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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


TO HATE ADAM CONNOR / Ella Maise
TO HATE ADAM CONNOR / Ella Maise

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

Biblio VT

 

 

 

 

A primeira vez que Zoe Clarke me viu, a minha mão estava enrolada no meu pau.
Infelizmente, não estava me masturbando. Se tivesse sido esse o caso, ela poderia ter achado isso sexy, ênfase no poderia desde que, nem todas as meninas acham isso fascinante, sem mencionar o fato de que teria sido estranho como merda ser apanhado se masturbando no banheiro de uma festa.
Gostaria poder dizer algo que iam adorar ouvir, algo excitante, em como foi amor à primeira vista ao invés de um encontro ao acaso, inesperado e estranho de um pau numa festa da faculdade, ou então que foi como um cena de um romance, em que batemos um no outro enquanto corríamos para as aulas na faculdade e os livros dela voaram das suas mãos e então eu ajoelhei-me para ajudá-la e quando as nossas cabeças bateram, olhamos nos olhos um do outro e o resto foi história.
Acho que vocês entendem o que quero dizer, algum tipo de cena sonhadora de um filme como isso, mas...foda-se não. Sei que soaria doce, e derreteria corações sempre que disséssemos às pessoas sobre o nosso encontro fofo, mas, repito, isso é um não.
Pelo contrário, como disse no começo, a primeira vez que os meus olhos focaram em Zoe Clarke e os dela focaram no meu pau, eu estava no banheiro, no meio de uma mijada enquanto conversava com o meu amigo.
—E porque você quer me ver mijar, de novo? — Perguntei ao JP, tentando entender sem sucesso porque tinha um espectador.

 


 


O canto do seu lábio curvou-se preguiçosamente e o seu olhar caiu para baixo enquanto eu abria o fecho. —Eu vejo disso o suficiente no vestiário, cara, não sinto falta. Eu estava falando sobre o Isaac, e foi você que não conseguiu aguentar até eu acabar. — Dei-lhe um olhar de lado que, ele ignorou e continuou. —Cara você devia ter lá estado. A forma como o treinador colocou a culpa nele depois de vocês saírem, não tenho certeza se ele voltará para praticar. Inferno, não sei se eu vou querer voltar, e eu não fiz nada. — Ele parou por um segundo ou dois. —Você quer apostar uma nota de 50 nisso? Você acha que ele irá?

Eu olhei para JP, que estava encostado na parede, olhos fechados, o rosto virado para o teto, parecendo completamente inofensivo e relaxado. Por norma, JP nunca era inofensivo, não no campo e muito menos numa festa.

Tendo em conta a forma como ultimamente o treinador estava trabalhando com a equipe no campo, não seria de estranhar que qualquer um dos rapazes quisesse estar lá, pelo menos não os que estavam em boa consciência. Mas, se você adora o jogo, você lida com o quer que joguem no seu caminho para chegar onde você sonha chegar um dia. Basicamente, seja grande ou vá para casa. Sempre o modo besta.

—Não apostarei. Se ele quiser isso o suficiente, ele estará lá.

Assim que as palavras saíram da minha boca, ouvimos alguém abrir e bater a porta fechada. Por um breve momento, a música explosiva e os gritos da festa lá em baixo abafaram tudo. Claramente, alguém irrompeu por aqui e você não estaria nada alarmado, desde que, seria uma estupidez esperar por qualquer tipo de privacidade numa festa de faculdade. Mas, quando olhei por cima do ombro para ver quem era a pessoa que não teve a paciência de esperar alguns minutos, vi que era uma garota segurando a porta e parecendo mortificada.

—Fique calma. Fique calma. Isto não é nada. É fácil. Eu nunca mais vou fazer novos amigos de novo. Você consegue, basta abrir os olhos e virar-se, droga.

A morena ainda tinha as costas voltadas para nós, a sua cabeça descansando na porta enquanto murmurava para si mesma.

Congelados no local, JP e eu olhamos um para o outro; ele encolheu os ombros, e eu assisti seus lábios esticarem num sorriso lento e arrogante. Ele parecia como se apenas lhe tivessem entregado um brinquedo novo e brilhante. Dando-me um aceno com o queixo e sorrindo, ele desencostou-se da parede e andou até à pobre garota.

—Você pode fazer tudo aquilo que quiser, querida, — disse ele, querendo assustá-la cuidadosamente.

Assim que JP falou, ela parou de murmurar, girou para nos encarar, e começou a fazer uma imitação muito boa de um veado preso nos faróis.

—Eu...

—Você...— JP continuou quando nada mais saiu da boca dela.

Eu estava me preparando para colocar o meu pau de volta nas calças, quando os olhos dela saltaram entre JP e eu durante alguns segundos, como se de repente ela estivesse chegado na lua e não soubesse exatamente como ela tinha ido lá parar. Depois os seus olhos caíram até á minha mão, que ainda estava ao redor do meu pau. O seu olhar voou de volta para o meu rosto e depois caiu para a minha mão de novo.

Posso dizer que ela estava lutando com um sorriso nervoso porque os seus lábios se contraíram. —Merda! Oh...isso é um...pênis, o seu pênis. Merda. — A voz dela mal se ouvia sobre a música abafada enquanto ela repetia o jogo do olhar mais algumas vezes. A cor drenou gradualmente do seu rosto já pálido.

—Você se importa? — perguntei, divertido pela maneira como os olhos dela estavam ficando grandes.

—Eu não...— ela começou depois fechou a boca enquanto encontrou o meu olhar. —O seu pênis...eu não, quero dizer...o seu pênis? Acabei de ver o seu pênis. Continuo vendo o seu pênis. Estou olhando diretamente para ele, e está mesmo no...

Encontrei o olhar divertido de JP e olhei de volta para a garota. —Não me diga que é o primeiro que você viu. — Virei para poder fechar o meu fecho e salvar a garota de ter uma crise completa.

Houve um gemido alto atrás de mim depois uma pancada que soou bastante como se alguém batesse repetidamente com a testa contra a porta; isso me fez sorrir.

—Eu não vi você antes aqui. Caloura, presumo? Você é fascinante, pequena caloura. Agora é a minha vez? — JP perguntou para o silêncio. —Se o pau do meu amigo faz você gaguejar assim, eu quero ver a sua reação quando verificar o meu. Preciso dizer: o meu é mais bonito que o dele, e grande também, e se quiser ter um gosto...

O gemido ficou mais alto, soando mais como um rosnado. —Nem sequer termine essa frase.

Eu ri.

JP não era exatamente o cara mais suave do planeta, mas aparentemente isso não significava que podia dizer merdas para as garotas da faculdade. Ele era um daqueles caras que atraía as meninas não interessa o que fizesse ou dissesse. Comparado a ele, eu era o oposto, eu tentei o meu melhor para não ficar distraído por elas. Ele dizia coisas malucas para elas, mesmo assim elas continuavam agarradas a cada palavra dele. Ele dizia salta e elas perguntavam Qual cama? Ele sendo um inferno de um jogador de futebol não perdia as suas oportunidades de foder alguém regularmente.

Não me entendam mal, eu tive a minha quota de garotas que adoravam chamar a minha atenção, mas cedo, por volta do jardim de infância, descobri que eu era do tipo de uma só mulher. Curiosamente, isso parece ser um outro motivo para as garotas se reunirem ao meu lado. Acreditem em mim, isto não é ser idiota ou pretensioso, parece simplesmente ser o caminho da vida quando você é um jogador de futebol que tem hipóteses de se tornar profissional. Nada tem a ver com o meu aspeto; francamente, Chris, o nosso quarterback titular é o bonitão da equipe, não eu.

Nós, os jogadores de futebol, somos praticamente catnip1 para as garotas da faculdade.

Eu abri a torneira para lavar as minhas mãos e olhei para a garota para ver a sua reação. Ela ainda estava de costas para nós, mas pelo menos já não batia com a cabeça.

Se JP estivesse prestes a ficar com o seu pau para fora para um espetáculo, eu estava fora dali. Colocar o pênis para fora com os meus colegas de equipe perto pelas garotas era onde estava meu limite na amizade.

Me dando um sorriso rápido e uma piscada, JP cruzou as suas mãos atrás das costas e debruçou-se até á orelha dela. —Boooo!

A garota encolheu-se, virando para o enfrentar, e deu um pequeno passo para trás quando percebeu que ele estava de pé muito mais perto do que tinha estado alguns segundos antes.

—Obrigado pela oferta, mas eu não quero ver nenhum pau, — ela afirmou, e depois começou andando para trás, ficando longe dele enquanto o meu amigo perseguia a sua nova presa.

—Ah, mas você iria gostar realmente do meu.

Quando não encontrei nada para secar as minhas mãos, eu as sequei nas minhas calças enquanto assistia a interação embaraçosa deles, até ela bater com as costas no meu peito, e soltar um pequeno grito.

—Essa é a minha deixa. — Olhei para baixo e vi que a sua cabeça se inclinou para trás e para a frente. Ela estava me olhando atentamente. Mesmo de tão perto, era difícil dizer de que cor eram os olhos dela, talvez verdes com manchas castanhas ao redor dos circulos nas pupilas.

Percebi que eu estava olhando para os seus olhos e facilmente vi como ela entrou em pânico, fiz uma careta, dei um passo trás, e olhei para JP. —Deixe-a em paz, cara. Vamos lá, vamos sair. — Antes que eu pudesse me afastar, a garota me enfrentou, agarrando o meu braço, e segurando-o apertado.

—Não...você não pode sair, — ela deixou escapar, surpreendendo JP e a mim. —Estou aqui por você.

Levantei as minhas sobrancelhas e enviei um olhar confuso para JP. Ele simplesmente encolheu os ombros. Ele ainda estava usando seu sorriso, um que dizia Estou muito intrigado enquanto, abertamente, examinava a bunda dela.

—Quero dizer, não estou aqui por você, — a garota explicou, e o meu olhar voltou para ela. —Mas eu vim aqui por você. — Ela apertou um pouco o seu nariz no processo. —Você sabe o que quero dizer? Provavelmente não. Eu o segui até aqui porque eu precisava perguntar algo a você. — A sua voz ficou rouca com pânico, mas ela continuou. —Quando disse que segui você até aqui, não quero dizer que estou te perseguindo ou algo assim porque isso seria uma loucura. Nem sequer conheço você, não é? — ela deixa sair uma gargalhada nervosa e aperta o meu braço desajeitadamente, e depois pareceu perceber que estava realmente me tocando. Ela retirou a sua mão e as pôs por trás das costas enquanto dava um passo para longe.

—Não que eu tivesse perseguindo você, como se eu o conhecesse, mas esse não é o ponto agora. Eu apenas...realmente, realmente preciso perguntar-lhe algo antes de fazer de mim uma idiota completa, e achei que a melhor maneira de fazer isso era quando você estivesse sozinho...e eu realmente achei que você estivesse sozinho aqui, e...

Não entendi nada do que ela estava dizendo, mas antes de poder responder, JP saltou. —Então, você está me mandando embora, não é? E eu aqui pensando que tivéssemos algo especial.

Ela olhou por cima do seu ombro para ele. —Sinto muito. Eu não vi você o seguindo para cá, e não percebi que este lugar era um banheiro. Se eu o tivesse visto, teria esperado lá fora. Não fazia ideia de que caras faziam esta coisa de ir ao banheiro juntos. Embora é doce que vocês o façam. — Os olhos dela encontram os meus antes de desviar o olhar rapidamente e dirigir-se para JP de novo. —Vai ser apenas um minuto, realmente, então você pode voltar a tê-lo só para você.

Ele arqueou uma sobrancelha para ela, mas por outro lado ficou quieto.

Ela olhou para mim, e o que ela viu no meu rosto a fez estremecer. —Sinto muito, isto soou mal, não foi? Não que ser gay seja mau ou qualquer coisa. Eu não deveria ter assumido. O meu amigo é gay, sei como é difícil quando as pessoas dizem as coisas mais estúpidas e quanto ele...

JP riu e balançou a cabeça. —Você deveria parar enquanto é tempo, garota. A minha oferta continua de pé se quiser vir me encontrar depois que acabar aqui com o meu garoto.

Depois disso, ele abriu a porta e me deixou sozinho com ela. Cruzando os meus braços sob o meu peito, relaxei contra o lavatório.

Ela virou novamente para mim, soltando uma longa respiração, e sorriu nervosamente. —Foi péssimo, não é?

—A coisa inteira, ou apenas a última parte? — Não pude evitar; sorri de volta para ela. Eu já tive algumas garotas fazendo coisas loucas para conseguirem a minha atenção para poderem entrar na minha cama, mas não pensei que isso fosse acontecer aqui.

Com uma careta no seu rosto, ela balançou a cabeça, os olhos caindo para o chão. —Eu apenas assumi que este era o seu quarto e que você estaria aqui sozinho e depois quando entrei, você tinha o seu...hummm... e depois ele estava aqui com você...— rapidamente seus olhos encontraram o meu olhar e depois desviaram para longe. —E a sua... coisa estava para fora, e depois disso tudo foi para o inferno.

Sim, ela não era do tipo que perseguia jogadores de futebol.

Ela soltou outra risada nervosa enquanto se afastava em direção à porta.

—Então, sinto muito? E...obrigado?

O meu sorriso aumentou mais. —Pelo quê?

Ela esfregou as suas mãos nas calças, balançou a cabeça, e simplesmente pareceu infeliz enquanto olhava para qualquer lugar menos para mim.

—Neste momento? Para ser honesta, não faço a mínima ideia. Obrigado por falar comigo? Por não me expulsar? Por me deixar ver o seu pênis? —

Seus olhos fecharam por conta própria e ela balançou a cabeça, dando alguns passos para trás, ergueu as mãos com suas palmas para cima, parando quando bateu na porta em suas costas.

—Eu não quis dizer isso assim, eu não tinha a intenção de ver o seu pênis ou algo do tipo. Eu lhe disse, eu nem sequer sabia que isto era o banheiro. Quer dizer, presumo que não era o seu melhor momento, então porque eu ia querer ver— a sua mão gesticulou para a zona da minha virilha, —o seu... isso... mais parecia como se você fosse um chuveiro em vez de um regador então isso deve ser... bom para você? Parabéns? Não que você gostaria que uma estranha o desse os parabéns sobre algo assim, mas você é um jogador de futebol, então talvez você goste de elogios?

Por alguns segundos, ficou um silêncio entre nós e eu não consegui esconder o meu sorriso. Agora que o meu pau não estava para fora e JP não estava conosco para dar em cima dela, olhei os seus traços: cabelo castanho emoldurado no seu rosto e chegando logo abaixo dos seus ombros, pele pálida, olhos grandes e inocentes que eram algo entre o castanho e o verde, eu ainda não tinha decidido, lábio inferior ligeiramente cheio, bochechas coradas pelo que eu presumi que era embaraço. E depois, havia outros aspetos, como os seus peitos tamanho C, que pareciam querer rasgar a sua t-shirt, de tão apertados que estavam, eu tinha olhos depois de tudo, a sua silhueta fina, e as belas fodidas pernas, não muito finas, não muito grossas, apenas perfeitas para o meu gosto.

Certifiquei-me de olhá-la nos olhos e em nenhum outro lugar enquanto passei as minhas mãos pelo meu cabelo curto. Tendo em conta onde a minha mente estava indo, não achei que fosse inteligente gastar mais tempo com ela no banheiro.

—Você me lembra a minha irmã, — eu disse, completamente do nada, chocando a ambos. —Você é um pouco tímida, não é? — Ela me lembra de Amelia. Quando ela estava nervosa, ela falava sem parar, também, divagava muito. Mesmo ela sabendo que ela não fazia muito sentido, ela não conseguia impedir a si mesma. Ser tímida era a única resposta que fazia sentido.

Ela riu e pareceu cair contra a porta. —Você estar me vendo como a sua irmã não é um bom presságio para mim, especialmente se você souber o que estou tentando pedir, não que você devia me ver como alguém que quisesse ou poderia...apenas esqueça isso. O que foi que eu fiz para que você tenha essa impressão? Espere, espere. — Ela levantou a mão. —Eu levo isso de volta também. Nem sequer responda a isso.

Novamente, um silêncio estranho roubou as nossas palavras, enquanto olhava para ela e ela olhava para o meu peito até que alguém empurrou a porta e a fez perder o equilíbrio.

Uma cabeça espreitou através da porta parcialmente aberta. —Ah, desculpe, cara. Não sabia que estava ocupado. — Ele empurrou a porta aberta mais alguns centímetros e olhou ao redor. —Voltarei depois que vocês acabarem. — Depois de me dar um aceno ele lentamente desapareceu.

Assim que a porta fechou, a minha morena, risca isso, a morena deixou sair uma respiração profunda e focou o seu olhar no meu.

Ela aparentava estar mais calma, mas com base na forma como ela puxava a sua camiseta, que tinha um Sorri para mim escrito com letras grandes negras, não teria apostado dinheiro nisso. Curioso como o inferno, esperei que ela continuasse.

—Quer saber, eu realmente fiz uma bagunça, então, neste momento, perguntar isto nunca... não, não pode piorar as coisas.

Já intrigado por ela, gesticulei com a minha mão para ela continuar. —Sou todo ouvidos.

Eu tentei o meu melhor para esconder o meu sorriso, ela tomou outra respiração profunda. —Eu preciso beijar você, — ela soltou rapidamente. Fechando os seus olhos, ela gemeu. —Esta não era a melhor maneira de dizer isto. Deixe-me tentar novamente.

Levantei a minha sobrancelha. —Você precisa me beijar.

—Preciso de, tenho que, eu quero dizer... isso é tudo a mesma coisa, certo? — Um rápido aceno. —Quer dizer, eu não quero beijar você, não realmente. Eu não o escolhi.

—Você não me escolheu.

—Não, eu não fiz. Não que você não seja bonito, você é definitivamente, de um jeito meio selvagem, o que até funcionaria para mim. Eu beijaria você se tivesse que fazer, mas você não foi a minha primeira escolha.

—Você está fazendo maravilhas para o meu ego. Prossiga.

—Okay, eu acho que talvez esta não fosse realmente a melhor maneira de falar disso. Deixe-me começar de novo e ver como vai seguir. A minha colega de quarto, Lindsay, meio que me arrastou, quase me obrigou, para vir aqui esta noite, para a festa, quero dizer. Ela acha que eu não estou vivendo as “experiências da universidade” ao máximo. Nós viemos, conheci os seus amigos, é o meu primeiro ano, e conheci pessoas novas, então isso é bom, certo? —

Sem esperar pela minha resposta, ela tomou uma respiração profunda e continuou. —Não, não é bom. Os amigos dela acham que eu não sou aventureira, porque não tendo falando muito quando estou num grupo grande e prefiro apenas ficar quieta.

—Prefiro fazer coisas como, observar, você sabe? Eu não gosto de ter muitos olhos sobre mim. De qualquer forma, você não quer saber disto, então bla bla bla, mais conversa, mais silêncio da minha parte.

Ela fechou os olhos e balançou a cabeça. Eu apenas fiquei lá, assistindo-a, ouvindo-a, esperando que ela acabasse a sua história. Eu realmente não podia sair mesmo que quisesse; ela era... era toda muito... cativante, essa é a palavra que eu estava à procura. Ela estava histérica e ainda assim ela era cativante como o inferno, uma lufada de ar fresco, por alguma razão.

—Então eles apostaram, tipo desafiaram que eu não conseguia beijar um cara qualquer. Eu disse que sim apenas para eles pararem de falar sobre mim, porque o que eles iriam fazer? Esperar que eu desse seguimento a isso? Nós estamos no jardim de infância? Pffff.

—E, está tudo bem, fiquei um pouco ofendida, mas eles meio que tem razão. Não sou aventureira ou espontânea. Nem beijo caras aleatórios, também. Eu nunca fiz isso, mas achei que fosse bem fácil. De qualquer forma, eles disseram que eu não teria coragem para beijar o cara que eles queriam que eu beijasse, porque aparentemente isso também é uma coisa da faculdade, ser ousada, fazer apostas, beijar pessoas aleatórias...

—Caramba, — eu disse antes de ela continuar, e ela levantou os olhos para mim. Foi a minha tentativa fraca de ter certeza que ela tomaria uma respiração profunda antes de desmaiar. —Parece ter muitas coisas sobre a faculdade que eu não sabia, e nem sequer sou um calouro mais. Eu também nunca beijei uma garota qualquer antes, nem sequer sabia que era um requisito. — Eu na realidade tinha feito, mas ela não precisava saber disso. Eu já beijei garotas aleatórias algumas vezes, especialmente depois de um bom jogo quando todos têm a adrenalina correndo alta, mas nunca tive a urgência de beijar uma garota aleatória só por beijar. Talvez eu só não tenha visto a garota aleatória certa porque naquele exato momento, eu podia ver o apelo.

—Veja! — ela exclamou, e o seu corpo relaxou um pouco mais. —Foi o que eu disse. De qualquer forma, estamos chegando à parte dolorosa, então eu vou avançar. A minha colega de quarto, Lindsay, agarrou este pobre rapaz que estava passando com os seus amigos e disse para eu beijá-lo, então eu fiz, só um pequeno beijo, isso não é nada, certo? Eu nem sequer toquei no rapaz, apenas inclinei-me para cima e encostei os meus lábios nos dele. Foi muito anticlímax, na verdade, e desde que bebi um pouco de cerveja...— ela levantou três dedos, presumivelmente indicando o número de cervejas que ela bebeu, depois enfiou o cabelo atrás da sua orelha direita.

Eu estudei os seus lábios, toda esta conversa sobre beijos, e ela tinha aqueles lábios rosa lindos, brilhantes... —Eu não senti nada, — ela continua. —Nem borboletas, nem nada. O cara nem pareceu chateado sobre isso, desde que ele tentou um segundo beijo mais longo.

Aposto que não, pensei. Aposto que o bastardo sortudo não estava chateado com isso.

Ela começou falando ainda mais rápido, tornando quase impossível seguir o seu raciocínio.

—Mas depois a amiga de Lindsay, Molly, apontou para você. Você estava falando com alguns caras no outro lado da sala, e ela me desafiou a beijar você. O que você tem de tão especial, não faço ideia. — Eu abri a minha boca, mas ela levantou a sua mão e continuou sem uma pausa. —Então, eu tinha que dizer que sim eu conseguia porque eu não sou boa em desafios e apostas. Eu chego a ser um pouquinho competitiva. Desde que eu consegui um beijo apenas do último cara, eles desafiaram-me a sair com você. De novo, eu não sei se você é uma espécie de idiota ou algo assim, mas acho que você tem algo que o torna especial o suficiente para que eles insistam tanto. Talvez você seja o tipo delas, eu não tenho a mínima ideia. Pedi a eles para me darem alguns minutos e segui você até aqui para que eu pudesse pedir a sua permissão antes de eu atacar você na frente de todos ou pelo menos tentar atacar você na frente de todos para, basicamente, sugar o seu rosto. Agora, depois do que vi...só para ter certeza... você não é gay, certo? Porque se é por isso que eles insistiram tanto...é cruel.

Quando ela ficou olhando para mim com expectativa, eu me endireitei e esfreguei a parte de trás do meu pescoço.

—Isto provavelmente vai soar como uma mentira para você, mas... — Como posso dizer isto? —Por mais que adoraria ajudar você com o seu desafio, eu tenho uma namorada. — Tínhamos saído só uma vez, mas ainda assim... —Ela está atrasada para chegar aqui, mas provavelmente já está lá fora, e eu acho que deveria...

—Ah. Oh. Oh, claro. Está tudo bem.

Eu vi os seus olhos saltarem para todo o lado, o só mudou em minha direção uma ou duas vezes, e mesmo assim, só por um segundo. Depois, sem qualquer aviso, ela alcançou a maçaneta, abriu a porta, e saiu.

—Eu de verdade sinto muito, você sabe, — ela começou, a sua voz ligeiramente mais alta numa tentativa de ser ouvida sobre o tumulto que estava acontecendo lá fora. Os seus olhos caíram até às minhas calças e voltaram para os meus olhos. —Sobre isso... e todo o resto. Toda esta noite foi bizarra... bizarra e estúpida. Eu apenas vou embora, e... — Mais um passo para longe. —Sim. Sinto muito, — ela repetiu, os seus olhos focavam no meu ombro em vez dos meus olhos enquanto andava para trás.

Foi quando percebi que os seus olhos estavam molhados. Ter uma irmã me ensinou uma ou duas coisas sobre garotas, e eu sabia que está em específico estava a segundos de chorar.

—Espere. Ei, espere! — gritei, rapidamente andando atrás dela antes que ela desaparecia.

Ela olhou de volta para mim sobre os seus ombros sem parar.

—Qual é o seu nome? — gritei alto.

Ela me deu um pequeno sorriso, algo entre tristeza e horror, enquanto eu assistia a sua primeira lágrima deslizar. Depois ela sumiu, desaparecendo na multidão antes que eu a pudesse a alcançar.

Por que eu queria saber o nome dela, porque meus olhos a procuravam de vez em quando a noite inteira ... naquela época eu não sabia.


Capítulo 2

Zoe

Um ano mais tarde

A segunda vez que Dylan Reed me viu, eu estava tentando desaparecer no ar. Se nós não fizéssemos contato visual, se eu não o conseguisse ver, ele também não conseguia me ver, certo?

Bem... aparentemente, não é assim que funciona.

Um ano antes, quando eu tinha feito papel de tola por completo, eu nem sabia o nome do cara, e isso tornava mais fácil esquecer a coisa toda. Se ele fosse apenas um cara sem nome que eu encontrei aleatoriamente em uma festa da faculdade, sem dúvida, um muito, muito sexy, teria ficado tudo bem, mas não, não estava. Claro que não, as coisas nunca foram tão fáceis para mim. O cara que as garotas do ano de caloura escolheram para eu beijar era um dos craques da equipe de futebol, um grande receptor, uma estrela que aparentemente era um dos poucos jogadores que esperavam que conseguisse chegar à Liga de Futebol, o que o fez muito popular ao redor do campus. Claro, é um campus grande, mas não grande o suficiente para eu evitá-lo para sempre.

Depois de um longo dia de aulas, eu estava no caminho do meu apartamento quando o vi, bem, mais como os vi. Ele tinha três dos seus amigos com ele, eu sabia que pelo menos um deles era um companheiro de equipe: o quarterback, Christopher Wilson.

Quem os outros eram, eu não faço ideia. No entanto, Christopher Wilson... ele era o grande homem no campus, como a maior parte dos quarterback´s sempre parecem ser.

Eu sabia isso, e talvez soubesse um pouco mais sobre ele. Não era tanto quanto eu gostaria de saber, mas eu sabia algumas coisas. Assim, naquele momento, ao ver Chris nem sequer registrei na minha mente. A pessoa que caminhava ao lado dele tinha toda a minha atenção.

Dylan Reed, todo o 1 metro e 92 centímetros dele.

Rindo por algo que os seus amigos disseram, ele estava a uns doze, dez metros de distância, andando diretamente na minha direção.

Eu parei de andar, apenas congelei olhando para ele. Alguma garota bateu em mim, se desculpando e eu nem sequer consegui responder. Estava paralisada no meio do campus, o meu estomago caiu, e eu senti o sangue deixar o meu rosto.

Não.

Eu não quero que ele me veja neste momento. Eu não tenho maquiagem, estava funcionando com três horas de sono. O meu cabelo estava numa trança muito, mas muito bagunçada que nem sequer realmente parecia ser mais uma trança porque parecia mais como uma briga com um corvo raivoso e que eu perdi, as minhas roupas... nem me lembrava do que diabos eu tinha vestido e não podia olhar para baixo e ver. O mais provável, era eu não estar usando nada de espetacular de qualquer forma. Bem, eu não quero que ele me veja de novo, ponto final.

Nove metros.

Olhando para ele, perdi uns segundos preciosos que poderia ter usado apara fugir, eu sabia disso porque eu tinha conseguido fazer isso com sucesso antes. Nesse dia, eu estava entorpecida demais para fazer qualquer coisa além de vê-lo se aproximar. Talvez fosse a falta de sono que me fez ficar presa no lugar, ou talvez foi o modo como ele caminhou, o modo como os seus ombros se moviam e...

Para com isso!

Ele ainda não tinha me visto, o seu rosto estava para baixo, ouvindo os seus amigos.

Oito metros.

Pensei que talvez se eu ficasse apenas aqui onde estou, fechando os meus olhos e sem fazer nenhum movimento, que ele caminharia à minha volta e isto acabaria em segundos, apenas mais uma das minhas ideias brilhantes.

Ou melhor ainda, talvez ele não me reconheça. Para ser honesta, era uma possibilidade muito forte. Afinal, quem sabe quantas garotas se atiraram a seus pés todos os dias? O mais provável, era que ele tinha se esquecido da garota estranha no banheiro na festa, também conhecida como eu, no dia seguinte.

Seis metros.

Ele estava vestindo uma Henley de manga comprida cinza que mostrava quão grandes os seus braços eram e eu quero dizer grandes, essa foi uma das coisas que me lembro especialmente daquela noite, o que pode ter alguma coisa a ver com o fato de eu ter uma queda por braços forte e grandes, mas a questão não é essa.

Esses mesmos braços estavam ligados aos mesmos ainda melhores ombros. Ele tinha um cabelo castanho curto, que não funcionava para todos, mas em Dylan Reed... nele, funcionava maravilhosamente. Ele tinha características fortes e viris. Eu não conseguia ver os seus olhos, mas sabia que eram azuis, para ser mais específica, azuis-escuros como o oceano. Um ano antes, eu olhei para dentro deles por vários longos segundos. A sua mandíbula era afiada, as bochechas fortes, lábios tão cheios que não podia parar de pensar como se sentiriam contra os meus próprios lábios.

Cinco metros.

O seu nariz deve ter sido quebrado em algum momento, porque lembrei-me de pensar que era algo que o diferenciava. Você não era capaz de dizer à distância, mas como eu disse, eu já estive mais perto dele, e olhei para dentro dos seus olhos por um ou dois segundos e depois foquei em outra coisa além dos seus olhos. Aquele nariz um pouco torto acrescentava ainda mais personalidade à sua já perfeita aparência.

Imaginei que era bastante fácil quebrar o nariz sendo jogador de futebol, talvez tenha quebrado mais do que uma vez. Ele não era bonito, eu não usaria essa palavra especificamente. Você pode até não lhe chamar de tradicionalmente bonito, mas certamente ele era impressionante. Ele tinha carisma, confiança. Ele parecia forte e grande e talvez um pouco duro, também, mas mais do que tudo, ele parecia sólido. Sim, esse era uma maneira de descrever Dylan Reed. Eu não estou nem falando no sentido físico, apesar de ser sólido a esse respeito. Ele não era um cara que você podia esquecer facilmente.

Ele levantou a cabeça e fez contato visual comigo. O grande sorriso que ele estava ostentando lentamente sumiu do seu rosto.

Morta.

Apenas cheia de ideias brilhantes naquele dia, eu calmamente suspirei, virei-me, e tipo comecei andando rápido enquanto amaldiçoava para mim mesma, não foi o meu melhor momento, como podem imaginar.

Se acalme, sua rainha do drama.

—Ei! Você! Espere um pouco! Ei!

Não. Nop. Não vou fazer isso.

Apenas no caso de ele estar gritando comigo, e eu tinha a certeza de que ele estava, fechei os meus olhos o mais forte que pude, como se isso me a ajudasse a ficar invisível, e apressei os meus passos, que foi como me vi batendo nas... pessoas. Pessoas, como múltiplas. Claro que sim. O que esperava com a minha sorte?

Eu não caí em minha bunda, e foi o meu único aspeto positivo. Quando o grupo que eu.. hummm... bati, olhou para mim com os olhos arregalados, engoli o meu pedido de desculpas apressado.

—O que você fez? — Um deles sussurrou antes de olhar para o chão.

Pensando que talvez estivessem exagerando um pouco, segui o seu olhar e descobri que não só os meus livros estavam espalhados por todo o lado, como também havia uma maquete arquitetônica caída de lado no meio da confusão que o meu material tinha feito. Também não era uma coisa feita de papel, ah não. Parecia ser feita de madeira, e era enorme... grande o suficiente para que fosse impossível uma pessoa carregá-la sozinha... daí o grupo de quatro pessoas.

Esquecendo-me por completo porque estava nessa bagunça em primeiro lugar, caí de joelhos e estendi a mão para a estrutura redimensionada.

—Eu sinto muito. Realmente, posso ajudar...

—Não toque nisso! — Gritou o mesmo cara que falou um segundo antes, enquanto batia na minha mão, na verdade esbofeteou-a. Surpresa, a segurei contra o meu peito. Ele não me machucou nem nada, mas, nem conseguia lembrar da última vez que a minha mãe tinha batido na minha mão por tentar roubar comida da mesa.

Enquanto os outros se agachavam para ajudar o seu amigo, que continuava a resmungar, devo acrescentar, eu rapidamente olhei ao redor para ver que tínhamos público. Ótimo. Simplesmente perfeito; eu sempre achei que um rosto vermelho faz maravilhas para a minha pele. O lado positivo era que Dylan Reed não estava à vista, e não podia deixar de sentir um alívio passar por mim.

—Droga! Você quebrou a porta.

—Eu sinto muito, — eu repeti, num volume mais baixo desta vez, mas os caras continuaram me dando olhares de raiva. Pelo que vi, não havia danos reais, além da dita porta, claro. Quando eles escolheram me ignorar, eu tentei focar nas minhas anotações e livros espalhados no chão. Felizmente, eu deixei a minha câmera no laboratório neste dia, caso contrário não tinha a certeza se teria tido tanta sorte como o modelo do edifício.

—Espero sinceramente que não tenha... — Reparei que os caras se endireitaram, segurando o edifício muito gentilmente entre os quatro. Eu não tinha conseguido acabar a minha frase quando recebi um último olhar de morte antes deles andarem ao redor de mim e saíssem.

Ainda de joelhos, eu suspirei. Que grande final para o meu dia de merda.

—Não se esqueça deste, — disse alguém à minha direita. Congelei de novo, o meu coração aumentou a velocidade.

Os meus olhos lentamente seguiram a grande mão que segurava um dos meus livros de história de arte de cabeça para baixo, e depois eles continuaram a seguir o longo braço até aqueles ombros espetaculares, finalmente chegando até ao olhar divertido de Dylan Reed. Todo o falatório dos estudantes passando ficou entorpecido. Fechei os meus olhos em derrota e curvei a cabeça. Tanto para tentar fugir,

—Oi, — ele disse, tão simples, calmo e suave.

Enquanto o meu coração estava fazendo um movimento estranho no meu peito, eu tentei levantar do chão, apenas para perder o equilíbrio. Dylan pegou no meu cotovelo e me endireitou antes que eu pudesse tombar.

—Obrigado, — murmurei, olhando para longe de seu rosto quando ele soltou o meu braço e deu um passo muito apreciado para trás. Limpei a minha garganta, como se isso fizesse alguma diferença. —Oi.

Deus, eu estava tão envergonhada. Não só perguntei se podia beijá-lo como uma estudante do ensino médio quando ele tinha uma namorada esperando por ele do lado de fora só porque eu não podia desistir de um desafio, como eu também tinha visto o seu pênis... embora ver um pênis não era assim tão mau. Muito pelo contrário, na verdade. Eu gostava de olhar para um bom pênis; que garota não sonha? Mas em cima de tudo isso, agora ele me viu arrasar uma peça de arquitetura.

Quantas vezes eu vou fazer papel de idiota na frente desse cara?

—Oi, — ele repetiu, estendendo o meu livro de novo. Murmurei os meus agradecimentos, agarrei-o, e finalmente levantei a cabeça para ver um sorriso contagioso nos lábios dele. Isso transformou completamente o seu rosto. Aquelas linhas fortes e afiadas se suavizaram, e se ele parecia incrível antes, quando ele sorriu daquele jeito... isso me fez querer ser a razão disso, o que o fez simplesmente irresistível. Os meus próprios lábios se contorceram na sequência, e eu podia sentir as minhas bochechas aquecerem sobre o seu olhar penetrante.

—Bem, ei.

—Você não me disse o seu nome, — disse ele, com o seu sorriso marcante.

Forcei o meu olhar para longe do seu olhar curioso. —Oh? — Afastando-me lentamente, decidi que era melhor agir como se eu não soubesse do que ele falava e simplesmente comecei andando de novo.

—Você se lembra de mim, certo?

Senti que era uma boa hora para começar uma caminhada, queimar algumas calorias, ficar longe de pessoas. A minha fuga não foi assim tão fácil embora, ele me seguiu, andando para trás, acompanhando-me, estudando-me.

—O ano passado? No final do primeiro semestre, numa festa grega, não se lembra qual. — Eu enviei-lhe um olhar rápido, apavorado, depois desviei o olhar apenas mais rápido quando percebi que ele estava me estudando atentamente. —Você sabe, eu estava no banheiro, então você veio e me perguntou se...

—Ahhh, agora eu lembro. — Sua pequena mentirosa. —Sim. Sim, claro. Oi. — A minha voz saiu num resmungar. Eu ri um pouco desajeitadamente. —Tantas festas naquele ano, não me lembrava no início. — Mentalmente, eu rolei os meus olhos para mim mesma. Eu estive em três festas, talvez, e isso era um grande talvez. —Como tem passado?

—Estou bem, ótimo na verdade, agora que finalmente a vi de novo.

Ele estava me zoando? Acelerei o meu passo. Ele estava lá comigo.

—Eu sou o Dylan, — ele disse quando viu que de fato eu não ia dizer mais nada. —Naquela noite, tentei alcançar você, mas você desapareceu. Num segundo você estava lá, e no seguinte você já não estava.

Eu lhe dei outro olhar. Eu deveria acelerar o meu passo mais uma vez, mas pensei que seria ainda mais embaraçoso e simplesmente estranho se começasse na verdade a correr, e de qualquer forma, não é como ele não pudesse me alcançar sem nem sequer suar.

Eu era um misto de riso e choque. —Essa sou eu, — eu disse com uma alegria falsa. —Eu estou lá e depois não estou. Eu existo, mas realmente não.

Estranha. Estranha. Estranha.

—E, eu sei o seu nome, todo mundo sabe seu nome. — Eu parei de falar então pude respirar por um segundo. —Eu estava um pouco envergonhada, como pode imaginar, na verdade, muito envergonhada. — Se eu não vomitasse sobre ele nos próximos minutos, eu sabia que estava segura.

—Se eu não estou envergonhado com o que você viu...

Enviei-lhe um olhar de pânico.

—Você não tem nada que se envergonhar daquela noite, também, — ele continuou rapidamente, e então ele sorriu. —Eu não estou envergonhado, apenas no caso de você estar se perguntando.

O seu pênis... eu tive o privilégio de ver o seu pênis, o pênis que ainda podia visualizar se fechasse os olhos, não que eu ficasse sentada e imaginasse seu pênis na minha mente ou qualquer coisa assim... Se eu quisesse ver um, eu podia facilmente pedir ao meu namorado para o mostrar, embora ainda não tenha feito isso.

O tom dele me fez o olhar. Ele tinha que falar nisso? Porque ele estava sequer falando comigo? Para fazer eu me sentir ainda pior? E onde estavam os seus amigos? Chris?

Dei-lhe o que esperava que fosse algo perto de um sorriso em vez de uma careta e fiquei calada.

—Você vai dizer o seu nome, certo, Flash? — Eu o vi olhar em volta e focar o seu olhar de volta em mim. —Quero dizer, há muitas pessoas, e você provou ser rápida, eu admito, mas eu sou muito bom com os meus pés, e desta vez, agora que sei o que procurar, eu alcanço você, sem problema.

Oi Dylan, conheça a humilhação em carne e osso.

—Flash? — Eu perguntei, confusa.

Ele sorriu. —Você está lá e logo depois não está?

Ele estava repetindo as minhas palavras.

Limpando a minha garganta, eu ignorei o salto mortal do meu coração. Eu tenho um apelido. Ele me deu um apelido.

—É Zoe.

Lá está aquele sorriso de novo.

Ele tentou o meu nome nos seus lábios. Fascinada, assisti ele fazer isso. —Zoe. Hmmm. Ok, então, Zoe. —

Um sorriso.

Que bom.

—Estou um pouco atrasada para... um lugar, então...

Nunca ninguém morreu por algumas mentiras inofensivas.

—Ainda um pouco tímida, hein? — ele disse baixinho, o seu sorriso um pouco menor agora, mais íntimo.

Eu movi a minha trança que mais parecia um ninho de pássaro do meu ombro esquerdo para o meu direito, pensando que ter uma barreira entre nós não seria a pior coisa do mundo.

—Temo que seja uma coisa permanente.

Como se ele soubesse que eu estava tentando me esconder atrás do meu cabelo, ele riu. —Eu vou deixar você ganhar desta vez. Preciso voltar para o treino de qualquer forma, não posso me atrasar ou o treinador vai me matar.

Eu tranquei o meu olhar com o dele e sem mais nem menos esqueci porque diabos eu estava tentando fugir. Estava na verdade um pouco desapontada que ele estava indo embora? Que estupidez a minha.

Desvie o olhar, Zoe. Não olhe para aqueles olhos.

Ele levantou a mão para esfregar o pescoço e quebrou o contato visual. —Sim. Ok então. Foi bom encontrar você, Zoe. Talvez poderíamos fazer de novo um dia desses?

Eu miseravelmente sorri um pouco para ele, mas mantendo a minha boca fechada. Eu não gostava de mentir para alguém, nem sequer para um estranho, a não ser que precisasse.

A coisa toda, toda a nossa interação era uma tortura para mim, do início até ao fim. Tenho certeza de que ia sentir o mesmo se estivesses assistindo isso acontecer.

Então Dylan parou de andar ao meu lado e eu continuei. Era o fim da estrada para nós, onde os nossos caminhos se separavam. Fechei os meus olhos e tomei uma respiração longa e muito necessária para limpar a minha mente. Eu estava passando por uma cafetaria pequena, então cheirava como pizza e cafeína. O meu coração ainda estava acelerado. Vamos falar sobre vergonha. Porque é que eu não conseguia não ser... dolorosamente tímida?

—Zoe?

Gemi em voz alta, e o grupo de estudantes que estava andando ao meu lado me deram um conjunto de olhares estranhos. Parei e virei, um pouco curiosa para saber o que ele ia dizer.

Ele estava a cerca de três metros de distância, estava parado, no meio da rua movimentada. No mundo da faculdade todo mundo tentava chegar em algum lugar. Como é que ele não esbarra em ninguém e todos os outros simplesmente se separam tentando contorná-lo? O seu sorriso crescia lentamente conforme ele recebia a minha atenção.

—Que tal aquele beijo?

Franzindo a testa, perguntei. —O que tem?

—Que tal termos esse beijo agora?

Os meus olhos piscaram um pouco e a minha boca caiu aberta, ou talvez eu esteja chocada; não tenho certeza dos detalhes. Embora, eu não esteja bonita, isso tenho certeza.

Notei olhos em cima de mim, ouvi murmúrios incessantes, e o meu rosto começou a corar de novo. Abraçando os meus livros para mais perto como se eles pudessem me proteger ou impedir de ir diretamente até ele. Eu meio que gritei de volta para ele. —Sinto muito, eu... eu... tenho namorado.

—Você acha que isso seria encantador? — ele deu um passo na minha direção.

Bastardo atrevido.

—Eu disse que tenho namorado! — E eu tinha; realmente tinha um namorado. O seu nome era Zack. Zoe e Zack, ele pensou que era o destino. No meu caso, nem tanto. Ele não era o amor da minha vida ou algo assim, mas sim, tivemos alguns encontros, e tenho quase certeza que ele não iria gostar de ouvir sobre eu beijar um cara qualquer no meio do campus.

Alguém gritou. —Bom para você! — Um riso surgiu da multidão, e corei um pouco mais.

Deus? Olá? Por favor, faça algo. Puna-me. Puna-me agora mesmo.

—Ah...entendi. — Dylan não estava gritando tanto neste momento. Ele enfiou as mãos nos seus bolsos, balançando no lugar, e tive que me forçar a não deixar cair os meus olhos para baixo para o que já sabia que era um pacote considerável. —Não temos o melhor momento do mundo, hein, Flash?

O que eu poderia dizer? Balancei a cabeça e forcei um pequeno sorriso no meu rosto. Era decepção que eu via nos olhos dele? E essas borboletas que voavam em algum lugar no meu estômago?

Ele começou andando para trás, os seus passos suaves e fáceis, os seus olhos ainda em mim. —Vejo você por aí, Zoe. A terceira vez é a da sorte, então talvez da próxima vez a gente faça isso acontecer.

Eu não apostaria nisso, eu pensei, mas não falei em voz alta. Eu apenas levantei a minha mão e dei-lhe um pequeno aceno.

Ele sorriu, aquele sorriso, aquele grande, descuidado e oh tão lindo sorriso, me deu uma saudação rápida, e então virou para correr para longe. Sim, tinha sido inteligente a minha escolha de não correr, ele teria me apanhado totalmente em pouco tempo.

A primeira vez que eu me separei dele, eu fiz isso com lágrimas escorrendo pelo meu rosto pela humilhação e vergonha. Desta vez... bem, desta vez eu tinha todos os sorrisos do mundo.


Capítulo 3

Dylan

Um ano mais tarde

Eram dez da noite de uma sexta-feira e eu estava morto de cansaço, como estava quase todos os dias. Eu amava isso dessa forma, vivia para isso.

Eu tinha acordado às seis da manhã como fazia todas as manhãs para poder fazer o meu primeiro treino do dia antes de um rápido café da manhã e uma reunião com a equipe. Direto da reunião, corria para chegar à minha primeira aula. Por volta de meio dia e meia, eu normalmente tinha uma hora para almoçar e para ser apenas um estudante universitário normal em vez de um atleta. Depois do almoço, dependendo do dia, ou ia ter uma outra aula ou ia direto para o meu segundo treino no ginásio. Depois do que pareciam ser três horas de prática, o que por vezes ainda resultava em mais uma hora extra ou mais. Após um intervalo de trinta minutos que incluía um suco e uma sanduiche, ia para a biblioteca, onde tentava terminar um trabalho que tinha que entregar no dia seguinte. Quando eu voltei de lá, o dia cheio me fez abrandar, mandei uma mensagem para a minha namorada Victoria, para saber quais eram os planos para a noite. Quando dei por mim, três horas tinham passado e eu ainda não tinha ouvido notícias dela.

Eu partilho uma casa a poucos minutos do campus com quatro dos meus colegas de equipe: Kyle, Maxwell, Benji e Rip. Se eles não tivessem decidido fazer uma festa de última hora para o aniversário de Maxwell, eu podia passar a minha noite em paz no meu quarto com a Vicky, talvez assistir um pouco de Netflix e transar.

Depois de um longo dia me preparando para a temporada, era normalmente toda a energia que tinha sobrado em mim. Mas sabendo que isso não era possível, decidi verificar primeiro o dormitório de Vicky para ver se podíamos evitar completamente a festa e relaxar lá dentro, apesar de que eu sabia que ia significar que ela iria ficar chateada comigo.

Ao contrário de mim, ela tinha sempre muita energia e tempo para festas, mas eu também sabia como convencê-la a ficar. Por mais que ela amasse beber e dançar, ela amava ainda mais o que eu podia fazer com o seu corpo.

Nós namoramos há cinco meses. Nos dois meses que passamos separados, usamos o FaceTime e trocamos mensagens de texto sem parar durante as férias de verão, e tudo parecia estar correndo bem. Ela não se importava que eu tinha de passar a maior parte do tempo no campo ou no ginásio porque o seu próprio tempo estava cheio com aulas, reuniões da república, e o estágio. Ela era solidária e carinhosa, e bem, verdade seja dita, ela não estava, em um todo, nos meus planos.

O meu plano original sempre tinha sido que eu não iria namorar no meu último ano.

Foque no jogo.

Afie as suas habilidades.

Seja o melhor no campo.

Tenha tempo para estudar.

Estas eram apenas algumas das coisas da minha lista de prioridades, e uma namorada não era uma delas. O meu prato já estava cheio, na verdade, estava mais do que cheio, estava transbordando. Com tudo o que eu estava fazendo, e eu tinha muita coisa acontecendo, eu simplesmente não tinha tempo suficiente para lidar com este tipo de compromisso. Eventualmente, apesar do meu horário preenchido, Vicky conseguiu infiltra-se no caminho para a minha vida, e para minha completa surpresa, eu gostava de tê-la por perto. Vê-la depois de um dia longo e cansativo não era a pior coisa, e tanto quanto sabia, ela gostava de estar comigo.

No passado, quando me atrasava para um dos nossos encontros porque o treino durava muito tempo ou quando eu não podia ir a uma festa porque tinha que sentar a minha bunda para estudar, ela nunca reclamou. Ela me dava a calma (nem sempre) e o equilíbrio (de novo, nem sempre), eu tentava dar-lhe o que me restava, dar-lhe a mim mesmo no final do dia. Para ser justo, isso pode não parecer muito, mas ela sempre me disse que eu era mais do que suficiente, sempre disse que eu a fazia feliz e que não imagina estar com outra pessoa. Eu acreditei nela, porque não deveria?

Ela definitivamente não se importaria de ter um namorado que se espera que seja recrutado no Top 20, e eu estaria mentindo se dissesse que não gostava de ver o seu rosto se iluminar de emoção e alegria sempre que os meios de comunicação falavam sobre mim. Eu não estava exatamente planejando perguntar-lhe se ela queria vir comigo, se eu na verdade conseguisse chegar a ser recrutado no final do ano, mas ela tinha dado a entender algumas vezes que queria viajar para qualquer lugar depois da formatura. Então, eu pensei que talvez se as coisas se mantivessem do jeito que estavam, talvez não fosse assim tão ruim perguntar a ela.

Depois de conversar com a companheira de quarto de Vicky e saber que ela realmente tinha ido para a festa, assumi que tivesse sido para me encontrar lá, eu finalmente saí do campus, tentando mentalmente me preparar para a confusão que estava à minha espera em casa.

Surpreendentemente, a casa não parecia estar tão lotada quanto eu temia. Em vez de convidar toda a escola, eles apenas tinham toda a equipe na nossa casa de três andares. Era a equipe, quem tinha uma, tinha trazido a sua namorada, e só para equilibrar tudo, algumas líderes de torcida. Então, ainda era uma casa de loucos, mas em menor escala. Eu apostava que a única razão pela qual eles mantiveram relativamente pequeno era o medo do treinador ouvir sobre isto.

Encontrei JP tentando com falas mansas o seu caminho para as calças de uma garota na cozinha. —Você viu a Vicky por aí? — Eu perguntei assim que me aproximei o suficiente.

—Ainda não. Tenho a certeza de que ela está por aqui em algum lugar. Onde você esteve cara? Você perdeu o torneio de Madden. — Antes que eu pudesse escapar, ele bateu com a sua mão nas minhas costas. —Conheça a Leila antes de desaparecer para algum lugar. Ela é a garota dos meus sonhos. Garota dos meus sonhos, conheça o meu parceiro.

Eu balancei a minha cabeça e vi a garota rindo no seu copo vermelho. —Olá, Dylan.

JP puxou as costas dela contra a sua frente e rodeou com o seu braço à volta da cintura dela. Ele inclinou-se para baixo, correu o seu nariz contra o seu pescoço. —Deixe-me ter um gosto. Depois você pode me dizer o que você tem planejado para mim. — Distraidamente, ele entrega o seu copo de plástico para mim e começou a atacar os lábios dela com entusiasmo.

Deixando-os em paz, verifiquei a sala de estar, fazendo o meu caminho através dos casais curtindo no corredor, depois desci até o bar onde as coisas estavam se movendo rápido demais, e finalmente caminhei até ao quintal. Ela não estava em nenhum lugar, então mandei-lhe outra mensagem enquanto andava até Chris e alguns dos outros caras antes de voltar para casa.

—Chris? Você viu a Vicky por aí? Era para ela estar aqui, mas parece que não consigo encontrá-la.

—Acabei de chegar há poucos minutos. Você verificou lá dentro?

Suspirei. —Sim, ela não está lá. Eu não te vi no treino hoje, está tudo bem? — Eu perguntei quando os outros caras começaram a discutir sobre o próximo jogo.

—Sim, eu estava na sala de musculação, saí antes de vocês terminarem. — Ele viu o olhar no meu rosto e continuou. —Não pergunte. Eu irei falar com você sobre isso mais tarde.

Chris era um dos meus melhores amigos. —Treinador? — Estava supondo que isso era outro motivo. Chris era o filho de Mark Wilson, um dos melhores quarterbacks de todos os tempos e nosso treinador.

Eles discutiam, o tempo todo. Você acha que com o seu pai sendo o treinador principal, ele teria as coisas mais fáceis, mas não. Chris trabalhava igualmente duro como o resto de nós, se não mais. Nós passamos horas longas e extras treinando juntos, aperfeiçoando o nosso jogo.

Ele soltou um longo suspiro. —Sim. Nós falamos depois, certo? Foi um longo dia, então eu vou encerrar a noite e ir para casa. Eu não o quero atrás da minha bunda. Eu vou encontrar você amanhã.

Antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa, ele disse adeus ao nosso pequeno grupo e foi embora.

Eu verifiquei o meu telefone de novo: nada de Vicky. Pensando que talvez ela não tenha visto as minhas mensagens, eu tentei ligar para ela algumas vezes, mas ela nunca respondeu.

Começando a ficar preocupado, pedi licença e lentamente fiz o meu caminho lá para cima. O meu quarto era no fim do corredor do segundo andar, e porque a festa foi um negócio de última hora, eu não o tranquei antes de sair esta manhã. Eu passei na primeira porta perto das escadas, os meus passos vacilaram. O segundo e o terceiro andar sempre ficavam ocupados quando os rapazes davam festas. Se eu não conhecesse Kyle, o nosso melhor atacante, desde que me lembro, eu teria invadido e chutado todos para fora. Mas, isto era Kyle.

Se os sons passando pela porta dele tem algum significado, era mais que provável existir uma orgia acontecendo ali dentro, e ele era definitivamente a estrela daquele espetáculo.

O que não trazia nada de bom para o meu quarto. Uma olhada em múltiplos corpos nus me ensinou a trancar a minha porta da próxima vez. Hesitando na frente da minha porta, esperei por quaisquer sons suspeitos. Quando não consegui ouvir nada, abri e fiquei aliviado ao descobrir que ninguém tinha conseguido ir tão longe.

As más notícias era que Vicky não estava lá também. Eu liguei para ela de novo; sem resposta.

Eu tentei a sua colega de quarto e ela atendeu ao segundo toque.

—Dylan?

—Jessie, Vicky não está na minha casa. Ela voltou para aí?

—Não. Eu disse a você, ela falou que ia se encontrar com você na sua casa.

Sentei na beira da minha cama e esfreguei a minha têmpora. Mesmo que eles não estão explodindo a casa com música não significa que as pessoas não estavam sendo barulhentas para compensar isso.

—Ela não está aqui. Ela sabia que eu estava planejando estudar na biblioteca depois do treino, então porque ela veio para aqui para me procurar?

—Eu não tenho certeza do que você quer que eu diga, Dylan. Nós tivemos uma reunião da república às oito e depois que acabou, ela se trocou e disse que estava indo para a sua casa. Isso é tudo o que eu sei. Ela provavelmente tem o seu telefone no silencioso. Tente de novo.

Levantei e comecei andando para lá e para cá nos limites do meu pequeno quarto.

—Olha, eu já tentei dez vezes e ela não está respondendo. Não é do feitio dela ignorar as minhas mensagens, ou aliás qualquer mensagem. Você sabe melhor do que eu que o telefone dela está sempre grudado na sua mão. Estou ficando preocupado aqui.

O longo suspiro de Jessie chegou aos meus ouvidos. Eu podia imaginá-la revirando os olhos do outro lado da linha, o que era basicamente o seu defeito quando ela interagia com pessoas por mais de um minuto. —Quer que eu ligue para uma das garotas para ver se ela retornou para lá?

—Eu ficaria agradecido, Jessie.

Sem dizer mais nada, ela desligou o telefone na minha cara. Embora o chuveiro estivesse chamando o meu nome, eu ainda estava preocupado o suficiente para decidir ir verificar a casa de novo e talvez perguntar a mais alguns caras se eles a tinham visto por aí. Se ela tivesse chegado à festa, alguém deve tê-la visto, e se não, eu estava pronto para ir lá fora e procurar por ela.

Enquanto passava pelo quarto de Kyle, eu notei que a orgia estava terminando, os gemidos e os grunhidos agora estavam mais silenciosos. Eu tentei a porta e ela abriu.

Desde que não tinha ideia de quem estava lá com ele, eu mantive os meus olhos no chão quando eu perguntei, —Ei Kyle, você viu a Vicky lá em baixo esta noite? A sua colega de quarto disse que ela veio para cá.

Embora eu tenha ouvido Kyle murmurar para alguém apenas segundos antes de eu abrir a porta, o silêncio repentino que veio com a minha pergunta me fez olhar para cima.

A última coisa que me lembro de ver foi Vicky... no meio da cama... entre dois paus, Maxwell e Kyle para ser específico, em suas mãos e joelhos. Tenho certeza que vocês podem imaginar o que eu estava olhando.

Eu me lembro que Vicky gritava para que nós parássemos. Eu também me lembro vagamente de Maxwell tentar me dar explicações. Devo ter pulado alguns minutos no meio porque a próxima coisa que eu sabia era que JP e Benjamin, o nosso jogador da linha ofensiva direita, estavam me arrastando para longe de Kyle.

Respirando com dificuldade, eu tentei o meu melhor para eles me soltarem, mas eles não estavam cedendo. —Está tudo bem. Está tudo bem, está feito. Acalme-se. — JP gritou no meu rosto enquanto segurava a minha cabeça nas suas mãos e tentava capturar os meus olhos. Benji, uma montanha de homem e outros meus amigos mais próximos, estava segurando os meus braços nas minhas costas enquanto tentavam nos arrastar para fora do quarto. Mesmo que eu pudesse ter conseguido JP fora do meu caminho, não havia como me livrar de Benji. JP ainda estava empurrando os meus ombros para me impedir de ir atrás de Kyle. —Vamos apenas pegar um pouco de ar. Tenha calma, homem. Não vale arriscar o seu futuro. Mantenha isso junto.

Antes que eles pudessem me puxar para fora, olhei ao redor do quarto. Maxwell estava segurando o seu nariz sangrando, mas de resto tudo estava bem pelo que eu pude ver. Em algum momento, ele deve ter posto o seu pau de volta nas calças depois de o puxar da boca de Victoria, mas os botões das suas calças estavam abertos, e ele ainda estava sem camisa. Kyle... Kyle estava nu e se contorcendo no chão. O quarto agora estava cheio de um tipo diferente de gemido.

Victoria, a minha adorada namorada...ela ainda estava de joelhos na cama, com os olhos grandes e assustados, o seu peito arfando enquanto agarrava uma camisa para cobrir o seu corpo. Número doze, ela estava segurando o meu número... a minha camisa. Ela estava deixando-os fodê-la enquanto usava o meu número.

Os nossos olhos se encontraram, e vi os seus lábios formarem o meu nome. Quando ela fez um movimento para sair da cama, eu parei de tentar ir atrás de Kyle e parei de lutar com os meus amigos, que finalmente soltaram meus ombros. Eu caminhei para fora do quarto e da casa sem dar um segundo olhar.


—Treinador, eu sei o que você vai dizer, e não é necessário. Eu estou bem.

—Entre e sente a sua bunda.

Eu fiz o que ele pediu.

—Vamos deixar essas porcarias. Pelo que estou vendo no campo, você não está nem perto de estar bem, sem falar do seu eu de sempre. Eu lhe dei uma semana e nada mudou. O seu tempo acabou. Agora, você vai fazer o que eu digo para fazer e parar de agir como se ela fosse a última boceta na terra. Olhe ao redor, pelo amor de Deus, você tem bastante substituas esperando nas linhas laterais se é isso que você está à procura.

As minhas mãos se fecharam enquanto eu disparei do meu assento.

—Você acha que isto é sobre ela? Você acha que é por causa disso que estou tendo problemas para me concentrar? Não é ela quem está afetando o meu jogo. Eu não quero saber disso, mas como você espera que eu dê tudo de mim quando não confio nos meus colegas de equipe? É suposto eles me cobrirem as costas, tanto no campo como fora. Como seria...

O treinador levantou-se da sua cadeira, silenciando-me com um olhar simples, mas mortal, e veio para ficar na minha frente.

—Está bem, Dylan, vamos fazer da sua maneira. Diga-me o que quer que eu faça. Eu já falei com a equipe toda. Você estava lá, você sabe que eu não aprovo o que aconteceu. Eu digo a vocês o tempo todo, se querem fazer isto nas grandes ligas, vocês não podem deixar as distrações entrarem na vida de vocês. Você brigou com o Kyle bem no meio da sala de musculação, esmurrando-o no rosto, mais que uma vez, e eu te livrei de qualquer punição. Mas eu não posso ter os meus rapazes brigando para que todos possam ver. O que mais você quer que eu faça? Quer que os tire da equipe apenas por eles terem dormido com a sua suposta namorada?

Eu tentei ocultar a minha hesitação, mas foi inútil. Cansado de tudo, sentei-me para trás e descansei os meus antebraços nos joelhos. No final do dia, tanto quanto as palavras dele bateram num lugar cru, ele estava certo, não havia mais nada que eu pudesse fazer. Nem Kyle ou Maxwell pareciam estar tendo dificuldades no campo. Sim, eles estavam me evitando, mas isso não aprecia estar a afetar o jogo deles. Talvez, eu fosse o único que não tinha a mente aberta o suficiente. De qualquer forma nenhum deles, e Victoria incluída, valiam a pena para eu desistir tão perto da final. Eu queria ouvir o meu nome anunciado no draft day. Sentia-me como se estivesse trabalhando para esse objetivo a minha vida toda. À noite, na cama, depois de um longo dia de treinos, prática e reuniões em cima das aulas, quando fechava os meus olhos, conseguia ver, podia sentir nos meus ossos. Eu sabia que era bom o suficiente, sabia que se conseguisse chegar à liga principal, eu trabalharia pra caramba ainda mais duro. Eu colocaria o tempo, o suor, o trabalho. Está na hora de seguir em frente. Ouvi o longo suspiro do Treinador e foquei nele.

—Você está agressivo no campo, está se esforçando demais, e você não está em sincronia com Chris como costumava estar. Nem queira saber quantos passos incompletos eu contei hoje. Você está uma bagunça, Dylan. Você sabe isso, eu sei disso, toda a equipe sabe isso. Você acha que pode permitir-se ser imprudente nesta temporada? Está brincando com o seu futuro, garoto, e para quê? Uma garota que você nem vai lembrar daqui a um mês, muito menos daqui a um ano?

Com cada palavra saindo da boca dele, eu podia sentir os meus ombros mais e mais tensos. O futebol é a minha vida. Eu era um jogador muito bom, o melhor jogador defensivo lá fora. Eu trabalhei duro para merecer isso.

—Pensa que tudo é só diversão e brincadeiras na NFL? Acha que eles dão uma merda sobre ter um acesso de raiva sobre os seus colegas de equipe? A NFL é de um outro nível. E se você não pode acertar as suas diferenças com alguns dos seus colegas de equipe, esquecer sobre as suas diferenças e jogar em equipe naquele campo na faculdade, você deveria esquecer a NFL. Você é bom. Nós dois sabemos que você vai conseguir, mas nem todos têm o necessário para ficar lá. Não fará diferença para quem joga se tudo o que você faz é sentar no banco porque não consegue se dar bem com os seus colegas de equipe por qualquer razão. A menos que esteja saindo daquele campo, desistindo de tudo o que conseguiu...

—Senhor, com todo o devido...

—Cala-se, Dylan. Cale-se e ouça-me. É isso. Este é o seu último ano. Você entende isso? Ou você faz isso ou não. Você tem olhos em você. Você sabe que não é só a comunicação social. Você tem tido os olhos em você desde o seu segundo ano aqui, e não se esqueça que foi você que escolheu acabar a escola antes de passar para a grande liga. A temporada começa na próxima semana. Você tem uma hipótese, mas sabe que todos os jogos contam. Não foda tudo, não por algo tão estúpido como isso.

—Senhor, não tenho intenção de ferrar nada. Eu estou trabalhando nisso. Eu prometo que da próxima vez que você me vir no campo, você vai...

Ele se endireitou e andou de volta para a cadeira dele. —Da próxima vez que eu vir você no campo, é melhor ter a cabeça no lugar. Caso contrário, eu vou entender que você está querendo conseguir um lugar no banco. — Puxando uma pequena chave do bolso de trás das suas calças, o treinador destrancou a gaveta de cima, tirou outra chave e a jogou para mim.

—Eu sei que você tem empregos de meio período aqui e ali sempre que consegue encontrar tempo, especialmente durante a baixa temporada. Estou assumindo que você envia qualquer coisa que sobrou depois das suas despesas para a sua família e fará o mesmo este ano, também? — Eu segurei a chave mais apertado na minha mão, senti as bordas picando a minha pele, e dei-lhe um aceno em silêncio antes de ele continuar. —Então você não tem como suportar pagar pelo seu próprio espaço. É muito tarde para se candidatar a um alojamento no campus, e não posso ter um dos meus melhores jogadores dormindo no chão da casa de um dos seus colegas de equipe. — Inclinando-se para trás na cadeira, ele me deu um olhar longo. —Eu tenho um apartamento fora do campus. Eu tive um... agora está vazio. Você vai ficar lá. Eu preciso que tenha a sua cabeça de volta no jogo. Nós precisamos de você nesta temporada.

Eu precisava ter o futebol na minha vida. Eu nunca lidaria bem, se ele se decidisse que era uma boa ideia me dispensar.

—Eu terei a minha merda junta pelo jogo.

—Isso é o que quero ouvir. Nós estamos terminados. Agora, levante-se e dê o fora do meu escritório. Eu mandarei uma mensagem com o endereço no final do dia.

Eu abri a palma da minha mão e olhei para a chave. Eu não queria uma esmola gratuita, inferno, eu adiava o fato de estar sequer considerando isso, mas eu estava sem opções desde que todos que eu conhecia tinham conseguido alojamentos meses atrás. Eu ainda poderia ficar junto com um colega de equipe ou colega de classe, mas não tinha certeza se não afetaria o meu jogo ou as minhas aulas. Eu precisava estar livre de festas, livre de namoradas no meu último ano de faculdade, se eu ia fazer os meus sonhos e os da minha família se realizarem. A minha decisão estava feita, levantei-me para sair.

—Obrigado, Treinador, — eu murmurei, apenas alto o suficiente para que ele pudesse ouvir.

—Dylan.

Com a minha mão na maçaneta da porta, parei e olhei para trás para ele por cima do meu ombro.

—Eu não quero que Chris saiba sobre este apartamento ou o meu envolvimento em você conseguir isto. Às vezes quando está muito tarde para voltar, eu fico lá, e a sua mãe não sabe sobre o apartamento. Eu quero que fique assim. Você me entendeu? Eu vou ficar lá de vez em quando, então garanta que eu não veja nenhum dos seus colegas de equipe por perto também. Já vejo o suficiente desses rostos feios para durar uma vida inteira.

Então o meu treinador seria o meu companheiro de casa no meu último ano, não é grande coisa. Verdade seja dita, quanto mais eu pensava sobre isso enquanto andava para fora do edifício para a minha aula das duas e meia, mais eu gostava de ideia. Seria apenas mais uma razão para focar no que era importante e ficar longe de tudo o resto.

 


Capítulo 4

Zoe

Desde que eu fui estúpida o suficiente para deixar a minha toalha para trás no meu quarto, tive que sair do banheiro com nada além do meu telefone descarregado apertado na minha mão, e foi aí que ouvi o ranger da porta do apartamento como se estivesse abrindo. O barulho me pegou de surpresa, e eu congelei no meio do caminho. Poderia ser Mark, supus, então meio que me diverti com essa ideia durante um segundo ou dois, mas também, por outro lado, poderia não ser. Se eu não tivesse magicamente pulado alguns dias, enquanto eu estava no chuveiro cantando, ainda era segunda-feira, o que significava que não era quinta-feira, a noite normal em que ele ligava ou aparecia. Além disso, ele não tinha ideia de que eu ainda morava lá e não em um outro apartamento com Kayla. Dito isto, tanto quanto sei, apenas Mark e eu tínhamos chaves para este apartamento. Então, não deveria e nem poderia, ser mais ninguém. Não era como se ele andasse por aí distribuindo as chaves do apartamento que ele tinha alugado para mim. Afinal de contas, eu era o seu segredo sujo.

Enquanto estava segurando a respiração, completamente nua e absolutamente quieta durante pelo menos cinco segundos, à espera por sabe Deus o quê, o meu batimento cardíaco batia cada vez mais forte. A minha boca estava tão seca como lixa, e quando acabei a minha contagem regressiva interna até dez, comecei a entrar em pânico. Se fosse Mark, ele já teria chamado pelo meu nome. Pensei em me anunciar, mas todos os filmes de terror que eu me forcei a assistir com o meu pai vem à minha mente, e decidi que não queria ser morta por um palhaço naquele dia.

Não era a minha hora, nem o meu dia, e com certeza não é a minha primeira escolha de assassinato.

Eu especialmente não queria ser morta por um palhaço enquanto estava totalmente nua com a água escorrendo do meu cabelo e com o corpo molhado. Eu ouvi passos e só então percebi que quem tinha invadido não tinha se movido durante aqueles primeiros segundos. Quando ele finalmente começou andando, os seus passos eram do tipo lento... você conhece esses passos, certo? De novo, nos filmes de terror que eu assisti, aprendi uma lição importante: se alguém se move em passos lentos e deliberados, você se vira e corre. Corra, meu amigo, corra como se tivesse cães do inferno estivessem mordendo os seus calcanhares, e você sabe porquê? Aqueles desgraçados andando lento e assustadoramente sempre matavam as garotas que gritam.

Era muito azar porque eu não tinha para onde correr. O apartamento de dois quartos era em forma de L, e eu estava em pé apenas ao virar da esquina do meu futuro assassino.

Eu já mencionei que nunca mais ia assistir a filmes de terror? Ou qualquer tipo de filmes que me mantém acordada à noite?

Quando comecei a recuar silenciosamente, olhei para o meu telefone amaldiçoando-me por ouvir Spotify e sugar a bateria. Então percebi até que ponto as minhas mãos tremiam e entrei ainda mais em pânico. Agarrando a parede para algum tipo de apoio tão necessário, consegui entrar no banheiro silenciosamente, agarrando uma toalha de mão grande, e me enrolei nela, o que apenas serviu para me cobrir até certo ponto. Metade da minha bunda e outras partes estavam apenas... ali, mas esta toalha pequena parecia como um nível extra de proteção.

Ouvi mais alguns passos vindos da área aberta da sala de estar depois um estrondo seguido por uma maldição. Estava com dificuldades em engolir, então coloquei as minhas mãos sobre a minha boca, para segurar de volta um suspiro e apenas abaixei atrás da porta. Se eu pudesse me fazer tão pequena quanto possível, estaria invisível e segura, e em poucos minutos, tudo acabaria, porque nenhum ladrão entraria em um banheiro onde não havia nada para roubar. A menos que ele viesse para verificar porque as luzes estavam acesas... então eu estava em apuros de qualquer forma.

Outro estrondo soou alto, e desta vez, eu gritei. A minha respiração estava irregular e mais alta do que eu gostaria. Desde que os meus joelhos estavam prestes a ceder, coloquei a palma da minha mão na parede e gentilmente me levantei apenas para sentir as minhas pernas virarem gelatina.

Percebendo um rolo encostado na parede embaixo da pia - nem pergunte o que estava fazendo no banheiro -, agarrei-o e fechei os olhos, só para o caso de precisar.

Eu ia provavelmente morrer em um banheiro em Los Angeles, na verdade, não havia um provavelmente sobre isso, porque poderia ser de um ataque cardíaco ou nas mãos de um estranho, dependendo do que ia acontecer primeiro. Infelizmente, nenhum dos dois soou atraente para mim.

Eu não tinha ideia se meros minutos se passaram ou uma hora, mas eu não conseguia mais ouvir um único som. Quando tive a certeza de que não havia nada, comecei a pesar as minhas opções, não que eu tivesse muitas.

Mesmo assim, eu ia ter que aguentar firme e sair do banheiro, ou eu ficaria lá indefinidamente. Então lembrei de que todo o meu equipamento fotográfico estava espalhado na sala de estar: lentes que peguei emprestadas do meu professor, a minha amada câmera Sony que o meu pai tinha me dado, o meu portátil e equipamento ainda mais caro que não tinha forma de comprar de novo tão cedo. Ainda balançando e tremendo, decidi sair e pelo menos dar uma olhada. Certamente, se alguém ainda estivesse na casa, embora eu esperasse fortemente que não estivesse, eu tinha que tentar sair e correr ou eu apenas cairia morta no local, porque eu tinha a sensação de que o meu coração não seria capaz de aguentar por muito mais tempo.

Eu estava com tanto medo que eu esqueci como respirar. Forçando o meu corpo a avançar, eu engoli em seco e abri a porta para que pudesse lentamente espreitar.

Alguém estava definitivamente na casa. Não estava exatamente escuro, graças às luzes da rua iluminando suavemente a sala de estar, mas fora isso, nenhuma das luzes do apartamento estava acesa. Não havia muito móveis na sala de estar, apenas um sofá grande e confortável, uma poltrona grande o suficiente para sentar confortavelmente duas pessoas e uma mesa de centro. Ver aquele estranho horrível se ajoelhando bem atrás do sofá e colocando algo num grande saco no chão fez o meu sangue virar gelo.

Ele estava roubando o meu equipamento.

Com o rolo da massa, que eu ainda segurava firmemente nas minhas mãos, arrastei-me de volta para o banheiro, e então encostei na parede. A porta do apartamento estava fechada.

Eu estava presa. Mesmo que eu fugisse, ele me ouviria e me apanharia antes de eu fugir.

Com o tamanho dele, eu não queria que isso acontecesse. A minha única oportunidade, a minha única opção realmente, era bater na sua cabeça com o rolo de massa enquanto ele estava de costas para mim, agarrar a chave que eu tinha 80% de certeza que deixei na ilha da cozinha, e depois correr, após agarrar no saco que contém o meu equipamento de fotografia, claro. Considerando a minha falta de roupas, chegar à Sra. Hilda, que vivia no final do corredor, era a minha melhor hipótese. Ela estava sempre em casa, então eu não estava preocupada em não encontrar ninguém, mas era possível eu conseguir fazer isso e chegar lá?

Quando percebi que havia lágrimas frias escorrendo no meu rosto pelo medo e ansiedade da coisa toda, eu tomei uma respiração agitada, profunda, mas silenciosa, e disse a mim mesma que poderia fazer isso. Repeti várias vezes na minha cabeça.

Antes que eu pudesse me convencer do contrário, dei um passo para a sala, com o rolo de massa erguido na minha mão.

É agora ou nunca.

Eu suguei o ar, comecei andando na ponta do pé, as minhas pernas estavam fracas e trémulas, e fui em direção à figura sinistra que continuava de costas para mim.

Quando eu estava a poucos passos de distância, comecei a tremer da pior maneira, então escolhi correr os meus últimos passos e levantei o instrumento de cozinha ainda mais alto para causar o máximo de dor.

Eu libertei o que parecia ser um grito de guerra para os meus ouvidos, mas o mais provável era ter saído um grito esganiçado, quando o acertei nas costas. Eu estava apontando para a cabeça dele, então... isso não funcionou tão fantasticamente para mim. Provavelmente numa das minhas vidas passadas eu não fui uma guerreira viking.

—Que diabos... — o meu assassino grunhiu.

Na quantidade de tempo que levei para erguer a maldita coisa de novo, ele já tinha virado e agarrado os meus pulsos num aperto forte e doloroso que causou o deslize do rolo de massa das minhas mãos quando comecei a gritar.

A minha respiração engatou e choraminguei porque não conseguia ar suficiente nos meus pulmões. Eu não conseguia entender exatamente o que estava acontecendo, mas eu lutei contra o seu poder sobre mim, como a guerreira Viking que eu não era, até que as minhas pernas cederam.

—Merda, — o homem latiu, apertando os seus dedos à volta dos meus pulsos enquanto comecei a deslizar para fora do seu aperto e me ajoelhei. Eu tentei o meu melhor para sair fora do seu alcance.

Nada funcionou.

A minha visão ficou turva. Falta de ar.

Ele estava falando, e pensei que o que estava ouvindo era a voz dele, mas era tão difícil ouvir alguma coisa através da pressão batendo na minha cabeça, para não falar do meu coração pobre e selvagem, que estava em força total.

—Ei! Respire. Por favor respire. Respire, porra! — O meu assassino irritado gritou, e eu vacilei.

Mãos quentes agarram minhas bochechas, e ele basicamente ensinou-me a respirar de novo enquanto me sentei no chão fraca.

Olhos fechados.

Coração batendo fora de controle.

—Você está indo bem. Apenas respire. Sim, apenas assim. Fácil. Dentro, agora fora. Dentro e fora. Bom. Você está indo bem.

—Quem diabos é você? — Eu ofeguei quando pude, mas então me lembrei que se ele me dissesse quem era, ele teria que me matar. A primeira regra do mundo escuro dos criminosos: você vê o meu rosto, você morre. —Não, não me diga. Retiro o que disse. — Eu realmente não acho que um ladrão ia largar tudo para me ajudar a respirar e me acalmar... mas não quis arriscar. —Você pode levar tudo o que quiser, por favor, não me machuque.

—Do que você está falando? Eu vou lhe perguntar a mesma coisa, quem diabos você é? — ele perguntou impacientemente. —Espere. — As suas mãos deixaram o meu rosto e senti ele mover-se para longe de mim. Limpei as lágrimas dos meus olhos a tempo de ver as luzes se acenderem.

Quando ele ficou na minha frente de novo, acabei perdendo isso. Eu estava apavorada e chocada, e também muito nua sob a minha pequena toalha. Insegura de que tivesse alucinando devido à falta de ar, apenas me mantive olhando para ele do meu lugar no chão.

—Você... mas... porque você me assustou como o inferno? — Eu gaguejei, talvez um pouco mais alto do que um sussurro.

A estrela da equipe de futebol, o jogador ofensivo, o próprio Dylan Reed, olhou para mim com uma carranca profunda se formando no seu rosto enquanto ele me ofereceu a sua mão direita.

Perplexa, olhei para a mão por alguns longos segundos antes de olhar de volta para o rosto dele. —Por que me assustou assim? — Eu repeti no mesmo tom, porque eu não consegui lembr de outras palavras que seriam úteis para a situação. Era o único vocabulário que eu poderia reunir.

Usando uma mão para segurar a minha toalha e a outra para me puxar fora do chão, tentei levantar sozinha. Ele deve ter sentido pena da minha tentativa fraca porque ele agarrou o meu braço e puxou-me para cima.

—Eu sei... — ele murmurou quando eu estava finalmente em pé como uma pessoa normal, embora um pouco instável, mas ainda estava de pé.

Eu podia ver o reconhecimento se instalar, e não tinha a certeza se era uma coisa boa ou muito ruim. Ele perguntou, —Eu conheço você, certo? — Antes que eu pudesse tentar chegar com mais palavras, a sua boca se transformou e ele estava a me oferecer um sorriso grande, um sorriso que eu tinha achado muito atraente há um ano atrás.

—Aí está você, — disse ele, finalmente quebrando o silêncio constrangedor.

Não tenho certeza do que significava, limpei a minha garganta. —Hum.. sim...? — Movendo-me muito devagar, eu puxei a minha mão e não consegui absolutamente nada.

O seu sorriso só ficou maior, e em vez de me deixar ir, o seu aperto aumentou apenas uma fração, e então desapareceu. —Eu pensei que voltaria a ver você de novo, eventualmente... pensei que teria outra oportunidade.

Que oportunidade?

Tentei fazer os meus lábios se moverem e formas palavras, queria perguntar-lhe o que ele queria dizer com aquilo, mas foi justamente quando a minha toalha estúpida e pequena decidiu apenas se desenrolar e cair no chão. O tempo parou, a minha respiração saiu de mim, e congelei pela enésima vez naquele dia. Se alguma vez houve uma hora para que a terra abrisse e me engolisse, era agora. Eu não podia fazer nada além de ficar lá com a minha mão na dele enquanto olhávamos um para o outro por longos e agonizantes segundos, ambos indecisos sobre o que fazer a seguir. Eu tentei implorar-lhe com os meus olhos para não olhar para baixo, mas não tinha a certeza de que ele entendia o que eu estava dizendo.

Ele fez a sua escolha e os seus olhos começaram a cair.

Eu acho que ele viu os meus seios. Na verdade, ele definitivamente viu os meus seios, a adrenalina ainda corria em mim, entrei em pânico.

Antes do seu olhar percorrer todo o caminho até completar a viagem pelo meu corpo nu, a minha mão continuava apertada ao redor da mão dele, Porque ele ainda está segurando a minha mão mesmo?, atirei o meu corpo nele, colocando-me à frente dele, forçando-o a dar um passo para trás para manter o seu equilíbrio. Foi uma manobra arriscada, mas escondeu-me da sua visão aberta do meu corpo, que era tudo o que eu procurava. A parte de trás das suas pernas atingiram a parte de trás do sofá e ele enrolou um braço na minha cintura para nos manter em pé.

—Não! — Eu gritei na cara dele. —O que você pensa que está fazendo? — Na verdade, eu podia sentir as minhas bochechas queimarem de calor, e quando digo calor, não me refiro ao bonitinho, oh, olha para mim, eu sou todo o tipo de corar naturalmente, mas mais como o, estou disfarçada de tomate agora.

Era a terceira vez, que fiquei cara a cara com este cara, e cada vez, eu me envergonhei além do que poderia razoavelmente ser chamado de bonito. Claro, que nos últimos anos eu tinha me tornado menos tímida, tinha ido de extremamente tímida para apenas simplesmente tímida, e então eu não me importava muito sobre o que tinha acontecido na primeira noite em que o conheci, mas ele vendo-me nua foi apenas a cereja no topo de bolo, e era demais.

Ele limpou a garganta e olhou para mim. —Oi.

Oi? Não era a resposta que eu esperava.

—Esta não era as boas vindas que eu esperava, especialmente desde que não esperava nenhum boas vindas na verdade.

Eu também limpei a minha garganta, porque ele tinha feito isso, era algo que tinha que fazer. Tentei manter os meus olhos nos dele, embora eu estava praticamente tremendo com a necessidade de fugir.

—Bem, eu não esperava boas vindas de ninguém. — Eu dei um jeito de empurrar as palavras para fora depois de algum tempo. Eu engoli e baixei a minha voz. —Por favor, não olhe para mim.

Aquele braço direito apertou a volta do meu peito nu enquanto ele nos trouxe para uma posição na vertical então eu já não estava deitada em cima dele. Não se engane, eu ainda estava presa pelo corpo dele, e não estava pensando em deixá-lo ir tão cedo. O meu pobre coração trovejava, os nossos olhos se encontraram num breve segundo.

Um lado da sua boca curvou-se para cima. —Para ser completamente honesto com você, eu não tenho certeza se consigo fazer isso.

Quem me dera que eu fosse aquele tipo de garota que ofereceria um sorriso leve, talvez batesse de leve no seu peito, e depois dava meia volta e ia embora, talvez até dar-lhe uma piscadela sedutora por cima do meu ombro antes de dançar até ao meu quarto enquanto ele assistia a minha bunda nua balançar para ele e agir como se estivesse completamente bem em estar nua na frente de estranhos. Desnecessário dizer, eu não era esse tipo de garota – nunca tinha sido. Então, ao invés disso, eu franzi a testa para ele. —Você está brincando comigo? — Eu perguntei num sussurro quando não consegui pensar em mais nada para dizer. Eu precisava de pelo menos uma semana para processar o que aconteceu nos últimos dez minutos.

Ele ofereceu um pequeno sorriso. —Sinto muito, eu não queria dizer isso como... eu só quis dizer que não tenho certeza se posso tirar o olhar do seu rosto – não importa, você não entenderia. Eu não vou olhar para baixo. — Eu não consegui devolver o seu olhar, por isso olhei para os seus lábios enquanto eles se moviam. —Prometo.

A palma da sua mão, aquela que estava aberta nas minhas costas, lentamente se moveu alguns centímetros, e sem querer arqueei para ele. O arrepio subiu pela minha pele em todo o meu corpo, e as gotas de água caindo do meu cabelo molhado sobre os meus ombros e costas não estavam ajudando em nada. Ele estava quente e eu estava congelando.

—Eu vou precisar daquela toalha, — eu disse, olhando para longe enquanto tentava ignorar o fato de que eu estava começando a sentir os meus mamilos ficarem duros. Não era porque eu conseguia sentir o contato do seu abdómen contra mim ou porque aquele braço enrolado à minha volta estava fazendo coisas a mim, também, mas porque estava ficando frio. Ele poderia sentir isso também?

—Você pode inclinar-se para baixo comigo para que eu possa chegar a ela? Ou você pode olhar para longe para que...—

Dylan retirou a sua mão das minhas costas, e a perda repentina do calor da pele dele na minha causou um pequeno arrepio que percorreu todo o meu corpo. Ele inclinou a cabeça em direção ao teto e agarrou-se à borda do sofá de couro.

Mantendo os meus olhos nele, nesses braços salientes, eu lentamente soltei a sua camisa, pelada, larguei-o, e tive que abrir e fechar as minhas mãos algumas vezes para me livrar do formigamento nos meus dedos. Ainda mantendo os meus olhos nele para ter certeza de que ele não estava olhando. Eu rapidamente me inclinei para baixo e agarrei na toalha do chão. Em vez de a embrulhar de novo à minha volta onde não cobria praticamente nada, eu decidi segurá-la na horizontal para cobrir mais área. Pelo menos assim, em vez de dançar na borda do olhar dele nas minhas partes privadas, só a minha parte de trás estaria visível, e eu estava contando com que não houvessem mais convidados surpresa.

Agora que ele estava olhando para o teto e não para mim, eu tomei o meu tempo para observar todo ele. Santo Deus, Dylan Reed está mesmo na minha frente. Eu notei as calças de ganga, a t-shirt húmida que se encaixa nele um pouco perfeita demais, os amplos ombros. Os seus braços pareciam maiores do que me lembrava, e fiquei presa olhando para aquela parte do corpo dele por algum tempo. Eles não eram finos antes, mas mesmo assim. Ele era todo músculo duro, nada extremo, apenas tonificado, perfeição dura. Mesmo a droga dos seus antebraços pareciam firmes e perfeitos com um leve toque de pelo.

—A sua t-shirt está molhada, — eu deixei escapar, sem saber o que mais dizer.

Ele olhou para si mesmo, passou uma mão na sua frente. —Está tudo bem. — Depois ele focou em mim.

Eu dei um passo para trás. —Você pretende dizer o que está fazendo aqui? — perguntei enquanto comecei andando para trás e colocar uma distância muito necessária entre nós.

Os olhos dele encontram com os meus, e acidentalmente bati na parede.

—Você está prestes a fugir de novo? — Isso foi um sorriso que ele estava tentando disfarçar? Eu não consegui encontrar nenhuma coisa que era engraçada sobre esta situação. Ele segurou o meu olhar como se ele próprio estivesse tentando descobrir a resposta à minha pergunta. Eu deixei cair o meu olhar para a garganta dele e recuei... direto no tripé que tinha montado mais cedo.

Ótimo Zoe. Não podia ter agido mais como um idiota se você tentasse.

Eu estava indo para o tripé, e salvá-lo, ou eu iria segurar a minha toalha como se nada pudesse nos separar, eu escolhi este último e deixei o tripé cair no chão, estremecendo quando o som ecoou na sala. Graças a Deus, a minha câmera já não estava ligada a ele.

Quando os meus pés ficaram presos e perdi o meu equilíbrio por um segundo, ele se moveu na minha direção.

—Não, — eu gritei, e na verdade que foi mais alto do que o necessário. —Não, ah, você não precisa se mexer. Apenas me diga o que você está fazendo aqui?

—O que você está fazendo aqui? — ele perguntou em vez de me dar uma resposta. O seu olhar caiu para o meu tripé no chão, depois, encontrou o meu olhar questionador de novo.

Repita novamente? A sua perguntou me parou nos meus passos para trás.

—Você poderia, talvez, oh, eu não sei – vir com uma resposta em vez de mais perguntas? Eu vivo aqui. Você é o único que está no lugar errado, não eu, amigo.

Outro sorriso fácil. —Eu acho que não.

—Você não acha isso. Não acha o quê, exatamente?

—Eu não acho que estou no apartamento errado.

—Eu na verdade acho que você está.

Ele cruzou os braços e apenas ficou ali... completamente vestido, ao contrário de mim. —Acho que não.

Ele enfiou a mão no seu bolso, e tirou uma chave, a balançando no ar.

Ele tinha uma chave.

Droga, Zoe, use o seu cérebro! De que outra forma ele poderia ter entrado.

—Olha, uh...— Eu olhei para trás por cima do meu ombro – eu estava pelo menos a dez, doze passos fora do canto que me levaria até ao meu quarto. Se eu pudesse vestir alguma roupa e parar com o tremor incontrolável, eu tinha certeza de que a minha mente começaria a trabalhar de novo. —Me dê um minuto para me vestir e voltar para aqui para que possamos...

Ele acenou. —Eu não vou a lugar nenhum.

Em vez de dizer ‘Sim, amigo você vai,’ eu dei-lhe um olhar exasperado, mal me contive de bufar e desapareci pelo corredor.

Nem dois minutos tinham passado antes de estar de volta à sala de estar, completamente vestida desta vez. Levou-me exatamente trinta segundos para me vestir e o outro minuto e meio foi gasto para tentar melhorar o meu aspecto. O meu coração deu um salto estranho com a visão dele. Adrenalina... eu tenho a certeza de que é adrenalina que continuava correndo pelo meu corpo que fez o meu estômago apertar e as minhas mãos virarem gelo. Ele estava exatamente no mesmo local em que eu o deixei; a única diferença era que em vez de estar olhando diretamente nos meus olhos, ele estava olhando para os seus sapatos e falando no telefone.

—Sim, eu entendo, Treinador. Claro. Tudo bem, eu vou. Sim. De novo, obrigado.

Treinador... claro. O que eu estava pensando?

Eu adoraria ter ligado para ele e conversar eu mesma com ele, mas se ele estivesse com a sua mulher, eu sabia que ele não atenderia a minha ligação, então por que se incomodar?

Inclinei-me para pegar meu tripé caído. Depois de me certificar de que não estava partido, coloquei-o mais perto da parede, onde eu não podia tropeçar nele de novo, depois fui em direção ao sofá, um que me levaria mais longe de Dylan Reed. Antes da minha bunda vestida atingir as almofadas, ele tinha desligado o telefone, e estávamos sozinhos de novo.

—Então... pelo o que parece, acho que nenhum de nós está no lugar errado — eu disse, falando para as suas costas. Embora eu estivesse surpresa, eu já podia adivinhar o que estava acontecendo.

Ele virou o rosto para mim e os seus olhos desceram e subiram. —Parece que sim.

Eu senti como se estive prestes a encolher sob o olhar dele, então agarrei a almofada mais próxima e abracei-a junto ao meu estômago. O jeito que ele olhou para mim... eu estava tentada a olhar para baixo e ver o que ele encontrou de tão interessante, mas eu já sabia, eu estava vestindo as minhas leggings pretas e uma t-shirt velha que tinha as palavras Festa do Pijama em letras pequenas – tipo nada de interessante.

—Então... — O que diabos eu poderia dizer? —Você está aqui para pegar algo para o Mark? — Poderia ser uma possibilidade.

Ele perdeu o seu pequeno sorriso dos seus lábios.

—Não.

Era disso que eu estava com medo. —Você não passou só por acaso?

—Eu acho que sou o seu novo companheiro de casa, — ele anunciou, chegando ao ponto.

E assim, comecei a me sentir doente de novo. Eu estava agarrando-me à esperança de que o quer que ele estivesse fazendo aqui fosse temporário, mas companheiro de casa não soava temporário.

—O Treinador não mencionou que eu estava vindo? — Ele perguntou, tirando-me do meu pequeno surto.

Eu tentei o meu melhor para agir como se estivesse tudo bem. Este não era o meu apartamento, afinal de contas. Era Mark quem pagava o aluguel, não eu. —Não. Suponho que ele também não mencionou que eu estava aqui.

—Não. — Ele suspirou e passou mão pelo cabelo, chamando a minha atenção. Ainda era curto, praticamente o mesmo comprimento que estava na última vez que eu o vi, então pelo menos isso não tinha mudado. Eu meio que gostava dele com o cabelo curto. Andando ao redor do sofá, ele escolheu sentar na minha frente e colocou o seu telefone em cima da mesa de café de mármore. Eu estremeci com o som. —Ele disse que não tinha conhecimento de que você estaria aqui, mas não seria um problema, já que raramente você está no apartamento. Não se preocupe, eu também não estarei muito presente, com a época do futebol começando e tudo o resto. Eu não vou incomodá-la.

Eu suspirei e esfreguei a têmpora. —Lamento estragar os seus sonhos, mas eu estou sempre aqui.

Ele sorriu, não um sorriso enorme, suave, mas apenas a promessa do seu sorriso fazia coisas para o meu coração. —Você não está esmagando os meus sonhos.

Sem saber o que dizer – ou mais como não saber o que dizer. Eu olhei a almofada no meu colo em vez de encontrar os olhos dele. Havia algo enervante na forma como ele continuava a encontrar o meu olhar. —Ele disse quem eu era? — Ele não iria, claro que não iria. Eu sabia disso, mas mesmo assim...

—Ele disse que você era a filha de uns amigos da família. — Houve uma pausa, então olhei para cima. —Você não é?

Eu queria rir. —Sim, eu sou. Amiga da família. Então, qual é o seu problema?

Um pequeno endurecimento penetrou nos seus olhos, e ele inclinou-se para trás. —A minha situação de moradia mudou nestes últimos dias, e aparentemente eu preciso de um lugar para ficar. O Treinador insistiu que aqui estaria ok. Se você vai ficar desconfortável comigo por estar por perto... se você não estiver ok, Zoe...

Com a velocidade que olhei para cima, quase cai. Os seus olhos estavam postos em mim. Ele se lembra do meu nome? Claro que ele se lembraria de quem eu era – como ele poderia esquecer daquela caloura-estranha-que-fez-um-papel-idiota-e-tão-triste-de-si-mesma – mas ele lembrar do meu nome? Tinha sido um ano desde a última vez que eu sem sucesso não consegui me esconder dele, e um ano era muito tempo para se recordar de um nome de um estranho.

—Você se lembra do meu nome? — Eu perguntei, genuinamente surpresa.

O sorriso saiu de novo e as suas feições suavizaram visivelmente, agora sincero, divertido e convidativo. Eu esqueci do que tinha perguntado. —Como eu disse na época, eu tinha uma sensação de que veria você de novo. Eu pensei que teríamos outra oportunidade. Eu não pensei que levaria um ano para conseguir essa oportunidade... mas aqui estamos nós.

Havia aquela palavra de novo.

Eu desisti da almofada, puxei as minhas pernas para cima e coloquei-as debaixo de mim e desviei o meu olhar. Onde estava o meu telefone quando eu precisava dele para me esconder? Em vez disso, eu sentei mais reta e peguei levemente o apoio do braço com uma mão. —O que você quer dizer com outra oportunidade?

—Você sabe o que quero dizer.

—Na verdade, tenho certeza que não.

—O beijo. — Ele inclinou a cabeça, e uma das suas sobrancelhas fez aquela coisa de arquear que o faz parecer muito atraente. —A última vez que nos vimos, dissemos que talvez da próxima vez pudéssemos fazer isso acontecer. Te lembra alguma coisa?

Aquele sino tocou, tudo bem. Afinal, eu sabia do que ele estava falando, depois de tudo.

—Sabe, pelo que eu me lembro, foi você que disse isso, e tenho certeza que eu estava tentando sair dali o mais rapidamente possível.

—E por quê? — ele perguntou sem perder tempo.

Eu larguei o meu controle mortal sobre o apoio de braço e esfreguei as mãos nas minhas coxas. Nós temos que falar sobre isso de novo?

—Porque o quê?

—Porque você sempre tenta fugir de mim o mais rapidamente possível?

—Será porque eu não o conheço?

—Foi você quem disse que me ia me beijar na primeira vez que nos conhecemos.

Eu mantive os meus olhos em seu rosto. —Primeiro, nós na verdade nunca nos “conhecemos”— – eu fiz aspas rápidas – —da primeira vez. Eu não lhe dei o meu nome, nem você me deu o seu. Então, nós na verdade não nos conhecemos, e eu lhe disse então que os meus amigos... na verdade, não eram realmente amigos, a minha companheira de casa e as suas amigas é que me desafiaram a beijar você. Eu lhe disse isso, e só para você saber, elas já sabiam que você estava namorando alguém, aparentemente há muito tempo, então eles me desafiaram a beijar você na frente de todos, então eu faria papel de tola e enfrentaria a sua raiva. Eles pensaram que seria divertido, acharam que eu deveria me soltar um pouco. Eles não gostavam da sua namorada e queriam ver a expressão dela.

Menos palavras, Zoe. Utilize menos palavras, por favor.

Ele pareceu processar o que eu tinha acabado de dizer e abriu a boca para responder, mas antes que qualquer palavra pudesse sair, eu levantei do meu lugar na esperança de pôr fim à conversa. —Você sabe o quê, nada disso importa uma vez que aconteceu há dois anos. Eu tinha esquecido sobre isso até que você tocou no assunto. — Eu parei de falar. Ele estava olhando para mim, vendo através da minha mentira. Fechando os meus olhos, esfreguei a ponta do meu nariz. —Está bem, eu estou mentindo. Eu não esqueci sobre isso, mas gostaria de esquecer isso desde que não foi um dos meus melhores momentos, se você concordar. Agora que vamos ser colegas de quarto acho que seria o melhor. Se você vai ficar aqui, eu deveria te mostrar o seu quarto.

Sem olhar para o seu rosto, passei por ele e fui em direção ao corredor que levava ao quarto extra no qual ele estaria ficando, bem na frente do meu quarto – a dois passos do meu quarto, se você quer que eu seja absolutamente exata.

O meu novo companheiro de casa.

Quando a vida te joga um receptor sem mais nem menos, o que é suposto fazer com ele? Tentar o seu melhor em não olhar para ele durante muito tempo, talvez? Isso seria um bom conselho para levar, pensei.

Eu ouvi os seus passos, então sabia que ele estava me seguindo. Abri a porta e esperei que ele entrasse, mas sempre garantindo ao mesmo tempo que não o olhava nos olhos. Como eu disse, eu continuava precisando de um tempo – sozinha. Precisava de um tempo para me acalmar e processar tudo.

Não havia muitos móveis no quarto. Assim como o meu, tinha uma cama de solteiro muito confortável, um pequeno guarda-roupa, uma mesa de cabeceira, uma janela que dava para ver a estrada... era basicamente isso, apenas o mínimo das necessidades, que ainda era melhor do que a maioria dos apartamentos estudantis.

Ele passou por mim e colocou uma mochila bem ao lado da cama, a mesma mochila que eu pensei que ele usava para esconder o meu equipamento. Eu o vi olhar tudo rapidamente e depois acenar. —Sem escrivaninha, hein?

—Uma escrivaninha?

—Você sabe, para estudar?

—Vocês caras realmente estudam? Quero dizer jogadores, atletas – eu sempre me perguntei. Eu pensei que você tivesse outros estudantes fazendo isso por você.

Estúpida, eu sou estúpida.

Me encarando, ele ergueu as suas sobrancelhas, e desta vez não havia um sorriso divertido se formando nos seus lábios. —Eu não tinha imaginado você como alguém que iria estereotipar as pessoas.

As suas palavras afundaram, e senti outro rubor nas minhas bochechas. Ele estava certo – eu na verdade odiava pessoas que estereotipavam todo mundo, pessoas que julgavam antes mesmo de conhecer uma pessoa. Eu estava fazendo mais uma vez papel de idiota. Talvez era algo sobre ele que me deixava instável? Que desencadeava a diarreia verbal? Era mais fácil por a culpa nele em vez de admitir que estava agindo como uma cadela.

Soltando a maçaneta da porta, eu balancei a minha cabeça e recuei. —Sinto muito. Você está certo. Eu não sei porque eu disse isso. Eu não te conheço. Eu conheço algumas pessoas que jogam e apenas prefeririam morrer do que abrir um livro, ou tomar notas, isso não quer dizer que você é assim também. Sinto muito. — Eu alcancei a minha própria porta e quebrei o nosso breve contato visual, principalmente me concentrando na sua orelha e na janela por trás dele, em qualquer lugar menos nos seus olhos.

—Este é o meu quarto. — Eu pontei por cima do meu ombro. —Vou deixar você se instalar, talvez veja você por aí mais tarde. — Eu abri a porta e antes de desaparecer dentro do quarto, eu virei para trás. —Ah, sobre a escrivaninha, eu também não tenho nenhuma no meu quarto, então comprei uma no Craigslist no ano passado. Está na sala de estar. Eu não tenho certeza se você a viu com tudo o que aconteceu, mas o meu equipamento fotográfico estava lá. É bastante pequena, mas faz o trabalho. Eu raramente a utilizo de qualquer maneira, utilizo principalmente a mesa de café. Eu vou tirar de lá as minhas coisas, você pode usar sempre que quiser.

Sem esperar por uma resposta, eu fechei a porta.

Sozinha – finalmente.

Depois de descansar a minha testa contra a porta por alguns segundos, silenciosamente, bati nela a minha cabeça, sem me preocupar que ele me pudesse ouvir.


Capítulo 5

Dylan

Duas horas se passaram desde que me instalei no meu novo quarto e Zoe tinha desaparecido no dela. Até agora, eu tinha sido atacado nada mais nada menos do que com um rolo de massa. Eu tinha visto coisas que não deveria (não voluntariamente) e estereotipado, tudo pela mesma garota – a mesma garota que tinha me intrigado tanto nas duas vezes que tínhamos nos esbarrado. Eu ainda estava intrigado, talvez até mais e sabia que não deveria estar. Eu tinha confundido algumas garotas com ela um punhado de vezes, o que significava que os meus olhos estavam à procura dela desde o nosso último encontro e eu nem estava plenamente consciente disso. Aquela mesma garota era a minha nova companheira de quarto.

Às vezes a vida era uma cadela complicada.

Batendo levemente na porta dela três vezes, eu relaxei contra o batente e esperei.

Zoe abriu a porta – apenas ligeiramente – e a cabeça dela espreitou pela abertura.

—Sim?

—Eu acho que devíamos conversar.

—Sobre?

—Sobre esta coisa toda. Se vamos morar juntos, devíamos conhecer um ao outro. No mínimo, eu deveria saber mais sobre você do que o seu primeiro nome – para começar, talvez o seu sobrenome?

—Para que você precisa do meu sobrenome? — Ela olhou por cima do ombro. —São onze e trinta, está ficando um pouco tarde – talvez pudéssemos fazer isso amanhã?

Aposto que ela teria amado apenas me evitar completamente.

Infelizmente para ela, eu não ia a lugar nenhum.

—Você está indo para a cama?

Segurando a porta, ela mordeu o seu lábio inferior com os dentes. Pela primeira vez desde que ela abriu a porta, ela olhou para mim enquanto respondia de má vontade. —Ainda não.

Tirando as minhas mãos dos bolsos, endireitei-me. —Vamos lá. Eu vou fazer algumas perguntas, você vai me fazer algumas, depois vamos os dois para a cama, descansar um pouco e pensar melhor sobre a nossa nova situação. — Já me afastando dela, eu acrescentei por cima do meu ombro. —Para não falar que, eu vou ter certeza de que você não vai tentar me atacar com o rolo de massa enquanto durmo.

A ouvi resmungar algo debaixo da sua respiração. Eu a deixei seguir no seu próprio passo. Quando olhei para trás por cima do meu ombro, ela estava puxando a bainha da sua camisa, olhando para os seus pés.

—Clarke, — ela murmurou, o seu olhar estava fixo no chão de madeira enquanto ela estava no meio da sala de estar. Desta vez, ela falou alto o suficiente para eu ouvir.

Virei para trás. —Desculpe, o que?

—O meu sobrenome...é Clarke.

—Veja, não foi assim tão mau, foi? — Eu lhe dei um sorriso rápido, que ela escolheu ignorar. —O meu é Reed.

—Eu sei. Todos sabem o seu nome.

—Oh? Eu me lembro de você dizendo isso na segunda vez que nos encontramos. Você é fã de futebol? Você já veio a algum dos nossos jogos? — Desde que ela e a sua família são próximos ao Treinador – próximos o suficiente para que eles compartilhassem um apartamento, aparentemente – eu pensei que talvez ela fosse assistir aos jogos com eles.

—Na verdade não.

O seu olhar encontrou o meu brevemente, depois, correu ao redor da sala enquanto ela tentava decidir para onde se mover.

Eu tinha que ser rápido antes que ela olhasse para o sofá e visse o objeto da minha primeira e oficial questão para conhecer a minha companheira de quarto.

—A minha primeira pergunta é... — eu me abaixei para pegar a descoberta inesperada e virei para enfrentar Zoe. —Devo me preparar para encontrar mais coisas como estas inocentemente largadas pela casa? Ou esta é a única? — O seu queixo cai lentamente aberto, e embora eu tenha tentado o meu melhor para soar o mais sério que pude, o horror no rosto dela era demais. Eu perdi isso e ri. —Você deveria ver o seu rosto, Zoe Clark.

O seu olhar estava trancado no vibrador rosa de vinte e cinco centímetros na minha mão, que parecia ter todos os sinos e assobios. —Oh, meu Deus, — ela conseguiu dizer, sem fôlego. —Foda-se.

—Sim, acredito que é para isso que ele geralmente é usado. — Eu já estava me divertindo mais do que esperava estar na primeira noite com ela. —Então, vou tentar adivinhar e dizer que você esqueceu que o deixou cair entre as almofadas do sofá e este não é o esconderijo habitual?

—Não é meu, — ela resmungou, caminhando na minha direção em passos rápidos. O familiar rosa subiu de novo em suas bochechas. Eu entreguei-lhe o item embaraçoso antes que ela começasse um confronto e a vi arranca-lo cuidadosamente da minha mão com dois dedos.

O meu sorriso ficou maior. —Não há nada do que ter vergonha. A masturbação é saudável.

O rubor nas bochechas dela parecia se espalhar mais a cada segundo. Depois de me dar um olhar mortal, ela se afastou sem um segundo olhar.

Eu ri para mim mesmo. Eu não me surpreenderia se ela se trancasse no seu quarto e não voltasse. Parecia plausível no momento, desde que, era uma espécie de coisa nossa – o corar e a fuga imediata. Não importava nada que eu não soubesse nada além do nome dela. Quando ela na verdade surgiu do quarto – o que eu não esperava que ela fizesse – não havia vibradores por perto, mas aquele rubor rosa ainda estava agarrado à sua pele pálida, fazendo os seus olhos verdes brilhantes se destacarem ainda mais.

—Não é meu, — ela repetiu enquanto sentou e colocou as mãos sob as pernas. —Eu sou uma estudante de arte focada na fotografia. Eu tiro fotos para ganhar um dinheiro extra. É o meu trabalho, e esse foi um dos cinco vibradores que eu tive que tirar fotos para uma garota que tem um blog. Não tenho ideia de como consegui deixar esse para trás.

Devo ter dado um olhar que praticamente transmitiu o que eu estava pensando – besteira – porque os seus olhos se estreitaram em mim.

—Não olhe para mim desse jeito. Olhe em volta – não existe cortinas neste lugar, então se isso fosse meu, eu teria de... usá-lo bem onde você está sentado. Eu não sou uma exibicionista. Eu não vou fazer isso bem na frente de uma janela aberta – não que seja da sua conta se ou onde eu o faço isso...— Ela suspirou e esfregou os olhos com os dedos. —Só vou calar a boca agora para que você possa perguntar o que quer que queira perguntar para se sentir seguro na cama esta noite. Quando acabar, vou correr de volta para o meu quarto, para que possa gritar na minha almofada e fingir que esta noite nunca aconteceu.

Em frente à janela estava o grande sofá castanho, onde eu tinha encontrado o vibrador em questão depois dele me acertar na perna. Havia outro, de dois lugares que era de uma cor mostarda escura, à direita, onde ela estava sentada, cautelosa e praticamente pronta para fugir. Levei o meu tempo para ocupar um lugar na extremidade do sofá castanho.

—Eu não quero que você faça isso, — eu disse suavemente. Quando ela criou a coragem para olhar para cima, eu lhe dei um pequeno sorriso. —Quero dizer, eu não quero que você corra de volta para o seu quarto. Eu falava sério quando disse que queria que nos conhecêssemos. — Os seus olhos se conectaram com os meus por apenas um segundo, e em seguida ela estava olhando para algo atrás de mim. Ela era muito tímida, mas isso só a fez ficar mais atraente e interessante aos meus olhos.

Eu limpei a minha garganta. —Ok, isso é bom. Veja, já comecei a aprender coisas sobre você. O seu nome é Zoe Clarke, e você não é exibicionista – anotado. Eu vou dormir mais tranquilo sabendo que estou seguro de pegar em flagrante, você fazendo sabe Deus o quê. Você é uma estudante de arte e gosta de fotografia. Você ganha o seu dinheiro – os adereços são para isso. Não é assim tão mau, é?

—Talvez para você não seja.

—Eu vou ignorar isso porque agora é a sua vez. Pergunte-me o que quiser.

Ela soltou um longo suspiro e enfiou as suas mãos de volta debaixo das pernas. —Eu não tenho uma pergunta, agora.

—Vamos lá. Pode ser algo tão simples como o meu filme favorito.

Ela me lançou um olhar exasperado, e a sua expressão dizia tudo o que precisava ser dito. Eu não estava desistindo – ainda não.

—Então, qual é o seu filme favorito?

Eu me inclinei para trás e fiquei confortável. —Oh, não posso responder a isso. Eu tenho muitas opções para escolher só um. É minha vez.

Ela ergueu as suas sobrancelhas e seus lábios separaram em descrença. —Você acabou de me dizer para perguntar a você...

Eu a cortei antes que pudesse terminar a sua frase. —Não, você vai ter que esperar pela sua vez. Não seja uma desmancha-prazeres. Ainda está com aquele seu namorado?

A sua resposta saiu como um guincho. —O quê?

—Você sabe, o namorado que nos impediu de nos beijar da última vez. Ainda está com ele?

Suas sobrancelhas se juntaram e ela virou o seu corpo na minha direção, finalmente puxando no processo as suas mãos de baixo das pernas. Era exatamente o que eu queria que ela fizesse – que ela se esquecesse da timidez e fosse apenas ela mesma perto de mim. Se fossemos viver juntos pelo tempo que fosse, iria facilitar as coisas para nós dois. Na verdade, levá-la a me olhar nos olhos quando estivéssemos falando também seria um bom bônus. Se fazê-la ficar com raiva era necessário para alcançar o meu objetivo, por mim estava tudo bem.

—Eu não acho que é algo que você precisa saber para dormir seguro na sua cama.

—Na verdade, eu acho que sim. Eu sei que decidimos que você não é exibicionista, mas eu ainda poderia ir ao seu quarto para perguntar sobre uma xícara de açúcar e encontrar vocês dois, assustando-me para o resto da vida. Se eu souber que ele fica ao redor, eu irei ter certeza de não bater na porta por açúcar.

Os seus lábios contraíram quando ela me deu uma resposta. —Não se preocupe, você não vai esbarrar em ninguém. Os seus sentimentos delicados estão seguros. Mark não quer que eu tenha amigos por aqui, então você não estará vendo ninguém ao redor no geral.

Isso me animou, então eu me aproximei e foquei toda a atenção nela. —Mark?

Olhando para longe, ela agarrou na almofada colorida e começou a apertá-la. —O seu treinador... Mark. Ele não é meu treinador, então eu posso chamá-lo pelo nome dele.

—Claro que você pode. Então, na verdade, você não respondeu à minha pergunta – você tem um namorado ou não?

—Não.

Eu estava no processo de tentar decidir se isso era uma coisa boa ou má para mim e estava inclinado fortemente para a coisa má quando ela grunhiu e suspirou.

—Ok, eu menti. Vamos dizer que tenho um namorado e é complicado.

—Você mentiu? — Ela estava dizendo a verdade agora? Eu não sei dizer, mas se ela estava, eu estava supondo que ela não era boa em manter segredos e eu ia acabar aprendendo tudo sobre a sua relação complicada de qualquer maneira. —Na verdade, está tudo bem. Vai facilitar as coisas. — Inclinei-me para trás de novo. —No momento, eu não tenho uma namorada, mas posso me comportar.

Ela me deu um olhar interrogativo, estreitando os olhos, sua cabeça inclinada para o lado ligeiramente. —Eu vejo você – sei que isso é uma mentira. Talvez você tivesse razão, esta coisa de nos conhecermos melhor não é má ideia.

—Eu sou o mentiroso? — Eu perguntei, apontando para mim enquanto as minhas sobrancelhas se unem. —Eu acredito que é você que admitiu estar mentindo – duas vezes, até agora. O que faz você pensar que estou mentindo para você? E sobre o quê?

Copiando o meu movimento, ela chegou para a frente no seu assento. —Porque, na verdade, eu por acaso sei que você tem uma namorada, antes de você me acusar de persegui-lo, eu não estou – não mesmo. Eu vi no seu Snap on Campus Stories. Depois de ver o jeito que você a estava beijando, eu diria que ela é a definição de uma namorada, mas acho que com a quantidade de garotas que se atiram em você, você não precisa se incomodar em rotular alguém como sua namorada e se prender em apenas uma pessoa. Porque ficar com uma quando você pode provar muitas mais, certo?

—Eu não uso as redes sociais.

—Então, eu acho que era dela a conta.

—Huh. — Ela continuava a olhar para mim com expectativa, muita certeza de que me encurralou. —É assim que você é com todas as pessoas, ou sou só eu que desperto esse seu lado? Primeiro o comentário da escrivaninha e agora isto – você tem alguma coisa contra os atletas?

A sua expressão vacilou. —O quê?

Eu esfreguei o meu pescoço e suspirei. Fui eu que tinha insistido que fizéssemos um Perguntas & Respostas improvisado. Eu não pensei que ela começasse com todas as perguntas difíceis.

—É verdade, eu tinha uma namorada há uma semana, ou talvez tenha sido há mais tempo... eu realmente não tenho acompanhado, mas não importa. Eu a peguei sendo fodida por dois dos meus colegas de equipe, então foi basicamente o fim da nossa relação, é também por essa razão que preciso de um novo lugar para ficar. A propósito, nem todos os atletas fazem o que fazem só para que eles possam ter a sua cota de garotas. Não funciona assim. Você não pode colocar todos na mesma caixa. Alguns de nós escolhe ficar longe de distrações a todo o custo, e alguns de nós gostam de atenção. Você não pode decidir qual a categoria que eu me encaixo antes de você fazer um esforço para me conhecer. Eu não sou um mentiroso, e tenho tido muitos problemas em lidar com eles. Eu ser um atleta não me faz menos do que alguns caras por quem você tem uma queda. — Porque tive que colocar dessa forma? Foda-se... Ninguém ia ter qualquer tipo de queda. —De novo, eu estou um pouco desapontado. Eu não imaginava que você fosse uma julgadora. Erro meu.

Talvez esta coisa de nos conhecermos melhor não foi uma das minhas melhores ideias. Talvez eu devesse ter mantido a minha cabeça baixa e apenas coexistir.

Eu levantei. —Isto não foi boa ideia. Boa noite, Zoe –

—Não, — ela explodiu, e saltou para cima. —Não. Por favor, não vá. Eu sinto muito Dylan. Você está certo. Eu estou sendo uma cadela julgadora, e eu não sou assim, acredite em mim. Eu não tenho ideia do que está errado comigo esta noite. Acho que depois do que aconteceu mais cedo, pensando que estava prestes a ser morta por um palhaço e depois o choque de perceber que você era o intruso... de qualquer forma, a razão não importa. Às vezes quando estou nervosa eu falo demais e é só um caso grave de palavras vomitadas. — Ela gesticula para si mesma com a sua mão. —Veja, eu ainda estou falando, não estou? Eu deveria parar, eu sei que deveria, mesmo assim ainda consigo me ouvir falando, mas sabe o que mais? Você está certo – se vamos compartilhar um apartamento, devíamos pelo menos saber algumas coisas um sobre o outro. —

Ela caminhos até ficar na minha frente, levantou-se na ponta dos pés para chegar aos meus ombros, e me empurrou de volta para o sofá.

Então ela foi andando em direção à cozinha que é anexa à sala. —Eu vou fazer café e vamos conversar até ter certeza de que está num lugar seguro e que não vai viver com uma cadela lunática que o atacará quando estiver dormindo. — Ela olhou para mim por cima do ombro. —Embora, eu tenha que salientar, que você me assustou pra caramba quando entrou sem qualquer aviso, fiquei muito assustada, então eu só vou esclarecer que a coisa do rolo de massa não deveria ser culpa minha. Aquilo foi tudo você.

De pé atrás da ilha que separava a pequena área da cozinha da sala de estar, ela parou de falar. Quando eu apenas continuei a olhar para ela em vez de responder, ela enfiou o cabelo atrás da sua orelha e esperou com expectativa.

Eu relaxei no meu assento e coloquei o meu braço sobre as costas do sofá para que a pudesse assistir fazer o café. —Não posso tomar café tão tarde porque eu tenho treinos cedo, mas eu quero leite se você tiver.

—Apenas leite?

Eu acenei.

—Ok, veja, eu não vou nem falar de você por beber leite, apesar do seu tamanho e posso dizer que você não é mais um rapaz em crescimento. Inferno, você sabe o quê? Eu até irei beber com você.

Inesperadamente, ela retirou uma risada de mim e eu ganhei um sorriso dela. Sem mais nem menos, atingiu-me o fato de que ela iria se destacar não importava onde ela estivesse, e eu era o estúpido que confundiu outras pessoas com ela. Alguns segundos se passaram enquanto nós sorriamos um para o outro.

—Certo... leite. — Ela levantou um dedo e verificou a geladeira, a sua cabeça desapareceu completamente da vista. Ela deslocou algumas coisas e debruçou-se mais para dentro até que tudo o que eu conseguia ver era a sua bunda.

—Tudo bem se você não tiver. Eu não preciso beber nada para conversar com você.

—Achei! — Ela gritou enquanto saía com a caixa levantada de leite. —Apenas me deixe verificar a data de validade. E... estamos bem.

Depois de encher dois copos, ela ofereceu um e voltou para o seu lugar. Repousando o copo no apoio de braço, ela sentou de pernas cruzadas e bebeu um gole de leite com um sorriso tímido no seu rosto. Eu apenas a olhei.

—Sinto muito, eu não tenho nenhum desses leites chiques – leite de soja, leite de amêndoa, leite de aveia ou qualquer outro tipo de leite que desconheço. Eu ganho dinheiro extra para sobreviver, mas não é assim tanto. — Ela acenou para o meu copo intocado. —Não há problema se você não está habituado a leite de vaca ou algo assim. Você não precisa beber.

Eu me acomodei para trás e bebi metade dele. —Por que você diz isso? — Eu perguntei o mais calmamente possível.

—Eu apenas assumi desde que você é um jogador de futebol, você bebe coisas mais saudáveis, como sucos verdes ou outro leite chique... — Ela respirou profundamente e mordeu sua bochecha, durante todo esse tempo mantendo os seus olhos em algum lugar por cima do meu ombro. —Estou fazendo isso de novo, não estou?

Eu sorri para ela e bebi outro gole do meu copo.

Ela gemeu e cobriu o rosto com a palma da mão. —Eu acho que você deverifalando por um tempo. Estou agindo como uma idiota completa. Então, por favor, pergunte o que quiser... por favor.

Eu bebi o último gole de leite e coloquei o copo em cima da mesa na minha frente. Ela segurou o seu próprio copo entre as palmas das mãos e bebeu um gole pequeno. A vi lamber o seu lábio superior discretamente para ter certeza que não tinha um bigode de leite.

—Vamos começar por uma coisa pequena – quantos irmãos? — Eu perguntei, decidindo não pensar no fato de que ela era a primeira pessoa que me fez sorrir desde aquela noite.

—Ah, irmãos, hein? Nenhum. Você?

O meu sorriso ficou grande e relaxei. —Eu tenho dois monstros que são meu irmão e irmã. A Amelia é a criança do meio. Ela acabou de fazer quinze anos neste verão e ela é a princesa da família, a menina do papai da cabeça aos pés, tímida e doce tanto quanto possível. — Eu observei Zoe baixar a cabeça e beber mais alguns goles de leite. —E depois, temos o Mason. Ele tem sete anos, ele é o monstro principal, o garoto mais curioso que você poderia conhecer. Se você acha que fala demais, espere até conhecê-lo.

Não que haveria uma ocasião em que ela conhecesse o meu irmão, mas... nunca se sabe.

—Ele tem sete anos? Essa é uma grande diferença de idade.

—Ele é o bebê surpresa. Embora não posso imaginar não o ter por perto. Foi estranho quando o meu pai sentou e contou que eu teria um irmãozinho, e para ser completamente honesto, é um pouco embaraçoso para um garoto de quatorze anos saber que os seus pais ainda fazem aquilo, mas eles mandaram bem com ele. Agora nem sequer sei como nós sobreviveríamos sem aquele garoto. Ele é o melhor.

Eu sorri e vi os seus lábios levantarem lentamente enquanto o seu olhar focou nos meus lábios. Não queria estragar o nosso momento, especialmente quando ela não estava agindo como se quisesse entrar em colapso, mas eu precisava saber e esta era a melhor hora para perguntar.

—Aquela primeira noite...

Ela gemeu e deixou cair a cabeça para trás no sofá. —Você está me matando.

Eu ri. —Não, escute – apenas uma pergunta. Eu preciso saber.

Eu não consegui identificar a expressão no rosto dela, mas eu poderia dizer que este assunto era praticamente o último assunto que ela queria tocar. Eu forcei de qualquer jeito.

—Você chorou? Eu pensei ter visto você chorar quando estava tentando fugir, mas eu não tinha certeza. — Quando ela não levantou a cabeça, eu continuei. —Eu meio que procurei você naquela noite, você sabe. Quero dizer, eu estava vendo uma garota na época, era uma novidade... mas mesmo assim, depois da forma como você saiu e correu, eu acho que só queria me assegurar de que você estava bem. Confie em mim, não era sobre você. Qualquer um dos outros caras teria levado a sua oferta, mas...

—Oh, por favor, por favor, vamos apenas esquecer que aconteceu, tudo bem? Sim, eu meio que comecei a chorar no final porque estava com vergonha e às vezes faço isso, mas não era sobre você. Eu choro o tempo todo. Ok, talvez eu não choro o tempo todo, mas não é preciso muito para eu derramar algumas lágrimas. Mostre-me um vídeo onde um cão encontra o seu dono e eu sou um caso perdido. Eu chorarei em cima de você. Mais, não era como se os meus olhos ficassem assim porque você não queria que uma estranha o beijasse no meio de uma festa maluca. Eu estava apenas envergonhada. Se você não notou, eu sou dolorosamente tímida. Acontece. Eu chorei hoje quando você me assustou, eu pensei que ia morrer. — Ela encolheu os ombros. —Para ser honesta, não era porque você me rejeitou. Eu estava com raiva da minha companheira de quarto por me colocar naquela posição e zangada comigo mesma por ter entrado no jogo. Eu estava bem... na maioria.

Foi divertido vê-la divagar. —Defina na maioria.

Ela caiu no seu lugar. —Oh, cara. Bem... talvez tenha caminhado para o outro lado sempre que via você ao redor do campus depois disso... o que não era frequentemente, só algumas vezes, mas ainda assim eu fiz. Mais uma vez, como eu disse, foi apenas porque estava envergonhada. Agora, você está bem aqui e eu não tenho para onde correr, então não vou fazer isso desta vez. — Ela engoliu o leite e se inclinou para a frente para colocar o copo na mesa entre nós, dando-me inconscientemente uma breve visão da ondulação dos seus seios. Eu desviei o olhar, porque ela estava fora dos limites. Qualquer garota estava fora dos limites, mas Zoe Clarke estava ainda mais fora dos limites. Eu estava mantendo a minha decisão de estar livre de distrações no meu último ano.

Foi o pior momento para conhecê-la.

—Deixe-me salvá-la e voltar às perguntas mais fáceis, — eu disse suavemente. Ela exalou e sussurrou silenciosamente os seus agradecimentos. —Filme favorito?

—Eu não vou ser vaga como você, mas... há na verdade uma tonelada de filmes que eu gosto de ver. Eagle Eye2 da Shia LaBeouf – nem sequer consigo lembrar do número de vezes em que assisti a esse filme. Speed3 – eu adoro Keanu Reeves, tanto na tela como na vida real. O que mais... Transformers, Lord of Rings4, Mean Girls5, 2012 e The Holiday6, por causa do Jude Law, Cameron Diaz e Kate Winslet... só para citar alguns que me vêm à mente.

Eu separei os meus lábios, pronto para a minha próxima pergunta, mas ela levantou a mão, parando-me.

—Oh! Também, basicamente eu adoro todos os filmes de animação.

—Um pouco de tudo, não é? É bom. Eu também gosto disso. Na verdade, não gosto tanto assim de filmes românticos, mas se você tiver um filme de ação para ver, eu não direi que não.

—Anotado.

Por que será que tive a sensação de que eu não estaria no topo da sua lista de companheiros de filmes?

—Minha vez. O que os seus pais fazem? — ela perguntou, interrompendo os meus pensamentos. —Eu estava pensando que o seu pai seria... um atleta profissional? Será?

—Hmmm, — cantarolei, beliscando o meu lábio inferior entre dois dedos. —Até onde eu sei, o meu pai nunca jogou futebol, pelo menos não enquanto estava na escola, o que o excluí de ser um atleta como você imaginou. Ele na verdade é encanador e a minha mãe é professora de jardim de infância.

—Uau, — ela disse enquanto exalava após alguns segundos de silêncio constrangedor. —Uau, eu sou mesmo uma idiota, não sou?

—Eu não diria exatamente isso.

Ela riu e eu tive de segurar a parte de trás do sofá mais apertado. —Eu diria. Então você não é um menino rico? Não que ser rico é ruim ou alguma coisa, eu apenas assumi, você sabe, porque... quem diabos sabe neste ponto – obviamente não eu.

Aquele rosa suave começou a espalhar pelas suas bochechas de novo, e desta vez era eu quem estava rindo.

—Eu não sou rico, não. A minha família também não é rica, mas não nos estamos mal. Como você, eu tento fazer dinheiro extra sempre que tenho tempo. Além disso, eu tenho uma bolsa de estudos por causa do esporte, então isso ajuda.

Ela enfiou o cabelo atrás da sua orelha e olhou para o colo.

—O que os seus pais fazem? — Eu continuei para que pudéssemos voltar para a forma como estávamos há uns minutos atrás antes dela começar a se esconder de mim.

—O meu pai é um jornalista de investigação. Ele costumava escrever para o New York Times, mas depois dele casar com a minha mãe, eles se mudaram para Phoenix. Agora ele escreve para um jornal local. A minha mãe... — Ela limpou a garganta e desviou os olhos. —A minha mãe morreu alguns meses após eu ter vindo para a universidade. No topo de tudo que veio com a sua doença, nós tínhamos outras questões também. Nós não éramos chegadas como mãe e filha, mas ela ainda era minha mãe. Então, eu estar chorando num piscar de olhos quando eu era uma caloura pode também ter algo que ver com isso. Nova cidade, novas pessoas, e quando você adiciona isso e todo o resto, não foi uma boa combinação para mim.

Isso tirou o sorriso do meu rosto e eu me endireitei, mudando de posição no meu lugar. —Sinto muito pela sua perda, Flash.

Depois de um breve olhar na minha direção, ela deu um pequeno sorriso e acenou. —Ela teve câncer de mama. Descobrimos tarde demais.

—No meu último ano de escola, nós perdemos o meu avô, — eu comecei despois de um período curto de silêncio. —Nós temos uma bela família, muito unida, às vezes muito barulhenta, e todo mundo está praticamente sempre metido nos negócios uns dos outros. Ele vivia no final da nossa rua então ele estava constantemente nas nossas vidas, uma alma pura e dura. Eu costumava correr para casa dele todas as tardes para que pudesse jogar bola com ele enquanto ele me contava histórias dos seus dias do passado... apenas coisas aleatórias e sem importância.

Olhando para longe de Zoe, eu sorri. —Eu juro para você, eu estava lá todos os dias. Assim que o relógio atingia as cinco horas, eu estava no meu avô, e todas as vezes que ele abria a porta as suas primeiras palavras eram, você de novo, garoto? O que um homem tem que fazer para conseguir um pouco de paz e sossego por aqui?

Apenas imaginando o seu sorriso fácil me fez rir para mim mesmo. —E então ele iria para o futebol antes que eu pudesse abrir a minha boca. Não conte a ninguém, mas acho que eu era o favorito dele. Ele adorava muito que eu estivesse por perto. O efeito que a sua presença tinha na minha vida...— eu balancei a minha cabeça e levantei os olhos para Zoe, que estava ouvindo, extasiada, os seus olhos tristes e compreensivos ao mesmo tempo. —Você perdeu a sua mãe... eu sei que é diferente, mais difícil e sei que nada do que possa dizer faz ser mais fácil, mas eu entendo o quanto é difícil suportar a perda. Soa tão estúpido e egoísta desde que eles não podem sequer... eu daria tudo para tê-lo por perto para que pudesse ver onde eu estou indo, ou apenas para sair e conversar, você sabe.

Eu forcei o meu olhar de volta para Zoe e peguei rapidamente uma única lágrima que corria pelo seu rosto.

—Sim, eu sei. — Ela inclinou a cabeça. —Estamos ficando muito profundos aqui. Você estava falando sério sobre nos conhecermos melhor, hein?

Para ser completamente honesto... eu não estava. Claro, eu queria perguntar algumas coisas, talvez ter uma ideia do que esperar dela, mas não tinha planejado ficar tão profundo, tão cedo, na verdade. A conversa tinha acabado indo para onde estávamos. Para aliviar o clima pesado, eu tentei nos levar noutra direção.

—Vamos fazer um jogo rápido de perguntas e respostas.

—Oh, eu vou perder essa. Eu não sou boa com respostas de uma só palavra, mas me pergunte.

—Pessoa de gatos ou pessoa de cães?

—Pessoa de cães. Gatos... eles meio que me assustam, não os gatinhos ou os outros fofinhos, mas eu não gosto de como alguns deles focam em você, como se estivessem planejando formas de te matar. Você sabe o que eu quero dizer? Não são todos eles, mas ainda assim. Eu sou uma pessoa mais de cães no geral. Você?

Eu não pude conter o meu sorriso. Ela estava certa, ela não era a melhor pessoa para respostas curtas, mas eu não estava reclamando. —Eu também vou dizer cães. Então, arte e fotografia, hein?

—Sim. O seu curso?

—Ciências políticas. O seu lanche favorito no cinema?

Os seus lábios viraram num sorriso e ela brincou com a ponta da sua camiseta.

—Movendo-se para questões difíceis, hein? M&M de manteiga de amendoim, sem dúvida alguma, mas na verdade eu não os compro – isso seria perigoso. O mesmo com as batatas fritas. Normalmente, eu não tenho autocontrole quando se trata de comida. O seu?

—Pipoca. Você tem que ter pipoca quando estiver assistindo um filme. E não comprar M&Ms... não tenho certeza do que dizer sobre isso. Qual é a sua maior fraqueza?

—Eu pensei que fosse a minha vez, mas tudo bem, eu vou responder. — Ela suspirou e deixou cair os seus olhos antes de responder. —Pizza. É pizza.

—O que tem isso? — eu perguntei, rindo.

—Faz mal, — ela respondeu, olhando para mim através dos cílios. —Muito mal. Consigo comer uma grande sozinha embora eu sei que vou me sentir miserável e ter dificuldade para dormir por estar tão cheia, mas não posso dizer não. Eu nunca digo não a pizza. Eu definitivamente também não vou começar a dizer não tão cedo. Pergunte-me que alimento eu escolheria para ter pelo resto da minha vida ou se eu estivesse presa numa ilha e eu só poderia ter uma coisa e...

—Deixe-me adivinhar, você diria pizza.

—Sim. É uma fraqueza. Carboidratos aos montes. Eu sei que não faz bem e todas essas coisas, mas é tão bom. Todo aquele queijo pegajoso, Meu Deus e o molho é igualmente importante. Assim como a massa e as coberturas... Deus, as coberturas. Cada camada é importante. Tantas opções. É mágico, um círculo de amor. Qual é a sua cobertura favorita?

Quanto mais ela falou, mais o meu sorriso cresceu.

—Pepperoni, ou qualquer outro tipo de carne, na verdade. — Eu podia jurar que a ouvi gemer baixinho quando ela lambeu os seus lábios.

—Qual é a sua maior fraqueza? — ela perguntou.

—Para não parecer que estou imitando você, mas se estamos falando aqui de comida, tem que ser hambúrgueres. Pizza seria um segundo lugar. Ok, próxima. Diga-me a sua maior queixa.

—Isso não devia ser uma surpresa, mas tenho mais do que algumas. Sou fascinada por pessoas, que é uma das grandes razões para eu amar tirar fotos tipo retrato, mas... detesto pessoas falsas. Não as suporto, não me interessa estar ao redor delas. Pessoas que falam constantemente sobre você como se a sua opinião não interessasse – apenas não. Faz o meu sangue bombear da pior forma possível. Gente que se acha. Banheiro sem a descarga dada. Garotos de calças folgadas. Pessoas que acreditam como merda que são boas em tudo – eles geralmente não são e mesmo que fossem, eu adorava ser quem se pronunciava sobre isso, não daria ouvidos a eles. Eu poderia continuar por aí fora, por favor cale-me.

—Banheiro sem dar a descarga e calças caídas, entendi.

Havia algo nela. Talvez fosse o quanto aberta ela soava, tão honesta e real, ou talvez era a maneira que ela falava como se ela não conseguia ter as palavras rápido o suficiente... a maneira como ela desviava o olhar rapidamente sempre que os nossos olhares se cruzavam, a forma como as suas mãos pareciam estar ocupadas constantemente com algo à volta delas – a almofada, o relógio verde azeitona no pulso dela, a bainha da sua t-shirt. Não consegui apontar exatamente o que era, mas havia algo que me fazia sentir relaxado perto dela, como se esta não fosse a primeira vez que nos sentávamos e desfrutávamos de uma conversa simples e sem sentido.

—Eu não quero que você se cale. Eu gosto disso, — eu admiti sem pensar duas vezes. Por que mentir quando eu estava gostando tanto? —Eu vou ter que concordar sobre as pessoas que se acham, mas a coisa que mais odeio é na verdade pessoas que mastigam alto, especialmente quando é chiclete. Eu já tive brigas com alguns dos meus companheiros de equipe por causa disso. Agora eles mascam chiclete sempre que querem me irritar. O som da mastigação... foda-se não. Espero que você não seja uma dessas. Se você for, pare com isso, ou eu não posso prometer que não vai dar confusão.

—Senhor, sim senhor, — ela brincou com uma expressão séria, mas divertida.

—A outra é quando as pessoas estão jogando com os seus telefones o tempo todo, como se estivesse colado à mão ou uma merda assim.

—O meu pai odeio isso. Na verdade, nós temos uma regra sobre isso. Se estivermos jantando - e ele sempre insiste em comermos juntos, quer seja em frente à TV ou na mesa – eu não posso tocar no meu telefone. A mesma coisa se nós estivermos conversando. Ele odeia quando olho para o meu telefone quando estou falando com ele.

—Eu não gosto de pessoas que mentem, — eu disse.

—Eu também não gosto de pessoas mentirosas.

—Pessoas que não gostam de animais.

—Oh, sim. Eu não confiaria neles com nada. Então basicamente parece como se não gostássemos muito de pessoas.

—Bem, temos algo em comum, o que é bom.

Ela repousou os pulsos nas suas pernas cruzadas e se mexeu no seu lugar. —Acredito que é a minha vez de perguntar algo.

—Vá em frente.

—O que quer ser?

—Eu quero ser jogador profissional. Você?

—Eu quero ser fotografa profissional.

Nós sorrimos um para o outro. Eu gostei que estávamos ambos tão certos do nosso futuro.

—Qual é o seu lugar favorito? — Eu perguntei.

—Como o meu lugar favorito... para ir?

—Sim, e não me diga que é a biblioteca ou qualquer lugar perto do campus.

Ela levantou uma sobrancelha para mim, junto com um pequeno sorriso no seu rosto. —Agora, quem está sendo julgador? Não é a biblioteca. Na verdade, é a praia. Eu não tenho uma longa lista sobre isso, mas provavelmente é uma das poucas coisas que amo sobre L.A., especialmente quando está um pouco deserta. Algumas pessoas aqui e ali é bom, mas odeio quando há muita gente. Santa Monica pode ser um pouco mais. É ainda melhor se está mais perto do pôr-do-sol. E sim, bem, eu gosto da biblioteca. Você?

—O campo.

Ganhei um revirar de olhos. —Você provavelmente está no campo o tempo todo.

—E não poderia ser de outra forma. Então você é de Phoenix?

—Sim. Você? L.A.?

—Não. São Francisco.

—Você sabe, nenhuma destas perguntas tem nada a ver com a gente vivendo juntos. Se você tivesse perguntado o meu horário por exemplo, se eu era uma colega de quarto barulhenta, ou se falava dormindo, ou... não sei, qualquer coisa relacionada com esta situação, eu entendia, mas... — Ela apontou um dedo para algum lugar por cima do meu ombro, então eu virei para olhar e vi que ela apontava para o grande relógio pendurado na parede. —Já passa da meia-noite, e outra coisa que você talvez quisesse aprender sobre mim é que eu raramente fico acordada até tão tarde, por isso é melhor... eu me mandar. Isto foi... — Ela parou e parecia se surpreender com o que estava prestes a dizer. —Isto foi divertido e talvez não tenha sido assim tão mau, e espero que agora não fique com medo de ir dormir. Não planejo machucar você com as minhas habilidades de ninja secretas ou qualquer coisa assim. Eu amanhã tenho uma aula muito cedo, então... — Ela descruzou as pernas e se levantou.

Eu também me levantei, e fiquei na sua frente. Ela esfregou os seus antebraços como se estivesse com comichão porque eu estava tão perto dela. Tão perto, que eu podia sentir de leve o cheiro do seu perfume, algo fresco e doce, mas nada exagerado. Era adequado para ela.

Eu ergui a minha mão, e ela olhou para mim como se eu tivesse criado uma segunda cabeça.

—Para que é isso? — ela perguntou com cara feia.

—Nós vamos apertar as mãos.

—Por quê?

Eu a estiquei, suavemente agarrei o seu punho e coloquei a sua mão na minha. —Agora, vamos apertar as mãos.

Com a minha ajuda, ela apertou a minha mão. —Ninguém faz mais isso, você sabe disso, certo?

—Eu não sei o que você quer dizer, mas eu gosto que nós tenhamos nos conhecido oficialmente depois de dois anos andando ao redor um do outro.

—Você acha que vai conseguir dormir sozinho?

Ela não se percebeu o que tinha dito antes de eu levantar uma sobrancelha e sorrir para ela.

—Merda. Eu não queria dizer isso assim. Você dormirá sozinho de qualquer forma, era o que eu ia dizer. Não dormir, dormir, como no sexo, mas apenas dormir ao lado um do outro... e porque simplesmente você não vai em frente e me mate agora, por favor?

Ela tentou puxar a sua mão, mas eu a segurei. —Por você, Flash, vou fingir que não ouvi nada disso. Foi um prazer conhecê-la, Zoe Clarke. Isto foi bom. Deveríamos fazer isto de novo.

—Claro, — ela concordou, mas de alguma maneira o seu claro soou como o contrário. E deixei a mão dela. —Está coisa de Flash, o apelido – isto vai ser uma coisa, não é?

Rindo, eu acenei.

Ela tinha dado só alguns passos para longe de mim quando chamei por ela.

—Uma última questão. — Relutantemente, ela olhou para mim por cima do seu ombro. —Um ano sem sexo ou um ano sem um telefone?

—Eeeee uma boa noite para você também.

—Vamos lá. É a última pergunta – você não pode pular está.

—De novo, o que isto tem a ver com a gente sendo companheiros de quarto?

Eu sentei. —Vai me dizer algumas coisas sobre você. Vamos lá.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, olhou para mim, depois olhou para longe, provavelmente tentando fazer sentido em mim. Não posso culpá-la.

—Eu vou ter que escolher um ano sem telefone, embora não seja por causa que estou louca por fazer sexo. Não é como se estivesse tendo toneladas de... — Os seus olhos cresceram um pouco mais como se ela tivesse apenas deixado escapar algo que eu não devia saber. Eu me inclinei para trás e a assisti tentando se salvar.

—Eu não queria dizer isso. Eu realmente não estou louca para fazer sexo, e poderia ficar sem fazer sexo por um ano, porque isso iria ser fácil. Eu apenas acho que um ano sem telefone poderia ser na verdade terapêutico. Provavelmente ele está colado à minha mão a partir do momento em que acordo até ao momento em que vou deitar, e acho que seria de fato bom usá-lo só para o seu propósito original, só para ver como seria, você sabe. Talvez, socializar mais podia ter um efeito positivo na minha vida, quem sabe. Iria ser definitivamente bom para os meus olhos, isso é certo.

Eu levanto de novo e ando na direção dela enquanto a vejo esconder as suas mãos por trás. —Você não tem que explicar a razão para mim, mas isso não quer dizer que não aprecie isso. A sua resposta diz muito sobre você. Obrigado por me animar e responder às minhas questões. Parece que estamos presos juntos pelos próximos meses se eu não encontrar um outro lugar e devo dizer que estou surpreso pra caralho que você é a minha nova colega de quarto. Merda, Zoe, não teria adivinhado nem em um milhão de anos.

Mantendo os seus olhos numa área do meu peito, ela acenou. —Boa noite, então, Dylan.

Após colocar o cabelo atrás da orelha e me dar um pequeno sorriso, ela começou a andar.

Eu a deixei dar alguns passos em direção ao seu quarto enquanto eu fiquei no meu lugar. —Flash? — Ela olhou para mim, mas continuou a dar passos pequenos para trás.

—Sim?

Enfiei as minhas mãos nos bolsos da frente. —Isto é uma coisa estranha, mas acho que você vai ser a minha melhor amiga, Zoe Clarke.

Quando ela fugiu para o quarto e já não estava perto de mim, eu sentei e me inclinei para trás contra o sofá. Agora que eu estava sozinho, eu olhei para o teto e sorri. Ela não fazia ideia do tipo de problemas em que estava comigo.


Capítulo 6

Zoe

—Acho que em algum momento, eu disse tenho que me mandar, quem diz isso? — Deixei sair um suspiro e enfrentei a palma da minha mão provavelmente pela centésima vez desde o meu encontro com Jared e Kayla. Forcei eles a saírem da cama para um momento de ímpio café e um resumo dos acontecimentos do dia anterior.

Uma vez que eu nunca tinha mencionado o meu encontro com Dylan na primeira vez há dois anos atrás, gastei uns bons trinta minutos contando a eles sobre isso. Péssima amiga? Eu acho que não. Eu sempre fui boa em manter segredos. Quando eu estava com nove, eu mantive o meu primeiro segredo do meu pai por uma semana inteira antes de soltar que Nathaniel da minha turma me beijou no recreio e disse depois para guardar segredo. Evidentemente, eu tinha melhorado com o tempo.

Depois de Jared me dar um inferno por cinco minutos enquanto Kayla ficava sacudindo a cabeça para mim como se ela estivesse desapontada, eles finalmente deram um tempo.

—Isto é apenas um pensamento, linda – não olhe desse jeito – mas acho que dizer que tem que se mandar é a última coisa que você deveria se preocupar, aqui. Você realmente o atacou com o rolo de massa? Porque no inferno você tem um rolo de massa escondido no banheiro para começar? Eu ainda estou preso nisso, e eu queria que você tivesse tirado uma fotografia do ataque ou talvez uma selfie enquanto você saltava nele. Poderia ter sido pura arte. Eu já posso imaginar isso – vividamente. — Para compor o cenário, ele fechou os olhos e cantarolou baixinho. —Vou ter que desenhar isso para você. Não tem de quê, claro.

Eu bati-lhe suavemente no ombro com a parte de trás da minha mão e balancei a cabeça. —Não se atreva. Eu não estava escondendo aquilo no banheiro e isso não é a pior parte da história aqui, por isso podemos focar, por favor? — Eu conheci Jared no final do meu primeiro ano de caloura depois de passarmos sempre a nos encontrar nas mesmas aulas desde que nós estávamos ambos nos formando em arte. Ele sempre disse que foi o destino quem nos uniu e isso era o suficiente. Eu não poderia imaginar o que eu teria feito se ele não se tivesse sentado ao meu lado naquela aula de História de Arte 201 e sempre que precisei da sua amizade, ele estava lá, sempre.

Ele sentou ao meu lado, esfregando o ombro e rindo levemente. Ele tinha o cabelo preto penteado que parecia um descabelado confuso que sempre fazia maravilhas para ele quando ele estava com vontade de fazer novos amigos. Eu chamaria de amantes, mas ele não gostava da pressão da palavra. Desde que ele não estava interessado numa relação séria na faculdade, apenas amigos funcionou bem. Ele era apenas ligeiramente mais alto que eu, provavelmente por volta 1,75 no máximo. O castanho escuro dos seus olhos e os seus lábios grossos só acrescentava ao seu look de roqueiro bad boy. Se ele tivesse algum interesse em garotas, eu tenho certeza de que eu teria sido uma manteiga derretida à volta dele tanto quanto eu parecia estar ao redor do Dylan. O dia em que o professor nos expulsou da sala por falarmos demais tinha marcado o primeiro dia da nossa amizade.

—Eu não o ataquei por diversão. Eu pensei que ele era um ladrão. O que eu deveria fazer, recebê-lo de braços abertos? Enquanto estava nua? Eu estava tentando incapacitá-lo para poder ir embora. De qualquer forma, eu nem me lembro de metade das coisas que eu disse mais tarde, mas eu lembro de —tenho que me mandar. — Pergunte-me quantas vezes eu usei essa palavra na minha vida – zero. Eu não sei se vocês entendem a extensão do quanto ruim e doloroso toda a coisa foi.

—Acho que conseguimos, — Jared brincou, olhando para Kayla.

Eu ignorei o olhar deles e continuei. —Toda vez que abria a minha boca, eu cavava um buraco mais fundo. De agora em diante, eu precisare fechar a minha boca quando estiver ao redor dele. Eu irei usar acenos de cabeça e o mínimo de palavras possíveis.

—Eu não acho que isso é possível, mas acreditar é meio caminho andado, eu acho, — Kayla disse ironicamente.

Eu forcei o sorriso mais falso que pude reunir. —Haha, vocês não são apenas raios de sol, hoje? Não consigo o suficiente de vocês dois.

Jared apenas sorriu e continuou a desmantelar em pedaços a sua torrada, colocando depois na boca. —Você não deve mesmo. Além disso, você sabe que eu estou sempre de mal humor antes do relógio atingir as doze, por isso sinta-se livre para me ignorar e focar na sua segunda melhor amiga.

Eu vi um pedaço de brownie de chocolate voar na direção de Jared, o qual ele apanhou e colocou na sua boca.

—Você é na verdade o pior, — Kayla murmurou antes de fixar o seu olhar em mim.

—Então? Algum conselho? Conselhos reais? Do gênero que os amigos dão uns aos outros? — Eu perguntei a Kayla. —O que diabos eu vou fazer? Como eu vou voltar lá esta noite?

As suas, grandes e perfeitamente cheias, sobrancelhas subiram na sua testa, dando-me um olhar inocente. —Sair, talvez.

Eu devolvi o olhar, dando-lhe o olhar mais entediado possível.

—Está bem, está bem. Jesus. Guarde esse rosto para outra pessoa. Acho que tentar um pouco mais de calma, ao invés de se lançar num discurso interminável, pode ser uma boa ideia. Eu apoio você nisso.

Enquanto Jared era o mais descontraído e mais confiante de nós três, Kayla – AKA KayKay, como Jared a havia apelidado – era a nossa mamãe ursa. Ela era apenas a pessoa que você queria se abrir, tão carinhosa, doce, calma e tudo o que eu não era ao redor dos rapazes. No entanto, quando se tratava dos seus relacionamentos sérios, as suas escolhas eram um pouco distorcidas. Exemplo disso, o seu ex/atual namorado idiota Keith que me dava arrepios assustadores quase toda a vez que estava por perto. Eu apenas desejei – na verdade, tanto Jared como eu desejamos – que uma das vezes quando eles terminassem, fosse realmente para sempre. Havia sempre essa esperança.

—Alguma outra ideia? Nós vamos estar morando no mesmo apartamento e eu estou silenciosamente pirando com isso. Não é como se eu pudesse ficar no meu quarto e nunca sair e tentar agir toda descontraída quando ele está por perto, porque isso não funciona, todos nós sabemos como fico ao redor de rapazes que acho que são bonitos.

—Que tal ir com ser casual e normal em vez de atuar?

—Eu estou com muita comichão e fico nervosa perto dele, Kayla. Se você tivesse me visto na noite passada, você teria recuado sempre que eu abria a minha boca. Ele estava sendo muito legal e eu adoraria ser amiga dele. Acho que talvez poderia lidar com isso.

—Você pode definitivamente fazer isso. Pense nele como se ele já fosse tomado. Deve facilitar.

—Ele na verdade acabou de terminar com a namorada.

—Droga, não me diga. — Jared assobiou. —Talvez eu deva fazer uma visita a você um dia destes, apenas para verificar as coisas, você sabe.

Sentindo que eu tinha algum tipo de plano de jogo que eu poderia focar quando voltei para o apartamento, inclinei-me para trás no meu assento e soltei um enorme suspiro. Eu estava grata por ter Kayla e Jared como amigos, mais do que eles poderiam imaginar. Eles tinham vindo de LA – o maior risco da minha vida – isso valia a pena para mim. Deus sabe que nada mais tinha corrido da forma como eu esperava que fosse.

Kayla limpou a garganta e mexeu-se no seu assento antes de olhar para mim e depois para Jared, o tempo todo destruindo o copo de papel vazio em pequenos pedaços. —Então, eu acho que à luz desse novo desenvolvimento, eu tenho que dizer algo para vocês. — Antes que qualquer um de nós pudesse abrir as nossas bocas para dizer alguma coisa, ela seguiu em frente e continuou, —Eu posso ter ido em alguns encontros com o Dylan.

—Dylan, quem? — Jared perguntou, ainda mastigando um pedaço de torrada enquanto olhava para o resto do brownie de chocolate da Kayla.

—O meu Dy – ah, quer dizer o Dylan que está ficando no meu apartamento? O jogador ofensivo? Dylan Reed?

—Sim. Esse.

Algo estranho se instalou no meu estomago. —Hã?

—Dois encontros, Zoe, — ela disse rapidamente, levantando dois dedos para enfatizar as suas palavras. —Foram apenas duas vezes.

Um cara bateu na minha cadeira por trás e eu deslizei um pouco mais para a frente enquanto tomava alguns goles do meu café já frio, a minha atenção focada na mesa. Estava tudo bem. Foi uma surpresa, claro, mas continua completamente bem. Não era como se eu estivesse interessada no Dylan dessa forma ou algo assim. Também teria sido completamente bem se eles tivessem saído mais de duas vezes. Ele estava fora dos limites de qualquer maneira, não era? Não só porque ele era o meu companheiro de quarto e estava fora da minha liga, mas também porque ele era um dos jogadores de Mark.

—Foi no meu ano de caloura, antes de conhecer vocês. Na verdade, acho que foi alguns meses antes. Eu estava em um intervalo de dois meses com Keith— – o que significava que ele terminou com ela por algum motivo estupido – —e a minha companheira de quarto do dormitório estava saindo com esse jogador de futebol. Ela meio que me forçou a sair com eles porque eu estava chateada com o Keith e o cara ia trazer um amigo, então eu deveria mantê-lo ocupado ao mesmo tempo que me ocupava. Você sabe que eu não tinha nenhum outro amigo além de Keith no meu primeiro ano aqui, então eu disse tudo bem. — Ela fez uma careta e voltou a triturar os pedaços. —Ele na verdade era muito doce, mas você sabe como eu sou. Eu amo o Keith e não queria conhecer mais ninguém. Eu mal falei a noite toda, e na segunda vez... a minha companheira de quarto aconteceu de novo. Dessa vez, eu realmente consegui conversar com ele por um tempo. Nós falamos sobre as nossas famílias, ambos tínhamos uma grande e barulhenta família e tudo mais, mas nenhum de nós estava agindo como se pudéssemos transformar isso em algo mais. Foi tipo uma noitada amigável. Eu acho que a minha companheira de quarto começou a ver outro cara – o seu nome era algo estranho, Rap ou Rip ou algo assim – então ela não precisava de mim para lhe segurar a mão depois daquela segunda vez. Eu mal vi o Dylan de novo. Além disso, foram apenas encontros duplos, nunca apenas nós dois. Mais, algumas semanas depois eu estava de volta com Keith de qualquer maneira. Ele sempre dizia oi nas raras vezes em que nos encontrávamos no campus, mas acho não o ter visto em um ano.

Jared cantarolou e chamou o meu olhar para ele. —Esses não contam como encontros, KayKay, pelo menos não no meu dicionário.

—Eu concordo, mas na época eu poderia ter descrito para Keith como se eu tivesse saído nesses grandes encontros com um jogador de futebol, apenas para deixá-lo com ciúmes. Eu quis apenas mencioná-lo agora no caso de Dylan me ver com Zoe e realmente se lembrar e disser alguma coisa. Eu não quero que seja uma surpresa.

—Quem me dera ter a minha própria interação com Dylan. Vocês garotas o conhecem de um jeito ou de outro, claro que, uma de vocês num ambiente muito mais estranho. — Ele deu um olhar arregalado para Kayla e gesticulou para mim com o queixo.

Isso valeu-lhe um outro soco no ombro, quase não conseguiu escapar. —Haha. Tão engraçado.

—E aqui estou eu, o tipo que só assiste...ah, não sei, todos os jogos dele, e eu nunca tive a oportunidade de conhecê-lo? Você vai consertar esse problema horrível, Zoe.

Foi o pedaço de papel que me bateu no rosto que me tirou do silêncio. Eu joguei de volta para Jared e virei a minha cabeça para olhar para Kayla.

—Nada vai acontecer entre nós, Kay. Ele está fora do meu alcance. Confie em mim. Então, mesmo que tivesses saído num encontro de verdade, isso teria sido ok.

—Porque você tem que pensar em Mark, certo? E claro que, você é um saco de papel feio, não se pode esquecer disso. — Jared falou, o seu tom mais bajulador do que tinha sido há apenas alguns minutos atrás.

Sim, sempre havia Mark.

—Eu não estou dizendo que sou feia. Por vezes, me acho bonita, mas ele ainda está fora do meu alcance. Você saberia o que eu quero dizer se você o visse de perto.

Jared suspirou e balançou a cabeça. —E Mark?

—Sim, há ele também, — eu murmurei sem olhar nos olhos deles enquanto estava ocupada em terminar o meu café.

—E quando você vai largar o pé dele, Zoe? Eu estaria mentindo se dissesse que estou exatamente esclarecido com o que você está esperando que aconteça aqui, mas posso dizer-lhe o que não vai acontecer, isso eu sei. Você precisa de sair do apartamento dele. Ele está tratando você como uma puta paga, só chamando você quando quer ou só encontrando com você naquele apartamento ou atravessando a cidade toda para se encontrar num restaurante aleatório, jamais em qualquer lugar público.

—Ei, pega leve, ok? — Kayla rosnou para Jared enquanto engoli o meu café pelo buraco errado. —Foi um pouco duro, não acha?

—Nossa, — eu tossi quando consegui respirar de novo, pegando na garrafa de água meio cheia e os guardanapos que Kayla me ofereceu. —Obrigado por fazer isso soar assustador. Ele não é tão mau como você está pintando e não é como se pudéssemos andar pelo campus juntos, pelo menos por enquanto. Eu queria me mudar, lembra? — Eu não estava culpando Kayla por me deixar pendurada de qualquer forma, mas culpava Keith por ser um canalha carente.

Enquanto o meu plano para o meu terceiro ano tinha sido mudar-me do apartamento de Mark para morar com a Kayla, isso não tinha ido exatamente da forma que eu tinha planeado. Tínhamos encontrado o apartamento e foram dias para assinar o arrendamento quando Keith teve um ataque sobre ela morar comigo.

Se ela estava mudando do dormitório porque ela não ia morar com ele? Porque duas garotas da faculdade querem viver juntas? Ela estava saindo com outra pessoa? E isso continuou e continuou e continuou. Kayla nunca voltava com a sua palavra atrás, mas quando vi o entrave pelo qual ela estava passando, como as palavras de Keith eram severas e mordazes, eu disse-lhe que não seria um problema se ela escolhesse mudar-se com Keith em vez de mim. Desde que ela estivesse feliz, eu ficaria bem, embora depois de todo o negócio, eu não sabia como alguém poderia ser feliz com Keith. Mas isso não era para eu dizer, pelo menos não por enquanto.

A casa de Jared era perto do campus, apenas 15 minutos andando, então ele não precisava de um novo lugar ou mais próximo para ficar. Considerando que ele precisava estar em casa para ajudar a sua mãe solteira a criar a sua meia-irmã de cinco anos, ele não podia pagar para se mudar de qualquer forma. Estes pequenos fatos impediram-me de morar com os meus melhores amigos. Ao contrário de Kayla, que tinha adorado a sua temporada de dois anos no dormitório, eu não tinha gostado tanto assim da vida no dormitório, então tinha estado de volta ao apartamento de Mark. Pensei que talvez as coisas mudassem, pensei que seríamos mais próximos e ele manteria as suas promessas para variar.

—Eu realmente sinto muito, Zoe, — Kayla disse, quebrando os meus pensamentos. —Eu estava ansio...

Eu estendi a mão e a coloquei no braço dela. —Não peça desculpa, por favor. Você não tem que pedir desculpas de qualquer modo. Eu não quis dizer dessa maneira. Tenho poupado dinheiro, sim, mas eu ainda não posso bancar morar sozinha. Eu também continuo poupando dinheiro para Nova Iorque, tão tolo quanto isso pareça, e você sabe que eu voltei porque ele continuou a prometer que este ano seria diferente. Se as coisas não mudarem e eu conseguir juntar a quantidade que preciso, eu vou embora de lá por volta de abril ou maio. E você também sabe o que eu quero dele, Jared. Não seja assim.

—Esse é o tempo que você vai lhe dar? Quase outro ano completo? — Balançando a cabeça, Jared esticou a mão e cobriu a minha como os seus dedos longos e finos, as suas feições estavam duras. —Vê, eu sei que isto machuca, mas ele nunca irá contar a eles sobre você, Zoe, não à sua mulher, e com certeza não ao seu filho. Ele é um porco. Você merece melhor do que isso.

Mas Mark prometeu, e eu queria nada mais do que acreditar nele.

Quando eu não disse o que eu sabia que ele esperava ouvir, ele suspirou e retirou a sua mão. —Se eu conseguir arranjar aquele trabalho de meio-período naquela galeria no próximo ano, eu vou morar com você. Você vai sair de lá, certo?

Eu dei-lhe um aceno silencioso.

—Embora, eu não possa deixar o amor da minha vida para ir viver com vocês, eu vou visitar vocês tanto que vai parecer que eu estou morando lá.

Ela só viria se Keith a deixasse, mas ela não diria isso. Ela tem estado com Keith desde que ela tinha dezesseis anos e continua de amores por ele o suficiente para acreditar que ele pode ou vá mudar. Eu podia ver uma intervenção acontecendo no nosso futuro.

Eu me sentia um pouco doente, tanto do estomago como no meu coração, toda vez que Mark era tema da nossa conversa. As afirmações de Jared não eram novidades para mim, mas infelizmente isso não ajudou a diminuir a dor. Eu tentei forçar um sorriso genuíno no meu rosto. —Obrigado, pessoal.

—Ainda vai querer um conselho sobre o que fazer com o pedaço quente no seu apartamento?

Eu soprei e caí para trás no meu assento. —Sim. Mande. Deus sabe como eu poderia usar toda a ajuda possível.

A próxima questão dele me fez questionar isso. —Você se sente atraída por ele?

—Quero dizer... claro que ele é atraente, e eu tenho olhos. Eu também gosto do sorriso dele – isso eu admito – mas, eu não o conheço bem o suficiente para dizer que estou atraída por ele. Eu não tenho nenhuma queda por ele... se assim poderíamos dizer. Eu sou atraída pela sua aparência, mas não tenho uma queda por ele. Ele parece ser legal, então eu gosto dele como pessoa, isso soa ainda melhor. Mesmo se eu gostasse dele e por alguma sorte estúpida ele também estivesse interessado em mim, embora eu duvide disso...

—Claro que você duvida disso, porque você é um saco de papel feio, — Jarde repetiu de novo, balançando a cabeça devagar para salientar o seu desapontamento comigo.

—De qualquer maneira, — continuei, depois de ignorar Jared. —Nós iremos ficar no mesmo apartamento pelo amor de Deus e não há como Mark não descobrir.

—Então, tudo se resume a Mark.

Franzindo a testa, baixei a minha voz e inclinei-me para a frente. —Não, não se resume, Jared. Eu disse que ele é quente, e sim, ele soa como uma boa pessoa, mas só porque ele é essas duas coisas não quer dizer que eu vou cair aos seus pés e confessar o meu amor – ou luxúria, neste caso. Eu só agi de forma estranha perto dele por causa do que aconteceu no ano de caloura e porquê... ok, sim, eu acho que ele é bonito, mas é só isso. Você sabe que isso não é uma boa combinação para mim. Você não se lembra como eu estava quando falou comigo na primeira vez na aula de História de Arte? Eu estava apaixonada por você? Não. É assim que eu sou, como eu sou até me aproximar de alguém e o que eu também sei é me envergonha ao redor dele. Primeiro perguntei-lhe se podia beijá-lo como uma criança no jardim-de-infância e depois a próxima vez que ele me viu, eu cai sobre uma maquete de um edifício e levei uma bronca bem na frente dele e dos seus amigos, incluindo o Chris, como se as coisas não pudessem ficar piores. Se tudo isso não é suficiente, mais um ano se passou e aqui estou eu deixando cair a minha toalha e mostrando os meus seios e rebaixando-me para ele. Eu não vou mencionar a parte onde o ataquei porque eu estava no direito de o fazer.

—Então ser amiga dele é a melhor ideia aqui – estamos todos de acordo, sim? — Kayla olhou para Jared e depois para mim. —Você vai se acostumar a tê-lo por perto. Se eu conheço você tão bem quanto eu acho, vai haver muita risada nervosa e você se escondendo no seu quarto no futuro, se você não fizer algo sobre isso. Então, realmente tente ser amiga dele já que está tão inflexível sobre não ter uma queda por ele. Jared é bonito e você já não fica como uma manteiga derretida ao redor dele, — Kayla concluiu, gesticulando para o nosso amigo.

—Se eu tivesse interesse em garotas, essa aqui estaria em cima de mim agora, então não tenho certeza se sou um bom exemplo nesta situação, KayKay, — Jared entreviu.

Eu bufei. —Oh, por favor. Até parece. É o que tenho a dizer a você: até parece. Ainda, você desejaria...e por último, mas não menos importante, nos seus sonhos.

* * *

Então, em vez de agir casual – como Kayla tão amavelmente sugeriu – e escondendo-me no meu quarto sempre que pudesse, eu ia tornar-me amiga do Dylan Reed. Soou fácil o bastante.

Era por volta das cinco da tarde quando dei um jeito de conseguir chegar em casa depois de gastar muitas longas horas no laboratório de fotografia. Antes de virar a minha chave e entrar, a porta do final do corredor abriu e Sra. Hilda espreitou por trás do ranger da porta-

—Senhorita Clarke é você? —

Ela tinha oitenta e cinco anos e os seus olhos funcionavam melhor que os meus – ela sabia perfeitamente bem que era eu.

—Sim, Sra. Hilda, sou só eu, — eu gritei sobre o meu ombro, os meus movimentos urgentes.

Eu virei a chave e abri a porta, esperando que ela não fosse perguntar mais nada de forma que desse para eu relaxar, primeiro no sofá por alguns minutos, e depois talvez me forçar a levantar e fazer uma comida rápida para o jantar antes de Dyl...

—Poderia ser boazinha e...

Não boazinha. Eu nunca quis ser boazinha.

Por favor, não diga pendurar as cortinas. Por favor, não diga pendurar as cortinas.

—...pendurar as cortinas de volta?

Inclinando a minha cabeça em desespero, fechei a porta, xingando para mim mesma por me esquecer completamente dela e fazendo barulho o suficiente para acordar os mortos enquanto subia as escadas. Andei até ficar na frente dela agora com a porta aberta plenamente. —Sra. Hilda, você lavou as suas cortinas de novo?

Ela grunhiu e levantou uma sobrancelha como se fosse dizer, Onde você quer chegar?

—Eu só perguntei porque você já as lavou cinco vezes este mês. — Eu tinha sido escolhida como uma abelha operária que pendura as cortinas limpas de volta porque ela não conseguia fazer isso sozinha. Estava tudo bem, porque ela realmente não podia e leva-me apenas dez minutos para pendura-las de volta de qualquer meneira, mas eu sempre me pergunto quem ela encurralou para as tirar todos os outros dias.

—Eu gosto de uma casa limpa, Senhorita Clarke.

Claro que ela gostava de uma casa limpa. Ela me colocava para aspirar o apartamento dela quase semanalmente, sem mencionar a lista interminável de outras pequenas tarefas. Se não fosse silenciosa o suficiente e aquela porta dela se abrisse, ela sempre tinha deveres da casa que ela queria que você lidasse. Se ela fosse uma daquelas avós doces que lhe dá bolachas de chocolate quentes por ajudá-la, ou talvez por vezes oferecer-lhe uma refeição caseira porque você era uma estudante que sente falta de ter comida caseira, ela seria muito adorável. Mas não. Ela era... eu não fazia ideia de como ser educada sobre a minha escolha de palavras, mas ela era basicamente uma bruxa. Como eu disse, se ela apanhava você, ela sempre amarrava você para ajudá-la com alguma coisa além disso ela basicamente sugava toda a energia enquanto você estivesse lá. Era por isso que eu sempre andava silenciosamente quando chegava ao nosso andar.

—Eu estou realmente cansada e não tenho comido nada desde esta manhã. Eu virei depois...

—Vocês jovens... vocês nunca devem deixar o trabalho de hoje para amanhã. — A porta abriu toda até ao fim e ela recuou. Eu concordaria com ela se fosse o meu próprio trabalho com o qual eu tivesse que lidar sem deixá-lo para amanhã. Eu ainda não tinha dito que tratava disso. Tudo o que eu queria era sentar a minha bunda e comer alguma coisa antes de eu ter de a aturar. Contendo um grito frustrado e rangendo os dentes, eu dei-lhe um sorriso falso e entrei.

Antes mesmo de dar quatro passos no apartamento dela, ela fechou a porta e começou a pressionar-me. —Aquilo era um jovem que eu vi deixar o seu apartamento hoje de manhã, Senhorita Clarke? No meu tempo, não podíamos chegar perto dos rapazes. Essas coisas eram mal vistas, mas acho que os tempos mudaram. Pelo menos este é mais próximo da sua idade. Você sabia que a garota do 5ºB traiu o seu namorado? Eu ouvi eles discutir esta tarde...

Eu nem sabia quem morava no 5ºB. Ignorando-a completamente, fiz o que ela me pediu para fazer e assim que terminou, quase corri de volta para trás antes que ela pudesse pedir para levar o Billy para dar uma volta. Billy era um gato do inferno que se escondia sempre que alguém além de Hilda estava em casa e quando ele era empurrado para as mãos de alguém (isto é, as minhas), a sua linha de ação era deitar as suas garras de fora arranhar os seus braços por ter ousado tocá-lo.

Quando praticamente corri em direção à porta que me levaria para um lugar seguro, eu podia ouvir os passos rápidos da Hilda atrás de mim. Para uma mulher de oitenta e cinco anos, ela movia-se surpreendentemente rápido quando ela queria e apanhou-me quando estava abrindo a porta dela.

—Tenha uma boa noite, Senhorita Clarke e eu aviso-a se souber algo mais sobre agarota do 5ºB. Eu aposto que iremos vê-la com o novo namorado...

Eu dei um passo para fora e colidi com o corpo duro de um grande jogador ofensivo na minha pressa para escapar. Dylan aparentemente tinha apenas subido o último degrau da escada e grunhiu de surpresa. Eu suspirei e ele voltou a descer um passo. Agarrando-me logo acima do cotovelo, ele estabilizou-nos antes que eu pudesse cair em cima dele e quebrar muito possivelmente o pescoço durante a queda nas escadas.

—Zoe?

—Oh, sinto muito, — eu desculpei-me rapidamente quando ele soltou o meu braço.

Este cara sempre se lembraria de mim como ‘a trapalhona que eu tenho que viver durante um ano e que antes tinha visto apenas duas vezes ao redor do campus’.

Antes que eu pudesse explicar alguma coisa para o Dylan ou avisá-lo telepaticamente, a Sr. Hilda limpou a garganta por trás de mim e eu quase não segurei um gemido. Fechando os olhos, respirei fundo. Se eu não acabar com isto rapidamente, ela ia tentar nos fazer reféns da situação por quem sabe quanto tempo.

Aqui vamos nós.

—Ah, Dylan, aqui está você, — eu exclamei um pouco mais alto do que o necessário para que a Sra. Hilda não tivesse problemas em ouvir – embora no que diz respeito à audição da velha senhora, sempre foi um tiro no escuro. Eu estampei o maior sorriso no meu rosto e tentei vir com algo nos dois segundos em que me demorei a endireitar e enfrentar o meu vizinho intrometido. —Nós estávamos falando sobre você, não estávamos Sra. Hilda? — Antes de o pobre coitado pudesse entender o que estava acontecendo, eu agarrei-o pelo braço e o puxei para perto de mim – ou mais precisamente, encorajei-o a ficar ao meu lado, porque com a forma como aqueles músculos se sentiam debaixo da minha mão, não consegui imaginar nada do meu tamanho que pudesse movê-lo mesmo um centímetro se ele não quisesse se mover.

A minha próxima jogada brilhante consistiu em dar uma palmadinha no seu braço e apertar discretamente como um aviso, mas depois senti os seus músculos flexionarem debaixo do meu toque e esqueci-me o que ia dizer.

Porra...

Eu olhei para o Dylan e os nossos olhares se encontraram. Eu não tinha uma fodida ideia do que ele estava pensando, mas rapidamente desviei o olhar e retirei os meus dedos do braço dele.

Se ambos queríamos fugir da conversa interminável da Sra. Hilda, eu tinha que me concentrar numa coisa de cada vez. Eu pensei em dizer uma mentira inofensiva que não faria mal a ninguém se isso significasse que voltaríamos para o apartamento e obter o meu jantar mais cedo.

—Este é quem você deve ter visto saindo esta manhã, Sra. Hilda. O nome dele é Dylan e ele é o meu novo companheiro de casa.

Tanto Dylan como eu vimos a Sra. Hilda olhá-lo da cabeça aos pés. Descaradamente, eu fiz o mesmo. Ele estava usando sapatos da Nike pretos e cinzentos, calças de fato de treino cinza claro – o que me matou, porque calças de fato de treino cinzentas num cara que era um paraíso na terra, sobretudo quando as usavam pela manhã – e uma t-shirt branca que se estendia pelo seu impressionante peito, as mangas abraçando aqueles braços que eu tinha tocado apenas segundos antes. Ele também carregava um enorme saco pendurado abaixo do quadril, a alça cruzava sobre o seu peito.

A Sra. Hilda não deve ter ficado impressionada porque soltou outro grunhido. Exceto a nossa velha Hilda, se alguma mulher viva respirando não ficasse impressionada quando punham a vista em cima de Dylan Reed, eu estava pronta para desistir de pizza – por uma semana – e esse era o maior compromisso que alguém podia fazer.

—Prazer em conhecê-la, Sra...— Dylan arrastou.

—Hilda, — eu soltei entes que ele a iniciasse. —Eu esqueci de mencioná-la para você, não foi? Esta é a Sra. Hilda. Eu estava apenas a ajudando com algo e ela mencionou em como tinha visto um jovem sair do apartamento e estava confusa sobre quem era.

—Oh? — Dylan perguntou educadamente, olhando entre mim e a nossa vizinha.

—Eu não estava confusa, Senhorita Clarke. Eu lhe dei os meus pensamentos exatos sobre como eu me sentia sobre outro rapaz vivendo com você. Esta— – ela virou-se para olhar para o Dylan enquanto ela apontava o polegar para mim – —deveria ter sido uma equilibrista num circo em vez de andar desperdiçando tempo com aquela câmera que ela não consegue se separar.

—Oh, mas Sra. Hilda, você ainda não ouviu a melhor parte. — Eu coloquei o meu braço em Dylan, fiquei um pouco mais perto dele, basicamente plantei a minha frente no lado dele e tive de suprimir com força o calafrio involuntário causado por estar muito perto dele. Eu me inclinei para a Sra. Hilda como se eu fosse dizer-lhe o maior segredo do mundo. Ela também se inclinou para frente – ela vive por uma fofoca. —Receio que ele não esteja interessado em nós garotas, — eu sussurrei alto o suficiente para que ela pudesse ouvir, o que significava que Dylan podia ouvir perfeitamente bem, também. As sobrancelhas da Sra. Hilda franziram e ela deu a Dylan um outro longo olhar.

—Uh, como é? — Dylan falou depois de alguns segundos de silêncio.

Eu virei o meu corpo na direção dele e desta vez afaguei a área do seu peito, ignorando completamente a testa franzida e o olhar interrogativo. Eu não tinha ideia onde eu estava indo com todas as mentiras, mas não conseguia me controlar.

—Não precisa se desculpar, — a velha senhora respondeu, confundindo a pergunta de Dylan como pedido de desculpa.

—Sim, nada para se desculpar, Dylan, — eu repeti.

Os olhos de Dylan saltaram de mim para a Sra. Hilda. —Eu não...

Antes de Dylan poder acabar a sua frase, eu pisei discretamente o seu pé com o meu salto e apliquei tanta força que pude. Apontando para ele nem sequer soltar um grunhido. Ele virou-se lentamente na minha direção e levantou uma sobrancelha. Eu dei-lhe o sorriso mais doce que consegui arranjar e tirei o meu pé.

—A Sra. Hilda é uma mulher com uma mente aberta, — eu expliquei, gesticulando para ela com a minha cabeça. —Nada melhor que pessoas como ela, certo Sra. Hilda?

Ela ficou um pouco mais alta. —Claro que eu sou. Aqueles velhotes não são nada como eu. Mantenha a sua cabeça erguida, jovem. Não há nada de errado sobre o amor. Você tem um namorado?

—Uh...

—Você pode me dizer.

—Vá lá, Dylan, — eu insisti, balançando ligeiramente o braço dele. Quanto mais cedo ele concordar com isso e apaziguá-la, mais cedo podemos ir embora. —Não seja tímido.

Ele virou a cabeça de novo para mim e deu-me um olhar longo que derreteu o sorriso direito do meu rosto, não porque a expressão dele prometesse uma retribuição violenta, mas na verdade era o oposto. Ele olhava divertido, talvez um pouco confuso, mas mesmo assim divertido, o que era estranho e inesperado. Eu franzi a testa para ele e os lábios dele se contraíram.

Continuando a manter os olhos em mim, ele finalmente disse. —Na verdade, eu tenho um namorado.

—Ele é um bom rapaz?

Com um sorriso fácil, ele quebrou o nosso contato visual e virou-se para ela. —Ele é realmente um bom rapaz. Eu tenho sorte de tê-lo.

A velha inclinou a cabeça ligeiramente e deu-lhe o seu olhar estreito, que a caracteriza, onde um dos olhos sempre reduz mais do que o outro, fazendo-a parecer nada além de séria. —Estão juntos há quanto tempo?

Dylan pareceu ignorar a expressão do olhar vesgo; de novo, apontado para ele. A primeira vez que a vi fazer isso, eu por pouco mantive um ronco.

—Tem sido por dois anos.

—Vê, Senhorita Clarke. Vê? Talvez possa aprender alguma coisa do seu companheiro de casa.

Eu deixei sair uma respiração longa através do meu nariz e consegui manter o sorriso no meu rosto. —Eu sei. Eu vou me certificar de lhe pedir dicas. Tenha uma boa noi...

—Sr. Reed, a sua companheira de casa tem um péssimo gosto para homens. Por favor ensine-lhe uma coisa ou duas, é que parece que nada do que lhe digo a faz entender.

Você não pode fechar a porta no rosto dela, Zoe. Você não pode absolutamente fechar a porta na cara de uma velha senhora.

—Por favor, chame-me Dylan, e definitivamente vou tentar o meu melhor para ensiná-la algumas coisas. Eu concordo com você – ela deveria estar com alguém melhor. Eu vou fazê-la ver a razão, não se preocupe.

—Bom. — Ela me deu um último olhar e começou a fechar a porta, apenas parando a meio. —Você sabe o quê, Dylan? Eu gosto de você. É uma pena que você goste de rapazes, já que a Senhorita Clarke poderia ter um rapaz bom e forte como você.

Alguém aí em cima? Deus? Você pode me matar agora.

Virando-se para mim, ela continuou, —Eu gosto dele. Seja simpática para este.

Eu rangi os dentes. —Está tudo bem, então. — Lembrando que o meu braço ainda estava enrolado no braço dele, eu desembaracei-me enquanto finalmente nos dirigimos para o nosso próprio apartamento.

—Sr. Reed?

Ah... apenas quando estávamos tão perto da liberdade.

Eu senti Dylan parar e virar para trás, mas eu apenas continuei andando. Eu já sabia que ela ia dar uma tarefa para ele e eu não tinha qualquer interesse em deixá-la me puxar para isso, também.

Destrancando a porta, eu entrei. Depois de me assegurar em deixá-la entreaberta para Dylan, eu caminhei até à sala de estar e apenas desmoronei no sofá. Puxando a minha bolsa para fora, eu joguei isso em algum lugar por cima do meu ombro. A porta fechou com um clique tranquilo a tempo de cobrir o meu rosto com as mãos.

Houve um som surdo alto seguido por passos e depois nada. Eu já poderia senti-lo de pé perto de mim então eu não senti nenhuma urgência em olhar para cima ver a expressão no rosto ele, mas só para ter a certeza, eu espiei por entre os meus dedos e... sim, lá estava ele, aqueles braços grandes e fortes cruzados sobre o seu peito, uma sobrancelha levantada... esperando. Eu deveria ter ido diretamente para o meu quarto.

—Olá para você também, Zoe, — ele disse quando percebeu que nada saía da minha boca.

Eu gemi e escondi o meu rosto de novo.

—Você se importa de me dizer o que acabou de acontecer?

Eu meio que funguei e depois não consegui reter por mais tempo. Primeiro, os meus ombros começaram a tremer, depois a minha gargalhada pessoal ficou mais alta. Quando eu tinha tudo sob controle e a minha vontade de rir praticamente morreu, eu arrisquei outro olhar para ele.

Graças a Deus ele tinha um grande sorriso no rosto, o que ajudou que eu me sentisse menos tola.

Deixei cair a cabeça para trás e olhei para o teto. —Você não está zangado comigo, não é? Eu estou realmente esperançosa que esse sorriso no seu rosto signifique que você está divertido e não psicótico.

A sensação das suas mãos grandes a nos meus tornozelos me fizeram sentar dada a imprevisibilidade disso. Não afetado pelo meu pequeno salto, Dylan colocou gentilmente os meus pés para baixo e sentou ao meu lado, no meio do sofá. Eu fui para trás alguns centímetros até as minhas costas atingirem o apoio de braço e havia um pouco mais de espaço entre nós, mais espaço para respirar – felizmente.

—Eu não tenho certeza. Eu vou decidir depois de você dizer o que aconteceu lá atrás.

—Eu sei que você disse que odeia mentiras ontem à noite, mas esta não conta, está bem? Você não deveria odiar a sua companheira de casa. — Limpando a minha garganta, eu dei algo entre um sorriso e uma careta. —Ela é a senhoria e a única pessoa vivendo neste prédio há vinte e cinco anos. Ela é intrometida como o inferno. Eu juro para você que ela sabe tudo o que acontece. Ela já tinha falado até doer meus ouvidos antes de eu esbarrar em você, por isso é que eu esbarrei em você na verdade, porque eu estava tentando sair, e ela pensou que eu estava sendo uma vadia e estava basicamente tentando me salvar de mim mesma. Não que eu me importe, mas de novo ela é uma intrometida dos infernos e uma vez que ela começa, isso vira um interrogatório, mas o que posso eu fazer? Ela é velha, então não posso dar um fora nela. Eu tive que inventar alguma coisa.

Dylan esticou o braço para trás do sofá e debruçou-se só um pouco para a frente, fazendo-me encostar para trás – só por precaução.

—Então o melhor que ocorreu a você foi dizer que eu era gay?

Outro fungo escapou de mim e eu corei. —Ninguém se chateia. Ninguém se magoa, certo? Pareceu a melhor ideia na hora. Pelo menos assim ela não vai acampar na frente da nossa porta.

—Você não poderia ter dito que éramos amigos?

Certo, eu ia ser amiga dele.

—A mente dela não funciona assim. Rapazes e mulheres não podem ser amigos. Ela acha que os rapazes estão atrás de uma coisa e apenas uma coisa e já que você é um rapaz... ela acha que você está atrás da minha...

—Atrás da sua... — ele interrompeu, esperando-me preencher o silêncio. Eu não vou fazer isso.

—Acho que você entendeu.

—Talvez eu tenha entendido. — Os seus lábios curvaram-se para cima. —Obrigado, Zoe. Parece que vamos ter muita diversão.

Ficamos assim. Com os seus olhos presos nos meus, nós sentados lá como dois idiotas, sorrindo um para o outro.

—Porque você está sorrindo dessa maneira? — ele perguntou com o queixo levantado. Eu parei de sorrir e toquei os meus lábios com os meus dedos. Havia algo errado com o meu sorriso?

—Porque você está sorrindo dessa maneira? — Eu empurrei de volta.

Uma sobrancelha subiu e a sobrancelha solitária se ergueu combinando com aquele maldito sorriso... foi o suficiente para o meu coração pular por um tempo.

—É assim que eu sorrio, — Dylan respondeu.

—Bem... é... muito grande.

Zoe. Oh, Zoe. Sua pobre, pobre criança.

Os seus olhos azuis escuros brilhavam com o riso e aqueles lábios se curvaram ainda mais. Um segundo se estendeu para dois e depois dois segundos transformaram-se num concurso de olhar fixamente. Que diabos ele estava pensando? Eu não o conhecia bem o suficiente para ter um bom palpite e ficou mais difícil manter os olhos travados nele a cada segundo. Eu era uma má perdedora, então não havia como eu ser a primeira a desviar o olhar. Depois de quase parecer uma hora neste estranho olhar fixamente – o que eu ganhei, muito obrigado – ele balançou a cabeça e esfregou a mão por cima do seu cabelo.

—O que foi? — Eu perguntei calmamente, genuinamente curiosa para ouvir o que ele estava pensando.

Ele suspirou e levantou. —Nada.

—Não, me diz. O que foi?

Dylan hesitou.

—Você se lembra daquelas pessoas que nós falamos? — eu provoquei. —Aquelas que nós não gostamos? — Um aceno rápido. —Eu também não gosto de pessoas que não acabam as suas frases.

—Eu não comecei nenhuma frase.

Eu bati um dedo na minha testa. —Você começou aqui.

Ganhei uma risada calorosa. —Você continua fazendo coisas que não estou à espera que você faça. Isso me deixa surpreso, só isso.

—Isso é uma coisa má ou uma coisa boa?

—Eu ainda não decidi.

—Não perca o seu tempo – vamos concordar que é uma coisa boa.

Eu peguei o movimento dos lábios dele enquanto ele se debruçava para pôr a sua bolsa por cima do ombro. —Você acha que sim?

—Oh, sim. Vou mantê-lo na ponta dos pés. — Eu levantei do sofá para ficar perto dele. —Então estamos bem? Companheiros? Você não se importa que eu tenha dito a ela que você era gay?

—Companheiros?

Se ele queria focar nisso... —Claro, companheiro – melhores amigos, camaradas, parceiros... deixarei você escolher. — Eu soquei levemente o seu braço e imediatamente odiei a mim mesma por isso.

Eu, Zoe Clarke sou a garota viva mais estranha.

Porque o chão não se abriu e me engoliu quando eu mais precisei? Não poderia ser tão difícil.

Olhando para baixo onde eu tinha socado o braço dele e depois de volta para mim, ele me deu um dos seus sorrisos contagiosos que me deixa fora dos trilhos todas as vezes. —Companheiros será então.


Capítulo 7

Dylan

Passaram apenas alguns dias desde a minha mudança e foi aí que comecei a voltar para a minha rotina – ou melhor, a minha nova rotina. Nós tínhamos um jogo em casa daqui a dois dias e eu estava mais do que pronto para jogar. Eu estava fazendo o meu terceiro conjunto de flexões quando olhei para cima e vi Zoe esfregando os olhos enquanto ia diretamente contra uma parede, perdendo a porta do banheiro por dez centímetros ou mais.

—Foda-se! — ela assobiou em voz baixa, desta vez esfregando o ombro.

Eu abaixei a cabeça e tentei manter o meu riso. Quando olhei de volta, eu a vi olhar sobre os ombros em direção ao meu quarto antes de se apressar para o banheiro e fechar a porta suavemente.

Duzentos e vinte e três.

Duzentos e vinte e quatro.

Duzentos e vinte e cinco.

Eu ouvi a porta abrir, seguido de uma tentativa de passos silenciosos. Quando ouvi um suspiro alto, levantei a minha cabeça, o meu olhar fez o seu caminho lentamente pelas suas longas e suaves pernas. A sua mão estava sobre seu o peito e ela estava fazendo aquela coisa de cervo preso pelos faróis de novo.

—Bom dia, Zoe.

Deixando de lado o peito, ela puxou a bainha da sua t-shirt e deu alguns passos em direção à cozinha. No entanto os olhos dela mantiveram-se colados ao meu corpo.

—Olá para você também. Você quase me matou de susto.

Abaixei a minha cabeça e ri discretamente. —Eu posso ver isso.

—Oh, o que está acontecendo aqui? — ela perguntou em uma voz áspera ainda misturada com o sono.

—Fazendo as minhas flexões.

Mais alguns passos para a direita e ela alcançou a ilha. Mantendo o seu olhar em mim, ela segurou a borda do balcão como se estivesse ajudando-a a ficar em pé, desviou dos bancos até que ficou sobre a pia.

—Não é um pouco cedo para fazer flexões?

Duzentos e trinta e seis.

—Eu levanto sempre às seis da manhã e faço.

—Então isto é uma ocorrência diária?

—Sim. — Abaixei a minha cabeça e ignorei o tremor leve nos meus músculos do braço.

—Fins de semana também?

—Sim.

—Oh, ok. É... bom saber. — Zoe pegou o copo ao lado da pia – os olhos ainda em mim, abriu a geladeira, tirou a garrafa d’água, tirou a tampa e despejou no copo. Depois de um segundo de hesitação, ela agarrou e bebeu alguns goles.

Eu olhei de volta para baixo para esconder o meu sorriso e continuei a contar.

Duzentos e quarenta e cinco.

Duzentos e quarenta e seis.

Duzentos e quarenta e sete.

—Ah, e bom dia... companheiro.

—O quê? — eu grunhi e olhei para cima.

—Você disse bom dia e eu não disse de volta. Eu ainda não estou totalmente acordada... também poderia estar sonhando, não tenho completamente certeza sobre isso. Apenas no caso de não estar dormindo e você está realmente fazendo flexões... bom dia para você também companheiro.

—Você está mesmo entrando nessa coisa de companheiro, hein?

Ela levantou um pouco o ombro, causando o deslize da sua enorme t-shirt e me deu uma vista da sua pele suave muito inocentemente escondida por debaixo do tecido.

—Eu estou gostando da ideia cada vez mais.

Continue contando, Dylan. Continue.

Duzentos e sessenta e um.

Duzentos e sessenta e dois.

Duzentos e sessenta e três.

Quando cheguei as trezentas, eu grunhi e fiquei em pé. Agarrando a toalha que deixei no sofá, limpei o meu rosto. —O que você está fazendo acordada tão cedo de qualquer forma? Eu não vi você por aí no período da manhã nestes últimos dias. Eu só vejo você no período da tarde. — Não que eu a tenha visto ao redor ultimamente. Sempre que eu aparecia, ela encontrava um outro lugar para sumir.

Ela ainda estava de pé atrás do lava-louças, segurando o copo com as duas mãos enquanto bebia pequenos goles e mantinha os seus olhos em mim.

—Porque sou uma pessoa normal? Você sabe aquele tipo que não se levanta em uma hora ímpia? Hoje vou encontrar uma garota que vai pagar para eu tirar umas fotos dela para o seu blog de moda. Ela queria as ruas vazias e de acordo com ela, a sua pele parece melhor com o nascer do sol. Nenhuma pessoa sã levanta-se a esta hora numa manhã, mas... trabalho.

—Sim? Fotos de moda, hein? Soa divertido.

—Tanto quanto eu posso ver com os meus próprios olhos, você também não é uma pessoa sã, então... a sua ideia de diversão pode ser um pouco distorcida.

Deixando a toalha de volta no sofá, deixei cair a minha bunda no chão e comecei com os meus abdominais.

—Ok, o que está acontecendo agora?

—Abdominais.

Eu ouvi um pequeno gemido, mas em vez de olhar para ela, eu mantive os meus olhos em frente e continuei. Pelo canto do meu olho, eu pude vê-la mover-se ao redor e mesmo que eu não fosse capaz, os sons dos armários abrindo e fechando e o chocalhar dos talheres me deixavam perceber o que estava acontecendo.

Quarenta e um.

Quarenta e dois.

Quarenta e três.

Quarenta e quatro.

Quando houve um silêncio durante um longo tempo, eu falei sem quebrar a minha concentração.

—O que se passa, companheira?

—O que se passa? — ela repetiu de volta.

Eu pude sentir os seus olhos varrendo a minha pele como o toque suave de uma pena. O meu pau agitou-se nas minhas calças de treino. —Você está me encarando.

—Como você sabe que eu estou encarando? Você nem mesmo olhou para mim

—Eu posso sentir os seus olhos em mim, — eu grunhi.

—Você pode sentir os meus olhos – claro que você consegue. Bem, eu não estou encarando porque há algo para encarar, eu estou apenas olhando na sua direção porquê... você está no caminho da minha visão no momento e eu não sei para onde mais devo olhar.

Curioso, virei para ver o que ela estava fazendo. Eu tentei manter o meu ritmo e a minha contagem na cabeça ao mesmo tempo, mas ela estava fazendo isso difícil. Ela estava no mesmo lugar, a única diferença era que desta vez ela tinha uma tigela em uma mão e uma colher na outra. O prato estava cheio do que pude apenas assumir que eram os cereais que estavam indo em direção dos seus lábios cor-de-rosa. Eu tentei encontrar os olhos dela, mas o seu olhar parecia grudado em outro lugar – nomeadamente o meu torso. Então eu era o divertimento do café da manhã. Por alguma razão, eu não conseguia articular, eu não me importei do seu olhar em mim, e confie em mim, se fosse qualquer pessoa sem ser ela, eu teria me importado. Ser admirado costuma quebrar a minha concentração, consequentemente me irrita, mas eu nunca tinha tido um par de olhos passando por cima do meu corpo parecer como a porra de penas, entre todas as coisas. O meu corpo aqueceu e tenho certeza absoluta que não era por causa do meu exercício.

—Você está tomando o café da manhã e continua encarando, — eu resmunguei, o suor começando a cair da minha testa já que o exercício de repente ficou um pouco mais duro e o meu pau fez o mesmo.

A sua colher parou no meio do ar e então ela começou a mastigar de novo. —Acho que sim. Sim. — Houve um tilintar bem alto quando a colher bateu na tigela e ela estremeceu. —Eles sempre dizem que o café da manhã é a refeição mais importante do dia e eu acho que estou me tornando uma pessoa que acredita.

Cem.

Acabando o meu primeiro conjunto, deitei no chão e balancei os meus braços para relaxar os músculos enquanto recuperava lentamente o meu fôlego.

—Então você sempre faz isso... meio nu?

Eu sorri para o teto. —Se isto está incomodando você, eu posso fazer isto no meu quarto a partir de agora. Eu só vim para cá porque não achei que você estaria acordada.

—Não, está tudo bem. Era só para verificar.

Houve uma pausa de dois segundos antes dela falar de novo.

—Sempre na mesma hora?

—Você vai aparecer todas as manhãs e me fazer companhia?

Respirando fundo, comecei um segundo conjunto.

Cento e um.

Cento e dois.

Cento e três.

—Não.

—Você tem certeza? Você pensou sobre isso por um segundo.

—Sim. Não.

Cento e dez.

Cento e onze.

Sentindo aquela queimação viciante e boa no estômago, eu pressionei através do meu segundo conjunto em pouco tempo.

Ouvi uma tosse alta, então olhei na direção dela. —Mais? — Zoe perguntou num tom estridente quando fui para os próximos cem abdominais.

—Sim, — eu bufei. Eu consegui milagrosamente terminar o meu último conjunto com apenas alguns olhares para a minha curiosa observadora. Pelo menos, o meu pau estava se comportando. Algumas vezes quando eu olhava, ela desviava os seus olhos rapidamente, tornando-se cada vez mais absorta na sua tigela de cereais ou na pia. Levantando, limpei a minha testa e o estômago. Jogando a minha toalha sobre o ombro, fui em direção à minha intrigante companheira de casa. Os seus olhos seguiam cada passo que eu dava.

Parando quando apenas dois passos nos separavam, encostei no balcão de mármore. —Oi. Como está indo a sua manhã até agora?

Ela fez alguns ruídos vagos, então limpou a sua garganta depois de engolir uma boca cheia de cereal. —Realmente, assim como qualquer outra manhã. Nada de especial está acontecendo. A sua?

Era difícil segurar o meu sorriso, então escolhi não fazer. —Estou gostando muito até agora. Obrigado por me fazer companhia. — Parecia que ela ainda estava tendo problemas para segurar o meu olhar quando estávamos tão perto um do outro. Oh, ela tentou, um ponto a seu favor, mas só durou alguns segundos antes dela transferir a sua concentração para a minha orelha. Eu notei também que o lugar escolhido poderia ter sido a minha boca se eu estivesse sorrindo ou conversando.

—Você quer cereais? — ela agitou a colher no que dever ter ficado muito cheio de cereais nessa altura, então bebeu um pouco de leite da borda.

—Não.

—Café?

—Não.

—Cereal?

Eu ri. —Eu como qualquer coisa com os rapazes.

—Água, então?

—Eu não diria não a isso.

Ela andou para trás e estendeu a mão para agarrar um novo copo de um dos armários à minha esquerda e eu tive que segurar a borda do balcão, ficando com os nós dos dedos brancos, quando a minha atenção caiu para baixo.

Olhos para cima, Dylan. Não olhe para a bunda dela, homem.

Eu só vi um lampejo de azul contra a sua pele pálida antes de ela cair de volta nos seus calcanhares e encher o meu copo com água antes de entrega-lo para mim.

—Obrigada, Zoe.

Havia aquele rubor rosa nas suas bochechas de novo.

Eu olhei para baixo e me concentrei nos seus pés descalços. Ela tinha pintado as unhas dos pés num roxo claro e ficava adorável nela. Então, ela enrolou os dedos dos pés e escondeu o pé direito atrás do pé esquerdo. Algo sobre isso me fez sorrir.

Eu conheci garotas tímidas antes, mas nenhuma dela teve o efeito que Zoe estava tendo em mim. Eu conheci garotas que quase me deixaram tímido, também – não com muita frequência, talvez de vez em quando, mas tinha acontecido. Algumas torcedoras de Jersey poderiam ser um pouco mais à frente do que você espera que elas sejam e você já espera que elas fossem desse jeito. Eu aprendi isso no meu ano de calouro quando ainda estava tentando o meu caminho em uma nova escola e uma nova equipe.

Sem incluir o meu ano de calouro, eu não dormi por aí. Depois daquele primeiro ano, eu percebi que não era a minha cena. Em comparação com alguns dos meus companheiros de equipe, eu era um anjo, mas namorei de vez em quando. Encontrar aquela conexão exclusiva era ainda mais difícil do que você poderia esperar que fosse.

Esta coisa estranha que tenho com Zoe que era nova para mim. Eu tive garotas que eu tinha sido estritamente amigo e também tive namoradas em que não tínhamos nada além de uma atração sexual em comum.

No entanto, aqui estava eu, em pé na cozinha, olhando para os pés da garota e descobrindo quão extremamente adorável era que ela fosse tímida o suficiente para tentar esconde-los da minha vista. Eu não tinha a exata certeza do que estava acontecendo entre nós ou se havia alguma coisa acontecendo em um todo, mas eu tinha a sensação de que ia levar algum tempo para encontrar a nossa base.

Zoe era tímida, isso era um fato, mas de repente ela mudava as regras do jogo me pegando de surpresa. Ela diria algo inesperado – como enfrentar o fato de que ela estava me encarando – e isso seria o fim de um grande momento e isto estava vindo direto em um cara cujo trabalho era antecipar qual era a jogada e ajustar tudo para poder correr para a vitória. Eu era muito bom em ler os próximos movimentos de um jogador, mas com a maneira que Zoe estava jogando, tinha dificuldade em adivinhar para onde a bola viria correndo para mim.

Parecia que ela tinha um lado diferente escondido debaixo da primeira camada. Talvez fosse isso que estava me atraindo a ela – o poder de Zoe. Eu não era um idiota; eu sabia que estava atraído por ela – o meu pau tinha ficado feliz em vê-la mais do que algumas vezes naquela semana – mas não era apenas o fato de que ela era bonita que me tinha indo naquela direção. Eu estava sendo sério quando disse que tinha uma sensação de que ela seria a minha melhor amiga.

—Onde você quer viver depois de se formar? Ficar aqui? — Eu perguntei sem mais nem menos, me surpreendendo no processo.

Ela segurou meu olhar por mais dois segundos – o que parecia ser o máximo que ela conseguia a menos que ela estivesse num concurso de olhar fixamente – depois olhou de volta para a tigela e manteve-se afundando os cereais no leite. Acho que olhava em qualquer lugar menos nos meus olhos.

Porque ela teria tantos problemas em encontrar os meus olhos quando estávamos perto um do outro, quando ela não tinha problema nenhum em olhar para os meus abdominais e ocasionalmente os meus braços e ombros poucos minutos antes?

—Nova Iorque. Você?

—Saberei depois da temporada acabar.

—Faz sentido. — Ela assentiu e mostrou um pequeno e tímido sorriso. —Eu admiro a sua confiança – o fato de você ter certeza de que será escolhido. Alguma ideia de onde você vai acabar?

Eu encolhi os ombros. —Se eu não acreditar em mim porque diabos é que alguém mais deveria? Eu posso acabar não sendo selecionado na primeira rodada, mas não faz mal. Eu só vou trabalhar mais para mostrar a todos o erro que eles cometeram por me ignorarem. — O seu sorriso cresceu e eu fiz uma careta para os seus lábios. —Só para você saber, isto não é eu sendo um vaidoso idiota, eu só sei o que sou capaz de fazer no campo. Dito isto, eu posso machucar o meu joelho no próximo jogo – ou inferno, até mesmo no treino – e nunca mais poder jogar de novo. Ser profissional é o plano e o sonho, mas ainda é muito cedo para dizer onde ou qualquer coisa na verdade.

Ela levantou a mão que segurava a colher em rendição. —Uma dose de autoconfiança saudável é sempre boa. Eu poderia usar isso para mim. — Ela parou por um momento. —E eu sei que você não é um idiota vaidoso, Dylan. Sim, você diz que é bom no campo, mas não está sendo prepotente sobre isso. Você apenas diz que vai trabalhar mais para mostrar o erro que eles cometeram ao não o selecionar – você não me deu um sorriso sujo e disse que eles teriam sorte de ter você jogando na equipe deles. Isso seria ser prepotente. — Ela estreitou os seus olhos com incerteza. —Você sabe o que eu quero dizer?

Em vez de sorrir de volta para ela, ou dar um passo que me aproximaria, ou dizer um obrigado numa voz rouca, eu fiz uma pergunta simples. Desta vez não foi nenhuma surpresa; eu tinha a perfeita noção do que estava prestes a perguntar. —Você quer fazer uma aposta comigo, Zoe?

O sorriso dela encolheu um pouco e finalmente ela colocou a colher na tigela para tentar entender onde eu estava indo com a minha pergunta. Depois de alguns segundos contemplando ela transferiu o seu peso e encostou o quadril no balcão. —De onde é que isso veio? Que tipo de aposta estamos falando aqui?

O sol enviava os primeiros tímidos raios de luz através das janelas, que ficaram sobre o rosto de Zoe, quando coloquei a minha água para baixo e a encarei. Eu a vi se contorcer quando a minha nova posição me colocou um pouco mais próximo dela. Eu podia ver o quanto ela queria recuar pela maneira que ela mudava de um pé para o outro. Se eu desse um grande passo, nós podíamos respirar o mesmo ar. Pelo brilho, a faísca que eu poderia ver nos seus olhos, dizia que, ela não se assustaria muito facilmente.

—Vamos apostar um beijo, — eu disse, decidindo acabar com a miséria dela. —Acho que nós vamos acabar nos beijando um dia desses e aposto que você será a primeira a implorar por isso.

Ela congelou. A tigela estava suspensa no ar, então eu cheguei à sua frente e gentilmente tirei da sua mão. Quando ela não soltou o domínio sobre a colher, eu abri seus dedos com a minha outra mão para a retirar e coloquei o seu café da manhã no balcão – Honey Nut Cheerios7 pelo que parecia. Não é uma má escolha.

—Corrija-me se eu estiver errada, mas você disse que eu vou implorar?

—Sim, é isso que estou pensando.

—Retiro o que disse – você está cheio de si mesmo, — ela retrucou.

—Você não acredita em mim? Está tudo bem – isso significa que você vencerá. Vamos fazer a aposta.

—Você, por acaso, não esqueceu a parte onde eu disse que tenho um namorado?

Eu não tinha e não gostava disso. Eu ainda estava inseguro sobre a sua situação de namoro. Inferno, eu não estava certo se ela estava, ou não, dizendo a verdade para ser honesto. Ela tinha dito que era complicado, e complicado nunca é um bom agouro num relacionamento. Ele era provavelmente um idiota de qualquer maneira. —Você disse que era complicado. As coisas mudam e o pior que pode acontecer é você ganhar a aposta. O que você tem a perder?

—Nem sempre é. Algumas coisas não mudam.

—Eu tenho um sentimento sobre isto.

—Oh, sim? — Ela cruzou os braços, fazendo a sua t-shirt enorme levantar alguns centímetros nas suas pernas suaves. Se eu olhasse tempo suficiente, com força suficiente, eu poderia ver aquele tecido azul claro de novo? —Se importa de partilhar esse sentimento?

O meu olhar foi para trás e levantei o meu ombro num meio encolher de ombros. —Medo de perder? Se você é tão segura de si, por que não aceita a aposta?

—Eu não vou cair aos seus pés... — ela balançou extremamente a mão na minha direção —... apenas porque vi você seminu. Muitos caras fazem exercícios. Eu já assisti muitos caras fazendo exercícios.

Um lado da minha boca curvou para cima. —Se você acha que é isso que me faz especial – o fato de ter músculos – você definitivamente vai ter uma surpresa. Vamos lá, o que você tem a perder? Eu não irei tentar seduzi-la, eu prometo. De fato, eu prometo nunca mais mencionar esta aposta de novo. Apenas um jogo inocente entre amigos. Nós ainda seremos companheiros, como você disse.

Ela começou a puxar o seu lábio inferior com os dedos, pensando em tudo o que eu dizia. —Então porque fazer a aposta em primeiro lugar? Eu não estou dizendo que queria que você me seduzisse ou qualquer coisa, nem que poderia de qualquer modo já que nem sequer me afeto corpos seminus... —as suas mãos moveram-se no ar para meu corpo semi-nu, antes de voltar para os seus lábios rosa —... obviamente, eu não ia querer que você...

—Obviamente, — eu reiterei logo depois dela.

—Então, porquê? — ela disparou de volta, ignorando as minhas palavras divertidas.

—Por que não?

Ela bufou. —Isso não é uma resposta.

Me afastei do balcão e ela deu um passo para trás. —Está tudo bem. Eu entendo se você não confia em si mesma à minha volta.

Ela levantou o queixo um pouco mais alto e me deu um olhar frio. —Fofo. O que eu recebo se ganhar?

—O que você quiser?

—Isso é muita coisa que você está me dando. Se eu pedir para você... ok esquece isso, eu não vou oferecer a vitória. Eu tenho que pensar sobre isso um pouco mais.

Eu assenti. Isso era justo.

—Quais são as regras? — ela perguntou, os seus dedos deixaram finalmente os lábios sozinhos. —O prazo?

—Sem regras. Nada muda. É apenas uma aposta inofensiva entre dois amigos, nada mais, prometo. Quanto ao prazo... vamos dizer antes de eu me formar. Eu acho que você não vai demorar tanto tempo, mas em todo o caso.

Um sorriso doce saiu dos seis lábios, me arrancando um sorriso verdadeiro. Eu meio que esperava que ela me mandasse ir me foder, mas depois pressionou os lábios juntos, transformando a sua expressão numa cara séria. —O que você ganha com isso?

Mesmo que eu não tenha chegado ainda a essa parte, desde que beijá-la seria uma vitória em tudo por si só, eu percebi que nem tive que pensar. —Se eu ganhar, eu tenho um segundo beijo... e um terceiro. Afinal três parece ser o número mágico para nós.

Em vez de seus lábios sorrirem, os seus dedos puxaram e trouxeram um pequeno pingente pendurado no final do seu colar de prata, apenas um pouco acima dos seus seios. Se a cor das alças do seu sutiã servirem de exemplo, ela estava usando lingerie correspondente, foi uma coisa que me fez andar para a frente. O conjunto sexy de lingerie igual elevou as coisas para mim.

Ela endireitou os ombros e eu me forcei a parar de imaginar que tipo de roupa íntima ela estava por debaixo daquela t-shirt desbotada antes de o meu pau saúda-la. —Eu sou realmente muito boa em apostas, só para você saber, — ela disse eventualmente. —E eu nunca implorei para beijar alguém na minha vida, Dylan.

—Você é tão boa nisso como é em concursos improvisados de encarar? — Eu dei um meio encolher de ombros e tentei manter o meu sorriso pequeno. —Não importa. Eu gosto da ideia de ser o seu primeiro, Zoe.

Um dos lados do seu lábio se curvou. —Divirta-se o quanto você quiser. É melhor ter cuidado – isso é tudo o que estou dizendo.

—Veja, então você não tem nada a temer. Você vai estar a salvo dos meus lábios.

De novo, como parecíamos estar sempre fazendo, ficamos parados encarando um ao outro por alguns segundos, ambos com um pequeno sorriso. Desta vez, ela foi a primeira a desviar o olhar e eu fui simpático o suficiente para não apontar isso.

Eu agarrei a toalha que estava pendurada no meu ombro. —É melhor eu me preparar para sair. Não quero chegar tarde ao treinos.

—Você sabe que isso significa que se você me implorar para beijá-lo, você vai perder também, certo?

Eu não disse nada além de sorrir. Eu poderia tê-la beijado ali mesmo, mas se ela não estivesse mentindo e realmente tivesse um namorado, isso não iria acabar bem e eu não era esse cara. Eu não faria o que tinham feito para mim. Eu apostaria dinheiro que não havia um atual namorado, mas havia o futebol e era muito real. Eu estava vivendo o ano mais importante da minha vida até agora e eu já tinha um horário brutal à minha frente.

Zoe assentiu, como se estivesse decidido. Depois, de repente, ela tinha o seu pulso estendido entre os nossos corpos. Eu olhei para ele.

—O que é isso?

—Bata aqui.

Eu arqueei uma sobrancelha. —Bata aqui?

—Sim. vá lá, não me deixe pendurada. Ocasionalmente os companheiros fazem toques de punhos.

Quando eu não fui suficientemente rápido porque estava ocupado tentando descobrir como ela tinha entrado na minha vida sem mais nem menos, como é que eu ia sobreviver a ela, ela me deu uma pequena batida no punho e inclinou a cabeça, apontando para isso com os olhos, apressando-me... para bater.

Então, eu bati no punho da minha nova amiga e não parei de rir.

O que mais eu poderia ter feito?


Depois de sair do apartamento e me encontrar com os rapazes, tivemos cerca de três horas de treino. Nem todos os membros da equipe estavam felizes em conseguirem as suas bundas chutadas todos os dias, mas eu não era um deles. Pelo menos o acampamento tinha acabado; tinha sido... implacável para dizer o mínimo.

Mais do que um punhado de vezes, eu tinha ficado cara a cara com Kyle e Maxwell e tinha conseguido ignorá-los muito bem. No campo, eu tinha que ser o companheiro de equipe deles, mas assim que pisávamos fora da área verde, eu não os conhecia. Eu estava melhorando em compartimentar.

O segundo treino acabou e nós estávamos indo em direção aos chuveiros, o suor pingando literalmente dos nossos corpos, quando JP começou com as perguntas. Durou dez minutos, mesmo durante os chuveiros e no momento em que entramos no vestiário, ele ainda não tinha parado.

—Não minta para mim, homem. Onde você está alojado?

—Pela centésima vez, encontrei um novo companheiro de casa. Estou bem, acalme-se.

—Onde você o encontrou?

Eu olhei para o teto e soltei um suspiro. —Online. — Não adianta dizer a ele que era uma, bem... ela e não ele.

—Você apenas encontrou online e foi morar com algum cara aleatório? Porquê? Você é bom demais para o meu colchão de ar?

—Eu na verdade não consigo dizer se você está falando sério ou não, mas apenas para que você saiba... você ronca, cara. Tudo bem quando estamos hospedados num hotel nos jogos fora de casa – eu posso suportar por uma noite ou duas, mas por um ano...

Os seus braços estavam cruzados sobre seu peito enquanto me dava um olhar perfeito de vá se foder que ele usualmente reserva para os árbitros. Ele continuou olhando para mim, tentando o seu melhor para pegar algo na minha expressão. A sua maldita boca ia abrir de novo, mas eu balancei a minha cabeça. —Se você for me perguntar mais uma vez, eu vou fazer você se arrepender.

—O que está acontecendo? — Chris perguntou enquanto ele andava para fora dos chuveiros vindo juntar-se a nós.

Eu puxei a minha calça de treino e sentei a minha bunda de volta no banco.

JP virou toda a sua atenção para o nosso quarterback titular. —Você sabe? Porque se souber e não estiver me contando, eu juro por Deus, Chris...

Aparentemente ter levado uma coça no campo não tinha sido o suficiente para ele. Ele estava pedindo por uma em segundos.

Franzido a testa, Chris olhou para mim e depois para JP. —Do que diabos você está falando? Eu acabei de entrar.

—O cara lutador aqui tem um misterioso novo companheiro de casa e está sendo todo estranho sobre isso, — JP anunciou.

Nem mesmo se preocupando com o levantar da minha cabeça, eu cheguei à minha camisa. —Se alguém está sendo estranho por aqui, confie em mim, é você.

—Ele não estava ficando com você? — Chris perguntou, ignorando as minhas palavras. —Eu pensei que ele estava ficando com você. Onde você está morando, cara?

Gemendo, levantei e puxei a camisa até ao meu estômago. —Vocês dois estão brincando comigo, porra? Eu juro por Deus, se algum do vocês perguntar de novo onde eu estou ficando ou se estou fazendo bem, eu irei bater nas suas bundas.

—Você vê como ele está ficando na defensiva? JP perguntou a Chris. —Ele ainda é...

Ignorando-os, peguei meu telefone quando ele começou a vibrar no meu bolso. Chris foi para o seu próprio armário, dois à minha direita, e começou a colocar suas roupas, o tempo todo falando com JP sobre minha "situação".

Eu abri as minhas mensagens e vi que era da Victoria. Eu ignorei, assim como tenho feito com todos as mensagens dela e empurrei o telefone de volta no meu bolso. Colocando a minha bolsa no ombro, eu andei para longe deles.

—Eu já estou saindo. Se vocês já acabaram de encontrar suas bolas, podem me encontrar na praça da alimentação. Eu pulei o café da manhã por isso estou morrendo de fome. — Eu virei e continuei andando os deixando para trás, atirando um olhar de morte para JP. —Nem sequer se aproxime de mim se você está planejando fazer mais perguntas.

—Você quer ir ao In-N-Out8? — Chris gritou antes que eu saísse.

Era sempre muito difícil ter cuidado com a minha dieta e especialmente, dizer não aos cheeseburgers, mas eu não queria faltar à minha aula, então desta vez era uma escolha fácil. Havia também o fato de que eu tinha sempre cuidado com o dinheiro se eu queria continuar mandando algum para casa. Não ter que pagar aluguel ajudaria nisso. —Eu não posso hoje. Eu tenho aulas até às duas, depois uma sessão de estudo por volta das cinco. Vocês dois podem ir sem mim.

—Nós vamos vê-lo na casa de Jack hoje à noite? — JP gritou quando abri a porta. Jack era o nosso kicker9.

—Vou mandar uma mensagem para você se eu conseguir ir.

Quando fechei a porta e virei a esquina, ainda podia ouvir JP gritando atrás de mim.

Eu tinha dado apenas alguns passos quando ouvi um barulho alto ecoando no prédio silencioso. Uma morena chamou a minha atenção, ela estava saindo de uma das salas de reunião no final do corredor. Eu só percebi quem era quando ela empurrou o seu cabelo para trás enquanto segurava a porta aberta para alguém. O treinador saiu em seguida, bem nos calcanhares de Zoe. Ambos com os seus ombros rígidos, nenhum dos dois parecia particularmente feliz enquanto se moviam para o mais longe possível um do outro. O rosto do treinador se virou para ela e vi os seus lábios se moverem. Mesmo que eu tivesse indo na direção deles, não havia maneira de que eu poderia pegar eles antes de conseguirem chegar a entrada e saírem do complexo. Eu não notei o que Zoe respondeu ao treinador, mas notei a sua postura endurecer ainda mais. Ele se virou e desapareceu dentro na sala de observação da equipe. Zoe acelerou o passo, passou pela estante dos troféus sem levantar o seu olhar do chão e saiu... sem saber que eu tinha parado de me mover e ficado ali completamente imóvel, cheio de perguntas.


Capítulo 8

Zoe

O fim de semana após Dylan e eu termos feita a aposta passou num piscar de olhos. A sua equipe venceu o segundo jogo, o que eu soube pelo Jared. O campus todo estava vibrando com o doce sabor da vitória. Eu? Não mesmo.

Eu tinha visto a primeira metade do jogo antes de ir encontrar Jared e mesmo sem saber muito de futebol – eu tive dificuldades em seguir onde estava a bola, quem tinha a maldita bola, quem derrubou quem, quem perdeu a bola, quem apanhou a bola, etc. – até eu consegui ver que Dylan tornava-se uma pessoa completamente diferente no campo. Pelo menos, com o meu conhecimento limitado de futebol, eu pensei assim. Os seus movimentos eram mais afiados. Ele pareceu super focado, super atraente, super agressivo – de um jeito quente, não de um jeito Hulk. Eu mencionei super atraente? Ele estava super forte, super rápido – o cara conseguia correr – e de novo, só no caso de você não estar seguindo, super atraente. Eu estava muito agradecida como espectadora. Deve ter sido o uniforme, aquelas malditas ombreiras que o fazia parecer uma besta sexy. Mesmo a pintura facial negra debaixo dos olhos que deveria fazê-lo parecer ridículo fez exatamente o oposto. Ele parecia um guerreiro naquele campo.

Obviamente... obviamente eu estaria mentindo se eu dissesse que não era quente para caralho vê-lo jogar. Quando ele fez o seu primeiro touchdown – quarente e cinco metros correndo, segundo os locutores – eu fui apanhada pela excitação e dei um pequeno salto do meu assento com um sorriso enorme no meu rosto. Eu ri quando os seus companheiros de equipe correram para cima dele enquanto ele dançava um pouco com o seu quadril e eles batiam peitos e punhos – veja! Amigos batem punhos o tempo todo. Depois eu vi o número cinco correr na direção dele – Chris. Ele enrolou o braço à volta do pescoço dele enquanto eles empurravam um ao outro e o meu coração aqueceu com a visão. Quando a câmera apanhou o rosto do treinador deles enquanto ele caminhava na linha lateral, eu desliguei a televisão.

Eu definitivamente começava a compreender a adrenalina do jogo... ah, e os uniformes... e ah, está bem, especialmente aquelas ombreiras... e talvez aquelas calças apertadas, tão apertadas que afetava todas as garotas do campus. Eu presumi que fosse cem vezes pior se você estivesse no estádio. Eu não estava prestes a entregar completamente e me tornar uma das suas fãs histéricas, mas não via problema em apenas assistir os seus jogos uma vez ou outra... você sabe, porque ele e eu estávamos no bom caminho para nos tornarmos melhores amigos e os melhores amigos se mantinham a par dos interesses de cada um. De fato, quando ele estava se apressando para sair um dia destes ele até pediu o meu número de telefone e mais tarde recebi um Olá, colega de quarto. A meu ver, isso significa que estávamos realmente ficando amigos.

O que era exatamente o que eu queria.

Exatamente.

Falando de amigos, quando o relógio se aproximou das oito da noite, peguei no meu telefone e liguei para Kayla.

Ela respondeu no quinto toque. —Ei, Zoe.

—Ei, você. Estou faminta. Quando nos encontramos? Você já acabou a sua seção de estudo?

Eu estava pensando em implorar a ela para ir comer pizza, mas eu não tinha certeza se ela estava numa das suas fases de dieta, graças ao Keith por fazer comentários aleatórios sobre o peso dela. Se fosse esse o caso, eu sabia que seria inútil, mas quando a ouvi suspirar do outro lado da linha, todos os pensamentos sobre comida desapareceram bem rápido da minha mente.

—O que está acontecendo? — Eu perguntei com cuidado, embora eu já pudesse adivinhar.

—Eu não poderei ir hoje à noite. Sinto muito, Zoe. Eu tenho estado ansiosa por isso e eu não vejo você e Jared há dias, mas eu acho que Keith está com alguma coisa, então eu vou ter que ir para casa e verificá-lo.

Estava bem na ponta da minha língua, mas ela se adiantou.

—Antes que diga alguma coisa, ele realmente queria que eu me encontrasse com você, mas a sua voz soou péssima quando ele ligou, então mesmo se saíssemos a minha mente estaria nele o tempo todo.

Eu sentei a minha bunda no sofá e tirei os meus sapatos. Apenas alguns minutos antes, eu estava pronta e animada para encontrar com ela.

—Eu não ia dizer nada, — eu resmunguei. —E eu entendo, claro. Você deve cuidar dele – eu faria o mesmo. Não se preocupe conosco. Eu posso encontrar com você amanhã – isso seria possível? Acho que Jared estará livre dos seus deveres de babá, então talvez ele possa ir também. Até funciona melhor. Almoço, talvez? A minha aula não é antes das quatro.

Eu podia ouvir os seus passos rápidos enquanto esperava pela resposta dela.

—Eu tenho duas aulas amanhã, uma de manhã, outra por volta das duas. Se o Keith ficar melhor até lá, podemos ir beber um café. Tudo bem?

—Qualquer coisa está bom. Você diz quando e onde e nós estaremos lá. Eu só quero ver o seu lindo rosto, KayKay.

Eu quase podia sentir o seu sorriso caloroso através do telefone. Pelo menos o seu tom era mais caloroso do que quando ela atendeu. —Deus, eu sinto saudades de vocês, também. Não estou nem perguntando sobre Dylan porque eu preciso de ouvir os detalhes de todos os dias e nós não podemos fazer isso pelo telefone – e não conte tudo para o Jared sem mim. Me sinto muito excluída já assim e ele irá usar isso contra mim para sempre.

—Está tudo bem. Os meus lábios estão selados até ver você em carne e osso, mas não se preocupe, você não perdeu assim tanto, embora no sábado após ele chegar...

—Não. Não. Você vai me contar tudo amanhã, lembra? Esta não é uma conversa de telefone. Precisamos de café e carboidratos sob a forma de bolinhos.

—Por acaso não foi assim...

—Oh, Zoe, sinto muito, Keith está ligando. Tenho que ir. Eu vou mandar uma mensagem amanhã, está bem? Adoro você.

—Ok! Eu adoro você...

A linha morreu. Eu gemi e deitei no sofá. Claro que Keith estava ligando. Se ela tivesse ignorado ele e saísse comigo em vez disso, ele teria mantido as ligações para ela até ele a fazer sentir-se desconfortável e culpada o suficiente para voltar atrás. Eu esperava que ele tivesse mesmo doente e em sofrimento real.

Eu suspirei e mandei uma mensagem rápida para Jared.

Eu: Kayla não pode sair. Aparentemente, Keith está com alguma coisa.

Jared: Idiota!

Jared: Keith, não KayKay.

Jared: Você pode vir aqui e deixar a Becky fazer a maquiagem, se você quiser.

Eu: A sua mãe está com o turno da noite de novo?

Jared: Sim. Você vem? Eu prometo não postar os resultados da sua transformação nas redes sociais desta vez.

Eu: Não, obrigado. Ter a maquiagem feita por uma criança de cinco anos foi uma coisa de uma vez só. Isso está fora da minha lista de desejos. Eu nunca cometerei o erro de adormecer quando ela estiver no mesmo quarto que eu de novo.

Jared: Oh mas nós trabalhamos tão arduamente para fazer você linda.

Eu: Eu vi o quanto você trabalhou e assim como todos.

Jared: Você vem?

Eu: Claro, mudando de assunto. Eu vou ficar em casa e estudar. Café amanhã?

Jared: Sim ao café. Dê ao Dylan um beijo de boa noite por mim.

Eu sorri. Aquele pequeno cretino!

Eu levantei o meu telefone para cima e tirei uma foto rápida mostrando a ele o dedo do meio com um sorriso doce. Alguns segundos depois, eu mandei para ele e para a sua irmã enquanto ele fazia uma careta para a lente e cobria os olhos dela com as suas mãos.

Becky faria picadinho dele. Ela não era só hiperativa, ela não era como as outras pessoas que precisavam dormir para funcionarem. Ela também era um pequeno diabo com um rosto de anjo. Pelo menos ele iria sofrer e saber disso me dava um pouco de satisfação.

Dar um beijo ao Dylan de boas noites... eu acho que não. Eu era feita de material mais resistente.

Eu sabia que Dylan tinha um jantar com a equipe e um grupo de estudo porque eu o ouvi conversando ao telefone com o seu amigo. Eu não tinha certeza se era Chris ou não e não era como se eu pudesse perguntar, mas sabendo que ele não estaria em casa tão cedo, eu fiquei confortável na sala de estar e trouxe o meu laptop para fazer estudar. Se eu pudesse encaixar alguns retoques das últimas fotos que eu tinha feito para o blog de moda da Leah antes de ir para a cama, seria ainda melhor. Do jeito que as coisas estavam indo com o meu trabalho de fotografia, tinha um pressentimento de que poupar para sair ao final do ano não ia ser um problema tão grande quanto eu esperava.

De frente para as janelas, eu sentei no chão, espalhei tudo na mesinha de centro e comecei a trabalhar. O único intervalo que fiz foi para pegar uma banana e um pedaço de torrada ligeiramente queimada que restou do café da manhã. Foi uma grande desilusão depois de imaginar comer uma deliciosa pizza de queijo, mas o que uma mulher pode fazer?

Foi por volta das nove horas quando os meus olhos começaram a ficar pesados com o trabalho da escola, que coloquei os meus fones nos ouvidos e mudei meu foco para o Photoshop para trabalhar na montagem das fotos de moda. A música alta que coloquei manteve-me acordada e eu fui capaz de me desligar de tudo com exceção das fotos de Leah que estavam na tela.

Isto era o que eu amava fazer. Claro, às vezes eu passava mais horas em frente ao meu computador do que eu passava atrás da lente, mas era assim que funcionava. Se tudo corresse de acordo com o planejado, eu esperava que a fotografia fosse o meu futuro. Não precisavam ser fotos de moda, por assim dizer, mas enquanto estivesse usando uma máquina fotográfica, capturando diferentes rostos, emoções, memórias, momentos... batidas de coração, eu sabia que ficaria bem.

A certa altura, o Spotify começou a tocar ‘Gorilla G-Mix’ do Pharrell, e em pouco tempo, eu estava cantarolando a letra com todo o meu coração porque era uma das minhas melhores músicas para o sexo. Todo mundo tinha essas, certo? Eu nunca fiz sexo enquanto estava tocando – seria estranho no mínimo – mas quando eu a ouvia, eu definitivamente poderia ver acontecer se eu fechasse os meus olhos.

No mínimo, sempre trazia a minha stripper interior. Era estranhamente sexy, ou talvez fosse apenas sexy para mim porque eu era estranha? Pode ter sido este último. Apenas Jared e Kayla sabiam da minha estranha obsessão por sexo no estilo R&B hip-hop. Ainda cantando, sentada no chão, deixei cair a minha cabeça nas almofadas do sofá, estendi os meus braços e fechei os olhos.

Os meus quadris se moviam de livre vontade, eu cantei a coisa toda, até fiz os sons de um gorila, como se a letra não bastasse. Você pode adivinhar para onde eu estou indo com isto, certo? Porque é de mim que estamos falando aqui.

Quando os meus olhos se abriram preguiçosamente, Dylan Reed estava olhando para mim de cabeça para baixo. Fechei os meus olhos, abri de novo... tentei de novo para ter certeza... mas ele não ia a lugar nenhum. Quando eu o vi pela primeira vez olhando para mim, tinha pensado e esperado que eu tivesse acabado o invocando porque me sentia... de uma determinada maneira. Vendo Dylan fazendo flexões e abdominais não era algo fácil de apagar da sua mente, afinal de contas. Observando a ondulação dos seus músculos debaixo daquela pele lisa que implorava para você tocar, chupar e lamber, para... fazer todas as coisas que você não podia e não deveria e não faria com um amigo.

Com os meus olhos fixos no teto, deixo escapar um longo suspiro. Ele ainda não disse uma palavra. Alcançando os meus fones, eu os tirei e a próxima música que começou a tocar lentamente se afastou, levando a voz de Drake para longe. O apartamento estava completamente em silêncio. Você poderia deixar cair um alfinete no chão do meu quarto e eu teria ouvido de onde estou sentada.

O rugido dos meus ouvidos começou a diminuir até que apagou praticamente tudo. Parecia que o meu coração estava batendo no meu cérebro com batidas do ritmo. Sentindo-me um pouco tonta de vergonha, eu sentei e o mundo se consertou sozinho. Mordendo o meu lábio inferior, agarrei a parte superior do meu laptop com os meus dedos suados, fechei e coloquei os meus fones gentilmente em cima dele. O meu rosto deve ter virado de todas as cores do arco-íris até esse momento

—Você pode dizer, — eu engasguei num tom muito baixo.

Eventualmente, ele entrou na minha linha de visão e ficou ao lado do sofá gigante de couro que foi feito para relaxar. Eu fiquei olhando para frente, para fora da janela, mas eu podia ver os seus lábios se contorcerem na minha visão periférica.

Ele limpou a garganta e eu mordi o meu lábio inferior com mais força.

Eu nunca poderia ganhar com este cara?

Ele sentou no braço largo do sofá e eu me mexi e puxei as minhas pernas para baixo de mim, me sentindo vulnerável.

—Eu ouvi você quando eu estava subindo as escadas, — ele admitiu.

Eu assenti, ainda mantendo o meu olhar longe dele. Eu tendia a esquecer o meu volume; o prédio inteiro provavelmente estava ouvindo. Dylan continuou.

—Eu entrei e chamei pelo seu nome, mas você parecia estar muito envolvida. Eu não queria assustá-la, então eu... esperei.

—Você estava... uh, estava aí olhando à muito tempo?

Houve uma longa pausa então a sua voz saiu baixa e profunda. —Eu acho que ouvi..."Papai, isto é seu10", em algum momento? Isso me parou por alguma razão. Vamos dizer que foi um pouco antes disso.

Ok, então. Então, ele viu eu me contorcer no meu lugar também.

Ainda evitando os olhos dele, eu assenti e levantei. Eu queira muito chorar. Ele se levantou comigo.

—Eu apenas estou indo me atirar do prédio agora, — eu murmurei, abaixando a minha cabeça e tentando passar por ele.

Eu sabia que não seria fácil, mas eu não estava esperando uma corrente elétrica percorrer o meu corpo quando a sua grande mão circulou o meu pulso em uma tentativa de me impedir. Meu pulso ficou quente onde ele estava me tocando e por todo o caminho até ao meu braço. A minha mão contraiu, mas ele conseguiu o que queria. O meu corpo ficou imóvel e eu esperei que ele começasse a rir ou fazer piada de mim a qualquer momento. Na minha mente, eu sabia que ele não era assim, sabia que ele não iria querer me envergonhar, mas ele ainda acharia isso, continuaria a contar aos amigos sobre a sua estranha colega de quarto. Eu não estava envergonhada porque ele me pegou cantando, mas cantando aquela música?

—Você pode olhar para mim, Zoe?

Quando nada aconteceu, os meus olhos se levantaram até à sua testa e eu vi as suas sobrancelhas se formarem lentamente em uma carranca.

Eu pisquei e no segundo seguinte ele estava me puxando em direção à pia da cozinha. Soltando o meu pulso, ele arrancou um pedaço de papel e o passou por baixo da água até que estivesse encharcado. Quando ele se aproximou de mim, arqueei para trás e me certifiquei de que a minha cabeça estivesse fora do seu alcance. A sua carranca ficou cada vez mais profunda, ele estendeu a mão e a enrolou na volta do meu pescoço para me manter no lugar. Aparentemente, eu ainda estava fora do alcance.

—Fica quieta, — ele ordenou, o seu tom praticamente beirando a raiva. O que eu fiz, exceto me envergonhar de novo? Quando os seus olhos vagaram para os meus, por um breve momento, eu desejei que ele pudesse ser um pouco menos atraente, isso ia me ajudar a agir normalmente perto dele. Até o seu nariz ligeiramente torto estava adicionado ao fascínio. —O seu lábio está sangrando, — ele murmurou, quase para si mesmo.

Ah, então esse era o gosto amargo que eu tinha engolido – aqui eu pensando que era o sabor amargo da humilhação.

—Na verdade, os meus lábios ficam secos às vezes.

Quando o papel húmido tocou o meu lábio inferior, estremeci e, reflexivamente enrolei a minha mão em torno do seu pulso para detê-lo – mais como se estivesse enrolado na metade do pulso, já que a minha mão era pequena ao lado da sua. Mesmo que teoricamente não funcionaria, funcionou e a sua mão ficou imóvel. Eu estava muito ferrada até o seu antebraço parecia sexy para mim, as veias visíveis na sua pele. Havia também os pelos do braço que eu ainda podia sentir na minha pele se fechasse os olhos e lembrasse o dia em que eu o ataquei no apartamento, e então a sua mão grande com os seus dedos grandes e fortes gentilmente tocaram o meu lábio, me tirando dos meus sonhos acordados.

Meus olhos encontraram os dele. —Desculpe, — ele murmurou, a sua voz baixa, tão baixa que meu coração foi do zero ao sessenta em dois segundos.

Não olhe nos olhos dele, Zoe. Não faça isso.

—Eu sinto muito, — eu murmurei timidamente enquanto puxava a minha mão para baixo.

Ele girou o seu pulso uma vez como se eu o tivesse machucado. Eu duvidei disso. Ele limpou a garganta e retomou a limpeza do meu lábio. Eu deixei, gostando abertamente da atenção que estava recebendo. Ok, talvez não tão abertamente, mas pelo menos eu não fiz nada estúpido - ainda. Quando ele terminou, ele enrolou o papel e jogou-o no lixo. Os meus olhos seguiram, e se eles não me estivessem enganados, não havia muita coisa nele, apenas um ponto de rosa, então o que havia com a ajuda repentina de primeiros socorros?

—Por que é que você sempre me vê no meu pior momento? — eu perguntei, esperando que ele tivesse uma resposta para mim, porque eu não conseguia me lembrar de nada. Eu me esforcei para encontrar algum lugar para colocar as mãos - no meu peito? Na ilha? Nas minhas costas? Nele? —Quer dizer, ser pega cantando nunca é a melhor sensação, já que é um momento privado, mas eu também estava semi dançando, presumo que tenha visto, o que eu acho que é estranho quando você está fazendo isso enquanto está sentado, mas ainda assim conta. No topo de tudo, essa música? Por que você não entrou quando eu estava cantando Ed Sheeran? Eu não soo tão mal quando estou cantando uma das suas músicas. Ser apanhada por você, durante essa música? — Com cada frase, a minha voz saiu como um guincho. —Não importa. — Eu lentamente andei em torno dele e me dirigi para o corredor. —Alguma chance de você não gozar comigo por isso?

—Zoe... — ele começou quando eu consegui chegar quase à entrada do corredor, mas antes que ele pudesse acabar o que quer que ele estivesse prestes a dizer, a energia caiu, envolvendo-nos na escuridão.

—Mas que diabos?

Mas que diabos, de fato. Houve uma longa pausa de oito segundos, onde ficamos congelados, esperando que a energia voltasse. —Uh... — eu gemi, já entrando em pânico. —Eu vou dizer uma coisa, mas você não pode rir.

—O quê? — Ele perguntou distraidamente. Ele já havia se afastado da pia da cozinha e estava indo em direção às janelas, pelo menos era de onde vinha sua voz.

Eu limpei a minha garganta e enrolei um braço no meu estômago. —Poderia ser um ladrão, talvez? Ou ladrões, no plural? Mais de um? Mais de três? Eu fiquei aqui também no último semestre e houve uma série de assaltos na vizinhança. Eles podiam ter cortado a energia ou algo assim para ser mais fácil de arrombar. Estamos sendo roubados, eu acho. Eu vi esse filme uma vez com meu pai, onde... — eu parei.

Parecia que alguns prédios à nossa volta também perderam a energia e a luz da lua que entrava pelo apartamento tornou possível ver a silhueta de Dylan voltada para mim.

Em vez de responder, ele abriu uma janela para verificar a rua. —Sim, o quarteirão inteiro está apagado. Está tudo bem, Zoe. Eu...

—Na verdade, eu não sou a maior fã de...

—Eu acho que você deveria ir com calma com os filmes.

—O quê? — Era diversão que eu estava ouvindo na sua voz? —Você está sorrindo agora? — Eu perguntei incrédula.

Eu ouvi uma risada baixa, mas antes que eu pudesse responder, o universo decidiu embrulhar tudo com um pequeno laço vermelho. A sala começou a girar e eu olhei para os meus pés em confusão. Eu estava ficando tonta? Eu não estava com medo do escuro. Então o prédio começou a tremer, e meu olhar horrorizado voou para a sombra do meu companheiro de quarto.

—Dylan, — eu sufoquei em pânico, um tremor intenso na minha voz.

Dois segundos.

—Está tudo bem. Isso vai passar.

Três segundos.

Eu me virei e foquei o meu olhar na direção onde a porta ficava. Fugir ou ficar? Fugir ou ficar?

Quatro segundos.

—Dylan, — eu engasguei novamente, desta vez mais alto e mais urgente enquanto eu me balançava para frente. Meus pés estavam morrendo de vontade de correr - para a porta, para o Dylan, para qualquer lugar, na verdade - e me refugiar, mas, ao mesmo tempo, eu não conseguia me mexer um único centímetro. Eu envolvi os meus braços trémulos à minha volta.

Ia parar.

Eu ouvi passos.

Juro por Deus, se ele fugir e me deixar para trás, eu irei...

Cinco segundos.

Seis segundos.

O terremoto parou no exato momento em que senti a frente de Dylan nas minhas costas e a sua mão curvada no meu ombro.

—Isso foi estranho, mas acabou, — disse Dylan casualmente, mantendo a mão sobre mim.

O meu coração começou a fazer essa coisa estranha que nunca havia feito antes, batidas grandes e poderosas em câmera lenta. Eu nem percebi que estava prendendo a respiração durante a coisa toda até que finalmente a libertei. O meu corpo começou a tremer quando respirei fundo e deixei o ar passar pela minha boca.

Foi aí que Dylan colocou a outra mão no meu braço esquerdo e começou a esfregar para cima e para baixo.

—Você está fria, — ele murmurou.

Sim, os mortos geralmente são frios, pensei, mas guardei para mim mesma.

Eu não pude sequer dar uma resposta enquanto lutava para manter minha respiração sob controle. Meia hora antes, eu diria que estava muito quente quando estava cantando. Até mesmo a camiseta de manga curta que eu usava parecia muito em algum momento, e isso era LA para você. Agora, enquanto as mãos de Dylan se moviam nos meus braços nus, não sentia nada além do frio penetrando na minha pele. Os seus polegares deslizavam sob a minha t-shirt sempre que ele se deixava levar.

—Nós precisamos sair. Precisamos sair, agora mesmo. — Eu me mexi para correr para fora da porta, mas as mãos dele me pararam antes que eu pudesse dar mais do que alguns passos.

—Espere, espere um segundo. — Ele agarrou os meus cotovelos e me virou para encará-lo.

—Precisamos sair, — eu repeti, respirando pesadamente.

Mesmo estando tão perto dele, eu não conseguia ver os detalhes do seu rosto, mas pelo jeito que a cabeça dele estava inclinada, eu sabia que seu olhar estava em mim.

—Está tudo bem, Zoe. Não foi um dos grandes.

—Quem disse que o próximo não será?

As suas mãos começaram a se mover novamente, dos meus pulsos, sobre os meus cotovelos, e para cima, mais e mais, num ritmo bem mais lento desta vez.

—Estamos bem onde estamos.

Nós estávamos, mesmo? Realmente, estávamos? Eu não pensava assim, não com a maneira como os arrepios brotavam na minha pele, onde suas mãos estavam se movendo para cima e para baixo.

Depois de alguns segundos olhando para a forma escura da sua cabeça, eu abaixei a cabeça e suspirei. Havia magia em suas mãos e o seu calor começou a me aquecer. Elas não eram macias, não como o as do meu último namorado eram. Ele usava mais creme para as mãos do que eu, o que era bom, mas as mãos de Dylan - elas arrastavam na minha pele da melhor forma possível. Eu sabia que me lembraria da sensação delas. Ele era meio que inesquecível.

—Eu tenho muito medo de terremotos, — eu sussurrei, apenas no caso de0le não ter notado.

—Acabou agora. Estamos bem.

—Estou realmente com muito medo deles, Dylan. Por que a energia ainda não está de volta? Caiu por causa do terremoto? — Eu ainda estava sussurrando. Incapaz de me conter, dei um passo na direção dele. Eu estava talvez a meio passo de realmente ficar perto dos pés dele, o meu rosto apenas a centímetros do seu peito. Me arrastando para mais perto não era um grito por um abraço, mas quando as suas mãos se afastaram dos meus braços e um frio ficou no seu lugar, me senti como se fosse uma completa idiota, uma completa idiota que sabia que era uma idiota, mas ainda não conseguia encontrar nisso a distância da segurança do grandalhão da sala. Eles sempre diziam que você deveria se cobrir perto de coisas fortes e resistentes, certo? Bem, Dylan Reed era muito forte e resistente.

Então eu senti uma grande palma na base da minha coluna, que puxou um suspiro silencioso de algum lugar nas profundezas do meu ser e me causou um arrepio muito pequeno, que fez seu caminho pelo meu corpo. Sua mão começou lentamente a subir nas minhas costas como se ele não tivesse certeza se estaria tudo bem em me segurar.

Uh...

Isso foi o suficiente para responder a uma pergunta que eu nem estava pensando em perguntar. Eu não esperei pela confirmação vocal, apenas enterrei a minha bochecha no seu peito duro como pedra e segurei a minha respiração. O seu outro braço chegou ao meu redor e descansou nas minhas costas, um pouco mais alto do que o outro, e eu senti que estava tudo bem em fechar os olhos. Ele faria tudo ficar bem.

—Provavelmente foi apenas uma coincidência e não tem nada a ver com o terremoto.

Os meus braços ainda estavam em volta do meu estômago, então quando Dylan gentilmente me puxou para mais perto do seu corpo, fechando aquele pequeno espaço entre nós, os meus braços se separaram e eu levantei um para descansar no seu peito, bem ao lado do meu rosto e agarrei a sua camisa na sua cintura com a outra.

Ele estava um pouco inseguro, um pouco estranho. Bem, talvez ele não estivesse tão estranho quanto o melhor abraço que eu tive em algum tempo. Vamos chamá-lo de o melhor meio abraço, talvez, porque não era como se ele estivesse esmagando a vida fora de mim. Esse seria o abraço perfeito. O abraço era muito descontraído, mas ainda assim era um abraço, e ainda era apreciado.

E querido Deus, o seu toque era quente e forte. Sua colônia era diferente, vertiginosa, algo quente e picante, talvez uma pitada de cedro. Basicamente era mágica. Como ele cheirava tão bem naquela hora da noite? Ele tinha saído com alguém?

Era atrevido demais dar um abraço assim em um amigo? Se estivéssemos sendo honestos, chamá-lo de companheiro ou amigo estava esticando um pouco a verdade, mas eu ia parar ou recuar? Não, nunca na vida. Se este fosse um dos grandes na Califórnia e o prédio fosse cair, eu ia estar nos braços deste cara.

Com a nossa proximidade, eu podia ouvir o seu forte batimento cardíaco. Tentei manter o meu foco nesse ritmo e combinar a minha respiração com isso, forte e firme.

Quando eu a tive sob controle, soltei outro suspiro profundo. —Você deve pensar que eu sou louca, — eu murmurei no seu peito.

Houve um tremor secundário quatro segundos logo após o final das minhas palavras. Era menor que o anterior, mas mesmo assim era perceptível. Eu enterrei a minha testa no seu peito e gemi.

—Shhh, tudo bem. Você está bem. É apenas um pequeno tremor.

Eu engoli o nó na garganta e fechei os olhos com mais força dessa vez, a minha mão se curvando num punho. Os braços dele não estavam mais se movendo, mas ele também não tinha me soltado.

—E eu não acho que você é louca. A minha mãe também não é fã de terremotos.

—Sim? Ela também iria saltar para os braços de um estranho?

O seu peito se moveu com uma risada silenciosa. —Eu pensei que éramos amigos. Quando eu virei de melhor amigo para estranho nesse cenário? E para responder à sua pergunta, ela não chegaria a pular nos braços de um estranho porque o meu pai estaria bem ao lado dela, pronto para pegá-la se ela decidisse desmaiar ou qualquer coisa. Ela sempre se agarra à mão dele como se sua vida dependesse disso.

A sua voz grave me ajudou ainda mais a relaxar.

—Ela desmaia?

—Felizmente ainda não aconteceu, mas eu não ponho essa hipótese de lado. Embora, ela sempre nos ameace com isso.

Esperei um momento antes de falar de novo. —Os cientistas esperam que um grande terremoto atinja a Califórnia, certo? A energia ainda não veio e eu sinto que algo ruim vai acontecer. E se for isso?

Ele riu por alguns segundos, e eu pude sentir as vibrações através do seu corpo. —Você tem algum arrependimento? Talvez alguém que você gostaria de pedir um beijo antes de uma morte prematura?

Ele me surpreendeu o suficiente para que eu inclinasse a cabeça para olhar para ele. Graças ao novo ângulo em que estávamos, era mais fácil distinguir as suas feições no escuro, e definitivamente podia ver o sorriso brincalhão no seu rosto.

—Sim, boa tentativa, mas eu não penso assim. Eu te disse que eu sou feita de material duro quando se trata de apostas. Eu não vou desistir tão facilmente, se o prédio realmente começar a desmoronar, todas as apostas estão fora e provavelmente vou tentar rastejar direto em você.

Desta vez o seu riso foi audível. —Ok, vou me certificar de estar pronto para isso.

Pensando que ele deve ter começado a se sentir estranho ou desconfortável me segurando, eu soltei a minha mão do seu peito e dei aquele meio passo para trás de novo. Assim que os seus braços me soltaram, a temperatura do meu corpo começou a diminuir.

—Como você está tão calmo de qualquer maneira? Você nunca assistiu ao 2012 ou ao San Andreas? Acabei de revê-los na semana passada, então acho que isso não está realmente ajudando no momento.

Era uma porcaria que eu podia sentir exatamente onde as suas mãos tinham segurado o meu corpo; isso me fez ciente do fato de que elas não estavam mais ao meu redor.

—É por isso que você tem tanto medo de terremotos? Por causa dos filmes?

—Quem no mundo não teria medo de terremotos? Como posso não me assustar com a ideia de ficar esmagada debaixo de um edifício?

De repente, a minha mão estava em Dylan e ele estava olhando para elas como se não tivesse certeza de como isso aconteceu quando foi ele quem a tentou pegar. A sua mão apertou a minha uma vez, duas vezes, e o meu ritmo cardíaco aumentou.

Merda. Lentamente, como se a minha mão tivesse uma mente própria, estiquei os meus dedos e os liguei ao redor dos dele. Parecia exatamente o que ele estava esperando, porque antes que eu pudesse processar as borboletas no meu estômago, ele estava me puxando para o sofá.

—O que você está fazendo?

—Os meus pés estão me matando, Zoe. Eu tive um dia longo, e então a sessão de estudo foi mais longa do que eu esperava, e eu tive que ir para a sala de musculação antes de vir para cá. Estou exausto, por isso temos que nos sentar.

Oh.

—Eu sinto muito, — eu murmurei quando ele afundou no sofá com um suspiro pesado e me puxou para baixo ao lado dele.

—Eu deveria levantar e procurar uma vela ou algo assim, — eu murmurei e puxei a minha mão.

Em vez de me deixar ir como eu esperava, ele girou a minha mão na sua então enroscou os seus dedos nos meus, palma com palma. Sentada num ângulo estranho, eu olhei para as nossas mãos, sem saber o que estava acontecendo. Ele as levantou e colocou as costas da minha mão na sua coxa. Eu fiquei tensa. Deixando cair a cabeça no encosto do sofá, ele se deslocou um pouco mais.

—Fique. Vamos relaxar por um minuto. Me faça companhia. A energia voltará a qualquer momento.

Fazer companhia com a sua mão enrolada na minha? Claro, porque não? Para quê sermos amigos se não for por isto? Eu já mencionei que eu era uma idiota, certo? Eu estava realmente feliz por ele não ter decidido voltar para o seu quarto para dormir, então eu me mexi no meu lugar, me inclinei para trás e fiquei confortável ao lado dele.

—Ah, e Zoe, chega daqueles filmes por um tempo, sim? Talvez seja melhor assistir a algo que não vá assustar você. Você disse que gostava de filmes de animação - esses devem ser o suficiente.

—Esses geralmente me fazem chorar, — eu murmurei sob a minha respiração quando eu virei os meus olhos para ele.

—Eu acho que...

Quando eu não continuei, ele virou a cabeça para mim. Nossos olhos se encontraram ao luar e eu voltei o meu olhar para o teto de novo.

—Eu acho que... tem algo a ver com você. Eu não me comporto como uma louca ao redor de mais ninguém. Não me entenda mal, eu posso chegar perto, mas não uma vez atrás da outra, não assim.

—Então, o que você está dizendo é que eu sou um amigo especial, hein?

Eu olhei para ele com o canto do olho e vi que ele ainda estava olhando para mim. Eu olhei para a sua têmpora. Fiquei em silêncio e ele finalmente afastou a cabeça.

—Eu gosto disso, — ele murmurou em voz baixa, e eu pensei que era seguro olhar de novo. Os seus olhos estavam fechados, então os meus podiam percorrer cada centímetro de seu rosto para o prazer do meu coração.

Ele gemeu e arqueou as costas, ficando mais confortável. Eu não poderia dizer a mesma coisa sobre mim, mas eu também não me mexi do meu lugar. A alternativa não era apelativa.

Senti algo tocar na minha perna e, quando olhei para baixo, vi a coxa de Dylan – que, segundos antes, não estava perto– pousando levemente contra a minha.

—O seu dia foi bom? — Eu perguntei quando ele ficou em silêncio.

—Sim. Longo, mas foi bom. Seu?

—O mesmo. Eu estava trabalhando antes de você entrar, então talvez eu deva voltar a isso até que a energia volte e deixe você dormir - embora eu tenha que o acordar se houver outro terremoto.

Uma risada baixa. —Ah sim?

O estrondo na voz dele me deixou sem palavras. Fechei os meus olhos e segurei um gemido.

—Apenas dando-lhe um aviso justo, isso é tudo.

—Sinta-se à vontade para me acordar sempre que quiser. Eu não me importo.

Eu não ia comentar sobre isso.

—Ei, Zoe? — Ele perguntou, sua voz em algum lugar entre rouca e sonolenta, mais forte no lado rouco.

—Sim? — Eu resmunguei, não parecendo tão sexy quanto ele. Eu ainda estava tentando me recuperar do que a voz dele estava me fazendo.

—Onde está seu namorado agora?

Oh.

Eu endureci e tentei puxar a minha mão para longe da dele, mas eu não consegui me soltar.

—Porque você está perguntando?

—Ele sabe que você tem medo de terremotos, certo? Se ele é seu namorado, ele sabe. Eu apenas pensei que ele ligaria para ver como você está agora. Se minha namorada tivesse medo de terremotos, eu estaria lá para ela.

—Eu lhe disse que era complicado.

Você é um pedaço de merda, Zoe.

—OK. Se você diz. Eu só estava perguntando.


Capítulo 9

Dylan

—Zoe? Posso pedir a você um grande favor?

Ela estava sentada no pequeno tapete em frente à mesa de café, parecia que era o seu lugar favorito quando ela estava trabalhando no seu laptop. Se ela estivesse vendo um filme, a sua preferência era diferente: aconchegar-se no grande sofá de couro.

—Qual é o tamanho? — Ela perguntou, o seu olhar ainda focado na tela e na foto que ela estava trabalhando.

Com suas palavras, meus lábios se esticaram em um grande sorriso.

Quando eu não respondi rápido o suficiente, ela levantou os olhos para encontrar os meus. Ela deve ter entendido a razão do meu sorriso porque as suas bochechas ficaram rosadas e ela respirou fundo.

—Quantos anos você tem mesmo? — Ela murmurou.

Eu ri e abri a geladeira para pegar um pouco de suco de laranja.

—É grande, mas não tão grande que você não possa lidar com isso.

Ela voltou para o seu laptop. —Eu já vi, lembra? Não é tão grande assim. Claro, parece impressionante desde que você é um chuveiro, e se bem me lembro, eu já felicitei você por isso. Embora, eu não acho que ficaria maior, o que me leva de volta a... não tão grande.

Eu estava olhando para ela chocado em silêncio com a caixa de OJ11 ainda na minha mão. Ela geralmente tinha esse efeito em mim, então não era novo, mas ainda assim me pegava toda vez.

—Não que eu me lembre vividamente, — ela murmurou como uma reflexão tardia. —O quê? — Ela explodiu quando viu o olhar no meu rosto.

—Uh, Zoe, eu estava falando sobre o favor que eu queria pedir – tipo, é um grande favor, mas nada que você não possa lidar.

Os seus lábios se separaram. —Oh. — Ela limpou a garganta. —Você vai ignorar as palavras vomitadas. Você não ouviu nada disso.

—Claro. Para que servem os amigos? — Sorri e servi um pouco de suco. —Você quer um pouco?

—Não, obrigado. Então, qual é esse favor?

Nos dias após o seu pequeno surto de terremoto, tínhamos nos tornados mais próximos, um pouco mais como amigos de verdade - não companheiros, exatamente, mas amigos. Ela ainda estava tendo problemas para encontrar os meus olhos, mas a quantidade de tempo que ela passou olhando para o meu queixo ou ouvido enquanto falava comigo diminuiu. Além disso, mesmo que só nos víssemos de passagem, e alguns dias nem sequer por mais de dez minutos, quanto mais tempo passava, mais eu aprendia sobre ela.

Era ótimo. Eu gostava que ela estivesse se abrindo pouco a pouco todos os dias - além do fato de que eu ainda não tinha certeza sobre a situação do namorado. Eu estava tendo problemas em obter uma leitura dela. Ela tinha telefonemas secretos, sussurrando para ter certeza de que eu não conseguiria ouvir nada, mesmo quando não estava no mesmo espaço que ela, mas poderia facilmente ser uma das suas amigas. Ainda assim, eu tinha as minhas suspeitas, mas isso era tudo o que elas eram - suspeitas - e eu esperava que algumas delas realmente fossem apenas isso.

Até ter certeza absoluta, eu não conseguiria roubar o beijo que ela me devia, e ao ver o quão seriamente ela estava levando a nossa aposta, eu não acho que ela também não iria ceder tão cedo.

—Estou atolado hoje. Preciso me encontrar com um dos meus treinadores para discutir se ele pode me ajudar a me preparar para a escolha dos jogadores. Se for, precisamos fazer um cronograma. Depois disso, temos uma reunião de equipe e depois eu tenho uma turma e outro grupo de estudos logo depois. Eu preciso pegar algumas coisas para a semana, como macarrão, frango e alguns outros, então se você tiver tempo, você pode me ajudar com isso? Eu fico lhe devendo uma.

—Você quer que eu faça compras?

—Se você tiver tempo. Estou basicamente sem nada de qualquer coisa, e esta semana já vai ser louca, como é quando há jogo, então não parece que terei a oportunidade de fazê-las eu mesmo. Eu lhe darei meu cartão de débito se você disser que pode fazer isso.

Ela torceu a cintura para olhar para mim. —Eu tenho laboratório de fotografia às duas e meia, mas estou livre entre as quatro e as oito. Eu estava planejando mandar uma mensagem para Jared e Kayla para ver se eles estavam livres para sair, mas eu posso conseguir o que você quer depois da minha aula.

—Você tem certeza? Se você já fez planos, posso pedir a um dos...

—Está tudo bem. Eu amo compras de supermercado. Eu posso fazer as minhas compras semanais um pouco mais cedo – dois coelhos com uma cajadada só. Eu também amo as listas de compras. Você tem uma lista para mim?

—Eu tenho. — Sorri para ela e enfiei a mão no bolso para pegar o meu cartão de débito e a lista pequena que fiz antes. Eu os coloquei na ilha de mármore bem na minha frente. —A senha é 7532.

Seu rosto se iluminou com um sorriso brincalhão. —Você não tem medo de eu roubar todo o seu dinheiro e fugir?

—Eu estou praticamente falido, e mesmo se você roubasse os cerca de cem dólares, eu tenho receio que não chegaria assim tão longe. — Isso me lembrou que eu precisava de alguma forma lidar melhor com a minha agenda e conseguir algumas horas de trabalho no bar do Jimmy. Não só o meu dinheiro estava diminuindo, como eu também precisava mandar algum de volta para casa, só para ajudar um pouco.

Seus olhos suavizaram. —Eu não vou roubar o seu dinheiro.

Eu sorri para ela e não pensei antes de falar. —Eu sei que você não vai, baby.

Eu consegui segurar o seu olhar por alguns segundos a mais do que o nosso habitual, antes que ela limpasse a garganta e voltasse ao seu trabalho.

Talvez o baby não tenha sido a melhor escolha de palavras, mas agora eu não poderia voltar atrás.

—Você disse que está livre entre quatro e as oito, certo? Você tem um grupo de estudo às oito? — Talvez eu pudesse lhe agradecer com uma pequena surpresa.

Eu assisti seus ombros endurecerem. —Não exatamente. Porquê?

—Eu acho que estarei de volta a casa em torno das nove, pensei que talvez pudéssemos assistir a um filme juntos ou algo assim. Eu não vi muito você esta semana.

Coloquei as palmas das mãos no balcão e esperei pela resposta dela. Demorou um pouco.

—Eu não tenho certeza quando vou voltar. Eu... uh... eu tenho um encontro hoje à noite.

Muito bem.

—Você tem um encontro.

Nossos olhos se encontraram por um segundo quando ela olhou para mim por cima do ombro, mas ela foi rápida em desviar o olhar.

—Sim. Eu não acho que vou chegar tarde, mas você vai para a cama bem cedo nos dias de semana, então eu não tenho certeza se você ainda vai estar de pé quando eu voltar. — Os seus olhos levantaram e depois caíram novamente. —Pode ficar para outra hora? Este fim de semana, talvez?

—Eu não vou estar aqui este fim de semana. Nós temos um jogo fora.

—Oh. Ok.

Ok? —Então eu acho que te vejo mais tarde. Divirta-se no seu encontro. — Ou não, eu pensei, mas não repeti para ela. —Obrigado por me ajudar hoje. Eu lhe devo uma.

Seus lábios pressionaram juntos e ela acenou.

—Eu tenho dez minutos antes de ter que encontrar o meu treinador, então vou ter que correr. — Engolindo o meu suco de laranja, comecei a olhar em volta nas gavetas pela minha última barra de proteína.

Suspirei. —Zoe, você viu a minha barra de proteína? Deixei no balcão esta manhã.

—Sim, eu coloquei no armário ao lado das tigelas, a próxima ao frigorifico.

Fazia semanas desde que eu me mudei, mas ainda não sabia onde estava tudo na cozinha. Eu sabia onde vasilhas e as panelas ficavam, as canecas e copos, e as colheres e garfos, mas era aí que meu conhecimento terminava, mesmo que eu já tivesse feito o jantar lá uma ou duas vezes. Normalmente comia com a equipe, já que tínhamos os nossos próprios cozinheiros, mas se eu estivesse em casa cedo, eu não ia voltar a sair de casa só para poder jantar com os outros.

Uma outra coisa que eu aprendi sobre Zoe era que ela odiava ter coisas por aí. Eu não a chamaria exatamente de organizada, porque tinha visto o estado de algumas das gavetas, mas parecia que, desde que os balcões estivessem vazios e limpos, ela estava bem, o que significava que, se eu deixasse alguma coisa fora, ela guardava assim que pudesse.

Eu abri o armário em questão e fiquei olhando.

—Uh... Zoe?

—Sim? Está bem aí na primeira prateleira - você achou?

Eu estendi a mão e peguei minha barra de proteína. Como ela disse, estava bem aqui... entre outras coisas.

—Eu me lembro claramente de você dizendo que você não compra M&M’s de manteiga de amendoim porque você tinha problemas de comer todos de uma vez. — Eu a ouvi levantar do chão com um suspiro. Em poucos segundos ela estava de pé ao meu lado, olhando para o que eu estava olhando.

—Você os encontrou, huh.

—Uh, sim. Eles estão bem aqui. Se você estivesse tentando escondê-los, você fez um bonito trabalho de merda.

—Eu não estava exatamente tentando escondê-los, mas eu nem posso vê-los se não estou na ponta dos pés - não é minha culpa que você seja assustadoramente alto.

—Eu não sou assustadoramente alto, Flash, — eu murmurei e olhei para ela, em seguida, de volta para os inúmeros sacos laranja-avermelhado de doces na prateleira. —Tem alguma coisa que você queira me dizer?

—Surpresa? — Ela deixou escapar como se fosse uma pergunta, atraindo o meu olhar de volta para ela. —Eu os comprei para você... como um presente... alguns presentes.

Eu levantei uma sobrancelha. —Zoe, desista. Tem que haver pelo menos aqui vinte e cinco, trinta sacos de M & M’s de manteiga de amendoim.

Ela gemeu. —Tudo bem, eu menti. Comprei todos para mim e, se quisermos ser exatos, só tem vinte e três, mas não posso comê-los.

—Certo, vinte e três. E porque, exatamente, você não os come?

—Eu te disse: não posso parar.

—Então porque diabos você os comprou?

Ela suspirou novamente e fechou o armário como se não pudesse suportar olhar para eles por mais tempo. —Porque eu não posso me impedir de comprá-los também. Eu só gosto de tê-los por perto, você sabe. Se eu sei que eles estão lá, fica mais fácil ficar longe, como se eu tivesse um desejo eu poderia alcançar e pegar um e tudo ficaria bem, mas se eu não os tiver em casa e for tarde demais para sair e comprar alguns, então o que eu devo fazer? Ou se eles não tiverem M&Ms de manteiga de amendoim, então o quê? Isso faz sentido?

Eu apenas balancei a minha cabeça. —Na verdade, não.

—É assim: é melhor saber que eu os tenho do que não os ter e, se os tiver, não os como, porque assim eles todos terão ido. Eu gosto que eles estejam lá. Oh, vamos olhar para isso desta maneira.

—Vamos.

—Eu aposto que você come a sua comida favorita no prato por último, certo? Digamos que você tenha almôndegas, brócolis e... batatas assadas com alecrim e alho. Qual deles você deixaria por último?

Eu apenas olhei para ela fixamente.

—Eu deixaria as batatas assadas. Eu gostaria de saboreá-las, então eu as deixaria para comer por último. Entende agora?

—Por favor, me diga que você não tem um saco de batatas assadas escondida em algum lugar - e também, pelo amor de Deus, não me diga que você ocasionalmente gosta de pegar nesses M&Ms, alinhá-los no balcão, e apenas olhar para eles.

—Claro que não! Eu não sou uma aberração, só tenho... algumas manias. É fofo ter manias.

—Bem, me desculpe por perguntar. Se você fizesse isso, eu ia começar a me preocupar com você.

—Você não tem esse - ou, ok, alguns itens de comida que você tem medo de comer muito rápido porque então isso irá acabar e você não terá mais? Eu também gosto de batatas fritas. Eu nunca consigo partilhar batatas fritas, e eu sempre consigo mais, mesmo que eu não coma todas elas. Eu só quero a opção de comer mais. Você entende isso? Se você ainda não entender, tenho certeza que você é o problema aqui, companheiro, não eu.

Quando ela olhou para mim com olhos cheios de esperança, eu não pude fazer nada além de apenas olhar para ela.

Ela mordeu o lábio e começou a rir, e dois segundos depois, um pequeno ronco escapou dela. Ela bateu a mão sobre o rosto, mas já era tarde demais.

O sorriso que lhe dei foi um pouco sujo, um pouco preguiçoso. —Você é fodidamente fascinante, Zoe Clarke.

O que eu recebi pelo meu elogio? Um tapa no braço e um grunhido impressionante.

 


Foi por volta das dez quando ouvi uma chave na fechadura e a porta do apartamento se abriu, batendo na coluna logo atrás dela.

Recostei-me no assento e observei Zoe lutar para tirar a bolsa do ombro.

—Eu tenho que fazer xixi! Eu tenho que fazer xixi! Eu tenho que fazer xixi!

Cada vez que ela repetia, a sua voz aumentava.

Meus olhos caíram para o vestido que ela estava usando: preto e apertado na parte superior do seu corpo, não deixando nada para a imaginação, no que diz respeito ao tamanho dos seus seios e mais solto nos seus quadris –não muito, mas era. Terminava alguns centímetros acima dos joelhos. Encontro, certo - ela estava voltando de seu encontro.

—Senhorita Clarke! — exclamou outra voz. —Senhorita Clarke, preciso que você...

Segurando-se na porta e se contorcendo no lugar, Zoe respondeu: —Eu sinto muito, Srta. Hilda, eu tenho que fazer xixi. Eu não posso. Eu realmente não posso. Eu tenho que fazer xixi.

Com isso ela bateu a porta, finalmente conseguiu soltar a alça da sua bolsa do cabelo, jogando-a diretamente sobre a cabeça e correu direto para o banheiro.

Como eu disse, eu a achava fascinante.

Alguns minutos depois, ela saiu do banheiro e, justamente quando pensei que estava indo para o quarto, ela parou no meio do caminho. Eu poderia jurar que a vi inclinar o queixo para cima e sentir o cheiro do ar.

—Eu cheiro pizza. É pizza? Você comeu pizza?

Desta vez ela estava correndo na minha direção, ou mais precisamente para a caixa de pizza bem na minha frente, e a expressão em seu rosto - inestimável. Quando ela finalmente conseguiu, ela não perdeu um segundo antes de rasgar a caixa... só que eu já comi praticamente tudo e só sobrou uma fatia.

Mais uma vez, o rosto dela quando percebeu que tudo tinha ido - inestimável e fofo pra caralho. Afinal ela poderia fazer uma cara feia melhor do que eu esperava.

—Você comeu tudo? Isso é tudo o que você me deixou? — Ela perguntou lentamente, com os seus grandes olhos olhando para a caixa vazia.

Eu levantei uma sobrancelha. —Eu estava com muita fome. Você não comeu no seu encontro, afinal? — Eu não pretendia mencionar o encontro dela, mas aparentemente eu ainda estava preso a isso.

Ela franziu o nariz e o olhar chocado no rosto desapareceu, deixando os olhos. —Ele não conseguiu ir.

Minhas sobrancelhas se uniram, verifiquei o meu relógio, só para ter a certeza. —É um pouco depois das dez, Zoe - não me diga que você esperou por ele por duas horas.

Ela soprou as bochechas e deixou-se cair no sofá atrás dela.

—Ele disse que poderia chegar atrasado, mas tentaria chegar. — Ela me deu um encolher de ombros indiferente, como se dissesse que estava tudo bem, mas as suas expressões faciais eram muito fáceis de ler. Qualquer um podia ver que não estava tudo bem.

Filho da puta inútil.

—Você não pediu algo para comer enquanto esperava por ele?

Ela esfregou a têmpora. —O restaurante não ficava perto do campus e era um lugar extravagante. Não me apetecia ter alguma coisa do menu deles - não quero gastar mais de cinquenta dólares por algumas colheradas de massa. Além disso, não sou boa em comer sozinha em restaurantes ou em qualquer lugar. Parece que todo mundo está olhando para mim e pensando coletivamente, oh, pobre menina. Então, respondendo brevemente à sua pergunta: não, eu não tive nada para comer.

Havia algumas coisas que eu poderia ter percebido após o seu discurso, mas optei por me focar em uma coisa e numa coisa apenas enquanto pescava por mais. —O seu namorado é um estudante universitário e ele pode pagar por restaurantes extravagantes, hein? Eu acho que posso ver porque você teria problemas em terminar com isso.

Sem mais nem menos, eu estraguei tudo. Eu não sabia o que tinha empurrado os meus botões exatamente, mas assim que as palavras saíram da minha boca, eu sabia que tinha fodido – grande momento.

As suas sobrancelhas subiram até ao couro cabeludo e ela encontrou os meus olhos - uma ocorrência rara - e então inclinou a cabeça.

—Uau.

Colocando ambas as palmas das mãos no sofá, ela se levantou. A pizza foi esquecida, ela continuou a segurar os meus olhos enquanto olhava para mim.

—Uau, Dylan. Eu não espero que você me conhecesse num mês, ou quantas semanas você está aqui - inferno, nós mal nos vemos em dias - mas... na verdade, sabe de uma coisa? Talvez eu tenha feito. Talvez eu achasse que você descobriria pelo menos isso. Eu sou a última pessoa que namoraria alguém pelo valor da sua conta bancária.

Tendo dificuldade em tirar os meus olhos dela, eu vacilei com suas palavras. Quando ela se moveu para passar por mim, eu peguei o seu pulso e me levantei.

Ela parou, mas ela não olhou para mim. Ela nem sequer me disse para deixá-la ir.

A sua situação complicada começou oficialmente a foder com a minha cabeça. Se ao menos eu soubesse com certeza de que não era...

—Eu sinto muito, Zoe. Você está certa e eu sou um idiota. Claro que sei que você não é assim. Claro que sim. — Eu suavizei o meu aperto no seu pulso e serpenteei os meus dedos ao redor dos dela. —Eu sinto muito. Se isso fizer você se sentir melhor, pode me insultar também.

Ela hesitou antes de enviar um rápido olhar para mim. —Você realmente comeu a coisa toda? — De todas as coisas que ela poderia ter dito, ela saiu com isso.

—Você não vai chutar as minhas bolas?

Ela tirou a mão da minha e esfregou a palma da mão na lateral do vestido.

—Do que eu deveria insultar você? Nossa, o seu corpo é tão feio que você está arruinando a minha visão todas as malditas manhãs? Quão patético isso soa? Eu não tenho nada contra você - pelo menos ainda não – mas tenho certeza que vou me lembrar disso e dizer algo quando for a hora certa, quando você menos esperar, é claro.

Eu sorri para ela. Ela gostava de me ver treinando de manhã. Eu já sabia disso desde que ela saiu e encontrou algo para fazer enquanto eu estava ocupado com os meus abdominais e flexões, mas ouvir isso dela confirmou o que eu já tinha adivinhado. O meu sorriso se transformou lentamente em um sorriso ainda maior.

—O que é agora? — Ela retrucou.

—Eu espero que você não vá quebrar o meu coração demais, Zoe Clarke.

—Somente tanto quanto você quebrou o meu, pensando que eu estaria interessado em alguém por causa da sua conta bancária.

Isso limpou o sorriso do meu rosto.

Em uma voz áspera, eu disse: —Eu sou um idiota. Eu mereci isso.

Os seus dentes morderam o lábio inferior. Indefeso para fazer qualquer coisa, eu apenas assisti.

Desviando o seu olhar, ela deu um passo para longe de mim. Quando ela olhou para cima, os seus olhos só chegaram aos meus lábios. —Olha, eu estou irritada, um pouco cansada, e talvez só com um pouco de fome aqui dentro. Eu só vou para a cama. Eu tenho uma aula cedo amanhã, de qualquer maneira.

—Você não quer a pizza? Pelo menos, nós podemos consertar a parte da fome. — Só porque aquele bastardo doente a deixou esperando e não a alimentou não significava que eu iria deixá-la ir para a cama infeliz.

—A pizza? — Ela suspirou e olhou de volta para a caixa quase vazia. —Isso não conta como uma pizza, Dylan. É só uma fatia de pizza. Então, melhor não. Isso só me deixará com fome por mais. Vejo você amanhã.

Mais um passo para longe de mim.

—Eu acho que isso também significa que você não está assistindo a um filme comigo.

Ela só conseguiu dar um meio sorriso quando olhou para mim. —Talvez outra noite. Boa noite.

—Você pode querer verificar o forno antes de sair.

—O quê? O que você quer dizer?

—Era para ser um agradecimento por me ajudar com as compras hoje, mas estou pensando que devo um pedido de desculpas agora. — Finalmente os seus olhos encontraram os meus e eu inclinei o meu queixo em direção à cozinha. —Apenas veja se você quiser. Se você não quiser, você pode fugir de mim.

Um pequeno sorriso se formou nos seus lábios. —É pizza? Por favor, diga que é pizza. Eu quero tanto que seja pizza. Por favor, diga pizza.

Eu ri. —Eu não sei, veja por si mesma.

Movendo-se para a cozinha, ela olhou por cima do ombro: —Se não é pizza, eu vou estar duplamente chateada com você, só para você saber. — Ela abriu o forno e se abaixou para verificar lá dentro.

Houve um pequeno suspiro, então ela veio com a caixa da pizza na mão e o com um sorriso enorme estampado no seu rosto. —Dylan, é uma pizza inteira... só para mim?

Eu ri. —Sim, você não precisa partilhar.

—É daquele lugar napolitano, e ainda está quente também.

—Acabei de chegar cerca de dez minutos antes de você. Eu queria esperar, mas eu não tinha certeza de que horas você voltaria, e o cheiro chegou até mim. — Eu tentei não pensar onde ela estava ou quem ela estava.

Dando-me outro dos seus sorrisos, ela colocou a caixa na ilha e abriu-a. Segurando o cabelo castanho escuro ondulado com as duas mãos, ela se inclinou até o nariz quase tocar na pizza e cheirar.

O gemido alto que ela soltou fez o meu pau ganhar vida nas minhas calças.

—Deus, o cheiro. Isso não é justo, você sabe, — ela disse baixinho, o rosto ainda praticamente na pizza. —Eu estou com raiva de você, e você me deu absolutamente a coisa que eu mais gosto.

Eu não diria a ela que eu gastei o último dinheiro que eu tinha comigo para que pudéssemos ter este deleite. O que sobrou no meu cartão de débito depois das compras de supermercado que ela fez para mim foi todo o dinheiro que eu tinha até que eu pudesse pegar alguns turnos no bar, que era provavelmente trinta dólares ou menos. —Eu lhe disse, eu sou um idiota.

—Eu não achei que você fosse, na verdade, mas sim, aparentemente você é. — Fechando a caixa, ela pegou e voltou-se para mim. —Ainda assim, obrigada. Eu estava tentando manter a calma, mas eu estava realmente chateada com você por comer uma inteira sozinho.

Eu ri. —Eu tenho medo que você não fosse tão boa em ficar calma, Zoe.

—Seja como for, — ela murmurou baixinho enquanto subia no sofá. Sentada de pernas cruzadas, ela colocou cuidadosamente a caixa no colo e abriu-a. Respirando profundamente, ela deixou escapar tudo, pegou uma fatia e olhou para mim intensamente. —Eu não sou boa em partilhar.

Eu nunca teria adivinhado. —Tudo bem, — eu disse, rindo. —Eu já comi mais do que deveria. — Eu sentei, bem na frente dela.

Uma mão enrolou possessivamente na caixa, ela deu a sua primeira mordida e soltou outro gemido, este mais longo e de alguma forma mais erótico do que o anterior.

—Tão bom. Tão bom, — ela murmurou entre o mastigar.

Eu não conseguia tirar os meus olhos dela. Engolindo em seco, ela deu outra mordida, fechou os olhos e mastigou o mais devagar possível, os lábios se enrolando no processo. Parecia errado vê-la comer. Se eu soubesse que todo o seu rosto se iluminaria apenas por uma pizza, eu teria de alguma forma comprado mais dez. Os meus olhos desceram até a garganta dela, onde pude ver o momento exato em que ela engoliu. Então o meu olhar baixou e eu observei o inchaço dos seus seios subindo e descendo a cada respiração. Eu estava em grandes problemas.

—Você está bem?

Quando olhei para cima, ela estava olhando para mim. Eu balancei a cabeça e limpei a garganta. —Sim.

—Então, vamos assistir a algo ou não?

Eu verifiquei o meu relógio: eram quase onze horas.

—Eu sinto muito, — Zoe murmurou, colocando a sua fatia para baixo. —Eu sei que você acorda cedo. Você não tem que sentar e me ver comer.

—Eu posso assistir a um filme com você, — eu disse a ela. Como eu poderia deixá-la? —Nenhum filme do fim do mundo, no entanto. Tudo, menos isso.

Com o seu sorriso de volta no lugar, ela pegou a sua fatia e deu outra maldita mordida. —Eu realmente queria assistir Geostorm, mas não queria fazer isso sozinha.

—É, mas acho melhor não. Escolha outra coisa.

—Eu ainda posso escolher?

—Claro, porque não? Eu sou um idiota, lembra? Você escolhe o filme. — E eu conheço você melhor, pensei comigo.

—Que tal um filme antigo, como The Fifth Element ou... Speed? Ou que tal o Senhor dos Anéis? Kayla e Jared se recusam a assisti-los comigo, e esse é um filme que eu prefiro assistir com um amigo. Definitivamente um dos meus favoritos. — Mais uma mordida e ela me fez lamber os lábios. Antes que eu conseguisse responder, ela já havia engolido e estava começando de novo. —Eu sei que não podemos devorá-los esta noite, mas talvez outra? A única outra pessoa que adora tanto quanto eu está em Phoenix, e faz muito tempo desde que eu assisti.

Eu limpei a minha garganta. —Eu tinha certeza que você forçaria Titanic ou The Notebook em mim como uma punição.

Lambendo os dedos, ela balançou a cabeça. —Eu gosto de filmes românticos, mas às vezes eles são muito doces. Eu tenho que estar com disposição para isso.

Ótimo. Eu era seu companheiro, o seu amigo - nada romântico sobre isso.

—Então que tal irmos para o The Fifth Element? Já faz um tempo desde que assisti a um filme de Bruce Willis. Como vamos fazer isso? No seu laptop ou no meu?

—No meu. Eu acho que já tenho isso na minha conta. — Ela se levantou do sofá, mal conseguindo manter o equilíbrio enquanto empurrava a caixa de pizza nas minhas mãos. —Não roube, — ela avisou, a sua expressão séria.

Segurando o meu sorriso, eu dei a ela um aceno de cabeça.

Assim que ela saiu correndo, a campainha tocou, impedindo-a de avançar.

Lentamente ela se virou para mim e sussurrou, —Senhora Hilda? Eu não quero abri-la. Se ela quiser que eu faça alguma coisa, quando eu voltar, minha pizza estará fria.

Bem baixinho, eu sussurrei de volta: —Eu já a ajudei com algumas caixas pesadas hoje. Vamos ignorá-la, eu vou a verificar amanhã. — Eu não chamaria a velha senhora de doce, mas ela definitivamente estava me tratando melhor do que ela tratou Zoe; eu testemunhei isso mais do que algumas ocasiões.

Ela mordeu o lábio e olhou para a porta.

Antes que eu pudesse me levantar e a empurrar em direção ao seu quarto, alguém bateu alto o suficiente para acordar o maldito edifício.

O barulho fez Zoe pular e ela me olhou confusa. Franzindo a testa, levantei do meu lugar.

Capítulo 10

Dylan


—Eu sei que você está aí, seu idiota! Abra a porra da porta.

Oh foda-se.

—Quem é? — Zoe perguntou, ainda sussurrando.

Eu suspirei e coloquei a sua pizza em cima da minha. Esfregando o meu pescoço, abri a porta antes que alguém ligasse para o 911 para reclamar do barulho, ou pior, antes que a Sra. Hilda decidisse sair, se ela não o tivesse já feito.

Eu sabia que seria inútil, mas ainda bloqueei a sua entrada.

—O que diabos você está fazendo aqui, JP?

—Olá para você também, seu filho da puta.

Ótimo.

Eu olhei para Zoe por cima do meu ombro e ela fez uma cara que claramente dizia merda.

Merda, de fato.

Eu voltei para o meu amigo impaciente e chateado. —O que você quer?

Ele balançou a cabeça como se não pudesse acreditar que eu faria tal pergunta, e então ele me empurrou de volta, entrando direto no apartamento e ficando cara a cara com a Zoe.

—Oh, o que temos aqui?

Eu exalei uma respiração profunda e fechei a porta. Pelo menos o idiota veio sozinho.

Quando Zoe disse oi, eu me virei para encontrar JP rondando ela como um tubarão faz quando observa a sua presa antes de decidir sobre um plano de ataque, bem como ele tinha feito anos antes, na verdade, embora eu duvidasse que ele se lembrasse dela daquela noite, não como eu faço.

—Nem sequer pense nisso, — eu avisei. —O que você está fazendo aqui, cara?

Ele parou e focou o seu olhar em mim.

—O que estou fazendo aqui? Boa pergunta. Espere, acho que tenho uma ainda melhor – o que diabos você está fazendo aqui?

—Eu moro aqui.

—Eu percebi. Você veio direto para cá depois de nos separarmos nestes últimos dois dias.

—Porra, você é louco? Você está me seguindo?

—Desculpe por estar preocupado com você.

—Talvez eu deva ir para o meu quarto para que vocês possam...

Meus olhos pousaram em Zoe quando ela começou a se afastar. —Você fica, — eu pedi a ela.

JP olhou entre Zoe e eu. —É por isso que você tem estado de boca fechada sobre onde você está hospedado? Porque você está morando junto com uma garota e brincando de casinha?

—Você quer que eu bata em você?

Ele levantou uma sobrancelha. —Eu adoraria ver você tentar, seu filho da puta.

—OK. Por mais divertido que seja assistir isso, eu só vou pegar a minha pizza e...

—Sente-se, Zoe e coma a sua pizza. JP estará de saída em breve.

Os olhos dela aumentaram e os seus lábios se contorceram. —Heah, heah, capitão.

Enquanto ela caminhava de volta para o sofá, eu esfreguei a minha mão no meu rosto e suspirei. JP aparentemente ainda estava esperando por uma resposta, porque ele ainda estava de pé no mesmo lugar, de braços cruzados sobre o peito.

—Eu lhe disse que encontrei um companheiro de quarto. Por que diabos você está preocupado com isso?

Ele relaxou a sua postura e suspirou. —Vamos lá, cara. Encontrar um companheiro de quarto não é o problema aqui. Você mal fala com os caras, a não ser que estejamos no campo ou numa reunião. Você acha que eles não percebem o quão distante você tem estado? Você tem nos abandonado por grupos de estudo, e você sempre fica todo de boca fechada quando perguntamos onde você está. Eu recebo telefonemas de Vicky me perguntando onde você está, e eu nem sei se você está falando com ela novamente ou se é só ela que é louca e está tentando alguma coisa. Não é só você tentando manter um segredo sobre onde você está por algum maldito motivo. É o nosso último ano - você não pode forçar essa merda agora. O que diabos está acontecendo com você?

Com o canto do meu olho, vi Zoe colocar as pernas sob ela e abraçar a caixa de pizza para si mesma enquanto levantava uma fatia até os lábios. Pelo menos um de nós estava aproveitando o momento. Voltei o meu foco para o JP. Eu realmente não queria me meter em problemas com o treinador por ter JP no apartamento, mas desde que ele estava no meio da sala de estar, também não consegui ver como poderia evitá-lo.

—Nada está acontecendo comigo, JP. O que você espera que eu faça sobre a equipe? Eu não vou desistir de jogar, isso deveria ser suficiente. Eu não acho que você iria agir de forma diferente se estivesse no meu lugar. Você acredita honestamente que nenhum deles viu o que estava acontecendo com aqueles três naquela festa?

—Eu estava naquela festa, Dylan, lembra? Chris também estava lá. Você acha que sabíamos o que estava acontecendo? — ele perguntou em descrença.

—Não, não você, mas não me diga que acreditou quando disseram que só aconteceu uma vez. Sem chance. Eu nem me importo mais com isso, mas não espere que eu confie neles tão cedo. No campo, nós somos uma equipe, sempre, e eu terei as costas deles, mas fora do campo? — Eu balancei a cabeça e encostei as costas na porta. —Não, cara. Eu não tenho problemas com todos, mas nada diz que eu tenho de gostar daqueles poucos que eu tenho certeza que sabiam o que acontecia só porque estamos jogando pela mesma equipe. E é claro que vou largar as suas bundas feias para estudar. Você mesmo disse, é o nosso último ano. Os olheiros estão lá, observando todos os jogos. É isso. Nós fazemos isso ou não. Eu tenho que dar tudo de mim. Em vez de ser um idiota e me seguir por aí, você deveria estar estudando também, já que o treinador terá a sua cabeça se a sua média cair.

—Então é isso? Isso é tudo?

—O que mais você quer que eu diga?

O meu amigo me deu um olhar frio. —Que tal um pedido de desculpas por fazer eu me preocupar com sua bunda estúpida como uma mãe galinha?

—Você está falando sério?

—Sim. Uma salva de palmas. Eu tinha coisas melhores para fazer do que o seguir para descobrir o que diabos você estava fazendo, para não mencionar que eu não sabia em qual apartamento você desapareceu e tive que bater em uma tonelada de portas antes de encontrá-lo.

Eu ri. —Está tudo bem. Sinto muito. Nós estamos bem?

—Sim. Bastará por agora.

Eu me afastei da parede e demos um abraço de um braço só, batendo nas costas um do outro.

—Ahhh, vocês se amam. Ou meus olhos estão lacrimejando ou há uma tempestade de poeira acontecendo onde estou sentada. Eu nunca imaginei que os jogadores de futebol seriam tão emocionais, — Zoe disse enquanto colocava o último pedaço de uma fatia na sua boca, os seus dedos imediatamente alcançando outra fatia.

Divertido, balancei a cabeça e suspirei. —JP, esta é Zoe, a minha companheira de quarto e minha nova amiga. Zoe, este é o JP, o meu companheiro de equipe surpreendentemente emocional.

—Vá se foder. — Depois de me dar uma cotovelada no estômago, JP se aproximou dela.

Dando-lhe um sorriso tímido, Zoe balançou os dedos para ele. —Oi.

—Não nos conhecemos de algum lugar?

Os olhos de Zoe deslizaram para mim e depois de volta para o JP. —Eu não sei como isso é possível.

Eu andei ao redor do sofá para me sentar. Lá se foi o meu plano de assistir a um filme com a minha companheira, e passar uma noite tranquila.

—Nós temos uma aula juntos ou algo assim?

—Não.

Ele se virou para mim. —Eu a conheço de algum lugar?

—Não, você não faz, — Zoe repetiu, respondendo por mim. Eu não estava pensando em envergonhá-la na frente do JP, especialmente se ele não se lembrava de tê-la conhecido dois anos atrás, então eu não a corrigi.

—Mais uma vez, onde você a encontrou?

Zoe estreitou os seus olhos verdes nas costas de JP.

—Eu lhe disse, eu a encontrei online. Ela estava procurando por um companheiro de quarto. Seja legal.

As sobrancelhas de JP se ergueram em direção à linha do cabelo, mas além de encolher os ombros, ele não disse nada. Eu vou ouvir sobre isso mais tarde; ele ia dizer o que estava na sua mente quando estivéssemos sozinhos.

—Aparentemente, eu preciso ser legal com você, — disse ele. Inclinando-se, ele levantou o topo da caixa de papelão, que ainda estava no colo de Zoe. —E funciona para os dois lados. Eu serei legal com você, você será legal comigo. — Zoe olhou para JP e depois para as quatro fatias de pizza que sobravam. Como diabos ela comeu metade disso tão rápido?

Antes que JP pudesse levantar uma das restantes fatias, ela bateu na caixa e a manteve longe dele.

—Que porra é essa?

Zoe se inclinou para a esquerda para olhar ao redor de JP e encontrou os meus olhos - outra daquelas raras ocasiões em que ela esquecia que era muito tímida e os evitava. —Sinto muito, Dylan, eu sei que ele é seu amigo e tudo, mas eu realmente não quero partilhar. Eu não gosto de partilhar.

Eu ri. —Tudo bem, eu comprei para você. Ele pode comprar a sua própria pizza se estiver com fome.

Ela inclinou a cabeça para trás para olhar para o JP, que era quase tão alto quanto eu. —Olha, eu não tenho nada para comer desde o meio-dia e eu tive uma noite de merda. Mesmo que eu esteja disposta a lhe dar uma fatia, eu vi como Dylan come, e eu posso imaginar que você não é diferente. Uma fatia não será suficiente para você, e eu não estou disposta a dar a você o resto... no entanto, para ser honesta, se eu tivesse apenas uma fatia, ela provavelmente também não faria nada por mim. Então, por que me preocupar em ter uma fatia se não for fazer nada por você? Se eu não tiver uma fatia extra, isso significa que vou para a cama com fome, o que significaria duas pessoas indo para a cama com fome. Mas, se eu conseguir todas essas fatias, pelo menos um de nós estará cheio.

—Você vai dormir com fome, — repetiu JP, não como uma pergunta, mas mais como uma declaração. Zoe abraçou a caixa de pizza mais perto. —O que há com esta aqui? — Ele perguntou, olhando para mim em confusão.

Eu sorri, relaxando no meu lugar pela primeira vez desde que JP começou a bater na porta. —Nada. Ela só adora pizza, talvez um pouco mais do que você e eu.

—Você pode ter a dele, — Zoe acrescentou quando JP continuou em pé sobre ela. Eu não achei que qualquer garota antes tenha recusado comida ao JP.

Ele abriu a minha caixa de pizza quase vazia, que ainda estava na mesa de café, e franziu a testa para isso. —Há apenas uma fatia aqui.

—Veja! — Zoe disse a ele. —Eu disse a mesma coisa quando vi e, assim como eu disse, uma fatia não é nada.

Novamente, JP encontrou os meus olhos, esperando por uma explicação. —O que você disse que estava de errado com ela mesmo?

—Não há nada de errado com ela. — Eu tinha dificuldade em desviar o olhar de Zoe enquanto falava, e JP obviamente percebeu porque sua próxima pergunta me fez querer machucá-lo seriamente, mesmo arriscando o seu lugar no próximo jogo.

—Você está definitivamente brincando de casinhas. É por isso que Vicky está toda agitada? Ela sabe sobre ela?

—Se você mencionar Vicky mais uma vez, eu vou chutar você daqui.

Sentando-se no braço do sofá, ele começou a olhar em volta.

—Você é a uma sugar mama ou algo assim? — Ele perguntou a Zoe quando ele terminou de ver o ambiente. —Eu não estou julgando, garota. Cada um faz o que tem de fazer, mas como você pagou por este lugar de novo, D? Mesmo metade do aluguel deve custar um braço e uma perna.

Os olhos de Zoe saltaram do JP para mim. Antes que eu tivesse que arranjar uma resposta falsa, houve outra batida na porta.

JP deu um pulo. —Vocês, crianças, fiquem aí. Eu atendo.

Eu fui atrás dele. —JP, não. — Se o fosse o Treinador na porta, eu estava ferrado.

Com o canto do olho, notei Zoe fazendo o mesmo, finalmente colocando a caixa de pizza para baixo. Ela estava pensando a mesma coisa que eu estava?

JP abriu a porta e, graças a Deus, era apenas Chris quem entrou. —Entre, entre. Veja quem encontrei aqui. — JP fez um gesto em minha direção.

Eu gemi e recuei no sofá, desta vez tomando o lugar mais perto de Zoe, em vez de voltar para o outro lado. —Pelo o seu bem, cara, espero que ele seja o único a quem você contou. — Tentei encontrar os olhos de Zoe para garantir que eles iriam embora em breve – se não, eu os expulsaria – mas ela só tinha olhos para o nosso quarterback.

As minhas sobrancelhas franziram e olhei por cima do meu ombro.

—O que está acontecendo aqui? — Chris perguntou, olhando entre Zoe e eu.

JP pendurou o braço no ombro de Chris e fez um espetáculo na apresentação de Zoe.

—Está coisa jovem aqui acabou sendo –

Eu o interrompi ficando de pé. —Apenas termine essa frase, cara. Por favor faça.

Zoe limpou a garganta e todos os olhos se voltaram para ela. As suas bochechas estavam vermelhas, os olhos brilhando. Por alguma razão, essa imagem dela não me caiu bem. Ela estava ficando toda afetada com Chris? Ela certamente não reagiu dessa maneira ao JP. Também parecia que ela não tinha problemas em encontrar os olhos de Chris.

Eu franzi as minhas sobrancelhas e a observei enxugar as mãos em seu vestido. —Oi. Eu sou a Zoe. Zoe Clarke. — Ela lançou um olhar rápido para mim, mas eu não acho que ela realmente me viu. —Eu sou a companheira de quarto de Dylan.

E assim, eu fui despromovido de amigo para companheiro de quarto.

—Prazer em conhecê-la, — disse Chris, soando um pouco inseguro.

Depois de um longo momento de silêncio, onde ninguém disse nada, eu suspirei e gesticulei para a minha esquerda. —Já que vocês dois não parecem estar planejando sair tão cedo, é melhor sentarem os seus traseiros.

Chris passou por mim para aceitar a minha oferta, mas JP se dirigiu para a cozinha. —Tem alguma coisa para comer nesse lugar - além da preciosa pizza da sua garota? Estou faminto.

Zoe escolheu aquele momento para pegar a caixa de pizza e oferecê-la a Chris. —Você gostaria de ter um pouco de pizza?

JP disse exatamente o que estava na minha mente: —Você está brincando comigo?


Capítulo 11

Zoe


Eu bati na porta e entrei assim que ouvi um baixo, —Entre. — Quando seus olhos levantaram e ele viu quem estava no seu escritório, ele suspirou. —Este não é o melhor momento, Zoe. Eu ligo mais tarde.

Ignorando as suas palavras, respirei fundo, encostei a porta fechada e me endireitei. —Eu quero dizer a ele.

Eu estava no escritório particular de Mark, ficando o mais longe possível dele. Qualquer um poderia dizer que ele não me queria lá apenas pela sua linguagem corporal e eu também não queria lá estar, mas dei o braço a torcer e fiz o meu caminho para o prédio da administração atlética assim que saí do apartamento naquela manhã de qualquer maneira. Ele só ia ter que lidar comigo.

—Não. — Mark olhou para mim com olhos duros e inflexíveis. Ele estava planejando contar a ele? Naquele momento, não parecia que ele estava, mas nós tínhamos um plano e ele ia contar a ele. Ele tinha que fazer. Eu simplesmente não podia esperar mais.

—Eu preciso dizer a ele, — eu repeti, a minha voz saindo mais forte desta vez – pelo menos, soou mais dura para os meus ouvidos.

Ele recostou-se no encosto da cadeira e deu um pequeno gemido. Eu quase não consegui segurar o meu recuo.

—É porque eu não consegui chegar a tempo ontem à noite? Eu vou compensar você outra hora. Você sabe bem o quanto fico ocupado durante a temporada.

Ele queria falar sobre isso? Claro, por que não?

—Em primeiro lugar foi você quem me convidou para sair. Você não precisava me fazer esperar duas horas naquele restaurante do outro lado da cidade se você não tivesse intenção de ir, mas isso não é sobre a noite passada. Não é a primeira vez que isso acontece, e eu acho que não será a última também. Eu entendo que você está ocupado. De qualquer forma, não faz mal.

—Você precisa lembrar com quem você está falando.

Eu precisava lembrar? Eu queria esquecer tudo sobre ele.

Mark bateu a ponta rosada do lápis amarelo que ele tinha na mão em um dos papéis que estavam espalhados por toda a mesa e olhou para eles, me dispensando.

—Eu desisto. Eu não quero mais fazer isso, — eu confessei, e o seu olhar voltou para mim. Era alívio que eu estava vendo nos seus olhos? Eu soltei uma respiração profunda e engoli a minha decepção. —Se você não quer me ver, se você não se interessa em me conhecer, tudo bem. Você não precisa. Mas, você deveria saber, Chris esteve no apartamento ontem à noite. É por isso –

Assim que as palavras saíram da minha boca, Mark ficou de pé. Ele jogou o lápis em sua mesa de uma forma calma, apenas um movimento do seu pulso, que não era o que sua linguagem corporal dizia. Em vez de encontrar os seus olhos, observei o lápis rolar e bater no chão com um pequeno baque. Quando parou de se mover, finalmente encontrei coragem para olhar para o rosto dele. Endireitei a minha coluna e tentei o meu melhor para parecer que eu não estava com medo dele ou da raiva que irradiava dele em ondas. Embora eu tenha que dizer, era o mais zangado que eu o vi nos últimos três anos. O seu rosto estava vermelho e ele se inclinou para colocar os punhos na mesa, os olhos em mim o tempo todo.

—O que você acabou de dizer?

—Chris... ele esteve no apartamento ontem à noite, com um dos amigos de Dylan, JP. Eu acho que eles estavam preocupados com ele.

—O que você disse a ele, Zoe?

Quando eu cheguei, Mark não me convidou para sentar, então eu ainda estava no mesmo lugar. A minha mão apertou a alça da minha bolsa e a borda do pedaço de couro na minha palma. Parecia que a bolsa era a minha única proteção contra ele, embora, na realidade, não significasse absolutamente nada. Eu não achei que ele ia realmente me machucar, mas ele nunca olhou para mim como naquele momento, como se quisesse acabar comigo.

O meu pai não me avisou em várias ocasiões para ter cuidado com ele?

—Que porra você disse a ele! — trovejou Mark quando eu não respondi rápido o suficiente, e desta vez, eu visivelmente recuei.

Eu odiava o fato de que ele tinha a capacidade de me machucar. Ele não deveria, eu sabia disso, e o fato de que a minha voz era pequena quando eu respondi, me incomodou ainda mais.

—Nada— eu forcei para fora. —Eles não ficaram por muito tempo.

—Sente-se e me conte tudo.

Talvez eu tenha cometido um erro ao mencionar isso a ele. —Eu não vim –

A palma da sua mão bateu na mesa com um estalo agudo. —Eu disse sente a sua bunda e me conte tudo!

Com o coração martelando, me forcei a andar com as pernas rígidas e sentei na beira da cadeira mais afastada dele. O resultado da raiva que senti em relação a ele, os meus dedos pressionando as palmas das minhas mãos o tempo todo. Quando terminei de contar a ele sobre a noite anterior, certificando-me de manter as partes sobre mim e Dylan de fora, ele começou a andar de um lado para o outro – passos furiosos, olhos raivosos, palavras afiadas e furiosas.

—Ele não sabe sobre a sua mãe. Quantas vezes...

—Nossa mãe, você quer dizer— eu murmurei.

Os seus olhos se estreitaram para mim. —Danielle nunca foi a sua mãe. Nós o adotamos. Sua mãe é a Emily.

Estava bem na ponta da minha língua dizer alguma coisa, mas eu decidi deixar passar. Quando se tratava de Mark, eu sabia que era melhor escolher as minhas batalhas. Eu queria argumentar com ele. Tecnicamente ele era meu pai e eu gostaria de poder chamá-lo por esse título um dia, mas toda vez que pensava em fazer exatamente isso, me sentia engasgar. Este foi um desses momentos.

—Mamãe ligou para você antes que ela falecesse e lhe contou sobre mim. Não fui eu quem ligou para você. Você disse que queria encontrar comigo, você disse que queria me conhecer. Você foi o único que me convidou para vir aqui, então eu vim. Eu vim porque queria conhecer você também, não apenas Chris. No meu primeiro ano, você disse que deveríamos ser só nós por um tempo, disse que devíamos ter tempo para nos conhecermos, e eu concordei porque já estava nervosa por causa de como e porquê...

—Onde quer chegar Zoe? Eu não tenho tempo para analisar os últimos três anos.

—Não coloque tudo isso na minha mãe. Ela era a amiga da sua esposa e você dois a traíram sem ela saber. Ela não engravidou sozinha e logo duas vezes. Eu não tenho ideia de como você convenceu a sua esposa a adotar o Chris – eu acho que ela estava realmente desesperada para ter um filho e lhe perdoou por traí-la – mas eu conheço as mentiras que você disse a minha mãe para convencê-la a desistir dele.

Ele apenas olhou para mim, a raiva queimando nos seus olhos. Eu me levantei do meu assento e forcei as minhas mãos a relaxar ao meu lado.

—No começo, eu pensei que você gostasse de mim, — eu disse numa voz controlada. —Eu poderia ter sido uma surpresa que veio, dezoito, dezenove anos depois, mas você agiu como se se importasse com isso, se preocupou em aprender mais sobre mim. Eu pensei que estávamos nos aproximando. Eu nunca imaginei que eu seria como uma filha para você, mas eu pensei que nós teríamos algum tipo de relacionamento. — Eu agarrei a minha bolsa com mais força. Porque eu acho que ele me interromperia para dizer algo para aliviar a minha dor? Certamente ele podia ver com os seus próprios olhos, mas ele não disse nada. —Deixa pra lá. Eu já tenho pai, certo? Eu não poderia pedir um melhor. Você não precisa gostar de mim, eu não me importo com isso— isso era algo com que eu não me importava mais, —mas eu quero conhecer Chris. Foi o que eu disse desde o começo. Além do meu pai, não tenho família. Ninguém. Ele é meu irmão, não meio irmão. Ele é meu irmão e eu quero ter a oportunidade de conhecê-lo.

Algo deve ter chegado a ele porque seus olhos suavizaram, as linhas irritadas em sua testa lentamente diminuindo, pelo menos eu pensei assim. —Não podemos contar a ele sobre a sua mãe. — Ele suspirou. —E Emily não sabe sobre você. Ela não vai lidar bem com isso se souber que Chris sabe que ela não é a sua mãe.

A minha mãe estava dormindo com Mark sem a sua esposa saber quando ela ficou grávida de Chris. Apenas dois meses antes de ela morrer, ela sentou e me contou tudo sobre o relacionamento tóxico deles. Ela não tinha pensado nisso como tóxico, mas isso era exatamente o que tinha sido. Inicialmente, Mark queria que ela fizesse um aborto, mas quando a minha mãe se recusou, Mark teve uma ideia melhor. Como sua esposa não podia ter um bebê por causa dos seus problemas de saúde, por que não adotar o que Danielle iria ter e resolver dois problemas de uma vez? A minha mãe não sabia o que ele disse à esposa, mas, para ela, ele prometeu deixar a esposa quando fosse a hora certa. O único problema era que a hora certa nunca chegou. Um escândalo afetaria a sua carreira no futebol. O seu treinador na época era o pai da sua esposa, e certamente ele teria feito tudo o que podia para que Mark fosse demitido se descobrisse que ele estava traindo a sua filha. Se ela não os deixasse adotar o bebê, ele nunca reconheceria isso, nunca mais a veria. No entanto, se fizesse, eles continuariam a se ver por trás das costas da esposa e, quando ele a deixasse, eles criariam Chris juntos. Eu não tenho certeza se minha mãe era tão ingênua por causa de sua idade jovem ou por causa do amor, mas ela concordou com o plano dele.

—O que você quer dizer com não podemos contar a ele sobre a mãe dele?

—Eu só vou concordar em dizer a ele que você é a sua meia-irmã, e você vai esperar que eu diga a ele, Zoe. Você não vai dizer uma palavra para ele sem que eu saiba. Isso é o melhor que você vai conseguir de mim.

Jesus. Ele estava realmente negociando comigo sobre isso?

—Esta é a última temporada dele, e eu vou esperar até acabar. Eu não posso permitir que ele perca o seu foco e estrague o seu futuro por causa disso. Se você se preocupa com ele, você vai esperar até o final da temporada.

Eu queria fazer muitas perguntas, mas simplesmente concordei. Eu esperei três anos para conhecê-lo depois de tudo; mais alguns meses não era nada.

Quando ele não tirou os olhos de mim, dei-lhe um aceno firme e me virei para sair. O ar dentro da sala estava se tornando sufocante.

—Mais uma coisa, Zoe.

Eu parei com meus dedos na maçaneta.

—Eu não quero que você seja amigo de Dylan Reed.

As minhas sobrancelhas se juntaram em confusão e eu o encarei. —O quê? Porquê?

—Quando eu disse a ele que ele poderia ficar no apartamento, eu pensei que você já tivesse saído para morar com a sua amiga... qual era o nome dela... Kelly.

—Kayla.

Ele suspirou. —Sim, ela. Dylan está ocupado o suficiente, então eu sei que ele não estará perto de você, mas eu ainda quero que você mantenha distância, já que ele é um dos amigos de Chris. Eu suponho que você vai sair em breve de qualquer maneira. Eu vou falar com Dylan sobre isso, mas se Chris ou qualquer um dos meus jogadores forem ao apartamento de novo, eu quero que você fique longe. Saia se necessário.

Eu pisquei para ele.

Vá se foder.

Eu esperaria até a temporada terminar antes de contar qualquer coisa para Chris, porque não era só o meu segredo para contar e eu não queria estragar o jogo dele. Mark nunca seria um pai para mim ou algo parecido com isso, mas ele era de Chris. Além disso, ele estava certo - não seria bom para Chris se eu falasse tudo bem no meio da temporada de futebol. Eu tinha certeza que isso não me tornaria a sua pessoa favorita.

Por tudo o que foi dito... Mark Wilson era a última pessoa na terra a escolher quem eu era amiga.

 


—Pai? — Eu sussurrei no meu telefone.

—Quem é esse estranha me chamando de ‘pai’?

Eu queria conversar, mas não consegui forçar as palavras.

—Zoe? Então você se lembra que tem um pai, hein?

O seu tom mudou de brincalhão para preocupado em um segundo. —Zoe? Você está aí?

Murmurando algo ininteligível, eu funguei e puxei as minhas pernas até ao meu peito. Descansando a testa nos joelhos, limpei uma lágrima da minha bochecha antes que alguém ao meu redor pudesse ver que eu estava chorando.

O meu pai suspirou no telefone e eu fechei os olhos com mais força. Oh, como eu desejei que ele estivesse ao meu lado e eu pudesse simplesmente desaparecer no seu abraço e nunca sair do seu lado.

—Diga-me o que ele fez, — ele ordenou com uma leve raiva na sua voz.

—Como você sabe que é ele?

—Quem mais poderia fazer você chorar? Mesmo quando você era criança, não chorava tanto quanto você tem feito nestes últimos anos. Diga-me o que ele fez agora.

O que foi que desvendou esse aperto quando uma garota ouviu a voz do seu pai, mesmo pelo telefone, mesmo quando ele estava a quatrocentos quilômetros de distância? —Eu não sei o que devo fazer mais, pai. — Mais lágrimas quentes desceram pelo meu rosto.

—Você deveria dizer o que está acontecendo, minha menina bonita. Eu não suporto quando você me liga chorando assim.

—Eu sinto muito, — eu murmurei. —Eu interrompi o seu trabalho?

—Zoe... — Outro suspiro sofrido. —Você nunca é uma interrupção, e você quase não me liga o suficiente. Diga-me o que está acontecendo para que eu possa ajudar você. É tudo o que quero fazer, prometo.

—Eu sei, pai. — Eu odiava como ele sempre sentiu que tinha que ter cuidado quando estávamos falando sobre esse assunto específico. Eu queria que não tivéssemos que falar sobre isso.

—Bom, — ele grunhiu. —Então me diga o que está acontecendo e vamos descobrir juntos, como sempre fazemos, tudo bem?

Ah. Era como se houvesse um botão e mais lágrimas saíssem.

—Eu estive no seu escritório há poucos minutos atrás. Ele gritou comigo, mas isso não é importante – Deus sabe que não é a primeira vez - mas as coisas que ele disse... ele nem percebe o quanto ele está me magoando. Ele está fazendo eu me sentir como um segredo sujo. Eu me sinto... mal.

—Apenas espere um segundo – ele está gritando com você? Porque esta é a primeira vez que estou ouvindo sobre isso, Zoe? Você prometeu que me contaria tudo. Esse foi o nosso acordo antes de você ir embora.

Mordi o lábio para não falar nada. Eu podia imaginá-lo tirando os óculos e esfregando a ponta do nariz, como sempre fazia quando se sentia incomodado.

—Eu não gosto que ele grite com você, vamos esclarecer isso primeiro. Ele não pode fazer isso, você me ouviu?

—Sim.

—E eu não quero ouvir as palavras ‘segredo sujo’ fora de sua boca nunca mais. Se eu fizer isso, teremos um problema. O que há de errado com você? Você é minha menina, não dele, não da maneira que conta, de qualquer forma. Você é tudo que eu sempre quis ao ter numa filha. Eu não poderia estar mais orgulhoso de ser o seu pai.

—Pai, — eu gemi. —Você está tornando isso pior aqui. — As suas palavras foram um bálsamo para as feridas frescas que Mark havia deixado, e elas me deixaram emocionada também, apenas de um jeito diferente. Eu finalmente levantei a minha cabeça e limpei o nariz com as costas da minha mão.

—Nada que ele faz ou diz pode deixar isso de outra forma. Você nunca foi nada além de uma alegria para mim. Eu não me importo se ele é o seu pai biológico, não significa nada para mim. Eu criei você melhor do que isso, então por que você está deixando ele magoar você?

Eu não consegui falar através do nó na garganta, então o meu pai – o meu herói em tudo – continuou por mim.

—Você tentou. Eu sei que você tentou o seu melhor para conhecê-lo, mas se não está funcionando... talvez seja hora de parar. Você deu a ele o benefício da dúvida e esperou que ele contasse a Chris sobre você. Você fez tudo o que ele queria, e ainda está fazendo, então talvez seja hora de você fazer o que quiser, hein?

—Eu não posso dizer a ele, — eu falei. —Eu prometi a Mark hoje que não contaria nada a Chris antes de sua última temporada terminar, e eu odeio isso porque ele está certo, mas ele está me manipulando há anos e estou com o coração partido.

—Você percebe que essa foi a desculpa dele nos últimos três anos? E o quanto ele está tentando conhecê-la? Porque eu sei as quantas vezes ele prometeu estar em algum lugar e nunca apareceu.

—Ele estava no apartamento, ontem à noite, papai.

—Quem? Mark?

—Não... na verdade, antes de falar sobre isso... por favor, não fique com raiva. Eu não te disse isso porque eu não tinha certeza de como você reagiria comigo vivendo com um estranho, mas –

—Vivendo com um estranho? Do que você está falando?

—Bem... aparentemente, um dos jogadores de Mark teve alguns problemas com os seus companheiros de quarto e precisava de um lugar para ficar. Eu não tinha contado a Mark que não estava ainda morando com Kayla, então... pensando que eu não estaria no apartamento... bem, ele ofereceu a Dylan.

Nenhum som pôde ser ouvido do outro lado da linha. Eu sabia que ele ficaria chateado, o que era uma das razões pelas quais eu não o chamava tanto quanto eu costumava fazer. Eu odiava ter que mentir para ele.

—Eu tenho vivido com ele, com Dylan, no último mês, ou talvez um pouco mais, — eu disse correndo.

Completo silêncio. Então, —Um mês, ou talvez um pouco mais.

Estremecendo, bati a minha testa contra os joelhos algumas vezes. —Sim, mas ele é um cara muito bom, pai. — Eu poderia ter dito a ele sobre as vezes que eu o conheci antes de ele se mudar, mas eu não acho que isso iria cair bem. Ah, e também houve o tempo em que ele segurou a minha mão e me deixou cair no sono no seu ombro quando a eletricidade caiu, mas novamente, isso não iria cair bem.

—Zoe... você quer que eu tenha um ataque cardíaco?

—Estou falando sério, pai. Eu estava esperando que ele fosse está... —Ah, como explicar Dylan ao meu pai que nem sabia que eu tinha um companheiro de quarto, quanto mais um companheiro de quarto que fosse jogador de futebol... — ...esta pessoa completamente diferente, mas ele não é. — Um pequeno sorriso inclinou os meus lábios para cima. —Quero dizer, ele é diferente, mas de um jeito bom. Na verdade, acho que você ia gostar dele.

—Eu quero que você se mude, Zoe. Eu estou indo para aí amanhã e nós vamos encontrar outro apartamento para você.

Parecia que tudo que eu acabei de dizer tinha caído em ouvidos surdos. Eu solto um suspiro pesado. —Não, você não está. Eu não posso sair, pelo menos não este ano. Eu tenho economizado dinheiro, mas não o suficiente para me mudar ainda.

—Pare de ser tão teimosa e deixe-me ajudá-la. Eu pagarei para você.

—Não, papai. Eu não posso pedir você para fazer isso. Você ainda está pagando as contas do hospital da mamãe, e eu não vou adicionar mais preocupações.

—Você está me matando aqui. Você percebe o quanto impotente estou me sentindo? Você não está me deixando fazer nada sobre o Mark. Você espera que eu relaxe e fique bem enquanto eu estou ouvindo você chorar sobre coisas que você esconde de mim, e você não está me deixando ajudar com a sua situação de vida - para que inferno eu sou bom então?

Os meus olhos se arregalaram. O meu pai nunca amaldiçoou. Eu não iria realmente rotular inferno como uma maldição, mas vindo dos seus lábios, poderia muito bem ter sido um porra.

—Pai... eu...

Houve uma longa expiração. —Como você pode não me dizer que está morando com um garoto, Zoe? — Pensar em Dylan como um garoto fez os meus lábios tremerem. Ele definitivamente era mais do que apenas um garoto, e ele provavelmente tinha sido por muito tempo.

—Se fosse Jared ou um de seus amigos, isso seria outra coisa, mas um jogador de futebol? Ele tem pelo menos uma namorada ou talvez um namorado? Quantos anos você disse que ele tinha mesmo?

—Ele é um veterano, e desculpe por esmagar os seus sonhos, mas eu acredito que ele é hétero. — Sim, eu não tinha dúvida sobre isso. —Ele é amigo do Chris, na verdade. Isso era o que eu estava indo –

—Ele é a razão pela qual você não está me telefonando? Eu pensei que você tivesse andado atolada com suas aulas, mas você e esse cara estão –

—Não, você nem precisa terminar a frase. Ele está muito ocupado para ter uma namorada, já que ele está trabalhando duro para se tornar profissional, não que eu estaria interessada se ele não estivesse ocupado, ou que ele estivesse interessado em mim, mas –

—Você está divagando. Você gosta desse garoto, não é?

—Não, — eu soltei rapidamente, um pouco rápido demais. —Não, eu não. — Então, por que minha voz saiu tão alta? —Na verdade, estamos nos tornando amigos. Talvez você o conheça se vier me visitar. E sim, as minhas aulas estão aumentando. As tarefas e as pequenas fotos que estou fazendo para outros alunos praticamente ocupam todo o meu tempo. Eu também tenho tirado fotos para vender on-line, você sabe, estilizando pequenas coisas e vendendo-as individualmente. A minha professora de fotografia vai me avisar se algum dos seus amigos fotógrafos precisar de uma assistente para qualquer uma das suas sessões, como casamentos ou coisas assim, já que estou muito mais interessada em retratos do que em qualquer outra coisa. Então, sim, tem sido muito agitado, e essa é a única razão pela qual eu não tive tempo de ligar para você. Eu não quero que você se preocupe comigo. Eu posso lidar com isso – eu tenho lidado com isso. Ainda assim, estou falando sério quando digo que vou sair do apartamento dele no próximo ano. Eu sempre achei que era o mínimo que ele podia fazer – quero dizer me deixar ficar lá – mas sim, eu não quero nada entre nós, nunca mais. Eu sinto que devo algo a ele, e eu não gosto disso.

Eu percebi tarde demais que a minha última frase iria tirá-lo do sério de novo.

—Você não deve nada a ele – nada, Zoe.

—Eu sei disso, eu acho, mas ainda assim, eu não quero nenhuma amarra. Se ele não contar ao Chris em janeiro ou fevereiro... Enfim, eu não quero mais falar sobre o Mark. Dylan, por outro lado, não quero que você se preocupe. Sim, ele é meu companheiro de quarto, mas mal nos vemos. Confie em mim, ele está ainda mais ocupado do que eu— o que era uma vergonha —então você não precisa se preocupar com nada. Você sabe que eu diria a você se ele estivesse me deixando desconfortável ou se estivéssemos nos vendo. Eu sempre conto a você coisas assim, você sabe disso.

—Você iria? Porque eu já ouvi mais do que algumas coisas que você manteve escondido de mim nesta conversa telefônica.

Touché.

Mude de assunto, Zoe.

—Uh... o que eu estava tentando dizer mais cedo... ontem à noite dois dos companheiros de equipe de Dylan vieram ao apartamento. Um deles era o Chris e eu estava lá... e eu não sabia o que fazer. Eu nem sabia onde colocar as minhas mãos. Foi tão estranho.

—Você poderia ter dito a ele.

—Pai, eu não posso sair e dizer a ele do nada. Você esqueceu como eu reagi? Ele acharia que eu estava louca e o que eu deveria dizer? Oh, olá, sou sua irmã perdida e que você nunca soube que tinha. Então, como tem passado? Ah, também, a mulher que você conhece como sua mãe na verdade não é. Você quer saber sobre a sua verdadeira mãe? Além disso, eu poderia ter olhado para ele um pouco demais ontem, então ele pode pensar que eu sou louca.

—Se a sua mãe tivesse entrado em contato com ele antes dela... então você não teria que passar por tudo isso. Ela queria muito vê-lo.

Eu nunca poderia dizer a ele que minha mãe estava realmente mais animada em ver Mark do que qualquer outra coisa. Ela estava muito esperançosa.

Eu nunca esquecerei o dia em que ela me disse que Ronald Clarke não era o meu verdadeiro pai. Ela quebrou o meu coração naquele dia, e se meu pai – porque apesar do que quer que ela tenha dito, ele sempre seria o meu pai, porque o sangue não faz de você família, nem sempre – tenha estado no quarto conosco, ela também quebrou o coração dele. Talvez ela achasse que eu ficaria feliz em saber que Mark tinha sido o amor da sua vida, e tão bom quanto Ronald tinha sido para ela, ninguém poderia tomar o lugar de Mark, a pressa de seu relacionamento. Talvez ela tenha pensado nisso.

Depois de conhecer o homem, eu não poderia ter discordado mais dela.

Havia um monte de coisas que eu estava com raiva de minha mãe, mas iria magoar o meu pai se eu expressasse alguma delas. Ele a amava mais do que ela amava qualquer um de nós.

Eu odiava mentir para ele, mas eu não podia falar sobre ela. —Pai, eu tenho que ir. Eu tenho uma aula em dez minutos e preciso encontrar Jared antes disso, então...

—OK. Agora que conheço todos os seus segredos, prometa-me que você vai ligar mais - e Zoe, sem mais segredos, ok?

—Certo. Eu te amo muito, pai.

A sua voz era rígida quando ele respondeu. —Eu também te amo, querida.

Capítulo 12

Dylan


O bar estava cheio de estudantes universitários que tinham saído para comemorar o final dos exames. Alguns desses alunos eram os meus companheiros de equipe, empenhados em iniciar a semana de despedida com festa. Alguns deles contornavam as mesas de bilhar, aguardando a vez, enquanto outros se contentavam em assistir a um jogo de cerveja entre duas garotas. Alguns estavam na frente das TVs assistindo a uma reprise dos jogos da semana anterior. Parecia que toda a equipe estava lá. Um grito alto sairia em algum lugar no bar e antes que você pudesse entender de qual canto veio, o som era engolido pela multidão barulhenta e pela música que Jimmy tocava em todos os cantos do lugar.

Puxando a alavanca, enchi uma cerveja e entreguei a Chuck, um dos garçons.

—Obrigado cara, — ele gritou por cima do barulho antes de sair.

Eu tentei conseguir tantas horas fossem humanamente possíveis no bar do Jimmy, sem atrapalhar o meu cronograma de treinamento, porque servir bebidas me ajudava a pagar tudo que a bolsa de estudos de futebol não cobria. Algumas noites eu fazia o suficiente para que eu pudesse mandar um pouco de volta para casa, sem que o meu pai soubesse disso, é claro. A última coisa que ele queria era que eu me preocupasse com os problemas financeiros.

Lavando um shaker e os poucos copos que estavam acumulando atrás do bar, vi JP vir até mim.

—Quando é o seu intervalo mesmo? — Ele perguntou, pulando em um banco do bar e olhando para Lindy, uma das funcionárias que estava comigo naquela noite.

—Sentiu a minha falta?

Antes que ele pudesse responder, fiz o meu caminho em direção às duas garotas que estavam à minha espera.

—O que eu posso trazer para vocês, senhoras?

A loira, que estava usando um vestido vermelho decotado, inclinou-se sobre o bar com um sorriso de flerte, entregando-me os vinte que estavam entre os dois dedos. —Shots de tequila, duas rodadas – e para depois, vou levar o seu número.

Eu sorri e entreguei os seus shots depois de verificar seus ID. —Talvez na próxima vez.

Eu ignorei como a ruiva me olhou atentamente enquanto lambia o sal nas costas da mão e fazia um espetáculo ainda maior ao sugar uma das fatias de limão que eu forneci. Assim que terminaram a primeira rodada, enchi o segundo e deixei para elas.

—Deixe-me saber se você precisar de mais alguma coisa.

JP ainda estava esperando por mim quando voltei. —Você é o filho da puta mais estúpido que eu conheço, você sabe disso, certo?

—É o que você me diz sempre.

—O que diabos está errado com ela?

Ele inclinou a cabeça para o lado, e eu olhei para as meninas, vendo a loira me enviando uma piscada.

—Não há nada de errado com ela, mas você sabe que eu não sou fã de fodas aleatórios desde o primeiro ano. Por que isso lhe surpreenderia agora? Além disso, ter uma garota aleatória é a última coisa na minha cabeça agora. Você não estava lá quando quase perdemos o último jogo no Colorado?

—A palavra-chave é quase. Nós vencemos, não foi? — Ele se inclinou sobre o bar e pegou um punhado de amendoins. —E é mais como se você não estivesse com mais ninguém. Quando foi a última vez que você teve relações?

—Se ao menos você estivesse interessado em...

Os meus olhos pegaram algo sobre o ombro de JP e eu parei. O brilho suave das luzes amarelas e vermelhas penduradas no teto davam ao bar uma aparência relaxada e acolhedora, e tornou possível para mim reconhecer Zoe entrando com um cara, o seu braço envolvendo o dele. Isso me atingiu como um soco no estômago.

JP seguiu meu olhar e viu o que tinha a minha atenção. —Ah, essa é Zoe, não é? Então, você não vai fazer com uma garota aleatória, mas você faria com ela, não é? Juro por Deus que já a vi antes, mas não me lembro onde.

—Você não viu, — eu murmurei distraidamente enquanto as minhas sobrancelhas se juntavam. —E nós somos amigos - ninguém vai fazer nada.

Ela não estava mais segurando o braço dele, mas eu a observei agarrar os ombros do sujeito para ficar na ponta dos pés e olhar em volta pela multidão. Quando ela encontrou o que procurava, um grande sorriso apareceu no seu rosto e ela gritou alguma coisa para o cara antes de começar a arrastá-lo para trás do bar. Ela deve ter procurado pela sua amiga, porque uma garota saiu de uma cabine perto da parede do final, onde todas as televisões estavam montadas e a encontrou no meio do caminho. Houveram gritos suaves, abraços e beijos. Era esse o cara que ela estava namorando? Eu a segui com os olhos todo o caminho até a cabine e a observei se acomodar bem ao lado do cara de idiota.

—Pelo que vejo, parece que ela está definitivamente fazendo com alguém. Cara - ei! Você ouviu o que eu disse? Terra para Dylan?

Os meus dedos apertaram o pano na minha mão até o ponto onde eu podia sentir as minhas unhas machucando a palma da minha mão através do material. Eu me forcei a desviar o olhar e focar no JP enquanto cada músculo do meu corpo ficava tenso.

—O que você quer? — Isso saiu mais duro do que eu pretendia, então eu rolei os meus ombros para tentar relaxar.

A sua sobrancelha levantou lentamente e ele se recostou no seu assento. Surpreendentemente, ele optou por não me empurrar ainda mais.

—Eu estou esperando pelos caras. — Ele fez uma pausa, os seus olhos estreitando-se ligeiramente. —Nós sabemos quem é o cara?

—Provavelmente o namorado dela. Eu não sei.

—Nós o matamos? Ou apenas quebramos as pernas dele como um aviso?

Eu ri, mas pareceu estranho. —Nem uma coisa nem outra. Confie em mim, ele é uma opção melhor do que eu tinha receio.

—O que você quer dizer?

Dando de ombros, saí para servir alguns recém-chegados.

Erguendo a voz, JP continuou. —Então ela está namorando, hein? Isso significa que ela realmente não está namorando você. Isso é interessante. Você sabia disso ou é uma surpresa?

Eu me apoiei no bar com uma mão e joguei a outra em direção ao JP quando vi que ele estava pegando a tigela dos amendoins novamente. —O que é tão interessante sobre isso? Ela está namorando – todo mundo namora.

Ele deu um encolher de ombros —Oh, nada. Você sabia disso?

—Sim, ela disse que tinha um namorado e era complicado. — Eu cerrei os dentes e olhei para o meu amigo. —Eu acho que ficou descomplicado. Você não tem outra coisa para fazer? Estou tentando trabalhar aqui.

—Eu não estou o segurando. Eu sou um cliente pagante assim como todo mundo aqui. — Ele olhou por cima do ombro e eu não pude me impedir de olhar para ela novamente. Zoe estava de pé se inclinando sobre a mesa para puxar a sua amiga. Todos três se dirigiram para a pequena seção quadrada em frente às televisões que a maioria dos clientes via como uma pista de dança improvisada. Havia talvez sete, dez pessoas já dançando. —Despacito do Fonsi começou pela milésima vez naquela noite, mas de alguma forma, nunca soou tão bem quanto naquela hora.

—Quem nós estamos assistindo? — Eu nem tinha notado que Chris e Benji tinham se juntado a nós e já estavam olhando por cima dos nossos ombros, até Benji se manifestar. Eu nunca iria sobreviver a isso, mas esse conhecimento não fez nada para afastar os meus olhos do trio que eu estava assistindo.

—Essa é... a sua companheira de quarto? — Chris perguntou antes que JP ou eu pudesse responder.

—Em carne e osso, — JP respondeu por mim.

—Boa bunda, cara, — acrescentou Benji, o nosso defensor principal.

Atirei-lhe um olhar irritado, mas a sua cabeça ainda estava virada. Todos três estavam assistindo, e não havia nada que eu pudesse fazer para pará-los sem parecer um idiota completo.

Zoe estava balançando lentamente os quadris de um lado para o outro, e os seus lábios estavam cantando as palavras da música com Justin Bieber. O seu namorado não parecia tão entusiasmado em estar na pista de dança, então Zoe agarrou as suas mãos e o forçou a se mover com ela. Ele riu e girou sob o braço levantado da sua amiga e conseguiu afastá-la das bordas das mesas. Quando a garota finalmente começou a dançar, rindo junto com ela, Zoe satisfeita assentiu e soltou as mãos. A próxima coisa que soube, foi que o cara – seu provável namorado – se envolveu atrás dela e eles começaram a balançar juntos, o tempo todo cantando e sorrindo. Talvez eu não goste muito de Fonsi e Justin Bieber, afinal.

Então as duas meninas começaram a dançar ao redor do cara, os seus dedos deslizando por todo o seu peito, os três cantando e rindo. Zoe parou quando ela estava de costas contra o peito dele, a outra garota fez o mesmo quando estava atrás dele, e então, como se tivessem calculado o tempo, balançavam os quadris no mesmo ritmo em pequenos e poucos movimentos, hipnotizando todos que as estavam observando – os meus amigos excitados não eram os únicos que olhavam fixamente. Elas começaram a descer, deslizando os seus corpos por cima dele. Zoe levantou as mãos e aquela simples camiseta branca que dizia Live It Up12 na frente subia, exibindo alguns centímetros da pele cremosa do seu estômago, não apenas para mim, mas para todos que estavam observando. A minha mandíbula apertou.

Quando Benji soltou um gemido, bati com a palma da mão no bar, com força suficiente para chamar a atenção dos meus colegas de equipe e de alguns dos outros clientes.

As suas cabeças viraram para mim em surpresa. —Posso pegar alguma coisa para vocês ou vocês estão aqui apenas para o espetáculo? — Se a minha pergunta saiu como um grunhido, eu não tinha controle sobre isso. —Se vocês não estão aqui para beber, vão para uma das mesas, ou talvez apenas saiam, já que estamos bem cheios esta noite. — JP abriu a boca, mas eu levantei um dedo em sua direção. —Nem pense nisso.

Ele levantou as mãos em sinal de rendição, mas não conseguiu limpar o sorriso do rosto. —Essa música está quente, é tudo o que eu vou dizer.

Chris olhou para JP com interesse, mas sabiamente não fez nenhum comentário antes de voltar o seu olhar para mim. —Quando é sua próxima pausa? Precisamos falar sobre o nosso cronograma de treinamento esta semana.

Benji empurrou Chris, o fazendo perder seu equilíbrio no banco. —Cara, você está falando sério? É o primeiro dia do adeus. Tire um dia de folga pelo amor de Deus.

Eu tive que forçar os meus olhos para ficar em Chris e não procurar por Zoe enquanto a maldita música finalmente terminava e uma antiga melodia de Shakira começava. Eu era muito covarde para olhar em sua direção. Suspirei e passei a mão pela minha cabeça enquanto exalava um grande suspiro. —Amanhã estou dormindo, cara. Estarei na sala de musculação às nove da manhã, mas nem um segundo antes disso.

—Então você está dormindo uma hora extra? Isso não é dormir, cara. Vocês são loucos. Estou tirando um dia para mim e dormindo o dia todo. Eu gostaria de pensar que mereço o meu sono da beleza.

JP riu. —Como se você tivesse as bolas. O treinador chutaria a sua bunda diretamente para a linha final no segundo em que você aparecesse tarde para a reunião.

Benji disse ao JP para calar a boca e se virou para mim novamente. —Pelo menos me diga que você está vindo para a festa que eles estão tendo na casa de fraternidade.

—Quando é? Amanhã à noite? — Eu perguntei.

—Não posso acreditar que sou amigo de vocês três. Como você não sabe sobre a festa de hoje à noite?

—Dylan, três cervejas - imediatamente! — Chuck gritou o pedido, em seguida, desapareceu de volta para a multidão.

Eu levantei as minhas mãos. —Como vocês podem ver, não vou a lugar nenhum. Eu estarei aqui todas as noites esta semana. Eu preciso pegar mais horas.

Benji levantou-se com um enorme suspiro. —Ok, eu terminei. Você está me tirando do sério como ninguém. Estou indo embora. — Ele olhou para Chris e JP. —Vocês estão vindo ou vocês vão sair com esse perdedor?

Chris foi o primeiro a seguir a sua liderança e se levantar. —Eu prefiro ter cerveja na fraternidade do que ir para casa hoje à noite. Eu vou bater na casa da Mandy— Ele bateu os nós dos dedos no topo do bar. —Eu vou encontrá-lo de manhã?

Eu terminei de encher as cervejas e as coloquei numa bandeja, prontas para serem levadas. —Você está novamente com a Mandy? Quando diabos isso aconteceu?

—Nós não estamos juntos, exatamente.

—O que você chama de bater na casa dela? Não me diga que você vai dormir no sofá dela enquanto você estiver lá.

Ele me deu um encolher de um só ombro e a sua boca se curvou num sorriso satisfeito. —Apenas testando as águas para ver se é hora de ficarmos juntos novamente. Vejo você amanhã, cara. — O relacionamento que ele tem com o seu pai, nosso treinador, era tenso na melhor das hipóteses, e sempre que ele sentiu que precisava de espaço, ele nunca estava precisando de um lugar para dormir.

Chris era o quieto do nosso grupo. Ele era o capitão da equipe, um bom líder no campo, mas quando se tratava de socializar com as pessoas, ele preferia ficar para trás. Havia sempre uma multidão de meninas seguindo-o como filhotes perdidos, morrendo de vontade de chamar a atenção do quarterback, mas ele era mais como eu naquela frente do que JP. No entanto, ao contrário de mim, ele não se importava com conexões aleatórias, mas mesmo isso só acontecia durante o período de fim da temporada, não quando o nosso futuro dependia de como fazíamos a temporada com todos os olhos que tínhamos em nós, sem mencionar a mistura ao virar da esquina.

—Sim, vejo você— Chris seguiu atrás de Benji, que estava conversando com alguns de nossos companheiros de equipe, deixando-me sozinho com JP. —O quê? — Eu perguntei.

—Apenas uma pergunta.

Suspirei. —O que foi?

—Você gosta dessa garota? — Ele apontou por cima do ombro com o polegar.

—Somos apenas amigos, JP. Não tenho certeza quantas vezes eu preciso lhe dizer isso.

—Sim, claro. Eu entendo isso, e os amigos são bons, mas... — Ele hesitou. —Confie em mim... não tente ficar todo sentimental na sua bunda, mas você merece se divertir, cara. Se não for agora, quando você vai? Você sabe o que dizem: trabalhe duro, brinque mais. Se você a quer... — Sabiamente, ele deixou assim. —Basta pensar sobre isso, é tudo o que estou dizendo.

—Eu acho que você perdeu a parte onde eu disse que ela tem um namorado. — Eu esqueci de mencionar que eu estava de fato muito interessado em Zoe Clarke e estava apenas esperando o momento certo para fazer o meu movimento, uma vez que ela estava solteira e descomplicada – embora talvez já fosse tarde demais afinal.

—Como eu disse, sempre podemos nos livrar dele ou quebrar as pernas dele. De qualquer jeito –

—Dylan, eu poderia usar alguma ajuda aqui! — Lindy chamou enquanto colocava a mão no meu braço e piscou para o meu amigo sorrindo.

—Não se preocupe com isso, ok? — Eu disse ao JP. —Eu vou ver você amanhã de manhã. Não me faça ir arrastá-lo para fora da cama em que você está pensando em cair hoje à noite.

—Eu continuo dizendo a você, eu deveria ser o seu ídolo. — Ele suspirou. —Sim, sim. Bem. Até a próxima. Eu vou encontrar uma Mandy para a noite.

—Não faça nada que eu não faria.

—Cara, esse navio partiu há muito tempo.

Tirando Zoe da minha mente, eu ri e fui para o lado de Lindy, ajudando-a com os pedidos.

—Você deve fazer a sua pausa assim que isso desacelerar um pouco, — eu disse alto o suficiente para que ela pudesse me ouvir enquanto trabalhávamos lado a lado. —Fale com seu pequeno antes que ele durma. — Lindy era uma mãe solteira que deixava o seu filho de três anos em casa com seu pai quando ela vinha trabalhar. Ela ligava para o seu filho em quase todos os intervalos, em vez de fumar ou falar merda com os garçons e as garçonetes.

—Que horas são? — Ela perguntou, as suas mãos ocupadas agitando um coquetel. A maioria dos clientes do Jimmy's comprava cervejas baratas, já que a grande maioria era formada por estudantes universitários, mas havia algumas pessoas extravagantes que pediam coquetéis de vez em quando.

—Já passou das nove.

Ela parou de balançar, despejou a bebida rosa em um copo de martini e decorou com uma cereja marasquino. —Sim, ele provavelmente está na cama, esperando que eu ligue. Obrigado, Dylan.

Eu balancei a cabeça e assim que eu estava tomando outro pedido, os meus olhos encontraram o caminho de volta para Zoe novamente, ainda dançando. Pelo menos eu não consegui mais encontrar o rosto do idiota, mas por quanto tempo ela iria dançar? Ela ainda não estava cansada? E ela não deveria ser tímida? Como ela parecia perfeitamente bem dançando na frente de todas essas pessoas quando ela não conseguia nem olhar nos meus olhos por mais do que alguns segundos?

De repente, notei uma mão ao redor de sua cintura. Um grunhido escapou dos meus lábios e alguns dos caras sentados na minha frente me deram olhares estranhos. Eu lhes dei um elevar de queixo. —Tudo bem?

Eles apenas balançaram a cabeça e voltaram para a conversa.

Eu olhei para eles novamente. O que diabos eu esperava do meu amigo? Claro que ele estava lá; claro que ele estava conversando com Zoe. Ela sorriu para algo que JP disse e deu um discreto passo para trás, tirando o seu braço sem muito esforço. JP inclinou-se para dizer alguma coisa no seu ouvido e, quando terminou, deu um tapinha na cabeça dela duas vezes, disse algo ao namorado e afastou-se deles. Assim que ele estava prestes a sair do bar, ele se virou para mim, dando-me um sinal de positivo e um sorriso de merda logo antes que desaparecesse.

Foi um acordo feito – ele basicamente me deu permissão para chutar sua bunda da próxima vez que estivéssemos em campo. Ele devia saber que eu não gostaria de suas mãos na minha amiga... em torno de sua cintura, tocando-a, sentindo o seu corpo.

—Cara! — Lindy gritou do outro lado do bar, e eu me forcei a olhar para ela. Com olhos arregalados para mim, ela apontou para a caneca na minha mão, que estava transbordando de cerveja.

—Merda! — Eu apertei a minha mão e limpei a caneca com um pano antes de entregá-la.

—O que há de errado com você esta noite? — Lindy perguntou, se aproximando de mim.

—Nada.

Tentando não reagir aos olhos que pude sentir em mim, terminei o pedido e comecei a fazer outro. Minha curiosidade levou a melhor sobre mim e olhei para Zoe. Todos três estavam me observando. O cara que eu estava de olho desde que eles entraram inclinou-se para Zoe e chamou a sua atenção. Ou eles não conseguiam se ouvir a alguns centímetros de distância e o rosto do idiota tinha que se inclinar ainda mais perto do ouvido dela – o que eu achava que era besteira total - ou ele não gostava da atenção de Zoe em mim.

Amaldiçoando-me por ficar tenso quando notei ele se afastar e colocar uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, voltei para o meu trabalho.

Nem mesmo alguns minutos se passaram quando o cara que eu acabei de servir uma cerveja saiu do banquinho, e de repente eu estava olhando para o rosto sorridente de Zoe.

—Ei, estranho, o que você está fazendo aqui? — Ela olhou em volta. —Você está tentando impressionar alguém?

Houve um pequeno sorriso nos seus lábios quando nossos olhos se encontraram. Levou apenas alguns segundos para esconder o olhar de mim e me ocupar em apoiar os cotovelos no bar. Ela ficou surpresa de me ver lá? Talvez aborrecida? Feliz? O rubor em suas bochechas era para mim, ou era resíduo do que diabos a cara idiota estava sussurrando no seu ouvido? Ou talvez ela estivesse corada por causa de toda a dança que teve. Ela ainda estava um pouco sem fôlego, afinal.

Não havia nenhum traço de sorriso nos meus lábios quando consegui forçar as palavras. —O que parece para você?

Ela parecia confusa com o meu tom e seu sorriso vacilou, os cantos lentamente abaixando quando ela piscou para mim.

—Está tudo bem?

Eu engoli o meu aborrecimento e rolei o meu pescoço antes de respirar fundo. Tudo o que eu podia sentir era álcool e, por baixo, um cheiro de malditas frutas.

Tenha calma, homem. Ela não fez nada.

Eu exalei antes de abrir a boca para falar de novo. —Eu sinto muito. Longo dia. O que você quer dizer com tentar impressionar alguém?

—Você está atrás do bar.

Eu olhei para mim e em volta de mim. —Sim, eu trabalho aqui. É assim que funciona trabalhar em um bar. Você fica atrás do balcão e serve bebidas.

—Não, você não, — ela disparou de volta.

—Sim, é basicamente isso.

—Não, quero dizer, servir bebidas? — Ela olhou para trás. —Você está realmente trabalhando agora?

—Sim. O que você achou que eu estava fazendo?

Os seus dentes roçaram levemente o seu lábio inferior. Eu observei a sua boca se mover quando ela disse alguma coisa, mas eu estava muito ocupado admirando os seus lábios e perdi completamente.

—O quê?

Ela se inclinou para frente uma ou duas polegadas e gritou um pouco mais alto. —Eu disse, pensei que você estivesse tentando impressionar alguém! Você sabe como são atraentes os garotos maus para as garotas e você é um jogador de futebol no topo disso. Basicamente, duplique o problema. — Ela arregalou os olhos. —E os garçons tendem a ser – não que eu esteja dizendo especificamente que você é quente ou algo assim, mas eu pensei que você estivesse aí atrás –

Olhando por cima do ombro, encontrei os olhos do cara de idiota. Tanto ele quanto a outra garota estavam assistindo Zoe e eu. Foi idiotice dele mesmo que a deixou vir até mim, então por que eu deveria ser o único a ficar longe? Ela era a minha companheira de quarto, a minha amiga, afinal. Foda-se ele.

Eu me inclinei no bar, nos aproximando, e descansei os meus braços ao lado dela. Apenas alguns centímetros nos separavam. Se ela se movesse, a minha pele deslizaria contra a dela. Ela parou de divagar e olhou o reposicionamento dos meus braços. Então, consciente ou inconscientemente, ela se mexeu na cadeira, movendo a sua deliciosa bunda da direita para a esquerda.

—Zoe, — eu disse, minha voz baixa desde que estávamos agora mais perto. —Você está divagando de novo. É muito fofo, e está tudo bem se você pensar que o seu amigo é quente. Eu acho que você é quente também.

O meu braço roçou o dela quando Lindy andou atrás de mim e fui forçado a avançar mais um centímetro. Ela ignorou completamente o fato de que eu tinha acabado de chamá-la de quente – ou talvez ela simplesmente achasse que eu estava brincando – e se inclinou para frente como se ela não pudesse resistir. O movimento era quase imperceptível, e eu apostaria que ela não tinha percebido que fez isso.

—Eu não disse que você era quente.

—Tenho certeza que você acabou de fazer.

—Não, — ela disse lentamente. —Eu só quis dizer que eles tendem a contratar caras de boa aparência para que... — Ela soltou um suspiro e mudou de assunto. —Eu não sabia que você trabalhava com tudo o que você já faz. O seu horário é louco. Estou surpresa, só isso.

Eu levantei uma sobrancelha. —Eu me lembro especificamente de dizer a você que eu não era rico.

—Sim, mas eu não pensei que você... eu simplesmente não pensei, aparentemente. Você me conhece e à minha tendência em estereotipar jogadores de futebol. A maioria das pessoas geralmente acha que eles têm direito a tudo, que lhes é dado tudo, e aparentemente eu sou uma dessas pessoas, mas... eu gosto que você esteja trabalhando. — Ela bufou. —Você é realmente... — Ela franziu o nariz e balançou a cabeça. —Deixa pra lá.

Me inclinei para mais perto e o meu antebraço roçou o dela novamente. Nós ficamos pele a pele. Ela não conseguia manter os olhos longe. Eu adoraria que ela terminasse a frase, mas havia outra coisa que eu queria saber mais.

Eu virei minha cabeça um pouco, trazendo meus lábios para perto de sua bochecha - a bochecha que os dedos de seu namorado haviam escovado poucos minutos antes. —Então esse é o seu namorado, hein? Eu não acho que ele gosta que você esteja aqui falando comigo. — O bastardo ainda estava assistindo, e isso estava começando a me dar nervos.

Sua cabeça se levantou e suas sobrancelhas se juntaram. —O quê? Onde?

Eu me afastei. —O seu namorado, — eu repeti, apontando para o cara com o queixo. Naquele momento, o braço dele estava enrolado casualmente no estande e ele estava conversando com a garota sentada em frente a ele, em vez de ficar olhando para nós. —Aquele com quem você está dançando desde que entrou. — Eu virei meus olhos para Zoe. —E eu pensei que você fosse tímida, Zoe – parece que você não consegue nem olhar nos meus olhos por mais do que alguns segundos – mas aquela garota dançando lá em cima não parecia tão tímida.

Lentamente ela se virou para mim. Meus músculos estavam tensos novamente. Por que eu estava ficando tão irritado com ela dançando com o namorado? Não era como se eu não soubesse que ela tinha alguém, e eu deveria estar feliz que fosse apenas um estudante. Eu me endireitei para longe de Zoe, decidindo realmente fazer o trabalho que estava sendo pago para fazer e ajudar Lindy com os clientes.

Depois que servi algumas bebidas, verifiquei se Zoe tinha saído, mas ela ainda estava lá sentada esperando por mim, seus olhos observando os meus movimentos.

Eu voltei a parar na frente dela. Eu estava sendo um idiota sem motivos. —Posso oferecer a você e... aos seus amigos alguma coisa? — Eu perguntei um pouco alto para que eu não tivesse que me inclinar novamente.

Sua carranca ficou mais profunda e ela deslizou para frente no seu assento. Seus lábios se separaram, mas nada saiu. Então ela assentiu. —Sim, eu vou beber um pouco do que você tem na torneira e uma Corona, por favor.

A respondi com um aceno curto e servi a minha companheira de quarto. Colocando a cerveja na frente dela, me abaixei para pegar uma garrafa de Corona. Sua mão esquerda se fechou ao redor da alça da caneca e ela pegou a garrafa com a outra.

—Você pode carregá-los você mesma ou eu deveria...

O que ela disse não era o que eu esperava ouvir. —Esse não é meu namorado, Dylan. Ele é meu amigo, Jared, e só para você saber, ser tímida não significa que eu não possa sair ou dançar com os meus amigos ou apenas estar perto de pessoas. Eu só fico tímida e desajeitada em torno de certas pessoas, e você é uma delas, só isso.

Eu não tenho ideia se ela escolheu me dizer tudo isso praticamente numa respiração com uma voz baixa, então eu não poderia ouvir metade dela ou se ela pensava que ela teria ido embora antes que eu pudesse juntar tudo, mas, porra, agradeço pela primeira vez.

Como as suas mãos estavam cheias, ela não conseguiu escapar tão rapidamente quanto esperava. Antes que ela pudesse pular do banco, coloquei a minha mão no seu pulso e parei seu movimento.

Presa sentada de lado, ela parou e olhou para mim.

Minha mão ainda estava em volta do pulso dela, e desta vez eu não hesitei em me aproximar e puxá-la para mim ao mesmo tempo. Fiz uma pausa quando os meus lábios quase tocaram a concha de sua orelha. —Diga isso de novo? — Eu perguntei em voz baixa e profunda.

Oh, eu a ouvi perfeitamente na primeira vez, mas ainda sentia a necessidade de ouvi-la dizer de novo.

Ela inclinou a cabeça o suficiente para que eu pudesse ouvi-la. Eu fiquei exatamente onde estava, respirando o seu cheiro. —Eu sou tímida ao redor de... — ela começou hesitante.

—Não essa parte. Aquele antes disso.

—Oh, esse é Jared. Ele não é meu namorado, só Jared, meu amigo, — repetiu Zoe. Eu fechei os meus olhos em alívio. Quando os abri novamente, notei o aperto de Zoe na garrafa de Corona. Por causa da posição em que estávamos, ela não teve escolha a não ser falar direto no meu ouvido, onde eu podia sentir o seu hálito quente na minha pele. —Ele é meu amigo, e ele também é gay, não que isso deva ser importante.

Aquele sentimento tenso que de repente apareceu no meu estômago como se tivesse sido estripado quando a vi tocar o idiota soltou com as suas palavras. Eu não deveria ter ficado feliz em ouvir isso; não deveria fazer diferença, mas ainda assim fez. Eu não estava preparado para vê-la se aproximar de outro cara. Saber sobre isso era evidentemente diferente de ver com os meus próprios olhos. Qualquer outra hora, talvez estivesse tudo bem, mas naquela noite eu não gostei.

Eu respirei fundo e fechei os meus olhos. O seu aroma de frutas ia me matar com aquela aproximação. Naquela primeira noite, quando a toalha me fez um favor e se desenrolou, ela também cheirava a frutas e, como eu era o seu companheiro de quarto, tive o privilégio – ou talvez o fardo – de saber que era o corpo dela e não seu xampu. O cheiro sempre permanecia depois que ela tomava um banho, chegando ao meu quarto e me distraindo.

Eu sabia desde o começo que ela não podia ser apenas a minha amiga, mesmo que eu a deixasse pensar que ela podia, e vê-la com outro cara acabava de cimentar isso.

Zoe limpou a garganta e se afastou da nossa pequena bolha privada. Só então notei o toque de cor nas bochechas dela. Quando ela falou, sua voz era grossa. Ela estava afetada por mim, por eu estar perto. Eu sabia que ela estava – o brilho nos seus olhos, a cor nas suas bochechas, o jeito que ela tentou prender a respiração a entregou. Se não, se eu estivesse errado, eu estava ferrado.

—Você está linda, — eu disse honestamente. —Você sempre está linda, mas hoje você parece mais feliz. Eu gosto do seu sorriso esta noite. Eu sempre gosto quando você sorri, Flash, — eu disse sinceramente.

Com as minhas palavras, seus olhos saltaram para os meus, surpresos, inseguros. Seus lábios se contraíram, em seguida, finalmente se inclinaram em um sorriso tímido, mas bonito. —Eu também gosto do seu sorriso... gosto muito dele.

Afastando-me mais, soltei o seu braço e olhei para o rosto dela. Claro que ela olhou para qualquer lugar além dos meus olhos.

—Diga oi para seus amigos por mim então. Talvez nos apresente antes de vocês saírem? Deve desacelerar aqui em breve.

Ela engoliu e mordiscou o lábio inferior. —Você está bem, Dylan? Eu não te vi ultimamente. Estamos bem, certo?

Eu não tinha ideia de como me comportar mais em torno dela, mas estávamos bem. —É sempre assim durante a temporada de futebol, todas as horas de exercícios, treinos, aulas, mais exames. Eu estava sobrecarregado, mas as coisas devem se acalmar por pelo menos uma semana. Eu estou aqui à noite desde que é semana final, mas você vai me ver por aí.

—Ok. — Ela sorriu e acenou com a cabeça. Pouco antes de tentar descer, ela olhou por cima do ombro para os amigos por alguns segundos e depois me encarou novamente. —Mais tarde, podemos assistir a um filme, talvez? Netflix e relaxar como as crianças legais estão fazendo?

Minhas sobrancelhas quase chegaram ao meu couro cabeludo. —Netflix e relaxar?

Quando ela percebeu o que ela disse, ela parecia horrorizada. —Não! Quer dizer, eu sei o que isso significa, e eu não quis dizer isso. Eu quis dizer literalmente. Nós poderíamos escolher um filme e relaxar, não escolher um filme e fazer sexo enquanto o filme está pasando, e não relaxar assim, não Netflix e... — Ela soltou um pequeno grunhido. —Esqueça o Netflix. Foda-se o Netflix. A última vez que tentamos, os seus amigos vieram e nós não pudemos, então talvez quando você chegar em casa hoje à noite possamos assistir a um filme?

Eu dei a ela um pequeno sorriso, pensando que talvez fosse errado da minha parte gostar de perturbar ela. —Eu sinto muito, Zoe. O meu turno acaba bem tarde hoje. Talvez possamos fazer isso outra hora?

O seu sorriso desapareceu de seu rosto. —Sim claro. Claro. Você provavelmente está se encontrando com seus amigos depois disso.

Toquei o braço dela novamente antes que ela pudesse escapar, porque aparentemente eu não conseguia evitar. —Só porque é a Noite da Cerveja aqui, e tenho receio de não ir a lugar nenhum até a última rodada, que é às duas da manhã.

—Oh. Sim, isso é tarde. Como você disse, talvez outra hora. Vejo você no apartamento, então?

—Eu vou te ver em casa. — Eu gostava mais quando chamávamos de casa, como ela tinha feito uns segundos antes. —Eu adoraria conhecer seus amigos, — repeti antes que ela pudesse sair.

Seu sorriso voltou. —Certo. Na verdade, eu acho que você já conhece Kayla – vocês meio que namoraram - e Jared é um fã, então ele também gostaria disso. Nós vamos— – ela olhou em volta - quando não estiver ocupado. Eu já tomei muito do seu tempo, me desculpe.

Que porra é essa?

—Espere um pouco – o que você disse? Você acha que eu namorei a sua amiga?

—Eu não acho – quero dizer, ela disse que vocês...

Eu olhei de volta para a cabine com uma careta. O que ela chamava de Jared estava nos encarando abertamente, mas desta vez a garota em frente a ele sorriu e acenou para mim um pouco timidamente. Eu estreitei meus olhos, olhei para ela um pouco mais perto, e... sim, talvez ela parecesse familiar, mas eu tinha certeza que eu não tinha namorado ela.

—Tenho certeza que eu não namorei a sua amiga, Zoe. — Eu dei outra olhada rápida. —Qual você disse que era o nome dela mesmo?

—Kayla.

—Sim, você está errada.

—Ela disse que vocês se conheceram no primeiro ano – bem, ela era uma novata, então você estava no segundo ano.

Eu apertei os olhos e olhei com mais força, tentando me lembrar por que motivo ela me parecia familiar. —Ela por acaso era uma ruiva?

—Sim. O namorado dela não gosta do vermelho, então ela tinge de marrom agora.

Um sorriso se espalhou pelo meu rosto. —Ok, eu me lembro dela. — Eu levantei minha mão e acenei de volta para a sua amiga. Voltando a atenção para Zoe, eu disse: —Porém, só para deixar claro, nós nunca namoramos, apenas saímos com amigos algumas vezes, é isso. Eu não chamaria isso de namoro.

—Isso é o que Kayla disse também. De qualquer forma, tudo bem se você tivesse namorado.

Eu balancei a cabeça lentamente. —Tudo bem, mas nós não fizemos.

Ela colocou o cabelo atrás da orelha e olhou para a garrafa de cerveja na mão. Eu observei o seu polegar lentamente limpar a condensação.

Vai e volta.

Vai e volta.

Eu me inclinei para poder encontrar os seus olhos. —Pare aqui antes que vocês saiam, ok? Conversaremos. Me faça companhia. Deixe-me ver a minha amiga por mais algum tempo.

—OK.

Me senti aliviado.

Com um pequeno sorriso, ela pulou e levou as bebidas de volta para os seus amigos. A caminho de lá, ela se virou uma vez, as bebidas ainda mantidas altas, os olhos brilhando, me dando um maior sorriso – fazendo meus próprios lábios se contorcerem em diversão – então se virou e continuou andando. Kayla pegou a Corona, e o amigo que definitivamente não era o namorado pegou a cerveja da mão dela antes que ela pudesse sentar e colocar as suas canecas.

Um grito alto irrompeu do grupo na mesa de pong de cerveja, e lembrei que tinha um trabalho a fazer.

Os pedidos diminuíram, então gritei para Lindy. —Eu tenho isso. Vá fazer uma pausa.

Ela gemeu e puxou o meu ombro para me dar um beijo na bochecha quando ela passou por mim a caminho da porta que dava para a cozinha.

Passei alguns minutos conversando com os caras sentados na frente sobre como a temporada estava se desenvolvendo até Lindy voltar.

Quando olhei para a minha direita, onde ficava a cabine de Zoe, ela foi a primeira a perceber que eles foram pegos olhando para mim e rapidamente desviou o olhar.


Capítulo 13

Dylan

O Jimmy's ficava a apenas alguns minutos de distância do apartamento, por isso consegui voltar por volta das duas e meia da manhã. A última coisa que eu esperava ou queria ver quando comecei a subir as escadas era a Sra. Hilda.

—Oh, Dylan, eu pensei que você fosse outra pessoa.

—Está tudo bem, Sra. Hilda? É muito tarde para estar de pé.

Ela me ignorou. —Eu sempre tenho problemas para dormir à noite. Quando ouvi passos, queria ver quem estava chegando a essa hora. Senhorita Clarke teve uma visita hoje à noite, você sabe.

A minha mandíbula se apertou e eu parei. —Uma visita?

Ela franziu a testa e olhou para a porta do nosso apartamento. —Sim, sua amiga. Aquela que gosta de garotos mais velhos. Você vê como é tarde, e ele ainda está lá – como se ela pudesse me enganar ao andar na ponta do pé ao passar pela minha porta.

Talvez os seus amigos tivessem voltado com ela? Oferecendo um sorriso de boca fechada e um aceno rápido, peguei a chave do meu bolso para poder entrar e ver por mim mesmo.

—Dylan? Você disse que seu pai era um encanador? — Ela me parou antes que eu pudesse chegar até a porta.

—Sim, ele é. — Eu mudei de um pé para o outro.

—Eu tenho esse pequeno problema na cozinha – você acha que pode dar uma olhada?

—Sra. Hilda, eu adoraria ajudar, mas estou voltando do trabalho e estou cansado. Eu não sou bom nisso, mas vou dar uma olhada amanhã para você.

Ela bufou e perdeu o olhar semi-agradável do seu rosto.

—Eu estou contando com isso, rapazinho.

Quando virei a chave e entrei, esperava ver o pior. O que eu encontrei, no entanto, foi uma Zoe dormindo enrolada no sofá. Além de uma vela perfumada solitária queimando na ilha da cozinha, nenhuma das luzes estava acesa. Depois de trancar a porta, larguei a minha bolsa e fiz o meu caminho até ela.

Ela estava dormindo com as mãos debaixo da bochecha, as pernas dobradas até ao estômago. O cabelo estava pendurado sobre o ombro em uma trança bagunçada cobrindo metade do rosto.

Por um segundo, acreditei no que aquela velha intrometida disse. Por um segundo, fiquei com medo do que encontraria quando passei pela porta.

Alguns segundos se passaram enquanto eu a observava dormir, tentando decidir o que fazer. Esfregando os meus olhos, me ajoelhei ao lado dela. Ela estava usando a mesma roupa que ela usava antes, a única diferença era que ela tinha mudado de calças apertadas para leggings.

Hesitando apenas por um momento, estendi a mão e a fechei sobre o seu ombro, gentilmente deslizando-a pelo braço e de volta para cima novamente. —Zoe, acorde. — Ela não se moveu, nem mesmo uma agitação. —Zoe? — Eu soltei o seu ombro e, tão gentilmente quanto possível, escovei o cabelo para trás por cima do ombro para ver seu rosto. Ela parecia tão pacífica.

O seu telefone, que estava virado na mesa de centro, recebeu um novo texto. Não foi o meu melhor momento, mas virei e verifiquei de quem era. Não consegui ver o conteúdo da mensagem, mas vi o nome do remetente na tela: Mark Wilson.

As minhas mãos formaram punhos por conta própria. Pode ser qualquer coisa. Ele era um amigo da família, afinal. Ele não estava lá; Sra. Hilda estava errada. Ela estava errada. Zoe estava morando no seu apartamento. Não era nada.

Virando o telefone para baixo, eu estendi a mão para Zoe novamente. —Zoe, você precisa acordar. — Os seus olhos tremeram, mas não abriram totalmente. Ela soltou um pequeno gemido e mexeu os quadris para se acomodar nas almofadas. Eu escovei os fios curtos de cabelo longe da sua testa, as pontas dos meus dedos demorando. Isso fez efeito e os seus olhos abriram lentamente.

Uma pequena carranca cobriu o seu rosto, e ela pareceu confusa ao me encontrar ao lado dela.

—Querida, você deveria ir para a cama, — eu sussurrei.

—Dylan? — A sua voz ainda estava grogue de sono. Ela esfregou os olhos e olhou ao redor do apartamento escuro. —Que horas são?

Ela cobriu um grande bocejo com as costas da mão.

—Perto das três.

—Oh.

—Você quer que eu a ajude a ir para o quarto?

Uma olhada rápida, e lá e se foi seus olhos novamente.

—Ah não. Eu estou bem, mas obrigada.

Eu me levantei e ela se levantou para ficar sentada. Ela ainda parecia confusa.

Empurrando as minhas mãos nos bolsos, perguntei: —Você está bem?

Cobrindo outro bocejo, ela olhou para mim. —Sim, eu devo ter adormecido depois que voltei do bar.

Eu assenti. —Bem, eu vou para o meu quarto. — Eu estava apenas na entrada do corredor quando ela chamou o meu nome.

—Dylan?

Quando me virei, ela estava de pé, o laptop agora fechado e apertado contra o peito.

—Você está indo dormir?

—Sim, estou cansado.

—Oh. OK. Boa noite então.

—Está tudo bem?

—Sim claro.

—Zoe, o que há de errado?

Eu observei os seus dedos enrolarem em torno do seu computador, o seu aperto firme. —Nada. Nada está errado. Está tudo bem. Eu só... se você não estivesse com sono, pensei que talvez pudéssemos assistir a algo juntos? Mas você está exausto, então tudo bem. Você disse que ia chegar atrasado, então eu não deveria ter esperado, mas caso você esteja com fome ou algo assim, eu peguei um cheeseburger da In-N-Out. Jared e eu fomos lá depois do bar, então eu pensei que deveria trazer alguma coisa, já que você disse que os cheeseburgers eram os seus favoritos. Você me deu pizza da última vez, então pensei que você poderia...

—Zoe, pare. — Voltei até ela e parei quando o sofá era a única coisa entre nós. —Você adormeceu esperando por mim?

—Eu... — Ela levantou os ombros em um encolher de ombros. —Eu pensei que talvez você não fosse capaz de dormir quando voltasse e pudéssemos passar algum tempo juntos, talvez – se você quisesse, isso é... você sabe, porque nós não nos vimos tanto assim nos últimos dias com as frequências as aulas e os seus jogos, e Jared pensou que eu deveria talvez –

—Então, não foi você quem quis me comprar um cheeseburger, foi Jared. Lembre-me de agradecê-lo na próxima vez que eu o vir. — Não era uma pergunta, mas ela tomou como uma e balançou a cabeça.

—Tudo bem, eu menti. Eu pensei que talvez você estivesse com fome quando voltasse. Eu estava tentando ser uma boa amiga.

Eu inclinei a minha cabeça. —Você estava assistindo a um filme antes de adormecer?

Ela desviou o olhar, um pouco depressa demais. —Não.

Isso foi um grande gordo sim, se é que já ouvi um.

Eu assenti. Mesmo que fosse só porque ela estava com medo, se ela queria passar um tempo comigo, como eu poderia dizer não? Não era como se passássemos muito tempo juntos e ela me trouxe um cheeseburger – seria um desperdício não o comer.

—O que estamos assistindo?

Os cantos de sua boca se inclinaram lentamente, e o seu sorriso ficou tão grande que ela teve que morder o lábio para mantê-lo contido. —Você não está com sono? Cansado?

—Estou cansado, mas estou bem por mais uma hora ou mais.

—O que você quer assistir? — Ela se abaixou e colocou seu laptop de volta na mesa de café.

Eu forcei os meus olhos longe da sua bunda enquanto ela mexia com a coisa. —Eu vou deixar você escolher.

—Que tal... Speed? Ou Eagle Eye?

—Speed? O que era isso de novo?

—Ah, é um filme antigo com Keanu Reeves e Sandra Bullock. Eagle Eye tem Shia LaBeouf e Michelle Monaghan.

—Você tem uma queda por filmes antigos, hein?

—Filmes antigos. Eles não são tão velhos assim. Então, qual você quer assistir?

—Eu posso não conseguir chegar até o final, mas vamos com Speed hoje à noite. Vemos o Eagle Eye na próxima vez?

Aquele sorriso de novo. —Parece bom. Ok, você senta. — Ela veio para o meu lado e me empurrou ao redor e para baixo no sofá. —Eu vou buscar o seu cheeseburger e batatas fritas.

—O que eu fiz para merecer as batatas fritas em cima do cheeseburger?

Ela se dirigiu para a cozinha, mas olhou por cima do ombro quando falou. —Quem compraria um cheeseburger e não teria batatas fritas? Um não está completo sem o outro. Eu também espero que você não se importe em partilhar, porque eu não vou poder ficar longe das batatas fritas. Estou destinada a roubar algumas, mas o hambúrguer e o refrigerante são todos seus.

Voltando com uma bandeja, ela entregou para mim, em seguida, inclinou-se sobre seu laptop para iniciar o filme.

Dando-me um olhar, ela suspirou. —Você não tem que fazer isso, você sabe disso, certo? Eu não quero mantê-lo acordado. Eu posso ver que você está cansado, Dylan.

—Estou bem, Flash. Relaxe. Se eu adormecer, adormeço. Está tudo bem. Contanto que você não desenhe um pênis no meu rosto, devemos estar seguros.

Ela riu. —Prometo. Os seus companheiros de equipe fazem isso?

Eu dei um tapinha no assento ao meu lado e ela veio sem hesitação. —Não para mim especificamente, mas eu já vi isso. — Pressionando o play, ela começou o filme e se acomodou. Eu peguei o cheeseburger, dei uma grande mordida e gemi. —Eu nem percebi que estava morrendo de fome, obrigada. — Quando ela não alcançou uma batata frita, eu ofereci uma para ela.

Ela pegou de mim com as pontas dos dedos. —Obrigado.

—Você também pode beber a Coca-Cola. Eu não bebo refrigerantes.

Ela deu uma mordida e franziu o nariz. —Eu também não bebo refrigerantes. Essa é a única escolha saudável que eu faço na minha vida, eu acho. Eu não me importo com o gosto de qualquer maneira.

Alguns minutos depois do filme, minha comida acabou e Zoe só tinha roubado algumas das minhas batatas fritas. Cada vez que ela fez, ela me deu um sorriso tímido e rapidamente se concentrou no filme que estava passando na nossa frente.

Quinze minutos depois, eu já estava apagando. Quando eu dei uma olhada em Zoe, percebi que acabamos com um lugar vazio entre nós. Poderia muito bem ter sido um campo de futebol inteiro. Ela estava enrolada em si mesma, ambos os pés plantados no sofá, o queixo apoiado nos joelhos, seus braços enrolados nas pernas.

Meus lábios se contraíram. —Qual filme você estava assistindo antes?

Com o canto do olho, eu pude vê-la considerando se deveria ou não me dar uma resposta, os seus dentes mordiscando o seu lábio inferior.

—Vamos, me diga.

No final, ela decidiu contra isso. —Eu prefiro não dizer.

Desta vez, eu ri e ela se juntou a mim. Era bom, apenas... estar com ela.

Antes do filme acabar, nós dois estávamos dormindo em lados opostos do sofá. Quando acordei de manhã cedo, ela estava esparramada em cima de mim e eu tinha os meus braços em volta dela, segurando-a o mais perto possível. Nós dois nos mudamos no sono e nos encontramos no meio, aparentemente.

Nunca na minha vida eu segurei alguém durante a noite inteira. Aconchegar-se, sim, mas mesmo isso durou pouco tempo. Fechei os olhos e abaixei a cabeça na dela, inalando o seu cheiro e apenas sentindo o seu peito subir e descer contra mim. Tentando o meu melhor para não a acordar, agarrei o cobertor leve do encosto do sofá e o coloquei sobre nós. Zoe se mexeu e eu congelei. Então ela se aconchegou ainda mais perto e esfregou o rosto contra o meu pescoço, os seus lábios entreabertos passando na minha pele.

A consciência inundou o meu corpo. De repente, eu estava bem acordado, e todas as partes do meu corpo também estavam.

Sentei-me no sofá por mais trinta minutos, apenas segurando-a, memorizando como ela era nos meus braços. Quando eu tive que me levantar e sair, eu deslizei suavemente debaixo dela e coloquei o cobertor mais firmemente em torno dela, esperando que ele a aquecesse, embora não tão quente quanto eu poderia.


Capítulo 14

Zoe

Tinha acabado de terminar a nossa aula de fotografia no laboratório e eu estava guardando as minhas lentes quando a nossa professora, Jin Ae, chamou a nossa atenção e disse: —Zoe e Miriam, eu preciso que vocês duas fiquem, por favor.

Quando acabei de arrumar as minhas coisas, ela ainda respondia a perguntas de outros alunos.

Miriam encontrou o meu olhar. —Você sabe do que se trata?

Eu balancei a cabeça. —Não faço ideia.

—Talvez uma tarefa?

Eu juntei todo o meu equipamento e o levei para o posto da Miriam. —Provavelmente.

Depois que todos saíram da sala, Jin Ae veio até nós.

—Ok meninas, vocês estão disponíveis para viajar por um fim de semana?

Miriam e eu nos entreolhamos com olhar incerto. —Ummm, eu devo estar, — Miriam respondeu, ainda incerta.

Jin Ae olhou para mim. —E você, Zoe?

—Sinto muito, tenho um trabalho marcado para este fim de semana, e não acho que posso cancelá-lo. — Não se eu não quisesse perder o emprego e o dinheiro que viria com ele.

—Não é para este fim de semana. Você está disponível para o próximo fim de semana?

Eu pensei nisso por um segundo. —Sim, acho que posso fazer isso. É um trabalho que você quer que façamos?

—Não, não é um trabalho, exatamente. O jornal da escola precisa de dois estudantes para acompanhar o time de futebol no seu jogo fora no próximo final de semana. Os habituais deles não podem ir, então o Sr. Taylor me perguntou se eu poderia recomendar alguém.

Time de futebol? Seguindo-os? Eu não acho que era uma boa ideia, e eu aposto que Mark também não acharia.

—Essa é uma ótima oportunidade, muito obrigado por me convidar! — exclamou Miriam.

Eu não conseguia exatamente partilhar a sua alegria, embora ela estivesse certa – era uma ótima oportunidade. —Uh... o que devemos fazer exatamente? — Eu perguntei. —Para ser honesta, não tenho certeza se seria boa em fotografia desportiva. Eu nunca tentei – muito movimento, sem mencionar que praticamente não sei nada sobre futebol.

Mesmo se eu quisesse ir, eu não acho que Mark gostaria que eu estivesse perto dele ou de qualquer um dos seus jogadores, Chris em particular.

—Isso vai ser ótimo para vocês duas, — Jin Ae continuou. —Se você não tem outras objeções a não ser o que não sabe sobre o desporto, Zoe, eu gostaria que você desse uma chance e aceitasse a tarefa. O jornal da escola está planejando escrever um artigo, e eu não recebi todos os detalhes, mas sei que eles precisam de fotos dos jogadores e da equipe de treinamento, e não apenas quando estão em campo. Vocês precisaram estar perto deles pelo restante do tempo também - no hotel, no avião, nos treinos e acho que até nas reuniões.

Talvez estivesse tudo bem se eu pedisse a Mark primeiro, mas eu estava evitando todas as suas ligações e textos desde a nossa última conversa no seu escritório, então perguntar a ele algo não era algo que eu estava interessada em fazer.

Miriam foi a primeira a falar depois que ela bateu palmas duas vezes e deu um pequeno salto no lugar. —OK. Eu gosto do desafio. Eu não vou decepcionar você.

Nossa. Você pensaria que fomos convidados para fotografar o casamento real com o sorriso que ela estava irradiando – não que fotografar jogadores de futebol seria ruim, especialmente se eu pudesse tirar algumas (ou cem) fotos de Dylan enquanto ele estivesse treinando e sair impune e dizer: Ah, estou tendo um tempo terrível olhando para o seu corpo seminu, mas... é para o jornal, então o que eu posso fazer? Eu só vou ter que sofrer com isso.

Jin Ae acenou para Miriam, em seguida, voltou os seus olhos para mim.

—Certo. Eu estarei lá também. Obrigado.

—Bom. — Virando-se, ela caminhou de volta para a sua mesa para pegar o seu telefone. —Eu disse ao Sr. Taylor que eu o avisaria depois da aula, e eu vou mandar uma mensagem de texto para ele, para que ele possa entrar em contato para coordenar tudo. Ele vai querer falar com vocês em algum momento desta semana, então estejam certas de estar disponíveis para que ele deixe vocês saberem exatamente o que ele pretende que vocês façam enquanto estão com a equipe.

—Seremos só nós duas ou também vão outras pessoas? — Perguntei.

—Acho que um outro aluno se juntará para conduzir a parte da entrevista. Você terá que discutir os detalhes com o Sr. Taylor quando falar com ele.

—Ok, uma pergunta: sabemos para onde eles estão indo? Para o jogo eu quero dizer.

Jin Ae desligou o telefone e sentou em frente ao seu laptop. —Eu acho que ele menciona a localização no e-mail, deixe-me verificar.

—Boa pergunta, — Miriam sussurrou enquanto esperávamos na porta.

—Arizona. Diz que o jogo será em Tucson, Arizona.

 


—Sua puta sortuda. Se eu soubesse que esse tipo de coisa aconteceria, eu também ficaria com fotografia. Você pode descobrir se eles precisam de alguém para desenhar os jogadores? Passar óleo? Eu também posso fazer isso – ambos, se necessário.

—Tenho certeza que não há óleos envolvidos, mas por você... eu vou perguntar. Embora eu não teria muitas esperanças.

—Cadela, — Jared murmurou.

Assim que saí da aula, liguei para o meu pai para avisá-lo que o veria em oito ou nove dias. Quando a conversa acabou, a minha próxima ligação foi para Kayla, porque nós três deveríamos nos encontrar para o almoço. No momento em que ela respondeu, eu sabia que ela não conseguiria, o que não era uma surpresa. Então, ficamos apenas eu e Jared.

Enfiei o meu garfo na salada e dei-lhe um longo olhar. —Eu não acho que vai ser tão glamouroso quanto você acha que vai ser. Eu vou ter que fazer o meu melhor para ficar fora do caminho de Mark.

—Então? Só não diga a ele que você está indo. Crise evitada.

—Sim? E como exatamente você sugere que eu entre no avião sem que ele perceba? Ou digamos que eu consiga isso – como posso garantir que ele não me veja no hotel ou no campo enquanto estou tentando fotografar os seus jogadores?

Ele deu uma mordida no seu sanduíche e assentiu. —Bom ponto.

—Sim. Ainda assim, não foi ideia minha, então tudo bem, e de qualquer forma, prometi não contar nada ao Chris. Se precisarmos de fotos individuais, eu vou me certificar de que Miriam cubra o Chris, dessa forma, Mark não pode reclamar mais do que ele provavelmente já vai.

—Se ele disser alguma coisa, por favor, não se sente lá e tome isso.

Eu deixei cair o garfo e esfreguei a minha testa. —Se ele fosse qualquer outra pessoa, sim, eu teria parado de levar merda dele há muito tempo, mas ele é meu –

—Seu pai, sim, eu sei.

—Eu não o chamaria dessa forma.

—Eu não sei o que a sua mãe estava pensando quando ela ligou para deixá-lo saber que ele tinha uma filha. Ela já não sabia que tipo de cara ele era?

Sim. Eu fui a surpresa que Mark nunca quis. —Ela o amava, o que é realmente estranho e ruim. As suas últimas semanas foram muito ruins. Acho que ela só queria que Mark viesse visitá-la e eu era a desculpa. Ela era a minha mãe e eu a amava, mas, ao mesmo tempo, estou muito chateada com ela também. — Eu balancei a cabeça, ainda tendo dificuldade em acreditar em tudo o que ela tinha me dito. —Eu não posso acreditar que ela desistiu do seu filho assim.

Jared tomou um gole da sua garrafa de água, os seus olhos mostravam que ele estava pensando. —Eu aposto que isso tudo foi Mark falando com ela para entrar nisso. Nós sabemos com certeza que ele é o pai, certo? Seu pai, quero dizer.

—Sim, infelizmente. Ele quis um teste de DNA depois de receber a ligação da minha mãe.

—Bem, ainda assim... isso não significa que ele seja capaz de empurrar você por aí.

Pegando o meu garfo de volta, eu comi mais alguns pedaços antes de responder a ele. —Eu sei que não, e ele não vai mais conseguir. Eu pensei que poderíamos ter algum tipo de relacionamento, mas eu superei isso agora. Era só Chris quando cheguei aqui. Eu nunca pensei que ele levaria três anos ou que as coisas acabariam assim. Toda vez que me passa pela cabeça a ideia que que eu deveria simplesmente parar Chris no caminho para uma das suas aulas, eu fico com medo e Mark tem toda aquela conversa... Eu quero conhecer você, Zoe. Eu quero que sejamos próximos. — Eu suspirei e bufei. —Eu sou tão estúpida. O tempo acabou. Chris está se formando este ano. Eu vou esperar até o final da temporada, não porque Mark me disse, mas porque eu acho que é melhor para Chris... e talvez a coisa certa, mas eu não acho que posso esperar tanto tempo. A coisa com Mark está acabada embora. Eu não atendo as suas ligações, não temos nada para conversar.

—Dane-se ele. Ele é um bastardo de qualquer maneira. Quem dorme com a amiga da sua esposa, a engravida e depois convence a esposa de que é uma coisa boa porque eles podem finalmente ter um filho? Você ficará melhor.

—Sim.

O meu apetite se foi, bebi o meu suco de laranja e limpei a garganta.

—Vamos esquecer Mark. O que vamos fazer com a Kayla?

Desta vez foi a vez de Jared suspirar pesadamente e parar de comer. —Eu liguei para ela ontem à noite, apenas uma ligação aleatória para dizer que sentia falta dela, e a sua merda de namorado atendeu, me disse que ela estava ocupada e eu não deveria incomodá-la tão tarde. Eram apenas nove horas, pelo amor de Deus. Eu aposto que ela estava lá e o filho da puta não a deixou pegar o seu próprio telefone.

—Você acha que ela vai terminar com ele em breve? Tem sido mais que o normal desta vez.

—Eu com certeza espero que sim, mas...

—Mas, ela provavelmente o aceitaria de volta quando ele voltasse rastejando de novo... sim.

—Deveríamos conversar com ela então? Hora de intervenção? — Jared perguntou.

—Nós já fizemos isso no ano passado e olha o que aconteceu – eles voltaram depois de um mês e agora o idiota sabe que não queremos que Kayla esteja com ele e é por isso que ele está se certificando de que ela nos veja o mínimo possível. — Eu balancei a cabeça e empurrei a minha salada meio comida para longe. —Ela acha que não sabemos, mas nós sabemos. Ela o ama desde os dezesseis anos. Ela acha que pode mudá-lo, e sempre que eu tento insinuar coisas, ela fica triste e diz que eu não entendo. É claro que não ajuda que o idiota consiga ser gentil com ela de vez em quando.

—Então, não há nada que possamos fazer – isso é o que está tentando dizer?

—Eu pensei que talvez você tivesse uma ideia brilhante.

Inclinando a cadeira em duas pernas, Jared balançou para frente e para trás por alguns segundos. —Você quer que eu o seduza ou algo assim? Porque se é isso que você está dizendo...

—Oo quê? — Eu gaguejei. Incerta se ele estava sério ou não, dei-lhe um olhar horrorizado. —Você faria isso?

Ele riu da expressão do meu rosto. —Por favor, eu tenho padrões. Eu não seduzo idiotas, mas o mais importante, eu não vou atrás do homem de um amigo. Se eu fizesse, eu iria atrás do Dylan antes de qualquer outra pessoa.

—Dylan é meu amigo, não meu homem.

—Claro, vamos fingir que sim. Ele é o seu companheiro, certo? E foi só o meu fantasma que esteve no bar no último final de semana, observando cada movimento que vocês dois fizeram. Eu pensei que ele ia pular por cima do bar e me bater quando ele me viu tocar o seu rosto e colocar o seu cabelo atrás da orelha. Ele fica mais sexy quando está irritado – eu sugiro irritá-lo mais vezes.

—Você fez isso de propósito?

—Não, mas se eu soubesse que ele reagiria assim, provavelmente teria feito. Aposto que ele estava perdendo a sua merda quando estávamos dançando. Pena que não tínhamos ideia de que ele estava lá.

—Oh, cale a boca.

—Você cala a boca. E você? Senhorita ele é meu amigo isso é tudo. Depois que você foi até ele, toda vez que ele tocava a sua mão ou o seu braço, você se iluminava como uma árvore de Natal.

Levantando-me, empurrei o seu ombro, fazendo-o perder o equilíbrio e aterrissar de volta nas quatro pernas da cadeira com um baque alto.

—Ei!

—Você não quer eu com raiva, Jared. Eu vou fazer doer.

—Oh, vamos nessa. Eu gostaria de ver você tentar. Provavelmente se sentiria mais como uma comichão, mas dê uma chance. Eu lhe dou permissão.

Rosnando, fui atrás dele antes que ele pudesse fugir.


* * *

Quando cheguei em casa, eram quase nove horas. Eu tinha feito cem dólares com quinze fotos do Instagram para uma estudante que tinha mais de trezentos mil seguidores. Ela tinha ouvido sobre mim e os meus serviços de um dos seus amigos blogueiros que eu tinha tirado fotos antes das aulas. Qualquer dinheiro que fosse adicionado à minha conta poupança era bom, então eu dei o meu melhor para nunca recusar ninguém, mas depois da quinta troca de roupa, eu pensei que talvez eu deveria ter cobrado mais. Considerando que levamos mais de duas horas para conseguir todas as fotos que ela queria, achei que aumentar a minha taxa era uma ótima ideia.

Mesmo que eu estivesse praticamente pronta para me arrastar de volta ao apartamento depois de estar fora por mais de treze horas, eu ainda me certifiquei de que estava o mais silenciosa possível quando passei na ponta dos pés pela porta da Sra. Hilda.

Quando entrei no apartamento e acendi as luzes, foi preciso tudo de mim para não gritar quando vi uma grande figura sentada no chão da sala de estar, logo abaixo das janelas.

—Dylan? Você me deu um susto. Por que você está sentado no escuro? — Larguei a mochila do equipamento ao lado da porta e caminhei na direção dele, hesitando quando cheguei ao sofá e ele ainda não tinha falado.

Ele tinha os cotovelos apoiados nos joelhos, as mãos balançando entre as coxas, e ele não estava olhando para mim, nem sequer encontrou os meus olhos.

—Dylan? O que está acontecendo? — Eu dei um passo involuntário para a frente, mas me impedi de ir mais longe.

Lentamente, a sua cabeça se inclinou e os seus olhos encontraram os meus. Normalmente, eu não conseguia segurar o seu olhar por mais do que alguns segundos quando ele olhava direto nos meus olhos como se estivesse tentando enxergar dentro de mim, mas o jeito que ele estava olhando para mim naquele momento... eu não conseguia desviar o olhar. Eu não conseguia tirar os meus olhos dele.

Ele, por outro lado, não teve problemas em romper o contato visual. —Nada, Zoe, — disse ele em voz baixa, em seguida, apoiou a cabeça na parede atrás dele. Alguns segundos depois, ele soltou um longo suspiro e fechou os olhos.

—Obviamente não é esse o caso, — eu disse suavemente, pensando que algo terrível deveria ter acontecido. Ele nem abriu os olhos, muito menos me deu uma resposta.

Onde estava o cara que sorria para mim e me fazia sentir tonta sem nem mesmo saber o que estava fazendo?

Começando a me preocupar, eu me sentei à sua esquerda, não muito próximo, mas também não muito longe. Passamos alguns minutos sentados lado a lado em absoluto silêncio. O único som que podia ser ouvido sobre o pesado silêncio vinha da TV de um vizinho, provavelmente no apartamento abaixo de nós.

—Você pode me dizer o que está acontecendo, Dylan. Eu não sou uma má ouvinte, e eu deveria ser...

Os seus olhos não abriram, mas ele finalmente falou. —Se você me disser que é minha companheira, Zoe, Deus me ajude...

Os meus joelhos estavam do mesmo jeito que os dele, mas decidi sentar de pernas cruzadas, o que me aproximou do seu lado. —Eu não vou dizer nada, ok? Apenas me diga o que está acontecendo.

Ele virou a cabeça para mim e finalmente me deixou olhar nos seus olhos.

Lentamente, soltei a respiração que eu nem percebi que estava segurando. Ele parecia arrasado. —O que aconteceu? — Eu sussurrei, inclinando o meu corpo em direção a ele para que eu pudesse colocar a minha mão no seu braço. Seu olhar seguiu o movimento, e eu senti os seus músculos apertarem sob o meu toque. Pensando que talvez não fosse uma boa ideia, que ele não queria que eu o tocasse quando ele parecia pronto para derrubar o prédio, tentei puxar a minha mão de volta. Mas, no segundo que eu a levantei, ele estendeu a mão e tomou o seu tempo entrelaçando os nossos dedos juntos.

—Está tudo bem assim? — Ele perguntou, com os olhos colados às nossas mãos entrelaçadas. —Tenho permissão para fazer isso?

Eu engoli em seco. O que eu deveria dizer quando ele parecia tão arrasado? Não, na verdade, não está nada bem, Dylan, porque o meu cérebro parece estar em curto circuito toda vez que você chega muito perto de mim. Não me parecia bem.

—É isso que os companheiros fazem, Zoe? — Ele continuou, a sua voz mais forte.

Ele está com raiva de mim?

O que diabos eu fiz?

As minhas sobrancelhas se uniram, mas eu não tentei puxar a minha mão – como eu disse, curto-circuito no cérebro, e segurando a sua mão tinha ajudado antes, na noite em que eu adormeci no seu ombro. Talvez ele fosse um segurador de mão; talvez essa fosse a coisa dele.

Ele estudou o meu rosto, em seguida, fez algum tipo de som ofegante e deixou nossas as mãos caírem no chão de madeira. Eu tentei não estremecer.

—Dyl –

—Não responda a isso.

Quando a sua cabeça bateu na parede atrás dele novamente, eu não pude conter o meu estremecimento.

—É o JP, — disse ele para o teto.

—O que tem ele?

—Ele se machucou.

O futebol universitário não acontecia só nos fins de semana? Era apenas quinta-feira.

—Quando? Eu não sabia que você tinha um jogo hoje.

—Sem jogo, apenas treino. Ele teve um pequeno problema com o pé no último jogo, mas ele disse que estava bem. Hoje um dos caras pisou nele e agora ele tem uma lesão de Lisfranc13.

—Lis, o que? É ruim?

Os seus olhos se fecharam quando ele soltou uma risada sem humor. —É ruim? Sim, é ruim. Ele está acabado para a temporada. Nós nem sabemos se ele precisa de cirurgia ainda. Se ele não precisar, ainda levará pelo menos cinco a seis semanas para se recuperar, e sou eu que sou um otimista fodido. — Depois, ele acrescentou: —É uma lesão no pé.

Quando ele esfregou o rosto com a mão livre, eu dei à outra que ainda segurava a minha mão um pequeno aperto. Foi o movimento errado, porque chamou a atenção de volta para as nossas mãos novamente.

—Se ele acabar precisando da cirurgia... quanto tempo é o tempo de recuperação, então?

Ele encontrou os meus olhos e eu prendi a respiração. Oh Deus... Jared estava certo; eu amo o sorriso dele. Eu odiava e amava como eu não conseguia parar de sorrir de volta para ele, mas o olhar no seu rosto quando ele estava com raiva... me fez desejar ter minha câmera comigo para que eu pudesse tirar uma foto dele desse jeito e congelar o tempo para nós, uma batida de coração que eu poderia carregar no bolso que seria para sempre minha.

—Cinco a seis meses, — respondeu Dylan, alheio aos meus pensamentos. —E mesmo depois disso, ninguém pode saber com certeza se ele voltará ao estado antes da lesão ou não. Não importa, porque ele não vai chegar à combine14 de qualquer maneira.

Pela terceira vez desde que eu o conheci, eu não conseguia desviar o meu olhar do dele, e não era porque estávamos tendo um concurso de olhar fixamente. Não tinha nada a ver com isso; eu só não queria. Não tenho certeza se foi por causa da vulnerabilidade que pude ver neles ou se foi a dor e a preocupação óbvias, mas não consegui fazer isso.

—Onde ele está?

Ele estava franzindo a testa para mim, mas ainda assim respondeu a minha pergunta. —O treinador o mandou para casa. Ele não consegue suportar o peso na perna.

—E quando eles vão saber se ele vai precisar da cirurgia ou não?

—Eles precisam fazer alguns testes. Devemos saber mais na próxima semana.

—Você não quer ficar com ele? — Eu perguntei hesitante.

A sua carranca se aprofundou. —Ele não quer ver ninguém. Nós deveríamos fazer isso juntos. Agora, com o tempo da sua lesão, toda a sua carreira pode ter acabado. Todo esse maldito ano é –

O seu telefone deve ter ficado ao lado dele, porque a próxima coisa que eu sabia era que estava voando no ar, indo em direção à parede bem na frente dos meus olhos, até que felizmente parou logo depois de colidir com a mochila do meu equipamento. Se a minha bolsa não estivesse no caminho, com a força que ele jogou, ele teria sido quebrado em um milhão de pedaços.

—Eu sinto muito, Dylan. — Eu dei à mão dele outro aperto, e desta vez ele apertou de volta. O único problema era que ele nunca afrouxou o aperto. Não me entenda mal, ele não me machucou nem nada, mas esse aperto extra fez com que meu o ritmo cardíaco, já bastante rápido, aumentasse o nível.

Nada que eu dissesse mudaria alguma coisa ou aliviaria o seu fardo, eu mantive a minha boca fechada.

Os seus olhos se estreitaram para mim. —Você não está olhando para longe.

Um arrepio percorreu o meu corpo. —Eu deveria?

—Você não deveria, mas isso não parou você no passado.

Hora de mudar de assunto.

—Há quanto tempo você está sentado aqui?

—Eu não sei... desde que voltei, eu acho.

Nenhum ponto em perguntar que horas eram. —Está com fome?

—Não.

—Você tem certeza? Eu faço um misto quente fabuloso, e eu não faço isso para qualquer um. — Eu dei a ele um pequeno empurrão com o meu ombro.

—E o que me torna especial?

Bom trabalho, Zoe. Caiu que nem um patinho, não foi.

—Eu... uh... você é... você sabe... você está com fome.

Fraca. Fraca. Fraca.

Quanto mais ele olhava para mim, mais fácil era identificar o músculo que se contorcia na sua mandíbula.

—Isso não é uma resposta à minha pergunta. Então que tal esta pergunta? Talvez você tenha uma resposta melhor para essa, o que você acha?

Eu tinha certeza que não gostaria da pergunta, mas... —Qual é a pergunta?

—Você ainda está namorando com ele?

De onde veio isso? —Você gosta de me empurrar, não é? — Eu perguntei em vez de murmurar algo sem sentido que seria apenas uma mentira. Eu tentei puxar a minha mão da dele para poder ir embora. Tanta coisa por me preocupar com ele.

O seu aperto aumentou ao ponto onde meus dedos formigaram e arrepios subiram no meu braço. Então, com a mesma rapidez, ele afrouxou.

—Não, — ele disse asperamente. —Fique. — Levou apenas uma palavra. Eu fiquei até que ele estivesse pronto para deixar ir.

Eu tentei me sentir confortável quando nos sentamos de mãos dadas. Quando ele viu que eu não estava indo a lugar algum e eu não estava puxando de volta, os seus olhos fecharam e ele descansou a cabeça contra a parede, a mandíbula ainda apertada, os dentes ainda rangendo.

Eu não sabia porquê, mas eu tinha a sensação de que tinha custado algo para ele me pedir para ficar.


Capítulo 15

Dylan

Eu estava fazendo isso. Eu estava realmente fazendo isso.

Eu estava prestes a embarcar num avião com Mark, Chris, Dylan e toda a equipe deles.

Nós deveríamos pegar o mesmo ônibus para o aeroporto que a equipe, mas tanto Miriam quanto o cara que estava vindo com a gente para as entrevistas, Cash, estavam atrasados. Em vez de enfrentá-los e entrar no ônibus sozinha, optei por pegar um Uber para o aeroporto com eles.

Enquanto Cash e Miriam conversavam durante o passeio, eu estava preocupada sobre como a minha aparição repentina iria acontecer. Nem Mark nem Dylan sabiam que eu estava me juntando a eles para o jogo. Eu poderia e deveria ter contado a Dylan, mas depois da semana que ele teve, com o que aconteceu com seu amigo, eu mal o vi depois da noite em que o encontrei sentado no escuro. Mesmo quando eu fazia, ele geralmente ia para o seu quarto para dormir assim que entrava pela porta.

Naquela noite tinha sido a segunda vez que demos as mãos pelo que pareceram horas e nem reconhecemos isso depois. Eu não tinha certeza se ele via isso como uma coisa normal, mas se você perguntasse ao meu coração e às borboletas que pareciam fazer uma casa no meu estômago, estava muito longe de uma coisa normal. Não ajudou que eu ainda pudesse sentir a sensação da mão dele ao redor da minha. Se eu fechasse a mão eu poderia quase imitar a mesma pressão que eu senti quando a sua mão apertou a minha.

A bolsa de Miriam bateu na minha canela enquanto ela levava a sua bolsa de mão para a escada rolante.

—Merda.

—Oh, me desculpe, Zoe. — Ela parou ao meu lado e soltou um grande suspiro. —É hora do almoço e eu nem tomei café da manhã ainda. Você acha que eles vão dar lanches?

—Não é um voo comercial, então duvido disso.

—Você está certa, eu acho. Espero que haja boa comida no...

—O que você está fazendo aí? Eles estão esperando por nós. Apresse-se, — Cash gritou quando passou por nós numa corrida lenta. Ele usava um casaco curto, embora ainda estivesse quente, e ele tinha um burrito embrulhado em uma das mãos, enquanto ele abraçava seu laptop no peito, uma mochila na outra. Ele era uma bagunça completa.

—Eu chamo ‘primeiros’, — Miriam disse baixinho, inclinando-se para mim.

—O quê?

—Cash, eu declaro a minha posse, — ela repetiu antes de seguir o cara em questão subindo as escadas.

Ela poderia tê-lo, tudo bem.

Eu demorei bastante tempo para subir aqueles degraus, então não era de admirar que eu fosse a última pessoa a embarcar no avião. Eu odiava que a antecipação da reação de Mark estivesse me afetando ao ponto de eu estar prestes a arrastar os meus pés como uma criança de seis anos de idade.

O avião estava cheio de conversas e caras... muitos caras. Alguns estavam de pé, empurrando as malas nos compartimentos superiores, alguns rindo, outros cantando.

Quando vi que Cash e Miriam ainda estavam demorando onde as fileiras de assentos começavam, pensei em me esconder atrás deles por um breve momento. Se eu abaixasse a cabeça, havia uma forte possibilidade de que Mark não me visse, mas então Miriam e Cash se moveram. Se eu não quisesse dar os últimos passos que nos separavam – e eu não queria – eu estava condenada a fazer a caminhada pelo corredor com a cabeça erguida. Ele me veria no hotel de qualquer maneira, e tentar me esconder fazia eu me sentir idiota.

Sentindo que eu estava me preparando para pisar na frente do pelotão de fuzilamento, eu endireitei os meus ombros e comecei a seguir os meus companheiros.

Eu avistei Mark antes que ele pudesse me identificar. Ele estava sentado na frente em um assento na janela, e ele estava conversando com outro cara que eu imaginei ser um dos outros treinadores. Eu estava passando por ele quando Miriam parou na minha frente. Na minha pressa de escapar, eu bati nas suas costas, e ela me deu um olhar curioso por cima do ombro. Eu dei um pedido de desculpas e me certifiquei de estar de costas para Mark o tempo todo.

Os meus olhos deslizaram para um cara mais velho que se levantou do seu assento no corredor e colocou a mão no ombro de Cash.

—Rapazes! — Ele gritou. Quando a conversa não se acalmou, ele tentou novamente. —Ei!

Todos os olhos se voltaram para nós. O avião ficou em silêncio, mas definitivamente havia um rugido nos meus ouvidos. Eu não sabia quantos jogadores viajavam com a equipe, mas para mim parecia que havia centenas de olhos em nós. Eu engoli o enorme nó na garganta.

Com o canto do olho, olhei para Mark e vi que ele ainda estava conversando com seu companheiro de assento.

—Eu quero que você conheça o Cash. Ele está com o jornal da escola e vai entrevistar alguns de vocês. — Ele parou de gritar, virou-se para Miriam e, em voz baixa, perguntou o nome dela. Depois dela, foi a minha vez. Eu praticamente me inclinei sobre Miriam para lhe dar o meu nome, então Mark não me ouviria, o que era estúpido, já que estava prestes a ser gritado em questão de segundos.

—E estas são Miriam e Zoe. Elas vão tirar fotos de vocês. Sejam gentis com elas - e quando digo gentis, quero dizer com respeito. Eu não quero ouvir uma única reclamação.

A minha boca ficou seca, não só porque eu podia sentir os olhos de Mark perfurando o lado da minha cabeça quando ele percebeu que eu estava no avião, mas também porque esse era o meu pior pesadelo. Andando por filas e filas de assentos onde cada único olho estava em você? Sim, eu já podia sentir o calor nas minhas bochechas.

Quando finalmente começamos a andar, a conversa no avião iniciou de novo. No caminho para os nossos assentos, que ficavam bem no fundo do avião, recebemos alguns assobios silenciosos, algumas saudações casuais e alguns murmúrios silenciosos sobre poses nuas; como reação a este último, pisei nos calcanhares de Miriam – duas vezes.

Devíamos estar apenas na metade do caminho para os nossos assentos quando ouvi a sua voz e algo se derreteu em mim.

—Zoe?

Eu levantei os meus olhos pela primeira vez e encontrei o olhar confuso de Dylan. Ele estava sentado no banco do meio quando chamou o meu nome, e eu o observei lentamente tirar os fones de ouvido pretos e se levantar. De alguma forma, vê-lo arrumou algo dentro de mim. Um calor inesperado se espalhou pelo meu corpo e eu consegui soltar um longo suspiro.

—Oi, — eu murmurei com um pequeno aceno, e quando percebi que Miriam e Cash estavam ficando cada vez mais longe de mim, eu puxei a minha bagagem para trás e comecei uma corrida para alcançá-los. Olhando por cima do meu ombro, fiz questão de enviar outra onda saudação para Dylan. Eu me senti como um patinho bebê sendo deixado para trás no meio do nada, por isso era importante os alcançar.

Quando finalmente chegamos aos nossos lugares, eu estava pronta para gritar aleluia. Depois que Cash nos ajudou com as nossas malas, ele sentou na janela. Miriam me deu um olhar penetrante e o seguiu. Eu peguei o assento do corredor.

—O que você tem? Você está agindo de forma estranha, — ela sussurrou em meu ouvido.

Eu agarrei a minha bolsa junto ao meu estômago e dei-lhe um pequeno encolher de ombros. Quando levantei o meu olhar sobre o assento na minha frente, percebi que Dylan ainda estava de pé, de costas para mim. Eu assisti ele se inclinar e dizer algo para o seu amigo. Chris estava sentado ao lado dele? Eu nem percebi. No meu estado de pânico, Dylan tinha sido tudo que eu podia ver.

Um momento depois, ele entrou no corredor e começou a se mover em direção à parte de trás do avião... na minha direção. Levou algum tempo para nos alcançar porque ele parou para conversar com os seus amigos de vez em quando no caminho.

Eventualmente, ele parou ao lado do meu assento e eu sorri para ele.

—Ei.

—Oi.

—O que está acontecendo?

O meu sorriso mudou de pequeno para grande. —Nada.

Ele riu e balançou a cabeça. Segurando o meu braço, ele se agachou nos seus calcanhares.

—Você vem com a equipe? Para nos fotografar?

Esquecendo tudo sobre Miriam e Cash, eu virei o meu corpo para encará-lo. Parecia que ele estava me puxando como um ímã. Eu ia colocar as minhas mãos ao lado dele, mas elas estavam no caminho, então eu mantive as minhas para mim mesma. —Sim. É para algo que o jornal da escola está trabalhando, eu acho. A minha professora de fotografia nos perguntou se poderíamos vir, então aqui estamos nós.

Os seus olhos se aqueceram. —Aqui está você. Por que você não me contou? Espere. — Ele se levantou e retirou os fones do ouvido da cabeça do cara sentado no banco do outro lado do corredor. —Drew, tome o meu lugar.

Sem mais nem menos, o cara deu um pulo e Dylan tomou o seu lugar.

Quando ele sentou, uma comissária de bordo apareceu atrás de nós.

Com um sorriso no rosto, ela disse: —Cintos de segurança, por favor. Vamos decolar em alguns minutos.

Assentindo, apertei o cinto de segurança e Dylan fez o mesmo.

Quando nossos olhos se encontraram novamente, eu sorri. —Oi.

O meu coração pulou ao ver seu sorriso fácil, sempre tão aberto e quente.

—Oi você.

—Dylan.

A voz inesperada nos assustou.

—Volte para o seu lugar. Preciso falar com você e Chris sobre algumas mudanças que vamos fazer, — disse Mark. Eu notei o cara esperando logo atrás dele, o único com quem Dylan havia trocado de lugar. Ele parecia tão desconfortável quanto nós.

Intencionalmente, mantive os meus olhos no rosto de Dylan e observei a sua sobrancelha se unir em confusão.

—Treinador, já temos uma reunião logo depois de nós –

—De volta ao seu lugar, filho.

Filho.

Era essa a sua maneira de dizer que Dylan também estava fora dos limites? Eu não poderia ser amigo ou amigável do cara que ele mesmo enviou para morar comigo? Claro, quando ele deu a ele as chaves do apartamento, ele não esperava que eu estivesse lá, mas ainda assim, eu estava morando com o cara.

Dylan fez o que ele pediu e desfez o cinto para se levantar, mas quando os seus olhos encontraram os meus, ele ainda estava ostentando uma carranca. Eu arrastei os meus olhos de volta para Mark e então desviei o olhar antes que ele pudesse dizer qualquer coisa.


Foi depois que entramos no hotel em que ficaríamos hospedados no fim de semana, quando vi Dylan e Chris. Ele se separou dos seus amigos quando percebeu que eu estava separada de Miriam e Cash e fez o seu caminho para o meu lado. Ele estava vestindo a sua calça de treino preta, e eu poderia jurar que ele tinha uma dúzia ou mais delas em diferentes tons de cinza e preto, só assim ele poderia fazer uma garota ficar louca. O meu favorito pessoalmente era o cinza claro. Uma camiseta preta apertada cobria o seu torso e atraía toda a atenção para os seus bíceps e peito.

—Em que quarto você está? — Ele perguntou, com a cabeça inclinada, os olhos no envelope na minha mão.

—Uh, deixe-me verificar. — Eu forcei os meus olhos longe do seu corpo e abri o envelope que eu peguei de uma mesa onde os funcionários do hotel tinham alinhado dezenas deles. —Quarto 412. Estou partilhando com a Miriam.

Ele me deu um sorriso. —Estamos no mesmo andar. Estou com o Chris.

Um dos seus companheiros de equipe chamou a sua atenção batendo no seu ombro, então ele se virou. Eu olhei à minha volta. Mark não estava em nenhum lugar, mas os outros treinadores estavam ocupados tentando falar com todos os rapazes. Alguns deles estavam distribuindo folhas de papel enquanto outros simplesmente se amontoavam e conversavam. Os meus olhos encontraram Chris e quando o vi olhando para mim, forcei um sorriso nos meus lábios, sem saber como deveria reagir. Em vez de sorrir de volta como eu esperava que ele fizesse, ele balançou a cabeça e se virou para falar com um de seus amigos. Sentindo-me mais e mais sozinha a cada segundo, puxei o meu celular do bolso de trás da minha calça jeans e enviei um texto em grupo para Jared e Kayla.

Eu: Ok, nós pousamos e chegamos ao hotel. Há tantas pessoas e eu não conheço ninguém além de Dylan. Ah, e Mark está chateado comigo. Quando digo puto, quero dizer MUITO! Mas eu o ignorei no avião, então fiquem orgulhosos de mim. Estou apenas mandando mensagens para vocês, porque não tenho ideia do que devo fazer e, em vez de ficar no meio do saguão, olhando em volta como um peixinho fora d'água, preciso de algo para fazer com as minhas mãos. Escrevam de volta para que eu possa parar de falar comigo mesma como uma esquisita e ter uma conversa significativa com vocês em seu lugar. Rápido. Rápido.

—Aqui.

Erguendo a cabeça, vi que Miriam estava me entregando um dos documentos que os treinadores estavam distribuindo.

Eu peguei. —Obrigado. — Era um cronograma detalhado do que a equipe deveria fazer e onde eles deveriam estar a qualquer momento.

—Cash quer que tiremos fotos do jantar, como eles interagem, acho, talvez tirar algumas fotos de todos enquanto comem. Depois disso, estamos livres para a noite. Amanhã, nós o seguiremos e faremos o que ele nos pedir. Ele disse que serão principalmente reuniões, aquecimentos e depois o jogo. Teremos uma reunião no nosso o café da manhã e ele nos dará mais detalhes.

Eu balancei a cabeça e olhei por cima do cronograma detalhado. —Parece bom. Acho que vou pular o lanche e ir para o nosso quarto. Você está vindo?

Ela olhou por cima do ombro para onde Cash estava conversando com um dos jogadores. —Eu acho que vou ficar por aqui.

—Ok, então, — eu murmurei para mim mesma quando ela se afastou depois de um sorriso.

Arrastando os meus dentes ao longo do meu lábio, olhei em volta de novo. Metade dos jogadores já tinham ido. Eu vi alguns em pé ao redor dos elevadores e outros andando em direção à parte de trás do hotel, onde eu assumi que os lanches estariam esperando, se a placa com o logotipo da equipe e Meal Room escrito sobre ele servisse de exemplo. Eu olhei ao redor para ver se podia identificar Dylan, mas com o lobby ainda tão ocupado, eu o perdi. Puxando a minha bagagem de mão atrás de mim, fui em direção aos elevadores.

Meu telefone tocou com uma nova mensagem.

Eu soltei uma respiração enorme e entrei no elevador com outros três jogadores. Embora estivessem conversando entre si sobre o jogo do dia seguinte, eu ainda podia sentir os seus olhos curiosos em mim. Abaixando a minha cabeça, me concentrei no meu telefone.

Enquanto eu esperava que fosse um texto de Kayla ou Jared, o meu estômago já nervoso torceu ainda mais quando vi que era Mark quem tinha me mandado uma mensagem.

Mark: Qual quarto?

Os meus dedos pairaram sobre a tela. Eu continuaria a ignorá-lo e tentaria ficar o mais longe possível, ou eu iria superar isso e focar no que tinha vindo fazer. Esperei até estar no quarto antes de mandar uma mensagem de volta. Meu telefone tocou de novo, mas desta vez foi Jared respondendo. Sentindo a ansiedade inevitável chegar, decidi não escrever nada ao meu amigo até que Mark encontrasse o caminho para o meu quarto, dissesse o que ele precisava dizer e saísse

Apenas dez minutos se passaram quando ouvi a insistente batida na porta. A primeira coisa que fiz quando ele entrou foi lhe dizer que a viagem era para uma das minhas aulas. Eu não achava que ele estivesse ouvindo o que eu estava dizendo, porque ele começou a falar comigo antes mesmo de as palavras saírem da minha boca. A energia que ele estava emitindo estava me assustando, mas eu tentei o meu melhor para manter meu rosto neutro. Depois de um longo discurso sobre as mesmas coisas com as quais eu me familiarizei demais, ele me avisou que ‘me observaria’ em torno dos seus rapazes e saiu.

Assim que a porta se fechou atrás dele, respirei fundo e deixei tudo ir. Eu não ia deixá-lo chegar até mim, não mais.

Depois de enviar um texto rápido para o meu pai para que ele soubesse quando ele poderia vir me buscar, eu trabalhei em algumas fotos que ia colocar em alguns sites enquanto conversava ao telefone com Jared. Miriam chegou um pouco mais tarde e finalmente anunciou que estava pronta para ir até a sala de refeições da equipe, então peguei a minha bolsa e minha câmera e a segui para baixo.

—Quando você vai voltar? — Ela perguntou uma vez que estávamos no elevador descendo as escadas.

—Não tenho certeza. Porquê?

—Bem, o toque de recolher da equipe é às onze. Você acha que voltará antes disso?

—Eu não achei que o toque de recolher fosse para nós. Eu tenho que estar de volta antes disso? — Se eu fizesse, isso só me daria algumas horas com meu pai, o que não era muito considerando que ele estava dirigindo de Phoenix só para me ver.

—Acho que não. Quer dizer, podemos perguntar a Cash para ter certeza, mas duvido. Só estou perguntando porque... bem, eu queria saber se você poderia me enviar um texto rápido antes de ir para o quarto quando estiver de volta.

Eu dei a ela um rápido olhar assim que as portas do elevador se abriram. —Porquê?

—Cash e eu vamos... você sabe.

—Oh. Sim claro. Vou me sentar no saguão até acabar.

Ela soltou um suspiro aliviado e ligou o seu braço com o meu como se fôssemos melhores amigas há anos. —Você faria isso? Ah, obrigada, Zoe. A minha colega de quarto é uma verdadeira desmancha-prazeres. Se ela estivesse aqui, ela iria entrar e nos interromper no meio de –

—Eu não me importo, — eu a interrompi. —Quero dizer, desde que não seja por horas a fio, tudo bem. Vou pegar meu laptop antes de sair para poder trabalhar enquanto estou esperando.

Ela apertou o meu braço um pouco mais apertado. —Oh, você é a melhor. Obrigado. Amanhã vai ser muito divertido. Mal posso esperar.

Entramos numa sala enorme onde os funcionários do hotel corriam em torno de mesas e cadeiras para os jogadores. Ainda faltavam vinte minutos até que os caras estivessem chegando, e Cash queria que estivéssemos prontas para tirar fotos deles enquanto colocavam a comida nos seus pratos. Se eles estivessem felizes com as fotos que tiramos durante o fim de semana, aparentemente a equipe iria considerar usá-las nos seus folhetos para o próximo ano.

Sob a observação cuidadosa de Cash, levamos quinze minutos para tirar as fotos, então foi a nossa vez de escolher entre o que sobrou na mesa de buffet. Eu peguei um pouco de purê de batata, brócolis e frango.

Quando hesitei seguindo Miriam, ela tocou o meu braço. —Você vem?

Os meus olhos estavam colados a Dylan, que estava sentado sozinho em uma das mesas. Mark já havia comido e saído, e eu não tinha visto Chris depois de ter tirado uma rápida foto dele construindo uma montanha de bife no seu prato. Se houvesse uma escolha entre Dylan e qualquer outra pessoa, eu sempre iria escolher o meu companheiro de quarto.

—Não, você continua. Vejo você mais tarde.

Com uma mão segurando a alça da minha câmera, a outra equilibrando o meu prato, puxei uma cadeira com o meu pé e me sentei em frente a Dylan.

—Oi, — eu disse baixinho, oferecendo-lhe um sorriso quando me acalmei.

Ele parou de comer e me estudou com olhos irritados.

Quando ele não disse nada, comecei a perder o meu sorriso. Depois de me dar um aceno rápido, ele se concentrou na sua comida novamente. Dylan tinha sido um dos últimos a entrar, então enquanto eu estava tirando fotos dos jogadores e dos treinadores que estavam comendo, Dylan não estava em lugar algum.

Pegando o meu garfo, empurrei os pedaços dos brócolis para o lado. —Você está bem? — Eu perguntei em voz baixa enquanto o silêncio se tornava desconfortável, o que nunca aconteceu entre nós antes.

Ele largou o garfo com um ruído e pegou a garrafa de água.

Eu fiz alguma coisa? Me obriguei a engolir um pedaço de brócolis e esperei que ele dissesse alguma coisa.

Segundos se passaram, mas nada aconteceu. Assim que limpou o prato, começou a olhar por cima dos ombros. Era óbvio que ele não me queria sentada com ele, e eu não tinha ideia do porquê. Sentindo-me um pouco magoada e, verdade seja dita, confusa, limpei a garganta e recolhi o meu prato para poder ir embora. —Me desculpe, eu não percebi que estava incomodando –

Eu estava na metade da frase quando ele parou de olhar ao redor da sala e encontrou os meus olhos. —Era o treinador que eu vi entrando no seu quarto mais cedo?

Eu caí de volta no meu lugar e meu prato bateu na mesa, atraindo os olhos curiosos dos seus companheiros de equipe.

—O quê?

—Você me ouviu. Eu estava indo ao seu quarto para ver se você queria sair, mas o treinador chegou lá antes de mim, então eu não me incomodei.

Eu engoli em seco. Como sair dessa? —E? — Foi uma tentativa fraca de jogar tranquila, mas eu não tinha mais nada.

—E? — Com uma carranca ele empurrou o prato e se inclinou sobre a mesa. —Eu não sabia que você estava próxima o suficiente para convidá-lo para entrar no seu quarto. — Algo que ele viu na minha cara fez ele parar, mas, infelizmente, isso não o impediu. —Eu não vi nenhum de vocês por uma hora.

A minha boca abriu e fechou quando as minhas mãos se fecharam sob a mesa. Eu deslizei para frente no meu assento, imitando a sua postura.

—Uma hora? O que você está dizendo, Dylan?

As suas sobrancelhas subiram até a linha do cabelo. —Eu acho que você sabe o que estou dizendo.

Eu sentei para traz de volta. Eu sabia o que ele estava dizendo, e por que eu estava tão surpresa? Eu já esperava que ele pensasse exatamente o que ele estava pensando, mas como eu não tinha antecipado a dor que causaria ouvir realmente a confirmação?

—Ele só ficou no meu quarto por cinco minutos, Dylan, seis no máximo. O meu pai está vindo de Phoenix para me ver, e Mark queria saber se ele iria para o jogo amanhã.

O meu coração afundou e eu me odiei um pouco mais pela mentira que Mark essencialmente me forçou a contar.

—O seu pai está chegando, — ele repetiu.

—Sim. — Eu empurrei o meu prato para longe, peguei a minha câmera e me levantei. —Ele deve estar aqui a qualquer segundo, então é melhor eu ir... — Eu estava esperando que ele dissesse alguma coisa, mas era inútil; ele apenas me estudou com os seus olhos azuis como se tentasse decifrar tudo que eu não podia dizer em voz alta. —Sim, eu vou embora. — E com esse inteligente comentário de fechamento, eu puxei os meus olhos para longe do olhar expectante de Dylan e me afastei.

Em vez de esperar no saguão, sentei na escada do lado de fora e tentei não pensar muito em Dylan e em como os meus sentimentos por ele estavam evoluindo de uma simples atração. Cerca de uma hora se passou quando vi uma caminhonete azul metálico vindo na minha direção. Rapidamente, levantei e corri em direção a ela. Assim que os pés do meu pai bateram no chão, eu me joguei nos seus braços e fechei os olhos.

—Papai.

Os seus braços contornaram os meus ombros e ele segurou tão apertado quanto eu, se não, mais apertado.

—Minha menininha.

O meu nariz já estava formigando. —Eu senti saudades suas, — eu murmurei no seu peito. —Eu senti tantas saudades suas.

A sua mão alisou o meu cabelo para baixo e ele se inclinou para trás para olhar meu rosto.

—Zoe? O que é isso?

Os seus braços caíram lentamente e ele segurou o meu rosto nas suas palmas, os seus polegares enxugando as minhas lágrimas silenciosas.

—Nada, — eu murmurei depois de uma fungada patética, de novo empurrando a minha cabeça no seu peito onde eu sabia que ele iria me manter segura.

Eu não tinha ideia de onde as lágrimas vieram – bem, ok, eu sabia, mas eu não estava planejando assumir tão cedo e me preocupar com isso. Ele suspirou e se aproximou, o meu corpo balançando com soluços inesperados quando percebi o quanto eu tinha sentido a sua falta.

Ouvimos uma buzina atrás de nós, mas eu estava relutante em deixá-lo ir, e felizmente, meu pai não mostrou sinais de pressa. Ele beijou a minha testa, escovou minhas lágrimas de novo, e acenou com a cabeça uma vez que ele tinha certeza de que eu estava me acalmando.

—Vamos descobrir isso tudo juntos. — ele murmurou. Andando de volta para o lado do passageiro, ele me ajudou. Quando eu estava dentro, ele fechou a porta e correu ao redor do carro. Depois de levantar uma mão em desculpas para o carro atrás de nós, ele pulou para dentro.

Enquanto limpava o rosto com as costas da mão, meus olhos encontraram com os de alguém perto da porta do hotel. Ele estava encostado em uma das colunas, braços cruzados sobre o peito, o rosto ilegível de longe.

Era Dylan.

 


Por volta das onze e meia, o meu pai me deixou no hotel e tivemos outro adeus choroso. Ele estava passando a noite em um hotel diferente – ele não queria ficar cara a cara com Mark – para que pudéssemos passar mais algumas horas juntos no dia seguinte, mas eu não queria que ele sentasse e esperasse por mim quando eu nem sabia se teria tempo livre para fugir.

A minha mente estava em qualquer coisa menos em Miriam e Cash, peguei o elevador todo o caminho até o meu quarto apenas para encontrar o sinal de NÃO PERTURBE na maçaneta da porta. Depois do estranho diálogo com Dylan antes, eu tinha esquecido completamente de voltar para o meu quarto para pegar o meu laptop antes de encontrar o meu pai. Em vez de bater na porta, voltei ao saguão.

O lugar todo parecia muito morto. Além de algumas pessoas na recepção e os hóspedes ocasionais do hotel tropeçando pela porta, eu estava praticamente sozinha onde eu estava sentada de frente para as portas da frente.

Depois de enviar um texto rápido para Miriam para que ela soubesse que eu estava aqui em baixo, assisti a vídeos de filhotes de cão no Instagram para matar algum tempo.

Quando eu estava escrevendo um texto para Kayla, outra mensagem apareceu na minha tela.

Dylan: me desculpe.

Eu olhei para a tela, não tendo certeza se deveria responder ou não. Responder a ele significava que eu teria que continuar mentindo para ele, mas, novamente, não era como se eu pudesse evitá-lo para sempre, ou queria evitá-lo.

Dylan: Eu sou um idiota completo.

Dylan: Você abrirá sua porta se eu bater?

Os meus lábios se esticaram em um maior sorriso. Não, eu realmente não queria evitá-lo.

Eu: Você não teve um toque de recolher às onze?

Dylan: E?

Eu: Então você não deveria estar na cama desde que passa das onze?

Dylan: Só porque nós temos um toque de recolher não significa que temos que ir dormir às onze.

Eu: Mas isso significa que você não deve sair do seu quarto, certo?

Dylan: Tudo bem se você não quiser me ver, Zoe. Você pode me dizer.

Os meus dedos hesitaram. Eu me bati na testa com as costas do telefone algumas vezes antes de encontrar a coragem de digitar o que eu queria dizer em seguida.

Eu: Adoraria te ver Dylan. Eu sempre gosto de ver você.

Vergonha. Vergonha. Vergonha.

Dylan: :)

Dylan: Então abra a sua porta.

Se eu dissesse a ele que estava no saguão porque Miriam estava ocupada no quarto eu arriscaria que ele se metesse em confusão com Mark se ele decidisse descer?

Eu: Eu não quero que você entre em apuros, e Miriam também está aqui, então...

Dylan: Sim. Ok, você está certa.

Dylan: É estranho saber que você está aqui e não poder ver você, eu acho. Acho que sinto falta da minha companheira de quarto.

Olhei em volta para verificar se alguém estava me observando. Felizmente, ninguém estava. Pressionando as minhas bochechas com meus dedos, tentei manter o meu sorriso sob controle. Antes que eu pudesse escrever que eu estava sentindo falta dele também, outro texto chegou.

Dylan: Eu vi o seu pai. Você chorou.

Eu: Sinto falta dele.

Dylan: Eu não deveria ter dito o que eu disse no jantar.

Eu assisti os pontos aparecerem e desaparecerem várias vezes.

Eu: Tudo bem. Só não faça de novo.

Quando nada chegou por alguns segundos, escrevi novamente.

Eu: Acho que estou sentindo falta do meu companheiro de quarto também.

Dylan: Sim?

Eu: sim.

Eu: Você está na cama? O que você está fazendo?

Dylan: Sim. Chris trouxe o seu Xbox com ele, então estamos jogando Madden desde o jantar, mas ele está no telefone agora.

Dylan: E eu estou falando com você.

Oh Deus. Estamos flertando? Eu realmente esperava que estivéssemos flertando. O meu coração pulou por todo o lugar, coloquei o telefone no meu colo e pressionei as costas das minhas mãos nas minhas bochechas para absorver um pouco do calor, e para me impedir de sorrir como uma louca no meio do saguão – embora eu tinha a certeza que era tarde demais para isso.

Devo ter levado muito tempo para pensar em algo inteligente, porque antes que pudesse responder, vi os pontos saltarem de novo.

Dylan: Você está na cama?

Sim. Nós estávamos flertando.

Abortar. Abortar.

Eu: Sim.

Tão inteligente, Zoe.

Dylan: Isso é bom.

O meu coração estava na minha garganta só das mensagens de texto com ele, eu abaixei a minha cabeça para trás e olhei para os tetos altos coloridos.

Apenas quando eu estava prestes a escrever, sim, é confortável – outra resposta terrivelmente inteligente – Miriam me salvou.

Miriam: O quarto está livre. Você pode subir!

Pensando que eu iria com certeza vir com algo melhor, uma vez que eu estivesse no meu quarto, eu fui em direção aos elevadores.

Dylan: Eu acho que você adormeceu. Bons sonhos, Zoe. Vejo você amanhã.

Gemendo, decidi não responder para que ele pudesse dormir um pouco e fui em direção ao meu quarto.


Capítulo 16

Zoe

O dia inteiro foi um turbilhão de café da manhã, reuniões, hora de descanso, reuniões, almoço e depois a hora do jogo. Antes que eu pudesse apreciar o estádio ou o nível de barulho ao meu redor, Cash estava me levando para o lado de fora para que eu pudesse tirar algumas fotos dos jogadores aquecendo antes do jogo.

—Miriam cobrirá os treinadores. Você cobre os meninos.

Para mim estava ótimo – mais do que bem, na verdade. Eu fiz um 360 e engoli em seco quando olhei ao meu redor.

Querido Deus.

Tantos globos oculares.

Não me escapou o meu aviso prévio que eu estava dizendo a mesma coisa desde o dia anterior, mas havia apenas tantas pessoas... daí tantos globos oculares.

—Zoe! Vá em frente! — Cash gritou enquanto caminhava de volta para o lado de Miriam. Eu engoli de novo e assenti.

Eu estava de pé um pouco à esquerda do túnel dos jogadores, câmera na minha mão, tentando encontrar o cenário perfeito, quando Dylan, Chris e um monte de caras correram para fora.

Eu senti olhos em mim, não porque eles não pudessem tirar os olhos de mim ou algo assim, mas mais porque eu parecia perdida, como um peixe fora d'água. Apenas um conjunto desses olhos enviou um arrepio na espinha, e aqueles pertenciam a Dylan Reed.

Com a confiança na maneira como ele entrou no campo, a maneira como seus olhos se fixaram nos meus ombros antes de se juntar aos seus amigos para se alongar e fazer exercícios... eu estava acabada. Ver a perfeição dele naquele uniforme não estava ajudando no que importava.

Com a minha câmera ainda nas mãos, eu o vi desaparecer na multidão dos seus companheiros de equipe. Alguns segundos depois, eu o vi novamente, graças ao grande número doze na parte de trás da sua camisa. Eu continuei observando enquanto os seus bíceps se arqueavam sob aquelas enormes ombreiras e ele se abaixava até o chão, onde ele e o resto da equipe começavam a sua rotina de aquecimento pré-jogo com alongamentos. A sua bunda estava tão bonita em todos os momentos ou ele tinha feito alguma coisa no vestiário? Tudo o que eu tinha a meu favor era que a minha boca não estava aberta; foi basicamente isso.

Eu me assustei o suficiente para dar um pulo quando ouvi Cash gritar o meu nome de novo.

Certo.

Fotos

Eu deveria tirar fotos.

Muitos treinadores e pessoas de aparência importante circulando, conversando, discutindo. Rapidamente e discretamente, eu andei em volta deles e tirei várias fotos dos rapazes fazendo exercícios no campo, e então me aproximei de Miriam e Cash, onde eles estavam longe de todo mundo. Se eles achavam que havia muitas fotos de Dylan Reed, isso não era problema meu.

—Você terminou? — Miriam perguntou, dando um passo para longe de Cash.

—Acho que sim. Acho que tirei boas fotos, mas é a minha primeira vez fazendo isso, então não tenho certeza se elas estão realmente boas. Embora, eu gosto delas.

Ela mordeu o lábio inferior e olhou em volta. —É um pouco esmagador, não é?

Isso era um eufemismo.

—Há tantos caras com câmeras por perto, não tenho ideia de por que eles precisavam de nós.

Miriam encolheu os ombros e fez um encolher de ombro. —Quem se importa. Tem sido divertido, e não pense que eu não reparei que você se aproximou de Dylan Reed ontem à noite na sala de refeições.

Estava bem na ponta da minha língua dizer a ela que eu não estava me aproximando de ninguém e que ele era apenas o meu companheiro de quarto, mas eu consegui segurar e ofereci-lhe um sorriso em vez disso.

Gesticulando para Cash com o meu queixo, eu sussurrei: —Parece que correu tudo bem para você.

—Oh sim. Desculpe, adormeci antes de você chegar ao quarto - ele praticamente me matou.

Inclinei-me para frente um pouco para dar outra olhada em Cash. Eu poderia admitir que ele não era feio ou algo assim. Um metro e setenta e cinco para um metro e sessenta e cinco de Miriam com um corpo ok – embora em comparação com Dylan e todos os outros jogadores no campo, ele era basicamente magro – e dedos longos o suficiente para que você se sentisse obrigado a fazer uma dupla verificação, ele tinha cabelos longos ondulados que enrolavam em torno das suas orelhas, olhos castanhos que se moviam inquietos, e lábios finos pressionados em uma linha reta. Traços diferentes para pessoas diferentes, eu acho. Não havia nada de errado com a sua aparência, mas a maneira como ele agia, como se estivesse trabalhando em uma história para o Times começaria a me dar nos nervos se eu tivesse que passar mais um dia ao seu redor.

Quando eu estava prestes a dizer algo mais, senti mãos na minha cintura, e um segundo depois eu estava voando pelo ar enquanto eu gritava alto.

—Olha o que eu encontrei, — alguém disse atrás de mim enquanto eu tentava o meu melhor para agarrar as mãos que estavam enroladas em mim. Graças a Deus a alça da minha câmera estava em volta do meu pulso, evitando que ela voasse pelo campo.

Reconhecendo a voz, olhei por cima do ombro e para baixo.

—Trevor?

—Sou eu, — ele respondeu com um rosto sorridente.

—Trevor, o que diabos você –

As minhas palavras se transformaram em um outro grito quando ele me manobrou – ou mais como me virou abruptamente –até que eu estava segurando no seu pescoço, embalada como um bebê nos seus braços.

—E aí, docinho? — Ele perguntou, o seu sorriso de merda ainda no lugar. Eu tinha certeza que ele tinha nascido com aquele sorriso, ou outra possibilidade era que ele tinha trabalhado nele na frente de um espelho por anos até estar prefeito. —Eu tenho observado você nos últimos dez minutos. Eu não pude acreditar nos meus olhos.

—Ponha-me no chão, seu idiota, — eu disse, sem fôlego.

—Farei exatamente isso assim que afastar você da linha do inimigo.

Eu rosnei para o meu amigo de infância, mas não parecia ter o efeito desejado sobre ele; nunca fez. Agarrando os seus ombros pela minha vida enquanto ele corria para longe, olhei por cima do ombro e os meus olhos se concentraram em uma pessoa.

Dylan

Todos os seus companheiros de equipe estavam entrando no túnel para voltar aos vestiários, mas ele estava parado, uma mão segurando o capacete pela ponta dos dedos, a outra na cintura. Eu queria dar-lhe um aceno ou um sorriso, mas ele estava olhando para mim nos braços de Trevor com um rosto esculpido em pedra, o seu maxilar definido, expressão completamente fechada.

Algo apertou no meu peito, espremendo o meu coração.

Eu bati no ombro de Trevor duas vezes.

—Trevor, pare. Trevor, você tem que parar!

Ele deve ter ouvido a urgência no meu tom porque finalmente paramos. Delicadamente, ele me colocou de volta nos meus pés, e os meus olhos ficaram em Dylan o tempo todo. Observei ele dar um passo em nossa direção e depois outro e outro. O meu coração batendo só de ver a determinação no seu rosto, eu não conseguia tirar os meus olhos dele. Algo estava prestes a acontecer – ou já estava acontecendo – e o meu coração estava tremendo. Trevor disse algo para chamar a minha atenção e tocou o meu ombro.

As minhas sobrancelhas se juntaram e eu murmurei um distraído, —O quê?

Dylan estava com ciúmes?

Quando ele começou uma leve corrida em direção a nós, senti todos os pelos dos meus braços em pé. Eu dei a Trevor um rápido olhar.

—Você pode me dar um minuto?

Ele olhou para o que eu estava olhando, e eu já estava andando para encontrar Dylan no meio do caminho. A necessidade de ir até ele havia surgido do nada. Talvez fosse a maneira como os olhos dele se fixaram nos meus, desafiando-me a desviar o olhar, ou talvez fosse algo sobre a maneira controlada com que o seu corpo se movia. Deus, ele parecia tão bem no seu uniforme, quase tão bom quanto parecia quando malhava na nossa cozinha seminu... quase. Ele parecia monumental, maior e melhor do que qualquer outra pessoa se aquecendo no campo.

Antes de dar quatro passos, Chris bloqueou Dylan ao redor da linha de trinta jardas. Ele descansou a testa contra a de Dylan, apertou o pescoço e guiou-o em direção ao túnel. Dylan franziu a testa para ele e balançou a cabeça uma vez como se tivesse saído de um transe. Então ele assentiu e correu ao lado do seu companheiro de equipe.

Quando ele desapareceu no túnel, voltei-me para Trevor com um sorriso tímido.

Ele levantou uma sobrancelha, o que só acrescentou ao seu olhar arrogante. —Eu pisei em alguns calos?

—O quê? Não. O que você está fazendo aqui? Eu pensei que você estivesse em Boston.

—Sim, eu estava, mas eu me transferi para cá este ano. Você namora o número doze? Aquele cara, o Reed? — ele perguntou com um movimento da sua cabeça para onde Dylan tinha desaparecido.

—Não. Ele é apenas meu amigo.

Depois de me dar uma olhada longa e minuciosa, ele falou novamente. —Se você diz isso. — Com seu grande sorriso de volta no lugar, ele me deu um empurrão brincalhão. —Olhe para você, docinho. Não a vejo há dois anos e é aqui que a encontro? Senti sua falta.

—Não me chame assim, — eu resmunguei quando o empurrei de volta.

—Continua tão fofa. O que diabos você está fazendo aqui então? Veio assistir ao seu namorado ter a sua bunda chutada por mim?

—Eu já disse, ele não é meu namorado. — Eu levantei a minha câmera como se isso fosse responder a sua pergunta. —Eu estou em uma missão, tirando fotos da equipe. — E porque eu não gostava dele falando sobre Dylan assim, eu acrescentei: —E não tenho tanta certeza cuja bunda vai ser chutada. Eles são incríveis.

Eu realmente não tinha ideia se eles eram. Tudo que eu sabia era que Dylan era incrível.

As suas sobrancelhas se ergueram. —Eles estão agora? E você se tornou uma especialista em futebol por causa de uma certa pessoa?

Ouvimos alguém gritar o seu nome e Trevor olhou por cima do ombro. —Já vou. Ok, eu tenho que voltar. — Agarrando a câmera pesada da minha mão, ele levantou-a no ar como se fosse tirar uma selfie. —Vamos, quero uma foto de nós juntos. Eu tenho um rosto mais bonito e você precisa de algo melhor para olhar do que esses idiotas.

—Está desligada, seu idiota. — Eu ri quando ele não conseguia descobrir como a fazer funcionar.

Eu liguei a câmera e deixei que ele me puxasse para o lado dele para que ele pudesse tirar uma foto de nós juntos. Quando ouvimos o seu nome ser chamado de novo, ele colocou a câmera de volta nas minhas mãos.

—Aqui, pegue. Me envie um e-mail – com a foto e o se número. Eu não tenho o seu, então é melhor enviá-lo do meu jeito. — Movimentando-se para trás, ele continuou falando. —Não se esqueça, Zoe bug. Melhor ainda, eu lhe enviarei o meu número e você poderá enviar uma mensagem para mim.

—Ok! — Eu gritei de volta, sorrindo.

Quando ele estava perto o suficiente dos seus treinadores, um deles o acertou na parte de trás da cabeça e o seu sorriso ficou maior.

—Ok! — Ele gritou uma última vez, e então ele estava fora de vista.

 


A nossa equipe estava ganhando – a equipe de Dylan. Eu não sabia exatamente quando se tornou a nossa equipe na minha mente, mas eu fui arrastada pela correria do jogo e pela magia de estar no estádio. Claro, talvez eu não entendesse o que estava acontecendo na maior parte do tempo, mas eu estava lá com eles quando todos estavam aplaudindo, gritando ou xingando. Até mesmo estar perto de Mark não conseguiu matar a minha excitação.

E Dylan... ele era uma fera. A maneira como ele corria com aquela bola, a sua velocidade, a maneira como ele se esquivava e desviava, rolava e torcia e tudo mais que ele fazia – fiquei hipnotizada apenas observando-o.

Parece estranho dizer em voz alta, mas senti como se fosse meu. Eu sabia como ele parecia de manhã, conhecia praticamente todos os músculos da parte superior do seu corpo. Eu não toquei neles ou algo assim, mas eles estavam queimando no meu cérebro. Eu sabia o que ele gostava de ter na pizza dele, o que era muito importante. Extra queijo, calabresa e azeitonas pretas era seu favorito, e ele não olhava para mim como se eu fosse um alienígena porque eu gostava de abacaxi na minha pizza.

Eu conhecia os seus sorrisos, e ele tinha um punhado deles, cada um mais mortal do que qualquer outro sorriso que você pudesse imaginar. Eu sabia que quando ele passava a palma da mão pelo cabelo curto era porque ele estava estressado, agitado. Eu sabia que ele gostava de segurar a minha mão; eu não sabia porque, mas eu sabia que ele gostava disso. Se ele estava rolando o pescoço e esse músculo na sua mandíbula estava em movimento, ele estava com raiva e tendo dificuldade em manter-se sob controle. Eu sabia que me fazendo corar apenas com o jeito que ele estava olhando para mim o divertia, e isso geralmente provocava o seu sorriso divertido, que nunca deixava de aumentar o meu batimento cardíaco. Eu sabia que ele era o cara mais trabalhador que eu já vi. Eu sabia que ele era o único, e eu sabia que a cada dia que passava eu queria que ele fosse meu – não meu companheiro, mas meu, só meu.

Saber tudo sobre ele, me assustou. Quando foi a última jogada do terceiro quarto e o placar mostrou 31-42, outra pessoa saiu do túnel e se juntou aos seus companheiros de equipe nos bastidores.

JP Edwards.

O meu olhar se concentrou nas muletas sob os seus braços, e o sorriso que eu tinha no meu rosto de repente não parecia certo.

O árbitro apitou para terminar o quarto tempo e a equipe se amontoou junto com o seu técnico. Depois de alguns tapas no capacete, batidas nas costas e o que eu assumi serem palavras encorajadoras, eles chegaram ao lado de JP. Eu estava assistindo Dylan o tempo todo.

Sem fôlego, ele parou na frente do seu amigo e tirou o capacete, os ombros tensos e altos, a tinta preta sob os olhos manchados. Equilibrando-se num pé, JP esfregou a nuca e sacudiu a cabeça uma vez. A minha câmera já estava nas minhas mãos, então sem duvidar de mim mesma, eu a levantei e dei uma rápida olhada, não tendo certeza do que eu estava olhando, mas querendo capturar. Eu vi os seus lábios se moverem, mas eu não tinha ideia do que eles estavam falando. Dylan colocou a mão no ombro de JP e JP balançou a cabeça de novo. A mão de Dylan se enrolou no pescoço dele e ele baixou a testa contra a de seu amigo.

Clique.

Eu ampliei e tirei outra foto, percebendo que ambos estavam com os olhos fechados.

A mão de JP passou pelo pescoço de Dylan.

Clique

Chris se juntou ao pequeno amontoado e jogou o capacete no chão ao lado deles.

Clique

Clique

Eu abaixei a câmera e desviei o olhar. Eu já tinha me intrometido mais do que deveria, mas não tirei essas fotos para a missão. Aquelas eram minhas. Se eu fosse honesta, eu tinha tirado muitas fotos que foram só para mim desde que o jogo começou.

—Eu vou pegar algo para beber. Vocês meninas querem alguma coisa? — Cash nos perguntou. Miriam estava ocupada enviando mensagens de texto pelo telefone, mas olhou para cima o tempo suficiente para sacudir a cabeça.

—Uma água, por favor, — eu disse, e ele foi em direção à equipe, conversando com alguns jogadores antes de seguir o seu caminho.

Quando ele voltou, eu não pude me impedir de perguntar: —Você sabe o que está acontecendo lá? — Eu inclinei meu queixo em direção ao JP, onde pelo menos dez ou quinze dos seus companheiros o estavam cercando num semicírculo. Eu peguei a garrafa de água que Cash me entregou.

—Sim. Más notícias para o JP e para a equipe. Aparentemente ele terminou a temporada. Ele vai precisar de cirurgia para essa lesão no pé, e a sua carreira provavelmente está acabada se ele não puder se recuperar completamente. É uma pena, ele era um grande jogador.

—Apenas assim? — Eu perguntei. —Uma lesão e ele está fora? Acabado?

—Sim. É assim que acontece no esporte. Você nunca sabe quando será forçado a desistir.

—Eu não o vi no hotel, ou no avião, — eu consegui dizer através da pedra alojada na minha garganta. Lembrei-me da angústia e da raiva no rosto de Dylan no dia em que o encontrei sentado sozinho no escuro. Ele ia ficar arrasado.

—Ele queria ser o único a dizer aos seus companheiros de equipe e se juntar a eles para um último jogo antes de tudo isso, então eles o enviaram hoje.

Os rapazes correram para a linha de cinquenta jardas e o último quarto do jogo começou. Ficou vicioso em pouco tempo. Eu vi placares, mas depois do último quarto, depois das notícias do seu amigo... se Dylan tinha sido uma fera antes, ele se transformou no Hulk em pouco tempo. Eu encolhi e ofeguei ao longo de toda a coisa, especialmente quando alguém atacou Dylan logo depois que ele praticamente voou para o ar e pegou a bola. Foi brutal, claro, mas Dylan sempre se levantou de volta com a bola ainda nas mãos, e superei isso muito rapidamente. Trevor não pisou no campo durante a primeira metade do jogo, mas ele esteve lá no segundo tempo. Então, quando Dylan levou Trevor para o chão logo no início do último trimestre depois que Chris jogou uma intercepção e Trevor apanhou isso – pelo menos foi o que Miriam me disse que tinha acontecido – eu estava preocupado que ele tivesse quebrado o meu amigo de infância ao meio. Trevor eventualmente se levantou, mas levou algum tempo.

O resto do jogo foi da mesma maneira – placares, passes, assobios, aplausos, placares de novo. O jogo nem tinha terminado e eu já tinha uma pontada nas omoplatas de toda a tensão.

Quando restavam apenas alguns segundos, Chris deu alguns passos para trás e jogou a bola em um arco perfeito direto para Dylan, vindo da linha de quarenta e cinco metros, e eu estava de pé ao lado de Miriam e Cash. Parecia que todos os jogadores no campo estavam correndo em direção a essa maldita bola. Sugando uma respiração e segurando-a, as minhas mãos seguraram a minha cabeça e eu observei o ombro de Dylan bater em outro jogador, pular alto e arrancar a bola do ar com as pontas dos dedos. Antes que eu pudesse processar a pegada perfeita, ele tinha a bola enfiada debaixo do braço e estava correndo em direção à linha do gol como o papa-léguas do desenho animado.

Um jogador o alcançou por trás e se jogou sobre as costas de Dylan, mas como se ele tivesse olhos na parte de trás da sua cabeça, Dylan desviou para a direita e evitou-o por centímetros. Eu pulei para cima e para baixo como uma menina tonta da escola. —Sim! Sim! — Todos pegaram os rugidos da multidão agora, eu estava prestes a sair da minha pele quando alguém veio do nada e tentou bloqueá-lo. Dylan saltou para o lado antes que o cara pudesse fazer qualquer coisa, e ele correu os últimos cinco metros sem que outro jogador o alcançasse. Eles eram muito lentos para ele. Com as minhas bochechas doendo de tanto sorrir, eu pulei para cima e para baixo enquanto observava o meu companheiro marcar seu terceiro touchdown na noite.

Ele foi incrível.

Com as minhas mãos tremendo um pouco, levantei a câmera, pronta para fotografar a alegria no seu rosto perfeitamente esculpido, se ele tirasse o capacete, mas em vez de deixar os seus companheiros de equipe derrubá-lo como antes, ele se esquivou de cada um deles como se eles não existissem para ele e correu direto para a linha de cinquenta jardas, ignorando todos os jogadores e não-jogadores entrando no campo. Eu o segui com os meus olhos para ver onde ele estava indo e vi quando ele parou e se ajoelhou na frente de JP, que parecia estar com um pouco de dificuldade em ficar em pé com as suas muletas. Do nada, Chris apareceu ao lado de Dylan e caiu de joelhos também.

Prendendo a respiração, levantei a minha câmera um pouco mais, os meus dedos coçando para capturar apenas um segundo do seu momento. Então, um por um, todos os jogadores no campo se ajoelharam na frente de seu companheiro de equipe, alguns atrás de Dylan e Chris, alguns à direita.

Antes de começar o cântico, corri em direção à boca do túnel, parei rapidamente, e juntei-me com o JP à esquerda para poder ter Dylan bem no meio do meu disparo. Concentrei-me no rosto duro e inflexível de Dylan e tirei a foto que se tornaria uma das minhas fotos mais queridas.

Quando tudo parou, eu ainda estava no mesmo lugar, enraizada no lugar.

Dylan se levantou e foi até o seu amigo. Sussurrando algo no seu ouvido, ele cuidadosamente puxou JP para si mesmo e eles deram um ao outro um daqueles abraços masculinos. Eu estava tendo muita dificuldade em segurar as minhas lágrimas. Quando o resto de sua equipe se aglomerou em torno do seu companheiro ferido, incluindo Chris, os olhos azuis escuros de Dylan encontraram os meus, me perfurando com o olhar.

Quando ele se separou da multidão, eu lentamente abaixei minha câmera e observei ele se aproximar de mim, os nossos olhos nunca perdendo contato. Ele cobriu a distância entre nós em pouco tempo. Quando ele estava bem na minha frente, olhei para ele, tão ofegante quanto ele, se não mais. Em cima disso, eu podia sentir as minhas mãos tremendo um pouco enquanto eu tentava não perder o sorriso que eu tinha no meu rosto.

Acalme-se, Zoe. Não é nada mais do que uma descarga de adrenalina. Ele ainda é seu amigo.

—Quem é ele? — Foram as primeiras palavras a sair da sua boca.

O meu sorriso vacilou. —O quê?

—Número quatro. — Eu devo ter olhado como a idiota como me senti, porque ele não esperou por uma resposta minha antes de continuar. —Trevor Paxton, você estava nos seus braços.

Bufando, relaxei e o meu sorriso aumentou nos meus lábios novamente. Eu estava certa antes – ele estava com ciúmes. Apenas a realização aliviou algo no meu peito. —O meu amigo de Phoenix. Nós crescemos no mesmo bairro, na mesma escola e tudo mais. Apenas amigos.

Com minhas palavras, os seus ombros caíram levemente. —OK. Ok, isso é bom.

Eu balancei a cabeça em movimentos rápidos e tentei não sorrir. Sim, foi bom.

Os seus olhos perfuraram os meus e sua mandíbula se apertou. —Você não está olhando para longe. Porque você não está olhando para longe?

Eu ignorei as suas palavras e perdi a batalha com os meus lábios. Eu dei um sorriso grande, com dentes e tudo mais. —Você foi incrível, Dylan, realmente incrível. — De pé na minha frente em todas essas proteções, ele parecia tão intimidante, tão grande.

A sua careta suavizou completamente e ele me deu um sorriso de menino. —Sim?

Os meus olhos caíram para os seus lábios por alguns segundos enquanto eu observava aquele sorriso bonito e surpreso – outro para adicionar à lista.

Eu queria que ele fosse meu, pensei enquanto levantava os meus olhos de volta.

Eu sorri ainda mais, se isso fosse possível. —Sim.

Um dos treinadores passou correndo por nós, quebrando o nosso pequeno momento. Dylan agarrou o meu braço e me arrastou para trás alguns passos até que eu estava quase contra a parede, nos aproximando.

—Agora eu entendo toda a publicidade, — continuei antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa. —Eu me sinto um pouco tonta, como se estivesse bêbada no jogo. Vocês foram incríveis. — Outra vitória – ou a perda, dependendo de onde você estava – ele sorri para mim. —Eu admito, não sei praticamente nada sobre futebol, e só assisto na TV por vinte minutos no máximo antes de ficar entediada, mas foi diferente estar aqui. Eu não tenho certeza se você chamaria isso de diversão, já que você é perseguido e ocasionalmente atacado, mas eu adorei. Eu não gostei de ver você sendo abordado assim, é claro, mas você sabe o que eu quero dizer. Foi quase melhor do que assistir você malhar na cozinha – quase. — Fiz uma pausa para respirar. Eu fiquei impressionada, e não me importei que ele visse isso na minha cara. —Eu quero fazer tudo de novo, agora mesmo. Você foi ótimo, Dylan.

O azul profundo nos seus olhos brilhava com uma emoção que eu não sabia nomear. —Você já disse isso, Flash, — ele murmurou, a sua voz profunda enviando uma emoção pelo meu corpo.

Eu engoli e movi a minha cabeça para cima e para baixo, porque eu estava tendo problemas para chegar a mais palavras, e sim, eu já tinha dito isso algumas vezes, na verdade. O meu cérebro estava me dizendo que era hora de sair antes de começar a divagar.

Quando Dylan olhou por cima do ombro em direção ao campo, eu também olhei nessa direção. Alguns dos seus colegas de equipe já tinham começado a dirigir-se aos vestiários.

—Eu deveria deixar você –

Parei de falar quando a mão enluvada de Dylan – sua enorme mão enluvada – segurou o meu rosto e gentilmente inclinou o meu rosto para cima. O mundo ao meu redor diminuiu a velocidade e fiquei parada. Eu juro para você, eu vi os seus olhos vagarem pelo meu rosto em câmera lenta.

—Eu gosto de ter os seus olhos em mim, Zoe.

Eu consegui forçar um sorriso nervoso. O seu polegar deslizou na minha bochecha, me deixando... basicamente completamente indefesa.

Esquecendo-me, esquecendo onde estávamos, eu sussurrei: —Eu gosto de ver você.

A sua língua apareceu e tocou o seu lábio inferior. —Eu sei.

Oh, Dylan, por que você fez isso?

—Eu quis dizer que gosto de ver você – gostei de ver você jogar hoje à noite. Eu não quis dizer que eu gosto de ver você quando você não está jogando. Eu definitivamente não te veria se você estivesse lá, ou eu não sei... eu não te veria quando você está malhando, e eu nunca te veria se você estivesse –

—Você sabe porque eu gosto de ver você?

A questão me calou rapidamente, o que provavelmente foi o melhor; quem sabia o que mais eu iria vomitar.

—Porque eu não consigo tirar os meus olhos de você. Todo o resto... tudo desaparece e..

E... E...

—E?

Eu tentei o meu melhor para não parecer ansiosa pela sua resposta - ou, digamos, não muito ansiosa, porque não havia como ele não saber que eu estava muito interessada em ouvir o que ele estava prestes a dizer.

Ele soltou um suspiro pesado e decidiu não terminar essa frase em particular. Eu vi isso nos seus olhos, uma ligeira mudança lá e se foi.

Droga!

—Eu não sei o que vou fazer com você, Zoe. Você está me deixando absolutamente louco. Primeiro Jared e agora esse cara, Trevor.

Repita isso?

Com o seu peito ainda subindo e descendo rapidamente, ele parecia querer dizer mais, mas apenas olhou nos meus olhos.

Quando começou a ficar demais para mim – quero dizer, sou uma humana insignificante, afinal de contas - tentei limpar a minha garganta como um prelúdio para me afastar, mas alguma coisa – muito provavelmente o ar - ficou preso na minha garganta e desencadeou um pequeno ataque de tosse, forçando a mão dele a cair.

—Desculpe, — eu falei quando pude respirar novamente.

Mais e mais jogadores estavam indo em direção aos vestiários. Alguns deles acertaram Dylan nas costas com comentários do tipo: —Bem apanhado, cara— e —Você fez bem, mano. — Alguns só ofereceram risadas.

Ele colocou uma pequena distância entre nós, recuando, mas os seus olhos se demoraram nos meus lábios. —Isso vai acontecer em breve, você sabe. Eu me pergunto se você está pronta para isso, porque estamos quase lá. Eu posso ver isso nos seus olhos, e você vai perder, Zoe, assim como eu sabia que você faria.

—O quê? Quase onde? Perder o quê?

—A aposta, — ele explicou calmamente. —Você vai me beijar e perder a aposta. Você não poderá resistir.

Com os lábios se inclinando, ele sorriu para mim de brincadeira.

—Oh, eu não vou, hein? Tão humilde também.

—Sim. — Ele encolheu os ombros. —Então você deve desistir, descomplicar as coisas que você precisava descomplicar. Se houver... mais, eu não sei e você não pode fazer isso por alguma razão fodida, me diga. Vou descomplicar para você. Eu gosto da antecipação de você, Flash, não vou mentir sobre isso, mas –

—Ei, Dylan! Você vem ou quê? — A minha cabeça se moveu em direção ao som e eu vi Chris e JP esperando pelo meu humilde companheiro de quarto.

—Vocês vão em frente, eu estarei lá, — ele gritou de volta.

Eu assisti os seus amigos balançarem a cabeça e irem embora. Quando olhei de volta para Dylan, ele estava me estudando de perto. Por um breve momento, me perguntei se Mark tinha nos visto em pé assim, mas eu não dava a mínima para isso, não naquele momento, pelo menos. Se houvesse repercussões - como ele gritando comigo sem um bom motivo – bem, foda-se ele.

—Precisamos conversar, Zoe. Em breve, precisamos conversar e descobrir as coisas.

—Uh, descobrir o quê? — Eu perguntei, distraída pelos seus lábios em movimento.

—A coisa que você precisa para descomplicar.

Eu olhei nos seus olhos novamente; havia uma tempestade se formando ali.

—Isso está me deixando louco, — ele continuou.

Como a idiota que sou, apenas olhei para ele. O que diabos eu poderia ter dito?

Alguém bateu nas costas dele, fazendo-o perder o equilíbrio e apoiar a palma da mão na parede atrás de mim. Ele murmurou algo em voz baixa e olhou por cima do ombro antes de olhar para mim.

—Isso vai acontecer.

Ele estava correndo para longe antes que eu tivesse a chance de acenar ou abrir a boca.

—Eu estou dizendo a você, a qualquer momento, — ele gritou uma última vez antes de desaparecer da minha vista.

Segundos depois, Mark e a sua comitiva passaram por mim sem nem notar que eu estava ali. Se isso tivesse acontecido quando estávamos de volta a Los Angeles – na verdade, acontecera no campus mais de um punhado de vezes, e em todas e cada uma dessas ocasiões, eu senti que não era nada além de um incómodo quando ele olhou através de mim, mas desta vez eu não poderia ter me importado menos. Ele era a menor das minhas preocupações.


Capítulo 17

Dylan

A semana passou como um borrão, e estava ficando cada vez mais difícil manter as minhas mãos e olhos longe de Zoe. Com tudo acontecendo com o JP e sua recuperação, além de Chris, ela era a única pessoa com quem eu estava interessado em passar o tempo. Por mais que ser amigo dela tenha sido uma piada para mim desde o primeiro dia em que ela pulou em cima de mim, muito nua depois que sua toalha caiu, de alguma forma ela acabou sendo exatamente isso.

A minha companheira.

A minha própria companheira... que eu queria foder sem sentido.

Toda vez que o braço dela acidentalmente roçava o meu quando passávamos pelo corredor ou na cozinha, toda vez que ela olhava para mim e sorria, todas aquelas noites em que nos sentávamos em lados opostos do sofá e assistíamos a um filme no seu laptop... toda vez que ela saía do quarto com olhos sonolentos, pernas lisas, e aquela porra de bunda perfeita, eu sempre dava uma olhada quando ela pegava uma tigela em um dos armários e fingia não me ver enquanto eu fazia a minha rotina de treino matinal bem na frente dela enquanto ela tomava seu café da manhã... toda vez que nos esbarrávamos no banheiro para escovar os dentes, olhos sonolentos, voz rouca... toda vez que ela abria o armário que continha os seus preciosos M&Ms e passava alguns segundos olhando para eles, só Deus sabe porque razão... toda vez eu a peguei na ponta dos pés no apartamento para que a Sra. Hilda não a pegasse... toda vez que ela segurava meu olhar por mais do que alguns segundos... você está vendo onde eu estou indo com isso?

Parecia que toda vez que ela respirava, eu ficava duro apenas observando o seu peito subir e descer, as minhas mãos coçando para tocar a sua pele, os seus lábios, o seu pescoço, o seu queixo, as suas mãos, as suas pernas, a sua bunda deliciosa. Ela estava lentamente me matando, e de tudo que eu sabia sobre ela, ela não tinha uma única pista do que estava fazendo.

Toda vez que eu a via, eu tinha mais e mais dificuldade em me lembrar porque eu não poderia estar com ela. Enquanto eu estava ficando louco por ela, dia após dia, ela ainda estava vendo-o. Eu disse a mim mesmo que não era possível, que eu estava vendo as coisas fora de proporção, mas todas as pequenas pistas estavam lá. Só porque eu esperava estar errado, esperava que terminasse qualquer dia, isso não mudaria o resultado ou os fatos. Ela tinha alguma coisa acontecendo com o treinador, e estava fodendo com a minha cabeça como nunca algo esteve em toda a minha vida. Eu não acreditava que as suas famílias fossem amigas. Eu não sabia como acreditar, mas eu não acreditava nisso. Eu não podia imaginar Zoe estando com ele; ela não era esse tipo de garota, ainda...

Além de tudo, mal tive tempo de fazer qualquer coisa. Eu estava trabalhando ou na sala de musculação, sendo chutado pelos nossos treinadores. Não ajudou que eu estivesse mantendo um segredo do Chris, talvez vários. Ah, ele sabia que o pai estava saindo com alguém de novo - ele havia me dito isso apenas uma semana antes – mas eles sempre sabiam quando o pai estava tendo um caso. O que ele não sabia era que o apartamento em que eu estava hospedado era na verdade do pai dele, e ele não sabia que Zoe também estava hospedada no apartamento do pai dele. Ele não tinha ideia do que tudo isso significava.

Semanas se passaram desde que Zoe fotografou o nosso jogo fora, desde que eu a vi com outro cara e cheguei perto de perder a minha merda na frente de todo mundo. Nós ainda não sentamos e tivemos a nossa conversa. Alguns dias eu pensei que ela estava me evitando de propósito, em outros dias nós simplesmente não tínhamos tempo, e em alguns outros eu não queria fazer nada além de sentar ao lado dela no chão em frente ao sofá e apenas jantar enquanto conversavamos sobre nada em particular. O Halloween passou, nós perdemos e ganhamos mais jogos fora do que jogos em casa, e essa coisa louca que eu estava começando a sentir por ela não ia a lugar nenhum, apesar das circunstâncias.

Eu já não dava a mínima para o quanto errado era mexer com a namorada de outra pessoa porque eu não podia aceitar o fato de que ela realmente era a garota de outra pessoa – se ela fosse, eu era o maior idiota do mundo por começar a me apaixonar pela minha amiga – ou ela estava em uma situação muito fodida e estranha com o meu treinador. Se fosse esse o caso, eu estava pronto para consertar isso.

A única vantagem de me sentir frustrado e sem fim quando morava com a garota que eu achava que deveria estar comigo e não com algum outro desgraçado era que eu treinava mais do que alguma vez treinei na minha vida. Todos os meus treinadores ficaram impressionados. Chris e eu estávamos perfeitamente em sincronia no campo, e eu estava dando tudo de mim. O sonho que eu tive desde quando eu nem me lembrava se tornaria uma realidade. Eu ia deixar a minha família orgulhosa.

Depois de uma sessão de treino pesado com um dos treinadores que estava me ajudando a me preparar para a seleção chegando no final de fevereiro, eu fui para casa, esperando ver Zoe. Eu conhecia a agenda dela de cor, e se ela não tivesse reservado um trabalho de fotografia no último minuto, eu sabia que ela chegaria em casa um pouco depois de mim. Desde o jogo fora, ela tentou o seu melhor para que não tivesse que ficar sozinha por muito tempo comigo, mas nós vivíamos no mesmo maldito apartamento. Ela dormia literalmente a passos de mim, então só havia tanta fuga quanto ela conseguia - não que eu realmente acreditasse que ela estava tentando o seu melhor nisso.

Eu considerei parar em sua pizzaria favorita para surpreendê-la, mas mudei de ideia e decidi esperar ela chegar em casa e convencê-la a sair para comer pizza. Na minha opinião, parecia um plano muito melhor.

Apenas não foi.

Percebi isso uma vez que cheguei ao nosso andar e encontrei Vicky esperando por mim na frente da porta do nosso apartamento.

Congelado no topo da escada, pensei em matar JP, se tivesse sido ele quem lhe disse onde me encontrar. A cabeça de Vicky se levantou do telefone quando ouviu os meus passos e se afastou da parede.

—Dylan, eu-

—O que diabos você está fazendo aqui?

Ela colocou o celular no bolso de trás, deu um passo na minha direção e parou.

—Eu quero falar com você, só desta vez. Por favor, Dylan.

Eu me afastei e passei por ela para destrancar a porta.

—Não temos nada para conversar. Você não deveria ter vindo aqui, Victoria.

Eu olhei por cima do meu ombro e peguei o seu sutil recuo ao usar seu nome completo.

Ela ergueu as mãos e as deixou cair de lado. —Bem, azar o seu. Você não está respondendo aos meus textos ou ligações, então não vou sair até você falar comigo.

Quando a sua voz começou a subir de forma constante, a minha cabeça voou para a porta da Sra. Hilda. Normalmente, a mulher mal-humorada teria saído daquela porta no segundo em que ela pegasse alguém subindo as escadas, sem falhar, mas não havia sinal dela no momento, e me perguntei se ela estava nos observando pelo olho mágico.

Ignorando Victoria, abri a porta e joguei a minha bolsa para dentro antes de encará-la novamente.

—Não tenho motivos para retornar as suas ligações, Victoria. Já faz meses. Não há nada a dizer.

Tendo dito tudo o que eu diria sobre o assunto, fui fechar a porta na cara dela, mas ela foi mais rápida e bateu a palma da mão contra a superfície para me impedir. O som ecoou nas paredes, e se a Sra. Hilda, por alguma razão desconhecida, não estivesse ciente do que estava acontecendo bem na frente de sua porta, ela definitivamente teria ouvido aquele barulho e logo sairia para investigar...

—Eu tenho coisas a dizer, — ela anunciou com um levantar do queixo quando ela encontrou o meu olhar.

—Victoria... vá embora, — eu cerrei os dentes, e ela foi inteligente o suficiente para perceber o quão perto eu estava de me perder. Ela deixou cair a sua postura de raiva e deu um passo para trás, voltando ao ato inocente.

—Eu irei embora. Eu prometo que vou. Eu só quero conversar, Dylan, só desta vez, e se você não quiser, nunca mais me verá. Eu só quero me desculpar.

Uma chave sacudiu na porta, sinalizando que era tarde demais para me livrar de Victoria sem um incidente que levaria ainda mais tempo para resolver. A Sra. Hilda estaria fora assim que abrisse a porta, exigindo saber o que estava acontecendo, e eu não tinha tempo para aquela mulher.

Sem opções, eu sacudi a cabeça. —Entre.

Victoria entrou. Assim que eu fechei a porta atrás dela, a porta da Srta. Hilda se abriu.

Passando pela minha ex-namorada, fui direto para a área da cozinha. —Você tem um tempo até eu ouvir o vizinho da porta ao lado fechar a porta. — Pressionando as palmas das mãos no balcão do café da manhã, senti a necessidade de me repetir. —Eu não preciso de seu pedido de desculpas. Eu vou ouvir, só porque você me forçou, mas não tenho nada a dizer para você. Eu pensei que já tinha deixado isso claro quando te peguei sendo fodida pelos meus companheiros de equipe.

—Você ainda está com raiva, você não vê o que isso significa? — ela perguntou, caminhando na minha direção.

—O que diabos você acha que isso significa? — Eu atirei de volta.

—Se você está com raiva, isso significa que você ainda se importa. Eu sei que o magoei, Dylan. Confie em mim, você me encontrando naquela noite, me vendo assim... me machucou mais do que machucou você e...

—Você está brincando comigo agora?

—Eu realmente sinto muito que você teve que ver isso – você não tem ideia de quanto – mas foi apenas uma coisa de uma vez. Eu nem sei como isso aconteceu. Um minuto eu estava esperando por você no andar de cima e no próximo eu me encontrei...

Quando ela virou a esquina para chegar ao meu lado, me endireitei e me afastei.

—Você já acabou.

—Espere, Dylan. — Ela me alcançou e agarrou o meu braço. —Eu só queria ver você para pedir desculpas, ok? Você nem me deixou fazer isso.

Eu olhei para a mão dela, que ainda estava presa ao meu braço, e encontrei o seu olhar. Ela me soltou e deu um passo para trás.

—Você estava tão ocupado. Primeiro, eram as aulas de verão, então era... Nós não fizemos sexo em duas semanas e você estava –

—Eu estava passando pelo acampamento de outono, Victoria. Eu mal estava me arrastando de volta para casa no final do dia.

A sua mão pousou no meu antebraço mais uma vez e ela se aproximou. —Eu sei. Eu sei, e eu deveria ter sido mais compreensiva. Eu sei disso agora, mas não era como se eu tivesse planejado –

Ouvimos uma chave na fechadura e Victoria inclinou-se para a minha direita para ver além de mim.

—Você sabia que um cavalo-marinho - o macho, a propósito, no caso de você não saber - dá à luz até dois mil pequenos cavalos marinhos? Você pode imaginar? Isso é dois mil. Eu acabei de assistir a um vídeo no Instagram e –

Eu olhei por cima do meu ombro e vi Zoe congelada na porta aberta.

Os seus olhos saltaram entre Victoria e eu enquanto ela limpava a garganta. —Oi. Sinto muito, espero não estar interrompendo.

Como eu tinha começado a fazer toda vez que ela entrava na sala, eu a olhei. Seu cabelo parecia desalinhado e eu sabia que ela tinha acabado de tirá-lo de um coque bagunçado na nuca; ela queria isso fora do seu rosto quando tirava fotos. Ela usava aquelas botas marrons sensuais que faziam o meu pau se contorcer por alguma maldita razão, calças pretas apertadas que fazia mais coisas com meu pau do que apenas fazê-lo se contorcer sempre que eu olhava para ela, e como sempre, um camiseta branca simples que tinha algo escrito na frente sob o cardigã cor de vinho que ela não se conseguia se separar ultimamente.

Zoe virou de costas para nós para pegar sua chave da fechadura, e meus olhos caíram para a curva da sua bunda. Antes que eu pudesse tirar os meus olhos disso, ambas falaram.

—Você quer que eu vá embora, Dylan? Talvez possamos conversar mais tarde, — sussurrou Victoria ao meu lado.

—Eu não sabia que você tinha alguém. Talvez eu devesse sair e...— Zoe disse sobre Victoria.

—Sim, saia, — eu respondi em uma voz plana. Com uma careta no meu rosto, eu observei os olhos de Zoe se arregalarem quando seu rosto se encolheu.

—Eu só vou deixar isso aqui, — ela murmurou em voz baixa, e no momento em que me virei para ver o que diabos ela estava falando, ela já tinha deixado cair a bolsa da câmera ao lado da porta e estava fechando. A única coisa era... ela estava do lado errado da porta.

—Acho que ela não percebeu que você estava falando comigo.

Ignorando a presença de Victoria, corri para a porta, mas não vi Zoe quando a abri, apenas o som de seus passos correndo.

Eu fechei a porta com raiva mal controlada e me virei para Victoria.

—Saia.

—Eu não sabia que você estava vendo alguém, Dylan. Sinto muito, eu realmente não queria –

Eu olhei para ela. —Victoria, saia. Por favor.

—Eu perguntei aos rapazes e eles me disseram que você não estava vendo ninguém. Eu sinto muito. Eu sei que você não vai acreditar em mim, mas eu não vim aqui para causar problemas. Eu só queria –

—O que diabos você queria, Victoria? Você disse que veio pedir desculpas, e você fez. Agora que você fez, você pode sair. Eu não preciso ouvir você dizer que você está falando com os rapazes.

Ela balançou a cabeça e levantou as mãos. —Oh, não, eu não quis dizer assim. Eu quis dizer os seus companheiros de equipe, não Max e Kyle. Falei com seus outros colegas de equipe.

Era como se ela não estivesse ouvindo uma palavra do que eu estava dizendo, e eu precisava que ela desse o fora o mais rápido possível.

—Eu posso falar com sua namorada, explicar.

—Ela não é... — Minha, pensei. Ela não era minha ainda, mas isso ia mudar. Eu cansei de esperar. —Ela é minha amiga e você não vai dizer uma única palavra para ela.

Ou ela finalmente viu como eu estava com raiva e tenso ou ela ouviu na minha voz, porque ela deu alguns passos para trás e olhou para mim com olhos tristes.

—Você está com muita raiva.

—Victoria, — eu rosnei, a minha mão praticamente balançando a maçaneta da porta com fúria. Eu precisava ir atrás de Zoe, não ficar aqui e satisfazer a minha ex.

—Eu acho que deveria sair.

—Você acha? — Eu perguntei em descrença.

Fechando os olhos, rolei os meus ombros para relaxar. Não ajudou.

Abrindo a porta, esperei que ela atravessasse. Em vez de sair imediatamente, ela saiu e me encarou.

—Eu só precisava que você soubesse que sinto muito, e... eu sinto a sua falta, Dylan. É a faculdade e eu cometi um erro e...

—Agora eu sei, — eu interrompi e fechei a porta na cara dela.

Curvando-me, peguei o meu celular na bolsa e disquei o número de Zoe.

Tocou e tocou, mas não houve resposta. Ela tinha ele com ela, eu tinha certeza. Enviando-lhe uma mensagem rápida, eu não esperei que ela me respondesse. Havia uma boa chance dela ter interpretado erroneamente a presença de Victoria e estava ignorando quaisquer ligações e mensagens vindas de mim.

Chutei a minha bolsa e ela deslizou em direção à sala de estar.

—Droga!

Esfregando a palma da minha mão na minha cabeça, liguei para Jimmy.

Ele respondeu no segundo toque. —Jimmy aqui. Fale comigo.

—Jimmy, eu sei que meu turno começa daqui a duas horas, mas eu não vou conseguir hoje à noite. É... coisa de futebol.

—Você percebe que é sábado, certo? Eu preciso de você aqui, cara.

—Eu sei, e me desculpe, mas aconteceu no último minuto. Eu não posso pular isso. Eu prometo que vou compensar você. Eu não estava programado para amanhã, mas vou ajudar. Eu vou no meio da semana também.

Ele soltou um longo suspiro que se misturou com a música ao fundo. —Tudo bem, tudo bem, mas você não pode me deixar na mão amanhã.

—Eu não vou. Eu estarei lá. Obrigado, Jimmy.

A minha próxima ligação foi para o Chris.

—Está tudo bem?

—Você tem um número de telefone do defesa que jogou no nosso primeiro e segundo ano? Você sabe, aquele que foi transferido?

—Você quer dizer Tony?

—Sim, é esse. Você tem?

—Deixe-me ver. O que está acontecendo?

—Eu preciso perguntar-lhe uma coisa.

—Oh, obrigado, isso explica muito. Espere... tudo bem, eu tenho.

—Bom. Mande uma mensagem para mim.

—Você vai me dizer o que está acontecendo?

—Mais tarde. Me mande uma mensagem.

Eu saí antes que ele pudesse me enviar o número. Se eu tivesse pegado o número da amiga de Zoe, dois anos atrás, eu teria conseguido mais facilmente descobrir onde ela tinha ido, mas eu não tinha. Mesmo que fosse um tiro no escuro, Tony poderia ter segurado o número da garota com quem namorou por quase um ano antes de ser transferido, e eu tinha certeza de que aquela garota teria o número de Kayla. Era a minha única oportunidade. Claro, eu poderia ter esperado ela voltar para o apartamento, mas isso poderia levar horas, e ela passaria essas horas pensando em algo que eu não queria que ela pensasse. Não foi uma escolha que eu considerei mais de um segundo.

Meu telefone tocou com uma nova mensagem ao mesmo tempo que saí do prédio.


* * *

Foi o meu dia de sorte. Depois de conversar com Tony, recebi o telefone da garota, cujo nome era aparentemente Erica. Então liguei para Erica e pedi o número de Kayla.

A voz do outro lado da linha respondeu timidamente. —Olá?

—Kayla? — Eu perguntei, não tendo certeza se era o número certo ou não.

—Umm, sim? Quem é?

—É Dylan, Zoe... — O que diabos eu era para ela? —O amigo de Zoe – seu companheiro de quarto. Desculpe por incomodar você, mas estou tentando encontrar Zoe e ela não está respondendo às minhas ligações. Você tem alguma ideia de onde ela está?

—Me dê um segundo, — ela sussurrou.

Houve algum farfalhar, uma porta abrindo e fechando, e então ela estava na linha novamente, sua voz mais forte do que antes.

—Ela me mandou uma mensagem alguns minutos atrás. Por que você quer saber onde ela está? Alguma coisa está acontecendo?

—Não. Eu só preciso vê-la.

Eu esperei pelo silêncio.

—OK. Eu não sei o que está acontecendo, mas espero que você não faça eu me arrepender disso.

—Por favor, — eu forcei.

—Estou indo para uma festa na casa de fraternidade do meu namorado. Ela me mandou uma mensagem para perguntar se poderíamos nos encontrar, então eu disse a ela que a encontraria lá em uma hora, então. Eu não sei onde ela vai se ela não estiver na casa.

—Onde é a festa?


Capítulo 18

Dylan

Quando passei pela porta aberta da casa da fraternidade por volta das dez da noite, já havia copos vermelhos espalhadas pelo chão e o ar cheirava a suor, cerveja e a pior mistura de perfumes – os itens básicos das festas de faculdade. Apenas alguns passos e eu já podia ver os corpos apertados na pista de dança. Eu empurrei as poucas pessoas que estavam de pé ao redor da porta, casualmente conversando gritando uma com a outra sobre a música, e comecei a olhar em volta. Pulando a pista de dança, eu procurei cada centímetro da casa, incluindo os quartos do andar de cima. Zoe não estava em lugar algum e nem sua amiga, Kayla.

Esperando que talvez elas não tivessem chegado lá ainda, eu fiz outra varredura do primeiro andar, em seguida, fui para o porão. Felizmente a música não era alta o suficiente para fazer os meus ouvidos sangrarem, mas eu sabia que teria uma dor de cabeça na manhã seguinte.

Festas de fraternidade nunca são uma boa ideia se você estiver sóbrio e cansado com a coisa toda.

Ao encontrar alguns companheiros de equipe, tive que parar e jogar alguma conversa fora. Quando vi Zoe sentada em um sofá feio e verde no canto perto de uma partida de cerveja, eu pude respirar mais facilmente e pensar novamente. Ela estava sentada ao lado de Kayla, que estava de costas para mim, e elas estavam conversando no que parecia ser um tom apressado - tão silenciosas quanto elas poderiam naquele tumulto com todo mundo aplaudindo os campeões de pingue-pongue de cerveja.

Foi quando eu estava no meio do caminho que Zoe finalmente me notou e os nossos olhos se encontraram do outro lado da sala. Alguém tocou o meu ombro e tentou me impedir de chegar até ela. Eu me virei para o cara com uma carranca no meu rosto e ele recuou.

—Desculpe cara. Só queria dizer parabéns pelo incrível jogo de ontem.

—Obrigado, — eu murmurei e dei a ele um aceno, já indo embora.

Afastando as poucas pessoas que estavam no meu caminho, finalmente cheguei a Zoe.

Sem parar ou quebrar um dos nossos raros períodos de contato visual prolongado, eu me inclinei e peguei a mão dela na minha, puxando-a com facilidade.

—Zoe! — Kayla gritou, agarrando o seu braço esquerdo.

—Eu preciso falar com ela, — eu expliquei antes de começarmos a jogar uma partida de braço de ferro e Zoe poderia sair. Eu não queria dar-lhe uma maneira de escapar.

Depois que Zoe deu a sua amiga um aceno cauteloso, Kayla relutantemente a soltou. Peguei o copo vermelho meio vazio da sua mão livre e coloquei no meio da mesa de pingue-pongue. Ignorando os gemidos de protestos, levei-a para a escada, que tinha um pequeno canto de privacidade logo atrás dela.

Eu pisei em algo pegajoso que me fez parar, mas quando vi que não era vomito, eu ignorei e continuei andando. Puxando Zoe para perto da parede, onde a música estava um pouco abafada, eu estudei o seu rosto. Com os seus olhos grandes e vulneráveis, ela parecia muito insegura. Com cuidado, ela puxou a mão da minha.

—Você saiu, — eu comecei, e pude ouvir o quão ríspida a minha voz soou.

Ela olhou de volta, mas ainda respondeu. —Sim, porque você me disse para sair.

—Não. Eu disse a ela para sair.

—Você estava olhando direto nos meus olhos quando falou. Tudo bem, Dylan. Você está autorizado a receber amigos. Eu não deveria ter... espero não ter interrompido –

Eu me levantei sobre ela e ela se inclinou para trás. —Você está falando sério agora?

Olhos ainda maiores. —O quê?

—Você espera que você não tenha interrompido?

As suas sobrancelhas se juntaram em confusão. —Sim?

—Você está brincando comigo, Zoe? Porque eu não posso acreditar que você pode ser tão ignorante. Você não pode ser.

—Eu não estou fazendo nada. Você está com raiva de mim por algum motivo, e acho que vou voltar para Kay –

Quando ela se afastou de mim, peguei o seu pulso por trás e a puxei de volta para o meu peito. Depois do grunhido inicial, ela se acalmou. Graças às botas que eu amava tanto, a cabeça dela chegou quase até o meu queixo.

Inclinando a minha cabeça, respirei fundo o seu aroma doce e tentei acalmar o inferno. Os seus ombros ficaram tensos.

—Você não pode ser tão ignorante, — eu repeti em um sussurro contra o seu ouvido, pegando o ligeiro tremor do seu corpo. A sua cabeça se mexeu, apenas um pequeno movimento. Eu olhei para baixo para ver a mão dela segurando a borda do seu casaco de malha, então eu peguei os seus dedos e os entrelacei com os meus, ignorando o quão tensa ela estava me segurando.

—Dylan, eu –

—Eu só quero que você me escute, apenas uma vez. É isso, Zoe. Isso é tudo. — Agarrando sua outra mão, fiz o mesmo e passei os braços ao redor do seu estômago. A sua mão esquerda apertou a minha com força, mas ela não se afastou.

Eu fechei os últimos centímetros nos separando, puxando-a contra o meu peito.

—Dylan, tem gente –

—Está escuro, e ninguém pode nos ver aqui, — eu murmurei em uma voz amarga. O seu aviso me ajudou a lembrar exatamente por que eu não podia e não deveria segurá-la assim, nem mesmo em um canto escuro numa festa onde ninguém se importava com nada além da sua bebida e quem eles poderiam levar para a cama ou qualquer superfície vazia que eles poderiam encontrar. —Não me peça para deixar você ir, por favor. Eu não posso.

Ela se acalmou, então eu lhe dei um aperto como agradecimento e deixei escapar um longo suspiro. Descansando a minha testa no seu ombro, eu inalei profundamente. Lentamente, como se ela estivesse com medo que me assustasse, ela descansou a sua têmpora contra o lado da minha cabeça, e algo dentro de mim se desfez, o meu sangue estava fervendo.

Eu não podia fazer isso. Eu não podia mais ficar longe.

Os meus dedos apertaram ao redor dos dela a ponto de eu saber que devia estar a machucando, mas ainda assim, ficamos desse jeito por alguns segundos.

Levantando a cabeça, me certificando que as nossas têmporas permaneciam em contato, comecei a explicar o que ela tinha flagrado antes de fugir.

—Cheguei em casa alguns minutos antes de você e ela estava esperando por mim na porta. Eu disse a ela para sair, mas ela continuava insistindo que queria falar comigo.

O corpo de Zoe endureceu contra o meu. Não tendo ideia do que eu tinha permissão para fazer, o quanto eu poderia atravessar a linha invisível que existia entre nós, me inclinei mais contra a parede para me impedir de fazer algo estúpido e me limitei a acariciar aquela pequena covinha onde o seu polegar e primeiro dedo se encontravam.

—Antes que eu pudesse fazê-la sair, ouvi a Sra. Hilda abrir a porta então eu tive que a deixar entrar. Quando você chegou, ela só estava lá por alguns minutos.

—Quem é ela? — Ela sussurrou, com a cabeça inclinada para o lado, os olhos meio fechados, a respiração irregular.

Eu bufei e acariciei a sua têmpora.

—Victoria, a minha ex. Eu não tinha nada a dizer para ela, eu juro, e quando você chegou, ela perguntou se eu queria que ela saísse ao mesmo tempo que você disse. Eu nem pensei, apenas disse sim. Eu não achei que você tivesse entendido mal. Eu não achei que você fosse sair.

Não houve reação por longos segundos, mas ela não estava indo embora também.

—Eu estava indo levar você para uma pizza antes do meu turno no Jimmy, — eu murmurei no seu ouvido quando os gritos vindos da sala se levantaram e se misturaram com a música.

A sua cabeça se inclinou, me oferecendo mais quando a parte de trás de sua cabeça caiu no meu ombro.

Foda-se.

Ela murmurou alguma coisa, mas eu não consegui ouvir, então me inclinei até que a boca dela estava bem ao lado da minha orelha.

—Eu amo pizza, — ela repetiu, e eu tive que fechar os olhos porque os seus lábios roçaram a minha pele, quase me deixando incapacitado.

—Eu sei que você gosta, você diz isso todos os dias. — Eu sorri de alívio e dei um beijo prolongado na sua bochecha, o que surpreendeu a nós dois.

Lentamente ela levantou a cabeça do meu ombro. Relutantemente, eu soltei as suas mãos e os nossos braços caíram. Eu não tinha ideia do que diabos eu estava fazendo, e eu estava com medo de estar longe demais para me impedir quando se tratava de qualquer coisa envolvendo Zoe.

Limpando a minha garganta, continuei, e desta vez tentei falar mais alto para não ter que falar diretamente em seu ouvido. Quanto mais perto estávamos, mais perigoso era. —Eu corri atrás de você, mas você já tinha ido embora e eu não queria deixar Victoria no apartamento. Mandei-a embora menos de um minuto depois, então eu vim atrás de você.

Virando-se para me encarar, ela olhou diretamente nos meus olhos. —Como você sabia que eu estaria aqui?

—Liguei para Chris e peguei o número do telefone do cara que namorou a amiga de Kayla quando a conheci. Depois, mais algumas ligações e recebi o número de Kayla. Ela não lhe contou? — Ela mordeu o lábio inferior e balançou a cabeça. Incapaz de me conter, eu estendi a mão e segurei a sua bochecha, segurando-me para não puxar o seu lábio com o meu polegar. —Eu não sabia onde você estava, então eu tive que esperar uma hora antes de vir aqui.

—Eu fui comer uma pizza, — ela disse com um sorriso hesitante nos seus lábios.

Deixando de lado a sua bochecha, deixei cair a cabeça na parede e ri, relaxando um pouco.

—Claro que sim, — eu disse quando pude olhar para ela novamente.

Ela levantou o ombro e me deu um meio encolher de ombros. —Comida me faz feliz, especialmente pizza.

Quando nenhum de nós pronunciou uma palavra, apenas mantendo os olhos um no outro, meu sorriso desapareceu lentamente e me afastei da parede.

Ao mesmo tempo, a música parou e houve apenas gritos e vaias.

—Zoe...

Ela foi rápida em desviar o olhar e me deu as costas.

—Eu não acho que Kayla esteja bem. Algo está errado e eu devo voltar a –

Eu agarrei a sua mão por trás, já que isso a impediu de sair da última vez.

Eu não podia deixá-la ir, não agora. Aquele pequeno espaço era nosso, proporcionando abrigo para nós, pelo que eu estava querendo há semanas, e eu não estava pronto ou disposto a deixá-la ir tão rápido ou facilmente. —Dez minutos, — eu disse. —Apenas mais dez minutos para te sentir assim.

Quando eu dei a ela um puxão suave, ela não discutiu ou se afastou. Em dois passos ela estava de volta nos meus braços e eu estava abraçando-a no meu peito ainda mais forte. Ela não parecia se importar e eu não planejava a deixar ir, não por mais dez minutos.

Do jeito que o meu coração estava martelando no meu peito, eu não acho que eu tenha ficado tão ansioso na minha vida. Era o mesmo tipo de emoção que estar no campo.

—Dylan, — Zoe murmurou quando a palma da minha mão roçou a parte de baixo de seu peito e a sua cabeça descansou contra o meu ombro novamente.

Eu a abracei mais apertado.

—Escolha-me, Zoe. — As palavras correram para fora de mim antes que eu pudesse me parar.

O seu aperto reflexivamente apertou as minhas mãos com minhas palavras enquanto as suas pálpebras se fechavam devagar.

—Deixe-o, — eu continuei. —Estou bem aqui e quero você, muito mesmo. Não tenho certeza de quanto mais posso suportar. Toda vez que eu vejo você com um cara... eu só quero arrancar a sua cabeça por tocá-la, por olhar para você, por estar perto de você quando eu não posso. O cara do jogo de Tucson? Eu nunca joguei agressivamente antes. Tudo o que eu queria fazer era derrubá-lo. Você está me deixando louco, e eu nunca tive tanta inveja de ninguém na minha vida. — Fiz uma pausa. —Eu preciso que você o deixe ir, Zoe. O que quer que esteja acontecendo entre vocês dois, eu não quero saber. Só preciso de você me escolher agora. Eu sou aquele que deveria estar com você, não com mais ninguém.

Com suas costas ainda apoiadas no meu peito, ela se moveu nos meus braços o suficiente para olhar para mim. —Dylan, — ela sussurrou, e eu vi os seus lábios se moverem, a sua língua se esgueirando para molhá-los. —Você não entende –

Eu puxei o seu cabelo para longe do seu pescoço, pressionei os meus lábios contra a sua pele, e senti a vibração do seu gemido contra os meus lábios.

O meu corpo superaqueceu por estar tão perto dela, tendo problemas para decidir o que eu queria fazer primeiro com ela quando estivéssemos sozinhos – verdadeiramente sozinhos, não em uma casa de fraternidade cercados por idiotas bêbados. Só de pensar nas possibilidades, o meu pau pressionou mais forte contra o zíper das minhas calças.

Mais sete minutos. Isso era meu. Nosso.

Com a música do NERD —She Wants to Move— que começou a tocar em segundo plano, nem mesmo percebendo o que eu estava fazendo, abri a minha boca, rocei a sua pele com meus dentes e gentilmente chupei o seu pescoço, não forte o suficiente para deixar uma marca, mas forte o suficiente para fazê-la perder um pouco de controle e me deixar ouvi-la gemer de novo.

Em vez de continuar como se eu estivesse desesperado para fazer, eu parei e tentei limpar a minha mente.

Que porra você está fazendo, homem?

Eu a soltei e o seu corpo endureceu.

—Eu deveria me desculpar por isso... foi mais do que apenas um beijo amigável... mas eu não posso.

—Eu não tenho um namorado, — ela deixou escapar, sua cabeça voltada para mim, os olhos focados no meu queixo, seus braços a abraçando como se ela estivesse prestes a desmoronar e mal estava se segurando.

—O que você acabou de dizer?

—Eu não tenho um namorado, — ela repetiu lentamente, desta vez encontrando o meu olhar.

—Acabou? Está feito? — Eu perguntei incrédulo enquanto algo indescritível corria pelas minhas veias.

—Eu... — Ela desviou o olhar e assentiu. —Sim.

Alcançando a sua mão, eu a virei para me encarar, tudo ao nosso redor se transformando num borrão confuso. Eu segurei as suas bochechas e descansei a minha testa contra a dela, sem respirar. —Quando? — Ela abriu a boca para responder, mas eu a interrompi. —Deixa pra lá. Eu não me importo.

Cutucando o seu nariz com o meu, beijei a borda da sua boca enquanto ela soltava um suspiro duro.

—Precisamos conversar, Dylan. Eu preciso te dizer o que estava acontecendo. Eu não quero que você pense –

—Nós vamos descobrir o que fazer, — eu murmurei e beijei a sua bochecha.

—O que você faz –

—Você está bêbada?

—O quê? Não. Você precisa ouvir –

—Então me beije, Zoe.

Ela se afastou, estudando o meu rosto enquanto os seus olhos se estreitavam lentamente. —E perder a aposta? — Os seus olhos caíram para os meus lábios, em seguida, de volta para cima. —Você me beija primeiro, — ela disse, toda ofegante quando as suas bochechas ficaram rosa.

Ela ia perder a aposta.

Eu deslizei os meus braços ao redor da sua cintura, a prendendo, e sorri para ela. Eu me senti leve, aliviado, empolgado. —Você está assustada?

—O quê? Com medo de você? — Ela bufou e então corou.

O meu sorriso cresceu e eu escondi o meu rosto contra o seu pescoço. —Você é tão fofa e está tremendo, — sussurrei no seu ouvido. —Você está com medo de me beijar? — Uma pausa para que eu pudesse pressionar outro beijo prolongado no seu pescoço. —Ou você está com medo que eu vá beijar você? — Levantando a minha cabeça, eu encontrei os seus grandes olhos. —Eu não dou a mínima para a aposta, eu só preciso—

Alguém esbarrou em nós e Zoe engasgou alto quando ela saltou contra a parede à sua direita. Ela esfregou o ombro quando a puxei para trás de mim.

—Cara!, — gritou um filho da puta de cabelos escuros, olhando para nós com os olhos meio fechados. A garota pendurada no ombro dele riu atrás dele.

—Dê o fora daqui, — eu rosnei, e os seus olhos vermelhos se arregalaram.

—Calma, cara. Todos os quartos estão cheios. Não sabia que alguém já havia reivindicado este lugar. Nós vamos encontrar outro canto.

—Sim, faça isso.

Quando eles saíram, eu me virei para encontrar Zoe encostada com a testa contra a parede, os olhos fechados.

Pisando atrás dela, esfreguei o braço que ela saltou. —Você está bem?

Limpando a garganta, ela assentiu, mas não me olhou.

Em vez de forçá-la a me encarar, deslizei os meus braços ao redor dela e afastei as suas mãos da parede. Eu não estava pronto para ela se esconder de mim. Eu precisava de mais.

Mais dos seus olhos nos meus.

Mais daquele sorriso tímido e trémulo que eu amava tanto.

Mais do seu toque.

Mais de seus lábios, sua pele.

—Zoe, — eu persuadi. Com a sua testa ainda pressionada contra a parede, ela olhava para as nossas mãos. As minhas mãos estavam abertas, descansando para cima. Desta vez ela foi a única a enrolar os seus dedos em volta dos meus e segurar firme.

Perdido na nossa pequena bolha, eu sacudi as nossas mãos e pressionei as costas dela até ao topo das suas coxas. Sem qualquer hesitação, eu puxei a sua bunda contra a minha ereção que estava crescendo rapidamente.

Eu estava a observando muito de perto, cada sopro da sua respiração, cada piscar de olhos sonolento. Era fácil pegar o momento em que ela parou de respirar e o tempo parou.

Então ela gemeu, um som baixo e sexy só para os meus ouvidos, e quebrou o aperto que eu tinha em mim. Eu não percebi que não havia música no fundo até que aquele som me rasgasse. Enquanto eu a segurava no lugar, levei tudo de mim para não me esfregar contra a sua bunda, ou melhor ainda, apenas a levar contra a parede.

Ela empurrou a bunda para trás e eu baixei a cabeça para o seu ombro com um rosnado.

—Dylan, — ela gemeu, provocando outro impulso dos meus quadris. A sua pele estava queimando sob os meus lábios enquanto eu beijava o pequeno ponto bem debaixo da sua orelha e a senti tremer.

Removendo as suas mãos das minhas, ela agarrou o meu antebraço com uma e colocou a outra na parede. Eu mantive as minhas mãos nas suas coxas e empurrei ambos os meus polegares bem debaixo da borda das suas calças e das suas roupas íntimas para que eu pudesse puxá-la mais apertado, para que pudéssemos nos fundir e nos tornar um conjunto de necessidade. Ela rolou seus quadris contra mim.

—Foda-se, Zoe. Não faça isso.

Eu levantei uma das minhas mãos e segurei o seu queixo, lentamente virando-a em direção aos meus lábios. Nós dois estávamos respirando com dificuldade quando a minha boca tocou a borda da sua. Ela soltou um pequeno gemido e com outro rolo de seus quadris, o meu pau queria sair e entrar nela.

Apenas quando eu estava prestes a reclamar os seus lábios e me perder no que provavelmente seria o melhor beijo da minha vida, alguém chamou o seu nome e nós dois congelamos.

Zoe engoliu em seco.

Infelizmente para nós, ouvimos a mesma voz novamente e tivemos que relutantemente nos afastar um do outro.

Em vez de me virar como Zoe tinha feito imediatamente após a segunda chamada, eu encarei a parede e ajustei meu pau antes de olhar por cima do ombro para ver Zoe conversando com Kayla. Eu respirei fundo, desejei que meu coração diminuísse e me virei para casualmente encostar na parede. Quando Zoe voltou, olhei as suas bochechas coradas e lábios entreabertos - tudo por minha causa, tudo por mim.

—O que há de errado? — Eu perguntei, a minha voz fodida, e percebi que estava tomando muito esforço para manter as minhas mãos para mim mesmo.

—Algo... eu não tenho certeza, — ela respondeu, os seus olhos subindo para os meus pela primeira vez. —Ela quer sair, mas Keith não está escutando. Algo está errado com eles. Eu preciso ir.

Eu me afastei da parede. —Eu vou com você.

Balançando a cabeça, ela tocou o meu braço, em seguida, rapidamente puxou de volta.

—Ela não vai falar comigo se você estiver lá. Ela ligou para um Uber e eu vou com ela.

—Você não vai voltar para casa?

—Eu... eu não sei. Eu mandarei uma mensagem para você se puder.

Foda-se.

—Precisamos conversar, Dylan, — ela disse baixinho, expressando exatamente o que estava passando pela minha mente. Sim, precisávamos conversar muito, mas primeiro precisávamos fazer outras coisas - saciar a sede que eu sentia por ela era o primeiro item da lista.

—Amanhã. Nós vamos descobrir tudo amanhã. Se você puder voltar, ligue para mim e eu vou buscar você.

—Você não precisa fazer isso. Vou ligar para um Uber ou apenas caminhar. Não é muito longe do apartamento.

Fechei a distância entre nós e coloquei seu cabelo atrás da orelha para poder beijar a sua têmpora. —Ligue-me, não quero você sozinha, tão tarde, definitivamente não andando.

Um aceno rápido quando ela olhou nos meus olhos, e então ela estava se afastando de mim.


Capítulo 19

Zoe

—Oi, — eu disse enquanto atendia o meu telefone. Se eu soasse um pouco sem fôlego, não tinha nada a ver com o fato de que eu estava andando rápido – e ocasionalmente pulando para evitar poças – para a biblioteca para encontrar Kayla e Jared, e tudo a ver com quem estava do outro lado da linha.

—Zoe.

Eu tive que fechar os olhos, não porque a chuva estava aumentando, mas por causa dele, pelo que ele fez comigo. Havia algo melhor do que ouvir a voz matinal de Dylan murmurar o meu nome no telefone? Eu não penso assim - ou talvez pense; ouvi-lo murmurar o meu nome diretamente contra o meu ouvido também. Na verdade, seria melhor.

—Você chegou em casa e não me acordou, — ele continuou enquanto eu tentava me recuperar do que a sua voz estava fazendo comigo. A noite anterior ainda estava fresca na minha mente, e eu ainda podia sentir o seu corpo pressionando contra o meu, como eu estava ansiosa por mais.

—Foi bem tarde. Você parecia cansado, então eu não queria acordar você. — Eu me esgueirei e fui até o meu quarto na ponta dos pés depois de encontrá-lo dormindo no sofá, mas eu tinha jogado um cobertor nele... então isso contava para alguma coisa.

Sabendo o que aconteceria, o que acabaríamos fazendo se o acordasse nada nos impediria de continuar de onde paramos.

Você pode me chamar de covarde; eu me chamo de inteligente.

Eu não queria ter que mentir para ele – ou dependendo do que você pensava, eu não queria continuar mentindo para ele. Eu não tinha namorado; foi isso que eu disse a ele, e era a verdade. Claro, eu estava forçando isso um pouco desde que eu nunca tinha tido um namorado para começar, mas ainda assim, eu não tinha namorado, e eu contaria a ele o resto – realmente, eu faria. Como eu tinha adivinhado, ele pensou que eu tinha alguma coisa acontecendo com Mark, e quem poderia culpá-lo por ter chegado a essa conclusão, pelo amor de Deus? Foi tudo culpa minha e eu sabia disso.

Então, em poucas horas ou algo assim, dependendo do que Kayla queria falar, eu ligaria para Mark – ou melhor, mandaria uma mensagem para ele – não para pedir permissão, mas só para que ele não ficasse completamente surpreso no caso de Dylan dizer algo para ele sobre isso. Eu dei a ele Chris, deixei ele decidir a melhor hora para contar a ele, mas Dylan era meu. Ele não teria isso. Eu não o deixaria decidir quando ou como Dylan estava envolvido.

Também havia o fato de que Chris era o melhor amigo de Dylan, e pensar nisso me manteve acordada a noite toda. Dylan correria e diria a Chris quem eu era? Ele era seu melhor amigo – poderia pedir a ele que me mantivesse em segredo? Ele iria? Eu tinha o direito de pedir a ele?

É certo dizer que não tive respostas.

Mas eu tinha Dylan.

Eu tinha o fantasma do seu toque no meu pescoço, na minha pele, constantemente me deixando louca, e eu queria mais. Eu queria praticamente tudo dele.

—Zoe? Você ouviu o que eu disse?

—Sinto muito. Você pode, talvez, repetir isso? A minha mente simplesmente se perdeu.

—A sua mente apenas...— Um longo suspiro. —Onde você está? Você não está fugindo do que aconteceu ontem à noite, não é?

—Não. Na verdade, estou ofendida por você pensar nisso. —Eu respirei fundo. —Estou encontrando a Kayla na biblioteca, e depois disso... bem, eu não tenho ideia de quanto tempo vai demorar, ela acabou de enviar um texto esta manhã e eu não tenho certeza do que está acontecendo, mas ela não estava bem ontem à noite. Eu não queria deixá-la, mas o namorado dela voltou muito bêbado com dois dos seus amigos, então ela me mandou embora. Algo definitivamente está acontecendo, e eu acho que ela pode estar se separando de Keith, embora isso já tenha acontecido antes e ele sempre tenha conseguido reconquistá-la, então eu não tenho tanta certeza se desta vez será diferente, mas, de novo –

—Baby. — Sua risada rouca praticamente me matou. —Pare. Você estava dizendo depois disso...

Baby. Baby. Baby.

Eu parei e fechei os meus olhos. Por duas vezes ele me chamou assim e, a cada vez, as borboletas no meu estômago levantaram voo.

Eu limpei a minha garganta e comecei a andar novamente. —Eu estava dizendo o quê?

Outra risada baixa chegou aos meus ouvidos e meu coração se aqueceu com o som.

—Você disse que está se encontrado com Kayla na biblioteca e depois saiu dos trilhos nessa parte.

Certo.

—Depois disso, eu quero falar com você. — Eu ouvi um longo suspiro e depois uma porta se fechar.

—Sim, falar. Precisamos fazer isso.

—Onde você está?

—Alguns minutos atrás de você, estou supondo. Você já chegou à biblioteca? Está chovendo, então tome cuidado.

Eu virei e olhei ao redor. Havia pessoas correndo tentando escapar da chuva, mas era isso. Era domingo, afinal de contas. —Eu não estou derretendo, se é isso que você quer dizer com cuidado, mas o que você quer dizer com alguns minutos atrás?

—Estou me encontrando com Chris para um treino. Se você não tiver terminado com Kayla quando terminarmos na sala de musculação, eu vou encontrá-la na biblioteca.

Quanto mais cedo, melhor, pensei. Estar em público em vez de um espaço privado e confinado como o apartamento onde havia camas e sofás e bancadas e superfícies semi planas ajudaria.

—OK. Ok, isso soa bem. Eu estou aqui, então eu deveria... deixar você ir. Diga oi para o Chris por mim? Ou não. Você não precisa dizer isso. Eu não tenho certeza porque eu disse isso, não diga oi para o Chris.

O silêncio se estendeu e eu continuei quieta.

—Eu vou dizer a ele oi e eu vou ver você em breve. Não fuja de mim. — Uma pequena pausa. —Espero que você esteja pronta para perder a nossa aposta hoje.

Com isso, ele desligou.

Eu não seria a única a perder a aposta; ele só não sabia o quão teimosa eu poderia ser.

Sacudi o meu guarda-chuva e mandei uma mensagem para Mark quando entrei na biblioteca.

Eu: Eu tenho que dizer a Dylan. Eu vou dizer a ele. Eu não me importo com o que você diz.

Assim que ouvi o som que indicava que a mensagem tinha sido enviada, desliguei o telefone. Eu sabia que ele ligaria na primeira oportunidade que ele tivesse, e eu não queria discutir com ele ou deixá-lo me assustar.

Apesar de saber que Mark iria perder isso, eu ainda consegui segurar o meu sorriso até que encontrei a minha amiga bem no fundo da biblioteca, em uma sala de estudo separada da área de estar principal.


* * *

Assim que vi o estado em que Kayla estava, corri para o lado dela e sentei na cadeira ao lado dela. —O que aconteceu? — Quando ela ficou olhando para as mãos na mesa, eu as cobri com as minhas. —Você tem que me dizer o que está acontecendo Kayla. Olhe para você.

Ela levantou a cabeça e eu estudei os olhos vermelhos e inchados da minha amiga enquanto novas lágrimas corriam pelas suas bochechas.

—Kayla?

—Obrigado por vir tão rapidamente.

—Claro, mas... o que há de errado, KayKay?

—Eu acho que preciso de ajuda, Zoe.

Eu puxei suas mãos trémulas da mesa e segurei firme. —O que aconteceu? — Ela finalmente dirá algo? Contar o que está acontecendo? —Você quer esperar por Jared?

Ela balançou a cabeça. —Eu não liguei para ele. Não tenho certeza se posso dizer isso a ele.

—Ok, você está oficialmente me assustando. Diga?

—Olhe para mim, — ela sussurrou com raiva, puxando as mãos do meu aperto e enxugando as bochechas. —Eu não posso nem dizer isso para você. Como eu deveria dizer isso para outras pessoas? — A sua raiva desapareceu num piscar de olhos e os seus olhos permaneceram fixos na mesa enquanto as lágrimas aumentavam. Com a minha mão direita agora vazia, eu limpei as suas novas lágrimas e olhei ao nosso redor.

Como era domingo, a biblioteca não estava cheia de alunos, como teria acontecido se tivesse acontecido em um outro dia, sem mencionar que ainda era cedo e que o lugar tinha acabado de abrir. Havia apenas mais dois madrugadores como nós e eles estavam sentados na sala principal. Estávamos escondidas no canto, fechadas por estantes e mais quatro mesas. Você só poderia nos identificar se estivesse na porta e no ângulo certo.

—Há quanto tempo você está sentada aqui? — perguntei quando ela não continuou. —Vamos lá, vamos sair e tomar um pouco de ar fresco.

A sua mão apertou a minha e ela olhou para mim com olhos cheios de medo. —Não. Não. Precisamos ficar aqui. Eu não quero vê-lo.

—Keith? — Eu perguntei, franzindo a testa. Eu sabia que ele seria a razão pela qual ela estava chateada, mas... o olhar no seu rosto, o jeito que ela se segurava – tudo sobre ela gritava que o que estava errado entre aqueles dois era muito pior do que eu imaginava.

—Sim. Me desculpe, eu sei que não estou fazendo nenhum sentido, mas isso não é fácil de dizer. Não é fácil... me desculpe, Zoe. Eu não deveria ter ligado para você. Não há nada que você possa fazer.

—Kayla, — eu sussurrei, e os seus olhos borrados tentaram se concentrar em mim. —Eu quero ajudar. Por favor... sinto falta da minha amiga. Jared também sente falta de você. Nós mal a vimos nas últimas semanas. Eu posso ajudar. Por favor, deixe-me ajudar para que eu possa ter a minha amiga de volta. Diga-me o que aconteceu e partimos daí.

—Eu não acho que posso voltar, — ela disse calmamente. —Tudo o que tenho está no apartamento, mas acho que não posso voltar para pegar nas minhas coisas.

—Tudo bem. Eu posso fazer isso por você. Eu vou com Jared e pegamos as suas coisas. Você pode esperar por nós no meu apartamento e nós cuidaremos de tudo, mas isso não é importante agora. Você pode me dizer o que aconteceu para deixar você triste? Ele terminou com você? Traiu você? É por isso que você não quer voltar? Aconteceu alguma coisa depois que eu saí?

Antes que Kayla pudesse me responder, de repente havia outra pessoa na sala com a gente. —Aqui está você! Pelo amor de Deus, Kayla, andei procurando por você em todo lugar. Você é surda? Eu te liguei trinta vezes.

Minha cabeça girou e vi Keith se aproximar com seu habitual sorriso malicioso no rosto. Eu olhei de volta para Kayla com preocupação, apenas para vê-la encolher em si mesma.

Quando ele contornou a mesa e chegou ao seu lado, eu falei antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa. —Keith, eu não acho que este seja um bom momento. Algo, obviamente, está acontecendo entre vocês dois, mas este não é o lugar para discutir. Apenas me deixe falar com ela.

Ele olhou para mim com uma expressão vazia por uns vinte segundos, mais ou menos, suas pupilas dilatadas. Algo estava errado com ele, ainda mais do que o habitual.

Ele estava com alguma coisa? Ele estava drogado?

—Cale a boca, Zoe – ou melhor ainda, dê o fora. Isso não lhe diz respeito.

Eu o observei com a boca aberta. Claro, ele era um idiota, sempre foi, mas eu nunca tinha visto ele drogado ou ouvido qualquer coisa de Kayla sobre ele usando drogas. Era isso que ela estava escondendo de nós?

Ele se agachou ao lado dela, uma mão na cadeira, a outra na mesa, a prendendo. Kayla endureceu ainda mais e inclinou toda a parte superior do corpo para mim, para que ela não tivesse que tocar em Keith.

Levantei quando ele abriu a boca para falar. Eu não tinha ideia do que achava que faria, mas com certeza não o queria mais perto da minha amiga.

—Keith, eu não sei no que você está usando, mas fique sóbrio. Você não pode fazer isso aqui.

—Eu sinto muito, querida, — ele gemeu, ignorando a minha presença. —Eu pensei que você estivesse nisso, juro por Deus. Eu não ouvi você dizer não. Por que você não disse não se você não quisesse?

Um calafrio percorreu o meu corpo, congelando o sangue nas minhas veias. Eu tive que segurar a minha cadeira para ficar em pé.

—O que você fez? — Eu perguntei em uma voz quebrada. —O que você fez, Keith?

Kayla começou a chorar em soluços, o seu corpo tremendo cada vez mais. Keith ficava resmungando para ela o tempo todo. Eu não conseguia ouvir uma única coisa que ele estava dizendo através do rugido dos meus ouvidos. Não poderia ser verdade... não podia ser.

Lívida, eu mentalmente me desliguei para poder pensar, ou pelo menos tentar pensar no que fazer. O melhor que consegui fazer foi afastar Keith da minha amiga para que ele parasse de tentar tocá-la.

Eu tentei gritar com ele, tentei gritar para ele ficar bem longe dela, mas a minha voz não funcionava e tudo que eu conseguia era um som rouco, mas duro. —Não toque nela, seu filho da puta. Não toque nela.

Ele claramente não estava esperando que eu o tocasse porque ele caiu direto no chão xadrez preto e vermelho quando eu empurrei o seu ombro com toda a força que pude reunir. Antes que eu pudesse tirar Kayla da cadeira e afastá-la de Keith, ele estava em cima de mim, me afastando da minha amiga. Então ele continuou me empurrando mais e mais até que eu bati nas cadeiras.

—Quem você pensa que é, sua pequena puta, — ele retrucou no meu rosto.

Chocada, enfurecida e fora de mim, me levantei pronta para ir atrás dele, mas ele me deu outro empurrão e conseguiu tirar o meu fôlego antes que eu pudesse fazer qualquer coisa.

Então seus dedos envolveram a minha garganta e eu não tive escolha senão ficar quieta. Com ele tão perto do meu rosto, eu podia sentir o cheiro do álcool na sua respiração.

Kayla finalmente saiu de onde quer que ela tivesse desaparecido, deu um pulo e tentou o seu melhor para arrancá-lo de mim, arranhando os seus braços, mas sem sucesso.

—Não, Keith! Pare. Deixe-a ir. Por favor!

Começando a entrar em pânico de verdade, olhei em volta e percebi que as poucas pessoas na biblioteca não podiam realmente nos ouvir, e ninguém podia ver o que estava acontecendo. Nenhum dos outros alunos tinha uma visão direta do nosso lugar.

A sua mão ao redor do meu pescoço não estava apertada o suficiente para cortar completamente o meu ar, mas ele estava chegando lá, tomando o seu tempo, aproveitando o choque nos meus olhos. Quando ele apertou com mais força, eu engasguei, os meus olhos começando a fechar. Coloquei as minhas mãos ao redor de seus pulsos para afastá-lo, tentei chutá-lo para que ele soltasse, para afrouxar o seu aperto, mas os seus olhos pareciam vazios, mortos.

Ele empurrou o seu rosto no meu até que estivéssemos nariz com nariz, em seguida, assobiou, —Não me toque de novo.

Quando ele terminou seu jogo, ele me empurrou para longe, e a parte de trás da minha cabeça bateu na mesa com um baque forte. Eu deslizei para as minhas mãos e joelhos e tossi até que não consegui mais.

Quando olhei para cima, Kayla estava cobrindo a boca enquanto chorava lágrimas silenciosas, inconsoláveis. Keith estava murmurando para ela, tocando o seu cabelo, acariciando o seu rosto. Quanto mais perto ele ficava de Kayla, mais as suas lágrimas escorriam por suas bochechas. Ele segurou o seu braço e puxou-a para o seu corpo, sussurrando algo no seu ouvido.

Alcançando a sua bolsa onde estava na mesa, ele tentou fazer com que ela se movesse com ele. Eu de alguma forma me levantei e peguei a outra mão de Kayla. A última coisa que eu queria era jogar braço de ferro com a minha amiga no meio, mas não havia como eu deixá-lo levá-la a qualquer lugar.

—Keith, pare, — eu falei, a minha garganta ainda doendo, queimando.

—Deixe-a ir, — ele exigiu com os dentes cerrados.

—Eu não posso fazer isso. Você está assustando-a. Você precisa sair.

Então Kayla quebrou o meu coração repetindo aquelas palavras inaceitáveis. —Keith... você me estuprou. Você me estuprou.

—Cale a boca! — Keith sibilou ao lado dela. —Cale a boca para que eu possa pensar! Olha o que você me fez fazer. Eu vim aqui para me desculpar e olha o que você me fez fazer!

Keith empurrou Kayla e ela caiu, batendo em uma cadeira e agarrando a mesa. Ele começou a andar até a parede, bloqueando a nossa saída. Eu abracei Kayla e a segurei enquanto ela tremia nos meus braços. Ela não era a única chorando mais.

—Eu sinto muito, Zoe. Eu sinto muito, — ela continuou sussurrando. Os meus ouvidos estavam zumbindo com a dura verdade, e eu mal podia ouvir o que ela estava dizendo, mal conseguia compreender o que havia acontecido.

—Shhh, tudo bem. Vai ficar tudo bem. Está tudo bem. Nós só precisamos fugir. Ele não fará nada.

Mas será que não? Ele parecia bêbado, drogado. Eu não tinha experiência com drogas, e não gostava de estar perto de pessoas que estavam nisso, mas até eu conseguia perceber que ele estava usando. Foi sua primeira vez nas drogas? O que diabos ele estava fazendo para transformá-lo em um completo estranho e um lunático furioso, em um psicopata? Se ele não se acalmasse logo, eu estava com medo de que ele fizesse algo pior para machucar Kayla e eu.

De repente, ele parou de andar. Houve um completo silêncio e não tivemos tempo de fugir.

—Você, saia, — ele ordenou para mim. —Eu preciso falar com Kayla sozinha. Ela não vai me deixar por um mal-entendido.

Eu olhei nos seus olhos e não pude ver ninguém lá, certamente não alguém que a minha amiga – estivesse – apaixonada. Quando as coisas tinham ficado tão ruins entre eles? Como Kayla poderia não nos contar?

Eu tentei o meu melhor para engolir o meu medo, mas mesmo isso doeu, e minha voz ainda estava trémula. —Eu não posso deixá-la aqui, Keith, — eu disse, com o pânico crescendo no meu peito. —Ela está muito assustada. Você está nos assustando. Você não pode ver? Você precisa se acalmar e nos deixar sair.

Em um movimento rápido, Keith estava em Kayla, puxando-a para longe de mim, colocando as mãos nas suas bochechas para fazê-la olhar para ele. Ele estava a apenas alguns centímetros do rosto dela. A mão direita de Kayla segurou o meu braço e ela choramingou quando os dedos de Keith puxaram o seu queixo. Desamparada para fazer qualquer coisa, eu vacilei, sentindo o meu coração bater na minha garganta.

—Diga a ela que ela não sabe do que está falando. Você nunca teria medo de mim.

Eu não tinha certeza se estava tremendo porque Kayla estava tremendo ou se era apenas o meu corpo, mas só se intensificou quando Keith me lançou um olhar cheio de ódio puro.

—É por isso que eu não gosto de você e daquele outro falando com ela. Você fode muito com a cabeça dela.

Puxando Kayla, ele quebrou o aperto que a minha amiga tinha em mim e começou a me pressionar, empurrando os meus ombros até que eu estava de novo apoiada contra a parede.

Ele continuou a me xingar, saliva voando para fora da sua boca, sua voz era feia, estranha e ofensiva. —Você fez isso. Você está levando-a para longe de mim. Dê o fora antes que eu te machuque, Zoe.

À beira de ter um ataque de pânico, perdi o fôlego quando ele me prendeu contra a parede com a palma da mão no meu peito.

Kayla tentou vir em meu auxílio, mas ele a segurou longe.

—Não me provoque, Zoe. Eu não vou dizer de novo. Saia.

Quando ele soltou a mão e se moveu para o lado de Kayla, eu fiquei colada à parede. Eu não consegui me mexer. Eu estava presa. Mesmo se eu tivesse a capacidade de mover os meus membros, como eu deveria deixar a minha amiga sozinha com esse monstro? Eu seria capaz de viver comigo mesma se ele fizesse alguma coisa com ela?

Ele já fez alguma coisa com ela, sua idiota, pensei. Ele já fez algo com ela e você não estava lá.

—Eu não posso me mover, — eu admiti honestamente, em silêncio.

Ele deu um passo à frente, mas antes que ele pudesse ir para cima de mim, Kayla entrou na frente dele, bloqueando-o de avançar mais. Ela ainda estava tremendo, mas as suas lágrimas secaram.

—Keith – Keith, olhe para mim. Você estava certo, eu estava errada. Você nunca me machucaria. Você não queria me machucar na frente dos seus amigos. Eu entendo isso agora. Eu sinto muito. Por favor, você precisa sair daqui. Você a machucou. Você vai ficar em apuros. Por favor. Por favor saia.

Num piscar de olhos, ele estava em cima dela, abraçando-a, beijando seus lábios fervorosamente. —Aí está você. Aí está a minha baby. Você se apavorou porque gostou, não foi? Eu nunca machucaria você, baby. Eu só queria que nos divertíssemos com os meus amigos. Eu sou seu namorado e você me ama – isso não é estupro.

Sentindo-me mal do estômago, eu cobri a minha boca com a mão para manter tudo dentro.

—Precisamos sair daqui juntos, — ele disse correndo. —Estou me sentindo muito bem agora. Você não tem ideia, querida – se você tivesse me ouvido e tomado as drogas, você não estaria tremendo como uma folha agora. Eu me sinto no topo do mundo, baby! Da próxima vez, seremos apenas nós dois, não se preocupe. — Pressionando um beijo na testa, ele empurrou Kayla para longe e se agachou para pegar a sua bolsa do chão.

Ela olhou na minha direção e balançou a cabeça.

Eu não podia, não o deixaria sair com Kayla. Eu não o deixaria tocá-la novamente. Antes que eles pudessem passar por mim, eu os bloqueei.

—Você não vai sair com ele, Kayla. Você perdeu a cabeça?

Sem mais nem menos, as mãos de Keith estavam em mim de novo, e desta vez ele não estava sendo fácil. As minhas costas bateram na parede mais uma vez, e desta vez eu vi estrelas quando a parte de trás da minha cabeça bateu contra a parede, o som ecoando na sala.

Eu tentei respirar, mas não consegui. Eu agarrei os seus braços, mas não adiantou. Eu não pude fazer nada para impedi-lo de me sufocar.


Capítulo 20

Dylan

Mesmo sabendo que não devia, fui em direção à biblioteca para poder ver Zoe antes que Chris e eu começássemos nosso treino diário. Eu devia ter lhe dado espaço. Não era como se ela estivesse fugindo de mim, mas eu ainda queria vê-la, ainda queria ter certeza de que tudo estava bem depois da noite anterior, me certificar de que não havia chance dela se afastar de mim de novo.

Eu estava com a cabeça muito longe, tentando encontrar uma solução para Zoe e eu. Sem razão alguma, apressei os meus passos e comecei logo a correr. Havia apenas algo me incomodando e senti a necessidade de vê-la.

Sentindo-me estranho, ignorei a chuva e peguei o meu telefone, ligando para Zoe de novo.

Seu telefone foi direto para o correio de voz.

Ela ainda estava na biblioteca? Ela estava mesmo se encontrando com uma amiga ou mentiu para mim?

A necessidade de encontrá-la apertou algo no meu peito e eu fui para a biblioteca como um morcego fugindo do inferno.

Quando finalmente cheguei lá, diminuí a velocidade para uma caminhada. Eu entrei direto para descobrir que quase não havia alunos ao redor.

Eu podia ouvir as pessoas murmurando na sala principal, então segui as vozes. Havia apenas dois alunos, e ambos usavam fones de ouvido, perdidos no seu trabalho. As vozes pararam. Andando mais, eu verifiquei a sala à direita, depois, fui para o lado oposto. Quando empurrei algumas cadeiras para passar, avistei a amiga de Zoe pela porta da ala leste. Então minha mente registrou Zoe sendo segurada contra a parede por um cara. O seu rosto estava vermelho, os olhos arregalados, e ela estava silenciosamente ofegando por ar, as suas mãos tentando em vão empurrar o cara para longe.

Eu corri para eles, não dando a mínima que eu estava destruindo as mesas e cadeiras no meu caminho.

O nome dela derramou dos meus lábios, mas eu não achei que ela tivesse me ouvido. Nenhum deles fez.

Eu andei pelas estantes de livros e estava no cara em alguns segundos, embora parecesse que haviam se passado vários minutos. Eu agarrei a sua camisa e puxei-o para longe de Zoe. Assustado, ele perdeu o equilíbrio e cambaleou para trás. Antes que eu pudesse pegá-la, Zoe caiu de joelhos, tossindo e chorando.

Eu estava de joelhos, antes que a sua amiga pudesse chegar até ela.

—Quem diabos é você? — O cara rugiu, vindo em nossa direção, mas eu o ignorei e afastei o cabelo de Zoe do seu rosto.

—Você está bem? Baby, fale comigo – você está bem?

Ela agarrou o meu braço e levantou a cabeça, a mão livre cobrindo a sua garganta. —Sim, — ela engasgou, sua voz áspera e quase inaudível. Ela limpou a garganta e tentou novamente. —Sim, estou bem. Estou bem.

Eu a ajudei e a sua amiga assumiu.

O cara ainda estava cuspindo merda, gritando e xingando, mas não ouvi uma única palavra. Os meus sentidos entorpecidos e tudo que eu podia era focar nesse idiota que se atreveu a colocar as mãos em Zoe.

Enquanto eu caminhava em direção a ele, eu observei os seus olhos avermelhados, as mãos tremendo e a inquietação perceptível.

Em três passos eu estava nele e nada disso importava. Eu dei um soco no seu nariz e ouvi o quebrar satisfatório. Com o canto do olho, vi as meninas saírem da pequena sala, mas meu único foco estava no idiota segurando o seu nariz sangrando.

Empurrando os seus ombros até que eu o coloquei contra a parede sob as janelas altas, eu alcancei a sua garganta. Ele conseguiu chutar as minhas pernas uma vez, os seus dedos segurando a minha camisa.

—Qual é a sensação, seu filho da puta, — eu sussurrei, lentamente aumentando o meu aperto. —A sensação é boa?

Ele fez uma tentativa patética de empurrar o meu rosto, mas ele era muito menor do que eu e eu bati a sua mão sangrenta para longe sem nenhum problema.

Então, focado no cara, eu não percebi Zoe batendo no meu braço até que ela estava implorando e gritando para eu soltar.

—Dylan, Dylan, por favor. Você vai entrar em apuros, por favor pare. Dylan, deixe-o ir.

Eu empurrei o cara com desgosto e ele gemeu, tossindo e ofegando, o seu rosto estava vermelho escuro. —A minha cabeça está latejando. Eu não posso pensar, eu não posso pensar, — ele disse enquanto gemia, tossindo entre as palavras. Ele segurou a cabeça nas palmas das mãos e continuou resmungando no chão.

Indignado, deixei Zoe me afastar.

Kayla estava de volta e tínhamos mais do que alguns espectadores, a maioria alunos que haviam entrado na biblioteca. A recepcionista estava na porta, um telefone na mão enquanto falava com alguém apressadamente. A polícia do campus chegaria a qualquer segundo agora. Rangendo os dentes, virei para Zoe e segurei o seu rosto, tentando o meu melhor para controlar a minha respiração. Ela parecia muito assustada quando os seus olhos se encheram de lágrimas, e ela já tinha lágrimas secas no seu rosto. O quão tarde eu cheguei? O que mais ele fez?

Foda-se.

As minhas mãos estavam tremendo. —Você está bem? — Eu perguntei, a minha voz saindo mais dura do que eu pretendia. —Ele fez mais alguma coisa?

Ela balançou a cabeça e piscou, fazendo com que as lágrimas finalmente escapassem. Olhando para ela, eu queria levar tudo de volta e acordar cedo antes que ela pudesse dar um passo para fora da porta do apartamento.

Quando olhei para trás, o cara estava no chão, batendo as costas da mão contra a parede.

Ele apenas continuou murmurando a mesma coisa repetidas vezes: —Kayla, o que você fez? O que você fez?

Kayla sentou em uma das cadeiras e começou a soluçar incontrolavelmente.

Os olhos de Zoe brilharam de raiva.

—Ele estuprou ela, Dylan, — ela sussurrou, trazendo a sua atenção de volta para mim. —Precisamos fazer algo. Ele a estuprou.


Capítulo 21

Dylan

Levou horas para os policiais nos deixarem ir. Eles levaram Kayla para o hospital, e Zoe me pediu para levá-la para sua amiga. Como eu poderia dizer não?

Eram sete da noite quando finalmente atravessámos a porta do apartamento. Kayla foi levada para o hospital, onde a mãe de Jared era enfermeira, e uma vez que chegamos lá, Zoe ligou para Jared. Tão chocado como ele estava, ele estava ao nosso lado em pouco tempo. Quando chegou a hora de deixar o hospital, eu não consegui convencer Zoe a deixar Kayla sair com Jared e sua mãe; foi preciso uma conversa privada com a mãe de Jared para que isso acontecesse.

Como dois estranhos, nós não tínhamos falado uma única palavra um para o outro na volta para o apartamento. Desde que nós saímos da biblioteca, Zoe esteve suportando isso com um fio muito fino que eu tinha a certeza que estava prestes a arrebentar a qualquer momento.

—Zoe... — Eu comecei quando fechei a porta e me inclinei contra ela. Finalmente estávamos sozinhos e ela já estava se afastando de mim.

Ela parou e os seus olhos deslizaram na minha direção.

—Eu vou tomar um banho.

Suspirei enquanto a observava se arrastar em direção ao banheiro. A porta se abriu e fechou, poucos segundos depois, ouvi o som da água correndo.

Sentindo um cansaço, eu joguei as minhas chaves em direção à sala de estar, não me importando onde elas pousaram. Eu dei a ela um minuto inteiro, não porque achasse que ela iria me chamar, mas porque eu precisava ter certeza de que ela estava bem e um minuto era o tempo que eu conseguia esperar.

Sem bater, abri a porta e a fechei sem emitir nenhum som. O espelho já estava embaçado pelo vapor, mas não foi o que chamou a minha atenção. Eu já tinha ouvido os soluços de Zoe no segundo em que eu abri a porta, antes mesmo de entrar. Arrastando a cortina do chuveiro aberta, olhei para o seu corpo encolhido sentado debaixo da corrente de água. Ela era sacudida por soluços tão fortes que por um segundo eu considerei levá-la de volta ao hospital apenas para que eles pudessem dar algo para acalmá-la, mas isso significaria ficar longe dela e deixar outras pessoas a tocarem, e eu não acho que eu poderia fazer isso, não naquele dia.

Puxando sobre a minha cabeça, eu arranquei a minha camisa, decidi manter minha calça de treino e fui para ao lado dela. Agachando-me, coloquei as minhas mãos debaixo dos seus braços e a levantei. Pensando que seria difícil forçá-la a aceitar a minha ajuda, eu estava pronto para discutir com ela, mas eu deveria ter considerado o fato de que ela poderia realmente me querer lá.

As suas roupas ainda estavam grudadas em seu corpo trémulo. Enquanto eu estudava o seu rosto, eu não podia diferenciar as lágrimas da água caindo sobre ela. Apesar da tristeza e raiva escritas em todo o seu rosto, ela parecia muito linda. As suas mãos seguravam seus cotovelos e ela ficou imóvel na minha frente por alguns segundos enquanto eu tentava chegar a um acordo com o que eu estava sentindo sempre que olhava para ela, e depois com os dentes batendo, ela finalmente falou. —Está – tãão – frio. —

Não estava – a água estava queimando de tão quente – mas eu aceitei o seu convite velado e me grudei nela, gentilmente, envolvendo os meus braços ao seu redor. Sem qualquer hesitação, ela descansou a sua têmpora contra o meu peito e eu senti os seus braços em volta de mim, me abraçando de volta. Então os soluços voltaram como uma vingança e ela partiu o meu coração. No começo, eu estava segurando-a o mais suavemente possível, os meus braços apenas debaixo dos seus ombros, com medo de machucá-la de alguma forma, mas depois tudo mudou. Quanto mais ela soluçava, mais perto eu queria chegar até ela. Os meus braços se inclinaram para baixo quando eu me curvei e os envolvi mais apertados em torno da sua cintura. Quando ela estava na ponta dos pés e me segurando tanto quanto eu a estava segurando, eu me segurei e deixei a minha mão deslizar por cima de sua t-shirt molhada para segurar a parte de trás do seu pescoço.

—Está tudo bem, querida. Chore tudo o que você quiser, — eu sussurrei, a água pingando do meu rosto. —Estou bem aqui, Zoe. Apenas segure-se em mim. Eu estarei bem aqui. Eu sempre estarei aqui.

Eu me endireitei um pouco, a minha mão esquerda segurando o seu pescoço, o meu braço direito apertado em volta de sua cintura. Ela se aproximou, ainda na ponta dos pés, quase pisando os meus pés. Apenas um minuto se passou quando ela tocou o meu peito nu e pressionou mais forte. Ambos os braços dela passaram por cima de mim e à volta do meu pescoço. Se você pudesse ter entrado naquele banheiro com a gente, não teria sido capaz de dizer qual de nós estava segurando o outro mais apertado debaixo d'água. Eu dobrei os meus joelhos e a segurei ainda mais perto, deixando cair a minha cabeça contra o seu ombro.

Eu a ouvi sussurrar o meu nome e perdi isso. De repente, eu não conseguia obter ar suficientemente rápido. Eu não conseguia aproximá-la o suficiente, não conseguia diminuir o ritmo do meu coração o suficiente.

—Zoe. — Eu gemi quando eu estava à beira de esmagá-la. —Zoe.

Ficamos debaixo da água, assim, nos segurando firme, por só Deus sabe por quanto tempo. Eu poderia ter ficado trancado com ela pelo resto da minha vida, mas eu sabia que tinha que me forçar a deixá-la ir. Eu queria acreditar que ela estava relutante em deixar os meus braços.

—Vamos tirar você disso, — murmurei finalmente.

Peça a peça, eu tirei a roupa dela até que nada além de sua calcinha foi deixada, e ela me deixou, segurando os meus ombros quando me abaixei para tirar as suas calças.

Nós dois éramos uma bagunça, mas ela era linda. Mesmo com todo o cabelo agarrado contra as bochechas, pingando, olhos vermelhos, ela ainda era a garota mais linda que eu já vi.

Quando os seus dedos hesitantemente alcançaram a minha calça de treino depois de me dar uma olhada rápida, eu a deixei puxá-la para baixo e saí dela. Felizmente ela não tocou a minha boxer, mas eu sabia que ela tinha notado a protuberância. Mordendo o lábio, ela olhou para mim timidamente. O seu cabelo estava grudado nas suas bochechas, então estendi a mão e afastei-o até que tudo o que eu podia sentir era sua pele quente contra as palmas das minhas mãos.

—Você me deu um baita susto, Zoe, — eu disse antes de beijar suavemente as suas bochechas enquanto a água quente caía sobre nós. —Você nunca faça isso comigo de novo. Você nunca se coloque em perigo assim. — Por causa do jeito que eu estava a segurando, ela mal conseguiu acenar. Respirando com dificuldade, descansei a minha testa contra a dela, fechei os olhos e escutei a sua respiração. Eu só precisava de mais um minuto para segurá-la em meus braços, respirar e me acalmar, e então eu poderia ser quem ela precisava que eu fosse – o seu companheiro de casa? O amigo dela? O seu tudo?

Até então, eu já sabia que não era apenas o seu companheiro de casa, não apenas o seu amigo, não apenas um companheiro.

Inclinando-me para trás, olhei para a sua garganta, para as contusões que já formavam formas feias. Eu respirei pelo nariz e deixei tudo sair pela minha boca. Se eu pudesse colocar as minhas mãos no cara naquele momento, teria causado mais danos. Eu teria quebrado o pescoço dele, e ainda não teria sido o suficiente. Gentilmente, tão gentilmente quanto possível, tracei os seus hematomas com as pontas dos meus dedos. Eu sabia que os olhos de Zoe estavam em mim, estudando, assistindo, vendo, mas eu não conseguia olhar para ela, ainda não. Eu tracei cada hematoma e, em seguida, cada centímetro do seu pescoço não marcado pelo toque dele. Eu tomei o meu tempo e ela me deixou. De vez em quando eu ouvia um pequeno suspiro escapando da sua boca e eu encontrava os seus olhos para ter certeza de que ela estava bem. Quando eu soubesse que ela estava, eu continuaria de onde eu parei. Antes de terminar, ela pegou a minha mão e me parou. Enrolando os meus dedos, ela se inclinou e beijou os meus dedos avermelhados. Respirando com dificuldade, eu não podia fazer nada além de abraçá-la junto a mim.

Eventualmente a água começou a ficar fria, então soltei os meus braços ao redor dela e a soltei. Os meus músculos gritaram para mim. —Nós precisamos tirar você daqui ou você vai ficar doente, — eu murmurei, desligando a água. Ela ainda não tinha falado uma palavra para mim.

Eu saí antes dela, peguei uma toalha e a envolvi em volta da minha cintura. Eu sabia que teria que cuidar da minha cueca boxer antes de sair do banheiro, mas naquele momento, cuidar de Zoe era tudo o que importava. Alcançando outra toalha, eu a segurei aberta e ela saiu do banheiro, para os meus braços novamente.

Enrolei-a em volta dela e descansei o meu queixo na sua cabeça, tentando aquecê-la através da toalha.

Virando a cabeça, ela descansou a sua bochecha contra meu peito nu. —Obrigado, Dylan, — ela sussurrou, a sua voz partindo meu coração.

—Sempre, querida.


Capítulo 22

Zoe

Eu senti como se estivesse acordando de um coma, não tendo a certeza onde estava, que horas eram, em que dia estávamos. Eu esfreguei os meus olhos e gemi quando finalmente dei uma olhada na hora no meu celular. Eu não tinha dormido durante alguns dias, foram apenas seis horas. Pelo menos eu dormi, pensei.

Eu queria poder dizer que não me lembrava de nada do que tinha acontecido, que tinha sido apenas um pesadelo ruim, mas eu lembrava. Eu lembrei, e isso me fez sentir mal do estômago de novo. Eu engoli a bílis subindo na minha garganta e joguei as minhas pernas para o lado da cama. Os meus olhos finalmente se ajustaram ao escuro, e graças à luz ainda saindo do meu telefone, percebi que não havia luzes vindo por debaixo da minha porta. Assim como eu me lembrava de tudo o que havia acontecido no início da manhã, eu também me lembrava de Dylan me carregando para a minha cama depois que ele me ajudou a sair do chuveiro e me segurando enquanto eu chorava até dormir.

Eu verifiquei o meu telefone novamente e notei uma nova mensagem de texto que tinha chegado às nove.

Dylan: Eu tive que sair para o trabalho. Sinto muito, Zoe. Depois de furar com o Jimmy ontem, eu não podia faltar ao turno de hoje e precisava das horas. Avise-me quando acordar, ligue ou mande uma mensagem para mim.

Furar com o Jimmy...? Ele tinha pulado o trabalho na noite anterior por minha causa? Ele disse que precisava das horas, o que significava que precisava do dinheiro. Deus, ele precisava do dinheiro, e porque eu fugi depois de vê-lo com outra garota, ele não tinha ido trabalhar. Eu me senti horrível, como uma idiota que ficou com ciúmes por nada quando ele... eu fechei os meus olhos e soltei um suspiro profundo. Passava um pouco da uma da manhã; ele ainda não estava de volta?

Eu me empurrei para fora da cama e me senti um pouco tonta, então eu tive que ficar parada por vários segundos antes de me sentir firme o suficiente para me mexer. Todo o apartamento estava escuro. Sendo o mais silenciosa possível, tentei o quarto de Dylan depois de ter certeza de que ele não estava na sala de estar e rezei para encontrá-lo lá.

O luar que entrava no pequeno quarto era o suficiente para eu ver a sua forma imóvel deitada na estreita cama de solteiro.

Algo se soltou dentro de mim. Ele estava em casa. Lágrimas deslizaram pelos meus olhos e minha garganta se fechou. Nem mesmo considerando o fato de que ele provavelmente precisava dormir depois do dia maluco que tivemos, me arrastei para a cama dele. Não havia espaço suficiente, mas pensei que havia apenas o suficiente para dar certo.

Ele acordou e os seus dedos se fecharam em volta dos meus braços antes que eu pudesse me deitar.

—Zoe? — Ele resmungou, com sono pesado na sua voz e, em seguida, o seu aperto afrouxou. —Você está bem?

Eu estaria, sabia que ficaria bem uma vez que pudesse sentir o coração dele e me certificar de que ele era real, ter certeza de que ele era... tudo o que ele era.

—Eu não consigo dormir, — eu sussurrei, a minha própria voz soando áspera de todo o choro que havia tido. —E minha cabeça dói um pouco.

Obviamente, era uma mentira – não que eu estivesse sofrendo, mas que eu não conseguisse dormir. De qualquer forma, eu não senti uma gota de culpa por ser uma covarde e não dizer por que eu precisava estar perto dele. Eu só precisava que ele me segurasse no escuro, onde nada poderia ficar entre nós - sem segredos, sem mentiras. Eu precisava dele para me fazer sentir viva e, acima de tudo, eu queria estar com ele, ao redor dele, perto dele... apenas com ele, de qualquer jeito que eu pudesse, simples assim.

Eu aceitei o fato de que ninguém nunca me abraçaria como ele me abraçou no chuveiro, e eu estava bem com isso; eu só tinha que segurar nele mais forte. Ninguém jamais me fez sentir as coisas que ele tão facilmente me fazia sentir com apenas um dos seus sorrisos provocantes, então por que eu necessitaria de mais alguém? Eu não me importava se metade de mim teria que sair daquela cama de solteiro porque ele era tão grande; eu estava deitando e isso era tudo. Antes de forçar a minha entrada para o lado dele, Dylan se moveu para o lado e abriu os cobertores.

Um convite sem palavras.

Uma oferta para eu deitar.

Eu não pronunciei uma única palavra. De costas porque senão eu teria que estar bem no seu rosto, me deitei ao lado dele e fechei os meus olhos em alívio. Um dos seus braços passou por baixo do meu pescoço, o outro lentamente puxando os cobertores sobre nós, e quando a cama gemeu sob o nosso peso, eu mudei de posição até que minha bunda se acomodasse contra a parte inferior de seu estômago. Eu parei porque até mesmo um movimento muito, muito pequeno, para baixo me levaria em contato com a coisa entre as suas pernas, e eu não queria que ele pensasse que eu estava lá para isso. Me afastei até que um terço do meu torso e dos meus joelhos estavam pendurados na cama.

Dylan suspirou, um som pesado em todo aquele alto silêncio que aqueceu a minha pele, onde o meu pescoço encontrava o meu ombro e fez os meus olhos ficarem desfocados. Então o braço debaixo da minha cabeça se moveu e ele me puxou para trás, tocando meu cotovelo quando ele alcançou o meu ombro com a mão, prendendo-me nos seus braços. O seu antebraço direito deslizou sobre o meu estômago, os dedos delicadamente mergulhando sob a camiseta que eu tinha colocado ao acaso depois do nosso banho, enviando arrepios por todo o meu corpo. Ele parou quando metade de sua mão descansou sob o cós do meu pijama, a sua pele me aquecendo de dentro para fora.

—Você vai cair, — ele sussurrou.

Eu estava oficialmente em um casulo de Dylan, e eu não poderia ter me sentido mais confortável – nunca me senti mais aconchegante, ou mais feliz.

Eu virei a minha cabeça alguns centímetros e ele acariciou o meu pescoço com o nariz.

—Você está bem? — Ele perguntou, a sua voz ainda rouca. Era perfeito, muito perfeito.

Em vez de uma resposta verbal, inclinei a cabeça, e a movi para cima e para baixo e senti os seus lábios sorridentes contra a minha pele. Se eu tentasse falar, estava com medo de dizer mais do que estava pronta para dizer.

Nenhum de nós falou por vários minutos. Eu não tinha ideia do que ele estava pensando, mas a minha mente estava trabalhando horas extras.

Kayla, Mark, Chris - tudo e nada estava vindo para mim de uma só vez, e havia três palavras que repetidamente eu ouvia sobre todo o resto.

Diga a ele. Diga a ele. Diga a ele.

—Shhh, — murmurou Dylan, pressionando os lábios contra o meu pescoço. —Eu quase posso ouvir você pensando. Apenas vá dormir, baby. Eu tomarei conta de você até de manhã.

E ele vai, não vai? Eu pensei.

Ele me ajudaria a respirar depois de me assustar até a morte. Ele me salvaria de terremotos, seguraria a minha mão depois de assistir a um filme de terror, me compraria pizza porque ele sabia que isso me faria feliz, me protegeria de qualquer coisa e de tudo, colocando-se diante do perigo. Ele cuidaria de mim até à manhã.

Quando as luzes se acenderiam, ele ainda estaria lá. Depois que ele soubesse de todos os meus segredos, ele ainda estaria lá, segurando a minha mão – pelo menos eu esperava que sim.

—Ele a forçou na frente de seus amigos, — eu disse na escuridão. —Como você se recupera disso?

—Ela tem você e Jared. Você vai trazê-la de volta.

—Eu não acho que eu poderia ter sido tão forte como ela foi hoje se tivesse acontecido comigo. Ela o ama desde os dezesseis anos e ele...

Os seus braços apertaram ao meu redor, então estendi a mão para enrolar a minha mão em torno do seu antebraço, segurando-o.

—Você não precisa pensar sobre isso, não está noite. Vá dormir para que você possa estar lá para ela amanhã.

Alguns minutos se passaram em silêncio e eu me perguntei se ele tinha adormecido. —Dylan...

—Shhh.

—Eu gosto da sua voz, — eu deixei escapar baixinho.

A sua voz era muito baixa quando ele cantarolou ao lado do meu ouvido. —Mmmm, você gosta?

—Sim, — murmurei de volta quando fechei os olhos para processar esse zumbido. —Como foi o trabalho?

Senti uma risada curta quando o seu peito tremeu atrás de mim, então um huff quente contra a minha pele, trazendo mais arrepios nos meus braços. —Mesmo de sempre.

Isso não me deu a oportunidade de ouvir a sua voz tanto assim, não é?

—Você deve estar muito cansado.

Ele grunhiu, mas mesmo sabendo que eu estava sendo egoísta, eu não estava pronta para deixá-lo ir. Eu acho que não tinha sido uma mentira quando eu disse a ele que não conseguia dormir.

—Que horas você tem que se levantar amanhã?

—Você não precisa se preocupar com isso. Eu não vou sair antes de você acordar de novo

—Não é isso... — Inconscientemente, comecei a mover o meu polegar para cima e para baixo através dos pelos do seu braço. —Você vai se exercitar na sala de estar? Ou você está se encontrando com Chris? Estaria tudo bem se nós pulássemos a aula e ficássemos aqui depois que eu passasse algum tempo com Kayla? Mas é segunda-feira, então você terá treinos. Eu estava só pensando...

—Zoe, — ele gemeu e inclinou os quadris para cima, me acalmando de forma eficiente com apenas um movimento. O meu dedo parou de se mover no seu braço. Como você pode imaginar, eu podia sentir a cabeça grossa e redonda do seu pau contra a minha bunda. —Já estou com dificuldades assim, Flash. Se você continuar mexendo o dedo assim e falando com essa voz rouca, eu não vou conseguir... apenas me deixe te abraçar assim e ir dormir.

Eu engoli e balancei a cabeça, mas alguns segundos depois, eu não pude evitar. Eu deslizei a minha bunda e então parei quando ele gemeu e os seus dentes roçaram no meu pescoço.

Movendo-se na pequena cama, a sua mão deslizou mais para baixo no meu estômago, me fazendo segurar a minha respiração. Mais e mais, ele foi até a palma da sua mão estar sobre a minha calcinha, apenas alguns centímetros mais alta do que o centro do meu corpo. Um segundo depois, ele pressionou a palma contra mim e se moveu mais alto na cama ao mesmo tempo, aninhando em segurança não apenas a cabeça do seu pau, mas também o comprimento espesso da sua ereção contra mim.

—Dylan, — eu gemi, me sentindo um pouco ligada e talvez um pouco tonta com ele, enquanto tentava inquietamente mover os meus quadris. Eu enterrei o meu rosto contra o braço dele e, ainda segurando o seu antebraço com a mão esquerda, coloquei o meu braço direito sobre a sua mão na minha parte inferior do estômago. Virando a mão, ele ligou os nossos dedos e ficou imóvel.

Eu não estava pronta para ficar parada. Eu estava pronta para qualquer coisa, além de ficar deitada.

A sua boca gentilmente chupou o meu pescoço enquanto os seus quadris se moviam atrás de mim, uma vez... duas vezes... três vezes, apenas um giro lento dos seus quadris, um movimento que mal podia ser capaz de ser sentido se o meu corpo inteiro não estivesse gritando por ele. Eu choraminguei, todo o meu ser eletrificado pelo seu toque, até à minha alma. Nunca na minha vida senti algo assim.

—Estou muito cansado, baby. — Um beijo no meu pescoço e então tudo parou. —E você acabou de passar pelo inferno. Você precisa do seu sono – eu não vou fazer nada.

—Mas –— eu engasguei, ganhando outro beijo suave que fez todos os tipos de arrepios e calafrios passarem pelo meu corpo.

—Durma, baby.

Você está brincando comigo?

Ele só jogou Tetris com os nossos corpos e depois o quê? Eu deveria apenas cair no sono?

Eu não penso dessa forma, mas para meu choque total, eu fiz exatamente isso. Com a sua respiração firme e reconfortante contra as minhas costas, eu fiz exatamente isso.


Capítulo 23

Dylan

Antes mesmo que eu abrisse os meus olhos, antes mesmo de estar totalmente acordado, eu podia senti-la ao meu lado, não porque eu conheceria o cheiro dela em qualquer lugar ou porque nós ainda estávamos muito bem em volta um do outro na mesma posição que nós adormecemos, mas porque era ela que estava nos meus braços.

Não sabendo que horas eram, eu abri os olhos para a escuridão. Franzindo a testa, me movi apenas uma ou duas polegadas e tentei alcançar debaixo do travesseiro para pegar o meu telefone sem acordar Zoe.

—Dylan?

A sua voz ainda estava rouca, ainda grogue.

—Ssshhh, estou aqui. Volte a dormir, — eu sussurrei no seu pescoço, em seguida, finalmente consegui pegar o meu telefone debaixo da cabeça.

A luz vinda do telefone nos iluminou e eu tive que piscar para ver a hora na tela.

—Que horas são? — Zoe perguntou enquanto ela protegia os seus olhos semicerrados com as costas da mão.

Eu desliguei o telefone e empurrei de volta debaixo do travesseiro.

Zoe se mexeu e virou a cabeça para olhar para mim. Eu mal conseguia distinguir as suas feições no escuro, mas pude ver que os seus olhos estavam abertos e olhando para os meus.

Eu corri as costas dos meus dedos contra sua bochecha. —São apenas quatro e meia.

—Então dormimos, o quê, apenas um pouco mais de duas horas?

—Algo assim. — Eu deixei os meus dedos descerem até o seu pescoço e tentei ser gentil quando fiz uma rápida varredura.

—Parecia mais, — ela sussurrou em voz baixa.

—Ainda dói? — Eu sussurrei de volta, raiva deslizando através da minha voz. Ela engoliu e senti o movimento sob o meu toque.

—Está tudo bem.

Eu poderia ter matado aquele bastardo doente por colocar as mãos nela. Se ela não tivesse me parado, se não tivesse tocado meus braços, eu não tenho certeza se teria parado. Sentindo-me impotente, aquela queimadura profunda no meu peito – a mesma que eu havia sentido na biblioteca quando o vi pela primeira vez pressionar Zoe contra as estantes de livros – começou a me consumir de novo, aquele choque inicial intenso, a repentina raiva.

—Dylan? O que há de errado?

Depois de três tentativas, ela estava de frente para mim. No início, ela não parecia saber o que fazer com as mãos, mas depois colocou a direita no meu peito.

—Ei, onde você foi?

Eu cobri a mão dela com a minha e coloquei a minha testa contra a sua.

—Eu não acho que vou poder voltar a dormir. Como já estou acordado, vou me exercitar. Você volte a dormir. Você precisa de mais algumas horas.

Eu me mexi para sair, mas tive que parar no meio da cama quando ela falou.

—Eu não posso voltar a dormir também.

—Zoe –

—Eu posso voltar para a minha cama se você não consegue dormir porque eu estou aqui.

Franzindo a testa, eu me deitei de volta na cama.

—De onde veio isso?

—Por que você está indo embora?

—Eu não vou conseguir dormir, Zoe. Eu ainda estou com raiva. Você pode voltar a–

—Dormir. Eu já te ouvi. Você está bravo comigo?

—Porque eu ficaria bravo com você?

—Se você não está, por que eu estou sendo punida?

Eu relaxei e ri. —Você me quer aqui tanto assim?

—Sim.

Eu não pensei que ela iria responder, então quando ela fez, me deixou desnorteado. —Eu... tudo bem. Ok, você me tem então.

—OK. Bom. Se vamos ser infelizes, podemos muito bem sermos juntos.

—Essa é a única razão?

Ela puxou a mão debaixo dos cobertores e deu um leve soco no meu ombro, e depois outro. Silenciosamente, esperei por uma resposta.

—Não, — ela respondeu com um suspiro. —Dylan, eu...

Deslizei minha mão entre nós e liguei os nossos dedos juntos. Levantando o queixo, ela olhou para mim.

—Eu tenho essa... coisa por você, — ela disse baixinho, soltando um suspiro, como se estivesse aliviada em dizer isso em voz alta. Ela achava que ela estava escondendo isso de mim todo esse tempo? Ela achava que eu não sabia, não sentia a mesma... coisa?

Depois de descansar as mãos no seu quadril, me inclinei para que eu pudesse falar no seu ouvido.

—Eu também tenho uma coisa por você, Flash.

Ela gemeu e tentou soltar a minha mão, mas eu a segurei com mais força. —Eu não estou brincando, Dylan. Eu realmente tenho uma grande coisa por você.

—Quão grande? — Eu perguntei, tendo problemas para manter o sorriso fora da minha voz. Houve outro puxão na minha mão, então desta vez eu a deixei ir.

—Estou tentando te dizer como eu –

Com a mão livre, peguei seu queixo entre o polegar e o indicador e inclinei sua cabeça para que ela pudesse olhar nos meus olhos. Não havia luz suficiente para ela perceber a minha expressão, mas eu esperava que ouvir na minha voz ajudasse.

—Foi depois da segunda vez que vi você, quando você tentou fugir de mim e colidiu com aquele edifício. Se lembra disso?

—Eu não estava tentando fugir – a propósito, era apenas uma maquete. Não é como se eu tivesse corrido diretamente em um verdadeiro –

—Eu olhei para você, — eu sussurrei sobre ela. —Para ser honesto, eu não perguntei por aí na tentativa de encontrar você, nem sabia onde começar a fazer isso, mas eu estava esperando vê-la de novo. Então, acho que, mesmo sem perceber o que estava fazendo, estava procurando por você. Eu me lembro de uma vez em que uma garota deu a volta em uma esquina, segurando os seus livros no peito como você estava fazendo quando me viu pela segunda vez. Ela estava rindo com as amigas e eu parei de andar. O seu rosto estava virado, então eu não podia vê-la o suficiente para reconhecê-la, mas ela tinha a mesma cor de cabelo— – eu coloquei o cabelo de Zoe atrás da orelha – —a mesma pele pálida. Ela me parou no meio do caminho, Zoe, porque pensei: Lá está ela. Lá está ela de novo. Então ela se virou e ela não era você. Eu me lembro de me sentir muito desapontado. Aconteceu algumas vezes, não nessa medida, mas pensei ter visto você e você nunca estava lá.

Ela respirou fundo e esperou por mais.

—Agora... agora eu não poderia, possivelmente, não reconhecer você. Agora você está em todos os lugares, sempre na minha mente. Eu fecho os meus olhos e posso ver você, bem aí. — O meu foco caiu enquanto eu escovava o seu lábio inferior com o polegar nos seus lábios entreabertos. —Agora, eu nunca poderia a confundir com outra pessoa. O seu pequeno sorriso tímido, o seu grande sorriso feliz, a forma dos seus olhos... você é tudo que eu penso, Zoe. Quando eu acordo, mal posso esperar para me exercitar porque sei que você vai acordar apenas alguns minutos depois de mim. Eu vou ouvir os seus passos, você vai entrar na cozinha ainda meio adormecida e muito bonita, e então você vai me vigiar inocentemente enquanto age como se estivesse tomando café da manhã.

Ela gemeu e eu ri.

—Não seja malvado comigo, — ela murmurou em uma voz séria, mas a risada silenciosa que veio depois a denunciou. —E eu não estava vigiando você. Eu só estava...

—Eu não me importo com o que você chama. Eu gosto disso. Eu gosto de ter os seus olhos em mim. Eu amo ainda mais quando você olha nos meus olhos e me dá o seu maior sorriso. Toda vez que vejo você sorrindo para mim assim, como depois do jogo em Tucson, parece que você está me entregando o seu mundo. Mesmo no escuro, posso sentir o seu...

Antes que eu pudesse terminar a minha frase, a sua cabeça disparou e os seus lábios encontraram com os meus. Não preparado para isso, eu não consegui suavizar o beijo, e nossos dentes se chocaram. Ela imediatamente puxou a cabeça para trás. Eu sabia que ela estava corando; eu não precisava de luz para saber disso. Ela cobriu a boca com a mão.

—Eu sinto muito. Eu só –

Desta vez eu não esperei para ouvir o resto. No que me dizia respeito, embora tivesse durado apenas um segundo, aquele breve beijo foi o melhor beijo da minha vida.

Puxando sua mão para baixo, eu segurei a parte de trás da sua cabeça e fui para mais. Eu não queria perder outro segundo dessa garota. Foda-se tudo. Foda-se todo mundo. Nada disso importava. Ela moldou os seus lábios nos meus sem um segundo de hesitação. O meu corpo se aproximou e o dela fez o mesmo até que ficamos colados um contra o outro. Inclinei a cabeça e fui mais fundo, a minha língua saboreando cada centímetro dela. Ela gemeu contra mim e senti o seu punho puxando a minha camisa. Nossas bocas se moveram em perfeita harmonia enquanto nos empurrávamos e puxávamos um ao outro por mais.

Quando tivemos que respirar, Zoe gemeu o meu nome. —Dylan.

Apenas aquela única palavra vindo dos seus lábios adicionou combustível ao fogo dentro de mim, e eu soltei a parte de trás da sua cabeça para deslizar a minha mão até sua cintura para que eu pudesse puxá-la ainda mais perto, mesmo que não houvesse nem mesmo um centímetro de espaço vazio nos separando. Ela não fez nenhum protesto, apenas se arqueou na minha direção e me beijou de novo. As nossas respirações vindo em rajadas duras, ela choramingou na minha boca e colocou os braços em volta do meu pescoço.

Com dificuldade, parei de beijá-la e sussurrei contra os seus lábios. —Demais?

—Não, — disse ela sem fôlego. —Não é o suficiente.

Com um gemido que veio do fundo do meu peito, eu mordi seu lábio inferior e empurrei a minha língua para dentro. Enfiei o meu braço esquerdo debaixo dela e a puxei para cima de mim enquanto caía de costas na pequena cama. Ela gritou na minha boca, mas nunca parou de me beijar. Ela apenas apoiou as suas mãos em ambos os lados do meu rosto, jogou a perna sobre a minha coxa e continuou. Eu puxei o seu cabelo para o lado e mudei as minhas mãos dos seus ombros para os braços e depois para a cintura. Eu empurrei a sua camisa apenas o suficiente para que eu pudesse sentir sua pele sob minhas mãos. Ela estremeceu quando eu agarrei a sua cintura o mais forte que pude sem machucá-la.

Com a nossa respiração ainda fora de controle, eu abri os meus olhos quando ela sussurrou o meu nome e tocou o meu rosto com a mão.

—Sim, — eu coaxei, e então eu levantei apenas o suficiente para que eu pudesse tomar os seus lábios. Um segundo ou dois foi tempo suficiente para respirar. Ela me beijou de volta, muito duro, muito faminta enquanto a sua língua deslizava com a minha.

—Espere, — ela murmurou, os seus lábios se movendo contra os meus quando tivemos que nos separar para respirar. —Só um segundo.

Eu gemi, mas parei como ela pediu. Eu me concentrei na borda dos seus lábios e pescoço em vez disso.

Uma das suas pernas tinha caído entre as minhas quando a puxei em cima de mim, mas ela se endireitou um pouco, tirando a sua pele macia dos meus lábios, e montou em mim, sentada bem em cima do meu pau.

—Merda, — eu gemi, alcançando os seus quadris. —Talvez não seja uma boa ideia, Flash.

Uma de suas mãos estava descansando no meu estômago para se equilibrar enquanto ela afastava o cabelo do rosto com a outra.

—O quê?

Eu puxei os seus quadris um pouco para frente para que ela não ficasse bem em cima do meu pau já duro como uma pedra e grunhi quando o deslizamento áspero parecia melhor do que qualquer coisa que já tive. —Isso, — eu repeti rudemente, esperando que ela soubesse o que eu quis dizer. Agora as duas mãos dela estavam no meu estômago e ela ainda estava sem fôlego, assim como eu.

Ela empurrou os quadris para trás exatamente onde eles estavam e mordeu o lábio. —Engraçado, para mim, parecia a ideia mais incrível do mundo.

—Sim?

—Sim.

Sentei e a peguei com um braço antes que ela pudesse cair. Arrastando os nossos corpos mais acima na cama, me acomodei na cabeceira. A minha cabeça caiu contra a parede enquanto ela se contorcia no meu colo até que ela estivesse confortável.

Empurrando a minha mão para trás sob a sua camisa, eu agarrei o seu pescoço o mais suavemente possível e a puxei para a minha boca. Ela veio ansiosamente e gemeu ainda mais alto quando eu a beijei e moveu a sua pequena bunda inquietamente contra o meu eixo. Eu não conseguia nem lembrar da última vez que eu tive uma sessão de amassos que me levasse à loucura, muito menos uma que eu gostei tanto.

Abri o seu sutiã e coloquei ambas as mãos nas costas dela, deixando o material solto enquanto eu enrolava os meus dedos ao redor do seu ombro, em seguida, acariciava as suas costas de novo.

Depois de um moer particularmente duro, soltei um grunhido e bati a cabeça na parede com um baque pesado enquanto arrancava os meus lábios dos dela.

—Foda-se, Zoe...

Os meus olhos se abriram lentamente quando senti a sua respiração contra os meus lábios. Eu engoli e lambi os meus lábios, esperando para ver o que ela faria. A pior parte era que ela não estava mais se movendo em mim.

—Dylan, — ela sussurrou antes de beijar os meus lábios duas vezes. Deixei que ela marcasse o ritmo e nenhum deles durou mais do que alguns segundos. —O meu coração bate diferente para você. Parece diferente de alguma forma. Eu sei que isso provavelmente não faz sentido, mas... é mais alto, mais selvagem quando eu vejo você. — Eu corri as minhas mãos até sua cintura e segurei firme. Ela descansou a bochecha contra a minha testa e revirou os quadris. —E eu sinto como... como se eu deveria mantê-lo no seu lugar? Como se eu deveria me acostumar a ver aquele sorriso nos seus lábios? Isso quebra o meu cérebro. Você quebra meu cérebro às vezes – fico como uma idiota completa. Mesmo naquela primeira vez no banheiro... embora isso tenha sido apenas nervosismo e estar horrorizada, então talvez não possamos contar essa... mas na segunda vez, quando eu vi você andando na minha direção, fiquei presa. Como alguém poderia desviar o olhar –

Eu não a deixei terminar as suas palavras; eu não pude. Em segundos, eu a tinha deitada de costas e estava pairando sobre ela. Não importava quão escuro fosse; eu poderia imaginar o olhar no rosto dela. Ela ficou marcada na minha mente. Aqueles grandes olhos, aquele rubor nas suas bochechas – eu podia ver tudo.

Não querendo desperdiçar outro segundo, eu a beijei de novo, apenas parando quando senti as suas mãos puxando a minha camisa. Com uma mão bem ao lado de sua cabeça, usei a outra para alcançar a parte de trás, puxá-la por cima da cabeça e arremessá-la para longe. Quando olhei para baixo, ela estava lutando com a sua própria camisa.

—Deixe-me, — eu murmurei, em seguida, a ajudei a tirá-la, o sutiã e tudo mais.

Eu não podia vê-la claramente e isso me frustrava muito, mas eu não achava que poderia me desvencilhar dela o tempo suficiente para ligar as luzes. Eu estabeleci os meus quadris entre suas pernas abertas, os meus lábios contra os dela, já inchados, quando coloquei a palma da minha mão no seu estômago e percorri o caminho até que pudesse segurar o seu seio. Era mais do que um punhado, e eu não podia esperar para ter um gosto – literalmente.

Eu comecei a fodê-la com o resto das nossas roupas, e a cada gemido, cada ofego da sua respiração me empurrou para um nível onde eu sabia que nenhum de nós estaria satisfeito com o que estávamos fazendo. Eu gemi baixinho sobre os seus pequenos gemidos. Foi muito bom finalmente poder tocá-la assim, senti-la assim. Quando eu estava um pouco rude com os seios e comecei a rolar o mamilo entre os dedos enquanto chupava o outro tão duro e profundo quanto pude, ela engasgou e agarrou a minha cabeça.

Eu pressionei o meu comprimento mais duro contra ela enquanto me movia com movimentos deliberados para a frente. Cada osso dos nossos quadris empurrou um pouco mais alto na cama.

—Isso é tão bom, — ela engasgou quando eu estava ocupado beijando o seu pescoço e indo em direção aos seus seios de novo. Um dos seus pés estava na cama e ela estava se levantando na hora certa dos meus impulsos para a frente enquanto arqueava as costas.

—Sim? Você vai me fazer gozar nas minhas calças, — eu gemi, me sentindo consumido por ela. —Não me lembro da última vez que fiz isso. — Eu ainda usava as minhas calças sobre a cueca desde que adormeci logo que cheguei à cama, e tudo o que ela usava eram calças de pijama finas. Ela podia sentir cada centímetro de mim arrastando contra a sua boceta. Apenas no caso dela precisar de mais, eu soltei o seu seio, o seu mamilo pela primeira vez desde que eu a coloquei seminua e empurrei a minha mão por debaixo da sua bunda, dentro do seu pijama e calcinhas, puxando-a mais firmemente contra mim e meu pau.

—Jesus, — ela gemeu, envolvendo uma das pernas ao redor da minha.

A sua cabeça foi jogada para trás, e eu assisti sem fôlego quando ela subiu para o seu orgasmo bem na frente dos meus olhos. Eu peguei a minha velocidade.

—Dylan, — ela gemeu em segundos. —Dylan, estou tão perto.

O meu nome nos lábios dela me arrastou para a borda. —Vamos lá, baby, — eu murmurei na sua garganta quando eu deixei pequenos beijos na sua pele quente.

As suas pernas se abriram mais amplas debaixo de mim e eu apertei a sua bunda mais forte.

—Diga-me o que você precisa, Zoe.

—Só você. Eu só quero você.

—Eu sei, Flash. Eu sei. Diga-me o que você precisa para que eu possa fazê-la gozar. — Inspirando o seu doce aroma frutado, eu lambi uma trilha no seu pescoço sobre as suas contusões e chupei a sua pele, certificando-me que não era onde ela estava machucada. Ela gemeu, o som baixo e áspero.

—Não. Não. Pare, — ela disse de repente, surpreendendo a merda fora de mim.

—O quê? — Atordoado, eu me endireitei, colocando alguns centímetros entre os nossos peitos. Parei de me mover contra ela, mas não tive força suficiente para nos separar completamente. —O que aconteceu? O que há de errado?

A próxima coisa que eu sabia, as mãos dela estavam na cintura do pijama dela e ela estava tentando se esquivar completamente dele.

Recuando um pouco, perguntei: —O que você está fazendo?

—Eu quero gozar quando você estiver dentro de mim, Dylan, e eu acho que posso morrer se você não estiver dentro de mim no próximo minuto. Não, eu não estou sendo dramática, então venha – tire as calças, fique nu.

A última coisa que eu esperava fazer naquele momento era rir, mas eu fiz exatamente isso.

Zoe conseguiu tirar a metade de seu pijama, mas estava tendo problemas para soltar as pernas porque eu ainda estava pairando sobre ela. Eu a ajudei a puxar o resto do caminho e tive que me estabilizar por um segundo ou dois. Eu corri a minha mão das coxas dela até o seu tornozelo. Eu amava as suas pernas. Eu passei semanas observando aquelas pernas macias e imaginando-as ao meu redor enquanto eu a fodia e ela me implorava por mais.

—Eu não acho que você pode fazer o que eu quero que você faça com essas calças, Dylan, — ela murmurou quando eu apenas fiquei de joelhos como um idiota e movi as minhas mãos sobre ela. Eu peguei a mão que ela estava ocupada segurando os lençóis.

—Só um minuto, — eu murmurei, em seguida, ela enrolou as pernas em volta da minha cintura e me estabeleci entre as suas pernas nuas, o meu eixo pressionando o seu clitóris. Eu só queria sentir o calor dela. —Me deixe nu então.

—Merda, — ela murmurou, as suas mãos deslizando sobre o meu peito e enrolando em volta dos meus ombros. Então elas viajaram mais baixo quando eu me inclinei sobre ela, beijando e sugando os seus lábios entreabertos. As suas pernas caíram ao meu redor.

Eu levantei os meus quadris o suficiente para que ela pudesse abaixar as minhas calças sem problemas, então olhei para baixo entre nós para ver a cabeça do meu pau fazer uma aparição. Se ela me tocasse, ela sentiria que eu já estava vazando pré-gozo. Ela empurrou um pouco para cima e abaixou as minhas calças alguns centímetros mais, liberando todo o meu comprimento. Ele balançou entre nós, a ponta tocando o seu estômago.

—Agora que você tirou, o que você está planejando fazer? — Eu perguntei em uma voz áspera. Eu descansei os meus antebraços em ambos os lados do seu rosto e olhei para ela. Eu podia imaginá-la mordendo o lábio e parecendo insegura.

Em vez de ouvir palavras, senti os seus dedos envolverem o meu comprimento duro e inchado, não tinha nada inseguro sobre o toque dela. Eu me contorci na sua mão e senti o seu polegar escovar a umidade para baixo e ao meu redor. Com o coração martelando no peito, movi a minha mão para baixo, arrastando a minha palma contra cada centímetro do seu corpo até sentir a umidade nos meus dedos, e isso era para mim. Eu estava muito animado.

—Preservativo, — eu disse, a minha mente trabalhando apenas o suficiente para lembrar que precisávamos de preservativos - muitos deles. —Preservativos. Eu não tenho preservativos, Zoe.

A sua mão parou de se mover em mim, mas ela não a puxou.

—O quê?

Eu bati a minha mão na cama e deixei cair o meu rosto no seu pescoço. Eu lambi e mordi o lóbulo da sua orelha antes de falar porque eu não conseguia me conter. —Eu não tenho preservativos.

—Eu tenho! — Ela meio que gritou, e então a mão dela não estava tocando o meu pau mais. —Eu tenho. Um – eu tenho um.

Ela soltou o meu pau, deslizou para fora debaixo de mim, hesitou, em seguida, pegou o travesseiro e abraçou-o ao seu corpo nu perfeito antes de saltar e correr para fora do meu quarto. Segundos depois ela estava de volta, e eu estava sentado na beira da cama, os meus dedos coçando para tocá-la, para puxá-la e para mantê-la comigo.

—Para que é isso? — Eu consegui perguntar quando fiz um gesto em direção ao travesseiro, o meu pau dolorosamente duro, e ainda mais dolorosamente pronto.

Ofereci a minha mão e ela aceitou sem hesitar. Com a outra mão, peguei o travesseiro e joguei de volta na cama.

—Dylan...

—Já está muito escuro aqui como está. Não se esconda de mim, Zoe, não mais. — Eu lhe dei um puxão suave e ela subiu no meu colo.

—Aqui, — ela disse, entregando-me o preservativo depois de sentar nas minhas coxas. —Eu só tenho esse. — Ela fez uma pausa. —Jared deu para mim, apenas no caso.

—Apenas no caso de quê?

Ela encolheu os ombros. —Apenas no caso de você e eu... como uma piada.

—Foder. Você é muito tímida para dizer foder?

—Apenas no caso de você e eu fazermos sexo.

—Foder soa melhor para mim.

—Tudo bem, foder então.

Eu ri e a beijei. Os seus braços lentamente envolveram o meu pescoço enquanto ela se derreteu contra mim.

—Eu quero ver você colocá-lo, — disse ela contra os meus lábios.

—O que você quiser, apenas me diga e é seu.

Ela rolou o lábio inferior entre os dentes e inclinou a cabeça para me observar enquanto eu trabalhava sobre o meu comprimento o mais rápido que fosse humanamente possível.

Eu perdi a paciência em algum lugar ao longo do caminho, então eu a levantei do meu colo e a coloquei de volta na cama com um salto antes de subir em cima dela. —Eu preciso tanto de você, Zoe. Não posso olhar mais para você e não saber como é estar dentro de você.

Ela puxou a minha cabeça para baixo e foi para os meus lábios. Mantendo os nossos peitos separados, eu alcancei entre nós e senti a humidade entre as suas pernas.

—Merda, Zoe, — eu assobiei, descansando a minha testa contra a dela. —Você está muito pronta para mim, não é?

—Eu tenho tentado dizer a você –

Eu empurrei dois dos meus dedos dentro dela, ela ficou imóvel debaixo de mim, as suas pernas tensas, os seus dedos cavando na pele dos meus braços. Ela estava pingando. Depois de alguns impulsos, eu os puxei para fora e arrastei a sua humidade sobre o seu clitóris, acariciando e girando. Os seus quadris estavam inquietos debaixo de mim, exigentes, as suas mãos ainda na minha pele, o seu toque muito quente.

Eu me inclinei e sussurrei contra a sua orelha. —Eu preciso muito de você, Zoe.

—Por favor... Dylan, por favor.

Eu tomei a sua palavra e envolvi a minha mão ao redor da base do meu pau para que eu pudesse deslizar lentamente para dentro até que ela tivesse tudo de mim. Demorou alguns segundos e alguns grunhidos sensuais e suspiros quando ela arqueou debaixo de mim, mas eu estava todo dentro e nada nunca tinha feito eu me sentir tão apertado, tão certo, tão completamente... ela era minha.

Eu queria foder com ela até a luz da manhã entrar para que pudesse memorizar cada curva da sua pele. Sentindo-me um pouco tonto, eu puxei para fora até que apenas a ponta estava dentro dela, em seguida, empurrei todo o caminho de volta. Eu caí de volta no meu antebraço e finalmente comecei a fodê-la em um ritmo lento.

Um pequeno gemido escorregou dos seus lábios e me abaixei para capturá-lo com a minha boca. Eu queria todos os seus gemidos, todos os seus suspiros e engasgos. Eu queria tudo dela.

—Eu vou tirar tudo de você, — eu sussurrei contra a sua pele. Era justo que ela soubesse.

—Bom, — ela respondeu. Suas mãos seguraram o meu rosto, e eu podia senti-la olhando diretamente nos meus olhos enquanto eu deslizava dentro dela com golpes duros e profundos. —Ótimo mesmo. — Outro grunhido depois de um impulso particularmente duro. —Contando que você me dê tudo de si mesmo.

—Você já me tem, baby.

Depois disso, tudo foi perdido em um frenesim. Eu estava perdido nela. Eu agarrei uma das suas pernas e a puxei para o alto em volta da minha cintura para que eu pudesse me afundar ainda mais. Quando os meus movimentos aceleraram, o mesmo aconteceu com os ruídos suaves que ela estava fazendo. Ela apertou os meus bíceps, apertando e puxando e amaldiçoando quando eu fui especialmente fundo e rápido. Então ela estava arqueando, os seus seios salientes, me oferecendo tão docemente, e eu estava provando-a.

Grunhindo.

Sem fôlego.

Maravilhado.

—Você está me deixando louco, — eu engasguei, o meu coração batendo como um louco no meu peito, tendo dificuldade em manter-se com o nosso ritmo. O som da nossa pele batendo com cada impulso foi o melhor som que eu ouvi na minha vida.

—Você se sente tão grande dentro de mim, — Zoe engasgou, trazendo a minha atenção de seus seios para os seus lábios inchados.

Eu diminuí os meus impulsos e a beijei preguiçosamente, chupando a sua língua, arrastando o meu pau para fora o mais lentamente possível e, em seguida, empurrando-o para dentro.

—Demais?

Mordendo o lábio, ela balançou a cabeça.

—É bom?

—Eu quero gozar, — foi a sua resposta quando os seus dedos se fecharam mais apertados em volta dos meus braços. —Eu quero gozar junto com você, — ela repetiu, a sua voz rouca e ofegante. Eu beijei a borda dos seus lábios.

—Conte-me. Diga isso em voz alta. Eu quero escutar. É bom?

Ela colocou a palma da mão na minha bochecha antes de me dar uma resposta.

—É uma sensação incrível. Parece que vou explodir. — Um suspiro. Um gemido. —Você se sente incrível, amo isso, mas eu quero gozar. Isso... não acontece todas as vezes para mim, mas está tão perto que eu posso sentir isso. Eu quero que você me faça gozar. Por favor, me faça gozar em você.

Com um desafio como esse, o que mais eu poderia fazer?

Levantei de joelhos, arrastei suas pernas sobre as minhas coxas, e a puxei ainda mais para perto com as minhas mãos nos quadris, em seguida, comecei a fodê-la como se não houvesse amanhã. Ela se empurrou para baixo, as suas mãos apoiadas na cabeceira da cama, e eu podia senti-la lentamente apertando em torno de mim, as suas pernas apertando, os seus gemidos mais altos.

—Zoe, — eu assobiei. —Zoe, você se sente tão bem ao redor do meu pau, me apertando assim. Olhe para você, toda pronta para se soltar e gozar em cima de mim.

Então o seu orgasmo assumiu e ela tentou puxar as pernas fechadas em torno de mim, mas eu as segurei e continuei bombeando até ela vir lindamente e ofegante, quase silenciosamente, e então ela gozou com a boca aberta, o seu corpo arqueado, a sua respiração perdida.

Observando o seu rosto, observando os seus seios se moverem com a força dos meus impulsos, eu sabia que não poderia mais me segurar. Eu estava profundamente nela, e ela estava tão apertada que eu não sabia se poderia parar.

O sangue zumbiu nas minhas veias e a minha coluna formigou.

Zoe parou de gozar e encontrou o seu fôlego quando o meu nome derramou dos seus lábios novamente. Ela estendeu a mão e passou as mãos pelo meu peito e estômago, me fazendo tremer. Eu não sabia quanto tempo eu poderia continuar me movendo dentro dela, mas eu estava quase perdendo a cabeça.

—Eu não posso, — eu forcei. Ela estava me queimando de dentro para fora e eu não tinha ideia do por que eu estava tentando tanto continuar em vez de deixar ir.

—Não, — ela sussurrou, puxando-me contra a sua pele. Nós dois estávamos cobertos de suor e sentindo o peito dela pressionado contra o meu, o seu batimento cardíaco forte, seu cheiro, sua falta de ar... nada disso estava ajudando.

A cabeceira estava batendo na parede a cada impulso, e Zoe e eu estávamos gemendo a cada segundo. Senti ela apertar em torno de mim novamente e ela gritou, gozando de novo, os seus quadris se movendo, os seus braços em volta de mim, me segurando. Ela escondeu o rosto no meu pescoço e ficou incrivelmente apertada e molhada ao meu redor.

—Olhe para mim, — eu gemi com urgência. —Zoe, olhe para mim.

Sem fôlego, ela abaixou a cabeça no travesseiro e os nossos olhos se encontraram no escuro. Com um gemido meu, eu peguei seus lábios e deslizei ao máximo, de novo e de novo. Beijei-a o mais profundamente que pude, as nossas cabeças se movendo e inclinando, e deslizei dentro dela com pressa, como nunca havia sentido antes. Eu gozei, mas parecia diferente, como se tivesse sido arrancado de algum lugar dentro de mim, como que o que fizemos naquela maldita cama fosse algo muito mais do que apenas fazer sexo, mais como um exorcismo.

Quando pude ver e ouvir novamente, me encontrei ainda me movendo dentro dela gentilmente, afundando devagar o mais fundo que podia. Eu nunca tirei os meus lábios dos dela. Eu continuei a beijá-la até que não pudéssemos mais. Minhas mãos nunca pararam de tocar a sua pele, memorizando-a. Eu poderia tê-la beijado assim por horas, por dias, anos. Quando parecia que eu iria morrer se continuasse me movendo, eu caí meio em cima dela e tentei recuperar o fôlego.

—Foda-se. Eu acho que você me quebrou, — eu murmurei no travesseiro. —Vamos fazer isso de novo.

—Eu não fiz, — ela sussurrou de volta.

Eu afastei o seu cabelo bagunçado do seu rosto e olhei para ela por um momento. —Zoe, essa foi a melhor coisa que já aconteceu comigo. — Eu pressionei um beijo nos seus lábios inchados e quando ela os separou, eu entrei por mais tempo sem hesitar. Quando paramos, ela suspirou e pressionou a testa no meu ombro, bem debaixo do meu queixo. Eu continuei. —Parece que tenho esperado que isso acontecesse toda a minha vida, esperando que você acontecesse.

Eu acariciava as suas costas, para cima e para baixo, para cima e para baixo até que ela olhou de volta para mim.

—Isso foi intenso. Eu nunca fiz isso antes. O... gozar duas vezes, quero dizer. Eu acho que estava muito molhada. Isso é normal?

—Eu acho que é o nosso normal. Foi demais? — Eu fiz uma careta para ela. —Eu te machuquei ou algo assim? O seu pescoço?

Ela balançou a cabeça. —Não. Não é isso, não. Eu nunca me senti assim, tão... louca. Eu só queria você mais e mais fundo, mesmo que parecesse que você estava lá dentro... você sabe.

—Sim, eu sei o que você quer dizer. Eu tentei ir mais devagar, mas isso não estava acontecendo. — Beijei a sua testa e fechei os olhos. —Devíamos dormir um pouco mais, Flash. Amanhã vai ser outro dia difícil para você.

Ela suspirou e se aconchegou mais perto. —Eu posso dormir com você?

—Apenas tente ficar longe de mim.

Ela pareceu se acomodar depois disso e ficamos em silêncio.

Eu estava prestes a cochilar com ela nos meus braços quando ela falou em voz baixa. —Dylan.

De repente, eu estava bem acordado. Ainda assim, com base no tom dela, aquela conversa não era uma que eu estava pronto para ter naquele momento, não quando eu ainda podia senti-la apertando e pulsando em volta do meu pau.

—Agora não, — eu disse brevemente.

—Eu acho que nós –

—Não, não está noite, não depois que eu acabei de ter você. Conversamos amanhã ou no dia seguinte. Então vamos nos mudar o mais rápido possível.

—Mudar? O que você está falando?

Eu lhe dei um aperto e ela parou. Eu olhei para baixo e encontrei seu olhar confuso. —Não podemos ficar aqui no apartamento dele. Eu não vou.

Sua carranca só se aprofundou até que a compreensão a atingiu e ela começou a sacudir a cabeça.

—Não, Dylan. Quero dizer, sim, mas –

Eu beijei os seus lábios, cortando-a, porque eu não conseguia me controlar.

—Não essa noite. Por favor.

—Mas você precisa saber. Existem coisas –

—Eu saberei tudo amanhã ou no dia seguinte. Apenas me dê mais um dia, ok? Apenas nós, você e eu, ninguém mais. Nada mais entre nós.

Ela olhou nos meus olhos por mais algum tempo, em seguida, exalou e assentiu.

Mais segundos se passaram e eu não consegui dormir. Eu limpei a minha garganta. —A propósito, você me beijou. Você perdeu a aposta que tinha certeza que nunca ia perder.

Sua cabeça disparou para cima, me atingindo debaixo do meu queixo. —Eu não fiz! Você me beijou!

—Acho que não. Você foi primeiro.

—Não. Isso não conta. Você me beijou primeiro.

Eu tinha o maior sorriso no rosto quando finalmente adormeci depois de discutir com ela sobre quem tinha perdido a aposta. No final, eu a consegui, em todos os sentidos da palavra - só que eu não tinha ideia de que nada disso importaria no dia seguinte, não depois do modo como ela partiu o meu coração.

 

 

 

 

Capítulo 24

Zoe

Ele estava brincando com os meus dedos; acho que foi isso que me acordou inicialmente, isso e ouvir a sua voz murmurar o meu nome contra a minha pele. Foi apenas um pouco mais do que um sussurro que de repente estimulou o meu coração em uma batida rápida. Era muito cedo para ficar excitada só porque você ouviu a voz quente e sonolenta de alguém.

Eu abri os meus olhos com um sorriso brega estampado no meu rosto. Um olhar para aquela cama e você podia apostar dinheiro em como não havia como duas pessoas – especialmente se uma delas fosse do tamanho de Dylan – se encaixarem lá, mas nós fizemos. Nós nos encaixamos perfeitamente. Claro, os seus pés e metade do braço que estava debaixo da minha cabeça estavam fora da cama, as minhas pernas estavam emaranhadas com as dele, e os meus joelhos também estavam pendurados para o lado, mas quem se importava? Como eu disse, nos encaixamos perfeitamente.

—Bom dia, — ele murmurou, e eu olhei para trás para que eu pudesse encontrar os seus olhos azuis escuros. Ele me deu um sorriso preguiçoso, um que eu não pude não retribuir.

—Bom dia.

—Dormiu bem?

Ainda ostentando aquele sorriso, eu balancei a cabeça e seu sorriso ficou maior. Eu podia sentir o calor correndo para as minhas bochechas. Meus olhos caíram para os seus lábios e vi o sorriso se transformar no sorriso que eu mais amava nele, aquele em que ele sorria com os olhos, tanto quanto fazia com os lábios. Era caloroso, genuíno, quente. Parece cafona, eu sei, mas a verdade é que basicamente tomava o seu – ok, talvez não tomasse o seu... é melhor não... mas com certeza a mim, me tomava o fôlego.

Whoosh

Desapareceu.

—Não se mova, — eu disse com pressa, em seguida, levantei os cobertores, ele resmungou e se esforçou para puxá-los de volta.

—O que está acontecendo? — Dylan perguntou, olhando para mim com diversão dançando nos seus olhos.

Eu puxei os cobertores para cima. —Eu... apenas... deixe-me pegar o travesseiro. — Eu não dei a ele uma hipótese de sequer proferir um protesto ou arrancá-lo antes que eu pudesse chegar nele. Eu puxei para fora, de debaixo dele e a sua cabeça saltou no colchão. Murmurando um rápido pedido de desculpas, eu o abracei no meu peito e cuidadosamente saí da cama. Ele pegou a minha mão antes que eu pudesse me endireitar.

—Onde você vai?

—Eu já volto. Eu só quero pegar algo.

Ele me soltou e eu saí do quarto, esperando que tudo estivesse coberto.

Quando eu peguei o que precisava da minha bolsa, corri de volta para ele. Ele ainda estava deitado, usando o braço atrás da cabeça como travesseiro. Eu olhei os músculos, os braços, o peito, a pele lisa, a protuberância debaixo dos cobertores – só de pensar no seu pau me fez ficar toda quente por dentro. Você deveria ter o visto; ele parecia tão relaxado, tão quente, tão... outras palavras que eu não poderia imaginar devido à maneira como ele virou o meu cérebro em mingal, mas acredite na minha palavra, ele parecia perfeito.

Ainda segurando o travesseiro no meu torso com uma mão, segurando minha câmera com a outra, eu voltei para perto dele e finalmente soltei o travesseiro quando estava de volta debaixo das cobertas.

—Você não pode continuar tímida, Zoe, — ele disse, subindo no seu cotovelo e olhando nos meus olhos com uma pequena carranca. —Não depois da noite passada.

—Não vai apenas desaparecer assim. Dá um tempo, tem a luz do dia agora, — eu bufei. —Mas esqueça isso. Eu estava morrendo de vontade de tirar uma foto sua e eu –

—Você tirou fotos minhas no jogo.

—Não, não assim – assim. — Eu coloquei a minha mão no seu peito. —Eu quero manter isso.

—Coletando memórias, batimentos cardíacos, — ele murmurou, ecoando o que eu disse a ele na primeira noite em que ele veio ao apartamento. Sorrindo, ele empurrou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. —Nós dois?

Animada além da medida, eu mordi o meu lábio e ansiosamente assenti.

Ele abriu os braços e eu mergulhei, delirantemente feliz por estar lá.

—O seu braço deve estar morto agora. Você deveria ter tirado ele depois que eu adormeci.

—Tudo bem, — ele disse distraidamente enquanto me reunia mais perto.

Depois que eu configurei o ISO e a velocidade do obturador até que tudo estivesse perfeito, eu exalei e levantei a minha Sony A7R II sobre nós para que pudéssemos nos encaixar no quadro. A inversão da tela não girou, então seria um tiro no escuro, mas eu estava bem com qualquer coisa naquele momento.

Sorrindo feita louca, olhei para Dylan e ele sorriu. —Pronto? — Eu perguntei, não dando a mínima que eu parecia uma maníaca.

Ele riu e me beijou na bochecha.

Isso foi ouro. Eu tirei a foto antes que ele tivesse a oportunidade de se afastar. Tonta, eu virei a câmera para verificar como estava – perfeita. Eu parecia um pouco louca com aquele sorriso no meu rosto, e meus olhos estavam fechados, minha cabeça inclinada em direção à sua cabeça, mas era perfeita. Seu lado da foto era perfeito, e eu parecia feliz, fora de mim. Se você tivesse visto a foto, você poderia pensar que eu era uma perdedora total, mas eu acho que não. Quando Dylan riu ao meu lado, eu sabia que ele também não achava.

—Tão linda, — ele disse, e um delicioso arrepio percorreu o meu corpo.

Capturar esse momento único teria sido ótimo para mim. Eu estava planejando colocar minha câmera no chão, mas Dylan me parou.

—Mais.

—Eu posso?

—Sim. Tire tantas quanto quiser, — ele disse, me dando permissão.

Eu provavelmente tirei uma dúzia das mesmas fotos de nós, mas eu não dei uma única foda. Todos elas consistiam em Dylan me beijando enquanto eu me deitava no seu ombro, Dylan me beijando enquanto a sua palma cobria a minha bochecha, eu rindo enquanto ele se inclinava e beijava o meu pescoço, eu olhando Dylan com olhos brilhantes enquanto ele sorria para mim, a câmera completamente esquecida. Então Dylan tirou da minha mão, que já estava tremendo por muito tempo, e depois de um pouco hesitante, ele começou o próximo conjunto com as mesmas fotos: ele beijando o canto dos meus lábios quando eu finalmente olhei para o câmera, ele alcançou os meus lábios e finalmente me beijou quando eu virei o meu corpo para encará-lo, eu com meus olhos fechados enquanto ele sussurrava palavras no meu ouvido. Então houve uma foto do seu braço deslizando ao redor do meu pescoço, uma de seu torso definido e minha cintura enquanto ele se contorcia na cama.

Então foi apenas silêncio e ele e eu.

Estendendo a mão sobre mim, ele colocou a câmera no chão e olhou para mim. Em algum momento durante a nossa pequena sessão improvisada, os cobertores revelaram a parte superior do meu corpo para ele e ele podia ver tudo o que ele não tinha sido capaz antes.

Meu coração pulou uma batida quando nos encaramos. A expressão de Dylan suavizou quando ele me estudou.

—Oi, Flash.

Eu sorri. —Oi companheiro.

Ele inclinou a cabeça e riu. —Certo, somos companheiros. Você é a melhor amiga que já tive.

—Da mesma forma.

Seus dedos deslizaram sobre as minhas contusões, seus olhos seguindo o movimento, e eu engoli.

—Isso me mata, que estas estão aqui.

Eu não consegui falar.

Olhando para mim um pouco mais, uma das suas mãos acariciou a minha cintura e depois a minha coxa. Quando ele levantou e plantou o meu pé firmemente na cama, levou tudo em mim para não ter um arrepio no meu corpo inteiro. Sem mais nem menos, eu estava encharcada para ele. Ele abaixou seus quadris em mim e me lembrei de como ele colocou as suas cuecas de volta quando se levantou para cuidar do preservativo. Ainda assim, o tecido que nos separava não significava nada; eu podia sentir cada centímetro da sua dureza, e bem, em mais alguns segundos, ele seria capaz de sentir o quão molhada eu estava para ele.

Eu agarrei os seus braços, fechei os olhos e soltei um gemido involuntário quando ele pressionou para frente e a cabeça do seu pau empurrou com força no meu clitóris.

Então eu senti os seus lábios na minha bochecha, sobre a concha da minha orelha, no meu pescoço, lambendo, chupando suavemente, beijando.

Cegamente, estendi a mão entre nós, empurrei a sua cueca alguns centímetros para baixo e o toquei quando o seu pau pesado e quente estava no meu estômago.

Sentindo-me um pouco louca, eu gemi e virei a minha cabeça para poder beijá-lo. Ele retornou o meu gemido com o seu quando a minha mão envolveu o seu pau e eu puxei com força. Eu engoli os seus grunhidos e o empurrei mais forte. Uma gota de pré-gozo caiu no meu estômago, me fazendo ofegar e tremer, arrepios percorrendo todo o meu corpo. Então outra gota e outra. Renovei o meu ataque na sua boca, contornando a minha mão livre no seu pescoço e puxando-o para mim. Ele inclinou a cabeça e foi mais fundo, a sua língua acariciando a minha, tomando e dando, mordendo e lambendo, acalmando e beijando.

Então senti o seu polegar e indicador no meu queixo e ele se afastou, os nossos lábios fazendo um som alto de estalo.

—Por favor, me diga que Jared te deu mais, — ele rosnou, o som e o tom me derretendo na cama ainda mais.

Os meus olhos só se abriram no meio do caminho e consegui murmurar um baixo —O quê?

—Preservativos?

Forcei os meus olhos a abrirem um pouco mais e meu coração afundou. —Ah não.

Ele gemeu e rolou para o lado, o seu pau escorregou da minha mão no processo.

—Sinto muito, — eu murmurei, apoiando-me no cotovelo e olhando para ele enquanto ele esfregava a mão sobre o rosto algumas vezes.

—Então eu deveria sair desta cama – inferno, provavelmente do apartamento enquanto eu estou nisso.

Eu sorri. —Porquê?

Ele me deu um olhar frustrado, a sua expressão tão escura e firme quanto os seus olhos. Eu perdi o meu sorriso muito rápido e limpei a minha garganta. Sem outra palavra, levantei de joelhos, um pouco sem fôlego e um pouco insegura, me ajeitei ao lado das suas pernas e engoli em seco. Eu não ia pedir permissão, e ele não estava me impedindo. Eu podia sentir os seus olhos queimando na minha pele. Não era estranho estar tão fascinada por um pau? Porque aparentemente eu não conseguia tirar meus olhos do dele. O eixo grosso, a cabeça rosa escuro... o jeito que descansava no seu estômago duro, aquela veia grossa na parte de baixo... a antecipação de quão bom ele iria se sentir... tudo isso me atingiu de uma só vez e eu não podia esperar mais.

Por acaso, dei uma olhada em Dylan e o vi engolir, vi a sua garganta se mover e como a sua mandíbula estava.

Eu estendi a mão para pegá-lo na minha mão, mas ele me parou antes que eu pudesse e ligou os nossos dedos juntos.

—Use a outra, — ele disse, aquela voz grossa e carente correndo sobre mim e causando arrepios por toda a minha pele.

Eu lambi os meus lábios em antecipação. —OK.

Eu o queria na boca, provavelmente um pouco mais do que ele queria. Eu não era profissional no sexo oral por si só, mas também não achava que era a pior. Balançando a cabeça para me livrar de todas as segundas idiotices, peguei a sua base grossa com a mão esquerda e abaixei a minha boca sobre ele, rolando a minha língua ao seu redor.

Os quadris de Dylan se ergueram e ele apertou minha mão com a dele.

—Sinto muito.

Lentamente eu movi a minha mão para cima e para baixo no seu comprimento, escovando o meu polegar sobre a sua fenda, usando a humidade para tornar isso mais fácil. Ele tentou manter-se o mais imóvel possível.

—Foda-se, — ele sussurrou, a sua cabeça afundando no travesseiro quando eu o coloquei na minha boca novamente. —Zoe, eu não acho que vou deixar você sair desta cama novamente.

E ele não deixou, não até que ele teve que deixar, quando o seu telefone começou a tocar mais e mais. Um dos seus companheiros de equipe, Benji, estava ligando para ter certeza de que ele iria treinar.

Depois disso, foi uma corrida louca. Eu não tinha ideia de quando havíamos acordado, mas depois que o fiz gozar por todo o estômago e mãos, ele retribuiu, e então consegui outro prêmio. Quando seu amigo ligou e bateu em nossa pequena bolha privada, me senti culpada por estar tão feliz quando a minha amiga estava passando pelo inferno.

Quinze minutos depois do telefonema, nós dois fomos tomar banho e nos vestir, ficando prontos para ir.

—Você vai me ligar quando estiver vindo para casa?

—Eu vou.

—Você está pulando as suas aulas?

—Sim, tanto Jared como eu vamos.

—Você ligará se precisar de alguma coisa?

—Eu vou.

—Me escreva como ela está quando você chegar lá.

Dei um rápido aceno e desviei o olhar.

Ele estendeu a mão para pegar o meu queixo.

—O que há de errado?

Eu dei a ele um meio encolher de ombros. Como eu ia explicar para ele sobre Mark e Chris? Como você começa uma conversa assim?

Então... aqui está a coisa, eu sei que você odeia mentirosos porque você me disse na primeira noite que você veio aqui, mas eu estive mentindo para você esse tempo todo. Ei, pelo menos era uma mentira inocente, certo? Eu nunca tive um namorado, não desde que você se mudou, e o seu melhor amigo é meu irmão perdido, mas não estamos dizendo nada a ele, porque é assim que Mark quer. Boa conversa. Tchau.

Apenas como arrancar um band-aid.

Para minha vergonha, os meus olhos ardiam com lágrimas não derramadas e me virei para chegar à porta antes que ele pudesse vê-las.

—Nada. Você vai se atrasar. Venha. — Eu puxei a sua mão para puxá-lo para fora e tranquei a porta.

—Zoe, espere.

Ele colocou a mão no meu braço, mas eu já estava em movimento.

A porta da Srta. Hilda se abriu antes que pudéssemos escapar. Juro que a mulher passa metade do seu dia – possivelmente até mais - com o ouvido pressionado contra a porta, esperando pelas suas vítimas.

—Onde vocês dois estiveram? Eu precisei de vocês ontem e bati na sua porta. Você teve uma festa lá? Eu acredito que eu lhe disse que eu não gostaria disso quando você chegou aqui, Srta. Clarke.

Se eu tivesse uma lista de tarefas para o dia, lidar com a Sra. Hilda não teria sido a última coisa nessa lista. Muito consciente da presença alta e forte de Dylan atrás de mim, inclinei a cabeça e respirei fundo. —Você ouviu música ou algo assim, Sra. Hilda?

—Não, mas eu poderia jurar que ouvi –

—Nós não tivemos uma festa, e não estamos planejando ter uma festa no futuro próximo também. Eu adoraria ajudar você com o que você precisar, mas agora estou atrasada para a aula e Dylan precisa treinar, então me desculpe, mas você terá que encontrar outra pessoa para verificar as suas cortinas. Tenha um bom dia, Sra. Hilda.

Enquanto ela olhava para mim com uma expressão ainda mais profunda e uma boca aberta, comecei a descer as escadas. Um segundo depois, os passos de Dylan me seguiram.

Quando eu pisei fora do prédio, inclinei a cabeça para o céu azul brilhante e me senti um pouco melhor com o vento no meu rosto.

—O que está acontecendo? — Dylan perguntou atrás de mim. Então os seus braços estavam ao redor da minha cintura, me puxando de volta ao seu peito, os seus lábios pressionando um beijo leve no meu pescoço.

Isso foi ainda melhor do que o vento, e eu relaxei ainda mais.

—Nada, — eu respondi, em seguida, inclinei a cabeça para o lado, sem vergonha pedindo mais. Ele não me fez esperar. Segurando o meu queixo, ele me deu um longo beijo molhado, afugentando cada pensamento ruim.

—Nada, — repeti sem fôlego quando paramos. Eu olhei para os seus olhos estonteantes e acreditei que tudo ficaria bem.


* * *

—Ela está dormindo? — Eu perguntei quando Jared voltou para a sala de estar.

Ele sentou no sofá, soltou uma respiração profunda e segurou a cabeça entre as mãos. —Sim, finalmente.

Eu virei para poder olhar para ele, mas fui interrompida por uma pequena mão puxando o meu cabelo. —Zoe, não, não, não. Você está estragando tudo. Você não se pode mexer, boba. Agora eu vou ter que começar de novo. — Houve um suspiro fofo atrás de mim, pingando de aborrecimento simulado.

—Eu sinto muito, Miss Bluebird, — eu falei, usando o novo apelido que ela me implorou para usar assim que eu pisei no apartamento. A irmãzinha de Jared, Becky, era a garotinha mais fofa, e a mais inteligente também, assim como o irmão dela. —Eu tenho que pagar mais agora que você está começando de novo?

Os seus dedos pararam de se mover no meu cabelo. —Eu sou paga?

—Bem, você é a minha cabeleireira, então eu acho que deveria pagar, não é? Quer dizer, você tem trabalhado por quanto tempo agora? Meia hora?

—Sim. Sim, você me paga, ok?

—Ok, eu pago, mas você tem que me fazer parecer bonita, ok?

—Estou tentando. Quanto você está pagando?

—Ai! — falei para Jared, mas ele não estava nem prestando atenção. —Quanto você quer?

Ela se virou para Jared. —Jar, eu estou sendo paga hoje. Quanto dinheiro eu quero?

Eu sorri, sem mostrar os dentes, conseguindo segurar uma risada. Becky sempre chamava seu irmão mais velho de Jar ou Jer.

Depois de um longo processo de negociação, ficamos pelos três dólares porque ela me imaginou com três tranças como a que o seu brinquedo tinha e seria bonito porque ela era a melhor em tranças – Jar havia dito - e ia comprar todos os chocolates com o dinheiro dela.

Deixando Becky continuar a brincar com meu cabelo, olhei para a cabeça inclinada de Jared.

—Os seus pais estão vindo amanhã. Vai ser bom para ela vê-los, — eu disse baixinho.

Agitado, ele esfregou o pescoço e balançou os pés. Nos três anos em que eu o conheci, nunca o vi tão bravo quanto naquele dia. Ele não conseguia sentar em um lugar por mais do que alguns minutos.

—Porra! Eu poderia matá-lo! Nós deveríamos ter dito algo mais cedo, deveria...

Abruptamente, pequenos bracinhos se enrolaram à volta do meu pescoço e Becky escondeu o rosto no meu cabelo. Eu estendi a mão para acariciar seu braço tranquilizadoramente.

—Jared, sente-se, — eu assobiei para ele. —Oh, está tudo bem, Becky. Ele ficou chateado.

Ouvindo o meu tom, os seus olhos voltaram para mim, em seguida, abaixou quando finalmente se lembrou que a sua irmã estava na sala e sentou novamente.

—Sinto muito, princesa, — ele murmurou, beijando a sua bochecha e persuadindo-a a sair de seu esconderijo atrás do meu cabelo. —Você não vai me denunciar por usar uma palavra má, vai? — Mais alguns beijos depois, Becky estava rindo e tudo estava bem no seu mundo de novo.

Eu coloquei a minha mão no seu joelho até que ele parou de pular e relaxou. —Ela sabia que não gostávamos dele, Jared, — eu comecei em silêncio. —Isso não foi nossa culpa, e não foi culpa da Kayla também. Ela o amava. Há apenas uma pessoa responsável aqui, e ele vai conseguir o que está vindo para ele.

—Você não acha que os seus pais vão pegar aquele...— ele deu uma rápida olhada em sua irmã —... I.d.i.o.t.a mais rápido do que você consiga dizer o nome dele?

—Não vai ser tão fácil.

Ele se levantou e começou a andar de novo pela sala. —E ele também te machucou, pelo amor de Deus! Por que ela não me ligou? Porque você não me ligou? Se eu estivesse na biblioteca com vocês duas –

—Ok, você vai me dar um torcicolo. Por favor, sente-se. — Depois do olhar que ele me deu, mudei de ideia. —Ou não, tudo bem, mas fique quieto, — eu resmunguei. —Ela está como um fantasma o dia inteiro, e quando ela finalmente fecha os olhos por mais de dez minutos, você vai acordá-la novamente.

—Fale comigo sobre outra coisa então. Eu vou enlouquecer se não conseguir esmagar o rosto dele em uma trituradora.

—Hulk. Esmague! — Becky disparou. —O que é uma trituradora?

—O meu cabelo está feito, senhorita Bluebird? Posso olhar?

—Eu tenho espelho, você vai ver. Você senta aqui. Ok, Zoe? Você senta e espera, ok?

Quando a ajudei a sair do sofá, assenti. —Sentar e esperar, entendi.

Antes que ela pudesse fugir, Jared a parou com uma mão no braço. —KayKay está dormindo no meu quarto e a porta está aberta, então fique em silêncio quando você estiver procurando por aquele espelho, ok?

—KayKay está doente?

—Não querida. Ela só tem um pouco de dor de cabeça, então ela precisa dormir. Ela vai ficar bem. Depois que você terminar de mostrar a Zoe o seu novo cabelo, você estará indo para a cama. Já passou da sua hora de dormir.

—Ok Jar. Primeiro cabelo, depois cama. — Satisfeita com as suas respostas, ela correu para o quarto.

—Eu deveria ir também. Já passa das nove e eu preciso voltar. — Assim que Becky estava fora do alcance da voz, eu desabafei porque eu não conseguia mais segurar. —Além disso, apenas no caso de você querer saber, eu dormi com Dylan, e mesmo se você não quisesse saber, agora você sabe. Na sua cama, com ele, ontem à noite - bem, mais como de manhã, mas vamos com a noite passada... e depois um pouquinho no...

Espere, espere, espere – espere, — ele falou. Ele estava segurando a mão para cima, os olhos piscando. —Você fez o quê?

—Eu dormi com –

—Esclareça, por favor. Você dormiu com ele na mesma cama, ou dormiu com ele, o que significa que você fodeu seu cérebro? Qual?

—Bem... — Eu puxei as minhas pernas para cima e as abracei no meu peito, meus lábios já curvados em um sorriso. —Se estamos falando de cérebro, provavelmente foi o meu que foi fodido.

Ainda com aquela expressão chocada no rosto, ele caiu no sofá ao meu lado.

—Eu acho que isso significa que eu não posso tentar seduzi-lo mais.

Eu comecei a rir e tive que colocar a mão sobre a boca para ficar quieta. Então eu fiquei sóbria e meu sorriso desapareceu. —Eu me sinto tão mal por me sentir tão feliz quando Kayla está passando por isso. Eu não planejei isso a...

—Zoe, se dependesse de você, você provavelmente esperaria dez anos antes de fazer uma jogada. Eu já sei que não houve planeamento envolvido.

—Ele foi tão bom para mim ontem, Jared. Assim que eu entrei no apartamento, eu apenas quebrei e ele pegou minhas peças. E então... — Eu amava Jared, e ele era um dos meus melhores amigos, mas por alguma razão eu não queria partilhar todos os detalhes do que aconteceu depois que chegamos em casa. A maneira como ele me segurou, o jeito que ele me abraçou no chuveiro, a maneira como nos encaixamos tão perfeitamente – tudo parecia privado, como se fosse apenas nosso, meu e de Dylan.

—Então aconteceu, — Jared terminou por mim.

—Algo parecido.

—Agora faz mais sentido.

—O que isso significa?

Antes que ele pudesse responder, Becky veio correndo, um pequeno espelho rosa em sua mão enquanto ela sussurrava para nós. —Eu encontrei! Zoe, eu encontrei!

—Oh, isso é um espelho bonito, Miss Bluebird. Agora vamos ver o que você fez no meu cabelo.

Depois que ela exigiu que eu a colocasse na cama, eu verifiquei o meu cabelo no espelho do banheiro e tive que passar alguns minutos acalmando tudo.

Enquanto passava pelo quarto de Jared, Kayla chamou o meu nome.

—Está tudo bem? Eu pensei que você estivesse dormindo. — Entrei e sentei na beira da cama enquanto ela se sentava.

—Ouvi Becky falando com vocês. Você ainda está aqui?

—Sim, só queria ficar um pouco mais por perto. — Depois de um longo período de silêncio, perguntei: —Como você está? — eu estava preocupada que não estava fazendo as perguntas certas o dia todo.

—Eu estou bem. — Ela suspirou. —Estou melhor, vamos deixar isso. Você pode sair, Zoe. Está tarde. Você não precisa esperar por aqui.

—Não se preocupe comigo. Eu vou embora de qualquer maneira.

Ela suspirou, mas assentiu. —Mamãe e papai estão chegando amanhã. — Desta vez foi a minha vez de acenar. —Eu não tenho certeza se vou voltar para aqui em Janeiro, Zoe. Eu nem tenho certeza se posso lidar com os exames.

Eu queria protestar, queria dizer que foi a ideia mais idiota que eu já ouvi, mas não foi. Eu queria uma hipótese de passar dez minutos sozinha em um quarto com Keith, mas sabia que não iria desfazer a dor que a minha amiga estava passando.

Mantendo os meus olhos focados na cama cinza escura, eu tossi. —Eu quero implorar para você voltar, KayKay, mas eu sei que não posso.

—Eu só não acho que eu quero... na verdade, eu acho que não posso é uma resposta melhor. Eu acho, e meus pais pensam...

—Eu entendo, e eu quero que você faça o que quer que vai curar você e fazê-la feliz de novo. Você acha que vai ficar no Texas, então?

—Não tenho certeza.

Dei-lhe uma olhada rápida e voltei os meus olhos para os meus dedos que brincavam com a borda dos lençóis. —A família de Keith mora muito perto da sua, certo?

Ela balançou a cabeça. —Eles se mudaram quando viemos para esta escola. Eles estão em Seattle agora, então ele não vai para o Texas.

Nós ficamos em silêncio.

—Talvez você e Jared possam vir me visitar durante as férias de verão.

Eu sequei uma lágrima que estava descendo pela minha bochecha. —Sim, acho que seria ótimo. Eu nunca estive no Texas. — Mordi o lábio e hesitei por um segundo. —Se houver um julgamento e Keith –

—Eu não quero falar sobre ele, Zoe.

—OK. Eu sinto muito. — Ela estava segurando o lençol, então eu coloquei a minha mão em cima da dela. —Eu sinto muito.

Quando Kayla não falou, eu olhei para cima e vi que ela estava chorando também.

—Eu simplesmente não consigo parar, você sabe, — ela disse baixinho, o seu lábio inferior tremendo um pouco enquanto enxugava as lágrimas quase tão rapidamente quanto elas estavam caindo. —Isso vem e vai. Um segundo, estou bem, e no próximo sinto-me mal do estômago. — Ela levantou os olhos para mim e depois olhou para o meu pescoço, onde as minhas contusões eram visíveis, mesmo através da base que eu tinha aplicado. —E você foi ferida por minha causa também –

Eu toquei o meu pescoço com as pontas dos dedos. —O quê? Isto? Eu não estou ferida, Kayla. Estou chateada por não ter tido a oportunidade de machucá-lo, então nem pense nessa parte.

Até agora, o seu método preferido de como lidar com tudo era evitar todas as conversas relacionadas a Keith. Nós não íamos insistir, de qualquer forma, e ter Becky por perto forneceu uma proteção. Todos nós rimos das suas travessuras, e quase parecia um dia normal para três amigos íntimos.

—Vou sentir falta da minha melhor amiga, — eu disse. —Você já contou a Jared?

—Eu vou falar com ele.

Foi quando a cabeça de Jared espreitou pela porta aberta. —Alguém disse meu nome? Eu pensei que você estivesse dormindo, sua pequena mentirosa. — Ele deu a volta na cama e sentou na minha frente. —Zoe, seu telefone está ficando louco na sua bolsa. Talvez você devesse dar uma olhada.

Franzindo a testa, levantei. Eu esqueci tudo sobre o meu telefone depois de enviar uma mensagem rápida para Dylan dizendo a ele que Kayla estava bem. Eu tinha visto chamadas perdidas e notificações depois de ler a mensagem de Dylan quando acordei no meio da noite, mas eu ignorei tudo isso. A primeira coisa que fiz depois que Dylan e eu nos separamos na frente do nosso prédio foi ver tudo o que Mark havia mandado. Depois que eu mandei uma mensagem para ele dizendo que ia contar tudo a Dylan, ele ligou inúmeras vezes, deixou oito mensagens de voz e enviou algumas mensagens. Eu excluí todos eles sem sequer ouvi uma palavra. Embora eu tenha acabado de ler as suas mensagens, nenhuma delas disse nada que eu queria ouvir, então eu as excluí também. Estava farta de ser um capacho para ele, e já tinha passado da hora.

Deixei Kayla e Jared sozinhos e fui procurar o meu telefone. Estava tocando e eu esperava que fosse Dylan, mas infelizmente, não era. Relutantemente, respondi.

—Sim.

Depois de alguns segundos de silêncio, Mark falou. —Onde você está?

Não, eu estava preocupado com você. Não, eu ouvi o que aconteceu na biblioteca. Não, você está bem, Zoe? Não há algo que eu possa fazer? Não, nada.

Mas nada disso importava porque eu já tinha conversado com o meu pai. Ele já havia feito as perguntas que um pai deveria fazer. Este homem não era nada para mim, e foi culpa minha por pensar que as coisas poderiam ter sido diferentes.

—Eu estou com meus amigos, — eu disse friamente.

—Você contou a ele? Dylan?

—Ainda não, mas eu vou. — Eu iria naquela noite, assim que eu decidisse como fazer. Naquele momento, percebi que não tinha medo de contar a ele sobre Mark e Chris. Eram apenas palavras, e teria sido fácil o suficiente sentar e explicar desde o começo. O que eu temia era como ele reagiria. Ele estaria com raiva de mim por deixá-lo pensar que havia algo acontecendo entre eu e o meu pai biológico? O que quer que estivesse acontecendo entre nós terminaria antes mesmo de começar? Era disso que eu estava com medo - perdê-lo. Deus sabia que eu ficaria com raiva dele por me deixar pensar o pior dele.

—Onde você está? — Ele perguntou de novo, e eu poderia dizer que ele estava rangendo os dentes. —Eu vou buscá-la. Nós precisamos conversar.

—Agora estou ocupada.

—Zoe, — ele trovejou através do telefone. —Você vai me dizer onde diabos você está e nós vamos conversar.

Raiva borbulhava dentro de mim. Eu estava bem perto de odiá-lo, não que eu realmente o amasse antes, mas pelo menos eu não o detestava. Eu estava curiosa e queria ter a hipótese de conhecê-lo. A primeira vez que nos encontramos, eu disse a ele como estava empolgada para conhecer Chris, como eu sempre quis ter um irmão ou uma irmã. Ele gentilmente me disse que era muito cedo para contar a Chris, dizendo que deveríamos aproveitar o tempo e nos conhecer antes de contarmos a ele, porque ele ainda estava chocado. Ele disse que estava tentando proteger a sua família e eu entendi. Oh, não era a melhor sensação saber que ele estava tentando protegê-los de mim, mas pelo menos eu o entendia. Conforme os três anos seguintes se passaram, eu lentamente percebi que Mark não estava interessado em contar nada a Chris, pelo menos não toda a verdade, e a conclusão chegou três anos atrasada.

Então, chegou a hora de contar tudo o que eu mantive por tanto tempo. Nós íamos ter uma conversa, e dessa vez eu seria a única falando. Provavelmente seria a última vez que eu o via também, e eu estava mais do que bem com isso. Eu dei a ele o endereço de Jared, e ele me disse que estaria aqui em quinze.

Depois de sentar com Jared e Kayla por mais dez minutos, eu prometi a eles que voltaria no dia seguinte para conhecer os seus pais, então saí para esperar que Mark viesse me buscar. Quando eu disse aos meus amigos que ia falar com ele, Jared me deu um olhar alarmado, mas eu não pensei em nada disso.

Eu deveria ter. Eu deveria estar tão alarmada quanto ele porque eu não sabia disso, mas naquele exato segundo, Dylan estava esperando por mim do outro lado da rua do prédio de apartamentos que eu tinha acabado de sair.

Meu telefone tocou com um novo texto e eu olhei para baixo para ler enquanto caminhava em direção à calçada.

Dylan: Tenho saudades suas.

Quando ouvi um carro, olhei para cima da tela e vi o SUV preto de Mark vindo em minha direção. Sem mandar uma resposta, enfiei o telefone no bolso de trás e esperei nervosamente que ele parasse bem na minha frente.

Quando subi no banco do passageiro, sem que eu soubesse, Dylan deu alguns passos para a frente e olhou para o carro em estado de choque. Eu não sabia que ele estava esperando do outro lado da rua para poder voltar para o apartamento comigo. Eu não sabia que ele queria me surpreender.


Capítulo 25

Zoe


Mark abriu a porta do apartamento e gesticulou para eu entrar primeiro. Eu hesitei.

—Vá, Zoe, — disse ele com os dentes cerrados.

Desde que Dylan havia se mudado, Mark nunca tinha ido ao apartamento. Houve um punhado de vezes que ele me convidou para me encontrar em algum lugar longe do campus – longe dos olhos atentos – mas mais frequentemente do que não, ele tinha me deixado esperando. Em meses, eu o vi um total de três vezes, ou talvez quatro. Nas ocasiões mais recentes, ele mal me olhava no rosto. O cara que atuava como se estivesse interessado em me conhecer desapareceu em algum lugar entre o meu segundo ano e o meu ano de júnior, e eu era uma idiota.

Eu entrei no apartamento e depois entrei em pânico por um momento enquanto me perguntava onde Dylan estava.

Mark não perdeu tempo passando por mim até a sala de estar. A sua postura era rígida, os nós dos dedos já brancos.

—Diga-me do que se trata, — ele ordenou quando eu estava perto o suficiente.

—O quê?

—Não me faça repetir, Zoe. De onde veio essa coisa sobre dizer a Dylan tudo?

Ele não podia ser tão cego, poderia?

—Eu gosto dele, — eu disse devagar. —Nós somos mais do que apenas amigos. — Apenas dizer em voz alta fez o meu estômago apertar da melhor maneira possível. Se eu não estivesse olhando para o rosto zangado de Mark, tenho certeza que teria sorrido.

—Você não pode ser tão estúpida.

Eu engoli o gosto amargo na minha boca e optei por não responder.

—Ele é amigo de Chris, Zoe. Ele contará tudo a ele.

—Ele não vai, mas por que isso importa? Nós vamos contar a ele depois do último jogo de qualquer maneira. — Ele me deu um olhar cheio de ódio, e eu tentei manter a minha expressão neutra. —Nós vamos dizer a ele, certo?

Em movimentos bruscos, ele passou a mão pelo cabelo e murmurou algo em voz baixa enquanto olhava pela janela.

Eu dei um passo para trás e as costas dos meus joelhos bateram no sofá, então eu sentei a minha bunda para baixo.

—Mesmo depois do último jogo, você não ia me deixar contar a ele, não é? Você nunca vai dizer a ele que ele tem uma irmã.

No fundo, eu sempre soube. Se não, eu era muito estúpida, e eu realmente não queria acreditar que eu era tão estúpida. A qualquer momento eu poderia ter andado até Chris e começado uma conversa, mas não porque eu estava com medo de como ele reagiria. Eu não o conhecia, não queria lidar com a rejeição, então deixei Mark adiar. Além disso, acho que secretamente eu queria dar a Mark o benefício da dúvida, queria que ele quisesse fazer parte da minha vida. Ele era meu pai biológico, afinal, e amar o que veio de você era instintivo, não era? Considerando o olhar no rosto de Mark, duvidei que esse fosse o nosso caso.

—Por que você me deixou vir aqui? Para Los Angeles? Você não me quer perto de Chris. Você não quer me conhecer. O meu primeiro ano, o jeito que você estava comigo - isso tudo era mentira? Você estava apenas agindo e mentindo para me manter quieta?

Ele se virou para mim e alisou as bordas da boca com os dedos. —Não é tão simples assim. Há coisas que você não sabe.

—Que coisas? — Perguntei. Frustrada, bati na almofada do sofá com a palma da mão. —Diga-me então. Estou cansada deste vai e volta entre nós. Estamos chegando a lugar nenhum. Que coisas eu não sei? Mamãe disse que você me queria aqui. Ela disse que queria me conhecer, ela disse que você estava animado. Ela disse que eu queria conhecê-lo, essa é toda a razão – ela é a única razão pela qual eu queria vir aqui. Eu não vim aqui por capricho. Eu poderia ter chamado Chris e ter contado tudo, terminando com isto, mas você disse que queria me ver, me conhecer. O que estou perdendo aqui?

—A maldita da sua mãe mentiu para você, tudo bem? Isso é o que você está perdendo. Ela não fez nada além de mentir para todos na sua vida. Mesmo no seu túmulo, ela ainda está fodendo comigo.

Eu olhei para ele em choque. Os seus cabelos grisalhos eram grossos, nenhum sinal de desgaste, e eu me lembrei de me sentir tão boba por notar isso quando o conheci. Quando ele encontrou o meu olhar atordoado, olhei de volta para os meus próprios olhos: verde misturado com avelã. Que piada cruel. Antes que eu pudesse pensar em linha reta o suficiente para chegar a uma resposta, ele continuou.

—Ela disse a você que estávamos apaixonados?

Ela tinha, mas eu não respondi. Ele não parecia precisar da minha participação na conversa de qualquer maneira. Ele nunca fez.

Ele balançou a cabeça e continuou quebrando o meu coração, desgosto escrito em todo o seu rosto.

—Nós fodemos, — ele retrucou, abrindo os braços em exasperação. —Nós fodemos atrás das costas da minha esposa, a sua melhor amiga. Foi o que fizemos, Zoe. Não havia apaixonados, apenas sexo sem sentido e descuidado porque eu estava tendo problemas com a minha esposa, porque não poderíamos ter filhos, porque... não foi mais do que um erro. Depois que eu a convenci a dar Chris, ela queria voltar ao jeito que estávamos e eu não. É isso aí. Eu menti para ela para poder pegar o meu filho. É aí que a história termina. Você foi apenas mais um dos nossos erros. Isso só aconteceu uma ou duas vezes depois de Chris, e então ela estava grávida de novo.

A minha carranca ficou mais profunda e eu me levantei. —Não, você está errado. Você não sabia de mim. Ela não disse que estava grávida.

Ele me deu um longo olhar e balançou a cabeça. —Eu sabia sobre você. Eu paguei para acabar com a gravidez. Ela pegou o dinheiro, disse que estava feito e mudou-se para Nova York.

Nós estávamos de pé perto demais, então eu dei alguns passos para trás e coloquei o sofá entre nós. Se eu pudesse, teria acabado de sair de LA sem sequer olhar para trás.

—O que eu não sabia era que ela realmente mentiu para mim e manteve-a – o que eu só soube quando ela ligou para me contar sobre seus problemas de saúde. Ela me implorou para ir vê-la. Quando ela percebeu que eu não ia fazer isso, ela me contou sobre você. Talvez ela achasse que isso mudaria a minha mente, ou talvez ela pensasse outra coisa. Eu não tenho a mínima ideia do que ela estava pensando em mentir sobre acabar com a gravidez.

Eu senti como se houvesse alguém sentado no meu peito, esmagando-o. A minha mãe e eu tivemos muitos problemas, e houve muita raiva no fim por causa das coisas que ela escondeu de mim, mas eu cheguei a um acordo com tudo. Eu aceitei isso. Era a vida dela, afinal de contas, e não era como se eu pudesse voltar no tempo e esperar que ela não fosse uma mentirosa na segunda vez. Eu não pude fazê-la reconsiderar desistir de Chris. Eu não podia dizer a ela que Mark era um mentiroso e ela seria estúpida em acreditar em qualquer palavra que saísse da boca dele. Mesmo naquela primeira noite em que ela me pediu para sentar na beirada da cama doente para me contar sobre o meu ‘pai verdadeiro’, eu não me sentia tão indefesa como estava diante de Mark.

—Por que você me pediu para vir aqui?

—Ela queria você comigo.

—Eu já tenho um pai, o marido dela. Ela não iria –

—Você não entende, não é? Sua mãe estava apenas tentando chamar a minha atenção, ameaçando chamar Emily e Chris, e ela já havia contado tudo. Você teria vindo aqui para encontrar Chris com ou sem mim. Pelo menos assim consegui proteger o meu filho. Pelo menos dessa maneira ele pode se concentrar no seu futuro e não neste absurdo.

Desse jeito, eu terminei com ele. Toda conversa dolorosa e forçada que eu tive desde que pisei em Los Angeles fez muito mais sentido. Eu estava triste? Sim, mas apenas porque eu fui estúpida o suficiente para acreditar que ele estava interessado em me conhecer quando realmente não queria nada comigo.

Eu percebi que estava me segurando, abraçando os meus braços. Soltando as minhas mãos para os lados, endireitei a minha coluna e assenti. —Agora que sei tudo, acho que quero que você saia.

—Este é o meu apartamento.

—E você pode ter tudo para si mesmo. Eu vou sair logo de manhã.

—Você vai voltar para Phoenix?

Ele pode desejar isso o dia todo todos os dias, mas eu não faria mais nada para tornar a vida mais fácil para ele.

Eu soltei uma risada forçada, mas saiu mais como uma tosse. —Tenho certeza que você adoraria isso, mas não. Eu tenho mais um ano e meio na escola e não vou a lugar nenhum até então. Não se preocupe, você não vai mais me ver. Nenhum de nós quer ver o outro, então pelo menos temos isso em comum. Deve ser um alívio para você.

—Tudo bem, — disse ele, olhando para os pés com uma carranca e acenando para si mesmo. —Você pode deixar L.A. depois de se formar.

—Eu vou sair quando eu quiser sair. Eu não preciso da sua permissão para fazer qualquer coisa – não mais.

—Tudo bem, faça o que você quiser. Apenas fique longe da minha família.

Não senti nada, absolutamente nada para esse homem, e a percepção foi impressionante. Eu acabei de ouvi-lo e isso definitivamente me fez bem, como se um peso tivesse sido tirado dos meus ombros. Ele não teria mais nada a dizer, não quem eu namorava, não com quem conversava - nada.

Eu escolhi ficar quieta e Mark não gostou disso. Ele começou a andar na minha direção.

—Você não vai contar nada a Dylan.

—Sinto muito, mas isso não vai funcionar para mim. Dylan não é da sua família, — eu disse em uma voz controlada. No interior eu estava fervendo de raiva quando o meu pulso disparou.

—Eu não estou brincando com você, Zoe. Você não vai contar uma única coisa ao melhor amigo do meu filho.

—Eu não vou mais mentir para ele. Nós não somos apenas amigos.

—Quem você pensa que é? Apenas alguns meses atrás, ele estava lutando com os seus companheiros de equipe por outra garota. Você acha que você significa alguma coisa? Ele é um atleta com um futuro promissor pela frente – ele encontrará outra pessoa em menos de uma semana.

—Não. Ele acha que estou dormindo com você e, por sua causa, eu nem consegui corrigir isso. Se você acha que pode me impedir de –

Antes que as palavras saíssem da minha boca, ele estava bem na minha frente e houve um estalo alto na sala, em seguida, uma intensa ardência no meu rosto. Isso ecoou nos meus ouvidos e meu rosto queimado com uma dor que eu nunca senti antes. Eu encarei os meus pés em choque e toquei a minha pele com meus dedos quando a dor pareceu irradiar em pulsos. Antes que eu pudesse pensar, antes mesmo que eu soubesse como reagir, os dedos de Mark estavam segurando o meu queixo e ele estava me forçando a olhar para ele. A minha mão caiu para o meu lado e eu finalmente olhei nos seus olhos familiares. A única diferença era que os meus se enchiam de lágrimas enquanto os dele transbordavam de raiva.

—Eu não trouxe você aqui para que você pudesse foder o time de futebol. Você é como sua mãe, não é? Apenas uma puta indo atrás de jogadores de futebol. — Ele não estava mais gritando, mas o seu rosto e garganta estavam vermelhos, e eu podia sentir o seu cuspe no meu rosto enquanto ele sussurrava para mim. —Isso é o que sua mãe fez antes de cair na minha cama. Deus sabe quantos dos meus colegas de time se divertiram com ela, e a maçã não cai muito longe da árvore, Zoe? — Com meu coração batendo na minha garganta, eu fiquei em silêncio, mas tentei escapar do aperto dele. Seus dedos apenas apertaram ainda mais. —Envolve a minha família, então eu sou quem decide, não você – nunca se esqueça disso. Você não vai contar nada a ninguém. Eu não me importo com o que Dylan pensa do nosso relacionamento. Eu não me importo se ele acha que eu estou dormindo com uma garota que ele acha que ele está interessado. Você fica de boca calada e fica longe. Se você acha que pode ir pelas minhas costas e ainda falar com Dylan, pense novamente. Você dá uma palavra para ele, eu farei o que tiver que fazer para garantir que ele não tenha um futuro jogando futebol, começando com o último jogo da equipe. Eu vejo você em qualquer lugar perto dele, ele está fora do jogo esta semana, e com todos os recrutadores os observando –

Antes que ele pudesse terminar a sua ameaça, a porta do apartamento abriu e eu sabia que Dylan tinha entrado. Por um momento eu entrei em pânico e tentei mais uma vez afastar o meu rosto do aperto de Mark, mas não fazia sentido. Eu estava presa até que Mark decidisse me deixar ir depois de segundos que pareciam durar anos. Eu virei a minha cabeça. Dylan parecia muito calmo, apenas olhando para mim com os seus olhos azuis como se ele não estivesse surpreso, como se ele não estivesse machucado.

Eu apenas fiquei lá, os meus olhos presos no seu olhar. De repente, a dor no meu rosto desapareceu e a dor que senti no meu peito assumiu.

—Eu acho que é hora de você encontrar outro lugar para ficar, Dylan, — disse Mark, e eu o empurrei para trás, percebendo o quanto perto estávamos de pé.

Um arrepio me percorreu e me afastei de Mark, esfregando discretamente o ponto no meu queixo onde ele me tocou. O meu estômago deu um nó, olhei nos olhos de Dylan até que não consegui mais. Ele entenderia que eu precisava dele? Que eu queria que ele pegasse a minha mão, ligasse os nossos dedos e me levasse embora? Ele não fez isso. No momento em que eu quebrei o contato visual, ele falou.

—É, Zoe? — Dylan perguntou, e os meus olhos voaram até os dele novamente.

—Dylan –— Mark começou.

Ele levantou a voz e falou por cima do Mark. —Eu quero ouvir isso dela.

A minha respiração ficou presa na minha garganta e eu não consegui dizer uma única palavra. Mark poderia segurar uma arma na minha cabeça, mas eu ainda não teria sido capaz de dizer, sim, Dylan, acho que você deveria ir embora.

Com Mark na sala, eu não poderia dar a ele a explicação há muito atrasada, não quando eu sabia que uma palavra errada saindo fora da minha boca poderia custar a Dylan o seu futuro, um que ele estava trabalhando por toda a sua vida. Eu não sabia se Mark estava sendo sincero com a ameaça dele, mas eu não podia arriscar, não em algo tão importante.

Eu estava tão perdida em meus próprios pensamentos, repassando tudo, tentando chegar a uma solução, uma resposta, que eu só olhei para cima quando ouvi a porta do apartamento fechar suavemente.

Aquele clique silencioso quebrou alguma coisa em mim e eu não consegui ar suficiente nos meus pulmões. Não havia ar suficiente no mundo, não depois que ele saiu, não quando eu estava na mesma sala que Mark. Percebendo que eu estava prestes a ter um ataque de pânico, pressionei a minha mão no meu peito na esperança de diminuir o meu coração dolorido e tentei ignorar o fato de que eu estava me sentindo tonta, quente e fria ao mesmo tempo.

Depois de passar alguns minutos de luta e controlar tudo o suficiente para que eu pudesse me mexer, engoli tudo o que queria dizer para Mark e me dirigi para o meu quarto nos fundos do apartamento.

—Onde você está indo? — Mark perguntou.

Eu apenas continuei andando.

—Eu estou falando com você, Zoe! — Mark gritou, levantando a voz pela primeira vez, fazendo-me recuar, mas eu ainda saí sem olhar para trás.

A minha primeira parada foi no banheiro, e foi aí que tive um vislumbre de mim mesma no espelho. Meu rosto estava vermelho, os meus olhos grandes e sem vida. O lado esquerdo da minha bochecha era de um tom mais escuro de vermelho que a minha direita, a picada voltou com uma vingança, e havia uma dor de extra acompanhando-a. Eu me perguntei se Dylan teria ficado se ele tivesse visto a vermelhidão da minha pele. Inclinei a minha cabeça para cima e percebi que o meu pescoço também não parecia bonito com todos os hematomas.

Nada disso importava, no entanto. Nada do que eu estava vendo doía mais do que a dor no meu coração.

Eu respirei fundo e me forcei a desviar o olhar. Agarrando um elástico de cabelo, eu coloquei o meu cabelo em um rabo de cavalo e comecei a pegar tudo. Então fui para o meu quarto e arrumei as minhas roupas na minha cama. Arrastando as minhas malas, eu arrumei cada coisa que eu possuía. Demorei quinze minutos.

Puxando minha bagagem pelo corredor, parei ao lado da porta e tirei as minhas chaves do bolso do meu casaco. Eu encontrei as duas que não pertenciam a mim e as tirei do meu chaveiro roxo. Eu olhei para cima e vi que Mark estava sentado no sofá, de costas para mim, os ombros curvados para a frente enquanto ele segurava a cabeça entre as mãos.

Meu pai havia sentado assim há três anos e meio quando eu soube que ele não era o meu pai verdadeiro. Ele estava chateado porque achava que eu ficaria bravo com ele por mentir todos aqueles anos, mas como eu poderia? Como eu poderia estar com raiva de alguém que me amava todos os dias da minha existência, mesmo que eu não fosse o sangue dele? Vendo Mark sentado assim... aquela pose dele me incomodou. O que ele perdeu?

Nada.

Ou eu iria caminhar além do apartamento e colocava as chaves no balcão da cozinha ou simplesmente as deixaria cair e saía. Eu escolhi ir com a última opção e simplesmente deixei-as cair no chão de madeira. Nem mesmo o som agudo dos objetos de metal fez com que ele recuasse ou olhasse para cima.

Eu saí sem dizer uma única palavra, e ele não fez nada para me impedir. Ele estava livre finalmente, eu supus.

Ainda em estado de choque, fiquei na frente da porta do apartamento e tentei pensar. Era muito tarde, mas eu poderia ligar para um Uber e ir para a casa de Jared, ou eu poderia... era estupidez da minha parte hesitar – aonde mas eu iria?

Depois de pegar a alça de uma das malas, eu estava pegando a outra quando a Sra. Hilda abriu a porta. Ela era o último ser humano na terra com quem eu queria conversar. Bem... digamos que ela era a penúltima, antes de Mark. Eu a ignorei completamente e comecei a me mexer. No começo ela não disse nada, mas o silêncio não durou muito. Nunca durava quando vinha dela.

—Onde você está indo, senhorita Clarke?

—Sra. Hilda, isso não é –

—Eu ouvi tudo.

—Bom para você. Tenha uma ótima vida.

Eu estava prestes a passar por ela para alcançar as escadas, mas ela entrou na minha frente. Antes que eu pudesse me esquivar dela, ela pegou um aperto surpreendentemente forte no meu queixo e começou a examinar a minha bochecha.

Quando recuei, ela deu uma gargalhada e me soltou.

—Você poderia ter me dito que você não era a sua amante, você sabe.

Eu pressionei os meus lábios e apertei as minhas malas. —Se você sair da –

—Oh pare com isso. Entre. Eu não vou perder o sono por causa de você, imaginando onde você está.

—Por favor! — Eu levantei a minha voz. —Saia do meu caminho.

Os seus olhos se estreitaram para mim e ela ficou mais ereta. —Você quer que ele venha aqui? Eu não penso assim. É meia-noite. Onde você irá?

—Sra. Hilda –

—Oh pelo amor de Deus, apenas me chame de Hilda.

Exasperada e praticamente acima do meu limite para o quanto eu poderia aceitar merda em uma noite, eu tentei novamente. —Acabei de me mudar, como você pode ver. Eu estou indo para a casa do meu amigo. Se você pudesse apenas –

—Você não está fazendo qualquer coisa desse tipo. — Apesar dos meus protestos, ela puxou uma das minhas malas da minha mão e foi diretamente para o apartamento dela.

—Sra. Hilda! O que você está fazendo?

Ela voltou e pegou a outra. —Eu sei que não sou a vizinha mais fácil de se ter, mas se você acha que eu vou deixar você sair desse jeito, você está errada, Srta. Clarke. Agora você fica parada ali e espera que o monstro saia e veja você ou você entra e se acalma.

Apertando a ponte do meu nariz, respirei fundo e exalei. Quando olhei para cima, a vi parada na porta, esperando por mim.

—Só por esta noite.

Ela revirou os olhos. —Eu certamente não estou oferecendo para você ser a minha colega de quarto.

De má vontade, eu entrei. A única razão pela qual eu estava aceitando a oferta dela era porque eu não queria sobrecarregar Kayla com todo o meu drama aparecendo lá no meio da noite.

Sra. Hilda fechou a porta atrás de mim.

—Vou fazer chá e pegar algumas ervilhas congeladas para acalmar a sua bochecha. Então podemos nos sentar e ter uma boa conversa e você pode me dizer o que você está planejando fazer agora que você está sem casa. Eu não pude ouvir tudo, então você vai ter que me contar algumas coisas. — O olhar no meu rosto deve ter dito tudo porque ela me dispensou e foi em direção à sua cozinha. —Oh, não se preocupe, eu ouvi a maior parte, eu só tenho algumas perguntas. Enquanto estou na cozinha, por que você não para de ficar ao lado da porta como um cabo de vassoura e verifica as cortinas para mim?

O dia seguinte não poderia vir em breve, porque eu já tinha descoberto o que ia fazer.


Capítulo 26

Zoe

Os exames passaram como um relâmpago. Eu não acho que estaria exagerando se dissesse que foi a pior época da minha vida. A Sra. Hilda estava no seu ego arrogante, intrometida, mas ela abriu a sua casa para mim e eu estava grata por isso. Eu ficando no seu apartamento por mais dois dias poderia ter algo a ver com a minha espera a Dylan para que eu pudesse apanhá-lo quando ele voltasse para pegar as suas coisas, mas eu nunca tive a oportunidade porque ele nunca apareceu. Depois que dois dias se passaram, eu mudei as minhas coisas para Jared. Quando Kayla se mudou para um hotel com os seus pais, um colchão de ar se abriu e tinha o meu nome nele. Era temporário, até que eu pudesse encontrar um novo apartamento e talvez alguns colegas de quarto.

Kayla decidiu ficar para os exames e os seus pais nunca a deixaram fora de vista. Foi difícil dizer adeus a ela, e não tenho vergonha de admitir que nós três tivemos um longo festival de choro, mas saber que nos veríamos o quanto antes ajudou a diminuir a dor. Eu escolhi não contar a Kayla o que aconteceu com Mark, mas Jared sabia tudo sobre isso. Eu era uma bagunça completa, e ele era a minha rocha apesar de tudo. O que mais doeu, porém, foi saber que era tudo culpa minha. Se eu tivesse contado tudo a Dylan desde o começo, ou pelo menos no momento em que eu soube que queria que ele fosse meu, eu poderia ter evitado todo o sofrimento que tinha passado.

Mas, eles sempre dizem que nada que vale a pena é fácil de alcançar, e Dylan Reed com certeza não ia tornar isso fácil para mim.

Era o último dia dos exames e eu estava nervosa quando estava ao lado do Challenger preto. A última vez que eu tinha verificado a hora no meu telefone, ele mostrou oito da noite, e eu me recusei a verificá-lo novamente desde que sabia que apenas um minuto ou dois tinham passado desde então.

Eu estava andando ao lado do carro quando o vi chegando. Fechei os olhos e respirei fundo, o meu coração batendo a uma milha por minuto, e eu estava a apenas alguns segundos de vomitar – não era primeira impressão que queria fazer. Eu limpei a minha garganta em preparação e estalei os meus dedos.

É agora.

Era o momento pelo qual eu esperei anos, e tudo que eu parecia capaz de sentir era horror.

Christopher Wilson diminuiu a velocidade quando me viu e parou ao lado do seu carro para me dar uma olhada rápida. Eu não conseguia ver os seus olhos por causa do boné que ele usava, mas eu tinha certeza que ele não estava feliz em me encontrar esperando por ele.

Depois de me dar um longo olhar, ele apenas balançou a cabeça, abriu a porta do carro e jogou a mochila para dentro. Eu fiquei congelada, esperando que ele dissesse as primeiras palavras, então eu saberia como proceder, mas ele não fez isso. Ele entrou no seu carro e estava prestes a fechar a porta quando eu descongelei e a seguirei.

—Eu preciso falar com você, — eu disse, o meu coração ainda batendo descontroladamente no meu peito.

Ele olhou para mim e então eu vi os seus olhos – os olhos da minha mãe. —Eu não acho que sou aquele que você devia falar. — Ele olhou para a minha mão, que estava segurando sua porta aberta. —Agora, se você se afastar, eu gostaria de sair.

O seu carro estava estacionado do lado de fora do campus. Eu fiz um pouco de perseguição e demorei alguns dias para descobrir onde ele geralmente estacionava; não havia como eu passar por tudo isso de novo. Este era o dia em que eu contaria tudo a ele. Não há mais demoras.

Eu não tinha ideia do que Dylan havia dito a Chris, mas parecia que ele sabia o suficiente para ficar chateado.

—Não, — eu disse, encontrando a minha voz.

—Desculpe?

—Isso não tem nada a ver com Dylan. Quero falar com você.

—Eu juro por Deus, se isto é você se atirando em mim –

—Não, — eu explodi. —Deus não. Apenas dez minutos – preciso falar com você por dez minutos, é isso. Eu prometo que não vou incomodá-lo de novo, mas eu não vou embora até você falar comigo.

Era verdade; eu não estava planejando incomodá-lo depois que eu dissesse tudo o que precisava dizer. Se ele não queria nada comigo, tudo bem. Eu não iria forçá-lo a ter um relacionamento comigo, mas eu cansei de esperar para que a verdade fosse conhecida.

Depois de um convite hesitante, entrei no banco do passageiro e sofri uma viagem de carro dolorosamente tranquila para um pequeno restaurante a poucos minutos do campus. Eu assumi que ele não queria que ninguém nos visse juntos, e quando ele me disse para dizer o que eu precisava dizer, eu recusaria fazer isso num carro.

Sentei na cabine e esperei que ele se estabelecesse na minha frente.

Ele tirou o boné e o colocou na mesa, mexendo com o cabelo. —Estou ouvindo.

Eu lambi os meus lábios e me inclinei para frente. As minhas mãos estavam tremendo no meu colo debaixo da mesa, mas eu pensei que parecia muito zen do lado de fora, pelo menos eu esperava que sim. —Isso não vai soar bem, mas vou tentar –

—Olá, sou Moira. O que eu posso pegar para vocês, crianças?

Fechei os meus olhos, desejando que o meu coração desacelerasse e não fizesse uma bagunça.

—Vou tomar um café, por favor, — disse Chris.

O rosto sorridente de Moira se virou para mim e o sorriso caloroso se transformou em uma carranca. —Você está se sentindo bem, querida?

Eu consegui um aceno de cabeça e tive que limpar minha garganta antes de falar. —Pode me trazer um pouco de água por favor?

—Claro. Eu voltarei com isso. Deixe-me saber se você precisar de mais alguma coisa.

Quando Moira se afastou, olhei para Chris novamente. Ele estava me observando, seus olhos julgando.

Depois de anos de espera, eu deveria estar pronta para a conversa, mas ainda havia uma grande parte de mim que tinha medo da rejeição, e então havia o resto que queria terminar com tudo isto.

Eu alcancei a minha bolsa e tirei o envelope. Levantando os meus ombros, coloquei-o na mesa e alisei-o com as mãos.

—Aqui está. Café para você e água para você. — Moira colocou uma grande caneca na frente de Chris e um copo gigantesco de água gelada na minha frente. —Você me avisa se eu puder pegar um chá com mel, ok? E talvez uma fatia de torta para acompanhar? Isso faz maravilhas para mim quando estou me sentindo mal.

Eu dei a ela um sorriso genuíno e ela nos deixou sozinhos.

—Eu não posso ajudar você com Dylan. Não tenho ideia do que você fez com ele, mas não vou poder –

—Isso não é sobre Dylan. Eu te disse isso. — Eu alisei o envelope de novo e os seus olhos caíram para me ver fazer isso.

—Então eu não tenho ideia do que você quer falar comigo, e eu realmente não posso dizer que me sinto confortável sentado –

Foda-se. Eu decidi ir em frente.

—Você não vai acreditar em mim, então eu pensei que trazer isso ajudaria. — Eu empurrei o envelope em direção a ele e apertei as minhas mãos sobre a mesa quando ele o alcançou.

—O que é isso?

—Abra.

Observei-o ler a única folha de papel com a respiração presa. A cada segundo que passava, a sua carranca ficava mais e mais profunda. Depois que ele terminou, ele afastou a caneca do café, colocou os cotovelos sobre a mesa e se inclinou para mim, lendo de novo e de novo.

—Isso é uma piada doentia?

Antes que eu pudesse responder, ele começou a ler de novo, só que desta vez ele estava lendo em voz alta.

—O suposto pai, Mark Wilson, não é excluído como o pai biológico da criança, Zoe Clarke. Com base nos resultados dos testes genéticos obtidos... a probabilidade de paternidade é de 99,9999%.

Ele olhou para mim.

—Ele queria ter certeza de que eu era dele, então fizemos isso há três anos.

As suas sobrancelhas subiram em direção à linha do seu cabelo. —Você... fez há três anos?

Engoli. —Sim.

Ele lambeu o lábio inferior e recostou-se, o resultado do teste ainda apertado na sua mão. Ele leu de novo e de novo, e eu esperei pacientemente. Tomei um gole da minha água e coloquei de volta na mesa, me preparando para contar a ele o resto. O que mais me surpreendeu foi que eu já não sentia que o mundo estava prestes a terminar. Eu também não me sentia leve e feliz, nem nada perto disso. Claro, eu precisava fazer xixi muito mal, mas isso sempre acontecia quando eu ficava muito nervosa com alguma coisa. Eu estava apenas aliviada que isso estava acontecendo e ele finalmente conheceu pelo menos cinquenta por cento disso. O resto seria mais difícil de ouvir e aceitar, mas eu não tinha medo de contar a ele.

Quando ele finalmente olhou para mim, eu estava pronta para explicar o resto.

—Isso... — Ele balançou o papel na sua mão. —Três anos?

Eu assenti.

Ele jogou o papel na mesa e levantou-se.

—Chris, eu –— eu comecei, surpresa por ele estar saindo. Eu me levantei, mas ele levantou a mão para me impedir.

—Me dê um minuto. — Ele lentamente se afastou da mesa, de mim. —Não saia. Eu voltarei.

Eu assenti. —Eu não vou. Eu tenho mais a dizer.

Sem outra palavra, ele saiu do restaurante.

Tentando me acalmar, eu pacientemente dobrei e enfiei o documento de volta no envelope e coloquei de volta na minha bolsa.

Moira chamou a minha atenção e piscou. Deus sabe o que ela achava que estava acontecendo.

Eu verifiquei o meu telefone. Sentei e escutei a família sentada atrás de mim por alguns minutos. Eles estavam falando sobre qual filme eles iriam assistir naquele fim de semana, a garotinha tentando convencer o seu irmão a ir com sua escolha e o pai e a mãe envolvendo-se. Pareciam felizes.

O pequeno sino sobre a porta do restaurante soou e chamou a minha atenção. Um segundo depois, Chris deslizou na minha frente de novo. O seu rosto parecia levemente corado, os olhos arregalados e atordoados, embora pudesse ter sido por causa do vento. Eu não perguntei onde ele tinha ido, mas...

—Você não ligou para o Mark, não é?

A sua cabeça inclinou enquanto ele tentava me ler. —Não.

—Ok. Obrigado. —Eu deslizei para trás no meu assento e peguei na minha água.

—Você disse que tem mais a dizer. Diga-me, — ele ordenou.

Coloquei o copo de volta na mesa e lambi os meus lábios. —Não tenho certeza de onde devo começar.

—Você é minha meia-irmã – comece de lá.

—Na verdade...— Eu estremeci. —Na verdade, eu não sou.

Nos minutos seguintes, contei tudo a ele – tudo o que me foi dito, tudo o que aconteceu depois que vim para Los Angeles. No segundo em que comecei, não consegui me conter. Ele ouviu sem fazer uma única pergunta.

Chris estava esfregando a têmpora com os dedos da mão esquerda enquanto a outra segurava a borda da mesa com força. Depois que terminei, fiquei quieta e o vi tentar processar tudo. Ele pegou a caneca e bebeu metade do café morno de uma só vez.

Alguns minutos de completo silêncio haviam passado quando ele finalmente falou. —Por que você está me dizendo isso agora? Por que eu acreditaria em você?

—Por que você acreditaria em mim? — Dei de ombros e parei de brincar com o saleiro que eu tinha segurado em algum momento. —Não foi assim que imaginei que aconteceria, confie em mim e não fui eu quem quis esperar. Eu vim aqui há três anos e estava pronta para lhe dizer então. O seu pai –

—Você não quer dizer o nosso pai? — A sua voz era dura, e eu esperava que as suas palavras não tivessem a intenção de me magoar.

Eu balancei a cabeça. —Na verdade não. Claro, ele está no papel, mas é só isso. Ele nunca será o meu pai. Ele não quer nada comigo, e estou bem com isso. Eu já tenho um pai e ele é mais do que suficiente.

—O que você quer dizer com ele não te quer?

—Ele não quer ter um relacionamento comigo. Depois de tudo pelo que passamos, depois de tudo pelo que eu passei, obrigado, mas não, obrigado. Eu não quero um relacionamento com ele. — Fiz uma pausa e olhei para cima. —Ele não foi a principal razão pela qual eu quis vir aqui, então isso realmente não importa.

—Mas vocês dois conversaram esse tempo todo. Ele estava passando tempo com você.

—Sim, mas não na verdade –

—A minha mãe sabe? Ela sabe de você? Sobre tudo depois da adoção? — A sua voz subiu quando ele sentou um pouco mais alto.

—Não, não sobre mim. Eu não quero dizer nada de mal sobre sua mãe, mas pelo que posso dizer, eles estavam basicamente tendo um caso bem na frente dela. Eu não tenho ideia do que estava passando pela cabeça dela, mas pelo que ela – pelo que minha mãe me contou, eles pararam de se falar depois que ela ficou sabendo do caso, mas ela estava completamente envolvida em adotar você. Talvez ela já soubesse disso e quando a gravidez surgiu, ela aproveitou a ideia porque ela não podia ter filhos? Eu realmente não tenho ideia, mas sei que Mark disse a minha mãe que eles estariam juntos eventualmente, disse que deixaria a sua esposa e eles criariam você juntos.

Eu levantei os meus ombros tensos num encolher de ombros e olhei para fora.

Depois de uma breve pausa, continuei. —Parece tão estúpido quando você diz em voz alta, não é? Depois de adotar você, por que ele voltaria para ela? Eu aprendi em primeira mão o quão convincente ele pode ser, então eu entendi, mas ao mesmo tempo, eu não sei. Mamãe disse que ele disse a ela que não seria bom para a sua carreira se ele tivesse um escândalo pessoal como esse, mas eu não acho que ela estava aceitando. Eu ainda não entendo como ela poderia desistir de você assim. — Eu estremeci e desviei os olhos. —Desculpe, prefiro não entrar em mais detalhes porque não foi muito divertido ouvir isso pela primeira vez. Mamãe me disse que o casamento deles era só para mostrar - acho que sua mãe é filha de seu antigo treinador. — Eu bufei e me inclinei para trás. —Ela estava tão apaixonada por ele e tão certa de que ele estava apaixonado por ela, acho que ela acreditava em qualquer coisa que ele dissesse. Não me entenda mal, não estou colocando toda a culpa nele. Eu odeio que eles estavam traindo sua mãe e foi isso que nos trouxe a vida.

—E você? Como você aconteceu? Quantos anos você tem?

—Vinte e um. Você é só um ano mais velho, — eu respondi com um pequeno sorriso patético. —Eu fui o erro, veja você – o erro de Mark, pelo menos. Mark queria que minha mãe fizesse um aborto, deu a ela o dinheiro para isso, mas acho que foi quando ela percebeu que ele nunca iria deixar a esposa. Ignorando o aborto, ela se afastou. — Soltei uma risada sem graça e levantei as minhas mãos. —Obviamente, desde que aqui estou. Ela se casou com o meu pai, mas acho que ela sempre esperava que Mark voltasse para ela. Nós não tivemos o melhor relacionamento do mundo, então eu acho que sou apenas um grande vai se foder para Mark, se isso faz algum sentido.

Ficamos em silêncio por algum tempo.

—Eu pensei que Mark não soubesse sobre mim – foi o que ele disse no começo, e foi o que minha mãe disse. Acontece que ele sabia, e eu acabei de saber sobre a parte do aborto. Eu acho que ele não sabia que ela não tinha se livrado de mim.

Quando o silêncio ficou desconfortável e Chris apenas ficou olhando para fora com a mandíbula apertada, olhei para as minhas mãos e engoli em seco antes de falar de novo.

—Eu me sinto muito egoísta agora. — Eu olhei para cima para encontrar os seus olhos em mim, então eu desviei o olhar. —Como eu disse, isto não era o que tinha planeado

—Qual era o plano?

—O plano? Eu não acho que já houve um plano. Naquele primeiro ano que eu vim, ele me disse que gostaria de ter algum tempo sozinho comigo, me conhecer antes de nos apresentar. Ele também estava preocupado sobre como a sua esposa – a sua mãe – reagiria... a mim, e você descobrindo sobre tudo isso. Eu achei que era uma boa ideia, aprender mais sobre você e ele antes, você sabe... isso aconteceu, mas um ano se passou e ele queria mais tempo porque era importante que você se concentrasse na sua carreira no futebol, e eu disse ok porque eu não sabia como faria sem ele. Então este ano era o seu último ano e seria ainda mais importante para você se concentrar no futebol, mas na semana passada tudo foi para o inferno e eu só queria acabar com isso. — Fiz uma pausa para respirar. —Eu entendo perfeitamente se você não quer... na verdade, eu não vou entender se você não quiser nada comigo, mas não é como se eu fosse implorar para você ter um relacionamento comigo. Mamãe morreu e eu fiquei com tanta raiva dela porque foi logo depois que soube que o meu pai não era meu pai biológico. Tudo que tenho é o meu pai. Nem ele nem minha mãe têm outra família perto, então somos só nós dois. Eu pensei que poderia ter mais. Eu pensei que adoraria ter um irmão, de conhecê-lo.

Chris soltou um longo suspiro e alisou o cabelo com as duas mãos. Sua mandíbula ainda estava tensa e seu rosto parecia apertado, como se ele mal estivesse segurando tudo junto. A conversa em si não tinha sido tão estranha como eu pensei que seria, mas a nossa reação um ao outro foi. Sempre que os nossos olhos se encontravam, um de nós desviava o olhar. Eu não sabia mais o que dizer ou o que ele gostaria de ouvir.

—Isso é muito foda.

—Eu sinto muito—eu disse, querendo dizer exatamente isso.

—Não é a sua culpa, — ele respondeu, me surpreendendo. Ele balançou a cabeça como se estivesse tentando acordar de um pesadelo. —Ele deveria ter sido o único a me dizer, e não agora. A hora de me contar foi quando ele soube de você e a minha mãe... ela não vai lidar bem com isso. Me desculpe, mas eu não acho que seria a melhor ideia dizer a ela que eu sei de tudo, e definitivamente não é uma boa ideia deixá-la saber que papai continuou dormindo com a sua... ah... sua mãe. Ela tem seus problemas, e isso seria demais para ela.

—Não é minha decisão e, na verdade, só queria conhecê-lo. Eu só queria dizer a você que eu existia. Eu não vim aqui para mexer com a sua família. — Eu dei-lhe um sorriso tímido e puxei as minhas mãos para o meu colo. —Só queria conhecê-lo, isso é tudo.

Ele limpou a garganta e desviou o olhar. Meu estômago caiu. Talvez ele não quisesse nada comigo também. Eu sabia que era uma possibilidade, mas depois da semana de inferno que eu tive, eu não tive muito tempo para pensar sobre isso, pensar sobre o que significaria se ele nunca mais quisesse me ver de novo.

—Aquele apartamento que eu fui, é do pai, não é?

Lambendo os meus lábios, eu assenti.

Lentamente, as suas sobrancelhas se uniram. —Dylan? Porra, o Dylan sabe disso tudo? Ele estava morando lá... como ele –

—Não, ele não sabe. O seu pai deu a Dylan as chaves do apartamento só porque ele pensou que eu estava indo morar com a minha amiga, mas isso não aconteceu e ele não sabia. Então Dylan veio e... não importa. Ele não tinha ideia, e ele ainda não sabe. Ele acha que eu estou dormindo com Mark, e Mark nem me deixou contar... eu não pude – — De repente, minha voz quebrou e eu não pude continuar.

Dylan, pensei. Dylan, Dylan, Dylan...

Desde que ele saiu daquele apartamento, algo pesado se instalou no meu peito, como azia, mas pior, porque nenhuma quantidade de vinagre de maçã ou suco de limão ou bicarbonato de sódio iria consertá-lo. O meu coração estava partido e eu estava zangada, muito zangada – comigo mesma, com Mark, com a minha mãe... tudo e qualquer coisa.

Então, quando Chris pediu mais informações, contei a ele tudo o que tinha acontecido nas últimas semanas, como eu discuti com Mark sobre contar a Dylan, e depois tudo o que aconteceu no apartamento naquela noite, como Dylan tinha saído pensando que ele estava correto nas suas suposições.

Eu não fiquei surpresa quando as lágrimas começaram a correr pelas minhas bochechas enquanto eu passava pelas histórias. Parecia que meu coração inteiro estava cheio de lágrimas e me senti sozinha. Sem ele, me senti muito sozinha. Eu não o via pela manhã. Eu não conseguia (nem tanto) secretamente vê-lo se exercitar. Eu não o via à noite. Eu não podia assistir quando ele estava trabalhando em um dever da escola, concentrando toda a sua atenção no seu trabalho. Ele trabalhava duro e parecia sexy enquanto fazia isso. Eu não consegui ver o sorriso dele, o jeito que ele olhava para mim, o jeito que ele sorria para mim, só para mim. Eu não podia ver o seu rosto naquele primeiro momento em que ele entrava depois de um longo dia de treinamento e me via sentada no chão, retocando fotos, não conseguia ver o quanto feliz ele parecia em me encontrar lá. Eu não conseguia sentir os seus braços em volta de mim, me esmagando. Eu não conseguia ouvir sua voz, nem podia comer pizza com ele ou assistir a um filme e adormecer nele, com ele.

Eu limpei as minhas lágrimas, o meu rosto corando quando nossa garçonete me entregou mais guardanapos para me limpar e perguntou se ela poderia ajudar com qualquer coisa. Chris agradeceu por mim e pediu café para ele e chá para mim.

Quando eu não estava mais uma bagunça, pedi desculpas a Chris.

—Ele bateu em você? — Ele perguntou, o seu tom neutro.

Eu segurei a caneca quente e agi o mais indiferente possível. —Está tudo bem. — Eu não disse a ele que nem meu pai nem minha mãe nunca tinham me batido.

Duas horas se passaram e eu estava drenada – drenada de palavras e lágrimas, de energia e emoções.

—Eu vou ser honesto com você, Zoe... eu não tenho a mínima ideia de como vou lidar com tudo isso.

—Posso apenas pedir uma coisa?

—Claro.

—Você tem mais um jogo, 26 de dezembro, certo?

—Sim, o Cactus Bowl.

—Você pode não contar a Mark, ou deixá-lo saber que você sabe até que isso aconteça? Eu não quero que ele tire Dylan. Eu queria contar a você por que eu tinha cansado de esperar, e não é como se ele fizesse alguma coisa para mexer com o seu futuro, mesmo quando ele soubesse disso. Eu não tenho certeza se ele pode fazer alguma coisa para atrapalhar qualquer coisa para Dylan, mas eu simplesmente não quero ser a razão para –

—Eu não posso te prometer isso.

Eu encontrei os seus olhos e assenti. Isso era compreensível, mas eu não achava que ele jogaria o seu amigo debaixo do ônibus.

O silêncio depois disso se estendeu em minutos e nós dois ficamos sentados lá, sem falar um com o outro, apenas tomando chá e café de vez em quando. Quando o seu telefone começou a tocar no bolso, ele pegou e me lançou um rápido olhar antes de responder.

—Pai.

Eu endureci.

—Sim. Eu estarei lá.

Sem mais nem menos, a conversa deles acabou.

—Eu preciso ir embora, — ele explicou.

—Tudo bem. Obrigado por me escutar. Eu não sei o que estou sentindo agora, mas espero que você não pense o pior de mim. Eu não podia esperar mais e, logo que possível – depois do jogo, isso é – quero falar com Dylan e explicar as coisas. Ele me bloqueou, então eu não posso ligar para ele, mas vou falar com ele de alguma forma. Eu pensei que você precisava saber antes dele.

Depois disso, atingimos oficialmente a terra do constrangedor. Ele insistiu em pagar a conta, em seguida, se ofereceu para me deixar onde eu precisava ir. Eu disse a ele que não era necessário, então ficamos na frente do carro dele. Nenhum de nós sabia o que viria a seguir.

—Eu posso dar o meu número para você, — eu ofereci, um pouco hesitante. —Você não tem que me ligar ou qualquer coisa se você não quiser, mas se você acabar querendo falar de novo... sobre outras coisas... ou qualquer coisa...

—Sim claro.

A sua resposta não soou promissora, mas eu peguei o que pude. Afinal, eu já sabia que não seriamos melhores amigos logo de cara, ou talvez nunca.

Depois que ele entrou no carro e saiu, eu fiquei na esquina e liguei para Jared.

—Você falou com ele? Como foi? — Foi a primeira coisa que saiu da sua boca quando ele atendeu.

—Eu fiz, e não tenho certeza. Pelo menos ele ouviu. Conversamos por algumas horas e agora depende dele.

—Como você está se sentindo? Finalmente aconteceu, Zoe. Eu não posso acreditar que você falou com o seu irmão.

Eu senti que algo estava faltando, mas eu não disse isso a Jared. Eu achei que sentiria que algo estava faltando por mais algum tempo. Em vez disso, eu disse a ele que parecia revigorante, e eu estava feliz, não importa o que aconteceu depois, o que era verdade até certo ponto.

—Você vai voltar para aqui agora? Mamãe fez espaguete e eu guardei um pouco para você. Ela tem o turno da noite no hospital de novo e Becky já está na cama, para que possamos conversar a noite toda, se você quiser.

Os meus olhos se encheram de lágrimas, eu funguei no telefone. —Obrigado por me deixar ficar esta última semana, Jared. Eu nem sei como agradecer a sua mãe e eu simplesmente –

—Oh, vamos lá, querida, não me diga que você está chorando. Você já nos agradeceu mil vezes. Becky ama você, e você tem sido babá e brinca com ela, então confie em mim, a minha mãe é aquela que é grata por ter você por perto. O seu grande e mau irmão quebrou a minha melhor amiga? Se ele fez, eu vou chutar a bunda dele amanhã. Apenas diga a palavra – embora eu não toque no seu rosto, porque vocês têm um excelente DNA.

Os meus lábios se esticaram em um sorriso e pareceu estranho, como se eu não tivesse rido ou sorrido por dias.

—Eu não estou chorando, apenas um pouco emocional. Eu acho que vou voltar a pé para que eu possa me acalmar – um pouco de ar fresco deve ajudar. Eu me sinto um pouco estranha depois de finalmente contar tudo a ele, e acho que vou pegar uma pizza no caminho, se estiver tudo bem para você. Desculpe, mas sua mãe esteve cozinhando...

Jared riu, e o som fez os meus lábios se inclinarem ainda mais.

—Consiga duas, — ele ordenou. —Estou faminto.

—Estou nisso.

Comecei a andar com o telefone colado no meu ouvido.

—Estou pensando que devemos ficar bêbados e celebrar esta noite. O que você acha?

—Comemorar o quê?

—Nós sobrevivemos aos exames – o que mais você precisa como uma desculpa para ficar bêbada? Além disso, você conversou com o seu irmão, e eu diria que é uma boa razão também. Vamos nos embebedar e conversar sobre garotos.

—O meu passatempo favorito, — eu murmurei. —Eu posso falar sobre os seus meninos embora. Isso deve ser divertido.

—Nós vamos falar sobre Dylan.

Suspirei e empurrei a minha mão livre no bolso da minha jaqueta. Não estava frio, mas toda vez que eu pensava sobre Dylan, um pequeno arrepio percorria o meu corpo e o meu coração dava uma batida extra.

—Eu gosto de falar sobre Dylan, — eu admiti.

—Eu sei que você gosta. Vamos falar sobre o quanto bom ele é e que bons amigos ele tem que você é obrigada a me apresentar uma vez que vocês dois se beijem e façam as pazes, e então...

Eu não tenho ideia de quanto tempo o caminho de volta durou, mas eu fiz isso com a voz do meu melhor amigo no meu ouvido, e eu estava finalmente respirando um pouco mais fácil.

A sensação durou apenas algumas horas, até que eu entrei na minha cama improvisada no quarto de Jared e sonhei com Dylan.


Capítulo 27

Zoe

1 de Janeiro


Chris: Você falou com o Dylan?

Zoe: Não, ele me bloqueou. Porquê? Ele disse alguma coisa? Você disse alguma coisa?

Já fazia um pouco mais de duas semanas desde que eu contei a verdade a Chris, e embora você não poderia dizer exatamente que ele estava me tratando como a sua irmã perdida, ele também não tinha me ignorado completamente.

Nós só conversamos duas vezes depois do dia no restaurante, mas ainda era algo. A primeira vez que ele me ligou, foi só para me avisar que ele havia conversado com Mark, mas não com sua mãe; eu não achei que ele estivesse planejando contar a ela. Eu apreciei o aviso. Eu já tinha ido em frente e bloqueado Mark enquanto estava com a Sra. Hilda, mas era bom saber o que estava acontecendo. Tinha sido uma conversa de três minutos – sim, eu tinha verificado – nada longo, mas isso não me impediu de sorrir como uma idiota por uma hora depois que ele desligou.

A segunda vez foi quando eu lhe enviei um pequeno texto de Feliz Ano Novo. Ele respondeu me perguntando o que eu estava fazendo, e acabamos trocando mensagens de texto algumas vezes. Não foi nada profundo, mas eu estava feliz. Ele não parecia falar muito em geral, pelo menos essa era a vibração que eu tinha recebido dele quando ele veio para o apartamento com JP, então não me surpreendeu quando ele não se transformou de repente em um tagarela comigo também. Eu conversei o suficiente por nós dois de qualquer maneira. Eu até consegui um sorriso no rosto dele, que foi o destaque do meu dia. Patético, certo?

Eu culpei o Dylan.

Ok, tudo bem, não realmente, mas eu estava sentindo falta dele como se não o tivesse visto em anos, quando na verdade tinha sido apenas algumas semanas, e era mais fácil culpá-lo por tudo desde que ele era o único que tinha saído daquele apartamento em vez de tentar me levar embora com ele. O plano era que o meu pai passasse o Ano Novo em Los Angeles, mas algo surgiu e ele não conseguiu; isso foi culpa de Dylan também. Então, houve o tempo em que eu não conseguia pizza da minha pizzaria favorita porque o forno de pizza deles não estava funcionando. Que tipo de pizzaria tem um forno com defeito? Tudo culpa do Dylan. Eu estou pensando que você pode ver o padrão lá. Tudo o que eu sabia sobre ele era que logo após o Cactus Bowl, ele tinha voltado para casa em San Francisco para passar a pequena pausa com a sua família.

Chris: É uma boa noite para sair. Talvez você gostaria de tomar uma bebida em algum lugar.

Eu li o texto uma vez. Então uma segunda vez, mais devagar. Ele estava me chamando para sair?

—Leia isso. — Eu entreguei o meu telefone para Jared, que estava trabalhando em um esboço na mesa de café. —Ele está me pedindo para sair, certo? Eu não estou entendendo errado, não é?

Jared me deu um olhar divertido e entregou o telefone de volta. —Não. Isso é um convite, está certo. Escreva de volta.

—Você virá também?

Ele voltou a sua atenção para o esboço. —Certo. Se você não se importa que eu flerte com o seu irmão, conte comigo.

Quando ele me deu um olhar esperançoso, eu sorri.

—Sim, talvez desta vez não.

Ele riu e jogou uma das suas canetas para mim.

—Sua pequena broxante.

Um pouco animada e muito nervosa, eu mandei uma mensagem de volta.

Eu: Adoraria. Onde você quer se encontrar?

Chris: Uh... não comigo. Eu acho que você deveria ir sozinha.

No começo, eu não entendi, e eu me senti uma porcaria, mas depois de ler algumas vezes, o meu coração começou a bater mais rápido e eu pulei do sofá, meu laptop quase encontrando um final prematuro.

—O que está acontecendo? O que é isso? — Jared perguntou quando eu pulei do lugar como uma lunática, uma mão sobre a minha boca, a outra segurando o meu celular no meu peito.

—Eu acho que Dylan está de volta, — eu gritei o mais silenciosamente possível, então eu não acordaria Becky. —Chris acabou de me dizer que eu deveria tomar uma bebida em algum lugar sozinha. Eu acho que Dylan está no bar. Ele voltou!

Tendo dificuldade em conter o salto, deixei Jared me levar para o seu quarto. —Você já não tinha ido ao bar procurá-lo?

—Eu fiz, mas talvez ele esteja de volta agora?

—Eu pensei que você estava com raiva dele.

—Eu estou. Estou tão brava com ele.

—Porque você ainda está pulando?

—Porque eu mal posso esperar para chutar o traseiro dele.

Jared colocou as mãos nos meus ombros e me firmou. Além do meu rosto corado e do sorriso que eu estava ostentando, eu devo ter parecido bastante normal. —Você está bem? — Ele perguntou.

Eu respirei fundo e exalei. —Sim. O que eu vou vestir?

—Tem certeza de que você está bem? Você ainda está tentando saltar. Pare com isso. — Ele pressionou mais forte nos meus ombros.

—Estou animada, deixe-me saltar um pouco – agora tenho que fazer xixi. Encontre-me algo para vestir, ok? Preciso sair o mais rápido possível, porque não tenho certeza se ele está trabalhando ou se só está lá com o Chris. Preciso chegar lá antes que ele saia. — Parei na porta e olhei para trás. —Ele está de volta, Jared.

O rosto do meu melhor amigo relaxou e ele sorriu de volta para mim. —Eu sei querida. Vá fazer xixi e depois pode chutar o traseiro dele.

 

* * *

Eu estava do outro lado da rua do Jimmy e tentei conter tudo o que estava sentindo. Excitação, pavor, pânico, felicidade, esperança, raiva – diga um nome, eu estava sentindo isso. Depois de abraçar Jared e prometer que o manteria atualizado sobre se ele teria que vir ou não pegar os meus pedaços, eu saí, e quanto mais perto o meu Uber chegava do bar, mais forte e mais alto os meus batimentos cardíacos tinham chegado...

Então, eu escolhi ficar lá como uma esquisita para me dar alguns minutos para me recompor. Quando eu estava atravessando a rua, um casal tropeçou para fora do bar, de cabeça baixa enquanto sussurravam, de mãos dadas. Por uma fração de segundo, o meu estômago caiu e eu congelei no meio da rua, porque eu poderia jurar que estava vendo Dylan com outra garota – mas então a garota sorriu para o cara e o cara recuou o suficiente para que eu pudesse ver que ele realmente não se parecia nada com Dylan.

Um carro tocou a buzina e corri pela rua.

Antes de empurrar a porta pesada, fechei os olhos e inalei o ar fresco. Com um empurrão mental final, eu estava dentro.

Você não acreditaria em quão alto e claro eu podia ouvir o meu coração batendo nos meus ouvidos, como eu não conseguia ouvir nada além do meu próprio medo. O bar estava cheio como sempre estava; não importava que fosse uma segunda-feira. Um cara esbarrou em mim quando ele estava indo para fora, então eu me forcei a dar alguns passos e olhar em volta para ver se eu poderia encontrar Dylan ou Chris.

Eu estava usando uma das minhas camisetas brancas favoritas, calça jeans preta, botas pretas e uma jaqueta fina por cima, só porque Jared me forçou a fazer isso. Eu estava queimando com o estresse.

Então eu o vi, e de repente eu não sabia como respirar, o que fazer comigo... eu não sabia de nada. Eu engoli e dei um passo em direção ao bar onde ele estava conversando com outro barman. A cabeça inclinada para baixo, os lábios esticados em um pequeno sorriso, ele parecia maior que a vida para mim.

Eu juro que o meu coração pulou uma batida – talvez algumas – quando cheguei mais perto dele. Eu não tenho ideia de como consegui colocar um pé na frente do outro, mas poderia ter sido porque eu estava flutuando. Todos os bancos do bar estavam tomados, então eu esperei... e esperei, pacientemente, nunca tirando os meus olhos dele. Se ele olhasse para cima e um pouco para a esquerda, ele me encontraria de pé ali, mas ele não fez, e foi mais fácil para mim rastejar para ele enquanto ele servia bebidas.

Quando uma garota pulou de um dos bancos, um pouco longe de Dylan, corri para lá antes que alguém pudesse pegá-lo. Eu me ergui, coloquei as minhas mãos no topo do bar, e então as abaixei. Eu endireitei os meus ombros, me endireitei, e pressionei as minhas mãos contra o meu estômago para acalmar as borboletas que voavam lá dentro.

Tudo estava desfocado ao meu redor. Dylan era tudo em que eu podia me concentrar, e um terremoto enorme poderia acontecer naquele momento, mas eu ainda não teria tirado os meus olhos dele. O meu coração estava perdido, ele batia assim, por ele, só por ele.

—Posso pegar algo para você?

Pulando no meu lugar, tentei me concentrar na barman que havia falado comigo. Lembrei de tê-la visto na última vez que estive lá, mas não consegui encontrar um nome. Eu tinha ouvido o nome dela? Franzindo a testa um pouco, eu me inclinei para frente.

—Uh, sim. Obrigado, — eu sussurrei. —Cerveja. O que quer que esteja na torneira, por favor.

—Preciso ver uma identificação.

Eu enfiei a mão no bolso de trás e entreguei a ela. Quando olhei de relance para onde estava o Dylan, fiquei presa no seu olhar e parei de respirar completamente.

Quão necessário era o ar de qualquer maneira? Bastante supervalorizado, se você me perguntasse.

Eu assisti o seu maxilar endurecer, a sua boca se tornando uma linha reta. Nós não poderíamos desviar o olhar um do outro. Ele parecia chateado, talvez com razão, e eu não sabia o que ele viu quando olhou para mim. Eu tinha pensado que estava preparada para atacar e gritar com ele, mas, na realidade, eu não estava preparada para vê-lo.

As minhas emoções estavam em guerra. Eu senti tanto a falta dele – muito, mas eu não podia fazer nada sobre isso... não até conversarmos, até que ele me desse a oportunidade de falar, embora eu não fosse deixar isso nas mãos dele.

Então Dylan estava andando na minha direção e eu já estava sem fôlego.

No momento em que ele chegou até onde eu estava sentada, ele pegou a cerveja que a barman já havia colocado bem na minha frente, bem ao lado da minha identidade. Eu nem percebi isso. Adivinhando o que ele estava prestes a fazer pelos seus passos furiosos e mandíbula, eu peguei a minha cerveja antes que ele pudesse, derramando-a no balcão no processo.

Eu podia sentir as minhas pernas tremendo quando ele colocou as palmas das mãos no balcão e se inclinou para frente. Eu tive um momento de hesitação sobre o que fazer - incline-se para a frente, envolva os meus braços em volta do pescoço dele, e segure pela vida como um macaco e espero que ele ache isso fofo ou fuja da raiva que eu podia ver ardendo nos seus olhos? Eu me inclinei, segurando a caneca de cerveja protetoramente contra o meu peito.

—Vá embora.

Duas palavras – ele me deu duas palavras e eu senti a dor no fundo do meu peito. Eu só conseguia balançar a cabeça de um lado para o outro.

—Zoe, vá embora.

Eu odiava o quão duro o meu nome soou vindo dos seus lábios, mas eu encontrei a minha voz de qualquer maneira. —Não.

Nada poderia me fazer sair daquele bar sem falar com ele.

Ele me deu um longo olhar sombrio e prendi a respiração. Então ele se inclinou para trás e se endireitou, indo embora sem outra palavra, como se eu não valesse nem mais um segundo do seu tempo.

Eu passei dez minutos bebendo e segurando aquela cerveja, dez minutos, e ele nem sequer me deu uma única abertura para dizer qualquer coisa, ficando o mais longe possível.

—Dylan!, — a barman feminino gritou, e eu me encolhi. Os seus olhos se moveram sobre mim como se eu não existisse. —Eu preciso tirar o meu intervalo – cobre para mim?

Ele deu um aceno de cabeça afiado, em seguida, falou com o outro cara que estava lidando com as torneiras do bar. Alguns segundos depois, o cara estava cobrindo os clientes onde eu estava sentada, porque Dylan não queria estar perto de mim.

Começando a ficar mais irritada a cada segundo que passava, eu bebi o resto da minha cerveja aos sons de Drake e pedi outra ao meu novo barman.

Só que, em vez de me pegar uma nova, ele colocou uma dose de tequila, uma fatia de limão e um saleiro na minha frente.

—Por conta da casa, — disse ele com um sorriso.


Capítulo 28

Dylan

Eu assisti Brian colocar um shot na frente de Zoe e fisicamente tive que me agarrar a algo para me impedir de ir até lá e quebrar o nariz dele. Zoe pegou o copo e sorriu para Brian antes de engolir a bebida em um gole. Esfregando o rosto, ela pegou o limão e chupou.

Eu desviei o olhar dela – porque essa era a minha única opção viável – e observei a reação do Brian. O bastardo estava sorrindo para ela, inclinando-se, falando e falando e falando.

Zoe não pareceu responder a ele, mas isso não impediu Brian de flertar. Por um segundo, pensei em ir até lá e dizer a Brian que ela gostava de homens mais velhos, mas decidi ignorá-los. Doía – dói fisicamente olhar para ela, e isso me irritou ainda mais. Eu estava com tanta raiva no momento em que eu ouvi a voz dela pedindo por uma bebida, e depois ainda mais zangado quando vi o olhar no seu rosto quando os seus olhos encontraram os meus.

Alguns minutos se passaram – ou talvez apenas alguns segundos - e tive que olhar de novo. Desta vez Brian estava colocando outra cerveja na frente dela, ignorando outro cliente que estava esperando para fazer um pedido.

Batendo as duas garrafas de cerveja na bandeja que estava esperando para ser preenchida com pedidos, eu caminhei em direção a eles. Se ela tivesse flertado com ele... se ela tivesse sorrido para ele, rido com ele, falando com ele, olhando para ele – feito qualquer coisa, eu não acho que teria sentido tanta raiva como senti. Acho que senti alívio mais do que qualquer coisa.

—Você pode voltar aos seus pedidos, Brian, — eu ordenei, o meu tom beirando o assassino, e em vez de esperar para ver o que ele estava fazendo, ajudei os clientes que esperavam. Brian ficou em silêncio, e os olhos de Zoe seguiram cada movimento meu.

—Eu posso cobrir a Lindy, cara, — Brian insistiu, não tão sabiamente.

Brian tinha começado como o novo barman apenas duas semanas antes, então ele deveria ouvir o que eu dissesse. Se ele não fizesse, eu o faria.

—Volte para o seu lugar. Lide com os pedidos. — Quando parecia que ele estava prestes a protestar mais uma vez, dei um pequeno passo em direção a ele, o meu temperamento queimando. Nós estávamos de pé bem na frente de Zoe, e eu me inclinei para frente, então só ele podia me ouvir. —Não está calmo o suficiente para você brincar, Brian, e fica bem longe dela. Volte para o seu trabalho ou dê o fora daqui. — Eu me inclinei para trás. —Você me entende?

As suas sobrancelhas subiram em direção à sua linha do cabelo e ele levantou as duas mãos em sinal de rendição, recuando.

Ignorando Zoe, coloquei um uísque para um cliente e peguei duas cervejas para outro. Mesmo que eu não quisesse, ainda podia vê-la com o canto do olho, podia ver a rapidez com que ela engolia a cerveja.

De repente, eu não suportava tê-la por perto. Eu não conseguia me afastar do perfume dela, daquele cheiro doce de frutas. Eu não conseguia desviar o olhar e não lembrar de como era bom sentir a sua pele macia, tê-la debaixo de mim, quão sensível ela era ao meu toque, como os seus olhos brilharam quando corri para o lado dela depois do jogo em Tucson, como era bom quando ela olhou nos meus olhos por mais de alguns segundos... a sua calcinha azul, o seu cabelo molhado, os seus olhos feridos... os seus braços em volta de mim, segurando... o quanto animada ela ficou quando ela estava comendo pizza, como ela chamava a maldita coisa de um círculo de amor... o seu sorriso tímido, os seus orgasmos...

Tudo isso tocou como um filme na minha cabeça.

Raiva queimou o meu interior.

—Você já acabou, — eu disse, ficando na frente dela. —Eu quero que você saia.

Eu olhei diretamente nos olhos dela, e ela voltou o meu olhar sem hesitar. Eu não sabia se ela já estava bêbada ou não, não sabia dizer em qual jogo ela estava jogando.

—Eu não vou a lugar nenhum, não antes de você falar comigo.

—O que te deu a ideia de que temos algo para conversar? Se você quer que eu chame o treinador para buscá-la, me avise.

Os seus olhos brilharam com uma emoção que eu não pude identificar, e ela endireitou-se no seu assento. —Se você quer que eu vá embora, você vai ter que me arrastar para fora daqui.

Eu apoiei as minhas mãos no topo do balcão e a observei.

—Não me provoque. Não tem nada que eu queira dizer para você.

Os seus olhos se estreitaram e ela se inclinou para frente. —Então apenas me escute.

Eu arqueei uma sobrancelha. —Não estou interessado nisso, companheira.

Desta vez, os seus olhos brilharam de raiva, e por algum motivo fodido, me emocionou. O meu ritmo cardíaco aumentou e eu agarrei a borda de madeira para que eu não a alcançasse e tomasse os seus lábios.

—Eu não vou deixar este lugar até você me dar cinco minutos, e você vai me dar pelo menos grande parte disso, companheiro, — ela cuspiu.

—Fique à vontade. — Eu fui embora.

Um minuto depois, Lindy voltou do intervalo e assumiu.

Dez minutos se passaram.

Então quinze.

Então trinta.

A cada segundo que ela ficava sentada naquele maldito banquinho de bar, eu chegava cada vez mais perto de perder a minha merda na frente de todos. Quando chegou a um ponto em que eu não aguentava mais, abri o pano que eu tinha na mão e o joguei fora. Saindo de trás do bar, eu caminhei para o lado dela. No momento em que eu estava lá, ela já estava em pé, esperando.

—Eu não vou embora, Dylan.

—Sim você vai. Vou ouvir o que você precisa dizer só para você sair da minha vista.

Agarrando o seu braço logo acima do cotovelo, eu a puxei para trás do bar.

—Estou tomando dez, — eu gritei para Lindy quando abri uma porta que nos levou para a pequena cozinha, em seguida, levei-a para fora no beco mal iluminado.

A porta de metal se fechou atrás de nós, e eu soltei Zoe como se sua pele tivesse queimado a minha, então coloquei alguma distância entre nós.

—Comece para que eu possa me livrar de você.

Ela ficou em silêncio, então eu olhei para ela. Os seus olhos pareciam estar se enchendo de lágrimas. Eu tentei ignorar o que estava sentindo e fiquei parado.

—Estou tão zangada com você, — ela disse baixinho, finalmente.

—Desculpe?

—Estou tão zangada com você! — Ela repetiu, a sua voz clara e forte.

—Sim? — Cruzei os meus braços sobre o peito. —Pelo quê? Porque eu não joguei com o que quer que você estava jogando? Porque eu peguei você com ele e interrompi vocês dois? Como eu ouso, certo?

Os seus olhos se estreitaram quando ela se inclinou para mim. —Estou com raiva de você porque você me bloqueou! Eu estou com raiva de você porque você nunca me deixou falar com você. — Então ela se endireitou e ela não estava mais inclinada para frente. —Eu pensei que eu era sua amiga, Dylan. Se nada mais, eu pensei que era pelo menos isso.

Eu bufei e ri. —Minha amiga? Você estava pensando no seu amigo quando entrou no seu carro e saiu com ele? Ou bem antes de eu pegar vocês dois?

—Do que você está falando? — Ela franziu a testa. —Que carro?

—Nem tente mentir para mim, Zoe. Se você está aqui para me dizer que ele veio sozinho para o apartamento e eu entendi tudo errado, poupe o seu fôlego. Eu estava esperando por você na frente do apartamento de Jared. Eu estava lá quando você ignorou a minha mensagem e entrou no carro dele.

Ela lambeu os lábios, olhou para mim por um momento e depois disse: —Você vai se sentir como um completo idiota e você nem sabe disso.

—Eu duvido. Se você acabou, eu preciso voltar para dentro.

Ela balançou a cabeça e mordeu o lábio inferior, atraindo o meu olhar para a sua boca. Ela se inclinou e tirou algo do bolso de trás. Desdobrando um pedaço de papel, ela fechou a distância entre nós.

Três passos – foi tudo o que precisou.

—Aqui. — Ela bateu o papel contra o meu peito, e eu assisti ele flutuar no chão.

Quando eu olhei para cima, ela parecia insegura. O seu peito estava subindo e descendo rapidamente. Alguém bateu uma porta no prédio ao nosso lado e o som explodiu no beco, fazendo-a pular.

—Pegue-o, — Zoe exigiu, mas eu não me mexi. Os seus ombros caíram e a luta parecia ter saído dela. —Leia, Dylan.

Alguns segundos se passaram e eu tive que ficar parado quando vi os seus olhos começarem a se encher de lágrimas.

—Você é um idiota, Dylan Reed! — ela gritou, e tudo que eu podia ouvir era a dor em sua respiração. Tudo o que eu pude ver foi aquele olhar de coração partido no rosto dela.

Ela se virou para sair e eu me agachei para pegar o papel que parecia ter visto dias melhores. Eu desdobrei duas vezes e me endireitei. Com cada palavra que eu li, o meu ritmo cardíaco aumentou. No segundo em que entendi o que estava vendo, gemi, deixei o papel cair no chão novamente e fui atrás de Zoe.

Eu nem tinha notado ou ouvido a porta dos fundos abrindo e fechando, mas eu era a único parado naquele beco. Eu abri a porta e a alcancei enquanto ela caminhava pela cozinha. As suas mãos estavam em punhos ao seu lado quando ela chegou à porta que a levaria para o bar e para longe de mim. Eu ignorei todos na cozinha – que era um total de três pessoas – agarrei o seu ombro e a girei.

Eu estava respirando tão forte como se tivesse acabado de correr noventa metros para um touchdown. Quando o meu olhar encontrou o dela choroso, eu estava quase com medo de falar. Ela parecia tão esperançosa, tão triste e tão linda.

—Zoe, — eu sussurrei.

Então as lágrimas começaram a cair mais rápido e eu não consegui não a tocar mais. Eu não podia não a segurar e não podia não a manter. Inclinei-me o suficiente para envolver os meus braços sob os dela e abraçá-la. Quando os seus braços envolveram o meu pescoço e ela descansou a cabeça no meu ombro, os seus soluços ficaram mais altos. Eu coloquei os meus braços bem debaixo da sua bunda, ergui-a e envolvi as suas pernas ao meu redor. O seu aperto no meu pescoço aumentou e ela empurrou o rosto no meu pescoço, ainda chorando.

Ignorando os olhares, eu nos levei de volta para o beco e empurrei-a contra a porta assim que ela fechou.

Eu não podia sentir os meus braços do aperto forte que eu tinha nela e eu não tinha a mínima ideia de como as minhas pernas nos mantinham, mas eu não tinha queixas sobre nada disso.

Quando ela levantou o rosto do meu pescoço e segurou o meu rosto entre as mãos, eu apenas olhei para ela, estupefato.

—É verdade? — Eu perguntei, precisando ouvir dos seus lábios e não apenas ver em um pedaço de papel.

Ela assentiu.

—Deixe-me ouvir você dizer isso.

—Ele é meu pai biológico. — Ela engoliu e eu assisti a sua garganta se mover, ainda tendo dificuldade em acreditar que ela estava dizendo a verdade.

—Todo esse tempo... você me deixa pensar...

Ela inclinou a minha cabeça e olhou nos meus olhos. Ela ainda tinha lágrimas nos dela. —Eu ia lhe dizer, Dylan, juro para você. É por isso que ele estava lá, porque ele me buscou na casa de Jared para conversar comigo. Eu disse a ele que ia contar sobre ele logo antes de entrar na biblioteca naquele dia, e depois tudo o que aconteceu e eu simplesmente o empurrei de volta. Mas eu ia contar a você. Eu juro para você, eu ia. Eu posso te mostrar o meu texto para ele. Eu posso te contar tudo.

Eu olhei para seus lábios trêmulos e não pude evitar mais.

Você precisa de água para viver, e só pode sobreviver sem ela por três a cinco dias, e já fazia tanto tempo desde que eu tive a minha dose dela, desde que a provei. Eu quase não sobrevivi.

Os nossos lábios bateram e ela soltou um gemido silencioso no segundo em que minha língua tocou a dela. Foi o beijo mais bagunçado da minha vida e talvez um dos melhores. Os nossos dentes batiam, as nossas línguas emaranhadas, e ainda assim, eu não conseguia o suficiente dela. Eu soltei as suas pernas e me empurrei mais firmemente contra o seu corpo, esmagando-a entre a porta e eu.

Com as mãos livres, embalei o rosto dela e inclinei sua cabeça para o lado para poder pegar mais, e ela me deu tudo – absolutamente tudo. Empurrando os seus braços entre os meus, ela colocou os braços à volta do meu pescoço de novo e me deixou comandar.

Quando paramos, estávamos respirando com dificuldade, como se tivéssemos terminado uma maratona, e eu não teria feito isso de outra maneira. Essa garota... ela me tirou o fôlego.

Descansando a minha testa contra a dela, lambi os meus lábios. Nós estávamos de pé muito perto, eu provei os dela também.

—Eu senti a sua falta, — ela sussurrou. —Eu senti tanto a sua falta, você não tem ideia.

—Eu acho que sim, — eu disse, muito calmamente. O mundo inteiro havia desaparecido e era só nós. —Você é só minha, então? — Eu perguntei, só para ter outra confirmação.

Ela puxou a cabeça para trás um pouco para olhar nos meus olhos. —Você é o meu melhor companheiro, de quem mais eu seria?

Eu a beijei novamente, mais devagar dessa vez, bebendo em vez de engolindo. Ainda assim, eu não acho que eu conseguiria preencher a minha dose dela.

—Estou com tanta raiva de você, — ela sussurrou entre os meus beijos. —Ainda estou tão brava.

—Porquê? — Eu bati o meu nariz no dela e ela abaixou a cabeça para me beijar, lambendo os meus lábios quando terminou. Eu mergulhei uma das minhas mãos para baixo e coloquei na bunda dela, puxando-a um pouco mais para baixo. Quando ela sentiu o quão duro e pronto eu estava para ela, ela fechou os olhos, mordeu o lábio e gemeu, tentando mover seu corpo contra mim. Eu a parei e beijei seu pescoço, lambendo e chupando enquanto revirei os meus quadris.

—Como você pode simplesmente sair assim? — Ela perguntou em um suspiro quando conseguiu encontrar as palavras.

Eu parei de me mover contra ela e meu aperto nela se apertou de novo. O meu olhar seguiu o seu rosto corado e encontrou os seus olhos vidrados.

—Como você não veio atrás de mim? — Eu resmunguei.

—Eu sou uma idiota. Qual é a sua desculpa?

Eu sorri e deixei a minha testa cair no ombro dela.

—Você me chamou de idiota algumas vezes esta noite, então estou supondo que sou sua outra metade, tão grande quanto um idiota, se não maior.

—Então nós somos perfeitos um para o outro, hein?

—Somos melhores companheiros, não somos?

O seu sorriso me pegou de surpresa, e eu me vi perdido em outro beijo até que a porta atrás de nós foi aberta e eu tive que carregar o seu peso para protegê-la.

A cabeça de Lindy surgiu da abertura e ela estremeceu quando nos viu.

—Desculpe interromper, Dylan, mas eu preciso mesmo de você lá fora. Brian não é realmente a maior ajuda no momento, então se você...

Eu limpei a minha garganta. —Sim. Apenas me dê mais um minuto, ok? Eu estarei lá.

Ela assentiu e me ofereceu um pequeno sorriso. —Sim, claro.

Quando éramos apenas nós de novo, eu lentamente deixei os pés de Zoe tocarem o chão, e ela tentou consertar a sua roupa. Quando ela olhou para cima, eu exalei e agarrei o seu rosto para pressionar um beijo em seus lábios rosados e inchados. Ela sorriu para mim e o meu peito ficou pesado.

—Ainda precisamos conversar, Zoe. Eu preciso saber tudo.

Ela perdeu um pouco do sorriso, mas assentiu.

—Onde você está morando?

Um rápido encolher de ombros. —Eu tenho ficado com Jared por agora. Preciso encontrar um lugar ou um colega de quarto após o início do semestre.

—Eu estou ficando com Benji. Ele se mudou com outro cara e eu tenho dormido no sofá deles. Você não vai voltar para o seu amigo esta noite— eu disse.

Ainda sorrindo, ela balançou a cabeça. —Eu não vou.

—E você está esperando até eu fechar. Você estará sentada bem na minha frente até então.

—Eu vou. Eu não vou me mexer – nem vou desviar o olhar.


Capítulo 29

Zoe


Depois que todos os clientes saíram, depois de todos na cozinha irem, todas as garçonetes e garçons terem saído, era só eu e Dylan, sozinhos no lugar. Parecia muito grande quando todo mundo se foi, tão quieto, cada mesa vazia com as cadeiras viradas para cima. Dylan já havia apagado as luzes, exceto as pequenas luzes decorativas que ficavam acima do espelho atrás de todo o álcool. Eu pensei que era romântico. Eu ainda estava sentada no exato lugar em que Dylan havia me colocado, no mesmo banco, e eu estava bem acordada. A única vez que eu olhei para longe dele por mais de alguns segundos foi quando mandei uma mensagem para Jared para que ele soubesse que eu não voltaria e que tudo estava bem de novo.

Eu olhei para cima quando senti Dylan descendo as escadas que ele disse que levava ao escritório do seu chefe. A minha respiração ficou presa na garganta e o meu coração deu um pulo. Ele era o cara mais bonito do mundo, pelo menos ele era aos meus olhos, e eu tenho a certeza que você concordaria comigo se você o visse. Os seus olhos nunca vacilaram e eu nunca desviei o olhar. Ele usava calça preta e uma simples camiseta cinza escura de mangas compridas que tinha o logotipo do bar no seu peitoral direito. Ele parecia incrível, pronto para ser devorado. Basicamente, ele parecia e tinha sabor melhor do que pizza. Ele também parecia alguém que eu nunca pensei que pudesse ser meu. Ele era o tipo de cara que engravidava só de olhar para ele por muito tempo. Quando ele chegou ao meu lado, ele me pegou como se eu não pesasse nada e me sentou no balcão. Eu imediatamente coloquei as palmas das mãos para me equilibrar, em seguida, ele abriu as minhas pernas e sentou entre elas no meu banquinho vazio. As suas mãos subiram e desceram nas minhas coxas, deixando arrepios no seu rastro.

Tendo problemas para me parar, eu me inclinei, coloquei minhas mãos em seus ombros e o beijei, apenas um beijo pequeno e gentil que ele facilmente transformou em algo mais, me deixando sem fôlego.

Quando ele se afastou, eu apenas olhei para ele com o maior sorriso no meu rosto. Foi como vê-lo pela primeira vez e se apaixonar por ele de novo. Ele era o sonho, aquele com quem você sempre quis acabar, a outra metade da sua alma, se você acreditasse nesse tipo de coisa. Eu estava disposta a apostar que Dylan Reed verificaria todas as opções que todas as mulheres tinham na sua lista incontrolável, e mesmo assim lá estava ele, de pé na minha frente, sorrindo para mim com um sorriso torto.

—O quê? Que olhar é esse? — Ele perguntou, as suas mãos se movendo novamente, mais insistentemente desta vez.

Eu ri. —Que olhar?

Ele apenas ficou olhando nos meus olhos, e eu derreti um pouco mais a cada segundo que passou.

—Ninguém nunca me olhou assim antes, você sabe, — eu admiti, tendo um pequeno problema em segurar o seu olhar.

Ele se aproximou – braços apoiados nas coxas, mãos ao redor da minha cintura – os meus olhos se fecharam por conta própria. —Como o quê? — Eu o senti beijar a borda dos meus lábios, então a minha bochecha.

—Desse... jeito, — repeti em um sussurro contra os seus lábios.

Ele sorriu, em seguida, deu um beijo suave ao lado do meu ouvido. —Você pode ser um pouco mais específica?

—Não.

Senti a sua risada profunda nos meus ossos mais do que apenas ouvi-lo. —OK.

Então ele me beijou. Os nossos lábios se moldaram juntos, suavemente, nada mais do que um sussurro durante a noite, até ele falar.

—Então você deveria ficar comigo. Ninguém mais pode olhar para você do jeito que eu faço.

—Não foi o que eu disse, não? — Eu protestei com um pequeno sorriso, e eu abri os meus olhos para encontrá-lo olhando para mim. O meu coração disparou. —Tão arrogante, — eu sussurrei.

O seu polegar se moveu sobre o meu lábio, mas ele não desviou o seu olhar do meu. —Mantenha-me, Flash. Eu sou um bom partido.

Eu sorri, o meu coração pulando por todo o lugar. —Você sabe o quê? Acho que eu vou.

O seu sorriso aumentou e me senti louca de felicidade.

Com as mãos ainda ao redor da minha cintura, ele se levantou. Eu segurei o seu rosto entre as palmas das minhas mãos e descansei a minha testa contra a dele. —Estou feliz de novo, — eu ofereci do nada.

—Você estava miserável sem mim?

Eu pensei que era apenas uma questão retórica, não acho que ele esperava que eu lhe desse uma resposta honesta porque ele alcançou minha boca novamente, mas eu recuei antes que ele pudesse me afogar nele.

—Eu estava infeliz, Dylan. Eu não conseguia dormir, não pude falar com você. Então, quando consegui, depois do último jogo, não consegui encontrar você. Você me bloqueou, — eu o acusei. —Não que eu possa culpá-lo, mas acho que ainda vou. Senti a sua falta. Senti a sua falta como nunca senti falta de alguém na minha vida. — Coloquei a palma da mão no meu coração e tentei aliviar a dor. —Eu tenho essa dor, bem aqui e todas as manhãs que eu acordei nas últimas duas semanas, eu teria esse momento, aquele primeiro segundo depois que eu abria os meus olhos, onde eu pensava, levante-se, Zoe, levante-se e vá ver Dylan. Levante-se e vá para a cama dele. Levante-se e tome o café da manhã com ele - ele está esperando por você na cozinha. Então eu percebi que não poderia fazer nada disso.

Dylan olhou para mim, ou analisando as minhas palavras ou decidindo como responder, ou ambos. Eu me perguntei se tinha revelado muito dos meus sentimentos, não que eu teria me importado se tivesse.

—Eu senti a sua falta mais do que eu tinha o direito de sentir a sua falta, e isso me corroeu, — disse ele antes que o silêncio pudesse ficar estranho. —Eu estava tão chateado comigo mesmo porque eu não conseguia nem te odiar. Você percebe o quanto foi difícil trabalhar com ele, sabendo que ele tinha você e eu não? Quão difícil ainda é? Você pensou em mim no momento em que acordou e eu não pensei em nada além de você desde então. Eu odiei que você faria isso comigo, que você mentiria para mim desse jeito. Quando eu vi você entrar no carro dele, eu não acreditei, você sabe. Eu tinha certeza que você explicaria, mas quando cheguei em casa e encontrei vocês dois... tão perto, e ele tocando você...

—Posso contar tudo para você agora?

—Sim, você pode, e por favor, não deixe nada de fora.

—Eu não vou, — eu prometi, e sabendo que tudo ficaria bem depois, que ele ainda estaria bem na minha frente, eu contei tudo a ele. Comecei desde o começo, naquele primeiro momento em que minha mãe me falou sobre Mark e Chris, e terminei com como eu conversei com Chris apenas alguns dias depois de ele ter entrado e apanhado a mim e Mark discutindo.

—Eu queria encontrar você no dia seguinte e até liguei para você, mas você já tinha me bloqueado. Quanto mais eu pensava sobre isso, mais medo eu tinha de que ele fizesse alguma coisa para mexer com você no campo. A ameaça estava lá, e não tenho ideia se ele teria o poder de fazer. Eu não estava desistindo de você, mas eu não achei que correr para você logo depois de ir embora era a melhor ideia também. Eu me dei tempo, até ao jogo, sabendo que eu contaria para você depois do Cactus Bowl – que eu tinha certeza que sim.

Pela quantidade de tempo que levei para contar tudo a ele, nos sentamos exatamente na mesma posição: ele entre as minhas pernas, constantemente me tocando. Quando eu tive dificuldade em expressar algo, ele apertava a minha cintura, me lembrando que ele estava lá, bem ali comigo. Em um ponto, as suas mãos empurraram debaixo da minha camisa e estávamos pele com pele. Ele me distraiu inúmeras vezes, mas me cutucou para continuar, porque ele estava recebendo cada palavra que eu estava dizendo.

O seu rosto estava inclinado para baixo enquanto ele me ouvia com o seu foco nas suas mãos, desenhando círculos preguiçosos na minha pele sob a minha camisa, como se ele não pudesse evitar.

—É por isso que eu não quero que você vá até ele ou conte algo sobre isso, Dylan.

Ele olhou para mim. —Você não pode me pedir para fazer isso, Zoe.

—Eu apenas fiz. É por isso que vim aqui – eu não podia não dizer a você, mas não quero que toda a espera seja em vão.

—Eu não vou ficar longe de você até ao dia do draf15, Flash. Você pode tirar isso da sua cabeça agora. Agora que eu sei de tudo, nada que você diga pode me manter longe de você.

Sorrindo, eu me inclinei, dei um beijo nos seus lábios e me afastei.

—Eu não estava planejando fazer nada remotamente próximo a isso, até mesmo no caso de que você não me quisesse mais.

Então ele foi o único inclinado para a frente e capturando os meus lábios, a sua língua fazendo coisas que me deixaram extasiada. Quando ele recuou, os seus olhos estavam claros.

—Então o que você quer?

—Eu vi o quanto você trabalhou para chegar onde está – apenas morar com você por alguns meses foi o suficiente para eu ver isso. Eu não vou ser a razão, nem mesmo a possibilidade de que –

—O que você está me pedindo?

—Só não faça isso óbvio, que você sabe, isso é tudo.

Ele segurou a minha cintura nas suas mãos e o meu corpo sacudiu.

—Eu não posso ter você dormindo em outro lugar, Flash. Eu não posso estar outro dia sem acordar com você em volta de mim. Nós vamos encontrar um pequeno apartamento e morar juntos. Eu sei que só tenho alguns meses até o draft e depois disso –

Nem mesmo tentando conter o meu sorriso, eu poderia ter gritado a minha resposta um pouco mais alto do que pretendia. —Sim. Sim. Sim! — Com o jeito que eu estava agindo, você pensaria que ele me pediu em casamento.

Foi a preocupação em seu rosto que suavizou primeiro – como se ele realmente achasse que eu poderia deixar passar a oportunidade de acordar com ele por algum tempo – e então ele riu comigo.

Eu não conseguia parar de tocá-lo, não conseguia parar de olhar nos seus olhos. —Ok, não surte, mas estou me apaixonando tanto por você, Dylan Reed – uma completa queda livre. Eu provavelmente vou pousar em breve também.

Seu sorriso ficou brincalhão e ele se levantou.

—Pousar onde?

Eu empurrei o seu ombro enquanto as suas mãos começaram a se mover mais para baixo da minha camisa, me deixando híper consciente de quão perto estávamos, o quanto afetada eu estava pelo seu toque.

—Você sabe o que quero dizer. — Pela primeira vez em muito tempo, evitei os seus olhos. —E eu quero que você se apaixone por mim também. Eu quero tanto isso – tão mal, Dylan. Eu quero ser alguém importante para você, quero ser o tipo de pessoa que você é para mim, alguém que você não pode viver sem. E bem, talvez eu seja um pouco esquisita – isso é um grande talvez – mas eu quero que você... goste do fato de que eu sou esquisita e me queira –

—Isso é fácil, Flash. Você é a minha melhor amiga, como eu disse a você, e eu já amo seu jeito de estranha. Eu nunca esquecerei de ver aqueles M&Ms bem empilhados na cozinha, e o amor que você tem por pizza? Isso é um outro nível de esquisitice.

Eu gemi e empurrei o meu rosto no seu pescoço.

—Todo mundo adora pizza - isso não é estranho.

—Não tanto quanto você, no entanto.

Dylan lentamente arrastou as mãos para baixo, e cada centímetro de pele no meu corpo zumbiu com consciência. Então as suas mãos seguraram o meu rosto e ele me puxou para longe do seu pescoço para olhar nos meus olhos.

—Eu pego você quando você aterrissar, Flash. Só não demore muito, porque eu já estou lá, esperando impacientemente por você.

Eu pisquei. —Você não pode fazer uma piada sobre algo assim, Dylan.

—Quem disse que estou brincando? Você aconteceu em um piscar de olhos Zoe, eu não tive hipótese.

Isso significa o que eu pensei que significava? Então os seus lábios estavam nos meus e eu estava-o beijando como se as nossas vidas dependessem disso, e todos os pensamentos evaporaram da minha mente. As suas mãos soltaram o meu rosto enquanto eu envolvi os meus braços em volta do seu pescoço para chegar mais perto e soltei um chiado surpreso quando ele me puxou para o seu colo.

—Merda, — eu xinguei, voltando para agarrar a borda do topo do bar. —Dylan, eu sou pesada. Você não pode –

—Eu posso fazer tudo o que eu quiser com você agora.

Ele achava que isso era uma ameaça?

As suas sobrancelhas se uniram. —Espere, Chris? Ele nunca mencionou nada para mim.

Eu franzi os meus lábios e balancei a cabeça. —Nós só conversamos duas vezes desde que eu disse a ele, mas ele me mandou uma mensagem para me deixar saber que você estava aqui, então talvez...— Um pequeno encolher de ombros. —Talvez nós conversemos mais. Cabe a ele.

—Então, eu estou transando com a irmã do meu melhor amigo, hein? Eu gosto disso.

Ele sorriu e eu sorri de volta.

—Eu não sinto nenhuma transa acontecendo, mas se você diz –

As palavras morreram na minha boca quando nos beijamos de novo e eu fui levada... para longe... para algum lugar.

Quando uma porta se abriu e fechou e as minhas costas bateram em uma parede, os nossos lábios ainda se conectaram, eu abri os meus olhos para ver onde nós estávamos. Nós poderíamos ter caminhado por horas e eu não teria notado. Aparentemente, ele só me levou até as escadas que eu vi antes; nós estávamos no escritório do Jimmy. Registrei a mesa de mogno quase vazia, o pequeno cofre antigo, um armário de arquivo alto e o sofá. Não era grande, nem um pouco, mas parecia bem confortável, e eu estava mais do que feliz em passar a noite com Dylan. Como era muito pequeno, significava que eu chegaria ainda mais perto dele.

Quando Dylan mordeu os meus lábios, perdi todo o foco de novo e havia apenas nós. Quando ele me levou para longe da parede, ele não me levou para o sofá como eu esperava que ele fizesse. Não, ele me levou para a mesa e deixou a minha bunda bem em cima.

Antes que eu tivesse a oportunidade de abrir a boca ou mesmo recuperar o fôlego, ele estava tirando a minha camisa. Por um momento muito curto, eu queria me esconder dele, mas em vez disso, peguei a bainha da sua camisa e a tirei dele. Dando aos meus seios – que estavam escondidos no meu sutiã favorito azul-claro – um rápido olhar, ele gemeu e abriu as minhas pernas, dando um passo para o meio. Ele colocou as palmas das mãos sobre a mesa de cada lado dos meus quadris, prendendo-me, e trouxe o rosto para o meu para me beijar. Eu tive que me inclinar para trás e agarrar-me a ele para devolver o seu beijo fora de controle. Ele só parou quando as minhas costas tocaram a superfície de madeira.

—Eu nem sequer tive a oportunidade de aprender o que te excita, — ele murmurou antes de chupar e morder suavemente a pele do meu pescoço.

—Eu não acho que você precisa aprender alguma coisa, — eu disse rapidamente, a minha voz saindo toda agitada. —Você está praticamente me matando, então eu diria que está funcionando, e você só olhando para mim parece que me excita, então...

Ele riu e o som vibrou na minha pele. —Você está me dizendo que está molhada para mim?

As suas mãos agarraram a minha cintura e deslizaram para baixo em um movimento rápido. Eu ofeguei e ri, segurando os seus ombros. Então eu senti o seu pau duro e grosso contra a costura das minhas calças e me perdi completamente. Mordendo seu pescoço, soltei um gemido devasso. Eu me mexi e me empurrei para baixo o mais forte que pude enquanto os seus dedos apertaram na minha cintura para me manter imóvel. Libertando os seus ombros, eu alcancei entre nós e tentei abrir o zíper das suas calças. Quando não me levou a lugar nenhum, me afastei do beijo e bati com a minha cabeça bem forte na mesa.

—Merda. Merda. Merda.

Ele teve a audácia de rir.

—Calma, baby, — ele sussurrou, uma das mãos delicadamente deslizando no meu cabelo e alisando a dor. —Você me quer?

Eu não poderia tê-lo desejado mais, e eu realmente não achava que poderia falar naquele momento, então eu apenas balancei a cabeça. Nós olhamos nos olhos um do outro, sem nos mexermos, e o que quer que ele viu na minha cara fez com que ele sacudisse a cabeça e sorrisse para mim. As suas bochechas pareciam coradas, os seus lábios inchados – por minha causa. Ele respirou fundo enquanto eu segurava a minha respiração. Os seus olhos azuis já escuros estavam mais escuros, como o céu noturno, e eu não me conseguia lembrar de ter visto algo mais perfeito.

—Eu gostaria de poder capturar este momento, — eu sussurrei. —Você... apenas olhando para mim do jeito que você faz.

—Você terá todo o tempo do mundo para fazer o que quiser comigo, Zoe. Confie em mim.

Quando eu lambi os meus lábios, as suas mãos finalmente moveram-se para baixo e ele começou a tirar as calças. Eu fiz o mesmo, me mexendo e tentando me livrar delas o mais rápido possível. Eu tirei alguns arquivos da mesa, mas nenhum de nós parecia se importar.

—Deixe-me, — disse Dylan, e ele tirou a minha calça em um segundo, a minha calcinha deslizando com ela.

Eu não acho que poderia esperar mais, então me sentei e fui para os lábios dele de novo. Ele me ajudou, inclinando-se e envolvendo os seus braços em volta de mim. Eu pensei que ele estava se sentindo como eu estava, como se ele não pudesse chegar perto o suficiente.

Eu apertei a minha mão entre os nossos corpos e envolvi a minha mão em torno do seu pau. Quando uma mão não foi o suficiente, usei a outra também. Ele arrancou os seus lábios dos meus e gemeu no meu ouvido quando eu rolei o meu polegar sobre a sua ponta.

—Eu quero provar você, — eu gemi, a minha voz baixa.

—Me mata dizer isso, mas não agora.

Senti os seus dedos entre as minhas pernas, me separando, empurrando, e eu não conseguia nem lembrar do que estávamos falando.

A certa altura ele deve ter aberto o meu sutiã porque quando ele me pediu para deitar, não havia nada além da superfície fria da madeira contra a minha pele. Eu tremi e o vi arrancar a parte de baixo que estava solta. Quando a sua boca fechou em um mamilo, primeiro lambendo e depois chupando, eu não sabia o que fazer com as minhas mãos, então eu apenas as ergui acima da minha cabeça e segurei na borda da mesa, arqueando as costas e oferecendo mais. Ele deu o mesmo tratamento para o outro, fazendo-me contorcer e ofegar debaixo dele.

Então ele estava bem ali, empurrando o seu pau para dentro de mim, observando onde nos conectamos com uma veneração que eu não conseguia explicar. Os meus ouvidos zumbiam, sangue rugindo nas minhas veias, eu abri a minha boca para ofegar, mas eu estava tão impressionada pelo seu tamanho e por tê-lo novamente que nada saiu. Uma fração de segundo depois, outro suspiro, e então eu gemi, sentindo-o trabalhar lentamente para dentro, me esticando bem aberta.

—Você não tem ideia do quanto senti a sua falta, Flash. Saudades de estar dentro de você. Sentindo você em torno do meu pau. Fodendo você.

O meu corpo estremeceu e eu sorri.

Então ele parou e eu tive que forçar os meus olhos abertos.

—O-O quê? Não, não pare.

Parado na metade do caminho para dentro de mim, ele abaixou a testa bem no meio do meu peito, o seu hálito quente na minha pele fria me fazendo tremer debaixo ele.

—Preservativo – eu esqueci o preservativo.

—Merda. Pegue um, por favor.

Uma das suas mãos deslizou na minha coxa, acariciando, me puxando mais para dentro da loucura.

—Eu não tenho um, Flash. Porra, eu não tenho um comigo— os seus quadris se moveram como se ele não pudesse evitar, pressionando em mim, indo mais fundo, e nós dois gememos.

—Você percebe que está falhando nesta coisa de faculdade, certo? Que estudante universitário não carrega preservativos?

—Espertinha, — ele murmurou com um sorriso na sua voz, então nós dois gememos.

Estava na ponta da minha língua para dizer, eu não me importo, só por favor me foda, mas ele falou primeiro.

—Eu não estive com mais ninguém desde você, — ele murmurou, a sua língua encontrando o meu mamilo e girando em torno dele. —Eu nunca estive com alguém sem camisinha e prometo que estou limpo.

O alívio passou por mim e eu o puxei até aos meus lábios.

—Eu estou tomando pílula, — eu sussurrei contra os seus lábios entreabertos antes de respirar fundo e beijá-lo. Ele se moveu apenas um centímetro, fazendo com que o meu corpo se contorcesse de prazer. —Por favor, foda-me, Dylan. — Eu ofeguei e suspirei. —Por favor. — Eu não me importei de implorar – nem um pouco.

Graças a Deus isso bastou. Ele lentamente empurrou os últimos centímetros para dentro de mim, engolindo os meus gemidos com a boca.

—É isso... só um pouco mais.

Quando tentei afastar a sua espessura um pouco rolando os meus quadris contra ele, ele se endireitou e segurou a minha cintura, observando com muita intensidade. Abri as minhas pernas mais largas, colocando os meus pés na beira da mesa. Encontrando os meus olhos, ele puxou quase todo o caminho para fora, em seguida, empurrou de volta, fazendo eu me curvar.

Ele colocou a mão no meu estômago e acariciou o meu corpo em delírio, todo o caminho até a minha garganta e depois para baixo novamente. Derrubando a minha cabeça para trás, tudo que eu pude fazer foi sentir a sua plenitude dentro de mim e tentar não me perder muito cedo.

Eu estava bastante molhada, mas demorei alguns minutos para me acostumar com ele. Quando olhei para ele, os meus olhos quase não abriram, eu o vi assistindo-o empurrar gentilmente para dentro e fora de mim. Eu escolhi observar os músculos dos seus abdominais, a maneira como eles se contraíam e se soltavam. Observei o modo como os seus ombros fortes rolavam com os seus impulsos, o modo como os seus braços flexionavam, como ele parecia fascinado, perdido, mas ainda assim focado.

Quando ele levantou o olhar e me encontrou observando-o, o seu ritmo acelerou. Alcançando a minha mão, ele me puxou até o seu peito e enfiou a língua na minha boca. Eu abri as minhas pernas e as envolvi ao redor da sua cintura, querendo e precisando de mais.

—Eu estou limpa também, — eu sussurrei sem fôlego quando ele me deixou respirar por um segundo. A minha mente estava toda confusa. Eu estava atrasada para dizer isso?

—Bom, — ele murmurou e ouvindo a sua voz fez algo para mim. Ele moveu as mãos debaixo da minha bunda e de alguma forma conseguiu me abrir mais, manipulando o meu corpo de maneiras que eu não estava preparada. A minha bunda doeu do seu aperto, mas eu não me importei com a dor; só alimentou o que estava para vir. De repente, tudo desapareceu e tudo que eu podia ouvir era a nossa pressa e o zumbido nos meus ouvidos. Todas as terminações nervosas do meu corpo gritavam, e foi tudo muito esmagador.

—Dylan, — eu gemi, meio choramingando. —Dylan, aí mesmo – mais rápido, sim. Por favor.

—Bem aqui? — Ele perguntou, me fodendo mais forte. —Você vai gozar no meu pau? Você quer que eu foda você mais forte?

Eu estava a segundos de distância da morte doce e só queria mais. A minha resposta foi um suspiro e um arqueio da minha espinha.

—Sim, é isso, baby. Eu vou foder a sua doce boceta todos os dias até ao meu último suspiro, Zoe, — ele murmurou antes de morder o meu pescoço e chupar a minha pele, e isso bastou para que eu fosse puxada para um orgasmo intenso. Ele continuou me fodendo através disso, as suas coxas batendo nas minhas pernas abertas com um som alto quando o meu mundo virou de cabeça para baixo nos seus braços.

A minha respiração engatou quando ele pressionou dois dedos contra o meu clitóris. —Vamos lá, Zoe. Deixe-me ter tudo. — Os meus dedos do pé enrolaram, os meus olhos reviraram na minha cabeça, e eu congelei completamente. Cada músculo do meu corpo ficou tenso quando o prazer surgiu através de mim. Não tenho certeza de quantos segundos eu fiquei sem respirar, mas quando acabou, eu não conseguia respirar rápido o suficiente. Eu agarrei os seus bíceps duros e inflexíveis e gemi o mais alto que pude enquanto ele diminuía, mas ainda assim se aprofundou nos seus impulsos.

—Merda, Zoe, — ele murmurou, e antes que eu estivesse pronta para isso, ele puxou para fora, me empurrou para baixo com uma mão no meu estômago, e veio em cima de mim em jorros grossos. Eu estava fascinada pela maneira como a mão dele movia-se no seu pau. O seu aperto era mais forte do que eu teria me atrevido a apertar, e ele tirou cada gota. Senti uma linha molhada deslizar pelo lado da minha cintura, fazendo-me cócegas.

O meu corpo se contraiu em resposta e eu inclinei a cabeça para trás, fechando os olhos.

—Pode me enterrar – estou acabada.

Eu ouvi uma risada cansada, em seguida, senti suas mãos se movendo no topo das minhas coxas.

—Você deveria ver o jeito que você está agora. — As suas palavras saíram apenas um pouco mais do que um sussurro, e cada uma delas era uma carícia na minha pele nua.

Eu fechei os meus olhos e me estiquei. —Vamos fazer isso de novo, — eu disse com um sorriso estúpido no meu rosto. —Eu não tenho forças para abrir os meus olhos, mas posso fazer isso totalmente de novo.

Desta vez a sua risada foi mais alta, e isso me fez tremer completamente.

Dylan me limpou e depois me beijou por um minuto inteiro. Eu estava na lua. Ele me ajudou a me vestir e então eu o vi puxar as suas próprias roupas. Nós conseguimos o impossível e nos deitamos no sofá juntos. Era pior do que sua cama estreita no apartamento, mas não poderia ter sido mais perfeito aos meus olhos.

—Eu mal posso esperar para foder você em uma cama normal. — A sua voz era toda sexy e sonolenta, e eu não tenho vergonha de admitir que eu não teria dito não a mais uma vez, mas ele parecia muito sonolento, muito cansado.

Eu o beijei, apenas um suave toque dos meus lábios, e os seus olhos fechados abriram para me encontrar.

—Eu não quero sentir a sua falta assim de novo. Você pode tirar sarro de mim por dizer isso, mas você é o meu companheiro, o meu melhor amigo. Eu não quero deixar você ir, não importa o que aconteça.

—Eu não vou a lugar nenhum, baby. Somos apenas nós a partir de agora.

—Só nós. — Eu exalei, as palavras me dando vida, e então eu hesitei. Não era a hora, mas... —Mas você não vai estar aqui no próximo ano, e se –

—Nem termine a frase, Zoe. Nós descobriremos tudo quando chegar a hora, mas acredite quando eu digo que não tenho intenção de deixar você ir. Apenas me deixe dormir com você nos meus braços e vamos dar um passo de cada vez amanhã, ok?

Eu me aconcheguei mais perto e fechei os olhos, respirando o seu perfume.

Apenas quando eu estava prestes a adormecer, bem entre aquele espaço do sono, a sua voz me trouxe de volta.

—Eu vou me odiar por perguntar isso, mas qual é o seu número?

Eu abri os meus olhos rapidamente, as minhas sobrancelhas se juntando em confusão.

—O quê? Que número?

—Com quantos caras você dormiu?

—Dylan... — Eu gemi. —Eu não acho que é –

—Conte-me.

Suspirei. —Três.

—Três, — ele repetiu, o seu corpo ficou tenso ao meu redor.

—Não são muitos, e eu definitivamente não quero ouvir você –

O seu corpo ficou mais tenso atrás de mim. —Não são muitos? — ele perguntou incrédulo. Os seus dedos apertaram ao redor do meu pulso. —Esses três são demais. — Senti ele descansar a testa contra a parte de trás da minha cabeça. —Eu gostaria de ter sido o seu primeiro. Eu sei que provavelmente pareço como um homem das cavernas dizendo isso, mas até mesmo imaginá-la perto de outro homem faz meu sangue ferver nas minhas veias. Eu não suporto imaginá-la na cama de outra pessoa, deitada assim. — Ele me puxou para mais perto. —Só eu a partir de agora, eu vou ser o único tocando você, beijando você, segurando, fodendo você.

—Você não ouvirá nenhuma reclamação minha sobre isso, — eu retornei depois de alguns segundos passados e o seu corpo relaxou gradualmente.

Naquela noite, eu tive o melhor sono depois de semanas estando miserável, e eu tinha certeza que Dylan também.


Capítulo 30

Dylan

Alguns meses depois...


Era o grande dia – dia do draft. Eu tinha acordado antes do nascer do sol no quarto de hotel em que estávamos hospedados em Arlington, Texas, onde o draft seria realizado. O meu pai, a minha mãe, Amelia, Mason, o meu agente – todos estavam lá para me apoiar. Bem, todos menos uma pessoa. A única pessoa que estava faltando tinha acabado de pousar há quinze minutos atrás, e eu estava ficando inquieto e impaciente esperando por ela no aeroporto.

Quando ela ainda não tinha saído, eu entrei numa loja para comprar uma garrafa de água. Eu não tinha certeza se a minha empolgação era porque eu estava prestes a ver Zoe ou se era por causa do grande dia – provavelmente uma mistura de ambos – e mesmo que parecesse ridículo sentir tanto a falta dela desde que tinha sido apenas alguns dias desde que eu a deixei em Los Angeles no pequeno apartamento de merda que partilhamos com outro aluno, eu já tinha aceitado que tudo era diferente com ela.

Eu nunca fui uma pessoa ciumenta na minha vida, não ao ponto que eu era com Zoe, e quando às vezes a intensidade dos meus sentimentos por ela me assustava, eu não teria feito de outra maneira. Se isso significasse que eu me sentiria como um homem das cavernas tentando mantê-la longe de cada pessoa que tivesse um pau entre as pernas, eu ficaria em paz com isso. Até onde eu sabia, ela também não tinha reclamações, o que poderia ter algo a ver com o fato de que eu a beijava sem sentido toda vez que ela estava prestes a reclamar, mas nunca teríamos certeza.

Enquanto esperava na fila para pagar a minha água, alguém me cutucou no ombro. Eu me virei e lá estava ela, sorrindo, brilhando, pulando nos seus pés, suas mãos cobrindo a sua boca.

Os meus lábios se esticaram em um grande sorriso.

—De onde você veio?

Em vez de responder, ela gritou e colocou os braços em volta de mim. Rindo, eu devolvi o seu abraço e a segurei com mais força. Depois de um longo momento, ela olhou para mim e sorriu.

—Senti saudades suas.

—Sim?

—Você não tem ideia.

Vendo como ela estava feliz, me senti um pouco mais calmo. —Onde você esteve? Eu estava ficando louco sem você, — eu admiti no seu ouvido, em seguida, a beijei até que eu tive que parar e pagar quando foi a minha vez na fila.

Agarrando a sua bagagem de mão, juntei as nossas mãos e saímos do aeroporto conversando o tempo todo. Enquanto esperávamos que o nosso Uber viesse, ela se recostou contra mim e eu passei os meus braços logo abaixo dos seus seios, descansando o meu queixo no topo da sua cabeça.

—Acho que estou começando a pirar, e olhe— – ela ergueu as palmas das mãos –—as minhas mãos estão suando.

—Por que você está pirando mesmo?

—Estou prestes a conhecer os seus pais, Dylan, o seu irmão e a sua irmã. E se eles não gostarem de mim? E se eles não gostarem do que eu estou vestindo? E se eles acham que não tenho o direito de estar aqui? Eu quero estar lá com você, mas se vai ser estranho para eles, talvez eu deva esperar no hotel com o seu irmão e irmã? Mas eu também não quero fazer isso...

Eu dei a ela um aperto e suspirei. —Zoe, você não vai sair do meu lado por um minuto, e os meus pais vão amar você – eles já gostam de tudo que eu falei sobre você. Amelia é ainda mais tímida do que você, então ela provavelmente ficará quieta, mas ela é doce. Você vai adorá-la.

Ela resmungou um pouco, mas não protestou depois disso.

Só porque eu pensei que deveria distrai-la, eu empurrei os meus quadris para frente para que ela pudesse sentir o quão duro eu estava por ela, em seguida, pressionei um beijo prolongado bem abaixo da sua orelha.

Seu corpo ficou rígido e as suas mãos agarraram os meus antebraços mais apertados.

—Isso não é justo, — ela sussurrou, descansando a cabeça no meu ombro.

Eu lambi os meus lábios e pressionei outro beijo no seu pescoço. —O que?

Ela balançou a bunda e gemeu. Nós estávamos nos agarrando como coelhos há meses.

—Eu senti a sua falta, — eu sussurrei.

—Nós ainda temos tempo para isso? — Ela sussurrou de volta.

Eu suspirei e me afastei. —Eu acho que não, não antes desta noite.

—Nem mesmo cinco minutos?

Eu suavemente mordi o lóbulo da sua orelha e absorvi o modo como o corpo dela tremia. —Você é adorável. Isso parece algo que você pode resolver em apenas cinco minutos?

Houve um tapa suave no meu braço. —Você é adorável.

Eu ri, finalmente me sentindo completo depois de dias sem vê-la. —Porque você faz parecer um insulto? Claro que sou adorável.

Nosso carro apareceu e mantivemos nossas mãos unidas durante todo o passeio de carro até o hotel onde minha família estava esperando por nós. Nós nos tornamos um daqueles casais desagradáveis que todo mundo odiava que tinham que se tocar o tempo todo. Eu amava isso.

—Você está com medo? — Zoe perguntou quando estávamos a poucos minutos de distância do hotel. —Sobre esta noite.

—Assustado, não, mas estou animado. Eu quero acabar com isso, então vamos saber para onde temos que nos mudar. — Eu tentei agir casualmente e comecei a brincar com os dedos. Nós não tivemos essa conversa ainda. Para mim, não era necessário – eu a queria comigo, não importa o que – mas eu não sabia como ela estava se sentindo sobre isso. Eu sabia que ela queria se mudar para Nova York por causa do seu trabalho fotográfico, e uma das equipes que queria falar comigo e com o meu agente eram os Giants – junto com várias outras equipes que não estavam nem perto do nordeste – mas eu não queria dizer-lhe nada até que estivesse certo. Infelizmente, nada estava certo quando se tratava da NFL. Você poderia se sentir muito bem consigo mesmo, confiante de que você seria escolhido na primeira ronda – talvez até no top dez – e, em seguida, do nada você poderia acabar indo na terceira rodada, se você fosse pego.

Eu não tinha ideia de onde eu terminaria ou quanto tempo eu teria que esperar.

—Nós, huh?

Eu endureci na minha cadeira e parei de brincar com a mão dela. Ela pegou de onde eu parei, ligando e soltando as nossas mãos.

—Flash? — Eu perguntei quando nada mais veio dos seus lábios.

—Hmmm?

—Você não respondeu.

—Desculpe, você perguntou alguma coisa?

De repente, o carro estava estacionando em frente ao hotel e tivemos que sair. Coloquei sua mala de mão no chão e esperei. Ela também saiu e ficou na minha frente.

—Zoe...

—O quê?

Eu inclinei a minha cabeça e esperei.

—O quê! Você nunca me perguntou. Ficamos tão ocupados tentando encontrar um lugar para morar, e depois houve a Combine. Como eu deveria saber se você me quer lá ou não? Além disso, tenho mais um ano e talvez você...

Eu deixei a alça da sua bagagem de mão e embalei o seu rosto nas minhas mãos. Ela ainda estava tentando falar quando eu coloquei a minha língua na sua boca e a beijei sem sentido bem ali na frente dos estranhos entrando e saindo do hotel.

—Eu sempre quero você comigo – você não sabe disso agora? Já faz meses. — Eu gemi contra os seus lábios, a minha respiração já pesada, o meu coração acelerado. —Eu sempre quis você, Zoe Clarke.

—Eu não tinha certeza.

Eu apoiei a minha testa contra a dela e deixei os braços dela em volta dos meus ombros.

—Eu vou aonde você estiver, provavelmente no dia em que me formar, Dylan Reed. Você é o melhor companheiro de quarto que eu já tive, e não vou deixar você ir assim tão facilmente.

Eu soltei o ar que eu nem tinha percebido que estava segurando e puxei o seu corpo contra o meu.

Alguém limpou a garganta bem alto, mas nenhum de nós se importou o suficiente para nos separar.

Então ouvi a voz da minha mãe.

—Dylan, eu gostaria de ver a sua namorada, por favor. Pare de agarrar o rosto dela.

Antes da minha mãe ter terminado a frase, Zoe me afastou com uma força inesperada e o seu rosto já estava virando aquele lindo tom de rosa que eu tanto amava. Ela lambeu os lábios e quando isso não bastou, ela os passou com as costas da mão algumas vezes, o rosto ficando ainda mais vermelho.

—Sra. Reed, é muito bom conhecer você

Minha mãe olhou para o meu rosto sorridente e balançou a cabeça. Então ela estava na frente de Zoe, puxando-a nos seus braços. —Apenas Lauren. Eu estava morrendo de vontade de conhecer você. Estou muito feliz que você pôde tirar alguns dias de folga e nos encontrar aqui.

Quando minha mãe a soltou, ela ainda estava corada, mas ao invés daquele olhar mortificado no seu rosto, ela sorria suavemente.

—E olhe para você, — a minha mãe jorrou, segurando o rosto de Zoe. —Deus, você é linda. Olhe para os olhos dela, Dylan. Ela é bonita.

Zoe me enviou um olhar desamparado e eu ri, pegando a mão dela.

—Eu sei mamãe. É por isso que eu estou mantendo-a – então vou ter algo bom para olhar pelo resto da minha vida. O que você está fazendo aqui? O resto da gangue ainda está no restaurante?

Finalmente ela soltou Zoe e se virou para mim. Puxando o meu rosto para baixo, ela beijou a minha bochecha.

—Eu não conseguia sentar e esperar, e, eu admito— – ela mandou uma rápida piscada para Zoe –—Eu queria ver Zoe antes de todo mundo. Agora ela está aqui e tudo está muito perfeito. Estou muito orgulhosa de você, Dylan. Estamos muito animados.

Eu gemi. —Lauren Reed, se você começar a chorar de novo, então me ajude –

—Não chorar, ainda não. Ok. Talvez um pouco de choro. — Ela rapidamente afastou as lágrimas. —Vamos lá, vamos levar Zoe para dentro para que ela possa conhecer todo mundo antes que você desapareça para as entrevistas.

Com uma das minhas mãos sofrendo um aperto de morte em Zoe, peguei a alça da sua bagagem com a mão livre e levei duas das minhas mulheres favoritas para dentro.


* * *

As luzes no estádio, as conversas silenciosas, os caras das câmeras andando pelas mesas – todas as pessoas ao nosso redor estavam começando a me afetar. Eu senti a mão de Zoe na minha perna, me impedindo de saltar contra a mesa.

O show estava prestes a começar em menos de dez minutos.

—Você está bem? — Ela perguntou, inclinando-se para mim, os seus olhos preocupados.

Eu agarrei a mão dela debaixo da mesa e a segurei. —Tudo ótimo.

Ela não parecia acreditar em mim, mas o seu toque me acalmou o suficiente.

Os meus pais conversavam com o meu agente quando senti uma mão perto do meu ombro.

—E aí, homem? — Chris me cumprimentou com um enorme sorriso no rosto quando eu virei no banco para olhar para trás.

Eu me levantei e nós demos um abraço rápido.

—Eu liguei para você no caminho até aqui, não tinha certeza se você conseguiria.

Ele suspirou e brincou com a gravata. —Só um pouco atrasado, só isso. — Quando Zoe empurrou a cadeira para trás e se juntou a nós, Chris se inclinou e beijou a sua bochecha.

Ela estava sorrindo para ele.

—Oi, Zoe.

—Ei. Mandei uma mensagem para você mais cedo para lhe desejar sorte, não tinha certeza se conseguiria falar com você aqui.

—Eu liguei para você, mas acho que você não conseguiu ouvir nada com tudo o que está acontecendo.

Zoe ficou ao meu lado enquanto os seus olhos deslizavam ao redor, sem dúvida, olhando para ver se Mark estava por perto.

—Ele não está aqui, — comentou Chris antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

A carranca de Zoe se aprofundou. —Este é o melhor dia da sua vida, como ele poderia–

Chris se virou para mim. —Você não contou a ela?

—Não surgiu a conversa, — eu respondi, evitando o olhar curioso de Zoe enquanto eu distraidamente acariciava as suas costas.

A interação deles ainda era estranha, na melhor das hipóteses, longe de um relacionamento normal entre irmãos, mas eu sabia que Chris queria isso... talvez não tanto quanto Zoe queria, pelo menos não ainda, mas eu sabia que ele estava tentando chegar lá.

Um cara com uma câmera começou a nos filmar quando passou, e Zoe se aproximou do meu lado. —Diga-me, o que é?

Quando Chris começou a dizer como ele basicamente forçou Mark a renunciar à equipe, os dedos de Zoe apertaram o meu antebraço cada vez mais.

—Era isso ou eu ia dizer à minha mãe que sabia da adoção. No seu próprio jeito estranho e doentio, ele se preocupa com ela... eu acho. — Chris deve ter visto o olhar no rosto de Zoe, porque ele balançou a cabeça e deu a ela o resto da história. —Não é só você, Zoe. Ele estava brincando com estudantes... meninas. Ele acabaria se metendo em confusão.

Nós não estávamos dando a ela toda a história, mas eu já tinha falado com o Chris e ele me prometeu que ele não diria a ela como eu tinha quebrado o nariz do seu pai logo depois que ele não era mais o nosso treinador oficial. Você vê, Zoe tinha esquecido de me dizer o que tinha acontecido no apartamento antes de eu entrar naquela noite. Eu soube sobre isso apenas porque Chris fez uma observação impensada, pensando que ela já tinha me dito.

Eu deslizei o meu braço ao redor da cintura de Zoe e a puxei para o meu lado quando eles anunciaram que o evento estava prestes a começar.

Depois de prometermos nos encontrar depois que a noite acabasse, nós tínhamos que dizer adeus para que Chris pudesse ir até a mesa onde ele estava sentado.

—Vai ser uma noite longa, — Zoe murmurou ao meu lado, torcendo as mãos no colo.

—Como você se sente? — Eu perguntei no seu ouvido.

Ela olhou para mim. —Sobre o quê?

—O seu pai.

—Ele não é meu pai, — ela respondeu automaticamente. —Eu não sinto nada. — Ela encolheu os ombros. —Eu não me importo de uma forma ou de outra, e ele é a última pessoa que eu quero falar hoje à noite. — Ela estendeu a mão para tocar a minha bochecha. —Esta noite é tudo sobre você. — O seu sorriso ficou maior. —Você conseguiu, Dylan. Todos aqueles turnos no bar, todos aqueles treinamentos matutinos – que eu desfrutei imensamente, muito obrigado – estudando loucamente para se formar cedo... todo o seu trabalho duro, e olhe onde você está. Estou muito orgulhosa de você.

Virando a minha cabeça, eu pressionei um beijo na palma da mão dela. —Ainda não, Flash. Nós não sabemos nada ainda. Não tenho ideia de onde vamos acabar.

—Oh vamos lá. Eu li algumas das previsões - alguém vai apanhar você na primeira ronda. A sua combine NFL tornou-se uma lenda.

Eu ri. —Sim? O que você sabe sobre isso?

—Nada, mas eu sei que qualquer equipe que tenha você terá uma temporada infernal no ano que vem com você do lado deles.

Eu ri mais e acabei chamando a atenção dos meus pais. Eu acariciei o seu pescoço. —Você me faz rir, Flash.

Ela me empurrou de volta. —Você só fica tirando sarro de mim, companheiro. Eu prevejo que você estará entre os cinco primeiros.

Meus olhos se arregalaram. Eu empurrei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha e o meu sorriso suavizou. —Top cinco, hein?

O apresentador estava no palco e todos os jogadores sentados à nossa volta ficaram em silêncio.

—Bem-vindos ao draft da NFL!

A noite começou quando ele colocou o Cleveland Browns no cronômetro e o jogo de espera começou. A mesa que estávamos partilhando com outro jogador e sua família ficou muito mais calma depois disso, e o meu pai mudou de lugar com o meu agente, Scott, para sentar ao meu lado. A minha mãe estava ao lado de Zoe e elas estavam sussurrando discretamente.

Os minutos passaram e, com a primeira escolha, o Cleveland Browns selecionou um quarterback de Oklahoma.

—Para a segunda escolha geral, os New York Giants estão agora no cronômetro.

Fechei os olhos e passei as duas mãos sobre a cabeça. Eu estava pronto para descobrir o que meu futuro reservava.

Zoe tocou o meu braço e eu olhei para ela. —Vai ser fantástico. Você tem isso, — ela sussurrou, as nossas cabeças inclinadas para baixo, lado a lado.

Oito minutos se passaram.

—Você tem uma ideia de qual equipe escolherá você? — o meu pai perguntou.

—Não faço ideia pai. Se eu não for escolhido... se eu começar a cair muito, as minhas hipóteses serão apenas mais baixas.

Ele bateu nas minhas costas duas vezes e balançou a cabeça. Eu podia ver o quão nervoso e inquieto ele estava, mas ele estava fazendo o melhor para não demonstrar. Vimos o apresentador voltar ao palco e toda a conversa acalmou.

—Com a segunda escolha do draft da NFL 2018, os New York Giants selecionam Dylan Reed, wide receiver...

Levei um segundo ou dois para processar o que estava ouvindo, o que estava vendo na tela. O meu pai, a minha mãe e Zoe estavam todos de pé, mas eu não conseguia ouvir uma única coisa por causa do sangue rugindo nos meus ouvidos.

Cobri a cabeça com as mãos e me levantei devagar.

Os meus pais estavam chorando, mas eu ainda estava em choque. O meu pai foi o primeiro a me puxar para os seus braços. Todo mundo estava batendo palmas ao nosso redor, e eu senti o peito do meu pai rapidamente subindo e descendo com as suas lágrimas silenciosas. Ele se afastou e olhou para mim, as suas mãos segurando o meu rosto. Ele gentilmente acariciou a minha bochecha duas vezes e depois me soltou. A minha mãe estava de pé ao lado dele, os seus olhos brilhantes e largos e bonitos como sempre.

—Olhe para você, — disse ela, com a voz quebrada, mas ainda forte e orgulhosa. —Olhe para o meu lindo menino.

Quando ela me soltou, eu me virei.

Ela estava parada ali, esperando por mim, e foi aí que sorri. Foi quando o som começou a fluir de volta, e ela ainda ficou parada ali, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Eu fui até ela porque não conseguia olhar para ela e não tocar, não segurar. Inclinando-me, passei os meus braços ao redor da sua cintura e ela ficou na ponta dos pés para me abraçar de volta. Eu podia sentir os seus batimentos cardíacos frenéticos, o seu pulso batendo descontroladamente. Então começamos a rir, os meus próprios olhos enevoados de lágrimas não derramadas.

Quando me disseram que eu precisava subir ao palco, Zoe se afastou e sorriu. —Vai! Vai! Vai.

Tudo o que veio depois aconteceu em câmera lenta, mas ainda assim tive problemas em acompanhar. Chris me parou no caminho e me abraçou. Eu ainda estava surpreso... eufórico, chocado, honrado e emocionado. Depois eu estava no palco e pude me ver na tela grande enquanto os fãs aplaudiam. Peguei a minha camisa nova com meu nome e sorri para as fotos. Eu fiz isso.

Eu fodidamente fiz isso.

Eu tinha tudo que eu sempre quis e mais.


Assim que saí do palco, o meu telefone tocou e ouvi o meu novo treinador me dando as boas-vindas à equipe. Não me lembro de tudo o que ele disse para mim, mas lembro de repetir muitas das mesmas coisas: —Sim, senhor. Não vou desapontá-lo, senhor. Eu agradeço, senhor.

Era surreal, com certeza, mas também era agridoce. Assim que desliguei a chamada com meu novo treinador, o telefonema do JP chegou. Ele não tinha se recuperado e os treinadores não achavam que ele teria um futuro jogando mais, mas ele tinha levado tudo muito melhor do que eu se eu estivesse na sua posição. Ainda assim, planejei tentar o meu melhor para ajudá-lo de qualquer maneira que pudesse. Nós sempre seríamos uma equipe.

Quando voltei para a mesa, encontrei Chris e Zoe juntos, sorrindo e conversando. Assim que voltei, fui para mais uma rodada de felicitações com a minha mãe e o meu pai e os ouvi falar, ainda sem palavras como estava no telefone com o meu treinador. Eu mal podia esperar para voltar para o hotel e ver os rostos de Mason e Amelia quando souberam que eu fui a segunda escolha geral. Mason vai ficar maluco.

Então era apenas Zoe e eu, descansando as nossas cabeças uma contra a outra e apenas respirando enquanto eu segurava o seu rosto nas minhas mãos. Tentei limpar as lágrimas com os polegares, mas não consegui acompanhar.

—Nós fizemos isso.

Ela colocou as mãos no meu peito. —Você fez isso, Dylan. Isso é tudo você e você é incrível.

—Não. Nestes últimos meses... você tem sido incrível, e é Nova York, baby! É onde você queria viver.

—Eu vou morar em qualquer lugar com você, Dylan. Eu irei aonde você estiver.

—Venha comigo. — Agarrando a sua mão, eu a arrastei atrás de mim, esquivando-me das câmeras e de cada vez mais pessoas. Sem fôlego, ela correu atrás de mim para me acompanhar. Se eu pudesse manter as minhas mãos para mim por um tempo, teríamos ouvido que Chris tinha sido escolhido pelo Chicago Bears.

Parei quando chegamos ao banheiro e a puxei para trás, trancando a porta imediatamente.

Eu respirei fundo antes de me virar para olhar para ela. Ela estava encostada na pia, o seu lindo sorriso suave e convidativo.

—Eu posso dar tudo o que você quer agora. Eu sei que não pude fazer muito até agora, mas Flash, acredite em mim, você vai –

—Cale-se. Eu só quero você, Dylan. Nada mais importa. Nós vamos descobrir tudo juntos, ok? — Eu engoli em seco. —Embora eu tenha que dizer, eu mal posso esperar para ver você vestindo mais ternos a partir de agora. Está tão bonito.

—Você gosta disto? Você gosta de mim assim, Zoe?

Fui até ela antes que ela pudesse responder e agarrei a sua cintura para a levantar. Ela deslizou os braços em volta do meu pescoço e escondeu o rosto na minha garganta, me puxando para mais perto. Eu descansei a minha cabeça contra sua têmpora, apenas respirando, apenas nós dois, longe de tudo e de todo o barulho.

—Eu amo você. Eu amei você por tanto tempo, eu nem sei quando começou, — ela disse baixinho, com muita emoção na sua voz.

Eu recuei e olhei nos seus olhos brilhando com lágrimas.

—Você não sabe? A primeira vez que você me viu, você estava sorrindo para o meu pau.

Ela bufou então gemeu para encobrir isso. —Eu não me apaixonei pelo seu pau, Dylan.

—Eu acho que você fez, mas vamos com a sua versão. É uma coisa de qualquer maneira. — Comecei a arrastar o seu vestido até suas coxas e ela me deixou. Balançando a bunda, ela até me deixou tirar a calcinha. Abrindo as suas pernas, eu a puxei para mim até que estivéssemos perfeitamente alinhados e eu podia sentir o seu calor contra as minhas calças. Eu nem me importei se ela me desse uma mancha de humidade. Ela se aproximou, os seus braços já me puxando para ela. —Você quase não podia desviar o olhar, — murmurei contra a sua boca, a sua respiração já se misturando com a minha.

Ela pegou os meus lábios em um beijo aquecido, a sua língua empurrando entre eles e exigindo que eu lhe desse o que ela gostava. Eu a beijei e deixei ela lentamente me abrir com os seus dedos sorrateiros.

—Você acredita em amor à primeira vista?

—Não realmente, — ela ofegou.

—Eu também não, mas então por que os meus olhos olharam para você em uma multidão quando eu nem sabia o seu nome? Por que o meu pulso acelerava sempre que via alguém que eu pensava ser você?

Gemendo, os seus olhos se fecharam e ela brincou com o meu pau, fazendo-me gemer.

—Você me quer dentro de você?

Ela assentiu. —Sempre.

Eu segurei o meu pau na minha mão e separei os seus lábios antes de empurrar para dentro lentamente. Ela estava escorregadia com a sua excitação, apertada e pronta para mim, como sempre. A minha respiração vinha em duras explosões quando lhe dei todo o meu comprimento e suas pernas tremiam ao meu redor.

—Vai ser sempre assim? — ela perguntou, os seus olhos já sem foco, seu corpo inquieto.

—Sempre.

—Eu amo muito você— ela sussurrou. —Eu não sei o que fazer com tudo isso.

—Eu também amo você, Flash. Dentro e fora do campo, você é a minha queda mais dura. Ninguém jamais se comparou, e ninguém nunca irá. Sempre vai ser você para mim.


Epílogo

Seis anos depois

—Oh, — Zoe engasgou quando o seu corpo ficou tenso por um rápido segundo, em seguida, relaxou contra o meu peito. Eu circulei os meus braços em volta da sua cintura antes que ela pudesse se afastar de mim. —É você. Eu não ouvi você entrar.

—Você estava esperando outra pessoa?

Eu olhei para ela enquanto a sua cabeça caía contra o meu peito e ela olhou para mim. —Não.

—Boa resposta. — Eu me inclinei e dei um beijo rápido na sua testa.

Quando os nossos olhos se encontraram, ela sorriu para mim e os meus braços apertaram involuntariamente ao seu redor. Anos se passaram desde que ela me disse pela primeira vez que me amava, e eu ainda não conseguia obter o suficiente de ver o quanto ela me amava nos seus olhos sem que ela tivesse que me dizer isso.

—Você não tem o direito de usar esse sorriso para mim, — eu disse, o meu coração aquecendo apenas com a visão daquela expressão doce no seu rosto.

—O quê? Porquê?

—Eu ainda não me esqueci de John, Flash. Você ainda não compensou isso.

Ela bufou e o seu sorriso ficou maior. Eu adorei, adorava ver o seu rosto se iluminar, vendo os seus olhos brilharem quando ela olhou para mim com um amor nítido e interminável.

—Ele me deu o número de telefone da sua esposa. Você estava lá, bem ao meu lado.

—Sim e graças a Deus eu estava. Eu nunca vi você sorrir assim tão grande para alguém que não seja eu ou seu pai.

—Oh, cale a boca. — Os seus braços começaram a correr sobre os meus antebraços, acariciando, seduzindo sem sequer perceber o que ela estava fazendo. —Eu só estava tentando ser gentil.

—Você não precisa ser gentil com os meus colegas de equipe. Seja gentil com o seu marido.

—Eu sou sempre gentil com meu marido, e o seu colega me deu o número da sua esposa para que pudéssemos conversar sobre uma filmagem fofa que eu vou fazer quando o bebê nascer.

Marido – toda vez que a palavra saía da sua boca, o meu peito apertava e eu não conseguia evitar sentir orgulho. Ela era minha, a minha Flash, e eu era o bastardo mais sortudo a caminhar nesta terra.

Inclinando-me, corri o meu nariz ao longo do seu pescoço e respirei o seu perfume. —Ainda não muda o fato de que você sorriu para ele assim. Admita – eu sei que você verificou a bunda dele.

—Você está brincando comigo? Você viu a sua própria bunda naquelas calças apertadas? Quero dizer, claro que você fez, mas... você sabe o que eu quero dizer? É difícil tirar os olhos quando alguém anda bem na sua frente. Eu não sabia onde mais olhar.

Eu parei e levantei a minha cabeça do pescoço dela. —Isso não foi uma piada, Zoe.

Ela riu. O seu corpo tremeu nos meus braços quando ela se virou e puxou a minha cabeça para baixo para um beijo rápido. —Então não me faça perguntas engraçadas. Agora vá embora para que eu possa terminar de cozinhar e não abra a geladeira - você não pode ver os bolos.

Não havia como ela se livrar de mim tão facilmente. Em vez de a soltar, empurrei-a contra a ilha da cozinha e a prendi entre os meus braços.

—Eu gosto de onde estou.

Eu tentei ir para outro beijo, mas ela se arqueou para longe de mim. —Todo mundo vai estar aqui em breve e nada está pronto ainda.

—Relaxe. Tudo está pronto. Eu quase não consigo entrar na sala de estar com todos os balões, — murmurei contra a sua garganta.

—Como foi o seu treino?

Estávamos fora da temporada, mas isso não significava que eu não estivesse treinando. Eu estava trabalhando todos os dias para ficar no topo e ser o melhor que podia. Depois de Nova York, nos mudamos uma vez, mas já faz três anos com a nova equipe e eu estava feliz com a mudança. Eu ficaria feliz enquanto jogasse, e essa era a verdade. Nós somos felizes.

Ignorei a pergunta de Zoe e chupei a pele do seu pescoço para fazê-la enlouquecer.

—Dylan, — ela gemeu, o seu tom denunciava o quão perto ela estava de ceder a mim, mas também, ela sempre cedia a mim.

Eu roubei outro beijo, este mais longo e mais forte, enquanto provava cada centímetro da sua boca, e levei o seu fôlego. No momento em que dei a ela uma pausa, ela já estava na ponta dos pés.

Com os seus olhos ainda fechados, ela engoliu em seco e lambeu os lábios. Eu empurrei as minhas mãos sob sua camisa de seda e acariciei as suas costas, sorrindo quando eu senti arrepios cobrirem sua pele.

—Você conseguiu a Nutella? — Ela murmurou.

Eu enterrei o meu rosto no seu pescoço e acariciei a sua pele com os meus dentes. —Todos os quatro.

—E você pegou todos os Reese's16 também? E M&Ms?

Eu deixei as minhas mãos percorrerem todo o caminho até as suas costas e não pude segurar o meu sorriso quando ela estremeceu e tentou deslizar a parte inferior do seu corpo contra o meu. Dei a ela o que ambos desesperadamente precisávamos – sempre – e a levantei sobre o balcão, empurrei a sua saia mais para cima nas suas coxas e puxei as suas pernas em volta de mim até sentir o seu calor irradiando do seu núcleo através das minhas calças.

—Eu tenho tudo. Ainda temos tempo suficiente?

—Eles –

Antes que a minha linda esposa pudesse me dar uma resposta, nós ouvimos passos correndo em nossa direção, então a minha linda menina apareceu. Os seus olhos ficaram maiores quando ela me viu e os seus pezinhos aceleraram.

—Papai! — ela gritou, de braços abertos, prontos para eu pegá-la. —Abraço!

Zoe desembrulhou as pernas das minhas costas e eu dei um passo para trás dela. O monstrinho mirando em mim era a única coisa que poderia me distrair da minha esposa.

Eu me agachei e peguei o meu pequeno bebê, Sophia, nos meus braços. —Oooff, — eu gemi quando ela bateu em mim e colocou os braços em volta do meu pescoço.

—Papai, — ela sussurrou enquanto colocava o rosto no meu ombro, e o meu coração derretia. Eu me endireitei e vi Zoe nos observando com um sorriso no rosto. Eu não conseguia o suficiente delas, nunca faria até o dia que eu morresse. Me inclinando para ela, dei a Zoe um pequeno beijo nos seus lábios enquanto ela fechava as pernas e se concentrava na nossa filha.

—Eu senti a sua falta como uma louca, — ela sussurrou quando ela terminou de me abraçar e olhou para o meu rosto.

—Eu sei, eu também senti a sua falta como um louco.

—Só se passaram algumas horas vocês dois, — disse Zoe, cortando o nosso amor habitual quando ela pulou do balcão. Eu teria que esperar até que todos fossem para a cama antes que eu desse a ela toda a minha atenção.

As pequenas mãos viraram a minha cabeça e eu olhei para o pequeno rosto feliz da minha filha, os seus olhos azuis claros como os meus.

—Mamãe está com ciúmes, — ela sussurrou em voz alta, e Zoe bufou.

—Eu sei, ela está sempre com ciúmes de nós.

Sophia assentiu ansiosamente, em seguida, um sorriso tocou seu rosto. —O seu rosto parece feliz, papai. É por causa do meu aniversário?

—É meu aniversário também, você sabe, — respondi. Enquanto a minha bebê era uma mini versão de Zoe com todas as suas peculiaridades e aparência, ela nasceu no meu aniversário – o melhor presente que Zoe poderia me dar.

—Feliz aniversário Papai. Mas seu rosto está feliz porque é meu aniversário, certo?

Eu ri. —Sim, eu acho que é por isso que meu rosto está feliz.

—Vê, eu lhe disse. Você comprou o meu Riri?

—Sim, eu peguei o seu Reese's.

—A minha Nutella?

—Tenho isso também.

—Mostre-me.

Ela era a coisinha mais mandona da casa, e eu a amava por isso.

—Vamos vê-los. — Eu pisquei para Zoe enquanto ela estava em pé ao lado do fogão e mexia o molho de carne para a lasanha que ela estava preparando. Ela balançou a cabeça, mas eu sabia o quanto ela gostava de me ver com Sophia. O casamento não matou o nosso amor ou a vida sexual – de maneira alguma. Nós ainda não conseguíamos manter as nossas mãos longe um do outro, e eu esperava que continuasse assim até que estivéssemos enrugados e velhos.

Eu levei Sophia para o balcão e mostrei a ela tudo o que eu tinha conseguido, um por um. Dizer que a minha filha e a minha esposa tinham um dente doce teria sido um eufemismo.

—Bom, bom. Você fez bem, papai. Agora coloque todos no meu armário para que eu possa vê-los todos os dias.

Eu joguei a minha cabeça para trás e ri. Ela era a coisinha mais engraçada, repetindo tudo o que ouvia dos adultos ao seu redor e, assim como a sua mãe, adorava olhar para seus bens valiosos.

—Onde está o seu avô, Soph? — Zoe perguntou, e ela voltou a sua atenção para a sua mãe.

—Lá fora.

—Sim? O que ele está fazendo lá fora?

Ela levantou o seu pequeno ombro num encolher de ombros até que tocou a sua orelha. —Não sei.

—Sophia?

—A minha bola favorita desapareceu e ele está me ajudando a procurar por ela.

O meu peito tremeu com uma risada silenciosa. —Você escondeu ela, Soph?

Ela virou os seus olhos grandes e inocentes para mim e deu outro encolher de ombros. —Não sei.

Suavemente, eu a abaixei e endireitei o seu vestido de aniversário branco com babados. —Vamos lá, vá buscar o vovô Rony – todo mundo vai estar aqui em breve.

—Para o meu aniversário, certo?

—Sim, todo mundo está vindo para ver você. Agora vá buscá-lo.

Feliz com tudo o que ela estava ouvindo, ela saiu correndo da cozinha depois de dar um rápido abraço na perna de Zoe e um dizer um rápido —Amo você, mamãe, — gritando o tempo todo pelo seu avô.

—Vovô, todo mundo está vindo! Nós vamos ter bolos e eu vou ter presentes!

Fui até Zoe e ela gritou quando as minhas mãos subiram para os seus seios. Ela deu um tapa nos meus braços e tirou as minhas mãos da sua camisa.

—O meu pai está vindo aqui para dentro, o que você está fazendo?

—Você não estava preocupada com o seu pai há um minuto atrás.

—Sim, porque eu sabia que eles estavam lá fora. Agora Sophia vai buscá-lo mais rápido do que você pode me dar um beijo.

Ignorando os seus protestos, eu a abracei e descansei o meu queixo em cima da sua cabeça. —Nós poderíamos ter conseguido pizza – porque você está cozinhando tanta comida?

—Não diga pizza. Eu quero uma tão mal. Todo mundo vai ficar para o fim de semana, então vamos pedir um pouco amanhã, e o seu pai ama minha lasanha.

—E você o ama.

—Bem... sim...

Eu pressionei um beijo contra a sua bochecha. Ela amava a minha família e eles a amavam também. Minha mãe ficou do lado dela em algumas ocasiões, e eu não poderia ter ficado mais orgulhoso dos meus pais com a forma como eles a receberam em nossa família.

—Eles pousaram? Eles ligaram para você? Amelia me mandou uma mensagem antes de embarcarem, mas eu não verifiquei o meu telefone desde então.

—Eles pousaram. Eu acabei de falar com eles antes de entrar. Eles estão esperando por JP e a sua esposa, então vão vir todos juntos para aqui. — Eu estendi a mão e roubei um pedaço de queijo antes que ela pudesse me parar. —JP provavelmente pousará a qualquer momento.

—Ele está feliz agora? — Zoe perguntou antes de desligar o fogão.

—Sim, ele está feliz com o cargo de treinador assistente na sua antiga escola, e temos mais ideias. Vai ficar tudo bem. — O meu melhor amigo tinha lutado com o resultado da sua lesão, mas ele nunca desistiu de nada na sua vida. Uma mudança de carreira não mudaria isso. Apenas uma estrada diferente agora, ele disse. Apenas um sonho diferente. —Quando é que o Chris vem?

—Ele deve chegar a qualquer minuto, e Kayla deve chegar não muito depois dele.

—Bom. — Eu acariciei o seu pescoço. —Você está feliz em viver a apenas uma hora de distância da sua amiga? Ela está melhor, certo?

Ela inclinou a cabeça para me dar mais acesso e deixou cair a colher de pau no balcão.

—Sim, — ela murmurou. —Ela não está namorando seriamente, não depois daquele cara do Tyron, mas pelo menos ela está saindo. Dylan, o meu pai vai entrar a qualquer momento - Dylan! Não faça isso.

—Eu posso ouvi-los, e Soph está perguntando a ele que presentes ele comprou para ela. — Eu ri e mordi suavemente o pescoço de Zoe quando ela derreteu contra mim. —Apenas no caso de você não saber, nós estamos criando um monstro. Eu não quero que ela cresça. Esse tamanho é perfeito.

—Só notou isso agora? Mmmm, isso é bom. Jared não poderá vir, a propósito. Ele está ocupado com o trabalho, mas ele disse que ligaria para você depois.

Eu balancei a cabeça e continuei dando pequenos beijos na sua pele.

A campainha tocou e nós dois congelamos. Um segundo depois, ouvimos o grito de Sophia enquanto ela corria pela casa para chegar a porta.

—Tio Chrissy está aqui!

Zoe riu. —Chrissy, ele vai se vingar de você por isso, você sabe, — ela murmurou enquanto relutantemente nos soltamos.

Suspirei e gritei para a minha filha. —Você não tem permissão para atender a porta, Soph! Espere por mim.

—Apresse-se, papai. Apresse-se, apresse-se, apresse-se!

Eu vi Ronald entrar na cozinha com um sorriso no rosto e deixei Zoe com ele para que eu pudesse abrir a porta para o meu melhor amigo, Tio da Sophia, o Chrissy.

O relacionamento de Zoe e Chris definitivamente evoluiu. Eles estavam muito mais próximos do que haviam estado seis anos antes, durante aqueles primeiros meses depois que ele descobriu sobre tudo, mas levou muito tempo para chegar onde estavam agora. Ainda havia momentos em que você podia vê-los se contendo, mas Zoe estava feliz por vê-lo tantas vezes quanto ela fazia, já que estávamos jogando pelo mesmo time e praticamente imbatíveis.

E Sophia... bem, Chris era o seu ser humano favorito no mundo, e tínhamos certeza de que os seus sentimentos eram recíprocos, o que provavelmente era o motivo pelo qual ele vinha à nossa casa para jantar três ou quatro vezes por semana.

Enquanto eu caminhava pelo corredor que continha as lindas fotografias da minha talentosa esposa e cheguei à porta da frente, Sophia estava conversando com seu tio favorito pela porta.

—Senti a sua falta, tio Chrissy. Onde você esteve? Você trouxe meus presentes com você? Hoje é meu aniversário.

Rindo, abri a porta e Sophia se jogou em Chris, gritando alegremente quando ele a ergueu em seus braços.

—Quem é essa menina linda? — Chris perguntou, e a minha filha sorriu para o meu melhor amigo.

—Sou eu, bobo.

Chris a encheu em beijos e sua risada ecoou por toda a nossa casa, como continuou a fazer pelo resto do dia.


Eram onze da noite e os meus pais tinham ido dormir quando encontrei Zoe sentada na nossa cama.

—Onde foi que você se enfiou? — Eu perguntei quando abri mais a porta e entrei.

Ela olhou para mim por cima do ombro e sorriu. —Eu vou descer em um minuto. Onde está a Sophia?

Eu sorri abertamente. —Dormindo no colo de Chris. — Sentei ao lado dela e agarrei a sua mão na minha. —Está tudo bem? Chris disse alguma coisa sobre...?

—O quê? Não, não. Eles não se falam há anos, se é isso que você está perguntando. Até onde eu sei, ele só fala com a mãe dele, e embora eles se divorciaram – eu não quero falar sobre ele. Você não precisa mais perguntar.

—Ok, Flash, o que você quiser. Você está cansada então? Você quase não sentou hoje.

Ela suspirou e descansou o seu ombro contra o meu, seus olhos nas nossas mãos.

—É um cansaço bom. Foi um dos melhores dias. — Ela olhou para mim e os nossos olhos se encontraram quando ela sussurrou: —Feliz aniversário, Dylan. Não ache que me esqueci de você. Eu vou lhe dar o seu presente depois que todo mundo for dormir.

—Obrigado, Flash. — Os meus lábios sorridentes tocaram os dela e nos separamos cedo demais para o meu gosto. —O que você está fazendo aqui?

—Eu vim buscar meu laptop. Eu ia mostrar a Kayla as fotos que fiz para o casal que mencionei no jantar. E os outros dois que decidi mandar para a galeria em Nova York. Eu apenas sentei por um minuto.

—Você está bem?

Ela tocou a minha bochecha e sorriu. —Sim.

—Você está feliz, Zoe?

Ela riu. —É o seu aniversário, eu deveria ser a única a perguntar isso.

Eu apenas continuei com o meu questionamento. —Eu faço você feliz? Nossa vida a faz feliz?

As suas sobrancelhas se uniram e então ela estava subindo no meu colo, segurando o meu rosto nas suas mãos.

—De onde vem isso?

—Só quero ter certeza.

As suas mãos deslizaram para os meus ombros e ela se acomodou mais confortavelmente em cima de mim, ganhando um pequeno grunhido e gemido de mim.

—Eu nunca pensei que poderia ser tão feliz, — ela sussurrou.

—Eu lhe dou tudo o que você quer?

—Sim, seu idiota e muito mais. Eu ficaria feliz apenas com você.

Eu a cortei. —Delirantemente feliz.

—Sim, delirantemente feliz, mas olhe para tudo que você me deu. Eu amo muito a nossa família. Eu amo muito você, Dylan Reed. Estou muito feliz por ter pego você em flagrante naquele banheiro e visto o seu pau glorioso.

—Glorioso, sim – boa escolha de palavras. — Nós rimos juntos enquanto eu acariciava as suas costas. —E sua pequena família ama você de volta, especialmente eu. Eu amo você demais, baby. Eu sou o seu maior fã. No entanto, você perdeu o nosso café da manhã esta manhã, então claramente eu me preocupei. Eu quase não consegui fazer as minhas flexões sem seus olhos em mim. Não faça disso um hábito, minha pequena pervertida.

O meu pau já estava endurecendo embaixo dela, e com o sorriso que ela me deu, perdi a batalha.

—Eu estava preparando a nossa filha.

—E essa é a única razão pela qual eu não vim buscá-la para que você pudesse olhar para mim.

Segurando o meu pescoço, ela descansou a sua testa contra a minha, os nossos lábios quase se tocando.

—Eu sou muito estranha para você? Você sempre tira sarro das minhas peculiaridades.

—Peculiaridades? Ah, é isso que estamos chamando agora?

Eu segurei a sua bunda nas minhas mãos e a puxei um pouco para a frente, em seguida, empurrei um pouco para trás. Graças à sua saia curta, ela podia sentir tudo de mim. Os seus olhos fecharam e ela mordeu o lábio inferior.

—Eu estou preso com você então... acho que vou me contentar? — Eu sorri e ela riu para mim.

Desde o primeiro dia em que a conheci, ela nunca tinha visto a sua perfeição, mas tudo bem. Eu não estava planejando ir a lugar algum; eu estaria ao lado dela para mostrá-la todos os dias pelo resto de nossas vidas.

É difícil explicar o que atrai você para uma pessoa, o que há sobre ela que a torna tão especial ao ponto de você dar a ela o seu coração. Eu acredito que é tudo sobre quem vocês são juntos, como vocês estão juntos. É simples, o que sinto por ela –simples, e a coisa mais poderosa do mundo.

Nós escolhemos um ao outro, e nós continuaríamos escolhendo um ao outro por muito tempo depois de darmos os nossos últimos suspiros nesta terra.

Zoe Clarke era minha para sempre, o amor da minha vida e eu era o dela.

 

 

 


Notas

 


[1] Planta apreciada pelos gatos.
[2] Conhecido no Brasil como Controle Absoluto.
[3] Velocidade Máxima.
[4] O Senhor dos Anéis
[5] Meninas Malvadas
[6] O Amor não Tira Férias
[7] Honey Nut Cheerios é uma variação do cereal matinal Cheerios, introduzido em 1979 pela empresa de cereais General Mills.
[8] In-N-Out Burger é uma rede regional americana de restaurantes de fast-food localizada principalmente no sudoeste americano e costa do Pacífico.
[9] Kicker ou Placekicker é uma posição do futebol americano que atua no time de especialistas cuja responsabilidade é chutar os field goals, extra points e, como na maioria dos casos, fazer os kickoffs.
[10] Um trecho da música: You're just smiling tell me, ‘daddy it's yours’”, em português: Você está sorrindo e me dizendo "papai, isto é seu"
[11] Marca de suco de laranja de caixinha.
[12]Viva
[13] É a junção entre os ossos da parte da frente do pé e os ossos do meio do pé.
[14] Combine é a chamada prova anular de MLS (futebol americano universitário).
[15] Draft day é um evento anual em que 32 equipes do futebol americano escolhem novos jogadores vindos do futebol universitário.
[16] Copos de manteiga de amendoim de Reese são um doce americano composto por um copo de leite, branco ou chocolate escuro cheio de manteiga de amendoim.

 

 

                                                                  Ella Maven

 

 

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