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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


TORMENTA DA PAIXÃO / BrendaJackson
TORMENTA DA PAIXÃO / BrendaJackson

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio VT

 

 

 

Ele podia levar qualquer mulher para cama com suas palavras doces, e o fazia freqüentemente. O bombeiro Storm Westmoreland tinha estado com muitas mulheres sem que nenhuma deixasse rastro nele, até que um tórrido fim de semana com uma sexy virgem fez que o sedutor Storm desejasse algo mais que a satisfação física...

Jayla Cole se encontrava no olho do furacão, incapaz de estar à altura do atraente Storm ou de suportar a tormenta emocional que ele desencadeava dentro dela. Ficaria satisfeita com uma relação meramente sexual ou continuaria desejando formar sua própria família?

 

 

 

 

                                                         Capítulo 1

— Jayla? O que está fazendo em Nova Orleans?

Jayla Penetre deixou escapar um grito abafado pela surpresa. Ao virar-se, seu olhar cruzou com o do homem alto, moreno e perigosamente bonito que estava a sua frente no vestíbulo do hotel Sheraton, no formoso Bairro Francês.

O homem era Storm Westmoreland, de quem se dizia que era capaz de deixar sem fôlego à mulher que chamasse sua atenção. Conforme tinha ouvido, Storm era um perito em agradar mulheres, mas sem prometer nada. As más línguas diziam que tinha a incrível habilidade de realizar as fantasias de uma mulher, deixando para algumas lembranças indeléveis. Também era o homem que a tinha evitado repetidamente durante os últimos dez anos.

— Cheguei à cidade há alguns dias para assistir à Convenção Internacional de Comunicação Empresarial — respondeu Jayla tentando não perder-se na profundidade dos olhos escuros, na sensual voluptuosidade de seus lábios ou no pequeno brilhante que usava na orelha direita.

Se por acaso fosse pouco, tinha o tom da pele da cor do chocolate com leite, o cabelo muito curto e um par de covinhas muito sexy. Vestia calças de pregas de cor cáqui e uma camisa que acentuava sua sólida constituição. Seu torso continuava sendo tão amplo e seu traseiro tão bem torneado quanto lembrava. Ficava fenomenal com qualquer coisa que vestisse.

— E você? — decidiu perguntar a seguir. — O que está fazendo em Nova Orleáns?

— Vim a uma reunião da Associação Internacional de Chefes de Bombeiros.

— Li no jornal seu sucesso. Papai ficaria orgulhoso de você, Storm.

— Obrigado.

Jayla viu a expressão de tristeza refletida nos olhos de Storm e compreendeu o motivo. Ele também não tinha superado a morte de seu pai. De fato, a última vez que havia visto Storm tinha sido no funeral do pai seis meses atrás. De vez em quando a chamava para perguntar como estava. Adam Penetre tinha sido o primeiro chefe de Storm quando entrou no corpo de bombeiros aos vinte anos. O pai de Jayla sempre tinha gostado de Storm como ao filho que nunca teve. Jayla nunca esqueceria a primeira vez que seu pai o tinha levado para casa para jantar quando ela tinha dezesseis anos. Ficou profundamente impressionada com ele, apaixonou-se perdidamente apesar da diferença de idade que tinham. Tentou chamar sua atenção por diversas vezes e nunca conseguiu. Algumas vezes chegou a fazer papel realmente ridículo, mas, felizmente, ele sempre recusou seus avanços com bons modos.

Mas haviam se passado dez anos e o tempo lhe permitia admitir algo que se negara a admitir no passado. Aquele homem não era seu tipo e estava totalmente fora de seu alcance.

— Quanto tempo ficará aqui? — ele perguntou interrompendo seus pensamentos.

— Esta semana toda. A conferência terminou hoje, mas ficarei até no domingo para passear na cidade. Faz cinco anos que não venho aqui.

Storm sorriu e Jayla não pôde evitar sentir-se nervosa.

— Eu vim há alguns anos e o foi genial — disse ele.

Jayla não pôde evitar perguntar-se se teria vindo com uma mulher ou com seus irmãos. Qualquer um que tivesse vivido em Atlanta sabia quem eram os irmãos Westmoreland: Der, Thorn, Stone, Chase e Storm. Sua única irmã, Delaney, a mais nova de todos, tinha-os deixado surpreendidos ao casar-se com um sheik de um país do Oriente Médio dois anos atrás.

— E você vai ficar quanto tempo? — perguntou Jayla.

— Minha reunião também terminou hoje e, como você também decidi ficar até no domingo para percorrer a cidade e comer comida típica.

O tom empregado por Storm tinha sido tão sexy que Jayla sentiu um nó que se formando na garganta.

— Gostaria de jantar comigo esta noite? — convidou Storm a seguir.

— O que disse? — perguntou Jayla, não muito certa de ter ouvido bem.

— Perguntei se gostaria de jantar comigo esta noite — repetiu Storm com um de seus sorrisos constrangedores. — Não te vejo desde o funeral do seu pai e embora tenhamos nos falado pelo telefone de vez em quando gostaria de me sentar e conversar contigo, saber como está.

Jayla estremeceu. As palavras de Storm lhe recordaram a promessa que havia feito a seu pai antes de morrer: que se sua pequena Jayla necessitasse de algo alguma vez, ele estaria ali. Não gostava da idéia de outro homem dominador na sua vida, especialmente um que a lembrava tanto seu pai. A razão pela qual Storm e Adam Penetre tinham sido tão bons amigos era que se pareciam muito.

— Obrigada pelo convite, mas já tenho outros planos - mentiu Jayla.

Não pareceu que a recusa o desconcertasse, limitou-se a encolher os ombros e olhar o relógio.

— Está bem, mas se mudar de idéia, me chame. Estou no quarto 536.

— Obrigado. Farei-o.

— Gostei muito de te ver novamente, Jayla, e se algum dia precisar de alguma coisa, não hesite em me chamar.

Se realmente pensava que o chamaria absolutamente não a conhecia. Seu pai podia ter gostado dele como a um filho, mas ela nunca o tinha considerado um irmão. Em sua mente, Storm era o homem que podia acendê-la e durante os dois anos anteriores a sua saída de Atlanta para ir à universidade, tinha sido o homem que tinha consumido seus pensamentos. Quando retornou a casa quatro anos depois, tinha-o encontrado totalmente irresistível, mas não demorou em dar-se conta de que ele continuava sem a notar.

— A mim também, Storm. Se por acaso não nos vemos mais antes de ir, espero que tenha uma boa viagem de volta a Atlanta — disse Jayla confiando que seu tom fosse mais alegre do que realmente se sentia.

— Digo o mesmo.

Surpreendeu-a pegando seus dedos e apertando-os carinhosamente. Não pôde evitar estremecer. O contato tinha sido como uma corrente elétrica. Não pôde evitar notar a força daquela mão e a forma como a olhava profundamente com seus olhos escuros.

Recordou outro momento em que seus olhares também tinham se conectado. Fora no ano anterior quando os homens do corpo de bombeiros tinham dado uma festa surpresa de aniversário a seu pai. Lembrava que Storm estava falando com alguém quando de repente se virou e seus olhares se cruzaram como se fosse à primeira vez que se viam. O episódio tinha sido breve, mas assustador para ela de todas as formas.

— Seu pai era um homem muito especial, Jayla, e significava muito para mim — disse Storm suavemente antes de lhe soltar a mão e retroceder um passo.

Jayla assentiu tentando não pensar na reação de seu corpo ante a proximidade de Storm, enquanto segurava as lágrimas que sempre a assaltavam quando recordava que tinha perdido seu pai fazia pouco tempo por um câncer de pâncreas.

— E você também significava muito para ele, Storm — disse apesar do nó que tinha na garganta. — Foi o filho que nunca teve.

Viu como Storm inspirava profundamente e se deu conta de que suas palavras o tinham atingido profundamente.

— Prometa que se alguma vez necessitar de algo me chamará.

— O chamarei, Storm - disse depois de um suspiro, consciente de que havia tornado a mentir.

Obviamente satisfeito com sua resposta, virou-se e se afastou. Ela o observou imóvel, esforçando-se por ignorar os desenvolvidos músculos que se adivinhavam sob o tecido da camisa e das calças. O último pensamento antes de vê-lo entrar no elevador foi que certamente tinha um traseiro lindo.

 

Quando as portas do elevador se fecharam, Storm apoiou as costas na parede enquanto repensava. Ver Jayla tinha sido uma surpresa para ele. Recordou que era bonita quando tinha dezesseis anos, mas com o tempo se converteu na criatura mais bela que tinha visto.

— Jayla — suspirou.

Nunca esqueceria quando Adam o convidou para jantar para comemorar a volta de Jayla a Atlanta. Nada o tinha feito supor que seu reencontro o afetaria de tal maneira. Entrou na casa e sentiu como se lhe tivessem dado um forte golpe no estômago, como se seus pulmões se esvaziassem repentinamente.

Jayla tinha se transformado em uma mulher muito bonita e desejável, e a única coisa que tinha impedido que a acrescentasse a sua lista de conquistas era o profundo respeito que sentia por seu pai. Mas não tinha conseguido evitar que Jayla penetrasse, sem avisar, em seus sonhos.

Voltou a suspirar.

Jayla tinha belos olhos cor mel, cabelo castanho reluzente com reflexos dourados e uma pele da cor do cacau cremoso. Pensou que a combinação era irresistível. Não tinha esquecido tampouco o maravilhoso corpo que se ocultava sob as calças curtas e a camiseta de suspensórios, nem o bem que cheirava. Não tinha podido reconhecer a fragrância, ele que pensava que conhecia todas. A própria Jayla estremeceu quando suas mãos se tocaram ao cumprimentarem-se. Tinha sentido e a resposta dela ao contato fez com que seu corpo desse um coice. Tinha tido que esforçar-se realmente para não deixá-la ver que aquilo o tinha impressionado.

Storm calculou que Jayla devia ter vinte e seis anos, mas toda sua pessoa irradiava um halo de inocência que não tinha visto em nenhuma outra mulher da sua idade. E era precisamente essa inocência que mais o confundia. Entretanto havia algo de que estava certo: pelo que a ele concernia, Jayla continuava fora dos seus limites. Talvez tivesse sido melhor Jayla ter recusado seu convite para jantar. A última coisa que precisavam era compartilhar uma refeição. De fato, estar perto dela era um convite a problemas tendo em conta a atração que sentia. Deixou escapar um pequeno gemido, quase imperceptível, e se deu conta de que, a única coisa que tinha mudado era que Adam já não estava presente para lembrá-lo de que Jayla era a única mulher que não podia ter.

— Maldita seja.

Pensar em Jayla o enchia de desejo. Storm passou a mão pelo rosto. Nada tinha mudado. Aquela mulher continuava sendo uma grande tentação para ele. Definitivamente não era seu tipo, gostava muito da liberdade de amar que desfrutava e não lhe importava o que os outros pudessem pensar. Sabia perfeitamente que a razão de ter uma vida tranqüila, sem estresse, era precisamente sua ativa vida sexual. Só tinha que continuar responsável e assegurar-se de que seus encontros sexuais não implicavam riscos para sua saúde.

De novo pensou em Jayla. Recordou quando deixou Atlanta para ir à universidade no norte do país. Adam teria preferido que ficasse mais perto de casa, mas finalmente tinha cedido e a tinha deixado ir. Adam o tinha mantido informado de seus avanços na universidade. Sempre se mostrara orgulhoso dela e quando Jayla se formou com honras, Adam tinha convidado a seus homens para celebrar. Fazia quatro anos.

O elevador parou interrompendo os pensamentos de Storm e ele saiu quando as portas se abriram. Tinha chegado à conclusão, de que, por mais incrivelmente atraente que parecesse, a última mulher com quem desejaria ter algum tipo de compromisso era Jayla Cole. Entretanto, não pôde evitar pensar no aspecto dela momentos antes, no vestíbulo. Incrível, simplesmente incrível...

 

Na manhã seguinte, Jayla estava tomando o café da manhã tranqüilamente no restaurante do hotel. Reclinou-se na cadeira e bebeu o suco de laranja com um vivaz sorriso no rosto. O telefonema que tinha recebido momentos antes de sair do quarto a alegrara. A chamada fora da clínica de fertilidade e haviam informado que tinham encontrado um doador de esperma com o perfil adequado.

Possivelmente poderiam começar com os preparativos em menos de um mês. Sentia-se muito feliz ao pensar em ter um bebê. Sua mãe morrera quando ela tinha só dez anos e a morte repentina do pai meses atrás a faziam sentir-se muito só às vezes.

A princípio, tinha pensado nos homens com os quais tinha saído nos dois últimos anos, mas todos deixavam muito a desejar, ou eram muito dominadores ou muito aborrecidos. Assim finalmente tinha se decidido por uma clínica de fertilidade. Não pôde ocultar o sorriso de felicidade. Estava ansiosa por poder abraçar seu bebê. Um lindo bebê com a pele cor de chocolate, olhos escuros, lábios carnudos, bonitas covinhas e...

—Bom dia, Jayla. Parece que está de muito bom humor nesta manhã.

Jayla levantou o olhar e encontrou com os olhos de Storm. Apesar de ter decidido que não queria vê-lo no que restava da semana, não a incomodava voltar a encontrar-se com ele em tão pouco tempo. Estava muito feliz com sua vida para que algo ou alguém pudessem fazer com que mudasse de humor.

— Estou de muito bom humor, Storm. Acabo de receber uma excelente notícia — respondeu sorrindo. Notou a curiosidade nos olhos de Storm, mas sabia que era muito educado para fazer perguntas. E ela não tinha a mínima intenção de compartilhar com ele seus planos. Sua decisão de embarcar na aventura de ser mãe solteira era pessoal. Não tinha contado a ninguém, nem sequer a Lisa, sua melhor amiga.

— Você se incomoda se eu me sentar?

—Claro que não. Sente-se — disse ela sorrindo ainda mais.

Jayla o observou enquanto se sentava e comprovou uma vez mais que a roupa se complementava perfeitamente com sua forma de ser. Definitivamente, estava estupendo vestido com jeans e camiseta que dizia: «Os bombeiros estão onde queima».

— O que está tomando de café da manhã? — perguntou ele olhando o prato.

— Bufet. E tudo está delicioso.

— Acho que vou provar - disse concordando. — Volto em um minuto.

Jayla o observou enquanto se dirigia à mesa. Não conseguia evitar olhá-lo. Sabia que não devia sentir-se culpada pela atração que sentia. Além disso, não era a única, pensou ao ver como o olhavam as outras mulheres. Entretanto, parecia que ele estava mais interessado em encher o prato que na atenção que sua presença provocava. Jayla pestanejou ao dar-se conta, para sua surpresa, de que os traços de Storm eram idênticos aos que tinha requerido na clínica quando tinha preenchido o questionário. Se a clínica havia falado a verdade e tinham encontrado um doador que cumpria esses requisitos, seu bebê seria idêntico a Storm.

Sacudiu a cabeça sem poder acreditar no que seu subconsciente estava fazendo. Ao pestanejar outra vez pela surpresa, deu-se conta de que Storm a tinha flagrado olhando-o e agora era ele que a olhava com uma sobrancelha levantada. O coração de Jayla começou a pulsar desaforadamente enquanto ele cruzava o restaurante.

—O que fiz? — perguntou Storm sentando. — Estava me olhando como se fosse um extraterrestre.

—Nada — respondeu esforçando-se para sorrir. — Não pude evitar ver toda a comida que estava pondo no prato.

Jayla tomou o suco de laranja. Havia se encontrado com os irmãos de Storm fazia pouco tempo e lembrava que todos estavam em esplêndida forma física. Se todos comiam tanto, também teriam que treinar muito.

— Seus pais deviam gastar uma verdadeira fortuna no supermercado — acrescentou.

— É verdade, e minha mãe não trabalhava fora de casa quando éramos pequenos, assim meu pai tinha que se virar para trazer comida para casa. Mas nunca se queixou das grandes quantidades de dinheiro que se gastava em comida. Assim é como quero que seja na minha casa se alguma vez me casar.

— O que? — questionou Jayla levantando uma sobrancelha.

— Não quero que minha mulher trabalhe fora de casa.

Jayla o olhou enquanto deixava o copo na mesa. Já sabia. Pessoas que conheciam Storm haviam comentado. Não era segredo que quando Storm Westmoreland se casasse, procuraria uma diva doméstica.

— Admiro e respeito profundamente às mulheres que ficam em casa para cuidar de seus filhos — disse ela com toda sinceridade.

— Serio?

— Sim, criar um filho é um trabalho que requer todo o tempo.

— E você o faria? Ficaria em casa? — perguntou ele reclinando-se sobre a cadeira olhando-a.

— Não.

— Mas acaba de dizer que você...

— Admiro as mulheres que o fazem, mas isso não significa necessariamente que eu o fizesse. Acredito que posso ter uma carreira profissional e ser mãe ao mesmo tempo — disse ela interrompendo-o.

— Não será fácil.

— Ser pais não é fácil, Storm, tanto se trabalhar fora de casa como se não. O mais importante é que os filhos se sintam queridos e protegidos. E agora se me desculpar, vou pegar umas frutas.

Storm a observou enquanto se dirigia à mesa do bufet. Lembrou que na noite anterior tinha decidido manter-se longe dela porque era uma tentação.

Ao entrar no restaurante sentira sua presença muito antes de vê-la e ao dar uma olhada no salão a tinha visto sentada, sozinha, com um grande sorriso nos lábios, alheia a tudo e a todos. Não podia evitar perguntar-se o que a teria deixado de tão bom humor. Bebeu um gole de seu café pensando que, o que quer que fosse obviamente ela não queria compartilhar. Olhou-a enquanto se servia de frutas em uma tigela. Gostava da roupa que usava: um vestido de alças finas de cor fúcsia e sandálias baixas. Tinha pernas fabulosas e o cabelo lhe acariciava os ombros. Era a viva imagem da sedução e parecia confortável com essa roupa tão adequada para um quente dia de setembro.

— A comida aqui é muito boa — comentou enquanto se sentava e provava as frutas.

Storm levantou a cabeça e ficou sem fôlego quando seu olhar pousou na boca entreaberta de Jayla, que saboreava um pedaço de abacaxi como se fosse à coisa mais deliciosa que tivesse provado. Observou-a enquanto ela mastigava lentamente. A situação lhe parecia fascinante e ao mesmo tempo excitante.

— Que planos tem para hoje? — perguntou afinal.

A pergunta de Jayla o trouxe ao presente e, deixando o garfo no prato, reclinou-se sobre a cadeira sem deixar de olhá-la nos olhos.

— Sairei para passear. Perguntei ao recepcionista e me aconselhou fazer o tour Gray Line.

— Me disse o mesmo. Quer que o façamos juntos? — perguntou Jayla sorrindo.

Por mais inocente que pudesse parecer à sugestão, Storm teria preferido que não a houvesse feito com essas palavras «fazê-lo juntos». Estava imaginando um cenário totalmente diferente e estava custando muito concentrar-se.

— Está certa de que não te importa que te acompanhe? — perguntou olhando-a nos olhos. Embora não as recebia freqüentemente, reconhecia uma mentira assim que a ouvia e na noite anterior Jayla havia mentido quando a convidou para jantar.

— Não, eu adoraria que me acompanhasse.

Perguntou-se o que a teria feito mudar de idéia. Evidentemente, a notícia que tinha recebido causara um grande efeito nela.

— O que diz então, Senhor Bombeiro? Saímos a queimar as ruas?

Queimar os lençóis estava mais na linha do que gostaria de fazer com ela, mas se lembrou de quem era aquela mulher e que estava fora de suas possibilidades.

— Claro. Será divertido — disse ele. «Desde que passemos disso».

— É exatamente o que necessito Storm — disse ela sorrindo de forma muito sexy. — Passar um dia verdadeiramente divertido.

Storm a observou por um momento e de repente compreendeu. Os últimos seis meses deviam ter sido duros para ela. Jayla e seu pai tinham tido uma relação muito próxima. Storm notou que o instinto de proteção o invadia. Tinha prometido a Adam que sempre cuidaria dela. Além disso, se alguém podia lhe ensinar como se divertir, esse alguém era ele.

Tinha passado os últimos anos tratando de evitá-la precisamente pela atração que sentia e nesse momento se dava conta de que, por ter estado tão ocupado fazendo-o, perdeu a verdadeira mulher. Talvez fosse hora de corrigir e começar a construir uma relação embora só fosse de amizade.

Divertir-se com uma mulher sem ter sexo envolvido seria uma aventura nova para ele, mas estava desejando provar. Como não era provável que algum deles pensasse seriamente em ter algo com o outro não via nada mau em baixar o guarda um pouco e passar bons momentos com ela.

— Então nos divertiremos Jayla Cole - disse com total sinceridade. — E quem sabe? Pode que ser te surpreenda e passe tão bem que não volte a pensar em ser tão séria.

 

                                                       Capítulo 2

Uma chicotada de excitação percorreu Jayla quando o ônibus turístico fez uma nova parada. Desta vez se tratava de subir a bordo do Natchez para fazer um cruzeiro pelo Mississipi. Era uma réplica de um dos barcos a vapor que cruzavam antigamente o imenso rio. Jayla permaneceu junto ao corrimão de onde observava a magnificência do rio. Estava muito consciente, entretanto, da presença masculina que a acompanhava. Durante a viagem no navio, Storm não tinha deixado de diverti-la contando curiosos detalhes dos navios fluviais. Jayla o observava com atenção, a cabeça inclinada, os olhos ocultos pelos óculos escuros. Gostava de olhá-lo tanto quanto de escutá-lo. De fundo, uma suave melodia de jazz flutuava no ar e o som do navio atravessando as águas era realmente relaxante para a Jayla.

— Por que sabe tanto de navios fluviais? — perguntou quando Storm guardou silêncio por um momento. Viu como os lábios se curvavam em um sorriso e sentiu que os nervos se agarravam ao estômago.

— Por meu primo Ian — replicou, retirando uma mecha de cabelo do rosto de Jayla. — Há alguns anos decidiu comprar, com ajuda de alguns investidores amigos seus um belo navio fluvial com capacidade para quatrocentos passageiros.

— Verdade? E que trajeto faz?

Storm se apoiou no corrimão e pôs as mãos nos bolsos da bermuda.

— O navio de Ian, o Delta Princess, sai do Memphis e percorre durante dez dias o Mississipi fazendo escala em Nova Orleáns, Baton Rouge, Vicksbourg e Natchez. É um cruzeiro de primeira classe e a comida é excelente. A princípio, o negócio demorou a alavancar, mas agora fazem reservas com um ano de antecedência.

De novo o silêncio e Jayla voltou a olhar para o rio. As águas corriam pacificamente ao contrário dos sentimentos que buliam em seu interior. Storm tinha mantido a palavra. Estava passando o melhor dia desde fazia muito tempo. Ele mostrava uma atitude divertida que a contagiava. Era agradável rir de boa vontade e se alegrava de poder fazê-lo com ele. Tentou lembra a última vez que riu assim com um homem e percebeu que tinha sido com seu pai. Inclusive no final, quando sabia que a dor lhe atravessava o corpo, seu pai encontrava energia para gastar com brincadeiras. Suspirou ligeiramente. Eles perderam muito. Quando era adolescente, mostrou-se muito rebelde porque seu pai era muito rígido com ela. E foi quando retornou da universidade que começou a forjar-se entre eles uma relação pai—filha especial.

—E que planos tem para depois?

A pergunta de Storm interrompeu seus pensamentos.

— Meus planos para depois?

— Sim. Ontem, convidei-a para jantar e recusou meu convite dizendo que já tinha planos. Hoje, espero ter me antecipado.

Jayla suspirou. Passar o dia com Storm estava sendo divertido, justo o que necessitava, mas não era preciso passar a noite também. A única coisa que tinham em comum era que os dois gostavam e respeitavam o pai de Jayla. Essa poderia ser a única coisa que viriam a compartilhar, mas passar mais tempo com Storm faria despertar antigos sentimentos da atração que sempre tinha sentido por ele. Tirou os óculos e o olhou nos olhos, e, imediatamente desejou não havê-lo feito. Seus olhos eram escuros, tanto que apenas se distinguiam as pupilas. O tombo que sentiu nas vísceras foi tão inesperado que ficou sem fôlego.

— Perguntava-me quando deixaria de te esconder atrás desses óculos — continuou Storm tirando-os de suas mãos ao ver que Jayla ia colocá-los de novo. — Não me importa que me olhe — acrescentou sorrindo com ar fanfarrão.

Jayla não pôde evitar ruborizar-se violentamente nem tampouco sorrir.

— Suponho que depois de tantas vezes já se tornou cansativo, não?

— O que? — disse ele elevando uma sobrancelha.

— Que as mulheres o olhem constantemente.

— Na realidade não — disse ele sorrindo. — Normalmente eu também o faço assim quando decidirem se lhes interesso ou não eu também sei se estou interessado nelas ou não.

— Que arrogante — disse Jayla sorrindo ao mesmo tempo em que recuperava os óculos e se ocultava atrás da tela escura.

— Eu o vejo mais como uma economia de tempo — disse simplesmente. — Suponho que poderia dizer que descarto aquelas que não passam no teste.

Jayla suspirou profundamente e lutou por não seguir perguntando embora a curiosidade fosse maior que sua força de vontade.

— E eu passei no teste?

Por um momento pensou que Storm não ia responder, mas então se inclinou para diante, tirou-lhe os óculos e a olhou nos olhos.

— Com méritos, Jayla Cole. Sou um homem de sangue quente e mentiria se te dissesse que não te acho atraente, mas, por outro lado, tenho que respeitar quem é.

— A filha do Adam?

— Sim.

Jayla apertou os dentes totalmente frustrada. Duvidava muito que Storm soubesse a dor que tinha sentido ao ver-se recusada por ele por ser filha de quem era. Parte dela tinha conseguido superar a recusa anos atrás, mas por outro lado, continuava enfurecendo-a. Viu como Storm consultava a hora como querendo dizer que a conversa tinha terminado.

— Não me disse se tem planos para depois - continuou Storm.

Jayla estirou o braço para recuperar os óculos, mas então mudou de idéia. Decidiu que queria divertir-se um pouco com ele. Aproximou-se mais e o pegou pela lapela da camisa.

— Por que, Storm? O que tem em mente para depois? — perguntou com seu tom mais sugestivo.

— Jantar - respondeu ele depois de estudar seu rosto.

— Jantar? Isso é tudo? — disse ela apertando-se mais contra ele. Storm deu uma olhada a seu redor. Só havia poucas pessoas. Depois a olhou.

— Isso é tudo, sim. A menos que...

— A menos o que?

— A menos que queira que te atire ao rio para que te esfrie.

Jayla pestanejou surpreendida. Storm não sorria e a olhava com gesto sério.

— Acredita que preciso me esfriar, Storm?

Storm voltou a sorrir embora lhe custasse.

— Acredito que tem que te comportar — disse ele lhe beliscando o nariz.

Ela franziu o cenho. Eram as mesmas palavras que lhe havia dito dez anos atrás quando tentou insinuar-se, sabia que tanto na primeira vez como nesse momento, Storm tinha razão, mas lhe incomodava que seguisse utilizando seu pai como desculpa para não se aproximar dela. Uma parte dela sabia que era ridículo sentir-se incomodada, especialmente quando deveria estar agradecida tendo em conta a reputação de Storm de deitar-se com as mulheres e dizer adeus na manhã seguinte. Suas proezas de donjuán eram legendárias. E mesmo assim, uma parte dela odiava sentir que se negava a vê-la como uma mulher. Já não era uma menina e era capaz de decidir por si mesma com quem queria ter uma relação. Além disso, em pouco tempo se tornaria uma mulher com a grande responsabilidade de criar sozinha a um bebê.

— O que me diz do jantar, Jayla?

Jayla sabia que deveria deixar passar, mas parte dela não aceitava.

— Pensarei.

E sem dizer nada mais pegou os óculos e se afastou dele.

Storm sacudiu a cabeça enquanto observava Jayla que se afastava. Tinha tido muita coragem para lhe perguntar se passava no teste, como se não houvesse sentido as faíscas que tinham saltado entre eles no dia anterior e nesta manhã. Felizmente para ele, aquela era uma atração que podia controlar, mas tinha que admitir que quando tinha fingido insinuar-se alguns momentos atrás tinha estado a ponto de perder o controle. Recordava quando era uma adolescente. Naqueles anos, Adam a havia descrito como uma jovenzinha vivaz, teimosa e independente. Parecia que não tinha mudado muito.

Storm a observou enquanto se movia entre as mesas que serviam um generoso bufet de comida e teve que reconsiderar sua relação com ela. Muitas coisas de Jayla tinham mudado muito. Não recordava a última vez que uma mulher tinha chamado tanto sua atenção. Certo que Jayla não podia nem imaginar o perto que tinha estado de beijá-la um momento antes quando tinha aproximado seu corpo ao dele. Storm tinha fixado seu olhar em seus lábios e tinham parecido tão suaves que desejara averiguar ele mesmo o quanto. Storm suspirou. Seu plano não ia mais à frente no jogo, mas seu corpo não se recuperou dos efeitos. Entretanto, tinha que se ater ao que seu dever lhe ordenava embora ela não soubesse o que era nem quanto lhe custava.

Por que não podia tirar os olhos dela? Acaso não tinha decidido que estava fora de seus limites? Desviou os olhos e tratou de concentrar-se na beleza do rio. Era um belo dia de setembro e tinha que admitir que estava se divertindo com Jayla. Tinha a habilidade de fazê-lo desejar vê-la sorrir, ouvi-la rir. Podia assegurar que desfrutava com ela mais do que tinha desfrutado com uma mulher em muito tempo. Perguntava-se se sairia com alguém. Recordou que Adam mencionou uma vez que era muito seleta com os homens e que nunca encontraria o homem perfeito que cumprisse todos os requisitos. Aquela conversa havia sido há anos atrás e Storm não podia evitar perguntar-se se sua atitude teria mudado. Algo ou alguém a tinha feito sorrir nessa mesma manhã, sendo que havia dito que tinha recebido uma boa notícia que não tinha querido compartilhar com ele, perguntava-se se teria algo que ver com um homem.

— Storm, quer comer algo?

O som da voz chamou sua atenção e Storm a olhou. O tom dos olhos parecia arrastá-lo para ela e não quis nem pensar na boca, onde se desenhava um enorme sorriso. Parecia que já não estava molesta. Ao não responder, Jayla voltou a perguntar.

— Quer ou não?

Lutou contra o desejo de lhe dizer que sim, que estava faminto, mas não de comida, limitou-se a se aproximar da mesa e pegar o prato que lhe oferecia.

— Sim. Obrigado.

— De nada. Deveria provar isto. Está muito bom — disse colocando uma bola de queijo na boca. Storm ficou sem fôlego. Olhou-a enquanto mastigava. Pensar em beijá-la não era o mais adequado. Tinha que concentrar-se em compartilhar uma relação platônica com ela e nada mais.

— Muitas destas, e não haverá um depois.

— Como diz? — perguntou Storm.

— Disse que muitas destas e não será necessário jantar depois. Estão deliciosas.

Seu primeiro impulso foi lhe dizer que, para ele, a comida era como sexo, nunca se cansava. Mas decidiu que seria melhor não lhe dizer nada. Depois de encher seus pratos, subiram à cobertura superior onde tinham colocado as mesas. Sentaram-se junto ao corrimão. Storm se fixou nos cabelos de Jayla que flutuava com a brisa e voltou a admirar sua beleza. Enquanto ele se concentrava nela, Jayla se concentrava na comida. A maioria das pessoas que visitava Nova Orleáns desfrutava muito com a excelente culinária. Em vez de concentrar-se em seu prato, Storm estava obcecado com uma pergunta. Quando se deu conta de que não ia poder comer nada até que recebesse uma resposta, decidiu lhe perguntar.

— Sai com alguém, Jayla?

— Não, decidi deixar esse assunto — disse ela olhando-o.

— Por quê? — perguntou ele franzindo o cenho. A resposta não era a que tinha esperado.

— Porque há muitos homens como você - respondeu reclinando-se sobre a cadeira.

— E como sou? — perguntou inclinando-se para frente.

— O tipo que usa e joga fora.

Storm não podia dizer nada porque era verdade. Mas mesmo assim, não gostou de ouvi-lo.

— Nem todos os homens são como eu. Estou certo que haverá homens dispostos a comprometer-se.

— Não me diga. Conhece algum? — rebateu inclinando a cabeça e sorrindo.

Storm franziu o cenho ainda mais. Jamais a apresentaria aos seus amigos. À maioria deles só se interessava em brincar, como ele, e seu único irmão solteiro tinha muito trabalho no restaurante para se permitir uma relação. Pensou então em seus primos, mas tampouco serviam. Se estava fora dos limites dele, também o estava para seus conhecidos.

— Não. Não posso te recomendar ninguém. Onde está procurando?

—Ultimamente em nenhum lugar porque, como te disse não me interessa. Mas quando me interessava tentei em todas as partes, bares, entrevistas às cegas, inclusive na Internet.

— Na Internet? — Storm ficou de boca aberta.

— Sim, e tenho que admitir que cheguei a pensar que tinha encontrado alguém – admitiu sorrindo ante o gesto de surpresa dele. — Até que o conheci pessoalmente. Tinha pelo menos quinze anos mais que a foto que me tinha enviado, e embora só tivesse duas mãos, pareciam doze. Precisei me esforçar para controlá-lo por várias vezes por tentar me tocar em certas partes que não devia.

As mãos de Storm tremiam de raiva ao imaginá-la em semelhante situação. Não fora em vão que Adam tinha pedido que velasse por ela. Recriminava-se por não havê-lo feito melhor. Podia acreditar que qualquer homem gostaria de acariciá-la porque era uma verdadeira tentação, mas querer tocá-la e fazê-lo eram duas coisas muito diferentes.

— Não volte a fazer algo assim - reclamou Storm.

— Vá, Storm, se não te conhecesse diria que parece ciumento – provocou com um sorriso brincalhão. Mas Storm não estava com humor para jogos.

— Ciumento. Só estou tentando protegê-la. O que aconteceria se esse sujeito a colocasse em uma situação da qual não pudesse escapar?

— Por todos os Santos! Me dê o benefício do bom senso, Storm. Ficamos em um local público e...

— Tocou-te em um local público? — interrompeu-a ele.

— Estávamos dançando — respondeu ela.

— Espero que tenha aprendido a lição.

— Assim é. Mas não foi o único aprendi dos homens.

— E o que é? — perguntou Storm elevando uma sobrancelha.

— Os homens, na sua maioria, são muito controladores, algo que definitivamente não necessito depois de ter tido Adam Cole como pai. Não comecei a sair com meninos até os dezessete anos e nunca me deixava ficar dormindo na casa das minhas amigas.

— Não tem nada de mau que seu pai tentasse te proteger, Jayla — disse Storm franzindo o cenho. — Estou certo que não foi fácil para ele criar sozinho uma filha, especialmente uma tão desafiante e teimosa como ouvi que você foi.

— Tudo bem. Queria saber as razões pelas quais deixei de me interessar pelos homens e te contei. Suponho que penso que não valem à pena. Trazem muitos problemas.

Jayla o olhava com seus grandes olhos, numa expressão ao mesmo tempo séria e muito sexy. Storm sacudiu a cabeça. Para falar a verdade, ele tinha pensado muitas vezes o mesmo sobre as mulheres, mas nunca lhe tinha passado pela cabeça deixar de relacionar-se com elas.

— Não acredito que deva apagar todos os homens de sua cabeça.

A banda de jazz começou a tocar de novo e a conversação terminou. Enquanto ela parecia concentrada na música, Storm se reclinou na cadeira e a observou. Preocupar-se com a filha de seu mentor significava que era um bom amigo e não um pretendente ciumento. Nunca tinha se importado com uma mulher a ponto de sentir ciúmes e Jayla Penetre não ia ser a exceção, ou sim?

 

Definitivamente, ter-se encontrado com Storm em Nova Orleáns tinha sido inesperado. Decidiu desfrutar disso enquanto durasse. Até o momento, estava passando um dia muito divertido ao menos a maior parte do tempo. Na outra parte tinha estado muito ocupada em lutar contra a atração que sentia por ele. Não era diferente dos outros homens com quem tinham saído, até podia ser que fosse pior, mas isso não evitava as chicotadas de eletricidade que sentia em seu interior cada vez que a olhava. Parte dela não podia evitar perguntar-se se seria verdade tudo o que se dizia dele.

— O navio está retorna ao porto, Jayla.

O tom que tinha empregado rouco e apenas audível interrompeu seus pensamentos.

— Retornamos antes do que pensava - se limitou a dizer tentando não demonstrar decepção.

— Estivemos percorrendo o Mississipi durante mais de três horas — disse ele sorrindo de novo. — Não acha que é hora de retornar?

Jayla encolheu os ombros perguntando-se se Storm já teria se aborrecido com a companhia dela. Sem dizer nada, levantou-se e começou a recolher os restos da comida. Storm levantou o braço e a deteve. Jayla elevou a vista e seus olhares se cruzaram.

— Eu não sou um desses homens que espera que a mulher o sirva sempre.

Jayla abriu a boca, mas as palavras se negaram a sair. As mãos continuavam juntas e pôde sentir que uma enchente de calor a alagava. Fechou a boca para evitar o gemido. Com o cenho franzido, deixou escapar a respiração e se desembaraçou dele antes de continuar com o que estava fazendo.

— Não acredito que seja esse caso, Storm. É um costume. Quando papai e eu comíamos juntos, eu sempre limpava a mesa depois. Tínhamos um trato. Ele cozinhava e eu limpava.

— De verdade? — perguntou com um sorriso. — E por quê? Você não cozinha?

Jayla o olhou e ao ver as covinhas que se tinham formado nas bochechas estremeceu de uma forma que escapava a sua compreensão. Pensou que não seria assim se não fosse virgem.

— Sim, sei cozinhar — respondeu. — Mas papai adorava fazê-lo. Pensava que para desfrutar da comida teria que prepará-la. Não podia suportar os pratos preparados que eu metia no microondas.

Storm riu enquanto a ajudava a recolher tudo da mesa.

— Entendo seu pai porque também gosto de comida caseira.

— Cozinha todos os dias só para você? — perguntou Jayla enquanto se aproximava do cesto de papéis.

— Não. Como tenho turnos de vinte e quatro ou quarenta e oito horas livres, como no parque quando trabalho e no Chase's Agrada quando estou de folga. É o restaurante do meu irmão.

Jayla assentiu. Recordava que o irmão gêmeo de Storm, Chase, tinha um restaurante no centro de Atlanta. Era uma local muito popular. Tinha ido várias vezes e sempre comera muito bem. Deu uma olhada no relógio.

— Acho que vou tirar um cochilo quando voltarmos ao hotel.

— Pois eu não. Faltam muitas coisas para ver. Acho que vou ao clube que há na Rua Bourbon. Ouvi que têm um bom espetáculo.

Jayla levantou uma sobrancelha. Sabia exatamente o tipo de espetáculo a que se referia porque um grupo de seus companheiros tinha ido. Era um clube de strip-tease. Franziu o cenho perguntando-se por que desfrutaria tanto Storm vendo mulheres nuas. Por que os homens não se davam conta de que havia algo mais debaixo das roupas de uma mulher?

— Divirta-se - disse com mais brutalidade do que tinha pretendido.

— Acredite. Farei-o.

E ela sabia que o dizia a sério.

 

                                                 Capítulo 3

Storm estava um pouco enojado, mas quando olhou seu primo Ian viu que ele estava realmente se divertindo. Ian o tinha chamado na noite anterior e dito que o Delta Príncess ia fazer escala em Nova Orleáns, sugerindo ficar para tomar algo no clube.

— O que aconteceu, Storm?

— Estou aborrecido - respondeu ele com toda sinceridade. Ian levantou uma sobrancelha.

— Como pode estar aborrecido vendo como essas mulheres tiram a roupa?

— Sempre é igual — respondeu ele encolhendo-se de ombros.

— Bom sim, eu espero — disse Ian com um sorriso.

Storm não pôde evitar lhe devolver o sorriso. Ian e ele eram primos e se criaram juntos. Tinham a mesma idade e ambos apreciavam a beleza do sexo oposto. Ao Storm não surpreendia que Ian encontrasse estranha sua falta de interesse nas mulheres do espetáculo.

— Vale quem é ela?

— Quem é quem? — perguntou Storm confundido.

— A mulher que arruinou seu interesse pelas demais mulheres.

Storm franziu o cenho e olhou Ian.

— De onde tiraste essa idéia? Ninguém arruinou meu interesse pelas mulheres.

— E eu digo que está mentido — respondeu Ian olhando-o fixamente.

Storm deixou escapar um suspiro de frustração. Ian tinha sorte de que não lhe desse um murro, mas esse era o estilo de seu irmão Thorn, conhecido por seu forte temperamento. Ao menos, assim tinha sido até que se casou. Tara tinha conseguido aquietar seu gênio e a última vez que o tinha visto se comportou com verdadeira suavidade. O casamento tinha feito Thorn feliz, e também a seus outros dois irmãos Der e Stone. Ao Storm parecia asqueroso. E se perguntava por que seus irmãos estariam sempre tão sorridentes.

— Não posso acreditar que te tenha ficado aí sentado tão tranqüilo enquanto te chamo mentiroso, assim deve ser verdade - disse Ian dando um gole na cerveja.

— Não gostaria de te dar um murro, Ian, assim deixa-o - disse ele olhando para cima. Não queria que seu primo visse que tinha razão. Jayla tinha arruinado seu interesse pelas demais mulheres e não podia compreender o motivo. Não tinha intimidade com ela e nunca tinha tentado ter. Mas mesmo assim, não podia deleitar-se com as mulheres que rebolavam diante dele meio nuas, enquanto que imaginar Jayla tirando a roupa o fazia suar.

— Outra cerveja, primo?

Olhou Ian. O que de verdade queria era retornar ao hotel e chamar a Jayla para ver o que estava fazendo.

— Não, passo. Quando retorna a Atlanta?

Ian se reclinou na cadeira e sorriu.

— Em algumas semanas. Prometi a Tara que estaria na cidade para a festa beneficente que está preparando. Por quê?

— Te telefono, então — disse Storm levantando-se e deixando algumas notas na mesa. — Direi ao tio James e à tia Sarah que está bem.

Ian assentiu.

— E, por favor, se mamãe te perguntar se me viu com uma mulher, diga que sim. Desde que seus irmãos se casaram não deixa de nos olhar com cara estranha.

Storm riu. Sua mãe tinha começado a olhar a ele e ao Chase com cara estranha também. Deu uma olhada à sala antes de olhar de novo Ian.

— Suponho que posso dizer-lhe sem me sentir culpado por mentir porque este lugar está cheio de mulheres. Não direi nada sobre a mulher com a que estar nua.

— Lhe agradeço - disse isso Ian rindo. Storm virou-se.

— Storm?

— Sim? — perguntou voltando-se.

— Sei que é algo temporário, mas seja quem for espero que valha a pena para te fazer passar por isso.

Storm franziu o cenho, abriu a boca para dizer a seu primo que nenhuma mulher o estava fazendo passar por um mal momento, mas mudou de opinião e saiu do clube.

Jayla ouviu o telefone justo quando estava terminando de secar-se e colocou o roupão do hotel. Saiu do banheiro e levantou o telefone ao quarto toque.

— Sim?

— Que tal foi sua sesta?

Jayla franziu o cenho. A última coisa que Storm precisava saber era que não tinha sido capaz de dormir porque não podia deixar de imaginá-lo rodeado de mulheres nuas.

— Estupenda — mentiu. — Que tal o espetáculo? — perguntou desejando não havê-lo feito.

— Interessante.

Jayla franziu ainda mais o cenho. Uma parte dela queria desligar, mas era muito orgulhosa. Além disso, tinha-se em alta estima e pensava que estava bastante bem, com ou sem roupa.

— Estou ligando para saber se vai estar livre mais tarde.

— Para jantar quer dizer? —perguntou ela.

— Sim.

Em seu atual estado, Storm era a última pessoa que desejava ver. Esteve a ponto de sugerir que convidasse alguma das «senhoritas» do clube, mas desistiu porque era muito capaz de fazê-lo.

— Acredito que não. Não tenho muita fome.

— Pois eu sim. O que te parece me fazer companhia?

— Que te faça companhia?

— Sim. Gosto muito de estar contigo.

Jayla se deixou cair em cima da cama sentindo-se ridiculamente agradada por sua admissão. Embora soubesse que não deveria acreditar muito em suas palavras, nesse momento se sentiu confiante.

— Bom, mas espero que saiba que minha companhia te vai custar caro — disse finalmente.

— Em que sentido?

Acariciou com um dedo a madeira da mesinha de cabeceira.

— Não quero jantar algo pesado, mas morro por uma fatia de bolo de queijo e morango de K-Paul'S.

—K-Paul's? Ouvi falar desse lugar, mas nunca estive lá. Confiarei em ti.

— Acredite. Não te decepcionará.

— Quanto tempo demorará a se arrumar?

— Acabo de sair do banho assim não demorarei muito para vestir algo.

Passaram quase quarenta e cinco minutos antes que Jayla aparecesse no vestíbulo do hotel. Mas quando saiu do elevador, Storm soube que tinha valido a pena a espera. Ficou tenso enquanto a observava aproximar-se. Estava absolutamente incrível.

Quando disse por telefone que acabava de sair do banho, Storm se tinha dado conta de que estava se metendo em problemas. Não lhe havia custado imaginá-la nua, algo que lhe pareceu muito mais excitante que qualquer espetáculo de strip-tease.

O bom sendo dizia que parasse de pensar e lembrasse quem era aquela mulher. Mas à medida que se aproximava dele, o sentido comum foi diminuindo. Permaneceu virtualmente imóvel observando-a, cativado, enquanto o desejo o invadia pouco a pouco. Usava um vestido curto e apertado que marcava suas deliciosas curvas deixando à vista as esplêndidas pernas. Fixou-se nelas particularmente. Mal tinha conseguido deixar de olhá-las durante todo o tour da manhã e parecia que nessa noite ia passar o mesmo. Desejava que aquelas pernas o abraçassem. Inspirou profundamente e se esforçou por não pensar nisso. Gostando ou não, se sentia irremediavelmente atraído por Jayla Penetre.

— Perdoa por te haver feito esperar — disse Jayla detendo-se diante dele.

— Valeu a pena. Vamos?

— Sim.

Tomaram um táxi até o restaurante e ao chegar se alegraram de ter feito reserva do hotel porque o lugar estava lotado.

— Cheira delicioso - sussurrou a Jayla enquanto o garçom os conduzia à mesa.

— Tudo é delicioso aqui — disse ela sorrindo.

«Inclusive você». Perguntava-se como estava tão seguro disso se nunca a tinha provado. O garçom lhes entregou o cardápio.

— Para mim só café. Pedirei sobremesa depois — disse ela devolvendo o cardápio.

— O que me recomenda?

— Recomendaria o pato com camarões-rosa do chef — disse ela depois de passar a língua pelo lábio inferior. — Comi na última vez que estive aqui e estava delicioso.

— Então isso — decidiu Storm devolvendo o cardápio ao garçom — e uma garrafa de água com gás.

— Grande eleição, senhor — disse o garçom antes de partir.

— Então volta para trabalho na segunda-feira? — perguntou Storm reclinando-se na cadeira.

— Não. Oficialmente tenho dias livres até na segunda-feira da semana seguinte. Nesta terça-feira tenho uma reunião com a doutora Tara Westmoreland. É tua família?

— Sim. É minha cunhada — disse Storm com um sorriso. — Se casou com meu irmão Thorn faz alguns meses. Por que tem uma reunião com ela? É pediatra e você não tem filhos.

«Ainda».

— Visito-a por questões de trabalho. De fato, combinamos almoçar. A empresa para qual trabalho, Indústrias Sala, quer ganhar a concessão do catering para a noite em que se apresenta o calendário elaborado com fins beneficentes para arrecadar recursos para Mundo Infantil e a doutora Westmoreland está no comitê. Será um evento importante e esperamos que compareçam milhares de pessoas.

— Acredito que a festa é no mês que vem - disse quando o garçom retornou com as bebidas.

—Sim, na segunda semana de outubro e acho que seu irmão Thorn é Mr. Julho.

— Isso mesmo — Storm não podia esquecer que Tara lhe tinha encomendado a desagradável tarefa de convencê-lo para posar. Não tinha sido fácil, mas ao final tudo tinha saído bem e Thorn tinha descoberto que amava a Tara e acabaram casados. Mundo Infantil era uma fundação que conseguia que meninos doentes terminais pudessem ver realizado um sonho. Para isso, organizava todo tipo de eventos beneficentes com o fim de arrecadar o dinheiro necessário.

— Acredito que o calendário ficou muito bom e vão vender muitos exemplares — disse Jayla sorrindo interrompendo seus pensamentos. — Me Conte alguma coisa da sua família.

— Por quê? — perguntou ele levantando uma sobrancelha.

— Porque eu fui filha única e sempre que menciona seus irmãos ou seus primos, vejo que são todos muito unidos. Eu me sentia sozinha por não ter irmãos e tomei a decisão de que quero ter uma grande família.

— Muito grande? — perguntou rindo.

—Ao menos dois, possivelmente três, talvez quatro.

Storm assentiu. Também queria ter muitos filhos.

—A família Westmoreland é grande e todos somos muito unidos. Tudo começou com meus avós que tiveram três filhos, um deles meu pai. Meus pais tiveram seis filhos, todos meninos até que chegou Delaney. Darei é o mais velho, depois vêm Thorn, Stone, Chase e eu. Como sabe, Chase e eu somos gêmeos. O gêmeo de meu pai é James e ele também teve seis filhos com sua mulher Sarah, todos meninos: Jared, Spencer, Durango, Ian, Quade e Reggie. O irmão mais novo do meu pai, o tio Corey, nunca se casou e por isso todos supunham que não tinha filhos, mas há alguns meses nos deu uma surpresa.

Jayla deixou a taça na mesa olhando-o com curiosidade.

— Seriamente?

— Seus filhos, nunca souberam que ele era o pai, como ele não sabia que eles eram seus filhos, contrataram um investigador para que o encontrasse. O tio Corey era um guarda florestal aposentado de Montana e ali o encontraram.

Jayla se mostrava fascinada com a história que Storm estava compartilhando com ela.

— Mas como é que nunca soube que tinha filhos?

— Parece que uma antiga namorada soube que estava grávida depois de ter terminado com ele e nunca se incomodou em contar-lhe. Sem que meu tio Corey soubesse, a mulher deu a luz trigêmeos.

— Trigêmeos?

— Sim. As gestações múltiplas são comuns na nossa família: Chase e eu; Ian e Quade ou meu pai e o tio James.

— E a namorada do seu tio teve trigêmeos? — repetiu ela tentando absorver a informação.

— Sim, os primeiros da família Westmoreland. Parece que a mãe lhes disse que seu pai tinha morrido antes que eles nascessem e só disse a verdade no leito de morte. Embora nunca tivessem se casado, ela se mudou para o Texas e tomou o sobrenome da família assim que os filhos nasceram chamando-se Westmoreland.

— Então seu tio tem três filhos e não sabia?

— Sim. Dois filhos e uma filha — disse ele rindo. — E todos pensando que Delaney era a única garota da família em duas gerações. No mês passado, o tio Corey nos surpreendeu dizendo que ia se casar.

Deixaram a conversa quando chegou o garçom com o jantar. Storm surpreendeu Jayla ao lhe dar um garfo.

— Aqui tem muito para mim sozinho. Divide comigo.

Jayla olhou o prato. Realmente tinha bastante comida com um aspecto magnífico.

— Mmm. Talvez aceite alguns bocados — disse ela tomando o garfo.

— Sirva-se.

E assim o fez. Formavam uma imagem muito íntima, juntos à mesa compartilhando a comida. Lamberam os lábios quando terminaram.

— Agora terá que me ajudar com o bolo - disse ela.

— Acho que poderei com isso.

Sentiu como se lhe acariciassem o estômago ao ouvir suas palavras. Jayla não tinha nenhuma dúvida de que Storm Westmoreland podia com algo. E assim foi. Acabaram com o bolo em um abrir e fechar de olhos.

Storm olhou a hora depois de pagar a conta.

— É cedo ainda. Gostaria de ir dançar?

As palavras dançaram na mente de Jayla. Sabia que o mais inteligente seria lhe responder que não, mas, por alguma razão, não queria ser inteligente. Não queria pensar. Estava na companhia de um homem muito bonito e não tinha pressa de separar-se dele.

— Eu adoraria ir dançar contigo, Storm.

O clube que um garçom do restaurante tinha recomendado era pequeno, escuro e estava lotado. Storm e Jayla encontraram milagrosamente uma mesa livre dentro do Café Brasil, muito popular no Bairro Francês. Storm duvidava muito que coubessem na pista de dança, mas estava decidido a não sair dali sem ter tido Jayla entre seus braços, seu corpo colado ao dela. Olhou-a, mas apenas se adivinhava seus traços à tênue luz do local. Adivinhava que estava balançando no compasso da música de jazz e, enquanto a olhava, Storm teve que esforçar-se muito para controlar os sentimentos que pugnavam em seu interior.

Tinha estado com muitas mulheres em sua vida. Nunca lhes tinha prometido nada mais que um bom momento na cama. Não lhe interessava satisfazer as necessidades emocionais daquelas mulheres, só às físicas. Mas havia algo em Jayla que o atraía. A atração era definitivamente sexual, mas havia algo emocional também. Nesse momento, a canção que estava soando terminou e começou uma nova melodia. Vários casais retornaram a seus assentos e a pista ficou livre.

— Nosso turno - disse a Jayla levantando-se e estendendo a mão para ela.

Jayla sorriu e tomou sua mão. Storm sentiu como se uma força lhe estrangulasse a boca do estômago, mas tratou de ignorar. Inspirou profundamente e depois expulsou o ar lentamente enquanto Jayla amoldava seu corpo ao dele.

— Eu gosto de te ter em meus braços – sussurrou-lhe Storm no ouvido e o dizia com toda sinceridade.

— Seriamente? — perguntou ela separando-se ligeiramente para poder olhá-lo nos olhos.

— Assim é.

Jayla sorriu e Storm pensou que era o sorriso mais formoso que tinha visto em sua vida e gostou de tê-lo provocado. Fixou-se então em seus lábios. Somente seria necessário aproximar um pouco mais e...

— Cheira muito bem, Storm.

— Obrigado, mas não deveria me dizer essas coisas.

— Por que não? Se você pode me dizer que você gosta de me ter em seus braços não vejo por que não posso dizer que cheira bem.

Storm a segurava pela cintura, muito perto do seu corpo e ela rodeava-lhe o pescoço com os braços. A balada era lenta e seus corpos apenas se moviam. Sabia que Jayla estava consciente do quanto estava excitado. Atraiu-a para seu corpo com mais ímpeto. Queria que visse como se sentia com ela entre seus braços e Jayla respondeu apoiando a cabeça em seu peito. Então, a música cessou e deixaram de dançar, mas Storm não queria soltá-la. Jayla elevou a vista e olhou Storm nos olhos. O olhar que havia neles era puro fogo sexual.

— Deveria lutar contra isto - disse Storm esperando que ela compreendesse.

— Não o faça - disse ela com suavidade compreendendo perfeitamente.

— Não está facilitando às coisas, Jayla — gemeu muito perto de seu ouvido.

— Por que deveria? — perguntou entreabrindo os olhos.

Storm a olhou por um longo tempo e finalmente ao redor. Pareciam ser o centro da atenção.

— Mas você merece algo mais que...

— Uma aventura de uma noite? E não acha que deveria ser eu que decidisse, Storm? Tenho vinte e seis anos. Sou uma mulher independente, não uma menina, e já é hora de que te dê conta.

— Acabo de fazê-lo — respondeu e sem pensar mais, pegou-a pela mão e a tirou do clube.

— Aonde vamos? — perguntou Jayla tentando seguir as longas passadas de Storm enquanto este tentava parar um táxi.

— Ao hotel!

Storm lançou uma maldição. Todos que passavam estavam ocupados. Deu uma olhada ao outro lado da rua e viu uma carruagem cavalos estacionada.

— Vamos — disse puxando Jayla. Atravessaram a rua e se aproximaram do condutor que segurava as rédeas dos animais.

— Você poderia nos levar ao hotel Sheraton? — perguntou Storm quase sem fôlego.

— Cobro por hora — disse o homem.

— De acordo, mas nos leve rápido.

O condutor assentiu fazendo ver que compreendia. Storm abriu a portinhola. Quando Jayla levantou uma perna para subir à carruagem, Storm a levantou nos braços e a colocou dentro, entrando em seguida. No momento em que a carruagem começou a andar a impaciência e um desejo sexual como nunca antes havia sentido, invadiram-no. Preocuparia-se com as conseqüências de seus atos no dia seguinte.

— Vem aqui, Jayla — disse Storm que apenas se a via no interior pouco iluminado da carruagem.

Ela o olhou antes de aproximar-se. Agarrou-a pelo pescoço com uma mão e a atraiu para si, inclinou-se e tomou com ferocidade os lábios que tinha desejando beijar fazia dez anos. Notou como Jayla estremecia quando suas línguas se uniram. Storm tomou seu tempo em saborear o que lhe oferecia tratando de apaziguar um desejo que parecia inesgotável. Seu sabor era como uma droga. Deleitou-se com cada pequeno gemido de Jayla, desfrutando a sensação de ver-se correspondido. O beijo foi ficando mais profundo e ela correspondia completamente. Parecia ter despertado uma fome voraz que há muito tempo não tinha sido satisfeita. Deram um salto quando o carro parou e se separaram. Storm olhou pela janela e viu que tinham chegado no hotel. Jayla mudaria de opinião ou terminariam o que tinham começado?

Consciente de que a decisão era dela, inclinou-se e lhe deu um beijo nos lábios.

— O que quer fazer, Jayla? — sussurrou-lhe no ouvido com a esperança de que quisesse o mesmo que ele.

Jayla sorriu. Em seguida, estendeu a mão, acariciou-lhe o peito e depois desceu até sua cintura e mais à frente, até seu membro excitado.

— Quero que faça o amor comigo, Storm — sussurrou olhando-o nos olhos.

 

                                                               Capítulo 4

Storm acariciou a face de Jayla com o dorso da mão momentos antes de imprimir um beijo em seus lábios. Era justo o que queria escutar. Distintas emoções entraram em conflito em seu interior. Uma parte lhe dizia que se afastasse, incapaz de esquecer que era a filha de Adam, mas outra parte admitia que Jayla tinha razão. Já era adulta o bastante para tomar suas próprias decisões. Inclusive Adam tinha estado de acordo com isso antes de morrer. Relutante em separar-se dela, interrompeu o beijo e aspirou profundamente. Jayla o olhava com olhos de desejo e Storm sentiu de repente uma forte necessidade de lhe dar tudo o que desejava. Sem dizer nada, tomou-lhe a mão. Juntos, saíram da carruagem e entraram no hotel. Percorreram o que parecia um trajeto interminável até o elevador e Storm só podia pensar em tudo o que ia fazer lhe quando estivessem a sós.

— Meu quarto ou o seu? — perguntou enquanto abriam-se as portas do elevador.

— O que estiver mais perto — respondeu ela sem dissimular o desejo que ardia em seus olhos.

— O seu, então.

Entraram no elevador e quando as portas se fecharam, Storm se apoiou na parede. Estavam sozinhos e teve que apertar as mãos para não tomá-la nosbraços e devorar aquela deliciosa boca. A situação ficou mais tensa ainda quando Jayla passou, nervosa, a língua pelo lábio superior.

— Desejo-te tanto — disse Storm finalmente sentindo seu embriagador perfume.

— E eu a ti, Storm.

Aquela afirmação não facilitava as coisas. Quando o elevador se deteve, o único que desejava era tomá-la nos braços, mas, aspirando profundamente, segurou a porta para que saísse. De mãos dadas, percorreram em silêncio o corredor. O desejo ia aumentando mais e mais. Teve que admitir que nunca antes havia sentido algo parecido por uma mulher. Quando chegaram ao quarto de Jayla, Storm se apoiou na parede enquanto ela abria a porta. Ela entrou primeiro e ele atrás, fechando a porta a seguir. Jayla acendeu uma luz tênue e se voltou para olhá-lo. Durante um momento, não disseram nada. Finalmente, Storm se aproximou e a tomou entre seus braços. Sua mente dizia que agisse com calma, mas no momento em que a tocou, uma chama de desejo o acendeu e se esqueceu de tudo. O único que queria era lhe levantar aquele diminuto vestido e sentir seu calor feminino. Seus braços se abateram sobre o corpo dela enquanto devorava-lhe com ânsia a boca e sentia o roce dos seios contra seu corpo. Sua língua brincava com a dela enquanto as mãos exploravam as formas femininas. Storm deixou escapar um gemido de prazer. Momento depois rompeu o beijo, apesar de estar roçando a loucura pelo desejo que sentia.

— Está segura? — perguntou de novo com o fim de assegurar-se de que Jayla sabia no que se estava embarcando.

— Totalmente — disse ela rodeando seu corpo ao dele.

— Espero que sim — disse e seus lábios tomaram com ferocidade os dela. Sentiu que um estremecimento sacudia Jayla aumentando próprio desejo.

Storm levantou a cabeça ligeiramente e de um golpe retirou-lhe o vestido. Jayla ficou de pé vestida com uma pequena combinação de cetim negro. Era a imagem da pura tentação. Sentiu-se inundado por seu embriagador perfume e nesse momento foi consciente de que o que estava a ponto de compartilhar com Jayla não ia ser simplesmente «uma aventura de uma noite».

Durante um breve segundo, o pensamento o preocupou, mas como tudo tinha sido muito diferente para ele nessa noite, decidiu não pensar nisso. Ocupar-se-ia de seus sentimentos confusos na manhã seguinte. Voltou a beijá-la enquanto a tomava nos braços e levava-a para a cama. Colocou-a no centro e se situou ao seu lado, incapaz de esperar nem um minuto mais para retirar a combinação e pôr as mãos sobre seu corpo. Inspirou profundamente enquanto contemplava com devoção o corpo nu. Invadido pelo desejo de saboreá-lo, inclinou-se e começou a riscar um úmido caminho desde seu pescoço. Desceu até seus seios e se deteve para saborear os mamilos duros. Notou que, uma vez mais, Jayla estremecia a seu contato e deixava escapar um suave gemido. Desejava mais e o estava dizendo. Começou a lhe acariciar então o ventre plano descendo até o coração de sua feminilidade. Com mãos peritas, começou a manipulá-lo sentindo como se ia pondo mais e mais úmido. Jayla sentiu que ficava sem fôlego. Havia luz na habitação, mas não era capaz de ver nada, só podia sentir, e eram coisas que nunca antes havia sentido. Os dedos de Storm a estavam enlouquecendo e sentir como lambia seus mamilos ao mesmo tempo era uma absoluta tortura. Notava o corpo aceso enquanto um desejo cego o percorria.

— Não posso esperar mais — o ouviu dizer enquanto se retirava.

Jayla o viu ficar de pé e tirar a camisa quase arrancando os botões no processo. A seguir tirou as calças e a cueca de uma vez. Ela o olhava enquanto tirava com um rápido movimento uma camisinha e colocava.

Jayla olhou com assombro o tamanho daquele pênis ereto e, antes que pudesse lhe dizer que era virgem Storm estava de volta junto a ela na cama, beijando-a e se abandonou de novo ao desejo, um desejo que só ele podia apaziguar. Seu coração bombeava sangue a toda velocidade por suas veias. Era como se as mãos e a boca de Storm estivessem por toda parte. Notou então a ponta do membro ereto pressionando na entrada de sua cavidade feminina com tal força que não pôde fazer nada a não ser abrir as pernas para ele sem deixar de beijá-lo em nenhum momento. Jayla estava saboreando tudo que fazia. Desejava que aquelas sensações não terminassem nunca e, ao tempo, sentia uma fortíssima necessidade de que um vazio se enchesse dentro dela. Sentiu que Storm se colocava sobre ela e lhe abria as pernas com suas potentes coxas ao tempo que unia seu peito com o dela. Então levantou seus quadris com ambas as mãos. Interrompeu o beijo e baixou a vista para olhá-la enquanto entrava nela com uma profunda investida. Seu corpo rígido debaixo dele deixando escapar um grito de dor que não foi capaz de controlar.

— Jayla — disse ele compreendendo de repente algo que se via incapaz de acreditar.

Storm estava tão surpreso pelo que estava passando que ficou absolutamente tenso. Uma quebra de onda de pânico a invadiu ante a idéia de que Storm não queria terminar o que tinha começado e decidiu tomar as rédeas.

— Não pergunte — disse elevando o corpo para poder beijá-lo. Suas mãos se crisparam sobre os ombros de Storm ao mesmo tempo em que enrolava as pernas ao redor de sua cintura, capturando-o contra si. Jayla notou a reticência dele em continuar e começou a brincar com a língua na boca dele. Lentamente, Storm reiniciou o movimento, entrando e saindo dela suavemente, fazendo amor como Jayla sempre tinha sonhado que seria. Só podia concentrar-se na força com que Storm fazia vibrar todo seu corpo. Sabia que recordaria cada momento dessa noite durante toda sua vida. Storm deixava escapar um gemido cada vez que seu corpo se encontrava com o dela. Com ajuda das mãos, elevou o corpo dela pelos quadris aumentando assim o contato de ambos os corpos. Jayla tinha o corpo em tensão enquanto ele entrava e saía dela, uma e outra vez.

Storm parecia ter-se recuperado da surpresa que lhe tinha causado descobrir que Jayla era virgem e decidiu que, já que ia ser ele quem a iniciasse no mundo do sexo, faria-o bem. E a julgar pela série de pequenos afagos que Jayla ia deixando escapar não devia estar fazendo-o mau.

— Storm...

Este notou que o corpo de Jayla se convulsionava ao mesmo tempo em que ocultava o rosto contra o ombro dele para abafar um grito. A intensidade do orgasmo o estimulou a conseguir seu próprio orgasmo, o mais apaixonado e frenético que tinha experimentado em toda sua vida. As sensações que estava tendo eram indescritíveis, únicas, incríveis. Certamente não tinha esperado que fosse ser assim e foi tomado pela surpresa. Sentia-se tomado por emoções que nunca antes tinha experimentado.

— Jayla! — gritou Storm enquanto jogava a cabeça para trás e seguia investindo incapaz de sair definitivamente dela. Estava alcançando seu terceiro orgasmo, o que nunca antes lhe tinha ocorrido. Com um gemido que surgiu do mais profundo de sua garganta, inclinou-se sobre ela e a beijou nos lábios enquanto o corpo continuava convulsionando e nesse momento soube que o que haviam compartilhado era algo muito incomum.

— Antes fiz o que você queria e não perguntei, mas agora pergunto Jayla.

Jayla suspirou e se perguntou por que não podia ser Storm um desses homens que aceitam as coisas como eram.

Alvo de seu olhar viu a intensidade com que a estava observando. Também captou a impressionante forma de seus lábios e o torso musculoso e coberto de escuros cachos. Tampouco ajudava que estivessem nus na cama, ele deitado de lado e apoiado em um cotovelo enquanto a olhava espectador. Jayla fechou os olhos e sacudiu a cabeça. Aquele homem era muito bonito.

— Diga-me — continuou Storm inclinando-se ligeiramente para depositar um beijo no seu ombro — Diga por que, neste mundo e neste século, uma mulher pode ser virgem com vinte e seis anos.

— Porque as mulheres deste mundo e deste século também podem tomar decisões — declarou lentamente olhando-o nos olhos. — Alguma vez fez um teste de compatibilidade?

— Um quê? — ele arqueou uma sobrancelha.

— Um teste de compatibilidade — repetiu com um sorriso confuso. — Há uma página na Internet em que se pode procurar o homem ou a mulher perfeita. Bom, depois de vários encontros infrutíferos com vários homens inseguros e muito arrogantes que sempre acreditavam que o encontro tinha sido tão incrível que acabariam na minha cama, decidi fazer o teste e os resultados indicaram que o homem perfeito para mim não existe.

— Está me dizendo que você estive evitando manter relacionamentos por culpa de um estúpido teste?

— Mais ou menos, sim. Descobri que, igual à água e o azeite, as relações e eu não combinamos porque não tolero muito bem os homens que esperam muitas coisas, muito rápido.

— E o que me diz dos tipos que conheceu através da Internet?

— Foi minha maneira de tentar demonstrar que o teste se equivocava. A partir de então, deixei de me interessar por encontrar o «homem».

— Mas... Mas não saiu com ninguém na universidade? — perguntou Storm sem poder sair de sua surpresa.

— Sim, mas infelizmente, logo que cheguei conheci um menino chamado Tyrone Pembroke — disse ela sorrindo com tristeza.

— O que aconteceu? Rompeu seu coração?

— Ao contrário - respondeu rindo com desprezo. — De fato, fez-me um favor ao me mostrar quão idiota pode ser um homem. Abriu-me os olhos para seus jogos, jogos que não me interessavam. Depois do Ty, propus-me a fugir de toda relação séria, e como os encontros casuais para um momento de sexo não me interessavam, não me senti pressionada a me deitar com alguém.

— E por que agora e comigo? —perguntou Storm.

— Fácil. Conheço e gosto de você. Também conheço sua opinião sobre as relações. Eu não procuro nada mais do que compartilhamos esta noite e você tampouco, certo?

— Certo - concordou. A última coisa que queria era ter uma mulher pendurada dele, mas apesar disso, sentia que conectava bem com Jayla agora que ela perdera a virgindade com ele.

— E agora que respondi a sua pergunta, deixará-me dormir um pouco? Estou esgotada — acrescentou Jayla sutilmente.

Storm a olhou perguntando-se se quereria ficar sozinha.

— Quer que eu vá embora?

— Na verdade... — sorriu Jayla — esperava que quisesse ficar toda a noite comigo.

Storm sorriu amplamente. Claro que queria.

— Acredito que isso tem fácil solução — disse inclinando-se sobre ela para beijá-la nos lábios. — Se me desculpar, tenho que ir ao quarto de banho um momento. Volto em seguida.

— De acordo.

Havia suficiente luz na habitação para que Jayla pudesse admirar as formas perfeitas de Storm quando este cruzou o espaço que os separava do quarto de banho. Tinha sido o amante perfeito. Tinha segurança em si mesmo, mas sem chegar a ser arrogante. Jayla estava cansada, mas alegre, dolorida, mas completamente satisfeita. Era curioso como funcionavam as coisas. Tinha passado metade da vida tentando fazer Storm notá-la e estava começando a acreditar no ditado de que o bom se fazia esperar. Entretanto, em seu íntimo sabia que não era o melhor momento para saborear o ocorrido. Ela tinha que concentrar todos seus esforços no bebê.

— Já estou aqui.

Jayla notou que seus mamilos se erguiam ao ouvir suas palavras. Olhou-o enquanto se aproximava da cama, cômodo em sua nudez. Vê-lo assim despertava o desejo nela de novo e o cansaço de antes parecia ter desaparecido.

— Quer que te prepare um banho antes de dormir? — perguntou ele sentando-se na cama junto a ela. — Se não, provavelmente se sentirá mais dolorida do que está agora.

Jayla se deitou de costas. Duvidava muito que a maioria dos homens pudessem mostrar-se tão atenciosos.

— Tem razão. Um banho me fará bem.

— Voltarei quando estiver pronto — disse ele.

— De acordo.

De novo, observou-o enquanto cruzava o quarto, incapaz de afastar a vista de seu corpo musculoso. Sorriu sem poder acreditar que tivesse aceitado passar o resto da noite com ela. Poderia alongar seu encontro enquanto estivessem ali porque, uma vez em Atlanta, as coisas seriam muito diferentes. Cada um voltaria para suas muito diferentes vidas e Jayla enfrentaria à experiência mais alucinante que poderia imaginar: ser mãe.

— Pronta?

Ao ouvir a voz, Jayla olhou para o banheiro e uma quebra de onda de desejo a invadiu ao vê-lo apoiado no batente da porta, nu e completamente excitado. Se ela não estava preparada, era evidente que ele sim o estava.

— Sim - respondeu, quase incapaz de falar. Incorporou-se para sair da cama e no mesmo instante ele estava ao seu lado, e a tomou nos braços. O ardor que despedia sua pele se uniu ao que ela estava começando a sentir provocando uma espécie de corrente elétrica. Compreendeu repentinamente quando falavam de hormônios enlouquecidos. Os seus estavam fora de todo controle. Mas ela decidiu que tinha que recuperar o controle das coisas.

— Posso andar Storm.

—Sim, mas quero te levar. É o mínimo que posso fazer.

Apertou os lábios para não dizer que já tinha feito o suficiente. Para ela não tinha sido simplesmente uma aventura de uma noite, e sim um romântico parêntese que recordaria por toda vida.

— Pode ser que esteja acostumada com a água mais quente, mas esta temperatura acalmará seus músculos - disse ele com voz apenas audível.

Ela assentiu enquanto ele a introduzia na banheira. Tinha razão. A água estava morna, mas imediatamente seu corpo sentiu o alívio. Jayla elevou a vista para ele que permanecia em pé fora da banheira olhando-a. Tratou de olhar só a parte superior de seu esplêndido corpo.

— Parece que é um perito nisto, Westmoreland. É assim como trata todas as virgens?

— Embora não acredite, é a primeira vez que faço amor com uma.

— A primeira vez? — perguntou ela arqueando uma sobrancelha.

— A primeira. Você foi a primeira virgem com a que estive e eu o primeiro homem com que fez amor.

Jayla observou como a expressão de Storm se tornava séria como se estivesse refletindo sobre o que tinha feito.

— Necessita minha ajuda? — perguntou a seguir.

— Não, posso me arranjar. Obrigada.

— Chame quando estiver pronta para sair — pediu.

— Storm, de verdade, me posso me arranjar sozinha — disse ela com um sorriso.

— Sei, mas quero que me chame de todo modo – disse e partiu fechando a porta detrás de si.

Storm se serviu de um copo de água e levou o líquido gelado aos lábios com a esperança de acalmar a garganta seca. Anos atrás havia se proposto a jamais se aproximar de Jayla. Entretanto, depois de fazerem amor, sentia uma vontade tão forte de possuí-la de novo que quase doía. Para terminar de piorar as coisas, continuava tendo na boca seu sabor e, sem poder conter-se, deixou escapar um gemido. Jayla Penetre não tinha nem idéia de quão desejável era. Via claramente o tipo errado de homem aproximando-se dela e sentiu uma mescla de orgulho e alívio ao saber que ela se manteve firme e não tinha deixado que nenhum deles fosse o primeiro. Perguntou-se, entretanto, se ele seria diferente. Sua política de amar sem laços de nenhum tipo não era o melhor cartão de apresentação, mas Jayla e ele se viram enrolados por uma paixão única até terminar na cama. E não se arrependia. Franzindo o cenho, Storm tomou outro gole de água. Nenhuma mulher o tinha feito sentir de forma parecida. Era hora de defender-se da paixão que aquela mulher despertava nele. Colocou as calças e tentou pôr em ordem seus caóticos sentimentos. Ouviu então um ruído a suas costas e se voltou. Jayla estava de pé na porta do quarto de banho, com um penhoar. Storm sentiu que o coração lhe dava um tombo enquanto a olhava de cima abaixo. Parecia relaxada. E tão sexy. Estava incrivelmente atrativa.

— Por que não me chamaste para te ajudar a sair do banho? — disse ele aspirando profundamente na tentativa de acalmar-se.

— Porque, apesar de haver me sentido tentada, não seria boa idéia começar a depender de ti - disse ela com um sorriso.

Para ele não se tratava de dependência. Sabia que ela era capaz de fazê-lo sozinha, mas tinha querido ajudá-la. Havia algo nela que despertava seu instinto de proteção entre outras coisas.

— Sente-se melhor?

— Sim — disse Jayla deixando escapar o ar contido enquanto observava seu corpo parcialmente coberto com as calças. Era uma pena. Estava começando a acostumar-se a vê-lo nu.

Seus olhares se cruzaram e não pôde evitar precaver-se do profundo olhar de seus olhos escuros. A reação de seu corpo foi instantânea.

— Tenho que pegar uma camisola na gaveta — acrescentou Jayla com uma voz apenas audível. Engoliu com dificuldade ao ver que Storm se aproximava.

— Alguma vez você já dormiu nua? — perguntou-lhe abrindo o penhoar e acariciando primeiro a cintura, descendendo para os quadris e finalmente segurando nos glúteos firmes.

— Não — conseguiu responder.

— Gostaria de provar? Não me ocorre nada melhor do que ter seu corpo nu junto ao meu durante a noite toda.

Jayla deixou escapar um gemido suave quando Storm se inclinou sobre ela e chupou com delicadeza um lóbulo da orelha, e depois o outro. Um estremecimento sedutor a percorreu e decidiu que definitivamente qualquer mulher poderia ficar dependente de um tratamento como aquele. E depois deixou de pensar simplesmente quando Storm começou a explorar sua boca com a língua. O pensamento de que Storm estava derrubando as barreiras que ela tinha levantado para proteger seus sentimentos incomodou Jayla, mesmo estando absorta na forma como sua língua explorava-lhe a boca. Então, Storm se afastou ligeiramente e a olhou nos olhos.

— Então, ficamos nus?

— Sim — conseguiu dizer com voz trêmula.

— Bem — murmurou ele ao mesmo tempo em que lhe tirava o penhoar fazendo-o deslizar-se por seus ombros. — Voltemos para a cama.

Pegou sua mão e a beijou na palma, a seguir segurou-a nos braços e a levou para cama. Colocou-a no centro e retirou as calças. Jayla o observava enquanto pensava que nada poderia distraí-la nesse momento de olhar aquele glorioso corpo. Não queria perder nenhum detalhe daquele corpo que tanto prazer lhe tinha proporcionado. Storm também a olhava enquanto tirava as calças. Continuando, tirou um pacote de camisinhas do bolso e se pôs a proteger-se.

— Embora meu plano seja dormir, não há nada mau em brincar de forma segura.

— Inteligente — disse ela suspirando. Deitando-se rapidamente na cama, tomou Jayla nos braços e notou que estava tremendo.

— Está com frio? — perguntou com voz rouca.

—Não. Estou com calor.

— Pois conheço uma maneira de te refrescar - disse ele mudando de posição para ter melhor acesso ao seu púbis e deslizando os dedos entre seus cachos.

Jayla fechou os olhos ao mesmo tempo em que começava a ofegar lentamente enquanto ele ia acendendo-a mais e mais.

— Não acredito que isto ajude Storm - murmurou ela apenas consciente.

— Claro que sim — murmurou no seu ouvido. — Só relaxa e aproveita.

E assim o fez. Os dedos do Storm faziam maravilhas entre as dobras do seu sexo até o ponto de fazê-la enlouquecer. Jayla cometeu o engano de abrir os olhos e encontrou com os dele. Havia algo no fundo destes olhos que a fez desmoronar. Uma profunda emoção pesava no seu peito ao mesmo tempo em que seu corpo perdia o controle e chegava ao orgasmo. As sensações que a invadiram a fizeram gritar seu nome enquanto a beijava sem deixar de acariciá-la intimamente. Quando recuperou a sensação de seu corpo, Jayla tomou consciência de que se não tomava cuidado acabaria... Uma voz interior lhe disse que não podia permitir-se sentir algo assim. Ela tinha feito planos para seu futuro e Storm Westmoreland não estava neles.

 

                                                       Capítulo 5

Storm inspirou profundamente ao ver a mulher que tinha adormecida em seus braços. Um peso pressionava seu peito e teve que sufocar como pôde o impulso de desejo que o invadiu. Era uma mulher incrivelmente formosa. Nunca esqueceria como se sentiu ao dar-se conta de que era virgem. A surpresa o tinha paralisado e logo o pânico o invadiu, mas a idéia de deixar o que estavam fazendo se esfumou quando ela começou a beijá-lo com ânsia igual a que ele sentia. E voltava a ter vontade. Para falar a verdade, não tinha deixado de desejá-la em nenhum momento, apenas tinha querido dar tempo para que seu corpo se ajustasse a ele. Mas voltava a desejá-la. Olhou o relógio. Eram pouco mais de seis horas. Queria deixá-la dormir, mas não podia. Tinha que lhe fazer amor. Inclinou-se sobre ela até lhe roçar os lábios.

— Jayla — sussurrou. Uns momentos depois, ela respondeu abrindo os olhos lentamente.

— Storm - murmurou com voz de sono embora lhe parecesse extremamente sensual. Tinha o cabelo revolto, com mechas cobrindo a face. Storm o retirou suavemente, depois lhe acariciou o corpo. Mudou ligeiramente de posição para lhe deixar sentir quão excitado estava.

— Quero fazer amor — sussurrou ele perguntando-se se Jayla teria captado a urgência que tinha querido imprimir a sua voz. A necessidade. O desespero. E deve tê-lo feito porque aproximou os lábios dos dele e se deixou beijar arrebatadamente.

— Storm — chamou suavemente por fim interrompendo o beijo enquanto uas mãos desciam procurando seu membro excitado. — Eu também quero.

Storm não perdeu tempo em aproximar-se. Baixou as mãos e procurou o sexo quente e úmido de Jayla. Inclinou a cabeça e introduziu na boca um mamilo duro. Brincou com ele enquanto ela estremecia de prazer. Jayla continuava tendo nas mãos o sexo ereto de Storm e o guiou para ela e, elevando-se para ele, fez com que a penetrasse.

Storm estava tão excitado que não conseguia ir devagar e investiu com força embora o corpo de Jayla já não estivesse rígido como na noite anterior. Deteve-se para lhe dar tempo de adaptar-se a tê-lo em seu interior, mas os suaves gemidos e a forma com que movia os seus quadris, confirmaram que ela não queria que se detivesse. Penetrou-a uma e outra vez, inclinando-se para beijá-la. Necessitava o contato com seus lábios e então começou a elevar o ritmo à medida que o desejo o consumia em um ato que não parecia deste mundo.

Jayla estava junto a ele, acompanhando-o em sua viagem interestelar enquanto se deixavam arrastar mais e mais pela paixão. Storm ofegou com voz rouca enquanto incrementava o ritmo de seu balanço em perfeita harmonia com Jayla. Cada movimento contribuía com um pouco mais de prazer. Storm inspirou quando sentiu que estava a ponto de chegar ao êxtase. Capturou com suas mãos os quadris dela. Os músculos vaginais de Jayla se contraíam em resposta a cada investida dele, e quando escutou o grito de prazer que escapou de seus lábios ao mesmo tempo em que o corpo convulsionava e arqueava para ele, Storm se deixou ir também e caiu sobre ela alcançando ele também seu clímax.

— Jayla!

Storm acreditava ter alcançado um prazer tão imenso e primitivo que duvidava que pudesse recuperar-se, mas não queria pensar nisso. Seguiam movendo-se ao compasso como se todas suas células estivessem eletrificadas com uma energia desconhecida. E então, sem dar-se tempo a recuperar-se, começou tudo de novo com renovada potência. Os dois se viram arrastados para um orgasmo tão potente que os fez sentir como se o quarto começasse a girar e eles estivessem no centro de uma espiral. Ambos deixaram escapar gritos de prazer, primeiro ele seguido de perto por ela para caírem de novo de puro prazer. Storm a abraçou com força e sentiu que voltava a excitar-se. Sentia que aquela mulher estava absorvendo todos seus fluidos e também sua mente sem que ele pudesse fazer nada para detê-la.

Jayla estava exausta, mas satisfeita depois da incrível sessão de sexo. Olhou para o teto tentando acalmar o ritmo da respiração, e depois sorriu ao virar-se para olhar Storm. Estava deitado de barriga para cima e tinha os olhos fechados. Ele também respirava profundamente tentando acalmar-se. Quando se deu conta de que estava excitado outra vez, ela voltou a sentir que uma corrente elétrica percorria seu corpo. Era forte como uma rocha e parecia estar preparado para outra frenética sessão.

— Tudo o que ouvi sobre ti é certo — disse ela suspirando profundamente.

— E o que é o que ouviste sobre mim?

— Que é perfeito na cama.

Storm franziu o cenho. Por alguma razão não queria que Jayla pensasse nas outras mulheres com quem tinham estado, e ele tampouco queria pensar nelas. A única mulher em que queria pensar era ela. Inclinou-se e a beijou apaixonadamente enquanto acariciava suas partes mais íntimas.

—Não foi minha intenção ser brusco.

— E você não foi — disse ela com um amplo sorriso. — Me deste tudo o que pedi.

— Sim, mas você é nova nisto.

— E aproveitei cada minuto — rebateu estudando-o por um momento. — Quando tinha dezesseis anos, sentia curiosidade por ti. Foi o primeiro menino por quem senti interesse.

— Verdade?

— Sim.

Storm lhe sustentou o olhar. Recordava vividamente como, sempre que ia visita a casa de Adam, os olhos cor mel de Jayla o estudavam e deixavam traduzir todo tipo de emoções de adolescente. Estava louca por ele e Storm se deu conta e lhe parecia que Adam também. Era consciente de que era a filha de seu chefe e que estava começando a notar os meninos, mas, infelizmente, ela tinha decidido pôr os olhos nele que já não era um jovenzinho como ela, e ainda pior, estava tentando fazer ele se interessar por ela e ele tinha tido que fazer um grande esforço para não fazê-lo.

— Vamos ficar na cama o dia todo ou quer sair para dar uma volta? — perguntou irrompendo em seus pensamentos. — Para sua informação, a idéia de ficar na cama não me incomoda absolutamente.

Storm não pôde evitar rir.

— Criei um monstro.

— Não acredito que possa negar que lhe agrada, tendo em conta seu estado — disse ela assinalando o membro ereto enquanto o olhava com uma sobrancelha levantada.

— Bom, sim, mas algumas coisas não podem ser apressadas. Dê-me um pouco de tempo.

— Se acha que precisa, está bem, mas pelo que tinha entendido, a maioria dos homens precisa de tempo para levantá-lo, não para baixá-lo.

Storm sorriu. Deleitava-se com a reviravolta que tinha tomado a conversa, mas sabia que se não saíssem da cama logo, a conversa se converteria em outra coisa. Obrigou-se a levantar-se.

— Suponho que e melhor voltar para o meu quarto e tomar um banho — disse olhando o relógio. — Quer que tomemos o café da manhã juntos no restaurante?

— Sim, estou faminta.

— E depois de tomar o café da manhã, quer sair a dar uma volta? -«Qualquer coisa menos ficar no quarto». - A que horas sai seu avião amanhã? — perguntou e, de repente, tomou consciência da rapidez com que o tempo tinha passado em sua companhia. E a julgar pela expressão no rosto de Jayla, esta pensava o mesmo.

— Pela manhã, às oito. E o teu?

— Pela tarde, às três.

— É uma pena não irmos no mesmo vôo - disse ela com tranqüilidade.

Storm tinha estado pensando o mesmo.

— Sim, é uma pena.

Embora talvez fosse melhor. Se passasse muito mais tempo com ela, sentiria todos seus poros invadidos por sua presença até chegar a algo para o que não estava preparado. Tinham ocorrido muitas coisas entre eles nas últimas quarenta e oito horas.

— Nada mudou verdade, Jayla? Nenhum de nós dois está procurando uma relação duradoura.

Jayla o olhou e compreendeu imediatamente a necessidade de Storm de deixar bem claras as regras do jogo,

—Não, não mudou nada. Acredite-me, uma relação séria com alguém é a última coisa que preciso neste momento. Vou estar muito ocupada nos próximos meses e não poderia me ocupar também de uma relação.

— Sério? E o que de tão importante você vai fazer?

Jayla umedeceu os lábios, nervosa. Não tinha intenção de contar sobre seu projeto maternidade.

— Um projeto no que vou começar a trabalhar.

— E do que se trata?

Era evidente que perguntaria. Jayla decidiu que o melhor seria mudar de assunto.

— Nada que possa te interessar, acredite.

— Poderia te surpreender — disse ele observando-a atentamente. —Se alguma vez necessitar minha ajuda, não hesite em me chamar.

— Obrigada pelo oferecimento, mas tenho tudo sob controle.

— Está bem. Volto em um segundo.

Jayla o observou enquanto se dirigia ao banheiro e fechava a porta. Virou-se e se colocou de barriga para baixo na cama afundando o rosto no travesseiro. Não podia acreditar que Storm tinha se oferecido para ajudá-la em seu projeto. Mas ela sabia que Storm não era dos que queriam envolver-se na paternidade e, mesmo que fosse, arruinaria o estilo de vida que gostava de levar. Storm já tinha deixado claro sua opinião de que uma mulher trabalhadora não podia ocupar-se também da casa e da família. Jayla não invejava a mulher que acabaria casando-se com ele porque era evidente que seria um marido controlador.

Saiu da cama, colocou o penhoar e se aproximou da janela onde contemplou o sol nascer. No dia seguinte, a aventura entre Storm e ela terminaria e ambos retornariam a Atlanta onde não voltariam a encontrar-se. Seria difícil vê-lo e não pensar na intimidade que tinham compartilhado.

 

Storm rodeou Jayla pela cintura e a abraçou.

— Uma hora? —perguntou levantando a sobrancelha. — Quer me dizer que precisa uma hora para encontrar um vestido para esta noite?

— Sim. Já vi várias coisas que eu gostaria de provar. Tem que ser algo perfeito — disse ela com um grande sorriso.

— Jayla — suplicou ele.

— Por favor, Storm. Quero comprar um vestido novo para esta noite.

Storm comprovou o entusiasmo no rosto de Jayla e, pensou que estava ainda mais formosa, se é que isso era possível. Quando se viram no restaurante para tomar o café da manhã, havia-lhe dito que seu primo Ian o tinha chamado. Ian, grande amigo do prefeito de Nova Orleáns, tinha sido convidado a um jantar de gala em honra deste. Ian tinha convidado Storm e este por sua vez tinha pedido para levar Jayla como acompanhabte. Em vez de sair para visitar a cidade como haviam planejado em princípio, Jayla tinha insistido em que o primeiro que tinha que fazer era comprar um vestido especial para o jantar.

— De acordo, suponho que posso encontrar algo para matar o tempo enquanto você compra — disse ele soltando-a. — Mas voltarei em uma hora.

—E eu terei terminado - disse ela lhe devolvendo o sorriso.

Um momento depois, Storm passeava pela Jackson Square. Recordou o ar emocionado que mostrara Jayla quando a havia convidado para a festa com o prefeito. Gostava de vê-la feliz. Também estava gostando muito de sua companhia, talvez demais. Gostava de estar com ela, dentro e fora da cama. E teve que lembrar-se mais de uma vez que aquilo não era mais que uma aventura. Olhou à hora. Ainda faltavam quarenta e cinco minutos para encontrá-la. Amaldiçoou-se porque já estava sentindo sua falta. O sentimento fez disparar o alarme em seu cérebro: era a primeira vez que admitia sentir falta de uma mulher. Suspirou e se convenceu de que tinha que ser sincero consigo mesmo. O certo era que gostava de ter Jayla perto e isso não combinava com ele.

Continuou caminhando enquanto se perguntava o que tinha Jayla que o estava fazendo reagir de forma tão estranha. Não gostava. Ambos sabiam que não era nada mais que uma aventura passageira. A idéia de manter uma relação séria estava totalmente fora de toda lógica, mas por que o pensava então?

— Está confuso, não é?

Storm se virou ao ouvir a voz quebrada e viu uma anciã sentada em um banco a pouca distância dele.

— Desculpe. A senhora disse algo?

— Sim. Eu disse que está confuso. E nunca te oconteceu antes, verdade? — disse a mulher com um sereno sorriso.

Storm inclinou a cabeça enquanto estudava com curiosidade à mulher perguntando-se se não estaria mal da cabeça. Falava como se o conhecesse.

— Acredito que deve ter me confundido com outra pessoa.

— Não — murmurou ela sacudindo a cabeça — e não estou louca — acrescentou como se estivesse lendo sua mente. — Te direi mais se me deixa ler o teu futuro.

Storm assentiu ao compreender. A mulher era uma vidente. Nova Orleáns estava cheia delas. Cruzou os braços em uma atitude divertida.

— E o que acredita que possa me dizer que eu não saiba?

— Você ficaria surpreso.

Storm não acreditava, mas decidiu dar o prazer à anciã.

— De acordo, me surpreenda. Qual é sua especialidade? Cartas de tarot ou bola de cristal?

— Nem uma coisa nem outra - disse ela escrutinando-o. — Leio a palma da mão.

— Certo. Quanto para ler minha mão?

— Vinte dólares.

Storm suspirou enquanto metia a mão no bolso e tirava uma cédula de vinte dólares sem deixar de pensar que aquilo era uma perda de tempo. Olhou o relógio. Ainda faltava meia hora. Sentou-se junto à mulher e estendeu o braço. Observou como segurava a mão e estudava a palma. Momentos depois, quando levantou o olhar, a intensidade em seus olhos escuros o deixou impressionado. Sorriu.

— Vejo que está confuso.

— E isso o que significa? — perguntou franzindo o cenho.

— Sua vida vai dar um giro inesperado e embora o que mais deseja é tranqüilidade, vejo que se aproximam turbulências. Mantém os olhos abertos, seja paciente e deixa que o destino siga seu curso.

Storm franziu o cenho ainda mais. Fazia três meses que o tinham promovido assim que as mudanças não podiam ser trabalhistas. Estava pensando em mudar-se para uma casa maior, mas que problemas poderia trazer semelhante decisão? Tinha que ser outra coisa.

— Isso é tudo?

A anciã o olhou e suspirou profundamente.

— Confia em mim, filho. Não precisa saber nada mais no momento.

— Não poderia ser um pouco mais precisa?

— Não. Eu lhe disse tudo o que tem que saber.

Storm se levantou devagar. Não podia esperar para contar aos seus irmãos a experiência. Conhecendo-os, provavelmente ririam dele.

— Foi uma experiência agradável — disse sem saber muito bem como reagir.

— Desejo-te toda a sorte — desejou a mulher sacudindo a cabeça lentamente.

— Obrigado — agradeceu antes de partir sem saber muito bem por que estava agradecendo.

— Diga a ela que você gosta do vermelho.

Storm se voltou e levantou uma sobrancelha.

— O que disse?

— Diga-lhe que você gosta mais do vermelho — repetiu à anciã.

Storm franziu o cenho sem compreender. Decidiu que seria melhor não perguntar, assim se limitou a assentir com a cabeça, e dando-à volta, partiu. Pouco depois, quando chegou à loja de roupas, viu Jayla de pé junto à caixa, esperando-o. Iluminou-lhe o rosto ao vê-la.

— Encontrou algo?

— Sim — disse ela muito nervosa. — Eu gostei muito de dois vestidos, mas vou escolher o que você mais gostar.

Viu que pegava dois vestidos, um azul e outro vermelho. Storm piscou surpreso e sentiu de repente a boca seca ao lembrar das palavras da anciã.

— E então? De qual você gosta mais, Storm? — perguntou sustentando ambos diante dele.

— O vermelho — se apressou a responder, sentindo-se realmente estranho.

Jayla não se deu conta de nada e se limitou a entregar a vendedora o vestido vermelho.

— Eu também gostei mais do vermelho — disse com um enorme sorriso nos lábios.

Mais tarde, Storm teve que admitir que realmente gostava muito daquele vestido vermelho, especialmente no corpo de Jayla. Ficou boquiaberto quando a viu sair do elevador no vestíbulo do hotel. Vê-la e sentir um ataque de desejo por ela tinha sido imediato Nada como um sexy vestido vermelho ajustado marcando as esbeltas linhas de uma mulher formosa. Usava brincos prateados que lhe davam um ar sofisticado e elegante. O vestido era curto e tinha um decote que realçava seus seios fazendo-os parecerem voluptuosos.

— Me diverti muito esta noite, Storm. Gostei muito do seu primo Ian.

Storm a olhou. Estavam sentados na parte traseira de um táxi a caminho do hotel. Estava escuro, mas a luz da lua e as luzes das casas na rua permitiam adivinhar os traços um do outro, embora mesmo se não pudesse vê-la, podia sentir seu perfume cheio de sensualidade que o estava deixando louco.

— Sim, e eu acredito que ele também gostou de você - respondeu ele com voz rouca. «Quase demais, diria eu».

— Não vejo à hora de chegar ao hotel para poder tirar estes sapatos. Estão me matando.

Storm sorriu e se alegrou com a pouca iluminação porque assim Jayla não pôde ver o brilho lascivo de seus olhos. Ele tampouco via à hora de chegar ao hotel para tirar-lhe tudo. Vê-la com esse vestido a noite toda tinha sido uma tortura para ele. Agora mal podia esperar para ver o que tinha, ou não tinha, debaixo dele.

— Ponha os pés no meu colo que faço uma massagem — murmurou ansioso por tocá-la.

Jayla não hesitou nem por um momento. Storm sabia notaria o quanto estava excitado. Tirou-lhe os sapatos prateados de salto e começou a massagear os doloridos pés. Storm de repente se deu conta de que nunca havia sentido tanto desejo de agradar uma mulher.

— Ummm, eu poderia rapidamente me acostumar com isto. Tem mãos prodigiosas, Storm.

— Qualquer coisa para fazê-la feliz — respondeu ele com um sorriso. Depois por um momento ficou a pensar no que acabara de dizer. Perguntava-se o que tornaria feliz uma mulher como Jayla.

— Chegamos muito rápido — disse Jayla no momento em que chegavam ao hotel. Storm lhe colocou os sapatos e se sentiu um pouco vazio quando Jayla retirou as pernas de seu colo.

Olhou-a decidido a apagar o tom de decepção de sua voz. Inclinou-se sobre ela e, aproximando-a, beijou-a nos lábios. Seu sabor era realmente excitante. Em questão de minutos, Jayla respondia a suas carícias com um gemido.

—Seu quarto ou o meu? — sussurrou-lhe no ouvido.

— Nunca estive no quarto de hotel de um homem, e como esta viagem foi à primeira vez para mim em muitos sentidos, acredito que prefiro seu quarto esta noite.

Storm voltou a beijá-la, devorando seus lábios, e pensou que realmente seria fácil acostumar-se a isso.

 

Jayla despertou ao ouvir o telefone. Olhou o relógio da mesinha e compreendeu que era o serviço despertador do hotel que tinha solicitado na noite anterior. Viu que Storm desprendia e sem responder voltava a pendurar. Então, seus olhares se cruzaram por um momento e a Jayla pareceu ver uma sombra de tristeza em seus olhos.

— Suponho que é a hora.

— Sim, é o que parece — disse ela suavemente, embora não quisesse levantar-se nem vestir-se, apesar de saber que tinha que fazê-lo. Tinha que ir ao seu quanto fazer a mala. Seu vôo saía em poucas horas e queria chegar a tempo ao aeroporto. Jayla sentiu uma onda de calor enquanto Storm a olhava. Recordou o que tinha ocorrido na noite anterior. Ela tinha entrado primeiro n quarto e depois Storm, fechando a porta atrás dele. Ela tinha ido a seu encontro e se uniram em um apaixonado beijo. Em questão de segundos, Storm lhe tinha tirado o vestido e as meias deixando-a só com a diminuta tanga. Nunca esqueceria seu olhar nem a forma como a tinha levado nos braços até a cama onde se entregou única e exclusivamente a agradá-la.

— Precisa que te ajude a fazer a mala? — perguntou Storm. Estava muito bonito recém acordado. Sorriu e se apoiou em um cotovelo para olhá-la melhor. A seguir estendeu um braço e lhe acariciou brandamente os mamilos. Incharam-se ao contato e Jayla notou uma sensação de calor entre as pernas.

Devolveu-lhe o sorriso consciente de que se aceitava sua oferta nunca terminariam de fazer a mala.

— Obrigada, mas acredito que me posso arrumá-la sozinha.

Jayla notou como seu sorriso se desvanecia ao tomar consciência da crua realidade. Embora não se lamentasse pelo ocorrido, sabia que ia terminar. Tinha que concentrar-se no filho que ia ter. Logo que chegasse em casa marcaria uma reunião com a clínica para começar com os preparativos. Continuar com Storm não lhe traria mais que complicações porque ele não era seu homem perfeito. Então por que lhe custava tanto sair de sua cama? E por que queria fazer amor com ele uma vez mais antes de sair da habitação?

— Adorei estar contigo, Jayla.

— Eu também, e não o lamento — disse ela com um sorriso.

— Eu tampouco — Storm levantou a mão e enredou os dedos no cabelo dela. — Somos adultos e fizemos o que queríamos fazer.

— Obrigada Storm por me ensinar quão fantástico pode ser o sexo — agradeceu Jayla com um sorriso.

— De nada — disse ele sorrindo também.

— Mas a vida continua — disse Jayla quando mais desejava beijá-lo.

— Sim, a vida continua, mas não será fácil. Se me encontrasse contigo dentro de pouco não poderia te olhar sem recordar o vestido vermelho e os saltos altos, para não falar na tanga que usava.

— Surpreso? — disse ela rindo.

— Sim, surpreso, mas também muito agradado — respondeu com um sorriso.

Storm decidiu que o que não ia dizer lhe era que era a mulher que mais o tinha surpreendido em sua vida. Era uma mulher capaz de rir com ele, brincar com ele e falar com ele sobre tudo. E o sexo que tinham compartilhado tinha sido incrível. Não pensava deixá-la ir sem fazerem amor uma última vez e gravar para sempre a lembrança do tempo que tinham passado juntos. Para sempre.

Era a primeira vez que usava essas duas palavras em seu vocabulário associadas a uma mulher. Nunca antes tinha pensado que as coisas fossem para sempre. Embora tinha que admitir que com Jayla Penetre pensava em coisas que nunca antes lhe tinham passado pela cabeça. E lhe alegrava ter permanecido esse tempo com ela porque tinha aprendido coisas sobre ela que de outra maneira não saberia, como sua paixão por bolo de queijo e morango e como trabalhava de voluntária com os doentes de câncer do Hospital Universitário Emery.

— Storm, tenho que levantar, me vestir e pegar o avião.

Storm a olhou e sentiu que algo em seu interior se rompia ante a iminente despedida. Era algo que nunca antes lhe tinha acontecido e que não podia explicar. De repente, desejava-a tanto que não podia conter-se. Limitou-se a inspirar profundamente e...

— Storm...

 

                                                                     Capítulo 6

— Como foi em Nova Orleáns? — perguntou Lisa Palmer sentada em frente à mesa da cozinha. Esta levantou a vista e se encontrou com o olhar cheio de curiosidade da amiga.

— Bem. Por que o pergunta?

— Porque me dei conta de que você não falou muito desde que retornou.

Javia inspirou profundamente enquanto tentava fugir do escrutínio a que a estava submetendo sua amiga. Sabia que cedo ou tarde teria que contar-lhe tudo, incluído o plano da inseminação artificial.

— Por que tenho a impressão de que me está ocultando algo?

— Imaginação sua.

— Não, não acredito — disse Lisa olhando-a pensativamente. — Você está se comportando de uma maneira diferente. Parece mais relaxada e isso só pode significar uma coisa.

Jayla engoliu com dificuldade perguntando-se se realmente era tão evidente a mudança.

— O que?

— Que descansou muito nesta viagem pelo que me alegro de não ter ido contigo — disse Lisa sorrindo amplamente. — Se tivesse ido teria esgotado indo às compras e...

— Encontrei-me com um conhecido.

Lisa levantou uma sobrancelha. Os segundos passavam e como Jayla não dizia nada. Lisa aproximou sua cadeira da de sua amiga.

— Muito bem. E pensa me deixar de fora ou vai contar-me o que aconteceu?

Jayla tomou um gole de limonada antes de responder.

— Encontrei-me com Storm Westmoreland.

Lisa deixou seu copo de limonada na mesa.

— Storm Westmoreland? A máquina sexual?

— Sim, esse Storm - riu Jayla.

Lisa olhou sua amiga por um momento enquanto recordava que esta tinha lhe contado de seu amor quando tinha dezesseis anos. E, como muitas outras mulheres em Atlanta, ela também conhecia a reputação de Storm e isso era o que mais a incomodava.

— O que estava fazendo Storm Westmoreland em Nova Orleáns? —perguntou Lisa suspeitando que havia algo mais.

— Estava em uma conferência — respondeu Jayla.

— E...?

Jayla guardou silêncio por um momento. Sabia que Lisa tinha muitas perguntas a fazer e decidiu que seria melhor contar tudo ela mesma.

— E nos encontramos e uma coisa levou a outra e terminamos tendo uma aventura.

Jayla quase sorriu ao ver a cara de assombro da amiga. Continuando, observou como apurava o conteúdo do copo como se fosse algo mais forte que uma simples limonada.

— Já não é virgem? — perguntou sem poder sair de seu assombro.

— Não - respondeu Jayla sorrindo esta vez.

Lisa se reclinou na cadeira e a olhou inquisitivamente à espera de mais detalhe.

— Como disse, Storm e eu nos encontramos no hotel e decidimos passar o tempo juntos e uma coisa levou a outra.

— É evidente.

— E não espere que conte tudo porque há detalhes que será melhor que não conheça - disse Jayla lembrando todas as coisas que Storm e ela tinham feito. Fizeram amor tantas vezes que tinha perdido a conta e cada vez tinha sido melhor que a anterior.

Recordava com especial carinho a primeira vez e como tinha preparado o banho quente e a tinha levado nos braços até a banheira, mas também havia um lugar especial na sua memória para a última vez que tinham feito amor na manhã que ela retornou a Atlanta. Com uma ternura que quase a tinha feito chorar, Storm tinha utilizado as mãos e a boca para levá-la até o limite, até que seu corpo se tornou louco de desejo por ele. E justo quando estava a ponto de chegar ao orgasmo a tinha penetrado movendo-se com uma mescla de ternura e desejo louco, conduzindo-a até o orgasmo que a tinha deixado exausta, mas satisfeita e feliz. E por muito que tinha tentado manter-se acordada, dormiu. Os dois dormiram. Quando despertaram, Jayla foi ao seu quarto para fazer a mala. Ele tinha a tinha acompanhado para ajudá-la e o beijo de despedida que lhe deu tinha sido fantástico, quase irreal. Mesmo que nunca mais praticasse sexo com outro homem, sempre recordaria os dias que tinha passado com Storm. Durante três dias, aquele homem a tinha feito sentir especial e ela ainda não podia acreditar no presente que lhe tinha dado.

— Jayla?

— O que? — perguntou dando um pulo quando Lisa estalou os dedos diante do seu rosto.

— Não respondeu a minha pergunta.

— O que pergunta? — quis saber Jayla franzindo o cenho.

— Lamenta-o?

— Não — se apressou a garantir Jayla sacudindo a cabeça. — Vinte e seis anos são muitos anos para ser virgem, mas nunca antes tinha conhecido alguém que merecesse o presente da minha virgindade, até que me encontrei com Storm.

— Com a reputação que tem te parece que ele o merecia? — disse Lisa levantando uma sobrancelha.

— Sim, porque não tentou me enrolar para me levar cama. De fato, no princípio tentou resistir aos meus avanços. Eu fui quem começou e ele sempre se comportou como um perfeito cavalheiro comigo, deu-me a opção e não deu nada por certo.

— É certo tudo o que ouvimos dele? — perguntou Lisa com um brilho de curiosidade nos olhos.

Jayla tratou de não dar importância a onda de calor que subia por suas pernas ao pensá-lo. Storm era um amante muito experiente.

— Sim, é tudo certo - disse com um sorriso.

— Maldita seja. Algumas mulheres são muito sortudas — disse Lisa com inveja. Por fim sorriu. — E quando vais vê-lo de novo?

Jayla tratou de ocultar a dor que a pergunta lhe produziu, esforçando-se por convencer-se de que não era mais que indigestão.

— Não voltaremos a nos ver. O que compartilhamos em Nova Orleáns não foi mais que uma aventura, e como nenhum dos dois está procurando uma relação séria, decidimos que quando voltássemos para Atlanta continuaríamos com nossas vidas como se nada tivesse acontecido.

— Mas sua vida é bastante aborrecida, em geral. Quão único faz é ir do trabalho a casa, exceto nos dias que vai ao hospital como voluntária.

Jayla sabia que tudo isso era verdade, mas em algumas semanas mudaria por completo. Sorriu.

— Quero que saiba que minha vida não é mais aborrecida e nunca mais será, porque decidi dar o primeiro passo em algo que será para toda a vida.

— E do que se trata?

— Vou ter um bebê.

Jayla observou a expressão de Lisa.

— O que quer dizer com ter um bebê?

— Isso mesmo. Você sabe quanto gosto de crianças.

— Bom, eu também os quero, mas não penso ter um até que encontre o meu homem perfeito e me veja preparada para sentar a cabeça e casar.

— Bom, sim, mas algumas de nós pensamos que não existe o homem perfeito e por isso decidi não esperar mais.

Lisa manteve a calma como pôde e cravou o olhar em Jayla.

— Diga que não tentaste ficar grávida de Storm Westmoreland.

Jayla não pôde evitar a risada. A idéia de Lisa era ridícula. Storm Westmoreland seria o último homem em quem pensaria para ser o pai de seus filhos. Era muito controlador.

— Acredite, nunca me ocorreu tal coisa. Além disso, nunca enganaria um homem dessa maneira. Já o tinha decidido antes de ir a Nova Orleáns e vou a uma clínica de fertilidade para me submeter ao tratamento.

— Espera um pouco. Alto, alto. Do que está falando?

Jayla sorriu. A expressão de Lisa era engraçada e enlouquecida ao mesmo tempo. Eram muito unidas e a conhecia o suficientemente para saber que não aprovaria a idéia da clínica. Mas Lisa não tinha problemas para procurar seu homem porque já tinha uma relação com um homem estupendo. Além disso, ela vinha de uma grande família e não conhecia o significado da palavra solidão.

— Estou te falando da minha decisão de ter um filho. Já passei pelas preliminares e encontraram um possível doador que cumpre todos os requisitos que solicitei. Agora só tenho que passar por um exame médico na próxima sexta-feira. Decidirá qual é meu momento mais fértil do ciclo para fazer a inseminação. Se não der certo na primeira vez, tentarão quantas vezes sejam necessárias.

Lisa não sorria. Parecia horrorizada.

— Diga que é uma brincadeira, Jayla.

Jayla suspirou. Mordeu o lábio inferior várias vezes, algo que fazia quando se encontrava em uma situação incômoda. Desde que se conheciam, Lisa nem sempre tinha estado de acordo com seus atos, mas sempre a tinha apoiado. Sabia que o tema era difícil para Lisa aceitar, por suas crenças tradicionais e por isso não tinha querido contar-lhe antes.

— Não, não é uma brincadeira. Lisa. Tomei uma decisão. Pode que não esteja de acordo, mas necessito que me apóie. Quero ter um filho mais que tudo no mundo.

— Mas há outras opções, Jayla.

— Sim, e as considerei também, mas nenhuma me atraiu tanto. Quero um filho, mas não preciso de uma relação com um homem que não é o indicado, e não tenho tempo para esperar até que a sorte me sorria. Os tempos mudaram. Uma mulher já não necessita um homem para ficar grávida e ter um filho, e assim é como quero que seja comigo.

Lisa guardou silêncio durante um momento e finalmente, estendeu a mão e tomou a de Jayla.

— Embora possa compreender que algumas mulheres se submetam a esses procedimentos em determinadas situações, seu caso é diferente, Jayla, e o que vais fazer vai contra todo aquilo no que acredito. Sempre que for possível, acredito que um bebê tem direito a ter um pai e uma mãe, mas se está decidida a passar por isso, tenha por seguro que estarei contigo para o que precise.

— Obrigada — disse Jayla piscando com rapidez para secar as lágrimas.

 

— Vamos, Storm, te concentre no jogo e deixa de sonhar acordado.

As palavras de Thorn Westmoreland atraíram a atenção de Storm que jogou outra carta e se reclinou na cadeira com o cenho franzido.

— Não estava sonhando acordado e estou concentrado no jogo - disse jogando outra carta.

Depois de outra volta, Stone Westmoreland sacudiu a cabeça.

— Pois se está concentrado no jogo, então é um péssimo jogador porque jogasse uma de ouro em vez de copas o que significa que renúncias — disse Stone com um grande sorriso. — Mas não me queixo porque isso me proporciona condições para ganhar.

Storm afastou a cadeira, levantou-se e olhou seus quatro irmãos. Parecia que todos eles encontravam divertida sua falta de concentração e lhe parecia tudo menos engraçado.

— Vou sair um pouco. Preciso de ar fresco.

— Mas o que lhe passa? — ouviu que seu irmão Thorn perguntava aos outros.

— Não sei — respondeu Der. — Esteve se comportando de uma forma estranha desde que voltou da conferência em Nova Orleáns.

— Talvez esteja sofrendo muita pressão no seu novo posto de chefe de bombeiros — ouviu que seu outro irmão Chase dizia. — Não há nada pior que sentir que seu trabalho estressa.

— Tem razão – concordaram o resto dos irmãos.

Storm sacudiu a cabeça quando a imagem de uma mulher cruzava seu cérebro. Era a imagem que tinha estado tentando evitar durante toda a semana passada: Jayla Penetre.

Apertou os punhos enquanto se perguntava o que lhe estava ocorrendo. Nenhuma mulher antes tinha permanecido em seus pensamentos tanto tempo depois de ter vivido uma aventura. A imagem de Jayla com o vestido vermelho o estava deixando louco. Jayla tinha conseguido acendê-lo, mas também parecia ter satisfeito uma necessidade que não sabia que existia. Cada vez que a tinha levado para cama tinham feito amor com loucura. Não podia esquecer o precioso rosto dela quando encontrava o orgasmo. Era como se a potência do que sentia em seu interior a deixasse sem respiração e a intensidade fazia com que seu mundo explodisse em mil pedaços até que finalmente caia plenamente satisfeita. Como resultado ao ver essa expressão em seu rosto, Storm sempre tinha conseguido orgasmos nunca antes experimentados, normalmente mais de um. Amaldiçoou-se por não poder controlar seus pensamentos e limpou o suor com a mão. Estava acostumado às relações sexuais, mas que a simples lembrança de uma delas conseguisse excitá-lo era algo a que não estava acostumado. Inclusive tinha pensado em aproximar-se de sua casa para assegurar-se de que estava bem. Nunca antes tinha feito algo assim.

— Storm, está bem?

Inspirou profundamente ao escutar a voz de sua cunhada, mas decidiu que, embora estivesse escuro, não era boa idéia deixar que o vissem naquele estado.

— Storm?

— Sim, Tara. Estou bem — respondeu finalmente quando recuperou o controle.

Tara Matthews era uma mulher formosa. Todos os irmãos Westmoreland ficaram enfeitiçados com ela quando a conheceram na casa da sua irmã Delaney. Storm poderia ter tido uma relação com ela, mas rapidamente averiguou que Tara era uma mulher a ser domada. Em seguida, Storm e seus irmãos decidiram que o único que poderia dirigir uma mulher como Tara era Thorn, assim o desafiaram. Tinham passado quase dois anos daquilo e Tara se converteu em sua esposa.

— Estava preocupada — disse ela brandamente. — Ao passar pela sala e ver que não estava com seus irmãos me disseram que tinha saído para tomar ar. Não sabia se estava doente, especialmente quando me disseram que estava jogando mal.

— Santo Deus, mas eles sempre dizem que jogo mal até quando estou ganhando - disse Storm com um brilhante sorriso.

—Bem. Como foi sua viagem a Nova Orleáns? — perguntou Tara em seguida.

Storm voltou a imaginar Jayla nua, enquanto percorria com a língua todo seu corpo fazendo-a gritar de prazer.

— Storm?

— Sim?

— Perguntei como foi sua viagem a Nova Orleáns — repetiu Tara aproximando-se mais de Storm e o olhando atentamente nos olhos. — Tem certeza de que está bem? Tem as pupilas muito dilatadas.

«E estou completamente excitado, mas não vai querer saber como».

— Estou bem e o foi tudo bem em Nova Orleáns. Estive com o Ian e me disse que viria a Atlanta para assistir ao baile beneficente que está organizando.

— De verdade? — perguntou Tara com um sorriso. — Nessa noite mostraremos o calendário que confeccionamos e todo mundo verá Thorn como Mister Julho.

— Não acredito que seja essa a única razão pela qual vem Tara. Ian vai vir porque você pediu, mas há outro motivo.

— E qual é? — perguntou elevando uma sobrancelha.

— Sabe que haverá muitas mulheres solteiras e bonitas na festa - disse ele com um brilhante sorriso.

Tara sacudiu a cabeça sorrindo, concordando.

— Suponho que é verdade porque onze dos doze homens que posaram também estão solteiros. Thorn é o único que se casou desde que se fizeram as fotos.

De repente, Storm lembrou que Jayla havia mencionado alguma coisa sobre um almoço com Tara quando retornasse de Nova Orleáns. Se os planos não tinham mudado, esse encontro seria no dia seguinte. Se soubesse onde iriam comer poderia passar por ali por acaso, mas não podia perguntar abertamente sem que Tara suspeitasse de como tomara conhecimento do encontro.

— O que de almoçarmos juntos amanhã? Convido Madison e Shelly também? —sugeriu casualmente embora soubesse que Shelly, a esposa de Der, não havia retornado da Florida, e Madison, a mulher de Stone, ia acompanhá-lo a Kansas City.

— Obrigada pelo convite, Storm, mas Shelly e Madison estarão fora. Além disso, já tenho planos para amanhã. Marquei com uma mulher que trabalha comigo na organização do baile. Cheguei a um acordo com sua empresa para que se ocupem do catering e o serviço de bebidas da festa.

Storm se sentiu revitalizado imediatamente. Voltava a ser um homem seguro, presunçoso e fanfarrão.

— Que má sorte. E onde irão?

— Como diz? — perguntou ela elevando uma sobrancelha.

Storm inspirou profundamente. Sabia que não podia pressionar muito ou Tara suspeitaria.

— Perguntei onde irão comer. Posse ser conheça, poderia te recomendar.

— Acredite, você já esteve nesse lugar e definitivamente dou fé que se come muito bem. Combinamos que eu escolheria e ainda não lhe disse, mas vou sugerir irmos ao Chase's Place.

O coração de Storm deu um salto repentino e seus lábios se curvaram em um sorriso. A resposta não podia ter sido melhor. Tara ia levar Jayla ao restaurante do seu irmão, um lugar onde estava acostumado a comer freqüentemente assim não seria estranho se aparecesse por ali.

— Ótima escolha.

 

— Chase's Place? — perguntou Jayla como querendo assegurar-se de que tinha ouvido bem.

— Sim — disse Tara com tom animado do outro lado do telefone. — É do meu cunhado, Chase Westmoreland, e a comida é fabulosa.

Jayla se levantou da mesa, nervosa. Sabia que a comida era fabulosa, mas não era isso o que a preocupava. Lembrou que Storm tinha dito que costuva comer ali freqüentemente. Ficou tentada a sugerir outro restaurante, mas rapidamente recordou que tinha sido ela que tinha dado a Tara carta branca para escolher o lugar. Suspirou resignada.

— Conheço-o e tem razão, a comida é fabulosa.

— E prometeu nos tratar muito bem.

— Quem? — perguntou levantando uma sobrancelha.

— Chase. Gosta muito de cuidar de todos.

Jayla esteve a ponto de dizer que devia ser de família porque não era o único que cuidava muito bem dos outros. Recordou a forma como Storm se ocupou até de seus menores desejos.

— A que hora ficamos?

— Vai bem à uma e meia? Assim não nos incomodará todo o público que está acostumado a ir comer no meio da amanhã. Mas se quiser que mais cedo...

—Não, está bem. Vemo-nos ali à uma e meia — disse Jayla sentando-se de novo. Começou a pensar em qual seria a forma mais adequada de comportar-se se encontrava com Storm. Depois de muitas voltas, decidiu que o melhor seria atuar de forma natural consciente de que haviam compartilhado algo íntimo, mas que não estavam juntos.

— Qual é o motivo de que ainda esteja por aqui?

Storm encolheu os ombros e olhou a seu irmão gêmeo com um brilhante sorriso.

— Eu gosto deste lugar.

A expressão de Chase dizia que o conhecia muito bem. Normalmente ia comer e raramente ficava socializando. Normalmente estava muito ocupado perseguindo mulheres para fazer visitas longas ao irmão.

—Bom, se não tem nada melhor para fazer o que acha de me ajudar a atender as mesas? Uma das garçonetes ligou para dizer que está doente e não nos viria mal à ajuda.

Storm consultou o relógio ao mesmo tempo em que sacudia a cabeça.

— Sinto muito. Eu gosto, Chase, mas nem tanto — disse Storm olhando para a porta e pensando se teriam mudado de idéia. E justo nesse momento a porta se abriu e as duas mulheres apareceram.

Storm conteve a respiração ao ver Jayla. Sentando no final do balcão onde estava, sabia que ela não podia vê-lo. Ia vestida de forma diferente de quando estavam em Nova Orleáns. Usava um traje escuro, mas continuava preciosa e sexy. Storm sentiu que a libido se descontrolava. Virou-se e viu Chase.

— Mudei de idéia. Ajudarei-te.

— O que te fez mudar de idéia tão rapidamente? — perguntou Chase suspicaz.

— Se um homem não pode contar com seu irmão gêmeo em um momento de necessidade, com quem o fará então? — disse Storm exibindo seu sorriso mais ingênuo.

Chase olhou por cima do ombro de Storm.

— Espero que a mulher que estava esperando encontrar seja a mulher que está com a Tara e não Tara. Eu não gostaria que Thorn tivesse que te matar.

— Te tranqüilize. Superei Tara faz tempo. Só me diverte provocar Thorn — respondeu Storm e, inclinando-se por cima do balcão, pegou um lápis e uma caderneta. — Quem se ocupa da mesa em que estão elas?

— Pam.

— Então lhe diga que tire um descanso, ou melhor, ainda, que se ocupe de outra mesa. Dessa me ocupo eu — disse Storm caminhando na direção das duas mulheres.

— Chegamos bem a tempo - disse Tara. —Se tivéssemos chegado antes não teríamos encontrado lugar - acrescentou lhe estendendo o cardápio.

Jayla assentiu enquanto lia os pratos.

— O que gosta de comer? — disse Tara sorrindo, enquanto também consultava o cardápio.

Jayla devolveu o sorriso à mulher. Gostava de Tara Westmoreland. Tinham falado várias vezes por telefone, mas era a primeira vez que se viam. Jayla pensava que era muito bonita e não sentia nada surpresa que tivesse chamado a atenção de Thorn Westmoreland.

— Umm - Jayla passou a língua pelos lábios enquanto dava uma última olhada ao cardápio. — Tudo parece delicioso, mas acredito que tomarei...

— Boa tarde senhoritas, o que vão tomar?

Jayla levantou a cabeça e ficou paralisada ao ver Storm de pé junto a sua mesa.

— Storm! — disse sem pensar ao tempo que uma sensação de calor invadia seu estômago,

Storm lhe dedicou um sorriso travesso lhe recordando momentos íntimos e muito apaixonados.

— Não estou no menu, Jayla, mas se for o que quer, não tenho problema em fazer uma exceção.

 

                                                         Capítulo 7

— Vejo que já se conhecem — disse Tara com curiosidade. Olhava Jayla e Storm de marco em marco.

Jayla esclareceu a garganta sem saber o que dizer, mas antes que pudesse pensar em algo Storm rompeu o silêncio.

— O pai de Jayla foi o primeiro chefe que tive. Era como um segundo pai para mim — contou sorrindo. — Assim, sim, conhecemo-nos.

Jayla engoliu com dificuldade, agradecida pela agilidade mental de Storm que tinha dado a sua cunhada uma explicação bastante aceitável.

— Me alegro de verte, Jayla - disse a seguir.

— Eu também — disse esta com um sorriso, sentindo cada palavra embora desejasse que não fosse assim.

— Por certo, está muito bonita.

— Obrigada — Jayla ampliou o sorriso. Pensou que ele também estava muito bonito com as calças de cor cáqui e camisa pólo. E cheirava muito bem. Sua colônia sempre alterava seus sentidos. Tudo nele era realmente perturbador, sua fibrosa musculatura, seu incrível traseiro, suas longas pernas, seu aniquilador sorriso e os olhos escuros como sementes de chocolate, e ela sentia fraqueza por chocolate.

Jayla percebeu que Tara continuava olhando-os e pensou que não seria má idéia pedir.

— Eu quero o especial do dia e um copo de chá gelado.

— Muito bem - disse Storm rabiscando na caderneta o pedido de Jayla sem saber o que era o especial do dia. Só podia pensar que se encontrara com ela de novo. A seguir se virou para Tara. — E o que você quer, senhora Westmoreland?

— Uma explicação de por que está você atendendo as mesas.

Storm riu. Estava perdido se deixava que Tara fizesse perguntas. Levava muito tempo com o Thorn.

— Chase estava com falta de garçons assim pensei que poderia lhe dar uma mão.

Tara assentiu, mas seu olhar deixava ver que não a convencia de todo a história.

— Isso foi muito amável de sua parte, Storm. Eu também quero o especial do dia e um copo de limonada.

— Trarei-lhes as bebidas - disse Storm lhes piscando um olho por trás das notas dos pedidos.

Jayla o observou enquanto se afastava. Quando voltou sua atenção a Tara soube que a tinha visto olhar Storm.

— O mundo é um lenço — disse tentando explicar a situação.

—Sim, é — disse Tara sorrindo e estudando-a com atenção. Storm tinha flertado com ela, o que não era nada novo. Ela tinha visto seu cunhado em ação muitas vezes, mas havia algo diferente embora não se atrevia a dizer o que.

— Estou desejando que chegue o baile — comentou Jayla tirando Tara de seus pensamentos e recordando o motivo do almoço.

— Eu também, e o comitê agradece muito que as Indústrias Sala se encarreguem do catering. O dinheiro que arrecadaremos com o calendário será suficiente para tornar realidade os sonhos de muitos meninos doentes.

— Não te incomoda que seu marido seja Mister Julho nesse calendário? — perguntou Jayla sorrindo.

Tara riu ao lembra como tinha convencido Thorn para que posasse. De fato, conseguiu-o depois de que Thorn lhe fizesse uma proposta que ela não pôde recusar.

— Não, não me incomoda. Agrada-me saber que outras mulheres acham meu marido tão sexy quanto eu.

Jayla assentiu. Ela tinha conhecido pessoalmente Thorn Westmoreland e era um homem realmente sexy embora não tanto quanto lhe parecia Storm. Não pôde evitar levantar a vista buscando-o e o encontrou detrás do balcão preparando as bebidas. Como se houvesse se sentido observado, levantou a vista para ela e sorriu. Foi um sorriso que a fez estremecer dos pés a cabeça. Parecia dizer: «Lembro tudo o que ocorreu em Nova Orleáns». Não pôde evitar devolver o sorriso porque ela também recordava.

Quando voltou sua atenção a Tara, Jayla se deu conta de que esta tinha notado o silencioso intercâmbio de sorrisos entre o Storm e ela.

— Eu... isto... — começou a dizer Jayla incômoda que a tivesse pilhado olhando Storm.

Tara estendeu a mão por cima da mesa e tocou a de Jayla.

— Não tem que me dar explicações, Jayla. Estou casada com um Westmoreland. Entendo-o.

Jayla inspirou profundamente perguntando-se como poderia Tara compreender quando nem ela mesma compreendia seus sentimentos para Storm.

— Não é mais que pura química — optou por dizer finalmente.

Tara sorriu recordando sua própria reação quando viu Thorn Westmoreland pela primeira vez.

— Ocorre até nas melhores famílias, me acredite.

Jayla riu sentindo um repentino alívio e pensando que realmente gostava de muito de Tara Westmoreland.

— Vais ficar aqui o dia todo olhando essa mulher que está com a Tara? — perguntou Chase observando o irmão.

— Eu gosto de vê-la comer. Eu adoro como move a boca — respondeu Storm sorrindo para o irmão.

Chase olhou Jayla sem encontrar nada fascinante em sua forma de comer embora tivesse que admitir que era uma mulher muito bonita. Voltou sua atenção ao Storm.

— Quem é?

— A filha do Adam.

Chase olhou de novo para a mesa.

— Está me dizendo que é a filha de Adam Penetre?

— Sim.

— Vá. Não a tinha visto desde que estava no colégio. Seu pai a trazia aqui de vez em quando para jantar — disse Chase deixando escapar um assobio de apreciação. — Menino mudou muito. Era uma menina magrela, mas agora é uma mulher muito sexy. Eu diria que está em seu momento justo de maturidade.

Storm se virou e olhou seu irmão por cima do balcão barra, os punhos apertados dentro dos bolsos.

— Farei como que não escutei esse último comentário.

— Bem, homem. Não sabia que as coisas estavam assim com ela — disse Chase como desculpa.

— E como é assim? — quis saber Storm olhando seu irmão fixamente.

Chase sorriu amplamente. Storm estava acostumado a meter-se com os outros, mas não reconhecia quando alguém o fazia com ele.

— É óbvio que te interessa.

— Claro que me interessa - Storm encolheu os ombros. — Adam era uma pessoa muito querida para mim. Era como um pai para mim. Era...

— Não estamos falando de Adam, Storm, mas sim de sua filha. Admite-o. Está interessado nela como a mulher que é e não porque seja filha do Adam.

— Não vou admitir nada - disse Storm franzindo o cenho.

— Então por que está tão ciumento neste momento? — perguntou Chase rindo.

Storm piscou surpreso e olhou seu irmão como se estivesse louco.

— Ciumento? Essa palavra não está no meu vocabulário.

Chase estudou a expressão de seu irmão e soube que já o tinha pressionado o bastante por um dia, mas não pôde resistir a um último sarcasmo.

— Pois deve havê-la incluído ultimamente. Não só agora está em seu vocabulário, mas também deveria escrevê-la com maiúsculas. E eu que acreditava que andava estranho por causa do trabalho. Tal como eu o vejo, essa mulher atirou o anzol e está puxando a linha.

Storm inspirou profundamente, aprumou os ombros e olhou seu irmão com olhos frios como o gelo.

— Lamentará ter dito isso.

— E eu digo que você lamentará não ter se dado conta sozinho.

 

Jayla tirou os sapatos quando entrou em casa e fechou a porta. Inspirou com força. O almoço com Tara Westmoreland tinha ido muito bem e tinham fechado os detalhes do baile beneficente, mas conseguia pensar em Storm. Mais de uma vez seus olhares se cruzaram e, invariavelmente, ela havia sentido uma corrente de fogo por dentro. Storm tinha conseguido excitá-la apesar da distância entre eles fazendo fraquejar várias vezes sua concentração na conversação com Tara. E quando lhe serviu o prato, olhou suas mãos recordando quão hábeis eram seus dedos e como a tinham acariciado com singular perícia. Só tinha conseguido se concentrar quando Storm saiu do restaurante pouco depois de servir a comida.

A caminho do escritório, teve que lembrar-se várias vezes que não havia nada entre eles e que uma relação com ele não tinha sentido. Interessavam-lhes coisas diferentes na vida. Considerar uma relação estável entre os dois complicaria muito as coisas. O que tinham compartilhado em Nova Orleáns, um sexo fantástico, terminara.

Deixou a bolsa em cima da mesa que separava a cozinha da sala e ficou a separando as cartas. Sorriu ao ver que havia uma carta da clínica de fertilidade. Abriu-a e leu por cima o conteúdo. Informavam-na da entrevista para a verificação médica que tinha previsto para a semana seguinte e lhe davam informação sobre o procedimento de inseminação. Guardou a carta em uma gaveta sentindo-se realmente feliz. Ansiava que chegasse o dia em que o médico lhe dissesse que estava grávida. Embora Lisa não estivesse de acordo com ela, ao menos havia dito que a apoiaria. E tinha concordado em ser a madrinha de seu filho.

Em seu coração, Jayla acreditava que as coisas sairiam bem. Tinha uma boa amiga que estaria com ela todo o tempo, e tinha um bom trabalho. Como havia dito a Lisa, se a inseminação não saísse bem da primeira vez, tentaria até ficar grávida. Decidiu tomar um banho e relaxar um pouco antes de jantar. Depois, acomodou-se no sofá e apoiou os pés na mesa de centro disposta a desfrutar da leitura. Tentou não pensar na sensação de solidão que a invadiu de repente. Lisa saíra com o noivo Andrew nessa noite e não podia chamá-la para comversar.

Tentou não lembrar que há essa hora na semana anterior estava em Nova Orleáns com Storm. Tinham compartilhado momentos fantásticos na cama, mas isso não tinha sido tudo. Descobrira o lado divertido de Storm. Antes de Nova Orleáns sempre tinha pensado que era um homem muito sério. Não pôde evitar compará-lo com o último homem com o que tinha saído Erik Turner. Fora um tipo muito aborrecido e, além disso, tinha tentado levá-la para cama no primeiro encontro. Jayla se levantou e dirigiu-se ao quarto com o cenho franzido recordando o quanto se zangara naquela noite. Zangava-lhe ter tido grandes expectativas nos homens, por querer que a tratassem como a uma dama, com respeito, sem assumir que fossem conseguir algo, especialmente no primeiro encontro. Daquele fracasso, a gota que encheu o copo na realidade, ficou claro que não passaria por cima desses detalhes simplesmente por querer ter um relacionamento.

Por isso também tinha demorado tanto tempo em decidir perder a virgindade. Tinha ouvido muitas mulheres dizerem que se um homem se deitava contigo era porque te amava e nada estava mais distante. Ela certamente não tinha assumido tal coisa quando se deitou com Storm. Não esperavam nada um do outro. Comunicaram-se bem dentro e fora da cama. Suspirou enquanto se despia para meter-se no banho, mas por muito que tentasse não pensar, não podia deixar de rememorar a forma que Storm a tinha olhado no restaurante nessa mesma tarde.

 

Storm inspirou profundamente e levantou a mão para bater na porta, mas voltou a baixá-la enquanto se perguntava por enésima vez o que estava fazendo na porta da casa de Jayla. A resposta sempre era a mesma. Continuava desejando-a.

Tê-la visto no restaurante tinha feito mais mal que bem e o que Chase havia dito não melhorava as coisas. O comentário de que o tinha pescado era ridículo. Storm queria pensar que um homem não podia seguir tão tranqüilo depois de ter tido uma relação sexual como a que ele tinha tido com Jayla. Só por essa noite, romperia a regra de não voltar a ver uma mulher quando sua aventura tinha terminado, mas tinha que assegurar-se de que quão único o estava fazendo voltar para ela era o fabuloso sexo. Podia assumir uma forte atração física, mas não poderia dizer o mesmo de uma atração emocional. Inspirando de novo, levantou a mão e chamou. Esperava que aquilo não fosse um tremendo engano. Já ia chamar pela segunda vez quando escutou a voz do outro lado.

— Quem é?

— Sou eu, Jayla. Storm.

Enquanto esperava que a porta se abrisse, a expectativa crescia em seu interior. Quando por fim abriu, a visão o fez cambalear como se o tivesse golpeado um furacão. Tinha o cabelo solto sobre os ombros e o curto penhoar não cobria todas as partes de seu corpo que ainda estavam úmidas. Desejou fervorosamente abrir o penhoar e ver se usava algo debaixo.

— O que faz aqui, Storm?

Seu tom de voz de baixa intensidade, mas grande sensualidade nada fez a não ser aumentar o desejo que sentia por ela. Se continuava olhando-a, fariam amor ali mesmo.

— Storm?

Jayla não acreditaria se dissesse que passava por ali já que ela vivia na zona norte da cidade e ele no outro extremo. Acreditou que o melhor seria ser sincero.

— Depois de ver-te hoje me dei conta de algo — murmurou apoiado no batente da porta.

— O que?

— Que Nova Orleáns não foi suficiente. Continuo te desejando.

Ouviu-a inspirar profundamente e o som lhe recordou o tom de sua voz momentos antes de alcançar o orgasmo. E não era só sua memória o recordava. Seu corpo também o fazia. Queria aproximar-se dela e lhe demonstrar quão excitado estava.

— Posso entrar? — decidiu-se a perguntar ao ver que ela não dizia nada.

— Storm...

—Sei que não deveria ter vindo e estou tão confuso quanto você — se apressou a dizer. — Mas ver-te hoje me afetou, Jayla, de uma maneira desconhecida. Era como se meu corpo suportasse um peso muito grande e só você pudesse descarregá-lo. Desde que voltei de Nova Orleáns não deixei que pensar no sexo que compartilhamos e esta noite não podia suportar mais.

Suspirou profundamente. Já o havia dito embora fosse difícil admiti-lo. Era realmente patético, mas não podia fazer nada. Sentia Jayla Penetrar sob sua pele ao menos temporalmente. Uma noite mais com ela deveria acabar com aquela loucura. Observou-a enquanto tentava tomar uma decisão, mas a paciência nunca tinha sido seu forte.

— Então vai me deixar entrar?

O silêncio encheu o ar. Momentos depois, Jayla suspirou profundamente. Sua cabeça se debatia entre o que deveria fazer e o que queria fazer. Decidiu que o fariam uma vez mais. Não havia nada mau em ceder à tentação uma vez mais. Sabia que assim que lhe deixasse entrar, seria o final ou o princípio. Seu corpo começou a tremer e todo o controle sobre si mesmo diminuiu. Aquela noite o necessitava tanto como ele parecia necessitá-la. Era uma loucura.

— Sim — disse por fim, retrocedendo um passo. — Entra. — Storm entrou e fechou a porta com a chave. O som resultou muito alto no meio do incômodo silêncio que tinha caído sobre eles.

— Tem sede? — perguntou ela.

— Muita.

Jayla se dirigiu à cozinha e se surpreendeu quando Storm a alcançou e a abraçou.

— Tenho sede de ti.

Quando seus lábios se abriram pela surpresa, Storm introduziu a língua como se precisasse beber dela tanto quanto respirar. Seus lábios estavam ardendo e a língua lhe estava começando a fazer amor com uma paixão que a deixou sobressaltada. Incapaz de fazer nada, rodeou-lhe o pescoço com as mãos deixando-se arrasar pelo ardor dele, rompendo toda resistência.

Jayla separou de sua mente todo o bom julgamento e as dúvidas que pudessem ficar. Depois se ocuparia disso. Nesse momento, o mais importante era estar entre os braços de Storm. Tudo nele — seu aroma, sua força, sua virilidade — transpassou sua pele e até sua corrente sangüínea. Quando as bocas se separaram, deixou escapar um comprido suspiro. Olhou-o e foi como se a ansiedade reinante fizesse ranger o ar. Storm riscou com o dedo um caminho do centro de seu pescoço e descendeu lentamente abrindo o penhoar para revelar o que havia debaixo. Nada.

Jayla escutou que Storm prendia a respiração e a seguir empurrava o penhoar para que caísse por seus ombros.

— Faz uns momentos tinha sede de seus lábios, mas agora morro por isso — disse ao tempo em que a acariciava entre as pernas. — Quando te levar à cama, tenho intenção de fazer amor toda a noite.

— E eu espero que cumpra sua promessa, Storm Westmoreland —disse ela contendo a respiração.

 

                                                       Capítulo 8

— Por onde fica sua cama?

— Todo reto e logo à direita.

Storm não perdeu tempo em levá-la e a colocou no centro da cama, nua. Retrocedeu um passo para olhá-la. Permaneceu imóvel durante uns segundos, afligido por sua beleza. Ansiava fazer amor e fundir seu corpo com o dela. Amá-la.

Sentiu como se não ficasse ar nos pulmões e teve que usar toda sua força para não cair de bruços. A idéia de querer amá-la não tinha sentido. Ele só embarcava em relações superficiais e curtas. Não queria amarras. E de repente sentiu um peso no peito ao mesmo tempo em que uma força estranha acelerava o ritmo de seu coração. Algo estranho estava lhe ocorrendo. Depois o pensou melhor. Talvez não fosse nada estranho e só estivesse imaginando. Seguro que veria as coisas mais claras quando retornasse a casa mais tarde e no trabalho no dia seguinte. Ver-se rodeado pelos meninos do parque faria que voltasse tudo para a normalidade.

— Vais ficar aí toda a noite, Storm?

Storm piscou surpreso tentando esclarecer a mente e no mesmo instante ficou enfeitiçado pelo brilho brincalhão dos olhos de Jayla. Engoliu com dificuldade tentando recuperar o controle da situação, mas quão único conseguiu foi uma tremenda excitação.

— Não se posso evitá-lo — disse ele sentindo a repentina necessidade de estar com ela, de tocá-la, de saboreá-la, de fundir-se com seu corpo.

Nesse momento tirou a camiseta e começou a desabotoar o cinturão e os jeans, não sem antes tirar uma camisinha do pacote que levava no bolso traseiro. Depois de colocá-la olhou-a com um grande sorriso.

—E agora a cumprir minha promessa.

Só olhá-lo bastava para que seu coração bombeasse o sangue o dobro de velocidade. O pulso acelerou quando Storm deslizou junto a ela na cama. Movia-se com a graça de um leopardo, à espreita como um tigre, e mostrando o desejo por ela. Tinha um corpo perfeito. Não pôde evitar levantar os braços para acariciá-lo. Tremiam-lhe os dedos enquanto acariciava os cachos de seu peito e sorriu quando ouviu o ritmo acelerado de sua respiração. Ela também tinha a respiração agitada especialmente quando notou o membro ereto de Storm pressionando sobre sua coxa. Olhou então seus mamilos duros e sentiu a necessidade de saboreá-los. A tinha chupado muitas vezes, mas ela nunca o tinha feito. Inclinando-se, introduziu o botão rosado em sua boca e começou a jogar com ele, mas não era suficiente. Estendeu a mão e tomou o membro ereto e quente entre seus dedos e começou a acariciá-lo. Era a primeira vez que tentava agradar a um homem e, a julgar pelos sons que escapavam da garganta de Storm, não o estava fazendo tão mal. Quando ouviu que pronunciava seu nome entre gemidos levantou a cabeça sem deixar de acariciá-lo.

— Umm? — perguntou enquanto mordia o pescoço deixando sua marca nele.

— Não posso mais, Jayla — grunhiu Storm sentindo que estava a ponto de alcançar o clímax. Com um rápido movimento a deitou de costas ignorando o grito de surpresa. Mas Jayla não resistiu, e sim aproximou seu corpo ao dele, elevando os quadris e lhe rodeando o pescoço com os braços enquanto ele acomodava seu corpo ao dela.

— Tenho que te penetrar — disse completamente enfraquecido sustentando-a pela cintura, sujeitando-lhe o corpo com suas potentes coxas. Tomando os braços que rodeavam seu pescoço os sustentou pelos pulsos acima da cabeça. Depois a olhou nos olhos no momento que penetrava em seu corpo quente.

Storm deixou escapar um grito afogado. O prazer de estar dentro dela era quase insuportável. Jogou a cabeça para trás e rugiu como um animal deixando claro que sua necessidade dela era selvagem. E começou a mover-se, dentro, fora, esticando os músculos, adaptando a pélvis e os quadris.

A cama começou a tremer e até os cristais da janela pareciam estremecer como se uma grande tormenta a estivesse açoitando, mas a única tormenta estava tendo lugar entre os lençóis. Storm não se arredou quando Jayla lhe cravou as unhas na carne, mas sim gemeu quando sentiu debaixo ele o estremecimento dos músculos dela, aprisionando seu membro. Jayla estava aprendendo muito rápido como levá-lo até o topo de seu próprio prazer.

— Storm!

E enquanto ela gritava e estremecia de prazer infinito ele continuou movendo-se dentro e fora dela, fazendo-a sua. Dele.

A idéia o fez alcançar a ápice. Investiu com força, enterrando seu corpo dentro dela enquanto conseguia o orgasmo não uma, nem duas, nem sequer três vezes. As contínuas sensações que o embargavam eram muito para ele.

— Jayla!

E ali estava ela, elevando de novo os quadris para ele, abrindo-se a ele, movendo-se ao mesmo ritmo que ele, ascendendo juntos em uma corrente de prazer inexplicável.  

As primeiras luzes da alvorada começaram a filtrar pelas janelas fazendo jogos de sombras sobre os dois corpos nus. Jayla despertou lentamente e aspirou profundamente o aroma de Storm e os restos do sexo que flutuavam no ar. Fechou os olhos ao sentir que o pânico se apoderava dela. O que tinha feito? Bastou um olhar ao homem que dormia, com um sorriso nos lábios, para saber o que tinha feito. Embora a pergunta que realmente tinha que responder era por que. A reputação que precedia Storm era clara: nunca procurava à mesma mulher duas vezes. Quando uma relação terminava, era para sempre. Se a sua terminara, por que havia voltado? O que havia nela que sempre o fazia voltar para mais?

Jayla franziu o cenho. Embora a maioria das mulheres teriam ficado encantadas, para ela era uma distração em seus planos e não podia permitir. Se inteirasse de seus planos com a clínica de fertilidade, provavelmente tentaria fazê-la desistir, igual à Lisa. Mas a diferença desta, não compreenderia sua determinação, nem a apoiaria embora não estivesse de acordo.

Olhou-o perguntando-se por que importava tanto contar com seu apoio. Jayla estava bastante segura de que Storm não estaria de acordo com a idéia de que se deixasse inseminar artificialmente. Igual ao seu pai, Storm era muito tradicional. Embora ela tivesse que admitir que, ao menos na cama, suas maneiras tradicionais e cavalheirescas pareciam encantadoras. Ser um cavalheiro na cama não queria dizer que não se empenhasse no mais ardente sexo imaginável, mas sim que nunca a faria fazer coisas que a fizessem sentir incômoda e, é obvio, nunca daria nada por certo. A razão de que continuasse na sua cama de madrugada era que lhe tinha perguntado se lhe importava que ficasse dormindo ali. Quão único sim lhe importava eram as idéias que tinha Storm sobre a incompatibilidade da carreira profissional e maternidade. Era algo muito conservador para o mundo atual.

Levantou sem fazer ruído e o deixou descansar. O merecia. Aquele homem parecia inesgotável. Não tinha terminado um orgasmo quando já ia por outro e sempre conseguia levá-la com ele. Era como se seus orgasmos — tinha vários — provocassem os dela. Tinha lido sobre os orgasmos múltiplos e sempre tinham parecido impossível. Agora sabia que era possível. Sorriu ao pensar em quanto a estava estragando. Não saberia como reagir se outro homem lhe fizesse amor.

Seu sorriso se apagou lentamente ante a idéia de desfrutar de sexo com outro. Por muitos anos que passassem, sempre compararia a todos com Storm. Sacudiu a cabeça enquanto se dirigia à ducha. Estava-se afeiçoando cada vez mais.

 

Storm despertou lentamente com o ruído da água correndo e o aroma de jasmim. Sorriu e fechou os olhos deixando que sua mente se enchesse de imagens do que tinha ocorrido entre Jayla e ele na noite passada. Voltou a abrir os olhos ao dar-se conta de que continuava tão confuso quanto na noite anterior. Não sabia muito bem por que estava na cama de Jayla em vez de estar na sua. E então lembrou. Tinha querido estar com ela. Tinha estado disposto a dizer algo, inclusive suplicar, para compartilhar sua cama.

Olhou o relógio que havia sobre a mesinha. Era cedo, mas era hora de ir. Esperava-lhe um turno de vinte e quatro horas no corpo de bombeiros. Desfrutava muito com seu novo posto como chefe de bombeiros. Tinha significado muitas noites de estudo para passar nos exames de promoção interna. Tinha tido que renunciar a muitas coisas por isso, inclusive de mulheres e nem sequer então tinha parecido tão duro. Não recordava ter sentido falta da nenhuma durante essa época. Fechou de novo os olhos. Não parecia disposto a mover-se ainda; nem sequer sabia se queria fazê-lo. Mas a idéia de Jayla nua sob a ducha o excitou.

Suspirou profundamente e, de repente, os rasgos da anciã que lhe tinha lido a mão em Nova Orleáns apareceram na sua mente, lhe falando igual a então: «Sua vida vai dar um giro inesperado e embora o que mais deseje é tranqüilidade, vejo que se aproximam turbulências. Mantém os olhos abertos, seja paciente e deixa que o destino siga seu curso».

Abriu os olhos e se sentou na cama. Podia escutar a voz da anciã. Sacudiu a cabeça pensando que estava ficando louco de verdade. Virou-se ao ouvir que a porta se abria e viu Jayla que saía do banho envolta em uma toalha. O suave sorriso que adornava seu rosto fez com que se excitasse ainda mais. E por muito que pensasse que se tornou louco, não se lamentava de ter ido vê-la.

— Deveria ter me acordado. Teria me metido contigo na ducha — disse ele levantando-se e cruzando o quarto para ela.

Storm observou como os olhos da Jayla percorriam seu corpo nu do peito, passando pelo abdômen e parando justo abaixo. Notou que a ereção aumentava e viu o olhar de desejo nos olhos dela e suas faces ruborizadas.

— Você gosta de estar nu, né? — disse ela levantando a vista para seus olhos.

—Sim e também gosto que você esteja nua — disse ele com um sorriso.

— Acho que precisamos conversar — disse ela sacudindo a cabeça e rindo.

— Preferiria que fizéssemos outra coisa — respondeu sorrindo mais abertamente.

— Por desgraça temos que ir trabalhar esta manhã — ela esclareceu a garganta.

— Tinha que me lembrar disso? — disse ele tomando-a nos braços. — Janta comigo manhã de noite no Anthony'S.

— Jantar? — perguntou separando-se dele. Storm não retrocedeu. Baixou a cabeça e lhe lambeu o lóbulo da orelha. Não lhe tinha passado desapercebido o tom de surpresa na voz de Jayla. Ele também estava surpreso de havê-lo dito.

— Sim, jantar. Para falar — disse consciente do que Jayla queria falar. Queria saber por que não estava cumprindo o acordo que tinham feito em Nova Orleáns. Só esperava que quando á visse no dia seguinte tivesse as coisas mais claras.

— Storm não acredito que...

Storm lhe levantou o queixo com a ponta do dedo para que o olhasse aos olhos.

— Como disse, temos que falar, Jayla, e não podemos fazê-lo aqui nem na minha casa.

Jayla assentiu. Tinha que ser em um lugar onde não houvesse camas ao redor.

— De acordo.

Então Storm baixou a cabeça e a beijou. Seu sabor era como uma droga a que se tornou viciado. Era também um problema para o que tinha que procurar uma solução, mas no momento...

 

Era quase hora de comer e Jayla continuava pensando na noite que tinha passado com Storm. Olhou ao seu redor para assegurar-se de que ninguém se deu conta do rubor que cobria suas bochechas. Estava em uma sala com o vice-presidente de Indústrias Salas assim como os diretores de vendas e publicidade. Era o momento do ano em que se reuniam para preparar o relatório anual que a empresa distribuía entre os grupos de investimento e possíveis clientes dando prestando dos resultados das atividades e os êxitos da empresa durante o ano passado. Um dos lucros de Salas no ano anterior tinha sido sua relação com atos beneficentes. O projeto com Mundo Infantil era um exemplo.

Jayla estava trabalhando na empresa desde que terminou a faculdade e seu trabalho nela tinha sido o mais importante para ela além da relação com seu pai. Depois da morte deste, o trabalho se converteu em sua prioridade o que em determinado momento a tinha levado a tomar a decisão de ter um filho. Precisava ter uma vida fora do trabalho e alguém com quem compartilhar seu tempo. Sorriu ao pensar que só ficavam oito dias para submeter-se ao exame médico, o primeiro passo para cumprir seu sonho.

Observou a mesa de conferências e viu Lisa que a olhava surpresa. Levantou uma sobrancelha e Lisa lhe respondeu com o mesmo gesto. Jayla não pôde evitar sorrir. Era evidente que Lisa tinha notado que se ruborizou antes.

Quando a reunião terminou, Lisa a segurou antes de sair da sala.

— Temos que conversar.

— Sobre o que? —perguntou Jayla fazendo-se de tola.

— Do fato de que te tenha passado metade da reunião pensando na morte da bezerra. Menos mal que o senhor McCray não se deu conta.

Jayla ficou séria rapidamente. Uma coisa era ter pensamentos eróticos, outra muito diferente era os ter diante de seus colegas.

— Sinto muito.

— Não te desculpe. Não me pensaria duas vezes em trocar de lugar. Estivesse com Storm Westmoreland, certo?

— O que te faz pensar isso? — perguntou Jayla com curiosidade.

— Ou o viu ou estiva lembrando momentos muito tórridos. Mas eu diria que esses momentos tiveram lugar faz menos de vinte e quatro horas.

Jayla suspirou enquanto fechava a porta para falar com Lisa totalmente em particular. Apoiou-se na mesa e Lisa fez o mesmo.

— Storm apareceu na minha casa ontem à noite.

— É um começo. Tinha ouvido que quando as relações terminavam, Storm Westmoreland nunca olhava para trás. As incursões em busca ao passado não são seu estilo.

Jayla franziu o cenho e Lisa levantou uma mão a modo de desculpa.

— Sinto muito. Só era uma observação.

Jayla exalou profundamente. Aquela era uma observação que não necessitava.

— Quer que nos entremos amanhã de noite para jantar. No Anthony'S.

— Um lugar muito elegante — disse Lisa sorrindo. — Qual é o problema?

Jayla devolveu o sorriso. Lisa era muito boa algumas vezes.

— O problema é o que disse antes. Storm não é um homem que volte às mulheres do seu passado. Eu sabia quando estávamos em Nova Orleáns e ele também sabia. Ficou claro que quando retornássemos a Atlanta não haveria razão para ir em busca um do outro.

— E parece que ele está fazendo-o contigo? — disse Lisa.

— Sim, e não posso permitir que continue. — Lisa se levantou e a olhou mais de perto.

— E posso perguntar por quê?

Jayla passou a mão pelo cabelo e suspirou com um gesto frustrado.

— Porque não é o momento adequado. Minha vida vai sofrer mudanças importantes, Lisa, pelo amor de Deus. Tenho marcada a consulta para fazer o reconhecimento médico dentro de oito dias e depois começará o processo de inseminação. Quão último preciso é que Storm resolva que sou uma novidade para ele.

— Escuta, Jayla, não te subestime. Pode que haja outra razão para que Storm Westmoreland ache que é interessante. Pode que goste de verdade. Pode que o tenha deixado enfeitiçado.

O comentário de Lisa fez que Jayla engolisse em seco. Pensou na possibilidade durante dois segundos, mas ao cabo sacudiu a cabeça.

— Impossível. Até no improvável caso de que isso fosse certo, Storm e eu não poderíamos nunca nos envolver a sério.

— Por quê? — perguntou a amiga levantando uma sobrancelha.

— Parece-se muito com meu pai — disse Jayla franzindo o cenho. — Teria-me muito controlada. De fato acredita que uma mulher deveria ficar em casa quando tiver filhos. Suponho que sua mulher ideal é uma para manter e deixar grávida.

— Pois não me importaria que me mantivesse e me deixasse grávida — disse Lisa sorrindo.

— Pois a mim sim. Já planejei o que quero fazer com minha vida, obrigado. Vou ter um filho sem as complicações de um homem. Quão último preciso é ter a alguém que me diga o que tenho que fazer e estou segura de que Storm o faria.

— Sim, mas é tão sexy — disse Lisa aumentando o sorriso.

— Mas eu não posso ver o sexy que é se quer me controlar todo o tempo — disse Jayla olhando o teto.

— Está claro que ontem à noite não teve problemas a julgar pela forma em que te ruborizava faz um momento. Mas se for assim como se sente, deveria dizer-lhe Não teria que te resultar muito difícil dizer-lhe se não esta interessada em continuar com ele.

Jayla assentiu. Sim, o diria no dia seguinte no jantar.

 

Storm entrou na floricultura do Coleman e olhou à mulher que havia atrás do mostrador. Luanne Coleman era considerada uma das mulheres mais fofoqueiros do bairro mas adorava fazer negócios com ela. Além disso, nenhuma das mulheres às que tinha enviado flores vivia no College Park, a zona de Atlanta em que ele e a maioria de sua família viviam e onde o xerife era seu irmão Der.

— Bom dia, Luanne.

A mulher levantou a vista do pequeno televisor e o olhou. Estava vendo alguma telenovela.

— Olá, Storm. O de sempre?

Sorriu. Normalmente, Luanne enviava um ramo primaveril de flores variadas.

— Não, quero algo um pouco diferente desta vez.

Sabia que isso chamaria a atenção da mulher. Luanne Coleman o olhou comprida e longamente. Finalmente, levantou uma sobrancelha com gesto de curiosidade.

— Algo diferente?

— Sim.

— Está bem. E o que pensaste?

— Que flores duram mais?

— Tenho diversas plantas que ficam muito bem para dar de presente.

Storm assentiu. Não recordava ter visto nenhuma planta na casa de Jayla e pensou que seria perfeito, especialmente seu dormitório para que pudesse vê-la e recordar.

— Bem. Quero que escolha a maior e mais bonita que tenha e esta é a direção a que quero que a envie — disse ele lhe entregando uma parte de papel.

A mulher olhou o papel e logo sorriu.

— Quanto quer gastar?

— Não me importa o dinheiro — disse ele com um grande sorriso. — Coloca na minha conta e te assegure de que a entregue esta tarde.

A mulher assentiu e sorriu.

— Deve ser uma mulher muito especial.

Storm suspirou. Sim. Luanne acabava de pôr voz ao que ele tinha estado pensando todo o dia assim não pôde fazer mais que sorrir e assentir.

— É.

 

Jayla piscou surpreendida ante o homem que segurava diante dela uma enorme planta, quase tão grande como ela.

— Seguro que não se equivocou de direção?

— Seguro — disse o homem olhando-a da frondosidade da planta. — É para você.

Jayla assentiu enquanto retrocedia para deixar passar o homem perguntando-se quem lhe enviaria aquela palmeira. Quando o homem a deixou no chão, virou-se disposto a partir.

— Espere, vou lhe dar...

— Não se preocupe com a gorjeta. Já se ocuparam que isso — disse o homem e partiu.

Jayla se apressou a abrir o cartão que acompanhava à planta.

Para que me recorde sempre que a olhe. Storm

Jayla sentiu que o coração lhe dava um tombo. Piscou rapidamente e se deixou cair no sofá. Storm lhe tinha enviado uma formosa planta, grande, lustrosa e pela primeira vez em muito tempo, não soube o que dizer.

 

                                                          Capitulo 9

— Obrigado pela planta, Storm. É muito bonita...

— De nada. Alegro-me de que te tenha gostado.

— E obrigado por me trazer aqui esta noite. É um lugar precioso.

— De nada outra vez.

Jayla olhou a seu redor. Anthony's era um conhecido restaurante famoso por seu esplêndido serviço e a deliciosa comida. Estar ali recordava a Nova Orleáns e se perguntou se seria essa a razão pela que Storm o tinha escolhido. Olhou Storm e seus olhares se cruzaram. Tinha estado olhando para ela, algo que fazia com toda calma. Tinha ido buscá-la as sete e como ela já estava pronta o tinha convidado a entrar enquanto ia procurar a bolsa e um xale. Ou isso era o que ela tinha pretendido. Mas Storm a tinha tomado nos braços assim que entrou, e lhe tinha dado um beijo de saudação. Por muito que ela desejasse o contrário, era evidente que havia algo entre eles, algo que não terminou ao voltar de Nova Orleáns.

Olhou-o com interesse e, embora soubesse que tinha que contar o motivo pelo que estava ali, não estava preparada para fazê-lo. Tudo estava sendo muito perfeito para falar de coisas desagradáveis.

— Que tal vai o trabalho? — perguntou então tomando um sorvo de vinho.

Em Nova Orleáns lhe havia dito que tinha subido a chefe de bombeiros, mas não tinha entrado em detalhes. Como seu pai tinha sido chefe de bombeiros muito tempo, sabia os postos pelos que tinham que passar. Também sabia que os bombeiros agora tinham que receber uma maior formação sobre estruturas mais elaboradas e para utilizar equipamentos cada vez mais sofisticadas que se usavam nos muito diversos tipos de incêndios. A seus olhos, todos os bombeiros eram heróis, mas sabia que um chefe tinha que demonstrar, além disso, dotes de líder. Tinha que saber estabelecer e manter uma disciplina e eficácia, assim como dirigir as atividades dos bombeiros a seu cargo.

— Bem. Que tal em Indústrias Salas? — perguntou ele tirando-a de seus pensamentos.

— Genial. Além de trabalhar com a Tara para o baile beneficente por Mundo Infantil, estou trabalhando em um projeto com uma agência que se ocupa do meio ambiente.

— E como vai esse outro projeto teu que te emocionava tanto?

Jayla engoliu com dificuldade. Sabia a que se referia. Mordeu o lábio inferior, várias vezes antes de responder.

— Ainda não começou.

Decidiu que era o momento de discutir o motivo pelo que estavam ali. Já tinha evitado o tema bastante tempo. Olhou Storm e uma corrente de desejo se apoderou dela ao ver o desejo neles. Menos mal que estavam em um lugar público. Sentiu que um calor a invadia, que todo seu corpo ardia. Tratou de ignorar a tortura que estava sofrendo e o olhou até que finalmente foi capaz de falar com um fio de voz.

— Disse-me que me daria uma explicação esta noite, Storm.

Storm seguia lhe sustentando o olhar. O único problema era que seguia sem uma resposta. Do único que estava seguro era de que queria continuar encontrando Jayla. Desfrutava com sua companhia, saindo a fazer coisas juntos, rindo juntos, como tinham feito em Nova Orleáns. Por alguma razão, combinava com ela e não podia evitá-lo.

— Storm?

Piscou rapidamente e se deu conta de que, enquanto tinha estado pensando, ficou olhando-a como um louco.

— Jayla, há alguma possibilidade de que saiamos juntos?

A julgar pelo olhar de Jayla a pergunta a tinha pego de surpresa.

— Por quê? — perguntou olhando-o como se a pergunta carecesse de toda lógica.

— Eu gosto.

Jayla piscou surpreendida e lhe dedicou um sorriso que o tomou despreparado.

— Storm, você gosta de todas as mulheres. Sua reputação o diz tudo.

Storm não queria ouvi-la dizer essas coisas. Não estavam falando das outras mulheres. Estavam falando dela. Para ele, ela pertencia a uma categoria diferente do resto das mulheres com as quais tinha saído. Para ele, nenhuma podia comparar-se. Viu como se inclinava por cima da mesa e o olhava com curiosidade.

— É por causa da minha virgindade, verdade?

Storm ficou sem palavras. Piscou surpreso sem compreender o que acabava de lhe perguntar. Demorou uns segundos em fazê-lo e, então, franziu o cenho.

— O que te faz pensar algo assim?

Jayla se reclinou sobre sua cadeira e encolheu os ombros.

— O que mais poderia ser? Fui a primeira virgem com quem se deitou. Você mesmo o disse. Sou uma novidade para ti — e tomando a taça de vinho deu um pequeno sorvo e sorriu. — Acredite, superará.

— Diga uma coisa — disse Storm franzindo ainda mais o cenho. — Quando pensaste isso?

—O que? O da novidade ou o de que o superará? — perguntou com um grande sorriso.

— O de que é uma novidade para mim.

Umedeceu os lábios e Storm sentiu que ficava sem respiração.

— Na noite em que te apresentou na minha casa. Que fosse me buscar era algo muito incomum em ti e pensei que tinha que haver um motivo já que basicamente qualquer mulher pode agradar a um homem na cama. Então me dei conta de por que era diferente.

Storm inspirou profundamente. Alegrava-se de estar sentado no fundo do salão em uma zona em que estavam virtualmente a sós. Não gostaria que ninguém pudesse escutar sua conversação.

Sacudiu a cabeça lentamente. Tudo o que havia dito Jayla lhe parecia lógico, exceto por uma coisa: era uma lástima que estivesse tão longe de ser certo.

— Para começar, e contra o que possa pensar, Jayla, qualquer mulher não pode agradar a um homem na cama. Quando fazem amor, a maioria dos homens e as mulheres experimentam diversos graus de prazer. Em uma escala de um a cinco, a maioria dos homens experimentam um três. Em algumas situações, podem chegar ao quatro, e só se forem muito afortunados ao cinco.

— E como diria que foi sua pontuação comigo? — perguntou Jayla levantando uma sobrancelha.

Storm sorriu amplamente. Sabia que sua curiosidade natural a faria perguntar. De fato, esperava que o fizesse.

— Um dez.

— Um dez? — repetiu sorrindo.

— OH, sim. Um dez — concordou rindo.

— Mas como é isso possível se a pontuação só chega a cinco?

Storm estendeu a mão por cima da mesa e tomou a dela.

— Porque você, Jayla Penetre, está fora de toda tabela de pontuação — disse ele observando como seu sorriso se ampliava, deliciada. — E não tem nada que ver com que fosse virgem a não ser com o fato de que é uma mulher muito apaixonada — Storm inclinou e beijou o lábio inferior. — Também tem muito que ver com que os dois estejam bem juntos. Conectamos. Quando fazemos amor, sinto uma conexão contigo que nunca tinha sentido com nenhuma outra mulher — acrescentou mas, não disse que quando faziam amor sentia que pareciam um ao outro.

— Isso é muito profundo, Storm — disse ela olhando-o seriamente.

— Sim, muito profundo — disse ele deixando escapar um suspiro—, e é a razão pela que digo que eu gostaria que seguíssemos nos vendo.

Jayla inspirou. Também gostaria, mas sabia que não era o mais adequado. Em menos de um mês a inseminariam e ficaria grávida. Quão último queria era começar a sair com alguém, especialmente Storm, por muito tentadora que fosse a idéia.

— Jayla?

— Não acredito que seja uma boa idéia, Storm. Esse novo projeto no que me vou embarcar me ocupará muito tempo e não poderia começar uma relação.

Ele pensou em suas palavras. Sentia muita curiosidade pelo projeto. Tinha-lhe perguntado por isso em Nova Orleáns, mas ela desconversou. O único que lhe ocorria pensar era que tivesse algo que ver com seu trabalho. Um projeto confidencial.

— E eu não poderia te ajudar?

— Não.

A resposta foi rápida, definitiva.

— Quando começará?

Jayla encolheu os ombros. Faria o reconhecimento médico na próxima sexta-feira e provavelmente começariam com o processo em três semanas.

— Aproximadamente dentro de um mês.

— Há algum motivo para que não sigamos nos vendo até então? — perguntou ele olhando-a nos olhos. Lentamente, levou a mão de Jayla aos lábios e a beijou.

Jayla engoliu com dificuldade e soube o que deveria dizer. Deveria dizer que sim, que havia muitos motivos pelos que não podiam continuar vendo-se, mas por alguma razão não foi capaz de dizer nada. O que Storm havia dito antes estava certo. Estavam bem juntos, conectavam e, no mais profundo dela, sabia que queria passar esse tempo com ele. Depois, ao menos teria a lembrança.

— Não, não há nenhum motivo — disse finalmente. — Mas terá que me prometer algo, Storm.

Storm lhe beijou a mão outra vez antes de perguntar.

— O que?

— Quando eu diga que terminou, será assim. Não virá para ver-me nem me chamará.

— Não posso me comprometer a isso, Jayla. Prometi a seu pai que passaria a verte de vez em quando. E...

— Não estou falando disso, Storm. Refiro-me a que venha para ver-me com a intenção de voltar comigo. Tem que me prometer que quando te disser que se terminou, terminou. Sem perguntas.

Storm a olhou profunda e longamente enquanto uma multidão de sentimentos giravam na sua cabeça. Não compreendia o que estava passando, mas sabia que as coisas nunca terminariam entre eles, com ou sem aquele projeto. Se ocuparia disso.

—Está bem — disse finalmente— Farei o que você me diz.

 

—Está no jogo ou não, Storm?

Storm olhou Thorn e franziu o cenho.

— Sim.

— Bom, pois então te concentre. Está sonhando acordado outra vez.

— Vale, como você queira — disse ele franzindo o cenho e olhando o resto de seus irmãos que o olhavam com uma careta divertida nos rostos. — O que é tão divertido?

Foi Der, o irmão mais velho, quem falou.

—Dizem as más línguas que uma misteriosa mulher chamou sua atenção. Detive o outro dia ao velho senhor Johnson por furar um sinal e me contou que te ficaste tão prendado de uma garota que não dá pé com bola.

Quando Storm entreabriu os olhos para olhar a seu irmão. Der levantou a mão.

— Essas foram às palavras do velho Johnson.

— E eu ouvi que está gastando tanto dinheiro em flores que a senhora Coleman da floricultura pôde pôr um balanço novo no alpendre as suas custas — disse Chase rindo.

— E eu ouvi — disse Stone com um grande sorriso — que o viram por toda Atlanta com ela e que é uma beleza. É estranho que ainda não a tenhamos conhecido.

— O que foi que sua política de amar e deixar, Storm? — perguntou Thorn. Storm se reclinou sobre a cadeira pensando que a pergunta de Thorn era boa, mas não tinha intenção de responder.

— Eu sim a vi — disse Chase com um sorriso. — Veio ao restaurante noutro dia com Tara.

— Tara? —perguntou Thorn levantando uma sobrancelha. — Tara a conhece?

— Isso parece porque estavam almoçando juntas. Entretanto, não sei se Tara sabe que Storm está louco por ela — disse Chase.

— Me perdoem, meninos — interrompeu Storm — prefeririam que não falassem de mim como se eu não estivesse aqui.

— Está bem, então falaremos como se estivesse aqui — riu Stone e olhou a seguir ao Chase. — É tão bonita como dizem?

— Sim. É a filha do Adam bem crescida — disse Chase.

— Adam? — perguntou Thorn franzindo o cenho. — Adam Penetre, o chefe de Storm que morreu faz uns meses?

— Sim.

— Está saindo com a filha de Adam Penetre? — perguntou Stone olhando seu irmão com curiosidade.

— Vale. Acabou-se. Já não jogo — disse Storm levantando-se e atirando as cartas sobre a mesa.

Der olhou seu irmão mais novo. Como era o mais velho, algumas vezes tinha que ser ele quem pusesse paz entre outros e, às vezes, ordem.

— Sente-se, Storm, está fazendo uma montanha de um grão. E para ser sincero contigo, não estiveste jogando desde que chegou. Não estiveste concentrado toda a noite — disse Darei levantando uma sobrancelha a seguir. — O que tem de mau em que queiramos saber quem é a mulher com quem sai? Não acha que temos direito a ter curiosidade, ao menos?

Storm inspirou profundamente e olhou seus irmãos.

— Eu não gosto que falem dela como se parecesse com as outras mulheres com que saí.

— Se não for como as outras mulheres tem que ser você quem nos diga — disse Der. — Não há nada mau em que nos diga que é especial, em vez de guardar em segredo — acrescentou em voz baixa.

Storm se sentou e olhou seus irmãos. Todos o estavam olhando, espectadores. Inspirou de novo profundamente.

— Chama-se Jayla Penetre e, sim, é a filha de Adam Penetre, e saímos juntos. Estamos levando com calma, e sim, ela é especial. Muito especial.

— Quando a conheceremos? — perguntou Stone sorrindo.

— Apresentarei no dia do baile beneficente por Mundo Infantil — disse Storm reclinando-se sobre a cadeira. — Sua empresa é um dos patrocinadores e ela se está ocupando de tudo em colaboração direta com Tara.

— Todos estão desejando conhecê-la — disse Der assentindo e sorrindo depois de olhar ao resto de seus irmãos. — E agora joguemos às cartas.

 

Jayla se sentou no sofá e olhou ao redor do salão pensando que na semana anterior se converteu no cenário de um romântico encontro. Storm lhe tinha enviado flores todos os dias e a tinha convidado para jantar freqüentemente. No sábado de noite, tinham ido a um espetáculo de laser no Stone Mountain e no domingo ao cinema. Na segunda-feira não se viram porque Storm tinha tido turno no parque, mas na terça-feira de noite apareceu na sua casa com comida chinesa. Tinham jantado na cozinha enquanto lhe contava o dia que tinha tido no trabalho e como foram os últimos preparativos para o baile.

Também tinham falado dele. Storm lhe tinha contado que tinha sido eleito para representar o programa de prevenção de incêndios que se levaria a cabo durante todo o ano próximo na cidade e estava entusiasmado com isso.

Olhou então a carta que tinha na mão, a mesma carta que chegara na semana anterior, da clínica de fertilidade lhe recordando que tinha entrevista para o reconhecimento médico que teria lugar no dia seguinte. Enquanto a lia reafirmou seu desejo de passar pelo processo. Deu um salto quando ouviu o telefone. Pensou que talvez fosse Storm e deixando a carta sobre a mesa se aproximou do aparelho. Tinha-a chamado antes para lhe dizer que ia jogar cartas com seus irmãos até tarde e que há veria o dia seguinte.

— Diga — respondeu ela levantando o telefone.

— Sou Lisa. Como está?

Jayla sorriu. Lisa tinha estado fora da cidade quase toda a semana a negócios.

— Bem. Que tal sua viagem?

— Estupenda. Eu adoro Chicago. Já sabe.

Sim. Sabia. Lisa adorava ir às compras e Chicago era sua cidade favorita para isso.

— Então segue em pé sua idéia de fazer o reconhecimento amanhã?

A pergunta silenciou os pensamentos de Jayla. Franziu o cenho.

— Claro. Por que não teria que fazê-lo?

— Porque pelo que me disse cada vez que te chamei esta semana, a relação com Storm vai vento em popa.

— E? — perguntou encolhendo os ombros. — O nosso relacionamento não vai durar muito. Eu sei e ele também.

— Mas não tem por que ser assim, Jayla. Acredito que as coisas poderiam durar se desse uma oportunidade.

Jayla olhou o teto com resignação.

— Acredite, Lisa não o fará. O que há entre mim e Storm é totalmente físico. Eu gosto de estar com ele e ele de estar comigo. Por que teria que ser de outro modo?

Ambas guardaram silêncio uns momentos. Foi Lisa que o rompeu finalmente.

— Do que tem medo, Jayla?

Jayla estremeceu.

— Não tenho medo de nada.

— Pois eu acredito que sim. Storm Westmoreland é tudo o que uma mulher desejaria e você tem sorte de ser a mulher que ele gosta. Por que quer deixar passar essa maravilhosa oportunidade?

Jayla fechou os olhos. Nunca poderia ser a mulher que Storm queria. Além disso, ele tampouco era o que ela queria. Nesse momento, nenhum o era. O que ela queria era um bebê e não uma complicada relação. Fazia tempo que tinha deixado de procurar o homem perfeito. A rotina de um matrimônio, com filhos era um conto de fadas que, talvez, ela nunca encontrasse. Seu relógio biológico pressionava e ela tinha que tomar a decisão de formar uma família.

Voltou-se ao ouvir que batiam na porta.

— Lisa tenho que desligar. Batem na porta. Falarei contigo mais tarde. Adeus.

Eram mais de doze da noite. A única razão pela que ainda estava em pé era porque tinha tirado a manhã do dia seguinte livre para ir fazer o reconhecimento e isso não seria antes das nove da manhã.

Sabia que há essas horas só podia ser Storm. Isso explicava por que o coração lhe estava pulsando a um ritmo frenético. Tratou de não pensar nas palavras da Lisa.

— Quem é?

— Storm.

Abriu a porta e ali estava olhando-a com a habitual intensidade que indicava o desejo que sentia por ela.

— Olá — cumprimentou com um sorriso nos lábios. Devolveu-lhe o sorriso e imediatamente Jayla sentiu que seu corpo se esquentava.

— Olá. A partida terminou logo e não tinha vontade de ir para casa.

— Seriamente?

— Tinha que te ver Jayla.

— Vale. Já me viu. E agora o que? — disse ela com um brilho brincalhão nos olhos.

Storm avançou uns passos para ela, e ela retrocedeu para lhe deixar entrar. Quando entrou, fechou a porta e girou a chave. Aproximou-se dela, pousou as mãos sobre seus ombros e a atraiu para si, as bocas a poucos centímetros de distância.

— Agora isto — disse ele a meia voz.

E a beijou.

No momento em que suas bocas se roçaram, Storm sentiu que o sangue voava por suas veias. O aroma que desprendia Jayla, seu sabor o tomava e só podia pensar em devorar aquela boca, lhe fazer amor. De repente, um sentimento que nunca antes havia sentido, aflorou em seu interior. Derrotado por sua força, finalmente o reconheceu. Amor. Amava a Jayla.

Storm afastou-se e a olhou durante um segundo antes de beijá-la de novo. Começou a acariciá-la e a despi-la, e só interrompeu o beijo para despir-se. Então a tomou nos braços e a levou ao quarto.

O que teria sido singelo para qualquer um descobrir, era muito duro para um solteiro contumaz como ele. A razão pela qual queria uma relação com Jayla não tinha nada que ver com o sexo e sim com sentimentos que não tinha podido reconhecer até essa noite.

Estava apaixonado por Jayla Penetre. Essa mulher lhe tinha roubado o coração.

 

                                                       Capítulo 10

Apoiado sobre os cotovelos por cima de Jayla, Storm a olhou e sorriu. Sempre estava muito formosa depois de experimentar um orgasmo. Que mais podia pedir um homem que estar aí para experimentá-los com ela? Suspirou profundamente. Agora que sabia que a amava tinha que encontrar a maneira de fazer com que ela também o amasse. Primeiro teria que conseguir que confiasse nele e depois lhe fazer compreender que ele era o homem perfeito para ela e que sua relação seria duradoura e terminaria em casamento. Um sorriso se apoderou de seus lábios. Sim, queria que Jayla fosse sua esposa.

— Do que ri?

Storm a olhou. Um delicioso rubor tingia suas bochechas. Inclinou-se e depositou um suave beijo em seus lábios.

— Depois do que compartilhamos, como pode me fazer essa pergunta?

Como sempre, o sexo tinha sido perfeito. Tinham chegado juntos ao clímax enquanto um fogo os abrasava. Um fogo que ele não tinha querido apagar e sim incentivar mais e mais até fazê-lo arder.

Quando a tinha penetrado, Jayla estava louca de desejo, suplicando que lhe fizesse amor. Tinha cravado às unhas nas suas costas e mordiscara os ombros e quando finalmente tinham alcançado o orgasmo, ela gritou seu nome enquanto ele não deixava de mover-se até levá-la ao topo do prazer.

Amava-a. Storm saboreou o significado do novo sentimento. Inclinou-se sobre ela e murmurou seu nome.

— Importa-te que fique?

— Ficaria decepcionada se não o fizesse — disse ela com um sorriso.

—Nesse caso — riu ele —, ficarei — disse lhe dando um beijo nos lábios, ansioso por saboreá-la de novo. Momentos depois, recuou para admirá-la melhor. Sentiu uma quebra de onda de calor na entre perna. Se não saísse da cama, começaria a fazer amor de novo e Jayla tinha que descansar.

— Apagarei as luzes — sussurrou ele.

— Certo, mas volte logo.

Storm sorriu. Saiu da cama e vestiu os jeans. E pensar que tinha suposto que precisava descansar. Olhou a planta colocada no lugar da habitação, onde ele tinha querido para que pensasse nele cada vez que a visse. Pensou no sexy sorriso de Jayla enquanto lhe dizia que tivesse pressa em voltar. Quando chegou a sala, inclinou-se para apagar o abajur que havia junto ao sofá e reparou na carta que havia sobre a mesa de centro. Era uma carta de uma clínica de fertilidade. Sem pensar que não tinha direito algum a lê-la, tomou e a leu. Segundos depois, derrubou-se sobre o sofá sem poder acreditar no que acabava de ler. Estava consternado. Confuso. Jayla tinha procurado os serviços de uma clínica de fertilidade para que a inseminassem artificialmente com o esperma de um estranho. Mas por quê?

Voltou a ler a carta pensando que devia ter entendido mal, mas não. Tinha entrevista para o reconhecimento médico ao dia seguinte, e quando determinassem o momento mais fértil, começaria o processo.

— Supunha-se que mandei ter pressa.

Storm se levantou ao ver Jayla sair da habitação. Quando esta viu a carta em suas mãos, apressou-se a aproximar-se dele e a arrancou.

— Não tem direito a ler isso, Storm.

 Storm a olhava enquanto todos seus músculos vibravam. A confusão estava dando passo à raiva.

— Então por que não me conta isso?

— É pessoal e não te incumbe — disse ela olhando-o.

— Que não me incumbe? Equivoca-te. Se incumbir a ti então a mim também. Está considerando a possibilidade de que a inseminem com o esperma de outro homem?

Jayla se ergueu. Sua raiva rivalizava com a dele. Por suas palavras parecia que seu plano era algo asqueroso e degradante.

— Não estou considerando a possibilidade, vou fazer. Faz meses que tomei a decisão.

A resposta de Jayla o pegou de surpresa e passou as mãos pelo rosto como querendo apagar a raiva. Quando voltou a olhá-la, Jayla estava frente a ele, com as mãos apoiadas nos quadris, olhando-o fixamente. De repente, compreendeu.

— Espera um momento. É esse o projeto com o que estava tão entusiasmada?

— Sim.

Storm sacudiu a cabeça sem poder acreditar no que estava ocorrendo.

— Compreendo que se tenha que ir a esses centros em determinadas situações, mas não que você o faça. Por que, Jayla?

— Porque quero ter um filho! — respondeu e seus olhos jogavam faíscas. — Ter um filho é o que mais desejo no mundo.

Storm ficou paralisado. Ela tinha mencionado algumas vezes que queria ter filhos, mas nunca lhe tinha dado a impressão de que estivesse obcecada para ter um já.

— Tanto quer ter um filho que consideraste a possibilidade de ter o de um homem a quem nem sequer conhece?

— Sim. De fato, prefiro que seja assim. Quero um filho e não a seu pai. Não quero um homem que me controle.

— Como que te controle?

— Dizendo como viver minha vida, me obrigando a escolher entre minha carreira profissional e minha família.

Storm reconheceu a acusação e se sentiu culpado.

— E o que tem de mau que um homem queira responsabilizar-se por sua mulher para que ela não tenha que trabalhar fora de casa?

— Para algumas mulheres, nada, mas eu prefiro cuidar de mim mesma sozinha. Não quero depender de ninguém.

Storm franziu o cenho e cruzou os braços.

— Então está disposta a negar a essa criança a oportunidade de ter um pai por puro egoísmo?

— Se isso significa deixar de perder o tempo procurando um homem ideal que não existe, sim.

Storm tentou controlar sua ira. Por que não era capaz de ver que ele era esse homem? Sacudiu a cabeça lentamente antes de voltar a falar.

— Se quiser um filho, eu te darei um filho.

— O que?

— Ouviu. Está muito equivocada se acredita que vou deixar que a mulher que amo tenha um filho de outro homem.

— A mulher que amas? — disse ela sem sair de seu assombro.

O silêncio invadiu a estadia e Storm soube que tinha chegado o momento de lhe confessar até onde chegavam seus sentimentos por ela. Cruzou a habitação e se aproximou dela. Levantou-lhe o queixo com o dedo para que o olhasse aos olhos.

— Sim, Jayla. Amo-te e se quer ter um filho, casaremos e teremos um.

Jayla o olhou como se não pudesse acreditar no que Storm acabava de lhe sugerir. Finalmente, retrocedeu.

— As coisas não funcionariam Storm. O que você quer de uma esposa eu não estou disposta a te dar.

— Mas eu te amo. O que me diz disso?

— Acredito que você gosta de deitar comigo, mas me parece difícil acreditar que me ame de verdade, Storm — disse ela encolhendo os ombros.

Suspirou fundo ao ver que Storm não dizia nada embora continuasse olhando-a fixamente.

— Concordamos que as coisas terminariam quando eu o dissesse — continuou Jayla rompendo o silêncio. — Bom, pois chegou o momento. Continuar nos vendo só complicaria as coisas.

— Complicar as coisas! — disse ele levantando a voz. — Te digo a quero, que quero me casar contigo e te dar o filho que tanto anseias, e você me diz que não acredita no que digo e que prefere seguir com sua vida. E o cúmulo vai seguir com esse plano louco de inseminação artificial para ter um filho de um homem que não só não te ama, mas também você nem sequer conhece?

— Não tenho que te dar explicações, Storm. Acredito que será melhor que vá.

Storm a olhou um momento e depois se dirigiu à habitação. Pouco depois, já vestido, voltou para a sala.

— Espero que um dia tire a venda. Talvez então possa reconhecer quando o homem ideal passa diante de ti — e dizendo isto, partiu.

Quando Storm saiu, Jayla tratou de convencer-se de que estava contente de que tivessem terminado. Quão último precisava era um homem que tentasse controlá-la. Depois de apagar as luzes, voltou para o quarto e se meteu na cama tentando não fazer caso do aroma de Storm impregnado nos lençóis. Fechou os olhos.

«Quero-te, Jayla...»

Abriu os olhos, ficou de barriga para cima e olhou o teto tentando convencer-se de que não era ela a que tinha uma venda nos olhos e sim ele. Acaso não via que o que sentia por ela não era amor a sim desejo físico? Os solteiros empedernidos como Storm não se apaixonavam tão facilmente depois de uns poucos encontros amorosos.

Ficou de lado e fechou os olhos, mas não podia deixar de pensar em Storm. Tentou fazer-se forte, mas sabia que as lembranças que tinham compartilhado eram muito profundas. Não seria fácil superar. Tinha que concentrar-se nas coisas boas que lhe estavam ocorrendo. No dia seguinte iria à clínica e se submeteria ao reconhecimento médico que a levaria a empreender a grande aventura de sua vida. Storm não era o mais importante ter um filho, sim.

 

—Posso falar contigo um momento, chefe?

Storm levantou os olhos dos papéis que se amontoavam em sua mesa. Depois de passar a noite acordado, levantou-se ao amanhecer e tinha ido ao parque. A maioria de seus homens ainda não tinha chegado. Embora não precisasse, ele preferia trabalhar as mesmas horas que seus homens.

— Claro, Cobb, me diga.

Darryl Cobb acaba de ser pai pela terceira vez. Darryl era mais jovem que Storm e se conheciam dos tempos do colégio. Também conhecia sua mulher. Era evidente que ela não tinha tido problemas em reconhecer em Darryl a seu homem ideal.

— Perguntava se poderia tirar umas horas livres hoje. Temos entrevista com o pediatra e Haley chamou. Seu chefe convocou uma reunião importante para hoje.

Storm assentiu. Haley era programador informática em uma companhia financeira.

— Não acredito que haja nenhum problema — disse Storm examinando a tabela de atividades. — Tem que ir dar uma aula de prevenção de incêndios em uma escola. Pode-te substituir alguém?

— Reed me disse que não se importa — disse Darryl com um sorriso.

Storm assentiu. O que mais gostava de ser o supervisor era que se dava muito bem com seus homens e se ajudavam quando surgia algum imprevisto.

— Nesse caso não há problema — disse anotando-o na tabela. — Como vai desde que Haley voltou para o trabalho?

— Uma loucura — disse ele rindo.

— Por que voltou então? — perguntou e ao momento sentiu que se passou da raia, mas a julgar pela risada de Cobb não parecia surpreso. Desde que era bombeiro, Storm tinha sido objeto de todas as brincadeiras por suas idéias antiquadas sobre a mulher ter que ficar em casa e cuidar dos filhos. Todos haviam dito sempre que custaria muito encontrar uma mulher disposta a cumprir seus desejos.

— Bom, a casa gigantesca que compramos em Stone Mountain é uma boa razão — disse Darryl — mas outra boa razão é que Haley desfruta fazendo o que faz e não vou pedir que renuncie a isso — disse ele olhando Storm intencionadamente. — Nisso é o que muitos homens se equivocam.

— No que? — disse Storm levantando uma sobrancelha.

— Ao assumir que são eles os únicos podem as cuidar. Pessoalmente, acredito que são as mulheres que os têm sob controle, e nós somos meros espectadores. Além disso, me ocupar de meus filhos igual à Haley me faz sentir que sou tão importante em suas vidas como ela e isso é importante para mim. O que importa não é quem traz o pão para casa, e que nós dois, somos o sustento de nossos filhos e estamos dando todo o amor que temos, e isso é muito. E para mim isso é o mais importante.

Quando Cobb saiu, Storm se aproximou da janela de seu escritório e pensou no que seu amigo havia dito. A razão por que Jayla não o via como seu homem ideal era precisamente o que havia dito Darryl.

Pensou no seu pai. Havia provido toda sua família com o salário de um operário. Pensou também em seus irmãos e suas esposas. Inclusive sua irmã, casada com um sheik, continuava trabalhando como pediatra e criando seu filho Ari, mas seu marido Jamal também tinha um papel importante na educação do pequeno. Logo vinham suas cunhadas, Shelly, Tara e Madison. Embora Shelly e Der eram os únicos que tinham um filho de onze anos, Storm estava seguro de que se Tara e Madison pensasse em ficar grávidas não estariam dispostas a deixar seus trabalhos.

Pensou então na cena com Jayla a noite anterior. Ela, a mulher que amava, não acreditava que ele fosse seu homem, não acreditava que ele fosse capaz de compreender que ela queria ter o controle de sua vida.

Abriu os olhos e consultou a hora. Segundo a carta, Jayla estaria na clínica para fazer o reconhecimento médico às nove. Depois disso ainda ficariam duas ou três semanas para que o processo começasse. Com um pouco de sorte teria suficiente tempo para convencê-la de que a amava e de que queria satisfazer todas suas necessidades, inclusive sua independência até certo ponto. Mudar suas crenças convencionais não seria tão fácil, mas estava disposto a fazê-lo por ela.

O mais importante era fazê-la ver que ele era seu homem. O único. Pela segunda vez desde que havia retornado de Nova Orleáns, as palavras da anciã lhe apareceram na mente.

Sorriu. Talvez a anciã tivesse um dom depois de tudo e soubesse do que estava falando. O baile beneficente era no dia seguinte e sabia que Jayla estaria lá. Começaria a conquistá-la com a intensidade de um homem que só tem uma idéia na cabeça: ganhar o amor da mulher com quem quer casar-se.

— Já pode vestir-se, senhora Penetre — disse a enfermeira. — A doutora voltará em alguns minutos com os resultados.

— Obrigada.

Jayla suspirou profundamente e começou a vestir-se. Não tinha pregado olho toda a noite e pela manhã a idéia de ir à clínica não parecia entusiasmá-la tanto como deveria. Aproximou-se do espelho e se olhou. Tinha um aspecto patético. Seu reflexo revelava uma mulher fundada em sua miséria e o merecia. Nem sequer Lisa havia dito nada quando Jayla a tinha chamado pela manhã para lhe contar à discussão que tinha tido com Storm. E quando lhe havia dito que Storm havia dito que a amava e que queria casar-se com ela, seu amiga se pôs definitivamente contra Jayla. Mas para isso serviam as amigas.

O triste era que Storm e Lisa tinham razão. Ela não queria reconhecer seu homem ideal embora o tivesse diante. Suspirou enquanto colocava as meias. Tampouco era tão mau que Storm fosse um pouco convencional. Querer cuidar de sua esposa não era tão mau.

Ela era a primeira que pensava que algumas de suas formas antiquadas resultavam verdadeiramente doces. Além disso, se suas idéias tradicionais o fizessem difícil de agüentar, ela poderia modernizá-lo. Tampouco passava nada porque se parecesse muito a seu pai. Adam Penetre tinha sido um grande pai e nesse momento ela agradecia que tivesse sido tão estrito com ela.

Depois de despertar pela manhã, levara várias horas derrubada na auto compaixão, e agüentando a revolta de Lisa até que, finalmente, tirou a venda dos olhos. Storm a amava, ele era seu homem ideal e ela também o amava. Compreendeu então por que se mantivera afastado dela durante tanto tempo, mas mesmo assim tinha sido duro quando era adolescente. Desde aquele momento, tinha levantado uma muralha a seu redor para proteger-se dele antes de voltar a sentir-se rechaçada por ele. Mas já era uma mulher adulta e queria o que qualquer outra mulher quereria: um homem que a amasse. E esse homem tinha pedido que se casasse com ele e tinha prometido lhe dar o filho que tanto desejava. Era realmente afortunada.

Mas sua sorte se esfumou ao recordar que tinha recusado suas palavras de amor. E lhe parecia que Storm não era dos levavam tomavam bem o rechaço. O que ocorreria se não queria voltar a vê-la?

Colocou a saia rapidamente. Em sua cabeça havia uma só idéia: tinha que esforçar-se por emendar o engano que tinha cometido ou o perderia para sempre. O primeiro que tinha que fazer era anular o processo de inseminação. Só queria um homem para ser o pai de seu filho: Storm.

Deu a volta ao ouvir que batiam na porta.

— Entre — disse com um sorriso de desculpa ao ver a doutora Susan Millstone — mudei de idéia — disse antes que a doutora pudesse dizer nada.

— Mudou de idéia?

— Sim. Decidi não me submeter à inseminação artificial depois de tudo.

A doutora se apoiou na porta.

— E posso perguntar a razão?

— Sim. O homem que amo quer casar-se comigo e me dar o filho que anseio, e eu também quero — disse Jayla com um sorriso.

A doutora Millstone sorriu e sacudiu a cabeça.

— Isto que me diz fará um pouco mais fácil te dizer o que tenho que te dizer.

— Perdão?

— Tenho os resultados de seus exames e parece que já está grávida.

A notícia foi tão surpreendente que Jayla se deixou cair em uma cadeira. Olhou à doutora sem poder acreditarno que estava dizendo.

—Grávida?

—Sim. De um mês — disse a doutora. Jayla sacudiu a cabeça sem poder acreditar no que estava ouvindo. Grávida de um mês!

— Nova Orleáns — disse lentamente e sorriu.

— Perdão? — perguntou a doutora sem compreender.

— Eu disse Nova Orleáns. Fiquei grávida em Nova Orleáns. Mas como é possível se tomamos precauções?

— Nem imagina os partos que assisti em que os pais diziam ter tomado precauções — respondeu a doutora com um sorriso. — Nenhum método anticoncepcional é cem por cento seguro.

— Isso é evidente — concordou Jayla rindo.

— Então está feliz com a notícia?

Jayla deu um pulo cheia de euforia.

— Sim, muito feliz. Enlevada de felicidade! — disse.

Só faltava que Storm também o estivesse quando lhe dissesse que ela também o amava e que estava grávida de seu filho.

 

                                                   Capítulo 11

Todas as personalidades de Atlanta se deram compareceram ao baile beneficente para Mundo Infantil. Havia políticos, grandes empresários, celebridades, figuras do esporte.

Também havia um sheik entre os convidados, o muito bonito príncipe Jamal Ari Yasir, vestido com seu traje típico do Oriente Médio o que causou um grande revôo entre as damas presentes, casadas e solteiras. Jayla sorriu, sabedora de que não servia de nada porque o sheik estava felizmente casado com o Delaney Westmoreland, a irmã de Storm. Jayla olhou para um grupo de homens que conversavam e riam muito animados. Embora Storm não tivesse chegado ainda, não era difícil reconhecer aos irmãos Westmoreland. Todos compartilhavam um físico muito parecido.

Assaltou-a a dúvida de que Storm tivesse mudado de idéia e não tivesse intenção de comparecer. Depois de abandonar a clínica no dia anterior, tinha decidido tirar o resto do dia livre. Muito nervosa para trabalhar, foi para casa e tinha convidado Lisa para almoçar.

Assim que a amiga chegou e contou as notícias pôs-se a chorar de alegria. Contou também que tinha medo de contar ao Storm se por acaso já não a quisesse e voltava a recusá-la. Lisa, com seu otimismo habitual, havia-lhe dito que embora Storm pudesse estar um pouco zangado com ela não duvidava de seu amor.

Jayla havia sentido o impulso de chamá-lo para que fosse vê-la, mas logo recordou que tinha turno no parque assim passou o resto do dia dando voltas pela casa e perguntando-se o que lhe diria quando o visse no baile.

— Tudo está precioso, não acha?

Jayla se virou ao reconhecer a voz de Tara Westmoreland. Tara estava acompanhada de outras três mulheres que Jayla reconheceu imediatamente. Desde o princípio, pareceu-lhe que todas eram formosas a sua maneira. Igual à Tara, estavam sorridentes e em seus sorrisos se refletia a sincera amizade que as unia. Jayla devolveu o sorriso quando foram apresentadas.

As mulheres eram Shelly Westmoreland, a mulher do xerife Der Westmoreland; Madison Westmoreland, casada com Stone Westmoreland e Delaney Westmoreland Yasir. Jayla engoliu com dificuldade. As quatro formavam parte do clã Westmoreland. Jayla conseguiu que a voz saísse para responder ao comentário de Tara.

— Sim, realmente precioso. Todos na fundação devem estar orgulhosos do que conseguiu.

— Sim, mas sua empresa também teve um papel importante. A comida é fabulosa. Todo mundo está falando do fantástico catering que escolhemos. É evidente que Indústrias Salas se superou esta noite.

— Obrigada.

— E eu tenho que dizer que esse vestido ficou maravilhoso — disse-lhe a mulher que tinham apresentado como Madison Westmoreland.

— Obrigada — agradeceu Jayla sorrindo. Começava a relaxar.

As cinco começaram a falar então de estilos de roupa e dos últimos filmes que tinham visto no cinema quando um revôo se levantou proveniente das mulheres que tinham ao redor. Uma rápida olhada à entrada do salão revelou o por quê. Storm e seu primo Ian acabavam de entrar e estavam cruzando o salão ao encontro do resto dos Westmoreland. Ambos estavam incrivelmente bonitos vestidos de smoking.

Parte de Jayla tinha desejado que Storm não tivesse olhado na sua direção. Segundos depois, decidiu que teria sido melhor que não o tivesse feito para ouvir a conversa de duas mulheres que estavam perto dela.

— Acredito que vou tentar o Storm esta noite — disse uma delas.

— Storm Westmoreland tem fama de não estar com a mesma duas vezes — riu a outra.

— Sim, mas também ouvi que se pode fazer mudar de opinião e eu vou tentar esta noite.

Um ataque de ciúmes a invadiu e se virou para ver a mulher e lhe dizer que mais lhe valia manter-se longe do Storm. Mas não pôde fazê-lo. Não tinha direito. Levantou a vista quando sentiu que alguém lhe apertava o ombro carinhosamente.

— Eu em seu lugar não me preocuparia com o que essas duas estão dizendo — sussurrou Shelly Westmoreland com um sorriso. — Uma boa fonte me contou que Storm encontrou uma mulher muito especial e só tem olhos para ela.

Jayla piscou surpreendida para ouvir as palavras de Shelly e olhou às outras mulheres. Todas assentiram. Era evidente que as quatro tinham ouvido o mesmo. Seria possível que soubessem que Storm e ela tinham estado saindo juntos? E qual era essa fonte de confiança de que falava Shelly Westmoreland? Teria-lhes falado Storm dela?

O coração parou e não estava muito segura do que dizer às mulheres que a olhavam com sinceros sorrisos. Sentiu que os olhos se enchiam de lágrimas.

— Pode ser que o tenha perdido — sussurrou sentindo-se de repente cheia de dúvidas.

Delaney riu e pôs o braço ao redor dos ombros de Jayla.

— Duvido muito. Meu irmão não tirou a vista de cima de ti desde que chegou.

— De verdade? — perguntou Jayla esperançosa. Estava de costas para ele e não podia vê-lo.

— De verdade — disse Madison Westmoreland.

 

— Quer tomar algo, Storm? — perguntou Jared Westmoreland a seu primo enquanto pegava uma taça de vinho que um garçom levava numa bandeja.

— Storm não quer nada para beber — disse Ian com uma careta zombadora — só a mulher que está ali falando com as mulheres Westmoreland.

Stone Westmoreland levantou uma sobrancelha e deu uma olhada no salão. A mulher estava de costas para eles e não podia ver seu rosto.

— Você também a conhece? —perguntou surpreendido.

— Sim. Storm nos apresentou em Nova Orleáns — disse Ian rindo.

O comentário chamou a atenção do resto dos homens. Chase olhou seu irmão.

— Levou-a a Nova Orleáns?

Antes que Storm pudesse responder, Ian o fez por ele.

— Pois claro que não a levou com ele — disse como se pensar que Storm pudesse levar uma mulher em uma viagem de trabalho fosse ridículo. — Se encontraram no mesmo hotel. Ela é a filha de Adam Penetre, o antigo chefe de Storm.

— Sim, isso nós já sabemos, Ian — disse Thorn dando um gole na sua bebida — mas que se encontraram em Nova Orleáns é novidade.

— É algo que todos que têm fingir não ter ouvido — ameaçou Storm. Estava realmente irritado pelo comentário. Zangado. E muito sério. — Pensava que havia dito que não gosto que falem de mim como se não estivesse presente.

— Está bem, como quiser — disse Chase olhando seu irmão gêmeo sem fazer caso. A seguir olhou Ian. — E que mais pode nos contar da dama do Storm?

Os olhares de Ian e Storm se cruzaram e o primeiro captou a mensagem embora não se pudesse dizer o mesmo do resto. Ian sorriu e decidiu se fazer de bobo.

— Me esqueci.

Storm sorriu. Sabia que podia confiar que Ian guardaria segredo, como este podia confiar nele. Olhou então para Jayla e desejou que não houvesse tanta gente para poder vê-la melhor, ou que se virasse para que pudesse ver seu lindo rosto. Queria que ela o visse e entendesse que, por muito que desejasse tirá-lo da sua vida, ele tinha decidido ficar. Como se as fadas o tivessem ouvido, as pessoas que estavam ao seu redor se dispersaram deixando-a a vista. Jayla se virou e seus olhares se cruzaram. O coração deu um salto ao ver quão formosa estava com seu vestido vermelho. Que ele tinha escolhido para ela em Nova Orleáns. Desejou que aquilo significasse algo. Talvez Jayla tenha se dado conta, por fim, de que ele era seu homem ideal. Consciente de que só havia uma maneira de saber, afastou-se de seus irmãos. Seu destino era a mulher que amava.

Jayla ficou sem fala quando viu que Storm se aproximava dela. A expressão de seu rosto não deixava muito claro se alegrava de vê-la ou não, mas o que sim parecia claro era que não ia evitá-la. Embora talvez estivesse tirando conclusões apressadas e só estivesse se aproximando do grupo em que ela estava para cumprimentar as cunhadas.

— Aí vem Storm Westmoreland — ouviu uma das mulheres de antes comentar. — Acho que se deu conta do meu interesse e vem falar comigo.

— Duvido — disse Tara e Jayla não pôde evitar sorrir com a esperança de que esta tivesse razão. Conforme Storm se aproximava, aumentaram suas esperanças ao ver que a olhava, só a ela. Suspirou profundamente quando, finalmente, deteve-se frente a ela.

— Olá, Jayla.

— Olá, Storm — cumprimentou sorrindo ao mesmo tempo em que tentava acalmar o batimento frenético do coração. Só então Storm deixou de olhá-la e cumprimentou suas cunhadas.

— Boa noite, senhoras. Como sempre, estão todas lindas e fazendo com que nós, os Westmoreland, nos sintamos orgulhosos — se deteve e olhou Jayla. — Você também está maravilhosa, Jayla.

— Obrigada — respondeu ela. — Podemos falar por um momento em particular, Storm? — acrescentou antes de perder a coragem. Estava tão bonito que quase a tinha deixado sem fôlego.

Acelerou o pulso quando Storm a olhou nos olhos com tal intensidade que não pôde evitar sentir um calafrio.

— É claro — e a seguir olhou às outras mulheres. — Se nos desculparem um momento — e dizendo isto tomou a mão de Jayla e a conduziu para a porta do salão.

— Veio muita gente — comentou Storm enquanto se dirigiam ao elegante vestíbulo.

— Sim — concordou Jayla perguntando-se aonde a levaria Storm. Era evidente que procurava toda privacidade possível.

Detiveram-se ao chegar ao formoso átrio. Encontravam-se rodeados de plantas e também havia uma espécie de cascata decorativa. Jayla se sentiu nervosa de repente, insegura, mas sabia que tinha que ser ela a começar a falar. Storm merecia saber que iam ter um filho, mas antes tinha que lhe dizer muitas outras coisas. Se queria voltar com ela, teria que ser porque a amava não pela obrigação de ser o pai de seu bebê.

— Storm — disse finalmente depois de esclarecer a garganta.

— Jayla.

Esta sorriu quando ambos falaram ao mesmo tempo. Olhou-o e viu seu rosto inexpressivo que não lhe dava nenhuma pista do que estava sentindo.

— Primeiro as damas — disse ele olhando-a nos olhos.

Jayla engoliu o nó que tinha na garganta. Sabia que apostava muito alto, mas recordou o que seu pai estava acostumado a lhe dizer: «Quem não arrisca, não ganha».

— Fui à clínica esta manhã.

— Então foi — disse depois de contemplá-la em silencio durante um momento.

— Sim, mas decidi não continuar com o procedimento — disse ela após exalar um suspiro. O rosto de Storm permanecia insondável embora a Jayla pareceu ver alívio no seu olhar.

— O que te fez mudar de opinião? — perguntou ao cabo de um momento.

Jayla engoliu e levantou o queixo.

— Dei-me conta que tinha razão. Tinha uma venda nos olhos e decidi tirá-la para ver com mais clareza.

A tensão era palpável entre eles. Jayla podia senti-la.

— E o que vê, Jayla? — perguntou com suavidade.

— Vejo um homem alto e tão arrebatadoramente bonito que não posso pensar com clareza; tem olhos escuros como chocolate e a voz é tão sexy que sinto calafrios na espinha quando me fala. Mas o mais importante, vejo o homem perfeito para mim e o tenho na minha frente. Agora. Neste momento. Só desejo não ter estragado e que ainda tenha possibilidade de que me queira porquê, agora que tirei a venda, também descobri que o amo muito e o quanto desejo que faça parte da minha vida.

Jayla conteve a respiração, espectadora. A resposta não se fez esperar. Storm desdobrou um de seus sorrisos e se inclinou até que esteve a escassos milímetros dela.

— Alegra-me que tenha chegado tão rapidamente a essa conclusão, Jayla Penetre, porque eu também te amo e não vou te deixar escapar de nenhuma maneira.

Antes que Jayla pudesse dizer algo, beijou-a. Foi um beijo profundo, mas terno ao mesmo tempo e Jayla não pôde evitar as lágrimas. Storm também a amava. Juntos fariam com que o casamento funcionasse porque o amor que era o ingrediente principal e eles tinham.

— Sei que não pode ir até que isto termine, mas não sabe quanta vontade tenho de estar a sós contigo.

— Estamos sozinhos, Storm — disse ela olhando a seu redor.

— Sim, mas isto é um lugar público, muito público para o que quero fazer contigo — disse ele. — Mas antes, Jayla, termos que esclarecer algumas coisas. Está de acordo?

— Estou de acordo. Mas seja o que for, chegaremos a um acordo.

— Pode ter certeza — disse Storm tomando-a nos braços de novo.

 

Passava da meia-noite quando Jayla entrou na casa de Storm. A noite tinha sido perfeita e se arrecadou muito dinheiro para a fundação. Não era difícil imaginar que os calendários venderiam muito bem. Só na festa venderam cem mil e já receberam pedidos por a mesma quantidade.

Porém tinham acontecido muito mais coisas. Storm fez várias declarações. Tinha apresentado Jayla a seus pais e ao resto da família. Jayla tinha conhecido também aos três novos membros da família, Clinton, Penetre e Casey. Não tinha custada nada ver que a família Westmoreland era muito especial e que todos estavam muito unidos.

— Quer beber algo, Jayla?

Virou-se e viu que Storm fechava a porta com a chave.

— Não, obrigada — disse ela olhando nervosa ao seu redor. Reparou então em uma foto que havia sobre a lareira. Era uma foto dos dois com seu pai em sua última festa de aniversário. Seu pai tinha insistido em que os dois pousassem juntos e ele, mais alto, atrás. Sorria com tanta felicidade que não pôde evitar perguntar-se se conheceria seus sentimentos por Storm e teria escolhido essa forma de dar sua aprovação. Cinco meses depois, o câncer o levou.

— Sempre que olho essa foto acredito que seu pai era mais esperto do que qualquer de nós tenha percebido.

Jayla assentiu. Era evidente que Storm pensava o mesmo que ela. Inspirou profundamente e seu olhar se encontrou com o dele.

— Concordo — disse finalmente, e rompeu contato com o olhar para estudar o lugar, bastante funcional. — Bonita casa.

— Obrigado. Faz alguns meses decidi vendê-la e comprar uma maior — contou enquanto a olhava de cima abaixo. — Obrigado por pôr esse vestido. É meu favorito.

— Por isso pus — admitiu com um sorriso. — Queria te dar um sinal, ou ao menos te fazer lembrar o tempo que passamos em Nova Orleáns. Sabia que outra pessoa que poderia sabê-lo era Ian, mas confiei que não se desse conta.

Storm temia que o detalhe não tinha passado despercebido para seu primo. De fato, todos os homens presentes na festa tinham reparado na beleza que se ocultava sob o vestido vermelho e ele havia se sentido orgulhoso por saber que aquela mulher era dele.

Mas agora que estavam de pé no meio da sala, Storm só desejava tirar-lo porque sabia que debaixo só havia uma diminuta tanga. Mas, antes de levá-la para o quarto, tinham assuntos importantes para resolver.

Suspirou e cruzou a distância que os separava. Segurou sua mão antes de falar.

— Sente-se, por favor.

Ela assentiu e se aproximaram do sofá de pele.

— Estive pensando muito, Jayla, e tem razão. Não há nada mau em que a mulher trabalhe fora de casa se quer fazê-lo. A razão pela qual me opunha era porque, faz anos, quando estava no colégio, acreditei estar apaixonado por uma garota que me rechaçou quando lhe disse que não queria ir à universidade e sim à academia de bombeiros. Disse-me que um homem sem educação superior não poderia atender as necessidades de uma família. Ao ouvir isso, algo se acendeu no meu interior e tentei lhe demonstrar que, com educação superior ou sem ela, eu poderia prover o necessário para minha família.

Jayla assentiu. Era evidente que Storm era um homem muito orgulhoso que se viu maltratado pelos comentários insensíveis de uma mulher. Suspirou e se deu conta de que já era hora dela também se desfazer de sua bagagem emocional.

— A culpa do meu repúdio ao casamento é de papai e sua educação severa na minha adolescência. Eu pensei que todos os homens tentariam me controlar, mas agora vejo que papai não se enganou ao me criar assim. Acho que falhei tantas vezes na minha busca do homem perfeito porque não era o momento adequado. O momento chegou quando nos encontramos em Nova Orleáns.

Storm se inclinou para ela e a beijou com toda a paixão e intensidade que já conhecia nele e Jayla não pôde evitar soltar um gemido, nem ignorar o calor que ameaçava consumir todo seu corpo. Devolveu-lhe o beijo pondo nele todo seu amor igual a ele.

Por fim, Storm se separou e tomou nos braços.

— Casará comigo, Jayla Penetre? Me amará para o bom e para o mau, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe?

— Sim! Sim! Quero-te — disse ela com lágrimas nos olhos.

— Eu também te quero — disse ele lhe sustentando o olhar com um sorriso. — Diga outra vez o que vê.

— Vejo o homem perfeito para mim e... — sussurrou no seu ouvido —, vejo o pai do meu filho.

Jayla contemplou Storm durante o momento que demorou a compreender. Este a olhava inseguro de ter escutado corretamente.

— Disse o que acredito que disse? —perguntou sem fôlego.

Jayla sorriu, se tinha alguma dúvida de que Storm estivesse tão entusiasmado com a idéia de ter, um filho, evaporou-se nesse momento. Seus olhos reluziam de felicidade.

—Sim. Depois de fazer o reconhecimento médico, disse à doutora que tinha mudado de idéia sobre a inseminação e ela me disse que se alegrava porque já estava grávida — disse rindo. — Segundo meus cálculos, fiquei em Nova Orleáns, mas continuo sem compreender como ocorreu já que utilizamos sempre proteção.

—Sim, mas uma camisinha não agüenta tanto, carinho. Quando um homem chega a ter orgasmos múltiplos... — interrompeu quando Jayla lhe pôs um dedo nos lábios.

— Vale, faço uma idéia — disse ela com um sorriso.

— Me alegro e suponho que sabe o que significa que esteja grávida — disse ele levando-a ao quarto.

— O que?

— Teremos que nos casar imediatamente.

— Quando? — perguntou rindo.

— Amanhã me parece tarde.

— O que te parece dentro de um mês?

— É negociável — disse Storm enquanto a colocava sobre a cama.

Storm retrocedeu um momento e Jayla aproveitou para olhá-lo de cima abaixo. Quando reparou em quão excitado estava, inspirou profundamente.

— Tenho a sensação de que amanhã não poderei nem me mover.

— Parece-me que tem toda razão. E eu tenho a sensação de que se não estivesse grávida já, ficaria nesta noite.

— Está seguro de que quer ser pai, Storm? — perguntou com um sorriso. — Já é um grande passo para um solteiro contumaz casar-se, quanto mais ser pai pouco depois.

— Mas vocês não são uma esposa e um filho normais — disse ele com um grande sorriso. — Serão extraordinários porque serão meus e prometo cuidar da filha e do neto de Adam como acredito que ele soubesse que faria.

Inclinou-se sobre ela e lentamente lhe tirou os sapatos, o vestido e as meias. Finalmente, tirou-lhe a tanga.

— Eu adoro esse vestido, mas definitivamente, eu gosto mais de você nua — disse deitando-se junto a ela.

 

 

                                                         Epílogo

Um mês depois

— Pode beijar a noiva.

Sob o olhar de toda família Westmoreland no pátio da casa de seus pais, Storm sorriu para Jayla e a beijou de uma maneira que todos consideraram mais adequada para quando estivessem a sós. Mesmo assim, era o beijo que Storm queria dar a sua esposa.

— Por fim encontrou à mulher perfeita — disse Der a seu irmão Thorn.

— Já era hora — replicou este sorrindo. Finalmente, Storm separou os lábios dos de Jayla e sorriu. Inclinou-se então e lhe sussurrou algo ao ouvido que a fez corar violentamente.

— Pergunto-me o que haverá dito para fazê-la avermelhar dessa forma tendo em conta que já é uma mulher grávida — sussurrou Stone ao Chase.

— Conhece o Storm. Nada nele me surpreende — disse Chase encolhendo os ombros.

— Ainda não posso acreditar — disse Jared Westmoreland sacudindo a cabeça. — Sempre pensei que Storm seria o último a casar-se e agora, em menos de nove meses, será papai.

Jared riu e olhou a Der, Thorn, Chase e Stone.

— O que acontece a todos vocês? Todos estão passando pelo altar — acrescentou.

—Não todos — disse Chase franzindo o cenho.

— Chegou sua vez, Chase — disse Stone sorrindo e depois olhou todos seus primos. — E o seu também.

—Não tente me lançar uma maldição igual a essa mulher fez com o Storm — disse Durango. Der sacudiu a cabeça rindo.

— Não lançou uma maldição, só lhe leu a mão. Além disso, se tiver que ocorrer, ocorrerá. A dúvida é quem será o próximo.

Olhou com atenção seu irmão solteiro e seus oito primos. Sorriu imaginando quem seria o próximo. Estava impaciente.

— O único que lhes digo é que quando ocorrer, não lute contra o sentimento. Depois se darão conta de que é o melhor que lhes aconteceu.

— Não é para te faltar com o respeito, xerife, mas vai para o inferno — disse Quade Westmoreland, voltando a afasto-se junto com o resto dos homens.

Der riu, não pôde deixar de fazê-lo, enquanto pensava que logo assistiriam às bodas de outro Westmoreland. Apostaria nisso se fosse um homem de fazer apostas. 

 

                                                                  Brenda Jackson

 

 

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