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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


THE RELUCTANT ALPHA / A. K. Michaels
THE RELUCTANT ALPHA / A. K. Michaels

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Cameron acordou com um corpo quente pelado aconchegado ao seu lado. Franzindo a testa, abriu os olhos e viu a mulher que levou para sua suíte após o baile de caridade da noite anterior. Porra! Tinha bebido demais e assumiu que quando ela entrou no banheiro estava se vestindo para sair. Aparentemente não.
Ele tinha certeza que deixou claro que gostava de acordar sozinho e que ela não deveria passar a noite. Nunca passava a noite com nenhuma mulher.
Cam desvencilhou seus membros dos dela e levantou rapidamente, indo em direção ao chuveiro. Se ela ainda estivesse dormindo em sua cama quando saísse do banheiro, pediria a Jinx que se livrasse dela. Realmente não queria encarar ela nesta manhã. Sua raiva era dirigida a si mesmo por usar a mulher do jeito como usou – para o sexo – mas não conseguia evitar. O número de mulheres com quem dormiu ultimamente era apenas ridículo. Sua libido disparou há alguns meses e não havia nenhum sinal de se aliviar.
Com a água quente correndo sobre ele, percebeu que o aumento em seu desejo sexual coincidia com a inquietação de seu Lobo. Por quase cento e cinquenta anos, ele e sua fera viveram em harmonia na maior parte desse tempo, mas por alguma razão estava se comportando muito mal.
A água acalmou o corpo dolorido, mas não fez nada com a irritação que sentia por dentro. Sentiu nojo de si mesmo, mais uma vez, por usar uma mulher para suas próprias necessidades. Flashes da noite anterior o fizeram ofegar, ao se lembrar do momento em que a mulher se aproximou dele. Sub, ele soube assim que a viu. Isso estava em seu andar, sua linguagem corporal e a forma como olhou para ele entre seus longos cílios.

 


 


Muito frequentemente uma submissa se aproximava dele, confundindo o lobo Alfa com um Dom. Normalmente, educadamente esquivava delas, mas na noite anterior não. Porra! Sua repulsa aumentou, enojado por usar ela para suas próprias necessidades sem nenhuma preocupação com seu bem-estar. Qual é a porra do meu problema? Ele pensou enquanto lutava para controlar seu desejo de socar a parede.

Não era de admirar que Jinx perdeu a paciência com ele sobre seu tratamento cruel com as mulheres que tão facilmente levava à sua cama. Ele não o culpava. Costumava tratar as mulheres como uma joia preciosa, lhes mostrando carinho e afeto, se não amor. Não, nunca amor. Cam perguntou pela milésima vez se era mesmo capaz de tal emoção. Provavelmente não.

Se enxaguando e saindo do chuveiro, enrolou uma toalha na cintura e olhou para fora da porta do banheiro para ver se a mulher saiu ou não. Caralho! Nem me lembro da porra do nome dela! Pensou quando a viu ainda deitada entre os lençóis. Olhou ela atentamente, verificando se não havia marcas em sua pele nua. Obrigado Deusa! Sua pele não foi marcada por até mesmo a menor contusão, então deve ter sido muito mais suave do que o normal com esta. Talvez seu subconsciente tenha desempenhado um papel no sexo, garantindo que não a machucasse.

Porra! Eu estava bêbado! Ele pensou enquanto se afastava da mulher adormecida.

Suspirando forte saiu da sala, caminhando para o quarto de Jinx do outro lado da suíte. Enquanto passava por seu smoking descartado no chão, ouviu o celular tocar. Pegando, franziu o cenho quando viu o nome e número de seu pai na tela.

Seu pai? Seu pai nunca ligava, ainda irritado com seu “abandono” à matilha para uma carreira mais lucrativa em propriedades e fundos. Abrindo a porta de Jinx ele entrou.

— Ei, você pode se livrar de seja-lá-qual-for-seu-nome para mim? Preciso atender essa ligação.

Jinx abriu os olhos.

— O quê? Você está falando sério, Sin? Nem lembra do nome dela?

— É meu pai, preciso atender. — Disse, balançando o celular.

— Isso é uma merda! — Jinx se levantou, pegando uma camisa. — Você realmente precisa parar com isso! Essa é a última vez que faço algo assim, Sin. De verdade, não me peça de novo!

— Vou ficar aqui e pedir o café da manhã. — Disse Cam enquanto Jinx estourava com raiva.

Franziu a testa para o celular de novo, aceitou a ligação, passando a mão pelo seu cabelo preto molhado.

— Pai.

— Onde você está? — Seu pai exige.

— O quê? Sem gentilezas? Nem “como você está, filho”?

Seu pai suspira.

— Não tenho tempo para gentilezas. Precisamos de você em casa agora.

Cam se pergunta o que era tão importante para seu pai ligar em vez de sua mãe.

— Estou em Paris, posso estar aí mais tarde, só se certifique que a pista esteja limpa. Não quero o jato danificado na aterragem.

— Vou me certificar, basta vir o mais rápido que puder.

Com isso, seu pai desliga, sem adeus, sem nada. Típico do homem.

Cam podia ouvir Jinx inventando uma desculpa ou outra para a mulher enquanto ele obviamente a apressava para sair.

— Sim, o Sr. Sinclair tinha uma reunião nesta manhã que não podia perder.

O tom mais suave da mulher soou aborrecido antes que Jinx falasse de novo.

— Claro que darei seu número. Sim, tudo bem, adeus.

Cam discou serviço de quarto, fazendo um grande pedido para o café da manhã. Sua boca já salivando enquanto pensava no banquete.

Jinx apareceu, ainda irritado e mal-humorado, jogando um cartão de visita para ele.

— Ela já foi. Esse é o cartão dela, queria que eu te entregasse.

Cam estendeu a mão, pegando o cartão no ar antes de rasgar lentamente em dois e deixar cair no chão.

Seu melhor amigo resmungou para ele, na verdade, rosnou.

— Essa é a última vez. Precisa parar de tratar elas assim. Não é certo e está ficando com a má reputação de mulherengo. Não admira que eu te chame de Sin1, você comete o suficiente deles!

Cam balança a cabeça, tentando limpar ela o suficiente para lembrar o nome da mulher. Não conseguiu e se arrependeu de novo.

— Sinto muito, não sei qual a porra do meu problema ultimamente.

Jinx se sentou em uma das cadeiras.

— É o seu lobo ainda agindo?

Ele fez uma careta.

— Sim, o filho da puta está sempre rondando e não vai parar. Não sei qual o problema dele.

— Provavelmente é porque você dificilmente deixa ele sair agora? — Jinx levantou uma sobrancelha. — Vamos lá, quando foi a última vez que você foi Lobo ou foi em uma caçada?

— Estou muito ocupado, você sabe disso, Jinx.

Seu amigo balança a cabeça.

— Você é um lobo, não pode negar sua fera e não tenho ideia por que sequer tentar.

— Você sabe por quê. — Cam grunhiu. — Toda essa merda durante meu crescimento, meu pai me preparando para ser o Alfa. Bem, se sua frieza e maus tratos é chamado de preparação sou a porra de uma Loba! Era duro e desnecessário, não vou voltar para aquela matilha. Jamais. Às vezes eu gostaria de ser tudo menos um Lobo!

— Sei que ele foi duro de forma exagerada, mas isso não muda o fato de que você é um lobo. — Jinx inclinou a cabeça para o lado, olhando fixamente. — Seu Lobo não está feliz e não tem como negar, precisa entrar em um acordo antes de realmente foder tudo.

Se levantando, Cam vai até a janela ampla, olhando pra fora, para Paris. Tem um vislumbre de sua tatuagem do Clã no reflexo. Seus dedos tocam a marca no peito, exatamente sobre o coração enquanto o pesar o inunda com o pensamento de não se sentir orgulhoso disso. Sabe que todos seus amigos usam a tatuagem do clã com orgulho e Cam desejava também poder. Suspirando, se volta para Jinx.

— Bem, vamos encontrar todo mundo mais tarde. Fui convocado e nós vamos para a Escócia. Pode organizar o jato, o Alfa disse que vai deixar a pista limpa e ligue para Stacey para pedir que cancele minha agenda por agora.

— Algum problema? — Jinx pergunta, a preocupação em sua voz.

— Presumo que sim. — Cam declara enquanto se vira. — Por que outra razão ele iria me pedir para voltar para casa?

— Ok, vou organizar tudo. Tenho certeza que Sra. Hood iria preferir que você ligasse e explicasse o que está acontecendo. O café da manhã está vindo?

Cam riu, seu amigo comia até mais do que ele.

— Sim, um grande café da manhã está a caminho e tenho certeza que Stracey vai ficar bem. Ela está acostumada comigo mudando as coisas e pare de chamar ela de Sra. Hood. Sabe que ela não gosta que a chame assim.

— Bom, estou faminto e Sra. Hood soa muito mais, mais... profissional do que Stracey, mesmo que ela esteja conosco por algumas décadas. — Jinx desaparece pela sala de estar separando seus quartos enquanto Cam se vira para olhar a janela de novo.

Espero que mamãe esteja bem. Pensou enquanto tentava descobrir por que seu pai ligou e não ela.

Seu irmão, Grant, surge em sua cabeça. O Lobo perfeito, sempre seguindo a liderança do Alfa e como de costume, Cam sentiu uma pontada de ciúme com o pensamento. Grant não sofreu o mesmo tratamento duro de seu pai enquanto crescia como ele e odiava isso. A relação entre Grant e seu pai era muito mais próxima do que a sua. Iria tão longe a ponto de dizer que ele e seu pai estavam distantes, só se reuniam quando era absolutamente necessário.

Apenas sua mãe entrava em contato em uma base regular, todos os domingos ela ligava para checar ele. A tristeza com sua falta de visita era sempre clara em sua voz. Será que não sabia que estava ocupado demais para voar para a Escócia à visita? Seu negócio era agora uma empresa multibilionária, com escritórios em todo o mundo. Seu comparecimento era cobiçado para bailes de caridade como na noite anterior, o enviando aos maiores e mais luxuosos eventos imagináveis.

De volta à terra com uma explosão. Ele pensou enquanto imaginava a casa de sua família nas Highlands2. Grandes cabanas de madeira que eram confortáveis, mas de jeito nenhum podiam ser chamadas de luxuosas.

— Porra! — Ele amaldiçoou enquanto pensava no próximo confronto que sem dúvida, teria com o pai.

Marchando de volta para o quarto, Cam começou a embalar, jogando coisas na mala rapidamente, antes de se vestir com um de seus melhores ternos feitos à mão. Uma cor de carvão escuro com uma camisa branca imaculada, abotoaduras de platina que davam o toque final. Se olhando no espelho, sorriu, parecia tão distante de um lobo que era risível e sabia que irritaria seu pai terrivelmente.

Uma batida na porta da suíte anunciou a chegada do café da manhã. Cam passou por sua comida na mesa com uma toalha de linho branca. Jinx assobiou quando o viu.

— E essa porra? Vamos para terra da matilha e está vestido como se estivesse indo para uma festa. — Diz Jinx de sua posição na mesa, já empilhando comida no prato. — Está tentando irritar ele ou o que?

— Não faço a menor ideia do que quer dizer, Ewan. — Diz sorrindo enquanto senta, pegando um prato e um copo de suco de laranja.

Jinx engole a comida, pega café enquanto olha por cima da mesa.

— Não faz ideia, né? Usar meu nome é dizer o suficiente! Acho que sim e que está tentando irritar desde a chegada. Movimento ruim, Sin.

— Não tenho medo de meu pai Jinx e se ele não gostar da minha escolha de roupas pode ir se foder.

Jinx colocou as mãos para cima.

— Whoa, não fique todo exaltado comigo! Estou só apontando o potencial erro de aparecer em um terno que provavelmente alimenta uma família por um ano. Você está esfregando seu sucesso no nariz dele e sabe disso.

Cam zombou:

— E se estiver? Toda vez que outro milhão é adicionado à minha conta bancária penso na liberdade que me dá. A liberdade dele e da matilha.

— Eu sei disso, Cam. Com certeza. Mas não precisa antagonizar ele sempre que puder. — Jinx repreende enquanto coloca mais comida em seu prato. — Ele ainda é o Alfa e você deve respeito.

— Está brincando, certo? — Cam fica chocado. — Qualquer homem que têm o meu respeito é porque mereceu. Não porque detêm uma posição ou outra. Quer se trate de negócios ou algo pessoal. Não respeito qualquer um. Ele pode ser Alfa, pode ser meu pai, mas não terá o meu respeito. Sem chance, porra.

Jinx balançou a cabeça.

— Posso ver que isso vai ser muito bom. Cam, pode pelo menos tentar e manter a calma enquanto permanecemos lá tempo suficiente para eu alcançar meus pais?

— Claro, vou tentar, mas não posso prometer nada. Depende do que ele disser quando chegarmos lá. — Cam bebe um pouco de suco e continua: — Mas, se fosse você tentaria fazer uma visita bem rápida. Só precaução.

— Merda! — Jinx empurra o prato. — Vou fazer as malas.

Cam observa como seu amigo saiu pisando duro para o próprio quarto, se perguntando de novo por que foi convocado. Enquanto estava sentado à espera de Jinx o celular toca de novo, o número de sua mãe aparece. Suspirando, ele respondeu:

— Olá, mamãe.

— Cameron, como você está?

— Estou bem, como vai? — Cam perguntou quando receberia a ligação dela. Não tinha dúvida que ela tinha um ponto de vista, a questão era quanto tempo levaria para chegar até lá.

— Oh, estou bem, filho, estou bem.

— Mamãe, por que você só não me diz logo por que ligou? Como isso veio menos de uma hora depois que papai ligou, assumo que está relacionado.

Cam ouviu a respiração suave de sua mãe antes de finalmente voltar a falar:

— Bem, sim, é. Mais ou menos. Só queria te avisar que o seu pai está um pouco tenso.

— Quando não está? Mamãe, ele está sempre tenso quando se trata de mim.

— Sei que você e seu pai têm uma relação difícil Cam, mas está tenso por outras razões. Posso confiar em você?

Cam se perguntou que porra estava acontecendo.

— Claro que você pode, mamãe. Qual o problema?

Sua mãe não respondeu por um minuto ou dois, o silêncio se estendeu, mas Cam não se apressou em preencher. Passou muito tempo em reuniões onde aprendeu rapidamente a esperar a outra pessoa. Se recusando a falar até que falassem. Esperava e como era habitual a outra pessoa começava a balbuciar para preencher o constrangimento. Não foi diferente com sua mãe.

— Cam, por favor, você não pode dizer que contei qualquer coisa, senão teremos dois problemas. Problemas sérios. Seu pai está abrandando ultimamente, não é bem o seu habitual e alguns dos outros lobos têm manifestado preocupações.

A voz de sua mãe tremeu antes de continuar:

— Então, precisamos de um novo Alfa...

— Não! De jeito nenhum! — Cam quase gritou ao telefone.

— Cam, por favor, apenas cale a boca e escute! — Sua mãe voltou a gritar e Cam se aquietou instantaneamente, raramente ouvia sua mãe levantar a voz. — Sei que você nunca será Alfa aqui, aceitei isso, mas seu pai não. Mas temos outro problema, o seu tio Fearghas ligou, ele está com alguns problemas e pediu a nossa ajuda. Quer que você e seu irmão vão para lá, mas com o que está acontecendo aqui, significa um de vocês precisa ficar e assumir como Alfa e outro ir para a América.

A respiração de Cam aumentou à medida que sua mãe falava. Até mesmo o pensamento de ser Alfa da matilha levava ele a pensar em voar para muito, muito longe.

— Eu não serei Alfa, mamãe. Nunca.

A tristeza na voz de sua mãe era tão espessa que tinha certeza que ela estava à beira das lágrimas.

— Sei disso, Cameron, mas queria que você soubesse o que está acontecendo para que pudesse se preparar. Não queria que isso surgisse quando chegasse aqui.

— Agradeço mamãe, de verdade.

— Cameron, tudo isso está sendo muito difícil para seu pai. Aceitar que já não é o mais forte na matilha está ferindo ele profundamente, filho.

— Ele não tem sido o mais forte na matilha por um longo tempo, mãe. — Cam suspirou. — É uma das razões pelas quais fico longe. Podemos não ser próximos, mas não quero esfregar no nariz dele o fato.

— Oh Cameron, meu filho, gostaria que as coisas fossem diferentes e sei que nunca disse isso para você, mas eu sinto muito, muito mesmo.

Cam podia ouvir claramente as lágrimas agora, fazendo seu coração doer.

— Não é sua culpa, mãe.

— Sim, é em parte, de qualquer maneira. Deveria ter feito mais para mudar a maneira como ele era com você. Amo seu pai, mas a maneira como te tratou foi errado, pura e simplesmente.

Em reconhecimento à sua mãe seu coração acelerou levemente.

— Isso significa muito para mim. Obrigado.

— Por favor, você sabe que te amo Cameron, sempre amarei.

— Eu sei, mamãe. Preciso ir, pegaremos agora o avião. — Cam precisou se recompor, nunca permitindo que suas emoções se mostrassem a ninguém além de seus amigos mais próximos. — Te vejo mais tarde, tchau.

— Tchau. — Sua mãe quase sussurrou pouco antes dele desligar.

Cameron levou alguns momentos para classificar as informações que lhe foram dadas, sabendo que a matilha precisava de um Alfa forte para guiar eles, mas ele não era esse Lobo. De sua terra natal não manteve nada, apenas más recordações. Não tinha como poder viver lá de novo. Nem em um milhão de anos.

— Quem era? — Jinx interrompeu seus pensamentos.

— Minha mãe. — Cam sorriu com tristeza. — Aparentemente há problemas dentro da matilha e também o meu tio nos EUA precisa de ajuda de algum tipo.

Jinx foi até a porta de sua suíte, colocando a mala no chão antes de se virar, com uma careta no rosto.

— Acho que precisamos ir e ver o que está acontecendo.

Cam passou a mão pelo cabelo.

— Ela disse que a matilha precisa de um novo Alfa.

— O quê? — Jinx se voltou. — Porra, o que vai fazer?

— Nunca serei o Alfa dessa matilha, Jinx, jamais. — Cam suspirou. — Odeio estar lá, as lembranças são principalmente ruins para mim e não acho que poderia voltar para aquela vida, mesmo se quisesse.

— Então, onde é que isso deixa a matilha? — Jinx parecia preocupado, enquanto olhava para Cam.

— Eu não tenho certeza, mas vamos descobrir em breve.

— Acho que sim. — Jinx responde suavemente.


Capítulo dois

— Tá bem? — Jinx perguntou enquanto se aproximam da Escócia.

— O que você acha? — Cam respondeu bruscamente.

— Ei, não desconte em mim sua irritação.

Cam olhou para fora da pequena janela, vendo sua terra natal entrar a vista quando o jato perdeu altitude.

— Desculpe. — Foi tudo o que pronunciou enquanto seu estômago revirava.

— O que acha que vai acontecer? — Seu amigo estava obviamente preocupado com sua matilha, mas tentava esconder.

Mas ele podia ver, Cam sempre sabia quando seu amigo estava preocupado, o pulso acelerado em seu pescoço entregava ele.

— A matilha precisa de um Alfa por isso nós precisamos garantir que tenham um, só não eu.

— Quem?

Cam esteve pensando no problema desde que a mãe ligou e chegou a única solução que pode.

— Grant.

— Grant? — Jinx perguntou rapidamente. — Ele pode não estar pronto, Cam e você é o mais velho. Deve ser você, não seu irmão.

— Quantas vezes tenho que dizer isso? Nunca serei Alfa!

— Eu sei, continua dizendo isso, mas você é um Alfa, Cam.

— Jinx. — Cam olhou para seu amigo mais antigo. — Não me empurre sobre esse assunto.

— Tudo bem! — As mãos de Jinx foram para cima, exasperado. — Faça do seu jeito, mas já aviso que vou ficar tempo suficiente para visitar meus pais.

— Ok, vou te dar algum tempo com eles. — Cam sorriu. — Porra, posso até te acompanhar. Sua mãe faz o melhor picadinho de carne que comi.

— Ela faz. — Jinx riu. — É melhor ter feito ou não vou ficar feliz.

— Se ela sabe que estamos indo, então vai fazer. Gosta de estragar seu pequeno homem.

Cam começou a rir ao ver a expressão indignada no rosto do amigo.

— Posso não ser tão grande ou musculoso como você, mas tenho velocidade. — Jinx sorriu. — Posso te deixar para trás na maior parte do tempo Sin e não se esqueça disso.

— Sim, sim, em seus sonhos, meu amigo. — Cam olhou para Jinx, observando seu cabelo loiro avermelhado, sardas em sua pele pálida, pensando que parecia muito mais escocês do que ele próprio.

— Aqui estamos. — Jinx fez um sinal com a cabeça para janela, quando Cam viu o avião quase tocando o chão.

Respirando fundo, Cam tentou acalmar seu coração acelerado.

— Deveríamos ir e ver o que está acontecendo.

No leve solavanco causado pelos pneus no asfalto da pequena pista, Jinx se levantou ansioso para ver a família. Mais uma vez, Cam desejou se sentir assim enquanto voltava para casa, em vez do desejo desesperado de escapar que sempre experimentava.

Cam ficou sentado até que o jato parou, seu piloto Marcus, aparecendo para abrir a porta e descer a escada. Jinx esperando ansiosamente para sair.

— Vamos, Cam. Vamos.

Seu amigo deu um passo para fora, em seguida, colocou a cabeça para dentro.

— Nós temos uma festa de boas-vindas. — Ele sussurrou quando Cam finalmente se juntou a ele.

— Bem o que preciso! — Cam se virou para Marcus. — Deixe o jato pronto, por precaução.

— Estará.

Cam assentiu.

— Não tenho certeza de para onde iremos depois de nos reunir com o Alfa. Eu sei que deveria ir para essa coisa de caridade em Nova York, mas os planos podem mudar.

— Precisarei pousar e reabastecer em algum lugar se fizermos uma viagem mais longa, Cam. — Marcus era um dos poucos que o chamava por nome.

— Ok, verifique e descubra onde está o local mais próximo que possa reabastecer e se necessário, vai. Aviso para onde iremos, assim que puder.

— Sem problema. — Disse Marcus voltando para a cabine.

— Vamos acabar com isso. — Cam endireitou as costas, de pé tão alto quanto possível, quando começaram a caminhar em direção ao pequeno grupo de pessoas esperando por eles.

Pode ver seu pai na frente e no centro seu irmão, do lado dele sua mãe. Os pais de Jinx estavam ao lado de Grant, o pai de Jinx era um dos lobos guardas que patrulhavam as terras e ainda era um homem duro, mesmo sendo mais velho.

— Vá. — Disse Cam e Jinx foi em direção a seus pais sorridentes.

Cam continuou a um ritmo mais lento, olhando as boas vindas do seu amigo por duas pessoas que o amavam incondicionalmente. O pai de Jinx o segurou em um abraço apertado, lhe dando tapinhas nas costas enquanto sua mãe tentava se aproximar para beijá-lo na bochecha. Jinx riu, dando tapinhas nas costas de seu pai.

Se aproximando do próprio pai, Cam manteve o rosto neutro, não deixando qualquer emoção aparecer antes de parar bem na frente dele.

— Alfa. — Cam tentou soar respeitoso, mas não tinha certeza se conseguiu. Pelo aperto de mandíbula do pai... provavelmente não.

— Cameron. Nós temos muito o que discutir, por isso seguiremos em frente. — Seu pai se virou e foi embora sem dizer mais nada.

Típico.

Grant deu um passo adiante.

— Oi Cam, como vão as coisas?

Cam olhou seu irmão mais novo, seu cabelo e feições tão parecidas com seu pai.

— Estou bem. Você?

— Bem, nós temos alguns problemas, mas tenho certeza que papai vai contar em breve.

— Tenho certeza que sim. — Cam respondeu quando viu o rosto de sua mãe ruborizar.

— Vamos filho, farei alguns bolinhos para você. — Sua mãe sorriu, segurando sua mão.

Cam bateu de leve no ombro de seu irmão antes de ir para frente e abraçar sua mãe. Seu corpo em seus braços parecendo muito mais frágil do que da última vez que a segurou. Quando foi isso? Porra, não conseguia se lembrar.

— Sabe que amo seus bolinhos, mamãe. — Cam segurou sua mão enquanto caminhavam a curta distância até o acampamento e iam direto para a casa do Alfa.

Avistou Jinx, sua mãe e seu pai seguindo, conversando com tranquilidade. O som de Jinx rindo trouxe um sorriso ao seu próprio rosto. Sempre o fazia feliz ver o amigo feliz.

— Há outros esperando por nós. — As palavras sussurradas de sua mãe o trouxeram de volta para o aqui e agora e o motivo da visita. Cam não teve a chance de perguntar qualquer coisa quando chegaram aos degraus de madeira que levam até a maior cabana no acampamento. A porta se abriu enquanto subiam os degraus da varanda.

E sorriu quando viu um dos amigos, Cormac Brody caminhando para frente para lhe dar um abraço de urso antes de soltar ele.

— Olá Cam, tem sido um tempo muito longo. — Cormac ou Mac como era conhecido, sorriu.

— Eu sei Mac, mas é bom te ver.

Em seguida, os gêmeos, Rory e Logan Dunbar empurraram Mac para fora do caminho.

— Que merda é essa? Por que está vestido como um playboy esnobe? — Rory riu enquanto tocava o terno de Cam.

Logan agarrou um braço, brincando com um botão de punho.

— Você está todo enfeitado para uma visita aqui, Cam?

Cam riu, agarrando os dois para ele em uma luta divertida.

— É bom ver os fabricantes de problemas de novo. Acho que não ficaram fora de problemas?

— Nós? — Rory sorriu. — Nós sempre conseguimos sair dos problemas. Claro que, depois de entrar neles!

— Algumas coisas nunca mudam. — Cam deu um tapa nas costas dos dois quando um alto pigarro interrompeu.

— Podemos começar a trabalhar? — Seu pai rosnou, de pé na frente da lareira com as mãos atrás das costas.

Cam deixou seus amigos, que voltaram para onde estavam de pé e caminhou até ficar na frente do Alfa.

— Quer me dizer o que é isso tudo?

Grant se juntou a ele, então os dois sentaram no sofá atrás deles, enquanto a mandíbula de seu pai flexionava por alguns segundos.

— Seu tio Fearghas teve alguns problemas e procurou nossa ajuda. Você sabe que Fergie teve aquele acidente e agora está em uma cadeira de rodas. Bem, Fearghas está convencido de que não foi um acidente e que outra matilha está tentando assumir.

Cam parou seu pai interrompendo ele.

— Espere. Você está dizendo que houve outros lobos feridos?

— Sim. — O Alfa quase rosnou, obviamente irritado. — Vários de seus lobos mais fortes, seus guardas foram feridos ou desapareceram. Então, pediu ajuda.

— Que tipo de ajuda? — Cam olhou o pai nos olhos, algo que não era geralmente admitido com um Alfa. A seriedade de seu pai deixava todos saberem que não estava feliz com o confronto direto.

— Ele quer você e Grant lá com alguns dos nossos lobos, para ver se podem chegar ao fundo das coisas. Está com medo de pedir a ajuda das matilhas próximas e serem as que estão por trás dos ataques.

Cam acenou com a cabeça, sua mente indo a um milhão de milhas por minuto enquanto buscava informação.

— Ok, posso ver porque pode se sentir relutante em confiar em alguém ao seu redor. Então, por que não disse por telefone e eu poderia ter desviado, me encontrando com Grant lá?

Seu pai virou as costas para ele, colocando as mãos sobre a lareira.

— Nossa matilha também precisa de algo.

— O quê? — Cam esperou, sabendo que as palavras deveriam estar cravadas na garganta de seu pai.

O silêncio pareceu se arrastar enquanto o pai, obviamente lutava para conseguir falar. Um alfinete poderia ser ouvido caindo enquanto todos esperavam com as respirações suspensas. Finalmente seu pai rompeu o silêncio com uma voz muito mais baixa do que o normal, quase um sussurro.

— Um Alfa. Estou passando um pouco mal e alguns dos lobos têm expressado preocupação.

— Entendo. — Cam falou devagar, com calma. — Bem, acho que Grant deve assumir como Alfa.

Cam ponderou as palavras da mãe todo o percurso até ali e essa era a única solução que poderia propor. Não tinha como ele ser Alfa. Sem chance!

Grant se levantou afirmando.

— Cam, você é o mais velho!

— Sim. — Cam disse olhando para o irmão, enquanto seu pai se virava para olhar para ele. — Nós sabemos que nunca vou voltar para casa. Não irei em hipótese alguma, voltar para ser Alfa aqui. Grant, você é a melhor escolha.

— Filho. — A voz de seu pai fez tanto ele quanto Grant se virarem, mas foram os olhos de Cam que seu pai procurou. — Sempre achei que você voltaria. Que assumiria depois de mim, mas agora vejo que não vai acontecer. Talvez seja melhor assim.

— É. — Cam disse rigidamente enquanto Grant olhava os dois.

Grant olhou quando o pai continuou, agora voz forte e ordenando:

— Está resolvido. Vou marcar uma reunião com a matilha e anunciar que Grant vai assumir como Alfa. Pode ter uma objeção ou duas e se houver, serão tratadas como normalmente são. Grant, você está disposto a lutar pelo seu lugar como Alfa?

Grant se levantou, seu rosto brilhando de emoção.

— Sim!

Cam riu, socando seu irmão no braço.

— Essa é a forma, Grant. Boa sorte, irmão.

— Não preciso de sorte, Cam. — Grant sorriu torto. — Sou muito mais resistente do que pareço e se alguém me desafiar, vão descobrir da maneira mais difícil.

— Tenho certeza que sim, irmão. — Cam olhou para seu pai, que parecia perdido em pensamentos. — Então, acho que farei uma visita ao tio Fearghas. — Cam viu seu pai sair de qualquer devaneio no qual estava acenando com a cabeça uma vez.

— Os três rapazes irão com você. — O Alfa deu um passo à frente, colocando uma mão no braço de Cam. — Podemos não ser próximos, mas você ainda é meu filho e não vou te enviar sem algum apoio.

Cam encontrou os olhos de seu pai e viu pela primeira vez algo diferente de confronto neles. O que era não conseguia identificar, mas suavizou sua resposta:

— Obrigado, ficarei feliz com a ajuda extra.


A Sra. Jenkins, mãe de Jinx, abriu a porta, gritando por cima do ombro.

— O picadinho de carne vai estar pronto em breve rapazes e há o suficiente para todos então só venham quando estiverem prontos.

Sorrindo Cam gritou atrás dela.

— Estarei aí assim que comer um bolinho ou dois!

Jinx seguiu sua mãe, com seu pai logo atrás, lhe batendo nas costas e conversando a mil por hora. Cam sentiu uma pontada de ciúme, enquanto observava a proximidade entre pai e filho. Sua vida teria sido diferente se tivesse isso.

Suspirando, olhou para os gêmeos e Mac, que se aproximaram, cercando ele e bombardeando com perguntas.

— Onde você estava?

— Em quais problemas se meteu?

— Será que o seu jato vai nos levar para os EUA sem cair!

Essas foram só algumas.

Cam sorriu, tentando responder a todas elas enquanto iam para a cozinha e os bolinhos de sua mãe.

— Mamãe, você pode passar manteiga sobre esses para mim? Preciso chamar Marcus e avisar do nosso plano de voo.

— Claro, farei uma xícara de chá também. — Agnes se ocupou pegando os pratos no armário e colocando a chaleira no fogo. — Rapazes, sentem, há bastante para todos.

Os gêmeos e Cormac foram sentar à grande mesa de madeira com sorrisos e comentários.

— Faz tempo desde que comi de seus bolinhos, Sra. Sinclair! — Cormac sorriu quando se sentou.

— Ora Cormac, você sabe que é só vir e pedir.

Cormac ruborizou.

— Não gosto de incomodar. Eu sei que você tem muito em seu prato por ser uma fêmea Alfa, Sra. Sinclair.

— Nunca estou muito ocupada para assar ou fazer alguns dos meus bolinhos. Vou arrumar um pouco para você levar na viagem. É um longo voo até lá.

Rory deu um soco no ar exclamando:

— Sim! Eu não tenho certeza do que Cam tem naquele jato dele, mas aposto que não tem nada como sua comida!

Agnes riu.

— Farei alguns sanduíches também. Vão precisar de todo o alimento que puder se houver problemas por lá.

— É verdade, Sra. Sinclair, mas tenho certeza de que podemos resolver o problema. — Logan sorriu. — Afinal, com Cam e Jinx lá, bem, eles vão saber o que é melhor. Se houver um problema com outra matilha, então vão ver logo o que os lobos das Highlands podem fazer.

— Cuidado, rapazes. — Agnes franziu a testa. — Eu não quero que nenhum de vocês se machuque.

— Sabemos como nos cuidar. — Disse Rory em um tom mais sério. — Não se preocupe.

— Eu sei Rory, mas se Fearghas está preocupado, então isso me preocupa. — Agnes colocou os bolinhos sobre a mesa, os rapazes atacaram como se não tivessem comido em dias.

Cam terminou a ligação, sentando e pegando a parte final da conversa.

— Mamãe, vou me certificar que se comportem e vou ligar para que saiba como as coisas estão indo.

— Obrigada, meu filho. — Agnes deu um tapinha no seu ombro. — Você sabe como me preocupo.

— Eu sei, mas por favor não. — Cam olhou para o rosto de sua mãe e viu as linhas ao redor de seus olhos. — Só se preocupe com Grant e o que está acontecendo aqui.

— Espero que ele não tenha que lutar contra muitos. — Agnes sussurrou enquanto buscava o chá.

Rory saltou.

— Duvido, só consigo pensar em um lobo que provavelmente vai desafiar e digo, Sra. Sinclair, Grant vai vencer sem nenhum problema.

— Sério? — Perguntou Cam, ouvindo o respeito na voz de Rory por seu irmão.

— Sim, realmente. — Rory olhou para Cam. — Seu irmãozinho se transformou em um lobo forte e é muito mais duro do que parece. Confie em mim Cam, nós tivemos nossas brigas e aquele sujeito me batia o tempo todo. Ele é assustadoramente forte para seu tamanho, seja em forma humana ou lobo.

— Fico feliz. — Cam afirmou. — Será um bom Alfa para a matilha.

— Sim. — Rory concordou antes encher a boca com mais um bolinho.

— Marcus precisa parar em cerca de uma hora daqui para reabastecer o avião e então poderemos ir diretamente para os EUA. — Cam comeu um bolinho com bastante manteiga antes de continuar: — É um voo longo, rapazes, mas podem descansar no jato, há apenas dois quartos...

Cormac intrometeu.

— Quartos? Em um avião?

Cam riu:

— Sim Mac, quartos. Como eu disse, são só dois e um deles é meu e não compartilho. Tem sofás na cabine principal também, então tenho certeza que vão conseguir descansar um pouco.

Logan bufou.

— Vou tentar dormir antes desses dois. Já ouviu eles roncar? Parecem trens descarrilhados!

Rory fez uma careta para seu gêmeo.

— Eu não!

Cormac riu.

— Sim, é verdade, Rory.

Cam sorriu pros amigos que não via em muito tempo, apreciando a brincadeira e percebendo que perdeu muito disso, de fato.

— É melhor não me manter acordado. Preciso do sono de beleza.

— O que? Sono de beleza? — Rory sorriu. — Bem, agora que você mencionou, sim, deve ter ele!

Cam olhou pela porta da cozinha, querendo saber se seu pai iria se juntar a eles, mas não havia sinal dele. Provavelmente seja melhor assim. Pensou enquanto comia outro bolinho. Ele não queria estragar sua visita por entrar em um concurso de mijadas com o pai.

— É melhor deixar espaço para o picadinho de carne, rapazes. — Agnes serviu mais chá enquanto parecia que os homens não fossem parar tão cedo.

— Sempre terei espaço para o picadinho da Sra. Jenkins! — Cam pegou outro bolinho. — Ele é como seu bolinho, mamãe, absolutamente delicioso!

— Ora, obrigada Cameron. — Agnes respondeu quando se virou para começar a fazer uma cesta de alimentos para os rapazes levarem.

— Se sobrar bolinho de manteiga pode colocar alguns? — Perguntou Cam. — Sabe que faz o melhor na Escócia!

— Se comporte! — Agnes sorriu. — Mas sim, tenho prontos e arrumei para você.

— Bom, é melhor deixar para mim. Eu não tive nenhum por tanto tempo que tenho certeza que vou lutar por ele!

Logan riu:

— É culpa sua por não ter vindo para casa para visitar mais vezes!

— É verdade. — Cam terminou seu bolinho e continuou. — Mas não significa que não vou bater em você se tocar nele!

Todos seus três amigos colocaram as mãos para cima, Rory sendo o porta-voz como de costume.

— Ok, ok, prometemos não tocar nos bolinhos de manteiga!

Agnes riu e todos eles se juntaram, as risadas enchendo a cozinha.


Capítulo três

Depois de uma dose dupla do picadinho da Sra. Jenkins, os gêmeos e Cormac desapareceram para arrumar as malas. Com as malas prontas e esperando por eles em suas casas, voltaram logo. Observando como Jinx abraçava seus pais em despedida, Cam mais uma vez se perguntou como teria sido se tivesse esse tipo de relacionamento com o pai.

Não há nenhum sentido em pensar nisso, isso não aconteceu e as coisas são o que são. Disse a si mesmo enquanto se despedia e pedia licença para dizer um adeus rápido para sua própria família.

— Vamos esperar no avião! — Jinx gritou quando ele saiu e Cam apenas assentiu enquanto continuava.

Seus pés estavam pesados, sua caminhada lenta, quando voltou para casa do Alfa. Mais uma vez, nada ansioso para ver seu pai. Queria ficar longe desta vez sem ter os argumentos habituais, desacordos ou brigas extremas. Pela primeira vez queria sair sem o drama de ir cabeça a cabeça com o pai.

Enquanto se aproximava da cabana, viu Grant sentado no degrau mais alto, com os olhos em Cam enquanto caminhava em direção a ele.

— Grant.

— Cam! — Grant levantou, diminuindo a distância entre eles. — Só queria dizer que não queria tomar o seu lugar como Alfa. Esperei que pudesse voltar para casa para ser seu Beta.

Cam se aproximou, segurando o irmão em um abraço apertado.

— Eu sei disso, Grant. Mas não será assim. Muita coisa aconteceu entre mim e o papai.

— Não vai voltar para casa? Sinto falta do meu irmão mais velho.

Soltando Grant, Cam recuou.

— Sinto muito, Grant, mas não. Tenho muita raiva dentro de mim e isso seria prejudicial para a matilha. Você será um grande Alfa e vou tentar visitar mais frequentemente, pode vir me visitar também. Como isso soa?

— Sinto muito. — Grant franziu o rosto como se sentisse dor. — Sei que ele te tratou de forma diferente e sinto muito por isso, mas acho que ele também sente.

— Ele pode muito bem sentir, mas agora é tarde demais. Já fiz a minha vida longe da matilha e tenho a liberdade de fazer o que quiser, quando quiser.

Grant inclinou a cabeça para o lado.

— Tudo, exceto ser um lobo. Não sente falta?

Cam suspirou.

— Às vezes, mas não deixe que Jinx saiba disso! Ele me perseguiria para sempre se soubesse.

— Você sempre terá uma casa aqui, isso é, se decidir voltar.

— Obrigado, Alfa. — Cam disse solenemente, observando o sorriso de seu irmão.

— Obrigado. — Grant disse quando se viraram e entraram.

Seu pai estava na frente da grande lareira, de costas para eles e sua mãe sentada em sua poltrona favorita ao lado das chamas. Seus olhos foram ao seu pai quando entraram, sua preocupação obviamente clara.

Cam foi até ela.

— Só passei para dizer tchau. Os rapazes já estão no avião esperando por mim.

Agnes se levantou, abraçando Cam pela cintura.

— Tenha cuidado, Cameron, não temos ideia do que vai encontrar, então por favor tome cuidado.

— Sempre tomo, mamãe. — Cam a abraçou e tinha certeza que viu uma lágrima ou duas em seus olhos quando ela sentou de novo.

— Pai. — Cam disse e esperou, se não se virasse em mais um segundo, Cam sairia sem olhar para trás.

Um longo e prolongado suspiro escapou do pai quando ele se virou.

— Tenha cuidado. — Foi tudo o que disse e Cam acenou uma vez.

— Sim. — Ele respondeu antes de se virar e sair da casa que costumava ser seu lar. Uma casa onde não se sentiu confortável em quase toda sua vida.

Cam passou a maior parte de seu tempo livre na cabana da Sra. Jenkins, comeu e até dormiu lá mais vezes do que se lembrava. Essa era uma casa cheia de amor e carinho, não uma governada por um Tirano. Com T maiúsculo. Enquanto fechava, Cameron se perguntou quanto tempo seria antes que voltasse. Tanto tempo quanto puder evitar. Ele pensou enquanto caminhava para o jato.

O barulho dos outros lobos o atingiu muito antes de subir os degraus. Risadas e piadas eram em abundância quando entrou, Jinx dizendo algumas de suas piadas de mau gosto que aprendeu nos EUA. Cam sorriu enquanto subia e fechava a porta, Marcus aparecendo para checar se tudo estava seguro.

Sentando, Cam apontou para a grande cesta de vime que esteve recentemente na cozinha de sua mãe.

— Quem se lembrou da cesta? Eu esqueci completamente.

— Eu. — Logan sorriu. — Gosto de comer e o tempero de sua mãe é bom! De jeito nenhum esqueceria.

Rory saltou de seu lugar de descanso em um dos sofás de couro vermelho.

— Ele é o gêmeo ganancioso!

— Ei! Não sou ganancioso. Apenas aprecio minha comida isso é tudo. — Disse Logan com uma careta em direção a seu irmão. — E quando se inclui o tempero da Sra. S. então definitivamente não deixo passar. Seria como dizer “não, obrigado” para a Sra. J. quando ela faz picadinho de carne! Isso não vai acontecer!

A risada ecoou pelo lugar, enquanto Marcus começou a taxiar para a decolagem. Rory e Logan se sentaram, a preocupação em seus rostos enquanto olhavam as pequenas janelas. Jinx viu e aproveitou.

— Não me diga que vocês dois estão com medo de voar.

O rosto branco de Logan se virou para rosnar para Jinx.

— Não somos exatamente passageiros frequentes e nunca estivemos em algo tão pequeno. Tem certeza de que é seguro?

Cam abafou sua própria risada.

— Sim, é perfeitamente seguro e muito mais rápido do que os grandes aviões. Marcus é um excelente piloto e vai nos levar até lá sãos e salvos. Se estiver nervoso, tome uma bebida. Há um bar na frente.

Rory se levantou, pegando uma garrafa do uísque mais fino de Cam e alguns copos.

— Tudo bem. — Brincou enquanto entregava os copos e colocava uma medida generosa em cada um.

— Só lembre, quando pousarmos quero todos alertas. — Cam ordenou enquanto recusava uma bebida. — Vamos pousar no início da noite, hora local e quero todos na reunião com o Alfa. Estou interessado em ouvir o que meu tio tem a nos dizer e não quero todos com cérebros enevoados.

— Claro, Cam. — Logan respondeu olhando sério. — Vamos descansar um pouco, depois da bebida e a comida de sua mãe.

— Ok, teremos uma rápida parada em breve para reabastecer, então é direto para os EUA. — Cam viu o cérebro de Cormac trabalhando a mil por hora e esperou as perguntas. Ele sempre gostava de saber todos os detalhes de tudo. Não precisou esperar muito.

— Cam, onde exatamente estamos indo e como pousaremos no território de seu tio? — Cormac bebeu o uísque enquanto perguntava.

— É uma grande área, a terra da matilha fica entre Deeming e Maple Falls. Parte corre ao longo do rio Nooksack e do lado direito para cima, sobre a fronteira canadense. Meu tio dirige uma grande empresa madeireira, mas também tem cabanas de luxo que aluga para corporações e outros ricos o suficiente para pagar. — Cormac assentiu e Cam continuou: — Então, tem uma pequena pista que foi construída para acomodar essas pessoas. Não tendem a ser o tipo de pessoas que dirigem, voam em seus próprios jatos.

— E quanto a outras matilhas na área? — Perguntou Cormac, sua mente já no trabalho em mãos.

— Eu sei que há uma no outro lado da fronteira no Canadá, que se junta a terra de Fearghas e há uma muito pequena cerca de vinte milhas ou assim fora de Maple Falls, mas acho que essas são as únicas na área. A menos claro, que outras se mudaram.

Cormac sentou um pouco mais reto perguntando:

— Certamente seu tio não permitiria outra matilha assumindo a terra perto da sua sem algum tipo de acordo?

— Não. — A voz de Cam era sombria. — Fearghas certamente não iria, não sem algum tipo de luta, mas não posso ter certeza até chegarmos lá.

— Eu não posso ver uma matilha menor, mais fraca, assumir uma matilha maior, porém, se outros lobos estiverem envolvidos, então devemos olhar para os da fronteira. — Cormac respondeu.

Cam já chegou a essa conclusão e sorriu para o amigo.

— Exatamente o que pensei, Mac. Ah sim, se lembre que Fergie está em uma cadeira de rodas desde seu acidente.

Rory se inclinou para frente, colocando os cotovelos sobre os joelhos.

— Ouvi sobre isso, que porra aconteceu? Porque seu lobo não o curou?

— Ele foi ferido enquanto estava na forma humana. — Cam franziu a testa, ainda não estava claro os fatos exatos do que aconteceu. — Aparentemente, estava inconsciente e quando foi encontrado, estava em coma. Não pode se transformar e seus ferimentos permaneceram, portanto, a cadeira de rodas.

— Caralho! — Logan amaldiçoou.

— Sim. — Cam respondeu, sabendo que estavam todos pensando que seria um destino pior que a morte estar em uma cadeira de rodas e não ser capaz de se transformar.

— Como ele lida com isso? — Jinx foi quem perguntou o que todo mundo queria saber.

— Não tenho nenhuma ideia. — Cam encolheu os ombros. — Eu não o vi desde que aconteceu, mas acho que vamos descobrir em breve.

— Cam. — Rory parecia muito mais sério do que o seu habitual. — Quais são suas ordens relativas a quaisquer ameaças?

Cam nem sequer piscou quando respondeu calmamente:

— Teremos que lidar com qualquer ameaça imediata com uma força brutal e mortal.

— Isso foi o que eu pensei que diria. — Rory respondeu. — Só queria verificar.

— Uma ameaça é uma ameaça e a única maneira de lidar é eliminar ela o mais rápido e eficiente possível. — A voz de Cam ficou fria e dura. — Não pense por um minuto que amoleci apenas porque já não vivo dentro de uma matilha. Tirarei qualquer um ou qualquer coisa que for um perigo para meu tio ou seu povo.

Cam assumia o papel de líder facilmente, era um dos bons e apenas causava problemas quando estava perto de seu pai. Os outros homens olhavam para ele como seu Alfa e estava perfeitamente feliz em assumir o papel nesta situação. Afinal, definitivamente não era um seguidor e qualquer vez que alguém tentou colocar ele nessa posição sempre resultou em problemas, nunca recuava.

Cormac olhou para todos.

— Estamos com você Cam, não estamos, rapazes?

Os gêmeos disseram:

— Sim! Estamos. — Jinx sorriu.

— É bom ouvir isso porque realmente não queria virar o avião e levar qualquer um de vocês de volta para casa. — Cam brincou enquanto o jato começou a perder altitude, os olhos de Rory se arregalaram de susto.

— Pelo amor de Deus, Rory! — Jinx disse de novo, nunca deixando passar a oportunidade de irritar o gêmeo. — Estamos pousando para reabastecer, não há nada para se preocupar. Pare de agir como uma velha!

O rosnado de Rory retumbou e Cam colocou as mãos para cima.

— Ei, sem chicotear ao redor no meu avião. Não quero o couro danificado! Neste jato, se você quebra, paga por isso! Acredite em mim rapazes, definitivamente não querem pagar por qualquer coisa!

— Diga a ele para calar a boca, então! — Rory resmungou quando Jinx riu.

— Cresçam! Vocês juntos são como crianças. — Cormac respondeu, recebendo caretas de ambos.

O jato pousou suavemente, com um olhar surpreso de Rory, que nem percebeu que estavam tão perto do chão. Jinx, aparentemente, não pode evitar brincar uma última vez com Rory.

— Marcus pode aterrissar este avião em um bloco de gelo e nós ainda não saberemos. Pare de ser um bebê e apenas aproveite o passeio.

Rory fez uma careta, mas não respondeu, preferindo olhar pela janela.

Não demorou muito para que estivessem de volta no ar, para resolver quaisquer problemas que a matilha Highland tivesse e Cam levou algum tempo para recuperar o atraso com tudo o que aconteceu na Escócia.

Ele não conseguiu esconder sua surpresa quando soube que dois de seus amigos encontraram suas verdadeiras companheiras e riu tanto que seu lado doía em todas as aventuras que o trio passou até ao ajudar seus amigos. Como ambas as lobas estavam com outra matilha e seu Alfa não queria perder elas, os homens montaram uma estratégia para sequestrar as mulheres e acasalar com elas antes do Alfa pudesse impedir.

Seu pai não ficou feliz quando o Alfa apareceu, irritado e chateado com a perda de duas de suas fêmeas, mas o acordo foi feito de modo a única coisa deixada em aberto era a restituição. Sua matilha perdeu muita madeira em pagamento pelas ações dos homens, mas todos trabalharam juntos para pagar o mais rápido possível.

Rory, como de costume, estava no meio e pagou um alto preço em horas para cortar a madeira.

— Você deveria ter visto minhas mãos! Bolhas sobre elas e meu corpo, doeu por uma semana! — Rory gemeu, olhando para as mãos como se esperasse ver as bolhas reaparecerem.

— Você é uma velha! Algumas bolhas não matam ninguém e foi sua ideia de sequestrar elas em primeiro lugar! — Cormac lutou muito para abafar a risada.

— Bem, o Alfa não as deixaria ir. O que mais poderíamos ter feito? — Rory e Logan falaram as mesmas palavras, ao mesmo tempo e Cam começou a rir.

— Pela Deusa, eu perdi isso! — Ele conseguiu dizer quando todos se juntaram a ele.

— Vocês dois me fazem rir. Como conseguem? — Perguntou Cam, olhando para os gêmeos.

— O que? — Disseram em uníssono.

— Isso! — Todo mundo gritou.

Ambos encolheram os ombros.

— Não faço ideia. — Logan disse enquanto Rory balançava a cabeça.

— Ei Cam. — Cormac disse quando ele se virou. — Você ainda faz aquele pequeno truque?

Cam inclinou a cabeça para o lado, levantando a mão e estalando os dedos.

— Você quer dizer isso?

Um jeans apareceu na mão de Cam quando ele riu.

— Sim, ainda posso fazer. — A mãe de Cam era parte bruxa e passou a ele o dom, que manteve principalmente em segredo e nem mesmo seus amigos sabiam a extensão de seus poderes. Podia lançar feitiços muito mais poderosos do que manipular roupas, o qual todos estavam cientes.

— Você o mantém quando se transforma? — Rory queria saber.

— Faz tanto tempo que ele provavelmente não se lembra! — Jinx disse sarcasticamente.

— Jinx! — O tom de Cam avisava seu amigo para ficar em silêncio.

— O que? Você não quer que os rapazes saibam que dificilmente solta sua fera? — A raiva de Jinx aparecia em suas palavras.

— O que está acontecendo? — Perguntou Cormac, olhando entre Cam e Jinx.

Cam balançou a cabeça.

— Nada. Tenho estado ocupado com o trabalho ultimamente e não tive a chance de me transformar.

— Cam, você sabe que não é bom. Seu animal ficará inquieto. — De novo foi Cormac que falou enquanto os gêmeos olhavam para ele com os olhos arregalados.

— Chega! — Cam levantou. — Vou descansar. Se certifiquem de fazerem a mesma coisa.

Quando Cam foi para a parte traseira da cabine, pode ouvir a voz de Rory claramente:

— Porra! Isso não é bom, todos nós sabemos o quão ruim ficará se não se transformar.

A voz suave de Jinx respondeu:

— Eu sei, estou falando isso há semanas.

O temperamento de Cam explodiu com as palavras. Não queria que eles soubessem que fazia semanas, não meses, desde que permitiu ao seu lobo rédea solta. Batendo a porta atrás de si, foi até a cama e deitou. A raiva e sua fera rondando dentro de sua cabeça significava que era um longo tempo antes de dormir.


Capítulo quatro

Uma batida alta na porta de Cam fez sua cabeça bater em uníssono com as pancadas. Jinx gritou.

— Cam levanta, vamos pousar em breve.

Balançando a cabeça para limpar ela, ele gritou de volta:

— Vou sair daqui a pouco.

Seu tom de voz dizendo a seu amigo para o deixar em paz. Cam ainda estava irritado com Jinx e queria se acalmar antes de se juntar ao grupo na cabine. Se limpando rapidamente na pia do banheiro em anexo, escovou os dentes, em seguida, passou as mãos pelo cabelo, olhando seu reflexo no espelho.

— Se contenha! — Ele disse em voz alta quando sentiu sua fera rondando inquieto, mais uma vez. — Você vai sair em breve Lobo, então só relaxe.

Seu animal pareceu prestar atenção, se deitou suspirou.

— Bom, agora se comporte porque preciso me concentrar.

Quando ele sentiu como se estivesse mais no controle, tirou o terno, vestindo um jeans e uma camisa casual. Puxando uma jaqueta jeans de seu guarda-roupa sempre abastecido, a vestiu antes de reunir todos na cabine principal, notando que já estavam fazendo sua descida. Rory ainda parecia um pouco preocupado quando se aproximavam da terra na aterrissagem.

— Rory, você conseguiu descansar?

Cam tentou distrair seu amigo e quando os olhos de Rory deixaram a janela e encontrou os seus, esperava que sim.

— Sim, dormi um pouco no sofá. — Os olhos de Rory foram para janela de novo.

— Eu dormi nele muitas vezes. — Cam continuou a conversa. — Não é tão bom como a cama, mas é confortável o suficiente.

Rory bateu o couro ao lado dele.

— Sim, está tudo bem para uma soneca, mas o ronco de Logan me manteve acordado.

— Cala a boca! Eu não ronco! — Logan respondeu, franzindo o cenho para seu irmão.

Cormac interrompeu:

— Sim, você ronca.

Jinx chamou a atenção de Cam, levantando uma sobrancelha, perguntando se estavam bem. Cam moveu a cabeça um pouco para deixar ele saber que as coisas estavam bem e seu melhor amigo lhe deu um pequeno sorriso. Cam sentou assim que o avião pousou, não foi tão bom como de costume e se perguntou se a pista estava em condições precárias. Se assim fosse, precisava resolver isso antes de seu jato decolar. Não arriscava com o seu avião.

Quando pararam, Cam se dirigiu a todos.

— Ok, vamos ver o que Fearghas tem a dizer e levar as coisas daí. Hoje à noite quero ter uma ideia do que está acontecendo e então podemos descansar e tomar qualquer ação que precisarmos amanhã.

— Parece bom. — Jinx concordou enquanto os gêmeos e Cormac assentiam com a cabeça.

— Tanto faz. — Cormac disse enquanto se levantavam, esperando para desembarcar.

Marcus apareceu, abrindo a porta, deixando a escada descer, em seguida, se voltando para Cam perguntou.

— Espero por suas ordens? Ou quer que volte para a base?

Cam pensou por um segundo ou dois antes de responder.

— Espere um pouco de qualquer maneira. Quero que você verifique a pista e veja se precisa de reparos. Quero isso feito antes de decolar.

Marcus concordou.

— Sim, ela definitivamente precisa de limpeza. Há galhos e outras coisas sobre ela. Desculpe chefe, o desembarque não foi tão bom como deveria ser.

— Não é culpa sua. — Cam bateu no ombro de Marcus. — Lide com isso, em seguida, vá para casa. Eu tenho certeza que ficaremos aqui por alguns dias pelo menos e se precisar, eu ligo.

— Ok. — Marcus disse, olhando pensativo. — Tenha cuidado, chefe.

— Sempre tenho. — Cam sorriu quando passou por seu piloto e deixou o jato. — Marcus, você pode colocar as malas para fora, para que alguém venha recolher?

— Sem problema. — Marcus acenou enquanto Cam se virava, caminhando em direção à festa de boas-vindas na outra extremidade da pista.

Ele sentiu os gêmeos e Cormac em suas costas, Jinx caminhando rapidamente a seu lado.

— Aquele é Fearghas? — Seu amigo perguntou quando se aproximavam do pequeno grupo esperando por eles.

— Sim. — Cam apertou os olhos, usando sua visão melhorada para localizar seu tio. — Nossa, ele parece doente.

— Bem o que pensei. — Jinx respondeu suavemente.

Quando estavam a alguns passos de seu tio, tia Marie caminhou para se aproximar.

— Cameron, meu rapaz! Estou tão feliz em te ver.

Fearghas agarrou ele pelos ombros, com um sorriso em seu rosto, Cam sorriu de volta.

— Alfa. — Disse ele com tanto respeito que conseguiu reunir. Essa palavra sempre entupindo sua garganta.

— Não, não, não me chame assim! Sou seu tio, simples assim. — Fearghas lhe deu uma sacudida rápida antes de abraçar rapidamente.

— Tia Marie, que bom te ver. — Cam sorriu para a pequena mulher que parecia ofuscada ao lado dos grandes homens que a rodeavam.

— Cameron, estou feliz que pode vir. Estamos tão preocupados. — Os olhos de Marie tinham olheiras abaixo deles, um sinal revelador de que não estava dormindo direito.

Fearghas se virou, com o braço apontando para um homem grande de barba para vir para frente.

— Cameron, este é Matthieu Oleander, meu Beta. Como sei que você não esteve aqui em muito tempo, ele assumiu há alguns meses.

Cam sorriu, enquanto os pelos de seu lobo se levantaram com o olhar nos olhos do homem. Ele obviamente não queria Cameron ou seus homens ali.

— Olá. — Cam disse enquanto estendia a mão para Matthieu.

Foram vários segundos antes do outro lobo reagir, fechando o rosto para esconder o olhar que Cam viu, enquanto segurava sua mão.

— Bonjour. — Disse enquanto apertava ainda mais a mão de Cam.

— Francês? — Cam perguntou enquanto devolvia o aperto antes de Matthieu ceder e soltar.

— Oui. — Foi tudo o que o Beta disse antes que se virasse e caminhasse de volta para as cabanas.

— Muito amigável, não? — Jinx sussurrou enquanto Fearghas franzia a testa para as costas do Beta.

— Realmente. — Cam sussurrou de volta. — Fique de olhos nele.

Jinx assentiu.

— Sim. — Respondeu ele, enquanto seus olhos seguiam o lobo.

Marie fez sinal a todos.

— Venham, tenho uma refeição esperando enquanto conversamos.

— Parece bom. — Cameron e o restante começou a seguir ela depois de Matthieu, Fearghas e Marie andarem na frente.

Cam teve tempo para olhar ao redor, à procura de todas as áreas que eram pontos fracos no caso de o pior acontecer e serem atacados. O que viu foi uma comunidade bem definida com vários postos de vigia espalhados para cobrir áreas que poderiam ser potencialmente problemáticas. Sorrindo, Cam percebeu que estava previsto da forma como ele mesmo teria feito.

Sua tia continuava conversando enquanto caminhavam.

— Fergie quer muito te ver, Cameron, está esperando por nós na cabana com Angel.

— Quem é Angel?

Marie riu:

— Ela é sua companheira.

Os passos de Cam hesitaram.

— Companheira? Não sabia que ele tinha uma.

Marie olhou por cima do ombro, seu sorriso tão brilhante que era uma alegria de se olhar.

— Sim, ela começou a ajudar após o acidente e assim, se tornaram próximos e antes que soubéssemos estavam acasalados.

— Isso é ótimo. — Cam respondeu enquanto se perguntava como era mesmo possível. Para acasalar realmente seria necessário ter relações sexuais e ele não achava que alguém que ficou paralisado seria capaz disso. Então, de novo, não estava realmente certo da extensão dos ferimentos de Fergie, sabendo apenas o que sua mãe lhe disse.

— Isso é possível? — Rory murmurou enquanto Cormac dizia.

— Shh.

Jinx se virou, dando aos gêmeos um olhar de advertência antes de continuar.

A cabana do tio era exatamente como se lembrava, grande e suntuosa, mas aconchegante ao mesmo tempo. Era muito mais agradável do que a de seu próprio pai e Cam se perguntou por que o pai era tão econômico. Tornar uma casa confortável para aqueles que viviam lá parecia ignorante, mas seu pai, obviamente, pensava diferente.

— Quanto tempo faz exatamente, desde o acidente? — Cam não conseguia lembrar do que sua mãe disse.

Fearghas grunhiu, a raiva saindo do Alfa quando se virou.

— Não acho que foi um acidente, mas foi há seis meses. Vai ver que colocamos rampas em todos os lugares para que Fergie possa se locomover sozinho. Eles têm uma pequena cabana nos arreadores da matilha, tudo em nível plano, com tudo feito para acomodar ele.

A mão de Marie entrelaçou o braço de Fearghas, como se estivesse tentando acalmar ele.

— Aqui vamos nós, entrem, entrem e se sintam em casa, rapazes.

— Cam, é você? — O grito de Fergie era animado quando entrou na cozinha, indo direto para eles, muito rápido.

No último segundo, conseguiu puxar a cadeira de rodas para uma parada, inclinando para trás em suas rodas traseiras. Uma jovem saiu correndo atrás dele, gritando enquanto vinha.

— Fergie! Pare de fazer isso! Vai se se machucar, ma chérie.

Cam sorriu para o primo, observando tudo rapidamente. O brilho em seus olhos, os músculos superiores de seu corpo. Olhou o retrato da saúde, apesar de estar preso em uma cadeira de rodas. A mulher segurava as alças da cadeira, puxando ele para trás antes de se inclinar para baixo e colocar um beijo na bochecha de Fergie.

Seu primo a agarrou, puxando seu corpo até que ela se sentou no colo dele e beijou seus lábios por um breve momento. Se afastando, ele sorriu para eles.

— Ela não é linda? Essa é Angel, minha companheira. Angel, conheça Cam, meu primo e seus amigos.

Cam não pode evitar o sorriso que apareceu em seu rosto.

— Prazer em te conhecer, Angel. Vejo que você tem suas mãos cheias com esse aí.

Seus olhos percorreram o cabelo longo e escuro dela, que brilhava e cintilava na luz solar. Seus olhos eram escuros como chocolate e também brilhavam, com amor óbvio por seu primo. Ela era absolutamente impressionante.

Angel riu.

— Oui! Ele é definitivamente demais. Cam, prazer em te conhecer.

Fergie quase fez beicinho, seus olhos fixos em Cam.

— Não comece a usar seu charme de playboy com ela. Vi o sorriso!

— Desculpe. — Cam riu. — Mas ela é tão bonita que simplesmente não pude evitar!

O rosto de Angel ruborizou quando Fergie fez uma careta para ele.

— Hmf! — Foi tudo o que ele disse, ainda sério.

Fearghas gritou da cozinha.

— Venham, nós temos muito o que conversar.

Cam viu o rosto de Fergie ficar mais sério ainda enquanto Angel saia de seu colo e caminhava para a cozinha, seguindo Marie. Cam conduziu Jinx e os rapazes para frente.

— Vão em frente, estarei lá em um minuto.

Fergie olhou para ele.

— O que está acontecendo? — Cam perguntou e viu o cenho franzido de seu primo se aprofundar.

— Eu não tenho certeza Cam, mas sei que meu acidente não foi um acidente. — Os olhos de Fergie endureceram. — Tenho certeza de que fui nocauteado primeiro, em seguida, jogado sobre o penhasco. Senti alguém pouco antes de apagar, mas é a coisa mais estranha, quando me lembro daquele momento, não me lembro de me sentir preocupado ou em estado de alerta. Entende?

— Estranho. — Cam concordou antes de acenar para o restante deles. — É melhor ir até lá. Acho que não quer sua nova companheira recebendo toda a atenção daqueles homens. Especialmente os gêmeos!

Fergie rosnou, girando rapidamente e acelerando em direção a Angel. Cam sorriu enquanto seguia, quase sem acreditar que seu primo parecia tão bem.

— Angel, fique longe deles! Eles têm braços como um polvo! — Fergie disse enquanto tomava o seu lugar na mesa, que não tinha cadeira. — Vocês dois, se colocarem uma mão nela, vou arrancar suas cabeças. Compreenderam?

Jinx sorriu enquanto Rory e Logan colocavam as mãos para cima, falando ao mesmo tempo.

— Sim.

— Bom, porque não quero envergonhar vocês por ter um aleijado os derrubando. — Fergie deu um tapa na bunda de Angel quando ela passou, com o rosto vermelho.

Marie gritou.

— Fergie! Vai se comportar? Os nossos convidados acabaram de chegar e você já está ameaçando.

— Me comportar? Eu? Não vai acontecer, mamãe. Deveria saber disso! — Fergie sorriu enquanto Cam ria alto, especialmente pelos olhares chocados dos gêmeos e Cormac.

Fearghas sentou à cabeceira da mesa, Cam tomou o assento à sua frente, com os rapazes de ambos os lados. Marie colocou os pratos e comida no meio, dizendo para se servirem.

Cam se serviu de suco, enquanto esperava que os lobos estivessem todos sentados, antes de olhar diretamente para seu tio.

— Ok, nos conte o que está acontecendo e porque seu Beta não está aqui?

Surpreso que o Beta não estivesse onde ele deveria estar, ao lado de seu Alfa, Cam levantou uma sobrancelha quando Fergie bufou. Os olhos de Cam encontraram os de seu primo, que apenas balançou a cabeça enquanto Fearghas respirava fundo e começava a falar.

Não era apenas Cam que estava chocado com os acontecimentos, Jinx e os outros deixavam rosnados escapar de vez em quando.

Tudo começou com o “acidente” de Fergie, mas definitivamente não terminou ali. O antigo Beta sofreu terríveis ferimentos fatais em um acidente de carro, Matthieu assumindo apenas três meses atrás. Embora o agora Beta esteja com a matilha por um curto período de tempo, ele subiu na hierarquia. Antes era um dos guardas e Fearghas pensou que seria um bom Beta.

Quando seu pai disse isso Fergie bufou de novo, mas segurou a língua. Interessante. Cam pensou enquanto voltava para seu tio. Vários outros guardas simplesmente desapareceram, quer fossem feridos, mortos ou simplesmente se mudaram, ninguém sabia. Fearghas estava convencido de que certamente não foi o último.

Seu negócio de corte de árvores também teve alguns acidentes muito desagradáveis, alguns que nunca aconteceram antes e de novo Fearghas suspeitava de jogo sujo. Então, havia o negócio das cabanas de luxo, várias foram vandalizadas pouco antes de importantes clientes chegarem.

Cam ouviu atentamente e além das lesões físicas, desaparecimentos e morte, tudo parecia algo hostil. Algo com o qual lidou muitas vezes em suas corporações.

— Tio, preciso concordar que tudo isso parece com alguém tentando assumir. Se é a matilha, as terras ou apenas as empresas, não podemos ter certeza neste momento. Definitivamente não são humanos por trás disso, por isso só podemos supor que seja outra matilha. Então, me fale sobre aquelas nas proximidades. Me dê o máximo de informações que puder.

Fearghas contou sobre a matilha menor fora de Maple Falls, dizendo que nunca teve qualquer problema com eles. Na verdade, até mesmo ajudou no mau tempo e enviou alguns lobos para ajudar.

Cam estava bem consciente de que apenas uma forte e grande matilha contemplaria assumir a de seu tio.

— E sobre a matilha do outro lado da fronteira?

Fergie saltou.

— Eu não estava longe de suas terras quando fui ferido. Fui checar uma carga de árvores que destinamos à exploração madeireira e aconteceu quase na fronteira.

Cam levantou a mão, se voltando para seu primo.

— Fergie, não quero parecer grosseiro, mas como são exatamente seus ferimentos?

— Tudo bem. — Fergie respondeu com um sorriso torto. — A maioria das pessoas não têm a coragem de perguntar. Basicamente, não sinto nada cerca do meio da coxa para baixo. Os médicos não têm certeza do que está causando a paralisia, comigo sendo um lobo e tudo, a minha fisiologia é diferente de um ser humano. Tudo o que sei é que as minhas pernas não funcionam.

— Entendi. — A mente de Cam ia sobre uma série de coisas que teria tentado se estivesse na posição de Fergie e estava prestes a expressar elas quando seu tio continuou falando.

Fearghas assentiu enfaticamente.

— Quando finalmente encontramos Fergie, estava convencido de que podia sentir o cheiro de alguém, alguma coisa, mas era apenas um fantasma e não consegui agarrar. Estive lá fora uma centena de vezes, desde então, caçando, mas até agora não consegui nada.

— Então está matilha canadense é grande? — Cam perguntou, olhando entre Fergie e seu tio.

Fergie assentiu.

— Sim, conhecemos o Alfa, era um homem simpático e estávamos em boas condições. Diria que cerca de dez anos atrás, algo aconteceu e de repente, tinham um novo Alfa e ele não foi tão amigável. Nos avisou para ficar longe de suas terras se quiséssemos manter a paz.

Cam olhou para Fearghas.

— E você fez isso? Se manteve fora das terras?

Fearghas grunhiu.

— Sim, não porque ficamos com medo ou intimidados, mas por causa de boas maneiras. Nós não invadimos as terras de outra matilha, pura e simplesmente.

— Acha que esse Alfa está por trás disso? Se assim for, como não sentiu o cheiro dele e de seus lobos? — Cam estava confuso e não conseguia entender a falta de aroma de outros lobos na área.

— Não tenho ideia. Angel. — Fearghas fez sinal para a jovem. — Nos conte sobre o novo Alfa.

Angel ficou atrás de Fergie, com as mãos em seus ombros.

— O nome dele é Philippe Dupont e é um monstro! É injusto e cruel, lida com a matilha como um campo de escravos medievais. Consegui sair, mas isso foi no início, antes que ele conseguisse levar todos seus próprios homens para o lugar. Agora, tenho certeza de que as pessoas não podem deixar a matilha livremente, não vivos de qualquer maneira. Também mudou o nome, que agora é chamado de Matilha Wild Ranch3!

A mão de Fergie levantou, apertando a mão dela suavemente. Cam notou as lágrimas em seus olhos quando ela desviou o olhar.

— Parece o tipo de homem que gosto de conhecer. — Jinx falou, todo mundo se voltando para olhar para ele. — O quê? — Os olhos de Jinx se arregalaram. — Ele não merece ser um Alfa se age assim.

— Não, ele não merece, mas o fato é que ele é, por isso precisamos pisar com cuidado. — A mente de Cam voltou para algo no qual pensou mais cedo. — Fergie, se os médicos estão perplexos, você pensou em ver uma bruxa? Usar magia para te ajudar a se curar?

O nariz de Fergie franziu como se ele tivesse sentido o cheiro da coisa mais vil possível e Fearghas bufou alto. Cam se eriçou, afinal, ele era parte bruxo, como sua mãe.

— Não acreditamos em bruxaria. — Fearghas disse calmamente.

— Se puder ajudar, então deveria reconsiderar. — Os olhos de Cam foram para seu primo. — Eu posso verificar, se quiser.

Os olhos de Fergie se afastaram.

— Não tenho certeza, Cam.

— Podemos falar sobre isso mais tarde, agora vamos só nos concentrar na ameaça à matilha.

A palma da mão de seu tio bateu na mesa, com força, fazendo as coisas pular e agitar.

— Se eu tivesse certeza de que é Philippe, iria para a guerra, mas não tenho. Nunca há qualquer aroma de outros lobos em qualquer lugar perto de qualquer um dos incidentes e nenhum corpo se transformou nos nossos lobos desaparecidos. O Conselho não vê com bons olhos minha matilha indo atrás deste Alfa sem provas sólidas.

Cam concordou.

— Exatamente por isso proponho que eu e os rapazes saiamos na primeira hora da manhã para os locais desses incidentes. Começaremos por onde foram atacados e partir de lá. — Cam parou, pensando. — Não, espere. Os rapazes e eu iremos com muito cuidado a partir daqui, no lugar do acidente de Fergie. Quero garantir que não há nada de inconveniente mais perto de casa, por assim dizer.

— O que quer dizer? — Perguntou Fergie, franzindo a testa como se estivesse tentando descobrir onde Cam estava indo com isso.

— Só quero ter certeza de que não há sinal de ninguém ou qualquer coisa perto das cabanas, se nós só formos através da floresta para onde você foi ferido poderíamos perder coisas. Vamos devagar, procurando em cada centímetro onde foram atacados.

— Qual é o ponto? Se não pudemos cheirar nada, então como é que vai ir? — O rosto de Fergie estava irritado quando encarou o primo.

— Não estou tentando insultar qualquer uma de suas habilidades, mas quero ir e ver se posso sentir qualquer coisa que passou...

— Não perdemos nada! — Fearghas gritou, mais uma vez a mão batendo na mesa com força. — Eu fui para onde Fergie estava ferido uma centena de vezes e nem uma vez senti o cheiro de nada. Nem uma maldita coisa!

Quando ele terminou, houve um silêncio absoluto, uma goteira poderia ser ouvida, enquanto todo mundo olhava entre o Alfa e Cam.

Cam ficou sentado, esperando, arrastando o silêncio por alguns minutos antes de inclinar a cabeça para o lado.

— Alfa, estamos aqui para ajudar, mas farei minhas próprias investigações. Se isso não é aceitável, entendemos e ligarei para Marcus para vir nos buscar.

Marie caminhava para frente e para trás, torcendo as mãos, enquanto olhava para seu companheiro.

— Fearghas, por favor. — Ela sussurrou, sua voz cheia de emoção.

Quando Fearghas lutou para se controlar, Cam se endireitou, não abaixando os olhos e esperou. Finalmente o tio assentiu uma vez e respondeu.

— É aceitável.

— Bom. — Cam sabia que seria tudo o que iria receber do Alfa. — Agora, pode mostrar onde vamos dormir, em seguida, quero conversar com meu primo aqui antes de ir.

Marie pulou como se estivesse saindo de um sonho, com os olhos voando para Fearghas e de volta para Cam.

— Claro, colocamos vocês no clube da matilha, se estiver tudo bem. Eles têm um grande número de quartos e estão esperando vocês. Algumas lobas foram designadas para fazer o café da manhã, mas podem vir aqui para almoçar, jantar ou qualquer outra hora que estiverem com fome. Sei como vocês, lobos jovens são. Nunca param de comer.

Rory olhou apontando para Cormac.

— Alguns de nós de qualquer maneira.

Cam se levantou, querendo evitar um jogo de empurra entre Rory e Mac.

— Se mexam todos, quero que estejam na cama e descansem, porque vindo a primeira luz do dia vou fazer vocês trabalharem duro. Não quero ninguém gemendo ou rabugento, entenderam? — Quando Cam olhou ao redor da mesa cada um deles balançou a cabeça. — Bom, agora vão e descansem.

Seus lobos se levantaram, agradecendo Marie e Angel pela comida oferecendo a todos boas noite. Fearghas se levantou.

— Vou mostrar onde vão ficar, rapazes.

Quando a cozinha esvaziou Cam se virou para o primo.

— Podemos conversar em algum lugar privado?

Fergie assentiu.

— Claro, venha até o escritório.

Cam seguiu a cadeira de rodas do primo, determinado a levar ele a ouvir o que tinha a dizer. Não se importava com o que o Alfa sentia sobre bruxaria. Se pudesse ajudar o primo com certeza ajudaria, pelo menos, tentaria.

Mesmo que batesse de frente com o tio. Afinal, Cam foi preparado para lutar com um Alfa. Teve toda uma vida para se preparar.


Capítulo cinco

O escritório parecia como Cam se lembrava, toda a madeira escura, com uma lareira iluminada, a grande mesa de madeira ocupando cerca de um terço da sala. Havia apenas duas poltronas viradas para o fogo agora, a terceira, obviamente, levada para deixar mais espaço para a cadeira de rodas de Fergie.

Ele sabia que seu rosto estava mostrando a tristeza ao ver o primo vibrante e insolente em uma cadeira de rodas então escondeu. Uma emoção fria apareceu em seu rosto quando sentou. Fergie foi ao pequeno armário que continha o melhor uísque do tio. Embora não fosse nada como uma de suas garrafas de mil dólares ainda era uma boa bebida.

— Obrigado. — Cam disse quando pegou o copo generosamente cheio que Fergie estendeu para ele. — Agora, podemos conversar?

Fergie sorriu, tomando um gole do uísque.

— Bem-vindo à matilha Highland Wolf, Cam. Faz muito tempo desde que te vi.

Cam tomou uma bebida, erguendo o copo em direção Fergie.

— Obrigado, mas continuo esperando que o nome mude. Highland Wolf? É muito antigo para continuar se chamando assim.

Fergie riu, balançando a cabeça enquanto respondia.

— Porra, não deixe que ele te ouça dizer isso! “Nos faz lembrar de nossas raízes, rapaz. Nossas raízes!”

Cam começou a rir enquanto a voz de Fergie assumia o tom exato de Fearghas.

— Merda! É melhor você manter isso baixo, Fergie. O velho já te ouviu? Ele teria um ataque!

Fergie sorriu.

— Não, não sou estúpido. Só faço isso quando sei que ele não está por perto.

— Bem, posso entender ele querer manter o nome então. — Cam tomou um grande gole da bebida, saboreando o calor, uma vez que desceu pela garganta. — Agora Fergie, me fale sobre Angel.

O sorriso que surgiu no rosto do mais lobo jovem era glorioso, mesmo um leve rubor cobriu suas bochechas.

— Ela é linda, não é? Não sei como tive tanta sorte. Estou na lua desde que ela concordou com nosso acasalamento.

A mão de Cam se levantou, parando seu primo.

— Mais uma vez, não quero ser grosseiro, mas vocês estão completamente acasalados?

Fergie riu, seus olhos brilhando com malícia.

— Sim! Ainda estou totalmente funcional nesse departamento.

— Fico feliz em ouvir isso Fergie, feliz mesmo. — Cam não pode deixar de sorrir, a emoção e a felicidade do primo transbordando e enchendo a sala.

Fergie tomou seu uísque enquanto Cam tentava pensar na melhor maneira de abordar o assunto que, até agora, estava contornando.

— Porra, acho que deveria apenas ir em frente.

Quando Fergie lançou um olhar estranho, Cam percebeu que disse em voz alta. Encolhendo os ombros continuou.

— Posso falar francamente?

— Claro. — A atenção de Fergie agora estava totalmente em Cam. — O que está em sua mente, primo?

Cam respirou fundo.

— Precisa ouvir, sem interrupções. Ok?

Fergie assentiu então Cam continuou.

— Eu sei que a maioria dos lobos não gostam de magia ou bruxas, mas você sabe que sou parte bruxo, não é?

— Bem sim, o velho mencionou algumas vezes, mas você nunca fez nada mágico perto de mim, então pensei que realmente não tivesse quaisquer poderes.

Levantando, Cam foi encher o copo quase vazio.

— Você quer mais? — Ele perguntou, Fergie balançou a cabeça e esperou ansiosamente. — Certo, posso fazer magia, alguns feitiços simples, nada de dramático, mas certamente vem a calhar às vezes. Tenho uma capacidade bastante singular que minha mãe diz que é rara, mas não é por isso que estou trazendo a magia para a questão.

Tomando o uísque quando ele sentou, Cam manteve os olhos fixos em Fergie, tentando avaliar a reação dele quando continuou.

— O que gostaria de fazer é contatar uma bruxa poderosa que conheço. Suas habilidades de cura são muito fortes e acho que ela deve te olhar...

— Não. — A voz de Fergie parecia torturada, fazendo Cam levantar uma sobrancelha quando a voz do lobo mais jovem abaixou. — Tenho medo de não funcionar. O velho é totalmente contra a bruxaria de qualquer espécie. Alguma coisa sobre o que aconteceu nas Highlands há muito tempo. Ele nunca nos contou toda a história, mas odeia bruxas e não vai permitir uma em sua terra. Você, meu querido primo, é uma exceção porque é principalmente Lobo.

— Me sinto honrado. — Cam disse ironicamente.

— Bem, minha mãe levantou este ponto não muito tempo depois que isso aconteceu, mas ele não ouviu.

Cam fez uma careta, sem entender por que seu tio não queria tentar absolutamente de tudo para deixar seu filho melhor.

— Eu entendo, bem isso ainda não significa que não pode ver ela. Posso te levar ou ela pode ir para Maple Falls.

Fergie estreitou os olhos.

— Ele é Alfa, Cameron. Não posso ir contra ele. Só não posso.

Ao ouvir o tom angustiado nas palavras do primo Cam balançou a cabeça lentamente.

— Sinto muito, Fergie. Só quero ajudar.

— Eu sei. — Fergie olhou para as chamas diante deles. — Ele é simplesmente tão mortalmente contra magia e não posso ir contra Cam e não é só porque é o Alfa. Amo ele e por tudo que fez por mim e Angel, assim seria como um tapa no tosto. Sabe?

Com frustração crescente, Cam tentou se acalmar antes de responder.

— Entendo, mas por favor, pense nisso. Por mim?

— Sim, mas precisamos chegar ao fundo do que está acontecendo aqui primeiro.

— Sim. — Disse Cam e inclinou a cabeça para o lado. — Me conte sobre o novo Beta, Matthieu.

Embora o lobo mais velho não tenha causado uma boa impressão em Cam, ele não tinha nada contra ele. Muitas poucas pessoas, humano, lobo ou outra forma, causavam uma boa impressão. Seus padrões não eram altos e até agora, Matthieu não chegou perto deles.

O nariz de Fergie franziu, como se um mau cheiro tivesse entrado no quarto.

— Ele é forte, com certeza e mantém os outros na linha, mas...

Seu primo parou, com os olhos mais uma vez deixando Cam e olhando para o fogo.

— Mas? — Cam cutucou.

Olhos perturbados voltaram para Cam, a voz de Fergie era baixa quando ele respondeu:

— Eu não confio nele.

Balançando a cabeça, Cam levantou uma sobrancelha.

— Por quê?

— Eu não sei. — Fergie bebeu o último de seu uísque, embalando o copo vazio em suas mãos. — Não tenho nada para basear isso, mas sempre pareceu fechado para mim.

Tomando seu uísque, Cam refletiu sobre as palavras de Fergie. O Beta fazer ele se sentir no limite, sabia exatamente o que significava para seu primo. Matthieu definitivamente era fechado para ele também. No entanto, Cam sempre conhecia seus sentimentos sobre as pessoas, não os julgava totalmente sem evidência para se apoiar.

— De onde ele veio? Seu sotaque diz perto da fronteira. Pode falar francês, mas definitivamente não é da França.

— Ele diz que foi criado perto de Quebec. — Fergie espelhou o anterior levantar de sobrancelha de Cam, que dizia muito mais do que suas palavras.

— Não acredita nele?

Fergie encolheu os ombros.

— Não tenho certeza, nunca senti nenhum cheiro de mentira nele, mas então, poderia só ser um bom mentiroso. Eu sei que não acredito em qualquer coisa que ele diz.

A mente de Cam começou a trabalhar rapidamente.

— Você pode me dar detalhes, como nome, onde disse que viveu antes daqui, qualquer membro da família, qualquer coisa que puder se lembrar? Vou colocar um de meus homens sobre ele e ver o que acham. Confie em mim, se há alguma coisa para descobrir sobre Matthieu então meu homem encontrará.

— Claro. — Fergie respondeu. — Amanhã passarei os detalhes. Mas tenho certeza que não há muito em seu arquivo. Disse que mudou muito antes de vir aqui.

Rindo, Cam olhou ao redor do escritório.

— Seu velho ainda mantem todos os arquivos?

— Ele com certeza faz. Diz que gosta de ter informações em caso de qualquer problema com o Conselho.

— Fergie, isso me lembra, por que seu pai não entrou em contato com eles? O Conselho. Certamente poderiam enviar alguém para olhar para tudo isso que está acontecendo?

Fergie se moveu até o armário, colocando o copo na mesa e rapidamente se virou.

— Ele disse que não temos provas suficientes para chamar eles, mas gostaria que ele, pelo menos, apresentasse algum tipo de relatório ou algo. Estou preocupado Cam, realmente preocupado.

— Com?

— Tenho certeza de que não era para eu sobreviver, então o Beta é morto, os nossos mais importantes e fortes guardas vão embora ou são feridos. Tenho um mau pressentimento de que o próximo alvo será o nosso Alfa. — Fergie olhou para trás, verificando se a porta estava fechada. — Eu não disse nada porque não quero que minha mãe se preocupe, mas tenho certeza que ele está em perigo. Eu sinto.

Cam podia sentir a preocupação saindo do primo, o enjoativo perfume no ar ao seu redor.

— Farei o meu melhor para descobrir o que está acontecendo e também tentarei manter o velho seguro. Talvez seja melhor se ele ficar perto do acampamento no momento.

— Concordo, mas boa sorte com isso. — Fergie respondeu, encolhendo os ombros. — Ele está sempre fora à espreita nos dias de hoje e às vezes não vemos ele desde a primeira luz até depois do jantar.

— Vou falar com ele pela manhã. Ver se não posso fazer ele ficar por aqui por alguns dias de qualquer maneira. Agora, me dê notícias da matilha. O que tem acontecido?

Cam se estabeleceu e ouviu enquanto Fergie contava sobre os acontecimentos do dia-a-dia, os acasalamentos, os novos filhotes que nasceram na matilha nos últimos anos e claro, a própria companheira, Angel. Quando o lobo mais jovem falou dela seus olhos se iluminaram, seu rosto relaxou e sua felicidade ficou clara.

— Estou muito feliz por você Fergie, ela certamente te faz feliz, isso é certo.

Fergie sorriu como um cachorrinho apaixonado.

— Sim, ela faz e é uma loba forte também. Não tenho ideia de por que se acasalou comigo.

— Porque ela te conhece e ama. Isso também é claro de se ver. A maneira como ruboriza quando te olha. É realmente bonito.

Fergie franziu a testa, os olhos indo para as pernas quase inúteis.

— Ainda assim, não sou exatamente o melhor partido.

Cam sentiu sua irritação em ascensão de novo pela forma como a magia era percebida ali. Ele tinha certeza de que a bruxa que tinha em mente poderia ajudar seu primo.

— Tem certeza de que não quer...

A mão de Fergie se levantou.

— Não, sinto muito Cameron, mas simplesmente não consigo. Ele está passando por merda o suficiente no momento e não quero acrescentar nada. Não teria nenhum argumento sobre isso. Melhor simplesmente deixar as coisas irem.

— Como quiser. — Cameron admitiu, enquanto levantava. — Vou dormir. Quero ter certeza de que todos nós descansem o suficiente para amanhã. Estarei trabalhando com os rapazes de forma intensa e passou muito tempo desde que caminhei pela floresta, então vou precisar de uma boa noite de sono.

Fergie voltou sua cadeira de rodas, seguindo Cam fora da sala.

— Boa noite Cam, espero que possa chegar ao fundo de tudo isso.

— Também. — Cam desceu o corredor. — Te vejo amanhã, primo.

— Cam. — Fergie lhe perguntou: — Quanto tempo pode ficar?

Cam ficou pensativo por um momento antes de responder.

— Tenho alguns compromissos sociais que posso perder e não tenho quaisquer reuniões de negócios urgentes por um tempo. Não se preocupe, ficarei por tanto tempo quanto for necessário. Eu sempre posso ter Marcus me levando a qualquer lugar urgente.

— Porra, obrigado. — Fergie respondeu, em seguida, sorriu para Cameron. — Fiquei com medo que pudesse ficar por pouco tempo e como eu disse, estou preocupado e me sinto um pouco inútil por ficar preso nesta coisa.

Fergie deu um tapa no braço da cadeira de rodas.

— Então, posso ir para casa para minha companheira e ter uma noite de sono decente, sabendo que você está cuidando do velho.

Cam acariciou Fergie no ombro.

— Vou fazer de tudo para manter todos seguros. Posso ser um homem de negócios agora, mas ainda sou um lobo forte e nenhum filho da puta vai prejudicar qualquer um dos meus.

Fergie riu.

— Aí está! O Cam que conheço e amo, não o homem afeminado em um terno!

— Ei! — Cam bateu no braço de Fergie não muito gentilmente. — Não pareço afeminado em meus ternos. Saiba que gasto uma fortuna neles para me certificar de que não!

— Sim, sim, você pode dizer tudo o que quiser. — Fergie riu alto quando se afastou, indo em direção à cozinha. — Vou pegar minha companheira, de mais de uma maneira e vou para casa.

— Eu não precisava saber disso! — Cam sorriu quando gritou um adeus rápido antes de sair, com um sorriso ainda no rosto.

Andando pelo campo acenou para alguns da matilha que estavam fora e alguns gritaram olá de forma amigável. Incrível que se passou muitos anos desde que visitou, mas parecia apenas alguns meses.

A terra que seu tio escolheu para sua matilha há muito tempo era bonita ao extremo. Exuberantes florestas verdes para caça e exploração madeireira, embora reabastecessem tudo três vezes para garantir que não esgotassem a área. A partir de terra plana que conduzia ao rio, passando por cima e para cima em uma cordilheira, tinha uma das mais espetaculares vistas que Cam já viu.

Engraçado como me sinto mais em casa aqui do que em minha casa real. Pensou enquanto caminhava para o clube. Fez uma rápida ligação para seu detetive, Jacob Stone e contou sobre o caso.

A reforçada audição de lobo de Cam pegou risadas e brincadeiras dentro da casa do clube enquanto se aproximava.

A voz de Mac era indignada quando Cam abriu a porta.

— Como ele faz isso? Isso é o que quero saber, quer dizer, estamos aqui há algumas horas ele já tem alguém ao redor do seu...

Logan interrompeu.

— Mac! Espero que você esteja prestes a dizer dedo.

Jinx caiu na gargalhada, se curvando e se segurando, quando Cam se juntou a eles.

— O que foi?

— Rory! — Mac e Logan disseram juntos.

Cam notou que o gêmeo mais extrovertido estava longe de ser visto.

— Onde ele está? Eu disse que queria que todos vocês descansassem.

Logan ruborizou, os olhos para baixo quando Jinx finalmente conseguiu se controlar. Foi seu melhor amigo quem respondeu:

— Ele saiu para uma volta com uma das jovens lobas. Menos de um minuto depois de sua parada para dizer olá tinha ela concordando em levar ele a uma excursão. Não tenho certeza quando vamos ver ele, mas meu palpite é que será apenas de manhã.

O rosnado de Cam era baixo enquanto sua raiva aumentava.

— O quê? Você está me sacaneando? É melhor ele trazer sua bunda aqui ou vou chutar ela daqui para a outra extremidade do campo!

O corpo de Logan permaneceu parado, seus olhos não se levantaram quando Cam olhou para ele. Mac encolheu os ombros.

— Não precisa falar assim com Logan, não é culpa dele que seu gêmeo seja capaz de fazer as mulheres se derreterem por ele. Avisei que você ficaria irritado, porém, espero que volte em breve.

Como se soubesse, Rory entrou, um sorriso enorme no rosto.

— Ela é tão legal! Boa para os olhos também, não acham?

O rosto de Cam se fechou ao olhar para Rory.

— Onde você estava, porra? Lá fora se esfregando com uma loba?

Rory levantou as mãos, olhando com os olhos arregalados cheios de inocência.

— Não, definitivamente, não estava me esfregando com ela, só me mostrou o lugar, eles têm ótimas ideias. Uma delas é simples, mas prática, têm prateleiras de madeira construídas em vários locais com grandes banheiras de plástico com tampas na frente. Colocam suas roupas lá quando se transformam para que fiquem limpas e secas quando voltam. Além disso, nenhuma chance de quaisquer animais sair correndo com elas.

Logan olhou entre seu irmão gêmeo e Cam.

— Sim, isso é uma boa ideia, não é, Cam?

Um pequeno grunhido retumbou de Cam.

— Nós não estamos aqui para descobrir onde guardar roupas. Rory, disse para vir aqui e descansar. Não me desobedeça de novo.

Mac se levantou.

— Ele está aqui agora Cam e tenho certeza que será um bom menino. Não será, Rory?

O tom de Mac enfatizou o último, sua sobrancelha levantada quando Rory assentiu.

— Sim, desculpe, não deixarei um rosto bonito me desviar, Cam. Não vai acontecer de novo.

— Bom. — Cam disse e seu corpo relaxou um pouco. — Nós temos muito trabalho para fazer amanhã e precisamos ficar alertas. Esses acidentes têm acontecido com lobos fortes cujas habilidades são formidáveis e foram pegos de surpresa. Não quero que isso aconteça a nenhum de vocês.

Ele olhou ao redor, seus olhos em cada um deles antes de sorrir.

— Afinal, se algo acontecesse com qualquer um de vocês, minha mãe me mataria!

Risadas ecoaram quando a tensão se rompeu e Rory ainda se desculpou.

— Realmente sinto muito, Cam.

Sin inclinou a cabeça para o lado e deu tapinhas no ombro de Rory.

— Sei que sim, mas vai ter tempo de sobra para se divertir depois que nós neutralizarmos qualquer ameaça. Ok?

Os olhos de Rory estreitaram.

— Sim reconheço. Sou um idiota por um rosto bonito, mas vou focar no que estamos aqui para fazer.

— Rory. — Cam abaixou a voz. — Você é um dos mais fortes aqui e preciso de você em minhas costas.

— Sempre cobrirei suas costas, Cam. — O rosto de Rory estava solene e muito mais sério do que o normal, enquanto falava.

Cam se virou para os outros, com a voz sombria.

— Precisamos tomar cuidado com os outros sobre isso, rapazes. Tenho a sensação de que ficará ruim.

Jinx levantou, ficando ao lado de Cam.

— Teremos cuidado e se passou um longo tempo desde que tive uma boa luta. Então digo, faremos isso e Deus ajude qualquer porra que ficar no nosso caminho. O que acham, rapazes?

Mac, Rory e Logan gritaram.

— Claro que sim! — A excitação agora saindo de todos eles. Seu pequeno grupo gostava de nada mais do que uma boa caçada.

— Bom. — Cam respondeu e sorriu para seus amigos. — Agora vamos descansar um pouco porque quero acordar antes do amanhecer.

Ele viu como seus lobos saiam, indo para seus quartos. Cam sentou em um dos sofás enquanto seu próprio lobo rondava ao redor, dentro de sua cabeça.

Amanhã, velho amigo, amanhã vou te deixar sair.

Seu lobo pareceu se acalmar quando Cam deitou e deixou que seus olhos se fechassem.


Capítulo seis

O cheiro de bacon cozido e café forte acordou Cam, o corpo dolorido de sua noite no sofá, que não foi feito para abrigar sua grande constituição física. Alongando e esfregando os olhos, se levantou, indo para a grande cozinha comunitária, observando que ainda estava escuro lá fora.

Ele encontrou uma jovem na cozinha fazendo, o que lhe apareceu, uma dúzia de coisas diferentes ao mesmo tempo. Seu longo cabelo escuro voando ao redor e atrás dela, cantarolando uma melodia, enquanto organizava um banquete para seu café da manhã.

— Oi. — Disse Cam e ela quase pulou no ar, virando rapidamente e quase deixando cair o prato de ovos mexidos que tinha na mão.

— Porra! — Ela exclamou. — Quase me deu um ataque cardíaco!

— Desculpe. — Cam sorriu, notando o rubor que subiu por seu rosto. — Sou Cameron e você é?

Colocando os ovos no meio da mesa, ela sorriu de volta.

— Eu sou Charlotte, mas todos me chamam de Charlie.

— Bom dia, Charlotte. — Cam viu a careta leve quando ele usou seu nome completo. — Você está aqui cedo.

Charlotte continuou preparando o café da manhã.

— Sim, disseram que vocês iriam sair antes do amanhecer por isso achei melhor me certificar de que estivessem todos alimentados.

— Obrigado. — Cam se serviu de café preto forte, tomando um gole enquanto a olhava por cima do copo. — Tenho certeza que os rapazes vão apreciar. Vou tomar um banho rápido e chamar eles, mas o cheiro da comida provavelmente já tenha acordado. Vejo você daqui a pouco.

Colocando o copo sobre a mesa, Charlotte só assentiu enquanto continuava a organizar a montanha de comida. Cam saiu em direção à escada, passando por Logan e Jinx, enquanto subia. Ambos estavam vestidos e pareciam revigorados quando passaram.

— Dia. — Disseram, quase em uníssono.

— Bom dia, vou descer em cinco minutos. Os outros já acordaram?

Jinx assentiu.

— Sim, estão a caminho. O cheiro de comida nos acordou.

— Pensei que sim. — Cam sorriu enquanto continuava.

Rory e Mac o encontraram no corredor.

— Bom dia, Cam. — Rory disse enquanto Mac apenas inclinou a cabeça. Ele não era uma pessoa da manhã.

— Bom dia, vou descer logo, a comida está toda pronta para vocês.

Cam encontrou o quarto com sua bagagem, suspirando quando viu a grande cama parecendo muito confortável e desejando ter dormido lá em vez do sofá. Pegando seus produtos de higiene pessoal, tomou um banho muito rápido, se vestiu com jeans casual, botas e uma camiseta, com sua jaqueta jeans por cima. Não que isso importasse, ficaria como lobo durante todo o dia.

Quando esse pensamento passou por sua mente, seu animal começou a se mover, obviamente animado para ser solto.

Você precisa se comportar. Poderíamos estar em perigo e não permitirei que coloque qualquer um dos meus lobos em perigo apenas porque está animado!

O animal pareceu se acalmar, embora Cam tivesse certeza que não estava feliz com ele. Se sentiu insultado por implicar que colocaria os outros em perigo. Se assim fosse, não importava, porque teria certeza de que nenhum de seus lobos seria ferido ou prejudicado sob seus cuidados. Não aconteceria.

Seu rosto estava duro e frio quando se juntou a todos na cozinha, Rory estava conversando com Charlotte como se a conhecesse de toda sua vida. Cam viu o brilho nos seus olhos enquanto ela ria de uma de suas piadas.

— Amo seu sotaque! É tão fofo. — Ela quase ronronou quando a mão suavemente passou ao longo do ombro de Rory.

Cam bufou.

— Fofo? — Antes de se sentar e encher o prato.

— Meu sotaque! — Rory fez uma careta antes de terminar o que estava em seu prato.

— Aqui, vou te ajudar com os pratos. — Rory se levantou, o prato na mão.

— Não tem necessidade. — Charlotte pegou o prato enquanto a risada de Jinx e Mac ecoavam.

— Ajuda com os pratos? — O sorriso de Logan era enorme. — Vou contar pra mamãe quando chegarmos em casa, ok?

Rory se virou para seu gêmeo.

— Não precisa disso, irmão!

Cam observava a brincadeira entre os lobos, gostando e percebendo, mais uma vez, o quanto perdeu.

— Chefe. — Jinx interrompe os pensamentos de Cam. — Qual é o plano para hoje?

— Quero conversar com Fearghas primeiro, sobre algumas coisas. — Cam não esperava que a conversa fosse bem, mas precisava ser feito. — Gostaria que ele ficasse perto do acampamento até que possamos encontrar uma pista sobre o que está acontecendo. Então começaremos no lado da terra que leva para onde Fergie ficou ferido. Quero verificar ela à medida que avançamos. Devagar e com cuidado. Não quero perder nada e ficaremos próximos uns dos outros. Nenhum filho da puta vai nos atacar como estão fazendo com os outros. Portanto, fiquem alerta e se mantenham vivos.

Cam olhou para cada um de seus lobos.

— Jinx, quero que você fique bem atrás de mim. Tentarei usar um pouco de magia que minha mãe me ensinou, assim posso não estar cem por cento focado ao meu redor. Mac, Logan, vocês ficam dos lados e Rory, você cobrirá nossas costas. Entenderam?

Todos concordaram, embora Cam notasse Mac e os gêmeos franzindo a testa a sua menção de usar magia. Não era apenas a matilha de Fearghas que se sentia desconfortável com a magia.

— Se preparem e encontro vocês na frente da casa do Alfa. — Cam levantou. — Obrigado pelo café da manhã, Charlotte.

— De nada, Alfa. — Disse Charlotte, fazendo Cam franzir a testa.

Por que ela disse isso? Pensou enquanto caminhava para a casa de seu tio.

Todas as luzes estavam acesas na casa do Alfa quando se aproximou e Cam esperava que seu tio Fearghas ainda estivesse dentro. Subindo a escada de dois em dois degraus, bateu uma vez antes de empurrar a porta.

— Tio, você está aqui? — Ele gritou quando se moveu em direção à cozinha.

— Aqui, Cameron. — Fearghas respondeu.

Cam encontrou o Alfa terminando seu café da manhã, Marie já limpando a mesa. Ela parou para lhe oferecer algo, que recusou, antes de respirar fundo e começar a conversa que sabia que seria problemática.

— Como dormiu? — Fearghas perguntou enquanto tomava o café.

— Bem. — Cam mentiu. — Tio, preciso falar com você e quero que escute primeiro.

Fearghas franziu o cenho, mas assentiu com a cabeça, então Cam foi diante.

— Está claro para mim que há algum tipo de ataque em curso contra a matilha. Você pediu minha ajuda e estou mais do que disposto a dar. Mas o que estou prestes a pedir pode não ser o que você quer ouvir esta manhã, mas preciso pedir.

A careta de Fearghas se aprofundou enquanto Marie parava, segurando um pano de prato na mão e ouvindo atentamente. Cam lhe deu um sorriso rápido antes de voltar para seu tio.

— Alfa, me parece que seus lobos mais fortes estão sendo derrubados, o que me leva a pensar que o próximo na linha de fogo é você. Agora... — Cam parou e colocou uma mão no ombro Fearghas. — Eu sei que quer ficar lá fazendo o que pode para proteger sua matilha. No entanto, a coisa mais importante aqui é que sua matilha precisa de você neste momento. Concorda?

Fearghas franziu o cenho ainda mais.

— Claro Cameron, não entendo onde você quer chegar.

— Quero que você fique perto do acampamento nesse momento. O acampamento precisa da proteção de seu Alfa agora. — Cam parou, esperando a explosão que ele sabia que viria.

Ele não estava errado, Fearghas empurrou sua cadeira para trás, de pé abruptamente e de cara feia para ele.

— Espere um minuto...

Cam levantou uma mão.

— Por favor, Alfa, estou pedindo para ficar dentro do campo para te proteger daqueles que feririam seus lobos.

Fearghas parou, seus olhos se fechando e depois olhando de lado para Cam.

— Você tem jeito com as palavras. Concederei isso.

— Só falo a verdade. — Cam sorriu. — Além disso, me faz sentir muito melhor quando estou lá fora, saber que você está aqui, no caso de ser necessário.

— Ok, concordarei no momento, mas não tenho certeza de quanto tempo conseguirei manter meu lobo contido. — Fearghas suspirou. — Está agitado desde que tudo isso começou e acho difícil não estar lá fora, tentando encontrar os responsáveis.

Cam de novo bateu no ombro de seu tio.

— Entendo isso, mas agora você precisa ficar aqui.

A exalação de Marie foi clara para eles ouvirem, ela obviamente estava segurando a respiração. Cam se virou e viu o alívio por todo o rosto e lhe deu um leve aceno de cabeça antes de se virar para sair.

— Estou longe de começar nossa investigação e esperançosamente, chegar ao fundo disto. Estaremos de volta mais tarde e claro, contarei se encontrarmos qualquer coisa.

— Sim, por favor me avise assim que voltar. — Fearghas sentou, olhando como se o peso do mundo estivesse em seus ombros.

— Vai ser minha primeira parada. Prometo. — Cam deu um último sorriso a Marie quando saiu.

Seus homens estavam à espera dele, Rory e Mac se movendo enquanto os olhos de Logan olhavam ao redor. Eles pareciam prontos para a caçada, com Jinx sendo o mais calmo.

— Vamos. — Cam apontou para a direita, indo para lá rapidamente, suas longas pernas caminhando sobre o solo enquanto o restante o seguia.

Quando se aproximaram do perímetro da floresta Rory correu na frente.

— Por aqui pessoal, isso era sobre o que estava dizendo a vocês na noite passada.

Ali, num abrigo dentro das árvores, havia uma grande estante de madeira, no interior das prateleiras individuais estavam as caixas de recipiente de plástico. Quando começaram a tirar a roupa Rory pegou uma caixa para cada um deles. Cam ficou nu primeiro, colocou suas botas na parte inferior da caixa e suas roupas sobre, prendendo a tampa, colocando ela de volta dentro de um dos espaços vazios.

Ele viu as tatuagens do clã em cada um de seus amigos e de novo, sabia que se orgulhavam das deles. Talvez um dia se sentiria orgulhoso também, mas não hoje.

Sinclair podia sentir que seu lobo estava andando para trás e para frente em sua mente, seu estômago de repente se enchendo de borboletas com o pensamento de correr livre e selvagem na floresta. Passou tanto tempo desde que se permitiu ser verdadeiramente lobo que estava cheio de apreensão e excitação em medidas iguais. Mais uma vez, se perguntou se seu animal iria se comportar. É melhor que sim, porra! Porque agora não é a hora de colocar alguém em risco.

Ele viu sua besta claramente quando parou de andar, inclinando a cabeça para o lado e se movendo em um aceno de cabeça cômico. Obrigado. Disse ele quando se virou para os amigos.

Cam ficou parado por um segundo, resmungando sobre lançar um feitiço de rastreamento. Um que mostraria qualquer um ou qualquer coisa que esteve na área e não fizesse parte da matilha Highland Wolf. Uma vez que ficou satisfeito com o feitiço no lugar, se voltou para seus lobos.

— Certo, então todos nós sabemos o que faremos, ficar perto e alerta. Temos a nossa conexão, então saberemos se alguém está em apuros. Vamos mudar!

Nenhuma outra palavra foi dita à medida que cada um se transformava. Cam foi o primeiro, sua mudança sempre uma das mais rápidas. Não mais dolorosa enquanto seus ossos se quebravam e redefiniam, seus músculos crescendo e alongando, com o rosto alongando quando grandes presas irromperam de suas gengivas. Seu lobo em êxtase por ser libertado da prisão.

O pelo preto ondulava enquanto balançava o corpo, se movendo com seu lobo mais uma vez. Um sentimento de alegria o percorreu quando abraçou seu animal e se perguntou por que tentou conter. Isso era o que era, uma grande fera com força bruta e agilidade. Um lobo, um Alfa!

Quando entrou em seu cérebro, balançou a enorme cabeça. Não! Eu não sou nenhum Alfa! Ele disse a si mesmo com força. Nunca.

Quando os amigos mudaram, sentiu eles em sua mente. A matilha compartilhava os sentimentos um com os outros dentro dele, usando sua conexão. Não podiam falar uns com os outros, mas podiam perceber sentimentos, especialmente sentimentos fortes como raiva ou medo. Cam nunca contou a ninguém, além de sua mãe, que tinha uma ligação mais forte. Uma ligação muito mais forte com os membros da matilha, tanto assim que podia vislumbrar pensamentos, bem como sentimentos.

Sua mãe ensinou ele em uma idade jovem a manter para si mesmo e não chamar a atenção. Ela disse a verdade sobre ele ser parte bruxo e que nunca seria bom anunciar isso à matilha.

Neste momento, podia sentir a emoção em todos os quatro amigos. Jinx com sua exuberância de costume, Rory com seu entusiasmo desenfreado para uma caça, Logan cheio de antecipação por uma nova aventura e finalmente, Mac, que demonstrava ansiedade e cautela. Cam sorriu, Mac era sempre aquele que podia ver o bem e o mal em todas as circunstâncias. Sua relutância em correr de cabeça para algo sem pensar a respeito primeiro, era uma característica que precisavam.

O animal de Cam se levantou, se movendo mais profundamente na floresta e para o lugar onde Fergie sofreu o acidente. Estabeleceu um ritmo de um leve trote, indo devagar o suficiente para usar todos seus sentidos, incluindo sua magia. Não passou muito tempo até que viu alguma coisa, uma névoa, uma luz roxa flutuando pela grama como pegadas. Seu lobo parou quando usou suas habilidades para cheirar ao redor.

A magia pairava no ar ao seu redor, seu lobo andando de um lado para o outro, enquanto tentava entender o que estava vendo. Atingiu ele como um golpe, tão forte que quase gritou em voz alta. Podia sentir o mal-estar de seus lobos com seu comportamento estranho e fez o que achava melhor. Se transformou para falar com eles antes de continuar.

Sua mudança foi tão rápida que os outros recuaram, cautelosos e em alerta. Cam se dirigiu a eles, sua voz dura e fria.

— A magia está em tudo ao redor e outros estiveram aqui. Sim, aqui, tão perto da matilha que estão gerenciando usando magia para esconder os seus aromas. Precisamos ficar ainda mais alerta, porque isso significa que não sentiremos o cheiro ou até mesmo os ouviremos quando chegar. Entenderam?

Cada um dos grandes animais diante dele abaixou a cabeça, o deixando saber que entenderam. O animal marrom de Jinx rosnou, o barulho vindo de dentro de seu peito.

— Eu sei, não estou feliz com isso também, mas tentarei lançar um feitiço para neutralizar o deles. Pode ou não funcionar, por isso não podemos depender dele. Ok?

Houve mais alguns grunhidos dos lobos na frente dele enquanto Cam pensava sobre o feitiço que queria lançar. Sua reticência era em fazer em plena vista de lobos de sua matilha. Embora soubessem que podia fazer simples feitiços de roupas, somente Jinx sabia que era capaz de mais. Cam respirou fundo e se transformou de novo, seu animal desesperado para encontrar aqueles que violou esta terra.

Assim que saíram, Cam pode sentir a mudança ao redor deles. Seu feitiço estava funcionando e agora podia sentir que estavam protegidos contra os outros. Bom. Parecia precisar de toda a ajuda que pudessem conseguir nesta incursão na floresta.

As coisas eram muito piores do que o esperado. Ele sabia que Fearghas ficaria realmente irritado quando descobrisse. Também significava que o Alfa ficaria ainda mais contra a magia e as bruxas do que antes e Cam viu suas chances de levar Fergie a uma bruxa para se curar desaparecer completamente.

O rosnado que saiu de sua garganta era de raiva, que estava agora percorrendo enquanto trotava adiante. Quando encontrou mais e mais evidências de intrusos, o ritmo aumentou. Era óbvio agora que a matilha foi invadida várias vezes e por vários lobos, de modo que tentar encontrar evidência já não era um objetivo.

O animal de Cam correu, suas grandes patas se movendo pelo chão enquanto pegava velocidade. Sua missão agora era descobrir se a mesma evidência era encontrada no lugar do assim chamado, acidente de Fergie. Se assim fosse, então isto colocava um ângulo totalmente novo no que estava acontecendo e seu tio definitivamente não gostaria de algumas das soluções que Cam já estava formulando em sua mente.

Ele registrou o prazer que seu animal estava tendo correndo livre e Cam prometeu tentar parar de negar quem e o que ele era. Não era justo para o seu animal manter ele enjaulado como em um jardim zoológico. Seu lobo estava incrivelmente feliz, correndo através da floresta com alegria.

Cam viu a beleza da terra, rivalizando até mesmo sua terra natal nas Highlands e conseguia entender por que rivais gostariam de colocar as mãos nele. Estava determinado a que nunca chegassem as terras do Clã Highland, não importava o que acontecesse.

Mais e mais correram, rapidamente diminuindo a distância até o ponto onde seu primo foi ferido. Quilômetros ficaram atrás enquanto se moviam através da floresta profunda, Cam observando que agora estavam em uma inclinação bastante íngreme. Nenhum deles abrandou, ainda em alta velocidade até que saiu das árvores para entrar em uma grande área aberta.

Cam desacelerou, caminhando atento em todos os diferentes aromas. A maioria era da matilha do Clã, mas outros cheiravam a magia. A névoa roxa apareceu claramente diante dos olhos de Cam e disse exatamente o que aconteceu com Fergie, causando um grunhido.

Seu primo e tio tinham razão, não foi por acaso. Com o feitiço para esconder qualquer cheiro dos outros lobos, Fergie não teve uma chance. Eles atacaram por trás e o jogaram do penhasco. Cam foi para a beirada, o lobo do Jinx latindo um aviso enquanto olhava, era uma longa queda e no final tinha rochas irregulares. Não era de admirar que Fergie ficou tão gravemente ferido e era um milagre ter sobrevivido.

Se afastando Cam mudou, caminhando de um lado para o outro para se recompor antes de falar para os amigos. Depois de alguns momentos, se virou para eles.

— Não foi por acaso. Fergie foi atacado e jogado do penhasco. Quero seguir em frente e ver de onde esses filhos da puta vieram, mas se algum de vocês está cansado demais, fique aqui e espere pelo meu regresso. Darei cinco minutos para descansar e há um pequeno riacho ali para beberem água. Depois irei caçar!

Cam se transformou rapidamente, trotando para o riacho e lambendo a água clara. Jinx e Logan se juntaram a ele enquanto Rory e Mac mantiveram a guarda. Uma vez que Cam terminou, o lobo marrom avermelhado de Rory tomou seu lugar no riacho e quando Jinx terminou, o lobo cinzento de Mac foi saciar sua sede.

O grande lobo ébano de Cam vigiava, seus sentidos alertas enquanto assegurava que não havia ameaças nas imediações. No entanto, a magia que podia ver era antiga e parecia que os responsáveis pelo ataque de seu primo não voltaram. Cam estava determinado a descobrir quem e de onde vieram, então fazer eles pagar.

Quando sua impaciência aumentou, latiu para Mac, apressando o lobo cinzento para terminar para que pudessem ir. Assim que o animal de Mac levantou a cabeça, Cam correu. Seguindo a trilha roxa dos atacantes.

Quanto mais longe corriam, mais percebia que estavam perto da fronteira e para o Canadá, o que significava que estavam perto da matilha Wild Ranch e definitivamente estavam em suas terras. Como estava seguindo a trilha, Cam não deu a mínima por estar nas terras de alguém e se alguém aparecesse, sabia que atacaria imediatamente.

Mais perfumes, aromas normais, de outros lobos agora estavam ao redor deles e ouviu tanto Rory e o lobo de Jinx rosnar quando perceberam que estavam em território inimigo. Os passos de Cam desaceleraram, seu corpo ficando mais calmo enquanto se movia com mais cautela. Sentiu os outros se espalhando atrás dele, enquanto seus sentidos viam a trilha que levava até um acampamento diante deles.

Era a prova que precisava.

Deu a volta, seu animal mudou com facilidade. Sua mente em tumulto enquanto trabalhava para formular um plano de ação. Obviamente, o Alfa, este Philippe Dupont, estava por trás de tudo e Cam iria destruir ele total e completamente.

Se afastando do acampamento Wild Ranch seus lobos correram mais rápido, sem se preocupar em se esconder através da floresta. Cam, usando tanto as habilidades de lobo e bruxo, verificava com antecedência. Sua audição pegou um movimento, seu lobo parou rapidamente e se escondeu entre as folhas espalhadas pelo chão. Ouviu os lobos fazendo o mesmo por trás dele e Cam deslizou para frente em sua barriga, ouvindo atentamente.

Cam podia ouvir o que pensava ser dois lobos correndo à frente deles. Teve um vislumbre de uma loba branco puro, uma vez que correu por entre as árvores, um grande lobo marrom perseguindo ela. Se não fosse o medo e ódio que podia sentir saindo da loba branca, teria pensado que era um casal para uma corrida juntos.

No entanto, o terror da loba branca era enjoativo no ar e seu aroma invadiu Cam completamente. Seu lobo quase uivando quando Cam tentou controlar ele. Precisou de segundo para pensar antes de se transformar rapidamente.

— Sigam em frente, voltem à terra do Clã e esperem por mim.

O lobo de Jinx avançou, balançando sua grande cabeça. Cam rosnou para baixo para ele.

— Faça o que eu digo. Agora!

Se transformou e ficou satisfeito ao ver seus lobos irem embora. Jinx estava na parte de trás e sua cabeça girou para olhar para ele. Cam ignorou e se virando para esquerda foi atrás da loba branca.

Embora estivessem correndo por horas, seu lobo pegou velocidade até que foi voando pela floresta e aparecendo perto dos dois lobos na frente. O grande macho lobo estava tão decidido a pegar a loba branca que nem sequer viu ele sobre eles. Idiota! Cam pensou quando saíram das árvores em uma pequena clareira rodada.

A loba estava quase do outro lado quando o macho se lançou para ela, sua grande pata dianteira batendo através de seu traseiro para derrubá-la no chão. O animal de Cam gritou quando ele saltou bem alto no ar, caindo de frente para pousar nas costas do macho marrom.

As garras de Cam cravaram fundo, derrubando o lobo enquanto eles rolavam no chão, os dentes à mostra e sangue voando ao redor. O macho marrom era forte, mas não tão poderoso como ele. O macho era muito músculo e pouca fineza, a fera dele facilmente era superior.

Foi enquanto lutava quando era jovem que Cam soube que era diferente de outros lobos, principalmente por ser capaz de sentir os movimentos de antemão. Sua mãe disse a ele em uma idade jovem para manter isso para si mesmo e o fez. Não era tolo e usava sua habilidade sempre que a necessidade surgia.

Cam precisava dela agora quando a força maciça do lobo marrom foi confrontada com a dele. Sua capacidade impedindo o adversário de acertar quaisquer golpes mortais. Na verdade, o lobo marrom mal acertou quaisquer golpes, quando o animal dele contorceu e se virou, se movendo ao redor do outro lobo.

O lobo marrom rosnou, em seguida, gritou de frustração. Cam sabia que ele o tinha exatamente onde queria até que o macho se virou como se estivesse pronto para fugir em busca de segurança. Não podia ir muito longe ou toda a matilha Wild Ranch estaria em sua cauda em um momento.

O lobo de Cam se moveu com a velocidade da luz, das garras afiadas cravando profundamente na perna e derrubando outro no chão. Sem perder um segundo, seu lobo caiu sobre o outro, prendendo com sua poderosa mandíbula aberta. As presas mortais rasgando a garganta do macho abaixo dele.

O animal de Cam cuspiu a pele, ossos, músculos e pelos que estavam entre os seus dentes antes de deixar escapar um rugido de vitória. Se afastando do corpo flácido, olhou para a visão macabra, o lobo jazia morto entre as flores silvestres. Sua cabeça se virando para olhar para a mulher por quem acabou de matar.

A fêmea branca se levantou, observando com medo enquanto Cam se transformava. Usando sua magia para vestir uma calça jeans antes de estalar os dedos e produzir um cobertor. Caminhando para frente segurou o cobertor para a fêmea.

— Mude, para que possamos conversar.

Ele manteve sua voz suave e baixa, para não a assustar, mas viu em seus olhos o pensamento girando.

— Não faça isso. Nem sequer pense. Disse para mudar e quero dizer agora.

Desta vez, ele usou um tom mais poderoso e viu a diferença na fêmea imediatamente. Seu lobo observando o tom Alfa e ela começou a se transformar. Levou mais tempo do que ele, mas depois de alguns momentos, ela ficou nua diante dele, seu braço serpenteando para fora para agarrar a manta.

— Como você fez isso? — Foi a primeira coisa que saiu de sua boca.

Cam encarou com os olhos arregalados a mulher mais bonita que ele já viu... e olha que viu muitas mulheres. Longo cabelo loiro caia em cascata pelas costas, sua pele de porcelana branca com os olhos mais lindos que já viu. Seu coração acelerou enquanto seu animal uivava em sua cabeça.

Levou um momento para responder, tão intensa foi a reação a ela.

— Fazer o que?

Seus olhos estavam cautelosos, sua voz quase um sussurro. Um sussurro que percorreu seus sentidos quando ela falou novamente:

— Você se transformou com jeans e então um cobertor apenas apareceu em sua mão. Como fez isso?

Cam sorriu, dando um passo mais perto e percebeu que ela não recuou.

— Sou parte bruxo, do lado da minha mãe. Quem é você e por que o lobo te caçava?

Seus olhos foram para o lobo caído e medo começou a sair dela novamente, seu corpo tremia quando começou a gemer.

— Ah merda! Não, não, não! Isso não pode estar acontecendo. Ele vai saber que estou envolvida e Deus sabe o que fará comigo!

Cam não pode evitar, se adiantou e segurou seus braços.

— Shh, está tudo bem, você não fez nada. Fui eu, então quem quer que seja de quem está falando virá atrás de mim, não de você.

Seus olhos se encheram de lágrimas quando olhou para ele.

— Ele vai saber. Meu cheiro está nele, vai saber que estive aqui.

Cam podia sentir seu corpo inteiro tremendo, seu pavor quase sufocando ele.

— Primeiro, me diga quem você é e por que ele estava atrás de você.

— Meu nome é Chastity e ele é... era... Silas, o Beta da minha matilha. — Ela parou, respirando fundo. — Ele tem estado atrás de mim por alguns anos, mas sempre consegui evitar, hoje ele me encontrou quando estava correndo. Ele queria... queria...

Sua respiração parou enquanto lutava pelo controle, Cam apertando seu poder sobre ela.

— Oh, acho que sei o que ele queria fazer.

— Bem, meu irmão disse que ele é Beta e que pode fazer o que quiser. — Seu corpo tremia de novo, em repulsa desta vez. — Meu próprio irmão!

O tom de Cam era afiado quando rosnou.

— O Beta não pode simplesmente sair por aí tomando quem quiser. Não em qualquer matilha que eu conheça de qualquer maneira e os irmãos devem lutar até a morte para proteger sua irmã. Quem é seu irmão, porque acho que ele precisa de uma boa conversa sobre como proteger uma família.

Uma pequena risada saiu de sua garganta, mas Cam não conseguia ver o que era engraçado sobre nada disso, porra. Suas próximas palavras gelaram seu sangue.

— Meu irmão é o Alfa da matilha, seu nome é Philippe, mas acredite em mim quando digo que não se importa comigo ou qualquer outra pessoa e quando ele encontrar Silas morto, irá me punir. Você não entende o que acontece naquela matilha. As mulheres são cidadãos de segunda classe, disponíveis para serem usadas por Philippe e seus guardas. Não importa se concordam ou não, são levadas à força quando necessário. Às vezes, é só para diversão, um jogo para aqueles bastardos, para ver o quanto uma mulher pode tomar. São o pior tipo de animais.

Cam notou pela primeira vez o sotaque de Chastity, francês canadense, se não estivesse enganado e suas palavras eram como música para seus ouvidos. Estranho, pensou ele afrouxando o aperto, dando um passo para trás e olhando para ela.

Ele sentiu sua raiva crescendo enquanto falava, querendo colocar as mãos sobre estes homens.

— O que? Isso é ultrajante, nenhuma matilha deveria ser assim e nenhuma mulher deve ser tratada assim.

— Oui, mas esse é o jeito que tem sido por muito tempo e agora Philippe vai me caçar se não voltar, mas se descobrir que tive alguma coisa a ver com isso. — Ela apontou para os restos no chão. — Então vou morrer.

— Posso me livrar do corpo, acha que ajudaria?

Os olhos de Chastity se arregalaram tanto que ficaram como pires em seu rosto e ele viu sua mente funcionar. Mal passou um momento antes que ela acenasse uma vez.

— Oui, se ele não o encontrar, então pode não saber que estou envolvida.

— Ok. — Cam afastou uma mecha de cabelo que caiu sobre sua bochecha, seu dedo formigando com o breve toque. — Farei o que puder para me certificar de que ele não saiba que estava envolvida.

— Merci! — Chastity suspirou, como se estivesse prendendo a respiração por uma eternidade.

— De nada. — Cam sorriu. — Chastity, se seu irmão é tão mau como acabei de ouvir, então talvez você deva sair?

Ela balançou a cabeça.

— Não. Não posso! Ele me caçaria e me puniria. Pode me rasgar em pedaços. Não posso sair, nunca.

Chastity se afastou de Cam, a cabeça se movendo com tanta força que seu cabelo rodava ao redor da cabeça.

— Preciso ir. Vai sentir minha falta em breve e vai enviar guardas para me encontrar.

— Espere. — Cam estendeu a mão, tentando agarrar ela, mas se esquivou dele. — Você não precisa voltar. Posso te proteger dele, juro.

— Você é gentil e forte, mas não conhece ele como eu. Ele é cruel e depravado, muito forte, tenho medo que ninguém possa enfrentar ele. — Chastity puxou o cobertor ao redor dela, segurando para Cam. — Merci monsieur4, mas preciso ir agora.

Cam olhou para o cobertor em suas mãos, hesitando antes de pegar, seu estômago se apertando com o pensamento desta fêmea linda voltar para as mãos de alguém como seu irmão.

— Meu nome é Cameron, se precisar da minha ajuda e tentar me encontrar, Cameron Sinclair das Empresas Sinclair. Seu irmão não sentir meu cheiro em você, nós estávamos mascarados.

Ele a viu acenar com a cabeça antes de se transformar na frente dele, a perda da visão de sua nudez levando-o a rosnar abruptamente. Cam observou até que ela se foi levando a beleza de seu animal, seus olhos encontrando os dele por um breve momento antes de se virar e desaparecer na floresta.

Seu lobo urrou em sua cabeça em protesto contra sua saída. Qual é a porra do seu problema? Ele perguntou quando colocou o cobertor sobre o lobo morto deitado na grama e envolveu ao redor da pele encharcada de sangue. Caralho! Isso vai doer. Ele pensou enquanto se abaixava para pegar o corpo grande, sabendo que precisaria carregar ele bastante antes que pudesse descartar.

Lutando com o peso do lobo, Cam cambaleou para frente, apenas para parar de repente quando viu um par de olhos de lobo olhando para ele entre as árvores na frente.


Capítulo sete

Cam interrompeu seus passos, deixando o peso morto do corpo que segurava em seus braços cair, se endireitou e rosnou.

— Que merda você está fazendo aqui?

O lobo caminhou para frente, as folhas grudando em sua pele grossa, indo em direção a Cam com confiança para parar na frente do lobo morto no chão. Um grunhido retumbou em sua garganta por um segundo antes da mudança começar. Em menos de um minuto, Jinx ficou desafiadoramente diante de Cam.

— Perguntei, que merda você está fazendo aqui? — Cam cuspiu as palavras. — Te disse para ir, não?

Jinx inclinou a cabeça para o lado.

— O que? Realmente pensou mesmo por um momento, que iria te deixaria sozinho em território inimigo? — O tom de Jinx estava incrédulo quando balançou a cabeça. — Quanto tempo estamos juntos, Sin? Apenas nós dois? Tanto tempo que não me lembro, mas você com certeza deveria saber que nunca te deixaria sozinho.

O olhar de raiva e dor no rosto do melhor amigo parou a resposta de Cam, ao invés disso respirou fundo para se acalmar antes de falar.

— Você ainda deveria ter ido com os outros. E se alguma coisa acontecesse com você aqui?

— Sin, o que está acontecendo? — Jinx olhou apontando para o corpo que se encontrava entre eles.

— Eu não tenho certeza, senti seu medo e meu animal reagiu, mas em seguida, quando vi ele derrubar ela assim... — Cam passou a mão pelo cabelo. — Simplesmente perdi o controle.

— Primeiro de tudo, me dê uma calça jeans ou algo, certo? — Jinx sorriu para ele. — Não posso puxar essa carcaça através da floresta nu!

Cameron produziu um jeans e o entregou.

— Desculpe, você sabe que sou inútil no sentido de conseguir tamanhos de botas certos então acho que nós ficaremos com os pés doloridos no final do dia.

— Ah não diga! — Jinx vestiu a calça. — Pelo menos não está frio ou chovendo, porque se estivesse iria querer muito mais do que um jeans.

— Ela era uma coisa linda, verdade? — Cam quase sussurrou enquanto sua mente voltava para a lembrança da bela loba branca.

— Sim, ela era. — Jinx fechou o botão, em seguida, olhou para ele. — Não tenha tanta certeza que por ela vale a pena matar, meu amigo. A merda realmente vai bater no ventilador se não começar a se mexer e se livrar deste corpo.

— Ela era. — Cameron murmurou quando se inclinou para levantar o corpo do lobo.

— Você pega a traseira e tomarei a frente, precisamos sair, Cam. — Jinx agarrou o seu lado do peso morto. — Nós definitivamente não queremos ser pegos por aqui arrastando o corpo morto de um de seus lobos.

Eles partiram em um ritmo acelerado, mas não passou muito tempo antes de Jinx começar a gemer.

— Porra! Não podia escolher um lobo menor para matar? Esse idiota pesa uma tonelada!

Um estrondo de risada saiu de Cam, o pesado sotaque escocês nas palavras do amigo.

— Eu sei! Ele é um grande ignorante e acho que nós deveríamos pegar o ritmo e tirar ele da terra dos Wild Ranch o mais rápido possível.

As pernas longas de Cam caminharam mais rápido, Jinx mal conseguindo se manter com ele. Embora sem ar, seu amigo não calou a boca.

— Então, quem é ela? Estava muito ocupado olhando para o lobo morto para me concentrar no que vocês dois estavam falando.

— Você não vai acreditar em mim, mas é irmã do Alfa, Chastity e está absolutamente aterrorizada por ele. — Cam precisou parar, sua raiva subindo mais uma vez com o pensamento de um irmão permitindo seu Beta estuprar sua irmã.

— Você está bem? — Perguntou Jinx, a preocupação em sua voz enquanto olhava para Cam.

— Não, não realmente. — Cam afirmou. — Ele disse a ela que essa porra era Beta e podia fazer o que quisesse. Ela estava correndo dele para evitar ser estuprada. Porra! Que tipo de irmão diria uma coisa dessas? Contou sobre os abusos contra as mulheres na matilha. É ruim, Jinx, muito ruim.

— Irmã de Philippe Dupont? Porra Cam, você certamente sabe como escolher elas!

Cam rosnou.

— Não escolhi ela! Vi uma loba em apuros e ajudei, isso é tudo.

Jinx riu.

— Sim, certo! Eu vi a maneira como segurou e matou um lobo por ela, Cam. Isso não é algo que você faz todos os dias, então aposto que há mais nisso do que está dizendo, meu amigo.

Outro estrondo baixo escapou dele enquanto se arrastavam para frente, com o lobo morto pesado em seus braços. Ficaram em silêncio, ouvindo somente os animais e aves, os quais saiam da frente dos dois lobos que andavam por sua casa. Finalmente Cam respondeu ao amigo.

— Não há nada acontecendo, mas precisamos nos livrar do corpo e não tenho ideia de onde. O que acha que devemos fazer com ele?

Jinx bufou.

— Você pode continuar dizendo isso, mas sei que há mais e não tenho ideia do que fazer com essa massa. Não podemos despejar ele em algum lugar onde poderá ser encontrado, isso não é definitivamente uma boa ideia. Precisamos realmente nos livrar dele.

— É verdade. — Cam ponderou por um momento. — Acho que poderia queimar ele, usando um pouco de magia, mas não com os outros vendo. Eles não sabem sobre minhas habilidades.

Jinx parou, fazendo com que ele quase tropeçasse.

— O quê? — Cam resmungou enquanto lutava para segurar o corpo.

— Eles merecem saber. Não é algo para se envergonhar, Cam.

Cameron levantou uma sobrancelha, olhos azuis de aço em Jinx.

— Sério? Você está realmente dizendo isso quando todos odeiam magia e bruxas?

Jinx assentiu.

— Sim, estou dizendo isso. Você é um lobo que pode fazer magia e os três são nossos amigos. Deve confiar neles.

— Vamos lá. — Disse Cam e começou a andar de novo. — Não é tão simples assim e sabe disso. Só você e minha mãe sabe o quão poderoso sou nisso e essa é a maneira que gostaria que ficasse.

— Pelo amor de Deus! Terá que contar a Fearghas que usou um feitiço para saber mais sobre os outros lobos estarem em sua terra e serem os únicos a atacar seu filho. Sem chance de dar a volta nisso.

Caminhando por mais alguns passos antes de parar, Cam suspirou profundamente.

— Eu sei. Isso não vai cair bem para meu tio. Ele odeia magia.

— Bem difícil, porque foi sua magia que nos trouxe as informações que precisávamos. Sabemos agora quem estava por trás do ataque de Fergie e o fato deles estarem invadindo a terra do clã por algum tempo.

— Ele ficará muito irritado Jinx, precisaremos impedir ele de ir contra esse homem, Philippe. Se é tão forte como estou começando a pensar, então Fearghas não tem a menor chance e deixaria a matilha sem um Alfa.

Os olhos de Jinx se arregalaram.

— Porra, não pensei nisso. Obviamente, seu primo não está em posição para tomar o cargo, o que deixaria Matthieu e ambos sabemos que não confio nele.

— Eu tenho Jacob trabalhando nisso e também tem Philippe. Quero saber tudo o que puder sobre ele. Nós podemos atacar de outras maneiras, financeira, propriedades, algo que posso tirar deles.

— Se há alguma coisa para descobrir, Jacob é o único pra isso.

Cam concordou, Jacob era o melhor investigador particular que ele conhecia e era um gênio absoluto quando se tratava de investigação eletrônica.

— Ele vai verificar e enviar para mim mais tarde hoje. Inferno, no momento em que voltar para o acampamento estará no meu laptop. Apenas espero que encontre algo que possamos usar.

— Então. — Jinx diminuiu o ritmo. — Isso parece um lugar tão bom como qualquer outro e nós estamos longe de seu acampamento agora. Quer fazer sua magia aqui?

Olhando ao redor Cam viu um declínio a sua direita e caminhou em direção a ele.

— Aqui. — Ele disse quando deixou cair o corpo no chão. — Tire sua calça, vamos queimar também e voltar o restante do percurso como lobo, será mais rápido.

Jinx tirou o jeans.

— Quero estar bem longe daqui se eles sentirem o cheiro da fumaça e vierem investigar.

Cam tirou a própria calça jeans, colocando sobre o corpo, se voltando para pegar um galho grosso que estava no chão.

— Pegue, assim que estiver bem aceso empurre sobre a beira. Deixa mais difícil para alcançar se vierem à procura.

Jinx levou o galho e Cam focou em sua magia, fazer o fogo era uma coisa simples, por isso não demorou muito até o cobertor estar em chamas. O cheiro de carne queimada era espesso no ar quando Jinx colocou a ponta do galho sob o corpo e puxou para borda. Com a chuva que obviamente caiu recentemente, tudo estava molhado e havia muita pouca chance das chamas se espalharem. Um pequeno riacho brilhava no fundo e esperaram até que o corpo caiu, aterrissando em uma grande rocha e parando da margem do riacho antes de cair dentro. Cam se virou, sem remorso em matar o Beta.

— Vamos voltar, os outros disseram onde iriam esperar?

Jinx balançou a cabeça.

— Falei para esperar por nós fora do acampamento. Eu não queria eles entrando e sendo visto sem nós, porque isso faria Fearghas perguntar onde estávamos e não queria que nos procurasse.

— Bem pensado. — Cam aprovou do raciocínio de Jinx, era o que ele teria feito também. — Vamos voltar e acabar com isso. — Sinclair fez uma careta, sabendo que o encontro com o tio não seria muito bom.

Mudando rapidamente, o grande lobo preto de Cam esperou Jinx e assim que estava pronto voltaram para o acampamento do clã.

Enquanto seu animal corria livre, podia sentir sua felicidade absoluta, a liberdade que negou por tanto tempo fazendo ele se sentir culpado. Sim! Respondeu quando suas grandes patas ganhavam velocidade no terreno. O lobo de Jinx manteve o ritmo com o seu, sinuoso e ao redor das árvores e arbustos enquanto aceleravam em direção a terra do clã com a informação que descobriram.

Cam deixou sua mente flutuar para longe, deixando a fera em carga completa, enquanto saboreava os sentimentos que corriam através do grande corpo. Ele tinha certeza de que nem ele nem seu animal se sentiram tão encantados como agora. Os problemas que estavam por vir seriam tratados, mas neste momento ele cedeu ao lobo.

Quando o lobo de Jinx latiu com entusiasmo, Cam sentiu sua própria resposta com alegria. Sua pele se movendo quando aumentou a velocidade de novo. Agora estavam quase voando pelo chão, tão rápido que em muito pouco tempo chegaram aos seus amigos. Todos os três esperando por eles em forma de lobo.

Cam achou estranho que não tivessem mudado e se vestido, quando diminuiu a um trote, ele deu um pequeno latido de comando. Rory, Logan e Mac foram atrás dele com Jinx chegando logo após. Quando chegaram as suas roupas, Cam mudou rapidamente, notando uma mangueira anexada ao lado das prateleiras.

Que ótima ideia. Ele pensou enquanto limpava as mãos e os pés, antes de pegar o recipiente de plástico que continha suas roupas. Uma vez vestido verificou seu celular, vendo várias ligações não atendidas, uma de Jacob e algumas de sua secretária, Stracey. Tinha uma mensagem de Jacob, seu investigador. Ele franziu a testa ao ler a mensagem. Eu estou chegando. Esteja lá no início da noite. Cam se perguntou o que ele descobriu que o fez deixar seu escritório em Los Angeles para se juntar a eles ali. Encolhendo os ombros, colocou o celular de volta no bolso, descobriria em breve de qualquer modo, não fazia sentido se preocupar com isso.

Ligaria para Stracey depois de sua reunião com Fearghas. Era raro que houvesse algo que sua braço direito não pudesse cuidar sozinha e não havia qualquer coisa empresarial urgente no momento. Não que soubesse, de qualquer maneira.

Olhando ao redor, viu que os lobos estavam todos vestidos, os gêmeos e Mac esperando pacientemente para ver se diria o que aconteceu. Jinx levantou a sobrancelha quando Cam suspirou e disse:

— Eu senti um lobo em apuros e fui dar uma olhada. Encontrei ela e estava sendo atacada por um homem.

Rory disse.

— Porra! Um deles?

Jinx riu, Cam lhe lançou um olhar firme antes de continuar.

— Sim, foi dito a ela que o Beta poderia fazer o que quisesse. Incluindo caçar ela na floresta com o objetivo de estuprar, o que foi quando apareci.

— Caralho! — Logan exclamou, a raiva agora aparecendo em todos os três.

— Exatamente, encurtando a história, nós lutamos, ele está morto. Jinx e eu eliminamos o corpo.

Um ronco alto veio de Jinx, fazendo com que os gêmeos e Mac olhassem para ele, a confusão em seus rostos.

— Oh, aguardem homens, só aguardem. — Ele riu quando Cam o olhou furioso.

Rory, Logan e Mac se viraram para Cam.

— Tudo bem! A loba que eu salvei se chama Chastity e é irmã de Philippe Dupont. Está aterrorizada com ele e mesmo que dissesse a ela que deveria sair, estava com muito medo. As mulheres da matilha são abusadas da pior maneira possível. Isso faz meu sangue ferver. Ela disse que Dupont iria caçar ela e rasgar em pedaços se fosse embora.

Mac passou a mão pelo cabelo, franzindo a testa quando um rosnado baixo retumbou em seu peito.

— Isso é fodido! Onde ele foi criado para pensar que está tudo bem agir assim? Ela é sua irmã! Deveria proteger ela e não assustar!

— Muito bem! — Rory disse, seu rosto com raiva.

— Isso é, vamos enfrentar ele e adicionando que está usando magia, não será fácil, rapazes. — Cam olhou para cada um deles e continuou. — Além disso, quando Fearghas saber, irá enlouquecer. Se for atrás de Dupont, vai se machucar e não vou permitir que isso aconteça. Então, contaremos a má notícia, mas quero que seja com toda a calma. Não quero a raiva de vocês afete ele. Ok?

— Pego. — Logan balançou a cabeça, dando a seu gêmeo um olhar aguçado.

— O quê? — Rory cutucou Logan. — Estou bem, juro.

Enquanto caminhavam até a cabana do Alfa, Cam pode ver seu tio caminhando de um lado para outro da varanda. Podia sentir a tensão e logo que Fearghas viu eles se aproximar, desceu a escada, esperando por eles com o rosto sério.

— Você está de volta. — Fearghas disse, com o rosto impassível, obviamente, escondendo sua preocupação. — Tudo foi bem? Encontrou alguma coisa?

— Vamos para dentro, tio. — Cam segurou o cotovelo de Fearghas. — Podemos conversar melhor depois que comermos. Foi um longo dia.

— Claro! — Fearghas quase correu até a escada para abrir a porta. — Marie! Comida para os rapazes.

Cam o seguiu, sabendo que sua tia provavelmente teria uma refeição pronta. Ele não estava errado. Quando entraram na cozinha, ela estava ocupada com Angel ajudando. Fergie estava na mesa com um laptop, teclando antes de olhar para ele com um olhar interrogativo.

Marie colocou grandes tigelas na mesa enquanto Angel pegava uma panela enorme, com guisado de carne. Marie colocou uma grande concha na panela, sorrindo nervosa para todos eles.

— Se sirvam, vou trazer o pão e querem uma cerveja para acompanhar?

Cam tomou seu lugar na extremidade oposta da mesa a Fearghas, esperando até os lobos estivessem todos comendo antes de se servir.

— Cheira delicioso, obrigado e sim, acho que merecemos uma cerveja.

Assim que ele falou Angel pegou as bebidas, em seguida, sentou ao lado de seu companheiro. Fergie terminou o que estava fazendo e fechou o laptop. Um ar de expectativa estava ao redor de todos enquanto comiam.

Cam não podia suportar.

— Ok. — Ele começou, enquanto ainda tentava comer. — Alfa, você precisa sentar e ouvir tudo o que temos a dizer. Ok?

Fearghas balançou a cabeça, os lábios numa linha apertada enquanto Cam bebia sua cerveja de uma só vez. Limpando a boca com um guardanapo, ele respirou fundo.

— Sua terra foi invadida por lobos de Wild Ranch e...

— Como? — Fergie interrompeu. — Como isso é possível sem o nosso conhecimento a respeito?

— Eu disse para ouvir? — Cam falou em voz baixa, mas seu tom de voz era puro Alfa e os olhos de Fergie foram para baixo quando ele disse um rápido “desculpe”.

Cam inclinou a cabeça para o lado, observando a reação de seu tio e viu linhas aparecem ao lado de seus olhos e boca quando seu filho mostrou submissão a Cam.

— Certo, continuando. — Os olhos de Cam ficaram presos em seu tio. — Eles estão usando magia para mascarar o cheiro e ocultar sua presença. Sei que você não gosta de magia, odeia de fato. Mas se quisermos ter uma chance contra eles, teremos que usar ela para neutralizar a deles. Se não fizer isso, então nós estamos, como dizemos no mundo dos negócios: fodidos.

Fergie xingou enquanto o rosto do Alfa ficou vermelho e Cam temeu que fosse explodir. No entanto, Fearghas acenou para continuar.

— Nós os rastreamos e sim, usei um pequeno feitiço que minha mãe me ensinou para ser capaz de fazer. No local que Fergie foi atacado ficou óbvio para mim o que aconteceu. Nenhuma dúvida sobre isso.

Marie ofegou, Angel gemeu e Fearghas amaldiçoou. Cam ignorou e continuou.

— Então, nós monitoramos os responsáveis por todo o percurso de volta para o acampamento Wild Ranch. Não há dúvida de que são os que estão por trás de tudo e precisamos descobrir como derrubar eles. Mais importante, Philippe Dupont.

Fearghas falou pela primeira vez desde que se sentou.

— Como você propõe que façamos isso?

Ele olhou fixamente para seu tio.

— Fico feliz por dizer nós, porque esse Alfa é, aparentemente, pior do que pensávamos. Ne deparei com seu Beta na floresta...

A cabeça de Fergie se levantou.

— O que? Merda! Eles sabem que estivemos em suas terras!

— Espere, me deixe terminar. Disse que me deparei com ele, mas não está mais em posição de dizer nada a ninguém. Tivemos uma leve diferença de opinião. Ele pensou que estava tudo bem caçar uma loba e estuprar ela. Pensei o contrário. Nós lutamos e posteriormente, Jinx e eu nos livramos de seu corpo, queimando para mascarar o cheiro da fêmea. Ela está absolutamente aterrorizada. Nunca vi alguém tão assustado.

— Quem era ela? — Perguntou Angel, o medo em rosto.

— Chastity. — Cam esperou e viu os olhos de Angel se arregalarem, com o rosto perdendo toda a cor.

— Não! Oh meu deus, é a irmã do Alfa!

— Sim. — Cam disse. — Ela é, e estava tão assustada que seu corpo tremia da cabeça aos pés. Ela não vai dizer nada porque tem a impressão de que Dupont iria considerar ela responsável, podendo punir ela. Seja lá que porra que isso significa.

Sinclair bebeu um pouco mais de sua cerveja, seus olhos ainda em Fearghas, vendo a tensão no rosto do Alfa. Ele estava tentando esconder, mas Cam podia ver claramente.

— Fearghas, precisamos trazer uma bruxa. Sei que não aprova a bruxaria, mas precisamos combater fogo com fogo, ficaremos cegos se não fizermos.

Um silêncio pesado pairou ao redor deles enquanto Fearghas permanecia rigidamente sentado, sua mandíbula flexionada e seus olhos faiscando de raiva. Cam esperou, sua própria expressão calma enquanto Fergie olhava entre ele e seu pai. Os segundos se passaram, Marie e Angel começando a se incomodar, antes de Fearghas assentir uma vez. Cam tomou isso como aprovação.

— Bom, tenho alguém em mente, mas ela não vai estar aqui até amanhã, no mínimo, então acho que deve dizer ao povo para permanecer dentro do acampamento. Não ficar andando e oh sim, onde porra está seu Beta? Ele deveria estar aqui ao lado de seu Alfa.

Fearghas olhou para Fergie.

— Disse para ele estar aqui?

Fergie assentiu.

— Sim, enviei uma mensagem para ele mais cedo, mas não respondeu. Eu não tenho nenhuma ideia de onde está.

— Porra! — A palma de Fearghas bateu na mesa, com força suficiente para fazer com que os pratos chacoalhassem. — Vou chamar ele e ver o que está acontecendo. Qualquer outra coisa que devo saber por agora, Cam?

— Meu investigador, Jacob, está chegando daqui a pouco, deixou uma mensagem. — Cam se perguntou de novo por que Jacob decidiu vir. — Não faço ideia do porquê, mas se está vindo para cá então tem alguma informação que quer nos contar cara a cara.

— Quando ele vai chegar? — Marie perguntou. — Deixarei a comida separada para ele.

— Ele é um lobo então estará com fome, está sempre com fome. — Jinx riu. — Não acho que já vi alguém tão grande quanto ele e com certeza come demais.

— Ele é grande, mas também é muito rápido e letal. — Cam olhou de Jinx de volta para Fearghas. — É em uma luta, mas é um gênio absoluto com computadores e eletrônicos.

Fearghas inclinou a cabeça para o lado.

— É bom saber, parece que precisaremos de toda a ajuda que pudermos conseguir.

— Estou feliz que você se sente assim porque Jacob tem uma tendência a “assumir o controle” e não quero que ele te irrite da maneira errada. — Cam levantou uma sobrancelha antes de continuar. — Só deixe ele fazer o que faz de melhor e vai ser um trunfo. Experimente e não leve a sua forma brusca pro pessoal. É apenas a maneira como ele é.

Fergie riu.

— Brusco, é? Bem temos Matthieu por isso estamos meio que acostumados com brusco.

— Isso me lembra. — Cam olhou para longe de Fergie, imaginando como seu tio iria tomar seu próximo pedaço de informação. — Tenho Jacob investigando Matthieu. Espero não ofender, mas eu gostaria de saber quem eu tenho em minhas costas. Não conheço ele, portanto, não confio nele.

— Sério? — Fearghas inclinou a cabeça para o lado, com uma expressão de surpresa. — Você poderia ter falado esse assunto comigo em primeiro lugar, Cameron.

Cam deu de ombros.

— Desculpe se te ofendi, mas independentemente do que dissesse eu teria feito a checagem. Como eu disse, eu gostaria de saber quem está por trás de mim.

O primo de Cam se virou para seu pai.

— É um ponto justo, pai, e para ser honesto, gostaria de saber o que foi descoberto também. Ele sempre foi um pouco cauteloso e eu já te disse isso, mas não acredito na maioria das coisa que ele diz.

Fearghas franziu a testa.

— Eu sei quem ele é, o que deve ser suficiente para qualquer um.

Com essas palavras, a mente de Cam disparou. Para ele, soava que o Beta não era exatamente o que ou quem parecia ser.

— Se importa de nos esclarecer?

— Não. — Fearghas resmungou, seus olhos não encarando Cam.

Interessante. Cam pensou e esperava que Jacob fosse chegar logo. Ele agora queria saber tudo o que podia sobre o Beta evasivo.

Cam estava prestes a incitar seu tio sobre Matthieu quando ouviu um barulho familiar. Seu jato estava para pousar. Jinx olhou para o teto perguntando.

— É o seu jato?

Cam acenou com a cabeça, levantando e deixando a mesa rapidamente. Se Marcus estava aqui, havia um motivo muito bom para isso.


Capítulo oito

Cam correu em direção à pista de pouso, Jinx ao lado dele. Seu jato elegante pousou suavemente, correndo ao longo da pista curta para parar alguns metros na frente deles. Caminharam para frente, Jinx aparentemente tão curioso quanto Cam.

— O que Marcus está fazendo aqui? — Seu amigo perguntou quando a porta se abriu e os passos foram reduzidos.

— Não faço ideia. — Sinclair respondeu, com os olhos na porta.

Ele viu uma grande sombra preencher a porta.

— Jacob. — Disse ele.

Viu seu investigador particular, os óculos de sol de marca no lugar, mesmo que a noite estivesse próxima. Jacob levantou a mão em saudação enquanto caminhava em direção a eles. Cam colocou as mãos nos quadris, uma sobrancelha levantada.

— Se importa de me deixar saber a razão do porquê usou o meu jato particular?

Jacob sorriu.

— Era a maneira mais rápida de chegar aqui e acredite em mim, você quer a mim e minha experiência aqui.

— Isso depende. — Cam respondeu, observando Marcus colocar a mala na pista.

— O que é tudo isso? — Perguntou Jinx, apontando para Marcus.

— Ferramentas de negócios. — Jacob respondeu sem se comprometer.

Marcus se juntou a eles.

— Chefe, você precisa ligar para Stracey, ela está tentando chegar a você e parece preocupada.

Cam olhou para o piloto.

— O que? — Ele perguntou, em nenhum momento se importando com a preocupação de Stracey.

— Ela pediu para ligar assim que puder. — Marcus parecia pensativo, obviamente ciente de que Stracey não se assustava facilmente.

Cam tirou o telefone do bolso.

— Farei isso agora, leve todas estas coisas para a casa do Clube.

Discando rapidamente o número esperou, a ligação foi atendida imediatamente.

— Cameron, estou tentando falar com você.

O tom de Stracey não era um que ouviu antes. Não nos vinte anos que a mulher trabalhou para ele.

— O que está acontecendo? — Perguntou rapidamente.

— Recebi uma ligação de uma mulher que disse que te conheceu. Parecia assustada e disse que você falou para que entrasse em contato se ela precisasse de ajuda.

O coração de Cam acelerou, Chastity.

— E? — Cam quase sussurrou.

— Ela estava divagando e levou alguns minutos para entender o que estava dizendo. — Stracey respirou fundo. — Ela disse que seu nome era...

Cam interrompeu:

— Eu sei o nome dela, vá em frente.

— Ela disse algo sobre o Alfa saber alguma coisa. Não sobre você, mas sobre ela. Disse que sentiu o cheiro de Silas sobre ela, mas Silas não pode ser encontrado e ele a puniu de alguma forma, porque disse que estava mentindo para ele. Cam, ela parecia muito assustada. Nunca ouvi tanto medo assim antes. No que porra você se meteu?

Seu estômago se apertou com o pensamento da punição que Chastity sofreu. Um grunhido crescendo em seu peito e saiu livre, alto o suficiente para que Jinx perguntasse.

— Você está bem?

Ele ignorou, tentando controlar suas emoções. Emoções que estavam de repente fora de controle. A voz de Stracey o tirou de seus pensamentos sobre o que faria com Dupont quando colocasse as mãos sobre ele.

— Cameron! O que está acontecendo?

— Ela deixou um número? — Ele perguntou, seu tom agudo, um que nunca usou antes com Stracey.

Stracey parecia preocupada e ofendida quando falou:

— Sim, deixou e vou te enviar em uma mensagem para você, mas precisa me deixar saber o que está acontecendo. Posso ajudar.

— Preciso que cancele tudo na agenda pelas próximas semanas, talvez mais. Entro em contato depois. Se houver algo urgente você lida com isso porque estarei ocupado aqui. Se não conseguir, me deixe saber, mas tenho certeza que não acontecer. Stracey, confio em seu julgamento implicitamente e preciso me concentrar aqui.

Cam pode ouvir seu suspiro.

— Você ficará fora da rede? O que direi a todos?

— Sim. — A mente de Cam estava focada na loba que conheceu antes. Determinado a ter ela segura, ao mesmo tempo, impondo a sua própria forma de punição para o irmão. — Nós temos uma situação aqui na matilha do meu tio e não tenho certeza de quanto tempo levará para resolver o problema. Provavelmente precisarei de sua ajuda e se isto acontecer, então precisará fazer o que eu disser. Sem perguntas.

— É claro. — A voz de Stracey estava agora tensa. — Sabe que farei o que puder. Pensarei em algo com relação ao seu desaparecimento repentino.

— Obrigado. — O tom de Cam estava quase de volta ao normal. — E me lembre de te dar um bônus e um aumento quando isso acabar.

Stracey riu.

— Sim, sim, o que realmente preciso é de férias. Em algum lugar quente e tranquilo.

— Feito. — Ele concordou. — Ah e Stracey, você conseguiu uma cópia do meu testamento? Está no cofre do meu escritório.

— O quê? — Stracey quase gritou. — Cameron Sinclair, me diga que não fará nada estúpido!

A voz de Cam abaixou, determinação soando com cada palavra.

— Tentarei, mas sem promessas.

— Não me faça ir aí, Cameron! De verdade.

Cam riu.

— Serei cuidadoso, juro. Além disso, tenho Jinx e Jacob aqui, assim como alguns dos rapazes da Escócia. Vamos Stracey pode confiar em mim.

Ela não pareceu convencida.

— Por favor, Cam, tenha cuidado.

Quando usava seu nome abreviado, sabia que estava preocupada, muito preocupada. Afinal a Sra. Hood nunca lhe chamou de outro nome senão Cameron.

— Sim, apenas esteja pronta no caso de precisar de você para fazer qualquer coisa. Ok?

— Sempre.

— Preciso ir, tenho muitas coisas para fazer. Entrarei em contato com você em breve.

— Ok e Cameron, por favor, ajude essa garota. Ela parecia tão assustada.

Cameron quase rosnou.

— Não se preocupe com isso. Eu definitivamente ajudarei.

— Vai me dando notícias de como vai tudo. Sabe que vou ficar preocupada até que me atualize.

Seu tom era muito mais suave quando ele respondeu.

— Sim. Diria para não se preocupar, mas sei que seria inútil. Preciso ir. Falo com você em breve.

— Tchau. — Ela disse quando desligou, se voltando para Jacob e Jinx para descobrir que já haviam se afastado.

Marcus estava de pé, à espera de instruções.

— Você pode ir para casa, mas se certifique de que o jato esteja reabastecido e pronto. Posso precisar dele.

Marcus balançou a cabeça, se voltando para o jato quando respondeu sobre o ombro.

— Sim. Tenha cuidado, chefe.

Cam não se incomodou em responder, apenas levantou a mão num gesto de despedida antes voltar ao acampamento para encontrar Jacob. Precisava saber por que seu investigador estava ali e queria saber o mais rápido possível.

Quando chegou à casa do clube encontrou uma reunião. Todos, incluindo Fearghas estavam lá, com Jacob configurando uma série de produtos eletrônicos na grande mesa da cozinha. Jinx ajudava e Fergie se movia ao redor para verificar tudo com um brilho nos olhos.

Cam esqueceu o quanto seu primo amava seus aparelhos.

— Jacob, relatório, por favor. — A voz dura enquanto observava.

Jacob parou de configurar seu laptop.

— Bom, você está aqui. Pessoal se todos se sentirem confortável vou começar.

Cam sentou à mesa, enquanto todos os outros também. Jacob esperou, sem falar até que ficaram todos em silêncio. Seus olhos encontraram os dele e ficou ali

— Por onde quer que comece? Philippe Dupont ou Matthieu?

Fearghas grunhiu. Cam olhou para ele.

— Quer dizer algo, Alfa?

Seu tio inclinou a cabeça.

— Acho que deveria. — Fearghas se virou para Jacob e declarou. — Se há algo mais a acrescentar, o faça quando eu terminar.

Jacob balançou a cabeça quando Fearghas respirou fundo antes que continuasse.

— Matthieu não é quem você pensa...

Fergie bufou.

— Eu sei, Sherlock!

Fearghas olhou para seu filho de forma dura antes de continuar.

— Ele é do Conselho. Entrei em contato com eles um tempo atrás e mandaram ele para tentar chegar ao fundo das coisas. Até agora, não encontrou qualquer prova concreta contra Dupont então o Conselho se recusou a tomar medidas.

— Porra! — Fergie amaldiçoou. — Por que não me contou?

Fearghas parecia arrependido.

— Disseram para não contar a ninguém, incluindo a família.

Jacob falou antes que Fergie pudesse dar mais informações.

— Certo, descobri isso em poucos minutos. Ele é especialista em infiltração e coleta de informações. Aparentemente, é bom no que faz, mas só pode trabalhar dentro dos limites das regras do Conselho e Matthieu é um defensor das regras.

— É verdade. — Fearghas limpou a garganta. — Ele continua dizendo que não pode fazer algumas coisas.

— Certo. — Jacob concordou. — Suas mãos estão atadas e ele não pode nos ajudar, não contra Dupont.

Cam olhou para Jacob.

— Continue.

— Dupont, também conhecido como Alfa de Wild Ranch é um lobo mau. — Jacob verificou a tela de seu laptop. — É suspeito de matar o Alfa anterior, mas nada pode ser provado e apesar das lutas pelo posto serem permitidas, assassinato não é. Ele tem comprado terras ao redor de sua própria matilha e também de alguns pequenos pedaços de terras que fazem fronteira com as terras do Clã Highland.

— O quê? — Exclamou Fearghas. — Porque não sei sobre isso?

Jacob zombou.

— Porque ele é bom e está usando empresas de fachada sob nomes inócuos para fazer. Suas terras também estão divididas, Dupont possui quarenta e nove por cento, seu Beta Silas Smith possui vinte e cinco, Pascal Boudreaux possui dezenove, ele é aparentemente, o executor e Quincy Madden mantém o restante, sua atual posição é guarda pessoal de Dupont.

Cam ouvia atentamente, seu cérebro trabalhando rápido.

— O Beta se foi, mas tenho certeza que Dupont não sabe. Ainda não, de qualquer maneira. Jacob, pode encontrar sua assinatura em algum lugar?

Jacob sorriu.

— Sim, claro e gosto do jeito que você está pensando!

Fearghas olhou entre eles confuso.

— O que quer dizer?

Jacob abriu a boca para responder, mas Cam falou primeiro.

— Se pudermos duplicar sua assinatura, vou elaborar documentos datados de ontem com ele me vendendo sua porcentagem.

— Isso é legal? — Perguntou Fearghas.

Cam pensou em sua resposta, tomando seu tempo, enquanto todos os olhos estavam sobre ele.

— Fearghas, acho que Marie precisa de você.

Fergie sorriu e acrescentou.

— Sim, ouvi ela te chamando pai.

Fearghas suspirou em resposta.

— Acho que devo ir e ver o que ela quer.

— Boa ideia. — Cam disse calmamente, esperando que o Alfa saísse antes de voltar para Jacob. — Ok, qualquer outra pessoa que tenha um problema com qualquer coisa que vou fazer, deve sair agora.

Ninguém se moveu, Fergie balançou a cabeça.

— Estou dentro. Não dou a mínima como faremos, precisamos tirar ele.

— Concordo. — Cam sorriu. — Vou fazer ele pagar e a primeira coisa é conseguir controle das terras. Jacob, entre em contato com a Sra. Hood e peça para redigir um contrato datado de ontem com a assinatura, em seguida, me encontre algo que possa usar contra os outros dois. Se não conseguir encontrar algo que seja suficiente para levar eles a assinar sobre sua percentagem então, pensaremos em outra coisa.

— Feito. — Jacob sorriu. — Agora, tenho uma tonelada de sensores de movimento eletrônicos aqui. Quero que coloquem todos ao redor do acampamento para que possamos monitorar quem está nos observando.

Cam falou.

— Estão usando magia para mascarar seus aromas, mas espero que os sensores os encontrem.

— Eles vão. — Jacob concordou. — Além disso, trouxe algumas surpresas também. São apenas pequenas cargas, o suficiente para assustar, mas não matar. Só vou detonar depois daqui então ninguém dessa matilha pode acionar, mas vai dar a esses filhos da puta algo para se pensar.

— Porra! Isso é ótimo. Posso ajudar, sou muito bom com eletrônica e fiquei ainda melhor nos últimos meses. — Fergie bateu nos braços de sua cadeira de rodas. — Não tenho muito o que fazer nos dias atuais.

— Bom, você e eu podemos trabalhar juntos, há sempre um de nós monitorando os instrumentos. — Jacob se virou para Cam. — Quem é a garota?

— Que garota? — Cam tentou desviar.

— Não se faça de bobo. Preciso saber tudo e ouvi sua conversa com sua braço direito.

Jinx sorriu para Cam e disse:

— Ela é a irmã de Dupont e Cam já conheceu ela. Isso foi quando ele e Silas lutaram.

— Ok, bem, ela pode ajudar. — Jacob parecia pensativo. — Se puder nos informar o que está acontecendo por lá, realmente ajudaria.

— Não! — Cam quase gritou. — Ela está em perigo o suficiente assim. Não vou colocar ela em mais.

As mãos de Jacob subiram, com as palmas para frente.

— Ok, Cam. Parece que a garota é um ponto sensível.

— Chastity. Ela se chama Chastity e Dupont já machucou ela hoje.

Fergie grunhiu.

— O quê?

— Ela ligou para o escritório e conversou com Stracey. Estava assustada e disse que Dupont já puniu ela porque sentiu o cheiro de Silas sobre ela, mas não puderam encontrar ele.

Jinx sorriu.

— Bem, isso é porque ele está queimado como uma batata no fundo de uma ravina.

— Parece que ela está realmente com medo de seu irmão. — Mac disse, o rosto mostrando sua irritação com o pensamento.

— Está apavorada. — Cam concordou. — Estava tremendo como uma folha e juro que quase pude saborear seu medo. Então Jacob, não vou colocar ela em mais perigo.

— Tudo bem. — Jacob concordou. — Seria bom ter alguém dentro, mas podemos trabalhar com o que temos.

— Tenho o número dela e vou ligar. Jacob, separe o que precisa aqui. Primeiro vou ficar com a porcentagem da terra de Silas. Então quero tanto quanto puder conseguir.

— Vou ligar para Sra. Hood agora. — Jacob se levantou, segurando o celular enquanto caminhava até a porta para fazer a ligação.

— Jinx, você fica com Jacob. Dê tudo o que ele precisa e faremos turnos para vigiar o acampamento. — Cam levantou dizendo. — Eu não quero esse filho da puta tentando qualquer coisa aqui, mas se ele vier, quero ser o único a confrontar ele. Se certifique que todos saibam.

— Certo. — Jinx respondeu. — Diga a Chastity para ficar segura.

Cam notou o brilho atrevido nos olhos dele enquanto verificava seu celular, lendo a menagem de Stracey e memorizando o número. Digitou e seu coração acelerou quando ouviu a voz dela, sua respiração ficou presa apenas por um momento, antes que voltasse ao normal.

— Olá, é Cam. Você está bem?

Ele a ouviu prender o folego, semelhante ao que acabou de fazer, antes que ela respondesse.

— Sim, mas ele sabe que tem algo errado. Silas nunca desaparece por tanto tempo.

— Não se preocupe, ele não terá nenhuma informação do corpo. Isso é, se acharem. — O coração de Cam estava batendo em seu peito descontroladamente e não tinha ideia do porquê. — Você quer sair? Posso encontrar ela e a trazer em segurança.

— Não posso, não essa noite. Ele me tem trancada com guardas na porta.

Suas palavras provocaram um grunhido.

— Trancada? Posso ir agora e te tirar daí.

— Não! — A voz de Chastity estava frenética. — Por favor, não faça isso. Irá se machucar e ele saberá que estou envolvida em alguma coisa. Por favor, não venha.

Cam respirou fundo, o desejo do lobo de ir buscar ela o corroendo.

— O que quer que eu faça?

— Se eu sair amanhã, vou ligar e podemos falar sobre isso então. Só precisava que você soubesse que ele está ciente de que tem algo errado. Eu... — Sua voz falhou. — Não quero que você fique ferido.

— Confie em mim. — Disse Cam. — Quando seu irmão e eu nos encontrarmos não serei eu quem ficará ferido.

— Espero que não. — Chastity sussurrou.

— Enquanto tenho você no telefone, posso te fazer algumas perguntas? — Ele esperou até que ela concordasse. — Ok, você tem alguma informação que poderia ser usada contra Pascall e Quincy? Quaisquer deficiências que têm? Qualquer coisa.

— Hmm, me deixe pensar. — Ela ficou quieta por um segundo ou dois. — Pascall gosta de jogar. Sei que Philippe tem conversado com ele sobre isso, pois precisou ajudar um tempo atrás. Outra coisa além disso, não tenho certeza.

— Isso é bom saber, posso usar. — Cam sabia que Jacob descobriria eventuais dívidas do homem. — E sobre Quincy? Qualquer coisa sobre ele?

Ficou um momento em silêncio. Ele podia sentir que ela queria dizer alguma coisa, mas estava tendo dificuldade em colocar em palavras. Finalmente, respondeu.

— Quincy é um verme, uma péssima fluência e tem rumores de que gosta de jovens.

Chastity respirou fundo, o som fez Cam inalar também.

— Diga. — Disse ele em voz baixa, sua relutância óbvia.

— Eu sei que ele ficou em apuros aqui por ir atrás das jovens e entrou em uma briga ou duas sobre isso. Ouvi Philippe dizendo que precisava parar, bem, dentro da matilha de qualquer maneira. Agora acho que ele vai para outro lugar para conseguir o que quer.

Cam lutou contra o grunhido ameaçando sair ao pensamento de um lobo adulto se aproveitando de jovens. Sua irritação com Quincy o levando a pensar nas formas de ferir ele, assim que tivesse a chance. Manteve a voz calma quando respondeu.

— Ok, é uma informação que posso usar também. Oh e Chastity, ele vai pagar pelo fez com as jovens. Não se preocupe com isso.

— Bom. — Chastity murmurou. — Ele merece ser punido. Cam, preciso ir, posso ouvir eles chegando. Por favor, seja cuidadoso.

— Você também e quando quiser sair, ligue e imediatamente vou te buscar.

— Vou tentar. — Chastity desligou.

Cam suspirou, a perda de sua voz, causando uma tristeza dentro de seu peito. Que porra está acontecendo comigo? Ele pensou quando voltou para a mesa.

Jacob estava sorrindo como um gato que comeu o creme.

— Aqui está. — Ele balançou um maço de papéis na mão. — Tudo que preciso fazer agora é copiar sua assinatura e você será o orgulhoso proprietário de partes da terra de Silas.

Cam sentou.

— Bom. Agora tenho mais trabalho para você. — Ele passou a Jacob as informações que Chastity deu e viu o sorriso do homem. O restante dos rapazes estavam com Fergie. — Onde eles vão? — Perguntou Cam.

— Colocar os sensores lá fora, Fergie é um pequeno gênio com a eletrônica.

— Sim. — Ele concordou, pegando os papeis e lendo o contrato.


Chastity olhou para o celular antes de colocar ele de volta dentro do sutiã. Os idiotas olharam os bolsos de seu jeans, mas isso foi tudo, não encontraram o celular, graças a Deus. Seus pensamentos estavam vagando para o estranho alto que conheceu antes. Seu coração batendo descontroladamente cada vez que pensava nele.

Ele disse que poderia ajudar, levar ela para longe dali. Mas poderia? Ele era forte o suficiente para lutar contra seu irmão? Mais importante, era desonesto o suficiente para derrubar Philippe? Sabia quão astuto e dissimulado ele era e não tinha certeza se esse lobo, Cam, seria capaz de fazer o que disse.

Esperava que sim. Desejava com todo seu coração que pudesse, porque seu irmão era hediondo. Era triste saber isso. Philippe não foi sempre assim. Quando ambos eram jovens sempre prestou atenção nela, cuidou dela. Em seguida, seus pais foram mortos e ele mudou.

Já não se importava com nada nem ninguém, exceto a si mesmo e se transformou em um monstro. Um homem malicioso e perverso que fazia tudo o que precisava para conseguir o que queria. Incluindo assassinato.

Chastity estava bem ciente do que ele fazia e temia por sua segurança. Sabendo que ele faria o que sentia que era necessário para conseguir o que queria dela. E o que queria agora era seu Beta.

Pulou quando a porta se abriu, sentando em sua cama quando ele entrou. O rosto de Philippe a assustou, o olhar em seus olhos não era um que viu antes. Ela lutou para controlar seu corpo, parar de tremer de medo quando ficou na frente dele.

— Diga. — Ele disse, obviamente sentindo o cheiro de seu terror.

— Eu não sei onde ele está. Realmente não sei.

Chastity nem sequer viu chegando, sua mão se movendo tão rápido quanto bateu com força. Seu rosto ardeu e seus olhos lacrimejaram quando ela caiu de lado.

— Philippe, não estou mentindo! Vi ele antes, mas depois ele foi embora e não sei para onde!

— Chastity, minha querida irmã, você está mentindo e se não me contar que porra está acontecendo, deixarei Pascall e Quincy vir aqui e se divertir um pouco.

— Não! — O grito de Chastity ficou preso na garganta com o pensamento dos dois sobre ela.

— Sim, agora, me diga. — Os olhos de Philippe estavam fixos nos dela e sua mente estava confusa tentando chegar a algo, qualquer coisa, para impedir a ameaça de se cumprir.

— Ok! Vou dzer. — Chastity sabia que a mentira era um problema, mas foi tudo em que conseguiu pensar para não ser estuprada. — Precisa manter a calma, Philippe, não vai gostar do que vou dizer.

Philippe levantou uma sobrancelha quando fez um sinal com a mão para que ela continuasse.

— Ele quer deixar a matilha e me levar com ele. Está tentando fazer algum tipo de negócios com alguém, mas não quis contar os detalhes. Disse que não pode confiar em mim. Quer ir para um lugar onde terá a chance de se tornar Alfa e sabe que não vai acontecer aqui. Você é muito forte para que o desafie, então está de olho em uma matilha menor, com um Alfa que pode derrubar.

Chastity sentou enquanto Philippe amaldiçoava.

— Caralho! Eu sabia que ele era um traidor! Vai lamentar o dia em que pensou em me deixar. Rasgarei a porra da garganta dele! Quando ele volta? Diga, irmã, me diga!

O coração de Chastity saltou no peito enquanto Philippe gritava.

— Eu não tenho certeza, ele disse que tem alguns negócios a resolver e não queria que você soubesse sobre isso. Disse que me mataria se contasse.

— Aposto que sim. Bem, você não precisa se preocupar com aquele filho da puta mais. Vou lidar com ele. — Philippe zombou. — Mas você vai ficar aqui até isso. Não quero que conte a ele que sei sobre seu plano tortuoso. Fique à vontade Chastity e obrigado irmã por finalmente contar a verdade.

— Estava com medo, Philippe. Ele disse que iria me machucar ou me matar se te contasse. — Chastity conseguiu dar um pequeno sorriso quando a mão de seu irmão bagunçou seus cabelos.

— Não vou deixar ele te machucar. Cuidarei dele, mas você entende que não posso ter você correndo e avisando ele que estou indo atrás dele. Verdade?

— Sim claro, mas nunca faria isso. — Chastity tentou por sinceridade e pensou ter conseguido quando ele sorriu para ela.

— Só por precaução, irmã mais nova, te manterei guardada a sete chaves.

Com isso, ele se virou e saiu, sua frequência cardíaca lentamente voltando ao normal. Ainda podia ouvir ele conversar com alguém no corredor para ser certificar que os guardas não a deixassem sair.

Merda, vou ter que ligar para Cam de manhã e contar que não posso sair. Pensou se deitando e tentando dormir. Pensando no lobo preto fazia com que seu estômago se agitasse quando seus olhos se fecharam.


Cam observou seu investigador trabalhar. Jacob assobiava, então resmungava, logo rosnava, mas não fez comentários. Sabia que conversaria com ele quando quisesse e não antes, mas podia supor que estava verificando Quincy. O jogo de Pascall não provocaria esse tipo de resposta de seu investigador endurecido. Ele continuou com o contrato, balançando a cabeça quando terminou. Stracey conseguiu de novo. Tudo era perfeito e juridicamente vinculativo. Bem, além da assinatura forjada. Mas sabia que ninguém poderia questionar a cópia perfeita assinada pelo Beta.

Jacob era bom, realmente muito bom.

Se passou quase meia hora antes de Jacob falar de novo. Batendo a palma da mão sobre a mesa quando sua impressora começou a zumbir e papéis apareceram.

— Certo. Pascall é fácil, já está na mão de outro agiota e parece que Philippe socorreu ele antes. Está até o pescoço em dívidas de jogo então...

— Quanto? — Cam perguntou.

— Mais de cem mil dólares e aumenta drasticamente a cada dia com o tipo de juros que ele está pagando. — Jacob entregou a Cam os papéis. — Agora, o nosso outro lobo, Quincy, preciso dizer Cam, quero colocar minhas mãos nele, muito mesmo. Está sempre on-line recebendo fotos de pornografia infantil e através disso consegui entrar em seu computador em casa. Está repleto de imagens repugnantes e o merda estúpido ainda tem fotos dele lá com as crianças. Tenho certeza de que podemos usar elas para levá-lo a assinar os documentos ou podemos entregar ele e as fotos ao Conselho. Ele sabe muito bem o que o Conselho faz com pedófilos, então irá querer evitar isso a todo custo. É uma pena, porque precisa ser tratado e quanto mais duro, melhor.

Cam levantou a mão.

— Espere porra, esqueci de ligar para Rebecca. Preciso entrar em contato com ela antes de lidar com as inclinações doentes de Quincy.

Jacob começou a colocar a papelada em dois arquivos separados e Cam quase vomitou quando viu algumas das fotos de Quincy. Ele se virou para que não tivesse que ver elas quando encontrou o número de Rebecca. Tocou durante vários segundos antes de sua voz suave responder.

— Cam, que bom te ouvir.

E não pode deixar de sorrir. Rebecca podia ser pequena, com cabelo loiro morango e olhos castanhos, tinha a voz mais suave que já ouviu. Mas a Bruxa não era nada suave. Era uma mulher forte que usava a magia como uma espada precisa e às vezes, mortal.

— Rebecca, como você está? — Cam começou com sutilezas, ela não respondia bem ao contrário.

— Estou bem, obrigada por perguntar. E você?

— Eu estou bem, obrigado.

— Então, o que precisa?

Típico de Rebecca, direta ao ponto depois que as minúcias estavam fora do caminho.

— Estou na matilha do meu tio e nós temos um problema. Outra matilha está usando a magia para se proteger ao se infiltrar e atacar seus lobos. Alguns desapareceram e nunca foram encontrados, outros tiveram acidentes quase fatais, incluindo meu primo. Se enviar o jato você é capaz de vir e ajudar?

A voz de Rebecca mudou em um instante.

— O quê? Isso é escandaloso! É claro que irei. Estarei aí assim que eu puder. Estou visitando outro clã, então não estou muito longe. Posso dirigir, não preciso do jato.

— Obrigado. — Cam sabia que os valores profundos de Rebecca teriam se ofendido e irritado com o que estava acontecendo. — Precisamos de toda a ajuda que pudermos conseguir. Até breve, Rebecca.

— Ok Cam e tome cuidado até eu chegar aí. Não gostaria de te ver se machucar.

Ele sabia que a bruxa gostava dele, mas pensava nela mais como uma irmã e não se sentia dessa forma por ela. Recusou gentilmente uma vez e ela recuou. Cam ficou feliz por não perder sua amizade. Ela o ajudou a aperfeiçoar a sua própria magia em mais ocasiões do que poderia se lembrar.

— Vou tomar cuidado. Tenho que ir, temos muito o que fazer aqui.

Ela disse tchau e desligou, se virando para ver Jacob sorrindo.

— Não diga uma palavra. Nenhuma palavra.

— Eu não disse nada, mas já que estamos sozinhos. Acho que vai querer ouvir outra informação que tenho.

Cam sentou de novo.

— Diga. — Foi tudo o que disse enquanto Jacob verificava sua tela.

— Ok. — Jacob moveu o mouse, em seguida, olhou para Cam. — Philippe tem comprado terras como já sabemos, mas ele comprou duas partes que podem causar problemas a matilha. Uma delas é a Noroeste e outra no Sudeste, Fearghas transporta madeira através de ambas as áreas. Posso supor onde Philippe comprará em seguida, para impedir seu tio de usar essas estradas. Não há outra forma disponível para Fearghas a menos que construa outra estrada, o que será impossível e seria necessário cortar propriedades que ele não possui ou pagar Philippe para usar as estradas. Nenhuma é boa opção.

— Quando fará os próximos lances?

Jacob verificou sua tela de novo.

— Amanhã ao meio-dia.

Cam puxou o telefone. Ele nem sequer deixou Stracey dizer olá.

— Jacob vai te enviar alguns detalhes de terras que estão à venda. A licitação termina amanhã ao meio-dia e quero elas. Ele vai te informar sobre a oferta no e-mail. Me avise assim que for concluído.

Stracey apenas disse.

— É claro. — E desligou.

Olhando incisivamente para seu investigador, perguntou.

— Acho que pode descobrir os lances de Philippe? — Jacob acenou com a cabeça. — Bom, acrescente mais cinquenta mil e envie esse número para a Sra. Hood.

Jacob levantou a mão.

— Espere um minuto, Cam. A terra é pequena e tenho certeza, espere um segundo...

Os dedos de Jacob voaram sobre o teclado por alguns minutos antes dele sorrir.

— Sim, foi o que pensei. O lance de Philippe é de oito mil para um e nove para o outro, está superando quaisquer outros por alguns milhares. Você não precisa pagar cinquenta a mais.

— Certo. — O rosto de Cam era tão duro quanto sua voz. — Se quiser essa terra preciso me certificar de que ele não consiga. Assumo que ele não tem um extra de cem mil, certo? — Jacob balançou a cabeça. — Bom, isso significa conseguirei a terra. Envie o e-mail, Jacob.

— Tudo bem. — Jacob resmungou. — Mas se quiser jogar dinheiro fora, jogue na minha direção.

Cam riu.

— Tem dinheiro mais que suficiente e nem sequer tente negar.

— Eu sobrevivo. — Jacob disse enquanto Cam ria alto.

— Sobrevive! Você sobrevive? Então como é que comprou aquele Porsche? Esse Cartier que está em seu pulso?

Jacob encolheu os ombros.

— Eu poupei?

Cam riu de novo.

— Sim, você poupou para um Porsche.

O grande lobo riu com Cam antes de desistir.

— Sim, está bem, tenho alguns dólares. Não tanto quanto você playboy, mas o suficiente.

— Então, nós desviamos do assunto. Vamos voltar para Pascall e Quincy.

Jacob fez uma careta.

— Precisamos? Senti como se precisasse de um longo banho depois de lidar com esses dois, especialmente Quincy.

— Sim. — Cam disse, enquanto pegava alguns papeis. — Precisamos. Agora, Pascall será fácil, consiga o seu número e organize um encontro em algum lugar na cidade. Ofereça o suficiente para pagar suas dívidas e um pouco mais e se ele não morder, então pode dizer que é um caso de pegar ou...

O rosto de Jacob ficou inexpressivo quando ele respondeu.

— Eu gosto da opção ou, mas só farei se for necessário.

— Organize outro encontro com Quincy. Tire essa merda daqui e deixe ele saber que você irá para cima dele e para o Conselho se não assinar. Ofereça dez mil em dinheiro e isso é tudo.

O rosto de Jacob ficou duro, irritado quando ele respondeu.

— Nós não vamos deixar ele livre, certo? Só quero que ele assine, depois gostaria de levar ele a algum lugar agradável e privado.

Cam olhou para Jacob, inclinando a cabeça para o lado, em seguida, levantando uma sobrancelha.

— Quão bem você me conhece? Acha que deixaria? Sério?

Cam viu os olhos de Jacob se abrirem mais antes de sorrir.

— Obrigado por isso, porque não tenho certeza se teria deixado ele ir, mesmo se você tivesse dito. Então, qual é o seu plano para ele?

— Matthieu. — Cam acenou com a cabeça em direção à pilha de papéis que tinha as imagens repugnantes de Quincy. — Damos o lugar e a hora do encontro e ele pode pegar o cara depois. Tenho a sensação de que Quincy terá um mau momento com este lobo em particular. Matthieu não parece lidar bem com um lobo como Quincy.

— Bom. — A voz de Jacob estava cheia de ódio. — Me faz sentir um pouco melhor, mas ainda queria meu tempo com o filho da puta.

— Eu também, mas temos outras coisas para cuidar, meu amigo. Precisamos manter esta matilha segura.


Capítulo nove

Cam foi até a geladeira, pegar um pouco de fruta para fazer um lanche, quando Fergie e os rapazes chegaram, brincando e rindo quando entraram na cozinha. Fergie parecia como se tivesse recebido um novo sopro de vida, seu sorriso largo e olhos vivos com malícia. Bem a maneira como ele costumava ser antes de ser atacado e deixado para morrer.

— Fergie. — Cam chamou seu primo. — Tenho um trabalho para Matthieu e o Conselho. Pode entregar esses papeis e pedir para entrar em contato com Jacob sobre essa porra?

Fergie pegou o maço de papéis e Cam o advertiu.

— Não deve olhar. Não é bonito e só sentirá nojo e raiva. Só entregue para Matthieu, por favor.

— Ok primo, o que você disser. — Fergie colocou os papéis no colo e se afastou rapidamente.


— Angel, onde está você? — Fergie perguntou assim que fechou a porta de sua cabana. Sua necessidade de estar com sua companheira queimando dentro dele.

— Estou aqui, ma chérie. — Angel saiu da cozinha, uma pilha de roupas em seus braços. — Só vou colocar elas lá fora. Você se divertiu montando os sensores e se encontrando com seu primo?

— Deixe isso e venha aqui. — A voz de Fergie estava rouca enquanto sua excitação aumentava. Um mero vislumbre de sua companheira era tudo o que precisava.

— Oh! Vejo que o meu lobo está amoroso esta noite. Oui? — Angel riu, colocando a roupa em uma cadeira e caminhando para ele.

Assim que pode ele agarrou ela, seus braços fortes e grossos, a puxando para se sentar no seu colo.

— Estou minha pequena atrevida, especialmente após a merda que acabei de ver. Preciso de você, Angel.

— Qual o problema? — Os olhos de Angel foram para ele, a preocupação em seu rosto.

— Um daqueles lobos do Clã Wild Ranch, ele é a porra de um monstro. Ele, bem vamos apenas dizer que gosta de crianças.

— Não! Certamente um Alfa não permitiria isso, verdade? Mesmo um tão mau como Dupont?

— Ele aparentemente, não dá a mínima se um de seu círculo íntimo é um pedófilo. Porra! — Fergie passou a mão sobre o rosto. — Venha para mim baby, preciso de você para tirar essas imagens da porra da minha cabeça.

Ela estava em seu colo, os braços ao redor de seu pescoço num piscar de olhos, a sensação de seu corpo contra ele acalmava sua fera interior. Angel apertou seus lábios contra os dele, o coração batendo descontroladamente enquanto suas mãos acariciavam seu rosto.

— Vamos para cama, ma chérie. — As palavras dela contra sua boca.

— Você sabe que eu te amo? Sim? — Fergie murmurou contra seus lábios deliciosos.

A língua de Angel lambeu sua boca antes de morder suavemente seu lábio inferior.

— Eu sei, mas não tanto quanto eu te amo. Agora, me leve para cama e deixe essa língua se moveu por meu corpo!

Fergie riu enquanto virou eles para o quarto, com as mãos de Angel tocando seu corpo.

— Me ajude a esquecer o que vi, Angel.

Abaixando a cabeça, mordiscou seu pescoço.

— Sim, ma chérie, eu ajudo. — Ela sussurrou quando chegaram ao quarto.

— Bom. — Foi tudo o que disse enquanto seus lábios reivindicavam os dela em um beijo faminto.


— Os guardas estão organizados? Com turnos definidos? — Jacob perguntou enquanto digitava furiosamente em seu teclado.

— Sim e sim. Iremos ao amanhecer, mas está coberto até lá. — Mac respondeu enquanto pegava uma cerveja na geladeira e se sentava.

Jacob acenou com a cabeça.

— Bom. Todos os sensores estão ativos e um alarme soará aqui se for acionado. Vai ficar ao lado da minha cama, onde quer que seja e me acordar. Porra, o ruído provavelmente vai acordar todos, por isso se ouvir, vá para outro quarto.

— Farei isso. — Cam murmurou enquanto sua mente vagava para a loba branca. Ele podia ver ela claramente enquanto corria pela floresta e mais uma vez seu estômago se apertou.


— Cam. — Rory o enfrentou e este se perguntou o que queria desde que entrou. — Está tudo bem se eu ir a um encontro com Charlie? Prometo ir para a cama cedo e estarei de pé para o nosso turno da madrugada.

Cam franziu a testa.

— Charlie? Quem é Charlie?

Jinx riu quando Logan sorriu, Rory sabia que estava ruborizando.

— Charlie é a loba que conheci na noite passada. O nome dela é Charlotte, mas prefere Charlie.

Mac sorriu quando colocou sua cerveja para baixo.

— Ela ficou ao redor quando colocamos os sensores. Ela é um pouco...

— Cale a boca, Mac! — Rory disse com os dentes apertados. — Eu disse para parar. Não vou falar de novo.

Rory podia sentir sua raiva crescendo quando Mac falou e lutou para controlar. Tinha certeza de que Cam não apreciaria se socasse Mac no nariz, como queria desesperadamente. Rory sentiu sua raiva diminuir quando o seu desejo de se encontrar com Charlotte aumentou. Observou enquanto Cam olhava entre ele e Mac.

— Desde que você não esqueça seu compromisso com a gente, Rory. — Cam olhou fixamente para ele. — Precisaremos de você alerta para seu turno, a segurança da matilha está em nossas mãos agora e não podemos colocar em risco, por nada nem ninguém. Ok?

O coração de Rory disparou.

— Sim, eu entendo. Te vejo ao amanhecer.

Ele já estava caminhando enquanto respondia e assim que terminou, se virou e saiu. Charlotte estava esperando por ele, sentada no último degrau da casa. Quando se virou para olhar, seu rosto se abriu num sorriso largo e radiante, o que fez seu estômago se apertar.

— Oi. — Ele conseguiu dizer quando ela se levantou. — Você ainda está aqui. — Que idiota! É claro que ela ainda está aqui! Pensou enquanto ela estendia a mão para ele.

— Eu disse que esperaria. — Sorriu quando ele segurou sua mão.

— Para onde vamos? — Ele perguntou enquanto caminhavam para longe da casa. A sensação de sua mão na dele era tão boa que a apertou com mais força.

— Bem, meu pai está de guarda e somos apenas eu e ele em nossa cabana. — Seus olhos brilharam quando olhou em seus olhos, um olhar um pouco insolente em sua face.

— Sério? — Rory sorriu como uma criança. — Onde está sua mãe?

— Mamãe está visitando sua irmã por alguns dias. Então, temos o lugar para nós.

— Entendo. — Rory apertou a mão dela. — Só preciso verificar, ok? A sua matilha não tem regras sobre isso? Uma fêmea solteira que leva um macho para sua cabana? Não quero aborrecer ninguém, porque Cam iria chutar a minha bunda se fizesse.

Charlie encolheu os ombros.

— Não, somos muito livres aqui e sou velha o suficiente, por isso não há problema.

— Quantos anos? — Perguntou Rory, pela centésima vez desde que a conheceu.

— Eu sou adulta, Rory, não se preocupe. — Charlie puxou ele para frente. — Quantos anos você tem?

Rory riu.

— Oh, acho que você ficaria surpresa. Sou muito mais velho do que pareço.

— O mesmo aqui. — Charlie sorriu.

— Vamos apenas concordar que somos adultos e livres para fazer o que quisermos. Que tal isso? — Rory perguntou enquanto a arrastava até a escada e para uma pequena cabana.

— Concordo. — Charlie moveu o braço. — Bem-vindo à minha casa, garoto Highland.

— Não sou nenhum garoto, Charlie. — Rory apenas olhou ao redor por um ou dois segundos antes de seus olhos voltarem para ela.

— Bom. — Disse ela e mordeu o lábio inferior. — Porque não estou procurando por um garoto. Quero um homem e estão em falta por aqui.

Rory franziu a testa.

— O que está falando? Esta é uma grande matilha e há muitos lobos. Eles não podem ser todos rapazes.

Charlie apenas o encarou, segundos se transformaram minutos antes que erguesse um dedo e passasse a ponta ao longo de seus lábios.

— Ninguém para mim aqui. Estive procurando muito, Rory da Escócia e ninguém jamais ficou sob a minha pele.

Rory abriu a boca, deixando ela colocar o dedo em seus lábios enquanto a velocidade do seu coração disparava.

— Eu fico?

Charlie assentiu, ficando na ponta dos pés enquanto sua mão se movia até a nuca, puxando ele para ela.

— Bom. — Disse ele quando a agarrou, seus lábios finalmente encontrando os dela em um beijo quente.

Sua respiração ficou irregular quando a puxou mais perto, os movendo para trás até que ela bateu na parede. Uma de suas mãos enrolou um punhado de seu longo cabelo escuro enquanto a outra agarrava sua bunda e puxava ela para cima. Assim que fez, as pernas dela foram para a cintura dele e Charlie afundou a língua em sua boca.

— Quarto. — Ele murmurou enquanto sua ereção pulsava, seus sentidos em sobrecarga e seu cheiro invadia todo o seu ser. Seu lobo uivou alto quando ela tirou as pernas de sua cintura.

As pupilas de Charlie estavam tão dilatadas que seus olhos pareciam quase pretos quando sorriu para ele.

— Por aqui, garoto Highland.

Rory sentiu um estrondoso rosnado no peito enquanto a seguia.

— Já disse, não sou nenhum garoto.

Charlie riu enquanto dava os últimos passos em direção à porta de seu quarto, puxando ele atrás dela. Rory nem sequer teve tempo para olhar ao redor, assim que viu sua cama, pegou ela e a levou até lá.

— Me deixe mostrar que não sou nenhum garoto. — Ele rosnou quando seus lábios encontraram os dela mais uma vez.

— Mostre. — Ela respirou em sua boca enquanto deitavam na cama.

Rory colocou ela na cama, com as mãos se movendo muito rápido para tirar as roupas e botas. Quando seus dedos tocaram sua pele macia rosnou de novo, seus olhos percorrendo seu corpo. A visão dela em apenas sutiã e calcinha fez seu pau pulsar quase dolorosamente dentro do limite de seu jeans.

— Sua vez. — Ela ronronou quando se moveu para ficar mais confortável, com a cabeça sobre um travesseiro, olhando ele como se fosse sua próxima refeição.

Ele inclinou a cabeça para o lado, olhando para ela enquanto tirava as roupas. Quando a camisa deixou seu corpo a ouviu ofegar e claramente ouvia seu coração acelerado.

— Agora Charlie, pareço um garoto para você?

Balançando a cabeça, ela mordeu o lábio inferior de novo.

— Não. — Foi tudo o que disse enquanto seus olhos se moviam para os dedos, agora abrindo o jeans.

Rory chutou as botas, se inclinando para tirar as meias antes de se levantar. Os olhos de Charlie foram ao cinto enquanto ele a abaixava. Uma risada escapou dele quando ela deixava escapar um longo suspiro quando ficou nu diante dela.

— Uau! — Exclamou ela, enquanto seus olhos se arregalavam com sua excitação.

Rory se deitou ao lado dela, tomando ela nos braços, enquanto se beijavam com abandono. Suas mãos se movendo de cima para baixo de seu corpo antes de tocar o peito. Quando apertou o mamilo entre dois dedos, se moveu para ficar sobre ela.

Uma das mãos de Charlie segurou a parte de trás de seu pescoço, os dedos em seu cabelo enquanto passava as unhas por suas costas. Ela não estava sendo gentil e ele podia sentir pequenas gotas de sangue, onde as unhas passavam por sua pele. Rory moveu um joelho para abrir as pernas dela enquanto se movia para cobrir ela completamente, sua ereção se aproximando de sua entrada.

Sua paixão atingiu alturas que nunca sentiu antes, sua mente estava consumida por ela, corpo, aroma e alma. Um pensamento fugaz sobre proteção percorreu seu cérebro cheio de desejo antes de sua mão pousar sobre seu traseiro. Com um último movimento entrou, um rugido baixo saindo de sua garganta enquanto se moviam em direção a esse grande precipício.

Os gritos de paixão de Charlie o traziam cada vez mais perto de sua libertação. Seu nome saiu de seus lábios enquanto sua cabeça caia para trás, seu orgasmo atingindo forte enquanto ela o apertava firmemente. Foi nesse ponto que ele soube que não poderia durar, sua semente em erupção profundamente dentro dela, a cabeça jogada para trás enquanto uivava alto.

Rory mal conseguiu evitar afundar os dentes nela, marcando ela como sua. Que porra foi essa? Ele pensou quando retraiu suas presas. Isso nunca aconteceu antes! Sua mente em tumulto com os sentimentos o percorrendo.

Quando sua mente clareou, olhou para o belo rosto de Charlie. Um rosto que brilhava com paixão e contentamento.

— Você está bem? — Ele perguntou em voz baixa, esperando que não tivesse machucado ela.

— Estou mais do que bem, meu lobo Highland. — Ela sorriu para ele e notou que ela não usou garoto.

— Porra! Merda! — Ele amaldiçoou quando percebeu que não usou um preservativo. — Sinto muito. — Se desculpou e ela levantou uma sobrancelha em questão. — Camisinha, nós não usamos nenhuma. — Esclareceu e viu a compreensão.

Charlie colocou as mãos sobre o peito, tirando ele de cima dela, antes de saltar e correr para o banheiro no quarto. Podia ouvir claramente sua maldição enquanto entrava no chuveiro. Rory sentou, colocando a cabeça em suas mãos e respirou fundo várias vezes.

Como você pode ser tão estúpido? Ele pensou, quando ouviu algo que quase partiu seu coração.

Rory se levantou rapidamente, caminhando para o banheiro e encontrou Charlie sentada no assento do vaso sanitário, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Ele se ajoelhou na frente dela, colocando o dedo sob o queixo para levantar sua cabeça. Seus olhos avermelhados encontraram os seus e ela soluçou quando beijou seus lábios suavemente.

— Sinto muito. — Ele sussurrou. — A culpa é minha, deveria ter parado e colocado um preservativo.

Charlie balançou a cabeça.

— Não, não é apenas culpa sua. Deveria ter falado para usar um, mas porra Rory, nunca me senti assim antes.

Rory suspirou.

— Eu também não, mas não é desculpa para minha falha. Realmente sinto muito.

— Como disse, não é tudo sobre você, Rory. Vamos apenas manter nossos dedos cruzados para que sua semente não crie raiz, porque tenho certeza de que nenhum de nós quer isso agora.

Rory se levantou, puxando ela para cima e se dirigiram para o chuveiro juntos. Suas palavras soando em seus ouvidos enquanto ponderava a ideia de se tornar pai. Foi definitivamente algo que ele tinha evitado como a peste até agora, mas, por algum motivo estranho, ele não estava correndo para as montanhas com o pensamento. Normalmente era o tipo de homem: ame e então vá embora. Se divertia e seguia em frente, mas sabia que Charlie era diferente.

Sabia disso e seu lobo também. Ela era especial, mas não tinha ideia do por que ou se ela sentia o mesmo. Tudo o que sabia era que a partir do momento em que a viu, seu coração acelerava toda vez que olhava para ela. Seu animal rondava dentro de seu cérebro, lutando para sair.

Quando ensaboou as costas de Charlie relaxou.

— Rory. — Ela murmurou. — Vi suas presas antes? Acho que sim.

Rory se moveu, constrangido pela falta de controle do seu animal.

— Hmm, talvez. — Tentou distrair ela, suas mãos esfregando suavemente o sabonete sobre seus seios.

— Pare com isso! — Charlie riu. — Você sabe que precisa voltar e descansar.

Rory riu.

— Sim, eu sei, mas vale a pena o risco.

— Então. — Charlie disse e se virou em seus braços. — Você nunca respondeu. Presas?

Ele sabia que seu rosto estava corado, podia sentir quando ela o olhou fixamente.

— Sim, nenhuma ideia do que aconteceu, mas saíram por conta própria. Talvez estivesse no calor, sabe?

Charlie balançou a cabeça.

— Não, eu não estou. Isso nunca aconteceu antes e acho que você não viu, mas as minhas saíram também.

— Sério? — Ele perguntou. — Que porra?

Charlie franziu o cenho.

— Eu sei, me surpreendeu também.

Rory inclinou a cabeça, colocando sua testa contra a dela enquanto a água caia sobre eles como se estivessem de pé sob uma cachoeira.

— Estranho, isso nunca aconteceu comigo também.

— Tarde demais para pensar nisso agora, meu Highland, você precisa voltar e dormir. — Charlie estendeu a mão e desligou a água. — Não quero Cam com raiva de você ou de mim! Ele parece um pouco intenso.

Rory se afastou, pegando uma toalha e entregando a ela antes de pegar uma para si mesmo.

— Ele está bem, apenas gosta de fazer as coisas corretamente e do seu jeito. É um bom líder, Charlie. Realmente.

— Sim, também penso assim, bem, do pouco que vi dele. Ele é Alfa?

Se secando, ele balançou a cabeça.

— Não, deveria ser, mas há história entre ele e seu pai então deixou a matilha há muito tempo atrás. É um sofisticado homem de negócios agora, cuida de propriedades e finanças, é rico como Satanás com jatos particulares e carros de luxo.

— É uma pena. Parece que daria um bom e forte Alfa.

Rory foi em busca de suas roupas, se vestiu rapidamente enquanto Charlie vestia uma camiseta longa.

— Se ele decidir viver em uma matilha, definitivamente seria Alfa. Não é bom em receber ordens de ninguém, prefere dar ordens, mas pensa sobre as coisas e faz o que é melhor. Como aqui, está fazendo o seu melhor para ajudar e não vai parar até que resolva tudo.

Charlie se aproximou, segurando o lado de seu rosto.

— Bom, porque está meio assustador aqui ultimamente.

— Não tenha medo Charlotte, garantiremos que tudo seja seguro. Confie em mim, não quer Cam sobre você quando estiver com raiva, é um lobo assustador. Falando nisso, é melhor eu ir. Nos vemos amanhã?

Rory inclinou a cabeça para o lado enquanto ela balançava a cabeça, a puxou com força contra seu corpo, seus lábios tomando os dela em um beijo forte. Podia ouvir seu coração batendo loucamente quando se afastou.

— Amanhã, minha loba americana.

— Sim, amanhã. — Charlie sussurrou enquanto ele a deixava de pé no meio do quarto com um sorriso no rosto.


Capítulo dez

Cam ainda estava acordado quando Rory entrou, um sorriso bobo no rosto. Ele se sentou no sofá esperando para ver se o amigo perceberia que estava lá. Rory estava quase na escada, antes que o visse, seu rosto corando quando sorriu.

Ele riu.

— Vejo que você teve uma boa noite.

Rory se aproximou, sentando na cadeira ao lado dele.

— Eu tive, ela é maravilhosa, Cam. Nunca conheci alguém que me fez sentir assim. É um pouco assustador e porra, posso perguntar uma coisa?

— Não se for alguma coisa a ver com sexo. — Cam manteve o rosto sério. — Você é um menino grande e não sou seu pai, então quaisquer perguntas nesse departamento não serão respondidas.

— Não seja idiota! Bem, não é diretamente sobre sexo. Cam, suas presas já saíram quando você... sabe.

Cam se endireitou, franzindo a testa para seu amigo e tentando encontrar palavras para sua resposta, pois não queria assustar Rory.

— Presas saindo? Hmm, não, nunca aconteceu comigo, mas conheço alguns com os quais isso aconteceu.

Rory deixou escapar um longo suspiro.

— Graças a Deus! Estava ficando preocupado.

— Rory, as pessoas que conheci e isso aconteceu, bem, aconteceu em um momento particular. Não é comum, mas... — Cam parou, vendo os olhos do amigo se arregalarem como se estivesse esperando o machado do executor cair. — Não fique tão assustado. Não é nada ruim. Bem, não para a maioria dos lobos de qualquer maneira.

Rory pulou.

— Cam, só fale!

— Isso geralmente acontece durante um acasalamento. — Cam esperou, sabendo que uma explosão se seguiria.

Ele estava certo, as mãos de Rory voaram para cima, balançando a cabeça furiosamente.

— Não! Não seja estúpido. Acabei de conhecer ela. Sim, ela é linda, gostosa e sexy, mas minha companheira? Acho que não, porra!

Cam se sentou calmamente, esperando Rory se acalmar, mas seu amigo começou a andar de um lado para o outro na frente da lareira. Cam viu quando várias emoções diferentes apareceram no rosto de Rory. Choque, incompreensão e até mesmo medo, eram claras. Por fim, ele parou, se voltando para ele com um rosto branco como um lençol.

— Você acha que ela é minha? — Ele sussurrou.

Cam encolheu os ombros.

— Eu não tenho ideia, não vi vocês dois juntos e verdade seja dita, Rory, apenas você e seu animal sabem a resposta para isso.

— Porra. — Rory disse, passando a mão sobre o rosto quando sua respiração se acelerou.

— Você deve ir para cama, parece que tem muito em sua mente, meu amigo, mas tente descansar um pouco.

— O que? Descansar, realmente acha que vou conseguir dormir agora? — Rory resmungou enquanto subia a escada com Cam rindo.

Ele se acomodou no sofá, sua mente vagando, novamente indo para a loba branca e desejando que estivesse a salvo e ilesa. O pensamento dela ser ferida ou que sofresse de alguma forma trouxe uma raiva tão grande que o assustou. A raiva não era uma boa emoção. Frio e calmo era a opção a percorrer, mas quando pensava em Chastity toda lógica parecia voar pela janela.

Deitado, Cam decidiu descansar no sofá em vez de ir para o andar de cima. Desta forma, ficaria mais perto da porta, se alguma coisa acontecesse durante a noite. A última coisa que viu em sua mente foi a imagem da loba branca correndo enquanto tentava fugir do Beta. Ele fez uma promessa a si mesmo de que iria manter ela a salvo de seu irmão. Não importava como.

Cam estava certo de que seus olhos tinham acabado de fechar quando ouviu pés descendo a escada, mais de um par. Levantou, pensando que o alarme tocou, mas o cheiro de café da manhã no ar lhe disse o contrário. Jinx, Mac e o restante dos rapazes, incluindo Jacob estavam passando.

— Acho que não teve nenhum alarme durante a noite? — Ele murmurou e Jacob balançou a cabeça. — Bom. — Cam disse enquanto todos se juntavam na mesa, gemendo. — Ainda está escuro lá fora.

— Nós assumimos ao amanhecer, então duh, é claro que ainda está escuro lá fora. — Jinx sorriu enquanto colocava o bacon na boca e bebia suco de laranja.

— É verdade, bem, preciso... — Cam não chegou a terminar quando Fergie apareceu pela porta da frente gritando.

— Cam! Cam! Ele foi embora, mamãe não sabe quando ou onde, mas ele se foi!

Cam caminhou para ele.

— Quem se foi?

O rosto de Fergie estava branco e podia sentir o medo e apreensão saindo dele. Seu primo respirou fundo.

— Papai, ele se foi. Mamãe não conseguia encontrar ele, nem eu ou os guardas. Cam, acho que ele foi atrás de Dupont.

— Porra! — Cam amaldiçoou quando começou a andar para trás e para frente. — Eu disse que lidaria com isso. Disse a ele para não ir atrás dele!

Fergie concordou.

— Eu sei que você disse, mas ele está com raiva. Muito irritado.

— Eu sei e entendo a raiva, mas sair sozinho não vai resolver isso. Jacob, por que os sensores não pegaram?

Jacob encolheu os ombros.

— Não tenho ideia, mas se ele sabia onde estavam, poderia facilmente passar por eles. A área ao redor do acampamento é enorme e só foram colocados no lado que os lobos de Dupont percorreram.

Cam franziu as sobrancelhas e bufou.

— Nós deveríamos saber que Fearghas faria algo. Eu deveria saber! Ok, precisamos ir e encontrar ele. Antes que entre em problemas. Comam algo rapidamente, precisamos nos mover.

— Estamos prontos. — Disse Mac, apontando para o restante e se levantando.

— Por onde começamos? — Jinx perguntou enquanto Cam começava a tirar suas roupas.

— A casa do Alfa, monitoramos a partir dali. — Ele tirou sua calça jeans, se voltando para o primo. — Vamos encontrar ele, vá ficar com sua mãe, ela vai precisar de você, Fergie.

As mãos de Fergie estavam apertadas enquanto furiosamente batia nas rodas de sua cadeira.

— Porra, odeio isso!

Jinx se adiantou e disse firme.

— Fergie, nós sabemos, mas você precisa ficar calmo e cuidar de sua mãe. Agora.

Fergie olhou para ele, os olhos cheios de raiva e angústia.

— Sim, eu sei, me desculpe.

— Não precisa se desculpar. — Cam disse enquanto passava e foi para fora, se transformando assim que saiu.

Sua grande fera preta caminhava impaciente na frente da casa à espera de todos os outros quando Fergie se afastou, de volta à casa do Alfa. Cam viu seus amigos assim que saíram, completamente nus, se transformando à espera de sua liderança.

Jacob se juntou a eles, seu animal enorme seguindo ele quando foi em direção à casa de seu tio, onde encontraram Fergie, Angel e sua tia a espera. Marie desceu a escada, torcendo as mãos, a preocupação em seu rosto.

— Encontre ele para mim, por favor.

Cam latiu, em seguida, abaixou a cabeça, deixando sua magia apontar a trilha de Fearghas. Ele viu como uma névoa dourada flutuando logo acima da terra, até a parte de trás da cabana. Girava lentamente no início, mas uma vez nas árvores tinha uma visão clara da trilha que seu tio tomou, aumentava a velocidade através da floresta.

A névoa dourada levava a uma trilha sinuosa, que foi obviamente feita para evitar os sensores que Jacob posicionou para avisar eles da invasão de Dupont. Cam mentalmente balançou a cabeça para a estupidez de seu tio. Ir atrás de alguém tão perigoso como Dupont por conta própria era uma loucura. Só esperava que o encontrasse antes.

Enquanto corriam, o animal de Cam ficava mais e mais frenético, passando por entre as árvores com seus homens à sua volta. Qual o problema? Perguntou ele enquanto corriam mais rápido. Seu animal rosnou, em seguida, ouviu um grito de gelar o sangue à medida que passava pelas árvores no local do ataque de Fergie.

Seu lobo negro derrapou nas patas enormes, parando ao lado do corpo de um grande lobo. Sangue, pele e vísceras cobriam o chão e se não fosse a trilha de névoa dourada e o aroma distinto de seu tio, Cam não seria capaz de dizer quem era que estava dizimado diante deles.

O animal de Cam jogou a cabeça para trás e rugiu para o céu, o seu uivo cheio de dor e sofrimento. Estava parcialmente ciente de que os lobos estavam fazendo o mesmo. Seus lamentos de dor enchendo o ar como pássaros espalhados desde as árvores que os rodeavam, tomando voo com o som ensurdecedor.

Ele não tinha certeza de quanto tempo ficaram ali, unidos na raiva e tristeza, já que o coração se apertava com o pensamento de dizer ao primo e tia que o Alfa estava morto. Finalmente Cam se transformou, se ajoelhando e afagando rosto ensanguentado do animal morto.

— Farei ele sofrer, não pense que não. Prometo. Vou destruir ele!

Cam respirou profundamente, farejando os outros lobos que estiveram ali. Rosnou para cada um deles.

— Eles nem sequer tentaram esconder seus aromas desta vez. — Ele murmurou, enquanto olhava para a carnificina diante dele.

Alguns momentos se passaram, então Cam virou.

— Jinx, vá buscar alguns galhos, precisamos levar ele de volta. Rory, volte para o acampamento e pegue algum tipo de cobertura e nos encontre à beira do acampamento. Não fale a ninguém, eu mesmo vou contar. Tente entrar e sair sem que ninguém te veja. Vai.

O lobo marrom avermelhado de Rory se virou, correndo e desaparecendo entre as árvores. Jinx e Jacob se transformaram para ir em busca do que quer que pudessem encontrar para formar algum tipo de transporte para os restos mortais, enquanto os lobos de Mac e de Logan assumiam postos de guarda, os seus animais cheios de raiva e desespero.

Cam estremeceu, seu coração pesado enquanto pensava no Clã Highland Wolf que estava agora sem um Alfa. Fergie não poderia assumir e seu Beta não era realmente seu Beta. Porra! A matilha estava vulnerável e poderia ser tomada por alguém como Philippe Dupont! Não posso deixar aquele filho da puta colocar as mãos sujas sobre a matilha! Cam pensou de novo diante de seu tio.

Jacob tocou seu ombro, fazendo ele pular.

— Nós conseguimos montar uma maca que vai levar os restos. Podemos fazer turnos e cada um puxar.

Cam balançou a cabeça.

— Não, eu levo de volta. Eu deveria ter certeza de que ele estava seguro.

Jacob deu um tapinha no ombro de Cam.

— Você não poderia saber que ele faria isso. Nenhum de nós poderia imaginar que faria e você o avisou para não ir à procura daquele bastardo.

— Eu ainda vou levar ele de volta. É meu dever. — Cam temia ver a tristeza que sabia que estaria nos olhos de Marie e Fergie, seu estômago se agitava apenas ao pensar nisso. — Jacob, providencie aqueles encontros o mais rapidamente possível. Quero este idiota morto e vou levar tudo o que puder antes de arrancar a cabeça dele!

Jacob olhou para Cam, seus olhos brilhando.

— Vou organizar tudo para hoje mais tarde. Já tinha Quincy para amanhã, mas vou remarcar. Vamos nos encontrar em Bear Hungry, em Deeming. Te informo sobre Pascall assim que puder.

Ele só assentiu enquanto Jacob colocava uma mão em seu ombro.

— Sinto muito, Cam. Deveria ter trazido mais sensores e colocado em tudo ao redor.

— Não é culpa sua, Jacob. — Cam sentiu Jinx às suas costas.

— Estamos prontos. — Seu melhor amigo disse com uma voz que Cam nunca ouviu antes. A tristeza invadindo cada sílaba quando notou pela primeira vez que os restos estavam agora na maca improvisada.

— Ok, vamos levar ele para casa. — E se transformou antes de ir para os restos, movendo seu grande lobo para que sua mandíbula pudesse pegar e segurar a barra frontal. Suas patas e coração estavam mais pesados do que já estiveram em sua vida.

Seus lobos ficaram ao redor, protegendo ele e seu tio na caminhada solitária para casa. A raiva dele fervia e a cada passo que seu lobo dava aumentava e ele sabia que chegaria um dia em que enfrentaria Dupont, de lobo para lobo.

Primeiro precisam levar o Alfa para sua matilha e lhe dar o enterro apropriado para o líder de uma. O coração dele doía com o pensamento de seu fracasso em manter o Alfa em segurança. Sentia como se carregasse o peso do mundo em seus ombros enquanto se esforçava para levar os restos de volta para o acampamento.

O lobo de Jinx ficou ao seu lado, lamentando várias vezes e Cam sabia que queria levar a carga dele, mesmo que por um curto tempo. Ele recusou, seu animal recusou, marchando com tristeza corroendo suas entranhas. Prometendo uma e outra vez que faria Dupont pagar da pior maneira que pudesse.

Sua mente deve ter vagado, porque Jinx de repente lhe deu um pequeno empurrão e Cam viu Rory diante deles, vestido e com um grande cobertor em suas mãos. Ele abriu a boca, deixando cair a maca e se moveu para o lado para se transformar.

Rory cobriu os restos mortais rapidamente e apontou para uma pilha de roupas.

— Eu trouxe para todos vocês algo para vestir.

Sinclair balançou a cabeça quando encontrou as próprias roupas, notando que eram as que tirou e deixou no chão da sua cabana antes.

— Alguém viu você?

Rory parecia envergonhado.

— Sim, Charlie viu. Eu não disse nada, mas acho que ela sabe que tem algo errado. Disse que podia sentir em mim, mas eu balancei a cabeça e me afastei.

— Bom. — Cam olhou ao redor, esfregando o rosto com uma mão e respirando fundo várias vezes. — Me dê cinco minutos para ir na frente e dizer a Marie e Fergie, em seguida, leve o Alfa à sua cabana.

Jinx avançou.

— Irei com você.

— Não. — Cam disse, colocando a mão no ombro de seu melhor amigo. — Preciso fazer isso, Jinx. Sozinho.

— Ok. — Jinx concordou. — Se você tem certeza.

— Tenho. — Cam se virou, seus pés se arrastando quando caminhou até a cabana do Alfa.

Ele temia o momento em que rompesse a paz, o amor, a vida, tendo que forçar seus pés para se manter em movimento. Pensando se poderia ter impedido isto.

Quando a cabana ficou à vista, se preparou para o que estava por vir. Sabendo que suas ações e palavras destruiriam as vidas de seu primo e tia. Como você supera este tipo de perda? Pensou enquanto subia a escada e abria a porta.

O calor do fogo ardente atingiu ele quando entrou, Fergie saiu da cozinha com Marie e Angel atrás dele. Cam achava quase impossível olhar nos olhos deles, mas endireitou as costas e falou as palavras que sabia que estavam desesperados para não ouvir.

— Sinto muito, encontramos ele, mas está... ele se foi. Sinto muito.

Marie gritou, uma mão cobrindo a boca, a outra agarrando o peito. Seu rosto branco quando seus joelhos se dobraram. Cam se moveu com a velocidade de um raio, pegando ela antes que sua cabeça batesse no chão de madeira dura. Angel logo estava lá para ajudar a colocar sua tia em um dos sofás.

— Vou buscar um médico. — Angel correu para porta, com os pés batendo contra a madeira enquanto desaparecia.

Fergie olhou para sua mãe deitada de bruços e depois para Cam, os olhos cheios de emoção tão crua que era doloroso de ver.

— Sinto muito, Fergie. Ele já não estava vivo no momento em que chegamos lá. Não pude fazer nada.

Ele observou enquanto Fergie balançava a cabeça em negação, sua voz quase um sussurro.

— Não, ele não pode estar morto. Ele é Alfa, não pode estar morto, Cameron! Simplesmente não pode!

Cam se ajoelhou ao lado de Fergie e envolveu ele em seus braços.

— Ele se foi, mas você precisa ser forte para sua mãe. Ela precisará de você e precisamos organizar a cerimônia de enterro. Farei o que você precisar, mas tem que ser forte até depois do funeral. Ok?

Ele viu o momento em suas palavras atingiram a consciência de Fergie, seu primo endireitou as costas e o olhar no seu rosto mudou de devastação a uma máscara de aço. Cam se sentiu orgulhoso de como Fergie assentiu uma vez, virando para sua mãe e acariciando seu rosto.

— Não tenho certeza de que ela vai superar isso, Cam. Ele era seu mundo.

— Você vai ajudar, todos vamos e tenho certeza que a matilha também. Ela sentirá o seu apoio. Tenho certeza disso.

— Onde ele está? Quero ver ele. — Fergie murmurou, olhando para o rosto de Cam.

— Não acho que é uma boa ideia. — Cam temia o pensamento de seu primo ver seu pai no estado em que o encontrou. Nada iria preparar seu primo para a visão de seu corpo retalhado.

— Eu preciso. — O tom de Fergie estava frio como gelo e Cam tentou de novo dissuadir ele.

— Fergie, não foi bonito. Houve vários lobos envolvidos. Não posso enfatizar o suficiente o quanto acho que não deve fazer isso. Por favor.

Os ombros de Fergie endireitaram, seus olhos fixos em Cam.

— Preciso ver o meu pai.

— Ok, venha comigo, mas seja forte.

Cam já podia ouvir seus homens lá fora e o murmúrio que estava ficando cada vez mais alto, imaginava que a matilha estivesse agrupada lá fora. Quando abriu a porta, viu que estava certo, seus lobos em um semicírculo ao redor da maca carregando seu tio, protegendo ele, enquanto a matilha estava um pouco mais para trás. Fergie desceu pela rampa à esquerda da porta e se virou, parando diante do emaranhado de galhos que formavam a maca improvisada.

Jinx deu um passo à frente, olhando para Cam para confirmação antes de levantar o cobertor. Os olhos de Fergie se arregalaram quando viu a devastação de seu pai e seu rugido de dor começou uma reação em cadeia dentro da matilha. Mais e mais choros se juntaram aos de Fergie quando perceberam que o seu Alfa estava morto. Tomado pela força letal de um inimigo com alvos sobre todos eles.

Cam podia sentir a miséria e também incerteza e medo produzindo através da matilha. Sabia que o pânico iria aparecer em breve se algo não fosse feito para impedir. Avançando para o topo da escada na frente da cabana, ele levantou as mãos.

— Atenção! — Ele ergueu a voz, o silêncio seguindo imediatamente.

Ele respirou fundo, sabendo que Fergie deveria fazer isso, mas também consciente de que seu primo não podia. Não importava os direitos ou erros, um lobo em uma cadeira de rodas não poderia comandar uma matilha.

— Seu Alfa se foi! Morto por aquele que quer assumir a matilha. Fearghas lutou bravamente, mas estava em desvantagem e atacaram ao mesmo tempo quando estava sozinho. — Cam parou quando a indignação percorreu a matilha. — Digo a vocês agora, não vou permitir isso. Não vou permitir que eles venham aqui e transformem vocês em escravos. Não vou permitir que ele assuma esta matilha. Não vou permitir que tenham sucesso e vou me vingar dos responsáveis. Farei eles pagarem pelo que fizeram e vou manter todos e cada um de vocês a salvo.

Jinx sorriu levemente, enquanto a multidão ficava em silêncio mais uma vez. Cam apontou para restos de seu tio.

— Fearghas será vingado, mas precisamos preparar o funeral para o Alfa. A cerimônia será amanhã e tenho certeza que cada um de vocês sabe o que é necessário. Marie e Fergie precisarão de vocês, todos e cada um para passar por esta perda desprezível. Então, Clã Highland, vá em paz e cumpram seus deveres para o funeral. Vamos nos encontrar aqui amanhã ao anoitecer para colocar seu Alfa para descansar.

Cam ficou ali, esperando que suas palavras percorressem a matilha, sabendo que era apenas um convidado e não tinha nenhum direito de comandar a matilha de fazer qualquer coisa. No entanto, a matilha começou a chorar, claramente aceitando as ordens. Ele viu Angel de pé ao lado de uma mulher mais velha, que esperava ser uma curandeira. Cam suspeitava que Marie precisaria de um pouco da magia para passar pelos próximos dias.

Angel se aproximou de Fergie, abraçando ele com força enquanto as lágrimas corriam pelo rosto. A visão era tão profunda que Cam precisou se virar. A mão em seu braço o fez saltar, olhou para baixo para ver a curandeira sorrindo tristemente para ele.

— Me mostre onde Marie está. — A mulher falou em um tom abafado quando ele acenou com a cabeça, levando ela para dentro da cabana.


Capítulo onze

Os Anciões assumiram o comando dos restos quando as mulheres começaram a chegar com as refeições na casa do Alfa. Logo a cozinha estava cheia de cada prato que se possa imaginar enquanto Angel procurava encontrar lugares para armazenar eles para o jantar que a matilha realizaria antes do funeral. Depois, caçariam juntos como uma matilha para ajudar a unir eles após uma perda.

Marie era como um fantasma de si mesma, sentada em uma poltrona ao lado da lareira. Nenhuma conversa ou bajulação de ninguém fez com que deixasse seu lugar. O rosto de Fergie cheio de preocupação e angústia, enquanto tentava preencher o buraco que a morte de seu pai causou.

Cam não viu Jacob por algumas horas, em seguida, fez uma reunião fugaz quando disse que se encontraria com Pascall e Quincy. Cam queria rasgar os dois, sabendo que provavelmente estavam lá quando Fearghas foi atacado. No entanto, precisava conseguir as percentagens da terra, então esperaria pelo momento certo. Se qualquer um deles fugisse, então Cam iria caçar eles, de uma maneira ou de outra, os derrubaria.

Angel o puxou para o lado, a preocupação clara em seus olhos.

— Cam, estou preocupada com a matilha. Precisamos de alguém para conduzir no funeral amanhã. Fergie não será capaz de fazer e sabemos que é como funciona dentro de uma matilha, você pode fazer?

Cam balançou a cabeça e respondeu:

— Não, eu não posso. Não sou seu líder.

Os olhos de Angel se fixaram nos seus enquanto falava.

— Você é a coisa mais próxima que temos. Precisa fazer.

Ela franziu o cenho para ele, seus olhos escuros implorando. Cam sentiu seu coração falhar quando percebeu que ela estava certa.

— Tudo bem. — Foi tudo o que conseguiu dizer antes que se virasse e se afastasse.

Ele precisava de ar fresco e solidão para limpar a mente, por isso andou até as árvores e sentou no chão. Suas costas descansavam no grande carvalho atrás dele enquanto se preocupava com a matilha. Uma matilha não era uma matilha sem seu líder e sentiu pânico com o pensamento de deixar o Clã em uma posição tão vulnerável. Que porra eu vou fazer? Pensou ele.

Foi ali que Jacob encontrou ele várias horas mais tarde.

— Você está bem?

Ele não sabia. Estou?

— Não faço ideia, muitas coisas estão correndo pela minha cabeça agora. Quais são suas novidades?

Jacob sorriu, se sentando sob a árvore para ficar ao lado de Cam.

— Temos os dois. Os documentos estão na cabana e Quincy foi preso por Matthieu ao deixar o restaurante. Encontrei Pascall no Cassio Nooksack River dentre todos os lugares e ele aceitou o dinheiro. Deixou escapar que não voltaria para sua matilha enquanto temesse o que Philippe fizesse quando descobrisse que vendeu sua parte da terra. Mas também disse que visitaria a matilha da irmã perto do Colorado então podemos pegar ele lá. — Jacob olhou para Cam e perguntou. — Nós vamos pegar ele, não é?

Cam rosnou.

— Sim porra, ele não vai se livrar fácil, mas será outro dia. Peça a alguém para manter um olho nele no caso de se mover de novo. Eu quero saber onde está em todos os momentos.

— Pensei que diria isso. — Disse Jacob. — Já está feito. Tenho alguém para levar ele na casa da irmã e manter o controle sobre ele.

Cam suspirou.

— Uma coisa a menos para pensar por enquanto. Agora, Jacob, me diga que porra posso falar no funeral de um Alfa? Não tenho ideia, caralho.

A cabeça dele estava em todo lugar, muitas coisas invadiam seu cérebro para se concentrar em apenas uma. Não era algo que estava acostumado, se sentia muito desconfortável e pouco à vontade. Ele estava sempre no controle, sempre no comando, de maneira que se sentir assim era completamente confuso, mais que estranho para ele.

Jacob ficou em silêncio por alguns instantes, em seguida, suspirou também.

— Não tenho ideia, Cam. Acho que tem que dizer o quanto ele era um bom Alfa, mas também permita que a matilha saiba que estão seguros.

— Esse é o ponto. — Cam se virou para olhar seu amigo. — Como posso dizer isso? Eles não têm um Alfa e ninguém que seja adequado para ser Alfa. Não posso mentir, mas como faço para dizer a verdade?

— É um problema com certeza, mas é algo que você precisa descobrir, Cam. É o único líder aqui no momento e precisam que você confirme que tudo vai ficar bem. — Jacob deu um tapinha no ombro de Cam. — Você vai fazer bem. Porra, já realizou reuniões com as pessoas mais poderosas na terra e se saiu bem, então tenho certeza que pode gerenciar uma cerimônia fúnebre.

— Isso é diferente, lá são negócios. Negócios eu posso lidar, isso não tenho tanta certeza.

O som de um carro se aproximando fez ambos se levantarem, alertas em caso de problemas. Quando Cam viu a elegante BMW preta com sua placa privada, WTCHY, soube quem era. Sorrindo se levantou.

— Está tudo bem, Jacob, é Rebecca.

Jacob sorriu.

— Vi ela apenas uma vez e tenho certeza que estava com expectativas de encontrar ela de novo.

Cam sorriu.

— Observei a atração entre vocês dois, mas ela é mais do que difícil, por isso vai precisar de todo o seu charme para cortejá-la, meu amigo.

O grande investigador sorriu mais amplamente.

— Bem, tenho certeza que estou pronto para o desafio.

Com o carro estacionado na frente da cabana do Alfa eles viram quando Rebecca abriu a porta, movendo as longas pernas e se levantando graciosamente. Usando um vestido de cetim verde que fazia com que parecesse estar indo para um encontro à noite em vez de um acampamento cheio de lobos.

— Rebecca, fico feliz que tenha chegado tão rápido.

Cam estendeu a mão e segurou a dela, a puxando para um leve abraço antes de soltar.

— Este é Jacob, que você já conheceu antes.

Os olhos de Rebecca foram até Jacob, olhando ele de cima abaixo antes de acenar com a cabeça e estender a mão, com um sorriso tímido no rosto.

— Sim, eu me lembro de você.

Jacob segurou a mão dela, levantando para colocar um beijo na parte de trás.

— Olá de novo, Rebecca. Fico feliz por ter se juntado a nós.

Cam quase riu quando ouviu a voz de Jinx murmurando.

— Aposto que está.

Seu melhor amigo estava na porta, com o rosto cheio de tristeza e raiva, mas quando se virou para a bruxa estava sorrindo e disse.

— Olá, Rebecca.

— Olá Jinx, você está bem? — Ela perguntou, levantando uma sobrancelha enquanto Jacob ainda segurava a mão dela.

— Sim, um pouco, mas com o Alfa sendo assassinado e tudo, não estou no melhor dos humores.

Rebecca puxou a mão do aperto de Jacob e se moveu para olhar Cam.

— O Alfa está morto?

Cam franziu a testa.

— Sim, encontramos ele essa manhã. O funeral será amanhã, mas precisamos manter a matilha junta e segura até pegar Dupont. Já tenho planos para conseguir a participação majoritária de sua terra e se puder, vou comprar todos os negócios dele. Vou destruir ele financeiramente e então ele e eu teremos um encontro pessoal. De lobo para lobo.

Ela se aproximou dele e lhe deu um abraço.

— Sinto muito, Cameron. Realmente sinto. Vou começar a trabalhar colocando alas e magias de alerta, ficarei aqui por tanto tempo quanto precisar de mim.

— Obrigado. — Cam se voltou para Jacob e perguntou. — Você pode ajudar Rebecca? Leve suas malas para a nossa cabana, não há muito espaço para ela lá.

O sorriso de Jacob era tão brilhante quanto o sol quando olhou para Rebecca.

— Sim, certamente posso ajudar a nossa pequena bruxa.

— Bom. — Cam estava prestes a perguntar à Jinx onde Marie e Fergie estavam quando seu celular tocou com uma mensagem. Puxando, viu que era de Chastity e começou a ler. Ela ainda estava presa, mas alguma coisa aconteceu em seu acampamento e não tinha guardas agora, então tentaria fugir para encontrar ele onde se conheceram antes.

Seu coração acelerou enquanto se afastava.

— Preciso ir, Chastity está tentando fugir. Vou encontrar ela na floresta e esperançosamente, convencer ela a vir aqui.

A atenção de Jacob deixou Rebecca imediatamente.

— Eu vou com você e devemos levar os rapazes também. Não deve ir para lá sozinho, Cam. Esta poderia ser uma armadilha.

— Não é. — Cam disse. — Eu não sei por que, mas confio nela.

Seu investigador fez uma careta.

— Não seja estúpido, Cam. Com tudo o que está acontecendo ninguém deve ir sozinho. Só espere dois minutos e chamo os caras.

Cam encolheu os ombros, em seguida, saiu correndo para onde deixou as roupas antes. Rapidamente colocou elas em um dos recipientes de plástico e se transformou imediatamente. Seu lobo feliz de ser solto de novo tão cedo, acelerou, correndo livremente por entre as árvores.

Ele manteve os sentidos em alerta para qualquer possível perigo, usando sua magia, bem como suas habilidades de lobo, mas não parecia haver nenhum outro lobo ao redor. Sua velocidade aumentou com o desejo dentro dele de ver a loba branca de novo. Cam esperava que ela chegasse a seu ponto de encontro segura, seu coração batia violentamente com o pensamento dela estar ferida.

Sabia que acabaria com qualquer um que a prejudicasse e não pensaria duas vezes sobre isso.

O tempo voou enquanto corria sem parar, finalmente chegando mais perto de seu local de encontro, retardando suas grandes patas para um trote lento enquanto tentava sentir qualquer perigo. Não sentiu nada, estava sozinho, então seu animal foi rapidamente para clareira. Chastity não estava lá, então seu lobo se deitou ao lado de um arbusto grande para esperar.

Não demorou muito para que ouvisse um animal se aproximando. Não tomou nenhum cuidado para mascarar sua abordagem. Cam ficou imóvel, não tendo certeza neste momento se era Chastity. Um minuto mais tarde o cheiro dela chegou com a brisa, seu lobo farejando e deixando escapar um pequeno grunhido como o cheiro de medo.

Seu animal se levantou, à espera de quem causou este medo em sua loba, pronto para lutar. Quando sua bela loba branca saiu de entre as árvores, parou apenas tempo suficiente para mudar, antes de correr para frente de novo. Cam mudou imediatamente e caminhou em direção a ela.

Seus pés correram sobre o prado e ela bateu nele, seus braços alcançando sua cintura para segurar firme. A respiração de Cam ficou presa em sua garganta enquanto os seios nus pressionavam contra seu peito, os braços segurando ela contra ele.

— Oh, graças a Deusa, você está aqui! Eu tenho notícias, más notícias. Notícia realmente ruim.

Cam segurou ela firmemente enquanto tentava acalmá-la, ouvia claramente o seu coração batendo como se fosse uma explosão.

— Ei, se acalme, você está segura.

Chastity olhou para ele, com os olhos cheios de lágrimas.

— Ele matou ele. Ele matou ele!

A mente de Cam tentava descobrir de quem ela estava falando.

— Quem? Quem matou quem?

Ele segurou seu rosto, as lágrimas já escorrendo.

— Ouvi eles celebrando esta manhã. Cam, acho que eles mataram o Alfa.

Ele endureceu, era a prova de que Dupont assassinou seu tio.

— Já sabemos. Nós o encontramos horas atrás.

Chastity deu um passo para trás, mas Cam continuou segurando ela enquanto olhava para ele.

— Sinto muito. Ele é um monstro e não posso mais ajudar ele. Tentei ver o bem nele. Juro que tentei. Mas não há nada, ele é mau e cruel.

— Ele terá o que merece. — A boca dele se apertou enquanto lutava pelo controle. Seus olhos percebendo a contusão em sua bochecha.

— Que porra é isso? — Ele perguntou, o dedo tocando o rosto dela.

— Não é nada, ele queria que eu dissesse onde Silas estava e não acreditou em mim quando disse que não sabia. Está quase curada agora que eu tive a chance de me transformar e uma vez que for lobo de novo vai desaparecer.

Cam não poderia evitar o grunhido que retumbou em seu peito.

— Ele bateu em você?

Chastity acenou com a cabeça.

— Sim, mas precisei inventar alguma história sobre Silas fazendo algum tipo de acordo comercial que não queria que Philippe soubesse porque iria, iria...

Chastity não pode continuar, começou a soluçar e lágrimas escorreram por seu rosto. Cam a puxou de volta contra ele e percebeu que se esqueceu de usar sua magia para se vestir. A sensação de seu corpo contra o dele fez com que se excitasse.

Ele se moveu levemente para o lado, não querendo que ela sentisse sua ereção quando acenou para ela continuar.

— Vá em frente, o que ele faria?

Ela franziu a testa, medo, nojo e raiva, aparecendo em seu rosto.

— Ele deixaria Pascall e Quincy... você sabe... fazer o que quiserem comigo.

Um rugido saiu dele, a sua ira crescendo a cada segundo.

— O quê? Ele deixaria dois de seus homens te estuprar? Só para te fazer falar?

Ela assentiu com a cabeça e começou a tremer em seus braços. Cam amaldiçoou.

— Porra, ele vai sofrer por tudo que fez.

Chastity o abraçou ainda mais apertado.

— Ele é perigoso Cam, muito perigoso.

— Eu também, lobinha, eu também. — Os pensamentos se enchendo com visões dele rasgando a garganta de Dupont.

Dedos suaves acariciando suas costas nuas o tirou de seus pensamentos. Ele olhou para baixo para ver Chastity pressionando um beijo em seu peito. Seu pau endureceu enquanto suas mãos se moviam por suas costas.

— Há algo sobre você, Cameron Sinclair, algo que não consigo entender. Mas, você me faz sentir...

Cam se inclinou para baixo, com uma mão em sua nuca para inclinar a cabeça para cima.

— Duro. Neste momento estou me sentindo duro.

Chastity sorriu.

— Posso sentir isso, Sr. Sinclair.

— Bem. — Cam riu. — Eu sou um lobo. O que você espera quando uma mulher linda e nua, está em meus braços?

— Linda? — Chastity levantou uma sobrancelha.

— Buscando elogios? — Cam se inclinou, deixando os lábios sentirem um pouco do gosto dela em um pequeno beijo.

— Não, apenas curiosa. Você realmente acha que sou linda?

Ele colocou uma mão em sua bunda, puxando ela mais perto.

— Sim e se não me quiser dentro de você aqui e agora é melhor se afastar.

As mãos de Chastity se moveram, uma para tocar seu cabelo enquanto a outra descia para sua bunda.

— Hmm, isso não soa tão ruim. Aqui na floresta, sem ninguém por perto.

Os olhos dele se arregalaram quando seu rosto ruborizou, uma de suas mãos se levantando para cobrir a boca.

— Eu não acredito que disse isso!

Ele riu quando ela começou a respirar mais rápido, seus olhos nunca deixando os dele quando a beijou de novo. Desta vez, devorando sua boca enquanto suas mãos se moviam por seu corpo lentamente. Seu aroma invadiu sua mente e alma quando ela se fundiu com ele como se fosse feita pela Deusa apenas para ele. Estava desesperado para entrar nela, desesperado para fazer ela gritar enquanto a levava o clímax. Desesperado para ter ela sob ele enquanto empurrava profundamente dentro dela, derramando sua semente com nenhuma barreira entre eles.

A cabeça de Cam se levantou, enquanto ele gentilmente colocava uma distância de alguns centímetros eles.

— Acho que precisamos parar.

Os olhos de Chastity mostraram sua excitação quando ela olhou para ele franzindo a testa.

— Qual o problema? — Perguntou em voz baixa.

— Nenhum. — Cam mentiu. — Mas não faremos isso aqui!

Sinclair sentiu o pânico crescente dentro dele, ao perceber o que sentia por essa mulher. Nunca, nem uma vez, sentiu algo diferente de uma atração sexual por ninguém e não estava prestes a começar agora. Uma relação era a última coisa que queria ou precisava.

Sentiu o pesar pela perda de seus lábios e o olhar de confusão em seu rosto, mas não se permitiria ser puxado por sua beleza. Seu rosto corou ainda mais com sua rejeição quando ela se afastou.

— Desculpe. — Ela murmurou. — Eu não sei o que deu em mim.

— Não precisa se desculpar. — Cam a queria de volta em seus braços e quase diminuiu a distância entre eles, mal conseguindo ficar onde estava.

— É melhor eu voltar. — Ela se virou para sair e sua mão levantou, agarrando seu ombro para virar ela em sua direção.

— O quê? — Ele fez uma careta para ela. — Do que você está falando? Vai vir comigo de volta à terra do clã, onde vai estar segura.

Chastity olhou para o lado, encolhendo os ombros.

— Acho que não.

— Você está louca? — A voz de Cam se levantou quando a tensão se arrastou por sua espinha. — Ele estava prestes a te entregar a dois de seus homens e você vai voltar? O que está pensando?

Um grunhido escapou de seus lábios, sua expressão feroz quando ela respondeu.

— Ele não fez isso e você obviamente, têm muito em suas mãos, então vou para casa e ficarei no meu quarto até que tudo termine.

Cam lutou para se controlar, não querendo nada além de jogar ela sobre o ombro e a levar de volta para o acampamento.

— Realmente? Vai voltar para lá?

Chastity concordou e quando fez, viu a angústia em seu rosto. Ele precisava deixar as coisas assim? Deu um passo em direção a ela.

— Por favor, venha comigo. — Segurando sua mão e desejando que ela a apertasse.

Ela olhou para o lado, em seguida, para o rosto dele.

— Sinto muito por te envergonhar mais cedo.

Então ela se virou e correu, surpreendendo ele quando se transformou no meio do caminho, sua loba gloriosamente branca galopando para longe. O primeiro instinto de Cam foi ir atrás dela, mas uma mão forte em seu ombro o impediu.

Se virando, ele ficou cara a cara com Jinx.

— Que porra está fazendo aqui? — Perguntou enquanto seus olhos encontraram o restante de seus lobos em um semicírculo ao redor da clareira.

— Jacob nos disse para onde estava indo e mais uma vez, não pensou que te deixaria sozinho, né? — Jinx não parecia feliz quando continuou. — Realmente precisa repensar as coisas, Sin. Se pensou por um momento que não te seguiria então é simplesmente estúpido.

— Quanto tempo? — Cam olhou ao redor, vendo os gêmeos e Mac, mas não Jacob.

— Há quanto tempo estamos aqui? — Perguntou Jinx e não esperou uma resposta. — Desde que você afastou e humilhou ela.

— Eu não fiz isso! — Cam quase gritou quando seus olhos voltaram para seu melhor amigo.

— Sim, você fez. Um pouco baixo, mesmo para você, Sin.

Cam se virou, sem querer ver a reprovação nos olhos de Jinx.

— Eu não queria envergonhar ela.

— Bem, você fez e agora ela se foi, de volta para um lugar onde não está segura.

— Porra! — Ele fechou os punhos, querendo bater em alguma coisa. — Eu não tenho certeza do que aconteceu. Ela estava em meus braços e me senti tão bem, então eu... merda, não sei o que estava pensando, mas você me conhece. Eu não me envolvo. Nunca.

Jinx suspirou:

— Sim, eu sei que não, mas às vezes você age como um idiota e esse foi um desses momentos.

— Onde está Jacob? — Cam olhou de novo e ainda não pode ver seu lobo

— Ele está seguindo ela um pouco atrás, só para ter certeza de que está segura.

Cam franziu a testa com o pensamento de seu investigador atrás de sua loba branca. Que porra? Minha loba branca? Pensou quando seu coração acelerou.

— É melhor voltarmos, estamos em sua terra. — Jinx olhava ao redor também, obviamente, a procura de problemas.

Ele não queria voltar, Cam queria ir atrás de Chastity e pedir desculpas, mas em seguida, ficou louco de novo. Para que? Você não quer levar ela a sério. Então, balançou a cabeça, em seguida, se transformou rapidamente, correndo como se sua vida dependesse disso e se sentindo vazio. Como se tivesse perdido algo precioso.

Várias vezes o animal de Jinx beliscou seu traseiro, obviamente querendo que parasse, mas firmemente o ignorou. Correndo os quilômetros de volta ao acampamento. Cam não desistiu até que parou onde suas roupas estavam guardadas. Se transformou rapidamente antes de pegar suas roupas e vestir.

Podia sentir os olhos de seus amigos sobre ele quando saiu. Seu controle fazendo ele acelerar o passo para deixá-los para trás.

Tinha certeza que nunca ouviu Jinx falar nesse tom antes ou viu o olhar de reprovação em seu rosto. Cam se sentia mal o suficiente sem seu amigo fazendo ele se sentir pior, mas foi o melhor. Chastity não poderia ter quaisquer ideias sobre ele, não, definitivamente não aconteceria.

Ele foi um lobo solitário por muito tempo e não tinha planos de mudar isso. Tinha um negócio para gerenciar, um estilo de vida que gostava, uma mulher não estava em sua agenda. Nunca esteve, nunca estaria.


Capítulo doze

Chastity correu o mais rápido que pode, desesperada para se afastar da humilhação que sentia, de seu próprio comportamento e da rejeição óbvia de Cam. Como pude ser tão estúpida e baixar a guarda? Pensou de novo enquanto seu animal se movia entre as árvores em seu caminho.

Ela nunca se aproximou de ninguém, nem uma vez e agora se sentia estúpida e a vergonha corria através dela como lava ardente. Como uma loba que fez sexo antes, nunca sentiu nada entre ela e o macho. Chastity sabia que se estivesse em forma humana lágrimas estariam escorrendo por seu rosto e se sentiu grata por sua forma de lobo não mostrar fraqueza.

Porra, por que agiu assim? Não tinha ideia, sabia apenas que tanto ela quanto seu animal se sentiam atraídos por Cameron Sinclair como uma criança por doces. Pensou que ele sentia o mesmo, mas estava obviamente enganada. Ele a afastou como se tivesse sido queimado e se sentiu mortificada ao ver ela olhando ele quase ofegante de desejo.

Você é uma idiota! Se repreendeu à medida que chegava cada vez mais perto do acampamento. Não sabia como um dia pensou que alguém como Cameron Sinclair ficaria interessado nela, foi a coisa mais estúpida que já pensou. Chastity forçou seu coração a se fechar, sua mente nem sequer pensaria no homem bonito ou seu magnífico lobo preto cor da meia noite. Não iria cometer este mesmo erro. Nunca mais.

Você depende apenas de si mesma. Ninguém mais. Ela pensou de novo quando sua loba desacelerou, ficando debaixo da árvore pela qual desceu.

Ela se transformou rapidamente e começou a subir, as pernas longas e braços fortes fazendo brevemente a tarefa. Em poucos momentos, estava subindo pela janela e deixou escapar um longo suspiro de alívio. Quando Chastity ficou de pé alguma coisa bateu em cheio no seu rosto e ela caiu como uma pedra.

Seus olhos lacrimejaram, o nariz e a boca doíam muito e ela lutou para respirar quando uma bota a chutou no estômago. Sua loba uivou, querendo sair para proteger ela, mas então a voz de seu irmão entrou em sua consciência e ficou imóvel, sem se mover enquanto seu coração batia freneticamente de medo.

— O que temos aqui? — O tom de Philippe era cordial e quase amigável quando olhou para ele através de seu cabelo. — Irmã, bem-vinda de volta! Presumo que foi a outra reunião com os traidores?

Chastity sentou, com o estômago doendo tanto que sentiu que iria vomitar. Ela pegou um robe da cadeira ao lado e cobriu sua nudez.

— O quê? Sobre o que está falando, Philippe?

Philippe se abaixou, com as mãos sobre os joelhos, enquanto olhava nos olhos dela. Chastity podia ver a raiva claramente, mas também podia ver outra coisa. Algo que parecia a pura insanidade. Nunca vou sair viva daqui. Ela pensou enquanto esperava que ele respondesse.

— Traidores, você não é estúpida, sabe o significado da palavra e eu aposto que sabe exatamente sobre quem estou falando!

— Não. — Ela respondeu e balançou a cabeça furiosamente. — Eu não sei, juro que não tenho ideia do que você está falando.

— Resposta errada. — Philippe atacou, a empurrando de volta para o chão.

Chastity podia sentir o sangue de seu lábio cortado quando se moveu para tentar se afastar de Philippe.

— Por favor! Me diga de quem você está falando. Só saí para uma corrida. Sabe que eu odeio ficar dentro de casa, mas não encontrei ninguém. Eu nem sequer vi alguém!

Seu irmão levantou a mão até a boca, um dedo tocando seu lábio inferior.

— Você certamente soa como se estivesse dizendo a verdade. Mas é uma boa mentirosa, não é querida irmã?

Se moveu tão rápido que ela não teve a chance de se defender, o punho esmagando seu rosto antes de chutar com força, desta vez pegando seu quadril. Pensou ter ouvido um estalo alto, mas a dor ofuscou seus sentidos e não pode ter certeza. O que tinha certeza era da dor que atravessou sua cabeça e corpo a partir do golpe. Mais uma vez pensou: ele vai me matar.

Philippe caminhava de um lado para o outro, o punho batendo na coxa quando gritou.

— Você sabe! Primeiro Silas, agora Pascall e Quincy. Onde eles estão, Chastity? Diga agora ou então não vai sair deste quarto viva!

Chastity sentiu as lágrimas quentes escorrendo pelo seu rosto quando percebeu o perigo no qual estava. Não podia responder porque não tinha ideia de onde Pascall e Quincy estavam e sabia que Philippe não acreditaria nela. Sabia, sem dúvida que morreria.

 


Jacob seguiu o lobo branco por todo o trajeto de volta para seu acampamento e sabia que ela deveria estar muito chateada porque nem percebeu que estava lá. Quase latiu como se fosse uma risada ao ver ela subir na árvore com a facilidade de um perito e rastejar de volta para o que ele assumiu, ser seu quarto.

Seu animal relaxou um pouco quando a viu chegar em segurança e se virou para fazer a viagem de volta para a terra do clã. O lobo de Jacob deu apenas alguns passos antes que ouvisse o barulho de Chastity sendo atacada, o som era inconfundível. Rosnando ele voltou, ouvindo atentamente e sua raiva aumentou enquanto seu coração se apertava.

Ela estava em perigo e era seu próprio irmão quem estava causando os ferimentos. O primeiro instinto de Jacob foi se aproximar e matar Dupont, estava prestes a se transformar quando ouviu passos, vendo cerca de uma dúzia de guardas tomando seus lugares ao redor da cabana do Alfa.

Porra! Ele era bom, mas provavelmente não tão bom! Precisava conseguir ajuda e rápido.

O animal de Jacob subiu para o desafio, correndo a uma velocidade que nunca alcançou antes. Seu coração batendo violentamente enquanto corria desesperadamente para ajudar a loba. Podia ouvir uma e outra vez as palavras de raiva, os socos e estava certo de que seu irmão a chutou mais de uma vez. Jacob ouviu os sons e sua raiva aumentou enquanto quase voava sobre a terra.

Ele fez o trajeto de volta para o acampamento quando viu os outros à frente. Ainda estavam como lobos, exceto Cam que já estava vestido e Jacob se transformou rapidamente, gritando.

— Cam, traga a porra do seu traseiro de volta aqui! Ela está com problemas e precisamos ir agora!

Jacob viu as costas dele endurecer antes que ele se virasse, gritando:

— O que? Que merda está acontecendo?

Cam correu de volta tirando as roupas que acabou de vestir. Jacob falou rapidamente.

— O irmão bateu nela. Eu ia entrar, mas há cerca de uma dúzia de guardas então corri de volta aqui. Precisamos ir, Cam. Acho que ele vai matar ela.

Cam rugiu, seu rosto uma máscara de ódio quando se transformou, correndo. Os outros lobos o seguiram, Jacob tomando um momento para beber água na mangueira ao lado das roupas, antes de também como lobo correr atrás dos outros.


Ele nunca sentiu emoções tão fortes em sua vida. Via tudo turvo enquanto seu animal se empurrava ao limite, deixando de funcionar através da razão, correndo pelo mato e se movendo ao redor de árvores que ficavam em seu caminho. Seu coração batendo tão rápido que pensou que certamente explodiria enquanto se amaldiçoava. Se não tivesse empurrado Chastity, ela teria voltado com ele e estaria segura. Era sua culpa que estivesse agora em perigo.

Sua raiva aumentava com cada passo que dava, se sentia ferver até quase sufocá-lo. O pensamento de Philippe Dupont colocando a mão em sua bonita loba branca levava-o a pensar sobre as muitas maneiras que faria o homem sofrer.

Ninguém toca ela! Ela é minha!

Quando este pensamento invadiu sua mente, quase se abrandou em estado de choque. Mas que porra? Ele pensou enquanto continuava correndo. Dele? Quando isso aconteceu?

Provavelmente, desde a primeira vez que vi ela. Ele finalmente admitiu para si mesmo.

Só esperava que chegassem lá a tempo, porque se não, então sabia que causaria grandes estragos. A Deusa não seria capaz de impedir ele.

Seu animal rosnou quando a terra caiu sob suas grandes patas e Cam sabia que Jinx estava em suas costas. Os gêmeos e Mac ficaram um pouco mais para trás, incapazes de acompanhar o ritmo que ele estabeleceu. Jacob estava com eles, na traseira, seu enorme lobo protegendo eles de um ataque surpresa.

Seis, havia seis deles e pelo menos uma dúzia de guardas. Cam sabia que não derrubaria todos sozinhos para proteger Chastity, mas ainda tinham boas chances. Estes guardas nunca lidaram com cinco Highlands irritados e um investigador durão. Cam mal podia esperar para chegar lá e deixar um pouco da raiva que estava dentro dele livre. Se não a liberasse logo ele estava certo de que explodiria de fúria.

Seus sentidos capturaram os aromas do campo quando diminuíram a distância para a matilha. Cam usou todo o poder à sua disposição para alertá-lo para o perigo quando se aproximaram. Até o momento, não havia guardas periféricos e o ritmo não diminuiu, correu o mais rápido que conseguia para chegar até sua loba branca.

Muito mais rápido do que esperou, chegaram ao acampamento, diminuindo seu ritmo e recuperando o folego. Cam podia sentir os guardas ao redor da casa, mas nenhum em qualquer outro lugar. Não era muito boa a segurança se nenhum estava guardando a fronteira do acampamento, mas era algo benéfico para ele e seus lobos enquanto se moviam adiante calmamente.

Jinx ficou perto dele enquanto Mac e os gêmeos se separavam para cobrir seus lados com Jacob por trás de todos, por precaução. Cam viu dois homens na parte de trás da cabana, de pé conversando como se não houvesse nada no mundo a temer quando um grito estridente soou.

Chastity! Cam rosnou e saltou para frente, derrubando os dois homens com tanta força que voaram para trás, as cabeças batendo na cabana, antes de caírem inconscientes no chão. Quando os gritos de Chastity ecoaram de novo ele correu para esquerda, direto em mais dois homens.

Apenas reagiu, quando seu animal lidou com eles rapidamente e com força letal. Seus ouvidos captaram lutas de todos enquanto gritos de alarme soaram. O animal de Cam ignorou o tumulto ao redor dele enquanto lutava para alcançar a porta. Sua única preocupação era alcançar Chastity antes que Dupont a matasse.

O processo de pensamento de Cam focou na eliminação de qualquer pessoa que ficasse entre ele e sua loba. Quando chegou na escada, dois dos guardas tinham se transformado, seus animais rosnando quando ele se aproximou. Nem mesmo parou e quando suas poderosas patas traseiras impeliram para cima, um flash de pele vermelha saltou de seu lado direito. Jinx.

O lobo do seu melhor amigo rasgou um de seus inimigos enquanto ele perseguia o outro. Podia cheirar seu medo quando se aproximou, não o surpreendeu quando virou a cauda e correu. O lobo de Cam rugiu quando quebrou a porta assim que subiu a escada, se transformando quando entrou. Seu sangue e cheiro levando ele para frente quando chegou em um corredor. Cam nem sequer abrandou, sabendo exatamente onde ela estava quando correu para a última porta à sua direita e chutou abrindo com toda força.

A visão diante dele fez sua raiva entrar em erupção como um vulcão, Chastity sangrando no chão e um homem de pé sobre ela com seu sangue em suas mãos e botas.

— Quem é você, porra? — O homem rosnou, um olhar selvagem nos olhos, que Cam tinha visto apenas uma vez antes num cão raivoso.

— Eu sou a pessoa que comprou sua terra bem debaixo do seu nariz, porra. Sou o único que vai te rasgar por tocar ela! — A mandíbula de Cam apertou tão forte que pensou que seus dentes iriam se quebrar.

— Sério? Você? — Dupont bufou, olhando Cam de cima abaixo. — Você não parece muito...

Cam rosnou, usando uma de suas habilidades raras, fez aparecer garras afiadas em seus dedos. Apenas os muito mais antigos de sua espécie eram capazes de fazer isso, mas sempre conseguiu fazer. Normalmente, escondia dos outros. Neste momento, se deliciou com o olhar surpreso de Dupont quando viu as garras e também as presas que Cam deixou descer.

Os longos caninos faziam a mandíbula doer enquanto se estendiam da boca ao seu limite absoluto. Seus olhos ardiam de ódio quando atravessou o quarto, com os olhos percorrendo o corpo prostrado de Chastity no chão. O sangue corria através de seu sistema, juntamente com a adrenalina que o afetava de forma que não podia discernir seus batimentos cardíacos.

Um momento de pânico percorreu ele com o pensamento de que estivesse morta. Será que chegaram tarde demais? Porra, ele esperava que não, porque sentia como se seu coração estivesse sendo rasgado quando voltou sua atenção para o Alfa.

Dupont se aproveitou da distração de Cam e deu um soco violento na mandíbula, movendo a cabeça para o lado antes que gritasse e batesse de volta. As garras de Cam arranharam o peito de Dupont, rasgando suas roupas e deixando cortes profundos. O cheiro de sangue dele misturado com o de Chastity empurrou Cam ao ponto de ebulição.

Precisava se livrar de Dupont e ir até Chastity, a única maneira de fazer isto era matar ele. No entanto, o Alfa não iria tranquilamente ou facilmente, quando seu próprio rugido ecoou, abaixando e movendo a perna. Os tornozelos de Cam o fez perder o equilíbrio.

A fúria dele era como lava, tentando sair enquanto o corpo de Dupont o derrubava, deixando ele totalmente no chão. O Alfa dava vários socos nele, um soco particularmente forte quase o fez perder a consciência. Balançando a cabeça furiosamente pode ouvir Dupont rindo histericamente enquanto suas mãos encontravam a garganta de Cam.

Usando suas garras cortou todo o antebraço, o sangue jorrando das feridas de Dupont salpicando sobre ele. Quando o Alfa puxou seu braço, aproveitou e levou o seu para cima, suas garras entrando profundamente na garganta do Alpha. Dupont caiu para trás, as duas mãos alcançando a ferida aberta deixada pelas garras afiadas como navalha de Cam. Se movia com a velocidade de um relâmpago, derrubando Dupont e montando.

— Vejo você no inferno! — Cam gritou quando enfiou suas garras profundas dentro do peito de Philippe Dupont, sentindo elas penetrar no coração do Alfa. Um golpe mortal que mesmo um lobo não poderia sobreviver. Ele gritou descontroladamente com o alívio que inundou seu sistema quando viu a luz nos olhos do outro homem se apagar. Um olhar de choque no rosto antes de finalmente toda a vida deixar ele.

Saiu de cima dele, tentando recuperar o fôlego enquanto se arrastava até Chastity. Seu corpo estava sangrando e quebrado quando estendeu a mão para sentir o pulso. Sentiu seus batimentos cardíacos erráticos quando a pegou, embalando ela em seus braços enquanto corria para conseguir ajuda.

Saindo rápido pela porta viu que seus lobos tomaram posições defensivas e os corpos dos guardas estavam espalhados ao redor.

— Curandeiro! Eu preciso da porra de um curandeiro agora!

Alguns da matilha agora estavam saindo de suas casas, o medo em cada uma das faces. Jinx foi para frente, completamente nu, para uma mulher mais velha.

— Quem é seu curandeiro?

A mulher balançou a cabeça.

— Ela se foi, desafiou o Alfa e no dia seguinte estava longe de ser encontrada. Nós não temos um curandeiro em mais de um ano. Sinto muito, não podemos ajudar ela.

— Porra! — Cam rugiu. — Qual a maneira mais rápida de voltar ao nosso acampamento? É pelo campo ou pela estrada?

Um rapaz avançou por trás de uma mulher que tentou manter ele longe, o menino se encolheu ao chegar ao lado de Jinx.

— Posso mostrar, há um atalho, se pegar um dos jipes nos levará quase ao seu acampamento, em seguida, pode andar de lá.

Jinx se virou, vendo um veículo e correu para ele para encontrar as chaves na ignição. Cam saltou ao descer a escada da cabana, se movimentando para se juntar a eles enquanto o menino ficava no banco do passageiro da frente. O rosto do jovem estava branco, mas seus olhos brilhavam de excitação quando Jacob se juntou a Cam na traseira do veículo.

— Cam, aqui, me deixe dar uma olhada, talvez possa ajudar. — Jacob estendeu a mão para Chastity e a cabeça de Cam se virou bruscamente, rosnando ferozmente para o amigo.

— Ei! — Jacob levantou as mãos. — Desculpe, apenas estou tentando ajudar.

A mente dele não estava funcionando, estava cheio de adrenalina, medo e algo mais... uma sensação que não reconheceu, mas que o teria levado a rasgar a garganta de seu amigo. Jinx virou a cabeça e disse.

— Cam, você precisa se acalmar. Ela não está em perigo conosco.

— Qual é seu nome, rapaz? — Jinx perguntou enquanto o jovem lobo lhe dava indicações.

— Eu? Sou Johnathan e espero que o bastardo esteja morto!

Jacob olhou para o rapaz.

— Olha a língua!

— Eu não me importo! Ele era um bastardo! Matou meu pai e muitos outros, deixou seus homens fazer o que quisessem com as lobas. Fico feliz que esteja morto. — Johnathan olhou para Jacob e Cam, um olhar de medo aparecendo em seu rosto jovem. — Ele está? Não é? Morto, quero dizer. Ele está morto, por favor, me diga que sim.

Jacob se virou para Cam, vendo o sangue em seu corpo.

— Se a quantidade de sangue que está no nosso Alfa mostra alguma coisa, então eu diria que sim, ele está morto.

Sinclair rosnou, seus olhos presos em Jacob.

— Eu não sou Alfa.

Jacob balançou a cabeça.

— Tanto faz, Cam. Agora, se acalmou o suficiente para me deixar dar uma olhada na garota?

— Quão mais? Quanto mais longe?

Johnathan apontou outra vez para Jinx.

— Não muito tempo, teremos que parar um pouco, então mostrarei a trilha, é apenas cerca de dez minutos a pé, assim que pararem.

Cam olhou para Jacob.

— Eu não posso, não posso te deixar tocar ela. Tenho medo do que poderei fazer se sequer tentar. Jacob, eu não estou no controle.

Seu investigador assentiu uma vez.

— Ok, estamos quase lá, Cam.

Ele pode perceber e sentir o dano feito à mulher que segurava em seus braços. Sua nudez parcialmente coberta por um manto ensanguentado. Ossos quebrados em abundância e apenas a Deusa sabia que outras lesões tinha. Seu animal uivou, desesperado com o dano causado a loba branca e queria nada mais do que se juntar a ele em seu pranto lamentoso.

Ela precisa sobreviver! Ele pensou à medida que se aproximava do acampamento do Clã.


Capítulo treze

Cam andava para frente e para trás enquanto a curandeira do acampamento movia as mãos e os olhos de especialista sobre o corpo de Chastity. Sua boca fazendo pequenos ruídos que mostravam sua angústia cada vez que encontrava uma nova lesão. Pareceu uma eternidade antes que se virasse para ele, as sobrancelhas franzidas enquanto falava.

— Ela tem muitos ossos quebrados, o que posso arrumar, mas não tenho ideia do que está acontecendo lá dentro. Acho que precisaremos levar ela a um hospital humano, Alfa.

Ele franziu a testa ao uso da palavra, mas optou por ignorar. Ele tinha coisas muito mais importantes para lidar agora.

— Porra, você não pode curar ela aqui ou forçar uma transformação para que seu animal possa curar ela?

— Não, sinto muito, não posso.

Sinclair estremeceu, ainda nu e coberto de sangue, quando uma mão suave tocou seu braço. Se movendo, ele olhou para o rosto sereno de Rebecca.

— Cameron, eu posso ajudar. Posso?

Cam olhou de Rebecca à Chastity e de volta.

— Você pode?

— Sim. — Disse Rebecca, lhe entregando um cobertor. — Posso curar seus ossos quebrados e dizer se há lesões internas que posso curar também. Aqui, se cubra, melhor ainda, vá se limpar. Parece que tomou um banho de sangue.

Ele pegou o cobertor, balançando a cabeça.

— Eu não vou a lugar nenhum agora. Não até que saiba que ela está fora de perigo. Rebecca, faça o que puder por ela, por favor.

A bruxa inclinou a cabeça.

— Ela significa muito para você, não é?

Cam desviou o olhar, ainda não disposto a expressar sua resposta.

— Só ajude ela, Rebecca.

— Ok, farei o meu melhor.

Ouviu a curandeira resmungar em desaprovação, obviamente devido a magia que seria usada nas terras da matilha. Cam fez uma careta para ela.

— Vá embora se não está feliz com a ajuda de Rebecca.

A curandeira recuou, indo para o canto do quarto, com os olhos avidamente observando tudo. Cam estava no final da cama, o desejo de se deitar ao lado de Chastity e tomar ela em seus braços era tão grande que precisou reprimir. Quando Rebecca abriu uma sacola que ainda não tinha visto em suas mãos, rezou para que ela pudesse ajudar.

E observou quando Rebecca tirou várias garrafas, abrindo cada uma e colocando um pouco em uma tigela pequena antes de devolver elas à sua bolsa. Palavras estranhas saíram de sua boca enquanto ela cantava sobre a tigela antes de finalmente acender um fósforo e o soltar dentro. O chiar dos conteúdos queimaram alto no quarto por uma fração de segundo antes da fumaça azul aparecer, girando para cima e para fora.

Ele olhava com surpresa a névoa azul seguindo as mãos estendidas de Rebecca quando as moveu sobre o corpo na cama. A fumaça desceu até que entrou sob a pele de Chastity.

Rebecca continuou dizendo palavras que não tinham nenhum significado para ele, suas mãos se movendo graciosamente no ar, como se dançasse alguma música silenciosa. A concentração em seu rosto era o único sinal do trabalho e energia que estava usando em seu feitiço de cura. Cam podia ver pequenas gotas de suor aparecendo na testa da bruxa e no lábio superior enquanto usava sua magia sobre Chastity.

O coração de Cam bateu descontroladamente quando Rebecca finalmente parou, caindo para frente, ele correu para pegar ela antes que caísse. Segurou ela na posição vertical quando o olhou com os olhos vidrados.

— Eu fiz tudo o que pude, mas há um ferimento na cabeça que nem a medicina humana podem curar. Precisa se curar sozinho. Ou não.

Quando suas palavras bateram, ele balançou a cabeça.

— Não. Você está dizendo que ela pode não acordar?

Rebecca parecia triste quando respondeu:

— Sinto muito, Cam. Não sei se ela vai acordar. Como ainda está viva, não tenho ideia. Ele queria mesmo matar ela.

Jacob limpou a garganta delicadamente.

— Rebecca, por que você não me deixa levar ela para seu quarto para que possa descansar?

Sinclair a entregou a Jacob.

— Essa é uma boa ideia, vá com Jacob e ele cuidará de você.

Após entregar Rebecca para Jacob, ele pegou uma cadeira e colocou ao lado da cama. Sentando, segurou uma das mãos de Chastity na sua, esfregando suavemente, enquanto olhava para o rosto bonito. Ainda coberto de sangue, que não tirou dela sua perfeição. Alguns momentos depois a curandeira tocou seu ombro.

— Alfa, você precisa se limpar e se vestir. Quero banhar ela e a deixar tão confortável quanto puder.

Não queria deixar o quarto, mas saiu lentamente, com os olhos fixos no corpo na cama até a que a curandeira o viu fechar a porta. Seus pés pareciam se arrastar quando encontrou o seu próprio quarto, entrando no banheiro e ligando o chuveiro.

Sua mente era um tumulto enquanto a água caia sobre ele. O sangue de Dupont era lavado e escorria pelo ralo. Pareceu demorar uma eternidade antes que a água corresse clara e ele colocou as mãos na parede, com a cabeça pendendo enquanto seus pensamentos iam para a mulher no quarto ao lado do seu.

Que porra devo fazer? Não quero um relacionamento, não preciso de um relacionamento! Então, por que ela me afeta assim? Pensou mais de uma vez. Desligou o chuveiro com a mente mais clara, então pegou uma toalha.

Quando retornou a seu quarto, Jinx estava sentado na cama, de banho tomado e vestido. Seu amigo olhou para ele, um olhar determinado em seu rosto.

— Cam, eu sei que não quer ouvir isso agora, mas precisa ser dito. — Jinx se levantou e continuou. — A matilha precisa de você. Está um caos com a perda de Fearghas e precisa realizar a cerimônia fúnebre amanhã. Falei com Fergie, melhor, ele veio falar comigo. Você precisa dizer a todos de manhã que você agora é o Alfa.

Ele amaldiçoou.

— Porra! Sobre o que você está falando?

Jinx colocou uma mão no ombro de Cam.

— Eu sei que nunca quis ser Alfa, mas a maldita verdade é que você é um. Sempre foi e sempre será. Esta matilha precisa de você e não tem escolha no assunto. Precisa fazer isso.

Ignorando a mão de Jinx, Cam foi até o guarda-roupa, pegando um jeans e uma camiseta.

— Eu não quero isso.

— Desculpe, mas a matilha já está chamando você de Alfa e eles precisam de você.

Cam vestiu a calça jeans quando Jinx disse.

— Você precisa anunciar amanhã e estarei lá. Não pense que se livrará de mim, Sin. Juntos para sempre. Isso foi o que dissemos quando saímos da Escócia anos atrás. Não foi?

— Sim, mas ser Alfa não era parte do negócio. — Fez uma careta, vestindo a camiseta e viu sua tatuagem do Clã quando fez isso.

— Cam, você pode fazer isso. Nasceu para fazer isso. A matilha não poderia pedir um melhor ou mais forte Alfa e você sabe disso. Então só supere, grande homem, porque precisa ser feito.

Os ombros dele caíram com a derrota em seu corpo e Jinx atacou.

— Bom, vejo que você finalmente concorda. Vou avisar Fergie e iremos pegar suas coisas e mudar tudo para a cabana do Alfa.

A cabeça de Cam se levantou.

— Não sozinho. Chastity vem e você também. Não vou ficar lá sozinho.

Jinx já estava na porta.

— Ok, farei com que ela se mude também. Presumo que a queira em seu quarto?

— Próximo a ele e não quero o quarto principal também. Não dormirei na cama do meu tio. Diga a Marie que ela é bem-vinda a ficar. Não quero colocar ela para fora de sua casa. Na verdade, insista que ela fique para cuidar do novo Alfa ou algum outro absurdo.

Jinx sorriu.

— Boa ideia, farei isso. Há também outra coisa que precisa decidir.

Cam não pode deixar de rosnar.

— O que? Quer saber se eu quero novas cortinas? Um novo sofá?

— Ei, pare com isso, Sin! — Jinx respondeu. — A matilha de Dupont precisa de liderança até que seja decidido o que fazer. Então, precisamos enviar pelo menos dois dos nossos rapazes para manter um olho sobre eles e não encontramos a bruxa que estava ajudando eles, então precisamos deles para encontrar ela.

— Porra, esqueci disso. — Cam passou a mão pelo cabelo, frustrado. — Ok, acho que Mac e Logan devem ir. Qual é a sua opinião?

— Boa escolha. — Jinx sorriu. — Sei que não quer enviar Rory a qualquer lugar em cima da hora. Ele está totalmente louco com Charlotte e Mac e Logan estão com a cabeça fria. Direi para irem amanhã de manhã.

— Ok, acabou? — Cam perguntou.

Jinx abriu a porta gritando por cima do ombro.

— Sim, por enquanto. Não esqueça que vamos mover Chastity em breve, então não fique com raiva quando aparecermos. Oh sim, acho que agora ocupo o cargo de Beta, verdade?

Pegando uma bota, Cam jogou ela na cabeça de Jinx, que desapareceu rapidamente. Seu amigo gritou.

— Vou tomar isso como um sim!

Cam voltou para o quarto de Chastity, encontrando ela em uma camisola branca e suave, todos os vestígios de sangue desapareceram dela e da cama. Agora estava deitada em lençóis brancos, o cabelo molhado se encontrava ao redor dela como uma auréola. Segurou uma mecha entre os dedos quando se sentou ao lado da cama.

Movendo a cadeira um pouco para que pudesse esticar as pernas e colocar os pés no lado da cama, cruzou os braços e deixou cair a cabeça para trás. Os olhos de Cam se fecharam e o sono tomou conta dele.

Foi acordado abruptamente quando seus pés foram empurrados da cama, com os olhos abrindo quando um grunhido saiu de sua garganta.

— Somos apenas nós. — Jinx estendeu as mãos. — Nós movemos as suas coisas e estamos aqui para levar Chastity.

— Eu farei isso. — Levantou, segurando o corpo, cobertores incluídos e seguiu o seu amigo para a cabana do Alfa.

Ele sabia, sem dúvida, que sua vida mudaria drasticamente e não tinha certeza sobre nada disso. Era a última coisa que a Deusa da boa terra sabia que ele jamais quis. Ser Alfa de uma matilha de lobos.

Cam empurrou o pensamento da mente enquanto carregava Chastity pela curta distância até a cabana do Alfa. Fergie estava sentado em sua cadeira de rodas na varanda, seu primo acenando quando chegou.

— Boa noite, Alfa. — Fergie disse em voz baixa, a emoção grossa em sua voz.

— Boa noite, Fergie. — Cam respondeu tão baixinho antes de entrar para enfrentar seu novo futuro.

Passando pela sala, avistou Marie, os olhos vermelhos e seu rosto pálido, simpatia brotando em seu coração pela dor de sua tia. Esperava que ela pudesse viver através da perda de seu companheiro. Alguns lobos não conseguiam era quase como se ficassem despedaçados longe de seu amor. Provavelmente, com a ajuda de Fergie, ela passaria por isso e sairia da dor.

Angel estava esperando por ele, na parte inferior da escada.

— Eu vou mostrar onde colocar ela e nós o deixaremos no quarto ao lado. É no lado oposto da cabana do quarto principal.

— Bom. — Cam disse e inclinou a cabeça para Marie. — Como ela está?

— Não tão bem, mas esperamos para avaliar melhor depois do funeral amanhã.

— Compreensível. — Cam falou calmamente, sem querer que sua tia ouvisse. — É a pior perda possível, a perda de um companheiro. Pelo que já ouvi falar.

Angel guiou ele pelo corredor, parando em um quarto e conduzindo para dentro.

— Eu sei, mas nunca me deparei com isso antes, então não sei o que fazer por ela. Acho que posso só estar aqui, caso precise de nós.

— Sim, presumo que sim.

— Isso tudo foi preparado para Chastity. A curandeira estará aqui diariamente para ver como está. Disse que se ela não acordar vai precisar de uma intravenosa para manter ela hidratada e alimentada, mas isso não é algo que precisa ser feito hoje.

Cam sentiu seu coração se apertar no peito com o pensamento da loba em seus braços não acordar. Não era algo para o qual estava preparado pensar neste momento. Muito melhor acreditar que ela dormiria esta noite e acordaria normal na parte da manhã.

Angel moveu a roupa de cama e ele colocou Chastity ali, cobrindo ela de novo. Cam foi para a poltrona do canto ao lado da cama e sentou.

— Seu quarto fica ao lado e se precisar de alguma coisa é só me avisar. — Angel saiu, fechando a porta atrás dela.

Ele se estabeleceu, ficando tão confortável quanto podia, porque não tinha planos de deixar o quarto ou Chastity. Ficaria bem ali até Chastity recuperar a consciência.


Shelly olhou para os dois lobos poderosos abordando a matilha. O Clã Wild Ranch, um nome que ela odiava. Um que a abominação, Philippe Dupont, insistiu que a matilha fosse chamada. Seu coração disparou quando ouviu os sons inconfundíveis de uma luta no dia anterior. Espreitou atrás de suas cortinas para ver grandes lobos atacarem os guardas de Dupont.

Assistiu a cada segundo que pode, um vislumbre de esperança começou a brilhar profundamente dentro dela. Quando viu o lobo preto dizimar tudo à sua frente e correr para dentro, ela bateu palmas de alegria. Esperando e rezando para que fosse forte o suficiente para aniquilar o seu Alfa desprezível.

Um Alfa que espancou e torturou sua própria irmã. Afinal, ela e toda a matilha o ouviu fazendo isso pelo o que pareceram horas. Os gritos de gelar o sangue arrancados de Chastity ainda soavam em seus ouvidos. Poderiam esses lobos estrangeiros ser seus salvadores? Esperava com todo o seu coração, enquanto continuava assistindo a batalha.

Quando acabou, ela e todos os outros saíram lentamente, desesperados para garantir que Dupont e seus capangas estivessem mortos. Quando se tornou óbvio que estavam, ela junto com todos os outros membros da matilha começou a ter esperança de que o futuro não seria tão desagradável quanto era apenas algumas horas antes.

Eles trabalharam juntos e reuniram todos os corpos, incluindo o de seu Alfa, agora morto e empilhou. A matilha então recolheu galhos secos, gravetos ou qualquer outra coisa para queimar, colocando ao redor e sobre os corpos. Quase todos eles, em seguida, acenderam fósforos e incendiaram a pira.

Queimando os lobos e lhes negando a paz e a dignidade de um funeral de matilha.

Agora dois dos lobos retornaram, dizendo que estavam lá para cuidar da matilha até que algo mais permanente fosse ser arranjado. Dizendo que não tinha nada a temer e que poderiam falar com eles sobre quaisquer preocupações que pudessem ter.

Os olhos de Shelly foram direcionados, uma e outra vez, para um deles, seu animal interior gritou alto em sua cabeça. Fique quieta! Ela disse uma e outra vez quando começou a pensar que sua vida poderia ficar melhor.

Qualquer coisa era melhor do que o que ela sofreu nestes últimos anos. Dupont permitindo que seus homens fizessem o que quisessem, a quem quisessem. Ela resistiu aos atos indizíveis realizados nela por seus homens, especialmente Silas, Quincy e Pascall. Aqueles três eram demônios encarnados e esperava que onde quer que estivessem, fossem punidos por todas suas maldades.

Ela saltou quando outra pessoa ergueu a voz, ruídos altos a assustavam sempre. Sua amiga, Tina, colocou a mão em seu braço.

— Está tudo bem Shell, eles são os mocinhos. Pelo menos acho que sim.

Shelly assentiu e respondeu.

— Eu espero que sim, Tink.

— Eu também. — Tina sussurrou, tocando os machucados de seu rosto que já estavam desaparecendo, aqueles que os homens de Dupont colocaram ali na noite anterior.


Capítulo quatorze

Rebecca estava sentada lendo em um dos sofás em frente à lareira, com as pernas debaixo dela enquanto tentava escapar da realidade dentro das palavras do livro. Estava achando um pouco difícil e pensou que fosse talvez, o material de leitura. Definitivamente não era sua leitura habitual, mas uma de suas amigas empurrou o livro em suas mãos e disse que ela só precisava ler.

Geralmente preferia ficção ou às vezes um bom romance, mas esse era um pouco diferente. A cena que estava lendo era quente, não havia dúvidas sobre isso, mas não conseguia decidir se gostava ou odiava.

Um ronco baixo de risada a fez saltar, a cabeça girando para ver Jacob de pé atrás dela. Seus olhos sobre o livro, obviamente, lendo por cima do ombro. Não conseguiu impedir o rubor que apareceu em seu rosto, pegando o livro o fechou rapidamente.

— Você sempre é tão silencioso perto das pessoas?

Jacob sorriu.

— Não, não tão furtivo, mas você estava imersa em sua história.

Rebecca respondeu, envergonhada por ter sido pega lendo o livro.

— Não estava lendo, estava folheando para ver o motivo de tanto alarde.

Jacob deu a volta e parou na frente do fogo ardente.

— Entendo. Então, qual é sua opinião?

Ela colocou o livro de volta em sua bolsa, escondendo.

— Ainda não decidi. Não foi possível chegar numa conclusão ainda.

— Então você não está apaixonada pelo Sr. Grey? — Jacob inclinou a cabeça para o lado, os olhos parecendo penetrar sua alma.

— Não, definitivamente não. — Rebecca falou rapidamente, os grandes olhos de lobo brilhando quando ele respondeu.

— Você está em minoria então. — Jacob ficou olhando, com um leve sorriso no rosto. — Pelo que ouvi, as mulheres estão loucas por este livro já faz alguns anos. Está atrasada para a festa, Rebecca.

Ela se sentiu contorcer sob seu olhar.

— Uma amiga me deu. Não é o meu gênero literário usual.

Jacob sorriu, com os olhos fixos nos dela e não pode se afastar.

— Então você não anseia por aquilo que é feito nele? — Ele apontou para a bolsa onde escondeu o livro.

— Nunca tentei. Por quê? E você? — A mão de Rebecca voou para a sua boca. Merda! Por que disse isso!

A suave risada de Jacob retumbou quando ele tocou a gravata preta que usava sob seu terno.

— Estou aberto a maioria das coisas, Rebecca. Mas não sou o Sr. Grey. Sou melhor. Talvez você descubra.

Rebecca ofegou com sua ousadia, a absoluta confiança em suas habilidades dentro de um quarto.

— Talvez, talvez não.

— Prefiro a primeira opção. — Jacob caminhou para frente, estendendo a mão para ela. — Você está pronta?

Rebecca pegou a mão dele quando a puxou para ficar muito perto de seu corpo duro.

— O que? — Ela exclamou, enquanto olhava para seu rosto.

— Não entre em pânico, Rebecca. — Um de seus dedos tocou o lado de seu rosto fazendo ela estremecer. — Estou falando sobre o funeral. Está para começar. Vim te buscar para a cerimônia.

Ela sabia que estava nervosa, este lobo aparentemente a afetava de forma que não tinha controle e seu coração acelerou dramaticamente enquanto lutava para formular palavras. Finalmente o cérebro e a boca trabalharam juntos, embora suas palavras fossem sem fôlego quando murmurou.

— Oh sim, claro. Estou pronta e você está parecendo inteligente em seu terno. Não sabia que lobos usavam ternos para funerais.

Jacob levantou uma sobrancelha enquanto os levava para a porta, com a mão em suas costas, causando formigamentos em sua pele, mesmo que não a tocasse.

— Podemos ser lobos, mas não somos homens da caverna, Becca.

Sua própria sobrancelha se levantou.

— Meu nome é Rebecca.

— Acho que prefiro minha própria versão para você. Apenas entre nós dois. — Jacob a levou pela escada e para a parte de trás da cabana. — É mais descontraído e amigável. Você não acha, Becca?

Ela não pode responder, nem uma palavra passou por seus lábios enquanto o outro braço serpenteava através de seu corpo para segurar sua mão. A grande e poderosa mão segurando a sua pequena mão com unhas pintadas de verde. Seu polegar se movia em círculos pequenos e suaves sobre a pele dela e pensou, por um momento, que ele estava usando algum tipo de magia, porque absolutamente nunca reagiu a homens como este. Que merda estava acontecendo?

— Você está bem? — Ele sussurrou em seu ouvido, se inclinando para baixo de modo que a respiração acariciasse a pele em seu pescoço.

Ela mal conseguiu falar.

— Tudo bem.

— Sim, você está. — Jacob riu quando eles chegaram a uma clareira na floresta onde a matilha inteira estava reunida.

Rebecca viu Cam na frente, diante de uma sepultura recém cavada com o corpo envolto de Fearghas do lado. Olhou para o novo Alfa, vendo a tensão em cada músculo do seu corpo e as linhas nas laterais dos olhos. Tinha certeza de que nunca o viu assim.

Sinclair era sempre tão calmo e controlado, nada o fazia se deixar levar, o epítome da harmonia. Não era assim hoje. Seu poder ainda estava ao redor. Claro para todos os presentes assim quando ele tossiu, limpando a garganta antes de levantar os braços para abranger a maioria da matilha.

As mãos de Jacob permaneceram nela, o que tornava difícil se concentrar. Mas assim que a voz poderosa de Cam soou na clareira, pareceu reverberar de volta para eles a partir das árvores ao redor. Não demorou muito para que sentisse lágrimas nos olhos enquanto ouvia sua declaração apaixonada.

— Vocês perderam seu Alfa. Um homem bom, forte, justo e verdadeiro. — Cam respirou fundo, erguendo a voz. — Um Alfa que faria qualquer coisa para proteger todos e cada um de vocês. Um Alfa que trabalhou incansavelmente para garantir que a matilha fosse bem-sucedida nos seus esforços. Um Alfa, que deu a própria vida por todos e cada um de vocês!

Rebecca pode sentir a tristeza e dor no ar ao redor deles, os soluços de Marie rasgando o silêncio. Segurou a mão de Jacob apertado enquanto lutava contra as lágrimas que ameaçavam se libertar. Eu não choro! Ela pensou quando imaginou o rímel escorrendo pelo rosto. Definitivamente não era uma boa visão.

Jacob aparentemente tinha habilidades que ela não estava ciente de... leitura de mentes... quando sussurrou.

— É um funeral Becca, é perfeitamente aceitável chorar.

Ela balançou a cabeça e disse:

— Eu não choro.

— Uma mulher que não chora? — Perguntou Jacob, seu tom um pouco surpreso. — Você me intriga cada vez mais, Bruxa.

A voz de Cam tirou sua atenção de Jacob, seu coração de novo acelerando ao ver o olhar lascivo do lobo.

— Nos unimos em nossa dor com Marie. Sua angústia e tristeza são a nossa angústia e tristeza. Nos unimos no nosso compromisso de ajudar ela através deste momento torturante. Nós, como o Clã Highland ajudaremos, apoiaremos Marie e Fergie enquanto choram por um companheiro e pai muito amado. Haverá amor e união para eles e vamos ajudá-los neste momento.

O rugido de afirmação da matilha trouxe ainda mais lágrimas aos seus olhos. Jacob pressionou um lenço branco limpo em sua mão. Ela o olhou com gratidão, enxugando suavemente os olhos.

A voz de Cam continuou.

— A matilha me honra ao me aceitar como Alfa. Prometo que farei o meu melhor por todos vocês. Com sua ajuda, faremos do Clã Highland a matilha mais forte conhecida dentro da comunidade Wolf. Cresceremos fortes juntos, prosperaremos e nos tornaremos a melhor matilha, fazendo com que logo recebamos outros lobos de longe para se juntar a nós. Juntos, sobreviveremos!

Até mesmo Jacob gritou desta vez, Rebecca olhou para cima para ver o lobo forte ao seu lado. Sua visão se encheu com a força muscular e beleza quando ele se juntou a matilha. Seus olhos se arregalaram quando o olhou, geralmente não gostava do tipo grande e musculoso. Jacob era diferente, mas não tinha ideia do por que. Tudo o que sabia era que ele a afetava de maneira que nenhum outro homem já afetou. Sua mente vagou em como seus lábios seriam contra os dela, lambeu os lábios com o pensamento.

Seus olhos se conectaram aos dela, o olhar quase selvagem quando ele olhou para os lábios antes de olhar em seus olhos.

— Você e eu passaremos algum tempo juntos depois, Rebecca. Após a caça, vou procurar por você.

Suas palavras não eram uma sugestão, não era uma pergunta. Era uma declaração de fato e suas coxas se apertaram. Que merda! Por que ele a afetava assim?

Cam começou a tirar seu terno sob medida.

— Enquanto colocamos o Alfa para descansar, o honraremos da única maneira que podemos. Como lobos!

Rebecca observou enquanto três homens desciam o corpo à sepultura e começavam a preencher ela quando a matilha começou a tirar suas roupas. Seus olhos foram para o lado, observando quando Jacob tirou o terno e estendeu para ela.

— Não quero sujar. — Ele sorriu e perguntou. — Você levaria minhas roupas de volta para a cabana?

Pegando o terno dele ela balançou a cabeça, arregalando os olhos quando a gravata e a camisa foram logo parar em seus braços. Merda, ele era um belo espécime de masculinidade! Quando a calça desapareceu, juntamente com sua cueca, ela lutou para manter os olhos longe dessa área.

— Você tem certeza que está bem? — Jacob perguntou. — Está ruborizada, Becca. Preciso olhar sua temperatura?

Rebecca tentou manter a compostura, mas sabia que falhou miseravelmente quando Jacob riu. Sussurrou.

— Te vejo logo, Becca.

Com isso, ela ouviu o som inconfundível de milhares de ossos se quebrando, remodelando e realinhando enquanto o lobo se transformava. Até mesmo Marie participou da caça para honrar Fearghas. O animal de Jacob era muito maior do que a maioria, a sua pele prateada com ondulações cinza quando ele se sacudiu da cabeça à cauda. Os olhos experientes se voltando para ela antes de a empurrar delicadamente com a cabeça. Se abaixando, ela gentilmente passou os dedos por seu pelo sedoso, sentindo o tremor do animal ao seu toque.

Quando o lobo de Jacob saiu de sob seus dedos, ela viu que estava cercada por animais enormes de todas as formas, tamanhos e cores, apenas alguns dos anciãos não mudaram. Fergie estava incitando Angel a ir, mas ela firmemente balançou a cabeça. Rebecca olhou atentamente para o primo de Cam, se perguntando se poderia ajudar ele. Ela perguntaria a Cam ou Jinx sobre isso amanhã.

A massa de ébano que era o lobo de Cam uivou para o céu noturno e o restante da matilha se juntou a ele. O som assombroso trazendo lágrimas aos olhos mais uma vez. Nunca ouviu nada tão melancólico e evocativo quando Cam se virou e levou a matilha a distância.

Rebecca ficou até que o último lobo desapareceu nas árvores, com o coração triste com a perda da matilha. Se aproximou de Angel perguntando.

— Você gostaria de voltar para uma bebida e algo para comer?

— Sim. — Ela balançou a cabeça. — Seria adorável. Obrigada.

Angel sorriu, seu rosto simpático e acolhedor.

— Bom, nós temos uma abundância de alimentos prontos e tenho um bom vinho na geladeira.

— Só vou levar as roupas de Jacob de volta para a nossa cabana, então eu volto.

— Jacob huh, ele é um pouco intimidante, não é? — A cabeça de Angel se inclinou para o lado, seu olhar um pouco malicioso.

— Você poderia dizer isso. — Rebecca sorriu de volta.

— Ele a olha com esse olhar. Gosta de você, não é?

Rebecca corou, se virando.

— Não sei o que quer dizer. — Ela começou a se afastar, pisando com cuidado com os calcanhares no chão macio. — Volto logo.

Ela correu para longe antes que Angel quisesse sondar mais um pouco. Discutir sobre o lobo extremamente bonito com alguém definitivamente não estava em sua agenda.


O animal de Cam correu pela floresta, a matilha se espalhando atrás dele, se separando em grupos menores quando começaram a caçar. Ele e seu lobo estavam de acordo, nenhum deles querendo estar na caçada, quando deveriam estar cuidando de Chastity. Mas compreendia a necessidade que a matilha tinha de participar do ritual depois de terem perdido um dos seus.

A caçada forjava a união da matilha e ajudava aqueles que se sentiam de fora. Podia sentir o cheiro do lobo de Marie nas proximidades e embora ainda sentisse a sua dor, seu animal estava a ajudando a passar por este momento terrível.

No entanto, ele passaria a função da caçada para seu Beta, logo que fosse respeitosamente possível. Podia sentir o desejo de Jacob de voltar também e perguntou o que estava acontecendo com ele, normalmente seu amigo não amava nada mais do que se transformar em lobo e caçar. Cam esperava que tudo estivesse bem enquanto corriam adiante, para os alces que farejou e seguiam agora avidamente.

Assim que conseguisse, passaria a liderança da caçada para Jinx e voltaria para casa. Cam perguntou se Jacob faria a viagem de regresso mais cedo com ele. Se a vibração que seu investigador emitia fosse correta, pensava que a resposta seria um sonoro sim.

Seu lobo desacelerou à medida que se aproximava, fazendo sinal com a cabeça enorme para enviar vários lobos para flanquear o alce e acabar com qualquer possibilidade de fuga. Seu animal estava ansioso para terminar isto e voltar ao acampamento, assim ficou em sua barriga para ter uma melhor visão do animal que caçavam. Ali em uma pequena clareira, o alce estava orgulhoso, uma criatura magnífica, que também era perigosa e potencialmente mortal.

Era como um touro, com chifres gigantes que poderiam rasgar um lobo em pedaços. Dada à oportunidade. Cam não permitiria isso, lhe dar a oportunidade de machucá-lo ou qualquer um dos outros. Após o sinal, Jinx e Jacob saltaram para frente de ataque de ambos os lados na retaguarda. Nenhum lobo seria imprudente o suficiente para tentar um ataque frontal contra um animal com um conjunto de chifres tão mortal.

O grito de dor do alce ecoou na noite enquanto ele se debatia, tentando rasgá-los. Ele e os outros dois eram muito experientes para permitir que isso acontecesse e não muito antes que derrubasse o alce, o sangue escorreu para o chão em sinal de sua morte.

O lobo de Cam circulou o alce, observando e esperando que o animal morresse. Não permitiria que qualquer um da matilha se aproximasse até que tivesse certeza de que era seguro. Muitos lobos foram pegos e feridos até o último suspiro por causa de um chifre de alce. Seu animal rondava de um lado para o outro, seus olhos observando cada detalhe do animal que estava morrendo diante dele.

A última luta, um movimento final da respiração, um último jorro de sangue para salvar vidas e então estava perfeitamente imóvel e morto. Cam levou um momento para apreciar a magnifica fera antes de se virar para olhar para Marie, observando ela, esperando que fosse para o seu lado. Seu lobo se aproximou mais, a empurrando com a cabeça, lhe dando a honra de ser a primeira a se alimentar, como era tradição em seu clã.

Ela hesitou, olhando ao redor, em seguida, de volta para ele, os olhos de seu animal mostrando sua tristeza. O lobo de Cam cutucou de novo e quando ela se aproximou, ele a levou para o alce. Com uma cutucada final seu animal abaixou a cabeça e rasgou o ponto fraco do alce enquanto o lobo de Cam uivava alto em vitória. Jinx se juntou a ele, em seguida, Jacob, logo, todos os membros da matilha presentes se juntaram a eles enquanto permitiam que o animal de Marie devorasse o máximo do alce.

Quando ela terminou, seu animal uivou para o céu noturno, liberando sua dor e tristeza. Seus membros da matilha se juntaram a ela por um momento antes que atacassem os restos do alce, rasgando o corpo até que apenas uma carcaça permaneceu.

Agora que tiveram um gosto de sangue, os lobos queriam mais, latindo e empinando quando Cam cutucou o animal marrom avermelhado de Jinx. Sua ação, obviamente significava que seu Beta sabia que deveria assumir. O lobo de Jinx rosnou, em seguida, correu com os outros logo atrás. Ele não se surpreendeu ao ver que Jacob ficou.

Estava certo, seu investigador queria voltar para o acampamento.

Quando seu animal saiu em disparada para a escuridão de volta ao acampamento, pode sentir Jacob do seu lado. Não tinha ideia de por que Jacob queria deixar a caçada e verdade fosse dita, não se importava. Tudo o que queria era voltar para verificar Chastity.


Capítulo quinze

Jacob entrou com Cam no acampamento, indo em direção à cabana do Clube. Sua excitação crescente ao ver Rebecca de novo, o pensamento de tomar ela em seus braços e mostrar o que poderia fazer com seus lábios. Só o pensar em seus lábios fez com que seu animal acelerasse o ritmo.

Se transformou na escada da cabana, caminhando rapidamente. Jacob parou, um pouco confuso quando viu que a bruxa não estava sentada no sofá e ainda mais confuso quando usou suas habilidades e percebeu que não estava na cabana. Seu temperamento explodiu enquanto sua decepção fazia com que rosnasse, seus olhos observando seu terno sobre as costas do sofá.

Então ela voltou, mas onde estava agora?

Seu animal rondava, descontente que a bruxa não estava ali e concordava de todo o coração. Jacob pegou a calça, vestiu rapidamente e agarrando a camisa, sem se preocupar em fechar ela ou calçar os sapatos, se virou e saiu.

Precisou se esforçar para não rosnar enquanto seus sentidos procuraram o cheiro dela. Sua intenção era procurar ela e buscar a atração entre eles. Jacob estava certo que ela sentiu isso também, era evidente na forma como o olhava, a forma como reagia a ele. Definitivamente não só da parte dele e mal podia esperar para ter ela em seus braços.

Jacob deu apenas dois passos quando a viu caminhando em direção a ele. Colocando as mãos nos bolsos, esperou até que ela estivesse diretamente na sua frente.

— Onde você esteve?

Rebecca levantou uma sobrancelha para sua pergunta.

— Angel me convidou para comer e nós compartilhamos uma garrafa de vinho. Por quê?

Jacob sorriu.

— Pensei que você estaria esperando por mim.

Rebecca desviou ao redor dele, sua aura claramente chateada.

— Acha que eu iria só sentar e esperar o lobo mau? Se sim, então está muito enganado!

Ele viu quando ela entrou, seu traseiro coberto pelo vestido, chamando ele a sentir. Porra, mas a mulher era gostosa.

— Vejo que você está aborrecida comigo.

Rebecca tentou bater à porta na cara dele, mas ele a segurou facilmente e entrou, fechando em silêncio. Ela parou na frente do fogo, seus olhos brilhando, as mãos nos quadris.

— Irritada? Eu? Não, não estou irritada com você. Estou furiosa! Quem você pensa que é para supor que ficaria à sua espera?

Jacob caminhou na direção dela.

— Eu não disse que você estava a minha disposição. Mas sei que sente isso entre nós e só pensei que estaria tão interessada quanto eu. Obviamente, estava errado.

Ele parou bem na frente dela, invadindo seu espaço, mas não se tocaram. Seu perfume fazendo seu membro endurecer.

— Você é muito sedutora, mas sei que sente isso, Becca.

Mais uma vez seus olhos brilharam com raiva e ela lentamente declarou:

— Meu nome é Rebecca.

— Prefiro Becca quando estamos apenas nós dois.

Ele podia ver as pupilas dilatando, o cheiro de sua excitação, mas ainda assim ela lutava contra. De pé rígida como uma vara e séria. Jacob se aproximou e segurou uma de suas mãos nas dele, beijando suavemente a palma da mão. Seus lábios persistentes por um momento antes dele se afastar. Ouviu sua respiração acelerar, um pequeno suspiro quando ela puxou sua mão.

— Quem é você? Não é nenhum lobo comum, isso é certo. — Rebecca franziu a testa, sua pele franzindo na parte superior de seu nariz quando ela o olhou diretamente nos olhos. — Normalmente não me associo com lobos, além de Cam e Jinx, mas aqui está o Sr. Alto, moreno e bonito, me afetando como nunca fui afetada antes. Para dizer a verdade, não tenho certeza de gostar disso.

— Sério? — Jacob sorriu. — Alto, moreno e bonito. Muito obrigado, senhora bonita. Meu ego agradece.

Rebecca finalmente sorriu.

— Não acho que tem quaisquer problemas com o seu ego, lobo.

Jacob estendeu a mão, segurando sua cintura e gentilmente puxou ela para frente. Quando ela não resistiu ao seu toque, se encostou em seu corpo, a segurando confortável contra ele.

— Desculpe se pareci um pouco rude antes. Fiquei decepcionado quando vi que não estava aqui. Estava ansioso para te ver e ficar a sós.

— Não sou uma loba Jacob, eu não faço o que me dizem e quando dizem, faço apenas minhas vontades.

Jacob acenou com a cabeça.

— Notável. — Disse enquanto abaixava a cabeça e seus lábios roçavam os dela, seu animal uivando enquanto suas línguas dançavam. Seu gosto acendeu um fogo dentro dele que não sentiu em muito tempo.

Sabia que ela sentia também, pequenos suspiros de prazer saíram de sua garganta deixando seu membro tão duro que pressionava contra a calça. Suas mãos agora em seu corpo, por baixo da camisa, os dedos acariciando a pele quando aprofundou o beijo ainda mais.

O corpo de Rebecca respondeu ao seu toque, com seu beijo e derreteu contra ele. Jacob forçou os lábios a se separarem.

— Você quer ficar aqui ou ir para algum lugar mais privado?

Seus olhos se abriram quando ela respondeu suavemente.

— Oh, acho que nós precisamos levar isso a um lugar privado. Você não acha?

— Também acho, de verdade, Becca. — Ele a viu estreitar os olhos, mas ela não protestou com o uso do nome.

— Acho que devemos ir para o meu quarto. — Ela segurou sua mão e levou-os para cima.

Seus olhos foram para a bunda dela enquanto se movia na frente.

— Mal posso esperar para te ver. Toda você. — Ele murmurou enquanto ela ria.

— Eu já vi o que você tem a oferecer, lobo.

— Fico feliz que não tenha ido embora. — Jacob riu afirmando. — Algumas mulheres se sentem intimidadas pelo meu tamanho.

Quando chegaram ao topo da escada, Rebecca se virou para olhar por cima do ombro.

— Eu não sou facilmente intimidada.

Jacob riu, se movendo para pegar ela nos braços e a levar o restante do caminho.

— Aposto que você não é.

Os lábios dela tocaram a garganta dele enquanto ele abria a porta, chutando para fechar antes de colocar ela de pé.

— Precisa de ajuda? — Perguntou ele, quando rasgou sua camisa.

— Não, sou perfeitamente capaz de me despir.

Quando a calça caiu no chão, ele a chutou, estendendo a mão para Rebecca.

— Por favor, me deixe. — Ele rosnou, seu ardor subindo a cada segundo.

Ela ficou parada enquanto suas mãos abaixavam o zíper de seu vestido, empurrando de seus ombros para deixá-lo cair a seus pés. Jacob assobiou com a visão diante dele. Rebecca de pé apenas com um sutiã de renda roxo e calcinha combinando, usando meias, seus pés ainda nos sapatos de salto.

— Deusa, mas você é linda! Adoro esse olhar em você, minha bruxa sexy. Nada como a visão de meias para transformar um homem.

— Você precisa de meias? — O sorriso de Rebecca era sedutor quando bateu os cílios para ele. — Acho que não. Já estamos excitados Jacob, não há como negar isso.

— Sim. — Ele sorriu. — Concordo, mas ei, isso é um bônus.

Ele a levou para cama.

— Vamos ver quantas vezes posso te fazer gritar meu nome. — Ele brincou enquanto a colocava suavemente sobre os lençóis.

— Hmm. — Rebecca disse e mordeu o lábio. — Acho que terei de superar isso! Veremos quantas vezes eu faço você gritar meu nome.

— Feito. — Ele concordou, cobrindo seu corpo com o dele.


Capítulo dezesseis

Rory tinha Charlotte apertada contra ele, sua vida amorosa cansava ambos, mas ainda assim não conseguia dormir. Sua atração por esta loba estava assustando ele e não tinha ideia de como lidar com isso. Toda vez que estava perto dela, seu lobo sentia uma necessidade, lhe pedindo para marcar ela como sua.

Sua reserva em fazer isso o deixava com medo de estragar tudo. Não era todos os dias que um lobo encontrava um companheiro, mas tinha tantas coisas para ponderar. Será que queria ficar ali? Ou voltaria para Escócia? Será que Charlie ainda queria sair dali ou esperava que ele ficasse, mesmo que não quisesse?

Perguntas e mais perguntas, sempre correndo por sua cabeça, a tensão tomando conta. Fechando os olhos, deixou escapar um longo suspiro, saltando quando Charlie cutucou nas costelas.

— Você está bem, Highland?

Ele olhou em seus olhos cintilantes, vendo uma leve careta em seu rosto. Seu dedo acariciou delicadamente a ruga de preocupação.

— Desculpe, são só todos esses sentimentos e minha cabeça está, como se diz na Escócia, cheia de carne picada.

Charlie riu.

— Você está brincando. Certo? Realmente não diz isso, verdade?

Rory riu.

— Sim, nós dizemos e agora não há um ditado mais apto para a forma como o meu cérebro está.

— Então, você está sentindo o que estou sentindo?

Puxando ela com força contra ele e beijou sua testa.

— Se você estiver se sentindo como se tivesse o cérebro perfurado e seu coração parece que vai explodir, além de seu lobo estar te dando a sua própria dor de cabeça. Então sim, estou.

— Isso é ser direto. — Charlie abraçou ele. — O que faremos?

— Não faço ideia, porra, mas acho que precisamos discutir algumas coisas. Como se quero ficar aqui nos EUA ou voltar para a Highlands. Se você quer que fique aqui ou se quer vir comigo para a Escócia. Demais para esta noite, Charlie. Conversaremos amanhã, se estiver tudo bem?

— Amanhã é bom. Nós não precisamos decidir agora, Rory. — Ela se aconchegou ainda mais perto, sussurrando. — Posso passar a noite?

— Sim, não quero que você vá a lugar nenhum, Charlie. Enquanto seu pai não vier me caçar na parte da manhã. — Rory fez cócegas no seu lado, acertando naquele pequeno ponto que encontrou antes. — Cam já tem o suficiente em seu prato sem o desafio de um pai descontente.

— Eu contei sobre nós. Ele disse para fazer o que meu animal e coração me dissessem.

— Sério? Ele disse isso? — Rory perguntou se seu pai era mais sábio do que qualquer um deles. Provavelmente.

— Sim. — Charlie se aconchegou nele. — Ele está bem comigo aqui. Juro.

— Bom, agora vamos tentar descansar um pouco.

Charlie bocejou.

— Ok, conversaremos amanhã.

Rory assentiu, fechando os olhos e tentando dormir. Enquanto pensamentos, palavras e sentimentos brigavam dentro de seu cérebro, ele percebeu que seria uma longa noite.


Rebecca olhou para o grande lobo em sua cama, seu corpo duro como pedra deitado ao lado dela, um de seus braços sobre a cintura. Ela nunca se sentiu atraída por um lobo antes, bem, além de Cam e era apenas uma amizade. Nada aconteceu entre eles.

Seu corpo parecia reagir a este lobo, Jacob, sem controle e lutava contra esses sentimentos. Sempre no controle em todos os momentos, não estava feliz com esta falta de contenção. O que sentia por ele? Pensou quando olhou seu corpo perfeito.

Sim, ele era grande (ela sempre gostou de homens altos e musculosos), era bonito (tinha mais boa aparência do que qualquer homem deveria ter), era apaixonado (isso era um eufemismo), era um amante atencioso (extremamente atencioso). Sorriu, abafando uma risada ao se lembrar de todas as vezes que ele foi “atencioso”. Mas também era controlado, obstinado e dominante. Nenhum dos outros foram atraentes para ela, nem mesmo ao menor gesto quando os conheceu.

Ela era independente, uma bruxa forte, que construiu uma vida profissional sem ajuda. O pensamento de alguém ter uma palavra a dizer em sua vida a fazia suar frio e tremer involuntariamente.

O que ele diria quando dissesse que não o deixaria ter tanto impacto na sua vida? Achava que ele não levaria isso bem, mas porra, não tinha dúvida de que Jacob tentaria de todas as formas entrar em sua vida.

Ela apenas teria que ser forte o suficiente para não permitir que ele tivesse esse poder.


Shelly puxou o cobertor apertado ao redor dela enquanto se enrolava no canto do sofá, para reler um de seus livros favoritos. Sim, ela tinha todos os meios tecnológicos para ler, mas às vezes, apenas às vezes, gostava da sensação de um livro real nas mãos.

Se apressava para virar as páginas para ver o que aconteceria ou parando para ler um parágrafo. Quando sua melhor amiga foi até ela fechou o livro.

— Marshmallows? — Ela perguntou com esperança quando Tina lhe entregou uma grande e vaporosa caneca de chocolate quente.

— Sim, claro. — Tina sentou em sua poltrona situada junto ao fogo.

Shelly tomou um gole da bebida, saboreando o gosto ao pensar como tinha sorte de ter sua amiga com ela. Depois que seu pai desapareceu, ela ficou sozinha, sua mãe morreu em um acidente quando era pequena. Tina não hesitou, se mudando, para que Shelly não ficasse solitária.

— Tink. — Shelly usou o apelido de sua amiga. — Você realmente acha que está seguro agora?

Tina se virou, com creme ao longo de seu lábio superior.

— Eu não sei porque, mas acho. Acho que esses homens são realmente bons. Não sinto o cheiro de qualquer engano sobre eles e ambos parecem ser abertos sobre as coisas.

— Bom. — Shelly disse e apontou para seu próprio lábio, Tina mostrou a língua para ela. — Eu realmente espero que sim, esta matilha precisa se curar e crescer forte de novo. Sem medo, punição ou a morte em nossas mentes.

— Eu sei, querida. — Disse Tina e inclinou a cabeça para o lado. — Mas eles são bonitinhos, não é mesmo? Os sotaques são sexys!

— Tink, essa é a última coisa na minha cabeça. — Shelly riu, mas concordou, mas não deixaria a amiga saber disso. — Você acha que nunca descobriremos o que aconteceu com meu pai?

A expressão de Tina mudou, tristeza e simpatia visível agora.

— Não sei querida, mas se pudermos, tentaremos. Talvez vá falar com aqueles dois amanhã. Dar a eles uma noção do que estava acontecendo aqui e sobre os desaparecimentos. Talvez possam ajudar.

— Você acha que vão? Ajuda é o que precisamos.

— Tenho certeza que sim. — Tina ficou pensativa por um instante. — Shell, acho que eles são bons lobos que farão o que puder para nos ajudar. Podemos rezar à Deusa para que encontrem todos que nós perdemos e então podemos lhes dar um enterro apropriado. Eu sei que conversamos sobre isso antes querida, mas sabemos que eles estão mortos. Aquele filho da puta do Dupont ou seus homens os mataram, mas se pudermos colocá-los para descansar será alguma coisa.

— Sim. — Os olhos de Shelly se encheram de lágrimas com a sua resposta, ela se virou rapidamente, de maneira que Tink não pudesse ver. — Quero enterrar ele junto com a mamãe. Ele queria isso.

— Eu sei querida, eu sei.

Shelly assentiu, pegando seu livro com uma mão e fingindo ler enquanto esperava e rezava para que fosse realmente seguro agora. Seu único desejo era encontrar seu pai e colocá-lo onde ele pertencia, ao lado da mãe.


Cam olhou para o corpo relaxado de Chastity, o rosto pálido contra os lençóis, tão pálida que quase combinava com a roupa branca que usava. Seu lobo se deitou, lamentando em sua cabeça. Sua necessidade de ficar perto dessa mulher percorrendo e fazendo seu coração de doer.

Ele faria de um tudo para ver ela abrir os olhos. Não havia nada que não fizesse para trazer ela de volta à vida, em vez deste estado de coma no qual estava agora, com toda sua riqueza e contatos nunca houve um momento em que não pode ter alguma coisa, até agora.

Sua frustração aumentou quando sentou ao seu lado. Cam podia ouvir Jinx vagando em um quarto nas proximidades e esperava que seu amigo não tentasse fazer ele ir para cama. Ele não tinha intenção de sair do lado de Chastity até que a trouxesse de volta do abismo e qualquer um que tentasse mover ele de lá ganhava uma resposta raivosa, de seu animal e dele.

Pela primeira vez em sua vida, orou para a Deusa, pedindo para trazer a loba branca de volta à vida.

— Chastity acorde, precisa acordar. — Ele murmurou, seu coração se apertando cada vez que não havia resposta.


Chastity correu, se movendo entre as árvores, com o coração cheio de medo. Algo ruim, algo terrível, estava atrás dela e corria tentando escapar.

Não podia ver, só sentir, como ele seguia cada movimento. Algo escuro e perigoso, que não queria nada mais do que pegar ela e fazer coisas indizíveis, arrastar ela a algum lugar para o qual não queria ir.

Lágrimas escorriam por seu rosto enquanto corria, seus pés não sentiam o chão debaixo dela. Estou sonhando? Ela pensou enquanto corria para frente, o medo revirando seu estômago enquanto seu coração parecia como se fosse explodir por causa do esforço.

Esperava que estivesse perto, porque parecia interminável. Não importava quão rápido corresse, não poderia escapar do que quer que fosse que perseguia ela. Tentou de novo se transformar, mas nada aconteceu. Seu animal uivava em protesto por ser incapaz de proteger ela.

Chastity pensou ouvir vozes, mas quando tentou entender os sons se afastavam na brisa.

— Por favor, por favor! Tem alguém aí? — Ela gritou em voz alta, esperando que alguém viesse em seu auxílio.

Ninguém apareceu, a floresta ficava em silêncio enquanto seu grito morria. Então fez a única coisa que podia, correu mais rápido e mais rápido.

 

 


[1] Ele fala isso por causa do significado da palavra, que traduzindo é pecado e também referente ao sobrenome Cameron SINclair.
[2] Do inglês “Terras Altas”, mas como também é o nome do Clã/série vai ser mantido no original.
[3] Traduzindo: Rancho Selvagem
[4] Obrigada senhor.

 

 

                                                   A. K. Michaels         

 

 

 

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