Biblio VT
Eu, Faith Parisi, amo minha vida. Eu tenho o melhor emprego – diva colunista de conselhos sexuais na revista Visage – tenho os melhores amigos e moro na melhor cidade do mundo. As coisas são fabulosas pra caramba. Isto é, até Henry “Harry” Sinclair III aparecer outra vez em minha vida, como um caso grave de herpes.
Odeio a maneira que os lábios de Harry se curvam em desprezo toda vez que ele me vê. Eu odeio seus olhos azuis brilhantes e aquelas covinhas inexplicavelmente ofensivas. Odeio seu sotaque inglês enfadonho e o pau que está permanentemente preso em seu traseiro aristocrático. Mais do que qualquer coisa, eu odeio que ele agora é o meu chefe.
Mas minhas perspectivas profissionais começam a melhorar quando a chance de escrever um grande artigo de verão cai no meu colo. O sucesso não vai ser fácil. Vou precisar abandonar todas as minhas inibições – não que eu tenha muitas – e saltar, salto agulha primeiro, em um novo mundo hedonista. Um mundo exclusivo e secreto, cheio de couro, látex e da elite de Manhattan.
Fazer isso vai exigir toda a audácia que eu tenho e todo o foco. Não posso me distrair por qualquer coisa, muito menos pelo meu novo chefe, sua boca arrogante ou pela maneira que o gelo entre nós parece estar derretendo lentamente.
CAPÍTULO UM
CIDADE DE NOVA YORK
“Puta merda...” Novah sussurra, inclinando-se para mim. “O menino de sangue azul está todo crescido!”
Reviro os olhos. “Você percebe que ele é apenas um ano mais velho que você, certo?”
“Eu só o vi em fotos, Faith. Ao contrário de alguns, não fui agraciada com a companhia do jovem Duque antes deste momento. Deixe-me aproveitar sua poderosa presença.”
“Ele ainda não é um Duque. Isso acontecerá quando o velho morrer e passar o título. E ninguém é agraciado com a presença daquele idiota. Ele é arrogante e tão rico que se tornou estúpido, e anda com uma vara permanentemente enfiada na bunda. Il Duko não tem nenhuma qualidade redentora”, eu rebato e cruzo os braços sobre o peito para enfatizar meu argumento.
O objeto de nossas reflexões paira na porta da sala de conferências. Ele está conversando com Sally, nossa editora, e Henry Sinclair II, seu pai. Ou, como seu pai era mais conhecido, King. Aparentemente, esse era o apelido divertido da elite britânica. Oh, como eles devem ter rido da referência ‘atrevida’ a sua realeza mais famosa. Mas para nós, as abelhas operárias americanas da classe trabalhadora, o chamarmos de King Sinclair apenas o faz parecer um idiota pomposo, cheio demais da sua própria importância.
“Bem, eu, por exemplo, não me importaria de me aprofundar naquela calça que o Duque estagiário usa tão bem e buscar profundamente a referida vara em seu traseiro empinado, durinho, se é que você me entende.”
Seguro o braço de Novah e encontro seus olhos com minha expressão mais séria. “É irremovível, Novah. Essa vara está enterrada tão profundamente quanto uma plataforma de petróleo. Você precisaria da porra de um guindaste para içá-la. Um guindaste, Novah.”
Novah acena com a mão na frente do rosto. “Nossa, Faith. Até essa imagem faz minhas coxas apertarem.” Ela sussurra. “Eu nunca poderia ficar tão perto de seu rosto. Acabaria mordendo sua bochecha firme e tonificada. Eu sei que sim. Ou pelo menos daria uma lambida rápida. É melhor manter distância para não ser presa.”
“Você é doente.” Sorrio quando ela cruza as pernas com força.
“Eu nunca aleguei o contrário.”
“Certo, equipe!” Sally grita, de pé na frente da sala. A equipe fica em silêncio. Nossa editora bate palmas com uma velocidade impressionante. Ela força um sorriso. Que não fica bem nela. Ela sempre parece constipada quando tenta ser ‘amigável’. Ou é como se ela estivesse lutando contra um caso mediano de hemorroidas.
“Hoje é um grande dia aqui na Visage.”
Prendo a respiração, esperando por mais, pavor penetra na medula dos meus ossos. Minha pele coça de irritação ao ver Henry ‘Harry’ Sinclair III saindo de trás do seu pai. Não, eu rezo, e abaixo as mãos com um aperto mortal nos braços da minha cadeira. Olho para os céus. Deus, eu sei que nem sempre estamos nos melhores termos. Eu bebo, xingo e gosto de fornicar demais para o seu gosto, mas por favor, por favor, por favor, não diga que ele está aqui para...
“Como vocês devem ter ouvido, o Sr. King Sinclair está lentamente se afastando da administração da HCS Media Group e se concentrando apenas em seus investimentos britânicos. Ele ainda está ‘no comando’ do cenário global, mas decidiu começar a delegar as empresas americanas para o seu filho, Henry Sinclair Junior.”
Fecho os olhos e sinto a mão de Novah agarrar minha coxa com essa revelação. “Então, hoje eu tenho o grande prazer de dar as boas-vindas a Henry como o novo CEO da Visage Magazine e do New York Journal e tudo o que se encaixa sob esse impressionante guarda-chuva.” As pessoas na sala de conferências explodem em aplausos um tanto entusiasmados, e eu relutantemente abro os olhos. Eu esperava que, se os mantivesse fechados, isso acabaria sendo um pesadelo. Mas assim que os abro, meu olhar se volta para o de Henry ou, como eu gosto de chamá-lo, o eternamente intitulado saco escrotal.
Foda-se a minha vida. O que nós, meros mortais, fizemos no mundo para merecer três desses idiotas Henry Sinclair no planeta? Seu pai é um idiota da mais alta classe, e eu ouvi dizer que o avô, que criou todo o império, era o pior tipo de ser humano. O neto aparentemente seguiu o exemplo. Henry não sorri para mim. Suas narinas se alargam e seu lábio se curva. Eu não tenho certeza se ele está soltando gases silenciosamente ou expondo o fato de que ele não gosta de mim tanto quanto eu não gosto dele.
King Sinclair cutuca seu filho por sua postura malévola. Henry tira as mãos dos bolsos, assente bruscamente e torna-se instantaneamente o líder que eu tenho certeza de que foi moldado para ser desde o nascimento.
“Bom dia, sou Henry Sinclair, mas, por favor, chamem-me de Harry. Somente meus professores me chamavam de Henry.” Ele sorri um pouco com isso. Eu pisco lentamente em confusão. Nunca o vi sorrir. Este é um sorriso diferente e, não importa o quão breve aconteceu, indica que Harry nem sempre é o desgraçado que ele parece ser.
“Eu sei que a maioria de vocês não me conhece, mas eu tenho morado entre Nova York e a Inglaterra nos últimos anos e estou extremamente feliz por estar aqui no New York Journal e, portanto, é claro, na Visage.”
Visage é uma revista de estilos de casa, que sai todos os domingos junto com as outras ofertas de domingo do Journal. As revistas internas desses jornais de prestígio sempre foram consideradas as irmãs feias do mundo da publicação de jornais, mas eu amo isso. Sempre amei... até, eu acho, agora.
“Nos últimos anos, tenho supervisionado a HCS Publishing, aqui em Manhattan, em período parcial. Eu designei outra pessoa para essa função e estarei baseado nesses escritórios daqui em diante. Eu me mudarei da Inglaterra para Manhattan num futuro próximo, pois meu pai dará um passo firme para trás na HCS Media e espero torná-la ainda mais uma publicação estelar.”
Eu não sei se é possível que um sotaque irrite tanto alguém. Enquanto Henry Sinclair III fala, seu timbre demasiadamente britânico e muito elegante é semelhante a unhas arranhando um quadro-negro a uma velocidade lenta e torturante. Em vão, tento controlar meus olhos para não parecer uma demente.
“Eu...” Novah sussurra, puxando minha atenção do dito saco escrotal. Ela morde dramaticamente o lábio. “Você acha que ele mantém esse sotaque no quarto também?” Ela limpa a garganta e usa um terrível sotaque inglês. “Gentilmente se incline, querida, estou prestes a embarcar meu grande navio naval real em seu poço vaginal esplendidamente apertado.”
Um bufo alto sai da minha boca enquanto eu tento conter minha risada. O som foi como um trovão na pequena sala. Sally ergue rapidamente as sobrancelhas finas e pretas, em minha direção, procurando-me como um míssil nuclear. Alvo encontrado e carregado. Estremeço sob seu escrutínio severo; então sinto outro par de olhos queimando em minha direção. Harry Sinclair olha para mim, suas bochechas levemente avermelhadas por, presumo, raiva. Eu imediatamente endireito meus ombros. Não faço ideia do que acontece com esse homem, mas é como se o meu corpo brilhasse positivamente com sua desaprovação, ansiasse por seu desgosto e fingisse irritá-lo com sucesso. Eu não tenho certeza se isso é evidência de um novo fetiche que estou desenvolvendo, mas, independentemente, eu não posso lutar contra a rebelião que aqueles olhos azuis estreitos inspiram.
Eu espero a censura pública do futuro Duque, mas Harry apenas acena com a cabeça para a sala, forçando um sorriso tenso, e diz: “De qualquer forma, tenho certeza de que conversaremos mais em breve. Estou feliz por estar aqui.” Ele olha para o pai e indica, com um aceno de mão, que eles sairão da sala. “Temos reuniões com outras subdivisões sobre minha aquisição, então deixarei vocês continuarem seu dia.”
Harry e King Sinclair deixam a sala tão elegantemente quanto a realeza se afastando de seus súditos. Eu solto um suspiro alto e viro minha cabeça para Novah. “Embarcação naval real, Nove? Mesmo? Poço vaginal?”
Ela ainda está rindo, enxugando as lágrimas dos olhos, incapaz de falar. Eu me levanto e caminho até a saída. Sally atravessa o meu caminho. “Você é uma criança, Faith?”
Suspiro em derrota. “Não, Sally. Eu tenho vinte e cinco anos.”
Sally dá meia-volta, dando-me as costas. “Bem, você parece uma criança para mim. Engraçado, eu jamais dediquei reportagens a crianças em minha revista.” Com essas palavras ácidas de despedida, ela parte para os elevadores. E essa é a minha chefe. Um híbrido assustador de Miranda Priestly e... não diria exatamente Hitler, mas talvez um ditador menor. Mussolini talvez?
“Desculpe, Faith.” Novah faz uma careta de culpa.
“Está bem.” Sinto um buraco surgir no meu estômago. Não por causa das repreensões e ameaças habituais de Sally, mas do conhecimento de que, a partir de agora, Henry Sinclair III estará presente nesses escritórios, pairando ao meu redor como um cheiro podre. Harry Sinclair, o famoso futuro Duque e herdeiro da dinastia HCS Media. Bilionário, britânico, vinte e oito anos e, sem dúvida, um dos, se não o, solteiros mais sexys do planeta. Cabelo castanho escuro ondulado sobre 1,83 de altura, despenteado apenas o suficiente para torná-lo sexy, olhos azuis brilhantes e 90 quilos de nada além de músculos magros e definidos — todos nós vimos as fotos dos paparazzi dele sem camisa na sua vila em Mônaco. Harry é um modelo de passarela da GQ, colírio para as massas... até que ele abre a boca e arruína a obra-prima dada por Deus que é seu belo exterior.
Na verdade, Henry Sinclair III é o homem mais arrogante, distante e frio que eu já conheci. Ele tem uma aura de superioridade que, mesmo ao lado dele, faz você se sentir como uma empregada medieval esfregando o chão de pedra do castelo de sua majestade. E por alguma razão, eu sei que o castelo ostentaria pelo menos seis torres e, sem dúvida, um fosso com uma circunferência impressionante.
“Você acha que ele mencionará ‘o incidente’?” Novah pergunta calmamente enquanto passamos pelos cubículos do jornalismo, no escritório do Journal, até os pequenos aposentos da Visage na parte de trás do prédio. Uma vez na segurança de nosso cubículo para duas, Novah se senta ao meu lado, esperando minha resposta. Novah Jones é uma bomba ruiva. Curvas que são a fantasia de toda pinup dos anos 50 e um rosto que faria um padre jogar fora a batina e se curvar aos pés dela implorando por uma surra. Ela não é apenas uma colega, mas também uma das minhas melhores amigas. Ela é a editora de beleza de Visage. O título lhe convém bem. Não há nada que essa mulher não saiba sobre maquiagem e cuidados com a pele.
“Eu não sei se ele trará isso à tona. Foi há três anos.” Recosto-me na cadeira e olho para o teto genérico de azulejos brancos. “Ele nunca fez antes. Então, novamente, eu só o vi uma vez desde então, e foi de passagem. Uma passagem muito estranha.”
“Mas ele nunca foi diretamente seu chefe antes. Ele não tinha poder oficial sobre você.” Novah se inclina sobre mim. Ela pega um batom novo da mesa, arranca a embalagem e começa a pintar meus lábios. “Ele era o filho do seu chefe, com quem você cruzou o caminho algumas vezes. Agora é totalmente diferente. Você agora é a cadela dele.” Ela sorri amplamente para os meus lábios pintados. “Oh, eu sabia que esse seria o seu tom perfeito de vermelho. Mais laranja e menos azul em seu tom.” Novah dá um passo atrás e levanta um espelho na frente do meu rosto. “Com sua pele morena, cabelos escuros e olhos castanho claros, eu sabia que essa cor faria esses lábios carnudos estalarem, sua linda cadela bronzeada!” Esfrego meus lábios. Está bom na minha boca. Não é muito seco e eu adoro um bom batom vermelho.
“Adorei”, digo distraidamente; depois, abaixo dramaticamente a cabeça em minha mesa com um ruído audível. Dou um gemido com a memória invadindo minha mente. “Eu o chamei de cara de pau privilegiado, Novah. Um cara de pau superprivilegiado que não precisava de nada além de uma boa surra e uma foda completa. E ele ouviu todas as minhas palavras. E agora ele é meu chefe.” Espio ao redor. “Ajude-me!” Eu choro pateticamente quando Novah se senta na ponta da sua mesa.
“Eu não posso, linda”, ela diz e toma seu lugar na cadeira. “Este é um buraco que você terá que sair por conta própria. Ou isso deve ser uma caverna? E você sabe que sou claustrofóbica.”
Novah dá uma batidinha em minha cabeça como se eu fosse um filhote de cachorro, move-se para o computador e começa a escrever sua coluna para a revista desta semana. Eu olho para os grãos de madeira na minha mesa e penso no ano passado e no momento em que deveria ter colocado um dos meus sapatos imitação Jimmy Choo tamanho 36 na minha boca grande e estúpida. Eu estagiava no The New York Journal no verão, quando tinha 22 anos. Tudo estava indo bem até eu conhecer um homem com olhos azuis brilhantes e cabelos castanhos sedosos. Então tudo deu errado. Tão completamente errado.
CAPÍTULO DOIS
TRÊS ANOS ATRÁS...
“Você sabe das coisas, Faith”, eu disse a mim mesma quando entrei pela porta da sala de conferências onde os estagiários se encontravam. Cerca de dez estagiários já estavam presentes. Sorrindo para a mistura de meninos e meninas enquanto eu passava, fui para a mesa dos fundos, que oferecia café e bolos. Servi-me de um café e me sentei na última fila.
“Oi, eu sou Faith”, falei para a garota ao meu lado. Felizmente, eu não era tímida. Sempre ajudou em situações como essa.
“Jayne”, ela disse e apertou minha mão. Eu me apresentei às pessoas ao meu redor. Em minutos, meus nervos se acalmaram. Estava muito ocupada conversando com Jayne e um atleta musculoso chamado Blake, que não vi quem estava sentado ao meu lado até virar a cabeça e tive que apertar minha mandíbula para esconder minha reação. Foda-se... o cara era bonito. Alto e sério e aqueles olhos azuis... Ele estava vestindo um terno ridiculamente bonito e esfregava os olhos como se não tivesse dormido muito na noite passada. Ou talvez ele estivesse nervoso.
Sentindo que esse dia havia melhorado imensamente, estendi minha mão. “Oi, eu sou Faith.”
Estendi minha mão por tanto tempo que meus músculos começaram a doer. O homem finalmente parou de esfregar os olhos e olhou para a minha mão estendida. Seu lábio se curvou como se meus dedos estivessem cobertos de fezes. Puxei minha mão para trás com raiva crescente. Olhos Azuis enfiou a mão no bolso do paletó e pegou um Advil. Ele engoliu em seco alguns comprimidos e cruzou os braços sobre o peito. Ah, ele estava com dor de cabeça. Isso explicava as coisas.
“Noite difícil ontem hein?” Eu perguntei. Apontei para a mesa de bebidas atrás de nós. “Há café e bolos lá. Cafeína e açúcar podem ajudá-lo a se sentir melhor.” Olhos Azuis continuaram olhando para frente, nem mesmo me reconhecendo. “Olá! Você me ouviu?” Eu perguntei, meus cabelos ficaram eriçados na parte de trás do meu pescoço em irritação. Ele estava doente ou era realmente tão rude?
“Eu ouvi você alto e claro.”
“Oh. Fiquei preocupada que houvesse algo errado com você.” Eu tentei novamente. “Eu sou Faith.” Quando sou recebida com silêncio, acrescentei: “E você é?”
“Pare. De. Falar.” Quando as palavras saíram de sua boca, fiquei tensa em choque total. Sua mandíbula flexionou e ele elevou seu olhar para mim antes de olhar para frente da sala. Segundo após segundo, meu choque se transformou em raiva ardente como brasa.
“Como?” Eu questionei. “Parar de falar?” Mas Olhos Azuis nem sequer vacila. “Você não pode falar comigo assim.”
“Eu posso e fiz”, ele disse, e percebi que ele tinha sotaque. Britânico. Inglês.
“Como você ousa!” Eu respondi, assim que alguém entrou na sala. “Você não vai chegar muito longe aqui se tratar as pessoas assim...” Fui interrompida quando Colin Frank, diretor do programa de estágio, entrou na sala e bateu palmas para chamar nossa atenção.
Fervendo, tentei ouvir Colin falar sobre o que o estágio implicava. Mordi a língua com medo de falar mais coisas que passavam pela minha cabeça ao idiota inglês ao meu lado. Consegui este estágio honesta e justamente. Eu queria trabalhar para a HCS Media de alguma forma no futuro. Eu não deixaria que um pentelho arrogante arruinasse minhas chances.
“Vocês se reportarão a mim”, Colin disse, “mas teremos Henry Sinclair da HCS Media aqui no verão, e ele também estará presente às vezes. Ele está aqui para ver como as coisas são feitas no New York Journal.” Antes que eu tivesse tempo de me perguntar onde Henry Sinclair estava, Olhos Azuis se levantou. Ele fechou o botão do paletó enquanto se levantava; então ele foi até a frente da sala. A cada passo que ele dava, eu sentia minha excitação por esse estágio diminuir.
Colin apertou a mão de Olhos Azuis. “Deixe-me apresentá-los a Henry Sinclair, herdeiro do HCS Media Group.”
Os olhos frios de Henry se fixaram nos meus, quando eu me encolhi no meu assento, e sua bochecha tremeu de irritação.
Ah, Merda.
Depois das apresentações, Colin nos convidou a nos cumprimentar. Eu assisti Henry apertar a mão de cada um dos estagiários. Então foi a minha vez. Mas assim que fui me apresentar, Henry me encarou, virou-se e saiu da sala.
Eu era uma maldita estátua.
“O que você fez para irritá-lo?” Minha nova amiga, Jayne, perguntou.
“Eu apenas falei com ele”, eu disse, forçando um sorriso indiferente. Quando as costas largas de Henry desapareceram de vista, minha decisão foi tomada. Eu limparia o ar com ele na próxima vez que falasse com ele. Eu suavizaria as coisas.
??????
Eu não suavizei as coisas.
No dia seguinte, peguei Henry atrás da mesa no escritório de Colin. “Oh”, eu disse, largando o envelope que me incumbiram de deixar. Henry nem me reconheceu. Eu deveria ter saído do escritório, mas eu era uma cadela teimosa. E, aparentemente, não sabia bem o momento certo de sair. “Olha, sei que começamos com o pé esquerdo.” Caminhei em direção à mesa. Ele nem olhou para longe da tela. “Nós vamos ficar aqui o verão inteiro, certo?” Tentei sorrir, mas era tão forçado que senti como se meu rosto tivesse sido injetado com uma quantidade ímpia de Botox e ainda tinha que aprender a mover meus músculos faciais. “Não podemos ser apenas amigos?” Dei de ombros. “Prometo que não mordo.”
Henry suspirou profundamente e, olhando diretamente para mim, disse: “Não quero fazer amigos, senhorita Parisi. Este não é um acampamento de verão, é uma editora na cidade de Nova York. Agora, gentilmente, faça o trabalho para o qual foi contratada.”
Eu irradiava raiva, sabia que sim. Mas Henry Sinclair era o herdeiro da HCS Media. Ele era filho de King Sinclair. Nunca venceria essa batalha.
Fechando a porta do escritório atrás de mim, prometi não deixar um mimado garotinho rico arruinar isso para mim. Eu mataria o idiota com bondade. E eu fiz. Durante todo o verão, sempre que ele me dava uma tarefa, respondia com um entusiasmado ‘Sim, senhor’ e lhe dava um grande sorriso doce e gentil. Cada vez que eu me dirigia a ele dessa maneira, seus olhos brilhavam com irritação. Sua censura silenciosa me ajudou a superar todos os dias. Eu escolhi viver minha vida bem e com alegria. Ele era pensativo e infeliz. Eu sabia quem tinha o melhor negócio.
Depois veio a festa no final do programa de estágio. Um verão de trabalho duro terminou naquela noite. Nós, estagiários, estávamos cansados como cachorros e corremos esfarrapados depois de um verão buscando café, imprimindo e copiando documentos, e basicamente sendo a cadela de todo mundo. Mas eu sabia que tinha provado meu valor, e a editora da Visage, a revista do Journal, parecia ter gostado muito de mim, e ela queria que eu estagiasse para ela no próximo ano. A vida era boa. Minha exaustão não pôde atenuar meu humor, e entrei no salão, acenando com a cabeça para a música, já com três copos grandes de vinho. Eu tinha adrenalina nas veias e estava pronta para me soltar. Jayne e Blake acenaram para eu ir ficar junto dos estagiários, e as doses e bebidas fluíram.
“Não olhe agora, mas seu melhor amigo acabou de entrar na festa.” Blake cutucou meu braço.
Virei-me e vi Henry Sinclair entrar no salão de baile, com seu terno caro habitual e uma carranca paternalista firmemente no lugar. “Aff”, resmunguei, mas forcei um sorriso e um aceno entusiasmado quando seus olhos encontraram os meus. Eu ri quando seu olhar glacial se afastou do meu e ele foi para Colin e os outros executivos, que se reuniram em torno de outra mesa.
“Você está brincando com fogo”, Jayne disse e me entregou uma grande Moscou Mule1.
“Ele é um menininho rico e mimado que não teve nenhuma dificuldade em toda a sua vida.” Bati minha caneca de cobre contra a de Blake. “E ele pode ir se foder!” Eu peguei a mão dele. “Agora, meu garoto, vamos dançar!”
Horas mais tarde, com os pés latejando e altamente embriagada depois de muitas Moscow Mules, tive que fazer minha terceira viagem ao banheiro. Tropeçando na pista de dança e arrastando as letras de ‘It’s Raining Men’, colidi com uma parede dura. Não... minhas mãos bateram na parede. Estava coberta com tecido sedoso e parecia exibir um abdômen seriamente duro.
Como se eu estivesse com a vida em câmera lenta, levantei minha cabeça, apenas para ver Henry Sinclair olhando para mim com um desdém mal disfarçado. Tentei reunir a compostura e me afastar, mas o lugar continuava inclinado para o lado, me levando com ele. Henry suspirou alto e me guiou para um assento. Suas mãos grandes envolveram meu bíceps e me colocaram na cadeira. Mesmo no meu estado cheio de vodca, eu podia entender que o homem seria capaz de jogar seriamente com uma parceira no quarto.
Comecei a rir desse visual excitante, apenas para Henry cerrar seu lábio gostoso em censura e dizer: “Realmente, senhorita Parisi, na sua idade, já deveria saber como se comportar em público. Esta é a HCS Media, não uma espelunca de fofocas. Recomponha-se antes de voltar a entrar no salão e levar nosso bom nome com você.” Com isso, o pomposo idiota se afastou, deixando-me furiosa como uma tempestade. Por que ele sempre tinha que ser tão idiota? Eu esperava que ele melhorasse com o passar do verão. Ele não melhorou.
Blake e Jayne me encontraram na cadeira em que eu fui jogada.
“O que aconteceu?” Jayne perguntou, rindo bêbada. Eu contei para eles o que o idiota tinha dito. Então, sorrindo e deixando minha boca perigosamente solta, eu disse: “Henry Sinclair, o Terceiro, não passa de um cara de pau superprivilegiado. Um cara de pau superprivilegiado que não precisa de nada além de uma boa surra e uma foda completa!” Eu levantei minha mão para batidas de mão merecidas. Levei um minuto para perceber que meus amigos haviam se tornado estátuas congeladas ao meu redor, nenhuma batida de nenhum tipo seria dada.
Quando levantei os olhos, vi Henry parado diante de mim. Seus olhos azuis estavam positivamente frios quando olhou para mim com desgosto. Agachando-se, ele pegou o lenço, que antes estava perfeitamente colocado no bolso do terno, do chão e foi embora.
“Merda!” Gritei, mas o som se perdeu na música do salão de baile. Então eu disse isso apenas para mim.
??????
Isso foi antes. E agora ele está de volta. E desta vez ele está no comando.
Levanto minha cabeça da mesa, levanto-me e me sirvo do café mais forte que pude encontrar da sala de descanso. Quando volto para minha mesa, ligo o computador e começo a responder os e-mails. Felizmente, eu não tive muito contato com Harry. Durante todo o tempo em que King Sinclair esteve no comando aqui, eu nunca falei com ele. Sally é minha editora. Eu tenho certeza de que as coisas permanecerão as mesmas.
Duas horas depois, percebi que não sabia nada.
CAPÍTULO TRÊS
“Senhorita PARISI?” De repente, um homem está em frente à minha mesa. “Eu sou Theo, assistente do Sr. Sinclair. Fui enviado para buscá-la para sua reunião.”
“Reunião?”
Theo concorda. “Você recebeu um e-mail mais cedo. Não o leu? Você está sendo esperada no décimo andar, há quinze minutos, para o sua reunião a sós.”
Claro que sim. Eu me viro para Novah. Ela digita no computador e abre os e-mails da intranet. Ela faz uma careta. “Ele tem razão. Eu tenho uma depois. Acabei de ver também.”
“Impressionante.” Dou um gemido e me levanto. Arrumo o meu vestido preto e passo as mãos pelos cabelos. “Ok, estou pronta”, digo a Theo e o sigo para fora do escritório e para os elevadores. Theo tem cerca de quarenta anos, se eu tivesse que adivinhar. Fofo. Como Penfold do Danger Mouse2.
“Eu gosto do seu batom”, diz ele, sorrindo para mim por cima do ombro.
“Obrigada, querido.” Eu tinha esquecido que estava usando. “Novah me disse que é o tom perfeito para mim, aparentemente.”
“Espanhola?” Theo pergunta, estreitando os olhos nas minhas feições.
“Italiana. Pelo menos meu pai é. Minha mãe é americana, mas de pais escoceses. Ela é uma beleza loira e pálida. Herdei minha cor e atitude do meu pai. Ele é de Parma, na Itália. Herdei minha boca suja da minha mãe. Os escoceses com certeza sabem como jogar as bombas de palavrões.”
Theo sorri. “A combinação perfeita”, diz ele, quando as portas do elevador se abrem para o décimo e último andar. O andar dos chefes ou, como gosto de me referir, o quarto nível do inferno de Dante. Theo me leva ao escritório que King havia ocupado anteriormente. Eu nunca estive lá antes, mas todos já ouviram falar do famoso escritório de Sinclair com a porta preta. Aquele idiota governou com um punho de ferro e reduziu muitos jornalistas a um bebê chorão simplesmente com um olhar.
Theo abre a infame porta preta. “Lá vai você, Faith.” Dou um sorriso ao Theo enquanto passo por ele. “Boa sorte”, ele sussurra ameaçadoramente quando fecha a porta, me prendendo dentro.
“Aqui, Senhorita Parisi. Ainda hoje seria ótimo.” O som da voz profunda de Harry corta a sala. Estremeço com sua atitude arrogante. Forçando meus pés a me mover, viro o corredor e encontro o bastardo sentado atrás da sua grande mesa de mogno. Suas mãos estão entrelaçadas quando ele se recosta na cadeira de couro, que poderia muito bem servir como um maldito trono. Suas sobrancelhas escuras estão arqueadas enquanto me observa aproximar. Ergo o meu queixo, recusando-me a ser intimidada por ele. Harry não interrompe o olhar; apenas aponta para o assento à sua frente. “Senhorita Parisi, se não se importa. Tenho um dia cheio de compromissos que agora se atrasaram por sua causa.” Eu exalo uma respiração longa e controlada, tentando acalmar meu sangue italiano quente.
“Não vi o memorando. Desculpe-me. Eu estava trabalhando na minha coluna.” O rosto de Harry não muda. Ele pega um pedaço de papel em sua mesa.
“Sim. ‘Pergunte à Senhorita Bliss’. Sua página é muito... interessante, correto?”
“Sim”, eu digo entre dentes.
Harry lê algo na página. Baixo o meu olhar para as roupas dele. Sinto vontade de revirar os olhos, mas consigo me conter. Ele usa seu terno ridiculamente caro de sempre, blazer, gravata firmemente no lugar. As mangas da camisa estão enroladas até os cotovelos, mostrando os antebraços musculosos, polvilhados com uma pitada de cabelo escuro. E depois há o lenço. O maldito lenço estúpido que está no bolso da camisa em um pequeno triângulo perfeito. Desejo puxá-lo e jogá-lo pela janela, de preferência com o Sr. Sinclair III seguindo de perto. Não posso conter o pequeno sorriso que curva minha boca com essa visão feliz. Harry olha para a página que está lendo. Seus olhos se estreitam momentaneamente em mim; então ele retoma sua leitura.
“E é para isso que setenta por cento dos nossos leitores da Visage desejam a revista?” Ele diz incrédulo e sacode o papel com a mão. “Sua coluna?”
Orgulho incha em minhas veias. “Sim. Ou é o que as pesquisas nos dizem.”
As sobrancelhas de Harry se erguem. “Bem, você certamente tem jeito com as palavras, Senhorita Parisi.” Ele se inclina para frente, lendo: “Quero que minha esposa faça anal, mas ela está relutante. Algum conselho sobre como posso convencê-la? Atenciosamente, Sr. Smith.” Eu luto com o riso borbulhando na minha garganta com a pergunta saindo tão educada e eloquente da boca de Harry. “As perguntas são geralmente dessa... natureza?”
“Você quer dizer sexual, Sr. Sinclair?” Digo inocentemente, morrendo por dentro com o quão difícil é para ele dizer algo referente a sexo.
Ele nem se encolhe com a minha atitude velada. “Bem?”
“Sim. São todas dessa natureza. Atualmente ofereço apenas conselhos sexuais. Foi uma mudança orgânica. No começo, abrangia qualquer conselho, mas rapidamente se tornou um tema mais sexual. É o que os leitores parecem querer de mim. É o conselho que dou melhor.”
“E conselhos é o que você dá.” Não há sinal de diversão em sua expressão ou tom. “Vamos ver o que você disse a este Sr. Smith. Ah...”, ele diz secamente. “Caro Sr. Smith. Se você quer apresentar sua esposa ao maravilhoso mundo do sexo anal, sugiro liderar pelo exemplo. Compre a maior cinta peniana que puder encontrar, ofereça-a à sua amada e incentive-a a se soltar e arrancar a merda do seu buraco durante a maior parte da noite. Se você puder mostrar a ela as delícias de investir na porta dos fundos, tenho certeza que ela cumprirá seus desejos. Atenciosamente, Senhorita Bliss.”
Eu luto contra o meu sorriso. Esse foi um dos meus favoritos, pessoalmente. Harry coloca o pedaço de papel em sua mesa e me olha com olhos perspicazes e avaliadores. “Você certamente tem jeito com as palavras, não é, Senhorita Parisi?” Sinto os pelos da nuca se arrepiarem, sabendo o que ele está sugerindo. Ele obviamente se lembra do nosso verão juntos tão claramente quanto eu. “E você certamente gosta de compartilhar seus conselhos, sim? Livremente e sem filtro.” Seus dedos tamborilam na mesa. “E é premiada também, então você deve ser verdadeiramente talentosa.” Henry Sinclair, o Terceiro, é um cara de pau superprivilegiado que não precisa de nada além de uma boa surra e uma foda completa. Meu conselho para ele passa pela minha mente como uma música irritante que você não pode remover da cabeça.
“Obrigada”, digo, recusando-me a deixá-lo me ver abalada. “Parece que as pessoas gostam disso.”
“Algumas pessoas aparentemente gostam.”
“Mas também quero passar a contar histórias também”, digo, tentando nos levar para fora de território perigoso. “Eu amo minha coluna e a Visage, quero mantê-la para sempre. Mas também quero mostrar minha escrita além de responder aos muitos 'Srs. Smiths que escrevem’.” Harry coloca um dedo na boca, ouvindo. “Sally sabe disso”, eu digo. “Estamos apenas esperando a história certa aparecer para eu cobrir.”
“Você pode escrever uma reportagem?” Ele pergunta, com dúvida e um tom condescendente em sua voz. Isso só me irrita.
Coloco o meu sorriso mais falso. “Eu me formei no topo da minha classe com um diploma em redação criativa em Harvard e um mestrado em jornalismo de destaque na Columbia. Garanto-lhe, Sr. Sinclair, que estou mais do que qualificada para escrever matérias.”
“Estou ansioso para ler sua primeira obra-prima, Senhorita Parisi. Até lá, só conselhos sexuais para as massas.” Ele se concentra em seu computador, digitando no teclado. Quando eu não me mexo, ele olha para mim e diz friamente: “Nós terminamos.” Harry aponta para a porta.
Mantendo meu sorriso forçado firmemente no rosto, e minhas mãos ao meu lado para não atacar e bater na cabeça dele, levanto-me da cadeira. Sinto seus olhos malignos em mim enquanto saio do seu escritório e vou em direção aos elevadores.
“Espero que tenha dado certo, Faith!” Theo diz de trás de sua mesa enquanto tento me recompor.
“Incrivelmente!” Eu digo alegremente e entro no elevador, minhas mãos tremendo de raiva. Quando as portas estão prestes a fechar, grito: “Que fodido idiota!” As mãos de alguém agarram as portas e elas começam a se abrir. Prendo a respiração. Não pode ser. Certamente ninguém seria tão azarada. Suspiro aliviada quando um homem de terno, provavelmente com cerca de cinquenta anos, entra, me encarando como se eu fosse louca. “É um tique nervoso”, eu digo, rindo e apontando para a minha boca. “Não é um xingamento em sua direção, prometo.”
O homem me dá um aceno estranho e encara as portas, mantendo-se o mais longe possível de mim. Puxando meu celular, envio uma mensagem para minha colega de quarto, Amelia, e nosso vizinho, Sage.
Código 5! Nós vamos sair hoje à noite. Eu preciso beber e dançar. Sem desculpas.
Em segundos, tenho a confirmação de que os dois estarão lá. De volta à minha mesa, recebo a confirmação de que Novah também irá. Sabendo que terei uma noite para descontração, relaxo na minha cadeira e abro o último e-mail:
Meu marido chegou em casa na noite de sexta-feira passada e, quando se despiu e foi para a cama, vi marcas de batom no pênis dele. Que conselho você tem?
Eu estalo minhas mãos, flexiono meus dedos no teclado e digito rapidamente minha resposta para a coluna desta semana: Jantar e vinho para ele, leve-o para a cama. Sufoque seu pênis em Nutella e depois arranque os pelos dele como se estivesse arrancando milhos de uma espiga. Assista o filho da puta gritar, em seguida, castre o idiota! Badda bing, badda boom - não haverá mais batom em seu pau traidor!
Dane-se Harry Sinclair e seus frios olhos azuis. Eu sou muito boa no meu trabalho.
CAPÍTULO QUATRO
“Merda Faith, esse é ele?” Sage pergunta enquanto me sento ao lado de Amelia no nosso sofá de veludo verde e pego a taça grande de vinho tinto que ela serviu para mim. Sage está sentado à nossa frente, na beira da nossa mesa de café.
“Esse é o idiota”, eu digo, balançando a cabeça com a perfeição que mesmo alguém tão horrível pode aparentar em fotografias.
Novah está sentada do meu outro lado. “Sim, é ele, Henry ‘Me chame de Harry Sinclair’. Solteirão do século e arqui-inimigo da Faith.” Novah me cutuca e ri quando eu ronrono para ela como um gato bravo.
Sage volta a olhar seu telefone. “Bem, bem, bem”, ele diz e estende o celular novamente. “Quem é essa doçura no braço dele?” Eu olho, tentando abrir caminho através da névoa de vinho que desce sobre os meus olhos. Vejo uma loira alta com olhos verdes e com o braço firmemente ligado ao de Harry. Ele veste um terno preto, camisa, colete e gravata mostarda, enquanto ela exibe uma monstruosidade em sua cabeça que parece ser dois galos brigando — galos da variedade aviária, não de pau3. Embora ver dois paus de verdade enfiados em um chapéu-coco seria uma grande melhoria nesse show de horrores, que não parece um ornamento para a cabeça.
“Que diabos é isso na cabeça dela?” Amelia inclina a cabeça para o lado, tentando descobrir.
“O Duque estagiário e sua namorada estão nas corridas de Cheltenham, filha da puta”, Sage zomba. “É onde os socialites da Inglaterra mostra como dinheiro e moda provam que você não precisa ter bom gosto. E onde eles gastam quantias absurdas de dinheiro em corridas de cavalos para disfarçar o quão pequenos são seus paus minúsculos.”
Sorrio quando Sage pisca e Amelia arranca o celular de sua mão. Ela lê a legenda da foto em voz alta. “O casal Lady Louisa Samson e o Visconde de Surrey, Henry Sinclair III, participam das corridas de Cheltenham.” Amelia olha para mim. “Visconde?”
“Esse deve ser o título dele agora.” Digo. Visconde. Bom Deus. Isso soa ainda mais vaidoso que Duque.
Amelia me passa o celular. Eu estudo a foto e a loira escultural ligada ao braço de Harry. Seu cabelo possui um longo corte, e ela exibe uma verdadeira tez de rosa inglesa e um sorriso paternalista em seus lábios rosados e tão empoeirados que eu instintivamente quero dar um tapa em seu rosto. Como alguém simplesmente exala a atitude ‘sou melhor que você’ em uma foto?
“Ela parece tão pomposa quanto ele”, digo e sorrio mais. “Um casamento feito no céu! Eles se merecem. Agora...” Devolvo o celular a Sage e me levanto. “Vamos ir ao clube ou não? Estou perigosamente sem álcool, e neste sutiã meus seios estão tão altos que tocam meu queixo. Se não chegarmos ao clube logo, temo que estou perigosamente perto de diminuir minha capacidade de respirar. Não vou desperdiçar mais um segundo com o Duque Super fodido, a loira caricata dele e seus muitos conhecidos com dentes afiados.”
Eu levanto minha taça de vinho como um líder guerreiro, fazendo seu discurso antes de uma grande batalha. “Hoje à noite, quero balançar minha bunda, trabalhar para ganhar doses e, de preferência, arrastar um gostoso para o banheiro para reidratar o deserto árido que minha pobre vagina se tornou. E quero tomar tantas decisões ruins que terei meu padre saindo de sua cabine confessional no domingo por exaustão pecaminosa.” Aproximo o copo a meus lábios. “Saúde, prostitutas! Vamos nos perder!”
Quando saímos do prédio, eu respiro fundo. Nova York está firmemente na primavera; o frio gélido do inverno é uma lembrança distante. Sorrio quando a brisa quente beija meu rosto. Sage joga seu braço musculoso sobre meus ombros e me puxa na direção do clube. Enquanto andamos pelas ruas do Brooklyn, eu pergunto: “Então, Sagey-baby, alguma notícia sobre sua vida amorosa?”
Sage suspira. “Já esgotei os caras ferrados de Grindr e meu príncipe encantado ainda não me encontrou, então isso é um enorme zero nas notícias da minha vida amorosa.” Dou um tapinha no braço de Sage e deito minha cabeça em seu ombro. Quando Amelia e eu nos mudamos para o nosso apartamento no Brooklyn, dois anos atrás, Sage rapidamente se tornou nosso companheiro de quarto honorário. Ele morava no apartamento à nossa frente. Ele veio tomar uma bebida em uma noite e se tornou o nosso terceiro mosqueteiro desde então.
“Ele está lá fora. Eu sei que está”, digo e beijo sua bochecha. Sage é eternamente esperançoso de que sua alma gêmea está em algum lugar no mundo esperando para conhece-lo.
Dez minutos depois estamos no clube e entramos no salão principal. Eu amo este lugar. Já fomos a boates de dois tipos: baixo custo no Brooklyn sujo, como chamamos, ou burguesa. Esta noite é a última opção. A música é épica, assim como os preços das bebidas. Mas nós resolvemos isso.
Atendendo no bar, o barman acena o queixo em minha direção. “Ei, linda”, ele diz, lambendo os lábios enquanto me examina da cabeça aos pés. É uma boa tentativa. Ele parece ter doze anos, e rostos de bebê simplesmente não flutuam no meu barco.
“Barman!” Chamo-o. “Dê-nos quatro das suas melhores Diet Coke.”
“Diet Coke?” O barman faz uma careta. “É isso mesmo?”
Eu confirmo firmemente com a cabeça. “E verifique se são as melhores.” O rostinho de bebê se afasta e eu olho para o clube. A fumaça enche o ar como a neblina sobre Londres, raios laser verdes cortam a pista de dança como lâminas de crisólita, e o DJ muito caro toca suas músicas, os frequentadores o rodeiam como ratos seguem o flautista. Eu olho para cima, vendo o camarote VIP escuro começando a encher de pessoas. Nós nunca estivemos lá em cima, é claro. É para os ricos de Manhattan que visitam o Brooklyn algumas noites por mês. É estratégico. Este não é o nosso primeiro rodeio nessa boate.
“Quatro Diet Coke”, diz o barman atrás de mim. Entrego o dinheiro a ele. “Fique com o troco.” Eu pisco, sentindo-me uma celebridade, e volto para meus amigos, que conseguiram uma mesa nos fundos. “Bebidas!” Eu digo e as coloco na mesa.
Amelia verifica se a barra está limpa. “Agora”, ela diz apressadamente e alcanço a parte superior do meu vestido.
Meus amigos me observam enquanto eu busco algo entre meus seios, ao longo das costuras laterais do meu sutiã, até... “Consegui!” Com um sorriso largo, solto o bico secreto do sutiã, puxo o bojo do meu vestido e começo a tirar.
“Pode ter sido caro, Faith. Mas esse sutiã está se pagando!” Novah toma um grande gole de sua Diet Coke, agora misturada com a vodca que eu contrabandeei para dentro do clube.
“Você está certa. Mas caramba, eu sinto por mulheres como você, Nove. Essas coisas pesam uma tonelada. Eu posso sentir minha coluna curvar irreparavelmente enquanto falamos.”
“Eu sei. Você pode pensar que estou bem agora, mas me procure quando tiver cinquenta anos e atenderei a porta como o Quasimodo, meus mamilos se arrastando pelo chão. Mas em vez de repetir os sinos, os sinos, serão meus peitos, meus peitos!”
Rindo, aponto para a minha bebida, apertando a bolsa com vodca escondida que reveste meu sutiã que havia se amontoado na base. Alguém me dá um tapinha no ombro, assustando-me. Eu me viro, ainda apertando meu peito, e atiro um esguicho de vodca direto no olho de um pobre rapaz.
“Que porra é essa!” Ele diz, limpando o líquido do rosto. Eu rapidamente me atrapalho com a bolsa no sutiã e a enfio de volta. “Que diabos foi isso?” Ele pergunta, o rosto ficando vermelho de nojo.
“Ela está amamentando, idiota”, Amelia diz. “O que você acha que é?” Quando encontro seus olhos, ela faz uma careta e dá de ombros, balbuciando, eu não sabia mais o que dizer!
“Então por que diabos tem gosto de vodca? Oh Deus!” Ele diz, o rosto empalidecendo. “Entrou na minha boca!”
Enquanto ele cospe no chão, Novah se inclina sobre a mesa, parecendo ofendida. “Escute, amigo, tente você criar um bebê sem álcool. Não ouse julgar uma mãe por fazer o melhor que pode!”
“Foda-se”, diz o cara e vai embora. “Bando de malucos.”
“Oh meu Deus!” Sage diz e começa a rir.
“Amamentando?!” Digo para Amelia.
“Entrei em pânico!” Ela diz. “Não estou bêbada e nervosa como você. Eu tive que inventar algo! Não queria que fôssemos expulsos!”
Estou rindo tanto que lágrimas enchem meus olhos. “E Novah... não julgue uma mãe por fazer o melhor que pode! O que...?”
“Ele fugiu, não foi? Nada como o cheiro de compromisso para assustar os caras!”
Endireito o gênio que é o meu sutiã para contrabandear vodca, pegamos nossas bebidas e bebemos metade dos nossos copos.
“Vamos dançar?” Eu pergunto aos meus melhores amigos. Nós vamos para a pista de dança, e eu me perco na música. A batida pulsa no ritmo das batidas do meu coração, minha pele esquenta por causa dos corpos girando ao nosso redor, roçando meus membros, e sinto os terríveis eventos do dia desaparecerem.
Um cara alto e loiro vem em minha direção. Ele é bonito e eu sorrio em encorajamento. Ele parece legal. Faz um tempo desde que me perdi dançando com um homem, e ainda mais desde que eu tive uma noite entre os lençóis. Passo meus braços em volta do pescoço dele, e nossos quadris se movem no ritmo. Virando as costas para o seu peito, sinto sua dureza pressionando contra minha bunda.
Música após música continuamos, e a noite parece cada vez mais promissora. Eu levanto minhas mãos no ar e as coloco atrás do pescoço do meu parceiro; então sinto os pelos da minha nuca arrepiarem. É como se alguém estivesse me observando. Eu olho para cima, meus olhos imediatamente procuram o camarote VIP... e meu olhar colide com um familiar olhar azul.
O calor que vertia dos meus músculos instantaneamente esfria. Meu corpo congela. O cara com quem estou dançando tenta me manter em movimento com as mãos em meus quadris, mas quando eu não me mexo, ele se afasta.
“Faith?” Amelia pergunta, puxando meu braço. “Você está bem?”
“Merda!” Digo, meu olhar ainda fixo no camarote. “É Harry Sinclair.”
“O que?” Amelia pergunta, confusa.
“Ele está aqui.”
Imediatamente todos os meus amigos olham para o que prende minha atenção. Harry está debruçado no camarote. Ele não tira os olhos de mim, mas sem qualquer forma de saudação, ele se vira e desaparece nas profundezas da área VIP.
“Droga!” Sage diz. “Esse cara é...” olho para o meu amigo, avisando-o com meus olhos letais para não o elogiar. Sage dá de ombros. “Desculpe, menina, mas esse cara é gostoso pra caralho!”
“Ugh!” Exalo. “Uma noite. Eu precisava dessa noite para dançar com meus problemas.” Sentindo-me irritada além da medida, passo os dedos pelos cabelos. “Vou ao banheiro.”
“Eu vou também”, Novah se oferece.
“Não, está tudo bem. Não vou demorar. Vocês continuam dançando.” Saio da pista de dança lotada, indo para os banheiros. Corto o corredor dos fundos, viro à direita e, em seguida, colido com o peito de alguém. “Pelo amor de Deus!” Eu grito, tropeçando para trás e, do meu jeito desajeitado, aterrisso firmemente sobre a minha bunda.
Eu olho para o chão e rezo para que um buraco se abra sob os azulejos e me engula. No meu estado de embriaguez, bato no chão com a palma da mão. “Vamos lá, kraken! Estou esperando! Você tem uma vítima disposta! E sou suculenta. Particularmente a minha bunda!”
De repente, uma mão paira na frente do meu rosto. Percebendo que nada virá me comer, mas sim que está me salvando, eu agarro a mão e sou levantada. Outra mão me firma, segurando meu braço. A vodca que eu consumi está bem e verdadeiramente agindo na minha corrente sanguínea agora. O lugar balança de um lado para o outro.
“Tenho certeza de que um kraken é uma criatura mitológica marítima. Se você quisesse algo terrestre, talvez pudesse tentar chamar um Balrog ou algo do gênero.”
O lugar rapidamente se endireita, e eu fecho os olhos. Não quero olhar para cima. Conheço essa voz. Conheço esse sotaque.
Eventualmente, abro meus olhos e encontro o rosto estupidamente deslumbrante de Harry Sinclair. “Senhorita Parisi.” Seus lábios estão tensos e seus olhos astutos. Ele não exibe um sorriso. O cara tem um olhar perpetuamente irritado?
“Visconde Sinclair”, recuo, a vitória subindo através do meu sangue quando vejo seus olhos se estreitarem quando uso o título. Eu atingi um nervo. Bom saber. Meus olhos vão para o traje dele. Ele usa jeans escuros com uma camisa branca bem passada, aberta na gola e um blazer azul marinho. E eis que um lenço de seda prateado está ofensivamente no bolso do seu blazer. Ele parece bem. Porra, ele parece bem pra caralho. Por que o cabelo escuro e ondulado, sem estilo, cai tão perfeitamente? Por quê?
“POR QUE?!” Eu ofego quando percebo que gritei as últimas palavras em voz alta, minha voz estridente cortando o eco da música da pista de dança principal. Harry franze a testa com a minha explosão, olhando-me como se eu tivesse acabado de escapar de um manicômio. Eu o desafio, com uma inclinação do meu queixo, a dizer alguma coisa. Ele mantém a boca fechada.
O olhar de Harry cai nas minhas roupas. Fico orgulhosa, sabendo que acertei com este vestido. Posso ser a mulher mais desajeitada e propensa a acidentes de toda a Nova York, mas sei como me vestir para acentuar minhas curvas. Espero pelo elogio relutante que Harry teria que me dar. Vou apreciá-lo, sabendo que isso lhe causará nada além de desconforto e vai ferir seu orgulho. Mas quando ele finalmente abre a boca, diz: “Senhorita Parisi, parece que seus seios estão vazando.”
Meus olhos se arregalam e olho para o meu vestido. O busto impressionante que estou usando estourou e esvaziou, deixando-me com meus seios C habituais e dois anéis de umidade pingando vodca no chão. “Perfeito”, digo e forço um sorriso tenso. “Você tem um copo aí?” Eu balanço meus seios molhados. “As bebidas são por minha conta.”
“Acho que vou passar”, ele diz, seus olhos permanecem fixos nos meus. Ele enfia as mãos nos bolsos e curva um canto da boca. Parece que ele quer estar em qualquer lugar, menos aqui agora. “Você faz isso habitualmente?” Ele pergunta, olhando para mim como apenas a classe alta parece capaz de fazer. Tenho certeza de que eles ensinaram nas escolas idiotas em que estudou. Como ser um bastardo pretensioso 101. “Esta é a segunda vez que você colide comigo enquanto está embriagada.” Ele balança a cabeça, como se estivesse me censurando. “Embora, felizmente, na primeira vez a sua bebida estava em sua mão e não pingava de suas roupas íntimas.”
Harry olha para o seu blazer, flexionando a mandíbula. Ele tira o lenço do bolso com grande facilidade. Tenho que segurar minha risada quando ele começa a pressioná-lo no tecido caro e percebo que a vodca do meu sutiã também manchou suas roupas.
O olhar irritado que ele me lança apenas aumenta minha diversão. “Envie-me a conta da lavagem a seco”, digo e seguro minha mão contra a boca. Eu não faço ideia de por que ver Harry Sinclair, geralmente impecável, tentando em vão limpar a vodca do blazer, me causa tanta diversão.
“Não há necessidade. Eu tenho muitos outros”, ele diz, começando a dobrar o lenço de volta ao pequeno quadrado perfeito. Ele o coloca de volta precisamente no bolso.
“Por curiosidade, quantos desses você possui?” Aponto para o lenço dele. “Você parece ter uma coleção completa.”
“Não sei.” Sua bochecha treme, presumo que por irritação com a minha pergunta. Ele me olha desconfiado. “Você está zombando de mim, senhorita Parisi?”
“Eu?!” Questiono, colocando a mão no meu peito encharcado. “Nunca. Eu acho que eles são apenas... excelentes!” Equilibrando-me — ou tentando — nos meus calcanhares, digo: “Infelizmente, devo graciosamente me despedir, meu Visconde, o lavabo não espera por nenhuma dama.” Passo por Harry o mais rápido que posso, tropeçando rumo ao banheiro, sem dúvida parecendo o Bambi no gelo. Assim que a porta é fechada, eu exalo e fecho os olhos. Por que eu? Por que essas coisas sempre acontecem comigo?
Quando os abro novamente, vou até a pia e me olho no espelho. Duas grandes manchas molhadas e redondas me cumprimentam. Vou ao secador de mãos e começo a secar o meu vestido. Meus pensamentos vão imediatamente para Harry Sinclair. Ele não parece do tipo que viria a um clube. Eu me pergunto com quem ele veio. Então me repreendo por sequer me importar.
A porta se abre e duas mulheres entram. “Ele é, de longe, o cara mais gostoso que já vi na minha vida.”
“E ele tem um sotaque.” Essas mulheres são loiras e bonitas. “Se não ficar com ele hoje à noite, é melhor voltar para Oklahoma e me casar com Jimmy Burns. Aquele cara lá fora foi o motivo de eu ter vindo para Nova York. Aposto que ele é incrível na cama. Os quietos sempre são.”
Harry. Claro que elas estão falando sobre Harry.
Eu solto uma risada. Aquela que está falando me dá um olhar de lado, vendo-me curvada em uma posição estranha sob o secador de mãos soprando nos meus seios. Ela torce o lábio. Reviro os olhos, recuando o mais longe que posso, ampliando meu sorriso. Balançando a cabeça elas vão embora, e espero por Deus que ela o capture. Deus sabe que o visconde precisa de uma boa foda. Talvez então ele aprenda a abrir um sorriso pela primeira vez na vida e talvez relaxe no trabalho. Inferno, talvez relaxe na vida!
Quando o meu vestido está seco o suficiente e parece não ser um desastre total, volto para o corredor, suspirando aliviada ao ver que está vazio. Em vez de voltar para os meus amigos, vou direto para o bar. Vou comprar uma garrafa de prosecco, que eu posso pagar. Tenho meu cartão de crédito comigo e vou aproveitar o dia e usá-lo.
O barman suspira quando me vê chegando. “Mais refrigerantes?”
“Ao contrário!” Digo presunçosamente. “Uma garrafa de prosecco.” Entrego o meu cartão. Ele pisca enquanto pega. Eu rapidamente agarro seu braço, parando-o em seu caminho. “Mas pegue o mais barato que você tem.” Ele balança a cabeça exasperado.
“Traga uma garrafa de Cristal. Por minha conta.” Um braço me alcança e o barman assente. Ele entrega ao estranho meu cartão. Quando me viro, um homem loiro de olhos cinzentos sorri para mim. Ele lê o nome no meu cartão de crédito. “Faith Parisi. Acredito que isto é seu.”
Ele é um bastardo bonito e, quando sorri, minha respiração fica presa na garganta. “E você é?” Pergunto.
O barman volta com a garrafa de Cristal e quatro copos. “Na minha conta”, o cara misterioso diz. Eu espero que ele me diga seu nome, mas ele puxa um cartão preto do bolso e me entrega. “Se você estiver se sentindo aventureira”, ele diz, apontando para o cartão, “Não perca isso. É o seu bilhete dourado para a fábrica de chocolates, Charlie.” Então ele beija as costas da minha mão e se afasta através da multidão como um fantasma. Eu o perco de vista quando desaparece na massa de corpos e fumaça. Olho para o cartão, e fico confusa. Um número de telefone está na parte de trás e algum tipo de código. Quando viro o cartão, uma palavra está escrita em prata ricamente gravada: NOX.
A respiração deixa meus pulmões e minha boca se abre. Eu me viro e pego meu champanhe; então volto para a nossa mesa o mais rápido que minhas pernas trêmulas me carregam. Meus amigos já estão lá quando chego.
“Aí está você! Eu estava prestes a reunir uma equipe de busca!” Amelia ergue as sobrancelhas surpresa quando vê a garrafa de Cristal. “O que é isso? Você ganhou na loteria e não nos contou?”
“Longa história. Mas eu ganhei isso.” Depois estendo o cartão para Novah.
Em segundos, ela olha para mim e sussurra: “Sua cadela sortuda.”
“O que é isso?” Sage diz e pega o cartão de Novah. Os olhos dele se arregalam. “Faith. Esqueça a loteria. Você acabou de ganhar o jackpot4 com isso.”
“O que é isso?” Amelia pergunta. Ela lê o cartão. “Que diabos é NOX?”
“É um clube de sexo”, eu digo, ainda atordoada em descrença.
“Um o quê?” Amelia se engasga.
“Um clube de sexo. Clube de sexo, ela disse!” Novah diz dramaticamente. “Não é apenas um clube de sexo, é o clube de sexo! O clube de sexo da elite. Os ricos e famosos. Todos os tipos de pessoas da alta potência vão para lá. É uma maldita fortaleza. As pessoas pagam uma fortuna para conseguir uma associação lá, isso ou...”
“Você é convidado”, Sage diz, olhando para mim como se eu fosse uma maldita criatura mítica que acabou de entrar neste mundo nas costas de um unicórnio rosa. “Ser convidado é mais que raro. Mas se o fizer, você obtém uma associação gratuita.”
Novah começa a pular. “Porra, Faith, você acabou de ser convidada para o NOX!” Novah pega o champanhe. “Espera, quem te convidou? Ele comprou isso para você também? O que diabos aconteceu quando você foi ao banheiro?”
“Um cara loiro gostoso se aproximou de mim no bar.”
“Espere, espere, espere!” Amelia diz, fazendo um movimento de cortar em seu pescoço. Ela fica na minha frente. “Faith. Em primeiro lugar, que diabos? E segundo, você não está pensando em ir, está? Um clube de sexo, Faith? Um clube de sexo!”
“Eu gosto de sexo”, digo e dou de ombros. É verdade. Eu gosto. Não sou uma pequena flor tímida. Tenho um apetite sexual saudável e não peço desculpas por isso. Sou uma mulher solteira em Nova York; Trabalho e jogo duro. Mas então volto meus olhos para Novah. “Meu artigo.” Fico sem fôlego com a súbita excitação que paira dentro de mim. “Sally disse para procurá-la com um artigo que meus leitores gostariam de ler. Que conteúdo melhor para uma colunista de aconselhamento sexual escrever do que sobre o clube de sexo mais secreto e misterioso de toda a Nova York, se não do mundo?”
“Merda, Faith.” Novah assente tão rápido que parece a cabeça de uma caricatura. Ela rapidamente derrama o champanhe nos copos. “Você está certa. É isso. É isso!”
“É um clube de sexo, Faith. Você terá que fazer coisas. Coisas realmente fodidas”, Amelia diz, tentando trazer o resto de nós de volta à Terra.
“Parece o céu para mim”, Sage diz, batendo na minha mão. Eu pego sua mão e vejo sua emoção por mim brilhando em seu rosto lindo.
“Você realmente vai fazer isso?” Amelia diz. Vejo a preocupação em sua expressão. Amelia e eu fomos para a faculdade juntas. Ela é agora uma arqueóloga que trabalha no Museu Americano de História Natural. Compartilhamos um dormitório em Harvard e somos melhores amigas desde o dia em que nos conhecemos. Ela sempre foi quieta e reservada. Eu sou muito agitada e nada pacata. Ela é como minha irmã. Minha irmã super protetora que se preocupa comigo.
Eu pego as mãos dela. “Amelia, esta é minha chance. Você sabe que estou esperando por isso, uma oportunidade para um artigo de verdade. E é sexo. Eu amo sexo. Nunca tive vergonha disso. Eu já experimentei bastante, e não tenho planos de me estabelecer tão cedo. Ir lá não me assusta. De qualquer forma, estou ridiculamente intrigada.” Eu olho para Novah. “Você acha que Sally me permitirá fazer isso?”
“Acho que Sally vai mijar nas calças quando você disser que foi ao clube mais exclusivo do mundo ocidental. Você imagina há quanto tempo as pessoas esperam uma história sobre aquele lugar?”
“Merda”, eu digo, começo a entender a realidade da situação. Leio o cartão novamente. NOX, o notório clube de sexo. Aquele sobre o qual ninguém fala, mas todo mundo quer saber. E eu fui convidada. Eu. Mesmo encontrando o visconde Babaca e arruinando meu sutiã favorito para contrabandear vodca, minha noite acabou sendo possivelmente uma das melhores.
Eu fui convidada para o NOX.
Um clube de sexo.
Nunca estive tão animada por algo na minha vida.
CAPÍTULO CINCO
“Você me enfurece.” As palavras duramente faladas por Harry tomam conta de mim, fazendo minha pele arrepiar em seu rastro. “Você fala demais. Tudo sobre você é demais.” Os dentes de Harry mordiscam meu pescoço enquanto ele me prende contra uma parede em seu escritório com o seu peito largo. “Não suporto te querer. Eu odeio sua voz. Eu odeio o sorriso que você usa quando pensa que me superou de alguma forma.” A mão forte de Harry segura meus pulsos acima da minha cabeça; a outra mão dele apalpa meu seio, fazendo raios de calor correr entre minhas pernas. Eu pulso por toda parte, minha respiração é irregular.
“Bom”, eu digo, com minhas bochechas coradas e pele muito quente. “Então o sentimento é mútuo.” Dou um gemido, inclinando meu queixo para o teto enquanto Harry beija minha garganta, minha mandíbula e minha bochecha. “Eu odeio sua voz condescendente, seu sotaque afetado e a maneira como você pensa que é melhor que todos os outros.” Minha respiração para quando a mão dele escorrega do meu seio, levanta meu vestido e corre ao longo da minha calcinha. “Merda!” Dou um gemido quando ele puxa minha calcinha pelas minhas coxas. Ela se junta aos meus pés. Eu saio dela. Os olhos de Harry colidem com os meus. Odeio seus olhos perfeitos e seus longos cílios escuros. Odeio sua pele macia e como sua mão está me tocando tão intimamente. E eu odeio o quanto o quero, preciso dele, desejo-o.
“Uma vez”, digo e vejo suas narinas se dilatarem em resposta. “Uma foda para tirar isso da nossa mente.” Puxo minhas mãos para a sua calça e começo a desabotoar seu zíper. O calor inunda minhas veias ao ver seus olhos revirarem quando eu pego seu pau na minha mão. Ele empurra um dedo dentro de mim e eu quase gozo ali mesmo.
“Eu preciso estar dentro de você”, ele diz e move minha mão do seu pau. Então ele levanta a barra do meu vestido, puxa minhas pernas em volta da cintura e entra com força em mim. Nossos gemidos mútuos são estrondosos enquanto ecoam pelo vasto espaço do escritório. Harry enfia a cabeça na dobra do meu pescoço enquanto bate em mim. Coloco meus braços em volta de seus ombros quando sou empurrada a um estado enlouquecedor de êxtase. “Cristo”, ele geme enquanto me enche, seus golpes talentosos fazem arrepios correrem na minha espinha. Estou com muito calor, o prazer é demais. Então Harry levanta a cabeça e esmaga seus lábios nos meus. Eu não quero o beijo dele. Não quero sentir seus lábios contra os meus. Não quero provar sua língua. Mas quando ele me beija, enquanto sua língua quente duela com a minha, eu desejo tudo. Quero tudo dele, dentro e sobre mim.
“Eu te odeio”, murmuro contra seus lábios. “Eu desprezo você.”
Harry apenas geme, batendo os quadris cada vez mais rápido até que sou uma chama ardente. “Você me enfurece”, ele responde, sua voz perfeitamente furiosa faz meus mamilos endurecerem quando pressionam contra seu peito. “Você tanto me incendeia quanto enlouquece.”
Eu grito quando os dentes de Harry arranham a pele da minha clavícula, antes que sua língua gentilmente trace um caminho para a minha boca e ele me beija novamente. Ele me beija e beija até que meus lábios estão inchados e seu gosto fica gravado em meus sentidos.
Ele empurra cada vez mais rápido, até que eu fico fora de controle, minhas mãos agarram sua camisa. “Agora!” Eu grito quando o calor escaldante me envolve e me despedaça. Não é nada que eu já senti antes. É demais, mas desejo ainda mais.
“Porra!” Harry geme, então goza dentro de mim, suas mãos na minha bunda me puxam com tanta força contra seus quadris que não há ar entre nós. Seguro seus ombros e ofego. Eu o odeio. Realmente, realmente odeio. Mas quando o pau dele se contorce dentro de mim, trazendo outro flash de prazer ao meu núcleo, eu quero mais. Desejo-o como o pior vício, suas palavras breves, sua atitude arrogante e desdenhosa, é minha tão desejada droga de escolha.
Harry para contra mim, recuando lentamente. Quando encontro seus olhos, vejo a labareda de desprezo; Eu sabia que isso se refletiria. Mas então sua boca bate na minha novamente, e sou completamente consumida. Não mudou nada. Eu o odeio. Ele me detesta. Nada mudou...
“Faith? Você está aí?” O som da voz de mamãe me leva a reviver o sonho que abordou minha psique bêbada na noite passada. Inferno, sonho não. Pesadelo. Harry e eu... tiro as imagens da minha cabeça. De Harry pressionado contra mim, dentro de mim, fazendo meus dedos do pé se encolherem de prazer... “Faith? Eu sei que você está aí, está respirando engraçado.” Concentro-me no aqui e agora, e não no fato de que minhas coxas estão tentando se apertar enquanto eu caminho, apenas lembrando da visão quente.
“Mamãe! Estou aqui. Desculpe-me por isso.” A calçada está lotada esta manhã. “Como você está?”
Estou andando do metrô para o prédio de escritórios, conversando no meu celular. Pego meu reflexo em um prédio de vidro enquanto caminho para a HCS Media. Fico feliz por usar meu enorme óculos de sol. O dia quente está claro demais para minha bunda de ressaca, o sonho ainda me perturba e eu pareço uma porcaria.
“Estamos bem, querida”, mamãe diz, mas ouço uma pitada de tristeza em sua voz. Isso instantaneamente me esmaga.
“E papai?”
“Ele está na loja.” Mamãe faz uma pausa. Meus pés de repente também. Algum idiota de Wall Street bate no meu braço por trás, derrubando meu café Trenta extra forte na calçada.
“Idiota!” Eu o xingo. O idiota me mostra o dedo sem nem olhar para trás. Coloco-me contra um prédio próximo, limpando o café dos meus sapatos. Também tem um pouco na saia, mas desta vez não me importo se está manchada. Tudo o que importa é o papai. “Mãe, o que há de errado?”
O silêncio dela me diz que é ruim. Muito ruim. Eventualmente, ela diz: “O proprietário da loja deu ao seu pai apenas uma questão de semanas para conseguir o dinheiro para o aluguel atrasado, ou...” Ela para de falar.
“Ou o que?”
Mamãe suspira. “Ou nós a perdemos.”
“Mãe”, eu sussurro, um nó entope minha garganta. Não consigo imaginar o papai não tendo sua alfaiataria. É a vida dele. A paixão dele. Isso o quebraria. Sei que sim.
“Está tudo bem, Faith. Isso não é seu problema. Nós vamos trabalhar em algo. Sempre fazemos.”
“Se é seu problema, é meu. Nós descobriremos isso. Nós três. Ok? Não podemos perder a loja. Eu pensarei em algo. Prometo.”
“Ok, querida”, mamãe diz, mas ouço o lampejo de derrota em sua voz trêmula. Meus olhos se enchem de lágrimas. Eu amo meus pais. Nós somos uma equipe, nós três. Nós nunca tivemos muito dinheiro, mas tínhamos um monte de amor e nunca precisei de mais do que isso. Mamãe pigarreia e pergunta: “Você ainda vem jantar no domingo?”
Eu sorrio, afugentando minha tristeza. “Eu vou toda semana, mãe. Você nunca precisa perguntar. No entanto, sempre pergunta.”
“Só gosto de ter certeza. Agora, é melhor você começar a trabalhar ou se atrasará, mocinha.”
Eu checo meu relógio. “Merda!” Murmuro e começo a correr em direção ao meu prédio. “Vejo você no domingo, mãe. Beije o papai por mim!” Corro para o prédio, pegando o elevador lotado no momento em que as portas se fecham. Espremo-me ao lado de um pacote de jornalistas todos de terno e sapatos para o dia. Rezo com tudo o que sou para que o elevador não quebre. Eu já fiquei presa nessa engenhoca de aço duas vezes. Com tantas pessoas, passaria de Mad Men para o Senhor das Moscas em cinco segundos.
Quando o elevador sobe a cada andar, sacudindo-se para deixar as pessoas saírem, luto contra a onda de náusea que ameaça se projetar da minha boca como em o Exorcista. Eu ainda posso sentir a vodca, vinho e champanhe entrando em meu estômago vazio, lembrando minha estupidez em ficar bêbada em uma noite de trabalho. Isso, combinado com um sonho sexual sobre Harry Sinclair, é suficiente para deixar alguém péssimo. Eu praticamente choro de alívio quando o elevador para no meu piso. Eu corro para o meu cubículo. Novah já está lá e imediatamente me ajuda a tirar o casaco e a bolsa.
“Ela tem uma reunião em vinte minutos. É melhor você se apressar se quiser pegá-la.”
Eu beijo Novah na bochecha e corro para o elevador. Aperto o botão repetidamente até as portas se abrirem e corro para dentro. Respiro fundo, agradecida por estar vazio e pressiono o botão do décimo andar. Pouco antes de as portas começarem a fechar, alguém entra. No minuto em que sinto uma familiar colônia viciante — água fresca, hortelã, sândalo e almíscar — eu sei exatamente quem é. Apesar de tudo, não posso deixar de aproveitar o perfume. Por que o idiota tem que cheirar tão bem? E tudo que posso ver em minha mente sou eu pressionada contra a parede do seu escritório, ele me penetrando como se sua vida dependesse disso. Limpo minha garganta quando fica muito difícil respirar com a lembrança.
“Senhorita Parisi”, Harry diz, e eu, relutantemente, levanto minha cabeça. Ele olha para mim por cima do ombro. As portas do elevador se fecham e começam a subir para o décimo andar.
“Visconde Sinclair”, eu digo, o mais animada que posso, mesmo com uma bateria marchando na minha cabeça. Neste momento, estou em um sólido menos três em uma escala feliz.
“Harry”, ele corrige secamente. “Não há necessidade de títulos.” Os ombros dele ficam tensos. “Mas se eu fosse pedante, informaria que meu título atual é Visconde Sinclair, mas sou chamado de Lorde Sinclair.”
Não há nenhuma fodida maneira de eu chamá-lo de Lorde. “Continuarei chamando você de Visconde, se estiver tudo bem. Rola melhor na minha língua.” Harry suspira, e presume minha teimosia. Eu não posso deixar de esticar minha língua infantilmente para suas costas largas e ridiculamente musculosas. Então aceno dois dedos do meio levantados no ar em uma dança rítmica improvisada e altamente juvenil.
Eu rapidamente paro quando ele olha por cima do ombro novamente e pergunta rigidamente: “Confio que você se divertiu ontem à noite?”
Meus lábios se levantam de um lado. “Com certeza.” O que o Sr. Nunca quebre as regras diria se eu dissesse a ele que fui convidada para um clube de sexo depois de conversarmos? A garota com mamilos com sabor de vodca foi convidada para o parque infantil subterrâneo de maior prestígio, apesar da sua falta de jeito. Ele provavelmente se engasgaria com seu próprio pudor. Então, novamente, se ele fode de forma parecida com o meu sonho, talvez ele se encaixasse.
Harry olha para a minha saia e balança a cabeça. “Parece que você teve outro acidente, senhorita Parisi. Diga-me”, ele diz sorrindo. “Você realmente bebe as bebidas que compra ou simplesmente prefere usá-las como acessórios de roupa?” Meus olhos caem na mancha de café que enfeita a frente da minha saia lilás e as manchas de café com leite nos meus saltos nudes. Pelo menos minha jaqueta protegeu minha camisa de seda branca, então estou meio apresentável para falar com Sally.
“Os fluidos são o novo preto, Sr. Sinclair, você não ouviu?”
Harry levanta uma sobrancelha escura para a minha resposta. “Ah é?” Eu pego a diversão leve em seu tom profundo.
Fluidos. Acabei de dizer fluidos. Jesus Fodido Cristo.
“Não fluidos corporais”, digo rapidamente. A cabeça de Harry inclina para o lado enquanto tento remover o sapato de tamanho épico que está atualmente preso na minha boca. “Quero dizer, todos nós vimos como Monica Lewinski caiu quando ela mostrou o famoso vestido para o mundo.” Meus olhos se arregalam. “Não vi literalmente como ela caiu.” Aponto meu dedo para minha virilha, circulando a área geral para exagerar meu argumento. Levanto minha mão novamente e forço-a para o meu lado quando percebo que estou guiando os olhos do meu chefe diretamente para a minha vagina. “Quero dizer, ela literalmente se afundou no velho Bill, você sabe, para colocar o fluido corporal em seu vestido e tudo mais, mas...” O elevador repentinamente apita e as portas se abrem, me impedindo de cair mais fundo na toca do coelho com tema fluido. “Oh! Graças a Deus!” Eu digo, sem fôlego devido aos destroços do trem que minha baboseira se tornou.
“Senhorita Parisi”, Harry diz, algo como diversão brilha em seus olhos, quando eu desabo contra a parte de trás do elevador, exausta de toda a conversa sobre fluidos. Ele sai no décimo andar e caminha em direção ao seu escritório.
“Sim”, eu murmuro para mim mesma e vou para o escritório de Sally no lado oposto do andar. “Tudo isso vindo de uma garota que está prestes a lutar pelo seu primeiro longa-metragem.” Clara, a assistente de Sally, não está na mesa dela quando chego, então bato na porta.
“Vá embora!” A voz áspera de Sally passa pela porta.
Giro a maçaneta e rapidamente entro no escritório de Sally, fechando firmemente a porta atrás de mim. Puxo o cartão NOX do meu sutiã, coloco-o em cima da mesa dela. “Precisamos conversar sobre meu próximo artigo na Visage.” Os olhos de Sally se estreitam em mim em confusão; então ela olha para o cartão. Aqueles olhos estreitados rapidamente se arredondam e se arregalam de choque.
“Você foi convidada?” Ela questiona, olhando-me por cima de seus óculos escuros. “Isto é real?” Ela pega o cartão e admira a qualidade e a cara gravação da fonte. “Puta merda, Faith! Isso é de verdade, não é?”
“Fui convidada ontem à noite.” Sally fica de pé em segundos e marcha para a porta. Ela tranca a fechadura e me encara.
“Isso precisa ficar entre nós. Você não dirá a ninguém.”
“Ok.” Sento-me na cadeira de visitante quando Sally corre para trás da mesa e senta-se também. Ela junta as mãos e olha para mim. Não tenho certeza se ela está animada ou chateada com esse desenvolvimento.
“Você percebe o tipo de pessoa que frequenta esse clube, Faith. Dinheiro, poder, pessoas que poderiam nos elevar e destruir.” É a primeira vez que vejo Sally parecer nervosa. Seu olho esquerdo está com um tique, as lentes grossas de seus óculos me forçam a vê-la de uma forma ampliada. Quando a cabeça dela começa a enrijecer e os cabelos pretos perfeitamente lisos para trás começam a cair da prisão dura, eu sei que estou perdendo a chance.
Inclinando-me para frente, digo: “Você queria algo que atraísse meus leitores. Sexo. BDSM. Você não pode se mexer hoje em dia sem ler ou assistir a um cara alfa e dominador com seu peculiar interesse amoroso e fluídos jorrando sob seus comandos. Precisamos capitalizar isso. Mergulhar no chicote e na piscina de bolinhas do sexo e banhar-nos um pouco. Vamos dar sexo selvagem aos nossos leitores em uma bandeja de prata com remos. Vamos vibrar e pular na onda da mordaça.” Os lábios de Sally se apertam e ela se recosta na cadeira, olhando-me tão predatoriamente quanto um gato estuda um rato. “Eu posso fazer isso, Sally. Deixe-me fazer isso. Sou uma escritora muito boa e você sabe disso. Vai funcionar. Confie em mim.”
A espera para ela falar parece se arrastar, meu pulso age como um relógio de contagem regressiva pulsando no meu pescoço.
“Esta será sua única chance, Faith”, Sally diz e sinto meu coração acelerar. “Mas você não deve contar a ninguém sobre isso. Sabe-se lá quem neste prédio poderia fazer parte do clube.” Ela faz uma pausa. “E se você for reconhecida? A história terminará antes do seu primeiro açoitamento.”
“Já fiz algumas pesquisas”, eu digo. “Acordei cedo esta manhã. Parece que é tudo anônimo. Capuzes e máscaras, todas as identidades ficam escondidas. Bem ao estilo de olhos bem fechados5, espero que sem o culto ao diabo e o aspecto do culto, é claro. Embora essa fosse a história ali. Farei o que for preciso para puxar a venda sobre os olhos.”
Sally aponta o dedo na minha cara. “Você continua com o ‘Pergunte a Senhorita Bliss’, você não sairá dessa coluna. Nem pense nisso. É importante demais para a nossa popularidade.”
“Entendido, e eu nunca desistiria da coluna. É o meu bebê, meu bebê muito travesso.”
“Oito semanas”, Sally diz. “É tempo suficiente para entender o que acontece lá e não o suficiente para se aprofundar demais. Entendido?”
“Entendido.”
Sally tamborila suas longas unhas de acrílico sobre a mesa. “É... uma história tão grande, tão interessante... poderia ser nosso artigo de verão, Faith.” Momentaneamente perco o fôlego. O artigo de verão. Todo ano, a Visage publica uma edição estendida. No seu cerne contém a principal matéria. A maior exposição ou história humana interessante do ano inteiro.
“Eu entendo”, digo, e Sally me afasta da mesa com a mão.
Enquanto me afasto, ela diz: “Discrição, Faith. Ninguém deve saber nada sobre isso até que esteja pronto. Nem os seus colegas, amigos e, especialmente, os poderosos aqui presentes.” Ela aponta para os escritórios de Harry e os outros cachorros. “Não queremos que a história seja afogada antes mesmo de lhe dar uma chance, ao que você chamou de ‘Mergulhar no chicote e na piscina de bolinhas do sexo e banhar-nos um pouco’.” Eu gargalho com o que falei. Sally não. “Discrição e escrita épica. Encontre um gancho e role com ele. Todos nós queremos saber o que acontece naquele clube. Queremos saber quem está lá e o que faz. E se eles te denunciarem, o que tenho certeza de que eles farão, precisamos contornar o jargão jurídico e criar uma história que nos permita foder baunilha, literalmente, como se estivéssemos no paraíso com você.” Sally inclina os óculos no nariz e me olha por cima das armações. “Você deve fazer o que for necessário para obter essa história, Faith. Você entende isso?”
“Sim.”
“O que quer que seja exigido de você.” Sally sorri. Eu nunca vi diversão em sua expressão antes. Isso me assusta muito; ela parece um leão da montanha prestes a atacar. “Vamos rezar para que você tenha o limite de resistência e dor para essa tarefa.” Ela dá uma única risada zombeteira. “Oh, ver você amarrada em correntes com uma bola de couro na boca. Talvez quem brinque com você acabe calando sua boca.”
“Ha! Eu serei o maior desafio deles até agora”, eu digo, fingindo diversão com o seu desprezo. Lanço um sorriso tenso e rapidamente saio do seu escritório.
Apesar da língua ácida de Sally, sinto como se estivesse andando no ar enquanto saio do elevador e vou em direção a Novah. Ela pula da cadeira e me segue até o banheiro. Uma vez lá dentro, tranco a porta, depois de me certificar de que não há mais ninguém nos cubículos. Ligo todos os secadores de mãos e torneiras para abafar qualquer ruído. Novah me olha com os olhos de um falcão. Então eu fico diante dela. “Ela quer que esse seja o grande artigo.”
A boca de Novah se abre. “Você está brincando comigo?”
“Não”, digo e Novah agarra meus braços e começa a gritar. Também não posso deixar de gritar. “Shiuuu, shiuuuu!” Eu digo depois de dez segundos de gritos estridentes. Puxo Novah para mais perto. “Ninguém tem permissão para saber. Eu continuo normalmente. Escrevo ‘Pergunte a Senhorita Bliss’, mas à noite...”
“Tire a merda do seu corpo e torne-se a filha do Caos.”
“Hã?”
“NOX. A deusa romana da noite e a filha do caos.”
“Ok. Eu não sabia o que significava NOX. Então isso foi útil. Mas sim, me tornarei a referida presa.” Quando eu digo essas palavras, a realidade da situação cai sobre mim. “Porra, Nove”, minhas mãos tremem um pouco. “No que eu vou me meter?”
“Quantidades abundantes de bebidas e outros fluidos corporais, imagino. Ah, e lubrificante. Eles devem ter essa merda saindo de uma torneira.” Puxo o cartão do meu sutiã e olho para o número. “Não há tempo como o presente, certo querida?”
Assentindo, enfio a mão no bolso e pego meu celular. Eu posso fazer isso. Eu amo sexo. Será bastante fluido. Experimentei muito na faculdade, assim como a maioria das pessoas. Este será apenas mais um experimento, com o prêmio sagrado de ganhar o grande artigo no final. O que será algumas palmadas e orgias em massa para conseguir esse bebê? Orgasmos como pagamento? Eu posso descontar esses cheques o dia todo.
“Ok”, eu digo em uma respiração profunda e digito o número no meu celular. Toca exatamente três vezes antes que alguém atenda.
“Número de membro?”
“Recebi um cartão ontem à noite”, digo, tropeçando nas minhas palavras, e espero a outra pessoa falar.
“Código no cartão.”
“Dois, um, seis, oito, três.”
Eu espero em silêncio, Novah se inclina para ouvir. “Tudo ficou quieto”, falo para Novah. Ela se inclina ainda mais, pressionando sua bochecha na minha. O homem volta à linha. “Enviarei um endereço para este número de celular. Você deve visitar esse endereço nas próximas duas horas. Você será contatada posteriormente com mais instruções.” Com isso, o telefone é desligado.
“Bem, isso não foi nem um pouco assustador”, Novah diz e eu balanço minha cabeça em choque.
“É como o Missão Impossível dos clubes de sexo”, eu digo. “Esta mensagem se autodestruirá em sessenta e nove segundos.” Eu pisco para Novah assim que um endereço chega ao celular.
Novah está no celular em pouco tempo, pesquisando o endereço no Google. “É uma clínica”, ela diz, “não muito longe.”
“Bem”, eu digo e desligo as secadoras e torneiras. “É melhor eu levar minha bunda para a clínica rapidamente. Eu tenho uma masmorra sexual para participar.”
??????
“Não há nenhuma parte minha que não tenha sido revistada, cutucada e esfregada”, digo quando entro no meu apartamento mais tarde naquela noite. Sage e Amelia estão sentados no sofá aguardando meu retorno. Estive enviando uma mensagem para a história em desenvolvimento à medida que o dia avançava. Sally me fez jurar guardar segredo, mas isso não incluía esses dois ou Novah. Eu contei tudo a eles.
Inclino-me no sofá e estremeço.
“Passagem da frente ou de trás?” Sage pergunta, suas sobrancelhas dançam.
“Ambos. As laterais, verticais e horizontais também.” Pego o copo de água que Amelia me ofereceu antes que ela se sente do meu outro lado. Bebo a água de uma só vez e rolo o pescoço, fechando os olhos enquanto descanso a parte de trás da minha cabeça no sofá.
“Eles fizeram muitos testes comigo hoje e minha cabeça está girando. Ganhar meu mestrado foi mais fácil do que aquele exame médico. Quem sabia que havia tantas DSTs que você poderia pegar? E a porra da enfermeira vampira feriu meu braço para conseguir sangue. Eu tenho certeza de que era um teste de resistência. Sabendo a minha sorte, ela será a dominatrix principal e não ama nada além de brincadeiras de sangue. Minhas pobres veias tiveram ansiedade de desempenho e fugiram quando a agulha se aproximou. Elas ficaram tímidas.”
“Vamos torcer para que o resto da Faith não fique tímido”, Sage diz e eu dou uma cotovelada em suas costelas, limpando o olhar presunçoso de seu rosto.
Pego minha bolsa e o contrato de confidencialidade que me foi dado para assinar e enviar por fax. “Eles me disseram para que meu advogado o averiguasse. Não posso entrar neste lugar até que seja assinado. Depois de ser a almofada de alfinetes da enfermeira Pesadelo por mais de três horas, eu entrarei naquele clube o mais rápido possível.” Entrego o contrato para Sage. “E já que você é o meu advogado...” pisco meus cílios para ele, Sage pega o contrato e vai se sentar à mesa.
Sinto a preocupação de Amelia pairando sobre mim como uma mosca irritante que continua zumbindo pelo meu ouvido. “Amelia, eu estou bem.”
“Você está bem com anal?” Ela pergunta e eu me engasgo com a língua.
“O que?”
“Fisting6?”
“Amelia!”
“Pegging7?”
“Amelia!”
“Esguichar, queening e figging, ela continua.
“Que porra é essa?”
“Ter um pedaço de gengibre enfiado na sua bunda. Queima, Faith. Queima, e algumas pessoas adoram.” Eu pisco para a minha amiga, percebendo que ela está falando sério.
“Merda. Nunca mais vou olhar para o homem do biscoito de gengibre da mesma maneira. Foi o biscoito que inspirou isso? Ele degradou o biscoito de gengibre dessa maneira? O bastardo pervertido.”
Amelia ignora minha piada e pergunta: “Você está bem com a TPB?”
“A terapia?”
“Tortura de pau e bola, Faith. Tortura de pau e bola.”
Cubro a mão de Amelia. “De tudo o que você acabou de dizer, isso me parece o mais empolgante. Quem não gostaria de apertar as mãos em um par de bolas e fazer algum idiota gritar?”
“Você não está falando sério sobre nada disso, Faith!” Ela diz, exasperada.
“Eu estou, Amelia.”
“Você nem sabe o que é queening, percebi isso pelo seu rosto.”
“Eu ainda não sei.”
“É quando você agacha e esmaga sua vagina no rosto de alguém. É isso aí. Você apenas se senta no rosto de alguém. Queening! É tudo isso.”
Eu não posso evitar. Caio na gargalhada. A boca de Amelia se contrai até que ela finalmente se junta a mim. “Se essa é a verdade, então eu estou ferrada! Não posso me agachar para salvar minha vida. Eu mataria o pobre idiota que queria foder entre minhas pernas. Com a força das minhas coxas, eu pousaria no rosto do cara e não seria capaz de voltar.” Olho através da sala. “Sage! Asfixia vaginal é um problema?”
“Claro”, ele diz, sem tirar os olhos do contrato. “Qualquer tipo de asfixia é um problema.”
“Faith...” Amelia puxa meu braço.
“Amelia, eu te amo. E Deus abençoe seu coração inocente, posso imaginar o que você passou para pesquisar esses termos hoje.” Amelia é quieta e nada aventureira. Eu a adoro por fazer isso por mim.
“Sentei-me no Hall da Origem dos Humanos entre os neandertais em tamanho real. Juro que por um momento eles ficaram espiando por cima do meu ombro, olhando para o meu laptop, ofegando comigo.”
“Ofegando, hein? Essa é outra atividade sexual?”
“É, na verdade”, Amelia diz e minha risada some. “É quando você mata alguém quando ele goza. Eles desmaiam por alguns segundos e é para ser semelhante ao que alguns considerariam o êxtase puro.”
“Uau.”
“Uau. Exatamente, Faith. Estes são os tipos de coisas que você passará às cegas. Eu sei que você não é uma princesa virginal, mas para essas pessoas, você é. Isso não acontecerá com um cara aleatório no banheiro. Isso é uma brincadeira de sexo assustador.”
Inclinando-me, beijo Amelia na bochecha. “Eu te amo. E eu aprecio você. Só quero que você saiba disso. Mas isso vai acontecer, docinho.”
Sage se senta ao meu lado. “Está ok?” Pergunto a ele.
“É revestido de ferro, como eu pensei que seria.” Isso esvazia minha esperança, como um alfinete sendo esfaqueado em uma boneca inflável. “Mas não impossível. Você tem que deixar de fora quaisquer nomes, descrições faciais — qualquer coisa que possa expor as pessoas que você conhece ou transa. Mas, quanto à sua experiência, o que você fez e fizeram com você, pode ir em frente.”
“Ahhh!” Eu grito e me jogo sobre Sage. Coloco meus braços em volta do pescoço dele e o beijo na bochecha. “Sage, você gostaria que eu te desse um agradecimento?”
“O que?” Ele pergunta, franzindo o nariz em confusão.
“Esmagar minha vagina em seu rosto.”
“Erm... eu estou bem, Faith, obrigado.”
“Tem certeza de que está? Estas são as delícias que se pode esperar de mim a partir de agora. Eu me tornarei bem versada em todas as coisas estranhas.”
“Cem por cento certo, menina. Embora se você encontrar um homem bonito que queira me entregar guloseimas, eu não direi não.”
“E se ele quisesse enfiar gengibre na sua bunda?”
“Então eu diria para me chamar de Sr. Moscow Mule.”
Solto uma risada e dou um tapa no peito vigoroso de Sage.
“Eu não posso com vocês dois”, Amelia diz e se aconchega no sofá, longe de nós. “Cada um é pior que o outro.” Sento-me para frente e me aconchego no seu braço. Amelia ri e me afasta.
“Você quer que eu escaneie e envie isso?” Sage pergunta. Ele tem uma organização incomparável no escritório em seu apartamento.
“Sim, por favor.”
Dez minutos depois, Sage está de volta à nossa sala e o contrato assinado foi enviado ao NOX. O nervosismo com o qual tenho lutado o dia inteiro está começando a me chutar. Está feito. Eu irei ao NOX.
Assim que me levanto para tomar uma bebida, meu telefone toca. Eu me atrapalho com o aparelho, felizmente consigo evitar soltá-lo pela primeira vez na minha vida. “Olá”, respondo apressadamente. Sage e Amelia silenciam a TV e me assistem.
“Amanhã à noite. Sete da noite. Venha totalmente depilada, sem pelos na área genital e esteja limpa. Seu cabelo deve estar preso. Você receberá o endereço uma hora antes da hora de chegada. Não se atrase. Você só tem uma chance no NOX, não a desperdice.” A ligação é interrompida e olho para os meus amigos com os olhos arregalados.
“Amanhã à noite”, digo e respiro fundo. “Eu vou amanhã à noite.”
Amanhã à noite eu descobrirei o que está escondido atrás dos altos muros de mistério que cercam o clube infame. Comprometi-me a contar a história, não importa o que preciso suportar. Eu, Faith Maria Parisi, entrarei no NOX, com meus olhos — e, sem dúvida, minhas pernas — bem abertas.
CAPÍTULO SEIS
“Você pode fazer isso, Faith.” Eu cantarolo para mim mesma quando o táxi começa a desacelerar. Meu longo casaco preto está puxado firmemente em volta da minha cintura. O homem que telefonou ontem à noite não me deu um código de vestimenta. Então, vesti minha roupa mais sexy e espero que seja suficiente. Eu uso um vestido preto justo e meus melhores saltos de 12 cm — é um pouco ambicioso para uma dama com minha falta de equilíbrio tentar usar um tão alto salto, mas senti que a noite exigiria algo ousado. Irei a um clube de sexo, afinal. Talvez eu descubra um homem bonito que tenha um fetiche por falta de jeito.
Meu cabelo está amontoado em uma massa de cachos no topo da minha cabeça, um zilhão de grampos o segura no lugar. Minha maquiagem é pesada e glamourosa, com um novo batom vermelho combinando com minhas unhas. Brincos estilo candelabro pendem das minhas orelhas. Eu temi parecer uma garota de Jersey Shore. Mas estou aqui agora e tenho que puxar minha calcinha de menina grande e enfrentar os açoitadores.
O táxi para no centro do Upper East Side e olho para a imponente mansão, perfeitamente situada ao lado de seus vizinhos bonitos na idílica rua arborizada. A mansão é feita de pedra branca com colunas românicas em pé como guardas na entrada de vidro. O vidro é opaco e não consigo ver o interior. É tudo bem inspirado no estilo romano. E sua fachada combina com o nome do clube. A deusa e filha do Caos ficaria orgulhosa dessa arquitetura italiana. Por mais bonita que seja, parece apenas mais uma casa incrivelmente cara em Nova York. Este clube infame está escondido à vista de todos. Da rua nunca se saberia as delícias carnais oferecidas lá dentro.
“Você vai sair?” O motorista do táxi fala bruscamente, interrompendo minhas reflexões internas.
“Acalme seus peitos, Mike”, digo, vendo o nome dele na sua licença de táxi, pendurada no espelho. “Estou saindo.”
Saio para a calçada, meu olhar viaja até o topo da mansão. Tem pelo menos cinco andares de altura. Quantos cômodos pode ter um lugar como este? Eu só consigo imaginar a quantidade de corda e látex necessária para satisfazer a clientela atrás das grossas paredes.
“Você consegue, Faith”, eu digo novamente e começo a subir os degraus, tentando cuidadosamente permanecer na vertical nos meus saltos arranha-céu. Toco a campainha e espero o início dos jogos.
Um mordomo, de todas as pessoas, atende a porta. Ele deve ter pelo menos setenta anos, seus cabelos grisalhos e as rugas pesadas em seu rosto revelam sua maturidade. E ele se veste como qualquer mordomo, calça preta e terno combinando, com uma camisa branca e gravata borboleta preta no pescoço.
“Você tem seu cartão, senhora?” Ele pergunta, como se estivesse me esperando, seu sotaque inglês com voz suave navega pelas minhas orelhas como uma brisa suave. Seu sotaque me acalma, enquanto a voz de Harry Sinclair parece tão irritante quanto um ralador de queijo na minha bunda.
Enfio a mão no bolso e entrego o cartão. Ele vai até uma engenhoca, que parece um ipad, na parede do saguão e digita algo nele. “Identidade.” Ele pergunta em seguida. Entrego minha carteira de motorista. Ele digitaliza no mesmo dispositivo.
Ele sorri para mim quando a máquina apita e acende uma luz verde. Devolvendo minha identidade, ele se curva e diz: “Bem-vinda ao NOX, senhorita Parisi.” Ele faz um gesto para eu entrar no grande vestíbulo de mármore branco. A porta da frente se fecha e tranca atrás de nós. “Todas as novas Ninfetas precisam se encontrar no porão.”
“Ninfeta?” Eu questiono.
Ele assente em silêncio.
“Por aqui Senhorita Parisi”, Alfred diz. Eu não sei o nome dele, mas tudo é muito Batman, então o nome lhe convém. Bem, se por baixo do traje de morcego, Batman está enrolado da cabeça aos pés em um traje de látex e gosta de lamber os pés das pessoas depois de lutar na gelatina.
Alfred lidera o caminho, andando um passo à minha frente. Ele só caminha alguns metros quando eu me engasgo com minha própria saliva. “Está tudo bem, senhorita?” Alfred pergunta, virando-se para mim.
“Muito”, pigarreio, tentando evitar que meus olhos saiam da minha cabeça. “Por favor, continue.”
Sorrio em encorajamento. Alfred retoma a liderança, e a fonte do meu ataque de asfixia rapidamente aparece. O traje de Alfred parece o traje típico de um mordomo britânico bem treinado para a rainha, mas, em uma inspeção mais minuciosa, toda a bunda da calça está faltando, mostrando seu traseiro caído para todo o mundo ver. Eu não consigo desviar os olhos de suas nádegas levemente achatadas enquanto ele me leva a um conjunto de escadas e começamos a descer.
Desvio os olhos da bunda do homem idoso e olho para a escadaria de mármore que leva aos andares inferiores. Tento ouvir qualquer som de sexo ou, pelo menos, música ambiente, mas tudo o que se posso ouvir é o ruído dos meus calcanhares no chão de mármore. Um tapete vermelho rico cobre os patamares e o centro da escada, e um grande número de vasos cheios de buquês de flores envia uma fragrância doce ao redor do lugar. Obras de arte, tão grandes que pertencem a museus, adornam as paredes.
Estou tão ocupada admirando a vista que tropeço em um degrau, então pego o corrimão para me equilibrar e vejo as telas de perto. Elas são pinturas no estilo renascentista de homens com a cabeça entre as pernas de mulheres, mulheres fazendo sexo com homens em todos os tipos de posições do Kama Sutra — homens com homens e mulheres com mulheres. Não é uma casa comum da cidade no Upper East Side.
Portas de madeira manchadas de escuro formam um labirinto de corredores. Quanto mais descemos, mais me pergunto quão grande realmente é essa casa e quantas pessoas ela pode conter. Minha mente fica aturdida com quantas garrafas de lubrificante é preciso para manter um frenesi sexual tão forte por uma noite.
Quando chegamos ao que parece ser o porão, duas portas ornamentadas estão em lados opostos do patamar. Não são portas de madeira escura como as do resto da casa, mas parecem ser feitas de ouro puro, com figuras romanas esculpidas nos painéis ilustres.
Alfred me leva para a direita e gira a maçaneta. “Você pode entrar, Senhora.” Eu passo cautelosamente pela porta, e uma mulher vestida com um macacão de látex de corpo inteiro me cumprimenta. Eu me encontro em pé dentro de uma caixa preta. Não há outro nome para isso. As paredes e o chão são negros como azeviche, iluminados apenas por luzes vermelhas que caem do teto como um crepúsculo escuro.
Uma máscara cobre o rosto da mulher. É uma máscara facial, mostrando apenas os lábios pintados de vermelho. E no topo da máscara, ela exibe enormes orelhas de coelho. Por mais que tente, não consigo distinguir o rosto dela sob a cobertura lagomórfica8. Apenas os olhos dela. E o reflexo do tom vívido de púrpura brilhando para mim prova que mesmo as cores dos olhos estão disfarçadas pelo uso inteligente de lentes de contato.
Anonimato, afinal, é a chave do sucesso do NOX.
“Bem-vinda ao nosso clube. Você foi observada pelo nosso selecionador local para se tornar uma amada Ninfeta de NOX.” A mulher curvilínea fala em um tom sedutor, embora um pouco robótico. “Ninfetas são aquelas que têm uma atração magnética sexual natural. Aquelas que podem atrair e tentar nossos membros como frutas proibidas e ajudar a tornar realidade suas maiores fantasias.”
Uma Ninfeta. Fui recrutada como uma Ninfeta. Eu não sei os detalhes, mas, a partir das poucas informações disponíveis no NOX online, imaginei que uma Ninfeta era um tipo de animal de estimação sexual.
“Você concorda?” Coelhinha pergunta.
Fecho os olhos, e tenho uma conversa interna. Você consegue fazer isso. Você vai gostar disso. Você consegue.
“Concordo, eu digo, abrindo os olhos e ganhando o sorriso brilhante da Coelhinha.
“Então, por favor, me siga.” Coelhinha vai para uma das paredes pretas e a toca. Uma porta se abre para o que parece ser um vestiário. Os vestiários são de decoração gótica, com cabines feitas para parecerem masmorras medievais de pedra.
Coelhinha me leva a uma cabine. Não há cortina na porta; é exposta, exatamente como eu imagino que meu corpo está prestes a ser.
“Este é o seu uniforme. Você usará isso todas as noites em que estiver no NOX. Você é uma Ninfeta para nossos membros. É o papel que você desempenhará. Ter Ninfetas presentes é apenas uma parte das atrações aqui no NOX. Parte da fantasia que oferecemos.” Ela solta um par de algemas da parede. “Os membros podem querer prendê-la para si, se você permitir. Ou amarrá-la aos muitos instrumentos na sala principal.”
“Certo. Entendi”, digo, sentindo-me como Alice entrando em um país das maravilhas realmente pervertido, e olho para o resto do meu ‘uniforme’. Um bustiê de veludo preto, rendas francesas pretas, mal há calcinha, meias e saltos de stripper. Há algo mais no gancho, mas não consigo entender o que é.
“Você nos deu seus tamanhos no formulário que preencheu.” Coelhinha me indica para entrar. “Suas roupas serão guardadas até a hora de ir para casa.” Olhos vermelhos me encaram enquanto entro no estande. Coelhinha não se mexe. Dou-lhe um sorriso tenso quando percebo que ela me verá despir-me. Enquanto eu troco meu casaco e vestido, Coelhinha permanece imóvel.
“Buceta depilada?” Ela pergunta e se aproxima de mim quando puxo minha calcinha. Sua boca se curva. “Bom.” Ela pisca para mim. “Belos lábios.”
Eu sei que ela não está falando sobre os lábios em minha boca.
“Obrigada?” Eu digo, minha resposta brota como uma pergunta. Sou uma mulher confiante. Mas até eu estou me sentindo um pouco nervosa com tudo isso.
Respiro fundo, tiro o sutiã e fico nua, tentando fingir que não é diferente de estar na academia. Eu nunca tinha fui à academia, é claro, mas ouvi falar de mulheres leves e livres, pernas empoleiradas em bancos enquanto elas arejam suas regiões inferiores e conversam sobre os eventos do dia, seus maridos traidores e os limpadores de piscina que elas estão transando em segredo na casa de hóspedes.
“Você não fica com calor nessa coisa?” Pergunto a Coelhinha, apontando para o macacão dela, tentando conversar um pouco enquanto visto a calcinha, meias e ligas de renda francesa.
“Meu mestre gosta de látex.”
“Isso é um sim?” Eu sorrio, piscando para ela neste momento.
Com sua resposta silenciosa, tento colocar o meu bustiê sem sucesso. As mãos da Coelhinha rapidamente assumem o controle e ela começa a amarrar as cordas para mim. Ela puxa as cordas, arrancando rapidamente o ar dos meus pulmões. Minhas mãos batem na parede na minha frente para manter o equilíbrio.
“Merda. Cuidado”, digo.
Coelhinha continua puxando e puxando até eu ter certeza de que ela quebrou algumas costelas. “Você pode respirar?” Ela pergunta docemente.
“Não!” Eu murmuro.
“Perfeito”, ela diz e prende as cordas. Ela se abaixa e coloca os novos saltos nos meus pés. Estou contente; temia que, se tentasse me curvar, bateria de frente com a parede e não conseguiria voltar.
Coelhinha pega a única peça de roupa que eu não consegui entender. Mal posso ver por cima do meu decote, que levantou muito os meus seios, mas quando ela levanta o tecido semi-opaco, de repente percebo o que é. “Um véu?”
“Uma máscara velada.” Ela a coloca na minha cabeça e prende um fecho na parte de trás do meu crânio para mantê-lo no lugar. O tecido de renda cai sobre o meu rosto, indo até o meu pescoço, inibindo minha visão. Uma cortina de contas pretas cria uma segunda camada sobre a renda. Só consigo ver um pouco. Imagino que esse é o objetivo do design.
“Nossa maior regra aqui no NOX é manter nossos rostos sempre cobertos.” A boca da Coelhinha vem para perto da minha orelha. “Pode parecer assustador no começo. Mas acredite, você vai adorar. É como nada no mundo ter prazer anonimamente. Você se sentirá mais livre do que nunca, assim que você deixar acontecer.”
“Vou acreditar na sua palavra.”
“Em nenhum momento você removerá esse véu”, Coelhinha diz, de volta aos negócios. “Se você mostrar sua verdadeira identidade em qualquer momento, será expulsa do clube. Maître não tolerará nenhuma forma de desobediência. Não importa o quanto você pagou por uma associação ou foi convidada, a regra é absoluta. Você entende?”
“Maître?” Pergunto, minhas orelhas de jornalista se levantam quase tão alto quanto as da Coelhinha. Maître. Francês para mestre. Os rumores de um mestre administrador francês são quase tão famosos quanto o próprio clube.
Coelhinha dá o primeiro sorriso largo que eu já vi dela. “Nosso Maître. O mestre do clube. O arquiteto de tudo isso.” Sua voz muda do monótono, com o qual já me acostumei, a uma elevada excitação.
Recuando para admirar seu trabalho, Coelhinha assente e pega as algemas de couro preto e, tão gentil quanto um rato, começa a prendê-las nos meus pulsos. Eu olho para baixo, capaz de ver suas mãos delicadas travando-as firmemente no lugar. Olho para o visual, incapaz de desviar o olhar. Estou aqui. Eu sou uma Ninfeta NOX. E de repente fico apavorada.
“Pronto”, Coelhinha diz, passando o dedo pelos meus braços nus. “Você está perfeita agora. Roupas civis são tão chatas. Não há nada como rendas, couro e látex para fazer você abraçar sua feminilidade.”
Coelhinha me leva por outra porta. Quando entro, olho através do meu véu. A sala contém algumas mulheres vestidas como eu. Há dois homens lá também, vestidos com calças de couro e nada mais. Se meu conhecimento mitológico está correto, as Ninfetas eram tradicionalmente vistas como femininas. Por outro lado, estamos no século XXI e os homens também podem ser Ninfetas, se quiserem. NOX é claramente progressista. Isso é um ponto no meu livro.
“Sente-se aqui”, Coelhinha diz.. Caio de joelhos, recostando-me nas ancas como as outras Ninfetas estão fazendo. Coelhinha fala com um homem na frente da sala. “Ela é a última”, Coelhinha diz e se afasta.
O homem na frente da sala está vestido com calças de látex, o tronco nu. Uma capa no chão, com um capuz grande, está em volta dele. O capuz cobre metade do rosto, mas eu posso ver a máscara que ele usa, do tipo veneziana. Dourada, com penas vermelhas curtas adornando as bordas.
“No NOX, ninguém usará seus nomes. Isso nos ajuda a proteger nossas identidades.” Eu vejo seu abdômen musculoso. “No seu papel de Ninfeta, você deve sempre responder com ‘Sim, senhor’ ou ‘Sim, senhora’ ao falar com os membros. Isso me inclui.”
O ‘Senhor’ volta para a frente da sala.
“Em breve vocês entrarão na parte principal do NOX. Temos uma variedade de membros aqui. Não é apenas uma classe que ganha associação. Muitas das pessoas que frequentam o NOX também são casais. Exploramos e convidamos Ninfetas para o clube, para aqueles que desejam experimentar, para adicionar outros membros a seus empreendimentos sexuais. E para seu próprio prazer também.” Posso ouvir meu coração batendo nos ouvidos, o nervosismo apertando meu estômago.
“Como uma Ninfeta, sua experiência no NOX pode ser vasta. Você pode se encontrar fazendo o papel de submissa ou animal de estimação sexual para um mestre. Ou uma pessoa ou pessoas a quem você se juntar podem querer que você esteja no comando, elas podem desejar atendê-la. Todos temos preferências e necessidades sexuais diferentes, e isso também vale para vocês. Como uma Ninfeta, você possui um grande poder. Vocês são desejadas aqui, praticamente reverenciadas e adoradas por nossos membros. Vocês podem recusar qualquer avanço, é claro. E vocês estão na posição de sorte, onde a maior parte do prazer dos membros será focada em vocês.” Estou ficando quente. O ar parece estalar ao meu redor.
“Com quem quer que façam parceria, depende de vocês decidirem o que farão com eles, o que vocês gostam e o que não gostam. NOX é a maior fantasia sexual de todos que se iniciam nessa vida. Queremos que seja sua também. Vocês não são menores porque não pagam uma assinatura, pelo contrário. Queremos que todos os nossos membros se sintam seguros e se divirtam.”
Ele para e começa a caminhar pela sala. Como os vestiários, esta sala está escura com pouca iluminação. “Se vocês não quiserem participar com alguém, recuse educadamente. Ninguém discutirá. Se o fizerem, serão removidos. Tudo o que fazemos aqui é cem por cento consensual.” Quando ele fica no topo da sala novamente, ele diz: “Agora que foi explicado, estamos prontos.”
Uma porta se abre e imediatamente o tom baixo e doce da música entra no cômodo e nos arrebata. Gritos e gemidos de êxtase navegam nessas batidas pesadas e batem direto no meu peito.
Levanto-me e sigo as outras Ninfetas para a sala principal. Olho através do meu véu e, mesmo com a visão turva, meus olhos se arregalam com as visões diante de mim. Eu só posso descrever como um vasto porão de orgia. Homens e mulheres se contorcem em todas as partes do lugar. Luzes vermelhas escuras beijam sedutoramente os corpos nus e vestidos. Um buraco no fundo da sala rodopia com corpos extasiados como uma pintura a óleo em movimento feita por um artista erótico — beijos, sexo oral, dedos e brinquedos, relações sexuais e cabeças jogadas para trás, bocas gritando de prazer. Minha mente dispara com o pensamento de estar no centro daquele buraco.
Como será ser tocada por tantas pessoas?
Eu pulo em choque quando uma mão desliza pela minha perna. Olho para baixo, embaixo do meu véu, e vejo um homem de capa e máscara descansando no chão, com outro homem beijando cada centímetro de seu abdômen nu. “Junta-se a nós?” Ele pergunta. Então, sorri para mim sob sua máscara vermelha com chifres demoníacos.
“Desculpe”, respondo, meu nervosismo assume, “sou apenas vitrine por enquanto.” Estremeço com o quão patética eu pareço.
Afasto-me e procuro rapidamente pela sala. Como a Coelhinha e o Senhor haviam dito, todos os rostos estão cobertos de máscaras — gatos, coelhos, máscaras nos estilos egípcio e veneziano. Demônios, anjos e fachadas de carnaval multicoloridas. Olhos vibrantes em rosa, vermelho e preto nos encaram enquanto passamos, lentes de contato disfarçando os únicos traços distinguíveis dos membros.
Um grito agudo corta a música hipnótica, e minha cabeça vira para a esquerda. Minha boca se abre quando eu bato os olhos em uma mulher, vestindo uma roupa feita apenas de tiras de couro, amarrada a uma cruz de Santo André. Ela está sendo açoitada por um homem com uma máscara dourada, esculpida com uma boca maldosa e risonha. Vergões rosados cobrem sua pele. O homem vê meu interesse.
“Venha. Eu ficaria honrado em açoitar você também.”
“Eu iria, mas eu... é... tenho uma pele muito sensível”, digo, murmurando minhas palavras, “me machuco como um pêssego.” O homem se curva para mim e volta a açoitar sua parceira. Tento procurar as outras Ninfetas. Meu estômago revira quando as vejo se juntando a alguns casais, algumas entrando em outros quartos.
Vamos, Faith, eu digo a mim mesma. Pare de ser uma covarde.
Movo-me através de cada sala, as visões derretem em um borrão libidinoso. Duas mulheres estão suspensas no teto por cordas como assados de porco em um churrasco. Mesas e cadeiras humanas estão espalhadas pelo chão, pés e bebidas das pessoas descansando nas costas. Homens com homens se beijam, mulheres e mulheres tocam, e orgias de dez pessoas rolam profundamente nas maiores camas que eu já vi.
Meus pés vacilam quando vejo homens vestidos como pôneis trotando, uma senhora vestida com látex vermelho segura suas rédeas e os chicoteia com um grande chicote quando é desagradada. Minha cabeça lateja em sincronia com a música trance em locais que eu só vi em filmes. Inferno, alguns que eu nunca vi. Amelia estava certa. Isso é mais do que jamais imaginei.
Um ‘pônei’ para ao meu lado. A senhora passa o chicote pelo meu braço. “Você está interessada?” Ela pergunta.
Brincar de pônei é demais para mim. “Desculpa. Sou alérgica a cavalos”, falo e me afasto, com o rosto em chamas pela minha desculpa estúpida. Eu preciso de um tempo. Preciso organizar meus pensamentos e chutar minha própria bunda por ser tão covarde.
Procuro um lugar para ir, incapaz de encontrar o caminho de volta. Passo por bares totalmente abastecidos, onde os membros do NOX descansam e bebem, rindo com os amigos como se estivessem em qualquer outro bar em Manhattan. As submissas que usam calcinhas fio dental agem como mesas. Um homem levanta o rosto da submissa e empurra entre as pernas dela sem interromper a conversa com o amigo. Sua mandíbula aperta quando ela goza na nossa frente. Então viro à direita, assim que uma mulher esmaga sua virilha no rosto de um homem enrolado em correntes debaixo dela.
“Queening”, eu sussurro, uma risada nervosa traidora escorrega da minha boca enquanto imagino o rosto de Amelia vendo isso em ação.
Vejo o que presumo que é um banheiro ao lado do bar principal. Depois de correr pelo andar, evitando as muitas ofertas que voam em meu caminho, empurro a porta... apenas para parar no meio do caminho. Não é um banheiro. É uma sala escura com vários balanços presos a armações de metal, algumas cruzes de madeira, e eu não consigo entender o que mais. Quatro mulheres balançam nos balanços de couro, que seguram seus pulsos e os tornozelos. Começo a recuar.
“Desculpe”, digo ao homem no centro, segurando um chicote feito de crina de cavalo.
“Junte-se a nós”, ele diz, “temos espaço de sobra.”
Começo a balançar a cabeça. Eu me afasto, rezando para encontrar a porta nesse segundo. Meu ombro bate em um poste de metal, me derrubando. Eu tropeço em meus calcanhares, mas consigo encontrar um banco na estrutura de um balanço vazio, o que me impede de bater no chão.
Tudo acontece tão rápido. Meu aperto instável no balanço de metal faz com que ele tombe... derrubando todos os outros balanços da sala. É uma cacofonia de metal batendo contra metal e gritos das mulheres amarradas em balanços de couro e incapazes de fugir. Tento ajudar o homem a parar os destroços, mas é em vão.
Minhas bochechas ardem de vergonha quando a equipe do bar entra na sala para ajudar. Quando a queda final do metal termina, sinto vários pares de olhos fixos em mim.
“Ops”, digo, fazendo uma careta debaixo do meu véu.
Uma mão pousa nas minhas costas. Através do meu véu, vejo a máscara veneziana familiar do ‘Senhor’, encarregado de cuidar de nós hoje à noite. Ele me leva pelo clube. Eu mantenho meus olhos no chão. Estraguei tudo. Serei expulsa. Apenas sei disso. A tristeza toma conta de mim. Não conseguirei o artigo. Sally me matará.
O Senhor me leva para a sala em que começamos a noite. “Você está bem?” Ele pergunta. Quero chorar com o quão bom ele está sendo comigo.
“Sim.” Suspiro. “Acredite em mim quando digo que isso não é novidade para mim. Eu sou um pouco destrambelhada.”
“Ninguém se machucou”, ele diz, mas também não há garantias de que não estou prestes a ser jogada fora com minha bunda vestida de renda. Senhor começa a dizer algo, mas o telefone na parede toca. Isso me faz pular. Senhor atende. Tento ouvir quem está do outro lado, mas não consigo. “Ok, Maître.”
Meus olhos se arregalam. Maître. O lendário mestre do clube.
“Sim, Maître”, Senhor diz e desliga o telefone. Ele se vira para mim. “Maître solicitou sua presença.”
Estou enraizada no lugar. Maître quer me ver. O Maître. Eu ouvi falar dele, é claro. Os rumores de NOX em Nova York são nada mais que sussurros secretos sobre o homem que governa o clube com mão de ferro. O misterioso francês que governa seu reino sexual do trono, seus súditos leais adorando a seus pés.
A porta atrás de nós se abre e a Coelhinha entra. “Ela deve ser levada direto para ele em seus aposentos”, Senhor diz.
“Sim, senhor.”
Coelhinha me leva da sala em direção às portas acolchoadas do elevador. Quando as portas se abrem, encontro o elevador coberto de parede a parede em veludo vermelho.
Coelhinha me puxa para dentro e aperta o botão do andar superior. “Seja honesta”, pergunto, “estou sendo expulsa?”
“Não tenho ideia do que Maître quer. Ele não é um homem fácil de ler. Ele na maior parte permanece quieto.”
Ótimo. Isso não me ajudou em nada.
O elevador abre e Coelhinha me leva para o andar. Olho em volta do impressionante andar superior. Há apenas um conjunto de portas duplas à vista. Um lustre enorme pende do teto.
Chegamos às portas e Coelhinha toca uma campainha. Uma luz verde brilha e ela me leva para dentro. O som perfeito de Andrea Bocelli me atinge primeiro, sua linda voz navegando em meus ouvidos. Isso imediatamente me faz sentir mais calma, meus nervos se acalmam um pouco.
Através da capa do meu véu, espio ao meu redor. A sala é grande e de estilo gótico, de acordo com o resto da casa. Imagens eróticas, como no hall de entrada, estão penduradas em todas as paredes. Engulo em seco quando todas as engenhocas que vi no andar principal estão espalhadas pelo cômodo. E então vejo alguns outros. Certos dispositivos neste lugar parecem saídos diretamente da câmara de tortura do Alto Inquisidor da Inquisição Espanhola.
Maître está preparado para agir. Ele está preparado para jogar duro.
“Ajoelhe-se”, Coelhinha ordena, depois sussurra: “Maître é um mestre em todos os sentidos da palavra. Ele é um dominante no quarto. Se ele quiser jogar, e você concordar, ele exigirá que você seja submissa a ele. Você deve decidir se esse tipo de prazer te agrada ou não.” As palavras da Coelhinha circulam em minha mente quando eu caio de joelhos. Uma submissa. Eu posso ser uma submissa?
Então ouço um rangido no chão de madeira.
“Maître”, Coelhinha diz, com reverência em sua voz.
“Pars9”, diz uma voz dura. Prendo a respiração quando a palavra soa, em contraste com a bela música clássica que envolve o ar ao nosso redor.
“Sim, Maître”, Coelhinha diz e sai.
No pesado silêncio, eu posso me ouvir respirando pesadamente, antecipando encontrar o misterioso homem. Então, “Olhe para cima.” O comando é pronunciado com um forte sotaque francês.
Obedecendo ao Maître, olho para cima e vejo um homem sentado casualmente em uma grande cadeira de trono de madeira, com uma perna sobre um braço alado ornamentado. Eu perco o fôlego ao ver todo o seu tronco exposto, seu peito e abdominais bronzeados e abençoados com músculos tensos. Ele usa calça de seda preta e nada nos pés.
Meus olhos percorrem seu rosto. Assim como os outros homens, uma capa cobre sua cabeça e uma máscara cobre seu rosto. É uma máscara branca semelhante à usada por O Fantasma da Ópera, mas essa versão da máscara esconde mais o rosto dele. Olhos prateados brilhantes atravessam os buracos da máscara, olhando diretamente para mim. Lentes de contato. Uma curva da máscara perto de sua boca expõe um lado de seus lábios carnudos.
Maître, penso, sentindo meu estômago revirar.
Eu congelo quando ele se levanta, movendo-me com a confiança que apenas um homem tão certo de seu poder e sexualidade pode exibir. Ele se abaixa até que seus olhos estão nivelados com os meus. Fico paralisada por este homem misterioso.
Maître afasta mechas de cabelo soltas do meu véu. Tão perto, ele seria capaz de ver um vislumbre do meu rosto através dele. Quando encontro seu olhar de frente, os olhos de Maître brilham e a parte exposta de seus lábios se curva em diversão.
“Então, você é a fonte de toda a comoção.” Não é uma pergunta.
Balanço a cabeça e suspiro em derrota.
Espero que ele me diga que fui banida do NOX para sempre. O que eu não espero é que ele diga: “Você fará, ma chérie10. Você fará muito bem para mim.”
CAPÍTULO SETE
MEU PEITO SoBe e desce em rápida sucessão. O cheiro profundo de mogno e tabaco varre ao meu redor tão fortemente quanto a capa que Maître usa. Sua cabeça se inclina para o lado enquanto ele me admira da cabeça aos pés.
Maître levanta-se e volta ao trono. Eu não consigo tirar os olhos dele. Eu nunca vi alguém tão magnetizador em toda a minha vida. A mão dele descansa na bochecha, batendo suavemente na máscara de porcelana branca. “Você foi recrutada como uma Ninfeta?”
“Sim, senhor”, digo e ele.
“Sou Maître. Você vai me chamar como tal. Eu não sou 'senhor'.” Ele se inclina para frente. “Este é o meu castelo. Sou o mestre, não um sujeito.”
“Sim, Maître”, rapidamente corrijo.
Sou recompensada com um grande sorriso. “Você aprende rapidamente.”
Eu bufo uma risada. “Quando não estou destruindo salas cheias de sexo, geralmente sou uma garota esperta.”
Sua cabeça se inclina para o lado novamente enquanto ele me estuda. Eu não consigo ler sua expressão devido à máscara e as contas prateadas, então pelo toque de seu lábio não sei se falei errado ou ele está impressionado.
“Você fala sem receber instruções.”
“Eu sei”, suspiro, depois fico tensa. “Você vai me punir por isso agora? Pelo que aconteceu lá embaixo?”
“Você quer ser punida?” A maneira como ele diz punida, sua voz subindo no final da palavra, causa uma onda de umidade entre minhas pernas.
“Você quer me punir?”
Maître se recosta no trono quando faço essa pergunta. Ele levanta a perna e a coloca sobre o braço, espelhando o modo como estava sentado quando entrei na sala. A música de ópera italiana que flui dos alto-falantes me acalma como um bálsamo calmante. Eu falo italiano, é claro. É tão familiar para mim quanto inglês. Embora eu nunca tenha estado em uma casa como esta — cheia de cruzes, paredes de açoites, bengalas e chicotes, o que parece ser estoques, um intrincado banco de madeira de algum tipo e, no canto da sala, parece uma gaiola gigante.
“Você gosta da aparência da gaiola, mon petit chaton?”
Eu pisco. “Gatinha pequena?”
“Você é curiosa como uma, não.”
Maître levanta-se e caminha direto para mim. Eu quero tirar a máscara e ver o homem por baixo. Ele me deixa mais do que intrigada. A mão de Maître se move para a massa de cabelos na minha cabeça. Habilmente, e com uma gentileza que faz minha pele tremer, ele começa a tirar os grampos das minhas madeixas, deixando-os em pé em uma pilha aleatória. Meu cabelo cai como uma cortina pesada no meio das minhas costas.
“Você nunca mais vai usar o cabelo para cima.” Ele abaixa a cabeça até que sua bochecha esteja pairando ao lado da minha. “Vou precisar de algo para agarrar quando eu te foder. Se você concordar com isso, é claro.”
Todas as partes do meu corpo estão tensas e excitadas, minha respiração gagueja revelando o quão impossivelmente excitada estou agora. Eu sinto que Maître simplesmente teria que acariciar seu dedo no meu ombro nu e eu me desmancharia. Curiosamente, me sinto mais segura aqui, sozinha com Maître em seu quarto, do que na sala principal com todos os outros.
Maître circula onde eu me ajoelhei. Ele é alto e largo, com músculos marcados que se flexionam a cada pequeno passo. “Não transo com uma Ninfeta há algum tempo. Nunca treinei alguém exclusivamente para o meu gosto.” Ele volta ao trono, senta-se e olha para mim.
“Nunca?” Sussurro. Ele balança a cabeça silenciosamente.
Ele se inclina para frente. “Conte-me.” Eu aguardo ele continuar. “Por que você recusou tantas ofertas na sala principal?” Ele estava assistindo. “Vejo a sala principal a noite toda, ma chérie. Devo garantir que meus membros sigam as regras.” Os olhos dele se estreitam. “Vi todas as novas Ninfetas se juntando... exceto você.” Fecho os olhos, constrangimento me dominando. “Você não quer estar aqui?”
“Sim, Maître”, digo rapidamente, abrindo os olhos. “Eu quero. É só aquele lugar...” balanço a cabeça. “Ele foi. Muito para apreciar de uma só vez. Eu...” decido ser honesta. “Não sei o que aconteceu. Acabei de ter um caso de pé frio.”
Maître avança novamente. Movendo-se atrás de mim, ele coloca a boca na minha orelha e sussurra, “E agora? Nesta sala comigo. Você tem os mesmos pés frios?”
Um gemido involuntário escorrega da minha boca enquanto meu sangue esquenta até a temperatura de ferver com sua presença tão próxima. Maître levanta meu cabelo com uma mão, como uma corda, e sinto sua respiração na parte de trás do meu pescoço.
“Não, Maître.” Minha voz está rouca. “Nada de pés frios.”
“Você quer jogar comigo, ma chérie? Você quer ser minha Ninfeta, minha submissa? Você concorda em ser minha?”
Só há uma resposta que eu possa dar. “Sim, Maître. Dou meu consentimento para ser toda sua.”
“Bon”, diz ele e aperta o meu cabelo. Não é forte o suficiente para causar dor, mas o suficiente para me deixar quieta e cair sob o seu comando. Eu congelo em choque com a rapidez com que meu corpo cai sob sua direção. Ele cai de joelhos atrás de mim, e sua mão livre vai para a minha calcinha e desliza por baixo da renda. Eu respiro fundo em seu toque, minhas coxas instintivamente se separando.
“Você está tão molhada, mon petit chaton”, ele sussurra e move os dedos para o meu clitóris. Dou um gemido alto, minha cabeça caindo contra seu peito duro. “Você quer gozar?”
“Sim”, eu digo, movendo meu quadril para tentar mover seus dedos. Maître puxa meu cabelo e seus dedos param. “Não!” Protesto. “Não pare. Por favor!”
“Um”, diz ele, com a boca na minha orelha. Seus lábios correm para cima e para baixo ao lado do meu pescoço, seu hálito quente fazendo minha pele arrepiar em seu rastro. “Não me dê ordens. Nunca.” O timbre profundo de sua voz me mantém cativa, o punho apertado no meu cabelo me mantendo firmemente no lugar contra seu peito. “Eu não atendo a pedidos.”
Ele pressiona aqueles lábios macios na minha pele quente, sussurrando beijos no meu pescoço, a gentileza em forte contraste com o aperto firme que ele comanda no meu cabelo. Minha respiração rápida é alta o suficiente para ser ouvida sobre a ópera que nos rodeia, a seção de cordas suave em melodia e doce no tom.
“E dois”, diz ele, puxando minha cabeça tão para trás, que a parte de trás do meu crânio descansa em seu ombro enquanto seus lábios beijam meu lóbulo da orelha. “Você sempre me chamará de Maître. Eu sou seu mestre neste clube. Sou seu soberano, seu líder e rei. Não me abordar como tal é desrespeitoso, e eu não tolero desrespeito neste chambre11.”
“Sim, Maître”, sussurro, usando toda a respiração que me resta nos pulmões. Meus olhos se fecham quando seus dedos se movem do meu clitóris para a minha entrada.
Maître beija minha mandíbula, minhas pernas viram gelatina quando ele empurra um único dedo dentro de mim. Eu grito, inclinando-me contra ele para não cair. “Você cheira a morangos”, diz ele, empurrando o dedo dentro e fora de mim. “Lichias e flores.” Dou um gemido quando ele engancha o dedo e bate no meu ponto G.
“Sim”, sussurro, e seu dedo para de se mover. “Sim, Maître”, eu corrijo. “É o meu perfume.”
“Viu?” Maître move o dedo novamente, acrescentando um segundo. “Por isso você será recompensada.” Dou um gemido. É tão bom. “Eu posso te ensinar muitas coisas, mon petit chaton. Muitas coisas.”
Sua mão passa do meu cabelo para o meu bustiê. Ele liberta meus seios, um por um, e meu corpete cai um centímetro, na minha cintura. Com uma mão, ele começa a circular meu clitóris com o polegar. Com a outra mão, ele rola meu mamilo entre os dedos. “Vou te ensinar todas as coisas que eu gosto. Você vai me obedecer. Em troca, você terá prazer como nunca antes.”
“Sim, Maître”, eu digo, meu estômago aperta conforme meu orgasmo começa a crescer. É uma onda crescente, pronta para bater em mim. Eu preciso de mais. Ele acabou de me tocar e eu preciso de muito mais.
“Você vai se submeter a mim. Você se tornará minha e, neste chambre, eu a possuirei.”
“Sim, Maître, sim!” Eu choro e arqueio minhas costas quando os dedos no meu clitóris se movem mais rápido e os dedos dentro de mim empurram meu ponto G repetidamente. Seu hálito mentolado passa pelo meu rosto e sua mão apalpa meus seios. Maître está em todos os lugares ao mesmo tempo, não há nenhuma parte de mim não afetada por sua presença.
“Goze.” Um único comando proferido de sua boca e eu quebro. Eu gozo com tanta força que rouba minha respiração e força e o pequeno pedaço de inibição que me restava.
Suas mãos não param, apenas empurram, empurram e me drenam de todo o prazer que posso reunir. Mordo meu lábio com a sensação inebriante até que se torna demais e meu corpo estremece, incapaz de aguentar mais. Maître diminui a velocidade de seus dedos dentro de mim, movendo a outra mão dos meus seios para tirar meu cabelo do meu rosto e pescoço.
“Isso é apenas o começo. Você não tem ideia do que está por vir. O que espera por você no meu chambre comigo”. Eu quero isso. Quero tudo o que ele oferece. “Eu vou te quebrar, mon petit chaton. Vou separá-la e reconstruí-la até que você viva e respire apenas pelo meu toque. Oui?”
“Sim, Maître.”
“Vamos nos divertir, você e eu”, diz Maître, dando um beijo final no meu pescoço antes de se afastar de mim. Coloco minha mão no chão apenas para me impedir de cair.
Uma vez que ele está se elevando sobre mim, ele ordena, “Ajoelhe-se”. Ajoelho-me no chão, endireitando as costas. Eu estou molhada, quente e completamente saciada, e tudo o que ele usou em mim foram seus dedos, lábios e voz.
Maître volta ao trono e noto o quanto ele está duro. Eu perco o fôlego com a visão. Quando ele se senta, ele diz, “Você voltará para mim amanhã às oito da noite. Você entrará nesta sala e se ajoelhará enquanto espera por mim”. Maître enfia a mão em sua calça de seda e puxa seu pau para minha visualização. Meus olhos se arregalam quando ele começa a acariciá-lo preguiçosamente, como se a ação não fosse nada. Eu sinto que a dor entre as minhas pernas começa a crescer novamente. “E você trará uma lista de seus limites rígidos e flexíveis.”
“Uma lista, Maître?” Eu gaguejo incapaz de tirar os olhos da mão dele. Ele é enorme.
“Limites rígidos são o que você não quer que eu faça com você. Coisas muito longe da sua zona de conforto.” O quadril de Maître rola levemente no trono. Fico paralisada com a visão sedutora. Sua mandíbula flexiona e sua pele cora com o prazer que ele está trazendo para si mesmo. “Limites suaves”, diz ele, seu sotaque francês se espessando quando ele se aprofunda em seu prazer. “São coisas que você gostaria de experimentar de vez em quando ou se a oportunidade for certa. Qualquer coisa que não esteja nessas duas listas é legal.”
Maître assobia e sua mão começa a trabalhar mais rápido. Movo minha mão entre as pernas, muito excitada por ele se tocar para pensar em qualquer coisa, exceto me juntar a ele.
“Pare”, ordena Maître. Ele amplia o trono e suas pernas se abrem, para que eu tenha uma visão completa do seu prazer próprio. Minha mão congela. “Você não se tocará pelo resto da noite.” Maître acaricia sua mão cada vez mais rápido, lambendo os lábios. Não importa que eu não possa ver seu rosto. Vejo a tensão aumentando em seu torso nu e o V definido que leva à sua virilha.
“Você vai se ajoelhar naquele local até eu pedir para você ir para casa.” Cada parte do seu ser exala apetite e pecado carnais. “Se não, então não voltará para mim amanhã à noite. Você nunca mais volta ao NOX. Você sai agora e terá para sempre um vislumbre do que a teria esperado se tivesse se submetido e fizesse o que foi instruída.”
Seus olhos prateados estão presos em mim, me desafiando a desafiá-lo. Tiro minha mão da minha virilha. “Coloque-as em suas costas”, diz Maître, balançando a cabeça na minha direção.
Uma por uma, coloco-as nas minhas costas e entrelaço meus dedos. Maître passa a mão cada vez mais rápida, nunca desviando o olhar de mim enquanto se aproxima do clímax.
“Você ficará assim pelo resto da noite”, ele fala, depois se cala, cerrando os dentes e grunhindo quando goza, o sêmen pousando em seu estômago bronzeado. Ligeiramente sem fôlego, mas impossivelmente composto, ele acrescenta, “E você me observará gozar repetidamente até ser libertada”. Ele sorri. “Você pode achar que sou sádico.” Ele se acaricia novamente. “Talvez eu seja. Isso é para você descobrir.”
À medida que a noite avança, minhas pernas ficam dormentes e meus olhos parecem crus de ter visto Maître se masturbar mais quatro vezes diante de mim. Cada vez ele ordena que minhas mãos fiquem nas minhas costas. Eu não sei quanto tempo poderei ficar sentada assim. Estou molhada e tão perturbada que mal consigo funcionar. Maître não disse mais uma palavra para mim, apenas se sentou em seu trono, o olhar duro preso em mim, me desafiando a me rebelar.
Justo quando sinto que não aguento mais, o som de um gongo sendo atingido vibra pela sala, me fazendo pular. Maître esteve me observando, com a bochecha apoiada na mão, durante a última hora. Ele estava me testando. Medindo o quanto eu quero isso. Quero ele. Estou disposta a estar sob seu controle.
Nesse momento, acho que nunca desejei alguém mais.
“Levante-se”, diz ele quando o som do gongo para. Tento me mover, mas quando o faço, descubro que minhas pernas estão completamente dormentes por ficarem sentadas em uma posição por muito tempo. Maître atravessa a sala enquanto tento me levantar. Colocando as mãos nos meus braços, ele me levanta. Ele é incrivelmente forte. Faço uma careta e desejo não gemer, pois o sangue que havia sido tão severamente negado às minhas pernas corre em meus músculos e veias como uma represa quebrando e inchando os rios.
“Amanhã”, diz Maître. Pouco antes de se virar, ele diz, “Maître Auguste”. Ele estende a mão e passa o dedo na minha bochecha, na minha máscara e no meu pescoço. Seu toque rouba minha respiração. O que há nesse homem que faz meu próprio corpo me trair? “Você vai me chamar de Maître Auguste.” O jeito que ele diz Auguste me envolve como uma brisa de outono passando pelos meus cabelos.
Ele espera, com um olhar de aço, que eu responda. “Sim, Maître Auguste.”
“Amanhã, mon petit chaton. Você e eu... nós devemos jogar.”
Maître Auguste passa por seu trono e vai até uma porta que o tira de vista. A porta atrás de mim se abre e Coelhinha entra. Ela para quando me vê, corada e exposta.
“Por aqui”, ela diz. Eu a sigo e tento envolver minha cabeça em torno do que acabou de acontecer. Parece um sonho. Mas quando penso em seus dedos dentro de mim e no grito que rasgou da minha garganta quando desabei contra ele, lembro de cada golpe com perfeita clareza.
Entramos no elevador e Coelhinha pressiona o botão mais baixo. Descemos e, quando as portas se abrem, estamos em um vasto espaço branco, com espelhos dourados antigos, chuveiros e paredes de mármore e ladrilhos. Parece um spa francês ornamentado.
Outras mulheres ocupam o espaço, mudando de seu traje de fetiche preferido para ‘roupas civis’, como Coelhinha as chamou. Suas máscaras permanecem no lugar. Eu sou levada por elas, e olhares curiosos me seguem.
“Você causou bastante comoção hoje à noite. Primeiro, na sala do balanço”, Coelhinha diz. Eu faço uma careta de vergonha com essa memória. “E agora todas elas querem dar uma olhada na Ninfeta que atraiu Maître.”
Coelhinha para no que parece ser um vestiário particular. Ela me entrega um cartão. “Este é um vestiário pessoal apenas para você.” Ela aponta para a porta. “Este vestiário pertence aos submissos de Maître. O quarto exclusivo deles.” Coelhinha aponta para a fechadura. Examino o cartão e a porta se abre. Meus olhos se arregalam quando olho para dentro. É quase tão grande quanto o meu apartamento. Está decorado em todos os tons de ouro e branco, e uma banheira no centro da sala está empoleirada sobre pés dourados. Um enorme chuveiro está no canto e um banheiro está em uma sala fechada. Sofás, uma geladeira cheia de água. E...
“Um closet”, eu digo e caminho até as altas portas douradas. Abro-as para encontrar roupas após roupas penduradas em cabides brancos acolchoados. Meus olhos se arregalam com a visão. Couro e rendas e correntes.
“Os gostos específicos de Maître”, Coelhinha diz e aponta para o meu traje de Ninfeta atual. “Você não precisará mais do uniforme padrão de Ninfeta. Toda noite que você chegar, uma roupa deste armário estará esperando por você”. Coelhinha me leva a portas brancas do elevador no final da sala. “Existem três botões. O de cima é para o chambre de Maître. Você irá diretamente para lá todas as noites após a troca. Você só verá os membros do clube se ele o levar ao andar principal.” Ela aponta para o botão do meio. “Este é para este andar. Para você se trocar no começo e no fim da noite.”
“E o botão inferior?”
“É onde um carro da cidade espera por você. Eles vão buscá-la em seu apartamento e te levarão de volta para casa.”
“Uau.”
Coelhinha me dá um sorriso e passa por mim. “Suas roupas para casa estão penduradas no armário final.”
“Quantas pessoas usaram esta sala?” pergunto.
Coelhinha se vira para mim, seus olhos roxos suavizando. “Nenhuma. É a primeira vez que é usada.” Com isso, ela parte. A porta se fecha, trancando todo mundo lá fora.
Examino a sala e, ainda atordoada, vou até o armário e encontro o vestido e o casaco que eu cheguei. Visto-me e aperto o botão inferior do elevador. Quando se abre, um grande estacionamento subterrâneo me encontra. Enquanto outras pessoas estão entrando em carros estacionados no estacionamento, o meu está me esperando na saída do elevador particular. “Senhorita”, diz um motorista, saindo do carro, e ele abre a porta traseira para mim. Entro, sorrindo para ele. As janelas são tão escuras que ninguém verá lá dentro. Os carros entram em um túnel que dá para uma estrada deserta.
“Você já pensou em tudo, não, Maître Auguste?” Eu digo e me encosto no banco de couro, fechando os olhos. O rosto mascarado de Maître vem à minha mente, junto com aquele sorriso arrogante que ele frequentemente me deu.
Eu respiro fundo quando meu pulso começa a acelerar. Sua voz, seu sotaque, seu corpo musculoso e marcado, que me prendeu a ele. E aqueles lábios, os lábios que deram beijos tão suaves, e aquelas mãos, que me fizeram gozar tanto que parecia o nirvana.
Maître Auguste. Passo o nome dele pela minha cabeça, olhando pela janela enquanto atravessamos a ponte do Brooklyn. Meu corpo está vivo apenas em lembrar como eu me senti em sua presença. E eu voltarei lá amanhã à noite para jogar.
Com esse pensamento, eu sorrio.
CAPÍTULO OITO
“Eletroestimulação?”
“Limite rígido”, eu digo, enquanto Novah acrescenta isso ao que tínhamos considerado ‘Oh, foda-se, não!’, na lista. Novah havia encontrado uma lista on-line de práticas sexuais típicas de BDSM. Quanto mais descíamos na lista, mais eu percebia em que merda estava metida.
“Chicote de equitação?” Novah pergunta em seguida. Recosto-me na cadeira em nosso cubículo, com os pés em cima da mesa, as mãos amontoadas enquanto considero cada opção.
“Limite suave”, respondo. Novah acrescenta na ‘Nunca diga nunca, lista de coisas que eu poderia tentar’.
“Venda?”
“Estou bem com isso.”
“Cordas?”
“Aceitável.”
“Adoração à vagina?”
“Altamente encorajado.”
“Exercício forçado?”
Meus pés batem no chão e viro minha cabeça para Novah com uma velocidade vertiginosa. “Limite rígido. Limite realmente rígido. Quem diabos colocaria alguém nesse tipo de tortura?” Eu balanço minha cabeça em descrença. “Bárbaro! Chicoteie-me, me bata com a vara, amarre-me a uma cruz de Santo André, mas não me force a fazer polichinelos. Essa é uma adição definitiva à opção ‘Oh, foda-se não!’
Novah ri e anota. “Você sabe, essas coisas parecem muito excessivas, Faith. Tem certeza de que é esse tipo de clube? Não há uma grande diferença entre uma masmorra da pesada de BDSM e um clube de sexo para ricos e famosos?”
Eu concordo com a cabeça. “Não acho que seja para sádicos, é mais para exibicionistas com tanto dinheiro que ficam entediados com a vida e, de repente, vestir uma máscara de porco com uma placa no pescoço dizendo ‘toque em mim’ parece uma boa ideia.” Tomo um longo gole do meu café. “Mas não vou me arriscar com Maître. Ele quer me possuir, Nove. Posso sentir isso. Eu preciso ter todas as partes da minha bunda nua cobertas.”
“Não, o que você pode sentir são os remanescentes do melhor orgasmo que você já teve, e está desgastando seu cérebro.” Novah segura meu braço. “Faith, você está agindo como um homem.”
Eu rio, mas deixo minha mente voltar para o Maître Auguste atrás de mim, seus dedos talentosos me fazendo gritar. “É verdade”, admito derrotada. “E isso não foi nada, Nove. Nada do que estava acontecendo no resto do clube. Nada do que todos aqueles dispositivos e engenhocas no quarto de Maître prometeram.”
Novah desliza a cadeira da mesa ao meu lado. “Apenas vá em frente, Faith. Você nunca sabe, isso pode ser a melhor coisa que já aconteceu com você. Quero dizer, o indescritível Maître do NOX escolheu você para ser sua Ninfeta pessoal. Na sua primeira noite. É verdade que você quase mutilou pessoas inocentes, mas ainda assim. É uma coisa incrível. É como se você tivesse ganhado na loteria duas vezes. Pense em todo o material que você terá para a sua matéria.”
Aperto os braços da minha cadeira só de pensar em assistir Maître se deleitar no seu trono, com aquelas lentes de contato prateadas parecidas com alienígenas praticamente irradiando raios laser nos meus olhos enquanto ele me observa por algum sinal de desobediência.
“Foi, sem dúvida, o melhor orgasmo que já tive na minha vida.”
“E você disse que ele tem um pau grande.” As sobrancelhas de Novah se movem. “Apenas espere até que esse pedaço de salame quente seja servido no seu prato úmido.”
“Por favor, nunca pronuncie essa frase novamente. Minha excitação foi totalmente esvaziada.”
“Faith! Você terminou sua coluna?” Sally pergunta quando passa por nós como um furacão.
“Quase!” Respondo, avançando rapidamente para a minha mesa. Na verdade, nem comecei. Eu havia perdido muitas horas pesquisando limites rígidos e flexíveis e práticas de fetiches. “Merda! Que horas são?” Eu pergunto a Novah.
“Cinco.” Novah faz uma careta.
“Merda dupla!” Digo e bebo o resto do meu café como se fosse uma dose de vodca barata. “Pense, pense, pense”, digo, verificando os e-mails da minha página ‘Pergunte à Senhorita Bliss’, tentando encontrar aqueles que eram suficientemente ousados para a revista desta semana.
“Nós não vamos imprimir até meia-noite, Faith. Você tem tempo.”
“Eu não tenho tempo. Preciso estar no quarto do Maître às oito, ajoelhada e aguardando minha viagem ao hedonismo!” Novah se levanta e começa a vestir o casaco, assim como a maior parte do escritório. Eu entro em pânico. “Ajude-me!”
Novah beija minha cabeça. “Não posso, querida. Eu tenho um horário marcado no salão. Essas madeixas vermelhas não crescem naturalmente, você sabe.”
“Traidor!” Digo e foco meus olhos no primeiro e-mail que eu imprimi.
Recentemente, comecei a fazer sexo com meu namorado e, em nossa primeira noite, esguichei quando gozei, encharcando tanto eu quanto minha colcha de retalhos antiga. Receio que isso aconteça novamente e, pior, meu namorado não sabe nadar. Algum conselho? De H.R. Brown.
Ao ligar meu computador, escrevo: Invista em lençóis impermeáveis para você e adapte a colcha como uma tapeçaria de parede, longe da área de esguicho. Compre um snorkel e touca de natação para o seu namorado. Monte seu pau como se fosse o tridente do Aquaman e esteja segura de que na próxima vez que você gozar, seus preciosos pertences e namorado estarão a salvo de afogamentos iminentes. Viva molhada e selvagem, senhorita Bliss.
Eu digitei como uma furiosa mítica acelerada por um pacote de seis Red Bulls e rapidamente encerrei meus anúncios pessoais. Quando levanto os olhos, vejo o zelador Frank, entrando lentamente no escritório da Visage. As luzes estão desligadas e sou a única escritora ainda aqui.
“Ei Frank!” Falo enquanto passo por ele, jaqueta, bolsa e, mais importante, minha lista em mãos.
“Ei, Faith! Tenha cuidado lá fora. A chuva está muito forte.”
“Vou ter, Frank! Tchau!” Corro para os elevadores e aperto o botão repetidamente até que as portas se abrem. Eu entro rapidamente, então fico desapontada quando vejo Harry Sinclair.
Sua cabeça se levanta em surpresa. “Senhorita Parisi”, diz ele, levantando-se da posição relaxada contra a parede dos fundos. “Eu não achei que mais alguém estava no prédio.” As portas se fecham atrás de nós e rapidamente aperto o botão do saguão.
“Sim, tive que trabalhar até tarde”, digo e observo os andares mudarem enquanto descemos. Eu quero tomar um banho em casa e me trocar antes de ir para o NOX, mas não posso me atrasar. Apesar de tudo, estou praticamente pulando de emoção sobre o que essa noite promete.
No momento em que chegamos ao segundo andar, as luzes do elevador piscam e a caixa de aço dá um solavanco. “Não”, eu digo, quando o cabo acima range. “Não. Não. Não!” Começo a bater a palma da minha mão na porta. “De novo, não! Seu elevador de merda! De novo, não!”
“Senhorita Parisi?” A voz de Harry soa atrás de mim. “Posso?”
Por um segundo eu esqueci que Harry estava atrás de mim. Oh. Meu. Deus. Estou presa neste elevador esquecido por Deus. Vou me atrasar para Maître e, pior, estou presa aqui com Harry Sinclair.
Aperto o botão do saguão repetidamente, tão rápido que meu pulso corre o risco de desenvolver um caso desagradável de tendinite. Quando isso falha, coloco minhas coisas debaixo do braço e deslizo as palmas em todos os botões da grade. Sem luzes. Nada. Está completamente desligado.
“Cazzo!” Eu grito, o italiano mal-humorado em mim assumindo.
“Senhorita Parisi!” Harry diz mais severamente. “Por favor afaste-se. Embora você pareça ser uma especialista em manutenção e reparo de elevadores, acho que desta vez seus talentos parecem ter falhado com você.”
Fecho os olhos e me afasto, mentalmente me acalmando para não insultar o inglês imbecil. Ele é seu chefe, Faith. Não seja demitida quando você finalmente está progredindo.
“Sinclair House, elevador três”, diz Harry ao telefone de emergência. “Obrigado.” Ele desliga e vira-se para mim.
“Essa era a minha próxima opção”, digo, encostando-me na parede. As luzes acima de nós piscam novamente e de repente mergulhamos na escuridão. Um som estridente e parecido com um banshee escapa da minha boca, e pulo para a frente quando o elevador estremece novamente, convencendo-me de que estamos prestes a despencar para a nossa morte imediata.
Em segundos, o elevador para e as fracas luzes de emergência acendem, cobrindo o pequeno espaço com uma luz amarela e fosca. Conto até dez, tentando desacelerar meu coração em pânico. Quando minha respiração volta ao normal percebo que estou abraçada em algo duro, cheirando a menta, sândalo e almíscar.
Meus olhos se arregalam, sentindo os abdominais proeminentes flexionarem contra meu peito e os músculos das costas se moverem contra as palmas das minhas mãos. Quando levanto minha cabeça lentamente, meu olhar passa por um colarinho aberto, a pele levemente bronzeada de um pescoço musculoso e uma mandíbula incrivelmente forte com uma leve barba escura, e acaba em um par de olhos azuis brilhantes que estão estreitados e observando todos os meus movimentos.
Com o constrangimento reinando, sorrio amplamente e digo, “Bem, de todos os lugares do mundo, é engraçado encontra-lo aqui.” Percebendo que estou abraçando Harry firmemente como um macaco aranha excessivamente preso, rapidamente solto meus braços da cintura dele e dou um passo para trás.
Confusa, afasto meu cabelo do rosto e vou para o outro lado do elevador. “Eu estava apenas verificando se você estava bem. Algumas pessoas podem ter medo do escuro, sabe? Estava apenas cumprindo meu dever cívico de proteger um visitante do nosso belo país.”
“Sério?” Harry pergunta, seu rosto tão indiferente e ilegível como sempre.
“Sim.”
O silêncio grita ao nosso redor, e eu percebo que nunca mais vou reclamar da terrível música de piano que vem dos alto-falantes do elevador novamente. O silêncio em geral me faz tremer. Juntando isso, com a alta ansiedade de estar presa em uma caixa de metal pré-fabricada, sinto o desejo incontrolável de enchê-la de barulho.
“Então, você malha?” Eu pergunto a Harry, que levanta a cabeça. Aparentemente, o chão era uma visão mais interessante do que a tia da agonia claramente instável à sua frente, que agora conhece intimamente suas medidas de roupas.
Harry levanta uma sobrancelha. Aponto para seu corpo, circulando sua região do tronco e braço. “Duro”, eu digo, arrependimento instantâneo se instalando dentro de mim quando a palavra escapa da minha boca. “Músculos.” Eu estremeço. Isso não foi melhor. “Que eu estava abraçada. Que senti. Os abdominais e as costas e...”
O telefone de emergência toca e Harry atende, deixando-me livre para expirar envergonhada e encostar a cabeça na parede. Toda vez que estou perto desse homem, minha boca nunca deixa de me trair.
“Essa não é a melhor notícia”, Harry diz firmemente para quem está do outro lado do telefone. “Mas obrigado. Vamos esperar.”
Quando ele desliga o telefone, sinto minhas esperanças de uma noite quente e úmida com Maître afundando tão profundamente quanto o Titanic. Harry suspira. “Eles tiveram que ligar para o serviço de reparo do elevador.”
“Ótimo.” Deslizo pela parede fria de metal para o chão. Harry me observa, abrindo outro botão da gola da camisa, coloca o paletó no chão e senta-se. Eu não posso deixar de rir.
“Senhorita Parisi? Alguma coisa divertida?”
“Com medo de se sujar no chão do elevador?”
“Este é um terno de três mil dólares.”
“Claro que é.”
Harry inclina a cabeça para o lado como se eu fosse um quebra-cabeça que ele estava tentando montar. “Você está aqui tarde.”
“Tive que terminar minha coluna. Como você sabe, vamos imprimir hoje à noite, e eu estava um pouco atrasada.”
“Aguardo com expectativa as contribuições de Pergunte à Senhorita Bliss desta semana”, diz ele e passa a mão na testa como se estivesse lutando contra uma enxaqueca. “Algo particularmente esclarecedor esta semana?”
Encolho os ombros. “Esguichar, herpes e anéis penianos eram os destaques sólidos.”
“Bastante coisa”, diz ele, e eu penso ter pego um leve sorriso. Foi tão rápido que não tenho certeza se imaginei. Certa vez, bati minha cabeça na banheira e jurei que vi uma Ninfeta nadando em minha direção durante a concussão subsequente. Acredito que poderia ser semelhante a isso. Eu sinto a parte de trás da minha cabeça. Não bati ela durante o solavanco, pelo menos penso que não.
“Você está machucada?” A voz de Harry muda de tom e ele se inclina para frente, estreitando os olhos para me ver melhor na baixa iluminação.
“Não, pensei que eu poderia ter batido minha cabeça. Mas estou bem.”
Sinto uma leve vibração sob o meu esterno. Eu balanço minha cabeça, sem ter ideia do que seja. Esfrego a mão no meu peito. “Você tem ataques de ansiedade?” Harry pergunta, indicando com a cabeça para minha mão.
Eu concordo. “Não gosto muito do escuro. Ou devo dizer, não gosto do escuro quando estou presa dentro de uma caixa de aço que está pendurada em um único cabo no ar.” Mas sei como é um ataque de pânico. A sensação que estou sentindo agora não tem nada a ver com ansiedade. Estranho.
“Nós sairemos em breve.”
Eu verifico meu relógio. Estou muito atrasada!
“Você está com pressa?” Harry pergunta.
“Mais ou menos.” Dou a Harry um sorriso tenso. “Tenho um compromisso.” Decido omitir o fato de ter um Dom sexual esperando para me ensinar todos os segredos do prazer das maneiras mais interessantes, uma experiência que eu esperava escrever em um grande artigo que Harry Sinclair não sabia nada. “E você?” Eu pergunto, tentando ser educada.
Ele balança a cabeça. “Receio que não.”
“Nenhum encontro quente?”
Harry bufa uma risada, e eu penso que poderia desmaiar ao vê-lo sorrindo, mesmo que fosse apenas uma pequena sugestão de sorriso. “Nenhum encontro quente.”
Estudo meu chefe. Ele é apenas alguns anos mais velho que eu. É ridiculamente bonito e um bilionário. Ele se apresenta como um idiota absoluto, mas ele não seria assim para todos. Certamente algumas pessoas gostam dele. Ele deve ter algumas pretendentes em potencial em sua vida. Ele é frequentemente fotografado com aquela senhora Louisa Samson.
“Então”, começo, enchendo o ar parado. “Como está sua adaptação em Nova York?”
“Bem. Tenho ido e voltado para Manhattan há anos. Eu conheço bem. Está bem.”
“Não é tão bom quanto a velha Inglaterra, hein?”
“A Inglaterra é o lar.” Sua expressão me deixa sem fôlego. É um olhar de puro amor. Ele disse ‘lar’ com tanto calor que senti profundamente dentro do meu coração. E também conheço esse sentimento.
“Você é italiana?” Ele pergunta. Ele aponta para a grade de botões. “Cazzo. Se não me engano, esse é um palavrão em italiano, não é?”
Começo a rir em choque com a palavra escorregando da boca certinha e adequada de Harry. “Sim”, eu digo. “É italiano. E é uma palavra ruim.” Ele espera que eu continue. “Meu pai é italiano, de Parma, em Emilia-Romagna. O norte.”
“Conheço bem Parma.”
“Você conhece?” Pergunto. “Eu nunca estive lá. Embora seja o meu sonho.”
“Você nunca viu a cidade do seu pai?”
Meu sorriso desaparece e sinto um aperto no peito. “Não. Eles não podiam pagar quando eu era mais jovem.” Não quero acrescentar que eles haviam economizado durante anos para voltar no ano passado, mas tudo foi roubado por um homem em quem Papai confiava como um irmão.
Eu nunca me importei com dinheiro; nunca foi um fator notável na minha vida enquanto crescia. Além do óbvio – necessidade de uma casa para morar e comida na mesa. Mas ultimamente, era um fator enorme para meus pais. Boas pessoas que haviam sido enganadas por um homem mau.
“Mas você é de Nova York?” Harry pergunta, me afastando da tristeza que eu temo que me afogue algum dia.
“Hell’s Kitchen.” Sorrio, pensando em minha juventude correndo pelas ruas no verão com meus amigos, cinemas e vizinhos reunidos nas escadas para conversar, beber e rir. “Eu moro no Brooklyn agora.”
“Uma verdadeira nova-iorquina”, diz ele, sem discriminação em sua voz. Isso reflete um carinho fácil por aqueles que nasceram e cresceram na Big Apple.
“E você?” Eu pergunto.
“De Surrey.”
“Acho que, ao contrário de mim, você não cresceu em um apartamento.”
“Não exatamente”, diz ele, sua boca inclinada para cima em um dos cantos. “Você tem irmãos?” Ele pergunta sem jeito, como se estivesse agarrando qualquer coisa para tornar as coisas menos tensas. Se formos honestos, não existe qualquer afinidade entre nós, então fico surpresa que ele esteja se esforçando tanto para conversar. Se o tempo passasse mais rapidamente e com menos dor, eu poderia deixar de lado minha animosidade e iniciar uma conversa inútil com o visconde.
“Não. Apenas eu.” Eu pisco. “Não poderia deixar mais ninguém compartilhar meus holofotes, poderia?”
“Receio que não”, diz ele; então ele olha para o telefone de emergência como se desejasse que ele tocasse e o resgatasse dessa situação desconfortável. “Acredito que Deus quebrou o molde quando criou você, senhorita Parisi.”
“Um molde com defeito?” Eu brinco.
Seus olhos azuis encontram os meus, lembrando-me de um mar de cerúleo. “Eu não diria isso.” Aquela sensação estranha está de volta debaixo do meu esterno. Que diabos foi isso?
Eu limpo minha garganta. “Então, você tem irmãos?”
“Não”, ele diz. Um ar de tristeza parece envolvê-lo por um momento, antes que desapareça rapidamente. “Mas tenho um primo que sou particularmente próximo. Ele é meu pseudo-irmão, eu acho. Meu melhor amigo.”
“Ele está na Inglaterra?”
“Sim.”
“Você sente saudades dele?”
“Muitíssimo.”
Uma dor explode no meu peito quando me ocorre que Harry poderia estar solitário. Eu sempre o via como tenso e distante, frio e inacessível, que eu supunha não fazer amizades facilmente. E ele certamente parecia ser todas essas coisas. Mas eu conheci o pai dele, que era um idiota completo e absoluto.
Não deve ter sido fácil crescer com o King Sinclair. Do lado de fora, parecia que Harry tinha uma vida social muito escassa fora da HCS Media. Ele sempre me dava a impressão de que estava tão estressado que estava prestes a perder o controle. Que ele não tinha ideia de como agir se não estivesse olhando para pessoas com absoluto desagrado e garantindo que ele pudesse ser visto como nada além de poderoso e orgulhoso. Pelo que sabia, todas as suposições que eu tinha sobre ele estavam corretas.
“Você tem hobbies, Sr. Sinclair?”
“Harry”, ele diz. Depois, “Apenas a caçada de raposa e texugo de sempre. Caça de faisão e perdiz. Tudo quando na temporada, é claro.”
Minha boca se abre de nojo. “Você está brincando comigo?”
“Sim, eu estou”, diz ele, inexpressivo. Preciso de um momento para sua resposta fazer sentido.
Eu balanço minha cabeça, rindo. “Droga! Estava prestes a falar com você sobre a barbárie dos esportes de caça.”
“Deus me livre”, ele diz secamente. “Mas era o que você esperava, não é? O aristocrata arrogante inglês, participando dos nossos esportes tipicamente nefastos.”
“Quero dizer”, digo, “se o terno de três mil dólares combinar.”
Quando ele sorri constrangido, covinhas surgem em suas bochechas. Como se ele precisasse ser mais bonito. “Não tenha medo, Senhorita Parisi, acho os esportes de sangue tão atrozes quanto você. Na verdade, investi muito dinheiro para bani-los completamente.”
Ele abre as abotoaduras e enrola as mangas até os cotovelos. Eu verifico o elevador em busca de fogo. De repente, estou ficando muito quente. Ele se recosta e relaxa contra a parede.
“Mas para responder sua pergunta, gosto de rúgbi, lacrosse. E eu monto cavalo.” Meus pensamentos vão imediatamente para o homem vestido de pônei ontem à noite no NOX. Eu bufo uma risada ao pensar em arrancar a máscara equina de sua cabeça, estilo Scooby-Doo, e encontrar Harry relinchando por baixo.
“Você normalmente acha as coisas relacionadas ao hipismo tão divertidas?”
Aceno minha mão na frente do meu rosto, na tentativa de me acalmar. “Desculpa. Não. Isso me lembrou algo engraçado.”
“Claramente.” Harry olha o relógio. Sua bochecha treme como se estivesse irritado. “E você? Quais são seus hobbies?” Ele pergunta distraidamente.
Bem, Harry. Desde a noite passada, sou membro do NOX, você conhece o famoso clube de sexo? Eu acho que você poderia dizer que meus hobbies estão indo na direção deliciosa de orgasmos, brincadeiras com mamilos e sexo oral muito bom.
Na realidade, eu digo, “Beber vodca e julgar programas de culinária do meu sofá são considerados hobbies?”
“Alguém poderia argumentar o ponto, suponho.”
A conversa desaparece, mas sinto o olhar de Harry em mim. Ele provavelmente está se perguntando que demônio o estava punindo prendendo-o neste elevador comigo. Eu verifico meu relógio novamente e a esperança é drenada de mim. Eu suspeito que o Maître Auguste veria o atraso como um golpe final contra mim e rapidamente revogaria minha afiliação ao clube.
Assim que minha esperança começa a se esgotar, o elevador balança, as luzes principais iluminam o local como uma árvore de Natal e começa a descer – felizmente não a uma velocidade vertiginosa.
“Graças a Deus!” Eu comemoro e pulo de pé. Harry levanta-se lentamente também, tirando o paletó do chão e jogando-o por cima do ombro como um modelo de passarela Burberry. Quando as portas se abrem, um homem de macacão está esperando por nós.
“Tudo consertado”, diz ele.
“Eu poderia te beijar!” Eu digo, dando um tapinha no braço dele; então eu corro em direção à entrada.
“Então por que você não beijou?” Ele grita atrás de mim.
A chuva bate contra as janelas de vidro. Dane-se o metrô hoje à noite; vou pedir um táxi. Assim que eu passo pelas portas, a chuva bate no meu rosto. “Merda!” Eu grito, correndo em direção à rua no tsunami que parece ter atingido Nova York nas últimas horas.
Tentando manter minha lista seca, enfio-a no bolso da jaqueta e levanto meu outro braço para chamar um táxi. Dez minutos e mil táxis cheios depois, tenho vontade de chorar. De qualquer maneira, ninguém me veria na chuva, e se alguém me visse e me perguntasse o que estava errado (o que não aconteceria, é claro – estamos em Nova York), simplesmente diria que eu era uma voluntária sexual submissa em treinamento e estava prestes a perder minha chance com um mestre francês, porque fiquei presa em um elevador com meu chefe, que eu tinha certeza que me odiava.
Um carro para de repente e exalo aliviada. Quando a janela se abre, vejo Harry Sinclair. “Por que você está parada na chuva?”
“A água acabou na minha casa.” Eu aponto para o céu. “Pensei em usar a fonte da natureza como meu banho de hoje à noite.”
“Você está brincando?” Ele pergunta, sobrancelhas arqueadas.
“Claro que estou brincando!” Eu grito em resposta, a água encharcando minha blusa rosa clara, provavelmente dando a todos em Nova York um show. “Estou tentando pegar um táxi, mas aparentemente todos os táxis de Manhattan estão sendo usados hoje.”
“Entre no carro, Senhorita Parisi.”
“Não. Está tudo bem”, falo, cansada de cada parte do dia de hoje, especialmente em receber ordens de um inglês com um forte senso de sua própria superioridade.
Afasto-me do carro de Harry para finalmente sinalizar a um maldito táxi. Mas a vida, querendo me manter firmemente presa ao tema desastroso do dia, faz com que meu salto fique em uma fenda na calçada e eu rapidamente caio sentada. Minha jaqueta, bolsa e lista espalhadas na calçada.
“Por quê!” Grito para o céu, apenas para ser recompensada com um bocado de água da chuva, que eu rapidamente engulo, sufocando e engasgando até quase perder a vida. Enquanto tusso como um órfão de rua com tuberculose, uma grande mão envolve meu braço e me levanta.
“Eu disse para entrar no maldito carro, Faith, antes de nós dois ficarmos doentes.” A voz familiar de Harry corta a sinfonia cheia de buzinas da Eighth Avenue, e sua força impressionante me deposita em um assento de couro quente. A porta do lado do passageiro de algum carro de grife estupidamente caro é fechada com força.
Harry corre ao redor do capô e desliza para o lado do motorista, segurando minhas coisas. “Você é sempre tão teimosa?” Ele pergunta, e sua atitude de merda e fria de sempre apaga qualquer brilho de calor que eu senti no elevador. “Apenas quando eu penso...” Ele balança a cabeça, se interrompendo. Estou contente. Não poderia estar incomodada em ouvir o que sua alteza queria dizer.
Harry coloca minha jaqueta e bolsa encharcadas no banco de trás. Assim que ele liga o carro para nos tirar daqui, a lista cai do bolso da minha jaqueta e pousa diretamente em seu colo.
Rezo para quem quer que esteja ouvindo para que a chuva a tenha arruinado, pelo menos borrado a tinta. Mas quando o carro mergulha em um pesado silêncio e eu vejo Harry lendo a lista em seu colo, sei que está seca e quero que o chão se abra e me engula inteira.
Os cílios longos e escuros de Harry brilham com gotas de chuva enquanto ele examina a lista. Suas narinas alargam e ele levanta a cabeça. Entregando-me a lista, ele rapidamente coloca o carro em movimento.
“Brooklyn, você disse? É onde você mora? Localização?”
Eu relutantemente digo o endereço e Harry o digita no GPS. O ar entre nós estala com tensão. O que ele leu? Mais do que isso, o que diabos ele deve pensar? Por que ele não disse algo? Ele me achou uma aberração? E por que diabos eu me importo? Eu o odeio. Ok, não odeio, mas não gosto dele. Não me importo de estar em suas boas graças.
Pensamento após pensamento corre pela minha cabeça a uma velocidade tão esmagadora que fico tonta. Quando tudo se torna demais para suportar, eu digo, “Eu não quero levar uma mijada!”
Harry não desvia os olhos da estrada, nem mostra a menor reação ao meu desabafo. “Felizmente, usei o banheiro antes de sair do escritório.”
“Não, eu não quis dizer que pensei que você iria mijar em mim. De fato, de todos que conheço, você seria a última pessoa que eu esperaria fazer isso.” Paramos em um congestionamento e lamento o dia em que descobri o que é urofilia.
Harry esfrega a testa, claramente afetado pela direção dessa noite também. “Senhorita Parisi, podemos parar de falar sobre urina. Sinto que nunca é um tópico apropriado para conversas civilizadas.”
Eu rapidamente examino a lista, imaginando o que mais ele poderia ter visto. Dou um gemido no quinto tópico. “Punho. Você viu o tópico sobre punho, é bruto ou não? É uma lista do que eu não faria. Não é uma lista de coisas a se fazer.”
Harry solta um longo suspiro. “Senhorita Parisi. Por favor. Pare.”
“Eu vi você ler. E só queria que você soubesse que eu não quero ser assada no espeto.”
“Assada no espeto?” Ele pergunta claramente exasperado.
“Dupla penetração. Um na frente, um na bunda. Duplo recheio, sabe?”
“Não intimamente.”
Percebo que meus dedos indicadores estão apontados um para o outro, representando exatamente o que era dupla penetração.
Baixando minhas mãos no meu colo, fecho os olhos e tento pensar em uma mentira que faria sentido para explicar por que eu tenho essa lista. Sally me disse que nenhum dos principais chefes sabia sobre o NOX. Harry é o CEO. Eu não quero que ele retire meu artigo quando mal comecei, para evitar perturbar seus amigos poderosos e bem-sucedidos que viviam sob as muitas máscaras incomuns que eu já tinha visto.
Meus olhos se abrem. “É para a minha coluna”, digo. “Eu tenho compilado uma lista de preferências que são um pouco saidinhas. Você sabe, coisas que eu possa discutir na coluna em algum momento e que as pessoas possam achar interessante.”
Harry suspira. “Você certamente vive uma vida interessante, senhorita Parisi. Acho que nunca conheci alguém como você.”
Eu olho para frente, sem saber se fui menosprezada de uma maneira educada e gentil. “Você me chamou de Faith”, eu digo. Eu não tenho ideia de porque esse foi o pensamento proeminente na minha cabeça agora. Harry nunca me chamou pelo meu nome antes. E ele me levantou do chão. Me carregou nos braços e contra o peito até o carro. Um carro que tem aquecedores de assento.
Sua mandíbula flexiona. “Escapou. Foi pouco profissional da minha parte.”
“Tão pouco profissional quanto ver ‘grandes plugues anais’ na lista particular de um funcionário?”
Com isso, o carro para abruptamente. “Este é o seu prédio?” Harry pergunta. A chuva havia diminuído de torrencial para uma névoa nebulosa.
“Sim. Este é o meu lugar.”
Harry pega minha jaqueta e bolsa. Enquanto ele pega os itens meu celular toca. Eu imediatamente verifico minha bolsa e leio a mensagem.
Um carro irá buscá-la. Não se atrase.
É de um número que eu sei que pertence a NOX. O incrivelmente complexo relógio do painel do carro de Harry me diz que preciso me mexer. “Merda”, eu digo e saio do carro. Harry dá a volta no capô e me entrega meu sapato agora sem salto. “Obrigada. E obrigada pela carona de volta para casa.”
“Deixe-me leva-la à sua porta.”
“Não! Tudo bem”, digo, acenando com a mão em um tipo estranho de adeus quando chego ao corrimão da varanda.
“Faith?” Eu me viro e vejo Sage subindo a rua.
“Sage!” Eu digo aliviada.
Sage passa por Harry, arregalando os olhos quando ele encontra meu olhar. Harry Sinclair? Ele diz apenas movendo a boca e eu sorrio firmemente para Harry por cima do ombro de Sage. O rosto de Harry está tão duro quanto pedra enquanto ele nos observa. “Faith, você está sem sapatos.”
“Carregue-me”, eu sussurro. Sage franze a testa em confusão, mas faz o que eu pedi. Ele me pega em seus braços, indo para a porta.
Harry é uma estátua na calçada, braços musculosos cruzados sobre o peito. “Boa noite, Senhorita Parisi”, diz ele neutro e volta para o carro.
“Ele acha que sou uma idiota do caralho”, digo a Sage quando estamos em segurança dentro do nosso vestíbulo e Harry se foi.
“Com o que você se importa? Você odeia o cara, certo?”
“Certo”, digo. “Claro.” Aponto para o elevador. “Rápido, meu bom homem. Maître está me esperando e seu carro particular vem me pegar a qualquer momento.”
O elevador fecha e nos leva ao nosso andar. “Por que seu chefe estava aqui, afinal?” Sage pergunta. “Era ele, certo? Eu o reconheci de todas as fotos online.”
“Sim, mas é uma longa história, e agora eu tenho que me preparar para potencialmente ter minha bunda espancada por um francês sexy.”
“Só mais um dia comum então”, diz Sage, balançando a cabeça em diversão.
“Apenas mais um dia comum.”
Faith, ouço a voz de Harry circular na minha cabeça enquanto me dispo. Parisi não, mas Faith. Enquanto eu entro sob a água quente do chuveiro, o som de sua voz fica mais alto.
Então me lembro de quando, no elevador, ele sorriu. Aquele maldito sorriso de covinhas. Aquela vibração estranha debaixo do meu esterno volta novamente. Fecho os olhos. Aqueles bastões que Maître tinha na parede dele parecem mais atraentes para mim a cada minuto.
Quando ouço Harry gritar um Faith preocupado mais uma vez em minha cabeça estúpida, rezo para que Maître me chicoteie muito hoje à noite.
Não gosto do Visconde Harry. Ele é um idiota pomposo e orgulhoso... eu só preciso continuar me lembrando desse fato.
CAPÍTULO NOVE
“Bem, é uma coisa boa que eu seja confiante no meu corpo”, digo enquanto olho o reflexo no meu vestiário particular na NOX. Coelhinha me disse ontem à noite que as roupas no meu armário foram escolhidas para as preferências específicas de Maître. Parece que Maître Auguste gosta de couro, mas também um pouco disso.
Eu uso sutiã e calcinha, mas as taças do sutiã estão convenientemente ausentes, expondo meus seios ao mundo. Para complementar esse visual, falta a virilha da calcinha. Em qualquer outro lugar, estou completamente nua. Deslizo meu véu sobre os cabelos, que coloquei conforme as instruções, e sobre o rosto, o anonimato firmemente no lugar.
Com uma respiração fortificante, caminho até o elevador privado, segurando minha lista de limites na mão. Quando as portas do elevador se fecham, sorrio apreensiva, pensando em Harry lendo a lista no seu carro. Se eu dissesse a ele que estava vindo para cá, pelo menos teria tido uma razão para manter uma lista de atividades sexualmente desviantes, como se estivesse protegendo o Santo Graal. Eu não tenho certeza se ele acreditou na desculpa que dei a ele e, honestamente, realmente não devo me importar se ele pensa que sou uma ninfomaníaca mais que aventureira. Ele é meu chefe. E é isso.
O elevador se abre e as borboletas começam a tremular no meu estômago. Giro a maçaneta e ela se abre, revelando para mim o quarto. Fico de joelhos, mãos nas coxas e cabeça baixa, e espero.
Vários minutos se passam antes que ouço uma porta se abrir e, através da minha visão periférica, vejo os pés descalços de Maître e as pernas cobertas de seda preta enquanto ele caminha para o trono. Erguendo os olhos da segurança do meu véu, vejo sua capa ao redor dele e a máscara fantasma em seu rosto.
“Bonne nuit, mon petit chaton12.” Sua voz profunda e rouca exala sexo puro. Meus mamilos endurecem apenas com o som de sua voz.
Maître está quieto enquanto me encara. Quando olho para ele, vejo-o me olhando com o dedo apoiado na bochecha da máscara. “Você tem a lista que eu pedi?”
“Sim, Maître Auguste.”
“Eu gosto de ouvir meu nome da sua boca.” Não sei o porquê, mas sorrio com isso.
“Agora, rasteje para mim, mon petit chaton. Rasteje até mim e deixe sua lista aos meus pés.” Sei que deveria estar ofendida pelo comando degradante. Mas, em vez disso, minha respiração acelera e minha pele fica mais quente para o nível de domínio em sua voz.
Lentamente fico em uma posição rastejante. Maître espera silenciosamente que eu cumpra sua ordem. De quatro, me movo, tentando acompanhar a música. Parece Wagner. Quando chego aos pés dele, coloco a lista no chão.
“Dê-me isto.” Eu entrego a Maître. “Agora ajoelhe-se e espere.” Faço o que ele disse.
Fico nervosa enquanto ele lê a lista. Ele me consideraria inadequada para o clube? A noite anterior já havia lhe dado dúvidas. Minha lista de limites rígidos é extensa.
“Bon13“, Maître diz indiferente e passa por mim. Ouço o barulho de metal atrás de mim e preciso de muito controle para não me virar.
Após cerca de cinco minutos, ele ordena, “Venha aqui.” Vou até sua figura sombria, em uma parte mais escura da sala. Paro diante do tronco medieval de madeira. Meus olhos se arregalam.
“Coloque seus braços e cabeça dentro.” Engolindo em seco, obedeço. Maître fecha o tronco ao meu redor. “Agora levante as pernas sobre os bancos.” Eu faço como instruído, e Maître amarra meus tornozelos com as algemas. Com minhas pernas abertas sobre os bancos, minha bunda apontada para os deuses, tento mover meus braços e cabeça, e descubro que estou presa. Eu tento combater meu pânico crescente por estar tão contida.
“Pare de tentar se mexer. A ideia aqui é ser contida.” Maître se move para a parede, na minha linha de visão, e pega alguma coisa da estante. Quando ele se vira, aquilo parece assustadoramente um bastão com pontas de metal na ponta. Ele se inclina e esfrega minha bunda com a mão. Eu mal posso respirar. O que diabos ele está planejando fazer com esse bastão?
Ele deve ter notado o medo em meu corpo tenso enquanto diz, “Isso não estava na sua lista, mon petit chaton. Se não estiver na lista, todo o resto é bon. Você não se lembra do que te disse ontem à noite?”
“Sim, Maître. Mas eu não vi nada parecido com isso em minha pesquisa.” Sinto sua mão deslizar entre as minhas costas e cair na minha nádega direita.
“Pronta?” Ele pergunta.
Estou congelada. Eu quero abrir minha boca para dizer algo, mas não consigo mover meus lábios. Estou em terreno desconhecido neste lugar. Respiro fundo, me preparando para a dor.
De repente, a mão de Maître se afasta de mim e ele está na minha frente. Ele se abaixa até que estou olhando cautelosamente em seus olhos prateados. O canto dos lábios dele levantados em divertimento. Eu faço uma careta de confusão. “Mon petit chaton”, diz ele e passa a mão pelos meus cabelos. “Sua lista foi a coisa mais divertida que já vi em muito tempo.”
“Eu... o quê?” Gaguejo.
“Nós”, ele circula o dedo no ar, “somos um clube de sexo. Um céu hedonista construído para o prazer de foder e orgasmos, não de dor e sadismo. Isso” diz ele, levantando o bastão para que eu possa vê-lo, “é apenas para fins de decoração, d’accord14? Atividades como essas são proibidas. Existem outros clubes mais... específicos em Nova York para aqueles com essa preferência.”
“Havia pessoas lá embaixo...”
“Encenação.” Ele encolhe os ombros. “Um pouco de submissão leve e açoitamento, mas nenhuma que cause dor real. Ser açoitado ou batido com o bastão não precisa ser uma experiência dolorosa, mas sim incendiar os sentidos e trazer o seu prazer a novas alturas. Algumas das pessoas que você viu lá embaixo eram meus funcionários. Ma chérie15, eles estão aqui para excitar a multidão, para ajudar os membros a se sentirem seguros em se soltar e se entregar às suas necessidades e desejos carnais. Diga-me, eles te excitaram? Você ficou molhada vendo-os gritar?”
“Foi... intrigante. Suponho que tudo depende da pessoa que está fazendo isso comigo.”
Maître inclina a cabeça para o lado. “E quanto a mim?” Ele pergunta e passa a ponta do dedo sobre o meu mamilo endurecido. Engulo em seco, calafrios provocam tremores em meu corpo com esse toque minúsculo de afeto.
“Sim, Maître.” E é verdade. Estou tão atraída por esse homem misterioso, que ficarei feliz em aceitar isso.
Ele levanta a lista. “Vou guardar isso como lembrança. Algumas atividades para investigar, eu acho.”
Seu sorriso desaparece, o sério Maître retoma o controle, e ele coloca o dispositivo de tortura de volta na parede. “Minha intenção com você, mon petit chaton, é fazer você gritar a noite toda porque estou te fodendo, lambendo ou fazendo você desmoronar. Não desejo marcar permanentemente essa linda pele bronzeada.” Maître vem até mim e não posso deixar de encarar seu enorme comprimento por baixo da calça de seda.
Eu sobressalto, ofegando, quando as mãos de Maître acariciam minha bunda, uma mão em cada nádega. “Esta lingerie de couro em você...” Ele para, sua voz mais profunda. Mordo meu lábio para não gemer alto quando ele traça cada centímetro das minhas nádegas e coxas com suas mãos hábeis, mas gentis.
“Se isso faz você se sentir melhor com as coisas, pode escolher uma palavra segura, mon petit chaton.” Eu o sinto se mover entre minhas pernas abertas, pernas que estão abertas para sua visualização.
Meu rosto arde em necessidade. O calor abafa minhas costas e de repente sinto sua ereção pressionando contra mim. Eu respiro fundo quando seu peito encontra minhas costas e sua bochecha mascarada encontra minha bochecha. É uma sensação inebriante mas erótica ser presa no tronco, incapaz de me mover, enquanto um homem com mais de um metro e oitenta de altura cobre meu corpo.
“Então, qual deve ser? Você quer uma palavra segura? Mas lembre-se, na NOX, você só precisa dizer ‘Pare’ e eu vou parar.” Ele dá um beijo quente no meu pescoço. Meus ossos se tornam líquidos ao sentir ele assumindo o controle, seus lábios macios acariciando minha garganta.
“Não, Maître. Nenhuma palavra segura é necessária”, eu digo, lutando contra um gemido, e seus dentes mordem meu lóbulo da orelha. Ele começa a balançar os quadris, criando um delicioso tipo de atrito, depois desce pelas minhas costas até eu sentir seu hálito quente no meu clitóris.
“Se não há necessidade de uma palavra segura, então vou continuar para foder você.”
Em segundos, sinto o primeiro golpe de sua língua deslizar da minha entrada para o meu clitóris. Dou um gemido quando ele aprofunda, suas mãos separando meus lábios enquanto ele chupa e movimenta meu clitóris com a língua. Eu gemo, incapaz de me mover com as correias nos tornozelos, minhas mãos e minha cabeça presas no tronco. Meus olhos reviram, e minha boca se abre apenas para procurar a respiração que Maître está roubando com seu toque quente.
Quando me afogo no hedonismo que ele prometeu, ocorre-me que eu não consigo sentir sua máscara. Ele tirou. Fico tentada a lutar contra o tronco, precisando mais do que tudo ver como ele é, mas estou presa e, mais do que isso, não quero que ele pare.
Eu grito quando ele desliza dois dedos dentro de mim, sua língua nunca para. “Vou gozar”, digo, o choque de prazer me atinge como o mais forte dos açoites. Meu corpo tensiona e eu desabo, agradecida que o tronco está me segurando no lugar. Maître rapidamente afasta a língua, mas antes que eu tenha a chance de me recuperar, ele desliza dentro de mim com um impulso forte.
Eu grito quando aperto seu pau enorme. Ele me enche por completo. Aperto os dentes quando ele começa a empurrar dentro de mim como se o homem estivesse faminto por sexo. Suas mãos deixam de agarrar meus quadris para pressionar contra minhas costas. Seus impulsos rítmicos nunca vacilam uma vez.
“Você é tão gostosa”, diz ele, seu sotaque francês beijando as vogais de cada palavra. “Quente, úmida e apertada.”
Grito quando ele muda de ângulo e começa a bater incansavelmente contra o meu ponto G. Eu nunca senti algo assim antes. Esse calor, essa atração, esse prazer alucinante. Sou como um orquestra crescendo na intensidade, gradualmente ficando cada vez mais alta até gritar, explodindo como uma supernova.
Maître Auguste empurra forte dentro de mim mais uma vez, exalando alto quando ele goza. Suas mãos massageiam minhas costas nuas até meu cabelo, onde ele envolve a mão pelos longos fios. Usando esse apoio, ele move os quadris até que todo o seu prazer esteja completo.
A sensação dos lábios de Maître beijando minha coluna causa tremores de êxtase em minha pele. Minhas costas arqueiam, procurando por mais dele. Tão exausta e esgotada de prazer quanto estou, eu quero mais.
Não preciso esperar muito.
Maître sai de cima de mim e estende a mão para desapertar os parafusos do tronco. Eu relaxo contra a madeira, incapaz de me mover. Maître me pega nos braços. Quando olho, sua máscara e capa estão firmemente de volta no lugar. Ele me leva para a cama no centro da sala. Está coberta com um lençol de PVC vermelho.
Ele me deita, vai até a prateleira na parede e pega o que parece ser uma venda dos ganchos. Trazendo-a para o lado da cama, ele diz, “Eu vou te foder de perto.” Ele se ajoelha na cama e coloca a venda ao meu lado. Alcança na parede atrás da cama e segura duas barras de metal.
“Barras separadoras”, diz ele, passando uma das argolas de metal nos meus punhos. Ele puxa a barra e meus braços se separam. Ele coloca a outra barra com algemas no meu tornozelo e ajusta-a para que minhas pernas se separem e estou completamente aberta para sua visualização.
Ele coloca o dedo no meu tornozelo e depois desliza pela minha panturrilha, no meu joelho e na minha coxa, até que ele o mergulha dentro de mim. “Argh!” Eu assobio, tentando mover meus quadris, procurando ainda mais. Removendo rapidamente a mão, ele pega a venda que está posicionada pacientemente ao lado da minha cabeça.
“Levante a cabeça.” Eu faço o que ele diz e ele coloca a venda sobre meus olhos e tudo fica preto.
“Não tem medo do escuro, não é?”
“Não agora.”
Os dedos de Maître cruzam meus lábios e prendo a respiração, imaginando se ele está prestes a me beijar. Eu quero que ele me beije. Quero prová-lo. Parece que ele planejava isso. Então seus dedos se movem. Eu ouço o farfalhar de roupas. A cama afunda novamente. Ele tira a máscara e ouço-a atingir o chão de madeira.
Piscando sob a venda, tento fazê-la se mover o suficiente para ver alguma parte dele. Apenas um vislumbre – as maçãs do rosto, o nariz, a mandíbula, qualquer coisa.
“Ma chérie”, diz ele quando o sinto vir por cima de mim. Eu sinto sua pele quente contra a minha. Do pé ao rosto. Ele tirou tudo. Dou um gemido imaginando o quão perfeito ele parece.
Eu arqueio para que meus mamilos esfreguem contra seu peito duro. “Gostaria de poder vê-lo”, eu me permito dizer.
Dou um gemido de surpresa quando ele se abaixa e chupa meu mamilo. “NOX é sobre brincar no escuro, mon petit chaton. Sobre o anonimato e a liberdade de se soltar sem realmente saber quem acabou de fazer você desmoronar.” Com a boca de volta nos meus seios, seu dedo alcança entre as minhas pernas e acaricia meu clitóris. Eu instantaneamente subo mais e mais, minhas costas doendo pela força dos orgasmos anteriores. Mas não me importo. Nada importa agora; sem preocupações atormentando minha mente. Somos apenas eu e Maître e mais prazer do que já senti antes.
De repente, quando estou prestes a gozar, Maître move meu corpo para cima e coloca as mãos em ambos os lados da barra que separa minhas mãos. A intensidade de sua força me prendendo faz o calor se reunir entre minhas pernas.
Consigo respirar assim que ele se coloca na minha entrada e empurra para dentro. Fico feliz por seu corpo musculoso me manter para baixo quando a onda de prazer que me domina faz meu corpo arquear levantando-se do colchão, testando a força das barras. Meu canal aperta, buscando libertação, e Maître resmunga em resposta.
“Ma chérie”, diz ele, sua voz grossa e tensa. Maître empurra cada vez mais forte para dentro de mim. Estou caindo aos pedaços lentamente. Estou voluntariamente me entregando a este homem.
Maître se afasta de mim e gemo com a falta dele. Ouço passos firmes do outro lado da sala e o sinto na cama novamente. A música clássica e minha respiração criam uma sinfonia inebriante enquanto espero o que vem a seguir. Grito de surpresa quando Maître usa a barra dos meus pés para me virar. Meus seios pressionam contra o lençol de PVC; então sinto um golpe forte no meu traseiro. Eu grito. Não com dor, mas... sinto isso novamente. E eu quero mais. Quero muito mais.
“Açoitamento”, diz Maître, no momento em que outro golpe atinge minhas nádegas. Não dói; a ardência sutil que os fios macios trazem carrega uma sensação de eletricidade pelas minhas costas, acendendo todas as zonas erógenas que tenho em mim.
Quando Maître me açoita de novo, ele mira mais baixo, os fios encostam de leve em meu clitóris. Eu gemo com a sensação viciante, querendo desesperadamente isso novamente. O suor aumenta na minha testa e tento segurar o lençol de PVC embaixo de mim apenas para que algo me prenda.
“Vou lhe trazer prazer”, diz Maître. Sua voz é calma. “Nunca dor.” Maître bate o chicote novamente. Eu mal tive tempo suficiente para me familiarizar com as correntes estáticas zumbindo pelo meu corpo quando ele empurra dentro de mim novamente, batendo o chicote na minha bunda ao mesmo tempo. A dupla sensação de prazer e a ardência sutil são tão intensas que eu penso que posso desmaiar.
Com cada golpe e impulso, eu me derreto no colchão até que todas as fibras do meu corpo tensionam, e grito tão alto que minha garganta fica rouca. Minhas nádegas ainda estão pulsando e latejando quando Maître agarra meus quadris e empurra dentro de mim mais três vezes antes dele gemer sua libertação. Suas mãos deslizam para a barra espalhadora nas minhas mãos enquanto ele está deitado sobre mim, seu corpo inteiro cobrindo-me como um cobertor. Na escuridão, deito-me exausta e tão saciada que temo nunca ser capaz de me mover novamente.
Maître respira com dificuldade. Sinto seus músculos abdominais nas minhas costas e nunca quero sair desta sala. “Você está bem?” Ele sussurra.
“Eu não sei.” Maître bufa uma risada. O belo som do seu humor me envolve, me apertando. Soltando a barra, ele se move para baixo pelo meu corpo. Em seguida, sinto suas mãos esfregando minhas nádegas, massageando a pele. Eu gemo. Seu toque suave parece o paraíso.
Eu afundo no colchão, mas eventualmente Maître se afasta de mim. Quando ele volta, ele desamarra minhas mãos e tornozelos das barras espalhadoras, colocando-as de volta na parede atrás de nós. Ele me puxa contra seu peito, passando os braços em volta de mim. Além de tudo, isso é o que mais me assusta esta noite.
“Você foi ótima”, diz ele, passando os dedos pelos meus cabelos. Franzo o cenho diante da vibração que sobe em meu peito novamente. Eu não esperava a proximidade, a suavidade.
“Estou exausta”, digo, buscando calor nos braços musculosos que estão ao meu redor.
“Então foi uma noite de sucesso.”
Vários segundos se passam, ‘Ave Maria’ vem dos alto-falantes. Eu relaxo contra sua pele quente. “Você está me abraçando”, digo, me sentindo completamente exausta e... segura. Ele me faz sentir quente e segura. “Eu não estou reclamando.”
Maître ri e sinto o barulho reconfortante contra minha bochecha, deitada sobre seu peito. “Mon petit chaton, é serviço ao cliente.”
“Como o que você consegue depois de uma cirurgia?”
A mão de Maître sobe e desce pelas minhas costas. É hipnótico. “Quando uma Ninfeta é fodida, ou punida, ou ambos, o Maître cuida dela, faz com que se sinta segura, como você disse.”
“Mm”, murmuro, sentindo-me sonolenta. Eu devo ter adormecido, quando Maître me acorda beijando minhas costas. Pisco para afastar o sono, a cama entrando em uma visão turva sob o meu véu.
“É hora de partir”, diz Maître, e me sento. Estou dolorida por toda parte, mas não me queixo. É um tipo delicioso de dor.
“Todo fim de semana”, diz ele, beijando as costas da minha mão como um verdadeiro cavalheiro. “Você virá até mim. Noites de sexta e sábado. Não vai para o andar principal. Você é minha e só minha.” A alegria toma conta de mim. Maître me quer. Me quer apenas para si. “Você quer isso?”
“Sim, Maître”, digo, enquanto a mão dele acaricia meu braço, seios e entre as minhas pernas. Seu toque é uma promessa silenciosa do que está por vir. Eu quero ser apenas dele. A sala principal é esmagadora. Nessa sala... tem um tipo de liberdade que eu nunca senti antes.
“Bon.” Ele se levanta da cama. “Você foi muito bem esta noite, mon petit chaton.” Eu me vejo saboreando seus elogios. “Mal posso esperar até jogarmos novamente. Bonne nuit, ma chérie.”
Maître sai pela porta privada. O gongo soa através do prédio, e eu vou para casa, ainda sentindo seus lábios sobre cada centímetro da minha pele.
CAPÍTULO DEZ
“Eu não posso acreditar que você o deixou fazer isso, Faith!” Amelia diz, olhos arregalados.
Tomo um gole do meu café. Por semanas eu estive sob o controle de Maître e, portanto, debaixo dele. “O que é um pouco de surra de vara entre amigos?” Eu digo, encolhendo os ombros. As coisas haviam progredido no quarto do Maître. E toda vez que me afastava da NOX, ansiava pelo meu retorno.
“Qualquer coisa que te faça feliz, eu digo”, concorda Sage.
“Você foi amarrada a barras separadoras, colocada em algemas, amarrada a uma cruz de Santo Andre...”
“Minha favorita”, interrompo.
“Você foi açoitada e levou surra de vara. E agora ele está treinando você para não gozar até que ele diga?” Amelia diz exasperada.
“Gratificação adiada. É incrível”, digo e balanço minha cabeça. “É como se ele fosse um mágico e meu corpo magicamente não pode se libertar até que ele diga. É louco. E você goza muito mais forte quando adia. Na verdade, acho que posso ter desmaiado por alguns segundos da última vez.”
“É impressionante, simplesmente assim”, observa Novah.
“Você nunca quer só o sexo normal?” Amelia pergunta.
Penso na pergunta dela. “Não descartaria isso, mas eu amo toda essa perversão. Nunca pensei que eu gostaria, mas aqui estamos nós.”
“E Maître?” Sage pergunta.
À menção de Maître Auguste, sinto um formigamento nas costas. Sei que não é uma coisa boa. Ele é o mestre do meu clube de sexo e eu a sua Ninfeta. Mas toda vez que estou com ele, posso sentir algo dentro de mim começando a mudar, um carinho por ele começando a crescer. Eu me vejo rezando para que sua máscara caia. Quero tanto saber quem está sob seu disfarce que é uma obsessão limítrofe. Ele fode como um deus do sexo, mas é o tratamento posterior que eu mais desejo. Obviamente, ele é o primeiro mestre que já tive. Não tenho ideia de como outros mestres tratam seus submissos. Mas quando me deito contra seu peito, sua pele quente e cheirando a mogno e tabaco por causa de sua colônia, não quero nunca me mexer.
“Oh merda”, diz Sage, virando abruptamente para me encarar. “Você gosta dele.”
“Claro que gosto dele. Estou dormindo com ele.”
“Não, ele está certo”, diz Amelia e coloca as mãos nas minhas bochechas. Ela investiga meus olhos. “Faith, você tem sentimentos por ele. Foi assim que você ficou durante o episódio do Oscar Dempsey no segundo ano.”
Sorrio, mas sinto a verdade dessas palavras batendo na minha bunda mais forte que a vara de Maître. “Não é verdade”, argumento.
“Você pode se apaixonar por seu mestre?” Pergunta Novah. “Quero dizer, você nem sabe como ele é. Ele poderia estar sentado na cabine ao nosso lado agora, e você não tem ideia.” Ela está certa, é claro. Mas não é que gosto de Maître. Estou apaixonada por ele, com as mãos e a confiança no quarto. Nenhum homem jamais me agradou como ele. Estou completamente viciada.
“Ele é gostoso. Eu sei que ele é. Um homem com esse tipo de força e talento sexual não pode ser outra coisa senão gostoso.”
“Ele disse que o clube é apenas uma grande encenação. E se o carinho dele por você for apenas sexual? Ou se ele estiver apenas desempenhando o papel muito bem?” Amelia pergunta.
Uma dor semelhante a uma lâmina sendo mergulhada no meu peito me atinge com velocidade e força brusca. “Olha”, digo, jogando meu cabelo para trás. “Eu não gosto dele assim. Como você disse, é impossível conhecer o homem de verdade por trás de toda a peça teatral. É sexo, sexo sobre o qual estou escrevendo para uma matéria. É tudo o que há para fazer.”
Meus três amigos ficam calados com isso, o que já é um feito. Nós nunca calamos a boca. “Nove?” Eu digo e pego minha jaqueta e bolsa. “Você está pronta? Sally só sai as dez e tenho uma reunião com ela. Acho que estendemos o café da manhã o suficiente.” Ela se levanta e pega suas coisas. “Vejo vocês, prostitutas, em casa”, digo a Sage e Amelia. Eu beijo Sage na bochecha dele, depois Amelia.
“Nós amamos você”, Amelia diz suavemente, estranhamente causando um nó em minha garganta. “Nós apenas não queremos que você se machuque.”
“Eu sei”, digo e puxo minha melhor amiga para um abraço. Eu nunca poderia acusar eles de não se importarem. “Vou ficar bem, eu prometo. De qualquer maneira, o tempo está acabando rapidamente com Maître. Semanas, só isso.”
“Semanas finitas podem ser uma vida inteira quando você está apaixonada. Inferno, um dia também pode.”
“Não estou apaixonada.” Sorrio. “Ok, talvez um pouco com sua ferramenta enorme, mas é isso. Eu juro.” Olho para Novah. “Você está pronta, ruiva?”
“Vamos lá.” Vamos em direção ao prédio e Nove diz, “O menino de sangue azul estará de volta amanhã, não é?”
“Foi o que Theo disse ontem. Disse que ele chega em algum momento hoje.” Meus pensamentos vão imediatamente para Harry e nosso último encontro. Entre no maldito carro, Faith!
“Você acha que vai ser estranho? Você sabe, desde a última vez que vocês se falaram, você sujou o carro dele com água da chuva e ele leu a lista.”
“Merda, não me lembre disso”, digo. “Vai ficar tudo bem. Nós não falamos, foram apenas circunstâncias infelizes que nos uniram naquela noite. Sim, ele pode pensar que sou uma putinha suja que gosta de sexo realmente complexo.” Encolho os ombros. “Para mim, isso só tornaria uma pessoa mais intrigante, mas para um puritano como Harry Sinclair, ele provavelmente está planejando me dar o maior espaço possível e testes regulares de DST.”
Novah ri e cobre a boca. Eu olho para ela de soslaio. “Sinto muito! Mas você tem que admitir que o nosso CEO conservador lendo sobre algemas e tortura nos mamilos foi um verdadeiro destaque do ano até agora.” Eu decido ignorá-la. Não dura muito. Quando entramos no elevador, Novah pergunta, “Você preparou suas anotações para Sally?”
Dou um tapinha na minha bolsa. “Aqui.”
“Ela vai amá-las.”
“Acredito que sim.”
Eu havia trabalhado por alguns dias no primeiro lote de anotações para o meu artigo para mostrar a Sally. O grande artigo não irá para revisão por um tempo ainda, mas ela queria ter certeza de que estou no caminho certo. Estou orgulhosa disso. Tem meu estilo de marca registrada e elementos de humor e inteligência, e eu segui as regras estritas da NDA16.
Assim que chega a hora da minha reunião com Sally, bato na porta do escritório dela. “Cai fora!” Ela grita. Ela nunca diz ‘entre’ como uma pessoa normal. Sempre foi sinônimo de ‘vá embora’, mas normalmente não é tão educado. Carla, sua assistente pessoal, acena para eu entrar. Sally está atrás de sua mesa, lendo alguma coisa.
“Notas”, diz ela sem olhar para mim. Eu as entrego e me sento. Minha bunda mal encontra o couro quando Sally bate a mão na mesa e gira em sua cadeira. “Você está brincando comigo com isso, Faith?”
Eu pulo em sua ira repentina. “Hum... de que maneira?”
“De que maneira!” Sally se levanta, sua cadeira batendo diretamente na parede atrás dela. Ela bate em minhas anotações com as costas da mão. “Uma exibição pervertida da elite mais rica de Manhattan.” Ela continua. “Idiotas pomposos empinando como pôneis... coelhos de olhos roxos, solteiros muito ricos que precisam de orgasmos mais profundos?”
“O que?” Pergunto, sem entender o que diabos está acontecendo.
“Você está levando isso a sério, Faith? Você leu algum das nossas principais matérias?”
“Claro que sim, eu...”
“Elas mergulham fundo, não polvilham confetes verbais em uma pilha de merda genérica. Quem são essas pessoas? O que os faz querer fazer isso?” O olhar de Sally percorre a página e ela congela. “Você é o animal de estimação do Maître desde a primeira noite?” Eu penso que seu queixo pode cair em choque.
“Sim.”
“Sim? Sim!” Ela ri, mas não há alegria por trás disso. De fato, os olhos de Sally começam a sair de suas órbitas tanto que eu temo que sua cabeça esteja prestes a queimar espontaneamente. “E você não acha que essa é a história? Você andou transando com o proprietário e o homem mais infame de Nova York e está me contando sobre idiotas de meia-idade de Wall Street com barrigas de cerveja que fingem ser Seabiscuit?” Sally cai na cadeira. “Eu cometi um erro”, diz ela, e sinto minha esperança pela matéria começar a desaparecer.
“Não, você não...”
“Você está fodendo o famoso Maître da NOX, tem ligações íntimas com ele. Tem acesso a ele de maneiras que ninguém mais tem.” Sally se inclina para frente, seu rosto estranhamente angular e rigoroso pairando diante do meu. Eu me sinto como Sigourney Weaver no Alien quando aquilo tenta farejá-la, só que o alienígena tem cabelos pretos lisos e óculos de armação Prada. “Você tem a chance de escrever a maior reportagem da década, Faith.” O dedo de Sally bate na mesa de madeira, enfatizando cada palavra que ela fala. “Descubra. Quem. Ele. É.” Sally se recosta na cadeira e eu fico congelada. “Esse é o nosso artigo.”
“Mas a NDA...”
Sally bate a mão em despedida. “Podemos revelar a identidade dele sem revelar explicitamente a identidade dele, entende?”
“Sim”, eu digo, mas algo no meu coração parece expirar, como leite ficando ruim.
“Agora saia.”
Reunindo minhas anotações, caminho até o elevador em estado de choque. Quando chego a Novah, caio na minha cadeira e sussurro, “Ela quer que eu revele a identidade de Maître.”
Os olhos de Novah se arregalam. “Oh não, Faith...” ela sussurra e estende a mão para pegar a minha. “Ela não gostou das suas anotações?”
Eu solto uma risada irônica. “Gostou? Ela as crucificou, Nove. Pendurou, perfurou, esquartejou e enviou para as margens de Nova York para alertar outros escritores a não serem tão idiotas.”
Eu olho sem ver o tapete debaixo dos meus pés. Penso em Maître, seu corpo musculoso e suas mãos gentis, seu sotaque francês, que era tão suave que se tivesse cobras nas minhas roupas – apenas com suas palavras, ele poderia encantá-las imediatamente. Mas o mais importante, penso no tratamento posterior, quando ele me abraça. Quando ele relutantemente ri das minhas piadas sem fôlego.
E Sally quer que eu o destrua.
O anonimato é tudo, mon petit chaton... ouço a voz dele no meu ouvido. Sally quer que eu destrua esse anonimato. Exponha-o e, sem dúvida, destrua seu clube e tudo o que ele trabalhou. O pensamento de fazer isso com ele...
Meu telefone de mesa toca e eu atendo roboticamente. “Sim?”
“Vá para o centro de recreação. Michael tem intoxicação alimentar e não pode cobrir o evento de caridade que está ocorrendo. Então você vai cobrir, servindo sua penitência por me decepcionar com essa merda que você trouxe para o meu escritório. Mil palavras até amanhã à tarde sobre o que a caridade faz e toda essa porcaria triste que fará nossos leitores chorarem. E chegue lá agora!” Sally bate o telefone e estremeço.
“Faith?” Diz Novah.
“Eu tenho que ir cobrir uma história em um centro de recreação.” Um e-mail com o endereço e as anotações vem de Carla. Imprimo, pego meu casaco, bolsa e guardo minhas anotações inúteis na gaveta.
Novah estende a mão e agarra a minha. “Vai ficar tudo bem, prometo.” Dou um sorriso tenso e saio do prédio, pego um táxi e digo o endereço ao motorista. Obviamente, quando está um dia quente e ensolarado, um táxi para imediatamente. Enquanto eu olho para a movimentada Nova York, penso em expor Maître, quem ele é, o que ele faz, seu rosto... e me sinto enjoada.
Eu respiro fundo. Faith, você conhece o cara há algumas semanas. Sim, tem sido algumas semanas intensas, mas é tudo o que tem sido. É um clube de sexo. Você é apenas mais uma Ninfeta em uma máscara. Mas eu não sou. Coelhinha me disse isso. Como o próprio Maître. Ele não aceita Ninfetas. Mas ele me aceitou.
“Foda-se a minha vida!” Eu grito.
“Você disse alguma coisa, senhorita?” O velho taxista pergunta.
“Não, desculpe.” O táxi para e eu desço. Levo um momento para perceber que estou em Hell’s Kitchen. Ando para o centro de recreação que eu vinha quando criança, e um pouco do peso no meu peito desaparece. Meus pais moravam a apenas dois quarteirões de distância. Eu sorrio para o céu. Papai sempre dizia que, quando você estava em um lugar ruim, Deus sempre entregava a você exatamente o que precisava para ficar feliz novamente. Enquanto olho para o centro de recreação, um lugar que ajudou a moldar quem sou hoje, me pergunto se era isso.
Quando empurro as portas, o cheiro de adolescentes suados me dá um tapa na cara. Algumas coisas nunca mudam; são as constantes sempre equilibradas de que você precisa para que a vida não fique muito ruim.
Ouço barulhos vindos do ginásio. Ao passar pelo escritório, ouço, “Bem, se não é a criadora de problemas Faith Parisi.” Sorrindo instantaneamente, encontro o Sr. Caprio circulando a mesa, a boina que ele sempre usava ainda firmemente presa à cabeça.
“Senhor Caprio”, falo e sou imediatamente envolvida em um abraço de urso.
“O que diabos você está fazendo aqui?”
“Estou aqui para cobrir o evento hoje. O evento beneficente para...” Olho para o meu bloco de notas. “Luto infantil.” Meu coração se parte com o assunto, e me odeio por não ter lido o resumo no caminho para cá.
“É mais um dia de atividades. O novo campo de futebol de grama artificial acaba de ser inaugurado e é o primeiro dia em que as crianças da instituição se beneficiam disso.” Eu balanço a cabeça quando ele me leva pelos corredores familiares que levam ao ginásio dos fundos. “O CEO da Charity está aqui.”
Entramos no ginásio dos fundos e o barulho dos decibéis mais altos me cumprimentam. Crianças estão correndo por toda parte, esportes de todo tipo estão acontecendo em cada centímetro do espaço.
“Senhor Caprio”, digo. “Onde fica o campo artificial?”
“Perto da entrada leste. Mas os fotógrafos já foram. Estamos trazendo toda a imprensa aqui agora.” Concordo com a cabeça, mas acho estranho que o novo campo esteja fechado quando tudo isso era para sua abertura.
“Faith, esta é Susan Shaw, a CEO da...” ele rapidamente verifica suas anotações “Vie.” Quem é Vie? Ela é a mulher que recebeu o nome da instituição de caridade?
Vinte minutos depois, eu tenho um bloco de notas cheio de informações graças a Susan. Sorrio, observando as crianças jogando futebol ou pega-pega e sinto meu coração se partir ao imaginar o que elas haviam passado. Eu amo meus pais com tudo que tenho. Não podia imaginar perdê-los. Algumas das crianças à minha frente tem apenas cinco anos. Não consigo imaginar ser tão jovem e perder a pessoa que você mais ama no mundo inteiro, o que isso poderia fazer com uma alma infantil.
Sinto lágrimas nos meus olhos, aceno para o Sr. Caprio do outro lado do ginásio e decido me afastar para não causar uma cena. Conhecendo o caminho para o banheiro feminino, eu ando pelos corredores antigos, rindo, lembrando do meu primeiro beijo contra a parede ou do momento em que minha amiga Dina bebeu seu primeiro refrigerante de vinho no banheiro e depois vomitou por todo o Billy Day assim que ela saiu.
Depois que termino no banheiro, estou prestes a voltar para casa quando ouço o som inconfundível de crianças rindo. “A entrada leste”, digo, percebendo que o novo campo estaria logo à frente. O Sr. Caprio disse que estava fechado, mas isso nunca me parou antes. Quando me aproximo da porta do que costumava ser a antiga quadra de basquete, os gritos ficam mais altos.
Abrindo a porta, sou recebida com uma enxurrada de atividades. Foi-se o velho concreto rachado da quadra de basquete e em seu lugar há uma grama artificial e verde vibrante. As crianças estão correndo, jogando o que parece uma bola de futebol. Não, é maior que uma bola de futebol. É branca, e rapidamente percebo que é...
“Para a esquerda!” Uma voz grita. Uma voz profunda e muito apropriada, com um sotaque muito inglês, que eu conheço muito bem.
Um flash branco passa por mim. Harry Sinclair. Harry Sinclair em uma camisa branca de rúgbi com uma rosa vermelha no peito esquerdo, calça de moletom cinza e tênis. Eu congelo quando o vejo passar a bola, as mãos subitamente levantadas no ar quando um dos meninos marcou um... gol? Touchdown? Home run? Inferno se eu sei!
Como se ele pudesse sentir meu olhar chocado, ele olha para mim, e o sorriso largo que ele estava exibindo de repente desaparece do seu rosto.
“Harry! Atenção!” Outro garoto grita, afastando sua atenção de mim. Tudo acontece muito rápido. O garoto joga a bola e mesmo eu, uma idiota completa no esporte, posso dizer que nunca chegará a Harry, que deveria ser o alvo. Em vez disso, passa pela cabeça de Harry, fazendo uma curva alta e atinge diretamente no meu rosto. Dizer que eu caí no chão como um saco de batatas da semana passada seria um eufemismo.
Do modo típico de Faith, eu caio de bunda, segurando o lado da minha cabeça, que sinto estar prestes a se libertar do meu crânio, e caio no chão. Sentindo que era melhor não assustar as crianças com uma cena tão horrível, começo a rastejar de volta pela porta. Foi um rastejar que aperfeiçoei sob as estritas instruções de Maître Auguste.
Eu cheguei à parede oposta no corredor quando Harry entra correndo, procurando por mim, e corre em minha direção quando aceno com a mão livre.
“Ouvi dizer que o rúgbi era um esporte perigoso, mas Jesus Cristo, Harry! Um aviso teria sido legal”, digo enquanto Harry se agacha para me encarar. Ele gentilmente pega meu pulso e tira minha mão da cabeça. Deve ter sido a batida no cérebro; não consigo tirar os olhos dele enquanto seus olhos azuis investigam meu rosto e ele pressiona a área ferida com dedos tímidos.
“Ai, seu sádico!” Eu grito, e assobio com o ataque de dor.
“Não está sangrando. Mas você pode ter uma concussão.”
“Incrível”, digo.
“Senhorita Parisi, ninguém nunca lhe disse para se abaixar quando bolas voam na sua cara?”
Minha cabeça lateja, mas nunca perderia esse tipo de convite. Eu seguro a mão de Harry, que ainda está na minha cabeça, e digo, “Harry, geralmente quando bolas voam no meu rosto, tenho os olhos e a boca bem abertos.”
A boca de Harry se abre em choque. Então, sacudindo a cabeça, mas com um sorriso relutante nos lábios, ele diz, “Você é incorrigível, senhorita Parisi.”
Estremeço quando vejo uma luz brilhante acima de mim. O pânico inunda meus ossos. “Harry, posso ver uma luz. Essa é a luz? Estou morrendo agora?” A luz parece se expandir, ficando cada vez mais perto de mim.
“Relaxe”, ele diz.
“Eu não posso! A luz! Está vindo para mim!”
De repente, duas mãos pressionam minhas bochechas, e a luz diminui quando um rosto a bloqueia e paira diante do meu. Um rosto perfeito. O mais bonito dos rostos. “Um anjo”, eu sussurro, sentindo todos os tipos de tontura.
“Jesus Cristo”, diz o anjo. Fico chocada ao descobrir que os anjos têm sotaque inglês e também dizem o nome do Senhor em vão.
“O visconde Sinclair amará que os seres celestiais do céu sejam ingleses. Por que você precisa ter um sotaque inglês? Isso significa que os britânicos tinham motivos para se sentirem superiores a todos os outros esse tempo todo? Nós nunca vamos ouvir o fim disso. Eu sempre pensei que um sotaque australiano seria bom para os anjos. Bom dia, companheiro. Você se foi e morreu, porra. Mas não se preocupe, há camarão suficiente para todos nesse churrasco.”
“Faith. Eu vou te levar para o hospital. Acho seguro dizer que, se você está falando com um sotaque australiano tão terrível, tem uma concussão.”
O anjo me levanta em seus braços fortes, e não consigo parar de encarar seu rosto seráfico. Espere, os anjos não têm gênero, certo? Sem genitais. Sem sexo.
“Você não tem um pau?” Eu pergunto ao anjo. Seus olhos azuis piscam para mim, mas ele não diz nada. Isso não importa. “Um rosto tão perfeito.” Eu acaricio sua bochecha. É áspero debaixo da palma da minha mão, mas não me importo. Sempre tive uma coisa estranha sobre gostar da sensação de lixa na minha pele.
“Faith, você está falando em voz alta. Você está dizendo tudo em voz alta.”
“Você vai cantar para mim?” Pergunto. Quero ouvir o anjo cantar.
“Ninguém deve ser submetido a essa tortura”, diz o anjo. Eu quero fazer beicinho, mas não consigo parar de acariciar seu rosto bonito.
“Nunca vi alguém tão bonito.” O anjo me coloca em algo quente. Deve ser sua nuvem. Ele se senta ao meu lado, e eu sinto como se estivéssemos flutuando. Enquanto nos movemos, sinto meus olhos começarem a se fechar. “Tanto sono”, digo, o calor ao meu redor me envolve em seus braços. “Vou tirar uma soneca.”
“Não. Faith. Fique acordada.” Uma súbita explosão de frio ataca meu rosto.
“Não!” Dou um gemido. “Traga de volta o casulo!”
“Preciso que você fique acordada. Você pode fazer isso por mim?” Eu luto para manter meus olhos abertos, mas o anjo quer que eu fique acordada. Ele é bonito demais para dizer não. Então sinto sua mão na minha. É tão grande e forte, mas provoca uma sensação tão boa pressionada contra a palma da minha mão.
“Você não tem permissão para soltar a minha mão novamente, ok?” Eu digo e seguro-a contra o meu rosto como um travesseiro. “Você cheira a menta, sândalo e almíscar.” Outra pessoa que conheço cheira assim. “Harry!” Eu grito. “Harry cheira assim também. Mas ele não é gentil como você. Ele despreza as pessoas. E ele me odeia. Tipo, realmente me odeia.”
O anjo não diz nada por um tempo. Então, “Tenho certeza que isso está longe da verdade.”
Eu me aconchego na mão novamente e, de repente, paramos de flutuar e o anjo afasta sua mão. Mas então ele me levanta até seu peito duro, e nós voamos. Ouço bipes e algo frio sendo pressionado na minha cabeça. Penso que perdi meu anjo e entro em pânico, mas então sinto sua mão segurar a minha novamente. E quando fecho os olhos, sei que estou a salvo.
CAPÍTULO ONZE
“Puta merda”, eu gemo, sentindo como se tivesse uma marmota de mau humor enterrada dentro da minha cabeça. Eu pisco, as pálpebras pesam dez toneladas, e tento abrir os olhos. A vista de um teto desconhecido de azulejos brancos me encontra. “Que diabos?” Eu digo, enquanto tento me lembrar de algo, qualquer coisa sobre como cheguei aqui. Um hospital? Posso ouvir os bipes familiares das máquinas e sentir o forte cheiro de lisol e desinfetante de pinho.
Então sinto algo na minha mão, algo quente. Algo que está me segurando com força, mantendo-me centrada. Viro a cabeça para o lado e meus olhos se arregalam ao ver Harry Sinclair sentado em uma cadeira de plástico desconfortável. Seus olhos estão fechados e sua respiração está uniforme, o peito subindo e descendo sob a camisa de rúgbi branca que tem escrito ‘England Rugby’ no peito esquerdo, sob uma rosa vermelha brilhante.
Fico feliz por não estar ligada a uma máquina de suporte de vida, pois tenho certeza de que teria tocado a melodia de God Save the Queen.
Harry? O que diabos ele está fazendo aqui?
Então, como se um muro de represa tivesse quebrado, uma enxurrada de memórias colide com meu cérebro já machucado – o centro de recreação, a instituição de caridade, Harry jogando rúgbi com crianças no novo campo artificial... depois levando uma bolada no rosto. Depois disso, as memórias se tornam esparsas, como peças espalhadas de um quebra-cabeça que estou tentando desesperadamente encaixar. Algo sobre um anjo. Uma luz? Eu não sei.
Mas havia uma mão. Havia o aperto firme de uma mão que abriu caminho através de todo o ruído. Eu olho para a mão de Harry segurando firmemente a minha, enquanto ele dorme. E eu olho. Tenho certeza de que olhei por muitos minutos para ser normal.
Como se sentisse o peso do meu olhar confuso, Harry começa a se mexer. Seus cabelos escuros estão despenteados, uma massa de ondas em sua cabeça e seus lábios carnudos estão levemente franzidos. Abrindo seus brilhantes olhos azuis, ele imediatamente me procura. “Faith”, diz ele, e algo no meu estômago revira ao ouvi-lo me chamar pelo meu primeiro nome novamente. Harry senta-se mais reto e se inclina na direção da cama. “Você está acordada.” Eu continuo lançando olhares curiosos para as nossas mãos, mas ele não solta. Nem tenho certeza de que ele percebeu que elas ainda estão unidas. “Você está bem?”
“Maravilhosa”, digo, estremecendo novamente quando levanto minha mão livre à minha cabeça. Assim que assobio para o caroço que se projeta do lado do meu crânio, como se eu fosse um unicórnio desajeitado, uma enfermeira passa pela cortina que envolve a cama.
“Como você está se sentindo?” Ela pergunta e me entrega uma pílula. “Tome isso. Vai ajudar com a dor.” Movendo-se para o outro lado da cama, ela bate no ombro de Harry. “Você se importa se eu fizer nela um exame rápido?”
“Não, não, absolutamente não.” Harry solta sua mão da minha. Eu o observo por uma reação. Será que ele percebeu que estava segurando minha mão? Era algum ato tradicional da nobreza inglesa que eu não conhecia? Ele geme um pouco e, quando posiciona minha mão na cama, dá um aperto rápido em meus dedos. Seus olhos se voltam para mim e vejo uma leve explosão de vermelho em suas bochechas. O que isso significa? Ele está envergonhado? Porra, minha cabeça dói demais com todo esse pensamento. Harry sai do quarto e fecha a cortina atrás dele.
“Abençoe esse homem”, diz a enfermeira de meia-idade, e ela começa a cronometrar meu pulso. “Ele não saiu do seu lado desde que você chegou aqui mais cedo. Ele estava dando ordens para nós, para ter certeza de que você estava bem.”
Eu não tenho certeza se meu pulso começou a acelerar muito rápido por causa do ferimento na cabeça ou por causa do que a enfermeira estava me dizendo. “Quando tivemos certeza de que era apenas uma pancada desagradável na cabeça e uma leve concussão, nada pior, ele sentou-se ao seu lado, segurou sua mão e não tirou os olhos de você enquanto você dormia.” Ela sorri para mim, claramente alheia ao fato de que, agora, foda-se o ferimento na cabeça, eu tenho certeza de que estava tendo um infarte. “Você tem um homem dedicado ali, garota.” A enfermeira coloca um manguito de pressão arterial em volta do meu braço. “Ele é britânico?”
“Sim”, é tudo que posso dizer. Ele não é meu homem deveria ter seguido, mas minha pequena língua travessa não confessou.
“Amo esse sotaque.” Ela foca uma luz nos meus olhos. Eu estremeço. A luz da caneta parece um raio laser queimando diretamente através da minha retina e perfurando meu cérebro com um calor intenso. “Desculpe”, diz a enfermeira. “Você está bem, só vai ter dor de cabeça por um tempo. Nós lhe daremos remédio para isso.” Ela aperta o botão ao lado da cama e levanta a cabeceira, então estou sentada. “Vamos monitorá-la um pouco mais, então você ficará bem em ir para casa.”
“Obrigada.” Quando ela abre a cortina para sair, Harry está do outro lado, segurando dois copos de papel. Ele acena educadamente para a enfermeira enquanto ela passa. Ele entra na cabine e coloca uma xícara fumegante na mesa acima do meu colo.
“Café?” Eu pergunto, sabendo que a cafeína seria todo o remédio que preciso agora.
“Chá”, Harry diz e senta-se na cadeira de plástico.
“Você está brincando comigo, certo?”
A boca de Harry contrai, sem dúvida para a quantidade de veneno na minha voz. “Eu não estou brincando com você, como você disse tão eloquentemente. É camomila, sem cafeína. É chá, senhorita Parisi, você não sabe que é a cura para tudo?”
“Talvez lá no império antigo, mas aqui em Nova York é uma xícara do Joe até o fim.” Estremeço só de olhar para a água marrom clara que lembra a sujeira, que me provoca diante de mim. “Eu posso xingar como um marinheiro sem sua garrafa de gim, mas ‘é camomila, sem cafeína’ que simplesmente pode ser a frase mais ofensiva que já ouvi na porra da minha vida.”
Harry estende a mão, pega o chá e troca sua bebida com a minha. Pelo que meu nariz de cão de caça treinado para café pode detectar, parece ser um latte grande de dose dupla. “Pronto. Fique com o meu. Não posso deixar você tão ofendida pelas melhores coisas da Inglaterra.”
“Pensei que o chá curasse tudo. Por que você pegou café?”
“Não tinha certeza de que o chá seria forte o suficiente para eu enfrentar sua esperada ira.”
Não posso deixar de lutar contra um sorriso. “Minha ira esperada?”
“Eu temia estar prestes a ser pregado dentro de um caixão pelo acidente com a bola de rúgbi.”
“Acidente? Você quer dizer o ovo de couro que decidiu beijar meu rosto com a força de um trem de carga? Esse acidente?”
“A bola de rúgbi que foi jogada por um garoto de onze anos que não pesava mais do que quarenta quilos. Sim, esse acidente.”
“Onze? Merda, inscreva esse garoto agora mesmo para o recrutamento de futebol americano.” Tomo um gole do meu café, já sentindo seus poderes curativos atravessarem minhas veias, trazendo-as de volta à vida. “Vocês fazem recrutamento para o rúgbi?”
“Não.”
Suspiro e descanso minha cabeça no travesseiro atrás de mim. Não sei nada sobre esportes.
“Sinto muito, no entanto”, diz Harry. “Que você foi atingida.”
Eu viro minha cabeça para olhar nele. “Você estava no centro de recreação, jogando rúgbi.”
Seu rosto fica tenso, adotando sua expressão habitual fechada. Eu não sabia se era a concussão, mas me ouço dizendo, “Não. Não faça isso. Não fique frio e distante comigo novamente. Não faça a coisa da compostura aristocrática que só parece rude e irritante.”
A expressão de Harry não muda até que ele solta uma risada e balança a cabeça. “Você sempre diz o que está pensando, senhorita Parisi?”
“Faith. Me chame de Faith, se você me chamar de senhorita Parisi mais uma vez, vou bater com a cabeça na parede só para desmaiar e não precisar ouvir isso novamente.”
“Um pouco dramática.”
“Mas muito eu.”
“Tudo bem”, diz Harry. “Faith.”
“Aleluia!” Recosto-me, engolindo o café tão rápido que deixa um rastro de fogo com cafeína na minha garganta. “E para responder sua pergunta, sim, eu sempre digo o que está em minha mente.” Encolho os ombros. “Prefiro dizer às pessoas o que penso do que dizer coisas pelas costas. E raramente me importo com o que as pessoas pensam de mim, então não me importo se elas não gostarem.”
“Devidamente anotado.”
Sorrio de sua resposta seca. Fico sóbria rapidamente quando pergunto, “Por que você estava lá hoje, Harry? Ouvi dizer que você estava de volta ao Reino Unido esta semana.”
“Eu estava na Inglaterra esta semana. Acabei voltando um pouco mais cedo do que eu disse que faria.” Ele brinca com a borda da xícara de café. Ele suspira e encontra meus olhos em espera. “Sou o principal benfeitor da caridade.”
“Vie?” Eu pergunto.
“Vie.”
Então me dou conta. “Você queria a cobertura da mídia para a caridade, mas não queria estar ligada a ela?”
“Exatamente”, diz ele rigidamente. “Não é sobre mim. Mas também não estou acima de usar minhas conexões para obter a cobertura que merece.”
“Por que essa caridade?” Eu pergunto. “Luto infantil?” Então me lembro de algo que li sobre ele e me sinto a maior imbecil do mundo. “Oh, Harry, eu sinto muito”, digo e sinto vontade de bater no calombo na minha cabeça em autopunição. “Sua mãe.”
Harry assente. “Sim.” Fico quieta pela primeira vez na minha vida. Até eu sei quando calar a boca de vez em quando.
“Eu tinha apenas doze anos quando a perdi. Foi...” Ele para e suspira. “Foi muito difícil. Ser tão jovem e sozinho...” Meu peito se aperta com a fragilidade que ouvi sob a resistência forçada em sua voz.
“Você ainda tinha seu pai, certo? Ele ajudou você a passar por isso?” Os lábios de Harry afinam uma fração, e um lampejo de frio cobre seus olhos azuis.
“Claro.”
Coloco minha mão sobre a dele e aperto. “Sinto muito que você a perdeu.”
“Obrigado.” Então ele sorri e balança a cabeça. Estou tão confusa.
“O que?”
“Estou apenas imaginando o que ela teria pensado de você.”
Eu faço uma careta. “Muito ruim, hein?”
“Pelo contrário”, ele diz, e sua expressão se ilumina. Suaviza, e com isso, o mesmo acontece com um pouco do gelo ao redor do meu coração quando se trata dele. “Ela teria adorado você. Ela sempre defendeu mulheres fortes e independentes.” Ele se inclina para frente, a voz baixa. “Eu vou te contar um segredo. Ela não se importava muito com as damas da aristocracia. Na verdade, ela costumava sorrir para os rostos delas, e quando elas não estavam olhando, rapidamente mostrava o dedo do meio para elas, incentivando-me a seguir o exemplo.”
“Parece o meu tipo de mulher.”
“Sim, bastante.” Uma leveza se espalha no meu peito. Uma imagem do seu breve sorriso ficou gravada em meu cérebro. Ficou bem à vista. E extremamente raro. É como ver o pé grande usando tanga e salto agulha.
“Então, você está ensinando rúgbi para os jovens da Hell's Kitchen?”
Ele assente. “Eu senti que eles deveriam conhecer um esporte verdadeiro, não aqueles jogados com uma abundância de capacetes e protetores.”
“Cuidado, ou você será caçado em todos os estados por uma multidão de fanáticos”, provoco. “Mas por que a Hell’s Kitchen?”
Harry relaxa na cadeira, e eu não posso deixar de notar a pele em seu abdômen liso, onde sua camisa de rúgbi havia subido. “Lembrei-me de ler um artigo sobre eles no ano passado e como estavam criando um clube para aqueles que perderam os pais jovens. Eles estavam pedindo doações. Eu sabia que poderia fazer melhor que isso.” Ele encolhe os ombros, e foi o gesto mais casual que já vi dele. Vejo que ele pode falar livremente. “Eu gostaria de ter tido algo assim quando lidei com a minha dor.”
Imagino um jovem Harry, perdeu – sem dúvida em uma mansão – sua mãe divertida e amorosa e restou apenas seu pai frio para conforto. O King Sinclair daria tanto conforto quanto um pulmão de ferro.
“É uma coisa adorável o que você está fazendo.”
Harry estreita os olhos para mim, percebo que ele está pensando muito em alguma coisa. “O campo foi fechado para jornalistas...” Ele deixa a pergunta pairar no ar.
“Sério?” Encolho os ombros inocentemente. Suspiro, rendida. “Eu costumava ir ao centro de recreação, Harry, ok? Quando ouvi todos vocês no corredor, tive que descobrir o que estava acontecendo.” Aponto para minha cabeça. “O carma me deu o troco pela minha curiosidade, não se preocupe.”
“Parece que sim.”
“Harry?” Pergunto, não querendo ouvir a resposta. “Eu disse algo estúpido quando tive a concussão? Não me lembro de muita coisa. Havia algo sobre anjos?”
“Não”, ele diz e toma um longo gole do seu terrível chá.
“Eu disse, não disse?” Digo.
Harry levanta as mãos em sinal de rendição. “O que? Não posso evitar se você acha que eu sou um dos serafins mais bonitos de todo o céu.”
“Oh meu Jesus Cristo. Me mate agora.” Faço uma pausa e verifico meus arredores. “Não, é isso, certo? Eu morri, e estou no inferno.”
“Uau”, diz ele, a gíria soando estranha saindo de sua boca adequada. “É bom saber que estar na minha presença seria sua ideia do inferno.” Harry diz isso como uma piada, mas eu pego o leve eco de tristeza em seu rosto, ouço a rápida inflexão de decepção em seu tom.
“Harry, desde que nos conhecemos, somos meteoritos colidindo, derrubando um ao outro. Não consigo imaginar duas pessoas mais improváveis de tentarem fazer amizade.” Ele baixa os olhos para a xícara, mexendo no rótulo. Sinto uma caverna de tristeza escavando no meu estômago.
“É como se você fosse duas pessoas.” Harry fica tenso, as sobrancelhas franzidas. “Você pode ser degradante, orgulhoso e rude.” Eu aponto para ele. “Então você pode ser assim. O homem que vi breves visões no elevador naquela noite. O homem que você é hoje, mostrando sorrisos com minhas piadas de merda e inadequadas.” Ele bufa com isso. “Isso pode passar dos limites, mas eu pensei que você era apenas uma cópia do seu pai.”
Com isso, a cabeça de Harry se levanta e seus olhos brilham com fogo. Prendo a respiração por sua forte reação, que não era sensata, pois o mundo parecia inclinar-se em seu eixo.
“Eu não sou nada como meu pai”, diz ele com firmeza. Seus ombros largos ficam tensos e sua mandíbula está flexionada.
“Eu sei”, digo, e o observo perder parte da tensão acumulada. “Estou começando a perceber isso agora.”
Harry vira a cabeça, encarando a cortina. Penso que é quando ele vai se levantar e sair. Peça desculpas a ele. Em vez disso, sem me encarar, ele diz, “Você deve entender que, sendo criado na nobreza na Inglaterra, há expectativas e um forte senso de decoro...” Ele para e passa a mão pelo rosto.
Ele me encara novamente e, com um sorriso depreciativo, diz, “Nem toda prisão é atrás de grades de ferro.”
“Harry...” sussurro, sentindo algo ao redor do meu coração desmoronar. Uma parede? Uma cerca? Eu não sei. Mas o que quer que fosse, com aquelas palavras de cortar o coração, ela caiu, deixando minha carne pulsante aberta para Harry Sinclair.
“Mais café?” Harry diz, pulando de pé.
“Não, eu...” O olhar esperançoso em seu rosto me faz dizer, “Sim. Obrigada. Eu sempre posso usar mais café.” Alívio brilha nele, e ele se afasta desviando da cortina.
Quanto lhe custou revelar isso? É a prisão dele? Ele estava preso pelas regras e regulamentos de sua posição social ou seu pai não era um bom pai? Pelo pouco que eu conhecia do King Sinclair, não conseguia imaginá-lo sendo nada menos que degradante. E se alguém tivesse vivido com isso a vida toda? Sempre recebendo censuras e nunca elogios. E pior, ele havia perdido a mulher que lhe mostrou o que era o amor em uma idade tão jovem...
Vendo meu celular na mesa de cabeceira, verifico se a área está limpa; então eu conduzo uma pesquisa rápida no Google. Depois de digitar “jovem Henry Sinclair III”, pressiono ‘imagens’. Em segundos, eu estou olhando para Harry com cara de bebê. Na maioria das fotos, ele está ao lado do King. Procuro em páginas de fotos e, tristemente, não consigo encontrar uma foto em que Harry estivesse sorrindo.
Olho mais de perto o rosto dele em uma foto em particular e sinto como se pudesse chorar. Ele está de pé em frente a um muro de pedra de algum tipo, talvez uma casa? Ele está ao lado do seu pai, mas são os olhos de Harry que me prendem. Eles, é claro, são do mesmo azul cerúleo, mas esses olhos estão assombrados. Eles estão tingidos com tanta tristeza e... solidão que sinto minhas bochechas ficarem úmidas.
Abaixo o celular e limpo meu histórico de qualquer evidência temática de Harry, enxugo minhas lágrimas, assim que ele atravessa a cortina da enfermaria.
“Faith?” Ele larga os cafés e corre para o meu lado. “O que está errado? É a sua cabeça? Você está com dor?”
Tento pensar em algo além daqueles tristes olhos azuis. “Hum... eu estou... estou de TPM, ok?” Harry dá um passo atrás, como os homens fazem em qualquer menção a questões relacionadas a período menstrual. “E isso”, digo, apontando para a minha cabeça. “Não tenho certeza se posso usar um chifre gigante no lado da minha cabeça.”
Harry luta com um sorriso, que é tão bem-vindo quanto uma venda em uma praia de nudismo. “Tenho certeza de que você já ouviu muito isso em sua vida, Faith. Mas você é linda e tenho certeza de que a beleza não diminuiria, não importa quantos chifres você tenha na sua cabeça.”
Seco meus olhos e pisco para ele, suas palavras pousando como flechas no meu coração agora exposto a Harry. “Você acha que eu sou bonita?”
Manchas vermelhas explodem nas bochechas de Harry. “Sim”, ele diz, pigarreando. “Excepcionalmente.” Nossos olhares estão presos, e, pela primeira vez na minha vida, eu não tenho piadas para contar. De fato, apenas o silêncio paira entre nós.
“Tudo bem, Faith”, diz a enfermeira, abrindo a cortina. “Aqui está sua receita para seus analgésicos.” Ela coloca uma prancheta no meu colo. “Assim que você assinar esses formulários, está pronta para ir.” Eu forço minha atenção para longe de Harry e para os formulários. Eu assino meu nome roboticamente.
Um assistente vem em seguida com uma cadeira de rodas. “Você tem uma carona para casa?” Ele pergunta.
“Eu vou levá-la”, diz Harry, de pé e recolhendo meus pertences e nossos cafés. “Tudo bem?” Ele pergunta.
“Mais que bem.”
Então Harry sorri. Não a ideia de um, nem um sorriso arrogante ou minucioso. Mas um sorriso verdadeiro. Fico feliz por estar sentada ou aquele otário teria me jogado direto no chão.
Excepcionalmente.
Enquanto o enfermeiro me leva ao estacionamento subterrâneo, tudo o que ouço na minha cabeça é a voz de Harry dizendo excepcionalmente.
Harry traz o carro até a calçada. Deslizo para o banco do passageiro. “Casa?” Harry pergunta, mantendo os olhos em frente.
Um tipo estranho de tensão enche o carro. Não é uma tensão ruim, mas que parece um tipo estranho de purgatório. Confusão e falta de familiaridade estalam no ar como um velho rádio sem fio tentando encontrar uma estação. Eu conheço meu lugar com Harry. Eu não gostava dele. Ele não gostava de mim. Ele é frio e arrogante. Eu sou barulhenta e irrito ele. Agora... estamos na terra de ninguém. Uma que eu não consigo encontrar maneira de sair.
“Eu irei para a casa dos meus pais”, digo quando Harry sai do estacionamento e vai para a rua. “É a dois quarteirões do centro de recreação.”
Antes de partirmos, a enfermeira me explicou que eu precisava de alguém para me vigiar pelas próximas vinte e quatro horas. Amelia e Sage estarão trabalhando até tarde. E só quero ir para casa. Eu sou uma mulher de 25 anos que quer que a mãe a mime enquanto se recupera. Processe-me. Estou muito carente. Eu sei. Não consigo lidar com o cuidado de mim mesma; Eu me incomodaria demais.
A viagem foi silenciosa enquanto cortamos as ruas escuras da Hell's Kitchen. As pessoas enchem bares e restaurantes, espalhando-se pelas ruas. Voltar à Hell’s Kitchen é tão reconfortante quanto queijo grelhado e sopa de tomate. Isso envolve sua magia ao meu redor com um forte abraço e me recebe em casa.
“Ali”, eu digo e aponto para o bloco de apartamentos. Mamãe e papai moram no térreo. “Obrigada”, digo. “Por hoje. Você não precisava ficar comigo e depois me trazer para casa. Tenho certeza que você teve outros lugares que queria estar.”
“Em nenhum lugar”, ele diz novamente, aqueles intensos olhos azuis transmitindo palavras não ditas. Aquelas que eu tenho certeza de que estou interpretando mal.
“Ok, bem...” Harry abre a porta e dá a volta no capô do carro. Ele abre minha porta e estende a mão. Quando aceito, digo, “Você não deveria estar dizendo ‘Milady’ ao fazer isso?”
O nariz de Harry enruga e, no meu estado cerebral machucado, penso que é a coisa mais fofa que eu já vi. “Muito servitorial”, diz Harry, queixo majestoso no ar. “Normalmente, um membro da minha equipe faz esse tipo de coisa servil.” Apenas quando eu penso que ele era fofo, talvez não o idiota pomposo que imaginei que ele era, sua bunda aspirante à realeza diz algo para me provar que estou errada.
Abro minha boca para lhe dar uma resposta digna; então eu vejo sua boca se contorcer e um sorriso nos lábios. “Você é tão idiota.”
“Grande elogio.”
Harry prende meu braço no dele e subimos a escada. Se eu fechasse os olhos, poderia acreditar que estávamos na Grã-Bretanha georgiana e acabamos de sair de nossa carruagem para entrar no baile. Ele seria um duque elegante e eu a criada por quem se apaixonara e estava desafiando a sociedade. E...
“Ei, querida, mostre-nos seus lábios!” Meus olhos se abrem no momento em que um carro cheio de adolescentes com espinhas e aparelhos dentários passam, dedos dos dois lados da boca, sacudindo as línguas na minha direção.
“Pelo menos podemos agradecer que a educação em biologia na Hell's Kitchen seja boa”, Harry diz tão seriamente que me faz rir. Estremeço com a repentina onda de dor na minha cabeça, mas não me importo.
“É definitivamente melhor do que eles gritarem mostrar suas abas de qualquer maneira.”
“Como alguém sabe que tanta selvageria é realmente surpreendente”, diz ele, assim que a porta se abre e mamãe me encara em choque.
“Faith?” Eu devo ser uma visão, porque então ela grita, “FAITH! Jesus Cristo, o que diabos há de errado com você? Você parece péssima!”
Antes que minha mãe me ataque como uma mãe superprotetora, Harry se inclina na minha orelha e diz, “E agora eu vejo de onde você tira isso.”
Sorrio, assim que mamãe me envolve em seus braços, me puxando para longe de Harry. Papai vem para a porta ao lado. “Mia bambina17.”
Ouço passos nas escadas de pedra. Soltando-me dos braços dos meus pais, vejo Harry saindo. “Harry”, digo, e ele olha para cima. “Obrigada.”
“Oh, que rude! Eu nem te vi aí, jovem. Você trouxe Faith para casa? O que aconteceu?” A mãe pergunta
“Fui atingida na cabeça por uma bola de rúgbi”, digo. Eu aponto para Harry. “Este é meu chefe, ele me ajudou no hospital e me trouxe para casa.”
“Bem, você deve entrar!” Papai diz, seu sotaque italiano combinando com o inglês de Harry em força.
“Obrigado. Mas receio que preciso ir”, diz Harry. “Foi muito bom conhecer vocês dois.” Algo dentro de mim desinfla com isso. Inferno. Eu preciso dormir e descansar. Estou perdendo a cabeça. “Tome cuidado, Faith”, diz ele e vai para o carro. Eu o observo enquanto ele se afasta, até que está fora de vista.
“Esse era seu chefe?” A mãe diz. “Bem, ele é sexo sobre as pernas, não é? Se eu fosse alguns anos mais jovem...”
“Legal, mãe”, digo enquanto ela me leva para o apartamento deles e me deposita no sofá. “Como se minha cabeça não estivesse me matando o suficiente, você tem que colocar esse visual perturbador em minha mente.”
“Ele deve vir para o jantar de domingo”, diz papai e senta-se ao meu lado, levantando minhas pernas e colocando-as em seu colo.
“Não vou convidar meu chefe para o jantar de domingo.”
“Ele te ajudou, te trouxe para casa. Nós somos italianos, Faith. Agradecemos com comida.”
“Fazemos tudo com comida, é por isso que minha bunda é do tamanho do estado do império.”
“Homens gostam de mulheres com um pouco de carne nos ossos, querida”, mamãe diz e me entrega uma tigela de sopa. Ela sempre tem uma tigela de sopa com algum sabor no fogão. Disse que era coisa escocesa. Que você nunca sabia quem poderia aparecer a qualquer momento e precisar ser alimentado. “Eles gostam de algo para poder agarrar.”
“É verdade, há uma razão pela qual a Vênus de Botticelli é tão amada”, diz papai, enquanto a primeira colherada de sopa de legumes desce pela minha garganta. “Convide seu chefe, Faith. Ele deve vir.”
Termino minha sopa e vou para o meu antigo quarto. Quando me deito na minha cama de solteiro, meu celular toca.
Desculpe novamente por hoje. Por favor cuide-se.
A mensagem é de ‘Idiota Pomposo’. Uma risada vem da minha garganta e eu me sinto sem peso. Os analgésicos são bons.
FP: Como você programou seu nome no meu telefone?
IP: Posso ou não ter usado sua impressão digital enquanto você dormia para invadir seu celular.
Vejo os pontos me dizendo que ele está digitando outra coisa.
IP: Isso é tudo circunstancial, é claro. Nunca seria válido em um tribunal.
Meu coração está batendo como um bumbo. Inferno, está batendo tão forte que faz o solo de bateria da In the Air Tonight, de Phil Collins. Eu preciso dormir. E talvez um hospício. Eu sei que estou enlouquecendo porque de repente acho Harry Sinclair divertido e não imagino sua morte infeliz nas mãos do meu salto agulha no lugar que ele deve ter um coração.
Por um centavo...
FP: Meus pais querem que você venha jantar no domingo como agradecimento por hoje. Eles não tiveram a chance de convidar mais cedo.
Eu pressiono enviar, rapidamente seguido por arrependimento instantâneo. Que diabos, eu tenho quantos anos? Quinze? Quem diabos convida mais alguém para jantar com os pais?
FP: Ok, esqueça isso. Não há necessidade de se sujeitar a esse tipo de tortura. Esqueça que eu disse alguma coisa. Vou dizer a eles que você terá uma consulta médica que não conseguirá desmarcar.
Eu envio. Quando leio de novo, entro em pânico.
FP: Não é como uma consulta sobre uma DST. Não haverá menção de herpes ou qualquer coisa. Eu sei que seu xará estava aparentemente cheio de sífilis, mas não era para isso que eu estava sugerindo.
Envio isso também. Oh, pelo amor de Deus!
FP: Apenas esqueça a coisa toda. Exclua essas mensagens e, enquanto você está nisso, meu número também. Enquanto você estiver nisso, exclua esse dia inteiro, especialmente a bola na minha cara e a conversa sobre anjo. Dia terrível, terrível para ter que pensar. Eu...
IP: Eu estarei lá.
Olho para a resposta de três palavras como se fosse uma nova espécie de dinossauro que eu acabei de descobrir. Ele vai estar aqui. Ele aceitou o convite. Ele virá.
FP: Ok.
Coloco meu celular debaixo do travesseiro, olho para o meu antigo cartaz do One Direction na parede, que sobrou de quando eu era adolescente. “A culpa é sua, filhos da puta”, digo maliciosamente para seus rostos sorridentes. “Vocês e esses sotaques com os quais eu tive minha primeira masturbação.” Inclino-me e bato em Harry Styles em seu cabelo perfeito. “Você me arruinou. Me quebrou! Sou o cachorro de Pavlov com toda essa merda inglesa.” Minha cabeça lateja com a minha explosão psicótica. Deitando-me na cama, fecho os olhos.
Olhos azuis.
Sorriso de parar o coração.
Excepcionalmente.
CAPÍTULO DOZE
Tento recuperar o fôlego, os dedos de Maître deslizando pelas minhas costas enquanto estou deitada em seu peito. Toda vez que eu venho aqui, ele me mostra cada vez mais prazer. As cordas que amarravam meus pulsos e tornozelos na cama ainda estão intactas após as ofertas pervertidas de hoje à noite.
“Eu não posso me mover”, sussurro, cada fibra dos meus músculos doloridos destruídas, assim como a calcinha de renda branca pendurada em um poste na cama. Ela estranhamente parece uma bandeira de rendição.
“Esse é o ponto, mon petit chaton.” Olho para Maître e vejo a máscara se mover para cima, e sei que ele está sorrindo por baixo. Ele me rola de costas, meus braços e pernas esticados na cabeça e nos pés da cama. Maître me vira e se ajoelha entre minhas pernas abertas. Sua mão esfrega meu traseiro. Ele retira a mão para em seguida golpear minha bunda com um tapa firme e forte.
“Mm...” Eu gemo com a deliciosa ardência. Pressiono minha cabeça no colchão, sorrindo enquanto ele dá mais quatro palmadas altamente viciantes em mim. Quando eu mal posso aguentar mais, ele me vira de costas, mais uma vez colocando minha cabeça em seu peito. Aprecio esses momentos. E nas últimas visitas, ele começou a falar comigo. Não apenas ordens e comandos, mas conversas reais. Isso só me fez desejar mais dele, se isso fosse possível.
Maître passa a mão pelo meu corpo e segura minha buceta ainda sensível. Ele sempre me toca, me acaricia, me mantendo eternamente à beira do prazer. Ele tira a mão de entre as minhas pernas, e eu respiro seu perfume de mogno e tabaco. Suas mãos deslizam pelo meu cabelo, e eu estou contente em apenas ficar deitada em seu peito com ele me acariciando.
“Por que o clube?” Eu pergunto sonolenta.
“Você está se sentindo curiosa esta noite, ma chérie? Eu poderia usar bem essa curiosidade.”
“Sempre. Mas estava me perguntando como alguém pode começar um clube de sexo.” Eu olho para as cordas habilmente amarradas nos meus pulsos.
“Você está pensando em começar um?” O pedaço de seus lábios expostos sob a máscara franze. Eu gosto dele desse jeito. Depois do sexo, quando ele começa a falar comigo. É tão emocionante para mim quanto o prazer. Algumas noites eu ansiava mais. Com o passar das semanas, relaxei perto dele. Eu falei mais. Ele conseguiu ver mais minha personalidade. E melhor ainda, vi frações dele.
Reviro os olhos. “Não. Só estou dizendo que achei quase impossível começar um clube do livro na minha escola, sem falar em todo império promíscuo para os sexualmente curiosos.”
“Um clube do livro?”
“Não é apenas um clube do livro, Maître Auguste. Um clube do livro proibido.” Eu sorrio ao ouvir Maître rindo baixinho.
“É claro que mon petit chaton não podia apenas fazer algo normal, ela deveria levá-lo a alturas mais elevadas.”
“E era alturas mais elevadas. Quer ouvir em que livro eu estava pensando em começar?”
“Sou todo ouvidos.”
“Amante de Lady Chatterley.”
“Tão eroticamente apto”, diz Maître.
“Eu vejo o seu ponto aí.” Encolho os ombros. “Talvez eu sempre tenha tido uma propensão para o lado mais picante da vida e simplesmente não percebi isso.”
“E quantos anos você tinha quando começou esse clube proibido? Dezesseis, dezessete?”
“Doze.” A risada profunda e gutural que vem da garganta de Maître me faz uma poça na cama. “Você leu esse livro? É quente! Uma mulher da classe alta, sedenta de sexo, tendo um caso com um guarda florestal da classe baixa.”
“Parece intrigante.”
“Isto é.” Maître se inclina e beija o lado do meu pescoço. Meus olhos reviram com a sensação. “Estávamos conversando sobre o clube”, eu digo sem fôlego, querendo saber sobre ele.
“Você estava falando sobre o clube, ma chérie”, diz Maître Auguste, seus lábios deixando o meu pescoço.
Maître fica quieto por tanto tempo que penso ter ido longe demais. “Você quer respostas, você as ganhará”, diz ele. Maître rola da cama e volta para mim com uma sacola do que parecem prendedores de roupa de madeira. Eu faço uma careta de confusão.
Maître pega um prendedor de roupa na mão e desliza pelo meu peito. “Estes não são para fins domésticos.” Ele abaixa um em direção ao meu peito.
Grito, sentindo a picada do prendedor de roupa viajar direto para o meu clitóris.
Maître balança o prendedor de roupa preso ao meu mamilo e meu corpo estremece com a curta explosão de dor, que faz minha pele esquentar. Como se para acalmar a segunda dor que ele infligiu, ele passa a língua sobre o meu mamilo sem prendedor, e eu gemo ao sentir sua língua quente girando sobre minha pele.
“Algumas de nossas vidas cotidianas não são tão boas”, diz Maître, e em minha mente cheia de luxúria, percebo que ele está respondendo à minha pergunta. “Este clube... liberta aqueles que não podem ser livres. Acende paixão naqueles que têm seus desejos e necessidades suprimidos.”
“Você foi reprimido?” Eu pergunto, tristeza alimentando minhas palavras. “Você não gosta de sua vida fora dessas paredes?”
Eu não posso imaginá-lo sendo outra coisa senão maior que a vida. Ele não responde com palavras. Em vez disso, Maître coloca um prendedor no meu outro mamilo. Eu assobio quando ele balança os dois para frente e para trás. Puxo as cordas ao redor dos pulsos, rangendo os dentes contra a crescente pressão entre as pernas.
Maître rasteja sobre mim, olhos prateados pairando sobre o meu rosto velado. “Eu gosto da minha vida? Nem sempre. Não é ruim. No entanto, eu não sou tão livre. Mas ultimamente, melhorou.”
“Como?” Eu sussurro.
Ele balança a cabeça e enfia a mão na pequena sacola no final da cama. Ele puxa outro prendedor, mas este é todo de metal. Levantando minhas pernas contidas, ele para no ápice das minhas coxas. Ele segura o pregador no ar, certificando-se de que eu o vi, então lentamente o prende no meu clitóris.
Meus olhos reviram com a pressão repentina e enlouquecedora que isso trouxe. Pressão viciante. Pressão alucinante. As mãos de Maître percorrem minhas coxas, a tensão dos meus músculos fazendo os prendedores dos meus mamilos e clitóris balançarem para frente e para trás, me mordendo com uma dor deliciosa.
“Como minha vida melhorou, você pergunta?”
“Sim, Maître”, eu sussurro, mordendo meu lábio, tentando me concentrar na pergunta em questão quando meu corpo está implorando por liberação.
“Uma Ninfeta”, diz ele, e sinto meu coração quase parar. “Ela apareceu, me atraiu e me despertou da banalidade.” Suas palavras caíram sobre mim como os raios quentes do sol. Antes que eu possa dizer alguma coisa em resposta, ele diz, “Só mais algumas perguntas.”
“Do que você não gosta, seu trabalho ou sua vida em casa?” Eu pergunto, tentando levar a conversa de volta ao território seguro. Não posso deixar meu coração se envolver nisso. Não posso gostar dele assim. Preciso manter isso apenas neste quarto.
Maître enfia a mão na sacola e passa uma corrente longa e fina entre os dedos. Eu encaro a corrente, imaginando o que ele vai fazer com isso. O tempo todo a voz de Andrea Bocelli canta através dos alto-falantes sobre sonhos, ele enrola a corrente em volta dos prendedores nos meus mamilos e clitóris até formar um triângulo perfeito. A corrente puxa os prendedores. Sinto arrepios correndo como dominós sobre a minha pele, aumentando a pressão viciante dentro de mim.
“Alguns de nós não são livres para viver como queremos”, diz ele. “Alguns de nós estão presos a coisas fora de nosso controle. Preso a deveres pelo sangue.”
“Você precisa se submeter a outra pessoa”, eu comento, as peças do misterioso quebra-cabeça de Maître se juntando. “É por isso que você precisa desse controle.” Maître enfia a mão na sacola novamente e puxa um vibrador preto longo e elegante. Eu pulo quando ele o liga e o zumbido enche a sala.
Maître coloca o vibrador contra o prendedor de roupa no meu clitóris. No segundo em que ele pressiona o metal, eu grito, puxando as cordas em volta dos meus pulsos. As vibrações viajam como tremores de terremoto ao redor dos prendedores nos meus mamilos e clitóris, um tipo tortuoso de inferno que eu não quero parar.
Os olhos de Maître estão grudados em mim enquanto eu balanço contra as restrições, precisando me afastar dos prendedores, mas, ao mesmo tempo, querendo me afogar nas vibrações. Então Maître aumenta o vibrador, cada vez mais rápido, até que eu não aguento mais.
“Não goze”, ele ordena e, como eu fiz por semanas, obedeço ao seu comando. Meu orgasmo aumenta, mas espera em um precipício infernal por sua permissão para liberar. As vibrações são torturantes, incansavelmente me empurrando cada vez mais, até que penso que não posso suportar. Mas eu aguento mais. Aceito tanto que meu pescoço dói de tensão, e se ele não me ordenar para gozar logo, tenho certeza de que posso fraturar.
“Goze”, ele ordena de repente, e eu gozo, me desfazendo. As cordas estão tão apertadas nos meus pulsos e tornozelos que eu tenho certeza de que vai machucar.
Na dormência que se seguiu ao meu orgasmo, sinto Maître tirando os prendedores dos meus mamilos e clitóris. Eu pulso por toda parte, meu corpo em um batimento cardíaco rítmico.
Quando as cordas são desamarradas dos meus pulsos e tornozelos, caio na cama, braços fortes me envolvem em um corpo quente. Tento recuperar o fôlego, mas o ar me escapa.
“Você foi bem”, elogia Maître. A onda de orgulho que essas palavras trazem me ajuda a respirar. Passo minha mão pelos abdominais perfeitamente delineados e até o V que leva por baixo de sua calça de seda.
Suspirando, ele dá um único beijo na minha cabeça. Maître nunca fez isso. Ele nunca me beija acima do meu pescoço. Nem minha cabeça e nunca meus lábios.
Não querendo que a conexão termine, eu me aconchego em sua pele quente, fechando os olhos. Então sinto uma mão segurar a minha. Levo um momento para lembrar que estamos na NOX e eu estou com o Maître Auguste. Mas sua mão me lembra de Harry e como ele nunca me soltou no hospital.
Harry, cuja mão parecia tão adorável quanto esta.
Excepcionalmente...
CAPÍTULO TREZE
“Vagabunda demais, ou arrebatadora de vermelho?” Pergunto a Sage e Amelia quando saio do meu quarto no dia seguinte com meu vestido escarlate na altura dos joelhos. Hoje é o dia do ‘grande jantar’.
“Você está ficando chique para jantar com seus pais?” Amelia diz, um sorriso forçado em seus lábios. “Você normalmente veste calça de ioga e um moletom com capuz.”
“Oh, isso me lembra”, eu digo e enfio a mão no sutiã, puxo minha mão e mostro o dedo do meio. “Eu comprei isso para você.” Amelia ri presunçosamente para seu café.
Eu caio no sofá ao lado dela e de Sage. Sage, sendo um bom amigo coloca um pedaço de chocolate ao leite na minha boca.
“Melhor?” Ele pergunta.
“Não”, gemo e seguro a mão de Sage. “Ele segurou assim.” Eu demonstro a mão de Harry na minha, mostrando a posição exata e o grau de aperto. “E ele não soltou em nenhum momento.”
“Nós sabemos, menina”, diz Sage calmamente e beija as costas da minha mão.
“Mas o que isso significa?” Choramingo e fico de pé. Eu pego meu reflexo no espelho sobre a TV e pelo menos me sinto feliz com minha escolha de traje. Eu uso meu cabelo solto, as ondas livres. Não gosto particularmente do meu cabelo de um estilo para outro, mas Maître adorava. Exigiu de mim. Então eu assumi que era a melhor aparência para mim.
E essa é a parte chata de tudo isso. Na verdade, eu me importo com o que Harry pensa de mim. O homem que eu jurei ser meu arqui-inimigo. Mas aqui estou eu, esperando-o me buscar para ir à casa dos meus pais para o jantar de domingo. Nem mesmo nos meus sonhos mais loucos eu pensei que estaria aqui.
“Talvez simplesmente não pense demais em tudo, Faith”, diz Amelia. “Siga o fluxo. Se algo acontecer, aconteceu.” Ela sorri. “Eu, por exemplo, estou vivendo para isso. Você sabe que meu romance favorito é o inimigo para amantes.” Seus olhos se perdem em sua fantasia. “É como se você estivesse em um romance moderno sobre regência. Ele é o visconde moreno e você é a pobre empregada de copa.”
“Oh meu Deus! Eu pensei isso quando subimos os degraus dos meus pais depois do hospital. Como me senti em um drama de época ou algo assim.”
“Subiu os degraus?” Sage diz, lábios apertados.
“Quieto, pagão! Eu ainda estou no modo de empregada de copa.” Suspiro. “Mas minha fantasia foi interrompida pela menção de lábios.”
“Por Harry Sinclair?” Amelia estremece, engasgando-se com o café.
“Infelizmente não.” Meu celular vibra na mesa de centro.
IP: Estou do lado de fora.
Meu coração começa a bater acelerado e fico de pé. Assim que levanto, a campainha do nosso apartamento soa.
“Bastardo nobre, não é?” Sage diz, abatido. “Você tem certeza que ele não gosta do meu time? Eu poderia me acostumar com um cavalheiro inglês me namorando.”
“Receio que não, meu velho amigo. Mas ele disse que tem um primo.”
Sage se levanta e agarra meus ombros. “Precisamos de informações, Faith. Precisamos saber se ele é um galo em um galinheiro ou um galo em uma casa de galos.”
Eu solto um suspiro. “Isso foi muita conversa sobre galo, Sage. Até para mim.”
Sage me dá um tapa na minha bunda. “Pegue-o, menina.”
Acenando para meus amigos, pego o elevador para o térreo e, ao abrir a porta, vejo Harry Sinclair encostado no corrimão de pedra nos degraus, olhando para a rua movimentada. Uma mão está no bolso e a outra segura um buquê de rosas vermelhas. Ele parece Richard Gere em Uma Linda Mulher. Espere. Isso me faria...
De repente, muito ocupada e sem prestar atenção, tropeço na entrada e caio em direção ao chão, bem a tempo de Harry ver, e então ele avança e me pega em seus braços.
“Eu não sou uma prostituta!” Eu grito quando colido com seu peito. Minha mão encontra algo no bolso do seu paletó e ouço um som alto.
“É bom saber”, Harry diz secamente e me coloca onde eu estava. “Eu teria medo de pensar na calamidade que você causaria aos clientes pagantes.”
“Oh merda”, digo, vendo que, na minha queda, eu também decapitei as rosas.
Harry segue meu olhar, primeiro para o bolso, depois para as rosas. “Senhorita Parisi, você parece ter me deflorado.”
Minha boca se abre com a inesperada piada obscena de Harry. Deslizando dramaticamente para o lado dele, eu pressiono contra seu peito, ociosamente notando suas pupilas dilatando com o contato. “Deflorando, visconde Sinclair? Que terrivelmente travesso de sua parte”, falo, imitando o sotaque dele.
Baixando a cabeça na minha, me fazendo perder o fôlego, ele diz, “Você deve estar passando isso para mim.”
Vendo isso como uma oportunidade muito boa, eu digo, “Oh, senhor Sinclair, eu certamente posso passar...”
“E terminamos”, diz Harry, me interrompendo e se afastando de mim. Mas ele está sorrindo. Aquele sorriso largo e deslumbrante que ele me mostrou no hospital e aquele que está prestes a me fazer cair no chão novamente com o impacto que teve no meu coração. “Você é incorrigível.”
“Então, você continua dizendo. Mas você preparou a jogada para mim. Não tive escolha a não ser sofrer o golpe.”
Harry joga as flores sem cabeça no lixo perto de seu carro. Eu o encontro. Suspiro tristemente para as flores mortas. “O que há com você Henrys de sangue azul e decapitações?”
“Parece um rito de passagem inglês.” Ele abre a porta do lado do passageiro para mim. Quando passo, ele diz, “Embora desta vez acho que podemos colocar a culpa em seu canto, e sua insistência bizarra de que você não é uma dama da noite.”
Harry fecha a porta e eu observo meu corpo enquanto ele contorna o capô do carro. Ele está vestido com jeans escuro, camisa branca e paletó cinza. Como sempre, seus dois primeiros botões estão livres e um lenço orgulhoso está no bolso agora rasgado. Este é roxo. Seus cabelos castanhos escuros caem em ondas suaves e sem esforço.
Ele é lindo.
Harry entra no carro. “Desculpe pelo paletó e pelas flores”, eu digo. “Elas não são as primeiras vítimas da minha desordem. Tenho certeza de que elas não serão as últimas.”
“Não é um problema”, diz ele. Então, “Você teve um bom fim de semana?”
Sangue drena do meu rosto. Bem, eu tive, obrigada Harry. Ontem à noite, fiz coisas com artigos de lavanderia que, sinceramente, deixariam pálidos os seus lençóis brancos.
“Foi adequado”, eu digo, mais uma vez com meu sotaque inglês. Eu estremeço, me perguntando por que diabos eu tinha permissão para abrir minha boca. São nervos, percebo. Antes, quando eu estava perto de Harry, não dava a mínima para como ele me percebia. Agora tudo está diferente.
“Faith, devo lhe dizer uma coisa que pode não ser agradável”, diz ele, com seriedade em cada palavra.
“O que é?” Aperto minha mão sobre a dele, que descansa em seu joelho. Eu vejo o nariz dele dilatar com o meu toque.
Limpando a garganta, ele desvia os olhos da estrada para mim e diz, “Você tem o pior sotaque inglês que já ouvi em toda a minha vida.”
Enquanto suas palavras se filtram em meu cérebro enlouquecido, finalmente abro minha boca e grito, “Harry! Seu babaca! Eu pensei que algo estava realmente errado!”
“Havia”, ele diz claramente. “Seu sotaque horrível. Você percebe que Shakespeare e Chaucer estão se revirando em seus túmulos, mãos cruzadas sobre os ouvidos, muito ofendidos com a triste tentativa de qual é o melhor sotaque do mundo?”
“O melhor do mundo?” Eu pergunto, rindo. “Como o inferno! O melhor sotaque do mundo não diria zebra tão engraçado.”
“Falamos isso corretamente”, diz Harry. Por que ele argumenta tão suavemente? Ele nem estava levantando a voz. Quem diabos discutia dessa maneira?
“Bem, nem me fale sobre como você diz alumínio.”
“Ah, você quer dizer da maneira adequada? Defendemos o uso de vogais, foi com isso que você se ofendeu?”
“Herbs18”, eu continuo.
“Comece com o H destacado.”
“Vase19”, eu digo, presunçosamente.
“Vase.” Harry pronuncia varze. “O item que poderíamos ter usado se você não tivesse destruído as rosas que estavam nele.”
“Eggplant (Berinjela).”
“Aubergine (Berinjela no inglês britânico).”
“Zucchini (Abobrinha).”
“Courgette (Abobrinha no inglês britânico).”
Harry sorri para mim, parecendo o gato que ganhou o creme. Bem, imbecil, não comigo! “Bem, fanny20 é sua bunda, não sua pussy21. O que você diz sobre isso?”
“Pussy, querida Faith”, Harry diz, soando tão condescendente como sempre, “é um gato. Não é um jardim de damas.”
Foi isso. Foi isso que me quebrou. Eu rugi com risos, lágrimas derramando dos meus olhos. “Jardim de damas? Que diabos é isso!” Quando o carro para, percebo que minha mão ainda está no joelho dele. Enquanto eu rio, Harry aperta com mais força. “Essa é literalmente a pior gíria que eu já ouvi.” Eu torço o nariz. “Tudo o que vejo na minha cabeça é um jardineiro em miniatura com um chapéu de palha, cortando um gramado peludo. Esse não é o visual que você deveria ter em uma tarde de domingo.”
Quando minhas risadas cessam, minha atenção se fixa na minha mão na dele. A mão de Harry vira e seus dedos agora se entrelaçam nos meus. Limpo os olhos e, de repente, o carro fica quieto.
“Você está pronta?” Harry pergunta, quebrando o silêncio. Sua voz soou tão relaxada e suave. Ele está tão tenso e como se tivesse o peso do mundo nos ombros. Eu costumava acreditar que isso era condescendência com aqueles abaixo da sua elevada posição social. Agora eu acredito que sei o porquê. Ele só precisava de alguém para ver através da casca dura que ele usava como um repelente.
“Estou pronta”, digo. “E eu que deveria lhe fazer essa pergunta. Você está prestes a participar do jantar de domingo na casa dos Parisi.” Relutantemente, movo minha mão da dele e dou um tapinha em seu ombro. “Boa sorte, jovem senhor.”
Eu saio do carro e Harry alcança seu banco traseiro, pegando um buquê de flores, uma sacola de vinho e algo em uma sacola maior de presente. Eu levanto uma sobrancelha. “Tentando causar uma boa impressão?”
Mas Harry não sorri da minha piada. Ele simplesmente diz, “Sim.” Meu coração bate forte no peito, dá um salto duplo, faz uma acrobacia e finaliza profissionalmente com uma cambalhota. Harry estende o braço para mim. “Devemos ir?”
Passo o braço pelo dele e, balançando a cabeça, digo, “Pussy é um gato.” Sorrio dessa frase, ainda repetindo nossa discussão no carro.
“Ou um gatinho”, diz ele quando paramos na porta e pego minha chave do bolso. Eu olho para Harry. “Um gatinho. Eu posso ver você assim”, diz ele, indiferente, e arrepios se espalham por todo o meu corpo.
Mon petit chaton... minha gatinha.
Sinto meu coração bater na garganta e ouço ecoar como uma batida de dança em meus ouvidos. Harry não sabia que era assim que Maître me chamava. Mas por que ele diria isso? De tudo o que ele poderia ter dito, por que isso?
Sou arrancada dos meus pensamentos quando mamãe abre a porta com seu habitual toque dramático. “Faith! Harry! Por que vocês estão parados aqui suando suas calças? Eu vi vocês pararem e demorou tanto que pensei que tivesse sido assaltado ou algo assim.”
“Não, como você pode ver, estamos inteiros”, eu digo, e mamãe conduz Harry para dentro primeiro. Ele olha para mim com uma sobrancelha franzida, percebendo claramente que algo está acontecendo. Quando eles desaparecem em nosso apartamento, respiro fundo. “Todos esses orgasmos ultimamente estão fodendo meu cérebro, assim como o meu...” Eu paro, rindo novamente sobre Harry dizendo jardim de damas. Foi a pior coisa que eu já ouvi. Mas confie no visconde para usar o nome de algo tão floral e inocente para uma vagina. “Jardim de damas”, eu bufo, assim que minha mãe chega à porta.
“Por que você ainda está aqui fora, sozinha, conversando sobre vaginas, Faith?” Ela estremece. “E nunca diga isso dessa maneira novamente. Sua avó McIntyre costumava me dizer isso quando vinha visitar da Escócia. Isso nunca pareceu certo. Nunca.”
Eu sigo mamãe até o apartamento. “Comprei para você, senhora Parisi.” Harry entrega-lhe as flores. Mamãe se derrete positivamente.
“Thomasena, por favor”, diz ela.
“E senhor Parisi. Faith me disse que você veio da Itália.” Harry entrega a sacola de vinho.
Quando o pai retira a garrafa da sacola, seus olhos se arregalam. “O Bella Collina Merlot da Savona Wines.” Ele fica sem palavras. Isso não acontece com frequência. “É muito. Isso é tão raro. Eu não posso aceitar.”
“Por favor”, Harry insiste. “Eu tinha isso em casa. Pensei que um homem da Itália iria gostar mais do que eu.” Juro que há lágrimas nos olhos de papai.
“Grazie mille22”, ele sussurra, segurando a garrafa como se fosse o ouro mais precioso.
“E Thomasena... Faith, é claro, me falou de sua herança escocesa.” Ele entrega a ela a maior sacola de presente. Mamãe olha para dentro e ofega. Inclino-me para ver o que há dentro. Sorrio, vendo latas de Irn-Bru, haggis e bolos de aveia.
“Harry”, mamãe diz, os olhos brilhando agora. Oh, Jesus Cristo! Minha visão brilha com a gentileza que Harry concedeu a meus pais quando tudo o que eles tiveram ultimamente foi azar e tristeza. Vê-los assim tocados, é como testemunhar um arco-íris depois de uma tempestade.
Quando olho para Harry, algo dentro de mim muda. Como uma placa tectônica movendo-se sob a terra, mudando para sempre a terra acima, meu coração parece mudar para um novo tipo de batida. Um que finalmente ouviu o de Harry.
“Obrigado por me convidar para sua casa.”
“Porra, Harry”, diz a mãe, quebrando o momento pesado. “Você pode se mudar se nos mantiver nesse tipo de suprimento!”
“Harry”, papai diz, dando um tapinha no paletó de Harry, que parece um pouco desgastado com um bolso meio rasgado e um lenço de bolso desordenado. “Seu paletó. Vou consertar isso para você.”
“Não, obrigado. Amanhã vou ver um alfaiate.” Harry me lança um olhar divertido. “Alguém caiu em cima de mim e de alguma forma conseguiu rasgá-lo.”
Mamãe balança a cabeça. “Algumas pessoas.”
Enquanto ela se afasta para guardar seus presentes, eu me inclino para perto de Harry. “Você tem certeza de que não apenas se dobrou sob o peso de todos esses lenços de bolso?”
“Eu quero que você saiba que esses lenços são o epítome da moda aristocrata.”
Dou um tapinha em seu peito, tentando demorar mais do que o necessário quando sinto o músculo duro por baixo. “Tenho certeza que sim, Harry. Continue dizendo isso a si mesmo.”
“Por favor. Deixe-me ver”, insiste o meu pai. Harry tira o paletó e imediatamente dobra as mangas da camisa até os cotovelos. Tenho a repentina vontade de lamber os músculos dos antebraços dele. Eu não tenho ideia de porque os antebraços se tornaram um fetiche para mim.
Harry vê meu pai desaparecer em seu quarto dos fundos. “Seu pai vai costurar meu paletó?” Ele pergunta, confusão clara em seu rosto. “Eu não tenho ideia do que está acontecendo.”
“Ele é um alfaiate. Foi assim que ele veio à América.” Uma onda de orgulho ameaça me derrubar. “Ele é o melhor de toda Manhattan.” Harry deve ter detectado um ar de tristeza em volta das minhas palavras porque ele momentaneamente segura meu cotovelo em um gesto reconfortante. Seu olhar me implora para lhe dizer o que está errado. Eu balanço minha cabeça. Agora não. Ele deve ter entendido, porque não pressiona mais.
Mas quando abaixo a cabeça, ele afasta uma mecha de cabelo do meu rosto. “Eu gosto do seu cabelo assim.” Minha respiração treme quando ele diz essas palavras. “Solto. Ondulado. Bem assim.” Nesse momento, fico feliz por mamãe ter decidido voltar com bebidas, ou tenho certeza de que teria escalado seu corpo de um metro e oitenta e três como King Kong subindo o Empire State Building. Essa cena perturbadora poderia ter sido difícil de explicar para meus pais.
“Vinho branco?” Mamãe pergunta e eu rapidamente pego uma taça da bandeja. Bebo o vinho em tempo recorde. “Cristo, Faith!” Minha mãe diz. “Acalme-se. Não estamos em uma festa de fraternidade. Sei que não somos as pessoas mais ricas, mas tenho certeza de que podemos ser civilizados se tentarmos.” Harry tosse em sua taça, escondendo um sorriso divertido. Eu estreito meus olhos para ele, prometendo uma morte dolorosa.
“Desculpe, Harry”, mamãe diz. “Eu acho que a deixei cair e bater a cabeça muitas vezes quando ela era bebê.”
“É o que a torna única”, diz Harry, e eu não posso evitar o sorriso presunçoso estampado no meu rosto.
“Bem, pelo menos alguém pensa assim.”
“Mamãe!” Eu estremeço.
“Estou apenas brincando, querida. Você sabe disso.” Mamãe me abraça com apenas um braço, mas eu a vejo balançando a cabeça para Harry, como se ela sentisse tudo, menos arrependimento. “O jantar estará pronto em cinco minutos. Fiquem à vontade, crianças!”
Sentamo-nos no sofá e vejo Harry verificar a sala. Seus olhos se fixam nas muitas molduras nas antigas paredes com papel de parede. Imagens do passado e do presente da família, da Escócia à Itália, e todas as fases embaraçosas pelas quais passei enquanto crescia.
“Cabelo rosa?” Ele pergunta, apontando para minha foto de catorze anos, comigo olhando ameaçadoramente para a câmara.
“Meu estágio expressivo.”
“E o piercing no septo?”
“Fase emo.”
“Uau.” Eu sorrio para a palavra saindo de sua boca novamente.
“O que? Você não teve os estágios adolescentes no ensino médio?”
“Senhor não”, diz ele. “Meu pai teria me deserdado.” Ele sorri ao dizer isso, mas depois toma um longo gole do seu vinho. “Fui para Eton. O colégio interno. Eu teria sido expulso se tentasse algo desse tipo. Isso e meu pai teria me matado.” Quando ele me encara novamente, reconheço aqueles olhos. Aqueles olhos que estavam cheios de tristeza. São os mesmos que me olhavam da foto que eu encontrei dele quando criança com o pai.
Ele recosta-se no sofá e eu espelho seus movimentos. Encontro sua mão ao seu lado, descansando no sofá, e seguro. Ouço a respiração de Harry falhar quando nossas mãos se encontram. O momento é silencioso, mas não estranho. Nesse momento, papai volta para a sala, carregando o paletó de Harry.
“Va bene23“, ele diz e estende o paletó para Harry ver. Soltando sutilmente minha mão, Harry se levanta e pega o paletó de papai. Ele passa a mão no bolso, que parece novo.
“Obrigado”, diz Harry, parecendo genuinamente agradecido. Ele estuda o paletó mais de perto. “É um excelente trabalho, senhor Parisi...”
“Lucio.”
“Lucio.” Harry dobra o paletó no braço. “Onde fica sua loja? Tenho vários ternos que precisam de concertos. Eu adoraria que você os costurasse.”
A felicidade que eu ansiava ver surgindo no rosto de papai. Está tão clara quanto o sol lá fora. “Apenas a uma quadra daqui. Alfaiataria Parisiense.”
“Devo aparecer em algum momento desta semana?”
“Perfecto”, diz o pai, apertando a mão de Harry.
“O jantar está pronto!” Mamãe grita da sala de jantar. Papai entra primeiro.
Eu seguro Harry pelo braço dele. “Obrigada”, eu sussurro, plenamente consciente de que ele verá a emoção crua no meu rosto.
“Ele é bom, Faith. Excelente, de fato. Fui honesto.”
“O melhor”, digo, ecoando meu sentimento de antes.
“Faith Maria Parisi, entre aqui neste segundo! Não vou deixar minhas batatas esfriarem!”
“Só para você saber, ela estava realmente gritando para nós dois lá, mas não seria educado chamar sua atenção quando ela acabou de te conhecer.”
“Devidamente anotado”, diz Harry e me oferece seu braço para entrar na sala de jantar.
Eu solto uma risada. “São dois metros naquela direção”, digo, apontando para a mesa.
“Inferno, Faith. Você pode me deixar ser um cavalheiro por um maldito minuto sem todos os comentários?”
“Sim, senhor”, digo, impressionada com seu vigor e vejo a onda de calor em seus olhos.
Enquanto caminhamos para a mesa, percebo que estou excitada. Fiquei excitada com as palavras severas de Harry. Quando me sento, tento fingir que está tudo bem e não estou prestes a arrebatar Harry pela caçarola de feijão verde na frente dos meus pais e de Deus.
“Por que você parece que acabou de correr uma maratona, Faith?” Mamãe diz, tão direta como sempre. “Suas bochechas estão coradas, e eu posso ver seus mamilos através do seu vestido...”
“Vamos comer, vamos!” Alcanço ao centro da mesa para encher meu prato.
Quando começo a enchê-lo com todos os carboidratos, mamãe bate na minha mão. “Faith, deixe Harry se servir primeiro. Ele é o convidado, e não minha filha mal-educada que age como se ela não comesse há semanas.”
Os lábios de Harry se contraem quando ele educadamente, e com muita cautela, enche seu prato com legumes, frango, caçarola e molho. Eu olho para ele, confusa com a forma como alguém poderia ser tão controlado quando toda essa comida deliciosa grita positivamente para ser comida, os sabores invadindo o nariz como pequenos saqueadores vikings, roubando os sentidos.
Ocorre-me então que Harry raramente faz algo que não seja completamente perfeito e um tanto moderado. Não de uma maneira negativa, mas como se ele tivesse boas maneiras e etiqueta ‘adequada’ completamente martelada nele. Eu quero ver esse controle cuidadoso quebrar. Cubro meu sorriso malicioso com as costas da minha mão, sabendo exatamente o lugar em que quero ver esse controle quebrar.
“Então Harry? De onde você é na Inglaterra?” Mamãe pergunta, acenando com a cabeça em permissão para eu pegar minha comida.
“Surrey.”
“Harry Sinclair de Surrey”, mamãe medita. Então seus olhos se arregalam e ela larga o garfo, o metal batendo no prato como um trovão. “Não é o Harry Sinclair de Surrey? Aquele cujo pai é dono do HCS...” praticamente posso ver a lâmpada aparecer na cabeça da minha mãe.
“Sim. Você sabia que ele era meu chefe, mãe”, falo, tentando mantê-la calma.
“Eu não sabia que ele era o chefe. Um dos Sinclairs.”
Harry se mexe na cadeira, mostrando seu desconforto. “Meu pai é atualmente o responsável pela HCS Media agora”, diz ele educadamente.
“Você gostaria de assumir um dia?” Papai pergunta, e eu poderia tê-lo beijado por parecer que não era grande coisa. Ao contrário da mãe. Estou fazendo gestos cortantes no pescoço para dizer a ela para interromper a conversa de Sinclair.
“Mal posso esperar”, diz Harry, chamando minha atenção. Ele largou o garfo enquanto falava. Merda, eu sinto que deveria me matricular em uma maldita escola de aperfeiçoamento ou algo assim, apenas para estar na presença dele e não me sentir como um homem das cavernas. “Estudei em Cambridge para me formar em jornalismo e depois fui para Oxford para concluir meu mestrado. Não está apenas no meu sangue, mas também é minha paixão.”
“Eu não sabia disso”, digo, tão extasiada por sua resposta quanto meus pais.
Ele olha para mim e eu vejo. Vejo a paixão brilhando em seus olhos. “Sim”, ele diz e toma um gole de água. “Eu tenho muitas ideias para a HCS Media. Para onde levá-la, como retribuir. Massas de periódicos com notas e ideias sobre como realmente mudar a mídia e a indústria editorial para melhor.”
“Uau”, digo e papai assente.
“Seu pai”, diz papai, “ele sabe que você tem essas ideias?”
A concha glacial que Harry usava como uma jaqueta cheia de gelo volta a se encaixar no lugar, sua postura rígida elevando sua cabeça. “Meu pai é muito decidido e gosta das coisas como elas são.” Ele nos dá um sorriso tenso e sem esperança. “Talvez um dia.”
Há uma leve pausa embaraçosa na conversa, e mamãe interrompe. “Faith, eu queria dizer que finalmente li sua coluna na semana passada. Foi um bom conselho sobre a questão do beijo grego. E eu concordo que um pula-pula nunca é seguro para perder a virgindade.” Harry de repente começa a se engasgar com a comida. Dou um tapa nas costas dele e estou quase dobrando-o sobre a mesa e conduzindo a manobra de Heimlich quando ele de repente começa a respirar novamente.
“Jesus, Harry! Você está bem?” Eu pergunto.
“Apenas desceu pelo caminho errado”, diz ele, com a voz fraca.
“Harry, você já leu as colunas de Faith?” Mamãe pergunta, quando ele pode respirar novamente.
“Algumas”, diz ele, um leve rubor crescendo em suas bochechas.
“Ela é fabulosa, não é?” Papai diz. “É uma maneira tão criativa de lidar com problemas tão complexos.”
“Eu não poderia concordar mais”, Harry diz e bate na minha mão. Quando ele afasta a mão, sinto o calor abrasador ainda na minha pele como se tivesse sido marcado.
“Ela quer artigos em algum momento, não é, Faith?” Mamãe diz e sinto meu estômago afundar. Eles não sabem sobre o grande artigo, é claro. Por mais abertos que fossem, eu não tenho certeza se é algo que eles gostariam de ouvir. Mamãe, papai, durante as últimas semanas fui algemada e arrebatada de todos os modos até domingo por um mestre sexual em uma máscara de Fantasma da Ópera.
“Ela mencionou isso”, diz Harry.
“Um dia”, diz papai, ecoando as palavras de Harry, e sorri para mim.
“Então, como vocês se conheceram?” Harry pergunta aos meus pais, e a conversa continua a partir daí. Durante dois pratos e café depois do jantar, a conversa fluiu. Nas duas horas passadas na casa dos meus pais, eu nunca o vi tão relaxado. Nunca o tinha visto sorrir tanto.
“Lucio, vou te ver ainda esta semana”, ele diz e aperta a mão de papai. “Conheço muitos empresários de Manhattan que pagariam um bom dinheiro para ter seus ternos adaptados ao seu alto padrão. Vou mandá-los para você.”
“Grazie”, diz papai, sua voz carregada de gratidão.
“Ok, vamos lá”, digo a Harry, pressionando minha mão na parte inferior das suas costas. Preciso sair do apartamento rapidamente ou vou me tornar uma bagunça emocional ao ver papai tão feliz com a promessa de Harry.
“Prazer em conhecê-lo, Harry. Espero que você volte novamente”, mamãe diz carinhosamente. Posso ver pelos seus olhos que ela já está apaixonada por Harry.
“Eu adoraria isso”, diz Harry, e eu sinto toda a genuinidade com essas palavras.
Com um aceno para meus pais, Harry pega meu braço e o prende ao dele. Seu olhar me desafia a discutir com ele sobre o gesto. Faço um show fingindo fechar a boca com uma fechadura invisível. Ele inclina a cabeça para o céu. “Bom Deus, acredito que hoje testemunhamos um milagre. Faith Parisi não está oferecendo seu sarcasmo habitual à minha gentileza. Obrigado.” Preciso tudo o que eu não sou para não fazer uma piada sobre isso, mas me contenho.
Enquanto descemos os degraus, Harry segura firmemente minha mão. “Só queria ter certeza de não tropeçar e cair de cabeça na calçada. Você parece cair muito na minha presença.”
Eu tento segurar minha língua, realmente tento, mas é demais para segurar. “Harry Sinclair, eu não posso evitar, seu magnetismo selvagem sacode o chão em que você anda, simplesmente não posso deixar de cair aos seus pés.”
Ele solta um suspiro pesado. “Bem, foi bom enquanto durou.”
O sol começa a se pôr, lançando um brilho rosa de verão sobre a cidade. Harry abre a porta do carro para mim e eu entro. Aquela vibração está de volta debaixo do meu peito. Levo um tempo para entender, mas percebo o que é quando Harry se senta do banco do motorista e me dá um sorriso largo que ele só parece oferecer na minha presença.
Eu gosto dele.
Puta merda.
Eu gosto muito dele.
Harry entra na rua. “Você tem muita sorte, Faith”, diz ele depois de alguns minutos de silêncio. Eu estou muda, congelada em choque com a verdade que está me dando um tapa na cara. Eu gosto de Harry. Oh meu Deus, estou me apaixonando por Harry Sinclair. “Ter pais como os seus.” Ele engole a espessura em sua voz. “O jeito que eles te amam. Cuidam de você. Interessam-se por sua vida e trabalho.” Os olhos de Harry, que estão firmemente fixos na rua, estão brilhando.
“Obrigada”, digo calmamente, não querendo interromper a calmaria que se acumulou no carro. “Eu os amo muito.” Penso na situação de papai e sinto vontade de chorar.
“Faith?” Harry diz e coloca a mão na minha coxa. Nesse momento, isso é tão quente quanto um abraço apertado. “Está tudo bem com o seu pai? A saúde dele...”
“A saúde dele está boa.” Eu olho pela janela para Nova York. Na agitação que fervilha de todas as ruas e recantos. Passando por pessoas que tem seus próprios problemas. Altos e baixos e tudo mais.
“Você pode falar comigo. Se você está chateada, quero ajudá-la. Eu quero ouvir, se é isso que você precisa.”
“Você quer?” Eu pergunto e olho para Harry. Preciso saber se ele também sente alguma coisa por mim. Se ele está se apaixonando tão rápido e profundamente quanto eu. “Por quê?”
A mandíbula de Harry flexiona, e os músculos de seus antebraços ficam tensos quando seu aperto aumenta no volante. “Você deve saber”, ele sussurra. “Eu não sou ator, Faith. Com você, sinto que falhei completamente em esconder minha afeição.”
Eu sorrio. Porque ele escondia isso. Mas não ultimamente. Não em certos momentos no elevador. Não no hospital, e certamente não hoje. Cubro a mão dele, que está na minha coxa. Parece tão certo, como sempre foi.
“Ele está perdendo a loja”, digo, pela primeira vez dizendo as palavras em voz alta. Eu as neguei por tanto tempo, rezava por uma resposta, um milagre. Mas eu sabia que não havia um. Papai ia perder a loja. Talvez mais. “Muitos anos atrás, ele aceitou um sócio.” Penso em Ludovico e imagino castrar aquele filho da puta com uma faca serrilhada. Sim, fico muito estranha quando se trata de pessoas que mexem com aqueles que eu amo. “Meu pai confiava nele. Amava-o como um irmão.”
“O que aconteceu?”
Passo o dedo pelos dedos de Harry, que foram colocados protetoramente sobre meu joelho. “No ano passado, ele fugiu, tirando todas as economias de papai da loja. Tudo. Ele os deixou com nada além de dívidas crescentes e um rastro de contas bancárias vazias.” Eu balanço minha cabeça, lutando contra a raiva que cresce por dentro. “Papai tem lutado para manter a loja, trabalhando o máximo que pode, mas com todo o seu dinheiro dizimado...” rapidamente enxugo uma lágrima que escapa dos meus olhos.
“Ele recebeu um pouco de tempo para pagar o aluguel atrasado. Mas ele não será capaz de fazer jus as despesas. Todos nós sabemos disso, nunca ousamos falar a verdade em voz alta.” Levantando a mão de Harry, eu beijo as costas dela. “Você iluminou o mundo dele hoje com seus elogios. Ao dizer que você o usaria como alfaiate e o recomendaria aos seus amigos de negócios. Ele seria feliz na vida se tudo que ele tivesse fosse eu, mamãe e sua loja. Nem dinheiro e nem elogios, nem um apartamento chique ou o melhor carro. Não é quem ele é. Obrigada por fazê-lo se sentir especial hoje. Eu não posso te dizer o que isso significa para mim.”
“É o mínimo que posso fazer.” Nossas mãos estão entrelaçadas, e eu acaricio seus dedos e as costas de sua mão antes de trazê-la aos meus lábios. A respiração de Harry se aprofunda e a calma ambiente que enchia o carro, rapidamente estala e fica viva com eletricidade.
“Harry”, digo, finalmente, minha voz rouca de necessidade.
“Sim?”
“A que distância está o seu apartamento?”
“Está perto”, diz ele, com a voz igualmente tensa.
“Bom.”
CAPÍTULO QUATORZE
O pé de Harry pressiona o acelerador, e nós andamos como um raio pelas ruas de Nova York. Entramos no Upper East Side, e eu mantenho meu rosto sério quando passamos pela NOX. A fantasia de NOX e Maître não tem lugar no meu coração hoje à noite. Harry encheu cada centímetro. NOX é uma miragem. Harry é real.
Estamos a apenas duas quadras da NOX quando ele vira à direita e entramos em um estacionamento subterrâneo. Harry entra no local reservado para a cobertura. Quando o carro para e o motor também, nós dois recuperamos a respiração. Harry sai do carro e dá a volta para o meu lado. Ele estende a mão. Coloco a minha na dele, as borboletas no meu estômago mergulhando em hordas, libertando-se de seus limites e inundando o resto do meu corpo.
De mãos dadas, Harry me leva para o elevador privado da cobertura. Entramos, as portas se fecham e o elevador começa a subir. Segundo após segundo tenso, o ar no pequeno espaço fica cada vez mais quente até que penso que perderei minha capacidade de respirar com o calor sufocante.
Harry fica ao meu lado, imóvel e indiferente como uma estátua de mármore. Assim tão perto, posso sentir o cheiro viciante de sua colônia – hortelã, sândalo e almíscar. Isso está me deixando louca. Eu aperto minhas coxas, tentando impedir que a pressão cresça tão alto quanto o chão da cobertura para onde seguimos. Na minha visão periférica, vejo o peito de Harry subir e descer a uma velocidade inebriante. Sua mão na minha treme, sua mandíbula tensa, e quando vejo a dureza em sua calça, gemo alto.
Isso é o suficiente. O suspiro rebelde da minha garganta deixa Harry excitado. Ele avança na minha direção, me empurrando contra a parede do elevador, e ele pressiona sua boca na minha. Em poucos segundos, ele está em todo lugar. Seu cheiro, seu gosto e a pressão do seu corpo duro e quente sufoca cada centímetro da minha cabeça. Foi-se o certinho e adequado Harry Sinclair, e em seu lugar há um homem selvagem e com a intenção de me deixar de joelhos. Seus lábios se movem contra os meus, sua língua desliza na minha boca, enquanto suas mãos passeiam pelo meu corpo, enquanto elas percorrem todas as curvas, fazendo-me gemer e inclinar minha cabeça para trás com a sensação de finalmente estar sob suas ministrações.
O toque do elevador soa, mas Harry não para de me beijar. Em vez disso, ele me pega, envolvendo minhas pernas em sua cintura. Meus olhos estão fechados quando ele nos guia pelo apartamento. Eu nem vejo como é; estou muito ocupada abrindo os botões da camisa dele. Um por um, eles se abrem e minhas mãos acariciam seu peito musculoso. Harry enrola a saia do meu vestido cada vez mais alto até que suas mãos encontram minha calcinha de renda.
“Porra, Faith”, ele geme contra os meus lábios, e dou um gemido ao ouvir uma palavra de xingamento saindo da boca de Harry. Com a camisa aberta, eu acaricio seu peito, seu torso e até a protuberância em sua calça. “Porra!” Harry diz mais alto, quando caímos em um colchão macio, minha mão ainda segurando seu pau. Eu nem tenho tempo de recuperar o fôlego antes que ele retira a camisa e paira acima de mim, o peito nu e o botão e zíper do seu jeans aberto.
“Você é malhado”, sussurro, Harry pega meu vestido e puxa-o pelos meus braços. Ele desliza o tecido sobre minha barriga e puxa pelas pernas, deixando-me de calcinha de renda preta e sutiã combinando.
“Cristo, Faith”, diz ele, mordendo o lábio inferior enquanto olha para mim. “Você é perfeita. Como você é tão perfeita? Como se você fosse feita para mim.” Eu não tenho a chance de responder quando Harry me beija novamente, abandona minha boca e traça um caminho quente pelo meu pescoço até meus seios. Uma trilha de arrepios segue o movimento.
Harry recua a cabeça, seus olhos azuis parecendo negros por causa da luxúria de suas pupilas. Com uma gentileza que contradiz seus olhos selvagens, Harry puxa cada alça do meu sutiã até meus seios ficarem livres. Gemendo ao me ver, ele abaixa a cabeça e toma um mamilo na boca.
Minhas mãos se enterram em seus cabelos. Puxo os fios macios e, quando faço isso, ele chupa mais. Eu puxo novamente, o prazer que ele estava incitando percorre minhas veias como lava, me incendiando. Quanto mais eu puxo, mais selvagem ele se torna. Quando puxo pela terceira vez, Harry morde levemente meu mamilo, fazendo meu clitóris palpitar e minhas costas arquearem. Reviro meus quadris, desesperada por alívio. Não me fazendo esperar, Harry pressiona os dedos entre as minhas pernas. Eu grito pela sensação boa que isso causa.
“Harry. Deus Harry!” Eu gemo e Harry de repente se afasta.
Estendo a mão e tento puxá-lo de volta. Preciso de mais. Preciso de tudo que Harry Sinclair pode dar. Eu quero tudo. Quero que ele me consuma, me devore, possua minha maldita alma.
As mãos talentosas de Harry seguram minha calcinha e rasga-a. “Oh Deus!” Eu digo enquanto ele a joga por cima do ombro, e ele foca seu olhar no meu. Existe uma fração de uma pausa. Uma inspiração ofegante, então Harry rasteja sobre mim, tomando minha boca com a dele. A dureza em seu jeans pressiona entre as minhas pernas, e arqueio minhas costas com a sensação dele. Ele é enorme.
Harry desliza pelo meu pescoço, beijando minha pele brilhante. Ele me tortura com doces beijos na minha garganta, meus seios, minha barriga. Eu amplio minhas pernas, deixando evidente o que eu quero e onde eu o quero.
Harry se move mais baixo, suspiro sentindo seu hálito quente entre as minhas pernas. Ele coloca as mãos na parte superior das minhas coxas e depois se inclina. Inclino minhas costas ao primeiro golpe de sua língua. Minhas mãos deslizam por seus cabelos, prontas para guiá-lo onde preciso dele. Mas nenhuma orientação é necessária. Harry sabe exatamente para onde ir, sua língua sacudindo no meu clitóris, seu dedo deslizando dentro de mim. Em pouco tempo, sinto minha pele formigar e aumentar a pressão na base da coluna com o orgasmo que se aproxima.
“Harry, porra! Eu vou gozar”, digo, falando rapidamente, assim que ele move o dedo, pressionando meu ponto G e escurecendo meu mundo. Eu grito quando gozo, movendo meus quadris para que a língua de Harry fique onde eu preciso dele até meu corpo estremecer, incapaz de aguentar mais. Harry levanta a cabeça, pressionando beijo após beijo nas minhas coxas e quadris.
“Você é tão linda”, diz ele, com aquele sotaque rouco que é minha ruína. Rolando de joelhos, puxo seu braço e o empurro para a cama. É a minha vez. Quando estou ajoelhada acima dele, olho para Harry e sacio minha curiosidade. Músculos definidos, ombros largos, pele morena e aqueles olhos azuis cristalinos. Perfeição.
Então meus olhos se movem para sua virilha e a protuberância que ameaça romper seu jeans. Com o botão e o zíper já abertos, puxo-o pelas pernas dele, as coxas musculosas me cumprimentando. Passo a mão sobre elas, a fina camada de cabelos pretos fazendo cócegas na palma da minha mão.
“Preciso agradecer ao rúgbi por isso?” Eu digo.
“Entre outras coisas”, Harry responde, os olhos brilhando enquanto eu jogo o jeans no chão. Abro meu sutiã e jogo-o ao lado dele. “Cristo, Faith”, Harry sibila, e mudo minhas mãos para o cós da sua cueca boxer enquanto suas mãos apertam meus seios.
“Da Calvin”, digo e beijo o nome da marca. “Eu aprovo.” Com os dentes de Harry apertados com tanta força que penso que seu queixo pode quebrar, eu puxo sua cueca, engolindo quando seu comprimento bate sobre sua barriga.
“Harry”, sussurro e jogo sua cueca por cima do ombro. “Você é enorme pra caralho.” Harry se levanta, coloca as mãos no meu rosto e pressiona seus lábios nos meus.
“Eu preciso estar dentro de você”, diz ele, a autoridade em sua voz me fazendo contorcer.
“Não antes de eu provar você.” Eu o empurro de volta para o colchão. Suas costas batem na cama, estreitando os olhos.
“Você vai pagar por isso, senhorita Parisi”, diz Harry. Eu ignoro seu aviso acalorado e beijo seu abdômen e seu V definido. Lambo o músculo de dar água na boca e depois sigo sua dureza. Ele treme de antecipação quando me aproximo e lambo a veia lateral. Da base à ponta, eu o acaricio com a boca. As mãos de Harry apertam ao seu lado até que seus dedos entram no meu cabelo, envolvendo-o em suas mãos. O toque parece familiar de alguma forma.
“Faith”, ele diz como se estivesse sofrendo. “Chupe meu pau.”
“Sim, senhor”, eu digo, adorando ver seus olhos penetrarem nos meus enquanto movo meus lábios sobre a ponta e o empurro para minha boca. Ele é grande demais para chupar inteiro, então eu movo minha mão para a base e o acaricio ali também. Harry levanta os quadris, mas como o cavalheiro que ele é, ele se controla para não me dar muito. Passo minha língua em torno de sua ponta, levando-o o mais profundamente que posso, até Harry afastar meu rosto. “Pare. Eu preciso te foder. Eu quero finalmente gozar dentro de você.”
“Harry”, murmuro e rastejo sobre seu corpo ridiculamente perfeito. “Continue falando comigo assim. Eu gosto desta versão de você.”
Harry agarra meus braços e me vira. Ele enfia a mão na mesa de cabeceira e tira uma camisinha. Eu observo, hipnotizada, enquanto ele a coloca e se move acima de mim. “É você”, diz ele, em um momento de pura ternura. “Eu fico assim só por sua causa.”
“Harry”, sussurro, meu coração se partindo em pequenas partículas e desaparecendo na noite.
Harry se posiciona na minha entrada e, pressionando seus lábios nos meus, empurra para dentro. Eu gemo em sua boca; ele geme na minha. Coloco meus braços em volta do pescoço musculoso e minhas pernas em volta da sua cintura. Eu grito quando ele me enche ao máximo.
“Mm”, gemo quando ele começa a se mover, atingindo todas as partes perfeitas dentro de mim. Meus seios pressionam contra seu peito, criando atrito enquanto ele balança para frente e para trás, e meu corpo está em chamas, iluminado pelas sensações incandescentes que percorrem por mim.
“Harry”, gemo novamente quando ele enfia a cabeça na dobra do meu pescoço e aumenta sua velocidade. Ele empurra e empurra até que sou um corpo cheio de nada além de prazer. Meus olhos se fecham quando eu o seguro mais apertado, começando a sentir tremulações do orgasmo profundo que está se formando. “Harry”, grito, mordendo seu ombro quando minhas pernas começam a tremer.
Ele resmunga com a mordida e depois levanta a cabeça, seus olhos se fixam nos meus. Isso é o suficiente para eu me despedaçar, fogos de artifício explodem ao meu redor. Harry empurra repetidamente em mim até que eu não sou nada além de massa em seus braços.
“Faith, foda-se Faith... PORRA!” Ele grita e fecha os olhos, apertando os dentes quando goza. Eu olho para ele enquanto goza, certa de que nunca vi algo mais perfeito na minha vida.
“Porra!” Ele geme novamente, sua voz ecoando no quarto ao nosso redor. Seu corpo ostenta um brilho de suor, e suas ondas escuras foram despenteadas por minhas mãos itinerantes puxando os fios. Seus lábios estão inchados de beijar, e suas bochechas estão vermelhas por ter gozado tão forte. Eu gemo quando ele se contorce dentro de mim. Estou exausta e ainda desejando o que mais ele quer dar.
Eu luto para respirar logo depois. Harry está deitado sobre mim, seu peso me mantendo segura. Então ele pressiona sua testa na minha antes de sair de mim e rolar para o lado. Ele me leva com ele, seu braço me embalando nele como se ele não pudesse ficar separado nem por um segundo. Meu estúpido coração romântico gosta disso. Gosta muito disso.
Eu deslizo minha mão pelo seu abdômen liso, seu peito subindo e descendo, sem fôlego. Erguendo-me no cotovelo, olho para ele. Eu sorrio para ele e, rindo, Harry sorri de volta. “São sempre os mais quietos”, digo e Harry revira os olhos. Eu traço o padrão dos cabelos pretos que preenchem seu peito. Eu beijo seu peitoral até a base de sua garganta. Harry inclina a cabeça para trás, me dando mais acesso, assobiando quando minha língua sai e prova sua pele salgada.
“De onde você veio?” Eu digo, vendo sua pele vibrar quando minha respiração passa por seu peito. “Tão distante, tão retraído durante o dia.” Meu dedo segue os vales e sulcos de seus abdominais. “Então, tão dominante na cama, tão bom na cama.”
Os dedos de Harry deslizam pela minha coluna até mais abaixo. Beijando meu rosto, ele empurra um dedo dentro de mim. Minha testa cai contra seu peito quando ele me toca por trás, roçando meu sensível ponto G, que mal teve tempo de se recuperar antes que ele volte, punindo-o com essas mãos talentosas.
A boca de Harry se move para o meu ouvido. “Eu desejo te foder por tanto tempo”, diz ele, sua voz profunda e dedos, causando tremores através de mim. Eu sinto seu pau endurecer na minha coxa. Mordo meu lábio, roçando minha bochecha contra a dele. “Eu me masturbei tantas vezes, imaginando você nesta cama, em meus braços, debaixo de mim, gritando meu nome.”
“Jesus, Harry”, digo, aquecendo o sangue. Harry beija a parte de trás da minha orelha. Harry se move sobre mim, pressionando minha frente no colchão. Parece uma nuvem embaixo de mim; é tão macio. E cheira a colônia de Harry. Eu respiro enquanto ele lambe do topo da minha coluna para minha bunda. Harry agarra meus quadris e me puxa de quatro.
Ouço o estalar de outro invólucro de preservativo sendo aberto; então eu grito, minha testa caindo no colchão, quando Harry entra em mim por trás. Eu gemo, quando ele me enche tão incrivelmente por completo, gemendo enquanto se arrasta sobre mim até que seu peito está escorregadio contra as minhas costas e suas mãos cobrem as minhas enquanto eu agarro o lençol. Harry segura meu queixo e, sem parar o movimento, guia meus lábios aos dele. Sua língua mergulha na minha boca no ritmo de seus impulsos.
Harry Sinclair está me possuindo, fundindo meu corpo com o dele. Ele está se inserindo no meu coração. Em todo lugar está Harry Sinclair. Cada respiração que eu dou, cada gemido que ele consome. Reviro meus quadris para trás, o movimento provocando uma faísca nele. Resmungando, ele gentilmente entrelaça seus dedos nos meus, em forte contraste com a maneira que ele empurra dentro de mim por trás. Eu estou flutuando. Quando minha buceta começa a apertar, o pau de Harry faz todas as minhas sinapses explodirem, eu grito enquanto gozo.
Harry grunhe, congela, depois goza com meu nome nos lábios. “Faith!”
Desabo na cama, com certeza nunca mais serei capaz de me mover. Harry está deitado em cima de mim, seus braços fortes mantendo seu peso de me esmagar. Mas ele não se mexe. Ele fica dentro de mim o máximo que pode, seus lábios salpicando beijos na parte de trás do meu pescoço, meu cabelo enrolado em suas mãos.
Virando a cabeça, eu digo, “você literalmente me fodeu no colchão.”
Harry bufa uma risada, e o som dela, ele em cima de mim assim, parece familiar. Muito familiar. Antes que eu possa pensar mais, ele se move para o lado e me envolve em seus braços.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, apenas recuperando o fôlego. Olho para cima e vejo que estamos em uma enorme cama de dossel, com os postes dourados. Estamos no centro e ainda temos muito espaço de cada lado. Meus olhos se arregalam vendo o tamanho do quarto. Eu tenho certeza de que é tão grande quanto todo o meu apartamento. As paredes são pintadas em azul-marinho com painéis, parecendo uma mansão. Cômodas antigas estão sob grandes espelhos. Um sofá está embaixo da janela, que mostra o céu agora escuro e o vasto horizonte de Manhattan, com o Central Park visível à distância.
“Harry, que vista você tem daqui”, digo e levanto minha cabeça do seu ombro. Afasto-me da cama, arrastando o lençol de cima comigo e envolvo-o em mim enquanto caminho para a enorme janela. Inspiro e exalo, pela primeira vez percebendo o quão diferentes são nossas vidas.
Eu sinto Harry atrás de mim e recosto-me contra ele, meu coração falha uma batida quando seus braços fortes me envolvem. Eu posso sentir que ele ainda está nu. “Essa vista”, digo e vejo pessoas ao longe correndo pelo parque. “É linda.”
“Eu concordo”, diz ele, beijando toda a lateral do meu pescoço. Sorrio, sabendo que ele nem está olhando pela janela. Eu me viro em seus braços e olho para ele. À luz das luzes do lado de fora, ele parece o anjo que meu cérebro abalado sonhou que ele fosse. Enrolo o lençol ao redor dele, nossa pele nua se unindo em um abraço.
“Os paparazzis do Upper East Side não podem pegá-lo nu.”
“Eles precisariam de uma lente infernal.” Ele afasta meu cabelo do rosto; então ele segura minha bochecha e me beija. Mas esse beijo é sem pressa, sua língua lentamente acariciando a minha.
Quando nos separamos, sorrio, dizendo, “Com um pau desse tamanho...” Pego-o na minha mão e acaricio suavemente. “Eles não precisariam de uma lente grande.” Harry bufa, mas empurra contra minha mão. Eu o sinto endurecendo novamente. “Tenho certeza de que os astronautas da estação espacial veem isso lá de cima. É o material de masturbação deles.” Limpo a garganta, imitando a voz de um astronauta. “Prepare-se, meninos. Harry Sinclair está na sua janela novamente.”
“Eles podem continuar procurando”, diz Harry, me puxando para mais perto. Ele está duro contra a minha coxa. “Você é a única que meu ‘pau enorme’ quer.” Meus olhos reviram de prazer com Harry falando obscenidades.
“Diga pau de novo”, eu digo, sorrindo enquanto Harry pressiona a testa na minha e sussurra, “Pau.” Eu gemo e permito que ele me empurre contra a parede ao lado da janela.
“Isso foi bom para você?” Ele pergunta, uma pitada de brincadeira em sua voz que eu nunca ouvi antes.
“Mais”, exijo, largando o lençol e enganchando minha coxa em torno de seu quadril. Eu pressiono contra sua ereção. “Dê-me mais. Todas as palavras obscenas.”
Diversão retumba no peito de Harry. Entre os beijos, ele diz, “Buceta, bunda, clitóris, mamas...” Ele sorri contra a minha boca e sussurra, “Jardim das damas.”
Jogando minha cabeça para trás, eu rio. “Não! Não o maldito jardim das damas assustador!” Enquanto eu luto para recuperar o fôlego, sinto a mão de Harry ainda na minha bochecha. Quando limpo as lágrimas dos meus olhos, vejo que ele está me observando, seus olhos suaves e... felizes. Eles parecem felizes. Meu coração bate tão rápido que penso que poderia desmaiar.
Tomando a mão dele na minha, eu o puxo da parede. “Venha. Mostre-me seu apartamento.” Quando passamos pelo armário, Harry me para e abre a porta. Ele tira dois robes. Ele solta minha mão e coloca um em volta dos meus ombros.
“Meu corpo nu é tentador demais?” Eu digo enquanto ele amarra a faixa em volta da minha cintura.
“Sempre”, ele responde com um beijo nos meus lábios. Ele veste o robe e sinto vontade de chorar quando o corpo de Adonis desaparece sob um pano branco. “Mas você está certa, não podemos ter os pervertidos de Manhattan observando seu corpo nu e pecaminoso pelas janelas com suas lentes.”
Pegando minha mão, Harry abre a porta e minha boca se abre. O apartamento dele é épico. Não há outra palavra para isso. Um pequeno corredor nos leva para longe do quarto, para uma sala cheia de móveis luxuosos e estofados que encaram toda Manhattan, as janelas do chão ao teto são como molduras em torno da arte mais perfeita.
Enquanto eu caminho pela sala, paro quando avisto a cozinha. “Puta merda, Harry”, digo e entro na sala de mármore branco. Passo as mãos sobre as bancadas de granito e todos os aparelhos de primeira linha. “Você cozinha?”
Harry se inclina sobre a bancada enquanto eu passo a mão sobre a massa de armários de madeira. “Nunca.”
“Que tragédia”, eu digo, e, saindo da cozinha, sigo por um corredor. “O que há por aqui?”
“Meu escritório. Dois outros quartos.” Harry abre a porta do escritório e eu ofego. Uma mesa de mogno tradicional está no centro, mas ao seu redor há estantes do chão ao teto. E os tetos nesta cobertura são altos.
“Oh. Meu. Deus”, eu sussurro enquanto deslizo minhas mãos pelos muitos volumes que me encaram.
“Você gosta de ler?” Ele pergunta, empoleirado no canto da mesa. Passo pela escada da biblioteca e leio os títulos: Senhor dos Anéis, O Hobbit, As Crônicas de Nárnia. Todos os meus favoritos. “Dickens?” Eu pergunto, vendo uma prateleira inteira dedicada aos seus trabalhos.
“Quando estou de mau humor”, ele brinca.
Eu paro de repente e olho para Harry. “Jane Austen?” Todos os seus trabalhos estão presentes e contabilizados.
“O trabalho dela tem mérito”, diz ele, como se fosse o juiz e o júri de toda a literatura. Quero dizer, a HCS Media tem uma editora, mas ainda assim. Um olhar brincalhão permanece em seus olhos. Não me canso disso.
“Mérito?” Eu rio e caminho até Harry, puxando a gola do robe. Seu braço envolve minha cintura e eu relaxo. “Acho que os trabalhos dela têm mais do que ‘mérito’.” Eu finjo refletir sobre isso. “Na verdade, eu diria que você e certos personagens dela compartilham alguns atributos.”
“Sério?” Ele diz com uma única sobrancelha levantada.
“Arrogante.”
“Estou ofendido.” Não há malícia em sua voz.
“Elegante.”
“Suponho que isso possa ser discutido.”
“Você mora em uma mansão na Inglaterra? Isso pode ser uma réplica.” Harry congela, e quando eu olho para ele, ele faz uma careta. Eu estava brincando. Ele, aparentemente, não estava.
“Uma coisinha pequena.” Ele levanta o dedo indicador e o polegar e pressiona-os para exagerar seu argumento.
“É realmente pequenininha?”
“Hum... não.”
“Quantos quartos?”
Harry suspira. “Sério, Faith, não podemos...”
“Quantos Harry?”
“Quartos de dormir? Vinte e três.” Eu paro de respirar. “Isso é só na casa principal. Depois, há os anexos.”
“Anexos”, repito.
“Casas de hóspedes. Temos... algumas delas na propriedade.”
Certo, digo, começando a perceber que realmente há um mundo inteiro nos separando. Eu normalmente não daria a mínima para isso, mas... 23 quartos filhos da puta!
“Não importa”, diz ele, e ouço o apelo de pânico em sua voz para eu não o evitar. Seus lábios estão entreabertos, e ele olha para mim de uma maneira tão afetuosa que faz meus dedos do pé se curvarem.
Passo minhas mãos pelos cabelos dele, os olhos de Harry se fechando com o conforto. “Você pode parecer orgulhoso.”
“Em ocasiões.” A inclinação divertida em um dos cantos de seus lábios está de volta.
“Pode-se dizer, preconceituoso.”
“Não”, argumenta. “Eu acho que esse se encaixa melhor em você.” Abro minha boca para protestar, mas ele provavelmente está correto.
“Ok. Bem, com essa observação, devemos deixar isso para lá?”
“Claro.” Inclino-me e beijo-o, suas mãos abrindo meu robe e movendo para minha bunda.
Dou um gemido em sua boca, mas me afasto. “Venha”, digo e estendo minha mão para ele pegar. “Vou usar bem essa cozinha cara e intocada e maluca e cozinhar para você.”
Harry faz o que eu pedi. Enquanto seguimos para a porta, um livro se destaca de uma prateleira, que não estava alinhado com os outros, como se tivesse sido lido recentemente e não foi recolocado corretamente. Meu pulso acelera. Amante de Lady Chatterley.
“Faith?” Harry pergunta, passando os braços em volta dos meus ombros e beijando minha bochecha. “Você está bem?”
“Tudo bem”, digo, tão confusa que parece que uma há uma névoa invadindo minha cabeça. Afasto essa névoa. Foi coincidência. Deve ser. Não tem como Harry ser...
Eu me viro para olhá-lo. Todo certinho e adequado e muito britânico. Ele é um maldito visconde pelo amor de Deus. Não havia como ele estar de alguma forma ligado a NOX. É impossível. Meu pulso se acalma, pego sua mão e o puxo para a cozinha.
Abro os armários, procurando o equipamento e os ingredientes certos. Harry serve uma taça de vinho para nós dois e senta-se no bar do café da manhã, sem tirar os olhos de mim. “Ah-ha!” Eu digo, encontrando a máquina de fazer macarrão e os ingredientes que eu preciso. Coloco-os no balcão onde Harry está sentado. “Por que diabos você tem todas essas coisas se não cozinha?” Eu pergunto, começando a preparar a tigela com os ingredientes para a massa fresca. Tortelli de Zucca, minha favorita.
“Eu odeio te contar”, Harry diz e toma um grande gole de vinho. Quanto mais álcool ele consome, mais relaxado fica.
“O que?”
Ele faz uma careta. “Eu tenho um chef que aparece quatro vezes por semana enquanto estou no trabalho. Ele prepara minhas refeições.” Ele aponta para o rolo de macarrão. “É por isso que tudo isso está aqui. Perguntei o que ele precisava. Ele me deu uma lista. Não tenho ideia de para o que é a maioria delas.”
“Harry”, digo, parando para colocar minha mão sobre a dele. “Essa é a coisa mais elegante que você já disse.”
“Você está certa. Embora eu pudesse me ouvir murmurando ‘onde está meu lenço de bolso favorito?’ outro dia e imediatamente pensei que, se você estivesse lá, eu nunca teria ouvido o final.”
Sorrio, derramando a farinha, enviando uma nuvem branca ao ar. Eu sopro para longe do meu rosto e tenho certeza de que agora está no meu cabelo.
“Faith, você é a pessoa mais desajeitada que eu já conheci.”
“Eu sei”, digo, depois que a nuvem desaparece e continuo cozinhando. “Eu gosto de pensar que é sexy de uma maneira indireta.”
“Sexy desajeitada”, Harry concorda e levanta a taça.
“Sexy desajeitada.” Começo a amassar a massa. “Então, você disse na casa dos meus pais que você foi para Eton?”
Sim, estou usando isso como uma desculpa para descobrir mais sobre ele. Ele é um arquivo malditamente trancado. Eu preciso abri-lo. Os lábios de Harry se contraem; ele sabe exatamente o que estou fazendo. “Harry, você jantou com meus pais. Eles te contaram sobre mim e todas as minhas maneiras coloridas. Dê-me algo aqui. Acabamos de foder como coelhos.” Aponto para ele com meu rolo. “Um deles tem um pau enorme. E embora isso seja uma coisa boa, a outra coelha vai ficar ardida por dias, portanto merece algum tipo de compensação.”
“Portanto?” Harry diz secamente. “Você acabou de dizer ‘portanto’.”
“Responda minhas perguntas ou o macarrão será lhe negado.”
Harry levanta as mãos em sinal de rendição. “Não ameace isso. Por favor. Vou lhe contar qualquer coisa que precise saber.”
“Eton. Vai.”
“Fui enviado para lá aos onze anos. Para o ensino médio, como você diz aqui na América.”
“Você gostou?”
“Não foi ruim.” Ele passa a ponta do dedo pela borda da taça de vinho, perdendo-se nas lembranças. “Eu apenas sentia falta de casa. Eu sentia...”
“Sua mãe.” Então sinto tristeza ao lembrar do hospital e que ele tinha doze anos quando sua mãe morreu. “Harry, por favor, me diga que você estava com ela, quando...”
Ele balança sua cabeça. “Eu estava na escola. Meu pai ligou para a escola quando ela morreu. Eu não conseguia falar quando me disseram. Nunca consegui me despedir. Sabia que ela estava fazendo testes, mas não me disseram mais nada. Descobri mais tarde que meu pai não queria que isso afetasse meus estudos.”
“Ele te escondeu dela?” Sussurro, parando o que estava fazendo.
Harry passa a mão na cabeça. “Você tem que entender, minha mãe era o sangue vital que meu pai havia negado quando criança. Era um tipo de casamento arranjado. Ele teve que se casar bem, como ela. Minha mãe me disse uma vez que nunca esperavam se apaixonar. Mas eles se apaixonaram, rápido e profundo. Quando ela ficou doente, ele entrou em negação.”
Harry respira fundo e continua. “Acho que ele sentiu que, se não me chamasse, não era realmente o fim para ela.” Harry levanta a cabeça quando eu ando até ele e me sento em seu colo. “Quando fui para casa no funeral, o homem que eu conhecia e amava se foi. E em seu lugar estava o homem que ele é agora. Frio, distante. Faltando metade de seu coração e alma.” Harry olha nos meus olhos. “Eu nunca entendi como ele mudou tanto...” Ele engole em seco e deixa isso pairar no ar entre nós.
Fico tonta com a quantidade de carinho em seus olhos quando ele olha para mim. Harry me beija. “Quando eu tinha dezoito anos, fui para a universidade. Mas sempre soube que iria entrar no negócio da família. Eu queria. Às vezes pode ser difícil.” Sei que ele está falando sobre seu pai novamente. Eu o beijo na bochecha e vou cortar a abóbora para o recheio.
Enquanto corto a abobora, algo que Harry disse circula na minha cabeça. “Harry”, eu pergunto e encontro seus olhos. “Você mencionou que seu pai e sua mãe tiveram um tipo de casamento arranjado.” Harry para, empalidecendo um pouco. “Eu vi você em revistas, com uma mulher com cabelos loiros e olhos bonitos.”
“Louisa”, ele diz rigidamente, o velho Harry erguendo a cabeça.
Eu deixo cair a faca. “Você deve se casar bem? Quanto ao dinheiro? Outro membro da aristocracia?”
Harry fica parado por tanto tempo que penso que ele nunca mais vai se mexer. “Eu vou me recusar”, diz ele e se levanta. Ele dá a volta no balcão e me levanta para sentar-se nele. Segurando meu rosto, ele diz, “Existem certas expectativas para mim. Casar-se bem, produzir herdeiros, nunca sair da linha. Não envergonhar a família, não fazer nada que abale a posição da famosa dinastia Sinclair.” Meu coração despenca com tudo o que ele diz.
“Eu escrevo uma coluna de sexo, Harry. Uma bem impertinente. Sou filha de um imigrante italiano e americano de primeira geração, nenhum dos quais jamais soube como era ter dinheiro.” Sinto meus olhos brilharem e me odeio por isso. “Isso”, eu digo apontando dele para mim. “É apenas sexo, certo? Uma história para contar aos seus amigos na Inglaterra. Você transou com a senhorita Bliss e lhe deu alguns remédios.”
“Não Faith. Certamente que não.” Eu tento desviar minha cabeça do seu olhar, mas as mãos de Harry nas minhas bochechas a mantém no lugar. “Alguma parte de estarmos juntos parecia nada? Alguma parte disso parece uma merda?”
“Não.”
“Porque não é. Olhe para mim, por favor”, ele implora quando abaixo meus olhos. Eu os ergo e vejo com clareza cristalina a convicção escrita em seu rosto. “Essa não será a minha vida.” Harry beija minha testa. “Decidi há muito tempo que não queria. Então você apareceu, me irritando e me deixando louco. Sorrindo sarcasticamente para mim, me acertando com suas piadas, e eu sabia que estava rendido. E aquelas saias lápis malditas que você usa no escritório.” Sorrio e ele sorri. “Você me fez parar de querer, Faith, e me fez desejar isso.”
“Então, isso não é apenas sexo?” Eu pergunto.
“Há sexo”, Harry diz e pressiona seu pau duro entre as minhas pernas. “Haverá muito e muito sexo. Mas...” Ele beija as costas da minha mão. Minha respiração falha. Harry Sinclair, agindo como um príncipe encantado da vida real, será a minha morte. “Não. Não é só isso que eu quero.”
Eu me sinto renascida. Eu me sinto como um fogo de artifício no dia da independência explodindo em um milhão de cores em um céu escuro. “Fique comigo esta noite, Faith. Vamos comer o macarrão, assistir televisão e voltar para a cama. Fique comigo. Por favor.”
“Ok.”
Harry me beija completamente. Quando se afasta, ele diz, “Quanto à minha casa na Inglaterra, você a verá em breve.”
Eu faço uma careta. “O que?”
“É o centésimo aniversário da HCS Media. Meu pai pediu ao chefe de cada publicação que indicasse algumas pessoas de sua equipe para serem transportadas para nossa propriedade para uma festa de verão para celebrar o aniversário do marco. Vi e aprovei a lista de Sally na semana passada. Ela escolheu você como um dos membros da equipe para representar Visage.”
“O que?” Eu pergunto novamente. Harry me puxa para mais perto da beira do balcão. Dou um gemido quando sua dureza pressiona entre as minhas pernas.
“Deixe-me mostrar-lhe quando você vier.”
“Onde vamos ficar?”
“Na propriedade. Tudo é pago. Meu pai queria que fosse uma verdadeira celebração.” Harry beija meu pescoço, minha bochecha e depois minha boca, e eu me perco em seu toque. “Mas quero você no meu quarto, na minha cama. Comigo.”
“Sim”, digo e fecho os olhos.
O macarrão foi servido mais tarde naquela noite. Muito depois. Fiquei com Harry naquela noite e nas noites seguintes. Ninguém sabia sobre nós dois. E toda vez que o beijava, eu me sentia caindo cada vez mais fundo. E quando ele dormiu, minha cabeça em seu peito e seu braço e cheiro me envolveram, eu sabia a verdade pela qual meu coração batia. Eu nunca falei essas palavras em voz alta. Mas quando fechei meus olhos e Harry me puxou para seu peito, seus lábios procurando os meus mesmo com sono, não podia mais negar meus sentimentos.
Eu, Faith Maria Parisi, me apaixonei por Harry Sinclair.
E eu me apaixonei por ele com força.
CAPÍTULO QUINZE
“Mama sexy!” Sage canta quando saio do meu quarto como Gigi Hadid nas passarelas de Paris.
“Você parece uma bola de glitter sexy”, diz Novah.
“Vocês todos parecem incríveis também. Sage, cheio de estilo. Amelia, o azul é definitivamente a sua cor, e Novah, Jessica Rabbit, morreria de inveja!”
“Bebidas!” Novah grita e nos serve algumas doses. Esta noite é o Manhattan Media Charity Ball. Sage e Amelia são de Novah e meus acompanhantes. Estamos com roupas de gala, botas e embarcando no trem embriagados.
“Você vestiu seu sutiã de vodca, Faith?” Sage pergunta. Com algumas costuras astuciosas feitas pelo papai, meu sutiã de vodca foi concertado e voltou à ação.
“Não precisa, meu amigo, é um bar gratuito.” Eu balanço minhas sobrancelhas. “Minhas taças tamanhos G naturais podem respirar livremente hoje à noite.”
“Ah, bar grátis”, diz Sage. “As palavras mais doces que já foram ditas.”
“Então,” Novah pergunta quando bebemos outra dose. “Harry estará lá.”
“Sim. E?” Eu digo inocentemente.
“Oh, pare com isso, Faith”, diz Sage e pressiona a mão sobre o coração. “É como a Cinderela, edição do Brooklyn.”
“Faith, você passou todas as noites na casa dele esta semana. Ele deixa você às sete da manhã todas as manhãs e, sinceramente, Sage e eu estamos observando vocês dois se beijarem em despedida pela janela”, diz Amelia.
“Pervertidos”, eu digo, estreitando os olhos nos dois.
“Você não nos diz mais nada”, diz Novah. “Precisamos descobrir por nossos próprios meios.”
“Porque não tenho certeza do que está acontecendo!” Eu digo, soprando alguma frustração reprimida. “Sim, fico com ele. Fodemos como ninfomaníacos sobre efeito do Viagra. Mas não conversamos sobre a vida fora de seu apartamento. É novo, e não faço ideia de para onde isso vai. Estamos apenas vivendo um dia de cada vez.”
“Você deveria estar com Maître novamente amanhã à noite”, diz Sage. Ele joga o braço em volta dos meus ombros. “O que você vai fazer, menina?”
“Ir”, digo e vejo choque no rosto dos meus amigos. Suspiro. “E dizer a ele que conheci alguém e não posso mais fazer tortura sexual com ele.”
“Oh. Meu. Jesus. Cristo.” Novah fica bem na minha frente. “Você gosta do Harry. Como, gosta dele.” Eu não nego. Qual é o objetivo? É verdade, e esses são meus melhores amigos. Eu contei tudo a eles.
“Oh, Faith.” Amelia me abraça com tanta força que sinto um nó na garganta. “Estou feliz por você. Você merece amor. É tudo que eu sempre quis para você.” Eu a beijo na bochecha quando ela me solta.
“Estou enlouquecendo”, digo, com a mão na cabeça, sentindo uma leve descarga de ansiedade. “Ele é Henry Sinclair III, um visconde da Grã-Bretanha. Eu sou, uma garota de Hell's Kitchen com a boca suja como um esgoto. Detesto dizer isso, porque você sabe que, em geral, digo foda-se, e quem desaprova qualquer decisão que tomo pode comer merda e morrer. Mas há tantas coisas que eu nem sei sobre Harry. Toda a sua vida na Inglaterra, por exemplo. O pai dele, com quem eu nunca falei. Todas as pressões que ele sofre com os negócios.” Eu sinto que estou prestes a hiperventilar. “Ele é bilionário. Um maldito bilionário. Não consigo nem imaginar essa quantia de dinheiro na minha cabeça, muito menos namorar alguém que tenha tanto dinheiro no banco.”
“Faith, vamos lá. Esta não é você.” Sage segura meus braços. “Você é a Faith maldita Parisi. E se você quer Harry, e ele quer você, basta dizer ‘foda-se’ para os pessimistas.”
“Eu sei”, digo, e afasto a dúvida da minha cabeça. “Mas até os mais ousados de nós podem ter um pouco de oscilação de vez em quando, certo?”
“Certo”, diz Amelia, me abraçando ao seu lado. “Mas então enfrentamos o mundo, sem desculpas sobre quem somos. Sim?”
“Foda-se, sim”, diz Novah e nos entrega a última dose.
Nós bebemos e seguimos para o The Plaza Hotel. Assim que o táxi para no meio-fio e entramos no saguão, vemos que o lugar está pingando cristais opulentos, e buquês cuidadosamente arranjados que foram perfeitamente colocados ao redor da entrada e no próprio salão de baile.
Música do DJ vem dos alto-falantes gigantescos, e mesas redondas cobertas de branco e dourado enchem o salão, permitindo um grande espaço para uma pista de dança. Parece que o lugar está lotado com todos os empresários de Manhattan.
“Bebidas?” Sage sugere. Nós seguimos para o bar. Sage pega para nós quatro taças de champanhe (é claro). Examino o salão de baile, mas é um mar de smoking preto e branco.
“Ele não poderia ter usado algo vermelho e branco – como Onde está Walli? Para que ele fosse mais fácil de encontrar?” Eu digo, assim que sinto alguém se mover atrás de mim.
“Essa paleta de cores realmente não combina com o meu tom de pele, receio.” Eu me viro e Harry está ali, bem na minha frente, parecendo todo sensual e sexy em um smoking que abraça todos os seus melhores lugares. Ele estende os braços. “Cortesia de Lucio Parisi.”
Meu peito esquenta e meu coração incha. Porra, eu sou patética. Muito patética e muito, muito na merda quando se trata desse visconde sexy como o pecado.
Um homem loiro devastadoramente bonito chega ao lado de Harry. Ele passa uma taça de champanhe para ele. Ele sorri quando me pega olhando. “Faith, este é Nicholas Sinclair, meu primo.”
“E melhor amigo”, acrescenta ele, antes de apertar minha mão. “Então, você é a famosa Faith. Eu já ouvi tudo sobre você.” Ele aproxima sua cabeça. “E apenas entre mim e você, sou um ávido leitor da sua coluna. Estou nos escritórios de Londres e devo dizer que sua coluna semanal é o destaque do meu domingo.”
“Ora, obrigada, gentil senhor”, digo, admirando outro sotaque britânico ridiculamente sofisticado.
Ouço Sage tossir atrás de nós e dou um passo à frente quando ele me dá uma cotovelada nas minhas costas. Olho irritada para ele, mas depois sorrio. “Harry, esses são meus melhores amigos. Você conhece Novah, é claro.” Harry a beija na bochecha. “Esta é Amelia, ela é minha colega de quarto e melhor amiga.”
“Prazer em conhecê-la”, diz Harry, seu charme fazendo Amelia corar.
“E este é Sage, o terceiro fio do nosso tripé, nosso melhor amigo e vizinho do outro lado do corredor.”
“Ouvi falar muito de você”, diz Sage.
Então é a vez de Nicholas ser apresentado. Ele cumprimenta meus amigos com sorrisos radiantes, mas quando ele aperta a mão de Sage, é como se ele tivesse visto o sol pela primeira vez em sua vida (o que, vindo da Inglaterra, pode ter sido verdade).
“Sage?” Ele diz. “Como a erva.”
“O mesmo.” Sage levanta sua taça vazia. “Você precisa de outra bebida, Nicholas?”
“Sempre”, ele responde, e eles se movem para o bar. A tensão sexual os irradia como calor de uma fornalha.
“Bem”, diz Harry. “Isso não demorou muito.” Ele ri e, discretamente, segura minha mão e aperta meus dedos. “Com licença, senhoras”, diz ele a Amelia e Novah.
Harry me puxa pela multidão e entra em uma alcova deserta no fundo do salão. “Você está tão linda”, ele diz e desliza os olhos pelo meu vestido de lantejoulas prateado com decote redondo. Ele admira meu cabelo, caindo em ondas pelas minhas costas.
“Você está bonito também”, eu digo, Harry segura meu rosto e esmaga sua boca na minha. Ele geme na minha boca.
“Esta noite vai ser longa”, diz ele e solta um suspiro. “Você vai pra casa comigo?”
“Oh, claro que sim. Você já está me pressionando.”
“Se for demais”, diz Harry, fingindo estar ofendido com a minha piada.
“Foda-se isso. Quero seu pau enorme na minha boca exatamente à meia-noite. Eu...”
“Henry?” Harry para ao ouvir a voz do seu pai atrás de nós. O King Sinclair aparece no canto e Harry se endireita, arrumando a gravata.
“Papai.”
O King olha para Harry; então desvia os olhos para mim. Ele sorri, mas sinto o frio do Ártico que ele está jogando na minha direção. “E quem é essa?” Ele pergunta, estendendo a mão.
Coloco minha mão na dele e ele beija as costas, exatamente como Harry costuma fazer. Mas quando Harry faz isso, eu desmaio como uma maldita dama. Quando o King me beija, sinto vontade de limpá-lo no meu vestido, mas receio que a resposta seria inadequada e grosseira. Então, novamente, ele sem dúvida acabou de me ouvir dizendo que eu queria o pau enorme do filho na minha boca, então não tenho certeza de quanto mais eu poderia cair em seu conceito.
“Pai, essa é Faith Parisi. Ela trabalha na Visage.”
“Sério?” Ele diz educadamente, mas o tom é qualquer coisa menos isso. “Muito bom. Uma publicação sólida.” Ele se vira para Harry. “Sinto muito afastá-lo, mas temos algumas pessoas para conhecer, filho. Ligações comerciais.”
“Claro.” Harry inclina a cabeça para mim como um verdadeiro cavalheiro. “Senhorita Parisi, foi adorável conversar com você.”
“Você também”, eu digo, sentindo meu coração desanimar por sua falta de carinho na frente do seu pai. Enquanto Harry se afasta, ele olha por cima do ombro, com desculpas nos olhos. Eu imagino que ele ainda não está pronto para o marco do encontro com o pai. Respirando fundo, volto para o salão de baile e encontro meus amigos. Eu dou a eles um resumo do comportamento gelado do King e pego mais algumas bebidas.
Adequadamente embriagados, tomamos nossos assentos para a refeição. Sage senta-se ao meu lado, os olhos fixos em Nicholas quando ele atravessa o salão para se sentar ao lado de Harry na mesa principal, onde o King Sinclair mantem a corte.
“Estou apaixonado.” Sage inclina a cabeça para trás dramaticamente. “Aquele sotaque. Aquele sotaque do caralho.” Ele se vira para mim. “Como você resistiu por tanto tempo, Faith? É como algo hipnótico ou alguma merda. Esqueça as poções do amor, eles só precisam engarrafar um cara gostoso falando com sotaque britânico e isso fará com que as pessoas caiam a seus pés.”
“Então o que você está tentando dizer é que gosta de Nicholas?” Eu pergunto sarcasticamente.
“Ele é perfeito.” Sage suspira. “Agora só precisamos que ele se mude para Nova York, e podemos correr para o pôr-do-sol, casar e viver felizes para sempre.”
“Isso é tudo?” Amelia diz secamente. “Isso é muito fácil!”
“Como está o Harry?” Sage pergunta. Eu o informei sobre o encontro com o King.
“Nicholas não falou muito, mas deu a entender que o King é muito duro com Harry.” Meus olhos vagueiam pelo salão, apenas para colidir com os de Harry. Ele me dá um sorriso secreto e toma um gole de champanhe.
Quando nossa comida começa a chegar, um homem se aproxima de Harry de uma mesa perto da fonte de champanhe. Ele tem a mesma altura e tamanho, mas tem cabelos castanhos claros em oposição às ondas de chocolate de Harry. Deus, esse visconde é tão perfeito que eu poderia comê-lo.
Harry se levanta e abraça o homem. Da nossa mesa eu posso ouvir o zumbido baixo de suas vozes, então... “Eles estão falando francês?” Eu pergunto, meu copo congelado no ar, ouvindo o idioma passar tão fluidamente da boca de Harry.
Meus amigos ouvem atentamente. “Sim”, diz Amelia, e meu coração bate tão rápido que tenho certeza de que rivaliza com um velocista olímpico.
“Eu não sabia que Harry falava francês”, diz Novah. “Então, novamente, ele foi para um internato caro, provavelmente fazia parte do currículo.”
Eu estou presa em Harry falando em francês fluente com esse homem misterioso. “Quem é aquele?”
Novah estreita os olhos para o homem, esperando que ele se vire. Quando o faz, tomando seu lugar à mesa, Novah diz, “Ah. Eu o reconheço agora. Esse é Pierre Dubois...” A voz de Novah para de falar; então ela encontra meus olhos. Eu paro de respirar e estou perigosamente perto de cair da cadeira e bater no chão de madeira. “Ele é francês”, diz Novah, claramente na mesma página que eu.
“Dubois”, digo. “Como o banco?” Um enorme banco com escritórios em todo o mundo.
“Como o banco”, diz Novah. Ela arrasta a cadeira para mais perto. “Faith, você acha que ele é...”
“Maître”, eu sussurro.
Sage e Amelia viram a cabeça para Pierre, repentinamente interessados na conversa entre mim e Novah.
“Ele é lindo”, diz Amelia; então ela olha para mim. “E ele parece ser um bom amigo de Harry.” Ela empalidece. “Oh. Ele parece ser realmente um bom amigo de Harry. Que estranho.”
“Está quente aqui?” Eu digo, destruindo um guardanapo que havia sido dobrado em um cisne e balançando diante do meu rosto, tentando pegar um ar muito necessário. Harry e Pierre são amigos. Um homem que é possivelmente Maître e Harry, com quem eu dormia há uma semana. Amigos. Claro que são. Pierre, que eu tenho certeza que me amarrou de todas as maneiras imagináveis e me fodeu em todas as posições no Kama Sutra e além.
“Eu não estou me sentindo muito bem”, digo e me levanto.
“Faith? Você está bem?” Pergunta Novah.
“Só preciso de um pouco de ar.” Eu cambaleio em direção à saída, minha visão embaçando quando passo pela mesa de Maître. Eu me sinto balançando para a esquerda, procurando algo para encontrar equilíbrio. E encontro, diretamente na fonte de champanhe.
Minha mão corta a camada central, trazendo a coisa toda para o chão. Eu escorrego sobre o champanhe derramado, aterrissando na minha bunda, enquanto os vidros quebrados criam uma sinfonia ao redor do salão.
Claro que isso está acontecendo comigo agora!
Ficando de quatro, tento me levantar, mas continuo escorregando no chão molhado, aterrissando repetidamente na minha bunda, o que, ao que parece, não é nada como ser espancada.
Nesse momento, sinto que a coisa mais humana a fazer, para mim e para todos os outros na sala, é pressionar meu rosto na pequena poça de champanhe que se reunia ao meu lado e me afogar para não ter que enfrentar as muitas pessoas que estão me assistindo me humilhar agora. E que maneira chique de morrer – se afogando em Cristal. Afinal, estamos no Plaza. É preciso morrer em grande estilo.
“Você está bem?” Um sotaque fortemente francês pergunta. Eu levanto minha cabeça, e lá está ele: Pierre fodido Dubois ou, como eu o conheço, Maître Auguste, me oferecendo sua mão. Enfio minha mão na dele, permitindo que ele me levante. Sejamos honestos, não é a primeira vez que ele me vê de joelhos. De fato, ele me viu de joelhos, costas e abdômen; presa em troncos; amarrada em cordas; e acorrentada à parede... a lista é interminável!
“Você está bem?” Ele repete, a música de fundo disfarçando parcialmente sua voz. Eu olho para a mão dele. É o mesmo tamanho de Maître. Sua altura e tamanho são tão certos para Maître.
Eu não consigo respirar!
“Eu preciso de ar”, digo e corro do salão. Vou em direção à porta principal, inalando a brisa úmida que o verão de Manhattan oferece. Os seguranças me dão olhares de soslaio, mas malditos sejam. Eles não sabem que eu acabei de ver meu mestre sexual conversando com meu atual amante?
“Mademoiselle, está tudo bem?” Os pelos da minha nuca se levantam ouvindo o forte sotaque francês novamente. Eu me viro lentamente, finalmente vendo-o sem a capa e a máscara, exposto para mim em toda a sua glória parisiense. Seus olhos castanhos me encaram. Não prateado, mas marrom escuro. Cabelos perfeitamente penteados, uma mandíbula forte e uma visão clara daqueles lábios carnudos que apareciam apenas em uma fração da máscara de porcelana que ele sempre usava.
“Estou bem”, digo, encontrando minha voz, que tinha decidido sair de férias exatamente quando eu mais precisava. “Estou acostumada a ficar de joelhos.” Eu balanço minhas sobrancelhas, inclinando-me para a frente, esperando que ele entenda. É hora de parar com essa merda. Eu preciso que ele confesse quem ele é. Ocorre-me que ele também não sabe quem eu sou. Então eu chego mais perto. “Pode-se dizer que estou de joelhos tanto quanto uma submissa sexual.” Ok, não foi sutil, mas o cara deve entender agora.
“Você tem certeza que está bem?” Ele diz, seu sotaque exatamente o mesmo que o de Maître. Ele está brincando comigo?
“Mon petit chaton!” Eu digo, a voz levantada. Pierre não mostra uma pitada de reconhecimento; ele apenas parece assustado.
“Mademoiselle, acho que você pode ter machucado a cabeça quando caiu.” Reviro os olhos. Mas quando estou prestes a mencionar o uso de prendedores de roupa como brinquedos sexuais, Harry vem correndo do salão de baile.
“Faith!” Ele segura meu rosto, estudando meus olhos. “Você está bem? Você está machucada em algum lugar?”
“Apenas meu orgulho está ferido”, eu mostro a ele o traseiro do meu vestido. “E eu estou molhada. Muito molhada.” Então olho para Pierre e prendo meu olhar no dele. Ele exala um longo suspiro, dando um grande passo para trás.
“Vou deixá-la com você, Henry.” Pierre pronuncia Henry como ‘En-ri’. É ele. Eu sei que sim. Eu paro quando percebo que agora sei quem é o infame Maître da NOX. Um homem que está preso em uma vida cotidiana mundana. Ele é banqueiro, quanto mais aborrecido poderia ser um emprego do que isso? Ele vinha de dinheiro familiar. Teve pressões. Foda-me. Pierre Dubois, do Banco Dubois, é Maître Auguste.
“Faith, você está me preocupando”, diz Harry. “Você não parece muito bem. Você meio que ficou cinza.”
“Sim, não estou me sentindo muito quente”, digo e sopro uma respiração longa, alta e com a língua de fora. Não me importo em estar no Plaza. Essa noite havia se transformado em um furacão de tamanho épico, e eu só queria ir para casa. Maître ignorou minhas dicas. Harry o conhece, o que só piora, então seu pai...
“Harry?” O King Sinclair aparece na porta. Falando no diabo. Ele olha para mim e sei que algo está mexendo em seu cérebro. “Os discursos estão prestes a começar. Você precisa dar o da HCS Media.” O King se dirige a mim. “Senhorita Parisi, lamento que tenha sofrido um acidente.”
“Eu também”, digo.
“Estou indo, pai”, diz Harry, com a maior severidade que eu já o ouvi falar.
Estudo o King e entendo o que Harry havia dito sobre o pai perder a felicidade depois que a mãe morreu. Ele é como a concha de um homem, simplesmente existindo, como uma sombra. Esperava-se que se movesse roboticamente pela vida como um homem de sua posição social e sucesso nos negócios.
“Pai, me dê um minuto!” O King parece momentaneamente surpreso com a dureza de Harry, mas ele faz como seu filho diz.
“Vou chamar seus amigos”, diz Harry.
“Deixe-os ficarem. Divertirem-se.” Eu verifico se não existe nenhum perigo e dou um beijo suave em sua bochecha. “Vou pegar um táxi para casa e vou dormir.” Posso ver que Harry também quer vir. “Vá fazer seu discurso. Arrebente com eles.”
“Eu posso ir com você? Mais tarde? Para a sua casa? Sei que ainda não fizemos isso, mas...”
“Sim”, digo imediatamente. Este homem é minha criptonita pessoal. “Eu adoraria. Mande-me uma mensagem quando estiver a caminho.”
Harry levanta a mão e me leva a um táxi que parou no meio-fio. Ele abre a porta, dá ao motorista meu endereço e me beija nos lábios. “Eu estarei lá o mais rápido possível.”
Quando o táxi entra na rua, fecho os olhos. Eu tenho tudo o que precisava para a minha matéria agora. Sei quem é Maître. Meu estômago revira com os nervos, imaginando o que Harry faria com a matéria quando terminasse. Ele descobriria sobre o meu tempo na NOX. Mas ele não pode ficar bravo. Foi antes de sermos alguma coisa. Mas, por alguma razão, meu coração está em nós por toda a jornada de volta para casa, doendo no peito, uma dor maçante, mas persistente.
Só piora quando Harry sobe na cama comigo duas horas depois, deslizando dentro de mim e me dividindo em nada além de células que estão desesperadas para se juntar às dele. Quando Harry adormece, me segurando firmemente contra seu peito, sei o que tenho que fazer na noite seguinte.
Então eu serei de Harry. Completamente. E essa é a coisa mais aterrorizante de todas.
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Uma roupa foi arrumada para mim no meu vestiário privado, como sempre. A seleção desta noite é um sutiã de couro com as taças removíveis e calcinha. Passo a mão sobre o material e não posso deixar de sorrir. Eu aprendi a amar esse lugar. É exatamente como Maître havia descrito, um paraíso onde as pessoas podem ser livres. Eu sou livre aqui. Sob seus comandos. Ele me fez querer ele, mas estando com Harry, percebi que o que eu achava que gostava em Maître não era real. Não tenho certeza se algo foi real, ou apenas um sonho realmente perverso que ficará comigo por toda a vida.
Certificando-me de seguir as regras e entender por que o anonimato tem que ser da maior importância, coloco meu véu e pego o elevador para o último andar. Quando entro na sala, os sons melódicos de Andrea Bocelli imediatamente me cercam. Passo as mãos sobre os troncos e sorrio com carinho para a gaiola de pássaros e a cruz de Santo André.
Eu me viro para o trono e paro bem diante dele. Ouço a porta dos fundos se abrir e Maître entra. É estranho, como saber quem ele é por baixo, mudou a dinâmica entre nós, pelo menos do meu lado. Eu não tenho ideia se ele sabe quem eu sou ou se era ele falando comigo na noite passada. Se ele sabe, provavelmente está prestes a me dispensar.
“Mon petit chaton?” Ele pergunta, se movendo na minha frente, baixando os olhos prateados para o meu sobretudo. “Você não está vestindo o que foi escolhido para você.”
Uma sensação de retidão toma conta de mim e eu concordo com a cabeça. “Receio que não, Maître.” Eu respiro fundo. “A coisa é... conheci alguém.”
Maître fica em silêncio por tanto tempo que não sei se ele está ofendido ou aliviado. Finalmente, ele inclina a cabeça. “Ele é um homem de muita sorte.” Ouço carinho genuíno em sua voz, o que ajuda com toda a situação. “E isso para a nossa diversão?”
Eu imaginei trazer Harry aqui, para este quarto, e sorrio, tentando segurar minha risada de como seus olhos iriam quase saltar da cabeça ao ver alguns desses dispositivos. É incrível a rapidez com que dispositivos de tortura medievais podem se tornar itens muito amados.
“Receio que, tanto quanto nosso tempo aqui tenha sido revelador e agradável, e compartilhamos muitos, muitos... muitos, muitos, muitos orgasmos...” Maître ri. “Mas eu sou mulher de um homem só, e tenho medo de onde você possa prolongar meus orgasmos com uma palavra, meu cara consumiu meu coração, e isso superou tudo.”
“Você encontrou aquele que vale a pena”, diz Maître. Levo um momento para entender que ele está se referindo ao Amante de Lady Chatterley.
Eu bufo uma risada. “Algo parecido.”
Maître se aproxima, seu perfume não mais me prendendo da mesma maneira que o de Harry faz. Jesus. Eu estou ferrada e sei disso. Mas adoro isso secretamente, mesmo que parece como cair livremente de um penhasco, rezando para que o objeto de meu afeto esteja lá embaixo com uma rede de segurança ou, pelo menos, uma rede de peixes de tamanho grande.
Ele dá um beijo na minha bochecha, por cima do véu. “Vou sentir saudades. Mas eu entendo. É tudo o que queremos da vida, não? Encontrar alguém com quem podemos ser nós mesmos. Quem nos ama por nós mesmos. Não importa quais sejam nossos desejos ou que segredos possamos guardar.” Eu penso que é uma maneira estranha de acabar com as coisas, mas, novamente, ele é francês.
“Você certamente encontrará outra ninfeta disposta a manter sua cama quente.” Eu faço uma careta. “Na verdade, não mantenha a cama quente. Esse lençol de PVC irrita e está sempre muito frio. Talvez pense em algo que não é tão duro assim.”
“Seu feedback é apreciado, ma chérie.” Ele se vira para voltar ao seu quarto particular. “Au revoir, mon petit chaton. Bonne chance24.” Ele desaparece em seu quarto e me deixa sozinha em sua sala.
Penso nas palavras dele, no que ele havia dito sobre segredos, e espero que algum dia ele encontre alguém de quem não tenha que se esconder. Que garota não gostaria de saber que o amor de sua vida possui uma masmorra sexual maldita e pode foder como um deus? Ela seria uma mulher de sorte.
Quando desço no elevador e passo pelo vestiário pela última vez, fico triste por não ver mais Coelhinha, ou Alfred e suas calças sem bunda.
Saio para o estacionamento subterrâneo, supondo que tenho uma caminhada à minha frente antes de ficar acima do solo e pegar um táxi. Então meu coração aperta ao ver meu carro pessoal já me esperando. Viro-me para a câmera acima de mim e, não tendo ideia se Maître está assistindo ou não, mando um beijo de agradecimento e entro no carro.
Eu encerrei com a NOX.
Maître perdeu uma submissa, mas eu ganhei Harry. E isso, eu sei, é insubstituível.
CAPÍTULO DEZESSEIS
UM MÊS DEPOIS...
“PAI, NÃO. NÃO SE ATREVA!” Meus olhos se abrem, vendo o sol da manhã entrando pelas cortinas. Estendo as mãos e encontro os lençóis frios ao meu lado. Dou um gemido no meu travesseiro quando ouço a voz de Harry na sala da frente. Achei que estava sonhando ouvi-lo falar, mas quando ele cospe, “Pai. Papai? Pelo amor de Deus!” Em um volume alto, sei que é ele.
Saindo da cama, vou na ponta dos pés até a sala e pego meu roupão na porta. Está certo. Minha túnica. Em um mês, Harry e eu passamos de próximos a quase inseparáveis. E tem sido uma felicidade. Não do tipo “Pergunte a Senhorita Bliss”, mas sim uma verdadeira felicidade de fadas e unicórnios.
Ontem à noite entreguei meu artigo para Sally. Ela está aproveitando o fim de semana para ler. Eu me sinto mal com o pensamento dela o rejeitando. Eu também temo finalmente ter que contar a Harry tudo isso. Decido esperar até que Sally o aprove. É uma coisa estranha ter que explicar isso a um amante, mas espero que ele tenha a mente aberta o suficiente para entender. Inferno, ele conhece Pierre Dubois; ele provavelmente sabe exatamente o que há lá embaixo. Em minha defesa, eu terminei quando ficamos juntos. E não me arrependo de um único dia desde então. Pode não haver brinquedos sexuais em nossa cama, mas Harry não precisa deles.
Quando entro na sala, sou recompensada com uma vista fantástica das costas nuas de Harry e sua bunda empinada em pijama de seda. Suas mãos estão nos bolsos e ele parece tenso. Eu me aproximo dele, e quando passo meus braços em volta dele por trás, sinto como ele está rígido. Eu pressiono um beijo em sua coluna, e ele finalmente solta um longo suspiro e coloca a mão sobre a minha. Ele a leva aos lábios e deito minha bochecha contra seu ombro.
“Tudo certo?”
Harry abre e fecha a boca algumas vezes antes de finalmente dizer, “Meu pai voou para Nova York.”
“OK?” King Sinclair está no Reino Unido desde o desastre que foi o baile de caridade. Eu sei que Harry não esperava vê-lo até o baile de verão em sua propriedade em algumas semanas. “Por que ele voltou?”
Harry abaixa a cabeça e sinto a tensão pulsando nele como um sonar. “Ele quer se encontrar comigo hoje.”
Movendo-me em torno de Harry, eu me aperto entre ele e a janela. Eu estico meu lábio inferior. “Mas pensei que íamos passar o dia juntos.” Olho para ele através dos meus cílios abaixados. “Eu tinha algumas coisas muito legais planejadas para nós.” Cubro minha boca com as mãos. “Opa! Eu disse legal?”
Caio de joelhos e puxo o comprimento do pau de Harry do pijama. Caio na gargalhada quando começa a subir, como uma bandeira sendo puxada para cima de um mastro diante dos meus olhos.
Quando está totalmente ereto e balançando na minha frente, dou-lhe uma saudação firme de marinheiro. “À vontade, capitão”, digo. Obviamente, não desinfla, então balanço a cabeça, mentindo. “Você está me desafiando, soldado? Vou ter que te ensinar uma lição.”
“Faith, por favor, pare de falar com meu pau como um soldado errante.”
“Não posso, Harry. Está sendo processado por corte marcial, e isso é tudo o que há.”
“Oh não me diga, qual será o castigo dele?” Eu ouço o humor em sua voz e amo que sou capaz de tirá-lo de sua amargura.
Eu pisco para Harry. “Uma chicotada completa de língua, é isso.” Na hora, levo Harry para a boca, gemendo com o assobio que escapa de seus lábios e com que força suas mãos enfiam nos meus cabelos. Eu sou implacável.
“Faith”, ele geme, batendo o quadril para frente. Meus olhos lacrimejam enquanto luto para pegá-lo. Mas eu sou uma boa comandante a bordo e concluo o trabalho com uma pequena ajuda das minhas mãos. “Faith, eu vou”, diz Harry, e eu o provo na minha língua.
Depois que me afasto, aponto para o pau exausto dele. “Que seja uma lição, soldado. Agora, a caminho.”
Eu grito quando Harry se abaixa e me pega do chão, me carregando até a parede mais próxima. Em segundos, minha túnica está fora e, em menos de um minuto, estou cheia da tripulação que acabou de me desobedecer. Parece que ele não gosta de seguir regras.
Harry bate em mim com tanta força que a parte de trás da minha cabeça bate repetidamente na parede. Mas não estou reclamando. Eu gozo como um foguete, e Harry rapidamente me segue, fodendo qualquer problema que estava tendo com seu pai para fora de seu corpo. Adoro quando ele fica duro e dominador.
Tento recuperar o fôlego quando Harry enfia a cabeça na dobra do meu pescoço, respirando com dificuldade. Aperto a ponta da minha mão em cada um de seus ombros e digo, “Dou o nome de Sir Headbanger, de sexo estupendo e selvagem na parede.”
“Você já calou a boca?” Harry diz secamente, mas ouço a provocação em sua voz e levanto a cabeça e sorrio.
“Não!” Eu pego suas bochechas. Amo o rosto áspero esfregando minhas mãos. Eu prefiro senti-lo entre minhas coxas, mas a menos que eu sente em seus ombros agora, isso terá que servir.
“E, por favor, diga, que autoridade você tem para me cavalgar?”
Eu ajo ofendida. “Eu, Henry Sinclair Terceiro, visconde e duque em treinamento, sou a rainha de Pussytown e você se curvará para mim ou corre o risco de ter seu pau cortado da virilha. Fui clara? Não vou tolerar traição.”
“Entendido, sua majestade”, diz ele na voz mais chique que pode reunir, com um ligeiro arco de cabeça.
“Sua Majestade. Eu poderia me acostumar com você me chamando assim.” Eu beijo os lábios macios de Harry. “Agora, sujeito leal, faça-me um café e diga-me, o que está acontecendo com o rei da terra do meu inimigo?”
“Deus, por favor, não chame ele assim, ele já tem um complexo de messias pelo que é.” Harry me coloca no chão e vou como um potro recém-nascido até a cozinha. Ouço Harry rindo atrás de mim.
“Ria o quanto quiser, Harry. Mas um dia vou prendê-lo com uma cinta do tamanho do seu Harry privado de vinte centímetros lá e ver como você consegue andar no dia seguinte.”
“Pegging25? De onde você vem com essas coisas?” Ele pergunta, realmente não querendo uma resposta. Deslizo para o banquinho, e Harry começa a fazer café em sua máquina de café chique, que usa grãos de Shangri-La ou algum outro lugar de burgueses. Para ser justa, eles têm gosto de céu, então eu permito.
“Ele sente que perdeu o controle sobre mim, então está voltando para afirmar sua autoridade. É isso que está acontecendo.”
“Ele disse isso?” Pergunto enquanto ele coloca o café na minha frente. Coloco minhas quatro colheres de chá de açúcar no copo, até que parece mais xarope do que creme.
“Não. Mas é isso que ele está fazendo.” Isso chama minha atenção e posso ver que ele quer me dizer uma coisa. Eu sinto que ele quer fazer isso nas últimas semanas. Harry tem momentos de tristeza, que eu sei que são devido à sua falta de família e às pressões de seu pai. Mas sinto que há algo mais também. Algo que o impede de se entregar completamente a mim. Eu gostaria que ele falasse comigo. Então, novamente, estou escondendo um segredo também.
Eu amei este mês, e quanto mais deixo de contar a ele sobre o grande artigo e o NOX, mais difícil se torna. Estou feliz, pela primeira vez, e não quero estourar a bolha que criamos para nós mesmos. Mas Harry parece torturado, e eu quero que ele confie em mim. Confie que nada do que ele possa dizer me afastará.
“Harry, algo está errado?” Pergunto timidamente.
Ele vira o assento giratório da banqueta em que estou sentada, então estou entre as pernas dele. Ele olha para mim por tanto tempo que acho que ele finalmente irá confessar o que o está incomodando.
Ele abaixa a cabeça e sussurra, “Não vou desistir de você. Eu...” Ele fecha os olhos. Quando eles abrem novamente, ele diz, “Não quero irritar meu pai. Eu não quero decepcioná-lo. Só não quero te perder.” Um rubor estoura nas bochechas de Harry e, levantando a cabeça, ele murmura, “Estou me apaixonando por você, Faith. Você sabe disso? Estou me apaixonando muito por você.”
Raios de sol explodem dentro de mim. “Eu também estou apaixonada por você”, digo, quando uma borboleta decide mergulhar dentro do meu coração e adicionar uma vibração à sua batida já estupidamente rápida.
“De verdade?”
“De verdade.”
Harry suspira aliviado, como se a minha resposta tivesse lhe dado um escudo de batalha muito necessário quando ele achava que toda a esperança estava perdida em sua guerra interior. Com quem e o que ele estava lutando, eu não tenho certeza.
“Vou falar com meu pai hoje”, diz ele, e sinto a convicção dessas palavras preencher o ar ao nosso redor.
“Pegue-o cowboy”, eu digo, dando um soco no braço dele, mas sentindo-me nervosa pela primeira vez em muito tempo.
Harry ri e eu posso respirar com calma novamente quando vejo as rugas ao redor dos seus olhos. As que só apareceram quando ele larga suas preocupações e personalidade gelada e me deixa entrar, não todo o caminho, mas estamos chegando perto. Essas são minhas rugas. Eu violei os direitos autorais desses bandidos e declarei minha propriedade.
“Deixe-me encontrá-lo hoje, e te vejo à noite. OK?”
Eu o saúdo novamente. “Sim senhor!”
“Faith, eu te imploro. Nunca se junte ao exército. Estremeço ao pensar no que aconteceria com o destino da nação se eles resolvessem as coisas como você acabou de fazer.” Harry me beija e vai para o seu quarto para tomar banho e se trocar.
“Haveria menos guerras e mais amor!” Eu grito para ele recuar.
Harry enfia a cabeça na porta. “E uma quantidade absurda de doenças sexualmente transmissíveis e casos de prisão.”
Pego uma maçã da fruteira na minha frente e jogo na porta, ouvindo Harry rir enquanto sinto sua falta completamente. Tomo meu café e me pergunto o que seu pai quer. Algo no meu íntimo me diz o que é, não é bom.
Mas Harry está se apaixonando por mim. Por mim. E eu certamente estou me apaixonando por ele. Eu lhe dei a cabeça, e ele literalmente me bateu na parede. Nós estamos bem. Tudo vai ficar bem.
Tenho certeza disso.
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“EU ME SINTO uma verdadeira dama nisso”, digo a Sage, mostrando-lhe o chapéu que está na minha cabeça. “Eu nunca tive uma desculpa para usá-lo. Agora tenho! Tudo graças ao seu colega pegando salmonela e seu chefe indo à mediação do casamento.” Eu levanto a mão para o sol escaldante do verão acima de nós. “Abençoe os deuses!”
No minuto em que entrei no meu apartamento nessa manhã, Sage correu para mim, dizendo-me para me vestir e reunir as tropas (Amelia e Novah). Ele marcou assentos na pista de corrida de Belmont Park e vamos para as corridas. Eu nunca vi corridas de cavalos nenhuma vez na vida, mas sempre pareceu divertido. E desde que meus planos sexuais durante todo o dia com Harry foram frustrados por King, estou jogando como o inferno.
“Não sei por que, mas nessas luvas brancas ando com a confiança da senhorita Universo.” Amelia estende as mãos e começa a acenar como a rainha. “Estou pensando em incorporá-las ao meu dia a dia. Tenho certeza de que os outros arqueólogos não se importarão de eu cavar terra com uma renda tão requintada.”
“Nunca, querida”, diz Sage, ligando os braços. Novah pega o meu do outro lado. “Agora, pronto, temos um camarote particular com nossos nomes.”
Abro a boca para a piada inevitável, mas Sage cobre minha boca. “Hoje, agimos como uma dama, Faith. Decoro no camarote o tempo todo.”
Reviro os olhos para ele e passamos pelos portões e para a arquibancada principal. Multidões aguardam a corrida começar. Ao longe, as bancas de corrida se abrem e as pessoas ganham vida, acenando com as apostas e gritando aos cavalos para “irem” ou “correrem mais rápido” enquanto os puro-sangue galopam em direção à linha de chegada.
“Por aqui.” Sage nos leva para o vestíbulo do estande, e dou um gemido quando o ar condicionado acaricia meu rosto. Os verões de Nova York são uma cadela úmida e implacável.
Um anfitrião nos leva até o camarote de propriedade do escritório de advocacia de Sage. Recebemos taças de champanhe e nos mostram nossos assentos. Os camarotes estão alinhados lado a lado, as partições baixas o suficiente para ver a festa vizinha, mas altas o suficiente para a privacidade.
“Vamos apostar, cadelas!” Novah diz, assim que a porta do camarote ao nosso lado se abre. Estou ocupada lendo os nomes dos cavalos. “Ha!” Diz Novah. “Encontrei seu cavalo, Faith.” Ela aponta para a página sobre a próxima corrida.
“Sim, esse serve!” Eu digo e brindamos com copos.
Eu nunca ouvi um nome tão fabuloso para um cavalo como Kinky Whip em toda a minha vida. “Vamos fazer as apostas.” Novah pega minha mão. O sorriso desliza de repente do seu rosto, e a cor desaparece de suas bochechas. “Nove?” Eu pergunto.
Amelia sibila um “Oh, porra” atrás de mim.
Sentindo meu estômago apertar de pavor antes mesmo de me mover, viro a cabeça, apenas para ter meu coração quebrado. King Sinclair está sentado no camarote ao nosso lado. Nicholas também está lá, junto com outros dois homens que eu não conheço. Mas o que preocupou meus amigos foi a visão de Harry se sentando e, ao lado dele, uma loira alta e de pernas longas.
“Lady Louisa Samson”, Sage sussurra, seu tom soando como a trilha sonora de entrada do vilão em um filme. Harry parece rígido, como o homem tenso que eu conheci anos atrás. O futuro arrogante Duque que não tolera pessoas que são inferiores a ele. Mas quando Louisa sussurra em seu ouvido e coloca a mão em seu peito, bem em cima do quadrado do bolso, eu perco a compostura. Eu me perco quando aquelas garras pintadas de rosa pálido roçam seu lenço prateado.
“Segure minha bolsa”, eu digo a Novah, passando-lhe minha clutch. Começo a tirar meus brincos das orelhas. “Eu vou matar o filho da puta”, digo, me levantando e me preparando para saltar a divisão para mostrar à rosa inglesa como jogamos no Hell's Kitchen.
Os braços de Sage envolvem minha cintura quando dou um passo para trás para dar um pulo correndo. Chuto minhas pernas, a raiva enviando uma névoa vermelha sobre a minha visão.
“Me solta, Sage. Deixe-me ir!” Nossa comoção deve ter alertado o camarote real ao nosso lado para algo acontecendo, quando Louisa ergue os olhos sussurrando no ouvido de Harry e franze a testa para os meus raios laser penetrando nela. Seus lábios cheios se apertam, e estou prestes a pular como o Hulk-Smash em sua bunda nobre. Ela balança a cabeça em nossa direção. A mandíbula de Harry se contrai e, com o que parecem olhos cansados, ele vê o que capturou a atenção dela. Eu congelo no segundo em que ele vê que estou aqui. Seus lábios se separam e ele fica de pé.
“Harry?” Louisa pergunta em sua perfeita voz em inglês. Ela olha para mim em volta das pernas dele. “Você a conhece?”
“Sim, ele fo—” A mão de Sage cobre minha boca, sufocando minhas palavras. Eu tento morder a palma da mão para tirá-lo de mim. Novah corre para a porta e a abre, e Sage começa a me puxar.
“Sinto muito”, diz Amelia enquanto Sage e Novah me conduzem para o corredor e em direção ao bar. “Espero que aproveite seu dia.”
Traidor! Eu quero gritar com meu melhor amigo.
“Amelia, espere”, ouço a voz de Harry dizer, então Sage me puxa para fora do alcance da voz. Chegamos ao bar levantando apenas algumas sobrancelhas.
Sage me deposita em uma banqueta e ele e Novah criam um escudo humano ao meu redor. “Faith, entenda. O que vimos parece sombrio como o inferno. Mas este é o camarote do meu local de trabalho. Não faça uma cena. Estou te implorando.”
Estou sem fôlego, mas, com o pedido de Sage, minha raiva diminui, a névoa vermelha desce dos meus olhos, e tudo o que resta depois disso é uma forte dor no meu peito.
Claramente vendo que eu perdi a minha luta, Novah bate no bar. “Vodka dupla. E faça com que continue vindo.” O barman me dá a dose dupla e eu a engulo enquanto Amelia se aproxima do bar, rapidamente seguida por Nicholas. Sage se levanta no bar.
“Nicholas”, diz ele, o flerte espessando sua voz.
“Sage”, diz Nicholas, parecendo tão doce. Então Nicholas olha para mim. “Faith, não é o que você pensa.”
“Não é?” Eu digo, pegando outra vodka dupla e virando. Enquanto isso enche meu estômago e o calor subsequente cora minhas veias, eu me pergunto quando algum dia estive tão brava.
“Diga-me”, digo e me levanto. Eu balanço em meus calcanhares, mas Nicholas está lá para me pegar. “Ha!” Eu digo, bufando uma risada. “Assim como seu primo. Cavalheiro com um C maiúsculo. Eles ensinam isso na escola, como salvar donzelas em perigo?” Afasto meu cabelo do rosto e me levanto. “Então, como não é o que parece? Porque para mim parece que Harry está comendo seu pão e me comendo também.”
“Não, eu juro que ele não está.” Nicholas estende a mão. “Por favor, apenas venha comigo.”
“E para onde vamos?”
“Ver Harry.”
“No camarote?” Eu digo, finalmente me sentindo como se tivesse sido um erro. Ele quer me ver na frente do seu pai e seu pedaço de pão inglês.
Mas Nicholas estremece. “Não no camarote, Faith. Ele está esperando por você lá embaixo, e só quer explicar algumas coisas para você.”
“Ouça-o”, diz Amelia. Ela chega mais perto de mim. “Ele parecia tão chateado, Faith, quando você deixou o camarote.”
“Arrastada”, eu interrompo. “Fui arrastada do camarote.”
“Ouça-o”, diz Amelia severamente, como uma rigorosa professora de jardim de infância, me fazendo calar a boca.
“Sim, senhora”, eu digo e sigo Nicholas pelo corredor, virando à direita e parando na porta. Ele bate nela, e mesmo no meu estado mais do que embriagada, eu vejo “Armário do Zelador”. A porta se abre e vejo Harry lá dentro, andando pelo pequeno piso de azulejo branco.
Agarrando minha mão, Harry me puxa para dentro e me esmaga em seu peito. “Não é o que você pensa”, diz ele, e eu momentaneamente me deixo respirar seu perfume e sentir seu coração batendo rápido no peito. Nessa manhã, ele me fodeu contra a parede da sala. E agora estamos no armário, nos escondendo do pai, sem dúvida.
Eu me afasto de todo o seu corte e lustre Harryness, que só fritam meu cérebro se eu chegar muito perto. “Boa escolha para encontrar seu pequeno segredo sujo.” Com um aceno de mão, indico o material de limpeza ao nosso redor. Eu me inclino contra um esfregão que, desse ângulo, parece assustadoramente um ex meu. “Então?” Eu digo, minha voz glacial. “Você esteve com ela esse tempo todo?”
As bochechas de Harry ficam vermelhas e a raiva brilha em seus olhos azuis. “Não seja ridícula, Faith. Claro que não.”
“Seria conveniente, no entanto. Ela no Reino Unido, eu em Nova York. Uma garota em cada porto, é o que dizem. É assim seu tipo, não é? Casado, com um milhão de amantes ao lado?”
Harry parece que levou um tapa meu. Isso envia uma flecha de arrependimento no fundo do meu coração. Mas estou muito chateada, muito embriagada e sou teimosa demais para voltar atrás.
“Meu tipo?” Ele diz. Eu vejo a mágoa em sua expressão e sei que ultrapassei a marca. “Eu não sabia que tinha um tipo, Faith.”
“Os sangues azuis.” Eu aceno minha mão. “A aristocracia. Não minta na minha cara e diga que não é disso que se trata.” Eu aponto para a porta. “Que você trouxe sua nobre namorada aqui hoje, porque é isso que seu pai quer de você.” Dou um passo em sua direção. “Ele não quer você comigo, Harry. Você não descobriu isso até agora?”
“Claro que sei disso!” Ele grita e agarra a parte de trás da cabeça. Eu sei que King não nos quer juntos, é claro. Mas ouvir isso da boca de Harry é como levar um soco no estômago. “Ele nunca vai nos aprovar, Faith. Mas eu estou tentando. Estou tentando descobrir como fazê-lo ver como me sinto por você.”
Harry deixa cair as mãos e olha para mim, e eu quero colidir com ele e beijá-lo até esquecermos tudo isso. “Eu sei que posso falar com ele. Mas então ele orquestrou isso nas minhas costas, e estou furioso.” Eu recuo, surpresa com Harry xingando. É tão raro quanto uma lua azul. “Eu não tinha ideia de que eles estavam vindo. Nicholas acabou de viajar a negócios e recebeu o convite ao mesmo tempo que eu. Eu não fui avisado. Fui tomar café da manhã para encontrar meu pai, e Louisa estava lá. Ele falou a ela que eu tinha pedido que ela viesse.”
“Então por que não sai e diz a ele para onde ir?”
“Porque ele é tudo o que tenho!” Harry grita, e ele imediatamente fica sem fôlego. Meu coração torce quando essas palavras deixam sua boca.
“Harry...”
“Eu não tenho uma família amorosa como você, Faith. Não tenho mais uma mãe que possa ficar do meu lado e me dizer que não estou errado por querer você. Eu não tenho irmãos. Eu tenho Nicholas, mas ele está sempre ocupado como eu ...—” Harry cai contra a parede. “Eu tenho meu pai e é isso. Meus avós estão mortos e os pais de Nicholas moram na França. Tudo o que tenho é ele. Eu tenho que chegar até ele. Mas não posso fazer isso com Louisa aqui, e com o CFO e CCO da HCS Media. E você pode me ridicularizar o quanto quiser por ser inglês demais, mas não vou lavar nossa roupa suja em público.”
Meu lábio inferior treme com o quão derrotado ele parece quando seus ombros caem. “Eu sei que você provavelmente a odeia, mas Louisa não é uma pessoa má, Faith. Ela é um peão. Ela está sendo usada por meu pai, e seus pais não são melhores do que ele. Ela está tão presa nisso quanto eu. Então, por favor, não brigue com ela.”
“Eu não ia”, minto. Eu minto muito bem entre os dentes.
Os lábios de Harry se contraem. “Então por que Novah estava segurando sua bolsa e por que seus brincos foram removidos?”
“Não sei do que você está falando.” Estreito meus olhos para ele. “Você andou bebendo?”
“Sim. Copiosamente. Você?” Ele desafia, aqueles malditos olhos azuis de bebê irresistíveis estão acendendo de novo a felicidade. Se ele está dizendo a verdade, ele certamente lida com sua bebida melhor do que eu.
“De modo algum. Estou sóbria como uma pedra.” Deus, querendo fazer um exemplo de mim e da pequena mentirosa que eu sou, escolhe esse momento para me dar soluços. Eu rapidamente cubro minha boca. Harry bufa uma risada, e eu me aproximo cautelosamente, sem saber se ele me quer perto. Quando paro a alguns centímetros de distância, Harry abre os braços e eu caio contra ele. Coloco meus braços em volta da cintura dele. “Eu não gostei dela tocando em você”, sussurro.
“Eu também não”, ele confessa e beija minha cabeça. Fecho os olhos, sua respiração hipnótica acalmando meus nervos desgastados. “Toda vez que havia uma óbvia insinuação em algo que alguém dizia ao meu redor, ficava esperando a frase de efeito inapropriada, mas nenhuma veio.”
Harry me guia para longe de seu peito e segura meu rosto. É a minha coisa favorita que ele faz comigo, e eu tenho certeza que ficarei feliz se ele sempre me segurar desse jeito. Isso tornará complicado o trabalho e outras atividades diárias, mas estou disposta a tentar.
“Faith Parisi, ninguém é você, e isso é tudo o que se resume a mim.” Antes que eu possa contar uma piada, Harry beija minha boca docemente, transformando minhas pernas em gelatina, e todas as piadas que eu possa fazer são esquecidas. Quando nos separamos, ele diz, “Nada aconteceu ou nunca acontecerá entre Louisa e eu. Meu pai vai embora amanhã à noite. Eu falo com ele amanhã. Você tem que confiar em mim.”
“Eu vou... eu confio”, digo e vejo algo que lembra felicidade, depois culpa, brilhando no rosto de Harry. Mas quando eu olho novamente, ele é o mesmo e bonito Harry de sempre, e culpo o álcool. Posso ir para casa. Só posso imaginar a ressaca que terei pela manhã.
Uma batida soa na porta novamente. “Esse é o Nicholas”, diz Harry. “Deixe-me interpretar o palhaço no circo do meu pai hoje. Mas saiba que estou tentando sempre por nós.” Ele leva nossas mãos unidas à boca e as beija.
“OK.” Com um último beijo longo, Harry vai até a porta. Ele sai e eu o sigo. Ouço o som da voz de Harry no corredor.
Quando viro, Louisa está lá. Ela olha para mim. Harry mantém a cabeça erguida. “Louisa, essa é Faith Parisi. Ela trabalha em uma de nossas publicações de Nova York.”
“Oh”, Louisa diz, aparentemente aliviada, como se explicasse por que Harry tinha vindo atrás de mim. Ela estende sua mão. “Prazer em conhecê-la, Faith. Eu adoro o seu cabelo.”
Vejo Harry lutando com um sorriso, sabendo que eu nunca seria capaz de dar um tapa em alguém que elogiasse meu cabelo. Estou brincando, é claro que sim. Mas ela parece doce, e se Harry está dizendo a verdade, ela está tão relutantemente emaranhada nessa teia manufaturada pelo King quanto ele.
“Prazer em conhecê-la também.” Eu olho para trás, me sentindo estranha. “Vou ao banheiro. Tomei um pouco demais da vodka.”
“Tenha um bom dia, Faith”, diz Louisa, e Harry vai embora com ela. Ele olha por cima do ombro e me dá um sorriso tranquilizador.
Decidindo que realmente preciso do banheiro, sigo pelo corredor apenas para parar quando o King Sinclair dobra a esquina. Evito esbarrar nele, o que, dada a minha condição embriagada, é um milagre.
“Parisi”, ele diz, claramente tão desconfortável com o nosso encontro quanto eu.
“Senhor Sinclair.
King olha por cima do meu ombro. Quando sigo o exemplo, vejo Harry e Louisa desaparecendo de volta no camarote. “Eles parecem bem juntos, não é?” ele diz, chamando minha atenção de volta para ele. Eu não digo nada. Sei que ele sabe sobre Harry e eu. Estou bem ciente de que não há nada positivo para dizer agora.
“Harry sempre soube como seria sua vida, senhorita Parisi. Certas expectativas vêm com o território quando você nasce na nobreza e herdará um título. Você deve se comportar de uma maneira particular, ser educado através de certos canais e se casar bem.”
Ele verifica os botões do terno. “Louisa é de uma boa família e conheceu Harry a vida toda. Sempre soubemos que seria uma boa combinação, os pais dela e eu. No casamento.”
Sinto meu coração começar a partir, camada por camada agonizante. Eu quero abrir minha boca e rasgar esse idiota em um novo idiota com minha língua venenosa, mas algo me mantém enraizada no local; algo me mantém em silêncio, roubando minha coragem. “Harry tem 28 anos agora. Logo ele assumirá toda a HCS Media e depois se casará.”
Passando ao meu redor, King para ao meu lado. “Você parece ser uma boa garota, Faith. E eu realmente não tenho animosidade em relação a você, mas o que você tem com Harry não pode levar a lugar nenhum. Vocês são de dois mundos muito diferentes, mundos que inevitavelmente colidem, e não de um jeito bom. Quero que ele seja feliz e sei o que é melhor para ele. Não será você.”
Ele espera que eu diga alguma coisa, mas estou muda e, mortificadamente, meus olhos estão se enchendo de lágrimas. “Parisi. Eu realmente desejo tudo de bom a você.” Com isso, King Sinclair volta para o seu camarote de fantasia com seu filho e sua noiva.
Eu sei o que é melhor para ele. Isso não será você.
Girando nos calcanhares, corro para o banheiro e enxugo os olhos. Eu cavo dentro de mim mesma para encontrar minha indignação, para encontrar minha faísca, mas ela se apagou. Penso em Harry e eu. Penso em seu sotaque inglês elegante comparado com o meu sotaque de Nova York. Como ele se encaixou como uma mão em uma luva no baile de caridade, e eu me quebrei em uma fonte de champanhe com a graça de um boi. Comparo sua espaçosa cobertura com o meu apartamento convertido de arenito no Brooklyn. A casa ancestral dos meus pais em Hell's Kitchen. Eu não quero encarar a verdade, mas King está certo. Nós somos de dois mundos muito diferentes. Louisa nasceu para esse tipo de vida.
Limpando minhas lágrimas, saio do banheiro, apenas para encontrar meus amigos me esperando. Amelia vê meu rosto vermelho e me segura em seus braços. “Eu digo para levarmos essa festa para casa, o que você acha?” Eu balanço a cabeça, a salvo com meus melhores amigos. Sinto Novah segurando minha mão e a mão de Sage nas minhas costas. Eles não me soltam e, no apartamento, comemos junk food e caímos no sofá assistindo Drag Race. Leva tudo o que tenho para convencer Amelia de que ela não precisa ficar comigo durante a noite.
“Ele te ama, sabia?” ela diz na minha porta. Meu coração dispara. “Entendo que não sou especialista em amor e, francamente, sou péssima em namorar, mas ele ama você. Eu posso ver no jeito que ele olha para você.”
“E como é isso?” sussurro, um nó na garganta.
“Adoradamente”, diz Amelia e suspira. “Ele simplesmente adora tudo sobre você. O que mais você poderia pedir?” Amelia fecha a porta e eu me deito na minha cama.
Ouço a chuva começar a cair lá fora, as fortes gotas de verão saltando na escada de incêndio do lado de fora da minha janela. Fecho os olhos, mas os abro um pouco mais tarde, ouvindo o som de alguém tentando abrir minha janela. Um flash de medo corta através de mim, quando a janela se abre. Mas quando um homem elegante e fino entra, esse medo é substituído por um coração tão cheio que penso que poderia explodir.
Harry fecha a janela e fica em pé no final da minha cama, os cabelos encharcados e pingando no chão. Sem dizer uma palavra, ele tira a roupa e sobe na cama. Ele me pega nos braços e me abraça. Eu não tenho certeza de que ele irá soltar.
Segura em seus braços, seu calor corporal me embalando para dormir, eu fecho meus olhos, a bochecha em seu peito. Assim que o sono começa a me puxar para baixo, Harry sussurra, “Faith? Eu preciso te contar uma coisa. Algo sobre quem eu sou.” Eu penso ter ouvido trepidação, talvez medo, em seu tom, mas minha sonolência é boa demais para resistir depois do longo dia que tivemos.
“Outra hora”, digo sonolenta, meu braço apertando sua cintura. A mão de Harry acaricia meus cabelos, tirando o fim da minha luta para ficar acordada.
“Tudo bem”, diz ele, e eu entro, sonhando estranhamente quando Harry acrescenta, “Só espero que você entenda.” Ele suspira. “Eu só espero que você não me odeie.”
Quando acordo no dia seguinte, há uma nota no meu travesseiro.
Fui encontrar meu pai. Não quiz te acordar.
Te vejo amanhã,
Seu, e somente seu,
Harry x
Agarrando a nota, que cheira levemente a sua colônia, eu a puxo para o meu peito e volto a dormir, um sorriso satisfeito nos meus lábios.
CAPÍTULO DEZESSETE
EU BALANÇO minhas mãos e respiro fundo, firmemente. Aperto o botão do último andar. As portas do elevador se abrem e, felizmente, sou a única pessoa lá dentro.
Sally me chama. Eu não tenho ideia se ela gostou do meu artigo ou não, mas em alguns minutos eu descobrirei se realmente terei um artigo publicado na revista Visage. Lembro-me de papai, no jantar de domingo, dizendo um dia e rezando para que meu dia finalmente chegasse.
Quando saio do elevador para o andar de gerência, olho para a porta de Harry e me pergunto se ele está bem. Ele não falou comigo ontem, além do bilhete. Mas eu sei que ele provavelmente não quer que eu vá ao seu escritório. Eu não sei onde estamos e, embora acredite que ele gosta de mim tanto quanto eu dele, sei que isso nem sempre é suficiente.
Sorrio para Carla e ela diz “Entre diretamente, Faith.”
Bato na porta de Sally. “Me deixe em paz!” ela grita, e eu entro. Sally está em sua posição habitual, sentada na cadeira, com os pés em cima da mesa, lendo algo em suas mãos.
Sento-me e tento me preparar para qualquer que seja o resultado. Sally olha para mim por cima dos óculos e sorri. Eu estremeço. Em todo o meu tempo na Visage, nunca a vi sorrir. Parece uma víbora prestes a atacar um rato inocente. “Gostei”, diz ela. Eu exalo uma respiração reprimida.
“Oh, graças a Cristo!” Recosto-me na cadeira como se tivesse acabado de correr a maratona de Nova York vestida como uma banana gigante.
Sally abre a gaveta e coloca uma cópia do meu artigo diante dela sobre a mesa. “Então, francês, rico, fode como um cachorro no cio. Tenho minhas suspeitas de quem possa ser. Eu reduzi para três pessoas. Posso dar minhas suposições e esperar sua reação?” Eu balanço a cabeça. Sally se inclina para mais perto, praticamente salivando para fofocar. “Vamos lá, Faith. Quem é ele? Apenas entre nós, garotas.”
“Desculpa. Não posso dizer”, falo e tranco minha boca com uma fechadura invisível. “Regras da NDA.”
Ela dá um tapa na mesa. “Droga! Mas eu estou com eles.”
“Não posso acreditar que você gosta.”
“Tem tudo, Faith. Sexo, diversão, intriga, gostosura. É exatamente o que eu estava procurando.”
“Então... eu tenho o grande artigo?” ouso perguntar, imaginando como ela poderia recusar.
Sally sorri de novo. “Não. Desculpa.”
Levo alguns segundos para que essa resposta afunde. “O-o que”, eu gaguejo. “Por que?” sinto minha esperança se desfazer junto com meu coração.
“Isso não veio de mim, querida”, diz ela e coloca as pernas de volta na mesa, a meio caminho de encerrar comigo. “Isso veio das grandes armas.”
Sorrio sem humor. “King”, digo, seu nome com gosto amargo na língua. “King Sinclair parou isso, não foi?”
Sally abaixa os óculos para pousar no nariz. “Não King, Faith. Harry. Foi ele quem vetou seu trabalho.”
“O que?” digo, o sangue escorrendo do meu rosto. Ela está errada. Ela tem que estar errada.
“Leia isso esta manhã, primeiro. Jogou aquele filho da puta junto com o lixo da noite passada.” Sally volta a ler o que tinha nas mãos. “Nós terminamos, Faith.” Eu fico com as pernas trêmulas. “Pelo que vale a pena dizer...” diz Sally por cima do ombro. “Merecia o lugar.”
“Obrigada”, eu digo, incapaz de ficar animada, mesmo com os raros elogios de Sally. Fecho a porta e imediatamente vejo o escritório de Harry. Eu não penso muito; em vez disso, marcho naquela direção como um trem a vapor irritado.
“Faith?” Theo diz enquanto eu passo. “Você tem um compromisso?” O pobre Theo nem sequer recebe uma resposta minha. Estou prestes a me tornar uma máquina mortífera
Empurro a porta, bato-a atrás de mim e viro para ver Harry empoleirado sobre a mesa, a cabeça nas mãos. “Como você pode?” Eu digo, minha voz não tão alta e forte como eu esperava que estivesse.
Harry levanta a cabeça. Sua gravata azul marinho está descartada em sua mesa e o colarinho da camisa está aberto. Eu mal registro que ele parece estressado, com o cabelo desarrumado, estou muito alimentada pela traição e com uma passagem só de ida o fundo do poço. Harry fica de pé, sua estrutura alta erguendo-se sobre mim do outro lado da mesa.
“Foi antes de você”, digo, mas no fundo eu sabia todo esse tempo que meu tempo no NOX iria nos arruinar. “Foi antes de você e eu sequer nos beijarmos. Inferno, foi antes que eu pudesse suportar falar com você!” Ando para a frente dele. “Você sabia o quanto eu queria esse artigo, e você cortou? Para quê? Proteger seus amigos? Fiz o jogo da NDA, Harry. Não há nomes envolvidos. É vago o suficiente para proteger os responsáveis. É uma obra-prima, e você, de todas as pessoas, é quem a destrói? Você Harry. Por quê?”
Ele não diz nada, então continuo. “Eu sabia que deveria ter lhe contado, pelo menos sobre ser um membro da NOX, mas as coisas estavam indo tão bem, e eu não queria contar sobre Maître. Não queria que você soubesse sobre eu dormir com ele.” Harry é uma estátua de mármore, apenas olhando para mim. Isso me enfurece. “É por isso que você está cortando? Por que você está com ciúmes? Porque não faz sentido para mim o contrário! Diga-me o porquê?”
Harry ri sem alegria. Ele balança a cabeça e dá um passo para trás, então ele fica na frente de uma foto que, eu presumo, seja ele e sua mãe em uma propriedade rural de aparência agradável, com colinas ao fundo.
“Por que?” ele diz, sua voz rouca. Ele parece áspero, como se não tivesse dormido por vários dias. A cabeça de Harry bate na parede ao lado da foto. Seus olhos se enchem de tristeza. “Eu não sabia que era para um artigo, Faith. Pensei que você estivesse lá porque queria estar.”
“O que?” Eu digo, tão confusa que estou começando a acreditar que estou em um universo paralelo. Um onde todos falam enigmas.
“Eu tentei lhe dar dicas. Eu...” Harry passa as mãos pelo rosto. Ele está cinzento em palidez e tem barba por fazer nas bochechas normalmente barbeadas. “Eu não podia te contar. Pensei que podia te tirar do meu corpo como ele, depois me afastar e tirar você da minha cabeça depois de todos esses anos. Finalmente.” Começo a respirar mais rápido. “Mas então o elevador aconteceu. E você falou comigo. Como um ser humano e não algo que você despreza.”
“Harry—?”
“Eu tentei te dizer, juro que sim. No começo...” Ele faz uma pausa e eu o vejo sorrir um pouco. “De nós. Quando ousei esperar que pudéssemos ir a algum lugar. Mas eu nunca encontrei as palavras. E quanto mais o tempo passava, mais profundo caímos, eu caí, não aguentava mais pensar em você me odiando.”
“Harry! Que diabos você está falando?”
“Eu tentei enviar dicas para você.” Ele dá a volta na mesa. “Vie”, diz ele, nomeando a caridade de sua mãe, com perfeita pronúncia francesa.
“O nome da sua mãe? O nome da instituição de caridade?”
“Faith, o nome dela era Aline.”
“Então...?”
“La vie significa vida em francês.” Abro minha boca para fazer mais perguntas. Estou perdida no turbilhão de perguntas na minha cabeça. “O livro”, diz ele, chegando ainda mais perto de mim. Até que ele está ali, a três centímetros de distância, sua expressão assombrada e sua voz rouca. “Rezei para que você descobrisse, mas, ao mesmo tempo, desejava que você não descobrisse.” Inalo seu perfume tentando deixá-lo me acalmar. Mas desta vez, não funciona. “Eu te disse que estava encurralado. Disse que estava em uma prisão...” Um a um, os pelos da minha nuca começam a se arrepiar. Um pensamento, tão louco que não pode ser verdade, entra na minha cabeça com a força de um tsunami.
Preciso pensar. Eu preciso pensar, porra! Afasto-me de Harry e das molduras penduradas em sua parede. Meu pulso está correndo tão rápido que me sinto tonta. Ele não quer que meu artigo seja publicado, meu artigo sobre NOX, mas principalmente sobre Maître. Eu fui solicitada na primeira noite no NOX para conhecer Maître. Presumi que foi porque eu estava obviamente amedrontada na sala principal e por causa do meu acidente com os balanços.
Engulo em seco, tentando molhar minha garganta seca. Depois houve o Amante de Lady Chatterley na biblioteca de Harry. E Faith? Eu preciso te contar uma coisa. Algo sobre quem eu sou. As palavras de Harry da noite de sábado circulam na minha cabeça. Eu levanto os olhos, incapaz de processar a evidência que está repetidamente me dando um tapa na cara, quando a foto em que ele se inclina aparece à vista. Eu congelo, sinto minhas veias congelarem. Mãe de Harry. Eu leio a legenda na moldura da fotografia. Aline Auguste-Sinclair e seu filho Harry. St Tropez, França.
Auguste.
Fecho os olhos. “Harry?”
“Sim?” Ele diz calmamente.
“De onde sua mãe era?” Quando ele demora muito para responder, digo “Da França? Sua mãe era da França?”
“Oui.” Seu sotaque francês e sedoso navega sobre mim como o melhor dos lenços Hermes. Aquela voz... aquela voz que era ele... Penso em todas as noites que dividi com Maître. O mestre severo que, com o tempo, suavizou-se lentamente. O homem que me trouxe tanto prazer que eu era verdadeiramente uma escrava de seus desejos.”
Viro a cabeça e finalmente abro os olhos. Eles colidem com os dele “Harry. Maître. Você é o Maître Auguste.” Não é uma pergunta. Eu sei a resposta sem a confirmação dele. Harry assente e sinto lágrimas subirem nos meus olhos. “Você mentiu para mim”, digo, minha voz vacilando com a minha mágoa. “Todo esse tempo, você estava mentindo para mim.”
“Faith, por favor. Apenas me escute...”
“E o artigo?” Sorrio. É isso ou eu cedo à minha mágoa e choro. Não vou chorar. Não devo. “Você vetou o artigo porque expôs seu clube, não foi?” Harry dá um passo à frente. “Não se atreva a se aproximar, Harry. Não se atreva!”
Harry para no lugar e passa os dedos pelos cabelos. “Eu fui descuidado com você, Faith. Estava me apaixonando por você como Maître e Harry, e eu estava muito fundo. Eu te disse coisas que não deveria ter dito. Fiz coisas com você que não eram a norma no clube.” Posso vê-lo lutando para explicar tudo. Não me importo. Eu preciso. Preciso que ele explique tudo que nos levou a esse show de merda.
“Mas eu não pensei em Pierre. Naquela noite, na festa de caridade, não tinha ideia de que você mostraria suas suspeitas para ele, em vez de para mim. Quando li o seu artigo, embora não fosse completamente óbvio, ele se inclinou para os gostos dele e de outros em potencial. Há uma pequena piscina de empresários franceses da nossa época em Manhattan. Não posso deixar você atingi-los assim.”
“Ou arruinar o seu clube”, rebato.
“Isso também.” Sinto como se tivesse levado um soco. Harry estende as mãos em sinal de rendição. “Faith, é minha responsabilidade. Mas mais do que isso, é a vida das pessoas. Pessoas que conheço e me importo, outras que nem conheço. Mas eles não devem ter suas atividades particulares espalhadas no jornal do fim de semana para que todos possam ler, desenvolvendo suspeitas sobre quem poderia estar lá. Não é apenas meu trabalho mantê-los protegidos, mas também minha obrigação moral.”
“Obrigação”, repito. “Essa é a verdade de tudo isso, Harry. Não vamos dar a volta.” Andando para mais perto dele, perto o suficiente para que eu possa ler sua expressão, pergunto, “Seu pai sabe sobre esse negócio secundário?” A mandíbula de Harry flexiona. Eu levanto minhas mãos e as jogo de lado em frustração. “Ele não sabe? É por isso que o artigo foi enlatado, não é? Porque seu pai não conhece o NOX e você tem pavor dele descobrir e manchar o grande nome Sinclair!”
“Faith”, Harry diz, sua voz mais dura agora. Eu posso ver em seus olhos estreitos que ele está ficando com raiva. Bom. É melhor ele me alcançar, para que possamos realmente discutir isso. “Você não sabe nada da minha vida, o título que herdarei. Você não sabe nada sobre os círculos em que nasci e ainda tenho que viver. E mais do que isso, o que isso poderia fazer com a HCS Media, a reputação da minha família.”
“Então você destrói meus sonhos? Destrói meu trabalho para salvar o seu.” O rosto de Harry enruga. Instintivamente, eu quero correr até ele, abraçá-lo e confortar o garotinho perdido. Agora eu sei que ele está lá dentro. Aquele que anseia pela família e pelo amor mais do que qualquer coisa no mundo. Mas ele mentiu para mim. Ele era o Maître. Meu Harry era Maître.
“Você mentiu”, digo novamente. “De tudo, é o que mais dói.”
“Você também.” Fogo acende dentro de mim quando ele diz essas palavras. “Você não me contou sobre o NOX. Você não me contou sobre o artigo. Você mentiu para mim também, Faith. Não fui só eu. Não basta colocar toda a culpa aos meus pés. Terei o prazer de receber a parte do leão, mas você não é inocente aqui.”
“Então tudo isso foi por nada”, digo, a voz rouca. “Você mentiu, eu menti e, ironicamente, nós dois ficamos completamente fodidos no final!”
Parto para passar por ele, e Harry entra no meu caminho, mostrando as palmas das mãos. “Por favor, Faith. Eu preciso explicar. Preciso de mais do seu tempo para explicar tudo. Por quê tenho NOX, por quê me escondo à vista com o Maître. Por favor, deixe-me...” O telefone da mesa de Harry toca, interrompendo-o. Ele o ignora até parar. “Faith, apenas me dê isso. Dê-me uma chance de explicar. Sei que estraguei tudo, mas por favor, deixe-me tentar...”
O telefone da mesa toca novamente. Harry range os dentes, irrita-se, mas vai para a mesa, levanta o telefone e cospe “O quê?” Não ouço o que é dito do outro lado, mas ele fica tenso e imóvel. “Estou a caminho.”
Harry bate o telefone e pega sua jaqueta. Ele paira desajeitadamente ao meu lado. “Eu tenho que ir”, ele sussurra. “Sinto muito, Faith, mas tenho que ir.” Ele hesita, mas depois dá um beijo rápido na minha bochecha. É suave e gentil e parece cheio de adeus. Harry corre para a porta e me deixa em pé em seu escritório, com raiva e confusa. As lágrimas caem desta vez. Elas correm pelas minhas bochechas como rios perseguindo o mar.
Harry é Maître.
Ele vetou meu trabalho.
E ele vai embora - sem explicação.
Coloco meus braços em volta do meu peito quando de repente sinto frio. Forçando meus pés a me mover, eu saio do escritório de Harry.
“Faith? Você está bem?” Theo pergunta.
Eu balanço a cabeça entorpecida e, desta vez, saio do elevador e pego os dez lances de escada até a saída. Eu não me importo com minha bolsa ou qualquer um dos meus pertences. Só preciso sair deste prédio. A cada passo que dou, reproduzo as palavras de Harry: Você mentiu para mim também, Faith. Não fui só eu. E ele está certo. Eu menti. Eu estava com tanto medo de contar a ele sobre o NOX e o artigo. Ele mentiu sobre Maître e alegou que estava com muito medo de me dizer. Eu quero ligar para ele e perguntar por que ele fugiu. Mas estou tão chateada com ele.
Eu pego um táxi, por sorte eu mantenho cinquenta dólares no meu sutiã para emergências. “Para onde?” Ele pergunta.
“Hell's Kitchen”, digo e fecho os olhos, deixando as lágrimas caírem. Minha pele treme. Está quente e úmido lá fora, mas não consigo me aquecer. O que acontecerá daqui? Como eu voltarei disso? Todo esse tempo, construímos uma fantasia ao nosso redor. Vivemos em nossa bolha segura. Essa bolha explodiu bem e verdadeiramente. Ela sempre foi destinada a explosão. Nós somos duas pessoas muito diferentes de dois mundos muito diferentes.
E Harry está certo; eu não tenho ideia de como é viver no mundo dele. Um dia herdar um título e esfregar os ombros com a realeza, os pares e as pessoas que julgariam ele e eu simplesmente por se apaixonar. King me disse isso nas corridas. E eu sei. No fundo, sei que é verdade.
Inevitável.
Harry e eu somos impossíveis.
Olho pela janela, vendo ruas familiares aparecerem. Minhas mãos batem contra a janela quando passamos pela loja do papai. “Não”, eu sussurro, meu coração se partindo pela segunda vez no dia, vendo uma pequena placa dizendo “Fora dos Negócios” na porta. Quando o táxi para no apartamento dos meus pais, sinto o que restava do meu coração quebrar. Meu estômago revira e sinto toda a esperança virar vapor e ser levada pela brisa.
Entrego o dinheiro ao motorista e saio para a rua em que cresci. Olho para o apartamento que contém toda a minha infância e melhores lembranças. As portas de madeira que me recebiam em casa dia após dia. E na parede do pequeno apartamento que eu tanto adoro há uma placa “À venda.”
Depois de subir os degraus de pedra, sentindo-me um verdadeiro monte Everest, abro a porta e entro na casa dos meus pais. Mamãe e papai estão sentados no sofá em silêncio, segurando as mãos um do outro. Mamãe fica de pé. Eu não falo uma palavra, apenas deixo as lágrimas caírem e caio em seus braços.
“Temos que fazer isso, Faith”, diz ela. “Precisamos pagar as dívidas. Não há mais tempo. Nós temos que fazer o que é certo.”
Eu olho através da minha visão embaçada e estendo a mão para o papai. Seus olhos brilham quando ele passa os braços em volta de nós. “Você ama a loja”, digo entrecortadamente.
“É uma loja, mia bambina. Você e sua mãe são meu coração. É com isso que me preocupo.” Eu sei que isso não é verdade, mas ele nunca me mostraria sua dor, mesmo sabendo que ele está sofrendo. E com isso, eu desmorono. Enquanto mamãe e papai me seguram, caio nos ombros deles.
“Shh, bebê”, mamãe diz, acariciando meu cabelo. “Você está bem?” Eu balanço a cabeça. Ela puxa minha cabeça do ombro para procurar no meu rosto. Seus olhos suavizam quando ela pergunta, “Harry?” Eu balanço a cabeça, e ela me envolve de volta em seu abraço. “Está tudo bem, Faith. Seja o que for, vai dar certo. Eu prometo.” Mamãe me beija na cabeça e diz, “Sopa? Vamos tomar uma sopa. Tudo fica melhor depois de sopa.”
Então nós comemos sopa de tomate. Depois, subo na minha cama de infância, penso em Harry e deixo meu coração partir mais um pouco.
“QUAL O OBJETIVO DESSA REUNIÃO?” Pergunto a Novah quando somos conduzidos à sala de conferências três dias depois. Eu ando como um zumbi, com Novah segurando minha mão para apoio. Meus amigos sabem que Harry e eu brigamos, ele foi embora e não voltou. Sem telefonemas. Sem mensagens. Nada mesmo. Eles não sabem que ele é Maître, no entanto. Apesar de tudo, não quero machucá-lo assim. E contar a apenas uma pessoa seu segredo pode ser sua queda.
Quando todos estão reunidos, Sally entra na sala e diz, “Três dias atrás, King Sinclair teve um ataque cardíaco.” O choque toma conta de mim, e todos os músculos do meu corpo ficam tensos. Harry. Meu Deus, Harry... o telefonema.
Novah aperta minha mão enquanto Sally continua. “Foi por um triz, mas ele passou por uma cirurgia de emergência e agora está em condição estável.” Eu exalo, agradecendo a Deus que Harry também não perdeu o pai. “King deve ter uma recuperação completa. Harry voou para ficar ao seu lado assim que soube.”
Fecho os olhos. Harry...
Lembro-me do seu rosto quando ele recebeu a ligação... deveria ter percebido que algo estava errado. Isso foi muito ruim. Mas eu estava muito envolvida na minha dor, na minha mágoa. Nesse momento, eu me odeio.
“Mas as boas notícias”, diz Sally, olhando para mim, Michael e Sarah. “A celebração do solstício de verão ainda vai acontecer. Nós quatro estamos programados para ir à Inglaterra na próxima semana para representar a Visage no baile de máscaras de aniversário da HCS Media.” Os outros convidados sorriem emocionados para Sally e, com isso, a reunião termina.
Quando todos saem da sala, fico no meu lugar. “Você está bem?” Pergunta Novah.
“Cristo, Novah. Seu pai teve um ataque cardíaco. Ele não disse nada para mim.”
“Talvez ele não soubesse se podia. Pelo que você disse, vocês tiveram uma discussão.” Isso só me faz sentir pior. Eu não estava lá para ele quando mais precisou de mim. Mesmo depois de tudo o que fizemos um para o outro, eu nunca teria virado as costas para ele durante isso.
“Não posso ir na próxima semana”, digo. Novah apenas segura minha mão. Ela é uma boa amiga. “Não posso ir à casa dele. Não depois de tudo isso. Não seria certo.”
“Essa é sua escolha, docinho. Lembre-se, seu coração também foi ferido aqui. Você também pode se cuidar. Se isso significa não ir, não vá.”
“Obrigada.”
“Tenho uma reunião com Hannah”, diz Novah com pesar, referindo-se ao editor de moda. “Eu tenho que ir. Você vai ficar bem?”
“Sim”, sussurro. Novah beija minha cabeça e me deixa sozinha na sala de reuniões. Enquanto olho para a porta, vejo Harry andando por ela meses atrás, anunciando sua aquisição como CEO. Eu estava tão brava que ele se mudou para cá permanentemente. Agora eu daria qualquer coisa para ele entrar, abraçá-lo e dizer que tudo ficará bem com seu pai.
Abrindo meu celular, deixo minha mão pairar sobre o botão de texto. Respiro fundo, encontro o contato de “Safado Pomposo” e envio a ele uma mensagem simples:
SP: Sinto muito pelo seu pai. Acabaram de nos dizer. Fico feliz em saber que ele fará uma recuperação completa.
Faço uma pausa, relendo as palavras e adiciono:
Estou pensando em você.
Eu pressiono enviar. Quando nada volta, guardo meu celular e volto ao trabalho. Cinco horas chegam e eu pego o metrô para casa. Sage e Amelia se juntam a mim no sofá para assistir TV.
Subo na cama, vendo a chuva espirrar na janela. Quando fecho os olhos, finalmente escuto meu celular tocar. Estendo a mão e meu coração para quando vejo uma mensagem de Harry. Uma frase. Uma frase que significa muito:
SP: Por favor, venha.
Eu entendo o que ele está pedindo. Semana que vem. Por favor, vá para a casa em Surrey, Inglaterra. Pressiono minha bochecha no travesseiro e abraço meu celular no peito. Ele quer que eu vá à sua casa. Depois de tudo o que dissemos um para o outro, ele ainda me quer lá.
Meu Harry.
Meu Maître.
O homem que possui meu coração.
CAPÍTULO DEZOITO
SURREY, Inglaterra
“SANTA. MÃE. DE. MERDA” - falo enquanto o carro vai pela estrada principal na propriedade Sinclair. Já passamos por um arco de pedra não muito diferente do Arco do Triunfo. Então veio a estrada arborizada, emoldurando quilômetros e quilômetros de gramados perfeitamente cuidados. Gramados que abrigam veados. Veados de verdade.
Agora isso. A casa de Harry não é uma casa. É a porra de um palácio. Feito de pedra e estendendo-se mais amplamente do que os olhos veem da janela de um carro.
“Primeiro uma passagem de avião de primeira classe, depois isso. Estou sonhando? Acho que estou sonhando”, diz Sarah, do departamento de direitos autorais.
Michael das funcionalidades assobia baixo. “Eu li que tem mil acres. Mil. Eu moro em um apartamento de seiscentos metros quadrados no Queens.”
“Tem 23 quartos”, eu me vejo dizendo, o que é uma luta, considerando que ainda tenho que levantar minha mandíbula do chão.
“Eu nem conheço vinte e três pessoas”, diz Sarah.
O carro para em um grande conjunto de escadas de pedra que levam a elaboradas portas de madeira. Funcionários vestidos com ternos e caudas cinzas estão esperando. Um homem que parece estar na casa dos quarenta abre a porta.
“Bem-vindo ao Sinclair Estate.” Eu sou a última a sair. Antes que meus pés toquem o cascalho arenoso, um membro da equipe está lá para pegar minha mão. Humildemente, sigo Sarah e Michael do carro.
“Obrigada”, digo, quando outro membro da casa se aproxima de mim com minha bagagem.
“Senhorita Faith Parisi?”
“Sim, sou eu.”
“Esse caminho por favor. Vou te mostrar seu quarto.” Eu sigo o membro da equipe pelas escadas de pedra, olhando para trás apenas para encontrar a vista mais pitoresca que eu já vi. Verde. Muitos e muitos tons de verde.
O sol está brilhando no céu, os pássaros estão cantando uma doce sinfonia, e todo o lugar cheira a grama recém cortada e flores desabrochando do verão. É um mundo longe dos aromas familiares dos gases de escapamento dos carros e o restaurante de falafel que fica a uma quadra de onde eu moro.
“Senhorita? Tudo certo?” O funcionário pergunta.
“Qual o seu nome?” Pergunto, incapaz de ficar me referindo a alguém como ‘membro da equipe' por mais um segundo.
“Timothy.”
“Então Timothy, estou ótima. Apenas... isso...”, indico os muitos acres à nossa frente.
Timothy sorri. “Isso não é nada”, diz ele, inclinando-se para perto. “Espere até ver os jardins nos fundos e a vista que o terraço principal oferece. Você ficará sem palavras.”
“Bem, Timothy, é preciso muito para me calar, o que seria um grande feito.”
“Você vai ver”, diz ele, em seguida, passa pelas portas abertas para o hall de entrada. Paro na porta, quase batendo com Sally, que veio em outro carro.
“Mova-se!”
Eu me movo para o lado para deixar Sally passar, inclinando a cabeça para trás e bebendo meu primeiro vislumbre do interior da Sinclair Estate. Uma grande estátua de mármore de um homem está no centro, colunas de madeira escura cercam a sala, e bustos de gesso dos antigos Sinclairs enfeitam as alcovas.
Timothy é educado o suficiente para me deixar observar e admirar a enorme lareira em uma das paredes. Enquanto eu olho para o teto pintado e caminho pelo piso de pedra antiga, ele me leva para outra porta. Levo um momento para ver que a maioria dos funcionários do New York Journal e do Visage estão indo para a direita.
“Não vamos com eles?” Pergunto.
“Não, senhorita. Eles estão recebendo quartos em uma das casas de hóspedes nos jardins. Você deve ficar na casa principal.” Eu paro de respirar com isso. Não querendo alarmar Timothy desmaiando, forço meus pulmões a trabalhar e o sigo até uma escada de madeira ornamentada com corrimões de ferro preto com filigranas delicadas.
Ao subir as escadas de carpete vermelho perfeitamente aspirado, olho ao meu redor. As paredes são brancas com painéis, os mesmos padrões de filigrana rodopiando em gesso. Sofás antiquados e espreguiçadeiras estão perfeitamente posicionados em cada área de descanso. Janelas enormes espiam o que Timothy me disse que eram alguns dos jardins. Alguns. De muitos. Vejo arbustos de topiaria esculpidos em cisnes e coelhos e outros perfeitamente moldados em cones. Pequenas sebes rodam em volta deles como ondas de água.
Ele mora aqui. Harry realmente mora aqui. Eu não consigo sequer compreender ser criado em um lugar assim. Agora entendo melhor por que King nos considera tão incompatíveis. Conhecer Harry como um visconde e, da aristocracia britânica, é uma coisa, é um conhecimento um pouco abstrato, que pode ser sugerido por seu enorme apartamento no Upper East Side. Mas estar aqui, nesta casa, em mil acres de nada menos que a perfeição no campo inglês, torna isso muito real — muito, muito real — quem Harry é e seu lugar nesta sociedade.
Eu sinto que estou andando por uma galeria de arte enquanto caminhamos por um corredor com pinturas mais antigas que a América nas paredes com papel de parede verde. Timothy me diz que é o papel de parede original de quando a casa foi construída séculos atrás. Nem tudo é original, mas alguns móveis eles conseguiram preservar.
Timothy para perto de uma grande porta de madeira. “Este é o seu quarto pelos próximos dias, senhorita Parisi”, diz ele e o abre. Mais algumas portas estão à minha direita. À minha esquerda há uma porta no final do corredor. Tem um acabamento maior que a minha. A madeira tem toques de dourado pintados no mesmo padrão de filigrana que parece atravessar a casa. “Senhorita?” Timothy diz e estende a mão para eu entrar primeiro.
“Puta merda”, eu digo, olhos arregalados quando percebo que este será o meu quarto enquanto estiver aqui. Uma enorme cama de dossel fica no centro, envolta em cortinas azuis que caem no chão e se encaixam completamente na cama se tiradas de seus nós. Tem uma cúpula dourada sobre ela como um telhado de catedral. O papel de parede é azul-celeste e há colunas brancas nos dois lados da cama. Eu não posso evitar; solto uma risada alta. O som da minha voz ecoa no teto alto.
“E este é o seu banheiro”, diz Timothy. Depois de passar a mão sobre um sofá de pelúcia creme e uma mesa de mogno, entro no banheiro. É tão impressionante quanto o quarto, com uma grande banheira com pés de garra, pias de porcelana que eu tenho certeza que são mais velhas que George Washington e um vaso que parece um trono. Eu nunca teria acreditado que alguém pudesse parecer real enquanto esvazia suas entranhas, mas estou rapidamente repensando essa noção.
Quando entramos no quarto novamente, Timothy diz, “Seu itinerário está sobre a mesa. As festividades começarão com champanhe e morangos ao pôr do sol no terraço.” Timothy aponta para outro panfleto. “Há um mapa para ajudar enquanto você estiver aqui.”
“É uma loucura precisar de um mapa para uma casa.”
“Você vai se acostumar com isso”, diz Timothy e vai até a porta.
“Espere, Timothy, eu não lhe dei sua gorjeta.”
“Não fazemos isso na Inglaterra, senhorita. Por favor, aproveite a sua estadia. A previsão é de sol durante todo o tempo em que você estiver aqui. Isso deve proporcionar uma experiência inesquecível.”
Timothy fecha a porta e eu balanço a cabeça em descrença. “Nenhuma gorjeta?” Sussurro. “Estou no céu?”
Eu pego minha bagagem de mão e, felizmente, encontro o código para o Wi-Fi no pacote de boas-vindas que a HCS Media montou. Pelo menos uma casa dessa época tem conveniências modernas, além de toda a história. Eu até vejo um grande chuveiro no banheiro. Mas meu coração está fixo na banheira. Após o longo voo, preciso de um banho.
Vou até a janela e ofego com o que me cumprimenta. Um terraço de pedra. Este parece privado. Não é tão grande quanto eu esperava, o que me leva a acreditar que não é aquele em que estaremos tomando champanhe e morangos hoje à noite.
Champanhe e morangos. Jesus Cristo.
Aperto o aplicativo de chamada de vídeo no meu celular e ele se abre para os rostos de Amelia e Sage. “Faith!” Eles gritam, o som de suas vozes familiares me fazendo sentir instantaneamente mais calma. Porque eu não estou. Estou na casa de Harry. Logo o verei e não tenho ideia de como será. Não sei se ele me odeia por tudo o que aconteceu. Eu não tenho notícias dele desde a mensagem onde ele me pediu para vir. Dizer que estou nervosa em vê-lo é um eufemismo.
“Ei pessoal!” Eu digo e viro a câmera para darem uma rápida olhada no quarto e no banheiro.
“Você tem que estar de sacanagem!” Diz Sage.
“É como um palácio”, Amelia diz melancolicamente.
“Espere por isso”, digo e mostro a eles a vista da janela.
“Faith”, diz Amelia, e eu juro que ela está ficando chorosa. “É a coisa mais linda que já vi. Isso é um lago a distância?”
“Sim”, digo, admirando a ponte que foi construída sobre ela. Parece algo de um conto de fadas, com flores rosas, roxas e azuis decorando a antiga pedra cinza.
Viro a câmera novamente e me sento na mesa. Eu olho para o itinerário. “Há bebidas de boas-vindas hoje à noite. Em seguida, a escolha de arco e flecha ou cavalo amanhã. Um passeio pelos jardins e algum tempo livre no dia seguinte. Depois o baile de máscaras de verão.” Largo o itinerário, que foi impresso no papel de carta mais extravagante que já vi.
“Você já o viu?” Sage pergunta com cuidado.
“Não.” Suspiro e inclino minha cabeça para trás. “Talvez eu não vá até o baile. Não sei se ele quer conversar, ou se simplesmente não quer que eu perca o reconhecimento que recebi da Visage.”
“Faith, você não pode honestamente pensar isso”, diz Amelia. “Claro que ele quer ver você.”
“Só o tempo irá dizer.” Vasculho minha mala, que parece um modelo em miniatura entre todos os opulentos móveis do quarto. “Eu preciso de uma soneca para tentar superar esse jet lag, um longo banho na banheira. Então a diversão começará.”
“Nós estamos estupidamente invejosos, você sabe disso, certo?” Sage diz carinhosamente.
“Eu sei.”
“Diga oi para Nicholas por mim. Ele vai estar no baile.”
“Eu vou.” Beijo meus dedos e aceno para meus amigos. Quando desligo, subo na cama macia, olhando para o teto dourado. Eu sinto como se estivesse deitada em uma nuvem. Quando meus olhos se fecham, imagino como Harry estará quando o ver novamente. Meu coração infla só de imaginar aquele cabelo escuro, seus olhos azuis e o sorriso que ele guarda apenas para mim.
Ele mora em um palácio.
Harry, o futuro duque.
E eu estou aqui.
Na Inglaterra.
Se isso é um sonho, nunca quero acordar.
??????
O VESTIDO de linho branco pende nos meus ombros, as mangas abraçando meus braços. A barra cai nos joelhos, fluindo o suficiente para ser casual, mas abraçando minha forma o suficiente para mostrar minhas curvas, e absolutamente elegante o suficiente para champanhe.
Quando passo por um espelho do tamanho de uma parede (note-se que as paredes da propriedade Sinclair são bastante grandes), asseguro-me de que meus cabelos compridos estejam bem penteados em ondas soltas e que meus brincos estejam no lugar. Eu mantive minha maquiagem leve, mas com batom rosa profundo. Enquanto olho para o meu reflexo, sopro um suspiro nervoso.
“Senhorita”, diz uma voz, me fazendo pular.
“Timothy!” Eu digo, acelerando meu coração. “Não vi você aí.”
“Muito ocupada mostrando a língua para fora no seu reflexo?” Ele brinca. Eu imediatamente gosto dele ainda mais do que de manhã.
“Eu estava.” Aponto para mim mesma no espelho. “Ela é uma vadia atrevida.”
“Deixe-me avisar.” Ele aponta para uma parede de portas de vidro. “O terraço é por aquelas portas. A maioria dos convidados já está lá.”
“Obrigada, Timothy.” Tomando cuidado para não tropeçar no chão irregular de pedra embaixo de mim, entro pelas portas e ofego. Na verdade, eu ofego alto e dramaticamente. A vista ... pisco algumas vezes, tentando ter certeza de que não estou imaginando o que está diante de mim. O terraço de pedra é vasto e ornamentado. As balaustradas de pedra criam uma varanda do terraço. Escadas fazendo curvas de ambos os lados do terraço levam a jardins perfeitamente cuidados. Plantas coloridas e vibrantes em grandes vasos românicos estão assentadas em colunas de pedra nos caminhos de cascalho. Cúpulas verdes de topiaria e pequenos labirintos rodeiam o jardim como labirintos em miniatura. Outra balaustrada de pedra fica no final do jardim, oferecendo o lugar perfeito para ver a propriedade deslumbrante além.
O sol poente reflete no lago, e a ponte densa de flores de contos de fada está sobre ela. Parece uma pintura em aquarela. À direita está o que eu suspeito que Harry chamou de casas de hóspedes. Elas próprias são mansões. Nada comparado à casa principal, mas são impressionantes.
Há tanta coisa para absorver, minha cabeça lateja com a vastidão. A orquestra de cordas ao vivo tocando no canto só aumenta a qualidade onírica da mansão e do terreno, e o fato de eu, Faith Parisi, estar realmente aqui. Então minha pele arrepia ao perceber que estão tocando o belo som de Andrea Bocelli. A mesma música que tocava no chambre de Maître.
Um garçom vestido com um terno preto e branco com uma gravata borboleta me puxa do meu devaneio. “Senhorita, champanhe?”
“Obrigada”, digo, pegando uma taça. Uma mão acenando chama minha atenção para a parte de trás do terraço. Sarah. Desço as escadas para o andar principal do terraço e me junto aos meus colegas.
“Você pode acreditar neste lugar?” Sarah diz, linda de roxo. “Por que Harry está em Nova York? Se eu fosse dona desse lugar, nunca iria embora.” Meu estômago revira um pouco com isso. Mas ela está certa. É o mais próximo do céu que se pode chegar na Terra. Por que ele iria embora daqui?
“Alguém já o viu?” Michael pergunta. “Ouvi dizer que King saiu do hospital alguns dias após a cirurgia e já está quase voltando ao normal. É incrível a rapidez com que você pode se recuperar de um ataque cardíaco hoje em dia.”
“Isso é bom”, digo e tomo um gole do meu champanhe. King está fora do hospital e se sentindo melhor. O alívio que isso traz quase me deixa emocionada. Maldito jet lag.
“Cuidado, ali está o próprio homem.” Michael cutuca o queixo na direção das portas de vidro. “Harry.”
Eu congelo. Não importa o quanto tentei me preparar para esse momento, não estou pronta. Meu coração está batendo tão rápido que acho que pode me fazer desmaiar. Fecho os olhos e conto até quatro para tentar me acalmar. Quando estou atingindo os números negativos, percebo que não está funcionando para nada. Então escuto sua risada, e uma estranha sensação de calma enche meus pulmões, fazendo com que eu possa respirar. E essa é sua verdadeira risada, não a que ele usa quando está preso atrás da prisão do seu título. Ele parece feliz. Harry... ele parece perfeito.
Fazendo-me virar, encontro-o do outro lado do terraço cumprimentando os convidados. Meu coração acelera. Seu sorriso é amplo e genuíno, e as rugas ao redor dos olhos estão em pleno vigor.
A semana passada sem ele e a dor residual da nossa discussão parece desaparecer como as bolhas do champanhe que eu seguro na minha mão. Ele está aqui. Diante de mim novamente, parecendo o mais feliz que eu já o vi. Estou enraizada no chão, como se meus pés tivessem sido enterrados pelo jardineiro como as flores em vasos ao nosso redor.
“Você está babando.” Sally fica ao meu lado. Reviro os olhos para minha chefe, vestida com um terno todo preto. “Não se preocupe, se eu gostasse de homens, estaria babando também.”
“Sally, você percebe que é verão?” Eu digo, inclinando minha cabeça para seu terno e botas.
“Isso é da minha coleção de verão, Faith. Acompanhe a moda.” Sally se muda para uma mesa vizinha e eu espero Harry aparecer. Ele usa uma camisa de linho branca leve com, é claro, as mangas arregaçadas até os cotovelos. Ele usa calça cáqui e seus cabelos ondulados se movem com uma leve brisa. Seria muito mais fácil odiá-lo se ele não estivesse tão bonito.
Como se sentisse que eu estou observando, ele levanta a cabeça e seu olhar azul rapidamente procura o meu. Imediatamente trancada em um olhar, a expressão de Harry suaviza e o sorriso que ele me dá me deixa sem fôlego. Ele bate no homem com quem está falando e caminha em nossa direção.
“Olá, bem-vindos ao Sinclair Estate”, diz ele, seu sotaque instantaneamente me inundando. Ele desvia os olhos dos meus momentaneamente enquanto aperta as mãos de Sarah e Michael. Eu não entendo nada da conversa deles, muito ocupada me familiarizando com a visão dos antebraços musculosos de Harry, sua pele oliva, cortesia de sua mãe e sua mandíbula quadrada e barbeada.
Então ele está olhando para mim, estendendo a mão. “Senhorita Parisi”, diz ele, seu toque enviando eletricidade através do meu corpo. Os dedos de Harry apertam os meus.
“Harry.” Minha voz treme um pouco. Sarah e Michael vão falar com alguém que eles conhecem na mesa ao lado.
Harry os vê ir e se aproxima de mim. Vejo a cautela em sua expressão, a incerteza sobre onde estamos agora um com o outro. “Como você está?”
O cheiro e a voz dele me envolvem e me puxam para perto. “Estou bem”, digo e respiro fundo. “Seu pai ... ele está se sentindo melhor?”
“Está”, diz ele, e eu não consigo superar o novo ar ao seu redor. Ele está mais leve, mais amável. Harry se foi, embrulhado em arrogância, e em seu lugar há um sósia relaxado e amigável. “Ele está indo muito bem.” Harry aponta para a casa principal. “Descansando na casa dele. Ele sem dúvida será incapaz de resistir a aparecer em algum momento. Mesmo que ele deva, tecnicamente, continuar com calma.”
Levo um momento para perceber que nossas mãos ainda estão entrelaçadas, dedos frouxamente entrelaçados. Olho para as nossas mãos unidas e sinto aquela sensação sutil de mudança debaixo do meu peito novamente.
“Você gostou da casa?” Harry pergunta, sua voz calma, rouca e hesitante. Ele parece estar prendendo a respiração esperando minha resposta.
Sorrio. “Harry, isso não é uma casa, é...” paro, vendo a vista. Suspirando com a beleza, finalizo, “É o paraíso.”
Seu sorriso é tão amplo que ilumina o ar ao nosso redor. Eu tenho certeza que morri e fui para o céu. Agora eu posso ver por que meu cérebro agitado, naquele dia no centro de recreação, acreditou que ele era um anjo. Ele parece um agora.
“Bom”, diz ele e afasta a mão. “Estou feliz que você pense assim.”
“Harry?” Uma voz masculina atrás de nós diz. “Desculpe interromper, companheiro, mas precisamos de você aqui por um segundo.” Harry assente, mas sua linguagem corporal deixa claro que ele quer ficar.
“Foi bom ver você de novo, Harry”, digo, esperando que ele leia nas entrelinhas. Que não estou mais com raiva. Que no minuto em que o vi novamente, tudo o que aconteceu entre nós desapareceu.
“Você também. Você parece...” Um rubor cobre suas bochechas, “Você parece perfeita.” Então ele é retirado de mim para um grupo de ingleses que se reúnem em torno de uma mesa. Inalo o cheiro de grama fresca e tomo outra taça de champanhe e um morango.
Eu me junto a Sarah e Michael, misturando-me com os convidados. Quando a noite cai, e eu sinto como se tivesse conhecido todos os representantes da HCS Media, de Paris a Hong Kong, desço as escadas de pedra até o jardim e o longo caminho de cascalho, cercado de verde e rajadas de flores de cores vibrantes. O céu está rosado e a orquestra toca ‘Time to Say Goodbye' enquanto eu vago sem rumo, absorvendo a vista. Sei que nunca mais verei algo assim.
Parando na balaustrada de pedra, vejo a lua crescente brilhar no lago e as árvores balançarem levemente na brisa do verão.
“Linda”, sussurro.
“Eu estava pensando a mesma coisa.” Harry está atrás de mim, duas taças nas mãos. O colarinho da camisa está aberto, como de costume, mostrando-me um vislumbre de seu peito tonificado. “Oferta de paz”, diz ele e estende a taça. Colocando a minha vazia no pilar ao meu lado, pego-a e Harry se move para o meu lado para olhar sua terra.
“Você é dono de tudo isso”, digo, incrédula. “Esta é a sua casa de verdade.”
“É legal”, diz ele, dando de ombros. “Mas eu já vi melhor.” Balanço a cabeça com a piada sarcástica e bato em seu ombro. Harry solta um sorriso e, limpando a garganta, diz “Sinto muito, Faith. Sinto muito. Por tudo.”
Eu balanço a cabeça. “Não.” Debruço-me sobre a balaustrada, descansando os braços na fria pedra antiga. “Mas da minha parte, eu também sinto muito.”
Ficamos em silêncio quando a orquestra atinge seu ápice dramático. Ele se vira para mim. “Passe o dia comigo amanhã.”
“Mas eu tenho um dia de arco e flecha e passeios a cavalo. Você me afastaria disso?”
“Acredito que sim,” ele diz secamente, lutando contra um sorriso.
“Então eu devo fazer o que o rei do castelo exige!” Digo, fingindo estar exasperada.
“Príncipe”, diz Harry. “O príncipe do castelo seria mais adequado.”
“Bem, eu certamente não sou uma princesa.”
“Ainda não”, diz Harry, fazendo meu coração bater no meu peito. Encontro seu olhar e vejo apenas seriedade em seus olhos. Engulo em seco com a implicação de suas palavras e tomo outro gole longo, muito profundo e muito copioso do meu champanhe. “Passe o dia comigo, Faith. Depois jante comigo amanhã à noite. Temos muito o que conversar...” Ele hesita. “Se você permitir.”
Endireitando-me da balaustrada, encaro Harry. Meu Senhor. Já houve um homem tão perfeito quanto ele? Deus foi muito generoso quando se tratava de criar Harry Sinclair.
“Então até amanhã”, digo e Harry sorri novamente, mostrando-me aquelas rugas devastadoras nos olhos. “É melhor eu descansar minha beleza. Preciso eliminar meu jet lag para que possa aproveitar todas as atividades divertidas que você tem para me dar de manhã.”
“Eu realmente só iria dar a você a grande turnê. Uma grande turnê pessoal.”
“Harry, viu onde você mora? Levaria um ano para cobrir este lugar.”
“Ah, mas eu conheço as melhores partes.” Ele bate na lateral do nariz com o dedo indicador. “Conhecimento interno.” Ele se inclina para frente e beija minha bochecha. Leva tudo dentro de mim para não o jogar na balaustrada e bater minha boca na dele. Mas me contenho.
Enquanto caminho no cascalho em direção à casa, grito, “Até amanhã!” E agito meu guardanapo do champanhe no ar como um lenço de renda. Meu salto escorrega em uma fenda e eu balanço, quase batendo no chão.
Conseguindo me endireitar na estátua de um homem nu, segurando seu pênis pequeno, eu paro Harry de vir em meu socorro com um gesto. “Estou bem!” grito, puxando meu salto da rachadura e de volta para a segurança do cascalho. Harry balança a cabeça com a minha falta de jeito.
Aponto meu polegar para a masculinidade da estátua. “Você poderia ter dado a ele mais alguns centímetros”, digo a Harry. “O pobre rapaz esteve aqui todo esse tempo, humilhado. Pelo amor de Deus, faça a coisa certa!”
Harry ri, seu pomo de adão balançando. Por que isso é tão malditamente sexy? “Boa noite, Faith.”
“Então sou Faith de novo?” Pergunto quando chego aos degraus.
“Você nunca deixou de ser Faith para mim.”
Volto para o meu quarto, uma nova leveza no meu passo. Quem é esse Harry? Harry feliz e alegre? Eu não tenho certeza se realmente o conheci antes desta noite. Mas eu mal posso esperar para conhecê-lo mais. Amanhã, passarei o dia e a noite com ele.
Quando bato no colchão, a exaustão rapidamente me puxa para baixo. Mas, pela primeira vez em uma semana, durmo bem e fico feliz porque, quanto mais profundo eu dormir, mais rápido chegará o amanhã.
CAPÍTULO DEZENOVE
"O SENHOR SINCLAIR ESTÁ ESPERANDO em sua sala de estar para você tomar café da manhã com ele, senhorita”, diz Timothy na manhã seguinte, quando saio do meu quarto e o encontro andando pelo corredor.
"Sala de estar dele?"
"Sim, senhorita. Todo mundo que mora aqui tem uma."
"Uau", digo, maravilhada com o fato de algumas pessoas serem ricas o suficiente para terem tudo individual. Até mesmo um lounge. Sigo Timothy por apenas duas portas do meu quarto para outra porta de madeira. Quando ele abre, Harry está sentado em uma pequena mesa na enseada de uma grande janela. Ele usa uma camisa branca e calça cáqui, mas dessa vez também usa um cardigã azul marinho com gola grossa e um par de sapatos pretos. É claro que ele faz até um cardigã e mocassins parecerem bons.
Timothy fecha a porta, deixando-nos sozinhos, e Harry se levanta. Ele vem até mim e pega minha mão. Ele passa o polegar sobre os meus dedos e se inclina para me beijar na bochecha. Quando ele se afasta, pergunto, "É tudo o que vou receber?"
A bochecha de Harry se contorce em diversão. "Bom dia, Faith", diz ele. "E sim. É tudo o que você vai receber agora.”
"Sim, Maître", digo, e o rosto de Harry fica em choque.
Tento não rir da reação dele, mas não posso evitar. Harry balança a cabeça, um rubor cobrindo suas bochechas. Eu decido que corar também é sua marca. É adorável. “Eu já disse uma vez e vou repetir. Mas você é..."
"Incorrigível", termino por ele. "Sim, sim, eu sei."
"Café da manhã?" ele pergunta, claramente tentando afastar a conversa do seu trabalho à luz da lua como mestre sexual e de volta à sua vida idílica na Sinclair Estate. Harry puxa uma cadeira ao lado dele na mesa.
"Bolinhos, torradas e todas as geleias e manteiga", eu digo. "E chá, muito chá."
"E café para a senhorita Parisi." Ele me entrega uma cafeteira cheia, um pote de açúcar e creme. "Não esqueci sua aversão à bebida nacional da Inglaterra."
"Você ganha pontos extras por isso, só para você saber." Eu me sirvo de um café forte, cujo cheiro quase me dá um orgasmo.
"Estou lisonjeado", diz Harry e morde uma fatia de torrada.
"Então? Qual é o plano para hoje?” Pego um bolinho de manteiga e meus olhos reviram na minha cabeça quando atinge minha boca. “Humm”, digo, “Como eu não sabia que esses sabores eram tão bons”? “Eu não teria feito deles o alvo das minhas piadas se soubesse.”
Harry observa todos os meus movimentos enquanto sugo meus dedos na boca para pegar o resto da manteiga derretida. “Você sabe que eu sou boa em chupar, Harry. Então tire esses olhos sexuais de mim. Estou comendo e nem você e toda a sua perfeição podem ficar entre mim e carboidratos ricos em amido.”
Limpo minhas mãos no guardanapo de pano chique, enquanto Harry sorri em seu chá. "Eu pensei em começarmos com a casa e depois irmos para os jardins." Ele termina o chá. "Então podemos jantar na sala de jantar à noite."
"Apenas nós dois?" Pergunto.
"Sim, se estiver tudo bem?" Ele parece nervoso, na verdade eu diria que não.
"Melhor que bem" Eu rapidamente termino mais dois bolinhos e duas xícaras de café.
"Você está pronta?" Harry se levanta, me oferecendo sua mão. Eu me levanto e seus olhos rastreiam meu vestido roxo, com mangas de três quartos, que param na parte superior dos meus joelhos. "Você está deslumbrante", diz ele, e eu sei que ele está falando sério, vendo a maneira como suas pupilas se dilatam.
Eu coloquei meu cabelo para trás em um rabo de cavalo alto e tênis ‘converse’ brancos nos pés. Eles não combinam exatamente com a elegância desta casa e jardins, mas eu também não, então não deixo que isso me incomode.
Eu levanto meu pé para mostrar a Harry os tênis. "Achei melhor usar algo menos perigoso do que saltos para a grande turnê hoje.”
"Por isso", diz ele, beijando as costas da minha mão como se tivesse que me tocar, "sou eternamente grato." Harry me oferece o cotovelo. Eu coloco meu braço. "Vamos?"
"Vamos.” Ele me leva para o corredor e, novamente, fico maravilhada com toda a decoração e móveis antigos. "Ainda não acredito que você foi criado aqui." Um pensamento triste me ocorre. "Você já ficou sozinho?"
O braço de Harry fica tenso um pouco, traindo sua resposta. "Sim. Especialmente depois que minha mãe morreu.” Ele encolhe os ombros. “Nicholas ficava muito aqui. Seu lar ancestral não é muito longe. Mas não era como ter um irmão ou irmã morando na casa.”
“Este lugar teria me aterrorizado quando criança. Minha imaginação maluca teria criado tantos fantasmas que vagavam pelos corredores.”
Harry aponta para uma sala. Está aberta e uma mulher está dentro limpando-a. "Acreditava que o bicho-papão vivia embaixo da cama naquele quarto." Quando chegamos a um patamar que bifurca em dois corredores, ele aponta para o que não estamos descendo, graças a Deus. “E a dama grisalha vagueia pelo corredor. Apenas flutua em todos os seus trajes do século XVI, lamentando seu amor perdido e esperando para arrebatar crianças de suas camas e possuí-las.”
“Cristo, Harry. Eu tenho que dormir aqui esta noite!”
Ele ri. "Você vai a qualquer lar imponente da Inglaterra, e garanto que haverá muitas histórias de damas e soldados cinzentos que morreram em batalha, defendendo o Senhor que morava lá, que voltou por sua vingança." Ele encolhe os ombros. "Eu nunca vi um."
Algo puxa meu rabo de cavalo e viro a cabeça, gritando um pouco, apenas para ver Harry colocando a mão livre de volta ao seu lado. "Idiota", murmuro, mas ainda olho ao nosso redor por precaução.
“Idiota Pomposo, Faith. Pelo menos me fale com meu título apropriado.”
"Você está certo. Como eu poderia esquecer."
"Aqui", diz Harry, chegando ao primeiro quarto. Grandes portas duplas cor de creme nos cumprimentam. "A maior sala de toda a casa." Harry abre as portas, e minha boca se abre quando uma enorme galeria, cheia do pé ao teto com fotos, pinturas a óleo e estátuas, é descoberta aos meus olhos. "A galeria. Nela estão todos os duques que vieram antes. As esposas e filhos.”
"E os cachorros deles?" pergunto, vendo uma grande foto de um cão lobo de aparência régia.
"Alguns dos meus ancestrais realmente amavam seus cães." Harry me leva para a foto de um homem alto e bonito com um casaco vermelho e calção. Ele está olhando seriamente para o pintor. De fato, todas as poses dos duques são quase idênticas. "O primeiro duque da nossa linha."
"Ele se parece um pouco com você", eu digo, passando pelos outros retratos. As mulheres são lindas e usam vestidos requintados.
Paramos em um duque com cabelos loiros arenosos. "Ele causou bastante escândalo no século XIX", diz Harry.
"Por quê? Ele não gostava de chá?” Eu faço uma careta.
"Meu Deus, não, nada tão ruim", Harry diz, sua voz horrorizada. Ele sorri. "Ele fugiu com a serva de sua esposa."
"Não", digo, olhando de olhos arregalados para o homem na foto.
"Amor", Harry diz, com uma pitada de admiração em sua voz. “Ele se apaixonou por ela. Mais até. Ele estava completamente apaixonado por ela. Fazia anos. Um dia, ele fugiu com ela.”
"O que aconteceu?"
"Seu irmão o encontrou em Brighton e o levou para casa."
"Ele perdeu o amor de sua vida?"
"Não." Harry ri da minha expressão confusa. "Ele a colocou na casa de hóspedes e viveu o resto de seus dias com ela."
"Erm...? O que?"
“Era o século XIX, Faith. Ele era um duque e, francamente, poderia fazer o que quisesse.”
"Sua pobre esposa."
Harry assente. "Mas é a história mais comum de homens e mulheres também, que são casados por dever, não por amor."
O silêncio se estende entre nós e o retrato do duque que entregou seu coração a uma camponesa. "É..." respiro. "Existe uma chance de que talvez um dia possa ser remediado?" Eu estremeço, me odiando por ir até lá. Estou amando o tempo com Harry esta manhã, vendo o mundo dele. Não quero estragar tudo. Mas...
"Acho que sim", diz ele, interrompendo meus pensamentos. Ele coloca as mãos nos bolsos. "Acho que pela primeira vez, há esperança."
Esperança. Sim, penso. É esperança que agora corre pelas minhas veias a 160 quilômetros por hora.
Eu vou para o próximo retrato, Harry ao meu lado. Passo por King, parecendo bonito em sua juventude. Então, "Sua mãe.” Uma mulher bonita, alta e esbelta posando perto de uma janela para seu retrato. Seus cabelos castanhos escuros estão presos em um penteado. Aline Auguste-Sinclair usava longas luvas brancas e um vestido roxo, e ela tinha os olhos azuis de Harry. "Ela é linda", digo, encontrando meus olhos cheios de lágrimas. Uma cai em minha bochecha. Eu sinto a perda de sua presença. Pelo amor de Harry, até pelo King, mas também pelo meu. Eu adoraria ter a conhecido.
Harry limpa minhas lágrimas com os polegares. Então mudo para a próxima foto e não posso deixar de sorrir. Meus pulmões inflam, meu coração pula uma batida e fixo meus olhos no belo visconde diante de mim. Ao meu lado. "Harry", eu sussurro. Ele está parado nos jardins, a ponte de contos de fadas atrás dele em toda a sua glória colorida. Ele está vestido com um terno azul marinho, seu belo rosto iluminando a imagem. "É incrível."
"É alguma coisa, tudo bem", diz ele, bufando de diversão.
"Não, é mesmo", digo, não permitindo que ele bata nisto. "É realmente magnífico."
"Obrigado", diz ele. Então, "Se você gosta, então eu também."
Sorrindo para ele, pergunto, "Então, o que vem a seguir?"
Harry me leva para a ala leste da casa. É tão longe que um suor leve estoura na minha testa. "Não é à toa que você é assim", digo, movendo meu dedo. "Você tem que estar apto para morar aqui."
"Isso vale a pena." Harry abre as portas e tudo que vejo são livros. E não como aqueles em seu apartamento em Nova York. Aquilo era pouco. Aquilo vezes um milhão. Uma sala cheia de cima até embaixo com livros, livros e ainda mais livros.
"Quatorze mil", Harry responde quando pergunto quantos livros há aqui. Há uma mesa no centro e quatro sofás para relaxar e ler.
"Eu nunca sairia desta sala se morasse aqui." Passo a mão pelas lombadas. Alguns deles têm que ter mais de trezentos anos.
Depois de praticamente me arrastar da biblioteca, Harry me mostra quartos onde a rainha Victoria e a rainha Anne ficaram. Eu vejo a sala de música, que tem um piano no canto. É lá que descubro que Harry sabe tocar. Se eu já não estivesse apaixonada por ele, teria ficado quando ele relutantemente toca para mim.
Em seguida, ele nos leva para os aposentos dos velhos empregados e para algo chamado de copa de legumes.
"Havia uma sala apenas para preparar legumes?"
"Sim."
"Só para descascar batatas e coisas do gênero?"
"Sim."
"Deixe-me ver se entendi." Eu abro meus braços. "Todo esse espaço era para legumes?"
“Sim, Faith. Não direi de novo.”
Então entramos na sala de confeitaria.
"Ok", eu digo, "esta sala era apenas para preparar bolos?"
"Sim."
"Esta sala inteira?"
Harry revira os olhos, me pega pelo cotovelo e me leva daquele aposento para um com sinos. Uma campainha para cada quarto, onde o duque ou a duquesa (e qualquer outra pessoa que estivesse lá) poderia tocar uma campainha e um criado viria correndo.
Harry rapidamente me tira do quarto dos empregados também quando começo a dar uma palestra sobre a questão que eu tenho com civilidade.
"É tudo tão surreal", digo enquanto caminhamos por um caminho escondido para o lago. Ao longe, vejo o resto dos convidados envolvidos com arco e flecha. De onde estamos, posso ver alguém que parece Sally ignorando completamente o alvo, em vez disso, mirando em pássaros.
"Eu queria que você visse isso." Ele me leva a uma ponte de madeira em uma parte privada do lago. Nós nos sentamos no dique. O sol está brilhando e aquecendo meu rosto. Harry tira o casaco e arregaça as mangas.
"Em Nova York..." Ele passa a mão pelo rosto. "Eu pareço um homem de negócios, o que é claro que sou." Ele aponta para os campos de árvores ao nosso redor. "Mas eu também sou mais." Ele inclina a cabeça, escondendo o rosto de mim. “Suponho que às vezes corro disso. Escondo quem sou para que as pessoas não pensem de mim o que não sou.” Ele olha para mim. Vejo um pedido de compreensão em sua expressão. “Mas tudo isso será meu um dia. Deus...” Ele respira fundo. "Não faz muito tempo..." Ele está se referindo ao ataque cardíaco de seu pai. Eu pego a mão dele. "Depois da nossa discussão, e depois do ataque cardíaco do meu pai, isso colocou as coisas em perspectiva para mim."
"Colocou?"
Harry assente e olha para nossas mãos entrelaçadas. “Não posso negar quem sou. E mais do que isso, eu acho, que quando todas as camadas são arrancadas, realmente gosto de quem eu sou.”
"Eu também."
Harry beija minha mão e a coloca na perna. “Tenho orgulho que serei duque um dia, Faith. Tenho orgulho de pertencer a esta linhagem Sinclair. Mas eu disse ao meu pai que tinha que haver mudanças.” Sua voz muda de suave para austera. “Depois de nós... depois de tudo... soube que as coisas tinham que ser diferentes. E eu tinha que ser quem faz isso acontecer.”
"Você fez?" Estou com muito medo de perguntar quais são essas mudanças.
"Venha", diz Harry, levantando-se. “Tenho mais para lhe mostrar. Depois almoçaremos no gazebo.”
"Quem é você?" Sorrio, sentindo como se estivesse em um sonho.
Ele me puxa para mais perto e segura minhas bochechas como eu amo. "Harry. Apenas Harry.” Espero por um beijo, mas não vem.
Harry segura minha mão e me leva para os estábulos. Quando a noite chega, eu já vi todos os quartos e pontos turísticos favoritos de Harry em sua terra. Ele me deixa no meu quarto com a promessa de me ver no jantar.
Eu uso um vestido vermelho longo e salto alto. E eu mantenho meu cabelo solto, do jeito que ele gosta. Estou com meu batom vermelho favorito e caminho até o grande salão de jantar. Eu tive um rápido vislumbre dele no início do dia, mas quando as portas se abrem, não posso acreditar nos meus olhos. É adornado com pinturas, tapeçarias e esculturas, e no centro da sala há uma mesa tão grande que parece poder realizar um banquete para cem pessoas. Quase bloqueia minha visão de Harry, junto à lareira, virado para longe de mim com as mãos atrás das costas. Ele me encara, seus lábios se separando, quando me vê no meu vestido.
Estendo meus braços. "Você gosta?"
"Muito", diz ele com a garganta apertada. Ele beija minha bochecha e eu também o admiro.
"Muito bonito", digo e tomo uma bebida que ele tem esperando por mim. "Vinho", digo com alívio. “Por mais que eu goste de champanhe, não posso tomar outra gota. Sou uma garota que gosta de beber vinho e cerveja, sabe?”
"Vamos?" Harry estende a mão e me leva em direção à mesa. No caminho, tropeço no salto, o vinho derramando no tapete.
"Merda!" Eu me viro para Harry. "Por favor, diga-me que não é uma antiguidade inestimável."
Harry encolhe os ombros. "Apenas alguns séculos, isso é tudo." Ele se inclina para mais perto, e eu quase choramingo com o seu cheiro viciante e como isso faz minhas coxas apertarem. "Ele sobreviveu a duas guerras mundiais e o incêndio da casa em 1819, mas receio que tenha sucumbido à desgraça de uma Faith Maria Parisi."
"Harry!" Eu digo angustiada, com as mãos na cabeça. "É realmente tão velho assim?"
"Não. Pouco mais de cem. Mas, honestamente, neste lugar, é praticamente novo em folha.” Nós nos aproximamos da mesa. Harry aponta para o outro lado. "Você senta lá embaixo, e eu aqui em cima." Ele aponta para outro assento. Eu conto as cadeiras no meio. São trinta.
"Você está falando sério?" Pergunto.
"Não", Harry diz com uma cara completamente séria.
Quando seus lábios se curvam em um pequeno sorriso, balanço a cabeça. "Oh, você está cheio de piadas esta noite."
"Por enquanto." Ele me leva para o lugar que ele declarou ser dele e puxa a cadeira ao lado dele para mim. "Vamos comer, e então podemos conversar."
Uma caverna escava no meu estômago. Desde que cheguei aqui ontem, tudo entre nós tem sido perfeito. Mas não importa o quanto tentamos, não podemos nos livrar do elefante na sala. Eu preciso que ele explique sobre Maître e NOX e tudo mais, e também preciso me desculpar pela minha parte.
"Então, o que vamos ter?" pergunto, tentando deixar as coisas pesadas de lado até depois do jantar.
“Codorna assada com repolho.”
"Encantador!" digo, morrendo imediatamente por dentro. Eu estou faminta e preciso de comida de verdade. Mas quando os pratos chegam e a cúpula é levantada — “Tortelli de Zucca”, digo, vendo meu prato favorito na minha frente.
"Pensei em deixar a codorna para outra noite."
Cubro a mão de Harry com a minha e aperto. "Eu sabia que você era um bom homem por baixo."
Comemos e conversamos um pouco. Quando o café é tomado e a louça é retirada, Harry me leva ao fogo agora aceso e me serve um copo de uísque. Eu me sento ao lado dele no sofá.
O silêncio se estende entre nós até Harry dizer, “Faith. Por favor permita-me explicar. Explicar tudo.”
"Tudo bem", digo, o brilho quente do fogo não impedindo o frio nos meus ossos.
Harry se inclina para a frente, cotovelos nos joelhos, o uísque pendurado na mão. “Você deve entender que o jeito que eu era — arrogante, rude e frio — veio depois que perdi minha mãe. Não estou dizendo isso para provocar simpatia. Estou dizendo isso porque é verdade.” Ele toma um pequeno gole de uísque. "Meu pai e eu, na semana passada, desde o ataque cardíaco, tivemos muitas discussões."
"Vocês tiveram?"
Ele assente. “Tínhamos muitas coisas que precisavam ser ditas. Eu tinha muitas coisas que precisavam ser ditas. Ele precisava saber o que tinha feito comigo que me mudou. Isso me fez... representar depois que mamãe morreu.” Tomo um gole do meu uísque também, deixando o calor escorrer pela minha garganta.
"Quando eu estava na universidade, fiquei um pouco selvagem", confessa. “Passei grande parte do meu tempo bêbado e dormindo por aí. Eu era introvertido, estudioso de dia e uma bagunça total à noite. E foi assim que me acostumei a ser.”
Não consigo imaginar Harry desse jeito. Mas então eu nunca perdi um pai, então não posso imaginar como isso me afetaria. "Eu estava em Nova York em um verão com meu pai." Ele sorri, mas é fraco. “Um amigo meu me convidou para os Hamptons. Eu fui, é claro. Quando estávamos lá, ele me falou de uma festa que estava acontecendo naquela noite. Uma festa de sexo, só que todos usavam máscaras. Era completamente anônimo. As pessoas nos Hamptons precisavam ser anônimas. Eles tinham reputação a defender, posições de poder a proteger.”
Harry olha para o fogo, voltando àquela época. "Eu não podia acreditar nos meus olhos", diz ele. “Era liberdade. Estar naquela máscara parecia...” Ele franziu o cenho. “Passei minha vida inteira sob um microscópio. Pessoas assistindo todos os meus movimentos. Não faça isso, Harry. Isso prejudicará nossos negócios, Harry. Não é assim que um visconde se comporta, Harry. Eu estava cansado disso. Doente de viver com um fantasma de pai, cansado de viver sem minha mãe. Doente de viver para os outros e não para mim.”
"Harry..." sussurro, sentindo o peso pressionando no meu peito com a tristeza em sua voz.
“Eu tinha contado a um amigo sobre a festa. Ele morava em Manhattan.” Harry mexe no gelo no uísque. “Ele me disse que eu deveria organizar algo semelhante no Upper East Side. Cobrar as pessoas para comparecerem, fazer com que assinassem NDAs e insistir que todos usassem máscaras e mantos para se protegerem.” Harry encolhe os ombros. "Então eu fiz. E não só foi popular, como foi um sucesso estrondoso. E eu fiz isso sem nenhuma contribuição do meu pai.” Por mais louco que parecesse, senti um flash de orgulho por Harry.
“No começo, aluguei casas, mudava o clube para um novo local a cada semana. Até então, eu o chamei de NOX. Finalmente, ganhamos o suficiente para eu investir em um lugar permanente.”
"A casa em Manhattan?"
Harry assente. "Sim." Ele ri. “Eu tinha uma lista de espera do tamanho da ponte do Brooklyn. Mas, nessa época, meus tempos selvagens haviam chegado ao fim e vi o NOX como um negócio real e viável. Mas também como uma saída para pessoas como eu. Pessoas que sentiam que estavam em uma espécie de prisão em suas vidas cotidianas.” Harry bebe seu uísque e depois serve outro, enchendo o meu também.
"Obrigada."
Harry senta-se no sofá. "Na época em que estávamos estabelecidos, embora minha raia selvagem já tivesse morrido há muito tempo, eu tinha uma reputação."
"Maître", digo.
“Maître.” Harry balança a cabeça. “Desde a primeira noite no Hamptons, eu tinha usado aquele sotaque francês. Eu poderia, posso falar francês fluentemente, é claro. Era tudo o que falava com minha mãe. E não sei...” ele para, sem palavras.
"Oferecia mais proteção para você."
Harry encontra meus olhos. "Exatamente", diz ele com um sorriso depreciativo. “Era realmente estúpido, mas vestir aquela máscara, capa e aquele maldito sotaque me fazia outra pessoa. Por um tempo, eu não era Henry Sinclair III, herdeiro de um ducado. Eu era o Maître Auguste, e ser ele me fazia me sentir muito bem. Eu guardei isso para mim mesmo. Ninguém me conhecia e meus negócios prosperaram.”
Harry pega minha mão, como se precisasse de força, precisasse do meu apoio. “Eu não estava mais me entregando aos meus antigos caminhos selvagens, Faith. Mas — e pode-se argumentar que isso era pior — eu me tornei um homem duro e frio. Você estava certa quando afirmou que eu era pomposo e arrogante. Eu era. E estava bem sendo assim. Nos meus círculos sociais, era comum e até reverenciado.” Ele segura minha mão com mais força. "E então eu te conheci." Os lábios dele se curvam com carinho. "E você bateu em mim como uma bola de demolição." Harry beija minha mão, meus dedos. “Eu nunca, em toda a minha vida, tinha conhecido alguém como você.”
"O mesmo aqui", digo, sentindo como se tivesse um balão preso a cada um dos meus ombros, me levantando do chão.
"Naquele primeiro dia, na sala de reuniões para os estagiários..." estremeço, lembrando muito bem daquele dia. Harry suspira. "Eu tinha acabado de começar a receber ajuda."
"Ajuda?"
Harry esfrega os dedos sobre o coração. "Depois que todas as bebidas e trepadas pararam." Ele olha para as chamas no fogo, perdidas no passado. “Depois que me acalmei e tentei me concentrar na minha vida, meu futuro, na maioria das vezes me sentia entorpecido. Quando não estava entorpecido, ficava com raiva ou triste.”
"Por quê?"
"Mamãe", diz ele, a única palavra cheia de tanto amor que faz meu coração apertar. “Eu não tinha percebido, mas ainda estava em choque. Mesmo como um homem se aproximando dos vinte e poucos anos, o choque, o trauma de perder minha mãe tão jovem, apodreceu dentro de mim como uma ferida mortal que não curava.” Ele faz uma pausa e reúne a compostura. "A morte dela... não dizer adeus... havia quebrado uma parte de mim, tirado um pedaço do meu coração que, sinceramente, acho que nunca mais voltará."
"Harry", digo, minha voz falhando com tristeza.
“Sempre fui introvertido. Eu olhava para pessoas como você, cheias de vida e alegria, conversando livremente com outras pessoas, e me perguntava como tudo era tão fácil. Como você podia iluminar a sala com sua mera presença.”
"Você pensa isso de mim?"
Harry encontra meus olhos. "Sim."
"Um dia antes de nos conhecermos, tive uma sessão bastante intensa com meu terapeuta." Harry suspira. “Isso me afetou bastante, falei da minha mãe e meu pai e daqueles anos após a morte dela. Eu estava com dor de cabeça e me sentia tão bravo com o mundo. Irritado por não ter certeza de quem eu era como homem, como pessoa e triste por ter passado tantos anos preenchendo a ausência em meu coração com relacionamentos superficiais e irracionais.”
Os lábios de Harry se erguem em um sorriso. “Então eu te conheci, tão cheia de vida e exalando felicidade. Os outros estagiários se voltaram para você como se fosse um ímã e não resistiam à sua atração.” Ele franze a testa. “Eu nunca tinha visto alguém tão... tão... viva como você era. Viva e... linda. Tão excepcionalmente bonita.”
Excepcionalmente.
“Harry—"
"Eu gostei de você. Apesar de tudo, e de quão errado para um homem da minha posição meus colegas e meu pai diriam que você fosse, eu gostei de você. E isso me atormentou mais do que tudo. Eu a via no escritório, toda vibrante e confiante, homens e mulheres caindo aos seus pés... eu não sabia o que fazer com você. Com o que sentia por você. Recusava-me a acreditar que era atração e me convenci de que era desprezo.” Ele ri e não posso deixar de sorrir também. “Então você dizia 'sim, senhor'. Não importa o que eu dissesse você sempre sorria e respondia com 'sim, senhor' e isso me quebrou.”
"Eu sabia que estava te afetando", confesso.
"Foi o que aconteceu", diz Harry. "De fato, quase me deixou louco." Ele passa a mão pelas ondas escuras. “Mesmo quando voltei para a Inglaterra no verão, e comecei a trabalhar em publicações em Manhattan em meio período, sempre pensava em você. A mulher que me atingiu como nenhuma outra.” Ele bufa uma risada. “Harry Sinclair, o Terceiro, nada mais é do que um cara de pau superprivilegiado. Um cara de pau superprivilegiado que não precisa de nada além de uma boa surra e uma foda completa.”
Harry ri alto, e eu derreto com o som feliz. “Essas palavras me torturaram, Faith. Circularam minha mente por anos.” Ele rapidamente fica sério. “Tentei dizer a mim mesmo que não me importava que você não gostasse de mim, que você não era nada para mim, nem me conhecia. Mas mesmo que eu convencesse minha mente de que era verdade, a dor maçante no meu coração me expunha pelo mentiroso que eu era. Quando meu pai me disse que queria que eu assumisse o escritório de Nova York alguns anos depois, imediatamente disse que sim."
"Para fugir das pressões de estar aqui?"
Harry segura meus olhos com os seus. "Isso. Eu tinha o NOX lá, o qual poderia estar mais perto, poderia escapar da cena da sociedade sufocante aqui na Inglaterra por um tempo... e, agora eu percebo, porque sabia que você também estaria lá.”
Recuo em choque. "O que?"
"Chame isso de masoquismo, chame de autopunição, mas queria assumir o escritório de Nova York e, apesar do quanto lutei, queria vê-la novamente."
"Você me odiava", sussurro.
"Eu tentei me convencer que sim." Ele encolhe os ombros. "Acontece que era algo completamente diferente." Eu não tenho palavras. “Mas pretendia mantê-la à distância. Eu sabia que você me achava frio e arrogante, repelida por meu caráter desagradável. Então eu fiz o papel. Se você me odiava, nunca poderia me deixar acreditar que poderia haver algo mais entre nós. Era a minha única linha de defesa.”
"Você fez um trabalho estelar", brinco. Harry ri. "Eu nunca imaginaria que esse homem vivia embaixo da fachada." Harry assente.
Depois de respirar fundo, ele diz, "Naquela noite, na boate, quando nos encontramos."
"Na noite em que fui convidada para o NOX?"
"Não fui eu", diz ele. “Por mais que pensasse em você, eu nunca teria me tentado dessa maneira. Ter você no meu clube.”
"Então quem—"
“Christoph. Ele é um caçador do NOX, das ninfetas.” Harry levanta as mãos. “Eu estava lá com Nicholas. Ele foi para uma visita e estávamos conhecendo alguns de seus amigos. Eu não tinha ideia de que Christoph tinha te chamado, juro. Não até que estava no meu escritório no último andar, naquela primeira noite, que eu soube.”
"Como?"
"Eu vi você na câmera entrando pela entrada principal." Harry tosse. “Não podia acreditar nos meus olhos. A mulher que me atingiu como nenhuma outra estava entrando no meu clube. Chegando para ser uma ninfeta.” Harry cora, e seus olhos se enchem de desculpas. “Eu não podia fazer isso, Faith. Não podia ver você com outros homens.” Fico sem fôlego com sua confissão. “Sentei-me na minha mesa tentando pensar em maneiras de expulsá-la. Mas então eu vi você andar pela sala principal. Vi que você estava nervosa. A Faith alta e vibrante que eu conhecia estava tímida e, pensei, um pouco assustada.” Ele balança a cabeça. "Matou-me ver você daquele jeito."
"Estava impressionada", sussurro. "Eu pensei que poderia fazer isso, então vi todo mundo e congelei."
Ele sorri. "Então, da maneira típica de Faith, você entrou na sala de swing de sexo de uma vez só." Sorrio também, apenas lembrando daquela calamidade. "Vi Gavin levá-la para a sala dos fundos e vi sua postura derrotada." Os ombros dele caem. “Eu queria te confortar. Queria lhe dizer que você não precisava se envergonhar. Eu precisava saber que você estava bem.”
"Foi por isso que você me chamou para o seu quarto?" Borboletas familiares estão de volta no meu estômago.
Harry assente. “Eu lutei comigo mesmo sobre o que queria fazer, o que finalmente fiz. Queria garantir-lhe que não precisava ficar envergonhada e planejava enviá-la no seu caminho. Mas quando você me viu, o nervosismo que você exibiu no andar de baixo desapareceu. Você parecia interessada em mim, relaxada na minha presença... e curiosa.” Harry passa a mão pelo rosto. “Curiosa sobre mim e o que eu poderia fazer. Todo pensamento racional saiu da minha cabeça depois disso. Eu me convenci de que, como Maître, eu poderia tirá-la da cabeça e seguir com minha vida. Mas isso só me fez gostar mais de você.” A última frase é dita tão suavemente que faz meus olhos brilharem.
“Então o inacreditável aconteceu. Eu conversei com você. Eu. Como Harry. No elevador. E não foi completamente tenso. Você não parecia cheia de ódio por mim.” Harry toma um longo gole de uísque, como se estivesse planejando algo. “Mas mais do que isso, gostei da pessoa que me tornava perto de você. Você entrou através do escudo protetor de arrogância e grosseria que eu adotei ao seu redor. E enquanto continuamos a ser jogados juntos, comecei a lembrar. Comecei a me lembrar do Harry que eu era antes de minha mãe morrer e meu pai parar de se importar com a vida. Lembrei-me de que podia rir e fazer piadas e não ser severo e infeliz, apenas existindo, todos os dias iguais.”
Harry se aproxima de mim. Meu coração bate muito rápido com a proximidade. “Cada vez que estávamos juntos como Harry e Faith, eu ganhava um pedaço do velho Harry de volta. Você, Faith. Você me trouxe de volta. Com suas sugestões e piadas inapropriadas.”
"Harry..." sussurro. "Mas Maître..."
“Eu nunca acreditei, em um milhão de anos, que alguém como você gostaria de mim. Como Maître, tenho o lado mais íntimo de você. Mas então, impossivelmente, as coisas começaram a mudar. Eu as senti mudando entre nós como Harry e Faith.”
"Eu lembro."
“E quanto mais nos aprofundamos, mais eu sabia que se dissesse que era Maître, eu te perderia. Que iria quebrar qualquer aparência de confiança que compartilhamos, e eu te perderia.” Harry parece tão triste e abandonado. “Por pior que pareça, eu não suportava te perder. Você me mudou Faith.” Ele franze o cenho para isso. “Não, não me mudou. Você me trouxe de volta à vida. Você, a morena mal-humorada de Hell's Kitchen que escreve uma coluna de conselhos sexuais, me trouxe de volta à vida.”
"Harry", digo e, finalmente, depois de todo esse tempo, pressiono meus lábios nos dele. Ele me beija em resposta. É macio, bonito e cheio de gratidão.
Quando ele se afasta, ele diz, “Você deve saber que tudo o que lhe disse como Harry era verdade. Omiti que eu era Maître, mas tudo o mais era real, Faith. Tão malditamente real.”
Coloco minha mão em seu rosto. “Vocês dois são, Harry. Ambos os homens são você. E eu me apaixonei pelos dois.”
"Faith..." ele sussurra.
"Mas seu pai", digo, quebrando o momento. “Ele deixou claro que nunca permitirá isso. Nós."
Harry deixa cair a testa na minha. “E eu deixei claro para ele que se tentar me atrapalhar de novo, em qualquer parte da minha vida, mas principalmente com você, eu irei embora. Vou recusar o título, os negócios, tudo. Faith, eu disse a ele para não me fazer escolher entre você e ele.”
"Você fez isso?" Digo, sentindo meu coração na garganta. "Por quê?"
Harry afasta a cabeça para que eu possa ver seu rosto, para encontrar seus olhos e ouvi-lo dizer, “Porque eu disse a ele que escolheria você. Disse a ele que sempre escolheria você.”
Lágrimas caem dos meus olhos e eu bato minha boca na dele. Dessa vez, Harry me beija com o mesmo nível de desejo e desespero que vive dentro de mim. Minhas mãos correm pelo cabelo dele, e eu provo uísque em seus lábios e língua. Sou consumida por ele e não quero nada além de tê-lo acima de mim. Mas Harry se afasta e diz, "Vou levá-la de volta para o seu quarto."
"O qu—?" Eu digo, lábios inchados e confusos.
"Faith, você precisa pensar em tudo o que aconteceu." Ele olha para o sofá embaixo de nós. "E não vou levá-la pela primeira vez em um sofá velho na minha sala de jantar."
"Por que não?" Argumento. “Você me fodeu sem reservas em uma gaiola gigante pelo amor de Deus. Eu diria que um sofá antigo em uma casa majestosa é um upgrade.”
"Fai-"
"Eu te perdoo, ok?" Eu digo, tentando desesperadamente abrir o zíper. “Você também me perdoa? Se for assim, vamos ao sexo de reconciliação.”
Harry afasta minhas mãos. "Claro." Ele suspira e se levanta. "Mas agora que você sabe quem eu sou, todas as partes de mim, quero fazer isso direito."
"Certo, estou pronta agora!" Eu abro meus braços. “Arrebata-me, Harry. Minha libido faminta por Harry e eu estamos mais do que prontas.”
Harry se abaixa até seu peito pairar sobre mim. Seus lábios se fecham nos meus, mas, em vez de me beijar, ele diz, "Hoje não, Faith."
"Ahh!" Eu choro de frustração. "Pensei que você não fosse um sádico?"
"Talvez eu seja um pouco", ele diz e me oferece aquela mão bastarda novamente. "Vou levá-la de volta para o seu quarto."
Enquanto ele me guia pelos corredores, apesar do meu grande estojo de frustração sexual, não posso deixar de me encantar por Harry ser todo cavalheiresco e educado. Quando chegamos à minha porta, ele afasta meu cabelo do rosto, o gesto tão familiar que eu praticamente desmaio. "Mostrei minha casa hoje, Faith, para que você não apenas saiba quem eu sou, mas também que bagagem vem comigo."
"Eu dificilmente classificaria isso como bagagem", digo, zombando.
"Mas é isso. Por mais luxuoso que pareça, é bagagem. Bagagem pesada, que dura a vida inteira e requer coisas em sua vida que você não gosta, deveres que não pode descuidar. Isso colocaria você sob o microscópio também. Mais ainda porque muitas pessoas não nos aprovariam, apesar de não nos importarmos.” Eu vejo o quanto ele quer dizer com essas palavras e rapidamente fico sóbria. Eu posso brincar sobre as coisas, mas ele está certo.
"Tudo bem", digo. Ficando na ponta dos pés, beijo sua boca. “Prometo que vou pensar nas coisas. Vejo você amanhã?"
“Preciso ir a Londres para verificar os escritórios na ausência do meu pai. Devo participar de uma reunião que não pôde ser remarcada. Mas vejo você no baile de máscaras de verão amanhã à noite.”
"Eu ganho uma dica sobre sua máscara?" Provoco.
Harry se inclina para perto e, pouco antes de beijar minha bochecha, diz, "Você não terá nenhum problema em me reconhecer, vamos deixar por isso mesmo." Ele roça os lábios na minha bochecha. “Boa noite, Faith. Vejo você amanhã."
"Boa noite, Harry."
Encontrando a maçaneta, entro no meu quarto, Harry desaparecendo de vista enquanto fecho a porta atrás de mim. Eu caio contra a parede e trabalho em estabilizar minha respiração. Depois que minha compostura é reunida, vou até a janela e me sento no parapeito almofadado. Olho para a noite estrelada, os pássaros ainda cantando nas árvores. À luz do verão, eu ainda posso ver a maior parte da propriedade e realmente penso no que Harry disse.
Bagagem.
Eu disse a ele que escolheria você. Eu disse a ele que sempre escolheria você.
Deixo minha testa cair no painel de vidro. Olho para o lago brilhante e lembro de tudo, desde a primeira vez que nos encontramos até o que nos trouxe aqui hoje.
Você me trouxe de volta à vida.
Eu sorrio, lembrando dessas palavras. "Você me mostrou o que é a vida, Harry", sussurro para o quarto silencioso. "Você me mostrou o que é viver."
CAPÍTULO VINTE
O SOL NEM CHEGOU ao céu quando acordo. Eu quero culpar o jet lag, mas a verdade é Harry. É Harry e ontem à noite, esta casa, seu título e tudo o que vem com ela. Eu tentei imaginar como seria esta vida. Como seria para alguém de fora, não dos mesmos círculos sociais. Os olhares que Harry e eu receberíamos dos seus colegas, o julgamento.
Nunca me importei com o que as pessoas pensam de mim. Mas eu me importaria com o que elas dissessem sobre Harry. Eu imaginei muitas vezes como reagiria se alguém o desprezasse na minha presença, por causa da minha presença. Eu não seria capaz de segurar minha língua. Sei que não. Harry ficaria decepcionado com isso? Eu o decepcionaria se deixasse minha boca voar para protegê-lo? Proteger-nos? Eu não sei.
Saio pela porta lateral que leva ao terraço. A manhã está fresca e fria, e enrolo meu suéter com mais força ao meu redor. Enquanto atravesso o terraço e desço os degraus para os jardins, uma névoa paira sobre a grama, aquecendo a propriedade com um brilho branco gótico. Eu nunca vi nada assim. Seguro minhas mãos ao meu lado, tentando ver se posso sentir a névoa entre meus dedos. Eu não posso, é claro, mas isso me faz sentir como se estivesse caminhando através das nuvens. Os pássaros cantam nas árvores, e eu olho para as copas das árvores, indo para o único lugar que me hipnotiza desde o dia em que cheguei aqui.
Chego à ponte do conto de fadas, caminho até o centro e olho para a casa. Mesmo tendo passado os últimos dias aqui, não foi possível tirar sua majestade. Eu tenho certeza de que, se morasse aqui a vida inteira, ainda ficaria admirada diariamente.
A pedra velha da ponte é áspera sob minhas mãos, as pétalas das flores beijadas com o orvalho da manhã. Enquanto as pontas dos meus dedos traçam os anos de uso, eu me pergunto quantas pessoas, ao longo dos séculos, ficaram aqui como estou agora. Se eles se inclinaram sobre o muro e olharam para o lago, contemplando o mundo e seu lugar nele. Se eles ficaram parado nessas lajes muito desgastadas sob meus pés e pensado sobre quem segurava seu coração.
Fico assim até o sol estar alto no céu, a névoa desaparecer e o dia esquentar. Vejo a casa acordando, membros da equipe se preparando para o baile hoje à noite e convidados tomando café da manhã no terraço.
Decidindo voltar, cruzo a ponte para o outro lado. Quando olho para cima, paro de seguir. “Parisi.”
King Sinclair está sentado em um banco no pé da ponte. "Senhor Sinclair”, digo. "Como está?"
"Por favor, junte-se a mim", diz ele.
Preparando-me para a censura dele, sento-me no banco de madeira. A ponte parece ainda mais mágica desse ângulo. "Você gosta da ponte?" Ele pergunta. Ao encará-lo, vejo que ele está muito pálido e, em muito pouco tempo, perdeu bastante peso.
"É incrível", digo. “Não consegui tirar os olhos dela o tempo todo que estive aqui. Não dormi bem ontem à noite, então decidi vir vê-la à primeira luz.” Eu olho para a casa. "Sua propriedade é realmente algo especial."
"Obrigado." Nós caímos em silêncio. Eu me preparo, esperando por outra ‘conversa’ sobre eu não ser boa para Harry. Mas, em vez disso, ele diz, "Meu filho está apaixonado por você.” Paro de respirar, tenho certeza de que meu coração parou de bater e poderia estar convencida de que estou sonhando quando essas palavras escapam da boca de King Sinclair. Enrolo meu suéter com mais força ao meu redor, uma camada macia de autoproteção.
King sorri, apontando para a ponte. "Era a parte favorita de Aline da nossa propriedade também." Lágrimas enchem meus olhos com a mudança repentina na voz de King quando ele fala de sua esposa. Suavizada, e qualquer um pode ouvir o quanto ele a amava. "Se eu não pudesse encontrá-la em casa, sabia que ela estaria aqui fora."
"Sinto muito, que você a perdeu", digo, querendo pegar sua mão e confortá-lo. Por mais que ele tenha agido mal em relação a Harry e a mim, não é preciso um gênio para saber que ele está atormentado pela dor. Ele pode ter tido recentemente um ataque cardíaco, mas esse órgão foi quebrado há muito tempo.
“Ela era a melhor parte de mim — até termos Harry, é claro, mesmo assim, ela era a luz que eu não sabia que precisava. Eu sempre fui propenso a ver o lado sombrio da vida, e ela iluminava o mundo até que não parecesse tão sombrio, afinal.”
Ele vira a cabeça e olha para a linha das árvores logo depois da ponte. "Quando ela ficou doente, pensei, Deus não seria tão cruel em tirá-la de mim e do meu menino." King sorri. Acho que é a primeira vez que parece genuíno. “Ela adorava Harry. Ele nunca podia fazer algo errado aos olhos dela. Aquele garoto poderia ter incendiado a casa, e ela teria argumentado que ele estava apenas tentando nos manter aquecidos.”
Eu me pego rindo, mas simultaneamente sinto meu coração se partir. O sorriso dele sai do rosto. “Enterrei minha cabeça na areia e me recusei a acreditar que a estávamos perdendo. Eu...” Sua respiração gagueja. “Eu nem liguei para Harry no final. Ele sentiu falta de dizer adeus à mãe porque eu simplesmente não consegui encarar a realidade.”
"Ele vai te perdoar por isso, se já não o fez."
"Sim. Ele me disse isso, quando confessei que era meu maior arrependimento.” King bate no peito, sobre o coração. "Quando eu passei pela cirurgia."
"Teria o destruído se você morresse também", digo e vejo os olhos de King brilharem.
“Naquele momento, quando saí da cirurgia vivo, o otimismo de Harry me lembrou minha esposa, do motivo pelo qual me apaixonei por ela. Era a melhor característica dela que ele poderia ter herdado. Melhor do que minha natureza severa.”
"Sua esposa era linda."
"Ela era. Mas foi o espírito dela que me fisgou tão profundamente. Sua natureza rebelde. Em um mundo cheio de preto e branco, ela era uma faixa solitária de cores.” Eu tenho que morder meu lábio para impedir que trema. Eu nunca soube que King pudesse falar tão puramente sobre alguém que ele amava. Mas esse é o ponto, é claro. Eu realmente não o conheço.
“Sempre pensei nela como uma pintura em aquarela ambulante, iluminando o mundo onde quer que fosse. Quando ela morreu, toda a cor desapareceu do mundo. Também desapareceu de mim.”
“Você perdeu o amor da sua vida. É a pior coisa que uma pessoa pode suportar”, falo, acreditando em cada palavra.
"É, mas falhar como pai está amarrado com esse título." Fico tensa e prendo a respiração pelo que King dirá a seguir. Ele inclina o corpo levemente na minha direção e diz, “Eu não fui o pai que Harry precisou quando ele era mais jovem e até agora. Mas não vou fazer isso de novo.”
Minha mente dispara e minhas mãos começam a tremer. "Eu quase morri, e vou lhe dizer que sair do outro lado faz você perceber o quão preciosa é a vida e que ela deve ser vivida." King fica quieto por um momento, contemplando. "E eu não vivo muito há muitos anos." Olho para as flores ao nosso redor, o perfume de lavanda do campo acalmando meus nervos. "Harry ainda não sabe, mas vou me aposentar."
"O que?" Sussurro, chocada.
“Harry é melhor no mundo dos negócios agora do que eu. Esse mundo mudou, está rolando com os tempos, e Harry é bom no que faz. Excelente, na verdade. Está na hora de ele pegar o manto.”
Eu tento processar essa informação. Mais do que isso, tento entender o que essa promoção significaria para nós. "É grandioso assumir esse tipo de responsabilidade." Eu balanço a cabeça, um pouco entorpecida e, se estou sendo honesta, um pouco com medo. “Ele precisará de alguém para apoiá-lo. Alguém para ajudá-lo em águas turbulentas.”
Suspiro. Louisa. Ele está se referindo a Louisa.
"Meu filho escolheu você, Faith." Viro a cabeça para King, olhos arregalados e a boca aberta, mas nenhuma palavra vem. King sorri. Na verdade, ele ri. "Ele falou comigo francamente quando cheguei depois da cirurgia." Ele balança a cabeça em descrença. “Nunca na minha vida vi meu filho tão cheio de convicção como quando ele falou de você. De quando ele me disse que estava decepcionado comigo por interferir e por não confiar nele para saber o que é melhor para ele. Para a vida dele. E mais do que isso, a felicidade dele.”
King pega a bengala e se levanta. “Ele escolheu você, Faith. E eu não vou perdê-lo. Ele é tudo o que tenho de bom no mundo, e não o perderei porque acho que sei o que é melhor.” Eu apenas olho para King. “Vou me aposentar dos negócios, talvez deva me aposentar de tentar governar a vida de Harry também. O mundo está evoluindo, a tradição está morrendo, os velhos modos abafados da sociedade estão gradualmente dando lugar ao novo. Está na hora de eu deixar ir.” É demais; essa vibração no meu coração e o calor no meu sangue é demais.
“Mas Faith, se você decidir ficar com meu filho, ficar ao lado dele. Você precisa saber que haverá pessoas em nossos círculos que falarão. Que irão ignorá-la porque você é diferente. Que podem ofendê-la porque você não foi criada para a posição em que foi empurrada. Às vezes você se encontrará em um ninho de víboras.”
Finalmente encontrando minha voz, sorrio e digo, “Felizmente, tenho presas, Sr. Sinclair. Presas grandes e venenosas.” King ri e fica de pé.
Eu vou ajudá-lo, mas ele levanta a mão. "É apenas uma precaução", diz ele, referindo-se à bengala. “Estou realmente me sentindo melhor. Ainda melhor do que antes.” Fico sentada e ele diz, "Sabe, minha esposa teria amado você.”
Ele ri como se estivesse rindo ao lado dela, aqui, conosco agora. “Ela adoraria isso. Adoraria que Harry tivesse escolhido se separar e fazer suas próprias regras. Adoraria o que ele empurrou de volta contra mim. E amaria que ele se apaixonasse por uma mulher que poderia derrubar toda a sociedade inglesa com uma chicotada de sua língua.”
King assente, como se estivesse concordando com um pensamento interno. “Sim, ela teria te amado muito como nora. Você é tão parecida com ela, ou é o que Harry me diz. Ela certamente foi rápida em me colocar no meu lugar. Acho que é disso que mais sinto falta dela — nossa luta verbal. Não percebi o quanto gostava até que ela morreu e tudo ficou em silêncio.” King assente em despedida, e eu o observo ir embora lentamente.
"Senhor Sinclair?” Chamo e ele se vira.
Dou de ombros. "Não estou me gabando nem nada, mas sou conhecida por jogar algumas lutas verbais épicas nos meus dias, se você estiver querendo encontrar um desafio novamente."
O piscar de um sorriso que puxa seus lábios reflete a expressão de Harry quando ele se diverte. “E você pode ser a adversária digna para mim, senhorita Parisi. Uma adversária muito digna para mim, de fato.” Ele dá um passo e diz, "E me chame de King.”
"Nesse caso, me chame de Faith." Eu pisco para exagerar o meu argumento. King sorri mais amplamente e, balançando a cabeça, desaparece no caminho em direção à casa.
Eu olho para o lago ondulante, maravilhada. O que diabos está acontecendo? King nos deu sua bênção. Ele está dando a Harry as rédeas para a HCS Media.
Deito minha cabeça no banco de madeira e tento deixar tudo fazer sentido. Fecho os olhos e deixo o sol da manhã inglês beijar meu rosto. Um tipo estranho de estática corre pelo meu corpo. Eu poderia fazer tudo isso com Harry? Onde moraríamos? Os nervos ameaçam me dominar, mas então penso em uma coisa que King disse e afugento todos eles.
Meu filho está apaixonado por você.
Eu a reproduzo uma vez, duas vezes, três vezes, apenas para permitir que ela afunde.
Meu filho está apaixonado por você, meu filho está apaixonado por você, meu filho está apaixonado por você ...
E ao lado da ponte que eu tanto amo, com certeza a mãe dele está aqui em espírito, eu sussurro, “Eu também o amo, Aline. Eu o amo tanto."
Quando essas palavras desaparecem no céu brilhante, volto para casa e começo a me preparar para a noite. Vou para o banho, deixo as bolhas com cheiro de baunilha me envolverem e vejo o rosto sorridente de Harry em minha mente. "Eu também te amo", digo, como se ele tivesse me ouvido. "Harry, eu também te amo."
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AS LANTERNAS CRIAM uma galáxia de estrelas enquanto eu caminho em direção ao salão de baile, uma orquestra tocando música clássica e cantores de ópera cantando em italiano, me atraindo para mais perto. Papai adoraria isso, todo o drama.
Ando com pés cuidadosos ao me aproximar do arco que leva ao topo da escada. A partir daqui, vejo pessoas dançando, vestidos e máscaras firmemente no lugar. Um calafrio nervoso percorre minha espinha quando passo por dois homens de cada lado do arco e deixo meu olhar correr por toda a sala. É uma fantasia shakespeariana. Luzes de todas as cores pendem do teto em formas cruzadas.
Esculturas gigantes de flores de várias tonalidades criam um jardim interno e asas de fadas enormes voam do teto, subindo e descendo, como se estivessem se movendo, voando pelo céu. O chão é uma massa de flores rosa, não reais, mas iluminadas por um projetor escondido em algum lugar no teto. Uma grande lua crescente e milhares de estrelas pendem das paredes e do teto. É como estar preso em um sonho.
Passo a mão pela saia do meu vestido; então eu o vejo. Cortando a multidão, Harry, de terno preto e camisa branca e gravata, parecendo o mais alto e bonito que qualquer homem pode, parado no pé da escada. Uma risada escapa dos meus lábios para a máscara que ele usa.
Fantasma da ópera.
Eu o vejo sorrir sob a familiar máscara de porcelana branca e me pergunto como posso nunca ter percebido que era ele. Parece-me tão óbvio agora. Desço os degraus, vendo os olhos de Harry — seus verdadeiros olhos azuis, não prateados — observando todos os meus movimentos.
Eu visto um vestido preto de renda até o chão, com decote profundo. Uma fenda cortada na minha coxa direita e meus cabelos caem no meio das costas em ondas soltas. Minha máscara é da mesma renda preta do meu vestido e modelada no formato do rosto de um gato.
Assim que chego ao último degrau, Harry estende a mão e coloco a minha na dele. "Faith", diz ele, admiração engrossando sua voz. Pisando no chão do salão, ele beija as costas da minha mão.
"Maître Harry." Abaixo a cabeça um pouco, como uma boa ninfeta. Harry resmunga de brincadeira e me puxa para seu peito.
"Gosto muito do som disso, muito mesmo."
Minha temperatura dispara com sua voz rouca. "Eu também."
Harry estuda minha máscara e diz, com aquele sotaque francês perfeito, “Mon petit chaton.” Ele bate de brincadeira nas pequenas orelhas pontudas.
Esse nome ronronado em seus lábios instantaneamente me faz apertar minhas coxas. "Miau", eu digo, piscando, e Harry joga a cabeça para trás, rindo.
"Pimentinha", Harry diz e segura minha mão. Chocada, olho para nossas mãos entrelaçadas e as pessoas dançando e conversando ao nosso redor. Ele está segurando minha mão. Em público. Onde alguém pode ver. Não estão apenas seus funcionários aqui esta noite; também há pessoas da sociedade inglesa. Muitas, muitas pessoas. Mas enquanto Harry caminha comigo pela multidão, olhares curiosos disparando em nosso caminho, percebo que ele não se importa.
Nem eu.
Harry me entrega uma taça de champanhe. "Eu nunca vi você tão bonita como está agora, Faith."
"Porque metade do meu rosto está coberto?" Provoco.
Harry pega o champanhe das minhas mãos, ignorando minha piada. "Dance comigo."
Puro horror enche meus ossos. "Erm..." Eu olho para os casais valsando e o olhar expectante de Harry. “Não tenho certeza se posso dançar assim. Caso você tenha esquecido, sou desajeitada. Tipo a pessoa mais desajeitada que já existiu.”
Claramente não aceitando o não como resposta, Harry me puxa para a pista de dança. Passo por Sally, Michael e Sarah, que estão todos boquiabertos com a mão de Harry na minha. Quando chegamos à pista de dança, a música muda. Eu a reconheço instantaneamente. É mais lenta do que a que estava tocando, e Harry me puxa para o peito, passando os braços em volta de mim.
Sob a lua crescente e as estrelas, ele me guia pela pista de dança, a música de Ed Sheeran e Andrea Bocelli sobre ser perfeita acompanha todos os nossos movimentos.
"Andrea Bocelli", eu sussurro no ouvido de Harry. "Isso sempre vai me lembrar de você." Harry como "Maître" interpretou Andrea Bocelli todas as noites que estive com ele. Harry tocava sua música em seu apartamento. Como eu nunca soube?
"Eu nunca pensei que teria isso", diz Harry. Fico presa em seu olhar azul, e os espectadores se afastam. "Eu nunca pensei que você estaria comigo desse jeito."
Colocando minhas mãos na parte de trás de sua cabeça, abaixo-a e trago seus lábios aos meus. Harry coloca a máscara para o lado, mostrando seu rosto para que ele possa me beijar mais, mais fundo, mais devagar. Ele tem gosto de menta e champanhe, e me derreto contra ele. Nós estamos aqui. Sem segredos. Corações à mostra e sem obstáculos em nosso caminho. Meu coração bate forte no peito, e a música, que é tão perfeita para nós, nos leva para longe.
Os braços de Harry estão apertados em volta da minha cintura, e eu sinto. Ele não disse as palavras ainda. Mas com todo beijo, com toda carícia de sua língua e com cada flexão de suas mãos nas minhas costas, ele me diz que me ama. Eu tento mostrar a ele que também o amo com as mãos nos seus cabelos, enquanto sorrio contra sua boca. Quando a música termina e nossos lábios se separam, eu encontro os olhos de Harry e não consigo desviar o olhar. A música muda para outra, mas apenas fico lá segurando ele, e ele me abraça também.
"Estou tão feliz que você veio aqui", Harry sussurra. Então ele dá um sorriso de tirar o fôlego. "E estou tão feliz que o maldito elevador quebrou." Sorrio e Harry pega minha mão. "Vamos tomar uma bebida." Enquanto estamos andando na multidão, alguém segura minha mão livre.
Quando vejo um homem loiro com uma máscara tradicional preta, eu o reconheço imediatamente. "Posso ter a honra?" Nicholas pergunta.
"Uma dança, então ela é minha de novo", Harry diz severamente, fazendo-me gemer alto com o nível de domínio em sua voz. Tento sufocá-lo com tosse, mas quando Nicholas cobre a boca para esconder sua diversão, sei que foi em vão.
Quando chegamos à pista de dança, uma música mais rápida e animada toca, e Nicholas me gira pela pista como uma bailarina em uma caixa de joias. "Como está Sage?" Ele pergunta, nada sutil sobre seus sentimentos pelo meu amigo.
"Ele está bem." Nicholas assente e pergunto, "Nicholas Sinclair, quais são suas intenções com meu melhor amigo?"
Nicholas se inclina para mais perto e diz, “Picantes. Muito, muito picantes.”
"Então você vai ficar bem", eu digo e o deixo me girar novamente.
Nicholas olha por cima do meu ombro e diz "O que você fez com meu primo e onde posso comprar?" Eu me viro para ver Harry bebendo champanhe no bar, olhando em nossa direção, ignorando completamente as pessoas que se reuniram ao seu redor para conversar.
"Não tenho ideia do que você quer dizer", digo, incapaz de parar de olhar para Harry.
"Oh, inferno." Nicholas me pega da pista de dança e me deposita aos pés de Harry. "Não é divertido quando seu parceiro está pensando em alguém o tempo todo." Nicholas pisca para mim, pega outra mulher que ele conhece e a arrasta para a pista de dança.
Harry me puxa contra seu peito. Dançamos um pouco mais, ignorando as perguntas e convidados com olhos de águia. O champanhe está zumbindo em minhas veias, as estrelas falsas estão brilhando, e Harry não me deixa a noite toda.
Quando uma música lenta começa a tocar, fico na ponta dos pés e digo, "Faça amor comigo." Harry levanta a cabeça da curva do meu pescoço e encontra meus olhos. "Leve-me daqui e faça amor comigo", eu digo novamente.
Harry desliza sua mão na minha e me leva através da multidão e para a escada. Vamos para o meu quarto. Quando passamos a porta no final do corredor, ele gira a maçaneta. Com um rubor no rosto, ele confessa, "Meu quarto.”
"Próximo ao meu."
Dando de ombros, ele diz, "Eu tinha que ter você por perto." Tirando a minha máscara e a dele, esmago meus lábios nos de Harry e vamos para o quarto dele, trancando a porta atrás de nós. Harry tira os sapatos e me guia para a cama. Ele me coloca gentilmente no colchão, e eu já posso sentir que esse momento é diferente. Não há piadas, nem brincadeiras. Somos ele e eu, nossos verdadeiros eus, finalmente juntos.
Sem quebrar o contato visual, Harry tira o paletó, seguido pela camisa. Estremeço ao ver seu peito e tronco esculpidos novamente, e não desvio o olhar — nem uma vez — enquanto ele abaixa a calça e sobe na cama.
Harry me beija. Ele beija e me beija até que meus lábios estão inchados e estou me afogando completamente nele. Sua boca se move para o meu pescoço e eu levanto meu cabelo quando seus dedos encontram o laço do meu vestido. O tecido fino cai dos meus seios e se acumula no meu quadril. Sua boca coloca beijo após beijo no meu pescoço, ao longo dos meus seios e no meu abdômen. Minha respiração está falhando e meu corpo está pegando fogo, queimado por cada roçar de seus lábios na minha pele.
Harry puxa meu vestido das pernas, minha calcinha depois. Ele rasteja de volta acima de mim, nós dois expostos, primitivos e livres. "Eu te amo", diz ele, um tremor em sua voz. Como se tivesse medo de ser recusado.
"Harry", sussurro e seguro seu rosto. "Eu também te amo. Tanto que mal posso suportar.”
Ele me beija de novo; ele me beija e me beija até eu ficar sem fôlego. Sua mão se move pelo meu corpo, leve como uma pena. Eu abro minhas pernas e jogo a cabeça para trás quando ele me toca. Dou um gemido, o som ecoando pelo cômodo. Sinto a dureza de Harry no meu quadril e, com as mãos nas costas dele, o guio entre minhas coxas. Seus lábios se separam dos meus e, olhando nos meus olhos, ele lentamente empurra dentro de mim. Eu arqueio minhas costas, meus seios roçando seu peito.
A boca de Harry se move para o meu pescoço, e eu inclino minha cabeça para trás enquanto seus braços passam em volta de mim e me seguram o mais perto possível dele. Ele balança dentro e fora de mim, nenhuma palavra sendo dita. Eu nunca tive isso assim, nunca tive tão devagar, com tanta paixão e intensidade. Eu percebo que é porque, antes disso, antes de Harry, eu nunca fiz amor. Porque eu nunca me apaixonei assim.
Amor. Eu o amo. Tanto que é aterrorizante.
"Faith." As mãos de Harry se movem para o topo das minhas costas. Ele aumenta sua velocidade, seus impulsos vindo cada vez mais rápidos, um brilho de suor se acumula em nossa pele aquecida. Eu o seguro perto, meus braços embalando sua cabeça, enquanto sinto meu orgasmo aumentando, cada vez mais alto. Então meu corpo para, cheio de prazer tão intenso que meus olhos se fecham e eu grito, membros sem peso, meus ossos nada além de ar. Harry fica tenso então, com um gemido baixo, entra em mim. Agarro seu cabelo enquanto ele balança suavemente para frente e para trás, até que ele solta um suspiro alto e deixa cair a testa na minha.
Ele lambe os lábios e sussurra, “Eu te amo, Faith. Eu te amo tanto.” Sua respiração está pesada enquanto ele luta por ar.
"Eu também te amo", digo novamente, a admissão preenchendo uma parte de mim que eu nem sabia que estava faltando. Harry rola de cima de mim e me pega em seus braços. Pego os ricos fios vermelhos e dourados e a impressionante cama de dossel em que nos deitamos. "Então é assim que seria?" Eu digo, minha voz apenas acima de um sussurro.
"O que?" ele diz calmamente, para não quebrar a paz delicada ao nosso redor.
"Estar com você." Mergulho no calor do seu peito e seu braço em volta da minha cintura. "Fazer amor com você... acordar com você ... amar você daqui em diante."
"Sim", diz Harry, e eu fecho os olhos. "Pode ser exatamente assim." Ainda ouço a orquestra do salão de baile e deixo o som de violinos e violoncelos me convencer a dormir. Quando a escuridão me reivindica, Harry dá um beijo na minha cabeça e me segura ainda mais forte. "Eu quero que seja exatamente assim."
Quando acordo, o sol inundando as janelas, há outra nota no travesseiro em que Harry dormiu.
Faith,
Não há palavras para explicar o que esses últimos dias e, certamente, a noite passada, significaram para mim.
Eu desejo que você fique comigo. Eu desejo que você fique ao meu lado pelo resto da minha vida. Mas eu entendo a enormidade desses desejos. O mundo em que vivo, como já expressei, não deve ser tomado de ânimo leve. Ao acordar hoje de manhã, fiquei mais feliz do que nunca na minha vida. Ter você em meus braços, você saber tudo o que há para saber sobre mim, foi liberdade. Verdadeira liberdade. Sem máscaras, sem disfarces, apenas nós. Para mim, isso é perfeição.
Eu sei que você voa hoje de manhã para Nova York. Eu seguirei esta noite. Por favor, pense em tudo o que eu disse. Por favor, tome o tempo que você precisar, não vou empurrá-la. Você conhece meus sentimentos. Amo você como ninguém mais, e essa verdade permanecerá até o dia em que eu morrer.
Viro o papel e meu coração para.
Publique a reportagem, Faith. Dei a Sally instruções para publicar o que você quiser como a grande reportagem da Visage. Foi errado da minha parte destruir o seu sonho. Só peço que você direcione a atenção para mim, agora que sabe a verdade. Você merece isso, Faith. Você é uma excelente escritora.
Eu te amo eternamente
Seu e somente seu,
Harry x
Uma lágrima cai na página, borrando a tinta. Deixando a cama e segurando minha carta no peito, visto o vestido da noite passada e vou para o meu quarto. Faço as malas, pensando em tudo.
Quando embarcamos no avião, e ele nivela, sei o que devo fazer. Pego meu laptop e abro um novo documento em branco. Escrevo durante todo o caminho de volta a Nova York, com lágrimas nos olhos e amor no coração.
Quando o avião pousa no JFK, sinto-me alterada e a nova reportagem parece certa. Eu leio o bilhete de Harry novamente, mantendo-o no meu sutiã e perto do meu coração todo o caminho até em casa.
Ter você em meus braços, você saber tudo o que há para saber sobre mim, foi liberdade. Verdadeira liberdade. Sem máscaras, sem disfarces, apenas nós. Para mim, isso é perfeição...
Perfeição. Eu tenha certeza de que é exatamente o que Harry Sinclair é.
Pelo menos ele é perfeito para mim.
CAPÍTULO VINTE E UM
EU CHECO MEU CELULAR NOVAMENTE. Ainda não há nada de Harry. Eu passei a manhã e a maior parte da tarde redigindo e reformulando a reportagem. Vai para a impressão esta noite. Assim que Sally assinou, enviei uma cópia para Harry.
Não ouvi nada em resposta.
Amelia está no trabalho. Sage e Novah também estão. Precisando sair de casa, pulo de pé e vou para o metrô. Quando o trem para em Hell´s Kitchen, entro no calor da casa dos meus pais. Eu checo meu celular repetidamente como uma namorada neurótica.
Por que ele não está respondendo? Ele não leu ainda? Ou ele leu, e odiou? Colocando o celular de volta na bolsa, inclino a cabeça para trás e grito, "Estou muito cansada do fuso e quente pra cacete e incomodada com essa merda!"
Sem nenhum sinal divino, ou mesmo uma resposta de Harry, informando seus pensamentos, viro a esquina da casa dos meus pais e meu estômago cai no chão. "Não", sussurro e corro para os degraus. A placa que dizia "À venda" agora diz "Vendido.” "Não, não, não, não!" Eu digo em uma crescente, berrando, "NÃO!" quando entro pela porta dos meus pais. Mamãe está entrando na sala com uma bandeja de café. Papai está à mesa, segurando duas cartas nas mãos. "Você vendeu?" pergunto, minha voz falhando com tristeza. "Eu não posso acreditar que você vendeu."
Mamãe e papai trocam um olhar que não consigo decifrar. "O que?" Eu empurro. "O que está acontecendo?"
"Nós não sabemos", diz o papai, segurando as cartas. “Fechei a loja porque não podia pagar o aluguel. E recebemos uma oferta em dinheiro pelo apartamento. Nós dissemos que sim, é claro. Foi até mais do que pedimos.” Ele esfrega a cabeça, estressado. Ou talvez confuso, não tenho certeza. "Então vieram hoje." Papai ergue as cartas. Atravesso a sala como se minha bunda estivesse pegando fogo e as abro.
"Escrituras?" Pergunto, lendo os endereços nos documentos. "Papai, elas estão em seu nome e no da mamãe." Meu coração começa a acelerar ao ver o endereço da loja do papai também no papel. Mas não apenas a loja dele, o prédio inteiro. Todo o caríssimo prédio de Nova York.
"Deve haver algum erro", diz a mamãe. “Quem compraria nossa casa e depois nos daria a escritura? E quem compraria o prédio inteiro para o seu pai e nos presentearia também. Nada faz sentido! Ligamos para o advogado que lidou com isso. Eles nos disseram que não há erro. Até empurrou a venda em algumas semanas, em vez do tempo habitual previsto.”
Mamãe coloca a mão no ombro do papai. Ele coloca a mão sobre a dela. Há uma sensação estática percorrendo minhas veias, me dizendo para ver alguma coisa. Lendo a carta novamente, congelo quando vejo as iniciais do comprador...
H.A.S
"Oh, meu Cristo", sussurro e minhas mãos tremem. "Oh meu deus do caralho!" Eu digo mais alto e mamãe corre para o meu lado.
"O que, Faith, o que?" Mamãe pergunta, tentando me manter em pé.
"Harry", sussurro, e vejo a expressão da minha mãe mudar de confusão para compreensão. H.A.S... Henry Auguste Sinclair ... "É Harry", eu digo, engasgando-me com a emoção que entope minha garganta. "Ele salvou sua casa." Eu olho para o papai, que ficou branco. “Ele comprou um prédio para você. Um maldito prédio inteiro!”
"Por quê?" Mamãe sussurra, a mão trêmula cobrindo a boca.
"Ele a ama", diz o papai, levantando-se. Seu olhar se fixa no meu. "Ele te ama, não é, mia bambina?"
"Sim", eu respondo, sentindo meu coração se expandir tão grande no meu peito que penso que poderia quebrar minhas costelas. "Ele me ama", eu sussurro.
Papai coloca as mãos nos meus braços. “E você, Faith. Você o ama?"
"Sim", digo, lágrimas derramando dos meus olhos e pelo meu rosto. "Sim, tanto que mal posso suportar."
"Faith", mamãe diz e passa os braços em volta de mim.
"Eu preciso ir." Já estou me afastando em direção à porta. "Preciso encontrá-lo." Corro pela porta, parando apenas tempo suficiente para devolver as escrituras. Os papeis da casa deles. Do prédio do papai. Harry. Harry salvou a casa e os negócios deles.
Meu Harry.
Aceno com as mãos no ar, tentando pegar um táxi. Quando um finalmente para, eu lhe dou o endereço do prédio de Harry. É muito tarde para ele estar no trabalho; ele tem que estar em casa. Eu pulo no assento quando o caótico tráfego de Nova York está parado. O motorista do táxi toca a buzina e eu abro a janela, gritando, "Saia da porra do nosso caminho, idiotas!"
"Você quer vir comigo todos os dias, senhora?" O motorista do táxi diz, mas eu não consigo parar de pensar em correr. Harry comprou a casa e as instalações comerciais dos meus pais por uma quantia ímpia de dinheiro. Porque ele me amava. Porque ele me ama.
Começo a chorar no banco de trás, dando soluços altos misturados com risadas de pura descrença. O motorista do táxi, que estava me convidando para entrar no negócio dele um segundo atrás, agora está olhando para mim como se eu tivesse escapado de um manicômio e estivesse prestes a causar estragos em sua cidade.
O motorista, parecendo poderosamente satisfeito por termos chegado ao nosso destino, abre as portas e eu corro para a rua. Corro para as portas de vidro e para o balcão do concierge no prédio de Harry. "Eu preciso ver Harry Sinclair", digo, batendo repetidamente no topo da mesa. O concierge olha para mim da mesma maneira que o motorista olhou. Puro medo em seu olhar.
"Senhorita, você está bem?" ele pergunta.
“Eu preciso ver Harry Sinclair. Pode ligar para ver se ele está?” O concierge faz o que eu digo e me viro para a parede espelhada ao meu lado. Minha boca se abre ao ver meu rímel escorrendo pelo meu rosto.
Agarrando um lenço de papel na mesa do concierge, corro para o espelho e começo a limpar minhas bochechas, mas não consigo fazer nada sobre o vermelho nos meus olhos e o rubor nas minhas bochechas.
"Senhor Sinclair não está presente”, diz o concierge.
Girando, eu digo, "Você tem certeza?" Não estou totalmente convencida de que ele não acha que sou uma perseguidora.
"O Senhor Sinclair não está presente”, ele repete.
Procurando meu celular, tento ligar para o número de Harry, mas ele vai para o correio de voz. Assim que desligo, vejo a hora. "Claro!" Eu sussurro para mim mesma antes de voltar para a rua para pegar outro táxi. Quando ninguém para, respiro fundo. “São apenas alguns quarteirões. Quão difícil pode ser correr até lá?”
Começo a correr, percebendo rapidamente que estou gravemente inapta. Mas não paro. Não paro até estar fora de uma casa familiar. Inclino-me, ofegando. Minha garganta e meu peito estão cheios com as profundas inspirações e expirações que eu tive que suportar para fazer meu coração voltar a bater em uma velocidade normal. Eu posso sentir meus cabelos grossos e naturalmente ondulados começando a frisar na umidade e imagino o que pareço. Mas não me importo. Eu preciso vê-lo. Só preciso desesperadamente vê-lo.
Percebendo que tenho que atravessar o estacionamento subterrâneo, olho para a longa rua à minha frente, sabendo que tenho outra montanha para escalar. Colocando meus tênis em bom uso, começo a correr novamente. Corro para a entrada do estacionamento e desço a longa estrada subterrânea que leva ao porão da casa. Quando chego ao elevador privado, estou quase desmaiando. Mas enfio a mão na bolsa e encontro meu cartão NOX, que esqueci de tirar da carteira.
Obrigada. Deus. Do cacete.
Passo o cartão no elevador, as portas se abrem e entro, gemendo de prazer pelo ar condicionado beijando minha pele corada. Eu vejo meu reflexo no espelho, quase me assustando. Penteio meus cabelos bagunçados com os dedos e me certifico de que meu rosto esteja livre de manchas de rímel.
Quando as portas se abrem, vou para o quarto de Maître. Quando entro, tudo está quieto. Eu estava acostumada com a música e Andrea Bocelli cantando "Ave Maria.”
Então vejo uma lasca de luz sob a porta da sala de onde Maître sempre saía. Com o coração cheio de esperança e amor e todas as coisas piegas que os sonhos são feitos, atravesso a porta.
Harry olha em choque, o celular no ouvido. Ele está vestido de terno, sem paletó, com a gola desabotoada e as mangas arregaçadas até os cotovelos.
"Faith", ele diz, sussurrando meu nome como uma oração. “Eu estava tentando ligar para você. Meu celular estava sem bateria e acabei de ler ...”
Eu corro para ele. Não lhe dou tempo para terminar essa frase antes que meus braços estejam em volta da sua cintura e minha bochecha esteja em seu peito. Ele é forte, musculoso e cheira a menta, sândalo e almíscar ... e ele é meu. Ele é realmente meu.
"Obrigada", digo, minha voz falhando. Fecho os olhos. "Eu não sei como retribuir o que você fez... pelos meus pais."
Harry fica tenso e eu levanto minha cabeça. Sua mandíbula flexiona, seus olhos estão cautelosos. Coloco minha mão em sua bochecha, e ele a cobre com a palma da mão. “Eu sei que foi você. Sei que foi você. Engulo a emoção subindo na minha garganta. "Obrigada. Eu ... apenas obrigada.”
Meus olhos lacrimejam e Harry limpa uma lágrima caindo com o polegar. “Faith, eu...” Ele exala e, lutando contra sua própria emoção, diz, “Eu fiz isso por você. Tudo o que fiz foi para você.”
Abaixando a cabeça, eu o beijo. Através de lábios trêmulos e lágrimas salgadas, eu o beijo e beijo e beijo até que mal consigo respirar. Quando me afasto, Harry embala meu rosto. "Acabei de ler o seu artigo." Sua voz está rouca de emoção. "Você falou sério? Você me ama? Um tipo de amor para sempre?”
"Sim", digo e dou a ele o maior sorriso do caralho. "Eu quis dizer cada palavra."
Harry fecha os olhos e cita, “Fui para a NOX uma escrava disposta, pronta para abrir meus olhos para o mundo do pecado e do prazer. O que eu não sabia era que isso me levaria ao grande amor da minha vida. Minha alma gêmea. Meu mestre. Meu Maître de Manhattan.”
Harry deixa cair a testa na minha. "O que eu não sabia é que deixaria minhas inibições à porta, mas não meu coração." Harry sorri e irradia felicidade, e eu penso que poderia morrer vendo a alegria em seu rosto. " Porque, embora o mundo possa ter ouvido falar do infame Maître como o rei do submundo sexual, ele reina como o rei do meu coração, o comandante da minha alma e o guardião do meu eterno amor..."
"E eu sou a rainha dele", termino para ele.
"Você é?" Harry pergunta nervosamente.
"Sim, sim, e ainda mais sim."
"É isso que você quer dizer?" Harry diz, expressão cautelosa. "Você já teve tempo suficiente para realmente pensar sobre como sua vida vai mudar, como..."
Dou um passo para trás e verifico que os olhos de Harry estão firmemente fixos em mim. Sabendo que eu tenho toda a atenção dele, digo, "Sou apenas uma sub realmente, realmente, realmente terrível, de pé na frente de seu mestre, pedindo que ele a espanque pelo resto de suas vidas." Lutando contra um sorriso, pergunto, "Isso é resposta suficiente para você?"
Eu observo o movimento da bochecha de Harry, a curva de seus lábios, e de repente estou sendo envolvida em seus braços, minhas pernas envolvendo sua cintura, sendo carregada para a cama de dossel no chambre. Quando minhas costas batem no maldito colchão coberto de cetim, Harry passa por cima de mim.
"Você assinou Anonymous", diz ele, referindo-se ao meu artigo. "Você assinou Anonymous." Ele repete duas vezes como se não pudesse acreditar no que eu fiz.
"Pareceu apropriado."
Ele procura meus olhos, todo o humor se foi. "Mas era seu sonho ter esse artigo, ser reconhecida por sua escrita."
Dou de ombros e passo meus braços em volta do pescoço dele. "Sonhos mudam."
"Ou às vezes não", diz ele, pressionando beijos nas minhas bochechas e lábios. "Às vezes, você tem um sonho louco e terrível que acha que nunca pode se tornar realidade, e de repente acontece, e está bem na sua frente pedindo que você o espanque pelo resto de suas vidas."
Risos altos saem da minha garganta. "Somos tão românticos que me deixa doente." Quando minhas risadas cessam, começo a tirar as roupas dele. Harry me observa com um calor ardente nos olhos. Quando ele está nu, mordo meu lábio e fico sem nada também.
“Estou nua, Maître. O que você quer fazer comigo?”
Gemendo, Harry me pega e me carrega através da sala até a Cruz de Santo André. Sem quebrar o contato visual, ele algema meus pulsos e tornozelos na cruz. Excitação e alegria formigam pelo meu corpo como sempre. Mas isso é diferente. Enquanto o olhar azul brilhante de Harry, que eu tanto adoro, me devora, tudo nesse momento é diferente. Ele é Maître; ele é dominante e está no controle, como sempre. Mas aqui, agora, sem máscaras, capas ou véus, ele também é meu Harry. Meu Harry Auguste Sinclair, o homem que eu amo mais do que a própria vida.
Dou um gemido, sentindo cada sinapse do meu corpo queimar à vida quando Harry beija minha panturrilha, depois salpica beijo após beijo em cada centímetro da minha pele. Quando seus lábios pressionam os meus, eu soluço de felicidade. Maître nunca me beijou, nunca chegou perto. Mas agora Maître está sufocando meus lábios, me tatuando com seu gosto e se colocando permanentemente em minha alma.
"Faith", ele geme, colocando-se entre as minhas pernas. Mãos deslizando pela minha cintura, depois de volta para cima para cobrir meu rosto, ele empurra para dentro. Enquanto nossa respiração pesada enche a sala, eu me submeto ao seu toque, ao seu corpo e ao seu amor. Harry me beija enquanto dou um gemido em sua boca, sentindo a pressão reveladora crescendo na base da minha espinha.
"Harry", sussurro contra seus lábios, sentindo uma lágrima perdida escorrer do meu olho. É tanta coisa, ele e eu e o futuro que agora está diante de nós.
"Eu te amo", ele murmura, e eu me despedaço. Meus pulsos e tornozelos puxam contra as amarras. Então Harry para e, chamando meu nome, ele goza, sua testa caindo na dobra do meu pescoço. Ficamos quentes e sem fôlego na sequência.
Uma por uma, Harry desamarra as amarras que me prendem na cruz. Quando estou livre, ele me carrega para a cama, deitando e me guiando até o seu peito. Quando reúno forças, corro meu dedo pelo peito, sorrindo enquanto sua pele brilhante bate no meu toque.
Harry beija minha testa e passa as mãos pelos meus cabelos, completamente satisfeito. "É diferente", eu digo, perturbando o agradável silêncio do lugar. Inclino minha cabeça para que eu possa ver Harry. Ele encontra meus olhos. "Isso", continuo. "Estar aqui com você, fazer amor com você assim." Seu cheiro viciante me envolve, me segurando perto. "Antes era divertido, era emocionante, agora..." Eu paro.
"Agora?" ele diz, a voz rouca.
“Eu sempre amei isso. Este lado de você, de nós.” Vejo os vários açoites e bastões nas paredes. "Mas só então, confiando em você tão plenamente e tendo seus olhos em mim..." balanço a cabeça. "Amor", digo, percebendo que estou divagando. "Ele tornou isso diferente." Eu beijo a bochecha de Harry, depois seus lábios.
Ficando perdida no gosto dele, consigo me afastar, suas mãos segurando meu rosto e digo, “Ele fez muito mais. Você e eu, assim, aqui, apaixonados e sem segredos entre nós...” Sorrio. "Tornou isso perfeito."
Harry rola em cima de mim e me beija. Ele me beija até meus lábios estarem machucados. "Eu nunca vou ter o suficiente de você", diz ele contra a minha boca. “De qualquer forma. Aqui amarrada, em casa na nossa cama, em qualquer lugar, Faith. Eu só quero você."
"Você me tem."
Harry me observa com tanto amor nos olhos que faz meu coração pular uma batida. Ele me reúne em seus braços novamente, como se ele nunca fosse me deixar ir. Ele tira meu cabelo do rosto e diz, "Meu pai está me dando a HCS Media.”
"Eu sei." Ele nem parece surpreso com isso; isso confirma algo.
"Vou ter que dividir meu tempo entre Nova York e Inglaterra."
Aproximando o rosto dele do meu, digo, "Eu gosto da Inglaterra, então aprovo esse modo de vida." Eu finjo pensar. “Agora, se tivéssemos um palácio de 23 quartos, que pudéssemos ocupar enquanto estivermos lá. Qualquer coisa menos grandiosa simplesmente não serve.”
“É uma casa imponente, não um palácio. Há uma diferença."
“Tomate-tomato,” eu canto com o sotaque diferente.
"Mas sua coluna", Harry diz, sendo ridiculamente cavalheiresco como sempre.
“O que tem ela? A coisa boa sobre escrever é que você pode fazer em qualquer lugar. E Harry, eu sei que você é especialista e tudo mais, mas há pessoas sexualmente frustradas em todo o mundo que precisam da ajuda da senhorita Bliss. Ao nos tornar globais, estou prestando um serviço ao mundo, na verdade. Eu sou uma maldita super-heroína para os desafiados horizontalmente.” Eu suspiro. "Se tivéssemos mais propriedades para onde fugir, poderíamos conquistar o mundo."
Harry hesita. "Bem, temos a propriedade da minha mãe na França que herdei." Eu paro e percebo que ele não está brincando. "Então há minha casa em Mônaco, minha cobertura em Londres e, claro, minha cobertura aqui—"
Eu sufoco a boca de Harry com um beijo para interrompê-lo antes que eu tenha um ataque de ansiedade com o quão rico ele é e ele precisa me inclinar para me acalmar. Quando nos afastamos, seus olhos angelicais estão o mais brilhantes que eu já os vi. "E a perspectiva de ser duquesa um dia não a assusta?"
Quando ele diz a palavra duquesa, meu estômago se aperta um pouco. Quero dizer eu, uma duquesa. Mas quando olho para esse rosto bonito e vejo o sorriso nesses lábios, isso realmente não me incomoda. "Desde que você esteja bem em ter uma garota camponesa como esposa algum dia, eu também posso."
"A sociedade pode desaprovar, e poderemos só sermos convidados para os casamentos da realeza menor", diz ele secamente, nunca perdendo aquele brilho brincalhão em seus olhos.
Eu luto contra o riso. "Eu sempre senti que eles parecem mais divertidos de qualquer maneira."
Harry ri também e balança a cabeça em descrença. "Eu não posso acreditar que tenho você." Ele acaricia um dedo na minha bochecha, "Não posso acreditar que posso te amar e você me amar também."
Passo a mão pelo peito dele, amorosamente, suavemente, depois seguro seu comprimento. "E não posso acreditar que eu possa ter isso me servindo pelo resto dos meus dias, noites e tardes e manhãs, é claro..." Harry aperta os lábios, a cabeça balançando em exasperação fingida. "Esqueça a propriedade Sinclair, podemos construir um palácio inteiro nessa circunferência."
"Faith", Harry diz em sua voz mais séria e britânica, "você já terminou?"
"Nem mesmo perto." Coloco minha mão em sua bochecha. "Você me tem e eu tenho você, você me ama e eu te amo, sempre e sempre amém, vezes infinitas e blá, blá, blá, filho da puta blá, blá, blá." Coloco as mãos sobre a cabeça perto da cabeceira da cama. “Agora me amarre na cama e me bata com seu chicote. Estou com outro orgasmo crescendo com o seu nome.”
"Só mais um orgasmo, mon petit chaton?" ele diz sedutoramente, fazendo meus mamilos se arrepiarem enquanto seu francês perfeitamente falado atinge todos os meus bons pontos.
Deliciosamente nu, e com toda a sua pompa nobre e beleza de pele oliva, Harry pega meu chicote favorito da parede e caminha lentamente de volta para a cama. "Isso é um desafio?"
"Sempre", eu digo e sinto a temperatura ambiente subir.
Harry me amarra na cama com lenços de seda e me dá um beijo longo e amoroso nos lábios. Então ele fica ao meu lado, o sorriso desaparecendo, o domínio pulsando nele em ondas, e meu amado Maître assumindo.
"Desafio aceito."
EPÍLOGO
THE SINCLAIR ESTATE, Surrey, Inglaterra
DOIS ANOS DEPOIS...
"VEJO você em duas semanas!" Mamãe diz enquanto ela e o pai pulam no carro que os leva ao aeroporto. Eles vão para Parma, Itália, cidade natal do Papai. É a terceira vez que eles vão lá este ano. A renda do prédio que Harry comprou lhes dá a capacidade de viajar como eles sonhavam. Mesmo se eles não tivessem a receita do prédio, eu sei que Harry teria tornado possível de qualquer maneira. Ele é o homem mais gentil e generoso do mundo.
Aceno para eles da entrada e respiro fundo. Quando me viro, Harry está se aproximando de mim com seu sorriso com covinhas. Os antebraços estão nus, as mangas arregaçadas até os cotovelos, e ele usa shorts cáqui e mocassins.
Olho para o meu anel de casamento, brilhando ao sol do verão. Nós nos casamos no ano passado nesta propriedade. E, como havíamos planejado, dividimos nosso tempo entre a Inglaterra e Nova York. Harry passou a administrar a HCS Media, como sempre soubemos que ele faria — com perfeição. E eu ainda escrevo "Pergunte à Senhorita Bliss". Ela é minha garota sarcástica de alter ego, e me recusei a desistir dela. Mas também escrevo artigos. Eu não poderia estar mais feliz.
"Lady Sinclair", Harry cumprimenta, me envolve em seus braços e me beija. Eu sou uma 'lady' agora. Um título real de lady, que é a coisa mais hilária do planeta. Dou um gemido em sua boca, tonta quando ele se afasta. "Eles foram bem?"
"Foram", digo e o levo ao nosso lugar favorito na propriedade, nossa ponte de contos de fadas. "E amanhã as tropas descem de Nova York para duas semanas inteiras de carnificina."
Amelia, Novah, Sage e Nicholas vão chegar. Nicholas agora dirige o escritório de Nova York e, pelo que posso perceber, também dá ordens a Sage no quarto.
Deito minha cabeça no peito de Harry e aceno para King Sinclair, entrando em seu carro esportivo ridiculamente caro e indo embora, partindo em outra aventura. Ou um dia no clube de boliche, nunca tenho certeza. "Você está particularmente linda hoje", Harry diz e enrola uma mecha do meu cabelo ao redor do dedo. "Na verdade, você está brilhando."
“Deve ser do profundo arrebatamento que você me deu ontem à noite. Eu mal posso mover minhas pernas hoje. Acho que você quebrou minha pélvis com o Soldado Harry.”
"Pelo amor de tudo que é certo e santo, por favor, você pode parar de dar nomes para o meu membro, o Soldado Harry."
“Bem, eu tenho que dizer que o Soldado Harry é melhor que membro. O que, você tem oitenta anos?”
"Sou reservado", Harry argumenta.
"Reservado!" Eu bufo. "Diga isso à minha bunda permanentemente vermelha, a qual você sistematicamente espanca há mais de dois anos."
Os lábios de Harry se contraem em diversão; então ele me dá um olhar duro de advertência. “O anonimato é fundamental, Lady Sinclair. É preciso manter essas coisas a portas fechadas.”
Eu olho para ele, incrédula. “Se 'a portas fechadas' significa uma cadeia de clubes de sexo que agora atravessa o mundo, levando máscaras horríveis e mantos irritantes para os ricos e perpetuamente molhados, se você quer dizer isso com 'a portas fechadas', então eu entendo.”
Harry resmunga e dá um beijo na minha testa, tenho um ataque repentino de nervosismo sobre o que estou prestes a dizer a ele. Enquanto passamos pela ponte, olhando para a casa, deixo o contentamento tomar conta de mim e pego a mão de Harry.
"Faith?" ele pergunta, sobrancelhas franzidas. "O que está errado?"
Respirando fundo, eu digo, “Não há nada errado. Quero dizer, muito pelo contrário. Se você tirar o enjoo e os mamilos doloridos, isso é... ah, e o fato de que todo cheiro me faz querer arrancar meu nariz...”
"Faith?" Harry segura minhas mãos com mais força.
"Estou grávida", solto. Eu observo Harry de perto por sua reação. O choque rapidamente se transforma em pura felicidade sem adulteração, um sorriso radiante se espalhando pelo seu rosto, fazendo meu marido parecer todo tipo de impossivelmente bonito.
Harry me pega nos braços e me gira, rindo no meu pescoço. Mesmo agora eu mal posso acreditar que ele é meu. Meu próprio príncipe encantado, sádico e sexualmente desviante.
Quando ele me coloca de pé novamente, ele me beija profundamente e deixa sua testa cair na minha. "Eu não posso acreditar", ele sussurra, a voz cheia de emoção. "Faith. Eu ...” Ele tropeça em suas palavras. “Não acredito. Eu estou... estou tão feliz.”
"Como eu estou", digo e o deixo me beijar novamente. Quando Harry se separa, ele mantém as mãos em mim como se eu fosse subitamente feita de vidro. Ele nos leva a um pedaço de gramado perto da ponte. Ele se senta, gentilmente me guiando também e me deito ao lado dele, a cabeça em seu colo e sua mão acariciando meu cabelo.
Então a mão de Harry vai para o meu abdômen ligeiramente arredondado em reverência. "Um bebê..." ele diz, a voz cheia de admiração. "Eu me pergunto o que vai ser?" Quase choro com o novo tipo de maravilha em sua voz. “Menino ou menina? Eu me pergunto com quem vai parecer.” Eu quero que se pareça com ele. Ou pelo menos herde esses olhos azuis pelos quais ainda sou obcecada. Eu bufo divertida, e Harry franze a testa. "O que?"
"Estou mais preocupada com quando crescer e perguntar como nos conhecemos."
"No trabalho", diz Harry. "Fácil."
Dou de ombros de brincadeira. "Eu não sei, quero dizer, estava pensando em seguir a história de que eu era sua submissa sexual e você meu mestre firme e bem-dotado." Coloco minha melhor voz. "Bem, querida, seu pai me trancou em algumas ações, e depois de uma boa rodada de cunilíngua alucinante, ele me deu uma surra, e foi então que eu soube que estava apaixonada."
"Bem, há anos de terapia que temos que esperar."
Sento-me e olho para Harry, e com a mão em sua bochecha e aqueles olhos que eu adoro fixos nos meus, digo, "Então, que tal isso?" Sinto um pouco do meu coração derreter e virar mingau, porque eu tenho Harry, essa vida e todo o amor do mundo, e posso ser piegas se quiser. "O amor não veio facilmente para mim no começo, mas quanto mais eu conhecia seu pai, todos os lados dele..." balanço minhas sobrancelhas para ele sugestivamente, e Harry brinca revirando os olhos. "Eu não podia resistir a ele."
"Perfeito", ele diz e pega minha mão. Ele passa o polegar sobre o meu anel de casamento e assente resolutamente. "Perfeito. Nada precisa mais ser dito. Nada mais precisa ser explicado. Menos é mais neste caso, amor. Menos é mais."
"E quanto mais eu o conhecia", continuo, ignorando sua tentativa de me calar, mas agradecendo a Deus que tenho esse homem, e agora nosso bebê, em minha vida, "mais duro e profundamente eu me apaixonava."
Beijo Harry e digo contra seus lábios: "E em pouco tempo ele me deixou de quatro, e eu fiquei totalmente", beijo, "absolutamente", beijo, "e completamente", beijo "açoitada.”
Tillie Cole
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