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Series & Trilogias Literarias
Enquanto o século dezoito anuncia uma nova rainha e um tratado que unirá os três reinos na Grã-Bretanha, os MacGregors de Skye vivem escondidos de seus inimigos, aninhados nas montanhas ao redor de Camlochlin. Eles são orgulhosos, ferozes, emergindo das brumas para atacar quando a honra e o dever para com a Escócia o chamam. Com o sangue do lendário laird da névoa fluindo em suas veias, os netos de Callum MacGregor não são menos problemáticos e aterrorizantes do que os guerreiros que vieram antes deles.
Na maioria das vezes, eles preferem lutar contra os clãs vizinhos e uma frota ocasional de corsários, em vez de cavalgar até a Inglaterra para chutar o traseiro de homens que usam perucas. Existem, no entanto, aqueles filhos mais audaciosos que são conhecidos por cavalgar arduamente pelos vales e ir direto para os bailes particulares de Londres ou bordéis espalhafatosos para atacar seus inimigos, enquanto suas cabeças nobres não usam peruca e seus traseiros não vestem calças. Plaids desafiadores tremulam sobre seus joelhos musculosos, e eles declaram seus nomes e fazem seus pontos na ponta de uma Claymore.
Ainda assim, alguns argumentariam que as filhas são piores.
Mas quer lutem no campo, no mar ou no quarto de dormir, eles vivem e amam com a paixão desenfreada e indomável que pertence apenas aos herdeiros das Highlands.
Uma moça atraente
Emmaline Gray passa seus dias com seu amado cachorro, sonhando com o mar — até que um highlander brigão despedaça sua vida tranquila. Embora sua cegueira a impeça de ver seu rosto, sua voz é uma mistura quente de veludo e seda, e seus modos libertinos são inconfundíveis. Arriscando a ira de um clã rival enquanto cuida pela volta da saúde dele, Emma logo percebe que o perigo real é a atração magnética que ela sente por este escocês seminu se recuperando em sua cama.
Um ousado libertino
Com sua beleza musculosa e charme perverso, Malcolm Grant não quer nada mais da vida do que whisky, mulheres e uma luta ocasional. A única garota em quem ele confiou o deixou com mais cicatrizes do que no campo de batalha. No entanto, agora à mercê desta doce estranha, Malcolm mal pode resistir às mãos gentis que o deixam febril de desejo — até que Emma, a que ele nunca terá, seja a única mulher que ele deseja...
INÍCIO DO SÉCULO XVIII
HEBBURN, INGLATERRA
Capítulo 01
— Achei que viajar com você seria diferente, um pouco como uma aventura, talvez. Mas desde que entramos em Hebburn, não tem havido nada além de cavalgada e chuva. Onde é o bordel de que você me falou?
Sob seu capuz, Malcolm Grant sorriu para seu irmão taciturno cavalgando à sua frente. Ele não se preocupou em olhar para cima, já que, com a chuva torrencial, ele não conseguia ver um centímetro na frente do rosto de qualquer maneira.
— Estaremos lá em breve, Cailean, — ele gritou, — e então você vai me agradecer por se apressar e cavalgar na chuva.
Malcolm já havia estado no Fortune's Smile antes. Ele praticamente morou lá por vários meses depois que a esposa do proprietário foi morta. Ele não voltava há quatro anos. Mas agora ele estava aqui por Cailean. Seu velho amigo Harry Gray a possuía e administrava para que Malcolm soubesse que poderia esperar o melhor quarto, a melhor garota e o melhor whisky. De vez em quando, não havia nada melhor ou mais reconfortante para um homem que vivia em um mundo duro do que uma barriga cheia, uma cama macia e um corpo quente para compartilhar. Seu irmão tinha vinte e um anos e ainda era virgem. Já era hora dele se deitar com uma moça que conhecia o corpo de um homem. Fortune's Smile era o lugar perfeito para esses prazeres.
— É um pouco mais à frente, — disse ele enquanto guiava, sabendo como chegar lá na escuridão ou na chuva torrencial. Ele alcançou Cailean e eles seguiram o calor convidativo das janelas iluminadas pelo fogo até a frente do bordel de dois andares. — Eu sei como suas paixões se voltam para a culinária, — ele disse a seu irmão, — mas fique longe da cozinha de Harry Grey se precisar cozinhar. Sua esposa morreu nela e ele é muito sensível a esse respeito.
— Não se preocupe. — Disse Cailean lentamente.
— Deixe-me falar, — Malcolm continuou, desmontando e entregando as rédeas a um cavalariço. — Salvo Harry, os homens não são amigáveis aqui. Eles vão procurar a primeira desculpa para lutar.
— Então? — Cailean desafiou, endireitando os ombros contra a chuva forte. — Praticar com nossos parentes, não importa o quão extenuante seja, me preparou para permanecer vivo contra pessoas que um dia podem tentar me matar. — Ele diminuiu a velocidade e esperou que Malcolm o alcançasse. — Deixe-os procurar uma luta e eu vou dar-lhes uma.
Malcolm deu de ombros, bastante acostumado com a bravata de Cailean, vendo o mesmo em quase todos os homens — e muitas mulheres — da família Grant / MacGregor. Ele era, é claro, da mesma opinião. Ele não se importava em lutar, mas gostaria de uma bebida antes.
Ele empurrou a porta e entrou. Aromas familiares invadiram suas narinas e ele fechou os olhos por um momento para saboreá-los. Os aromas de rosa e vinho, jasmim e whisky, sexo e suor. O único cheiro de que ele gostava mais era de manhã cedo em Camlochlin.
Temporariamente satisfeito, ele tirou o capuz da cabeça, liberando uma mecha de cabelo castanho escuro salpicado de raios de ouro. Ele moveu seu olhar sobre os clientes, sentados em mesas mal iluminadas no aconchegante salão de jantar, e então sobre algumas das moças que trabalhavam lá. Ele não reconheceu nenhuma delas. Não importava se ele as conhecia ou não. Elas pararam e acenaram para ele, parecendo um pouco sem fôlego. Ele pessoalmente não se considerava bonito, não com seu nariz torto e a expressão, principalmente, desiludida que manchava seu sorriso. Mas ele tinha covinhas e, de acordo com as moças de Camlochlin, elas gostavam de covinhas, profundas.
Ele sorriu para elas, uma por uma, perguntando-se quem seria a melhor para a primeira vez de Cailean. Embora Malcolm fosse famoso por ser um libertino sem coração, ele não veio por si mesmo. Na verdade, ele não tinha intenção de levar nenhuma delas para a cama. O que ele queria era um fogo, whisky e uma cama quente para dormir.
— Feche a maldita porta antes que eu me levante e passe sua cabeça através dela! — Um cliente gritou, estragando o bom humor de Malcolm.
Malcolm se virou para dar ao tolo um olhar mortal. Verdadeiramente? Uma alma não poderia descansar um pouquinho antes de molhar a língua? O que mais havia de novo?
Muito bem então.
— Feche sua boca, — Cailean gritou de volta, demorando a fechar a porta, — antes que eu vá até aí e coloque meu punho nela.
— Duvido que você seja digno de tanto orgulho, garoto. — Levantando-se da cadeira, o tolo continuou, como os tolos costumam ser.
Malcolm o avaliou rapidamente. Altura mediana, densamente construído, reflexos lentos. Cailean poderia lidar com ele.
— Mas qual de vocês vai pagar por deixar a chuva ensopar minhas roupas?
Malcolm pensou sobre isso enquanto desamarrou os laços de sua capa do pescoço.
— Vou te dar dois pences por suas botas. O resto deveria ter sido queimado no mês passado. — Com um movimento do pulso, ele libertou a lã de seus ombros largos e a sacudiu como um chicote, molhando o cliente com gotas frias.
Uma verdadeira luta faria bem ao Grant mais jovem, Malcolm pensou, dando um passo para o lado e observando o cliente irromper em Cailean. Ele não se preocupou em ver como seu irmão se sairia contra o encrenqueiro, mas voltou seu sorriso restaurado para um homem de membros longos e extremamente magro que mancava em direção a ele vindo da sala interna. Ele se aproximou com uma caneca em uma das mãos e uma mulher bonita na outra.
— Eu não tinha certeza se veria você passar por aqui novamente, Malcolm! — Harry Gray largou a moça e o agarrou em um abraço apertado.
— Onde eu iria, Harry? — Malcolm aceitou a caneca e passou o braço ao redor de seu bom amigo. — E não diga casado ou morto. Você sabe que eu nunca cairia em nenhum dos dois. Por que diabos você está mancando, velho amigo?
— Fui apunhalado na perna e não importei para isso logo.
Malcolm balançou a cabeça, olhando para ele.
— O que eu disse a você sobre contratar homens para protegê-lo? Você não sabe como lutar.
— Eu tenho um guarda, mas ele está cumprindo outra função atualmente.
Ambos assistiram Cailean dar um fim rápido em seu oponente e jogá-lo para fora pela porta.
— Meu irmão. — Disse Malcolm com orgulho.
— Claro. — Harry suspirou, parecendo preocupado. — Você se lembra de Bess?
Malcolm com certeza se lembrava dela. A última vez que esteve aqui, ele ficou por vários meses e Bess tinha gostado muito dele. Ela foi uma das últimas mulheres com quem ele esteve. Uma gata selvagem que espetou suas garras nele e teve dificuldade em soltá-lo.
Harry agradeceu a Cailean por se livrar do homem e não deixá-lo ali sangrando no chão.
— Ouvi dizer que sua irmã foi sequestrada por piratas no ano passado. — Disse a Malcolm enquanto o conduzia até uma mesa.
— Ela não foi sequestrada. — Malcolm o corrigiu, dando tapinhas nas costas de seu irmão enquanto Cailean se sentava.
Harry parou e se virou para ele.
— Ela foi por sua própria vontade?
— Sim. — Malcolm disse a ele, como se não houvesse absolutamente nada de errado com isso. Para ele, não havia. — Ela é do tipo aventureira.
Malcolm sorriu com indulgência quando Bess se acomodou em seu colo e começou a contar a eles sobre sua aventura de Ayr a Hebburn na primavera passada. Malcolm não achava que apontar a diferença entre a jornada dela e a de sua irmã faria algum bem.
Eles se sentaram juntos pela próxima hora, bebendo e rindo enquanto Malcolm se lembrava de como ele e Harry se conheceram.
— Harry salvou minha vida, — disse Malcolm a Cailean, — quando os Buchanans de Perth ainda eram nossos inimigos, antes que nosso primo Darach se casasse com a irmã do laird Buchanan, Janet. Um grupo deles me encontrou na estrada e me pegou de surpresa. Eles me espancaram até ficar inconsciente e arrastaram meu corpo para o bordel, onde celebraram sua vitória com vinho e mulheres de vida livre. Harry me descobriu amarrado a um cavalo, no estábulo, naquela noite. Ele me escondeu em um dos quartos do andar de cima e me deixou sozinho para me recuperar e viver mais um dia. Embora Harry seja inglês, — Malcolm elogiou, — ele não me expulsou do estabelecimento com um chute no traseiro para as Terras Altas.
— Isso é porque, — Harry ergueu sua caneca para ele. — Você impediu que os homens que mataram minha esposa me matassem também. Embora, às vezes, não sei se devo abençoá-lo ou amaldiçoá-lo.
Malcolm assentiu, sem entender por que qualquer homem preferia estar morto com sua esposa do que vivo sem ela.
— Você está duro. — Bess olhou para Malcolm com olhos azuis orvalhados tão vastos e vazios quanto o céu. — Como o aço, — ela ronronou contra seu pescoço enquanto estendia a mão sobre seu braço e depois para baixo em seu peito. — Aposto que você ainda ficará mais duro.
Ele gemeu de algum lugar no fundo de sua garganta. Bess conhecia sua profissão de como agradar a um homem ao extremo. Mas a deixou ansiosa por ele uma vez. Ele com certeza não faria isso de novo.
— Peça ao Harry por mim, — Ela sussurrou em seu ouvido, — e eu vou descobrir por mim mesma o quão duro você pode ficar.
Ela mordeu seu lóbulo e acomodou seus quadris estreitos mais profundamente em seu colo.
Ele queria o que lhe oferecia, provavelmente queria mais com ela do que com qualquer garota desde que parou de dormir com elas. Ela era boa no que fazia.
Mas ele estava cansado de abraços vazios.
Ele balançou sua cabeça.
— Estou pagando por sua noite com meu irmão.
Ela lançou-lhe um sorriso lascivo.
— Eu terei vocês dois.
Ele riu. Inferno, ela era perfeita para ser a primeira de Cailean. Se alguém podia sugar os demônios de um homem, era Bess.
Mas Cailean não parecia nem um pouco interessado em Bess. Em vez disso, seus olhos estavam fixos em uma moça bonita com cachos ruivos e seios humildes. Harry explicou que a garota foi comprada e paga por Andrew Winther, irmão do Barão de Newcastle. Se Cailean a queria, ele teria que esperar até amanhã. Cailean não queria esperar, mas ele aceitava as coisas do jeito que estavam, como era conhecido por fazer, e fixou seus olhos em outra pessoa, até que seu interesse de cabelos de ruivos foi jogada, em uma cadeira por Winther.
Malcolm observou Cailean correr para o lado da moça e então se virar a tempo de dar um soco no culpado que se aproximava através da sala. Malcolm não poderia estar mais orgulhoso.
Quando os companheiros de Andrew Winther correram em direção a Cailean em seguida, Malcolm correu para o lado de seu irmão. Ele se lançou. Acertou um soco brutal no rosto do agressor mais próximo. O homem cambaleou, tentando recuperar seu juízo. Um segundo soco quebrou um osso e derrubou o homem.
Malcolm olhou para seu irmão e o encontrou soltando o corpo inconsciente de outro homem no chão cuidadosamente espalhado. Malcolm sorriu e voltou sua atenção para a terceira vítima, que vinha para ele com uma adaga erguida.
Malcolm pegou um atiçador da grande lareira e o jogou na barriga do homem, quebrando duas costelas e o deixando se contorcendo no chão.
A coisa toda acabou bem rápido, com os quatro Winthers jogados inconscientes do lado de fora, onde a chuva lavou o sangue de suas feridas.
Um punhado de ingleses a menos na presença deles era uma coisa boa. Com o lugar menos turbulento, Malcolm e Cailean voltaram para sua mesa, Cailean com Alison, seu prêmio de cabelos ruivos, e brindaram o som de ossos quebrando.
Harry sentou-se afundado na cadeira, sua pele sem sangue.
— Os Winthers? — Ele ofegou para Malcolm. — Por que eles? Você não sabe o que fez.
Malcolm não esperava que Harry lutasse com eles, ele era o proprietário afinal, mas esperava que Harry tivesse contratado alguns braços fortes para o bordel para manter a confusão fora, como costumavam fazer.
— Harry, — Malcolm acalmou. — Não tema...
Harry balançou a cabeça.
— Você não conhece o Barão de Newcastle. Oliver Winther é um filho da puta impiedoso, que prende e enforca ou decapita qualquer um que venha contra ele. Ele tem o apoio de toda a família, cujo número, segundo rumores, está na casa dos milhares. Ele tem uma paixão por matar que só é superada por seu desejo por mulheres. Eu não quero que ele venha aqui por qualquer motivo.
Inferno, Harry parecia prestes a cagar em suas calças. Malcolm odiava que seu amigo vivesse com tanto medo, mas esta era a casa de Harry, não dele. O que importava o que Malcolm pensava do bando de ingleses desajeitados que desabou no chão depois de três socos? Ora, sua irmã poderia tê-los enfrentado dois ao mesmo tempo. Ele fez de tudo para assegurar a Harry que os Winthers não eram nada a temer. Ele e Cailean ficariam enquanto Harry precisasse de proteção.
— Beba conosco, Harry. — Ele empurrou outra rodada para Harry e riu quando seu amigo aceitou. — Bess! — Ele gritou para a loira bonita que saiu correndo durante a luta. Para onde diabos ela foi? Ele deu de ombros e sorriu para o resto das garotas que trabalhavam aqui.
Aqui está o que ele perdeu — estar cercado por mulheres. O que ele precisava para colocar de lado todos os outros pensamentos e preocupações. O que diabos ele estava fazendo sendo celibatário? Não era sua paixão no quarto que precisava ser domada.
Era o monstro mordendo em seus calcanhares, lembrando-o do que ele nunca teria.
— Perdoe minha intrusão.
Malcolm olhou para uma moça que ele não tinha visto antes. Então, novamente, ele teria se lembrado dela? Não havia nada de notável em sua aparência. Uma coisa pequenina em um vestido que não era colorido nem cortado para mostrar suas curvas, como os vestidos das garotas ao seu redor. Ela era bastante clara, com olhos grandes e escuros, e círculos ainda mais escuros abaixo deles, e mechas longas e amarelas. Ela ficou de frente para Harry, sua mão delicada descansando na curva de um braço musculoso.
Então, Malcolm pensou, olhando para o dono do braço. Aqui estava aparentemente o único guarda no bordel e ele estava muito ocupado no cio para cumprir seu dever.
— Eu estava me perguntando se eu poderia deixar Gascon aqui dentro durante a noite.
Sua voz varreu os ouvidos de Malcolm como uma sinfonia de estrelas tilintantes. Era leve e frágil, como um véu caindo sobre ele, capturando sua atenção em uma teia de sensual inflexão francesa.
Ele gostava de moças francesas.
Por que Harry não a trouxe para ele?
— Ainda está chovendo...
— Ora, Emmaline. — Harry suspirou, parecendo sinceramente arrependido.
Ela abaixou a cabeça, exibindo a forma completa de sua boca e a pequena inclinação de seu nariz empinado. Seu suspiro quase silencioso de resignação picou Malcolm por alguma razão irritante que ele não conhecia.
— Já não discutimos isso o suficiente? Os cães não pertencem a você, e deixam tudo enlameado e molhado.
Malcolm riu, chamando a atenção de Emmaline para ele.
— Então você odiaria minha casa, Harry. Temos cinco cães da raça wolfhounds, ou o que quer que sejam, vagando pelos corredores junto com todos os outros.
— Você está correto. — Seu amigo concordou. — Eu odiaria.
Malcolm pensou ter captado o leve sorriso da moça além da inclinação de sua cabeça. Ele queria ver tudo na íntegra.
Quem era a escolta? Malcolm pensou, medindo-o. O bruto não tinha interesse nela a não ser mantê-la agarrada a seu braço. Se ele gostasse dela, estaria tentando confortá-la de sua óbvia angústia.
— Há uma chuva forte lá fora. — Malcolm tentou, olhando para a porta. Ele poderia ser o pior trapaceiro da Escócia, Inglaterra, França, mas tinha um coração. E ele gostava de cachorros. Ele sabia em primeira mão que eles pereciam como qualquer outra coisa quando expostos aos elementos. Ele olhou para o irmão, lembrando-se de Sage, o fiel cão de caça de Cailean.
Voltando-se para Harry, ele disse mais sério:
— Ora. Vou pagar por um quarto para o vira-lata e uma moça para limpá-lo. Vou contar como um favor. — Ele adicionou quando Harry olhou para recusá-lo também.
— Eu também. — Disse Cailean, parecendo muito menos amigável.
— Guarde a sua moeda. — Harry cedeu e ergueu as palmas das mãos. — Vá, Emmaline. Pegue seu cachorro na chuva.
Harry sorriu e corou levemente quando ela puxou a mão de seu acompanhante e a colocou em seu braço.
— Obrigada.
Ela girou em um semicírculo, girando suas longas mechas sobre os ombros e o sorriso, ela apontou um pouquinho para a esquerda de Malcolm. Sua alegria era radiante e contagiante.
— Obrigada, meu senhor. — Sem esperar por sua resposta, ela se virou novamente e correu em direção à porta.
Malcolm a observou, seu sorriso desaparecendo de seus lábios quando ela bateu na mesa à sua frente.
— Emmaline! — Harry disse asperamente. — Espere pelo Gunter! E o que diabos eu disse a você sobre não descer enquanto eu tenho convidados?
Gunter com os braços musculosos correu atrás dela e colocou a mão dela no cotovelo mais uma vez. Harry balançou a cabeça, voltando-se para Malcolm.
— Ela vai querer a besta dentro todas as noites agora.
— Ela é cega. — Ficou ainda mais aparente enquanto Malcolm a observava esperar por Gunter, que havia corrido para a chuva. Ela não se mexeu. Ela não olhou para a porta, mas inclinou o ouvido na direção dela.
— Completamente. — Harry confirmou.
Consequentemente, sua necessidade por Gunter, Malcolm pensou enquanto sua escolta retornava, encharcada e não sozinha.
Gascon, algum tipo de cão grende, com pelo castanho e dourado esvoaçante, um pouco mais bonito do que os cães de Camlochlin, galopou para o vestíbulo e espalhou água por toda parte. Quando ele viu Emmaline, imediatamente sentou-se sobre as pernas, alcançando sua cintura e ainda pingando no chão. A recompensa do cão por seu bom comportamento foi um abraço de sua dona.
— Alguém vai ter que limpar isso! — Harry falou.
A moça assentiu, então agarrou Gascon pela nuca e, abandonando Gunter por completo, deixou o cachorro levá-la embora. Um cachorro que a ajudava a ver.
Fascinante, Malcolm pensou. Ele queria saber onde Harry a encontrou.
— Quem é ela?
— Minha irmã. — Harry disse a ele, pegando outra taça de vinho.
— Sua irmã? — Malcolm riu e balançou a cabeça quando Bess voltou e levou uma caneca aos lábios. — Você nunca a mencionou antes.
— Pensei que ela tivesse morrido há dez anos. Ela me encontrou no mês passado.
— Isso é uma boa sorte, amigo. — Disse Malcolm.
— É isso. — Harry concordou. — É por isso que devo pedir que a esqueça. Eu te conheço e te amo como um irmão. Você salvou minha vida.
— Como você salvou a minha. — Malcolm o lembrou.
Harry sorriu.
— Uma vez.
— Basta uma vez para morrer, Harry.
— Como eu disse. — Harry continuou. — Eu te amo como um irmão. Eu sei que você não tem interesse no amor. Sua reputação com as mulheres o precede. A última vez que você esteve aqui...
Malcolm forçou seu melhor sorriso, mas levantou a palma da mão para parar Harry onde estava indo. Ele não precisava ser lembrado.
— Você é um libertino. — Continuou o amigo, dando-lhe menos detalhes. — Bastante notório. Fique longe da minha irmã para que ela não tenha o coração partido.
Malcolm não discutiu. Harry estava correto sobre ele, tanto quanto quem ele era, quatro anos atrás. Malcolm não se incomodou em corrigi-lo. Harry não iria acreditar nele.
Malcolm o puxou para baixo do braço e deu um tapinha em suas costas para reassegurar seu amigo de sua sinceridade.
— Você não tem nada com que se preocupar, Harry. Eu fiz isso pelo cachorro. Não por ela.
Capítulo 02
Emmaline Gray subiu correndo as escadas para que, ao chegar ao próximo patamar, pudesse cair de joelhos e abraçar seu amigo mais querida em particular — ou pelo menos em particular até que Gunter os alcançasse. Ela limparia e secaria Gascon, mas isso poderia esperar até que ela o cumprimentasse.
— Oh, querido Gascon, é bom tê-lo dentro de novo, onde você pertence. — Ele lambeu seu rosto e as lágrimas caíram de seus olhos. — Venha, vou alimentá-lo com um banquete esta noite.
Ela o conduziu pelo corredor até seu quarto, já que ele ainda não conhecia o caminho. Graças a Gunter, ela não bateu em nada no caminho. Mas agora com Gascon por perto, ela não precisaria de sua escolta.
Ela nem sempre foi cega. Ela foi atingida por uma febre que roubou sua visão em seu décimo ano — a mesma febre que matou seus pais e seu tio quinze dias antes, enquanto eles visitavam a casa de seu tio na França. A febre que a impediu de ver sua casa na Inglaterra novamente. A febre que finalmente levou Harry a deixar a França e abandoná-la ao primeiro sinal que ela estava infectada. Ela não tinha culpado seu irmão por deixá-la então, e ainda não o culpava. Harry tinha quinze anos na época e medo de morrer.
Emma também estava com medo, e ela chegou muito mais perto disso. Uma velha bruxa que vivia na floresta, uma suposta bruxa que sabia como curar as doenças das pessoas, a encontrou mortalmente doente de febre. Morrendo, na verdade. Clementine e seu fiel cão, Gascon, nunca saíram de seu lado e cuidaram de sua saúde. Mas Emma acordou de seu delírio em uma luz apagada e sombras escuras.
Seu mundo estava desaparecendo.
A cor tinha sumido primeiro, então ela lutou muito para se lembrar, do jeito que uma criança de dez anos faria: vermelho, como uma maçã; verde, como as copas das árvores no verão; azul, como o lindo oceano quente sob o sol laranja. Ela tentou se lembrar, mas depois dos anos, as lembranças desapareceram. Exceto por uma. Ela se lembrava de ter visto o mar quando estava a caminho da casa de seu tio com sua família. Aquelas imagens da luz do sol na água, indistintas como se tornaram, muitas vezes passaram por seus pensamentos e a mantiveram enquanto ela crescia na escuridão. Ela nunca mais veria o oceano e, para ela, era o que mais a entristecia por perder a visão. Ela queria ver a água mais uma vez.
Clementine nunca permitiu que ela afundasse em sua perda. Em vez disso, ela ensinou Emma a ver usando o resto de seus sentidos.
As cores voltaram primeiro, ainda mais vibrantes do que as anteriores. Ela ainda pensava com sua lembrança do céu em referência ao azul, porque ela sabia que estava correto. Mas o azul se tornou muito mais. Estava frio como um riacho correndo por uma montanha ou um riacho balbuciando por uma floresta invernal.
Ela teve uma vida feliz crescendo na pequena cidade de Clementine, em sua casa de campo de pedra e hera sinuosa, rodeada de árvores e natureza. Ela tinha certeza de que sua vida teria sido muito diferente se não fosse pela febre, mas não queria a vida que poderia ter tido. Ela adorava aprender a viver com uma sábia e velha francesa que nunca tinha machucado uma mosca.
Com a ajuda de Gascon, ela aprendeu a vagar e andar por entre as árvores. Sob a natureza e a tutela de Clementine, ela aprendeu o que a floresta tinha a oferecer como alimento e remédio. Familiarizado com cada folha, cada pétala, cada árvore, onde encontrar qualquer erva e como reconhecê-la pelo toque, cheiro e sabor. Depois de uma década, ela poderia curar a maioria das enfermidades tão bem quanto sua professora. Mas ela não queria. As pessoas não mereciam, não depois do que fizeram a Clementine. Então ela deixou sua casa de campo na França antes que eles a prendessem. Finalmente, ela estava indo para casa.
Mas sua casa se foi, vendida por seu irmão há quatro anos para que ele pudesse comprar este bordel. Ela não o odiava por isso. Ela não conseguiria. Ele era tudo que ela tinha.
Não demorou muito para encontrar Harry, já que seu bordel era famoso. Quando ela chegou a Fortune's Smile com Gascon, seu irmão estava sofrendo de uma ferida purulenta na coxa. Ela não teve escolha a não ser curá-lo, esperando que Harry nunca a acusasse de ser uma bruxa. Ela concordou em ajudar suas garotas também se alguma delas adoecesse em troca de hospedagem e alimentação enquanto ela e Harry se conheciam.
Eles ainda não sabiam como.
Ela percebeu que voltar para a Inglaterra para encontrar seu irmão não foi uma ideia tão boa quando ele expulsou Gascon de seu estabelecimento. Ela implorou a Harry para deixá-la ficar com seu cachorro. Ele concordou, mas Gascon teve que permanecer fora. Ela pensou muitas noites em partir com o cão, enquanto se sentava na janela do quarto, sentindo os cheiros de jasmim e os sons de seu cachorro dormindo abaixo da janela. Para onde ela iria? Ela poderia voltar para a França, mas não tinha moedas.
Ela ergueu a mão e passou os dedos pelo focinho do Gascon. Tão feliz por tê-lo dentro.
Ela não queria pensar sobre seu passado, ou o que a levou a deixar a cabana de Clementine em busca de Harry. Agora não. Ela não arruinaria uma grande noite com tal lembrança. Ela tinha Gascon de volta. Isso era tudo o que importava. E ela tinha aquele homem — ela tinha ouvido o nome dele? — Para agradecer.
Emma não sabia sobre os homens, nada em comparação com as meninas com quem vivia. Mas ela sabia que estava eternamente em dívida com este. Ela contou a Gascon sobre ele enquanto o esfregava em uma grande bacia carregada para seu quarto por três dos criados de seu irmão.
— Ele é bastante alto e cheira a chuva.
Gascon sacudiu seu corpo grande e respingou nela água com sabão.
— Pela bondade! — Ela exclamou. — Você poderia afogar uma garota!
O cachorro choramingou torturantemente, amenizando sua irritação temporária com ele.
— Ele é a razão de você estar aqui dentro, Gascon. Se você o vir amanhã, deixe-o acariciar sua cabeça como agradecimento. Claro, ele provavelmente vai embora pela manhã, mas vou me lembrar do som de sua voz por muito tempo. Passou por meus ouvidos como o tom melódico dos escoceses do Norte, aqueles que eles chamam de Highlanders. Houve um deles aqui há um par de semanas, mas seu tom era diferente, não pesado e leve ao mesmo tempo como o homem lá embaixo. — Ela suspirou feliz para si mesma e continuou a secar o pelo grosso do Gascon. Quando ela terminou, correu para a cozinha com Gunter para preparar um banquete para seu amigo, como prometido. Ela não se importou se sua escolta jurou durante todo o caminho em dizer a seu irmão que ela desobedeceu sua ordem de permanecer longe dos clientes. Deixe-o dizer o que quiser. Ela teria ido sozinha se fosse necessário.
Gunter a conduziu escada abaixo até a cozinha e a deixou com sua tarefa.
Estendendo os braços, ela sentiu tudo ao seu redor, a superfície pegajosa da madeira de corte, um machado, cebolas. Ela continuou, tateando ao redor da cozinha familiar até uma prateleira com tigelas de madeira de diferentes tamanhos empilhadas sobre ela. Emma escolheu a tigela maior para Gascon. Ela colheu cenouras e procurou por carne, seguindo seu nariz e usando seus ouvidos para aguçar com o zumbido de uma mosca. Ela encontrou um pouco de salmão, não muito fresco, mas não estragado, uma pequena galinha sem penas e um pedaço de carne de veado, da qual cortou um pequeno pedaço.
Pronta para retornar ao quarto, ela saiu da cozinha em busca de Gunter. Ela sabia como achar as escadas e subir, mas a tigela do Gascon era pesada. O colapso trovejante de uma mesa de madeira à esquerda de sua cabeça fez parar o sangue em suas veias e seus pés. Seus ouvidos se encheram de sons de ossos quebrando e madeira estilhaçada. Uma luta! Ela se virou.
— Gunter?
Homens gritavam ao redor dela. Foi o grito de Brianne ou de Mary? Da escada acima, trancado em seu quarto, ela podia ouvir Gascon latindo. Os cheiros de vinho e cerveja enchiam o ar... suor e sangue também.
Alguém quase caiu sobre ela, por pouco, mas quase a derrubou. Seu coração batia forte contra suas costelas.
Esta foi a razão pela qual Harry não a deixava descer sem sua escolta, e somente depois que o lugar estivesse vazio. Ele nunca a deixou sair depois de escurecer. Ela entendia que ele perdeu sua esposa e ele não queria que o mesmo destino acontecesse com sua irmã. Ela também não queria isso. Mas aqui estava ela no meio de uma briga! Harry ficaria ainda mais vigilante com ela agora! Ela tinha que ir para seu quarto. Ela reprimiu a onda de medo e raiva que ferveu por dentro e reuniu sua coragem.
Ela poderia ficar aqui, ou ela poderia se manter viva. Ela sabia que era ousada. Ela já havia passado pelos piores tipos de medos que qualquer pessoa, especialmente os que uma criança, poderia enfrentar e ainda estava viva para pensar sobre isso. Ela não era frágil. Harry não a conhecia. Recusar a entrada de Gascon no bordel provou isso.
Alguém se aproximou. Sentidos intensificados, ela sentiu o cheiro de vinho em seu hálito e o aroma perfumado de manjericão saindo do resto dele. Ela não esperou para descobrir o que mais podia sentir no cheiro, mas ergueu a tigela de Gascon sobre sua cabeça e desceu sobre ele com todas as suas forças. Ele caiu aos pés dela. Seu coração batia loucamente em seu peito, fazendo-a se sentir mal. Ela acabou de matar alguém? Ele ainda estava vivo e com mais raiva do que nunca?
— Senhorita Gray. — A voz do estranho, pesada, urgente e acolhedora atrás dela. — Meu irmão Cailean irá acompanhá-la escada acima. Vá! Agora!
Alguém agarrou seu cotovelo e a tirou do caminho de sua vítima. Ele a apressou em direção às escadas, fazendo sua cabeça girar. Tudo estava acontecendo tão rápido.
Quem a estava puxando escada acima? Ele era realmente o irmão do homem que salvou seu cachorro?
— Você é Cailean? — Ela suspirou enquanto eles subiam.
— Sim, moça. Você não tem nada a temer. Vamos manter você e os outros seguros.
Ela se lembrava de sua voz agora.
— Você concordou com seu irmão sobre deixar Gascon entrar. Você tem o meu maior agradecimento por isso.
Ele não falou por mais dois passos apressados.
— E seu irmão? — Ela perguntou. — Como ele se chama para que eu possa agradecê-lo apropriadamente quando isso acabar?
— Malcolm... Malcolm Grant. — Ele disse a ela, e então a deixou no patamar.
Grant. Ela tinha ouvido o nome antes. As garotas sussurravam sobre ele toda vez que um cliente ficava aborrecido na cama. Malcolm Grant, que sabia como fazer uma mulher perder o juízo, suas palavras e sua vontade de viver era parte dele.
Emma duvidava que ele fosse qualquer tipo de homem que conquistaria seu coração. Ela não gostava de seu tipo, que levava todas as mulheres para a cama. Mas a voz dele, ela admitia, tinha sido sensual e hipnotizante para seu ouvido quando ele disse seu nome e prometeu a ajuda de Cailean.
Harry havia falado dele também. Eles eram amigos, mas Harry assegurou a todas as moças que Grant partia corações. Ele poderia ganhá-las, mas nunca manteve nenhuma. Ele era um libertino de língua prateada conhecido em toda a Escócia e partes da Inglaterra. Se ela se lembrava corretamente, Harry descreveu Malcolm Grant como a cobra que tentou Eva no Jardim.
Emma poderia entender como isso poderia ser verdade. Se ele resgatasse animais como fez com Gascon... Bem, o quão ruim ele poderia ser? Além disso, uma coisa que ela aprendeu sobre Harry desde que se encontraram era que ele era dramático demais.
O Sr. Grant não parecia um libertino, ou um canalha, ou o que quer que as mulheres chamem os homens como ele hoje em dia. Mas o que ela sabia dessas coisas?
Ela ouviu osso estalando contra carne vindo de abaixo — ossos ou mais mesas. Como Harry pagaria por tudo para ser consertado?
Ela se moveu contra a parede e voltou para seu quarto e para Gascon, onde era seguro.
Um tiro soou lá embaixo. Harry! Para onde ela iria se ele fosse morto? Ela balançou a cabeça. Ele não era tolo o suficiente para perder sua vida. Ele provou isso na França.
Outro tiro, seguido por mais gritos, abalou seus nervos e ela recuou para a cama e puxou Gascon para perto dela enquanto olhava para a porta. Alguém viria atrás dela? Matá-la? Ou algo pior?
Ela esperou até que o silêncio ressoasse pelo bordel e fizesse os pelos de seus braços se arrepiarem. Seu coração bateu como um tambor quando ouviu alguém do lado de fora de sua porta. Ao lado dela, o rosnado baixo de Gascon gelou seu sangue.
Não! Se alguém entrasse aqui, eles não a encontrariam encolhida em um canto esperando pelo que ele estava trazendo. Ela era feita de um material mais resistente do que isso.
Levantando-se de um salto, ela correu ao redor da cama, agarrou o suporte da vela e apagou a chama. Terreno igual.
Uma batida. Ela ergueu sua arma de bronze e se preparou para atacar. O rosnado de Gascon ficou mais alto, mais ameaçador. A porta se abriu e seu cachorro se lançou.
— Srta. Grey! — Gunter gritou atrás da porta depois de fechá-la novamente. — Seu irmão precisa de você. Chame essa besta!
Ela engoliu em seco, fazendo tudo o que podia para não entrar em pânico.
— Ele está machucado?
— Não. — Ele chamou através da porta. — Mas os dois amigos dele sim, e ele quer que você ajude.
— Os Grants? — Ela perguntou, abrindo a porta e se deslizando para o corredor com ele. O desejo de ajudar a oprimiu. Ela era uma curandeira. Ela não queria ser morta por causa disso, como Clementine tinha sido, mas ela não conseguia evitar a necessidade de salvar a vida de alguém. — Ambos? Quão mal estão? Quem é o responsável por isso?
— Eles não estão se movendo. — Ele disse a ela. — Foram os Winthers. Havia uma dúzia deles. Alguns tinham pistolas. Mesmo assim, muitos estão mortos lá, então dê passos com cuidado.
Agarrando a nuca de Gascon, Emma o seguiu com cautela extra. Ela nunca havia pisado em cadáveres antes e pensar nisso fez sua cabeça girar. Sentindo sua inquietação e desequilíbrio, Gascon a guiou com firmeza. Confiando nele, ela deixou de lado o que estava ao seu redor e se concentrou no que havia sido chamada para fazer.
Ela salvaria os amigos de Harry. Ela devia muito a Malcolm Grant. Ele trouxe Gascon de volta para ela, mesmo que apenas esta noite. Ela faria o possível para garantir que seu cachorro ficasse... e o Sr. Grant vivesse.
— Emmaline. — Harry a parou com uma mão em seu braço quando ela se moveu para passar por ele. — Os Grants, meus amigos, foram feridos. Já é bastante ruim terem matado Andrew Winther em meu bordel. Problemas estão chegando, eu posso te prometer. Mas se os Grants morrerem, isso vai trazer algo pior.
— Pior que os Winthers? — Ela perguntou. Todo mundo conhecia os Winthers. Eles controlavam tudo em Newcastle e Hebburn, e partes de Durham. Ela tinha ouvido rumores sobre a luxúria do barão por sangue e poder.
Seu irmão acenou com a cabeça para si mesmo.
— Os parentes de Malcolm Grant são inimigos que ninguém quer ter, acima de tudo, eu. Salve meus convidados, Emma. Eu te imploro.
Capítulo 03
Emma fez uma oração silenciosa para que pudesse ajudá-los. Claro, ela tentaria, mas por que não usar isso como uma alavanca para o Gascon?
— Deixe o Gascon ficar e farei o meu melhor
— Emmaline...
— Deixe ele ficar, Harry. Ele é tudo o que tenho.
— Você me tem.
Ela não tinha a intenção de ferir seus sentimentos, mas mal se lembrava dele, eles estavam separados por tanto tempo. Ela tinha certeza de que eles cresceriam para cuidar um do outro com o tempo, mas agora, ela precisava do Gascon.
— Deixe-o ficar.
— Muito bem. — Ele resmungou, parecendo ignorar o seu agradecimento entusiástico.
Ela ajudaria seus amigos e começou com um exame. Ela sabia o que ela estava fazendo. Clementine havia lhe ensinado muito e Emma aprendeu como manter os homens roncando enquanto ela removia uma bala de pistola ou costurava um ferimento.
Em vez de mover os irmãos sem saber um pouco mais sobre seus ferimentos, ela os verificou no chão onde eles caíram. As outras mulheres ajudaram.
Com Mary atuando como seus olhos, Emma descobriu que Malcolm Grant levou um tiro no pescoço, mais na direção da clavícula do que na mandíbula. A bala saiu por suas costas, então pelo menos Emma não teria que cavar ao redor para encontrá-la. Ela adivinhou que o que o deixou inconsciente, entretanto, foi um golpe que, de acordo com Bess, tinha sido infligido com uma perna de mesa de madeira solta. Isso deixou seu crânio inchado e pingando sangue pelo rosto.
— Emma! — Alison sufocou um soluço apertado de onde esperava ajoelhada ao lado do irmão do Sr. Grant. Emma lembrou-se de sua voz quando ele disse a ela seu nome, Cailean, e o nome de seu irmão, sua mão gentil, mas firme, enquanto a escoltava escada acima quando a luta começou. — Ele parou de me responder! — Alison gritou com ela.
Emma caminhou com cautela e se ajoelhou em uma poça de sangue de Cailean.
Alison fungou, mas não houve tempo para confortá-la.
— Onde estão as feridas dele? — Emma ordenou, deslizando as mãos sobre seu corpo.
— Ele tem um tiro na barriga. Aqui. — Alison guiou os dedos de Emma até a ferida ensanguentada.
Emma enxugou as mãos nas saias, depois deslizou suavemente os dedos por trás da ferida. Suas mãos voltaram secas. Nenhum sangue. A bala de metal ainda estava nele. Com a ajuda de um exame mais aprofundado de Alison, ela concluiu que ele não tinha outros ferimentos. Ela estava feliz, já que o que ele tinha era ruim o suficiente.
— Precisamos levá-lo para cima e para a cama rapidamente.
— De qual cama? — Gunter perguntou, pronto para carregá-lo.
— Minha, é claro. Está limpa. Não acho que a bala danificou nada vital de acordo com a localização do corpo, mas ele perdeu muito sangue. Acredito, por sua respiração superficial e pele fria e úmida, que ele está em choque. Precisamos aquecê-lo. E precisamos movê-lo muito, muito suavemente. Vou precisar de outra cama para seu irmão. Vou dormir em uma cadeira entre eles.
— Absolutamente não, Emmaline! — Harry recusou. — Não vou permitir que você durma no mesmo quarto com dois homens.
— Eles precisam de cuidados vinte e quatro horas por dia, Harry. Você os deixaria morrer?
— Emmaline, — lamentou seu irmão, — eles não podem morrer.
Ela ouviu o fio de terror em sua voz, o tom crescente de pânico.
— Oliver Winther tem que lutar contra a lei, até certo ponto, e você e eu não tivemos nada a ver com a morte do irmão dele. Estaremos seguros. Estes são os únicos filhos de Connor Grant e do guerreiro antes dele. Os Highlanders virão. Eu não sei o que eles vão fazer!
— Eu farei o meu melhor, Harry. — Ela prometeu, querendo acalmá-lo sem lhe dar falsas esperanças. — Mas a condição do mais jovem é terrível. Você deve mandar o resto de seus fregueses embora imediatamente e então nos ajudar a levá-los para cima, longe dos homens que virão buscar esses corpos. Então você deve me deixar fazer meu trabalho.
Ela ficou grata por Harry ter feito o que ela pediu sem mais perguntas quando percebeu que os Winthers estavam voltando. Ela preferia mover Cailean o mínimo possível, mas se seu inimigo o encontrasse tão indefeso, ela não poderia salvá-lo.
Ela guiava as mulheres com os preparativos para seus pacientes e ouvia enquanto Gunter os carregava para o quarto com o máximo de cuidado possível. Primeiro, Cailean foi levado para a cama e, depois que as mulheres o despiram, ela imediatamente assumiu o comando. Ele estava entrando e saindo da consciência. Ela precisava estancar o sangramento, mas não conseguia costurá-lo com a bala ainda dentro. Ela não podia removê-lo agora. Qualquer adulteração a mais poderia matá-lo.
Por enquanto, ela cobriu sua ferida com unguentos e folhas. Ela cheirou cada mistura de ervas antes de aplicá-la. Uma pomada para estancar o sangramento, mais duas para combater infecções. Ela cobriu tudo com folhas e depois com muitos cobertores para mantê-lo aquecido. Era tudo o que ela podia fazer agora. Ela devia deixar o metal onde estava até que seu corpo se recuperasse.
Em seguida, Gunter trouxe Malcolm e deitou-o em uma cama improvisada que ela havia feito no chão com travesseiros macios e algumas de suas cobertas de cama. Os travesseiros teriam que servir até que pudessem encontrar para ele uma cama não usada no bordel.
Emma não estava familiarizada com personagens masculinos, mas ela conhecia seus corpos. Clementine frequentemente a deixava ajudar com seus pacientes enquanto eles dormiam.
O Sr. Grant precisava tirar a camisa, talvez todo o plaid. Ela imaginou que deveria fazer isso sozinha, já que as mulheres estavam ocupadas demais discutindo sobre quem faria isso.
Garotas tolas.
Ficando de joelhos, ela estendeu a mão para a camisa dele com uma das mãos e tirou a adaga com a outra. Ela fez o possível para ignorar o silêncio súbito e abençoado e os leves suspiros vindos das garotas acima, enquanto a observavam fazer um corte em seu colarinho.
Não importava a reação delas.
Ela estava aqui para ajudá-lo, talvez sendo sua única esperança, dependendo da gravidade de seu ferimento. Encorajada pela determinação, ela se moveu sobre ele para rasgar o resto do tecido com as duas mãos. Ela não iria falhar, porque estar de joelhos, rasgar as roupas dele a fazia se sentir mais sem sentido do que todos as outras juntas.
— Ele está acordado! — Mary gritou. Mais suspiros.
Emma congelou, percebendo que se ele tivesse aberto os olhos, a primeira coisa que ele viu foi ela. Ela deveria sorrir? Ela queria se esconder. Ela não gostava de se sentir tão exposta.
Ela baixou os olhos, mas sentiu a respiração dele em sua bochecha. Sua respiração febril. Ela colocou a palma da mão suavemente no peito que ela expôs. Sua pele estava quente sobre os músculos duros e doloridos. Ele era tão duro em todos os lugares? Ela queria correr as mãos sobre a extensão de seu peito, seus braços, sua barriga. Ela nunca havia sentido um homem assim antes!
— Emma? — Felizmente, Mary interrompeu seus pensamentos e a trouxe de volta ao seu presente, à vida real.
Ele estava com febre. Ela estava quase certa de que ela também estava.
Ela se sentou, longe dele, e pediu uma caneca do chá que Brianne preparou antes.
A mão dele roçou sua coxa e fez suas mãos tremerem quando ela alcançou a caneca.
— Aí está, você vai ficar bem. — Ela disse suavemente, esperando que ele acreditasse nela e não começasse a entrar em pânico. Ele ainda estava olhando para ela? E se fosse ela quem entrasse em pânico? Ela quase riu de si mesma. Por que ela entraria em pânico? O que ela se importava se a serpente do Éden e a alma que salvou seu cachorro esta noite estivessem olhando para ela? Ela não podia vê-lo. Ela poderia ignorar isso.
— Beba isso. — Ela estendeu a mão para ele novamente, e desta vez teve que puxá-lo um pouco e segurá-lo na dobra do braço para que ele pudesse beber. Logo abaixo do nariz dela, o cabelo dele cheirava a ar livre, como chuva. Sua proximidade e a sensação agradável a enervaram. Mas isso não a impediu de trabalhar. Ele adormeceria em um ou dois minutos e então ela poderia cessar esse capricho infantil.
Impaciente para terminar, ela passou os dedos sobre seu ombro e pescoço para examinar mais de perto seu ferimento. Ela notou a aceleração de seu pulso enquanto ela trabalhava sobre ele.
— Malcolm, querido? — Bess caiu de joelhos ao lado de Emma. — Você pode me ouvir?
— Eles dizem que ouvir é o primeiro a sumir. — Lamentou Mary sobre eles.
— Isso é na sua velhice, Mary. — Alison gritou de seu posto na cama de Cailean. — Não na morte.
— Ele irá morrer? — Jane perguntou de seu lugar nos braços de Mary.
Oh, pelo amor de Deus!
— Ele pode se todas vocês não derem um pouco de ar! — Emma acenou com a mão, mas nenhuma das meninas foi longe demais.
— Por que ele não me responde? — Bess choramingou para ele.
— Porque ele levou um tiro no pescoço. — Emma fez o possível para suprimir a zombaria que Clementine usou para avisá-la que fez com que ela fosse chicoteada, enforcada ou queimada. Ela falhou. — Ele não será capaz de dizer o quão magnífica você é por pelo menos uma noite.
Ela estava grata por não poder ver a carranca de Bess e voltou ao trabalho.
Seu tiro foi principalmente um ferimento sério na carne, mas nada demais. Felizmente, a bala da pistola foi direto para a parte inferior de sua garganta e saiu de sua clavícula. Ele sentiria dor por um tempo e não seria capaz de levantar a espada, mas seu ferimento não o mataria. Ela estava mais preocupada com o golpe na cabeça. Pelo toque, ela poderia dizer que o sangue escorria acima de sua orelha... e que seu cabelo era luxuosamente macio em seus dedos. Ele tinha que dormir. Ela precisava costurar e não poderia fazer isso com mechas flutuantes caindo ao redor do ferimento.
Quando ela usou sua adaga para começar a cortar seu cabelo, as garotas arfaram juntas mais uma vez.
Pelo menos elas estavam atordoadas o suficiente para ficarem quietas enquanto ela trabalhava. Ela não o tosou até a careca, mas deixou alguns centímetros, de modo que agora, em vez de cetim, o cabelo dele sob seus dedos parecia veludo. Quando a última mecha foi cortada, ela cortou mais perto do ferimento e o limpou.
Lizzie e Brianne se dirigiram para a porta quando ela começou a costurá-lo. Quando terminou, deixou Bess e Mary amarrarem sua cabeça com um pano limpo enquanto esfregava as mãos novamente.
Ela verificou suas pomadas e esmagou mais ervas em cataplasmas, enquanto as meninas cuidavam de seu paciente.
Quando ela voltou para sua cama improvisada e se ajoelhou diante dele, Bess chegou mais perto.
— Você não conhece a história de Sansão, não é?
Emma podia ouvir o escárnio na voz de Bess. No último mês, tudo que ela ouviu das outras garotas foi como Bess era bonita. Emma discordou.
— Eu conheço a história de Sansão, na verdade. — Ela lançou um sorriso divertido para Bess. — Você está sugerindo que seu cabelo tem um poder especial de Deus?
— Bem, não. — Bess insistiu. — De modo nenhum. Eu não estou louca da cabeça.
— Claro que não. — Emma concordou. — E vai crescer de novo.
— Você está certa. — Bess concedeu, ou assim parecia. — Sua beleza permanece, nua e totalmente masculina. Eu gostaria que você pudesse ver, só desta vez, Emma.
O sorriso de Emma permaneceu. Ela não tinha certeza de como, mas permaneceu. Ela poderia vê-lo se quisesse. Ela só tinha que tocar suas feições, seu corpo. Ela se lembrou do que Clementine havia lhe contado sobre a construção de imagens em camadas de luz e sombras, usando os dedos como pincéis. Ela praticou com a velha bruxa muitas vezes, aprendendo a distinguir cada linha e vinco em sua pele desgastada. Oh, mas seu rosto era suave, não endurecido e cheio de rugas, como se poderia esperar de uma bruxa. Mas então, Clementine não era uma bruxa, ela simplesmente sabia tudo sobre a terra e o que ela fornecia.
Ela poderia colocar seus pincéis em Malcolm Grant e ver por si mesma o que todas as garotas estavam preocupadas. Mas ela não queria vê-lo assim. Esse tipo de visão era enganosa.
Ela não se importava com essa parte da pessoa. Não significava nada para ela e não servia para nada. O caráter de um homem... ou mulher era como ela julgava seu mérito. Ainda assim, sua mão tremeu novamente quando ela aplicou o cataplasma no pescoço dele e cada respiração na sala parou. Ninguém se moveu; na verdade, parecia que até o ar havia parado. Ao toque de seus dedos em sua carne, todos elas soltaram um suspiro coletivo.
Emma não tinha ideia de por que tocá-lo seria diferente de tocar qualquer outro homem. Foi o ritmo lento e pesado da respiração, do sangue correndo nas veias, se espalhando para ela, que a fez querer tocá-lo mais? Ela o fez, apenas o suficiente para saber que ele foi esculpido em pedra dura e curva. Seu coração bateu sob sua palma e ela sentiu uma onda de gratidão por ele ter vivido. Ela estendeu a mistura de cataplasma pelo ombro dele, cativada por sua força sólida, mesmo durante o sono.
— Não, Emma. — Bess segurou seu pulso e guiou a mão de volta para o ferimento em seu pescoço.
— Todas nós gostaríamos de tocá-lo. — Mary assegurou-lhe com um tapinha delicado nas costas, entendendo um pouco mais. — Você só precisa ter certeza de que todas nós teremos uma chance, sim?
Mortificada, Emma balançou a cabeça.
— Eu não queria... É assim que eu vejo... e eu nunca senti um homem como ele antes.
— E provavelmente você nunca o sentirá. — Murmurou Bess.
— Por que você diz 'sentir' dessa forma? — Mary perguntou a ela, ignorando o insulto de Bess como Emma o fez.
— Qual?
— Como se você tivesse feito mais para ele do que aplicar aquela mistura em sua pele?
Emma piscou e queimou da planta do pé às raízes ao ser pega admirando-o em um momento como este.
— Você é virgem, Emma? — Mary perguntou.
— Está tudo bem, garota. — O sorriso malicioso de Bess era evidente em sua voz. — Todas nós o queremos em cima de nós... ou embaixo ou atrás. Não há nada para se envergonhar.
Emma desejou que o chão se abrisse e a engolisse. Ela tinha certeza de que as meninas podiam ver seu desejo desconhecido e indesejado por ele rastejando, vermelho, em seu rosto. Ela queria tocá-lo, não fazer amor com ele, mas desde que Bess tocou no assunto, ela não conseguia pensar em nada além dele ‘atrás’ dela.
Quando Mary pegou sua mão e a colocou no monte entre as pernas do Highlander, Emma levou a mão livre à boca e ofegou tão fundo e curto que a deixou um pouco instável nos pés.
— Há muito dele para sentir. — Disse Mary, sua voz baixando perto do ouvido de Emma. — Cure-o e foda-o até que ele não possa urinar por dois dias.
Mary ignorou as bochechas ardentes de Emma e segurou as mãos de Emma. Colocando-as em seu peito, ela disse:
— Sinta até o conteúdo do seu coração. Não vamos contar ao seu irmão.
Emma queria dizer a todas que Harry não importava. Eles mal se conheciam. Mas ela se importava. Ele era seu irmão.
Todas elas esperaram, algumas rindo enquanto sua respiração e os dedos dela percorreram a largura de seus ombros, então pararam nas colinas e vales esculpindo sua barriga rígida. Ela não achava que molestá-lo enquanto ele estava impotente para resistir fosse a coisa certa a fazer, então ela pulou sua virilha quando voltou para ele, apesar dos suspiros desapontados das meninas, e continuou em suas pernas. Ela podia sentir sua respiração mudando enquanto seus dedos deslizavam sobre seu plaid para suas coxas grossas e torneadas e panturrilhas nuas, esculpidas e fortes como o resto dele.
Droga. Todas estavam certas sobre ele. O corpo de Malcolm Grant era tão bonito quanto seu rosto era dito ser.
Ela não deveria ter olhado.
Capítulo 04
— Ele deveria estar na minha cama esta noite. — Bess murmurou com profundo pesar perto da porta. — Eu deveria estar abaixo dele agora, aproveitando tudo isso
— Honestamente, Bess. — Alison, que permaneceu ao lado de Cailean com Emma, reclamou do outro lado do quarto ao lado da cama. — É só nisso que você pensa?
— E quem é este aí? — Bess perguntou a sua amiga irritada.
Por um momento Alison permaneceu em silêncio, então respondeu:
— Eu não sei como é chamado, eu só sei que este lutou por minha causa quando aquele bastardo do Winther me atingiu e me protegeu de ser atingido novamente. Seja lá como que for chamado, eu gosto. Eu gosto que ele fez isso por mim.
— Isso chama-se agradecimento. — Disse Bess, rindo e saindo pela porta. — Alison, você é jovem, um mero bebê com quantos anos, dezenove? Não faça mais disso do que o que é; você apenas abrirá seu coração para ser partido, e isso não é algo que podemos pagar em nossa posição.
Emma continuou preparando as misturas e cuidando dos dois homens enquanto Bess e as outras iam embora. Alison ficou, mantendo o pano encharcado de ervas frescas sobre a testa de Cailean.
— Isso se chama cavalheirismo. — Emma disse suavemente enquanto se movia para o outro lado da cama para verificar a barriga de Cailean.
— É isso. — Alison concordou com um sorriso na voz. — Cavalheirismo, bravura, honra. Já ouvi histórias sobre esses traços nos homens, mas nunca os vi neste trabalho. — Ela riu de si mesma. — Que bom que estamos sozinhas. Imagine como Bess reagiria se ouvisse essas palavras? Ela provavelmente riria até perder o juízo.
Emma sorriu enquanto cuidava de Cailean. Ela gostava das meninas que moravam aqui, com exceção de Bess. A maioria era gentil com ela e apreciava suas curas para certas irritações e prevenção da gravidez. Mas, como os aldeões na França, elas só falavam com ela quando precisavam dela e quase nunca no resto do tempo. Ela não se importava. Se Alison quisesse ficar com ele, Emma não recusaria, mas elas não precisavam fingir afeto até de manhã.
— Eu não ouvi seus pensamentos sobre isso.
Emma ergueu os olhos.
— Cavalheirismo?
— Sim. Eu sou uma idiota?
Se ela era, então Emma também era.
— O que ele fez, para que você lhe oferecesse tal status entre os homens?
Ela ouviu enquanto Alison lhe contava sobre Andrew Winther jogando-a em uma cadeira em um prelúdio para as próximas doze horas que ele pagou com ela, e de Cailean corajosamente pulando para Andrew e espancando-o até perder os sentidos. Ela fez uma pausa e acrescentou:
— Mas ele não matou Andrew.
Emma pensou nele por um momento, lembrando-se do que ele, junto com seu irmão, tinha feito pelo Gascon. Ela faria o possível para salvá-lo.
— Não deixe Bess angustiar você. — Alison disse, quase como uma reflexão tardia.
Emma fechou os olhos. Ela não precisava delas para trabalhar, mas estranhamente, isso deu a ela uma sensação de privacidade. Ela não precisava de amigas, especialmente uma que interpretou mal suas intenções e presumiu que sabia o que Emma estava sentindo.
— Bess não me incomoda.
— Ela teve a atenção dele até você aparecer. — Alison continuou de qualquer maneira.
Emma largou o copo de argila com folhas cobertas de óleo que estava trazendo para o lado de Cailean no chão. Ela praguejou interiormente, castigando-se por não encerrar essa conversa fiada antes.
— Isso é uma coisa ridícula de se dizer. — Ela se abaixou para pegar as folhas do chão.
— Por que isso é ridículo?
— Porque... — Por que diabos ela não insistiu que Alison fosse embora com o resto delas? — Porque Bess é linda.
— Como diabos você sabe disso? — Alison persistiu. — Foi a própria Bess quem te contou?
Emma não se lembrava de onde tinha ouvido. Mas a aparência de Bess realmente não importava. A aparência de Emma sim. Ela não sabia o que era ‘magra’ ou quão ‘desbotada’ deveria parecer, e não a incomodava que Harry sempre a descrevesse dessa forma. Ela tinha imagens nebulosas de si mesma há dez anos e essas, junto com o que ela sentiu quando tocou seu rosto, deram-lhe uma imagem nada extraordinária.
— Eu conheço os rumores sobre ele. — Ela disse a Alison. — Estou feliz por não poder ver seu rosto se ele é realmente tão atraente. Não quero nunca ansiar por um marido e me contentar com um homem que está se conformando comigo, ou um idiota cruel que pensa que pode me empurrar porque eu não posso ver.
— Esse não é Malcolm Grant, Emma. Ele ajudou você a trazer seu cachorro para dentro, não foi?
Ele fez. Ela devia tudo a ele por isso. Ele tinha realmente parado de dar atenção a Bess quando Emma apareceu à mesa? Era um pensamento agradável, uma fantasia passageira. Nada mais. Ela sabia sobre cavalheirismo e amor cortês. Quando criança no colo de sua mãe, ela ouvia histórias sobre nobres cavaleiros como Sir Gawain, Sir Tristan e Galahad. Ela nunca os esqueceu. Ela sabia o que Alison estava descrevendo para as meninas, mas isso não significava que ela acreditava que existia. Ela não sabia, mas, neste caso, concordou mais com Bess sobre o assunto.
Esses homens iriam morrer ou se recuperar. De qualquer maneira, logo ela e Alison seriam nada além de uma lembrança.
— Ele deve acordar logo. — Ela disse de Cailean, e se afastou dele. Se não o fizesse, provavelmente morreria. Ela não disse muito a Alison, mas chamou Gascon e saiu do quarto para procurar uma cama para Malcolm.
No corredor, ela parou para recuperar o fôlego.
— O que aconteceu comigo, Gascon? Você me conhece. Não sou facilmente enganada, especialmente pela bondade. Sim, devemos agradecer a Malcolm Grant por você ter passado uma noite quente perto da lareira, em vez de na chuva, mas por que meu coração deveria bater com tanta urgência no peito só de pensar que ele me notou? Por que meus joelhos devem estar trêmulos simplesmente porque penso nele? — E daí se ele fosse agradável aos olhos? Isso não significava absolutamente nada para ela. A bênção de perder a visão foi que ela aprendeu a ler o coração. Até agora, Grant não havia mostrado nada além de gentileza.
Ela enterrou os dedos no pelo de seu fiel cachorro. Gascon nunca a deixou, dormindo debaixo de sua janela todas as noites durante o último mês.
— Emmaline. — A voz de seu irmão gritou para ela. — O que você está fazendo vagando pelo corredor sozinha? Os Grants ainda estão conosco?
— Sim, eles estão. — Ela o assegurou. — E eu não estou sozinha. Gascon está comigo. Estou tentando encontrar uma cama para Malcolm Grant. O chão, apesar de suas almofadas, não é lugar para recuperação.
Ela ouviu Harry fazer um juramento sobre ela estar louca seguido por uma risadinha de uma das garotas.
— Como você pretende encontrar uma cama, minha querida? — Ele perguntou com absoluta sinceridade. — Você está cega.
Emma sorriu no corredor suavemente iluminado. Harry tinha boas intenções. Ele apenas não a entendia e suas ações ainda. Ele pensava que ela era muito mais frágil e indefesa do que realmente era. Ela poderia tropeçar em obstáculos, mas nunca os deixaria pará-la.
— Gunter está com você, irmão? Eu preciso que ele carregue o que encontrar para o meu quarto.
— Ele está levando os últimos corpos para fora. Vou chamá-lo e instruí-lo a pegar qualquer cama, desde que não haja uma garota lá e levar para você.
— Vou precisar de lençóis limpos, também.
— Claro. — Harry murmurou. — Contanto que você concorde em não deixar seu quarto sozinha novamente.
Ela suspirou, mas não argumentou com ele que não estava sozinha.
— Como quiser, Harry. Você tem o meu agradecimento. — Ela deu a ele uma pequena reverência, apenas uma ligeira dobra e inclinação de sua cabeça. Durante sua jornada da França para a Inglaterra, ela aprendeu que para se manter segura no mundo, ela tinha que se tornar e permanecer sempre discreta. Ela não se importava de ficar nas sombras. Sombras eram o que ela conhecia. Ela estava confortável com elas.
— Eu estarei esperando então. — Ela se virou, os dedos pousando suavemente na cabeça do Gascon. — Boa noite, Bess.
— Emmaline. — Bess respondeu com os lábios apertados.
Emma não conseguia entender por que Bess estava com raiva dela. Não era culpa de Emma que o candidato a amante de Bess estivesse inconsciente em seu quarto. Tanto para tentar ser educada e desejar boa noite a uma garota.
Ela abriu a porta de seu quarto e estava entrando quando a voz animada de Alison a parou.
— Olha quem está acordado!
Emma presumiu que era Cailean, já que a voz de Alison veio de sua cama. Era uma boa notícia. Ele viveria.
— Bem-vindo de volta, Sr. Grant. — Disse Emma. — Estamos felizes por você ter decidido acordar.
— Sim. — O Grant mais jovem disse, soando como um urso grogue. — Como eu poderia recusar quando Alison estava esperando aqui por mim?
Emma sorriu, feliz por ele estar acordado e por Alison estar aqui para recebê-lo.
— Alison me contou todas as horas que você dedicou a mim e a meu irmão. — Disse Cailean. — Eu vou ter certeza de dizer a ele. — Ele parecia muito sonolento e Emma acenou com a cabeça, depois verificou seu ferimento.
Ela não sabia o que dizer realmente. Era bom da parte de Alison contar a ele. As únicas pessoas que fizeram coisas boas por ela foram Clem e seus pais. Mas Cailean e seu irmão resgataram Gascon, e agora Alison. Ela não estava acostumada e não sabia como responder. Ela sorriu e esperava que fosse o suficiente.
Capítulo 05
Malcolm acordou em sua cama cerca de meia dúzia de vezes durante os dois dias seguintes. Com os olhos semicerrados e os pensamentos nublados, ele estava levemente ciente de uma mulher de pé sobre ele, limpando suas feridas. Um véu cobria sua cabeça. Um véu de ouro fino. Ele sorriu para ela. Pelo menos ele pensou que sim, mas ela nem mesmo olhou para ele. Ele estava sonhando. Onde estava seu irmão? Se Cailean tivesse caído... Se seu irmão estivesse morto, seria o seu fim.
— Cai... — Sua garganta explodiu em chamas e ele quase desmaiou de dor no pescoço quando terminou de chamar para seu irmão. — Cailean!
— Ssh, agora. — A voz suave de uma mulher falou como um sussurro estrangeiro contra sua pele. — Cailean está bem. Cailean está bem.
Ela o acalmou, fazendo com que ele se acalmasse e ficasse quieto. Ela segurou um pano frio contra a testa dele, oferecendo um bendito conforto do calor. Ele relaxou, caindo na profunda felicidade do sono.
Ele sonhava intermitentemente, passando da consciência para a semiconsciência, e para o frio. Quando ele sonhava, era com uma moça, um anjo com uma faixa ao redor dos olhos. Ele oferecia sua mão para ajudá-la quando ela tropeçava, mas ela recusava e oferecia a sua a ele. Ah, mas ele precisava da ajuda de um anjo. Muitas coisas em sua vida foram para o inferno.
Ele nunca se considerou extremamente político, não como seu primo Edmund e alguns de seus parentes. Alguns anos atrás, ele se juntou à cruzada de Edmund para impedir a Lei da União com a Inglaterra, principalmente, porque havia muitas lutas pela frente. Mas ele acreditava na causa e depois de chegar perto de uma vitória tantas vezes, até mesmo tentou impedir o tratado sequestrando a sobrinha do duque de Queensberry, que acabou conquistando o coração de Edmund. Eles falharam e a Escócia juntou-se à Inglaterra para se tornar o Reino Unido.
Edmund também se casou com à sobrinha de Queensberry, Amélia Bell. Malcolm viu até Lucan MacGregor encontrar o amor nos braços de uma serva. A filha do laird, Abigail, perdeu seu coração para sua escolta inglesa no caminho para encontrar sua tia, a rainha. Sua própria irmã havia se apaixonado por um maldito pirata.
Amor. Ele odiava.
Ele tinha ouvido canções e histórias sobre seus pais e seus tios e tias, sobre seus avós. A lista não acabava. Contos de amor, todos. Aquela emoção mais apaixonada estava disponível para todos em Camlochlin. Exceto ele.
Não que ele não conseguisse encontrar uma esposa. Ele nunca procurou por uma. Ele não precisava realmente. As lasses1 o encontrava. Ele tinha estado com seu quinhão, mas nenhuma jamais tomou seu coração. Ele procurou por esses sentimentos nos poemas de seu tio Finn. Ele nunca sentiu uma única concordância. Com o passar dos anos, ele começou a acreditar que não era capaz de amar como um homem deveria amar a mulher que desejava como esposa. Ele estava falhando em tudo o que fazia um homem se apaixonar? Ele era indigno disso? Se sim, por quê? O que ele fez que alguns dos outros homens de Camlochlin não fizeram? Mesmo assim, ele tentou se apaixonar, para encontrar sua própria história feliz. Mas ele sempre foi embora de coração vazio. Sua carência o assombrava e cada vez que um de seus primos se apaixonava, dava mais um passo para não querer, odiava porque isso o iludia. Tornou-se o que sua avó chamaria de dragão. Em vez de enfrentar, lutar, ele evitou qualquer tipo de conexão emocional para não ser lembrado de sua deficiência.
Ele se tornou um libertino, infame no que fazia de melhor, lutando ou rindo com homens, usando mulheres e fugindo de um dragão.
Ele ofereceu um sorriso rápido para todos. Ele viveu uma vida aparentemente despreocupada. As pessoas viram o que ele queria que vissem. Mas ninguém o conhecia de verdade. Talvez Edmund o conhecesse melhor, mas nem ele sabia de tudo. Havia mais em Malcolm do que as pessoas suspeitavam. Ele ficava deitado na cama à noite e sofria de um vazio que não era preenchido. Como uma fome que nunca seria satisfeita. Não tinha nada a ver com seu celibato, porque era o mesmo de antes. Ele ficava sozinho com frequência, mas não desejava a companhia de ninguém por muito tempo. Sua incapacidade sempre esteve presente em sua vida, por mais que tentasse disfarçá-la.
Ele ouviu alguém falando e tentou abrir os olhos. Ele também estava cansado de dormir. Ele queria estar de pé e pronto.
— Eu sabia que você viveria. Nada pode manter este corpo abatido.
Ele lutou para abrir os olhos e reconheceu os cachos dourados ao redor do rosto da moça, o comprimento dele amarrado em uma trança espessa nas costas de seu vestido esmeralda.
Bess. Ele tentou dizer o nome dela, mas a dor quente e lívida em seu pescoço voltou. Ele sorriu para ela em vez disso.
— Bem-vindo de volta ao mundo dos vivos, Malcolm. Eu tenho saudade de você. — Ela se abaixou e deu um beijo em sua têmpora e depois em sua pálpebra. Ambos os lugares doíam como o inferno e ele fechou o olho novamente, de repente percebendo que apenas um havia sido aberto.
— Você levou um tiro no pescoço, pobre querido. E atingido na cabeça por uma espécie de clava. Você está um pouco inchado, mas logo ficará como novo. Tive um tempo terrível tentando manter as meninas longe de sua cama. Todas nós temos estado muito preocupadas com você. Nenhuma de nós quer perder nosso cliente favorito.
Não o incomodava que tudo o que ele era para elas fosse um cliente. Ele estava feliz por Bess ter superado a ele. Quem não iria depois de tanto tempo? Ele nunca esperou ser outra coisa, especialmente em um bordel. No momento, ele só se importava com uma coisa.
— Cail...
— Está se recuperando bem, mas vai precisar...
— Bess, — A voz de outra moça, uma que ele ouviu em seu sonho, leve, mas severa... e francesa, a interrompeu. — Sr. Fitzwilliam está esperando você no final do corredor.
Malcolm estudou a irmã de Harry com seu olhar limitado. À primeira vista, ela não era impressionante na aparência. Mas depois de um ou dois momentos observando a suave curva no canto de sua boca, a delicada coluna de sua garganta, a forma como a luz refletia na curva de seus cachos, ficou claro que ela era mais bonita do que à primeira vista. Ele se lembrava dela e de seu acompanhante babão, Gascon, o cachorro.
Ele sorriu e ela segurou uma caneca em seu lábio inferior. Ele tomou a borda e obedeceu quando ela o mandou beber e acalmar sua garganta.
— Tem certeza de que não está interessada em ir no meu lugar, Emmaline? — Bess perguntou a ela em uma voz doce e pegajosa. — Sr. Fitzwilliam solicitou você com frequência. Seus olhos cegos o interessam.
Ah, sim, ela era cega. Ele se lembrava agora. Ele observou as mãos delicadas dela tateando em busca de coisas, seus dedos voando sobre uma superfície ou outra.
O rosnado baixo de Gascon chamou a atenção de Malcolm. Sentado em suas ancas, a cabeça da besta alcançava a de Malcolm. Que tipo de cachorro via pelos cegos? Ele adoraria saber como a Srta. Gray ensinou seu cão a guiar seus passos. Seco agora, Gascon era mais fofo do que músculo. Suas orelhas apontavam para cima com o pelo caindo sobre elas. Se não fosse pelo rosnado, ele teria parecido totalmente inofensivo. Malcolm conhecia cachorro melhor. Ele cresceu com cães. Este não gostava de Bess.
— Tenho certeza, Bess. — A irmã de Harry disse suavemente, sua voz mudando uma oitava, sua mão pousada na cabeça do cachorro, acalmando-o. — Não quero me entregar a um homem que não amo. Ninguém me forçaria a isso, assim como eles não forçam você.
Sua voz não tinha nenhum traço de orgulho, mas Bess ainda parecia se ofender com ela.
— Ha! Ha! Ha! O que é o amor? — Bess riu dela. — Há uma coisa, e somente uma coisa que os homens amam, e não é a sua boa natureza. Não é verdade, Malcolm?
— Eu acredito que há mais para amar do que isso. — Emma respondeu antes que Malcolm pudesse dar uma chance a sua voz. — Que existem homens que são capazes de dar seu coração a uma mulher solteira pelo resto da vida. Homens de honra e cavalheirismo.
Malcolm amaldiçoou seus ferimentos porque eles o confinavam. Por que ela mencionou o amor? Ele queria se levantar e sair do quarto e dessa conversa. Ele não sabia nada sobre o amor ou por que um homem se estabeleceria com uma moça.
Seu coração permaneceu perfeitamente intacto em seu peito.
— Você é uma idiota, Emma. — Disse Bess, puxando outro rosnado do Gascon. Antes que ela provocasse o cachorro a rasgar sua garganta, Malcolm pousou a palma da mão no quadril de Bess e deu-lhe um leve empurrão em direção à porta.
— Eu voltarei. — Ela prometeu, provando que não era uma idiota quando se moveu para sair do quarto. — Até então, as mãos de ninguém mais serão tão boas quanto as minhas.
Malcolm a observou partir com um floreio e quase riu da performance excessivamente dramática. Sua cabeça doía. Ele ergueu a mão e engoliu o bater do coração. O cabelo dele! O que diabos aconteceu com o cabelo dele? Ele não teve a chance de perguntar quando o sono abençoado o alcançou novamente.
Ele acordou no dia seguinte, sentindo-se um pouco mais forte. Sua garganta estava menos ferida. Ele abriu os olhos, os dois, e se concentrou no quarto à luz de velas. Onde estava Cailean? Havia outra cama do outro lado. Uma cama maior, banhada por uma suave luz dourada, com uma única figura sobre ela e uma ruiva preocupada ao lado dela. Ele se lembrava dela, mas não de seu nome.
— É... — Ele colocou a mão na garganta e abriu a boca para tentar novamente.
— Aqui. — Emmaline Gray apareceu diante dele em seu vestido escuro simples e pele clara e o ajudou a se apoiar em um cotovelo. O nome dela, ele podia se lembrar. Emmaline.
— Beba seu chá. — Ela insistiu. — Você ainda não está totalmente curado e não deve forçar a garganta.
Ele fez o que ela pediu e engoliu a mistura. Era uma mistura de chás e óleos diferentes; lavanda entre eles, fazendo com que o líquido descesse mais facilmente. Por um instante, ele rezou para que ela soubesse o que estava fazendo e não o envenenasse.
— Aquele é... Cailean... na cama?
— Oui, é.
Ele olhou para ela, seu rosto eclipsado e atrás dela ondas longas e soltas. Ele não conseguia ler a expressão dela, então pegou sua mão.
— Cailean?
Seus olhos já grandes ficaram maiores quando ela se sentou na cadeira ao lado da cama sem adornos.
— Sr. Grant, seu irmão recuperou a consciência na noite dos ferimentos, mas não mais desde então. Ele foi baleado e a bala teve que ser removida. Seu corpo estava em choque e esperamos três dias antes de tirarmos, mas hoje ele está com febre.
O coração de Malcolm se partiu contra suas costelas. Cailean era considerado o bebê. Sua mãe morreria se ele deixasse a terra. Eles já haviam perdido Caitrina. Embora ela não estivesse morta, sua única filha passava a maior parte de sua vida em alto mar, um lugar mais perigoso do que em qualquer outro lugar do mundo. Perder Cailean mudaria sua família.
Malcolm não era muito orgulhoso para implorar pela vida de seu irmão.
— Por favor, — ele murmurou, — salve-o.
— Estou fazendo o meu melhor. — Ela prometeu sinceramente.
Ele fechou os olhos e tentou regular a respiração. Os Winthers fizeram isso. Eles voltaram para o bordel com pistolas e atiraram nele e em seu irmão. Ele iria matá-los. Se Cailean morresse, seus parentes viriam e matariam a todos.
— Eu quero vê-lo.
Ela se levantou e estendeu a mão para Gascon.
— Você precisa andar.
Ele assentiu.
— Você pode?
— Sim. — Respondeu ele, esquecendo-se de que ela não conseguia ver nada com aqueles olhos lindos e exuberantes. — Acho que sim.
— Aqui, — Ela ofereceu seu ombro para se apoiar e ele sorriu. Se ele se apoiasse muito nela, ela tombaria. — Alison, — ela gritou para a ruiva pairando sobre seu irmão.
Ah, sim, Alison.
— Traga a cadeira, por favor.
Ela colocou o ombro sob o braço dele e enrolou o braço em volta do seu pescoço.
— Devagar, agora, Sr. Grant.
— Malcolm. — Ele corrigiu, atraído pelo cheiro dela sob seu nariz. Ela cheirava a ervas medicinais. Ele inalou e tossiu um pouco.
Ele se lembrou de algo e parou. Ele levou a mão à cabeça. Não foi um sonho. Alguém cortou seu cabelo. Ele perguntou a ela quem tinha feito isso.
— Eu fiz. — Ela admitiu facilmente. — Você precisava de costura. Eu não poderia deixar você morrer por causa de alguma vaidade sobre o seu cabelo.
— Porque não?
— O quê?
— Por que você não me deixaria morrer? Você não me conhece.
— Porque eu prometi a Harry.
Foi isso então? Ela prometeu a Harry. E ele prometeu algo também a Harry.
Alison se apressou com a cadeira e colocou-a ao lado da cama. Ele se moveu lentamente, esquecendo seu cabelo com Emma pressionada contra ele.
— Gascon parece gostar de mim.
— Ele é grato a você, assim como eu, por convencer meu irmão a deixá-lo entrar.
— Você o treinou bem.
Ela balançou a cabeça sob o braço dele.
— Eu não o treinei. Ele sempre soube o que fazer.
Malcolm olhou para o cachorro, admirando a inteligência da fera.
Quando chegaram à cama, ela o ajudou a se curvar e sentar, de frente para o irmão. Ela recuou e foi cuidar de seus assuntos no quarto.
Malcolm olhou para o rapaz, pálido e sem vida na cama. Ele trouxe Cailean aqui. Malcolm fechou os olhos, incapaz por um momento de olhar sem as lágrimas derramando dele. Ele tinha visto homens moribundos e mortos antes, mas este era seu irmão.
— Cailean, — disse ele, cobrindo a mão do irmão com a sua. Ele recuou por um instante quando o calor da carne de Cailean o percorreu. Sua febre estava alta. — Você pode lutar contra isso, rapaz. Isso não é nada para você. Eu estarei bem aqui contigo. Você está indo muito bem.
Ele olhou para Emmaline contornando a cama para o outro lado e a observou se preparar para verificar o curativo de seu irmão.
— Você me acha louco por falar com ele assim.
— Não. — Ela balançou a cabeça. — Acho que ele sabe que você está aqui. Pode ser o que ele precisa para se recuperar.
Ele não sabia disso, mas falar com Cailean era tudo o que podia fazer, então falou mais.
Quando ele terminou, se virou para ela.
— Vocês todas se revezam?
— Fazendo o quê? — Ela perguntou por cima do corpo de seu irmão, onde ela refrescou seu curativo.
— Cuidando de nós.
O delicado redemoinho de seus lábios o fez se sentir tão febril quanto seu irmão. Pena que ela não podia ver o quão adorável era. Era como se ela ficasse um pouco mais bonita a cada momento.
— Alison é uma grande ajuda para mim.
Ele estava feliz por ela ter ajudado. Ele sabia, por ver sua tia Davina quase morrer de febre, como era difícil cuidar dos doentes.
Ele observou os dedos finos dela trabalhando, toques ternos e vibrantes que o fizeram desejar que ela estivesse cuidando dele.
— Como você sabe o que está fazendo, moça?
Ela inclinou a cabeça para cima e o fez se perguntar como ele poderia pensar em qualquer coisa além da peculiaridade sedutora de sua testa?
— Você se preocupa que eu não saiba? — Ela perguntou para ele.
Ele riu, gostando de sua ousadia.
— Nae, não. Eu me preocupo que você não se importe se faz ou não.
— Sr. Grant, você deve descansar sua garganta. Se você não puder fazer isso, terei que drogar você novamente.
Ele a olhou. Ela estava brincando? Ela o drogou? Isso explicaria que ele esteve dormindo tanto. Ele lhe deu um olhar indiferente, mas ela não viu. Em vez disso, ela levou o dedo indicador aos lábios e aconselhou-o a descansar.
Ele não sabia se queria rir ou discutir com ela. Ela não tinha feito isso, ele se convenceu. Era apenas uma ameaça fazê-lo obedecê-la. Ela não precisava se dar ao trabalho. Ele ficaria feliz em fazer o que ela mandasse.
— Eu sei algo sobre como remover balas de pistola da carne. Não é fácil. Quem removeu o de Cailean?
— Eu o fiz. — Ela disse sem perder uma batida enquanto triturava mais ervas com seu pilão.
— Como? — Ele não queria pensar na bagunça que ela provavelmente fez cavando cegamente.
— Eu senti ao redor do ferimento. Você pode dar uma olhada quando eu terminar. Está muito bem feito.
Como ela fez isso? Ele ficou muito impressionado e de alguma forma deve ter transmitido o sentimento. Quando ela falou novamente, parecia frustrada.
— Não fique pensando em mim e, por favor, não tenha pena. Eu posso me dar tão bem quanto qualquer outra pessoa. Seu irmão precisava de ajuda e eu fiz tudo o que sabia. O resto é com ele.
Ele acenou com a cabeça para si mesmo, sem saber realmente o que dizer. Ele a via como incapaz de ajudar Cailean e estava errado. Ele percebeu o quão errado estava quando ela levantou a coberta de Cailean e mostrou a Malcolm sua ferida. Era pequena, limpa e muito bem feita.
Ele elogiou seu trabalho e sentiu sua própria ferida. Ela o salvou. Ela salvou Cailean.
— Qual é a sua opinião sobre isso, Sr. Grant?
Ele desviou sua atenção do ferimento de Cailean para ela e para o delicado contorno de seu nariz.
— Eu acho que você é uma heroína, Srta. Gray. — Ele disse a ela densamente, apreciando o rubor que invadiu suas bochechas.
— Isso não. — Ela disse, sua voz sem fôlego quando o corrigiu. — Isso não, Sr. Grant. É amor. Existe apenas uma coisa que os homens realmente amam, como Bess sugere?
Inferno, amor de novo não. Ele olhou ao redor do quarto como se estivesse planejando sua fuga. Ele olhou para ela e suspirou. Se seu irmão sobreviveu, foi Emma quem o salvou. Como ele poderia retribuir?
Contando a verdade.
— Sim. Mas eu não descobri o que é, então não posso dizer a você.
Capítulo 06
Emma se manteve ocupada pelo resto da noite, embora não houvesse muito o que fazer, exceto misturar mais cataplasmas e preparar mais pomadas para seus dois pacientes. O Sr. Grant se recusou a voltar para a cama quando as garotas começaram a entrar no quarto para ver como ele estava. O ar estava impregnado de vários perfumes, mas Emma adivinhou que cheirava melhor para o Sr. Grant do que remédio.
— Estou bem. — Ele insistiu para qualquer mulher que peguntasse.
— Você com certeza está. — Era a resposta geral.
Meu Deus, como elas riram e se agarraram a cada palavra sua. Ela tinha ouvido como elas falavam com os homens — sensuais e estimulando seus clientes a pagar por mais do que apenas sua companhia.
Isso era diferente. Elas não estavam apenas fazendo seu trabalho. Eles queriam Malcolm Grant. Elas ronronavam, arrulhavam e esvoaçavam em torno de sua cadeira, tocando sua cabeça, seus ombros, suas coxas.
Emma se manteve principalmente nas sombras, ouvindo suas risadas e suas encantadoras respostas a elas. Ela captou cada inflexão, cada declive na pulsação sensual da voz dele. Ele parecia muito à vontade com as mulheres e satisfeito consigo mesmo.
Ele era um libertino, com certeza. Ela não duvidou de nenhuma das histórias que ouviu sobre ele. Ele exalava autoconfiança e vitalidade, mesmo ferido e cansado.
Ela podia ouvir isso também. Ele estava exausto, mas não pediu as convidadas que fossem embora. Emma pensou em fazer isso, mas ele parecia estar se divertindo.
— Emma, — Bess chamou de onde ela descansava na cama vazia de Malcolm. — Quando você acha que o Sr. Grant estará apto o suficiente para deixar seu quarto sombrio e vir para o meu?
— Alguém mais está preocupada com aquele vira-lata rosnando para nós? — Jane perguntou sobre Gascon.
— É apenas de Bess que ele não gosta. — Mary riu.
— Eu sinto o mesmo por ele. — Bess disse a elas.
Emma deu a ela um olhar sombrio, mas duvidava que qualquer uma das garotas tivesse visto, tão ocupadas estavam cuidando do Sr. Grant.
— Se você deseja ir embora. — Alison disse, aparecendo de repente ao lado dela. — Talvez dê um passeio e encontre seu irmão, eu ficarei e cuidarei dos Grants. — Sua voz era gentil e amigável o suficiente, mas Emma balançou a cabeça.
— É que eu sei que Bess pode ser cruel. — Alison insistiu.
Emma deixou seu sorriso se aprofundar. Ela poderia lidar com Bess.
— Eu já te disse. Bess não me incomoda. Agora, aqui, — ela disse, e entregou a Alison um pequeno frasco de pomada. — Leve isto para Cailean e aplique em seu ferimento. Estou bem. — Ela ouviu Alison voltar ao trabalho, trocando palavras com o resto das garotas enquanto trabalhava.
Emma gostou da determinação de Alison em cuidar de Cailean e do seu ferimento. Ela mal saiu do lado dele, implorando às outras garotas que ficassem com seus clientes enquanto ela mantinha sua vigília. Ela era bondosa e Emma esperava que quando Cailean acordasse, provasse ser de um caráter diferente de seu irmão.
Não que Malcolm Grant fosse desagradável. Pelo contrário, ele era muito simpático. Sua risada veio fácil com as meninas. Foi baixo e gutural e cheio de intenções perversas que fizeram Emma corar antes, quando eles estavam sozinhos.
Havia também aquela melodia desarmante que tornava suas palavras quase musicais. Ela ouviu enquanto ele desafiava suas instruções e falava com as meninas em torno de sua cadeira. Ela gostava do som disso, um pouco duro e rouco.
Inferno, ele era cativante! Ela estava feliz por não poder vê-lo e cair completamente em espasmos de tontura como o resto delas estava fazendo — todas exceto por Alison, é claro.
— Srta. Gray?
Ela piscou, percebendo que ele chamou e ela estava sorrindo como uma idiota.
— Oui, Sr. Grant? — Ela saiu das sombras com Gascon ao seu lado.
— Venha se sentar conosco.
Meu Deus, mas seu convite rouco falado de sua garganta não curada era tentador.
— Diga-me como você sabe tanto sobre cura.
O coração de Emma congelou. Ele iria acusá-la de ser uma bruxa? Ela temia que as meninas, tão cativadas por ele, concordassem.
— Não, eu tenho remédios para misturar e...
— Não pode esperar, moça?
Apesar de suas dúvidas, sua pergunta fez seus joelhos amolecerem. Ele parecia tão sincero.
O que ela deveria dizer? O que ela deveria fazer? Ele era perigoso? Ela deveria dar-lhe mais chá?
Ela precisava afastá-lo bem e tirá-lo de sua vida.
— Sr. Grant, você deve descansar. — Ela deu mais um passo à frente e enxugou as mãos no avental. — Acho que mais um quarto de hora deve ser suficiente para dar um bom descanso a suas admiradoras. Se você preferir não se recuperar, vou deixá-lo em paz.
Imediatamente houve protestos, que ela tentou ignorar. Era difícil com ele rindo e tomando tudo como um príncipe amado em seu trono.
— Emma só o quer para si mesma. — Disse Mary, então riu quando as outras concordaram.
Emma podia sentir seu rosto pegar fogo, mas ela não disse nada e se virou. Ela ouviu as garotas flertarem e ofereceram seus seios como travesseiros e suas coxas para mantê-lo aquecido antes de partirem.
Ela ouviu enquanto Bess prometia coisas que faziam as orelhas de Emma queimarem, junto com seu sangue.
Era assim que um libertino vivia. Malcolm Grant amava alguma das mulheres que levava para a cama? Ele disse que não tinha encontrado o que os homens mais amam em uma mulher. Portanto, claramente não era o que Bess oferecia.
O que ela se importava? Ele era seu paciente. Assim que ele estivesse bem, iria embora.
— Antes dela partir com as outras, eu estava dizendo a Alison que Cailean parecia melhor. Sua cor voltou. Como você fez isso?
Ela inclinou a cabeça, inclinando a orelha. Mas para o corpo inconsciente de Cailean, eles estavam sozinhos.
— Por que é tão importante?
— Não é. — Ele riu. — Não importa então. Estou feliz que ele esteja se recuperando. Você é muito habilidosa.
— Devíamos levá-lo de volta para a cama, Sr. Grant. — Seu coração ainda disparou. O que ele estava pensando? Ela queria conhecê-lo? Ele era o tipo de homem que poderia deixá-la apaixonada e ardente?
— Não, eu quero ficar de olho no meu irmão.
Ela foi até ele e pressionou a palma da mão em sua testa.
— Você está bom, mas pode ter uma recaída se não descansar.
— Eu posso descansar nesta cadeira, Srta. Gray.
Ele estava certo. Ela poderia trabalhar melhor com ele se estivesse sentado. O pensamento dele de costas novamente colocou em chamas ao lembrar sobre tocar seu corpo. O que diabos havia de errado com ela? Malcolm Grant poderia acabar sendo o seu pior pesadelo. Por que ela o deixava excitá-la?
Ela suspirou contra seu pescoço e ele saltou ao roce em sua pele.
— Você está com dor, Sr. Grant? — Ela perguntou, preocupada com a infecção.
— Não. — Ele disse a ela, mas seus ombros estavam tensos. Sua voz soou mais profunda, mais gutural do que antes.
— Acho que devemos levá-lo para a cama agora.
— Moça... Srta. Gray. — Ele se virou um pouco, aproximando o queixo de sua boca. — Você está respirando em mim. Afaste os lábios antes que eu fique tentado a beijá-los.
Ela se afastou rapidamente, ardendo até a sola dos pés. Como ele ousava ser tão atrevido com ela? E se ela não quisesse que ele a beijasse? Ele achava que poderia simplesmente fazer isso sem o consentimento dela e não sofrer quaisquer consequências? O que ele faria se ela o envenenasse?
Ela rasgou outro longo pedaço de pano e o enrolou no pescoço dele. Com um último puxão forte, ela amarrou.
Ignorando sua tosse dolorosa e seu xingamento murmurado, ela contornou a cadeira e se inclinou na frente dele.
— Sr. Grant, o que quer que os outros vejam em você, eu vejo algo diferente. Não estou cega pelo seu rosto. Sua beleza, se você possui alguma, está aqui. — Ela o cutucou no peito. — Você fez uma boa ação pelo Gascon. Para isso eu o trato gentilmente. Mas se você acredita que pode simplesmente me beijar sempre que tiver vontade, descobrirá que está errado, e eu descobrirei que também estava errada.
— Eu não recebo nenhum reconhecimento por avisá-la de minhas intenções?
Ela ficou lá por um momento, tentando decidir se ele estava falando sério ou não. Ela não sabia, então se afastou, sorrindo assim que passou por ele.
Como ele não estava usando a cama que Gunter trouxera para o quarto, e seus pés doíam de ficar em pé a noite toda, ela se sentou no colchão fino e fechou os olhos.
O crepitar do fogo da lareira encheu o quarto pelo que pareceu um longo tempo antes de Malcolm quebrar o silêncio.
— Ele não pode morrer, Srta. Gray.
— Sr. Grant, — Ela disse suavemente. Ela podia ouvir o desespero em sua voz, nua e crua. Sua preocupação com o irmão era genuína. Ela seria honesta com ele. — Estou tentando garantir que isso não aconteça. Mas, em última análise, não depende de mim.
— Ele é muito apaixonado pela vida. Ele era. — Ele disse mais profundamente.
— Você fala como se ele já estivesse morto. Ele não está. Eu acredito que ele vai viver.
Ele se moveu em sua cadeira, sua voz, quando falou, caiu em torno dela como cetim suave.
— Estou aliviado que você o diga. Ele é um guerreiro feroz. — Ele continuou. Emma ouviu porque sentiu que ele precisava falar de seu irmão.
— Ele também é um poeta, embora não seja um 'muito' bom. Onde quer que ele for, o que quer que ele fizer, você sempre poderia encontrar tinta em seus dedos. Ou pintura.
Emma sorriu, imaginando um homem jovem e atraente passando pela vida como uma tempestade.
— Você o ama muito.
— Sim. — Ele disse a ela. — Eu amo. E você e Harry? Ele me disse que vocês se encontraram no mês passado, depois de uma década. Isso deve ser difícil.
— Oui, — ela disse a ele, gostando que ele não fosse alheio aos sentimentos dos outros. — É.
— Como vocês dois se separaram?
— Ele partiu.
Ele ficou quieto por um tempo, e Emma lamentou ter dito se agora ele pensava menos de Harry por causa disso.
— Por que ele partiu? — Ele finalmente falou novamente para perguntar a ela.
— Ele estava com medo, eu suspeito.
— Você nunca perguntou a ele?
— Não, — disse ela, não querendo mais discutir o assunto. — Eu nunca perguntei a ele. Mas chega disso. Parece que Alison está bastante apaixonada pelo seu irmão. — Ela não achou que a mudança de assunto fosse sutil. Ela não importava. — Uma prostituta que perde o coração para o seu irmão o preocupa?
— Não, e isso não me surpreenderia. Corações se perdem sempre que estão por perto dele.
— Então você acredita que o amor é real, Sr. Grant?
— Eu nunca disse que não era, moça.
Era uma loucura que ela gostasse do jeito que ele a chamava de moça?
— Eu sei que é real, — ele disse. — Eu só não quero nenhuma parte disso, e ele não quer nenhuma parte de mim.
Capítulo 07
A luz entrou pela janela e envolveu Emma em uma luminescência quase etérea enquanto ela esmagava algumas ervas perto da mesa de seu quarto.
De sua cama, onde acabou na manhã seguinte fraco e exausto depois de ficar sentado ao lado de Cailean a noite toda, Malcolm desviou o olhar de Emma quando Bess, sentada ao lado de sua cama, perguntou se ele a estava ouvindo.
Ele não estava.
Ele acenou com a cabeça, mas seu olhar queria voltar para a irmã de Harry. Ele se lembrou da respiração dela em seu pescoço na noite anterior, enquanto ela cuidava dele. Inferno, ele não se lembrava de nada o emocionando mais. Ela disparava tanto seu sangue que realmente doía não sentir o gosto de sua boca. Ele gostava de como ela cheirava quando estava inclinada sobre ele. Ele gostava da silhueta de seu corpo através de seu vestido quando ela ficou perto da janela. Ele pensou em beijar aquela boca enquanto ela sorria para seu cachorro ou Alison, ou relaxava quando olhava em sua direção.
Ele prometeu a Harry não se aproximar dela. Seu amigo havia passado por muita coisa para ser traído agora também.
Ele se perguntou se gostar tanto da companhia dela também poderia ser considerado traição. Ela não o bajulava, ria de tudo o que ele dissesse, divertido ou não. Ele achava o conhecimento dela sobre cura fascinante e admirava sua coragem para desafiar suas probabilidades. Se ele tivesse que ficar deitado aqui, preferiria a companhia dela.
Ele temia que sua cabeça estivesse mais gravemente ferida do que qualquer uma delas pensava.
Seu olhar voltou para ela — apenas um olhar para captar a delicadeza de seu perfil, a forma carnuda de sua boca.
Alguém abriu a porta do quarto e ela olhou para Malcolm a tempo dele olhar em seus olhos. Ele começou a sorrir.
— Um grupo de Winthers acabou de partir. — Harry os informou ao entrar.
Malcolm ignorou o leve suspiro de Bess e olhou para o rosto magro de Harry, seus olhos duros e penetrantes.
— Você disse a eles que eu irei matá-los?
— Não, Malcolm. — Seu amigo aconselhou com as mãos trêmulas. — Eu disse a eles que você e seu irmão estavam mortos. Bess, — Disse ele, mal olhando para ela. — Informei as meninas para dizerem o mesmo se perguntadas sobre nossos convidados. E ninguém dará o seu nome. — Quando ela assentiu, ele continuou. — Eu não acho que eles vão voltar enquanto acreditarem que você está morto. Só para ter certeza de que você ficará morto em suas mentes, mandarei costurar roupas inglesas adequadas para vocês dois. Dois homens sobreviveram e provavelmente disseram ao barão que vocês eram Highlanders.
— Tenho certeza de que posso lidar com outro Winther.
— Oliver Winther é diferente, Malcolm. — Harry insistiu. — Não quero esse tipo de perigo aqui.
— Muito bem, Harry. — Malcolm consentiu. — Eu vou deixá-los viver para salvá-lo de uma luta que você não pode vencer.
— Você ou Cailean mataram Andrew, irmão dele.
— Como você sabe que foi um de nós?
Harry o olhou como se ele não pudesse estar falando sério.
— Vocês foram os únicos dois homens com quem eles lutaram. Agora, como eu estava dizendo. Se o barão souber que você está vivo, ele virá aqui e o matará e a mim por tê-lo enganado. Eventualmente, eles vão nos deixar completamente em paz. Ou não vão.
— Essa escolha vai matá-los. — Malcolm jurou. Ele estava farto de fazer promessas que provavelmente não iria cumprir.
— É assim mesmo? — Harry perguntou. — O que você planeja fazer? Lutar contra cem deles em sua condição?
— Minha condição está melhorando. Não é verdade, Srta. Gray? — Ele perguntou a Emmaline enquanto ela misturava ervas em um frasco ao lado da cama e de seu irmão. Quando ele tossiu, ela parou de mexer e serviu uma caneca de chá. Quando ele tossiu pela segunda vez, ainda esperando por sua resposta, ela deixou Gascon levá-la para sua cama.
— O que eu disse a você sobre falar e acalmar sua garganta primeiro, Sr. Grant?
— Oh, Emma, — choramingou Bess, cutucando os ouvidos de Gascon. — Por que importunar o pobre homem? Ele não sofreu o suficiente?
Em vez de responder a Bess, Emma se virou para ele.
— Como está sua garganta, Sr. Grant?
— Dolorida. — Ele respondeu.
— Você prefere que eu pare de 'importunar'? Ou você prefere o chá?
— O chá. — Ele teve o cuidado de não deixar Bess vê-lo sorrir. Bess não gostava de Emmaline. Ele não sabia por quê. Ela podia estar com ciúme, mas ele não tinha interesse em saber. Não faria diferença em nada. Ele gostava que Emmaline não parecesse se importar de uma forma ou de outra se Bess gostava dela ou não.
Ele esperou que ela lhe entregasse o chá, tomou um gole e fez a pergunta novamente.
— Você está melhorando rapidamente, — ela o assegurou. — Mas você não vai lutar contra nada tão cedo.
— Eu estarei pronto para eles em breve. — Ele murmurou, voltando-se para o sorriso encorajador de Bess.
— Harry, — A Srta. Gray disse a seu irmão. — Ele é normalmente tão orgulhoso e teimoso?
— Orgulhoso e teimoso, eu? — Ele tomou um gole de chá e se voltou para ela. — O que é teimosia em estar confiante? Eu conheço minha força e minha resistência, porque eu pratico todos os dias.
Ela dirigiu seu mais leve sorriso para ele, e como um fragmento frágil, perfurou seu peito e aqueceu seu sangue desde sua fonte.
— Não duvido de sua habilidade ou resistência, Sr. Grant. Mas sua cabeça já foi esmagada antes?
Era uma pergunta simples e que ele teria facilidade para responder. Ela estava certa. Seu corpo não estava no auge por causa do golpe na cabeça. Levaria tempo para tonificar sua mente, pensamentos e reflexos de volta às melhores condições. Ela queria que ele se curasse primeiro. Ela estava certa.
Ele deveria ter contado a ela. Ele deveria ter dito algo antes de deixá-la sair com o cachorro, mas não o fez.
— Não dê atenção a ela. — A voz de Bess soou como o canto de uma sereia contra seu ouvido, puxando-o de volta para ela. — Ela não tem mais nada para fazer o dia todo, a não ser pairar por aqui. Pegue as palavras dela e me mostre como você pode se recuperar rapidamente.
Sim, Malcolm concordou silenciosamente, esquecer.
Dormir. Ele bocejou e pensou em sonhar. O rosto de Bess estava posicionado sobre ele. Droga, ele não queria dormir agora...
Seu olhar deslizou para Emma. Ele olhou para sua caneca de chá e fechou os olhos. De repente relaxado e com muito sono ele não conseguia abrir os olhos novamente.
— Och, droga, — disse ele em voz alta. — A bru...
Ele não sentiu a mão de Bess em seu braço, apenas o conforto luxuoso de seu travesseiro.
Ela o drogou.
Emma correu para o outro lado do quarto com Gascon em seus calcanhares. Ela conhecia o caminho. Ela parecia ocupada, embora soubesse que o sono do Sr. Grant não duraria muito tempo. Oh, como alguém aguentava tamanha teimosia? Ele realmente achava que poderia lutar contra os Winthers agora? Idiota. Ele precisava entender que ainda estava muito fraco. Ele precisava descansar para se recuperar. Ela não tinha dormido um pouco, preocupada se ele a acusaria de bruxaria. Bastava uma alma para mexer uma panela. Ele tinha que se recuperar e ir. Emma veria isso feito mesmo se ela tivesse que forçá-lo.
Ela não gostava de Bess perto dele. Que homem de sangue vermelho poderia resistir a ela? Bess mexeria com Malcolm e ele possivelmente teria uma recaída. Mas não se ele estivesse dormindo. Naturalmente, havia um bônus adicional em enriquecer seu chá. Bess queria para si um libertino viril e autoproclamado e uma audiência indefesa. Ele estava acamado, incapaz de fazer qualquer coisa além de ficar deitado e ouvi-la falar sobre si mesma ou desafiar quase todas as instruções de Emma.
O que Emma fez, foi para o bem dele.
Ela o ouviu roncar e sorriu com a frustração de Bess.
— Você têm a aparência de um anjo perverso.
Emma inclinou a cabeça para a voz seca pertencente a Cailean.
— Você está acordado. Graças a Deus.
— Eu estava indo mal, então?
— De fato você estava. — Ela respondeu, verificando o ferimento com a ponta dos dedos. Seco e fresco, assim como o resto dele. Perfeito. — Mas eu acho que vai ficar bem. Você deve estar morrendo de fome. Você vai ter que comer algo leve. Vou mandar trazer sopa.
Ele a impediu de ir com um toque suave em seu pulso.
— Acho que tudo o que você fez há pouco para meu irmão, então, deve ser pelo bem dele. Ele está bem?
— Ele estará em breve. — Emma gostou de como esses irmãos perguntavam um pelo outro antes de qualquer coisa. Ela esperava que um dia sentiria coisas assim por Harry.
— Isso é bom. — Seu tom profundo clareou um pouco, mas não havia humor em sua voz. — Como está seu cachorro?
Ela sorriu. Que gentileza dele lembrar do Gascon.
— Ele está bem, senhor. — Ela deu um passo para o lado para deixá-lo ver Gascon por si mesmo. — Você tem minha gratidão por falar por ele em sua primeira noite aqui.
Ele não disse nada a ela, mas chamou seu cachorro e disse algo baixinho para ele.
— O que você fez ao meu irmão? — Ele perguntou a ela em seguida. Seu tom mudou um pouco. Não era ameaçador, mas se ela fosse culpada de causar algum mal a Malcolm, teria mentido.
— Eu o droguei. — Ela disse a ele honestamente.
— Nada sério, espero? — Ele perguntou, parecendo nem muito curioso nem muito preocupado. — Você é uma curandeira, não uma assassina, mas eu sei que Malcolm pode ser... problemático para alguns.
O quão problemático ele era exatamente? Se ele era tão ruim, então talvez ela devesse mantê-lo dormindo por mais uma noite, então acordá-lo e mandá-lo embora.
— Ele vai dormir um pouco, — ela admitiu para Cailean. — Eu fiz um favor a ele. Bess não é a garota certa para ele. — Ela pressionou levemente seu ferimento.
— Meu irmão não se importa com a garota certa. — Ele disse a ela, mudando seu peso sob seus dedos. Emmaline podia sentir seus olhos sobre ela. — Mas me diga de qualquer maneira, como você sabe quem é a moça certa para ele?
— Eu não sei, mas Bess não tem o melhor interesse no coração de seu irmão. Ele precisa se recuperar. Assim como você. — Ela deixou seu sorriso se alargar, deixando de lado o assunto Malcolm Grant. Quanto menos ela falasse sobre ele, melhor. Então, caminhou para Gascon, isso não significava que ele era um santo. Ela sabia, depois de ouvi-lo com as garotas na noite passada, que ele era tudo menos isso.
— Você é francesa?
Ela balançou a cabeça.
— Passei os últimos dez anos lá. Eu nasci na Inglaterra. — O que ela estava fazendo? Ela não precisava de um amigo, alguém em quem confiar. As pessoas iam e vinham aqui. Ninguém ficava. Seu irmão certamente não ficaria.
— Em apenas mais uma ou duas noites, — ela disse a ele, de volta ao dever, — você pode começar a retornar à sua rotina normal e então seguir seu caminho com seu irmão.
— Ah, jovem Sr. Grant. — Harry alcançou a cama de Cailean e o cumprimentou. Emma podia ouvir aborrecimento na voz de seu irmão. — Malcolm ficará feliz em ver você acordado. Isto é, — ele apontou sua voz endurecida para ela, — se ele acordar do chá.
Droga. Como ele soube?
— É um sedativo leve. — Ela admitiu. — O mesmo que eu dei a você quando estava tão doente. Ele vai acordar logo.
Harry fez pequenos ruídos, então tossiu em sua mão antes de falar com Cailean.
— Você não vai mencionar isso para sua família, eu acredito?
— Seria uma história divertida para contar. — Respondeu Cailean com diversão em sua voz. — Malcolm poderia ter uma moça em sua vida que pode assumir o controle... mesmo pela força, se necessário. Mas não direi uma palavra.
Emma corou. Ele estava falando dela? Ela podia sentir o rubor queimando suas bochechas e abaixou a cabeça para que os outros não vissem.
Deus a ajudasse, por que estava imaginando que a moça era ela? O Sr. Grant se recuperaria totalmente e depois iria embora. Por que ele permaneceria em um bordel? Depois de um tempo, ela suspeitou que mesmo os seios mais voluptuosos perderiam o apelo para a lembrança de casa... ou para a próxima aventura. Ele não ficaria aqui tempo suficiente para que ela se tornasse — aquela moça.
Além disso, seu irmão não estaria interessado em seus seios humildes e feições simples.
Alison voltou para a cabeceira de Cailean e viu que ele havia acordado. Ela o cumprimentou e os dois caíram em um mar de palavras e tons significativos. Harry saiu depois disso, com Bess logo atrás.
Emma deixou Cailean e Alison sozinhos e voltou a se sentar ao lado de Malcolm. Ela não tinha certeza do que pensava dele. Por que ela tinha que pensar algo sobre ele? Quem era ele senão um libertino de partir o coração?
Ela iria parar de pensar nele e esquecê-lo no instante em que ele partisse. Ele certamente não era nada especial. Não era o tipo de homem que ela escolheria para marido.
Cuidar dele era realmente um fardo, ela disse para si mesma enquanto deixava sua cadeira para preparar o remédio. Ela teve pouco prazer em tocá-lo para aplicar seu cataplasma no ferimento em sua cabeça. Sua pele era fria ao toque dela, seu cabelo cortado, macio na ponta dos dedos. Suas têmporas a provocavam e a tentavam a percorrê-las e sentir os contornos de seu rosto. Ela não o fez, mas passou para a garganta e clavícula em seguida. Ela podia sentir as cicatrizes anteriores nele e se perguntou se ele era tão habilidoso com a espada quanto acreditava ser. Ela passou os dedos pelo contorno de seu braço com músculos. Sua respiração explodiu em seus ouvidos enquanto ela imaginava aqueles braços ao redor dela.
A risada de Alison quebrou a imagem, mas apenas por um momento.
Muito rapidamente, ela pensou na intimidade de tocar seus dedos. Eles eram fortes? Sua palma seria áspera contra uma parte mais macia dela? Sua boca ficou seca pensando nisso. Ela aprendeu muito em um mês morando em um bordel. Graças a Deus ele estava dormindo e inconsciente de como ela era ousada.
Ela fez uma pausa e inclinou a cabeça um pouco para ouvir melhor. Sua respiração havia mudado. Ele estava acordado.
Ela puxou a mão. Oh, dane-se tudo para o inferno.
Capítulo 08
Malcolm sabia que ela estava ciente de que ele não estava mais dormindo. Como ela soube? Ele teve o cuidado de não permitir que seus músculos se contraíssem enquanto ela explorava seu braço. Inferno, ele nunca sentiu nada mais sensual do que as pontas dos dedos dela deslizando sobre ele, demorando-se nele... aqui... ali... puxando respirações mais curtas dele.
Ele deveria estar zangado com ela. Ele estava com raiva dela! Ela o drogou! Mas ela o tocou como se quisesse conhecê-lo. Ele queria que ela o conhecesse? Qual o bem que isto faria?
— Cailean está acordado. — Sua voz suave invadiu seus ouvidos.
— Eu sei, — Ele respondeu. — E no bom cuidado de Alison, eu vejo. Cailean? — Ele gritou.
— Sim, irmão?
— Você está bem?
— Sim, Malcolm, é você?
Assim que garantiram um ao outro o bem-estar do outro, Malcolm voltou sua atenção para a irmã de Harry. Ela salvou a vida de Cailean. Ela salvou sua família. Ele queria lhe oferecer um sorriso raro e genuíno, mas primeiro ele tinha uma pergunta a fazer a ela.
— Vou deixá-lo com Alison por mais um ou dois minutos para perguntar isso a você, Srta. Gray. — Ele baixou a voz para que Alison não ouvisse. Ele não sabia se ela iria até Harry e lhe diria que sua irmã estava drogando pessoas em seu bordel. — Você droga todos os clientes do seu irmão?
Sua coluna endureceu e ela cruzou as mãos na frente dela.
— De jeito nenhum. Não.
Ele não ficaria surpreso que houvesse outros.
— Você costuma fingir que está dormindo para poder espionar? — Ela rebateu.
— Eu não estava espionando. Eu estava olhando. E tomando meu tempo com isso também. Mas chega de você me distraindo.
Sua boca se abriu.
— Eu? Eu...
— Eu não me importo com suas outras vítimas. — Ele a cortou. — Não me drogue de novo. Você entendeu?
— Eu não posso te fazer nenhuma promessa. — Ela murmurou algo suavemente. — Eu gostaria de fazer isso agora.
— O que foi isso então?
— Nada, meu senhor.
— Eu não sou seu senhor. — Ele disse, um pouco desinteressado. — E não seja tímida comigo. Não combina com você.
— Você está correto, — ela disse com um canto de sua boca bem torneada curvando-se nos cantos. — Você merece ouvir.
Ela repetiu o que murmurou.
— Talvez, — ele meditou, gostando mais de seu atrevimento do que de ser tímida. — Bess devesse cuidar de mim de agora em diante. Mande buscá-la, por favor.
— Não. — Seus lábios se curvaram em um sorriso tão exasperado quanto vitorioso. Ela não cederia facilmente. — Bess está ocupada nas camas de seus clientes, Sr. Grant. Eu tenho conhecimento de ervas. — Ela lançou-lhe um olhar repentinamente ansioso. — Se você quiser se recuperar, sua melhor opção é comigo.
— Bem, se você é a melhor opção... — Ele mostrou seu próprio sorriso triunfante e empurrou-se para cima na cama para uma posição sentada. Ele deveria estar com raiva porque ela o drogou e o deixou completamente impotente, mas ele estava gostando muito dela.
— Quando posso sair da cama? — Por que diabos ele estava perguntando?
— Sempre que desejar, desde que haja alguém aqui com você para ir me buscar se você cair.
Ele riu.
— Duvido que eu caia.
Ela revirou os olhos.
— Claro que você dúvida. Você é orgulhoso e cheio de si.
— Nae2. — Ele corrigiu. — Estou confiante. — Seu sorriso começou a se transformar em um feito para encantar e conseguir o que ele queria de uma moça. Mas de que adiantava? Ela não era influenciada por isso.
Ele preferia uma mulher que pudesse ver a uma que não pudesse.
— Eu gostaria de sair da cama agora e ver meu irmão.
— Vá em frente. — Ela permitiu.
Ele fez uma careta para ela. Ele não tinha certeza do porquê e jogou as pernas para o lado. Ele deu um momento para tudo parar de girar. Ele não tinha certeza se era sua ferida ou Emma que o desequilibrava. Por que ele estava tão confuso sobre o que sentia por ela? Ele estava com raiva, grato e atraído ao mesmo tempo.
Ele se levantou lentamente, endireitando-se em toda a sua altura. Ele agarrou a cadeira na frente dele, então estendeu a mão para puxá-la para baixo de seu braço. Para uma mulher frágil, ela ofereceu muito apoio. Ela era forte e muito, muito suave. Ele esperava mostrar a ela que não era muito orgulhoso se admitisse precisar da ajuda dela. Por que esperava mostrar a ela alguma coisa, ele não tinha certeza. Era tudo muito perturbador.
Seus olhos se fixaram em seu irmão enquanto ele se aproximava. O alívio ao vê-lo ali, não mais pálido, mas forte, apoiado em alguns travesseiros exuberantes, encheu Malcolm de tal alívio que ele parou para não tombar.
— Você me deu um susto, Cailean. — Ele disse, alcançando-o. — Eu temia dizer a nossa mãe que você estava perdido para ela.
— Não serei morto por uma bala de pistola, Malcolm. A comida neste lugar vai me matar antes que uma bala de pistola o faça. — Respondeu Cailean, trazendo um sorriso ao rosto de Malcolm.
Ele sentiu os olhos de Alison sobre si e voltou aquele sorriso ensaiado para ela. Cailean lançou-lhe um olhar de advertência quando ela corou até as raízes avermelhadas dos cabelos e Malcolm recuou. Mas era bom saber que ele não tinha perdido o charme.
Pena que a Srta. Gray não via. Isso é... pena para ele. Se ele queria ganhar um coração como o dela, não saberia como. Sua aparência geralmente conseguia o que ele queria das garotas e nunca era o coração delas. Ele nunca quis cortejar ou ganhar o coração de uma mulher. Ele ainda não queria. Ele precisava se recuperar rapidamente para que pudesse ficar longe de Emmaline Gray. Ela o lembrava de que seu dragão estava quente em seu traseiro. Ela o lembrava do amor e de como ele era incapaz disso. Ela era um problema. E Malcolm não queria nenhum problema.
Ele se sentou sem ajuda. Ele era forte. Ele estaria de pé e praticando em um ou dois dias e então iria embora.
— Inferno. — Cailean fez uma careta para ele da cama. — Seu rosto parece que está se recuperando de uma surra memorável.
— Felizmente para mim. — Respondeu Malcolm, satisfeito por encontrar seu irmão de bom humor o suficiente para desafiá-lo sobre sua vaidade. — Não me lembro de nada. — Ele se virou para Alison. — Eu realmente pareço tão horrível?
Antes que ela respondesse, Cailean riu.
— Você não vai parar em nada por um elogio, então? Por mais falso que seja?
Malcolm não respondeu de imediato.
Cailean riu.
Um som raro ultimamente. Malcolm queria agradecer a quem quer que fosse o responsável por isso. Ele sorriu para Alison novamente enquanto Emma se agarrava a Gascon e se afastava com Alison para dar aos irmãos tempo para falar em particular.
— Você levou um tiro no pescoço? — Cailean perguntou a ele, aparentemente sem saber o que tinha acontecido.
— Sim, e você no intestino. — Malcolm disse a ele. — Ela tirou a bala da pistola. — Ele acenou para a irmã de Harry do outro lado do quarto, mudando sua roupa de cama com a ajuda de Alison. — Mas antes de agradecê-la, você deve saber que ela é conhecida por drogar seus pacientes, mesmo depois que eles se recuperam.
— Disseram-me que só os teimosos e orgulhosos. — Disse Cailean, ainda sorrindo!
Malcolm não sabia se devia se ofender com seu irmão ou comemorar seu retorno à vida... e mais do que apenas no corpo.
— Todos os que foram criados conosco são teimosos e orgulhosos, então não beba o chá.
Eles riram juntos, como costumavam fazer, como fazem os irmãos. Malcolm jurou silenciosamente agradecer a Emma por tudo que ela fez por seu irmão, pouco antes de ele dar o fora de lá.
Emma podia ouvir cada palavra entre eles. Ela disse a si mesma uma centena de vezes para parar de ouvir e prestar atenção em Alison, mas falhou repetidamente, atraída pelo som de sua voz profunda e doce e seu riso masculino profundo.
Por que ela gostava dele? Ele era como o pessoal na aldeia que nunca apreciou o que Clementine tinha feito tantos por eles.
As pessoas eram todas iguais, principalmente os homens. Não havia nenhum vivo como os que sua mãe costumava contar nos livros. Especialmente Malcolm Grant, um libertino que deixava as mulheres falando sobre ele por vários meses depois que as deixava. E de acordo com seu irmão, ele deixou cada uma delas. Ela não queria pensar nele o tempo todo. Ela não queria cair em alguma fantasia ilusória sobre ele e ter seu coração partido — ou algo pior — quando ele fosse embora.
— Ele está resfriado... Emma, você me perguntou como Cailean estava e nem prestou atenção quando eu disse!
Ah não!
— Me perdoe, Alison! Estou ouvindo, eu prometo!
Alison se conteve, provavelmente para lançar-lhe um olhar duvidoso, mas então continuou, como se mal pudesse esperar para descrevê-lo.
— Ele tem uma aparência que é ao mesmo tempo assustadora e vulnerável. São os tristes olhos dele.
— Triste? — Emma adivinhou.
— Talvez, — Alison falou, soando pensativa e um pouco cativada. Emma suspeitou que ela estava olhando para ele enquanto falava. — Eles são grandes e profundos, — Alison continuou. — Como os oceanos e a cor das ondas ao luar. Mas é o queixo dele que enfraquece meus joelhos. É formado por uma covinha profunda que adiciona ainda mais plenitude ao beicinho do lábio inferior. Eu penso em beijá-lo o tempo todo. Eu não consigo me conter.
Emma sorriu, melhor isso do que se deixar corar até as raízes, revelando seus pensamentos exatos sobre Malcolm.
— Então você deveria beijá-lo. — Ela disse, desejando que se ela tivesse a ousadia de seguir seu próprio conselho, Malcolm não quebraria seu coração. Mas ele quebraria.
— Isso é estranho, Emma. — Alison disse como alguém confiando em sua amiga mais querida. — Embora eu seja uma... — Ela fez uma pausa, lutando para dizer o que iria dizer e finalmente desistiu. — Ele é diferente dos outros. Eu... acho que estou começando a me importar com ele.
Emma estendeu a mão para ela. Ela gostava de Alison, mas estava feliz por não ter se apaixonado por Malcolm da mesma forma. Ainda assim, se Alison tivesse a chance de um futuro com um homem que a amasse, então Emma a ajudaria.
— Se seus sentimentos continuarem a crescer, você deve falar com Harry sobre encontrar outro dever no bordel que possa cuidar além dos clientes. Talvez você possa cozinhar ou limpar os quartos.
— Você acha que ele me deixaria? — Alison perguntou esperançosa. — Quero dizer, se acontecer de haver algo com Cailean. Alguma coisa séria.
Emma acenou com a cabeça.
— Vou emprestar minha voz à sua causa.
Elas concordaram e riram baixinho de suas fantasias bobas.
— Você gostaria da aparência de Malcolm Grant, Emma. — Alison continuou a dizer.
Emma tinha ouvido o suficiente. Ela não queria ouvir como Alison descreveria seu rosto. Ela gostava de deixar seu pensamento criá-lo.
— Seus olhos são azuis como o céu com pontos verdes como um campo, tudo misturados.
Inferno, Emma conhecia essas cores.
— Eles são moldados com mais ângulos nas bordas do que os de Cailean. Seus olhos são mais brincalhões. Diria até que dançam. Ou talvez seja o charme de suas covinhas gêmeas que dão ao seu sorriso diabólico tal vida.
Emma tinha ouvido o suficiente. Ele era um patife despreocupado que tinha vindo aqui para sexo. Nada mais. Então, seus olhos pareciam muito bons. O que isso importava para ela?
— Eu... não me preocupo com ele. — Ela disse mais para se convencer do que Alison.
— Srta. Gray? — Malcolm a chamou.
— Sr. Grant? — Ela respondeu de volta.
— Eu gostaria de compartilhar um pouco de whisky com meu irmão para celebrar sua recuperação.
Ela caminhou até ele.
— Sr. Grant, eu não acho que ficar bêbado...
— Moça. — Ele disse, a parando e parecendo cansado. — Eu prefiro que você pare de negar todos os meus desejos e apenas traga o whisky para nós.
Emma sorriu. Ela não tinha certeza de como conseguiu em vez de arremessar o objeto mais próximo e pesado nele, mas sorriu.
— Eu nego seus desejos porque eles vão te causar mal.
— Agradeço sua preocupação, Srta. Gray... — Ela podia ouvir seu sorriso malicioso em sua voz. —...mas não sou uma criança indefesa.
— Não, mas você é um tolo. — Ela murmurou, e afundou os dedos no pelo do Gascon. Sem outra palavra, ela saiu do quarto.
No corredor, ela enfiou a mão no fundo do bolso da saia e tirou uma bolsa de couro. Dentro havia um poderoso aditivo para dormir feito de lúpulo esmagado e passiflora misturada com um pouco de raiz de valeriana. Ela pegou o sachê ao sair do quarto.
Céus, era tentador.
Não. Ela já havia drogado o Sr. Grant para ajudá-lo a descansar e se recuperar sem distração. Drogá-lo agora seria errado. Mas era tentador.
Ele queria uma idiota sem sentido que obedecesse e mantivesse a boca fechada enquanto isso. Ela com certeza não era essa mulher, embora não negasse que gostaria que ele não fosse um libertino. Como ela poderia gostar dele e ao mesmo tempo não gostar? Ele era um guerreiro irritantemente teimoso que ficou fraco ao ver seu irmão doente na cama, um canalha que de alguma forma a fazia se sentir tão bonita quanto Bess.
Ela não estava familiarizada com os costumes dos homens, mas este fervia seu sangue. Ele era perigoso para seu coração, e talvez para sua vida também. Por que ela não o odiava? Pelo menos, tem medo dele? Ela era tão idiota quanto o resto das garotas.
Ele pegaria seu whisky. O mais barato que ela poderia encontrar no bordel.
Lutar com ele era melhor do que desejá-lo.
Mas primeiro, ela encontrou Gunter, surpreendentemente saindo de um quarto seguido por uma das damas da casa. Emma sorriu quando o perfume de rosa favorito de Brianne flutuou para ela.
— Boa noite, Brianne. — Disse ela, oferecendo um sorriso genuíno. Embora ela fosse a melhor amiga de Bess, Brianne sempre foi gentil com ela.
— Boa noite, Emma.
Gunter gemeu quando Brianne respondeu a ela.
— Como estão seus pacientes esta noite?
— Muito bem, obrigada. — Emma gostou por ela perguntar e depois deixá-la sozinha com Gunter.
— Não diga a seu irmão. — Disse seu velho acompanhante, sabendo que era contra as regras ele ter relações com as garotas. Ele era o guarda de Harry, não um cliente pagante. Ele foi emprestado para ser seu acompanhante no último mês e agora, graças a Gascon, voltou ao seu primeiro dever: proteger Harry.
— Eu não vou. — Ela prometeu. Ela quase não dizia nada a Harry, e depois das perguntas de Malcolm, ela chegou à conclusão de que não se importava se ela e Harry se aproximassem. Ela queria mudar isso agora. Quando ela deixou a França, ela queria seu irmão de volta. Uma década se passou e Harry não era quem ela se lembrava. Mas havia algum motivo para desistir de sua família? — Onde está meu irmão?
— Na cozinha, provavelmente.
Ela agradeceu e deu um passo adiante antes de parar novamente.
— Oh, Gunter, onde Harry guarda o whisky mais barato?
— Todo o whisky é barato. Mas o pior deles está na segunda prateleira à sua direita.
Ela sorriu em sua direção e acenou antes de continuar.
Ela encontrou seu irmão onde ela deveria ter suspeitado que ele estaria. A cozinha era o santuário de Harry... ou seu inferno. Era o lugar onde, de acordo com o que Emma ouviu certa noite Mary contando a Alison, que esposa de Harry havia sido morta quatro anos atrás por um cliente bêbado que havia entrado na cozinha.
Ele saltou de seu banquinho quando ela o chamou e a conduziu para seu assento.
— O que é isso? São os Grants?
— Eles estão bem, Harry. Vim falar com você sobre outra coisa. Eu tenho algumas questões.
— Tudo certo. — Ele concordou com a pergunta e arrastou outro banquinho para mais perto. — Você quer saber por que eu te deixei.
— Não. — Ela disse a ele. — Eu quero saber por que você não voltou para saber se eu vivi ou morri.
— Eu voltei. Disseram-me que você morreu. Quase todos na aldeia morreram, Emma. Eu não sabia sobre Clementine.
Oui, ela entendeu e o perdoou por isso.
— Por que você perdeu a casa de nossa família? — Ela trouxe a seguir esta pergunta. Maldição, ela estava com raiva disso. Ela acabou de admitir para si mesma. — Eu por muitas noites sonhava em voltar. Agora eu nunca poderei. Por que significou tão pouco para você ter vendido?
— Significou tudo para mim. — Seu tom caiu e sua voz quebrou e falhou. Sua boa audição captou a mudança em sua respiração. — Era tudo o que me restava. Literalmente, tudo. Eu estava falido e prestes a perder a última coisa que poderia chamar de minha. A casa não estava me fazendo bem. O que era uma cama se você tivesse que dormir nela todas as noites sem saber se ainda a teria no dia seguinte? Paguei meus devedores e comprei este lugar para tentar ganhar umas moedas.
Ela não esperava que ele tivesse um bom motivo para vender a casa, mas tinha. E ela o perdoou. Ela sorriu para ele do jeito que queria fazer no último mês. Ela queria cuidar dele e o fez. Ele não era um bruto impensado, mas um homem tentando sobreviver. Ela percebeu que não sabia sobre ele porque não entendia suas razões para as coisas que ele fazia e, em vez de perguntar, permaneceu com raiva.
Ela perguntou a ele sobre sua esposa, Lenore. Havia perguntado a ele sobre ela uma vez antes, quando chegou, e descobriu pouco, Harry adiava falar sobre o que aconteceu. Agora ele disse a ela como um cliente bêbado tinha entrado na cozinha e tentado fazer o que queria com Lenore. Ela lutou e foi esfaqueada. A comoção atraiu a atenção de Harry e de outro cliente.
Malcolm Grant não conseguiu salvar Lenore. Mas ele salvou Harry.
Ela suspirou um pouco depois, pegando o bom whisky na prateleira de Harry.
Capítulo 09
Emma estava deitada na improvisada cama de cobertores e travesseiros e ouvia Malcolm e as respirações constantes do Cailean por mais um momento antes de levantar.
Vestida apenas com sua camisola e um robe, ela saiu do quarto na ponta dos pés com Gascon ao seu lado.
Todos no bordel estavam dormindo. Todos os clientes foram embora, pois nenhum deles tinha permissão para passar a noite. E a noite acabara. O amanhecer estava prestes a romper e Emma não queria perder isso. Ela quase nunca perdia.
Harry nunca aprovaria que ela saísse furtivamente com apenas Gascon ao seu lado, mas o cão era o suficiente. Ele nunca a levou para o perigo, e depois de percorrer o mesmo caminho com ele por um mês, familiarizando-se com seu novo ambiente, ela se sentia confiante o suficiente para se mover sem cautela.
Ela caminhou em direção à cozinha, uma das mãos perdida no pelo de Gascon, a outra e erguida diante dela, mais por hábito do que por necessidade.
Ela saiu correndo pela porta dos fundos e deu um passo para o mundo prestes a despertar. Ela deu uma grande golada de ar, sorriu e seguiu em frente. Ela adorava experimentar o nascimento do dia sozinha. Isso enchia seu mundo de cor. Como verde, mas não o verde de que ela se lembrava vagamente. Se dependesse dela descrevê-lo, ela falaria da umidade fresca e viscosa que se instalava em tudo, despertando a terra fértil. Acordando a ela. O ar com cheiro de orvalho inundou seus pulmões e a banhou em renovação. Isso era verde. O vermelho veio momentos depois com o sol nascente e o calor sedutor que a envolveu. Ela dançou ao som dos pássaros cantando para a refeição matinal e quase não errava o meio de uma árvore. Duas vezes. Sua própria risada encheu seus ouvidos e o ar ao seu redor. Ela abafou a voz para que alguém não a ouvisse e pensasse com certeza que era uma bruxa maluca. Eles nunca acreditariam no que a manhã trazia para ela, então ficou em silêncio, sorrindo enquanto caminhava.
Até que um galho quebrou atrás dela e Gascon começou a rosnar.
Malcolm amaldiçoou seu passo, que geralmente era tão ágil e gracioso como uma aranha. Ela ouviu o estalo do galho? Como ele iria explicar a ela o que estava fazendo seguindo-a em sua caminhada antes do amanhecer? Ela o acharia estranho e perigoso, ou lamentável e insultuoso.
Ele a ouviu se levantar de sua cama improvisada e sair do quarto. Ele a seguiu porque... Porque... sem que ela soubesse, ele a viu usar de cautela para não acordá-lo ou Cailean antes de partir. Ela não estava correndo para o banheiro. Ela ia fazer algo que não deveria, e ele queria saber o que era.
Ele não esperava que ela deixasse o bordel, mas nada deu-lhe lógica quando se perguntou por que saiu atrás dela.
E então o sol nasceu e a banhou em raios de luz dourados e quentes, e a lógica abriu asas e voou. Ele tinha ouvido sua risada, visto ela brincar como uma ninfa da floresta, encantando-o até perder os sentidos.
Ele só perdeu o juízo por um instante. Isso foi tudo que ele precisou para pisar em um galho.
— Quem está aí? — Ela gritou.
Droga! Ele deveria responder? Ela teria medo se ele não o fizesse.
— É Malcolm, — Ele confessou, e deixou a cobertura das árvores. Ele se moveu em direção a ela, e cada passo que o trouxe para mais perto tornou-se mais fácil de dar. Ele parou a alguns metros de distância, porém, vendo sua expressão ansiosa... e as presas de Gascon. — Eu ouvi você sair do quarto, — ele explicou, observando suas longas mechas douradas caindo sobre seus ombros, suas bochechas vermelhas, seus olhos, tão grandes e assustadores. — Eu só queria ter certeza de que você estava segura.
— Obrigada. — Disse ela. Ela não parecia zangada. — Mas estou perfeitamente bem. Por favor, volte para a cama. O ar da manhã está muito frio para você.
— Estou perfeitamente bem também.
— Você é teimoso. — Ela argumentou.
— Você também.
Ela o olhou e ele sorriu para ela, embora ela não pudesse ver. Não importava. Ele queria se aproximar. Tão perto dela quanto Gascon estava. Seria mais difícil do que ele pensava quando ela girou nos calcanhares para deixá-lo.
— Você quer ficar sozinha então? — Ele deu mais passos e a seguiu novamente.
Ela virou o ouvido em direção ao som dele se aproximando dela e curvou a boca para ele. Ele pensou em beijá-la.
— Se eu responder oui, você vai embora?
— Não. — Ele respondeu honestamente.
— Você negaria os desejos de uma senhora? — Ela perguntou a ele.
— Você pode ficar sozinha mais tarde.
Em vez de uma série de reações diferentes que ela poderia ter tido, ela sorriu para ele e então inclinou o rosto para o céu.
Malcolm não pôde evitar que seu olhar caísse faminto em sua garganta exposta. Sua boca ficou seca e seu coração acelerou ao vê-la, então ele desviou o olhar.
— Como é que os modos do seu irmão são impecáveis e você não tem a menor cortesia? Cada um de vocês cresceu em uma casa diferente?
Agora foi a vez dele rir.
— Não, moça. Nós crescemos juntos. Ele tinha mais interesse nos contos de minha avó sobre Arthur e vários outros cavaleiros.
— Eu conheço essas histórias, — disse ela. — Minha mãe sempre lia para mim. Esqueci muitas coisas, mas não seus contos de honra e cavalheirismo. — Ela sorriu para o passado, fazendo-o querer estar lá com ela. — Eu sinto falta daqueles cavaleiros.
— Eles são difíceis de esquecer.
— O que é o que os torna heróis.
Ele riu, então se sentiu um pouco enjoado. Ele não era um herói.
— Eu me inclinei mais para outras atividades. — Ele a informou.
Ela deu a ele um sorriso malicioso.
— Mulheres.
— Lutando, — ele corrigiu. — Pratiquei todos os dias com alguns dos meus primos.
— Ah, oui, esqueci que você é o guerreiro mais habilidoso de toda a Escócia.
— Um dos mais habilidosos. — Ele corrigiu.
— Me perdoe.
— Você zomba de mim.
Ela se virou para rir dele e tropeçou em um ramo. Gascon ganiu, mas não foi culpa do cachorro que ela caiu. Ela não estava prestando atenção para onde Gascon a levava. Ela se sentou na grama, o cabelo caindo sobre parte do rosto, e riu de si mesma.
Malcolm a observou, ficando mais condenado a cada momento que passava. Ele não tinha certeza do que preferia mais, a adorável ruga de seu nariz quando ela ria, ou o som dela, como uma sinfonia de pequenos sinos anunciando algo maravilhoso. Ele queria saber o que era esse algo.
— Eu acho que rasguei minha meia.
Ele baixou o olhar para a mão dela, alcançando sua perna. Ele a observou puxar a saia sobre o joelho e sentir o rasgo. Ele viu, mas não disse nada, com vergonha de estar olhando. Ela não tinha ideia de como parecia sedutora para ele, e que seu gesto era parte de um apelo. Se ele não reagisse, ela não saberia que ele era um canalha.
Por que ele se importava? Essa era uma pergunta que começava a incomodá-lo. Ele nunca tinha sido tentado sem sentido por uma mulher antes. Porque agora? Quão forte ele foi atingido na cabeça?
— Você deveria ir.
Sua voz doce o assustou. Seus olhos desviaram o olhar da curva bem formada de sua panturrilha. Como ela poderia saber?
— Meu irmão não gosta que eu me relacione com os clientes.
É isso que eles estavam fazendo? Consorciando? Ele não pôde deixar de sorrir para ela.
— Eu não sou um cliente. Não paguei por nenhuma moça aqui.
Ela ergueu o queixo para ele. Seus olhos escuros e sedutores o examinaram mais profundamente do que a mera visão jamais poderia.
— Então?
— Então, — ele respondeu, curvando-se para sentar na grama com ela, — nós podemos nos relacionar.
Ela assentiu com a cabeça e encolheu os ombros.
— Se Harry fosse a única coisa que me impedisse, poderíamos.
Havia duas perguntas que ele poderia fazer a seguir. Ele poderia perguntar a ela o que era a outra coisa, ou...
— Impedindo você de quê?
Ela mordeu o lábio inferior e ficou um tom mais escarlate. Mas ela falou. E o surpreendeu que ela disse.
— Queria beijar você.
Nada na vida de Malcolm o havia tentado como a confissão sincera de Emma. Ela queria beijá-lo. Isso fez seu coração disparar. Isso o fez esquecer por um momento por que ele havia deixado de ser um libertino e do que ele fugia. Ele se inclinou, sua boca a centímetros da dela. Ele queria isso e muito mais. Apenas uma noite com ela... Não. Ele se recostou. Ele lutou contra a tentação por muito tempo. Ele não iria falhar agora... não com uma moça que ele admirava e a quem devia a vida dele e de Cailean. Ela merecia mais do que uma relação sexual sem sentido.
Ela riu de novo, mas desta vez seu nariz não se mexeu.
— Não foi isso que eu quis dizer. Devo ter batido com a cabeça quando caí. Oui. — Ela levou a mão à cabeça. — Pronto, sinto um calombo.
Pelas bolas de Satanás, ele nunca quis beijar uma moça tanto em sua vida! Mas ele não a forçaria. E ele não quebraria sua palavra para Harry, ou para si mesmo.
— Devemos voltar então.
Ela acenou com a cabeça e ficou tensa quando ele se aproximou dela, colocou as mãos sob seus braços e a pôs de pé.
— Não diga a Harry que saí. — Disse ela antes que ele a soltasse.
— Não vou contar a ele.
— Dê-me sua palavra. — Ela exigiu.
— Como você sabe que vou falar sério? — Ele perguntou.
Seus olhos pareciam olhá-lo profundamente, de modo que ela parecia estar ouvindo o ar. O que ela ouvia? Ele se perguntou enquanto ela recuava.
— Se você diz que vai, — ela disse, — então é sua palavra. Você iria quebrá-la?
— Depende.
Resposta incorreta. Ele soube quando ela fez uma careta e acelerou o passo com Gascon, de volta ao bordel. Qual era a resposta correta? Não dependia de cada circunstância? Às vezes, quando um inimigo o captura e se dá a palavra de não matá-lo se ele o deixar ir, é perfeitamente normal voltar atrás. Quem diabos manteria sua palavra sobre isso de qualquer maneira? Ele deveria explicar as coisas para ela? Não. Por que se preocupar? Ele partiria assim que pudesse. Ele sabia que seu corpo precisava de tempo para se curar completamente. O mesmo acontecia com o de Cailean se pretendiam se vingar de alguns Winthers.
— Falei com Harry ontem à noite, antes de levar seu whisky.
Ele se virou para ela enquanto caminhavam. Ele não queria beber o whisky, não tinha certeza se ela o tinha drogado. Ela deu sua palavra que não tinha. Mesmo assim, ele bebeu uma caneca e fez Cailean esperar meia hora antes de beber.
Ela não tinha feito isso.
— Eu fiz a ele algumas perguntas que estavam em minha mente. — Ela continuou. — E eu perguntei a ele sobre Lenore.
Malcolm não tinha certeza do por que ela estava contando a ele, mas por alguma razão, gostou que ela o fizesse.
— Você nunca perguntou sobre ela antes? — Ele perguntou a ela.
— Não. E ele nunca se ofereceu para me dizer. Na noite passada, porém, ele me contou o que aconteceu. Ele me disse que você estava lá.
Ele acenou com a cabeça, esquecendo por um momento que ela não podia ver. Ele abriu a boca para esclarecer, mas foi interrompido por Alison vindo até eles, sem fôlego.
Malcolm e Emma empalideceram ao sol da manhã.
— O que é? — Malcolm perguntou em uma respiração agitada, sabendo o que quer que fosse, era sobre seu irmão.
— A febre dele aumentou. — Alison disse a eles à beira das lágrimas.
Malcolm saiu atrás de Emma e Gascon. Eles entraram no bordel e subiram correndo as escadas. Quando chegaram à cama, Emma estendeu a mão para Cailean e pressionou a palma da mão em sua testa.
— Você está mais quente. — Ela confirmou com a voz trêmula, inclinando-se para mais perto dele. Ela descansou a cabeça em seu peito e ouviu atentamente por um ou dois momentos e então se endireitou novamente.
Atrás dela, Malcolm estava prestes a perguntar o que estava acontecendo e se precisava de sua ajuda, quando ela girou nos calcanhares e se aproximou dele.
Ele a pegou pelas mãos, ficando perto de seu corpo, a um fio de cabelo de distância. O instinto de pegá-la doeu em seu ombro, perto de sua clavícula, onde ele foi baleado.
Ele precisava se curar. E Cailean também.
— O que você precisa? Diga-me e eu vou buscar.
Ela inalou profundamente sob seus dedos antes de dizer a ele.
— Meus frascos estão todos etiquetados. Consegues ler? — Ela não parecia esperançosa.
— Sim, com certeza, eu posso. O que você precisa?
Horas depois, Malcolm caiu na cadeira perto da cama de seu irmão. Sua mão tremia quando ele a levou à cabeça.
— Malcolm. — A voz de seu irmão ficou mais fraca em uma hora. — Eu vou ficar bem. Alison está aqui e ela pode ajudar Emma. Vai. Vá e deite-se antes que essas pobres moças tenham dois de nós para cuidar de novo.
— Oui, venha. — Malcolm sentiu os braços magricelas, mas fortes, alcançá-lo sob os braços e dar-lhe um puxão. — Vamos te levar de volta para a cama.
Se ele já não estivesse meio adormecido, teria sorrido porque Emma pensou que poderia levantá-lo.
— O que é isso, moça? — Ele perguntou quando ela o puxou para longe da cama de Cailean. — Se ele está se curando, por que está com outra febre?
— Infecção, provavelmente, — disse ela em voz baixa. — Nós demos remédios para infecções, Sr. Grant. Ele é forte...
— Sim, ele é.
— Ele vai ficar bem. — Ela o confortou. — Melhorar esta noite.
Ela sorriu e maldição, isso acelerou seus pensamentos sonolentos. Ele ainda não a agradeceu por trabalhar sem parar para preparar e administrar todos os seus remédios a Cailean. Ele queria agradecê-la, mas outro pensamento lhe ocorreu enquanto bocejava.
— Você me drogou de novo, Srta. Gray?
— Honestamente, Sr. Grant, — ela soprou, e deu-lhe um pequeno empurrão que pousou sua bunda na cama atrás dele. — Seu corpo é feito de carne e sangue. Como o resto de nós. Vai ficar sonolento com ou sem a sua aprovação.
Ele fechou os olhos e acenou com a cabeça. Ela estava certa. Ele a sentiu mover seu cobertor sobre sua barriga, cuidando dele depois de cuidar de seu irmão durante toda a manhã. Ele queria ficar de pé quando agradeceu, mas não podia. Ele pegou a mão dela antes que ela se afastasse.
— Senhorita Gray. — Ele sussurrou. — Emmaline.
— Sr. Grant?
— Eu quero... beijar você também.
Capítulo 10
— Ele deve tomar pelo menos sete goles, Alison.
— Sete, sim, Emma.
Depois de seis dias ao lado de Cailean, Alison ganhou a confiança de Emma para cuidar dele como ela mesma faria. Alison gostava muito do Grant mais jovem. Emma não a culpava. Cailean era atencioso e agradecido, ao contrário de seu irmão.
Não que Malcolm Grant não fosse prestativo ou... Bem, na verdade, ele não era. Ele era encantador e tentador, e a fazia querer jogar a lógica, a cautela e tudo mais para o vento. Quando ele disse a ela que gostaria de beijá-la também, cada terminação nervosa em seu corpo se acendeu e a deixou queimando, seu sangue fervendo.
Mas ele não foi atencioso nem muito cortês. Ele não agradeceu por nada. Não que ela fizesse nada para receber agradecimentos. Ela não queria. Mas ninguém nunca agradeceu a Clementine também. Ela gostava dele, mas ele a assustava. As pessoas não eram confiáveis. As pessoas de sua aldeia não haviam provado isso o suficiente com Clementine?
Bess parecia gostar dele, apesar de todas as suas imperfeições. Sim, ela voltou bem a tempo de saudar Malcolm quando ele acordou de sua hora de sono.
Isso foi há sete horas. Ela teve a maldita noite de folga, e sua voz estava levando Emma à beira da loucura.
— Oh, Malcolm, — ela murmurou de sua cadeira no final da cama de Cailean. — Eu não sabia que você possuía seu próprio castelo. Como você chama isso? Ravenwing?
— Ravenglade. — Malcolm a corrigiu. Ele só teve que corrigi-la três vezes agora. Ele não parecia se importar, pelo menos não como Emma se importava. Na verdade, ele parecia bastante divertido... um pouco tolerante demais se alguém perguntasse a opinião dela — o que não perguntariam. Mas então, isso era o que Malcolm Grant gostava, não era? Mulheres de rosto pintado, vestidas de seda e cetim, babando em cima dele e rindo de tudo que ele dizia?
Emma lançou a ambos uma expressão azeda. Na verdade, Bess era tão estúpida e Malcolm tão facilmente cativado?
— Eu não moro lá, entretanto. — Ele continuou, perdendo completamente a carranca de Emma.
— Oh, Alison! — Bess riu e esticou os tornozelos no colchão. — Você não adora como eles falam? Ele não morava lá.
— Nae. — A risada dele parecia um pouco treinada e falsa, mas ele continuou o jogo porque gostava de toda a atenção que Bess estava dando a ele. — Se é você quem está dizendo isso, então 'seria': Ele não 'mora lá.'
— Agora, Malcolm. — Bess riu como uma idiota. — Você está me confundindo!
Ugh! Emma quase vomitou. Era isso que uma prostituta fazia por moedas? Os homens realmente gostam de simplórias mulheres? Malcolm? Ela não poderia fazer isso se isso significasse sua vida.
— Eu adoraria ir para sua Ravenglade e passar algum tempo privado com você. — Bess ronronou como uma gatinha satisfeita. Mestre em sua profissão. — Tenho certeza que você poderia negociar um preço justo com Harry. Talvez depois de nosso tempo juntos você possa decidir me manter com você.
Então! Isso é o que ela queria! Ela queria que Malcolm a tirasse desta vida, a mantivesse! Emma sentiu vontade de gritar. Ela balançou a cabeça em vez disso. Ela não queria estar aqui ouvindo isso, mas se recusou a deixar seu paciente sozinho com essa sedutora. Se Bess conseguisse, ela o levaria para a cama. O que Emma se importava? Infelizmente, ela se importava muito. Ela poderia fingir que estava preocupada com a tensão no corpo de Malcolm se ele dormisse com Bess. Mas ela tinha certeza de que ele ficaria bem. Era mais do que isso. Ela estava com ciúmes? Ela gostava dele? Oui, ela gostava. Ele salvou a vida de seu irmão. Se não fosse por ele, Gascon ainda estaria lá fora. Ela não sabia se estava com ciúme, mas o que quer que ela sentisse não era agradável. Ela tinha que intervir e impedir Bess de seduzi-lo.
— Sr. Grant. — Disse ela em voz baixa. — É tarde. Cailean precisa dormir.
— Sim, é claro. — Ele concordou e se levantou.
— Você tem permissão para sair deste quarto? — A voz de Bess irritou os ouvidos de Emma.
— Posso ir aonde eu quiser. — Respondeu ele.
Ele estava certo. Emma não o impediria. Deixaria que ele se machucasse ainda mais. Ela não importava. Ela se virou.
— Venha comigo para o meu quarto, então. — Bess compeliu como uma feiticeira. — Sem custos.
Emma ficou furiosa. Ela deveria apenas deixá-lo ir, já que ele parecia gostar muito da tolice de Bess. Seria muito bom ter as garras de Bess o perfurando.
No mês em que Emma esteve aqui, três clientes se apaixonaram pela melhor garota de Harry, mas a sereia loira os rejeitou impiedosamente.
— Bess, — disse ela, falando pela primeira vez naquele dia. — Eu acho que Harry pode se opor a você oferecer seus serviços sem nenhum custo.
Um movimento de tecido e o equilíbrio igual de som em ambas as orelhas revelaram que Bess se aproximou um pouco mais e se virou para encará-la.
— Emmaline. — Sua voz se arrastou pela carne de Emma como o gume de uma espada bem afiada quando ela se levantou. — Seu irmão já me ofereceu ao Sr. Grant sem nenhum custo. Ainda não desfrutamos de sua generosidade. Mas vou providenciar para que o façamos. Eu sei que você pediu a algumas das garotas para descrever o Sr. Grant para você. Já estive com ele antes e deixe-me dizer que ele...
— Bess. — A voz de Malcolm caiu como um martelo, parando Bess momentaneamente.
Nesse tempo, Emma queria correr. Oh, como ela gostaria de poder se esconder, não da descrição dele, mas da dela mesma. Ela parecia patética e desesperada, pedindo aos outros que o descrevessem. Oh, ela não conseguia terminar o pensamento. Ela não era uma pombinha fraca de se sentir pena ou uma imbecil tateante. Ela se sentia mortificada na frente... dele. Oui, sua opinião importava para ela. Ela não queria. Ela nem sabia se gostava dele! Mas isso não mudava nada. Ela sabia que suas bochechas coradas a traíam. Mas se Bess viu sua mortificação, ela não poupou Emma nem um pingo de pena.
— Quando eu terminar com ele, — Bess continuou friamente, — Eu irei até você e descreverei seu corpo e a maneira como ele se encaixa dentro de mim. Você gostaria disso, querida?
— Quando você terminar comigo? — Malcolm interrompeu com uma risada tão fria. — Moça, fala como se eu pudesse perder meu coração para você.
Emma fechou a boca e engoliu em seco. Bess devia estar furiosa, ou à beira das lágrimas, como Emma poderia estar se Malcolm tivesse falando com ela assim. Emma sabia que Malcolm Grant não era nenhum cavaleiro de armadura brilhante ou qualquer outra coisa, mas ela não esperava que ele enfrentasse Bess e especialmente não à custa de dormir com a prostituta mais bem paga do bordel. Os homens não discutiam com Bess. Por que Malcolm estava fazendo isso?
— Fique fora dos meus negócios, Emmaline. — Bess a advertiu, afastando-se da cama. — Especialmente quando eles o envolvem. Ou seu cachorro vai pagar por isso.
Ameaçar o Gascon estava indo longe demais. Emma conhecia suas limitações, mas ela estaria condenada se ficasse parada e deixasse alguém machucar seu cachorro. Ela deu um passo à frente, mas um par de mãos enormes se fechou em torno de sua cintura fina e a deteve.
— Deixe-a ir, moça. — A respiração de Malcolm estava quente contra sua orelha. — Deixe ela ir.
Malcolm não viu Bess partir. Seus olhos estavam fixos em Emma quando ela se afastou de seu abraço e dele. Ela voltou para o lado de Cailean, mas seu irmão estava dormindo. Ela fez tudo que podia por ele. Não havia mais nada por enquanto.
Malcolm sabia que Bess a tinha envergonhado. Ele ficou zangado quando ela zombou de Emma por sua visão, ou a falta dela. Ele não dava a mínima se Bess acreditava que ela poderia fazê-lo ofegar atrás dela. Ele interrompeu para evitar que Emma ficasse cara a cara com a língua tão vívida que Bess possuía.
Surpreendeu-o um pouco que se importasse com os sentimentos de Emma. Ele não era um canalha completo, mas as pessoas com os quais ele normalmente se preocupava eram sua família. Emma não era da família. Mas ele se importava da mesma forma. Isso não o preocupava muito. Toda a conversa em Camlochlin sobre honra estava armazenada em algum lugar no fundo de sua cabeça. Ele raramente o usava. Ele não precisava na maioria das vezes. Ele nunca ficava tempo suficiente para se importar com nada. Mas ele estava aqui. Agora. E ele não ficaria parado e não faria nada quando alguém estava sendo maltratado.
Quanto a Bess, ele não tinha nenhum interesse nela e não se importava se ela soubesse ou não. Disse a si mesmo que também não sentia nada por Emma. Ele gostava dela, mas isso era tudo.
— A febre dele continua? — Ele perguntou a ela, olhando Alison ao mesmo tempo. Gascon se moveu entre ele e Emma, e Malcolm pousou a mão na cabeça do cachorro.
Ele teria uma conversa com Bess sobre ameaçar Gascon e a deixaria saber que isso não seria tolerado. Mas agora ele queria tirar Emma da cabeça dela.
— Ele está um pouco quente. — Emma disse a ele. — Nada preocupante. — Ela deu um passo em direção aonde seu cachorro deveria estar e pousou a mão sobre a de Malcolm. Ela se afastou, mas ele a segurou pelo pulso por um momento.
Lágrimas se acumularam em seus olhos, fazendo-as brilhar na luz suave quando ela inclinou o queixo para ele.
Ele deveria ter desviado o olhar. Por mais que odiasse admitir, a necessidade de ajudar estava obviamente enraizada em algum lugar profundo em sua cabeça, nas histórias de cavalaria de sua avó.
— Ele e Harry são tudo o que tenho. — Sua voz tremia junto com sua mão quando ela a levantou para afastar uma lágrima de seu rosto. No momento em que ela o fez, seu comportamento mudou. Seus ombros se endireitaram como se ela estivesse se resignando a algo. — Se ela pretende prejudicar qualquer um, você não vai me impedir de lidar com ela.
Ele queria sorrir com a ferocidade de sua lealdade, mas a razão puxou seu coração.
Sua vida seria tão diferente em Camlochlin, rodeada de risos e amor, e outros cães.
O pensamento veio antes que ele pudesse detê-lo. Ele deveria sair do quarto. Ele deveria deixá-la. Mas ele não conseguia nem desviar o olhar.
— Vou adverti-la, Emma.
Ela acenou com a cabeça e ofereceu-lhe um leve sorriso. Ele se perguntou se ela já beijou um homem antes. Ela tinha uma boca bonita com lábios carnudos e naturalmente corais, feitos para beijos apaixonados e uma vida cheia de risos. Pena que ela raramente sorria.
Ele colocou a mão dela no pelo de Gascon.
— Venha. Dê um passeio comigo lá fora.
— Mas é noite.
— Sim, e a lua está cheia. Eu desejo chegar a...
— Não, eu não posso. — Ela se moveu para passar por ele quando ele se abaixou para pegar as botas. — Harry já se preocupa o suficiente comigo. Se ele me pegar à noite...
— Eu estarei com você. — Ele a alcançou enquanto ela se dirigia para a porta com Gascon. — Você estará segura. — Ele saltou em suas botas e quase colidiu com ela. Gascon rosnou para ele. — Você vai me contar sobre sua vida.
Ela tentou protestar.
— Eu não...
— Alison. — Ele se virou para ela. — Não estaremos longe.
— Estaremos separados, — Emma corrigiu. — Não vou sair daqui com você no escuro. Você está começando a provar que sua reputação é verdadeira.
— Eu nunca disse que não era. — Ele a seguiu para fora do quarto e para o corredor.
Ela parou por um momento para pensar sobre o que acabara de ouvir. Gascon ergueu os olhos para o rosto dela e gemeu.
— Sério, — ela disse, continuando. — Eu me sentiria melhor se você ficasse na cama por enquanto. Você ainda não está forte o suficiente.
— Eu alimentarei sua ignorância quando se trata da força de um guerreiro das Terras Altas porque você... Que graça você tem sobre isso?
Ele observou o sorriso dela se aprofundar, como o nascer do sol sobre os pântanos. Ele provavelmente deveria estar com raiva porque ela achou o tópico de sua força divertido. Mas a visão dela acelerou seu coração a um ritmo enlouquecedor, e o único pensamento que ele teve foi como poderia fazê-la sorrir com mais frequência.
— Se você não está 'deixando' o bordel comigo, então para onde você está indo? — Ele se aproximou. — Um encontro clandestino com seu amante, talvez?
Ela se virou e quase tocou seus lábios com os dela. Ele se aqueceu por um instante em sua respiração quente antes que ela recuasse e colocasse o punho no quadril.
— Oh, então você acha que eu sou uma prostituta?
— O quê? — Droga, era tarde demais. Ele percebeu o que disse e que a única saída era negar. — Não, de forma alguma.
— Eu deveria dar um tapa na sua cara. — Ela o interrompeu com uma ameaça sedosa que ele achou totalmente cativante.
Ele sorriu.
— Então não há ninguém.
Ela jogou a cabeça para trás, dando a ele uma visão cintilante de sua garganta.
— Você é insuportável. Você sabia disso?
— Eu nunca ouvi isso antes, não.
Seus olhos se arregalaram com sua provocação e seus lábios deliciosos se curvaram em um sorriso.
— Vou acompanhá-lo, Sr. Grant. — Ela finalmente permitiu. — Mas você vai me contar sobre sua vida e como se tornou tão arrogante.
— Confiante. — Ele corrigiu, tirando a mão dela de seu quadril e levando-a para as escadas.
Capítulo 11
Eles não iriam muito longe do bordel. Emma ficou surpresa quando Malcolm parou a uma curta distância da porta, ao lado do pequeno riacho que ela havia visitado tantas vezes. Ele se sentou e a convidou a fazer o mesmo.
— Eu gosto daqui. — Ela disse a ele, sentando ao lado dele próximo a um canteiro de cogumelos. — Eu gosto de como soa.
— Eu não posso ver muito na luz minguante. Diga-me o que ouve? — Ele perguntou a ela em uma voz suave e terna.
Ela sorriu e ouviu.
— Água fluindo suavemente e as gotas caindo nele, o farfalhar das folhas nas copas das árvores, como a vibração suave de vozes intermináveis na brisa leve. Posso ouvir criaturas noturnas correndo na vegetação rasteira, uma lebre, talvez, em busca de comida no escuro.
— Sim. — Ele sorriu. — Eu também ouço. Passei muitas noites dormindo sob as estrelas e nunca prestei atenção aos sons naturais ao meu redor.
— Meus ouvidos se tornaram minha visão. — Ela disse. — Posso ouvir as mudanças na respiração de uma pessoa, reconhecer o pisar de pés, o ritmo de uma marcha. — Ela sabia como Malcolm respirava: profundo e lento, como ele tivesse todo o tempo do mundo. Ela sabia como ele andava: determinado e firme. — O som revela as coisas que não consigo ver.
— Isso é incrível. — Confessou ele, parecendo realmente interessado.
Ela não contou a ele sobre o cheiro... ou o toque também a ajudavam a ver.
Ela não queria falar sobre sua infância e ser lembrada de que o mesmo que acontecera com Clem poderia acontecer com ela. Ele não parecia o tipo de pessoa que lhe contava muito sobre si mesmo, então ela perguntou a ele sobre seu irmão.
— Ele perdeu alguém próximo a ele?
Malcolm estava olhando para ela enquanto ela descrevia a noite e seus sons. Ela poderia dizer pelo som de sua voz soando perto de seu ouvido. Ele não se virou quando falou com ela agora.
— Você tem uma maneira diferente de ver, não é?
— Há profunda tristeza em sua voz. — Ela disse a ele. — Eu assumi...
— Cailean não fala sobre isso. — Sua respiração parou e mudou de ritmo. — A cadela dele, Sage. — Disse ele. — Ela morreu depois de salvá-lo e aos nossos primos.
Emma puxou a grande cabeça de Gascon para perto dela.
— O que aconteceu?
— Cailean, Patrick e Tamhas partiram em uma aventura em Nairn em busca de algumas moças que conheceram em Sleat. Eles encontraram as garotas e foram pegos beijando-as no celeiro da família. De acordo com os rapazes, foram amarrados e chicoteados completamente pelo pai das moças. Não sabemos até onde ele teria ido ou se os teria deixado viver. Ele não acreditava que suas filhas tivessem apenas sido beijadas. Sage estava com eles. Quando os rapazes foram capturados, ela voltou para Skye de alguma forma enfrentando a chuva e granizo da temporada. Ela levou meu pai e meus tios até os rapazes e os salvou.
Emma ficou maravilhada com tal cachorro e notou a queda no tom de Malcolm quando ele falou dela.
— Ela adoeceu pouco depois disso e morreu uma semana depois pela exposição ao frio.
— Oh, que terrível. — Emma disse em uma voz baixa e horrorizada. Ela deu um aperto em Gascon que o fez gemer. — Não sei o que faria.
— Nem Cailean, — Malcolm disse a ela. — O som de seu coração partindo ecoou pelo seu peito, e até hoje ninguém em Camlochlin ousa falar dela na presença dele. Cailean também não fala dela. É como se ela nunca tivesse existido. Mas ela existiu, e sua morte afetou meu irmão profundamente.
Emma enxugou uma lágrima do rosto. Não era de admirar que Cailean tivesse uma atitude melancólica. Ela tinha pensado que ele não parecia feliz até que acordou com Alison ao lado da cama. Seu coração se partiu por Cailean, mas a reação de Malcolm à dor de seu irmão fez seu coração pular. Ela sempre se perguntou quais braços a confortariam com a morte de Gascon. Seu amado amigo era velho, pelo menos doze anos. Com quem ela choraria? Harry? Ele nem gostava de Gascon.
Nisso, Cailean teve sorte.
— Você é um bom irmão, Sr. Grant.
— Malcolm. — Ele corrigiu suavemente, sua respiração um pouco superficial.
— Malcolm, — ela cedeu, deixando-se desfrutar a intimidade de falar seu nome. — Cailean tem sorte de ter você.
— Isso é gentileza sua, moça. Mas, — disse ele, rindo baixinho, — meus irmãos podem discordar.
— Eu não me importo se eles discordam. — Ela deu um tapa na coxa. — Eu sei o que vejo.
Perturbada de seu lugar de descanso, uma rã saltou e pousou em seu colo e a assustou. Ela se assustou, então saltou um pouco. Nos braços de Malcolm.
Ele a pegou em seu abraço. A sensação de seus músculos rígidos mantendo-a perto — e quente — acendeu seu sangue em chamas. Céus, mas ele estava quente. Ela queria rir. Ela o fez. Ela riu em seus braços como uma idiota e não se arrependeu quando ele a puxou para mais perto.
Ele a tinha em seus braços. Onde ele a desejava desde que acordou. Ela se encaixava perfeitamente, sua cintura fina pressionada contra a dele, seu decote leitoso subindo e descendo contra seu peito, seu traseiro rechonchudo o tentando além da razão para tomá-lo totalmente em suas mãos e içá-la sobre ele.
E depois? Levantar suas saias sobre suas coxas e ela sobre seu pênis duro? Ele queria, mas ele nem sempre fazia o que queria, apesar do que seus parentes pensavam. Ele quis matar William Buchanan alguns anos atrás, quando o laird entrou em Ravenglade sem avisar e sem ser convidado, mas ele não o fez. Ele não era um prisioneiro de seu coração. Pelo menos, ele nunca tinha estado antes.
Ele a soltou, lentamente, relutantemente, acariciando seu rosto antes de afastar seu toque completamente.
Ele não queria correr o risco de machucá-la. Ela gostava dele.
— Devíamos voltar. Harry pode estar procurando por você.
— Oui, é claro, — ela concordou, e se levantou. — Obrigada, Malcolm.
— Por quê? — Ele sorriu para ela.
— Por parar antes que eu tivesse que pegar minha faca para você.
O sorriso dele se suavizou com a sinceridade dela. Deixaria ela pensar o que faria supostamente. Ele poderia tê-la desarmado em um instante. Mas ele não era inteiramente um trapaceiro.
Foi a primeira coisa que o animou desde então. Inferno, ele não se lembrava. Não importava quando, mas o quê. Uma moça. Uma moça que estava de alguma forma encontrando uma maneira de entrar em sua pele, mais profundamente a cada momento que passava com ela. Até onde ela poderia ir? O pensamento de, na verdade, finalmente se apaixonar por alguém o assustava profundamente. Principalmente porque o que ele sentia nunca era amor e ele sempre ia embora derrotado e mais vazio do que antes.
— Você está sorrindo, Sr.... Malcolm?
— Eu não deveria estar, mas na verdade, Emmaline, estou.
— Você não acha que eu posso te matar se precisar? — Ela desafiou.
— Não acho que você queira me matar. O desejo faz toda a diferença.
— Veremos. — Ela cantarolou, passando por ele.
Ele riu, observando-a partir na penumbra. Ele não podia ver muito dela, mas não importava.
O mais atraente nela era o modo como não tinha permitido que a cegueira a dominasse. A vitória dela foi difícil neste mundo cruel. Mas ela aprendeu como deixar um cachorro conduzi-la. Ela tinha compaixão por estranhos e coragem para lidar com valentões. Ela sabia tanto sobre plantas e ervas quanto sua tia Isobel em Skye...
...O que o povo de Skye pensaria de Emmaline Gray?
Lá estava ele de novo! Ele, pensando em levá-la para casa! Era uma loucura! Por que ele faria isso? Ele parou seus passos por um instante. Por que ele permitia que seus pensamentos viajassem em direções tão desconhecidas quando se tratava dela? Por que diabos ele estava pensando em Emma em Skye?
Ele queria balançar a cabeça para clareá-lo. Por que ele estava ficando tão nervoso? Ele não sentia nada por ela além de profunda gratidão. Ele estava confundindo com outra coisa.
Ainda assim, ele desejou ter Gascon para segurar quando as nuvens passassem pela lua e ela diminuísse os passos e virasse o rosto para ele ao mesmo tempo.
— Há algo errado, Sr. Grant?
Seus sentidos estavam tão aguçados ou ele estava obviamente desconfortável? Ele sentiu como se ela pudesse vê-lo. Partes dele que ninguém olhava há muitos anos. Ele não tinha certeza se estava pronto para deixá-la ver tanto.
— Só... — Ele riu, sentindo-se tolo. O que ele diria a ela? Que ele pensava nela com frequência e não sabia o que isso significava. Ele não tinha começado a se importar com ela. Não poderia ser isso. Nunca tinha sido assim antes. — Não é nada, Srta. Gray.
— Ah, claro. — Sua voz caiu como sussurros de seus lábios quando ela se virou e deu um puxão em Gascon. — Se é assim que você prefere.
Ele mal a ouviu, mas mal já era o suficiente.
— Prefere o quê? — Ele a perseguiu até a porta do bordel.
— Nosso tempo juntos será assim sempre. — Ela disse, entrando na cozinha escura.
— Como você acha que eu prefiro que seja? — Ele bateu o pé na perna de uma mesa pesada, mas mal parou seus passos atrás de uma moça cega — que não tinha tropeçado — e seu cachorro.
O que diabos estava acontecendo com ele?
Ele deveria estar preocupado?
— Parece que você prefere engano e jogos a... outros atributos.
Ela estava certa. Às vezes, ele realmente preferia segredos e jogos. Mas não esta noite. Ela valorizava a verdade e honestidade e ele queria dar a ela. Ele queria dizer que ela vivia em seus pensamentos, noite e dia, cada vez mais, e não sabia o porquê. Mas ele não conseguiu falar. Ela pensaria que ele era um tolo. Ele já se sentia como um. Como foi que ele era um especialista no quarto, mas quando se tratava de assuntos de seu coração, ele não tinha ideia do que diabos estava fazendo?
— Às vezes, a verdade é mantida escondida por uma razão nobre.
Ela inclinou o queixo em sua direção, um sorriso curvando as pontas de seus lábios enquanto eles saíam da cozinha e se aproximavam das escadas.
— O que você sabe sobre nobreza, Sr. Grant?
Ele sorriu e baixou o olhar.
— Não muito.
— Ah, honestidade! Melhor!
Ele ouviu sua risada doce e ergueu os olhos para vê-la passando por ele com Gascon.
— Você já está melhorando.
Talvez ele estivesse. Um pouco. Ele sorriu e depois riu atrás dela.
— Diga-me, Emma. Que outros atributos me faltam?
Ela parou e levou o dedo indicador ao queixo e bateu nele.
— Vamos ver. Humildade, por exemplo. Isso é grande. Você não possui muito disso.
— Por que eu deveria? — Ele perguntou, encostado no corrimão, sem se ofender. — A humildade alguma vez ganhou uma batalha?
Seus olhos escuros pousaram sobre ele, procurando, ouvindo.
— Não há batalha aqui.
Inferno, se ela estivesse certa. Isso, ele estava relativamente certo, era o início da maior luta de sua vida. Cada vez que ele estava com ela, seu coração batia o tambor da batalha.
— Lealdade, — ela lançou para ele, junto com um cacho loiro por cima do ombro.
— Eu sou leal a meus parentes. O que mais?
— Gratidão. — Ela disparou suavemente, virando-se no topo da escada para encará-lo.
Gratidão? Inferno, ele estava grato. Quantas vezes ele a agradeceu por salvar a ele e a Cailean?
Inferno, nenhuma.
— Eu... Ehm, eu...
— Oui? — Ela cutucou suavemente.
Oh, asno! Ele gostava de uma moça que não era afetada por seu sorriso confiante com covinhas. Uma moça que olhava além da moldura e esperava mais.
Mais, Malcolm Grant não poderia dar a ela. Ele gostaria de poder. Na verdade, se se apaixonar fosse possível para ele, ele não se importaria em ficar com ela.
— Emma?
— Oui?
— A partir desta noite, vou dormir na cadeira.
— Se você desejar.
— E obrigado por salvar a vida do meu irmão.
Ela ergueu uma sobrancelha melosa para ele.
— Não pela sua?
— O minha é... — Ele deixou suas palavras desaparecerem no ar entre eles e se virou. Como ele poderia dizer a ela que não havia mulher que sofreria sua morte por muito tempo? Nenhuma moça cuja vida ele afetou profundamente. Isso o atingiu não muito depois de deixar o Fortune’s Smile, quatro anos atrás. Em vez de lutar contra o dragão, ele lutou contra seus desejos físicos e dedicou seus dias a viajar e praticar luta. Se ele estava fora do cavalo, estava na ponta dos pés em longas caminhadas. Isso tinha feito bem a seu corpo, o endureceu mais, acelerou seus reflexos e manteve seus pensamentos longe de coisas que ele não queria enfrentar.
— Eu só posso sentir por você, Sr. Grant.
Ele olhou para o topo da escada. Ela tinha sussurrado essas palavras ou seu próprio coração solitário as evocou? Como ela poderia saber o que ele estava pensando? Senti-lo? E então dizer a única coisa que poderia fazê-lo duvidar de que ele fosse deficiente, afinal?
Ela não disse mais nada nem deu qualquer indicação de que havia dito algo um momento antes. Ele a observou retornar em sua caminhada para o quarto que compartilhavam. Atrás dela, ele se permitiu imaginar o que perder o coração faria com ele, se fosse, afinal, possível?
Porque ela? O que havia nela que estava começando a mantê-lo acordado à noite? Inferno, o que não havia sobre ela? Tudo. Ele gostava dela. Ele a admirava.
Inferno, ele precisava de uma bebida.
Capítulo 12
— Eu acho que seu irmão e Emma gostam um do outro. — Alison sussurrou acima do rosto de Cailean. — Ela foi passear com ele horas atrás. Você acha que ele vai tentar beijá-la? Eu não acho que ela já foi beijada antes.
Cailean sorriu e levou a mão ao rosto. Seu corpo estava ardente ao olhar para sua suculenta boca rosa. Se ele estava com febre, era por causa dela e não por causa de algum ferimento a bala.
— O que eu fiz para ganhar tanta atenção? — Ele perguntou a ela.
Inferno, ele amava como aquele rubor rosa situar em seu nariz antes que ela falasse.
— Você fala como se minha atenção fosse algo a ser cobiçado.
— Você acha que eu lutaria contra quatro Winthers por você se não fosse assim?
Ela ergueu o queixo e sorriu para ele com força total.
Ele não mentia, gostava da aparência dela. Ela se destacou para ele naquela primeira noite pela forma como seu cabelo castanho-avermelhado capturava todos os tons da luz de velas, a maneira como ela se movia pela sala de jantar, e quando, em um momento, ela se virou, como se sentisse seus olhos sobre ela, e encontrou seu olhar. Ele pensou que nunca tinha visto olhos tão verdes quanto os dela. Depois de conhecê-la um pouco naquela noite, ele decidiu que por ela valia a pena lutar, valia mesmo a pena.
— Ninguém jamais lutou por mim antes. — Ela disse a ele, seus olhos esmeralda brilhando como chamas dançantes.
— Então eles são tolos sem benefício.
— Possivelmente. — Ela sorriu. — Mas eles não estão deitados indefesos em uma cama, costurados como o bordado de uma senhora.
— Aos seus cuidados, — Ele apontou. — Impotente para seus encantos.
A risada dela o fez esquecer tudo o mais, coisas que o atormentavam, como a grande cabeça de Sage em seu colo, sua respiração superficial, um gemido baixo vindo de sua garganta. Ela não deixaria ninguém afastá-la dele. Seus olhos cinza-claros se fixaram nos dele enquanto ela dava seu último suspiro.
— Emma está certa, você tem olhos tristes. — Alison disse a ele, pegando sua mão.
— Nae, — ele respondeu, tentando ficar acordado. — Eu estou feliz. Quando eu abro meus olhos e vejo você aqui, fico feliz.
Ele queria beijá-la. Era tudo o que ele pensava e a última coisa que lembrava. Mas ele sorriu para Emma quando ela voltou sem seu irmão.
Emma encostou a orelha no peito de Cailean e ouviu seu padrão de respiração. Ela ergueu o dedo para acalmar Alison quando a garota começou a desejar boa noite. Ele dormiu a maior parte da tarde e da noite, acordando intermitentemente para sorrir para sua admiradora. Alison estava perdendo seu coração para Cailean. Ficou claro no jeito que ela ria de tudo que Cailean dizia, nas respirações melancólicas que ela respirava quando falava com ele, ou dele com Emma. Harry estava sendo gentil ao deixá-la ficar ao lado de Cailean por dias, sem trabalhar. Mas o que aconteceria quando seu irmão insistisse para que ela voltasse?
— A febre dele voltou, Emma? — Alison perguntou a ela, sua voz tensa e à beira do alarme.
— Não foi totalmente embora. — Emma disse a ela. Por que não foi? Ela estava fazendo algo errado? Ela era uma curandeira com todos os remédios à sua disposição. Ela fechou os olhos porque quando era pequena os fechava para orar. Ela orou agora por Cailean Grant, não porque temesse que sua família viesse aqui para vingá-lo. Ela gostava dele e da honestidade em seu tom. Sua morte seria difícil para ela, para Alison, mas principalmente para Malcolm.
Mantenha-o conosco, ela implorou ao Senhor.
— A febre está baixa. — Ela assegurou a Alison enquanto se endireitava. — Ele vai ficar bem. — Sorriu para convencê-la, embora ela mesma não estivesse convencida. — Agora, vá dormir um pouco. Se você ver Malcolm, mande-o para mim. — Ela tinha que contar a Malcolm.
— Emma?
Emma parou e deu toda a atenção a Alison. A pobre garota precisava de mais garantias de que Cailean sobreviveria. Emma faria tudo, tudo o que ela soubesse para mantê-lo vivo.
— Você se importa com Malcolm.
— O quê? Não! Eu...
— Está tudo bem. Compreendo. Mas gostaria que soubesse que ele olha para você o tempo todo. Ele se ilumina ao vê-la, quando você fala com ele, e se apega a cada palavra. Só pensei que você deveria saber disso. — Ela se aproximou e antes que Emma soubesse o que fazer, Alison se inclinou e beijou sua bochecha. — Boa noite, Emma. Eu estarei de volta na primeira luz. — Ela se inclinou e sussurrou coisas para Cailean que Emma gostaria de não ouvir.
Por que um simples beijo em sua bochecha a deixaria tão chorosa? E por que saber que Malcolm a olha o tempo todo e se ilumina quando a vê fazendo com que ela se sinta tão incrivelmente desejada? Emma ficou feliz em ouvir a porta abrir antes que Alison pensasse que ela estava louca por causa do sorriso tolo em seu rosto.
— Oh, Sr. Grant!
A descoberta de Alison do outro lado da porta arrancou o sorriso de Emma. Seu irmão não estava bem e ela precisava contar a ele.
— Aqui está ele, Emma. — Alison gritou da porta. — Bem, boa noite.
Sua presença encheu o mundo de Emma com cargas crepitantes que deixaram seus nervos em chamas, cheiros de turfa, whisky... e rosa. Onde ele esteve na última hora? Quando eles voltaram de sua caminhada, ele estava bem atrás dela.
— Você estava procurando por mim? — Ele entrou no quarto e correu para a cama do irmão. — Cailean está bem?
Ela queria dizer a ele oui, seu irmão estava bem. Mas ela não conseguiu.
— A febre voltou, pior desta vez.
Ele tocou a bochecha de Cailean e praguejou baixinho.
— Por quê?
— Eu não sei. — Ela disse a ele verdadeiramente. — Eu não entendo por que essa febre está persistindo. Está começando a me preocupar.
— Eu pensei que ele estava estável. — Ela podia ouvir a preocupação em sua voz também.
— Ele estava, mas são minhas ervas o mantendo assim. Temo que haja algo que não estou vendo, algo que perdi.
Ele ficou quieto por alguns instantes e ela achou que tinha contado muito a ele.
— Como você soube como tratá-lo? — Ele finalmente perguntou, soando à beira de algo.
— O que você quer dizer?
— Você sabia que ele tinha uma bala de pistola alojada no estômago. Como? Você usou suas mãos?
Ela balançou a cabeça.
— Não. Alison descreveu e eu procurei um ferimento de saída, mas não havia nenhum.
— Ela disse que era o único ferimento?
Emma não tinha verificado! Ela não tinha verificado por si mesma! Muita coisa estava acontecendo. Ela nunca cuidou de homens que foram baleados em uma luta.
Mas ela só ouviu dois tiros. O coração de Emma caiu no chão, mas ela conseguiu permanecer de pé. Outra ferida! Ele foi esfaqueado! Não! Teria havido mais sangue.
— Precisamos verificar o corpo dele. — Gritou ela, apressando-se em fazê-lo sozinha.
— Podemos movê-lo? — Malcolm perguntou.
Ela assentiu e eles o moveram suavemente. De seu sono profundo, Cailean gemeu, e Emma também.
— Emma.
O medo na voz de Malcolm fez sua respiração ficar mais curta.
— Há uma ferida. — Disse ele. — Uma fatia, pequena em tamanho, não profunda.
— Está infectado. — Ela adivinhou. Era a única maneira de um pequeno corte deixá-lo tão doente.
— Sim. — Ele confirmou.
Emma parou de respirar e contou, sentindo-se tonta. Quatorze. Outra ferida. Ela tinha perdido isso. Uma coisa tão pequena e facilmente tratada e agora ele poderia morrer por causa disso. Por causa dela. Ela recuou e quase caiu sobre a perna da cadeira.
Malcolm a pegou.
— Você não pode desistir dele agora, moça. Por favor. Você tem que ajudá-lo. Você é a única aqui que poderia.
Ele estava certo. Não havia tempo para se sentir responsável. Agora não.
— Eu não sei se...
— Você pode, — ele a cortou suavemente. — Podemos. Eu vou te ajudar, Emma. Já fizemos isso antes.
Ela assentiu. Mas não era a mesma coisa. Eles poderiam perdê-lo desta vez.
— Deite-o de bruços.
Ela não diria a Malcolm o alto risco. Ela lutaria para ajudar Cailean a viver.
Duas horas, quatro bacias de água doce e trapos fervidos, doze misturas de diferentes pomadas, Emma cobriu o ferimento de Cailean com folhas e enxugou as mãos.
O jovem Sr. Grant vivia. Por enquanto. Cada hora seria crucial. Quando não havia mais nada a fazer por ele, Emma se sentou em sua cama emprestada e Malcolm se sentou na cadeira ao lado dela.
Depois da maneira como Clementine fora tratada por seus pacientes, Emma nunca se importou com quem ajudava ou não. Por que ela deveria se importar? Para que eles pudessem queimá-la viva depois? Ela mal confiava em Malcolm para não denunciá-la. Ele faria isso depois que ela ajudasse seu irmão, ou porque ela quase deixou Cailean morrer?
Seria melhor se ela nunca pegasse outra erva. Ela não tinha lugar para aprender medicina quando não podia ver seus pacientes.
— Sr. Grant.
— Sim?
— Quero que saiba o quanto sinto por não... — Ah, ela não queria ser responsável pela vida de ninguém! Cailean era um jovem muito vital. O pensamento de sua morte por causa de sua negligência partiu seu coração e a fez fazer algo que não fazia há anos.
— Você está chorando, Emma? — Ele estava fora da cadeira em um instante e sentado ao lado dela na cama no seguinte. Ele colocou um braço ao redor dela e com a mão livre ergueu seu queixo para dar uma olhada nela. — Och, moça, não chore. — Ele parecia dolorido o suficiente para quase fazer Emma parar.
— Eu deveria ter verificado ele com minhas próprias mãos. — Ela chorou.
Ele a puxou para perto e a segurou enquanto ela se recompunha e fazia o possível para parar de chorar. Estar em seus braços não era como nada que ela já experimentou antes. Nenhum homem a segurou assim. Nem mesmo Harry. Este era um abraço, consumindo, terno, mas firme, um escudo contra as coisas mais duras da vida. Ela não queria se mover novamente.
— Venha, moça. — Sua voz era tão profunda quanto as sombras, acariciando-a, confortando-a. — Não vamos desistir dele agora.
— Mas eu deveria ter...
— Cala-te agora, Emma.
Ele acariciou a nuca dela com a mão e a fez suspirar contra ele como uma inocente imaculada. Mas ninguém estava imaculado.
— O que está feito, está feito. — Ele disse, afastando-a para que pudesse olhá-la. Ela podia sentir seu olhar, sua atenção sobre si, e ficou tentada a levar as mãos ao rosto dele e o olhar por si mesma.
— Nós avançamos agora, sim? Nós salvamos meu irmão.
— Oui. — Ela prometeu, embora lutasse para conter as lágrimas. Ela não pensaria em não ser capaz de salvar Cailean. Eles poderiam fazer isso. Eles fariam isso. — Oui, nós o salvamos.
Ele tocou sua bochecha com os dedos, assustando-a. Instintivamente, ela recuou, levando-o a voltar para sua cadeira.
Como ele a perdoou tão facilmente por quase matar seu irmão? Como ele a puxou tão facilmente de um abismo de culpa?
— Obrigada. — Ela disse suavemente. Não parecia o suficiente.
— Por quê? — Ele perguntou. — Você que fez todo o trabalho.
Era atencioso da parte dele dizer isso. Emma não pôde deixar de sorrir. Na verdade, ela de repente se sentiu muito feliz. Ela não sabia como ele a fazia esquecer que não confiava nele completamente, mas ele sim.
— Você é um mistério. Num momento você prova que os boatos são verdadeiros e no próximo, você me tenta a parar de acreditar no que elas dizem sobre você.
Sua risada cadenciada e líquida a invadiu, obrigando-a a lhe contar tudo.
— O que elas dizem?
Ela saiu de seu abraço e jogou a cabeça para trás para suspirar para o teto.
— Que você é um mestre em... — Ela parou antes que suas bochechas queimassem e traísse seus pensamentos. — Que você é descuidado com os corações.
— Ah, mas é verdade. — Sua voz era bela, rouca e maravilhosamente sensual. — Leve tudo que você ouviu a sério. Eu sou o próprio diabo.
Ela balançou a cabeça.
— Demônios não fazem ninguém se sentir à vontade. — Lá estava ela sorrindo como uma leiteira estúpida novamente. — Os demônios também não têm escolha a não ser serem terríveis. Você sabe como confortar uma mulher, Sr. Grant.
— Malcolm.
— Se você for descuidado com os corações, — ela continuou, com medo de que o nome dele em seus lábios pudesse de alguma forma tocar seu coração e em um único momento a condenar a uma vida de saudade, — é porque escolheu sê-lo.
Por alguns momentos, apenas o crepitar das chamas na lareira e a respiração de Cailean encheram seus ouvidos.
— Você é muito intuitiva, Srta. Grey.
— Você não é tão difícil de ler se alguém escuta com atenção. — Ela disse a ele.
— É assim mesmo? — Ele se aproximou dela, como se quisesse puxá-la para seus braços novamente. Embora sua respiração parecesse um pouco errada, a diversão em seu tom a fez se virar para ele.
— Diga-me o que ouve então.
Ela encolheu os ombros e abaixou a cabeça. Ela estava perfeitamente ciente da respiração profunda e pesada de Cailean. Um bom sinal.
— Você é insensível, mas eu suspeito de uma fachada. Então, novamente, você pode realmente acreditar que não dá a mínima para a maioria das coisas, mas se importava com um cachorro na chuva.
— Muito bem, — disse ele, imbuíndo-a de admiração que fez sua barriga estremecer. — Você está quase, exatamente, certa sobre mim, Emma.
— Qual parte está errada?
— Estou certo de que não dou a mínima. Não é baseado em eu acreditar ou não. A trilha de moças que machuquei é prova suficiente.
— Você se arrepende?
— Eu... — Ele riu por um momento, mas parecia desconfortável. — Eu... — Ele tentou novamente enquanto se afastava, deixando sua risada desaparecer. — Lamento muitas coisas.
Ela foi longe demais, rápido demais. Se alguém não conhecesse o caminho, ela certamente tropeçaria se corresse dele. Ela achou que a melhor saída era tirar a luz dele.
— Eu descrevi você. — Ela disse brincando. — Agora me descreva.
Ele demorou muito e Emma queria pensar que era porque ele a estava estudando com mais frequência do que aparentava, como Alison disse.
— Você é inteligente, corajosa e determinada. Muito 'agradáveis' qualidades para uma mulher.
— Verdadeiramente? — Ela perguntou, lembrando o quão tola Bess tinha soado antes. — Você admira essas qualidades?
— Claro que eu admiro. Todas as mulheres de Camlochlin são fortes. Minha irmã, por exemplo, e você gostaria de Caitrina. — Ele continuou, voltando para sua cadeira.
— Bem, — disse Emma, recostando-se na cama e fechando os olhos para ouvi-lo. — Eu gosto do seu irmão, então isso não me surpreende. Mas me fale sobre ela.
— Ela era uma diabólica também. Agora ela é uma pirata.
Capítulo 13
Malcolm não dormiu, ficou acordado até o sol nascer. Ele passou a maior parte da noite observando Cailean e Emma dormindo. Seu irmão acordou duas vezes e Malcolm cuidou dele, seguindo exatamente as instruções de Emma. Ele não a acordou. Ela já tinha feito muito. Se sua mãe descobrisse o quão perto seu filho mais novo esteve de morrer, Malcolm se asseguraria de contar a ela como a Srta. Emmaline Gray salvou sua vida, cuidando dele noite e dia.
Malcolm gostava de vê-la fazer isso, preocupando-se tanto com uma vida que ela não conhecia.
Ele passou os poucos minutos que tinha antes de Cailean adormecer confessando a seu irmão que havia contado a Emma sobre Caitrina e como ele a ajudou a convencer seu pai de que ela pertencia a seu Capitão Kidd.
Ele ficou um pouco surpreso quando Cailean lhe fez uma pergunta simples, pensando que seu irmão não estava completamente lúcido.
— Por quê? — Cailean perguntou a ele. — Por que você disse a ela?
Sim. Por que de fato?
Malcolm não tinha certeza do porquê. Ele encolheu os ombros e permaneceu quieto, pensando em seus motivos.
— Eu não tenho dormido bem. Eu não tinha nada para fazer a não ser conversar. — Era apenas meia verdade. Ele poderia ter feito várias coisas diferentes. Ele escolheu falar com ela porque gostava de fazer isso.
— Lembre-se do que ela fez por nós, Malcolm. Não quebre seu coração. Por Harry. Faça por seu próprio irmão. Não a machuque.
Havia muito mais do que esse pedido de Cailean. O que mais ele poderia ter dito? Não a machuque. Era isso que Malcolm fez, não era? Ele quebrava corações. Não era algo de que se gabasse ou de que se orgulhasse. Ele não fazia isso para se sentir de uma certa maneira, para mostrar a outros homens... ou para partir o coração de qualquer moça. Ele gostaria de ter mais, uma esposa, talvez alguns filhos. Mas o que ele deveria fazer, casar com uma moça que ele não amava, talvez ele nunca amaria? Ele não queria isso nem para si mesmo ou para qualquer garota. Ele queria... Inferno, por que ele estava pensando sobre isso? Ele havia tentado sentir amor antes, o tipo que os outros homens de Camlochlin haviam encontrado. Ele nunca sentiu isso. Ele finalmente desistiu, rejeitando-o como este sentimento o havia rejeitado. Mas dane-se, ainda o seguia, uma falta insatisfatória o insultando, atormentando-o. Todos pensavam que o conheciam, o patife, pisoteando corações em três países diferentes. Era verdade que ele não tinha problemas para deixar as moças em lágrimas, mas nunca pisou em seus corações.
E ele não tinha desfrutado do prazer do corpo de uma mulher em quase quatro anos. Ele pensou em Emma perguntando se ele se arrependia de ser um libertino. Ele se arrependia. Ele se arrependeu de tudo isso. A cada dia ele se arrependia mais. Ele viajava com frequência, quase na maior parte do tempo, evitando qualquer tipo de conexão emocional estando sempre em movimento, sempre um passo à frente do dragão.
Isso mudou. Ele deixou o dragão entrar. Não havia para onde fugir. Ele não podia deixar Cailean. O rapaz era sua responsabilidade.
Ele desviou o olhar de seu irmão e o fixou, como se não tivesse controle sobre seu próprio corpo, em Emma. Ele estava louco? Ele gostava dela. Ele a admirava e a achava forte e inteligente... e boa. Ela tinha um bom coração formado com compaixão e humildade — quando ela lidava com Bess — que ela usava como um manto e graça. Ela o desafiou a ser mais do que apenas um libertino. E apesar de seus vestidos sem graça e rosto sem pintura, ele a achava mais hipnotizante do que qualquer mulher que ele já conheceu antes. Ele tinha que admitir que havia algo sobre ela que o tentava a lançar, todos os princípios que descobriu nos últimos anos, para os quatro ventos e começar a perseguição.
Como ele poderia encontrar interesse nela enquanto ela dormia? Mas, inferno, ele achava. Ele gostava da aparência dela, mas mais que isso, ele gostava de como ela soava, do jeito que ela ouvia. Quando ele contou a ela sobre embarcar em um navio para resgatar sua irmã, ela se inclinou e direcionou o ouvido para sua voz. Ela se sentou, absorta em sua história e ouvindo sobre os homens de sua família com quem ele havia navegado. Seus sorrisos sutis, sua expressão preocupada quando ele chegava a uma parte mais dramática da história e a consideração que ela dava a cada pergunta que fazia a ele, tudo o convenceu de que ela estava ali, na história, totalmente imersa em todas as emoções.
Ele gostava de observar o jogo diferente de emoções em seu rosto enquanto ela ouvia. Era melhor do que ser visto.
Ele não se importava que ela não pudesse vê-lo, mas inferno, era como entrar em vales desconhecidos. Ele sempre confiou em sua aparência. Agora, ele não tinha nada além de palavras. E ele não era bom com palavras. Especialmente quando ele não sabia quais palavras dizer ou se ele queria dizê-las.
Ele viu o sol nascer e sorriu para a bela adormecida roncando como um pequeno urso em sua cama. Um pouco depois, ele se vestiu com as roupas que Harry mandou para o quarto, calça de lã preta e uma camisa branca com punhos franzidos e alguns babados no decote, que Malcolm deixou desamarrado. Também havia uma jaqueta azul escura e justacorps3, mas ele os deixou de lado, preferindo um visual menos formal.
Gascon sentou-se e ganiu aos pés de Malcolm.
— O quê?
A besta ganiu novamente e abanou o rabo.
Graças a todos os cães em Camlochlin, Malcolm sabia o que este queria.
— Venha, então. — Ele se levantou e se espreguiçou. Ele se sentia bem, além de estar cansado.
Ele e Gascon deixaram o quarto em silêncio e desceram as escadas. Eles foram primeiro para a cozinha, onde Malcolm abriu a porta dos fundos e saiu com o cachorro ansioso. Imediatamente, Gascon correu para a árvore mais próxima. Malcolm também. O bordel tinha uma privada, mas cheirava pior do que o inferno.
Ele mergulhou as mãos em um balde de água fria da chuva e gelada. Quando terminou, chamou Gascon e voltou para dentro.
Vozes vindas do saguão o pararam e fizeram seu sangue gelar.
Pressionando as costas contra a parede, ele se aproximou um pouco mais e espiou pela esquina.
— Eu não me importo se ela ainda está dormindo, Grey. — Disse um homem alto e loiro com olhos azuis claros.
Malcolm o tinha visto antes, na noite em que ele e Cailean foram feridos. Ele era um dos homens que lutou contra eles, aquele que fugiu. Por um momento, Malcolm quis dar um passo à frente e se revelar. Havia apenas três deles que ele podia ver. Ele poderia derrubá-los sem qualquer ajuda. Ele queria fazê-lo.
Mas viriam mais e Malcolm sempre seria o responsável.
— Meu senhor, o barão quer a garota ruiva. Aquela que custou a vida de seu irmão Andrew. Ele a quer por uma noite.
Alison! Malcolm olhou para as escadas. Cailean gostava dela. Malcolm gostava dela também. Ele não ia deixar esses bastardos se aproximarem dela. Ele precisava pensar em algo. E ele tinha que passar por eles sem ser reconhecido.
— Ele vai matá-la. — Disse Harry, parecendo assustado, mas admiravelmente determinado a recusar.
— Eu, John Burroughs, juro devolvê-la viva para você. Ou minha palavra não é boa o suficiente para você? — Ele perguntou em uma voz baixa e ameaçadora.
Harry não duraria muito mais.
Eles pensavam que Malcolm estava morto, então não lhe deram uma segunda olhada quando ele manteve a cabeça virada e cambaleou em direção à escada como um cliente que mal estava sóbrio o suficiente para ficar de pé. Ele estava feliz por ter mudado seu plaid por essas roupas antes de sair do quarto.
Ele não podia deixar Alison sair do bordel. Cailean nunca o perdoaria. Ele tinha que fazer algo para ajudar a mantê-la longe dos homens de Winther. A febre ou varíola sempre foram boas para assustar as pessoas.
Por boa sorte, Malcolm correu direto para Bess. Ele contou a ela seu plano de deixar os Winthers saberem que Alison estava muito doente.
— Diga a eles que Alison está muito doente com uma febre misteriosa. — Ele repetiu quando Bess recusou.
— Eles vão querer vê-la. — Ela argumentou.
— Não se os convencer de que ela está doente. Ela poderia morrer a qualquer momento. Diga a eles que você acha que algumas das outras garotas estão começando a se sentir mal também.
Ela balançou a cabeça.
— E se...
— Faça isso por mim, Bess. — Interrompeu ele, pegando sua mão. — E estarei em dívida com você.
— Leve-me com você quando partir.
Ele balançou sua cabeça. Essa era a última coisa que ele queria prometer a ela.
— Não estou procurando uma esposa, moça. Nada mudou.
— Se você quiser minha ajuda...
Droga, isso ia custar caro, mas ele não podia deixar Alison partir com os Winthers. Ela nunca voltaria viva.
— Tudo bem, Bess. — Ele cedeu, precisando de sua ajuda. — Vou levá-la comigo quando eu for.
— Oh, Malcolm, você está falando sério?
Sim, droga. Ele disse isso, não foi?
— Agora vá.
Bess fez o que ele mandou e até tossiu na cara dos Winthers, obrigando-os a se apressar e sair antes de morrer. Eles não exigiram ver Alison como prova. Eles simplesmente partiram.
Malcolm ficou tão aliviado que pegou Bess nos braços quando ela correu escada acima, de volta para ele. Mas depois de um momento em que ela beijou seu rosto, ele recuou. Ele afastou a mão dela quando ela segurou sua virilha através de suas calças novas e disse-lhe que ele parecia tão bom em seu novo traje, que a fez querer fazer todos os tipos de coisas decadentes com ele. Quando ela começou a descrever essas coisas, ele se perguntou por que não estava nem um pouco tentado. Sim, ele se manteve fora da cama ultimamente, mas não se sentiu tentado. Que homens não ficariam?
Qualquer outro homem teria ficado tão duro como pedra agora. Mas nada. Ele não sentiu nada. Isso o assustou. Tem alguma coisa a ver com ser baleado? Algo foi danificado? Ser esmagado no crânio parecia ter um peso um pouco maior para sua impotência repentina e absoluta. Isso tinha algo a ver com Emma? Era possível?
Bess avançou e ficou na ponta dos pés para falar contra os lábios dele.
— Venha, Malcolm. Vamos fod...
— Sr. Grant? — A porta do quarto de Emma se abriu e sua voz acalmou o sangue nas veias de Malcolm. — Onde está meu cachorro?
Ao som dela, Gascon apareceu e avançou em sua direção. Ela tomou sua enorme cabeça em suas mãos, e Malcolm sentiu sua barriga torcer com o sorriso terno que ela ofereceu ao vira-lata.
— Venha. — Insistiu Bess, dando-lhe um puxão.
Ele não se mexeu.
— Me perdoe. — A voz graciosa de Emma caiu como pedras sobre ele. — Estou interrompendo algo?
Ele queria contar a ela sobre os Winthers vindo por Alison, sobre o que ele fez para salvá-la, mas Bess falou primeiro.
— Não, a menos que o Sr. Grant planeje me tomar bem aqui no chão.
Emma ficou três tons diferentes de escarlate, então segurou o pelo entre os lombos do Gascon.
— Não, ele pode ficar com você. — Ela disse suavemente, embora houvesse um tom seco em seu tom. — Cailean está dormindo. Alison chegou na sua ausência, então não se apresse em voltar.
Houve um momento em que Malcolm observou ela e seu cachorro caminharem em direção às escadas, mas ele não deu a mínima para nada além de pará-la. Sob as calças, suas pernas se apertaram, prontas para saltar para a frente.
O que ele diria a ela quando a parasse? A verdade. Que ele não tinha intenção de dormir com Bess, apesar do que ela ouviu ao entrar no corredor.
Por que ele sentiu a necessidade de contar algo a ela? Emma não se importava se ele fosse com Bess. Não queria que ele voltasse correndo para ela. Doeu. Como se nada tivesse ocorrido antes.
Ele não gostou.
— Malcolm, — Bess solicitou. — Devemos ir?
Seus olhos permaneceram nas costas de Emma enquanto ela descia as escadas e desaparecia na curva da parede.
— Bess, eu...
— Por que você mostra interesse por ela? — Disse Bess. — Ela é cega dos olhos. Ela é miudinha, se você me perguntar, e Harry não o avisou sobre ficar longe dela?
Malcolm se virou para Bess lentamente, seus olhos estranhamente duros e penetrantes. Ele não se importava sobre como Bess pensava que Emma parecia, mas ela estava fazendo uma ameaça velada sobre Harry? Inferno, ele odiava ser ameaçado. Bess estava lá com eles quando ele fez a promessa a Harry, e agora ela estava usando isso.
Quando ele era mais jovem não perderia um momento, mas jogou esta garota na cama mais próxima e teve o que queria com ela. De todas as maneiras que ele queria.
O que diabos aconteceu? O que mudou? Ele perdeu o interesse pelas meninas? Não, pois ele encontrou interesse em Emma Gray.
— Crie problemas para Emma e verei pessoalmente que você se arrependerá.
— Malcolm! — Bess ofegou, parecendo chocada com a ameaça.
— Ela está tentando salvar a vida do meu irmão, Bess. — Ele disse a ela, escolhendo defender Emma. — Eu devo muito a ela. — E ele devia. Isso não significava que seu coração estava envolvido. Ela tinha sua gratidão, nada mais.
Mas quando ele olhou para Bess, ele ainda não a queria.
— Temos uma barganha e vou cumpri-la. — Disse ele. — Mas eu vou cuidar do meu irmão hoje. Eu sugiro que você vá e faça o que é paga para fazer.
Ele não esperou pela reação dela, e foi embora. Era nisso que ele era bom. Indo embora. Seria melhor se Bess soubesse agora que ela não tinha chance de ganhá-lo ou de ir para a cama com ele. Ele aprendeu que cortes limpos curam mais rápido. Bess ficaria bem. Era ele quem estava em apuros.
Ele abriu a porta do quarto e entrou. Ele sorriu para Cailean e então olhou para a moça que fez seu irmão sorrir novamente pela primeira vez desde a morte de Sage. Alison não tinha ideia do destino que ela evitou hoje.
— Emma estava com raiva de você por ter pegado seu cachorro. — Alison relatou com um sorriso caloroso quando Malcolm se aproximou da cama.
— Como ela soube que fui eu quem o levou? — Malcolm perguntou, sentindo a cabeça de seu irmão com as costas da mão.
— Ela disse que Gascon não sairia com mais ninguém. — Disse Cailean com um largo sorriso.
Malcolm desejou que ela estivesse aqui agora para que pudesse agradecê-la por salvar seu irmão mais uma vez. Ele deveria fazer algo bom por ela antes de deixar Fortune's Smile e voltar para casa. Não deveria?
— Você parece bem, irmão, e está frio ao toque.
— Emma sabe por que sua febre voltou? — Alison perguntou a eles.
Ah, então ela não estava apenas alheia ao que foi feito em seu nome esta manhã, mas nem Cailean nem Emma disseram que ela falhou em detectar uma segunda entrada ferida nas costas de Cailean enquanto ela agia como os olhos de Emma.
Essa falta quase matou Cailean.
Malcolm estava feliz por eles não terem contado a ela. Ela parecia gostar muito de seu irmão. Saber que ela quase o matou causaria sua angústia.
— Ela disse que as febres são imprevisíveis.
— Sr. Grant. — A voz de Emma chegou a seus ouvidos de onde ela estava na porta aberta. — O que você está fazendo aqui? Por que você não está perdendo seu tempo com Bess?
Ele a observou entrar lentamente com Gascon ao lado de seu quadril direito. Seus olhos brilhavam com tons quentes de zibelina e mel, mas sua língua era tão afiada quanto aço frio. E inferno, seu doce nariz implorava para ser beijado.
— Bem? — Ela interrompeu seus pensamentos.
Imprevisível como ela, havia uma febre que fazia seu sangue ferver e sua mente delirar.
Por que mais ele estaria preso no pensamento de que seu coração parecia bater no ritmo de sua respiração?
— Prefiro perder tempo com você do que com Bess. — Ele fez uma careta quase assim que terminou de falar, percebendo o quão ruim o que ele disse soou. — Não, nosso tempo juntos foi desperdiçado...
— Eu sei o que você quis dizer, Sr. Grant. — Ela o interrompeu. — Eu gostaria de falar com você no corredor, por favor.
Ela recuou e ele a seguiu. Ele se perguntou no caminho para fora da porta até onde iria.
— Feche a porta por favor. — Ela se virou e deu um passo à frente enquanto ele fazia o que ela pedia. — Você foi para a cama de Bess?
— Nae. — Ele respirou profundamente. Era uma verdade que ele tinha orgulho de contar a ela. Era a primeira coisa de que sentia orgulho, em muitos anos. — Não, eu não estive perto de qualquer cama, exceto a sua.
Ela sorriu e quase o derrubou. Seu coração congelou no peito e depois voltou a bater. De novo e de novo. Ele pensou que poderia estar morrendo. Se fosse, ele queria que ela fosse a última coisa que seus olhos vissem.
A voz de Harry interrompendo-os provavelmente salvou sua vida.
O que diabos estava acontecendo com ele?
Capítulo 14
Emma sentou-se sob o sol forte com Harry à sua direita e Cailean à sua esquerda. Ela não sabia por que ela estava aqui realmente. Todos tinham ido ao quintal do bordel para assistir Malcolm enfrentar um cliente bastante grande (de acordo com Alison). Para todos que assistiam, era uma resposta a um desafio, lançado por um highlander orgulhoso.
Para Malcolm, era prática.
Emma não gostou. Ela não gostou do som de metal raspando contra metal. Ela não gostava de não saber se sangue estava sendo derramado.
— Ah, lento, Malcolm! — Gritou Cailean. — Eu teria visto aquele ataque chegando a uma légua de distância!
Emma balançou a cabeça se perguntando se ela tinha permitido que Cailean saísse da cama muito cedo.
A julgar pelos suspiros de algumas das garotas assistindo e pelas provocações de seu irmão, Malcolm levou um golpe de seu oponente. Ela rezou para que ele não estivesse ferido. Mesmo que isso significasse mantê-lo aqui por mais tempo, ela não o queria ferido.
Ela pensou sobre ontem, no corredor, com ele. Ela acreditava que ele não tinha visitado a cama de Bess. Isso a fez querer cair em seus braços e prometer-lhe qualquer coisa. Mas ela não o disse. Parte da razão foi porque Harry os encontrou e pediu para ver Cailean. Harry parecia irritado, mas não disse nada sobre seu humor e seguiu Emma para o quarto. Emma percebeu que seu mau humor tinha a ver com uma das garotas e não o questionou.
— Asno de Satanás, Malcolm. — Gritou Cailean de novo, puxando-a de volta ao presente. — Você é cego?
Parado em algum lugar à direita dela, Harry praguejou. E então Cailean praguejou também. Emma podia sentir seus olhos sobre ela, os olhos de todos, incluindo os de Malcolm.
O som de metal batendo contra metal ressoou em seus ouvidos e ela se levantou, um aviso para Malcolm tomar cuidado! Idiota!
Ela deu um passo à frente. Gascon bloqueou seu caminho — e então um par de mãos se fechando em torno de seus braços a impediu completamente. O hálito quente de Malcolm caiu pesadamente em seu rosto, o cheiro de suor e medo correu por suas narinas. Ele a segurou quieta e oh, mas ele era forte. Ela duvidava que qualquer inimigo pudesse se opor a ele. Ainda assim, ele poderia se machucar. Ele estava ferido, sangrando? Oh, por que ele precisava praticar de qualquer maneira? Ninguém estava em guerra.
— Eu estou ileso, moça. — Ele assegurou, sua voz cheia de preocupação e esforço. — No que você estava pensando quase pisando no campo?
Ela não estava pensando. Esse era o problema. Ela estava permitindo que seu coração a governasse, quase a colocando em perigo.
— E você, Cailean, — acusou ele a seu irmão, dando-lhe uma desculpa para não responder. — Seu bom senso o deixou para dizer algo tão impensado.
— Sim, — concordou Cailean, parecendo totalmente arrependido. — Perdoe-me, Emma. Eu...
— Eu não me importo com isso! — Emma disse a eles. Malcolm não tirou os dedos dos braços dela. Por um instante, ela desejou que Gascon não estivesse entre eles. — Eu pensei que você estava... por que você está fazendo isso? Você quer morrer? É isso?
— Estou ileso.
Ela não estava ouvindo. Pelo menos, foi o que ela disse a si mesma. Isso não era humor em sua voz quando ele falou. Seus dedos não se moveram de sobre seus braços.
O homem estava louco. E ela também.
— Isso não é bom para o seu irmão, — ela continuou. — Eu nunca deveria ter concordado com isso. É muito cedo para vocês dois!
— Aqui, me sinta.
Antes que ela pudesse detê-lo, ele agarrou as mãos dela e colocou as palmas em seu peito.
— Verifique se há feridas, Emma.
Seu coração disparou tão rápido que ela se sentiu tonta e temeu que pudesse ter que segurá-lo para se equilibrar.
Qual era o problema com ela? Ela o tocou assim antes, quando o averiguou com as meninas. Mas ele estava inconsciente. Quando ela caminhou com ele pelo quarto, ela não o sentiu, e nunca enquanto ele estava de pé sobre ela, respirando com dificuldade.
Ela ficou ali sob o sol por um momento eterno, à vista de muitos, com as mãos cobrindo o peito de Malcolm.
— Ora, moça, — ele tentou em voz baixa. — Eu vi você cuidando das feridas de meu irmão com nada além de suas mãos para guiá-la.
E quase custou a vida de Cailean. Malcolm tinha esquecido?
Ele cobriu as mãos dela e pareceu ler seus pensamentos.
— Os olhos de ninguém mais são melhores para ver do que por si mesma, seja como for. Sim?
Oui. Ele estava certo. Ela usou os olhos de Alison, não seus próprios sentidos na noite da lesão de Cailean.
Malcolm não tinha esquecido. Ele viu uma oportunidade de ajudá-la a libertá-la de sua culpa e insegurança, e a aproveitou.
Ela se aproximou dele e ouviu a respiração aguda acima dela quando moveu as palmas das mãos sobre o peito dele, gentilmente, curiosamente, para baixo em sua barriga apertada, então subiu novamente, lentamente e com moderada temperança. Ela se moveu para os lados dele, passando os dedos pelos seus ombros enquanto seguia. Mesmo em sua escuridão, sua forma poderosa fez suas mãos tremerem. Quando ela deu um passo atrás dele, levando as mãos ao pescoço, as pontas dos dedos flutuaram em suas costas. O toque de seu cabelo ao longo de seus dedos era como uma respiração sensual que fez seus joelhos fraquejarem.
Seus músculos estavam tensos, suas costas retas como uma flecha. Ela não precisava verificar sua parte inferior. Se ele estivesse machucado abaixo da cintura, não estaria tão equilibrado diante dela. Ele estava dizendo a verdade. Ele saiu ileso.
E quanto ao rosto dele? Que expressão ele tinha agora? Como o humor parecia nele? Qual era a forma de sua boca? Ela deixou cair as mãos para os lados, não ousando tocá-lo mais.
— Eu não sinto nada. — Ela tentou parecer afetada e se afastou dele. Ela falhou miseravelmente. — Mas isso não significa que mudei de ideia. Você deve parar com isso e Cailean deve ser devolvido ao quarto.
— Sim, — ele concordou, parecendo completamente divertido ao invés de arrependido. — Assim que eu terminar com esse idiota.
Ele já estava se afastando dela, desobedecendo suas ordens e voltando para o campo.
Involuntariamente, ela estendeu a mão para detê-lo. Tolo, orgulhoso! Ela tinha a intenção de prepará-lo com um refresco que o colocaria na cama por mais uma noite. Mas então ela teria que cuidar dele.
Com nada mais a fazer a não ser esperar e estar pronta para ajudá-lo se ele se machucasse, ela voltou para seu assento e se sentou, resmungando entre os dentes enquanto caminhava.
— Ele vai se sair bem. — Cailean se inclinou e disse a ela. — Malcolm foi treinado pelos homens mais hábeis de toda a Escócia, para lutar.
— Você é tão teimoso quanto ele. — Ela atirou nele, fervendo. — Se eu perdi as últimas semanas, mantendo vocês dois vivos, por mais um mês ou menos, eu mesmo matarei vocês dois se agora morrerem.
— Emma! — Harry, que estava em silêncio até agora, advertiu. — O que quer que esteja acontecendo entre você e Malcolm Grant, e eu vou descobrir o que é, não vou permitir que você ameace meus convidados.
O que estava acontecendo? Ele pensava...?
— Harry, deixe-me garantir a você, nada está acontecendo. Eu não trabalho aqui.
— Isso é correto, você não trabalha para mim. — Seu irmão estalou para ela. — Lembre-se disso quando perto dele. Eu aviso-te.
Ele a avisava? As mãos de Emma enrolaram o tecido de seu vestido em seu colo. Ela estava feliz por ter encontrado Harry. Ele era toda a família que ela tinha. Mas ele não era seu guardião. Ela cuidou de si mesma por muitos anos para começar a receber ordens dele. Além disso, o que diabos havia de tão terrível em Malcolm Grant? Os rumores podem ter sido horríveis, mas até agora ele não tinha vivido de acordo com os boatos. Claro, ele estava ferido, então ir para a cama com uma prostituta voraz ainda era difícil. Mas ela passou muito tempo com ele para saber que ele não era tão ruim quanto todos pensavam. E, além disso, não foi Harry quem insistiu que ela ficasse perto dos Grants?
— Harry. — A voz de Bess cortou a de Emma quando ela abriu a boca para se defender. — Seja mais fácil com ela.
Emma não era tola. Bess não gostava dela, então por que ela estava sendo agradável com ela?
— É difícil lembrar de respirar quando aquela besta pulsante está perto. — Ela continuou, enfurecendo Harry ainda mais. — Ele parece gostar de nossa doce Emmaline. Você não pode culpá-la por tremer ao seu toque.
Emma sentiu o calor percorrer seu rosto. Ela não estremeceu! Ela tremeu?
— Por que, apenas nós podemos deleitar com seus olhos, com a força de suas pernas e o golpe de sua espada. Seus olhos são como fogo, chamas ardentes prestes a consumir. Quem pode ter uma chance contra ele? Você não concorda, Emmaline?
Emma piscou, quebrando as imagens que Bess criou em sua mente. Imagens que Bess colocou ali de propósito, sabendo que Emma não podia ver o quão bom ele parecia lutando. Emma não precisava disso. Ela tinha sua imaginação e estava funcionando muito bem em imaginar Malcolm atacando e defendendo. Bess estava tentando irritar Harry. Por quê? Emma precisava falar com seu irmão sobre o Malcolm que ela estava conhecendo. Ele precisava parar de tratá-la como algo frágil.
— Irmão, eu...
— Emma, volte para o seu quarto. — Ordenou Harry.
— Harry, eu não sou uma criança. — Ela o lembrou, dando um tapinha na cabeça de Gascon quando ele rosnou para seu irmão. — Seus amigos estão sob meus cuidados, e foi você quem os colocou nas minhas mãos. Não fico comovida com o que meus olhos me dizem, como Bess obviamente fica. Eu me preocupo apenas com o bem-estar da vida de seus amigos, e a nossa, se os rumores sobre a família deles forem verdadeiros.
— Eles são — Disse Cailean, parecendo apenas levemente interessado na conversa.
Emma deixou um leve sorriso pairar sobre sua boca quando ela se dirigiu ao irmão novamente.
— Vou continuar cuidando deles, irmão. Se você quiser ajudar, fará seu amigo parar de lutar.
— Ele parou. — Harry disse a ela.
— Ele venceu. — Bess ronronou ao lado dele.
Ele ganhou. O alívio inundou Emma, forçando-a a suspirar. Ela tentou abafar, mas quando ouviu a voz dele vindo em sua direção, quase engasgou.
Ela gostava do som dele, todo rouco e calmante, o cheiro de virilidade vindo dele em ondas. Ela queria beijá-lo e descobrir o gosto dele.
— Por que os rostos sombrios? — Ele perguntou alegremente.
Como o idiota a fazia querer sorrir? Ela não fez isso, sabendo que seu irmão e Bess estavam assistindo.
— Eu não o machuquei muito severamente. — Ele os informou. — Não o suficiente para que você tenha que cuidar dele, Srta. Gray.
— Isso foi atencioso, irmão. — Cailean elogiou. — Ele parece e cheira como se ele não tomasse banho há mais de um mês.
Emma ficou grata.
— Sim, foi atencioso, Malcolm. — Harry concordou. — E para mostrar meu apreço, você pode tomar Bess hoje à noite sem nenhum custo.
Não importava se Emma pudesse ver ou não. Ela sabia que Harry estava oferecendo Bess para manter Malcolm longe dela. Ela poderia argumentar que com toda a atividade e... esforço, ele poderia ter uma recaída, mas o ar pareceu ficar mais espesso e a fez ofegar um pouco. Ela não queria sentar e ouvir os planos sendo feitos para Malcolm e Bess. Ela estava muito zangada com seu irmão para dizer qualquer coisa sem deixar que as coisas que ela lamentava saíssem de seus lábios. E realmente, não era culpa de Harry. Ele não sabia o quanto ela gostava de Malcolm. Ela deveria contar a ele? Ela duvidava que ele recebesse bem a notícia de que sua irmã estava apegada ao pior libertino dos três reinos. Talvez mais tarde.
Segurando em Gascon, ela se levantou de seu assento e foi embora. Quando seu irmão a chamou, ela falou por cima do ombro:
— Eu preciso reabastecer meu estoque de ervas, Harry. Eu não irei longe.
Ela saiu antes que ele pudesse impedi-la e foi até a borda da floresta. Ela tentou não pensar em Malcolm enquanto se ajoelhava e tateava a terra aquecida pelo sol em busca de plantas e raízes. Ela precisava esquecer Malcolm. Seu irmão estava se recuperando rapidamente agora que sua infecção estava passando. Logo os Grants iriam embora do Fortune's Smile e ela nunca mais veria Malcolm. A última coisa que ela deveria fazer era pensar em qualquer tipo de futuro com ele.
Ela ouviu passos. Seu coração saltou, conhecendo o seu modo andar. Até Gascon ficou feliz em vê-lo e abanou o rabo com força suficiente para fazer o resto dele tremer.
Ela parou de se mover e inalou seu cheiro masculino inconfundível. Foi direto para sua cabeça como um bom vinho.
Malcolm.
Sua presença a fez se sentir bêbada. E quando ele não a embriagou?
— Emma?
Certamente o som dele a instigou. Sua voz rouca atrás dela, de derreter os joelhos, a convenceu de que tentar tirá-lo de sua mente era inútil.
O que ele estava fazendo aqui, seguindo-a, em vez de aceitar a oferta de Harry?
— Volte. — Ela disse a ele. — Você precisa descansar. Eu sei como procurar e vou ficar bem.
— Eu sei, — ele disse suavemente, se aproximando. — Mas não tenho certeza se eu vou estar.
Capítulo 15
— Você está ferido? — Ela começou a se levantar, mas ele a deteve com um toque carinhoso em seu ombro e se agachou ao lado dela.
— Você disse que saiu ileso!
Malcolm não sabia o que diabos era. Mas olhar para ela tornava todo o resto sem importância.
— Nae, não, estou bem. — Ele a assegurou, incapaz de desviar o olhar.
Suas mãos se moveram para tatear e senti-lo. Ele não a impediu. Por que diabos ele iria? Ele gostava de como ela o tocava, como se seus dedos pudessem vê-lo. Isso o fazia se sentir um pouco instável, completamente apaixonado por ela. Havia algo tão íntimo na maneira como ela o tocava, tão suavemente, tão curiosamente, que ele mal conseguia pensar direito. Ela percorreu os dedos sobre o seu peito, os braços, o pescoço, aproximando-se até que estava quase pressionada contra ele. Por que ela não tocou seu rosto do jeito que tocava o resto dele? A respiração acelerada dela e a expressão preocupada tão perto dele o tentaram a levantar a mão e alisar o vinco de sua testa. Ou puxá-la para mais perto e perguntar o que estava acontecendo com ele.
Ele não a tocou. Ele temia que, se o fizesse, ela se espatifasse como um sonho ao amanhecer. Ele a observou, examinando cada centímetro de seu rosto, desde a curva dourada de sua bochecha até a inclinação de seu nariz. O desejo de beijar sua sobrancelha fez sua cabeça girar.
— Eu não fui machucado, Emma. — Ele se curvou e pressionou a boca em sua testa.
— Então por que você me assustou dizendo que não tinha certeza se estava bem? — Ela o empurrou, suas mãos caindo para os lados.
— Porque eu não estou bem. — Ele disse a ela. — Muitas vezes durante o dia, sinto mal-estar do estômago sem motivo.
Ele a observou ficar pálida. Ela estava pensando que tinha perdido algo com ele, como tinha feito com Cailean. Se tivesse, não era culpa dela e ele faria com que ela soubesse disso.
— Eu entendo que fui atingido na cabeça.
— Você foi. — Ela assentiu.
— Talvez tenha causado mais danos do que suspeitamos?
— Você está vendo em dobro? Luzes estranhas? — Ela acrescentou quando ele disse não. — Você está se esquecendo das coisas? Você se sente desequilibrado?
— Um pouco desequilibrado de vez em quando, mas nada mais sério do que isso.
— Você se lembra de algo específico acontecendo quando você sente isso? — Ela perguntou inocentemente, seus lábios o tentando a abandonar tudo e beijá-la.
— Sim, disso eu lembro o que é.
Ela esperou, os olhos arregalados de preocupação.
— É você, moça. — Disse ele. — Eu me pego pensando em você e quando penso, me sinto doente.
Provavelmente não foi a coisa certa a dizer.
— Você está me dizendo que eu te deixo doente? — Ela parou e olhou para ele por um momento antes de ir para as árvores.
— Eu admito que soa pior quando você diz isso. — Ele gritou, e então a seguiu.
— Não, Sr. Grant. — Ela parou abruptamente e girou nos calcanhares para encará-lo. — Deixe-me garantir, soa pior quando você diz isso.
Ele olhou para ela e provavelmente por muito tempo. Ela parecia especialmente bonita envolta em um raio de sol do final da tarde rompendo as árvores. Seus cabelos cacheados caíram sobre seus ombros capturando luz e sombra. As olheiras ao redor de seus olhos desapareceram e ela parecia tão saudável quanto seus dois pacientes.
— Perdoe-me. Deixe-me começar de novo.
— Tudo bem. — Ela esperou.
Ele não queria falar. Ele queria ir até ela, tomá-la nos braços e carregá-la mais para o fundo da floresta. Ele queria acalmar as vozes em sua cabeça, o dragão em suas costas. Ele tinha certeza de que fazer amor com ela silenciaria tudo. Sempre tinha acalmado antes, mas tudo o que ele conquistou em quatro anos não significaria nada agora. Ele estaria de volta onde estava no início. Um libertino que dormia com mulheres mesmo sabendo que elas nunca significariam nada para ele. Um libertino indigno de Emmaline Gray.
— Eu não... eu nunca... — Ele olhou para as folhas no chão. O que diabos ele deveria dizer? Ele não sabia o que havia de errado com ele. Ele temia e esperava ao mesmo tempo que tivesse algo a ver com ela. Um pensamento horrível ocorreu a ele. E se ele finalmente encontrasse uma moça que evocasse mais do que luxúria nele e ela não sentisse o mesmo?
— Emma.
— Oui?
Ela permaneceu lá. A poucos metros de distância, suas mãos cruzadas atrás das costas. Uma brisa veio do Norte e soprou uma mecha de cabelo em seu rosto.
— Você tem dormido em uma cadeira. Como é que você parece tão bem?
Ele tinha elogiado muitas mulheres antes. Por que agora ele se sentia como um tolo ogro?
Ela sorriu, o que o fez se sentir infinitamente melhor.
— Tenho dormido melhor. — Admitiu. Ela não correu ou tentou acertá-lo com nada quando ele se aproximou dela.
— Eu quase não durmo.
— Por que não? — Ela perguntou baixinho, seus olhos ficando mais redondos quando ele se aproximou.
— Eu não sei. Eu esperava que você pudesse ajudar.
— Claro, — ela prometeu. — Eu poderia preparar mais chá para você, algo bem suave.
Ele assentiu. Ele aceitaria qualquer tipo de ajuda. Ele quase teve sua bunda jogada no chão hoje. Seus reflexos estavam mais lentos porque ele estava muito cansado.
— Vou precisar de algumas ervas que crescem perto da margem do rio. — Disse ela. — Você poderá me acompanhar, se quiser.
Ele riu.
— Claro que estou disposto a isso. — Ele poderia até ter um banho para limpar o suor da manhã.
— Diga-me. — Disse ele no caminho. — Quem te ensinou sobre ervas e remédios? — Ela não respondeu por tanto tempo que ele a parou e a virou para ele. — Eu disse algo que te ofendeu? — Ele realmente não achava que tinha.
— Por que você está me perguntando?
Ele sorriu para ela, mas estava confuso. Como elogiá-la foi uma coisa tão ruim?
— Por que não posso perguntar?
Mais uma vez, ela não respondeu imediatamente, mas quando o fez, ficou tão surpreso que por um momento ele compartilhou a mudez de Emma.
— Você acha que eu sou uma bruxa? — Ela não riu. Ele esperou um momento, mas ela sim, riu.
— Eu realmente pareço um tolo para você? — Ele perguntou a ela. — Bruxa? Por que diabos... — Ele parou de falar quando chegaram à margem do rio brilhando na luz filtrada. Seu sorriso desapareceu quando ele percebeu por que ela perguntou algo tão ridículo.
— Você foi acusada disso?
— Não, — ela disse calmamente, curvando-se com ele para se sentar na borda. — Uma velha que eu amava como minha própria mãe foi. Ela salvou minha vida depois que Harry foi embora e então me criou como se fosse filha dela. Uma noite, as pessoas que ela ajudou e curou vieram buscá-la.
Não, ele não tinha a intenção de trazer essa lembrança para ela. Ele tentou impedi-la, mas ela continuou.
— Seu julgamento foi... — ela sorriu, mas havia apenas tristeza em seus olhos, — uma farsa que terminou em poucas horas. Eles mal podiam esperar para enforcá-la. Mas isso não foi suficiente. Eles a queimaram depois disso.
Malcolm se sentou ao lado dela, o cotovelo sobre um joelho, a mão sobre a boca. O que diabos ele deveria dizer sobre isso?
— Minha cegueira é uma bênção, — ela continuou. — Eu nunca teria desejado ver a morte de Clementine. Ouvir... e... — Ela balançou a cabeça para apagar as lembranças disso. — Isso me deixou desconfiada.
Ele entendia por que isso acontecia.
— Emma, eu nunca faria tal acusação contra você. Têm minha palavra, e não importa o que tenha ouvido, eu mantenho minha palavra. Na maioria das vezes. Além disso, — ele acrescentou quando ela não parecia convencida, — minha tia é uma curandeira.
— Ela é?
— Sim, ela é, — ele disse a ela. — E se alguém a acusasse de ser uma bruxa, eles não viveriam o suficiente para respirar novamente.
Ele viu o alívio enchê-la, deixando cair os ombros. Ele odiava que ela tivesse essa lembrança para carregar com ela.
— Acho que teria gostado de Clementine. — Disse ele. — Se foi ela quem te ensinou a ser tão ousada.
— Foi. — Ela riu e ele pensou em como sua vida era monótona antes dela.
— Conte-me sobre ela.
Seu sorriso foi suave e significativo. Ela fechou os olhos, lembrando.
— Eu a amava muito.
A respiração dela caiu quente sobre ele, pois eles estavam sentados mais perto do que qualquer um deles percebeu. Não perto o suficiente para ele beijá-la, apenas o suficiente para se impregnar dela.
— Ela era tão humana quanto você ou eu. Ela teve sua cota de tristezas, como todos nós.
— Quais são as suas? — Talvez não devesse ter perguntado, já que ela estava falando sobre a mulher que amava como uma mãe, mas ele queria saber.
— Você quer saber sobre minhas tristezas? — Ela perguntou fracamente.
— Sim. — Ele acenou com a cabeça, mas não achou que ela contaria.
Ela não pensou sobre isso ao falar.
— A morte dos meus pais, o dia em que Harry foi embora e o dia em que Clementine morreu... e o oceano.
Ela não contou o dia em que perdeu a visão como uma tristeza, mas uma bênção. Ele achou isso estranho e maravilhoso sobre ela. Ela era forte e resistente, como uma garota das Highlands.
— Por que o oceano? — Ele perguntou.
— Eu adorava olhar para o mar quando visitávamos meu tio. Nunca mais vou vê-lo.
Ele ouviu a tristeza enquanto ela compartilhava suas lembranças de Clementine. Ele não entendia por que Harry havia deixado sua irmã quando ela tinha dez anos e que era cega. Eles tinham acabado de perder seus pais. Quem Harry pensou que cuidaria de Emma depois que ele a abandonou? Isso irritou Malcolm e o fez querer ir até Harry e socá-lo na boca.
Ela defendeu seu irmão.
— Ele era jovem. Ele estava com medo.
— Você poderia ter morrido. Você teria morrido se não fosse por Clementine. Harry sabia dela?
— Nenhum de nós sabia. Ela morava na floresta atrás da casa do meu tio.
— Então, não há dúvida, ele deixou você para morrer.
— Ele era jovem.
Ela falou baixinho e afastou o rosto do dele.
— Eu fui longe demais. — Ele começou a se afastar dela, mas ela enlaçou o braço no dele.
— Não, é só que eu não me importo por que ele foi embora. Eu o tenho de volta. Por mais que eu tenha ficado com raiva e não quero mais estar.
Malcolm assentiu. Ele gostava de sua lealdade ao irmão, apesar de tudo. Inferno, ele gostava muito. Como iria convencê-la de que ele não era o canalha insensível e indiferente que todos diziam que era? Ele sugeriu que ela não perdoasse seu irmão! Maldição, ela estava certa. Ele carecia de muitos atributos para ganhar uma moça como ela.
— Você está certa, — ele disse calmamente, e se levantou, se soltando dela. — Deixe-me ajudá-la a obter as ervas de que precisa para o chá. Preciso dormir antes de dizer algo mais e fazer você me odiar e querer decepar minha cabeça.
Ela sorriu, deixando-o ajudá-la a se levantar.
— Eu quis decepar sua cabeça várias vezes desde que te conheci. Não acho que tenha nada a ver com sono. Mas eu não te odeio. Na verdade, eu gosto de você.
Ele manteve a mão dela na sua enquanto caminhavam.
— Isso é uma boa notícia. — Ele sorriu e ergueu o braço dela, então a girou sob ele.
— Por quê?
Ele a girou de volta em seus braços, suas costas pressionadas contra seu peito.
— Porque, — Ele fechou os braços em volta do peito e mergulhou a boca em sua orelha — Eu também gosto de você.
Capítulo 16
Emma deixou o bordel assim que o sol estava começando a nascer. Ela precisava de água para a bolsa de chá de Malcolm em seu bolso, e o poço não estava longe. Ela sabia o caminho de cor e soltou Gascon para trotar em seu próprio ritmo.
Ela cantarolava e sorria enquanto caminhava, pensando no ontem. Tinha acabado muito melhor do que tinha começado. Em seus braços! Oh, em seus braços! Ela estava brava, mas não importava! Ele não achava que ela era uma bruxa e gostava dela!
Ela não se preocupou com a alegação dele estar doente. Seus sintomas não eram fatais. Sua confissão de que se sentia pior quando pensava nela ou a via ainda a incomodava um pouco. Ele disse que gostava dela, mas por que raios, então, ela o faria se sentir doente? Alison não disse a ela que Malcolm se iluminava quando a via? Emma não acreditou quando Alison disse a ela. Ela pensou que sua nova amiga estava apenas tentando fazê-la se sentir melhor. O que diabos Malcolm Grant, iria querer com ela? Agora, ele confirmou isso.
E ainda, maldita seja, seu dia com ele foi o melhor que ela teve em um ano. Ela adorava contar a ele sobre Clementine. Ela achou atencioso que ele perguntou sobre suas tristezas. Ninguém nunca perguntou antes. Sua raiva, justa, contra Harry por abandoná-la era possivelmente a coisa mais cavalheiresca que qualquer homem poderia fazer.
Ela não queria que ele ficasse com raiva, mas ela apreciava que ele estivesse.
Ela falaria com Alison e perguntaria se ela parecia...
Um passo a sua esquerda e o rosnado baixo e mortal de Gascon a sua direita parou Emma em seu caminho.
— Quem está aí? — Ela escutou. O aviso de Gascon ficou mais alto.
Alguém estava aqui com ela, representando uma ameaça. Um cliente — exatamente como aquele que encontrou a esposa de Harry e a matou?
O rosnado de Gascon explodiu em presas e saliva quando seu cachorro atacou quem estava lá. Gascon grunhiu e uma mão envolveu o rosto de Emma e outra serpenteou ao redor de sua cintura.
Ela queria lutar. Ela tentou, mas algo foi esmagado em sua cabeça e ela começou a desaparecer na escuridão. Ela estava morrendo e não conseguia se libertar.
— O que está acontecendo entre você e minha irmã? — Harry perguntou a Malcolm na sala cerca de uma hora depois.
Malcolm recusou um assento e ficou perto da janela. Ele observou seu amigo atravessar a sala e servir-lhe uma bebida. Ele pensou na maneira certa de responder. A verdade nunca serviria, além disso, ele não tinha certeza de qual era a verdade.
— Ela tem sido gentil comigo e com Cailean. — Não era mentira. — Ela salvou a vida do meu irmão por duas vezes. Devo tratá-la insensivelmente?
Harry o olhou enquanto ele voltava e entregava a Malcolm sua caneca. Malcolm viu a semelhança nos irmãos, principalmente na maneira como eles arqueavam a boca com incerteza sempre que falavam.
— Então você não tentou beijá-la? Você não está tentando ganhar o coração dela?
— Nae. — Malcolm deu um gole em sua bebida e cerrou os dentes enquanto o vinho azedo descia. Ele largou a caneca com tudo o que restou da coisa terrível.
Uma coisa, pelo menos, era verdade. Ele não a beijou. Ele tinha certeza de que, se o fizesse, não iria querer parar por aí. Ele a cortejaria até que a ganhasse. E depois? Levá-la para a cama dele? Voltar a ser quem era, nada além de um libertino? Isso o manteve acordado a noite toda. Acordado em uma cadeira para observá-la enquanto ela dormia. O chá dela ajudou, quando ele o tomou. Mas ele preferiu olhar para ela. Ele estava louco. Por que outro motivo ele deixaria Emmaline Gray fazê-lo duvidar de tudo que já acreditou sobre si mesmo? Ele finalmente adormeceu na última hora de escuridão. Ele não dormiu muito e quando acordou, Emma não estava na cama.
— Você não é o homem certo para ela. — Harry continuou, ignorando o sorriso de seu amigo.
— Eu não vou machucá-la.
— Se isso é verdade ou não, não importa mais.
Malcolm o olhou estreitamente.
— Quando você me pediu na primeira vez para não seduzi-la, era tudo o que importava. Algo mudou?
Harry balançou a cabeça.
— Não, é só que... ela é uma criatura frágil.
Malcolm fez uma careta por tudo que valia a pena. Ele não disse a Harry que sua irmã estava dançando entre as árvores e molhando os dedos dos pés com orvalho.
— Ela está longe disso, Harry. Inferno, você devia saber disso. — Disse ele, menos capaz de esquecer sua raiva porque o irmão de Emma a abandonou. — Deixe-me dizer a você, já que não sabe. Ela é mais forte e mais inteligente do que a maioria. Ela aprendeu a sobreviver, e sozinha, como aprendeu medicina. Eu entendo que você quer mantê-la segura depois de Lenore. Mas você a subestima.
— Não, eu não. — Harry argumentou.
— Então você é o cego. — Malcolm disse a ele, virando-se para partir.
— Malcolm! — A voz de Harry o parou. — Fique longe de Emmaline. Talvez você deva pensar em ir embora.
Inferno, o que aconteceu com Harry? Malcolm pensou, saindo da sala. Harry querer que ele deixasse Emma em paz era uma coisa, expulsá-lo do bordel era outra. Ele murmurou uma praga e foi direto para Bess no salão.
— Para onde você vai com tanta pressa, lindo?
— Para ver... meu irmão. — Ele a contornou. Ele queria ver Emma. Ela já estaria de volta e provavelmente estaria esperando por ele em seu quarto. Não contaria a ela sobre Harry e faria parecer que ele estava contra o irmão dela, quando mesmo ela não estava.
— Deixe-me ir com você. — Ela correu para alcançá-la.
— Bess, — ele disse sem parar. — Moça, estou cansado e sem vontade de ouvir suas reclamações sobre Emma.
Ela deu um tapinha no braço dele ao pegá-lo.
— Não vou falar uma palavra sobre ela. Apenas me acompanhe até minha porta. Há algo que desejo dizer a você. Algo muito importante.
Inferno, ele não deveria. Mas o que ela queria dizer a ele que era tão importante? Ele queria saber. Então, em vez de recusar, ele acenou com a cabeça, concordando em ir com ela.
— Eu sei que você e Harry são amigos. — Ela disse enquanto eles saíam. — Mas há algo sobre o seu amigo que você deveria saber.
Sobre o Harry?
— O que é? — Ele demandou.
Ela sorriu e balançou a cabeça.
— Me deixe dolorida por dois dias, como você fez da última vez que estivemos juntos.
— Nae.
— Faça-me gritar e tremer em seus braços.
— Bess, não. Olha, aqui estamos. Agora, por favor, vamos seguir nossos caminhos separados. Não me diga nada.
Seus olhos fervilhavam. Os delas e os dele. Ele piscou e se virou para ir embora. Ele não se lembrava de ter caído ou de ter consciência de qualquer coisa até que acordou algum tempo depois, nu na cama de Bess com ela, também nua, dormindo em cima dele.
Que diabos? Ele esfregou os olhos pesados. Nae, isso foi um sonho. Ele não tinha ido ao quarto de Bess, mas sim, fora. Ele se lembrou de estar na frente de sua porta. Nae, ele não a teria tomado. Ele se lembraria se tivesse...
Uma batida na porta o tirou do calor do corpo de Bess em cima dele. Ele deixou a cama e tropeçou em suas calças. Sua barriga estava embrulhada e quase o deixou doente. O que ele fez? Ele olhou de volta para a cama e para Bess acordada agora e sorrindo para ele.
A batida veio novamente. O coração de Malcolm disparou. E se fosse Emma? O que ele diria a ela? Ele tinha desmaiado? Ele não se lembrava de nada acontecendo com Bess, mas quem diabos iria acreditar nele?
— Malcolm! — Harry gritou do outro lado da porta. — Você está aí?
Com um fio de alívio, Malcolm foi até a porta e a abriu, então fez uma careta para o rosto pálido de Harry em pânico.
— Emma se foi. Ela se foi, Malcolm.
O que diabos isso significava? Se foi? Foi para onde? Ele não conseguia pensar direito. Nae! Ele tinha que pensar! Ele entrou no corredor e olhou para as escadas. Seu coração caiu no chão ao som dos latidos urgentes de Gascon ressoando abaixo.
Ela não iria embora sem seu cachorro, mas se não estava com Gascon, então realmente se foi.
Alguém a levou.
Ele queria acordar agora.
— Precisamos encontrá-la.
Malcolm concordou com o lamento de Harry e agarrou sua camisa do chão ao sair do quarto. Ele parou e se virou para Harry, que estava olhando para o quarto enquanto Bess se levantava da cama que acabara de sair.
— Harry! — Ele gritou, ansioso para ir. — Há quanto tempo ela se foi?
— Eu não sei. — Seu amigo o alcançou.
— Há quanto tempo o Gascon está latindo?
— Desde que voltou correndo aqui sem ela alguns momentos atrás. Gunter disse que, a julgar pelo sangue escorrendo sobre seu olho, ele foi atingido e dado como morto. — Os olhos escuros de Harry ficaram ainda mais sombrios antes que ele os fechasse. — Gunter saiu para procurá-la enquanto eu vasculhava os quartos. Ela se foi. Temo que ela tenha sido sequestrada.
Sim, Malcolm também temia. Raptada por quem e com que finalidade? O pensamento disso apertou suas entranhas e sua mandíbula. Inferno, ele mataria qualquer um que a machucasse. Se fossem os Winthers que a levaram, sua promessa a Harry iria murchar com o vento. Ele mataria cada um deles. Ele não se importava quanto tempo demoraria ou quantas guerras começariam.
— Eu vou encontrá-la, Harry. — Disse ele, descendo rapidamente as escadas.
— Eu vou com você, Malcolm. — Disse Harry, correndo atrás dele.
— Harry! — Os dois homens se viraram para olhar para cima e viram Bess saindo de seu quarto, agora coberta por um manto. — Você não pode nos deixar aqui sem proteção! Se alguém pegou Emma, poderia ter sido para te atrair e deixar este lugar para as mãos sujas deles.
Harry fez uma pausa, considerando-a. Malcolm não.
— Malcolm! — O irmão de Emma gritou quando Malcolm fez seu caminho para as portas. — Como você a encontrará se Gunter não a encontrou?
— O cachorro dela. — Malcolm disse a ele. — Dê-me tempo para colocar minha sela e, em seguida, liberte-o da cozinha.
Ele correu para o estábulo, deixando que a percepção de que Emma não estava dentro do bordel o atingisse. Ela estava sozinha. Ou pior, ela não estava. Ele lutou contra a onda de medo que ameaçava engoli-lo. Saltando para a sela, ele correu para a parte de trás do bordel e assobiou. Harry abriu a porta e soltou o cão.
No instante em que ficou livre, Gascon parou de latir e saiu correndo. Malcolm chutou os flancos de seu cavalo e o perseguiu. Eles a encontrariam. Se ela fosse machucada, haveria sangue. Quem a levou? O que eles estavam fazendo com ela? Seus pensamentos o enlouqueceram por vingança. Ele pensaria amanhã sobre por que estava disposto a matar por ela. Agora, ele precisava encontrá-la. Ele estava começando a perder seu coração por ela? Ele não sabia muito sobre isso pessoalmente, mas pelo que tinha ouvido, parecia que sim. Era possível?
Nae, não estava, ele pensou, lembrando-se de acordar nu na cama de Bess. Ele era e sempre seria um libertino sem coração, incapaz de amar uma mulher. Och, por que ele fez isso? Ele pensou... ele pensou em Emma... Ele balançou a cabeça com o vento batendo em seu rosto. Se Emma descobrisse o que ele estava fazendo enquanto ela estava sendo sequestrada, nunca o perdoaria. Ele não podia contar a ela.
Ele conversaria com Harry sobre como mantê-lo em silêncio, e então ele e Cailean iriam embora. Seu irmão estava bem o suficiente para ir. Malcolm a encontraria e a traria de volta a salvo de outros e de si mesmo.
Emma abriu os olhos e fechou-os novamente. Nada mudou. Um instante de puro medo a encheu a ponto de explodir quando sentiu o caroço em sua cabeça, e uma lembrança invadiu sua mente.
Ela tinha saído do bordel com Gascon para buscar água no poço.
Alguém a agarrou por trás. Pouco antes de ser nocauteada, ela ouviu um som horrível, como o choro de um cachorro. Eles mataram Gascon?
Ela reuniu cada grama de força que possuía e evitou que as lágrimas fluíssem. A única chance que ela tinha de matá-los era mantê-los pensando que ela ainda estava inconsciente.
Ela afastou a dor esmagadora em seu peito, subjugou os gritos doloridos para escapar de seus lábios por seu amigo mais querido. Eles entraram no bordel depois disso e mataram Malcolm ou Harry ou qualquer um dos outros? Ela precisava controlar seus sentidos e descobrir onde estava e com quem. Há quanto tempo ela estava inconsciente? Era dia ou noite?
A primeira coisa mais fácil de descobrir era que ela estava na sela, apoiada em um peito formidável. Quantos na companhia deles? Ela ouviu o barulho dos cascos ao seu redor. Três cavalos, incluindo o de seu captor. Quem eram eles?
— Isso vai ensinar aquele bastardo arrogante, Grey, a não recusar um Winther, e mais especialmente não contar mentiras sobre a ruiva estar com febre.
Alison? Quando Harry mentiu para eles sobre Alison?
— O que isso importa? — O que estava atrás dela na sela disse. — Oliver mudou de ideia e quer essa aqui.
Oliver Winther a queria? Por quê? Como ele sabia que ela existia?
Ela continuou fingindo estar inconsciente. Ela não precisava colocar a mão no bolso para se tranquilizar. Ela sabia que carregava o chá do sono de Malcolm. Tudo que ela precisava era de água. Ela pensou em Gascon e em quem quer que eles possam ter machucado, Cailean, Alison, para manter sua mente fixada em uma coisa. Se os Winthers mataram o cachorro dela, ou qualquer outra pessoa de quem ela gostava, então eles começaram uma guerra. Ela não se importava o quão poderosos eles eram ou quantos deles havia, se ela precisasse matar esses três, ela o faria. O problema era que ela não conhecia a floresta. Como ela encontraria o caminho de volta para o bordel?
— Vamos parar um pouco, — uma voz grossa disse à sua direita. — Eu quero provar o produto antes que Oliver a pegue. Ela não será boa para ninguém quando ele terminar com ela.
— Você não vai colocar a mão nela. — Disse o homem sentado atrás dela. — A menos que você queira ser chicoteado.
— John, Oliver não teria seu primo açoitado. — O homem à sua direita disse.
— Você está certo. — Disse John. — Ele faria isso e sozinho.
Emma respirou pelo nariz, tentando desacelerar seu pulso. Ela tinha ouvido falar de Oliver Winther. As mulheres o descreveram como um deus dourado com belos olhos verdes claros, frios como a morte. O barão gostava de morte. Ele gostava de levar a morte para outras pessoas, principalmente para pessoas inocentes que não o apoiavam. Seus métodos de matar eram o que provocava medo no coração de todos com a menção de seu nome.
Emma estava feliz por ter sido ela que esses homens pegaram, e não Alison ou Brianne. Elas teriam muito medo de fazer qualquer coisa. Emma estava com medo, mas ela teve medo antes, perdendo seus pais, seu irmão, sua casa e sua visão. Ela conhecia bem o medo, até que aprendeu como usá-lo.
Malcolm estava correto. Ela não era a ratinha frágil que Harry pensava que era. E ela não estava prestes a ser provada por Oliver Winther ou qualquer outra pessoa.
Ela tossiu e abriu os olhos. Instantaneamente, o braço de seu captor apertou sua cintura. Ela tossiu novamente.
— Água. Por favor. — Ela implorou.
O bruto atrás dela pensou sobre isso por um momento, então desamarrou sua bolsa de água pendurada em sua sela e entregou a ela.
Ela o desarrolhou, depois limpou a borda com os dedos e o levou à boca. Ela fingiu beber um gole e depois tossiu de novo.
— Você tem algo mais forte? — Ela perguntou, então se virou para o homem à sua direita como se ela pudesse vê-lo ali. — Vou te mostrar coisas que aprendi vivendo em Fortune's Smile.
O idiota riu.
— Você parece muito inocente para saber muito. Mas não tenha medo, vou te ensinar o que você não sabe.
Ela teve um ataque de tosse e recusou a água de seu captor.
— Dê a ela seu vinho, Rubert. — Ordenou John, o homem atrás dela. — Ela está sufocando.
Finalmente ela recebeu outra bolsa. Quando ela abriu a rolha, o cheiro de vinho rançoso assaltou seus sentidos. Ela apertou um punhado mais generoso de sua mistura especial entre os dedos e jogou no odre, como fizera com o recipiente anterior. Ninguém percebeu. Aos olhos deles, ela não parecia estar fazendo nada mais sério do que limpar o bico antes de beber. Ela fingiu beber e devolveu.
— Ouvi dizer que você era cega. — A suspeita na voz de Rubert a fez estremecer. — Eu não posso pegar isso de você, posso?
— Só se você entrar em contato com meu sangue. — Ela o tranquilizou.
John praguejou atrás dela e afrouxou o aperto.
Bestas. Simplesmente bestas, ela pensou. Eles eram piores do que ignorantes, eles eram indiferentes à sua ignorância.
Agora, se eles apenas bebessem de seus odres. Ainda havia mais um bruto. Ela teria que descobrir algo. Mas primeiro, ela precisava saber se ela deveria matá-los uma vez que eles estivessem indefesos.
— Você matou meu cachorro ou alguém do bordel?
— Você quer dizer aquele vira-lata feio que veio atrás de nós? — Rubert perguntou, então abriu a rolha de sua bolsa e bebeu seu vinho.
— Você o matou?
— Reggie, — Ele fez uma pausa e deve ter apontado para o cavaleiro à sua esquerda. — Ele parou a fera com uma pedra. Pergunte a ele.
Emma virou a cabeça, desejando sua visão por um momento para que pudesse ver o rosto do homem que havia atingido Gascon com uma pedra.
Não importava, ela pensou quando John bocejou. Logo seriam apenas ela e Reggie.
Ela iria precisar de uma faca.
Capítulo 17
Malcolm não parou nem descansou seu cavalo, mas acompanhou Gascon enquanto o cachorro corria ao redor das árvores e se precipitava em riachos rasos. Gascon tinha seu cheiro. Malcolm tinha seus rastros. Três cavaleiros viajando para Noroeste, em direção a Newcastle. Mesmo que levassem três ou quatro horas a frente, ainda teriam pelo menos seis horas antes de chegarem ao destino. Eles não podiam estar muito mais distantes.
Malcolm olhou para o céu escuro e praguejou baixinho. A única coisa que poderia impedir sua descoberta era a chuva. Muito disso e os rastros seriam lavados, os odores seriam perdidos.
Ao lado dele, Gascon parecia sentir sua urgência e correu ainda mais rápido.
Malcolm nunca conheceu um cachorro mais inteligente. Seus parentes fariam bem em criá-lo com as filhas de Grendel.
Gascon parou tão de repente que Malcolm teve que controlar o cavalo nas patas traseiras. Malcolm não disse nada, ficou ouvindo os sons das criaturas da floresta correndo, o vento... Ele esperou outro momento enquanto o rosnado baixo do Gascon retumbava ao seu redor.
Ou foi um trovão?
Ele ouviu um som. Um som distante, um pássaro? Gascon decolou, como uma sombra de destruição, ainda silencioso, ainda prestes a pegar sua vítima de surpresa.
Malcolm seguiu o cachorro até ver o que Gascon ouvira. Emma! Ela estava fugindo de um homem que a perseguia a pé. Sua cabeça parecia estar coberta de sangue, mas ele se levantou rápido e estava quase em cima dela.
Malcolm e Gascon correram atrás dele. O cachorro o alcançou um instante antes do cansado cavalo de Malcolm. Gascon finalmente latiu — saiu mais como um grito gutural, girando Emma em seus pés — antes de afundar suas presas no tornozelo do agressor. O homem gritou de agonia enquanto seus ossos se partiam sob a mordida.
Malcolm estava feliz por ela não poder ver sua massiva claymore se lançando na garganta do homem.
— Gascon! — Ela gritou, e estendeu os braços para pegar seu cachorro. — Graças a Deus você vive! Graças a Deus! Oh, você me encontrou! Obrigado, Gascon!
Malcolm os alcançou e desceu do cavalo. Foi até ela, sem esperar que ela voltasse seu sorriso mais radiante para ele quando falasse seu nome. Ele só queria checar se ela estava machucada, mas a tomou nos braços assim que a alcançou. Ele a segurou lá, sentindo sua vida batendo contra seu peito, agradecido por ela ainda estar viva. Ele não tentou beijá-la. Os santos sabiam que ele queria. Mas ela apenas correu para salvar sua vida. Ela precisava de conforto, não de beijos.
Ele precisava saber o paradeiro dos outros dois cavaleiros. As pegadas não mentiam.
— Emmaline, minha querida. — Ele disse, afastando-se o suficiente para olhar para ela, quase perdendo o juízo ali mesmo. — Onde estão os outros?
— Há outros dois, — ela confirmou. — Eu os droguei com seu chá. Eles caíram em um sono profundo a uma curta distância. Eles machucaram alguém no bordel?
— Não, moça. — Ele sorriu sem pensar em impressioná-la. Ele sorriu por nenhuma outra razão a não ser porque a encontrou, e porque olhar para ela, estar em sua companhia, o agradava. Ele desejou que ela pudesse ver o quão feliz o deixava por ter sobrevivido. Ele teria que encontrar maneiras de dizer a ela. Ela era corajosa e capaz...
— Obrigada. — Ela o agraciou com um sorriso e então estendeu a mão, na ponta dos pés, e deu um beijo no canto de sua boca.
O gesto inocente sacudiu todas as emoções que ele tentou evitar. Foi preciso uma força que ele não sabia que possuía para evitar fechar os braços ao redor dela e marcar sua boca com a dele. Ele queria abraçá-la e beijá-la. Nunca antes seu corpo doera tanto por saborear uma mulher, por respirar com ela, por tocá-la tão intimamente com sua boca, sua língua. Ele se inclinou para pegá-la e não disse nada enquanto a carregava para seu cavalo. Quando ela enganchou os braços em volta do pescoço e pressionou a bochecha contra seu peito, ele quase se dobrou com o desejo de protegê-la.
Inferno, como ele poderia ter deitado com Bess quando o pensamento de dias, sem Emma neles, o apavorava? Quando coisas como a peculiaridade de sua boca, a ruga em sua testa ou seus dedos delicados caindo sobre tudo que ela precisava ver assombraram cada pensamento seu?
Enquanto a carregava, ele baixou os olhos para o seu olhar que estavam esquivos, como se ela tentasse se esconder, talvez das lembranças de Clementine. Possivelmente, dele. Ele sabia como era se esconder. Era muito solitário. Ele não queria isso para ela, ou para si mesmo mais.
— Eu tenho você agora. — Ele sussurrou.
— Obrigada por vir por mim, Malcolm. Acho que aquele último homem teria me matado ou algo assim. Eu dificilmente poderia continuar correndo sem me machucar contra uma árvore.
Malcolm fechou os olhos, pensando no que teria acontecido com ela se ele não estivesse aqui.
Ele pensou sobre sua decisão anterior, mas para o inferno com a partida. Ela precisava dele aqui. Ele apenas teria que ser forte e não levar ninguém para sua cama, incluindo ela.
Seus instintos lhe disseram para recuar, ficar longe. Este era apenas seu dragão erguendo sua cabeça poderosa e grossa, tornando-o ainda mais consciente da ausência de paixão real em sua vida. Mas quando saltou na sela atrás dela e enrolou o braço em volta de sua cintura delicada, ele sabia que havia mais envolvimento do que um dragão. Havia algo muito mais forte. Seu coração.
Se não estivesse virando seu mundo de cabeça para baixo, ele poderia quase sorrir com a ironia de se apaixonar por uma moça que não podia ver seu rosto e sua forma que ele confiou em sua vida inteira para conseguir o que queria.
Eles não tinham percorrido mais de trinta metros quando o céu se abriu com um estrondo de trovão que levou Emma se afundar mais em seus braços. Ele desejou ter seu plaid para cobri-la. Quando ela começou a tremer, ele fechou os braços ao redor dela com mais força e inclinou a cabeça em seu ouvido.
— Você tem medo do trovão, moça?
— Eu tento não ter. — Ela confessou, virando-se ligeiramente na sela para ficar mais perto dele. — Mas é muito assustador.
Ele a acariciou seus cabelos.
— É apenas um som, — ele disse a ela perto de seu lóbulo. Ele permaneceu lá, então roçou os lábios levemente sobre ele. — É muito menos perigoso do que três homens curvados, estou certo, com más intenções. E veja o que você fez com eles.
Ela parou seu coração quando sorriu para ele e, em seguida, começou a bater forte quando colocou os braços ao redor de sua cintura.
Ele sentiu-se derreter por dentro, acariciando seu braço com os dedos, não querendo nada mais do que protegê-la — mesmo que na maioria das vezes, ela não precisasse de proteção.
Logo, a chuva encharcou suas roupas e Gascon gemeu, parecendo tão perdido quanto Malcolm sabia que eles estavam. Era melhor encontrar abrigo, parar e esperar que a tempestade passasse do que tentar cavalgar. Ele mal podia ver, para não mencionar seu cavalo inquieto.
Não era seguro continuar. Eles tinham que parar. Ele estaria sozinho com ela. Inferno.
Ele encontrou uma caverna rasa, que na verdade era uma saliência de rocha que cabia ele, Emma e Gascon e manteria a chuva fora. Seu cavalo esperaria sob uma árvore próxima.
Eles ainda estavam frios, mas pelo menos estavam menos molhados.
— Gascon está ferido? — Ela perguntou a ele quando afagou a cabeça do cachorro e ele choramingou. Ela se agachou contra a parede da caverna, sob um jato de luz emitido pelo sol que tentava aparecer. Ela abraçou o cachorro com mais delicadeza. — Eles me disseram que aquele que estava me perseguindo o matou com uma pedra.
O sangue de Malcolm ainda ferveu, mas ele conseguiu sorrir para Gascon, feliz que a besta tivesse se vingado.
— Gunter o encontrou. — Ele disse a ela, feliz com o fato de Gascon estar vivo. — Ele foi nocauteado um pouco, mas sua determinação em salvá-la o acordou de seu sono.
— Não sei por que ele me ama tanto. — Disse ela, beijando o topo da cabeça de Gascon.
Inferno, Malcolm poderia ter mencionado uma dúzia de motivos.
— Ele é um bom amigo. — Disse ele. — Se não fosse por ele, não sei se eu teria te encontrado.
Ela sorriu para ele e acenou com a cabeça, acariciando a cabeça de seu cachorro. Gascon ofegou, então descansou a cabeça no colo dela, contente.
Como Malcolm se sentia — aqui, sob um telhado de pedra, ensopado até a pele, — observando uma moça molhada abraçando um cachorro ainda mais úmido.
Ela ergueu a cabeça para ele e sorriu, dando-lhe o que ele procurava — um convite para seu mundo privado. Seu coração vacilou, junto com seu olhar. Ela ficava mais bonita a cada vez que ele a olhava, e a cada vez, ele não estava preparado para o efeito dela sobre ele.
Ele queria matar o resto dos homens que tentaram levá-la. Ele não dava a mínima se eles eram Winthers ou não. Ele mataria todos eles se ousassem tocá-la novamente.
— Perdoe-me, moça.
— Pelo quê? — Ela perguntou suavemente.
— Eles pegaram você bem debaixo do meu nariz. — Ele não iria deixar isso acontecer novamente.
— Você estava dormindo, Malcolm. Não havia nada que você pudesse ter feito.
— Não, eu não estava dormindo. Eu estava... — Ele não podia contar a ela sobre Bess — ...com Harry.
Ele nunca seria digno de uma moça como Emma. Como poderia ser isso? Como ele poderia finalmente sentir algo por uma moça que queria o tipo de homem que ele nunca poderia ser? Isso fez seus músculos se contraírem e suas pernas ficarem pesadas. Ele dormiu com Bess. Och, nae, ele simplesmente não conseguia entender. Como ele poderia esquecer? Ele tinha sido drogado? Ele tinha adormecido e Bess o despiu? Por que ela estava nua também?
Droga. E se ele pudesse perder seu coração e ainda não fosse o suficiente? Ele não queria perder seu coração para Emma. Não se ele não tivesse certeza de que poderia dar seu coração apenas a ela. Ela queria mais em um homem do que um rosto bonito ou um sorriso encantador. Ele não sabia se era mais do que isso. Mas ele queria ser. Ele percebeu que queria ser mais há muito tempo. Finalmente, ele tinha um motivo.
Ele quase riu de si mesmo. Ele não era um cavaleiro.
Mas isso significava que ele nunca poderia se tornar um?
— Conte-me sobre sua vida em Skye. — Ela disse. A voz dela soou como música em seus ouvidos. Ela se aconchegou mais perto dele, tentando se aquecer.
Ele estava com problemas.
— E sobre sua família. Eu conheço Cailean, e Caitrina é uma pirata. Conte-me sobre o resto e sobre você.
Malcolm poderia não ter compartilhado a natureza romântica de seus parentes, mas ele amava todos eles.
— Tive uma boa infância. — Disse ele, espantado com a facilidade com que falava. Ele nunca se sentou com nenhuma mulher e disse a ela coisas sobre si mesmo. Ele queria dizer a ela, mostrar mais dele. — Construí relacionamentos fortes com meus primos durante jogos e lutas, e qualquer problema que pudéssemos encontrar.
Ela sorriu. Ele deu um longo suspiro.
— Os problemas pareciam seguir-me mais do que aos outros. Mas, desde que me lembro, fui eu quem ficou diante de meu pai na maioria das vezes.
Ela respirou contra ele.
— Como ele é? Seu pai?
Malcolm pensou em uma maneira de descrever Connor Grant, ex-capitão da Guarda Real da Inglaterra. Marido da filha do infame Diabo MacGregor das Terras Altas.
— Ele é um homem feliz.
Ela riu.
— É isso?
— É o suficiente. Sua risada muitas vezes pode ser ouvida através dos vales. Sua esposa e filhos o amam e respeitam, assim como seus irmãos e seu pai. E todas as mulheres em Camlochlin.
— Ah, é ele que você imita. — Ela brincou.
— Eu não sou como ele, — ele disse a ela. — Ele tem todos aqueles atributos que você tanto gosta.
Ela se sentou, afastando-se dele, certificando-se de que ele pudesse ver seu rosto.
— Eu acho que você os tem também, Malcolm. Você apenas tenta mantê-los escondidos.
Ele pensou em acordar com Bess.
— Talvez, — ele se permitiu dizer, embora não quisesse dizer isso. — Eu gostaria que você estivesse certa, moça, mas não acho que esteja. Eu salvaria você da dor de cabeça que trago.
Ela o pesou com um sorriso.
— E se for eu quem trago a dor no coração?
— Então estou condenado.
Ela balançou a cabeça e se aproximou, fechando os olhos.
— Não, — ela sussurrou, seu hálito quente envolvendo-o, seus lábios carnudos o tentando além da resistência. — Eu vou salvar você.
Ele sorriu e traçou o contorno de seu lábio superior com o polegar. Ele se moveu, atraído pela plenitude melosa de sua boca. Não era seguro para ele beijá-la.
Mas ele não deu a mínima.
Capítulo 18
Sua respiração pesada e irregular explodiu nos ouvidos de Emma e enviou gotas quentes por suas costas. As mãos dele em seu rosto eram duras, calejadas, mas gentis em sua carne. Ela quase podia ouvir seu sangue, seu desejo pulsando em suas veias, enquanto ele a puxava para mais perto.
Emma nunca tinha sido beijada na boca antes. Ela não sabia se iria gostar. Mas então Malcolm Grant passou seus lábios macios sobre os dela. Foi uma coisa boa ela estar sentada, pois seus joelhos estavam praticamente perdidos pela moleza. Ficava ainda melhor, ou pior, dependendo de como se olhava, quando sua boca cobria a dela em um beijo magistral que a tentava a segui-lo até os confins da terra. Ela se sentiu agarrada, esmagada contra ele, sua boca, com desejo e possessiva. Ela gostou. Não, ela adorou. Ela amava como ele era duro e exigente. Ela queria ceder a cada comando seu, e então Emma queria dar alguns comandos próprios.
Gascon moveu-se e se afastou de seu colo, dando-lhe espaço para se aproximar mais de Malcolm, se profundando em seu beijo. Quando a língua dele percorreu seus lábios para separá-los, ela ofegou, então sentiu seu rosto pegar fogo quando ele se retirou.
— Perdoe-me.
Perdoá-lo? Ele escolheu ser cavalheiresco? Agora?
— Não! Me perdoe! — Ela se sentiu tola, como uma criança que nada sabia sobre a vida ou o amor. — Eu nunca fui beijada antes.
— Você faz isso muito bem para uma novata.
Ela ouviu o sorriso em sua voz e quis tocá-lo. Por enquanto, ela se deixou confortá-la. Afinal, foi por isso que ele disse isso, para aliviar o constrangimento dela. Seria possível que todos estivessem tão errados sobre ele? Ele era mais do que apenas um libertino que usava mulheres para conseguir o que queria?
— Você não tem nada a ver com sua reputação. — Disse ela.
Ele riu baixinho e depois gemeu.
— Eu sei o que você ouviu... — Ele fez uma pausa, repensando sua defesa, e então aparentemente pensando melhor a respeito. — Eu ganhei a minha reputação. Além disso, não posso voltar e mudar meu passado.
Ela não pediria isso a ele. A ideia dele voltando e mudando seu passado nunca tinha passado por sua mente. Tinha cruzado com o dele? E porquê? Por que ele se importaria com o que ela pensava dele? Malcolm Grant não se preocupava com essas coisas.
— Você iria? — Ela perguntou agora que ele pegou a sua atenção. — Você voltaria?
Ela esperou com a respiração suspensa por sua resposta, deixando apenas uma coisa distraí-la de sua resposta.
Seu beijo. Sua boca apaixonada tomando a dela repetidamente. Oh, se ele fizesse de novo, ela daria as boas-vindas à sua língua.
Ou ela deveria ter dado um tapa nele?
— Eu não sei se eu voltaria.
Sua resposta veio, mas não ofereceu nenhum conforto. Ela tentou não parecer desapontada.
— Talvez quem eu fui no passado, — ele continuou, — me moldou em quem eu deveria ser.
— Você deveria ser um libertino sem coração? — Ela perguntou. A irritou que ele acreditasse nisso e ela não se preocupou em esconder sua carranca feroz.
— Algo mais do que isso, talvez.
A quietude de sua voz a sacudiu até os ossos. Ele não estava sorrindo ou sendo loquaz agora.
O toque repentino das pontas dos dedos em seu rosto a assustou. Quando ele traçou a ponta de seu polegar ao longo da comissura de sua carranca, ela lutou para não amolecer. O que ele estava fazendo? Por que ele disse o que disse? Por que ele a estava tocando tão intimamente, do jeito que ela o tocaria para saber como ele pareceria?
— Você é uma moça bonita, Emmaline Gray.
Era assim que era ficar encantada? Ela se sentiu hipnotizada, paralisada, tonta de prazer. Este era Malcolm matando seu coração, sendo o libertino encantador que diziam ser. Dissera-lhe que Harry estava correto sobre ele, mas ela não se importava. Não neste momento. Qualquer feitiço que ele estava tecendo nela, ela permitiu. Incapaz de fazer qualquer outra coisa.
Mas ela fez outra coisa. Ela levou as mãos ao rosto dele.
Seu toque, a princípio, era tímido, mas sua respiração lenta a encorajou a seguir em frente, isso e a simetria curva de um rosto feito por um mestre artista empenhado em superar todo trabalho passado e futuro. A escuridão era sua tela, seus dedos eram os pincéis que o pintavam. Erguendo-se de uma mandíbula quadrada esculpida em pedra, ela traçou a curva de seus lábios carnudos. Quando ele beijou seus dedos, seu sangue chiou em suas veias. Ela queria que ele a beijasse novamente, e enquanto o observava o resto dele, o puxou para mais perto.
Ela estava realmente sendo ousada com um homem? Ela não conseguia evitar que seu coração batesse tão rapidamente contra ele. Malcolm não se opôs e pressionou sua boca na dela, roubando seu fôlego e tudo mais dentro dela. Ela queria mostrar a ele que não estava com medo e mergulhou a língua em sua boca, emocionada com sua própria ousadia.
Ele se retirou apenas o suficiente para interromper o beijo e riu suavemente contra os lábios dela.
— Aqui, moça, — sua voz sensual de feiticeiro penetrou profundamente em sua alma. — É isso.
Deslizando a mão por trás de sua nuca, ele inclinou-lhe a cabeça para tomá-lo em um ângulo melhor. Ele prendeu a respiração dela novamente, cobrindo sua boca com a dele em uma combinação inebriante de ternura e força. Ele separou seus lábios suavemente e deslizou sua língua dentro dela.
Seus mamilos ficaram tensos e duros contra os limites de seu vestido.
Apenas um movimento através dos recessos mais escuros de sua boca e então sumiu, repetidamente, devorando-a até que ela gemeu quando algo quente e apertado retorceu suas entranhas e entre suas pernas.
Mas não era hora de se encolher com o poder que ele possuía. Ela não era um rato e seguiu seu exemplo, fazendo o que ele fazia, combinando seu ardor com uma paixão desenfreada própria.
Quando os beijos dele caíram em sua garganta, ela jogou a cabeça para trás e rosnou... Não, não foi ela.
Foi Gascon.
Malcolm ergueu a cabeça de seu pescoço, deixando-a perdida nos resquícios de seu desejo. Quando ele ficou de pé, a acordando do feitiço que lhe lançou.
— Alguém está lá fora. — Ele disse acima dela. — Fique aqui.
Ela ouviu o suave assobio de sua espada deixando sua bainha quando ele se afastou dela. Ela queria gritar quando Gascon a deixou em seguida. Em vez disso, ela fugiu mais para trás nas sombras e tateou em busca de um pedaço de pau ou uma pedra. Ela encontrou uma pedra, mais ou menos do tamanho de seu punho, e a apertou contra o peito. Quem estava lá fora? Outro Winther? E se ele matar Malcolm? Gascon? Ela agarrou sua pedra com mais força.
Ela esperou enquanto os segundos se transformavam em minutos, sem nenhum outro som além da chuva caindo nas folhas e seu coração batendo em seus ouvidos.
Ela orou. Orou pela segurança de seu salvador e para que ela não tivesse que tentar matar ninguém novamente. Ela rezou para esquecer o beijo de Malcolm Grant. Seria um milagre. Sua boca era sensual, seu beijo, como o pecado. Isso a fez esquecer sua reputação, sua solidão e...
— Emma!
— Harry? — Ela gritou para a voz do lado de fora do recinto. Como seu irmão os encontrou?
Ela sentiu o cheiro de Gascon antes que ele a alcançasse e lambesse seu rosto. Ela segurou a besta enquanto se levantava.
Eles foram resgatados. Ela deveria estar agradecida. Ela não estava.
Harry estava lá, quase imediatamente, reunindo-a em seus braços.
— Malcolm me disse que foram os Winthers. Você está machucada?
— Eu estou bem, — ela o assegurou, ouvindo os sons de fundo para qualquer sinal de Malcolm. — O que você está fazendo aqui? Como você nos encontrou?
Seu irmão a soltou, mas apenas o suficiente para olhar para ela. Ela gostaria de poder fazer o mesmo. Ele parecia assustado. Como ele esteve depois que seus pais e tio morreram. Ela sorriu para tranquilizá-lo de que estava ilesa.
— Quando Gunter voltou sem você, eu o deixei com as meninas e saí para te encontrar eu mesmo. Eu tropecei no cavalo de Malcolm a poucos metros daqui. O garanhão escapou da chuva ficando embaixo da maior árvore da floresta. Malcolm o está procurando agora. Ele me contou a maior parte do que aconteceu e disse que você explicaria o resto.
Ela contou a ele o que aconteceu e como drogou dois dos homens e Malcolm matou o último. Quando ela terminou, Malcolm voltou para a caverna rasa.
— Malcolm, — seu irmão disse, liberando-a para se virar para seu amigo. — Você ainda tem minha gratidão. Atrás de você!
Gascon rosnou e saltou para longe de Emma. Alguém os havia encontrado e vindo por trás de Malcolm. Ela ouviu uma briga e prendeu a respiração, roupas farfalhando juntas, uma série de grunhidos e gemidos, e então tudo acabou.
— Malcolm? — Ela não conseguia parar de gritar. Ele foi ferido? Ela estendeu os braços na frente dela e deu um passo. Gascon correu para seu lado.
— Estou bem, — Malcolm a assegurou, pegando sua mão quando ela o alcançou. — Graças a Harry.
Harry permaneceu em silêncio. Emma podia sentir a força de seu olhar sobre ela, ou provavelmente em sua mão.
— É provável que seja um dos homens que levaram Emma. — Malcolm continuou, soltando sua mão. A voz dele flutuou em seus ouvidos como música ao vento. Ela ficou feliz em ouvir isso. — Os efeitos do chá dela passaram.
Ela assentiu. Ela não tinha sido capaz de dar a eles tanto de sua mistura quanto gostaria.
— Ele está morto?
— Eu diria que sim. — Disse Malcolm. — O pescoço dele está quebrado.
Ele o quebrou. As mesmas mãos que deslizaram suavemente sobre suas feições acabaram de matar um homem. Ela estremeceu em seu lugar e Gascon esfregou o nariz em sua palma.
— O outro provavelmente está perto. Nós precisamos ir.
Harry concordou e pegou o braço dela.
— Estou feliz que você esteja ilesa, Emma. Temo, — disse ele, virando o rosto para Malcolm, — que os Winthers não vão parar.
— Eles mencionaram que você se recusou em lhes dar Alison. — Emma disse a seu irmão. — Alegando que ela estava com febre.
— Eu não disse que ela estava com febre. Bess o fez. — Harry disse.
Bess? Por que ela enganaria os Winthers por causa de Alison?
— Precisamos sair agora. — Malcolm os empurrou.
— Você vai cavalgar de volta comigo, Emma. — Disse Harry. Ela estava cansada demais para discutir. Depois de alguns momentos, ela desejou que não tivesse.
— O que vocês dois estavam fazendo aqui desde a sua fuga? — Harry perguntou a ela na frente em sua sela.
Ela fez uma careta.
— Não sou mais uma criança, Harry. — Disse ela. — Faz muito tempo que não sou. O tempo de tomar decisões por mim já passou. Você optou por partir, então não tem uma palavra a dizer.
Ele se virou um pouco e falou com ela por cima do ombro.
— Perdoe-me por querer acertar as coisas entre nós, protegendo você e cuidando de suas necessidades.
Oh, por que ele tinha que parecer tão magoado? Ela sabia que ele estava um pouco certo. Ele estava tentando alcançá-la rápido demais.
— Nós esperamos, — ela cedeu e disse a ele. — Falamos de sua casa e de Cailean.
— Ele te contou sobre Bess?
— Você quer dizer o que ela fez por Alison?
— Não. Quero dizer o que ela fez por ele.
Ele? Bess e Malcolm? Não, ele recusou a prostituta mais habilidosa do Fortune’s Smile’s duas vezes. Ele não iria...
— Eu o encontrei puxando as calças quando ele atendeu a porta quando o procurei no quarto de Bess. Ela, por outro lado, não se preocupou em se cobrir quando saiu da cama atrás dele.
O coração de Emma parou, assim como sua respiração. Ele estava com Bess, em sua cama, antes de vir procurá-la? Não!
— Tem certeza que era ele? — Ela tentou impedir que seus olhos se enchessem de lágrimas, mas foi inútil. Elas vieram de algum lugar muito profundo. Ele a enganou, e ela o deixou fazer isso. Quantas mulheres antes dela foram seduzidas com tanta habilidade? Ele tentou avisá-la. Isso era tanto culpa dela quanto dele. Ela estava feliz por seu irmão não poder vê-la.
Mas, oh, Bess?
Ela não choraria por ele! Ele a beijou. A fez esquecer que ele não era nada além de um libertino, beijando uma mulher e depois outra nas próximas horas! Tudo o que ele disse a ela sobre sua vida familiar era parte de sua sedução para atacar os desejos de seu coração. Harry não estava apenas correto sobre ele, mas ela também. Ele não era nada parecido com os homens dos livros de sua mãe.
Ela queria ir para casa e se trancar em seu quarto, mas seu irmão estava lá. Ela tinha que ajudar Cailean a se recuperar logo e mandar os dois embora. Oh, ela era uma idiota! Uma criança estúpida, crédula aos encantos de uma cobra.
— Emma, o que é? — Ela ouviu a voz de Malcolm à sua direita e enxugou os olhos. Ela não o ouviu cavalgando até ela.
— Emma? — Harry se inclinou, tentando vê-la na penumbra.
— Estou bem. — Ela assegurou a seu irmão. — Tudo parece estar me atingindo agora.
— Você está tremendo, irmã.
— Basta me levar para casa.
— Emma? — Malcolm falou o nome dela novamente, mas ela não respondeu.
— Apenas me leve para casa, Harry.
Capítulo 19
Malcolm estava sentado sozinho a uma mesa do bordel. Não havia outro lugar para ir e esta noite, ele queria estar em outro lugar.
Eles voltaram da caverna na noite anterior, a caverna onde ele a beijou. Deus o ajude, ele a beijou. E inclinou seu mundo em seu eixo. Ele sabia que não deveria ter feito isso, mas inferno, como poderia resistir a ela quando sua boca o deixava louco de desejo? Ele nunca teve que resistir antes. Sua promessa a Harry ressoou em sua cabeça, e dane-se, Harry o salvou de novo! Ele não podia trair seu amigo.
Mas inferno, ela não resistiu. Na verdade, ela o beijou! Foi um pouco casto e duro, mas sua inocência apenas a selou mais profundamente a ele. Ele pensou em sua garganta macia e no cheiro dela quando beijou sua pele. Sua ânsia por ele escaldou seu sangue.
O que diabos aconteceu então?
Ele tinha certeza de que ela estava chorando na sela com Harry. Ela negou que algo estivesse errado, mas não tinha falado uma palavra com ele desde que eles voltaram. No instante em que ela entrou no bordel, ela agarrou os pelos de Gascon e correu para seu quarto. Ele tentou seguir, mas ela negou, pedindo-lhe para ficar longe.
Ele fez o que ela pediu.
— Whisky?
Ele olhou para cima e gemeu para si mesmo quando viu Bess de pé sobre ele. A última coisa que ele queria era a companhia dela.
— Eu já bebi duas canecas. — Ele recusou sua oferta.
Por que diabos ele fez isso, não sabia. Ele deveria beber mais uma dúzia de canecas. Ele precisaria de muitas canecas desse whisky para restaurar seu antigo eu. E por que não fazer? Ele não nasceu para este estilo de vida e dois corações, um amor. Por que ele estava lutando contra isso? Algumas noites sem dormir e ele não era forte o suficiente para se negar a Bess, de todas as pessoas.
— O libertino se transformou em padre? — Bess se curvou sobre ele, balançando os seios logo abaixo de seu queixo.
— Eu era padre ontem também? — Ele rezou para que ela respondesse sim. Ele ainda não conseguia se lembrar de nada.
Ela lançou-lhe um sorriso malicioso.
Ele se sentiu desequilibrado, um pouco tonto. Ele estendeu uma das mãos e arrancou a caneca da mão de Bess. Ele deu um puxão em seu pulso e puxou-a para a cadeira mais próxima com a outra mão.
— Ou você colocou algo no meu... — Não, Bess não tinha dado a ele uma bebida. Harry tinha.
— Eu não sei o que é mais insultuoso. Que você ache que eu precisaria drogá-lo para ir para a cama, ou que não se lembra. — Bess puxou seu braço. — Leve-me lá para cima e eu vou lembrá-lo.
— Talvez mais tarde. — Ele desviou as mãos dela e começou a se virar.
Ele encontrou o olhar de Mary e direcionou seu sorriso mais acolhedor para ela, ignorando a partida de Bess.
Ele olhou em volta para todos os rostos bonitos. Por um preço, ele tinha sua escolha do grupo. Inferno, quando ele quase fez sinal para outra bebida, cinco delas vieram correndo.
Era assim que ele costumava ser. Parecia quem ele sempre seria. O canalha que deu apenas pedacinhos de si mesmo porque dar mais era impossível.
Não, talvez não seja impossível.
Inferno, isso não era quem ele queria ser. Ele desistiu há muito tempo de querer mais. Ele colocou de lado aqueles desejos de ter o que sua família tinha. Mas Emma o fez querer de novo.
Ele olhou para as escadas e bateu com a bota embaixo da mesa. Ele queria ir até o quarto dela e falar com ela.
— Aí está você, irmão.
Malcolm sorriu para seu irmão descendo as escadas com Alison ao seu lado, oferecendo uma ajuda que ele não parecia precisar. Ele parecia forte e em forma novamente, o Cailean que Malcolm havia tirado de Camlochlin. Só que melhor. Seu irmão mais novo estava feliz novamente. Ele com certeza parecia feliz com os olhos fixos em Alison enquanto eles alcançavam a mesa e ela separava o braço do dele.
— Como vai, Cailean? — Malcolm perguntou, a sua chegada. — Você está forte o suficiente para uma bebida?
Cailean afastou suas mãos curiosas quando Malcolm tentou sentir a febre.
— Você parece Emma. Me deixe, então.
Malcolm olhou escada acima e procurou por ela.
— Emma está se juntando a nós?
— Duvido, — disse Cailean, estendendo uma cadeira para Alison primeiro e depois sentando ao lado dela. — Já que foi ela quem nos pediu para lhe dar algumas horas a sós.
Malcolm olhou para as escadas novamente. Desta vez, propositalmente esquecendo, — assustadoramente — quem ele pensava que era e todas as belas donzelas prontas para servi-lo. Ele pode ter sido aquele homem uma vez, mas não era mais. Ele não queria nenhuma dessas mulheres.
— Sozinha. — Repetiu Cailean, lendo os pensamentos do irmão.
— Claro, — Malcolm freou com um sorriso gracioso que levou tudo que ele possuía para manter. — Ela sofreu uma provação ontem.
— Mas graças a você, ela voltou sã e salva. — Brincou Bess, voltando para a mesa, sentando-se, desta vez, perto de Alison.
Bess era um perigo para Emma? Ele deveria estar olhando para ela mais de perto? Ele não queria vê-la, ou estar com ela, e se odiava por fazer isso. Ele poderia muito bem admitir, pensou, pedindo mais whisky. Ele queria estar com Emma.
Quando Harry fez uma pausa na contagem de suas moedas e se juntou a eles para ainda mais bebidas, Malcolm se recostou em sua cadeira e permaneceu lá, ninguém mais sabendo que ele esteve a momentos de se levantar e fazer papel de bobo.
Não. Ela queria ficar sozinha. Ela ficaria sozinha. Ele a tirou de seus pensamentos e aproveitou a hora seguinte com os presentes em sua mesa, junto com Gunter e Brianne, que se juntaram a eles um pouco mais tarde.
Eles riram sobre o quanto Cailean devia a Harry pelo tempo de Alison. Mas Malcolm podia ver mais nos olhos de seu irmão do que um mero flerte, e quando Cailean falou a seguir, Malcolm soube que estava certo.
— Estou pensando em tirá-la de você, Harry.
— Não sem me arranjar uma substituta.
— Ah, mas o que você pede é impossível. — Disse Cailean lentamente. — Ninguém pode substituí-la.
— Bem, então, — Harry disse a ele, estendendo a mão para sua terceira caneca. — Você não vai levá-la a lugar nenhum. Não é correto, Malcolm?
Os olhos de Cailean e Alison pousaram nele, esperando sua resposta.
Malcolm assentiu, perguntando-se o que diabos ele faria sobre levar Bess. Ele tinha dado sua palavra para tirá-la do bordel. Ele com certeza não poderia levá-la para Camlochlin. Sua mãe e todas as outras mulheres iriam atrás dele para bater-lhe com algo, as que não estivessem comprometidas.
— Você não pode tomar parte nos negócios de um homem, — disse ele, — e deixá-lo sem uma fonte suficiente para manter seu estabelecimento funcionando.
Os olhos de Cailean se arregalaram, como vastos céus índigo.
— Onde diabos vou encontrar uma prostituta que já não trabalha aqui?
Malcolm encolheu os ombros e voltou a beber.
— Experimente um bordel diferente.
Cailean argumentou algo, mas Malcolm não ouviu. Ele avistou Emma no topo da escada com seu enorme cão cinza ao seu lado. A cabeça dela estava ligeiramente inclinada em sua direção como se ela estivesse procurando por ele ou por Harry.
Por um momento, Malcolm simplesmente ficou sentado lá, absorvendo a visão dela. Talvez ele estivesse mais envolvido em suas canecas do que pensava porque não conseguia se mover. Ele mal conseguia respirar com a visão dela empoleirada acima de todos eles, suas ondas longas caindo como um véu dourado sobre seus ombros, seus olhos enormes e emocionantes perfurando-o como flechas. Seu olhar caiu para a delicadeza de seus dedos segurando o corrimão. Och, o que estava acontecendo com ele? Ele desviou o olhar para Cailean. Ele deveria conversar com seu irmão sobre o que estava sentindo? Ele poderia descrevê-lo com precisão? Cailean nunca acreditaria que Malcolm pudesse estar se apaixonando por Emma. Inferno! Ele também não conseguia acreditar e estava acontecendo com ele! Alison chamou sua atenção e sorriu como se pudesse ouvir seus pensamentos.
Emma começou a descer com um pequeno toque da bota no mesmo momento em que Bess caiu na gargalhada.
Malcolm observou com horror enquanto os passos de Emma desciam rápido demais em direção a um banco. Ela ia cair! Ele saltou de seu assento e empurrou-o para fora de seu caminho assim que ela se endireitou e continuou a descer graciosamente.
Vendo sua irmã — e sem dúvida a reação de Malcolm ao vê-la — Harry se levantou e deixou a mesa. Ele se virou antes de alcançar Emma e lançar a Malcolm uma carranca conhecedora.
Malcolm se amaldiçoou e voltou para sua cadeira. Seu amigo estava se apressando para avisá-la um pouco mais sobre o demônio que ele era? E diabos, ele estava! Ele não tinha decidido, esta mesma noite, que ser um libertino era melhor do que lamentar por uma moça?
E, no entanto, o pensamento dela o impediu de querer outra pessoa. A mera visão dela o fez querer se levantar rapidamente. Se ele não era o homem certo para ela, queria tentar se tornar o homem certo.
Harry estava saindo, tropeçando escada acima para seu quarto!
Por fim, Malcolm poderia falar com ela sozinho, mas ela estava indo embora também, deixando Gascon conduzi-la em direção à cozinha.
Ele se levantou de sua cadeira novamente, ignorando o olhar de advertência de seu irmão e suas próprias advertências para si mesmo, e saiu atrás dela. Ele não se importava se ela o favoreceria ou não, mas não iria mais continuar a deixá-la ficar com raiva dele a menos que lhe dissesse o porquê.
— Emma, espere. — Ele gritou. Ela não parou. Ele tinha a sensação de que ela não pararia.
Aumentando seus passos, ele se moveu na frente dela e Gascon e bloqueou seu caminho.
— Se você está sofrendo com as lembranças do ataque, posso ajudá-la.
Ele achou torturante o suficiente ter que olhar para baixo na curva suave de seu nariz antes que ela falasse. Mas foi mais difícil resistir quando ela ergueu o rosto, dando a ele uma visão completa de seus olhos escuros expressivos e a forma carnuda de sua boca.
— As lembranças que me assombram, — ela disse a ele suavemente, — não têm nada a ver com o ataque. Agora afaste-se, por favor.
— É comigo que você está zangada, — ele disse, sem se mover. — Eu suspeitava disso. Diga-me, o que eu fiz?
Ele observou a curva leve e irônica de sua boca e deixou que a visão aquecesse de sua coluna as coxas.
— Você provou que as histórias sobre você são verdadeiras, Sr. Grant. — Disse ela, parecendo impassível sobre a coisa toda.
Sobre o que ela estava falando? Ela sabia sobre Bess?
— Eu nunca afirmei que elas eram falsas, moça.
— Oui, você até me avisou que cada palavra era verdade.
— E mais, — ele concordou. — Mas então eu...
Ela ergueu o queixo para ele e o deixou sentir a raiva em seu olhar brilhante.
— E então você me beijou.
— Você não teve objeções, Emma.
Ela parecia querer bater nele. E ela poderia ter feito isso também, parecendo sentir o sorriso completo e indulgente que ele finalmente permitiu brilhar sobre ela, se Alison não tivesse se aproximado dela e colocado seu braço no de Emma.
— Emma, querida, venha se juntar a nós na mesa. — Ela disse, salvando-o de um possível soco.
— Obrigada, Alison, mas não conseguirei.
— Porque não? — Malcolm perguntou.
— Sim, porque não? — Alison ecoou. — Você nunca se sentou conosco. Agora, você não tem desculpa. Se algum dos clientes incomodar você, Malcolm, aqui, vai cuidar deles. Não é correto, Malcolm?
Ele acenou com a cabeça, feliz por tê-la salvado dos Winthers, mesmo que isso significasse prometer algo a Bess que ele nunca pretendeu cumprir. E ela era boa para seu irmão.
— Sim, está correta.
— Não, eu...
— Bess se foi. — Alison a informou, interrompendo-a novamente. — Por favor, Emma, venha sentar-se com seus amigos.
Malcolm observou a resolução de Emma de permanecer desapegada vacilar. Ele adivinhou que tinha a ver com ela nunca ter se sentado com nenhuma delas antes. Ela não era uma delas. Ela não era nada parecida com qualquer uma delas. Ela não pertencia aqui.
— Por um momento, talvez. — Emma cedeu e lhe deu as costas.
Assistindo sua partida, Malcolm deixou seu sorriso se aprofundar em mais do que apenas o balanço de seus quadris. Inferno, se as costas dela o cativaram da mesma forma que a frente dela, já era tarde demais para ele.
Quando ela estava prestes a se sentar, ele se apressou, pegou sua mão e puxou sua cadeira, fazendo Cailean engasgar com seu whisky.
— Você está se sentindo mal? — Emma perguntou a ele imediatamente, tomando o assento que Malcolm ofereceu a ela.
Malcolm lançou a seu irmão um olhar assassino.
Ignorando isso, Cailean continuou.
— A visão do meu irmão fazendo algo cavalheiresco me pegou de surpresa.
Malcolm murmurou um fim horrível para a vida de seu irmão, que Cailean também ignorou.
— Nesse caso, — disse Emma, juntando-se a seu irmão para fingir que ele não estava lá, — estou surpresa que o choque não trouxe de volta a febre e deixou você inconsciente.
— Gunter, — Malcolm disse enquanto se virava para o robusto guarda. — Ela tem sido desagradável desde que chegou aqui?
Ele a ouviu respirar fundo e ficou feliz em ganhar sua atenção.
— Cailean. — Ela se voltou totalmente para seu irmão. — Ele faz alguma coisa em Skye além de causar estragos nas pobres donzelas?
— Sim. — Respondeu Cailean, finalmente olhando para ele.
Inferno, isso era tudo que Cailean via nele? Isso era tudo que ele era? Um libetino?
— Ele constrói casas. — Continuou seu irmão, surpreendendo-o. — Casas boas e robustas para nossos parentes.
Emma se voltou para ele, sem ver o olhar significativo que ele lançou a Cailean.
— Você constrói casas? — Ela perguntou a ele, o tom frio de sua voz e substituído por curiosidade... e algo mais que o fez doer para construir algo grande para ela.
Mas, inferno, ele tinha lhe dado um beijo e ela o odiava por causa disso. O que ela faria se ele dissesse que temia estar perdendo seu coração por ela?
Capítulo 20
Por mais uma hora, Emma se sentou à mesa com pessoas que ela mal conhecia. Ela soube, depois de meses morando com elas, que Alison tinha uma irmã gêmea morando em Newcastle, e Gunter, sua escolta desde que ela chegou aqui, se casou e perdeu sua esposa em um incêndio. Mas a coisa mais chocante que ela descobriu foi que Malcolm construía casas. Ela gostaria de poder vê-las. Eram estruturas gigantescas ou chalés aconchegantes, onde o riso das crianças permeava o ar?
Felizmente, a conversa e o riso ajudaram a manter sua mente longe desses anseios inúteis. Mas logo ela se cansou. Qualquer tempo de sono que restava, ela precisava. Então, depois de outra rodada de bebidas, ela disse a eles que estava indo para a cama.
Ela ouviu Malcolm deixar sua cadeira.
— Deixe-me levá-la de volta.
— Não há necessidade. — Disse ela, ainda zangada com ele, mas sem se lembrar por quê. — Eu tenho Gascon.
Explodisse por não dar a mínima. Ele deu um passo para o lado dela e ergueu sua mão para a curva de seu braço.
Com muito sono para lutar contra ele, ela o deixou conduzi-la escada acima.
— Eu gostei de sua companhia esta noite.
O vinho a ajudou a esquecer tudo. Ela gostava de sua companhia, também, junto com o som de sua bela risada... a cadência sensual de sua voz.
— Gostaria de ouvir mais sobre essas casas que você construiu. — Disse ela, na esperança de obrigá-lo a falar.
Ele não precisou de mais instruções enquanto subiam as escadas juntos.
— Eu ajudei a construir nossa casa quando tinha dois anos. — Ele riu baixinho, fazendo-a questionar por que não estava em seus braços. — Eu era mais como um pé no saco, imagino. Mas ele me ensinou o que sabia, o que era bastante. Você deveria ver a casa que ele construiu para minha mãe na Inglaterra. Agora é de Cailean.
Enquanto caminhavam até a porta dela, ele contou a ela sobre Ravenglade, sua herança em Perth, e embora ela gostasse de suas descrições, sentiu inveja dele.
— Você vai morar em Ravenglade ou Camlochlin quando se casar? — Ela perguntou quando chegaram ao seu quarto. Ele dormiria dentro esta noite?
— Eu não acho que o casamento está no meu futuro.
Oh! Sim, ele era um libertino. Ele não...
Bess. Ela lembrou! Ela estava com raiva e se lembrava do porquê agora. Ela também estava um pouco bêbada e extremamente exausta.
— Encontre outro lugar para dormir esta noite.
— Eu vou, — ele respondeu brevemente. — Mas primeiro você me dirá por que está com raiva de mim.
— Muito bem. — Ela cruzou os braços sobre o peito em defesa de querer se jogar em seus braços. Ela não faria isso. Nunca mais. Ele estava certo. Ele era ainda pior do que os rumores sobre ele. — Harry me disse que encontrou você e Bess nus no quarto dela quando estava procurando por mim.
Ele ficou totalmente imóvel e permaneceu quieto por tanto tempo, que repetiu para ele, exigindo uma resposta.
— Meu irmão estava mentindo para mim?
— Não, mas eu...
Ela não ouviria mais. Ele era um libertino das Terras Altas de língua prateada que provavelmente era muito bom com engano e negação. Por que ela deveria acreditar em uma palavra que ele disse?
Os dedos dele travados em torno de seu pulso impediram sua partida.
— Por favor, não vá. Deixe-me explicar.
— Explique como você pode dormir com uma mulher em uma hora e beijar outra com tanta paixão na próxima. Na verdade, seu coração não pertence a ninguém.
O que mais havia a dizer? Ela não conseguia pensar em nada. E pensar, ela acreditou que deu seu coração a ele. Ela poderia ter rido, mas estava contendo uma torrente de lágrimas.
Como ela poderia não saber o que isso estava por vir? Ela tropeçou na perna de um banquinho deixado no meio do corredor. Ela não caiu, mas ele estava lá em um instante, seu braço a firmando.
— Estou bem. — Ela se endireitou e se afastou. Foi uma coisa difícil de fazer também. Sua voz, seu abraço, eram tão reconfortantes que ela nunca mais quis se mover.
— Boa noite. — Ela abriu a porta quando chegou e entrou, sozinha, com apenas Gascon ao seu lado.
Ela estava deitada em sua cama emprestada e esperava que Malcolm não batesse. Ela estava com muito sono para falar com ele. Ela pensou em nunca mais falar com ele novamente.
Ela fechou os olhos. Ele não bateu.
Ela foi acordada um pouco depois, quando Cailean voltou para o quarto.
— Perdoe-me para acordá-la, Emma. — Sussurrou ele, acariciando Gascon. — Agora que acordou, estou bem o suficiente para devolver sua cama.
Ela balançou a cabeça.
— Eu não estou me movendo daqui. Vou pegá-la de volta amanhã.
Ela ouviu os sons de suas roupas sendo jogadas de lado e ele trocando de camisa. Havia um perfume em Cailean que ele compartilhava com seu irmão. Ela não conseguia identificar. Era como um cheiro úmido-turvo-nebuloso. Muito distinto. Cailean era muito mais forte. Emma adivinhou que era a fragrância de sua casa e Cailean estava lá com mais frequência.
— Você viu seu irmão? — O que ela se importava? Ela deitou no colchão e se virou, tentando ficar confortável. Ela não se importava onde ele dormia. Ele estava com Bess? Por que isso a fazia sentir vontade de pegar uma vassoura e varrer os pedaços de coração do maldito chão?
— Sim, eu o vi. — Respondeu Cailean, deitando em sua própria cama. — Ele parecia bastante infeliz. Ele não voltou para a nossa mesa, mas ficou pensando sozinho na sala.
— Pensando? — Emma abriu os olhos. — Sozinho?
— Sim. Tentei falar com ele, mas mal falou. Ele disse coisas como, 'Eu sou um idiota. Eu não posso mudar’.
— Ele fala a verdade. Ele não pode.
Cailean se sentou e se virou para ela.
— Mas é só isso. Ele tem mudado. Você não o conhece. Tudo o que você já ouviu falar dele está no passado. Ele não é mais aquele Malcolm Grant, mas outro. Ele acha que muitos de nós em Camlochlin não sabemos, e ele está certo. Mas alguns de nós sabemos a verdade.
— Que verdade? — Emma perguntou, sentando-se agora, também.
— Que ele é celibatário há alguns anos, abandonando seus modos libertinos e preservando sua vida.
Emma estava sonhando. Ela não estava sentada aqui ouvindo Cailean dizer a ela que Malcolm havia desistido de seu estilo de vida despreocupado... para preservar sua vida...
— Como?
— Quando você passa tanto tempo sem se importar, sem sentir, isso torna você mais duro e vazio. Ele tem um bom coração, apesar do que os outros dizem.
Ela sabia que sim, mas por que ele faria sexo com Bess e voltaria a um estilo de vida que parecia miserável? Bess era tão boa assim?
— Sua reputação o segue, não importa o que ele faça para repará-la.
Emma assentiu, perdida em suas palavras e pensamentos. Principalmente lembranças de Malcolm tentando falar com ela. Ela presumiu que ele estava mentindo por causa dos rumores sobre ele? Ela deveria dar a ele uma chance de explicar? Oh, mas Harry os tinha visto! Ela não conseguia superar as visões dele e...
— Ele salvou Alison.
— O quê? — Emma respirou.
— Os Winthers vieram e exigiam Alison como pagamento pelo irmão que foi morto aqui. Malcolm me contou que pediu a ajuda de Bess para contar aos Winthers que Alison estava doente e para salvá-la deles.
Foi Malcolm quem salvou Alison? Por que ele não disse a ela?
— Ele tem um bom coração, — ela concordou. — Mas ele ainda é um libertino.
— Nae, eu...
— Harry o encontrou amarrando as calças e Bess nua na cama atrás dele.
— Tudo bem, eu concordo que não é bom. Mas tenho certeza de que há uma boa explicação.
Emma torceu os lábios para ele.
— Você é tão rápido em não duvidar dele?
— Você falou com ele sobre isso? — Cailean perguntou, parecendo mais interessado em sua resposta do que em sua pergunta.
— Oui.
— Isso explica porque ele está taciturno. Inferno. Ele mudou. Alison sugeriu, mas, sabendo que sou irmão, eu ri disso.
— Do que você riu? — Emma perguntou a ele, seu coração batendo forte. Ela não sabia para onde a conversa estava indo, mas o ar parecia carregado com algo vital.
— Só há uma coisa que poderia mudar um homem como ele. Eu vi isso funcionar com meus próprios olhos. Corações inconstantes transformados em leais e possessivos. Meu primo Darach, que era tão imprudente com os corações quanto meu irmão, o encontrou em um estábulo. Disseram-me que meu tio Tristão já foi um dos maiores canalhas dos três reinos, até que apaixonou em um jardim inglês. Mas meu avô, Graham Grant, foi o pior. As histórias que nossos bardos gostam de contar são que ele nunca poupou a honra, especialmente a honra de uma moça, um pensamento, até que se rendeu na névoa das Terras Altas. O amor os transformou em homens nobres.
— Amor? — Ela proferiu. Seu sangue correu por suas veias, fazendo sua cabeça girar. O que ela sabia disso? Ele poderia ter levado Bess para a cama se a amasse?
— Eu sei, — disse ele em seu silêncio atordoado. — Ele está convencido de que é incapaz de se apaixonar. Mas, inferno, o amor é uma coisa poderosa. Mesmo com sua agitação, faz o coração repensar tudo o que sabe. Faz os homens desistirem de suas guerras e da cama de outras mulheres. Isso faz com que as mulheres desistam de reinos.
Deus, parecia assustador se perder tanto em outra pessoa, Emma pensou. Ela se sentia assim por Malcolm? O amor era novo para ela, mas aparentemente Malcolm acreditava que não podia se apaixonar. Que coisa horrível para ele.
E Cailean pensava que Malcolm estava apaixonado por ela? Era tudo tão ridículo! Fantasias tolas à parte, por que um homem, que todas as garotas do bordel concordam que é um deus entre os homens com um coração de pedra quando se tratava de mulheres, quereria a ela para algo permanente? Se ele acreditava que não podia amar, por que Cailean pensava que Malcolm a amava?
— Devo presumir, a julgar pelo mau humor de meu irmão, que você expressou raiva sobre essa coisa com ele e Bess.
— Eu estava um pouco zangada. — Ela acenou com a cabeça no escuro. Ela poderia contar a Cailean?
— Você se importa com ele então?
Ela havia revelado tanto? Ela começou a negar, mas então decidiu por que se preocupar? Aparentemente, ela era o suficiente para ler sons.
— Eu... Não é que eu... — Por que a verdade era tão difícil? Ela estava com tanto medo ou não estava familiarizada com o amor que se permitiu mantê-lo nas sombras? Era o mesmo para Malcolm? Ele estava com medo por seus próprios motivos? — Eu o encontro em meus pensamentos com frequência.
— Em seus pensamentos, — ele começou, — você quer que ele fique?
Oui. Oh, oui. Ela nunca quis que ele fosse embora. Ele trouxe luz para seu mundo escuro. Excitação onde havia tédio sombrio. Mas ela sabia que ele partiria. Ele disse isso a ela na caverna antes de Harry os encontrar. Ela não podia admitir ser tão idiota.
Ela assentiu e voltou a dormir.
Malcolm encostou a cabeça na porta dela e fechou os olhos. Ele estava acostumado com o solo duro sob sua bunda por dormir ao ar livre no passado. Ele não se importava de dormir sentado também. Ele não estava saindo pela porta. Ele não se importava com o quarto preparado por Harry. Ele não estava indo embora. Os Winthers a haviam levado uma vez. Se eles voltassem, teriam que passar por ele.
Ele mataria até o último. Ele não se importava com quantos deles havia.
Ele parou de pensar sobre o que seus sentimentos significavam e decidiu simplesmente protegê-la. Ele ouviu seus sussurros abafados para Cailean lá dentro. Ele pressionou o ouvido contra a porta como um desgraçado ferido, tentando ouvir o que seu irmão estava dizendo a ela.
Ele não podia, então se recostou na porta e pensou em como acabou na cama de Bess, nu. Peças perdidas o assombravam. Como ele poderia não se lembrar? Mesmo se ele adormecesse de exaustão, Bess não poderia ter feito nada sem acordá-lo. Ele não tinha um sono leve. Parecia mais provável que ele tivesse sido drogado. Mas se tivesse sido, Harry era o único que poderia ter feito isso. Malcolm lembrou-se do vinho azedo queimando sua garganta enquanto descia. Por que Harry faria isso? Ele tinha que estar errado.
Ele descobriria a verdade. Ele fechou os olhos e bocejou. Mas primeiro, ele tinha que convencer Emma de que não tinha dormido com Bess. Ele sabia que ela gostava daqueles ideais que seus parentes reverenciavam dos cavaleiros há muito tempo. Ele poderia ser um? Ele ignorou as vozes em sua cabeça gritando que ele era um tolo e tentou se lembrar de algumas das coisas que seus primos faziam pelas mulheres que amavam.
Inferno, isso não ia ser fácil.
Capítulo 21
Malcolm acordou abruptamente quando a porta atrás dele se abriu e ele caiu para trás dentro do quarto de Emma. Ele ergueu os olhos a tempo de fechar novamente enquanto a língua de Gascon descia por seu rosto.
— Malcolm, você dormiu do lado de fora da porta a noite toda?
A voz de Emma foi uma adição bem-vinda à sua saudação matinal. Ele empurrou o cachorro e se sentou.
— Eu estava... — Ele parou e piscou para limpar seus pensamentos de seus sonhos.
Ela era real, de pé sobre ele, mais bonita do que qualquer imagem que sua lembrança pudesse conjurar. Ela usava um vestido amarelo com renda costurada sobre o corpete justo e uma anágua, que ele queria ajudá-la a tirar. Ele odiava as coisas complicadas.
— Emma! — Disse ele, levantando-se rapidamente. — Eu não dormi com Bess.
Ele olhou para seu irmão acordando e sorriu. Cailean acreditava nele. Foi bom saber.
— Não sei como cheguei ao quarto dela. Eu dou minha palavra sobre isso. Eu estava falando com ela do lado de fora de sua porta em um momento e acordando em sua cama no outro.
— Parece que alguém drogou você. — Sugeriu Cailean, saindo da cama.
— Sim, — Malcolm concordou. Mas ele não mencionou Harry na frente de Emma.
Ele olhou para o topo de sua cabeça e para a fita fina que ela havia tecido em uma obra-prima de arte trançada para cima. Quem fez isso? Ninguém tinha entrado no quarto enquanto ele dormia. Qualquer movimento o teria acordado. Quem havia trançado seu cabelo com tanta precisão? Cailean com certeza não tinha feito isso. Ele olhou para os dedos dela, fechados para os lados. Dedos que preparavam remédios que salvavam vidas e cavavam buracos nos homens. Dedos que o tocaram como se estivessem ensinando coisas sobre si mesmo que ele ainda não soubesse. Ele estava começando a entender o quão capaz Emma realmente era, não apenas apesar de sua perda de visão, mas por causa disso. Ela se daria bem com as mulheres fortes e independentes de Camlochlin, se ele a levasse para casa.
Como se vendo o sorriso que ele ofereceu impotente, ela devolveu o dela para ele.
Ela acreditou nele sobre Bess então?
— Malcolm, — seu irmão gritou, interrompendo-os. — Deixe-me me vestir. Nós encontraremos abaixo das escadas para discutir quem drogou você.
— Sim. — Malcolm concordou, e a pegou pelo braço para conduzi-la para fora da porta com Gascon mantendo um passo cuidadoso do lado oposto dela, livre de sua mão.
— Então, você acha que Bess drogou você? — Ela perguntou quando ele fechou a porta atrás deles.
— Eu sei que soa como um absurdo que usaria para me livrar disso. Mas falo a verdade, Emma. Nada parece certo sobre isso.
— Talvez ela tenha colocado algo em seu... — Ela franziu a sobrancelha. — Você disse que estava do lado de fora da porta dela e depois acordou em sua cama. O que você estava fazendo antes de chegar à porta dela? Você estava bebendo alguma coisa com ela?
Harry. Ele bebeu com Harry.
— Eu estava com Harry. O vinho tinha um gosto azedo. Ela poderia ter drogado ou meu copo já estava antes de eu chegar à sala.
Emma acenou com a cabeça.
— Azedo? — Ela parou quando chegaram à escada. — O que mais? Qual o cheiro da caneca?
Ele balançou sua cabeça.
— Eu não me lembro.
— Você se lembraria se a levasse para a cama, Malcolm.
— Sim, eu sei. Por isso digo que não a levei para a cama. Era você quem estava em minha mente, você, eu subia as escadas para ver-te.
Ela sorriu como se quisesse acreditar nele.
— Eu não sei o que eu acho. — Ela disse honestamente.
Ele poderia consertar. Ela deu-lhe esperança. Quanto mais ele pensava sobre isso, mais queria fazer isso.
— Você está bonita esta manhã. — Era ele falando, soando como se estivesse lutando para respirar? Loucura! Ele disse às moças que elas eram lindas o tempo todo, nunca sofrendo assim.
— Eu parecia tão horrível antes disso?
Ele estava prestes a amaldiçoar sua incapacidade de elogiar uma moça apropriadamente quando viu que o sorriso dela permaneceu, suavizado enquanto o provocava.
— Nae, — Ele disse a ela, inconsciente da cadência densa de sua voz, ou a forma como acariciava seus ouvidos. — É que uma coroa de ouro fica bem em você.
— Ah, você fala docemente, Sr. Grant. — Disse ela. — Como vou saber se você está dizendo a verdade?
— Porque mentir é uma das falhas que deixei para trás alguns anos atrás.
— Ah, oui, Cailean mencionou isso ontem à noite.
Malcolm fez uma careta. O que Cailean disse a ela? Seu irmão não sabia que ele era celibatário, sabia? Era o menor traço de sorriso que ele viu em seu rosto?
— Sobre o que ele falou?
— Sua família, os homens, principalmente.
Ele ouviu o humor em sua voz, mas o que ela disse a seguir o atingiu nas entranhas antes que pudesse impedir.
— Há um em particular que eu estaria mais interessada em conhecer algum dia. Mas havia tantos nomes, o dele me escapa.
Ele sentiu sua barriga cair até as botas.
— Adam?
— Oui! Esse é ele. Como você sabia?
— Ele é o mais bonito. — Ele murmurou.
Ela deixou seu sorriso se alargar de modo que ele achou impossível de ignorar.
— Quer dizer que você não é o homem mais irresistível da Escócia? Acho difícil acreditar que você não pense assim.
Ele olhou para ela, feliz que ela não pudesse ver sua carranca feroz. Ela estava se divertindo com ele. Ele gostava de provocações divertidas. Pelo menos, ele sempre gostara antes, quando as provocações não eram sobre Emmaline Gray estar interessada em um de seus primos. Ainda assim, ele jogaria Cailean na parede mais próxima por contar a ela sobre Adam MacGregor.
— Você não gostaria dele. — Ele disse a ela, perguntando-se sobre a verdade de suas palavras. — Adam carece ainda mais desses atributos com os quais você se preocupa tanto.
— É assim mesmo?
— É isso, — ele respondeu um pouco tenso, acompanhando-a escada abaixo. — Mesmo a proscrição de seu nome não pode tirá-lo de ir atrás de um belo traseiro. Enquanto eu lutei contra o reino por causa disso.
Ela parou na parte inferior e se virou para ele, seus olhos enormes curiosos com um toque de travessura.
— Por causa de um belo traseiro?
Ele piscou para ela, então cedeu e sorriu. Ela não dava a mínima para Adam. Ela estava tentando abalá-lo, provavelmente por causa de Bess. Estava funcionando. As coisas raramente o abalavam. Como essa pequena coisa de moça ganhou tanto poder sobre ele? E se o sorriso doce em seu rosto dizia a verdade, ela estava gostando de seu desconforto. Ah, mas ele se deixou cair na armadilha. Ele decidiu, sem pensar muito no assunto, que não se importava.
— Não, moça, por causa da proscrição. Antes de conhecer você, nenhum traseiro que eu já encontrei era bom o suficiente para lutar por ela.
Seus olhos se abriram ainda mais e por um instante Malcolm se deleitou com o humor que os encheu.
— Emmaline, — Harry gritou, olhando para Malcolm. — Onde você vai com seu melhor vestido? — Ele os alcançou e deixou seu olhar percorrê-la da cabeça aos pés. — Existe algum baile que eu não conheço?
Levantando a mão para as tranças presas, sua alegria se desvaneceu, embora seu sorriso permanecesse intacto.
— Embora eu não possa ver, eu desejo ser vista.
— Não tenho dúvidas sobre isso. — Disse Harry. — Se os Winthers virem você desse jeito, eles podem confundi-la com uma das garotas
— Harry! — Malcolm o interrompeu, vendo os efeitos de suas palavras em Emma. Ele não disse que ela estava linda. Ele disse que ela parecia uma prostituta. Por que ele insultaria sua irmã assim?
— Se os Winthers vierem. — Malcolm assegurou-lhe. — Eles não viverão o suficiente para tocá-la.
— Você não fez o suficiente, Malcolm? — Harry o acusou em voz baixa. — Nunca tive problemas com os Winthers antes. Agora, eles tentaram sequestrar minha irmã. Você vai matar mais deles até trazer todos eles aqui? Você não pode lutar contra cem deles.
Harry estava certo, o problema que estava tendo com os Winthers era culpa dele. Se Cailean não tivesse resgatado Alison de Andrew Winther naquela primeira noite, eles não teriam levado tiros e já teriam ido embora há muito tempo. Ele não teria conhecido Emma. Essas contradições enlouquecedoras não o fariam questionar tudo o que sabia.
Antes que ele dissesse qualquer outra coisa, Emma girou nos calcanhares, alcançando o pelo de Gascon.
— Ele está certo. — Ela disse tão suavemente que Malcolm não a teria ouvido se ele não estivesse tão perto. — É melhor se os Winthers não me virem.
Quando Malcolm a queria seguir, a mão de Harry em seu braço o parou.
— Você acha que é sábio ir atrás dela?
Os olhos de Malcolm se voltaram para os de Harry e ele o encarou como se o estivesse vendo sob uma luz inteiramente nova.
— Talvez não, — disse ele com sinceridade. — Mas já que você não está mexendo seu traseiro para persegui-la, decidi que deveria ser eu. — Malcolm devia a vida a Harry e agora também devia a vida de Cailean. Mas isso não significava que ele ficaria parado e o deixaria machucar Emma.
— Você a insultou, Harry. E teve a oportunidade de dizer a ela que embora viva na escuridão, ela brilha mais forte do que a Estrela do Norte. Em vez disso, você disse que ela parecia uma prostituta.
Ele ergueu a palma da mão para silenciar Harry quando o irmão dela começou a se defender.
— Você me diz que quer o melhor para ela. — Ele se virou para vê-la parada no topo da escada, a cabeça ligeiramente inclinada, ouvindo. A visão dela comoveu-o em lugares que ele insistia que não existiam. — E ainda assim você a mantém escondida no andar de cima, mais solitária do que qualquer princesa em qualquer um dos livros da minha avó. — Ele deu um passo em sua direção quando ela sorriu, e então se virou novamente para Harry. — Vou tirá-la para passear hoje. Eu vou protegê-la. Você tem minha palavra. Eu a trarei de volta ao anoitecer.
— Malcolm, eu... — Harry tentou impedi-lo.
— Ela está trancada há tempo suficiente, velho amigo. Dê a ela um dia de liberdade ao sol. Vou embora em alguns dias, pelo seu bem e pelo que devo a você. Quando eu for, ela voltará para sua torre. Mas hoje — ele se aproximou de Harry e o encarou nos olhos, — — eu a estou tirando daqui.
Ele permaneceu em seu lugar por mais um ou dois momentos, mas Harry não disse mais nada. Sem mais delongas, Malcolm girou sobre os calcanhares e se dirigiu para as escadas. Ele ergueu os olhos, hesitante a princípio, para ela esperando, com medo de ver uma expressão de desaprovação em seu rosto. Ela ainda estava sorrindo, embora uma pitada de tristeza obscurecesse seu olhar enquanto ele subia as escadas.
— A perspectiva de passar o dia comigo te causa consternação? — Ele perguntou, vindo em sua direção.
Ela balançou a cabeça e olhou para o chão entre eles. Mas ele viu, um leve tom de vermelho na ponta de seu nariz.
— Não vou seduzi-la, se é disso que tem medo, Emma.
Finalmente, ela voltou seu olhar para ele. Um olhar quente e convidativo.
— Não tenho medo disso.
Ela disparou seu sangue em lava derretida. Ele não achava que ela teria medo. Curiosa, cautelosa, ansiosa, brincalhona, mas sem medo. Sabia o que ela queria, o que ela merecia, mas inferno, ele não tinha certeza se estava preparado para ser galante e honrado.
— Além disso, — ela continuou falando, — você já tentou me seduzir antes e não funcionou.
Ele riu.
— O quê? Quando tentei? Você sofre de delírios, Srta. Grey.
Ela ignorou sua provocação e chamou seu irmão.
— Eu estarei segura, Harry.
— Malcolm.
Malcolm se virou para cumprimentar Cailean na escada. Seu irmão parecia em forma e bem o suficiente para ir para casa.
— Mudança de planos, irmão. Vou levar Emma para um passeio e vamos agora. Falaremos sobre o mistério mais tarde, sim?
— Sim. — Cailean disse, já se esquecendo dele quando viu Alison servindo um café da manhã.
Vendo que havia perdido a atenção do irmão, ele pegou Emma pela mão e a conduziu escada abaixo.
— Vamos pegar um pouco de comida e seguir nosso caminho, certo?
— Onde estamos indo?
— Você vai ver. — Ele disse, apressando-a. Ele não queria dar a Harry a chance de mudar de ideia. Ele queria ficar sozinho com ela. Por mais dias do que apenas este. Muitos pensamentos como esses disputavam sua atenção, então ele não percebeu o que disse a ela.
Ele também não viu seu sorriso se aprofundar em algo mais alegre do que qualquer coisa, até mesmo seu irmão, tinha visto nela antes.
Capítulo 22
Emma só montou a cavalo algumas vezes na vida. Ela não gostava. Sentar com as duas pernas penduradas para um lado a fez se sentir desequilibrada e tensa. Algumas respirações e seu traseiro a estavam matando de pular entre as coxas de Malcolm, sem mencionar seus dentes batendo juntos até que ela teve certeza de que eles iriam quebrar e cair de sua boca. Era bom que Gascon tivesse pernas compridas e fosse grande o suficiente para acompanhar seu ritmo veloz enquanto eles deixavam o bordel. Ela não teria deixado seu amigo para trás.
Quando eles estavam longe o suficiente, Malcolm diminuiu a velocidade da besta e deu a ela e ao Gascon algum descanso de sua árdua cavalgada.
Descansando na curva do braço dele, ela se permitiu relaxar um pouco mais. Mas não muito. Ele partiria em alguns dias e isso a fazia se sentir mais desequilibrada do que cavalgar o maldito cavalo.
Ela deveria estar preparada para isso. Ela sabia desde o início que ele voltaria para casa. Ele nunca fez nenhuma promessa em contrário. Ele foi honesto.
O que mais ele fez para fazê-la se importar? Ele salvou o cachorro dela. Ele salvou Harry antes que ela o conhecesse. É claro que isso importava. Mas depois disso, ele saiu de seu caminho para provar que os rumores sobre ele eram verdadeiros.
Ele quase conseguiu uma ou duas vezes. Mas, ultimamente, era como se ele estivesse removendo seu escudo e provando o oposto. O cavalheirismo se escondia em algum lugar de Malcolm Grant? Ele estava sendo nobre ao prometer não seduzi-la, gentil quando a confortava...
Ela suspeitava que ele poderia ser tudo o que ela queria em um homem, afinal. Ela queria acreditar que ele não tinha dormido com Bess, ou pelo menos não tinha ido para a cama de boa vontade. E fazia sentido que Bess fizesse qualquer coisa para dormir com ele. Além dos atributos que ele aparentemente não havia ignorado quando a honra era ensinada em Camlochlin, além disso ele não a tratava como uma desamparada e infeliz abandonada. Só por isso, ela poderia amá-lo.
A suspeita de Cailean estava correta? Malcolm estava se apaixonando por ela? Ele dormira no chão duro em frente à porta dela, recusando a cama que Harry havia preparado para ele. E tudo para dizer a ela pela manhã que era inocente. Cailean foi sincero quando falou do celibato de Malcolm? Deus do céu! Ela nunca teria suspeitado disso! Mas, pelo que ela sabia, ele não tinha dormido com nenhuma das garotas desde que chegou aqui, e poderia tê-lo feito. Todos elas, exceto Alison e Brianne, se atiravam nele sempre que visitavam o quarto. Se Malcolm era celibatário, deveria ser admirado pelo controle que possuía. Ela iria perguntar a ele sobre isso mais tarde.
Ela não se sentia culpada por provocá-lo sobre Adam MacGregor. O que foi que Cailean disse a ela? O amor tornou os homens possessivos. Emma decidiu testar essa teoria, mostrando interesse no primo de Malcolm. O bonito.
Ela não precisava ver o rosto de Malcolm para saber que ele não achou o assunto agradável. Ele estava com ciúmes? Possessivo com ela, do jeito que Cailean descreveu alguns de seus parentes depois que eles perderam o coração por suas mulheres?
Era difícil dizer.
Mas o que isso importava? Ele partiria em alguns dias. Ela não queria dizer que ficasse, mas como poderia fazer com que ele ficasse?
Ela fechou os olhos para pensar sobre isso quando uma brisa quente levantou algumas mechas soltas de seu cabelo para longe de seu pescoço. O sol estava delicioso em seu rosto e os aromas frescos de árvores e solo a tornavam grata por estar viva. Ela mal se lembrava do que Harry havia dito sobre sua aparência. Ela, entretanto, lembrou-se do que Malcolm disse. Ela se lembrava de tudo. Ele a chamou de princesa solitária. A lembrança de como sua voz estava cheia de emoção a deixou radiante. Ela podia sentir seu rosto brilhando com a força alcançando seu coração.
O que ela faria se ele fosse embora?
— Ah, vejo que você está se lembrando de nosso último beijo.
Ela riu, gostando de sua arrogância às vezes insuportável e do calor em sua voz.
— Na verdade, — ela disse a ele, — eu estava me lembrando de como você entrou no meu quarto esta manhã. Era muito desajeitado para um guerreiro tão furtivo. Isso me faz pensar se não foi seu passo desajeitado que custou a independência da Escócia quando seus primos tentaram impedir o Ato de União.
— Você não parece o tipo de garota que esconde uma língua tão vívida atrás daqueles lábios bonitos.
Ele parecia divertido, em vez de zangado. Outra coisa para gostar dele, ele ria com frequência. E a fez querer rir com ele.
— Além disso, — continuou ele, — não tivemos sucesso em nossa missão porque meus primos estavam distraídos pelo amor.
— E isso é algo que nunca aconteceria com você, correto?
— Correto.
— Você está com medo.
Ele riu, uma risada totalmente masculina e arrogante que a deixou feliz por saber a verdade sobre ele. Sua arrogância era uma máscara. Ele estava tão inseguro e instável sobre a vida e o amor quanto ela.
— Com medo de quê?
— Amor, é claro.
Ele riu ainda mais forte, mas antes de falar novamente, ela disse:
— Não há nada para se envergonhar. Eu também tenho medo. Eu... Que cheiro é esse? — Ela sabia que era água, uma grande quantidade dela. Ela tinha sentido o cheiro antes, quando viajou para a França, e novamente quando voltou. Ela ficou quieta e ouviu o som das ondas distantes rolando em direção à costa.
Ela se sentou e respirou fundo. Os aromas de árvores e solo desapareceram e foram substituídos por um cheiro fresco e salgado de mar e areia.
— Vamos para o mar?
— Sim, moça.
Ele iria levá-la para Camlochlin hoje? E quanto a Cailean? E quanto a Harry? Ela poderia deixar seu irmão depois de encontrá-lo? Harry pode não ser o melhor irmão, mas ele era a família dela. Tudo o que tinha sobrado.
— Por que você está me levando para o mar?
— Porque isso me lembra você. — Ele disse com uma ternura em sua voz que a fez amolecer contra ele. — É selvagem e ainda contido. Mas de vez em quando, ele se liberta dos limites da maré e inunda a terra ao seu redor, trazendo desastre e restauração.
Por alguma razão incrivelmente tola, ela teve vontade de chorar. Como ele soube? Como ele sabia que ela queria se libertar de seus limites e correr, sem obstáculos, sem medo?
— Você acha que eu causaria um desastre?
— Sim, Emma. E restauração. É isso que eu sinto que você está fazendo comigo.
O que ele estava dizendo? Ela não tinha certeza, mas gostou de como soou ele dizendo isso. Ela queria tanto tocá-lo que suas mãos queimaram em seu colo.
— O que você quer dizer?
Ele pensou por um momento, permanecendo quieto, e então ele suspirou, inclinando-se para o ouvido dela.
— Não sei as palavras certas para dizer a respeito, Emma. Portanto, estou levando você a um lugar que irá ajudá-la a entender.
— Como isto me ajudará? — Ela perguntou suavemente. Parte dela queria fugir para salvar sua vida antes que passasse outro momento e ela não pudesse mais negar seu coração. O resto dela queria acreditar que havia conquistado o coração do infame libertino.
— Venha.
Ele diminuiu a velocidade de seu cavalo e Emma pôde ouvir Gascon latindo para um pássaro piando acima. O som das ondas estava mais perto e os diferentes aromas de areia, sal e peixe assaltaram seus sentidos. Ela sentiu Malcolm se separar dela e descer de seu cavalo, mas em vez de ajudá-la a descer da sela imediatamente, ele tirou suas botas e as meias em seguida.
Ela já se sentia animada, longe do bordel e da atenção amorosa de Harry, longe do cheiro de remédios e doenças, e do medo de perder um de seus pacientes.
Ela balançou os dedos dos pés descalços e jogou a cabeça para trás de tanto rir quando ele colocou as mãos em volta de sua cintura e baixou seus pés na areia.
— Podemos entrar na água? — Ela sabia que estava pedindo muito, mas nunca tinha estado na costa para aventura ou descansar. Ela queria fazer tudo para ter algo maravilhoso para se lembrar nos dias que viriam.
Ele não respondeu a ela.
— Malcolm? — Só então ela sentiu toda a atenção dele sobre ela, queimando sua carne, seus ossos, até que chegou em seu coração.
Ele a tomou nos braços e a apertou contra ele. Sua respiração era quente, varrendo sobre ela, acariciando-a. Sua voz queimou suas terminações nervosas e a colocou em chamas.
— Você sabe o quanto é boa para mim, Emma?
Ela balançou a cabeça e de repente o mar e tudo que o preocupava foram esquecidos. Ela? Bem? Até mesmo Clementine disse que ela era simples. Nada exuberante. Ele quis dizer isso?
— Você é mais bonita do que qualquer garota em que já coloquei meus olhos. Não consigo respirar quando você sorri.
Ela estendeu a mão e enrolou os braços em volta do pescoço dele. Então era verdade? Ele a amava? O homem que não deu seu coração a ninguém o perdeu para ela? O pensamento disso a fez querer mais dele, tudo dele.
— E eu não consigo pensar direito quando seus lábios estão tão próximos.
Ele a arrastou mais próximo, mais perto, apertou-a contra ele enquanto se curvava para beijá-la.
A boca dele cobriu a dela como fogo, consumindo-a de dentro para fora, reivindicando seu coração. Sua língua, uma chama escaldante dentro de sua boca com prazer lânguido até que ela quis que ele a comesse viva. O que ele estava fazendo com ela? O que ele fez? Ela se sentia selvagem, devassa e perigosa, e ainda não era o suficiente.
Ela o sentiu começar a se retirar, mas o puxou de volta, sem entender o poder que possuía.
Ela gemeu como uma besta que não reconheceu, então agarrou punhados de sua camisa quando ele segurou suas nádegas em suas mãos grandes e arrastou seus quadris sobre os dele. Ela o sentiu através de suas calças, ficando duro por ela. Se não parassem logo, seria tarde demais. Oh, mas ele era delicioso. Ela não queria parar. Ela queria... esfregar-se sobre Malcolm até que ele tivesse que tê-la e tomá-la bem ali onde estavam. Ela queria arrancar seu vestido e oferecer-se para tomar seu pênis em seus seios. Seu coração batia forte com desejos primitivos que ela não tinha ideia de como parar. Ela queria que ele a tomasse. Ela era virgem, mas seu corpo doía pelo dele. Ela queria despi-lo e depois a si mesma, e então queria subir nele e aninhá-lo entre suas pernas.
Ela ofegou e estremeceu em seu abraço.
Não. Ela não era como as outras garotas do bordel. Ela queria um homem que a amasse. Somente a ela. E ela não tinha certeza se Malcolm a amava. Cailean disse que ele pode estar se apaixonando. Emma esperava que sim. Oh, como ela esperava. Ela certamente estava se apaixonando por ele.
Ela cortou o beijo lentamente, com relutância, com falta de ar. Ele não a forçou a voltar.
— Você não respondeu à minha pergunta, — ela acusou com um sorriso provocador substituindo o ar sonhador. — Posso entrar na água?
— Se você quiser. — Ele respondeu facilmente, e pegou a mão dela.
Foi um gesto simples, nada extravagante como beijar os cachos de seu cabelo. A mão dele ao redor da dela não significava nada, e ainda, era tão estranhamente reconfortante e íntimo, Emma encontrou sua respiração curta mais uma vez e seu sangue escaldando suas veias.
Ela respirou fundo, na esperança de limpar o beijo e outras coisas de seus pensamentos. Mas quando o ar fresco e puro encheu seus pulmões, ela se sentiu mais viva do que nunca. O desejo de abonar tudo a ele a levou à loucura.
Graças a Deus, havia outras coisas maravilhosas para ocupar sua atenção.
Ela amava a sensação da areia entre os dedos dos pés, flexível e quente. Mas logo mudou, ficando mais úmido e duro sob seus pés.
Ele a conduziu até a costa, onde as ondas lavavam a areia e quase a fez perder o equilíbrio. Ela não estava preparada para a água gelada caindo em cascata sobre seus tornozelos e gritou, então riu, pulando no lugar para evitá-la.
O som de uma trombeta distante chegando sob a maré a deteve. Ela inclinou a cabeça para ouvir e imaginar quem estava naquele barco e para onde estavam indo. O latido de Gascon a puxou para a esquerda. Ela sorriu ao ouvir a excitação em seu latido.
— Ele está correndo?
— Sim. — Malcolm disse a ela suavemente.
— Existem árvores?
— Não, moça. Não há nada além de areia e mar.
— Eu também quero correr. — Ela voltou sua atenção diretamente à sua frente e respirou fundo, fechando os olhos. — Mas ainda não.
Ele ficou em silêncio por um tempo, deixando-a absorver o que estava ao seu redor.
— O que você acha disso, Emma? — Ele perguntou, mais perto dela do que antes.
— É poderoso, capaz de matar mil homens em um único instante. É incrivelmente vasto e tudo perfeitamente equilibrado. Eu me sinto muito pequena em pé diante dele. — Ela queria ver o oceano novamente. Ela pensou que uma vez que ficasse cega, nunca ficaria em frente ao mar. Mas hoje, ela quase podia ver. — Descreva para mim.
Ele o fez, dando a ela imagens claras de luz ofuscante salpicando a superfície do que parecia ser água sem fim. Em vez de alcançá-los em uma inundação, as ondas avançaram com uma selvageria impotente e lamberam seus pés. O vasto céu, de uma cor fria azul, estava cheio de grandes pássaros necrófagos4 que brincavam com seu cachorro, voando perto o suficiente para terminar em um conjunto de presas, mas escapando na hora certa.
— Você cruzou a água antes, sim, moça?
— Oui, para a França.
Ele perguntou a ela sobre sua infância, dando-lhe lembranças, boas e más, e o peso que mereciam. Quando ela terminou de contar a ele, se sentiu leve e pegou as saias para seguir o som de seu cachorro latindo.
— Posso correr? — Ela perguntou a Malcolm por cima do ombro.
— Sim, moça, você pode correr.
Capítulo 23
— Estou achando difícil dominar o desejo que tenho de me levantar e cortar sua garganta com minha adaga. — Oliver Winther, Barão de Newcastle, encontrou o olhar de seu comandante firmemente, estudando-o. — Eu não faço isso porque sua esposa esperaria que eu ajudasse a criar seus pirralhos. Eu mostro misericórdia por seu erro em Hebburn, porque você não é inteiramente culpado por ser um idiota chorão, com Janice como sua esposa.
A mandíbula de John Burroughs se contraiu e ficou tenso. Oliver queria exigir que seu comandante o desafiasse nisso. Quando nenhum desafio veio, ele suspirou e olhou ao redor do salão. Felizmente, metade das velas tinha queimado durante o jantar, banhando o salão com uma luz dourada e fraca. Com as cortinas fechadas, nenhuma luz externa poderia passar, salvando seus olhos sensíveis da dor do mundo brilhante. Um médico de Londres e uma vidente da terra natal de seu pai, a Noruega, foram consultados e nenhum dos dois pôde ajudar Oliver. Eles contaram o que ele já sabia.
— Meu senhor tem minha gratidão. — Disse John, inclinando a cabeça como um servo suplicante em vez do líder do exército de Oliver.
— Por que você está beijando a bunda dele agora, Burroughs? — Vestido de preto e com a rápida e leve torção de seu sorriso, Sebastian Winther, o mais jovem dos Winthers, o morto e vivo, sentou-se na cadeira ao lado de John.
Oliver tinha descansado os olhos esta manhã e podia ver Sebastian claramente. Ele o observou da maneira como uma ave de rapina pode avaliar um rato, mas com mais diversão. Todos se renderam ao poder de Oliver. Ninguém resistiu a ele, exceto seu irmão. Sebastian não era um rato.
— Sebastian, — Oliver disse em uma voz baixa e sinuosa que buscou as sombras uma vez expulso, — por que você não fez parte do esforço para me trazer a irmã de Harry Grey?
— Porque você precisava de mim para reprimir os levantes contra você em Westerhope.
Oliver olhou para ele e ergueu a mão para reabastecer sua bebida ao mesmo tempo.
— Mmm, eu me lembro agora. Como foi?
Se fosse para acreditar nas fofocas da cozinha, pais diferentes podem tê-los gerado, mas os olhos de Sebastian eram iguais aos de Oliver. Mortal. Os irmãos eram como falcões gêmeos, um escuro e o outro claro.
— Não há mais levantes, Oliver. Foi assim que aconteceu.
Oliver deveria saber. Ele enviou Sebastian para Westerhope para acalmar as pessoas, de todas as maneiras que ele achasse adequado. Ele conhecia Sebastian. Ele já tinha visto seus olhos, tão negros e frios como carvão enquanto ele acabava com as vidas. Em vez de se desculpar, Oliver voltou sua atenção para... — Burroughs, o idiota, permitiu que uma garota cega derrubasse três dos meus homens. — Ele parou e fechou os olhos e os punhos. Ele apertou a mandíbula para não gritar pedindo a cabeça de John!
— Uma garota cega, Sebastian, — ele enfatizou. — E a parte mais mortificante não é que ela seja cega, mas que o sequestro inteiro foi planejado. Nada deveria ter dado errado. Burroughs a perdeu. Assim como ele perdeu nosso irmão Andrew naquele maldito bordel em Hebburn, os corpos dos dois Highlanders que eram clientes lá e matado Andrew, e perdeu dois de seus próprios dentes! Conte-nos novamente, John, como você conseguiu matar dois homens que, segundo você, mataram oito dos meus homens naquela noite.
John não disse nada. Oliver desejou que ele não fosse seu comandante para poder matá-lo.
— Eu te disse. — Sebastian disse. — Vou pegar os nomes dos assassinos quando você me deixar ir para Hebburn. — A borda da boca de Sebastian se inclinou curiosamente. — Mas por que você estava sequestrando a garota?
— Porque ela é a irmã de Grey. — Oliver o satisfez. — Ela é a única maneira de ele falar e nos contar a verdade sobre os Highlanders. Além disso, se devo acreditar em John novamente, ela escapou de dois homens sem levantar uma arma contra eles. Acho isso bastante curioso.
Isso era tudo que seu irmão precisava saber. Ele não precisava dizer a ele que a queria porque precisava aprender como ela vivia sendo incapaz de ver. Ele queria... não, ele precisava aprender a se defender caso perdesse a visão.
Sebastian se voltou para John para obter esclarecimentos.
— O que aconteceu?
— Ela nos drogou. — Disse John.
— Não havia mais ninguém lá com ela?
— Não quando eu estava acordado.
Sebastian mostrou sua insatisfação virando-se e não dando a John outro olhar enquanto falava.
— Onde estão os outros dois? — Ele perguntou a Oliver, suas penas intactas.
— Responda a ele, John! — Oliver rugiu e bateu com o punho na mesa.
— Ainda não encontramos Rubert.
— Mas eu acho. — Oliver falou lentamente, — que se ele estivesse vivo, já teria retornado.
— A menos que a vergonha o pare. — Sebastian interrompeu. — Se ele está vivo, então provavelmente ela estava sozinha e é muito inteligente.
— Encontramos o corpo e a cabeça de Reggie a uma curta distância. — John disse a ele enquanto Oliver o encarava para contar o resto.
— Bem, então, — disse Sebastian, — isso prova que ela não estava sozinha. Não é fácil remover uma cabeça. É preciso muita força.
— Você deixou uma garota envenenar você, John.
— Ela é estranha. — Defendeu Burroughs. — É como se ela pudesse ver sem os olhos.
Sim, Oliver tinha ouvido falar dela.
— Isso poderia ter acontecido com qualquer um, Oliver.
— Não o defenda, Sebastian. — Oliver avisou, amaldiçoando a misericórdia sob sua respiração. Ele decidiu se divertir um pouco com seu irmão. Melhor isso do que mandar ele e John para a forca. Ele viu uma de suas servas e agarrou seu pulso.
Sebastian o olhou quando ele a puxou para seu colo. Oliver sorriu atrás do pescoço dela. E se ele colocasse uma escolha diante de Sebastian? Droga, ele era um lutador mestre e um guerreiro implacável. Oliver não queria que ele tivesse uma fraqueza, mesmo que fosse do sexo oposto.
Quando Sebastian se virou, Oliver teve vontade de chorar. Em vez disso, ele se curvou sobre a garota e mordeu sua garganta. Quando ela lutou um pouco para se livrar dele, ele fechou as mãos sobre seus seios e apertou.
— Oliver, isso é necessário?
O peixe foi apanhado. Agora, era enrolá-lo. Verde olhos claros, grandes e ameaçadores, olharam para Sebastian ao redor de seu pescoço.
Oliver passou a língua onde ele a mordeu.
— Sim, Sebastian, é necessário quando se trata de manter minhas mãos longe do pescoço de John. Afundar meu pau em uma mulher vai me acalmar. — Ele empurrou a garota para ficar de pé e segurou-a parada na frente dele com uma das mãos enquanto ele desabotoava as calças com a outra.
— Qual será, Sebastian, a vida de John ou a honra desta moça? — Ele sorriu, então a curvou sobre a mesa e puxou suas saias lentamente por suas coxas.
Sebastian observou, mortalmente silencioso, enquanto Oliver se preparava para ter o que queria com ela, aqui, no Salão Principal.
Qual ele escolheria?
A mesa que os separava e retinha a criada voou pelo salão, fornecendo a resposta. Oliver ficou em seu lugar, na frente de sua cadeira, segurando a moça. Ele a soltou e a mandou embora correndo.
— Sua lealdade está errada, irmãozinho.
— Não me faça escolher, Olie. — Sebastian disse, embainhando sua espada. — Eu não vou ficar parado enquanto você empurra seu pau e prova a sua força.
Oliver acenou para longe das preocupações e avisos de seu irmão e gritou por uma nova mesa. Ele também ordenou que John saísse de sua vista. Quando ficaram sozinhos, ele gesticulou para que Sebastian voltasse ao seu lugar.
— Não vou continuar a permitir que você rebaixe minha autoridade na frente dos outros. — A voz de Oliver gotejava ácido, mas seu sorriso permaneceu intacto. — Mesmo que seu desafio seja fingido, às vezes você vai longe demais.
Sebastian enfiou os dedos nos cabelos, afastando-os do rosto. Mas só caiu sobre seus olhos novamente quando ele o soltou. Eclipsado atrás de fios de cabelo de obsidiana, Oliver podia ver o arco da sobrancelha negra de Sebastian. Mas ele não sabia dizer se era uma brincadeira ou ameaça.
— Meu desafio não é fingido.
Ao contrário de seu irmão, Oliver não se escondia atrás de uma carranca estoica. Ele se recostou na cadeira e jogou os tornozelos sobre a mesa e sua risada soou nas orelhas de Sebastian.
— É por isso que estou mandando você embora. Achei que um par de semanas matando em Westerhope teria sido o suficiente para reprimir essa raiva injustificada que você sente por mim. Você precisa de mais luta para desviar toda a escuridão que o cerca antes de me forçar a matá-lo.
— Para onde estou indo?
— Onde você queria ir e queria desde o início.
Esperança espalhou um brilho de brasa no olhar de Sebastian.
— Hebburn.
Oliver acenou com a cabeça, seu sorriso desaparecendo.
— Em vez de enviar o exército, mostrei misericórdia a eles mandando apenas buscar a garota ruiva, cuja culpa é que nosso irmão está morto. Meu pedido foi recusado. — Ele baixou os tornozelos da mesa e sentou-se. — Recusado! — Ele repetiu, então sorriu. — Felizmente para todos no local, me foi prometido alguém muito melhor.
— Achei que fosse para descobrir quem são os assassinos de Andrew... ou foram. Não sobre sequestrar mulheres cegas.
Oliver deu a seu irmão um sorriso assassino, que Sebastian ignorou.
— Ela foi prometida em ser entregue em minhas mãos.
— Por quem? — Sebastian perguntou, ousadamente provocando Oliver.
— Você não precisa saber de mais nada. Basta trazê-la para mim. Se você não fizer isso, irei eu mesmo a Hebburn e massacrarei todos naquele bordel maldito. Eu deveria ter feito isso assim que soube de Andrew.
— E os nomes dos assassinos do nosso irmão?
Oliver olhou ao redor do salão e chamou outra serva para ele.
— Faça o que você deve, — ele disse, esperando por ela. — Traga os nomes para mim e iremos juntos para as Highlands e mataremos suas famílias.
Oliver observou seu irmão sair. Ele deveria tê-lo enviado para Hebburn desde o início. Ele teria respostas e possivelmente uma nova serva cega agora.
Falando em servas, ele se levantou e pegou a mão da moça que se aproximava dele e a conduziu até seu quarto.
Sebastian ficou sentado em sua cama noite adentro, uma série de mapas náuticos espalhados em seu colo. Ele os estudou à luz de duas velas até que se queimassem. Pena, ele não tinha que cruzar o mar para chegar a Hebburn. Ou Westerhope. Oliver estava errado. Ele não precisava de mais luta para escapar da escuridão. Ele precisava de um navio. Primeiro ele precisava aprender a velejar, mas conseguiria. Ele faria isso. Algum dia. Amanhã, ele teria que vingar Andrew.
Ele insistiu em ir para Fortune's Smile no dia em que descobriram sobre Andrew, mas seu irmão recusou. Quando Sebastian perguntou por que ele não podia ir, Oliver admitiu que era uma sensação ruim em seu estômago. Algo lhe dizendo que seu irmão mais novo não voltaria para ele.
Sebastian riu disso. Ele não dava a mínima para superstições. Mas ele também não queria empurrar Oliver longe demais. Não tinha medo de nada que seu irmão fizesse com ele. Mas quando o humor de Oliver ficava ruim, todos ao seu redor sofriam. O barão gostava de matar, e Sebastian não duvidava de que ele reinaria com terror nas pessoas de Fortune’s Smile.
Algum dia ele pegaria seu navio e zarparia de Newcastle e de todos os lugares que Oliver governasse, mas primeiro, ele tinha que descobrir quem matou seu irmão.
Capítulo 24
Emma sabia que a noite havia caído pelos diferentes sons e cheiros no ar, como a doce fragrância das flores de madressilva parcialmente fechadas e o doce e sedutor perfume de jasmim transportado pela brisa noturna. O pio de uma coruja, o correr de um rato e o guincho dos morcegos e suas pequenas asas batendo no alto, tudo disse a ela quando queria.
Ela nunca tinha saído, aproveitado uma noite antes. Seu conhecimento sobre cheiros e sons foi aprendido todas as noites durante o mês ou mais que ela havia vigiado Gascon da janela do bordel.
Aninhada agora na curva do braço de Malcolm no caminho de volta para o bordel, Emma estava pensativa sobre tudo o que mudou desde que ele chegou e trouxe um flash de luz para seus dias sombrios. Ela tinha muito que agradecer a ele. Tantas razões para amá-lo — e muitas delas tinham a ver com aqueles atributos que ela achava que ele não valorizava. Mas para onde isso tudo levaria? Eles haviam estado fora o dia todo: correndo, nadando, rindo, e ele não tinha falado em levá-la e Gascon para casa com ele. Ele não tinha tentado deitar com ela também. Ela não tinha certeza de como se sentia sobre o celibato dele agora que a envolvia. Ele realmente iria apenas deixar Fortune's Smile e ela? O que ela faria? Ela queria um gostinho do que as outras tinham com Malcolm. Mas e se ele a deixasse com um filho? Como diabos ela iria deixá-lo partir sem desmoronar a seus pés?
— Você entende sobre restauração agora, moça?
Ela amou o tom de sua voz quando ele abaixou a boca em seu ouvido. Como era possível que todas as mulheres com quem ele entrou em contato não o amassem, quer compartilhassem sua cama ou não? Ela não tinha dormido com ele e estava terrivelmente certa de que estava se apaixonando por Malcolm. Ela poderia estar errada, mas o que mais poderia fazer seu coração pular no peito do jeito que fazia quando ouvia a voz dele? O que mais poderia fazê-la desistir de qualquer coisa em sua vida? Cailean não mencionou desistir de reinos por amor?
— Eu acho que sim, — ela respondeu suavemente. — Eu podia ouvir o poder do vento sobre as ondas, trazendo monstros à vida. Eu entendo a força pura e selvagem da natureza e os danos que ela pode causar. — Ela pensou em sua tarde perseguindo Gascon, em como havia levado alguns momentos ou mais para ela confiar na sensação de estar sozinha, sem guarda e sem cachorro. A princípio, ela estendeu os braços à sua frente, mas logo deixou de lado a cautela e abriu os abriu abraçando o mundo.
Foi o dia mais mágico de sua vida.
Ela viu o mar novamente e então voou na imaginação.
— Mas com o fim do desastre vem a restauração. As coisas renascem, melhor do que antes.
— Sim, isso está certo.
— E você diz que eu restaurei você desta forma?
— Sim.
— O que esse seu renascimento significará para mim? — Ela perguntou, seu coração batendo como um címbalo5 contra suas costelas. Ela iria com ele se Malcolm pedisse? Como ela poderia deixar Harry tão logo após se encontrarem? Como ela não poderia?
— Eu não sei, amor, mas vamos ter que discutir isso mais tarde. Chegamos em casa.
Esta não era sua casa.
Ele desmontou primeiro, depois a ergueu da sela e colocou os pés dela firmemente no chão. Gascon chegou quase que instantaneamente e esperou que ela se mexesse.
— Vá, — disse Malcolm. — Eu te vejo lá dentro depois que eu cuidar do meu cavalo.
Ela iria, em um momento.
Erguendo-se na ponta dos pés, ela sussurrou contra o pescoço de Malcolm:
— Obrigada pelo dia perfeito. — O que quer que acontecesse, qualquer decisão que ele tomasse, ela nunca iria esquecer o dia que ele deu a ela.
Ela sentiu seu corpo ficar tenso, sua respiração ficar curta. Ele estendeu a mão para ela, mas ela se afastou.
— Vejo você lá dentro.
Sem esperar pela resposta dele, ela saiu em um ritmo acelerado, ainda animada por correr. Ela não tropeçou, graças ao cuidadoso Gascon. Ela sorriu para absolutamente nada — ou uma dúzia de coisas — e entrou no bordel pela cozinha.
— Ah, perfeito. — Disse uma voz masculina tão suave quanto mel e tão profunda quanto o oceano que ela acabou de deixar. — Você é a cozinheira? — Ele perguntou, bloqueando seu caminho.
Gascon rosnou baixo em sua garganta e Emma virou o rosto em direção à porta atrás dela, esperando que Malcolm chegasse logo. Não era porque ela estava com medo — mas estava. Ela não sabia se o estranho estava segurando uma faca. Ela deveria se desculpar e contorná-lo. Provavelmente, ele não queria fazer mal a ela. Além disso, Harry não a deixava falar com os clientes.
— Perdoe-me, — o homem emendou rapidamente, sentindo sua ansiedade. — Eu não queria te assustar. Sou Sebastian Fletcher um convidado neste bom estabelecimento enquanto viajo para Newcastle para negociar algumas mercadorias. Cheguei há pouco tempo de Durham em busca de comida e um lugar para descansar.
O tom de sua voz era profundo e espesso como o mel, e bem treinado na arte da atração. Ele parecia um homem construído para sedução, não violência. Emma suspirou. Outro rosto bonito que acreditava que seu charme funcionava com qualquer mulher.
— Depois de uma deliciosa refeição servida por uma adorável donzela chamada Brianne, eu tive o desejo de algo doce. Um bolinho, talvez? — Ele enfiou a mão no alforje pendurado ao seu lado. — Posso negociar com você um pequeno pote ou talvez um livro?
Ela podia ouvir o sorriso em sua voz e cedeu à vontade de sorrir de volta.
— Você sabe se há alguns bolinhos aqui?
Ela assentiu. Melhor ajudá-lo a seguir seu caminho. Harry não gostaria de um cliente na cozinha. Ela segurou Gascon com uma das mãos e estendeu a outra diante dela, movendo-se em direção a uma alcova sombria. Ela tateou o que estava procurando e sorriu quando o encontrou. Uma cesta de bolinhos de manteiga, feitos esta manhã. O convidado de Harry ficaria satisfeito.
— Você não pode ver. — Ele observou quando ela se virou para ele com a cesta.
— Isso é o que eles me dizem.
— É uma coisa curiosa de se dizer. — O timbre de sua voz suavizou, como se ele estivesse sorrindo. — Você pode ver ou não?
— Eu posso, mas não com meus olhos.
Ele não respondeu de imediato e no silêncio um calafrio percorreu sua espinha.
— Já ouvi falar de você, — ele disse baixinho. — As pessoas por aqui dizem que você foi recentemente sequestrada e escapou. É verdade?
Seus olhos se arregalaram.
— As pessoas por aqui falam de mim? — Sua barriga parecia que estava caindo no chão. O que elas estavam dizendo?
— Ora. — Ele riu suavemente. — É tão impovável o que elas diriam?
Ela acenou com a cabeça, sem saber por que ainda estava aqui falando com ele. Ela queria perguntar a ele se a estavam chamando de bruxa.
— Escapar de um sequestro é uma coisa extraordinária, digna de sussurros ao redor do fogo de uma cozinha. Deve ter sido assustador. — Sua voz diminuiu com simpatia. — Como você fez isso?
A porta se abriu e Malcolm entrou com o vento as suas costas. Seus passos eram rápidos e pesados, trazendo-o para o lado dela. Ele era pelo menos duas cabeças mais alto do que ela, duro como uma rocha e pronto para atacar se houvesse problemas. Ela lutou contra o desejo de deslizar o braço pelo dele e deixar que proclamasse a todos na sala de jantar que ela era de Malcolm Grant e Malcolm Grant era dela.
Ela manteve os braços ao lado do corpo enquanto Sebastian se apresentava a Malcolm, sua voz tão amigável quanto tinha sido com ela.
— E você é, senhor?
— Malcolm Grant de Perth.
Perth? Emma lutou para não bocejar. E quanto a Skye... e Camlochlin? Ela encolheu os ombros, muito cansada para realmente se importar. Ela não dormia bem há mais de oito meses, desde a morte de Clementine. Mas ultimamente, especialmente esta noite, depois de estar no sol e na água o dia todo, ela mal conseguia manter os olhos dela abertos. Ela tinha que agradecer a Malcolm. Ele trouxe risos para ela, e paixão. Se o estava beijando ou discutindo com Malcolm, ele escaldava seu sangue e a fazia querer permanecer em sua vida. Oh, o que ela faria sem ele? Ela tinha que encontrar uma maneira de fazê-lo ficar.
— Eu sou um mercador. — Sebastian Fletcher estava dizendo. — Posso pegar o que você precisar.
— Eu não preciso de nada. — Malcolm respondeu.
Emma odiava que ele acreditasse no que dizia.
— Onde você guarda seus bens?
— Em Durham. — o Sr. Fletcher disse a ele, e então deu um tapinha em sua bolsa. — Entre outros lugares.
— E como você veio parar na cozinha?
Emma ouviu o Sr. Fletcher explicar sua história de bolinho e então puxou o pelo de Gascon.
— Se me der licença, eu vou me recolher. Aproveite sua estadia, Sr. Fletcher. Boa noite.
— Senhorita...
— Grey. — Ela forneceu.
Ela poderia ter deixado seu olhar se desviar para Malcolm por um ou dois segundos. Ela queria que ele a seguisse e esperava que visse em seu olhar. Sem outro som, ela enrolou os dedos no pelo do amigo e deixou Gascon levá-la embora.
Ela estava quase chegando às escadas quando Harry a avistou da sala e correu atrás dela.
— Cailean Grant está bem o suficiente e eu o mudei para seu próprio quarto.
— Boas notícias, Harry, oui? — Isso era tudo que ele queria dizer a ela? Um alívio. Ela sorriu, deu um tapinha no braço dele e continuou. Ela sentiria falta de compartilhar seu quarto com Cailean, mas também sentia falta de sua privacidade.
— Emmaline. Acho que eles deveriam partir amanhã, o mais tardar no dia seguinte.
Ela fez uma pausa e fez uma oração silenciosa por paciência. Ela deveria saber que havia mais em sua mente. Ele não permitiu que ela passasse o dia inteiro longe sem dizer algumas palavras. Ela estava cansada demais para isso.
— Vou examinar Cailean amanhã e ver se ele é forte o suficiente para nos deixar. — Ela começou novamente.
— Você esteve fora o dia todo. — Sua voz tremia com moderação.
— Oui, eu estive.
— Onde você foi? — Ele perguntou, tentando sem sucesso soar ligeiramente interessado. — O que você fez?
— Podemos falar sobre isso amanhã, Harry. Eu preciso dormir.
— Acho que devemos falar sobre isso agora. Eu...
— Mas acabei de responder a uma série de perguntas ao cliente na cozinha.
— A cozinha? — Ele demandou. — Havia um cliente na cozinha? Onde ele está agora?
— Ainda está lá, eu suponho. O nome dele é Sebastian Fletcher e ele afirmou estar procurando um bolinho.
— E você acreditou nele? — Seu irmão gritou com ela enquanto corria em direção à cozinha.
Emma sorriu, grata por escapar de um confronto com Harry. Era fácil quando sua cozinha estava envolvida.
Malcolm esperou nas sombras. Quando Harry desapareceu na cozinha, ele disparou para as escadas. No caminho, ele avistou seu irmão na sala de jantar, segurando um bolinho na boca. Harry não iria encontrar Fletcher na cozinha porque ele já estava na mesa de Cailean cercado por Mary e Jane e, felizmente, até mesmo Bess.
Decidindo dar uma olhada em seu irmão mais tarde, Malcolm subiu as escadas de três em três degraus e correu silenciosamente pelo corredor até o quarto de Emma. Ele pegou seu olhar imprudente antes que ela deixasse a cozinha. Um convite que ele não poderia recusar.
Antes que ele batesse, a porta se abriu para deixá-lo entrar.
Ele correu e encontrou Emma do outro lado. Ele queria tomá-la nos braços. Ele queria deslizar uma mão em torno de sua nuca e inclinar sua boca para a dele.
Ela se afastou enquanto ele hesitava e deixou esse momento passar.
Ele resistiu a jogar a cabeça para trás em frustração consigo mesmo e passou a mão pelo rosto. Ela o tentou além do limite. Ele poderia facilmente trancar a porta, despi-la e beijar cada centímetro de seu corpo delicioso. Ele poderia parar por aí? Ele não pensava assim, não se o pensamento dela embaixo dele, empurrando seus quadris contra os dele em um ritmo de tambores e fluxo de sangue, não o deixasse louco de desejo por ela.
— Eu devo ir, pelo seu bem.
— Meu bem? — Ela perguntou a ele baixinho, interrogativamente, banhada por uma luz dourada suave.
— Sim, moça, não tenho certeza se posso manter minha boca ou minhas mãos longe de você.
— Oh, — ela disse calmamente. — E o que há de tão ruim nisso? — Ela abaixou o queixo para esconder suas bochechas queimando dele. Quando ela se tornou devassa?
— Eu não quero fazer nada para você um dia se arrepender.
Ela se aproximou dele e colocou as mãos em seu peito.
— Gostaria que eu amasse você?
— Sim. — Ele respondeu tão baixinho.
— Porque você acredita que não pode me amar de volta.
— O quê? — Ele cobriu as mãos dela com as dele. — Onde você ouviu isso?
— De Cailean, — ela disse a ele. — Ele também me disse que você é celibatário, mas devo admitir que não entendo o que uma coisa tem a ver com a outra no seu caso.
O quê? Cailean sabia? E ele disse a Emma? Inferno, Malcolm iria matá-lo.
— Bem? — Ela piscou seus olhos gloriosos para ele e esperou.
Ele não queria falar sobre isso com ela. Ele se lembrou de seu encontro com o comerciante de Durham e enfiou a mão no bolso.
— Eu tenho isso para você. — Disse ele, colocando um livro com capa de couro em suas mãos.
Ela sorriu e levou ao nariz.
— Onde você conseguiu isso?
— Do comerciante, Sr. Fletcher.
— Malcolm. — Ela mal sussurrou, puxando-o para mais perto para ouvi-la. — Qual é o título?
— Le Morte d' Arthur.
Ele não se arrependeu de trocar uma de suas adagas pelo livro quando as lágrimas dela caíram no couro velho.
— Era uma das minhas histórias favoritas quando eu era criança. — Ela disse a ele.
— Sim, minha avó também. — Ele compartilhou. Então, mais suavemente. — Por que você está chorando, moça?
— Eu sinto falta da história desesperadamente, mas não posso ler, Malcolm.
Ele sorriu para ela.
— Eu sei que você não pode ler. — Ele a acompanhou até a cadeira e a sentou, depois deu a volta e se sentou no colchão, de frente para ela. — Mas eu posso.
Capítulo 25
Malcolm leu três capítulos e depois conversaram sobre cada um deles. Ele adorava vê-la ouvir. Ela fez isso tão atentamente e parecia ouvir muito mais do que ele.
Inferno, se Cailean ou seus primos descobrissem que ele leu Mallory para uma moça em seu quarto, eles provavelmente o jogariam de um penhasco acreditando que ele era um impostor que assassinou o verdadeiro Malcolm Grant.
Ou pior.
— O amor foge de mim, Emma. — Malcolm se encontrou respondendo a sua pergunta anterior sobre o que o celibato e a incapacidade de se apaixonar tinham a ver um com o outro antes que pudesse parar. — Sem isso, minha vida era muito vazia e sem sentido. Eu tentei achar que ele existia entregando-se a meus caprichos físicos. Mas parei de querer um sem o outro.
Ela parecia que estava prestes a dizer algo, mas se conteve e começou de novo.
— Você está tentando trazer honra para o seu pai?
Ele sorriu.
— Talvez. Quem sabe? — Ele nunca fez isso. E isso não importava agora. Só ela importava.
— Diga-me o que o transformou em um libertino.
Ele riu e então balançou a cabeça para si mesmo. Ele sempre foi tão charmoso, nunca desajeitado ou exposto com qualquer garota. Por que Emma e suas perguntas o abalaram tanto? O que o transformou em um libertino? Como diabos ele deveria responder isso?
— Moças nunca me negou nada. Aprendi como conseguir o que queria com nada mais do que um sorriso. Isso me deixou preguiçoso. Eu sabia que havia algo diferente entre mim e meus primos quando eles costumavam falar sobre as moças que pensavam que amavam. Mesmo quando rapazes, eles sempre estavam apaixonados por esta ou aquela moça. Mas não eu.
Era ele falando? Compartilhando coisas que ele nunca compartilhou com outra alma? Ele olhou, encantado pela graça sutil de sua beleza, enquanto ela encostava a cabeça na cadeira e piscava lenta e pesadamente.
— Você realmente acredita que não pode se apaixonar?
Ele podia? Ainda? Ele não sabia. Ele não sabia se estava se apaixonando por Emma. Ele odiava que isso o assustasse, mas era a verdade. Pior ainda é que não era apenas amor, era amá-la quando ele não tinha certeza se era digno dela.
O problema era que apenas olhar para ela o fazia esquecer de tudo. Ele queria mais tempo com ela, talvez até mesmo todo o tempo que ainda tinha nesta terra com ela.
— Eu quero algo que parei de acreditar que precisava. — Confessou. Seu sorriso permaneceu em seus olhos fechados. Ela estava dormindo? Ela teve um dia cansativo e cheio de aventuras. Ele sabia que ela estava exausta.
Ele se levantou e a pegou em seus braços.
— Oui. — Ela disse baixinho, acordando por um momento. Ela não abriu os olhos, mas sorriu quando ele a deitou na cama e a cobriu com o cobertor. — Eu quero isso também.
Ele se inclinou sobre ela e falou perto de seu ouvido.
— Mesmo com um libertino, moça?
— Um libertino reformado, oui. — Ela sussurrou de volta meio grogue.
Ele beijou sua testa e, em seguida, sua têmpora, antes de se afastar. Levou cada grama de força que ele possuía para deixar seu quarto. Ele queria subir na cama ao lado dela e segurá-la perto dele. Ele queria jogar a cautela para os quatro ventos e dizer o quão importante ela estava se tornando para ele, mas esperaria até que Emma estivesse acordada e alerta o suficiente para entender. Ele também não entendia completamente.
Seus músculos estavam tensos. O que ele precisava era de uma bebida. Ele deu um tapinha na cabeça de Gascon e saiu do quarto. Chegando ao final da escada, ele avistou Harry sentado em uma das mesas da taverna com Cailean e Alison e, surpreendentemente, o Sr. Fletcher ainda estava com eles. Curioso sobre o novo cliente do Fortune's Smile, ele foi na direção deles.
Ele pensou na mulher que ele deixou dormindo em sua cama. Ele foi um idiota por sair? Não, ele queria ser um tipo de homem melhor para Emma. Um homem que ela merecia. Malcolm, o Libertino, estava rapidamente se tornando Malcolm, o Considerado, o Honrável, o Cavalheiro.
Ele já tinha visto isso... essa... aflição que assola os homens de Camlochlin. Não havia mais perguntas.
Ele estava se apaixonando.
Afinal, era possível!
Bolas sangrentas de Satanás!
Sebastian estudou Malcolm Grant enquanto ele se aproximava da sala de jantar pelas escadas. Ele soube assim que pôs os olhos no robusto escocês, que foi ele quem atacou a pequena trupe de John quando eles sequestraram a Srta. Gray. Grant era grande o suficiente para arrancar a cabeça de um homem.
Mesmo vestido com trajes civis, Grant tinha a aparência de um Highlander, indomável e indisciplinado, um pouco menos refinado do que o Grant mais jovem à mesa. Eles poderiam ser os dois Highlanders de quem John havia falado. Ou não. De acordo com algumas das garotas com quem ele falou, vários Highlanders viajantes passaram por lá nas últimas duas semanas.
Sebastian não achava que os Grants eram os supostos Highlanders mortos, porque John Burroughs não reconheceria um nórdico vestido como um inglês e não teria descrito os assassinos de Andrew como Highlanders.
Ainda assim, ele descobriria quem eram os Grants. Se eles fossem culpados, ele se certificaria de que suas mortes fossem prolongadas e dolorosas.
— Espero não ter assustado muito a Srta. Gray. — Disse ele a Malcolm quando o Highlander se aproximou. — Eu a encontrei na cozinha. — Ele explicou quando Harry o questionou.
— Ela estava bem quando a vi pela última vez, Fletcher. — Grant disse a ele. — Ela não se assusta facilmente.
Sim, Sebastian lembrou.
— Ela é agradável aos olhos. — Ele deslizou os olhos para o irmão dela. — Tem certeza de que não aceitará nenhuma oferta por ela?
— Tenho certeza, Fletcher. — Gaguejou Gray.
Sebastian riu e encolheu os ombros, voltando-se para Grant. Ele esperava algum tipo de reação do escocês. Mas ele não tinha certeza se poderia chamar o que obteve de uma reação. Era mais como um olhar com a promessa fria de morte em suas profundezas glaciais. Não se gabava de que ela era dele. Nenhuma palavra, mas um aviso estridente, no entanto.
Grant e a irmã do proprietário cuidavam um do outro. Sebastian tinha pensado assim, mas ele tinha que ter certeza. Agora ele tinha. Por quanto tempo os Grants ficaram aqui para os irmãos formaram relacionamentos com as mulheres? Talvez eles estivessem aqui para lutar.
A melhor maneira de fazer os homens falarem era embebedá-los. Ele trouxe outra rodada e riu com os outros quando Harry, retirando-se para dormir, tropeçou escada acima.
— Acho que vou para a cama também. — Grant se levantou. Ele se virou para o irmão. — Vem?
— Sim. — Cailean falou com um leve sorriso. — Mas vou dormir no quarto de Alison esta noite.
Malcolm sorriu, então parecia um pouco preocupado.
— Não exagere, quero dizer, cuide de... Inferno, absolutamente nada. Boa noite.
— Ele estava doente, ferido?
— O quê? — Malcolm se virou e viu Fletcher atrás dele.
— Sua preocupação, — explicou Fletcher. — Ele está se recuperando de alguma coisa?
Sebastian ficou tentado a desviar o olhar do poder nos olhos cor de espuma do mar de Grant. Ele parecia estar procurando nos pensamentos de Sebastian, tentando puxá-lo para a luz para encontrar a verdade. Não, ele não suspeitou de nada. Sebastian quase sorriu para si mesmo. Ele não podia entrar em pânico. Ele não iria.
— Ele é virgem. — Malcolm finalmente disse.
Sebastian sorriu.
— Nesse caso, eu o invejo.
Malcolm olhou para ele.
— Você parece muito jovem para invejar tal coisa.
— Fui apresentado há cerca de um ano e tenho praticado com frequência.
Malcolm riu e retomou seus passos.
— Eu vou com você, se não se importar. — Sebastian correu atrás dele. — Eu paguei por um quarto, mas não tenho certeza de que caminho seguir.
Grant assentiu, aceitando sua companhia.
— A propósito, eu não queria pisar em suas botas. — Sebastian disse a ele enquanto eles continuavam a subir as escadas. — Eu não sabia que você gostava da Srta. Gray.
Grant lançou-lhe um olhar astuto, seu meio sorriso manchado de dúvida e embelezado por uma covinha profunda. Ele não disse nada, embora suspeitasse que Sebastian não estava dizendo a verdade.
Um inimigo perspicaz era o tipo mais perigoso.
Sebastian teria que usar um pouco mais de cautela com isso no futuro.
Por enquanto, porém, ele deveria continuar com esse engano e arriscar perder a confiança de Grant ou ir por outro caminho — um caminho menos esperado?
Ele permaneceu em silêncio por mais três degraus, então ergueu as mãos.
— Tudo bem, confesso que a noção de que você se importava com ela passou pela minha cabeça. Mas eu não sabia se envolvia seu coração ou apenas o que está em suas calças. Como um homem de honra, não irei atrás da mulher de outro homem. Em vez de perguntar e talvez envergonhá-la, eu sabia que uma oferta degradante por ela certamente ofenderia um homem que se preocupa com a moça. Você é fácil de ler.
O sorriso de Grant desapareceu.
— Eu sou? — Seus ombros, largos como uma montanha, endireitaram-se um pouco mais.
Isso não era tão difícil, Sebastian meditou, mantendo sua expressão de simpatia. Grant estava escondendo sua afeição de Harry Gray ou Cailean Grant. Ele não tinha nenhuma razão para esconder de seu irmão, então Sebastian determinou que Malcolm estava mantendo Harry no escuro. Sebastian não precisava saber por quê.
— A conhece há muito tempo?
— O suficiente.
Sebastian sorriu e acenou com a cabeça. Talvez não seja tão fácil. Não importa, amanhã seria outro dia. Ele não queria forçar muito. Só mais uma coisa que ele queria saber.
— Há sussurros sobre ela, — disse ele, aproximando-se e baixando a voz. — Eles afirmam que ela escapou do rapto. Vendo que ela é uma mulher franzina, e cega, acho que foi você quem a salvou. Estou correto?
A honestidade desarmava o inimigo todas as vezes. Sebastian podia ver o efeito que isso teve sobre este escocês. Isso criou confiança em pequenas doses, mas mesmo assim, confiança.
—Sim. — Grant admitiu, virando-se para ele, sua voz um tambor baixo, seu olhar, desafiador e orgulhoso, como uma montanha imóvel quando disse a Sebastian o que tinha feito a seus agressores.
— Eu teria feito o mesmo. — Sebastian disse a ele honestamente. O que diabos havia de errado com Oliver em sequestrar uma garota cega? Seus sequestradores mereciam o que receberam. — Mas eu ouvi que eram três homens.
— Sua curiosidade está começando a me incomodar. — Disse o escocês em uma voz baixa de advertência que também não afetou Sebastian muito bem.
Não. Sebastian tinha que recuar. Ele tinha ido longe demais.
— Na verdade, — disse ele, soltando uma risada autodepreciativa, — eu aposto que se ela lutou ou não por conta própria ou teve ajuda. — Ele sorriu. — Você acabou de me ganhar cem libras.
Ele ficou aliviado ao ver a expressão dura de Grant se suavizar. Talvez o novo amigo de Sebastian até tenha sorrido antes de se virar para o corredor oeste menos iluminado.
Sebastian foi na direção oposta. Ele andou cerca de quinze metros quando algo macio entrou em seu caminho.
— Ah, um lindo menino perdido. — Sua voz baixa e sensual era como puro pecado para seus ouvidos. Bess. — Deixe-me ajudá-lo a encontrar seu caminho.
Ele não pôde deixar de sorrir. De todas as garotas da Fortune's Smile, Bess era a mais útil. Pelo menos, ele esperava que sim.
— Lidere o caminho. — Ele ofereceu a ela um caminho a seguir. — Mas eu devo te avisar. Eu sou um homem, não um menino.
Alison estava deitada em sua cama olhando nos olhos de Cailean. Ela nunca esperou se apaixonar por um cliente, mas aqui estava ela, pronta para dar seu coração, além de seu corpo, a um homem. Ela riu ao ouvir os sons da paixão de Bess vazando pelas paredes. Isso a encorajou a subir em cima dele e começar a tirar suas roupas. Ele não falou, mas a olhou a à luz das velas enquanto ela o fitava. Ela sabia que ele era virgem, mas não sabia que era uma obra de arte viril feita para fazê-la enlouquecer.
— Você não tem misericórdia da minha ferida.
Ela se inclinou e beijou uma trilha em seu peito nu, parando em suas cicatrizes.
— Se eu machucar você, vou apenas curá-lo de volta.
Ele ficou sério enquanto desamarrava seu vestido e o tirou de seus ombros.
— Eu sabia que seria minha na primeira noite em que coloquei os olhos em você.
— Aqui estou. — Ela sussurrou contra seus lábios.
— Aqui está, — disse ele, beijando-a uma vez, e depois novamente. — Restaurando a vida de volta para mim.
— E você me traz esperança.
Ela levantou o resto de suas saias sobre a cabeça, libertando seus corpos da última restrição de roupas. Ela sabia o que estava fazendo, mesmo que ele não soubesse, e fazia bem. Ele aprendeu rapidamente e logo se colocou em cima dela e a tomou como se fosse o mestre de seu corpo.
Guardando a entrada do quarto de Emma com seu corpo, Malcolm apoiou a cabeça contra a moldura de madeira fria de sua porta e fechou os olhos. Ele já havia decidido depois do sequestro que guardaria a porta dela. Ele esperou até que não conseguiu mais mantê-los fechados e amaldiçoou a noite por ter que abri-los novamente. Como diabos alguém poderia dormir com todos esses gemidos e gemidos assombrando os corredores? Por que as malditas paredes eram tão finas? Elas eram assim quando ele esteve aqui há quatro anos? Ele não se lembrava. Os sons não o torturaram como agora.
Um grito longo e satisfeito assaltou seus ouvidos em algum lugar do corredor. Ele fez um juramento e apertou a mandíbula quando a lembrança da boca faminta e inexperiente Emma percorreu seus pensamentos. Ela disparou seu sangue como ninguém antes dela jamais poderia. E, no entanto, aqui estava ele permitindo que uma placa de madeira o impedisse de amá-la. Ele ficaria louco.
Mas ela era diferente das outras. Ela queria mais de um homem. A princípio, ele pensou que aquele homem nunca seria ele. Então ele pensou que não tinha o que era preciso para ser aquele homem. Agora...
Outro gemido longo e masculino, depois o tilintar de uma risada feminina.
Ele negou a si mesmo no passado. Isso era mais difícil, quase impossível. Ele nunca quis nenhuma mulher do jeito que queria Emma. Ele passou a palma da mão pelo rosto e acalmou as batidas profundas de seu coração.
Ele gemeu junto com o resto das vozes que vazaram pelos corredores. Ele se conteve, por mais frustrante que fosse, porque queria ser um homem diferente para ela.
Mesmo que isso o matasse.
Capítulo 26
Havia duas coisas em que Emma pensou pouco antes do amanhecer quando abriu a porta de seu quarto e Malcolm saiu em cima de suas botas pelo segundo dia consecutivo. Desta vez, ele estava acordado com uma maçã pela metade na mão.
Primeiro, ela provavelmente deveria ter segurado Gascon, mas ele amava Malcolm e estava tão feliz por tê-lo ali quanto ela. Em segundo lugar, ele trouxe alegria... e o mar para ela, e o amava por isso.
Ela o ouviu cumprimentar seu cachorro e a subsequente mastigação de Gascon na maçã de Malcolm. Seu guardião gemeu um pouco e murmurou algo sobre suas costas.
— Idiota! — Ela riu, abandonando as sombras. — O que eu disse a você sobre dormir na minha porta?
Ela jogou a cabeça para trás e ofegou de tanto rir quando ele fechou as mãos em torno de suas panturrilhas e a puxou para baixo. Ela prendeu a respiração quando ele a pegou nos braços e fechou a porta com um chute.
— Não sou mais seu paciente. — Seu sussurro gutural caiu sobre seu lábio inferior enquanto ele a rolava de costas, ainda a segurando perto.
— De fato, — ela concordou, correndo as pontas dos dedos sobre seu bíceps. — Sua força voltou.
Ele cobriu a boca dela com a sua, puxando uma respiração estremecida dela. Ele a consumiu em uma lambida de fogo, sua língua varrendo o céu da boca, então mais fundo, queimando seus nervos, fervendo seu sangue até que ele acendeu algo em algum lugar bem no fundo de seu centro de mulher. Oh, fazia apenas um ou dois dias que ela tinha pena de alguém que perdia completamente o coração por outra. Isso estava acontecendo com ela. Isso a apavorou. E se ela rendesse tudo apenas para vê-lo subir em seu cavalo e sair de sua vida? Como ela iria superá-lo? Ele tinha seu coração. Ela o queria em troca. Era a única maneira de ele não abandoná-la. Ele a consumiu em um fogo violento que aqueceu o ponto crucial entre suas pernas. Ele não seria celibatário com ela. Ela sabia, sentia em sua respiração acelerada, seus beijos cada vez mais profundos. Ele a tomaria aqui no chão de seu quarto. Ela tinha certeza disso quando o sentiu rígido dentro dos limites de suas calças. Ela se atreveria a soltá-lo? Ele queria mais. E ela também.
Mas ela teria seu coração com isso ou não.
Ela parou, retirando-se lentamente, sua respiração curta e superficial.
— Perdoe-me. — Disse ele, parecendo terrivelmente arrependido enquanto a erguia de cima dele.
Perdoá-lo? Ela quase riu. Por quê? Por fazê-la se sentir viva? Ela queria viver e morrer em seus braços e então bater em sua cabeça por fazê-la cair com tanta força.
Parou de beijá-lo porque estava com medo do que queria que ele fizesse com ela.
— Claro. — Ela atendeu ao pedido dele enquanto ele se levantava do chão.
— Indo para algum lugar, moça? — Ele perguntou, pegando a mão dela e a colocando de pé. Ele a puxou para perto dele, mas manteve o braço ao lado do corpo.
— Oui, estou indo para minha caminhada matinal.
— Posso acompanhá-la?
Ela sorriu e ele se moveu para o lado dela, levando o calor com ele, e deslizou o braço dela.
— Você pode dormir em uma cama decente, Malcolm. — Ela disse a ele no corredor. — Eu tranco minha porta, e minhas janelas, como você pediu, não se esqueça. E eu tenho Gascon comigo. Estou segura. Eu não preciso de você roncando na minha porta.
— Veremos, moça.
Ela revirou os olhos e pensou em beijá-lo novamente enquanto ele a conduzia escada abaixo e para fora do bordel.
Emma saiu e sorriu com o ar frio que soprava do Norte. Ela respirou fundo e reuniu os aromas que carregavam o vento, o cheiro do homem parado ao lado dela. Mesmo sem ver, ela sabia que ele exalava virilidade.
— Você deve parar de me beijar sempre que tiver vontade, Sr. Grant.
— Não posso dar uma palavra sobre isso, Srta. Gray. Eu a acho irresistível.
Ela riu de novo, mais suave desta vez e o conduziu pela floresta.
Eles pararam, escondidos entre as árvores, quando Malcolm a envolveu em seus braços.
— Você sabe que quando ri. — Ele se aproximou e se inclinou para falar baixo em seu ouvido, sua voz uma mistura hipnótica de seda e veludo. — Seu nariz se enruga apenas o suficiente para fazer meu coração se acelerar?
Sua cor se aprofundou quando ela estendeu os dedos para o nariz dela, como se quisesse sentir o que ele via.
— Você está tentando seduzir meu coração? — Ela perguntou a ele, inclinando seus lábios mais perto dos dele enquanto falava.
— Eu gostaria. — Ele admitiu suavemente, seu sorriso evidente em sua voz leve.
— O que impede você?
Ele ficou mais sério.
— Uma promessa que fiz a seu irmão e a que fiz a mim mesmo.
Ah, sim, ele não queria fazer amor sem sentir amor. Não foi isso que ele disse a ela? Isso não era um bom presságio para ela. Seu estômago deu um nó apertado. Talvez Cailean estivesse errado. Talvez Malcolm não estivesse apaixonado por ela.
Ela chamou Gascon e de alguma forma segurou as lágrimas que ameaçavam se formar e derramar pelo seu rosto. Na verdade, o amor tornava a pessoa tola. E uma promessa para Harry?
— O que você prometeu ao meu irmão?
— Para deixá-la em paz. Eu devo muito a ele. — Ele acrescentou quando ela começou a protestar. — Então, e apesar de minha dívida para com ele, apesar de tudo, Emma, é quase impossível manter minha palavra perto de você.
— Pobre querido. Deixa-me ajudar. — Ela girou nos calcanhares e voltou para o bordel. Sozinha.
Ela não ficou assim por muito tempo, no entanto. Dentro da cozinha de Harry mais uma vez, o Sr. Fletcher ficou no caminho dela, desta vez, Cailean e Alison estavam com ele.
— Você não é um homem de palavra então, Sr. Fletcher? — Ela persuadiu.
— Ah, Srta. Gray. — Ele disse com uma reverência. — Estou à sua mercê de não informar seu irmão sobre minha transgressão.
— Isso depende do que vocês três estão fazendo hoje. — Ela ouviu o som de Malcolm voltando, sozinho e com raiva. Ele estava prestes a ficar muito mais irritado.
— Estamos saindo para pegar peixes para o café da manhã. — Disse Cailean. — Onde está meu irmão?
— Ele está lá fora. Por favor, deixe-me ir com vocês. — Ela implorou. — Existem ervas e fragrâncias ao longo da margem para... — Droga, ela esqueceu que o Sr. Fletcher estava lá com eles. Antes que ele pensasse que ela era uma bruxa por saber medicina, ela recuou cuidadosamente — ...coisas como lavanda e narciso que combinariam perfeitamente com meu robalo assado.
Não havia lavanda na margem do rio, mas nenhum de seus companheiros saberia disso.
Eles concordaram em deixá-la ir e, na saída, o grupo riu de algo que o Sr. Fletcher disse.
Emma não sabia que Malcolm estava observando sua caminhada para a margem do rio. Mas ela esperava que ele estivesse.
Emma ficou grata pela companhia do Sr. Fletcher nos dois dias seguintes. Ele a seguia quase sempre, fazendo ou dizendo coisas para fazê-la sorrir, para a frustração de Malcolm, já que ela não sorria com ele. Sr. Flet... Sebastian não se importava que ela o usasse para deixar Malcolm com ciúmes. Ele até concordou que ela estava fazendo a coisa certa.
— Se há algo real aqui para Malcolm, é que ele deveria ser colocado à prova. Se seu coração for verdadeiro, ele não falhará.
Ela concordou. Se Malcolm realmente se importava com ela, ele precisava lutar contra o que quer que o detivesse e conquistá-la. O tempo estava se esgotando até ele ir embora.
— Mas, — Sebastian continuou, — o que a faz pensar que ganhou o que outras mulheres não conseguiram?
— Cailean pensa assim, mas. — Ela confessou com um sorriso. — Para mim é uma ilusão, eu admito.
Ela não sabia por que compartilhava tanto com um homem ela só conhecia há alguns dias. Sebastian era fácil de conversar. Ela mostrou a ele o que Cailean quis dizer quando disse que ela via com os ouvidos. Ele não parecia se importar nenhum pouco com a conversa dela, e até contou a ela sobre suas noites com Bess e o que tinha descoberta. Malcolm, por exemplo, tinha passado a noite sozinho, recusando a companhia de Bess e de todas as outras garotas.
— Ela não tem suavidade como você. — Disse ele sobre Bess.
Emma suspirou. O que ela poderia fazer sobre isso?
— Ela não importa agora.
— Ele importa. Eu sei, Emma.
Cailean também entrou nisso, alegando que se alguma coisa podia fazer um homem ver a luz, era o ciúme.
Ela não sabia sobre ver a luz, mas se isso significasse tentar Malcolm dar um soco em Sebastian uma ou duas vezes, então estava funcionando. Ele não tinha feito isso ainda. Mas estava chegando. Emma não queria que Sebastian fosse atingido. Algo, em algum lugar, se quebraria. De qualquer forma, era infantil, não era? Deixar um homem com ciúme?
Sebastian jurou que poderia levar um soco, especialmente por ela, e insistiu em continuar.
Embora apenas alguns dias tivessem se passado, ela passou a gostar de Sebastian. Ela pensou a princípio que Sebastian queria conquistá-la, mas ele descobriu logo que seu coração estava perdido para outra pessoa. Ele não tentou chegar perto de seu quarto, não que ele pudesse ter feito com Malcolm dormindo na frente de sua porta. Ele só queria ser amigo dela. E agora ela precisava da ajuda dele.
— Ele estava muito inquieto na mesa esta manhã. — Sebastian informou a ela em sua segunda tarde juntos. Ele a acompanhou até uma árvore próxima e esperou enquanto ela se sentava embaixo dela. — Ele falou comigo, no entanto.
— Oh? — Ela perguntou, surpresa. — O que ele disse?
Ele se sentou ao lado dela na grama.
— Ele disse que lhe falou ontem e você pediu a ele para não me machucar. Era a única razão pela qual eu ainda tinha dentes.
Emma cobriu a boca para esconder seu choque, mas Sebastian viu e riu.
Depois de um momento, ele se inclinou para ela.
— Ele está vindo.
O coração de Emma bateu forte em seu peito. Sebastian estava correto quando disse que se Malcolm estava tão pronto para partir sem ela, o que ele ainda estava fazendo aqui?
— Emma. — Ele os alcançou em algumas passadas longas e parou sobre eles. Gascon grunhiu por sua atenção.
Ela não sabia se ele deu, seu coração batia forte em seus ouvidos.
— Eu gostaria de ter uma palavra a sós com você.
Ela deveria? Sebastian permaneceu em silêncio. Ninguém mais estava lá para impedi-la.
Ela não queria recusar. Ela queria tocá-lo, correr as palmas das mãos por seus braços fortes e sobre seu peito musculoso. Ela sentia falta de passar horas com ele. Sebastian era maravilhoso, mas ela queria Malcolm.
Ela permaneceu sentada e abaixou a cabeça.
— Eu não sei se eu deveria.
Ele se abaixou e sem dizer uma palavra a ela ou a Sebastian, arrancou-a da grama e a ergueu sobre o ombro.
Gascon latiu, então gemeu, então ficou em silêncio quando Malcolm fez um som com a boca. Se ela gritasse, alertaria Harry, e ele e Malcolm provavelmente lutariam. Harry perderia, é claro, e ela estaria na rua, implorando por comida.
Mas se ele pensava que ela iria sem lutar, estava redondamente enganado.
Ela endireitou o corpo, equilibrado o suficiente para fornecer a quantidade certa de força quando dobrou o braço e enfiou o cotovelo ossudo em sua clavícula.
Ele gritou e colocou os pés dela no chão. No instante em que desceu, ela estendeu a mão para ele, medindo a distância entre eles, certificando-se de não errar quando puxou a mão para trás e deu um tapa tão forte quanto pôde na sua bochecha. Gascon latiu de novo, depois correu para frente e depois de volta para eles, como se estivesse ansioso para ir.
— Como você ousa me maltratar? — Ela exigiu.
O problema era que ela não conseguia ver seu captor curvando-se para ela novamente. Quando ele a jogou por cima do ombro uma segunda vez, Sebastian finalmente interveio, chamando enquanto os alcançava.
— Grant, espere, há algo que você deveria saber.
O quê? O que ele vai dizer? Emma ergueu a cabeça onde pendia contra as costas de seu captor. Ela apertou os punhos, esperando que Sebastian a visse. Esperando que ele atendesse e não a mortificasse!
— Se você vai me dizer que se importa com ela. — Malcolm avisou sem parar, sem se virar. — Não perca seu tempo. Não vai mudar nada.
Emma esperava que Sebastian ficasse quieto.
— Isso foi um estratagema.
Ah não! Não!
— Sebastian, não o aborreça com baboseiras tolas. — Mas ela deveria ter esperado isso. A pura honestidade de Sebastian era o que ela mais gostava nele.
Malcolm parou e se virou, deixando o rosto de Emma em direção ao bordel.
— Um estratagema? — Ele perguntou enquanto ela batia em suas costas.
— Para fazer você ter...
— Malcolm! — Emma interrompeu Sebastian antes de desmaiar de vergonha. — Ponha-me no chão ou nunca vou te perdoar! — Ela finalmente exigiu. Ele obedeceu e a colocou no chão. Ela tateou com o pé, encontrou o que queria e se abaixou para pegá-lo.
Sebastian viu a rocha chegando e se afastou com bastante tempo para escapar dela.
— Não fique zangado com ela. — Ele disse enquanto ela afastava o rosto escarlate dele. — Foi ideia minha. Não dela.
Ele saiu, passando-os para o bordel e desapareceu dentro, deixando-a em sua própria defesa depois que ele traiu sua amizade.
— Qual foi exatamente a ideia dele? — A respiração de Malcolm passou por seu rosto, profunda e escura enquanto ele se movia para mais perto e ficava acima dela.
Ela nunca iria admitir para ele que usou Sebastian, o rato, para despertar o coração de Malcolm a uma ação. O rato, ao que parecia, estava correto. Malcolm tinha acordado.
— Jogue-me sobre você como um saco de grãos de novo. — Ela avisou, na esperança de desviar seus pensamentos em outra direção. — E é melhor você dormir com um olho aberto.
— Vou arriscar se você não me acompanhar até meu cavalo.
Oh, ele não podia ser sincero. Será que ele realmente a jogaria por cima do ombro pela terceira vez como algum... algum...
— Moça.
O fio de advertência em sua voz a convenceu de que ele faria o que disse.
Ela não tinha medo dele e diria isso a ele mais tarde. Por enquanto, porém, para impedir Harry de mais perguntas intermináveis, ela afundou os dedos no pelo de Gascon e seguiu ao lado de Malcolm por sua própria vontade.
— Sobre o que você quer falar comigo? E porque não podemos falar aqui? — Ela perguntou a ele quando eles chegaram ao estábulo.
— Eu quero falar com você sozinho. Não estamos sozinhos aqui.
— Onde estamos indo? — Ela queria ir para o litoral. Ela poderia confiar em si mesma lá com Malcolm? Foi difícil manter as mãos longe dele na primeira vez. Agora seria impossível. Não importava o quão brava ela estava com ele.
— Pare de fazer perguntas. — Ele comandou. — Estou muito zangado com você e eu...
— Ha! Ha! Ha! — Ela riu e ao lado dele, Gascon deu um grunhido suave quando eles entraram no estábulo. — Estou convocando o que resta de minha determinação para não arrancar seus olhos!
— É assim mesmo? — Ele exigiu, parando-os em um feixe de luz que se filtrou através das paredes de madeira. Emma podia sentir o calor em seu rosto. — Por que, então? Porque eu me recusei a enganar você e disse como me sinto? Sim, lembre-me de nunca mais fazer isso, moça.
Ele parecia tão enojado, Emma sentiu vontade de rir. Mas ele estava muito sério. Ela imaginou que ele compartilhava seu coração com muito poucos.
Ainda assim, ele merecia por tê-la jogado de um lado para outro.
— Oui, devo lembrá-lo. — Ela prometeu. — Isso evitará que outras mulheres descubram que elas significam muito pouco para você e, pior, que você significa ainda menos para si mesma. — Ela lançou-lhe uma expressão branda. — Eu prometo que não é nada atraente.
Seria sua risada enchendo o ar estagnado de fragrância? Meu Deus, como era possível que ele não se considerasse à altura de seus padrões quando ela pensava que era um príncipe? Ela nunca conheceu ninguém como ele.
Disseram que Oliver Winther era o homem mais arrogante da Inglaterra. O boato era que ele acreditava ser uma águia, o mais majestoso dos predadores. Ele usava uma águia dourada amarrada à cintura e derrubava sua presa sem piedade.
Malcolm era tão ruim assim?
— Escute, Malcolm. — Ela disse, querendo cair em seus braços, mas se afastando dele em vez disso. — Nada mais precisa ser falado entre nós. Se você estiver partindo de Hebburn, vá. Você não me deve nenhuma explicação e, para ser franca, não quero nenhuma. Só não quero prolongar mais isso.
Seus dedos fechando em torno de seu pulso impediram sua partida.
— Emma, você se importa com Fletcher? Diga-me e não vou incomodá-la novamente.
— Não. Eu não me importo. Mas eu poderia, se não houvesse mais ninguém.
— Você tem outra pessoa. — Ele disse suavemente em seus cachos.
Ela sabia que ficar sozinha com ele era perigoso. Ela não importava. Ela levou as mãos ao rosto dele e traçou sua boca enquanto Malcolm dizia como ela era bonita para ele. Sua respiração ficou curta quando o sentiu se inclinar. Ela ansiava por beijá-lo e suspirou em sua boca enquanto ele a apertava contra ele.
Ela abriu os lábios para sua língua. Ela o sentiu contra seus dentes, sensual, sondando. Seu sangue correu por suas veias, abrindo um caminho escaldante para sua virilha. Ela queimava em seus braços e a intensidade disso a assustou. Ela nunca tinha estado com um homem, nem mesmo beijou um antes de Malcolm, mas vivia em um bordel. Ela sabia sobre sexo. As paredes eram finas e a conversa grosseira, na melhor das hipóteses.
Enrolando os braços em volta do pescoço dele, ela se ergueu para seu corpo, apenas o suficiente para sentir o aço de seu pênis entre suas coxas. O instinto a fez levantar a perna e tentar envolvê-lo com ela.
Ele gemeu como um animal ferido e colocou as mãos ao redor de suas nádegas, cobrindo-as.
Ela sentiu vontade de mordê-lo, comê-lo vivo. Ela lhe disse e ele riu antes de retornar a sua boca, mais faminto do que antes. Logo, ele se retirou, sua respiração difícil.
— Venha. — Ele rosnou a demanda e ela o deixou conduzi-la até seu cavalo.
Capítulo 27
Malcolm não podia dizer o que era mais difícil de conter, o coração a explodir em seu peito enquanto ele estava sob Emma, vendo cada contorno bonito de rosto, ou o seu pau inflexível em seus calções Inglês.
Ele a levou para o mar, para uma pequena enseada aninhada entre os penhascos. A areia estava quente e macia embaixo dele. O som das ondas quebrando encheu seus ouvidos... a menos que o que ele ouviu foi seu sangue movendo-se por ele.
Ela fazia isso com ele. Este fragmento de mulher acorrentando seus pulsos sobre sua cabeça e montando sobre ele, suas saias puxadas para cima sobre suas coxas flexíveis.
Ele não guardou seu coração contra ela porque se convenceu de que não poderia experimentar o amor, que era de alguma forma deficiente. Essa crença o atingiu fortemente e exigiu muito dele. Mas Emma trouxe tudo de volta.
— Diga a verdade. — Disse ela, com um sorriso brincalhão por trás de uma mecha loira suave. Ela o tentava a obedecer a todos os seus comandos. — Você estava com ciúmes?
Inferno, ele estava. Fletcher teve a sorte de ainda estar respirando. Ele riu.
— Era esse o plano?
Quando ela lhe deu um sorriso e abaixou o queixo para esconder o rubor passando por seu nariz, ele percebeu com uma sacudida de algo quente que era mais profundo do que qualquer abismo que a mente humana poderia conjurar, que ele esteve errado todos esses anos.
Ela soltou seus pulsos para traçar os contornos de seu rosto, nariz, covinhas, lábios, parando enquanto ele beijava seus dedos curiosos.
— Qual plano? — Ela provocou, inclinando-se para dar um beijo na boca dele. — Não tenho ideia do que você está falando.
— Mmmm. — Sua distração estava funcionando. Ele não se importava com planos ou um ardil ou cuja ideia era deixá-lo com ciúmes. Tinha funcionado.
— Sim. — Ele sussurrou contra seus lábios, e passou as mãos sobre suas coxas macias e nuas. — Eu estava com ciúmes, enlouquecido com isso. — Seu pênis ficou ainda mais duro contra ela quando Emma ofegou com a sensação de suas mãos em suas nádegas. Ele estava duro o suficiente para tomá-la, e pelo jeito que Emma estava esfregando seu doce corpo contra ele, ela estava se preparando para ser tomada. — Eu pensei em uma dúzia de maneiras de matá-lo. Mais um dia e eu poderia ter feito isso.
Emma lambeu a comissura de sua boca, em seguida, passou a língua sobre ela.
— Eu não pertenço a você, Sr. Grant.
Seu controle quase quebrou. Seria fácil tirar suas calças — na verdade, ele estava quase lá agora — e ensiná-la a montá-lo como o vento navegava nas ondas. Então ela pertenceria a ele e a mais ninguém.
Mas ele queria ser diferente com ela. Orgulho e lógica foram os próximos a desaparecer. Ele sentiria falta deles.
— Diga-me o que devo fazer para ganhá-la então.
— Você quer me ganhar?
— Sim, moça, eu quero.
Ela riu, jogando a cabeça para trás e expondo a garganta à boca faminta dele.
— O homem digno de ganhar meu coração. — Ela meio ofegou, meio ronronou enquanto ele mordia seu pescoço com terna urgência. — Não deve se importar que eu não possa ver.
— Mas você pode ver, meu amor. Você vê o que os olhos perdem.
Sua respiração ficou mais rápida quando ela soltou a camisa de suas calças e a puxou sobre os ombros.
— Seus próprios olhos nunca vagariam uma vez que ele ganhasse meu coração.
— Por que ele iria olhar para qualquer outro lugar novamente depois de ganhar seu coração?
Ela endireitou-se sobre ele e, com o cabelo caindo em volta do rosto, começou a desamarrar os laços do vestido.
— E o mais importante de tudo, ele deve construir uma casa para mim.
Ele ergueu uma sobrancelha para ela.
— E quanto àqueles atributos sobre os quais você falou? Honra? Humildade?
Ela encolheu os ombros e tirou o ombro do vestido.
— Prefiro um homem imperfeito do que um cavaleiro.
— Imperfeito? — Ele beliscou seu traseiro e ela gritou.
Sua cabeça gritou avisos, mesmo enquanto ele ria com ela e se sentava para encontrá-la e reivindicar sua boca. Havia o futuro de Emma a considerar, assim como sua palavra para Harry.
Ele fechou os braços ao redor dela e a rolou suavemente de costas na areia. Eles manteriam seus sentimentos escondidos de Harry até que Malcolm pudesse descobrir o que fazer. Por enquanto, nada importava no mundo além de beijá-la.
Ele se encheu, saboreando os cantos mais profundos de sua boca, respirando-a, consumindo e sendo consumido por ela. Quando ela puxou suas calças, empurrando-as sobre seus quadris, ele quase gemeu com sua liberdade. Ele doía e pulsava por ela, mas esperou e liberou seus seios dos laços de seu vestido.
Ele deveria parar. Ela era inocente, inexperiente e ele era...
As pontas dos seios pareciam bagas de coral maduras. Ele queria se aquecer em sua doçura e se perder em cada centímetro dela. Foi isso que os outros homens em Camlochlin sentiram? Foi isso que os chamou para a batalha e se tornarem homens melhores?
Ele observou a carne dela se endurecer enquanto ele corria os dedos sobre o mamilo. Quando ele baixou a boca para beber dela, ela gemeu e relaxou as coxas embaixo dele.
— Eu quero... eu quero... — Ela ofegou, sem saber o que queria.
Ele sabia. Ele queria isso também.
Ele empurrou a frente de suas saias acima de suas coxas, expondo-a a seu pênis pronto. Ele fez uma pausa, seus músculos se contraindo com impaciência por tê-la. Ele já tinha feito isso antes e nunca se conteve. Isso era diferente. Ele nunca se permitiu pensar nas consequências de suas ações, ou em que estado terrível uma garota poderia deixar seu coração.
Ele nunca esperou que ela enrolasse as pernas em volta da cintura dele e o puxasse para baixo entre as coxas. Ela pegou seu lábio inferior entre os dentes e mordeu suavemente. Ele gemeu e empurrou a ponta dura de seu pênis em sua entrada.
Sua inspiração aguda o alertou para continuar devagar. Ela era virgem — outra honra que ela lhe oferecia. Uma virgem com um apetite docemente libertino.
A carícia de suas pernas ao redor dele o torturou, assim como a visão dela abrindo-se sob ele. Ele pressionou seus quadris contra ela e se moveu com lânguida facilidade sobre seu ponto crucial. Ela estava mais quente, mais úmida, gemendo baixinho de necessidade. Como ele deveria resistir a ela? Ele não conseguiria. Então, ao invés de tentar, ele se curvou para beijá-la e dizer como ela o fazia se sentir. Quando ela jogou a cabeça para trás, ele cravou os dentes em sua garganta quente e afundou no meio dela.
Sua vagina estava apertada, lambendo o fogo em seu eixo. Seus curtos suspiros alimentavam as chamas. A ponto de explodir, ele puxou, soltando um gemido longo e lânguido por ela. Ele empurrou contra ela novamente, entrando mais fundo desta vez. Ela tentou fechar as pernas, mas ele as manteve abertas com a força de suas coxas e mergulhou a boca faminta em seu mamilo. Sugá-la a fez gemer e gotejar ao redor do membro dele. Quando ela se mexeu embaixo dele, ele respondeu com um mergulho ainda mais profundo.
— Eu adoro você, Emma. — Ele disse densamente, perto de sua boca, seus olhos fixos nela.
Ela ficou mais lisa. Ele empurrou com mais força.
— Isso me dói. — Disse ela, empurrando o rosto na curva do pescoço dele.
— Eu devo parar então. — Ele se moveu para se retirar, mas ela o segurou com força e o empurrou de volta à sua posição original, embaixo dela.
Ela fechou os olhos com força e respirou fundo quando o montou, tomando-o inteiro, da ponta à base. Ele a observou jogar para trás seus cachos dourados e contorcer seu corpo se apertado em cima dele. A erupção veio rápida. Ele segurou seus quadris e puxou-a de cima dele enquanto sua semente disparava de seu corpo.
Ela deve ter pensado que eles tinham acabado, porque se livrou de seu abraço e se levantou de um salto. Ela disparou em direção às ondas enquanto ele se recuperava.
— Emma!
Ele ouviu a risada dela com o vento antes que levantasse seu vestido da areia, onde ela o havia deixado, e o colocasse sobre seu rosto.
Ele se sentou e se virou para vê-la correndo, vestindo apenas uma camisa fina, suas tranças flutuando atrás dela. Ele riu quando ela abriu os braços.
Levantando-se, ele tirou as calças dos tornozelos e atirou fora e correu atrás dela. Ele a pegou momentos depois que seus pés atingiram a água. A risada deles ecoou nas altas paredes do penhasco enquanto eles caíam nas ondas rasas.
Ela estremeceu em seus braços e ele a segurou com mais força, beijando-a enquanto as ondas rolavam sobre eles e o mar recuperava a areia por baixo.
Emma fechou os olhos quando um violento choque de prazer a sacudiu arrepiando sua pele. Sua carne esfriou por ondas espumosas e esquentou pela língua de Malcolm escorrendo por sua barriga até a parte interna da coxa. Seus sentidos ganharam vida como nunca antes. O som de sua respiração, forte e pesada, correu por seus ouvidos como as espumas rolando sobre eles. Seus dedos molhados fizeram cócegas em sua pele e a fizeram rir e suspirar ao mesmo tempo. Ela tinha ouvido as garotas falando sobre esse tipo de brincadeira — quando um homem colocava a boca... ali. Ela se perguntou como seria a sensação, mas nunca... nunca imaginou que seria tão bom. Ela se sentia consumida pelo calor, envolta em chamas quando ele passou a língua sobre sua protuberância sensível e depois a beijou. Instintivamente, ela se abriu mais e arqueou as costas. Ele a lambeu com tanta indecência que ela sentiu o desejo de afastá-lo, mas não o fez. Ela não conseguiu. Ela nunca quis que ele saísse de onde estava.
O mundo tremeu ao seu redor. A areia foi levada por baixo dela com o remanso da maré, e ela se sentiu sendo carregada para a crista do esquecimento — puro esquecimento prazeroso. Antes que ela soubesse o que estava fazendo, ela empurrou-se para cima, pressionando mais fundo, gemendo na felicidade em cascata que faiscava luz ao seu redor. Ela mordeu o lábio e gritou, contraindo o corpo involuntariamente embaixo dele. O prazer explodiu em algo que ela nunca experimentou antes e ela se abaixou e agarrou o rosto dele em suas mãos, guiando-o para beber dela mais profundamente.
Ela gritou seu nome e sacudiu a cabeça de um lado para o outro enquanto a paixão a dominava, virava seu mundo de cabeça para baixo e depois a exauria.
Ela estava esparramada na areia como alguém vencida por um monstro marinho, sua respiração curta, rápida e dura, seus músculos, tremendo.
— O que você fez comigo? — Ela perguntou a ele, sem fôlego.
— Algo que espero fazer com mais frequência se você me deixar. — Ele deitou ao lado dela na areia molhada.
— Eu nem sonharia em parar você. — Ela sorriu, então corou com sua ousadia.
Ela queria perguntar a ele como ele pretendia dar prazer a ela novamente quando fosse embora. Ela queria perguntar de uma vez por todas se ele planejava levá-la para Camlochlin ou se ainda acreditava que não poderia fazê-la feliz.
Mas sua coragem a deixou.
O amava demais para fingir bravura se ele dissesse que iria embora sem ela.
Então ela não perguntou.
Capítulo 28
Malcolm e Emma jaziam vestidos na areia seca, aquecendo-se ao lado de uma pequena fogueira que ele fizera com uma pedra de sílex e algumas farpas de um pedaço de madeira flutuante. Ele não queria voltar para o bordel. Ela não pertencia ali.
— Você se lembra de como é a lua?
Aconchegou-se na curva de seu braço, com a bochecha pressionada contra seu peito nu, ela assentiu e olhou para o céu noturno.
— Acho que sim.
— Está cheia e brilhante esta noite. — Malcolm disse a ela, olhando para o reflexo em seus olhos. — Isso brilha sobre você como se fosse uma deusa recém feita, pura e resplandecente. Não consigo tirar os olhos de você.
— Feche-os.
— O quê?
— Feche os olhos, Malcolm.
— Tudo bem. — Ele concordou com uma risada curta ao fazê-lo.
— Eles estão fechados? — Ela riu com ele e levou as pontas dos dedos aos olhos dele. O toque dela era tão leve que quase parou sua respiração. Quando esteve satisfeita de que ele estava falando a verdade, seus dedos traçaram o contorno de suas maçãs do rosto, seu nariz, a crista de seu lábio superior.
— Agora. — Ela baixou a mão para agarrar a dele e, em seguida, levou os dedos ao seu rosto. — Diga-me o que você vê.
Suas mãos não eram nem de longe tão suaves ou leves quanto as dela, mas ele se moveu com cautela como podia sobre suas feições, do jeito que ela tinha feito com ele.
Seu rosto era lindo. Qualquer pessoa com um par de olhos na cabeça via. É por isso que Harry a manteve escondida. Com homens como os Winthers por perto...
— Vejo um coração mais corajoso do que o de alguns homens que conheço. O meu incluído. Vejo uma mulher intuitiva, inteligente e irritante que gosta de me deixar desamparado com o sono ou com seu sorriso.
— Nas várias ocasiões em que te fiz dormir. — Ela se defendeu, tocando suas covinhas. — Foi para o seu próprio bem.
— Várias ocasiões? Exatamente quantos foram?
— Eu não me lembro. Eu não contei. E eu não teria que fazer isso se você não fosse tão insuportável às vezes.
— Ah, então é minha culpa então.
— Na maioria das vezes, oui.
Ela sorriu, tocando sua risada, batendo seu coração com força contra suas costelas.
— Por que eu? — Ela perguntou a ele suavemente quando sua diversão se suavizou em um sorriso.
Ele estava olhando para ela novamente, bebendo na curva suave de seu nariz, da espessura de cílios descansando em suas bochechas redondas.
— Você me dá uma razão para começar de novo, um desejo mais profundo de mudar quem eu era. Você sondou o homem que pensei que queria ser e me fez examiná-lo em seguida.
— Eu sou a sortuda. — Emma disse a ele, pressionada perto de seu peito. — Nunca tive a experiência de perder meu coração por ninguém, estou feliz de ser por você.
Ele a olhou, perguntando-se se ela se lembrava de amar seus pais, seu irmão. Ele não tinha certeza se ela era a sortuda. Não faz muito tempo, ele não tinha certeza se o amor era real. Muita coisa mudou.
— Malcolm. — Ela se apoiou em um cotovelo. — Você está voltando para Camlochlin, não é?
— Sim, eu estou...
— Inferno! Aí estão vocês dois! — A voz de Cailean lá de cima pôs fim ao resto da conversa.
Malcolm olhou para o topo do cume onde seu irmão apareceu e então desapareceu.
— Se ele me der um sermão sobre estar com você. — Ele rosnou, sentando-se e se espreguiçando. — Vou arrancar seus dentes.
— Não, você não vai. — Emma sorriu, restaurando seu bom humor. — Você ama ele.
— Só quando ele está inconsciente.
Ele esfregou o braço quando ela o beliscou e lançou-lhe um olhar sombrio, que Emma não viu e provavelmente teria ignorado de qualquer maneira.
— Ele está vindo. — Emma o informou, inclinando a cabeça para ouvir os cascos do cavalo de Cailean se aproximando. — Como você acha que ele nos encontrou?
— Eu não sei, mas tenho certeza que Harry o enviou para nos encontrar. Ele provavelmente tem Gunter procurando por nós também.
Emma cobriu a boca com a mão.
— Oh meu Deus, esqueci completamente do Harry!
Gascon começou a latir enquanto o cavalo de Cailean contornava a parede de rocha íngreme que separava a enseada do resto da costa.
Malcolm ficou de pé quando seu irmão apareceu à luz da lua. Ele não estava sozinho. Outro cavalo o seguia. Malcolm semicerrou os olhos, tentando descobrir quem era. Harry?
Não. Sebastian Fletcher.
Malcolm contornou Emma, bloqueando-a do belo e jovem comerciante de Durham. Ele ainda estava com ciúmes. Ele sabia que Emma era sua. Ele queria que Fletcher soubesse disso também.
— Como você nos encontrou? — Ele perguntou a seu irmão.
Cailean desmontou e foi até ele.
— Foi ideia dele olhar por aqui. — Ele apontou para Fletcher apeando atrás dele.
— A Srta. Gray mencionou que você a trouxe aqui uma vez antes. Foi um dos melhores dias de sua vida.
— Sr. Fletcher, — Emma disse com os lábios apertados atrás dele. — Você pretende contar a ele tudo o que já discutimos?
— Não, Srta. Gray, apenas o que irá beneficiá-la.
— Falando nisso, — Malcolm falou, virando-se para seu irmão, que se sentou na areia ao lado de Emma. — Você estava por dentro do 'estratagema' deles?
— Claro, — Cailean admitiu sem esforço. — Você não reconhece uma coisa boa. Você precisava de ajuda para abrir os olhos.
Malcolm ficou lá olhando para ele. A princípio, ele pensou em responder ao insulto, mas assim que pensou nisso por mais de um momento, soube que Cailean estava certo.
— Então vocês sabiam onde nos encontrar. — Ele disse a eles. Ele quase estendeu a mão para impedir Fletcher de se sentar.
Ele veio aqui para ficar sozinho com...
Aquilo era queijo e pão, carne seca e vinho que Fletcher estava desempacotando?
— Vocês estiveram fora o dia todo. — Disse o comerciante pensativo perto as chamas. — Eu imaginei que vocês dois estivessem com fome.
Malcolm esfregou sua barriga. Sim, ele estava com fome. Ele não tinha pensado nisso até agora. Ele pegou a maçã que Fletcher jogou para ele e mordeu.
— Eu esperava falar com a Srta. Gray.
— Falar com ela sobre o quê? — Malcolm perguntou, sentando-se do outro lado de Emma.
— Não preciso da permissão de Malcolm para falar com você. Só não tenho certeza se quero.
— O que você fez, Fletcher? — Cailean perguntou, arrancando um pedaço de pão.
— Ele contou a Malcolm sobre o plano para deixá-lo com ciúmes. — Emma falou, então corou ao perceber que admitia que havia um plano, afinal, fazendo Malcolm sorrir. Ele não se importava se ela planejou deixá-lo com ciúmes. Ela se importava com ele e, por isso, estava feliz.
— Eu disse porque ele parecia muito zangado com você. — Sebastian disse a ela.
— O que você achou que eu faria, Fletcher? — Malcolm resmungou enquanto servia uma caneca de vinho para Emma.
— Eu não sabia o que você pretendia fazer depois que a ergueu por cima do ombro e saiu correndo.
— Eu nunca a machucaria. — Malcolm disse.
O comerciante não o estava ouvindo, mas olhando para Emma.
— Eu não queria trair sua confiança. Foi difícil para mim, mas pensei que você poderia estar em perigo.
Malcolm o examinou sobre a luz do fogo e ficou grato por Emma não poder ver o estranho de fala mansa. Sombras de pelos gravadas em obsidiana cobriam sua mandíbula e tocavam levemente acima de seu lábio superior, definindo suas feições em pinceladas suaves. Ele falava bem e compreendia muito para alguém de sua idade, que parecia ser próxima à de Cailean. Seus olhos eram grandes como os de um cachorrinho e se fixaram em Emma.
— Eu imploro seu perdão, Srta. Gray. — O filhote selou o que estava procurando. Malcolm não sabia se o socava na boca ou aplaudia sua inteligência.
— Claro, Sr. Fletcher. — Disse Emma, concedendo a sua solicitação. — Eu entendo como ficou comigo jogada por cima do ombro de Malcolm.
Todos eles riram, exceto Malcolm. Ele absorveu a visão dela banhada pelo luar e pelo fogo, perdida na doce ruga de seu nariz, na gloriosa curva de seus lábios. Ele queria passar o resto da vida olhando para ela. Ou morrer agora, com ela sendo a última coisa que ele via.
— Quero levar Alison para casa em Camlochlin. — Disse Cailean a Malcolm enquanto comiam.
— Eu suspeitava disso. — Malcolm respondeu. Ele ergueu sua caneca. — Ela é uma boa moça.
— Ela é muito sortuda.
Malcolm não precisava ser cego para ouvir a mudança na voz de Emma quando ela falou. Ela parecia invejosa. Ela deixaria Harry e iria para casa com ele?
Todos falavam de casamento e feridas, o que, dos dois, Malcolm sempre achou que o último era preferível.
— O que você planeja fazer sobre Harry? — Cailean perguntou-lhe quando o jantar acabou e eles se sentaram ao redor do fogo para uma última caneca de vinho. — Nós o deixamos muito zangado com você por tirar Emma.
— O que ele tem medo que aconteça entre você e ela?
Malcolm deslizou seu olhar para Fletcher.
— Ele tem medo que eu parta o coração dela.
— Eu vou falar com ele. — Emma prometeu. — Ele vai me ouvir.
— O que você vai dizer a ele?
Ela pegou a mão de Malcolm e depois de entrelaçar seus dedos com os dele, ela os levou aos lábios e os beijou.
— Eu vou dizer a ele que nunca poderia te amar o suficiente para deixar você quebrar meu coração. — Ela sorriu para ele e levou seus dedos aos lábios. — Vou mentir.
Capítulo 29
— Ele é muito bárbaro para o meu gosto.
— Bem, estou aliviado em ouvir isso. — Harry acenou com a cabeça e continuou comendo.
— Então pare de ficar tão ansioso quando estou com ele. Suas preocupações fazem parecer que você acredita que eu o deixaria me levar para o oceano e destruir minha virgindade.
Harry quase ofegou com o jantar, e teria sido uma pena também, pois Cailean estava na cozinha hoje e preparou uma refeição deliciosa de sopa de aipo feito com pastinaca6, vinho e noz-moscada, pão integral fresco com manteiga doce, e saborosas fatias de ganso cobertas com molho de amora.
Emma deu-lhe um tapa nas costas.
— Melhor?
Ele acenou com a cabeça e tossiu suavemente na mão.
— Eu prefiro que você coma no andar de cima em seu quarto, Emmaline. Há clientes olhando para você.
— Então, deixe-os olhar. Eu não quero subir. — Ela disse a ele, juntando suas forças. — Eu não me importo com quem olha para mim.
— Você é estranha, Emmaline. É estranho vê-la com essas mãos sempre tocando em tudo. Você atrai escória. Não é seguro para você aqui.
Ela suspirou com a cautela de Harry. Parte dela desejou não ter deixado a França. Ela estava cansada da vida em Fortune's Smile, cansada de precisar de uma escolta. Ela queria algo mais.
— Ela não escuta o que eu digo. — Seu irmão se virou para Gunter e Brianne sentados ao lado dele na mesa. — Às vezes acho que ela é surda, além de cega.
— Harry. — A voz de Malcolm quando se aproximou deles estava cortada com um aviso. — Tenha cuidado como você fala com ela, velho amigo.
— Você me ameaça, Malcolm?
Malcolm encolheu os ombros e se sentou na cadeira ao lado de Emma.
— Se você deseja interpretar dessa forma.
— Harry. — Emma bateu a mão na mesa, assustando-o. — Já chega.
— É errado eu querer que você esteja segura, irmã? — Ele perguntou a ela com mais ternura. — Acabei de te encontrar, Emmaline. Não quero perder você de novo.
Emma permaneceu quieta, ouvindo a respiração de Malcolm, querendo tocá-lo, pegá-lo pela mão e puxá-lo para fora dali... Ela não queria mais viver na obscuridade. Ela queria ir e vir quando quisesse. Ela queria saber o que Malcolm sentia por ela. Bom ou mal. Ela o amava, mas ele não disse a ela que compartilhava de seus sentimentos. Oh, por que ela teve que se apaixonar por um homem que acreditava ser incapaz de amar alguém?
— Estou pensando em voltar para a França. — Ela disse, mais pela reação de Malcolm do que por seu irmão. — Eu quero viver em uma cabana, na floresta, como eu costumava fazer.
— Como você vai viver? — Harry perguntou, atordoado.
— Por que você tem que ir para a França para viver em uma cabana em a maldita floresta? — Malcolm perguntou a ela. — O que há de errado com a Inglaterra ou... Escócia?
— E o que você importa de qualquer maneira, Malcolm? — Ela exigiu.
Em vez de responder, ele pulou da cadeira, curvou-se para agarrar a mão dela e depois começou a arrastá-la para fora do bordel.
— Malcolm! — Harry gritou atrás deles. — O que você pensa que está fazendo?
— Eu gostaria de ter uma palavra com sua irmã, Harry. — Malcolm respondeu. — Siga e você vai me insultar e o nome de meu clã.
Inteligente, Emma pensou, usar o medo autoproclamado de Harry para mantê-lo sob controle. Ela não perguntou para onde estavam indo quando ele a conduziu para o estábulo e seu cavalo. Ela não estava zangada com ele, não de verdade. Um não poderia forçar outro a se apaixonar. Embora ele parecesse bastante incomodado com a França. Ela ficou emocionada. Ela esclareceria tudo com Harry mais tarde.
Quando ele terminou de selar a besta, levantou Emma primeiro, então saltou atrás dela e eles partiram.
Aqui estava o que ela amava, o que precisava. O exterior, onde o ar estava misturado com pinho e madressilva, em meio a sons e aromas que despertaram seus sentidos — doce, picante, mentolado e misturado com um toque de dente-de-leão. O ar puro e fresco percorreu seus pulmões, deixando-a envolta em uma fragrância terrosa.
Os cavalos estavam um pouco desconfortáveis, mesmo com as coxas de Malcolm para protegê-la da sela. Mas os braços dele ao redor dela, segurando-a com firmeza, valeram cada salto dolorido. A luz do sol aqueceu sua pele. Os braços de Malcolm aqueceram seus ossos.
Onde quer que eles estivessem indo estava bom para ela.
Eles cavalgaram por um quarto de hora sem falar. Ela não se importou. A floresta estava cheia de sons que Emma gostava e sentia falta. Ela sabia que estava condenada a amá-lo para sempre quando ele ria diante dela, como duas cotovias cantando nas árvores. Ela o amava por ouvi-la. Ela o amava por saber o que ela estava fazendo.
— Emma?
— Oui? — Seu coração bateu descontroladamente. Ele iria dizer a ela que a amava agora? Ela prendeu a respiração.
— Você realmente quer voltar para a França?
Claro que ela não queria voltar para a França. Não, a menos que ele estivesse indo. Ela queria estar com ele.
— Pare o cavalo.
Ele fez o que ela pediu e não a impediu quando ela escorregou de seu colo e caminhou sozinha.
— Você sugeriu que eu ficasse na Inglaterra ou fosse para a Escócia. — Ela fez uma pausa, cruzou as mãos sobre o peito e inclinou a cabeça para ele. — Posso perguntar por que você se importa? Você me visitaria?
Ele saltou e bloqueou seu caminho.
— Sim, eu te visitaria. Todas as noites, quando eu for para sua cama.
— E você acha que eu simplesmente deixaria você entrar? — Quando ele se aproximou e fechou os braços ao redor dela, ela sabia que o faria.
Ele baixou a cabeça para ela e sussurrou contra a costura de sua boca.
— Você me recusaria, então, moça?
— Oui, oui. — Ela insistiu fracamente enquanto ele pressionava sua boca na dela. — Eu gostaria.
Ele riu, recuando por um momento torturante.
— Não, você não faria. — Ele brincou, inclinando a cabeça para ela novamente. — Você me daria as boas-vindas em seus braços. Sua cama. — Ele capturou sua respiração em um beijo profundo e excitante.
Ela fez um som um pouco ansioso, mas contente, que mal reconheceu com seus próprios ouvidos, e colocou as mãos nos quadris dele. A língua dele percorreu os recessos mais escuros de sua boca. Ele a consumiu em seu tamanho, dominante, duro, possessivo.
Ela queria mais. Ela queria senti-lo. Tudo dele. Ela queria uma boa visão de quem estava prestes a transformar seus ossos em líquido. Ela não o examinou o suficiente na primeira vez que eles foram íntimos. Agora ela queria se encher de sua visão.
Seu toque foi leve em toda a extensão de seu peito, subindo as depressões e curvas ao longo da extensão de seus ombros. Seus músculos tremeram sob seus dedos. Ela passou as mãos por seus braços fortes e musculosos, de volta aos quadris.
Corajosamente, ela tocou a lã de suas calças. Ela descobriu que eles se encaixavam perfeitamente. A lã se esticava na frente dele. Seu coração batia forte em seus ouvidos. Seu sangue queimou. Ela ousaria ser tão ousada?
Ele gemeu quando ela espalhou os dedos sobre o monte duro. Deus, ela realmente tinha tomado tudo dele? Ela fechou os dedos e apertou e amassou a lã da calça dele. Ela queria morder seu pescoço e corar ao mesmo tempo.
Ele reivindicou sua boca repetidamente em beijos profundos e cruelmente sensuais que tiraram o fôlego de seu corpo. Ele estava pronto para tomá-la. Mas ela não estava pronta para ser tomada.
Ela queria mais.
Ela se separou de seu abraço apaixonado.
— Eu iria. — Ela repetiu, sem fôlego, mas triunfante e se virou para ir para o outro lado.
Ele riu, escaldando o sangue dela. Uma águia piou acima do dossel da floresta e Malcolm veio atrás dela, parando-a com uma mão enrolada em sua cintura e a outra tirando o cabelo de sua nuca.
— Você tem certeza disso, Emma? — Ele gemeu contra seu ouvido, sua ereção empurrando contra seu traseiro.
Sem lhe dar tempo para pensar em sua resposta, ele inclinou a cabeça dela, expondo mais de seu pescoço para sua boca faminta, e a deixou ainda mais furiosa quando ele mergulhou a outra mão de sua barriga para suas saias e começou a puxá-las para cima.
Ela não tinha defesa contra ele. Ela não queria nenhuma. Ela o queria dentro dela e ela disse a ele, implorou a ele.
A mão dele desapareceu sob as dobras de sua saia e caiu no ponto crucial entre suas pernas. Ela se abriu mais para seus dedos exploradores e ergueu os braços atrás dele para ao derredor de seu pescoço.
Ela não sabia se sorria de alívio ou enrijecia seu corpo em antecipação pela força de seu pênis quando o sentiu se libertar de seus limites. Em algum lugar no fundo de sua mente, ela disse a si mesma para exigir mais, uma promessa. Mas quando ele a virou para encará-lo e a ergueu com um braço, ela enrolou as pernas em volta da cintura dele e o segurou.
Malcolm a segurou ao redor dele, sua respiração forte contra sua garganta. Empoleirada na ponta de seu pênis, seu calor úmido o tentava a empalá-la tão profundamente quanto pudesse. A necessidade primordial de satisfazer seu desejo quase o oprimiu. Mas ele a segurou, como um fio de cabelo acima dele e forte o suficiente para doer.
— Por que você hesita, Malcolm? — Ela perguntou a ele, tocando seu rosto. Ela parecia desanimada e sem fôlego.
Ela o queria. Isso significou mais do que nunca. Significava tudo. Ele olhou para ela e a acomodou nas palmas das mãos.
— Diga-me por que seus olhos estão enevoados. — Ele ordenou suavemente, roçando-a por toda a extensão de seu eixo. Seu corpo tremia, junto com seu coração.
— Emma. — Ele disse a ela. — Eu nunca amei antes...
Suas lágrimas caíram livremente entre eles.
— ...Não sei o que você fez comigo, moça. Toda a vida eu me senti... inacabado, vazio.
— E agora? — Ela perguntou, se deslizando para tomá-lo.
— Eu... — Ele parou e apertou a mandíbula para não se soltar quando ela engoliu a ponta dele em sua caverna de fogo. — Agora. — Ele a abriu um pouco mais e empurrou, sabendo que ela ainda era nova nisso. — Agora, me sinto cheio a ponto de explodir.
Ele a esticou mais e a colocou no chão com as mãos. Ela estava apertada e quente em torno dele. Ele a ergueu para cima e para baixo, lentamente, tomando mais dela a cada vez. Outro impulso e ele a liberou completamente e disparou sua semente sobre sua abertura. Molhando o suficiente para levá-lo mais longe, ele se enterrou nela e jogou a cabeça para trás com o desejo de soltar algum rugido vitorioso. Ele a observou com olhos semicerrados e apaixonados enquanto ela o tomava de novo e de novo, drenando-o de sua força e de toda lógica. Ele a empurrou contra a árvore mais próxima, dobrou os joelhos e se enfiou nela até que ela ficou mais lisa e mais apertada.
Ele queria dizer o que ela significava para ele. Ele queria prometer ser fiel a ela até o fim de seus dias. Ele a levaria para Camlochlin, se ela fosse. Harry poderia ir também. Malcolm não se importava, enquanto Emma ficasse com ele, ele seria feliz.
Mas quando ele abriu a boca para dizer a ela, apenas um gemido tenso escapou dele. Ele empurrou mais forte, mais rápido, fazendo-a grunhir quando respirava. Ela alcançou seu rosto e espalhou os dedos sobre sua mandíbula cerrada e covinha sedutora enquanto ele sorria.
— Eu não sabia que seria tão bom. — Disse ela, e então ofegou fundo por uma sucessão de respirações curtas e rasas e estremeceu em seus braços. Seu corpo o acariciou, acendeu-o em chamas. Ele assistiu seu clímax, sentindo seu estremecimento em seu traseiro e diminuindo seus movimentos enquanto ela gozava. Ele a seguiu logo depois, enchendo-a de sua semente enquanto ela cobria seu rosto com os dedos e observava.
Depois disso, eles descansaram um pouco, deitados nos braços um do outro na grama sob as árvores.
— Eu gosto de fazer amor com você na floresta. — Emma disse a ele suavemente, finalmente sentando-se.
— Então, terei a certeza de trazê-la muitas vezes quando chegarmos em casa.
Ele...? Ela o ouviu bem...? Ela se virou e se jogou sobre ele.
— Você está me pedindo para ir para casa com você?
— Sim. — Ele riu quando ela gritou em seu ouvido. Uma vez. Duas vezes. — Você vem?
— Oui! — Ela beijou seu rosto repetidamente. — Oui, eu vou.
Capítulo 30
Os dentes de Bess ao longo de seu eixo seduziram Sebastian a se liberar em sua boca quente, mas como diabos ele iria afastar Emma de Malcolm? Ele tinha que levá-la para Oliver como ordenado ou então seu irmão viria por ele mesmo em Hebburn e mataria qualquer um que estivesse contra ele.
A língua de Bess lambeu seu caminho para baixo em seu eixo como uma chama de veludo.
Um objetivo tinha que ser bom. E se ele descobrisse que os Grants eram responsáveis pela morte de Andrew, ele os matariam. Com seu dever para com seu irmão morto cumprido, ele deixaria Newcastle e iria encontrar seu barco.
Por que ele estava pensando em navegar para longe quando uma linda mulher estava se aconchegando mais profundamente entre suas coxas e o chupando com mais força? Ele fechou os olhos e gemeu de puro deleite. Bess era uma prostituta experiente que sabia como agradar a um homem. Ela era boa nisso porque também a agradava. Ele gostava dela e pagava por mais horas com ela.
Ela usou sua língua para lamber e deleitar-se com o gosto dele, seus lábios para acariciá-lo e seus dentes para conduzi-lo à beira do esquecimento. Ele lhe prometeu enquanto a puxava para cima sobre seu pênis molhado, montava suas pernas ao redor dele e empalava-a ao máximo para ser um amante leal, procurá-la-ia primeiro quando ele a visitasse e quisesse uma mulher que pudesse igualar a seu fervor.
Ela gostou de ouvir isso e dirigiu-se para cima e para baixo sobre ele, jogando a cabeça para trás, os seios fartos e redondos posicionados logo acima de sua boca faminta.
Ele gozou. Duro e totalmente, então continuou, saboreando a chama ardente de suas garras por suas costas quando ele a virou e a tomou por cima. A gata infernal não gostou de sua posição dominante e deu a ele alguma luta, o que o fez explodir novamente.
Ela esteve com muitos homens e não atingia o gozo com frequência. Sebastian estava aqui para mudar isso.
Oliver teria rido dele e de sua preocupação com o prazer de uma mulher, mas havia muitas coisas que seu irmão não sabia sobre ele. Sebastian gostava desse jeito. Era mais seguro para todos os envolvidos.
Ele abaixou a cabeça e bebeu de seus seios inchados até que ela resistiu como uma égua embaixo dele. Ele se retirou e recuou em lambidas longas e suaves, fechando os braços em volta da cintura dela, as mãos sobre as nádegas sedosas para levá-la para mais perto de seu pau.
— Diga-me, Bess, minha sedutora cintilante, o que você acha de Malcolm Grant?
— Vai me levar com ele quando sair do Fortune's Smile.
— Ah, e o que ele vai fazer com você e Emma? Você não acha que ele irá embora sem ela, acha?
Ele odiava usar Emma em seus esquemas para obter informações, mas Bess sabia de coisas que não lhe contava por causa de alguma fantasia de que Grant poderia realmente se importar com ela.
— Seu coração ainda bate por ele?
Ela abriu os olhos safira e o olhou diretamente nos dele.
— Quem te disse isso?
— Seus olhos me disseram.
Sua boca deliciosa se curvou em um sorriso.
— Então eu prefiro que você não veja meu rosto.
Ele beijou a boca dela bem abaixo da dele, então se sentou e a virou de bruços.
Ele agarrou os quadris de Bess e em um movimento fluido puxou seu traseiro no ar e afundou dentro dela.
— Vou levá-la comigo, Bess. — Ele prometeu, beijando a nuca dela.
— Quem se importa com o coração? — Ela se virou para olhar por cima do ombro para ele. — É o corpo que você quer possuir, e você, garoto safado, possui muito bem o meu.
Ele queria possuir cada centímetro dela e fazer todas as suas fantasias ganharem vida. Ele moveu os dedos dentro de sua bunda redonda e apertada e sorriu enquanto ela convulsionava em torno de pênis, no auge de seu prazer.
Deslizando ambas as mãos ao redor dela, ele ficou de joelhos, seus corpos ainda presos. Ela gemeu e mole contra ele quando Sebastian correu os dedos em sua protuberância inchada. Ele esfregou novamente enquanto a tomava por trás, amassando o seu monte entre os dedos até que seus gritos ficassem mais urgentes.
Na posição perfeita para sussurrar em seu ouvido, ele disse-lhe que estava prestes a enchê-la novamente e perguntou se ela poderia aguentar.
Quando ela começou a ofegar, ele riu, afastou o cabelo de sua nuca e chupou seu pescoço. Ele a levou ao clímax e foi com ela, abafando seus gritos com a mão. Quando acabou, eles descansaram. Por um tempinho.
Malcolm acordou antes do nascer do sol no dia seguinte e foi até a janela olhar para fora. Ele sabia que Emma estaria lá, vagando na luz do amanhecer. Ele sorriu ao vê-la, perdido em sua beleza sublime. O que ela fez com ele? Como ela fez isso? Emmaline Gray o amava. Não foi a primeira a lhe dizer isso, mas era Emma quem importava porque Malcolm acreditou nela quando ela lhe contou. Ele queria ser um homem melhor para ela, um homem como seu pai. Inferno, ele queria colher flores para ela do jeito que vira seu pai e seus tios fazerem pelas mulheres que amavam.
Ele se vestiu rapidamente e deixou o bordel para começar sua tarefa. Como escolher flores? Quais flores serviriam? Ele viu algo parecido com urze crescendo ao longo da lateral do bordel. Quando ele tentou puxá-la do chão, ele acabou arrancando todas as pequenas pétalas do caule. Ele tentou novamente, com outro talo. Mesmo resultado. Ele olhou em volta e viu outro tipo de flores rosa, mas estavam cobertas de insetos. Em seguida, ele encontrou um canteiro de pequenas flores amarelas com centros verdes. Elas não eram tão bonitas, mas pareciam fortes o suficiente quando ele os puxou da terra. Inferno, ele deveria ter prestado mais atenção aos buquês que os homens de Camlochlin distribuíam. O deles sempre pareceu tão bem arrumado, especialmente os belos buques que seu tio Jamie colhia para sua tia Maggie.
Quando ele juntou o suficiente para fazer um pequeno buquê, saiu para encontrar Emma. Ele caminhou por trás do bordel até a floresta e a encontrou dormindo em uma cama de campânulas. Na luz clara filtrada, ele sentiu algo se agitar em seu peito ao vê-la. Ele sentiu que ambos eram diferentes e, de alguma forma, deficientes. Mas ele estava errado. Ele não era deficiente e não havia nada faltando em Emma. Ela era perfeita em todos os sentidos.
Ele deu um tapinha na cabeça de Gascon e se inclinou ao lado de Emma em seu canteiro florido. Ele afastou uma mecha de cabelo de sua bochecha e sussurrou seu nome, uma, duas vezes.
Ela sorriu e então abriu os olhos.
— Bom dia, Malcolm.
Seu coração inchou.
— Por que você está dormindo em campânulas, moça?
Ela se espreguiçou.
— Porque eles cheiram bem.
— Ah, e eu pensei que aquela fragrância sedutora fosse você. — Ele se inclinou e a beijou. Ele adorava beijá-la. Ele queria beijá-la pelo resto de sua vida.
— O que é isso?
Ele olhou para ela e viu seu buquê patético em seus dedos. Sua mão livre explorou a superfície das flores e, em seguida, cada pétala e um leve toque no centro.
— Dentes de leão. — Ela sorriu e os ergueu. — De você?
— Sim, mas elas são mais como ervas daninhas em comparação com o que você encontrou para dormir. Por que você está sorrindo para mim assim, Emma?
— Porque são ervas daninhas e acho que vou morrer de como está sendo doce.
— Inferno. — Ele gemeu. — O que eu sei sobre flores? E pior, nunca fui chamado de doce antes. Não tenho certeza se gosto.
Ela riu e o puxou para si.
Eles estavam perto demais do bordel para fazer amor nas campânulas, então se levantaram e voltaram.
— Malcolm? — Emma disse, puxando sua manga enquanto caminhavam de volta. — Obrigada pelas flores.
Ele sorriu.
— Não foi nada, moça. Vou aprender como escolher as melhores delas.
— Você irá?
Sim, ela valia horas, dias, aprendendo como colher urze delicada.
— Sim, moça, qual é a sua favorita?
Ela olhou para cima e sorriu, matando seu coração quando eles entraram no bordel.
— Todas elas.
— Malcolm. — Harry gritou quando viu Malcolm entrando na sala de jantar com sua irmã. — Seu irmão quer tirar Alison de mim. Ele está me custando muito e agora, com todos os ingredientes que usa para cozinhar...
Malcolm ergueu a palma da mão para acalmá-lo. Harry era leal e verdadeiro, mas também um bastardo mesquinho. Ele falava sério quando reclamou da perda de Alison. Cailean teria que substituí-la antes de partirem.
— Sim, Harry, tudo será cuidado, é por isso que ainda estamos aqui. Eu sei que vocês buscam recompensa.
Inferno, Malcolm precisava falar com ele. Agora que Emma disse a seu irmão que não amava Malcolm, a tarefa de dizer a ele a verdade sobre seus sentimentos por Emma ia ser mais difícil. Ele já esperou muito tempo, fez muito com a moça que ele prometeu não tocar. A cada dia ficava mais difícil falar com o irmão dela sobre Emma. Seus sentimentos por Emma significariam pouco para Harry, especialmente quando Malcolm não tinha certeza de quão profundos eram seus sentimentos. Claro, Malcolm poderia, e provavelmente faria, lembrar a Harry que ele a abandonou — enquanto ela estava ficando cega! Malcolm não dava a mínima para a necessidade de Harry de consertar as coisas se isso significasse ficar longe de Emma.
Ele também teria que dizer a ele e a Emma que ele prometeu tirar Bess desta vida. Ele não a levaria para Camlochlin, mas a ajudaria a começar sua vida em outro lugar.
As portas se abriram, derramando ar frio e úmido no bordel. Malcolm continuou a comer enquanto observava três homens entrarem no bordel. Ele não reconheceu nenhum rosto da luta de Winther, então permaneceu sentado.
— Quem é o proprietário aqui? — Um dos homens gritou.
— Eu sou. — Harry se levantou e deu a volta na mesa para ir até eles. — Bem-vindo ao Fortune’s Smile. O que posso fazer para você?
— Queremos um pouco de comida. — Respondeu um deles.
— E algumas mulheres. — Disse outro.
Harry acenou com a cabeça e puxou uma cadeira na mesa mais próxima.
— Por sorte, — Ele sorriu e ofereceu-lhes o assento. — Vocês vieram ao lugar certo... Ehm, meu bom homem... — Harry estendeu a mão para agarrar a manga do cliente quando o homem começou a se mover em direção à mesa de sua irmã. Mas ele errou.
Malcolm observou sua abordagem, notando o andar cambaleante do cliente. Esses homens já estavam bêbados e procurando encrenca. Malcolm conhecia bem o tipo deles. Normalmente, nenhuma lógica poderia dissuadi-los de seu propósito.
— Quem é essa coisinha linda?
Gascon rosnou e Malcolm se levantou.
— Corte essa curiosidade sobre ela como se fosse uma doença que vai te matar.
No início, o cliente parecia apavorado — Malcolm era pelo menos duas cabeças mais alto — mas então sua embriaguez o dominou e ele o desafiou.
— Este é um bordel. Essa é uma prostituta. Se eu quiser pagar por...
Suas palavras foram interrompidas abruptamente quando o punho de Malcolm disparou e quebrou o nariz do cliente em dois lugares. O sangue jorrou por toda parte quando o homem caiu de joelhos.
Seus amigos se moveram instantaneamente, brandindo facas e prometendo a Malcolm que eles iriam cortá-lo em pedaços e alimentar o vira-lata raivoso que rosnava ao lado dele. Deve ter sido por isso que o primeiro a chegar à mesa não pegou a pistola enfiada no cinto.
Malcolm tomou posse dela um momento depois, quando agarrou o pulso do agressor e torceu seu braço para trás até ouvir o barulho de quebra e puxou a pistola do cinto do homem que gritava.
Tudo acabou antes que qualquer coisa realmente começasse, com Malcolm apontando a pistola para o terceiro homem, que se rendeu sem mais delongas.
Ele se virou para ver Emma, e a encontrou agachada e passando as mãos pelo braço quebrado do homem.
— Vou pegar algo para a dor. — Ela prometeu ao estranho. — E então eu vou curar você. Mas se você ou seus amigos tentarem qualquer outra coisa, vou deixá-lo matar. Você entende?
Malcolm olhou para ele, provando que ela falava a verdade.
— Eu entendo. — Disse o homem, ficando sério rapidamente.
Malcolm não gostou do fato de que Emma estaria cuidando desses homens, mas esta era quem ela era, uma moça cheia de compaixão e preocupação e, ele raciocinou, ela provavelmente quebraria uma tigela de madeira sobre sua cabeça e o mataria. Não seria a primeira vez que ela faria isso. Ele nunca lhe disse que ela matou um homem com o jantar de Gascon na primeira noite em que Malcolm chegou. Ela não precisava saber. Ela nunca se perdoaria.
Ele a observou pedir a ajuda de Harry e Gunter para ajudar os homens a se sentar à mesa, e então se virou para a escada, sentindo outro par de olhos nele.
Sebastian Fletcher parecia ter acabado de sair da cama — o que provavelmente aconteceu — e continuou descendo os degraus um ou dois momentos depois que Malcolm encontrou seu olhar fixo.
— Eu vi poucos homens tão rápidos com as mãos quanto você. Estou bastante impressionado com seus reflexos e habilidade.
Malcolm encolheu os ombros. Ele sabia que era um bom lutador. Ele não precisava de lisonja.
— Cailean está na cozinha. — Ele falou, e voltou para sua comida.
— Quem eram eles? — Fletcher perguntou a ele, levantando a mão para uma serva.
— Apenas caçadores de problemas.
— Parece que eles encontraram.
— Eles costumam encontrar.
Fletcher riu e acenou novamente.
— Lembro-me de uma conversa sobre uma briga aqui uma ou duas noites atrás. Um Winther foi morto, se não me engano. Você e Cailean estavam aqui para isso também?
Todos na mesa congelaram.
— Nae. — Malcolm disse a ele. — Não estávamos aqui.
— Que pena, hein? — Fletcher perguntou com uma piscadela. — Tenho certeza de que você gostaria de quebrar algumas cabeças de Winther.
— Nunca tinha ouvido falar deles antes deste momento.
Fletcher sorriu.
— Oliver Winther merece a desgraça que um dia virá sobre ele. Inferno, estou com fome.
Malcolm balançou a cabeça. Quando diabos ele ficou tão desconfiado de todos? Fletcher era tão inocente quanto todos os outros rapazes comprometidos com a honra que conhecia.
— Por que você está tão atrasado para jantar? — Emma perguntou a ele, alcançando um bolso de sua saia e puxando dois frascos.
Esquecendo os Winthers, Malcolm observou-a colocar as ervas em um copo e dar ao homem cujo braço ele quebrou. Ela fez isso sem esforço, o cliente não viu, nem seu amigo.
— Eu estava ocupado. — Fletcher disse a ela, piscando e fazendo o seu melhor para ignorar o olhar duro de Malcolm.
Quando Bess apareceu na escada, parecendo tão mal cuidada quanto Fletcher, vestida com suas vestes, o comerciante sorriu e a chamou.
— Vênus despertou! Venha, deusa, sente-se com seu amante.
Malcolm ficou surpreso ao ouvir a risada de Bess. Ela parecia feliz, satisfeita. Ela até lançou a Emma um breve sorriso, antes que seu olhar caloroso voltasse para Sebastian.
— Eu preferia ser...
Ele a beijou e se retirou sorrindo.
— Diga bom dia para Malcolm.
— Bom dia, Malcolm. — Ela falou lentamente, e se reclinou em sua cadeira sem sequer olhar na direção de Malcolm.
Impressionado com o homem sentado ao lado dele, Malcolm piscou para Fletcher e deu um tapinha nas costas dele.
— Você a conquistou.
Sebastian voltou seu sorriso para Bess e ergueu sua caneca.
— Ela me conquistou.
Capítulo 31
Emma continuou envolvendo o braço quebrado do cliente, com uma orelha sobre o cliente e o outro em Malcolm e Sebastian rindo em conjunto na outra extremidade da mesa. Ela sabia que eles acabariam se tornando amigos. Ela estava feliz. Ela gostava de Sebastian e sua honestidade.
O ferido estava começando a cochilar, graças às ervas dela. Eles teriam que sentá-lo em uma cadeira com os braços enfaixados assim que ele adormecesse ou ele acabaria esparramado no chão. Não havia nada que ela pudesse fazer pelo homem com o nariz quebrado, exceto diminuir o sangramento. Se seu nariz era reto antes, não seria no futuro.
Ela não estava zangada com Malcolm por machucá-los. Ele a estava protegendo e ela gostou. Havia uma espécie de liberdade e conforto em saber que ela estava segura, longe do bordel.
— É exatamente por isso que você não deve ficar aqui no meio dos meus negócios. É muito perigoso para você.
— Sim. — Malcolm se juntou. — É isso. É por isso que quero levá-la para casa comigo, Harry.
— Não! — Harry quebrou sua caneca na mesa com firmeza, ela ricocheteou e atingiu o chão com força. Porém, teve o efeito desejado, toda a atenção caiu sobre ele. — Ela não pode ir com você!
— Harry. — Disse Malcolm, parecendo contrito. Emma tinha certeza de que ele não queria que seu irmão descobrisse assim. — Eu queria falar...
— Eu pedi que você a esquecesse, Malcolm. — Harry o interrompeu. — Você me garantiu... eu confiei em você.
— Eu sei. — Disse ele gentilmente. — Mas temo que nunca poderei evitá-la.
— Não! — Harry gritou. — Você não pode levá-la para Skye! Eu proíbo! — Ele foi até Emma e a pegou pela mão. — Ele vai fazer com que você seja morta, e mesmo se não o fizer, provavelmente nunca mais nos veremos.
Ela tinha acabado de encontrá-lo. Ela queria desistir de seu irmão tão rapidamente? Não. Mas ela não tinha certeza se poderia sobreviver outro dia se Malcolm partisse.
— Ele não vai me matar, irmão. Ele me manteve a salvo de perigos, e Gascon também, desde a primeira noite em que veio aqui. Ele não é a cobra que você pensa que é. Ele pode ter sido antes, mas não agora.
Harry riu.
— Isso é o que todos vocês querem dizer a si mesmos sobre um homem bonito que não dá a mínima para nenhuma saia que já experimentou.
— Harry. — Malcolm deixou seu lugar perto de Sebastian e Bess e avançou.
— A aparência dele não significa nada para mim, Harry. — Emma disse a ele. Um leve tremor em sua voz provou que ela não estava se sentindo tão confiante quanto tentava parecer. — Ele será leal a mim.
— Ninguém poderia mudá-lo senão você, certo, irmã?
— Isso é correto, Harry. — Malcolm respondeu em seu lugar. — Ninguém além dela.
— Eu quero que você vá, Malcolm. — Seu velho amigo exigiu.
— Não, Harry! — Emma insistiu.
— A levarei quando eu for. — Malcolm o informou. — Vamos conversar sobre isso, sim? Podemos resolver suas preocupações.
— Eu deveria ter me recusado a servi-lo naquela primeira noite, depois que seu irmão começou a brigar com Andrew Winther.
— Harry. — Malcolm tentou novamente. — Vamos conversar sobre isso. Ouça o que eu direi.
— Eu não quero ouvir nada. Agora não. — Harry afastou as mãos dela quando Emma o alcançou. Ele saiu furioso do bordel.
— Precisamos colocar este homem em uma cadeira mais resistente. — Alison disse, quebrando o silêncio de todos. — Ele mal consegue manter a cabeça erguida.
Emma concordou e seguiu Malcolm silenciosamente enquanto ele arrastava sua vítima, não muito suavemente, para uma mesa diferente e uma cadeira mais pesada.
— Você tem certeza sobre isso?
— Ele não vai cair, moça.
— Quero dizer, sobre me levar para Camlochlin? Eu não quero que você perca seu amigo, estou correta? Você será leal a mim?
Ele a pegou nos braços e apertou-a contra si ali mesmo na sala de jantar.
— Sim, tenho certeza. Capturou meu coração, você e mais ninguém. Nunca haverá ninguém além de você.
Ela suspirou sonhadora e traçou seu sorriso com a ponta dos dedos. O que ele faria quando a levasse para Camlochlin? Ele a faria sua esposa? Ele a amava, não era? Ele disse a ela que nunca amou antes. Agora ele disse que ela tinha seu coração. Ele não disse abertamente que a amava, mas ela assumia...
— E você. — Ela disse, levando seus dedos ao rosto dele. — Você capturou meu coração, também. Você e mais ninguém, Malcolm. Nunca haverá ninguém além de você para mim. A fofoca sobre você era falsa. Na verdade, você não é tão ruim.
Ele jogou a cabeça para trás e riu e ela esbanjou com o som, a sensação de seu sorriso largo, aberto e profundas covinhas sedutoras contra a ponta dos dedos. Emma não tinha certeza de por que Malcolm a escolheu, mas a escolheu e ela estava feliz. Realmente, finalmente, feliz. Logo, porém, seu sorriso desapareceu. O que eles fariam com Harry?
— Eu vou falar com ele. — Malcolm a assegurou quando ela perguntou a ele. Ele colocou o braço dela na curva de seu cotovelo e a levou de volta para a mesa. — Ele pode visitar quando quiser. Ele sempre será bem-vindo.
Emma o agradeceria por sua generosidade mais tarde esta noite. Ela o deixou ir, sabendo que se ela não o fizesse e tivesse que respirar seu perfume viril mais um instante, poderia puxá-lo para fora do bordel agora.
— Quando vamos embora? — Ela sussurrou para Malcolm quando eles alcançaram a mesa.
— Assim que desejar.
— Fale com Harry primeiro, e eu também farei isso. Não quero deixá-lo com sentimentos ruins entre nós.
— Emma. — Ele disse enquanto a impedia. — Bess está indo conosco.
Ela riu. Ele estava louco?
— Bess?
— Sim. — Ele insistiu firmemente. — Eu prometi que iria ajudá-la em troca de vida se me ajudasse a manter Alison longe dos Winthers.
— Claro. — Ela disse suavemente. Ela não iria pedir a ele para voltar atrás em sua palavra, mas não hesitaria em implorar para que ele deixasse Bess na próxima cidade, se precisasse.
Ela o deixou com um beijo curto, não menos quente, para se preparar para sua jornada com Alison em seu braço.
Malcolm saiu, desembainhou a espada e deu um golpe. Inferno, ele precisava de prática. Ele se virou e ficou surpreso ao ver Sebastian parado perto, observando-o. Seus olhos estavam muito escuros, muito profundos para ignorar. Ele estava com raiva. Na verdade, ele olhou para Malcolm como se quisesse matá-lo.
— Onde fica a sua casa exatamente? — Fletcher perguntou. — Você disse que veio de Perth, mas Gray mencionou Skye. Qual é?
Malcolm olhou para ele. Por que isso era importante de repente?
— Você se importa com ela então?
— Quem?
— Emma?
Fletcher sorriu e Malcolm se perguntou como ele conseguia parecer tão inocente e com os olhos arregalados em um momento e tão escuro quanto um fantasma no próximo.
— O que suas inverdades têm a ver com Emma? — Ele perguntou.
— Que inverdades? — Malcolm perguntou a ele, e então ergueu sua mão. — Eu tenho que encontrar Harry primeiro. Conversamos depois.
Ele encontrou seu velho amigo na sala bebericando conhaque com Bess. Quando Harry o viu, ele se virou. Bess se levantou para sair, aparentemente sabendo o que aconteceu e dando-lhes privacidade para falarem.
Ou pelo menos para que Harry falasse tudo. Malcolm se sentou e aceitou todos os insultos que Harry lançou contra ele. Eles eram verdadeiros. Ele era um lobo que se importava apenas com sua própria sobrevivência, uma serpente, um herege caçando os desavisados. Ele não sabia quantas moças ele tinha deixado com o coração partido por causa dele. Harry estava certo, ele não se importou.
Ele não tentou dizer a Harry que seus dias de perseguição de saia haviam chegado ao fim anos atrás. Ou que Emma foi sua recompensa por desistir de seu estilo de vida egoísta. Harry não viu a força interna ou a glória externa de sua irmã, que era uma estranha para ele. Ele não entenderia por que Malcolm estava disposto a desistir de seu coração por ela.
— Independentemente do que você pensa de mim. — Ele disse a Harry depois de um tempo. — Ela não pertence a um bordel.
— É isso? — Harry zombou. — Muito bem então, você tem minha garantia de que ela não permanecerá em um.
— O que você vai fazer, Harry, comprar uma casa para ela? E o que acontece quando ela quiser sair? — Malcolm desafiou. — Para passear com o cachorro dela?
— Ela é cega! — Harry gritou com ele. — Ela poderia cair de um penhasco!
Malcolm balançou a cabeça para ele. Ele realmente não conhecia sua irmã.
— Ela está indo comigo.
— Por quê? Porque ela? — Harry implorou. — É esta a sua maneira de retribuir por salvar sua vida? É culpa que, por sua causa, ela deve viver com medo dos Winthers?
Mas ela não estava com medo.
Malcolm se levantou. Falar com ele agora era perda de tempo. Harry estava compreensivelmente com raiva.
— Você pode visitá-la sempre que desejar. A porta sempre estará aberta para você.
— E como irei chegar lá, Malcolm? — Harry gritou novamente, furioso. — Quem vai cuidar das meninas? Você é um bastardo egoísta e nunca vai mudar! Você a levará embora e a deixará onde a colocou, no meio de pessoas que ela não conhece, que terão medo de sua doença e a banirão para viver em uma caverna, marcada como uma bruxa.
— Você se descreve bem, Harry. Não é quase exatamente o que você fez com ela quando criança? Você não a conhece.
— E ela não me conhece. Agora saia.
Sebastian deixou sua cama. Ele não acordou Bess. Ainda era dia. Ainda havia tempo para matar seus inimigos. Ele se vestiu, enfiando duas adagas nas botas e um par de pistolas no cinto. Quando ele tentou falar com Malcolm, o Highlander não percebeu o que Harry Gray disse enquanto eles estavam lutando.
Ele olhou para a bela loira dormindo em sua cama. Ele tinha feito muito por Bess pelas informações que ela lhe deu. Ele já sabia que ela estava trabalhando para outra pessoa aqui no bordel, para seu irmão, Oliver.
Trabalhando para Oliver. Maldição, pensou Sebastian. Ele gostava de Bess. Ele pensou que eles tinham algo genuíno.
Harry disse que os Grants começaram uma briga com Andrew. Foram eles. Eles mentiram sobre estar aqui, sobre viver em Perth, sobre tudo.
Depois de outra noite fazendo Bess atingir seu clímax, ela disse a ele que Malcolm e Cailean Grant lutaram contra os Winthers na briga que custou a vida de Andrew. Gunter estava protegendo Emma, então ele não estava lá. Os Grants foram os únicos dois Highlanders que lutaram e os únicos dois capazes de matar tantos homens contra os dois.
Oh, Sebastian concordou. Ele tinha visto Malcolm subjugar três encrenqueiros bêbados no espaço de algumas respirações. Ele era habilidoso e, provavelmente, também seu irmão.
De acordo com Bess, eles eram parentes dos MacGregors. Isso explicava por que ninguém falou quando John chegou. Sebastian tinha ouvido falar do clã proscrito. Eles tinham uma história violenta e uma reputação de enfrentar uma geração inteira antes de desistir de sua vingança.
Sebastian odiava ter que cruzar com eles e derrubá-los sobre os Winthers, mas eles mataram Andrew. Eles tinham que pagar. Não era? E Oliver realmente não deu a mínima. Ele só queria Emma.
Ele não encontrou Cailean na cozinha como esperava. Cortar sua garganta não alertaria ninguém e ele ainda poderia pegar Malcolm de surpresa. Ele realmente queria fazer isso depois do que aconteceu em Dunston?
— Procurando bolinhos de novo?
Ele se virou e sentiu seu coração vacilar ao ver Emma. O latido incessante do Gascon do outro lado da porta alertaria até os mortos.
— Melhor deixá-lo entrar.
Ela se virou e estendeu a mão na frente dela enquanto ela ia para a porta.
— Você está se sentindo melhor?
Ele não sabia se ela estava falando com ele ou com o cachorro.
— Alison disse que você parecia pálido antes.
Ele balançou sua cabeça. Ele não queria dizer a ela quem ele era. Ele não estava preparado para o choque dessa revelação. Seus amigos mataram Andrew e ainda assim Oliver a queria. Sebastian não a levaria. Ele não queria que Emma soubesse que ele era irmão de um monstro. Ela saberia se Oliver colocasse as mãos nela.
— Eu estou bem. Onde estão Malcolm e Cailean?
— Do lado de fora.
Quando ele se moveu para passar por ela e deixar o bordel, ela deu um passo na frente dele, quase em suas botas.
— Sebastian. — Ela disse, seu lindo rosto inclinado para ele. — Diga-me que sempre seremos amigos.
— Sempre.
Ela enrugou o nariz e jogou os braços ao redor dele.
— Você é um dos meus primeiros amigos. — Ela ficou na ponta dos pés para sussurrar em seu ouvido.
Alguém abriu a porta e parou, bloqueando a luz.
—Aí está você. — Malcolm gritou. — Eu estava procurando por você antes.
Sebastian queria sacar sua pistola e apontá-la para ele. Não era porque Andrew era seu irmão favorito. Sebastian não tinha um irmão favorito. Eles eram todos egoístas, tolos orgulhosos e um já estava morto antes dos trinta anos. Mas Andrew era seu irmão e sua morte seria vingada.
Pode haver hordas de Winthers em Newcastle, mas quando sua mãe morreu e seu pai os deixou logo depois disso, ninguém veio em auxílio, exceto o povo de Dunston. Eles levaram os três irmãos e tentaram criá-los. Oliver não iria — ser criado com os selvagens — e se livrou deles rapidamente. Oliver ensinou a eles que tudo o que eles tinham era um ao outro. E por mais terrível que seus irmãos pudessem ser, ele ainda vivia de acordo com esse código.
Ele atiraria no assassino de Andrew bem aqui na frente de Emma? E se fosse Cailean? Não importava. Se Sebastian matasse um, ele teria que matar os dois se quisesse sair daqui vivo.
— Eu estava com Bess. — Sua voz parecia vazia e espessa e ele se perguntou se isso o denunciaria.
— Bem, — Disse Grant, deixando a entrada e se movendo em direção a ele. — Eu estava preocupado com você.
Sebastian riu.
— Sobre mim? Por quê? — Grant deveria se preocupar consigo mesmo.
— Eu estarei lá fora. — Emma disse, desculpando-se silenciosamente. — Venha, Gascon.
Sebastian a observou partir e pensou na maneira mais rápida de matar Malcolm. Emma o odiaria por fazer isso. Ele poderia até se odiar um pouco depois. Não deveria gostar do homem que matou seu irmão.
— Você parecia muito chateado ontem. Eu sei que havia algo em sua mente e não conversamos sobre isso. Talvez possamos falar sobre isso agora.
— Agora?
— Sim. Eu quero que você confie em mim.
— Depois de todas as mentiras?
— Sobre o que eu menti?
— Você fingiu ignorância sobre a briga. Você estava aqui quando isso aconteceu. Harry admitiu. Bess também me contou coisas. Você e Cailean foram feridos e se recuperaram aqui.
— Isso mesmo. — Confirmou Grant. — Eu menti porque suspeitamos que os Winthers voltariam novamente e Harry não queria que eles soubessem que mentiu para eles. Então não contamos a ninguém.
— Emma acha que pode mantê-la segura, mas como pode fazer isso quando foi você quem matou um Winther? Você nunca ouviu falar dos Winthers? Eles não vão deixar você viver.
— Eles pensam que estou morto.
Sebastian deveria ter atirado nele. Oliver faria isso. Ele mataria Harry também e Cailean, e possivelmente Alison. Todos eles mentiram e conspiraram para salvar Malcolm e Cailean. Emma mentiu também.
— Eu sei que coloquei Harry e Emma em perigo, mas não havia outra opção naquela noite.
— O que aconteceu? — Sebastian perguntou. Ele queria saber como seu irmão morreu e por quê.
— Andrew maltratou Alison. Ele e Cailean lutaram.
— Como ele a maltratou?
— Ele a jogou sobre uma mesa.
Inferno, Sebastian pensou, parecia algo que Andrew faria.
— Não foi o suficiente para perder a luta, Andrew voltou mais tarde naquela noite com mais homens. Ele pretendia nos matar, então eu o matei primeiro.
— Como?
— Eu atirei nele. — Grant parou e o estudou com olhos estreitos. — Por que todo esse interesse em Andrew Winther?
Grant estava mentindo novamente. Eles recuperaram o corpo de Andrew. Ele não foi baleado. Ninguém sabia o que matou Andrew, mas ele, Oliver e o assassino de Andrew sabiam. Grant estava protegendo seu irmão? Cailean matou Andrew por maltratar Alison?
Sebastian queria a verdade e não a conseguiria matando Grant. Por que diabos Andrew — e Oliver — tinha que ser tão violento o tempo todo? Se fossem quaisquer outros homens, Sebastian o teria matado ele mesmo.
— Meu interesse é porque comecei a gostar de você, Grant. Temo o que os Winthers farão se descobrirem que está vivo.
— Como eles vão descobrir?
Sebastian encolheu os ombros. Malcolm era uma alma desconfiada. A menor coisa poderia fazê-lo suspeitar de Sebastian. Agora, Sebastian estava em vantagem. Ele não queria perdê-lo. Ele queria mais informações antes de tomar decisões. Ele queria saber mais sobre Malcolm Grant e queria a verdade sobre a morte de Andrew. Primeiro, ele queria uma taça de vinho.
— Diga-me que há vinho lá fora com Emma. Estou precisando de uma caneca.
Eles saíram e se encontraram com Emma, Cailean e os outros. Sebastian aceitou uma taça de vinho de Cailean. O Grant mais jovem lembrava a Sebastian de si mesmo. Comparados com seus irmãos, seus corações eram mais atenciosos.
Ele se importava com Oliver, provavelmente menos do que Cailean se importava com Malcolm, mas havia momentos em que só queria derrubar seu irmão. Ele não conseguia disfarçar o desafio em seu olhar, seu tom. Oliver sabia disso, foi por isso que ele enviou Sebastian para Dunston. Ele pensou que se Sebastian matasse algumas dezenas de pessoas, ele não estaria tão ansioso para lutar contra seu irmão mais velho. Oliver estava errado sobre muitas coisas.
Ele se sentou na grama com eles, entre Gascon e Cailean.
— Quando você vai embora? — Ele perguntou a Malcolm quando o Highlander se sentou ao lado de Emma.
— Assim que Harry entender que devo ir. — Emma respondeu por ele. — Eu não quero brigar com ele.
— Claro que não. — Sebastian concordou. — Ele tem sorte de ter uma irmã tão atenciosa.
Ela baixou o queixo com modéstia e sorriu.
Ela era bonita, quanto mais ele a olhava com suas longas madeixas douradas, olhos grandes e assustadores e apenas um tom de rubor no nariz, mais ela se tornava bela. Ela não era nenhuma arganaz7, entretanto. Oliver iria gostar dela. Ele não se importaria que ela mentisse para proteger seu amante.
— Você tem uma irmã, Sr. Fletcher? — Alison perguntou a ele.
Ele sorriu para ela.
— Um irmão. Eu tinha dois, mas um foi morto.
Todos eles ofereceram suas condolências, que ele aceitou com um aceno de cabeça.
Malcolm esticou o braço e deu-lhe um tapinha nas costas.
— Eu quase perdi Cailean recentemente. Não consigo imaginar a dor de perder um irmão.
— Sim. — Disse Cailean. — Você deveria ter nos contado antes. Teríamos emprestado uma orelha se você precisasse.
Droga. Sebastian gostava dos Grants. Ele não queria matá-los. Ele pensou em Dunston e Oliver e suspirou.
Capítulo 32
Emma saiu do quarto com Gascon ao seu lado, seus dedos enterrados em seu pelo. Era um novo dia, uma nova chance de mudar a opinião de Harry. Se ele não desse sua bênção logo, ela teria que ir embora sem ela. Ela estava otimista, porém. Harry a amava. Ele queria o melhor para ela. E o melhor era Malcolm.
Ela sorriu, indo para as escadas, pensando em como Malcolm a deixou em sua porta na noite passada, a mandíbula cerrada, seu tom lento e lânguido prova de seu desejo por ela. Ele não queria deixá-la, mas não queria tomá-la bem debaixo do nariz do irmão. Mas logo, ele prometeu, eles estariam longe daqui.
Droga. Ela amava o cavalheirismo. Foi ela quem lhe reclamou que ele ignorava tais valores, e agora que Malcolm estava tentando lhe provar que eles importavam para ele, ela desejava que não importassem. Por enquanto. Apenas enquanto ele a beijava e a reclamava como sua.
Ele não estava na frente de sua porta esta manhã. Boa coisa também, porque se ele entrasse em seu quarto novamente, ela teria trancado a porta e o mantido lá.
— Quanto tempo você acha que ele vai ficar com você?
Emma parou e inclinou o queixo na direção de Bess.
— Nenhum de nós conhece o futuro, Bess.
— Você é muito inocente, não é? — Bess se aproximou dela e a circulou como um gato. — Deve ser agradável ser tola o suficiente para ignorar tudo o que ele é e ainda confiar cegamente nele.
— Você parece estar nisso há mais tempo do que eu, Bess. Por que você não me conta?
Ela podia sentir a raiva de Bess infundindo o ar. Ela se afastou da escada.
— Por que você não pode simplesmente ser feliz com Sebastian? Eu fiquei sabendo por Mary e das outras que ele é bastante impressionante e parece...
— Deixe Sebastian fora disso! — Ela ficou com raiva imediatamente e depois zombou novamente. — Ele vai cuidar de tudo. — Bess disse a ela, ignorando o rosnado baixo de Gascon. — Malcolm prometeu me levar embora, mas então ele se apaixonou por você. Não sou idiota como você, Emma. Eu sei que ele não vai manter sua palavra. Mas Sebastian vai. Ele está indo logo e estará me levando com ele. Ele não vai me deixar no próximo bordel. Ele vai me manter com ele e...
— Isso é maravilhoso, Bess. Espero que vocês dois sejam felizes juntos. Se você me der licença.
Sem esperar pela resposta de Bess, Emma agarrou o pelo de Gascon e se virou para as escadas. Ela se virou e olhou na direção de Bess uma última vez, apenas para deixá-la saber que se Bess tivesse qualquer intenção de empurrá-la para baixo, Emma estava pronta e iria retaliar. Ela era cega, mas não era um rato.
— Venha, Gascon. — Quando ela alcançou o último andar, ela deu uma leve fungada no ar e então sorriu.
— Há quanto tempo você está aí, Malcolm e você também, Sebastian?
— Tempo o suficiente. — Malcolm empurrou o velho corrimão de madeira e se aproximou dela.
— Nós ouvimos tudo. — Sebastian disse a ela. — Não perca outro pensamento. Eu cuidarei das coisas com Bess.
— Meu primo Kyle não gostará de seus sentidos apurados de ouvir e cheirar. — Malcolm disse a ela. — Ele gosta de se aproximar sorrateiramente das pessoas.
— Não é ele quem navega pelos mares com sua irmã, Caitrina, e o marido dela, o pirata? — Ela perguntou, enrolando o braço em volta do cotovelo dele.
— Seu primo é um pirata? — Distraído com o assunto, Sebastian se esqueceu de Bess e correu atrás de Malcolm.
— Sim, ele se tornou um pirata, junto com minha irmã.
Sebastian parecia bastante pasmo pela primeira vez desde que Emma o conheceu.
— Em um navio?
Malcolm sorriu.
— Sim, piratas vivem neles.
— Eu sei. Eu sempre quis... Por que você não me contou? Que tipo de navio eles navegam? Escuna, saveiro?
— Brig8. — Malcolm disse a ele, e então riu.
Emma percebeu que Sebastian teve uma reação agradável a essa notícia. Ela estava feliz. Ele parecia tão mal-humorado desde ontem.
— Um brig. Inferno, eu gostaria de ver isso.
— Talvez, eu possa providenciar isso da próxima vez que o Capitão Kidd lançar âncora na Escócia. Vou verificar com Cailean, mas acredito que eles voltarão das Índias Ocidentais no próximo mês. Se você estiver livre, venha para Skye. Deixe uma mensagem com o barqueiro em Kylerhea e ele me mandará a mensagem. Eu vou te buscar.
— Diga-me onde encontrá-lo e eu o encontrarei na jornada.
— Nae. — Malcolm disse a ele, ficando apenas um pouco mais sério. — Você será atingido por flechas ou canhões antes de me alcançar. Se não, então a paisagem irá matá-lo.
— Como vou me sair contra a paisagem? — Emma perguntou com uma pitada de preocupação em sua voz.
— Eu estarei com você, moça. Você vai ficar bem. — Malcolm fechou o braço ao redor dela, enchendo seus sentidos com a força pura e dura como uma rocha, a falta de sua respiração quando a tocou e a fragrância sutil do mar. Ele estivera na costa enquanto ela dormia? Ela queria ir para lá, ficar sozinha com ele.
— Você acha que esse capitão Kidd me deixaria navegar com ele? — Sebastian perguntou, puxando sua atenção de volta para ele.
— Farei o melhor para colocá-lo a bordo. — Malcolm prometeu. Então, talvez sentindo sua ânsia de ficar sozinha com ele, ele deu um tapinha nas costas de Sebastian. — Falaremos mais sobre isso mais tarde, sim?
Eles se separaram de Emma pensando o quão sortuda ela era por deixar o bordel, mesmo que isso significasse deixar Harry.
— Devemos encontrar Harry primeiro? — Ela perguntou a caminho da porta da frente.
— Nae. — Ele sussurrou perto de seu ouvido. — Ele não vai a lugar nenhum. Vamos nadar.
Era fácil esquecer seu irmão, o bordel ou qualquer outra coisa quando ela estava nos braços de Malcolm. E no mar. Isso era real? Será que ela realmente conquistou o coração desse homem, que sua mãe teria concordado que estava fazendo o possível para seus sonhos sair das páginas de seus livros? Não era um cavaleiro, mas um libertino traiçoeiro, em quem nenhum coração deveria confiar. Mas aquele não era mais Malcolm Grant.
Ela não se importava se era uma idiota como Bess disse. Ela havia tentado, mas como não se apaixonar por um homem que trouxe a luz de volta à sua vida?
A água estava fria e um pouco agitada, mas ele a manteve aquecida, pressionada contra seu corpo. Eles riram juntos nas ondas enquanto Gascon latia para eles da costa.
— Como é Camlochlin? — Ela perguntou contra seu pescoço, então deu-lhe beijos suaves quando sua respiração falhou.
Ela o sentiu ficando mais duro, apesar do frio. Isso fez seu sangue queimar. Ela o queria dentro dela, o toque final e mais íntimo. Animada, ela se aproximou e esfregou seu corpo contra o dele como uma sereia luxuriosa. Ela ofegou em um pequeno suspiro apertado quando as mãos dele se fecharam em torno de suas nádegas.
— É lindo. — Seu coração disparou contra ela e seu tom foi baixo, quase dolorido. Ela sorriu por poder fazer isso com ele. Ele continuou, beijando seus lábios molhados, tomando sua boca como um leão faminto até que ele se libertou e fez um caminho de beijos em sua garganta. — O tipo de beleza que faz um homem esquecer sua própria existência... — Ele a ergueu facilmente nas ondas e sugou cada um de seus seios posicionados acima dele como frutas deliciosas oferecidas para seu prazer — ...e o faz querer se tornar parte do que vê. — Ele puxou as pernas dela ao redor de sua cintura e a abaixou em sua ereção.
A água tirou seu líquido escorregadio, por isso levou um pouco de persuasão para deixá-lo entrar. Como girar em sua ponta e ouvi-lo xingar em sua voz profunda e gutural. As mãos dele a excitaram e quando ele cobriu suas nádegas e começou a guiar seus movimentos, ela o recebeu, seu corpo inteiro fazendo-a se contorcer de êxtase em seu abraço. Quanto mais ele recuava e entrava novamente, mais excitada ela se tornava. Mas ainda havia resistência suficiente para deixá-lo louco de desejo. Ela diminuiu a velocidade para não entrar em erupção e impedi-lo de fazer o mesmo.
Isso o deixou mais selvagem por ela. Quando ele apertou seu traseiro, ela o apertou de volta, tomando cada centímetro, arrastando gemidos de seu corpo tenso e trêmulo. Ela teve seu prazer em seu membro grande, duro e disposto e puxou cada gota de paixão de ambos.
Capítulo 33
— Eu nunca darei minha bênção para isso. — Harry disse a Malcolm, então se virou para encarar Emma. — Como você pôde deixar esse libertino te convencer a ir com ele?
— Ele mudou, Harry! — Emma discutiu com ele. Esta era sua última chance de falar com ele. Malcolm queria partir esta noite. Ela não queria deixar o irmão que acabara de encontrar sabendo que ele a odiava agora. — Harry, eu...
— Não quero ouvir mais nada! — Ele a cortou, mas ela não quis.
— Você vai me ouvir, Harry! — Ela gritou de volta. Ele parou por um momento, mas era tudo que ela precisava. — Você me deixou quando eu tinha dez anos, nossos pais tinham acabado de morrer e eu estava perdendo a visão! Você me deixou e não voltou! Eu te perdoei, Harry. Todos esses anos, eu te perdoei. Eu também sobrevivi muito bem sozinha sem você. Depois que eles assassinaram Clementine, saí da França e vim procurá-lo, mas esta não é vida para mim, Harry. Achei que poderia fingir que te fazia feliz por estar aqui, mas não posso. Eu quero ir com Malcolm. Eu estou indo. Por favor, não deixe que haja rixa entre nós.
Seu irmão foi até ela e segurou seu rosto com as mãos.
— Oh, Emmaline, você não entende? Eu não posso deixar você ir? Eu preciso de você.
Pobre Harry. Ela estava grata a Malcolm por ficar quieto e deixá-la lidar com isso.
— Eu te amo, irmão, mas vou com Malcolm. — Quando ele finalmente cedeu, Emma pôde sentir seu aceno, ela saltou em seus braços e o abraçou. Ela tinha conseguido! Ela teve sua bênção para partir. Foi um momento agridoce para ela.
— Tudo que eu peço, Emmaline, é mais um ou dois dias. Apenas fique comigo mais um ou dois dias, eu imploro.
Ela foi até Malcolm e sentiu seu aceno e sorriso quando ele a pegou em seus braços.
Quando Harry pediu a ela alguns momentos a sós com Malcolm, ela concordou alegremente e saiu correndo com Alison para fazer os alforjes.
Ela não tinha muito: alguns vestidos, principalmente seus remédios e potes. Ela queria levar tudo. Ela estava feliz que Alison estava vindo também. Elas eram amigas. Querido Deus, isso estava realmente acontecendo? Ela estava deixando Harry e o bordel? Ela realmente iria montar em um cavalo com um Highlander e deixá-lo levá-la para sua casa nas montanhas? Ela devia estar louca, mas não conseguia parar de sorrir!
Não demorou muito para terminar de fazer os alforjes. Ela deixou seu quarto com Gascon em busca de Malcolm e o encontrou se preparando para ir encontrar uma substituta para Alison. Sebastian seria agora o responsável por encontrar uma substituta para Bess. Malcolm cavalgaria até Thieving Prince, na ponta sul de Hebburn, e estaria de volta em algumas horas. Cailean queria ir com ele, mas Malcolm recusou. Ele voltaria mais cedo se estivesse sozinho. Cailean concordou em ficar no Fortune's Smile e preparar um banquete.
Emma concordou com tudo. Ela teria concordado com qualquer coisa.
Ela ficou com Harry na sala. Cailean, Sebastian e as meninas se juntaram a eles um pouco. Bess sentou-se com eles, mas permaneceu em silêncio e perto de Sebastian.
— Sabe, Harry. — Disse Cailean. — Você será sempre bem-vindo para vir para Camlochlin. Encontraremos um lugar para você lá.
— Você acha que eu seria capaz de encontrar sua casa quando os exércitos falharam?
Emma pensou em Camlochlin, um santuário envolto na obscuridade, espalhado pelas nuvens. Um lar para muitos, uma fonte de vida para alguns. Como sua mente veria isso? Linda, mas fria? Ou brutalmente isolado na extremidade do mundo, onde nem mesmo os exércitos poderiam encontrar, e quente?
Como Malcolm havia feito antes, Cailean disse a ele como entrar em contato com Skye e sobre deixar uma mensagem para os MacGregors com o barqueiro em Kylerhea.
— Nós vamos buscá-lo. — Cailean prometeu a ele, fazendo-a amar o irmão mais novo de Malcolm ainda mais.
— Você virá quando estiver pronto, Harry. — Emma pegou a mão de seu irmão. — Não temos que ficar separados. Podemos pôr em dia todos os anos que perdemos juntos. Você virá.
— Talvez. — Ele disse, sorrindo um pouco tenso. — Eu vou, quando eu estiver...
Gascon se levantou e foi até a porta da frente, rosnando no caminho. Emma se endireitou em sua cadeira ao som dos cavalos na frente do bordel. Sebastian saltou de sua cadeira e correu para a janela. Quando ele se voltou para Emma e o resto, sua voz estava quase irreconhecível.
— Cailean! Se você quer viver, esconda-se! — Sebastian gritou.
Cailean se levantou.
— O que está acontecendo?
— Esconda-se agora e não se mostre! — Sebastian avisou com urgência. — Oliver Winther está aqui, prestes a entrar neste lugar. Com ele está seu comandante John Burroughs, que viu você na noite em que Andrew foi morto! Vai!
Cailean ficou ali por um momento, atordoado e confuso.
— Como você sabe de tudo isso?
Emma ouviu, com o coração disparado, Alison implorando para ele ir e sua recusa, a menos que ela e Emma fossem com ele.
— Não. — Sebastian correu em direção a eles. — Ele sabe que Emma está aqui. Ele exigirá vê-la e matar qualquer um que estiver em seu caminho.
— Sebastian! — Emma exclamou. — O que está acontecendo e como você conhece o barão e seu comandante? E por que diabos ele me quer?
— Emma, por favor, confie em mim. — Sebastian disse a ela. — Cailean, — Disse ele, voltando-se para ele. — Se você não correr, morrerá no instante em que John o identificar. Por favor. Vai. Vou explicar tudo mais tarde.
Emma ouviu Cailean xingar enquanto puxava Alison para longe.
— Estarei por perto, Emma. — Ele prometeu, e então se foi.
Ela estava com medo, mas se virou para Sebastian e endireitou os ombros.
— Como você sabe o que o Barão de Newcastle quer?
— Ele é meu irmão.
O coração de Emma ressoou em seu peito. Ela deu um passo para trás e quase pisou na pata de Gascon.
— Você é um Winther?
— Emma... — Ele disse e nada mais. O que mais ele poderia dizer?
— Você mentiu para mim. — Ela acusou muito suavemente. Muito baixo para a maioria ouvir.
Sebastian a ouviu.
— Eu sinto muito.
Como ele pôde fazer isso? Como ele poderia trazer seu irmão aqui? Sua garganta doeu e seus olhos arderam. Ela gostava de Sebastian. Ela tinha creditado a ele o sentimento de ser sincero e genuíno.
— Por que ele sabe sobre mim? — Ela exigiu.
— Seja dócil, Emma. — Ele avisou apressadamente. — Ele não gosta. Chore e ele não vai te dar atenção.
Chorar. Por quê? Ele estava louco? Ela queria dizer a ele para ir para o inferno, mas quando ela ouviu a voz que gelou seu sangue vindo da porta aberta, ela reconsiderou.
— Bem. — Ele zombou. — Não é aconchegante?
Se Sebastian Fletcher fosse realmente Sebastian Winther, então provavelmente ele sabia do que estava falando. Se ela tivesse que ser mansa para sobreviver a esta visita, seria. Ela sabia como ficar na sombra, mesmo à vista de todos.
O rosnado baixo de Gascon chamou a atenção do barão.
— Mate aquele vira-lata. — Ele ordenou, andando pelo bordel como uma praga. Mais homens o seguiram.
Todo o medo e vontade de se submeter desapareceram, deixando Emma com raiva. Ele acabou de mandar alguém matar Gascon? Ela parou na frente de seu cachorro, bloqueando-o de outro homem que havia anotado o pedido.
— Toque nele. — Ela advertiu com os dentes cerrados. — E eu alimentarei seu sangue com meu veneno mais asqueroso. Você estará morto antes que a noite acabe e sua morte será muito desagradável.
— Afaste-se dela, John. — O homem, que ela presumiu ser Oliver Winther, falou lentamente em um tom profundo e perigoso e se aproximou dela. — É claro que ela te apavora. Um pouco compreensível, já que ela já o envenenou uma vez, provando que é capaz.
Ela o envenenou antes. Ah, oui, John, um dos sequestradores dela. Parecia que ele escapou de Malcolm com vida naquela noite.
Gascon gemeu e sentou-se sobre as pernas, ansioso para fazer mais, mas obediente ao toque de Emma.
— Oliver Winther, minha querida. — Ele pegou a mão dela e levou os nós dos dedos aos lábios para um beijo. — Barão de...
— Eu sei quem você é. Fique longe do meu cachorro.
Ela sabia que ele se curvou na frente dela para olhar em seus olhos pela forma como sua respiração agora tocava seu rosto. Não era totalmente desagradável, mas doce, com um toque de uma folha de hortelã que ele provavelmente estivera mascando algum tempo antes.
— E se eu não ficar longe do seu cachorro?
Ela podia ouvir a indulgência em sua voz. Ele estava zombando dela. Ela deveria estar com medo, mas estava muito ocupada querendo arrancar seus olhos.
— Você acha que eu não posso lhe infligir mal, meu senhor? — Ela perguntou a ele em sua voz mais inocente.
— Que mal poderia uma coisinha encantadora de mulher infligiria em mim?
E os rumores sobre sua arrogância eram verdadeiros.
— Eu poderia ter banhado meus dedos com o líquido de uma baga tirada da planta Nightshade. Você está familiarizado com isso? — Ela perguntou a ele. — É venenoso. Ou talvez eu prefira arsênico. É usado para tratar a sífilis e algumas outras doenças, mas eu conheço uma mistura perfeita que vai corroer um par de lábios mais rápido do que o fogo derrete manteiga.
Ele permaneceu quieto por tanto tempo que ela começou a ficar com medo novamente. E se a ousadia dela a matasse, ou pior, matasse Gascon ou Harry? Ele parecia estar esperando por uma reação a qualquer tipo de veneno. Quando não veio, ele riu, e muito alto também. Foi um som impiedoso, mas trouxe Mary correndo para o lado dele.
— Que o Senhor tenha misericórdia de mim aqui e agora. — Mary adulou, alcançando o lado do barão. Ela parecia sem fôlego e perplexa. — O que trouxe você aqui, querido? Parece que você caiu de um raio.
— Eu não caí, minha cara. — Respondeu o barão arrogante. — Eu pulei e capturei o raio e o mantenho aqui.
— Oh meu Deus! — Mary riu e Emma revirou os olhos.
— Senhorita Gray. — O barão gritou. — Você é uma gata de fogo, ordenadamente empilhada nesse corpo fino e flexível.
— Oliver, — Sebastian interrompeu. — Eu gostaria de ter uma palavra com você.
O barão largou Mary e olhou para o irmão.
— Agora?
— Sim.
— Se for sobre ela, não.
O coração de Emma bateu forte em seu peito, mas ela conseguiu não soar muito ansiosa quando falou.
— O que você quer comigo?
— Tudo. — Disse o barão. — Eu quero tudo, começando com você.
— Oliver. — Sebastian avisou em voz baixa e ameaçadora. — Deixe-a fora disso.
Emma o ouviu. Ele não parecia o Sebastian que ela conhecia e gostava. Ele parecia distante e vazio de qualquer coisa, exceto raiva em relação ao homem que enfrentava. Ela se lembrou de sua advertência sobre ser mansa e chorosa. O barão não gostava.
— Você se importa com ela, é isso, Bastian? É por isso que você não a levou para mim.
— Estou ouvindo direito? — O equivalente feminino da fria indiferença do barão soou nos ouvidos de Emma.
Bess.
— Diga a ele que você não se importa com ela. — Ela disse a seu amante favorito.
— Bastian, quem é essa prostituta, e por que ela te diz o que dizer para mim?
Bess deu um passo à frente, apesar da advertência em voz baixa de Sebastian para voltar para ele.
— Meu Senhor. — Ela passou a mão pelo braço dele e praticamente ronronou contra ele. — Tenho sido uma ajuda valiosa para o seu irmão.
— É assim mesmo?
— Sim, e posso ser uma ajuda ainda maior para você.
Os dois riram e Emma inclinou a cabeça em direção a Sebastian. Deve ser difícil para ele assistir Bess flertar com seu próprio irmão.
— Sebastian. — Disse Bess. — Conte a ele sobre Malcolm Grant.
Emma teve o suficiente disso e fez um som muito parecido com um sopro. Isso chamou a atenção do barão.
— Você conhece um Malcolm Grant, Srta. Gray?
Ela suspirou. Ao seu lado, escondido nas dobras de suas saias, seus dedos tremiam. Dizer não era a resposta óbvia. Ela tinha a sensação de que o barão esperava o óbvio.
— Oui, eu o conheço. Ele é um cliente frequente aqui que pensa que gosta de mim, mas está apenas curioso em ir para a cama com uma garota cega.
— Ele matou Andrew Winther. — Bess disse ao barão a seguir.
Emma riu.
— Isso é absurdo, Grant nunca está sóbrio. Ele não poderia atirar no tronco de uma árvore se estivesse sentado sob ele. Isso é um absurdo. Bess dirá qualquer coisa para encontrar o favor de um homem e obter para si uma vida nova e melhor do que a de Fortune's Smile. Eu não confiaria na 'ajuda' dela se fosse você. Diga a ele, Harry. — Seu irmão permanecera ameaçadoramente quieto desde a chegada do barão. Ele permaneceu assim agora.
Ela quase podia ouvir o barão pensando sobre o que ela acabou de dizer. Finalmente, ele falou.
— Sebastian, isso é verdade?
Nada por um momento ou dois, então:
— Sim, é verdade.
Emma ficou surpresa e aliviada por ele mentir por ela.
Bess cuspiu uma praga nele. O irmão de Sebastian fez um som baixo com a garganta.
— Bastian, — ele rosnou, — duas vezes ela disse a você o que dizer para mim e agora ela o amaldiçoa e você não faz nada. Quantas vezes você a levou para a sua cama?
— Oliver. Cesse isso.
— Você se importa com ela. — Oliver Winther riu, um som vago sem alegria ou misericórdia. — Quando seu coração vai parar de sangrar por essas vadias necessitadas, irmão?
Emma ouviu o som de uma adaga saindo de sua bainha. Ela soube imediatamente o que estava acontecendo. E era culpa dela!
— Não! — Ela gritou quando o barão cravou a lâmina profundamente em Bess.
O grito de Sebastian explodiu pelo salão e pela cabeça de Emma, quase a fazendo cair de joelhos.
Finalmente o corpo de Bess caiu no chão. Ela estava morta.
— Como diabos você pode confiar em uma prostituta, Bastian? — Ele disse a Sebastian enquanto seu irmão mais novo se ajoelhava sobre o corpo de Bess. — E mais, pensar que eu também confiaria nela. Um dia você vai aprender.
Capítulo 34
Cailean observou os novos convidados do Fortune's Smile das sombras. Então, este era Oliver Winther, o homem de quem Harry tinha tanto medo. Isso explicava por que Gray se escondia nas sombras agora. Cailean teve que admitir: o barão tinha semelhanças com algo profano. Ele era alto e tinha ombros largos, membros longos e elegantes e um andar lento e determinado. Ele usava um casaco, feito com maestria em pele de animal, a bainha alcançando suas botas empoeiradas, a gola forrada com arminho e rígida em seus ombros e pescoço. Seu cabelo estava cortado rente ao couro cabeludo, como pó de ouro claro. Olhos claros e impiedosos examinaram a sala de jantar e a entrada da sala, sua boca se curvou em um sorriso sinuoso voltado principalmente para Emma.
Duas vezes Cailean se moveu para ir até eles, mas Alison o puxou de volta. John Burroughs o identificaria. E daí? Ele poderia enfrentar todos eles. Ele não deveria estar se escondendo nas sombras como um rapaz assustado.
Seus olhos se voltaram para Fletcher. O que diabos ele estava fazendo com o Barão de Newcastle? Cailean descobriria e então o mataria.
Como ele iria avisar Malcolm?
Mary se juntou a eles e Newcastle riu como um deus que se faz rindo sozinho dos meros humanos ao seu redor.
Enquanto Narciso9 se regozijava de si mesmo, Cailean olhou para Emma. Och, como seus pés doíam para ir até ela, pelo bem de seu irmão e pelo bem dela, e pelo dele também.
Ele devia muito a Emma. Assim como Malcolm e seus parentes quando viram o homem feliz que Malcolm finalmente se tornou. Se o barão pretendia impedir isso, Cailean o mataria. Ele não se esconderia nos malditos cantos!
— Cailean, por favor, meu amado. — Alison se agarrou a ele quando a tensão em seus músculos estava prestes a explodir. — Por favor, não vá. — Ela chorou baixinho. — Não me deixe neste mundo sem você.
Ele se lembrou da primeira noite em que a viu banhada pela luz avermelhada do fogo. Uma chama passando por ele e agitando emoções que ele não pensava ser capaz de sentir novamente. Emma pode ter salvado sua vida, mas Alison o trouxe de volta dos mortos.
— Eu não irei, moça. Não chore. Eu não vou te deixar.
Ele beijou sua cabeça e observou Bess se aproximar do barão. Ele acabou de ouvir alguém dizer irmão? Bess estava contando a ele sobre Malcolm? Quando a ouviu dizer a Winther que Malcolm matou Andrew, Cailean xingou e enxugou a testa.
Quando Emma mentiu sobre Malcolm, o cliente bêbado, Cailean só podia admirar seu controle e força. Ela se sairia bem em Camlochlin.
Cailean não respirou quando o barão se voltou contra Bess. Ele não esperava que Winther a apunhalasse. Ele acalmou Alison e a segurou perto quando o corpo de Bess bateu no chão.
Cailean deveria ter esperado que Emma tentasse ajudar. Ela deu um passo à frente, as mãos estendidas diante dela.
Cailean não sabia o que ela poderia fazer, ou se o bastardo assassino tentaria matá-la em seguida.
Alison não teve tempo de detê-lo. Antes que ele tivesse tempo para pensar ou lembrar as palavras que havia falado com ela alguns momentos atrás, ele correu das sombras e do lado de Alison e atirou sua própria adaga no barão. Sua lâmina errou o alvo quando John Burroughs, vendo o que Cailean pretendia fazer, saltou na frente de seu senhor e recebeu a adaga nas entranhas. Seu corpo se chocou contra o do barão e os dois caíram.
Cailean avançou e tirou a espada da bainha. Ele a ergueu bem alto e desceu com um golpe que livraria a terra de um monstro.
Outra lâmina se chocou contra a dele, impedindo sua descida total. Cailean ergueu os olhos de seu punho para os olhos de Sebastian Fletcher.
— Cailean, pare com isso agora antes de matar outro de meus irmãos. Embora, devo admitir, gostaria de matá-lo eu mesmo agora.
— O quê? — Cailean perguntou totalmente confuso enquanto um dos homens abaixo dele se movia. — Seu irmão?
Algo atingiu sua cabeça com força: o cabo de uma espada, o cabo de uma pistola? Ele caiu no chão e sentiu sua consciência desvanecer-se. Ele se segurou. Ele viu uma figura de pé sobre ele, seu rosto estava embaçado, mas seus olhos não.
Oliver Winther se inclinou sobre ele e pode ter sorrido.
— Você acabou de acabar com sua própria vida e é uma verdadeira pena. Você é corajoso.
Cailean não se lembrou de nada depois que o homem o chutou nas entranhas, exceto talvez, o grito de Emma.
— Não o mate, meu senhor!
Emma sabia que estava correndo um risco enorme em ter a mão estendida — coberta com o sangue de Bess — e tocar a manga do barão para detê-lo, especialmente porque ele acabou de assassinar Bess. Mas Emma teria feito qualquer coisa para impedi-lo de matar Cailean.
— Poupe-o! Eu imploro. — Ela implorou.
— Você implora pela vida dele? — O barão perguntou a ela, parando sua mão contra Cailean uma terceira vez. — Por quê? Quem é ele?
Ela fez uma pausa, não querendo dar seu nome verdadeiro e não sabendo mais o que dizer.
— Cailean Fletcher. — Sebastian falou por ela enquanto corria para o lado de John.
Oh, ela estava com tanta raiva dele. Ele traiu todos eles. Ele tinha ido ao bordel para obter informações sobre a morte de seu irmão. Ele conseguiu o que precisava e então mandou buscar seu irmão assassino. Mas ele mentiu por ela. Duas vezes agora. Por quê?
— Ele viaja sozinho, — Sebastian mentiu. — Oliver, John precisa de atenção. Deixe a Srta. Gray dar uma olhada nele.
Oliver deu uma risadinha.
— Bastian, a Srta. Gray é cega.
Emma não queria ajudar John. Ela não queria fazer a pratica de seu remédio em ninguém que provavelmente iria se voltar contra ela mais tarde e queimá-la viva. Mas se ela não ajudasse John, não poderia ajudar Cailean.
— Eu posso ser capaz de fazer algo. — Emma ofereceu, desesperada. — Não mate o Sr. Fletcher e eu farei o que puder pelo seu comandante.
— Você me pede muito. — Disse o barão.
— Eu ofereço muito em troca. — Ela respondeu. — A menos que você queira que ele morra.
Ele riu e não se moveu para ver sobre o homem que salvou sua vida. Ela não achava que ele aceitaria o acordo.
— Venha então. — Ele finalmente se afastou de Cailean e estendeu o braço para ela. Ela não queria aceitar. — Salve John e salve este seu Cailean Fletcher.
Com um suspiro de alívio, ela aceitou sua oferta e pegou seu braço. Ele era mais alto do que ela esperava, com apenas um grama de gordura em seu braço. Ele a conduziu até seu comandante em silêncio.
No instante em que ele a soltou, ela ficou de joelhos e examinou o ferimento de John Burroughs. Ela preferia cuidar de Cailean. Quão ruins estavam seus ferimentos?
— Cailean está acordado? — Ela sussurrou para Sebastian.
— Não.
Ela precisava chegar até ele.
— Como você pôde fazer isso conosco, Sebastian? Achei que você fosse um amigo.
— Sou. — Assegurou-lhe ele em voz baixa enquanto o barão atravessava o salão. — Eu não mandei chamá-lo, Emma. Alguém fez isso.
— Quem? — Ela perguntou. Quem os trairia assim?
— Harry Gray! — O barão gritou. — Saia das sombras. Temos negócios pendentes para discutir!
Não.
— Não. — Emma suspirou. — Não meu irmão. — Ela enxugou uma lágrima do olho. — Não, Harry.
— Sinto muito. — Sebastian sussurrou.
Ela balançou a cabeça e se levantou.
— Harry? — Ela gritou. — Harry! Me responda!
— Emmaline. — A voz trêmula de seu irmão encheu seus ouvidos. — Eu precisei. Ele ameaçou matar todos nós e queimar o bordel se eu não fizesse o que disse. Se eu não...
John Burroughs gemeu.
— Emma. — Sebastian se levantou e se inclinou para falar em seu ouvido. — John reconhecerá Cailean quando ele acordar?
Oui, ele faria. Cailean seria o próximo a morrer neste salão. Ela tinha que tirar a traição de Harry da cabeça e se concentrar em manter John dormindo.
Ela pegou os frascos de ervas que mantinha escondidos nas saias, mas a voz fria do barão a deteve.
— O que você pensa que está fazendo, Srta. Gray?
— Certificando-me de que ele tenha menos dor e durma durante minhas ministrações.
— Ele não precisa dormir. — Insistiu Winther. — Ele precisa estar em um cavalo e pronto para partir em...
— Harry, seu bastardo. — Ela não conseguia conter sua raiva, seu coração partido. — Você sempre foi um filho da...
— Seu irmão me disse que você é uma dama, Srta. Gray. — Oliver Winther disse. — Não és?
— Por quê? — Ela perguntou. — Ser uma prostituta torna uma mulher menos dama? Alguém mais fácil de matar?
— Não, uma é fácil de matar quando elas tentam usar meu irmão para seu próprio benefício. Você mesmo disse que eu não deveria confiar nela.
— Eu não disse para você matá-la. — Emma respondeu. — Mas fique à vontade para fazer o que quiser com Harry.
Ela se recusou a pensar em seu irmão novamente. Ela não iria derramar lágrimas sobre ele. Mas mesmo quando ela jurou, sabia que não era verdade.
Onde estava Alison? Emma se perguntou, afastando seu irmão de seus pensamentos. E Gunter e Brianne? Ela rezou para que estivessem juntos, em algum lugar do lado de fora, esperando para avisar Malcolm.
Ela fez o que pôde por John, fazendo curativos em seu ferimento e costurando-o no chão do salão de Fortune's Smile. Ela o medicou com raízes e ervas suficientes para fazê-lo dormir por vinte e quatro horas inteiras. Depois de cuidar de John, ela foi para Cailean. Sua têmpora estava inchada e ela rezou para que ele não sofresse nenhum dano permanente. Seu pulso estava forte e sua pele estava quente. Ele não acordou meia hora depois, ou quando Oliver ordenou que Sebastian e o resto de seus homens ajudassem John a montar um cavalo.
Sebastian tirou seu irmão do alcance da voz, até mesmo para Emma, e perguntou a ele qual era o plano.
— Estamos levando a Srta. Gray e o Sr. Fletcher conosco.
— Não, Oliver. — Sebastian insistiu. — Nós não precisamos...
— Sim. — Seu irmão interrompeu. — Ela pertence a mim agora.
— Que diabos isso significa? — Sebastian exigiu.
— O irmão dela a deu para mim em troca de minha clemência depois que Andrew morreu em seu estabelecimento.
— Ela não é uma serva, Oliver.
— Eu sei, mas preciso que ela me ajude em algo e não estou sendo mais do que misericordioso e compreensivo ao permitir que aquele tal de Fletcher viva?
— O que é isso? — Sebastian exigiu. — Por que você precisa dela?
— O que, não é da sua conta.
— Não. — Sebastian rebateu, ameaçadoramente. — O que deveria ser é sua maior preocupação. Pois se você a machucar de alguma forma, vou deixar sua presença para sempre. Você não terá escolha a não ser me considerar morto porque nunca vai me ver vivo novamente.
Oliver riu.
— Você acha que essa ameaça significa alguma coisa para mim?
— Sim, eu quero que signifique. — Sebastian disse.
Os irmãos ficaram em silêncio por um ou dois momentos, com Oliver cedendo primeiro.
— Bem. Se isso significa tanto para você, não vou tocá-la, levá-la para a minha cama ou machucá-la de qualquer forma. Você tem minha palavra. Mas não vou deixar você me impedir de mantê-la. Ela é vital para o futuro do Newcastle. Eu preciso da ajuda dela e se eu precisar matar todos aqui para conseguir, irei fazê-lo.
— Você não precisa. — Emma disse, vindo por trás dele. — Eu irei com você e o ajudarei, meu senhor. — Ela anunciou, silenciando a todos. Ela não ia deixar mais nenhum de seus amigos se machucar. — Mas, primeiro, você vai me dizer no que devo ajudá-lo.
Ele se aproximou dela e rosnou para Gascon. Mas quando ele falou com ela, sua voz era como um suspiro profundo e melancólico.
— Muito bem, Srta. Gray. — Abaixando o seu rosto, assim como seu tom, baixo o suficiente para que ninguém além dela pudesse ouvi-lo.
— Estou ficando cego. Eu preciso que você me ajude a ver sem meus olhos.
Capítulo 35
Malcolm odiava ter que arrastar uma mulher através da chuva, em um cavalo, com quase nenhuma luz para guiar seu caminho. Esta não reclamou, mas sim se manteve sorrindo durante todo o caminho. O nome dela era Leslie e ele não a encontrou no bordel Thieving Prince. O proprietário não deixaria nenhuma de suas garotas sair a não ser por roubá-lo. Daí o maldito nome do lugar: Príncipe Ladrão.
Ele teve que viajar léguas de distância, até um pequeno bordel em South Hetton, para pegar Leslie.
Ela não ofereceu nenhum tipo de resistência quando foi informada de que estava deixando Hudson House com ele. Se os clientes do Fortune's Smile se pareciam com ele, ela ficaria feliz em ir.
— Tem certeza de que não vai ficar mais um pouco?
Ele balançou a cabeça e sorriu.
— Eu desejo ir para casa.
— Com Emmaline Gray, garota de sorte.
Eles tiveram que conversar sobre algo na jornada de volta, não era? Ele contou a Leslie sobre Emma e Gascon e todos no bordel.
— Por que você não pôde parar na Hudson House naquela noite, em vez do Fortune’s Smile? Bem, — Ela disse com um suspiro longo e pesaroso. — Talvez eu também encontre meu Príncipe Perfeito lá.
Ele riu.
— Eu não sou perfeito. Och, longe disso.
— E humilde também.
— Você é boa para meu orgulho, Leslie.
— Eu poderia ser boa para mais do que isso, meu senhor.
Leslie era muito bonita, com cabelos totalmente negros e olhos azuis suaves, doce, bem-humorada, mas ele não estava nem um pouco interessado. Ele era celibatário, não desinteressado. Emma era a razão. Ah, como era bom finalmente entender as histórias de amor de bardos como cantava Finn Grant, seu tio. Para saber o que fez os outros darem tudo pelas mulheres que amavam.
— Aqui estamos. — Ele parou seu cavalo e se virou para ver Leslie fazer o mesmo. Ele pagou generosamente pelo cavalo, embora todos soubessem que a velha égua não valia muito.
Leslie desmontou sem a ajuda dele e olhou para o lugar onde agora moraria. A chuva finalmente parou e a lua lançou sua luz clara nas duas fileiras de janelas. Ela viu algo e deu um passo para trás.
Seguindo seu olhar, Malcolm viu o rosto de um homem na janela pouco antes de quem quer que ele fosse se retirasse de seu campo de sua visão.
— Por que você me trouxe aqui? Como você pôde?
— O quê? — Malcolm estendeu a mão para ela, mas ela se afastou, parecendo com medo.
— Você sabia que ele estava aqui e não me contou.
— Quem é ele? Você o conhece? — Ela estava louca? É por isso que Will Burnet desistiu dela tão facilmente?
— Oliver Winther. O Barão de...
O coração de Malcolm acelerou rapidamente. Não! Ela estava enganada.
— Era Oliver Winther na janela? — Ele perguntou novamente para ter certeza.
— Sim, era ele com certeza.
Ele colocou sua espada em uma mão e uma pistola na outra. O terror correndo em suas veias era quase paralisante. O infame louco estava lá dentro com Emma? Cailean? Ele os machucou?
— Você não ficaria quando se dormiu com o diabo?
Inferno! Era Oliver Winther. Ele veio e Malcolm não estava aqui.
— Eu não a trouxe aqui para ele. — Malcolm jurou a ela. — Ele está lá dentro com... — Ele não terminou. — Eu devo salvá-los. Pegue meu cavalo e vá.
— Seus amigos provavelmente já estão mortos. Você deveria vir comig...
Ele a deixou lá com seu cavalo e o dela, e desapareceu pela casa. Ela poderia estar errada. Estava escuro, com apenas a luz da lua para capturar um vislumbre do próprio diabo.
Ele deu a volta até a porta da cozinha e tentou abri-la. Bloqueada. Felizmente, sua mãe, Mairi MacGregor, o ensinou a arrombar fechaduras.
O interior estava silencioso. Muito quieto. Isso fez com que as batidas de seu coração disparassem em sua cabeça como tambores de batalha atingindo uma batida crescente. Não havia sons de sexo vindo de nenhum dos quartos do andar de cima. Sem clientes. Era possível, mas improvável. Onde estava Cailean? Harry? Gunter?
Ele se moveu pela cozinha e pela sala de jantar com cautela, certificando-se de que não havia outros Winthers escondidos nas sombras.
Ele se moveu em direção à sala, mas sua bota chutou algo macio. Um corpo estava caído no chão e isso deu um puxão em seu estômago até que ele se sentiu mal. Ele olhou para o corpo, sua respiração suspensa pelo terror de que fosse Emma.
Bess. Ele sentiu pouco alívio com a morte dela porque qualquer outra prostituta poderia aparecer, tão fria quanto, em qualquer esquina. Ele se ajoelhou ao lado dela e sentiu sua pele. Ela estava morta há algumas horas.
Ele não queria encontrar a mulher que amava ou seu irmão morto. Ele não achava que se recuperaria disso.
Mas esta era uma batalha. Nenhum oponente o encontraria fugindo de uma luta. Se ele encontrasse seus entes queridos mortos, ele faria o que precisava ser feito.
O quarto de Emma foi o primeiro que ele verificou. Ele o encontrou vazio, embora no fundo suspeitasse dessa condição.
Desistir de sua posição nunca passou por sua mente quando o nome dela saiu de sua boca.
— Emma!
Antes de deixar o quarto dela, ele olhou ao redor da entrada para se certificar de que o corredor estava livre de quaisquer inimigos. Estava, mas Newcastle estava aqui. Malcolm só podia esperar que os outros escapassem antes que o barão chegasse.
— Mostre-se, covarde! — Malcolm desafiou. — Venha conhecer o homem que vai acabar com sua vida.
A porta de Mary, três porta abaixo, se abriu e ela saiu. Alguém estava atrás dela, guiando-a para onde ir. Malcolm soube quem era antes de avistar o brilho de prata da adaga apontada para sua garganta.
— Você se esconde atrás das mulheres, Newcastle? — Ele riu. — Eu ouvi que você era destemido e feroz. Contra crianças, talvez.
— Eu uso mulheres. — O barão corrigiu. — Veja. — Ele se inclinou sobre Mary e traçou a ponta da lâmina em seu rosto, de orelha a orelha. — Diga-me o nome desse homem ou então vou esfolar você viva, desse corpo suntuoso de dentro para fora.
— Meu nome é Malcolm Grant. Deixe ela ir.
— O nome dele, mulher! — Ele pressionou sua adaga mais perto de sua carne.
— Malcolm Grant! — Mary gritou.
Newcastle sorriu e convenceu Malcolm de que tipo de alma ele estava lidando.
— Estranho. — Newcastle rosnou. — Você não parece um bêbado para mim. Diga-me, Mary, qual das garotas ele está aqui para ver?
O barão ouviu o clique da fechadura da pistola de Malcolm e ergueu os olhos, longe de Mary.
— Solte-a ou vou me mover e depois matá-lo.
O barão não parecia muito preocupado.
— Você parece um daqueles Highlanders, Sr. Grant. — Disse ele, segurando Mary mais perto. — Mas isso significa que meu irmão mentiu para mim sobre tudo.
Que irmão? Do que diabos ele estava falando?
— Talvez você tenha a coragem de me dizer a verdade. Você está simplesmente curioso sobre a cegueira da Srta. Grey? Ou seus sentimentos são mais profundos?
— O que Emma tem a ver com qualquer coisa? Onde ela está? Onde estão os outros? — Ele demandou.
— Harry Gray está dormindo em seu quarto, eu suspeito. A Srta. Grey está a caminho de Newcastle, onde se tornará minha esposa...
O sorriso de Malcolm era uma promessa de destruição total.
— Ela não pode se casar com um cadáver.
Newcastle sorriu e continuou.
— E um jovem de quem ela parece gostar muito chamado Sr. Fletcher
— Sebastian Fletcher? — Malcolm respirou.
O barão lançou-lhe um olhar penetrante e curioso.
— Meu irmão, Sebastian Winther. — Ele corrigiu. — Cailean Fletcher. Como eu estava dizendo...
Pelas bolas queimadas de Satanás, ele tinha Cailean também! Malcolm os traria de volta se tivesse que matar todos os Winther da Inglaterra — incluindo Sebastian. Inferno, Fletcher era o irmão do barão. Ele foi enviado aqui para espionar. Era demais para aceitar. Por enquanto, ele tinha que se concentrar em Emma e Cailean.
—Eu vou te matar. — Malcolm prometeu a ele.
O barão sorriu. Não fez nada para suavizar suas feições, mas sim, o fez parecer ainda mais perigoso.
— Como você matou Andrew? Diga-me, foi você e aquele Fletcher que fez isso?
— Eu matei muitos. Andrew Winther não se sobressai na minha cabeça.
O sorriso lento e sinuoso do barão era assustador.
— Eu vou descobrir.
— Infelizmente para você. — Malcolm corrigiu. — Você estará morto em breve e não haverá nada que possa fazer sobre isso.
— Veremos. — Newcastle empurrou Mary para frente e voltou para o quarto dela.
Malcolm a segurou, certificou-se de que ela não estava ferida, e então desapareceu no quarto ao lado.
O barão se foi. As persianas abertas na janela provaram sua covardia. Malcolm espalhou seu olhar sobre o jardim da frente, mas não viu nenhum movimento. Correndo para fora, ele descobriu por Mary que Gunter, Brianne, Alison e alguns outros haviam escapado. Ela não sabia onde eles estavam.
Malcolm praguejou ao descer as escadas. Ele disse a Sebastian Winther que matou Andrew. Ele contou a ele sobre Skye. Ele iria matá-lo. Ele tinha que fazê-lo. Nenhum inimigo jamais saberia como encontrar Camlochlin. O nome MacGregor foi proibido. Não sobrou nenhum no continente e simpatizantes foram enforcados junto com seus teimosos irmãos de armas.
Malcolm havia colocado sua família em perigo. Ele tinha que consertar. Mas primeiro tinha que trazer Emma e Cailean de volta.
Ele deixou o bordel, ouvindo os sons da noite. Ele encontraria o barão aqui ou a caminho de Newcastle. Não importa. Ele tinha que chegar até ele antes que o barão chegasse até Emma e Cailean.
Ele pensou em matar os irmãos Winther. Mas algo não estava bem com ele. Se Sebastian foi enviado para espionar, por que Oliver Winther não sabia de nada, como o fato dele e Cailean serem irmãos, por exemplo?
Movimento para a esquerda. Ele se virou e apontou sua pistola para a luz cinza e apagada da lua. Até que as nuvens passassem, ele não conseguia ver nada. Ele fechou os olhos. O sangue de guerreiros antigos corria em suas veias. Quando os mais velhos fizeram os rapazes e moças de Camlochlin aprenderem a lutar com os olhos vendados, nenhum deles reclamou. Não se você quisesse viver em uma luta e os Highlanders gostavam de lutar.
— Você se revela por seu medo de mim, Winther. — Malcolm sussurrou.
A respiração pesada do barão facilitou encontrar sua posição. Malcolm ergueu sua lâmina e bloqueou um golpe em sua cabeça. Sendo aquele o último a ameaçar seus sinais vitais, Malcolm o dominou e desferiu um golpe no rosto do oponente que soou como se seu nariz estivesse rachando.
Malcolm se preparou para a próxima rodada, mas Winther tinha ido embora.
— Isto é seu?
Malcolm se virou para a voz e encontrou a lua sem nuvens e derramando um brilho sinistro sobre a pequena campina atrás do bordel. Por um momento, ele não viu nenhum movimento, mas então ele a viu. Uma mulher correndo em sua direção. Seu cabelo era escuro. Alison? Não, mais escuro.
Leslie.
Ele saiu das sombras do bordel e partiu em sua direção. O que diabos ela ainda estava fazendo aqui?
Um tiro foi disparado!
O corpo de Leslie estremeceu e começou a cair. Atrás dela, o barão estava a poucos metros de distância, com a pistola fumegante na mão.
Não! Malcolm correu mais rápido, a espada erguida sobre a cabeça. Ele não parou quando Newcastle ergueu outra pistola e atirou no lado esquerdo do peito de Malcolm. A dor percorreu todo o seu corpo e o empurrou para trás... e quase para baixo. Ele não sabia como, mas continuou correndo. Emma e Cailean contavam com ele para não desistir. Assim que chegassem ao Castelo, seria mais difícil salvá-los.
Em vez de parar para verificar Leslie como o barão esperava, Malcolm continuou e saltou no ar. Ele baixou sua espada com ele quando seus joelhos atingiram o chão, cortando e fazendo uma linha de 30 centímetros de profundidade no rosto, peito e barriga do barão.
Foi profundo o suficiente? Quanto tempo isso lhe daria? Inferno, ele pensou, observando o barão se levantar, forte o suficiente para dar um passo em sua direção, vacilante ou não. Não seria muito tempo para ele.
— Você me impressiona, Grant. — Disse o barão, segurando sua lâmina contra a garganta de Malcolm enquanto o sangue empapava a frente de suas roupas. — A maioria dos homens não resistiria. Estou cercado de submissão, medo, entrega, tudo isso, o tempo todo. Mas existem alguns que não têm medo. Você é um deles. Não, você é mais! Você lutou comigo no escuro! Você vai me ensinar como fazer isso?
— Winther. — Malcolm se levantou. Ele não tinha certeza de quanto dano ele poderia causar enquanto perdia tanto sangue. Um pouco mais abaixo e a bala da pistola teria passado por seu coração. Mas isso não aconteceu. Ele estava vivo e planejava ficar assim. — Eu quero que você entenda isso. Eu não dou a mínima para o que você está cercado, ou quem tem medo de você. Eu não estou, e se você não tivesse medo de mim, me deixaria vivo para lutar outro dia.
— Não tenho medo de nada. — Confirmou o barão.
— Prove.
Capítulo 36
— Você vai ter que falar comigo mais cedo ou mais tarde.
Emma manteve os olhos fixos à frente enquanto Sebastian trotava com seu cavalo ao lado do dela, conduzindo-a pelas rédeas de sua égua.
— Mais tarde, seria ótimo. — Disse ela. — Nunca seria melhor.
— Eu menti para ele por você. — Sebastian a lembrou, sua voz muito gentil e doce para pertencer a um Winther. — Ele tem um temperamento terrível e poderia ter me enforcado.
— Mas ele não enforcou você, Sebastian! Ele ficou para trás no bordel, exigindo a atenção de Mary e Jane. Ele muito provavelmente se encontrará com Malcolm. O que você acha que Malcolm fará quando encontrar seu irmão e souber que Cailean e eu formos levados para Newcastle?
— Provavelmente será mais sangrento do que qualquer um de nós imagina.
Emma girou em seu cavalo ao som da voz de Cailean. Ele acordou, graças a Deus. Quando eles deixaram Hebburn, ele foi jogado, inconsciente, sobre uma sela, mole e sem vida. Ela ficou tão feliz em ouvi-lo se mover até que ele montou na sela corretamente.
— Alison está conosco? — Foi sua primeira pergunta a ela.
— Não. Ela permaneceu escondida, suponho que com Gunter e Brianne.
O alívio fluiu da respiração que ele exalou.
— Como você está se sentindo? — Ela perguntou, esperando que ele conduzisse sua montaria até ela.
— Bem, considerando que não consigo sentir minha cabeça ou rosto.
Ela se voltou para Sebastian e jurou que, se ele recusasse, nunca o perdoaria.
— Talvez pudéssemos parar em algum lugar? Eu poderia preparar algo para aliviar a dor de Cailean.
— Ah, o traidor cavalga conosco. — Acusou Cailean a Sebastian. — Presumo que vamos para Newcastle, prisioneiros de seu irmão louco.
— Eu te avisei para se esconder, não foi? — Sebastian rebateu.
— É o suficiente! — Emma ergueu as mãos. — Cailean, você realmente quer lutar contra alguém que provavelmente vai te dar um soco na cara?
— Eu não lutaria com ele em sua condição, Emma. — Sebastian a corrigiu. — Eu não sou um bárbaro. — Ele parecia insultado, genuinamente ferido.
Embora Malcolm preenchesse seus pensamentos, Emma teve vontade de sorrir, apenas por um momento.
— Estou aliviada em ouvir isso, Sebastian.
— Uma hora é tempo suficiente? — Ele perguntou.
— Não, mas não vou recusar.
Eles pararam na próxima cidade que encontraram e alugaram um quarto em uma pousada. Emma ajudou Cailean a sentar-se em uma cadeira e se voltou para Sebastian.
— Eu preciso de preparações de ópio.
Ele riu.
— Onde posso encontrar um comerciante que vende preparações de ópio?
— Pergunte por aí. — Ela disse a ele. — Você é um Winther. Use seu prestigio um pouco.
Ela ficou surpresa quando ele fez o que ela pediu com nada mais do que um juramento abafado.
— Emma?
Ela se virou para a voz de Cailean, então correu para o lado dele. Seu rosto precisava ser limpo e preparado para um curativo.
— Por que você estava sorrindo para aquele traidor?
— Ele fez tudo ao seu alcance para nos proteger de seu irmão. Não acho que ele seja um traidor. Acho que ele está realmente arrependido de que seu irmão nos encontrou.
— Então por que ele não nos deixa ir? Seu irmão não está aqui.
— Onde nós vamos? Você não pode me proteger com seus olhos semicerrados. Mesmo se ficarmos aqui nesta pousada, no instante em que alguém souber que sou cega e tenho pouca proteção...
— Tudo bem, eu entendo. — Cailean a interrompeu. — Eu ainda posso lutar.
— Claro que você pode. — Ela o assegurou com indulgência.
Ela limpou o rosto dele e as feridas que o cobriam e contou tudo o que acontecera desde que ele foi nocauteado. Ela contou a ele seus temores de que Malcolm tivesse retornado ao bordel e encontrado o barão lá.
— Malcolm vai matá-lo e vir até nós, moça.
Oui, era isso que iria acontecer. Ele estava certo. Seu irmão o conhecia melhor do que ninguém, não era?
Ela nunca havia tocado o rosto de Cailean antes. Ela o fez agora, gostando de sua semelhança com Malcolm, embora sua testa fosse mais alta, seus olhos bem separados, e a covinha profunda e permanente em seu queixo lhe dava um rosto lindamente inocente, enquanto não havia nada de inocente em seu irmão.
Quando ela levou a mão ao rosto dele e o sentiu sorrir, ela se afastou.
Sebastian voltou menos de um quarto de hora depois com uma pequena bolsa e uma garrafinha. Ela não fez perguntas, mas começou a trabalhar na mistura certa. Enquanto preparava o analgésico de Cailean, ouviu sua conversa com Sebastian.
— Você afirma querer ajudar. — Cailean estava dizendo. — É por isso que você disse ao seu irmão que eu era Fletcher?
— Sim, John disse a Oliver que dois Highlanders viajando juntos mataram Andrew. Provavelmente dois irmãos Highlanders estavam viajando juntos. Você concorda?
Cailean assentiu. Sebastian era inteligente e fez o que fez para salvá-los.
— Por quê? — Ela perguntou a ele.
— O quê?
— Por que você os protege se acredita que mataram seu irmão?
— Eu não sei quem matou Andrew. Mas não foi Malcolm.
— Como você sabe? — Cailean perguntou a ele.
— Porque ele afirma ter atirado no meu irmão. Mas Andrew não foi baleado.
— Como ele morreu então? — Cailean perguntou para ele. — Lâmina?
— Eu não posso dizer. É a única maneira de sabermos se temos o verdadeiro assassino.
— Então diga isso ao seu irmão! — Ela exigiu. — Diga a ele que não foi Malcolm e exija que ele nos deixe ir!
— E se foi Cailean quem matou Andrew?
— Isso não impede você de ajudá-lo agora, Sebastian. Então eu pergunto de novo, por quê?
— Eu gosto deles. — Ele admitiu.
— Como podemos confiar em você? — Cailean perguntou.
Sebastian ficou quieto um pouco. Emma o ouviu se mexendo em seu assento.
— Eu vou dizer a vocês dois algo que vai deixar muitos mortos se Oliver descobrir. É assim que você saberá que pode confiar em mim.
— O que é isso? — Emma perguntou enquanto preparava o chá de Cailean.
— Dunston.
— Em Gateshead? — Cailean perguntou.
Sebastian concordou. Ele contou a eles como o povo de Dunston tentou ajudar a criar ele e seus irmãos depois que sua mãe morreu e seu pai os deixou.
— Oliver me mandou lá recentemente para conter uma pequena revolta. Ele acha que eu parei matando os instigadores.
— E você matou? — Emma perguntou a ele calmamente.
— Não, eu não fiz. Minha família mora em Dunston.
— Sua família? — Cailean perguntou a ele, pegando seu chá e tomando um gole. — Há Winthers em Dunston também?
Sebastian balançou a cabeça. Quando ele falou novamente, sua voz ficou mais suave, mais baixa.
— Fletchers. Meu verdadeiro pai, Samuel Fletcher. Ele foi amante da minha mãe há vinte e um anos atrás. Tenho dois meios-irmãos que não se parecem em nada com Oliver.
— O barão sabe?
— Não, Emma, ele não sabe. Eu não falo deles. Nunca. Se ele soubesse... — Ele fez uma pausa e soltou um suspiro longo e preocupado. — Inferno, há tantos motivos pelos quais ele os quer mortos. E quando Oliver quer alguém morto, geralmente acaba assim. Ele acha que sou um selvagem como ele. Ele se orgulha disso. Então aí está você. Estou dizendo isso para que você confie em mim. Samuel Fletcher é um bom homem e me ensinou a reconhecer outras pessoas boas, quando as encontros. É por isso que não matei Malcolm ou Cailean quando Bess me disse que eles mataram Andrew. Andrew não era um bom homem.
— Você tem minha palavra de que nunca direi... Tudo o que você me disse é... incrível. A dor passou e me sinto muito bem.
— Bom o suficiente para cavalgar? — Sebastian perguntou da porta. Ele estava ansioso para voltar à estrada.
Ela ajudou Cailean a se levantar e esperou até que ele se firmasse.
— Eu estou bom o suficiente para ir. — Ele murmurou com uma peculiaridade de sua boca.
— Eu confio em você, Sebastian. — Emma o parou na porta. — E eu sou grata por não... — Seus olhos se encheram de lágrimas. — Perdoe-me, — ela disse calmamente, de cabeça baixa. — Eu me preocupo com Malcolm. Meu coração está tão perdido para ele que temo não poder continuar sem Malcolm. Se o barão o machucou... se Malcolm estiver... e Harry, meu próprio irmão. — Ela balançou a cabeça e fechou os olhos com força para parar de chorar.
Sebastian pegou a mão dela.
— Farei tudo o que puder para proteger todos vocês.
Sebastian manteria sua palavra? Ele fora ao bordel como espião de seu irmão maluco, que tentou sequestrá-la! Ele havia enganado todos por ser agradável, aparentemente honesto e muito sincero. Mas ele não disse nada a Oliver ou Cailean estaria morto agora.
O que ele estava quase fazendo de novo.
Cailean não tinha dado cinco passos pela pousada, metade da cabeça enfaixada e um sorriso no rosto, quando seis homens tentaram roubá-lo.
Sebastian decidiu detê-los e desapareceu do lado dela. Em um instante ele se foi, deixando-a com o som de uma briga, o choque de lâminas e corpos batendo no chão.
Ela pegou Gascon pelo pescoço e foi na direção de Cailean para se certificar de que ele estava bem.
— Fique lá! — Sebastian a chamou. — Eu irei buscar você.
Ela o ignorou e deixou Gascon manobrá-la ao redor dos corpos.
Quando ela alcançou Cailean, ele garantiu que estava intocado.
— Ele tinha todos os seis ladrões controlados. — Ele lhe disse, afirmando o que ela suspeitava. — Você é rápido. — Ele disse quando Sebastian se aproximou para escoltá-los pelo resto do caminho.
— Oliver Winther é meu irmão. Aprendi cedo como lutar para me manter vivo.
Eles saíram da pousada e Emma estendeu a mão para Sebastian, parando-o.
— Sinto muito pela perda de seu irmão, Andrew.
— Você tem o meu agradecimento. — Ele ergueu a mão dela de seu braço e levou-a aos lábios. — Você é a única pessoa que disse isso, embora eu entenda por que outros não o fizeram. E Emma?
— Oui?
— Sinto muito pelo Harry.
Capítulo 37
Malcolm tentou abrir os olhos, mas suas pálpebras doíam como o inferno. Ele gemeu e tentou se virar na cama, mas a dor nas laterais do corpo era muito grande.
Sua cama?
Ele estava no bordel? Como ele chegou aqui? Ele abriu os olhos e olhou em volta. Ele estava no quarto de Emma. Uma moça estava chorando.
— Emma! — Ele falou o nome dela, sem reconhecer a voz rouca e fraca que alcançou seus ouvidos. Ele tentou sair da cama, mas a dor atravessou seu corpo como uma centena de espadas. Alguém o empurrou de volta suavemente.
— Você não deve tentar se levantar. — Era a voz de Alison. Não de Emma.
Emma foi levada.
— Seu corpo não está totalmente curado.
— Emma.
Com a menção de seu nome, Alison começou a chorar novamente.
— Oh, Malcolm. Ele a levou. Ele levou os dois. Gunter não me deixou ir até ele. Ele me segurou nas sombras enquanto o barão ordenava que eles fossem levados embora. Eles estão provavelmente mortos agora! Você esteve tão doente. Eu não sabia como tratar seu osso quebrado
Sua costela. Ele se lembrou de Oliver chutando-o depois que ele bateu em sua cabeça com... inferno, ele não sabia com o que o barão o havia atingido. Ele foi baleado. Ele sabia disso. E seu rosto doía.
— Tentei me lembrar das coisas que Emma fez por você e Cailean, mas não acho que fiz muito bem.
— Você se saiu muito bem, moça. — Assegurou ele.
— Você está entrando e saindo do delírio há quase quatro dias e eu...
— O quê? — Ele lutou contra uma onda de dor e náusea para se sentar. — Quatro dias? Winther teve Emma e Cailean por quatro dias? — O terror se apoderou dele. Não! Ele tinha que se levantar agora! Ele tinha que chegar a Newcastle antes que fosse tarde demais. Seu estômago se revirou e deu um nó. Já era tarde demais?
— Onde está Harry? — Ele apertou os olhos doloridos quando a dor o assaltou, mas ele se sentou e moveu as pernas para o lado da cama. Quanto mais ele se movia, mais forte se sentia.
— Ele está exatamente onde merece estar. Seguro em sua cama. — Alison disse a ele. — Foi ele quem traiu sua irmã, Malcolm. Parece que ele fez um acordo com o diabo depois que Andrew Winther foi morto e deu sua irmã para o barão e salvar seu próprio traseiro. — Ela enxugou o nariz com um pequeno pano e olhou para ele com olhos verdes claros. — Gunter o amarrou à cama. Não sabíamos mais o que fazer com ele.
Harry? Sim, fazia sentido! Harry fingiu não querer sua irmã com ele porque não acreditava que Malcolm fosse bom o suficiente para ela. Mas o barão era? Harry nunca deu a mínima para Emma. O bastardo! Malcolm cuidaria dele. Fez um trato com o diabo, certo? Inferno, ele não conhecia o diabo. Ainda.
— Oh, Malcolm. Você é a única esperança.
— Eu sei. — Ele disse a Alison, tentando se sentar novamente. Desta vez, ele conseguiu. Nada iria impedi-lo. Ele sabia que era o único que poderia deter o barão. Desta vez, ele não levaria um tiro. — Vou pegá-los de volta. — Ele prometeu.
Ela acenou com a cabeça, indo para a porta. Sua voz a deteve.
— Havia uma moça comigo, sua substituta no bordel...
Alison apontou para a cama de Emma. Leslie estava deitada nela. Ela sorriu quando ele a olhou.
— Fico feliz em ver que aquele bastardo não matou você. — Ela disse quando ele colocou as pernas para o lado da cama e se levantou.
— Como vai você, moça? — Ele fez uma careta de dor em seu lado.
— Bem, ele atirou em mim também, mas acho que sua mão estava tremendo. Ele me acertou na perna. Alison me diz que preciso das mãos curativas de Emmaline Gray para me livrar da bala da pistola. Então, estou esperando por ela até que você a traga de volta.
Malcolm sorriu e ela corou.
— Gunter quer ajudar. — Alison disse a ele, alcançando a porta. — Eu irei chamá-lo.
— Alison. — Ele a parou novamente. — Onde está meu kilt? Estou farto deste traje inglês. Newcastle está prestes a enfrentar um Highlander.
Sozinho com Leslie, ele deixou a enormidade do que aconteceu cair sobre si. Ou ele ou Cailean causaram a morte de Andrew Winther e esses acontecimentos foram os efeitos dela. Bess estava morta e enterrada. Leslie foi baleada. Ele sentiu sua pele arrepiar ao pensar em Emma, seu anjinho — Nae. Emma não era uma flor delicada. Ele quase sorriu querendo imaginá-la alimentando o barão com alguns de seus chás.
Gunter irrompeu na sala com Alison, Brianne e o resto das meninas.
— Todos nós queremos ajudar.
— Algum de vocês já matou um homem antes? — Apenas Gunter levantou a mão. — O resto de vocês vai ajudar permanecendo aqui. Por favor, — ele disse suavemente, — deixe minha cabeça ser preenchida com pensamentos apenas de Emma e Cailean, não com o resto de vocês.
— Você não parece bem o suficiente para lutar contra aquela besta fria. — Brianne ofereceu, pegando a mão de Gunter. — Dê-nos mais um dia para encontrar alguns remédios que você pode levar com você.
— Nae, eu irei em um momento. Gunter, — Ele disse enquanto se virava para o guarda de Emma. Agora ele deveria pedir a Gunter para fazer o mesmo por ela. — Você vai cavalgar comigo para Newcastle enquanto eu...
— O que é isso? — Alison perguntou, dando um passo à frente. — Você acha que vou ficar para trás quando aquele bastardo do Winther tiver Cailean? — Ela cruzou os braços sobre a longa trança castanha. — Quer você goste ou não, eu vou com você.
Ele não discutiu. Não dava tempo.
Malcolm dobrou o plaid em volta da cintura e o prendeu no ombro. Este é quem ele era. Um Highlander, pronto para a guerra, não importava o quanto se sentisse mal. Não era seu corpo que doía.
Ele saiu do quarto e deu uma olhada em Leslie, que havia sido transferida. Ela ainda estava de bom humor e ele prometeu voltar em breve com Emma. Ele a estava deixando em boas mãos com algumas das outras garotas. Ele alcançou o quarto de Harry em seguida e entrou.
Harry estava horrível.
— Malcolm, — ele imediatamente começou a implorar. — Você deve acreditar que eu não queria traí-la. Eu...
— Você já comeu?
Harry balançou a cabeça.
— Não! Gunter deu ordens para que eu só recebesse água.
Malcolm assentiu.
— Bom. Você não merece nada mais por trair sua irmã. — Sem outra palavra, ele se virou e saiu, fechando a porta atrás de si, e ignorou as chamadas e maldições de dentro.
Ele saiu e olhou para os outros que esperavam com os cavalos. Ele não precisava perguntar a ninguém o que sentia. Só o amor poderia fazer o sangue correr, palpitar o coração, suar as mãos, dispersar os pensamentos, aumentar os desejos. Ele estava apaixonado por Emma e a certeza disso veio estourando por todos os poros, repetidamente, em ondas enquanto ele se vestia. Ela o restaurou de todas as deficiências que ele pensava que tinha. Ela o olhou de uma forma que ninguém jamais se preocupou em tentar ver. E depois de ver o que havia de mais profundo, ela ainda se apaixonou por ele.
— Ah... Deus. — Ele falou triste. Se isso era amor, ele odiava. Ele estava com medo. Não, ele estava com medo de perdê-la. Ele tremia de medo disso. O pensamento das mãos de Oliver Winther sobre ela fez seu estômago embrulhar e seu coração disparar até que ele temeu que nada o satisfaria a não ser a morte de cada Winther que cruzasse seu caminho. Se a única maneira de salvá-la era morrer por ela, ele alegremente acertaria o coração com uma espada.
— Vamos recuperá-los.
O quê? Gunter. Malcolm se virou para ele e assentiu.
— Sim, nós iremos. Mas não podemos simplesmente entrar no castelo. Há muitos deles. Precisamos de um plano. Vamos discutir isso com os outros antes de continuar.
Gunter acenou com a cabeça.
— Você é um homem afortunado por ter conquistado o afeto da Srta. Grey.
— Sim. — Malcolm concordou novamente, tanto que ele não tinha certeza se poderia respirar novamente. — Eu sou.
Och, para o inferno com amor! Malcolm teve vontade de fugir. Seu coração bateu forte contra o peito. Ele ficava melhor quando não conseguia sentir, quando havia apenas um dragão em seu kilt.
— É por isso que não posso perdê-la, Gunter.
— Você não vai, Grant. — O guarda corpulento prometeu. — Vamos cuidar disso.
— Você fez o que eu ordenei e os trouxe aqui. — Oliver disse a seu irmão mais novo enquanto seus ferimentos eram tratados por sua nova curandeira.
Ele alcançou o Castle Keep’s uma hora depois que Sebastian chegou e trouxe para ele Emma Gray de uma vez. Mary, do bordel, contou a ele tudo sobre como Emma salvou os dois Highlanders que foram feridos na mesma noite da morte de Andrew.
E lá estava ela, tão simples. Ele tinha os nomes dos assassinos de Andrew e os próprios corpos, não mortos, mas vivos! Ele estava curioso demais para matar todos imediatamente. Então, ele esperou, paciente, como era conhecido por ser. Para brincar com sua presa.
— Você me poupou de ter que matá-lo, Bastian. — Disse ele. — Não pense que eu não queria. Eu não conheço esse seu lado enganoso. Acho que não agradeço.
— Eu realmente não me importo.
Oliver ergueu a mão bem alto, então bateu o punho na mesa ao lado dele.
— É melhor você começar a se importar! Eu poderia açoitar você! — Ele olhou para Emma Gray. — Eu poderia ter... — — Ele parou quando Sebastian ergueu sua mão.
— Tudo bem. — Ele demorou. — Você ganha. Eu me importo.
Oliver jogou a cabeça para trás e riu.
— Claro que você se importa.
Sebastian sorriu com ele. Sempre o surpreendeu estranhamente como Oliver era um monstro impiedoso para a maioria, mas um irmão atencioso e às vezes, gentil para ele. Ele poderia usar o afeto de seu irmão para tirar Emma e Cailean de Newcastle em segurança?
— Agora você vai me dizer quem infligiu tal ferida em você?
— É hediondo, não é? — Oliver olhou para seu torso nu e balançou a cabeça para a longa linha de pontos que descia até seus quadris. — Alguns centímetros mais abaixo e ele teria cortado meu pau.
Ele olhou para Emma quando ela o perfurou muito fundo com sua agulha enfiada.
— Quem?
— Malcolm Grant... Ah, inferno, mulher, tome cuidado! — Ele se encolheu com sua pequena agulha afiada e amaldiçoou por arruinar sua revelação a Sebastian. — Estou começando a achar que você me quer mal, e a Burroughs também. Por que ele ainda não acordou?
— Infecção. — Ela disse a ele.
— Ele é fraco. — O barão a informou, então voltou sua atenção para seu irmão. — A propósito, você não me disse que matou Grant fora da cidade?
Seu sorriso permaneceu em Sebastian enquanto seu irmão se mexia levemente na cadeira.
— Imagine meu choque quando ele apareceu ressuscitado no bordel com uma pistola apontando para mim.
— Você o matou?
— Ah! Você se preocupa com alguma coisa!
— Sim. — Sebastian sorriu. — Eu me importo com as pessoas que moram aqui, incluindo você. Os Grants são parentes dos MacGregors.
— Não há MacGregors. — Oliver disse, observando a reação de Emma à conversa. Ela parou de trabalhar nele e se afastou. — O nome é proibido.
— Aqueles com quem Malcolm Grant vive não dão a mínima para as leis, Oliver. Decidi não matá-lo e desencadear uma horda de Highlanders sem lei em Newcastle.
Não. Não Sebastian.
— Você está com medo.
Seu irmão sombrio curvou a boca em um sorriso confiante.
— Você sabe melhor que isso. Não vou perder tempo temendo o inevitável. Se eu viver ou morrer, não importa para mim. Mas os dias e a maneira como os gastos, sim.
Ele não se importava em viver ou morrer. Oliver ficou agitado ao ouvi-lo falar assim. Seu irmão era jovem e agradável aos olhos, rico e habilidoso com todas as armas, ensinado a lutar com as espadas de seus irmãos. O mundo estava aberto em seus dedos e ele não se importava se vivesse para desfrutá-lo? Mas foi isso que tornou Sebastian destemido diante de um monstro.
— Os proscritos virão aqui, Oliver. Eles vão matar todo mundo. Será uma guerra e mesmo se a vencermos, teremos perdido muito. Há rumores de que eles têm o favor da rainha graças ao casamento de seu querido amigo, o Conde de Darlington, com a filha do laird MacGregor, Abigail. Penso em Newcastle e me pergunto com que rapidez a rainha o entregaria a seu amigo, o conde.
Que irmão inteligente ele tinha! Sempre pensando nas coisas, de forma focada e determinada. Sebastian era um caçador inteligente, não um selvagem — a menos que tivesse que ser. Pena, ele não sabia que era a presa.
— Você acha que ele teve algo a ver com o assassinato de Andrew? A verdade agora, irmão. Você sabe como eu valorizo isso.
Sebastian não hesitou.
— Não, Oliver. Nada mesmo.
— Você o matou?
O coração de Emma parou depois que perguntou, mas ela continuou envolvendo seu paciente em bandagens. Se ele dissesse sim, ela o envenenaria esta noite. Ela já tinha a mistura preparada.
— Sebastian já me fez essa pergunta antes de eu dispensá-lo.
— E você não respondeu a ele.
— Eu vou te responder se você me responder primeiro.
— Não, você primeiro. — Ela insistiu, para seu humor. — E eu o ouvi dizer a Sebastian que você valoriza a verdade, então, por favor, me mostre que quis dizer isso e eu com certeza direi a verdade. Você o matou? — Ela perguntou novamente quando ele acenou em concordância com seus termos.
— Não, eu não o matei. Eu poderia ter feito isso. Digo a mim mesma a cada hora que deveria. Eu acredito que ele matou Andrew.
— Não. — Emma insistiu. — Sebastian disse que Malcolm admitiu ter atirado nele, mas...
— Andrew não foi baleado. — Ele finalizou para Emma.
Ela acenou com a cabeça e amarrou a bandagem em sua cintura.
— Por que você não o matou se pensava que ele matou seu irmão?
— Porque ele era um lutador extraordinário, dava bons golpes no escuro, de olhos fechados. Você ensinou isso a ele?
— Não. — Ela estava tão cheia de alívio que se sentiu tonta e feliz. Malcolm não estava morto. Ele vivia. Ela acreditou no barão. Ela não sabia por que, mas sabia que vivia.
— Nós lutamos e ele me desafiou a não matá-lo, mas deixá-lo viver mais um dia para lutar comigo. Eu teria recusado qualquer outra pessoa, mas ele não estava com medo. Ele veio até mim como um leão, determinado a me alcançar e conseguiu me deixar com uma cicatriz para o resto da vida. Eu quero lutar com ele novamente e lhe dar a morte que merece, então eu o deixei viver.
Oh, ela queria dizer a ele para não vir. E se o barão o matou? Ele disse que lutariam novamente.
— Agora é a minha vez. — Disse o barão. — Você sabe por que meu irmão responde todas as minhas perguntas com mentira?
Emma terminou de envolvê-lo e se sentou na cadeira ao lado dele. Quanto ela poderia dizer sem que ele ficasse com raiva? Ela tinha que dizer a verdade a ele. Foi o acordo.
— Não falei com ele sobre isso, mas acredito que seja porque você e ele são muito diferentes. Ele acredita que tudo o que ele disser, você discordará, tudo o que ele pedir será negado. Ele toma suas próprias decisões com base no que acredita. Ele pode parecer levar as coisas levianamente, mas não arriscaria sua ira levianamente. Ele é apaixonado pelas coisas.
— Você sabe no que eu sou apaixonado, Srta. Gray?
Ela balançou a cabeça. O que ela faria se ele tentasse fazer o que queria com ela? Ela teria que matá-lo.
— Sou apaixonado pela verdade. Se Malcolm Grant não matou Andrew, isso deixa Cailean Fletcher. Ele matou meu irmão?
Ele queria a verdade, mas aparentemente sabia mais sobre o que aconteceu naquela noite fatídica do que deixava transparecer. Ela disse a ele o que sabia.
— Eu não sei, meu senhor. — Ela disse a ele honestamente. — Não vi nada.
Ela também não o viu sorrindo enquanto a observava sair.
Capítulo 38
— O que é que a torna tão sombria? — O Barão de Newcastle perguntou a Emma. — Você está fazendo beicinho há alguns dias.
— Meu senhor, eu não faço beicinho.
— Carranca então. — Ele corrigiu. — Eu não matei o seu Sr. Fletcher, embora meu comandante ainda esteja dormindo.
— Verdade, mas o Sr. Fletcher é um prisioneiro aqui, trancado em seu quarto...
— O que você quer que eu faça com ele? Ele escapará se eu o deixar vagar livre. Eu o poupo para você. Você sabe que eu acho que ele é o responsável pela morte de Andrew. Alguns de meus parentes não serão tão misericordiosos se o encontrarem. Ele está mais seguro onde está.
Ela encolheu os ombros e aplicou um dos últimos pontos resistentes às ervas ao longo da ferida de 30 centímetros que descia pela frente dele.
— Talvez você esteja certo.
— Claro que estou. Agora, diga-me, o que causa esse mau humor? É o seu herói, Malcolm Grant? Você está tão melancólica porque ele ainda não chegou aqui para lutar por você?
— A menos que você tenha mentido para mim e o matado.
— Isso dói. — Ele ronronou para ela. — Fizemos uma barganha.
Se Malcolm não estava morto, então onde ele estava?
— Você disse que não o machucou. Isso é verdade?
— Sabe, minha querida, Sebastian gosta muito de você, assim como eu. Acho que pode ser hora de esquecer Grant e ir para cama de um Winther.
— Não, obrigada, meu senhor. — Ela amarrou o pequeno nó e o mordeu a linha.
— Por que não? — Ele bateu com o punho na mesa.
— Porque eu não te amo.
Ela ouviu sua frustração. Quase todas as noites, ele pedia a ela que esquecesse Malcolm e desse a ele ou, e em alguns casos, uma chance ao irmão.
— Por que você não quer? — Ele demandou. — Não fui gentil e generoso todos esses dias em que você é minha prisioneira?
Meu Deus, como Narciso, ele estava tão focado em si mesmo, que não conseguia pensar em nenhuma outra expressão além de — eu. Ele era como uma criança mimada e egoísta, sempre querendo o que queria.
Por alguma razão estranha, ele parecia gostar de Emma, embora ela não tivesse feito nada para justificar isso.
— O que me impede de pegar o que quero?
— Algum senso de integridade em sua linhagem, eu suspeito.
Ele riu, um som vivo e agudo. O que tornava Oliver Winther tão perigoso era a rapidez com que seu humor mudava, e quão drasticamente. Emma já sabia que o truque era permanecer imperturbável. Não o torne mais importante do que uma mosca na parede.
— É integridade que você está procurando? — Ele perguntou. — Sebastian é seu homem então. Insultar-me é uma coisa, não insulte meu irmão recusando-o.
— Não posso recusar se ele não pediu nada a mim.
— Ele vai. Em breve. — O barão a informou.
— Eu não vou casar com ele.
— Você fará o que eu disser se quiser que seu amigo, Sr. Fletcher, viva.
— Você gostaria que seu irmão fosse casado com uma mulher que não o ama?
Ele se aproximou dela e agarrou seus braços.
— Lá vem você o insultando quando eu acabei de dizer para não o fazer.
— Não posso evitar como está meu coração.
— Então me diga o que você está fazendo com o meu.
— Oliver, deixe ela ir.
Emma nunca ficou tão feliz em ouvir uma voz como estava agora em ouvir a de Sebastian. Oliver ouviu seu irmão mais novo. A verdade, geralmente, era depois de algumas ameaças físicas, mas ele fez questão de tentar ser mais agradável. Quando seus esforços valeram a pena e Sebastian lutou menos com ele, agradeceu a Emma.
— Eu não vou me casar com a Srta. Gray e nem você.
Ele arrumava brigas com Oliver com menos frequência, não completamente.
— Você não vai me dizer com quem posso ou não posso dormir. — O desafio na voz do barão era inconfundível. — Eu agrado aos olhos, Bastian, e mais cedo ou mais tarde, todas elas cedem à besta. — Disse ele com arrogância, superando sua raiva enquanto segurava sua virilha.
— A Srta. Gray não será exceção.
Emma se afastou dele, ao invés de rir diretamente em seu rosto.
— Todas querem um pouco de mim quando me veem nu. — Continuou ele em defesa do irmão. — Mas se um pouco de pau e trepada é mais do que suas almas fracas podem suportar, e elas correm chorando do meu quarto, isso não é culpa minha.
— A minha, — disse Emma, sem se virar para ele, — não é uma alma fraca.
— Sim, eu sei. — Disse ele, de alguma forma fazendo soar como uma promessa.
Ou uma ameaça.
Emma não dava a mínima para a picada da pulga de um rato se ele era agradável aos olhos! Ela não se importava se ele era temido de Newcastle a Durham. Se ele tivesse o mínimo pensamento de ganhar seu favor — ou não — e levá-la para sua cama, ela precisava vencê-lo agora.
Ela se virou, ousadamente, para encará-lo. Ela não coraria agora.
— Eu sei o que você quer em sua cama, meu senhor. Você quer uma gata selvagem que dê o melhor que puder. Bem, isso nunca será eu. Vou deitar como se estivesse morta e fria o tempo todo, só para irritar você.
Ela chamou Gascon baixinho e começou a sair da sala.
— Amanhã, Srta. Gray. — O barão gritou, diminuindo seu passo. — Mostre-me como seu cachorro a conduz para que você não tropece.
Seu sangue gelou. E se ele quisesse Gascon? E se ele o levasse? Oh, ela tinha muitos motivos para envenená-lo! Estava começando a parecer cada vez mais que ela teria que fazer isso. Onde estava Malcolm? Ela rezou para que ele não estivesse morto. Por que ele não veio ainda?
— Não há ninguém como você, Emma.
Ela parou e girou nos calcanhares ao som da voz de Sebastian.
— Foi assim que você conquistou os corações de homens que não sabiam que os possuíam. Malcolm. Meu irmão. Você deve parar de ser tão diferente, pelo menos, enquanto estiver aqui. Você não irrita Oliver, nem mesmo quando o ameaça. Se eu não tivesse visto com meus próprios olhos, nunca acreditaria. Mas vai continuar a fazer com que ele te queira mais.
Ela sabia que ele estava tentando protegê-la. Ele estava correto no que dizia, e ela certamente não queria que o barão a quisesse mais. Mas ela não teve escolha.
— Estou mantendo Cailean e eu vivos, Sebastian. Enquanto ele estiver interessado, ele me manterá por perto até que Malcolm chegue aqui.
Ele ficou quieto por um tempo e então concordou. Ela estava grata que ele não tentou dizer a ela que Malcolm não viria.
— Vou fazer o meu melhor para ser submissa e chorosa.
— Ele não vai acreditar.
— Ele vai se eu contar a ele que minhas emoções são devido ao meu coração despedaçado que Malcolm se esqueceu de mim.
— Não acredito que isso seja verdade. — Disse ele, gentil com ela até o fim. Ele poderia ter dito qualquer coisa para fazer Malcolm ser o pior tipo de covarde.
— Nem eu, — ela disse a ele. — É por isso que vou matar seu irmão.
— Eu não posso deixar você fazer isso.
O cheiro de algo chamou sua atenção e incomodou sua memória.
— Então você vai ter que me matar. — Ela disse a ele.
Ela conhecia o cheiro. Era familiar. Isso fez seu estômago embrulhar em um nó, e o som da voz do barão chamando-os do salão não ajudava.
— Ah, Eleanor com meu manjericão, finalmente! — O barão deixou escapar um suspiro forte. — E o suficiente para um mês! Por isso, sua família vai se alimentar bem este mês!
— As dores de cabeça estão piores? — Sebastian perguntou a seu irmão.
Manjericão.
Sua boca ficou seca. Não. Não, não podia ser.
— Você mastiga manjericão para aliviar a dor de cabeça. — Disse ela, tentando parecer mais impressionada do que apavorada. — Que esperto. Onde você aprendeu a fazer isso?
— Havia um boticário morando na cidade por muitos anos. — Disse o barão, ocupando um lugar ao lado dela, seu hálito perfumado com a erva. — Ele primeiro nos deu em forma seca para o nosso chá. Mas Andrew descobriu que mastigar as folhas cruas oferecia mais conforto. Suas dores de cabeça eram sempre piores e ele acabava esfregando no couro cabeludo.
Emma se sentiu mal. Ela tinha que ficar longe deles.
— Quando o boticário acabou com a erva, Andrew o matou.
Ela se desculpou e se virou para ir embora, mas Sebastian a seguiu.
— O que foi? — Ele perguntou quando eles estavam longe de seu irmão.
— Como Andrew morreu, Sebastian?
— Eu disse que não posso
— Ele não foi baleado. Você mesmo disse. Suspeito que ele também não foi esfaqueado, pois não é uma maneira estranha de morrer que apenas o assassino saberia.
— Emma. — Ele tentou impedi-la, mas ela continuou descendo as escadas. — Por favor, me diga o que está errado?
Cailean foi mantido em uma sala no patamar mais baixo, mantido cativo, mas ileso. Ela tinha que falar com ele e dizer o que planejava fazer, já que sua vida estava em jogo.
— Sebastian, você deve me deixar entrar no quarto de Cailean. Eu tenho que falar com ele. — Ela finalmente parou e enxugou as lágrimas dos olhos.
— Sobre o quê, Emma? O que é que te perturba tanto?
Ela fechou os olhos e disse em voz baixa:
— Acho que matei Andrew.
Malcolm cavalgava à frente de seu pequeno grupo. O sol nasceu há três horas, mais ou menos na mesma hora em que os cavalos descansaram. Se eles precisassem fugir rápido, os cavalos não poderiam estar muito cansados para galopar. Se parassem agora para descansar os cavalos, chegariam a Newcastle em uma hora. Se ele não parasse, eles provavelmente acabariam presos em Newcastle por um ou dois dias enquanto os cavalos se recuperavam. Quanto mais tempo ele estivesse lá, mais lutas ele teria, e ele não estava em condições de lutar muito. Seu lado ainda doía como o inferno e ele se sentiu como se alguém estivesse enfiando um atiçador quente em seu peito por causa do ferimento da bala.
— Qual é o plano, Grant? — Gunter perguntou, cavalgando em seu flanco e diminuindo a velocidade com ele.
— Não mudou, — Malcolm respondeu. — Mate quem estiver no caminho. Porém, primeiro, dê aos cavalos um quarto de hora antes de partirmos novamente. Eles vão precisar ser fortes.
Gunter acenou com a cabeça e voltou para os outros, deixando-o sozinho com Alison.
Malcolm se virou para ela e notou seus olhos vermelhos e inchados. Ela parecia quase tão mal quanto ele. Ele a deixou alcançá-lo.
— Ele está vivo. Eu sei isso. Eu o trarei de volta. — Ele prometeu a ela novamente. — Pare de chorar, moça. Tudo ficará bem.
Tinha que ser. Ele não poderia ter conhecido a mulher que lutou contra sua pele e saiu vitoriosa e com seu coração como prêmio, apenas para perdê-la.
Não, ele implorou a Deus, preferia se perder. Preferia que Deus o deixasse cair para sempre com Emmaline Gray em seus braços. Ninguém além dela. Que ele rendesse tudo por ela, a ela, como sua esposa e sua querida. Ele estava humilhado, dilacerado pelo poder do que sentia por ela. Que o deixasse contar a ela. Ela o fez cavar mais fundo em seu verniz e encontrar o homem que ele poderia ser, se ele quisesse ser.
Ele se escolheu.
— Cailean está com Emma. — Ele lembrou a Alison, amando-a como uma irmã por causa de como ela amava seu irmão. Cailean faria bem em se casar com ela. — Se ele está gravemente ferido, como você diz que parecia quando o levaram, não há ninguém que eu prefira que ele esteja além de Emma.
Alison acenou com a cabeça.
— Concordo.
Finalmente um sorriso.
— Ela é mais resistente do que parece.
— Sim. — Ele sorriu de volta. — Ela é.
— Eu... eu simplesmente não consigo parar de pensar nele... — Lágrimas encheram seus olhos mais uma vez. Quando ele tentou oferecer palavras de encorajamento, ela ergueu a palma da mão. — Não estou neste negócio há muito tempo, mas estou nele. Nunca pensei que um homem como ele me amaria. Eu não estava preparada.
Ele acenou com a cabeça.
— Nem eu estava.
Capítulo 39
Ao contrário de Gascon e Cailean, Emma não fez um som de protesto quando Sebastian abriu a porta de Cailean e a empurrou para dentro.
— O que você está fazendo, Sebastian? — Cailean perguntou a ele, indo em seu auxílio se ela precisasse. — O que está acontecendo?
— Diga a ele. — Sebastian disse quando ela caiu contra a parede depois que ele fechou a porta.
É para isso que ela veio aqui.
— Acho que matei Andrew Winther. — Disse ela ao irmão de Malcolm.
— Não. — Sua voz era firme, oscilando no limite de medo. — Não, Emma. Balas de pistola, punhais, cadeiras, flechas, tudo estava voando naquela noite. Você nem mesmo estava lá, mas trancada em seu quarto.
— Eu estava lá, presa no meio de uma briga violenta, sem cachorro ou escolta para me levar de volta ao meu quarto. Eu não carreguei nenhuma arma em minhas mãos, mas uma tigela de madeira com comida para Gascon.
— Não estou ouvindo isso.
A voz de Sebastian ecoou em seus ouvidos. Ela não conseguia parar agora. Esta era a única maneira de descobrir se ela tinha feito isso. Andrew Winther foi morto por um golpe na cabeça? Ela estava provando sua inocência ou sua culpa para Sebastian? Ela precisava saber.
— Um homem veio até mim, e não querendo morrer ou algo pior, eu quebrei a tigela na cabeça dele. Ele caiu aos meus pés.
— Isso não significa nada, moça. — Cailean veio em sua defesa. — Sem nenhuma desonra para você, não sabe nem como era Andrew.
— Não. — Ela concordou. — Mas eu sei como ele cheirava. Manjericão. Ele estava coberto com o cheiro disso.
— Emma. — Sebastian respirou fundo. — Era você o tempo todo.
— Winther, não! — Cailean a puxou para longe. — Não foi ela.
— Foi. — Sebastian lamentou.
Uma onda de tontura tomou conta dela. Foi ela. O golpe na cabeça o matou, não uma bala de pistola ou faca. O barão iria matá-la. Talvez Sebastian fizesse isso. O que seria de Gascon? Malcolm se importaria?
— Eu não posso oferecer nada a não ser meu mais profundo pesar em relação ao seu irmão. — Ela disse a ele. — Mas ele não me deixou escolha. Eu não sabia que o matei, nem sabia que ele era seu irmão.
Ela podia ouvi-lo respirar. Respirações curtas e superficiais. Ela matou seu irmão. Ele a odiava e ela não o culpava.
— Sebastian, eu estou...
A porta se abriu. O barão estava do outro lado e olhou para dentro.
— Bastian, temos companhia.
O coração de Emma deu um salto. Malcolm? Ele veio? Sua alegria e alívio rapidamente se transformaram em pavor. E se o barão o matasse? E se Sebastian contasse a seu irmão quem realmente matou Andrew? Seu coração bateu forte e sua boca ficou seca. O pânico a envolveu tão rapidamente que ela agarrou Gascon para mantê-la de pé.
— Fique aqui. — Sebastian exigiu calmamente.
Seu irmão tinha outros planos.
— Não, ela vem conosco. Ambos virão.
Era Malcolm! Tinha que ser! Ele veio por ela! Ela não o deixaria morrer. Ela seguiu o som da voz do barão e deixou Gascon conduzi-la até ele. Era melhor se ela fosse. Ela poderia ajudar Malcolm.
— É Grant? — Sebastian expressou o que Emma estava ansiosa para saber com certeza.
— Não, é um homem e uma mulher procurando informações sobre Sandgate Street. Venha, Bastian, e me diga se eles são do Fortune's Smile. — Ele sorriu para o irmão e apontou o dedo para ele. — Sinto cheiro de ratos.
Um homem e uma mulher? Quem eram eles? Por que o barão suspeitaria de Malcolm por causa de sua chegada? Ela estava prestes a descobrir quando entrou na grande sala da frente do castelo, liderada por Gascon, com os irmãos Winther na frente e Cailean flanqueando ao seu lado.
— Como eu disse a você, meu senhor.
Era Gunter! Emma se acalmou para não reagir. Mais do que provável, Malcolm estava em algum lugar perto. Ela pensou ter ouvido a respiração curta e irregular de Cailean, mas pode ter sido a sua própria. Havia um plano em andamento e o comportamento dela e de Cailean poderia salvá-lo ou destruí-lo. Ela diminuiu o ritmo de seu coração. Se havia uma coisa que Emma sabia fazer, era sobreviver. A respiração de Cailean se equilibrou com seu próximo passo. Eles não falhariam.
Sebastian diminuiu os passos e fez Gascon detê-la.
— Fique aqui.
Não era consigo ou Cailean que ela estava preocupada.
— Minha esposa, Brianne, e eu estamos viajando de Sunderland e há cerca de uma hora percebemos que estávamos perdidos.
Brianne.
Respire.
— O que o traz de sua casa segura para a Sandgate Street? — O barão perguntou a Gunter.
— Porcos, meu senhor. Estou precisando de ajuda e soube de um excelente comerciante aqui em Newcastle.
— Porcos. — O barão mudou a direção de sua voz e riu. — Há algo que você gostaria de perguntar, Sebastian?
Emma acalmou os dedos trêmulos, mas cruzou os pulsos atrás dela, caso eles se movessem novamente.
— Hmm, deixe-me pensar. — Sebastian se afastou dela e se dirigiu ao casal. Quando ele os alcançou, ele se voltou para seu irmão.
Ou ele se virou ainda mais para a direita, para ela? Era difícil dizer.
Ele estava prestes a desistir de todos eles por causa dela? Ela mordeu a língua para impedir que as lágrimas ardessem em seus olhos.
— Você me arrastou para longe do que eu estava fazendo porque esses dois são de Sunderland ou por causa de porcos? — Antes que o barão pudesse responder, Sebastian chamou alguém chamado Roger para escoltar aquelas pessoas até Sandgate Street, e então ele foi até seu irmão. — Ele não está vindo, Oliver. Ele sentiu a força do seu braço e, conhecendo-o, sabe do desprezo descarado que você tem pelo corpo, mente e espírito. E todo mundo que não é nada para você. — Acrescentou ele, brincando.
— Você me conhece bem, irmão. — O barão riu com ele.
— Possivelmente. Talvez não, Oliver. Eu só sei o que vejo.
— Então, é uma pena que você não teve a Srta. Grey te ensinando como ver sem os olhos quando você passou todo aquele tempo com ela em Hebburn.
Sebastian ficou em silêncio. Emma teve a sensação de que ele estava olhando para ela no corredor.
— Você está certo sobre isso, irmão. Eu gostaria de ver o que ela vê. Mas apesar de tudo isso, Grant nunca mais vai querer enfrentá-lo novamente. Como seus muitos outros inimigos, ele não ousaria vir contra você uma segunda vez.
— Ele não viveria.
— Por que um tolo merece viver?
O barão riu.
— Esta é uma das muitas razões pelas quais eu favoreço você, Bastian. Essa onda de violência e malícia vem de nossa mãe. Infelizmente, você também herdou a deslealdade dela.
Sebastian parou.
— O quê?
— Eu sei que você me traiu. Eu sei que foram Malcolm Grant e seu irmão, Cailean, que mataram Andrew. Eu sei que eles fizeram a Srta. Gray cuidar deles até que estivessem bem. Eu sei que você os conheceu e sabia que eles eram irmãos. Você sabia, e não fez nada, como também mentiu para mim sobre eles todo esse tempo, ajudando-os agora mesmo, enviando meu melhor guerreiro, Roger, sozinho com o casal. Você enfiou a espada nas minhas costas, então agora devo fazer o mesmo com você.
— Nae. — Disse Cailean, ao lado dela. — Barão, não... — Ele disparou na direção deles.
Antes que Emma pudesse pensar sobre o que estava acontecendo entre Sebastian e seu irmão, o salão explodiu com o som de outra batida em uma das portas da frente. O barão praguejou com os dentes cerrados.
— Abra. — Ele ordenou a um dos guardas de Sebastian. — E se for aquele casal de novo, mate-os.
Emma queria gritar e avisar quem estava do outro lado. Ela ficou em silêncio, sua atenção dividida entre a porta e a direção de Sebastian.
A porta conseguiu ganhar sua atenção quando o guarda a abriu e um pé calçado chutou-a, tirando-a quase fora das dobradiças de metal.
Percebendo o que estava acontecendo, Cailean apressou-se em seu caminho pelo corredor para escondê-la. Ela odiava ter que ir, mas ela não era boba. Ela não duraria o suficiente para sucumbir à peleja.
Ela se reuniria com Malcolm após sua vitória.
Malcolm não viu seu irmão acompanhando Emma pelo corredor. Ele sabia, graças a Gunter e Brianne, que ela estava aqui com Cailean. Eles estavam seguros e ilesos. Esse conhecimento deu-lhe esperança e vigor renovados. Ele a encontraria depois de matar o barão. Ele cortou com sua espada, derrubando dois homens, depois outro, quando seus olhos avistaram Cailean arrastando o Winther mais jovem e ferido pelo corredor e fora do caminho da batalha corpo a corpo.
Gunter cortou com sua lâmina gigante dois homens ao mesmo tempo. Cailean voltou e atacou o barão, indo até ele com força e paixão, mas o barão estava pronto para cada golpe.
Finalmente, depois de terminar seu jogo, ele agarrou Cailean e levou a ponta de sua lâmina à sua garganta.
— Grant! — Ele chamou Malcolm, que estava terminando o último dos guardas pessoais de Winther. Mais estavam vindo. — Isso é por matar meu irmão.
— Não! — A voz de Emma soou das sombras antes de ela aparecer com Gascon, com as mãos cobertas de sangue.
A visão dela encheu Malcolm de alegria e pavor. Ela estava bem longe! O que ela estava fazendo correndo de volta para a briga? Correndo direto para Winther!
— Ele não matou Andrew. — Ela gritou, elevando sua mão.
— Emma, não! — Cailean gritou, mas ela continuou.
— Eu matei Andrew! — Ela gritou, correndo para eles. — Eu posso provar! Eu o acertei na cabeça com uma tigela de madeira. Poupe Cailean, meu senhor! Ele não fez nada!
Malcolm, como todos os outros ainda vivos no salão da frente, ficou quieto, atordoado pela confissão de Emma. O quê? Como? Ele se lembrou do homem aos pés dela no refeitório do Fortune's Smile na noite em que Andrew foi morto. Morto por uma tigela de madeira.
Winther não deixou Cailean ir. Ele também não o matou.
— Você? — Ele perguntou a ela, descrença atordoada e fúria competindo pelo domínio sobre suas feições.
— Sinto muito, meu senhor. — Emma chorou. — Mas Sebastian... Ele ainda vive. Ele...
— Sebastian me traiu por você. — Ele disse suavemente, anos de pesar e cansaço pesando em sua voz. — Não posso dizer que o culpo, Srta. Gray. — Ele ficou quieto novamente quando ouviu o clique das pistolas de Malcolm e Gunter, ambas apontadas para ele.
O silêncio ressoou e então Winther empurrou Cailean na direção de Malcolm e correu. Ele desapareceu pelo salão e por um longo corredor de sombras. Malcolm o deixou ir e correu para Emma.
— Meu amor, meu amor. — Ele não podia dizer mais nada enquanto a abraçava e beijava seu rosto, suas bochechas, sua cabeça, seus lábios. — Devemos nos apressar. Mais homens estão vindo. Nós devemos ir.
— Não! — Ela balançou a cabeça. — Não sem Sebastian. Malcolm, ele vai morrer aqui, sozinho. Ele não me traiu para seu irmão.
Malcolm não ia recusar nada a ela. Ele teria dado a ela sua vida.
Cailean estava ansioso para chegar até Alison, que estava esperando, escondida no estábulo com Brianne e as outras, mas ele levou Malcolm para Sebastian primeiro. Emma envolveu seu ferimento com força para parar o sangramento. Ele ainda estava consciente e quando viu Malcolm, perguntou se Oliver ainda vivia.
Tranquilizado, ele permitiu que Malcolm o ajudasse a se levantar e então seguro pelo braço para ajudá-lo a avançar.
Com os pés de Sebastian arrastando no chão e a força de seu comando para o resto dos homens de Castle Keep’s, alertando-os para não atacar, Malcolm e os outros correram em direção ao estábulo para se juntar aos outros e preparar seus cavalos.
Eles chegaram na metade do caminho quando Alison, vendo Cailean sã e salvo, saiu correndo da estrutura, pronta para pular em seus braços.
Ninguém estava preparado para o tiro que soou. Todos eles se assustaram e caíram no chão. Malcolm gritou ordens para Cailean e Gunter, mas o primeiro caiu de joelhos com Alison em seus braços.
— Meu amor, och, meu amor, por favor, espere.
Alison fechou os olhos.
— Sinto muito, Cailean. — Sussurrou ela antes de dar seu último suspiro.
Ficando de pé, apesar do perigo de levar um tiro em seguida, Malcolm assistiu com horror quando a doce Alison os deixou.
— Alguém tinha que pagar por Andrew, Grant! — A voz do barão gritou a cerca de cinquenta metros de distância. — A ruiva começou tudo!
Malcolm não respondeu, mas saltou para frente e correu para Winther, a espada desembainhada.
Vendo tamanha fúria vir para ele, o barão tentou carregar sua pistola a tempo, mas finalmente desistiu e jogou-a para o lado. Ele desembainhou a espada bem a tempo de se deslizar e cortar contra a de Malcolm.
Eles lutaram por um tempo, com Winther mais uma vez provando sua habilidade, mas desta vez, Malcolm superou todos os seus movimentos. Ele defendeu e golpeou, cortou e golpeou o homem que matou Alison e Bess. Malcolm pensou em seus rostos enquanto lutava, e elas lhe deram uma nova força, habilidade superior. O barão bloqueou muitos de seus ataques, mas o gume da lâmina de Malcolm o atingiu no rosto e no corpo algumas vezes, derramando seu sangue, deixando-o cansado. Ele ouviu um som terrível atrás dele, como um rosnado oscilando em um trovão. Ele se virou para ver Cailean correndo em direção a eles e conseguiu se afastar a tempo de evitar ser cortado ao meio pela lâmina de seu irmão.
Oliver Winther não teve tanta sorte.
Capítulo 40
— Ela vai dormir por algumas horas. — Disse Emma para Malcolm quando ela saiu do quarto de Constance, a esposa de Sam Fletcher, tinha preparado para Leslie. — A ferida está fechando bem.
Malcolm a puxou para baixo do braço e beijou sua cabeça.
— Isso é uma boa notícia, meu amor. E Sebastian?
O jovem Fletcher havia recebido um ferimento desagradável da espada de seu irmão nos salões de Castle Keep’s. Mas, felizmente, ele também estava se recuperando.
— Eu não acho que Cailean volte para casa com a gente. — Malcolm disse a ela. — Ele mencionou ficar para trás com Sebastian por alguns meses e depois ir com ele para o Hogmanay. Para que possamos seguir nosso caminho quando você desejar.
— Amanhã? — Ela ofereceu.
Ele assentiu e a conduziu escada abaixo. Era uma noite fria e clara, boa para caminhar.
Eles passaram por Constance Fletcher em sua cozinha e acenaram.
— Estaremos de volta em breve, minha senhora. — Malcolm a deixou saber. Constance adorava Malcolm e Emma adorava Constance, mas ela queria ir para casa.
— Você vai ter que dizer a ele quando voltarmos que vamos embora amanhã.
Eles saíram para o ar fresco da noite e ele deslizou os dedos nos dela.
— As noites em Camlochlin serão muito mais frias do que isso.
Ela parou e se virou para ele.
— Você ainda quer que eu vá com você? Muita coisa aconteceu. Estou muito encrencada. Eu entenderei se você mudou de ideia.
Seu dedo suavemente pressionado em seus lábios a acalmou.
— Mudar de ideia? Moça. — Ele a puxou para seus braços. — Não quero morar em nenhum lugar sem você. Eu queria outra chance de lhe dizer coisas e mostrar o que você despertou em mim. Mas agora que tenho você aqui em meus braços, quero uma vida inteira, não apenas dias ou mesmo semanas. Eu a quero ao meu lado e na minha cama. Eu te amo, Emma, com tudo de mim, tanto, que às vezes eu não gosto disso.
Ela riu baixinho e ele beijou a risada de sua boca.
— Case-se comigo, moça. Conceda-me isso e eu construirei para você uma casa feita do jeito que gosta e uma cama grande o suficiente para nós brincarmos nela.
— Oui. — Ela beijou sua boca. — Eu concordo. Casarei com você.
Seus lábios eram como marcas quentes ou bolos cobertos de mel, atraindo-a além da razão. Ele passou sua língua sobre a dela em um movimento possessivo e então terminou o beijo com uma série de beijos curtos.
— Obrigada por vir por mim. — Ela sussurrou contra ele. Ela amava a maneira como ele respirava, o som e a sensação do corpo dele tão rígido e tenso em seus braços, suas mãos.
— Eu teria vindo antes.
— Eu sei.
— Leve-me para casa e para a cama.
Malcolm prometeu que faria, mas primeiro havia algo que ele tinha que fazer.
Ele a levou de volta para a casa e foi diretamente para Sam.
— Você é ordenado para fazer casamentos?
— Há dezesseis anos agora.
Malcolm se voltou para ela.
— Você quer se casar agora, moça? — A emoção e a felicidade em sua voz passaram para ela.
Ela assentiu, sorrindo como uma idiota.
— Case-nos. — Disse Malcolm, voltando para Sam.
Mais tarde, depois que Malcolm Grant jurou amá-la e honrá-la até a morte, ele a levou pela estrada para uma pousada e a carregou para a cama. Foi a primeira cama em que eles estiveram juntos, e quando ele a despiu, ele lhe disse o que ela significava para ele.
Quando ela se deitou nua e corando, ele não disse mais nada, mas a tocou, lendo com os dedos, como ela o ensinou a fazer.
As mãos calejadas dele eram estimulantes em seus seios, ásperas e ainda assim sensíveis. Sua boca faminta fez os dedos dos pés dela se curvarem e acendeu um fogo bem no fundo de seu ventre.
Ela era sua esposa. A esposa dele! Oh, como ela fez isso?
— Você parece muito triunfante, esposa. — Ele estava posicionado acima dela, sua voz era leve, mas rouca. — Você está saboreando sua vitória?
Ela riu e enrolou os braços em volta do pescoço dele.
— Que vitória é essa?
— Que você domesticou Malcolm Grant.
Ela sorriu e então suspirou de prazer absoluto quando ele aninhou seu membro quente e duro entre suas pernas.
— Oui, é doce.
Ele a beijou e abriu suas pernas com as dele, então sussurrou ao longo de sua boca.
— E eu juro para você, tenho um verdadeiro amor, que vai ficar ainda mais doce.
Epílogo
— Eu acho que encontrei Erva-de-são-joão. — Emma chamou a bela ruiva alguns metros de distância.
A ruiva ergueu algo nas mãos e o segurou contra o peito.
— Olha o que eu encontrei, Emma! Um passarinho abandonado. Pobre coisinha. Eu devo levar para Skye.
— Não, Mailie. — Emma balançou a cabeça. — Sua mãe não disse que não queria mais animais, e ainda é a casa dela.
Mailie parou e olhou para ela.
— Emma, você está doente?
— Não, por que você pergunta?
— Porque você está falando bobagem. Você sabe que estou levando. Eles morreriam se ficarem aqui sozinhos.
Emma sorriu. De todos de Camlochlin, Emma gostava mais de Mailie MacGregor. A mãe de Mailie, Isobel, sabia muito sobre fitoterapia e ela e Emma passaram a maior parte do primeiro mês de Emma como esposa de Malcolm ensinando uma à outra o que sabiam.
Eles permaneceram em Camlochlin por pouco mais de um mês e depois vieram para Ravenglade já há três meses. Emma amava Perth, mas tudo sobre Skye a tinha conquistado, os ventos estimulantes através do vale, as cadeias de montanhas irregulares, o isolamento, o silêncio e, acima de tudo, os Grants e os MacGregors.
Ela estava feliz que a família de Malcolm visitava Perth com tanta frequência. Havia muitos quartos para todos e lhe faziam companhia durante o dia, quando ela nem via Malcolm.
Ele garantiu a ela que estava ocupado trabalhando na casa deles, construindo-a para ela. Mas ele nunca a deixou visitar. Ela tinha estado na casa dos primos dele em Camlochlin, mansões extravagantes de diferentes formas e tamanhos, espalhadas pelo vale. Alguns estavam mais perto do castelo principal do que outras.
Por que Malcolm estava construindo sua casa aqui no continente? Ela sabia, no fundo, que não se importava onde morasse — Camlochlin, Perth ou qualquer outro lugar, desde que fosse com ele.
Ela tocou a barriga inchada, satisfeita em saber que carregava o filho do marido com ela, embora sentisse terrivelmente a falta dele durante o dia.
Ela confiava em sua fidelidade com cada fragmento de seu ser, pois nenhum homem poderia voltar para casa e para ela todas as noites, com o membro duro como uma rocha e com desejo, se ele estivesse comendo em outro lugar.
Não. Seu homem era dela. Se ela pudesse desfrutar do marido à noite, enquanto ele construía uma casa para ela durante o dia, o faria, feliz.
Além disso, morar em um castelo tinha suas vantagens. Isso a manteve ocupada descobrindo cada sala, cada curva, cada quarto. Isso deu a ela a oportunidade de passar um tempo com a família inteira de Malcolm em um momento ou outro. Alguém sempre quis acompanhá-la, o que deu a Gascon mais tempo para se tornar o pai de tantos filhotes.
Ela amava os ‘parentes’ de Malcolm, como ele os chamava. Abby era tão determinada e inspiradora que Emma começou a montar um cavalo sozinha. Ela quase treinou uma égua castanha em particular para seguir Gascon e confiar de que ela não os jogaria de um penhasco.
— Perdão, moças.
Sua voz pulsou através dela, movendo-a para se aproximar dele.
— Meu amor, — disse ela, estendendo a mão em direção a ele. Ele a pegou e levou aos lábios. — É cedo ainda. Eu não esperava você até muito mais tarde.
— Venha comigo. — Ele acenou. — Com licença, Mailie. — Ele gritou, então notou as esposas de seus primos, Amélia, Sarah e Janet, na grama, espreguiçando-se ao sol. Ele sorriu. — Senhoras. — Ele não esperou por uma resposta, mas pegou Emma e a ergueu em sua sela.
— Onde estamos indo? — Ela perguntou quando ele montou atrás dela.
Ele enterrou o rosto em seu pescoço e se deleitou com o cheiro dela.
— Casa.
Eles cavalgaram para longe de Ravenglade e entraram nas florestas. Malcolm a sentiu inalar profundamente na frente dele. Pinho, carvalho, bétula. O chão úmido e coberto de folhas embaixo deles. Os pássaros acima, os mosquitos nos raios do sol do final do verão diante deles, os esquilos tagarelando enquanto perseguiam uns aos outros através do labirinto de galhos acima. Emma sabia onde eles estavam.
— Malcolm. — Ela disse em uma respiração irregular. — Você construiu uma casa para mim na floresta?
— Sim. — Ele afirmou, ajudando-a a descer da sela. — Eu não sei como era a aparência de Clementine, então simplesmente fui com minha coragem. Esta é sua.
Ele a acompanhou até lá, deixando-a na porta da frente da casa que construiu para ela, com alguma ajuda de sua família, para explorar e ver o que ela pensava.
Ela se afastou, as mãos diante dela, e parou quando chegou a porta. Ele esculpiu com um pouco da madeira, mas seu pai fez todos os entalhes intrincados das videiras. Malcolm podia ver todas as flores delicadas trabalhadas na madeira, mas os dedos de Emma podiam vê-las melhor. Ela avaliou cada centímetro, ficando na ponta dos pés para seguir o comprimento de uma certa videira marcada com borboletas que Malcolm nem tinha notado. Ela sorria o tempo todo, finalmente passando para as paredes externas feitas de pedras e argamassa. Ela teve o cuidado de não pisar nas flores que cresciam na entrada da casa, tocando-as ao passar pelas paredes. Seus dedos roçavam sobre tudo isso, caminhando ao redor de todo o perímetro.
Não era excessivamente grande, mas grande o suficiente para abrigar os dois e alguns filhos.
Ela ainda não tinha entrado, mas parou quando voltou para a porta. Ele viu suas lágrimas e se moveu para ir até ela. Mas ela correu e saltou em seus braços, capturando-o em seus braços e pernas e cuidando de sua pequena barriga.
— Não importa o que eu diga, nunca será o suficiente para lhe agradecer. — Ela passou os dedos pelo rosto dele. — Então venha, leve-me para a nossa nova casa e para a nossa cama. — Ela curvou a boca e ergueu o rosto para ele. — Temos uma cama?
Ele a ergueu mais alto em sua cintura e disse com voz rouca, ansioso para levá-la lá e despi-la totalmente.
— Vamos descobrir.
Notas
[1] Lass – moça. Lasses – moças.
[2] Nae – não.
[3] justacorps - é um longo, joelho-length revestimento desgastado por homens na última metade do século 17 e ao longo do século 18. A vestimenta é de origem francesa e foi introduzida na Inglaterra como parte de um conjunto de três peças, que também incluía calças e um colete ou colete longo.
[4] Necrófagos ou detritívoros são animais que se alimentam de animais mortos, em estágio pouco avançado de decomposição.
[5] A palavra címbalo é derivada do latim cymbalum, que significa uma pequena tigela. Instrumento musical usado pelos antigos em forma de prato circular ou prato achatado, com uma alça na parte de trás. Os pratos são usados em pares para produzir um som de toque agudo, batendo-os entre si.
[6] A cherovia ou pastinaca, é uma raiz que se usa como hortaliça. Relacionada com a cenoura, embora mais pálida e com sabor mais intenso do que esta, tem cultivo que remonta a tempos antigos na Eurásia.
[7] Arganaz e lirão são termos usados para designar as espécies de roedores da família dos glirídeos e também as espécies do gênero Microtus da família dos cricetídeos, mas trata especificamente das espécies Glis (arganaz cinzento), Muscardinus avellanarius (arganaz castanho) e Dryomys nitedula (arganaz balcânico), que são roedores arborícolas aparentados com os esquilos e habitam a Europa, Ásia e África. São noturnos e costumam alimentar-se de frutas, sementes, flores, nozes e insetos. Durante o inverno, como é natural aos roedores, hibernam.
[8] Brigs, um navio de dois mastros e cordame quadrado com uma vela de arpão adicional no mastro principal. Durante a Idade da Vela, brigs eram vistos como rápidos e manobráveis e eram usados tanto como navios de guerra navais quanto como navios mercantes. Eles eram especialmente populares no século 18 e no início do século 19.
[9] Na mitologia grega, Narciso, era um caçador de Thespiae na Beócia, que era conhecido por sua beleza. De acordo com Tzetzes, ele rejeitou todos os avanços românticos, eventualmente se apaixonando por seu próprio reflexo em uma piscina de água, olhando para ele pelo resto de sua vida. Depois que ele morreu, em seu lugar brotou uma flor com seu nome. O personagem de Narciso é a origem do termo narcisismo, uma fixação em si mesmo.
Paula Quinn
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