Biblio VT
Hart Richards nunca encontrou um lar.
Claro, ele foi criado em uma casa, mas era longe de ser um lar.
Ele pensou que tinha encontrado isso no exército, apenas para ter o seu mundo abalado junto com o seu grupo de irmãos.
Hart instalou-se em uma pequena cidade em Montana até que o inevitável aconteceu.
O telefonema que ele mais temia.
Sua mãe estava morrendo e ele precisava voltar para o lugar onde ele cresceu.
Deixando o seu negócio para trás com o seu melhor amigo Cub, ele partiu em uma longa viagem de volta para Nashville.
A estrada era infinita e o seu único consolo era o tempo que corria conforme os quilômetros passavam.
Sua alma viajava em seu bolso sem rumo...
Hart não tinha nenhuma ideia do que estava esperando por ele em Nashville.
A aventura do viajante pode se transformar em sua realidade.
—Diabos Maria. — Um pote de molho de espaguete vazio voa pela cozinha, quebrando no chão de madeira gasto.
Eu vejo minha mãe encolher diante do homem que sou forçado a chamar de pai. São anos e anos de abusos desse monstro. E ficou fora de controle após a morte da minha irmã. Arthur, o meu pai, culpou a minha mãe por ter deixado ela ir ao baile. Antes da sua morte, ele era um idiota raivoso vomitando abusos verbais para a sua família, porém a perda da minha irmã o transformou em um homem cruel que fica feliz em espancar a sua esposa e filho. Quebrar ossos e deixar hematomas é o seu maior êxtase, e ele é um viciado nessa arte.
—Eu não me casei com uma italiana para comprar molho no supermercado. — ele ruge se aproximando dela.
Eu tenho certeza que o odor do bafo dele de uísque está inundando todos os sentidos dela.
—Estou cansada. — Os olhos da mamãe estão fundos e a sua cabeça careca está coberta com o seu cachecol favorito que era da sua bisavó.
O câncer começou a comer ela viva. Porra de câncer de mama.
—Sem desculpas porra. — Ele pega a garrafa de Jack e a joga no chão, em seguida avança nela.
Meu trabalho na vida mudou desde a morte da minha irmã. Eu sou um saco de pancadas e me recuso a deixar o filho da puta tocar na minha mãe.
—Afaste-se. — Eu empurro seu ombro.
Arthur recua já embriagado pelo seu veneno favorito. Eu aproveito seu estado de colapso e o empurro de novo, até mesmo dou um chute em sua canela. Eu deveria saber melhor, mas parece ser bom demais. Ele absorve a dor simplesmente alimentando o seu fogo.
—Seu pedaço de merda inútil. — Ele dá um soco de lado no meu queixo.
Isso se transformou em um perverso e distorcido hábito meu. Isso me assusta, as semelhanças entre nós dois. Eu sou ele. Ele sou eu. O processo é inevitável. Levar pancadas e sofrer abusos me alimenta ainda mais a lutar. Duas ervilhas em uma vagem. A dor dos seus socos dá vida para mim.
—Deveria ter sido você, não a Belle. A sua garganta que deveria ter sido cortada naquela noite.
A mesma história, apenas outra noite dele podre de bêbado. Arthur amava Belle. Ela era sua princesa, e no dia em que ele a perdeu deixou de ter o seu último fragmento de humanidade. Ele odiava música e não aceitava que a minha mãe ouvisse também. Quando Belle encontrou seu amor pela música country tudo estava certo no mundo com Arthur. Ele a levou para audições e ficou ao lado dela, radiante de orgulho, mas tudo isso morreu no dia em que Belle deu seu último suspiro.
Ele dá mais dois socos fortes no meu rosto cortando o meu lábio e quebrando meu nariz novamente. O fogo dentro de mim aumenta, fazendo meus punhos sedentos por redenção. Minha raiva combina com a dele, e isso me assusta, mas ninguém toca na minha mãe. O ciclo continua até que Arthur tenha esquecido tudo sobre o molho comprado.
Quando o pedaço de merda do homem se esgota, ele se afasta limpando o sangue do rosto.
—Eu vou ao bar encontrar uma mulher de verdade.
—Não deixe a porra da porta bater em você quando sair. — eu grito de volta para ele.
Eu vejo isso chegando, mas não recuo. Eu saúdo com uma tortura doentia e perversa que o bastardo apresenta. A garrafa agora vazia de Jack vem na minha direção. Eu não me esquivo. É o meu trabalho proteger minha mãe do diabo. A garrafa bate do lado da minha cabeça, abrindo uma ferida nova. Mais sangue se junta na mistura já escorrendo no meu rosto.
Quando a porta da frente bate, eu me viro para a minha mãe que está chorando encolhida no canto da cozinha. Ela tem molho de espaguete salpicado em seu rosto. Eu nunca fui capaz de protegê-la dos seus abusos, e esse fato tem o poder devastador de me destruir.
—Tudo bem. — Eu vou até ela e puxo o seu corpo frágil para o meu colo. —Nós temos que sair, mãe.
—Não. Não. Não. — ela soluça no meu peito. —Ele está sofrendo.
Eu compreendo o câncer e a sua capacidade natural de corroer o corpo humano, oferecendo vislumbres de esperança apenas para abater o corpo novamente. O que nunca vou compreender é a doença atacando o coração da minha mãe quando se trata do meu pai.
—Ele vai te matar um dia. — Eu a abraço mais forte no meu peito. Ela é uma mulher orgulhosa e ama com tudo o que ela tem. —Estamos indo embora mamãe.
—Eu não posso.
Eu a forço a sentar e olhar para mim. —Por quê?
—Minha Belle. — ela soluça.
—Mamãe, vamos pegar as coisas dela. Eu prometo. Estamos indo embora hoje à noite.
—Ele vai matar você. Ele se sente ameaçado por você, Hart.
—Foda-se ele. — Eu a puxo para ficar de pé e em seguida a levo para o quarto de Belle.
Ela não para de soluçar o tempo todo.
—Mãe, cinco coisas. Quais são as cinco coisas da Belle que você precisa?
Ela fica em silêncio, controlando seus soluços por alguns momentos, mas deixa as lágrimas rolarem pelo rosto.
—Eu vou falar para você as cinco coisas, mas então você tem que me fazer uma promessa.
—Mãe, estamos indo embora. Fim de história.
—Hart. — Ela levanta com as pernas trêmulas. Não importa o quão doente ela esteja, a mulher tem o poder de fazer com que eu a ouça e respeite cada uma de suas palavras.
—Me leve para a casa da minha irmã. Eu nunca mais voltarei aqui, porém você vai se juntar ao exército em duas semanas, depois da formatura.
Eu processo suas palavras por alguns instantes, em seguida, aceno com a cabeça. —O que você quer?
Ela aponta para o violão de Belle, as sapatilhas de bailarina, uma foto emoldurada da nossa família que já foi feliz, o cobertor de bebê de Belle e finalmente, o capelo de formatura que ela nunca usou. Eu pego os itens e os coloco em uma mala pequena e logo em seguida pego as nossas roupas.
A mágoa em seus olhos diz o resto da história para mim, ela não precisa de mais nada dessa casa em que passou anos construindo uma vida. Isso me machuca mais do que qualquer golpe, corte ou machucado que eu já tenha sofrido.
Minha tia é uma mulher forte. Ninguém mexe com ela. Eu não estou de forma alguma apaixonado pela ideia de deixar minha mãe, mas saber que ela estará com minha tia faz com que isso tudo seja uma pílula mais fácil de engolir. Adelina, ou Peaches como a chamamos, é dona do bar The Shade Tree em Nashville. É o lugar para onde você vai quando tem estrelas em seus olhos1. O número de estrelas que começou no The Shade Tree está nos três dígitos.
Minha mãe vai ficar bem...
E eu?
O futuro é incerto.
1
Hart
A dor da minha ereção que empurra contra o meu zíper não é nada divertida. Ter um Shelby Mustang 1968 ronronando pela estrada aberta está deixando o meu pau duro. É a vida. O carro é foda de sexy! Viajar para um lugar que eu nunca quis voltar me rasga mais do que eu pensava ser possível. Eu não tenho estado feliz e contente. Isso está muito claro.
Eu me concentro na banda Steve Miller Band cantando sobre balançar uma árvore. Os quilômetros passam e meu pau relaxa. Fronteiras estaduais passam e o meu coração pesado relaxa um pouco. O medidor de combustível marca muito perto de E2. Paro no posto de gasolina mais próximo com os preços mais altos que já vi na vida. Eu sorrio e nem consigo encontrar um motivo.
Meu telefone ressoa “Party in the USA”, de Miley Cyrus, e o meu coração frio esquenta. Eu sei que são as únicas garotas que podem aquecer minha alma. O carro entra no estacionamento e eu deslizo pelo ponto circular verde do FaceTime. Demora alguns segundos antes que as duas garotas que possuem o meu coração apareçam.
—Tio! — Elas gritam juntas.
—Com licença, minhas rainhas, vocês ligaram para o número errado. —Eu arqueio uma sobrancelha.
—Tio.
—Vocês querem dizer o homem mais gostoso vivo?
—Tio.
As minhas sobrancelhas levantam.
—Tio. — O rosto de Juliette se aproxima da tela. —Eu venci você na Batalha Naval.
Eu reviro meus olhos. —Só porque eu deixei, sua pequena trapaceira.
Então, em uníssono, o rosto doce de Izzy aparece.
—Tio, eu sou a sua garota.
Meu coração aperta com força. Isso dói. Dói demais. Eu nunca tive um lar até que Izzy veio berrando no meu mundo. Tenho sido eu, o pai dela e ela nos últimos cinco anos. Eu tento lutar contra as lágrimas que ameaçam atacar a minha alma. Minha mãe é a única pessoa por quem eu deixaria essa garotinha.
—Ei, querida. — Eu bato na tela bem no seu lindo narizinho.
—Você já sente minha falta?
Eu penso por um longo momento e inclino minha cabeça para o lado.
— Bem, é, eu sinto sua falta, mas não dos malditos unicórnios, barbies e bonecas.
—Tio. —Ela beija a tela. —Você ainda tem o seu amuleto da sorte?
Eu me aproximo pegando a boneca que ela me deu.
—Você quer dizer essa coisa velha?
Seu sorriso ilumina a tela do meu celular.
—Sim.
Juliette nos interrompe.
—Onde você está? Você já está em Nova York?
Uma risada sombria escapa de mim.
—Nashville, garota, Nashville. Eu cresci lá. Eu não estou lá ainda.
—Tio, você está usando o cinto de segurança e obedecendo ao limite de velocidade? —Izzy pergunta batendo no seu queixo.
—Sim, princesa xerife.
—Temos que ir. — ela sussurra. —Nós roubamos o telefone do papai e ele está acordando.
Isso me faz sorrir. As meninas me amam tanto porque temos o mesmo nível de mentalidade. Sim, sou tão criança quanto elas e não tenho nenhum problema com isso.
—Liguem novamente. Eu amo muito vocês meninas e sinto falta de vocês. E Izzy? — Eu espero até que seus olhos brilhantes olhem para mim. —Você é minha coisa favorita todos os dias.
Seus pequenos dentes brilham intensamente com um grande sorriso.
—Eu sei.
Eu não posso forçar o adeus sair dos meus lábios e apenas espero até que as garotas desliguem. Eu falo para Izzy a mesma coisa desde o dia em que ela nasceu. Cub e eu estávamos em lugares sombrios depois de voltar para casa do Afeganistão. A maneira que Izzy veio até nós, foi uma história ainda mais fodida, mas na hora que a seguramos nos nossos braços, toda a bagunça desapareceu. Cub era praticamente um pai solteiro no dia em que ela nasceu e eu, sendo seu melhor amigo, estava bem ao seu lado.
O meu interior se sente oco e solitário no meio da América. Quanto mais me aproximo de Nashville as memórias e sentimentos mais antigos me inundam. Mamãe nunca quis que eu voltasse. Ela queria mais para mim. Seu câncer estava em remissão há anos. Há um sentimento persistente que ela ocultou esse fato de mim, quando o câncer atacou novamente. A mulher é teimosa e vigorosa.
Depois de abastecer a fera, passeio pelo posto de gasolina para pagar quando eu percebo que estou cansado demais para continuar na estrada. Tem um hotel de merda do outro lado da estrada na cidade pequena. O quarto é menos do que desejável, mas é um lugar para descansar a minha cabeça.
Eu sei que o sono não virá fácil com os pensamentos violentos que rolam pelo meu cérebro, então eu procuro pelo bar local. Pequenas cidades como estas em toda a América são conhecidas por ter aquele bar onde os moradores gostam de olhar atravessado para os forasteiros. Esse tipo de merda normalmente me aborrece e fazem as minhas entranhas girarem, mas com o medo que estou enfrentando de voltar para Nashville, a sede por uísque supera isto.
O bar é vagamente iluminado com um piso de tábuas irregulares. Nuvens de fumaça flutuam por todo o local, e na hora o público habitual gira para olhar para mim. Minha mão percorre meu cabelo na altura dos ombros dando a todos um aceno de cabeça. Ou eu não sou tão interessante ou a fofoca da cidade é muito profunda hoje à noite, porque todos eles voltam para as suas próprias vidinhas.
Sento no final do balcão que está deserto e peço um uísque puro. A mulher atrás do balcão é atraente, não a típica fumante desdentada e fora de forma como as garçonetes das cidades pequenas. Ela é jovem, com seios que preencheriam facilmente as palmas das minhas mãos e um sorriso brilhante para coroar tudo.
—Quer deixar a sua comanda aberta? — Ela desliza o copo na minha direção.
Eu aceno com a cabeça e abaixo a bebida, olhando para ela limpando o bar. Sua bunda brinca de esconde-esconde nos seus shorts jeans curtos.
Cub me ensinou a maior lição da minha vida. Mesmo com Izzy sendo o amor da minha vida, a mágoa que o homem sofreu dançando tango com uma psicopata como Mae, me ensinou a abraçá-lo sempre. Meu coração nunca se curou da minha infância, não me concedendo o poder de amar outra pessoa. Por outro lado, meu pau é muito ativo com uma transa sem compromisso e uma foda amiga. Afinal, sou todo homem.
Ela se aproxima com o pano branco e úmido cheirando a alvejante, passando no bar perto da minha mão. Eu estendo a mão para pegar a dela e puxo a sua mão pequena para mim. Tem um anel de diamante cintilante no seu dedo. Eu olho para ele por longos momentos, em seguida, olho para o rosto dela. Suas bochechas coram num vermelho sexy. Eu não uso palavras para perguntar, mas continuo esperando pela resposta dela.
—Acabou. — ela fala alto. —Ele me deixou para trás. Eu a uso para manter os idiotas locais longe.
—E garanhões em viagem? — Eu pergunto com uma sobrancelha levantada.
—Não teria explicado se eu não quisesse você. É a sua escolha.
Ela afasta. Eu estudo seu movimento enquanto ela mistura outra bebida. Ela me surpreende quando se aproxima ainda mais no balcão.
—Eu estou fora em dez minutos.
Ela continua seu trabalho, misturando bebidas e fechando comandas. Meu pau palpita sob o meu jeans precisando de uma porra de liberação. Eu pego duas notas de vinte da minha carteira, as jogo no balcão e saio para o estacionamento para esperar por ela. O ar da noite esfria e me sinto bem com a minha pele úmida e aquecida. O céu está repleto de estrelas cintilantes dançando entre as profundezas. Eu as estudo enquanto espero.
O céu sempre me fascinou. Intrigando minha curiosidade com sua enorme extensão de espaço vazio, mas ainda assim, produz ondas de beleza com nuvens e estrelas. Isso me faz pensar se algum dia eu vou ter alguma beleza dentro de mim. Eu tenho um vazio profundo e uma massa escura cobrindo minhas entranhas. As cicatrizes do meu passado e da guerra me mancharam para sempre.
A porta do bar abre e fecha, em seguida vejo a beleza loira caminhando em minha direção. Meu pau endurece vendo que ela não colocou uma jaqueta e ainda está com a blusa preta que está abraçando os seus seios. Eles estarão nas palmas das minhas mãos em breve.
A ponta da minha bota arrasta o cascalho enquanto eu relaxo no poste de luz. Ela estava bem mais sexy no estacionamento escuro do que quando ela estava atrás do balcão. Seus quadris rebolando e lábios brilhando.
—Eu moro com minha mãe. — Seu doce e muito leve sotaque de Iowa é adorável.
Ela é o tipo de garota que seria tão fácil de sair dessa cidade pequena e se transformaria em uma mulher honesta. Há uma fome e desejo profundo em seus olhos gritando por mais.
—Eu tenho um quarto de hotel. — eu respondo, estendendo as minhas mãos para ela.
Sem hesitação ela pega as minhas mãos e aproxima o seu corpo do meu. Ela é uns 30cm mais baixa do que eu, ela envolve seus braços em volta da minha cintura com força. Seu perfume é delicado e doce, o que faz com que eu lembre de cerejas frescas colhidas.
Esta seria a hora em que eu deveria perguntar o nome dela. Mas deixar essa parte um mistério só aumenta a intriga que a noite oferece. Ponho a palma da minha mão no rosto dela, enquanto seus cabelos sedosos deslizam através dos meus dedos. Ela se aconchega com o meu toque e fecha os seus olhos.
Eu me abaixo e aproximo os nossos lábios. A sugestão do seu gosto quase deixa-me com os joelhos fracos. Eu preciso devorar sua boca agora, já que o uísque não está entorpecendo meu processo de pensamento o suficiente. Eu me conheço muito bem para saber que uma vez eu tenha um gosto dela, eu vou tê-la curvada em público a tomando duro e áspero.
—Vamos. — eu sussurro roçando os lábios dela.
Eu sou um filho da puta ganancioso, então eu passo minha língua entre os lábios dela, sentindo o leve gosto da sua boca. Esta noite vai ser divertida. Ela está em silêncio durante a caminhada pela rua para o único hotel da cidade. Sua mão nunca deixa a minha.
—Merda. — Eu paro na frente do meu quarto. —Você está com fome ou alguma coisa?
Eu sou um idiota só pensando em minhas necessidades egoístas. Mesmo que eu seja um homem que não tem a capacidade para se comprometer, não significa que eu trato mulheres sem respeito.
—Eu estou bem. — ela mal sussurra para fora.
—Ei. — Eu levanto o seu queixo com o dedo indicador, forçando ela a olhar para mim. —Você está mesmo bem?
Ela balança a cabeça de um lado para o outro. O lábio inferior dela treme em harmonia. —Mas não é você. Eu preciso esquecer. Você pode fazer isso por mim?
Eu concordo. Destranco a porta e entramos em silêncio no quarto mofado. A chave do quarto desliza sobre a cômoda e quando me viro, a mulher está tirando uma garrafa grande de Jack Daniels da sua bolsa. Ela levanta a garrafa no ar dando uma leve sacudida.
—Parecia que você queria beber mais esta noite.
—Você estava certa. — Eu me aproximo.
—Eu não posso beber no trabalho. — Desta vez ela dá um passo para mais perto.
A minha mão agarra o quadril dela e eu a puxo para mim. Ela abre a garrafa e a leva até aos meus lábios, permitindo um gole perfeito. Ela imita as suas ações, mas com os seus lábios desta vez.
Minha outra mão desce o seu short. Ela abaixa sua mão deixando o botão livre e o zíper para baixo.
—Nome. — eu sussurro.
—Lou.
—Lou? — Eu pergunto.
— Maria Lou Jean Williams. Eu vou por Lou.
—Você diz quando parar, Lou, e eu irei. — Minha mão desce na frente do seu short até meus dedos alcançarem suas dobras. —Eu não vou te machucar.
Seus olhos azuis escuros olham para mim. A dor mascarando ele é quase insuportável. —Não é possível me destruir depois da vida que eu vivi.
Ela não pergunta meu nome, só quer que eu faça com que ela esqueça durante as horas solitárias da noite. Eu já estive lá tantas vezes, lutando contra meus pesadelos, encontrando consolo em uísque ou sexo. É uma correção vazia, mas adormece um pouco os pensamentos.
A sua cabeça inclina para o lado quando meus dedos afundam no seu calor. A garrafa desliza da sua mão no quarto silencioso. Meu pau empurra dolorosamente no meu jeans. Sem perguntar, ela pega a garrafa e a leva até os meus lábios oferecendo outro gole. Eu a pego, não perdendo o ritmo, e engulo o líquido pungente enquanto bombeio meus dedos nela.
Lou geme baixinho antes de tomar um gole do uísque. Seu doce núcleo aperta meus dedos e eu sei que ela está perto. Mais três golpes e ela está se desfazendo.
—Sua vez. — Ela me entrega a garrafa.
Lou tira as suas botas de cowboy e depois sai do seu short. Eu passo a ponta do meu polegar em seu lábio inferior antes de oferecer a bebida para ela. Seus lábios sensuais se abrem. A sua língua rosada sai para fora e lambe a borda da garrafa, e finalmente é a minha vez de gemer. As coisas que esta mulher está fazendo comigo. Eu vejo a sua garganta subir e descer enquanto ela engole o líquido âmbar. Lou esfrega a boca com as costas da mão antes de se abaixar no tapete. Eu vejo com admiração enquanto ela libera meu pau. Se o clima não fosse tão sério, eu iria brincar sobre lidar com a minha arma com cuidado. Segurança em primeiro lugar e toda essa merda. Mas a atmosfera intensa entre nós é refletida pelas paredes. Duas pessoas fodidas em busca de alívio por uma noite é tudo o que somos.
A sua língua acaricia meu pau como fez com a garrafa, em seguida, seus lábios sugam-me bem forte. O calor de sua boca quase me faz disparar minha carga pela garganta dela. Eu puxo a garrafa tomando outro gole tentando me distrair.
As mãos de Lou seguram minhas bolas enquanto ela chupa da base para a ponta. A cada sucção eu quase gozo na sua boca. A ação faz com que eu fique frenético, nunca querendo que essa pequena raposa pare.
Minha mão passa em seu cabelo, apertando ele com força. Eu afasto sua boca do meu pau, em seguida coloco a garrafa nos lábios dela. Eles estão vermelhos e inchados de fazer amor com meu pau.
—Mostre para mim. — eu rosno.
A boca de Lou fode a garrafa como ela estava fazendo com o meu pau. Eu pensei que isso facilitaria a necessidade de gozar. Mas eu estava completamente errado. Ela toma um pequeno gole e volta a trabalhar no meu pau. Eu não a deixo ficar lá por muito tempo.
—Tenho que ter você querida.
Lou protesta quando eu a coloco de pé, mas fica quieta quando eu a jogo na cama. Ela não precisa pedir para que eu coloque um preservativo. Eu tenho um enrolado no meu pau e estou descendo sobre ela em questão de segundos.
Suas coxas enchem minhas mãos enquanto eu as aperto e arrasto ela para a cabeceira da cama. A parte de trás das pernas dela descansam contra o meu peito enquanto eu afundo nela lentamente. Seus lábios em volta do meu pau diminuíram a realidade da minha vida, mas estar dentro dela é outra coisa.
Todos os fragmentos de autocontrole, de ser carinhoso, cuidadoso, amoroso e de ter um comportamento cavalheiresco voam direto pela porra da janela. Nós nos devastamos mutuamente a cada movimento dos nossos corpos. As unhas de Lou se cravam na minha carne, enviando uma dor penetrante através do meu corpo. Nenhum de nós diminui a velocidade. Lou se abre mais para mim, inclinando seus quadris para o ar, me dando tudo dela.
Nossos céus escuros colidem juntos liberando nossa dor da maneira mais venenosa. A garrafa de Jack está quase vazia e nossos corpos estão exaustos antes de cairmos no sono.
2
Hart
A água quente queima o pecado da noite passada. Jack e sexo enquanto eu estava com esse humor provavelmente não foi a ideia mais inteligente. A dor é realmente chacoalhante na minha cabeça. Eu não chutei Lou da cama ontem à noite. Eu simplesmente rolei e deixei o sono assumir.
Eu não consegui no meu interior expulsá-la. A garota está quebrada. Isso faz de mim um bastardo doente que nem está interessado em conhecer sua história? Não é porque eu sou sem coração, mas eu tenho esqueletos mais do que suficientes no meu próprio maldito armário. O armário que está trancado há anos e exatamente o mesmo para o qual eu estou voltando.
—Ei.
Eu tiro meu cabelo molhado dos olhos para ver Lou entrando nua no chuveiro. Agora tenho certeza de que ela é exatamente o tipo de garota que eu poderia amar. Sua alma quebrada chora no seu lindo corpo.
—Ei. — Ela olha para baixo timidamente, não fazendo contato visual.
—Bom dia. — Usando meu dedo, eu a faço olhar para mim.
Ela tem lágrimas escorrendo pelo rosto. Isso me despedaça.
—Me leva com você.
Desta vez suas palavras são claras e nítidas. Meus joelhos ficam fracos. Eu não quero levá-la. Eu não tenho tempo para isso. Não há como dizer sim. Ela deve detectar a hesitação no meu rosto.
—Apenas leve-me com você. Me deixe em qualquer lugar longe, mas muito longe daqui. Eu prometo que vou sair do seu carro e você pode me dispensar. Eu preciso sair deste lugar.
Lentamente eu aceno digerindo sua informação. —Você quer sair?
—Por favor.
Merda, ela nem sabe o meu maldito nome e está pronta para entrar em um carro comigo para viajar pela estrada solitária. O que aconteceu com essa garota? Eu acho que algo escuro e horrível se ela está disposta a arriscar sua vida comigo.
—Por favor. — As palmas das suas mãos descem pelo meu peito enquanto ela cai de joelhos. Ela tem meu pau em sua boca trabalhando para cima e para baixo antes que eu perceba o que está acontecendo.
—Não. Não. Não, Lou. — Eu a puxo para cima de mim, pondo ela contra o meu peito. —Você não precisa fazer isso.
Ela geme no meu peito. —Por favor, me leve daqui.
—Estou indo para Nashville, Lou. Eu vou levar você. Você pode escolher um lugar no mapa entre aqui e lá.
Ela se derrete no meu corpo. Eu espero até que ela encontre suas pernas antes de sair do chuveiro. Eu me enxugo e sinto o meu coração doer pela mulher quebrada no chuveiro. A noite passada foi um grande erro. Eu deveria saber melhor, mas eu estava no modo egoísta cretino.
Eu coloco minhas roupas e amarro meu cabelo úmido em um coque para homens. Então sorrio lembrando como Izzy adora tentar trançar isso. Ela faz e depois me obriga a usar o resto do dia. Normalmente acaba parecendo um ninho de rato no topo da minha cabeça. Eu quero isso na minha vida. Não tenho certeza se vou fazer todo o caminho de volta para Nashville.
***
Lou é a parceira de viagem perfeita. Ela permanece quieta do seu lado do carro. Eu me apavorei quando ela nem sequer quis ir em casa para pegar uma mala ou quaisquer pertences. Ela tentou me comprar um café da manhã e um almoço, mas eu não deixei. Inferno, eu tenho dinheiro suficiente para mandá-la com um punhado quando ela escolher sua localização.
—Vou dirigir durante a noite.
Lou apenas acena. Ela ainda não perguntou meu primeiro nome ou porque eu tenho que dirigir durante a noite. Peaches ligou e disse que a minha mãe tem perguntado cada vez mais por mim. Isso fez com que eu me sentisse culpado por parar uma noite e pegar Lou. Mas às vezes a vida tem planos maiores.
As velhas canções de rock continuam pelas horas noturnas. Minhas pálpebras nunca ficam pesadas conforme os quilômetros passam. A ansiedade fica espessa perto do estado do Tennessee. O maior fantasma do meu passado foi ter deixado a minha mãe. Mas foi o único pedido dela e a única maneira de conseguir tirá-la daquela casa.
O sol nascendo no horizonte me cega até um ponto em que mal posso manter meus olhos abertos, e não é porque eles estão cansados. É a luz do sol perfurando meus globos oculares. Apenas quatro horas de Nashville e minha realidade se arrasta lentamente.
Quando o motor do carro desliga, Lou faz barulho no assento do passageiro. Ela esfrega os olhos dela, enrolada em uma pequena bola. Eu vejo enquanto ela se estica lentamente percebendo que estamos parados em um posto de gasolina.
—Vou abastecer.
—Onde estamos?
—Cerca de quatro horas de Nashville.
Ela acena com a cabeça. Levanto e estico meus braços e depois meu pescoço antes de pegar a minha carteira. Eu pego meu cartão de débito, jogo a carteira no banco e começo a abastecer. Minha besta sexy estava quase vazia sem gasolina.
—Quer alguma coisa? — Eu abro o carro para guardar meu cartão de débito na carteira.
Ela balança a cabeça de um lado para o outro. Lou rolou de volta em sua concha quanto mais longe dirigi de sua cidade natal. Eu pensei que teria sido o oposto. Mas o que diabos eu sei? Eu jogo minha carteira de volta no banco. Temos lanches e comida suficientes para durar um mês inteiro. Eu não sabia o que ela gostaria, então eu praticamente peguei tudo que estava a vista antes de pegar a estrada e sair de sua cidade natal.
Eu dou uma rápida mijada e volto para o carro. Ela se foi. Eu espero por alguns minutos, esticando minhas pernas. Quando fico irritado e percebo que ela teve muito tempo para mijar, eu voto para o carro. Talvez ela tenha escolhido esta cidade?
Meu coração afunda quando percebo que minha carteira sumiu, e Lou também. A piada é sobre mim.
—Pelo menos ela deixou isso. — Eu pego o meu cartão de débito de cor escura que se misturou com os meu bancos de couro escuro.
Eu viro rapidamente no meu banco para ver que a minha boneca, a que Izzy deu para mim, ainda está lá.
—Foda-se. — Eu bato o volante. —Inacreditável.
Pelo menos ela não foi embora com a minha única lembrança do lugar que eu já chamei de lar. Tudo dentro de mim anseia por dar a volta e voltar para Izzy, jogar jogos de princesa unicórnio e esquecer o meu passado. Mas eu sei que não é uma opção neste momento.
Eu não tenho isso em mim para processar toda a situação fodida por estar tão perto do único lugar que guarda todos os meus fantasmas. Os meus documentos estavam naquela carteira, porém o mais importante também, as fotos de Izzy. Eu bato meu punho no volante irritado comigo mesmo. Roube o dinheiro. Foda-se, leve meus cartões de crédito e débito, mas deixa a merda importante para trás.
3
Hart
—Meu menino.
O que sobrou do meu pouco coração desmorona ao ver minha mãe. Eu nem sequer reconheço a voz dela. O cabelo dela já se foi, sua estrutura é frágil e nada mais lembra ela. Nenhum fragmento da mulher que me criou.
Ela se esforça para levantar os braços, gesticulando para um abraço.
—Mãe. — Eu solto a mochila no chão e vou direto para ela.
Caio de joelhos ao seu lado, eu não posso evitar as lágrimas que se espalham. É uma enxurrada de emoções que foram reprimidas há anos. O desejo de gritar com ela por não ligar mais cedo é forte, mas a necessidade de segurá-la é mais poderosa.
—Não chore, querido. — Ela acaricia a minha bochecha.
Foda-se um abraço. Eu me levanto e a agarro da cadeira dela e então eu sento com ela no meu colo. Ela é mais leve que Izzy, e derrete nos meus braços. Eu a seguro com força, beijando a sua testa.
—Seu cabelo, garoto.
Eu sorrio para ela através das minhas lágrimas. Eu passei por uma fase da vida onde eu queria cabelo comprido no ensino médio, mas meu pai proibiu. E o Exército garantiu que fosse raspado.
—Você gosta? — Eu pisco para ela. —Todas as senhoras gostam.
Seu sorriso brilha. Ela sempre teve um lugar para o amor em seu coração para o seu espertinho. Suas pálpebras piscam muito rápido. Eu balanço a cadeira para acalmar sua alma e coração.
—Você deveria ter ligado mais cedo, mãe.
O turbilhão de emoções girando em mim é tórrido e parece que vai me afogar. É mais assustador do que qualquer merda que eu enfrentei na guerra. Eu tive irmãos morrendo nos meus braços, testemunhei crianças sendo explodidas por bombas, e nada disso se compara em segurar essa mulher nos meus braços.
Sua respiração logo se estabiliza enquanto ela dorme no meu peito. Lamento os anos que estive longe. Eu nunca deveria ter saído.
—Por que, mãe? — Eu sussurro.
—Pare com isso, Hart. — Peaches entra no quarto parecendo exausta em suas roupas de trabalho.
—Peaches.
—É melhor você me reconhecer, garoto. — Ela oferece um sorriso fraco.
É um daqueles sorrisos que você ama em situações como essas... às vezes é a única coisa que você tem a oferecer.
—Por que você esperou tanto tempo?
Peaches inclina-se contra a parede perto da porta.
—Ela nem queria que eu ligasse para você.
As lágrimas caem mais depressa.
—Ela não queria que voltasse aqui. Seu...
—Ele tem estado por aqui? — Eu entro em modo de pânico. —Eu vou matá-lo.
Peaches sacode a cabeça com o rosto exausto ficando triste.
—Não, ele não tem estado por perto. Eu ouvi que ele está muito bêbado e quebrado demais para fazer qualquer coisa. Ele é realmente um fantasma em torno desta cidade hoje em dia. Ela não quer a chance de você esbarrar com ele.
—Ela sacrificou tudo. — Eu me inclino e beijo sua testa —As cartas que você enviou e as ligações semanais fizeram mais por ela do que você jamais imaginaria. — Peaches dá um tapa na parede e pega a sua bolsa. —Ajude ela a dormir. Eu estarei em casa por volta da meia noite. Sua mãe fez com que eu fizesse lasanha para o menino dela.
Eu sorrio. —Obrigado, Peaches. Você sempre foi minha tia favorita.
—Eu sou sua única tia, imbecil. — Ela fecha a porta silenciosamente atrás dela.
Meu estômago ronca ruidosamente com fome, mas não há outro lugar que eu preferia estar agora. Nem mesmo nossa famosa receita familiar poderia mover meu corpo agora. Minhas pálpebras caem pesadamente segurando o amor da minha vida nos meus braços.
As semanas fluem assim. Eu a seguro quando ela dorme e passo o resto dos dias conversando e alimentando ela. Seu apetite é quase inexistente, mas isso não me impede de oferecer a ela todos os tipos de comida.
Peaches está por perto apenas no final da tarde. Ela chega em casa por volta das três da manhã e não acorda até o final da tarde. Nós todos mantemos nossa distância do demônio até que ela recebe uma quantidade sólida de cafeína que bombeia através das veias do seu coração gelado. Aí falamos com ela.
Eu nunca vou poder agradecer a ela por cuidar da minha mãe nos últimos anos. Está claro que ela a manteve segura e indo ao médico. Foi uma pílula difícil de engolir, saber que não havia mais tratamento que minha mãe estivesse disposta a suportar. Eu não podia forçá-la, mesmo que seja tudo que eu sempre quis fazer.
—Mais um capítulo depois do jantar. — Ela dá um tapinha na minha barriga, bem no meu estômago.
—Mãe, isso é abertamente um pornô.
A risada de Peaches entra no quarto. Eu olho para cima para vê-la encostada no batente da porta com sua caneca de café nos lábios.
—É um livro de romance, menino. — A minha mãe fala com as pálpebras fechadas.
—Pornô leve, minha mãe querida. — Eu digo entre uma tosse.
Logo aprendi que Peaches lia para ela antes do turno no bar e a vizinha e amiga de infância, Julie, se sentava com minha mãe até Peaches voltar para casa. Nada disso continuou quando voltei. Foi tudo e será eu. E fim.
—Isso é pornô, mãe.
—Uma história de amor. — Sua voz é doce e suave como sempre.
—Vocês, senhoras, sabem que podem estar assistindo isso em vez de ler, certo? Quer dizer, há tantos sites gratuitos para assistir essa merda.
—Quieto, eu tenho que saber como termina.
Eu gemo, mas leio o resto do capítulo como exigido pela minha mãe. Nunca na minha vida eu pensaria que estaria lendo pornografia pura para ela, mas o faço porque ela vive pelos contos selvagens e histórias românticas com um monte de pau latejante. Essa merda é insana, mas eu leio para ela.
Seu pau latejante tocou meu centro. Tudo começa a girar no meu mundo. Ele mentiu, eu menti, mas eu preciso dele.
—Tristan, agora. — eu exijo.
Minhas palavras o estimulam e ele afunda em minhas profundezas. As suas bolas e nossos mundos se conectam para sempre. Eu nunca vou fugir dele novamente. Seu passado é escuro e o meu não é tão escuro, mas eu estarei lá para ele. Eu só espero que ele supere o meu segredo sombrio. Eu me pergunto se o nosso amor é forte o suficiente para superar tudo isso. Mas então ele vai tão profundo que eu sei que tudo irá ficar bem.
—Mãe, sério? Ele vai saber que ela está grávida do bebê de seu melhor amigo.
—Saia da sua putaria, Hart. As histórias me pegam.
Peaches a ajuda a sair da cama para ir ao banheiro. Eu sempre deixo Peaches ajudá-la em situações como essas. Nenhuma mãe quer o próprio filho ajudando-a a usar o banheiro ou o chuveiro. Eu não tenho dúvidas. No entanto, eu gosto de evitar seu constrangimento. Eu sei que isso a despedaça, mas ela nunca se queixa. Nem mesmo quando a dor é esmagadora.
Quando a porta do banheiro do seu quarto se fecha e o chuveiro é ligado, abro o e-reader3 e leio. Eu só tenho que saber como Tristan vai reagir. Porra, estou viciado nessa merda. O homem dentro de mim está enraizando Tristan balançando aquele pau dele, dizendo ao amor de sua vida para ir embora. Essa merda é intensa.
4
Hart
—Eu não vou deixar você hoje à noite, mãe. — Eu deslizo seu prato de galinha com crosta de amêndoas e legumes variados em sua direção.
—Você está confinado dentro de casa comigo há mais de um mês. Você precisa sair hoje à noite.
—Coma antes que eu bata na sua bunda, mocinha. — Eu pisco para ela, giro a cadeira para trás e pouso meus cotovelos em cima dela.
Ela ri levemente. Colocar esse brilho de felicidade em seus olhos doentes faz tudo certo no mundo.
—Você precisa experimentar os movimentos elegantes que aprendeu com todos esses livros de romance. — Desta vez é ela quem pisca para mim.
—Não vai acontecer.
Ela inclina a cabeça para o lado. —Por que você não está comendo?
—Eu comi muita porcaria enquanto cozinhava.
—Garoto maluco.
Eu vejo sua mão frágil tremer enquanto ela dá pequenas mordidas nos pedaços da galinha cortada. Ela raramente come e, quando o faz, geralmente acaba vomitando. Ela está em quimioterapia agora pelo simples fato de controlar a dor. Eu não me concentro muito na doença que está comendo seu corpo vivo.
—Fora. — A porta da frente bate e Julie entra.
—Vamos imbecil. — Peaches coloca uma palma da mão no meu ombro.
—De jeito nenhum. Eu vou ficar.
Minha mãe se inclina, colocando a mão em cima da minha.
—Querido, eu te amo, mas preciso de um tempo sozinha com Julie.
—Sim, temos vários livros para pôr em dia. — Julie balança seu Kindle4 no ar.
Eu coro um pouco com o pensamento de querer estar nessa conversa. Quando Izzy era recém-nascida e Cub estava no turno da manhã, eu fiquei viciado em novelas. Foi um vício desagradável para acabar. Ainda sinto vontade de ver o que Ol 'Victor5 está fazendo, mas parece que tenho um novo vício. Livros pornô leves com a minha mãe.
Eu sacudo a confusão da minha cabeça. Eu preciso de uma maldita noite fora.
—Tudo bem. — Eu levanto da cadeira. —Deixe eu colocar algumas roupas limpas.
—Sim, você parece uma merda. — Peaches fala.
Eu abano meu dedo entre minha mãe e Julie.
—Vocês duas me escutem. Sem convidar garotos, sem bebidas ou festas enquanto eu estiver fora, ou as suas bundas estarão de castigo.
—Vá se trocar, idiota. — Peaches bate na parte de trás da minha cabeça.
Eu ando pelo corredor ouvindo as risadas de minha mãe e Julie. Eu adoro ver seu lado mais jovem aparecer e me sinto abençoado que Julie e Peaches estiveram em sua vida ao longo deste momento difícil. Tirando o meu moletom e camiseta de três dias, decido tomar um banho quente. Eu não tenho tempo para fazer minha barba, então me seco rapidamente.
Não há sentimento melhor do que deslizar em um par de jeans e uma Henley6 apertada. Eu me sinto meio humano neste momento. Eu não tenho tempo para pentear meu cabelo, então eu coloco essa merda em um coque que eu aprendi e que é bastante popular entre os homens alfa e sexys no mundo dos livros.
Meu peito se enche de orgulho, sabendo que eu posso ter um pouco de distração hoje à noite por meio da vida real e não do mundo romântico em um e-reader. Eu me tornei o mestre em controlar meu pau duro ao ler para minha mãe. Tenho certeza que minhas bolas tem um tom azul royal neste momento.
Peaches está esperando em seu velho carro tamborilando no volante no momento que chego. Ela está claramente agitada, por isso, sendo um idiota típico, eu mudo sua estação de rádio do país para o rock antigo. O velho urso precisa aprender algum sentido de gosto musical, afinal.
—Você quer que seus testículos sejam cortados, garoto?
—Quer seus peitos arrancados? — Eu respondo e canto a música de Steve Miller Band no rádio.
—Por que diabos eu achei que isso foi uma boa ideia? — Peaches acelera seu carro velho na estrada na direção de seu bar. —Eu preciso de um trago e ainda nem pisei no bar.
—Não, você só precisa de bom gosto para música e uma versão de um pau para amaciar a sua manivela.
—Quem disse que um pau extermina os problemas? Na minha experiência, isso foi as causas dos meus problemas. Eu costumo ir para vaagginnaas. — Ela “desenha” a última palavra.
—Jesus Cristo, mulher! Cale a boca.
—Você queria que minha manivela fosse amaciada, então eu só preciso de uma boa dose de uma boceta sexy.
—Assustando, você está assustando o seu sobrinho favorito. — Eu cubro meus ouvidos como uma criança pequena faria.
—Cara de bunda, você é meu único sobrinho, e você acha que eu sou a melhor tia solteira em seus sessenta anos, então saiba que eu já lambi uma boceta ou duas na minha vida.
—Você rebate para o seu próprio time? — Pergunto com horror.
Ela responde esticando a língua e enrola ela.
—Isso é o que você chama de lésbica bem dotada.
—Tudo bem, você ganhou e estará pagando pela minha terapia. — Eu estendo a mão e coloco sua música country de volta.
O violão e a bateria fazem uma serenata pelo resto do caminho para o The Shade Tree. Eu realmente, realmente, tento apagar as imagens da minha tia se entregando a outra mulher do meu cérebro.
Ela estaciona na mesma vaga em que sempre estaciona o seu carro, desliga o motor e encolhe os ombros.
—Nunca se sabe, podemos revezar o time um dia, Hart.
—Você está doente da cabeça? — Eu saio do carro.
As gargalhadas de Peaches ecoam pelo estacionamento mal iluminado. Tenho certeza que ela está gostando muito do seu senso de humor doentio e distorcido. Está claro que ela é minha parceira na vida. Eu sempre amei a mulher. Minha primeira memória dela me dando chocolate às escondidas antes do jantar será sempre a mais carinhosa. Ela nunca teve medo do meu pai e forçou seus limites com ele. Ela é daquelas que nunca desiste.
Entro no bar com minha tia malvada e noto que pouca coisa mudou. As tábuas de madeira inteiras e irregulares ainda revestem o chão com cascas de amendoim que preenchem as rachaduras. O palco improvisado mal dá para encaixar uma banda na frente do bar, e depois há o bar antigo com madeira desgastada na parte de trás. E é aí que toda a mágica acontece.
Peaches vai de babaca engraçada para empresária no segundo em que ela entra em seu império. A equipe que está no turno fica em posição de atenção quando ela chega com suas leggings pretas de plumas, botas de cowboy altas até os joelhos e cabelos grisalhos. Eu reconheço alguns rostos de velhos garçons que trabalham no The Shade Tree desde o primeiro dia. Merda, eles provavelmente trocaram minhas fraldas naquele tempo.
Londa, que com certeza eu usei para esvaziar os meus testículos, dá-me uma piscada enquanto equilibra uma bandeja de bebidas. Então Liza, que eu também tenho certeza que limpou minha bunda, me abraça, mas eu faço o meu melhor para seguir a rainha até o bar. Eu sento em um banquinho enquanto ela fica atrás do bar. Ela vai direto para o modo atendente enquanto verifica o resto do local. Seu entretenimento está no palco cantando, a plateia é legal, e ela está vendendo as suas bebidas.
Peaches serve para mim um uísque puro e depois outro. Antes que eu perceba, a ponta da minha bota preta de trabalho está batendo no ritmo da música country estridente. Estar sentado no final do bar onde as garçonetes fazem pedidos tem suas próprias vantagens.
Olá para botas de cowboy e shorts curtos enquanto carregam bebidas. Minha mente se acalma, limpando todas as preocupações e estresse da vida real à medida que cada bebida vem. Peaches se inclina de vez em quando deixando que eu veja a minha comanda de bebida, mas eu apenas aceno como se eu fosse pagar. Suas piadas de boceta estão prestes a sair pela culatra e eu sorrio enquanto bebo a quarta bebida.
—Licença, por favor. — Um ombro cutuca no meu.
Quando olho para o movimento, fico cara a cara com uma beleza de cabelos negros. Eu estou claramente no seu espaço, mas a nuvem de neblina do meu julgamento é avassaladora. Ela é bonita como uma bela moeda brilhante.
Eu pareço um imbecil estúpido. Seus olhos de esmeralda me hipnotizam de um jeito feroz. Eu deveria falar, mas parece que tudo que posso fazer é olhar. Eu sei o que Tristan, o herói bem-dotado dos livros de romance faria, mas acabo agindo como aquele motoqueiro bundão, Trace, e apenas olho para ela, ficando bêbado com a sua aparência.
—Com licença. — Ela morde o lábio inferior.
Eu acho que babaca, cuzão ou cara de merda serviria, mas ela se abstém de usar quaisquer destes termos mantendo sua cara de paisagem enquanto tenta pegar mais bebidas do bar.
—Fique a vontade. — Eu posso com toda certeza sair sozinho, mas o toque dela seria bom.
—Ok. — Ela balança a cabeça, aparentemente não divertida por mim.
É quando eu vejo os seios dela e meu Deus elas são um par perfeito de seios. Seios do caralho. Eu preciso das palmas das minhas mãos e lábios nessa perfeição. É tudo sobre admiração pela perfeita obra de arte. Eu sou tudo sobre ser professor de arte e respeito o assunto.
Minha clara admiração pela beleza diante de mim é abruptamente interrompida quando o banco no qual minha bunda está empoleirada é puxado de debaixo de mim. Minha bunda aterrissa no chão de madeira. Olhando de volta para ela, eu finalmente pego um sorriso enfeitando os seus lábios.
—Isso ajudou? — Ela pergunta, pegando sua bandeja cheia de bebidas.
—Feito o trabalho. Eu acho. — Eu me levanto devagar, segurando minhas bolas e esperando que seu próximo movimento não seja me chutar lá.
As gargalhadas de Peaches se misturam na nossa conversa.
—Vejo que você conheceu Vannie, Hart.
Eu estreito meus olhos para a deusa de cabelos escuros.
—Vannie. Agradável.
Ela revira os olhos sem desejo de me entreter por mais tempo. Sua bunda é um entretenimento suficiente quando ela anda pelo chão. Eu sou um homem alto, facilmente mais de um metro e oitenta, e essa mulher na minha frente é pequena na estatura, mas sua atitude mais do que compensa isso.
—A deixe em paz. — Peaches coloca outro uísque puro na minha frente.
—Ela é a única que bateu na minha bunda. — Eu engulo a bebida inteira em um longo gole já que a Pequena Senhorita Traseiro Sexy cortou a minha diversão.
—Estou falando sério, Hart. Ela é uma nômade. Não conheço a história dela, mas se eu tivesse que adivinhar é tão escura quanto o cabelo preto dela.
—O que? Você deu em cima dela e ela recusou? — Eu sorrio por cima do copo.
Peaches sacode a cabeça, mas ela tem um vislumbre de um sorriso dançando em seu rosto.
—Não, jovem demais para mim. Ela é minha melhor funcionária, então não a assuste, idiota.
—Seja o que for, Tigresa.
A banda no palco não é tão ruim, mesmo que a música country costume fazer meus ouvidos sangrarem. Eles são animados com um som e músicas originais. Eu noto três ou quatro engravatados apreciando uma bebida e ouvindo enquanto batem os dedos na mesa.
Eu diminuo as bebidas sabendo meu limite. Beber foi o único vício que eu trouxe para a vida depois de voltar para casa do exército. Nosso grupo de irmãos foi duramente atingido. Nós perdemos um punhado antes de retornarmos. Eu vi merda que nunca consigo esquecer. A bebida entorpecia essa dor até que Izzy veio gritando em nosso mundo. Então tudo era ela e manter a pensão que eu comprei.
Fui um faz-tudo na melhor das hipóteses, e também saiu muito barato, mas foi mais terapêutico por causa da restauração e acabou por ser um negócio rentável, embora em um ponto eu só pudesse pagar para comer. Valeu a pena. Cub e sua família agora administram isso para mim. Eles possuem isso. Deixei os papéis para trás porque sabia que ele nunca aceitaria.
Eu sou um viajante. Meu coração fica selvagem e o desejo dentro de mim flui com a necessidade de seguir em frente. Eu parei de pensar quando vou encontrar ouro na vida e encontrar a pessoa ou lugar que pode me manter enraizado. Em vez disso, eu flutuo com a brisa e aproveito a vida como ela vem.
—Obrigado a todos. A próxima atração para o seu entretenimento é a talentosa senhorita Savannah Ray.
A voz crescendo no microfone chama a minha atenção. Eu olho para cima para ver a garota que Peaches chama de Vannie subir ao palco com um violão pendurado na sua frente. Eu não tenho ideia quanto tempo tem passado desde o nosso primeiro encontro. Ela mudou para um vestido de verão branco com tiras delicadas. Seus pés estão cobertos por gastas botas de cowboy marrons.
Ela puxou o cabelo para cima em um rabo de cavalo. Sua aura defensiva e durona desapareceu, deixando para trás uma mulher tímida no centro das atenções. Nenhum membro da banda a rodeia. É só ela lá em cima.
—Veja isso. — Peaches me cutuca no ombro.
No momento em que Vannie abre a boca, a mágica acontece. Sua voz é assombrosa, delicada, reconfortante e bonita. Eu admiro o jeito que ela canta no microfone, bloqueando o resto do bar. É de longe a melhor voz que já agraciou meus ouvidos.
É a minha nova música favorita, apesar de não ter ideia de qual seja. O bar fica assustadoramente silencioso com todos hipnotizados por sua voz melodiosa. O rubor que se arrasta nas maçãs de suas bochechas é adorável. Ela abaixa a cabeça uma vez que a música termina e o bar enlouquece de alegria. Alguns até ficam em pé aplaudindo.
Ela não usa o seu violão para a próxima música. Eu reconheço já que foi tocada no rádio várias vezes. “Let Her Go” de Passenger nunca soou tão sedutor. Sua voz controla a música inteira com seus quadris balançando suavemente de um lado para o outro. Ela nunca faz contato visual enquanto está profundamente imersa na letra. É como se ela estivesse despejando toda a sua alma nas palavras.
Canção após canção flui dela e nunca o bar volta a se socializar. Ela mantém a atenção deles o tempo todo. Você pode ouvir um alfinete cair entre as músicas.
—Obrigada. — Ela abaixa a cabeça e sai do palco.
Peaches grita a última chamada e depois se senta ao meu lado com uma bebida na mão. —Então, o que você pensa agora?
Muito atordoado para falar, eu permaneço imóvel e quieto.
—Bem, essa é a primeira vez que alguém, finalmente, cala a sua boca.
—Ela é tão diferente lá em cima. — Eu aponto para o palco vazio.
—Sim. — Peaches acena tomando a sua bebida. —Como eu disse, não conheço a história dela, mas posso adivinhar que ela é talentosa, mas tímida quando se trata de estar no palco.
—Ela é talentosa. Por que ela ainda não foi apanhada? — Pergunto.
—Ela não quer isso.
—Por quê?
Peaches não tem a chance de responder antes de sermos interrompidos pela própria Vannie.
—Ei, precisa de ajuda para fechar? — Ela coloca as mãos na frente de seus bolsos.
Ela mudou de novo. Estranho.
—Você pode ir para casa, Vannie, eu cubro aqui. — Peaches pula do banquinho e a abraça. —Te vejo amanhã à noite.
—Ok, obrigada.
Eu não perco o fato de que ela não faz contato visual comigo desta vez. Você pensaria que eu estava usando uma capa de invisibilidade, mas isso não me impede de estudar essa pequena bunda doce enquanto ela caminha. Ela para perto de uma mesa, coloca o violão e começa a colocar um capuz sobre a cabeça. Seu cabelo escuro se mistura com o tecido do capuz preto, fazendo com que ela se torne ainda mais poderosa.
—Vannie! — Peaches grita.
Ela gira lentamente, pegando seu violão novamente e dando atenção para Peaches.
—Você consertou o seu carro?
Timidamente ela balança a cabeça.
—Garota, eu vou bater na sua bunda.
—Estou a apenas cinco quarteirões de distância.
—Está escuro. Você é jovem e linda. Eu não me importo com o quão perto você mora.
Sem pensar, eu pulo do banquinho.
—Eu vou levá-la para casa.
—Não. — A atitude defensiva de Vannie aparece sem hesitação.
—Ei, eu sou um cara bom. — Eu levanto minhas duas mãos. —Você pode até me revistar para ter certeza de que eu não tenho nenhuma arma.
Eu pisco para ela. Eu estou começando a pensar que ela não tem personalidade alguma. Mas a voz dela há poucos minutos me convenceu do contrário.
Peaches convence Vannie que eu vou acompanhá-la até sua casa.
—Vou pedir desculpas antecipadamente, Vannie, mas Hart é um cara legal. Você não deveria estar andando sozinha.
—Eu sei me...
Peaches coloca a mão no antebraço de Vannie. —Eu tenho certeza que você sabe, boneca, mas nenhum fio de cabelo em sua cabeça será machucado sob os meus cuidados. Agora vão em frente vocês dois.
5
Savannah Ray
Esse cara é... demais. A coceira subindo pela minha espinha avisa para que eu fique longe dele. Peaches nunca iria me deixar sair com ele se fosse perigoso. Inferno, foi ela quem me ofereceu o meu primeiro emprego enquanto eu ainda morava no abrigo.
Mas esse homem sexy, arrogante e confiante andando do meu lado é outra coisa. Estou acostumada com a pessoas me encarando ou até mesmo fazendo comentários, mas ele está no topo de tudo.
—Não tenho acompanhado uma garota para casa desde o colegial. — Ele tenta iniciar uma conversa.
Ele não tem ideia de como eu estou fechada para o mundo e como eu nunca vou me abrir para ninguém, incluindo ele. Nem mesmo os que exalam sensualidade poderiam me seduzir.
—Eu tenho um carro em casa. Eu costumo usá-lo quando quero entrar nas calças de uma mulher. Me desculpe, mas meu jogo está um pouco fraco esta noite.
E o impensável acontece. Eu não tenho certeza se é o pedaço de cabelo solto que saiu do seu coque, o perfume masculino flutuando nele, ou o fato dele ser engraçado pra caramba. Eu caio na gargalhada imaginando ele como um garoto andando com garotas mais velhas ou ele se vangloriando do seu carro.
—Ela ri. — Ele para no meio do caminho estudando-me. —Deixa eu bater em você com alguma merda Rico Suave7.
—Pare. — Eu agarro minha barriga com a mão livre, que está doendo de tanto rir.
Não me lembro da última vez em que risadas genuínas me escaparam. É uma sensação estranha e libertadora ao mesmo tempo.
—Porque parar? Você é linda quando ri. — Ele afasta um fio de cabelo preso ao lado da minha bochecha.
—Você é muito estranho... — Merda, eu nem sei o nome dele.
—Hart Richards, homem dos seus sonhos selvagens, o número um em seu coração, e...
—Opa, garanhão. Entendi.
Continuamos andando e parece que ele ganhou o jogo de falar já que ele me imergiu profundamente na conversa.
—Você é foda de incrível no palco.
Isso faz minhas bochechas queimarem de vergonha. —Obrigada.
—Você pertence ao grande palco, com certeza.
—Oh não. — Eu aceno para ele. —Eu só gosto de cantar, isso é tudo.
—Eu odeio música country. — ele solta aleatoriamente.
Por alguma estranha razão, isso também me faz rir. A maioria dos homens agiria como se eles fossem o George Jones8 da música country, para me satisfazer na esperança de abaixar as minhas calças.
—Do que você gosta?
—Do bom e velho rock roll.
—Como rock de traseiro? — Eu pergunto.
—Droga, ela ri e faz piadas. Você, Savannah Ray, vai dar uma excelente foda um dia.
—Não é provável.
As inseguranças e monstros profundos ameaçam sair. Eu corri pela maior parte da minha vida. Quando uma ameaça levantou sua cabeça feia, eu fui embora e nunca mais parei. Foi o amor pela música que me fez ficar aqui, e Peaches.
Chegamos na minha porta muito cedo. Eu acho estranho que eu esteja triste por estar me separando dele.
—Como você conhece Peaches? — Eu finalmente pergunto a ele.
—Ela é minha tia.
Eu suspiro e então cubro minha boca. —Sua mãe est...
Ele me corta antes que eu tenha a chance de terminar. —Sim, morrendo.
—Oh não, não foi isso que eu quis dizer. — Eu balanço minha cabeça para convencê-lo. —Eu a amo. Peaches me convida todo domingo à noite para jantar, mas eu não consegui ir nos últimos meses.
Suas sobrancelhas sobem até a linha do cabelo. Tudo faz sentido, eu junto o quebra-cabeça desordenado. Ele é Hart, seu garoto, que a irmã de Peaches fala o tempo todo. Só pode haver uma razão pela qual ele está em casa. Eu sei por que ele foi embora e como é difícil para a mãe dele não ligar para ele voltar para casa.
—Essa velha gata de rua deve gostar muito de você, porque ela não permite ninguém em sua casa.
—Sim. — Eu engulo o grosso pedaço de orgulho na minha garganta. —Ela me ajudou de várias maneiras.
Hart enfia as mãos nos bolsos, recua com um olhar tímido e sorri. É a primeira vez que vejo este homem vulnerável esta noite. Sua máscara de grande idiota foi apagada, e eu não gosto disso. Ele está processando a merda da vida real, sua realidade, e a dor é visível.
—Parece que eu vou ver você amanhã à noite, então. — Ele começa a ir para a rua. —Eu gostaria de um beijo de boa noite, mas acho que ainda não estamos nesse estágio, mesmo eu sendo um Príncipe Encantado do caralho.
—Você está certo. Nem mesmo perto.
—Cruel, Vannie, cruel. — Ele cobre o seu coração enquanto recua devagar.
Eu deveria dar um osso a um cachorro, mas ainda não tenho essa confiança, não importa o quão legal ele seja ou quem é sua tia. Ele sabe onde é meu apartamento e isso é o suficiente. Ele não precisa saber o número exato.
—Por que Peaches?
—Hein? — Ele inclina a cabeça.
—Por que vocês a chamam de Peaches? Ouvi que foi você quem começou.
—Apenas uma parte do charme, querida.
Eu balanço minha cabeça incapaz de lutar contra o sorriso estúpido no meu rosto e depois murmuro: — Algo parecido com isso, parece.
—Eu vou comprar o jantar amanhã. — ele grita, já que ele está praticamente do outro lado da rua agora.
Demoro um momento para entender a piada e só sorrio antes de entrar no prédio. Normalmente meus passos são pesados subindo as escadas, mas não esta noite. Hart é engraçado e, com certeza, foi bom rir de novo. Um riso genuíno e honesto que borbulha por dentro. Um conceito estranho.
Meu apartamento não é nada para se gabar, mas é a minha casa. A primeira casa que eu tive em anos. Uma cama, água limpa e um banheiro funcionando é tudo o que preciso para ser feliz. Depois de viver em fuga por anos, fazendo das ruas minha cama, isso é uma mansão em comparação.
A água quente saindo do chuveiro começa a encher o banheiro de vapor. É o meu sinal para tirar as roupas. As cicatrizes no meu corpo são a minha criptonita. Os lembretes permanentes e desagradáveis do meu passado que eu nunca olho ou sinto. As pontas dos meus dedos estão sempre cobertas com uma esponja quando tomo banho. Espelhos de corpo inteiro não existem na minha casa e os meus olhos nunca olham para baixo. Fora da vista, fora da mente, bloqueando as memórias para sempre.
Estremeço quando passo a ponta do meu dedo pelo meu braço nu, me vejo sorrindo com pequenas explosões de felicidade correndo por mim. Mas nunca será o suficiente para que eu olhe para o meu abdômen. Nunca.
6
Savannah Ray
Eu aliso meu vestido branco mais uma vez e então reajusto meu suéter cobrindo o meu decote. Senti falta dos jantares de domingo com Peaches, Maria e Julie. Passar o tempo no abrigo local para o voluntariado é algo especial para mim. É um lugar que me ofereceu consolo durante um tempo em que eu estava muito perdida. Não apenas o abrigo das mulheres aqui em Nashville, mas abrigos em todo o mundo.
Eu não tenho muito, mas com o que eu tenho, eu volto para o lugar que uma vez me ajudou a me curar. Consegui levantar, encontrar um emprego no The Shade Tree e, acima de tudo, encontrar minha voz novamente. Cantar é minha única terapia. A única coisa que me faz sentir viva novamente.
Eu fui impedida de construir amizades no passado. Construir vínculos estreitos só me quebrava quando se desfaziam. E a cada vez um pedaço da minha alma desaparecia. Anos atrás quando estava quebrada e solitária, tomei a decisão de que não devia deixar ninguém se aproximar. Tudo isso foi até Peaches e sua família, que agora parece incluir Hart, o carismático e sexy galanteador.
Julie abre a porta dando as boas-vindas com seu sorriso caloroso. Um aroma incrível me atinge com força. Não sei bem o que é, mas isso faz com que meu estômago ronque alto e minha boca salive.
—Ela está aqui? — Eu ouço Hart perguntar antes que ele saia do corredor que leva à sala de estar.
Ele está vestido com jeans pretos desgastados e uma camisa de flanela vermelha abraçando seu peito. As mangas estão enroladas em seus antebraços com os músculos flexionando a cada movimento. Seu cabelo está solto hoje e me vejo olhando para ele.
Seus olhos cor de uísque parecem me perfurar. Um pequeno sorriso se espalha em seu rosto quanto mais ele olha. Eu tento falar, mas tudo fica preso na minha garganta. Os sentimentos fluindo através de mim me assusta, forçando os tremores a tomarem conta.
—Cheira como se alguém tivesse cagando Ralph Lauren aqui. — Peaches aparece por trás de Hart batendo na cabeça dele.
—Jesus, mulher. Eu sou sensível. — Ele agarra a parte de trás de sua cabeça.
—Você vai assustar Vannie tentando ser todo elegante e essas merdas. Menos colônia da próxima vez. — ela responde.
Julie oferece sua própria opinião sobre o assunto.
—Sua mãe disse que você está entrando nos nossos livros de pornografia.
—Ele acha que é um Casanova moderno, mas é apenas um idiota adulto. — diz Peaches, rindo de sua piada.
Julie agarra minha mão me puxando para dentro da casa. Parece que fiquei congelada entre o olhar de Hart e a brincadeira entre tia e sobrinho. Ela me leva para a sala de jantar onde Maria balança em sua cadeira de balanço embrulhada com cobertores. Meu coração dói vendo o quanto ela está mais curvada desde a última vez que a vi. Ela está literalmente desaparecendo a cada segundo.
—Ei querida, nós sentimos sua falta. — Maria sorri brilhantemente através de sua doença.
Eu nunca conheci alguém tão otimista quanto Maria, mesmo quando se depara com uma situação tão terrível. Ela estava sempre sorrindo, mesmo quando estava passando por uma rodada de quimioterapia e mortalmente doente.
—Também senti a sua falta.
Eu ando para dar-lhe um abraço gentil.
Todo mundo se acomoda em torno da mesa caindo em conversas fáceis enquanto Hart leva a comida para lá.
—Ouvi dizer que você conheceu o meu filho. — O orgulho no rosto de Maria é muito contagiante.
Eu aceno incapaz de encontrar palavras, constrangida com os olhares de todos.
Maria continua contando para mim a mesma história que contou várias vezes nos jantares de domingo, sobre como Hart era um soldado e depois proprietário de uma empresa em Montana. Eu sempre soube que há mais sobre a história da família deles, mas não é da minha conta conhecer. Deus sabe que tenho o suficiente da minha própria bagagem.
Hart se senta de frente para mim, me dando a visão perfeita de sua mandíbula esculpida, maçãs do rosto afiadas e aqueles olhos assombrosos. Ele não é tímido quando olha para mim enquanto preparamos nossos pratos. Minhas bochechas ardem de calor sob seu olhar. Eu agora sei como se sente um animal de zoológico.
Julie começa a falar sobre livros de romance, distraindo Hart. É bastante engraçado ouvi-lo se envolver nas brincadeiras sobre histórias de amor. Ele é bastante convincente em seus pontos, mas eu tenho certeza que a maior parte é para que sua mãe e Julie fiquem nervosas. Eu olho para Peaches, que também relaxou em sua cadeira, aproveitando a conversa.
Tudo desperta em mim de uma só vez. Hart e Peaches são iguaizinhos com seus grandes corações, inteligência e charme. É por isso que eu sou tão facilmente magnetizada para ele? Ou pode ser o fato de que nunca estive em um relacionamento ou remotamente atraída por um homem? A vida nunca me deu uma chance.
—Vannie, você deveria ler o próximo livro conosco.
Eu mal reconheço meu nome depois de estar tão perdida em meus próprios pensamentos. Eu olho para a mesa e todos estão olhando para mim. Olho para o meu prato vazio, engulo o embaraço antes de falar.
—Oh, eu não leio muito.
Isso faz com que Julie se anime em seu assento. —Nós vamos consertar isso.
—Sim. — concorda Maria. —Nossa próxima leitura é sobre um bombeiro que é muito alfa. Nós esperamos muito tempo por este lançamento.
—Hum, o que é alfa? — Eu pergunto, imediatamente reconhecendo o meu erro pelo sorriso no rosto de Hart enquanto as duas mulheres coram.
Hart até cora um pouco antes de relaxar em sua cadeira. Ele levanta uma sobrancelha, cruzando os braços sobre o peito largo e, finalmente, sorri.
—Alfa é um homem que é dominante, prepotente e profissional entre os lençóis.
—Oh. — Eu engulo o pedaço seco na minha garganta enquanto olho para o meu copo vazio.
—Sim, ele está certo, querida. — Julie dedilha a mesa de madeira escura e rica com os dedos. —Os alfas são uma maneira certa de ficar excitada.
—Mesmo senhoras idosas como nós. — acrescenta Maria.
Eu nunca orei para um buraco me engolir inteira até agora. Isso tiraria a humilhação de entrar nessa conversa.
—Chega, vocês três. A pobre garota está prestes a desmaiar com sua conversa suja. Ela está ocupada o suficiente se voluntariando, trabalhando e cantando. Não precisa ser empurrada para pornografia.
—Só sei que o convite está sempre aberto, Vannie. — Maria sorri.
Eu alcanço a caçarola pesada e branca para pegar outra porção de carne assada. Maria mal tocou em sua comida enquanto Hart parece estar engolindo tudo na frente dele.
O que eu mais gosto nesses jantares é o quão discretos eles são. Eu não construo relacionamentos, mas Peaches rompeu isso da minha vida. Elas nunca me forçaram a falar mais do que eu quero, nem tentaram obter respostas sobre o meu passado. Sempre foi confortável ao ponto de relaxar. Peaches trabalha muito em seu bar, então eu sei que os domingos são sagrados para ela. Ela vai nas manhãs de domingo, mas chega em casa antes do meio-dia para um dia de preguiça.
Eu sei bem que não devo ajudar com a louça porque Julie vai recusar a ajuda, mas eu faço isso a cada momento em uma demonstração de respeito. Eu ajudo a carregar os pratos de comida para a pia e me preparo para ajudar a guardar as coisas e lavar a louça, mas na hora, Julie recusa.
Eu volto para a sala de estar onde Peaches é a única lá. Ela está vendo os shows que gravou durante a semana. Eu me sinto estranha desta vez, não como o resto das noites que passei aqui. Normalmente, eu me enrolava no sofá e apreciava os shows irracionais. A televisão é um luxo para mim, ou melhor, um conceito estranho na minha vida, sem lembranças da minha infância.
Trinta minutos depois, Hart entra na sala de estar.
—Ela encerrou a noite? — Peaches pergunta, não tirando os olhos da televisão.
—Sim. — Ele passa as mãos pelo seu longo cabelo loiro sujo.
Muito tempo atrás seu carisma e charme foram substituídos pela promessa de mágoa. Me entristece ver uma alma tão feliz sendo torturada pelo cruel destino da vida. Hart toma um lugar no sofá, na extremidade oposta à minha, esticando as pernas longas. Eu não sei se ele usa de fato Ralph Lauren ou não, mas eu sei que é o perfume mais sexy do planeta.
—Consertou o seu carro? — Ele pergunta.
Eu lentamente olho para ele e depois balanço minha cabeça de um lado para o outro.
—Como você chegou aqui?
Eu me atrapalho com meus dedos no colo antes de responder.
—Ônibus e depois andei o resto do caminho.
—A que distância fica a estação de ônibus mais próxima daqui?
—Cinco ou seis quarteirões. — Eu dou de ombros.
O rosto dele cai em derrota.
—Você está falando sério?
—Sim. — eu sussurro.
Ele pula de pé, estendendo a mão para mim com um olhar sério no rosto.
—Vamos para algum lugar.
Eu recuo de volta para o sofá de couro preto, surpresa com o movimento repentino.
—Vamos lá. Eu preciso sair daqui. — ele insiste.
Eu olho para Peaches que está fingindo não estar nos observando. O suor rola na minha nuca, os nervos arruínam meu âmago e o medo ameaça assumir o controle. No fundo, eu sei que Hart não vai me machucar. Eu sei disso, mas depois de anos e anos de estar sozinha, eu também não sei como me abrir.
Eventualmente eu me levanto, mas nunca pego a sua mão. Eu dou um aceno de cabeça, deixando ele saber que irei com ele. Uma risadinha escapa quando Hart beija Peaches na testa, ganhando um golpe dela. Mas é o seu sorriso genuíno que permite que eu saiba que ela o ama e aprecia seu ato do amor.
Eu sigo Hart para fora. Ele é um cavalheiro da cabeça aos pés enquanto contorna seu carro e abre o lado do passageiro para mim. Todos os tipos de estranhezas me inundam. Isso é novidade. Eu pude contar em uma mão quantas vezes eu fui passageira em um carro como este. Há mais do que meu quinhão de passeios em um carro de polícia, mas sair com um amigo é algo totalmente diferente.
Hart corre ao redor da frente do carro, e é aí que o pânico real se instala. Minha pele arrepia, as palmas das mãos ficam úmidas e eu não consigo respirar. Eu agarro meu peito, lutando para me acalmar, mas minha cabeça fica nebulosa e tonta muito rapidamente. Eu não suporto algumas coisas.
A voz de Hart está próxima. Ele está falando comigo, mas está abafado e eu não consigo tirar meu olho do painel. Tudo começa a ficar cinzento, nublando minha visão também. Alguém agarra meu braço e eu luto para gritar antes de tudo ficar preto.
—Vannie. — Alguém tira meu cabelo do meu rosto. —Você precisa acordar. Vamos lá.
Meus olhos se abrem enquanto um desejo violento de vomitar me atinge com força e rapidez. Minha cabeça, espinha e pernas gritam de dor.
—Essa é minha garota, Vannie. Você está bem. — A mesma mão traça uma linha pela minha bochecha.
—Doente.
Eu mal falo a palavra antes que eu não tenha opção a não ser sair do carro. A margem do gramado encontra a ponta das minhas botas antes do meu jantar ser expulso. Continua até os suspiros secos ecoarem pelo bairro pitoresco.
—Vannie. — Sua voz se aproxima.
E eu tremo. Ele deve sentir isso porque seus passos param.
—Eu não vou te machucar.
Eu olho para ver Hart com as mãos levantadas no ar. A visão destrói o último fragmento de confiança que eu lutei tanto para construir. Eu faço o meu melhor para ficar de pé, é mais como uma tentativa, porque eu caio com o meu rosto em direção ao chão.
—Nós não temos que ir a qualquer lugar, Vannie. — Sua voz é sincera e cheia de preocupação. —Só pensei que poderíamos sair para tomar sorvete. Eu não vou forçar isso.
Viro em sua direção, mas sem fazer contato visual, só posso assentir.
—Venha, sente na grama. —Ele diz.
Longos instantes de silêncio flutuam entre nós. É Hart quem se move primeiro, estendendo a mão para mim. Em um movimento hesitante, eu ofereço a minha também. Ainda evito fazer contato visual eu o sigo pela lateral do carro até o gramado em frente à casa.
—Sente. — Ele aponta para a grama e, em seguida vai para o seu veículo.
Só agora percebo que o motor estava ligado. Ele acaba com o barulho e então está de volta ao meu lado, oferecendo-me uma garrafa de água. Eu espero pela enxurrada de perguntas, mas elas nunca vêm. Ele permanece em silêncio ao meu lado com os joelhos dobrados e os braços ao redor deles.
—Eu sinto muito. — eu finalmente sussurro.
—Não há necessidade. — Ele aproxima e pega minha a mão.
Não é um gesto romântico, mas sim amigável, deixando eu saber que ele está lá por mim.
—Isso não aconteceu por um longo tempo. — eu admito.
—O ataque de pânico? — Pergunta ele.
Eu dou de ombros.
—Eu acho que sim. Honestamente, eu não tenho ideia.
7
Hart
A vulnerabilidade que reveste essa bela mulher é dolorosa. Eu sou forçado a manter meus pés no chão para me impedir de voltar aos tempos em que perco o controle. A raiz do mal todo é o trauma.
—Quando voltei do Afeganistão, eles eram um inferno para lidar.
Isso chama sua atenção. Seu cabelo preto balança sobre os seus ombros quando ela finalmente olha para mim. Eu tomo isso como uma sugestão para continuar.
—Vi muita merda por lá. Eu me sentia como um rato em uma gaiola com balas voando ao meu redor. — Eu não posso mais olhar para ela, então eu olho de volta para a rua enquadrando a grama. —O barulho e a ação constante sacudiram meu cérebro e, quando eu voltei para os EUA, tudo estava muito quieto. Eu não consegui lidar com isso. Eu entrei em espiral direto para ataques de pânico.
Ela aperta minha mão suavemente, sem dizer uma palavra. Eu me recuso arrancar informações dela. Algumas coisas na vida são tão profundas, escuras e tórridas se escondendo em uma piscina escura no fundo das nossas almas, que lembrar qualquer coisa do passado tem o poder de destruir você.
—Sua mãe está orgulhosa de você. — Sua voz é suave e macia, iluminando o clima.
Eu olho de volta para Vannie, para ver que ela está mordendo o lábio inferior. É uma reação instantânea, e eu nem penso duas vezes sobre isso. Eu solto o lábio com a ponta do meu polegar. A conexão acende o desejo no fundo da minha alma, e é tudo tão errado porque ela está quebrada. Eu estou aqui apenas visitando, esperando os últimos dias da vida da minha mãe, e então eu vou embora. Eu não posso fazer isso com ela.
Eu afasto o meu braço rapidamente e, em seguida, sorrio quando percebo que ela não recuou ou se afastou de mim.
—Eu tenho um passado. — ela deixa escapar.
—Todos nós temos, Vannie. — Desta vez eu aperto a mão dela.
—É ruim. Estou fodida. — Ela faz uma pausa. —Por que você está sorrindo?
—É fofo como o inferno ouvir essa palavra safada sair da sua boca.
Ela balança a cabeça e me dá um sorriso gentil.
—Eu posso xingar. Eu sou uma adulta.
—É agradável.
—Quer saber por que não tenho vindo aqui há um mês e meio?
Eu dou de ombros, mais do que ansioso para saber, mas tentando parecer legal.
—Se você quiser compartilhar, Vannie.
—Eu estou fugindo desde os dezesseis anos. Vivendo principalmente nas ruas, mas nas cidades que tinham abrigos, eu ficava neles. O gerente daquele no lado leste da cidade foi quem me apresentou a Peaches. Eu nunca teria sobrevivido sem a ajuda deles. Eu tento me voluntariar o máximo que posso para retribuir.
Meus dentes afundam no interior da minha bochecha para cortar todas as perguntas que querem vomitar da minha boca. Ela compartilhou comigo, mas deixou muitas perguntas para trás. Eu sei que o que a levou a compartilhar foi difícil o suficiente, mas muitas outras questões perduram.
—Estou fodida. — Sua mão na minha começa a tremer. —Você tem muitos problemas, Hart. Desculpe-me por esse surto.
—Eu estava de volta aos EUA por quase um mês. Eu me senti tão fora do lugar... Eu escondi isso de todos os meus amigos, mas eles sabiam. Eu me tornei viciado em jogos de azar e sexo. Uma noite, estava tão fora de controle que fui levado para o hospital e fizeram uma lavagem estomacal em mim. Quando finalmente parei eu estava em uma cela de prisão. O pânico se instalou. Eu perdi o controle de tudo. Eu entendo que não temos a mesma história, mas nunca mais se desculpe por algo que você não pode controlar. A vida tem um jeito engraçado de foder com nossas cabeças, deixando cicatrizes invisíveis por toda a nossa alma.
—Obrigada.
Eu começo a rir, caindo de volta na grama.
—Que diabos? — Ela puxa a mão da minha, olhando para mim com um rosto preocupado.
—Você acabou de me agradecer por dizer a você como eu estou fodido. Agora isso é uma merda engraçada. Não acho que alguém tenha respondido com um agradecimento.
Em câmera lenta um sorriso aparece em seu rosto até que uma pequena risada escapa de seus lábios.
—Eu gosto deste Hart.
—Este aqui? — Eu aponto para o meu peito ainda deitado na grama.
Ela acena com a cabeça.
—O sexy e engraçado?
—Que cheira como se ele cagasse Ralph Lauren e me faz rir, e não entende uma deixa muito bem. Sim, esse.
O leve som da música divertida começa a tocar. É quase inaudível, mas ainda posso ouvir. Eu fico de lado. Vannie olha para mim como se eu tivesse perdido a cabeça. Memórias de uma infância feliz me inundam. A imagem de Belle correndo para o pote de dinheiro de mamãe e depois correndo para fora me faz sorrir.
—Vamos, vamos. — Eu pego a mão dela, puxando ela para cima, em seguida, alcanço no bolso de trás até a minha carteira.
—Uau. O que estamos fazendo? — Ela pergunta confusa.
—Você não ouve? — Eu pego meu ritmo, correndo ao som da música suave.
—Hum, não.
—É um Small World9, querida.
—Ok, mas você está me confundindo.
—Apenas corra! Temos que vencer todos os pirralhos da vizinhança. Se aqueles pequenos bastardos conseguirem o último King Cone10, haverá um inferno para pagar.
Desta vez Vannie não faz perguntas e só ri enquanto corre comigo. Quando passamos pelo quarteirão, o caminhão de sorvete aparece. Sorte grande. Eu verifico meu entorno e não vejo crianças correndo para o caminhão.
—Não diminua a velocidade agora. — Eu puxo Vannie na velocidade máxima.
Somos os primeiros clientes a alcançar o caminhão. Vannie deixa a sua mão cair em seus joelhos. Ela ofega por oxigênio entre seus ataques de riso. É a coisa mais sexy que eu já vi. É errado, muito errado que a parte de baixo da minha calça jeans fique apertada depois do que aconteceu na frente de casa. O maldito tem uma maldita mente própria.
O homem idoso no caminhão é amigável com um sorriso alegre. —O que eu posso pegar para você?
—Um King Cone, Drumstick11 e um sanduiche de sorvete12 para mim. — Eu viro e olho para Vannie com as sobrancelhas levantadas, esperando por seu pedido.
Ela dá de ombros e fica nervosa. Eu me inclino para sussurrar em seu ouvido.
—É um caminhão de sorvete. O que você quer?
—Eu não sei. — ela sussurra de volta.
—Você confia em mim? — Eu pergunto, deixando meus lábios roçarem o lóbulo de sua orelha.
—Estou começando.
—Aqui está, filho. O homem me entrega os sorvetes.
—E também vamos pegar um Orange Push-Up13, Firecracker14 e uma barra de Crunch.
Vannie puxa meu braço enquanto o homem abaixa a cabeça no caminhão para pegar o sorvete.
—Isso é demais, Hart.
—Mulher. — Eu me afasto com um olhar chocado no meu rosto. —Não podemos ser amigos com comentários rudes como esse.
—Eu nunca vou poder comer tudo isso.
Eu sorrio, amando o humor divertido em que nos encontramos. —Você sabe o que dizem sobre homens com grande apetite?
Ela sacode a cabeça.
—Eles têm grande apetite.
Ela golpeia meu peito. Eu amo o contato, mas tenho que lembrar de frear a minha natureza sedutora.
—Nove dólares.
Eu cutuco Vannie até o caminhão para que ela possa pegar seu sorvete e então pego uma nota de dez dólares da minha carteira. Um estouro de crianças corre atrás de nós.
—Fique com o troco. — Eu aceno para o homem.
—É por isso que tivemos que correr. Se você esperar o caminhão chegar à sua casa, toda a merda está esgotada. Esses pequenos bastardos são rápidos e amam o sorvete deles.
—Hart, eu nem sei por onde começar. — Vannie levanta seus sorvetes.
Eu já tenho a embalagem do King Cone e as primeiras mordidas. —Você gosta de chocolate ou é mais uma garota de frutas?
—Essa é uma questão séria? — Ela pergunta.
—Eu não brinco por aí com essa merda.
Nós andamos devagar enquanto Vannie toma seu tempo decidindo. Sua cabeça inclina de um lado para o outro, fazendo com que sua luta interna seja alta e clara.
—O que você comeria primeiro? — Ela finalmente pergunta.
—Bem, eu sou um bastardo egoísta. Eu diria a você para comer o Firecracker primeiro, porque eu realmente espero que eu tenha essa pressão sobre você.
Ela sorri, acena com a cabeça e, em seguida, tenta tirar o invólucro da barra de crunch. Suas mãos são muito pequenas para segurar todos os itens. Eu me aproximo e os pego dela, facilmente colocando todos os quatro doces na minha mão.
Nós voltamos para o gramado da frente, sentamos e desfrutamos do sorvete. Eu estou no meu terceiro enquanto Vannie ainda mastiga sua barra de crunch.
—Eu tinha uma irmã. — eu deixo escapar. —Nós costumávamos viver para caminhões de sorvete. Eu ficava chateado porque naquela época as pernas dela eram mais longas e ela podia correr mais rápido. E mesmo que ela sempre pegasse o último King Cone, ela acabava me dando depois de me insultar.
Vannie olha para mim com um pedaço de chocolate pendurado no lábio inferior. Eu vejo como ela lambe os lábios, os limpando, e eu tenho que lutar para não gemer em voz alta. Eu quero beijá-la tanto que dói. É o gosto da boca dela, eu não quero sorvete agora.
—Eu nunca ouvi falar de caminhões de sorvete.
—Sério? — Eu pergunto.
Ela acena com a cabeça. Nós não voltamos a uma conversa pesada. Em vez disso, nós rimos, comemos, e então eu me afundo miseravelmente na grama com uma dor na barriga. As horas passam. O céu escuro da noite nos envolve com aquelas estrelas cintilantes sorrindo para nós.
—Eu deveria ir Eu gaguejo minhas palavras sem saber como lidar com isso. Eu sei que não há nenhuma maneira no inferno que ela vai andando até o ponto de ônibus e ainda assim eu não quero empurrá-la de volta para meu carro.
—Ok, vamos lá. — Eu espero segurando a mão dela.
Ela hesita por um minuto antes de se levantar. Eu não dou a ela uma chance antes de puxá-la pela calçada.
—O que você está fazendo? — Ela finalmente pergunta.
—Andando até o ponto de ônibus.
—Hart, você não precisa.
Eu olho para ela, respondendo à pergunta silenciosamente. Eu meio que espero que uma briga venha dela, mas ela não diz uma palavra. O ponto de ônibus está vazio quando finalmente chegamos lá. Estremeço imaginando Vannie sozinha na rua abandonada com o perigo espreitando em cada esquina. Esse será um tópico do qual não vou desistir.
—Hart?
—Sim? — Eu olho para ela e paro de olhar nossos arredores.
—Eu pensei em como dizer isso várias vezes, mas provavelmente vou soar como uma idiota. Eu gosto de você, mas eu não tenho relacionamentos. Peaches me empurrou para me abrir. Eu quero ser sua amiga, mas isso é tudo o que posso fazer.
—Eu entendo isso e aprecio. — Eu coloco minhas mãos nos bolsos sabendo que não posso ir mais longe com ela, porque estou aqui por um tempo limitado. Meu coração selvagem estará pronto para viajar e desejar novas aventuras. —Eu não posso prometer que toda essa sensualidade não vai desgastar você.
Vannie não recusa quando eu embarco no ônibus com ela. Nós sentamos ao lado um do outro numa batalha sobre country contra o rock roll. É uma batalha perdida para nós dois, sem nenhum sinal de rendição.
—Eu posso fazer country como um cowboy sexy. — eu respondo, saindo do ônibus com ela, mesmo que seu apartamento esteja próximo.
—Hart. Country não é sexy. É sobre as palavras da música, o jeito que fazem a sua alma voar.
—Bem, o mais perto do country que eu estou chegando é me vestindo como um cowboy.
—Eu tenho um sentimento que seria engraçado como o inferno.
Chegamos à entrada do prédio dela. —Você está me desafiando, Savannah Ray?
—Talvez. — ela sorri.
E é um sorriso que ilumina todo o seu rosto. É genuíno, cru e honesto, fazendo eu sentir uma merda que não consigo nem pensar —Você é linda quando sorri.
Eu forço para afastar, sabendo que estou jogando em área perigosa do nosso código de amizade. Vannie é uma garota que merece saber diariamente como ela é linda.
—Boa noite, Hart. — Ela abre a porta, mas antes de desaparecer em seu prédio ela olha para mim. —Obrigada pelo sorvete.
—A qualquer momento.
Eu volto para o ponto de ônibus me perguntando o que mais essa mulher não experimentou e que tipo de vida ela suportou para chegar até aqui
8
Savannah Ray
A semana de trabalho passou voando. Na noite de segunda-feira no bar fiquei um pouco chateada quando meu novo amigo não apareceu. Foi um movimento total de menina burra. Um conceito tão estranho que me faz sentir uma tola. Até que Peaches me entregou um bilhete dobrado. E isso trouxe de volta lembranças da infância dos alunos populares da escola que passavam pequenos bilhetes, embrulhados em um retângulo, com uma tira para puxar. Eu nunca recebi um na época. Eu era a garota que sempre se sentia estranha nas aulas. Eu estava em uma concha e a escola era meu único lugar seguro.
O sorriso que se espalhou pelo meu rosto quando eu puxei aquela pequena tira era ridículo. Parece que Hart tende a trazer esse lado isolado de mim.
—Ei Peaches, você pode ler isso enquanto eu encho os salgadinhos? — eu perguntei a ela.
—Garota, você tem que ser a melhor empregada lá fora. — Ela pega o bilhete e lê enquanto dá sua opinião.
Vannie, Vannie, que tem uma boa Fannie, Ok, isso foi brega. Eu não tenho o seu número. Eu só queria que você soubesse que eu fico em casa nas noites dos dias de semana com minha mãe. É nosso momento especial para ler romances sujos juntos. Um pouco estranho, eu sei. Eu acho que vou precisar de aconselhamento para largar o vício. É realmente duro... entende?
Só vendo se você ainda quer ser minha amiga no sábado à noite? Circule Sim ou Não e envie de volta com Peaches.
Sim Não
Seu amigo,
Hart
PS-Se você disser sim, eu tenho uma surpresa para você. Lembre-se, eu não perco desafios.
Aquele simples bilhete colocou um sorriso vertiginoso e incontrolável no meu rosto durante toda a noite de segunda-feira no meu turno. Eu lembrei de cada palavra antes de circular sim e devolvê-lo para Peaches. Todas as noites, desde que me arrependi de não ter escrito mais no bilhete e como uma estudante desesperada que encontrou seu primeiro amigo, eu esperei mais bilhetes, mas eles nunca vieram.
Agora que é sábado à noite, estou uma pilha de nervos esperando o homem entrar. Eu nunca admitiria isso para ele, mas a última vez que ele entrou no bar eu o vi na hora atrás de Peaches. Ela teve que vir hoje cedo para resolver um erro no pedido das bebidas.
Então agora estou de olho na porta como uma idiota, demorando com os pedidos das bebidas e irritando os clientes.
—Peaches, eu vou correr até o banheiro bem rápido. — Eu coloco minha bandeja no balcão.
—Parece bom. Mantenha a cabeça em ordem enquanto você está nisso, garota. — ela grita por cima da música enquanto carrega as bebidas.
Ótimo! Até ela notou que eu estou desligada hoje à noite. Empurrando a porta para o banheiro dos funcionários, o ar frio bate no meu rosto e me esfria imediatamente. Eu realmente não precisava usar o banheiro, e sim ter uma pausa rápida dos pensamentos circulando na minha cabeça. Algumas gostas de água fria no meu rosto faz o truque por alguns minutos. Então eu olho o meu reflexo.
Meu rosto está vermelho, e não é por causa do calor no centro do bar. São os pensamentos em Hart. Eu nunca estive em uma situação onde meu coração está gritando, sim, vá atrás dele, e meu cérebro está me lembrando de ficar longe. Uma luta interna que está esgotando meu corpo diariamente. Eu sei que no fundo ele aceitou o cartão de amigos para não me assustar. Ele também deixou claro que Nashville não é seu lugar para sempre, mas a coisa é que meu coração vagueia também por diferentes razões. Segurança sendo a número um.
Minhas mãos passam com descuido em cima da minha barriga, esfregando o algodão macio da minha regata. E também o que está debaixo dela, o que ele nunca pode ver. Eu nem olho para isso. Uma batida na porta me faz saltar.
—Só um segundo. — eu grito, em seguida, arrumo o meu cabelo e tento limpar a preocupação do meu rosto.
Eu volto a anotar mais pedidos, mesmo que eu não tenha nenhuma resposta para as minhas perguntas. Eu olho as horas e percebo que falta apenas cerca de quinze minutos até meu set e Hart ainda não está aqui. Eu afasto o pensamento sabendo que sua mãe é sua prioridade número um, exatamente como deveria ser. Sua ligação é rara e faria qualquer um acreditar no amor.
—Outra rodada? — Eu pergunto a um grupo barulhento de homens na frente do bar perto do palco.
Eles beberam num só gole sua cota de Jack e Coca e não parecem estarem parando.
—Com certeza, fofura.
Concordo com a cabeça o mais educadamente possível antes de virar. Comentários como aqueles usados para me incomodar me deixam doente. Demorou muito para não deixar eles me incomodarem. É tudo parte do show. Dinheiro e sobrevivência é o objetivo final, então foi fácil aprender a lidar com isso.
A porta da frente do bar abre e todas as cabeças viram. Meu queixo cai, os meus olhos arregalam, e então eu pisco para ter certeza de que o que estou vendo está de fato andando na minha direção. Hart acabou de entrar. O homem é lindo e viraria as cabeças em qualquer dia, mas é o que ele está usando que faz minhas gargalhadas escaparem.
Eu lembro de como andar e vou na sua direção. Todos os seus dentes brancos perolados brilham emoldurados pelo seu sorriso perfeito. Quando estou a poucos passos dele, ele alcança o chapéu de cowboy na mão e o inclina na minha direção.
—Minha senhora.
Não é qualquer chapéu de cowboy. É um marrom horrível, com um enorme arranjo de penas que parece uma cauda bem na frente. Ele não parou por aí. Ele perdeu o controle na animação e se vestiu. Uma grande gravata de bolinha com uma gema berrante está no centro do seu peito. É quando olho para as botas que perco todo o senso de controle. Um par de botas pretas, com ponta de prata e muito pontiagudas finaliza a roupa.
—Um cowboy não consegue uma cerva nesta joça? — Ele pergunta ainda sorrindo.
—Hart, o que diabos é isso? — Eu pergunto sussurrando, sabendo que todos os olhos estão em nós por causa daquela roupa horrível.
—Só mostrando a uma garota que eu posso fazer o cowboy sexy.
Eu acaricio seu peito, em seguida, corro meu dedo ao longo da sua gravata horrível.
—Você é algo, com certeza. Eu não estou confiante de que eu poderia ser tão sexy quanto isso.
Eu me forço a passar por ele de volta ao bar, já que estou de serviço afinal das contas. Eu sei que ele está me seguindo por causa daquela maldita colônia que ele usa. Tenho certeza de que há um ingrediente secreto nela para deixar as garotas bobas.
Ele se acomoda no mesmo banco no balcão que eu bati em sua bunda na semana passada. Seu olhar chega até mim, mas o meu modo de defesa automática subiu. É o jeito que eu luto, assim como com aquela última mesa de homens. Este bar é meu cercadinho seguro onde eu sinto que posso realmente me defender. Em qualquer outro lugar no mundo a história é diferente.
Eu anoto os meus pedidos, e antes que eu possa me virar para falar com Hart, ele ganhou uma multidão. Não apenas qualquer multidão, mas um monte de mulheres com pouca roupa e silicone. Meu coração vacila por um instante, então eu me lembro do cartão de amigos que ele jogou. As outras mulheres estão acostumadas com o jogo de uma noite. Hart provavelmente sabe que isso me mataria. Porra, quem eu estou enganando? Eu nem seria capaz de ficar nua na frente dele.
—Hart. — O sussurro alto faz a bile subir na parte de trás da minha garganta. —Eu não sabia que você estava de volta à cidade.
Eu me esgueiro atrás do balcão para ajudar Peaches a pegar os pedidos para evitar de ouvir a conversa. Eu mantenho minha cabeça trabalhando ao lado dela. Quando todas as minhas bebidas acabam, sou forçada a voltar ao final do balcão e carregar minha bandeja.
Aquela maldita colônia me aflige, e então é o seu rugido profundo que quase me quebra. Eu não estou com ciúmes... não sei exatamente o que estou sentindo. Minhas mãos tremem enquanto luto para levantar a bandeja cheia de bebidas e sei que é por causa da proximidade com Hart.
—Oh não, você não vai. — A mão de Hart envolve meu antebraço.
—O quê? — Olho para ver aquele sorriso incrivelmente estampado em seu rosto.
—Você deve a este garanhão uma dança. — Ele levanta lentamente do banco e ignora os cacarejos do seu bando de prostitutas.
—Hart, você vai nos deixar? — Uma delas choraminga.
—Desculpe, senhoras. — Ele me puxa para o lado e eu luto para saber onde colocar minhas mãos trêmulas.
—Esta é minha melhor amiga, Vannie. Eu vim aqui esta noite por ela, e só por ela.
Eu engulo um nó grosso na garganta. Minha fachada de ser dura no bar evaporou com a declaração de Hart.
—E ela me deve uma dança. — Ele acena para elas e, em seguida, envia um sinal para Peaches antes de me arrastar para o meio da pista de dança.
—Hart. — Minha voz flutua quando eu puxo de volta em seu braço. —O que estamos fazendo?
Ele me envia voando para fora, mantendo um aperto forte na minha mão, em seguida, me balançando de volta em seu peito. —Dançando com você. Um cowboy tem que ter uma mulher para combinar com sua roupa.
—Eu... é. Hart, eu... é...
E começa. Eu fico atordoada e tonta com o suor escorrendo pelo meu rosto.
—Estamos apenas perseguindo caminhões de sorvete, Vannie. — Ele cobre minhas bochechas. —Você está perseguindo caminhões de sorvete comigo.
O timbre escuro de sua voz começa a me acalmar, então é seu perfume e, finalmente, seu lindo rosto sorrindo para mim.
—Você está bem? —Ele sussurra.
Eu aceno, ainda não tenho cem por cento de certeza que um ataque de pânico não irá acontecer, mas vou tentar. Ele sinaliza para a banda, claramente tendo essa proeza toda armada. Então a banda explode em música e eu não consigo parar de rir. Parece que é tudo que faço quando estou com esse cara.
—Não quebre meu coração, meu coração dolorido... — Hart canta as palavras da música enquanto me balança ao redor da pista de dança.
Nós somos descoordenados na melhor das hipóteses, desleixados em nossos movimentos, e um completo trem desgovernado dançando na pista de dança. O homem despreza a música country e parece que dançar vai bem junto com isso. Na última parte da música, Hart me puxa para perto do seu peito para balançar com a música e falha. Eu me vejo envolvendo meus braços ao redor da sua cintura para estar o mais perto possível dele.
Ele olha para mim com apreço brilhando em seus olhos.
—Você conseguiu, Savannah Ray.
—Eu consegui! — Eu grito como uma criança.
—Outra dança ou duas? —Pergunta ele.
Eu olho para o bar e vejo Peaches me acenando.
—Você é um idiota sorrateiro, Hart.
—Você nunca deveria me desafiar.
—Eu vejo isso. — Eu o abraço com mais força. —Eu tenho que estar no palco daqui a pouco.
—Eu tenho você.
Eu sou grata que a próxima música é lenta, de George Straight. Hart é muito melhor em dança lenta. Eu nem mesmo estou tentando dançar música folclórica com ele, não que eu tenha dançado música folclórica com alguém, mas pratiquei muito sozinha no meu apartamento.
—Quer saber um segredo? — Eu sussurro em seu ouvido na ponta dos pés.
—Eu sou uma merda em mantê-los, então é isso.
—Esta é a primeira vez que eu danço com um homem em público.
Ele congela, me empurrando para trás, me segurando com um olhar sério no rosto. Ele não me dá muito tempo para surtar antes de falar.
—Você dança com mulheres em público então? Isso é excitante, nada para esconder. — Ele arqueia as sobrancelhas.
—Hart. — Eu volto para ele enterrando meu rosto em sua camisa. —Você é louco.
Eu sinto isso acontecer em câmera lenta. Hart se inclina, inalando o cheiro do meu cabelo.
Ele pressiona um beijo delicado no topo da minha cabeça. Ele permanece ali, deixando eu apreciar o momento. Nenhum medo vem, apenas uma onda de energia poderosa me inundando. Isso dá arrepios. É emocionante e revigorante.
Eu poderia viver neste momento para sempre. Eu não percebo o quão firme estou abraçando sua cintura até que ele sussurra no meu ouvido.
—É melhor você ir andando, Vannie.
Eu me forço a me afastar dele e aproveito um segundo para me recompor antes de falar.
—Eu tenho uma surpresa para você hoje à noite também.
—Maldição, mulher, chegue nisso então.
—Mas primeiro... — Eu respondo, em seguida, fico na ponta dos pés.
Ele parece confuso, mas não diz uma palavra. Eu puxo o chapéu horrível de cowboy da cabeça dele, penteio os cabelos dele com os dedos e então beijo sua bochecha.
Merda Sagrada. Essa última parte não foi planejada, apenas aconteceu, mas esse chapéu tinha que sair.
—Meu chapéu. — ele protesta.
Eu coloquei nas minhas costas antes que ele tivesse uma chance de reagir. —É feio pra caramba. Parece que o rabo de um pássaro está colado na frente.
—Tudo bem, já que você me beijou.
E isso me faz corar e me afastar dele o mais rápido possível.
9
Hart
Três metros de altura e à prova de balas, querida, ou o que quer que esse cowboy esteja dizendo, é assim que me sinto agora. Eu sou grato quando volto ao meu lugar e vejo que as outras mulheres se foram. Eu fui para a escola com uma delas e não queria ser rude, mas com certeza senti o momento em que Vannie decidiu se afastar.
Eu estava nervoso para caralho que o meu plano fosse sair pela culatra. Mas aquela garota corajosa me puxou. O sorriso e a alegria irradiando dela fizeram algo em mim. Acertou um nervo no fundo e me fez sentir uma merda que nunca pensei ser possível. Agora, enquanto eu sento aqui e ouço sua voz cheia de alma preenchendo o bar, penso em tudo o que imaginei que sabia sobre a vida.
Peaches me serve um uísque puro enquanto ouço. Eu desprezo e sempre desprezarei a música country, exceto quando ela estiver vindo de Vannie. A dor que deve estar semeada profundamente nela para fazê-la cantar assim deve ser algo venenoso, possivelmente até mesmo quase tóxico. Eu quero saber o que é, mas também temo que eu não seja capaz de lidar.
Canção após canção ela continua a me hipnotizar. Assim como da última vez, é só ela e seu violão no palco. Não perco o fato de vários engravatados estarem na plateia a observando. Também não é coincidência.
—Eu tenho um presente especial para vocês esta noite. Conheci um novo amigo na semana passada e ele não gosta de música country.
Oh merda, ela não fez isso. Minha bunda está bem no centro de um dos mais populares bares de música country. Os membros da Grand Ol Opry15 iniciaram suas carreiras no mesmo palco e ser declarado um não amante da música country é uma alta traição aqui.
Um pano molhado bate ao lado do meu rosto, então eu ouço a voz de Peaches.
—Você babaca.
Vannie deve ter percebido isso já que ela riu levemente no microfone.
—Eu tenho uma surpresa para esse homem. Talvez ele aprecie isso. — Ela dá de ombros.
Eu percebo que ela não trocou de roupa como ela fez da última vez e é por minha causa. Vou ter que perguntar a ela por que ela escolhe mudar quando se apresenta. Se eu tivesse que adivinhar, seria porque ela está mais coberta quando se expõe no palco.
Vannie começa a dedilhar uma música animada e depois rola em sua própria versão de “I Love Rock 'n' Roll”. Quando sua voz se junta à mixagem, é como se algo incrível assumisse a atmosfera do bar. Sua voz doce e sensual é uma contradição gritante com a batida da música. Ela é dona dessa merda, fazendo tudo sozinha. A cereja no topo é quando ela começa a entrar na música com um balanço de seus quadris e levantando os ombros. Seus cabelos negros balançam com o ritmo da música.
Eu estou de pé batendo palmas como um lunático quando a música termina. Eu faria qualquer coisa para correr até aquele palco e deixar aquela doce cantora country nas nuvens. Um dia... Haverá um dia? Isso está alinhado nas estrelas para mim?
—Você está se apaixonando duramente, Hart.
—Hein? — Eu olho para Peaches que está empoleirada no final do balcão.
—Você está se apaixonando por ela. — ela emite claramente cada palavra.
Eu dou de ombros como uma resposta evasiva, embora esteja confiante de que estou perdido. Peaches tenta mandar Vannie para casa mais cedo, alegando que ela tem muita ajuda para fechar, mas Vannie não vai. É apenas um vislumbre do seu verdadeiro caráter e coração. Ela se recusa a pegar o caminho mais fácil da vida.
—Como você chegou ao bar? — Ela pergunta, enquanto caminhamos de volta para o prédio dela.
—Ônibus.
—O quê? — Ela para no meio do caminho.
—É simples. Eu queria sair um pouco esta noite depois do seu turno e... — Eu não sei como completar a minha explicação.
—Meu surto psicótico. — ela termina para mim.
—Jesus, não, Vannie. — Eu passo a mão pelo meu cabelo, frustrado com a direção que isso está indo. —Eu só queria você mais confortável.
—Boa resposta. — Ela sorri.
—Você estava me testando? — Eu pego o chapéu de cowboy considerando que eu estava carregando e ponho na cabeça dela.
—Não. Acho que apenas me tranquilizando. — Ela retira ele. —Eu nunca vou usar essa coisa.
—Espere. — Eu a impeço de tirar ele e pego o meu telefone. —Selfie.
—Não, Hart. — O tom de sua voz é duro e infalível.
—Por favor? —Eu pergunto.
Ela leva seu tempo pensando nisso.
—Qual é o problema?
—Você pode tirar, mas não publique em nenhum lugar. Tudo bem?
Ela pergunta com os olhos implorando desesperadamente.
Eu coloco meu celular de volta no meu bolso.
—Está bem. Eu vou esperar até você se sentir mais confortável.
Ela cai em derrota. —Nunca vai acontecer, Hart.
—Ei, Ei.
Eu aperto o chapéu de cowboy em sua cabeça, pego a sua mão e começo a andar novamente.
—Não vamos lá esta noite. Cante para mim.
—Você é maluco?
—Mais do que parece. Cante ou eu vou cantar.
—Se seus movimentos de dança são algo para seguir, então vamos passar.
—Cruel. Eu preciso estar no meu elemento para obter o meu ritmo.
—Desculpas e mais desculpas. — Vannie chega na porta do seu prédio.
A caminhada foi muito rápida para o meu gosto. Um silêncio constrangedor se instala entre nós. Eu começo lentamente a recuar na esperança de não pressionar Vannie ou fazê-la se sentir desconfortável.
—Quer entrar? Quero dizer, eu não tenho quase nada. — ela gagueja sobre suas palavras.
—Pensei que você nunca perguntaria, mas na verdade Vannie, eu só queria te trazer para casa.
Ela se aproxima de mim, ajustando o violão nas costas, fazendo o chapéu de cowboy cair torto em sua cabeça. Ela fica na ponta dos pés quando os lábios dela tocam os meus. É muito rápido, mas ela faz isso. Vannie pressiona um beijo casto nos meus lábios e depois recua com pressa.
—Eu quero que você suba. Eu gosto de você, Hart.
Eu respondo a ela dá única maneira que eu sinto apropriada. Eu me aproximo dela até que seu violão bate de lado nos tijolos do edifício, acaricio sua bochecha, e então lhe dou um beijo real. O tipo que você não esquece. Seu coração está batendo tão forte e tão rápido que vibra no meu peito. O resto do corpo dela se derrete sob o meu toque. Seu gosto é viciante, eu nunca vou me cansar. A minha língua explora a dela agora e eu não me importo com mais nada. Eu tomarei tudo o que ela me der, mesmo sabendo que nunca será suficiente.
Vannie não desliza sua língua contra a minha, mas ela também não está recuando. Se ela fosse qualquer outra mulher, eu teria a porra do violão arrancado por cima da sua cabeça, as suas costas pressionadas contra a parede de tijolos, suas pernas enroladas em volta da minha cintura e, em seguida, meu pau duro estaria em seu núcleo.
Eu me forço a parar, deixando Vannie ofegando por ar. Ela me surpreende quando sorri para mim.
—Eu quero subir e também gosto de você.
Nós caminhamos até o apartamento dela em silêncio. O interior do prédio cheira a mofo e é repugnante, fazendo meu estômago revirar. Deixando para trás o desejo de vomitar, eu subo as escadas de dois em dois degraus, passando Vannie que está com o violão nas costas.
—Deixe-me adivinhar. — Eu bato meu queixo. —Você parece uma garota do tipo 7B16.
—Não. — Ela para no topo das escadas.
—9A?
Ela balança a cabeça e caminha até o 13B, colocando sua mão no bolso e tirando uma única chave. Fico aliviado quando entramos em seu minúsculo apartamento e o fedor desaparece sendo substituído por um leve e doce cheiro de baunilha. Isso me lembra ela a ponto de quase me deixar bêbado.
—Não há muito aqui. — Ela tira o estojo do violão sobre a cabeça.
Honestamente, eu ainda não tive a chance de inspecionar o ambiente, estava ocupado entre encarar suas pernas e inalar seu doce aroma.
—Eu gosto disso. Menos é mais, essa é a minha teoria.
Vannie mexe na bainha do seu short jeans.
—Água?
Eu não estou nem perto de estar com sede, mas quero que ela relaxe.
—Sim.
Ela corre até a pia e pega um copo de água. É então que eu olho em volta, percebendo o tamanho do apartamento. É uma sala grande com uma porta que leva ao que eu suponho ser um banheiro. Não há fotos, decorações ou quaisquer objetos de uma história. Como se o seu violão no canto fosse a única coisa que ela aprecia além de uma cômoda marrom de quatro gavetas no canto.
—Aqui. — Ela me entrega o copo.
Como um bom convidado, eu tomo água em um gole, e então deixo escapar um som alto de ah.
—Melhor água que eu tive em muito tempo.
Ela me soca no estômago. —Espertinho.
—Não, realmente, foi refrescante. — Eu pisco para ela.
—Ok, isso é estranho. O que fazemos agora?
—Fale. — sugiro.
—Eu não estou nisso. Quero dizer, eu sou esquisita.
Eu agarro a mão de Vannie, arrastando ela para os colchões empilhados no chão. Eu me jogo, caindo de costas nele com meus braços atrás da minha cabeça.
—Podemos nos conhecer. Jogar um jogo.
—Um jogo? — Ela pergunta.
—Sim, você me faz uma pergunta, então eu te pergunto uma.
—Realmente original. — ela responde.
—Eu sei. Você vai primeiro.
—Qual é a sua cor favorita, Hart?
—Vermelho. Agora, isso foi chato. Eu pensei que você perguntaria minha posição sexual favorita.
É um teste para ver como ela vai reagir. Eu relaxo de volta no colchão quando a vejo corada de vergonha. Inclino o meu corpo para frente e pego a mão dela, puxando-a para baixo na cama. Ela cai rápido, mas permanece rígida nos meus braços.
—Eu sei que disse que só queria ser seu amigo Vannie. Mas eu acho que há algo a mais. Você acha que a algo mais?
Ela acena com a cabeça, não respondendo com palavras.
—Sua vez.
—Como foi a sensação de ter uma família na infância?
—Nossa, de cores à merda profunda. Você tem jeito, Vannie. — Eu bato na bunda dela. —Algumas partes eram boas e outras eram o inferno, mas isso me fez ser o homem que sou hoje.
—Sua vez.
Esta é a oportunidade perfeita para mergulhar em seu passado. Eu tenho uma sensação avassaladora de que, mesmo quando perguntada, ela não me dará as informações. Talvez isso nunca aconteça ou o tempo ajude a facilitar o caminho para isso.
—Tipo favorito de pizza?
Ela fica quieta por um longo tempo. Quando olho para baixo, ela está mordiscando o lábio inferior. —Eu, na verdade, nunca comi pizza.
Eu levanto do colchão. Meu primeiro instinto é fazer mais perguntas, querendo forçar mais o tópico, mas eu sufoco isso.
—Bem, essa merda está prestes a mudar.
Pego meu celular e ligo para o Domino's17, que está aberto a noite toda, antes de pedir meat lovers18, havaiana19, calabresa e queijo. Parece ser uma variedade boa o suficiente para ela começar.
—Eu olho para baixo, para Vannie. Qual o endereço daqui?
—Ah... Hum, 1205 Colorado Street, Prédio de Apartamentos C, Apartamento...
Eu não a deixo terminar a última parte, já sabendo o número. Quando eu desligo, Vannie está sentada na cama com a boca aberta olhando para mim.
—Pizza. Se vamos ser amigos, então precisamos ter a mesma opinião sobre pizza.
Ela ri levemente, mas depois dispara de volta com uma questão própria. Fazemos isso até a pizza chegar. Aprendemos sobre nossas coisas favoritas, desgostos e maiores medos. Eu nunca soube que um marshmallow tostado seria o maior medo de alguém até esta mulher. Parece que ela também está ensinando muito mais ao meu coração.
Eu observo ela maravilhada quando abre cada caixa, olhando para cada fatia. A dúvida está em todo o rosto dela. Quando ela olha para mim, eu apenas dou de ombros, querendo que ela tome a decisão por conta própria. Vannie volta a estudar as caixas por um longo tempo antes de puxar uma fatia da meat lovers da caixa.
Eu seguro um guardanapo sob a mão dela enquanto ela traz a fatia para seus lábios. Eu não tenho certeza se é o gemido que escapa ou o brilho que ilumina os olhos dela que corta um pedaço do meu palpitante coração morto.
10
Savannah Ray
Fui instruída no UNO, Monopólio e Go Fish20, aceitando as palavras de Hart para as regras. Ele passou os últimos quatro sábados no The Shade Tree e depois no meu apartamento. Também experimentamos asas de frango, massas e enxilhadas caseiras da Peaches.
Esta noite é diferente. Muito, muito diferente. Eu arrumei um saco de dormir antes de ir para o meu turno na The Shade Tree. É sábado à noite. Nossa noite. Em vez de ficar na minha casa, dormindo juntos e acordando com um colchão vazio, eu terei a minha primeira festa do pijama. E será na casa de Hart.
É mais uma das muitas primeiras vezes que ele está determinado a me dar. Hart está forçando para cá e para lá, procurando respostas sobre por que estou tão protegida. Mas assim como todos os outros conselheiros e terapeutas do meu passado, ele não chega a lugar nenhum.
O bar está agitado hoje à noite. As gorjetas estão entrando enquanto eu carrego as bebidas. Eu tenho muito dinheiro guardado para viajar novamente, mas algo único aconteceu no último mês. Eu me sinto resolvida aqui. Há uma corda invisível me mantendo plantada. É um conceito incomum e estranho. Eu sou uma nômade natural, sem raízes.
—Você entra em dez minutos. — Peaches me entrega outra bandeja de bebidas.
—Certo. — Eu pisco para ela.
—Ele está aqui de novo.
Eu examino o bar procurando Hart, mas não o vejo e fico confusa.
—Ele. — Peaches aponta para um homem de boa aparência em um terno que está cuidando de um uísque.
Ela deve entender minha confusão.
—Um caçador de talentos que não desiste de você.
Eu dou de ombros. —Uma puta sorte.
—Garota, Hart influenciou muito você em amaldiçoar tudo.
Isso me faz sorrir. Qualquer coisa relacionada à Hart parece ter esse efeito em mim ultimamente. Ele é aquela coceira chata que você não consegue coçar. Espere, é uma analogia terrível, mas você entende.
—Savannah Ray.
Eu me viro para ver o homem que eu estava apenas olhando em pé na minha frente. Seu terno elegante, sexy e escuro, com o rosto bem barbeado da mesma forma. Há algo sobre isso que envia arrepios na minha espinha.
—Sim. — eu gaguejo.
—Eu sou Blake Patton do Arena 55 Studios. — Ele estende um cartão na minha direção.
—Não estou interessada. — eu digo na minha voz mais educada, não pegando o cartão dele.
—Você está no topo da nossa lista de recrutamento, Savannah. Um dos meus caras, pediu para eu vir aqui, para te ouvir na semana passada, e eu tenho que dizer, eu não consigo cansar de você, querida.
Agora tenho certeza que ele corteja muitos ingênuos e talentosos músicos ávidos, com a sua boa aparência e palavras encantadoras, mas não a mim. Ser capaz de cantar para ganhar a vida é o meu maior sonho e também um que nunca vai acontecer. A atenção de cantar no grande palco seria um inferno, desfazendo tudo que eu construí.
—Obrigada, mas não. — Eu pego a bandeja, viro e saio.
—Vou deixar o cartão aqui com a sua chefe, caso você mude de ideia.
Eu deveria ser educada, me virando e oferecendo um sorriso ou um gesto de agradecimento, mas não tenho isso em mim. Um ataque de pânico está no horizonte ameaçando derrubar-me bem no meio do trabalho. Ninguém pode descobrir quem eu sou ou onde moro. Essa é a linha de fundo. Cantar para viver é um sonho e apenas isso.
— Lily será sua próxima garçonete. Ela vai estar pronta para você daqui a pouco. — Eu coloco as longnecks de cerveja na mesa redonda na minha frente.
Minha garganta contrai e meus joelhos tremem quando me viro para ver o homem de terno de volta à mesa apreciando a banda no palco. Ele é um predador em busca de presas até elas cederem. Eu não posso cantar. Meus olhos ardem com lágrimas, porque cantar é a única coisa que me ajudou a passar uma boa parte da minha vida. Cantar faz eu me sentir viva e conectada com o mundo real.
Levei muito tempo para subir no palco de Peaches, mas uma vez que eu fiz isso foi como acender fogo com gasolina. Foi Peaches quem me pegou cantando no estoque e me pressionou para chegar lá em cima. Tudo está desaparecendo lentamente, segundo a segundo.
—Ei. — Eu sinto um corpo duro pressionar contra o meu traseiro.
Eu não tenho que me virar para saber que é Hart.
—Você está bem? — Ele sussurra no meu ouvido.
Eu tento dizer a ele que não, mas as palavras ficam presas na minha garganta, incapaz de sair. Meu corpo tremendo deve responder por ele. Ele pega a bandeja das minhas mãos e a coloca na mesa, então me guia pelo corredor escuro.
—Respire, Vannie, respire. — Ele me vira e me puxa para o seu peito sólido. —Você está bem.
Eu aproveito ao máximo o seu abraço, enterrando-me profundamente em sua camisa de flanela e inalando o cheiro almiscarado de Hart. Sua mão acaricia o meu cabelo várias vezes até que eu finalmente possa abrir os olhos. Ele não força, apenas espera até eu estar pronta para falar. Meus dedos se juntam em volta das suas costas. Duas pessoas simplesmente não conseguiriam se aproximar mais.
—Eu... uh, eu não posso cantar hoje à noite. — Minha voz é patética e diminui a cada sílaba.
—Ok, você não precisa fazer nada que não queira. — Ele continua arrastando os dedos pelo meu cabelo. —Mas eu tenho que admitir que estava começando a gostar de música country.
Isso me faz gargalhar e dispara uma reação em cadeia em Hart que puxa uma risada profunda.
—Mentiroso.
—Olhe para mim, Vannie.
Demora vários segundos, mas eu finalmente olho em seus olhos que estão calmos.
—Deixa eu ajudá-la. — Ele cobre meu rosto com as suas mãos e acaricia com todo cuidado possível.
—Estou aqui para você se apoiar.
Tudo se derrama como uma cachoeira jorrando.
—Tem um agente lá fora e ele me quer. Ninguém pode me encontrar, Hart. Ninguém. Estou falando sério. Eu amo cantar aqui. Tenho que cantar para manter uma parte da minha alma viva, mas não quero mais nada.
Ele balança a cabeça, tira uma lágrima solitária com a ponta do polegar e depois me beija rapidamente nos lábios. Nossos beijos foram poucos e distantes desde aquela noite do lado de fora do meu apartamento. Cada beijo me deixa fraca, desgastada e ainda cheia de energia vibrante. É tudo tão confuso.
—Você quer cantar aqui no The Shade Tree? — Ele pergunta.
—Sim, eu quero. Isso me faz sentir normal.
—Ok, então você vai cantar hoje à noite.
Ele pega a minha mão, me arrasta para a parte de trás do palco onde o meu violão está, e então Hart me deixa atordoada quando ele me beija duramente e por muito tempo.
Minha boca o recebe sem hesitação. Eu até encontro a coragem de beijá-lo de volta, passando minha língua em sua boca e saboreando seu gosto. Hart rosna na minha boca enquanto segura a parte de trás do meu cabelo. Nós dois nos separamos sem fôlego e com fome por muito mais.
Hart dá um passo para trás e passa a mão pelo longo cabelo loiro enquanto a outra segura o quadril. Ele é sexy mesmo quando não está tentando ser.
—Vannie, você se levanta por si mesma. Você não deixa ninguém te empurrar por aí. Nunca.
Suas palavras me fazem vacilar. Ele não tem ideia de quão perto da minha dor ele acabou de bater. Eu sempre fui forçada e abusada. Todo mundo foi colocado aqui na terra para um único propósito, e eu acredito nisso. O meu era ser abusada.
—Você me ouviu? — Ele me entrega o meu violão.
—Você chega lá e canta a sua doce melodia country, caramba. — Um sorriso lento se espalha pelo meu rosto.
—Você está realmente começando a gostar de música country?
Ele caminha na minha direção, não deixando espaço entre nós dois. Sua mão pousa firme no meu quadril, em seguida começa a alisar o meu short avançando para perto da minha barriga. Em uma reação instintiva, eu pego sua mão, parando ele imediatamente. Ele nunca pode sentir ou ver isso.
—Eu amo a música country quando você está cantando para mim. — Minha mão aperta forte ao redor da sua na minha cintura. Fico aliviada por um segundo e apavorada no próximo, com o quão perto ele está de revelar meus verdadeiros demônios.
—Então eu vou cantar para você, Hart.
—Sim, mas nunca pare de cantar por conta disso. — Ele levanta a outra mão e cobre meu coração.
—É a sua beleza interior que me deixa sem palavras.
Meu nome é anunciado no palco. Hart caminha ao meu lado e sou grata por isso, porque eu não teria sido capaz de deixá-lo. Eu olho para o maldito uniforme de garçonete que estou mais uma vez usando no palco. O homem faz isso comigo toda vez. Eu gosto de mudar para outra coisa quando estou no palco, para manter essa parte da minha vida em segredo do resto. Cantar é o meu templo, meu império, que me deixa com os pés no chão. E eu trato isso como sagrado porque mantém meu coração bombeando.
***
Hart
—Eu quero respostas. — Eu bato minha mão no bar.
Peaches salta, assustada pelo barulho.
—O que diabos está errado com você agora, Hart?
Minha paciência acabou com a única coisa que ficou para trás, a raiva fervente.
—Quem é ela? Eu pesquisei o nome dela, Savannah Ray, e não há um vestígio dela na Internet. Eu tive Cub, um ex-policial checando. Eles fizeram uma verificação de antecedentes e nada. Quem é ela e o que diabos aconteceu com ela?
Minha voz estremece em uma tortura pura. O jogo acabou e eu exijo saber de onde os demônios dela vêm. A garota mais doce e inocente que já conheci tortura a minha alma oferecendo uma vaga permanente. Eu preciso saber.
Peaches encontra meu olhar fixo e me encara, depois bate com o punho no bar.
—Eu sei o que preciso saber, Hart.
Ela contorna o final do balcão, ficando cara a cara comigo.
—Ela é honesta, trabalhadora e dedicada. Vannie veio do abrigo dos sem-teto com o desejo de melhorar a si mesma. Ela trabalha e eu pago a ela. Tudo que preciso saber.
Eu combino sua raiva, mordendo de volta enquanto a voz de Vannie toca como música de fundo.
—Seus ataques de pânico. Seus medos. Todas as suas incógnitas. O que diz sobre isso, porra?
Eu posso garantir que as veias na minha testa estão saltando e pulsando neste momento.
—Não é da minha conta. — Peaches responde rapidamente. —Ela está aqui e segura. Tudo o que preciso saber.
—Então você está preparada para mantê-la segura dos abutres?
Seu rosto empalidece e eu me sinto como um idiota por alguns segundos.
—Entendi. Eu vou cuidar disso, Peaches.
Eu bato meu punho no bar, em seguida, vou para a mesa que Vannie havia apontado antes, quando ela estava à beira de um ataque. O pretensioso de terno preto segura seu copo vazio de uísque apenas esperando outra dose enquanto assiste minha garota cantar e balançar. É isso mesmo, minha maldita garota.
Eu nem sequer gaguejo quando arranco o copo vazio do aperto dele. O choque em seu rosto é quase divertido.
—Ouça, filho da puta, afaste-se dela. Você não receberá outro aviso.
—Hart? — Suas sobrancelhas se contorceram em confusão quando o reconhecimento aparece em seu rosto.
—Idiota. — eu respondo facilmente com a minha nova confiança. Eu não sou o mesmo garoto derrotado que eu costumava ser. Vamos lá, idiota.
Malditos direitos eu penso comigo mesmo. Esse cafajeste não conseguirá me derrubar como meu pai costumava fazer. Juro por Deus que nunca pensei que veria seu rosto maligno novamente. Filhote de lodo de Nashville. O ódio da minha alma irradia. Ele sabe que não há amor perdido entre nós e honestamente, chamá-lo de “idiota” foi um elogio. Blake é o produto do lixo que saiu do lixo. Dê a um desses desgraçados um pouco de poder e eles pensam que são Deus. A parte triste da história é que eles tendem a vencer até que alguém corajoso o enfrente.
Minha mãe me mandou embora há muitos anos, sim, eu me arrependi várias vezes até agora porque esse vagabundo vai testemunhar o homem que eu me tornei. Obrigado mãe. Karma é uma cadela. Eu não vou recuar.
—Não sabia que você estava de volta à cidade. — Sua risada sombria que uma vez atraiu minha irmã só me faz querer vomitar.
Claro, ele seria um terno de banha, neste momento caçando de novos talentos.
—Agora você sabe. Fique longe de Vannie.
O filho da puta volta para a cadeira relaxado e indiferente como pode ser. Cada um dos seus movimentos precisos. Seu copo de uísque sacode na minha cara novamente.
—Lembre-se do seu lugar, Hart. Encha de novo para mim.
As juntas dos meus dedos doem por alívio, as veias saltam do meu pescoço procurando por uma fuga, e quando ouço as palavras do filho da puta presunçoso, tudo se encaixa. Antes que eu perceba, meus dedos estão sob o paletó e ele está sendo puxado para fora do bar. Uma vez que ambos estamos fora, eu o deixo cair no chão.
—Quer brigar, filho da puta? Vamos lá. — Meus dedos colidem com sua mandíbula, rápido e preciso.
Tenho que dar isso para o filho da puta, porque ele se recupera rápido e fica de pé vomitando todos os tipos de merda sobre Belle. Sabendo que Vannie está em sua mira só me irrita e também distrai minha atenção, deixando-o entrar em um bom balanço. A má notícia para essa porra de vômito é que isso só me enfurece ainda mais.
Desta vez, quando meu punho pousa baixo em sua mandíbula, ele cai com força e não consegue se levantar. No exército, aprendi muito bem o valor do autocontrole. Eu acho bom um pouco disso nesta situação. Em vez de continuar a bater neste filho da puta até que ele dê seu último suspiro, eu me ajoelho do lado dele.
Eu o ponho na posição sentado por seu colarinho ensanguentado. —Blake, esta é a última vez que eu vou dizer isso, então ouça, seu imbecil de merda. Você fique longe desse bar. Você fique longe de Savannah. Ela disse não. Eu não vou deixar outra vítima sucumbir à sua besteira. Da próxima vez, não vou parar até que você esteja morto.
Eu o envio de volta para o asfalto do estacionamento. O som de sua cabeça batendo na superfície dura ecoa pela noite. A música é doce e pode até ser mais incrível do que estrelas dançando no céu. Eu me esforço para agarrar esse autocontrole.
—Hart, quando você vai aprender? Eu tenho o que eu quero. — O fodido senta de volta. —Oh, e eu vou dizer ao seu pai que você está de volta à cidade. Contratei ele há alguns anos no estúdio. É um ótimo zelador.
Aquele autocontrole que eu mal segurava escorregou e deslizou para fora do meu alcance. O inferno se incha dentro de mim. Eu só vejo uma cor, e isso é escaldante, ardente, furioso vermelho. Brasas quentes de raiva flamejam vermelho vivo.
—Hart.
Eu aperto meu punho uma e outra vez, me estabilizando para quebrar seu pescoço.
—Hart, por favor.
A voz registra na minha cabeça, mas não o suficiente para arrancar meu foco. Meu foco é matar esse filho da puta viscoso na minha frente. Não havia provas que o ligassem ao assassinato de Belle. No entanto, havia bastante peças de quebra-cabeças para montar uma imagem muito obscura que ligava Blake ao crime. Ele é um tubarão comendo a carne que estava atrás dela. Anos mais velho que ela, mas o homem que detinha a chave dos seus sonhos de cantar no grande palco.
Belle o dispensou em seu baile de formatura, e ninguém sabia onde ela tinha ido até que seu corpo foi encontrado. Como eu disse, há peças de quebra-cabeça suficientes para saber que esse porra tinha algo a ver com isso. Belle estava grávida e nenhum de nós sabia. Dinheiro e poder são fatores malignos para guardar segredos enterrados em Nashville.
Blake Patton agora acha que pode me provocar com o meu pai. Grande erro, cara. Eu ouço meu nome sendo gritado. Mas é tarde demais já que meu autocontrole agora virou cinzas ao vento.
A cabeça de Blake se encaixa rapidamente no primeiro soco. Suas costelas quebram quando a ponta da minha bota as encontra de lado. Estou me preparando para puxar minha mão para dar um soco final e lhe dar uma lição quando alguém estende a mão e agarra meu braço pela parte de trás.
—Hart, por favor, pare. —A palma da sua mão vibra e estremece junto com sua voz.
É o suficiente para me fazer congelar e virar devagar. Vannie. Os seus olhos estão arregalados de preocupação, o cabelo selvagem na brisa e a inconfundível máscara de pânico cobrindo todas as suas feições. Ela está assustada, tremendo, e é tudo por minha causa.
—Hart. — É quase um sussurro desta vez.
Ela puxa meu braço e eu vou com ela rapidamente. Nós caminhamos lado a lado até chegarmos ao meu carro.
—Vamos. — ela sussurra, ajustando o violão nas costas.
Minha boca se abre, mas não saem palavras. Tantas perguntas enchem meu cérebro a ponto de explodir.
—Venha. — Ela me empurra para dentro do meu carro, em seguida, dá a volta na frente e entra no lado do passageiro.
Eu olho para frente incapaz de me mover ou reagir. Meus dedos ficam brancos enrolados firmemente ao redor do volante. Eu poderia ter matado ele. Eu o teria matado se Vannie não tivesse me parado. Lentamente, viro a cabeça para olhar para ela sentada no banco do passageiro.
Ela é uma imagem estoica de calma e tranquilidade sem nenhum sinal que irá surtar.
—Dirija Hart. — Ela estende a mão, segurando a minha na dela.
Seu toque carinhoso me traz de volta à realidade. Firma as minhas raízes e limpa a imagem do que acabou de acontecer. Então eu dirijo. Quanto mais perto eu chego de casa, mais irritado fico comigo mesmo. Eu nunca perco o controle. Aquele filho da puta me empurrou nos meus limites. Eu poderia ter quebrado seu pescoço ao meio e não pensei duas vezes sobre isso.
Uma explosão de choque se acende em mim quando eu entro na garagem de Peaches, e os policiais ainda não estão lá. Blake Patton é um filho da puta arrogante e poderoso. Ele não vai deixar esta noite passar sem consequências.
—Está... Você está bem? — A voz estridente de Vannie me tira do meu transe.
Ambas as minhas mãos passam com desespero pelo meu cabelo, apertando-o em uma bola na parte de trás.
—Eu sinto muito. Jesus, Vannie... me desculpe.
—Pelo quê? — Ela atravessa o banco, envolvendo os seus braços em volta do meu pescoço.
Seus dedos envolvem nos meus até que eles soltem meu cabelo. Então seus dedos substituem os meus e ela os arrasta através do meu coque enrolado. Eu sinto cada centímetro do meu corpo relaxar no assento de couro. Vannie distribui leves beijos no meu queixo enquanto espera que eu responda.
—Eu perdi o controle. — Essas palavras cortam minha língua enquanto eu falo cada uma delas. —Eu nunca machucaria você, no entanto. Eu juro por Deus.
—Eu sei. — Ela continua beijando meu queixo, falando entre beijos delicados. —O que ele fez para você?
Não importa o quão relaxado ou o quanto Vannie esteja confiando em mim neste momento, não há nenhuma maneira no inferno que eu vá tirar essa bagagem para fora agora.
—Apenas um fantasma do meu passado, Vannie. — Eu paro seus beijos, segurando seu rosto e fazendo-a olhar para mim. —Ele é um cara ruim e não vai estar brincando com você de novo.
Vannie inclina o rosto com o meu toque.
—Eu entrei no seu carro e não entrei em pânico. Violência é uma grande parte do meu passado, e eu entrei nele esta noite por você, Hart.
Essas palavras esmagam minha alma. Ela empurrou suas barreiras para me salvar esta noite. Ninguém na minha vida fez isso para mim com exceção dos meus irmãos do Exército, e eles foram treinados para isso. Essa mulher assustada, bonita e frágil, saiu de sua casaca protetora para viver plenamente a vida comigo, e é maravilhoso.
—Eu estou me apaixonando por você, Savannah Ray.
Eu nunca falei tão livremente e acreditei na profundidade das minhas palavras como acabei de fazer.
—Você está me ensinando a acreditar no amor, Hart, o que é outra novidade para mim.
A luz da varanda da frente acende, e nós dois olhamos para ver Julie esperando por nós nos degraus da frente. Nós lentamente nos separamos. Eu tomo esse tempo, colocando-o no fundo do meu coração. Agora eu tenho um motivo.
11
Savannah Ray
É isso que a vida parece? Adrenalina e emoções genuínas que não doem, mas apenas fazem você sentir. É por isso que a maioria das pessoas aprecia o ato da vida? Eu estou começando a pensar assim. Hart Richards girou um interruptor dentro de mim, desligando todos os demônios do meu passado e deixando a vida brilhar intensamente para mim. Isso é bom. Muito certo. Assustador? Sim, mas é o seu toque e palavras que me dão coragem para abraçá-lo.
—Ei, crianças. — Maria acena para nós da sua cadeira de balanço.
—Jovem, você precisa da sua bunda chicoteada? — Hart finge verificar a hora em seu relógio falso em seu pulso. —Já passou da sua hora de dormir.
Maria sorri orgulhosamente para o filho, desfrutando de uma risada leve. Eu sei que ela é uma mulher morrendo, que está no limite e vive com os dias contados, mas ela brilha em torno de Hart. Ele gera a vida em seu corpo doente. O seu melhor remédio.
—Ela teve todos os seus remédios. — Julie dá a Hart um abraço forte. —Ah, e terminamos nosso novo livro hoje à noite, senhor.
Hart bate o pé, fazendo um show para as mulheres.
—É isso, vocês duas pequenas espertalhonas estão de castigo por um mês.
Elas reviram os olhos e compartilham uma risadinha. É surreal como esse homem consegue aquecer os corações de todos que estão próximos. É a parte feia dele que ele mantém enterrado profundo que me preocupa. Não para minha segurança, mas para a dele. Eu tiro o pensamento da luta e das lembranças desagradáveis que surgem em minha mente.
—Deixe eu colocar essa mulher selvagem na cama. — Hart me puxa para o lado, pressionando os lábios na lateral da minha cabeça. —Eu comprei coisas para sundaes. Você pode pegá-las.
—Tudo Bem. — Eu o aperto com força, realmente não querendo deixar ele ir, mas sabendo que tenho que fazer.
Eu vou até Maria antes de ir para a cozinha. —Durma bem, Maria.
Eu me inclino e beijo sua testa e depois a abraço. Maria sempre teve um lugar especial no meu coração, mas agora sabendo que ela é responsável por presentear este mundo com Hart Richards, faz com que eu a ame muito mais.
Antes que eu tenha a chance de deixá-la ir, Maria sussurra no meu ouvido.
—Ele realmente gosta de você, garota.
Eu afasto um pouco para trás sorrindo para ela. —Eu realmente gosto dele também.
—Oh, Vannie, isso deixa meu coração exausto muito, mas muito feliz. Ele merece uma mulher como você.
Eu balanço minha cabeça ligeiramente.
—Eu não sei se mereço o seu coração amável, caloroso e amoroso, e você é a única a quem devo agradecer por isso.
—Bem, então não há de que. — Ela dá um tapinha no meu ombro com orgulho derramando dela.
—Suficiente. Chega dessa merda estrogênica de bosta. — Hart agita os braços no ar entre nós.
Não tem como ele ter ouvido sobre o que estávamos falando, mas ainda assim, ele faz um grande show sobre isso. Eu dou a eles espaço enquanto eles fazem o seu ritual noturno. Eu sou gananciosa quando eu estudo as costas fortes de Hart desaparecendo no corredor com sua mãe embalada em seus braços. Ele vai ler um pouco para ela, ter certeza de que ela está aconchegada e esperar até que ela adormeça. O homem me derrete.
Hart não estava brincando quando disse que comprou coisas para sundaes. Mas uma coisa que aprendi sobre esse homem é que ele não brinca quando se trata de comida, menos as que contenha vegetais. Todas as coberturas possíveis estão no balcão. Existem três tipos diferentes de sorvete no congelador e duas vasilhas gigantes de cobertura com chantilly. Eu não tenho certeza por onde começar.
Sundaes de sorvete caseiro, mais uma primeira vez para mim. Puxando duas tigelas e colheres, eu espero que o humor de antes desapareça, não estragando a noite com seu mal.
Não sabendo o que fazer a seguir até o retorno do rei do sorvete, decido abrir a garrafa de calda de chocolate e prová-la. Bom Deus, Hart me tornou tão viciada em açúcar quanto ele.
—Droga, eu tenho uma gulosa.
Eu me viro para ver Hart parado na entrada da cozinha com um olhar diabólico no rosto. Meu dedo ainda selado entre os meus lábios congelados ao ver o homem. É isso que o amor parece? Sente? Deveria ser? É um debate interno que vem acontecendo dentro de mim desde que o conheci. Como uma mulher supostamente pode saber quando ela nunca foi amada por uma única pessoa?
—Você está bem? — Ele pergunta timidamente enquanto se aproxima de mim.
—Tudo bem. — eu sussurro, em seguida, derramo mais xarope no meu dedo.
—A primeira regra do clube do sundae é...
Eu o interrompo. —Clube do sundae? Isso é outro Hart-ismo?
Ele entra na despensa enquanto me responde. —Mulher, isso não é brincadeira. É a diferença entre um sundae péssimo e feito meia-boca comparado a um orgástico.
Eu bato a palma da minha mão sobre a minha boca quando ele sai da despensa com o seu chapéu de cowboy maluco na cabeça. O negócio de penas na frente ainda é tão horrível como quanto antes. É o seu sorriso que faz o chapéu absolutamente adorável.
—É preciso usar um chapéu de cowboy sexy para obter o sabor ideal do sundae. — Com cada palavra, ele dá um passo mais perto de mim até que não haja espaço entre nós.
Eu reviro os meus olhos para ele enquanto abafo minha risada.
—Oh, o que é isso, mocinha? Você está zombando de mim? — Ele tira a camisa com uma mão enquanto equilibra aquele maldito chapéu de cowboy em sua cabeça. —Agora, este é o traje ideal para o sundae. Eu vou acabar com essas cadelas como uma máquina bem lubrificada.
—Você é louco, Hart.
Ele só encolhe os ombros e me agarra pela cintura, me colocando no balcão.
—Sente-se e aprenda com o mestre. — Ele pisca para mim.
—Ei, você esqueceu uma coisa. — Eu seguro seu braço, puxando-o para mim.
—O que é isso?
Estamos nariz com nariz respirando um ao outro. O mundo à nossa volta desaparece. As preocupações, medos e ansiedades são poeira no ar. Somos só nós.
—Você não perguntou quais as coberturas que eu quero. — Eu me inclino mais perto para beijá-lo.
Eu lidero desta vez, lambendo a junção dos seus lábios até que ele se abre para mim. Então deixo minha língua entrar em sua boca, aprofundando e mergulhando em seu gosto. Hart geme para mim, em seguida, fica entre as minhas pernas abertas. Ele não luta para assumir, mas fica lá me deixando beijá-lo.
Quando eu volto para trás, eu estou ofegando por ar com as pontas dos meus polegares acariciando suas bochechas.
—Eu gosto disso. Eu quero essa diversão esta noite, mas, Hart, eu tenho que ter certeza que você está bem com o que houve mais cedo.
Lamento a minha pergunta no segundo em que ele deixa cair a testa na minha, evitando o contato visual.
—Estou bem.
—Não minta para mim, Hart.
—Aquele cara. — Ele limpa a garganta. —Ele estava atrás da minha irmã. Seu maior sonho era cantar e fazer sucesso. Resumindo, ela foi morta no ensino médio. Eu o culpo, sabendo que ele tinha algo a ver com isso.
Eu empurro mais sabendo que esta é a única vez que poderei. É um ato egoísta, já que me recuso a me abrir para ele.
—E eu o ouvi falar sobre seu pai.
—Meu pai é um cruel filho da puta. Ele bateu na minha mãe e em mim até o dia em que a tirei de lá.
—Ok, Hart. — Eu puxo seu rosto de volta para o meu.
O olhar em seus olhos me assola. Ele está muito quebrado por baixo de todos os seus escudos e da sua armadura. O mundo vê este homem forte como um homem feliz, despreocupado, vagando de um lugar para outro. Mas em seu âmago, não há nada além de desgosto e terror. É nesse momento que percebo que somos mais parecidos do que qualquer um de nós percebe.
—Se a polícia aparecer hoje à noite, não se surpreenda.
—Hart.
Ele me corta com um beijo forte. Quando ele se afasta, o clima muda de volta para o modo clube do sundae.
—Agora sente e observe a perfeição, Vannie Ray.
Eu luto para sorrir. É brutal depois de processar a verdade que ele acabou de revelar. Eu não posso nem deixar o pensamento dele indo para a cadeia flutuar em minha mente. Eu não seria capaz de defendê-lo ou de me levantar como testemunha porque o mundo não sabe quem eu sou.
—Deixe para lá. Traga sua bunda até aqui e me ajude. — Hart pega o meu pulso, me puxando para o chão.
—Tire seus sapatos. Você precisa estar descalça para isso.
Eu levanto uma sobrancelha para ele em questionamento.
Ele cruza os dois braços.
—Ei, eu não faço as regras, mas se você quer um bom sundae, então você vai cumprir.
Eu tiro meus sapatos e fico na frente do balcão. O peito de Hart empurra minhas costas e eu rapidamente me derreto no homem que acabou de se abrir para mim. Suas mãos cobrem o topo das minhas, me guiando para cada pote de sorvete e retirando porções generosas.
Ele tira a concha da minha mão, deixando ela cair na pia.
—E o seu? — Eu pergunto.
Hart mergulha seu rosto no meu pescoço, então ele sussurra: —Achei que seria divertido compartilhar.
Essa sensação curiosa e tão doce me alcança novamente. É o que eu suspeito que se pareça muito com a vida e a paixão. É viciante, e eu me vejo desejando mais e mais dos toques, beijos e sussurros de Hart, apenas para experimentar o sentimento.
Nós fazemos uma bagunça de todas as coberturas, esguichando quantidades generosas no topo do nosso sorvete. Os chuviscos lentos transformam-se em bolas na tigela. Minha boca saliva com o cheiro doce que vem do recipiente e do cheiro sensual de Hart.
Quando ele se afasta de mim, fico triste rapidamente com a perda de seu toque. Ele se tornou meu lar e paz em muito pouco tempo. Eu nunca acreditei em duas almas pertencentes umas às outras até agora.
Hart vai até uma gaveta e pega duas colheres. Eu não percebo que estou olhando até Hart limpar a garganta. Sua pele bronzeada, corpo magro e tatuagens me hipnotizam.
—Pronta? — Ele questiona e então estende a mão para mim.
Eu prendo meus dedos nos dele sem pensar. Nós caminhamos pelo corredor escuro até o quarto dele. Esta será minha primeira vez o vendo. Muitas primeiras estão acontecendo hoje à noite. Meu estômago aperta com o pensamento do que eu quero dele. Hart fecha a porta com o pé, tomando cuidado para não bater, então acende a luz. Ele pega minha mão assim que o quarto se ilumina.
—Você está falando sério? — Eu suspiro e cubro minha boca.
Surpresa nem começa a descrever. O quarto foi transformado em uma maravilhosa festa do pijama com uma grande torre de jogos de tabuleiro, quebra-cabeças, DVDs e a sagrada mina de ouro de junk food. Sua cama está vazia de qualquer cobertor e em seu lugar tem dois sacos de dormir. Um é um saco de dormir do Homem de Ferro, enquanto o outro é uma barbie rosa choque e ambos têm os mesmos travesseiros.
—Sua primeira festa do pijama oficial, minha senhora. — Hart sorri para mim.
—Isso é uma loucura, Hart.
—Aqui estão as regras. — Ele me puxa até que nós dois estamos sentados na cama de frente um para o outro com a tigela de sorvete entre nós.
Nós nos sentamos de pernas cruzadas e eu pego o sundae enquanto Hart explica as regras para mim. Ele é sério sobre as regras enquanto explica. É fofo. A parte que eu mais amo sobre Hart é isso aqui na minha frente. O homem simplesmente ama a vida e compartilha a felicidade.
—Nada além de junk food e refrigerante na festa do pijama. Somos obrigados a ficar acordados a noite toda. Se um de nós adormecer, então o outro começa a pintar um bigode nele com um marcador permanente.
Minhas sobrancelhas se levantam e eu engasgo com a cereja cristalizada na minha boca. Eu cuspo por alguns segundos e tudo o que Hart faz é sorrir e começa a pegar o sorvete.
—Essa última parte é uma piada, certo?
—Não. É a regra mais importante. — A colher de prata desliza entre os lábios dele. Eu estudo a ação enquanto sua boca limpa a colher. —E tradicionalmente as festas de pijama são cheias de caos, muitas risadas e coisas barulhentas.
Eu coloco minha mão em seu joelho. —Podemos ficar quietos.
—Quietos mais ou menos. — ele corrige. —Quero dizer, nós temos que nos divertir.
—Fechado. —Eu pisco.
Nós nos sentamos em silêncio enquanto engolimos o sorvete. Eu me impressiono quando encontro Hart colher com colher. No entanto, alcanço o último pedaço de chocolate com calda de caramelo. Eu caio de volta na cama segurando minha barriga inchada. Parecia uma boa ideia no momento, mas agora me sinto doente. Quase vomitando.
—Como você faz isso? — Eu gemo olhando para o teto, onde ele tem adesivos de carros colados.
—Fazer o quê? — Ele pergunta, deitando ao meu lado e olhando para o teto também.
—Comer como você faz. Eu vou ficar doente.
—Você tem que treinar seu corpo. Comece devagar e depois se fortaleça.
Eu viro a minha cabeça para olhá-lo. Eu poderia prever o sorriso de merda no rosto dele.
—Você acha que isso é bom demais para ser verdade? —Eu sussurro.
—Isso o que? — Pergunta ele.
—Nós. — Eu levanto minhas mãos para o ar e sinto meu estômago revirar, então eu prontamente as coloco de volta na minha barriga irritada. —Quando estamos juntos, todo o resto desaparece. Eu não estou com medo nem preocupada. Você me faz sentir como uma pessoa real.
Hart se inclina e beija minha testa, em seguida, passa o dedo indicador no meu nariz.
—É a melhor realidade que já vi, e não, não é bom demais para ser verdade, Vannie.
—É louco.
—Louco bom? —Pergunta ele.
Eu concordo.
—Ei, você se importa se eu terminar o livro que aquelas pequenas espertalhonas leram sem mim? — Olhos de uísque me imploram.
—Só se você ler em voz alta para mim.
Ele sai da cama, corre até uma cômoda alta e escura e pega um Kindle. Hart voa de volta para a cama em um salto gigantesco. O colchão e os sacos de dormir e eu pulamos com o peso dele saltando em cima da cama. Ele rola até ficar confortável de costas e apoiado nos travesseiros.
—Eu vou vomitar se você saltar de novo.
—Chegue aqui, querida. — Ele estende a mão e me puxa para ele.
Eu encontro um lugar confortável para me aninhar ao lado dele, com a cabeça apoiada em seu ombro largo e o braço em seu abdômen. Ele não para de mexer até encontrar o ponto de leitura perfeito.
—Esta, minha bela mulher, é Hotshot21 de Ahren Sanders. No mundo dos livros que minha mãe e Julie me viciaram, essa leitura é considerada fumegante e angustiante. O personagem masculino é muito parecido comigo.
—Como? —Eu pergunto levando ele a sério.
—Ele é gostoso, sexy e sabe beijar como um deus.
—Hart. — Eu bato no seu abdômen. —Apenas leia.
—Estou falando sério, Vannie.
Hart prossegue para me colocar em dia com o enredo. Eu tento me concentrar nas palavras dele, mas o fato de esse homem viril estar todo empolgado com um livro de romance é adorável demais. Hart começa a ler, totalmente imerso no livro. Logo eu sou sugada para o enredo à beira de roer minhas unhas. Mas eu mantenho meus dedos ocupados traçando a tatuagem alada que cobre a largura do peito de Hart.
As linhas delicadas são intrincadas, completando a linda obra de arte.
—Deus, essa cadela precisa morrer. — Hart bate o kindle no colchão.
Ele está falando da vilã da história, e devo concordar que ela é a garota-propaganda do mal, arruinando tudo o que toca.
—Basta pular para o final e ver se há um final feliz. — sugiro.
—Isso é trapaça, Vannie, e eu não trapaceio.
—Não é trapaça, bobo, é apenas um livro.
—É trapaça, e não é apenas um livro. Na minha casa em Montana, quando eu falava para o meu gato que eu estaria em casa em um determinado horário e aparecia dez minutos atrasado, me sentia culpado por traí-lo.
—Eu me preocupo com sua insanidade, Hart.
—Aqui, você lê. Eu quero ouvir sua voz doce, e tenho certeza que uma cena de sexo está chegando em breve. Bônus duplo. Melhor festa do pijama de sempre.
—Hart ...
12
Hart
Eu olho para Vannie, que está olhando para mim enquanto ainda está colada ao meu lado. A palma da sua mão está no meu peito. Há medo em seus olhos me deixando confuso como o inferno.
—O que há de errado? — Eu pergunto acariciando sua bochecha.
Eu procuro no meu cérebro tentando descobrir porque ela está tão abalada e assustada. A festa do pijama estava indo perfeitamente até agora, e eu só pedi a ela para ler para mim.
—Hart. — ela repete meu nome.
Concordo com a cabeça, esperando tranquilizá-la de que não há nada que ela possa dizer que mudaria minha opinião sobre ela. Inferno, eu passei o último mês mostrando isso com as minhas ações. Eu não estava mentindo quando disse que estava me apaixonando por ela. Não há nada nesta terra de Deus que mudaria esse fato.
—Eu... Uh ...
—Querida... — Eu sento puxando ela para o meu colo até que ela está de frente para mim enquanto envolve suas pernas em volta das minhas costas. Eu seguro seu rosto e olho em seus olhos. —Você pode me dizer qualquer coisa. Você sabe disso. Nada vai mudar a minha opinião sobre você. Isso é o que o amor é.
—Não sei ler. — ela deixa escapar.
Essas três palavras roubam o ar dos meus pulmões, destroem meu coração e me deixam cambaleando. Eu mantenho uma cara de paisagem enquanto processo o que ela disse. Uma enxurrada de perguntas me atingi como um caminhão Mack22, e elas começam com a palavra como. Como ela toca música? Como ela chegou tão longe na vida sem saber? Como?
Vannie enterra o rosto no meu peito e chora. Ela não está calada sobre isso. O som dos seus soluços me assola. Não há palavras para acalmá-la agora. Passei noites inteiras sem dormir pensando como diabos essa mulher ficou tão fechada e por que seu nome, Savannah Ray, não aparece em lugar nenhum. Isso é apenas um pedaço disso.
Eu faço a única coisa que posso fazer. Envolvo meus braços ao redor de suas costas, mantendo ela colada em mim. Nossos corpos ficam espremidos juntos sem que passe ar entre eles. Minha testa cai no ombro dela e choro com ela por longos momentos. Nenhum de nós diz uma palavra. Eu choro pela garota quebrada em meus braços.
Vannie senta e olha para mim através do rosto coberto de lágrimas. Meu estômago se contorce de nervosismo. Acho que sei o que vem a seguir e não sei como lidar com isso.
Ela cobre meu rosto. —Me faça esquecer, Hart. Me faça esquecer a garota que eu sou e faça com que eu acredite no que eu sonhei em ser.
Eu aceno concordando com ela. —Você tem certeza, Vannie?
—Sim. Eu preciso esquecer. Você me faz querer viver. — A ponta do polegar dela arrasta ao longo do meu lábio inferior.
—Você já...
Ela coloca o polegar sobre meus lábios. —Não pergunte.
Suavemente, a deito de volta na cama, em seguida, cubro o seu corpo.
—Você pode desligar as luzes? — Ela pergunta com uma voz trêmula.
Eu não faço perguntas, mas isso me deixa inseguro. Há muito mais nessa história, e não tenho ideia se isso vai piorar ou melhorar. O quarto escurece com os sons suaves do choro de Vannie. Meu corpo cobre o dela novamente, lento e gentil. Eu deixo Vannie controlar o ritmo do beijo e do movimento. Ela toma conta trabalhando seus lábios nos meus, em seguida, passando a língua na minha boca. Nós nos beijamos por um longo tempo até que nos afastarmos.
—Eu tenho que perguntar de novo.
—Sim, Hart. Faça com que eu esqueça da pessoa que sou.
Seus lábios tocam os meus novamente. Nossos corpos se movem um contra o outro em sincronia. Cada movimento que Vannie faz me dá mais coragem. Eu sei o que ela quer, mas ainda assim, há um diabinho no meu ombro direito gritando para eu parar. Mas a paixão e o desejo são demais.
Minhas mãos gananciosas vão para a cintura dela, para sentir sua pele debaixo de mim, mas Vannie pega as minhas mãos, parando o movimento. Eu paro por um momento, sabendo que ela não estava pronta para ir tão longe.
—Você não pode ir lá. — Ela leva a sua mão para baixo e tira o seu short mantendo a parte de cima da camisa para baixo. —Por favor, não pare, Hart. Faça-me esquecer.
Sua pele está nua na minha frente, suas pernas estão bem abertas para ser tomada. Ela está me dando tudo.
Se eu estava dividido em dois antes disso, estou rasgado agora. Meu coração está me dizendo que ela não está pronta para isso e há muito mais que eu preciso saber, mas a cabeça na minha calça está super ansiosa para a atividade. Vannie se inclina lambendo meu pescoço, o que leva a beijos ternos e, em seguida uma leve mordida.
Eu alcanço a mesa de cabeceira cegamente alcançando a gaveta para pegar um preservativo. Meus dedos roçam pelo conteúdo até que encontro um pacote de papel alumínio. Sento em meus calcanhares, desabotoo minha calça jeans e puxo meu pau pulsando em meus jeans. Eu olho através da escuridão tentando ver os seus cabelos negros ou até mesmo um vislumbre dos seus olhos. Tudo é inigualável e eu não vejo nada. Eu só ouço seus pedidos para deixar de lado sua dor. É tudo confuso e incompreensível, mas eu a quero tanto, e isso só me faz sentir como um idiota.
—Hart, me faça sentir. Tire toda a dor. — Sua voz implora com uma ponta de urgência. —Eu nunca senti como sinto agora, não até te conhecer. Você, Hart, você me faz querer viver. Antes de você, tudo me apavorava.
Ela continua falando, nunca oferecendo nada pertinente além de seu corpo. É errado, tudo tão errado, mas eu preciso dela. Há tantas perguntas, mas não sei como perguntar a ela.
— Vannie.
—Agora, Hart.
Nossos peitos colidem, embora ela esteja vestida na parte de cima, nossa conexão é profunda. Na minha cabeça estou morrendo de vontade de fazer mais perguntas, mas é a súplica em seus olhos que me leva adiante. Com o pequeno raio de luz brilhando no quarto, seus olhos me dizem tudo o que preciso saber.
Suas mãos trêmulas abaixam. É como se ela sentisse meu estouro silencioso e eu me desenrolasse quando ela coloca o preservativo. As palmas das mãos dela se agarram aos meus ombros, puxando-me para ela.
—Diga se doer...
Ela me interrompe quando empurra seus quadris para cima. A sensação quando estou profundamente dentro quase me faz chorar. Um sentimento tão surreal faz com que eu congele no meio do movimento. É Vannie que assume o controle dos quadris dela embaixo de mim. Seus gemidos leves de prazer quase me fazem explodir minha carga, e eu nem sequer me movi muito.
—Deus, Hart, é tão bom. — Sua voz é leve e cheia de luxúria. —Mexa. Por favor, mexa-se. Me faça sentir.
Meus cotovelos caem no colchão, emoldurando seu rosto perfeito. Nossas testas se encontram e leva alguns instantes para eu recuperar o fôlego. Então eu me movo. Cada impulso lento e delicioso em Vannie tem o poder de me destruir.
Estou acostumado a foder, na verdade, sou um maldito profissional nisso. É tudo que eu fiz. O vício piorou depois que deixei o exército. Nunca na minha vida eu tinha feito amor com uma mulher até este momento. Eu não quero que isso acabe. É poderoso e quase parece ficção, mas são seus gritos de prazer que me trazem de volta à realidade.
Os lábios de Vannie encontram os meus. Nós nos beijamos, apenas parando para gemer quando o prazer acontece. O formigamento na base da minha coluna lentamente começa a subir. Estou tão perto que chega ao ponto da dor.
Vannie se afasta de mim e morde o lábio inferior, gemendo em silêncio.
—Deixe vir, querida. — Eu envolvo o rosto dela com as minhas mãos. —Deixe vir, Vannie. Goze comigo. Se desfaça querida.
Ela geme alto, não conseguindo mais ficar quieta. Nós dois chegamos ao limite ao mesmo tempo. É uma queda dura. Do tipo que você não recupera. Meu corpo está exausto, satisfeito e saciado. Eu nunca soube que poderia ter tanto. É um sentimento intoxicante.
—Você está bem? — Eu murmuro em sua bochecha, acariciando sua pele macia com a ponta do meu nariz.
—Eu acho que vou ficar. — ela sussurra, envolvendo os braços em volta das minhas costas e me puxa para ela.
—Você sabe que eu tenho você, certo?
—Eu sei. Isso me assusta porque eu nunca fiz isso.
—Você era virgem? — Eu tropeço em minhas próprias palavras quando elas saem da minha boca.
Ela balança a cabeça de um lado para o outro. Sua parede invisível de defesa sobe. Meu sinal para recuar.
—Eu vou me limpar. Volto logo.
Leva tudo dentro de mim para que eu saia da cama e a deixe ali deitada. Quando estávamos conectados, era como se a garota quebrada tivesse desaparecido por alguns instantes, mas ela já estava de volta. Eu faço um trabalho rápido de jogar o preservativo no lixo e me lavar, não querendo ficar longe dela. Parte de mim se pergunta se ela fugirá do que acabamos de fazer.
Ela está na cama quando eu volto com uma toalha quente na mão. Depois de ligar a lâmpada na mesa de cabeceira, noto que sua blusa ainda está abaixada até a cintura, enquanto o resto dela está exposto para mim. Ela é linda demais.
Vannie não recua quando eu passo o pano úmido entre as pernas dela, nem foge de mim. Isso faz algo muito estranho ao meu peito. Aquele mesmo baú que sofreu perdas, guerras e mais dificuldades do que se pode contar, está sendo aberto por essa mulher deitada na minha frente.
Eu jogo o pano no cesto de roupa suja e me deito na cama com Vannie. Puxando ela de volta para o meu peito, envolvo meus braços em volta dela, abraçando-a com força.
—O que é esse som de plástico? — Ela pergunta.
—Doce.
Ela olha para mim por cima do ombro. —Doce?
—Na minha calça. — Eu pisco para ela.
Vannie rola até que ela esteja de frente para mim, timidamente alcança as minhas calças e pega um pacote de doces. Todas as perguntas que estou tão desesperado para encontrar respostas desaparecem quando ela abre o saco de minhocas. Nós compartilhamos o doce, cada um mordiscando uma extremidade até nos encontrarmos no meio e compartilharmos um beijo. Comer doces como esse nunca envelhecerá.
Acordamos na manhã seguinte em um emaranhado de membros. A sensação de segurá-la me faz sorrir. Eu não sei quanto tempo eu sento e a vejo dormir, estudando seu rosto pacífico. O vinco em sua testa relaxou sem se preocupar com o mundo agora. É exatamente assim que eu quero vê-la todos os dias. Bem assim. Eu juro neste momento fazer um mundo certo só para ela.
Minha mão tem uma mente própria quando vagueia até a sua bunda perfeita. Eu passo a mão esperando que ela não tenha colocado os seus apertados shorts de dormir.
—O que você está fazendo?
Eu olho para baixo para Vannie, que está cobrindo sua boca. Seus olhos ainda estavam cheios de sono.
—Estudando a sua bunda. — Eu pisco para ela. —Ela é muito boa. Por que você está cobrindo a sua boca?
—Hálito matinal. — ela resmunga.
Eu dou de ombros. —É sexy e me excita, me dá um cheiro.
—Você é louco. — Suas palavras são abafadas.
—Agora. — Eu a rolo de costas.
Vannie solta um grito de surpresa quando eu a cubro. Ela pressiona a mão contra a boca como se tivesse a chance de vencer essa luta.
—Me dê um cheiro, Vannie.
Seus olhos se arregalam e ela balança a cabeça freneticamente. Provocá-la pode ser apenas minha nova coisa favorita. Eu prendo os seus dois braços acima da cabeça dela. Vannie vai falar, mas percebe que ela realmente perderia a batalha se ela abrisse a boca. Ela afunda seus dentes em seu lábio inferior.
—Jogando duro, hein? — Eu esfrego a ponta do meu nariz ao longo do dela. —Acho que vou ter que arrancar um beijo de você.
Beijei cada canto da boca dela. Não demora muito para ela abrir a boca para me beijar de volta. Minha ereção matinal está em pleno vigor com essa combinação mortal. Eu estou tão duro que meu pau iria socar o vidro agora.
—Bem. Você está feliz? — Vannie pergunta quando eu me afasto.
—Muito mesmo. — Eu me inclino para trás, descansando em meus joelhos.
—Quanto tesão... — Vannie balança as sobrancelhas para cima e para baixo.
—Sua garota malvada. Eu não posso acreditar no que acabou de sair da sua boca. — Eu olho para baixo, para minha barraca armada.
Ela encolhe os ombros parecendo toda inocente e fofa. —Eu tenho tido uma influência ruim.
—Eu acho que me apaixonei oficialmente por você, garota. — Eu a puxo para cima, então estamos cara a cara. —Hora de levantar para o café da manhã e eu preciso ajudar a mamãe.
Eu me inclino para frente e beijo seus lábios rapidamente. —E você, minha garota sexy, precisa escovar os dentes. Seu hálito cheira como se um animal estivesse morto aí dentro.
Eu estou de pé e fora da cama antes que a palma da sua mão aberta se conecte com o meu peito nu. Eu saio do quarto rindo pra caramba com o ato dela estar mortificada e chateada. Meu riso ecoa pelo corredor. Eu puxo um par de calças do cesto de roupa suja e as coloco para esconder um pouco o meu tesão. Eu sou encantador assim.
—Bom dia, senhoras sensuais.
Peaches me encara com uma xícara de café. Claramente, a besta ainda não tem bastante combustível líquido em sua corrente sanguínea. Minha mãe apenas sorri para mim, com amor sem fim.
—Veja, você tem a minha senhora de pé e vestida esta manhã. — Eu me inclino e beijo o topo da cabeça de Peaches. É uma jogada arriscada, sabendo que ela poderia morder o meu rosto. Ela só rosna.
—Você está linda esta manhã, mamãe. — Dou-lhe um abraço e mais alguns beijos do que fiz para Peaches.
—Pronta para o café da manhã? Você já tomou seus remédios?
—É claro que ela os tomou. — diz Peaches. —Depois de sermos mantidas acordadas a noite toda, não poderíamos dormir até mais tarde por nada.
—O que você quer dizer? — Eu pergunto, fingindo inocência.
—Vocês pareciam dois coelhos lá dentro. — Peaches tenta agir irritada, mas um leve sorriso aparece em seu rosto.
—Quando você tem tudo isso em sua cama, o que você espera? — Eu passo as mãos pelo meu peito, erguendo as sobrancelhas para ela.
—Você pelo menos lhe deu um saco de papel pardo para colocar sobre sua cabeça? — Peaches pergunta.
—Um saco de papel pardo para o quê? — Vannie aparece no final do corredor com olhos sonolentos e uma juba de cachos selvagens escuros em todas as direções.
Eu envio a Peaches um olhar de advertência para não assustar ela. —Peaches está apenas sendo uma velha amarga esta manhã.
—Bom dia, querida. — Mamãe dá um tapinha na mesa ao lado dela. — Café?
Vannie sacode a cabeça. —Não, obrigada.
Em três longos passos, eu vou até a geladeira puxando duas latas de Mountain Dew23. Outro vício terrível que compartilhei com Vannie. Seus olhos se iluminam quando coloco na frente dela. Eu não posso resistir ao meu próximo passo e não sei como ela vai reagir, mas eu faço de qualquer maneira.
—Aqui está, meu amor. — Eu me inclino deixando meus lábios ficarem nos dela, em seguida, a beijo profundamente.
Peaches limpa a garganta fazendo Vannie corar. É a coisa mais fofa que eu já vi.
Se ela soubesse que apenas alguns momentos atrás Peaches estava provocando-me sobre transar com ela...
Eu afasto dela com dificuldade antes que o homem das cavernas em mim saia para brincar. Eu adoraria nada mais do que jogá-la por cima do meu ombro, leva-la pelo corredor e devorar seu corpo inteiro desta vez.
—Vá cozinhar, Romeo. — Peaches fala.
—Sobre isso. — Eu volto para longe da mesa, confiante de que meu pau se juntou à festa novamente. —Eu adoraria cozinhar para minhas duas beldades e she-man24.
Isso faz as mulheres rirem. Desde o dia em que saí de casa há muitos anos, nunca me senti bem. Foda-se, chamar aquele lugar de lar está muito longe da realidade. Mas isso parece certo, muito, muito bom.
Essa maldita sensação no meu peito está ameaçando explodir. Eu pego meu chapéu de cowboy no balcão e faço meu negócio de cozinhar. A leve conversa entre as três mulheres na mesa é o melhor ruído de fundo de todos os tempos. Mamãe está contando sobre o livro que ela e Julie terminaram ontem à noite.
Quando eu quebro os ovos lembro da noite passada e da admissão de Vannie sobre a leitura. Isso me deixa apenas mais curioso sobre a vida que essa mulher enfrentou. Como ela toca música e sobrevive nesse mundo?
—Precisa de ajuda? — Braços aparecem em volta da minha cintura e o seu peito empurra nas minhas costas com seu cabelo fazendo cócegas na minha pele.
—Mmmmm. — Eu congelo. —Sim, preciso de ajuda em pé. Fique de pé parada ali mesmo.
—Palhaço. — ela sussurra.
Ela está saindo totalmente de sua concha. Lentamente, mas vejo esta mulher desabrochando bem na minha frente.
—Dê-me um trabalho. — ela implora nas minhas costas.
Lentamente eu viro e lhe dou um sorriso diabólico. —Oh Vannie, posso pensar em várias coisas que você poderia fazer.
Eu brinco com ela, pressionando seus ombros. Ela pega a minha sugestão e golpeia meu peito. Eu não posso deixar de me inclinar e beijá-la.
—Graças a Deus você escovou esses dentes.
—Hart!
Então tomo a iniciativa de anunciar para a casa toda.
—Vannie quase me matou com seu hálito matinal hoje.
—Você pediu por isso. — Vannie diz e em seguida me golpeia na parte de trás da cabeça, assim como Peaches faria.
Meus lábios roçam a concha de sua orelha e eu sussurro.
—Claro que sim, e espero pedir por isso todas as manhãs da minha vida.
—Aqui, Vannie. — Peaches puxa ela para longe de mim. —Você pode torrar o pão e passar manteiga nele. A este ritmo, com o cozinheiro de merda que temos, nunca iremos comer.
Minha mãe ri da sua cadeira. Eu olho para ela e sorrio. —Você vai deixá-la tratar seu lindo filho assim, mamãe?
—Oh, cale a boca. — Peaches golpeia a parte de trás da minha cabeça.
Nossa manhã vai assim, para frente e para trás, com muitas risadas e lembranças para amar para sempre.
13
Savannah Ray
Eu estou apreensiva desde a noite da nossa festa do pijama. Hart foi muito aberto sobre a retaliação de Blake. Não tenho certeza do que aconteceria comigo se algo acontecesse com Hart. O homem que abriu meus olhos para o amor e para a vida. Ninguém nunca me desafiou do jeito que ele faz, e isso é provavelmente porque eu permaneci fechada por tanto tempo.
Mas noite após noite as semanas se passaram e nada aconteceu. Eu trabalho no The Shade Tree, canto depois do meu turno, e todo sábado à noite há um homem bonito batendo o pé no ritmo das minhas músicas. Tenho certeza que vou influenciá-lo a amar a música country. Ele afirma que adora me ver e é isso. Eu juro que é uma combinação de ambos.
Blake continua vindo nos fins de semana para assistir ao show de talentos e até mesmo em alguns dias da semana, mas seus braços nunca se estenderam para me entregar outro cartão de visitas. A vida é boa. Realmente muito, muito boa. É estranho e um conceito desconhecido, mas eu estou vivendo isso por enquanto.
—Levanta. — Hart bate na minha bunda.
Lentamente eu rolo para vê-lo olhando para mim com as mãos nos quadris, boxers puxadas para baixo, sua ereção matinal me saudando, e aquele maldito chapéu de cowboy na cabeça.
Outra batida na minha bunda.
—Levanta. Precisamos ir à mercearia antes do jantar em família e da nossa sessão de filme de mulherzinha.
—É muito cedo. — Eu rolo de costas e levanto os meus braços para ele, e imploro com os meus olhos.
—Não está acontecendo, sua tentadora sexual enviada por Satanás. Vamos. — A palma da sua mão pega o meu tornozelo e ele começa a me puxar para a beira da cama.
Minhas mãos se movem por instinto, segurando a barra do meu moletom velho. Eu consegui um bom equilíbrio de esconder meu torso e não ser óbvia sobre isso, ou Hart apenas ignora os gestos.
Eu estava de pé na beira de um penhasco perigoso e aterrorizante no outro dia quando ele me implorou para tomar banho com ele. Eu queria mais do que tudo, mas esse último fio de medo me segurou.
—Eu vou te dar prazer esta noite quando você assistir ao seu primeiro filme de mulherzinha. — Ele me puxa para ele, distribuindo beijos ao longo do osso da minha mandíbula.
—Não podemos simplesmente engatinhar de volta na cama um pouquinho?
—Não. Peaches precisa de uma caixa de creme de leite fresco e, se não conseguirmos para ela, ela pode se enfurecer conosco. — Hart se abaixa apalpando a minha bunda e deixando seu tesão matinal dizer oi para mim.
—Tudo bem. — Eu o beijo rapidamente.
Qualquer outra coisa sempre se transforma em muito mais, mesmo que sejam beijos longos e preguiçosos onde nos dedicamos a explorar um ao outro.
—Tire esse chapéu, John Wayne. — Eu sou mais rápida do que ele, estendendo a mão e arrancando o chapéu da cabeça dele e jogando-o longe. As minhas mãos alisam a lateral do seu cabelo até que elas se encontram em volta do seu coque. Nunca na minha vida eu imaginaria que encontraria um homem com um rabo de cavalo, um coque e tal. É a coisa mais quente da Terra. E eu tenho isso com Hart.
—Vista-se, Shug25. — Ele bate na minha bunda mais uma vez.
Ele sabe que vou ao banheiro sozinha para me vestir e me despir completamente. Minhas pernas e bunda somente para a visão dele. Meus dedos tremem quando tranco a porta. É o medo do desconhecido me atingindo novamente. Eu quero dar a ele tudo de mim, mas como eu posso quando eu não tenho tudo sozinha.
Eu coloco um jeans skinny, deslizo nas minhas botas e depois lavo o rosto. É no meu reflexo onde encontro mais conforto quando estou fora dos braços de Hart. Eu vejo a mesma velha garota que sempre fugiu dos seus medos e se escondeu em cantos escuros do mundo, mas há um pedacinho de reflexo da garota que quer tudo.
Eu faço algo que nunca fiz, nem mesmo no chuveiro. Eu sempre mantenho minha palma da mão coberta com uma bucha quando estou tomando banho. Desta vez, ela está nua e instável na melhor das hipóteses. A pele da palma da minha mão se conecta com o meu abdômen. Ela roça os cumes e a carne rasgada. A bile sobe atrás da minha garganta, o cheiro de carne queimada inunda meus sentidos, e eu a afasto rapidamente como se um carvão quente estivesse me queimando.
—Eu não posso fazer isso. Eu simplesmente não posso fazer isso.
—Você está bem aí, Shug . — Hart grita.
Ele está sempre bem aqui. Apenas alguns passos de distância para me pegar. O som do meu novo apelido me faz sorrir, extinguindo rapidamente todos os pensamentos e lembranças ruins.
—Sim, vou estar pronta em um segundo.
Eu ouço sua testa encostar do outro lado da porta. —Você pode usar uma minissaia sem calcinha Eu viro para longe do espelho, jogando meu moletom no chão e puxando para baixo um top preto antes de abrir a porta.
—Você precisa seriamente ter sua cabeça verificada, querido.
—Isso vai ser feito. — Ele esfrega o rosto. —Quero dizer, isso vai ser seriamente feito.
Hart não tem vergonha de me estudar da cabeça aos pés e depois fazer de novo. Eu puxo meus cachos selvagens em um coque bagunçado, os amarrando, depois escovo meus dentes. Desta vez Hart é quem está tentando me levar de volta para a cama. Ele tem uma teoria sobre jeans skinny e botas de cowboy. É simples, na verdade... eles dão a ele um tesão furioso.
—Eu vou ficar cego. — Ele ajusta a virilha de suas calças enquanto eu tranco a porta.
—Você vai ficar bem. Eu prometo. — Largo as minhas chaves e me inclino devagar para pegá-las novamente .
—Deus, você ficou perto de mim por muito tempo. — ele geme, então eu sou suspensa no ar e jogada por cima do seu ombro.
Ele me leva para o carro no estilo homem das cavernas, e eu estou em alerta, mantendo minha camisa abaixada. Quando minhas botas atingem o asfalto do estacionamento, sou esmagada por minha piada engraçada. Minhas mãos voam para a bainha da minha camisa.
—Shug.
—Sim. — Eu olho em seu rosto sério.
—Eu sei que há algo que você não quer que eu veja e que há muito que você não está disposta a dizer. Seja o que for, não estou correndo. Eu vou esperar até você estar pronta e eu nunca irei forçar a barra.
Eu aceno com a cabeça, lutando contra as lágrimas iminentes.
Ele cobre minhas bochechas e abaixa seu rosto até que as nossas testas se conectam. —Isso é o que você chama de amor. Eu não vou te forçar ou te deixar. Eu ficarei ao seu lado segurando sua mão até que você esteja pronta para tudo isso.
—Amor. — eu sussurro.
—Sim, eu te amo, Shug.
—Você nem sabe tudo sobre mim.
—Eu vou te amar até o dia da minha morte, e se eu nunca souber, não vai importar nenhum pouco para mim.
—Você vai ficar?
Minhas respostas são juvenis. O momento é tão surreal e avassalador que meu cérebro não consegue reunir muito de um pensamento articulado.
—Eu vou. Com a porra da música country e tudo.
E ele faz isso, esse homem me faz rir, me apaixonar pela vida, e apaixonar-me ainda mais por ele.
Ele se afasta para abrir a porta do meu carro, mas eu pego sua mão primeiro. —Ei, cowboy, eu também te amo, tanto que dói.
—Eu sou praticamente impossível resistir. Tudo bem, Shug.
E assim, as escalas de equilíbrio chamadas minha vida são colocadas de volta no lugar. Hart sabe exatamente o quão longe pode me forçar, então me faz rir com uma piada arrogante dele. Não tenho dúvidas de que nossos caminhos deveriam se cruzar. A tortura que eu sofri estava me moldando para ele. Falta apenas a parte em que tenho que desenterrar a coragem e encontrar forças para não permitir que os segredos me controlem mais.
O seu rock explode enquanto vamos para a mercearia. Eu nunca vou admitir isso para ele, mas é cativante. Isso me faz feliz. O ritmo leve é sempre impossível de ignorar. A ponta da minha bota de cowboy bate enquanto o vento sopra através do meu cabelo e faz cócegas na minha pele.
Depois de estacionar o carro ele salta e abre a porta para mim. Nós andamos de mãos dadas até a loja.
—Hart. — Eu pego o carrinho de compras dele. —Nós viemos por uma coisa e você já tem cinco sacos de doces.
O pequeno merdinha sorrateiro vai jogar um pacote de minhocas de goma, trazendo instantaneamente todos os tipos de memórias vivas, criando uma dor entre as minhas pernas.
—Esse é o último. — eu o aviso apontando um dedo para ele.
Isso não o impede. Ele continua jogando doces no carrinho, mas eu faço o meu melhor para o deter e me afastar para que os doces caiam no chão. Eu viro o carrinho para o corredor de laticínios, mas saio dali com a mesma rapidez que entrei.
—Hum, o que você está fazendo? — Hart pergunta, colocando um doce de chocolate em sua boca.
—Nada. — Eu coro um pouco.
—Shug. — Ele coloca outro Milk Dud26 em sua boca.
Eu solto um longo suspiro e meus ombros caem um pouco.
—Eu tenho esse tique estranho.
Hart come outro doce.
—Pare. — Eu pego a caixa dele. —Você está furtando.
—Ei. — Ele rouba a caixa de volta de mim. —Eu vou pagar pela caixa vazia. Agora, esse estranho tique...
Minha mão aperta a alça do carrinho.
—Eu, uh... Evito de ir no corredor quando tem mais alguém.
Ele levanta uma sobrancelha e depois lambe alguns pedaços de chocolate dos lábios.
—Besteira.
—O quê? — Eu pergunto.
Mas ele não responde com palavras. Os braços fortes de Hart me envolvem pelas costas e ele coloca as mãos do lado de fora do meu no carrinho de compras. Seu peito musculoso pressiona nas minhas costas. Ele nos guia pelo corredor cheio de pessoas. Meus pés se recusam a se mover, mas a força de Hart é muito poderosa. Nós caminhamos pelo corredor cheio de outros clientes. A tontura e a escuridão começam a aparecer, então sinto seus lábios na minha nuca. Seus longos cabelos fazendo cócegas na minha pele.
—Eu tenho você, Shug. — Ele beija meu pescoço uma vez. —Eu sempre vou te proteger.
Ele continua beijando meu pescoço e sussurrando promessas até que o meu ataque de pânico tenha sido esquecido. Agora um enorme sorriso cobre meu rosto e o amor em meu coração vibra. Hart se estica pegando uma caixa de creme de leite fresco e depois o joga no carrinho, não pulando uma batida ou deixando-me longe.
Ele me faz rir quando viramos, mas ele ainda não me solta. Nós dois estamos tão envolvidos um com o outro que o resto do mundo desaparece junto com cada uma das minhas preocupações. Eu chamo de “a magia de Hart Richards”.
O carrinho é jogado de volta no meu estômago, seguido pelo som alto de metal batendo. Nós dois levantamos a cabeça para ver em quem batemos. No flash de um segundo, eu sinto Hart endurecer atrás de mim com toda a brincadeira parando.
O homem em pé na minha frente parece que já teve melhores dias. Há barba cobrindo todo o seu rosto, bolsas sob seus olhos com uma expressão gasta cobrindo a sua face.
—Hart. — Ele fala uma palavra fazendo com que Hart se afaste de mim.
Eu não tenho ideia de quem é esse homem, mas o que eu sei é que é um demônio do passado que assombra Hart. Eu me viro para ele, fecho o espaço e envolvo meus braços ao redor de sua cintura.
—Querido. — Eu alcanço para segurar seu rosto. —Você está bem?
—Ouvi dizer que você estava de volta à cidade, filho.
Filho?
A mandíbula de Hart está tensa. O som de seus dentes rangendo para frente e para trás envia calafrios pela minha espinha. É o pai dele.
—Blake é um cara legal. — Seu pai dá um passo em nossa direção. —Me deu um emprego e tem ajudando sua mãe.
Hart me empurra para trás dele em uma posição protetora, nunca soltando minha mão. Ele está apertando tão forte que eu estou prestes a dizer a ele, mas então ele começa a falar.
—Fique longe da mamãe, de Peaches e de mim. Você não tem o direito de falar sobre ela, Arthur. E Blake pode se foder. — Hart rosna.
Ele acionou um interruptor e passou de leve a selvagem em questão de segundos. É um vislumbre do combatente soldado Hart. Ele é assustador como o inferno.
—Filho...
—Eu não sou seu maldito filho. Você perdeu esse privilégio quando escolheu me usar como saco de pancadas. — Hart vira nosso carrinho na direção oposta. —E como é estar perto do homem ligado ao assassinato da sua filha? Você é um verdadeiro vencedor.
—Você é como eu, Hart. — seu pai responde com raiva enlaçando sua voz.
Hart avança sobre ele, não vendo mais nada lógico, como a noite no bar com Blake.
—Hart. — Eu puxo a mão de volta e pego a sua camisa de flanela com a outra. —Hart, ele não vale a pena.
Ele para pôr um tempo, mas não se vira para mim, então eu continuo.
—Por favor, querido, você não pode me proteger se deixar sua raiva tirar o melhor de você. Você tem a mim, sua mãe e Peaches.
Finalmente seu corpo relaxa, mas ele ainda não vira na minha direção.
—Se eu te ver perto da mamãe ou de qualquer outra pessoa que eu amo, incluindo a garota atrás de mim, eu terminarei o que você começou. — Cada uma de suas palavras é afiada e definida. —Eu não sou o mesmo garoto que aceitava os socos. Eu acabo com você.
Hart vira para mim, me envolvendo por trás e empurrando o carrinho. Ele fica em silêncio enquanto pagamos e levamos as compras para o carro. Sua mandíbula ainda está contraída pela tensão. Seus punhos estão fechados e apertados. Ele ainda abriu a porta para mim e esperou até eu me acomodar antes de fechá-la.
É uma tortura ver o meu homem dilacerado por lembranças dolorosas. Ele bate à porta enquanto se acomoda em seu assento. Seus dedos ficam brancos ao redor do volante enquanto ele o agarra. Eu rastejo com cuidado, mas rapidamente até ele, até que eu esteja sobre suas coxas firmes.
Hart respira alto deixando o seu rosto no meu peito. Minhas mãos percorrem seu cabelo, desatando seu coque e deixando o seu cabelo cair.
—Você está bem, querido? — Eu sussurro.
Ele não responde até que consiga respirar sob controle. Eu me abaixo e beijo o topo de sua cabeça.
—Estou orgulhosa de você. Eu não sei o que ele fez com você e sei que foi difícil ir embora.
—Se há uma pessoa que eu odeio nesta Terra é ele. O ódio é tão puro que é ofuscante. — ele faz uma pausa. —Eu não o vejo desde o dia em que forcei minha mãe a deixá-lo.
—Ele bateu em você? — Eu pergunto.
—Ele espancava a ela e a mim. Foi interminável, mesmo quando ela foi diagnosticada com câncer pela primeira vez.
—Eu sinto muito, querido. — Eu o forço a olhar para mim, meus dedos acariciando as maçãs do seu rosto. —Você é um bom homem. Uma pessoa gentil e carinhosa. Nunca deixe que ele te controle novamente. Você, Hart, não é nada como ele. Inferno, você lutou pelo seu país e fez uma vida por si mesmo. Tudo bem, vou calar a boca agora e beijar você.
Ele finalmente dá um sorriso. —Mais do que na hora, Shug.
Eu roço meus lábios contra os dele o persuadindo. Hart morde a isca, atacando meus lábios. Nossas línguas se movem e deslizam uma contra a outra, explorando cada superfície. Meus quadris começam a se deslocar em seu colo quando o beijo se aprofunda. Eu nunca vou conseguir o suficiente desse homem.
Sua mão cobre minha bunda, puxando-me em direção a sua ereção. Ele começa a balançar meus quadris em um movimento suave, causando a quantidade perfeita de atrito. Nosso beijo se torna brutal com lambidas e mordidas. O humor se transformou de tristeza para brincalhão para absolutamente desesperador.
Hart move uma mão da minha bunda para a minha boceta. Ele mói contra ela perfeitamente.
A sensação é tão deliciosa que me separo do beijo, jogando a cabeça para trás e me apoiando no volante. Leva apenas alguns segundos para eu começar a gritar seu nome enquanto desfruto de uma doce liberação.
Não é, até eu sair do êxtase, que eu percebo que a buzina do carro está tocando. Demoro ainda mais tempo para descobrir de quem é a buzina e por que é um sinal constante.
—Merda. — Eu sento rapidamente e o som para.
Hart começa a rir como um lunático. Sua grande mão agarra a parte de trás da minha cabeça levando os lábios de volta aos seus. Ele termina o beijo com delicadas varridas de sua língua, em seguida, afunda seus dentes no meu lábio inferior.
—E sobre isso? — Eu agarro seu pau que está lutando para saltar livre do seu jeans.
—Eu te disse, Shug, vai me deixar cego.
Seu celular toca, e nós dois olhamos para baixo para ver o nome na tela, Peaches the Pest.
—Mais tarde. — eu sussurro em seu ouvido e, em seguida, volto para o meu lugar.
Hart se estica e me puxa de volta para o centro do carro. Graças a Deus pelos bancos corridos. Enquanto ele dirige, ele mantém a palma da mão no interior da minha perna. É um gesto possessivo e eu adoro isso. Ele está quieto e eu sei muito bem que ele ainda está lutando com seus pensamentos. Eu nem conheço o pai dele e já o odeio mais do que nunca pensei ser possível.
As pessoas que me torturaram e abusaram de mim permaneceram sem rosto toda a minha vida.
Conselheiro após conselheiro alegou que era minha mente que continuava bloqueando essas memórias. Eu era jovem, muito, muito jovem e a capacidade de manter tudo à distância, escondida nas profundezas da minha mente, é uma bênção disfarçada.
Hart estaciona em sua vaga na frente de Peaches e desliga o motor. Eu beijo sua bochecha.
—Não temos uma regra sobre não deixar nada estragar nossas primeiras vezes?
—Nós temos. — ele balança a cabeça. —Não mencione isso para minha mãe ou Peaches.
—Tudo bem, querido. — Eu corro minha mão ao longo de sua bochecha. —Então, você está bem?
—Quando você está me tocando, isso torna tudo melhor.
Eu vou com minha mão até a sua virilha. —Toque aqui é o que você está dizendo.
—Debaixo dos meus jeans me deixaria muito, mas muito mais feliz.
—E aquele rosto triste desapareceria?
—Na hora, como gratificação instantânea. Vá em frente agora.
Um grito alto chama a nossa atenção. É Peaches acenando uma colher de pau para nós.
—Ela vai bater na minha bunda com isso. — Hart se encolhe. —Você vai me salvar?
—Não, você está sozinho, garoto. — Eu deslizo até a porta do passageiro e pulo com um punhado de mantimentos.
Peaches é agradável como sempre quando eu entro, mas o som de uma colher batendo e os gritos que seguem me avisam que ela não foi tão gentil com Hart. A dupla que eles formam poderia ter o seu próprio show de comédia.
Largo as sacolas e vou até uma Maria adormecida. Ela está enrolada em seu cobertor favorito dormindo em sua poltrona reclinável. Meu coração afunda assistindo ela sumir dia após a dia.
—Obrigada, Maria. — Beijo sua testa. —Muito obrigada por me dar ele. Você não tem ideia do presente que você me deu. Nenhuma ideia.
Eu a beijo mais uma vez antes de ir para a cozinha. Peaches e Hart estão em uma luta completa no chão. Ela está atualmente segurando uma caixa do seu doce como refém sobre a cabeça enquanto ele a segura para baixo tentando enfiar um pedaço de alcaçuz preto em sua boca. Nenhum deles estão dispostos a ceder. Eu decido aparecer na despensa e assistir ao show.
Peaches é feroz, não recuando de um homem adulto. Eles continuam assim até que um temporizador no forno desliga. Ela puxa o cabelo dele.
—Você luta como uma maldita garota. — Ele joga o alcaçuz em seu cabelo estiloso.
E, claro, não seria o verdadeiro estilo Hart se ele não lambesse a coisa toda primeiro. Nesse ritmo, tenho certeza de que nunca estaremos alimentandos.
Hart vem na minha direção, me puxando para a borda do balcão, envolvendo os braços em volta da minha cintura. Minhas pernas envolvem a sua própria cintura enquanto os meus braços fazem o mesmo em torno de seu pescoço.
—Eu não sou uma idiota. — Eu levanto uma sobrancelha.
—Do que você está falando? — Ele pergunta inocentemente.
—Você está me usando. Você sabe que Peaches não vai te tocar se você estiver comigo.
—Eu? — Ele puxa de volta. —Nunca. Eu sou um cavalheiro.
Quando Peaches se aproxima de nós, ele me puxa para mais perto, fazendo eu soltar uma gargalhada.
—Você é uma boceta. — Peaches insulta, mas continua terminando o jantar.
Hart a ignora. Seu telefone vibra com uma música da Miley Cyrus. Ele puxa-o do bolso por instinto. Eu vejo como seu dedo indicador graciosamente desliza pela tela. Seu rosto se ilumina no modo automático.
—Tio. — Uma pequena voz doce corre pelo telefone.
Hart vira, então suas costas estão pressionadas no balcão. Ele relaxa de volta até as suas omoplatas serem pressionados contra o meu decote. Uma garota inocente e doce sorri de volta na tela do celular. Seu sorriso desdentado faria os maiores vilões do mundo sorrirem de volta para ela.
Hart me contou sobre Izzy e seu passado. No dia em que encontrei a boneca em seu carro tive um breve ataque de pânico suspeitando do pior. Mas não havia esposa e filhos, apenas uma menina absolutamente adorável que o adora.
—Você discou o número errado? — Hart pergunta.
—Tio.
—Sério, este não é o Príncipe Encantado.
—Tio, a sua garota? — A doce menina pergunta.
—Oh, droga, Izzy! Eu nem sequer reconheci você.
Eu não sabia que era possível que o pequeno sorriso dela fosse mais largo, mas acontece.
—Eu sabia que você não tinha me esquecido. —Ela afasta sua bagunça de cabelo selvagem. —Eu sinto sua falta, tio. Ninguém brinca de princesa e unicórnio como você. Papai não tem ideia de como fazer isso. Ele apenas revira os olhos e depois resmunga. Ele nunca beija a boneca da princesa.
—Você está me sacaneando? — Hart pergunta em um tom sério.
—Não, não há sacanagem aqui. É como se eu estivesse na prisão ou algo assim. Juliette só gosta de Tartarugas Ninjas e sujeira. Ninguém brinca de princesa comigo como você.
No pequeno canto da tela, eu pego o sorriso triste que Hart mostra. Ele rapidamente esconde isso, falando sobre a blasfêmia de não brincar da maneira certa. Aquilo me aquece quando ele se entrega à fantasia dessa menina. É mais doce do que qualquer outra coisa que vi Hart fazer.
—Izzy, boas notícias. — Hart pisca para a garotinha, caindo ainda mais para perto de mim. —Eu encontrei uma princesa da vida real.
—Você encontrou? — ela grita.
—Eu encontrei. Conheça a garota que eu mais amo em segundo lugar. — Ele sorri largamente, em seguida, aproxima a câmera mais perto de mim. —Eu quero dizer que ela sempre será a número dois no meu livro e você será a número um.
—Ela é linda. Ela é como uma daquelas moças que distribuem doces na esquina de Las Vegas? Você a comprou? Foi cara? — Seu sorriso é uma emoção calorosa. —Ela é bonita, mas provavelmente muito pensativa.
—Oi, princesa. — Sua pequena mão acena na frente do celular.
Eu faço o meu melhor para imitar sua excitação.
—Ei, Izzy.
Ela coloca o rosto mais perto do telefone.
—Você tem um nome real?
—Savannah. — eu respondo.
—Isso é bonito. — Seu sorriso mais uma vez aparece, mas logo cai.
—O que há de errado, garota? —Hart pergunta.
—Eu só sinto sua falta e agora...
Ele a interrompe imediatamente.
—Vou estar em casa logo. Eu não vou ficar longe para sempre, senhorita. E você sempre será minha garota número um.
A carranca de Izzy ainda permanece em seu rosto.
Eu me inclino para frente, descansando meu queixo no ombro de Hart. —Na primeira noite em que conheci Hart, ele me informou que eu sempre seria a número dois em seu livro, porque seu coração já pertencia a uma garota chamada Izzy. Ele sempre será seu.
Sua carranca se forma lentamente em um sorriso.
—Obrigada. Tenho saudades do meu tio.
Ela limpa as lágrimas perdidas debaixo dos olhos. Hart sai do balcão e retorna usando seu chapéu de cowboy feio. Os risos de Izzy enchem a cozinha. Depois de alguns momentos, percebo que ele está segurando sua boneca princesa. Recostada no balcão, vejo quando ele senta no meio da sala e começa a brincar com Izzy pelo telefone. Sua conversa continua por um longo tempo.
Eu saio do balcão e ajudo Peaches a terminar o jantar.
—Você sabe que é melhor ajudar do que essa brincadeira.
Eu sorrio para ela. —Eu gosto de pensar assim.
—Você parece muito feliz. — Peaches não faz contato visual enquanto bate o creme para a nossa sobremesa.
—Eu estou. Isso me assusta. — Eu alcanço o armário, pegando uma pilha de pratos.
—Coisas novas devem assustar. Isso significa que você é cautelosa e isso não é uma coisa ruim. — Seu aperto aumenta em torno do batedor de metal em sua mão. —Blake te incomodou de novo?
—Não. — Eu balanço minha cabeça, mesmo que ela não esteja olhando para mim.
—Bom. Mantenha Hart nesse circuito. Eu sei que o garoto tem um temperamento como nenhum outro, mas ele vai proteger você.
Eu aceno sabendo muito bem que ele vai. O jantar é como qualquer outra refeição de domingo, com brincadeiras, risadas e Maria sorrindo para o filho. Julie, Hart e Maria se encontram em profunda discussão sobre sua leitura atual. Ainda estou com vergonha de admitir que tenho lido com Hart.
Eu criei coragem suficiente para dizer a Hart que nunca aprendi. Eu sabia o suficiente para sobreviver, e é isso. Uma das mães adotivas me ensinou a tocar violão, e foi como instinto quando isso aconteceu. Meus dedos foram feitos para dedilhar, e a minha voz abençoada para cantar. Eu posso decorar música e lembrar das músicas depois de ouvi-las uma única vez. Hart explicou para mim que era apenas o jeito que meu cérebro funcionava. Isso não o impediu de me desafiar para outra primeira vez... aprender a ler.
Ele é paciente, gentil e amável comigo. Algumas noites é difícil e doloroso, causando muita frustração quando estamos lendo, e outras noites são lúdicas, o que leva ao sexo.
Eu ajudo Peaches a limpar os pratos enquanto Hart coloca sua mãe para dormir. Eu sei que eles irão ler alguns capítulos do último livro de Ahren Sander. Eu vou recuperar o atraso com a ajuda de Hart na minha zona de conforto.
—Noite de cinema. — Hart anuncia quando ele entra na cozinha já limpa.
—O que vocês estão assistindo, crianças? — Peaches pergunta.
—“How To Lose a Guy in Ten Days27” — responde Hart.
Peaches dá tapinhas no meu ombro. —Tome notas, irmã. Estou na casa de uma amiga.
—Uma amiga? — Hart arqueia as sobrancelhas. —Vai pegar algumas para você?
Hart então começa a socar o ar enquanto geme. Peaches sorri, mas faz o possível para ignorá-lo.
—Aqui, pegue isso. Vai derrubar as calças de qualquer mulher. — Ele joga o chapéu de cowboy na cabeça dela.
14
Hart
Eu passei anos vivendo em um estado entorpecido, apenas entregando-me aos sentimentos que eu queria sentir. Amor pelos meus íntimos, sexo sem compromisso, e construir um negócio, foi apenas isso. Eu era capaz de manter todos esses sentimentos engarrafados dentro de mim. Agora é como se eu fosse jogado de volta no tumulto e voltar para casa na guerra ativa, onde nada faz sentido, e eu me vejo voando fora de controle.
Meu maldito pai, o amor que eu tenho por Vannie, minha mãe com os dias contados, e depois a minha doce Izzy quebrada porque ela sente minha falta deixa minha cabeça confusa e neurótica. Isso me faz desejar o caos da guerra com balas voando por toda parte, sem saber quando você será atingido. Eu preciso dessa sensação de estar preso em um aquário onde você está focado apenas na sobrevivência.
—Querido, você está bem? — Vannie envolve seus braços em volta de mim pelas costas.
—Sim. — Eu aceno.
Sua bochecha pressiona nas minhas costas nuas. —Eu tenho a sua junk food pronta e cobertores. Qualquer outra coisa para o primeiro filme de mulherzinha?
—Só minha garota nos meus braços. — Eu encontro o canal no qual o filme está passando e, em seguida, giro, pegando Vannie e caindo no sofá.
Nós nos deitamos juntos com as costas dela pressionadas contra o meu peito. Minhas mãos percorrem suas pernas enquanto ela assiste o filme. Eu sei que tenho toda a atenção dela porque ela está em silêncio. Desde a abertura, Vannie tem conversado sem parar comigo.
Seu perfume e pele macia está tornando-se viciante e parece ser a única coisa que pode me acalmar nos dias de hoje. Minha mão serpenteia em seu short ao redor de sua calcinha até meus dedos arrastarem através de suas dobras. Vannie não diz uma palavra, apenas abre as pernas para mim.
Em pouco tempo ela está se balançando de volta contra minha mão, deixando meus dedos deslizarem mais fundo nela. Meu polegar trabalha em seu clitóris.
—O que você está fazendo? — Ela sussurra através de seus gemidos.
—Dando a experiência completa, Shug. — Eu enterro meu rosto na curva de seu pescoço, absorvendo ela toda por dentro. Ela aperta em volta dos meus dedos enquanto geme por um longo tempo, encharcando minha mão. Eu lentamente puxo os dedos para fora, em seguida, os tragos para a minha boca, os lambeando.
—Obrigada. — Vannie ri levemente, em seguida, pega um punhado de pipoca. —Ei, você acha que um dia poderíamos ter um filhote e uma samambaia do amor como no filme?
—Eu vou te dar qualquer coisa, Shug, e eu quero dizer qualquer coisa mesmo.
Ela ri novamente e continua assistindo o filme. Eu faço o meu melhor para ignorar o meu pau latejante pressionado em sua bunda. Eu adoraria mais do que qualquer coisa rolar e afundar nela, mas esta é a primeira vez para ela, e eu não vou estragar tudo.
—Notícias de última hora. — O filme é interrompido por um canal de notícias local.
Nós dois nos sentamos devagar até estarmos lado a lado. O flash de notícias de última hora evapora o bom humor que nos rodeia e calafrios se espalham pelos meus braços. É o mesmo maldito noticiário que foi divulgado em todos os canais de notícias locais quando Belle foi encontrada.
—Hoje à noite estamos chegando até vocês com uma notícia devastadora.
Vannie se aproxima, entrelaçando seus dedos com os meus.
—Hoje no início da noite um policial de plantão encontrou um bebê de um dia morto abandonado com uma bolsa de fraldas. Não há outras pistas.
Uma foto da bolsa de fraldas e alguns outros itens deixados com a criança são exibidos na tela.
—O departamento de polícia está chegando à comunidade. Se você souber alguma coisa sobre isto ou tem alguma ligação com o bebê, por favor entre em contato. Neste momento, A Butterfly Angel28 será colocada para descansar no Sunset Memorial Park29. A comunidade está reunida para manter viva sua gentil e doce memória.
—Não, não, não. — Vannie começa a murmurar enquanto balança para frente e para trás.
—Shug. — Eu coloco minha mão no topo de sua coxa.
Ela recua como se um carvão quente estivesse a queimando. —Não. Não não.
Eu me levanto e desligo a televisão e me mantenho a uma distância segura dela. —Vannie.
—Graça do fogo. Graça do fogo. Graça do fogo. — Vannie balança para frente e para trás repetindo as mesmas palavras sem parar.
Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo apertando-o na base. O que diabos está acontecendo? Ela balança para frente e para trás, enrolada em si mesma, repetindo as palavras inúmeras vezes. Ela está longe demais para qualquer coisa. Eu a vi em espiral em ataques de pânico e até perto do limite. Eu sempre fui capaz de ajudá-la ou pelo menos segurá-la, mas agora, ela se foi.
—Vannie. — Eu tento o nome dela de novo, mas não acontece nada.
Eu caio de joelhos, começando a ficar assustado. Seu balanço para e eu espero que haja uma chance de chegar até ela. Mas ela continua repetindo “Graça do fogo” enquanto agora soluça e começa a tremer. Não é apenas uma parte do corpo, mas todo o corpo dela. Começa lento, em seguida, rapidamente acelera para perto de uma convulsão.
Seu cabelo selvagem balança ao redor dela com lágrimas escorrendo pelo rosto. Suas unhas cravam no topo de suas coxas até que trilhas leves de sangue aparecem. Não tenho escolha a não ser ir até ela, mesmo que piore a situação.
—Vannie. — eu digo alto dessa vez não me preocupando se eu acordar minha mãe ou não.
Quero que ela saiba que estou bem aqui e vou tocá-la.
—Vannie, eu estou aqui e vou te abraçar.
Ela não reconhece, a espiral está ainda mais fora de controle. O sofá afunda quando eu me sento ao lado dela, ainda assim ela não olha para mim. Ela está perto de um ataque. Eu envolvo meus braços ao redor dos seus ombros, puxando-a para mim. Vannie não me afasta, ela cai do meu lado, mas continua a tremer fora de controle.
Uma das minhas mãos agarra as duas dela. Isso não a impede de afundar e me arranhar. Suas unhas perfuram o interior das palmas das minhas mãos.
—Savannah Ray, estou aqui. Você tem que me ouvir assim como você me fez ouvir você. — Eu beijo o topo de sua cabeça, mesmo que esteja balançando para frente e para trás. —Não me faça pegar o chapéu de cowboy.
—Graça do fogo. — ela continua repetindo.
—Savannah, respire. Você tem que respirar, Shug. — Eu mantenho suas mãos apertadas na minha enquanto levanto a outra para embalar a parte de trás de sua cabeça. —Vamos, Shug, apenas relaxe. Eu tenho você.
Repito isso várias vezes, combinando com sua “Graça do fogo”. Não tenho certeza de quanto tempo se passa antes que ela finalmente se acalme, mas ela nunca para de repetir essas três malditas palavras. Os tremores e soluços se foram deixando-a em estado de transe. Eu tomo isso como um sinal e a trago para o meu colo, segurando ela como um precioso bebê recém-nascido. Eu escovo os cachos emaranhados encharcados com as suas lágrimas nas laterais do seu rosto.
—Eu tenho você, Shug. — Eu a balanço para frente e para trás até que o choro dela diminuiu.
Seus olhos logo ficam pesados. E o seu corpo exausto. Mas eu não estou perdendo a oportunidade de fazer perguntas, porque o que quer que esteja assombrando é uma grande tempestade filha da puta.
Eu me levanto em um movimento suave, levando Vannie de volta para o meu quarto. Meu objetivo é colocá-la no chuveiro, mas depois decido no último minuto outro plano de ação. Eu a deito delicadamente de costas na cama, em seguida, cubro seu corpo. Meus lábios trilham beijos para cima e para baixo de cada lado de seu pescoço até que sua respiração esteja equilibrada e o balbuciado sem sentido desaparecido.
Ela me surpreende quando sai do short e da calcinha e me puxa para baixo pelos ombros até que eu estou a cobrindo completamente. Vannie me beija. É terno e suave. Quando ela soluça de novo, eu me levanto, tirando as calças largas do pijama e depois as boxers. Deito na cama, apoiando a cabeça no meu travesseiro.
Estendendo minha mão para ela, espero que ela pegue. Sua pequena mão agarra a minha.
Sua pele é macia e delicada enquanto ela agarra meu aperto. Ela rasteja até a cama com a orientação da minha mão. Quando ela está perto o suficiente, eu alcanço seus quadris, segurando eles firmes e a levantando para cima pondo ele sobre mim.
Vannie obedece de bom grado, montando-me. É a mão dela que envolve a base do meu pau, o guiando para ela. Ela desce tão devagar que quase me mata. Nós nunca estivemos nessa posição. Estou muito chocado por ela ter me oferecido de bom grado.
Vannie move os seus quadris lentamente com as pontas dos dedos cavando as laterais. Eu não tenho autocontrole nesta situação e me vejo empurrando para dentro dela. A conexão é tão poderosa, tão escura, que está conectando sua alma quebrada à maldita parede que desmoronou no meu peito. Um fogo crepitante a substituindo.
É uma reação instintiva, e uma que eu deveria ter pensado melhor. Vannie aperta meu pau forte, e eu sei que ela está prestes a gozar. Eu acelero minhas estocadas embaixo dela, e quando ela geme, eu sei que ela se foi caindo em seu próprio estado de felicidade.
Minha mão estica, acendendo a lâmpada de cabeceira e, em uma ação rápida, puxo a barra da sua blusa. Ela congela enquanto eu continuo a bombear nela.
—Hart.
O som do meu nome quebrado deixando seus lábios é devastador. Com rapidez, eu coloco a minha outra mão no seu clitóris e lentamente começo a esfregar círculos nele. Eu tenho uma máscara. Uma simples máscara escondendo cada grama de emoção dentro de mim.
—Você é linda. — eu sussurro.
Não é mentira, muito longe disso. Seu torso inteiro está marcado, marcado e queimado com pedaços de carne faltando. Eu vi soldados com ferimentos semelhantes. A maioria das pessoas estremece e se afasta, a cena é muito brutal, mas isso só me faz amá-la ainda mais. Elas são suas cicatrizes de batalha.
Eu me sento devagar, em seguida puxo a blusa por cima da sua cabeça. Meus dedos agora tremem levemente, soltando seu sutiã. Seus seios caem livres. Eu não hesito em pegar um de seus mamilos pontudos com a minha boca, girando minha língua em torno dele enquanto minha mão acaricia seu outro mamilo.
Os seios dela também estão com cicatrizes, mas não tão ruins quanto o torso. Eu aprecio cada pedaço de pele levantada, amo os pedaços de carne perdida e me apaixono com muita força pela minha garota.
Vannie começa a rolar seus quadris novamente. Meu pau está mais duro do que já esteve na minha vida. Eu a deixo controlar o ritmo enquanto beijo e lambo a sua pele. A pele onde ela guarda seus segredos escondidos da sociedade e se eu estou supondo, até dela mesma. Eu nunca vou conseguir o suficiente. Ela revelou suas inseguranças mais profundas e sombrias para mim e eu me apaixonei por ela.
Eu deixo cair a minha testa entre os seios dela, correndo as palmas das minhas mãos para cima e para baixo em suas laterais, memorizando sua linda pele. Um rosnado constrói na parte de trás da minha garganta, minha coluna endurece com a necessidade de gozar, e então eu estouro, atirando minha semente nela. Meus dedos cavam com força na sua cintura, seu peito abafando meus grunhidos apaixonados. Eu fico em silêncio enquanto as lágrimas rolam pelo meu rosto e vejo-as cair em sua pele.
E então toda a imagem vem em círculo completo. Ela é o meu passado, presente e futuro. Sua alma quebrada sempre esteve esperando nesta terra por mim. Minhas lágrimas molhadas caem em Vannie com a promessa de crescer juntos para sempre.
Eu a rolo de cima de mim, estendendo a mão e apagando a luz, em seguida a puxo para mim. Nossas testas se tocam e nossos membros ficam emaranhados. Estamos uma bagunça e eu nem me importo. Eu não posso manter minhas mãos longe dela. Ela está à mostra para mim e eu nunca vou ter tempo suficiente com ela. Eu puxo seu cabelo do lado do rosto e volto a passar a mão na cintura dela.
—Eu sou uma Graça do Fogo, como o bebê no noticiário. — Vannie sussurra.
Suas palavras são tão suaves que mal as ouço.
—Shug, tudo bem. Nós podemos conversar amanhã.
—Eu não posso, Hart. — Ela se aconchega mais perto de mim, deixando cair o rosto na curva do meu pescoço.
—Eles acham que foi meu pai e seu melhor amigo, mas eles nunca foram pegos. Eles me incendiaram em um banco coberto neve em Idaho e me deixaram lá para morrer. Os policiais me chamaram de milagre com a quantidade de fluido de isqueiro em todo o meu corpo. Alguns especularam que foi a neve e outros consideravam graça do fogo.
—Quantos anos você tinha? — Eu sufoco a pergunta, já que ela está falando, eu quero fazê-la se sentir confortável.
—Quatro anos de idade. — Suas unhas começam a cavar a carne das minhas costas.
—Eu era a notícia de última hora. Em todo o estado e na maior parte do país. O tempo passou, e eu também fui jogada no sistema de adoção. Mas ninguém me queria porque eu era esquisita. Eu não falava nem olhava as pessoas nos olhos. Eu acabei em um orfanato e finalmente adotada aos quinze anos. O pai daquela casa me estuprou sete vezes antes que eu percebesse que meus pés tinham o poder de correr, e foi o que eu fiz.
O silêncio é ensurdecedor quando ela para de falar. A primeira pergunta que vem à minha mente, eu deixo escapar.
—Como seu pai escapou?
Ela encolhe os ombros por baixo de mim. —Eu não sei. Lembro de uma família adotiva dizendo que ele mais do que provavelmente fugiu para o Canadá, mas nenhum outro membro da família se apresentou me reivindicando ou até mesmo me identificou.
—Shug?
—Sim?
—Eu te amo. Eu sempre vou te amar. Nada disso importa. Eu só quero pedir uma coisa para você.
—O que é isso? — Ela sussurra.
—Nunca mais se esconda de mim. Eu quero tudo de você para sempre. — Eu beijo o topo de sua cabeça e depois a seguro até que ela adormeça.
O sono nunca vem para mim. Eu passo a noite correndo pontas dos meus dedos ao longo da sua pele queimada. Tudo faz sentido agora. Seus ataques de pânico, não querer ser reconhecida, e ela escondendo a sua parte de cima de mim, é tudo do que ela corre há anos, e ela nunca se abriu para ninguém até Peaches. Como uma alma linda como a dela poderia escapar pelas rachaduras por tantos anos é difícil de compreender.
O sol aparece no horizonte e Vannie ainda ronca levemente. Mamãe precisa estar acordada em uma hora mais ou menos. Eu me arrasto para fora da cama, puxo minhas cuecas e, em seguida, vou para o meu laptop. Três palavras digitadas no Google trouxeram centenas de notícias. Cada história lançando nova luz, ainda deixando de fora tantas peças cruciais. Infelizmente, Vannie estava correta no modo como sua história se desvaneceu e a próxima história horrível tomou o seu lugar.
De todas as histórias na internet, há apenas uma foto dela. Vannie tinha que ter cinco anos no máximo. Seu cabelo era selvagem e encaracolado, vejo seu sorriso tímido enchendo o quadro com um ursinho de pelúcia cor-de-rosa embaixo do braço. Isso quebra meu coração.
—Hart. — A voz de Vannie ecoa pelo corredor.
Eu bato a tampa do laptop e corro para ela. Ela está sentada na cama com o lençol apertado no peito. Pânico querendo assumir.
—Shug, estou aqui. Acabei de ver a mamãe.
A mentira corta minha língua, mas de jeito nenhum eu diria o que estava fazendo. Seus ombros caem ligeiramente de alívio.
—Quer um banho? — Pergunto me aproximando da beira da cama.
Ela acena com a cabeça. Eu me inclino e beijo sua testa, nariz e cada bochecha antes de atacar seus lábios. Vannie está hesitante, não querendo se abrir para mim. Eu a empurro de volta na cama, cobrindo o corpo dela e lambendo ao longo da junção de seus lábios até que ela finalmente abre. Quando ela faz, eu a devoro, lambendo, beijando e provando cada centímetro dela.
Eu puxo para trás, sorrindo para ela e percebendo pela primeira vez que ela só se abriu para mim porque eu sempre a tratei como uma pessoa amada, não uma vítima ou alguma garota estranha. E é exatamente isso que pretendo continuar fazendo.
—Shug, você tem realmente muito mau hálito matinal. — Eu enrugo meu nariz. —Alguma coisa morreu aí dentro de novo?
Um sorriso lento se espalha pelo rosto dela, e aquele leve brilho nos olhos dela pisca mais uma vez. —Idiota.
—Você sabe que me ama. — Eu pulo da cama, pego um pacote de minhocas da minha mesa de cabeceira e jogo para ela. —Aproveite, Shug, enquanto eu ligo o chuveiro.
Eu congelo no instante em que o pacote pousa em seu peito coberto. Eu olho para a gaveta e percebo o que não aconteceu na noite passada. Nós não usamos camisinha. Com qualquer outra mulher, eu entraria em pânico, surtaria, quebraria tudo, mas com ela, eu apenas dou de ombros e vou para o banheiro do meu quarto.
Eu espero até que o chuveiro esteja quente antes de voltar para ela. Vannie está vasculhando o pacote e sei que ela está procurando as minhocas vermelhas e brancas. Ela jura que são os melhores e únicos que ela vai comer. Eu me inclino no batente da porta com meus braços cruzados e apenas a observo.
Seu cabelo negro e encaracolado cai sobre seus ombros, escondendo o perfil de seu rosto enquanto seus pequenos dedos cavam o pacote. Quando ela encontra um vermelho e branco, ela joga a cabeça para trás, pegando a minhoca com um pequeno sorriso no rosto.
Eu saio da parede, tiro o pacote do seu colo e, em seguida, puxo o lençol para trás. Deixando seu corpo glorioso e nu à vista dos meus olhos para admirar. Ela não recua ou tenta se esconder, e por isso estou agradecido. Eu a pego nos meus braços, levando-a para o banheiro. O vapor é denso da água quente que flui no chuveiro.
—Teste a água antes de entrar, Shug. — Eu a abaixo e abro a porta do chuveiro, o vapor batendo forte no nosso rosto.
Ela enfia a mão e geme de prazer. —Está perfeita.
Ela entra embaixo do jato de água e eu fecho o box.
—Não. — ela deixa escapar, estendendo a mão e gesticulando para eu entrar.
Eu não tenho que pensar sobre isso antes de me despir, pegando a mão dela e entrando em cena. Esse pequeno gesto significa mais do que qualquer coisa que eu possa explicar. Ela está deixando eu entrar, convidando-me para o mundo dela, me dando tudo dela. Meus braços envolvem em torno dela, a segurando com força contra mim debaixo da água quente.
Meus lábios pousam em sua testa e ficam lá, não se movendo, apenas respirando ela. Vannie finalmente se afasta de mim, pegando o frasco do meu gel de banho. Ela coloca uma quantidade generosa na palma da mão e começa a me limpar. Suas mãos esfregam meu torso, em seguida, meus ombros e, finalmente minhas costas.
—Você esqueceu um ponto. — Eu pisco para ela.
Vannie apenas sorri e depois joga mais sabão na palma da mão aberta. Eu jogo minha cabeça para trás quando ela começa a me lavar lá embaixo. Eu não quero ser um bastardo egoísta, mas essa porra de pau tem uma mente própria. Ele sabe exatamente o que quer e decide apontar diretamente para ela, duro como uma rocha.
Ela faz um ótimo trabalho de ter certeza de que estou limpo antes de envolver seus braços em volta do meu pescoço e colocar o rosto no meu peito.
—Josephine Archie.
—O que, querida? — Eu seguro sua bunda e a puxo para mais perto de mim.
—Esse é o meu nome de nascimento.
Eu beijo o topo de sua cabeça. —Eu gosto de Savannah Ray.
—Eu escolhi quando finalmente consegui um emprego com a sua tia.
—É perfeito. — Eu aperto sua bunda. —Ou peitos de açúcar, muffin de amor, bunda doce...
—Cale a boca, Hart. — Ela olha para mim com um sorriso deslumbrante. —Como você faz isso?
—O quê? — Eu pergunto, esticando meu pescoço.
—Me faz sentir. Eu nunca senti ou vivi a vida. Você me faz querer. Como você faz isso?
Eu levanto seu queixo com o dedo indicador até que ela está olhando para mim. —Você faz isso, Shug. Você está fazendo tudo sozinha. Eu tenho a sorte de estar junto nesse passeio.
—Eu amo você, Hart. Eu te amo muito, e eu sinto muito por não poder te contar.
—Não precisa, Shug, não precisa se desculpar.
15
Savannah Ray
Passamos o dia de pijama junto com Maria. Hart disse à Peaches que eu não iria trabalhar hoje e ela apenas assentiu. Hart alugou “How To Lose A Guy in Ten Days” on-line e assistimos. O filme foi hilário.
Meus dedos correm pelo longo cabelo de Hart no meu colo. Ele está apagado, adormeceu no meio do filme. O ronco do garoto pode derrubar o telhado.
—Você está bem, querida? — Maria pergunta de sua poltrona reclinável.
Ela estava silenciosamente trabalhando em um jogo de palavras cruzadas. Sua pergunta faz com que eu tire o meu olhar do rosto de seu filho e olhe para ela.
—Eu acho que sim. — eu sussurro, tentando não acordar Hart.
—Você sabe, querida, você pode me dizer qualquer coisa. Meu filho te ama e eu nunca vi esse menino se ligar a alguém assim.
Eu inclino minha cabeça em uma pergunta silenciosa.
—Na infância, sempre foi o seu trabalho proteger a mim e sua irmã. Quando Belle morreu, ele passou todas as horas cuidando de mim e impedindo o seu pai de me bater. — Ela faz uma pausa, colocando a caneta ao lado. —Ele pisava na frente dele e levava os golpes. Então eu o enviei direto para a guerra. Ele nunca amou abertamente alguém como ele a ama.
Meus dedos continuaram a pentear o cabelo de Hart enquanto eu a ouço falar, absorvendo sua mensagem. As lágrimas brotam nos meus olhos. A verdade é que eu sei disso. Este homem dormindo nos meus braços faria qualquer coisa para me proteger. Eu levei tempo para perceber isso, mas sei que sem dúvida ele o faria.
—Ontem à noite... ontem... — Eu tropeço em minhas próprias palavras. —Ontem à noite eu contei tudo a ele.
Maria apenas assente e sorri. —E olhe onde ele está agora.
Ela gesticula com a cabeça para o filho adormecido no meu colo. As lágrimas transbordam desta vez. Com a mão trêmula e livre, levanto a camisa, expondo os segredos escondidos a Maria. Eu ainda não tenho coragem de olhar para baixo ou passar a palma da mão sobre a carne com cicatrizes. Eu imagino meu torso como Hart me faz sentir e isso é tudo que eu preciso.
Assim como o filho dela, ela não recua ou oferece sua simpatia. Seus olhos bondosos encaram os meus até que eu desenterro a coragem para falar.
—Eu fui incendiada aos quatro anos e vivi em lares adotivos. Eu corri depois de um abuso. Houve várias cidades e situações terríveis. Eu andei sem rumo, viajei por todos os Estados Unidos até encontrar o abrigo aqui, logo depois conheci Peaches.
Ela fica em silêncio por um longo tempo antes de falar suas próximas palavras.
—E essa jornada trouxe você para Hart.
Essa simples resposta me atinge no meu âmago. Meu propósito e razão para vagar por este mundo é o homem adormecido no meu colo, que faria qualquer coisa para proteger a mim e àqueles que ama. Sua lista é curta e estar nela é mais que uma honra Meu lábio inferior treme quando eu falo. —Obrigada. Muito obrigada por me dar o meu mundo.
Maria sorri gentilmente. —Querida, é você quem me deu o mundo. Meus dias estão contados e saber que meu filho será cuidado significa tudo para mim.
—Eu prometo, Maria. Eu vou amar ele todos os meus dias. — Por instinto, eu inclino e beijo sua bochecha.
Maria pega a caneta para terminar as palavras-cruzadas. Não tenho certeza de quantas respostas ela realmente acerta, mas é um dos seus passatempos favoritos. Assim como o filho dela, ninguém pode dizer para eles recuarem. Poderosas e determinadas almas que nunca desistem.
Eu termino de assistir o próximo programa que apareceu na tela. Eu não tenho ideia do que é ou até mesmo do que se trata. As cenas apenas piscam diante dos meus olhos enquanto a realidade me atinge com força. É um soco no estômago. Eu tenho tudo pela primeira vez na minha vida.
Percebo o tempo depois de uma hora passar. É hora da medicação de Maria e de ela ser colocada na cama. Eu observo Hart adormecido. Se eu tivesse que adivinhar, ele não dormiu nada na noite passada depois da bomba que explodiu entre nós. Eu faço o meu melhor para sair sem acordá-lo. Uma vez que estou de pé, e ele ainda está roncando profundamente, eu faço o meu caminho para Maria e gentilmente a acordo.
Seus olhos são maçantes, mas agudamente conscientes de tudo o que está acontecendo ao seu redor. Eu a pego do mesmo jeito que Hart faz. Eu não faço parecer tão fácil quanto Hart. No entanto, ela ainda é leve nos meus braços. Coloco o pijama nela e a deito na cama. Sua medicação é rotulada claramente para cada dia e hora certa. Imediatamente reconheço os comentários do rabisco rabugento de Hart nos frascos e nos blocos de notas.
Maria engole o punhado de comprimidos. Hart explicou que é principalmente para o controle da dor, não para a cura.
—Você se importa de ler comigo? — Maria olha para mim. —É algo que Hart e eu fazemos todas as noites.
Eu mordo meu lábio inferior. —Eu adoraria, Maria.
Ela dá um tapinha na cama do lado dela. Aceito o sinal e deito ao seu lado. Ela começa a ler e eu conheço os personagens muito bem. O enredo me deixou entorpecida. Ainda estou longe de ler bem, mas não tenho medo de saber que essa mulher que me deu Hart não me julgará.
Nós nos revezamos lendo. Cada vez que ela me ajuda a pronunciar uma palavra sem julgamento eu me sinto feliz. Nós lemos até suas pálpebras caírem pesadas. Quando ela está dormindo, eu saio do quarto para ver Hart. Ele está tão adormecido quando estava quando o deixei.
Minha bunda bate no chão e minhas pernas cruzam. Eu pego uma caneta e um caderno que está do meu lado. Eu estudo seu calmo rosto adormecido por um longo tempo antes de ter a capacidade de reunir o meu pensamento. Eu já escrevi músicas antes na minha própria língua, mas desta vez as palavras lembram palavras reais na página.
A melodia da música bate no meu coração e deixo as palavras fluírem na página. É a música dele. O homem que me ensinou a viver e respirar de novo. Minha mão treme no momento em que eu termino e ainda me vejo olhando para sua beleza.
Quando minha bunda fica dormente e minhas pernas formigam, eu lentamente me levanto e caminho até o sofá. Eu pego o cobertor da parte de trás e cubro Hart. Ele não acorda de jeito nenhum. Eu vou para a cozinha e pego um copo cheio de água, engolindo com facilidade, então checo Maria enquanto apago todas as luzes da casa.
É um pouco assustador dormir nesta vasta casa quando todo mundo já está dormindo, mas eu luto contra os nervos sabendo que estou finalmente em casa. Eu me aconchego com ele no sofá e é como se Hart me sentisse, porque ele envolve os seus braços em volta de mim. Leva apenas alguns segundos até meus olhos ficarem pesados e o sono tomar conta. O cheiro de Hart fazendo meus sonhos tão doces como sempre.
A dor no meu pescoço é intensa e piora a cada segundo. Ao me mover, sinto uma vontade de gritar de dor. Leva longos momentos para finalmente abrir os meus olhos. Hart, eu fico cara a cara com ele me encarando e sorrindo. Eu pisco várias vezes lembrando que adormecemos no sofá e ainda estamos lá abraçados.
—Graças a Deus, estou prestes a fazer xixi em você.
—Uh? Eu ainda estou sonhando? — Eu sussurro.
—Eu tenho que mijar, e se você não se mexer, eu vou fazer xixi em você.
Eu começo a rir, quase fazendo xixi e depois rolo do sofá para o chão. Hart corre pelo corredor direto para o banheiro. Meu riso soa alto em toda a casa. Hart aparece momentos depois, e eu ainda estou rolando no chão rindo.
Hart se joga em mim, pondo-me de costas.
—Não se atreva a falar sobre o meu hálito matinal. — eu o aviso. —E você lavou suas mãos?
—Um, homens de verdade não lavam as mãos e dois, eu nunca estive tão perto de fazer xixi em alguém.
—Hart. — Eu mal consigo dizer o nome dele através da minha risada.
—Começou como um caso de ereção matinal, mas a sensação de fazer xixi era intensa. Eu fiquei com uma opção.
—Fazer xixi em mim?
—Sim. — Ele nos rola até que eu esteja deitada em cima dele.
—Por que você apenas não me acordou?
—Você é linda demais quando está dormindo e não ronca.
Eu me sento em sua virilha, pressionando as palmas das mãos em seu peito, e depois vou para uma assassina torção de mamilos, não parando até que ele grita como um bebezinho. Nós lutamos no chão por um longo tempo até que é hora de pegar Maria e tomar o café da manhã.
16
Hart
Eu ouço Vannie soltando as palavras, lendo o livro no ritmo dela. É o som mais reconfortante do mundo. Eu poderia sentar aqui e abraçá-la o dia inteiro enquanto a ouço ler. Ela está pegando a habilidade rapidamente. Não é que ela não tenha a capacidade de ler, mas nunca se sentiu à vontade em seu ambiente para se abrir e aprender.
—Você pode acreditar naquela cadela do livro? — Vannie levanta a cabeça para mim, batendo no e-reader.
—Isso te prende, hein?
—Sim, eu a odeio tanto. Eu amo odiá-la e só continuo lendo na esperança dela receber o que está por vir.
Eu rio levemente, passando a mão pelo cabelo dela. Ah, a cadela do livro receberá sua punição. Já li este livro com minha mãe e sei exatamente o que vai acontecer.
—Shug?
—Sim? — Ela chega e beija minha bochecha.
—Como você aprendeu a tocar violão?
Ela se empoleira em seus cotovelos, deitada de bruços e chutando as pernas para trás e para frente. Eu quero dizer a ela para deitar em mim, mas é a confiança em seus olhos que me faz morder a minha língua. Já faz mais de uma semana desde que ela desabou, e cada dia eu a vejo florescer mais e mais.
—Uma das famílias adotivas com quem eu estava. A mãe adorava tocar violão. Eu acho que ela era professora de música em uma escola. Ela estava sempre cantarolando e cantando. Ela cantou uma música para mim uma vez, e eu pude imitar de volta. Então ela puxou o violão e me ensinou a tocar. Ler música parecia tão natural quanto respirar para mim. — Ela enruga o nariz.
—Eles iriam realmente me adotar, mas Clara foi diagnosticada com câncer de mama, e tudo foi apenas... demais.
—Que idade você tinha?
—Sete. É meio estranho porque é uma lembrança que eu posso lembrar com detalhes vívidos.
—Não é estranho, é uma bênção. — Eu aperto a ponta do nariz dela. —Você sabe que se você fosse criada como outras crianças, você teria aprendido a ler na escola. Algumas crianças têm deficiências graves, onde têm que trabalhar para aprender. Você tem todo o talento, Shug.
Ela brilha para mim.
—Obrigada.
—Mais uma pergunta. Por que música country? — Pergunto.
Ela encolhe os ombros, mas responde rapidamente. —Ela fala com a minha alma. Quer dizer, eu amo todos os tipos de música, mas algo sobre as raízes do country me move.
—Que horas você tem que se preparar para o trabalho?
Vannie olha o despertador na mesa de cabeceira. —Em duas horas, eu preciso ir para casa.
—Você já cansou de procurar um relógio em algum lugar para saber que horas são?
—Hum não. Não é para isso que eles servem? — Sua testa enruga em confusão.
—Você é da velha escola. — Eu levanto minha bunda e puxo um telefone do bolso de trás.
— A maioria usa isso.
Ela olha para o telefone por alguns instantes. Vannie ainda não percebeu que eu não estou segurando o meu iPhone, então giro ele na minha mão mostrando o estojo feito com um violão atrás. Ela olha para ele por alguns segundos, ainda não percebendo que eu estou dando para ela.
—Você conseguiu uma case30 nova para o seu telefone? — Ela aponta para cima com um dedo, em seguida, relaxa o cotovelo de volta no colchão. —Por que um violão? Quer dizer, eu entenderia se isso fosse uma guitarra ou uma case de doce, mas você não gosta de música country, e isso é muito música coun...
Suas palavras morrem na ponta da língua. Realização batendo nela.
—Bem-vinda ao mundo, Savannah Ray. — Eu estendo o telefone na direção dela.
Vannie pula de quatro, me dando uma ideia totalmente diferente de onde poderia nos levar, mas rapidamente ela bate na bunda sentada de pernas cruzadas ao meu lado.
—Eu... uh... eu... hum.
—Sem palavras. — eu termino por ela.
Ela acena com a cabeça. Eu empurro o telefone para mais perto dela, dando tempo para ela tirá-lo da minha mão. Ela finalmente alcança com os dedos trêmulos e pega o telefone. Outra primeira que nós estamos compartilhando. Nunca fica velho assistir a experiência dela.
—Eu nem sei o que fazer. — Ela sorri para mim com orgulho.
Eu sento na cama, inclino contra a cabeceira e a puxo entre as minhas pernas abertas. Suas costas relaxam de volta no meu peito. Meus braços enrolam em volta dela e eu beijo o seu pescoço, em seguida, cheiro ela antes do telefone celular 10131 iniciar.
—Esse botão redondo na parte inferior é o botão inicial. Empurre ele duas vezes e o telefone está ligado. Você verá sua tela inicial.
Eu pauso para dar tempo da Vannie absorver tudo. Eu alcanço e coloco o telefone desligado, em seguida, instruo ela a fazer novamente. Eu explico onde estão seus contatos, como fazer uma ligação e uma mensagem de texto. É informação crucial o suficiente por enquanto.
—Agora, as fotos.
Ela suspira. —Eu vi você tirar fotos nossas em seu telefone.
Eu aceno enquanto seguro a minha risada. Minhas mãos cobrem sua camisa esfregando sua barriga para cima e para baixo. É algo que faço todas as chances que tenho. Eu quero esfregar e aliviar toda a sua dor até que ela se veja tão bonita quanto eu a vejo.
—Toque no ícone de foto no canto direito.
Vannie faz com dedos excitados, então ela grita bem alto. —Hart!
—Eu tirei algumas fotos para você. — Eu beijo seu pescoço enquanto ela rola as fotos.
—Claro, você tem aquele maldito chapéu nelas.
—Agora, quando você sentir minha falta, basta olhar para o seu telefone.
—Oh, eu não sei se vou poder olhar para algumas delas no trabalho. — ela sussurra, passando a ponta do dedo sobre uma foto minha deitado na cama, mal coberto por um lençol.
—No seu intervalo, Shug, você pode ir para uma sala privada e...
—Hart. — Ela bate na minha coxa com a mão livre. —Pare. E me ensine a tirar uma foto.
—Ok, volte para sua tela inicial.
Vannie trabalha seu telefone como um veterinário experiente, confirmando ainda mais minhas crenças de que a garota é brilhante e mais inteligente do que se dá crédito. Eu a instruo sobre como abrir o aplicativo da câmera, quais botões vão tirar a foto e como virar a câmera.
—Diga queijo. — ela vira apontando a câmera para nós.
Seu sorriso é contagiante. Vannie tira uma foto nossa com sorrisos de queijo e completamente apaixonados. Mostro como adicioná-la na tela inicial e, em seguida, faço um teste mandando uma mensagem de texto para mim.
Eu programei meu número, o da Peaches, do The Shade Tree e nosso número de casa em seu telefone. Vou esperar para mostrar a ela o resto da magia que o iPhone possui porque a antena em pé entre as minhas pernas precisa de alguma atenção.
Vannie ofega quando eu a giro e a empurro de volta para o colchão. Minhas mãos a empurram até que sua cabeça esteja no pé da cama. Então eu puxo seu short e calcinha para baixo, abrindo suas pernas bem afastadas.
Eu rastejo entre as pernas dela com um olhar diabólico no meu rosto. Eu vivo pelo gosto dela. É o meu maior vício. Vannie fica em seus cotovelos, olhando para mim. Ela adora me ver tocá-la e fazê-la perder o controle.
Minha boca prende no seu clitóris, lambendo e chupando, saboreando seu doce sabor. Dois dos meus dedos a preenchem, trabalhando dentro e fora dela. Vannie geme, lutando para aguentar firme para poder ver eu devorá-la.
Sua boceta apertada suga os meus dedos, deixando eu saber que ela já está no limite.
Quando eu olho para ela, vejo que ela tem o telefone de lado, apontando para mim. Eu olho para o telefone com a minha boca ainda a comendo. Eu sorrio contra suas partes sensíveis para a foto. Essa pequena ação a leva a um estado feliz.
O telefone cai na cama, ela joga a cabeça para trás e se agarra a um punhado do meu cabelo, puxando enquanto empurra meu rosto mais para baixo dentro dela. As pernas de Vannie ficam frouxas na cama. Eu rastejo para o seu corpo até que eu esteja beijando seu rosto. Ela lambe seu gosto dos meus lábios, em seguida, me beija como nunca. Eu rosno em sua boca, quase jorrando a minha carga de porra no meu jeans.
—Eu posso? — Ela gagueja com a sua pergunta.
—Você pode o que, Shug? — Eu a beijo entre cada palavra.
—Fazer o que você fez comigo.
Isso recebe toda a minha maldita atenção. Tudo dentro de mim quer rolar de costas e bater o meu pau nos seus doces lábios e o deslizar para cima e para baixo. Eu sou como um cão maldito implorando por um deleite.
—Você quer? — Eu seguro seu rosto.
Ela balança a cabeça e empurra o meu peito. Ela não faz nada para me mover, nem eu a obriguei. Ela precisa se sentir no controle de tudo, tomando conta de si mesma. Minhas pernas se espalham para ela enquanto ela se ajeita entre os meus joelhos. Enquanto ela brinca com o botão e com o zíper do meu jeans, não posso deixar de me esticar e segurar seus seios, massageando seus mamilos através do tecido fino.
Quando sua pequena mão alcança minhas boxers puxando meu pau duro como pedra para fora, eu rosno alto para o ar. Isso vai levar uma grande força de vontade minha no fim. Vannie olha para o meu pau, mordendo o lábio inferior.
Minha mão move para segurar sua bochecha, ela sentada na metade do caminho.
—Shug, você não precisa.
—Eu não quero te machucar. — ela sussurra.
Eu não posso evitar a risada que escapa. —Você poderia morder meu pau, e eu provavelmente iria gostar.
Ela cora e então vai em frente. Ela beija a ponta, fazendo eu assobiar, em seguida, lança a língua para fora, girando em torno da minha cabeça.
—Foda-se, Vannie. — eu rosno. —É tão bom, querida.
Minhas palavras a encorajam. Ela me leva, deslizando sua doce boca para cima e para baixo. Minha coluna endurece quando ela começa a rolar levemente minhas bolas na mão. Com cada deslizada, ela vai mais e mais até a cabeça do meu pau bater na parte de trás da sua garganta.
Eu enrolo minha mão em seu cabelo encaracolado, guiando o seu ritmo. Luzes explodem atrás dos meus olhos, e eu fico louco com o prazer que ela está me dando. É hora de explodir por causa do boquete.
—Irei, Shug... Jesus, vou gozar. — eu digo entre os dentes cerrados.
Eu luto para puxá-la para cima de mim, apertando os seus ombros. Ela tira a boca do meu pau.
—Eu quero provar você.
—É muito para a primeira vez, Shug.
Eu pego a mão dela e a coloco na base do meu pau, em seguida, a cubro com a minha. Nossas mãos trabalham em sincronia, subindo até a ponta e voltando à base. Eu a ensino em silêncio como segurá-lo com força, depois relaxo por alguns golpes. O cotovelo em que estou apoiado começa a tremer com todo o meu corpo lutando por uma liberação.
Nós olhamos nos olhos um do outro por um longo tempo. Vannie leva suas mãos até seu núcleo. Eu fico paralisado pela cena de vê-la esfregar seu clitóris em círculos lentos.
—Isso é quente querida... tão gostosa... — Eu mordo meu lábio inferior tentando prolongar a minha liberação. —Deixe eu provar. Traga o seu dedo.
—Hart, oh Hart... — ela canta mais e mais.
Eu vejo isso acontecendo no rosto dela no momento em que ela se entrega a outro orgasmo. Ela acalma o seu clitóris até que o seu corpo se arrepia, então lentamente leva o dedo à minha boca. Meus lábios envolvem seu dedo, saboreando seu gosto. Acontece tão rápido com todas as diferentes sensações que fluem entre nós. Eu mordo seu dedo, olhando em seus olhos quando minha semente quente flui sobre nossas mãos conectadas.
Isso está no topo de todas as vezes que já estivemos juntos. Eu solto o dedo da minha boca, estendo a mão e puxo sua camisa, emocionado em ver que ela não está usando sutiã. Eu caio de volta na cama puxando ela comigo. Nossos corpos pressionam juntos fazendo uma bagunça.
—Hart. — ela grita.
—Agora você tem que tomar banho comigo. É a minha coisa favorita do mundo, além de comer você, fazer amor com você, você chupar meu pau, beijar você, comer o doce da sua boca...
—Eu entendi a ideia, querido. — Ela me beija levemente. —Muito obrigada pelo telefone. Melhor presente de todos os tempos.
—Qualquer coisa para você.
—Vamos tomar banho juntos.
Eu não hesito com o pedido dela, acompanho sua bunda pequena e doce para o banheiro. Eu a coloco no balcão enquanto espero a água esquentar. Quando eu viro e olho para ela nua no balcão, eu estou duro novamente.
Vannie ri e aponto para ela.
—É culpa sua.
—Como? Eu estou apenas sentada aqui!
—Nua e coberta com o meu esperma. A coisa mais gostosa que eu já vi.
Eu me aproximo dela e fico surpreso quando ela abaixa a minha calça e a minha boxer até onde eles podem ir. Eu saio delas o resto do caminho.
—Camisinha. — ela sussurra nos meus lábios.
E assim como aquele cachorro bem treinado, eu volto para o quarto pegando uma da gaveta da minha mesa de cabeceira. Nenhum de nós falou sobre a noite em que não usamos uma. Eu tenho a filha da puta fora do pacote e rolo em mim quando eu volto. O banheiro está começando a ficar quente por causa da água. Vannie estende os braços para mim e eu vou para ela. Seus braços envolvem meu pescoço enquanto suas pernas envolvem a minha cintura. Ela desliza lentamente para o meu pau pulsando, tirando o meu fôlego.
Leva longos minutos para eu reunir a clareza da mente e começar a me mover dentro dela. Encontramos o ritmo perfeito com Vannie saltando para cima, com minhas mãos segurando sua bunda, a ajudando, e meus quadris empurrando nela com força e rapidez. Ela enterra a cabeça no meu pescoço, gemendo o meu nome. Soa mais doce do que ela cantando. É a música que ela canta para mim toda vez que nossos corpos se conectam.
— Shug, eu estou gozando. — Meus dedos cavam em sua bunda. —Goze comigo, deixe-se ir.
Minha voz está implorando para ela cair comigo. Leva mais três impulsos dentro dela até cairmos juntos. Minhas pernas estão exaustas e instáveis. Eu busco forças lá do fundo para gentilmente descer Vannie. Suas pernas estão tão bambas quanto as minhas. Nada como foder um ao outro até a exaustão. Eu tiro o preservativo e me junto a ela no chuveiro.
Mesmo que tenhamos devorado o corpo um do outro pela última hora, ainda não conseguimos manter as mãos longe um do outro. Vannie me lava primeiro, prestando atenção especial ao meu pau. Quero dizer que ele é um bom menino e merece um tratamento depois de tudo. Quando é minha vez de lavá-la, faço isso com grande honra.
Depois que o sabonete é tirado de sua pele, eu abaixo e beijo cada centímetro do seu torso, deixando-a saber como ela é linda. Ela é o meu templo.
—A água está ficando fria, querido. — a voz de Vannie flutua durante o banho.
Ela arrasta os dedos pelas minhas costas já que eu ainda estou curvado beijando sua barriga.
—Mmmmm. Eu não quero sair. — murmuro em sua pele.
—Vai estar congelando em breve. — ela diz um pouco mais alto desta vez.
Quando arrepios começam a aparecer na sua pele, meu traseiro ganancioso finalmente se afasta. Eu desligo o chuveiro, saio para pegar uma toalha para ela e ligo o aquecedor do banheiro.
Vannie entra na toalha espalhada entre as minhas pernas. Eu a seco da cabeça aos pés, certificando de que suas partes íntimas estão bem secas. Ela me afasta quando tento deslizar um dedo dentro dela.
—Querido, nós temos que ir. Eu quero ver a sua mãe um pouco antes de sair.
—Você é uma policial nada divertida. — Eu recuo, forçando o meu melhor rosto com beicinho.
Ela não vai cair nessa. Na verdade, ela nunca cai, mas nunca faz com que eu desista de tentar. Vannie corre do banheiro para o meu quarto para se vestir. Eu tomo meu tempo me secando sabendo que se eu ver ela se vestindo, eu estaria atacando ela novamente.
Quando a ouço sair do quarto e passar pelo corredor cantarolando “Amazing Grace32”, sei que o mar está calmo. Eu sorrio vendo sua pilha de roupas sujas no chão do meu quarto. Ela não é nada organizada e só me faz sentir em casa. Isso me faz sentir constantemente cercado por ela. Eu visto um jeans largo e uma Henley escura, já que estou planejando ir ao bar hoje à noite depois que a mamãe estiver dormindo. Mesmo que ela esteja ficando cada dia mais doente, isso não a impediu de me empurrar para fora da porta para passar um tempo com Vannie. Eu a amo por isso, mas isso me assusta para caramba. Sem que eu diga a ela, minha mãe sabe que encontrei o meu para sempre, a minha garota, que cuidará de mim o resto da minha vida. É como se ela tivesse permissão para soltar a dor e voar livremente. Fale sobre ser um idiota egoísta, mas eu sou, e sempre serei o menino da mamãe.
A visão na sala de estar quando eu entro lá faz meus joelhos ficarem fracos. Vannie está enrolada no braço da poltrona mostrando a minha mãe o telefone. Ela está tagarelando sobre isso. Eu absorvo a cena na minha frente encostado na parede e cruzando os braços para observá-las.
O caralho da vida é tão injusta... Esta foto deveria acontecer novamente em cinco anos, com a minha mãe balançando nosso bebê para dormir embrulhado em seus braços amorosos. Vannie esgotada no sofá cochilando das noites sem dormir. O cheiro da comida caseira da minha mãe flutuando pela casa enquanto eu ficava ao lado de Vannie assistindo um jogo de futebol. Lágrimas aparecem na parte de trás dos meus olhos, percebendo que isso nunca será uma realidade.
As lágrimas secam instantaneamente do calor intenso da minha raiva. Este deveria ser o meu pai inútil tendo seu corpo comido vivo de dentro para fora. Deveria ser ele morrendo e não tendo outro dia nesta terra.
—Querido, você está bem?
Eu olho para cima, para ver Vannie e minha mãe olhando para mim. Mesmo que eu estivesse olhando para elas, eu tinha ficado fora do ar.
Eu limpo minha garganta e saio da parede.
—Sim, apenas ouvindo vocês, senhoras, que nunca calam a boca.
—Oh, Hart. — Minha mãe sorri brilhantemente.
—Sua mãe baixou o aplicativo Kindle para mim. — Vannie balança o telefone para mim. —Eu posso ler quando quiser agora.
Eu rio, me jogando no sofá e dou um tapa no meu colo.
—Aqui, deixe eu fazer uma conta.
—Aqui. — Ela me entrega o seu telefone. —Eu preciso do meu abraço com sua mãe. Estou farta de você.
Minha mãe ri e começa a tossir. Vannie se senta na frente dela começando a esfregar suas costas.
—Oh querido, estou tão feliz que você encontrou essa garota. — minha mãe responde depois do seu ataque de tosse.
Eu olho para as minhas duas garotas, rosno e balanço a cabeça para elas. Mamãe pegou um caça-palavras com Vannie se aconchegando ainda mais, ajudando ela a encontrar as palavras. A empolgação de Vannie por ter o aplicativo Kindle foi inestimável. A pobre garota não tem ideia de que ela tem que criar uma conta usando um e-mail e um cartão de crédito.
Eu toco na tela usando um dos meus e-mails antigos para configurá-la e depois pego minha carteira, colocando os números. Merda, eu até adiciono a conta prime à sua conta porque eu tenho um sentimento que uma vez que ela perceba a magia da Amazon33 ela vai ficar viciada. Eu coloco o telefone dela no sofá, me estico e continuo a observar as mulheres que fazem o meu mundo girar.
—Aqui, eu encontrei uma palavra. — Vannie aponta para o livro. —Res...
Ela balança a cabeça, se acalma um pouco e estuda a palavra um pouco mais. Seu nariz enruga quando ela está imersa em pensamentos.
—Retângulo. — ela grita, em seguida, levanta os braços no ar comemorando.
—Ok, ninja das palavras, é hora de ir. — Eu me levanto e estico meus braços sobre a minha cabeça.
—Já? — Mamãe olha para cima do caça-palavras.
—Eu vou voltar hoje à noite com Hart, então eu vou estar aqui de manhã. — Vannie beija sua testa. —Podemos terminar isso então?
—Claro, querida. — Minha mãe lentamente levanta os braços para um abraço.
—Fechado. — Vannie a abraça de volta. —Prometa não trabalhar nisso até então.
—Prometo. — Mamãe sorri quando Vannie se afasta.
—Merda, eu preciso comprar dois desses colares de coração partido estúpidos que dizem melhores amigas neles. —Eu balanço minha cabeça antes de beijar a minha mãe.
—O que eles são? — Vannie pergunta.
—Adolescentes usam e dão a outra metade à melhor amiga. — minha mãe responde.
Eu puxo o braço de Vannie, segurando o violão e me certificando de que ela chegue ao trabalho no horário certo. —Eu estarei em casa em dez minutos, mãe. Peaches está de volta no quarto dela.
—Ok, filho. — Ela acena para nós. —Tenha uma boa noite, Vannie.
Vannie não para de falar sobre seu novo telefone no caminho do trabalho e sobre o seu aplicativo Kindle e sobre finalmente ter encontrado uma palavra no caça palavras. Eu não faço nada além de relaxar com o braço esticado sobre o volante com o outro na sua coxa. A placa para o The Shade Tree é avistada muito cedo.
—Então, você vem esta noite? — Ela pergunta quando eu estaciono em frente à entrada.
—Dentro de você? Sim.
Eu ganho um nariz enrugado e um aceno de cabeça.
—Ok, vejo você por volta das nove e meia. — Nossos lábios se conectam brevemente.
—Eu te amo, Hart.
—Eu também te amo, Shug.
Ela salta do carro, correndo em direção à porta principal. Eu realmente desprezo esses shorts curtos que ela tem que usar para trabalhar. Convencer ela e Peaches que ela precisaria usar uma saia até o chão nunca funcionou do jeito que eu queria. E é claro que ela completa a sua roupa com essas botas de cowboy sexy.
Eu gemo dentro do meu carro, mordendo meu lábio inferior. Acho que vou tomá-la esta noite nua, apenas de botas com as pernas compridas em volta da minha cintura. A sensação daqueles saltos cavando minhas costas enquanto eu tomo cada impulso dentro dela... Por que não pensei nisso antes?
Eu acordo do meu devaneio e aceno para ela. Ela desaparece atrás da porta do clube e meu coração afunda. Eu não gosto do pensamento dela desaparecendo. Calafrios correm pela minha espinha, mas eu os desprezos sabendo que estou muito sensibilizado por tudo que está acontecendo na minha vida. Eu paro no shopping, compro um colar de amizade idiota para Vannie e minha mãe, então corro para casa para passar o resto do dia com minha mãe antes de ir assistir a minha garota cantar.
17
Savannah Ray
Dias de entrega são sempre uma bosta. A quantidade de inventário necessário para manter esse local em funcionamento é irreal. Eu não tenho ideia de como Peaches tem feito isso ano após ano, nunca perdendo um dia, mantendo este clube funcionando sem problemas. E eu ainda estou eufórica com o fato que eu finalmente encontrei uma palavra nesses caça-palavras.
Eu acho que contei mais de mil garrafas de licor e uísque, agora eu estou me preparando para o meu turno. Meu reflexo no espelho é tão diferente daquele que eu costumava estudar. Eu realmente nunca vi a mulher dentro da minha alma, mas agora eu a vejo. A minha mão lentamente desce até a bainha da minha camiseta apertada e a puxo até que eu vejo a pele que evitei por tantos anos.
Eu não estremeço nem me afasto. Eu sinto tudo, e lembro do jeito que Hart não consegue tirar as mãos dela ou do jeito que ele me lava e me beija. Isso parece a coisa mais bonita que eu já vi na minha vida. Minha tortura se transformou em minha beleza. A mesma beleza que tem o meu futuro, segurando todas as minhas cartas. Um sorriso lento aparece no meu rosto. Eu sou uma nova mulher e eu a amo.
Usando meus dedos, eu penteio meu cabelo, mantendo ela puxado para o alto da minha cabeça e do meu pescoço. Em seguida, eu jogo um pouco de água fria no meu rosto, na esperança de me dar alguma energia extra para essa mudança. Vai ser uma noite louca com três bandas se apresentando e dezenas de caçadores de talentos procurando por atenção.
Claro, meu set vai fechar a noite, mas não é nada especial, apenas minha saída. Eu tenho uma música especial na manga que eu espero que Hart ouça cada palavra. Um barulho alto na porta me assusta, fazendo eu sair correndo do banheiro e indo direto para o modo trabalho.
Como qualquer outra noite de fim de semana, o bar está fluindo com os clientes e uma vibração energética. É impossível explicar a vibração e a energia que esse bar tem a oferecer. Eu nunca estendi a mão ou mesmo fui corajosa o suficiente para me estabelecer em qualquer lugar até Peaches. Havia algo em seus olhos gentis, e quando este velho bar se comunicou com a minha alma, eu sabia que estava em casa. Hart foi apenas o final perfeito.
—Rodada de Crown34 e Coca-Cola. — Eu coloco os copos na mesa na frente dos homens.
—Obrigado, senhora sexy.
Eu aceno educadamente com os ombros rígidos, não dando outras ideias. Minha fachada de cadela ainda está no lugar. A que eu usei para me proteger quando comecei este trabalho. Peaches era a rainha e me ensinou bem.
Velhos hábitos são difíceis de morrer. Eu me vejo checando o relógio na parede e olhando para o banco de Hart. É insano como estou obcecada com o homem.
—Faça a sua pausa antes que o garanhão chegue aqui. — Peaches pega a minha bandeja.
Eu tenho o desejo de olhar para o relógio, mas tenho uma ideia melhor.
—Parece bom. Volto em quinze. — Eu corro do bar saltitando.
Uma vez trancada na sala de suprimentos, eu puxo meu celular do bolso e verifico a hora. Dane-se relógios de parede ou despertadores e todo aquele jazz antiquado. Eu rio de mim mesma porque pareço muito com Hart. Com os dedos trêmulos, eu puxo a tela inicial e encontro o aplicativo de texto.
Eu: Adivinha o que?
Eu: Eu sei que horas são.
Eu: Onde você está?
Pequenos pontos dançando aparecem na parte inferior da tela. Sério, eu aperto, com medo que meu telefone exploda a qualquer momento.
DING!
Eu pulo para trás, batendo em uma estante de metal ainda cheia de amendoins e pretzels ensacados.
Hart: Eu estava fazendo cocô.
Eu: Oh! Sério?
Hart: Você está bem?
Meus dedos ficam nervosos, sabendo que o próximo texto é o meu mais longo de todos.
Eu: Eu tive que verificar o tempo e fazer uma pausa. O telefone celular veio a calhar.
Graças a Deus por essa coisa de ortografia automática.
Hart: Legal! Apenas colocando a mamãe na cama e indo para você.
Demoro mais do que uma pessoa da minha idade para ler e processar suas palavras, mas eu faço.
Eu: OK
Hart: Shug?
Eu: Sim.
Hart: Eu já te disse que te amo?
Eu: Eu acho que não.
Hart: Shug, eu te amo.
Meu rosto provavelmente vai quebrar a qualquer momento com a quantidade de sorrisos que esse homem causa em mim.
Eu: Amo você também.
Hart: Estou orgulhoso de você.
Eu verifico a hora no telefone e sei que tenho que voltar ao trabalho. Eu poderia continuar a noite toda nesse armário sujo de suprimentos mandando mensagens para Hart. É um novo jogo e eu adoro isso. No entanto, a vida chama. Eu coloco o celular no bolso de trás, recolho meus pensamentos e tento me concentrar na tarefa que vem pela frente, e não em Hart Richards.
Eu abro a porta do armário de suprimentos e eu saio flutuando no sétimo céu. O corredor está vazio e por isso estou agradecida. Meus pés deslizam pelo corredor até eu colidir no que parece ser uma parede de tijolos.
—Savannah Ray.
Apenas um monstro me chamaria por esse nome. O timbre de sua voz congela todos os meus sentidos, fazendo eu parar no meu caminho. Blake levanta as mãos no ar, dizendo que não está aqui para me machucar, mas sou mais esperta do que isso.
—Só quero algumas palavras, então eu vou sair.
Minha boca se abre, mas as palavras não saem. Eu tento de novo e ainda nada. Repito a ação, lutando para gritar por ajuda, ou pelo menos dizer a ele para foder um cacto seco.
—Vou entregar para você mais um cartão de visita. Será a última vez. Você tem uma semana para assinar com o Arena 55 Studios. — Ele deixa cair as suas mãos para o lado e tem a audácia de sorrir como se tivesse vencido.
Esse deve ter sido meu primeiro sinal. Foi apenas o silêncio antes da tempestade. Houve um breve punhado de segundos onde eu tive a coragem de dizer a ele para se foder e que suas ameaças não me afetariam porque eu tenho o mundo agora. Meu passado não tem mais poder sobre mim, e eu não tenho mais medo dos monstros me encontrando, que me machucaram tantos anos atrás, porque Hart Richards me descobriu e depois me salvou.
Blake dá um passo para perto de mim. O cheiro de sua respiração com cheiro de uísque faz cócegas no meu rosto. —Você tem uma semana como eu disse, mas você deveria saber um pequeno detalhe. O pai de Hart é meu zelador. Ele esfrega a porra do meu banheiro.
Ele chega mais perto, fazendo eu recuar até que minha coluna esteja pressionada contra a parede fria.
—Eu tenho esse filho da puta pelas bolas. Quer saber por quê?
Um silêncio mortal flutua entre nós. Eu nem sequer recuo esperando pela piada de Blake. Cinco palavras simples que eu poderia até soletrar quebram meu mundo inteiro.
—Eu pago as contas dela. — O próprio diabo sorri na minha cara. —A cura de um câncer não é barato. Tratar um paciente moribundo fazendo a sua vida confortável, é ainda mais caro. Lembra-se da pequena façanha que Hart fez me espancando? Bem, é hora de pagar. Vou simplificar para você. Assine com meu estúdio ou o atendimento de saúde da Maria será interrompido. Simples.
—Por quê? — A única palavra hesitante sai gaga.
—Fiz um acordo com o pai de Hart. Ele sabe muito sobre a morte de sua filha, então eu prometi a ele que cuidaria de sua esposa cadela. Uma semana, você assina e sai em turnê ou Maria é quem sofre. — Ele joga o seu cartão de visita para mim. Ele voa até o chão pousando na ponta da minha bota.
Blake ajusta as lapelas do seu paletó, vira as costas para mim e depois vai embora. E simples assim, meu mundo está novamente de cabeça para baixo. Todas as primeiras são apagadas, e eu estou de volta dentro de uma concha de um ser humano.
Meus joelhos batem com suas palavras que repetem na minha cabeça. Ele está segurando todas as cartas e bateu onde sabia que iria doer. Eu não posso... eu não posso sair em turnê. E se eles me encontrarem? Eu não quero deixar Hart ou este lugar. Minha música é só isso, minha música. Ninguém mais. Isto é o que acontece quando você se coloca lá fora. Consequências, Savannah, estas são as consequências de viver.
Meus pensamentos fazem meu estômago revirar em uma tempestade turbulenta. O preço de experimentar a vida é devastador, mas sem devastação, eu nunca teria vivido. A bile sobe o atrás da minha garganta, minha visão fica escura, e tudo que eu quero fazer é correr, mas minhas pernas não vão funcionar.
—Aí está você. — Peaches desliza até mim, acariciando meu ombro. —Preciso de você no bar. Eu tenho que atender uma ligação no meu escritório.
Eu aceno, incapaz de formar palavras.
—Você está bem, Vannie?
Eu aceno de novo e sacudo o medo. — Sim.
Ela passa por mim. Uma vez que a porta do escritório se fecha, me inclino e pego o cartão de visitas e ponho no bolso da frente. O pedaço do mal arde através dos meus shorts jeans, me lembrando das palavras de Blake. Ele está blefando? Ele sabe que eu protegeria Hart a todo custo? É um golpe baixo de merda de qualquer maneira.
Eu sacudo tudo da minha cabeça, fazendo o meu caminho de volta para o bar. Milo está atrás do bar fazendo as bebidas. Eu volto à minha área, recebendo e enviando pedidos dos clientes. Normalmente, eu estou cantando junto com as bandas para mim mesma, ou mesmo balançando na batida quando ninguém está olhando. Mas agora não. Blake levou tudo isso embora com um simples encontro.
O único ponto positivo agora é o bar movimentado. Eu olho em volta para ver o próprio diabo, mas ele não está em lugar algum. Ele sempre se senta na mesma mesa com um olhar orgulhoso no rosto. Seu assento está vazio. Ele prometeu em sua ameaça que estava saindo logo após sua proposta. O idiota provavelmente não queria que seu rosto fosse atingido por Hart.
Fragmentos do passado vêm flutuando enquanto eu sirvo bebidas. Hart me avisou que Blake iria dar o troco por aquela briga, então lembro das palavras de Hart para o seu pai sobre estar envolvido com o homem que tinha algo a ver com a morte de Belle. Eu estremeço.
Passo a comanda das bebidas para Milo e me inclino no balcão esperando que ele as encha. A madeira fresca faz pouco para acalmar meu diálogo interior. Eu tenho que descobrir como eu posso saber se Blake está realmente pagando as contas médicas sem perguntar a Hart. Se ele tiver uma ideia de sua ameaça, ele matará Blake, eu não tenho dúvidas.
Eu não tenho nenhuma dúvida em minha mente, se o empurrão vier, o que eu vou escolher. Maria é a pessoa mais incrível que já conheci.
—Shug. — Um sussurro suave invade a concha da minha orelha, em seguida, sinto braços fortes abraçando-me por trás.
A mão de Hart se acomoda nos meus bolsos frontais. Sua mão sobre o cartão de visitas que mantém o meu futuro.
—Você cheira tão bem que eu poderia te comer viva.
É hora de uma cara de paisagem. Hart não pode ter ideia. Ele não merece essa dor quando ele está me dando o mundo.
—Ei. — Eu viro dentro dos seus braços. —Senti a sua falta.
Eu cubro seus lábios antes que ele tenha uma chance de responder. Eu o beijo como se nunca fosse capaz de fazer isso de novo. É inapropriado no meio do bar durante o meu turno, mas todas as minhas preocupações desapareceram. Eu só preciso de Hart.
Quando eu me afasto, estamos ambos sem fôlego.
—Você está bem? — Hart passa a mão pelo meu rosto.
—Eu estou agora. — Eu sorrio para ele.
E não é mentira. É a magia de Hart fazendo todas as minhas preocupações desaparecerem. Ele responde com outro beijo ardente. Nós não nos separamos até a bandeja de plástico me cutucar no cotovelo.
—O dever me chama. — e eu estou me afastando dele com as palmas das minhas mãos plantadas em seu peito. Hart apenas sorri para mim com um brilho travesso nos olhos.
Como diabos eu posso deixar esse cara que me deu o mundo?
A resposta é que não posso.
—De volta ao trabalho. — Eu beijo a ponta do seu nariz como ele fez comigo tantas vezes. —Sente-se, senhor sexy, e eu vou estar de volta para pegar o seu pedido. Não se atreva a deixar ninguém fazer isso! — Eu puxo a bandeja com uma mão e ponho a outra no meu quadril.
—Mas eu estou com sede. — Hart lamenta.
Dou-lhe o olhar severo de Peaches e ele fica sorrindo. Caminhar para entregar todas as bebidas faz com que a rotina que aprendi abrace a situação fodida. Tem que haver uma solução, e eu não vou desistir até encontrar uma. Eu não vou correr. Eu me recuso a isso. Eu também sou inflexível em não deixar Hart matar um cara e ser mandado para a prisão.
—Olá, sexy. — Eu acaricio o ombro do meu protetor na minha frente. —Alguém já te atendeu?
Sim, eu só apertei meus seios em suas costas. Hart espia por cima do ombro com seu rosto estoico. É o sinal de que ele tem algo na manga.
—Estive sentado aqui por uns bons dez minutos e ninguém anotou o meu pedido. — Ele gira em torno do seu banquinho no bar. —Pensei em usar meu chapéu de cowboy hoje à noite, mas imaginei que meu sorriso me daria uma bebida.
—Oh, querido, eu estou aqui para ajudá-lo. — Eu entro entre as suas pernas abertas. —Do que você gosta?
Hart inclina para frente com os lábios cheios roçando a concha da minha orelha. —Eu tenho desejo por doces. Eu realmente gosto muito de um sabor especial, é muito doce, tão perto da colmeia que eu não posso colocar o dedo. Esse gosto consome a porra minha mente diariamente.
Minhas pernas apertam juntas, desejando mais do que nunca que ele apenas deslize a mão pelo meu short antes que o próximo pedido seja chamado. É como se ele lesse minha mente. Seus dedos deslizam por baixo do meu short curto. Hart não perde tempo em encontrar o meu lugar favorito. Único. Ele me toca como se eu tocasse meu violão. Seus dedos são mais talentosos que os meus com o jeito que ele me toca.
Estou perto. Tão porra perto, com meus braços atados em volta do pescoço dele pedindo, implorando por mais. Ele afunda dois dedos em mim, em seguida, passa o polegar sobre o meu clitóris. Eu faço o meu melhor para fingir que estou descansando no bar, esperando o próximo pedido. Mas tenho certeza que meu rosto revela todos os meus truques.
Os dedos de Hart sumiram logo antes de eu me afogar nele. Eu puxo para trás irritada e chateada, querendo que ele me faça sentir como a maldita rainha do universo. Mas é o próximo passo dele que congela minha língua e o golpe da minha mão. Hart leva a mão à boca e depois começa a lamber cada um dos dedos.
—Eu deixei alguns para você. — Ele põe os seus dedos na minha boca, pondo eles no meu lábio inferior. —Este é o meu sabor favorito. Tem algum uísque para combinar?
Meus lábios abrem para ele enquanto ele gentilmente cutuca os dedos na minha boca. Eu provo isso. Até inclino minha cabeça ponderando o sabor. Eu interpreto o ato que esse homem me ensinou. Ele me fez a estrela do seu show.
—Eu sei exatamente o que você gostaria, garotão. — Eu acaricio seu ombro mais uma vez e lentamente me afasto. —O sabor é familiar.
Eu dou mais três passos para longe do homem que me pertence, porque se eu não o fizer, deixarei que ele faça o seu caminho comigo neste bar. Eu esfrego a testa com as costas da minha mão me perguntando como no inferno ele trouxe isso para mim. É mais do que o melhor sonho. Melhor do que a manhã de Natal quando as meninas recebem seus pôneis ou quaisquer outros presentes imagináveis e perfeitos. Peaches está de volta atrás do balcão servindo as bebidas. Ela é muito natural fazendo este lugar funcionar como uma máquina bem lubrificada. Eu lhe dou uma piscada e ela sabe exatamente o que eu acabei de pedir. Um uísque puro para o sobrinho dela. Depois de escrever o meu pedido, eu me inclino no balcão, lutando contra o desejo de voltar para o meu cliente favorito.
Minha mente começa a jogar o jogo mental de todos os jogos. Eu sou viciada? Eu tenho que tê-lo para sobreviver? É um ciclo vicioso me assombrando. Maria, Peaches, Hart, todos os seus rostos amorosos e amáveis percorrem a minha mente. Eu sei a resposta. E o que tenho que fazer.
Peaches passa o uísque puro, em seguida, começa a colocar as outras bebidas na minha bandeja. Eu caminho até Hart, ficando na ponta dos pés e me estendendo por cima do ombro para colocar a bebida na frente dele. Eu deixei minha mão livre descer até o seu colo.
—Sua segunda bebida favorita. — Eu beijo a sua bochecha. —Eu amo você, Hart.
O resto da noite voa e antes que eu perceba, é hora de subir no palco e cantar.
Todo o conjunto que eu planejei é esquecido. Eu canto da mágoa em minha alma. Cada música cheia de tudo que eu tenho para Hart e a vida que ele me deu. Se acontecer de ser tirado, ele saberá exatamente o quão profundamente eu o amo.
Minha última música da noite é uma versão acústica de “What We Ain't Got35”, de Jake Owen. Minhas cordas vocais se esforçam enquanto eu empurro todas as emoções do fundo das minhas botas para a música. Meus dedos graciosamente tocam o violão enquanto eu despejo tudo. Quando sou forçada a cantar a palavra adeus, quase desmaio em um monte de dor no palco. Mas então faço contato visual com Hart enquanto canto a música.
Ele está lá como sempre está. Sólido e firme, segurando sua bebida enquanto escuta com toda sua atenção. Seu rosto é sombrio e me pergunto se ele entende o que está acontecendo agora. Essa música é para ele, para que ele saiba que eu nunca amarei outro homem enquanto eu viver. Ele é meu e será para sempre. Eu segurei a última nota por uma batida extra e depois abaixei a cabeça. Há uma estranha pausa no bar e um leve aplauso. A música estava sombria com a minha performance. Meus dedos tremem, puxando meu violão para cima e sobre a minha cabeça. A sensação de gelatina nas minhas pernas dificulta a caminhada. Uma vez atrás das portas fechadas, trancada no banheiro, é quando eu finalmente desmorono no chão em um monte de dor. Sete dias para gastar, cento e sessenta e oito horas para mostrar a Hart o quanto vou amá-lo para sempre.
18
Hart
—Mãe, isso não é uma boa ideia. — repito mais uma vez.
Mas, como sempre, sou vencido pelas mulheres da casa. Essa merda é injusta. Eu sou como um maldito garoto chicoteado por elas. E vendo que elas têm esses colares de amizade presos no pescoço, você acha que Vannie e minha mãe governam o mundo. A melhor compra que já fiz. As duas mulheres se acenderam quando eu lhes dei os colares bregas. Aparentemente, o metal barato significa mais para as mulheres do que eu vou entender.
—Hart, eu fui para a parada do Dia do Oeste na cidade em que cresci desde que me lembro. — Mamãe sacode o dedo para mim. —Eu levava você e Belle quando vocês eram mais jovens. É uma coisa que eu nunca perdi e não planejo perder este ano.
Eu mordo meu lábio inferior, bloqueando todas as coisas que eu quero dizer a ela. Como ela está muito doente, como isso vai deixá-la cansada, e que eu quero que ela conserve toda a sua energia para viver mais tempo. É egoísta, eu sei, mas não facilita nada.
O vislumbre de felicidade nos olhos da minha mãe é a única coisa que me leva adiante. Eu sei que a comemoração do Dia do Oeste em sua cidade natal sempre foi um dos eventos favoritos dela. E é uma curta distância de carro de Nashville, e ela está certa. Ela levou Belle e a mim todos os anos. Lembro de implorar por hot-dogs e algodão-doce, e basicamente empurrei Belle para pegar todos os doces da parada.
—Ok, mãe. — Eu passo minha mão pelo meu cabelo. —Deixe eu embalar lanches e depois pegar algumas sacolas.
—Sacolas? — Vannie vira a cabeça questionando do seu lugar no sofá.
—Para o desfile. Se eu vou a um desfile sendo adulto, você pode preparar a sua bunda que eu estarei empurrando as crianças para pegar os doces.
—Doces? — Ela pergunta.
—Outra novidade para você, Shug. — Eu pisco para ela, em seguida preparo as coisas para as minhas meninas.
Eu ouço a conversa da mamãe e da Vannie na cozinha.
—Você nunca foi a um desfile, querida?
—Fui em um, mas eu tive que ficar no carro enquanto meus pais adotivos levavam os seus filhos. O pai daquela casa não ligava para mim.
—Quantos anos você tinha?
—Nove. Eu vi alguns dos carros alegóricos e cavalos da parte de trás do Suburban.
Balanço a cabeça e tento me concentrar em arrumar as bolsas para o dia. Estou impressionado que Vannie agora possa facilmente falar sobre o passado dela. Ela está confortável e se sente segura, e isso me deixa orgulhoso. Por outro lado, estou puto com o que ela passou. Se eu pudesse, iria fazer uma pequena visita a todos os seus ex-pais adotivos que a tratavam como merda. Ela se abriu mais e mais na última semana sobre algumas coisas horríveis que ela passou.
Sua apresentação ontem à noite no bar me fez pensar se essas lembranças assombrosas provocaram aquela performance. Estava cheia de dor e tristeza. Cada pessoa sentada no bar sentiu. Porra, eu tinha lágrimas nos olhos vendo minha linda garota cantar lá em cima.
Ela pertence ao grande palco, mas eu entendo porque ela não quer. Eu não posso nem imaginar quantos monstros fodidos sairiam para obter uma fatia de fama e dinheiro. Ela seria carne fresca pendurada em uma estaca para todos os predadores.
— Peaches! — eu grito da cozinha. —Coloque sua bunda feia no carro. Estamos colocando esse show na estrada.
Eu ouço grunhidos e gemidos vindo do corredor, e sei que ela está saindo. As meninas estão trabalhando em outro caça-palavras na poltrona reclinável. Eu levo tudo para o meu carro. Sim, estamos pegando o carro menos confortável, mas foi a pedido da minha mãe. Isso me deixa sabendo que tudo o que estamos fazendo será o último.
Eu tenho seus cobertores dispostos no banco da frente com alguns travesseiros. Vannie e Peaches tem mamãe e tudo pronto para ir quando eu volto para dentro. Eu pego seu corpo frágil que está diminuindo diariamente, mas sua alma ainda está descontroladamente viva. Depois de acomodá-la no banco da frente, Peaches passa para trás. Vannie tenta segui-la.
—Senta aqui. — Minha mãe dá um tapinha na parte do meio do assento.
—Mas Peaches ficará sozinha. — Vannie responde.
—Eu estou de ressaca e realmente não queria estar perto de pessoas. Sente a sua bunda aí. — Peaches cai no banco de trás, cobrindo os olhos com o antebraço.
—Tudo bem então. — Vannie sussurra.
Eu rio, pegando a referência de Ace Ventura no filme. Outra novidade nossa, fazer Vannie assistir filmes que são tão idiotas que fazem você rir como um lunático.
—Entre, bochechas doces. — Eu seguro o traseiro dela quando ela sobe, sabendo que eu não vou conseguir nada com ela até hoje à noite.
Vannie se aninha confortavelmente envolvendo o braço em volta da minha mãe e dando toda atenção a ela. Minha mãe é a única pessoa que Vannie poderia dar toda a sua atenção e eu não ficaria com ciúmes. Eu me acomodo em colocar minha mão na parte interna de sua coxa enquanto dirijo. Nenhuma música tocando, apenas a tagarelice das minhas duas garotas e o ronco de Peaches no banco de trás. A música mais doce que eu já ouvi.
Mamãe decidiu contar histórias embaraçosas minhas de quando eu era mais jovem, é uma ideia inteligente para passar o tempo na estrada. Ela não guarda nada no departamento de constrangimento.
—Quando ele tinha cinco anos, ele aprendeu na escola que Dick era um apelido para Richard. Ele me implorou por semanas para mudar seu nome para que todos o chamassem de Dick.
A risada de Vannie enche o interior do carro.
—Ele fez Belle e eu chama-lo de Dick por uns bons três meses antes de desistir.
Com o canto do meu olho, eu vejo Vannie me encarando.
Eu dou de ombros. —Ei, Dick é um nome legal.
Mamãe continua contando mais e mais histórias. Isso me leva de volta aos bons tempos quando mamãe, Belle e eu cuidávamos uns dos outros e vivíamos despreocupados. A bebedeira do meu pai ainda não tinha ficado fora de controle. Seu temperamento ainda estava lá, mas com os três de nós, conseguimos sobreviver.
—Um dia eu estava assando biscoitos para as crianças e as ouvi jogando no quarto de Belle. Eles estavam jogando como melhores amigos ou batendo um no outro. Não havia meio termo. — Mamãe ri levemente, lembrando.
—Eu podia ouvi-los jogando alguma versão de um de seus jogos inventados e Hart continuava chamando Belle de filha da mãe. A primeira vez que ouvi isso, eu sabia que ele não devia ter entendido. Mas então ele continuou. Toda vez que ele chamava Belle de filha da mãe, ela respondia sem preocupações no mundo.
Eu não posso deixar de rir ao ouvir minha mãe dizer filha da mãe.
—Quando eu entrei no quarto e pedi respostas, meu doce e pequeno Hart apenas deu de ombros e me informou que ele achava que era um apelido.
—Você está falando sério? — Vannie deixa escapar. —Ele estava jogando esse cartão de inocência naquela época também?
—Oh não, querida, dessa vez ele realmente era. Disse que ouvia seu pai chamar o cachorro de filho da mãe o tempo todo e achou que era espanhol para cachorro.
Eu balanço minha cabeça para a memória com um sorriso dançando no meu rosto.
—Eu nunca dominei espanhol até hoje.
—Ele também era muito curioso. — diz a mãe.
—Algumas coisas não mudam — acrescenta Vannie.
—Quando ele tinha cerca de seis anos, ele saiu de seu quarto, muito preocupado.
—Mãe! — Eu olho para ela, sabendo exatamente que história está vindo a seguir. É a sua favorita. —Vamos mudar de assunto.
—Não, não— Ela dá um tapinha na perna de Vannie. —Ela tem que ouvir isso.
—Concordo. Você está fora dos votos. Desculpe. — Vannie grita e bate palmas.
—De qualquer forma. — Mamãe continua tendo um bom tempo. —Ele veio andando fora de seu quarto ainda de pijamas com um olhar preocupado em seu rosto e o sono ainda sobre ele. Ainda posso ver o cabelo loiro dele disparando em todas as direções. Havia lágrimas transbordando em seus olhos. Quando perguntei a ele o que estava errado, ele me disse que seu xixi tinha virado uma vara.
Mamãe cai na gargalhada, e apesar de eu odiar essa história, estou sorrindo, feliz ao ouvir minha mãe rir.
—Ele começou a soluçar, apenas com a certeza que iria cair e ele se transformaria em uma garotinha com a sua salsicha desaparecida. Levei muito tempo para parar de rir e ganhar a compostura para explicar para ele o que estava acontecendo.
As garotas riem por um longo tempo e começam a fazer piadas de mim. Outro último momento com a minha mãe que vou amar para sempre. Irônico como as duas mulheres que eu mais amo estão experimentando seus primeiros e últimos. Eu agarro o volante até meus dedos ficarem brancos, lutando contra o ciclo desagradável, lutando para aproveitar o dia.
Manobro pela pequena cidade que agora está cheia de atividade. Mamãe adormeceu dez minutos atrás com a cabeça no ombro de Vannie. Um efeito dominó aconteceu com Vannie colocando a cabeça no meu ombro pelo resto da viagem. Temos uns quarenta e cinco minutos antes do desfile começar, o que nos dá bastante tempo para conseguir uma vaga de estacionamento perto da estrada principal e montar a cadeira da mamãe.
—Ela vai perder o desfile? — Vannie sussurra.
—Não, Shug. — Eu aperto a perna dela. —Vamos deixá-la dormir, e eu vou acordá-la bem antes do desfile.
Há uma vaga perfeita perto da estrada principal. Eu estaciono e desligo o motor.
—Fique aqui com ela e eu vou arrumar as nossas cadeiras. — Beijo a sua testa.
—Ok, não se esqueça das nossas sacolas.
A inocência e prazer que ela experimenta a cada primeira vez me dá uma energia que eu não posso explicar. Eu pulo do carro e silenciosamente fecho a porta, em seguida, puxo as cadeiras do porta-malas. A cidade é a mesma que eu me lembro de tantos anos atrás.
Depois de arrumar as cadeiras em frente à farmácia local, olho para o céu e sorrio sabendo que Belle está lá em algum lugar cantando com o seu coração. Eu pude contar em uma mão quantas vezes eu me permiti pensar nela. É minha estratégia para manter a merda bloqueada, para não sentir dor. As histórias da mamãe me lembraram de todos os bons momentos que compartilhamos.
Quando volto para o carro, Peaches está tirando uma sacola cheia de lanches enquanto Vannie pega o chapéu e a jaqueta da minha mãe que estavam no carro. A felicidade que irradia da minha mãe é contagiante. Todos nós fazemos nosso caminho até a estrada principal e nos instalamos nas cadeiras.
—Maria? — Uma voz nos interrompe.
Todos os quatro olhamos para um homem que parece ser um pouco mais velho que minha mãe.
—Samuel? — Minha mãe pergunta.
—Sim. — O homem mais velho cai sobre um joelho na frente dela. —Já faz anos.
Minha mãe cora, sua pele pálida ganha vida com a atenção desse homem.
—Sim, faz. Você está de volta à cidade? — Ela pergunta.
—Acabei de voltar depois que perdi Rebecca.
A mão ossuda da minha mãe se estende para pegar a dele.
—Eu sinto muito por ouvir isso.
Peaches, Vannie e eu compartilhamos um olhar, mas depois deixamos os dois velhos amigos terem um momento. Eu me levanto da cadeira e deixo Samuel sentar ao lado da minha mãe. Logo antes do desfile começar, noto que Samuel estende a mão e ata os dedos com os de minha mãe.
Eu tenciono, querendo socá-lo por tocá-la.
—Relaxe. — Peaches bate nas minhas costas.
—Por que ele está tocando ela? Eu vou bater na bunda dele.
—Samuel era o namorado de escola da sua mãe. Todos pensaram que eles se casariam, mas ele se alistou no Exército escapando de um pai abusivo, e então sua mãe conheceu o seu pai.
Eu permaneço em silêncio por longos períodos com tudo se encaixando. Minha mãe me mandou para o Exército para salvar-me do meu pai. Eu olho de volta para eles de mãos dadas e conversando. Aquela mulher que é a mais forte e corajosa que eu conheço, sempre sacrificou sua felicidade pelos outros, e agora ela está recuperando um pouco disso.
Samuel poderia beijá-la agora em público e eu não faria nada bruto. Eu me distraio até que ouço as sirenes da polícia sinalizando que o desfile está prestes a começar.
—Shug, fique fora do meu caminho. Vou tropeçar em você por um Tootsie Roll36. — Entrego a ela uma sacola plástica de compras.
Ela ri, sabendo que eu nunca a machucaria, mas, novamente, ela não está acostumada com a cultura do desfile também. Agarrando a mão dela, eu a levo até a beira do meio-fio e depois sento, jogando minha bunda de volta na calçada. Eu puxo Vannie para baixo entre as minhas pernas abertas e espero o desfile.
—A chave é dar as outras crianças o olhar de pivete, deixando eles saberem que você está sendo sério e não devem mexer com você. — Eu deslizo minha mão em cima de sua camisa, vagueando a palma da minha mão sobre sua pele.
—Hart. — Ela joga a cabeça para trás, olhando para mim. —Eles tem quatro e cinco anos de idade.
—Sim, mas quando você coloca doces na frente de uma criança em um desfile, eles são pequenos bastardos cruéis.
—Se você empurrar uma criança por um pedaço de doce, eu vou te levar para terapia.
O carro da polícia passa com sirenes estridentes. Eu olho para mamãe, para ver Samuel cobrindo suas orelhas para ela. Eu puxo Vannie mais apertado para mim, rezando para que tenhamos a chance de viver nossa história de amor, ao contrário da minha mãe e Samuel.
Vannie grita quando o clube de equitação local passa a cavalo, depois todos os negócios locais e seus carros alegóricos passam. Quando o primeiro punhado de doces é jogado de um carro alegórico, Vannie corre para a rua com o resto das crianças, pegando-os com as suas sacolas.
Eu permaneço congelado a observando.
—Ei, você não conseguiu nada. — Vannie senta entre as minhas pernas, pegando seus doces e colocando alguns na nossa bolsa.
—Tive que te dar uma vantagem, Shug. — Eu beijo sua bochecha.
Então nós dois corremos para pegar doces enquanto cada carro alegórico passa. Vannie é feroz tentando me empurrar para baixo na calçada e conseguir vantagem sobre mim. Ela tira uma centena de selfies diferentes de nós soprando chiclete, mastigando doces e nos beijando. Ela também tira fotos de todos os diferentes carros alegóricos entre a coleta de doces. A menina vai ficar rapidamente sem espaço no telefone dela, e eu vou comprar um maior para ela.
Após o desfile caminhamos para o parque enquanto mamãe e Samuel permanecem nas cadeiras conversando. Comemos hot dog, algodão doce e milho de caldeirão, e depois bebemos cerveja. Peaches quase vomita com o cheiro da cerveja e diz que ela vai dirigir de volta.
É um dos melhores dias da minha vida. Eu deveria saber melhor, porque a felicidade não dura para sempre.
***
—Eu bebi muito ontem à noite. — lamenta Vannie na cama.
—Peso-leve... — eu a provoco, puxando minhas boxers, em seguida, calças de ginástica. —Vou checar a mamãe.
Eu dou um tapa na bunda dela, para deixar ela voltar a dormir. Minha ereção matinal é grande mesmo depois que nós dois ficamos acordados metade da noite fodendo o cérebro um do outro.
Um barulho grande vem do corredor. É um som estranho, enviando um alerta para minha mente. Eu corro para o quarto da minha mãe e meu mundo desmorona. Seu corpo inteiro está convulsionando com os lençóis da cama rasgando seu corpo.
—Mamãe.
Ela não me responde.
—Peaches. — eu grito. —Peaches!
Pego o telefone perto da cama dela e ligo para o 911. O problema é que não consigo pensar, muito menos discar. O telefone é arrancado da minha mão e eu estou de lado. Peaches grita ao telefone enquanto segura minha mãe, mantendo ela segura.
Eu ouço um grito na porta e me viro para ver uma Vannie branca como fantasma cobrindo sua boca. Eu não posso ir até ela. Não consigo me mexer, pensar ou até mesmo começar a lembrar de como respirar enquanto vejo minha mãe sendo levada para longe de mim.
Peaches me empurra para a parte de trás da ambulância com a minha mãe quando ela chega. Ela ajuda Vannie em sua caminhonete. Tudo é um borrão. Meu coração se despedaça, esquecendo-se de como bater, vendo minha mãe se agarrar à sua vida.
Ela parou de se debater e está lutando para conversar.
—Mãe, eu estou aqui.
Ela estende a mão livre para a minha e eu a aceito como ela fez tantas vezes quando eu era mais novo, sempre me consolando. Os papéis foram invertidos.
19
Savannah Ray
Peaches e Hart entraram com Maria. Eu escolhi ficar na sala de espera. Meus dedos estão tremendo e lágrimas continuam fluindo dos meus olhos. Não sei o que mais me abalou, Maria em sua convulsão ou o medo no rosto de Hart.
Eu balanço de um lado para o outro com o medo mexendo com a minha mente várias vezes tentando encontrar uma resposta para esse problema que caiu no meu colo. Eu tenho que estar aqui para Hart quando a mãe dele se for. Ele vai precisar de mim e, sejamos honestos, preciso do homem diariamente para sobreviver.
—Esta é a Sra. Hunnington, ela é responsável pelo caso da sua irmã.
Eu olho para cima para ver Peaches limpar as lágrimas debaixo dos seus olhos sem ver Hart atrás dela. Eu pulo da cadeira querendo ir até ela. Eles entram em um pequeno consultório, mas não fecham a porta. A conversa facilita a minha decisão.
—Para o tratamento que mantém Maria confortável tendo cuidados a domicílio, precisaremos de um pagamento de oito mil dólares.
—Com licença? — Raiva aparece na voz de Peaches.
A outra mulher se agita com uma pasta de arquivo folheando papéis.
—O seguro da Maria está no limite e os pagamentos que recebemos pararam há alguns dias.
—Que pagamentos? — Peaches está francamente chateada neste momento.
—Recebemos dinheiro para cobrir todas as contas que o seguro não cobre.
—De quem?
—Não posso lhe dizer quem, no entanto, o que é mais relevante no momento é que descobrimos uma maneira de fazer esse pagamento acontecer.
Eu corro pelo corredor procurando um banheiro. A porta bate atrás de mim e eu a tranco. Estendendo a mão no bolso, localizo o cartão de visitas que carrego por aí. É como esfaquear Hart pelas costas usando o celular que ele comprou para mim para ligar para Blake.
—Blake —É... — Minha garganta obstrui com medo e nervosismo.
—Savannah Ray. Estou pronta para fazer um acordo.
—Ahhh, pensei que você usaria os sete dias completos para decidir.
—Blake, por favor envie dinheiro para o hospital.
—Uma vez que você tenha assinado.
—Qual é o endereço? — Eu pergunto sem qualquer hesitação.
Ele me diz o endereço e depois eu desligo. Eu saio com a cabeça erguida, sabendo que esta é a única coisa que resta a fazer. A cada passo, embora pareça durona e confiante em minha decisão, meu coração se quebra a cada clique da minha bota no chão de ladrilhos.
—Senhora, você tem um pedaço de papel e caneta que eu poderia usar?
—Claro, querida. — A enfermeira atrás do balcão procura em sua mesa.
—Você está bem?
Eu aceno, mordendo meu lábio inferior trêmulo.
—Um envelope?
Ela me passa todos os três itens, e eu quero sentar em um canto quieto para derramar minha alma para Hart, mas sei que não seria capaz de lidar com isso. Eu faço isso simples e rápido.
Hart,
Obrigada por tudo que você fez por mim. Isso está me matando, mas eu decidi assinar com o Blake. Você precisa gastar esse tempo se concentrando em sua mãe. Por favor, diga a ela que eu a amo.
Eu nunca amarei outro homem como eu amo você. Não há palavras para expressar como me sinto.
Amor,
Shug
Quero contar tudo a ele, mas sei como Hart reagirá. Ele vai matar Blake. Ser renunciada depois de experimentar um amor tão profundo dói. Fecho o envelope, desligo o telefone e peço à gentil enfermeira que entregue a Hart antes de ele sair hoje à noite.
Pelo olhar em seu rosto, eu sei que ela está morrendo de vontade de fazer mais perguntas, mas ela não faz. Eu sou grata por isso. Eu não choro durante a caminhada de doze quarteirões até o Arena 55 Studios. Tudo dentro de mim murcha, desmorona. Estou de volta para a menina sem esperança. É um lugar familiar, não o meu destino de escolha, mas um lugar que conheço muito bem.
Quando eu entro uma mulher me cumprimenta imediatamente como se ela estivesse esperando minha chegada. Eu pego um vislumbre do pai de Hart esfregando o chão de mármore preto. Ele me reconhece, obrigando que eu abaixe a cabeça enquanto entro no elevador.
O elevador soa alto no vigésimo andar. As portas se abrem lentamente para um enorme escritório. O andar inteiro é cercado por vidro do teto até o chão. Blake está sentado atrás de uma mesa elaborada com botas de cowboy sobre a mesa. Seu sorriso firmemente no lugar.
—Isso foi rápido. — Ele sorri ainda mais, o maldade flutuando para fora dele.
Eu olho de volta para baixo, caminhando lentamente para ele enquanto entrelaço meus dedos juntos. Nervosismo nem começa a cobrir como me sinto agora.
—Sente-se. — Ele aponta para os lugares vazios do meu lado da mesa.
—Não, obrigada. — Eu ainda não faço contato visual com ele.
Ele desliza uma pilha de papéis na minha direção.
—Dê uma olhada e deixe-me saber se você ainda está disposta a assinar.
Minha visão se confunde com a ameaça de tudo e começar a escurecer. As letras saltam por toda a página. Eu luto para sondar a primeira palavra no contrato e não posso. Eu conheço a palavra, mas não consigo ler.
A visão de Maria esta manhã entra de novo. Eu pego a caneta com a mão trêmula e assino o meu nome em todas as linhas destacadas.
—Envie o dinheiro. — eu exijo, finalmente olhando para Satanás.
Suas sobrancelhas sobem alto em sua linha do cabelo.
—Ligue agora, Blake.
Em um movimento lento e controlado, ele se inclina para frente, colocando as botas no chão e depois pega o telefone do escritório. Há vários segundos de silêncio antes dele começa a latir ordens.
—Sheena, ligue para o hospital e restabeleça os pagamentos para Maria Richards. Além disso, traga Lenny aqui em cima. — Ele bate o telefone fazendo eu pular para trás.
—Quem é Lenny? — Eu pergunto.
—Ela é a sua assistente. O trabalho começa agora. Eu tenho uma turnê saindo de manhã. Eu estou jogando você como ato de abertura. Você pode cantar duas músicas originais e, em seguida, o resto serão covers, todos escolhidos por Lenny. Ela diz para você pular, você pula sem perguntar o quão alto.
—E o meu apartamento?
—Nós vamos cuidar disso. Você não precisará de nenhuma das suas roupas. Os demais pertences pessoais serão enviados para você na turnê.
Eu dou de ombros.
—Não importa. Você já tirou tudo o que é importante para mim.
Cliques duros no piso de mármore é o único som que ouço, depois viro e olho para o que está causando o som. Uma loira vestida com uma saia lápis preta e jaqueta de negócios com peitos enormes pisa em nosso caminho. Camadas e mais camadas de maquiagem cobrem o seu rosto, e unhas pintadas de vermelho brilhante batem na pasta em seus braços.
—Esta é ela? — Ela pergunta para Blake.
Você pensaria que eu não estava nem de pé aqui.
—Sim, a melhor voz que eu ouvi em um maldito longo tempo. Ela é a nossa próxima estrela, e eu não vou reter nenhuma despesa para que isso aconteça.
—Ela não parece muito.
—Eu... Acabei de sair de um hospital. — Eu mordo meu lábio inferior e decido calar a boca.
Não é da conta deles o que eu estava fazendo.
—Você sabe que eu vou esperar horas extras por isso, certo, Blake? Vai levar a noite toda para deixá-la decente, e isso é um grande problema.
—Lenny, faça o seu trabalho, e eu irei pagar você.
Ela olha para mim, curvando o lábio superior com desgosto.
—Vamos.
Ela se afasta em seus saltos de dez centímetros e eu a sigo. Eu entro no elevador com ela e quando as portas fecham, Lenny coloca tudo para mim.
—Eu vou mudar tudo sobre você. Sua imagem, a maneira como você fala, seu andar, até mesmo seu nome. Diga adeus a Savannah Ray.
Eu olho para o chão sentindo minhas entranhas sendo arrancadas. Isso é mais doloroso do que qualquer coisa que eu já experimentei.
20
Hart
Um mês depois.
—O que diabos ele está fazendo aqui? — Eu rosno entre os dentes cerrados.
Peaches arranca a garrafa de uísque da minha mão.
—Sua mãe pediu para vê-lo.
—Você deveria ter dito a ela que o filho da puta estava morto.
Ela se aproxima do meu rosto e por um breve segundo eu acho que ela vai me dar um tapa na cara.
—Ela está morrendo e tem o direito de encontrar a paz com ele. Isso é sobre ela, não você, Hart. Engula seu orgulho e dê isso para ela.
Ela se afasta lentamente. Eu entendo o que ela está dizendo, mas não faz nada para acalmar a porra da raiva fervendo dentro de mim. Quanto pode um homem aguentar antes de desmoronar na terra? Uma mãe que vai morrer a qualquer momento, uma garota que fugiu sem me deixar uma porra de um bilhete, e agora lidar com o meu maldito pai.
O homem que bateu a merda fora de nós. Ele começa a passar momentos sagrados com minha mãe agonizante. É o suficiente para me mandar direto para a porra da insanidade. O empurrão e puxão de precisar do uísque é intenso. Isso engana a dor no meu peito, mas também tira a claridade da minha mente para estar com a minha mãe.
—Hart.
Eu olho para cima para ver meu pai. Eu nem ouvi ele bater ou a porta se fechar. Meu insulto está na ponta da minha língua, mas eu engulo a pílula amarga percebendo que não vale a pena desperdiçar o ar.
—Ela está nessa direção. — Peaches leva ele para o quarto da minha mãe.
Eu os sigo porque de jeito nenhum o monstro vai ficar sozinho com ela. Eu fico no final da cama com meus braços cruzados sobre o peito. A enfermeira sai do quarto e o mesmo acontece com Peaches. Eu nem faço a oferta.
—Maria. — Seu nome cai de sua boca em um tom desesperado.
Mamãe o olha com olhos morto. —Obrigada por ter vindo.
Minha mandíbula aperta e meus dentes rangem a ponto de quebrar um ou dois deles. Se ela se desculpar com ele, então esta fodida reunião acaba.
—Eu tenho algumas coisas a dizer antes de morrer. Um dia, quando você estiver morrendo, sabendo que seus dias serão infernais e até mesmo suas horas estão contadas, eu não quero você em seu leito de morte pensando em sua família. Eu não perdoo você e nunca vou. — Ela faz uma pausa para recuperar o fôlego.
—Mãe. — Eu dou um passo para o outro lado dela.
—Não, Hart. — Ela estende a mão, pegando a minha, em seguida olhando para o homem que deveria ter amado e cuidado dela. —Eu não te perdoo e nunca vou te perdoar. Você tirou os melhores anos da minha vida antes do câncer. Levou o meu garoto e me fez sair. Você não tem mais poder sobre mim. Eu não me arrependo de ter me casado porque você me deu os meus dois bebês. Eu quero que você saia desta casa se sentindo como o pedaço de merda sem valor que você é. E não se atreva a pensar em entrar em contato com Hart.
Ela vira a cabeça para olhar para mim. Lágrimas escorrem pelo seu rosto, ela aperta minha mão e eu nunca estive mais orgulhoso dela do que estou agora.
Eu olho para ela, sem desviar o olhar. —Você pode sair agora, Arthur.
Os sons de seus passos desaparecem e então a porta da frente se fecha. Mamãe continua a chorar.
—Estou tão orgulhoso de você, mãe. — Eu afasto as lágrimas. A emoção entope minha garganta. —Espero ser metade da pessoa que você foi um dia.
—Hart. — Ela olha para mim. —Você vai me abraçar?
Eu respondo pegando ela nos meus braços e a levando para sua cadeira de balanço. A mesma que ela costumava me embalar quando eu era criança. Eu a acomodo, abaixando o cobertor e depois balanço ela.
—Ela vai voltar para você, Hart.
—Quem mãe?
—Vannie vai voltar para você, porque eu sei que você vai buscá-la. Não deixe que um amor como o que eu tive com Samuel escorregue pelos seus dedos.
—Ela se foi, mamãe.
—Aquela garota te ama e com certeza teve uma boa razão para fugir.
Eu simplesmente aceno, não querendo discutir com ela agora porque o veneno amargo no meu coração do que Vannie fez para mim é perigoso.
—Quer ler um livro? — Eu pergunto a ela.
Ela balança a cabeça e sorri. Eu me abaixo e pego o Kindle passando por todos os livros que não lemos.
—Você quer literatura erótica, colegial ou romance de cowboy?
—Você escolhe, filho. — Ela para e segura meu antebraço. —Nunca perca seu amor pela leitura, fugindo para um mundo de fantasia. Descubra a esperança entre cada palavra escrita e viva sua própria história.
Eu pego um livro de romance que ainda não lemos e começo a ler para ela. Eu leio até meus olhos ficarem pesados. Conseguimos passar de sessenta por cento do livro. Mamãe adormeceu horas atrás, mas continuei lendo, apreciando cada momento, fazendo exatamente o que minha mãe me dizia para fazer. Encontrar a esperança.
Quando eu cochilo uma ou duas vezes, coloco o Kindle no chão, beijo sua testa e depois digo a ela o quanto eu a amo e sempre amarei.
—E, mãe, quando você encontrar Belle lá, diga aquela filha da mãe oi por mim. — As lágrimas correm pelo meu rosto até o sono tomar conta.
Eu sonho com todas aquelas memórias de infância que minha mãe amava. Eu vejo Belle, nos vejo brincamos em nosso quintal enquanto esperávamos que mamãe nos chamasse para jantar. Sinto o tapa na parte de trás da minha cabeça quando pego um pouco da massa de biscoito da tigela da mamãe. Finalmente, o som de nós três sorrindo é a última parte do sonho.
Abrindo meus olhos, eu me concentro em Peaches que está no sofá chorando e a enfermeira da casa sentada ao lado dela a segurando. Eu sei. Eu sei antes mesmo de olhar para minha mãe que ela foi para casa encontrar Belle.
Meu mundo inteiro é engolido. Quando olho para o rosto pacífico da minha mãe, me perco pela primeira vez. O rugido que sai da minha boca é ensurdecedor, e leva muito tempo para perceber que está vindo de mim. Eu a seguro no meu peito, chorando e gritando com a dor me afogando.
***
—Ela sempre amou o cabelo dela feito assim. —Peaches dá à peruca na cabeça da minha mãe mais uma afofada. —Juro que quando éramos mais jovens, aquela mulher arrumava o cabelo tão alto que achei que um dia iria cair.
Minha tia recua com lágrimas escorrendo lentamente pelo rosto. Elas rapidamente se transformam em uma chuva torrencial. Eu a envolvo nos meus braços e a seguro por muito tempo. Sabíamos que este seria o dia mais difícil de todos, mas estávamos determinados a ter mamãe perfeita antes de ser enterrada.
A equipe da casa funerária tem nos acomodado com nossos desejos finais. Mamãe facilitou com a gente escolhendo sua roupa e joias. Eu me certifiquei de que tudo estivesse nela, até mesmo seu colar de amizade que ela compartilha com Vannie. De todas as heranças da família e peças favoritas, ela era muito persistente com essa peça.
Peaches teve que colocá-lo sobre ela e ajustá-lo em seu peito porque o metal queimou as pontas dos meus dedos.
—Ela está perfeita. — Peaches murmura no meu peito.
—Ela está.
Ficamos ali abraçados e choramos por um longo tempo até estarmos prontos para ir embora. Nos abraçamos a cada passo do funeral. Peaches nunca saberá que ela foi minha rocha durante todo esse processo.
Subimos e somos parados por um dos membros da equipe.
—Houve uma nova entrega de flores. Aqui estão os cartões que foram anexados. — Ela estende uma pilha grossa de cartões para mim.
Eu os pego agradecendo e depois vou para o meu carro. O amanhã vai chegar cedo demais.
21
Hart
A casa está vazia, minha alma solitária, mas o uísque reconfortante é meu melhor amigo. Dias flutuam borrando um no outro. Peaches percebeu o meu problema com a bebida e tirou todo o uísque da casa.
Esta manhã é a primeira vez em um mês desde que minha mãe faleceu que são 10 da manhã e eu estou sóbrio. A mesa da sala de jantar está cheia de bilhetes, cartões e arranjos florais. Eu pego um punhado de Twinkies37 e sento sabendo que em algum momento essa montanha de merda na mesa precisa ser tratada.
Meus dedos estão gordurosos com o sabor esponjoso enquanto arrumo as contas com o nome de Peaches e depois os cartões do funeral de mamãe. Começo a ler cada cartão e depois jogo-os no lixo. A mulher foi amada, mas isso não é surpresa para mim.
O cartão final que abro me deixa doente. Minha visão estala para o fundo do cartão, “Arena 55”.
Caro Hart,
Nós certamente ficamos tristes ao ouvir sobre sua mãe. Apenas saiba que tudo acontece por um motivo. Savannah com certeza é um sucesso aqui no nosso estúdio. Ela fez a escolha certa. Nunca pensei que ela iria me escolher em vez de você.
Blake Patton
Arena 55
A campainha toca. Demoro muito tempo para responder. Quando finalmente abro a porta, uma jovem está voltando para o carro.
—Ei.
Ela vira agitada.
—Hum, eu trabalho no hospital. Recebi isso na última vez que sua mãe foi levada lá. Eu deveria dar a você, mas tudo ficou louco naquela noite. Eu sei que isso não é profissional, mas está me incomodando.
Ela me entrega um envelope e o telefone da Vannie. Então aguarda minha resposta. A sensação suave da caixa de plástico rola na palma da minha mão.
—Obrigado. — Eu fecho a porta.
O telefone da Vannie está desligado. Eu rasgo o envelope e caio de joelhos.
O uísque é agora um amigo perdido há muito tempo com a raiva apaixonada fluindo nas minhas veias. Há uma mensagem oculta entre as linhas. E a realização desperta em mim na décima leitura. A mensagem da minha mãe toca alto nos meus ouvidos.
Eu estou de pé antes de pensar duas vezes sobre isso. Meus pneus gritam do lado de fora do estúdio de gravação. Deve ser o meu dia de sorte porque depois de irromper nas portas da frente eu colidi com o peito de Blake. Há alguns momentos de caos antes de ficarmos cara a cara. Blake recua e solta algumas ordens para os seguranças perto da porta.
—O que diabos você fez com ela? — Eu grito, nem mesmo me importando quando minha voz ecoa em torno do estúdio.
Eu engulo os sentimentos reprimidos de mágoa e raiva desde o dia em que Vannie saiu da minha vida. Eu tive que mantê-lo escondido, me concentrando em minha mãe e, em seguida, quando ela se foi, a dor foi muito grande para pensar nisso. A infecção da perda agora está se espalhando por toda parte.
Blake tem a coragem de sorrir para mim. Eu levanto meu punho para trás, mas os seguranças são rápidos em seus pés, me alcançando antes que eu possa atacar. Blake se inclina e sussurra no meu ouvido, então só eu o ouço.
—Dei para ela um ultimato. Assine ou eu paro de pagar as contas do hospital da mãe do Hart. Veja, seu pai está na minha folha de pagamento. Ele foi pego farejando muito perto de mim sobre a morte de Belle.
—Seu filho da puta. — Eu chuto e luto para me libertar.
Os dois seguranças são muito fortes e me jogam na calçada. Se esse filho da puta pensa que me expulsar vai me parar, ele é um tolo. Eu espero no meu carro até que eu o vejo saindo do prédio mais tarde, então sigo seu carro. Ele dirige direto para o The Shade Tree. Que pitoresco ter uma revanche da nossa luta anterior. Estou na porta do motorista antes que ele se levante totalmente. Eu o peguei sem que ele esperasse, arrancando-o pelas lapelas de seu casaco. Suas costas batem de volta no caro carro esportivo.
Eu cuspo na cara dele. —Eu quero respostas agora, filho da puta.
—Hart, quando você vai perceber que você é o perdedor disso tudo?
—Onde ela está? — Eu rosno.
—Em turnê sob contrato. Você nunca vai encontrá-la.
—Você pode apostar a sua merda que eu vou. Você não entende o perigo em que você a colocou.
—Dólares são dólares.
Seu último comentário faz meus dedos sedentos, e eu alivio essa saciedade com um soco agudo e pesado em sua mandíbula.
—Onde ela está?
Ele se torna um pouco mais estúpido ao não me responder. Eu bato pergunta após pergunta com o meu punho se conectando com o rosto bonito dele. Depois do décimo soco, Blake está pronto para falar.
—Ela está em Atlanta, no Geórgia Dome, para o fim de semana na turnê Dirt Roads.
Eu soco ele novamente.
—Aviso prévio, filho da puta, seu contrato é nulo e sem efeito.
Eu o jogo no chão. Blake é um filho da puta duro. Ele olha para mim e sorri através do sangue saindo de sua boca.
—Não só você é um azarão, mas idiota, porra. Para cada uma das suas ações há uma consequência, Hart. Irmã morta, perdeu a namorada... Quando será que você vai aprender?
E eu perco todo o senso de controle. Eu vejo um inferno de vermelho queimando por trás das minhas pálpebras. Ele é o terrorista, e o meu trabalho é proteger minha terra natal. Quando termino com ele, Blake está inconsciente e incapaz de dizer uma palavra.
Ponho o endereço do Geórgia Dome no meu celular e dirijo. A viagem de três horas e meia é feita em três horas. Depois de encontrar um lugar de estacionamento, percebo meu erro fatal... nenhum ingresso para entrar. Porra, mesmo se eu entrasse, como diabos eu vou chegar até ela?
—Foda-se. — Eu aperto meu cabelo e o puxo.
—Senhor, você precisa de ajuda? — Pergunta um membro da equipe do evento em um colete verde neon.
Isso me acalma um pouco, tento dizer o que estou fazendo sem que eu pareça com um stalker.
—Quem está tocando aqui esta noite?
Ela recita todos os cantores e bandas. Todos homens do caralho.
—Então, não há uma Savannah Ray aqui esta noite.
A mulher está ajustando seu colete. — Senhor, eu sou uma das maiores fãs do país e acompanho tudo o que acontece no Arena 55 Studios, nunca ouvi falar de uma Savannah Ray.
—Você tem certeza? — Eu pergunto, esfregando meu rosto.
—Sim, senhor. — Ela faz uma pausa. —Você precisa ver um médico?
—Não, obrigado. — Eu viro e caminho de volta para o meu carro para deixá-la voltar para fazer o seu trabalho.
—Senhor. — ela grita.
Eu viro para ela.
Sua voz é alta devido à nossa distância uns 3 metros.
—Por acaso você estaria falando sobre uma Shaynee Ryder?
Eu sacudo minha cabeça. — Não, mas obrigado.
Eu caio no banco do meu carro atrás do volante. Uma coisa que a vida me ensinou foi nunca confiar em ninguém. Foi meu primeiro erro fatal confiar em Blake para falar a verdade. Pego o meu telefone, percebo que só tenho dez por cento da minha bateria, eu o abro e procuro por este evento. Demora um pouco para carregar. Mas ela estava certa sobre a banda masculina hoje à noite.
—Foda-se. — Eu bato o volante em frustração.
—Onde ele a tem?
A derrota nunca me atingiu com tanta força. Ela se foi. A menina sabe fugir e como se esconder nas sombras. Eu a perdi.
Eu pensei que estava quebrado quando ela me deixou, então minha mãe faleceu, mas agora, sabendo que ela sacrificou tudo para ajudar minha mãe a passar por tudo, é uma adaga pontiaguda no meu coração.
Há mais duas turnês listadas na página do Arena 55. A outra está de volta ao Tennessee. É minha única esperança. Mesmo que eu precise dormir, comer e mijar, não importa. Nada disso importa. Eu tenho que chegar até ela antes que ela esteja ferida. O pensamento de todos aqueles pais adotivos gananciosos vindo para a frente ou pior ainda, seu pai a encontrando, me faz querer vomitar.
As milhas passam e onde a estrada solitária sempre foi um consolo para a minha alma errante, é o oposto agora. É apenas um lembrete cruel. Não há conforto nesta viagem, apenas o brutal lembrete de todas as minhas perdas. O mundo é cruel.
Meu telefone toca depois de três horas de viagem. O número é desconhecido e eu tenho certeza que é Blake regozijando sobre a louca perseguição que ele me enviou.
—Fala, filho da puta.
—Hart. — A voz do outro lado está nervosa e certamente não é Blake.
—Sim. Quem é?
—É o Seu pai. — Há uma pausa pungente. —Não desligue. É sobre Vannie.
—Fale. — eu rosno.
—Blake está brincando com você. Ela está em Montana na Feira Estadual. Ela canta sob o nome de Shaynee Ryder.
Novamente, não assumindo que esse idiota está me dando a verdade, digo: —Por que diabos você me diria isso?
—Hart, eu trabalho para ele.
—Sim, grande negócio. O mal atrai o mal. — eu cuspo.
—Ele matou Belle. Ela estava grávida do filho dele. Depois que você e sua mãe saíram, fiquei sóbrio e estava em uma missão para encontrar seu assassino. Cheguei perto demais e Blake me chantageou. Ele sabia que sua mãe estava lutando contra o câncer e que as contas estavam se acumulando. Ele pagou e eu permaneci quieto, trabalhando para ele de graça. Ele a tem Hart, e você precisa pegá-la. Ele jogou os mesmos jogos mentais nela como fez comigo. Feira Estadual de Montana. Shaynee Ryder.
—Entendi. — Eu aperto o botão vermelho antes que ele falasse outra palavra.
Eu não desligo o meu celular, mas ligo para um dos meus melhores amigos. Meu bando de irmãos que sempre estão na minha retaguarda. Ele toca duas vezes.
—Ei, idiota.
Eu ouço Gracie no fundo brigando com Cub por causa da sua língua, mas não há tempo para parar e aproveitar as brincadeiras.
— Cub, eu preciso de você.
O ruído de fundo silencia e sei que ele foi para algum outro lugar, me dando toda a atenção. —Estou aqui, irmão —Estou apaixonado. — As palavras saem da minha boca. —É uma longa história, mas preciso que você chegue à Feira Estadual e a uma mulher chamada Shaynee Ryder. Ela está se apresentando lá. Ela está com problemas. Você precisa chegar até ela.
—Respire fundo, Hart. Estou aqui por você. Preciso de mais detalhes.
Eu o informo da melhor maneira possível, dirigindo como um maníaco para a porra do aeroporto.
Sua voz profunda preenche a linha.
—Entendi, irmão. Eu vou dar o telefone para Izzy. Ouça sua voz e foco, ok? Vou ligar para o telefone do Guy pelo telefone da Gracie. Nós temos você.
Não há adeus. Apenas uma vozinha doce enchendo o outro lado. É o completo oposto do pai dela.
—Tio! — ela grita.
—Ei, menina.
—Eu não sou um bebê. Eu sou uma adulta.
—Meu erro.
Sua doce tagarelice me mantém de castigo por todo o caminho até eu chegar ao aeroporto. Ela conversa sobre princesas e unicórnios. Eu volto para o banco de trás e pego sua boneca, segurando a única coisa sólida que conheço.
22
Savannah Ray
—Você entra em dez minutos. Traga sua bunda aqui. — A voz de Lenny vibra na porta do banheiro do trailer.
—Estarei lá em um segundo.
Apenas aquelas poucas palavras me fazem miserável ali. São principalmente náuseas misturadas com bile. Eu não consigo manter nada e sei que são os nervos. Eu não consegui manter nada no estômago ultimamente. Tudo foi virado de cabeça para baixo desde que eu assinei o meu nome falso nessa linha e deixei as únicas pessoas que realmente me amaram.
—Agora. — Lenny grita, seguido por batida na porta.
—Ok.
Essa é a única palavra que sai, depois disso tudo dentro de mim jorra no banheiro em que eu estou curvada. Eu mais nunca vou comer outra salada em toda a minha vida. Foda-se a alface. Eu limpo minha boca com as costas da minha mão e, em seguida, estendo a mão e destranco a porta. Lenny entra, na sua verdadeira glória. Mãos no quadril com desaprovação claramente escritas em seu rosto.
—Jesus, Shaynee, quando você vai sair dessa de pobre garota? — Lenny vasculha dentro de sua bolsa de couro preto, puxando uma garrafa laranja.
—Eu sinto muito.
Ela bate três comprimidos no balcão.
—Quer saber quem não sente muito? Os malditos fãs que gastaram um bom dinheiro para ver a estrela em ascensão da música country. Pegue isso e tire sua bunda daqui.
Ela bate a porta ao sair. Eu juro que ouço as dobradiças chacoalhando, ameaçando cair da parede falsa. As pílulas no balcão silenciosamente gritam meu nome. Lenny afirma que elas vão resolver todos os meus problemas, mas algo está errado.
Eu as pego como sempre, rolando-as na palma da minha mão. Mas e se elas me ajudarem? Tirarem a dor e a doença? Uma janela de tempo flutua com minhas decisões girando em minha mente. Pensamento após pensamento derivando por... e se elas me levarem de volta para Hart?
Repito a mesma ação de sempre e deixo as três pílulas brancas afundarem no ralo. Eu ajusto o sutiã apertado, o novo cabelo maluco e eu passo a ponta do dedo nas bolsas embaixo dos meus olhos. Megan vai trabalhar sua mágica na minha maquiagem, então sem preocupações.
Eu abro a porta e o cachorro louco Lenny está lá, batendo a ponta do seu salto alto. Uma vez que ela me vê, sua resposta é sair do ônibus e, como o filhote sem esperança que sou, a sigo. O rugido surdo da multidão indo para seus assentos enche o ar e então é o DJ que os entretém.
É uma ação mecânica. Eu conheço as músicas que eu tenho que cantar e depois metade do original que eu escrevi. Eu deveria ter resistido ao assinar o contrato, mas o rosto de Maria foi o que controlou tudo no momento, e eu nunca vou me arrepender disso.
Eu odeio o ambiente, apesar da multidão, e cheguei a odiar cantar. É tudo um show e nada sobre a minha alma. Eu odeio tudo isso a ponto de vomitar e ficar doente.
A maquiagem está pronta e minha juba selvagem presa com um falso moicano. Uso um short de couro curto expondo minhas pernas com o top justo. Não é nada que eu goste, mas o que sou obrigada a usar no palco noite após noite.
Os caras do som me cercam enquanto eu ajusto meu violão na minha frente. É só um adereço porque eu nunca pude tocá-lo. Há um vídeo retratando uma garota de cidade pequena tocando antes da minha entrada, então eu rio no palco, arranco o violão e depois canto as músicas que aprendi a odiar. Desprezo a música que matou a minha alma.
—Tudo pronto.
Emblemas são mostrados e falados, mas eu fui treinada para ficar muda para todos os sons. Ele continua enquanto tudo está preso ao meu corpo. Lenny está me dizendo tudo o que preciso melhorar. Meu estômago rola, mas a autodisciplina que aprendi a desenvolver o acalma um pouco.
Então ouço duas palavras que me fazem virar nas botas de cano alto que estou calçando.
—Savannah Ray.
Dois homens barbudos repetem o nome uma e outra vez. São os dois homens que me incendiaram? O pai adotivo que me violou? Ou outro sanguessuga querendo se aproveitar do meu sucesso?
—Savannah Ray. Estamos aqui por ela. Nós suspeitamos que ela está sendo mantida contra sua vontade como Hart nos disse. Ele tem procurado por sua Shug.
Lenny vira e dá um olhar frio de pedra a eles e depois estala com a língua. —Tire esse lixo daqui agora. Eles não foram liberados para estarem aqui e nada afetará esse show.
Os dois homens de barba se aproximam, não intimidados por Lenny. Eu admiro a coragem deles e lembro o nome que eles falaram, Hart.
—Eu sou... — Eu tento, mas as palavras não saem.
Eu avanço para os homens barbudos, confiando neles porque eles falaram o nome dele. Eu levanto minha mão no ar, deixando eles saberem que eu sou Savannah. As próximas palavras fazem todas as minhas ações desabarem.
—Eu sou a sua Shug.
Meus joelhos ficam fracos e tremem. Um dos homens de barba começa a falar, mas é tudo um borrão. Eu caio em uma escuridão vertiginosa.
Quando recobro a consciência, luto como o inferno para combater o enjoo.
—Querida. — Eu ouço uma voz.
É apenas minha imaginação, porque a voz carrega a mesma sensibilidade de Peaches ou Maria e fazem parte da minha longa história. A voz continua a falar comigo até que meus olhos finalmente se abrem. Dois rostos carinhosos e estranhos olham para mim. Um tem cabelo selvagem, louco e encaracolado. É ela quem fala primeiro.
—Somos parte da família de Hart. Nós viemos buscar você para ele. Nós não vamos te machucar.
—B-barbas. — uma única palavra cai dos meus lábios.
A outra ri, mas depois fala. —Aqueles eram nossos maridos. Eles estão nos conduzindo. Eles conheceram Hart no Exército. Eles são como irmãos.
As duas sorriem para mim e dizem seus nomes... Gracie e Molly.
—Vomitar. Eu estou doente.
O carro desliza para o lado da estrada e meu estômago revira.
Quando volto para o carro, o conjunto de dois olhos carinhosos estão olhando para mim.
—Há quanto tempo você está vomitando? — Uma delas pergunta.
—Desde que eu perdi Hart. — Meus olhos se fecham, e eu estou apenas agradecida por tudo isso acabar.
A próxima vez que eu acordo, as mesmas duas mulheres estão andando ao meu redor, falando em sussurros abafados sobre ganhar alguma aposta quando Hart se apaixonasse. Eu olho para baixo para ver o que estou vestindo e agradeço que eles não perceberam o movimento. Eu sou grata que o traje que eu fui forçada a usar foi removido. Eu relaxo de volta na cama e suspiro. Então o pânico me atinge e eu me levanto da cama.
Ambas as mulheres olham para mim enquanto eu agarro meu abdômen.
—Oh, querida, você vai vomitar de novo? — Uma delas pergunta.
Eu não consigo nem começar a compreender meus pensamentos. Elas me vestiram, viram as cicatrizes e a pele marcada, e elas só estão preocupados comigo vomitando. Nada disso faz sentido, está me confundindo para caramba.
A porta da sala se abre e uma garota seguida por outra vem correndo discutindo sobre biscoitos queimados e quem escolherá um filme.
—Izzy.
A menina olha para mim.
Ela ofega, em seguida, cobre a boca.
—Princesa.
Eu aceno fracamente sabendo exatamente quem ela é.
—Você é do Hart. — Seus olhos estão cheios de orgulho e alegria.
Leva tudo dentro de mim para segurar as minhas palavras e dizer a ela que ele mais do que provavelmente ele me odeia.
—Sim eu sou.
Ela pula na cama, enrolando seu corpinho sob os lençóis e ignorando os protestos de sua mãe.
—Ele ama você, mas me ama mais. — Seus olhos brilham de excitação. —Onde está o meu tio Hart?
Não tenho ideia de como responder. Nós duas amamos o mesmo homem e eu o deixei. Eu só espero que um dia ele entenda meus motivos.
—Ele irá vir aqui já que sua princesa está aqui?
Eu encolho em confusão ainda tentando processar o fato de as duas mulheres que me vestiram estarem apenas preocupadas comigo e não com as minhas cicatrizes.
Izzy empurra bonecas no meu rosto, fazendo todas as minhas preocupações desaparecerem. Ela ignora sua mãe enquanto a outra garotinha pergunta se ela pode correr pela lama, e também deixa sua mãe saber que se houver lama em todo o carro não foi ela.
Eu ouço e tento acompanhar Izzy até minhas pálpebras ficarem pesadas e eu adormecer. Eu não tenho ideia de quanto tempo passa, mas quando o sol brilha queimando minhas pálpebras, eu as abro. Ainda tem uma menininha enrolada ao meu lado. A ameaça de vômito e ansiedade já passou há muito tempo.
Eu olho para Izzy que está deitada do meu lado com uma de suas bonecas. Sua respiração rítmica me faz relaxar, embora eu saiba, sem sombra de dúvida, que estou com o pessoal dele.
Nada disso importa com Izzy me segurando forte. Sua pequena mão está espalhada pelo meu abdômen. Seus dedos se contorcem em seu sono. Ela está me fazendo me sentir linda como Hart fez.
Hart.
Essa única palavra traz lágrimas aos meus olhos, mesmo que esses estranhos tenham me recebido em sua casa. A respiração de Izzy me faz voltar a dormir.
Não tenho ideia de quanto tempo passa quando ouço as próximas vozes.
—Eu cuidei muito bem dela, tio. Eu dormi com ela a noite toda.
—Você fez muito bem, menina. — O colchão afunda e eu finalmente abro os olhos.
Izzy está do meu lado, sentada com excitação em seus olhos.
—Ela é muito bonita como você disse. Ela não é como aquelas mulheres de Vegas. Eu gosto muito dela.
—Sim. — Sua voz profunda ressoa ao redor do quarto.
—Mas você ainda me ama mais, certo, tio?
—Sempre.
O corpo de Izzy se move do meu lado, e então o fundo da cama farfalha em movimento. Eu abro meus olhos mesmo que eles doam. A dor vale a pena quando vejo os dois lutando juntos. Hart está fingindo que Izzy está com ele preso. Ele a ridiculariza com seu hálito matinal, dizendo a ela como ela está fedida.
Consigo empurrar o meu corpo na cama, relaxando contra a cabeceira. A dupla no final da cama não me nota. Eu os vejo com um puxão no meu coração, sabendo que perdi esse homem para sempre com as escolhas que fiz.
É um choque que a náusea não me atinja quando eu me sento na posição vertical. Uma semana depois de sair de Hart isso me atingiu todas as manhãs e ao longo do dia. A ansiedade se foi, e os laços da minha prisão foram quebradas, eu me sinto livre, mesmo que eu nunca tenha a chance de estar com o homem que deu tudo para mim.
Izzy foca em mim muito bem acordada. —Sua princesa, tio. Ela está acordada.
O corpinho de Izzy se contorce freneticamente até que ela esteja escorregando no meu colo e segurando minhas bochechas. —Você é bonita.
Hart estava brincando com seu hálito matinal.
Eu aceno, incapaz de formar palavras.
—Quer conhecer o resto da nossa família? Eles vão te amar. Eles disseram que Hart nunca se apaixonaria e eu continuei contando sobre sua princesa. Posso mostrar para você?
O colchão move novamente. Eu olho por cima do ombro para ver Hart de pé, colocando as mãos nos bolsos da frente. Seus olhos estão exaustos e seu coque está uma bagunça no topo de sua cabeça. Ele tem uma leve barba aparecendo em seu rosto. Nem um único sinal de sua antiga personalidade.
—Izzy, deixe ela acordar.
O som de sua voz profunda envia arrepios pela minha espinha.
Eu faço o que Hart me ensinou a ter coragem de fazer. Eu aceno com a cabeça respondendo sim para Izzy, aceitando mais uma primeira vez. Eu nunca conheci uma casa cheia de estranhos que me viram no meu pior e ainda me receberam tão bem.
Antes que Izzy tenha a chance de gritar de alegria, a porta se abre com mais três crianças entrando no quarto. A garotinha mais fofa que já vi de cabelo castanho vem marchando como se ela fosse a chefe do mundo. Ela tem lama em todo o rosto e macacão.
—Estamos indo caçar sapos, em seguida, pescar no riacho. Vovô está nos levando. Quer ir?
A garota está falando sério seu pelo tom de voz. Eu admiro sua dedicação em ser ela mesma.
—Não, Juliette, eu vou ficar com o tio Hart.
—Oh! Ei, tio Hart. — A menina dá um aceno rápido para ele.
—E aí, Juliette. — Ele dá um aceno de cabeça.
Nós obviamente não temos muito a oferecer a eles já que as três crianças saíram do quarto.
—Vamos lá, Shug. Hora de conhecer a família. — Izzy puxa minha mão.
Bom Deus, essa criança passou muito tempo perto de Hart. Esta menina tem seu espírito com perfeição.
Quando me levanto e me recomponho, Hart a tira da cama, dando um tempo para que eu possa usar o banheiro dentro do quarto. Há uma escova de dentes nova, roupas limpas e tudo mais que eu precise para me refrescar. Eu aproveito tudo isso.
Izzy e Hart esperam por mim no corredor. Cada um deles pega minha mão, me conduzindo pelo longo corredor. Mesmo que seja Izzy tagarelando, olho para Hart. Ele está olhando de volta para mim com um olhar terno e grato. Eu tento dizer a ele o quanto eu sinto muito.
Ele se inclina bem antes de sairmos do final do corredor.
—Eu amo você, Shug, mas se você se sacrificar assim novamente, eu vou bater no seu traseiro.
Eu sorrio para ele, mas não tenho a chance de responder antes que Izzy nos leve para uma cozinha aberta. Existem quatro corpos em torno de uma ilha. Todos olham para nós. Izzy não perde tempo correndo para perto de Hart.
Deus abençoe Izzy, que fala sobre eu não ser uma mulher de Vegas e como eu sou bonita e que meu hálito fede como o dela pela manhã. Sua mãe, ou a mulher que eu suponho ser sua mãe, a coloca na ilha nos dando algum espaço.
Nenhum deles me olha como se eu fosse um estranho projeto de ciências. Os homens começam a virar a merda de Hart, e ele sorri absorvendo tudo. Eu percebo que todos eles têm uma tatuagem combinada de Bob Esponja em seus antebraços. Eles estão conectados de alguma forma, com certeza.
—Como você dormiu? — A outra mulher pergunta puxando uma bandeja de biscoitos queimados.
Eu faço o meu melhor para mascarar meu medo das pilhas de carvão.
—Bem. Obrigada. — eu sussurro.
—Você achou todas as coisas no banheiro? — Ela pergunta, afastando a fumaça. —Eu me distraio quando estou assando, mas estou determinada a conseguir um lote bom.
O homem com a maior barba abana a cabeça, mas sorri carinhosamente para ela.
—Sim, obrigada.
—Você está com sorte. Molly pode cozinhar alguns ovos e linguiça. — acrescenta o homem.
—Sim. — Ela bate as mãos juntas. —Você gostaria de alguns?
Meu estômago ronca na hora. Molly começa a servir a comida em três pratos. Ela coloca um na minha frente junto com um grande copo de suco de laranja gelado. Ela coloca os outros dois na frente de Hart. Izzy está colada em suas costas trançando seu cabelo. Ele se inclina para trás na ilha conversando com o outro cara, não dando a mínima para o que a garotinha está fazendo.
—Isso parece incrível. Obrigada, Molly.
Eu não estou mentindo, comparado com os shakes de proteína desagradáveis que Lenny praticamente empurrou pela minha garganta toda manhã, isso é o paraíso. As salsichas gordurosas e ovos cobertos com queijo estão chamando meu nome. Todas as maneiras voam pela janela enquanto eu dou as primeiras três mordidas. Eu pego meu copo de suco de laranja para engolir a comida.
O cheiro irresistível de laranjas me atinge com força, fazendo meu estômago revirar. Eu o coloco de volta, engolindo em seco.
—Você está bem? — Molly pergunta enquanto a outra mulher, Gracie, olha para mim.
—Sim, obrigada.
— Jesus, Vannie, você poderia pensar em outra frase para usar?
Eu tento novamente beber o suco, mas o cheiro é demais. Desta vez é demais para segurar.
—Banheiro. — eu grito em pânico.
É como se Molly tivesse lido minha mente. Ela pega minha mão, correndo de volta para o corredor. Ela atravessa um quarto e eu vejo o banheiro. Náusea me atinge poderosamente, fazendo eu esvaziar o conteúdo do meu estômago.
—Fora, Hart. — Gracie fecha a porta na cara dele.
As mulheres continuam a uma boa distância, mas estão perto o suficiente para me apoiar. Molly se senta na beirada da banheira com um olhar preocupado quando eu relaxo de volta na parede.
—Há quanto tempo você está vomitando? — Pergunta Gracie.
—Um mês. — Eu dou de ombros. —Eu atribuí isso aos nervos.
—Eu já volto. — Molly salta do lado da banheira, correndo do banheiro.
—O que ela está fazendo? — Eu aponto meu dedo em confusão.
—Quem sabe? — Gracie sopra a franja de seus olhos.
—Isso é embaraçoso. — Eu cubro meu rosto.
—Meu bem, a minha filha teve o maior colapso da sua vida neste banheiro, me fazendo sentir como sujeira. Isso não é nada.
—Sua filha? — Eu pergunto.
—Aquela coberta de lama.
Eu aceno sabendo exatamente de quem ela está falando. Gracie continua me informando como todo mundo conhece todo mundo. Seu namorado da escola, que era irmão de Molly, e o resto dos homens serviram juntos no Exército. Gracie está agora com Cub e Molly com Guy, que era o melhor amigo de seu irmão.
—Estou confusa. Onde está este Amos? —Eu pergunto.
Eu lamento a pergunta uma vez que sai da minha boca.
—Ele morreu na guerra.
—Eu sinto muito. — Eu pego sua mão. —Eu não fazia ideia.
Ela me envia um sorriso gentil. —Está tudo bem. Ele nos trouxe todos juntos. É tudo por causa dele. Ele é bastante persistente.
—Você administra a antiga pensão de Hart, certo?
Ela acena com a cabeça. —Não tem sido o mesmo desde que ele saiu.
—Eu o machuquei— eu sussurro.
Gracie não tem tempo para responder porque Molly atravessa a porta com uma caixa retangular em suas mãos. Gracie revira os olhos para ela. Estou sentindo uma piada interna.
Molly volta para a beira da banheira, olhando para nós.
—Você está grávida. Faça xixi nessa vara.
As duas garotas vão e voltam sobre o absurdo de eu fazer xixi em uma vara. Grávida? Não pode ser. No final, Molly venceu. Ela abre a caixa e puxa a vara indescritível. As duas mulheres com entusiasmo me dão instruções sobre como fazer m seguida, coloco ele no balcão. Mas a instrução mais importante é bater na porta uma vez que terminar.
Eu sigo suas instruções com perfeição. É insano porque Hart e eu sempre usamos camisinha. Mas eu me dedico ao pedido delas. Quero dizer, afinal, elas fizeram muito por mim, me salvando do inferno.
Quando eu bato na porta, elas entram de volta e Molly coloca um temporizador em seu telefone, obcecada com o teste, enquanto Gracie segura minha mão oferecendo conforto. As próximas palavras me apavoram no maldito instante.
—Eu acho que devemos ir buscar Hart. — Molly quebra o silêncio.
—Por quê? — Eu pergunto.
—Ele precisa estar aqui — ela responde.
Eu não tenho ideia de onde vem, mas eu deixo escapar isso mesmo assim. —Vocês viram minhas queimaduras?
—Sim. — elas respondem em uníssono.
Você poderia pensar que eu havia perguntado qual é o sabor favorito de sorvete delas. Não houve nenhuma dose de julgamento. Gracie deixa a porta aberta. Molly se inclina com um sorriso cobrindo o rosto e sussurra no meu ouvido.
—Você está grávida, minha querida. — Ela beija minha bochecha e sai do banheiro.
O minúsculo banheiro ameaça me engolir inteira. Hart entra momentos depois com as mãos enfiadas nos bolsos. Eu sento na beira da banheira, zombando do local de repouso anterior de Molly.
—Eu sinto muito. — eu sussurro.
—Por quê? — Ele pergunta, não se aproximando.
As palavras vomitam de mim como o vômito vem fazendo. —Ele me disse para assinar ou ele deixava de pagar as contas do hospital. Ele me deu sete dias. Na manhã em que a ambulância levou sua mãe para o hospital, eu sabia que tinha que fazer isso. Eu faria qualquer coisa por você e Maria.
—Por que você não me contou? — Pergunta ele.
—Você o teria matado. — Eu olho para meus dedos. —Eu só queria te dar todo o tempo possível com sua mãe. Eu amo vocês.
Eu ouço seus pés descalços batendo no chão, ele então cai de joelhos colocando as mãos em cima das minhas pernas. O olhar em seu rosto quando faço contato visual com ele me faz sentir como se eu estivesse em casa, mesmo sabendo que o machuquei.
Ele estica a mão, pegando o colar de meio coração que estou usando, e fica em silêncio por um longo tempo. Eu quase abro minha boca para falar cerca de dez vezes, mas não sai nada.
—Por favor, Shug, por favor, nunca mais me deixe. Fale comigo.
As lágrimas começam a rolar.
—Eu sinto muito. Eu estava apenas tentando fazer a coisa certa.
—Algum deles te machucou? — Ele pergunta.
—Não. — Eu balanço minha cabeça com confiança. —Eles fizeram eu odiar cantar.
—Ela se foi. Ela morreu nos meus braços. — Ele quebra completamente, deixando cair a cabeça no meu colo.
É um instinto natural envolvê-lo nos meus braços e colocar minha bochecha em suas costas. Eu o deixo chorar e apenas o abraço.
—Eu nunca parei de amar você, Hart. Nem um segundo passou sem você na minha mente. Foi o seu amor que me fez continuar.
—Nunca me deixe de novo. — ele repete, mantendo a cabeça no meu colo. Eu não me importo se você estava tentando me proteger, me destruiu quando você fugiu. Eu não tinha ideia do que diabos aconteceu com você. A doença da mamãe era uma bênção disfarçada, mantendo minha mente longe do fato de você ter me deixado.
—Você recebeu o meu bilhete?
—Apenas dois dias atrás, então eu entrei em uma missão e vim até você.
Eu puxo a cabeça para cima do meu colo e olho em seus olhos.
—Foi você quem me ensinou a proteger os que você ama. Eu fiz o que achei melhor. Eu faria de novo sabendo que sua mãe recebeu mais tempo e sua dor foi aliviada.
Eu mantenho suas bochechas na minha mão e continuo a falar.
—Eu amo você, Hart, e eu entendo se você nunca puder me perdoar. Você é a única pessoa que já me fez sentir e por isso meu amor sempre será seu.
—Shug.
Minha espinha endurece ouvindo meu apelido escorregar de sua língua. Pode ser a última vez.
—Eu me apaixonei por você na noite em que você me derrubou do seu banco do bar. Foi rápido e duro. Você fazer um sacrifício pela minha mãe é algo que meu cérebro não pode sequer compreender agora. Eu nunca vou deixar de amar você por isso. Apenas nunca corra novamente. Eu não existo sem você.
Eu realmente pensei que me senti amada antes, mas a dura verdade era que eu não tinha. Isto é amor.
Perdoando, falando e voltando. É neste momento que este homem realmente me deu o mundo.
—É hora de outra primeira. — eu sussurro.
—Sexo de reconciliação? — Ele pergunta com dor ainda grossa no rosto.
Ele está triste e magoado, mas o Hart que eu amo está lutando para sair.
—Não. — eu balanço a cabeça de um lado para o outro.
—O que então? — Confusão nubla suas características.
—Estou grávida.
Isso bate Hart de volta em sua bunda. Ele olha para mim sem expressão. Em câmera lenta, a dor, a tristeza e todos os vestígios de perda desaparecem em um instante. Eu pego o bastão na parte de trás do banheiro e aceno para ele.
—Eu tenho vomitado sem parar e atribuído isso ao estresse e ansiedade. Molly insistiu que eu deveria fazer um teste. E deu positivo.
A felicidade em seu rosto se transforma rapidamente.
—É seu, Hart. Não houve mais ninguém. — eu deixo escapar as palavras para me tranquilizar.
—Shug, não tenho dúvida. — Um grande sorriso cobre o seu rosto. —Um bebê.
Ele repete as últimas duas palavras repetidas vezes.
—O que nós vamos fazer?
Hart olha para mim com um olhar intrigante. —Sobre?
—Onde vamos morar? Onde isso nos deixa?
Ele pula rapidamente, me pega e depois me coloca na bancada. Minhas pernas se espalham para ele quando ele entra entre elas. É uma reação natural quando eu envolvo meus braços em volta do seu pescoço e nossas testas caem juntas. Hart chega por trás do pescoço, entrelaçando os dedos com os meus. Conectados como pode ser, ele olha nos meus olhos.
—A estrada aberta costumava trazer conforto para minha alma, mas sem você ao meu lado era tortura. Nós somos, ambos, almas perdidas que encontraram uma conexão. Nós fazemos um ao outro ganhar vida. Nosso único plano é ver onde esta jornada nos leva. Minha aventura se transformou em realidade com você. Vamos ser viajantes apaixonados em uma jornada construindo nosso futuro juntos.
—Eu te amo, Hart.
Essas são as únicas quatro palavras que posso dizer.
—Que tal outra primeira? — Ele pisca para mim. Eu levanto minhas sobrancelhas em questionamento. —Sexo no banheiro na casa de um amigo com minha alma gêmea grávida.
Eu jogo minha cabeça para trás e rio da única maneira que Hart Richards pode me fazer rir. Parece uma eternidade desde que senti essa alegria. Não é mais um sentimento estranho, é normal. Eu mereço.
23
Hart
—Você não está com fome, tio? — Eu olho para baixo para Izzy, que está no meu colo.
A garota não saiu do meu lado nos últimos três dias. Eu senti a falta dela como um louco.
Eu me inclino e sussurro em seu ouvido.
—Apenas aproveitando o momento.
Ela coloca o garfo no prato com os dentes mergulhando em purê de batatas e molho, então cruza os braços.
—Eu também, eu vou aproveitar o momento.
Eu beijo o topo de sua cabeça com meu peito quente e formigando, imaginando como o meu bebê irá ser. Eu perdi a mulher que me moldou, e eu a amo com todo meu coração. Sua alma flutuou para o céu, seu corpo foi enterrado a sete palmos, então, no próximo piscar de olhos, recebi o maior presente possível.
Eu estudo Vannie, que está em uma profunda conversa com meus amigos. Tudo era muito natural, ela se conectando com eles. Ela não era mais tão tímida e reservada. Ela é a mulher que amo.
Eu fiquei encantado quando ela falou abertamente sobre seu passado com todos eles na noite passada, depois que as crianças foram para a cama. Ela não deixou nada escondido, em seguida, continuou sobre como nos conhecemos e como ela saiu de sua concha.
—Já chegou a hora? — Izzy me pergunta.
Eu aceno dando-lhe um pequeno sorriso.
Izzy pigarreia dez vezes até ter a atenção de todos. Deus abençoe seu coração. Ela tinha Cub de pé pensando que sua menina estava sufocando. Uma vez que o foco da mesa está em nós, eu alcanço e agarro a mão de Vannie.
—Temos um anúncio. — Izzy bate as mãos juntas.
—Quem? — Pergunta Guy. —Você e aquele sapo no seu bolso?
Izzy revira os olhos.
—Vestidos não têm bolsos, tio Guy.
—Vá em frente. — Gracie, sua mãe, a incentiva.
Ela limpa a garganta se sentindo como uma rainha. É muito importante para ela se sentir parte disto. Izzy sempre estará na minha vida. Durante muito tempo, foi Cub e ela que me fizeram feliz. Eles eram minha espinha dorsal na vida. Esta menina no meu colo fez minha vida normal depois da guerra.
—Vannie está grávida e Hart fez isso.
Gracie e Cub olham para mim, sabendo muito bem que eu a ajudei com o discurso.
—Um bebê! — grita Molly.
Uma rodada de parabéns flutua ao redor da mesa. Eu sou um rei em alta e ninguém pode tirar isso de mim. Os homens me oferecem quantidades infinitas de cerveja gelada e as mulheres conversam com Vannie sobre ter um bebê. É alegria na forma mais pura.
No momento em que chegamos ao quarto de hóspedes, estou bêbado e com tesão. Vannie me empurra de volta na cama, me lendo como um livro aberto.
—Cuida de mim, Shug.
Ela sobe em cima de mim, montando minhas coxas, e então o som do meu zíper descendo enche o ar.
—Eu quero mata-lo. — Minhas palavras a fazem congelar. —Ele levou você para longe de mim, ele jogou jogos mentais com você.
—Hart. — ela sussurra.
—Querida. — Eu a alcanço, segurando a maçã do seu rosto. —Ele vai cair. Ele não vai se safar disso. Apenas confie em mim que ele vai cair por isso.
Ela balança a cabeça com lágrimas nos olhos.
—Não faça nada estúpido. Eu preciso de você.
Eu a viro até ter as costas dela pressionadas no colchão. —Eu prometo, Shug, mas vou proteger o que é meu.
Já está em movimento, só bastou pedir um favor ao meu bando de irmãos. Blake Patton não tem ideia da tempestade que está prestes a chover sobre ele. Eu queria um assassino de aluguel, mas Cub e Guy foram mais rápidos. Eles têm uma equipe reunindo todas as informações necessárias para colocar Blake longe por toda a vida.
—Faça amor comigo, Hart. — ela sussurra.
E eu escuto. Eu empurro sua calcinha para o lado, lentamente afundando dentro dela. Nossos corpos se movem lentamente, saboreando cada sensação. Meus cotovelos emoldurando seu rosto, meus lábios devorando os dela, e todos os pensamentos do nosso passado desaparecendo para sempre. Nós temos isso aqui e agora.
Eu recuo quando a sinto apertando em torno do meu pau. —Case comigo, Shug.
—Sim! Oh Deus, sim. Hartttt. — ela grita.
Eu derramo dentro dela sabendo que ela aceitou enquanto se entregava à sua própria liberação.
Eu acaricio seu pescoço.
—Estou com tesão por uma nova tatuagem.
—Você é a pessoa mais aleatória que eu conheço, Hart Richards. — Vannie empurra em meus ombros.
—Estou falando sério. Eu quero Shug em letras maiúsculas na minha bunda.
Vannie explode em um ataque selvagem de riso e eu não me lembro mais dos nossos problemas.
***
Tudo foi feito em três dias. Cub foi ordenado online. Ele era a única pessoa que eu queria que nos casasse. Izzy e Vannie combinavam em vestidos simples e brancos. Enquanto as outras crianças estavam ansiosas para acabar com isso e ir pescar no riacho.
Uma única rosa branca está deitada em uma cadeira na primeira fila para minha mãe. Tudo perfeito. Vannie pediu que meu cabelo fosse puxado para cima com o seu coque favorito. Eu balanço de um lado para o outro nos meus calcanhares olhando para a minha noiva no final do corredor esperando a música tocar.
Esta colina em Beartooth Ranch era o único lugar onde eu queria me casar. Assistimos muitas celebrações e tristezas ao longo dos anos aqui. O solo debaixo dos nossos pés poderia encher centenas de livros. Eu olho para a lápide na colina. Amos Marshall.
Meus olhos ardem de tristeza e orgulho. É por causa dele que fomos reunidos. Um dos irmãos que perdemos no Afeganistão. Ele se foi, mas nunca foi esquecido. Uma sujeira molhada pousa no meu ombro me confundindo um pouco. Molly corre para mim, resmungando para si mesma e limpando a merda do pássaro do meu smoking.
—Um pássaro acabou de cagar em mim? — Eu pergunto.
—Não é engraçado, Amos. — Molly olha para o céu. —Seu idiota!
Eu olho para Guy, que está observando sua esposa com um sorriso triste no rosto. Ele só encolhe os ombros.
—Você sabe que o idiota teve pássaros cagando em mim desde o dia em que ele morreu. — Ela dá mais um tapinha no meu ombro, secando a mancha molhada. —Ele está aqui com você.
Ela beija minha bochecha e corre de volta para Guy. Eu a observo por longos momentos, vendo lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Todos nós sentimos falta de Amos e sempre sentiremos. Uma força como ele nunca será esquecida.
Outra onda de comoção agarra minha atenção. Juliette em seu vestido rosa sujo montando um dos cães de tocar o gado com Molly correndo em seus calcanhares tentando pegá-los. Os gritos de riso de Juliette são contagiantes. Ela cai em uma poça de lama e depois é prontamente arrancada pela mãe. Gracie se agita tentando fazer um laço no cabelo da garotinha só para arrancá-lo. Como eu disse, a lenda de Amos viverá para sempre.
É neste momento que me atinge. Os amigos são a família que você escolhe e são aqueles que pertencem ao seu círculo. Juliette, filha de Amos, descobriu isso com Gracie e Cub. Molly e Guy criaram sua própria fatia de perfeição um com o outro, e neste dia eu estou criando a minha própria.
O pensamento é poderoso e deixa os meus joelhos fracos. É uma grande responsabilidade e estou pronto para isso. Izzy aperta minha mão quando a música começa a tocar, e então eu vejo meu futuro caminhar na minha direção, um passo gracioso de cada vez. Eu posso ser um viajante no coração, mas agora eu sou um homem que encontrou suas raízes.
Izzy aperta minha mão mais uma vez, olhando para mim. Eu tiro o meu olhar de Vannie bem rápido.
—Você tem isso, tio.
Eu enfio a mão no bolso, puxando o anel para fora e silenciosamente o coloco em seu dedinho. Assim que Vannie me alcança, eu a beijo como nunca, não me importando que eu esteja bagunçando toda a cerimônia.
O que nenhum de nós sabe é que esta colina vai ter várias outras memórias para nós na estrada.
24
Hart
—É hora de escolher um lugar. A palma da minha mão corre pela barriga de Vannie.
—Já? — Ela lamenta, virando para mim na cama do hotel.
—Sim, você já me deixou nervoso demais nesta viagem de carro estando grávida.
Depois de casarmos, partimos sem destino em mente. Nós simplesmente viajamos juntos.
Eu me inclino beijando sua barriga cheia de cicatrizes com o ruído de fundo da televisão flutuando no quarto. Minha preocupação com ela carregando o bebê e a pele esticando me consome. Não é um medo que compartilho com Vannie, mas perguntei ao médico várias vezes. Tenho certeza que a enfermeira em seu consultório está prestes a bloquear o meu número.
—Onde você quer viver? — Ela sussurra.
—Qualquer lugar com você, Shug.
—Montana.
Eu olho para ela chocado. —Mesmo?
Ela acena com a cabeça. —Sim, eu amo aquilo lá.
—Então é Montana. Izzy aprovará sua decisão.
—Eu só me preocupo com Peaches. — Vannie mordisca o lábio inferior.
Eu descanso minha cabeça em sua barriga. —Nós podemos visitar.
—Ok, mas uma vez que o bebê vier, precisamos visitar muitas vezes. Eu quero que ela conheça sua tia.
—Ela? — Eu arqueio uma sobrancelha.
—Apenas um sentimento.
Vannie congela quando a televisão explode com um alerta de notícias de última hora. Sou enviado de volta para o dia no sofá da casa de Peaches. Nós dois nos sentamos e eu seguro Vannie o mais apertado que posso em meu peito.
—Breaking News trazendo a notícia para você no Canal Sete. — A foto de Blake pisca na tela.
Vannie estremece, afastando-se da tela.
—Acaba de chegar, Blake Patton foi preso e acusado de múltiplos crimes. Arena 55 foi fechada e estão em buscar de novas provas. No topo das acusações tem assassinato, sequestro e estupro. O Canal Sete manterá você atualizado enquanto o caso prossegue. — O apresentador loiro sorri melancolicamente para a câmera.
—Para todos os amantes da música country, isso é um choque, mas só podemos incentivá-los a seguir a história e se ater aos fatos.
Ficamos em silêncio por um longo tempo, respirando a vitória de afastar Blake. Sim, ainda tem muita coisa por vir, mas já é alguma coisa. Eu conheço as evidências contra ele através das minhas conexões, o homem nunca mais verá a luz do dia do lado de fora de uma cela de prisão.
—Me Leva para casa. — Vannie sussurra.
Ela só tem que dizer isso uma vez antes de eu sair da cama e arrumar nossas malas. Estamos no meio de Oklahoma, então levaremos dias para chegar a Montana. Vannie adora viajar vendo o mundo ao meu lado, não correndo e se escondendo dele. Mas eu tenho sido persistente em me estabelecer em algum lugar, querendo ela perto de um médico. Todo esse jogo de gravidez me deixou inseguro.
Estamos na estrada e, embora o céu esteja coberto pela escuridão, as estrelas que eu adorava encarar nos guiam para casa. Eu não admiro o céu como eu costumava, porque não há necessidade de olhar para cima esperando por mais.
Vannie dá um leve tapa na minha perna e eu viro para ela. Vejo uma minhoca de goma vermelha e branca pendurada em seus lábios. Eu a alcanço com um olho na estrada e agarro a outra metade com a boca. Eu adoraria nada mais do que terminar isso com um beijo, mas eu tenho toda a minha vida com ela e poderei fazer isso inúmeras vezes.
Quem diria que uma alma perdida de cabelo encaracolado seria a que roubaria meu coração com seus beijos doces.
A vida é doce como pode ser.
Eu ajusto meu chapéu de cowboy favorito na cabeça e vou para casa.
Um verdadeiro lar onde o amor e o riso são abundantes.
Epílogo
Hart
Quatro anos depois
—Coop, ponha sua roupa de baixo e pare de fazer xixi ao redor.
É o que ouço quando entro na porta depois de um longo dia de trabalho com Cub. A nova adição está chegando muito bem. Eu encontrei um gosto por construir coisas e comecei minha própria empresa assim que nos instalamos aqui em Montana.
—Mamãe, eu vou precisar fazer xixi.
A voz de Vannie cresce o mais severo possível, o que não é muita coisa.
—Coop, se você precisa ir ao banheiro, basta puxar sua roupa de baixo e ir ao banheiro.
—Papai! — Um garotinho gordinho, com o bumbum nu, usando seu par favorito de botas de cowboy e cachos selvagens e loiros escuros corre no meu caminho.
Vannie está sentada na velha cadeira de balanço da minha mãe, com seu velho cobertor, cuidando da nossa filha. Ela tira a franja dos olhos quando me vê e fala com nossa menina. —Coop é muito parecido com seu pai, empurrando e testando todos os limites com os quais ele entra em contato.
—Eu tenho vontade de fazer xixi. — Coop pega as suas coisa e começa a pular para cima e para baixo.
—Vamos fazer isso, filho. Eu pego o chapéu de cowboy marrom do gancho, coloco na cabeça dele e abro a porta da frente.
Coop sai pelos degraus da frente como se ele fosse um homem de verdade para tornar o mundo a sua cadela. Eu realmente encontrei meu par com ele.
—Papai, precisa de música para fazer xixi.
Eu chego no fundo do meu bolso, puxando meu celular e ligando um pouco de AC/DC para o garoto. Leva um momento antes que ele faça o trabalho. Ele fica um pouco empolgado demais com a música, dançando enquanto faz xixi.
—Não nas flores de sua mãe. — Eu o pego debaixo dos ombros e o movo para o lado. —Nunca faça xixi nas flores da sua mãe, filho.
—Desculpe, papai, eu apenas amo essa música.
—Eu sei, amigo. — Eu acaricio sua cabeça, bagunçando seu cabelo já louco.
Ele olha para mim, empurrando o chapéu enorme. —Papai, podemos devolver a minha irmã?
Eu me ajoelho, tentando demais não sorrir para ele. Coop teve um bom tempo nas últimas duas semanas desde que sua irmã chegou em casa.
—Não, você não pode.
Ele cruza os braços sobre o peito nu.
—Eu não gosto dela. Ela chora e deixa a mamãe briguenta. Eu só quero ser o único garoto em casa, então mamãe vai cantar para mim como ela costumava fazer.
A porta da casa abre e Vannie nos encara. Ela joga para mim um par de roupas íntimas do Super-Homem. Eu posso dizer pelo olhar em seus olhos que ela ouviu a conversa. É uma noite quente de verão e minha esposa parece exausta.
—Dá ela para mim. — Eu levanto meus braços para cima. —Vá deitar e eu vou pedir pizza.
—Ela acabou de adormecer, mas peça pizza e eu vou deitar com ela. — Vannie vai fechar a porta, mas para.
—Coop, eu te amo.
—Amo você, mamãe.
Vannie fecha a porta, deixando os homens na varanda.
—Aqui, tigre. — Eu estendo sua roupa íntima para ele vestir.
Leva algum tempo para ele colocar as botas nos minúsculos orifícios das pernas. Nós dois nos sentamos lado a lado na varanda. Coop com os dois cotovelos no topo das pernas com o queixo apoiado nos punhos pequenos.
—Posso fazer xixi na minha irmã, papai?
Oh, Jesus, é em momentos como esse onde sinto mais falta da minha mãe. Ela saberia exatamente o que dizer e como lidar com Coop.
Eu envolvo meu braço ao redor dele puxando Coop para o meu lado.
—Não, você não pode. Você tem um trabalho muito importante, Coop. Você vai ser o homem que protege sua irmãzinha. Ela vai precisar de você e você vai precisar dela.
—Como Belle? — Ele pergunta.
Eu aceno lutando contra as lágrimas. Mesmo depois de ter o mundo, ainda dói quando ouço o nome dela, especialmente vindo da boca do meu filho. —Exatamente. Apenas seja paciente e sempre saiba que sua mamãe e papai te amam muito e isso nunca vai mudar.
—Ok. — Ele ajusta o chapéu. —Eu sinto muito, papai.
—Nunca se desculpe, filho. Você sempre vem para a mamãe ou para mim. Mas acho que sua mamãe poderia ganhar alguns abraços extras de você hoje à noite.
—Tudo bem.
Nós nos sentamos em silêncio. Eu deixo Coop se aconchegar ao meu lado, sabendo que ele precisa dessa vez. Estou cansado e com fome, mas minha família sempre vem em primeiro lugar.
—Papai, você ouviu isso? — Coop pula no degrau.
Eu escutei isso. Esse garoto é bem treinado.
—Papai. Ele está vindo. — Ele está fora dos degraus e na grama antes que eu levante. —Depressa, temos que vencer as outras crianças.
Eu sorrio vendo muitas das características de sua mãe em seu rosto. Eu levanto devagar rindo que meu menino parcialmente nu está pronto para perseguir um caminhão de sorvete comigo. Eu pego sua pequena mão e começo a correr. É mais como um longo passo fechado para mim, mas Coop coloca tudo isso em ação. Quando eu vejo as crianças da vizinhança abrirem a porta, o jogo começa.
—Ombros, Coop.
Ele levanta seus braços para eu pegá-lo e eu o ponho nos meus ombros. Ele mantém uma mão no seu chapéu, e a outra pega o meu queixo enquanto eu corria para o caminhão.
Nós passamos todas as crianças e chegamos até o caminhão, pedindo punhados de sorvete. Sempre será meu segredo e da minha família que eu possuo o maldito caminhão. Perseguir caminhões de sorvete é uma das minhas coisas favoritas para fazer com eles.
Gotas de sorvete de baunilha caem no meu peito. Tenho certeza de que Coop está lá em cima fazendo o melhor para tomar o sorvete enquanto voltamos para casa. O garoto tem o meu apetite.
—Não vamos dizer à mamãe que tomamos tanto sorvete antes do jantar.
—Ok, papai. — Ele faz uma pausa por um minuto. —Eu não posso esperar até que minha irmã possa fazer isso comigo.
Eu aperto sua pequena barriga com a mão livre, sorrindo como se tivesse acabado de ganhar um milhão de dólares. Há um carro na nossa garagem quando voltamos para o gramado da frente. Peaches sai de seu carro alugado e Coop enlouquece. Ele ama sua louca tia Peaches. Ele voa para os braços dela, espalhando sua bagunça de sorvete por toda parte, até mesmo lhe oferecendo um gostinho de sua casquinha de sorvete comido pela metade.
Vannie não acorda durante o jantar, mesmo com o barulho vindo de nós três. Nós gastamos a noite comendo pizza gordurosa no sofá e assistindo alguns desenhos animados idiotas. Logo antes de ele cochilar nos meus braços, eu sussurro em seu ouvido a mesma coisa que eu digo a ele toda noite antes de ele cair no sono.
—Você é um rei, meu filho. Que seu coração seja selvagem e sua alma vagueie até que sua imagem seja pintada perfeitamente.
Ele geme e depois se afasta. Eu o levo para a cama, usando lenços umedecidos para limpar o rosto e as mãos. A casa está iluminada quando volto para a sala.
—Você fez muito bem aqui, idiota. — Peaches me golpeia na parte de trás da cabeça.
—Obrigado. — Eu a envolvo em um longo abraço.
Ela faz visitas mensais para garantir que ela participe ativamente da vida dos meus filhos. Nós dois congelamos quando ouvimos o início de um grito vindo do meu quarto.
Corro pelo corredor e pego minha filha antes que ela acorde Vannie, que está enrolada em uma bola no meio da cama dormindo profundamente.
—Ei, menina. — eu sussurro para ela e beijo sua bochecha rechonchuda. —Deixe eu aquecer um pouco de leite para você.
Eu sou um maldito profissional em aquecer mamadeiras com uma mão. Coop parece muito comigo, com seu cabelo loiro e o jeito que ele age. Mas minha filhinha é uma réplica de sua mãe com o mesmo nariz e cabelo escuro selvagem. Ela não poderia ser mais bonita.
—Vamos lá, vamos trabalhar com o papai aqui. — Eu murmuro para a minha menina.
—Dá ela aqui. — Peaches estende os braços.
Eu gentilmente deito minha garotinha em seus braços. É a primeira vez que ela encontra a sua sobrinha-neta. Lágrimas enchem seus olhos enquanto ela estuda a garotinha. Eu tenho que virar para terminar de aquecer o leite.
Quando termino vejo que ela está completamente irritada enquanto relaxo na velha cadeira de balanço da minha mãe. Ela segura a mamadeira rapidamente.
—Eu sempre vou estar na sua retaguarda, Maria Belle. — Eu acaricio sua bochecha com o meu dedo.
Seus olhos se fecham quando ela termina sua mamadeira.
—Ela é perfeita, Hart. — Peaches beija minha testa.
Eu dou de ombros. — Eu sei, ela é minha filha.
Peaches sacode a cabeça, sua exaustão ficando clara como o dia. Ela pega sua bolsa e foge silenciosamente para o quarto de Coop. Ele tem uma cama especial só para quando sua tia Peaches vem visitar.
Depois de a fazer arrotar e balançar Maria até ela voltar a dormir, eu a coloco no berço que está do meu lado da cama hoje à noite.
Eu rastejo no colchão, puxando Vannie para mim. Ela sussurra e depois se senta na cama.
—Estou indo. Estou indo.
—Ei, querida. — Eu a agarro pela cintura, puxando ela de volta para mim. —Ela está dormindo.
Eu puxo a regata por cima de sua cabeça e, em seguida, coloco minhas mãos onde elas pertencem... em sua pele bonita. —Volte a dormir, Shug.
Ela me responde com um leve ronco. Seu meio pingente de coração quebrado ainda está pendurado em volta do seu pescoço. Tivemos que substituir a corrente algumas vezes, mas Vannie se recusa a tirar o colar de amizade que ela compartilhava com minha mãe.
Estou sentindo um pouco da dor de Coop agora. Todas as noites, antes de adormecermos, Vannie canta para mim a canção que ela escreveu. Eu não fazia ideia de que ela fez isso até uma tarde, há muitos anos atrás, no chão da sala de estar de Peaches enquanto eu dormia. Ela só canta para seus filhos e para mim nos dias de hoje, e essa pode ser uma das minhas maiores realizações.
Eu perdi muito na vida, mas no final, eu tenho tudo.
Notas
[1] Stars in your eyes (estrelas em seus olhos): com grana no bolso, entusiasmado, cego do amor.
[2] E: Empty (vazio, tanque vazio).
[3] E-reader: leitor de E-books.
[4] Kindle: Leitor de livros digitais.
[5] Ol 'Victor: personagem da novela à que ele se refere.
[6] Henley: marca vestuário (camisas, camisetas, ...).
[7] Rico Suave: Gíria que se refere a homens de boa aparência, bem vestidos, bem colocados e que falam bem.
[8] George Jones: Cantor e compositor country estadunidense.
[9] Small World: Caminhão de sorvetes.
[10] King Cone: Sorvete em forma de cone de baunilha/chocolate, da Nestlé.
[11] Drumstick: Sorvete em forma de cone, da Nestlé.
[12] Sanduiche de sorvete: Sobremesa congelada, feita com sorvete entre duas crostas, películas ou algum tipo de biscoito.
[13] Orange Push-Up: Picolé, da Nestlé.
[14] Firecracker: Picolé, da Popsicle.
[15] Grand Ol Opry: Banda country que dá nome a um concerto semanal de mesmo nome em Nashville, Tennessee, dedicado a honrar a música country e a sua história.
[16] 7B: Número do apartamento.
[17] Domino's: Pizzaria.
[18] Meat Lovers: Quaisquer pizzas do cardápio que não são vegetarianas.
[19] Havaiana: Sabor de pizza (Presunto, abacaxi, mussarela e molho de tomate).
[20] UNO, Monopólio e Go Fish: Jogo de cartas personalizados, jogo de tabuleiro de compra e venda de propriedades, jogo de cartas com animais, respectivamente.
[21] Hotshot: Título do livro que ele está lendo para ela. Pode ser traduzido como: Garanhão.
[22] Mack: Mack Truck empresa de caminhões subsidiaria da Volvo.
[23] Mountain Dew: Refrigerante cítrico, cor verde-limão, da PepsiCo.
[24] She-Man é um filme de 1967 dirigido por Bob Clark e estrelado por Leslie Marlowe. Um soldado é forçado a tomar estrogênio e usar lingerie quando é chantageado por um travesti violento.
[25] Abreviação para doçura , usado para abordar as mulheres jovens de uma forma lúdica .
[26] Milk Dud: Doce de caramelo coberto com cacau.
[27] How To Lose a Guy in Ten Days: Título do filme com tradução em PT para: Como Perder Um Homem em Dez Dias.
[28] The Butterfly Angel: Como se referem ao bebê encontrado morto.
[29] Sunset Memorial Park: Nome do cemitério.
[30] Case: Estojo/capa para celular.
[31] Telefone celular 101: Modelo de celular.
[32] Amazing Grace: Hino tradicional Cristão Anglicano.
[33] Amazon: Empresa de comércio eletrônico dos EUA, Seattle. Vende produtos diversos na internet.
[34] Crown: Marca de cerveja.
[35] What We Ain't Got: Título de música – O Que Nós Não Temos.
[36] Tootsie Roll: Doce de caramelo parecido com chocolate.
[37] Twinkies: Bolinho para lanche, recheado com creme, da Hostess.
H J Bellus
O melhor da literatura para todos os gostos e idades