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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


THREE, TWO, ONE / J.A. Huss
THREE, TWO, ONE / J.A. Huss

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

Biblio VT

 

 

 

 

UMA GAROTA
Maltratada, descalça, e amontoada sob o toldo de uma livraria na chuva, Blue só sabe de uma coisa: depois de 15 meses de cativeiro, enfim... ela está livre.

DOIS AMIGOS
Os milionários JD e Ark não estão por aí para salvar ninguém, quando se deparam com uma garota molhada e tremendo num domingo de manhã cedo. Mas quando você vende sexo para viver e a salvação bate à sua porta... você atende a chamada.

TRÊS ALMAS GÊMEAS
Após anos de procura, o amor levanta o véu da escuridão e três pessoas - cada uma com grandes segredos – se encontram num relacionamento que desafia as probabilidades.
Ou não?
Amor. Luxúria. Sexo.
Esta trindade pode ser a perfeição... mas nem tudo deve vir em trio.

 

 

Capítulo Um

Centro Federal de Denver - Lakewood, Colorado
Dias Atuais

— Nós não podemos te ajudar se você não nos ajudar a te ajudar.

Eu só olho para o cara. Esse é o ponto de vista dele? Nos ajude a te ajudar?

— Ark... — ele hesita e me dá um olhar de soslaio, como se estivesse ocorrendo a ele que Ark pode não ser o meu nome real. Deixo escapar um pequeno grunhido e um sorriso quebra. Ele não aprecia o sorriso ou o bufo, porque ele esfrega a mão pelo rosto e bufa um pouco de ar.

— Ark, — o outro cara diz, se aproximando. Acho que isso é quando eles fazem a coisa bom-policial-mal-policial. — Vamos lá, cara, nós sabemos, OK?

Agora isso me intriga. — O que você acha que sabe?

— Sabemos que as pessoas estão mortas, — o Policial Mal intervém, garantindo um suspiro exasperado fingido e uma mão estendida para o Policial Bom.

— As pessoas morrem todos os dias, — acrescento, só assim o Policial Bom não tem a chance de jogar o seu cartão. Ele para um instante, porque ele tem que tomar uma respiração profunda.

— Ark, — ele tenta novamente. — Precisamos saber o que está acontecendo. Pessoas ainda podem estar em perigo. Mais corpos podem aparecer. Corpos que podem não ser apenas corpos se pudermos intervir a tempo.

— Não está acontecendo nada, — eu digo, enfatizando a palavra. — Acabou.

O Policial Mal solta uma pilha de oito a dez fotografias e elas derrapam do outro lado da mesa de aço inoxidável com um assobio. — Isto, — diz ele, pegando uma das fotos, — é mais do que nada. Esta é uma mulher morta. E isso... — ele aponta para outra foto, que eu não tenho certeza se posso olhar e não ser afetado. Portanto, antes que ele possa dizer qualquer coisa, eu limpo minha garganta como se eu fosse falar. Isso o cala apenas tempo suficiente para deixar o Policial Bom mudar o assunto de volta para mim.

— Ark, vamos lá. Nós sabemos que há muito mais nisso do que você está dizendo. É claro que você estava trabalhando com esse cara. Nós encontramos centenas de contratos em seu escritório. — ele bate outra foto e suga um pouco de ar por entre os dentes enquanto ele me deixa pensar sobre isso. — Basta começar desde o início. Se você explicar, tenho certeza que podemos fazer as coisas mais fáceis para você.

Dou outro bufo. — Fazer as coisas mais fáceis, hein? — isso é o que eles sempre dizem antes de foder com você. Eu sei. Eu tenho fodido muita vezes.

— Só nos diga como você a conheceu. — olho para o Policial Mal, que está surpreendentemente calmo agora. Sua fachada está escorregando. Ou talvez ele só saiba que pode não ter sido dessa maneira. Eu estive nas ruas por muito tempo. Eu vi muita coisa. Eu tenho feito muito para ser atraído a falar com uma promessa falsa. — Basta começar com essa aqui, — diz ele, apontando para a mulher morta na foto, — e podemos chegar a outras coisas mais tarde.

Eu fico olhando para ele.

Ele olha para mim. — Você vai ter que contar a alguém.

— Eventualmente, — o Policial Bom acrescenta. — Quero dizer, vamos lá, Ark. Há corpos. Você não anda pra longe disso, entendeu? Você não pode simplesmente fugir disto. Não podemos cortar esse tipo de negócio e você sabe disso. Então, basta começar do início e nós vamos dar um passo de cada vez. Vamos colocar todas as peças juntas e escrever o relatório e, em seguida, vamos falar sobre as suas opções.

Eu já sei as minhas opções. Olho para as fotos novamente, em seguida, agito elas com a ponta dos dedos, as fazendo deslizar sobre a mesa de metal liso.

Blue espreita para fora sob as que estão no topo. O rosto dela nessa foto esta apenas da maneira que eu a vi naquele primeiro dia. Inocente, mas estoica. Assustada, mas ainda forte. Estava frio e úmido. Seus longos cabelos estavam pendurados na frente desse vestido de verão encharcado que era muito acanhado para o verão, e muito ousado no final do outono.

— Você pode pegar, — diz o Policial Mau. — Continue.

Eu não consigo parar, então eu vou pegar, mas a corrente em meus punhos é muito curta. O Policial Mal desliza a foto dela sobre a mesa, então está diretamente debaixo de mim.

— Comece com ela. A menina que você estava chamando de Blue. Quando ela apareceu? De onde ela vem?

Eu posso ver tudo tão claro na minha cabeça. Começou como qualquer outro dia. JD e eu saímos cedo para fazer negócios...

Meus dedos não podem ajudar a si mesmos. Eles chegam para a foto dela e eu a seguro. O silêncio na sala se arrasta pelo que parecem minutos, mas não pode ter passado mais do que alguns segundos. Hora de... parar. É assim que foi desde o primeiro momento que a conheci.

— Ark, — O Policial Bom diz finalmente, quebrando o silêncio. — Você tem que começar de algum lugar. Nós não vamos te julgar, ok? Nós só estamos aqui para começar a história. Você tem que confiar em nós. Ok? — quando eu olho para ele, ele me dá um dar de ombros simpático que é muito real para mim, até mesmo para as técnicas de interrogatório do FBI. — Você tem que dizer a alguém, cara. Poderia muito bem ser nós.

— É uma longa história.

— Nós temos o dia todo.

— É... — eu olho para a foto por um momento, e depois olho para o Policial Bom, mais conhecido como agente especial Matheson —... complicado.

— Eu tenho uma licenciatura em lógica, cara. Eu posso seguir. E Jerry tem ouvido e visto de tudo, ok? Ele não julga. — Matheson levanta um polegar por cima do ombro do Policial Mal, mais conhecido como Jerry. — Inferno, ele está envolvido em alguma merda fodida também. Então, só... respire fundo, cara. Basta respirar fundo e começar com a garota que você está chamando de Blue.

Eu tomo uma respiração profunda. Não porque ele me disse, mas porque eu realmente preciso de uma. E então, porque eu sei que não há nenhuma maneira que eu vou sair daqui sem dizer a eles algo, eu a exalo...

— Eu a vi primeiro, ok? — eu olho para Matheson e ele concorda. — Eu a vi primeiro e isso é tudo que você precisa saber.

Foi em outubro passado. Chovia como uma cachoeira descendo uma montanha na primavera. E a Rua Mall estava vazia porque era 6h13 da manhã de domingo.

Minhas mãos estavam em meus bolsos, meus ombros estavam curvados, como se fosse manter a chuva fora de mim. Os sinos da igreja estavam tocando. Um momento estranho para os sinos, eu me lembro de pensar. Mas está gravado em minha memória. Os sinos da igreja tocando. Toda vez que eu ouço eles, eu a vejo em minha cabeça. Do jeito que ela parecia no primeiro dia.

Ela estava encharcada, amontoada sob um toldo, sobre uma livraria, chorando. Ela estava tremendo e seus dentes estavam batendo descontroladamente. Seus olhos – impressionantemente azuis e quase surreais – me acompanharam quando eu passei. Maquiagem da noite passada estava manchada pelo seu rosto, manchas pretas e cinzas que imitavam o céu acima.

Eu parei de andar. No meio do caminho. E olhei para ela. Ela estava com um vestido curto e sem casaco. Parecia que ela tinha sido despejada lá depois de um caso de uma noite que deu errado.

— Você está bem? — eu perguntei a ela.

E então seus olhos correram atrás de mim e eu sabia que isso não ia acabar bem.

Agora eu olho para Matheson, talvez porque ele me faz lembrar alguém que eu não quero pensar agora. Ou talvez porque eu já sei que a coisa toda acabou, de modo que os segredos não importam mais. Mas de qualquer forma, eu começo a falar.

— Eu a vi primeiro...


Capítulo dois

Fim de Outubro

06h13

Rua Mall, Denver, CO

 

A Garota

 

Meus dentes estão batendo tanto, eu não consigo respirar fundo. E eu realmente preciso de uma respiração profunda. Chamo uma, mas não é o suficiente para parar a tontura que sobrou da festa da noite passada e os soluços vêm derramando como a chuva que inunda por cima do toldo da livraria. O recuo da parede é de apenas dois metros de profundidade, e com o vento, qualquer abrigo é mínimo.

Um grito escapa antes que eu o possa controlar. Eu olho para os meus pés descalços e me pergunto se é possível morrer de susto.

Porque eu estou com tanto medo agora.

Vozes. Homens, pelo menos, dois deles. Eles são barulhentos, um pouco perdidos e eles estão correndo. Suas botas batem quando eles se aproximam.

Eu vou para o chão e envolvo meus braços em volta dos meus joelhos, tentando me diminuir a nada. Tentando ser invisível. Eu abaixo meu rosto, para que o meu cabelo caia para frente. Os homens se aproximam e eu sei, eu só sei, que eles estão vindo para mim.

Eu tento me levantar, porque foda-se. Eu serei amaldiçoada se eles me levarem de volta. Eu vou revidar neste momento. Eu vou.

As botas param, como se eles soubessem que eu estou aqui, e eles começam a falar em sussurros. Eu imagino que eles estão planejando como me capturar, mas não vai ser difícil. Estou seminua neste vestido de verão que está encharcado, de modo que ele está se agarrando a minha pele. Minhas pernas estão tremendo. Duvido que eu tenha força para enfrentar um homem, muito menos dois.

As botas começam de novo. Chegando cada vez mais perto.

Um homem entra na minha vista e dá dois passos. Dois passos de onde eu estou esperançosamente achando que ele não vai olhar e me ver aqui.

Mas eu usei toda a minha sorte na noite passada, quando eu escapei. Porque sua cabeça gira em minha direção e ele para. Meio passo. E ele só olha para mim por um longo momento. Eu mordo meu lábio e seguro outro soluço, mas ele escapa como um gemido.

Seus olhos estreiam em fendas. Ele está vestindo uma jaqueta preta com o capuz puxado por cima da sua cabeça e ele tem uma grande mochila pendurada no ombro. Ele parece assustador pra caralho até que aqueles olhos descansam nos meus. Eu solto a respiração que eu estava segurando. Aqueles olhos me contam tudo. Eles são escuros, mas são profundos. E eles não são os olhos cruéis dos homens que eu estou fugindo. — Você está bem? — ele pergunta.

Antes que eu possa responder, o segundo par de botas está correndo em nossa direção e outro cara aparece atrás dele. Meus olhos se atiram para o rosto do recém-chegado e mais uma vez eu estou surpresa com o que eu encontro lá.

— Quem é esta? — ele pergunta, em tom brincalhão. — Ora, ora, — acrescenta ele, empurrando o primeiro cara para fora do caminho. Seus olhos são azul claro. Hipnotizantes. Como o céu em um dia de verão. Seu cabelo loiro é cortado curto e ele tem alguma barba por fazer loira correspondente. Ele está encharcado, mas ele não está vestido para isso também. Ele está usando uma camisa de flanela marcada com vermelho que parece tão old-school e pode realmente ser dos anos noventa. Ela está pendurada aberta, nem mesmo abotoada, e por baixo está uma camiseta vermelha desbotada com a língua dos Rolling Stones sobre ela. — Você parece com frio, querida. E molhada. — ele pisca para mim quando ele dá um passo para fechar os poucos metros de distância entre nós.

Me encolho para longe do Grunge1 e olho de volta para o Deep Dark2, desesperada por alguma maneira de passar por este momento. Seus olhos trancam nos meus e nunca me deixam ir quando ele fala. — Você precisa de alguma ajuda?

Eu balanço a cabeça para ele.

Mas, em seguida, Grunge está bem perto de mim, puxando meu corpo frio no dele. — Você está congelando, — diz ele, esfregando os meus braços nus. Ele envolve as mãos em volta da minha cintura e ri no meu pescoço como se tivéssemos sido amigos toda a nossa vida. — Eu também. Quer se manter quente?

Eu luto contra ele e Deep Dark coloca uma mão no ombro de Grunge. — Pare, JD. Está assustando ela.

JD coloca as mãos no ar, um gesto ‘foi mal’ e recua, então Deep Dark pode se mover para mais perto.

Ele varre o meu corpo, vendo praticamente tudo, desde o vestido que está molhado e colado contra mim. Meus mamilos estão duros com o frio e pressionados contra o tecido fino do meu vestido, cada curva do meu corpo aparece através deles, enviando um arrepio pelo meu corpo. — Você precisa de ajuda ou não? — Deep Dark pergunta novamente. — Porque nós estamos perdendo dinheiro aqui.

— Hey, — JD interrompe. — Calma, cara. Temos tempo. Aquela última cadela furou.

— Sim, — diz Depp Dark. — O que significa que precisamos de outra cadela, rápido.

— Bem, olhe aqui, — diz JD, apontando para mim. — Ela tem potencial. — ele me olha de cima a baixo agora, da mesma forma que Depp Dark fez. Mas ele sorri. — Ela é perfeita, na verdade. Ei, querida, você precisa fazer algum dinheiro hoje? Sair desta, ah... situação que você se encontra?

— Dinheiro? — consigo chiar.

Ele se move para perto de mim novamente e suas mãos encontram o mesmo lugar na minha cintura que elas estiveram alguns momentos atrás. — Nós gostaríamos de tirar algumas fotos de você, querida. Bem aqui, — diz ele, apontando para a alcova onde estamos todos espremidos.

Eu balanço minha cabeça, não, mas ele me ignora e se vira para Depp Dark. — Vá lá, Ark, — ele sussurra e aponta para um ponto de ônibus vazio do outro lado da rua de pedestres onde apenas os ônibus do shopping passam. — A câmera estará seca lá, certo? E você tem uma lente longa?

Ark acena com a cabeça, mas ele está olhando para mim, não para JD. — Isto é o que você quer?

— Que tipo de imagens?

Ark abre a boca para falar, mas JD fala antes dele. — Sem nudismo, querida. Assim como você está, está bom. Ok? — ele se aproxima e tira uma mecha de cabelo molhado longe dos meus olhos.

— O que eu tenho que fazer?

JD sorri. — Depende de quanto você quer fazer.

— Quanto eu ganho por estar aqui e não fazer nada?

JD se inclina e me beija. Estou tão chocada que nem sequer me afasto. Seus lábios escovam contra os meus, se demorando por um momento. Seu hálito quente acaricia meu rosto frio. Em seguida, sua mão está por trás do meu pescoço enquanto ele desliza sua língua, nos torcendo juntos de uma forma que envia um arrepio de calor por todo o meu corpo. Quando ele se afasta, eu quase vou para ele.

— Fique aqui parecendo perdida e com frio... Eu vou te pagar cem dólares. Me deixe te beijar assim e você ganha duzentos. Fique de joelhos e chupe o meu pau, e isso é quinhentos. Portanto, a decisão é sua, querida. Você me diz o quanto você precisa.

Eu me inclino para trás e olho para ele. Sua cabeça está dobrada de modo que ele está olhando para mim. Seu sorriso é fácil e aqueles olhos são fascinantes. Eles são como a água em uma praia tropical.

— De onde você tirou esses olhos, querida?

Eu bufo uma pequena risada e meu corpo relaxa um pouco. — Eu estava pensando a mesma coisa sobre os seus.

Ele traça meus lábios com o dedo, tão devagar que eu tenho que engolir para me impedir de chupar. — Então, você quer fazer um acordo?

— Me deixe ver o dinheiro. — quando eu paro de falar, ele leva a oportunidade de deslizar o dedo na minha boca. Ark já está dentro de ponto de ônibus, câmera pronta.

JD tira um maço de dinheiro e começa a contar. — Nós vamos nos beijar, eu sei disso, — diz ele com uma risada. — Então aqui está, duzentos agora.

Ele detém o dinheiro para fora e espera eu aceitar. Assim que eu faço, ele acena para Ark e o obturador da câmera começa a clicar. E, em seguida...

Estou sendo beijada como eu nunca fui beijada antes na minha vida. Seus lábios são mágicos. Suas mãos escovam contra a volta do meu pescoço de uma forma que me faz tremer, e o frio deixa de existir. Ele pressiona o joelho entre as minhas pernas e há levanta um pouco, esfregando contra o v molhado de tecido que define a minha buceta. Seu beijo continua. Estamos torcidos juntos novamente. Ele está sondando em mim, mais profundo, em muitos níveis. Seu joelho, sua língua, sua mão quando ele agarra minha nuca.

Estou me perdendo nele. Eu nunca tive um homem me afetando dessa maneira antes na minha vida. Eu nunca desmaiei durante um beijo. Eu nunca me senti sem peso com um corpo duro pressionado contra o meu. Eu nunca quis algo que durasse para sempre tanto quanto este momento que estou tendo com um completo estranho.

Meus joelhos começam a dobrar e me encontro deslizando para baixo na parede de tijolos duras até que eu estou sentada, olhando para seu rosto bonito enquanto ele desafivela seu cinto. — Quinhentos mais, querida. Você quer isso? — ele abre a fivela e puxa o zíper das calças, puxando seu pênis totalmente ereto. A cabeça é redonda e grossa, e o comprimento é longo. — Basta colocar ele em sua boca e deixar Ark tirar algumas fotos...

Um apito estridente corta suas palavras e ele imediatamente esconde seu pau e me puxa em pé. — Temos companhia. — ele abre a camisa e me puxa para um abraço. Ele está tão molhado quanto eu, por isso, ficamos unidos por nossas roupas pegajosas.

Poucos segundos depois, um veículo de segurança do shopping passa.

Ark aparece. — Ele está na nossa cola. Temos que ir.

JD me abraça apertado. — Você quer voltar para o nosso lugar e terminar isso, querida?

Olho para os duzentos dólares que eu ainda seguro na minha mão, então observo meus pés descalços.

JD percebe a minha situação ao mesmo tempo e vira as costas para mim. — Suba baby. Eu vou levar você. — ele me lança uma piscadela por cima do ombro e eu não posso evitar.

Eu ri. Depois de tudo o que aconteceu na noite passada, eu ainda posso rir. E esse estranho fez isso para mim. Ele fez isso para mim e ele está se oferecendo para fazer outra coisa para mim. Ele está me dando uma maneira de sair, se eu quiser.

Setecentos dólares podem comprar uma roupa adequada e uma passagem de ônibus. Eu poderia parar tudo isso. Eu poderia deixar Denver e esquecer.

Olho para Ark e ele dá de ombros. — Você quer chupar o pau dele por quinhentos pilas, a escolha é sua. Mas você pode ter esses duzentos e sair. E se eu fosse você, eu iria tomar essa opção. Porque ele não é tão encantador quanto parece. Nenhum de nós é aquilo que parecemos ser agora.

— Jesus Cristo, Ark. Não admira que você não possa ter uma namorada. Foda-se ele, queridinha. Eu estou supondo que você não tem um lugar melhor para ir, caso contrário, você não estaria aqui fora na chuva no domingo de manhã.

Ele está certo. Eu não tenho nada. Literalmente nada, além do vestido e calcinha que estou usando e as duas centenas de dólares. Isso não é o suficiente para fazer a diferença. Porém, mais quinhentos pode. Quinhentos mais muda tudo para mim.

— Eu não, — admito, envergonhada. Mais envergonhada de como cheguei aqui, do que vou estar depois de chupar o pau deste homem por dinheiro.

— Então vamos. — JD acaricia minhas costas e eu agarro seus ombros e salto. Suas mãos fecham forte sob os meus joelhos e ele caminha, esfregando minha buceta já pulsando em sua molhada camiseta.

E nós três corremos para a chuva.


Capítulo três

ARK

 

Eu conheci JD há quatro anos, quando fiz o minha primeira viajem para Denver por meio do terminal de ônibus Greyhound3. Eu tinha dinheiro. E eu tinha um contato. Um contato e foi isso. Então eu basicamente comecei esta nova vida sozinho. Só eu e minha câmera.

Mas JD estava lá na primeira noite depois que eu desci do ônibus.

Foi uma briga, mas não uma briga. Foi um colapso, isso com certeza. Sua vida tinha acabado. No mesmo momento em que eu pisei naquele terminal, foi o momento em que ele soube que perdeu tudo.

E ele estava tendo sua bunda chutada. O que eu não percebi, então, que era um negócio muito grande. Porque JD é um cara perigoso. Ele não é um estranho para lutas, mas ele é um estranho para perder elas.

Eram quatro contra um naquela noite e, embora eu fosse novo na cidade e meu negócio tinha muitos tons sombrios, eu dei um passo para cima.

Porque é isso que eu faço. Eu parto para cima.

Nós não ganhamos essa briga. Mas nós não perdemos também. E depois que eu disse a ele que eu era novo na cidade e estava apenas no meu caminho para encontrar um hotel, ele me ofereceu um lugar para ficar.

E essa amizade cresceu a partir daquela primeira noite. Sua história foi uma bênção e uma maldição. A razão para ficar e uma razão para sair. Somos polos. Eu fico no norte e ele fica ao sul. Nós somos iguais e opostos em quase todas as formas imagináveis. Nós somos isso e aquilo. Preto e branco. Áspero e calmo.

E ainda há esta linha reta que nos conecta. Um para o outro. Não importa o que, nós estamos ligados por alguma lei do universo.

E agora ele é um irmão. Um melhor amigo. Um parceiro de negócios.

Mas naquela época, JD estava ganhando dinheiro como stripper para alguma empresa que se especializou em festas de despedida. Então não foi difícil o convencer que poderíamos fazer melhor por nossa conta.

E é assim que Public Fuck America4 nasceu.

Abordamos as mulheres em locais públicos. Clubes, festivais, concertos, merdas assim. E nós fazemos uma oferta. Ofertas muito agradáveis. Porque eu tinha esse dinheiro quando eu cheguei à cidade, para que pudéssemos nos dar ao luxo de definir essa merda, por isso era legal.

Uma vez que temos a menina girando com cifrões nos olhos, nós mostramos um contrato e marcamos o teste com uma clínica local. Nós pagamos primeiro por isso e tiramos do contrato de pagamento. Então essa menina que nos abandonou hoje foi uma perda de cento e vinte dólares, porque ela nunca apareceu. Uma vez que nós fazemos os testes e começamos a primeira filmagem - que é sempre do lado de fora, no início da manhã e em um lugar reconhecidamente público - isso normalmente leva elas a fazer mais.

É aí que os clubes e shows entram. E essas ganham acessos online como ninguém.

Mas alguns meses depois que nós começamos, um sujeito se aproximou de nós. Perguntado se gostaríamos de um salário fixo. Poderíamos manter o nome – Public Fuck America, o que não era negociável, desde que compramos o domínio do nome e para isso um dia basta, carregar nossos vídeos no site e pronto. Nós temos uma quota de três vídeos por semana e nós ganhamos dinheiro por visualização no site, uma vez que é ao vivo.

Fizemos um monte de dinheiro.

Um monte.

Assim nós ganhamos mais dinheiro em um mês do que o meu velho fez em dois anos, quando eu era criança.

Mas isso vem com um preço. Três vídeos por semana é um deles. Isso é três meninas que você tem que acertar e deixar prontas para ir para o trabalho a cada semana. Elas fazem isso algumas vezes, a maioria delas. E então elas estão fora. Ou para coisas maiores, o pornô está em toda parte. Por que ficariam leais a nós? Ou nós descobrimos que elas não podem passar no teste de DST’s. Ou elas têm o hábito de usar drogas, que é um automático, Saia daqui. Ou que seja. Mas elas nunca ficam muito tempo. Então, esta semana, cara, estamos fodidos. Muito. Porque nós temos dois vídeos curtos.

Mas agora JD tem essa menina em sua mira e nós estamos levando ela de volta para o nosso lugar. Não há nenhuma maneira que nós estamos fazendo um filme. Ela não tem nenhum contrato, nenhum teste, e nenhuma identidade porque, a partir da aparência dela, ela tem um vestido, uma calcinha e é isso.

Calcinhas que estou olhando agora. Sua bunda salta ao redor de JD enquanto ele corre através da chuva e meu pau cresce um pouco quando eu imagino que isso pode ser. Tanto para ela e para ele.

Droga. Isso não vai funcionar. Ela é boa para fazer alguns gifs no meu blog Tumblr, mas não muito mais.

JD corre mais rápido, fazendo com que a menina emita um pequeno grito de surpresa.

Eu ando. Foda-se essa merda. Eles dobram uma esquina e desaparecem. Meu queixo está apertando duro e a raiva dentro de mim está construindo quando eu penso em todas as maneiras que JD apenas se recusou a aceitar a sugestão. E por quê? Para atender a nossa quota? Estamos muito atrás nesta semana. Mesmo se ela fosse legítima, e ela não é, esta menina chupando um pau não é suficiente para manter o chefe feliz. Precisamos dela, além de mais uma, para empatar. E mais uma para o site do Public Fuck America lançar no Natal.

Temos feito quatro vídeos por semana, durante quatro anos - três para o nosso chefe, Ray, e um para nós. São duzentos vídeos pornográficos extras, mais ou menos, mas é apenas o suficiente para lançar o site e começar nosso próprio negócio onde temos outros caras fazendo o trabalho braçal. E mesmo que este é o ponto de tudo nos últimos quatro anos, estou estressado, cara. Estou estressado demais. Eu não preciso de uma garota complicando as coisas esta semana. Especialmente quando JD se recusa a reconhecer que ela é minha primeiro. Essa merda só me irrita.

Mas foda-se. Foda-se ela também. Ele a pode ter. Eu vi alguns hematomas em seus braços e ela parece viciada. Além do fato de que ela estava seminua e chorando, eu quero dizer. Parece que ela se afundou em alguma merda muito grande.

E isso não é algo que se brinque. Sem drogadas. Elas roubam, mentem, e elas não comem o suficiente para as tornar cheias de curvas.

Até o momento que eu viro a esquina, JD e a menina se foram. Já estão lá dentro, eu suponho. Eu ando um pouco mais rápido. Eu não quero que ele a leve para casa e fique sozinho com ela. Idiota.

Nós possuímos o último andar de um edifício na Califórnia Street. Quando compramos aquele lugar com dinheiro, a merda ficou real.

Nós estamos fodidamente ricos.

Eu pressiono o botão na minha chave eletrônica e abro a porta de madeira grossa para encontrar JD e a menina sentados na escada. Ela está em seu colo e ele está a beijando.

— Que porra é essa?

JD ri. — Eu estava esperando por você, cara. Pronto? — ele se levanta, a menina desliza para baixo de suas pernas enquanto ele faz isso, então ele agarra ela pela mão e a puxa para o elevador. Ela tropeça atrás dele, morta em seus pés. Ela provavelmente não vai passar de uma filmagem. Que desperdício.

Nós entramos no elevador e eu pressiono para o piso superior, porque as mãos de JD estão por toda esta menina. Pressionando contra os seios dela e deslizando em torno de seu pescoço enquanto ele a continua beijando.

Eu balanço minha cabeça, quando as portas se abrem e entro no corredor do único loft aqui em cima. Nosso. A cobertura.

Quando eu abro a porta, eu deixo JD ir primeiro. Ele anda com a menina, ainda beijando ela como se sua vida dependesse disso.

— Espere, — ela sussurra contra seus lábios. — Espere, o que estamos fazendo?

— Tirando algumas fotos, querida. Lembra? — ele sabe que ela estava chapada da noite anterior. — Você ainda tem o seu dinheiro? — ela olha para o punho fechado preenchido com notas de vinte dólares. — Bom, baby. Não deixe ele ir, ok? É seu. E nós vamos te dar mais. Apenas me deixe cuidar das coisas de modo que Ark possa tirar as fotos, e então você pode ter o resto. Ok? — ele a beija e depois se vira para mim. — Onde é que você nos quer?

Estamos todos encharcados, então eu aponto para o terraço. JD a beija mais uma vez para parar seus choramingos, e em seguida, caminha mais alguns passos antes de girar em torno dela e aponta para as portas do terraço. Ele abre e a arrasta completamente.

— Contra o vidro, — eu digo quando ele olha para mim. — Vocês dois, se inclinando contra o vidro para que eu possa ter uma boa vista da cidade na chuva. Vou colocar a câmera por aqui com uma lente longa.

Até o momento em que consigo colocar o tripé no lugar, JD está pronto para rasgar a roupa dela. Que diabos deu nele? Ele nunca agiu assim com as meninas. Ele pega e larga a maioria delas e a maioria é bonita. Mas esta, ela parece uma desabrigada. Ela está magra. Ela está toda molhada e não apenas porque ele está com o dedo na buceta dela através da calcinha. Os lábios dela estão praticamente azuis, ela está tão fria. E ainda assim ele age como se essa garota fosse o amor de sua vida.

Eu não entendi.

— Deixe as roupas dela, — eu digo.

— O quê? — ele ri, olhando por cima do ombro para mim.

— Deixe as roupas dela. Eu a quero com o vestido molhado. Eu sou o fotógrafo e eu digo para deixar as malditas roupas dela.

Ele solta um longo suspiro e olha para mim por um momento. — Ok, cara. O que você quiser.

Idiota do caralho. Eu não sei por que, mas o pensamento de JD tirando aquele vestido e apalpando os seios nus dela apenas me irrita. — Se vire para o lado, — eu chamo de novo. A chuva está caindo bastante agora e eu dou um zoom nos lábios deles. A água escorre sobre a curva que eles fazem enquanto estão pressionados juntos. A língua dele. A língua dela. Lambida. Ele lambe sobre o lábio superior dela para pegar a chuva escorrendo pelo seu nariz em um riacho. Seus cílios estão colados e a maquiagem da noite passada deixou listras cinza escura por seu rosto.

A cabeça dela vira para a luz, não um raio de sol exatamente, mas algum jogo de luz de algum lugar desconhecido para mim e seus olhos brilham. Eles são azuis, mas eles não são apenas qualquer tipo de azul. Eles são como a água do mar em um lugar tropical.

Eles são da cor mais bonita que eu já vi.

— Assim, — eu digo. Mas ela está distraída pela boca de JD. E ele está apalpando ela agora. Ele apalpa seu peito e puxa seu cabelo até que sua cabeça se inclina para trás. A luz pega o rosto dela novamente, mas desta vez os olhos estão fechados. Ela geme.

Meu pau incha.

A mão de JD desliza sob o vestido curto. É um vestido amarelo floral, um pouco plissado ao longo da cintura dela, curto o suficiente para cobrir a calcinha, que é branca. Calcinha branca de algodão. Toda colada a ela, mostrando a sua buceta e, se eu olhasse através da lente e aumentasse o zoom, veria o pequeno botão de um clitóris. Todo inchado e pronto para os dedos de JD fazerem a sua magia.

Eu chamo uma respiração enquanto ele faz o seu movimento. Minha raiva aumentando. Eu não posso acreditar que ele a roubou na minha frente. E eu não dou à mínima se ela está drogada de uma noite selvagem. Ou se ela está fria e tremendo de medo. Eu a vi primeiro. Essa é a regra. Nós fazemos isso há anos, e nunca quebrei essa regra.

Até hoje.

E foda-se isso. Ela é minha.

Estou prestes a ir lá quando as pernas da menina se soltam e ela despenca no chão. JD a segue, sem esforço, sem problemas, como o ator que ele é, e então ele está puxando ela em seu colo. Eu ajusto a câmera assim quando ele abre suas pernas, puxando a calcinha de lado. Ela está raspada, o que me faz parar por um momento. Mas, em seguida, os dedos dele mergulham no v de suas pernas e deslizam sob aqueles lábios cor de rosa perfeitos, e isso é tudo o que posso tomar. Eu chego por trás do meu pescoço e puxo a minha camisa, depois vou até lá fora para acabar com a bunda dele.


Capítulo quatro

ARK

 

Assim que eu saio para o terraço, JD para o que está fazendo e me lança um olhar. — O que foi? — pergunta ele com um sorriso.

Eu o ignoro e caminho até o outro lado da menina e me curvo diante dela. Sua cabeça está pendendo para um lado, isso é quão zoada ela está. — Qual é seu nome? — eu pergunto.

Ela endireita o queixo e dá de ombros, a mão de JD em seu ombro, enquanto ele tenta chamar sua atenção de volta. — Porra, — ela cospe. — Eu só quero o meu dinheiro. — suas palavras saem arrastadas e sua cabeça cai para baixo em direção a peito dele.

— Bem, — eu digo de volta calmamente: — Eu vou te chamar de Blue Eyes, então. Que tal?

— Você pode me chamar do que quiser-

Eu me inclino e agarro seu rosto, meus dedos envolvidos ao longo de sua mandíbula e meu polegar empurrando em sua bochecha. — Você quer o seu dinheiro ou não?

Ela dá um tapa em minha mão e tenta se levantar, mas as pernas se curvam debaixo dela novamente e ela cai em JD.

— Jesus, Ark. Basta voltar para a câmera e me deixar lidar com isso.

— Foda-se, — eu digo de volta, meus olhos nunca deixando a menina. — Eu quero essa aqui.

— O quê?

Eu olho para ele, registrando sua surpresa, mas não me importando muito.

— Por quê?

— Por que não? — eu digo de volta, me estabelecendo ao lado dele, as minhas costas contra a parede clara que nos separa das ruas da cidade de Denver oito andares abaixo. — Ela está mesmo consciente, JD? Olhe e veja.

Ele se inclina para baixo para tentar ver o rosto dela através da cortina de cabelos longos e de seu pescoço inclinado. — Porra, eu não sei.

Estendo a mão para ela e ela é de repente toda braços e pernas quando tenta me empurrar. — Se afastem, — ela rosna. — Fiquem longe de mim. Se vocês tentarem tirar meu dinheiro...

— Se acalme, — eu pulo de volta para ela, forçando seu rosto perto da minha boca. Ela está ofegante, e os cabelos estão caindo sobre o rosto com cada respiração. — Você está em alguma coisa. Nós não filmamos meninas drogadas. Então nós vamos ter que cortar isso. Você pode pegar seus duzentos paus e ir embora.

Eu começo a me levantar, mas sua pequena mão se levanta e agarra meu pulso. — Espere. — ela empurra o cabelo dos seus olhos com a outra mão e tenta me olhar em frente. — Espere, por favor. Eu não sou uma drogada. Eu juro. Eu não sou. Eles me deram algo na noite passada. Eles me drogaram e eu não sei o que aconteceu depois. Eu só...

Suas palavras param e olho para JD e encolho os ombros. — Cara, isso é uma má notícia. Ela não é boa para qualquer coisa. Nós não temos nenhum contrato, não temos nenhum teste e não há nenhuma maneira que nós podemos vender qualquer coisa que estamos fazendo aqui. Por que se preocupar?

JD abre a boca para dizer alguma coisa, mas a menina diz antes dele. — Apenas, por favor. Mais uma chance. Vou assinar qualquer coisa que vocês quiserem. Eu não sou menor de idade. Eu não uso drogas. Eu só fui pega em algo maior do que eu. Eu só preciso de dinheiro para voltar para casa.

— Ark, — diz JD. Ele toma uma respiração profunda. — Talvez nós não a possamos usar para o negócio, mas podemos fazer algumas boas lembranças tentando. — ele ri um pouco e aquele sorriso famoso dele se rompe. — Certo?

A menina se vira para ele agora, percebendo que ele é o seu bilhete para o dinheiro prometido. — Por favor. — ela coloca a palma da mão contra o rosto mal barbeado dele. — Por favor, JD.

O fato de que ela sabe o seu nome é o que faz isso, eu acho. Porque ele desliza a mão por sua coxa, agarra a perna dela e levanta sobre a dele, a estendendo a meio caminho aberto para o seu prazer.

Eu vejo vermelho novamente. Mas em vez de colocar um fim a isso, eu a puxo para perto de mim para que sua bunda esteja em ambas nossas pernas, e eu deslizo minha mão ao longo da pele interna suave de sua coxa. Ela geme, e eu não tenho certeza se é o beijo de JD ou meus dedos pressionando contra sua calcinha de algodão molhado que faz com que o ruído vindo de sua boca seja o mais sexy que eu já ouvi.

— Cara, — diz JD, puxando seus lábios dos dela. — Volte para a câmera. Estamos perdendo os momentos.

— Ele está filmando agora, — eu digo. — Vai continuar até que esgote a bateria. — e então eu viro a garota para mim e levanto o queixo dela. Seus olhos estão fechados e sua boca está aberta. — Olhe para mim.

Ela se esforça para abrir os olhos, pesados de qualquer droga que ela usou na noite passada, mas ela os consegue levar a meio mastro. Me ajude, ela diz baixinho. Não sai nenhum som. Só um mover de lábios. Me ajude.

Eu olho para ela para ter certeza que eu estou vendo o que eu acho que eu estou vendo. — O quê?

Mas, em vez de um silencioso me ajude, ela diz: — Me tome. Por favor, apenas me tome.

A mão de JD vagueia pelo interior da coxa estendida sobre sua perna, a acariciando suavemente. Só então o céu se ilumina com o barulho de um raio e a chuva cai com tanta força que o ruído abafa todas as perguntas.

Suas palavras.

Meus pensamentos.

Ela mexe contra mim, quando a mão de JD bate na minha, que ainda está em cima de sua calcinha de algodão. E então ele está passando por mim, seus dedos por baixo do tecido encharcado, procurando a libertação que ela quer. Eu posso sentir os movimentos dele, apenas o tecido fino entre nós. Ele mergulha dentro dela e ela se curva de volta, se deslocando para o meu colo. Eu agarro sua garganta com a outra mão e ela inclina a cabeça em minha direção. JD vai para baixo em seus peitos, a mordendo através do vestido que se apega a seus mamilos duros. E então ele puxa a frente de seu vestido para baixo, deixando os peitos dela livres e ele a devora.

Eu tomo a boca dela ao mesmo tempo. Ela geme no beijo. Gemidos pequenos e choramingos. Guinchos leves quando JD lembra a ela que seus dedos estão entre as pernas dela. E, em seguida, um grunhido duro quando ele empurra outro dedo dentro dela.

Minha mão ainda está por cima dele e eu sinto tudo isso como se fosse eu espalhando as dobras dela e de repente eu não posso suportar o fato de que ele está dentro dela e eu não. Eu rasgo a virilha da calcinha e procuro seu calor.

JD ri. — Porra, Ark. Você está possessivo hoje, cara. Se você queria entrar, tudo o que tinha a fazer era dizer isso.

— Vá se foder, cara. Eu a vi primeiro e você sabe.

Ele dá de ombros e retira a mão da buceta dela. — Você toma a frente, eu vou tomar a parte de trás. — sua mão mergulha mais fundo entre as pernas dela, em busca da bunda dela, enquanto eu enfio meus dedos dentro de sua vagina, tomando o lugar dele. Blue Eyes geme, virando o rosto para mim, sua língua lambendo meus lábios quando a enchemos. — Me beije, — ela implora. — Me beije.

Eu aperto sua garganta e a puxo para frente, de modo que ela está em um ângulo estranho. Ela reajusta a perna ainda caída sobre a perna de JD, seu joelho vindo para frente em relação a mim, fechando as pernas. Mas é tarde demais para esse movimento, porque ambos estamos profundamente dentro dela.

Eu mordo seu lábio enquanto eu a beijo e ela abre a boca ainda mais. Eu imagino o que seria enfiar meu pau em sua garganta quando eu adiciono outro dedo na festa entre as pernas dela. JD faz algo na bunda dela que a faz soltar um suspiro e então ela está gemendo e se contorcendo e ofegando em minha boca. Meu polegar encontra seu clitóris e eu dedilho cada vez mais rápido até que seus músculos reprimem nossos dedos e ela explode entre nós.

Ela goza com tanta força, ambos os braços abertos, um em torno de cada um de nós, e nós a mantemos assim.

Somos apenas nós três.

Nosso desejo incontrolável por uma garota perdida.

O barulho da cidade acordando.

E a chuva.


Capítulo cinco

ARK

 

Meu pau está tão duro, tudo o que posso pensar é conseguir a boca dessa menina sobre ele. JD agarra o cabelo dela e puxa sua cabeça para trás. — Ela se foi, cara. Pó.

O pouco de ação que ela nos deu está oficialmente terminado. Seus olhos estão fechados, a boca aberta, sua respiração profunda e seu corpo está mole. Eu deslizo meus braços ao redor da cintura dela e me levanto, trazendo ela comigo, então seguro seu corpo em meus braços como se eu estivesse embalando uma criança. — Ela está fria, também. Ela está tremendo como uma filha da puta.

Olho para JD quando ele se levanta. Ele aperta os olhos para ela e, em seguida, coloca a palma da mão em seu braço. — Sim, ela está meio fria. Nós provavelmente deveríamos ter feito isso lá dentro. O que você quer fazer com ela?

Eu respiro. Porque é uma boa pergunta. Uma que nós não pensamos completamente.

— Nós devemos a aquecer antes de a expulsar.

Fodido JD. Eu balancei minha cabeça e ri dele. — Nós não vamos jogar ela para fora, idiota. Ela está acabada. Vamos apenas para dentro e tirar ela dessas roupas.

— A coloque na banheira, Ark. Ela pode se aquecer dessa forma.

A levo através da sala de estar. Meus pés e roupas já estão molhados, por isso deixo um rastro de água através do piso cinza de concreto polido quando eu a levo para o meu quarto. Eu tenho a única banheira. Os outros dois banheiros só têm chuveiros. JD passa por mim e chega lá primeiro para que ele possa abrir a água. A água explode enquanto eu seguro a menina e me olho no espelho.

Que dia estranho.

Eu nunca tive uma menina aqui no meu quarto. Eu não gosto de encontros. Só complica as coisas. Além disso, quase todas as meninas que eu conheço fazem pornôs e eu não estou interessado nesse tipo de garota.

Eu volto para JD. — Eu seguro ela, você tira o vestido.

JD se vira para mim, quando eu a coloco sobre seus pés. Ela não fica de pé sozinha, então eu realmente tenho que a segurar. JD agarra a bainha de seu vestido e o puxa para que ele possa passar os braços pelas alças. É um vestido tão fino. Algo que você usaria em um dia quente de verão. Não é algo pra passar uma noite fria de outubro.

Assim que JD puxa o vestido por cima da cabeça dela, vemos as contusões. — Porra, — diz ele, quando manobra o outro braço até a última alça de tecido. — Que porra é essa?

Me viro para ela para que eu os possa ver no espelho. Um deles é um vergão em seus ombros, mais se ramifica e sobe seu pescoço, meio escondido pelo cabelo molhado. Debaixo do tom amarelado estão os restos fracos de formação de crostas.

Em sua volta estão os machucados curados. Cortes longos. Traços de tecido cicatricial que cruzam suas costas como listras em cada lado da sua coluna vertebral. E entre essas são as cicatrizes feitas com facas. Elas estão espalhadas entre as listras como se fossem pedaços de vidro.

— Ela foi açoitada e cortada, — eu digo. — Bem duro e profundo pelo que parece. E por um tempo muito longo.

JD apenas balança a cabeça e caminha de volta para a banheira para verificar a água. — Apenas a coloque aqui. É fundo o suficiente agora. — ela não luta quando eu a pego e a coloco na banheira enquanto JD tira suas roupas, jogando a camisa de flanela úmida e camiseta no chão, e em seguida, arrastando a calça jeans molhada para baixo de suas pernas.

Seu pênis está duro e ele bombeia algumas vezes antes de subir na banheira e se posicionar atrás das costas da menina antes de se sentar, a segurando perto de seu peito, com as pernas em cada lado dela. — Vá pegar sua câmera, Ark. Quero fotos.

— Por quê? — pergunto. — Nós não a podemos usar para Ray.

— Para mim, — diz ele, quando ele se inclina no ouvido da menina. E então ele me ignora enquanto fala baixinho para ela. Eu vi JD em ação. Eu o filmei recebendo centenas de boquetes. Eu vi seu pênis mais do que ninguém neste planeta. Eu ouvi toda a conversa suja que ele tem em seu repertório, uma e outra vez.

E isso não é.

Ele sussurra coisas boas para ela enquanto eu estou lá assistindo. Coisas calmantes. Ela se esforça um pouco contra ele quando ele envolve seus braços em volta dela, mas ele fala com ela e ela se acalma.

— Pegue a porra da câmera, Ark.

Deixo escapar um suspiro e caminho de volta para a sala de estar, onde a câmera ainda está filmando. Eu a pego e paro o obturador, em seguida, altero a lente para que eu possa tirar fotos de perto.

Quando eu volto para o banheiro, os olhos da menina estão abertos e ela está olhando para o rosto de JD enquanto ele fala com ela em uma voz baixa e suave que eu nunca soube que ele tinha. Ele deve perguntar a ela alguma coisa, porque ela acena com a cabeça. Eu dou zoom no rosto dela, pego uma lágrima escorrendo por seu rosto enquanto ela escuta ele dizer a ela coisas que ela precisa ouvir, e então eu me perco em sua triste beleza.

Ela é tão magra. Parece que alguém deixou que passasse fome ou a alimentou com drogas para a fazer esquecer de comer. Seu cabelo é um verdadeiro louro escuro. Não tingido, pois seus cílios são claros, agora que a maquiagem foi lavada, deixando essa trilha por suas bochechas. Seus lábios são cheios. Mais cheios do que provavelmente seu corpo magro. Seus seios são cheios demais. E eles não parecem falsos, por isso ela deve ser uma menina curvilínea quando ela tem algum peso sobre ela.

JD para de falar e o obturador da câmera a assusta. A cabeça dela se vira em minha direção e eu capturo a forma de coração de seu rosto. Longos fios de cabelo estão colados contra seu rosto e trilham até o pescoço para as pontas de seus mamilos que pairam apenas acima da linha de água subindo.

Eu a vejo me observando. Aqueles olhos azuis estudando a câmera. Registrando minhas intenções.

E mesmo esperando a mesma hostilidade que ela me deu lá fora, isso não é o que eu recebo. Ela se esforça muito para sorrir, mas ela não pode fazer. Seu queixo treme e, em seguida, ela está chorando de novo.

Gravo tudo isso.

Ela é tão pateticamente bonita.

JD a conforta de novo, suas palavras viajando até meus ouvidos. — Coisa doce. Você está segura agora, — diz ele. — Eles não vão te pegar.

Eu me pergunto o que eu perdi nos poucos minutos que eu fui buscar a câmera.

— Você pode ficar aqui, — diz ele.

Eu levanto minhas sobrancelhas para ele, mas ele não olha em minha direção. Como se o que eu quero, não importa. Já foi resolvido.

— Eu preciso de dinheiro, — diz ela em uma voz tão baixa, que eu quase não escuto sobre o barulho da água ainda saindo da torneira. — Eu preciso desse dinheiro.

JD começa a murmurar em seu ouvido quando eu coloco a minha câmera para baixo e desato o cinto, desabotoando meu jeans molhando ainda pingando, e puxo para baixo o meu zíper e liberto meu grosso pau duro.

Eu pego a câmera e caminho em direção à banheira.

JD apenas olha para mim. — O que diabos você está fazendo?

Eu o ignoro. Esta menina começou como minha e é assim que ela vai estar. — Você quer o dinheiro, Blue Eyes? Chupa meu pau e eu vou pagar o dobro.

— Ei, idiota, — diz JD. — Ela não...

Mas ela vai. Porque as mãos dela já estão chegando em mim. Eu entro na banheira e a água ondula ao redor do meu jeans quando eu chego perto o suficiente para ela me agarrar.

E o segundo em que suas pequenas mãos envolvem em torno de meu pau, eu estou gemendo, porra. Ela aperta um pouco e, em seguida, sua boca vem até a mim. Seus lábios se separaram, sua língua plana e pronta para me levar.

— É melhor filmar essa porra então, — diz JD.

Eu sorrio para ele e aponto minha câmera para baixo em Blue Eyes e capturo o momento em que seus lábios enrolam em volta da minha cabeça. — Ah, porra, sim, — eu sussurro, espalmando em sua cabeça com a mão livre. Olho para JD e ele está olhando para mim com um interesse que não passa despercebido. — O quê?

— Você nunca filmou a si mesmo antes. Nunca.

Não é verdade. Mas eu nunca me filmei na frente dele. — Então? — eu digo, pegando a minha atenção de volta para Blue.

— Então, por que agora?

— Ela quer, é por isso.

E ela faz. Porque ela chupa o meu pau como se fosse delicioso. Sua língua gira em torno de minha cabeça como se ela não pudesse ter o suficiente. Bombeia sua mão ao longo do meu eixo com um movimento de torção inebriante que me diz que ela tem feito a sua parte do sexo oral. Eu fecho meus olhos, esperando pra porra que a câmera fique firme quando eu tento aproveitar a atenção.

Mas, em seguida, uma mão surge debaixo das minhas bolas e eu abro meus olhos de volta para me certificar de filmar isso.

A mão de JD está sobre a dela e ele está insistindo para que ela me pegue.

— Que porra é essa, cara? — pergunto a ele. Mas então ele aperta a mão dela e ela me aperta, e santa mãe, que merda, combinado com ela chupando e torcendo, apenas bloqueia minha mente.

— Pegue ele, Blue, — diz JD, imitando o nome que eu dei a ela na minha cabeça. — Leve ele todo o caminho. — e então ele empurra a cabeça dela para a minha virilha e obriga a boca dela abrir mais. Sua língua vai ainda mais para baixo ao longo do meu eixo. E sua garganta se abre.

Eu vejo tudo isso a partir do outro lado da lente. JD e a menina. Eu e a menina. A mão de JD fazendo ondas sob a água enquanto ele brinca com a buceta dela.

E então é demais. Minhas bolas apertam e eu gozo na garganta dela. Ela engasga e corre a boca pra fora e se estatela na água, mas ela continua chupando meu pau, como se ela tivesse sido treinada em como acabar com um boquete corretamente, seus olhos azuis virados para olhar para mim enquanto eu a filmo, a maquiagem borrada ainda manchando suas bochechas. E quando eu termino, ela recua. Lentamente. Então, muito, muito lentamente.

E ela silenciosamente murmura com a boca, por favor, me ajude.

Eu coloco a câmera em cima do balcão nas proximidades e me ajoelho na banheira para que eu possa tocar seu rosto com as mãos. — Que tipo de ajuda você precisa?

— Fique comigo, — diz ela através de seu soluço. — Por Favor. Apenas fique comigo. Eu não posso voltar.

— Voltar para onde? — JD pergunta, virando ela para longe de mim de uma forma que me faz pensar que ele está com ciúmes. — Quem está atrás de você?

A menina balança a cabeça e começa a chorar novamente. — Eu não posso dizer. Eu não posso. Eu preciso ir para casa, mas eu não posso ir para casa, também.

— Onde é sua casa? — pergunto.

— Montreal.

— Onde está o seu passaporte? — JD pergunta.

Ela apenas balança a cabeça.

JD olha para mim. — Ela pode ficar aqui.

Eu fico olhando para os dois por um segundo, me perguntando o que é isso. Alguma coisa está fora, mas eu não consigo descobrir o que. — É claro, — eu digo, balançando a cabeça. Preciso de mais tempo com esta menina. Mais fotos. Mais conversas. Mais tudo. Eu coloco minha mão em seu rosto e viro sua cabeça de volta para mim, puxando para cima ao mesmo tempo, então ela tem que encontrar o meu olhar. — Você pode ficar aqui até resolver o problema.

E, em seguida, ela cai de volta contra o peito de JD e soluça. — Sinto muito. Eu sinto muito.

— Ei, — diz JD como ele acaricia seu cabelo. — Shhh. Esqueça isso, ok? Basta relaxar agora.

Eu estou prestes a dizer a JD para dar o fora da banheira e dar a ela um pouco de privacidade, mas eu posso ouvir o meu telefone tocando na sala de estar. — Porra. Eu sei quem é.

Ray.

JD me olha quando eu saio da banheira e deslizo minha calça o resto do caminho, deixando elas em um monte molhado no canto quando eu enrolo uma toalha em volta da minha cintura e vou à procura do meu telefone. Ele ainda está dentro do meu bolso da jaqueta. E está molhado quando eu o tiro, mas ele está tocando de novo, então, pelo menos, ele não está em ruínas. Eu clico no botão aceitar. — Sim.

— Por favor, me diga que você está no caminho certo.

— A cadela que íamos filmar esta manhã não apareceu.

Ray deixa sair um longo suspiro. — Eu preciso te ver, Ark. Hoje.

E então ele desliga.

Porra.

Volto para o banheiro e encontro JD beijando a menina de olhos azuis. — Quem era? — ele murmura através de seu beijo. Eu posso dizer que a sua mão esta entre as pernas dela e ela está choramingando pela estimulação.

— Idiota. Era Ray. Ele quer me ver hoje.

— Bem, se divirta. Eu vou segurar as coisas enquanto você estiver fora. — JD fica em pé. — Ei, querida, é a minha vez agora.

Ela olha para ele e acena com a cabeça. Sua boca se abre e eu me viro e saio.

Porra.

Eu me seco com a toalha e, em seguida, me visto com roupas limpas. Jeans e uma camisa branca. Um par de botas secas. E então eu pegar minha jaqueta de couro e os deixo fazendo o que eles vão fazer antes de ficar muito chateado com isso.

Porque está bastante claro. JD acha que ele tem direito a isto e esta é uma conversa para outra hora.


Capítulo seis

ARK

 

O negócio de Ray é na parte inferior do centro, não muito longe de nosso apartamento, mas eu nunca caminho até lá. Isto tem que ser uma aproximação esquematizada, porque você tem que ignorar a parte ruim e tecer o seu caminho para a área mais industrializada do outro lado da Union Station. E mesmo que isso leve provavelmente apenas um ou dois quilômetros a pé, eu simplesmente não faço isso. Eu não tenho medo de uma luta. Mas por que começar uma, se você não precisa?

Os idiotas que trabalham pelos cantos, seja com cadelas ou drogas, estão espalhados. Eles não têm nenhum sentido para os negócios. Eles simplesmente não têm.

Quero dizer, olhe. Eu faço pornô, mas eu não faço pornô. Inferno, eu nem sequer assisto filme pornô. Eu consegui o suficiente de sexo sujo na minha vida. Se eu quiser ver um cara ser chupado por uma prostituta, tenho JD para isso.

Isso me faz rir, mesmo que esse idiota esteja no andar de cima com a porra da minha Blue Eyes agora, eu só sei disso. Normalmente ele não fode as meninas, mas posso sentir isso acontecendo entre nós hoje. Eu só sei que ele vai transar com ela.

Mas esses bandidos presunçosos aqui em baixo perto da casa de Ray fazem duplos mergulhos. Eles vendem às meninas e fodem as meninas. Eles vendem as drogas e fazem as drogas. Não é bom se apegar ao seu produto.

Então eu dirijo.

Eu bato levemente na minha Dodge Viper5 vermelha quando passo por ela. Pobre bebê não recebeu nenhuma ação por aqui. Eu a levo para Vegas ou So Cal6, quando eu preciso fazer negócios fora do estado. Mas para fazer negócios com Ray, pego o Jeep. Tem alguns pequenos rasgos na parte superior dela que faz um barulho da porra e arranhões por toda a lataria. As rodas ainda estão cheias de lama do último fim de semana na estrada, quando JD e eu estávamos nas montanhas, e ela é velha. Mil novecentos e noventa e oito.

Não há nada sobre este Jeep do lado de fora que faz com que os traficantes e cafetões o queiram roubar. E este é o jeito que eu gosto. Ela tem um conjunto de molas7, eu tenho que ter isso. Mas isso é tudo. Então é com isso que eu dirijo em torno da cidade.

JD tem uma moto e um Ford F-150 equipado para suas viagens diárias.

Podemos viver no andar de cima chamativo, mas aqui nas ruas somos a escória.

Eu entro e ligo. Ela pode não ter muito para se olhar, mas ela ronrona muito bem no departamento de motor. E então eu vou para fora e viro à esquerda na Califórnia, então eu posso ouvir o que Ray tem a dizer. Eu já sei que ele vai tentar fazer um acordo. Isso é apenas seu estilo. Quero dizer, olhe. A realidade é que eu poderia retirar dois vídeos da minha bunda. Eu tenho o suficiente guardado do Public Fuck. Mas eu não vou. E a única outra forma de conseguir esses vídeos na hora é fazer uma visita ao meu contato antigo.

E eu não tenho certeza que estou pronto para fazer isso. Eu gosto dessa vida que eu construí para mim, e não quero ter que me justificar a ninguém. Muito menos a ela.

Estamos atrasados. Fim da história. E o dinheiro já não significa nada para ele, ou para nós, realmente. Eu poderia dar a mínima sobre o dinheiro desta semana - tem de haver algo mais na mente do que essa intimação.

Ele sempre faz isso quando atrasamos. E ele nunca lida conosco juntos. É sempre, venha me ver, Ark. E, então fazemos um acordo e no meu caminho, ele diz, Envie JD amanhã.

JD nunca me diz o que ele faz para Ray e eu nunca disse a ele o que eu faço, de qualquer maneira. Mas eu sei. Quero dizer, é simples dedução. Eu corro com as câmeras, então é isso que Ray geralmente quer de mim. E JD tem o seu pinto chupado por aspirantes a estrelas pornôs. E isso é geralmente o que Ray quer de JD. Atuação.

Eu faço um filme para ele. JD atua em um.

É assim que fazemos com Ray.

Então, eu estou esperando por isso hoje, quando eu estaciono na garagem do clube privado de Ray. Não deixe que o nome fantasia te engane. Enquanto eu tenho certeza que há uma abundância de clubes de sexo que fazem o negócio legal, Ray não é um deles. Na verdade, este clube em LoDo8 nem sequer é aberto para membros. É um negócio complementar para a fazenda, que está localizada no alto das montanhas. Este clube aqui é apenas um lugar para amigos do rancho terem relações sexuais durante a semana de trabalho. Mantemos o material on-line funcionando e até os federais estão por toda essa merda. Mas este pequeno material local é tudo sobre a lubrificação das palmas das mãos certas. Você pode tomar muito mais riscos.

Ah, e ele faz pornô no prédio ao lado. Ele tem a produção indo cinco dias por semana.

Sexo. Ele vende como um filho da puta.

Os seguranças me deixam passar através dos portões abertos e eu entro na unidade ao redor da rampa de entrada sinuosa até que eu chego ao nível superior da garagem. Eu estaciono em um local que diz FPA - Public Fuck America, e não me incomodo em trancar a porta.

A chuva ainda está caindo, mas este nível superior é como uma garagem e tem um telhado, então eu tomo meu tempo andando para os elevadores. Eu digito meu código quando eu chego lá, e as portas se abrem para mim.

Eu digito meu código de acesso ao escritório de Ray, um andar abaixo, e as portas se fecham.

Poucos segundos depois, elas se abrem de novo no que parece ser uma elegante sala de estar. Mas Ray não mora aqui. Na verdade, eu não sei onde ele mora, mas não é aqui.

— Ei, Ark, — diz Silvie de trás do bar. — Quer beber antes que eu diga a ele que você está aqui?

— Ah, não, obrigado, Silvie. Eu estou bem. — eu sorrio para ela. Ela tem sido a melhor metade de Ray desde que eu o conheço. Eu não tenho certeza do que o relacionamento deles realmente consiste, vendo como ela parece ter a minha idade, vinte e sete ou algo assim e Ray está facilmente em seus quarenta anos. Mas que se dane o que flutua no barco dela. Ela é sempre simpática, sempre sorridente, e nunca teve um dia ruim na minha frente por tanto tempo quanto me lembro.

— Ok, então vá para a direita. Ele está esperando por você.

Dou a ela uma pequena saudação e vou para o fundo da sala, onde duas portas duplas de três metros de altura feitas de madeira ficam entre mim e o chefe.

Eu bato primeiro, apenas para que ele saiba que estou chegando. Eu não tenho que fazer isso, mas você nunca sabe quando vai ter o cara com uma menina de joelhos e eu prefiro não o surpreender.

Ele está em sua mesa, os óculos que ele só usa para ler demonstrações financeiras, empoleirados na ponte de seu nariz.

Murmuro: — Porra, — sob a minha respiração. Porque isso significa que eu vou pegar uma palestra sobre ‘finanças’ hoje.

— Ark, — diz ele, com aquela voz paternal que ele sempre usou em mim. Seu cabelo não é cinza, não estou certo se ele tinge ou o que, mas é um rico marrom. E a sua construção ainda é sólida e grande, assim como ele era 20 anos mais jovem. Eu acho que isso é o que Silvie vê nele. Mas você sabe, o cara é um magnata da pornografia assim... — Eu não estou feliz com a sua mais recente falha no fornecimento.

Eu tenho que parar de rolar os olhos. — Ray, — eu digo, tomando um assento em uma das duas cadeiras de couro na frente de sua mesa. — A última vez que não consegui apresentar foi um ano e meio atrás.

— Eu sei, Ark. Mas me levou meses para me recuperar disso. Ainda está fresco.

Que besteira. Mas se este é o seu ponto de vista, eu posso jogar. — Como posso fazer isso para você, então? Hmm? — eu só quero acabar com isso. Eu sei que JD está fodendo com a menina em casa agora e eu gostaria de voltar lá antes que ele a marcasse com seu mijo e minhas chances de a manter para mim sejam jogadas pelo ralo.

E, em seguida, Ray faz o que ele normalmente faz quando sabe que ele vai conseguir o que ele quer de alguém. Ele junta as pontas dos dedos sob o queixo e se inclina para frente. — Eu tenho um filme.

— Quando é que você precisa de mim e que tipo de fotos você vai exigir? Local ou estúdio?

Ele sorri. Grande. E foi aí que eu soube que ele não quer que eu esteja com as câmeras. — Eu tenho um cameraman, Ark. Eu preciso de um ator.

— Ok, então chame JD.

Ele balança a cabeça. — Eles não querem JD. Eles querem você.

— Quem? — que porra é essa?

— Um casal do rancho. Eles querem fazer uma fita de sexo e eles querem que você participe. Eles te viram há algumas semanas e a esposa pensou que você era exatamente o tipo dela.

— Bem, é melhor a deixar saber que ela está equivocada, Ray. Eu não estou participando de nenhum filme.

Ele sorri novamente.

Porra. — O quê?

— Eu disse a eles que você diria isso. Então eles disseram que não precisam de câmeras. Apenas um... — ele se esforça para soltar a palavra. Estou prestes a preencher o vazio com prostituto, quando Ray diz, — Encontro.

Que porra é essa? — Não. Eu não tenho encontros e eu não faço com caras.

— Oh, ele só quer assistir, Ark. — Ray se levanta e caminha em torno de sua mesa para tomar o assento ao meu lado. É um truque para me fazer sentir como se ele não fosse o único responsável por eu estar aqui sentado atrás da mesa. Ele quer que a gente se sinta como iguais. — É um favor pessoal, Ark. Para mim. Você me deve dois filmes e eu preciso disso. Ela quer você. Ela consegue você.

— Você não me possui, Ray. Eu não sou uma puta, você não pode me vender. Eu faço filmes e os dou a você em troca de dinheiro. Isso é tudo. Se você quiser acabar com o nosso negócio, estou feliz em vender minhas posses, meu apartamento, e dar o fora daqui para que você possa executar o seu site pornô sozinho. Eu não sou sua prostituta.

Ele suspira e se levanta para derramar uma bebida. — Scotch?

— Porra, não, — eu digo. Ele sabe que eu não bebo essa merda.

Ele dá de ombros e coloca três cubos de gelo e três dedos do líquido cor de carvalho dourado. — Olha, é um dia. Hoje, na verdade. Uma tarde. Eles têm o quarto de hotel reservado e tudo. Tudo que você tem que fazer é aparecer, foder sem sentido e é isso. O marido estará em outro quarto, ele vai aparecer em algum momento. Ele vai foder a esposa dele um pouco, e então você finaliza com ela.

O tempo todo em que ele está falando e eu estou balançando minha cabeça. — De jeito nenhum.

— Eu vou te dizer isso, Ark. — ele toma um gole de uísque. — Eu sei que está tudo pronto para lançar o Public Fuck América em dezembro. Eu sei que você quer começar um novo negócio. Assim como eu precisei de você quando você veio para mim há quatro anos. Então, se você me fizer este favor, se você tirar esse babaca do meu pé, eu vou pessoalmente te entregar dez dos meus melhores produtores para fazer um vídeo por semana.

— O quê? — eu devo estar ouvindo coisas. Ele acha que eu iria me vender para conseguir os produtores?

— Nem todos de alto nível, é claro. Eu não posso te dar todos os meus melhores. Além disso, você e JD são o número um, por isso só tenho nove sobrando depois que você sair. Talvez oito, se você aceitar este negócio. Assim, um produtor do top dez, um do top vinte e o resto do top cem.

Eu não digo nada. Mas eu ainda estou pensando sobre as implicações de lhe perguntar. Quem sou eu para Ray? Um trunfo? Essa palavra na minha cabeça envia um frio na minha espinha.

— É um bom negócio, Ark. Um grande, de fato. Do jeito que você quer. Sem mais trabalho de câmera. Sem mais trabalho braçal. Sem mais apressar meninas a cada semana. Você ganha dez vídeos por semana, que é um bom começo fácil de um negócio de bilhões de dólares. Você sabe que nenhum dos meus rapazes vai ferrar com você. Você sabe que você nunca conseguiria um produtor top dez para fazer filmes para você uma vez por semana. Isso é ouro. E tudo que você tem a fazer é foder uma mulher bonita para conseguir isso.

Mesmo que a minha cabeça esteja balançando não, eu não posso parar minha mente de correr com as possibilidades de que isso pode significar. Mais dinheiro. Mais potência. Mais desculpas para ficar por aqui e pensar se a vida que eu fiz é meu destino.

— Ark, é uma saída fácil.

— Não. — eu ri. — É uma entrada fácil. E eu não vou fazer isso. Vou entregar seus filmes até o final do dia. — e então eu me levanto, pronto para sair, quando ele agarra meu pulso. Olho para ele e ele solta. Quando eu encontro o seu rosto, ele tem um olhar que eu não tenho certeza de que eu gosto.

— Por que, Ark? Apenas me dê uma boa razão para que você seja bom demais para deixar uma mulher chupar seu pau. Você assiste JD fazer isso todos os dias. Você deixa ele se vender a cada dia. E ainda assim você é sempre bom demais.

— Eu não sou bom demais, Ray. Na verdade, eu estarei de volta com três filmes com lábios em volta do meu próprio pau. Mas você não é a porra do meu cafetão.

— Você é o cafetão de JD.

Eu fico olhando para ele. Ele cruza as pernas como se ele não tivesse preocupação no mundo. — O que diabos está errado com você hoje? Eu nunca disse que sim, porque não é o meu trabalho. É o trabalho de JD. Você não o vê com uma câmera. Ele gosta do pau dele sugado em público. Eu, nem tanto. Então é por isso que eu faço o que eu faço e ele faz o que ele faz.

— E não há nada mais do que isso? Quer dizer, o quê? Você tem uma namorada? É ela que vai chupar seu pau em um filme hoje?

Alarmes estão saindo na minha cabeça agora. — Isso não é da sua conta, mas não, Ray. Eu não tenho uma namorada.

— Então, quem é a menina, Ark? E por que você não tem um nome real? Te conheço há quatro anos e nunca um nome real.

Eu rio agora, mas é um riso nervoso. — O que diabos está acontecendo? Se você tem um problema comigo, diga logo. Caso contrário, eu estou indo embora. Vou fazer seus filmes e estar de volta hoje à noite com o produto. Na hora. Totalmente editado. Pronto para ser upado. E vamos resolver isso até o próximo domingo. Entendeu?

Ele se levanta e caminha de volta até o outro lado de sua enorme mesa. Ele embaralha alguns papéis, me fazendo esperar por uma resposta. Eu solto um suspiro e me viro para sair, com ou sem o seu reconhecimento, quando ele fala. — Há algo sobre você, Ark.

De onde isso veio?

— Há algo de estranho com você. Há sempre algo de estranho com você. Você explodiu na cidade de... onde? — ele levanta os olhos para cima da mesa e os treina em mim. — De onde é que você veio?

— Você sabe exatamente de onde eu vim, Ray. Miami.

— Mas você não nasceu lá.

— Você sabe o que é engraçado aqui? Eu já trabalho com você há quatro anos e agora que eu estou me preparando sair, uma pausa legítima que você já tem conhecimento desde o dia em que iniciamos um negócio, você está se transformando em um imbecil. Nasci em Nebraska, Ray. Eu pedi a minha certidão de nascimento on-line bem na sua frente e foi entregue aqui. Para você. Você pegou minhas impressões digitais. Você digitalizou minha retina, pelo amor de Deus. Você desfilou comigo na frente de todos os criminosos que você conhecia em uma festa em Los Angeles. E nenhum deles me conhecia. E nenhuma sujeira nunca se materializou. E eu tenho trabalhado para você por quatro anos e nunca aconteceu nada. Então, o que está acontecendo? Por causa da minha saída, parece que você está querendo me ferrar agora que JD e eu estamos fazendo este movimento.

— Agora você vê onde eu quero chegar.

— Não, Ray, — eu balanço minha cabeça. — Não, eu realmente não vejo onde você está querendo chegar. Eu faço vídeos pornográficos. Eu fiz uma porrada para você e agora eu vou fazer uma porrada para mim. E talvez, se eu tiver sorte, em um ano ou dois eu vou estar apenas como você. Eu já fodi com o seu negócio? E, na medida do que se passa, quando se trata de filmes, corremos um negócio legítimo. Todos nós. Estamos cem por cento acertados. Então, aonde você quer chegar, eu não tenho ideia. Porque eu não tenho nada com você. Você é um livro aberto, tanto quanto eu posso ver. Nós somos amigos. Mais do que amigos. Eu nunca te fodi e eu espero essa mesma lealdade de volta.

Ele respira fundo e se senta em sua cadeira. Ele acena com a cadeira na frente de sua mesa mais uma vez e eu posso sentir que vamos resolver isso direito, então eu ando de volta e me sento.

— Ok, — diz ele depois de alguns segundos de silêncio. — Eu entendi. Eu só estou sendo paranoico.

— Por que então? Quer me dizer se algo está acontecendo que me envolve e JD, que precisamos saber.

Ele balança a cabeça. — Não, eu só estou preocupado de cometer erros. E eu confiei em você dois por anos e eu não vou ter mais vocês. Apenas... nervoso, eu acho.

— Cara, — eu ri. — Ray, cara. Você é um dos meus melhores amigos. Eu não vou a lugar nenhum. E se você precisar de alguma coisa é só pedir.

Ele olha para mim por um momento. — Você pode fazer os filmes para esta semana?

— Eu posso.

— E vai ser público?

— Eles sempre são, Ray.

— Você tem alguma menina secreta para isso?

— Eu poderia.

Ele olha para mim um pouco mais. — Ok, bom. Obrigado. Eu preciso do material do Public Fuck, Ark. Um material bom. Tenho certeza que isso não vai ser o seu melhor, mas você vai me trazer alguns bons filmes antes de ir?

— Nós temos meninas para a próxima semana. Todas as três são repetições e temos os clubes a bordo também. Vamos trazer uma coisa boa na próxima semana, eu prometo.

— Tudo bem, então. Se eu não te ver hoje à noite...

— Eu sei o que fazer, Ray.

E, depois, apertamos as mãos e eu saí.


Capítulo sete

Blue

 

Eu não sei por que eles estão sendo bons comigo. Especialmente este. Aquele chamado JD. Ele me tem envolvida em seus braços contra seu peito. A água quente corre novamente, porque temos estado sentados na banheira por tanto tempo que ela se tornou morna. Ele está acariciando meu cabelo e seus lábios são pressionados contra a minha cabeça.

Nós não dizemos nada. Ouvindo a água saindo da torneira.

Eu começo a pensar sobre as coisas e, em seguida, aperto a minha cabeça um pouco para fazer parar.

— O que há de errado? — sua voz ecoa através do grande banheiro.

Eu não posso dizer. Então ele fica em silêncio.

Ele espera para ver se eu estou apenas tomando um momento para pensar, e então decide que não. — É demais, hein? As marcas? De quem quer que seja que você está fugindo fez um bom número em você.

Se ele soubesse.

— Nós vamos te pagar pelas fotos. Então você não tem que ficar se você não quiser.

Como se eu tivesse muitas opções.

— Mas nós não vamos nos importar se você ficar. — seus dedos continuaram a brincar com o meu cabelo enquanto nós dois pensávamos sobre isso.

O que significaria ficar aqui? Eles não podem, eventualmente, ir oferecendo um lar temporário, sem expectativas.

— Eu acho que Ark gosta de você.

Deixo escapar um longo suspiro. — Eu não penso assim.

— Ah, ela ainda fala. — JD espreita em volta do meu rosto e me abre um sorriso. Ele é muito bonito. Seu cabelo loiro está molhado e despenteado e um pouco mais escuro agora com a água. Seus olhos são de um azul brilhante e eles parecem – bem, não tão gentis. Nenhum desses caras parece esse tipo. Eles são ásperos de todas as maneiras que eu preciso evitar agora. Mas os olhos desde aqui me dizem que eles entendem, pelo menos.

— Acredite em mim. — a voz de JD burburinha em meu pescoço, enviando um arrepio por todo o meu corpo. Ele chega, pega meus peito, então aperta o mamilo. — Eu conheço Ark melhor do que ninguém. Mas ele nunca entrou em um trabalho antes.

Eu estreito meus olhos, feliz que ele não pode ver o meu aborrecimento e confusão. — O que isso significa? Um trabalho?

Uma risada tímida ressoa do peito de JD. — Nós fazemos pornô, querida. É assim que vivemos neste lugar. É assim que pagamos as contas. Pegamos garotas como você para chupar o meu pau em público. Ocasionalmente, eu transo com elas em público também, mas na maioria das vezes é apenas um boquete. Ark é o cameraman. Ele fez alguns vídeos no passado, mas em todos os quatro anos que temos trabalhado juntos, ele nunca se afastou de sua câmera para participar. — e agora JD ri de verdade. — Você sabe o que ele disse antes dele sair?

Eu não posso evitar. — O quê?

— Alguma merda sobre você ser dele, desde que ele te viu primeiro.

Será que Ark me viu primeiro? Eu penso em antes. Minha mente está cansada e meu corpo está doendo em todos os lugares errados. Mas agora que eu me lembro, ele me viu primeiro. Ele me perguntou se eu estava bem e foi quando JD apareceu atrás dele.

— E se eu não o quiser? — as palavras derramaram antes que eu as pudesse parar e, em seguida, esperei um tapa ou um puxão de cabelo por falar demais, eu torço e me viro, tentando fugir de JD antes que ele possa me machucar.

Me levanto, balanço e caio para o lado na parede. Braços fortes me alcançam e me agarram apenas um pouco tarde demais, e minha cabeça se conecta com o azulejo duro.

— Merda! O que você está fazendo? — JD está de pé agora, me segurando firme enquanto minhas pernas fracas lutam para me manter em pé.

Eu o empurro. — Não, por favor! — eu cubro o rosto com as mãos para me proteger, mas os golpes nunca vêm.

— Shhh, — diz ele, envolvendo um braço em volta da minha cintura enquanto o outro ergue minhas mãos longe da posição de defesa. — Eu não vou bater em você. E Ark não vai fazer nada se você não quiser. Se você disser não, eu posso garantir a você, ele nunca vai perguntar de novo.

Eu não sei o que dizer sobre isso. Eu nem sei o que pensar sobre o que está acontecendo comigo. Eu estou pelada em uma banheira com um completo estranho que eu acabei de chupar. Eu deixei os dois me tirarem da chuva e filmarem a coisa toda. Meus olhos vão para a câmera no banheiro. Ainda está gravando, eu acho.

E eu não estou nem coerente o suficiente para enfrentar o que me aconteceu nos últimos quinze meses. As marcas nas minhas costas não são as únicas coisas que permanecem. O mesmo acontece com o medo. A dor. As consequências de minhas ações. Mas se esses dois caras são minhas únicas opções para a salvação... Eu vou levar o que eu posso.

Todas essas coisas estão pressionando em mim como paredes se fechando. Tentando me esmagar.

— Você quer sair da banheira e colocar algumas roupas?

— Eu não tenho nenhuma roupa, — eu choramingo em minhas mãos. Ele ainda está as tentando abaixar, mas eu não estou dando isso a ele. Eu não quero ver seu rosto. Eu não quero ver a confusão, ou pena, ou seja, o que for que ele está sentindo agora.

E acima de tudo, eu não quero que ele veja os meus sentimentos também.

Eu não quero que ninguém veja meus sentimentos nunca mais.

Ele dá um passo por cima da borda da banheira, ainda segurando uma das minhas mãos, e sai. Ele me dá um puxão. — Venha. Eu tenho algo para você vestir. E então você pode dormir por um tempo. Ou comer. Ou ligar para alguém, se quiser.

Eu deixo que uma mão caia do meu rosto, mas deixo a outra no lugar. Eu sei o que devo parecer. Quanto menos ele ver em mim, melhor.

Quando eu saio, ele pega uma toalha macia e envolve em torno de mim. Enfio uma das extremidades no envoltório para a segurar no lugar, e, em seguida, ele enrola uma segunda toalha sobre meus ombros. — Isso vai te manter quente até eu pegar algo para você vestir.

Ele toma uma terceira toalha de linho do armário e se seca rapidamente, em seguida, envolve em torno de sua cintura. Estou olhando para os seus pés, então eu realmente não avisto o corpo dele. Eu sei que é atlético e forte. Senti os músculos duros de seu tórax e abdômen quando ele estava me segurando. E eu sei que seu pênis é longo e grosso, porque ele estava tentando o colocar na minha garganta. Mas eu não consegui dar uma boa olhada nele ainda.

Isso muda quando deixamos o quarto, caminhamos pelo corredor, e entramos na sala de estar. Ele caminha na minha frente e eu levanto meu olhar um pouco para que eu possa ver as suas costas. Ele tem uma tatuagem que cobre toda a extensão. De omoplata a omoplata, todo o caminho até as costas tem dois dragões entrelaçados. Foi feito como uma pintura em preto e vermelho e amarelo. Chamas atiram para fora das bocas abertas dos dragões. Há uma frase na parte inferior com palavras latinas em fotos extravagantes.

Isso me dá um arrepio.

— Meu quarto é do outro lado do loft. Esse era o quarto de Ark. Ele tem o banheiro feminino. — JD olha por cima do ombro para mim e sorri tão grande que faz com que seus olhos brilhem. — Então, se você precisa de outro mergulho, basta usar o banheiro dele. Ele não vai se importar.

Ark não se importará? Eu não tenho tanta certeza sobre isso.

— Mas se você só precisar de um banho, então o meu banheiro é bom o suficiente. — JD para na frente de sua porta. Nenhuma das paredes aqui realmente vai até o teto, porque é em estilo loft. Mas existem portas, e isso é uma vantagem.

O último lugar que eu estive não tinha portas.

Ele abre e acena para eu seguir em frente no espaço. É grande e brilhante e essa é outra coisa que difere de onde eu vim. Que era apertado e escuro.

— Aqui, — ele diz, soltando minha mão e caminhando até uma cômoda. Ele abre uma gaveta e vasculha ao redor até que ele vem com uma cueca boxer com corações nela. Eu não posso evitar. Eu solto uma risadinha quando ele os entrega. Ele me dá um olhar severo que eu interpreto como falso. — Não me julgue, cara. Uma garota me deu no último dia dos namorados. Eu nunca realmente usei.

— Então você a decepcionou? — eu pergunto, me permitindo olhar para cima tempo suficiente para recuperar o sorriso e aceitar o que ele está oferecendo.

— Sim, — ele ri. — Eu acho que eu fiz. — e, em seguida, sua risada morre. — Eu costumo fazer isso.

Eu fico olhando para ele por alguns momentos, os nossos olhos se encontraram. — Obrigada, — eu digo, depois ele começa a vasculhar suas gavetas novamente. Ele pega uma camiseta que é monumentalmente muito grande e oferece para mim. Eu aceito e repito o meu sentimento. — Obrigada.

E então eu tomo uma respiração profunda enquanto seu olhar cai para baixo, passando em meu corpo embrulhado na toalha, em seguida, levanta para encontrar meu rosto. Ele estende a mão e desprende o fim da minha toalha, e ela cai no chão com um assobio suave. Em seguida, ele toma a toalha em volta dos meus ombros e me seca. Primeiro meus braços. Então, meus seios e barriga. Em seguida, ele se abaixa, então seu rosto está no mesmo nível do meu sexo. Seus olhos permanecem no vinco entre as minhas pernas, e, em seguida, ele arrasta a toalha pelas minhas pernas. Ele deixa a toalha no chão, e levanta novamente, e sua mão desliza para cima da minha coxa. Ele pega minha buceta, um dedo provocando, entrando e saindo por um momento, e então ele me beija na boca.

— Você não vai me dizer hoje. Eu posso ver isso. Mas eu espero que um dia você vá. Porque ninguém merece ser espancada assim se elas dizem que não.

Todo o meu corpo começa a tremer. O que isso significa?

Ele leva a camiseta da minha mão e a puxa sobre a minha cabeça. Eu entrego a cueca coberta de coração para ele e passo meus braços nas mangas. Ele estende a roupa íntima para mim e eu passo para elas quando ele as puxa até as minhas pernas.

Quando eu estou vestida ele dá um passo para trás, olhando fixamente para mim. — Qual é o seu nome, querida? Você nunca nos disse.

Nos? Ele está se referindo ao companheiro de quarto. Como eles são uma equipe. Acabei de olhar de volta para ele, disposta a dar esse último pedaço privado de informações para fora. — Eles me chamavam de Star.

Ele aperta os olhos para mim em confusão. — Quem chamou você de Star?

Meus olhos voltam para trás e para ele de novo, mas eu não digo nada.

— Não é o seu nome?

Eu balanço minha cabeça.

— Você quer que a gente te chame de Star?

Eu balanço minha cabeça, mais uma vez, novamente me perguntando do seu uso da palavra no plural.

— Bem, então, eu acho que nós vamos ter que ir com Blue, não é?

Nós? Nós?

Meu corpo ainda está tremendo, mesmo que eu tenho roupas secas agora. JD puxa uma blusa de frio e, em seguida, pega a minha mão. — Vamos para a cama. Me levantei muito cedo para a menina que nunca se preocupou em aparecer.

Eu engulo em seco e planto os pés no lugar, me recusando a ceder.

— Vamos lá, Blue, — diz ele, puxando um pouco mais duro. Forte o suficiente para que eu tropece para frente com ele para a cama king-size coberta de cobertores macios. Eles são de um azul marinho profundo, a cor do céu noturno. — Eu não vou te incomodar, — diz ele enquanto sobe e se move para abrir espaço para mim. — Eu acho que você precisa descansar um pouco.

Ele solta a minha mão agora, um gesto que diz que a bola está comigo. E eu não quero nada mais do que subir entre os lençóis com ele. Eu não quero nada mais do que ser abraçada e o ouvir dizer que tudo vai ficar bem. Eu não quero nada mais do que me sentir segura.

Mas como posso ter certeza de que não é uma armadilha?

— Blue, — diz ele em voz baixa. Não implorando para que eu subisse na cama. Não exigindo que eu desse a ele o meu corpo.

Ele estava pedindo. Ele disse o meu novo nome como se ele estivesse pedindo.

— O quê? — eu digo de volta, engolindo em seco.

— Apenas esqueça sobre isso por algumas horas. Esses problemas ainda estarão lá quando você acordar.

Ele está certo. Esses problemas nunca vão desaparecer. Então, não importa se eu os deixo ir por um tempo. Eu engulo novamente e dou um pequeno aceno de cabeça. — Ok, — eu respiro. — Ok.

Ele espalha as cobertas de volta e eu subo ao lado dele. Ele é tão quente. E quando seus braços envolvem em torno de mim, eu me apaixono por ele.

Eu me apaixono por seu charme.

Eu me apaixono por sua bondade.

Eu me apaixono por sua boa aparência.

E então eu caio no melhor sono que já tive... desde sempre.


Capítulo oito

ARK

 

Eu conheci JD quando nós dois estávamos nas ruas. Ele por causa das drogas. Eu porque era novo na cidade e não tinha encontrado um lugar. Eu dei um passo para fora do ônibus de Miami à uma da manhã, andei para fora da estação rodoviária e a primeira coisa que eu vi foi JD rolando com alguns bandidos.

Eles estavam vencendo, mas ele não precisava ser salvo. Ele só precisava de ajuda.

Então, eu o ajudei.

Ele é dois anos mais novo que eu, então ele era jovem na época. Apenas vinte e um. E ele estava fodido. Ficou claro que ele tinha estado fodido por um tempo muito longo. Nada que ele não poderia se afastar, caso contrário eu não teria perdido meu tempo. Mas ele estava bêbado e em outra coisa que ele nunca falou.

Então, eu o ajudei a sair. E depois disso, nós nos sentamos em uma parede de concreto do outro lado da rua do ponto de ônibus até o sol aparecer e ele foi capaz de falar em sentenças completas.

O objetivo número um quando cheguei a Denver era a aquisição de um parceiro. Então eu adquiri JD. Ele nunca foi para a faculdade, mas ele não é um cara estúpido. E ele levemente conhecia o negócio, mas ele não era um ator.

E estava tudo bem pra mim. Eu não precisava de um ator. Eu precisava de alguém real.

JD é tão real como pode ser.

E aquele filho da puta pode conseguir uma menina chupando o pau dele no meio de uma boate em menos de cinco minutos, quando ele liga o charme.

Eu sei. Ele fez isso na minha frente na primeira noite em que saímos juntos. E foi assim que eu vim com a ideia do Public Fuck América. Eu vim para a cidade com o dinheiro e um objetivo. Mas eu não sabia como chegar a esse objetivo até que eu conheci JD.

Ele é meu melhor amigo. E eu faria qualquer coisa para o cara. Mas essa garota, cara. Eu não sei o que é. Eu só a quero. Eu a quero e ele a tem.

Eu quero ir para casa e pegar ela de volta, mas eu não posso. Ainda estamos em dívida com Ray até o final da próxima semana, e não há maneira de contornar isso. Eu posso ser grosso com Ray, mas ele é um amigo também. Eu não o quero irritar. Eu não quero estragar o que temos construído aqui. E eu não quero me sentir culpado mais do que eu preciso. Minha vida tem estado em espera por quatro anos. Eu estou pronto para seguir adiante.

Portanto, tudo o que JD está fazendo com ela, precisa esperar.

Eu viro para o Speer Boulevard e vou até a vizinhança dos Highlands, em seguida, corto as ruas laterais até chegar a 44, que me leva para o lado oeste.

Por que eu gosto dessa garota de qualquer maneira? Ela é muito magra, ela é muito branca, ela usa drogas - ou estava sob influencia ontem à noite. Mesmo se isso foi forçado, esta é uma bandeira vermelha.

Mas nada disso importa, porque tudo o que posso pensar é o mistério. De quem ela está fugindo? Por que eles a drogaram? Como ela escapou?

Me encontro necessitando saber as respostas a estas perguntas por várias razões. Ela está no negócio? A buceta dela foi depilada. As pernas dela se abriram ao comando. Ela era receptiva à ideia de fazer dinheiro com seu corpo. E ela nunca disse não quando JD e eu marcamos juntos nela no exterior ou na banheira.

Quero dizer, nós estávamos apenas brincando com ela e o que ela fez com a gente não foi hardcore. Mas foi sexual. E nós somos estranhos. E ela ainda está na nossa casa agora.

Pelo menos eu espero que ela esteja. Porque eu não me importo se JD a tem, eu a quero. Eu quero meus dedos dentro dela novamente. Eu quero beijar a sua boca triste, carnuda. A quero levar para a cama e transar com ela lentamente.

Jesus Cristo. O que há de errado comigo?

Você já está no ramo há muito tempo, Ark, diz a voz interior.

E é verdade. Quatro anos é muito tempo. Eu estou pronto para sair.

O restaurante que Lanie trabalha nos subúrbios ocidentais em um antigo centro de uma cidade que costumava ser mais urbana quando Denver era pequena. Mas agora é apenas uma parte da expansão, um lugar com alguns edifícios antigos, então eles chamam de Cidade Velha. Mas, na verdade, a maioria deles foi demolida para que pudessem colocar condomínios e os fazer parecer antigos, mas ainda dando a eles essa nova cara brilhante, a fim de cobrar preços exorbitantes pelas unidades.

Lanie trabalha em um restaurante que se manteve firme contra os desenvolvedores que assumiram a Rua Main. Eu nem tenho certeza se isso tem um nome. A placa na frente diz Restaurante, a placa de neon antiga costumava ser comum nos anos cinquenta e sessenta. Lanie trabalha no café da manhã e jantar todos os dias, menos as segundas-feiras. O que é bom para mim, porque eu vou precisar de toda à tarde para conseguir os meus dois filmes.

Eu estaciono o Jeep no parque de estacionamento e desligo o motor. Eu não a vi em quase um ano, é o tempo que passou desde que eu precisei de ajuda.

Mas eu sei que ela vai ajudar.

Ela sempre ajuda quando é sobre o trabalho.

Eu salto para fora do Jeep e coloco minha jaqueta. A chuva parou um pouco, mas ainda está chuviscando, então eu corro os poucos passos até a porta e entro.

Está cheio pra caralho. Este lugar fica lotado no almoço e jantar - e é por isso Lanie trabalha nesses turnos. Ela faz uma fortuna. Ela trabalha duro para isso, mas ela faz uma fortuna.

Eu procuro por seu cabelo escuro familiar e quando a vejo brincando e rindo com um casal de idosos perto da parte de trás do restaurante, eu relaxo um pouco.

Por que eu não a vim ver mais?

Meu sorriso desaparece quando ela me nota e há uma pausa em sua diversão. Ela estreita os olhos para mim, depois se volta para seus clientes.

Me sento no balcão, peço meu café da manhã e um cardápio. Eu tenho uma visão clara da estrada movimentada lá fora, então me concentro nisso, enquanto espero minha comida, estou quase terminando quando Lanie finalmente faz o seu caminho para mim.

— Mais café, senhor?

Eu olho para seu rosto sorridente. — Sim, por favor.

Ela estremece com a minha resposta, mas se mantém profissional. — Creme e açúcar?

— Preto. — eu olho nos olhos dela e ela assente.

— Vejo que você acabou. Posso levar o seu prato?

— Obrigado, — eu digo quando ela chega até ele. — Está cheio aqui. Que horas você termina seu turno?

Eu engulo quando ela leva minhas palavras. — Em cerca de uma hora, — diz ela em voz baixa.

Concordo com a cabeça. — Está bem. Bem, te vejo por aí. — eu lanço algumas notas no balcão, me levanto e saio do restaurante, mais uma vez me amontoando em minha jaqueta para afastar a chuva.

Uma vez dentro do Jeep eu verifico a hora e, em seguida, decido parar em uma loja de câmeras e esperar ela sair. Porque Lanie e eu temos um acordo. Nós não temos encontros por aí por uma razão. E mesmo que eu goste muito dela e adoraria a levar para jantar e a fazer se divertir, não podemos. Porque ninguém pode saber quem a menina nesses filmes é. Ninguém pode nos conectar de nenhuma forma.

Caso contrário, nós dois poderíamos ser mortos.


Capítulo nove

ARK

 

Eu vou para leste em um shopping center e estaciono o Jeep em um ponto do lado de fora de uma loja de ferragens e penso.

Sobre a menina, principalmente. A cor do cabelo dela. Loiro. Mas era um loiro escuro quando a vi porque estava molhado. Como ela fica com eles secos? Como os olhos dela se parecem quando eles não estão inchados de lágrimas? Como sua boca se parece quando não está triste?

Quem diabos fez isso com ela?

É uma resposta que eu acho que preciso. Eu nem tenho certeza por que, porque eu não pensei sobre uma merda como esta por um longo tempo agora. Um ano, pelo menos. Possivelmente, mais perto de dois.

Dinheiro faz isso com você. O dinheiro muda você. Eu disse que nunca faria, mas eu estava errado. Algo acontece quando você não tem mais que se preocupar com comprar comida e pagar o aluguel. É uma mudança sutil. Ou pelo menos era para mim. Eu vim para a cidade com o suficiente para começar, e Ray tinha razão para desconfiar disso. Ele não quer saber como eu tinha esse dinheiro.

Mas este não é o tipo de dinheiro que estou falando. Estou falando de dinheiro suficiente para comprar um carro novo a cada mês. Dinheiro suficiente para pagar em dinheiro um apartamento de luxo em LoDo. Dinheiro suficiente para abrir uma conta secreta, cheia de servidores privados. Comprar uma nova identidade e passaporte. Esconder alguns milhões em contas bancárias secretas.

Dinheiro suficiente para fazer qualquer merda que eu quero e do jeito eu quero.

Não. Ninguém viu isso vindo, nem mesmo eu. Quando eu cheguei aqui eu não tinha ideia de como seria fácil se perder no negócio.

Mas essa pergunta... está me incomodando. Com quem diabos ela está envolvida?

No começo eu suspeitei de Ray. Quer dizer, isso faz sentido. Ele está no mesmo negócio que nós. Mas eu sei que não é Ray. Ray não está em nada violento. Eu sei disso com certeza. Eu vi sua coleção particular de filmes e nenhum deles é estranho. Eles são quase chatos, seus gostos são bem baunilha.

Eu não acho que era para Ray que Blue estava trabalhando, mas eu tenho certeza que ela estava envolvida com alguém. E isso é algo que eu vou descobrir.

Contemplo ligar para JD só para ver se ele conseguiu mais alguma informação a respeito dela, mas, então, decido que é uma má ideia. Eu não sei como eu quero continuar ainda. Preciso pensar nisso. Eu preciso saber todas as minhas opções antes de irritar ele por causa de uma menina que não conheço. E preciso considerar todas as consequências de cada ação que eu decidir tomar.

Um monte de riscos está ao redor, isso é certo.

Só então eu vejo Lanie atravessar a rua. Ela pegou o ônibus como eu disse para ela fazer, por isso é bom saber que ainda estamos seguindo o protocolo, mesmo que nós não temos visto um ao outro em um ano.

Ela caminha diretamente atrás do meu jipe e eu a vejo, mas ela não olha para mim. Seu cabelo escuro é vermelho agora. Uma peruca. E a capa de chuva é longa, passando em seus joelhos. Ela está vestindo jeans e umas botas imitando pele de carneiro.

Eu não olho para ela quando ela passa em minha linha de visão. Em vez disso, eu verifico meu telefone, brincando na página de facebook da qual Public Fuck tem dois likes - JD e eu, uma vez que não lançamos ainda – e exatamente 10 minutos depois eu saio e caminho até o cinema onde eu sei que Lanie entrou, sem mesmo precisar olhar.

Lá dentro é um hospício de crianças e jogos de vídeo enquanto os pais tentam suportar esta algazarra comprando a eles um pouco de entretenimento. Eu verifico os filmes, escolhendo a próxima sessão, registrada em um quadro acima da minha cabeça, e pago por um ingresso.

Felizmente, não é um espetáculo para crianças. É um filme de duas horas e meia sobre um drama de assassinato que estreou seis meses atrás, porque este cinema só recebe filmes pouco antes de eles serem lançados em DVD - e há apenas um punhado de pessoas sentadas quando eu entro e encontro Lanie sentada na última fila com suas botas apoiadas no assento na frente dela.

Eu subo os degraus devagar, tentando avaliar o seu humor quando eu faço a minha abordagem. Ela sorri quando me sento e tomo sua mão como se fôssemos um casal. — Senti sua falta, — eu digo baixinho.

— Eu gostaria de poder dizer o mesmo, — ela atira de volta com um sorriso.

— Desculpe por isso. Você sabe...

— Eu sei, — diz ela, me cortando. — Esqueça. Apenas me diga o que você precisa.

Ela estremece quando eu digo, — Dois. — e eu tento o meu melhor para fazer isso soar como se não fosse grande coisa. — Um aqui e outro no carro, uma vez que ficar escuro.

— Jesus Cristo, Ark.

— Lanie, não é como se eu pedisse isso muitas vezes. É que ficamos abaixo essa semana.

— Por quê? — pergunta ela, se virando para mim. — O que aconteceu?

— As malditas meninas furaram. Marcamos com três e duas não apareceram. Olha, eu sei que isso é uma merda, mas temos duas semanas faltando. Duas semanas.

— E então o que? Nada disso faz sentido para mim. Você realmente planeja executar um negócio pornô?

— Eu já executo um negócio pornô, Lane.

— Não gosto disso, Ark. — ela diz meu nome com sarcasmo. — Não é como você está planejando. São coisas completamente distintas. Você é muito pior do que ele.

— Vá se foder, — eu digo antes que eu possa me parar.

— Bem, você já cuidou de tudo, não é?

Maldição. Eu realmente não preciso de uma palestra agora. Mas eu não posso evitar me perguntar. Porque eu não sou como ele. — Como? É a mesma merda.

— Porque você vai perpetuar isso. E não só isso, você estará lucrando com isso.

— Eu já estou lucrando com isso.

Ela vira a cabeça para o lado, me deixando saber que essa conversa acabou. E antes que eu possa até mesmo defender a minha posição indefensável, as luzes se apagam e os créditos começam. Quando o anúncio para que todos desliguem seus telefones aparece, alguns dos casais espalhados lá na frente fazem um movimento para fazer isso.

Mas eu não desligo o meu.

Porque Lanie já está de joelhos me fazendo um boquete na escuridão. E quando o filme começa, eu agarro seu cabelo e mantenho o rosto dela para baixo no meu pau quando eu gozo em sua garganta.

Não saímos juntos. Ela se levanta assim que termina e eu fico até o final do filme e, em seguida, faço o meu caminho de volta para o meu jipe e vou para casa. Quando eu estaciono na garagem da minha casa, ela já está abrindo a porta quando desligo a ignição.

— Você me deve, — diz ela, enquanto eu desabotoo minhas calças.

— Eu sei, — eu digo a ela quando ela me deixa duro novamente. Isso leva mais tempo do que eu gostaria, porque tudo o que posso pensar é o quanto ela me odeia. Quão grande idiota eu sou por a fazer isso. Quão sujas minhas mãos são por estar neste negócio. E quão certa ela está.

Eu sou muito pior do que Ray.

Porque Ray nunca tomaria uma menina contra a vontade dela. É por isso que eu preciso de identificação, contratos e todas essas besteiras. Ray é legítimo.

E eu posso dizer a mim mesmo que este é um negócio que eu quero. Que Lanie tem que fazer isso por mim, por nosso acordo. Mas isso é besteira. Eu estou fazendo ela me dar um boquete. Eu estou fazendo ela se degradar. E eu vou até Ray, editar isso e enviar para seus servidores, assim que eu terminar aqui.

Sou muito, muito pior do que Ray.

Porque eu não sou legítimo. Eu não sou nada, além de um golpista. Um trapaceiro. Um pedaço de merda. E tudo o que saiu da minha boca nos últimos quatro anos tem sido uma mentira.


Capítulo dez

Blue

 

Foi Janine Delgado que me fez seguir esse caminho. Eu a culpo por tudo isso. Eu sei que, quando eu deito na cama desse estranho, que eu estou sendo irracional. Tanto para deixar ele me trazer aqui e poder culpar Janine Delgado pelos meus problemas. Mas eu tenho um bom argumento para ambos.

Janine Delgado foi minha amiga desde sempre. Sendo vizinhas e exatamente da mesma idade - nós compartilhamos um aniversário - nós fomos amigas desde o início. Mas Janine e eu não poderíamos ser mais distantes em personalidade. Ela tinha medo de tudo e eu não tinha medo de nada. No momento em que chegamos ao ensino médio, crianças usavam isso para provocar ela. A chamavam de Janine a rainha do drama, porque tudo com ela era uma cena. Ela era um pouco estranha em todas as situações sociais, por isso, quando chegou a hora de ir a festas na escola, os pais de Janine disseram para ela se esforçar mais e ela fez. Ela entrou em todas as coisas imagináveis. Há uma diferença entre ser destemida, como eu, e estúpida, como ela. Embora eu admita que minhas decisões no ano passado meio que me colocou diretamente nesse departamento de estúpida.

Janine e eu paramos de ser amigas no décimo ano, porque ela disse que eu estava empatando ela. Você vê, Janine encontrou as drogas. As drogas a transformaram em outra pessoa. Em alguém sem inibições. Em uma puta, se eu estou sendo honesta.

Janine passou da medrosa de quinze anos de idade, a vida sexual ativa com dezesseis anos de idade e grávida aos dezessete.

Ela fez um aborto. Eu não a posso julgar, mas seus pais sim. Eles a mandaram embora e depois ela passou a metade do primeiro ano e todo o último ano trancada em algum internato para crianças más.

Este foi o lugar onde as coisas realmente deram errado.

Meus pais se divorciaram e meu pai conseguiu um novo emprego. Era um trabalho do governo, um trabalho do governo muito alto e uma das vantagens é que eu comecei a frequentar uma escola muito exclusiva na área de DC9. Então, meu pai e eu nos mudamos para os Estados Unidos.

Mas Janine e eu mantivemos contato e escrevemos cartas. Ela não tinha permissão para ter um telefone, assim como nada de mensagens de texto ou qualquer coisa deste século. Ocasionalmente, ela voltou para casa para ver seus pais e eu ia para casa visitar a minha mãe nas férias e, então, fomos autorizadas a sair para a varanda de sua casa e conversar. O que era uma merda porque todos os feriados que eu tinha quando ela estava em casa eram no inverno, por isso era muito frio para conversar na varanda. E ela nunca voltava para casa no verão. Ela era enviada para o acampamento da igreja. Onde tem palestras sobre a Bíblia e onde as crianças cantam canções de louvor e de redenção.

Eu estou bem com isso. Fui criada em uma família moderadamente religiosa. Mas Janine... Eu não sei. Ela apenas nunca foi à mesma. Ela disse que estava indo bem. E ela estava fora das drogas, de modo que era uma coisa boa. Mas ela nunca me convenceu.

Após a formatura, fui para Nova York e frequentei Columbia, e ela foi... Eu não tenho ideia. Eu perdi o contato. Ela desapareceu. Seus pais ficaram frenéticos, postando fotos dela em postes de telefone, perguntando as pessoas ao redor do bairro se eles tinham ouvido alguma coisa. Coisas normais que os pais fariam quando sua filha de dezoito anos de idade desaparece. E então houve um boato de que Janine foi flagrada trabalhando como garçonete em um bar de topless em Denver, Colorado.

Seus pais nunca a mencionaram novamente depois disso.

Mas ela era minha amiga e eu nunca me esqueci dela. Então, quando eu cheguei em casa depois de me formar em Columbia e ela ligou para a casa da minha mãe enquanto eu estava hospedada lá, fiquei emocionada.

Fiquei emocionada que ela estava viva. Fiquei emocionada que ela queria se encontrar comigo. Fiquei emocionada que ela se lembrou de quão próximas éramos.

Então, sim. Eu fui. Eu voei para Denver.

E é por isso que toda essa merda é culpa da Janine fodida Delgado. Porque eu almocei com ela.

Ela preencheu os anos perdidos com informações que eu desejei poder esquecer. Ela me disse coisas que me fizeram engolir o vômito. Ela apontou para a barriga inchada e me implorou por ajuda.

E eu disse que sim. Porque depois de me graduar como a melhor da minha classe de uma escola da Ivy League10, preencher cento e cinquenta aplicações, ir a vinte e sete entrevistas e até mesmo ter feito um estágio de verão de dois meses em uma empresa muito proeminente, eu ainda tinha menos perspectivas do que ela. Ninguém sequer olhou para mim duas vezes.

Eu disse que sim. Eu ajudaria.

Assim, mesmo eu bancando uma de vítima, tudo isso é culpa de Janine Delgado.

Porque ela puxou o cartão de melhores amigas para sempre e disse que eu ia ser tia. E eu disse que sim.

Eu a queria salvar.

Mas eu não poderia salvar ela, eu só consegui me perder. Porque sete meses depois, Janine estava morta e o bebê tinha sumido e eu estava presa em uma sala em um porão.


Capítulo onze

Blue

 

— Eu sei que você está acordada.

Eu não tenho medo de JD, mesmo que eu deveria ter. Ele e seu amigo me filmaram dando a eles favores sexuais. Mas eu disse que sim, embora eu ainda estivesse fodida quando os conheci. Eu disse que sim.

E agora, sete horas depois, na cama, me recusando a entrar em acordo com a minha vida... Eu ainda confio nele mais do que as pessoas que estavam me mantendo prisioneira em um porão.

— Você está com fome?

Ele tem seus braços em volta de mim com a minha bunda parada perto de sua ereção. Um braço se encaixa perfeitamente no meu pescoço como um travesseiro, e o outro está levemente se arrastando para cima e para baixo do centro da minha barriga.

Eu imagino o que seria se seus dedos deslizassem um pouco mais baixo e, em seguida, eu me sinto enojada comigo mesma por ter esses pensamentos pervertidos. Se eu estivesse no porão, eu seria punida por isso. Porque não importa o que eles fizeram comigo, eles me mudaram. Eles me fizeram gostar disso. E uma vez que eles descobriram que eu gostei, eles levaram o prazer para longe. Eu era proibida de me tocar, mas o meu apetite para o prazer era insaciável e os meus dedos sempre vagavam, assim como eles estão fazendo agora.

Me afasto, esperando o tapa, mas nunca vem.

Apenas sua suave e retumbante voz. — Ei. — ele sussurra desta vez. Como se ele pudesse sentir a luta interna acontecendo dentro de mim. — Eu sei que você está com fome. Quer que eu faça o jantar?

— Jantar? — pergunto. Puta merda, sim. Eu contenho a minha emoção quando eu assinto com a cabeça, e em seguida, viro todo o meu corpo para o encarar. — Sim, por favor, — eu sussurro de volta. Suas mãos estão na minha bunda com o movimento e, em seguida, ele aperta um lado.

Seus dedos estão quase entre as minhas pernas e eu deixo escapar um pequeno suspiro pelo toque.

Seus olhos procuram os meus. Ele me olha como se tentasse me descobrir. — Me diga o seu nome. — não é um pedido, mas isso sai suave. Assim como todas as suas outras palavras hoje.

— Eu não posso, — eu digo de volta, igualando o seu tom sombrio. — Eu realmente não posso.

— Você quer ligar para alguém?

— Não, — eu disse, balançando a cabeça. — Não, eu não posso fazer isso também.

— Será que é porque você está com medo deles? — eu sei que é um genérico deles que ele está se referindo, mas eu tremo do mesmo jeito. Ele não precisa que eu fale para obter essa resposta. — Você está segura aqui. Você pode ficar o tempo que você precisar.

— E sobre o seu amigo? — Ark é o único a quem eu pedi ajuda. Ele é o único com quem estou preocupada, porque ele olhou para mim como se eu estivesse quebrada. Como se eu estivesse além da salvação. Problema demais. Muito poucas perspectivas.

— Ele gosta de você, — diz JD. — Eu posso dizer. Ele está chateado que nós estamos aqui juntos agora, eu sei disso, com certeza.

— Para onde ele foi? — eu estudo o rosto de JD e decido que eu gosto dele. Antes, quando ele e seu amigo foram tirar as fotos, JD estava falando comigo como os homens no porão fizeram. Como se eu fosse uma prostituta.

Mas agora ele está apenas falando comigo como os homens em uma sala de espera fazem.

Como se eu fosse uma possibilidade.

Eu fui uma possibilidade algumas vezes ao longo deste último ano. Mas, felizmente, nenhum deles nunca me levou para casa.

— Estou com tanta fome, — eu digo.

Seus dedos traçam o contorno das minhas costelas. — Eles não cuidaram muito bem de você, não é?

Eu tenho que engolir isso antes que eu possa balançar a cabeça em um não.

— Eu vou cuidar bem de você, Blue.

Eu olho para cima em seus olhos azuis. Eles são claros, como os pelos loiros em seu queixo. — Obrigada, — eu sussurro.

— De nada, — diz ele, envolvendo o braço firmemente ao redor da minha cintura e me puxando para perto novamente. — O prazer é meu.

E então ele me beija na cabeça e descansa lá por alguns momentos antes dele me puxar para cima, pegar a minha mão e me levar para a cozinha.

Sete horas de sono tem feito maravilhas para minhas habilidades de observação, porque se você tivesse me perguntado alguma coisa sobre este lugar quando me trouxeram aqui, eu não teria sido capaz de lhe dizer. É uma situação tão perigosa. E depois de tudo que eu já passei neste ano passado, eu sou estúpida por me deixar levar por um rostinho bonito.

Foram as drogas. Eu estava melhor do que as outras meninas, mas só porque eu vomitei o sedativo que me deram assim que a noite terminou. Era para me manter controlada até que voltássemos ao porão.

— O que você está pensando? — o cara chamado JD me pergunta. Eu estou de pé no meio de sua cozinha. Ele está ocupado no balcão ilha, onde os ingredientes para a comida que ele está fazendo estão espalhados ao redor. — Você parece um pouco perdida.

Um pouco perdida não chega nem perto.

— Você pode se sentar, se quiser. — ele aponta para a sala de estar, que é aberta para a cozinha, então ele ainda seria capaz de manter um olho em mim se eu estivesse sentada ali.

Eu ando ao redor da ilha e vou para a cadeira que ele apontou para mim.

— Você não tem que se sentar lá, você sabe. Você pode sentar no sofá. Ou voltar para a cama.

Tomo meu lugar e puxo as pernas para cima para que eu possa envolver meus braços em torno delas. Eu estou tão magra estes dias, que praticamente me enrolo em uma pequena bola.

— Você gosta de macarrão e almôndegas? — pergunta ele. — Isso é tudo o que posso fazer. — e então ele dispara aquele sorriso para mim. Um sorriso que diz que ele é encantador, tortuoso e perigoso tudo em um. Isso deveria me fazer recuar. Deveria me fazer correr. Mas não acontece. Isso me faz sentir algo que eu não sentia há muito tempo.

Descontraída.

Eu sorrio de volta para ele.

Todo o seu rosto se ilumina. — Porra, você é uma das coisas mais sexies em que eu já coloquei os olhos. Eu só posso imaginar como você é bonita quando você está saudável.

Saudável. Essa é uma palavra estéril para o que eu não sou.

— Então, macarrão?

Eu respiro fundo e assinto com a cabeça.

— Eu tenho que correr para a loja buscar pão. Você vai ficar bem aqui sozinha?

Ele olha duro para mim quando lava as mãos na pia e depois rasga o plástico de um pacote de hambúrguer. Eu percebo que ainda estou querendo saber se vou estar bem quando ele chama baixinho, — Blue? Você vai ficar bem se eu correr para a loja para o pão?

Blue. Eu tenho um novo nome novamente. Não Star, mas Blue. Concordo com a cabeça, porque ele está à espera de uma resposta. Suas mãos nunca param de se mover enquanto ele rola a carne em pequenas bolas.

Quando acaba, ele as coloca no forno, lava as mãos e põe a água para ferver.

Eu nunca tiro os olhos dele.

Ele vem em torno da ilha até mim quando termina e esta é a primeira oportunidade que eu tive, sóbria, de ver seu corpo. Ele é alto e magro, com músculos definidos em seus braços, seu abdômen, e seu pescoço. Ele só está usando um par de moletons cinza que acabam logo abaixo do joelho, então eu tenho uma boa vista. Seu cabelo loiro não é nem longo e nem curto, mas algo entre os dois. Está bagunçado de uma forma muito agradável. E seu rosto é bonito de uma forma única que um homem pode ser.

Eles fazem pornôs, meu interior me adverte. Eles fazem pornôs e seu belo rosto é a atração que eles usam para fazer as meninas concordarem.

Isso é verdade. Mas, por alguma razão, eu não acho que estou aqui para fazer dinheiro para eles.

— Blue, — diz ele novamente quando chega até mim. Ele se inclina para baixo, colocando uma mão nos braços da cadeira de cada lado do meu corpo e me olha nos olhos. — Se você quer sair, me deixe saber. Vamos te levar para onde você quer ir. Mas não suma, ok? Porque então eu teria que ir te buscar neste tempo de merda e te encontrar mais uma vez. E você estaria com frio e medo, e nós teríamos que começar tudo de novo com o banho quente e descanso. Então, basta ficar e comer comigo.

Eu engulo em seco quando ele olha para mim.

— Ok? — ele pergunta novamente.

— Ok.

Minha voz faz ele sorrir de novo e Jesus, sim. Aquele sorriso é ainda melhor de perto.

Ele me beija na cabeça novamente e dá a volta. — Eu vou me trocar. A loja é apenas a uma quadra. Então eu só vou ficar fora por dez minutos. — eu viro minha cabeça para o ver saindo e ainda estou olhando nessa direção quando ele volta do quarto, vestido com uma calça jeans, camiseta branca e uma jaqueta de couro preta que tem zíperes que tinem em cada batida de suas botas sobre o piso de madeira.

Ele parece muito mais perigoso nessas roupas, diz a minha voz interior. Muito mais.

Mas aquele sorriso ainda é o mesmo. — Volto já, — diz ele com uma cara séria. E então ele está fora da porta e eu estou nesse estranho apartamento. Sozinha. Em um estado que tem me iludido pelo último um ano e meio, até esta manhã.

Eu sento lá na cadeira por alguns minutos e observo tudo. A cobertura. Eu me lembro de quando cheguei aqui. Tudo diz masculino. Os pisos são de concreto cinza escuro, mas não do tipo áspero que você vê fora em calçadas, mas o tipo que você vê em shoppings, onde é tão suave que você pode patinar sobre eles. E os móveis são todos feitos de aço e vidro. Os cabos aparentes são usados como um elemento de design, tornando o visual de todo lugar como uma mistura entre a revolução futurista e industrial.

Há um sofá grande feito de couro cinza claro, acentuado com rebites de aço sobre as costuras do braço. Uma das extremidades é como um sofá regular, mas a extremidade oposta é mais parecida com uma espreguiçadeira. As cadeiras são de outro tom de cinza, estofados e acentuados com os mesmos rebites de aço como o sofá.

Há arte nas paredes. Fotografias em preto e branco de lugares que eu só posso supor que são do Colorado. Eles são de montanhas e lagos. Neve e gelo. Pinheiros e álamos.

A cozinha tem armários pretos e bancadas cinza escuro. Não é algo que uma mulher iria escolher, se eu estou certa. Os aparelhos são todos de aço inoxidável e não há desordem, a não ser a bagunça de JD em andamento, para indicar que eles usam muitas vezes.

E depois há a vista. Meus olhos vão ao terraço. Me levanto e caminho até as enormes portas de correr e abro. Ainda está molhado, mas a chuva parou, então eu timidamente coloco um pé em uma poça e saio.

O corrimão é de algum tipo de vidro acrílico e a cidade está bem na minha frente. Eles tiraram fotos de mim aqui. Eu estava beijando JD, eu acho. E então eu estava no chão e ambos estavam lá, os braços em volta de mim, com as mãos explorando, bocas famintas.

Vou até a borda e olho para baixo e vejo JD com as mãos nos bolsos da jaqueta, indo para frente enquanto atravessa a rua e, em seguida, assim como ele disse, ele entra em uma loja a um bloco abaixo e desaparece.

— Ele não é um deles, — eu digo em voz alta. — Eles nunca me deixaram sozinha assim.

Eu fico lá até que ele reaparece, um saco de papel marrom de pão fresco em seus braços e o vejo andar. Ele acende um cigarro e leva o seu tempo para que ele possa se divertir. Eles não devem fumar aqui dentro. O apartamento não tem cheiro de cigarro. Seus olhos piscam até o terraço e ele acena. — Mantendo um olho em mim, Blue? — ele fala tão alto que eu coro quando cada pessoa na rua para e olha para ele. Ele pega o ritmo e quando está do outro lado da rua do edifício, ele grita: — Eu estou a segundos de distância, baby. Agora volte para dentro e se aqueça. Está muito frio para você estar aqui fora. — ele olha para os dois lados, joga fora seu cigarro, permite que um carro passe, em seguida, atravessa a rua. — Vá.

Ele desaparece antes de eu me virar e voltar para dentro. Eu ainda estou limpando os pés no pequeno tapete em frente do terraço, quando ele entra no apartamento e joga as chaves sobre a mesa pequena perto da porta. — Me espionando agora, Blue? — ele sorri enquanto tira a jaqueta e pendura em um gancho, em seguida, entra na cozinha. Eu amo o jeito que suas botas de motoqueiro pretas batem forte pelo chão e estou cativada pelos músculos em seus braços enquanto ele toma o pão e o corta ao meio. — Você pode fazer pão de alho, Blue?

Concordo com a cabeça para ele e caminho até a cozinha. Eu posso sentir o cheiro do cigarro em cima dele, mas em vez de me fazer mal, cheira bem. Familiar.

Ninguém no porão tinha permissão de fumar. E eu não era uma fumante antes deles me levarem, mas eu gostava de um de vez em quando, quando estava bebendo.

O cigarro em JD cheira a passado. Um passado muito tempo atrás que era muito melhor do que ontem.

— Ok, — diz ele. — Você faz o pão e eu vou começar a massa.

Vinte minutos depois, a comida está feita e estamos sentados na mesa comendo macarrão e almôndegas. Mas mesmo que a cena pareça normal, eu não sinto nada de normal. E depois de alguns minutos de silêncio, isso é dolorosamente óbvio.

— Então, — diz ele e eu olho para a minha comida. — Viu algum filme bom ultimamente? — eu olho para cima questionando, a minha boca meio cheia de massa e o encaro por alguns segundos. — Não? — ele cutuca.

Eu balanço minha cabeça.

— Livros?

Eu não olho para cima neste momento.

— Hmm, — diz ele depois me deixar cozinhar por um minuto. — O que você faz para se divertir, Blue?

Eu respiro fundo e na expiração, eu estou falando automaticamente. — Gosto de passear em museus, viajar, e ter aulas de arte.

— Oh, — diz ele, surpreso. E, então, ele acha que eu estou mentindo. Porque uma garota que parece como eu agora, não faz nenhuma dessas coisas. — Hmmm, — diz ele novamente. — Talvez a gente possa ir para o museu de arte ou algo um dia.

Eu olho para cima e sorrio, em seguida, rapidamente olho para baixo. — Sim, isso seria divertido.

Essa é a última pergunta que ele me faz a tarde toda. E eu sou muito tímida para perguntar a ele qualquer coisa. Mas eu tenho um monte de perguntas.

O que significa essa tatuagem?

Onde está o seu amigo?

O que vocês vão fazer comigo?

Mas nunca me ocorreu que eu deveria me levantar e ir embora. Nem uma vez. E agora que eu estou aqui, com ele em sua cama, com os braços dobrados em torno de mim, isso me assusta mais do que qualquer coisa pela qual eu já passei ou qualquer coisa que possa vir.

Porque mesmo que nesta manhã a minha aceitação pareceu um pouco como salvação, esta noite tenho uma sensação totalmente nova.

Derrota.

Parece que eu estou desistindo. Como se eu estivesse desistindo pelo que eles me fizeram. Uma prisioneira.

Parece que é o fim.

E depois de alguns minutos ponderando sobre como eu fico quieta e silenciosa como eles me ensinaram, eu percebo que eu gosto disso.

Eu quero que a escuridão assuma. Eu queria estar drogada novamente para que eu pudesse parar de me importar. Gostaria que alguém me drogasse e fizesse a escuridão me cobrir como sujeira sobre um túmulo.

E talvez esses caras sejam a resposta a essa oração. Talvez esses caras vão finalmente fazer o que os outros nunca fizeram.

Talvez esses caras vão me deixar morrer.


Capítulo doze

ARK

 

Viro a chave na porta e entro no loft. Há uma luz em cima do forno na cozinha, mas fora isso está escuro. Eu ando e vejo os restos de macarrão, uma pia cheia de pratos e a evidência de uma noite passada aqui sem mim.

Eu suspiro quando penduro meu casaco e caminho pelo corredor até o meu quarto. Eu não quero nem pensar em JD e essa menina. Passei o dia todo pensando sobre eles, e agora eu estou farto. Eu chuto meus sapatos quando entro no quarto, em seguida, ligo o interruptor na parede. A primeira coisa que eu vejo é o banheiro, onde esta manhã a menina me chupou e eu gozei tão rápido que estou quase envergonhado.

Eu me afasto, pego por trás da minha cabeça e tiro a camiseta. Então eu desabotoo minha calça jeans e a deixo cair no chão, dando ao meu pau um puxão, desde que o pensamento dela está começando a me deixar duro.

Normalmente durmo nu, mas eu não estou pronto para a cama ainda. Então eu coloco um par de desbotadas bermudas cargo e vou para o banheiro para pegar a câmera.

Ela se foi.

Fodido JD.

Eu saio para a sala de estar e olho ao redor. Talvez ele estivesse usando ela aqui fora? Estou racionalizando agora. Eu sei onde essa câmera está.

A respiração profunda é necessária, eu desço rapidamente pelo corredor até o quarto de JD. A porta está aberta e esta é a primeira vez. JD é um fechador de portas compulsivo à noite. Eu acendo a luz do corredor, porque eu não o quero perturbar, e espio a câmera em sua cabeceira. Meus olhos acompanham a menina deitada do outro lado de JD, com o braço envolto protetoramente ao redor dela e os lençóis apenas cobrindo a sua metade inferior. Seus seios sobem e descem com o padrão de sua respiração.

Eu pego a câmera e saio antes de fazer algo estúpido como chutar a bunda dele. Ela não é a minha. Então foda-se. Ele pode ter a cadela. Ela é magra demais de qualquer maneira. Parece que ela está usando drogas, na verdade. Eu odeio as drogadas. Ela provavelmente tem algum tipo de doença. Provavelmente é uma porcaria na cama também. Apenas mente, talvez. Ou reclama. Ou odeia.

Eu fecho a porta no meu caminho e volto para a sala de estar onde as portas de correr de metal de cada lado da minha entrada do escritório estão abertas. Eu acendo a luz e, em seguida, fecho as portas atrás de mim antes de colocar a câmera sobre a mesa e andar para o outro lado para me sentar.

Eu fico olhando para ela.

Ela está lá.

E eu com ela.

Eu não posso ligar aquela coisa no computador rápido o suficiente. O software entra em ação com um barulho familiar e, em seguida, as imagens, milhares de imagens - porque a coisa estava no disparador contínuo por uns 30 minutos - fazem o download para o meu disco rígido.

A antecipação está me matando.

Eu observo a barra do progresso e até mesmo isso me deixa excitado.

O programa termina o download e começa a apagar o cartão de memória dentro da minha câmera, mas eu o impeço. Apenas uma cópia não é suficiente. E se o meu computador travar? E se ele foi roubado? E se eu de alguma forma perder todas essas fotos?

Eu não posso fazer isso. Apenas o pensamento me deixa suando.

Então eu os deixo lá e desligo a câmera. Eu tenho uma porrada de cartões de memória na mesa, por isso deixo o cartão lá, todas as fotos intactas.

E então eu abro o Photoshop e começo a passar por elas, uma por uma.

Ela e JD sob esse toldo no shopping. Jesus, parecem semanas atrás e isso foi esta manhã. Nem mesmo um dia inteiro se passou desde que tirei estas imagens. Ele a está beijando em algumas, e santa merda, mesmo que seja ele e não eu, tudo sobre estas imagens são sexies como o inferno.

Magra ou não, ela é atraente. Em uma foto, seus incríveis olhos azuis estão grandes e inocentes enquanto ela olha para JD. A maquiagem riscada apenas faz a coisa toda muito mais provocante. Como se estivesse machucada e ela está olhando para ele para pedir ajuda.

E tudo sobre JD, como ele olha para baixo sobre ela, suas mãos no rosto manchado dela, tudo diz ceda a mim e eu vou fazer isso melhorar.

Uma batida na porta me tira dos meus pensamentos, em seguida, as portas de metal abrem.

— Ei, — diz JD, entrando em meu escritório comendo uma tigela de cereal. Ele toma um assento no sofá ao lado da parede à minha esquerda. — Você acabou de chegar em casa?

Eu olho para ele. Ele está com o peito nu, que é como ele sempre dorme. E seu cabelo está bagunçado, então parece que ele estava na cama por um tempo antes de se levantar agora. Isso me irrita, porque eu posso pensar em um milhão de coisas que ele poderia ter feito na cama com a menina.

Eu tranco isso para que eu possa parecer racional, apesar de não sentir nada racional. — Sim, — eu digo, abreviando.

Ele olha por cima no meu monitor e, em seguida, está de volta, colocando seu cereal na mesa para que ele possa se inclinar e dar uma olhada melhor. — Ela é perfeita, cara.

— Não é para Ray, no entanto.

JD solta uma bufada. — Não brinca, idiota. Eu não estava pensando em contratar ela.

— Você a queria contratar esta manhã.

Ele pega seu cereal e se senta na borda da minha mesa, pondo uma colherada na boca e falando enquanto mastiga. — Isso foi antes.

— Antes do quê? — eu tento não rosnar. Mas só um pouco.

— Antes de eu ter passado o dia com ela.

Eu apenas fico olhando para ele. — Então, você transou com ela?

Ele só encara de volta. —Tem alguma coisa que você queira dizer sobre essa garota, Ark? Porque eu sou todo ouvidos, cara. Eu entendo, você a viu primeiro. Então ela é sua. Mas eu passei o dia com ela. E eu também gosto dela. E não, idiota, eu não transei com ela. Eu não faria isso com você e se você acha que eu poderia— ele balança a cabeça. — Bem, foda-se.

Eu olho para longe e respiro fundo. Porque ele está certo. Nós gostamos da mesma garota antes. É por isso que temos a regra eu-vi-primeiro. Mas isso parece... diferente. — Desculpe, — murmuro. — Tem sido um longo dia.

— Você cuidou de Ray? — ele volta a comer o seu cereal, então eu acho que o nosso impasse será longo.

— Sim.

— Você falou com ele? Ou você conseguiu os filmes?

— Eu entreguei a ele.

JD diz nada para isso. Ele sabe o que isso significa, porque eu tive que fazer isso antes quando ficamos abaixo.

— Então... — eu digo.

— Então, — ele pega. — Eu acho que você precisa ver uma coisa. — ele se levanta, coloca seu cereal para baixo, e vai até as portas. — Me deixe te mostrar.

Me levanto e o sigo para fora e nós andamos pelo corredor até a porta, que agora está fechada.

— Shhh, — ele me diz quando para em frente a ela. — Eu não a quero acordar, mas eu tenho que mostrar o que eu encontrei.

Dou a ele um aceno de cabeça e, em seguida, ele abre a porta e enfia a mão no bolso para tirar uma pequena lanterna. Nós caminhamos até a cama onde a menina está deitada de bruços com o rosto pressionado contra o travesseiro.

Uma onda de ciúmes flui através de mim, e pelo tempo que eu consigo por sob controle, JD está movendo o cabelo dela na parte de trás do pescoço.

Ela grita e se agita, batendo lanterna de JD para o chão, onde rola debaixo da cama.

— Porra. — eles estão lutando, ela ainda gritando e JD gritando de volta, dizendo a ela para se acalmar, quando eu chego até a luminária na mesa de cabeceira. Eu acendo e JD está em cima da menina, pressionando os braços dela acima da cabeça para que ela não possa lutar.

— Fiquem longe de mim, — ela rosna.

— Se acalme, Blue.

— Vá se foder. Saia de cima de mim.

JD olha para mim. — Olhe para a parte de trás do pescoço dela.

— Não, — ela grita. — Fiquem longe de mim.

JD e eu a ignoramos agora. Ele está olhando para mim quando ele continua sentado em sua cintura e mantendo os braços dela parados. — Você precisa ver isso, Ark. Basta olhar.

— Me solte, — ela lamenta. Mas a luta se foi rápido. Ela começa a chorar.

Eu me inclino para baixo e arrasto o cabelo na parte de trás de seu pescoço para encontrar uma cicatriz na forma de um círculo.

Eu recuo e me viro, minha mão cobrindo meu queixo enquanto eu penso sobre isso.

JD sai de cima dela, sai da cama e se aproxima ao meu lado. — É isso aí, né? — ele pergunta. — Me diga que eu não estou vendo coisas. Que eu não estou inventando.

Concordo com a cabeça. Isso certamente é. — Eu preciso ver de novo.

— Vá se foder, — diz ela em uma pequena voz da cama. — Só vai se foder. — eu olho por cima do ombro para ver o que ela está fazendo, mas ela ainda está deitada de bruços. Chorando no travesseiro. — Vocês não têm o direito.

JD olha para mim mais uma vez e, em seguida, caminha de volta para ela e se senta na beira da cama, para que ele possa acariciar seu cabelo. Ele é esse tipo de jogador. Ele sabe exatamente o que fazer para uma menina chorando.

Eu? Eu não tenho ideia. Eu sou um tipo de caso de apenas uma noite. Eu não fico por tempo suficiente para cuidar de alguém.

Mas essa garota, cara. Mesmo antes da marca. Esta menina é diferente.

Então eu ando para o outro lado da cama. O lado que ela está virada. Subo ao lado dela e me deito. Seus olhos procuram por intenções nos meus.

JD se deita no outro lado dela, as pontas dos dedos ainda deslizando pelos seus longos fios loiros. — Apenas relaxe, Blue. Nós não vamos te machucar.

— Não, — ela bufa. — Vocês só querem que eu chupe os paus de vocês na câmera para que vocês possam me vender de uma forma diferente.

As sobrancelhas de JD vão para cima, mas nenhum de nós diz nada. Há hora e um lugar e não é aqui.

— Blue, — eu digo calmamente. Ela ainda está olhando para mim, mas o som da minha voz faz com que ela solte sopros de ar. Como se eu a assustasse. — Nós não estamos colocando essas imagens online. — eu tenho que parar por um segundo. Porque isso é uma mentira e eu sei disso. Mas não é o mesmo, então eu continuo. — Nós não poderíamos usar isso, mesmo se quiséssemos.

— E nós não vamos, — JD interrompe. — Nós não queremos. — ele olha para mim por cima do seu corpo e eu assinto.

— Você não tem qualquer identificação. E, independentemente de como parece, o que fazemos é cem por cento legal. Todo mundo assina um termo de consentimento. Contratos. Todo mundo é testado para doenças sexualmente transmissíveis. Todo mundo é pago e todos pagam impostos sobre esses pagamentos. Nós não estamos a ponto de estragar o nosso negócio apenas para que possamos usar uma menina triste que nem sequer tem um nome. Então esqueça as fotos. Eu preciso saber onde você conseguiu essa marca em seu pescoço. E eu preciso saber quando.

Ela me olha nos olhos e diz, — Vá se foder.

JD cai de volta para o travesseiro que ele está compartilhando com ela. — Por que nós não apenas fazer isso novamente na parte da manhã?

— Não, — eu digo rapidamente. — Foda-se. — eu olho diretamente para ela. — Você não é a única presa na teia, você sabe. — ela estreita os olhos para mim. — Você sabe que é verdade. Você sabe que havia outras meninas envolvidas com você. E eu tenho certeza que o motivo que te encontrei esta manhã foi porque você escapou. — seus olhos vão para trás, como se estivesse tentando decidir confiar em mim. — Conhecemos uma menina que tinha essa mesma marca, Blue.

— Outra de suas putas? — ela pergunta. Mas isso sai com medo, em vez de desafiante. Eu acho que o nível de vulnerabilidade em sua voz a surpreende, porque ela soluça por trás do choro.

Eu balanço minha cabeça. — Uma amiga. Ela era uma boa amiga.

JD se levanta da cama e caminha para o seu closet.

Blue e eu só esperamos. Depois de um minuto de JD remexendo lá dentro, ele sai completamente vestido e sai pela porta, fechando atrás dele. O ruído faz com que a menina salte e desta vez ela não consegue segurar o soluço. É demais. Ela começa a chorar.

Eu me aproximo e coloco minha mão em seu braço. Eu pegaria sua mão e daria um aperto, mas ela se enfiou debaixo de seu rosto. — A amiga era namorada de JD. E ela ficou envolvida em algo ruim e, em seguida, ela desapareceu. Ela tinha uma marca como essa, Blue. Eles tiveram uma briga na noite em que ela desapareceu, e desde então ele tem esse remorso por ter perdido ela e fica imaginando todos os tipos de coisas terríveis que poderiam ter acontecido. Então, se você pode ajudar...

— Eu não posso, — diz ela, me cortando. — Eu não conheço nenhuma menina. Eu não sei o que você está falando. Eu não sei nada. — e então ela se levanta da cama e caminha para o banheiro. Há o som distinto da porta sendo trancada e, em seguida, o chuveiro liga.

Um momento depois, a porta da frente bate e eu sei que JD saiu.


Capítulo treze

Blue

 

Eu olho para a menina no espelho. Ela está nua. Eu inclino minha cabeça um pouco para ver as cicatrizes em suas costas. Não nas longas listras feitas pela vara, mas as pequenas marcas feitas com uma faca.

Stars, como eles a chamavam. É assim que eu tenho esse nome, eu acho. Ou talvez fosse outra coisa. Eu mal consigo me lembrar agora.

Eu fico olhando para a menina até que o vapor do chuveiro deixa tudo branco e faz com que ela desapareça.

O chuveiro está me chamando, mesmo que isto é o mais limpa que eu estive durante todo o mês. A água quente sem limite de tempo é um luxo que eu nunca vou ter o suficiente. Então eu entro e deixo ela derramar pelo meu corpo. Abro a boca e deixo a água correr, engolindo um pouco, cuspindo para fora, e depois fecho a minha boca para que eu possa inspirar profundamente.

Não é o suficiente.

Eu cubro meu rosto para esconder as lágrimas, mesmo que não há ninguém aqui para me punir. Eu quero sentir alívio. Quero agradecer a alguém. Eu quero chamar meus pais e os ouvir me dizer que eles me amam e que tudo vai dar certo.

Mas eu não posso fazer qualquer uma dessas coisas.

Eu não estou segura, por isso não há tempo para o alívio. E ninguém me salvou. Esses caras são o fundo do poço da escória, assim como os de quem eu fugi.

Eu não posso nem pensar na minha família ainda. Não. Eu tenho que os afastar imediatamente.

Minhas mãos descem do meu rosto e quando eu olho para cima, há outro espelho onde JD deve fazer sua barba. Eu aperto o botão a o lado e ele acende e o nevoeiro começa a diminuir a partir das bordas até que eu tenha uma visão clara do meu rosto.

Que na realidade parece melhor. Talvez seja a luz fraca ou a água quente diminuiu o inchaço que estava tão evidente no espelho pequeno.

Não importa.

Eu pareço... melhor.

Blue, eles me chamam.

Blue. Meu novo nome. Eu fico olhando para os meus olhos e me pergunto o que eles dizem para esses estranhos. Eles veem a dor? Ou o medo? Ou a saudade? Ou tudo isso misturado como um coquetel venenoso?

Eles podem ver através de mim?

Eu pego o frasco de xampu e esguicho um pouco na minha palma e começo a massagear em meu cabelo comprido. Meus dedos vão para a marca que os caras estavam perguntando. Eu sigo o círculo em toda a volta. Eu conheço cada imperfeição. Cada ponto onde as crostas estavam por estar infectado e precisava ser limpo para criar uma nova cicatriz.

Isso envia um arrepio na espinha.

A marca foi a primeira coisa que eles fizeram e eles fizeram isso na primeira noite. Antes de ser nocauteada. Antes de estar amarrada. Antes de qualquer coisa acontecer, eu fui reivindicada.

E se é verdade o que Ark disse, que JD tinha uma namorada com uma marca como a minha, então, quais são as chances de que esses caras são seguros?

Não pode ser uma coincidência.

Por mais que me assuste ir lá fora e enfrentar o mundo de novo, encarar a realidade, eu tenho que fazer. Eu preciso sair e eu preciso sair esta noite.

A água quente corre para baixo em minha cabeça quando eu saio de debaixo do jato e eu rapidamente termino com o condicionador e depois fecho a água.

Eu não tenho nenhuma roupa, mas eu posso encontrar alguma blusa de frio de JD para vestir. E uma camiseta. E eu tenho certeza que ele tem algum moletom com capuz velho que eu posso levar.

Os sapatos são o grande problema. Eu não posso usar os sapatos dele. Meus pés são pequenos e os dele não. Mas tenho certeza de que os posso fazer funcionar até que eu encontre uma loja e compre os meus. Eu ainda tenho o dinheiro que eles me deram. JD colocou na gaveta na mesa de cabeceira e da última vez que olhei, ainda estava lá.

Mas... se esses são caras ruins, por que ele me pagaram?

Eu não sei. Eu realmente não sei. Então, eu só enrolo uma toalha em volta de mim e caminho até a porta. Minha mão repousa sobre a maçaneta, mas não eu não viro. Eu inclino meu ouvido contra a porta ao invés. Escuto. Ark ainda está lá fora? Ele me assusta muito mais do que JD. JD é bom. Ele é charmoso. Ark é intimidante e exigente.

Eu não ouço nada, então eu abro a porta e espreito para fora.

Ark ainda está lá, sentado na cama, com a cabeça entre as mãos. — Você parou com as mentiras agora? — pergunta ele, lentamente levantando a cabeça e me olhando nos olhos. Ele pega a câmera que ele estava usando esta manhã. — Porque eu preciso de algumas respostas.

— Eu não tenho respostas.

— Você nem sabe o que eu estou perguntando ainda, então como você pode saber que você não tem o que eu preciso? — ele se levanta e eu recuo, cruzando o limiar para o banheiro.

Ele se move como um relâmpago. Ele empurra meu rosto contra a parede, minhas mãos atrás das costas, em menos tempo do que levo para perceber que eu o julguei mal.

— Olha, — ele rosna no meu ouvido. — Eu não estou acostumado a pedir duas vezes, Blue. E as pessoas em geral, não mentem para mim. Porque eu não tolero isso. Então me diga sobre essa cicatriz em seu pescoço e eu vou esquecer o fato de que eu te perguntei duas vezes. E me aponte essas pessoas e eu vou esquecer o fato de que você mentiu.

— Ou o quê? — eu rosno sobre o meu ombro. — Você não pode me machucar.

— Não?

— Não, — eu digo de volta com confiança. — Você não pode me machucar, porque eu posso tomar isso.

Ele recua um pouco com as minhas palavras. — Você pode tomar o quê?

Eu arranco meus pulsos de suas garras e, apesar de que um segundo atrás ele estava me segurando tão apertado que estava cortando o fluxo de sangue para as minhas mãos, elas vêm facilmente. Me viro, ainda pressionada contra a parede, seu corpo tão perto que seus quadris estão pressionados contra os meus. Os nossos peitos sobem e descem rapidamente com a adrenalina. — Tudo o que você quer distribuir. — eu inclino minha cabeça para que eu possa encontrar o seu olhar. Ele tem muito mais do que um e oitenta.

Ele recua um passo e então se vira e vai embora.

Eu fico lá por alguns minutos, esperando para ver se ele volta com um cinto, ou uma bengala, ou um chicote, ou uma faca.

Mas ele não faz.

Vou até a cama e me sento no mesmo lugar onde ele estava enquanto eu estava tomando banho. Sua câmera rola e bate na minha coxa.

Eu a pego e ligo, em seguida, aperto alguns botões até que a tela começa a mostrar as fotos desta manhã.

— Isso é meu, — diz Ark da porta.

— Bem, — eu digo, apontando para as imagens, — essa sou eu.

Ele cobre a distância entre nós em poucos passos e arrebata a câmera da minha mão. — Meu.

E então ele se foi novamente.

Eu respiro fundo e olho para fora da janela, enquanto considero minhas opções. Está escuro e chovendo novamente. Eu verifico a gaveta e o dinheiro desapareceu.

— Seu imbecil! — eu grito com a entrada vazia. — Você levou o meu dinheiro.

Eu pego minhas roupas do banheiro e as coloco de volta e, em seguida, saio para a sala de estar para o confrontar.

Mas ele não está lá. Eu rastejo pelo corredor até seu quarto. Mas nada.

Quando ando de volta para a sala de estar, vejo uma fenda de luz debaixo de uma porta de metal contra a parede oposta.

É o escritório dele, disse JD. Onde ele edita os filmes que ele faz.

Eu caminho tranquilamente até a porta e pressiono meu ouvido contra ela para ouvir. Eu posso ouvir o clique de um teclado de computador, em seguida, as rodas de uma cadeira. Finalmente passos suaves vindo para a porta. Eu recuo, com medo de ser pega. Mas ele não abre. Em vez disso, as luzes se apagam e, em seguida, ouço os passos se retirarem. Eu ouço o estalo de uma garrafa de cerveja sendo aberta e depois um suspiro.

Eu deslizo a porta aberta, apenas o suficiente para espiar lá dentro.

Há um grande monitor na mesa apoiado em frente a uma parede de janelas. E na tela estão às imagens que ele tirou de mim esta manhã. De mim e JD. E de nós três no terraço. Tem várias, centenas delas, pelo menos. Talvez milhares. Olho para o sofá onde ele está sentado com uma cerveja apoiada sobre a perna dele, olhando para mim.

— Você pode olhar para elas se você veio aqui para fazer isso.

Eu não sei como ele quer que eu responda, então não tenho certeza se quero olhar para elas ou correr de volta para o quarto de JD e me esconder.

— Eu sinto muito por isso, — diz Ark, limpando a garganta. — É só que... JD parou de pensar sobre ela, sabe? Demorou pra caralho para ele parar de pensar nela. E agora você está aqui com uma pista. E...

Eu entro na sala.

— E ele vai sair à procura dessa merda de novo, eu sei disso.

Eu dou mais um passo em direção a ele e Ark dá um tapinha no espaço no sofá ao lado dele. — Eu amo essas fotos. Vem olhar comigo.

Eu dou mais dois passos e então estou dentro do alcance do braço dele e ele desliza sua mão na minha.

Meu corpo treme com seu toque, mas eu deixo ele me puxar o resto do caminho, tomo um assento e ele solta. Minha bunda mal está empoleirada sobre a almofada, minhas mãos no meu colo, meu corpo em estado de alerta no caso de ele querer me machucar.

Mas ele não faz. Ele me surpreende por dar uma distância, apoiando as costas contra o braço, e esticando as pernas atrás de mim. Elas são longas e estão no caminho, então agora eu não posso me inclinar para trás.

Ele toma um gole de sua cerveja. — Eu vi você esta manhã. Deus, tem sido apenas um dia? — eu sei o que ele quer dizer. Parece que estive na casa deles desde sempre. — E respostas são a última coisa em minha mente, Blue. Quero dizer, porra. Eu tinha desistido, assim como JD. Eu desisti ha um tempo atrás, na verdade. Apenas aceitei que esta era a maneira como as coisas eram. A forma como a minha vida ia ser. Mas foda-se.

Eu não sei o que ele quer dizer, mas eu levo isso como algo não muito bom pela maneira como ele termina a cerveja e, em seguida, joga através da sala, onde cai diretamente em uma lixeira perto da mesa. — Vou pegar outra, você quer?

Eu olho para ele e aperto os olhos.

Ele olha para trás. Seus olhos estão turvos e vermelhos, e agora que eu olho de perto, cansados. Não cansado como se ele precisasse dormir. Mas cansado de uma maneira que eu me identifico. O tipo de cansado, onde seu corpo parece pesado e sua mente se sente vazia. — Não importa, — diz ele com uma voz suave que eu nunca tinha ouvido antes. Ele diz isso, mas ele não para de olhar.

— O quê? — eu pergunto, ficando desconfortável.

— Por que você veio aqui?

— Eu estava... — eu estava procurando o meu dinheiro para que eu pudesse sair. Mas esse cara. Esses caras... eles estão me puxando em direção a eles de alguma forma. JD e seu charme. Ark e sua distância. E apesar do fato de que eles se aproveitam de meninas para viver, eles parecem muito... vulneráveis. Isso parece precário. Como se a coisa toda pudesse desabar a qualquer momento. Como se eles fossem mantidos juntos por algum fio invisível. E não alguma conexão mental ou experiência compartilhada, também. Embora eu não tenha nenhuma dúvida de que eles têm tudo isso também.

Mantidos juntos por um fio que é invisível porque está quase desaparecido.

Somos iguais, então. Não somos?

Três pessoas reunidas pela chuva no início da manhã.

Dois de nós abraçados, tentando colocar isso para fora. Cavalgar na onda até que ela falhe, e depois ajudar uns aos outros até começar tudo de novo.

Um de nós já está morto. Ainda caminhando, mas não vivo. Esperando para ser salvo. Ou talvez querendo ser aquele que salva.

— Eu estava procurando você, — eu finalmente digo. Seus olhos nunca deixaram os meus. Eles estão suplicantes agora. Eles estão implorando para eu lhe diga algo, mas eu não o conheço. Então, eu não tenho ideia do que é. Ele permanece em silêncio enquanto minhas palavras ecoam na minha cabeça, então eu preencho o espaço com o que eu quero ao invés. — Podemos esperar por JD juntos?

Os olhos de Ark. Querido Deus. Eles estão cheios de tanta coisa. — JD pode não voltar por um tempo. — e o tom da voz de Ark explica tudo. Medo. Seus olhos estão cheios de medo pelo seu melhor amigo.

— Por quê? — eu pergunto, minha voz mais suave do que a dele.

Ark toma um grande fôlego e depois cobre os olhos com a mão antes de falar. — JD tem um problema com drogas. Ele parou há muito tempo atrás, mas ele fica tentado, sabe? — Ark levanta a mão para longe de seus olhos por um momento para ver se eu estou entendendo. — E a marca. — seus olhos vão para a parte de trás do meu pescoço e meus dedos deslizam sob o meu cabelo para a tocar automaticamente. — Essa marca pode ser a ruína dele.

— Eu não sei de nada, Ark.

Ele sorri um pouco quando eu digo o nome dele. — Elas nunca sabem, Blue. — ele estuda a minha reação, que pode ser de fato um rubor. Felizmente, a luz está fraca. — Você gosta das fotos?

Eu olho para o monitor e as vejo enquanto elas passam. Dois ou três segundos não é tempo suficiente para as estudar. E eu me sinto como se eu parecesse uma bagunça nelas. Eu estou usando esse vestido molhado e sujo da noite anterior. Meus pés descalços e as pernas abertas. Tudo diz... triste.

E eu estou triste. Então, eu acho que é preciso. Ele me capturou perfeitamente.

A menina triste e desesperada perdida na chuva.

— Sim, — eu digo, ainda olhando para a apresentação de slides. — As adoro.

— Eu também.

— Posso esperar com você? — pergunto novamente. Ele nunca me responde, e não há nenhuma maneira que eu possa ficar sozinha esta noite. Eu preferia estar com quase qualquer um a ficar sozinha. Mas, eu olho para ele. Estudo seu rosto. Ele parece duro. Sua mandíbula está reta e distinta. A barba em seu rosto me diz que ele não raspou em mais do que um dia. E seus olhos... Ele é muito melhor do que qualquer um. — Por favor, — acrescento eu.

— E se eu esperar com você em vez disso?

Eu não entendo, mas, em seguida, ele balança as pernas sobre a minha cabeça e fica em pé. Eu sou puxada para os meus pés e ele pega a minha mão e me leva de volta para o corredor até o quarto de JD. — Podemos esperar por ele aqui, — Ark diz, à medida que entramos.

Eu não discuto. Eu sei que há algum tipo de luta acontecendo entre eles em cima de mim, por isso esta deve ser sua resposta para manter a paz. Ele levanta as cobertas e acena para eu entrar. Eu faço. E ele caminha para o outro lado da cama e toma seu lugar, se inclinando, as mãos sobre o rosto.

Suas costas são cobertas com a mesma tatuagem de JD. Um enorme pedaço que cobre toda a pele. Dois dragões, lutando e ainda não lutando. Seus corpos fazem um círculo e isso aprece um pouco como o sinal de yin-yang. Trevas e luz. O bem e o mal.

Há uma esfera entre as duas cabeças do dragão e eu estendo a mão e o toco, fazendo ele estremecer. — O que isso significa? — pergunto. — A bola no meio?

Ele vira a cabeça um pouco, para que ele possa olhar por cima do ombro. — Tudo Blue. É tudo. O mundo. Vida. Sonhos. Dinheiro. Felicidade.

— Vocês dois estão brigando por isso? — eu não sei por que eu assumo que os dragões são Ark e JD, mas eu só assumo.

— Não, — diz ele, levantando as pernas e se deitando comigo. Ele desliza um braço por baixo do meu pescoço e me puxa para ele, um apelo definitivo para a intimidade. — Não, nós não estamos lutando, Blue. Somos parceiros. Estamos nisso juntos. Há uma faixa que se estende ao longo da parte inferior e JD tem a versão latina. ‘Perfectum trium Omne’. Cada conjunto de três é perfeito.

— Qual é o seu dizer?

— ‘Nem tudo deve vir em grupos de três’.

Eu rio. — Poderia ser mais oposto?

Ficamos quietos por um tempo depois disso. Sua respiração se equilibra e coincide com a minha. Meus olhos se fecham e eu estou no crepúsculo do sono onde meus pensamentos correm por aí como o sonho de um louco. — Não, — ele responde finalmente. — Somos a definição do oposto.


Capítulo catorze

ARK

 

A luz acende e eu abro meus olhos para encontrar JD olhando para mim e Blue. Olho para a janela e vejo o fraco brilho da aurora. A luz se apaga e ele arrasta a camisa sobre a cabeça e arranca seus sapatos. — O que você está fazendo? — ele pergunta enquanto desabotoa a calça e deixa elas caírem no chão.

— Esperando por você.

— Eu estou bem, — diz ele, subindo na cama, do outro lado de Blue. — Eu só precisava de tempo para pensar. — ele aperta as mãos atrás da cabeça e olha para o teto.

— Você encontrou quaisquer respostas?

— Não. Apenas mais perguntas. Você transou com ela?

— Não, JD.

— Desculpe, — ele diz, nunca olhando para mim. — Estou cansado.

A mão de Blue tenta o alcançar e se instala em seu peito. Eu pego um sorriso no rosto dele e, em seguida, a mão dele cobre dela e lhe dá um aperto. Ele muda seu olhar para mim e dou de ombros. Eu não tenho ideia do que estamos fazendo. Eu não tenho nenhuma ideia do que essa garota está pensando. Mas ela estendeu a mão para nós dois. E ela nos pegou em um momento em que nós dois precisamos do que ela está oferecendo.

Meu encolher de ombros é suficiente para JD. Por agora, de qualquer maneira. Ela não é minha. Nem dele. Ela é a nossa.

Ele vira seu corpo para a bunda dela e em seus quadris e envolve seus braços em volta dela, a puxando para perto. Eu vou para me levantar, então JD pode ter tudo o que ele quer dela, mas ela alcança e agarra meu bíceps. Ela me dá um aperto e quando eu viro minha cabeça, ela está olhando diretamente para mim. — Fique, — ela diz baixinho. — Por favor, — ela implora quando eu não respondo.

Os dedos de JD deslizam para baixo no corpo dela. Eu posso sentir seus movimentos como se fossem dele, que é o quão perto estamos. E eu sei o momento em que os dedos dele deslizam dentro dela, porque seus olhos se fecham e sua boca se abre para deixar um pequeno gemido escapar. É tão baixo. Apenas uma lufada de ar, realmente.

Eu observo o rosto dela enquanto JD a toca. Não com inveja, não exatamente. Eu a posso tocar também, ela deixou isso claro. Mas eu não tenho certeza do que eu estou sentindo.

E, em seguida, a mão dela está na cintura da minha calça, puxando para baixo. Meu pau está duro e ele pula para fora. Seu toque quase me mata, é tão delicado, doce e sensual. Ela não me bombeia duro, como as meninas em nossos vídeos. Ela não faz isso como se se tratasse de um trabalho.

Não. Ela me acaricia de uma maneira que eu nunca senti antes.

Sua respiração aumenta quando JD chega para no peito dela e beija seu pescoço. — Blue, — diz ele. Ela empurra de volta contra ele e, em seguida, ele muda as posições, então ele está pairando sobre ela. Então ele está olhando para ela. Então ele está tomando o controle dela. — Nos mande parar agora, ou essa merda vai acontecer.

Ela olha para mim, como se ela quisesse a minha opinião sobre o assunto. — Eu estou dentro, — eu digo. Mais para tranquilizar JD do que ela. Porque é para mim que ele está realmente perguntando. Para mim. Ele quer saber se nós vamos fazer isso. Ele quer saber se estamos realmente partilhando uma menina.

Blue olha de volta para JD. — Não pare.

— Porra, sim, — diz ele de volta. E então ele se inclina para o beijar. Pegando um punhado de seu cabelo e moendo os quadris nos dela.

Eu agarro sua coxa e abro as pernas dela. As mãos de JD não estão mais no caminho, então eu fujo para baixo de seu corpo e deslizo o meu rosto diretamente em seu ponto doce, olhando para cima para pegar sua expressão enquanto eu a provoco com a minha língua.

— Ohhhh, — ela geme na boca de JD. Ele se endireita e, em seguida, passa por ela, os joelhos de cada lado dos seus ombros. E os gemidos param porque o pau dele está na boca dela.

JD levanta os quadris e eu posso ver através de suas pernas, uma vista perfeita de como Blue trabalha. Ela o leva como se ela me tocasse, com uma análise cuidadosa. Não rápido e molhado, mas lento. Deliberado. Eu enfio um dedo nela. Primeiro um, depois dois. Ela perde o controle de seu trabalho, e JD empurra muito duro, a fazendo engasgar.

— Porra, sim, — diz ele novamente.

Eu levanto as pernas de Blue para ganhar acesso a bunda dela, e quando minha língua desliza lá, ela começa a implorar. — Por favor, — diz ela, olhando para JD. — Eu preciso disso.

— Me diga o que você precisa, querida, — diz JD. Ele gosta de falar quando ele fode. — Me diga o que você quer.

— Eu preciso de vocês dois, — ela geme.

— Onde? — JD estimula. — Continue nos dizendo o que você quer, Blue.

Eu paro o que estou fazendo no clitóris dela. Meus dedos se retiram de sua bunda. E eu espero por isso. Porque eu quero ouvir também. Eu preciso ouvir também.

— Os dois, JD. — ela olha para baixo para mim. — Dentro de mim, Ark. Por favor.

JD se move para trás, me forçando para trás também. Sua mão chega até a si mesmo golpeando algumas vezes antes dele se posicionar por cima dela. A buceta dela está úmida da minha boca e seu corpo está tão pronto, ela angula seus quadris para cima, convidando JD a entrar.

Ele se abaixa apenas o suficiente para a parte superior de seu pau entrar e isso a deixa selvagem. Eu me ajoelho atrás de JD, esperando por ele dar a ela o que ela está pedindo. E quando ele finalmente empurra dentro dela, eu quase acho que ela vai gozar logo em seguida. Eu passo para o lado e JD a fode duro por alguns segundos, bombeando dentro com fúria. Ela estremece e grita, e eu coloco a mão nas costas de JD. — Calma, — digo a ele.

Ele diminui. Eu passo para o lado de Blue e deito de costas, enquanto JD puxa, enrola um braço em volta da cintura dela e a levanta, colocando-a em cima de mim. Meu pau está tão duro que desliza diretamente entre as nádegas dela e colide contra as bolas de JD.

— Ah, porra, — diz ele. — Jesus. Porra. Ark.

Eu deslizo para baixo quando JD levanta os quadris dela para cima para me permitir ter acesso. A buceta dela está tão molhada, escorrendo em sua bunda, que não tenho qualquer problema em entrar nela. Ela endurece um momento pela dor, mas eu puxo um pouco, dando há ela tempo para se acostumar comigo. Ela respira pesado, ofegante, enquanto JD sussurra coisas suaves e sujas em seu ouvido. — Deixe ele entrar, Blue, — diz ele. — Vamos encher você, baby.

Eu deslizo um pouco mais longe e novamente ela choraminga. Mas desta vez eu não paro, eu forço um pouco mais, e então eu passei pelos músculos tentando me manter para fora e estou totalmente dentro do traseiro dela.

— Oh merda, sim, — diz JD. — Porra, sim. Eu posso sentir você, cara.

Eu posso sentir ele também. O pau dele está se movendo lentamente dentro dela, mas quando eu me movo, ele joga a cabeça para trás e empurra mais profundo.

Blue geme.

Eu coloco outra mão nas costas de JD. — Devagar, cara. Se você quiser fazer isso de novo, ela precisa se divertir também.

JD se inclina para beijar Blue nos lábios. — Desculpe, — ele diz. — Desculpe. Eu vou devagar com você.

Passo pelos braços de JD e aperto os peitos dela, amassando e apertando até que ela relaxa. JD se move lentamente agora, deixando que ela se acostume com nós dois, e então minha mão desliza para baixo e começa a provocar seu clitóris.

Isso é quando ela vai à loucura.

Todo o seu corpo arqueia, sua boca está aberta, gemendo desta vez, não gritando. Suas pernas estão tremendo, tremendo de prazer e do esforço. Eu continuo e depois JD está bombeando duro, seu pau encostando no meu enquanto ele fode com ela. Seus braços se esforçam para se manter. Ele está beijando os lábios dela. Chupando o pescoço dela. Mordendo o ombro dela.

E então ela para. Tudo para. Por um momento, nós paramos.

Ela explode. Eu posso sentir seus músculos esticando quando ela goza em todo o pau de JD. Ele morde o lábio, tentando segurar para que nós dois possamos desfrutar da libertação dela antes de terminarmos e isso tem que terminar. Ela aperta duas vezes, em seguida, três vezes. Uma vez para cada um de nós, eu penso comigo mesmo, com um sorriso. E então, enquanto o prazer dela começa a se dissipar, JD bombeia com força e puxa para fora, derramando seu sêmen em toda a barriga dela.

— Sim, porra, sim, — ele sussurra enquanto beija o rosto dela. — Porra, sim.

Eu o empurro de cima dela e depois rolo Blue para que eu esteja por cima. — Mais uma vez para mim, ok? — eu pergunto a ela quando seu corpo quer desesperadamente relaxar, arqueando novamente quando meus dedos movimentam contra seu clitóris.

— Ohhh, — ela geme.

E então eu estou dentro dela. Eu vou para o ritmo da respiração arfante de JD ao meu lado. Forte e rápido no início, mas, em seguida, mais lento. Ele pega o fôlego. Blue aceita os meus movimentos e começa a me corresponder, seus quadris se movendo com os meus. Eu empurro mais e mais a cada impulso longo. E então pego o rosto dela entre as mãos e a olho nos olhos. — Pronta?

Ela fecha os olhos em resposta, mas eu a quero ver. — Abra os olhos, Blue, — eu ordeno. — E me olhe.

Ela tenta, ela realmente tenta. Mas, então, ela está gozando novamente. Não é a explosão que teve com JD dentro dela. Mas uma coisa completamente diferente. É como flutuar em um rio. É como se nós estivéssemos debaixo d'água e tudo é lento e distorcido. Nós gozamos juntos. E eu não puxo para fora como JD fez. Sua barriga ainda está lisa e pegajosa com o sêmen dele e isso desliza entre nós. Misturando nosso prazer e nosso suor.

Nós não somos três pessoas em uma cama.

Nós não somos duas pessoas encontrando nosso clímax.


Capítulo quinze

ARK

 

— Tome banho comigo, Blue, — JD diz poucos momentos depois. — Você está pegajosa, baby.

Eu estou tão cansado, eu simplesmente o ignoro. Mas então ele pega Blue e a leva em seu banheiro. Alguns momentos depois o chuveiro é ligado e eu me encontro me esforçando para ouvir o que está acontecendo.

Posso adivinhar, é claro. JD não é um cara de uma foda-por-noite. Disso eu sei. Ele vai fazer com ela de novo, e isso me irrita.

Eu saio das cobertas e atravesso o quarto e a porta aberta do banheiro. O vapor está embaçando o espelho e a porta de vidro do chuveiro, então eu não posso ver muito. Mas eu não preciso. Ela está de joelhos na frente dele.

Abro a porta do chuveiro e ambos os pares de olhos se voltam para mim. JD sorri, como se ele soubesse que eu não seria capaz de ficar longe. — Você está atrasado, mano, — diz ele, um pequeno gemido vindo de sua garganta enquanto Blue leva seu pau mais profundo em sua garganta. Mas, então, JD relaxa e volta sua atenção para mim. — Você tem que sentar lá. — ele acena com a cabeça para o banco de mosaicos no lado mais distante do chuveiro.

Eu dou de ombros e me sento no banco. — Não faz diferença para mim, — digo a ele. — Esta é a minha visão habitual de qualquer maneira. Eu observando, enquanto as meninas descartáveis chupam seu pau por dinheiro.

O sorriso de JD vacila e a garota faz uma pausa, como se para dizer algo de volta. Mas, então, JD coloca a mão sobre a cabeça dela e se abaixa, seu pau saindo da boca dela enquanto a água escorre pelas suas costas.

— O ignore, — diz ele. E então ele a beija na boca e se levanta. Ela inclina a cabeça para cima e santa merda, eu pagaria mil dólares agora para ver os olhos azuis dela olhando para mim assim. Porque eu sei o que ela está pensando. É a mesma coisa que todas elas pensam.

Ele as usa. Paga para elas chuparem ele em público. Tudo o que derrama para fora da boca dele é mentira. E elas sabem disso.

Mas ela está olhando para ele como se ele fosse seu rei.

Ele sorri para ela e ela retoma, aplacada. E então JD me olha pelo canto do olho. — Você me disse para ser bonzinho lá? — ele faz um gesto para o quarto.

Eu não lhe respondo. Ele sabe que eu fiz.

— Agora é a sua vez. Ela pode ser sua, mas ela me quer.

— Então por que estou aqui? — é uma pergunta séria. Ele poderia quebrar nossa regra e apenas ficar com ela. Ele sabe que eu não vou lutar com ele sobre isso. Não por uma menina. Isso não vai acontecer.

— Porque eu sei que você a quer. E apenas uma vez, Ark, eu gostaria de ver você fazer o que quiser.

— O que diabos isso significa?

Ele se agacha novamente para beijar Blue nos lábios. — Vamos voltar um pouco, baby. Então Ark pode assistir. — ela se levanta e vai para o meu lado enquanto ele pega o sabão.

E então eu não consigo o que quero. Eu tomo o que JD me dá. Porque os olhos dela se levantam e encontram os meus. Ela segura o meu olhar sem nenhuma malícia pela qual eu vim. Ela segura o meu olhar com confiança.

Eu olho para trás. A atenção dela está sobre mim, não em JD. Mas JD não parece se importar que ela parou, porque seus dedos estão brincando com seu clitóris, fazendo com que os olhos dela se inclinem a meio mastro. E quando ele diz, — Se masturbe, cara. Ela está esperando você começar, — eu tenho essa sensação mais uma vez.

Isso não vai acabar bem.

Mas eu estou preso no feitiço de uma menina confiante, meu melhor amigo, e um pau super duro. Eu não posso evitar. Eu começo a mover minha mão para cima e para baixo no meu eixo. Meu polegar desliza por cima do meu pau molhado e então minha mão desliza de volta para baixo em meu comprimento em cursos longos, lentos.

Algumas bombeadas com olhos de Blue em meus movimentos e eu estou morrendo. Os dedos de JD estão totalmente dentro dela agora, e ela está curvando as costas enquanto ele passa sabão nos seios dela. Ele retira os dedos e a levanta com as duas mãos na bunda dela. As pernas dela envolvem em torno dos quadris dele e ele entra nela com um impulso rápido.

Ela engasga, suas unhas cavando nos ombros dele. E então ele fica mais lento e fode com ela assim por alguns momentos. — Você gosta de duro ou lento, Blue? — pergunta ele.

— Ambos, — ela sussurra.

— Você gosta de áspero ou suave?

— Ambos.

— Você gosta de mim ou ele?

Blue abre os olhos e olha primeiramente para mim, depois de volta para ele. — Ambos.

— Por quê?

A pergunta dele para ela e eu ao mesmo tempo. — Por quê? — ela pergunta.

Ele balança a cabeça. — Por que os dois? Por que não apenas um?

Ela olha para mim, mas não posso ajudá-la. Porque eu também estou interessado. Ela leva seu olhar de volta para JD, que está transando com ela lentamente agora, apenas um moer dificilmente detectável. — Porque eu preciso estar cercada. Preciso estar preenchida em ambos os lados. Eu não posso me sentir segura, a menos que eu esteja cercada.

Eu não sei o que isso significa, mas JD deve saber, porque ele a beija nos lábios. É um longo, beijo carinhoso. Não um beijo que eu costumo ver ele dar. Se ele beija uma menina enquanto filmamos, é sempre duro e exigente.

Mas tudo sobre Blue é suave.

E JD, que normalmente não é suave, decide neste momento que ele vai ser suave com ela. Ele gosta. Eu posso ver isso.

Eu paro de me masturbar e apenas os observo.

Blue responde com um beijo longo e apaixonado. Seu corpo, que ainda está sendo sustentado apenas pelas mãos do JD sob sua bunda, se move lentamente em conjunto com seus quadris.

Eu os assisto fazer amor.

E quando JD goza dentro dela, ela não joga a cabeça para trás e grita a sua libertação. Ela descansa a cabeça em seu ombro e chora.

Me levanto e saio do chuveiro, pegando uma toalha no meu caminho. Estou prestes a sair e voltar para o meu quarto quando eles começam a conversar. Suas palavras ecoam nas paredes do banheiro.

— Isso é porque nós queremos compartilhar? — JD pergunta. Ela deve dizer não, porque JD diz, — Então o que é?

Há uns fungados e uma longa pausa. Eu ando de volta para a porta do banheiro aberta e ouço quando a pequena voz dela tenta fazer sentido das coisas. — Eu não quero que ele me odeie.

JD ri. — Querida, ele gosta de você. Não há nenhuma maneira no inferno que ele vai te odiar.

A mais alguns minutos de conversa. JD fazendo garantias. Promessas, até. E então o silêncio que diz que ela aceita que o que ele está dizendo a ela é verdade, quando a água é desligada.

Eu respiro fundo e solto minha toalha no chão. Estou praticamente seco agora de qualquer maneira. Então, eu só rastejo para a cama de JD e me jogo sobre ela, meu rosto no colchão, me forçando a deixar de lado todos os sinos de alerta que estão piscando na minha cabeça. Porque JD está certo.

Eu gosto dela.

Eu a quero e eu a vou levar de qualquer maneira que eu posso.

Alguns momentos depois, a luz do banheiro se apaga e o quarto fica escuro. Eles estão quietos quando sobem na cama ao meu lado, a pele quente da menina toca a minha quando JD a puxa para perto dele.

Ele está monopolizando ela agora, porque ele pode, e eu sinto a raiva construir novamente.

Mas, em seguida, sua mão encontra a minha no escuro e ela segura. Dando um aperto.


Capítulo dezesseis

Blue

 

A respiração de JD é como um sussurro em toda a volta do meu pescoço. Ainda permanece a maneira como um sussurro faz, e então ele está beijando minha cicatriz.

Abro os olhos. Ark está dormindo na cama ao meu lado. Seu peito está subindo e descendo no mesmo ritmo que os pequenos sopros de ar que JD está acariciando a minha pele. O cabelo escuro de Ark cai sobre um olho, o rosto dele está pressionado contra o colchão. Ele não usa um travesseiro e isso combina com ele por algum motivo - Ark deve preferir dormir sem o conforto que todos nós tomamos. Isso faz com que a linha de seu pescoço mergulhando na parte baixa das costas a deixe mais retas do que poderia estar. Um braço está arremessado para o meu lado a apenas alguns centímetros do meu, que está enfiado debaixo do meu queixo. Sua palma está voltada para baixo sobre os lençóis brancos e eu não quero nada mais do que me agarrar a ele e nunca deixar ir.

Os beijos de JD recapturam a minha atenção. — Ei, — diz ele, ao lado do meu ouvido bem baixinho. Talvez para manter Ark dormindo enquanto JD me dá um pouco de atenção.

— Ei, — eu digo de volta com o mesmo critério.

— Me desculpe, eu fiz você chorar ontem à noite.

— Você não fez, — eu insisto.

Ele não diz nada para isso. Eu não estou pronta para falar ainda, e ele não vai me empurrar. Isso é o que ele disse na noite passada depois que eu chorei. Ele não vai me empurrar para falar. E isso parece um milagre. Como é que eu encontrei duas pessoas com mais segredos do que eu, justamente no momento em que eu mais precisava?

Eu sei a resposta, mas eu me recuso a acreditar nisso. Eu não vou acreditar. Não depois de tudo o que aconteceu.

As palavras de JD param, mas suas mãos estão apenas começando a vagar. Estou toda dolorida da noite anterior a minha fuga. É sempre pior no segundo dia. É como se os deuses da punição estivessem com você no primeiro dia. Porque você começa a pensar que não era tão ruim. Você começa a pensar que você não vai esta mancando por uma semana ou lutando para respirar através das contusões em sua garganta. Ou que as feridas abertas em suas costas não irão inflamar com pus por dias antes de finalmente criar uma crosta.

Mas os deuses de punição são cruéis. Porque eles fazem esse primeiro dia suportável pelo único propósito de fazer você aguentar apenas para te levar de volta para baixo novamente no dia dois.

Meu corpo inteiro dói, mas o toque de JD é macio e suave. Ele não tenta me foder novamente. Ele nem sequer tenta me libertar. É como se ele soubesse. E ele deve ter uma ideia, se ele reconheceu a marca na parte de trás do meu pescoço.

— Você sabe o que significa? — ele pergunta, sua voz ainda é muito baixo. — Essa marca?

Concordo com a cabeça. Claro. Tudo foi explicado no primeiro dia. — Eternidade.

Sinto um longo suspiro quente nas minhas costas enquanto JD lida com isso. — Você viu alguma...

— Não.

Ele para de falar por alguns segundos. Talvez eu o tenha surpreendido. Ou talvez ele a aceite como verdade. Ou talvez ele saiba que é demais.

Ficamos em silêncio por tanto tempo depois disso, eu acho que ele quer voltar a dormir. Mas, em seguida, seus toques suaves começam de novo.

A ponta do dedo dele traçando de cima para baixo em minhas costelas proeminentes.

Sua palma escava um osso do quadril que se destaca.

Seus lábios acariciam os vergões nas minhas costas.

Cada pedaço dói. Nem todos da mesma maneira. Mas cada pedacinho dói. Os ossos me lembram de quão desnutrida eu estou. O que poderiam estes dois belos homens terem visto em mim? Como poderiam ver o meu passado nesse corpo emagrecido? Até os beijos nas minhas costas são dolorosos. Colocar uma camisa será um lembrete do que eles fizeram, não importa o quão solta ela seja.

E, em seguida, ele esfrega as mãos levemente sobre a curva da minha bunda. As mãos que me agarraram com tanta paixão na noite passada e me fizeram esquecer.

Ele sabe que estou chorando antes mesmo de eu chorar. Ele me vira para ele, me abraçando.

Mas dói. Tudo dói e eu choro mais. — Por favor, pare, — eu imploro. — Por favor, não me toque mais. — eu só quero ficar parada e esquecer. Eu não quero ser lembrada de qualquer coisa. Nem a boa. Nem a ruim. Nem nada.

JD fica ao meu lado por alguns minutos, mas, em seguida, ele apenas se levanta, se arruma e sai do quarto. Alguns momentos depois, a porta da frente bate.

Eu fecho meus olhos com alívio e retardo o choro até pequenos soluços de ar que não podem ser apressados. Eles param em seu próprio tempo e não há nada que eu possa fazer além de me permitir esquecer.

— Eu vi este macaco dourado uma vez, — Ark diz poucos minutos depois, me assustando para fora da minha solidão. — Ele escapou de seu recinto no zoológico alguns verões atrás. JD e eu estávamos apenas começando as coisas com o negócio. E estávamos filmando uma cena no zoológico. — ele para de rir. — É fodido, eu entendo. Mas não me julgue ainda, Blue. Porque eu sou um homem de muitas camadas. E eu faço as coisas por uma razão.

Viro meu corpo, estremecendo e gemendo enquanto deixo a dor assumir por um segundo. — O que isso tem a ver com um macaco?

Ele sorri para mim e seus olhos escuros amolecem por um momento. Ele é mais velho do que JD, isso é claro. Ele tem algumas linhas de preocupação ao redor dos olhos. E ele tem um olhar que me faz sentir como se ele estivesse no controle das coisas. Talvez tudo. — Eles pensaram que ele ainda estava no jardim zoológico, então eles estavam dizendo a todos os clientes para manter um olho esperto naquele dia. Como um anúncio de serviço público. Eles ficavam zanzando pra lá e pra cá e falando sobre o macaco dourado que sumiu. Eles estavam desesperados para o pegar. Se ele fosse para fora do parque, ele provavelmente iria ser atropelado por um carro em Colorado Boulevard ou pego para ser vendido como um animal de estimação.

Eu olho para ele, me perguntando se eles encontraram e venderam o macaco.

Ele sorri de novo, como ele soubesse o que eu estou pensando. — Mas ele não saiu do parque. E JD, eu, e a garota que estávamos filmando fomos os únicos a realmente encontrar o macaco dourado.

— Onde ele estava?

Seu sorriso para e sua expressão se torna triste. — Apenas sentado em uma árvore. Era hora de fechar e apesar de sermos a escória filmando uma menina chupando JD em um parque de família, pelo menos fizemos isso tarde da noite. Então, quando eu olhei para cima e vi-o, ele estava iluminado em uma daquelas lâmpadas de sódio amareladas que eles usam por toda a cidade para tentar reduzir a poluição luminosa. Por isso, era... — ele para. Como se ele estivesse pensando. Como se ele estivesse imaginando o macaco dourado agora. Vendo ele novamente. — Era como um halo em torno da cabeça dele.

— Era bonito?

— Não, Blue. O macaco estava doente, eu acho. Ele fugiu enquanto era transportado para a unidade médica e é assim que ele fugiu e o encontramos naquela árvore.

— Oh.

— Eles disseram que ela tinha câncer e que estavam levando ela para ser sacrificada, porque senti que ela estava em um monte de dor.

Minha atenção sobre sua história é extasiada. Eu não poderia olhar para longe, mesmo se eu quisesse. — O que você disse?

— O que você acha que eu disse? — seus olhos buscam os meus por um momento. E então ele respira um longo suspiro. — Eles disseram que ela não valia a pena salvar. O tratamento seria muito longo e as chances não eram boas. Era caro. — ele dá de ombros. — Então, JD e eu adotamos o macaco dourado. Nós doamos cem mil dólares para a salvar e comprar uma nova máquina que eles precisavam para... alguma coisa. Eu não sei o quê.

— Ela viveu?

— Bem, primeiro eles tinham que a pegar. Ela estava em uma árvore. Ela estava com dor. Ela não estava nada interessada em descer. Nenhuma quantidade de comida a poderia persuadir. Eles tinham uma rede e tiveram o tratador chamando por ela. Mas ela se agarrou a esse ramo no alto da árvore.

Ele olha para mim e sua expressão suaviza novamente. Eu tenho um mau pressentimento sobre esta história. — Ela morreu, não é?

— Ela desceu, mas não até o sol nascer. Ela desceu. Muito, muito lentamente. Ela estava em um monte de dor. Mas ela desceu e ela colocou suas mãozinhas de macaco em torno do braço desse tratador e... cedeu.

— Ela morreu, — eu digo, sem emoção.

— Não, Blue. Ela cedeu para nós.

Eu não posso respirar.

— Ela se deu para o que estávamos oferecendo. Ela nos deixou a ajudar. E sim, isso envolveu um monte de coisas que a faziam ficar mal e desconfortável, e, provavelmente, desejando que ela morresse. Mas ela confiou em nós para a salvar.

— E vocês? Salvaram ela?

— Ela ainda está viva hoje. Ninguém pensou que ela tinha que fazer isso. E foda-se, após a primeira noite, JD e eu estávamos nos chutando por oferecer o dinheiro. Tivemos isso, mas o dinheiro era novo para nós naquela época. Nós continuamos e as recompensas eram grandes. Mas ainda parecia um sonho. Como se não fosse real. Assim, o dinheiro significava mais antes do que agora.

— Isso significa apenas que foi um sacrifício maior para recomeçar.

Ele balança a cabeça. — Sim. Eu sei. Mas embora não seja tão arriscado ajudarmos agora, ainda é uma oferta genuína.

— Nós não estamos falando de um macaco, não é?

Ele dá de ombros.

— Você fez isso tudo, não é?

— O nome dela é Ophelia. Vou te levar para ver ela um dia.

— Por que você está me ajudando?

— Por que você precisa de ajuda?

Eu balanço a cabeça para ele.

— Bem, quando você puder admitir isso para mim, eu vou te dizer por que estamos ajudando você.

E então ele lança as cobertas e balança as pernas para fora da cama. Ele está nu, assim como eu, mas depois dessa conversa isso parece... diferente. Eu vejo ele caminhar ao redor da cama, virando meu corpo para o ver quando ele vem para o outro lado e pega suas calças. Seu pau está ereto e ele olha para mim enquanto lida com ele, o colocando dentro de sua calça jeans, mas apenas puxando o zíper até metade do caminho e deixando o botão desfeito. — Você não é o macaco nessa história, Blue. JD é.

E então ele sai do quarto, me deixando sozinha. E mesmo tendo passado cinco minutos, tudo o que eu queria era que estes dois homens estranhos me deixassem trabalhar para fora meus pensamentos conflitantes sozinha, eu me sinto só.

Um pouco mais tarde, enquanto eu trabalho minha coragem para me levantar e ir falar com o homem que me contou uma história, o homem que quer que eu conte a ele uma, a porta da frente bate novamente.

Eu acho que os desejos se tornaram realidade.


Capítulo dezessete

ARK

 

Eu paro em uma boutique no shopping e converso com a vendedora sobre algumas roupas para Blue e depois sigo para a estação de ônibus.

Ele sempre volta para a estação de ônibus. Eu não sei por que eu olho aqui primeiro quando preciso encontrar JD, mas este é o lugar onde eu acabo indo. Me sento na parede de concreto onde ele estava sentado naquela noite que eu desci do ônibus. Drogado com alguma coisa. Morrendo de fome. Conversando com uma garota que não estava lá.

JD o drogado.

Muitas pessoas têm me perguntado ao longo dos anos por que. Por que ele?

Mas por que não ele? Por que só ajudar as pessoas que são bons candidatos? Por que se preocupar em salvar o macaco morrendo quando existem tantos animais mais merecedores?

O que te faz ser mais merecedor?

A estação de ônibus está cheia porque é segunda de manhã. A maioria das pessoas está indo para o trabalho, mas este é o meu fim de semana. JD e eu trabalhamos de quinta a domingo. Se tudo corre bem na maioria das semanas fazemos filmes na quinta, sexta e sábado e, então, editamos e entregamos no domingo.

Esta semana temos meninas alinhadas para todos os três dias de filmagem. Mas isso não significa que elas vão aparecer. Eu não sei por que nós tivemos essa onda de não aparecimento ultimamente, mas está ficando velho. Eu não posso esperar para acabar com este negócio e seguir em frente.

Eu espio uma prostituta que eu conheço que sai da estação de ônibus e assobio. — Shadow! — eu aceno para ela.

Ela dá uma longa tragada em seu cigarro, deve estar se perguntando o que eu quero. Talvez me perguntando se eu vou pagar a ela para chupar JD. Mas nós não fazemos com prostitutas. Elas não podem passar nos testes de saúde.

Shadow sabe disso, então é por isso que ela hesita. Eu não a quero para o trabalho, eu a quero para outra coisa.

Ela deixa cair o cigarro e o apaga com a ponta de seus saltos de quinze centímetros, então acena de volta quando olha para os dois lados e atravessa a rua. Sua saia curta é dourada e mal cobre a bunda dela, e seu top é sem mangas e frisado com lantejoulas pretas e douradas. — Eu não o vi, — diz ela, quando pisa em cima da calçada. — Eu sei que você só vem aqui à procura de JD e eu não o vi.

Concordo com a cabeça. — Ok. Bem, obrigado por me avisar.

— Espere, querido. Eu disse que não o vi. Mas eu ouvi algo que você pode achar interessante.

Eu não me incomodo em ficar desconfiado. Shadow quer um pouco de dinheiro e sinceramente, eu teria dado a ela apenas para atravessar a rua. Então, eu vou tirar tudo o que ela quer. Eu pego um maço de notas do bolso e conto três notas de vinte. — Compre um café da manhã, Shadow. Você está muito magra.

Ela sorri e percebo que ela está sem um dente. Não o da frente, mas para o lado um pouco. — Você sempre teve essa fala mansa, Ark.

Eu coloco minhas mãos para cima como se eu fosse culpado.

— De qualquer forma, eu estava vindo de Charlie e eu ouvi alguns homens falando de você.

— Eu? — Charlie é o cafetão dela. Não é qualquer cafetão, também. É um cara que conhece o seu negócio.

Ela puxa outro cigarro e acende, dando uma longa tragada. — Uh-huh. Alguém ligou quando eu estava falando com ele. Eles lhe disseram que há uma menina desaparecida e Charlie não sabe nada sobre isso. Então Charlie disse que ia falar com JD e Ark, porque você mantém o controle das meninas da rua.

— Você sabe quem ligou para ele? — eu pergunto, fingindo desinteresse.

— Nah, — diz ela. — Charlie apenas desligou sem dizer nomes. Mas ele estava todo educado e essa merda. Assim, a minha intuição diz que era alguém mais importante do que ele.

— Ok. Bem, obrigado por isso, Shadow. Eu acho que ele vai entrar em contato comigo, se isso for importante.

Ela me pisca seu novo sorriso. — A qualquer momento, querido.

— O que aconteceu com o seu dente? — eu aponto para o dente ausente que ela está piscando, mas seu sorriso desaparece rapidamente.

— Nada. Apenas um mal entendido.

Eu sorrio para ela. — Ok, Shadow. Se cuide.

— Você também, querido. — mas ela já está andando.

Me sento na parede por um pouco mais de tempo tentando descobrir o que aquele pedaço de informação pode somar. Blue está fugindo, isso é certo. E eles eram violentos com ela. Espancamentos, tortura, talvez, possivelmente estupro. Eles têm a identidade dela. Marcaram ela como propriedade. E ela tem medo de ligar para casa.

Acrescente a namorada desaparecida de JD a mais de quatro anos atrás e isso significa alguma coisa.

Voltando nos primeiros dias, antes que o dinheiro começou a chegar, JD e eu estávamos improvisando. Levou semanas para o limpar e ele teve como duas dezenas de recaídas. Toda vez que eu o levei de volta para a reabilitação, eles me perguntaram por que eu me incomodava. E eu sempre disse a eles a mesma coisa. Porque ninguém mais o fará.

Todo mundo tem um passado. Todo mundo está fugindo de algum demônio ou de outra coisa. Todo mundo precisa de uma segunda chance. Se há uma pessoa lá fora que não tenha fodido regiamente e nunca precisou de uma segunda chance... bem, então essa pessoa não viveu ainda.

E quatro anos mais tarde, eu não me arrependo nem por um momento de todo o esforço que levou para o arrastar fora de sua depressão, seu vício e sua auto aversão e de ter entregado a ele uma oportunidade única.

Porque não importa o que JD é, ele é inteligente. E ele tomou essa chance. Ele seguiu em frente. Ele fez filmes comigo. Ele fez dinheiro comigo. Inferno, ele fez mais do que seguir em frente. Ele mudou.

Mas essa cicatriz...

Eu vi seu rosto na noite passada quando ele levantou o cabelo dela. Eu o vi olhar para mim como aquele garoto que eu encontrei tentando o seu melhor para não ter seu traseiro chutado em frente a esta parede de concreto, há quatro anos.

Ele espera respostas neste momento.

E ele espera que eu o ajude a conseguir.

Me levanto e começo a caminhar de volta para o loft e, em seguida espiono uma farmácia em frente. Eu atravesso e entro para pegar uma coisa que Blue certamente irá precisar.


Capítulo dezoito

Blue

 

Acho o meu vestido no lixo. Não que eu o usaria novamente. Parece que ele passou por um inferno. Mas teria sido bom ser perguntada se eu queria lavar ele, considerando que eu não tenho outras roupas.

Eu encontrei algo, no entanto. Blusas de frio e uma camiseta de JD no seu armário. Mas a calça teve que ser dobrada tantas vezes, que faz a camiseta de amontoar em toda a minha barriga. Quando eu olho no espelho, me faz parecer grávida e isso dói como o inferno.

Eu desenrolo o moletom e dobro, fazendo o meu caminho para a cozinha. Ainda há bagunça lá dentro de ontem à noite, então eu começo a limpar. Eu só estou fechando a máquina de lavar louça depois de a carregar quando a porta se abre e Ark entra.

Ele joga as chaves em uma pequena mesa no hall de entrada e, em seguida, tira sua jaqueta de couro. Ele está vestindo uma camisa de botão branca com as mangas arregaçadas casualmente. Há uma gravata em volta da gola, mas está solta.

Eu estreito os olhos para ele. Isso é uma questão de moda? Ou ele estava realmente vestindo uma camisa branca e gravata por motivos de negócios?

— O quê? — ele pergunta, olhando para a cozinha.

Eu balanço minha cabeça e começo a limpar os balcões. Seus sapatos são refinados, eu percebo quando tento me concentrar na bancada, eles tocam pelo chão e param logo à minha direita.

Eu levanto minha cabeça um pouco para olhar para ele. — O quê?

Ele joga um pacote no balcão. — Para você. Eu não vi nenhum controle de natalidade com você. E nós dois gozamos dentro de você. Então...

Eu olho para o pacote. — O que é isso? — quando eu olho para ele, ele está confuso. — O quê?

— É a pílula do dia seguinte. Você nunca tomou uma?

Abro a boca para falar, em seguida, fecho imediatamente e volto para a limpeza. — Obrigada. Vou tomar assim que eu terminar aqui. — Mas ele não se move. Eu espero mais alguns segundos antes de olhar para cima novamente. — O quê?

Seus olhos escuros estão apertando os olhos para mim. — Você não é a empregada.

— Eu sei. Eu estou apenas... — eu dou de ombros. — Eu só estou tentando ser útil.

— Nós não vamos te expulsar. Mesmo se você não ajudar.

— Ok, — eu digo humildemente.

— Você deve comer. E, então, voltar para a cama. Você parece...

— Abatida? — eu preencho a palavra que ele não vai dizer.

— Como se você precisasse que alguém fosse mais cuidadoso com você.

Quando eu olho para cima, desta vez, ele já está indo embora. — Eu estarei em meu escritório, se você precisar de alguma coisa. Oh— ele olha por cima do ombro do lado da porta do seu escritório. — Nós vamos sair para jantar hoje à noite.

— Quem? — eu pergunto, estupidamente, desde que eu posso descobrir isso. — O que vou vestir? — essa é uma pergunta melhor.

— Você. Eu. JD. Nós vamos sair e ter uma agradável refeição. Conversar sobre isso como pessoas civilizadas. Tenho umas encomendas para chegar. Quando chegarem, por favor, receba e entregue no meu escritório.

Ele se vira para seu escritório e entra. — Ark, — eu chamo. — E se JD não voltar?

— Eu mandei uma mensagem para ele. Então, ele vai voltar. Eu disse a ele que eu vou ficar com você se ele não vier.

E então Ark vai para dentro de seu escritório e desliza as portas fechadas.

Capítulo dezenove

ARK

 

Me sento na minha mesa olhando para suas imagens por horas.

Horas.

O relógio na parede toca os segundos antes de eu tomar este passo e eu não posso parar, mas me pergunto se é a escolha certa. Estive com este homem por quatro anos. Posso ser de outra maneira? Posso imaginar a vida depois disso? Longe deste trabalho que eu mergulhei de cabeça ao ponto de nem perceber que as coisas que faço estão erradas?

Ninguém se propõe a vender sexo. Não é algo para aspirar. É algo que acontece. Uma oportunidade, talvez. Um golpe de sorte para alguns. Um caminho a seguir para os outros.

Eu tiro proveito das meninas? Sim. Eu sei disso. Oferecemos a elas dinheiro em troca de um vídeo de dez minutos delas de joelhos em público, lambendo o pau de JD como se fosse um doce.

Mas eu sempre pensei em me afastar. Talvez o nosso dinheiro pague a elas por uma babá por mais uma semana? Ou conserte o carro delas? Ou alimente a sua família?

Talvez eu esteja ajudando a manter uma menina longe de predadores mais perigosos do que eu mesmo?

Ou não.

É muito mais provável que estou dando a elas um sabor de um dinheiro que é a porta de entrada da ruína da vida delas. As que não aparecem... essas são as meninas inteligentes. Essas são as que veem o que eu sou, e uma vez que elas tomam um pouco de ar fresco e o cheiro do dinheiro é soprado para fora delas pelo vento da realidade, elas voltam para os seus sentidos.

Vender sexo é sujo.

Vender sexo é imundo.

Vender sexo é lucrativo.

E eu gosto.

Não importa o quanto eu me odeio, eu gosto. Eu gosto de JD fazendo o que faz. Eu gosto de o ver trabalhar do meu assento no bar, minha câmera apontada em zoom. Às vezes, se tivermos sorte, essa primeira cena é ouro. Eu adiciono ao vídeo. Esses sempre têm mais acessos on-line do que aqueles que apenas têm uma garota aleatória sugando ele em um beco.

Eu gosto de ver a menina de longe quando ela percebe que o dinheiro é bom demais. A oportunidade muito fugaz. As repercussões muito distantes.

Eu amo isso. Porque estamos comprando algo que elas não querem vender, mas elas não podem recusar.

Eu sou um canalha por isso. Eu cheguei a um acordo com isso. Inferno, eu abracei isso.

Meu nome é Ark e eu compro sexo.

Mas uma menina de olhos azuis virou meu mundo de cabeça para baixo e eu nem sei como isso aconteceu.

E agora eu não poderia estar mais revoltado, e ainda assim tão encantado, que eu tenho essas imagens na tela. O que quer que eu vendi ao diabo para conseguir isso, valeu a pena. Totalmente vale a pena.

Eu olho para elas de novo, escolhendo as cinco melhores para abrir no Photoshop. Eu corto nossas cabeças primeiro, por isso estamos apenas aparecendo da cintura para baixo. Não há necessidade de proclamar ao mundo que eu sou um idiota.

Além disso, eu não quero que ela veja isto online. Não o rosto dela, de qualquer maneira. O rosto dela me pertence.

Seu corpo, embora... Vou compartilhar seu corpo. Com JD aqui no loft. Com o mundo a partir da segurança de anonimato. A partir da distância impessoal de um blog Tumblr.

Por que eu faria isso? Se eu a quero, por que eu a iria partilhar?

Eu não posso dizer não a JD. Não é possível negar isso a ele. Não agora. Não depois que ele viu a cicatriz. Não agora que ele tem esse desejo de ir à procura de novo.

Ele precisa ficar em casa. Ele precisa esquecer. Ele precisa deixar essa menina tomar o lugar da que ele perdeu.

Porque se ele não fizer isso... se ele deslizar e ir por esse caminho novamente...

Eu não posso pensar nisso agora. Não com estas imagens de nós três olhando para mim.

Blue está tristemente bonita no terraço, o corpo dela entre nós. Nossas mãos entre suas pernas.

JD está perdido em seu próprio desejo, ainda ignorante da cicatriz na parte de trás do pescoço dela que vai virar todo o seu mundo de cabeça para baixo.

E a chuva. A maquiagem riscada escorrendo pelo rosto de Blue. O vestido, os pés descalços... tudo isso diz eu preciso de ajuda.

— Eu vou te ajudar, — eu sussurro para as pessoas perdidas na tela.

Há uma batida na porta, então eu relutantemente puxo meus olhos do meu computador e redireciono para a porta. — Entre.

Blue aparece, cutucando a cabeça através das portas de correr, como se ela tivesse medo que eu poderia berrar com ela por me interromper. — Sinto muito...

— Não sinta. — eu sorrio e ela sorri de volta. — A entrega está aqui?

Ela balança a cabeça. — Sim, eles estão subindo agora. Vou dizer a eles que...

— Entre, Blue. Sente no sofá e espere por mim. — eu me levanto e caminho até a porta. Ela olha para mim como se eu pudesse virar e bater nela. Eu toco no braço dela e ela solta um suspiro. — Se sente. — com um pouco de insistência, ela faz. Ela caminha até o sofá e se senta, cruzando as mãos no colo e tentando o seu melhor para não baixar a cabeça e olhar para o chão. — Espere, — eu ordeno.

Ela balança a cabeça, e então eu saio e caminho até a porta da frente e abro quando o som do elevador chega. — Em meu escritório, por favor, — eu digo a mulher. — Do outro lado da sala de estar e através das portas de correr. Pendure no cabide.

A mulher da entrega sorri e avança para completar sua tarefa como uma profissional e, em seguida, sai, aceitando a nota de vinte dólares que eu entrego a ela com um leve aceno de cabeça quando eu fecho a porta atrás dela.

Blue ainda está sentada no sofá, assim como ela foi instruída, quando eu volto. — Suas roupas para hoje à noite, — eu digo, acenando com a mão para os sacos de roupa penduradas no cabideiro. — Vá em frente, olhe.

Me sento na borda da minha mesa, enquanto ela caminha até a prateleira e começa a descompactar o primeiro saco. Ela se vira de costas para mim e isso é quando eu vejo o sangue.

— Blue, — eu digo, caminhando até ela e a levo pelo braço. — Você está sangrando.

Ela engole em seco e olha para seus pés. — Eu sei. Sinto muito. Eles ainda estão frescos.

Eu levanto a camiseta que ela está vestindo e olho para os vergões em suas costelas. Eles não estão sangrando, não realmente. Mas eles estão escorrendo um líquido transparente e que se mistura com o pouco de sangue que escoa através de sua camisa. — Por que eu não notei que eles estavam tão ruins ontem?

— Eu estava nua ontem, — diz ela, com os olhos correndo nos meus, então caindo novamente. — Hoje eu estou vestindo roupas. Acaba esfregando e piora.

Eu levanto sua camisa sobre a cabeça. — Você não pode ir jantar esta noite. Eu não vou fazer você se sentir desconfortável só porque eu quero te levar para fora. — eu pego meu telefone e ligo para JD. O correio de voz soa, mas eu finalizo a chamada e mando uma mensagem ao invés. Eu estava esperando que este jantar o fosse tirar de tudo o que ele está fazendo, mas parece que ele ganhou.

— Vamos comer em casa, — eu digo a ela quando eu termino a mensagem. — Podemos olhar as roupas quando você estiver se sentindo melhor.

— Eu estou bem, — diz ela, colocando sua pequena mão no meu braço. — Realmente.

Eu estreito meus olhos para ela. — Bem? Por favor, não, ok? Sua pele está escorrendo sem ter batido em nada. Você tem hematomas por todas suas costelas. Eu te achei com os pés descalços e vestindo um vestido de verão na chuva na manhã de ontem. Você não está bem.

— Eu sei o que vocês querem e eu não posso dar a vocês. Eu não tenho as respostas que JD está procurando e, mesmo se eu tivesse, eu não seria capaz de dizer a ele.

— Por quê?

— Porque eles são ruins, pessoas más, Ark. E eu posso tomar o que eles me deram, mas eu não posso lutar de volta.


Capítulo vinte

Blue

 

— Claro que você pode, — diz ele em tom profissional que ele teve durante todo o dia. Ontem, ele parecia um idiota que mantém um site pornô. Hoje, ele parece ser um profissional que dirige uma empresa de milhões de dólares.

Eu não entendi.

— Eu entendo que você está com medo, mas estamos aqui.

Eu apenas balanço minha cabeça. — Você não entende. Eu não sei o suficiente para lhe dar a informação que você precisa. Eu só sei o suficiente para me permitir alertar vocês a se desfazer das evidências antes que qualquer coisa possa ser feita.

— Evidências, — ele repete. — Essa é uma palavra interessante.

Eu cruzo meus braços sobre meu peito nu. Não por pudor ou vergonha, mas porque estou arrepiada.

É triste que eu esteja mais confortável nua do que vestida?

Ele pega um cobertor grande das costas da cadeira do escritório e coloca sobre meus ombros. Eu estremeço quando o tecido macio toca meus machucados. — Venha aqui, — diz ele, tomando o meu braço. Ele me leva até o sofá e se senta, me batendo em seu colo. — Se deite em meu colo, virada para baixo.

Faço o que ele me disse, ainda abraçando o cobertor em torno de mim. Uma vez que eu estou deitada ele o levanta suavemente de cima de mim e o coloca sobre minhas pernas.

Quando as pontas dos dedos deles tocam minhas costelas, eu tenho que segurar um soluço. Não por causa dos meus cortes, mas porque as pontas dos seus dedos são tão leves e suaves, é quase mais doloroso do que se ele fosse áspero.

— Shhh, — diz ele. — Tente se divertir. Tente relaxar. Feche os olhos.

Eu inspiro profundamente e quando eu deixo sair, eu relaxo meus ombros e deixo o peso do meu corpo se estabelecer em seu colo.

Ele traça padrões na minha pele. Pequenos círculos ao redor de cada uma das cicatrizes. As estrelas. E, em seguida, uma linha longa e lenta na minha espinha que mergulha abaixo do cós da blusa que estou usando. Isso envia um frio abaixo todo o meu corpo e, de repente, eu estou desejando mais do que ele está me dando.

— Mmmm, — eu gemo. — É tão bom. — ele não diz nada, mas sua mão sai da referida área e começa a brincar com o meu cabelo. Meu sexo começa a pulsar quando o desejo por prazer assume. Eu odeio que os homens podem me fazer sentir desse jeito. Eu odeio que mesmo o bastardo mais vil pode me estimular e me faz querer mais. Mas eu não odeio que Ark pode fazer isso. Eu não odeio nada sobre ele. Eu quero mais dele.

A porta da frente se abre e fecha e alguns segundos depois JD está no limiar de escritório. — O que está acontecendo aqui? — diz, como se ele não tivesse sumido durante todo o dia. Quando eu olho para ele, ele sorri. É quente e genuíno pelo que eu posso dizer. E então ele vacila quando ele percebe minhas costas.

— Me dê à câmera, JD, — Ark pede, com calma. JD dá poucos passos até a mesa e desvincula a câmera do computador e traz de volta. — Vamos filmar isto, — diz Ark, ligando a câmera e ela faz um zumbido.

— Por quê? — eu sussurro quando JD levanta as pernas e toma um assento no sofá. Agora eu estou em ambos os seus colos. Os dedos de JD imediatamente vagam entre as minhas pernas, me dando o prazer que Ark me negou alguns segundos antes.

— Eu os quero, — é tudo que Ark diz em resposta.

Mas eu já fui. Eu passei a ideia de que as imagens das marcas serão vendidas para idiotas sádicos que gostam de dor e sexo.

Pessoas como eu.

Porque eu gosto de dor e sexo. Eu anseio isso. Eu quero tanto isso.

Os dedos de JD escorregam para dentro de mim quando Ark se levanta e caminha para fora. Não íamos ter uma conversa sobre esse... arranjo?

O pau de JD cresce debaixo das minhas pernas. Eu me contorço um pouco e coloco minha boca sobre a sua espessura, o lambendo através de seu jeans.

— Você é um tesão, sabia?

— Ela está com problemas, JD, — Ark diz quando ele volta.

Eu estou. Porque eu estou perdida na neblina da luxúria. E quando Ark se ajoelha no chão e começa a limpar meus machucados, a agonia de seu toque, misturado com os dedos de JD provocando o feixe de nervos entre as minhas pernas, me manda direto para aquele lugar entre o prazer e a dor.

Eu paro de sentir.

Toda a vergonha e medo vão embora.

Eu me entrego a esses homens enquanto eles me provocam. Um na tentativa de obter prazer enquanto o outro inconscientemente traz a dor.

E quando eu gozo, eu choro novamente. Eu me inclino sobre o peito de JD e soluço enquanto Ark passa pomada sobre as feridas abertas que parecem como se elas nunca terão tempo suficiente para se curar antes de chegar o próximo.


Capítulo Vinte e Um

ARK

 

— Ela está dormindo, — eu digo, colocando a pomada à distância. — E honestamente, JD, eu acho que ela precisa ir. Precisamos levar ela a polícia.

— O que diabos você está falando? — JD olha para mim quando eu ajoelho no chão tentando examinar esta garota. — Nós não vamos levá-la para a polícia. Se ela quisesse ir, é onde ela estaria.

— Nós não a podemos manter assim. Alguém andou abusando dela. A estuprou, JD. Fez dela uma prisioneira. Ela fugiu.

— Sim, e nós a encontramos. Ela colocou a sua confiança em nós. Nós não vamos entregar ela à polícia.

— A família dela.

— Foda-se a família dela. Ela está aqui, Ark. E enquanto ela quiser ficar, ela pode. — e então ele se levanta, embalando ela em seus braços, e caminha em direção à porta.

— Onde diabos você está indo?

— Eu vou colocar ela de volta na minha cama. Onde ela pertence. Se você não estiver interessado, tudo bem por mim. Mas eu estou.

Levanto-me e caminho de volta para a minha mesa e tomo um assento. Por que eu estou tão relutante com essa garota?

Porque isso te faz lembrar quem você é, minha mente está gritando.

E faz. Tudo nela me faz lembrar quem eu sou. Por que eu estou fazendo tudo isso e o que eu passei os últimos quatro anos construindo.

Volto para o Photoshop com as minhas imagens quando ouço os sons de JD indo pelo corredor. Depois não ouço nada. Ele nunca mais volta. Portanto, nada está resolvido. Na verdade, as coisas estão menos resolvidas agora do que estavam esta manhã quando ele saiu.

Eu não tenho nenhuma ideia de quem é essa garota. Eu não tenho ideia do que vou fazer sobre isso. Eu não sei se eu quero chutar o traseiro de JD e trancar essa menina no meu próprio quarto, ou chutar a bola e fingir que todo o meu mundo não está prestes a virar de cabeça para baixo.

Me sento lá por um longo tempo, apenas olhando para as fotos. Eu espero JD voltar para que possamos resolver isso, mas ele nunca faz. Eu espero meus sentimentos por essa garota se manifestarem para que eu possa chegar a um acordo, mas eles não o fazem. Então, eventualmente, eu vou para a cozinha e faço um sanduíche, depois como sentado no sofá olhando para a TV.

Finalmente eu tenho que aceitar o óbvio.

Eles não precisam que eu compreenda a angústia do outro. Eles não precisam que eu coloque a tristeza para longe. Eles não precisam que eu dê a eles permissão para se abusarem na dor.

Porque eles têm um ao outro.

E eu não tenho ninguém.

Eventualmente, eu faço o meu caminho para o meu quarto, escorrego para fora da minha roupa, e caio na cama sozinho.

Mas o sono me escapa. Perguntas passam por minha cabeça por horas. Perguntas e arrependimentos. A raiva por ter sido descartado. Frustração por ter sido confundido.

Eu finalmente me levanto e faço o meu caminho para o escritório para pegar a minha câmera, e então eu ando pelo corredor até o quarto de JD. A porta está destrancada e entreaberta. Ao contrário do que costumava antes desta garota aparecer. A luz de cabeceira ainda está ligada, inundando eles em uma luz nebulosa. Blue está descoberta do peito para cima e JD está sem roupa. A perna dele está jogada sobre a coxa dela em um gesto possessivo que me deixa com ciúmes. E sua mão repousa sobre a perna dela, pouco mais acima de seu quadril.

Ele está duro para ela, mesmo durante o sono.

Eu ajusto o tempo do obturador para a luz baixa e começo a filmar.

JD se mexe com o clique da câmera, e então seus olhos abrem.

Eu não tinha certeza de como ele reagiria, mas eu não estava contando com esse sorriso. — Já era hora de vir, imbecil. — e então ele se vira e a abraça. Muito devagar, porque ela choraminga em seu sono quando ele toca suas feridas.

Mas então, como se fosse uma segunda natureza, ele desliza a mão debaixo das cobertas e começa a brincar com ela. Os gemidos assumem um novo tom. Um de prazer.

— Largue essa fodida câmera e venha para cama, Ark. Você sabe que você quer.

Ele levanta o lençol, revelando o fato de que ele tem dois dedos dentro dela.

Não há nenhuma maneira que eu vou largar esta câmera.

— Você sempre gosta de assistir, — diz JD, sobre o assunto com naturalidade. — Nunca quer participar. Só observar e registrar. Mas me ouça, irmão. — JD para o que está fazendo com Blue e olha diretamente em minha câmera. — Você a vai perder se você não ceder.

— Ceder a quê?

— Nós. Os três de nós, Ark. É assim que está destinado a ser. Você sabia disso no minuto em que a encontramos.

— Eu a encontrei.

— Nós a encontramos, imbecil. Um segundo de vantagem não te dá o direito de a chamar de sua. Porque ela é nossa, Ark. Então você tem duas escolhas. Subir nessa cama e ser parte dela. Ou pegar a câmera e dar o fora do nosso quarto.

— Você está escolhendo ela acima de mim, é assim?

— Eu estou convidando você. Se você disser não, não me culpe.

— E se eu não quiser partilhar ela? E se eu a quiser só para mim?

Ele dá de ombros. — Tarde demais. Ela é nossa. Ela quer ser nossa. Ela me quer e quer você. Lide com isso ou não. Mas isso não vai mudar.

— Eu não quero dormir com você, JD.

— Ah é? — ele ri. — Bem, já que você está em pé no meu quarto nu, com o pau duro, e segurando uma câmera tirando fotos sujas de Blue e minhas, eu vou ter que te chamar de mentiroso.

— Eu a quero, não você. — eu tiro uma foto dele quando ele beija Blue na cabeça e ela se aconchega em seu peito.

— Basta vir para a cama, imbecil. Estou cansado. — e então ele apaga a luz.

Eu saio pela porta e volto para o meu quarto. Meu pau está tão duro quando eu deito sozinho na minha própria cama.

Foda-se.

Eu não vou ter um relacionamento ménage com meu melhor amigo e esta menina.

Foda-se. Isso.


Capítulo Vinte e dois

Blue

 

— Blue, — JD sussurra em meu ouvido.

— Hmmm, — eu digo, relaxada, nua e apreciando a forma como ele torce meu mamilo enquanto beija meu pescoço. Estendo a mão para seu pau e pego um punhado de denim. — Você já está vestido? — será que está claro do lado de fora? Abro os olhos. Não está.

— Eu tenho que ir. Volto hoje à noite. — e então, antes que eu possa reunir os meus sentidos, ele se foi.

A frieza de estar sozinha passa sobre mim imediatamente. Eu balanço meus pés para fora da cama, assim quando a porta da frente se fecha. E mesmo correndo rápido com os meus pés batendo no chão de concreto duro, quando eu abro a porta para ver se ele está esperando o elevador, vejo mais vazio.

Eu fecho de volta e fico lá, minhas costas pressionadas contra a porta, meus pensamentos correndo.

Eu estou sozinha? Eu odeio ficar sozinha. Eu não posso tolerar mais. Não depois de estar constantemente na companhia de outras pessoas pelo último ano e meio.

Ark, diz minha mente. Vá encontrar Ark.

Mas eu ouvi a conversa de ontem à noite quando eles pensaram que eu estava dormindo. JD estendeu um convite e Ark recusou.

Eu tento de qualquer maneira. Ele disse que me queria, então talvez se JD não está aqui, ele vai me deixar ficar em sua cama.

Eu vou na ponta dos pés pelo corredor oposto a que leva ao quarto de JD e paro na porta de Ark. Está entreaberta, que é o mesmo convite que JD deixou ontem à noite.

Eu abro e entro. Meu corpo nu já está tremendo de frio, o meu sexo pulsando com a necessidade de liberação.

Ark está nu e descoberto.

Eu vou até o lado vazio da cama e me ajoelho no colchão, esperando para ver se ele acorda. Mas ele ainda está dormindo. Então eu escorrego ao lado dele e fecho os olhos. Só isso é suficiente para me aquecer de novo. Só o fato de que ele está a poucos centímetros de mim é o suficiente para colocar um amortecedor sobre minha frustração sexual e me acalmar.

Eu posso esperar por ele, eu digo a mim mesma. Eu posso esperar para ele me querer. Meus dedos deslizam para baixo entre as minhas pernas e deslizo pela minha fenda onde a umidade da minha excitação está esperando.

— Eu estou acordado, você sabe, — Ark diz ao meu lado. — E se você acha que pode chegar entre a gente e conseguir o que deseja um de cada vez, você está errada. — ele se vira para olhar para mim. — Eu sou um idiota possessivo.

Eu procuro um humor nele, mas ele está falando sério.

— Então, se você quiser ser fodida por mim e por ele, você vai esperar um longo tempo.

— Você já fez isso uma vez, — eu o lembro. — Qual é o problema?

— Número um, eu não quero compartilhar. E nem você.

— Estou aqui.

— Não foi isso que eu quis dizer.

Eu procuro seus olhos escuros por um momento até que a realização me bate. — Você quer informações sobre mim.

— E você parece ser uma viciada em sexo.

— Então...

— Então?

— Então você vai ceder se eu fizer isso.

— O que você vai me dar? — pergunta ele.

Eu bufo um longo suspiro. Por que ele não apenas pega o que eu já estou oferecendo?

— Eu vou deixar bem claro, então. Eu quero saber de onde você veio. Quem estava com você no dia que você fugiu?

Eu mordo meu lábio e peso o quanto posso dizer.

— Vamos jogar um jogo, Blue.

Eu olho para ele, confusa. Que tipo de homem recusa uma menina nua em sua cama? E ele não é gay, ele deixou bem claro que ele não estava interessado em JD.

— Vinte Perguntas11. Já jogou esse jogo?

— Claro.

— Vamos jogar agora. Pense no seu primeiro beijo. Imagine isso na sua cabeça. Imagine onde foi, com quem foi, e como foi. Agora me diga sobre isso.

— Isso não é como você joga o jogo. Penso em algo e você adivinha, fazendo perguntas. Você ganha vinte no total. É por isso que ele é chamado Vinte Perguntas.

Ele está balançando a cabeça o tempo todo que eu estou falando. — Não, desculpe. O jogo que estamos jogando, também chamado de vinte perguntas, é interpretado por eu te fazer vinte perguntas e você me dar respostas verdadeiras.

Eu rio dele. — Isso é estúpido. Não é um jogo, é um interrogatório.

Ele dá de ombros. — Talvez seja, mas vamos jogar de qualquer maneira. Primeira pergunta, qual foi o seu primeiro beijo e como foi?

Abro a boca para protestar, mas seu dedo está de repente, traçando meus lábios. Meu coração bate mais rápido ao seu toque. Deus, eu preciso dele. E então ele desliza para dentro e por meus lábios envolvendo-o automaticamente.

O latejar entre as minhas pernas está de volta e eu estou prestes a começar a me masturbar quando ele retira o seu dedo e arrasta-o sobre meu queixo, meu pescoço, e então passa pelos meus peitos até que ele para no meu mamilo.

Ele aperta muito duro e eu arqueio minhas costas um pouco.

— Você fala, eu vou tiro.

Eu olho nos olhos dele para ver do que se trata, mas ele é estoico. Por que ele é tão fechado? — Por que você quer saber essas coisas?

— Porque nós vamos começar desde o início, Blue. Enquanto você continuar falando, eu vou continuar tocando. E se a sua história soar verdadeira, se você me disser coisas reais, eu vou te dar o que você quer.

Eu engulo em seco novamente. — Como é que você sabe o que eu quero?

— Eu vendo sexo, Blue. Sou capaz de reconhecer um masoquista quando eu encontro um.

— Eu não sou.

— Você é. — ele diz isso definitivamente, como se ele soubesse que isso é verdade. — Talvez você esteja apenas percebendo agora. Talvez você já soubesse disso há muito tempo. Mas eu estou dizendo o óbvio. E eu vou em frente e te dar um pequeno aviso sobre JD. Ele é muito melhor em servir do que você poderia esperar.

— O que é que isso quer dizer?

— Isso significa que ele pode se deixar levar.

— Mas não você, certo? — eu olho para ele. — Não Ark, o homem no controle, certo?

— Não eu. Você me descreveu perfeitamente. O homem no controle.

Deixo escapar um longo suspiro e me afasto dele. — Eu quero mais do que uma libertação. Se eu te contar coisas verdadeiras sobre o meu passado, então eu quero que você seja realmente parte disso.

— Parte disso? — ele ri. — Você está em minha casa. Você está fugindo. Você quer que eu e meu melhor amigo demos a você o que você precisa. — eu começo a protestar, mas sua mão agarra a minha boca. — Shh, — ele comanda. — Você quer mais do que sexo, eu entendo. Você quer proteção. Você quer um lugar para se esconder. Você quer um lugar para descontrair e entender o que aconteceu com você. Talvez você queira aliados? — ele para, para assistir meu rosto após essa declaração. — E nós estamos dispostos. JD pode deixar isso pra lá, mas eu não. JD não sabe o que é bom para ele. Eu sei. Então, eu vou tomar o controle da situação e colocar as coisas na ordem certa agora. Você não tem ideia de quem ele é. Você não tem ideia do que ele faz quando ele sai daqui.

Eu empurro a mão de Ark da minha boca. — E nem você, pelo jeito. Você não sabia onde JD estava ontem.

— Você está certa, — Ark responde. — Eu não sabia onde JD estava. Mas eu certamente sabia o que ele estava fazendo.

O silêncio paira lá por alguns momentos.

— E você não tem ideia no que você entrou aqui com a gente, Blue. Nenhuma ideia.

— Então me diga.

— Oh, — ele ri. — Agora você quer respostas e sexo. Bem, isso vai te custar um pouco mais do que você tem agora. Então, vamos nos ater apenas ao sexo.

Me sento, pronta para fugir de volta para o quarto de JD e ficar longe deste idiota, mas ele agarra meu peito e aperta. Eu caio de volta contra o travesseiro e gemo.

E então, só para provar que ele tem o que eu preciso, ele me vira, deixa a minha bunda nua, e me dá um tapa duro, do outro lado das contusões que sobraram de alguns dias antes.

Eu choro por isso, mas mesmo tendo vergonha de admitir, meu clitóris está implorando por mais.


Capítulo Vinte e três

ARK

 

— Comece a falar. Seu primeiro beijo aconteceu quando você tinha quantos anos?

Ela está dentro, eu posso dizer. Ela pode me odiar agora, mas ela está dentro. Ela precisa de uma liberação e, por algum motivo, ela quer isso de mim.

— Blue, — eu digo.

Ela vira aqueles olhos para mim e pisca. — Dezessete.

Meu riso nos surpreende dois. — O que é isso? Você era religiosa? Os seus anos de adolescência consistiam em anéis de promessa e grupo de jovens?

— Não, — ela rosna. — Eu era apenas exigente.

— Mas agora você não é?

— Quem disse que eu não sou?

— Você está vivendo com dois estranhos tentando negociar com você, usando sexo como forma de pagamento.

— JD não quer sexo como forma de pagamento. Você quer. E você me entendeu errado de qualquer maneira. Não é só sexo.

— Então, o que mais?

Ela vira seu corpo em minha direção ligeiramente. Suas mãos estão dobradas debaixo do travesseiro e seu olhar tão inocente. Se eu não soubesse, eu acharia que ela está apenas perdida e confusa. Mas eu estive em torno de uma garota perdida. Eu já estive em torno de uma menina abusada, também. Trabalhamos com todos os tipos de meninas, e me deixe te dizer, nenhuma delas está em um bom lugar. Você não chupa pau por o dinheiro se você está em um bom lugar.

Não. Blue não é como aquelas meninas. Eu não posso colocar o dedo nisso, mas tem algo muito familiar nela.

— Eu não sou viciada em sexo. E eu não gosto de dor. Eu apenas gosto... um pouco áspero.

— É assim que você conseguiu essa surra na bunda? — é um golpe baixo, e sua expressão suave fica imediatamente dura novamente. — É por isso que o seu corpo está tão surrado agora que você não pode sequer colocar uma roupa?

— Eu não vou falar sobre isso. Você perguntou sobre o meu primeiro beijo.

— Então fale. Onde foi?

— No banco de trás do carro de Jimmy Laslos.

— Você estava voltando para casa com o grupo de jovens? — eu não sorrio, mas ela percebe o sarcasmo.

— Não. Eu te disse que não foi por isso que eu esperei tanto tempo.

— Então por que você esperou?

— Minha melhor amiga era... um mau exemplo. As coisas que ela fazia me assustaram então eu estava com medo de seguir os passos dela.

— Hmm, — eu digo, olhando para ela de perto para ter certeza de que ela não está mentindo.

— Mas Jimmy L, ele era muito bonito. E o meu pai gostava dele. E ele não era um jogador, como a maioria dos meninos da minha escola. Ele era leal. E doce.

— Então o que você viu nele?

Ela ri disso. — Você acha que eu gosto dos maus?

— Você gosta de JD. Ele é tão mau quanto.

— Você é o melhor amigo dele. Então, o que isso diz sobre você?

— Eu sou muito pior do que ele, não é nem mesmo justo nos comparar.

Ela bufa um suspiro com essa admissão. — Você está tentando me assustar falando mal de si mesmo.

— Jimmy L beijava bem?

— Sim. — ela diz isso com um sorriso e eu sei que é verdade. Ela gostava dele.

— Então por que vocês se separaram?

— Nós não nos separamos.

— O quê?

De repente, seu comportamento muda e seu sorriso vacila. Ela se vira de costas para mim. — Eu estou cansada de jogar.

— Você não respondeu a todas as vinte perguntas, então não acabou.

— Não quero mais. — e então ela se senta como se fosse sair da cama.

— Ei, — eu digo, agarrando ela pelo braço e a puxando de volta para o colchão. — Você vai ficar aqui e você vai responder a essa pergunta.

Ela fecha os olhos e me ignora.

— Eu vou fazer assim. Vou te deixar sair com apenas sete perguntas se você me dizer o que aconteceu com você e Jimmy.

— Por que você quer saber isso? — ela vira a cabeça para mim, me dando um olhar de soslaio. — Assim, você pode tirar sarro de mim? Assim, você pode usar isso para me controlar? Por quê?

— Assim eu posso começar a entender você.

— Não há nenhum mistério para resolver, Ark. Eu sou apenas... — ela solta um longo suspiro de ar. — Eu sou apenas...

Ela não termina. E eu não vou empurrar. Eu tenho um suficiente bom começo. — Venha aqui, — eu digo, deslizando minha mão por baixo de sua cintura e a puxando para o meu peito. — Você ganhou essa, pelo menos. Eu não vou bater em você para te fazer gozar, mas eu vou te manter aquecida. — ela está quieta e ainda em meus braços. Eu conto os segundos e enquanto eles passam, eu começo a me arrepender de erguer o passado dela. — Está bom o suficiente para você?

— Ele morreu.

Porra.

— Isso é o que aconteceu com a gente. Ele morreu de alguma doença estranha no sangue. Eu nem tenho certeza do que era. Algo raro que poderia ser corrigido se tivessem tratado ele a tempo. Mas eles não fizeram. Nós estávamos nas férias de primavera no nosso último ano. Nós tivemos essa obrigação de serviço público para a graduação, por isso, fomos nesta pequena cidade do Arkansas sem hospital. E no momento em que percebemos que ele precisava de um quarto de emergência, era tarde demais. Ele morreu na ambulância a caminho. Eu estava segurando a mão dele quando aconteceu.

Eu espero por suas lágrimas, mas elas não vêm. Ela chorou duas vezes quando JD e eu a pegamos. Mas admitir que seu primeiro namorado morreu segurando à mão dela não a afeta.

Por quê? Eu preciso saber. Eu preciso saber o que ela está pensando.

Ela tenta se levantar, mas eu a abraço forte e ela desiste, se recostando contra o meu peito. Conto sua respiração e está calma e profunda.

Isso foi uma mentira?

Eu não penso assim. Não, não é por isso que ela está calma. Não é por isso que não há lágrimas. Ela só estava desligada. Ela é uma boa mentirosa, mas não é para mim que ela está mentindo. É para ela mesma.

— Você pode me fazer uma pergunta, — eu sussurro. — Se você quiser.

Ela fica em silêncio por tanto tempo que eu tomo isso como desinteresse. E eu estou prestes a fechar os olhos e tentar voltar a dormir quando finalmente vem.

— Quem é a pessoa que você mais ama neste mundo?

— Isso é fácil, — eu digo a ela. — JD.

— Por quê? — ela vira o corpo para que ela possa olhar para mim. — Por que você o ama, se ele é um cara mau?

Eu dou de ombros. — Porque você tem que amar alguém.

— E ele estava lá?

— Sim, ele estava lá.

— Mas agora ele mais do que estava apenas lá.

— Agora ele é a única pessoa neste mundo que eu posso confiar. Ele é a única pessoa neste mundo que vale a pena salvar quando a merda vai para baixo. Ele é a única pessoa neste mundo que não vai me foder.

— Como você sabe disso, embora? Como você sabe que ele não vai?

— Porque ele me ama.

— Mas você não é gay?

— Blue, por favor. Não é o mesmo tipo de amor.

— Talvez seja. Mas você pode tentar.

— Tentar o quê?

— Tentar nos amar juntos.

— Por que você precisa de dois homens? — pergunto. — Por que ele não é o suficiente?

— Eu te disse. Eu não me sinto segura, a menos que eu esteja cercada.

Dou a ela um pequeno aperto. — Meus braços não são o suficiente para você se sentir cercada?

Ela não diz nada depois disso. E não é que ela não pode pensar em sua resposta, é só porque ela não tem resposta. Ela não sabe por que ela precisa de nós dois. JD não sabe por que ele quer que eu a compartilhe. Eu não sei por que eu estou recusando.

Principalmente eu acho, é porque ela é minha, de qualquer maneira. Ela era minha no momento em que a vi.

— Eu sei onde JD foi ontem. Onde ele está indo hoje, também.

Ela não responde. Talvez ela esteja dormindo.

— E não é bom, Blue. Eu vou compartilhar com você se é isso que você quer. Mas só porque JD nunca será capaz de te dar o que você precisa.

— Como você sabe o que eu preciso?

— Você já me disse. Você precisa de Jimmy Laszlio.

— É Laslos, não Laszlio. E ele está morto. Então, se ele é o que eu preciso, eu estou bem fodida.

— Não é o Jimmy Laslos, Blue. Mas um cara como ele.

Ela pensa sobre isso por um momento. Séria, cuidadosamente considerando. — Um cara que é o completo oposto de você e JD.

— Sim. Vamos te foder mais ainda se você ficar por aqui.

— Bem, então estou ansiosa para isso. Uma pessoa nunca pode ser fodida o suficiente no meu livro. Ser fodida é a única coisa que eu posso levar no momento.

Eu deixo isso como a última palavra sobre o assunto. O que me importa, afinal? Eu a tenho na minha cama. Nua. Eu tenho meus braços em torno dela. Eu a tenho admitindo algo pessoal. E quando o sol aparecer em poucas horas, eu vou tirar fotos suficientes desta menina para passar uma vida de solidão e tristeza.


Capítulo Vinte e quatro

Blue

 

A banheira enche lentamente com a água e a cada polegada subindo, a tristeza toma conta. Talvez seja apenas uma reação atrasada para o choque do tapa. Ou talvez seja a percepção de que eu deixei. Mas eu não penso assim.

Eu acho que a tristeza vem de perder a esperança. De desistir. De se render. Tristeza se alimenta da realidade, aquele momento em que você percebe que você não pode ganhar, nem a guerra, nem a batalha, nem mesmo uma briga de esquina.

Estou desistindo?

Os passos da Ark são suaves enquanto ele atravessa o quarto. Posso vê-lo com o canto do meu olho quando ele entra no banheiro. — O que você está fazendo?

Eu estou tomando um banho. Mas isso não é o que ele quer dizer e eu sei disso.

— Você não acha que você deve ir procurá-lo? — eu olho para Ark. Ele é alto e está nu. Seu pau longo está semiduro, pendurado entre as pernas. Seu peito é musculoso de uma forma que me diz que ele malha. E seu rosto...

O rosto de Ark é material para você se masturbar. Sua barba de dois dias é quente em uma forma de estrela de cinema. Seus cabelos escuros e olhos escuros não dizem perigoso, dizem sexy.

Ele é um dos homens mais bonitos que eu já vi. Ele é o oposto de JD. E isso não é dizer que JD é feio. De modo nenhum. JD é encantador. E bonito. E quente. De todas as maneiras que Ark não é.

Eles são como noite e dia. Trevas e luz. Talvez até mesmo o bem e o mal.

— Ele vai voltar para casa na quinta-feira, com certeza. — Ark entra na banheira, empurrando meu corpo, então eu me inclino para frente e ele desliza para dentro da água atrás de mim. — Ele não vai faltar ao trabalho.

Quem é esse homem?

Como cheguei de onde eu estava para onde estou?

Por que eu sempre tenho que me fazer esta pergunta?

— Você gostava da escola, Blue?

— Você está fora das perguntas. Você me deve, eu não te devo.

Sua risada faz seu peito se mexer debaixo das minhas costas. — Você está certa. Eu te devo. Mas nós temos o dia todo, então vamos apenas falar por enquanto. Colegial. Sim ou não?

Deixo escapar um longo suspiro e tento aproveitar a intimidade que ele está oferecendo. Eu não recebo um monte de ofertas. — Sim, eu gostava da escola.

— Você era inteligente? Queria tirar boas notas?

— Sim.

— E o que você queria ser quando crescesse?

E aí está. Ele é muito bom nisso, eu tenho que lhe dar crédito por isso. Ele está fazendo perguntas sobre o passado distante para que ele possa tirar conclusões sobre o presente.

— Não é uma pergunta difícil.

— O que você queria ser? — eu pergunto, não querendo ser uma cadela e jogar isso de volta em seu rosto, mas porque eu estou interessada. — Rei do Public Fuck era algo que você aspirava?

— Acredite ou não, eu queria ser um soldado. Um SEAL da Marinha.

— Hmmm. Difícil. É como eu dizendo que queria ser uma escritora. — eu olho por cima do meu ombro um pouco para que eu possa dar uma espiada em seu rosto. Mas ele me surpreende em apoiar o queixo arranhado no meu ombro, tornando o momento ainda mais íntimo do que era.

— Huh. Eu não vejo a conexão.

Eu rolo meus olhos, embora ele não possa vê-los. — É um sonho que as pessoas têm. A realidade é tanta merda.

— Porque é difícil chegar até a linha de chegada?

— Você é um SEAL da Marinha?

— Você é uma escritora?

— Não, esse é o meu ponto. É apenas um sonho.

— Você nem escreve? — suas mãos deslizam para cima na minha frente e em meus seios. Ele lhes aperta com força e o pulsar familiar começa entre as minhas pernas. Merda, esse cara é bom. Sempre tem o seu olho no prêmio. E como diabos sexo com ele se tornou um prazer que eu desejo, em vez do contrário? Como ele fez isso? Me faz me querer ele tão completamente?

— Blue?

Deixo escapar um longo suspiro, na esperança de acalmar a tempestade crescendo dentro de mim. Mas o calor da água, o calor de seu corpo e o calor do meu próprio desejo é tudo que eu posso pensar. Então, ao invés de fugir, e porque eu quero que ele me foda, e neste momento eu percebo que ele sabia que me negar à noite passada me faria ainda mais suscetível esta manhã... eu lhe respondo com a verdade. — Eu escrevo.

— Mmm, — diz ele, com as mãos esfregando o interior das minhas coxas. Eles mergulham tão baixo que eu posso sentir o redemoinho de água em torno de meu clitóris.

Isto me faz suspirar um pouco, e por uma fração de segundo, estou envergonhada. Mas, em seguida, os pequenos redemoinhos de água estão de volta e isso é tudo o que posso pensar.

— Me foda, — eu sussurro.

— O que você escreve, Blue? — ele pergunta como um homem no controle.

— Histórias, — eu digo, como uma mulher à beira da loucura de frustração sexual.

— Onde eu posso ler uma?

— Me foda.

— Se eu te foder, você vai me deixar ler uma?

Eu me viro na banheira e o olho nos olhos. Eles sabem. Eles sabem que eu sou sua. — Me foda com você foderia sua esposa na noite de núpcias.

— E você vai me dar uma história?

Concordo com a cabeça. — Eu prometo. — a resposta sai como um sussurro.

Ele se inclina e me beija. Ele pega meu rosto e eu viro para ele ainda mais. Minha perna bate em sua ereção e isso o fazer reivindicar minha boca mais duro. Sua língua empurra para dentro, procurando. Como se ele estivesse procurando a verdade e que só pode ser encontrada por nos entrelaçados juntos.

E então ele se levanta, seus braços fortes em volta de mim, me levando com ele. E ele me levanta para fora da banheira e me leva do banheiro. O tempo todo estamos conectados pelo nosso beijo. Meus joelhos atingem a traseira da cama e eu tropeço para trás.

Mas, em seguida, suas mãos me pegam e eu termino a minha queda para a cama em seus braços. Puxo ele mais perto de mim. Eu preciso sentir sua pele contra a minha pele, seu peito contra os meus seios, a nossa respiração até chegar a uma onda de ascensão e queda enquanto nós olhamos nos olhos um do outro.

— Quem é você? — pergunto.

— Eu vou te dizer quando você me disser.

E isso termina aí. Porque nós dois sabemos que não somos aquilo que dizemos que somos. Ele não pode ser esse homem que tira proveito das mulheres nas ruas e coloca seus corpos na internet. Ele só não pode.

E se ele realmente acredita que eu sou nada mais do que uma prostituta que gosta de apanhar quando faz sexo, bem, eu estaria tão decepcionada.

— Como a minha esposa na noite de núpcias? — pergunta ele, mudando de assunto.

— Mmm-hmm, — eu respondo.

— Será que minha esposa quer isso como eu sei fazer? Ou como eu acho que ela gostaria que fosse?

— Como você faria isso. — eu não consigo parar de olhar em seus olhos. Eu quero saber seus segredos. Eu quero tanto que ele conheça os meus.

— Isso não é luxúria, Blue. Isso não é sexo. É amor.

Eu engulo em seco, mas eu fico em silêncio.

— Peça isso, — diz ele, ainda em um sussurro sexy. — Peça por isso e eu vou dar a você. Mas eu quero ouvir as palavras.

— Faça amor comigo, — eu digo.

Mas ele balança a cabeça. — Isso não é o que você quer. Diga-me o que você quer.

Espero que ele persuada isso para fora de mim. Talvez provoque minha buceta ou sussurre coisas sujas no meu ouvido. Um pouco de coerção para tirar o aguilhão da necessidade e do desejo.

Mas ele não faz. Ele fica em silêncio. Seu olhar é estável. E a mão, embora descansando sobre meu monte, pronto para prosseguir, está parada.

— Me ame, — eu digo, dando a ele o que ele quer ouvir e dizendo a ele o que eu quero ao mesmo tempo. — Me ame.

Seu sorriso faz toda a vulnerabilidade valer a pena. E seu beijo... ele me beija como se ele tivesse beijando sua esposa na noite de núpcias. Sua boca é macia e dura. Seus lábios estão punindo, ainda que macios. Ele me beija como se eu fosse amada.


Capítulo vinte e cinco

ARK

 

Eu observo o rosto dela quando eu paro de a beijar. Há muito mais para saber. Tantos pequenos pedaços de informação para perguntar. Muitas mais oportunidades para a reclamar de forma que vão durar muito mais do que o calor que vamos fazer aqui no meu quarto.

E então eu chego sob sua bunda e a empurro até o meio da cama. Eu abro suas pernas e olho para baixo em sua buceta. Está molhada pelo banho, e pela sua excitação. Tem sido profissionalmente depilada muito recentemente. Eu sei disso porque quando eu varro a minha língua entre suas dobras, é suave.

Ela arqueia de volta e eu levo os meus lábios em sua barriga. É plana. Muito plana. Isso me lembra de que ela precisa comer mais, e isso me faz lembrar que ainda temos um jantar à espera para ser remarcado.

Ela quer ser amada.

Quero levar ela para jantar.

Ela quer que eu a beije como se eu tivesse beijando minha esposa na noite de núpcias.

Eu quero vesti-la e colocá-la em meu braço.

Eu rastejo até seu corpo, lambendo sua pele macia que cheira ao meu sabonete e depois paro em seu mamilo. Eu descanso minha boca sobre ele e ela solta um pequeno suspiro. Como se ela precisa de ar para poder engolir. Minha língua lambe ao redor, parando em seu pico. E o meu pau, que já está duro, fica ainda mais duro quando o mamilo encaixa na minha boca.

Eu levanto minha cabeça para cima para ver se ela está observando, mas ela virou o rosto para o lado. Seus olhos estão espremidos bem fechados e ela está mordendo o lábio.

Minha esposa gostaria disso macio.

Esta garota quer isso duramente.

E como se ela estivesse lendo minha mente, as pontas dos seus dedos tecem pelo meu cabelo e agarram. — Mais, — ela sussurra.

— Mais o quê? — eu respondo de volta.

— Mais de tudo.

Eu quero mais de tudo também. Mais conversas. Mais perguntas. Mais respostas. Mais tensão quando nós queremos saber o que vai acontecer a seguir.

Mas eu não quero tudo de uma vez.

E eu não quero mais foda.

Eu não quero tomar tanto até que não há mais nada. Eu não a quero usar. Eu a quero guardar para mais tarde.

Ela arqueia as costas, de modo que seus seios imprensam contra o meu peito. — Por favor, — diz ela, me pedindo para continuar. — Você me prometeu.

Eu rastejo até seu corpo e coloco minhas mãos em ambos os lados de sua cabeça assim quando eu olho para o rosto dela. Ela se vira então ela está me olhando de frente e ela sabe que não vai conseguir o que quer. Ela vai ter o que ela pediu.

— Por favor, não faça isso, — ela sussurra.

Eu posso ver o desejo nos olhos dela. — Eu te amo, mas você tem que me deixar.

— Me foda, — diz ela com ainda mais urgência. — Eu preciso disso, Ark. Eu realmente preciso.

Eu me inclino para baixo e a beijo na boca. Suas mãos estão agarrando meu cabelo agora, tentando desesperadamente me puxar mais perto. Eu coloco meu joelho entre suas pernas e ela os abre mais para mim. Outro pequeno guincho escapa, e de novo, isso faz com que ela pause. Ela morde o lábio e olha para mim. — Agora, — ela diz.

— Se masturbe, — eu digo a ela. — Coloque seus dedos dentro de si mesma e goze.

— Não, — ela lamenta. — Você disse que ia me amar como sua esposa na noite de núpcias. Eu quero isso, Ark. Faça isso.

Eu nem sei como responder a ela, mas eu não preciso. Porque naquele momento, ouvimos a porta da frente abrir.

JD está em casa.

Eu me viro para o lado de Blue e coloco minha mão em sua barriga enquanto esperamos por ele nos encontrar. Ele chama o nome dela algumas vezes e por qualquer motivo, ela não responde.

Mas ele nos encontra. Ele entra no quarto e nos vê na cama, nus. Meu pau está duro e seus dedos estão entre as pernas dela. — O que é isso? — ele pergunta, olhando para mim.

Eu dou de ombros. — Ela quer ser fodida.

— Bem. — ele coloca seu sorriso encantador que ele usa para todas as prostitutas na rua. — Eu certamente posso lidar com isto. — suas mãos vão atrás de seu pescoço e ele levanta a camisa sobre a cabeça em um movimento fluido. Seu peito nu é bem musculoso pela academia que ele frequenta e seus bíceps flexionam e contraem quando ele desabotoa suas calças e deixa cair no chão. Ele rasteja na cama do outro lado da Blue e tira uma mecha de cabelo dos olhos dela. — O que vocês tem feito? — ele pergunta com uma piscadela.

A mão de Blue descansa em cima da minha e ela aperta. É um pedido. Um apelo, talvez. Para ficar aqui com a gente. Para fazer parte de... seja o que for.

— Basta pular as formalidades, — digo a ele.

— Sim? — pergunta ele com um sorriso. — Então, todo mundo está satisfeito? Estou muito atrasado para esta festa?

— Não, — diz Blue. — Nós ainda nem sequer começamos.

Ele se inclina para baixo, as duas mãos segurando o rosto dela como se ele fosse seu dono e a beija nos lábios. Um beijo longo e prolongado e quente como o inferno. Blue levanta uma perna e ela bate no meu pau duro, drenando o amor que eu estava sentindo apenas a momentos atrás e me enchendo de volta com luxúria.

Eu sei o quanto ela está dolorida. Eu sei que ela tem um problema que JD vai ser muito feliz para resolver. E eu sei que não há nenhuma maneira no inferno que eu vou embora e o deixar tê-la só para si.

Então eu volto para sua buceta e dou um golpe contra ela com a minha língua. Ela geme imediatamente. JD aperta seus seios, o que só a estimula mais.

— Você quer foder a ambos, não é mesmo, Blue? Você quer ser a nossa vadia?

— Sim, — ela diz a ele de volta. — Me foda, JD. Por Favor. Me foda

JD se levanta de joelhos e, em seguida, olha para mim. — Em cima ou embaixo, Ark?

Eu me levanto e caminho até a cômoda e puxo uma câmera de vídeo. Quando eu volto para JD à pequena luz vermelha está acesa, ele sorri. Me sento em uma cadeira com uma boa vista e aponto a minha câmera para eles. — Você primeiro, — digo a ele. — Faça sujo.

Eu os assisto foder. Eu pego tudo na câmera. JD força o seu pau tão forte que ela grita. Ele mete o pau dele em sua garganta até que ela engasga.

Eu apunhalo meu pau e o bombeio o tempo todo. E depois que ele goza no rosto dela, eu me levanto, entrego a câmera para JD, a viro, enfio a cabeça dela no colchão, e fodo a bunda dela até que ela cai debaixo de mim.

Se ela quer sórdido, eu posso fazer sórdido.

Se ela quer ser usada como uma puta, eu estou feliz em fazer seus sonhos se tornarem realidade.

Eu dou um tapa na bunda dela. — Obrigado, Blue.

E então vou para o meu banheiro e entro no chuveiro. Me sentindo mais como uma prostituta suja do que ela provavelmente está.


Capítulo vinte e seis

Blue

 

JD é a antítese de Ark. Eu sabia disso desde o primeiro momento em que meus olhos se encontraram com os deles na chuva.

Ark. Sério. Pensativo. Intenso.

JD. Encantador. Feliz. Maleável.

O que eu estou perdendo? Porque Ark e eu temos dois muito diferentes modos de ver JD.

— Você quer sair para comer um pouco, Blue? — JD e eu estamos no sofá e ele está assistindo algum programa relacionado com futebol, com os pés em cima da mesa de centro de aço e vidro. Eu estou usando um par de seus boxers e uma camiseta. Ele está vestindo um par de boxers e nada mais. Seu peito está quente. Eu sei disso porque meu rosto está descansando sobre ele agora. Ele está pegajoso. Ou talvez eu esteja pegajosa e ele está acomodado.

De qualquer maneira, eu gosto.

Eu olho para ele e ele leva um segundo para tirar os olhos da TV. — Hmm? — ele pergunta novamente.

— Não realmente. Não podemos ficar?

Ele assiste mais alguns segundos do programa e, em seguida, o comercial inicia. — Você esteve enfiada aqui por dias. Vamos a algum lugar. Amanhã temos que trabalhar. Então eu não estarei aqui todas as noites até segunda-feira. Vamos pegar algumas cervejas ou algo assim.

Eu balanço minha cabeça. — Eu realmente não quero.

Ele brinca com o meu cabelo, deixando os longos fios loiros escorregarem por entre os dedos antes de ele chegar ao fim, e eles caem de volta contra o meu rosto. — E se eu chamar Ark para vir? Você vai, então?

Eu balanço minha cabeça. Eu gosto de ter os dois por perto, mas isso não é o suficiente para eu sair desta casa.

— Eu vou pegar alguma coisa, — Ark diz de seu escritório. Ele esteve lá o dia todo fazendo... seja o que for que ele faz. Construindo sites. Ou editando filmes pornôs. — Eu tenho que ir até Ray, de qualquer forma.

— Ray? — JD pergunta. — Por quê?

— Ele me deixou uma mensagem antes. Provavelmente sobre a festa na sexta-feira.

— Festa? — pergunto.

— Halloween, baby, — diz JD com um sorriso. — Você tem que ir nessa. Ray tem uma coisa enorme. Nós temos uma menina agendada cedo nessa noite, então você pode vir com a gente, ou nós vamos te buscar depois. — ele vira a sua atenção de volta para Ark. — Ei, eu vou pegar comida e falar com Ray. Eu tenho certeza que é sobre as meninas que temos marcadas para esta semana. — ele levanta a cabeça para cima de seu peito e desliza de debaixo de mim, correndo pelo corredor até seu quarto.

Eu fico olhando para o corredor vazio por um segundo, pensando no Halloween, quando Ark fala, me surpreendendo. — Você quer explicar?

— Não, não realmente, — eu digo com um sorriso. — Você?

— Eu não sou a pessoa se recusando a deixar o apartamento.

— Eu não sou a única incentivando intimidade e, em seguida, batendo na minha bunda e dizendo obrigado, como se eu fosse uma prostituta que você paga para te dar prazer.

— Pagamos você. — ele toma um assento na poltrona e puxa seu pé sobre o joelho, como se estivesse ficando confortável.

JD aparece vestindo o que eu estou começando a pensar em como seu uniforme. Camiseta. Jeans, sempre bem-vestido e desbotado. Botas. E uma camiseta de flanela. Ele para na porta e desliza sua jaqueta de couro preto sobre a flanela e, em seguida, se vira para nós. — Sejam bonzinhos, meninos e meninas. Volto em uma hora.

A porta se abre. Fecha. E então Ark e eu estamos sozinhos novamente.

— É a minha vez. Qual foi a sua faculdade principal?

Eu balanço minha cabeça. — Não é a sua vez e eu acabei com as perguntas.

— Por quê? — ele se levanta e dá um passo em minha direção.

Entro em pânico e me mexo para longe dele. — Não.

Ele dá mais um passo e eu estou prestes a fugir de volta para o quarto de JD, mas ele agarra meu braço com firmeza e me puxa para ele. Eu o empurro, mas ele aperta meu mamilo sob a camiseta e eu congelo.

— Por que você gosta que isso doa?

— Eu não.

Ele balança a cabeça para mim, mas sua língua estala em desacordo. — Você tem vergonha disso?

— Você parece ter.

— Entendo a atração. Entendo o prazer que pode evocar. Mas o que eu não entendo é por que você fugiu para longe disso, se você gosta tanto. — ele para, olhando para mim com uma expressão muito séria. — Você fugiu? — eu caio de volta no sofá e ele solta meu braço. — Heim?

— Sim.

— Por que, então? Se isso é o que você gosta? Se isso é o que te excita, então porque fugiu? Era demais? Foi forçado? Foi estupro? Ou você concordou? Qual dessas é verdade?

Cruzo as mãos no meu colo e levo cada grama de controle para não os torcer fisicamente juntos. — Tudo isso.

— Você concordou com a marca?

— Sim.

— Você sabe quem são essas pessoas?

— Sim.

— Você as vai proteger?

Eu olho para ele, perplexa. — De quem?

— De nós.

— O que você vai fazer?

— Cabe a JD.

— Eu pensei que ele era instável? Eu pensei que ele era imprevisível e violento? Não é isso que você quer que eu acredite?

— Ele é todas essas coisas, Blue. Você precisa aceitar isso como verdade. Mas ele não vai deixar isso ir. Ele vai continuar sumindo até que ele encontre o que está procurando.

— Ele saiu buscar comida.

Ark balança a cabeça. — Não. Ele saiu agora porque ele é compulsivo. Ele precisa procurar por ela. E ela está morta, Blue. Encontramos o túmulo dela cerca de dois anos atrás. Então o que é que ele está procurando?

Eu estreito meus olhos para ele. — Por que você está me perguntando isso tudo? Por que você se importa? E se a minha situação não é o que você pensa? E se eu não estou envolvida no que você está procurando?

— Você está. — Ark diz como um fato e não uma suposição. — O que ele está procurando?

— Não é esse o seu departamento? Você é o perito em JD.

— Ele está procurando as pessoas responsáveis pela morte daquela menina que ele conhecia. E ele sabe que você veio deles. Você realmente acha que ele está apenas brincando de casinha com você para se divertir? Ele está usando você para conseguir informações. E agora, você pode apostar sua vida que ele não vai trazer comida. Ou está indo falar com Ray. Nós podemos muito bem começar a fazer o nosso próprio jantar agora, porque ele não vai aparecer para a noite.

— Então por que você o deixou sair?

— Eu não sou a porra da mãe dele. Eu sou o companheiro de quarto dele. Eu sou o parceiro de negócios. Eu sou o melhor amigo dele. Mas eu não posso dizer a ele o que fazer.

— O que você quer de mim, Ark? Porque eu realmente não tenho ideia o que você está falando.

— Eu não sei por que te encontramos lá no outro dia, mas nada disso é bom. Para qualquer um de nós.

— Então me paga o que me deve e eu vou embora.

Ark ri. — Você acha que JD vai deixar você ir embora? Você é a única pista que ele encontrou em quatro anos procurando. Você está aqui. Você é parte disso agora. E talvez você não saiba do que estou falando. Mas eu estou supondo que você sabe sim. Então, eu estou te dizendo isso como um favor.

— É mesmo? — eu rosno. — Você vai me fazer um favor? Será que vem antes ou depois de quebrar minhas defesas e se aproveitar de mim?

— Você andou direto para isso, Blue. Eu faço minha vida aproveitando meninas. Nós, — salienta Ark, — fazemos uma vida aproveitando das meninas. O que te faz especial?

— Você está falando sério? — me levanto, mas ele me empurra para trás contra as almofadas do sofá.

— Se sente nessa porra. Porque se há alguma chance de JD ter ido buscar comida e atirar a merda com Ray sobre prostitutas desta semana, eu vou ter certeza de resolver essa merda antes que ele volte.

Meu coração começa a bater como um louco e, em seguida, todo o meu corpo irrompe em suor.

— Bom, — Ark diz, notando a minha reação. — Você está começando a me entender. Porque eu sou muito sério, Blue. Você tem duas escolhas. — ele se inclina para o meu rosto. — Bem aqui. Agora mesmo. Coloque para fora e faça parte da equação. Ou dê o fora da minha casa. Leve o seu dinheiro de merda, entre em algum ônibus e nunca mais volte.

Eu cuspo na cara dele.

E eu estou de bruços no chão. Ele tem o meu braço torcido nas minhas costas e eu estou gritando de dor.

— Não brinque comigo, — ele rosna no meu ouvido. Seu corpo está pressionado contra o meu, o seu joelho entre as minhas pernas, tocando minha buceta.

Eu gemo.

— Você gosta disso. Você quer que eu te ame desse jeito, Blue.

— Vá se foder. Como você ousa falar toda essa merda para mim antes e depois jogar de volta na minha cara?

— Como se atreve a me pedir para te amar e depois deslizar diretamente para os braços de JD?

— Então você está com ciúmes?

— Por que eu iria ficar com ciúmes? Posso te tomar aqui mesmo no chão e ele nunca saberia. Porque você gosta disso e você nunca diria a ele. Você não vai sair, não é? Você quer essa coisa fodida, não é? — meu peito está subindo e descendo muito rápido, eu começo a ficar tonta. Ark puxa meu cabelo. — Me diga, — ele exige. — Diga isso. Apenas admita.

— Eu não tenho ideia do que você está falando.

— Você tem sim, Blue. Você vai nos deixar te foder. Você vai ficar aqui e ser o nosso brinquedinho de foda. E você vai nos dizer o que queremos saber. — ele puxa meu cabelo de novo e desta vez eu sinto o a umidade jorrar entre minhas pernas.

Ele puxa minha boxer para baixo e bate na minha bunda. — Oh, Deus, — eu gemo.

— Vá em frente, lute contra isso, Blue. Lute o quanto quiser. — ele desliza os dedos entre as minhas pernas. Não o suficiente para me penetrar, mesmo que meu clitóris latejante esteja implorando para isso. Apenas o suficiente para verificar o quão excitada eu estou.

Seu zíper abaixa e, em seguida, seu pau é pressionado entre minhas nádegas.

— Vamos fazer um acordo, Blue. Eu vou deixar você ficar aqui, e nós vamos revezar em alimentar seu vício. E você vai responder às minhas perguntas. Você não vai falar com JD sobre nada disso. Você vai continuar agindo como se tudo estivesse bem. Mas você vai me dizer a verdade. Cada resposta que você dá tem que ser a verdade.

Sua ponta cutuca contra minha bunda e eu mordo a língua para parar o meu desejo de implorar, o quanto eu preciso dele dentro de mim agora. — Ok, — eu sussurro. — ESTÁ BEM.

— Ótimo, — diz ele, deslizando seu pau no meu buraco. — Então eu vou repetir a pergunta. Qual foi a sua faculdade principal?

— Por que isso importa?

Ele se retira e me deixa vazia. — Me responda, — ele rosna, puxando meu cabelo tão duro que todo o meu corpo arqueia. Viro minha cabeça e me pego olhando para seu rosto. — Me. Responda. — e então sua boca cai sobre a minha. Ele me beija duro, morde a minha língua, morde o lábio, chupa o sangue, e mete o pau de volta entre as minhas nádegas em menos tempo do que eu levo para tomar um fôlego.

Ou talvez eu só tenha me esquecido de como respirar.

— Inglês, — eu sussurro em sua boca enquanto ele continua a me beijar. — Foi Inglês.

Ele empurra seus quadris e, em seguida, afunda-se dentro de minha buceta. Todo o caminho. Eu posso sentir suas bolas moverem contra o meu clitóris. — Me ame, — eu gemo.

— Estou pensando nisso, — diz ele.

Mas então ele libera o meu cabelo, minha cabeça cai para o meu peito, e ele se levanta do chão, estendendo a mão para eu aceitar.

Viro o meu corpo ao redor para que eu possa ver seu rosto. — O que você está fazendo? Não se atreva a me deixar assim.

Ele segura a mão por mais alguns segundos e quando eu não aceito, ele retira. — Oh, eu estou deixando você assim, Blue. Você quer isso duro, você tem que conseguir isso de JD. Você quer que eu te ame? — ele respira fundo, como ele precisasse de coragem para dizer as palavras. — Bem, venha me encontrar quando você chegar a esse lugar. Eu estou dentro para o amor, mas não para o abuso.

Ele se vira e caminha pelo corredor que leva para o seu quarto. E alguns segundos depois, eu ouço o clique da fechadura.

O que, no meu livro, nada mais é que um grande fora.


Capítulo vinte e sete

ARK

 

— Vamos fazer um acordo, Ark. — Ray está sentado em seu bar e Silvie está dando a ele uma bebida. Ela passa para ele um Scotch e uma cerveja para mim. Ray me espera estourar a tampa e dá um longo gole. — Você entende que eu vou te comprar, eventualmente, certo? — ele toma um gole do seu copo, os cubos de gelo tilintando.

— Talvez, — eu digo, desfrutando de algum tempo longe de JD e Blue. JD voltou ontem à noite. Já era tarde. E ele não trouxe comida. Apenas uma desculpa sobre ficar pendurado por aqui com Ray. Eu tinha ouvido a mentira dele pela porta do quarto, porque ele não me disse isso. Não quando ele sabe que eu vou perguntar a Ray se ele veio.

O que JD não fez. Perguntei a Ray de qualquer maneira, assim que cheguei aqui.

— Não há talvez sobre isso, filho. — eu odeio quando Ray me chama de filho. Não porque ele é um idiota. Eu gosto de Ray. Ele é um cara bom. Eu acho que ele teria sido um bom pai se ele tivesse tido filhos. Mas porque eu não tenho certeza o que ele quer dizer isso. Isso deixa espaço para que a nossa relação seja mais do que negócios. Ele me trata como uma família, com certeza. Mas eu sou da família? Ou eu sou apenas uma oportunidade? — Você e eu sabemos que, logo que a Public Fuck estiver instalada e funcionando, eu vou fazer uma oferta. Então vamos por isso na frente.

Eu balanço minha cabeça. — Você vai encerrar isso. E eu tenho trabalhado muito duro e muito tempo para apenas parar.

— Vinte e cinco milhões, — diz ele, calmo. — Venda para mim no pré-lançamento e eu vou te dar vinte e cinco por isso.

Eu engulo em seco nessa oferta. Eu não tinha ideia de que ele estava tão interessado. Mas eu balanço minha cabeça automaticamente. Não há nenhuma maneira de eu poder aceitar uma oferta. Não depois de toda a sujeira que participei para chegar tão longe no jogo. Isso é tudo o que me sobrou. Minha primeira e única chance de salvação até que esteja terminado. E mesmo que eu sinto que estamos perto, não acabou ainda. Eu não podia aceitar mesmo se eu quisesse.

— Por quê? — ele pergunta. — Nós dois sabemos que você não pertence a este mundo. Você é um fotógrafo, Ark. Saia enquanto você ainda é jovem. Vá fazer algo legítimo.

— Isso é legítimo, Ray. Pode não ser honrado, mas é definitivamente legítimo.

— Você sabe o que eu quero dizer. Pornô? Sério? Você quer desperdiçar sua vida vendendo pornografia?

— Como é que é um desperdício? Funciona bem o suficiente para você.

Ele toma mais um gole de seu uísque e olha para Silvie, que está conversando com um dos seguranças. Não há mais ninguém aqui na área de entretenimento, exceto nós. Mas isso é porque não está aberto ainda. Quarta-feira é dia de Swingers12. Eu sei que Silvie não é compartilhada com ninguém, mas Ray faz sua escolha de mulheres na noite de Swingers.

E isso me faz pensar em Blue. Por que diabos eu a deveria compartilhar?

Porque ela gosta de JD mais do que de você, Ark, diz a minha voz interior.

Talvez ela goste. Mas isso é porque ela realmente não tem ideia do que está acontecendo. Se ela soubesse...

— É bom o suficiente para mim, filho, porque eu tenho 48 anos de idade e isso é tudo que eu conheço. Você tem o que? Vinte e sete? Você tem tempo. Você pode vender essa merda, pegar o dinheiro e ir tentar a sorte em algo mais... honroso, como você diz.

— Mas por que eu iria querer, Ray? Este negócio é uma vaca leiteira. É dinheiro fácil.

Ray olha para mim com simpatia. — Você sabe por que eu nunca tive filhos?

Eu balanço minha cabeça em não.

— Porque esta não é uma maneira de criar uma família. Se você escolher esta vida, Ark, você vai acabar sozinho. E você é a coisa mais próxima que eu tenho de um filho. Então eu não quero isso. Pegue o dinheiro. Saia de Denver. Vá para algum lugar quente. E se estabeleça em uma vida normal. Volte para férias e essas merdas. Assim como as crianças fazem. Mas saia, cara. Sério mesmo.

— Eu não posso, — eu digo, olhando para longe e tomando um gole de cerveja. — Eu estou no fundo. Estamos longe demais.

— JD não vai durar, Ark. Você sabe disso. Ele está em uma viagem só de ida para a loucura. Ele está obcecado com essa garota de novo...

— Ele esteve aqui falando disso? — eu me pergunto se ele mencionou Blue.

— Não, — diz Ray em um sussurro baixo. — Mas ele está fazendo perguntas de novo, Ark. E eu já te disse. As pessoas estão ficando desconfiadas. Elas não querem falar sobre a merda que ele está desenterrando. E já que todo mundo sabe que vocês são parceiros, eles se calam sobre isto. Mas isso não significa que eles esquecem. E isso não significa que eles apenas vão deixar isso para lá. — Ray me dá um daqueles olhares de advertência, com a única sobrancelha levantada e um olhar de soslaio.

— Eu vou falar com ele.

— É melhor você fazer mais do que falar com ele.

Concordo com a cabeça novamente, mas eu olho para a minha bebida, querendo saber o quão longe isso vai. Quão fodido isso vai ficar. Quanto eu vou perder.

— Você vem para o Halloween? — Ray pergunta, mudando de assunto.

— Nah, — eu digo. Blue não vai concordar com uma festa. Eu sei disso, com certeza. — Provavelmente não.

— JD sim. Ele disse isso na semana passada.

— Bem, as coisas mudaram desde então. Então, se ele não aparecer... — eu deixo minhas palavras trilharem.

— Entendi. — e, em seguida, Ray se levanta e caminha até Silvie, plantando um beijo rápido na bochecha dela quando ele desliza o braço em volta da sua cintura. Eu sei que ele a ama. Ele pode foder outras mulheres, mas ele sempre vai para casa com Silvie. E se isso funciona para ela, quem sou eu para julgar?

— Obrigado pela cerveja, Ray. — eu me levanto e vou em direção à porta. Agora é tarde e eu estive fora durante todo o dia, tentando evitar Blue. Eu quero foder seus miolos, mas eu me recuso a dar isto a ela. Eu me recuso a jogar junto com ela e JD neste arranjo doente que eles estão tramando. Não importa o quanto eu quero, eu não posso fazer isso.

— Você tem meninas marcadas para esta semana? — Ray pergunta, assim quando eu alcanço a porta.

— Sim, — eu respondo, abrindo a porta. — Nós estamos bem. — e então eu fecho a porta atrás de mim e tomo as escadas para a garagem onde meu Jeep espera. Eu tenho que ir para casa algum dia. E se eu estou sendo honesto, eu quero tanto ver aquela menina, que eu não posso ficar longe por mais tempo.

A viagem de volta é bem curta e antes de perceber, eu estou no meu caminho até o elevador. Ele apita no último andar e eu saio e fico lá. Olhando fixamente para a nossa porta.

O que eles fizeram durante todo o dia?

Meu ciúme é esmagador de repente enquanto eu imagino as muitas, muitas maneiras em que a Blue foi fodida duramente por JD. Por que ela gosta de uma vida difícil? Por quê? Ela respondeu-me quando eu fui gentil. Mas se não é o suficiente, então por que lutar com JD por ela? Realmente vale a pena estragar o que eu tenho com ele só para ter direitos exclusivos sobre uma garota que não pode ser satisfeita com a maneira que eu quero amá-la?

Ray diz para sair e começar uma vida. Mas agora tudo o que eu quero é Blue. E ela não esta nem remotamente interessado em dar-se o que ela gosta. Então, por que eu deveria perder quatro anos de planejamento e trabalho duro? Por que desistir de minha única chance de fazer a diferença, apenas para me afastar e ficar sozinho de novo?

Eu empurro a minha chave na fechadura com esse pensamento persistente em minha mente. Esta tranquilo dentro e as luzes estão baixas. Eu lanço minhas chaves na mesinha no foyer e é aí que eu vejo a câmera de vídeo. — O que é esta fazendo aqui?

— Comesse a filmar, cameraman.

Eu olho para a sala escura, iluminada apenas pela luz do fogo bruxuleante, e vejo JD sentado no sofá. A mesa de café foi movida para fora do caminho, e aos seus pés, nua e com a cabeça apoiada em sua coxa, olhando diretamente para mim, está Blue.

— O que diabos você está fazendo? — Pergunto.

— Esperando por você. Agora pegue a câmera e comece a filmar.

— Por quê? — Eu olho para Blue e ela encontra o meu olhar por um segundo, mas rapidamente fecha os olhos e esconde o rosto entre as pernas de JD.

— Nós queremos fazer uma fita de sexo. — Diz JD, como se ele estivesse dizendo que nós vamos sair para jantar. — Blue está a bordo.

— Ela não tem identificação, JD. Nós não a podemos usar. — Todo o pensamento de colocar ela no site de Ray apenas me repele.

— Não, fodido idiota, — JD ri. — Uma fita de sexo, imbecil. Para se divertir. Nós não a vamos vender. Nós vamos transar com ela. — E então ele sorri para mim enquanto eu ando em direção a eles. — Na câmera.

Eu só olho para eles. — Nós?

JD acena para a cadeira na esquerda do sofá. — Ligue a câmera, se sente e aprecie o show. — E então ele afaga Blue na cabeça e olha para mim. — Cara, — diz ele, perdendo a paciência. — Eu estive esperando por você todo o maldito dia. Meu pau está duro, sua boca está molhada, e eu quero ir em sua garganta. Então vire a porra da câmera.

E agora meu pau está duro.

Vou até a cadeira e me sento, câmera ligada, e apontando para a boca de Blue enquanto ela lambe os lábios.

— Três, dois, um... ação, — JD sussurra.

A língua de Blue sai e começa a lambê-lo através de seu jeans. Sua boca se escancara, e abrange o grosso vulto em suas calças, e então ela morde um pouco, mastigando alegremente ao longo de seu comprimento total.

JD geme. Inferno, eu gemo. Minha mão vai para o meu próprio bojo em minhas calças e eu começo a esfregar. A câmera treme um pouco dos meus movimentos. JD percebe que eu me preocupo com isso, mas, em seguida, ele acena com a cabeça para a lareira. Eu olho para a minha esquerda e vejo uma câmera. Então, na minha frente, em uma prateleira de parede, eu vejo outra.

— Eu as tenho por toda parte. — Ele aperta um botão no controle remoto na mão e se acendem as luzes, apenas o suficiente para fazer uma atmosfera.

Eles certamente pensaram um monte para esta pequena configuração.

O som de um zíper sendo puxado para baixo me puxa de volta para a minha realidade. Blue está com o pequeno zíper em seus dentes e ela está o puxando para baixo para revelar um rastro de cabelo que leva ao pau de JD. Ela lambe o pouco de pele que é exposta pelo zíper aberto, e, em seguida, sua pequena mão alcança e o puxa para fora.

Seu pênis está duro e longo. Eu já vi centenas de meninas exclamarem de prazer ao ver o pau de JD, e Blue não é diferente. Ela geme quando sua boca cobre sua ponta. Eu movo a câmera até JD e o pego fechando os olhos para apreciar a atenção dela.

Eu desabotoo minha calça jeans e pego em mim mesmo, mas o barulho de sorver de Blue dirige minha atenção de volta para ela. A mão de JD aperta para baixo em sua cabeça, a obrigando o levar profundamente. Ela luta por um momento, em seguida, sua mandíbula abre mais ampla e ela respira duro pelo nariz. — Isso menina, — diz JD, a incentivando em manter seu pênis em sua garganta. Ele move seus quadris algumas vezes, essencialmente, a sufocando, mas ela se mantém estável até que ele puxa sua cabeça para trás pelos cabelos e saliva derrama para fora de sua boca em um longo fio. Eu me inclino para a direita em minha cadeira para tentar obter o seu rosto diante das câmeras. Ela está olhando para JD com os grandes olhos azuis. À espera de um comando, ou um tapinha de tranquilidade. Ou, mais provavelmente, um tapa por alguma desobediência.

JD se inclina e a beija e, em seguida, ele tira uma coleira em um colar de couro que eu só agora percebo que ela está usando.

Meu ciúme se inflama novamente.

Não porque eu estava errado em todas as minhas previsões, mas porque eu posso ver isso agora.

Ele está fodidamente apaixonado por ela, assim como eu estou, e essa ação diz que ele a está reivindicando para si mesmo.

Estou prestes a colocar a câmera para baixo e sair quando ele me olha nos olhos. — Blue, — diz ele, olhando para mim. — Ark precisa de alguma atenção também. — Ele segura o fim da coleira até sua boca e ela morde. — Rastreje por lá como uma boa menina e o sugue.

Eu não me levanto. Eu não coloco a câmera para baixo. Eu não digo a ela: - Não, isso é degradante.

Me sento absolutamente imóvel. Minha câmera mantém o foco apenas sobre ela. E se eu achava que meu pau estava duro um segundo atrás, eu não tinha ideia do que é realmente duro. Porque ele está como concreto no momento.

— Sim, senhor, — Blue diz a JD, através da coleira, presa entre os dentes, quando ela o olha nos olhos.

E então ela vira o rosto para mim. E o olhar que eu estava tentando capturar um segundo atrás está logo ali.

Total confiança.

Desejo insaciável.

E assim muitas, muitas coisas que precisam ser discutidas, que eu não posso nem começar a imaginar como fodido isso está prestes a se tornar.

Porque eu sei o que é isso. Uma trégua. Uma oferta. E o início de um novo caminho a seguir em nosso relacionamento.

Um trio levado ao extremo. Um ménage à trois, no verdadeiro sentido da palavra. Uma família de três. A parceria e o entendimento de que nós somos um.

Mas eu não posso pensar em nada disso agora. Porque Blue está de quatro, rastejando pelo chão duro, uma coleira de couro preto entre os dentes, com os olhos fixos em mim. Ela se manobra entre as minhas pernas abertas e fica o mais perto que ela pode. Seus seios para cima e para baixo com sua respiração, e então ela levanta a cabeça e aguarda instruções.

Acabei de olhar para ela.

— Pegue a coleira, Ark, — JD cutuca.

Eu esperava que ela dissesse alguma coisa, mas ela fica quieta. Momentos passam. Eu posso ouvir meu coração quando eu tento pensar nas consequências de entrar nisto. Mas eles estão muito longe no momento. Agora tudo o que eu vejo são seus olhos. Os seios dela esfregando contra a minha virilha. Sua boca suave curva em torno do couro.

Ela coloca as mãos para baixo nas minhas coxas, seu calor irradiando fundo em minha própria pele, e ela inclina a cabeça para cima ainda mais. Me pedindo para levar a coleira e comandar ela.

— Eu não vou te machucar, — eu digo. — Eu não vou jogar esse jogo.

— Estou aqui para isto, — diz JD do sofá. Quando eu olho para ele, ele está ocupado se masturbando. Sua mão está enrolada em torno de seu pênis, e ele está bombeando enquanto nos assiste. — Não se preocupe, Ark. Ela gosta das duas coisas.

Estou ainda mais ligado com as suas palavras do que eu estou por sua nudez. Então eu olho para baixo, para a oferta de JD e tiro a coleira de sua boca. — Você é minha. — Ela balança a cabeça.

— Ela é nossa, — JD corrige. — Nossa.

Eu olho para ele. — Está bem.

JD se levanta do sofá e anda alguns passos em nossa direção. Ele se ajoelha, uma mão no seu pau, o outro na parte de trás do pescoço de Blue. E ele se inclina em seu ouvido dizendo: — Pegue seu pênis em sua boca, querida. — E, em seguida, sua mão envolve em torno de meu pau e ele puxa. Estou tão surpreso, que eu não reajo imediatamente. Meu pau não está acostumado com a sensação de mão de outro homem sobre ele. Eu gemo.

Estou prestes a bater em JD por me tocar assim quando a boca de Blue cobre a cabeça e começa a chupar. JD me bomba enquanto a sua língua gira em torno da mim. Eu me inclino para trás na cadeira, estendendo as pernas mais, me empurrando em Blue. E então JD deixa ir e começa a tirar a roupa. Eu ainda estou tentando descobrir o que está acontecendo quando sua camisa sai sobre sua cabeça, revelando seu peito musculoso e as sombras que desenham ao longo do comprimento do seu estômago, delineando seu abdômen definido.

Eu abro minha boca para lhe perguntar o que diabos ele está fazendo, mas antes que eu possa, ele segura o cabelo de Blue e empurra sua cabeça para baixo em meu pau. Ela me leva em sua garganta, assim como ela fez com JD alguns momentos atrás.

E eu perco minha linha de pensamento. A próxima coisa que eu vejo é o pau de JD se balançando perto o rosto de Blue. Ela vira a cabeça, o agarra com um punho ganancioso, e depois empurra a cabeça até a boca, me deixando cair um pouco. Ela bomba nós dois, a boca ansiosa para tentar encaixar cada pedaço de pau que puder dentro dela. JD se move para perto. Ele está de pé em cima de mim, minha coxa entre as pernas, suas bolas quicando contra a pele sensível perto do meu pau. — Suba nele, Blue, — diz ele com uma voz gutural profunda que eu nunca ouvi antes. — Se sente no seu pau, baby.

Blue me olha quando ela sobe. Sua perna vem sobre a minha e seu joelho se instala na cadeira, ao lado do meu quadril.

— Mantenha as filmagens, — diz JD, apontando uma câmera para mim.

Eu tinha esquecido completamente a câmera na minha mão, mas agora que eu me lembro, eu preciso de cada momento deste no filme. Eu preciso ser capaz de ver isso mais e mais e mais uma vez, uma vez que terminarmos.

Blue passa a outra perna em cima de mim, o posicionamento da entrada de sua vagina sobre meu pau. Eu me estico e passo meus dedos por seu longo cabelo loiro e a puxo para perto do meu rosto até que bato nossas cabeças. — Você tem certeza sobre isso, Blue?

Ela olha para mim, encontrando o meu olhar. E então ela concorda. — Eu tenho, — diz ela em um suave sussurro. — Eu nunca estive tão certa de alguma coisa em toda a minha vida. Quero vocês dois. Eu vou fazer de tudo para os ter.


Capítulo vinte e oito

Blue

 

Eu posso sentir um suspiro de Ark. Seu peito cai e assim fazem seus olhos. Ele está pensando, Devo fazer isso? Ele está se perguntando quais as consequências.

JD e eu discutimos o dia todo. E nós dois sabemos que Ark não estaria automaticamente a bordo. Mesmo sentado aqui, minha buceta posicionada sobre a ponta do seu pênis, ele não está pronto para dizer sim.

— Eu quero você, Ark, — lhe digo em voz baixa. — Eu quero você e eu não quero que você mude para mim. Eu quero o que você está oferecendo.

Seus olhos me procuram. Isso é o que ele quer ouvir. Precisa ouvir. Que seus desejos são legítimos. Que talvez o amor pode crescer fora do sexo, se todos nós temos o que precisamos. JD quer fazer eu me submeter. Eu quero sentir a dor do prazer. Ark quer controlar.

Funciona. Isto vai funcionar, eu sei disso.

— Por favor, Ark, — eu imploro. — Me leve da maneira que você me quer.

Ele olha para JD agora, desta vez tomando uma inspiração profunda. — Eu não sei, cara.

JD coloca as mãos quentes em meus ombros e aperta. — O que há para se opor? Eu gosto do meu jeito. Você gosta do seu jeito. Ela gosta de ambas as maneiras. Temos sexo e luxúria, e talvez até mesmo amor. O que é confuso sobre isso?

Ark vira seus olhos com desaprovação com as palavras de JD. — Você é meu melhor amigo. Você é meu parceiro de negócios. Você é meu companheiro de quarto. E agora você quer ser meu amante?

JD dá de ombros. — Então?

Ark o empurra, me enviando nos braços de JD, e então ele puxa as calças e caminha em direção ao seu quarto.

— Ei, idiota! — JD corre atrás dele, o agarrando pela camisa. Ark o empurra, e eles estão lá, peito a peito, como os homens fazem quando sentem a necessidade de trabalhar sua testosterona.

— Não me toque. Você acha que você pode simplesmente começar merda como esta e dizer foda-se as consequências? Você acha que pode apenas jogar com as emoções de todos? Até que ponto você ficou no passado, JD?

— Foda-se, — diz JD, dando a Ark um empurrão no peito que lhe envia um passo para trás. — Não jogue o passado na minha cara. Isso é apenas sua maneira covarde de evitar a verdadeira questão aqui.

— Que é o quê? — Ark rosna, dando a JD um empurrão para trás.

— Você simplesmente não quer investir. Você não quer machucar seus sentimentos. Você não quer ter que competir comigo. Inferno, esta é provavelmente a razão pela qual você nunca fode em frente à câmera...

— Eu tive o meu pau chupado na câmera, esta semana, não foi? Eu fui o único que teve a nossa quota na hora, esta semana, não fui?

— Parabéns. Você usou alguma namorada ex-prostituta para atender o contrato. Então o que? Eu não sei o que essa cadela é. Depois de quatro anos, eu ainda não sei quem que a cadela é. Por que?

— O que isso tem a ver com agora? Hoje? Blue? Eu? Você?

JD dá um passo adiante, mas os ombros caem um pouco e sua cabeça gira um pouco, lhe dando a aparência de recuo quando ele se aproxima. — Você se esconde, Ark. Você está se escondendo. Seja lá o que foi que te fez sair da Flórida e vir para o Colorado, ainda está perseguindo você. E você está se escondendo. Você está se escondendo atrás de uma câmera. Por trás de um computador. Você está se escondendo atrás de mim, Ark. E você quer Blue, tanto quanto eu quero Blue. E ainda assim você vai me usar para a afastar. Você não gosta de coisas pervertidas Ark? É isso o que você quer que ela acredite?

— Isso não é o que eu disse a ela, — Ark responde.

Tudo isso é novidade para mim, assim eu me levanto. Ark tem segredos. E eu estou muito interessada em saber sobre eles.

— Eu disse a ela que eu não estou em abuso. Ela gosta da dor. Você gosta de infligir. Eu não estou a bordo disso e eu não vou olhar para o outro lado.

Eu coloco minha mão no bíceps de Ark. Ele está quente, com raiva, ou desejo, ou talvez até mesmo frustração. Porque ele está em conflito. Eu preciso saber por que ele está em conflito.

— Você a quer controlar, assim como você quer me controlar.

Ark aperta seu maxilar e raiva enche seus olhos.

— Você quer dizer a ela como se vestir e como se fode. Você quer dar a suas regras e limites e parâmetros.

— Para a manter segura. Você quer dar um tapa nela e a fazer chorar.

— Para a manter feliz, — JD retruca de volta.

Eles olham um para o outro, JD nu, Ark vestido. Os dois homens ainda estão muito duros. Isto está definitivamente, deixando os ligados. Então eu estendo a mão e os agarro pelos paus. Eles olham para mim, surpresos. Como se eles se esquecessem de que eu estava aqui. — Vocês não querem saber o que eu quero?

Eles apenas olham.

Eu olho para JD primeiro. — Eu não sei por que eu preciso dele, JD. Eu não sei por que o material áspero me excita. Tudo que eu sei é que eu não posso evitar quando começa. Essa coisa... é emocionante. — Eu olho para Ark em seguida. — Nem sempre em um bom caminho. Eu sei que é algo que eu tenho sido condicionada por causa de... — Eu escolho as minhas palavras com cuidado. — Por causa do arranjo que eu só sai. Mas eu não posso controlar, Ark.

— Blue, — diz ele, colocando a mão sobre a minha bochecha. — Você só precisa experimentar o amor sem violência, isso é tudo.

— Eu sei, — eu admito. — Eu quero fazer isso com você.

— Mas você não vai desistir da dor? — Seu olhar de decepção quase me esmaga. Eu realmente acho que ele se importa. Eu realmente acho que ele quer me oferecer um caminho a seguir.

— JD é um bom rapaz. Você sabe disso. Você o ama. Ele é seu amigo. Ele é uma grande parte da sua vida. E você confia nele. Confie nele comigo.

— Por que diabos eu deveria compartilhar?

— Porque, — JD diz calmamente. — Por que você, de todas as pessoas, entende a ideia de sacrifícios de curto prazo para resultados a longo prazo.

Eu começo a os bombear lentamente. Ambos os homens olham para mim, depois para o outro. — Só se junte a nós, Ark, — diz JD. — Basta parar de tentar controlar as coisas e deixar que isso aconteça. Uma vez, homem. É isso aí. Uma vez, neste momento.

— Eu não sou gay, JD. Eu não estou interessado comer tua bunda.

JD ri. — Eu também não, imbecil. Mas estou aberto a, — ele olha para mim, então de volta para Ark-— experimentar.

— Eu não estou aberto à experimentação, também.

Eu fico em meus joelhos e tomo Ark na minha boca, ainda bombeando o pênis de JD. Ark me olha por alguns segundos quando eu rodo a minha língua ao redor de sua ponta, a empurrando na pequena abertura. Isso faz com que ele inspire bruscamente e, em seguida, JD empurra minha cabeça e me guia para o levar mais profundo.

— Você gosta disso, embora? — JD diz a ele. — Você gosta quando eu digo a ela para te chupar? Quando eu a empurro para lhe dar um pouco mais. Quando eu, — ele arrasta um dedo no meu rosto e no meu queixo. Em seguida, um momento depois, ele está segurando as bolas de Ark — quando eu te ajudo um pouco, certo? O faço se sentir um pouco melhor. Faço você vir um pouco mais difícil. — JD se agacha e puxa meu rosto para o lado, seus lábios me firmam. Com cuidado. Então, muito, muito suavemente. Ele me beija como se estivéssemos apaixonados, sua língua torce contra a minha, sua respiração suave e uniforme, com uma mão no meu cabelo, uma mão ainda tocando as bolas de Ark. E então ele morde meu lábio e desliza sua boca. Apenas o suficiente para escovar sua bochecha contra o duro comprimento de Ark.

— Foda-se, — Ark geme. — Cara, não...

Mas é tarde demais. JD vira a cabeça e abre a boca e não há nenhuma maneira que sua língua não vai lamber.

A ponta de Ark desaparece dentro da boca de JD, e depois reaparece com a mesma rapidez. JD se levanta e orienta a minha cabeça de volta ao trabalho. Eu chupo Ark como se nada disso aconteceu. Mas eu sei que os homens estão olhando um ao outro agora.

— Você gostou. Você sabe que você fez. — JD está confiante. Como eu. Porque nós dois sabemos que estava quente pra caralho.

Ark responde com um longo suspiro que diz um milhão de coisas. Diz que ele está excitado. Diz que quer mais. Diz que não tem certeza do que aconteceu, mas ele tem certeza de que ele gosta.

Isto diz que sim.

Eu deixo seu pau cair da minha boca e, em seguida, eu levanto. Pego cada um deles pela mão e começo a caminhar para o quarto de Ark. Ambos seguem em silêncio.

Quando chegarmos lá JD acende o pequeno abajur de mesa-de-cabeceira, sobe na cama, deita, e começa a se masturbar. Ark aperta minha mão, nós dois o observamos. — Vamos, cameraman. — JD acena para a cômoda onde ele está colocou uma câmera que filma a cama. Em seguida, outra na mesa de cabeceira. — Estou pronto para o meu close.

Ark e eu caímos na gargalhada, e JD nos dá um daqueles sorrisos tortos que ele usa quando sabe que está sendo apreciado por aquilo que ele faz de melhor. Encantar pessoas.

— Estou falando sério, idiota, — ele continua. — Eu quero luxúria, Ark. Eu quero sexo. Eu quero de todas as formas. Eu quero isso no filme para que eu o possa ver amanhã. Eu quero paixão e suor.

— E amor, — eu digo, o interrompendo e olhando para Ark. — Eu quero amor. Eu quero de todas as formas. Eu quero a dor e o prazer. Eu quero o bem e o mal. Eu quero a luz e a escuridão.

JD e eu esperamos Ark quando ele olha entre nós dois. — Isso nunca vai funcionar, — ele finalmente diz.

— Por quê? — JD cutuca. — O que é tão complicado sobre isso? Dois melhores amigos que sempre podem encontrar um terreno comum. Uma menina bonita que nos quer. É um trio, Ark. Nós apenas fomos para as corridas, fizemos uma aposta de um dólar, e voltamos para casa dez mil dólares mais ricos. Ganhamos a porra da loteria, homem. Por que você não quer acreditar nisto?

— Porque, JD. Nem tudo deve vir em grupos de três. Isso nunca vai funcionar.

— O que você precisa trabalhar? Temos sexo juntos, fim da história.

Ark ainda vacila. Sei que ele está dentro. Eu sei que ele não vai sair. Não depois de tudo isso. Ele pode ir embora amanhã, ou na próxima semana, ou no próximo mês... mas ele não está indo embora hoje.

É só que, ele deve racionalizar isto em sua mente antes dele desistir do controle. E pelo que JD diz, o controle é a sua coisa.

— Onde é que ela dorme?

— Vamos dormir aqui.

— Nós?

—Nós três, — explica JD. — Se nós estamos dentro, estamos dentro. Estamos juntos. Somos um... um... trio. Não um, não dois, mas três. Podemos dormir aqui. Ou podemos dormir no meu quarto. Quem se importa? Teremos alucinante sexo e depois vamos adormecer. Assim como todos os outros. E está ficando muito fodidamente tarde, imbecil. Então, tire a roupa dele, Blue. E obter os duas bundas aqui para que possamos foder.

Ark está sorrindo quando eu olho para ele e eu sei que nós ganhamos. Era isso. Isso é tudo o que ele precisava. Apenas alguma conversa direta entre eles para definir as regras básicas.

JD quer diversão.

Ark quer compromisso.

E eu quero os dois.

Eu alcanço o botão inferior na camisa branca do Ark. Não está dobrado. Nunca está, a partir do que eu já vi. Eu a desabotoo de baixo para cima e quando eu chego a sua gravata azul pendurada frouxamente ao redor de seu pescoço estilo bad-boy empresário, eu a retiro e a lanço no chão. Ele tira sua camisa, revelando um peito que é musculoso com perfeição. As cristas e depressões que compõem a paisagem de seu abdômen são sombreadas perfeitamente para mostrar seu impressionante físico.

Eu esperava ter que o levar até JD, mas ele me surpreende balançando em seus braços e atravessando o quarto para a cama. Ele me coloca suavemente para baixo ao lado de seu melhor amigo, e então se ajoelha na minha frente, abrindo minhas pernas e posicionando-se entre elas.

— Você tem certeza? — Pergunta ele.

— Eu tenho, — eu digo.

E então seus olhos vão para JD e ele concorda. — Está bem. Mas nós mantemos isto aberto e respeitoso.

JD fica de joelhos também, mas ele levanta a minha volta um pouco e se posiciona atrás de mim, agarrando meu seio um pouco mais áspero do que deveria, só para mostrar a Ark que ele tem suas próprias ideias sobre respeito.

Mas Ark está olhando para minha buceta agora. Está molhada pra caralho. Eu quis isso o dia todo. JD não me tocou quando fizemos nossos preparativos para seduzir Ark. Ele me deixou querendo e eu não sou nada, apenas um recipiente cheio de desejo agora mesmo.

— A segure aberta para mim, JD, — diz Ark.

Eu quase gozo ali.

As mãos de JD deixam meus seios e agarram-me sob meus joelhos, separando minhas pernas para que minha bunda esteja levantada um pouco para fora da cama.

E então Ark mergulha. Ele enterra seu rosto em minhas pregas. Sua língua me lambe de costura para costura. Seus dedos empurrar para dentro, escorregando, alongando dentro enquanto ele procura por meu ponto de prazer.

Ele o encontra e eu arqueio minhas costas, me afastando do domínio de JD. Recebo uma mordida afiada no ombro por isso. — Quieta, Blue, — JD rosna no meu ouvido. — Você vai gozar duro hoje à noite. E você o vai fazer mais de uma vez.

Sua conversa suja, combinada com a língua e os dedos talentosos da Ark, me faz contorcer ainda mais. — Foda-me, — eu sussurro. — Só me foda agora e podemos jogar mais tarde.

JD chega sob a minha bunda e me levanta para que ele possa deslizar todo o caminho debaixo de mim. Seu pênis duro pressiona entre minhas nádegas, me procurando. Ark recua um pouco, seus olhos nunca deixando a ação acontecendo lá embaixo, como JD posiciona seu pau no meu cu enrugado.

— A deixe molhada para mim, — JD pede a ele em voz baixa.

Ark responde bombeando os dedos em minha boceta algumas vezes e, em seguida, arrastando meus sucos lisos até a minha bunda. Ele insere o dedo, separando os músculos e me fazendo gritar.

Mas eu adoro isso. A dor se foi cedo demais, e o canal está molhado e pronto quando JD posiciona seu pau e se enfia dentro de mim.

— Oh, sim, — eu gemo. É dor, mas isso é tão bom. Ele estende a minha bunda e, em seguida, ele está longe o suficiente para passar os músculos constritivos e os fazer relaxar.

Ark chega para mais perto, bombeando seu pênis.

— Câmera, — eu digo. — Pegue a câmera.

— Foda-se a câmera, — diz Ark. E então ele dá um tapa em meu clitóris com o pau dele, me fazendo guinchar. Um momento depois, e ele está dentro de mim também. Eles me enchem. JD se move lentamente embaixo. Ark empurra em cima. Seu peito se comprime em cima do meu, e, em seguida, ele se inclina em minha orelha e sussurra tão baixo que eu mal o posso ouvir com a respiração ofegante de desejo: — Eu quero você.

Eu não tenho tempo para lhe dizer de volta, ou dizer que ele me pegou, ou nada, porque os dedos de JD chegam e encontram meu clitóris. E isso é tudo o que preciso. Eu aperto, fazendo com que ambos os homens rosnem e lamentem pela pressão, e nós três gozamos juntos.

Um longo e simultâneo orgasmo que me bate com tanta força, que minha cabeça gira.

Depois de alguns momentos de respiração ofegante e pesada JD agarra meu peito e aperta, assim como Ark desaba em cima de nós.

— Saia! Seu idiota! — Diz JD junto ao meu ouvido.

Ark rola e cai contra o travesseiro quando JD me desloca para o lado e prende a perna sobre a minha, me puxando para seus braços. — Não se mova, querida, — diz ele, ainda sem fôlego. — Basta ficar ai mesmo.

Olho para Ark e eu sei que ele está irritado com a reivindicação do movimento de perna de JD. Ele revira os olhos e começa a virar as costas para nós. Mas eu chego e pego sua mão e a trago para os meus lábios. — Chegue mais perto, — eu digo, beijando seus dedos. Eu deslizo meus lábios em torno deles e chupo por um momento.

Seus olhos se iluminam com um sorriso. — Você é uma menina suja, Blue.

Eu removo os dedos da minha boca. — Eles têm meu gosto.

Ele retira a mão, mas foge apenas o suficiente para me deixar chegar aos seus bíceps.

E isso é uma oferta que não posso recusar. É um passo monumental para frente de sua parte. Deixar os três de nós dormirmos juntos em sua cama, bem, é mais do que JD e eu sempre esperamos quando fomos planejar isso tudo antes de Ark chegar em casa.


Capítulo vinte e nove

ARK

 

Eu acordei com cheiro de sexo.

O corpo quente de Blue contra o meu parece tão certo, eu envolvo meus braços em torno dela e a puxo perto. — Onde está o JD?

— Chuveiro, — ela murmura no meu peito.

Abro os olhos e verifico o relógio. Oito da manhã. — Onde diabos ele está indo?

— Pegar o café da manhã, ele disse.

Foda JD. — Se levante, Blue. Eu tenho que ir ver o que ele está fazendo.

Eu balanço minhas pernas para o lado da cama e coloco meu rosto em minhas mãos e tentar chegar a um acordo com a forma como a minha vida pode estar mudando diante dos meus olhos. Eu ainda estou nu e eu tive um trio com meu melhor amigo e uma garota que eu quero muito, e isso está me deixando louco.

Em todos os quatro anos que eu estive aqui em Denver, nunca antes eu coloquei meus objetivos em risco. Até agora. Eu sempre tive um olho no prêmio. Eu poderia ter tomado meu tempo sobre isso, mas eu nunca andei longe da minha meta original.

Isto está saindo do controle? Vou arriscar tudo só para ter essa relação em termos que todos podemos concordar?

Ela vale a pena?

Eu olho por cima do meu ombro e encontro-a dormindo novamente. Sua boca está aberta ligeiramente e seu peito está subindo e descendo em um processo lento, no mesmo ritmo.

Ela vale a pena.

Eu não sei por que, eu só sei que esta menina é única. E se eu tenho que brincar de casinha com JD mais um pouco para a manter, eu vou.

Me levanto e ando sobre as minhas roupas no chão, arrasto meu jeans, e vou à procura de JD. Eu não o vi se levantar ao nascer do sol, isso é certo.

Eu bato na sua porta e ele abre uma fresta. — Entre, — ele chama.

— Onde diabos você está indo? — Eu pergunto, irritado.

— Obter um pouco de comida. Você tem um pedido? — Ele puxa uma camiseta sobre a cabeça e, em seguida, puxa uma de flanela limpa fora do gancho em seu closet.

— Todos nós podemos ir juntos.

Ele balança a cabeça. — Não. Blue disse que ela não está deixando o apartamento.

— O quê? Como hoje?

— Não, como sempre. Ela diz que tem alguma fobia de sair.

— O quê? Isto já foi longe o suficiente. Isso é merda.

— Ei, — diz ele, colocando as mãos para cima. — Eu estou apenas dizendo o que ela me disse. Então, eu vou sair e comer alguma coisa e eu vou estar de volta em meia hora.

— Vamos fazer comida.

Ele para, seu pé meio caminho dentro de sua bota, e atira-me uma piscadela. — Quer dizer, como uma família?

— Foda-se.

JD recomeça a colocar suas botas e, em seguida, afivela o cinto antes de olhar de volta para mim. — Eu estou bem, OK?

— Eu não acredito em você.

— Bem, — ele enfia a carteira dele em seu bolso nas costas — Quem se importa? Eu não preciso de sua permissão para sair e tomar café da manhã. Eu não preciso de sua permissão para sair e fazer a merda que você acha que eu estou fazendo quando eu não estou. — Ele para de novo, me olhando nos olhos. — Eu não vou fazer isso. Então, se é isso que você pensa, foda-se.

E então ele sai do quarto e eu escuto suas botas batendo no chão até que ele abre a porta da frente e a bate fechando atrás dele.

Volto para o meu quarto e volto para a cama com o Blue.

— O que foi aquilo?

— Nada, — eu digo, a puxando para perto de mim novamente. Gosto da maneira como ela cheira agora. É uma mistura de nós três. — Eu a preciso levar para a clínica hoje. Pegar algumas pílulas.

— Não, — ela diz, com muita firmeza.

— O que quer dizer com não? Eu gozei dentro de você. Você não está em qualquer controle de natalidade. Precisamos ter mais cuidado, de modo que envolve uma viagem a clínica.

— Eu não vou sair.

Hmmm. Então é verdade. Ela está se confinando. — Por que não?

Ela se vira na cama de modo que ela está de frente para mim. — Eu entro em pânico quando eu tenho que ir lá fora. É por isso que quando você me encontrou, eu estava trêmula e ofegante. Eu estava tentando me esconder debaixo do toldo, para o espaço se fechar sobre mim. Eu preciso de espaços fechados.

Bem, isso é interessante. — Como é que eu vou te levar para jantar?

Ela ri. — O Quê?

— Jantar. Eu tenho essas roupas para você, lembra? Íamos sair para jantar na outra noite e esquecemos. Então, se você não sair de casa, eu não a posso levar para jantar.

Ela estuda meu rosto atentamente. Como se ela estivesse tentando decidir se estou falando sério.

Eu estou. Então, ela está convencida. — Eu posso cozinhar.

Ok, isso é tudo que eu precisava. Ela não é irracional. Ela está com medo de alguma coisa. Eu duvido que ela tem agora fobia, mas eu acredito que ela tem um bom motivo para querer ficar.

Ela não tem medo de sair de casa. Ela tem medo de ser pega. É só, e eu não posso imaginar por que ela tem medo de ser pega. Ela foi estuprada? Parece possível com todas as marcas em seu corpo. Elas estão começando a desaparecer agora, o que me diz que elas provavelmente aconteceram naquela manhã que a encontramos.

Mas ela fez alusão a ser um participante voluntário em alguma coisa sexualmente desviante em várias ocasiões. Então, quem está procurando por ela?

— Eu posso ver sua mente girando, você sabe.

— É mesmo? — pergunto. — O que eu estou pensando?

— Você quer respostas. E eu não estou indo as oferecer. Ainda não. Se eu deixar este loft, eu não vou voltar.

— O quê? — me sento nesta parte. — Explique.

Ela encolhe os ombros e se vira, me mostrando a marca de volta no sol brilhante da manhã. Eu levanto o cabelo dela e estudo a marca. — É um círculo, o que significa que para sempre.

— Sim, — ela diz, em voz baixa.

— Mas não há nenhum contrato juridicamente vinculativo para sempre, Blue.

— Eu estou ciente.

— Então, do que você tem medo? Que alguém vai vê-la e a levar de volta?

— Algo parecido com isso.

— Matar você?

Silêncio.

Eu respiro fundo e me deito, meu braço empurrando sob seu quadril para que eu possa rodear sua cintura. — Podemos ficar. Não é grande coisa. Nós vamos ter jantares em conjunto.

Ela vira a cabeça um pouco, olhando por cima do ombro para mim. — Podemos? Nós três?

Eu dou de ombros. — Eu não controlo JD, mas sim. Eu vou comer a sua comida.

Ela se vira e olha para mim. — Que história é essa? Você é o Sr. Agradável agora?

— Eu nunca sou o Sr. Desagradável.

— Seja qual for, — ela ri. — Você é intrometido e mandão. Você quer dar todas as ordens e você odeia quando não pode. Eu mal o conheço, e essas coisas são tão verdadeiras, eu as percebi em um dia.

— Um dia? Você estava fora de si no primeiro dia.

— E eu ainda vi isto.

Eu fico olhando para ela por alguns segundos. Ela precisa comer mais, isso é certo. Ela não está doente, como no primeiro dia em que ela chegou aqui. Mas ela ainda está muito magra e ela parece fraca. Sua pele está muito pálida e seu cabelo não está brilhante. Mas seus olhos estão chegando lá. E isso me dá esperança. Alguma esperança ao permitir a ela alguma margem para encontrar o seu caminho para frente. — Eu só quero o que é bom para você, isso é tudo. Ficar ou sair não é uma luta que eu estou interessado em lutar ainda.

Ela chega e toca meu rosto. — Por que você está interessado em tudo?

Eu levo seu dedo e puxo-o para os meus lábios para dar-lhe um beijo. — Eu acho que você precisa de ajuda. E eu quero ser o único a ajudar você.

— Você é um bom samaritano?

— Algo parecido com isso.

Ela ri com a forma como eu imito sua resposta de alguns segundos atrás. — Ok, então. Eu vou fazer comida para vocês caras e você vai comer comigo e não me pressione para sair daqui.

— Fechado, — eu digo a ela. — Agora vamos voltar a dormir. Com alguma sorte, JD vai se perder em seu caminho para o lugar do café da manhã e nos deixar em paz por um tempo.

Ela se vira, as costas pressionadas contra o meu peito. — Eu sei que você se preocupa com isso. Mas eu não entendo o por que. Ele me parece muito bem.

— Bem, Blue, se você tiver um desejo de deixar o loft, talvez um dia você o possa seguir. Então você vai saber o que ele está fazendo. Então você vai saber por que eu me preocupo.

— Isso é ruim? — sua voz trai sua preocupação.

— Pode ser. Mas não é ruim agora. Então me deixe cuidar disso. E do controle de natalidade. Vou marcar um dia para o médico vir aqui e ver você.

— O médico? Você tem um médico em mente?

— O que nós enviamos as meninas.

— O seu médico de prostituta? — ela me empurra, mas eu envolvo meus braços mais apertados e inclino em seu ouvido.

— Pare. Eu vou encontrar um bom, então. Eu não estava a tentando insultar. É apenas algo que temos de cuidar e que é inegociável. — Ela bufa um suspiro e relaxa. — Mas seria muito mais fácil se você só concordasse em deixar o loft.

— Eu não tenho a minha identidade. Eu não tenho um cartão de saúde. E eu não quero dar o meu nome real.

Eu não sei por que, mas ouvi-la admitir que Blue não é o nome dela me dá frio. Quer dizer, eu dei-lhe o nome. Eu sei que não é real. Mas de alguma forma escorregou da minha mente. — Qual é o seu nome verdadeiro?

— Blue, — diz ela, bufando um pouco de ar para que ele sopre o cabelo acima dos olhos. — Eu gosto de ser Blue, de modo que é meu nome real. Qual é o seu nome verdadeiro?

— Ark, — eu digo a ela de volta. — Eu sou apenas Ark.

— Ark é um nome estranho. Qual o nome do JD?

— Ele nunca disse: — Eu minto, pensando no dia que eu o conheci fora da estação rodoviária. — Por isso, nunca foi nada, mas JD desde que eu o conheci.

— Eu não preciso de controle de natalidade, Ark.

Eu fecho meus olhos, imediatamente compreendendo, mas não querendo que seja verdade.

— Eu não preciso de controle de natalidade, porque não posso engravidar. Portanto, não se preocupe com isso.

Com a maioria das meninas, eu diria que era besteira. Mas eu sei que não é um blefe.

Mentimos em silêncio por um tempo. Pensando em bebês que nunca serão concebidos. E nomes falsos. Em encontrar pessoas quando você não está olhando. Sobre escapar do passado e fingir que não há tal coisa como um futuro. Vivemos no presente por alguns instantes e, em seguida caímos no modo contemplativo, quando a porta se abre e fecha.

— Estou de volta, idiota. E eu tenho o café da manhã, — JD grita da sala de estar. Nem Blue, nem eu nos movemos e ele caminha para o quarto. Mas JD os pode ler imediatamente. — Qual é o problema?

Eu me desembrulho de Blue e me sento. — Nada.

— Qual é o seu nome verdadeiro? — Blue pergunta a ele.

— Huh? — JD sorri para ela dessa forma que ele faz. Deus, às vezes eu desejo ser ele. Às vezes eu desejo que eu possa deixar toda essa bagagem ir, e ser JD. Com estilo. Engraçado. Encantador. Lindo.

Porque JD tem tudo a seu favor. Eu vi sua doce conversa com meninas suficientes para saber. Ele é exatamente o que elas querem. Adicione o fato de que ele vale cerca de quase catorze milhões de dólares, e sele o acordo.

— James David, — diz ele, pulando na cama, fazendo Blue e eu saltarmos com ele. Ele se instala ao lado dela e se inclina para um beijo. Ela o obriga mesmo sem perder uma batida. Seus olhos se encontram antes que ela feche os dela, seus lábios se tocando enquanto ele varre a língua dentro. Eu deveria sentir ciúmes, mas estranhamente, eu não sinto. Me faz sentir... satisfeito. — Mas eu odeio esse nome. Meus pais nunca me chamavam assim. Era sempre JD.

E então ele olha para mim para ver se eu tenho alguma coisa a acrescentar. Mas foda-se essa merda. Eu não vou falar. — O que você trouxe no café da manhã? — pergunto ao invés.

— Bagels. Montes e montes de bagels. E café também. Então, não temos que beber essa merda Ark chama de Joe. — E então ele tira nosso lençol rápido e pega Blue em seus braços. — Comer, chuveiro, foder. Esses são os meus planos para hoje.

Blue ri quando ele a leva para fora da porta do quarto. Eu sigo alguns segundos depois e a encontro sentada nua em cima do balcão do café da manhã. — Brrrr, — diz ela, esfregando os braços.

— Você precisa de roupas, — eu digo, tomando um café de JD e entregando a ela. — Como você vai comprar roupas se você se recusa a deixar o loft?

— Eu vou comprar para ela, — JD oferece. — Eu tenho bom gosto. Eu vou depois que foder.

Blue ri e balança a cabeça. Mas tudo que eu consigo pensar é no que ele poderia fazer, enquanto ele está comprando. — Eu vou, — eu me ofereço, tomando um bagel e agarrando o cream cheese. — Você pode ficar com a Blue.

JD fecha a cara para mim. — Eu disse que eu vou.

Eu mantenho minhas mãos para cima, me rendendo. — Bem. Eu vou fazer Blue ficar nua todos os dias até você voltar. — quando eu olho para ela, ela está mastigando devagar, nos observando interagir.

— Você faz isso. Mas hoje à noite, quando chegarmos em casa do trabalho, e eu estiver pronto para a cama, enquanto você tem que ficar acordado a noite editando e ela dorme no meu quarto.

E então ele pisca para ela. Sabendo muito bem que ele apenas esboçou um parâmetro de nossa relação de amizade.

Nas noites em que trabalhamos, ela pertence a ele.

E trabalhamos mais noites do que não fazemos.

Então, sim.

Ele ganha.

— O que exatamente vocês fazem no... trabalho? — Blue pergunta.

— Nada que você precise se preocupar, — eu digo rapidamente.

— Que porra é essa? — JD pergunta.

— O quê? — eu pergunto de volta. — Eu não quero que ela pense sobre o que fazemos.

— Por quê? — Blue interrompe.

— Sim, — diz JD, chateado. — Ela já sabe. Isso é algo que eu nunca entendi sobre você, Ark. Por que diabos você se importa com o que as pessoas pensam de nosso negócio?

— É pornografia, — eu digo. Como, se liga?

— Então? Ray é o Rei da Pornografia aqui. E ele nunca tem um problema de dizer às pessoas o que ele faz. Estamos abrindo nosso próprio site em poucas semanas. Não há nenhuma maneira que você vai ser capaz de o racionalizar em seguida.

— Eu não estou preocupado o racionalizando.

— Besteira. Você odeia o fato de que fazemos pornô. Você prefere fazer qualquer outra coisa, mas não é possível porque os carros, condomínios, e esportes, em tudo o que você gasta o seu dinheiro, não são grátis. Você só está nessa pelo dinheiro.

— E o seu ponto? — Eu rolo meus olhos em direção a Blue, mas ela tem um olhar sério em seu rosto que me faz parar e reavaliar. — Você quer saber o que ele vai fazer hoje à noite? Quero dizer, realmente? Você quer que eu te diga como nós temos uma menina marcada para chupar seu pau em um clube lotado ali mesmo na pista de dança?

Ela abaixa a cabeça e mastiga seu pão. — Não é da minha conta o que vocês fazem.

— Foda-se. O que há de errado com vocês dois? Você não tem quaisquer sentimentos, Blue? Não te incomoda que JD terá outra mulher de joelhos hoje à noite?

— Você é um idiota, — JD diz para mim.

— Por quê? Você queria falar sobre o trabalho.

— Porque você o quer esconder. Nós não estamos fazendo nada de errado.

— Na semana passada nós não estávamos fazendo nada de errado, esta semana nós estamos.

— Por que isso? — ele rosna. — Esta semana você é muito bom para a pornografia?

— Não, idiota. Porque esta semana estamos em um relacionamento.


Capítulo trinta

Blue

 

Relacionamento.

Uau. Para um cara que era resistente até o último segundo, uma vez que ele está dentro, ele se entrega.

JD ri. — Nós estamos transando com ela, Ark. Nós não vamos nos casar com ela.

Eu escorrego para baixo do balcão. — Eu vou tomar um banho, se está tudo ok. — os dois olham para mim quando passo entre eles e sigo em direção ao corredor. Sua discussão continua depois que eu saio. Eu ainda os posso ouvir no quarto.

Como esses dois caras até mesmo são amigos? Eu não entendi. Eles não poderiam ser mais diferentes.

Eu fecho a porta para que eu não tenha que ouvir a discussão. É estúpido, de qualquer maneira. Eles fazem pornôs. Eles são escória. Não falar sobre isso não vai mudar esse fato.

Eu ando no banheiro de Ark e ligo a água para a banheira. Eu detecto o pacote de pílula do dia seguinte no lixo e isso me deixa ainda mais confusa. Ele é tão fechado. Ele guarda tudo dentro. Se não fosse tão desconcertante, eu iria rir sobre isso. Porque eu não entendo como um cara prático e lógico constrói um reino fabricando e vendendo pornografia.

Eles não se somam. Nem um pouco. Os ternos meia-boca? Quer dizer, eu amo o estilo. Ele é duro de uma forma muito elegante. A camisa branca para fora da calça. A gravata frouxa. Por que usar uma gravata assim? Por que se preocupar com um laço que não é perfeito? Sempre jeans e botas, e eles têm tatuagens, dragões brigando por alguma pérola azul. De onde diabos ele veio? É como se Ark não pudesse decidir se ele é um motociclista ou um empresário.

E JD... Jesus. Eu não tenho ideia do que pensar sobre ele. Do jeito que Ark fala sobre ele, ele é louco ou algo assim. Ele é instável. Ele tem ‘problemas’. Que tipo de problemas? Então, ele some de vez em quando. Se eu pudesse deixar este loft, eu teria ido também. Mas, assim como as coisas com Ark, há algo lá com JD também.

Relacionamento?

É isso o que é?

Eu olho para cima e encontro o meu rosto olhando para mim no espelho. — O que você está fazendo? — Mas a garota do outro lado não responde. Em vez disso, há uma batida na porta. — Entre, — eu digo.

Ark empurra-a aberta e está no limiar segurando sua câmera. JD está atrás dele. Nenhum dos dois diz nada e eu estou imediatamente incomodada com isso. — O quê?

Ark abre a boca, mas JD é que responde. — Não se incomode com nossa merda, Blue. Fazemos isso o tempo todo.

Mas eu sei que, de alguma forma, dentro de mim, isso não é verdade. Eu acho que antes de eu vir, nada perturbava estes dois. Acho que antes de eu vir, eles não haviam tido uma discussão em meses. Talvez anos.

Mas foda-se. Se eles querem mentir, eu tenho o suficiente de mentiras próprias que eu preciso continuar contando. Então, tanto faz. — Quer se juntar a mim na banheira? — eu digo. — É enorme. Cabemos provavelmente todos os três lá. — Ark passa por mim e olha dentro da banheira. Ele olha para mim e JD, em seguida, para a banheira novamente. Como se ele estivesse calculando o volume ou algo assim. — Meu Deus, você sempre pensa demais nas coisas?

— Pfffft, — diz ele, colocando a câmera no balcão em frente a banheira, e, em seguida, desabotoando sua calça jeans. — Eu nunca penso demais em qualquer coisa.

Olho para JD, que está nos observando com um sorriso divertido no rosto. Ele puxa a camisa sobre a cabeça e arranca suas botas. — Vamos transar na banheira, então.

— Não, — eu disse, exasperada. — Eu não quero foder na banheira. Eu só quero relaxar na banheira. Se vocês dois querem relaxar comigo, então OK. Do contrário, — eu paro. Porque eles estão olhando para mim com carrancas e sobrancelhas para cima. Eu estou sendo uma puta. — Caso contrário, — eu suavizo meu tom — Deixem eu me lavar e eu estarei lá fora.

— Nós vamos relaxar com você, — diz Ark como se fosse besteira. E então ele tira a calça jeans e caminha em minha direção e estende a mão. — Eu vou segurar sua mão enquanto você entra.

Eu respiro fundo e sorrio para o gesto. E então eu tiro a mão e passo por cima da borda da banheira. Os jatos de água quente contra minhas pernas e quando eu abaixo a minha bunda, eu olho para cima e silvo da picada.

Ark solta minha mão e depois JD despeja um pouco de xampu na água para fazer bolhas. — Sabonete liquido acabou, — diz Ark, pisando ao meu lado. JD fica no outro, e então eles simultaneamente se inclinam para trás, esticando as pernas para fora, tanto quanto possível em cada lado do meu corpo.

— Nós realmente não nos encaixamos, não é? — eu ri.

— Nós vamos fazer, — diz JD, agarrando meus ombros e me virando por isso as minhas costas estão descansando em seu peito. Quando eu olho para Ark, ele está se divertindo. O que é bom, já que ele parece ser o tipo ciumento. — Você sabe quanto tempo passou desde que eu me sentei em uma banheira antes de você chegar, Blue? — JD pergunta.

O sorriso de Ark se arrasta enquanto ele pensa sobre isso.

— Eu devia ter dez anos de idade, — JD continua. — Nós tínhamos uma velha e feia com pés em nossa casa. Não algo vintage e legal, mas enferrujado e porcaria. Eu odiava essa coisa. Demorava uma eternidade para encher.

— Você cresceu em Denver, JD? — pergunto.

— Sim. Nascido e criado.

— E você, Ark?

Ark nega com a cabeça para mim, mas não oferece um lugar.

— Ark cresceu em Iowa ou algo assim.

— Cidade ou fazenda? — eu continuo perguntando.

Ark apenas olha para mim com aquele sorriso. Seus braços estão esticados em toda a borda da banheira em cada lado dele e os seus joelhos estão flexionados porque JD está ocupando a maior parte do espaço com as pernas.

Meus dedos mexem e eu posso sentir o pau duro do Ark contra eles. Ele me dá outro sorriso.

Deus, eu adoraria que ele me fodesse. Não com JD, mas sozinho.

— Se você é de Montreal, — Ark diz, me colocando em alerta máximo, — por que você não tem sotaque francês?

— Eu fui para a escola nos Estados Unidos. — E eu fiz. Isso não é mesmo uma mentira.

— Onde? — JD pergunta. E agora eu sinto que eles estão juntando esforços para obter informação.

— Na Costa Leste. E isso é tudo que eu vou dizer sobre isso, se estiver tudo OK. — Eu espero por uma objeção, mas JD está silencioso e Ark apenas dá de ombros. — E quanto a vocês?

Eu estou olhando para Ark, é claro, já que estou de frente para ele, mas JD é aquele que responde. — Eu fui ao Norte. Mas eu saí no décimo primeiro grau.

— Sério? — eu viro minha cabeça para olhar para ele. — Eu nunca teria imaginado.

— Realmente, — ele afirma com um sorriso. — É muito legal você dizer isso, e sei que agora não faz a diferença. Eu sou um milionário que abandonou o ensino médio. Mas, se eu pudesse fazer tudo de novo, eu teria terminado. Talvez ido para a faculdade.

— Por quê?

— Porque tudo que eu faço é atuar. E realmente, você não pode chamar o que eu faço de atuar. Eu fico lá e deixo as meninas me chuparem.

— JD, — diz Ark, irritado com a conversa de trabalho.

JD dá de ombros. — É verdade.

— Não é verdade, — diz Ark. — Ele é um vendedor natural. Muitas pessoas não poderiam encantar meninas estranhas para fazer o que ele precisa que elas façam.

— O que você vai fazer hoje à noite? — pergunto.

Ark toma uma respiração, a prende por um segundo, e depois solta. — Encontro com a menina no clube. Aguardo até que o show comece. Deixo as pessoas ficarem agradáveis e bêbadas. Turbulentas. Em seguida, a levo ao chão, a coloco de joelhos, e digo ação.

— As pessoas não fazem nada? Como o tentar parar?

— Temos contratos verbais com os proprietários do clube. Gestão, segurança, as bandas, eles estão todos nisto.

— Então, você os paga para o deixar filmar lá?

— Sim. Cada palma fica lubrificada.

JD pega o sabonete e começa a o esfregar pelo meu braço. Eu olho para trás e ele sorri. — Isso é bom.

— É pra ser, — diz ele.

— Então, se você não vai falar sobre a escola, vamos falar sobre a faculdade, — diz Ark.

Eu viro meus olhos para ele. — Está bem. Você primeiro. Onde você foi?

— Eu não fui. E quanto a você?

— Eu também. — Eu estou mentindo, mas ele também. Então foda-se.

O peito de JD treme com uma risada atrás de mim. — Vocês dois são outra coisa. Por que desperdiçar tanta energia sendo hostil?

— Nós não somos hostis, — eu digo, me sentindo muito hostil.

— Tanto faz.

— OK, então, — Ark continua. — Eu sou um jacaré13. Universidade da Florida. É a sua vez.

E isso soa verdadeiro, por algum motivo. Ele tem um leve sotaque do sul na sua fala. — Columbia, — eu digo.

— Columbia? — diz JD. — Diabos, menina. Você cresceu rica e inteligente. Como diabos você veio parar aqui?

— É uma longa história. — Meus olhos nunca deixam o rosto de Ark.

— Nós temos tempo, — diz Ark, olhando de volta. — Dê uma chance, Blue. Você vai ter que nos dizer, eventualmente.

Como é que eu acabei aqui? Faz tanto tempo desde que eu pensei sobre isso, eu tenho que voltar em meus passos. — Minha melhor amiga de quando eu era criança.

— Da escola? — Ark interrompe. — Ou de casa?

— Casa, — eu respondo, consciente de que ele está pescando para obter detalhes. — Ela se mudou para Denver e então a segui até aqui.

— Quantos anos você tem?

— Jesus, Ark, — diz JD. — Não é um interrogatório. Se acalme.

— Vinte e quatro, — eu respondo. E é um interrogatório. Eu só estou tendo um momento difícil porque esse cara sente a necessidade de me interrogar. Ele é protetor, eu entendo isso. Ele quer controlar, o que também faz sentido. Mas por que eu? Eu não sou tão bonita. Eu estou pelo menos 7 quilos abaixo do peso, meu cabelo está quebradiço, e minha pele está pálida. Eu pareço cansada, mesmo depois de alguns dias de descanso. Eu pareço oprimida. Então, por que ele está tão interessado? Por que qualquer um deles está tão interessado? — E quanto a você?

— Vinte e sete anos.

— Vinte e cinco, — JD acrescenta.

— Então, sua amiga veio para Denver e...

Eu levanto os meus joelhos para cima e envolvo meus braços em torno de minhas pernas, abraçando-os no meu peito. — Ela veio para Denver e trabalhava como garçonete em primeiro lugar. Mas então... — Eu tenho que parar e trazer esta parte à tona. — Mas então ela me ligou e disse que estava grávida e se eu poderia vir passar o verão com ela como babá.

Ark aperta os olhos para mim. — Por que ela iria assumir que você ia largar sua vida e a vir ajudar?

— Nós éramos melhores amigas, sabe? E eu não estava funcionando.

— Então você veio para Denver no verão passado?

Eu balancei minha cabeça.

— Dois verões atrás?

Concordo com a cabeça.

— Bem, foda-se, Blue. Isso é muito tempo para estar na cidade. O que diabos você está fazendo aqui? — JD está começando a colocar as coisas em conjunto. Ark sempre soube. É como se ele deu uma olhada em mim na chuva naquela manhã e ele leu minha mente. Mas JD estava apenas se divertindo. — Blue? — ele estimula, me cutucando para manter divertido.

Mas a diversão sumiu. Eu tenho que tomar uma decisão e eu tenho que fazer isso agora. Confiar ou não. E se eu fizer isso, então sim, isso é uma grande jogada. E se eu mentir, eles vão saber. E eu não vou ser capaz de ficar aqui muito mais tempo. Um ou dois dias, no máximo.

E então onde eu iria? Eu não posso chamar meu pai. Isso seria um grande negócio. Eu não posso simplesmente voltar para as ruas. Não há nenhuma maneira que eles não estarão me procurando. Eles sabem que eu não tenho nenhuma identificação, sem roupas, sem passaporte. Eu não posso deixar o país. Eu não posso ir para as instituições de caridade locais, eles me encontrariam. Eu não posso nem ir à polícia. Quem sabe quantos oficiais eles têm sobre a folha de pagamento? E quem sabe o quão alto eles vão?

— Você tem que confiar em alguém, — diz Ark, calmo como pode ser. Ele está acostumado a isso. Algo sobre o seu profissionalismo é muito familiar para mim. E ele está certo, eu preciso confiar em alguém. Mas em dois caras que fazem pornô para viver? Realmente? — Comece com a marca.

Todo o corpo de JD endurece atrás de mim quando Ark diz a palavra marca. Eu balanço minha cabeça automaticamente. — Isso é um fim, não um começo.

— Justo. O que aconteceu quando você chegou aqui?

— Nós almoçamos em um lugar baixo no Colorado Boulevard.

— De que cidade você veio?

— Montreal. Eu estava em casa para o verão, quando ela ligou. Essa era a única maneira ela tinha de chegar a mim.

— E você só voou para Denver.

Eu sei o que ele está insinuando. E muito bem. Tanto Faz. Quem se importa se ele descobre que eu venho de uma família privilegiada? — Eu te disse, eu não estava trabalhando. Eu não conseguia encontrar um emprego. Eu não tinha nada me impedindo de ir.

— Que tipo de trabalho que você faz, Blue?

Eu não sei por que, quando JD faz essa pergunta soa tão... genuíno. Mas quando Ark pede isso, ele me faz querer mentir. JD me faz querer dizer-lhe todos os meus segredos. Eu posso ouvir a simpatia em sua voz. — Eu sou uma repórter.

Os olhos de Ark param em JD por alguns segundos como se eles estivessem tendo alguma comunicação secreta. Sua mandíbula aperta. — Então você veio a Denver para encontrar um emprego? Ou para ajudar a sua amiga?

— Ambos.

— Você conseguiu um emprego, Blue? — JD desta vez.

— Não. Eu tenho... — eu tenho que tomar uma respiração profunda, então eu paro. E uma vez que eu paro, eu não consigo encontrar uma maneira de continuar.

— Basta dizer isso, baby. — JD se inclina no meu pescoço e me beija. — Basta nos informar o que está acontecendo. Nós não a vamos julgar. Quero dizer, olhe para nós. Nós fazemos pornôs.

— Eu pensei que se eu a pudesse ajudar, talvez eu pudesse escrever sobre ela. E, em seguida, publicar online. E talvez conseguir um emprego real. Quero dizer, eles me queriam como blogueira.

— O quê? — Ark pergunta. — Quem?

— Depois da escola. Eu me candidatei a centenas de publicações. E eu tive uma oferta de um blog. Blog, — repito. — E eu sei que algumas pessoas têm grandes carreiras como blogueiros, mas esta não era este tipo de oportunidade. Era para blogar estatísticas. Não era para escrever. Bastava copiar e colar.

— Ok, — diz Ark, um pouco irritado. — Eu não entendo o que isso tem a ver com nada do que está acontecendo. Como sua amiga está conectada? Onde você conseguiu essa marca? De quem diabos você está se escondendo?

— Quando Janine veio até mim e pediu ajuda, foi um enorme favor, ok? Ela estava grávida e ela me disse que eles estavam indo fazer exames em seu bebê e o dar a outro casal para adotar.

— Quem? — exige Ark, me fazendo pular.

Os braços de JD enrolam em volta de mim, tentando me acalmar.

— E eu pensei que era a oportunidade perfeita, sabe? Eu poderia a ajudar, certo? Eu poderia impedir essas pessoas de tomar seu bebê. E eu poderia escrever uma matéria sobre o que estavam fazendo e talvez conseguir um emprego com isto.

Ark inclina seu rosto na palma da mão. Ele toma uma respiração profunda. — Por favor, me diga que você não se infiltrou nesse grupo para escrever uma matéria.

Eu engulo em seco. — Eu fiz.

Ele se levanta, sai da banheira, olha para a câmera como se tivesse esquecido que estava lá, então a pega e sai, arrastando uma poça de água no chão atrás dele.

— Porra, Blue, — diz JD. — Essa foi uma ideia muito estúpida.

— Eu percebo isso agora. Quer dizer, eu percebi naquela época, também. Levei cerca de cinco minutos para entender. Eu fodi tudo de uma forma significativa.

— Então, de onde é que a marca vem?

— Eu... eu... eu entrei.

— Você entrou? — Ark espreita a cabeça para o banheiro vestindo uma daquelas camisas branca de botões. Ele já colocou o jeans. Como se ele estivesse indo para algum lugar. — Agora, por que diabos você faria isso?

Encolho os ombros e olho para ele. Ele está tão irritado. Por que ele está tão irritado? E então ele desaparece e depois reaparece calçando as botas.

— Eu não sei, rapazes. Era como se tivessem feito lavagem cerebral em mim. Tornei-me... Você está indo para algum lugar? — pergunto a Ark. Porque ele colocou suas botas e há uma jaqueta de couro na mão.

— Sim, nós estamos indo para algum lugar. Você vai me mostrar onde diabos foi que eles prenderam você.

— Eu não sei onde.

— Você sabe, Blue. — ele rosna isso em mim. — Você sabe. E eu não estou brincando aqui, eu quero que você nos mostre.

— Eu não sei! Eles me tinham com os olhos vendados e me mantiveram em um porão ou algo assim. No outro dia, quando você me encontrou, eu estava em alguma festa especial naquela noite. Eles me drogaram antes de me levarem para fora do porão. Então, quando eu escapei, eu não sabia onde eu estava. Eu não tenho nenhuma ideia de onde estão. Eu não tenho nenhuma ideia de quem eles são. O único cara que eu já vi foi o meu marido.

— Seu marido? — eles dizem isso, ao mesmo tempo.

— Nunca foi legal. Eu tinha um nome falso. Assim, ele não é realmente meu...

— O que diabos está errado com você?

Eu pulo com o grito de Ark novamente.

— Shhh, — diz JD atrás de mim. — Ele não vai te machucar, Blue. Ele só está chateado que você não disse algo mais cedo.

— Por que eu iria dizer a vocês? Vocês são o gueto do pornô! Por que isso é culpa minha, de repente? Por que você se importa tanto?

Ark pisa no banheiro e paira sobre mim, me fazendo inclinar minha cabeça para o olhar nos olhos. Eu me sinto mais vulnerável aqui, sentado nesta banheira com os braços de JD em torno de mim e a desaprovação de Ark, do que eu já me senti em minha vida. Mesmo depois de toda a merda que eu já passei no ano passado. — Me ouça, Blue. Estas são as pessoas que mataram a menina do JD. Essa marca era a sua marca. Eles mataram a garota dele e roubaram seu filho. É por isso que estamos tão interessados, porra. OK? Então você vai levantar sua bunda e...

— Não, — diz JD. Ele se levanta, me trazendo com ele, e olha Ark na cara. — Basta parar, ok? Foda-se essa merda. Eu não quero ouvir nada disso. Eu não posso fazer isto novamente. Eu não posso deixar essa merda tomar conta da minha vida novamente. Eu não posso. — e, em seguida, seu abraço evapora e ele sai da banheira e sai.

Ark e eu estamos lá. Olhando fixamente um ao outro nos olhos.

Eu estou nua.

Eu estou exposta para ele.

Eu me expus por nada.

— Quanto tempo?

— Huh? — eu fingi ignorância.

— Não, — diz ele em voz baixa. — Apenas pare de fingir que você é ignorante, ou estúpida, ou seja, o que for que você está tentando nos fazer pensar. Porque não vai funcionar. Quanto. Caralho. Tempo?

— Quinze meses.

— Você esteve desaparecida por 15 meses?

Concordo com a cabeça.

— E ninguém sentiu sua falta?

— Oh, eles sentiram minha falta. Meu pai foi um premier canadense por 10 anos e ele tem sido embaixador em DC a quatro anos.

Ark estende a mão, agarra meus ombros, e me olha nos olhos. — Meu Deus. Você é Zoey Marshall. Eu sabia que eu conhecia você de algum lugar.

As lágrimas vêm à tona e antes que eu as possa parar, elas estão escorrendo pelo meu rosto. Tem sido muito tempo desde que alguém me chamou pelo meu nome real. Um longo tempo.

— Eu sinto muito, — diz ele, pegando a minha mão e me pedindo para sair da banheira. Eu fico lá no tapete de banho e, em seguida, ele envolve uma toalha em volta de mim, me puxando para o peito em um abraço protetor. — Eu estou tão arrependido.


Capítulo trinta e um

ARK

 

Blue e eu olhamos um para o outro por alguns segundos. Parece que o seu mundo simplesmente se desfez. Mas, em seguida, a porta da frente bate com tanta força que a obra de arte no foyer sacode nas paredes.

Eu ando para a entrada do banheiro e olho para minha porta do quarto.

— Você vai atrás dele?

Eu olho para Blue. — Não. Eu não posso fazer isso de novo também. Passei a maior parte dos dois anos, me certificando que ele não fizesse nada de estúpido. E você sabe o quê? Eu o amo como um irmão. Eu faço. Mas eu não posso lutar esta batalha para ele. Se ele quiser sair procurando essas pessoas em paz, não há nada que eu possa fazer.

E é verdade. Você não pode salvar as pessoas delas mesmas.

Blue empurra me passando e corre pelo corredor. Eu a sigo. Quando eu chego ao hall de entrada, ela está ali de pé em sua toalha, toda molhada, segurando a porta aberta.

— Ele se foi, — diz ela, a tristeza em sua voz clara. — Se alguma coisa ruim acontecer, será minha culpa.

— Não seja estúpida. Ele é um homem adulto, pelo amor de Deus. Ele pode...

— Você diz que você se importa? — ela grita. — Então vá atrás dele!

— Você vai atrás dele. Ele gosta de você. Ele a vai ouvir tanto quanto ele vai me ouvir.

Ela olha para o corredor novamente. Será que ela vai? Quer dizer, ela precisa de roupas, obviamente. Mas ela esteve usando os suores de JD e camiseta toda a semana.

Mas não. Ela fecha a porta com um suspiro. — Eu não posso.

— Não pode? — eu zombo. — Mais como você não vai. Eu não estou comprando esse medo de deixar-o-apartamento inteiro.

Ela caminha em direção ao quarto de JD. Eu sigo de novo, e quando eu chego lá ela está à procura de algo para vestir. Ela puxa um par de boxers de JD e uma camiseta de verão.

— Então, obviamente, você não está indo atrás dele.

— Eu não posso sair. Se eles me veem...

— Se quem vê você?

— Eles, — ela sussurra, olhando para mim com os olhos turvos. — Eles sabem quem eu sou, Ark. E eles não se importam. Eles sabem que o meu pai teria o poder de dois governos do seu lado se eu fizesse um telefonema.

— Em seguida, o faça.

— Eu não posso. Eu não posso ir para casa. Eu não posso sair daqui. Eu não posso fazer nada. Eles...

Ela para. E não é preciso ser um leitor de mente para entender o por que. — Eles têm merda de você, não é?

Ela inclina a cabeça para cima e respira fundo. — Parece que você tem muito em comum com eles.

Eu estreito meus olhos para ela. — Como você sabe?

— Porque eles têm uma afinidade por filmar as meninas também. Só que eles nos mostram. Eles me filmaram me drogando. Tendo relações sexuais. E...

— Basta dizer esta porra, Blue. — Eu quero puxar seu cabelo para fora agora.

— E de babá. — Suas palavras são tão macias, eu quase as perco. Meu coração realmente salta uma batida. Talvez duas. — Só que não estou sendo babá, Ark. Esta é apenas uma palavra código.

Eu estou alcançando sua garganta para a estrangular, mas ela não entende e afunda em meu peito, envolvendo os braços em volta de mim. Puta merda. Basta manter a calma, eu digo a mim mesmo. Basta manter a calma. — Do que está cuidando, Blue? Vamos, agora, me diga. Você já disse muito, poderia muito bem colocar tudo para fora.

— Nós não somos escravas sexuais, Ark. Nós não somos prostitutas, ou strippers, ou amantes. Eles nos mantiveram para os bebês.

O sangue está batendo forte na minha cabeça.

— E quando a menina tem um bebê, eles o levam e o dão a outra pessoa. Eles os vendem, Ark. E a menina era paga para dar o bebê.

Nojo corre nas minhas veias. Bile sobe na minha garganta. — Será que você vendeu um bebê, Blue?

— Não. Eu nunca engravidei. — e então ela deixa cair à cabeça e chora. Ela cai no chão de joelhos. Suas mãos cobrem o rosto e, em seguida, ela abaixa a testa no chão e lamenta.

Olho para ela por alguns segundos, e então eu paro. — Venha aqui, — eu digo, pegando seu corpo muito fino e a levando de volta para o meu quarto. Eu a deito na cama e subo próximo a ela e a tristeza derrama dela em soluços arfando e rios de lágrimas.

— Shhh, — eu digo a ela, colocando meu braço debaixo dela para que eu possa mantê-la perto. — Se acalme, ok? — eu arrasto os dedos para cima e para baixo e seu braço para tentar a acalmar, mas ela perdeu o controle.

Esta é a menina que encontramos na chuva. Esta é a forma como ela deveria ter reagido naquele dia. Esta é a reação que nunca veio. Porque ela nunca admitiu o que aconteceu com ela. Ela não podia.

Ninguém sabe quando Zoey Marshall desapareceu, mas toda a América do Norte ouviu falar sobre isso no momento em que notaram. Estava em cada noticiário noturno do ano passado. E, pelo que diz Blue, foram meses depois que ela foi realmente se foi. Havia recompensas e sinceros apelos para seu retorno seguro para sua família. Vigílias foram realizadas fora de casa do embaixador em Washington DC e na casa de sua família no Canadá.

Era um caso multinacional e durou cerca de três meses. E então ninguém nunca falou sobre a graduada da faculdade sumida novamente, porque ela fez um vídeo no YouTube dizendo às pessoas que ela estava em um período sabático em alguma floresta tropical. Houve alguma agitação, mas depois tudo morreu. Pessoas esqueceram tudo sobre Zoey Marshall. Ela simplesmente desapareceu.

Eu acaricio seu cabelo enquanto ela começa a se acalmar. — Nós os deveríamos chamar, Blue.

— Não, — ela diz, soluçando. — Eu não vou desonrar o meu pai assim. Eu não os vou deixar ler esse contrato.

— O contrato? — Jesus Cristo.

— Nós todos assinamos um. Foi uma grande produção. Ele foi gravado em vídeo. E eu tinha que me levantar e o recitar em voz alta. Me comprometendo a vender o meu bebê para um homem que estava presente na sala, mas usando uma máscara para proteger sua identidade. Não há nenhuma maneira que eu vou desonrar o meu pai assim.

— Por que você fez isso, então? Eu não entendo. — Como? Como poderia esta menina vender uma criança por nascer?

— Eu estava olhando para a minha melhor amiga, Janine. Se lembra? — ela move a cabeça para olhar para mim. — Era falso, Ark. Eu sabia que ela estava grávida, mas depois que ela desapareceu. Imaginei que a única maneira que eu poderia ter alguma chance de a encontrar era entrar no programa. Eles não sabiam quem eu era naquela época, eu tinha a identidade falsa. Mas, semana após semana de visitas ao médico e eu não ficava grávida.

— Espere. — eu a impedi aqui. Porque eu preciso saber. — Como eles estavam tentando fazer com que você ficasse grávida?

— Ele me fodeu. Toda noite quando eu estava ovulando. Era como um privilégio do contrato, eu acho. Ele era o líder.

Eu tenho que fechar meus olhos por um momento para processar isto. Eu respiro fundo. — O líder de quê?

— Do círculo de venda de bebês.

— E ele precisava de um bebê de você?

— Isso é o que ele disse. Eu não sabia que ele estava na minha festa de contrato, todos estavam usando máscaras. Era como um baile de máscaras. Todo mundo menos eu estava vestindo.

— Então, quando ele descobriu quem você realmente era?

— Quando eles descobriram que eu tinha conseguido um Depo 14 um dia antes de eu ter sido contratada, porque eu tinha certeza de que eu estaria dentro e fora em uma semana ou duas. A injeção tem a duração de cerca de três meses, e não há nenhuma maneira de parar os efeitos uma vez que é dado. Eu pensei... eu pensei que eu era tão inteligente, Ark. Eu realmente fiz.

Eu continuo a acariciar seu braço. Ela está se acalmando, mas o meu ritmo cardíaco está se acelerando. — Mas eles conhecem os truques, eu tenho certeza.

— Sim. Só levou alguns dias para descobrir isso com um exame de sangue depois que ele começou a suspeitar.

— E então o que aconteceu?

— Eles me trancaram. Tomaram as minhas impressões digitais. E eles disseram que iam colocar o meu rosto através de algum programa de reconhecimento facial. Mas isso poderia ter sido besteira.

— Então, eles sabiam que você era Zoey.

— Sim. E, em seguida, o líder me manteve como seu... pessoal...

— Eu percebi. Você não tem que dizer isso.

— E quando os meus três meses acabaram, ele tentou me engravidar. Mas ele levou meses, e depois, quando eu ficava, eu abortava o tempo todo.

— Puta merda. — eu belisco a ponta do meu nariz com os dedos. — Será que você encontrou a sua amiga?

— Não. Mas uma menina se lembrou dela. E você pode acreditar, Ark? Esses contratos? — Blue ri, mas não é um riso feliz. É uma risada que diz que não há mais choro à frente. — Esses contratos não são sequer honrados. Imagine que uma menina vende seu bebê e ela nunca é paga. E você sabe por que, Ark? Você sabe por que ela nunca é paga?

Eu sei, mas eu não a posso impedir de me dizer.

— Porque eles as matam. Eles nos estupram, eles roubam as nossas crianças, e, em seguida, a nossa recompensa é a morte.

—Todas elas foram sequestradas? Ou elas estavam lá para vender seus bebês?

— Eu era a única que eles trancaram no porão, então eu só posso supor que as outras meninas estavam lá pelo dinheiro. Elas me faziam companhia às vezes.

— E ninguém tentou ajudar?

Ela balança a cabeça negativamente. — Elas precisavam de dinheiro

— Foda-se o dinheiro. Ninguém precisa de dinheiro tanto assim. — minha mensagem a assustou, a fazendo se encolher. — Desculpe, — eu sussurro. — Desculpe. É só que você não pode se colocar nessa categoria, Blue. Não se identifique com elas. Você não é como elas. Você era uma prisioneira. Elas estavam vendendo seus filhos. Não é a mesma coisa.

— Eu sei, — diz ela em um suave sussurro.

Mas eu não acho que ela faz e eu preciso martelar isso. — Você era uma prisioneira.

— Eu ainda sou.

— Não, — eu disse, me inclinando para beijar seu pescoço. — Não, você está livre agora, Blue.

— Eu não estou. Eles me têm com esse vídeo. Ninguém vai acreditar na minha história. Não depois que eu menti sobre onde eu estava.

— Será que eles te forçam a fazer o vídeo do YouTube?

— O que você acha? — ela responde.

Certo.

Ficamos em silêncio por um longo tempo. Sua respiração fica mais lenta e ela começa a relaxar. Mas eu estou tão empolgado que eu sinto como se meu cérebro pudesse quebrar. Começa a chover lá fora, fazendo a atmosfera aqui ainda mais sombria. Há um relógio na parede que marca os segundos, e minha mente está girando com opções.

Mas nenhum delas parece boa. Nenhuma delas parece que vai fazer a diferença.

Finalmente, depois de horas, eu me acho capaz de falar. — O que você quer fazer com isto, Blue? — Pergunto. Ela está tão quieta, eu quase pensei que ela estava dormindo. Mas ninguém dorme com essa conversa que paira sobre nós.

— Eu quero esquecer o que aconteceu.

— E os seus pais? Você não quer ir para casa?


Capítulo trinta e dois

ARK

 

Após Blue adormecer, eu caio no meu escritório e fumo, e olho para o relógio. JD se foi há horas agora. E não há como dizer o que ele está fazendo ou o que ele poderia fazer. Porra, se ele vai mesmo aparecer para trabalhar hoje à noite.

Finalmente, as oito e quarenta e sete, ele entra pela porta do loft. Eu estou sentado no sofá, minha mão pousada sobre o cinzeiro, pronto para sair rapidamente, quando ele aparecer.

— Desde quando você fuma em casa? — ele pergunta, fechando a porta atrás de si.

— Você me deixou preocupado, cara.

— Desde quando eu falto ao trabalho? — diz ele, agarrando um cigarro do meu pacote sobre a mesa lateral iluminada.

— Você sabe que não é isso que eu quis dizer. Por favor, não me insulte, fingindo que eu estava preocupado com a porra do trabalho. Você quer me dizer o que está passando pela sua cabeça agora?

Ele toma um assento na cadeira à minha esquerda, inalando uma longa tragada de nicotina, antes de soltar para fora em anéis. — Eu não posso fazer isso, cara. Eu simplesmente não posso fazer. Os procurar vai me levar para um buraco negro e eu nunca poderia rastejar para fora. Se você não tivesse aparecido quando você fez, eu estaria morto agora.

Ele disse isso antes, mas hoje parece real. Mais real do que nunca. Porque todos nós estamos de pé na beira de algo. Algo que nos mudou para sempre. — Bem, ela me falou muito, JD. E eu acho que você precisa saber a sua história, antes de tomar qualquer decisão.

Ele rola o cigarro e para trás entre o indicador e o polegar. — Eu não tenho certeza se vai importar. — e então ele olha para mim e seus olhos estão vermelhos. Seu rosto está pálido. E eu sei onde ele esteve.

No cemitério.

— Ela está morta. O bebê está desaparecido. Talvez morto também. E você sabe o quê, Ark? Estou cansado de pensar nisso. Estou cansado de me sentir assim sobre algo que eu não posso mudar. E todos esses anos você me deu o mesmo conselho. Deixe ir. Então é isso que eu vou fazer. Eu vou deixar ir. Blue está aqui e talvez ela não seja o amor da minha vida, mas ela está aqui. E eu gosto dela. Eu quero passar um tempo com ela. E você. Nós temos algo bom no momento. Somos ricos. Estamos prestes a terminar o nosso negócio com Ray e começar nosso próprio site. Nós temos tudo. Por que acabar com isso? Você sabe? Por que foder tudo por algo que não pode ser mudado?

Eu sei. Mas eu também sei o que ele realmente quer ouvir. Nós vamos pegar esses filhos da puta. Nós os vamos fazer pagar. Nós iremos levar até o último deles para baixo. Ele quer ouvir isso, porque isso é o que eu gostaria de ouvir se fosse minha menina que estivesse morta e o meu bebê que estivesse sumido.

— Eu te ouvi, — eu digo em seu lugar. Eu não sou um herói. Eu sou o Príncipe do Pornô. Eu vendo imagens de boquetes de garotas. Eu vendo caras fodendo em lugares públicos. Eu vendo vídeos sujos que degradam as mulheres e uso o pênis de meu amigo para ganhar dinheiro.

Eu não sou o herói que ele está procurando. Eu sou a escória.

— Ainda quer trabalhar esta noite? — pergunto a ele, depois de alguns momentos de silêncio, soltando anéis de fumaça.

— Por que diabos não, — diz ele, se levantando para apagar o cigarro no cinzeiro ao meu lado. — Por que diabos não.

— OK. — eu aceno. — Pegue o meu saco de artes. Eu só vou deixar Blue saber que nós estamos saindo e que horas você vai estar de volta.

— Como ela está? — ele pergunta, olhando para o corredor e para o meu quarto.

— Eu não tenho certeza, na verdade. — eu abro minha boca para lhe dizer quem ela é e o que ela realmente fez, mas ele se afasta antes que as palavras possam sair. E então eu perco o meu nervo.

Talvez seja melhor que ele não saiba. Se ele soubesse quem ela era, ele poderia fazer algo estúpido.

É um risco que eu não posso correr.

O deixo para juntar nossas coisas e caminho pelo corredor, tentando não fazer minhas botas baterem forte no piso. Eu não acendo a luz, eu só caminho até a cama e sento-me ao lado dela.

— Ele está bem? — ela pergunta.

— Eu acho que sim, — eu digo a ela de volta. — Vamos para o trabalho hoje à noite. Eu vou para Ray editar depois de cada filme, por isso não vou estar em casa até amanhã de manhã. Mas JD deve estar de volta um pouco depois das duas. Você vai ficar bem?

— Sim, — ela diz.

— Não diga nada a ele quando ele voltar hoje à noite. Sobre quem você é. Onde você estava. Esse tipo de coisa.

Ela vira todo o seu corpo para que possa olhar para mim. — Você realmente acha que é uma boa ideia? Se considerando como... estamos conectados?

— Eu acho Blue. Eu não gostaria de lhe pedir para guardar segredos, se eu não achasse que é absolutamente necessário. Mas é. Por favor, confie em mim. É.

Ela acena com a cabeça para mim e, em seguida, seus olhos cansados vencem a batalha que ela está tendo com o cansaço.

— Nós te conseguiremos um telefone de manhã, — eu digo, me inclinando para a beijar. — e roupas. E sapatos. Merda, temos muito o que fazer amanhã. Portanto, tente dormir. — Eu coloco minha mão contra seu rosto e sinto a umidade. Ela ainda está chorando.

— Eu sinto muito, — diz ela, as lágrimas saindo livremente agora. — Eu sinto muito.

— Por que você está arrependido, Blue?

— Por ser uma parte disso. Por fazer parte da coisa que rasgou sua vida.

— Não é culpa sua. Você estava tentando salvar a sua amiga e você tem muito em cima da sua cabeça.

— Eu era estúpida. E ingênua.

— Agora acabou. JD quer seguir em frente. Ele quer seguir em frente com você. E eu. Deixe essa merda de uma vez. Ver onde isso nos leva. E eu sou a favor disto também. Às vezes, você só tem que soltar essa bagagem que você tem carregando ao redor e deixar isso para trás.

— Eu sinto que a minha bagagem está dentro de mim, Ark. Ela me enche e transborda.

— Eu sei, querida. Eu sei. Mas a cada dia que passa, um pouco disso vai evaporar. E um dia você vai acordar e perceber que você está OK. Acabou. E eles não a podem levar nunca mais.

— Mas eles podem me pegar. Eles não estão muito longe. Talvez à direita na rua. Às vezes ouço os sinos...

— Shhh, — eu digo, me inclinando para beijar seu rosto molhado. — Não faça isso, Blue. Você vai ficar dentro de casa por enquanto. Eles não sabem que você está aqui. Ninguém nos a viu trazer para casa. Ninguém te viu no prédio. Nós vamos sair sozinhos esta noite e eles não vão saber. Vamos encontrar uma maneira de te dar uma nova Identidade e depois vamos seguir partir daí.

Ela relaxa e eu sento com ela mais alguns segundos antes de me inclinar beijando-a nos lábios. — Vejo você amanhã. JD estará de volta em algumas horas. Apenas descanse um pouco.

Ela balança a cabeça para mim na escuridão e então eu me levanto e saio, fechando a porta atrás de mim.

JD está de pé no corredor, a poucos passos de distância. Eu prendo a respiração e espero para ver se ele me ouviu dizer a ela para mentir para ele.

— Ela está bem? — ele pergunta.

Eu exalar o meu alívio. — Ela estará. Basta dormir com ela quando você chegar em casa, hein? A leve para o seu quarto. Não deixe que ela passe a noite inteira sozinha.

Ele acena para mim e, em seguida, coloca as mãos sobre o meu saco de equipamento de câmera. — Ainda está chovendo, então eu coloquei no saco impermeável.

— Obrigado, cara.

— Sim, — diz ele. — Sem problemas.

E, então, saímos do condomínio juntos. Saímos de casa para fazer o que fazemos. E eu não sei sobre ele, mas estou sentindo uma maldita vergonha de como eu ganho dinheiro agora mesmo. Toda a caminhada até lá eu repito para mim.

É apenas temporário.

Você vai fazer a diferença.

As coisas estão se movendo rapidamente agora.

Não desista do que você trabalhou tão duro para conseguir.

Seja forte e termine o que começou.

E no momento em que andamos até Aldo, a grande alemão leão de chácara na porta do Santuário Club, eu acredito nisso.

— Hey, — diz Aldo, estendendo a mão. Eu agito e ele me bate nas costas algumas vezes antes de avançar e fazer a mesma coisa com JD. — Que horas você vai precisar de nós? — Ele pergunta em seu sotaque.

Eu olho para JD e encolho de ombros. — Nós provavelmente teremos que beber pelo menos meia dúzia de shots antes de começamos a festa. Digamos 12h30min. — eu retiro um envelope com seu dinheiro da bolsa que JD fechou. — Aqui está, homem. — eu estudo a linha, que envolve em torno do edifício e o nível de ruído a partir de dentro para que está batendo e tomo uma decisão. — Todos os seis rapazes veem esta noite, Aldo. Eles parecem um pouco agitados.

— Eles fazem, — Aldo ri. — Há um grupo de figurões aqui esta noite. Já esteve aqui toda a semana. Todo mundo sente. Como se algo estivesse acontecendo.

JD lhe bate nas costas quando passamos para o clube. — Graças aos chefes.

Nós fazemos o nosso caminho pelo longo corredor que leva à pista de dança principal. Este lugar é uma antiga igreja católica, foi vendida durante a recessão alguns anos atrás. Ele ficou arrebatada, reformada, e se transformou em festa central para a multidão gótica da cidade.

É assustador como tudo ao redor especialmente nesta semana, já que o Dia das Bruxas é amanhã. Está decorado como covil de Satanás.

Nós fazemos o nosso caminho para a seção VIP e o cara naquele posto de controle, Sinclair, apenas tira a corda de veludo vermelha quando nos aproximamos e nos permite passar. Agora vamos fazer o nosso caminho no andar de cima, onde o coro utilizava para cantar hinos.

Está cheia de mulheres de topless que servem bebidas, homens de terno as acariciando, e um monte de segurança. — O que se passa com eles? — JD grita, se inclinando para que eu o possa ouvir sobre a batida. Ele aponta para os seguranças que estão na frente de um dos quartos privados.

— Nenhuma pista. Mas nós temos o suficiente mistério em nossas mãos. Então, vamos ficar de fora, não importa o quê.

— Por mim tudo bem, — ele grita no meu ouvido. — Eu vou descer e encontrar o nosso contrato. Você vai ficar aqui?

Eu gesticulo para minhas roupas. JD está vestindo jeans, uma camiseta branca e uma jaqueta de couro preta com o logotipo Public Fuck sobre ele que brilha sob a luz UV. — Eu vou assistir de cima. A Leve lá em baixo e eu vou filmar com um zoom de cima.

É assim que definimos o humor da filmagem. Esta merda cybergoth nas noites de quinta nem sempre são a nossa coisa, mas quando é, nós fazemos a coisa toda parecer sinistra. É fácil o suficiente. Os vitrais, a cruz de cabeça para baixo no 'altar' em frente à área VIP, e os sinos dão uma atmosfera suficiente para um filme de terror. Adicione os dreadlocks fluorescentes, botas plataforma e trajes brilhantes, e você tem Drácula vai para uma Rave no Espaço.

JD faz o seu caminho através da multidão, procurando a nossa menina. É cedo ainda, mas foi lhe dado um horário para estar aqui, então eu o ajudo a procurar de cima. O contrato desta noite é uma menina que tem estado nos observando fazer isso por algumas semanas. De alguma forma, ela conseguiu uma vaga em nossa agenda, porque ela se mostrou em todos os shows por um tempo lá. Apenas pendurado, observando. JD viu na primeira noite, mas naquela época, não estávamos tendo problemas para as meninas aparecerem. Então, ele a deixou quieta por um tempo.

Agora nós temos. Então ele se aproximou dela há algumas semanas e lhe deu o discurso. Testes, contrato, ID, a renúncia de responsabilidade, e, se ela for uma das meninas que usaremos para o próximo website Public Fuck, um acordo de não divulgação.

Mas este não é para o Public Fuck. Esta é uma merda de fetiche. É por isso que ela está vestida em um tutu cor de rosa com meias de renda branca, rasgado em todos os lugares certos. Seus cyberlocks estão em uma variedade de cores brilham no escuro, e ela está com um espartilho rosa apertado. Eu não posso dizer a partir daqui sem a lente zoom, mas ela provavelmente tem algo pintado em seu rosto também. Eu levo meu telefone e mando uma mensagem para JD, o deixando saber que ela está próxima do bar leste.

Ele verifica seu telefone, me lança um polegar para cima, e então faz o seu caminho.

— Sua próxima vítima? — um homem se inclina no meu ouvido.

Eu me viro. O homem está vestindo um terno preto e um colar de padre. Assim, ele deve ser uma espécie de gerente aqui. Dou-lhe uma checada. Ele parece familiar, mas ninguém que eu reconheça.

— Contrato, — eu o corrijo. — Nós não negociamos com vítimas, apenas participantes dispostos.

— Ah, — a risada do homem, novamente perto do meu ouvido, para que eu possa ouvir sobre a música. — Nós também. — ele me lança um sorriso quando eu olho para ele engraçado. Mas então ele estende a mão e quando eu aceito sua oferta, ele se inclina e diz, — Pai Gabriel. — e então ele garimpa a mão para a multidão dançando abaixo. — O meu rebanho.

— Legal, — eu digo. Pai Anormal é mais parecido com ele. O que eu espero, embora? Ele trata de fantasia, o mesmo que eu. Somos todos loucos aqui.

— Quantas vezes você filmou aqui, Ark? — diz ele, desta vez com uma voz muito mais baixa, e muito mais perto do meu ouvido.

Eu recuo um pouco, porque eu nunca lhe dei o meu nome. Não é difícil descobrir quem sou eu se você estiver prestando atenção. E é o seu clube, então eu acho que ele está. Mas, vir a público e usar esse conhecimento para me derrubar é fodidamente rude.

— Vamos conversar, — diz ele, se virando para ir embora. Ele me dá um último sorriso por cima do ombro e me acena com um dedo.

— Foda-se. — agora eu sei que ele é de gestão e que ele provavelmente quer me pedir mais dinheiro. Ray me advertiu que uma vez que assumíssemos o nosso próprio negócio, as sanguessugas iriam sair da toca.

Sigo Gabriel para o fundo da sala e espero enquanto ele põe um código para abrir uma porta. Dentro é uma escadaria. — Por favor, — diz ele, me acenando para frente. — Meu espaço privado está acima.

Eu faço um encolher de ombros interno e começo a subir as escadas. — Eu sinto que nós já nos conhecemos, mas eu não me lembro de onde. — entramos no camarote e eu vou até a parede oposta. É de vidro do chão ao teto com vista para todo o nível mais baixo do clube. A música só é detectável pela pancada do vidro, por isso é essencialmente à prova de som. — Huh. Nós estamos acima das vigas do teto. Eu nunca percebi que isto existia.

— Sim, — Gabriel diz enquanto caminha atrás de mim. — Este é o lugar de onde eu assisto. E nós nos encontramos, apenas em circunstâncias diferentes.

Me viro para ele e me acena para uma área de estar. Apenas duas cadeiras com uma mesa do tamanho de um prato de jantar entre nós. Há duas bebidas à espera, mas nenhum de nós pega uma. — Em que circunstâncias?

Ele sorri, mas algo está errado, então eu não sorrio de volta. — Na semana passada eu estava no Ray. Eu te vi de longe. Eu estava lá tentando chamar sua atenção.

Eu tento me lembrar.

— A oferta. Para foder minha esposa enquanto eu observava.

Eu não posso evitar, eu solto uma risada. — Jesus Cristo. Você é muito contundente. E eu acho que eu posso parar de pensar em você como um sacerdote, uma vez que você está fantasiado claramente hoje à noite.

Ele levanta as mãos e dá de ombros, como se eu o peguei no ato. — Eu não sou um padre católico. Esta foi uma vez uma igreja católica, e os ícones são deliciosamente sacrílegos neste ambiente do clube, então eu não pude resistir. No entanto, — ele faz uma pausa para me atirar outro assustador sorriso, — Eu sou o líder de uma pequena seita religiosa.

Culto, é a palavra que eu ouvi na minha cabeça.

— E já que você e eu trabalhamos na mesma empresa, eu achei que você ia entender. — outra pausa para que ele possa juntar os dedos indicadores e pressioná-los nos seus lábios. O gesto me lembra um pouco de Ray, mas não de uma forma que me deixe à vontade. Pai Assustador aqui estuda as pessoas, pega seus maneirismos, e os usa para influencia-los. É um instinto mais do que qualquer coisa. Mas eu não iria ter chegado tão longe no trabalho não ouvindo meus instintos. — Talvez até encontrar um terreno comum.

— O que isto tem a ver comigo fodendo a sua esposa? — se ele quer ser franco, eu posso ser franco.

O sorriso assustador continua por mais alguns segundos, só para ter certeza que eu entendi. — Eu preciso de uma terceira pessoa em meus relacionamentos e eles a parecem achar desejável.

— Eles?

— Só tenho uma esposa. Mas nós somos um rebanho. Os outros são tanto uma parte do meu círculo íntimo como o meu primeiro.

A minha boca não cai aberta como um idiota, mas ele me surpreendeu. Eu. O Príncipe do Pornô em Público fui atordoado por um homem de meia-idade que finge ser um sacerdote.

Eu não reagi em tudo. Eu não vacilei ou me inclinei para trás na cadeira para mostrar a minha repulsa. Eu nem mesmo sorri e balancei a cabeça e joguei este fora para traçar uma fuga rápida. Eu apenas sentei lá e vi tudo.

Porque algo está muito errado com este homem. Algo que eu realmente não quero fazer parte.

— Senhor Ark?

— Padre Gabriel, — eu digo de volta, me comprando outro momento para organizar meus pensamentos.

— Você está interessado?

Eu fico olhando para ele. Seus olhos são marrom claro. Seu cabelo é fino e principalmente cinza. Seu corpo é magro, o rosto longo, com os braços longos. Se houvesse uma foto no Urban Dictionary para 'velho sujo', então o Padre Gabriel seria o cara.

Tremo só. — Minha resposta é não, Gabriel. Como eu disse a Ray, eu não estou interessado. Eu não preciso de dinheiro. Eu não preciso da menina bonita. Eu não preciso de nada, para ser honesto. E eu sinto muito cortar isto, mas eu preciso voltar para o meu parceiro.

Me levanto e lhe dou um aceno de cabeça, e depois viro as costas e caminho até a escada que surgiu.

— Senhor Ark, — ele grita.

Eu paro, mas não viro.

— Eu posso entender como você acha que tem tudo isso. E eu posso entender como você acha que não há nada que eu possa lhe oferecer que faria você mudar de ideia. Mas eu realmente tenho coisas que você necessita. Tenho informações que você pode estar interessado.

Eu olho para ele por cima do meu ombro. Tenho uma sensação no meu intestino. Um sentimento que diz que sai. Basta caminhar para fora daqui. Mas eu sei o que ele vai dizer. De alguma forma, eu sei o que ele vai dizer.

E eu preciso ouvir.

— Não referente especificamente a você, é claro. Já que você é um enigma. Você é o homem que não tem passado. Você é o cara que pisa fora de um ônibus, encontra um parceiro de negócios, e inicia um império pornô sob a proteção do rei reinante, tudo no espaço de poucos meses. Você é o único intocável. Então, você está certo. Eu não tenho qualquer coisa que você precisa.

Me viro para o encarar agora.

— Mas JD é uma história completamente diferente.

Minha mandíbula aperta e minhas mãos estão fazendo punhos antes que eu possa parar a reação.

Pai esposas-irmã-cintos e uma risada presunçosa. — Ele é o seu calcanhar de Aquiles, você percebe isso? Ele é o único que pode fazer tudo desabar. E não porque ele tem sujeira sua. Eu realmente não acho que ele tenha. Não. Ele tem esse poder sobre você, porque você dá a ele. Porque você o ama, não é mesmo, Ark?

— Diga o que você tem a dizer.

— O seu parceiro de negócios, — Gabriel ri como se isto fosse engraçado. — tem uma boca grande. Ele tem estado em torno fazendo muitas perguntas. Perguntas que não ele não deveria sequer perguntar.

Minha mente corre com as perguntas. Blue? Ele mencionou Blue?

— Nós dois sabemos que é melhor que ele fique em silêncio.

Não Blue. — Ele perdeu alguém e ele a quer de volta.

— Ele não pode desfazer o passado.

— Ele só quer fazer o certo.

Gabriel ri. — Acho que essa é uma tarefa difícil. Mas talvez... — seu sorriso perdura, depois cai. — Talvez possamos ajudar uns aos outros? Hmmm? Talvez possamos fazer uma troca?

Meus olhos caem para ele.

— Eu sei onde a filha de JD está.

Eu não sei o que dizer.

O sorriso assustador sai de novo. — E eu a posso entregar. Eu posso consertar seu coração. Eu posso fazer dele um novo homem. Eu posso apagar esse ano e fazer tudo melhor.

— São dois anos, imbecil. Dois anos de inferno para ele. Dois anos de vício em drogas e — eu paro antes de eu deixe esse último segredo para fora. Esse cara não merece saber a vergonha de JD. — Não importa, — eu digo, me recuperando. — Sua oferta não faz sentido.

— Faz todo o sentido, Sr. Ark. Porque tantos casais pediram por você agora, eu já não os posso recusar.

— O que diabos você está falando?

— As crianças, Ark. — ele diz como se eu fosse um deles. — Eu sou um casamenteiro para famílias que querem ter um filho, mas não são capazes de conceber. — ele acena as duas mãos para baixo como se a roupa clerical falsa e o colarinho branco legitimasse seu papel como líder de seita, polígamo, e do negociante de bebê.

— Você quer que eu deixe suas esposas-irmãs grávidas? — estou atordoado. Então atordoado eu rio. — E em troca você vai me dizer a família que comprou a filha do meu melhor amigo há quatro anos? — eu cruzo a sala e o agarro pelo pescoço, o empurrando para trás e o batendo contra o vidro espesso que nos separa do clube abaixo.

Suas mãos agarram em seu pescoço enquanto eu sufoco a respiração dele. O bater do baixo contra a janela é o mesmo do meu coração batendo. — Eu vou esquecer que você acabou de dizer isso. Eu vou esquecer que você só me pediu para foder suas prostitutas para que você possa vender os meus filhos. Eu vou esquecer que você existe, seu pervertido pedaço de merda. E eu sugiro que você faça o mesmo. Fique fora do meu negócio. Fique longe de JD. E fique longe de mim. Porque a próxima vez que eu ver seu rosto, eu o vou explodir fora de sua cabeça maldita.

Eu aperto a sua jugular pulsando até que seus olhos viram e ele cai inconsciente. E então eu o deixo cair no chão.

— Foda-se, — eu digo. E então eu cuspo nele, volto, e caminho de volta para baixo da escada. Ninguém presta atenção em mim quando eu faço o meu caminho de volta para a pista de dança. Me leva alguns minutos para encontrar JD, e isso é o suficiente para Gabriel acordar de sua asfixia não-erótico, mas nenhum alarme de aviso acende. A música ainda é alta, os bailarinos continuar suas rotinas, as bebidas nunca parar de fluir.

— JD, — eu chamo no topo da minha voz. Mas é tão alto que ele não me ouve até que eu estou praticamente em cima dele. — Cara, estamos fora daqui. Se Cyber Girl aqui quer jogar, vamos o fazer fora.

Eu rolo a conversa lá em cima na minha cabeça enquanto JD explica o rumo dos acontecimentos para a menina. Não digo a JD? Devo informar a JD que esta aberração disse que sua filha pode esta viva e tudo o que tenho a fazer é engravidar algumas meninas e ele pode dar essa informação?

Por que diabos eu faria isso? Sério. Assim, podemos trocar de lugar? Então, eu posso passar o resto da minha vida procurando os filhos que foram roubados de mim?

E quais são as chances desse cara estar mesmo dizendo a verdade?

Não. É muito mais provável que o Pai Anormal está cheio de merda. Todo mundo sabe que a filha de JD está desaparecida. Ele falou sobre isso há anos. Este idiota apareceu, colocou dois e dois juntos, e depois fez o seu movimento para me envolver em seu fetiche de procriação.

Eu não estou comprando. Ele puxou minha rede muito difícil lá em cima, mas quanto mais eu penso sobre isso, menos provável parece.

Ele está dizendo besteira, Ark, diz a minha voz interior. Mantenha o curso.

Vim para Denver por uma razão, e este idiota não vai me atrapalhar agora.


Capítulo trinta e três

Blue

 

Eu não posso acreditar que eles me deixem em paz aqui. Se não fosse tão estúpido, poderia ser bonito. Quero dizer, eu só confessei a Ark que eu sou uma repórter e tudo sobre o cara diz segredos de interesse jornalístico.

Depois de esperar 30 minutos, tempo suficiente para ter certeza que eles não vão voltar e verificar-se sobre mim, vou direto para o escritório dele desbloqueado. A primeira coisa que eu vejo é o saco de roupa, ainda paira sobre o seu rack de terno. Compactado e não utilizado. Deus parece que foi há uma vida que ele me comprou essa roupa com a intenção de me levar em um encontro.

Vou até ele e sinto o saco. Não é um plástico barato, é mais parecido com o tipo de bolsa que você pode usar uma e outra vez. Tem algum nome da loja boutique nele que eu nunca tinha ouvido falar, por isso deve ser local.

Ele tem um paletó pendurado atrás do saco de roupa e alguns desses laços azuis pendurados também. Eu nunca o vi usar um terno bom, então eu paro e imagino por um segundo.

Ark é quente.

JD é quente demais, mas de uma forma perigosa, como se ele costumasse ser o herói americano, mas depois merda caiu sobre ele e agora ele está irreversivelmente danificado. Tipo de quente que você se sente entre as pernas quando aqueles olhos azuis olham para você e você não pode desviar o olhar. O quente que envia um frio na espinha quando ele tira a camisa e os músculos ondulam e esticam, porque eles dizem, eu vou deixar hematomas antes de eu terminar, por isso se certifique de saber no que você está se metendo. O quente que você deseja, porque ele é tão cheio de testosterona, tudo sobre ele grita luxúria.

Ark é quente de uma maneira muito diferente. Como se ele tem todos esses compartimentos e ele só te permite abrir um deles de cada vez. Mas você sabe, se você pudesse apenas abrir dois ou três de uma vez, você iria encontrar algo incrível. Ele é o tipo de quente que só vem em filmes rodados na calada do inverno, quando tudo é frio. Quando o governo é corrupto, a cidade está suja, os personagens obscuros, e o sexo não é nada, mas uma maneira de esquecer o lado fodido da vida.

Ambos vêm com sinais de advertência, e se eu fosse inteligente, eu ia ficar bem longe deles antes que a merda ficasse complicada.

Mas eu não posso. Por muitas razões, eu não posso.

Devo a Janine. Se ela está morta como Ark diz que a garota de JD está, então eu preciso saber. Sua história precisa ser contada. E se o seu bebê está vivo, então o bebê precisa voltar para casa. Esse bebê merece saber quem sua família é. Precisa saber que uma vez sua mãe foi muito mais do que o que ela acabou sendo.

Devo a ela.

Me sento à mesa de Ark e agito o mouse e o monitor acende. E não. Não está bloqueado. Que, se eu fosse uma vadia suspeita, eu tomaria como um sinal de que ele sabe que eu estou indo bisbilhotar hoje à noite e não haverá um único arquivo aqui com alguma coisa útil.

Quando a área de trabalho surge, existem apenas três pastas de arquivos para escolher. Uma é chamada em andamento. Um é chamado de Concluído. E uma chamada de Blue.

A satisfação que eu recebo de o ter descoberto se evapora quando eu dou um duplo clique no arquivo e imagens surgem em uma cascata de janelas.

Que porra é essa?

Eu realmente esperava uma nota. Hey, Blue, eu peguei você, cadela idiota. Eu sou normal, JD é normal. Agora seja uma boa menina e abra as pernas e espere por nós na cama.

Esta nota não seria um mau caminho a percorrer. Só estou dizendo.

Mas isso não é o que é isso. Estas são as fotos que ele estava olhando no outro dia, quando eu estava aqui. Bonitas fotos retocadas. Preto e branco, fotos artísticas que têm as luzes e sombras manipuladas de tal forma que você só vê o que ele quer que você veja.

E elas não são apenas minhas, mas nós três. Dezenas e dezenas delas na banheira. Ark de um lado, JD, comigo nos braços do outro. O vapor da água quente obscurecendo nossos rostos, mas não as intenções.

A maioria delas estão borradas, porque ele estava usando um longo tempo de exposição para capturar a luz saltando fora da névoa no ar, e estávamos nos movendo. Mas há o suficiente de foco para se apaixonar por esse lado artista recém-descoberta do Sr quero usar gravata...

— Maldição, — eu sussurro. — Você poderia ser mais perfeito?

Existem também vários vídeos da cena no terraço onde ambos tiveram seus dedos dentro de mim.

Aqueles deixam me molhada. Não. Aqueles me fazem pulsar.

Eu me pergunto o quão longe Ark quer levar este material de trio. Ele não parece bissexual. JD eu posso ver. Ele parece mais aberto.

Talvez porque ele é uma estrela pornô, estúpida.

Certo.

Eu fecho todas as janelas e abro a outra pasta chamada em andamento. Este tem dois filmes com data do último domingo. No dia em que JD me trouxe para casa. No dia em que ele fez esses filmes com a gente na banheira.

Meu ciúme entra em ação, porque esses filmes são de uma menina chupando Ark, não JD.

Idiota.

Por que isso deixa brava, eu não tenho certeza. Mas ele faz. Abro os documentos anexados e vejo se consigo descobrir quem ela é, e há um contrato e a soma com que ela foi paga. Dez mil dólares.

Jesus Cristo. Se eu tivesse um ID eu poderia fazer um filme e ir para casa.

Não, minha mente interrompe. Eu não posso ir para casa até que eu encontre Janine e escreva esta história.

O nome da menina é Lanie Porter. Ela tem trinta e dois anos, ruiva, olhos azuis, e ela se parece com uma prostituta. Bruto.

Ok, eu terminei com as pastas da área de trabalho. É tudo sobre trabalho. Os contratos, testes de DST e fotocópias de carteira de motorista. É óbvio para mim que o verdadeiro negócio da Ark não é este pornô Public Fuck. Porque isso é tudo legítimo e eu só sei que, no fundo, ele é tão ilegítimo como eles vêm.

Eu verifico o disco rígido por mais pastas, mas não há nenhuma. O que significa que ele usa este computador para coisas pessoais e talvez os passos iniciais da cadeia de registro digital, e, em seguida, todos os arquivos são transferidos para outro lugar.

Olho nos três armários altos que se parecem com peças caras de arte moderna de aço, arame e vidro.

Não. Isso é muito fácil. Ele não iria manter registros em papel. Ele iria?

Obviamente, se tem armários de arquivamento feitos sob medida, pelo menos uma mantém arquivos neles. Eu puxo a trava da caixa de aço inoxidável, mas ela está bloqueada.

Eu tento cada uma, mas não funciona. Elas estão todas fechadas.

Se este fosse um filme de detetive da década de vinte , onde a repórter era a heroína, eu gostaria de encontrar a chave na gaveta superdimensionada da secretária. Mas a mesa não tem gaveta e mesmo que o fizesse, eu nunca encontraria a chave lá dentro. O bloqueio sobre os armários requerem uma impressão digital e um código.

— Ok, então, — eu digo a mim mesma quando eu saio do seu gabinete e deslize as portas para se fecharem atrás de mim. — A operação emboscada do Ark será longa. — eu não tenho nada, mas um sentimento inquieto sobre aquelas fotos de nós. Era como... era como... se ele estivesse criando alguma coisa com isto. Mas eu não tenho certeza do que.

Eu deixo para lá. Porque a coisa era pessoal e se eu quero saber coisas pessoais, eu vou ter que perguntar a ele mesmo. Então eu ando pelo corredor até o quarto de JD e, em seguida, aperto as luzes acesas antes de entrar.

O quarto de JD tem o mesmo mobiliário personalizado como o escritório de Ark, e o resto da casa, se isto importa. Caixas de aço em vez de armários. Os cabos e fios para adicionar efeito industrial. E vidro. Mas há algumas diferenças sutis entre os dois quartos.

Um, JD não é organizado como Ark. Seu merda está em todo o lugar. E dois, ele não é tão preocupado com segurança. Porque ele tem pornô em todos os lugares. A maior parte é dele recebendo seu pau sugado por essas garotas aleatórias. As meninas parecem muito mais entusiasmadas do que a que chupou Ark, isso é certo. E JD é animado e falante em seus papéis. Ele puxa o cabelo e dá tapas em seus rostos. Ele sempre as faz gozar também. E só tocando, mas hey, isto conta.

Ark nunca agiu assim com a mulher em seus filmes. E isso me faz sentir melhor por algum motivo.

JD, por ser o cara que faz toda a ação, tem abundância de câmeras em sua posse. As caras grandes com lentes de zoom. As pequenas de bolso. As câmeras de vídeo, uma profissional que vai em seu ombro, um pequeno esconderijo de mão na parte de trás de uma pilha derrubada de jogos de vídeo.

As câmeras têm todas as fotos dele e meninas sobre eles. Algumas sexuais, outros não. Apenas conversas aleatórias com as pessoas.

Mas esta câmera de vídeo de mão tem mais de 40 horas de vídeo sobre ele. Tudo isso é de JD, e nenhuma tem meninas. Porque é um diário em vídeo. O último registro foi de cinco dias atrás. No dia em que me conheceu.

Eu pressionar o botão que vai me levar para o início e, em seguida, pressione play.

A primeira foi há quatro anos.

Eu olho em volta, de repente com vergonha da minha espionagem. Eu vou assisti-lo? É errado. Eu sei que é errado. Mas, então, a pequena tela na frente vem a vida e há uma face.

Eu quase não o reconheço, é assim que ele parece diferente. Ele está magro, por exemplo. Esquelético. E seu rosto é preto e azul. O tipo de preto e azul que você vê nas fotos da polícia depois de um assalto.

Alguém bateu a vida fora dele. O que sela o acordo.

Eu preciso saber como ele ficou tão quebrado e tudo o que tenho a fazer é não o desligar.

— Ei, — diz JD da câmera. Ele para. Apenas uma palavra é suficiente para o parar. Seus olhos começam a encher de água e por um momento eu acho que é porque é doloroso falar. Do espancamento.

Mas então ele engole em seco e limpa os olhos. Ele limpa a garganta. — Ei, — ele repete. — Eu só quero que você saiba, eu sinto sua falta. — outra pausa. Lágrimas nos seus olhos. — Eu tenho essa câmera de um cara que eu conheci hoje, baby. E ele disse que eu a poderia usar. Eu sei o que você está pensando. Não confie em ninguém com presentes. Eu sei. Eu não deveria confiar nele. Mas eu não tenho ninguém, Marie. Eu não tenho mais ninguém.

JD se deita em alguma coisa, e por esse ângulo de close eu não posso dizer se é uma cama ou no chão. Mas eu suspeito que é no chão, porque ele parece desabrigado. Ele parece em nada com o saudável, e charmoso JD eu sei.

— Então, eu vou ter uma chance e o ajudar. Ele vai me ajudar se eu o ajudarei. Isso é o que ele disse. Ele vai me ajudar a procurar por você. E quando eu te encontrar, eu quero que você saiba que eu nunca desisti. Eu nunca parei de procurar. Então, eu vou gravar tudo nesta câmara. — JD para e seus olhos vão e voltam para trás. Tal como se a lente fosse um par de olhos. — Eu te amo. Eu te amo, e eu amo o nosso bebê. Eu sinto muito e eu nunca vou parar de procurar.

Há um silêncio depois disso. Bem, não exatamente. Não há mais a falar, mas o filme continua por mais três minutos de tristeza. De JD olhando para a câmera, desesperado por Marie para o ver. Para ver a sua dor. Para acreditar que ele a vai salvar.

Eu paro a gravação, porque um desespero esmagador lava sobre mim. Ele não a salvou. Ele a perdeu. Ela foi morta ou morreu por conta própria, ou o que seja. Ark disse isso no outro dia. E não há nenhum bebê aqui, então, obviamente, não houve final feliz.

Eu assisto a próxima entrada. Ele ainda está uma bagunça. E o próximo e no próximo e no próximo. Todo ele é uma bagunça. Há uma abundância de menções a Ark, mas ninguém mais aparece nos vídeos. Apenas JD e sua depressão. JD e sua tristeza. JD e seus enormes problemas.

Ele fala em se matar, pelo menos, uma vez por semana. Às vezes, a cada entrada tem uma menção. E mês a mês, ele parece estar pior em vez de melhorar.

Mas, em seguida, ele explica o negócio que está começando e algo muda dentro dele. É pequeno, no primeiro dia. Uma pausa. É uma curta pausa, apenas alguns momentos. Mas em todos os outros vídeos, a pausa é para que ele possa chorar.

Após esta pausa, ele faz algo diferente.

Ele sorri.

Tudo por causa de Public Fuck América. Ideia da Ark para uma vida de luxo.

JD compra a ideia. Cada pedacinho dela. Porque depois que um sorriso, há mais sorrisos. Não todos os dias, mas a cada semana. Me encontro avançar rapidamente a gravação até eu ver o sorriso antes de parar para ouvir o que ele tem a dizer. E então... ele ri. Exatamente quatro meses depois de se reunir a Ark, quando ele estava no seu ponto mais baixo na vida, JD ri.

A partir daí, seu diário é tudo sobre o negócio. Sua atuação. As garotas. O dinheiro. O loft. Aquele cara Ray. Feriados são felizes e as entradas se tornam cada vez menos frequente. Uma vez que se transforma em um dia, uma vez por semana se transforma em cada duas semanas, e assim por diante. Até há uma lacuna de seis meses nas datas.

E esse filme não é de JD deitado, como todos os outros são. Um ritual de dormir que limpar a cabeça e começar o próximo dia bom.

Não, o próximo é fora e JD nunca sequer faz uma aparição. Porque não é nada, mas uma filmagem longa de uma lápide. Não é o bom tipo de lápide, mas uma pobre. Um marcador, realmente. Apenas um marcador de uma garota que ele costumava amar. Marie Lagucci. Morta aos vinte e dois anos de idade.

Ele nunca fala, mas o choro é audível, mesmo sobre o barulho do trânsito.

Esta é a primeira vez que Ark aparece no diário. Ele pega JD e o leva para um carro esperando. Toda a vez que a câmera está gravando. Ark é paciente e simpático.

JD é uma bagunça.

Ark deve descobrir que a câmera na mão de JD ainda está gravando no carro, porque é quando a filmagem termina.

Não existem outras entradas em um ano.

Minha mente se enche naqueles dias negros após o seu túmulo ter sido encontrado. JD é um cara que sente. Não como Ark, que parece ser um cara que assiste. JD é um cara que investe. Quando ele está dentro, ele é tudo. Coração, alma, mente.

Eu não me incomodo acompanhando o resto do vídeo. Em vez disso, eu adianto até o fim. E mesmo que seja mais de uma violação de privacidade o ouvir falar de mim, eu faço de qualquer maneira.

E eu me sinto como uma merda total uma vez que eu termino. Porque ele diz a Marie eu sou boa. E muito. E merecedora de uma vida agradável. Como a que Ark lhe deu. Ele diz a Marie eles podem me salvar de quem quer seja o problema.

Mas o problema é comigo.

Então, ele realmente pode me salvar de mim mesma?


Capítulo trinta e quatro

ARK

 

JD paga a menina no beco depois, enquanto eu arrumo minhas lentes e as coloca na minha bolsa. Há uma pequena multidão se reunindo, e uma vez que não é assim que seu contrato foi escrito, eu vou levar a menina para casa em um táxi antes de ir para o Ray.

— Você está pronto? — pergunto, apontando para o táxi esperando.

A garota não vai encontrar meus olhos, mas ela acena de volta.

— Vejo você amanhã, JD.

— Ok, — diz ele, andando fora e acendendo um cigarro ao mesmo tempo.

A menina já está subindo no táxi, então foda-se. Ele não vai saber sobre aquele idiota do Gabriel hoje à noite, e eu não estou prestes a lhe dizer até que eu tenha uma conversa com Ray sobre ele. Então eu o deixo andar enquanto eu me junto à menina.

— Onde você mora, querida? — eu pergunto a ela, o taxista olhando por cima do ombro para nós.

— Meu namorado está esperando lá no Patins Pub.

— Seu namorado? — Como namorados deixam suas meninas fazerem esta merda? Eu tiro meu cartão de crédito e digitar o endereço para que possamos ir. Eu tenho um monte de edição para fazer.

— Sim, — ela diz, olhando para fora da janela, para que ela não tenha que ver os meus olhos. — Nós estamos tendo alguns problemas para pagar as contas. — e então ela me olha. — Ele perdeu o emprego há uns meses atrás. Eu tenho que alimentar os meus filhos.

Concordo com a cabeça para ela, atiro um sorriso para que ela saiba que eu não julgo. Mas internamente eu julgo. Ela não. Ele. Que tipo de idiota deixa sua namorada fazer pornô para alimentar os seus filhos?

— Minha amiga trabalhava para vocês um tempo atrás. Quatro ou cinco vezes. Ela faz filmes reais agora.

— Oh. — filmes reais minha bunda.

— O marido dela disse ao meu namorado sobre isso. Então nós fomos à procura de vocês. E foi assim que eu conheci JD. Ele é realmente legal.

Eu acho. Eu a ignoro pelo resto da viagem, porque, honestamente, eu não consigo entender como um homem podia deixar sua namorada chupar o pau de outro homem por dinheiro para comprar alimentos.

— Aqui está bom, — diz a menina, batendo no vidro que nos separa do motorista. — Esse é o meu namorado.

O motorista encosta e eu sorrio para a garota quando ela diz obrigado. O namorado dela espera fora, a deixando vir a ele.

— Onde você vai, senhor? — o taxista me pergunta, sacudindo minha atenção para longe da cena na minha frente.

— Voltar para a 16 com Califórnia, — eu digo, passando meu cartão novamente.

Eu penso sobre Gabriel a cada cinco minutos até chegar em casa, e então eu vou para a nossa garagem e pego o meu Jeep. Gostaria de saber se JD está lá em cima com o Blue? Estou tentado a ir verificar, mas eu não o posso ver sozinho ainda. Não até eu falar com Ray. Porque toda esta merda virá derramando, e eu não tenho certeza que seja bom para ninguém.

Não é porque eu sou egoísta. Não porque eu quero que JD esqueça o passado e se concentre no futuro. Eu faço, mas não é por isso que eu não vou até lá e lhe digo que sua filha pode estar viva.

Eu não digo a ele, porque a última vez que ele ficou sabendo disso, ele ficou obcecado por meses e terminou com uma viagem para a sala de emergência para bombear seu estômago de uma overdose intencional.

Não existe vencedor aqui. Não digo a ele a merda ou perco a nossa amizade se ele descobrir. Digo a ele, e ele fica obcecado, nunca chega mais perto, porque eu não estou transando com um pacote de esposas-irmãs para obter essa informação, e ele tenta se matar novamente.

Eu preciso de conselhos. Eu preciso de conselhos de Ray. JD e eu não o vemos juntos muitas vezes. Em feriados principalmente. Mas eu sei que Ray cuida de JD como eu faço. Olha por JD da melhor maneira possível. E ele me deixa saber quando eu preciso intervir. Ray vai saber o que fazer.

Entro no Jeep, ligo e, em seguida, puxo para fora da garagem e pego ao norte.

Poucos minutos depois, eu entro na garagem e estaciono no nível superior. Desligo o motor... e me sento. Eu não tenho ideia do que estou fazendo. Por que diabos eu deixei essa merda ir tão longe, sem ter uma estratégia de saída? E se Gabriel está mentindo?

E então um pensamento vem à minha cabeça.

Um pensamento traiçoeiro que desvia toda a minha noite.

E se Ray está de alguma forma envolvido?


Capítulo trinta e cinco

Blue

 

Eu estou esperando no sofá, bem acordada, quando JD entra pela porta a 01h50hs da manhã. Ele imediatamente sorri para mim.

— O que está fazendo? — ele pergunta, se estatelando ao meu lado. Seu sorriso é contagiante, mas na minha cabeça, tudo que eu vejo é o homem destruído na primeira entrada do diário em vídeo.

Eu me viro para lhe dar um sorriso fraco. — Esperando por você. Eu não quero perder você. E eu não sabia onde você me queria dormindo.

JD dá de ombros. — Nós podemos dormir no meu quarto. Mas Ark não vai entrar e se juntar a nós. Assim, podemos muito bem ficar em seu quarto. Dessa forma, ele não pode nos evitar.

— Por que ele iria querer isso? — eu estou realmente interessada. Além disso, este é um conjunto muito melhor do que falar da namorada morta de JD.

— Ark não é para esta merda, sabe?

— Que merda? Compartilhar?

— Não, — JD ri. — Ele não gosta muito de partilhar, obviamente. Mas compartilhar não é um relacionamento real. Se nós queremos que ele esteja em um relacionamento real, temos que o convencer.

Ele está sério.

Eu me inclino e o abraço, mas ele me empurra para trás. — Eu preciso de um banho primeiro. Tirar o cheiro de prostituta de mim.

— Oh, — eu cheiro. — Mata clima.

— Sim, bem, mais três noites e terminamos. Eu estou me aposentando de atuar e estou em aquisições. — e então ele dá um tapinha na minha perna e se levanta. — Eu vou te encontrar lá em dez minutos. Va ficar nua.

Eu assisto sua bunda sexy quando ele anda para o seu lado do loft. O meu coração tem esta pequena dor nele. Não por mim, por uma vez, e não para a melhor amiga que eu provavelmente perdi. Ou a tristeza que vem quando penso em meus pais e o que eles devem estar passando.

Mas, por ele.

E por nós.

Porque eu quero mais do que tudo que isso seja real. E não pode ser real. Como pode ser real quando todos os três de nós estão mentindo? Eu não sei o que a mentira de Ark é ainda, mas claramente a de JD não é sobre o que aconteceu com sua namorada e o bebê. Ele nunca menciona o bebê no diário em vídeo que não seja prometendo descobrir o que aconteceu. E a única conclusão que posso tirar disso é que dói muito. Só dói muito falar as malditas palavras.

Como posso corrigir isso? Como posso fazer esses homens meus quando eles têm compartilhado esse passado triste?

Me encontre, a voz na minha cabeça diz. Me encontre e você vai descobrir o que realmente aconteceu com Marie.

Eu quero acreditar nela. Essa menina na minha cabeça que soa muito como Janine. Eu realmente quero fazer. Mas eu não tenho certeza se JD pode lidar com a verdade.

Meus dedos vão para a cicatriz levantada na parte de trás do meu pescoço. Se Marie tinha esta marca, eu sei o que aconteceu com ela. Eu sei o que aconteceu com seu bebê, também. A mesma coisa que teria acontecido com o meu.

É claro, o meu já teria sido adicionado ao rebanho, porque eu era uma das esposas de Gabriel. Mas Janine... seu bebê não tinha o pedigree para ser guardado. Eu só tive este privilégio depois que eles descobriram quem eu era e Gabriel me reivindicou como dele. Para cada um de nós no interior, havia dezenas de meninas do lado de fora, que só acabaram mortas e seus bebês vendidos a uma longa lista de casais ansiosos para comprar, independentemente da forma como a criança entrou no mercado.

Essa palavra em minha mente me faz vomitar.

Você era parte de uma rede de venda de bebês, Blue.

Não. Eu afasto o pensamento da minha cabeça. Eu era uma prisioneira, como a Ark disse. Eles me trancaram em uma jaula por quatro meses quando descobriram a primeira vez. É assim que eles me mantiveram nos meses depois de ter sido determinado que eu não poderia conceber. Toda noite eles vieram e me levaram para o lounge. E toda noite eu tinha um membro do rebanho para agradar de qualquer maneira que ele quisesse.

Eu não era um deles.

Mas eu estaria mentindo se eu dissesse que acreditava nisso. Assim como JD está mentindo, se ele acha que ele quer deixar isto para trás. Porque quando Gabriel veio até mim e me ofereceu um acordo, eu peguei. Eu fiz esse vídeo do YouTube e menti para o mundo. Eu assinei o contrato. Eu os deixe me marcar.

— Blue?

A voz de JD me assusta, deixo escapar um gemido.

— Blue? — ele vem para mim, ainda sentada no sofá, na mesma posição exata de quando ele saiu. — O que está errado?

Eu não posso mentir para ele. Eu não posso. Não depois de todas aquelas horas que passei a observá-lo desnudar a sua alma a uma câmera chamada Marie. Mas eu não posso lhe dizer a verdade. Pelo menos, não esta verdade. — Eu sinto falta de meus pais, — eu digo em seu lugar. — Eu sinto falta deles tanto.

— Onde eles estão? — pergunta ele, se sentando. Ele está nu, apenas uma toalha molhada enrolada na cintura.

Ele tem cheiro de sabonete e creme de barbear. Ele cheira como um novo começo.

E então eu percebi que ele ainda não sabe quem eu sou. Ark nunca disse a ele. Eu imaginei que eles estariam falando de mim à noite toda, mas é evidente que não. — Canadá, — eu digo, incapaz de contar essa história novamente.

Ele apenas se inclina e coloca seu braço protetor em torno de mim. E esse pequeno gesto é o que sela o acordo. Eu o abraço duro porque é tão bom ter algo em comum. Estou correndo do meu passado. Ele está fugindo do dele. E nós dois estamos agarrados um ao outro. Compartilhando nossos arrependimentos e vergonha.

— Quer ir para a cama agora?

É uma mudança de assunto. Não, é mais do que uma mudança de assunto. É a negação e fuga e salvação, tudo em uma frase de seis palavras. — Claro, — eu digo com um sorriso. — Que bem faz se debruçar sobre o que você não pode mudar?

Ele está de pé, me arrebata em seus braços, e me leva em direção ao quarto de Ark. — Querida, não há palavras mais verdadeiras do que já foi dito.

Ele me coloca na cama. Gentilmente, como ele deveria fazer por Marie. E, em seguida, as lágrimas estão lá e eu rolo e enterro meu rosto no travesseiro.

— Shhh, — diz ele, deslizando ao meu lado. — Não vamos fazer isso, Blue. — Ele sussurra as palavras. Eles são suaves e calmantes. Seus dedos levantam minha camisa, e eu o deixo tirá-la. Eu empurro para baixo os meus boxers emprestados sem ser incentivada.

— Me faça esquecer, JD. Me faça esquecer o que eles fizeram. — Me dirijo meu lado para que eu o possa ver, e eu coloco seu rosto em minhas mãos. Seu rosto é suave, agora que está raspado, e isso é tão bom. Parece como forte. Parece com proteção. Parece com o perdão. Para todos os meus pecados. — Me faça esquecer e eu vou fazer você esquecer também.

Ele sorri, um sorriso genuíno de JD, e eu derreto. Ele me embrulha em seus braços e me puxa para perto, por isso estamos face a face. E então ele toca seus lábios nos meus e balança a cabeça enquanto ele me puxa. — Eu não posso esquecer, Blue. Esse é o meu problema. Se você sabe como fazer isso acontecer, me diga. — seus olhos azuis buscam os meus. — Me diga como esquecer, porque eu nunca soube como. Eu nunca paro de pensar nela. Nunca. Eu vejo seu rosto em todos. Mesmo em você. É por isso que eu trouxe você para casa, Blue. Toda menina que suga meu pau na câmera, em minha mente todas elas são a minha menina. A que eu perdi. É por isso que eu faço. Essa é a única razão pela qual eu faço isso. Eu não tive uma namorada em quatro anos. Eu não chamei uma menina para sair em um encontro em quatro anos. Tudo o que me resta são os fantasmas. Eu vivo minha vida todos os dias com a esperança de que eu posso obter um vislumbre dela em uma menina de joelhos na minha frente. Eu estou doente, cara. Eu quero ser o único que pode tirar tudo o que você está sentindo, mas a verdade é que eu estou uma bagunça.

Eu fico olhando para ele por um momento. Quero escolher as palavras certas. Eu o quero fazer melhor. Eu o quero salvar do jeito que ele me salvou. — Eu sou muito nova nessa coisa de superar, JD. Eu sou apenas um bebê nisto. Mas você me ajudou apenas por estar aqui. E Ark faz a mesma coisa. E é por isso que eu quero você. É por isso que eu preciso de você. Então, talvez, quando você olhar para mim esta noite, você pode me ver, em vez dela? Talvez isso ajude?

Ele aperta minha mão em seu rosto. A frescura da sua pele em mim novamente. — Você é tão bonita. Seus olhos são como a água que você vê nessas fotos do paraíso. Uma cor que não pode ser descria porque uma palavra não pode fazer justiça. E seu cabelo é ouro, como o sol. Você é meu paraíso, Blue. Você e Ark são tudo o que tenho.

— Eu sou sua, JD. Se você me quer, eu sou sua.

— Não, Blue, — ele sussurra de volta. — Você é nossa.

E então ele me empurra de volta na cama e se levanta sobre os joelhos. Ele agarra minhas coxas e as abre para que ele possa se posicionar entre as minhas pernas. Seu pênis está tão duro que se levanta, como se ele estivesse chegando a sua barriga. A ponta está brilhante e minha buceta pulsa com antecipação. Assim que ele entra em mim, ele coloca a mão no meu pescoço, apertando levemente. Seu polegar está na minha artéria pulsante, seus dedos ao longo do outro lado da minha mandíbula.

Ele empurra dentro de mim, pressionando contra o latejar dolorido no meu pescoço, me enchendo e me fazendo gritar com o meu último suspiro.

Eu vejo estrelas. Eu vejo o céu. Vejo todas as coisas boas que eu já esqueci. Eu sinto a dor misturada com o prazer. E seu duro corpo musculoso e suado de confissões, e luxúria, e necessidade pesam. Minha garganta para de puxar ar e meu peito pare de crescer. E nesse mesmo instante a escuridão toma conta.

Nesse mesmo momento... nós gozamos.


Capítulo trinta e seis

ARK

 

Ray está longe de ser encontrado quando eu chego a seus aposentos privados, onde meu escritório de edição fica, então eu passo as próximas quatro horas me perguntando. E eu não tenho falta de coisas para me perguntar sobre.

JD. Quão forte ele está nos dias de hoje? Forte o suficiente para ouvir o que Gabriel me disse sem matar alguém, se for verdade? Se matar se isso levar a nada? Devo correr o risco de qualquer dessas coisas acontecerem, lhe dizendo? Eu quero arriscar nossa amizade, e tudo o que pode estar se desenvolvendo com a adição de Blue, por não lhe dizer?

Eu sou competente para tomar essa decisão sozinho? Por que estou nesta posição, em primeiro lugar? Por que as pessoas confiam em mim? Por que as pessoas colocam sua confiança em mim?

Admito, isto tem estado em minha mente muito em relação ao passado.

Quando eu desci do ônibus e encontrei JD, o que foi um golpe de sorte. Eu tinha certeza de que a minha vida estava no caminho certo.

Mas não estava. Não no caminho. Estava tão fora do caminho que eu nem sei mais quem eu sou. Não importa quanto dinheiro eu faço, não é suficiente para apagar a razão por que eu vim para Denver, em primeiro lugar. Não importa o quão bem sucedido eu pareça os últimos quatro anos somam nada, mas falham. Depois de todas as meninas que eu vi transversalmente nas ruas, por que Blue tem que ser a pessoa que faz a diferença? Por que agora?

Porque você ficou confortável, Ark, diz a minha voz interior. Você se acostumou a esta vida. Começou a se divertir.

E isso é verdade. Não é uma vida ruim. E está prestes a ficar ainda melhor. Estamos a poucas semanas da Public Fuck América ir ao ar.

Por que agora?

Eu parei de questionar a ideia de que fazer as coisas ruins podem levar a boas. Parei de me sentir culpado. Parei de me manter acordado durante a noite me perguntando o que estou fazendo. Por que eu estou fazendo isso.

Blue estava errada quando ela disse que eu não tinha investido. Eu investi. Só não da forma que ela pensa.

O software que eu estou passando completa a edição do filme, e eu o salvo para a pasta de saída semanal para que eu o possa enviar no domingo, quando completamos nossa última semana de trabalho para Ray.

É isso. Estou prestes a ir para um grande momento. E todas aquelas portas que foram fechadas para mim durante os últimos quatro anos vão abrir. Mas e se homens como Gabriel estão por trás dessas portas, o que então? Será que realmente o fim justifica os meios? Sou um pedaço de merda doente por participar neste negócio, mesmo que minhas intenções sejam boas?

Eu não posso responder a isso. Eu não sou capaz de autojulgamento. O dinheiro me cega. A parceria com a JD me cega. Inferno, mesmo Blue me cega.

Eu desligo meu computador e empurro para longe da minha mesa me sentindo mais perdido do que eu tenho em anos. Ver Lanie no último fim de semana não está ajudando muito as coisas, também. Na verdade, eu acho que ela é toda a razão que eu estou tendo este despertar em primeiro lugar.

Eu vim para o lugar de Ray pensando que ele poderia ser parte do problema. Mas ele não é o problema. Eu sou. Ele não é um dos segredos. Eu sou. Ele não é o único a vender sua alma. Ele nunca lutou com a linha entre o bem e o mal. Ray é apenas um cara que viu uma oportunidade e tomou.

E eu poderia ser como ele.

Ou eu poderia ter sido igual a ele.

Mas agora que o Blue está aqui eu estou me questionando a estrada em frente.

Public Fuck com JD e Blue?

Ou dinheiro e ir para casa?

Eu aceno para os guardas do lado de fora do piso privado de Ray e volto a subir as escadas para o meu Jeep. O chão está coberto com alguns centímetros de neve fresca e eu tenho que esquentar a velha garota por alguns minutos antes de ir para casa à luz antes do amanhecer. Até o momento que eu volto para a minha própria garagem, a neve está caindo em flocos grandes e redondos.

Dentro do apartamento, está frio, as nossas configurações de aquecimento no inverno ainda não estão prontas para funcionar, então eu ajusto o termostato e ando para o terraço para apreciar a cidade antes que ela acorde.

Esta é minha cidade agora? Denver? Eu vou ficar aqui para sempre? Tomar o lugar de Ray, uma vez que ele se aposente?

Ou eu vou seguir em frente? Sair logo que eu puder?

Eu olho por cima do ombro, passando pelas portas do terraço. Dentro do condomínio. Vou deixar JD para trás se eu for? Tento imaginar uma vida sem JD e acho que eu não posso. E não é porque eu quero me casar com o cara. Eu não. Eu quero uma esposa e filho. Eu quero o que a maioria dos homens quer.

Mas eu quero que JD esteja lá também. Dói pensar em o deixar para trás se isto terminar. O que vai acontecer com ele? Será que ele vai ser capaz de continuar sem mim? E não estou cheio de mim mesmo? Em pensar que ele precisa de mim tanto quanto eu preciso dele.

Gabriel está certo sobre uma coisa. Eu amo JD. E eu vou fazer de tudo para o cara.

Eu me viro e volto para dentro, os flocos de neve aderem a meu cabelo, o frio descendo para o meu corpo, me fazendo precisar me aquecer no chuveiro. Vou para o meu quarto e paro de repente, quando eu ver os dois na minha cama.

Porra. Meus olhos ficam na mão de JD sobre o peito nu de Blue, por muito tempo, a perna musculosa de JD envolvida sobre ela em um abraço protetor. E há um espaço vazio onde eu me encaixo perfeitamente, se eu apenas ceder aos meus sentimentos.

Eu viro as costas e entro no chuveiro, deixando a água quente lavar a imundície que eu lido quatro noites por semana.

Se eu desistisse... teríamos uma vida de vendedores de pornografia. E enquanto nós corremos o negócio legal, que seria uma vida muito boa. Preenchida com o que queríamos. Férias juntos. Natais. Aniversários. Inferno, crianças. Poderíamos ter filhos como qualquer outra parceria. Imagino este lugar cheio de uma família que fizermos juntos.

Não é estúpido?

E Blue está dentro? Ela é uma menina desaparecida de uma família muito proeminente. Por quanto tempo podemos manter a charada? Quanto tempo antes de ela sentir falta de sua família tanto, e ela correr o risco de os contatar? E uma vez que exista contato, esta vida se evapora. Não há nenhuma maneira dela ficaria com JD e eu. De maneira nenhuma.

A única possibilidade de fazer algo real fora disto é cuidar de todas as ameaças externas. E se eu fizer isso, eu posso continuar a ser essa pessoa? Posso continuar a contribuir para o desaparecimento de centenas-inferno, milhares de meninas envolvidas na indústria a cada ano?

Como diabos posso justificar isso?

É um jogo onde ninguém ganha. Não há nenhuma maneira de ganhar este jogo sem rasgar toda a minha vida no processo.

Dirijo-me fora da água e pego uma toalha, envolvo-a em torno da minha cintura. Quando eu abro a porta, o vapor do banheiro derrama para o quarto, cobrindo as duas pessoas na minha cama com névoa. Os fazendo parecer aparições. Como se eles pudessem desaparecer a qualquer momento.

Eu deixo cair à toalha e caminho até a cama. JD está de frente para mim, abraçando Blue ao peito. Ele abre um olho cansado e sorri. — Basta chegar à cama, Ark.

Sua voz é suave, mas Blue se agita, torcendo seu corpo para que os ombros estejam planos sobre o colchão, com os seios expostos para mim. Sua respiração ainda é profunda, me dizendo que ela está dormindo.

Eu puxo as cobertas e deslizo ao lado dela e quando ela se vira para mim, seu corpo fresco bate no meu superaquecido do chuveiro. Ela geme e se aconchega mais perto, me fazendo dar um olhar a JD para ver o que ele está pensando sobre isso.

Ele fecha os olhos e coloca uma mão no quadril dela, em seguida, desliza para baixo em sua barriga e isto me esfrega. Meu pau já está duro, mas contribui para o meu desejo de crescer. Eu o quero tocar. Eu quero que ele me toque. E eu quero compartilhar mais do que Blue.

Sua mão passa alguns momentos acariciando a buceta da Blue, e ela geme de novo, mas desta vez os olhos vibram por alguns segundos. Quando ela finalmente os abre, o desejo neles sela o acordo.

Eu quero os dois.

Ambos me querem.

Queremos um ao outro.

A mão dela surge, a palma da mão deslizando ao longo do restolho áspero da minha bochecha. E, em seguida, a mão de JD está em cima dela e nós ficamos lá, curtindo os momentos. Aproveitando o começo de algo novo.

Não sexo.

Não cobiça.

Amor. É o início oficial do nosso amor compartilhado.

E então passamos a linha de partida.

— Blue, baby, — diz JD em que rosnado baixo e gutural que ele gosta de usar nas prostitutas. Mas, desta vez, abre um nível de desejo em mim como nunca fez antes. E quando ele pega a mão de Blue e a desliza para baixo do meu peito, as ponta dos dedos dos dois acariciando a minha pele todo o caminho até o meu pau, eu alcanço e agarro seu cabelo em um punho fechado.

A palma da mão pequena de Blue faz de círculos em volta do meu pau, e a grande de JD circula a dela. Juntos, eles me bombeiam num ritmo lento e fácil. Meus olhos entre eles. E, em seguida, a mão de JD vai para Blue e ele a leva para cima, pressionando sua cabeça para baixo. — O chupe, Blue.

Ela sorri para mim e permite que a pressão da JD oriente sua cabeça no meu estômago. Ela me beija conforme desce, sua língua lambendo meus abs, então a minha virilha, então suas mãos estão nas minhas bolas enquanto seus lábios encontram minha cabeça.

— Foda-se, — eu gemo, meu olhos se fechando. Sua boca se move para cima e para baixo no meu eixo, me lambendo, sugando, então na minha dica, sua mão ainda amassa minhas bolas.

— O leve profundamente, baby. Como você me fez antes.

Eu deveria sentir raiva de Blue chupando outro homem. Mas eu não. Eu nem sequer chego perto. Aquelas palavras me excitam tanto, que eu puxo o cabelo de JD, puxando seu rosto para o meu. E quando nossos rostos estão apenas a alguns centímetros de distância, eu faço algo que eu nunca pensei que eu iria fazer.

Eu me inclino e beijo ele na boca.

Sua boca se abre em resposta, sua língua nos torce juntos. Eu puxo seu cabelo de novo e ele geme, rangendo os quadris contra a parte de trás da cabeça de Blue, enquanto ela continua a me chupar.

Ele tem gosto de buceta, e minha língua não pode obter o suficiente dele. Minha mão cai de seu cabelo, pressionando contra sua garganta, o apertando da maneira que eu o vi apertar centenas de meninas quando elas chuparam o pau dele em público.

— Foda, Ark, — diz ele, puxando para fora do beijo.

— Foda-se, não? — pergunto. — Ou foda, sim?

Ele olha para mim. É o momento mais íntimo que eu já tive com ele. Talvez com alguém. — É um foda definitivamente, sim.

E então ele beija a bunda de Blue. — Baby, suba em Ark. — ele a orienta de joelhos, em seguida, a vira em torno de modo que ela está de frente para mim e escarranchada em meus quadris. Eu assisto todo o processo, o meu pau inchado pra caralho e pronto para isso que quase dói. Ela paira sobre a mim, sua boceta tão molhada que praticamente pinga. E, em seguida, a mão de JD está lá, seu dedo empurrando para cima contra sua abertura, a fazendo gemer da maneira mais deliciosa. Minha mão vai ao ombro de JD e depois desce, acariciando suas costas musculosas.

E ele me lança um sorriso.

Eu rio para aquele sorriso, e quaisquer inibições que sobraram evaporam. Este é um sorriso que eu esperei quatro longos anos para ver. Um sorriso que diz: Você me faz feliz. Um sorriso que diz: Isto é certo.

E nesse momento Blue se abaixa- no meu pau em espera. Eu a encho do jeito que o sorriso de JD me fez. Eu estico sua buceta com meu eixo grosso, e ela se inclina para baixo, com o rosto no meu, pressionando nossas testas juntos.

E eu a beijo também. Eu envolvo seu rosto e a beijo duro. Eu a beijo longamente. Minha língua não se cansa dela. Eu enfio meus dedos pelos seus cabelos, a puxando em punhados, assim como eu fiz com JD.

Eu sinto pressão embaixo entre as minhas pernas e percebo que a mão de JD está ainda entre as pernas de Blue. Ela geme duro, como se ela estivesse com dor, e eu sei que ele está tocando a sua bunda. O pensamento de nós dois transando com ela me deixa louco, e eu começo a empurrar dentro dela, meus quadris pulando na cama, batendo pele com pele, minhas bolas batendo contra nós dois.

E então JD se ajoelha atrás dela, bombeando sua bunda por um segundo, antes de abaixar a cabeça para lamber. Seu queixo encosta contra a porção inferior do meu eixo. Ele encosta em mim enquanto deixa ela pronta para ele, e isso é bom pra caralho, eu tenho que fechar os olhos e me concentrar em não gozar.

JD sobe, posicionando seu pau sobre entrada de trás da Blue, e então há um aperto de sua buceta enquanto ela cai em cima de mim. Pênis de JD empurra dentro e Blue se senta, arqueamento de volta. Mas JD a bate de volta para baixo no meu peito e se inclina para que seu rosto esteja pressionado no pescoço dela. — Quieta, baby. Quieta.

Ela choraminga, e eu envolvo meus braços em torno dela, a segurando com força contra mim, a beijando em todos os lugares que meus lábios podem alcançar. — Relaxe, — eu digo. — deixe nos te amar, — eu digo a ela.

E ela relaxa. JD empurra uma vez, com força. E então nós dois estamos totalmente dentro dela. Ele em cima dela. Ela em cima de mim. Nossos braços e pernas emaranhado juntos, nossos rostos procurando uns aos outros, nossos lábios se tocando, línguas procurando a respiração se misturando.

É o momento mais bonito que já tive em toda a minha vida.

Ela não é uma garota perdida.

Nós não somos dois melhores amigos.


Capítulo trinta e sete

Blue

 

Nós nos reunimos. Todos os três de nós. Eu grito tão alto ao gozar que Ark ri e JD me dá um tapa na bunda, me dizendo que eu vou acordar os vizinhos abaixo.

Então, eu ainda continuo choramingando quando onda após onda de prazer rola sobre mim. JD desaba em cima de nós e Ark o empurra com um grunhido. E então ele me segura apertado e nos rola e estou imprensada entre eles.

Isto. Eu não tenho palavras para o descrever, mas eu preciso disso para o resto da minha vida. Estes dois homens de cada lado. Eu encontrei o céu, e eu ainda estou viva. Tenho enganado a morte.

Nós adormecemos assim. Dormimos todo o maldito dia. E só nos levantamos para um chuveiro e comida quando passou das quatro horas.

Me sento na ilha de pedra preta que separa a cozinha da sala de estar, assistindo JD cozinhar. Ele está fazendo panquecas e ovos. Ark está em seu laptop, sentado em um banquinho em frente a mim. Trabalho, eu acho.

Parece que nós temos vivido essa vida para sempre.

Isto é como o amor parece. Completo, cem por cento de contentamento. Não consigo pensar em nenhum outro lugar que eu gostaria de estar. Não consigo pensar em nenhuma outra garota em todo o planeta que tem uma vida tão plena e rica e perfeita como a minha.

— Quantos? — JD me pergunta, apontando para as panquecas e ovos.

Eu só posso sorrir para ele e dar de ombros. — Eu não me importo. Se você me alimentar de migalhas, eu estou feliz. Se você me encher até que eu estou cheia, eu estou feliz.

Ark espreita sobre seu laptop e ri. — Eu estou faminto. Vou comer tudo isso, se você deixar. Mas alguns negócios em primeiro lugar, JD.

Eu faço uma careta. Eu não quero falar sobre seus negócios. Eu não quero nem pensar no que eles vão fazer hoje à noite.

— É Halloween e Ray acha que você está indo para a festa.

— Bem, — diz JD, olhando para mim, antes de voltar sua atenção para Ark, — a menina que eu marquei é uma garçonete esta noite. Então eu acho que nós dois estamos indo. — ele olha para mim. — Você quer ir, Blue? Podemos vestir você. Ninguém vai saber que é você.

Eu balancei minha cabeça. — Não, obrigado, — eu digo baixinho, não sou capaz de encontrar o seu olhar.

Ele caminha até mim e levanta meu queixo para cima, fazendo-me reconhecê-lo. — Você quer que a gente fique em casa?

Olho para Ark, esperando que ele se opor. Ele é um homem de negócios, depois de tudo. E este é um negócio. Algo que não tenho voz.

Mas Ark apenas dá de ombros. — Nós devemos a Ray mais dois vídeos. Mas nós temos mais de duzentos filmados esperando para a liberação da Public Fuck. Nós podemos nos dar ao luxo de abrir mão de dois deles para terminar o nosso contrato.

— Você faria isso? — Pergunto.

— Se isso te faz feliz, com certeza. Por que não? — Ele olha para JD. — Vou ligar para Ray e lhe dizer que vamos ficar em casa e eu estarei por perto no domingo para fazer o upload dos vídeos finais. Depois disso, vamos comemorar. — E então ele sorri para mim e retorna a sua concentração para o computador.

JD vira a cabeça para ele e me dá um beijo que me deixa molhada entre minhas pernas. — Funciona para mim, — diz ele. — Eu tenho o que eu preciso aqui mesmo.

Sua atenção faz todo o meu corpo quente, e leva um segundo para perceber que eu estou corando. Quando eu olho para Ark, ele está rindo enquanto se levanta do seu computador e toma um assento na mesa de café da manhã. — Não se sinta constrangida. Basta se divertir.

— Eu estou, — eu digo a Ark de volta, pulando para fora da ilha e caminhando até ele, minha mão no seu ombro por um momento quando eu levo a cadeira do outro lado dele. A mesa é pequena e redonda, por isso a sensação é aconchegante. — Eu não sei como cheguei aqui. — Eu olho para os dois, um de cada vez. JD coloca um prato de panquecas para baixo e pausa. Mas tudo o que posso fazer é dar de ombros. — Eu não sei. Mas eu me sinto... sortuda.

— Talvez tinha apenas que acontecer? — JD caminha de volta para agarrar os ovos. — Eu acredito em destino, em vez de sorte, — continua ele, colocando os ovos para baixo e tendo sua cadeira. A mesa usada só tem duas cadeiras, mas Ark trouxe uma cadeira de seu escritório em que ele está sentado. — Quero dizer, olhe. Eu tenho vivido com este excesso de controle há quatro anos. E eu vou te dizer, eu nunca o pensei em beijar antes desta manhã.

Ark sorri, balançando a cabeça. Se ele se sente desconfortável sobre como as coisas mudaram durante a noite, ele esconde bem. Porque ele não parece estar tímido. Na verdade, JD está certo. Ele é um maníaco por controle. E ele ainda está no controle agora.

— Bem, eu fiz, — diz ele com uma cara séria.

— Besteira, — diz JD de volta, enfiando uma panqueca em sua boca. — Você nunca fez. E você não estaria aqui agora se não tivéssemos emboscado você com a coleira.

— Oh, Deus. — eu balanço minha cabeça e pego uma panqueca e alguns ovos.

— Você não gosta da coleira?

Ark pergunta, não JD. E isso me faz parar por um momento. — E você?

— Foi quente pra caralho, — diz Ark.

— Eu pensei que você odiava fetiches? — Olho para JD e ele pisca para mim.

— Não é verdade. Eu só não gosto de cruzar todas as linhas.

— Mas, coleiras e trelas são fetiches aceitáveis?

— Eu acho que ela deve usar a coleira o tempo todo, Ark, — diz JD, ignorando a minha pergunta.

E mesmo que eu odeie o fato de que isso me afeta dessa maneira, a umidade começa a crescer entre as minhas pernas novamente.

Como ele faz isso com palavras?

Ark apenas olha para mim, como se pudesse ler meus pensamentos. E, em seguida, sua mão está na minha perna, esfregando. Eu vejo seu rosto quando ele faz isso. Ele permanece impassível, sem sorriso, a boca apenas uma linha reta. E então sua mão viaja até o v entre as minhas pernas, desliza dentro dos boxers que estou usando, os dedos na minha buceta.

Eu engulo em seco e fecho os olhos.

— Vá pegar a coleira, JD, — diz ele em um tom de comando.

Eu chupo uma respiração e mordo o lábio, tentando me acalmar. A cadeira de JD contra o piso de concreto polido arranha quando ele se levanta para ir encontrar a tira de couro.

— Você quer isso, não é, Blue?

Eu aceno com a cabeça, mas mantenho os olhos fechados. — Eu não o posso ajudar. — Eu não sei o quanto eles querem saber sobre meu cativeiro, então eu fico em silêncio. JD retorna alguns momentos depois nas mãos a coleira para Ark. Sua cadeira arranha quando ele empurra para trás também, e de repente eu estou tremendo.

— Shhh, — diz ele, colocando a mão no meu ombro. — Eu não vou te machucar, você sabe disso.

— Eu sei, — eu digo. Porque eu sei. Ark não é para a dor. — Mas o problema é— eu olho para ele e respiro fundo. — O problema é que eu gosto de ser ferida. — É um suave sussurro, mas todo mundo ouve. Quando eu olho para JD, ele está sorrindo grande. Quando eu inclino minha cabeça para ver a reação de Ark, ele acaricia um dedo na minha bochecha.

— Segure o cabelo para cima, — ordena Ark.

Faço o que me disseram e ele desliza o colar em volta do meu pescoço, o apertando de modo que fique solta o suficiente para permitir os dedos de deslizar entre ela e minha pele.

Eu respiro fundo.

— Você é nossa agora. E isso significa que você é honesta, se lhe fizer uma pergunta. Assim, a minha primeira pergunta é, o quão duro você gosta?

Deixo escapar uma longa rajada de ar e dobro as minhas mãos no meu colo.

— Seja sincera, baby, — diz JD. — Nós não estamos julgando.

Concordo com a cabeça e, em seguida olho para o seu rosto encantador. Eu acredito nele. Com todo o meu coração. Eu acredito que eu sou aceita aqui. Que todos nós temos um lado escuro em nossas almas. E mesmo que fosse melhor se esta escuridão nunca existisse, em primeiro lugar, a próxima melhor coisa é ter as pessoas que amamos aceitando que somos imperfeitos.

E isso é o que temos aqui.

— Posso lhe dizer como isso aconteceu? Antes de eu dizer o que eu gosto?

— Claro, — responde Ark. Ele pega a minha mão e me puxa até seu colo. Subo, grata por sua ternura. Um braço envolve em torno da minha cintura e o outro acaricia meu joelho. — Não tenha pressa.

Eu sei que ele não disse a JD quem eu realmente sou, então eu evito qualquer conversa sobre isso. — A primeira vez que fui tomada, foi mútuo. Na verdade... — eu engulo a vergonha e continuo. — Na verdade, tudo o que eles fizeram. Até a última noite de sábado. Ele nunca foi suave, mas me excitava. O jogo bruto era emocionante. Algo que eu nunca tinha experimentado antes. Eu respondi... Oh, Deus, isso é tão embaraçoso.

Eu olho para Ark, mas ele não vai me deixar sair agora que eu comecei. Então eu olho para JD. Ele tem as sobrancelhas para cima. — Você responde às ordens? Ou a humilhação? Ou a violência?

— Tudo isso, — eu digo tão envergonhado de mim mesma. — Eu respondi a tudo isso. Mesmo que eu não queria.

— Eu não vou te humilhar, Blue. Eu coloquei o colar em você porque você quer. — Eu olho para Ark e vejo a verdade em seus olhos.

— Eu sei. Mas eu odeio essa parte de mim.

— Por quê? — diz JD, se levantando da cadeira e vindo para nós. — Se nós concordamos que nos dá prazer, então por que você está envergonhada?

— Você sente vergonha? — pergunto a ele. — Por querer ser... áspero com as meninas?

JD balança a cabeça lentamente. — Não. Eu só faço isso com meninas como você.

— E você?

Ark balança a cabeça também. — Eu não faço muito. Não o suficiente para cruzar todas as linhas. Mas eu estou feliz em dar um tapa na sua bunda e puxar seu cabelo. — e então ele sorri e uma pequena risada sai antes que ele possa se controlar. Sua mão mergulha entre as minhas pernas, empurrando dentro da minha buceta. — Você está tão fodidamente molhada só de falar sobre isso. E agora que sei que você gosta, podemos empurrar alguns limites, se é isso que você quer.

— Você quer isto , Blue?

Concordo com a cabeça para JD. — Eu não quero as marcas nas minhas costas, como as que deixaram na semana passada. E eu não quero ciúme. Precisamos ser claros sobre isso. Eu não posso com o ciúme. Se outro homem ou mulher tenta ficar entre nós, então sim, eu espero por esses sentimentos. Mas não entre nós. Porque ele me disse que... — Eu tenho que tomar uma respiração profunda. — ele me dizia para fazer as coisas e, em seguida, ele me batia. Mas eu não tinha escolha. Ele me fez dar prazer a outras pessoas. E então ele me acusou de gostar. E eu fiz. Eu estava condicionado a gostar. Então eu não quero ser punida por amar vocês dois.

Ark me prende mais apertado. — Feito.

Eu olho para JD e ele sorri. — Ark me deixa duro, Blue. Assistir você chupar seu pau me faz mais quente. E hoje à noite Estou pensando em o chupar com você. Então, eu estou bem, querida. — ele pisca para Ark, que fica duro debaixo de mim como resposta.

— Qualquer coisa que você precisar que nós saibamos, Blue? — Ark pergunta, tentando tirar o foco dele.

— Eu preciso de cuidados posteriores. Eu não preciso de muito cuidado posterior, mas quando eu precisei, isso fez toda a diferença no mundo.

— Nós podemos fazer isso, baby, — diz JD, se inclinando para me beijar. Seus dentes pegam meu lábio e mordem forte o suficiente para me fazer gemer e lançar outro jorro de umidade, mas não o suficiente para tirar sangue. — Eu sei o que estou fazendo. Eu vou te foder duro e fazer você amar. E quando terminarmos, eu vou afastar qualquer vergonha. Você nunca vai sentir vergonha com a gente, Blue.

Eu quero chorar, que é o quanto suas palavras significam para mim. Mas eu só respiro fundo e me aconchego contra o peito de Ark enquanto JD volta ao seu assento e retoma a sua alimentação.

Quando eu tento me levantar e voltar para a minha cadeira, poucos minutos depois, Ark me prende. Ele traz uma garfada de ovos para minha boca e eu abro. O deixo me alimentar. O deixo tomar conta de mim.

Quando o café da manhã termina, deixamos a louça e deitamos no sofá e assistimos a um filme. JD está deitado de costas sobre a ponta mais longa, os braços sustentando acima de sua cabeça, enquanto Ark se senta na espreguiçadeira. Eu coloco meu corpo sobre os dois, a minha cabeça no colo de Ark.

Eu sonho com esta vida. Como deve ser que nas próximas semanas e meses que virão. O que vou desistir para estar aqui. Sinto falta da minha família, mas eu não posso ir para casa. Não até eu conseguir o que eu vim pegar. Não até que eu receba de volta o que tiraram de mim. Não até que eu segure o contrato e as minhas imagens dando os meus futuros filhos.

E agora eu tenho dois aliados.

Eles podem não saber ainda, mas eu só os recrutei em minha guerra.

Vou obter justiça para Janine.

E talvez JD vai ter justiça para Marie também.


Capítulo trinta e oito

ARK

 

De alguma forma, nós passamos o dia inteiro apenas sendo... normais. Meu pau está em um estado de semi-dureza o tempo todo. E cada vez que JD se levanta para fazer alguma coisa, seu pau está lá também. Eu me pergunto se ele bate punheta toda vez que ele vai para o banheiro.

Será que vai ser sempre bom ficar perto deles? Será que vou estar constantemente excitado só de olhar para eles? Será que o pensamento dos lábios de JD no meu pau algum dia me dará nojo?

Eu não sei a resposta para qualquer uma dessas perguntas. Então, quando Blue fica cansada e anuncia que vai para a cama, JD se junta a ela. Mas eu vou para o meu escritório e começo brincar com minhas câmeras.

Cerca de uma hora mais tarde, um JD nu passa na minha porta e bate na parede. — O que você está fazendo? Venha para a cama.

— Eu vou, — eu digo a ele quando eu limpo a lente.

— Quando? Eu estou com tesão, cara. E cada vez que eu a toco, ela quer gozar. Mas eu não quero começar esta merda sozinho. Você precisa estar lá.

Eu termino a lente e, em seguida, a embalo e guardo.

— Você está nervoso? — pergunta ele, entrando na sala. Olho para o pau dele, que está duro, e praticamente apontando para mim. — Você tem medo desta parte Ark? De cruzar essa linha? — ele alcança e agarra a longa protuberância sob meus jeans. Ele pega a minha inalação como um sinal para continuar, e depois a mão flutua para cima, para o botão do meu jeans. — Deveríamos ter um treino aqui? Acabar logo com isso?

E então ele se inclina, o peito nu pressionando contra o meu, o calor entre nós desenhando nossos corpos juntos. Sua mão desliza para baixo na minha calça e me agarra... duro. Eu cerro os dentes e chupo uma respiração. — Me diga o que fazer, — diz ele. — Me diga o que você quer. Porque Blue está esperando, cara. E eu não me importo de chupar seu pau para o colocar à vontade, mas eu quero foder essa menina hoje à noite. E eu quero que você esteja lá.

Eu olho para ele, encontrando seus olhos azuis com os meus escuros. — Isso não é o que está me segurando para fora, JD. Eu não estou nervoso sobre você chupando meu pau. Eu só preciso que você saiba que eu provavelmente não vou transar com você. Talvez nunca. E eu provavelmente não vou deixar você me foder, também.

— Então, nós temos limites um com o outro, mas não com Blue? É isso que você quer que eu saiba?

— Sim, basicamente.

— Você vai chupar meu pau?

— Eu não sei.

— Então o que você quer fazer comigo? — ele puxa sua mão para fora da minha calça e dá um passo para trás.

Mas eu o pego pelo ombro e o aperto. — Isso, para começar. — E então eu o puxo para mim, minha mão ao redor de seu pescoço, meus dedos enfiando em seu cabelo. Eu toco meus lábios nos dele e o beijo me pega de surpresa mais uma vez. Como macio seus lábios são, mas como dura e masculina é a sua resposta. Ele agarra minha cabeça da mesma maneira, se empurrando em mim. Nossos corpos pressionam um contra o outro quando eu deslizo minha língua dentro de sua boca quente e, em seguida, quando ele responde, eu retiro e mordo seu lábio. Duro. Forte o suficiente para o fazer recuar. Mas eu o impeço, e o mantenho em contato comigo. Eu olho nos olhos dele e nós dois temos o gosto de sangue. Eu o deixo com a minha boca, mas o mantenho cativo com o meu olhar. — Eu não vou fazer isso para Blue. Eu não posso. Mas eu posso fazer isso com você.

Ele olha para mim.

— Se você quiser.

Ele sorri e, em seguida, ele ri, empurrando meu peito com força suficiente para me fazer um passo para trás. Eu aperto seu pescoço com mais força, pressionando o polegar contra sua jugular, assim como eu fiz com o fodido Gabriel na noite passada. Mas, desta vez, não é por ódio ou raiva. É desejo.

— Eu quero enfiar meu pau agora pela sua garganta, e você vai engasgar com meu pau.

Seu sorriso cresce cada vez mais. — Você quer que eu me submeta a você?

— Você pode fazer isto, mas você não o pode levar?

— Será o negócio, então? Ela se submete a mim e eu a você?

— Vocês dois se submetem a mim, JD. Eu quero o colar em você também.

— Foda-se, — diz ele, dando um passo para trás com uma risada.

— Não literalmente, imbecil. Mas precisamos ter uma compreensão. E o entendimento é que eu estou no controle. Em todos os tempos.

— E se você não está lá?

Eu dou de ombros. — Você quer transar com ela sozinho? Porque eu estou nesta por você, tanto quanto eu estou para ela.

— Bem, sim. Eu acho que posso transar com ela quando eu quero. Ela é minha também.

Eu me viro e caminho de volta para a minha mesa, pegando uma bateria nova para a minha câmera favorita. — Se você transar com ela sozinho, eu quero isso na câmera. Então, eu o posso ver mais tarde.

— Você seu filho da puta pervertido. Eu nunca suspeitei, Ark.

— Sim, então?

Ele revira seu pescoço e ombros, como se ele estivesse tentando liberar um pouco a tensão. — Claro, ok. Como se eu me importasse se estamos filmando. Há mais de quinhentos vídeos meus na câmara já. O que é um pouco mais?

— E eu quero que você pose com ela. E comigo. Em torno do loft. Fodendo. Fazendo merda normal. O que for. Quero fotos. Quero memórias.

Ele balança a cabeça para mim. — Por que eu iria me opor a isso? Você quer fazer fitas de sexo em vez de filme pornô? Bem.

— E essa merda nunca sai do apartamento.

— Cara...

— Quero dizer que, JD. Você nunca deixará ninguém mais a ver. Ou nós. Nunca.

— Por que eu a iria exibir? Ela está fugindo de algum idiota que provavelmente gostaria de a ter de volta.

Deixei escapar um longo suspiro através de mim. — Ok.

Ele olha para mim por um longo momento, e então ele ri do jeito que ele faz. A maneira que encanta praticamente qualquer um que tem o prazer de o ver o ligar. — Podemos foder agora?

Eu estendo a mão e pego seu pau, que amaciou um pouco pela conversa.

— Oh, merda, sim, — ele geme. Eu bombeio algumas vezes e, em seguida, puxo seu pênis, o fazendo dar um passo adiante. — Você está me matando, cara. Vamos.

Eu me inclino e o beijo novamente, mas desta vez eu não mordo. Sua boca se funde com a minha, nossas línguas procurando se procurando. E o pau engrossa na minha mão, então eu puxo para trás e pego a câmera da minha mesa. — Eu quero isso, JD. Você entende?

— Eu entendo, — diz ele em um sussurro. — Eu quero isso também.

— Nós não somos um casal. Você e ela não são um casal. Estamos nisso juntos, não importa o quê. — Eu não espero por sua resposta, eu só dou um puxão em seu pau duro até que ele me segue fora do meu escritório e pelo corredor até o meu quarto. Quando chegamos à porta, eu deixo ir e o empurro para o quarto.

Espero ele olhar um pouco de raiva por eu o empurrar tão duro, tão rápido. Mas ele lida com isso como um campeão. Ele anda para frente da cama e eu acendo a luz quando eu sigo. Ele fica em um lado, eu entro em outro.

E Blue se situa entre nós, seus olhos quase não detectáveis à luz que filtra através das cortinas abertas da janela. Eles estão cheios de perguntas. E eu não sou nada, mas respostas.

Eu puxo as cobertas para baixo, a expondo ao ar da noite gelada. — Abra suas pernas para JD, Blue.

Ela faz isso sem hesitação, o que faz com que meu pau tique tão duro.

— A lamba até que ela venha em todo o seu rosto, JD. E então me beije, filho da puta. E é melhor a fazer gozar, ou eu vou deixar você no canto e fazer você me ver transar com ela por trás.

Blue choraminga. Isto é o que ela quer. O que seu corpo implora. Humilhação é algo que ela está a bordo. Eu disse que eu nunca iria a humilhar, e eu não vou. Mas eu nunca disse que iria poupar JD do mesmo destino.

Ele faz o que eu disse. Ele suga seu clitóris enquanto eu filmo. E quando ela goza, ele me beija, seu gozo ainda em sua boca.

Depois disso, é um borrão de paus e boceta. Ele em cima, eu embaixo. Eu em cima, ele na parte inferior. Sua boca sobre meu pau, eu me empurrando para baixo em sua garganta enquanto os dedos Blue estão em si mesma.

Até o momento que eles adormecem, a aurora está em cima de nós. E mesmo que eu esteja desgastado, eu estou muito empolgado com a adrenalina para dormir. Então eu os deixo, exausto, embrulhados em si, e levo minha câmera de volta ao meu escritório, para que eu possa transformar a nossa foda em arte.


Capítulo trinta e nove

Blue

 

— Não, — eu digo a ele, enterrando meu rosto no travesseiro.

— Por quê?

— Você sabe por quê. — eu olho para Ark e suspiro. Ele é tão bonito porra, eu juro. Ele não está a usando o pseudo terno hoje. Ele está em jeans. E ele está sem camisa. Deus, eles me deixam selvagem quando eles não usam camisas. E essas tatuagens...

Tudo o que fizemos durante três dias é foder. E eu entendi, ele está se sentindo preso dentro de casa e quer sair. Mas eu não vou. Estou me sentindo segura e confortável. Eu não vou a lugar nenhum.

— Blue. Você tem que sair de casa em algum momento.

— Não é hoje.

— Você não quer ir às compras? Obter roupas de verdade? Parar de usar camisetas e boxers de JD?

— Não, — eu digo em uma desafiante voz infantil. — Eu gosto dessas roupas. Eles cheiram como ele. Eu prefiro estar nua do que sair.

Ark ri e arrasta as pontas dos dedos para cima e para baixo na minha espinha. — Eu quero te levar para jantar. Hoje é o último dia em que trabalhamos para Ray. É um grande negócio.

Deixo escapar um longo suspiro. Eu não quero dizer-lhe que não. Eu quero ir jantar com ele. O ver em um terno adequado, por uma vez, com um casaco e calças. Aposto que ele é quente pra caralho em um terno real. Minhas roupas ainda estão penduradas em seu escritório, sem uso. Inferno, sem abrir. Eu nunca sequer espiei para ver como elas se parecem. Eu sei que elas são sofisticadas, portanto, não é apropriado para vestir em torno da casa.

— Eu quero te fazer feliz, Ark. Eu quero. Mas tenho uma sensação de mal estar no estômago sempre que penso em sair. Eu não serei divertida. Eu não vou. E eu vou estar doente o tempo todo. — eu levanto de seu peito e o olho nos olhos. — Eu vou estar muito doente para o apreciar.

Ele geme. Longo e difícil. — Tudo bem. — E então ele me tira do peito e sai da cama. JD já está de pé, comendo ou fazendo café da manhã ou algo assim. Ele se levanta cedo. Na verdade, JD se levanta em horas muito estranhas. Três da manhã uma manhã, cinco a próxima. Às vezes ele dorme até meio-dia. — Mas eu tenho que sair daqui. Eu não estou acostumado a ficar em casa tanto. — Ark caminha até seu armário e tira uma camiseta preta e um par de meias.

— Eu sinto muito. — eu uso uma voz amuada para isso.

— Você não tem nada que se desculpar, Blue. Eu entendo. — Ark diz, de costas para mim, então eu não posso ver seu rosto. Acabei de olhar para aqueles dragões lutando em suas costas e me pergunto por que eles fizeram tatuagens correspondentes que se opõe a outra. Parece-me que eles estão brigando por aquela coisa redonda entre eles. É azul, por isso pode ser o mundo. Ou talvez eles estão conquistando o mundo? Os corpos dos dragões se envolvem em torno dele como se eles fossem donos da pequena bola azul.

— Além disso, — continua ele, puxando a camisa sobre a cabeça e obstruindo minha visão de sua arte, — podemos celebrar em casa muito bem. — Ele se vira para mim e agora ele está sorrindo. Deus, eu amo quando Ark sorri. Ele não faz isso muitas vezes. JD é um sorridor compulsivo. Ark está sempre imerso em pensamentos. Tomando decisões secretas em sua cabeça. Ele definitivamente não é impulsivo. — Vou trazer para casa uma garrafa de algo especial.

— Eu posso nos fazer o jantar, — eu ofereço. — Se JD for às compras para mim.

Ark puxa suas botas de pé, pulando de um pé para o outro. E então ele volta, inclina-se para baixo, e me dá um beijo. — Eu vou te ver hoje à noite, ok?

Acabei de olhar para ele. Seu belo rosto. Eu não o achei amável, quando eu o conheci, mas eu estava tão errada. Tudo sobre Ark é amável. Ele faz tudo com um propósito. E eu não o posso imaginar nunca ferindo alguém.

— O quê? — pergunta ele, com uma risada.

— Eu quero te amar.

Aquele sorriso novamente. Eu morro.

— Eu acho que eu poderia me casar com você e viver feliz para sempre.

Ele ri e se inclina para mais um beijo. Nós demoramos desta vez, nossas línguas torcem juntas, sorrisos em nossos rostos, riso na nossa respiração. — Eu me casaria com você agora se JD não estivesse aqui. Mas é meio difícil se casar com duas pessoas ao mesmo tempo.

— Eu o quero amar também, — eu digo quando Ark se afasta.

Ark está saindo pela porta do quarto quando ele olha para trás por cima do ombro e grita: — Idem. — Alguns momentos depois, eu o ouço falando com JD e, em seguida, a porta se abre e fecha.

E eu acho que Ark realmente o ama também. Eu não tenho certeza que ele é o tipo que a maioria das pessoas imaginam quando pensam em dois homens juntos. Mas é definitivamente amor. Por que mais ele seria tão protetor com JD?

Isso é algo que eu realmente gostaria de falar, mas a qualquer momento que eu trago JD quando Ark e eu estamos a sós, ele muda de assunto. Eu não entendo.

— Ei, — o diabo está chamando a partir da sala de estar. — Blue baby?

— O quê? — eu chamo de volta.

— Tire sua bunda triste da cama. — JD espreita a cabeça para dentro do quarto. Tronco Nu.

Eu sorrio para isso. — Por que eu deveria?

Seu sorriso fica plano e os olhos apertados. — Porque você tem a coleira, cadela. E eu disse que sim. — ele aponta para o chão na frente dele.

Eu sabia que isso ia acontecer. O material de dominação. Ele mencionou o que poderíamos fazer juntos uma vez Ark deixar a casa. Não é porque estamos nos escondendo de Ark, temos que filmar tudo. Mas porque Ark não é para essas coisas tanto.

— É melhor você se mover, vagabunda.

Eu deslizar para fora da cama e chego em minhas mãos e joelhos, rastejando até JD e parando em seus pés. Me sento para trás e olhar para cima, abrindo minhas pernas para que ele possa ver minha buceta.

— Maldição, — ele sussurra enquanto se agacha para tomar o meu rosto com as mãos. — Você gosta dessa merda? Sério?

Concordo com a cabeça, corando de vergonha.

— Hey, — diz ele, beijando-me nos lábios. — Não se envergonhe. ok?

— É estranho, não é? Eu não entendo isso.

Ele estuda o meu rosto por um momento. — Não é estranho, Blue. É apenas uma fantasia.

— Mas eu gosto... — Eu não posso mesmo dizer isso.

— Como? — pergunta ele. — Me diga, para que eu possa lhe dar o que quiser.

— Eu gosto de me sentir... — eu olho para cima, em seguida, para baixo rapidamente. Jesus Cristo. Eu não posso acreditar que eu vou admitir isso em voz alta. — Forçada.

Ele me beija, seus lábios suaves e sua boca macia. — Muitas garotas querem se sentir assim, Blue. Eu fiz um monte de pornografia, e alguns deles gostam tão áspero, que isso me assusta.

— Elas fazem? O que elas querem que você faça a elas?

— As golpear. Todas elas gostam de ser esbofeteadas. Torça os seus mamilos muito, elas choram. Espanque suas bocetas. Espanque suas bundas. Goze em seus rostos. Uma menina, queria que eu mijasse em cima dela.

Eu recuo. — O quê?

— Agora este é um fetiche estranho, certo? Ou aqueles que brincam com merda. Ou os homens que usam fraldas e agem como bebês.

— Meu Deus.

Ele ri comigo e me puxa para os meus pés — O que você gosta, Blue, chamamos isso de arrebatamento.

— Arrebatamento?

— É uma fantasia de estupro. E você ficaria surpresa com quantas mulheres pensam sobre isso. Inferno, até mesmo os homens. É tão comum, não é mesmo considerado fetiche. — ele me lança um olhar diabólico. — Bem, pelo menos no mundo em que vivo.

— Arrebatamento, — eu digo novamente, confusa que tem um nome que eu não me importo em dizer em voz alta, e ligada pelo fato de que JD e eu estamos conversando sobre isso.

— Eu posso violentar você, Blue. Eu posso rasgar suas roupas, bater em seu rosto, a amarrar e enfiar meu pau em sua garganta. Eu posso lhe chamar de nomes e puxar seu cabelo. Eu posso te foder por trás tão forte que você gozará em ondas. Uma após a outra, constantemente a batendo para a margem do ecstasy. — Sua mão varre para baixo do meu quadril e, em seguida, desliza entre as minhas pernas para buscar por excitação.

Eu estou tão excitada no momento.

— Gostaria de ser violada?

Faço uma pausa.

— Se certifique, Blue. Porque o que você deseja não pode ser alcançado a menos que atravessemos algumas linhas. Você quer cruzar as linhas comigo?

Eu respiro fundo e o olho nos olhos. — Sim, por favor.

Ele dá um tapa em meu rosto tão duro que eu caio no chão. Meus joelhos batem no chão de madeira dura, me fazendo gritar. Ele agarra meu cabelo e me puxa de volta para os meus pés, e, em seguida, me arrasta até a cama e me joga para baixo de cara.

Meu coração bate rápido, mas é uma mistura estranha de medo que eu estou familiarizada do meu cativeiro e desejo pelo homem real que quer me violentar. Que é novo.

— Você é minha prostituta, entendeu? — ele puxa meu cabelo, forçando minha cabeça para trás até agora tenho de olhar na cara dele enquanto ele paira sobre mim por trás. — Diga que sim, cadela.

— Sim, — eu digo, ofegante por mais. Ele torce meu mamilo duro, me dando o que eu secretamente anseio. E então ele me vira, tira o seu cinto, e envolve em torno de meu rosto, em frente da minha boca. Ele prende tão apertado, o couro queima os cantos da minha boca a partir da tensão. E então ele leva o seu pau para fora da calça e levanta minhas pernas para cima.

Eu me contorço, e ele me dá um tapa de novo, fazendo minha buceta inundar e palpitar. Mas eu luto com ele, o socando no rosto. Ele me dá um tapa novamente para, em seguida, pegar minhas pernas chutando e me virar para o meu estômago.

— Sim, — eu sussurro suavemente no chão de concreto duro.

— Você vai levar na bunda por este pequeno movimento, puta.

— Sim, — eu digo novamente. Mas seu pau está empurrando contra a minha bunda tão duro, eu grito de dor muito real.

Ele me fode na bunda tão duro que eu choro. Mas quando ele goza eu gozo com ele. Porque é isso que eu queria.

Quero ser violada.

E eu nunca estive tão excitada em toda a minha vida.

Quando terminarmos ele tira o cinto e beija meus lábios. — Espere aqui, — diz ele em um sussurro. E, em seguida, ele vai para o banheiro de Ark e retorna com algum bálsamo cheiroso. Ele esfrega nas pequenas rachaduras que o cinto fez nos cantos da minha boca. — Ark vai me matar se ele souber, Blue. — JD coloca o pequeno bastão de batom na mesa de cabeceira e sobe na cama comigo, me envolvendo em seus braços. — Ele não entende. Ele não vai gostar. E ele vai colocar um fim nisso. Então, se você quiser continuar fazendo isso, precisamos manter isso em segredo.

Eu vejo no rosto de JD como ele diz tudo isso. Outro segredo.

Ark quer me calar sobre quem eu sou e as pessoas que me tinham.

JD quer que eu mantenha o silêncio sobre como áspero nós gostamos.

Não é um bom começo para um relacionamento.

— Blue? — JD pergunta depois de alguns instantes. — Você pode dizer a ele, se quiser, mas ele vai nos fazer parar. Ele não vai entender, Blue. Então, se você quer que eu te foda assim novamente, você não pode dizer a ele.

Ele espera em silêncio enquanto eu considero a minha resposta. Meu corpo está dolorido. Meu rosto ainda se ressente por todas as bofetadas.

Mas, meu Deus, eu nunca me senti tão... viva.

Eu não quero ter segredos da Ark, mas eu realmente quero ter esse sexo especial com JD.

— Ok, — eu digo, sabendo que tudo sobre o que estamos fazendo é errado. — Eu vou. Quero dizer, eu não vou dizer a ele. Mas as câmeras. Nós devemos gravar, para que ele não fique louco se ele descobrir.

JD me beija nos lábios, tomando um momento para lamber as pequenas mazelas. — Eu te amo. Nós vamos filmar, como ele pediu. Nós apenas não damos a ele. Justo?

— Justo, — eu digo.

Passamos o resto do dia fazendo coisas normais. Nós até fodemos para a câmera uma vez. Não é um arrebatamento. Apenas uma foda quente apenas para os olhos de Ark.

Eu quase me sinto como um performer quando estou com JD. Como nós se nós fossemos atores em nosso próprio filme, somente o nosso filme é a vida real.

Mas isso é a vida real?

Ele borra as linhas, se você me perguntar.

Ark chega em casa e come um jantar que JD comprou e eu fiz. A vida é tão estranha. Uma semana e um dia atrás eu era uma prisioneira, sendo obrigada a atender aos desejos de um homem doente. Uma semana atrás, eu estava em um loft estranho com dois estranhos, sendo paga para os chupar. E hoje à noite... Ark traz para casa champanhe especial, e brindamos ao nosso novo arranjo.

Uma garota.

Dois amigos.

Três almas gêmeas.

Poderia ficar melhor que isto?


Capítulo quarenta

ARK

 

— Basta ir comprar a ela uma árvore de Natal, pelo amor de Deus.

— Eu não posso, JD. Eu já te disse que ela tem que vir comigo se ela quer uma árvore. — já se passaram seis semanas desde que Blue veio morar com a gente. Seis semanas de pura diversão. Eu só tenho que pensar nela de alguma pequena maneira – a forma como ela bate o dedo em cima do balcão quando ela está decidindo o que ela quer comer, ou a forma como ela anda na ponta dos pés entre os pisos de concreto polido, gritando sobre o quão frio eles são. Tudo nela me faz feliz. Até mesmo JD está feliz.

Mas depois de seis semanas de confinamento no sótão, eu estou ficando louco. Não que eu tenha sido confinado. Eu estive em quatro viagens de negócios até agora. Mas Blue se recusa a sair de casa.

— Eu entendo. — digo a JD. — Mas não há nenhuma maneira das pessoas ainda estarem procurando por ela. Essa merda acabou.

— Você não sabe, — diz JD. Ele está assistindo futebol, o que significa que ele está ignorando o resto de nós. — Talvez ela esteja certa. Talvez ela precise ficar dentro de casa para o resto de sua vida. — ele arrasta a sua atenção para longe da tela plana e olha para mim. — Eu gosto de saber que ela está sempre em casa. Eu gosto dela estar aqui o tempo todo. Eu provavelmente ficaria louco se eu tivesse que me preocupar com onde ela estava e com quem estava.

Me sento na cadeira à sua esquerda. — Isso é loucura, JD. A menina precisa de amigos. Nós não temos nada a esconder. Ou se envergonhar. Talvez ela precise de um emprego?

— Por que diabos ela precisa de um emprego? Temos dinheiro suficiente para comprar a ela qualquer coisa que ela quer.

— Para dar um propósito na vida dela, idiota. Ela precisa de metas e essas merdas.

— Metas é o caralho. Ela precisa ficar aqui comigo.

— Você precisa de objetivos também.

— Eu tenho objetivos. — ele me dá uma daqueles famosas piscadelas de JD. — E todos eles envolvem você e ela no momento. O mundo lá fora pode se foder.

Eu olho para fora da janela onde Blue está de pé no terraço, olhando para as ruas cobertas de neve abaixo. Grandes flocos redondos giram em torno de seu rosto e se estabelecem em seu cabelo. Seu vestido até a altura do joelho é elegante, com acabamento em pele nos punhos e gola. Parece que ela está pronta para ir a algum lugar. Ela faz isso o tempo todo. Se vestindo e então, se senta ao redor da casa. Não é bom.

— É só pegar a menina uma árvore.

Mas eu balanço minha cabeça. — Eu quero que ela venha comigo.

— Bem, eu não quero ir. Eu estou vendo futebol.

JD, obviamente, não vai ajudar, então eu me levanto e pego meu casaco do gancho perto da porta da frente, em seguida, coloco e saio pela porta. O ar é frio, mas não muito ruim. — Você está pronta? — pergunto. — Você parece pronta. — eu me junto a ela em pé na borda do terraço, e olho para baixo no congestionamento da Califórnia Street. Há um pequeno lote com árvores de Natal cerca de meia quadra. E está ocupado hoje, porque o Natal é na próxima semana.

— Olhe o quão próximo está, — diz ela. Seu hálito quente sopra para fora de sua boca em forma de vapor.

— Eu sei. É apenas há alguns daqui. Então, vamos lá.

Ela se vira para olhar para mim. Seu rosto é tão bonito agora que ela engordou. Essas olheiras sob seus olhos se apagaram. Sua pele é agora um estado de saúde bem alimentado. Ela ganhou pelo menos quinze quilos e ela poderia fica bem com mais cinco, se você me perguntar. Mas ela é autoconsciente sobre isso. Reclamando sobre seus tamanhos de roupas. Começamos a encomendar suas roupas on-line o dia depois que fechamos nosso contrato com Ray e ela esteve fazendo compras desde então. — Eu vou observar você o tempo todo, Ark. E se alguma coisa acontecer, eu vou gritar por JD para ir te salvar.

— Haha, — eu recuo, a puxando para um abraço de lado. — Você tem que ir lá fora em algum momento, Blue. Hoje é o seu dia.

Ela balança a cabeça no meu peito e, em seguida, toma uma respiração profunda. — Sinto muito. Eu sei que eu te desapontei. Mas eu não posso ir. E não é pelas razões que você pensa.

— O quê? Você não tem medo?

— Eu tenho, — diz ela em voz baixa. — Mas isso não é a razão de eu não querer sair do loft. — ela dá um passo para trás, me obrigando a libertá-la do meu abraço apertado. E então ela só olha para mim.

— Me diga, — eu digo.

Ela abre a boca, em seguida, fecha com a mesma rapidez. Quando as palavras finalmente saem, ela tem que desviar o olhar. — Eu tenho medo de se que eu for lá de novo, eu vá me lembrar o que ele tirou de mim. Todos esses sentimentos de cativeiro vão finalmente desaparecer e eu percebo que estou livre. E eu vou ser como um pássaro cuja porta da gaiola está aberta. Eles não entendem que eles estão livres. Então, eles se sentam lá, dentro da gaiola, e se recusam a voar para longe.

— Blue, você não é um prisoneir...

Ela coloca a mão no meu peito para me impedir. — Eu sei disso. Eu só estou dizendo a você como eu me sinto, Ark. Eu sei que eu sou livre. O passarinho pode ver a porta aberta e sair. Mas não vai deixar de sentir medo. E eu não sei o que pequenas aves em cativeiro temem. Mas temo que uma vez que eu saia por aquela porta, eu nunca vou encontrar o meu caminho de volta. Vou ligar para os meus pais e meter eles nisto, e então alguém vai se precipitar e me levar embora. E isso não é uma coisa ruim, Ark. Mas você e JD... — suas palavras travam enquanto ela espreita ao me virar para ver lá dentro. Eu posso sentir seu amor neste momento. Eu tive dúvidas sobre as últimas semanas, me perguntando se o que temos é amor, ou talvez apenas um invulgarmente forte caso de luxúria. Ou talvez todos nós estivéssemos aqui para o sexo? Eu só não sei, às vezes.

Mas essa pausa... essa pausa é tudo que eu preciso saber. O que temos é real. Não importa do que você chame isso, é real.

Ela finalmente olha de volta para mim. — Eu não posso te perder. Eu sei que nada dura para sempre, mas eu não estou pronta, Ark. Eu prefiro ficar na minha gaiola e ver o mundo do meu poleiro no alto do que arriscar voar para fora daquela porta e nunca mais encontrar o meu caminho de volta.

Eu respiro fundo e aceno de cabeça. — Eu vou buscar uma árvore.

A neve se reúne debaixo dos meus pés enquanto eu caminho de volta para a porta do terraço.

JD nunca olha para cima de sua torcida selvagem enquanto algum grande jogo acontece na TV na frente dele. Eu ando direto para a porta da frente e saio.

Uma vez lá, eu coloco minhas mãos contra a parede e inclino para frente até que minha testa bate no tijolo.

Eu não tenho certeza que parte dessa conversa dói mais. O fato de que ela não confiava em si mesma para voltar se ela sair. O fato de que ela pensa de si mesma como um pássaro em uma gaiola. Ou o fato de que isso é temporário, e nós dois sabemos disso.

O amor acontece em grupos de dois.

Não há santíssima trindade do amor.

Será que eu ainda amaria JD sem Blue?

Eu balanço minha cabeça e empurro para longe da parede. Vou para as escadas, precisando da atividade física para limpar meus pensamentos. Mas todo o caminho, a cada passo batendo de meus sapatos no aço, só posso ouvir uma palavra em minha mente.

Não.

Eu não gostaria de ter um relacionamento com JD sem Blue. Eu o amo como um amigo. Eu o amo como parte desse arranjo. Eu amo ele de muitas maneiras diferentes. Mas eu não o amo como um homem.

Eu empurro pela porta da escada e acabo em nosso lobby. Eu posso ver o lote das árvores de Natal no final da rua daqui, então eu saio e começo a tecer o meu caminho através do fluxo lento de carros quando meu telefone vibra.

Eu enfio a mão no bolso e leio a mensagem de Blue.

Você vai comprar enfeites e luzes hoje à noite também? Assim, podemos decorá-lo?

Eu vou fazer isso primeiro, eu respondo.

Ela me envia uma pequena imagem de uma árvore de Natal e, em seguida, um coração.

Não, eu não amo JD como apenas um homem.

Mas eu amo a Blue como apenas uma mulher.

Eu definitivamente seria feliz com apenas ela.

O lote de árvore está cheio de pessoas quando eu entro, e eu noto que eles estão com o estoque baixo, então eu entro na área e descido que eu poderia muito bem pegar uma árvore primeiro. Então eu posso a deixar em casa e voltar para as outras coisas.

Não há muito que escolher, então eu pego a mais alta que eles deixaram e espero pacientemente com a minha árvore na fila do caixa, onde eles vão envolvê-la em uma rede e tomar o meu dinheiro. Quinze minutos mais tarde, eu estou caminhando para o outro lado da rua com a minha primeira árvore de Natal comprado quando adulto.

Antes de vir para Denver, eu morava em Miami. E Miami simplesmente não era o mesmo no Natal. Eu nunca tinha tempo para um relacionamento sério na época, então eu nunca me preocupei em ter uma árvore. Mas isso é significativo para os parceiros. Comemorando feriados faz parte do fortalecimento dos laços de amor.

JD e eu nunca compramos uma árvore. As férias eram sempre uma época movimentada para nós. Um monte de meninas precisa de dinheiro no Natal. Nós nunca tivemos uma escassez de participantes dispostas.

Eu arrasto a árvore para dentro do prédio e, em seguida, dentro do elevador, imaginando o quão bom o loft vai fica uma vez que esteja decorado.

O elevador apita e as portas se abrem, então eu arrasto minha árvore e entro.

Espero gritaria quando entro no loft. E eu ouço isso. Mas não é para a árvore que eu despejo no foyer.

É Blue, gritando como se ela estivesse recebendo uma surra.

Eu corro pelo corredor até o quarto de JD e arremesso a porta aberta. Levo segundos inteiros de silêncio para chegar a um acordo com o que estou vendo.

Blue está com o rosto para baixo no chão, seu rosto tão pressionado contra o concreto polido que eu não posso nem ver seu olho esquerdo. O olho direito está bem aberto, olhando para mim. A maquiagem escorrendo pelo seu rosto pelas lágrimas. Seu rosto está vermelho, como se ela tivesse acabado de levar um tapa. Sua respiração engata, me deixando saber que ela está chorando de verdade.

O pau de JD está na bunda dela, o vestido rasgado até sua cintura para dar acesso a ele. E a calcinha ainda está lá, mas desviada para o lado. Uma mão está envolvida em torno de sua garganta, seu polegar pressionado sobre sua artéria. A outra está puxando seu cabelo.

— Não é o que você pensa, — JD rosna. Quase como se ele estivesse chateado por eu estar interrompendo sua foda.

Eu me aproximo o soco no rosto, e ele vai cambaleando pelo chão.

— Eu disse a você, — ele grita. — Não é o que você pensa!

Eu puxo Blue do chão e a puxe para perto. — Você está bem?

Ela não pode ou não vai encontrar o meu olhar. Mas ela concorda.

— Ark-

— Cale a boca, JD! — eu grito. Minha voz indo até o topo dos gritos mais altos, fazendo Blue saltar em meus braços.

Ele está no chão agora, seu pau ainda duro, com os olhos em fúria e com raiva. — Nós tínhamos um acordo.

— Sim, nosso acordo era que você a tratasse bem.

— Nem eu e você, Ark. Eu e ela.

Suas palavras me param.

— Ela gosta de uma vida difícil, cara. Ela gosta. Basta perguntar a ela. Ela gosta de ser violada...

— Estuprada!

— Eu não a vou estuprar, imbecil. É fantasia.

— Isso é doente!

Assim que ele sai, eu me arrependo. Porque Blue se contorce em meus braços, consegue escapar, e depois corre para o banheiro e bate a porta de JD.

— Boa, idiota, — JD diz enquanto ele a segue. Ele torce a maçaneta, mas ela fechou do lado a lado. — Eu vou arrombar a porta, Blue. Você sabe que eu vou. Então desbloqueie isso.

Ela não desbloqueia.

E foi aí que eu noto as câmeras. — Você filmou tudo isso?

— Você me disse para fazer, — diz ele, ainda torcendo o punho. — Blue? — ele bate nela algumas vezes. — Abra a porra da porta.

Silêncio.

Me sento na cama e seguro minhas mãos na minha cabeça. — O que diabos está acontecendo?

JD está olhando para mim, quando eu olho de volta para cima. — Dando a vocês vídeos. Eu mantenho a viola...

— Pare de usar essa palavra estúpida!

— Tanto faz. Eu mantenho as coisas ásperas. Mas eu as gravei, assim como você queria. Ela está feliz com isso, Ark. Ela está. Tudo que você tem a fazer é ver o vídeo e você vai ver. Você acabou de dizer que ela é doente por gostar disso, então ela vai ter um tempo difícil em admitir isso para você, mas isso é fato. A menina quer ser sufocada. E espancada. E eu não estou falando de pequenos tapas na bunda. Ela gosta disso duro, cara. Ela quer o meu pau na garganta dela, lágrimas escorrendo pelo seu rosto, estar em seus joelhos...

— Chega! — eu abaixo. — Jesus fodido Cristo. Como diabos você pode ser tão estúpido? Tão cego? Alguma vez te ocorreu que ela gosta disso porque ela não consegue parar de pensar em si mesma como uma maldita prisioneira?

— Ela gosta disso porque se sente bem. Você simplesmente se recusa a admitir isso.

— Ela me disse hoje à noite ela se sente como um pássaro em uma gaiola com a porta aberta, seu idiota. Em sua mente, ela nunca deixou de ser a porra de uma cativa! E você está fazendo isso pior!

— Vá se foder. Você está apenas com ciúmes...

Atravesso o quarto tão rápido que eu me surpreendo. No momento seguinte, JD está esparramado no chão e minha mão está envolvida em torno de seu pescoço. Eu sou maior do que ele uns dez quilos e três centímetros, pelo menos. E eu sou mais forte do que ele. Eu malho cinco dias por semana na academia no térreo. Então ele nunca tem uma chance.

Eu me inclino em seu rosto quando ele fica vermelho. — Eu só vou dizer isto uma vez, meu amigo. Se alguma vez você transar com ela como se ela fosse uma prostituta na rua de novo, eu vou te matar.


Capítulo quarenta e um

Blue

 

Eu escuto enquanto eles brigam. Quando JD bate na porta, eu tropeço para trás e caio na minha bunda, e então eu me arrasto até o canto perto do chuveiro e puxo as pernas para cima para o meu peito enquanto eles continuam a argumentar.

Ark é maior do que JD. Não muito, mas em todos os caminhos que contam. Braços mais longos. Mais alto. Mais pesado. Mais muscular. Ele é construído como um fuzileiro, mesmo que ele nunca se tornou um. E é assim que eu sei que ele é o único asfixiando e JD é quem faz esses barulhos do outro lado da porta.

Eu quero ir lá e dizer a Ark que JD está certo. Que eu gosto disso. Toda vez que JD dá um tapa meu rosto eu só quero que ele me foda mais duro. Toda vez que ele me chama de prostituta ou puta, eu só quero que ele me abrace mais apertado.

Mas eu não gosto disso. Eu preciso disso. E eu não tenho certeza se é a mesma coisa.

Um gemido ecoa através do banheiro e levo um momento para perceber que está vindo de mim. E então os soluços começam. Eu estou fora de controle quando as imagens piscam pela minha mente. Os espancamentos enquanto eu estava sendo mantida contra a minha vontade. Os estupros que eu fui submetida. A forma como eles usaram o meu corpo para trair a minha mente. Me fizeram gozar até eu me reduzir a nada.

JD e Ark estão gritando e lutando novamente do outro lado da porta. Coisas quebram. Eles batem contra a porta do banheiro, e eu estou grata imediatamente que as portas neste lugar são de madeira grossa e dura. Porque ela não se abriu.

Não posso me mover. Eu não consigo pensar direito. Eu não posso fazer nada além de me amontoar no canto e tremer.

O que vai acontecer comigo agora? Alguém vai me amar assim? Por que estou tão fodida?

A porta bate e a parede que eu estou encostada vibra.

A porta da frente.

Mas qual deles saiu?

Outro soluço escapa enquanto o medo cresce. Ele vai me bater? Ele vai me estuprar?

— Blue? — Ark chama.

Eu solto um grito e então eu apenas quebro, me jogando para o tapete. Meu medo é substituído com alívio e isso é quase tão ruim.

Porque talvez Ark esteja certo.

Talvez eu estivesse deixando JD me manter prisioneira. Sexualmente. Mentalmente. E emocionalmente.


Capítulo quarenta e dois

ARK

 

— Blue? — eu a posso ouvir chorando do outro lado da porta. Meu coração está batendo tão rápido que eu tenho que me encostar na madeira dura para me acalmar. — Blue, baby? Você está bem?

Ela está chorando agora, mas é abafada. Como se ela não quisesse que eu ouvisse.

— Blue? Ele se foi, ok? Ele saiu. Você pode sair agora. — por um momento, eu me pergunto se eu sou o único que ela tem medo. Por favor, Deus, eu oro em silêncio. Por favor, não deixe que ela tenha medo de mim. — Blue, eu não vou te machucar, você sabe disso, certo? — silêncio. — Blue, basta abrir a porta e você pode fazer o que quiser. Você pode ligar para alguém. Ou sair.

Mais choro.

— Ou ficar. Você pode ficar, Blue. Você sabe que eu te amo, certo? Eu te amo e não é dependente dessa relação, ou JD, ou o sexo. Ok? Nada disso importa. Eu só te amo.

Ela está fungando e a posso imaginar do outro lado da porta, deitada no tapete.

— Blue, se você abrir a porta, nós vamos ir para a cama. Apenas descansar e não falar sobre isso. Dormir juntos. Somente segurar um ao outro. Ok? Sem falar. Sem sexo. Sem ninguém chamando. Só... — Porra. Basta abrir a porta, é tudo que eu quero dizer. — Só ficarmos juntos. Isso é o que os casais fazem, certo?

Maldição. Eu deveria ter pensado melhor antes de a deixar sozinha com JD.

— Não é culpa sua, Blue. Sou eu. JD... ele é...

Porra.

Eu respiro fundo e deslizo para baixo na porta até que eu estou sentado no chão, com as costas contra ele, deixando escapar um longo suspiro de ar.

— Ele é o quê? — diz ela do outro lado.

Eu esfrego minha mão pelo meu rosto e puxo as pernas para cima para que eu possa descansar os cotovelos sobre os joelhos.

— Ele é o quê? — pergunta ela, mais louca do que triste agora. — Apenas me diga o que diabos está acontecendo aqui!

— Basta abrir a porta, — eu sussurro. — Você tem que abrir a porta, porque não importa o que ele fez, eu ainda amo o cara, ok? E eu não vou contar essa história, a menos que eu possa dizer na sua cara.

Silêncio. Por vários momentos.

Ela abre a porta com um clique, e eu corro para os meus pés para que eu possa ver seu rosto quando ela abre. Seus olhos estão vermelhos e seu rosto está pálido. Como se ela estivesse doente. Ou com medo.

— Blue, — eu digo, estendendo a mão para ela. Mas ela puxa de volta, para fora de seu alcance, e envolve seus braços em torno de si em um abraço apertado.

— Apenas me diga, — ela implora, sua raiva desapareceu. — Porque eu o amo muito também. — seus olhos ficam vidrados e, em seguida, derrama lágrimas por suas bochechas como rios. — Eu o amo muito. Eu não sabia, — diz ela, começando a chorar novamente. — Eu respondi a tudo...

Eu estendo a mão e a puxo para um abraço. — Shhh. Não mais do que isso. Pare de pensar sobre isso. Eu nunca deveria ter deixado você ficar aqui, mas eu queria você, Blue. Eu queria você mais do que qualquer coisa que eu sempre quis na minha vida. E talvez seja só porque eu estava sozinho. E cansado deste trabalho. Cansado das mentiras e as meninas, e o sexo sujo. Eu precisava de algo bom. Algo que poderia enxugar todas essas coisas e me faz sentir humano novamente. E eu sabia o tempo todo que você precisava de ajuda. Assim como eu sabia o tempo todo que JD precisava de ajuda.

Ela se desintegra. Seu corpo fica mole quando seus joelhos cedem. Ela quase cai no chão antes que eu a pegar e a levar para fora do quarto de JD, pelo corredor, passando pela sala de estar, e de volta para o nosso quarto.

Eu a coloco em cima da cama, e depois subo ao lado dela. Ela está nua e ainda tem o meu casaco e botas. Mas ninguém se importa.

Acabamos de chegar na cama então eu a puxo encima de mim, então seu rosto fica alojado sob meu queixo. Suas lágrimas caem sobre minha pele, na curva do meu pescoço, e em seguida, deslizam pelas minhas costas até que encontraram os lençóis embaixo de mim.

Eu respiro fundo.

— A primeira vez que eu vi JD, eu estava saindo da estação de ônibus e ele estava do outro lado da rua, lutando para sair de uma luta de quatro contra um, e mesmo que JD é muito foda, ele não é tão bom. Mas ele estava gritando como um filho da puta. Você levou o meu filho, disse ele, mais e mais. E cada vez que ele disse isso, ele conseguiu um soco ou um chute ou algum outro ataque. Como aquelas palavras fosse seu mantra. A única coisa que o mantinha indo.

— Até o momento que eu cheguei ao outro lado da rua, eles praticamente tinham acabado com ele. Então eu intervim. Primeiro com uma ameaça da polícia, que não adiantou nada. E, em seguida, uma arma.

Blue está calada encima de mim.

— Eles recuaram com muitas ameaças para JD. Eles estariam de volta. Ele estaria morto. Blá, blá, blá. E já que eu não tinha nenhum lugar para ficar, e eu apenas salvei sua bunda, ele me deixou ficar com ele por um tempo.

— Eles pegaram a filha dele? O venderam?

Concordo com a cabeça. — Ela foi dada a alguma família. Ele sabia disso, mas ele não sabia qual família e, claro, eles nunca disseram a ele. Sua namorada estava morta na época. Nós não sabíamos disso embora. Então eu saltei para a cidade com um monte de dinheiro e um plano. Mas toda a minha vida, tudo o que eu pensei que eu estava fazendo, se desviou um pouco naquela noite quando eu conheci JD. Ele tinha esse problema imediato, sabe? Algo que eu podia agarrar e talvez até mesmo corrigir. Certo? E foi assim que tudo começou.

— Então, o que há de errado com ele? Eu posso sentir isso, Ark. Quando estamos a sós, eu vejo isso. Assim como há algo escuro por trás desse sorriso encantador. Por trás desses olhos incríveis. Algo que ele esconde. Mas quando estávamos fazendo sexo...

— Porra, — eu digo, respirando fundo. — Porra, porra, porra.

— Ele olhou para mim quando ele colocou a mão na minha garganta. Houve esse momento em que eu estava apavorada. Pouco antes de as coisas ficarem pretas e as estrelas assumirem. Mas quando eu gozo mais uma vez, ele sempre me diz coisas doces. Ele me amou. Ele nunca tinha me machucado. Era apenas diversão. E eu acreditei nele...

— Ele quer dizer isso, Blue. Ele quer. Mas ele está fodido sobre o que aconteceu na noite antes de eu vir para a cidade. Na noite em que achamos que sua namorada morreu e que ele perdeu o bebê. Ele nunca superou isso.

— Como ela morreu?

— Eu não faço ideia. Nós nunca descobrimos isso. Demorou dois anos para encontrar seu túmulo. Apenas um marcador no chão.

— Por que ele gosta disso tão duro?

Eu fecho meus olhos. Tão cansado disso. Tão cansado de pensar sobre JD e sua violência.

— Você sabe por que não gosta?

Eu balanço minha cabeça, como eu sempre faço. — Eu não sei por que, Blue. Mas ele tem sido sempre assim desde que eu o conheço. Ele é duro com as meninas da Public Fuck também. Muito áspero. Mas essa merda vende.

Uma onda de vergonha inunda sobre mim.

Blue não é burra. Ela vai entender tudo isso, mais cedo ou mais tarde. E então ela vai me deixar. Ela nunca vai falar comigo novamente. Ela vai se virar, sair, ligar para sua família, e nunca olhar para trás.

Porque nós somos um casal de filhos da puta doentes.

— Você sabe por quê? — ela pergunta como uma questão neste momento.

— Não. Mas tenho alguns palpites que eu não quero falar esta noite. Eu só quero dizer que sinto muito, Blue. E se você quiser sair...

— Você quer que eu vá embora? — ela tenta se sentar para que ela possa me olhar no rosto, mas eu não posso fazer isso agora. Eu não posso.

Então eu a abraço. — Eu não quero que você saia. É errado te manter aqui, eu entendo isso. Mas eu não quero que você saia, Blue. Eu nunca tinha desejado tanto alguém na minha vida.

— Não me deixe, Ark. Por favor. Eu sei que eu preciso de ajuda. Eu sei disso. Eu sei que gostar do que ele faz comigo é errado...

— Isso não é o que está errado, Blue. — me sento um pouco para que eu possa vê-la. Ela precisa entender a diferença. — Gostar disso pelas razões certas é bom. Está tudo bem gostar um pouco de dor com prazer. Mas o que não está bem é JD aproveitar disso depois que você foi mantida em cativeiro por pessoas que te forçaram a se sentir assim, através de condicionamento psicológico.

Ela só olha para mim, como se toda a sua vida dependesse das palavras que eu digo a ela agora.

— Você gostava disso duro antes de se tornar uma prisioneira?

Ela balança a cabeça. — Mas eu nunca pensei sobre isso.

— Você só precisa de certa distância, Blue. Para descobrir isso. Você precisa falar com alguém. JD nunca falou a ninguém e isso foi um erro. Ele apenas...

Ela me observa me esforçar para as palavras. — Diga, — ela sussurra. — Por favor, me diga.

— Ele está apenas fodido. Ele é tão fodido.

E este é o momento faça ou morra. O momento em que eu perco a confiança ou ganho. O momento em que eu solto tanto quanto eu posso sem revelar os segredos finais dele. Segredos que jurei pela minha vida, sobre a morte da única pessoa que me assombra, assim como sua namorada morta o assombra, que eu nunca trairia.

— Ele gosta de magoar as pessoas. E isso, — eu aponto a minha mão no quarto. — isso acabou agora, baby. Sinto muito. Mas ele não pode voltar. Ele não pode.

Ela me olha nos olhos por alguns segundos. — Então, somos apenas nós dois agora?

— Você quer ser dois comigo?

Ela acena com a cabeça. — Sim, por favor. — e então ela enrola suas mãos em volta do meu rosto e me beija nos lábios. — Por favor. Não me deixe. Não me faça ir. Eu não estou pronta para enfrentar o mundo, Ark. Eu não estou. Eu não posso dizer ao meu pai o que aconteceu comigo. Eu não posso responder a essas perguntas. Eu não posso admitir que eu caí na armadilha deles. Que eu tenho essa coisa de Estocolmo e comecei a gostar dessas pessoas. Que eu disse ao homem que eu me casaria com ele. Que seria a esposa dele. Pedi para ele me foder. Vender a ele os meus filhos. Eu não posso fazer isso. Eu preciso deste mundo um pouco mais. E se você me deixar ficar, eu prometo que vou trabalhar mais no sentido de conseguir melhorar. Eu vou sair com você. Vou me esforçar mais. Vou fazer melhor, eu juro.


Capítulo quarenta e três

Blue

 

Ark nunca dorme comigo do jeito que JD faz. Ele nunca quis sexo em segredo como JD faz. Ark nunca quis me compartilhar. Ele sempre me queria para si mesmo.

Mas JD saindo me assusta. Porque JD era a cola. JD foi quem brincou e nos colocou à vontade. JD era a pessoa que amava livremente e abertamente.

Ark sempre foi fechado. Sigiloso. Trabalhando fora da cidade. Apenas alguns dias de cada vez, mas esse tempo foi o suficiente para deixar que JD levasse nosso jogo um pouco mais longe.

— Me deixe ver isso, — diz Ark, ligando lâmpada de cabeceira para nos iluminar.

Eu me cubro com os braços e olho para baixo quando ele me toca, as pontas dos dedos traçando as minhas costelas, meu osso do quadril. Ele se agacha e sente a minha perna, primeiro uma e depois a outra.

Minha bunda está latejando, então eu sei que está vermelha, e ele gentilmente me vira e a acaricia por um momento prolongado.

— Ele te machucou? — fico em silêncio por um momento. — Me diga a verdade, Blue. Ele te machucou?

Eu assinto com a cabeça. — Mas esse era o objetivo.

Ark solta suas mãos e se senta na cama com um suspiro. E então, como se fosse demais, ele deixa cair seu rosto em suas palmas.

Eu me aproximo dele, minha mão em sua perna. — Eu sinto muito. — eu sei que isso é o fim. Eu posso sentir isso. Seis semanas foi mais do que deveria ter durado. Seis semanas foi muito mais do que eu sempre sonhei. Seis semanas perfeitas, onde me senti segura. — Sinto muito, — eu digo novamente.

Ele olha para cima, mas não vira a cabeça. Ele só olha para a parede do outro lado do quarto. — Me diga uma coisa, Blue. O que exatamente você sente muito?

— Ser... — ser o quê? Infiel? Eu não fui. Eu sei que não é o que ele está pensando. Mas minha mente não consigo ir em qualquer outro lugar.

— Por que você se sente culpada, Blue? — Ark cutuca.

— Porque era um segredo, — eu sussurro. — JD me disse para manter isso em segredo e eu fiz.

Ark balança a cabeça, mas ainda se recusa a olhar para mim. — Segredos são ruins. — ele finalmente se vira e encontra o meu olhar. — Segredos entre pessoas que se amam são ruins. Eu não posso mais fazer isso. Eu não posso manter essa mentira. Eu vou ligar para seu pai, eu vou te levar para casa, eu estou colocando um fim a isso antes dessa merda fica fora de controle. Eu não posso mais fazer isso. E eu certamente não posso obrigar você estar aqui, bem no meio de toda a merda que está acontecendo.

— O quê? — fazer o quê? Ele não está fazendo sentido.

Mas ele me ignora. — Quer dizer, eu não tive muitos momentos heroicos nos últimos quatro anos, eu entendo isso. Eu não sou diferente de Ray ou qualquer outra pessoa usando mulheres para obter ganhos financeiros. Não importa qual é o motivo, não há desculpa para te deixar chegar até aqui. Nenhum. — ele me olha nos olhos novamente. — A ganância foi o que o levou, eu acho. O dinheiro só começou a chegar. As meninas estavam lá. Tivemos contratos, e exames de sangue, e cópias digitalizadas de carteiras de motorista legítimo. Pra frente e para frente, eu sempre disse. Pra frente e fodendo. Mas é tudo besteira, Blue. Sou cem por cento besteira. Se eu disser que eu vivo por um código moral, então não há nenhuma diferença entre eles e mim.

Eu não sei o que ele está falando. A única coisa que eu sei é que ele está falando sério. Minha mente corre por algo para agarrar. Algo que me compre algum tempo. Porque eu posso ser doente, eles provavelmente foderam minha cabeça de uma forma que vai exigir anos de terapia, mas eu não vim por todo esse caminho, ou passei por toda essa merda, a fim de desistir agora. Então eu preciso de alguma coisa. Algo que vai o tirar deste monólogo súbito que cheira a revelação e nos colocar de volta na trilha. — Natal, — murmuro, quase a mim mesma. É a única coisa que eu posso pensar.

— O quê?

— Natal, — repito. — eu quero ir para casa, Ark. Eu quero passar por tudo isso. Mas, por favor. Eu te amo. — eu subo em seu colo e enrolo meus braços em volta de seu pescoço. — Não importa o que, eu amo você. Eu não posso simplesmente ir. E se você me amar de volta, nem você pode. Nós devemos uns ao outro, muito. Talvez JD esteja desaparecido. Eu não sei, ele é seu melhor amigo. Eu não sei os segredos dele, só o que fizemos juntos. Você tem seus segredos. Mas só porque ele se foi não significa que não há nós.

— O que isso tem a ver com o Natal?

— Vamos ficar assim até o Natal. Não podemos compartilhar mais um grande momento? Não podemos apenas tentar nos dar um presente? E talvez ele volte...

— Não, — diz Ark, me empurrando de seu colo. — Não. Ele não pode voltar. Ele sabe que não pode voltar. — Ark caminha para o outro lado do quarto e quando ele atinge a parede, ele vira as costas e caminha de volta. — Eu te disse que o iria matar, e eu estou falando sério. Eu disse isso a ele e ele sabe que eu nunca diria se não fosse verdade.

— E se não tivesse acabado? — eu não entendo.

— Minha proteção. — Ark solta um longo suspiro e fecha os olhos. — Eu o protegia, Blue. Eu não entendi a extensão de seus problemas primeiro. — Ark se senta novamente comigo. — Levou um longo tempo vendo o comportamento de JD antes de descobrir qual era o problema.

— Qual é o problema? — meu coração está acelerado. Eu quero tanto saber. Eu não quero saber também.

— JD é violento. Ele tem sido violento antes, mas eu estive lá para o acalmar. Estive lá...

Minha mente corre junto com a batida do meu coração. Palavras começam a voltar para mim. Conversas que ouvi no início.

Você está assustando ela, JD.

Acalme-se, JD.

— -quando ele foi levado longe demais, ele me ligou e eu a ajudei.

— Quem?

— Qualquer uma, Blue. Qualquer uma. Mas ele era tão bom com você. Ele era tão... normal.

— Ele nunca me bateu, Ark. Ele não era assim.

— Ele te bateu. Ele só fez isso de dentro para fora.

E então Ark se levanta e caminha para fora do quarto.

Eu não tenho certeza de quanto tempo passa quando eu escuto Ark, do outro lado do loft. Mas eu sei que ele está embalando uma mala para JD. Ele fala com aquele Ray, àquele cara que faz negócios com ele. Ele fala com JD em um ponto, e mesmo apenas ouvindo o lado de Ark da conversa, e esse lado é mais calmo do que eu esperava, eu sei que JD não acabou.

Eu sei que a outra extremidade é raiva.

Ark caminha de volta para o quarto. Estou deitada, debaixo das cobertas, ainda nua e envergonhada. — Nós estamos saindo, — diz ele.

— O que? — eu sento na cama enquanto ele começa a puxar a roupa para fora das gavetas. Ele me lança um capuz e um par de jeans.

— Se vista. Estamos saindo em cinco minutos. Eu sei onde JD está, então vamos levar vinte minutos pra chegar lá. Então, cinco minutos. — Ark sai com um saco de ginástica cheia de roupas.

Me levanto e coloco a roupa, em seguida, encontro as minhas botas de inverno e deslizo sobre elas. Ark volta com meu casaco de inverno. — Coloque esse, Blue. E eu não quero qualquer besteira sobre deixar este loft, está me ouvindo?

Concordo com a cabeça quando ele segura o casaco aberto para mim e eu deslizo meus braços pelo cetim liso revestindo as mangas. Ele espera que eu abotoe e preda o cinto na minha cintura. — Para onde estamos indo? — pergunto quando ele pega a minha mão e me puxa para o corredor.

Meu coração está correndo enquanto eu sou conduzida pela porta da frente e nós esperamos o elevador. — Para onde estamos indo? — pergunto novamente.

— A casa de uma amiga. Mas ela está no trabalho, por isso temos de parar lá primeiro.

Quando chegamos à garagem, ele para e olha para os dois lados, como se alguém pudesse estar nos seguindo. Quando ele decide que está limpo, corremos em direção a um Jeep. Ele abre a porta do passageiro e eu subo. Então ele fecha a porta e caminha ao redor da frente do veículo, os olhos correndo ao redor, procurando em todos os lugares que pude naqueles poucos momentos.

É somente quando ele entra e joga algo no console central que eu percebo que ele tem uma arma. — O que é isso?

Ele me ignora, liga o Jeep e o joga em sentido inverso, os pneus cantando no chão da garagem. Nós voamos e chegamos à rua. Ele para antes de sair, olhando para a esquerda e para a direita pelo que parece mais do que o necessário. Em seguida, ele puxa para a rua.

Eu não estive em um carro desde que fui levada para a festa na noite anterior que eu escapei, e o movimento me faz um pouco tonta, especialmente desde que Ark está tecendo dentro e fora do tráfego.

Nós dirigimos por cerca de quinze minutos e, em seguida, paramos em um Radio Shack15. Ele pega a arma e salta para fora, deixando o Jeep ligado. — Se alguém se aproxima de você, buzine.

E então a porta se fecha e ele decola para dentro.

Eu olho em volta. Eu não tenho nenhuma ideia de onde eu estou, mas estamos um pouco fora da cidade. É um shopping center grande com toneladas de carros. Estamos estacionados à direita em frente à loja, mas, honestamente, o quão rápido Ark pode chegar até mim se alguém vier?

Quem iria tentar me pegar? E assim como eu estou pensando nisso, percebo que estamos fugindo.

Não de JD.

Das pessoas que eu escapei.

Meu coração começa a bater mais rápido. Porque mesmo que eu pudesse ter sido mantida prisioneira no loft com Ark e JD, eu sempre soube que eu estava livre para ir. Eu só não tinha a coragem de sair pela porta.

Mas se essas pessoas me pegarem novamente, já era. Eles vão me bater. Me estuprar. E, em seguida, me vender ou me matar ou só Deus sabe o quê. Eu torço ao redor no meu lugar, tentando ver todos os lados do parque de estacionamento de uma vez, mas é muito grande. Vários minutos se passam, e eu estou prestes a alcançar a maçaneta da porta e ir me juntar a Ark lá dentro antes que eu morra de paranoia quando ele voltar. Ele joga um saco no meu colo. — Abra, Blue. Abra o cartão SIM nele e o ative para mim, enquanto eu dirijo.

— O que está acontecendo?

— Apenas faça o que eu digo.

Dentro do saco está um telefone celular pré-pago. Ark enfia a mão no bolso e me entrega uma faca para que eu possa rasgar o plástico selado. Eu pressiono o botão de ligar e sigo as instruções na tela para ativação.

Paramos em um estacionamento de restaurante antes que eu possa terminar, mas desta vez, Ark desliga o Jeep. — Nós temos que entrar.

— Sério? Vamos comer? Você não pode me dizer o que está acontecendo primeiro?

Mas ele apenas sai do Jeep e caminha para o meu lado e abre a porta. Ele segura a sua mão, e eu o deixo me ajudar, entregando o telefone no processo. Ele enfia em sua jaqueta, mantém o agarre em minha mão, e nós marchamos pelo estacionamento lamacento para as portas da frente.

Uma vez lá dentro, ele começa a olhar em volta. — Porra, — ele pronuncia em voz baixa.

A anfitriã se aproxima e nos entrega o menu. — Dois? — ela pergunta.

E essa palavra, eu juro por Deus, me dá um pouco de dor no meu peito. Não deveria ser dois, eu quero dizer. JD pode conseguir ajuda. Eu posso conseguir ajuda. Nós podemos trabalhar nisso. Mas Ark nem sequer quer pensar em JD agora.

— Eu estou procurando uma garçonete chamada Lanie. Ela trabalha no café da manhã e jantar.

— Lanie? — a mulher diz quando ela estala sua língua e bufa uma respiração. — Ela saiu há muito tempo. Na verdade, ela saiu uma tarde no meio do turno e nunca mais voltou. Ninguém tem notícias dela desde então.

— O quê? — Ark pergunta. — Quando? Há quanto tempo?

— Oh, pfffft. Eu não tenho ideia. Ei, Ritchie? — ela grita em frente ao restaurante. — Quando Lanie desapareceu?

Ark aperta minha mão quando ouve a palavra desaparecer.

— Umas seis, sete semanas atrás? — o cozinheiro atrás do balcão responde. — Ela me irritou muito. Eu estava puta naquela noite.

Saímos do restaurante, antes do cozinheiro terminar a frase. E quando chegamos ao Jeep, Ark tem a arma na mão.

— O que diabos está acontecendo?

Mas ele sopra um suspiro e liga o motor. Nós puxamos de volta para a rua e eu sei que estamos longe do centro, porque as montanhas aqui são muito próximas. — Droga! — eu grito quando ele começa a tecer através de ruas laterais. — Fale comigo!

Em vez disso, ele joga o telefone de volta para mim. — Termine a ativação. Eu preciso mandar uma fodida mensagem agora.

— O que JD disse? Por que estamos fugindo?

Mas Ark ignora todas as minhas perguntas, então eu só termino o processo de ativação e entrego a ele o telefone. Ele enfia debaixo da sua perna, e, em seguida, pega a arma enquanto ele estaciona em uma pequena casa em um bairro suburbano.

Eu o agarro pelo casaco. — Onde diabos estamos?

— Na casa de Lanie, — diz ele, abaixando um pouco para que ele possa olhar.

— Quem é Lanie? E o que você está fazendo?

— Maldição, Blue! Se cale. Estou à procura de atiradores.

— Meu Deus. Vou sair deste car...

Ele me agarra pelo braço e me puxa para ele. — Não. Você não vai. Eu não estou de brincadeira agora, Blue. Estamos em um monte de problemas, ok? Esta menina, a garçonete que sumiu? Eu a vi no dia que JD e eu te conhecemos. É aí que eu fui nesse dia. Eu precisava ter mais dois vídeos para Ray para concluir o contrato da semana, e quando eu estou em baixa, eu uso Lanie. Então eu a usei naquele dia, e agora eu descobri que ela está desaparecida todo esse tempo. Você realmente acha que é uma coincidência?

— Eu não entendi.

— Bem, aqui está à coisa, baby. — ele sorri para mim e me puxa para um beijo rápido. — Você não precisa entender. Você só precisa confiar em mim.

— E quanto a JD?

— Não temos mais nada com ele, ok?

— Não! Ele é parte de nós, Ark. Nós não podemos simplesmente deixar ele pra lá. Precisamos fazer com que ele consiga ajuda. Precisamos ter certeza de que ele está bem. Nós precisa...

— Ele te vendeu, Blue.

— O quê?

— Você me ouviu. Todos esses filmes que ele fez com você? Os mais violentos? Ele vendeu hoje quando ele saiu. E você sabe para quem ele vendeu?

Eu tenho que engolir muito duro enquanto eu balanço minha cabeça.

— As pessoas que estavam te mantendo prisioneira, Blue. Ele vendeu. Você. Ok? Estamos acabados com ele.

— Mas por quê?

Ark lança um longo suspiro. — Não temos tempo agora. Eu preciso entrar e ver se ela está lá. Talvez eu esteja exagerando. Talvez ela só deixou o emprego. Talvez ela esteja bem e esta merda não está prestes a explodir na minha cara. Eu não acho que esse é o caso, mas eu preciso checar. Então nós não temos tempo agora. Você precisa vir comigo para o caso de pessoas estarem vigiando.

Eu quero perguntar o por que. Mais e mais porquês. Mas ele sai do Jeep novamente. E agora que está ficando escuro, de jeito nenhum eu posso deixar ele fugir. Porque se eu perder ele-

— Vamos lá, — diz ele, abrindo a porta e pegando a minha mão novamente. Ele fecha a porta suavemente atrás de mim, e então ele me leva até a entrada de automóveis em um portão que envolve o quintal.

Ele puxa a trava e nós passamos.


Capítulo quarenta e quatro

ARK

 

Assim que eu abro a porta, o cheiro pútrido de um corpo em decomposição me bate. Eu fecho de volta e viro o rosto para Blue.

— E agora? — ela pergunta.

Eu apenas balanço minha cabeça e a puxo até a garagem individual e abro a porta com a mesma chave que eu usei para a casa. No interior está o Toyota Camry de Lanie. — Entre, — digo a Blue, quando contorno para o lado do motorista.

— Nós estamos roubando um carro?

— Blue, — eu digo a ela com calma. — Entre na porra do carro. Nós não estamos roubando, mas eu não tenho tempo para explicar o que estamos fazendo. Assim que chegar a algum lugar seguro, eu vou te contar. Mas agora, estamos correndo. Você entende? Pessoas estão procurando por nós. Pessoas ruins. Pessoas que vão me matar e te levar. E se você acha que você tem uma segunda chance para escapar do tipo de pessoas que te levaram, você está errada. Então precisamos manter o foco. Agora entre na porra do carro.

Ela inala acentuadamente, porque meu discurso fica mais alto quando eu falo. Mas ela caminha até o lado do passageiro e entra como eu disse. Eu fico do lado do motorista, ligo o carro e aperto o botão para a porta da garagem. Ela sobe lentamente e eu quase espero um exército de pistoleiros do outro lado nos esperando. Mas a nossa sorte continua. Eu movo o carro e o estaciono atrás do Jeep. Então, eu me viro para Blue. — Fique aqui. Eu vou colocar o Jeep na garagem para ocultar nossa direção se alguém vier por aqui procurando por mim.

Eu não espero por uma resposta, eu só saio e subo de volta no jipe. Eu olho para o rosto de Blue quando eu estaciono e ela está olhando ao redor como se ela estivesse esperando por assassinos também. Ela está assustada. E ela deve estar, porque é isso. Após quatro anos de espera, é isso. O momento quando tudo desaba.

Eu desligo o motor, pego o telefone pré-pago e o saco que eu embalei antes de sairmos, e deixo o Jeep para trás.

— Quem está atrás de nós? — Blue pergunta quando eu subo de volta no Camry.

Eu pressiono o botão no controle remoto da porta da garagem e vejo o meu Jeep desaparecer. Eu provavelmente nunca o vou ver novamente. Isso me bate com força. Porque esta vida que eu construí ao longo dos últimos quatro anos não foi tão ruim, tanto quanto a vida é.

— Ark, — diz ela, pegando meu braço enquanto eu me afasto da casa. — Por favor.

Me viro de volta para a estrada principal, e em seguida, viro à esquerda para um estacionamento de um banco. — Só, por favor, Blue. Em uma hora nós vamos resolver e eu vou te dizer o que eu penso. Mas eu preciso ir para o banco pegar alguma coisa. Eu já volto.

— Não, — diz ela, agarrando o meu braço com as duas mãos neste momento. — Não, eu não quero ficar aqui sozinha.

Seu medo é real e eu tenho que me lembrar de que ela foi trancada por um ano e meio. Sem real contato com o exterior em tudo. — Está bem. Mas não fale. Não me faça qualquer pergunta. Não diga nada.

Ela balança a cabeça e nós dois saímos e andamos para dentro do banco. Eu aponto para uma área de estar perto da entrada e ela se senta enquanto eu ando até o escritório do gerente do banco e bato na porta aberta.

— Eu preciso acessar uma caixa de depósito de segurança.

— Sim, senhor, por favor, se sente e eu vou te ajudar com isso.

Me sento e dou a ele todas as minhas informações. Ele digita em seu computador, franzindo a testa por alguns minutos, e então finalmente me dá toda a sua atenção. — Sinto muito, senhor. Mas esta caixa tem especiais, — ele aperta os olhos os olhos para mim enquanto ele procura por uma palavra, — condições ligadas a ela.

— Eu entendo, — eu digo a ele rapidamente. — Eu só preciso da caixa. — eu ergo minha chave no meu chaveiro. — Agora.

— Sim, senhor. — ele limpa a garganta e se levanta, abotoando o paletó enquanto ele me leva na parte de trás do banco onde entramos no cofre.

Dois minutos mais tarde, eu estou olhando para o pequeno saco de cordão branco. Eu espio lá dentro. Nova identidade. Novo passaporte. Dez mil dólares em dinheiro. Eu nunca fiz uma identidade ou passaporte para Blue - ela nunca saiu de casa, então ela nunca precisou deles. Mas agora nós precisamos. E ela não tem. Eu fecho a caixa e caminho de volta para fora da sala, plenamente consciente de que minhas ações aqui foram relatadas para a pessoa que me deu essas credenciais em primeiro lugar.

— Você precisa de mais alguma coisa, senhor?

— Não, obrigado, — eu digo, andando de volta para Blue, que está torcendo as mãos no colo. Ela sorri fracamente, enquanto ela se levanta e então eu a levo pelo braço e nós saímos.

Quando estamos de volta com segurança dentro do carro e dirigindo para o norte em direção a Boulder, ela quebra o nosso silêncio. — Você não é quem você diz ser, não é?

— Isso não é inteiramente verdade, — eu digo a ela de volta. — Eu sou o cara que você acha que eu sou.

— Rei da pornografia?

— Tente de novo, — eu digo.

— Salvador de garotas tremendo no frio e na chuva?

— Tente de novo. — sorrio para isso e eu posso senti-la relaxar um pouco.

— O melhor amigo do JD?

— Definitivamente tente de novo. — eu olho para ela quando nós entramos na autoestrada, e então rapidamente desvio o olhar. — Isso é real, Blue. Tudo isso. Tudo o que eu fiz com você e com JD. É real. Portanto, não importa o que aconteça, nunca se esqueça disso. Ok? — eu dou outro olhar para ela e ela assente. Mas sua expressão é sombria. Quase triste. — Ei, — eu digo, agarrando o joelho dela e dando a ele um aperto. — Não se preocupe. Vai ficar tudo bem. Eu juro. Eu sei que você provavelmente está imaginando todos os tipos de coisas sobre mim agora, mas eu juro que vai ficar bem.

Ela olha pela janela para as luzes da Boulder à frente. Eu esperava um pouco mais de confiança dela, mas mentir não ganha sua confiança. E apesar de que todas as coisas que eu disse fossem verdade, as mentiras são enterradas debaixo delas. Odeio mentir para ela. Especialmente sobre JD. Mas eu não tenho escolha, porque ele sabe. Se Lanie está morta - e ela definitivamente está - então brincaram comigo. E as pessoas que brincaram comigo estão brincando com ele agora também.

— Para onde vamos? — Blue pergunta quando eu viro para uma rua que nos leva de volta para fora da cidade, mas em uma direção diferente da que viemos.

— Meu escritório, — eu respondo.

— Oh, — ela diz baixinho. Como se eu tivesse a decepcionando novamente.

Nós dirigimos por mais dez minutos antes do parque industrial onde eu alugo um espaço vir à vista.

— Você possui um armazém? — pergunta ela quando eu estaciono na garagem depois que a porta se abre.

Aperto o botão do controle remoto no chaveiro e a porta se fecha atrás de nós, a única luz em todo o lugar vem do brilho verde do painel. — Sim. — Desligo o motor e o local fica escuro. — Fique aqui até que eu apague as luzes. — ela não diz nada, apenas fica lá enquanto eu saio e sigo o meu caminho até a parede e aperto o botão.

O lugar inteiro treme à vida quando eu ando de volta para o carro e abro a porta para Blue.

— O que você mantem aqui? — ela pergunta quando ela aceita a minha mão e sai. — Além de carros, obviamente.

Tenho vários veículos. Uma van. Outro Jeep que esta muito bem equipado. E um pequeno Mazda veloz.

— Servidores. Para o negócio. Você não pode simplesmente colocar pornô em um site regular. Eles não vão deixar. Então, eu comprei este edifício e o encho com os servidores para que possamos ter nossos próprios códigos da web. Ray faz isso também, mas ele mantém os servidores em seu prédio em Denver. Eu queria que o nosso fosse longe do local onde vivemos. Eu não queria que ninguém soubesse onde eles estavam.

— Por que não?

— Ataques, — eu explico, enquanto eu a conduzo até as escadas para a sala de estar. — As pessoas estão sempre tentando acabar com Ray. Fazemos tudo certo, Blue. É cem por cento legal.

— Isso não faz disso uma coisa certa.

Seu tom acusatório dói mais do que eu gostaria de admitir. E por que ela deveria estar a bordo com o que fazemos? Ela foi mantida contra sua vontade por um pervertido que tem prazer em escravizar meninas como criadores de bebês. Não é realmente o mesmo. Mas não é realmente diferente também.

— Eu sei disso, — eu respondo. — Eu sei. Eu só fui pego no dinheiro e sucesso. Mas eu tenho a minha cabeça no lugar agora. Eu juro.

— Quantas vezes você veio aqui? — pergunta ela, caminhando ao redor do apartamento, tocando o sofá de couro, traçando um dedo ao longo da bancada de granito na cozinha. — É muito bom para um escritório.

E aqui vamos nós. Mentira número um, a partir do topo. — Eu não saio da cidade, Blue. Então, essas viagens que você pensou que eu estava? Eu estava aqui. Trabalhando nos servidores e coordenando contratos com outros produtores.

— Eu pensei que era o trabalho de JD lidar com os produtores? — ela toma um assento no sofá e se inclina para o braço estofado, trazendo os pés para cima e colocando as mãos sob a bochecha dela, como se ela estivesse exausta e pudesse cair no sono em qualquer momento.

Me sento em frente ao final do sofá, não tendo certeza se ela me quer perto ou não. — Ele traz clientes. Mas apenas os pequenos. Ele não tem ideia do quão grande realmente somos.

— Porque você mentiu para ele.

Eu não sei por que eu estou chocado com sua audácia, mas eu estou. — Sim, — eu respondo com sinceridade. — Eu menti para ele. Eu menti para Ray. Eu menti para você. Eu até menti para mim.

— Eu deveria sentir pena da luta existencial que você tem contra seu eu mal?

Ok. Direto ao ponto. — Seria bom.

— Por que eu deveria? Se você é apenas um mentiroso que vende sexo?

— Porque eu estou pedindo para você confiar em mim.

— E o que dizer de JD? Eu deveria apenas me esquecer de que eu o amo? Você esqueceu que o ama?

— Não, Blue. — eu me aproximo dela e coloco a mão em seu ombro. Ela ainda está toda embrulhada em seu casaco de inverno, por isso não posso ter muito de uma conexão. Mas eu preciso que ela entenda essa parte, pelo menos. — De modo nenhum. Eu nunca vou deixar de amar JD. E você sabe, eu adoraria que tudo isso hoje à noite fosse um mal-entendido. — eu deixo escapar um longo suspiro, me odiando pelo que eu tenho que dizer em seguida. Me odiando pelas mentiras que eu tenho que lhe dizer agora. — Eu adoraria que ele me dissesse que ele estava fazendo essa merda. Que ele não vendeu esses filmes para os idiotas que levaram o filho dele. Que levou sua melhor amiga e seu bebê. Eu não quero que isso acabe. Isso é parte do meu problema, Blue. Eu gosto dessa vida. Bastante. Ok? Eu sei que fazer e distribuir pornografia não é o melhor dos postos de trabalho, mas Ray faz funcionar. Ray é um cara bom, sabe? Eu o amo muito. Ele é como um pai para mim. Nem tudo sobre este negócio é ruim. Nem tudo está sujo.

— Mas está tudo estragado.

— Jesus Cristo, ok, sim, eu entendo. É preenchido com imoralidades. Mas, — eu paro. Eu vou realmente defender a pornografia como uma saída? Quero dizer, claro, algumas meninas usam isso dessa forma. Algumas fazem dinheiro, saem, vão para a escola ou sei lá o que. Usam isso para criar uma oportunidade para uma vida melhor. Mas a maioria não. A maioria fica presa nisso. Viciadas em dinheiro, ou drogas, ou até mesmo o sexo. O estilo de vida. A maioria nunca sai até que elas são forçadas a sair por causa de doenças ou idade, ou vício. — Olha, eu não vou defender o que eu faço, e eu não vou defender o fato de que eu poderia viver assim indefinidamente. Eu fiz dezenas de milhões de dólares em um par de anos. Não é uma má maneira de passar o tempo.

Ela solta um longo suspiro.

— O quê? — pergunto.

Ela está em silêncio por alguns segundos e eu tento o meu melhor para ser paciente e deixá-la pensar. — Eu quero acreditar em você, — ela finalmente diz. — Eu realmente quero. — e então ela se senta e se vira para mim, me olhando diretamente nos olhos. — Eu te amo. Mas eu o amo muito. Nós somos três, Ark. Nós somos três e você só quer sair sem sequer piscar. Eu não posso sair assim. Não sem uma conversa.

— Eu entendo, mas...

Ela coloca sua mão para me parar. — Apenas me escute, por uma vez. Eu estou autorizada a ter uma opinião, Ark.

— É claro que você está.

— Eu o preciso ver. Eu preciso ouvir o lado dele. Vocês dois começaram essa relação comigo. Você me pegou ferrada. Eu não culpo ele pela coisa áspera. Eu sei que isso significa que eu sou doente.

Estendo a mão para ela, porque enchê-la de vergonha sobre isso nunca foi a minha intenção. — Blue, se você realmente gosta desse jeito, tudo bem. Mas eu não acho que você goste. Acho que você está fodida por causa do ano passado e jogos de sexo psicológicos.

— Eu sei, — diz ela rapidamente. — Eu percebo que está tudo contaminado por minhas experiências. Mas meu ponto é, não é culpa de JD por me dar o que eu pedi. Mesmo se o que eu pedi não era bom para mim. E você sabe o quê? Talvez o jeito de JD não era o caminho certo. Mas pelo menos ele estava no jogo.

— Que porra é que isso quer dizer?

— Você nunca me tocou, a menos que ele está lá. Quando você vai embora, JD não se cansa de mim. E você nunca quer mais. Ele brinca e ri. Ele sorri e me faz sorrir. E talvez não seja justo comparar os dois, mas Ark... ele me faz me sentir amada.

Estou boquiaberto. — Você tem que estar brincando comigo. Depois de toda a merda que ele fez?

— Ele está em jogo. Você está evitando ele sempre que pode.

— Eu sou aquele que está aqui! Eu sou o único que está tentando te proteger!

— Eu sei. Isso é tudo o que você faz. Me protege. É como... é como se eu fosse o seu trabalho e não sua namorada.

Eu rio disso. Eu esfrego minha mão pelo meu rosto e rio.

— Você nunca fez sexo comigo sozinho. Nunca.

— Somos um trio!

— Então agora você quer ser um ménage à trois? Mas há cinco minutos você estava pronto para se afastar de JD e nunca olhar para trás?

— Não é simples...

— É simples assim. — ela se levanta e começa a desamarrar o casaco. — Posso usar seu banheiro?

E eu acho que ela está certa. É simples assim. Porque simples assim, ela me desliga.


Capítulo quarenta e cinco

Blue

 

A água quente está correndo sobre mim enquanto eu luto com o que eu estou tentando entender esta noite. Ark me trouxe aqui para me salvar de JD. Por que eu tenho um problema com isso?

Eu corro coisas pela minha cabeça enquanto o vapor reúne no chuveiro e que me leva de volta para o primeiro dia, quando estávamos na banheira juntos. Ark saiu para atender um telefonema. JD ficou e me segurou.

Ark era todo negócio naquela época, assim como ele é agora. Lógico. Calculista. Sempre mantendo as coisas certas.

JD é uma confusão de emoções e declarações sinceras. Ele é fácil e amigável. E se você me perguntar um dia o que poderia me machucar mais - bater no meu rosto enquanto eu chupo o pau dele, ou me proteger e me manter a salvo - eu nunca teria imaginado que Ark teria tal poder para me destruir.

Porque JD pode ser fudido, mas eu entendi o que ele queria. JD compartilhou comigo. Não com palavras. Ele nunca me contou a sua história com as palavras. Mas ele me contou a sua história com o sexo.

Isso é errado?

Eu fecho a água fora e enrolo uma toalha em volta de mim. Eu não sei se a Ark me trouxe roupas, mas eu acho que os que eu tinha em são boas o suficiente, mesmo que ele tenha trago. Então eu coloco minha calça jeans e camiseta de volta e caminho de volta para a sala de estar.

Ark ainda está sentado no sofá, olhando para mim, quando eu entro. Ele tem sua perna cruzada sobre o joelho e uma mão sobre sua boca, segurando o queixo. É um gesto que define o quão diferente ele é de JD. Porque esse gesto diz: Quanto é que eu te disse? Qual a profundidade que eu te deixei em minha vida?

— Você sabe qual é seu problema? — pergunto a ele, tomando um lugar no lado oposto do sofá onde eu estava antes.

Ele me lança um olhar perplexo. — O quê?

— Seu problema é que você não está dentro disso.

Ele ri. — É mesmo?

— Sim. Essa é a diferença entre você e JD. Você nunca esteve, Ark. Você nunca pediu a chave do quarto. Você nunca se fez em casa.

— Como você sabe? Eu não fiz nada além de te ajudar. Nada além de te apoiar...

— Você está certo, — eu digo, o interrompendo. — Você não fez nada mais. Porque você não está totalmente dentro. Eu sou algum tipo de projeto para você. Ou um meio para um fim. Ou, eu não sei, uma distração.

— Uma distração? — pergunta ele com uma sobrancelha levantada. — Você deve estar zoando comigo. Porque você, Blue, é toda a razão que eu estou dentro disso. — e então ele ri.

— Eu nem sei o que isso significa. Você está dentro do quê?

— Você é a pessoa que quer me fazer ficar. Você sabe disso.

— Eu estou falando sobre essa relação que temos. Onde diabos você está levando isso?

Isso o pega desprevenido, porque seus olhos se arregalam e ele fica um pouco para trás. E isso é quando percebo uma coisa.

Ele está mentindo.

Ark está mentindo.

Me levanto, mas ele pega o meu pulso. — Por favor, não, — diz ele, me puxando de volta para o sofá. — Por favor, não vá embora. Porque eu não vou ser capaz de te seguir, Blue. Eu não vou ser capaz de te dar o que você está procurando no momento.

— O que você acha que eu estou procurando? Eu realmente gostaria de saber, porque eu sinceramente não tenho ideia.

— Respostas, — diz ele, me puxando para mais perto dele. — Você quer respostas que eu não posso dar. Mas posso te dar tranquilidade, Blue. — ele me levanta e me coloca em seu colo. — Eu não posso te dizer coisas. Mas eu posso te mostrar como me sinto sobre você.

— Por enquanto, porém? Por que esperar até que isso seja quase tarde demais para me mostrar? Por que você não me mostrou isto todas estas semanas?

— Isso é porque eu não transei com você sem JD?

— Isso é parte disso. Isso me faz pensar que você está apenas na relação por ele.

Ark ri. — Blue, eu não sou gay. Eu não quero foder JD. Eu não quero que JD me foda. Eu gosto de ver ele te foder. Eu gosto dele me assistindo te foder. Eu gosto que ele chupe o meu pau e beije minha boca. Eu gosto das mãos deles em minhas bolas enquanto eu te fodo. Eu gosto de como ele lambe seu clitóris quando tenho você aberta para mim. Nesse momento, quando eu estou te fodendo por trás, e nós estamos esperando JD entrar em sua buceta. Mas então ele se inclina e te lambe. E quando ele faz isso, Blue, ele pega minhas bolas e desliza sua língua até meu eixo. E porra, eu não me canso disso. Mas é por causa de você, baby. A razão que eu amo, é por causa de você. Se você não estiver lá, eu não estou interessado.

— E se ele não estiver lá, você não está interessado em mim, é isso?

— Isso não é o que eu disse.

— Eu percebo isso, Ark. Mas isso é como você age. Quando estamos sozinhos você quer tirar fotos de mim. Ou falar sobre sair em um encontro. Ou você fala sobre JD. Onde está a peça onde eu entro?

Ele me coloca em seu colo e põe a mão na minha barriga. Isso me faz pensar em famílias. Da família que eu nunca vou ter. Me faz sentir triste, e ele vê isso, porque ele olha nos meus olhos. — Eu quero que você esteja lá depois, Blue. Quando essa vida que estou vivendo agora acabar. Quando as coisas são normais, e a sujeira do que eu estou fazendo é finalmente lavada. Eu quero que você esteja lá depois. Eu quero casar com você, e ser o seu melhor amigo, e fazer amor com você, de modo que é muito mais do que foder. Quero te levar pra sair em encontros e não precisar se preocupar com as pessoas que poderiam te levar para longe de mim. Quero crianças— meu rosto deve amassar, porque ele se inclina para beijar meus lábios, sussurrando, — Nós podemos adotar, baby. Portanto, não se preocupe com isso. Podemos adotar.

Concordo com a cabeça quando aparecem as lágrimas.

— Eu quero todas aquelas coisas que os casais têm, Blue. Estar em três é divertido, mas não é sustentável. Nem tudo deve vir em três. E toda a merda que eu fiz desde o momento em que eu conheci você era para ter certeza de que quando este divertimento acabasse e sobrasse apenas dois de nós, será você e eu, baby.

Eu engulo em seco. — E o que dizer de JD?

Ark suspira com um encolher de ombros. — Eu não sei. Talvez este material de três durasse anos. Talvez esta noite seja um grande mal-entendido. Talvez todos nós vamos voltar para casa amanhã e fazer as pazes. Vamos foder até estarmos exaustos e dormir até estarmos satisfeitos e comer e rir, e fazer todas as coisas que temos feito nos últimos dois meses. E talvez nós façamos isso por um longo tempo. Mas um dia, Blue, ele vai querer mais. Eu o conheço melhor do que ninguém. E quando ele decidir que ele quer mais, que ele quer você, sem um nós, ele vai estragar tudo. Porque ele não pode te ter. Eu vi você primeiro.

Eu mordo meu lábio e fecho os olhos. — Como você pode dizer que ele vai estragar tudo, porque ele quer num suspiro e me reivindicar como propriedade no outro? Você é um hipócrita.

— Você o quer? — Ark pergunta. — Ao invés de mim? Porque se você fizer, fazemos assim. Eu vou recuar. Mas se você não quiser isso, se você quer a nós, ou mesmo apenas eu, então você precisa confiar em mim. Porque eu o conheço melhor do que ninguém. Eu sei de todos os lugares escuros dentro da cabeça dele. Você vê o sorriso encantador e o lado brincalhão

— Eu vejo um inferno de muito mais do que isso.

— Obrigada por me lembrar, Blue. — Ark rosna esse último comentário. — O que você vê é o ato. Eu sei a verdade.

— Então me diga o que é.

Mas ele está balançando a cabeça antes que eu possa terminar a frase. — Não é meu para contar.

— Meu Deus. Eu não posso ganhar com você. Você quer que eu saiba essas coisas ruins sobre JD, mas você não quer ser o único a me dizer. Você quer que os três de nós estejam juntos, mas apenas sob suas condições. Você não faz sentido para mim. Eu só quero que sejamos perfeitos. Eu só quero que fiquemos juntos.

— Estamos juntos, Blue. Ele é o único que saiu.

— Talvez ele se acalmou. Talvez ele volte. Talvez ele esteja apenas irritado com suas acusações, porque você sabe, eu estou com raiva sobre suas acusações. Você age como se não tivéssemos uma palavra a dizer que seja normal. Você age como se nós somos os doentes e você é a única pessoa presente sã. Você age como se houvesse apenas uma maneira de existir nesta relação. E eu gostaria de saber, Ark, quem diabos fez de você o perito em ménages a trois?

— Ok, — diz ele. — Eu acho que nós precisamos fazer uma pausa. Jantar. Ver televisão. Ou algo assim. Parar com essa conversa antes que piore. Porque nós, obviamente, não vemos as coisas da mesma maneira.

— Você está me escondendo alguma coisa. Eu te disse por que eu estava aqui. Eu desisti de meu segredo. Eu descobri a minha alma para você. Eu te disse coisas que eu nunca vou repetir novamente. Nunca, Ark. Quando eu finalmente não for para casa, ninguém nunca vai ouvir essa história. Você é o único que eu disse. E ainda assim eu sei de fato que você está mantendo segredos. E, provavelmente, mentindo para mim.

Ele fecha os olhos e deixa escapar uma lufada de ar. — Eu realmente não menti.

— Bem, deixar algumas merdas de lado de propósito é a mesma coisa. Você está certo. Precisamos parar de falar porque eu já tive o suficiente e se mantivermos este ritmo, eu vou fazer uma coisa que eu vou me arrepender.

Ele me lança um olhar duro, os olhos apertados e sua testa enrugada. Sua mandíbula aperta como se ele estivesse tentando se controlar.

Mas, em seguida, ele se levanta e caminha até a pequena cozinha e abre a porta da geladeira. Ele a fecha novamente, segurando duas cervejas na mão. — Blue Moon ou Blue Moon? — ele me pergunta, torcendo as tampas e entregando uma para mim enquanto ele caminha.

Eu aceito. Tomo um gole. Em seguida, outro. E deixo o álcool me aquecer por um momento.

Ark põe a mão no meu ombro. — Olha, eu não estou tentando manipular aqui, Blue. Eu estou fazendo o meu melhor para ser autêntico.

— O que isso quer dizer?

Ele ocupa um lugar no sofá e dá um tapinha no espaço ao lado dele. — Vamos lá, apenas relaxe por um segundo.

Eu me aproximo e aceito a oferta, mas eu não terminei com essa discussão. Porque tudo o que ele está dizendo aponta para mentiras. Como se ele soubesse que está prestes a ser pego em alguma coisa e ele está tentando não mentir, mas não contando toda a história ao mesmo tempo.

Isso me assusta. Porque eu depositei confiança neste homem com um monte de merda, e agora eu sinto como a criança sem noção na escola que é sempre a última a entender a piada.

— Vamos ter uma noite, ok? Uma noite sem JD. Deixe ele ter seu espaço e fazer a sua coisa. E se ele for todo conversa, tudo bem. Nós vamos trabalhar com isso.

Mas é o que Ark não diz que me assusta pra caralho. — E se ele não for todo conversa? E se ele fizer alguma coisa?

Ark toma um longo gole de sua cerveja e encolhe os ombros. — Nós vamos lidando com isso amanhã.

Eu deixo pra lá depois disso. Eu não posso controlar Ark ou JD. Esta é a noite deles. Esta é a briga deles. Eu estava bem com a forma como as coisas foram ontem, mas, obviamente, precisamos chegar a um novo acordo, se todos nós queremos ficar juntos.

A única coisa que eu sei é... Eu posso consertar isso. Eu vou fazer o que for preciso. Eu não estou indo embora com isso. Eu não vou perder nenhum deles.

Eu amo dois homens.

A minha alma tem dois companheiros.

Eu os amo da mesma forma, e com a mesma quantidade de devoção feroz.

E eu vou lutar até a minha morte para ter os dois.


Capítulo quarenta e seis

ARK

 

Eu espero o telefone apitar com uma mensagem de retorno, mas ele nunca vem.

E o que eu esperava? Depois de quatro anos as pessoas ainda dão a mínima?

Eu balanço isso, tentando me convencer de que Blue está certa. JD é apenas bravo. Ele disse coisas que não significam nada. Amanhã nós vamos para casa, conversar sobre isso, e encontrar uma solução. Em duas semanas, Public Fuck vai lançar e vamos esquecer tudo sobre esta noite.

Se ela tem fé, eu posso ter fé também.

Nós passamos a noite assistindo televisão. Nós deixamos cair toda a raiva e apenas relaxamos no sofá. Eu a posso sentir se esvaindo. Eu não sei como, mas eu sei disso. Ela está me verificando. Ela está pensando em JD. Ela está pensando sobre os três de nós, quando tudo o que vejo no nosso futuro é dois.

Meus braços estão em volta dela, uma mão em sua barriga, a outra brincando com seus longos fios de cabelo loiro soprando em sua bochecha quando ela respira profundamente com o sono.

Mesmo que meus objetivos se tornaram turvos ao longo dos últimos quatro anos, a estipulação sem-namorada era algo que eu respeitava. Oh, eu tive fodas. Lanie primeiro. Eu gostava muito dela no começo. Ela era o meu único contato e eu precisava de sua conversa familiar quando eu cheguei a Denver. E sabendo que seu corpo está em decomposição dentro de sua casa por só Deus sabe quanto tempo me deixa doente.

Tive outras meninas também. Mas ninguém veio para casa comigo. Ninguém chegou perto. Foi uma transa rápida na casa delas, ou em um carro, ou qualquer lugar. Qualquer lugar, menos o meu lugar. Porque eu não sou autorizado a me apegar.

E aqui estou eu, muito envolvido em um relacionamento com não uma, mas duas pessoas. Aqui estou eu, apaixonado por um homem e uma mulher que me faz tão feliz que todos os dias durante as últimas seis semanas eu tive que me convencer de que era real.

Quais são as chances de uma pessoa encontrar sua alma gêmea em sua vida?

Quais são as chances de que eles descobrem que têm duas?

Nem tudo deve vir em grupos de três. Isso é o que diz em minhas gostas. Os dois dragões lutando para reivindicar o mundo. Para reivindicar o que é deles. Mas talvez a tatuagem vem dizendo outra coisa o tempo todo. Talvez os dragões não sejam uma equipe. Talvez a pérola azul não seja o mundo, mas uma menina que ambos desejam. Uma menina que ambos estão dispostos a lutar. Luta até acabar.

Talvez seja verdade. Talvez JD esteja certo e cada conjunto de três é perfeito.

Mas em meu coração eu sei que é uma mentira - nem tudo deve vir em grupos de três.


Capítulo quarenta e sete

Blue

 

Eu espero até Ark estar dormindo e então eu saio da cama e vou para o banheiro no corredor do quarto. Estou dormindo em um par de cuecas boxer dele e uma camiseta. Eu uso o banheiro e caminho de volta para o quarto e esperar do lado de fora para ver se ele está acordado.

Quando ele não me pergunta o que eu estou fazendo depois de alguns minutos, eu ando de volta para o banheiro e puxo meus jeans. Eu pego o seu novo telefone, suas chaves e as chaves do Camry, meu casaco, e os meus sapatos, e deixo o apartamento o mais silenciosamente que eu posso.

O piso é de metal, algo que eu notei quando chegamos, então meus pés descalços não fazem muito barulho enquanto eu desço. Se ele acordar no meio da noite, ele vai saber onde procurar por mim, eu tenho certeza.

Quando eu chego ao fim da escada, eu coloco meus sapatos muito rápido, e então eu entro no carro e ligo o telefone.

Eu verifico o histórico de chamadas para ver se a mensagem que ele enviou anteriormente era para JD, mas não foi. É, no entanto, um código de área que eu reconheço. E isso me faz parar por um segundo.

Por que diabos ele estaria chamando DC16?

E se ele ligou para meu pai?

Não. Não, ele não faria isso sem me dizer. Tem que ser algo mais. Isto tem que ser parte de seu segredo e desde que esta é a única pista real que eu tenho, eu envio um texto para tentar persuadir um retorno.

Você recebeu minha mensagem?

Eu entro no carro e espero. Ambos os textos têm a pequena mensagem entregue abaixo. Então eu sei que chegou lá.

Mas eu não vim até aqui para fuçar seu telefone. Eu desci para ligar para JD.

Eu pressiono o número de JD e conto os toques, mas vai para a caixa postal. — JD, — eu digo em um sussurro baixo. — É Blue. Por favor, me ligue de volta neste telefone. Eu preciso falar com você.

Eu desligo e deslizo no assento do motorista do Camry da menina morta. Quem era ela? Eu não faço ideia. Mas não é bom quando o seu namorado te leva para casa de uma menina e você pode sentir seu corpo em decomposição pela porta dos fundos.

O zumbido do telefone na minha mão me assusta pra caralho, e meu coração salta uma batida antes de eu perceber que é JD me ligando de volta.

— Olá?

— Blue, — diz ele. Ele soa triste. — Onde você está?

Eu olho em volta do edifício. — Eu não sei. Ark me levou em algum lugar. Estou em um grande edifício. — deixo pra lá o resto das informações sobre esse lugar. Os servidores. O fato de que Ark passa muito tempo aqui. As mentiras. Eu só quero que as coisas fiquem bem, de modo que essas coisas vão ter que esperar. — Ele disse que você vendeu as minhas imagens. Isso é verdade? Queria vender os vídeos que fizemos?

— Eu nunca disse essa merda, Blue. — isso sai rápido e com raiva. Isso sai crível. — Eu não tenho ideia porque Ark está viajando, mas isso é besteira. Ele acha que é seu dono, Blue. Ele é o único que está mentindo. E ele está chateado que eu descobri sobre isso.

Isso é verdade. Ark admitiu um monte de mentiras para mim e eu tenho a sensação de que é apenas o começo. — Eu quero voltar para casa. Quero que Ark me leve para casa. Mas ele não vai até amanhã. Você acha que eu deveria?

— Você pode sair?

— Estou em um carro. Mas eu não sei onde eu estou. E eu não sei como chegar em casa.

— Ele tem GPS, baby? Você pode programar nosso endereço e ele vai te dizer como chegar até aqui. Você acha que você pode fazer isso?

— Tem. Tem um GPS. Mas, se eu for, você promete que todos nós podemos conversar sobre isso amanhã? Eu sei que está escondendo coisas com ele também. Eu posso sentir isso. E ele admitiu algumas delas. Elas não se somam, então eu não tenho certeza do que qualquer uma delas significa. Mas JD, eu preciso que façamos as pazes.

— Nós podemos resolver isso, Blue. Eu juro. E eu acho muito fodido ele ter me acusado de tirar vantagem de você e pensar que você é uma prisioneira e, então, ele praticamente te sequestrar.

— Sim. — JD tem um ponto. — Eu sei. Eu não quero ficar aqui, JD. Eu quero voltar para casa. Ark está me assustando. Ele diz que vai ligar para o meu pai e me mandar de volta para eles. Eu não posso fazer isso, JD. Eu não posso dizer ao mundo o que eu fiz, e o mundo certamente vai querer saber onde eu estive durante o último ano e meio.

— Você está no carro agora?

— Sim.

— Ok. Então ligue e programe o nosso endereço no GPS.

Eu ligo o carro e o GPS vem à vida. Eu tinha um há muito tempo. Parece como uma vida diferente, mas esses passos são familiares para mim. Aceito o contrato que eu não vou mexer com isso enquanto eu dirijo, e então eu digito o endereço enquanto JD dita para mim.

— Basta estacionar na garagem e eu estarei lá esperando por você, ok?

— Ok, — eu digo, pressionando o botão no chaveiro de Ark que ele usou para abrir a porta da garagem de rolar. — Eu estou indo. Você vai ficar na linha comigo?

— É claro, baby. Claro. Não entre em pânico ou qualquer coisa. Basta seguir as instruções. — assim que JD diz isso, uma voz começa a narrar a rota para casa. — E leve o seu tempo.

JD fala suavemente para mim enquanto eu dirijo. Estamos longe. Passamos pelo Boulder, que está à milhas de distância do centro da cidade, onde eu preciso estar. Mas não há nenhum tráfego já que é tão tarde. E quando eu começo a ficar nervosa, JD está lá no meu ouvido me acalmando.

Finalmente, depois de mais de uma hora e meia de condução, eu reconheço os edifícios em torno da nossa rua. Estou começando a me sentir melhor quando meu telefone vibra um texto de entrada. Eu olho para ele enquanto eu espero por uma luz ficar verde.

Se você foi para casa, é só me avisar. Não me deixe assim. Tudo o que eu fiz, eu fiz por nós.

É de Ark. Eu digito uma mensagem. Estou aqui em casa. Preciso de JD também, Ark. Eu preciso dele hoje à noite. E não é da maneira que você pensa. Você está mentindo para mim.

A luz fica verde e eu viro à esquerda e depois à direita, quando eu chego à garagem. JD está esperando por mim, casualmente encostado em uma caminhonete, fumando um cigarro. Eu dirijo em direção a ele quando o texto de retorno vibra. Eu puxo para o estacionamento no local onde o jipe de Ark estava há algumas horas e, em seguida olho para o telefone antes de eu colocar o carro no estacionamento.

Então é JD. Tenha muito cuidado. Eu estarei aí em breve.

Deixo escapar um longo suspiro. Se eles estão mentindo, em quem devo confiar?

JD? Ele está andando em minha direção, o sorriso grande, o charme que eu amo sobre ele praticamente pingando dele.

Ou Ark? Sério. Aquele que se recusa a aceitar que JD e eu temos nossa própria relação especial. Aquele que se recusa a transar comigo a menos que tenha JD como um amortecedor entre nós.

Eu ponho o telefone no bolso e abro a porta do carro. JD me puxa para fora e me abraça forte. — Estou tão feliz que você voltou. — ele me beija na cabeça, e então ele pega a minha mão e me leva para a porta que eu saí com Ark.

Nós voltamos lá para cima em silêncio. Eu tenho medo de que JD vai começar a fazer perguntas, mas ele não faz. E isso me deixa nervosa. — Você ainda ama Ark? — pergunto. — Vocês podem resolver isso? — as portas do elevador se abrem e caminhamos até a porta do loft juntos.

— É claro, baby, — JD me tranquiliza quando ele abre a porta e acena pra eu entrar.

Eu vou primeiro, tão feliz por estar de volta aqui que eu solto um suspiro de alívio. — Eu só tinha ido embora algumas horas, mas...

Eu paro quando eu vejo o homem sentado no sofá da nossa sala de estar.

— Você se foi a muito mais tempo do que isso, Star. — o homem estala a língua dessa forma ele costumava fazer, pouco antes dele me bater com uma bengala ou me cortar com uma faca.

— O que o diabos...

JD pega um punhado de cabelo e me puxa para o chão, me obrigando a ficar em meus joelhos. Ele dá um tapa em meu rosto. Duro. Não mais duro do que ele normalmente faz durante nosso sexo, mas desta vez, não há nada de sexual sobre seu golpe.

Gabriel, todo vestido em seu equipamento de falso padre, se levanta e caminha em direção a mim.

Eu olho para JD. — Por quê? Por que você fez isso?

— É você ou ela, Blue. E olha, isso não é nada pessoal. Mas a minha filha é a única coisa que me resta de Marie.

— Marie iria te odiar por isso! — eu grito.

Mas JD só me dá um tapa novamente. — Cale a boca, — ele rosna.

— Ele fez isso, Blue, — Gabriel rosna meu novo nome, — porque eu ofereci a ele algo muito melhor do que você. Você não é nada, — ele sibila enquanto ele caminha até a mim. Ele aperta seu rosto perto do meu. — Você não é nada além de uma pequena puta doente que quer ser estuprada. — e então ele ri. O mau cheiro de sua respiração me dá vontade de vomitar. — Ele me disse, Star. Ele me disse o que você lhe pediu para fazer. — e então ele pega um par de algemas e JD me força para o chão, de bruços. Eles me algemam e me puxam para os meus pés. — Obrigado, — Gabriel diz a JD.

— Eu quero os nomes, — diz JD, me afastando do meu antigo mestre e puxando uma arma. — Agora. Ou você não a vai levar. E então nós vamos dar uma volta e você vai entrar na casa deles e trazer minha filha. Esse foi o acordo. Esse é o comércio.

— JD, — Gabriel ri. — Por favor. Nós não vamos roubar sua filha esta noite, meu filho.

JD atira na perna dele. Sem hesitação. A arma dispara junto ao meu ouvido e eu grito e caio de joelhos, ao mesmo tempo em que Gabriel desaba no chão em agonia.

— Eu não estou de brincadeira com você, — diz JD, andando para frente. Eu ainda estou no chão, então ele me arrasta com ele quando ele vai. E quando os seguranças aparecem no corredor, onde o quarto de Ark está, JD atira no peito de um, o soprando para trás na parede. O homem não teve sequer uma chance. Seu corpo deixa um traço grosso de sangue na parede atrás dele enquanto ele desliza para baixo até que ele é apenas uma pilha no chão.

Outra rajada de bala da mesma direção, e este passa raspando no meu ombro, tão perto que eu sinto a picada e o jorro de sangue.

JD me puxa novamente, e depois agarra meu braço, me puxando para os meus pés. Ele me joga de lado quando ele dispara outro tiro no corredor, e o outro guarda tem um buraco gigante no peito. Eu caio para frente, batendo a cabeça na bancada de granito. O duro golpe na minha testa sacode o meu mundo e minha visão embaça.

— Seu pedaço de merda, — diz Gabriel do chão a poucos metros de distância. Ele tem uma arma também, e ele aponta para mim e atira. A pedra em cima de mim quebra, fazendo cacos de estilhaços. — Você nunca a vai levar de volta agora.

— Você vai se ferrar, Gabriel. Eu vou a encontrar e ela e eu estaremos juntos novamente. Mas você, você nunca vai vender outro bebê de novo.

— Isso é engraçado vindo de você.

— Cale a boca! — grita JD.

— Eu não acho que ele te disse a verdade sobre Marie, ele disse, Star?

Bile sobe na minha garganta pelo nome. Mas, então, JD me puxa para os meus pés mais uma vez. Ele empurra o cano da arma contra o meu templo e deixo escapar um soluço. — Você quer muito ela de volta, não é? — ele pergunta a Gabriel. — Você me disse mais cedo que a minha filha é meu calcanhar de Aquiles. Bem, Blue é o seu. E eu a vou levar para longe de você, assim como você levou minha filha embora.

— JD! Por favor! — eu grito. Ele me dá uma cotovelada nas costelas, me fazendo arfar.

— Diga a ela, então, — diz Gabriel. — Diga a ela que você...

JD atira nele de novo, só que desta vez a bala rasga sua ombros e ele é silenciado.

— JD.

Ark está de pé na porta aberta, uma arma em sua mão, mas ele não está apontando para ninguém. Está no ar. — Basta ter calma agora. Ok? Pense no que você está fazendo aqui. Isto não é como você quer que acabe, irmão.

— Irmão? — JD cospe. — Você não é meu irmão. Você é igual a todo o resto deles. Você toma. Você usa. Você me usou. — ele cutuca o lado da minha cabeça com o cano da arma novamente. Está latejando com minha queda, e minha visão embaça mais uma vez.

— Não, — diz Ark. — Eu tenho tentado te ajudar. Todos esses anos.

— Ele disse que tinha ela. Minha filha. A que você prometeu me ajudar a encontrar. E você se afastou dessas respostas.

— Ele queria que eu transasse com suas esposas, JD. Ele queria que eu desse a ele os meus filhos também. Em que mundo você vive em que isso é um comércio aceitável?

— Foi uma promessa. — JD empurra a arma na minha cabeça ainda mais duro e Ark dá um passo adiante.

— JD, — Ark diz em uma voz calma que diz que ele é o único no controle. — Nada disso é culpa minha. Você sabe disso. Você sabe a verdade real. Você tem se escondido com ele por um longo tempo. Mas você sabe o que aconteceu com Marie e o bebê.

— Oh meu Deus, — eu digo, as peças começam a se unirem. — Meu Deus. Por favor, diga. Por favor...

— Cale a boca! — JD me bate na boca. — Apenas cale a boca!

— Você vendeu seu bebê, não é? — meu desgosto ofusca o meu medo e eu me contorço em suas mãos.

— Quieta, Blue! — Ark grita. — JD, apenas coloque a arma no chão.

Mas ele só a pressiona em minha cabeça mais duramente. — Eu a vou matar, Ark. Dê mais um passo, e eu a vou matar.

— Você não a vai matar. Você a ama, JD. Você a ama como você amava Marie.

A pressão do cano contra a minha cabeça alivia um pouco.

— É isso aí, — diz Ark. — Basta colocar a arma-

— Mãos no ar!

E, então, o inferno desce. A janela quebra quando corpos voam através delas. Lasers vermelhos estão por todo o lugar, os pontos mirando, um em mim, outro em JD. Eu olho para Ark e há vários pontos dançando em seu peito.

— Não, — diz JD. — Eu não vou por este caminho!


Capítulo 1uarenta e oito

 

ARK

Centro Federal Denver

Lakewood, Colorado

Dias de hoje

 

— E? — Matheson pergunta, quando eu não digo nada. — Você a viu primeiro. O que isso tem a ver com alguma coisa?

Eu fecho meus olhos, a cena ainda está fresca em minha mente. Tiros. Isso é tudo que eu ouço na minha cabeça. Nada além de tiros. Eu esfrego os olhos, fazendo esses pequenos pontos de luz aparecem atrás de minhas pálpebras. — Eu não posso contar esta história, — eu finalmente digo. — Não é minha para contar.

— Pode apostar que vai contar essa história, — Jerry rosna. — Temos corpos mortos, idiota. Seu loft foi o local de diversos assassinatos hoje à noite. Então, nós vamos sentar aqui nessa porra até que você nos diga-

Uma batida na porta interrompe o discurso de Jerry. Todos nós nos viramos ao mesmo tempo para olhar para o homem que abre a porta.

— O quê? — Jerry rosna. — Estamos no meio de...

— Desculpe. — o cara olha para mim e balança a cabeça. — Alguém ligou de DC e disse que eles estão fechando isso.

— Fechando o que? — Matheson pergunta. — Estamos no meio de um caso aqui-

— Agente Matheson, — o cara novo diz. — Eu percebi isso. Mas nós temos ordens. De DC. Para mim vir aqui e te calar. Então saia.

Há um longo momento de silêncio, enquanto os dois idiotas na minha frente tem um concurso de encarar, e, em seguida, Jerry começa a reunir as fotografias, mas quando ele tenta tirar a de Blue, eu agarro. — Vá se foder! — eu xingo, o levando de surpresa e o fazendo recuar para trás. — Eu estou ficando com isso.

Ele começa a puxar porém, mas o cara novo interfere novamente. — Deixe ele ficar com isso, Jerry. Ele vai precisar disso.

E, em seguida, eles saem da sala e me deixam sem saber o que diabos isso significa.

Eu fico olhando para a foto pelo que parece horas. É uma das que eu tirei. Um que prendi em meu computador em casa.

Não a minha casa. Eu preciso entrar em acordo com isso. Não é a minha casa.

Eu fecho os olhos e imagino a cena quando eu tirei essa foto.

Blue e JD relaxando no sofá enquanto eu trabalhava no meu escritório. E eles começaram a brincar. Ele estava fazendo ela rir como uma menina. E Blue estava fazendo JD rir.

Ele começou a sorrir novamente há um tempo. Eu não sei quanto tempo demorou exatamente. Mas os últimos dois anos têm sido bons.

Não, eu me corrijo. Ótimos. Eles foram ótimos. Para ele e para mim.

Mas o riso desse dia... isso fez alguma coisa para mim. Isso me fez sentir que não importa o que aconteceu, eu fiz a escolha certa quando decidi ajudar a JD se recuperar.

Eu olho para a foto novamente. Blue está sozinha, mas JD estava à direita dela. Ela não sabia que eu estava tirando fotos, então seus olhos estão cheios de duas coisas.

Felicidade. Porque JD a fez tão feliz para caramba.

E surpresa pelo flash da câmera. Porque era isso que eu lhe dei.

Em vez de amor, dei a ela mentiras.

Os tiros...

Eu quero que a memória vá embora. Mas ela não vai. Eu estive aqui por horas. E ainda está repetindo em minha mente como um filme fodido em repetição.

— Você vendeu seu bebê, não é?

Blue viu isso no final. Ela viu através das minhas mentiras. E mesmo que ela era a pessoa com a arma apontada para sua cabeça, eu sabia que ela não era a pessoa que iria acabar morta.

— Quieta, Blue! — eu grito para ela. Por favor, Deus, apenas faça ela parar de falar. — JD, basta colocar a arma no chão.

— Eu a vou matar, Ark. Dê mais um passo, e eu a vou matar.

Eu vejo seu dedo no gatilho e sua mão trêmula. Por favor, Deus, não. — Você não a vai matar. Você a ama, JD. Você a ama como você amava Marie.

E nesse momento eu tenho um vislumbre de esperança. Porque ele puxa a arma de volta de sua cabeça. Ele olha para ela, como se ele não pudesse acreditar no que ele está segurando na mão.

— É isso aí, — digo a ele. — Basta colocar a arma...

— Mãos no ar!

O FBI está em toda parte. A equipe da SWAT irrompe as janelas do terraço. Pontos vermelhos de laser estão dançando em Blue, JD, eu...

E depois acabou.

JD aponta a arma para si mesmo.

E ele puxa o gatilho.


Capítulo quarenta e nove

ARK

 

Eu quebro depois disso. Me sento na sala de interrogatório do FBI com a minha cabeça sobre o mesa de metal frio, e eu quebro.

Eu vejo a cabeça dele explodindo em Blue. Eu vejo o horror no rosto dela.

Eu sinto seu coração quebrar. Sinto seus joelhos baterem no chão. A dor que deve ter causado. As contusões ela provavelmente tem agora. Contusões que eu nunca vou ver porque ela se foi. Essa chamada de DC era sobre ela, eu sei disso. Seu pai deve ter sido informado até agora que sua filha está viva.

Bom para ele. Estou feliz que ela vai voltar para casa. Eu realmente estou. Ela precisa sair dessa cidade e fazer o que for preciso para conseguir sua vida de volta.

Mas meu melhor amigo está morto.

Sua vida acabou.

E meu coração está despedaçado. Não em duas peças, mas de três.


Capítulo cinquenta

 

ARK

Adormeço assim, meu rosto molhado de dor sobre a mesa de metal frio. E quando eu acordo, Jackson está sentado à minha frente, uma carranca no rosto.

— Jacob, — diz ele em um sussurro.

Eu balanço minha cabeça. Tento me lembrar dele do jeito que ele costumava ser quando eu o vi pela última vez, mas eu não consigo evocar a imagem em minha mente. — Eu não tenho sido Jacob muito, muito tempo.

— Jacob, — diz ele novamente. — Eu estou tão arrependido. Se soubéssemos que ele faria isso...

Minhas mãos não estão mais em punhos, e eu as bato em cima da mesa, fazendo com que a imagem de Blue salte. — Onde diabos você estava? Mandei uma mensagem para você! Você não deveria mandar a porra da equipe da SWAT! O plano original era sempre ser discreto!

— Jacob, — diz ele novamente, desta vez com mais força. — Recebemos outra mensagem. Eu achei que era urgente. Chegamos a um acordo sobre a mensagem. E você enviou outra.

— Eu não! Blue - Zoey, aquela garota que tivemos, ela enviou o texto quando ela roubou meu telefone!

Ele coloca as mãos no ar. — Eu não sabia, Jake. Eu não sabia. Eu pensei que você estava em perigo. Já se passaram quatro anos sem contato. E eu estava em Nebraska, preparando um novo recruta. Eu estava há horas de distância, me desculpe. Eu juro, não sabíamos que estava indo para merda até o último segundo e nós apenas tivemos que reagir da única maneira que podíamos. Sinto muito.

Eu me levanto e agarro a foto de Blue. — Eu preciso sair daqui. Agora.

— Jake, — diz ele, se levantando comigo, uma mão estendida para o meu ombro. — Você sabe que nós temos que interrogar. Você sabe disso, ok?

— Minha casa! Eles estão em minha casa, passando por toda a nossa merda. Preciso...

— Nós já vimos todas as filmagens, Jake. Nós sabemos o que está acontecendo.

— Eu quero tudo de volta! — eu estendo a mão, como se eu fosse sufocar a vida de Jackson. Mas eu paro quando ele coloca as mãos para me bloquear.

E então ele se adianta, provisoriamente chegando. — Jake, — diz ele. — Você é Jake. Não Ark. Você é Jake. Meu irmão. Nós ainda somos irmãos. Eu ainda estou aqui.

Deixo que ele me puxe para um abraço, mas eu não o abraço de volta.

Tudo que eu vejo é a cabeça de JD explodindo.

Tudo dói. Meus erros. Meu corpo. Meu coração.

— Você é Jake, — ele repete. Como se ele precisasse me lembrar de quem eu realmente sou. Por que eu estava realmente em Denver, em primeiro lugar. — Você é Jake e eu sou Jax. E nós os temos, irmão. Temos esses traficantes e nós vamos fazer eles pagarem pelo que aconteceu com Michael. Você fez isso acontecer, Jake. Você. Quatro anos disfarçado. Quatro anos e valeu a pena, porque você ficou preso ao plano.

Eu respiro fundo e minha mente gira com as memórias. Blue e JD. Os três de nós na banheira chegando a um acordo. Os três de nós na noite passada, quebrando todas as promessas. Memórias de árvores de Natal abandonadas e todas as promessas quebradas vão me assombrar para o resto da minha vida.

Mas então eu imagino nosso irmão mais novo, Michael. De onde ele veio. O que ele passou antes de nosso pai o levar. Como eles terminaram com a vida dele, uma vez que eles descobriram que ele ainda estava vivo.

Dezesseis anos atrás, um assassino entrou na nossa casa e quando ele saiu, o nosso pequeno irmão estava morto. Que tipo de pessoa mata um menino de sete anos de idade?

Sabíamos quem eles eram. Meu pai era FBI. Meus tios foram FBI. E eu menti para Blue sobre o meu trabalho também. Eu nunca quis ser um SEAL. Eu queria ser FBI.

Mas eu fodido tudo. Eu deixei Brooklyn e fui para Miami quando tinha dezoito anos em um indício de que as pessoas responsáveis pela morte de Michael estavam lá.

Fiz exatamente o que Blue fez quando ela foi procurar à amiga. Infiltrar e conquistar a partir de dentro.

Só que eu não estava à procura de uma história. Eu estava procurando por vingança.

Eu matei um monte de gente em Miami e a única razão para eu não ir para a prisão foi por causa de um enorme abalo na organização clandestina responsável pelo assassino de aluguel que matou o meu irmão de criação. Tantos FBI foram implicados nisso, fui varrido para debaixo da mesa.

Mas eu deixei Miami com duas coisas. Uma pista sobre alguns traficantes de crianças que me levaram a Denver. E o dinheiro suficiente para iniciar uma operação policial no negócio pornô para que pudéssemos repetir o que eu fiz em Miami. Infiltrar e conquistar. Jackson já estava no FBI quando a merda desceu há quatro anos. Ele foi crescendo rapidamente, graças às nossas ligações familiares, então começamos este trabalho procurando os vermes responsáveis pela morte de Michael.

Mas o que eu encontrei foi JD. E Ray.

Ray tinha um informante em Miami e é por isso que eu tive que sair. Ele sabia que eu matei pessoas. Ele sabia que eu estava em algo grande. Mas todo mundo que me conhecia foi morto até a hora que eu voltei, de modo que o que ele poderia fazer? Quem foi deixado para apontar o dedo e dizer: Esse é Jacob Barlow e ele é um rato?

Ninguém.

Isso não é como Denver vai acabar, isso é certo.

— E nós temos outra vantagem também.

Jax ainda está falando. A lembrança do que estamos enfrentando. Crime paga, eu sei disso agora. Ele paga muito bem para que ele nunca vá embora. Nós nunca vamos encontrar as pessoas que mataram Michael, mesmo que encontremos o assassino.

Porque estes criminosos são ninguém e todo mundo, tudo ao mesmo tempo.

— Uma menina. Ela escapou há dez anos e ela saiu. Mas ela sabe coisas, Jake. Ela sabe mais do que ninguém que já teve acesso antes. Está me ouvindo? Ela sabe todas as coisas, e é isso que eu estava preparando em Nebraska.

Eu me acalmo um pouco. Porque talvez. Apenas talvez-

— Nós estamos invadindo casas em dez estados no momento. Já encontramos os registros em Denver, Jake...

— Temos todos eles? Os pais que compraram as crianças também?

— Nós temos centenas de nomes. Nós vamos encontrar o que você está procurando.

E isso coloca uma peça quebrada de volta no meu coração. É um pequeno pedaço. Apenas uma pequena porção de esperança. Espero que eu ainda possa fazer o certo por JD. O Consertar. E JD vai finalmente ser livre de seu erro.

Eu abraço meu irmão.

— Nós a vamos encontrar, — Jax repete. — Eu prometo.


Capítulo cinquenta e Um

Zoey

 

Dois anos mais tarde...

A livraria está cheia de pessoas, fato que fez meu estômago vibrar durante horas. Eu não gosto de atenção e eu odeio multidões.

Minha publicista pode ler minha mente estes dias, porque ela coloca a mão no meu braço. — Zoey, você vai ser tão grande. — ela me dá um sorriso caloroso e eu dou a ela um fraco de volta.

— Por que eu concordei com isso? — eu sussurro.

Ela só olha para mim, então dá de ombros. — Eu não sei, Zoey. Eu estava surpreendida. Mas você está aqui, e está tudo bem. Basta ler a sua história do jeito que você escreveu. São fãs. Eles vão te amar. Eles já te amam. Eles só querem te ouvir contar a história, pegar um autógrafo e tirar uma foto.

Aqui é o bairro Bookstore em Brooklyn Heights. É por isso que eu disse que sim. Mas agora que isso é real, eu sinto que eu poderia vomitar. Eu examino a multidão, procurando Ark. Será que ele segue a minha vida do jeito que eu siga a dele? Será que ele sabe que eu estou aqui? Será que ele vai me ouvir falar? Ou ficar na fila para pegar um livro assinado?

Meu sonho é estúpido e patético. Faz fronteira com a tristeza.

Nos dois anos desde que nos separamos, naquela noite, eu nem sequer ouvi a voz de Ark. Por que ele iria aparecer agora?

A gerente da loja sobe em um pequeno pódio. Ela está emocionada. Esta é uma livraria independente de tamanho médio, mas a multidão hoje é mais pessoas do que já vi em... bem, nunca. Ela bate no microfone algumas vezes e, em seguida, limpa a voz. — Senhoras e senhores. — ela dá um longo suspiro. — Estou muito animada para apresentar a vocês uma das melhores novas autoras de hoje. Vocês provavelmente ouviram falar nela pela primeira vez nas manchetes anos atrás, quando ela desapareceu. Mas ela não foi sequestrada, como nós todos tínhamos temido. Ela estava escrevendo. — a gerente, cujo nome não me lembro, porque eu estou muito nervosa para pensar em qualquer coisa, além de Ark agora, se vira e sorri para mim. — E que livro, hein?

O público aplaude. O rugido ecoa os tetos brancos altos da loja.

Eu tomo uma respiração profunda.

— E que livro, — a gerente repete, tentando parar os aplausos para que ela possa continuar. — Cheio de esperança e amor. — ela faz uma pausa e coloca uma mão sobre o coração. — E o mais perfeito felizes para sempre após o término que eu já li. Espero que isso não seja um spoiler para qualquer um!

O público ri. Todo mundo já leu o livro.

Eu estive na lista de best-sellers do New York Times por quase dois meses. Quase um milhão de cópias vendidas na época. Fui acusada de tramar meu desaparecimento, a fim de vender livros. E enquanto isso é loucura, se considerando o que realmente aconteceu comigo quando eu estava longe ‘escrever’ ainda tem um pouco de verdade nisso. Porque a única razão pela qual eu escrevi este livro depois que JD se matou e Ark foi arrastado pelo FBI era encontrar meu caminho de volta novamente. Eu preciso saber se era tudo mentira. Será que Ark já me amou?

Tirei todas as cordas que pude para conseguir a minha história lá fora. Eu usei o meu pai. Eu usei o meu desaparecimento. Eu usei meus contatos na Columbia. Eu usei qualquer coisa e todo mundo que eu podia. Tudo pela fama. Assim uma pessoa iria me notar novamente.

Minha publicista coloca uma mão no meu ombro, mais uma vez, lendo a minha tristeza e tenta me dar incentivo.

— Então, sem mais delongas, estou muito feliz de introduzir Zoey Marshall, autora do suspense romântico número um, best-seller da New York Times, Três, Dois, Um.

Ela bate palmas muito perto do microfone e ele cria um boom estrondoso antes dela ficar de lado para dar espaço para mim.

Tomo outro profundo fôlego e ando para frente. — Obrigada, — eu digo para o microfone. Eu desesperadamente procuro a multidão por Ark, mas mesmo que o local esteja cheio, não há nenhuma maneira de perder o fato de que ele não está aqui. — Eu gostaria de ler um trecho do meu livro, se está tudo bem. — todo mundo ri. É por isso que estou aqui, certo? — É a minha parte favorita. E é uma cena de diálogo entre a Ark e Blue.

Uma mulher na fila da frente, na verdade, suspira.

Sim, eu penso comigo mesmo. Ele é sonhador. Tanto no livro e fora dele.

— Quem é a pessoa que você mais ama neste mundo? — pergunto a audiência, a leitura do capítulo vinte e três em meu livro. Essa conversa é o que me mudou. Nos mudou. Porque Ark desenhou uma linha quando eu não podia.

Eu não olho para cima até que eu termino a passagem, mas quando eu faço, cada par de olhos na loja estão em mim.

— Obrigada, — eu sussurro no microfone.

Eu tento fazer uma fuga precipitada, mas, em seguida, a gerente da loja está de volta, pegando minha mão e se inclinando para o microfone. — Senhorita Marshall estará assinando livros no extremo oeste da loja. Por favor, compre o seu livro antes de entrar na fila. Obrigada!

Ela se vira para mim e as câmeras digitais clicam. Flashes piscam. Meus olhos veem manchas. E quando eu os abro, por uma fração de segundo, eu acho que eu o vejo de costas.

Mas as manchas me cegam e quando elas finalmente param quando eu estou caminhando para o final oeste da loja onde minha mesa de assinatura está sentada, a aparição se foi.

Eu sento no meu lugar à mesa e alguns funcionários da loja são os primeiros da fila. Os cumprimento e sorrio. Eu ouço seus nomes e, em seguida, escrevo algo espirituoso em cada livro, apreciando a ousadia amigável quando eu os devolvo.

É uma sensação agradável. Mas a minha mente está ocupada com a forma como eu cheguei aqui.

Como cheguei de onde eu estava para onde eu estou?

Por que eu sempre tenho que me fazer esta pergunta?

Depois que JD se matou, eu não me lembro de nada, apenas de gritar. Meu grito.

E então Ark está implorando enquanto corria para JD e o segurava em seus braços, apenas repetindo as palavras: — Não. Não. Não, — uma e outra vez.

Ark estava coberto de sangue quando ele o pegou do chão. Alguém tinha envolvido um cobertor em cima de mim, mesmo que eu estava usando meu casaco. E tudo o que eu pensava era, É tão quente, eu acho que estou no inferno.

Eu sorrio para o ventilador na frente de mim. — Sim, é claro que você pode tirar uma foto. — eu me levanto e ela faz o seu caminho até a bandeira onde uma foto minha tinha sido tirada especificamente para este evento. É uma imagem da capa do livro e do horizonte da cidade de Denver no fundo.

Depois eu tento não pensar sobre JD demais. Eu ainda choro por ele. É difícil não chorar. Ele era dono de um terço do meu coração. Eu não acho que vai ser possível substituir a peça que falta.

Eu penso sobre Ark ao invés. Levei semanas para obter qualquer resposta, e o FBI estava muito relutante. Mas eles finalmente admitiram que Ark estava à paisana. Tinha estado disfarçado por quatro anos. E que o trabalho acabou e ele seguiu em frente.

Isso partiu meu coração novamente. Isso me fez pensar que era tudo uma mentira.

É assim eu comecei a escrever meu livro. Porque eu precisava me lembrar do que era real, mesmo que essas peças só pertenciam a JD. Eu precisava me lembrar de Janine também, a quem eles nunca encontraram, mas seu bebê estava nos registros que o FBI confiscou a partir do complexo de Gabriel no alto das montanhas. Eles disseram que é onde eu fui mantida também. Mas eu não tenho ideia. Eu não penso nisso a essa altura. Em vez disso, eu penso sobre o bebê de Janine, que foi reunida com sua família verdadeira, uma vez que resolveram os registros de adoção falsos.

— Posso te fazer uma pergunta?

Eu olho para uma mulher jovem, estendendo seu livro para eu assinar. — Claro, — eu digo de volta com um sorriso.

— Por que você o chama de Três, Dois, Um? Eu sei que você tem um monte de referências lá para os números. Mas é como uma contagem regressiva?

— Sim. Isso é tudo o que é. Apenas uma contagem regressiva.

Três almas gêmeas.

Dois corações quebrados.

Uma última chance de fazer o certo.

— Oh, — diz a mulher, um pouco decepcionada. — Bem, muito obrigada. — ela pega seu livro e sorri para mim. — Eu amo essa história. Eu amo o fato de que todos eles acabam juntos. Acho que JD a amava mais, mas eu estou feliz que ela tem ambos. A completando, como ela disse. Ambos a completam, porque eles eram tão diferentes.

Concordo com a cabeça. Eu posso sentir a picada de lágrimas. — Eles se completam, — eu digo. — Você está certa.

Meu livro é ficção. E eu posso acabar de qualquer jeito que eu quiser. Então JD nunca morreu. Ark nunca mentiu. E todos viveram felizes para sempre.

Depois eu mantenho a minha atenção onde ela pertence. Sobre as pessoas na minha frente. Eu ainda procuro o rosto de Ark no meio da multidão, mas por quatro horas quando a última pessoa se aproxima para ter seu livro autografado, não posso evitar o óbvio.

Ele nunca veio.

Eu assino o livro, sorrio, tiro uma foto, e em seguida, entrego de volta. Agradeço ao fã por ter vindo me ver em um dia tão frio e invernal, e lhe desejar boas festas.

E então eu paro e olho para fora da janela, onde a neve está caindo em grandes flocos redondos. Da mesma forma que fez naquela noite que tudo se desfez.

Me afasto da mesa e pego a minha bolsa da minha assessora. — Você precisa de uma carona até o aeroporto? — ela me pergunta, claramente preocupada com o meu humor sombrio.

— Não, obrigada. Eu posso lidar com isso.

Me viro e faço o meu caminho em direção ao fundo da livraria onde meu casaco está pendurado na sala de descanso de empregados. Eu só estou virando a esquina do corredor quando uma voz ressoa.

— Senhorita Marshall?

Eu me viro. — Sim?

A última menina está se movimentando pelo corredor com o livro para mim. — Desculpe, — diz ela, sem fôlego. — Eu esqueci! Um homem estava na linha comigo há um tempo, mas ele disse que tinha que sair e era para eu te dar isso.

Ela estende um envelope lacrado.

Eu paro de respirar por um momento. — Um homem?

— Sim, — ela diz. — Desculpe, eu esqueci. — e então eu pego e ela acena um adeus. — Boas festas!

Eu perco minhas maneiras e a ignoro. Eu só olho para o envelope. E então eu olho em volta, nervosamente. Ele ainda está aqui?

Eu abro o envelope e retire o cartão grosso. Não é um cartão, um cartão com duas faces, como um cartão de visita brilhante, exceto que é maior.

 

Um assunto privado

Você é convidado

Quando: Agora.

Onde: Entre no carro na frente da loja.

 

Meus alarmes deveriam ligar. Eu fui prisioneira duas vezes. Uma vez pela força, uma vez auto imposta. Então, eu deveria ser cautelosa. Mas eu nem sequer penso duas vezes. Eu pego meu casaco e saio pela porta da frente, em busca de Ark.

O mundo está coberto de branco. Mas o carro na frente, com um motorista de pé ao lado dele, é longo e preto. O motorista sorri para mim, em seguida, abre a porta para o banco de trás e eu entro. Ele anda ao redor da frente do carro e entra no lado do motorista.

— Não é muito longe, — diz ele. Como se ele soubesse que minha mente está girando com pensamentos. Ele olha para o tráfego e puxa para a rua.

Olho para o cartão na minha mão. Não há nenhum nome ou número, mas o meu coração sabe. Meu coração sabe por que Ark tem um pedaço dele. E quanto mais nos aproximamos ao meu destino final, mais inteira eu me torno.

Recebi uma fotografia no correio do Natal passado. Não era de uma pessoa, mas de uma visão através de uma porta aberta de uma gaiola. A vista era do terraço do apartamento em Denver, com vista sobre a Califórnia Street.

Olhei para aquela imagem toda noite por meses e eu me perguntava: Por que ele não vem para mim?

E então eu decidi que ele estava esperando que eu chegasse a ele. Ele estava esperando que eu saísse da gaiola e me deixou ser livre.

Quando paramos em um prédio antigo que parece que foi restaurado recentemente, meu coração bate um pouco mais rápido. Two Dragons Art Gallery é uma lenda urbana em Nova York. As pessoas admitem ter estado lá, mas ninguém pode dizer onde está.

Quando eu ouvi pela primeira vez sobre isso, eu imediatamente pensei que eles estavam drogados e instalados em algum lugar em segredo. Mas, em seguida, me foi dito o motivo e ninguém sabe onde ele está, porque o local não é permanente. Uma vez aqui, outra vez lá. Sempre no limite das coisas, nunca no caminho certo.

E de alguma forma, isso se encaixa em Ark.

A galeria mudando de exposições para exposições. É fugaz. Só um momento em uma noite. Às vezes é em um edifício. Estação de metrô. Um quarto do porão de uma biblioteca pública subutilizada. Uma vez eu ouvi que foi em um banheiro de bar.

É sempre no Brooklyn, no entanto. Cidade natal verdadeira de Ark. E é por isso que eu concordei em fazer a leitura de hoje. Eu esperava contra toda a esperança que ele iria me encontrar e me deixar voltar para o seu mundo secreto.

O motorista sai e caminha para abrir minha porta. Tomo sua mão enquanto ele me ajuda. Eu me afasto, mas ele segura mais apertado.

— Está com gelo, senhorita Marshall. Fui instruído para me certificar de que você não escorregue nas escadas.

Eu olho para onde ele está apontando. Uma escada externa que parece que foi recentemente limpa, mas a neve é grossa e já se acumulando novamente.

Minhas sandálias de tiras não foram colocadas com isso em mente. Então eu mantenho a preensão da mão do motorista até chegar ao fundo depois de uma descida precária.

Ele me deixa na frente de uma porta de metal velha, e, em seguida, ele puxa e ela se abre.

Eu entro e fecho a porta atrás de mim.

A sala parece grande e longo, mas é difícil dizer, porque há apenas um pequeno projetor que brilha do teto.

Estou fascinada com a imagem que está iluminando na parede. Eu ando para frente, passando pela escuridão, e para a luz. E eu só olho para a imagem de JD. Seus olhos azuis. Seu cabelo loiro e queixo desalinhado. Seu sorriso encantador.

A fotografia sem moldura é o tamanho de uma janela de imagem. Seu rosto é tão grande. Tão feliz. Tão familiar. E tão real.

Meus dedos se esticam até que eu possa tocar seus lábios. E então eu ando para frente, com os braços espalhados, e eu pressiono o meu rosto para o dele. Minhas mãos envolvem ao redor das bordas da tela em uma tentativa desesperada de o puxar para o abraço que ele merece.

E eu choro.

Eu choro todas as lágrimas que eu devo a ele.

Elas caem pelo meu rosto como rios.


Capítulo cinquenta e dois

Jake

 

Quando vi o anúncio no jornal do bairro que Zoey Marshall ia fazer uma leitura em Brooklyn, eu sabia que era hora. Eu sabia que ela estava vindo para mim.

Dois anos eu a observei de longe. Dois anos de pesquisas intermináveis na internet, voos de última hora para tentar pegar um vislumbre dela em uma cidade antes de ela sair, seguindo seu blog, e seu Facebook, e seu Twitter. Eu queria manter essa conexão, alguma maneira que eu poderia enquanto ela se curava.

Eu assisti a sua história ser jorrada na TV no início. Seu pai tentou fazer ela falar, é claro. Zoey Marshall não faz aparições públicas. Pelo menos, não até hoje.

Dezenas de milhares de pessoas compraram o livro. Enquanto ela nunca fez uma declaração pública na TV ou fez uma entrevista, ela estava sempre a um clique de distância em seu blog, onde ela teceu uma história sobre seu ano sabático fictício em uma tribo na floresta tropical brasileira.

JD não vendeu os filmes. Ele os apagou. Nunca ninguém veio dizer que essa é verdadeira história de Zoey Marshall.

E mesmo que eu sei que ela fez parte da história do romance para nos tornar mais romântico, todas as coisas importantes são verdadeiras.

Nós estávamos apaixonados.

JD está morto.

As pessoas foram salvas.

A vida continua.

Eu voltei para ver Ray algumas vezes. Jax pensa que eu sou louco, mas o FBI passou por seus registros por quase um ano e nunca encontrou nada errado. Ray era tão pra cima como um magnata da pornografia pode começar. Ainda está.

Public Fuck América nunca foi ao ar, obviamente. Mas eu peguei todos os vídeos de JD. Eu tive que lutar com os de Blue. Jax se certificou de que as provas, incluindo os vídeos e contrato que ela tinha com Gabriel, desaparecessem.

Eu mantive tudo o que era meu.

Nós destruímos o resto.

Havia muitas provas. Não de Gabriel. Ele sangrou até a morte no chão de concreto do meu sótão naquela noite. E essas provas tinham muitas ofertas. Ninguém saiu, nem mesmo o bando de esposas. Os acordos foram feitos para manter a reputação de Blue intacta. E agora que ela escreveu o livro, é uma espécie de tampa em si. Uma jogada brilhante, na verdade. Ela fez ficção na história. Ninguém nunca vai acreditar que é verdade.

Minha galeria transitória tem crescido através do boca a boca gerado de forma a garantir que as pessoas em seus círculos - sua editora, seu agente, sua assessora, seu editor - tudo sabiam sobre ele.

Eu vivi cada momento dos últimos dois anos com ela em mente.

Então, quando o texto veio através de que ela entrou no carro, meu coração bateu descontroladamente com antecipação. Ela não está indo para um show transiente em algum prédio abandonado e sombrio. Ela está vindo para minha casa. A minha galeria pessoal onde tenho trabalhado ao longo dos últimos 26 meses para criar a exposição perfeita.

E não por coincidência, ele é chamado Um, Dois, Três.

Uma menina perdida.

Dois melhores amigos.

Três almas gêmeas eternas.

O motor em marcha lenta de um carro do lado de fora quebra minha concentração e me levanto. Eu endireito meu paletó, e minha gravata, me certificando de que está apertado.

Seus sapatos tocam nos degraus de concreto. Eu imagino a mão que está sendo segurada por meu motorista, Matthew, e, em seguida, a porta se abre com um rangido.

Ela é iluminada pela luz do lado de fora por um breve momento, e, em seguida, a porta se fecha atrás dela e ela permanece nas sombras.

Mas só leva um momento para ela ver JD. É difícil não ver, desde que eu o coloquei um foco de luz sobre sua cabeça. É a minha foto favorita de JD, tirada quando ele estava sentado do lado de fora no nosso terraço quando nos mudamos para o loft.

Foi um bom dia. Um dos melhores. Éramos ricos. Ele estava feliz. Eu estava convencido de que tínhamos passado pela coisa mais difícil que ele já tem que passar. Ele estava melhor. Ele estava bem de novo. Ele foi salvo.

Acontece que a salvação não é mais permanente do que qualquer outra coisa nesta vida.

Mas se eu o pude salvar uma vez, eu poderia fazer novamente.

Blue estende a mão para tocar seus lábios e, em seguida, ela abre os braços e abraça a foto. É quase tão larga quanto seus braços, mas não completamente. Há espaço apenas o suficiente para ela agarrar as arestas e colocar seu rosto nos dele.

— Você veio, — eu digo, saindo das sombras.

Ela se vira para me encarar, enxugando as lágrimas de seus olhos. — Eu te devia uma história. Então eu escrevi uma história.

Eu ando para frente e pego a mão dela. — Eu amo a sua história.

Ela começa a chorar novamente. — Por que você me deixou? Depois que tudo acabou eu pedi a eles para me dizer onde você estava, mas eles se recusaram.

Eu a levo em meus braços e a abraço apertado. Sinto o cheiro de seu cabelo e fecho os olhos. — Eu saí porque eu te amo. E você estava certa.

Ela se afasta e olha para o meu rosto, seus olhos azuis cheios de lágrimas. — Eu estava errado sobre tudo.

— Não, — eu sussurro. — Você disse que eu não estava por inteiro naquela noite. E você tinha razão. Eu não estava. Eu não estava por inteiro em nada. Não no trabalho, não em JD, não no negócio, nem mesmo em você. Então eu tive que te deixar ir, Blue. Porque você merece coisa melhor do que isso. Você merece o tipo de amor que não tem condições. Você merece o tipo de amor que é gratuito. Você merece devoção. Então eu saí para que eu pudesse encontrar uma maneira de te dar todas essas coisas.

E então eu enfio a mão no bolso e tiro um controle remoto. — Clique, Blue.

Ela chega para o pequeno plástico branco com uma luz vermelha piscando. — O que é isso? — ela olha para mim com total confiança e eu sorrio.

— Meu investimento.

E então eu pressiono seu dedo e as luzes se acendem.


Capítulo cinquenta e três

Blue

 

Estamos em todos os lugares. Nossos rostos no papel na parede, iluminados como os anjos que queríamos pensar que éramos, e não os demônios que sabemos que somos.

Eu. JD. E Ark. Três pessoas que tropeçaram um no outro na chuva.

Estamos na banheira, o vapor obscurecendo os nossos rostos, mas não as nossas intenções. Nós no terraço, com as mãos entre as minhas pernas, a boca aberta em um gemido que você pode ouvir através do tempo e papel. Nós, nós, nós. Em todos os lugares.

Eu ando até a linha de fotografias, estudando cada uma, me lembrando do dia em que foram tiradas, o sorriso relutantemente surgindo a cada momento que passa. — Nós estávamos apaixonados, não é? — pergunto a Ark.

— Nós ainda estamos, baby. Ainda estamos.

Meu queixo treme e quando eu olho para ele, ele acena com a cabeça, como se reafirmasse essa declaração mais uma vez. Ele coloca uma mão na parte inferior das minhas costas e me puxa para frente. Eu dou pequenos passos para que eu possa ver cada imagem. A maioria deles são em preto e branco. Estamos nus. Nós estamos nos beijando. — Há mais de JD e eu do que com você. — eu suspiro. — Você sempre esquecia o tripé.

— Eu sei, — diz Ark. — Mas eu não vou cometer esse erro mais. — eu dou a ele um olhar estranho quando damos um passo para a escuridão. A extremidade da linha de fotografias. — Eu não posso dar ao luxo de deixar os momentos escorregarem. Então eu tiro fotos todos os dias. Quero registrar cada mudança.

E então ele chega até o pequeno controle remoto na mão e clica mais uma vez. O lado oposto da sala se acende, as fotos na parede não são nossas.

Eles são de uma menina.

Eu sei que ela é no segundo que eu olho em seus olhos azuis. Mas, mesmo eu não a conhecendo, o charme no sorriso dela me dá a resposta.


Capítulo cinquenta e uatro

ARK

 

— O nome dela é Paige.

Blue encara minha filha de seis anos de. A filha de JD.

— Seus pais foram para a cadeia, e uma vez que JD tinha me alistado como parente mais próximo em todos os seus documentos legais, eles me deixaram a adotar. Ela é a minha vida inteira, Blue. Ela apaga todos os erros.

Blue vai até a maior imagem e toca o rosto da minha menina. — Ela é linda.

— Ela se parece com ele, você não acha?

Blue assente e, em seguida, ela se vira. — O que aconteceu? Essa noite passa pela minha cabeça todos os dias. Por quê? Por que ele fez isso?

Eu só posso dar de ombros. Tiro o corpo fora e eu sei disso. Você está dentro agora, eu me lembro. — Ele estava doente, Blue. Ele estava doente desde o dia em que o conheci. Maníaco-depressivo. Bipolar, o que você o quiser chamar. E a culpa que ele tinha... — eu balanço minha cabeça. — Ele é o único que ouviu falar sobre os vendedores de bebês. Ele é o único que fez Marie ir trabalhar para que eles pagassem por seu vício em drogas. Ele é a pessoa que entregou o bebê. Ela desapareceu no mesmo dia que o bebê. E eu só posso supor que eles são os únicos que a mataram, mas nós simplesmente não sabemos. JD disse que ela se matou porque ele a fez vender o bebê. Ele não poderia viver com a culpa.

Blue vai até mim e eu a envolvo em meus braços. — Eu não o pude salvar, mas eu poderia salvar Paige, trazendo ela de volta. Eu quis te ajudar, indo embora e deixando você descobrir quem você é e o que você quer. E quis me salvar me afastando dessa vida e começando um presente.

— Eu amo você, — diz ela.

Eu engulo em seco e dou meio passo para trás. — Então fique comigo, Blue. Me deixe te amar de volta do jeito que você merece ser amada. Você não precisa de mim para te salvar. Eu não preciso de você para me salvar. Ela não precisa de nós para a salvar. — a imagem de Paige na parede muda.

Blue hesita, e, em seguida, me olha nos olhos. — JD estava certo e você estava errado, você sabe.

— Estava muito errado. Mas por favor, não use isso contra mim.

Ela sorri e coloca suas pequenas mãos em minhas bochechas ásperas, pressionando contra a minha pele. E então ela sobe na ponta dos pés e me beija. — Você estava errado sobre o lema das suas costas, Ark. Tudo deve vir em grupos de três. Especialmente nós. Porque um é onde tudo começa. Dois é só meio caminho andado. Mas três... — ela se levanta para me beijar de novo e, em seguida, ela sussurra, — Três sempre foi o nosso final perfeito.

Eu seguro a mão de Blue e a levo até o elevador. Ela solta várias respirações profundas, traindo sua apreensão. Mas eu aperto a mão dela até que ela traz aqueles olhos azuis até encontrar os meus escuros. E então eu a beijo. Nossas bocas se unirem - hesitante no início, depois com mais paixão. Eu deslizo minhas mãos para cima ao longo de seu rosto e a dobro para o meu abraço. Ela recua, descansando a cabeça no meu peito, como se estivesse ouvindo batidas do meu coração.

— Eu sinto falta dele, — eu digo. Ela acena com a cabeça, mas ela sacode o choro silencioso. — Mas Paige... ela ajuda. Você vai ver.

Nós subimos até o topo e as portas se abrem para o meu apartamento na cobertura. Paige espera como uma dona de casa de pijama. Você só tem que olhar para ela para saber que JD ainda está aqui com a gente.

Paige se levanta e faz esta pequena reverência, ligando o encanto que vem dela naturalmente. — Eu conheço você, — ela sussurra.

Blue olha para ela, sua tristeza recuando diante dos meus olhos. E então ela enxuga as lágrimas e sorris. — Eu conheço você também, — Blue responde de volta em sua própria voz baixa. — Eu conheço você também.

E é assim que iniciamos. A nossa nova vida juntos.

Uma garotinha.

Duas almas gêmeas.

E três corações remendados.

Eu acredito agora. Eu posso ver isso com meus próprios olhos.

Tudo deve vir em grupos de três.

 

 

                                                                  J.A. Huss

 

 

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