Porque você se parece com seu pai.

Mia fechou os olhos por um momento. —Ele está vivo.

—Conte-me tudo — Cullen exigiu.

A mulher lambeu os lábios.

—Meu nome é Kate Donnelly. Eu sou médica em um hospital próximo. Fui retirada de minha casa e forçada a ajudar um homem ferido.

—Orrin — disse Mia.

Kate assentiu, olhando para ela.

—Ele foi severamente espancado. Costelas quebradas, ombro deslocado, pulso quebrado, olho roxo e múltiplas contusões e lacerações.

Cullen passou a mão em seu rosto quando ele se virou e deu alguns passos.

Enquanto ele digeria essas informações, Mia chamou a atenção de Kate.

—Você falou com Orrin?

—Eu fiz. Ele me disse para buscar ajuda para ele. Eu queria, mas eles tiveram meu filho.

—Você fez a coisa certa — Mia assegurou. Ela olhou para Cullen, que estava de costas para eles.

Kate disse: —Eu o ajudei. Eu dei a ele uma combinação de vitaminas que acelerou o processo de cicatrização. O russo que o levou, Yuri, só queria que eu o trouxesse de volta da morte.

Com isso, Cullen se virou. —Meu pai quase morreu?

—Sim — respondeu Kate. —Yuri agiu rápido, no entanto. Consegui colocar Orrin em paz rapidamente.

—Eles obviamente deixaram você ir. Por quê? — Mia perguntou.

Kate ficou inquieta.

—Alguma coisa mudou. Havia homens patrulhando por toda parte, mas uma vez, enquanto Yuri estava fora, uma câmera foi instalada no quarto de Orrin, onde eu cuidava dele.

—Quem estava no comando? — Cullen deu um passo mais perto dela, seu olhar focado.

Ela deu de ombros. —Yuri. Mas nem todos os homens eram dele.

—Eles eram todos russos?

—Até onde sei.

Mia tocou o braço de Kate. —Como você escapou?

—Eu não—, disse Kate. —Yuri me deixou ir. Foi ontem, quando Orrin afirmou que estava bem. Yuri concordou e ordenou que Orrin voltasse para onde estava antes. A próxima coisa que soube foi que me libertaram. Um dos homens de Yuri me retornou para casa e me disse para não falar disso com ninguém ou eles matariam meu filho.

Mia encontrou o olhar de Cullen. —Faz sentido agora.

—Faz? — Ele levantou uma sobrancelha. —Por favor, explique porque estou confuso.

—Dentro do hotel, dois russos estavam procurando por Yuri. Eu os ouvi conversando. Disseram que ele se juntou aos Santos com muita facilidade.

—Estamos perto, então — disse Cullen com uma torção irônica de seus lábios.

Mia coçou a peruca, querendo. —Sim, e eles querem Yuri. Se ele deixar Kate ir, e ele estiver fugindo...

—Então ele pode ter ajudado o pai — concluiu Cullen.

Mia voltou-se para a médica. —Você acha que poderia encontrar onde estava?

—Eles me vendaram, mas eu sei que estava nas docas. No entanto, vislumbrei um logotipo de peixe desbotado.

—Isso ajuda imensamente — disse Mia.

Pela primeira vez, Cullen estava sorrindo. Eles sabiam onde estava Orrin. Uma vez que o tivessem, teriam outro trunfo na caçada aos Santos.

A alegria de Mia diminuiu quando ela se virou para o hotel. Ela apontou os russos para Cullen, que os encarou como se apenas olhando eles pudessem matá-los.

—Devemos ir agora antes desses dois irem também para as docas.

—Estou indo — disse Kate.

Isso chamou a atenção de Cullen. Ele voltou-se para ela.

—Você tem sorte de ter saído com a vida. Saia enquanto pode.

—Você vai precisar de mim. — Ela apontou para o ombro dele então.

Mia se inclinou e viu o sangue escorrendo por sua camisa do ferimento de bala.

—E se Orrin precisar de atenção médica? — Perguntou Kate. —Haverá tempo para levá-lo a um hospital?

Cullen sacudiu a cabeça e olhou para cima. —O último lugar que você deveria estar é no meio disso.

—Eu sei.

—Você sabe o que é tudo isso? — Mia perguntou.

Kate balançou a cabeça. —Não importa. Eu quero ajudar Orrin.

Mia olhou para a médica de maneira diferente. Ela tinha sentimentos por Orrin? Isso faria sentido. Um americano bonito mantido contra sua vontade e torturado.

—Você gosta dele — Mia deixou escapar.

Cullen franziu a testa enquanto Kate desviou o olhar nervosamente.

Mia sorriu para Kate.

—Qualquer pessoa disposta a arriscar a vida por Orrin é perfeita aos meus olhos.

—Obrigado — disse Kate.

Cullen soltou um suspiro. —Você vai se arrepender disso, doutora.

—Arrisquei minha vida e a do meu filho para ajudar Orrin enquanto eu estava presa. Eu faria de novo em um piscar de olhos - afirmou ela, erguendo o queixo.

Mia nunca pensou que Orrin estivesse sozinho. Ele precisava de uma mulher especial, e ela estava começando a pensar que Kate era exatamente o que Orrin precisava.

—Vamos nos mexer — disse Cullen e deu meia-volta.

Ela acenou para Kate seguir. —Cadê seu filho?

—Em uma viagem com o pai. Achei melhor ele deixar a cidade por um tempo.

Mia olhou para baixo e não viu aliança no dedo de Kate.

A médica se inclinou e disse: —Eu sou divorciado. Seis anos agora.

Quando chegaram ao SUV, Cullen ficou atrás do volante enquanto Kate deslizou no banco de trás. Mia rapidamente removeu a peruca e sacudiu os cabelos.

Então ela chutou os saltos da plataforma quando Cullen apontou o veículo na direção das docas e começou a dirigir. Mia tirou a jaqueta e a camisa acanhada.

Ela os enrolou, devolvendo-os à bolsa enquanto pegava suas roupas velhas. Ela pegou o sorriso de Cullen quando se sentou. Com um sorriso que não conseguiu esconder, vestiu a blusa branca. As sobrancelhas de Cullen se ergueram quando ele olhou diretamente para a saia dela.

Mia riu e empurrou o rosto para a frente.

—Cuidado com a estrada, Casanova.

A tensão diminuiu um pouco. Uma vez que Mia foi trocada, ela olhou no banco de trás para encontrar Kate com um sorriso de conhecimento. Os dois trocaram sorrisos. Mia deu a ela o que você parece.

Então todas as risadas cessaram quando chegaram às docas. Cullen diminuiu a velocidade do SUV enquanto passavam armazém após armazém. Grandes navios estavam ancorados e os contêineres eram empilhados no porto e nos navios.

—Homens circulavam enquanto luzes brilhantes brilhavam por toda parte, iluminando tudo como se fosse luz do dia. — disse Kate, o braço apontando através dos assentos.

Eles olharam para onde seu dedo estava apontado e viram um armazém com o logotipo desbotado de um peixe-espada torcendo. Cullen estacionou e desligou o motor enquanto olhava para o prédio.

—Vamos matar alguns Santos e pegar Orrin — disse Mia.

Ele apalpou uma faca e assentiu.


CAPÍTULO TRINTA E CINCO


A falta de guardas nas portas do armazém falou muito com Cullen. Por um lado, o perímetro foi provavelmente monitorado por equipamentos de vigilância. O que significava que os Santos os veriam chegando.

Segundo, eles não se importaram com quem entrou, porque uma vez lá dentro, os Santos não pretendiam deixar ninguém sair.

A ausência de guardas os mantinha discretos. Os trabalhadores das docas notavam homens em pé na porta. Os Santos pensaram em tudo.

Cullen queria conhecer quem dirigia a facção. Ele era extremamente inteligente ou tinha um grupo em que confiava explicitamente que lhe dava conselhos. De qualquer maneira, o indivíduo era um inimigo que mantinha Cullen na ponta dos pés.

Houve poucos deles. Em qualquer outra situação, ele receberia esse adversário. Agora, tudo o que ele queria era matar o filho da puta que havia assassinado a tia e o tio, tomou o pai como refém e tentou matar Mia.

—O que você está pensando? — Mia perguntou, invadindo seus pensamentos.

—Se eles ainda não sabem que estamos aqui, eles vão assim que caminharmos até a porta.

Kate se inclinou para frente. —Tem uma entrada lateral. Para a esquerda.

Mia virou-se de lado no assento em direção a ele.

—Eu vou na frente. Você vai para o lado.

—Tudo certo. — Ele realmente teria que trabalhar nesse sentimento de ter que estar ao lado dela para protegê-la o tempo todo.

Ela era mais do que capaz de cuidar de si mesma. Por que então ele acreditava que era o único que poderia protegê-la? Cada vez que ele pensava nela encarando os Santos sozinha, isso torcia seu intestino.

Talvez tenha sido o som de metal triturado e a sensação de desamparo enquanto eles desciam a montanha. Não era uma emoção que ele queria repetir novamente. Sua natureza exigia que ele exigisse sua vingança.

Uma batida na janela de Mia fez com que todos desviassem sua atenção para a direita. Ela abaixou o copo uma polegada e olhou para fora.

Um homem grande e corpulento, com barba longa e escura e olhos redondos olhou dentro do veículo. —Você tem negócios aqui?

Cullen assentiu. —Isso é um problema?

—Vi algumas coisas estranhas no mês passado. Vocês federais? Você tem a aparência de federais.

—Que coisas estranhas? — Cullen perguntou, ignorando a pergunta.

O homem cruzou os braços sobre o peito largo.

—Veículos caros rolando todas as horas do dia e da noite. Homens de uniforme que não reconheço. E ouvi alguns falando o que parecia russo.

—Agradecemos a informação—, disse Mia.

O olhar do homem mudou para ela. —Eu não iria lá.

Isso chamou a atenção de Cullen. —Por quê?

—O último homem que entrou não saiu.

—Temos isso — disse Cullen. —Embora eu sugira que você e todos os outros evitem o resto da noite.

O homem se afastou sem dizer mais nada enquanto pegava um walkie-talkie e começava a falar.

Kate suspirou. —Vocês dois estarão em menor número.

—Quantos deles você viu? — Mia perguntou.

—Cerca de trinta.

Cullen pegou o olhar de Mia.

—Você vai para a frente. Quando eles começarem a questionar você, eu vou me esconder.

—Não sei onde eles mantiveram Orrin — disse Kate. —O quarto em que o tratei era no segundo andar. Eles me trancaram em um espaço no primeiro andar.

—Temos muito terreno a cobrir — disse Mia.

Cullen pegou a mão dela quando ela começou a abrir a porta.

—Se eles te detiverem, não lute. Vou te encontrar.

—Temos que lidar com os Santos e procurar Orrin. Eu vou ficar bem.

—Quanto tempo você acha que eles levarão para perceber quem você é? Eles estão atrás de você.

Ela deu de ombros, seus olhos negros olhando nos dele.

—Partimos para caçar esses idiotas e os encontramos. A sorte também nos deu o lugar exato em que seu pai está. Não deixe passar.

—Eu não vou embora sem você.

—Não pretendo ficar para trás.

Ele aprendeu que não fazia sentido discutir com ela. Então ele sorriu em resposta e silenciosamente prometeu garantir que ela deixasse o armazém nas mesmas condições em que entrou.

—Esteja seguro — disse ela.

Ele colocou a mão na parte de trás do pescoço dela e a puxou para frente enquanto se inclinava na direção dela. Os lábios deles se encontraram e ele a beijou profundamente. Relutantemente, ele a soltou.

—Não se machuque — ele avisou.

Ela tocou o rosto dele, um sorriso suave erguendo os lábios.

—O mesmo vale para você.

Ele queria dizer a ela... o que? O que ele quis dizer? Ele não tinha certeza. Ele ainda estava enfrentando a ideia de que ele não estava quase terminando com ela.

E ele estava começando a suspeitar que nunca seria.

Não havia uma mulher viva que pudesse segurar uma vela para ela. Ela superou todos eles - em todos os sentidos.

Se ele encontrasse o pai lá dentro, ela iria embora? Seria o fim de tudo o que havia entre eles? Ele não queria isso.

—Vamos encontrar alguns Santos — disse ela.

Ele viu quando ela saiu do carro e foi em direção ao armazém.

Kate se mexeu no banco de trás.

—Se você a quer, diga a ela. A vida é muito curta.

Ele olhou brevemente para a médica.

—Fique aqui. Voltaremos o mais breve possível.

Cullen saiu do SUV e começou a correr, fazendo um amplo caminho ao redor do armazém para alcançar a entrada lateral. Ele olhou para Mia frequentemente. Ela andou com passos certos, como se não houvesse nada no mundo que a assustasse.

Ele já foi assim uma vez. Até que ele a conheceu. Agora ela era o calcanhar de Aquiles dele. Não havia muito que ele não faria por ela.

Surpreendentemente, ele se sentiu confortável com esse conhecimento.

Ele ficou nas sombras quando os encontrou. Deixando o olhar vasculhar a lateral do armazém, ele procurou câmeras.

Ao longe, ele ouviu o som de guindastes e o estrondo enquanto os contêineres eram empilhados. Nenhum estivador estava perto do armazém, deixando a área quase fantasmagórica e silenciosa. Ele teria que ter cuidado com os barulhos que fez.

Ele se curvou na cintura e correu para a porta. Sua faca estava na palma da mão, pronta para matar qualquer um que tentasse atrapalhar.

Ninguém abriu a porta e o deteve. Ele se achatou contra a lateral do armazém e esperou. Alguns segundos depois, ele tentou suavemente a maçaneta. Como esperado, estava bloqueado.

O som de uma mão batendo contra uma porta de metal ecoou em torno dele. Mia. Ele enviou uma rápida oração pela segurança dela. Então ele esperou até ouvir o som da voz dela.

Embora ele não pudesse ouvir o que ela disse, bastava que ela estivesse falando. Ele enfiou a faca no batente da porta e quebrou a fechadura.

Silenciosamente, ele abriu a porta o suficiente para entrar e deixá-la fechar atrás dele. Ele olhou em volta, esperando por um ataque. Nenhum veio.

Uma rápida olhada na área mostrou escadas de metal perto dele e mais longe. Várias portas fechadas em um lado do interior. Tudo estava velho e enferrujado; a tinta deixada nas paredes estava descascando.

O armazém era enorme, mas a parte em que ele estava o deixava claustrofóbico - tudo era tão apertado. Também deixou muitos esconderijos para alguém esperar.

Mal o pensamento lhe passou pela cabeça, ele passou por uma grande maquinaria. Um homem pulou, a ponta de uma faca chegando perto do olho de Cullen.

Cullen levantou o braço, bloqueando o ataque enquanto se afastava. Então ele se virou e veio atrás do homem, passando um braço em volta do pescoço.

Duas facadas rápidas em seu coração mais tarde, Cullen colocou o morto de volta em seu esconderijo. Então ele continuou em frente.

Ele sorriu quando ouviu Mia falando de algum lugar no armazém. Ela parecia estar dando um show para atrair mais homens para ela.

Quanto mais ele a ouvia sem o som de balas, melhor ele se sentia. O que quer que ela estivesse fazendo lhe permitia verificar os quartos sem ser visto. Exceto com cada um que estava vazio, ele ficou mais preocupado. Foi a décima porta que ele abriu que revelou onde eles deveriam ter mantido Kate.

Havia gráficos espalhados com o nome de Orrin neles. Cullen não ficou. A descoberta apenas o deixou ansioso para localizar seu pai mais rapidamente.

Ele virou uma esquina e ficou cara a cara com um homem grande, com olhos tão frios quanto a morte, usando camuflagem militar russa. Seus cabelos loiros eram curtos nas laterais e mais longos em cima.

Aliás, ele estava esperando por Cullen.

Cullen parou, absorvendo a cicatriz na bochecha esquerda do homem, que descia do osso da bochecha até a mandíbula. Com alguns, era óbvio que eles haviam visto muita morte.

Este era um homem.

Ele também era do tipo que distribuía a morte sem esforço. Exceto que Cullen não iria cair facilmente.

—Você demorou o suficiente.

Isso fez com que ele fizesse uma pausa. Cullen olhou para o soldado.

—É um grande lugar.

—Então é.

Cullen franziu a testa. Havia um sotaque ali, era fraco, mas ele ouviu um. O único problema era que não era russo. Quem era esse homem?

—Vamos continuar com isso então? — Cullen perguntou.

O homem levantou uma sobrancelha. —Tão ansioso para morrer?

—Ansioso para encontrar meu pai.

—Você está muito atrasado.

Não. Isso não seria possível. Cullen não poderia ter chegado até aqui para encontrar Orrin morto.

—Onde está o corpo dele? — Ele demandou.

O homem levantou uma sobrancelha.

—Eu nunca disse que ele estava morto.

—Então o que. Ele se foi?

O silêncio encontrou suas palavras. A mente de Cullen correu. Mia disse que dois homens estavam procurando por Yuri no hotel. Seu pai e Yuri poderiam ter decolado juntos?

Ele se concentrou no soldado. —Não posso deixar nenhum dos Santos viver.

—Ainda bem que eu não sou santo. — Com isso, o homem girou e se afastou.

Cullen esperou alguns momentos para ter certeza de que não voltaria, depois correu em direção a Mia. Ele a ouviu muito antes de vê-la.

Ela ficou no primeiro andar, cercada por homens. Alguns estavam de uniforme, outros não.

—A sério? — ela disse. —Tenho cookies de escoteira para vender para minha sobrinha. Treze caixas enormes desses biscoitos. Todo mundo nas docas os compra. Certamente posso vender pelo menos uma caixa de balas de hortelã para um de vocês.

Cullen notou como os homens de uniforme estavam olhando os outros. Enquanto os homens à paisana encaravam Mia como se ela fosse um rato e eles o gato.

—Alguém? — ela perguntou.

—Vamos levá-lo ao invés — disse um dos Santos com sotaque de Boston.

—Você nos levou a uma alegre perseguição apenas para cair direto no colo.

Mia sorriu para o homem. —Você realmente acha que eu vim sozinha?

Assim que as palavras saíram de sua boca, Cullen apareceu atrás de um dos homens não uniformizados e bateu na parte de trás da cabeça com o punho da faca. Assim que o homem caiu, o inferno se abriu.

Mia sacou a arma no momento em que dois homens a avançaram. Três tiros rápidos, e eles estavam mortos aos pés dela. Os homens uniformizados estavam atacando os outros. Exceto que mais homens dos Santos vieram derramar. Cullen usou sua faca e sua arma, trabalhando em direção a Mia. O chão estava cheio de corpos e manchado de sangue.

Tiros dispararam em torno deles, misturando-se com gritos de dor. Ele sentiu o ombro puxar e o sangue escorrer pelo lado, mas não prestou atenção.

Mia estava na mistura com seus inimigos. Os Santos estavam ao redor deles, matando os soldados russos. Quando Cullen viu uma pausa, ele agarrou a mão de Mia e correu.

O corredor era estreito enquanto desciam correndo e subiam uma escada. Havia facilmente cinquenta Santos no prédio. Era um número robusto a ser superado. A realidade da situação deles caiu sobre Cullen como um cobertor de ferro que ameaçava sufocá-lo.


CAPÍTULO TRINTA E SEIS


Mia se achatou contra uma parede depois de mergulhar em um quarto com Cullen. Ela soltou o clipe vazio, deixando-o cair no chão antes de deslizar um novo.

—Estamos em menor número — disse Cullen.

Ela olhou nos olhos castanhos dele. —Parece que sim.

—Eu posso distraí-los.

Para que ela pudesse fugir? Ela lançou um olhar fulminante.

—Os de uniforme se voltaram contra os Santos. Eu acredito que esses eram homens de Yuri.

—Eles estão todos mortos agora. Mas os soldados conseguiram matar muitos Santos no processo.

—A única razão para esses homens se voltarem contra os Santos seria se Yuri partisse como suspeitávamos.

Cullen olhou ao redor da porta.

—Conheço homens que inspiram esse tipo de lealdade, então suponho que seja uma possibilidade.

Ela pensou nos dois Santos do hotel. —Yuri queria no grupo.

—O que você está pensando? — Cullen perguntou enquanto a olhava.

—E se Yuri se juntasse aos Santos para chegar a alguma coisa?

Ele descansou a cabeça contra a parede e soltou um suspiro. —Se Markovic queria chegar ao meu pai, havia outras maneiras de fazê-lo. Ele não precisava ingressar em uma organização fanática.

—Certo — ela disse com um aceno de cabeça, pensando. Então ocorreu-lhe.

—Yuri se juntou para pegar Ragnarok.

—Agora essa é uma possibilidade definitiva — respondeu Cullen. —Exceto que meu pai estragou tudo enviando o bioagente.

Ela torceu os lábios. —E a fórmula.

—A questão é: Yuri quer que Ragnarok para usar em seu benefício? Ou para destruí-lo?

Ela viu algo pelo canto do olho e levantou a arma, disparando quando viu um dos Santos. A bala bateu em seu peito, derrubando o homem para trás.

—Vamos! — Cullen gritou e a empurrou para o corredor quando ele começou a atirar nos Santos que se aproximavam.

Ela correu, olhando por cima do ombro enquanto ouvia tiros. Cullen parou e virou-se para disparar várias outras rodadas. Ela entrou em uma poça rasa que jogou água em sua perna. A iluminação amarela machucou seus olhos. Ela estava começando a odiar o armazém.

—Vire à direita — ela ouviu atrás dela.

Registrou-se assim que ela chegou a um cruzamento. Ela virou à direita e correu o mais rápido que pôde. O chão estava úmido, fazendo-a escorregar no concreto várias vezes.

Então alguém saiu na frente dela. Ela sabia que nunca iria parar a tempo. Ela dobrou as pernas, caindo no chão e deslizando os pés primeiro em direção ao oponente enquanto levantava a arma, mirando o cano.

Ela disparou três rajadas rápidas, observando como rasgavam seu peito. Seu corpo estremeceu com o impacto enquanto ele tropeçava para trás e caía, imóvel.

O som de tiros atrás dela a fez rolar de bruços quando ela parou. Ela mirou e esperou.

Seu coração batia forte contra as costelas, mas suas mãos nunca vacilavam. Ela parou quando viu Cullen correndo em sua direção. Quando ele a viu, ele entrou em uma sala, deixando-a tempo para disparar várias balas nos três homens que o perseguiam.

Ela ficou de pé e olhou para o homem que atirara para ter certeza de que ele estava morto. Ele era o esbelto do hotel. Onde estava Chubs?

—Mia.

O som do nome dela nos lábios de Cullen a facilitou, a confortou. Ela se virou para ele e deu um meio sorriso para que ele soubesse que ela não estava ferida. Apontando para o homem por cima do ombro, ela disse:

—Ele é um do hotel. Eu acho que ele está no comando. Precisamos encontrar o outro.

—Talvez, com esses dois mortos, acabe com os Santos.

O sorriso dela se alargou com o pensamento. Então ela viu alguém atrás de Cullen. Era o Chubs. E ele segurou uma arma apontada para a cabeça de Cullen. Não havia tempo para avisá-lo. Tudo o que ela podia fazer era olhar para Cullen quando ela levantou a arma.

Um batimento cardíaco depois, Cullen se virou e levantou a arma. Chubs sorriu quando ele fez sinal para que os dois largassem suas armas.

Irritou-a perder a pistola. Ela, de má vontade, inclinou-se e abaixou-a no chão. Enquanto isso, Cullen olhou para o homem por um longo momento antes de fazer o mesmo.

—Chute à para mim — ordenou Chubs com sotaque russo. Depois que eles cumpriram, ele perguntou: —Vocês realmente acharam que venceriam?

Ela levantou o queixo. —Bem, eu peguei um de vocês.

Chubs olhou em volta para seu companheiro morto. Ele deslizou seu olhar para ela e encolheu os ombros. —Isso não importa. Diga-me onde eles estão.

—Quem? — Cullen perguntou.

—Não se faça de idiota — Chubs disse com raiva. —Yuri Markovic e Orrin Loughman.

Cullen sorriu presunçosamente. —Perdeu eles, não é?

—Eu não acredito que preciso mais do seu pai. Agora que eu tenho você.

Ela lançou um olhar para Cullen, mas ele não pareceu nem um pouco perturbado com a declaração.

Um líder santo estava morto. Tudo o que precisavam fazer era matar Chubs, e isso terminaria. Mais uma morte. Em teoria, foi fácil. Mas com ele segurando uma arma, as coisas pareciam muito diferentes.

Ela olhou para a pistola, mas estava muito longe para ela alcançar. Chubs a pegaria antes que ela pudesse alcançá-lo. Mas ela tinha a faca.

Cullen riu e deu um passo para o lado, aproximando-se dela.

—Você não pode segurar um Loughman. Você realmente quer tentar com um segundo?

—Você entrou — disse Chubs com um sorriso. —Como se você quisesse que eu mantivesse vocês dois em cativeiro. Mas eu mato a cadela.

Ela olhou para Chubs. Como ela desejou ter sua arma. Ela apontaria diretamente para os olhos do bastardo.

—Você certamente pode tentar. — Cullen se aproximou.

Ela estava imaginando sobre o que ele seria quando a mão dele tocou sua perna. A faca dela! Claro. Como ela poderia ter esquecido? Com um olhar para Cullen, seu sutil aceno confirmou o que ela suspeitava.

—Por que você não vem me buscar? — Cullen perguntou com um sorriso arrogante.

Quando Chubs deu um passo na direção deles, ela se virou lentamente para o lado. Seu olhar estava fixo em Cullen como se ele a tivesse esquecido completamente.

No momento em que ele estava a um metro de Cullen, ela estava de costas contra a parede e se afastava. Haveria um tempo precioso entre ela, levantando o jeans e tirando a lâmina da bota antes que Chubs percebesse o que estava acontecendo.

—Você deveria me procurar por outras armas — disse Cullen.

Ela balançou a cabeça, imaginando o que ele estava fazendo. O tempo pareceu parar enquanto ela esperava.

—Me dê suas armas — ordenou Chubs.

Com um sorriso ainda no lugar, Cullen dobrou a cintura e puxou uma lâmina de oito polegadas de sua bota. Ele virou de ponta a ponta.

—Você quis dizer isso?

—Entregue para mim.

Foi a hesitação de Cullen que a colocou em alerta. Então seu olhar encontrou o dela. Ela rolou, pegando sua faca. Quando ela se levantou, estava atrás de Chubs com a arma na mão, com o objetivo de deslizá-la entre as vértebras.

Ela tentou esfaqueá-lo, mas ele se virou. Ainda assim, a lâmina cortou o paletó e a camisa da pele, deixando um corte longo que imediatamente brotou com sangue vermelho brilhante.

Ele berrou e disparou a arma. Mia viu Cullen cair de joelhos após a resposta. Não! Sua mente gritou.

Ela puxou o braço para trás e estava pronta para mergulhar a faca em Chubs quando seu punho carnudo bateu em seu antebraço. Seus dedos ficaram dormentes, e a lâmina caiu para bater no concreto.

Chubs virou a arma para ela. Ela estremeceu ao ouvir o tiro e esperou sentir a dor. Então o rosto de Chubs ficou branco quando uma trilha de sangue correu da testa até o nariz e desceu pela bochecha direita.

Ela viu o único buraco de bala no centro da testa antes dele cair para a frente. Mia se afastou e o viu bater no chão, a faca de Cullen na espinha. Ela olhou para encontrar Cullen em pé, seus olhos cheios de determinação fria. E ela sabia que o estava testemunhando da maneira mais letal possível.

Ele piscou e levantou o olhar para ela. Ele estendeu a mão. Ela pegou ansiosamente quando ele a puxou contra seu lado. Ela o verificou quanto a ferimentos, mas só encontrou os ferimentos anteriores sangrando.

—Quem atirou nele? — ela perguntou.

Ele olhou para o corredor. Mia seguiu seu olhar e viu um homem de uniforme russo pousar um rifle sniper. Cullen pegou a mão dela e começou a andar.

Quando o alcançaram, Cullen perguntou:

—Onde estão Markovic e meu pai?

—Eu não sei.

Ela estreitou o olhar para o homem. Ele pode estar em um uniforme russo, mas havia algo nele que não se encaixava nos outros que ela tinha visto.

—Você os ajudou a escapar? — Cullen perguntou.

O homem levantou uma sobrancelha loira, seu olhar inflexível. —Eu sigo ordens.

O que não respondeu à pergunta. Quem quer que fosse o homem, ele era bom. Mia esfregou o braço machucado. —Obrigado pela ajuda.

—Você não precisava da minha ajuda—, disse ele e deu meia-volta.

Mia e Cullen assistiram ele se afastar até que apenas o silêncio os cumprimentou. Ela nunca se sentiu tão cansada em toda a sua vida. Ela descansou a cabeça no peito de Cullen quando ele passou os dedos pelos cabelos.

—Conseguimos — disse ele.

Isso trouxe um sorriso ao rosto dela. —Os Santos estão acabados.

Quando ele não respondeu, ela levantou a cabeça. —O que foi?

—Derrubamos dois líderes óbvios, mas eles foram os principais?

—Se não estivessem, os Santos estarão nos perseguindo com tudo o que têm agora.

—Assim como meu pai e Yuri.

—Precisamos encontrá-los.

Ele assentiu e começou a caminhar para a frente do armazém.

—Nós fazemos. Ainda não terminei de caçar os Santos.

—Eu também.

Eles fizeram o caminho para a entrada de mãos dadas. Não havia outro sinal do russo loiro. Os mortos estavam espalhados pelo armazém, e o cheiro de sangue encheu o ar, tornando o edifício já desagradável mais sujo.

Ela ficou feliz quando eles saíram e conseguiu respirar fundo. A porta dos fundos do SUV se abriu e Kate saiu.

Mia enfrentou Cullen. —Lamento não termos encontrado seu pai.

—Matar alguns líderes Santos não é nada para espirrar — disse ele após uma breve pausa.

Ela levantou um ombro em um encolher de ombros. —Eu sei, mas eu queria encontrar Orrin. Queria que vocês dois se reunissem.

—Nós vamos.

Ela viu a determinação em seus olhos castanhos. Qualquer felicidade que ela sentiu diminuiu quando percebeu que ele não precisava mais dela.

—Suponho que você volte para o Texas para se encontrar com seus irmãos agora.

—Não sei para onde estou indo, mas onde quer que esteja, quero você ao meu lado.

O coração dela deu um pulo com as palavras dele. Ela não conseguia recuperar o fôlego ou até mesmo passar alguma palavra pelos lábios. A esperança a atravessou, explodindo em uma variedade de brilho com a mera sugestão de que eles não se separassem.

—Eu não vou mentir para você — disse ele. —Meu relacionamento mais longo foi de uma semana. No ensino médio. Estou acostumado a fazer as coisas do meu jeito, e posso ser teimoso. Eu nunca esperei sentir algo por outra pessoa, e ainda assim, aqui está.

Ele tocou a mão sobre o coração por um momento.

—Você fez isso. Não sei quando ou como, e isso não importa. Tudo que eu quero é ter você ao meu lado.

—Por quanto tempo?

—Um mês, uma eternidade. Eu quero tudo isso. Enquanto você estiver comigo, eu posso enfrentar qualquer coisa.

Ela engoliu em seco o nó de emoções na garganta. Era exatamente o que ela queria, mas era o medo que segurava sua língua.

—Você tem tanto controle sobre mim que sei que poderia quebrar meu coração se eu lhe desse uma chance.

—Nunca — ele prometeu. —Meu pai me disse uma vez que se eu encontrasse a mulher que era minha outra metade, eu saberia. É você. Esse espírito errante que eu sempre tive se foi. Eu... eu amo você.

Seus olhos nublaram com lágrimas não derramadas que ela rapidamente piscou. Um escapou e caiu em sua bochecha.

Cullen pegou no dedo.

—Eu sei que você duvida de mim. Você tem todos os motivos para. Eu não percebi meus sentimentos até o acidente. Tentei negar e ignorá-los, mas não posso. Eu não vou fazer isso com nenhum de nós.

—Eu sei como lutar e permanecer vivo. O que eu não sei é como ser o tipo de homem que você precisa. Me ensina.

Ela riu entre lágrimas.

—Oh, seu homem bobo. Eu não preciso te ensinar nada. Você já sabe o que fazer.

—Isso significa que você ficará comigo?

A esperança que brilhava nos olhos de Cullen era ofuscante. Ela assentiu, e a próxima coisa que soube foi puxada contra o peito dele, os braços fortes dele segurando-a com força.

Ela fechou os olhos com força. Era bom demais acreditar que ela finalmente encontrou o que seu coração procurara. O fato de ela não estar procurando o tornou ainda mais especial. Ter um evento tão terrível trazendo um homem assim para sua vida a fez pensar nos planos do Universo. Mas então ela não se importou porque Cullen a estava beijando.

De repente, ele se afastou, uma careta estragando sua testa.

—Você me ouviu antes, certo? A parte em que eu disse que te amava.

—Eu ouvi você — disse ela com um sorriso.

Ele levantou uma sobrancelha escura, preocupação revestindo seu rosto.

—É tudo o que você tem a dizer?

—Eu também te amo, Cullen Loughman.

Seu rosto se abriu em um sorriso largo.

—Vamos ter uma vida maravilhosa, querida.

—Logo após derrubarmos os Santos e encontrarmos seu pai.

Porque eles não podiam ser realmente felizes até que essas duas coisas fossem feitas.

Cullen respirou fundo e soltou.

—Com você ao meu lado, nós podemos fazer isso.

Ele estendeu a mão. Ela pegou, e eles caminharam para o SUV onde Kate esperava. Outra noite estava chegando ao fim e eles desfrutariam da vitória que conquistaram naquela noite.

Amanhã foi outro dia.


EPÍLOGO

Dois dias depois...


Cullen franziu o cenho para a vigilância das câmeras da cidade. Era como seu pai e Markovic simplesmente desapareceu. Não havia sinal do Range Rover preto que eles usaram para afastar o armazém.

—Onde você está, pai? — ele perguntou na tela.

Braços vieram em volta de sua cintura por trás. Mia beijou seu ombro nu e encostou a cabeça nas costas dele. —Nada ainda?

—Não.

—Orrin é esperto. Eu acredito que ele e Yuri estão trabalhando juntos. Por que seu pai faria isso?

Cullen se virou em seus braços e segurou seu rosto enquanto ele lhe dava um beijo rápido.

—Porque eles estão indo atrás dos Santos.

—Ou Jankovic.

O cientista. Claro! Ele assentiu. —Eu sei que Wyatt e Callie estão tentando encontrar uma maneira de chegar a Jankovic.

—Aposto que é onde encontramos seu pai.

—Ir para lá significa que estaremos nos reunindo, assim como os Santos provavelmente querem que façamos.

Mia sorriu.

—A única coisa que os Santos devem temer é que todos os quatro Loughmans lutem como um.

Ele bufou e olhou nos olhos negros dela.

—Você é muito inteligente.

—Demorou o suficiente para perceber.

—Oh, querida, eu sempre soube.

O sorriso dela era largo.

—Eu conversei com meu pai. Ele ficou chocado com os Santos. Ele vai ver o que pode descobrir para nós e exigiu que viéssemos jantar assim que tudo estiver terminado.

—Você ligou para o seu pai? — ele perguntou, passando os dedos pela lateral do rosto dela.

—Eu sabia que ele poderia ajudar.

—Vamos precisar de todos os aliados que conseguirmos. — Ele inclinou a cabeça para outro beijo quando seu novo telefone tocou.

Mia se inclinou para o lado para olhar. —É Callie.

A suspensão deles terminou. Era hora de entrar em batalha mais uma vez.

Os lábios de Mia levantaram em um sorriso.

—Estou pronto, cowboy. Você está?

—Eu nasci pronto — disse ele antes de pegar o telefone e atender.

—Qual nosso próximo passo, Callie?

* * *

Orrin olhou para a imponente casa onde Konrad Jankovic se escondia. Por dias, ele e Yuri vigiaram a casa, observando quem vinha e ia.

—Há mais atividade — Yuri murmurou ao seu lado enquanto espiavam pela janela de uma casa à venda do outro lado da rua.

Os Santos inspecionavam a casa com frequência, mas nenhuma vez haviam encontrado ele ou Yuri. Nem eles. Os Santos podem ter números, mas Orrin teve experiência.

—Algo deve ter acontecido — disse Orrin, olhando através das lentes dos binóculos.

Yuri espiou pela janela. —Seja o que for, eles não são felizes.

Orrin bufou e pousou o binóculo. —Bom. — Ele percebeu então que Yuri parecia chateado.

—O que foi?

—Ouvi no noticiário que Davis está morto. Um ataque cardíaco.

Ambos sabiam que Davis não morreu de tal coisa. Os Santos descobriram que ele ajudou Mia e o matou. Davis estava em uma posição em que não tinha escolha a não ser ajudar os Santos.

Era uma pena que Davis não tivesse confiado em Orrin antes de sua viagem à Rússia. Muito disso poderia ter sido evitado. Mas Davis tinha sentido como Orrin agora, que havia poucas pessoas em quem ele podia confiar.

—É alguém em seu escritório — disse Yuri.

—Provavelmente. Os Santos provavelmente estavam monitorando-o também.

—Estou pronto para acabar com o imbecil, idiotas.

Orrin olhou pela janela para a casa. —Definitivamente.

Porque ele não perderia mais sua família para os Santos. Isso terminaria de uma vez por todas.

* * *

—Ele se foi? Foi isso que você acabou de me dizer? — Perguntou a voz masculina por telefone.

Mitch Hewett estremeceu com a raiva fria que ouviu através da linha.

—Orrin não vai longe.

—Você disse que Markovic estava com ele.

—Achamos que é esse o caso — Mitch o corrigiu.

Houve uma longa pausa.

—Você percebe o quanto está em jogo?

—Sim, senhor, eu faço.

—Eu acho que você esqueceu.

Mitch balançou a cabeça.

—Senhor, eu posso encontrar Orrin. Sou treinador dele há anos e já era amigo dele antes disso. Eu sei como ele pensa, bem como os movimentos que ele fará.

—Você viu o que podemos fazer com aqueles que nos falham.

Mitch engoliu em seco, lembrando-se de ter testemunhado tal evento anos antes. Era como ele sabia exatamente que tipo de poder os Santos exerciam.

—Sim senhor. Eu não vou falhar.

—Espero que não — veio a resposta antes que a linha fosse desconectada.

Mitch baixou o telefone para a mesa. Então ele saiu de seu escritório para a sala externa onde seu pessoal trabalhava.

—Ouça — ele chamou.

— Quero que todos procurem Orrin Loughman. Ele virou traidor. Todo recurso que temos precisa se concentrar em encontrá-lo. Esqueça tudo o mais por enquanto. Volte toda a sua atenção para ele. E seus filhos — acrescentou.

Porque havia uma coisa que ele aprendeu sobre os Loughmans: eles ficaram juntos.

 

 

Notas

 

[1] Dochenka Moya = Minha filhinha

[2] Quick Clot = Agente anticoagulante

[3] MIA = Mission in action ( Missão em ação)

 

 

                                                   Donna Grant         

 

 

 

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