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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


TRAIDA / PC. Cast e Kristin Cast
TRAIDA / PC. Cast e Kristin Cast

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

“Garota nova. Olha lá,” Shaunee disse enquanto deslizava pelo banco que sempre alegávamos ser nosso para cada refeição servida no salão de janta (tradução: cafeteria de classe alta). 
“Trágico, Gêmea, trágico.”A voz de Erin ecoava totalmente a de Shaunee. Ela e Shaunee tinham algum tipo de ligação psíquica que as fazia bizarramente similar, que é por isso que o apelido deles era “as Gêmeas,” embora Shaumee fosse café-com-leite Jamaica americano de Connecticut e Erin era branca com cabelo loiro e olhos azuis de Oklahoma.
“Graças a Deus, ela é colega de quarto de Sarah Freebird.” Damien acenou em direção a garotinha com um cabelo preto que mostrava aquele olhar perdido de garota nova ao redor do salão, o olhar afiado dele para moda, checando as roupas das duas garotas – de sapato a brinco – em um olhar rápido. “Claramente o senso de movo dela é melhor que o de Sarah. Apesar do estresse de ser Marcada e mudar de escola. Talvez ela seja capaz de ajudar Sarah com a infeliz propensão dela a sapatos horríveis.”
“Damien,” Shaunee disse. “De novo você está me –“
“ – irritando com essa porcaria de vocabulário,” Erin terminou por ela. 
Damien fungou, parecendo ofendido e superior e mais gay do que ele costuma parecer (embora ele definitivamente seja gay). “Se o vocabulário de vocês não fosse não abismal vocês não teriam que carregar um dicionário com vocês para me acompanhar.”

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As Gêmeas estreitaram seus olhos para ele e sugaram o ar para começar um novo round,o que, graças a Deus, minha colega de quarto interrompeu. Com seu complicado sotaque de Oklahoma, Stevie Era fanhosamente falava as duas definições como se estivesse dando pistas a uma abelha. “Propenso – é uma intensa preferência natural. Abismal – absolutamente horrível. Aí. Agora vocês podem parar de reclamar e serem bonzinhos? Vocês sabem que é quase hora para a visitação dos pais, e não deveríamos agir como retardados quando eles aparecerem.”
 
“Ah, merda,” eu disse. “Eu esqueci totalmente sobre a visita dos pais.”
 
Damien gemeu e colocou a cabeça na mesa, batendo com nela sem ser muito gentil. “Eu esqueci totalmente também.” Nós quatro demos um olhar simpático para ele. Os pais de
Damien não se importaram com ele ser Marcada, se mudar para a House of Night, e começar a Mudança que, ou iria transformar ele, ou se o seu corpo rejeitasse a mudança, matá-lo. Eles tem problemas com ele ser gay.
 
Pelo menos os pais de Damien estavam bem com algo em relação a ele. Minha mãe e seu marido atual – meu padrasto-perdedor, John Heffer – por outro lado, odeiam absolutamente tudo em relação a mim.
 
“Meus pais não vem. Eles vieram mês passado. Esse mês estão ocupados demais.”
 
“Gêmea, mas uma vez provamos nossa gêmisse,” Erin disse. “Meus pais me mandaram um email. Eles também não vem por causa de uma viagem de Ação de Graças que eles decidiram fazer para o Alaska com minha tia Alane e tio Liar Lloyd. Tanto faz.” Ela riu – aparentemente tão despreocupada quanto Shaunee pela ausência de seus pais. 
 
“Hey, Damien, talvez seus pais também não apareçam,” Stevie Rae disse com um sorriso rápido.
 
Ele suspirou. “Eles estarão aqui. É o mês do meu aniversário. Eles vão trazer presentes.”
 
“Isso não parece ruim,” eu disse. “Você estava falando sobre precisar de um novo bloco de desenhos.”
 
“Eles não vão me dar um bloco de desenho,” ele disse. “Ano passado pedi um suporte para moldura* (*aqueles que suportam as telas, enquanto o pintor trabalha). Eles me deram coisas para acampar e uma assinatura da Sports Illustraded.”
 
“Eca!” disseram Shaunee e Erin juntas enquanto Stevie Rae e eu enrugávamos nossos narizes e fazíamos barulhos de simpatia.
 
Claramente querendo mudar de assunto, Damien virou para mim. “Essa será a primeira visita dos seus pais. O que você espera?”
 
“Um pesadelo,” eu suspirei. “Total, absoluto, e completo pesadelo.”
 
“Zoey? Eu achei que deveria trazes minha nova colega de quarto para conhecer você. Diana, essa é Zoey Redbird – a líder das Filhas Negras.”
 
Felizes por não ter que falar sobre meus horríveis problemas com os pais, eu olhei para cima, sorrindo, para o som da voz nervosa de Sarah. 
 
“Wow, é realmente verdade!” a nova garota disse antes que eu pudesse dar oi. Como sempre ela estava encarando minha testa e corando. “Eu quero dizer, uh...desculpe. Eu não queria ser rude nem nada...” ela disse, parecendo miserável. 
 
“Está tudo bem. É, é verdade. Minha Marca está completa e tem complementos.” Eu mantive meu sorriso, tentando fazer ela se sentir melhor, embora eu realmente odiasse parecer a atração principal do show dos bizarros. De novo.
 
Graças a Céu, Stevie Rae entrou na conversa antes do silencio entre Diana e eu ficar mais desconfortável. 
 
“Yeah, Z ganhou essa tatuagem de espiral legal no rosto e pelos ombros quando ela salvou seu ex-namorado de uns fantasmas vampiros apavorantes,” Stevie Rae disse alegremente. 
 
“Foi o que Sarah me disse,” Diana disse tentativamente. “É algo tão inacreditável que, bem, eu uh...”
 
“Não acreditou?” Damien disse esperançoso. 
 
“Yeah. Desculpe,” ela repetiu, inquieta e olhando para as unhas. 
 
“Hey, não se preocupe.” Eu deu um quase autentico sorriso. “Parece bem bizarro para mim as vezes, e eu estava lá.”
 
“E arrasou,” Stevie Rae disse.
 
Eu dei a ela meu olhar você-totalmente-não-está-ajudando, que ela ignorou. Sim, eu algum dia posso ser a Alta Sacerdotisa deles, mas não sou a chefe dos meus amigos.
 
“De qualquer forma esse lugar todo pode parecer meio estranho no começo. Vai melhorar,” eu disse para a nova garota.
 
“Obrigado,” ela disse com um genuíno calor.
 
“Bem, é melhor irmos para que eu possa mostrar a Diana onde o seu quinto período será,” Sarah disse, e então ela totalmente me embaraçou de novo ficando séria e formal e me saudando do jeito tradicional dos vampiros como um sinal de respeito, punho no coração e curvou sua cabeça, antes de sair.
 
“Eu realmente odeio quando eles fazem isso,” eu murmurei, cutucando minha salada.  
 
“Eu acho legal,” Stevie Rae disse. 
 
“Você merece que te mostrem respeito,”Damien disse com a voz de um professor. “Você é a única terceiranista que já existiu a liderar as Filhas Negras e a única caloura ou vampira da história que mostrou afinidade com os 5 elementos.”
 
“Aceite, Z,” Shaunee disse depois de dar uma mordida na salada enquanto gesticulava para mim com seu garfo.
 
“Você é especial.”Erin terminou por ela (como sempre).
 
Um terceiranista é como a House of Night chama um calouro – então um quarteiranista seria do segundo ano, etc. E, sim, eu sou a única terceiranista a ser líder das Filhas Negras. Sorte minha. 
 
“Em falar nas Filhas Negras,” Shaunee disse. “Você decidiu o que você quer que seja as novas exigências para ser um membro?”
 
Eu reprimi a vontade de gritar, Diabos não, eu ainda não consigo acreditar que estou no comando dessa coisa! Ao invés disso eu balancei a cabeça, e decidi  - com o que eu esperava ser um brilhante golpe – colocar um pouco da pressão neles.
 
“Não, eu não sei quais deverem ser as novas exigências. Na verdade, estava esperando que vocês me ajudassem. Então, alguma idéia?”
 
Como eu suspeitava, os quatro ficaram quietos. Eu abri minha boca para agradecer pelo silencio deles, mas a voz da nossa Alta Sacerdotisa passou pela comunicação interna da nossa escola. Por um segundo eu fiquei feliz pela interrupção, e então percebi o que ela estava dizendo e meu estomago começou a se apertar.
 
“Estudantes e professores, por favor vão até a recepção. Está na hora da nossa visita mensal dos pais.”
 
Bem, diabos.
 
 
 
 
 
“Stevie Rae! Stevie Rae! OhmeuDeus eu senti sua falta!”
 
“Mama!” Stevie Rae chorou e voou para os braços da mulher que parecia igual a ela, só que 22 quilos mais pesada e 20 e tantos anos mais velha.
 
Damien e eu ficamos parados constrangedoramente dentro do hall, que estava começando a se encher com pais humanos que pareciam desconfortáveis, alguns irmãos humanos, um bando de calouros, e vários dos nossos professores vampiros.
 
“Bem, ali estão meus pais,” Damien disse com um suspiro. “É melhor acabar com isso de uma vez. Vejo você depois.”
 
“Até mais,” eu murmurei e observei ele se juntar a duas pessoas totalmente comuns que estavam carregando um presente embrulhado. A mãe dele deu um rápido abraço e o pai dele apertou a mão dele com uma exuberante masculinidade. Damien parecia pálido e estressado.  
 
Eu fui até a longa mesa que passava por uma comprida parede. Estava cheia com caras bandejas de queijos e sobremesas, e café, chá, e vinho. Eu estou na House of Night a um mês, e ainda fico um pouco chocada por ver vinho ser servido tanto por aqui. Parte da razão é simples – a escola tem seu modelo baseado nas Houses of Nights européias. Aparentemente, na Europa vinho com refeições é como chá e Coca nas refeições aqui – nada demais. A outra razão é o fato genérico – vampiros não ficam bêbados – calouros mal podem ficar tontos (pelo menos com álcool  - sangue, infelizmente, é outra história). Então vinho literalmente não é nada demais, embora eu achasse que seria interessante ver como os pais de Oklahoma iriam reagir a bebida na escola.
 
“Mama!Você tem que conhecer minha colega de quarto. Lembra que eu te falei sobre ela? Essa é Zoey Redbird. Zoey essa é minha mãe.”
 
“Olá, Sra. Johnson. É bom conhecer você,” eu disse educadamente.
 
“Oh,Zoey! É tão bom conhecer você! E,oh meu!Sua Marca é tão bonita quanto Stevie Rae disse que era.” Ela me surpreendeu com um suave abraço de mãe e sussurrou, “estou feliz que você esteja cuidando de Stevie Rae.Me preocupo com ela.”
 
Eu apertei as costas dela e sussurrei, “Sem problemas, Sra. Johnson. Stevie Rae é minha melhor amiga.” E embora fosse totalmente nada realístico, eu de repente desejei que minha mãe me abraçasse e se preocupasse comigo como a Sra. Johnson se preocupava com sua filha.   
 
“Mama, você trouxe para mim algum biscoito de chocolate?”Stevie Rae perguntou.
 
“Sim, querida, eu trouxe, mas acabei de perceber que deixei no carro.” A mãe de Stevie Rae respondeu em com seu sotaque Okie que era idêntico ao da filha. “Porque você não vem comigo e me ajuda a trazer eles para cá. Eu fiz mais para os seus amigos desta vez.”
 
Ela sorriu gentilmente para mim. “Você é mais que bem vinda para vir conosco também, Zoey.”
 
“Zoey.”
 
Eu ouvi minha voz falar como um eco congelado da quente bondade da Sra. Johnson, e olhei por cima dos ombros dela para ver minha mãe e John entrando no hall. Meu coração caiu no meu estomago. Ela trouxe ele. Porque diabos ela não veio sozinha e deixar ser apenas ela para variar? Mas eu sabia a resposta para isso. Ele nunca permitiria. E ele não permitir significava que ela não faria. Ponto. Fim do assunto. Desde que ela casou com John Heifer minha mãe não teve que se preocupar com dinheiro. Ela vivia numa enorme casa em um silencio subúrbio. Ela era voluntaria para o PTA* (*uma associação americana em que pais cuidam de filhos). Ela fazia varias atividades para a igreja. Mas durante os 3 anos do seu “perfeito” casamento ela se perdeu completamente.
 
“Desculpe, Sra. Johnson. Eu vi meu pais, é melhor eu ir.”
 
“Oh, querida, eu adoraria conhecer sua mãe e pai.” E, como estivéssemos em qualquer outro evento de escola,a Sra. Johnson virou, sorrindo, para conhecer meus pais. 
 
Stevie Rae olhou para mim, e eu olhei para ela. Desculpe, eu murmurei para ela. Eu quero dizer, eu não tinha certeza absoluta que algo mal ia acontecer, mas com meu padrastoperdedor se aproximando como se fosse um general cheio de testosterona liderando a marcha da morte, eu achei que as chances estavam boas para um cena de um pesadelo. 
 
Então meu coração saiu do estomago e tudo de repente ficou muito, muito melhor quando vi a minha pessoa favorita no mundo ao lado de John e seus braços abertos para mim.
 
“Vovó!”
 
Ela me colocou nos seus braços e o doce cheiro de lavanda que sempre estava com ela, como se ela carregasse os pedaços de sua linda fazenda de lavando em todo lugar que ela fosse.
 
“Oh,Zoeybird!” Ela me abraçou com força. “Eu senti sua falta, u-we-tsi a-ge-hu-tsa.”
 
Eu sorri através das lagrimas, adorando o som da familiar palavra Cherokee para filha – significa segurança e amor e aceitação incondicional. Coisas que eu não sentia em minha casa nos últimos três anos – coisas que antes deu vir a House of Night eu só encontrei na fazenda da vovó. 
 
“Eu senti sua falta,também,vovó. Estou tão feliz que você veio!”
 
“Você deve ser a avó de Zoey,” A Sra. Johnson disse quando paramos de nos abraçar. “É bom conhecer você. Você tem uma garota muito boa.”
 
Vovó sorriu e começou a responder, mas John interrompeu com sua voz superior.
 
“Bem, na verdade, essa é nossa garota boa que você está elogiando.”
 
Como se fosse um deixa para esposa aparecer, minha mãe finalmente conseguiu falar. “Sim, somos os pais de Zoey. Eu sou Linda Heffer. Esse é meu marido, John, e minha mãe, Sylvia Red“ Então, no meio da sua educada apresentação, ela se incomodou de olhar para mim e a voz dela saiu em um tom surpreso. 
 
Eu fiz meu rosto sorrir, mas eu senti calor e dura, como se estivesse cheia de gesso e estivesse sentada no sol de verão e fosse quebrar em pedaços se não tomasse cuidado.
 
“Oi, mãe.”
 
“Pelo amor de Deus, o que você fez com sua Marca?” mamãe disse a palavra Marca como se falasse a palavra câncer ou pedofilia.
 
“Ela salvou a vida de um jovem e foi presenteada pela deusa com a afinidade para os elementos. Em resposta Nyx deu a ela várias Marcas incomuns para um calouro,” Neferet disse com sua suave voz musical enquanto chegava no meio do nosso constrangido grupo, a mão estendida diretamente para meu  padrasto-perdedor. Neferet era o que a maior parte dos vampiros adultos são, impressionantemente perfeita. Ela era alta, com longas ondas de um cabelo escuro e brilhante, olhos em forma de amêndoas de um tom raro de verde musgo. Ela se movimentava com uma graça e confiança que claramente não era humana, e a pele dela era tão espetacular que parecia que alguém tinha acendido uma luz dentro dela. Hoje ela estava usando uma saia azul real, com brincos em espiral (representando o caminho da deusa, mas não era como se meus pais soubessem disseo). Uma prateada forma da deusa com suas mãos erguidas estava bordada por cima do seio esquerdo dela, como estava em cima de todos os peitos de todos os professores. O sorriso dela era deslumbrante. “Sr. Heffer, eu sou Neferet, Alta Sacerdotisa da House of Night, embora possa ser mais fácil se você pensar em mim como uma diretora normal. Obrigado por vir a noite de visitação dos pais.”
 
Eu percebi que ele pegou a mão dela automaticamente. Eu tenho certeza que ele teria recusado se ela não tivesse pego ele de surpresa. Ela apertou a mão dele e então virou para minha mãe.
 
“Sra. Heffer, é um prazer conhecer a mãe de Zoey. Estamos muito felizes por ela ter se juntado a House of Night.”
 
“Bem, uh, obrigado!” minha mãe disse, claramente desarmada pela beleza e charme de Neferet. 
 
Quando Neferet cumprimentou minha vó, o sorriso dela aumentou e se tornou mais do que apenas educado. Eu notei que elas apertaram as mãos no jeito tradicional dos vampiros, segurando a ante braço uma da outra.
 
“Sylvia Redbird, é sempre um prazer ver você.”
 
“Neferet, ficou feliz por ver você também, e obrigado por honrar seu juramento de cuidar de minha neta.”
 
“É um juramento que não é um fardo cumprir. Zoey é uma garota especial.” Agora o sorriso de Neferet me incluiu em seu calor. Então ela virou para Stevie Rae e sua mãe. “E essa é a colega de quarto de Zoey, Stevie Rae Johnson, e a mãe dela. Eu soube que as duas são praticamente inseparáveis, e que até a gata de Zoey foi pega por Stevie Rae.”
 
“Sim, é verdade. Ela sentou no meu colo quando eu estava assistindo TV ontem a noite,” Stevie Rae disse rindo. “E Nala não gosta de ninguém a não ser Zoey.”
 
“Gata? Eu não lembro de ninguém dar permissão para Zoey ter um gato,” John disse, me fazend o querer vomitar. Como se alguém tivesse se incomodado de falar comigo, a não ser vovó, por um mês!
 
“Você entendeu errado, Sr. Haffer, na House of Night gatos andam livres.Eles escolhem seus donos, não ao contrario. Zoey não precisava de permissão quando Nala escolheu ela,” Neferet disse suavemente. 
 
John fez um barulho de bufar, que eu fiquei aliviada por ver que todos ignoraram. Droga, ele é tão idiota.
 
“Posso oferecer a vocês alguma bebida?” Neferet acenou graciosamente para a mesa.
 
“Oh, nossa! Isso me lembra dos biscoitos que eu deixei no carro. Stevie Rae e eu estávamos indo para lá. Foi bom conhecer todos vocês.” Com um rápido abraço em mim e um aceno para todos os outros, Stevie Rae e sua mãe escaparam, me deixando ali, embora eu desejasse estar em qualquer outro lugar.
 
Eu fiquei perto da vovó, passando meus dedos pelos dela enquanto andávamos até a mesa de bebidas, pensando em quão mais fácil isso seria se apenas ela tivesse vindo me visitar. Eu dei uma olhada em minha mãe. Um franzir permanente pareceu estar pintado no rosto dela. Ela estava olhando ao redor para os outros garotos, e mal olhava na minha direção. Porque vir? Eu queria gritar a ela. Porque parecer que você se importa – sente minha falta – se é tão obvio que você não sente?
 
“Vinho, Sylvia? Sr. E Sra. Heffer?” Neferet ofereceu.
 
“Obrigo, tinto por favor,” Vovó disse.
 
John apertou os lábios em desprazer. “Não. Não bebemos.”
 
Com um esforço sobre humano eu não virei os olhos. Desde quando ele não bebe? Eu apostaria pelo menos 15 dólares das minhas economias que havia um pacote de cervejas na geladeira em casa agora mesmo. E minha mãe costumava beber vinho tinto como vovó. Eu até vi ela jogar um olhar estreito para vovó, um olhar de inveja enquanto ela aproveitava o rico vinho que Neferet serviu para ela. Mas não, eles não bebem. Pelo menos não em publico. Hipócritas.    
 
“Então, você estava dizendo que os complementos na Marca de Zoey aconteceu porque ela fez algo especial?” Vovó apertou minha mão. “Ela me disse que tinha virado líder das Filhas Negras, mas ela não me contou exatamente o que aconteceu.”
 Eu me senti ficar tensa de novo. Eu realmente não queria lidar com a cena que iria acontecer se minha mãe e John descobrissem que o que tinha acontecido era que a ex-lider das Filhas Negras tinha lançado um circulo na noite de Halloween (Conhecida na House of Night como Noite de Samhain, a noite em que o véu entre nosso mundo e o dos espíritos é mais fino), conjurou alguns espíritos de vampiros assustadores, e então perdeu controle deles, quando meu ex-namorado humano, Heath, apareceu procurando por mim. E eu não queria que ninguém mencionasse o que apenas algumas pessoas sabiam – que Heath estava procurando por mim porque eu provei o sangue dele e ele estava ficando fissionado por mim, algo que humanos fazem facilmente quando se envolvem com vampiros – mesmo vampiros calouros, para falar a verdade. Então e ex-líder das Filhas Negras, Afrodite, perdeu totalmente o controle dos fantasmas e eles foram pegar Heath. Literalmente. Pior – eles também estavam agindo como se quisessem pegar um pedaço do resto de nós, também, incluindo o totalmente gostoso Erik Night, o vampiro que eu posso felizmente dizer que não é meu ex-namorado, mas que eu meio que tenho namorando, então ele é quase meu namorado. De qualquer forma, eu tive que fazer algo, então com a ajuda de Stevie Rae, Damien, e as Gêmeas, eu lancei meu próprio circulo, pegando o poder dos cinco elementos: vento, fogo, água, terra, e espírito. Usando minha afinidade para os elementos, eu consegui banir os fantasmas de volta para onde eles vivem (ou não vivem?). Quando eles foram embora eu tinha essas tatuagens novas, uma delicada coleção de redemoinhos safira que emolduravam meu rosto – totalmente raro para um mero calouro ter – e Marcas combinando intercalando com símbolos parecidos com runas em meus ombros, algo que nenhum calouro ou vampiro tinha. Então Afrodite foi exposta como uma péssima líder, fazendo Neferet demitir ela e me colocar no lugar. Conseqüentemente, eu também estava sendo treinada para ser uma Alta Sacerdotisa de Nyx, a deusa vampira, que é a personificação da Noite. 
 
Nada disso cairia muito bem para o ultra religioso, ultra julgador mãe e John.
 
“Bem, ouve um pequeno acidente. O rápido pensamento de Zoey e bravura fizeram com que ninguém se machucasse, e ao mesmo tempo ela se conectou com a afinidade especial que ela ganhou de tirar energia dos 5 elementos.” O sorriso de Neferet era orgulho e eu senti uma onda de felicidade com a aprovação dela. “A tatuagem é simplesmente um sinal da favor que ela encontrou com a deusa.”
 
“O que você está dizendo é uma blasfêmia.” John falou com uma rígida e dura voz que conseguiu soar condescendente e irritada ao mesmo tempo. “Você está colocando a alma imortal em perigo.”
 
Neferet virou seu olhos cor de musgo para ele. Ela não parecia irritada. Na verdade, ela parecia estar se divertindo.
 
“Você deve ser um dos Anciões das Pessoas de Fé.”
 
O peito dele parecido como o de um pássaro se estufou. “Bem, sim, sim eu sou.”
 
“Então vamos chegar a um entendimento rapidamente, Sr. Heffer. Eu não pensaria em chegar a sua casa, ou a sua igreja, e falar mal de suas crenças, embora eu descorde profundamente delas. Agora, eu não espero que você adore as nossas. Na verdade, eu nunca pensaria em te persuadir as minhas crenças, embora eu tenha um profundo compromisso com minha deusa. Então tudo que eu insisto é que você mostre a mesma cortesia que eu mostro a você. Quando estiver na minha “casa,’ você respeita minhas crenças.”
 
Os olhos de John ficaram maldosas pequenas fendas e eu pude ver sua mandíbula se apertando e afrouxando.  
 
“Seu jeito de vida e pecaminoso e errado,” ele disse ferozmente. 
 
“Diz o homem que admite adorar um Deus calunia o prazer, dá as mulheres papeis que são um pouco mais do que de servas e éguas, embora sejam a espinha dorsal da sua igreja, e procura controlar sua adoração através de culpa e medo.” Neferet riu suavemente, mas o som do humor e o não dito perigo nisso fez o cabelo do meu braço se arrepiar. “Cuidado em como julga os outros; talvez você devesse limpar sua própria casa primeiro.”
 
O rosto dele corou, John sugou o ar e abriu sua boca para o que eu sabia que seria um feio sermão do quão certa estão suas crenças e o quão errada estão todas as outras, mas antes dele poder responder Neferet o cortou. Ela não ergueu a voz, mas de repente ela estava cheia do poder de uma Alta Sacerdotisa e eu tremi de medo, embora sua ira não estivesse direcionada para mim.
 
“Você tem duas escolhas. Você pode visitar a House of Night como um convidado, o que significa que você vai respeitar nossos costumes e manter seu desprezar e julgamento para si. Ou você pode ir embora e não voltar. Nunca. Decida agora.” As duas ultimas palavras passam contra a minha pele e eu tive que me forçar a não chorar. Eu notei que minha mãe estava olhando com olhos abertos e vidrados para Neferet, o rosto dela pálido como leite. O rosto de John tinha mudado de cor. Os olhos dele se estreitaram e suas bochechas estavam coradas com um nada atrativo vermelho. 
 
“Linda,” ele disse pelos dentes. “Vamos.” Então ele olhou para mim com tanto desgosto e ódio que eu literalmente dei um passo para trás. Eu quero dizer, eu sabia que ele não gostava de mim, mas até esse momento eu não tinha percebido o quanto. “Esse lugar é o que você merece. Sua mãe e eu não voltaremos. Você está por sua conta agora.” Ele virou e foi para a porta. Minha mãe hesitou, e por um segundo eu pensei que ela fosse dizer algo legal – como se ela se desculpasse dele – ou que ela sentisse minha falta – ou que eu não devesse me preocupar, ela voltaria não importava o que ele dissesse.
 
“Zoey, eu não acredito onde você se meteu agora.” Ela balançou a cabeça, e como sempre, seguiu John pra fora do quarto. 
 
“Oh, querida, eu sinto tanto.” Vovó estava lá, instantaneamente me abraçando e sussurrando me ressegurando. “Eu vou voltar, minha pequena ave. Eu prometo. E estou muito orgulhosa de você!” Ela me segurou pelos ombros e então sorriu através das lagrimas. “Nossos ancestrais Cherokee estão orgulhosos de você também. Você foi tocada pela deusa, e você tem a lealdade de bons amigos,” ela olhou para Neferet e adicinou, “e sábios professores. Algum dia você talvez aprenda a perdoar sua mãe. Até lá lembre-se que você é a filha do meu coração, uwe-tsi a-ge-hu-tsa." Ela me beijou.
 
“Eu devo ir também. Eu dirigi nosso pequeno carro aqui, e eu vou deixá-lo para você, então devo voltar com eles.” Ela me entregou as chaves do antigo Bug. “Mas lembre-se sempre que amo você, Zoeybird.”
 
“Eu também te amo vovó,” eu disse, e a beijei, abraçando ela com força e respirando fundo o cheiro dela como se pudesse segurar ela em meus pulmões e exalar ela devagar pelo próximo mês enquanto sentia a falta dela.
 
Eu observei ela ir embora, e não percebi que estava chorando até sentir as lagrimas rolarem do meu rosto até meu pescoço. Eu esqueci que Neferet estava parada ao meu lado, então pulei um pouco surpresa quando ela me entregou um lenço.
 
“Eu sinto muito por isso, Zoey,” ela disse quietamente.
 
“Eu não.” Eu assoprei o nariz e limpei o rosto antes de olhar para ela. “Obrigado por enfrentar ele.”
 
“Eu não queria mandar sua mãe embora também.”
 
“Você não mandou. Ela escolheu seguir ele. Assim como ela tem feito a 3 anos.” Eu senti as quentes lagrimas ameaçando voltar na minha garganta e falei quietamente, as levando embora. “Ela costumava ser diferente. É idiota, eu sei, mas eu continuo esperando que ela volte a ser o que era antes. Mas nunca acontece. É como se ele tivesse matado minha mãe e colocado uma estranha no corpo dela.”
 
Neferet pos um braço ao meu redor. “Eu gostei do que sua avó disse – que talvez algum dia você possa encontrar a habilidade de perdoar sua mãe.”
 
Eu olhei para a porta pelo qual os três tinham desaparecido. “Esse dia está longe.”
 
Neferet apertou meu ombro simpaticamente.
 
Eu olhei para ela, tão feliz por ela ainda estar comigo, e eu desejei – pela milésima vez – que ela fosse minha mãe. Então lembrei o que ela tinha me dito quase um mês atrás, que a mãe dela tinha morrida quando ela era uma garotinha, e o pai dela abusava dela, física e mentalmente, até ela ser salva sendo Marcada.
 
“Você algum dia perdoou seu pai?” eu perguntei tentadamente.
 
Neferet olhou para mim e piscou várias vezes, como se ela estivesse devagar voltando de uma memória que a levou para muito, muito longe. “Não. Não eu não o perdoei, mas quando penso nele agora é como se eu lembrasse da vida de outra pessoa. As coisas que ele fez comigo ele fez com uma criança humana, não uma Alta Sacerdotisa e vampira. E para uma Alta Sacerdotisa e vampira ele, como a maioria dos humanos, é completamente sem importância.”
 
As palavras dela soaram fortes e seguras, mas eu olhei fundo nos seus lindos olhos verdes e vi o lampejar de algo velho e doloroso e definitivamente não esquecido, e me perguntei o quão honesta ela estava sendo consigo mesma...
 
  
 
DOIS
 
 
Eu fiquei incrivelmente aliviada quando Neferet disse que não havia razão para mim ficar no salão de recepção. Depois da cena com minha família, eu senti que todos estavam me olhando. Eu era, afinal de contas, a garota com a Marca bizarra e uma família pavorosa. Eu peguei o caminho mais curto para sair do salão de recepção – a calçada que leva para fora em um lindo jardim que as janelas do salão da janta mostravam. 
Era um pouco depois da meia noite, o que era – sim – um hora totalmente estranha para uma visitação dos pais, mas a escola começa as aulas as 20 horas, e termina as 3 da manha. Na superfície parece fazer mais sentido fazer a visitação dos pais começar as 20 horas, ou mesmo uma hora mais ou menos antes da aula começar, mas Neferet me explicou que o ponto era os pais aceitarem a Mudança de seus filhos, e entender que dia e noite sempre seria diferente para eles. Sozinha eu decidi que outra vantagem de fazer a hora ser inconveniente é que da a muitos pais a desculpa que eles precisam para não vir, sem precisar dizer a seus filhos, Hey – eu não quero nada a ver com você, agora que está se transformando num monstro sugador de sangue.
 
Pena que meus pais não entenderam a deixa. 
 
Eu suspirei e diminui a velocidade, levando tempo seguindo um dos caminhos através do jardim. Era uma noite fria e clara de novembro. A lua estava quase cheia, e seu brilho prateado era um bonito contraste com as luminárias a gás que iluminavam o jardim com seu suave brilho amarelo. Eu podia ouvir a fonte que ficava no meio do jardim, e automaticamente mudei de direção para ir em direção a ela. Talvez o suave barulho da água ajudasse meu nível de estresse... e me ajudasse a esquecer.
 
Quando eu fiz a curva que levava para a fonte eu estava andando devagar, e sonhando acordada sobre o meu novo quase-namorado, o totalmente delicioso Erik. Ele estava longe da escola para a competição de monólogos de Shakespeare. Naturalmente, ele terminou em primeiro na nossa escola, e avançou facilmente pela competição internacional entre as Houses of Night. Era quinta, e ele só tinha ido na segundo, mas eu sentia falta dele feito louca e não podia esperar o domingo quando ele supostamente deveria voltar. Erik era o cara mais gostoso da nossa escola. Diabos, Erik Night pode ser o cara mais gostoso de qualquer escola. Ele é alto, dark, e lindo – como uma estrela de cinema das antigas (sem as latentes tendências homossexuais). Ele também era incrivelmente talentoso. Algum dia em breve ele iria se juntar ao rank de outros vampiros estrelas de cinema como Matthew McConaughey, James Franco, Jake Gyllenhaal, e Hugh Jackman (que é totalmente lindo para um cara velho). Além do mais, Erik era realmente um cara legal -  que era só um complemento a sua gostosura. 
 
Então eu admito com ter visões de Erik como Tristan e eu como Isolde (nossa própria historia de amor apaixonada teria um final feliz), e não notei que haviam outras pessoas no jardim até que uma voz masculina alta me chocou por ter soando tão maldosa e enojada.
 
“Você é um desapontamento após o outro, Afrodite!” eu congelei. Afrodite?
 
“Já foi ruim o suficiente você ter sido Marcada significasse que você não poderia freqüentar Chatham Hall, especialmente depois de tudo que eu fiz para me certificar que você fosse aceita,” disse em uma voz fria e delicada.
 
“Mãe, eu sei. Eu disse que sinto muito.”
 
Ok, eu deveria ir embora. Eu deveria virar e andar rápida e silenciosamente para fora do jardim. Afrodite era provavelmente a pessoa menos favorita para mim nessa escola. Na verdade, Afrodite era provavelmente a pessoa menos favorita em qualquer lugar, mas ouvir de propósito o que  era claramente uma cena feia com os pais dela era errado, errado, errado. 
 
Então eu andei na ponta dos pés alguns centímetros fora do caminho onde pudesse me esconder mais facilmente atrás de um arbusto de ornamento grande perto da fonte. Os pais
dela estavam parados na frente dela. Bem, a mãe dela estava parado. O pai dela andava de um lado para o outro. 
 
Cara, os pais dela eram pessoas realmente bonitas. O pai dela era alto e bonito. O tipo de cara que se manteve em forma, tinha todo o seu cabelo, e dentes realmente muito bons. Ele estava vestido com um terno escuro que parecia custar um zilhão de dólares. Ele também parecia estranhamente familiar, e eu tinha certeza que o vi na TV ou algo assim. A mãe dela era linda. Eu quero dizer, Afrodite era loiro e parecia perfeita, e a mãe dela era mais velha, vestida de forma mais cara, e totalmente crescida versão dela. O suéter dela era obviamente cashmere, e as perolas dela eram longas e reais. Toda vez que ela gesticulava com suas mãos um diamante em forma de pêra enorme no seu dedo de aliança brilhava um luz tão fria e linda como sua voz.
 
“Você esqueceu que seu pai é o prefeito de Tulsa?” A mãe de Afrodite surtou viciosamente.
 
“Não, não, é claro que não,mãe.”
 
A mãe dela não pareceu ouvir. “É uma ladeira e tanto o fato de você estar aqui ao invés da Costa Leste se preparando para Harvard que era difícil o suficiente, mas nos consolamos com o fato que vampiros podem conseguir dinheiro e poder e sucesso, e esperamos que você fosse sucedida nisso” – ela parou e olhou de forma amarga – “de forma excepcional. E agora ficamos sabendo que você não é mais líder das Filhas Negras e foi rejeitada como Alta Sacerdotisa em treinamento, o que te faz não ser diferente de nenhum dos desperdícios que freqüentam essa escola miserável.” A mãe de Afrodite hesitou, como se precisasse se acalmar antes de continuar. Quando ela falou de novo, eu tive que me esforçar para ouvir ela sussurrar. “O seu comportamento é inaceitável.”
 
“Como sempre, você nos desapontou,” o pai dela repetiu.
 
“Você já disse isso, pai,” Afrodite disse, soando como sempre.
 
Como o bote de uma cobra, a mãe dela bateu no rosto de Afrodite, com tanta força que a batida de pele contra pele me fez pular e recuar. Eu esperei que Afrodite saísse do banco pulasse na garganta da mãe (por favor – não chamamos ela de bruxa do inferno por nada), mas ela não fez isso. Ela só pressionou sua própria palma contra a bochecha e curvou a cabeça. 
 
“Não chore. Eu já te disse antes, lagrimas significam fraqueza. Pelo menos faça isso certo e não chore,” a mãe dela disse.
 
Devagar Afrodite levantou sua cabeça e tirou a mão da bochecha. “Eu não queria desapontar você, mãe. Eu realmente sinto muito.”
 
“Dizer que você sente muito não conserta nada,” a mãe dela disse. “O que queremos saber é o que você vai fazer sobre pegar sua posição de volta.”
 
Nas sombras segurei a respiração.
 
“Eu – eu não posso fazer nada,” Afrodite disse, parecendo sem esperanças e de repente muito jovem. “Eu fiz besteira. Neferet me pegou. Ela tirou as Filhas Negras de mim e a deu para outra pessoa. Eu acho que ela está até mesmo considerando me transferir para outra House of Night.”
 
“Já sabemos disso!” A mãe dela ergueu a voz, juntando as palavras para que elas parecessem ser feitas de gelo. “Falamos com Neferet antes de ver você. Ela iria transferir você para outra escola, mas intercedemos. Você permanecerá nessa escola. Também tentamos falar com ela sobre devolver sua posição, depois de, talvez, um tempo de restrição ou detenção.”
 
“Oh, mãe, você não fez isso?”
 
Afrodite soava horrizada, e eu não podia culpar ela. Eu só podia imaginar que a impressão que esses frios, pais que fingem-ser-tão-perfeitos deram a nossa Alta Sacerdotisa. Se Afrodite algum dia já teve a menor chance de ter Neferet de volta em seu favor, os pais bizarros dela provavelmente arruinaram tudo.
 
“É claro que fizemos! Você esperava que não fizéssemos nada enquanto você destrói seu futuro se tornando uma vampira ninguém em indescritivelmente estranha House of Night?” a mãe dela disse.
 
“Mais do que você já fez,” o pai dela acrescentou.
 
“Mas não é sobre mim fazer algum tipo de restrição,” Afrodite disse, obviamente tentado controlar sua frustração e ser razoável com eles. “Eu fiz besteira. Muito grande. Isso é ruim o suficiente, mas tem uma garota aqui cujos poderes são mais fortes que os meus. Mesmo que Neferet supere o fato de estar irritada comigo, ela não vai me devolver as Filhas Negras.” Então Afrodite disse algo que me chocou totalmente. “A outra garota é uma líder melhor que eu. Eu percebi isso em Samhain. Ela merece ser a líder das Filhas Negras. Eu não.”
 
OhmeuDeus. O inferno congelou?
 
A mãe de Afrodite deu um passo para mais perto dela e eu recuei com ela, certa que ela fosse bater nela de novo. Mas a mãe dela não bateu nela. Ela se curvou para que seu lindo rosto estive olhando diretamente para o da filha. De onde eu estava elas pareciam tanto que era assustador. 
 
“Nunca diga que alguém merece mais do que você. Você é minha filha, e você sempre ira merecer o melhor.” Então ela se ergueu de novo e passou a mão pelo seu cabelo perfeito, embora eu tivesse certeza que ele não se atreveria a se bagunçar. “Não conseguimos convencer Neferet a devolver sua posição, então você irá convencer ela.”
 
“Mas, mãe, eu já disse a você –“ ela começou, mas o pai dela a cortou.
 
“Tire a garota nova do caminho, e Neferet estará mais propensa em te devolver sua posição.”
 
Ah, merda. “A garota nova” era eu.
 
“Desacredite ela. Faça ela cometer erros, e então se certifique que outra pessoa conte a Neferet sobre eles e não você. Vai parecer melhor desse jeito.” A mãe dela falou, como se estivesse falando sobre que roupa Afrodite deveria usar amanhã ao invés de tramar contra mim.Droga, em falar em bruxa do inferno!
 
“E cuide-se. Seu comportamento tem que ser além de perfeito. Talvez você devesse ser mais aberta com suas visões, pelo menos por enquanto,” o pai dela disse.
 
“Mas você me disse por anos para manter as visões para mim mesma, que elas eram a fonte do meu poder.”
 
Eu mal podia acreditar no que estava ouvindo! Um mês atrás Damien me disse que vários garotos pensavam que Afrodite estava tentado esconder suas visões de Neferet, mas eles pensavam que era porque ela odiava humanos – e as visões de Afrodite eram sempre sobre uma futura tragédia onde humanos morriam. Quando ela dividiu suas visões com Neferet, a Alta Sacerdotisa foi quase sempre capaz de impedir as tragédias de acontecerem e salvar vidas. Então Afrodite propositalmente manter suas visões para si era uma das coisas que me fizeram decidir que eu tinha que tomar a posição dela como a líder das Filhas Negras. Eu não tenho fome de poder. Eu não queria a posição de verdade. Diabos, eu ainda não tinha certeza do que fazer com ela. Eu apenas sei que Afrodite não era coisa boa, e que eu tinha que fazer algo para impedir ela. Agora eu estava ouvindo que uma parte da merda que ela estava fazendo era porque ela deixava seus odiosos pais mandarem nela!A mãe e pai dela achavam que estava tudo bem em não falar sobre informações que podiam salvar vidas. E o pai dela era o prefeito de Tulsa! (Não era de se admirar que ele parecia familiar.) Era tão bizarro que estava fazendo minha cabeça doer. 
 
“As visões não são sua fonte de poder!” O pai dela estava dizendo. “Você nunca escuta? Eu disse que suas visões poderiam ser usadas para ganhar poder para você, porque informação sempre é poder. A fonte das suas visões é a Mudança que acontece no seu corpo. É genética, só isso.”
 
“É para ser um dom de uma deusa,” Afrodite disse suavemente. 
 
A risada da mãe dela era fria. “Não seja idiota. Se existi tal coisa como uma deusa, porque ela daria poderes a você? Você é apenas uma ridícula criança, e uma que está freqüentemente cometendo erros, e essa sua ultima escapadinha sua mais uma vez provou isso. Então seja inteligente e mude, Afrodite. Use suas visões para ganhar de volta confiança, mas aja de forma humilde sobre isso. Você tem que fazer Neferet acreditar que você sente muito.”
 
Eu quase não ouvi o sussurro de Afrodite, “Eu sinto muito...”
 
“Esperamos noticias muito melhores mês que vem.”
 
“Sim, mãe.”
 
“Ótimo, agora nos leve de volta para o salão de recepção para que possamos nos misturar com os outros.”
 
“Posso por favor ficar aqui um pouco? Eu realmente não estou me sentindo muito bem.”
 
“Absolutamente não. O que as pessoas diriam?” A mãe dela disse. “Controle-se. Você ira nos escoltar de volta para o salão e será graciosa sobre isso. Agora.”
 
Afrodite estava devagar levantando do banco, e com o coração batendo tão rápido que tive medo que me entregasse, eu voltei rapidamente para o caminho pelo que eu vim até a bifurcação que me tiraria do jardim. Então eu praticamente sai correndo do jardim.
 
Eu pensei sobre o que eu ouvi todo o caminho de volta ao dormitório. Eu acreditava ter pais horríveis, mas eles eram como os pais do “The Brady Bunch*” (*Serie televisiva) (olá – eu assisti as reprises da Nickelodeon como todo mundo) comparado aos odiosos e adoradores de
poder, pais de Afrodite.  Por mais que eu odiasse admitir, o que eu vi hoje a noite me fez entender porque Afrodite agia como agia. Eu quero dizer, como eu seria se eu não tivesse o amor e apoio da Vovó Redbird que foi minha espinha dorsal nesses três últimos anos? E isso era outra coisa também. Minha mãe tinha sido normal. Claro, ela tem estado estressada e não prestou atenção nas coisas, mas ela foi normal pelos primeiros 13 anos dos meus quase 17 anos de vida. Só foi depois que ela casou com John que ela mudou. Então eu tive uma boa mãe e uma fantástica avó. E se eu não tivesse? E se tudo que eu conhecesse fosse tudo que passei nos últimos 3 anos – eu sendo indesejada na minha própria família?
 
Eu poderia ter ficado igual Afrodite, e eu ainda poderia deixar meus pais me controlarem porque esperava desesperadamente ser boa o bastante, deixar eles orgulhosos o suficiente, para que um dia eles realmente me amassem. 
 
Isso me fez ver Afrodite com olhos totalmente novos, o que eu não me deixou particularmente animada. 
 
    
 
 TRÊS
 
 
“Yeah, Zoey, eu entendo o que você está dizendo e tudo mais, mas, alô!Parte do que você ouviu é que Afrodite vai tentar armar uma para você para que possa te tirar da liderança das Filhas Negras, então não sinta tanta pena dela,” Stevie Rae disse.
 
“Eu sei – eu sei. Eu não estou ficando toda quente e confusa em relação a ela. Só estou dizendo que depois de ouvir ela com seus pais psicóticos eu entendo porque ela é como é.”
 
Estavámos indo para o primeiro período. Bem, na verdade Stevie Rae e eu estávamos praticamente correndo para o primeiro período. Como sempre, estávamos quase atrasadas. Eu sabia que não deveria ter comido a segunda tigela de Count Chocula* (*sucrilhos).
 
Stevie Rae virou os olhos. “E você diz que eu sou boazinha demais.”
 
“Eu não estou sendo boazinha. Estou sendo compreensiva. Mas entender não muda o fato de que Afrodite age como uma vadia do inferno.”
 
Stevie Rae fez um barulho de ronco e balançou a cabeça, fazendo seus cachos loiros balançar como se fosse uma garotinha. O cabelo curto dela era estranho na House of Night onde todos, até a maioria dos caras, tinham cabelo ridiculamente grosso e comprido. Ok, meu cabelo sempre foi longo, mas ainda sim – foi realmente estranho quando eu cheguei aqui e fui bombardeada com cabelo, cabelo e cabelo. Agora fazia perfeito sentido.
 
Parte da Mudança física que acontece enquanto viramos vampiros é que o nosso cabelo e unhas crescem muito rápido. Depois de um pouco de pratica, você pode dizer em que ano um calouro está sem olhar o Marca ou a sua jaqueta. Vampiros parecem diferentes de humanos (não é uma diferença ruim – é apenas diferente), então é apenas lógico que enquanto um calouro passa por mais e mais da Mudança o corpo dele pareça diferente também. 
 
“Zoey, você não está prestando atenção.”
 “Huh?”
 
“Eu disse, não abaixe sua guarda em relação a Afrodite. Sim, ela tem pais terríveis. Sim, eles estão controlando e manipulando ela. Tanto faz. Ela ainda é odiosa e maldosa e vingativa. Cuidado com ela.”
 
“Hey, não se preocupe. Eu vou.”
 
“Ok, ótimo. Te vejo no terceiro período.”
 
“Vejo você,” eu respondi. Droga, ela se preocupa demais.
 
Eu me apressei para minha aula e tinha começado a sentar na minha mesa perto de Damien, que levantou uma sobrancelha para mim e disse, “Outra manhã de duas tigelas?” quando o sino tocou e Neferet entrou na sala.
 
Eu sei que é a beira do esquisito (ou talvez até meio bicha, em uma melhor escolha de palavras) continuar a notar o quão linda uma mulher é quando você também é uma mulher, mas Neferet é tão linda que é como se ela tivesse a habilidade de focar toda a luz da sala em si. Ela estava usando um vestido preto simples e botas de lindas de morrer. Ela estava usando seus brincos prateados e, como sempre, o emblema prateado da deusa estava no seu peito. Ela não parecia muito com a deusa Nyx – que eu juro ter visto no dia que fui Marcada – mas ela tem a aura da deusa de força e confiança. Eu só vou admitir. Eu queria ser ela. 
 
Hoje foi diferente. Ao invés de ensinar a aula toda (e, não, incrivelmente a aula de Neferet nunca era chata) ela nos deu a tarefa de fazer uma redação sobre  a Medusa, que estávamos estudando a semana toda. Aprendemos que ela na verdade não tinha sido um monstro que transformava os homens em pedra com o olhar. Ela tinha sido uma famosa Alta Sacerdotisa vampira cujo dom era uma afinidade, ou conexão especial, com a terra, que foi provavelmente da onde o mito de “transformar em pedra” saiu. Eu tenho certeza que se uma Alta Sacerdotisa vampira se irritasse o suficiente e tivesse uma conexão mágica com a terra (pedras vem da terra), ela poderia facilmente transformar alguém em granito. Então a tarefa de hoje era escrever uma redação no mito humano e simbolismo, e o significado por traz da ficticionalização da história de Medusa. 
 
Mas eu estava muito inquieta para escrever.Além do mais, eu tinha o fim de semana todo para terminar a redação. Eu estava muito mais preocupada com as Filhas Negras. A lua cheia era no domingo. Era esperado que eu liderasse o ritual das Filhas Negras. Eu percebi que todos também estavam esperando que eu fizesse o anuncio sobre as mudanças que eu planejei fazer. Uh, eu precisava ter uma idéia sobre essas mudanças. Surpreendentemente, eu tinha uma idéia, mas eu precisaria de ajuda.
 
Eu ignorei o olhar curioso de Damien quando rapidamente reuni minhas coisas e fui para a mesa de Neferet.
 
“Problemas, Zoey?” ela perguntou.
 
“Não.Uh, sim. Bem, na verdade, se você me deixar ir até o media Center* (onde tem computadores e equipamentos de mídia)  pelo resto do período, meu problema será resolvido.” Eu percebi que estava nervosa. Eu só estava na House of Night a um mês, e eu ainda não tinha certeza sobre o protocolo para ser liberada da aula. Eu quero dizer, só houve
dois garotos no mês todo que ficaram doentes. E eles morreram. Os dois. O corpo deles rejeitou a Mudança, um aconteceu bem na minha frente na aula de literatura. Foi totalmente nojento. Mas fora os garotos moribundos ocasionais, estudantes raramente perdiam as aulas. Neferet estava me observando, e eu lembrei que ela era intuitiva e provavelmente podia sentir a ridícula conversa na minha cabeça. Eu suspirei. “Coisas das Filhas Negras. Eu quero bolar algumas idéias novas sobre a liderança.”
 
Ela pareceu contente. “Algo que eu possa te ajudar?”
 
“Provavelmente, mas eu preciso fazer algumas pesquisas e arrumar minhas idéias primeiro.”
 
“Muito bem, venha até mim quando estiver pronta. E sinta-se a vontade para passar o tempo necessário no media Center que você precisar,” Neferet disse. 
 
Eu hesitei. “Eu preciso de um passe?”
 
Ela sorriu. “Eu sou sua mentora e te dei permissão, o que mais você poderia precisar?”
 
“Obrigado,” eu disse, e sai apressada da aula me sentindo idiota. Eu ficaria tão feliz quando estivesse na escola a tempo suficiente para saber essas pequenas regras internas. E, de qualquer forma, eu não sei porque estava tão preocupada. Os corredores estavam desertos. Diferente da minha antiga escola (South Intermediate High School em Brojen Arrow, Oklhoma – que é um subúrbio totalmente chato de Tulsa) não havia nenhum complexo de Napoleão* (*que se achava o maior dos maiores), vice diretores muito bronzeados com nada melhor para fazer que andar pelos corredores perseguindo garotos. Eu diminui a velocidade e disse a mim mesma para relaxar – droga, eu estava estressada demais ultimamente.
 
A biblioteca era na parte central da área da escola em uma legal sala com vários andares que tinha sido construída para imitar a torre de um castelo, o que se encaixava bem com o resto da escola. A coisa toda parecia como algo vinda do passado. Essa provavelmente era uma das razões que tinha chamado atenção dos vampiros 5 anos atrás. Nessa época era uma escola preparatória para garotos ricos metidos, mas tinha sido construída originariamente para ser um monastério para os monges de Santo Augustine Pessoas de Fé.Eu lembrei disso quando eu perguntei como um escola preparatória tinha sido tomada pelos vampiros e Neferet me disse que eles fizeram um acordo que eles não podiam recusar. A memória do tom perigoso da voz dela ainda fazia minha pele se arrepiar.
 
"Me-eeh-uf-ow!”
 
Eu pulei e quase me mijei. “Nala! Você quase me matou de susto!”
 
Sem preocupação, minha cata se lançou nos meus braços, e eu tive que fazer malabarismo com o bloco de notas, bolsa, e um pequeno (mas gordinho) gato laranja. Enquanto Nala reclamava para mim em sua voz mal humorada de velhinha.Ela me adorava, e ela definitivamente me escolheu para si, mas isso não significa que ela seja sempre agradável. Eu mudei ela de lado, e abri a porta para o media Center.
 
Oh – o que Neferet tinha dito ao meu estúpido padrasto-perdedor John era a verdade. Gatos andam livremente por toda a escola. Eles freqüentemente seguem “Seus” donos para a aula. Nala, em particular, gostava de me encontrar várias vezes por dia. Ela insistia que eu coçasse sua cabeça, reclamava um pouco para mim, e então saia pra fazer o que quer que gatos fizesse com seu tempo livro. (Planejar a dominação mundial?)
 “Você precisa de ajuda com ela?” a especialista de media perguntou. Eu tinha conhecido ela brevemente durante minha semana de orientação, mas lembrei que o nome dela era Sappho. (Uh, era não era a verdade Sappho – aquela vampira poeta que morreu mil anos atrás – agora estávamos estudando o trabalho dela na aula de literatura.)
 
 
“Não, Sappho, mas obrigado. Nala não gosta de ninguém a não ser eu.”
 
Sappho, uma pequena vampira morena cujas tatuagens eram elaborados símbolos, Damien me disse que eram hieróglifos gregos, sorriu profundamente para Nala. “Gatos são criaturas tão interessantes, você não acha?”
 
Eu coloquei Nala no meu outro ombro enquanto ela reclamava no meu ouvido. “Eles definitivamente não são cachorros,” eu disse.
 
“Graças a deusa por isso!”
 
“Você se importa se eu usar um dos computadores?” o media Center era alinhado com fileiras e fileiras de livros – milhares deles – mas também era um laboratório de computadores muito legal. 
 
“É claro, sinta-se em casa e sinta-se livre para me chamar se não conseguir encontrar o que você precisa.”
 
“Obrigado.”
 
Eu peguei um computador que estava numa grande mesa e entrei na internet. Isso era outra coisa que era diferente da minha antiga escola. Aqui os estudantes não tinham um login e sites não eram restringidos. Aqui era esperado que os estudantes mostrassem senso e agissem certo – se eles não agissem não é como se os vampiros, quem eram quase impossível de mentir, não fossem descobrir. Só em pensar em coisas para mentir para Neferet fazia meu estomago doer. 
 
Se concentre e pare de brincar. Isso é importante.
 
Ok, uma idéia estava a milhão na minha cabeça.Era hora de ver se daria certo. Eu abri o Google e digitei “escolas preparatórias privadas.” Zilhões apareceram. Eu comecei a estreitar a lista. Eu queria exclusivas e superiores escolas( nenhuma daquelas “academias alternativas” idiotas que estavam apenas segurando a caneta para um futuros criminoso – ugh). Eu também queria escolas antigas, que estavam por aí a gerações. Eu estava procurando por algo que tinha passado pelo teste do tempo. 
 
Eu facilmente encontrei Chatham Hall, que era a escola que os pais de Afrodite tinham jogado na cara dela. Era uma exclusiva escola preparatória da Costa Leste e, cara, parecia metida. Eu saí do site. Qualquer lugar que os bizarros pais de Afrodite aprovassem não seria algo que eu queria tomar como modelo. Eu continuei procurando... Exeter ... Andover ... Taft ... Miss Porter's (verdade – hee hee – esse é o nome da escola)... Kent...
 
“Kent. Eu ouvi esse nome antes,” eu disse a Nala, que estava empoleirada no topo da mesa para me observar enquanto cochila. “É em Connecticut – é por isso que é familiar. É onde Shaunee estava indo antes de ser Marcada.” Eu mexi no site, curiosa para ver onde Shaunee
tinha passado a primeira parte do seu ano primeiro ano (ou terceiranista) ano. Era uma escola bonita – não tinha como negar isso. Metida, claro, mas tinha algo sobre ela que parecia ser mais bem acolhedora que as outras escolas preparatórias. Talvez fosse porque eu conhecia Shaunne. Eu continuei mexendo no site – e de repente sentei direito. “É isso,” eu murmurei para mim mesma. “É o tipo de coisa que eu preciso.”
 
Eu peguei uma caneta e abri o bloco de notas e me ocupei fazendo anotações. Muitas anotações.
 
 
 
Se Nala não tivesse assoviado em um aviso, eu teria dado um belo pulo quando uma voz profunda falou atrás de mim.
 
“Você parece completamente envolvida nisso.”
 
Eu olhei por cima do meu ombro – e congelei. OhmeuDeus.
 
“Desculpe, eu não queria interromper você. É apenas tão incomum ver um estudante escrever fervorosamente e a mão, ao contrario do que digitar no computar, que eu pensei que você pudesse estar escrevendo poesia. Você vê, eu prefiro escrever poesia sem a mão. O computador é apenas impessoal demais.”
 
Pare de ser tão idiota! Fale com ele! Minha mente gritou para mim. “Eu – uh- não estou escrevendo poesia.” Deus, isso foi brilhante.
 
“Oh, bem. Não machuca verificar. Foi bom falar com você.”
 
Ele sorriu e se virou e minha boca finalmente conseguiu funcionar um pouco mais corretamente. “Uh, eu também acho que computadores são impessoais. Eu nunca escrevi poesia, mas quando eu escrevo algo tão importante para mim eu gosto de fazer isso assim.” Totalmente nerd, eu levantei minha caneta. 
 
“Bem, talvez você devesse tentar escrever poesia. Me parece que você pode ter a alma de um poeta.” Ele ergueu sua mão. “Normalmente a essa hora do dia eu venho dar uma folga a Sappho. Eu não sou um professor em tempo integral porque só estou na escola a um ano. Eu só ensino duas aulas, então tenho tempo extra. Eu sou Loren Blake, Vampiro Poeta Laureate.”
 
Eu peguei o ante braço dele no jeito tradicional de vampiros se cumprimentarem, tentando não pensar sobre o quão quente o braço dele era, o quão forte ele era, e o quão sozinhos estávamos no media Center. 
 
“Eu sei,” eu disse. Então eu queria cortar minha garganta. Que coisa idiota para dizer!”O que eu quis dizer é que eu sei quem você é. Você é o primeiro homem poeta Laureate que eles nomearam em 200 anos.” Eu percebi que ainda estava segurando o braço dele e o soltei. “Eu sou Zoey Redbird.”
 
O sorriso dele fez meu coração bater forte no meu peito. “Eu também sei quem você é.” Os lindos olhos dele, tão escuros que pareciam preto e sem fundo, brilharam travessamente. “Você é a primeira caloura a ter uma Marca completamente colorida, assim como a única vampira, caloura ou adulta, a ter uma afinidade pelos 5 elementos. É bom finalmente conhecer você cara-a-cara. Neferet me falou muito sobre você.”
 “Ela falou?” Eu estava tão mortificada que minha voz se esganiçou. 
 
“É claro que sim. Ela está incrivelmente orgulhosa de você.” Ele acenou para o banco vazio ao meu lado. “Não quero interromper seu trabalho, mas você se importa se eu sentar com você um pouco?”
 
“Yeah, claro. Eu preciso de uma pausa. Eu acho que minha bunda adormeceu.” Oh, Deus, me mate agora.
 
Ele riu. “Bem, então, você gostaria de ficar de pé enquanto eu sento?”
 
“Não, eu – uh – vou mudar meu peso.” E então vou me jogar da janela. 
 
“Então, se não for muito pessoal, posso perguntar no que você está trabalhando tão afincamente?”
 
Ok, eu precisava pensar e falar. Seja normal. Esqueça que ele é facilmente o homem mais lindo de parar o coração que já esteve perto de mim a minha vida toda. Ele é um professor na escola. Só outro professor. Só isso. Yeah, certo. Só outro professor que parecia como o sonho de toda mulher para o Homem Perfeito. E eu digo Homem. Erik é gostoso e lindo e muito legal. Loren Blake era outro universo. Um totalmente fora dos limites, e impossivelmente sexy universo que eu não tinha permissão para acessar. Como se ele me visse como algo mais do que uma garota de qualquer forma. Por favor. Dezesseis. Ok, quase dezessete, mas ainda sim. Ele provavelmente tem pelo menos 21 ou algo assim. Ele apenas está sendo gentil. Mais provavelmente ele só quer olhar de perto minha bizarra Marca.Ele poderia estar fazendo pesquisa sobre um altamente embaraçosos poema sobre o – 
 
“Zoey? Se você não quer me dizer sobre o que está trabalhando, está tudo bem. Eu realmente não queria incomodar você.”
 
“Não!Está tudo bem.’ Eu respirei fundo e me ajeitei. “Desculpe – acho que ainda estava pensando sobre a minha pesquisa,” eu menti, esperando que ele fosse um vampiro jovem o bastante para não ter o incrível detector de mentira que os professores mais velhos tinham . Eu continuei rapidamente. “Eu quero mudar as Filhas Negras. Eu acho que precisa de uma fundação – algumas regras claras e um guia. Não apenas para se juntar, mas quando você entrar ter certos padrões. Você não deve ter um passe livre para ser um idiota tanto quanto quiser, e ainda ganhar o privilegio de ser um Filha e Filho Negro.” Eu parei e pude sentir meu rosto ficando quente e vermelho. Do que diabos eu estava falando? Eu devo parecer uma idiota.
 
Mas ao invés de rir de mim, ou pior, dizer algo padronizado e ir embora, ele parecia estar considerando o que eu disse. “Então o que você bolou?” ele perguntou.
 
”Bem, eu gosto do jeito que essa escola privada Kent lida com seu grupo estudantil. Olha –“ Eu cliquei no link da direita e li do texto. “O conselho Sênior e Sistema Prefeito é uma parte integral da vida em Kent. Seus alunos são escolhidos como os lideres que juram serem modelos e lidar com todos os aspectos da vida estudantil em Kent.” Eu usei minha caneta para apontar para a tela do computar. “Vê, tem vários prefeitos diferentes, e eles são eleitos para cada Conselho anual pelos votos de estudantes e pelo equipe, mas a escolha final é feita diretor – que seria Neferet – e o Prefeito Veterano.”
 
“Que seria você,’ ele disse. 
 
Eu podia sentir meu rosto ficar quente. De novo. “Yeah. Também diz que todo mês de maio novos membros do Conselho são “apontados” como possível membros para o próximo ano escolar, e tem uma enorme cerimônia para celebrar.” Eu sorri, e disse, mais para mim do que para ele, “Parece um novo ritual que Nyx aprovaria. Quando disse as palavras senti a certeza dentro de mim.
 
“Eu gostei,’ Loren disse. “Eu acho que é uma grande idéia.”
 
“Verdade? Você não está apenas dizendo por dizer?”
 
“Tem algo sobre mim que você deveria saber. Eu não minto.”
 
Eu olhei para os olhos dele. Eles pareciam sem fundo. Ele estava sentado tão perto de mim que eu podia sentir o calor do corpo dele, o que me fez suprimir um calafrio de uma repentina onda de um desejo proibido. “Bem, obrigado então,” eu disse suavemente. Me sentindo repentinamente corajosa, eu continuei. “Eu quero que as Filhas Negras signifiquem mais do que só um grupo social. Eu quero que elas sejam exemplos – que façam a coisa certa. Então eu pensei que cada um de nós teria que jurar seguir cinco ideais representando os cinco elementos.”
 
As sobrancelhas dele foram para cima. “O que você tem em mente?”
 
“As Filhas e Filhos Negros deveriam jurar ser autênticos pelo ar, fieis pelo fogo, sábios pela água, sensitivo pela terra, e sinceros pelo espírito.” Eu terminei sem olhar para minhas notas. Eu já sabia os cinco ideais décor. Então eu observei os olhos dele ao invés disso. Ele não disse nada por um momento. Então, devagar, ele se aproximou e passou um dedo pela linha continua da minha tatuagem. Eu queria tremer com o toque dele, mas não podia me mexer.
 
“Lindo e inteligente e inocente,” ele sussurrou. Então a incrível voz dele recitou, “A melhor parte da beleza é aquela que nenhuma figura pode expressar.”
 
“Sinto muito por interromper, mas eu realmente preciso checar os últimos três livros dessa série para a professora Anastasia.”
 
A voz de Afrodite quebrou o feitiço entre Loren e eu, assim como quase me deu um ataque cardíaco. Na verdade, Loren parecia tão abalado quanto eu. Ele tirou as mãos do meu rosto e andou quietamente para o balcão de checagem. Eu fiquei sentada onde estava como se tivesse criado raízes na cadeira; tentado parecer tão ocupada escrevendo mais anotações (que eram na verdade, bem, rabiscos). Eu ouvi Sappho voltar e assumir a checagem dos livros de Afrodite no lugar de Loren. Eu pude ouvir ele indo embora, e quase como se não pudesse me impedir, eu me virei e olhei para ele. Ele estava saindo pela porta e não prestando a menor atenção em mim. 
 
Mas Afrodite estava me olhando diretamente com um sorriso travesso em seus lábios perfeitos.
 
Bem, inferno. 
 
 
 
QUATRO
 
 
 
Eu queria contar a Stevie Rae sobre o que tinha acontecido com Loren, o sobre Afrodite nos pegar, mas eu não estava com vontade de contar as noticias para Damien e as Gêmeas. Não que eles também não fossem meus amigos, mas eu mal tive tempo de processar o que aconteceu, e a idéia dos três conversando feito loucos me fez me encolher. Especialmente já que as Gêmeas tinham reorganizado os seus períodos para ir na aula de poesia de Loren, onde elas livremente entraram para passar uma hora inteira, todo dia, só para olhar para ele. Elas perderiam a cabeça completamente quando eu contasse a elas o que tinha acontecido. (Além do mais, algo tinha acontecido? Eu quero dizer, o cara só tocou meu rosto.)
 
“O que aconteceu com você?” Stevie Rae perguntou.
 
A atenção que os quatro estavam focando tentando descobrir se havia um cabelo na salada de Erin ou se era apenas um daqueles estranhos barbantes de um pedaço de aipo mudou instantaneamente para mim.
 
“Nada, estou apenas pensando sobre o Ritual de Lua Cheia no domingo.”Eu olhei para meus amigos. Eles estavam me olhando com olhos que dizia que eles totalmente acreditavam que eu tinha bolado algo, e não faria papel do boba. Eu queria ter a confiança deles em mim.
 
“Então o que você vai fazer? Você decidiu?” Damien perguntou.
 
“Eu acho que sim. Na verdade, o que vocês acham dessa idéia...” Eu comecei a falar da idéia do Conselho e do Prefeito, e percebi na metade da explicação que realmente era um plano muito bom. Eu terminei com os 5 ideais que eram aliados com cada elemento.
 
Ninguém disse nada. Eu estava começando a me preocupar quando Stevie Rae jogou seus braços ao meu redor e me abraçou com força.
 
“Oh, Zoey! Você vai ser uma Alta Sacerdotisa incrível.” Damien estavam com os olhos todos nebuloso e sua voz totalmente adorável. “Eu sinto que estou na Corte de uma grande rainha.”
 
“Ou você poderia ser uma grande rainha,” Shaunee disse. 
 
“Vossa Majestade Damien... hee heee,” Erin disse, rindo.
 
“Gente...” Stevie Rae avisou. 
 
“Desculpe,” as Gêmeas falaram juntas. 
 
“Foi só muito difícil resistir,” Shaunee disse. “Mas sério, adoramos a idéia.”
 
“Yeah, parece um jeito excelente para manter as bruxas de fora,” Erin disse.
 
“Bem, essa é outra coisa que preciso falar com vocês.” Eu respirei fundo. “Eu acho que sete é um bom número para o Conselho. Assim tem um tamanho descente, e é impossível haver empate.”Eles acenara.”Então, tudo que eu tenho lido – não só sobre as Filhas Negras, mas
sobre conselhos estudantis em geral – diz que os membros do Conselho são veteranos. Na verdade o Prefeito Sênior, que seria eu, é um, bem, sênior, não um calouro.”
 
“Eu gosto do titulo Terceiranista mais. Parece mais velho,” Damien disse.
 
“Independente de como a gente chame, não é normal sermos tão jovens. O que significa que precisamos de duas pessoas mais velhas no Conselho conosco.”
 
Houve uma pause, e então Damien disse,”Eu nomeio Erik Night.”
 
Shaunee virou os olhos. 
 
Erin disse, “Ok, quantas vezes vamos ter que explicar isso para você – o garoto não é do seu time. Ele gosta de peitos e vaginas, não pênis e anu –“
 
“Pare!” Eu absolutamente não queria entrar nesse assunto. “Eu acho que Erik Night é uma boa escolha, e não porque ele gosta de mim ou, bem...”
 
“De partes femininas?” Stevie Rae ofereceu.
 
“Sim, partes femininas versus partes masculinas.Eu acho que ele tem as qualidades que estamos procurando. Ele é talentoso, querido, e é um cara legal.”
 
“E ele é lindo...” Erin disse.
 
“... de cair morto,” Shaunne terminou.
 
“É verdade; ele é. Mas não vamos basear associação com aparência.”
 
Shaunee e Erin franziram, mas não discutiram. Elas não são superficiais de verdade; elas só são um pouco superficiais.
 
Eu respirei fundo. “E eu acho que o ultimo membro do Conselho precisa ser um sênior que fazia parte do grupo interno de Afrodite. Isto é, se alguns deles pedir para se juntar ao nosso Conselho.’
 
Dessa vez não houve um impressionante silencio. Erin e Shaunee, como sempre, falaram juntas.
 
“Uma das bruxas do inferno!”
 
“De jeito nenhum!”
 
Damien falou enquanto as Gêmeas procuravam por fôlego para falar de novo. “Eu não vejo como isso pode ser uma boa idéia.” Stevie Rae só parecia chateada e não disse nada.
 
Eu levantei minhas mãos, e fiquem satisfeita (e surpresa) por ver que eles realmente ficaram quietos.
 
“Eu não assumi as Filhas Negras para começar uma guerra na escola. Eu assumi porque Afrodite era uma valentona, e tinha que ser parada. Agora que eu estou no comando das Filhas Negras eu quero que ela seja um grupo o pessoal seja honrado para participar. E eu não
quero dizer só um grupo selecionado, como quando Afrodite era a líder. As Filhas e Filhos Negros deve ser um grupo difícil entrar e deve ser seletivo. Mas não porque apenas os amigos da líder atual tiveram a chance de entrar. Eu quero que as Filhas e Filhos Negros seja algo que todos sintam orgulho, e eu acho que permitindo que alguém do antigo grupo participe do meu Conselho irá mandar a mensagem certa.”
 
“Ou você vai deixar a cobra entrar no ninho,” Damien disse quietamente.
 
“Me corrija se eu estiver errada, Damien, mas cobras não são aliadas de Nyx?” eu falei rapidamente, seguindo o sentimento intuitivo que estava batendo em mim. “Elas não tem uma má reputação porque historicamente elas foram o símbolo do poder feminino, e os homens queriam tomar esse poder das mulheres e fizeram dele algo nojento e assustador?”
 
“Não, você está certa,” ele disse relutantemente,”mas isso não significa que deixar uma pessoa da gang de Afrodite entrar no nosso Conselho seja uma boa idéia.”
 
“Vê, esse é o ponto.Eu não quero que seja nosso Conselho. Eu quero que isso vire uma tradição na escola. Algo que dure além de nós.”
 
“Então você está querendo dizer que se algum de nós não sobreviver a Mudança, encontrar uma pessoa nova para as Filhas Negras será como se nós continuássemos a viver,” Stevie Rae disse, e eu vi que ela capturou o interesse do resto deles.   
 
“É exatamente o que eu quero dizer – embora eu não acho que tenha percebido isso até esse segundo,” eu disse com pressa. 
 
“Bem, eu gostei dessa parte, embora não tenha intenção de me afogar em meus próprios ensangüentados pulmões,” Erin disse.
 
“É claro que você não vai, Gêmea: é um jeito nada atraente de morrer.”
 
“Eu não quero nem pensar sobre não conseguir passar pela Mudança,” Damien disse, “mas se – algo horrível acontecer comigo, eu gostaria que algo sobre mim vivesse aqui na escola.”
 
“Podemos ter quadros?” Stevie Rae perguntou, e eu notei que de repente ela estava parecendo pálida demais. 
 
“Quadros?” eu não fazia idéia do que ela estava falando.
 
“Yeah. Eu acho que devemos ter uma quadro ou algo que grave o nome dos... dos... do que você os chamou?”
 
“Prefeitos,” Damien disse.
 
“Yeah, Prefeiros. O quadro, ou algo assim, pode ter o nome dos Prefeitos do Conselho a cada ano, e ficará a mostra para todos verem. 
 
“Yeah,’ disse Shaunee, aumentando a idéia. “Mas não só um quadro. Precisamos de algo que seja mais legal que um quadro.”
 
“Algo que seja único – como nós,” Erin disse.
 
“Impressões de mão,” Damien disse.
 
“Huh?” eu perguntei.
 
“Nossa impressão de mão é única. Se fizermos um gesso com nossas impressões de mão, e então assinarmos nossos nomes embaixo,” Damien disse.
 
“Como as estrelas em Hollywood!” Stevie Rae disse.
 
Ok, parece meio brega, o que significa que eu não posso não gostar. A idéia era como nós – única – legal – e beirando a brega.
 
“Eu acho que impressões de mão são uma idéia excelente. E sabe qual é o lugar perfeito para elas?” Eles olharam para mim com alegres e brilhantes olhos,  a preocupação deles com um dos amigos de Afrodite se juntar a nós, assim como o medo constante de uma morte repentina que sempre carregávamos conosco, temporariamente esquecida. “O jardim é o lugar perfeito.”
 
O sino tocou, nos chamando de volta para a aula. Eu pedi para Stevie Rae dizer a nossa professora de espanhol, Proffe Garmy, que eu tive que ir ver Neferet, então vou me atrasar. Eu realmente queria contar a ela sobre minhas idéias enquanto elas ainda estavam frescas na minha mente. Eu não iria demorar – só daria a ela a base e ver se ela gostava da direção em que eu estava indo. Talvez... talvez eu até peça a ela para vir no Ritual da Lua Cheia no domingo, e esteja lá quando eu anunciar o novo processo de seleção para associação as Filhas e Filhos Negros. Eu estava pensando sobre o quão nervosa eu ficaria se Neferet estivesse lá, me observando lançar o circulo e liderar meu próprio ritual, e estava dizendo a mim mesma que eu tinha que me livrar dos meus nervos... que era a melhor coisa para as Filhas Negras se Neferet estivesse lá para mostrar seu apoio em meus novos ideais e – 
 
“Mas foi o que eu vi!” A voz de Afrodite, carregada pela porta aberta da sala de Neferet, me tirou dos meus pensamentos e me fez parar. Ela soava horrível – totalmente chateada e talvez até assustada.
 
“Se sua visão não é melhor que isso, então talvez seja hora de você parar de compartilhar o que você vê com os outros.” A voz de Neferet era gelada, assustadora, fria, e dura.
 
“Mas, Neferet, você perguntou! Tudo que eu fiz foi dizer o que eu vi.”
 
Do que Afrodite estava falando? Ah, diabos. Ela podia ter ido correndo contar a Neferet que ela tinha visto Loren tocar meu rosto? Eu olhei ao redor para o corredor vazio. Eu deveria sair daqui,  mas de jeito nenhum se a bruxa estava falando de mim – mesmo que parecesse que Neferet não estava acreditando em nada que ela estava dizendo. Então ao invés de ir embora (como uma garota esperta), eu andei rapidamente e silenciosamente para o canto escondido perto da porta parcialmente aberta. E então, pensando rápido, eu tirei um dos meus brincos prateados e o joguei no canto. Eu ia e vinha da aula de Neferet bastante – não é estranho eu vir procurar um brinco perdido perto da porta dela.
 
“Você sabe o que eu quero que você faça?” As palavras de Neferet estavam tão cheiras de raiva e poder que eu podia eles se espalharem na minha pele. “Eu quero que você aprenda a não falar de coisas que são questionáveis.” Ela disse. Ela estava falando sobre fofocar sobre Loren e eu?
 
“Eu – eu só queria que você soubesse.” Afrodite começou a chorar, e ela disse as palavras entre o choro. “Eu pensei que talvez pudesse haver algo que você pudesse fazer para impedir.”
 
“Talvez seja sábio da sua parte pensar isso por causa das suas ações egoístas no passado, Nyx está retendo seus poderes de você porque você não é mais a favor dela e o que você está vendo agora são imagens falsas.”
 
Eu nunca ouvi esse tipo de crueldade que enchia a voz de Neferet. Nem parecia ela, e me assustou de um jeito que era difícil definir. O dia que eu fui Marcada, eu sofri um acidente antes de vir para a House of Night. Quando eu estava inconsciente a deusa me disse que ela tinha um plano especial para mim, e então ela beijou minha testa.  Quando eu acordei minha Marca estava completa. Eu tinha uma poderosa conexão com os elementos (embora não tenha percebido isso até mais tarde), e também tinha um novo pressentimento que as vezes me dizia para fazer ou dizer certas coisas – e algumas vezes me dizia muito claramente para manter minha boca fechada. Agora meu pressentimento estava me dizendo que a raiva de Neferet estava toda errada, mesmo que fosse uma resposta a maliciosa fofoca de Afrodite sobre mim.
 
“Por favor não diga isso, Neferet!” Afrodite chorou. “Por favor não diga que Nyx me rejeitou!”
 
“Eu não tenho que te dizer nada. Procure em sua alma. O que está dizendo a você?”
 
Se Neferet tivesse dito as palavras gentilmente, elas não seriam nada mais que a sabedoria de um professor, um sacerdotisa, dando a alguem que estava perturbado uma direção – como procurar dentro de si, e consertar, o problema. Mas a voz de Neferet era fria e cruel e de desprezo. 
 
“Está – está me dizendo que eu – eu,uh, cometi erros, mas não que a deusa me odeia.”
 
Afrodite estava chorando tanto que estava ficando cada vez mais difícil entender.
 
“Então você deveria olhar mais atentamente.”
 
O choro de Afrodite aumentou. Eu não conseguia mais ouvir. Deixando meu brinco, eu segui meu instinto e sai dali. 
 
 
  CINCO
 
 
 
Meu estomago doeu durante toda a aula de espanhol, tanto que eu até descobri como perguntar a professor Garmy, “puedo it al baño,” e passar tanto tempo no banheiro que Stevie Rae me seguiu até lá e perguntou qual o proble.a
 
Eu sei que eu estava preocupando ela demais – eu quero dizer, se um calouro começa a parecer doente, isso tende a significar que ele está morrendo. E eu tenho certeza que eu parecia horrível. Eu disse a Stevie Rae que eu estava ficando menstruada e que as cólicas estavam me matando – embora não literalmente. Ela não pareceu convencida.
 
Eu fiquei incrivelmente feliz por ir na minha ultima aula da semana, Equitação. Eu não só adorava a aula, mas sempre me acalmava. Essa semana eu iria galopar com Persephone, o cavalo que Lenobia (não precisava chamar ela de professora, ela disse que o nome de uma antiga rainha vampira era o suficiente) tinha designado para mim na primeira semana de aula, e praticamente mudado a liderança. Eu trabalhei com a linda égua até nós duas estarmos suando e meu estomago ficar um pouco melhor, então levei tempo para escovar e limpar ela,  sem me importar que o sino tinha assinalado o fim do de aula meia hora antes deu sair do estábulo. Eu fui guardar a escova, e estava surpresa por ver Lenobia sentada numa cadeira fora da porta. Ela estava esfregando sabão em pé em algo que parecia uma limpíssima sela. 
 
Lenobia parecia impressionante, mesmo para uma vampira. Ela tinha um cabelo incrível que ia até a cintura dela e era tão loiro que era quase branco. Os olhos dela eram de um estranho tom de cinza, como um céu tempestuoso. Ela era pequena, e andava como uma bailarina. A tatuagem dela era uma intricada serie de nos que se entrelaçavam ao redor do rosto dela – dentro dos desenhos de cavalos arrojados e elevados. 
 
“Cavalos podem nos ajudar a resolver nosso problemas,” ela disse sem tirar os olhos da sela.
 
Eu não tinha certeza do que dizer. Eu gostava de Lenobia. Ok, quando eu comecei a matéria dela ela me assustava; ela era dura e sarcástica, mas depois que a conheci (e provei que entendia que os cavalos não eram apenas cachorros grandes), eu comecei a apreciar ela com sua atitude sem besteiras. Na verdade, ela era minha professora favorita, perto de Neferet, mas ela e eu nunca falamos nada a não ser cavalos. Então, hesitando, eu finalmente disse, “Persephone me faz ficar mais calma, mesmo quando não me sinto calma. Isso faz sentido?”
 
Ela olhou pra cima e então, seus olhos cinzas se estreitaram com preocupação. “Faz perfeito sentido.” Ela parou, e então acrescentou, “Você recebeu muitas responsabilidades em um período de tempo muito curto, Zoey.”
 
“Eu não me importo,” eu assegurei a ela. “Eu quero dizer, ser a líder das Filhas Negras é uma honra.”
 
“Geralmente as coisas que nos trazem as maiores honras também podem nos trazer os maiores problemas.” Ela parou de novo e talvez eu estivesse imaginando, mas ela parecia estar tentando decidir o que dizer ou não. Então ela arrumou a sua já perfeita coluna ainda mais e continuou. “Neferet é sua mentora, e é o certo que você vá até ela para conversar, mas as vezes Altas Sacerdotisas podem ser difíceis de conversar. Eu quero que você saiba que pode vir até mim – para falar de qualquer coisa.”
 
Eu pisquei surpresa. “Obrigado, Lenobia.”
 
“Eu guardo isso para você. Vai lá. Tenho certeza que seus amigos estão se perguntando o que aconteceu com você.” Ela sorriu e pegou as escovas da minha mão. “E sinta-se livre para vir até o celeiro para visitar Persephone a qualquer hora. Eu percebi que geralmente cuidar de um cavalo pode fazer o mundo parecer menos complexo.”
 
“Obrigado,” eu disse de novo.
 
Quando deixei o celeiro pude jurar que ela falou suavemente atrás de mim algo que soou muito como “que Nyx abençoe e cuide de você.” Mas isso era simplesmente estranho demais. É claro, também era estranho ela dizer que eu poderia conversar com ela. Calouros formam laços especiais com seus mentores – e minha mentora era extra-especial sendo a Alta
Sacerdotisa da escola. Claro, gostávamos de outros vampiros, mas se tivéssemos um problema que não podíamos resolver sozinhos, levaríamos esse problema para nosso mentor. Sempre.
 
A caminhada do estábulo para o dormitório não era comprida, mas eu demorei, tentando esticar o senso de paz que trabalhar com Persephone me deu. Eu vagueei pela calçada um pouco, indo em direção as velhas arvores que se alinhavam no lado oriental do grosso muro que cercava a escola. Eram quase 4 horas (da manhã é claro), e a escuridão da noite era lindamente acessa pela luz da lua.
 
Eu esqueci o quanto amava andar perto do muro da escola. Na verdade, eu evitei vir aqui no ultimo mês. Desde que eu tinha visto – ou pensando ter visto – os dois fantasmas.
 
"Mee-uf-ow!”
 
“Merda, Nala! Não me assuste assim.”Meu coração estava batendo feito louco enquanto pus minha gata nos braços e a acariciei enquanto ela reclamava para mim. “Olá – você poderia ser um fantasma.” Nala me olhou e então espirrou no meu rosto, que eu levei como o comentário dela da possibilidade dela ser um fantasma.
 
Ok, o primeiro “avistamento” pode ter sido um fantasma. Eu estava aqui no dia que Elizabeth morreu o mês passado. Ela foi a primeira da morte de dois calouros que balançaram a escola. Bem, mais precisamente, me balançaram. Como calouros que poderiam – qualquer um de nós – cair morto a qualquer hora durante os próximos 4 anos que levava para a Mudança física de humano para vampiro acontecer dentro de nossos corpos, a escola esperava que nós lidássemos com isso como outro fato da vida de um calouro. Dizer uma reza ou duas pelo garoto morto. Acender uma vela. Tanto faz. Apenas supere e vá fazer suas coisas.
 
Parecia errado para mim, mas talvez fosse porque eu estivesse a apenas um mês na Mudança e ainda mais acostumada a ser humana do que vampira, ou até mesmo uma caloura.
 
Eu suspirei e cocei as orelhas de Nala. De qualquer forma, a noite depois da morte de Elizabeth eu vi algo que eu pensei ser Elizabeth. Ou o fantasma dela, porque ela definitivamente estava morta. Então não nada mais do que uma breve visão, e Stevie Rae e eu conversamos sobre isso sem decidir o que estava acontecendo. A verdade era que sabíamos bem demais que fantasmas existiam – aqueles que Afrodite conjurou um mês atrás quase tinham matado meu ex-namorado humano. Então eu posso muito bem ter visto o fantasma de Elizabeth. É claro eu também posso ter um visto um calouro e, e porque eu o vi a noite e estava aqui a apenas alguns dias e tinha, nesses poucos dias, passado por todo tipo de merda inacreditável, eu podia ter imaginado tudo. 
 
Eu fui até o muro e virei para a direita, indo na direção que eventualmente iria me levar a sala de recreação, e então, virei, para o dormitório das garotas.
 
“Mas o segundo avistamento definitivamente não foi minha imaginação. Certo, Nala?”A resposta da gata foi esfregar seu rosto contra o canto do meu pescoço e ronronar como um cortador de grama. Eu acariciei ela, feliz por ela me seguir. Só de pensar no segundo fantasma ainda me assustava. Como agora, Nala estava comigo. (A similaridade me fez olhar ao redor nervosamente e acelerar o passo.)
 
Não fazia muito depois que o segundo garoto tinha se afogado em seus próprios pulmões e sangrado até morrer na frente da turma de literatura. Eu tremi, lembrando o quão horrível tinha sido – especialmente por causa da minha nojenta atração pelo sangue dele. De qualquer
forma, eu vi Elliott morrer. Então mais tarde naquele dia Nala e eu tínhamos topado com ele (quase literalmente) não muito longe de onde estávamos agora. Eu pensei que ele era outro fantasma. A principio. Então ele tentou me atacar, e Nala (minha preciosa gatinha) se lançou em cima dele, o que fez ele pular por cima do muro de 6 metros e desaparecer na noite, deixando Nala e eu totalmente apavoradas. Especialmente depois que eu notei que minha gata tinha sangue em suas patas. Sangue de fantasma. O que não fazia sentido nenhum.
 
Mas eu não tinha mencionado a segunda vez para ninguém. Nem minha melhor amiga e colega de quarto Stevie Rae, nem minha mentora e Alta Sacerdotisa Neferet, nem meu totalmente delicioso namorado novo, Erik. Ninguém. Eu queria. Mas então todas as coisas aconteceram com Afrodite... eu assumi as Filhas Negras... comecei a sair com Erik...estive extremamente ocupada com a  escola...blá,blá, uma coisa levou a outra e aqui eu estava um mês depois e não tinha dito nada para ninguém. Só em pensar em contar para alguém agora parecia idiota em minha própria mente. “Hey, Stevie Rae/Neferet/Damien/Gêmeas/Erik, eu vi o espectro de Elliott mês passado depois que ele morreu e ele estava muito assustador e quando ele tentou me atacar Nala fez ele sangrar. Oh, e o corpo dele tinha um cheiro estranho. Acredite em mim. Eu conheço bem o cheiro de sangue (só outra coisa bizarra sobre mim, a maior parte dos calouros não tem ânsia por sangue). Só achei melhor mencionar.”
 
Yeah, certo. Eles provavelmente iriam querer me mandar para o vampiro equivalente a um psicólogo, e oh, cara, isso não me ajudaria a melhorar minha confiança enorme para liderar as Filhas Negras? Dificilmente não. 
 
Além do mais, conforme mais tempo passava, era mais fácil para mim me convencer que talvez eu tenha imaginado o encontro com Elliott.
 
Talvez não fosse Elliott (ou seu fantasma ou tanto faz). Eu não conhecia cada um dos calouros aqui. Poderia ser outro garoto que tinha um feio, cabelo vermelho, e pele rechonchuda e muito branca.  Claro, eu não tinha visto esse garoto de novo, mas ainda sim. E quando ao estranho cheiro de sangue. Bem, talvez um calouro tivesse um estranho cheiro no sangue. Como se eu pudesse ser uma expert em um mês? E também ambos os “fantasmas” tinha olhos vermelho brilhantes. O que era isso?
 
A coisa toda estava me dando dor de cabeça. 
 
Ignorando meu assustador sentimento que essa corrente toda de pensamentos estava me causando, eu comecei a me virar resolutamente do muro (e do assunto dos fantasmas) quando um movimento foi visto pelo canto do meu olho. Eu congelei. Era uma forma. Um corpo. Era alguém. A pessoa estava parada de baixo do enorme e antigo carvalho que eu encontrei Nala no mês passado. As costas dele ou dela estava virada para mim, e ele ou ela estava encostado contra a arvore, cabeça curvada. 
 
Deus. Ele não tinha me visto. Eu não queria saber quem ou o que era. A verdade era que eu já tinha estresse suficiente na minha vida. Eu não precisava da adição de fantasmas de nenhum tipo. (E, eu prometi a mim mesma, dessa vez eu iria contar a Neferet sobre o estranho fantasma ensangüentado que andava pelos muros da escola. Ela era mais velha. Ela podia lidar com esse estresse.) O coração batendo tão alto que o som estava acima do ronronar de Nala, eu devagar e silenciosamente comecei a rapidamente me afastar, dizendo a mim mesma firmemente que eu nunca iria andar aqui no meio da noite sozinha de novo. Nunca. O que eu era, mentalmente incapaz? Porque eu não aprendi da primeira, ou segunda vez?
 
Então meu pé bateu no meio de um banco seco. Crack! Eu arfei. Nala deu uma alta reclamação (eu estava sem perceber esmagando ela contra o meu peito.) A cabeça da figura debaixo da arvore levantou e virou. Eu fiquei tensa me preparando ou para gritar e fugir de um fantasma maléfico de olhos vermelhos, ou para gritar e lutar contra um fantasma maléfico de olhos vermelhos. Das duas maneiras um grito definitivamente estaria envolvido, então eu suguei o ar e- “Zoey? É você?”
 
A voz era profunda, sexy, e familiar. “Loren?”
 
“O que você está fazendo aqui?”
 
Ele não fez movimento nenhum para se aproximar de mim, então por trás da pura estranha inquietação como se eu não estivesse morta de medo um segundo atrás, eu dei nos ombros indiferentemente, e me juntei a ele debaixo da arvore. “Oi,” eu disse, tentando parecer adulta. Então eu lembrei que ele tinha me feito uma pergunta e eu estava feliz por estar escuro o suficiente para meu rosto vermelho não ser totalmente obvio. “Oh, eu estava voltando dos estábulos e Nala e eu decidimos tomar um caminho mais cumprido.” Um caminho mais cumprido? Eu realmente disse isso?
 
Eu achei que ele parecia tenso quando andei até ele, mas isso o fez rir e seu rosto totalmente lindo relaxou. “Um caminho cumprido, huh? Olá de novo, Nala.” Ele acariciou o topo da cabeça dela e ela rudemente, mas tipicamente, resmungou para ele e então pulou dos meus braços para o chão, se sacudiu, e ainda reclamando, e delicadamente foi para longe.
 
“Desculpe. Ela não é muito sociável.”
 
Ele sorriu. “Não se preocupe. Meu gato, Wolverine, me lembra um velho mau humarado.”
 
“Wolverine?” eu levantei minha sobrancelha.
 
O sorriso lindo dele ficou todo torto como o de um garoto e, incrivelmente, o deixou ainda mais lindo. “Yeah, Wolverine. Ele me escolheu como dele quando era terceiranista. Esse foi o ano que eu era louco pelos X-men.”
 
“Esse nome pode ser o porque dele ser tão mal humorado.”
 
“Bem, poderia ser pior. Um ano antes eu não podia parar de ver Homem- Aranha. Ele quase se chamou Arainha ou Peter Parker.”
 
“Claramente, você é um grande fardo para seu gato carregar.”
 
“Wolverine iria definitivamente concordar com você!” Ele riu de novo e eu tentei não deixar que sua maravilhosa aparência me fizesse rir histericamente como uma pretendente de uma banda. Eu estava, no momento, realmente flertando com ele! Fique calma. Não diga ou faça nada idiota.
 
“Então, o que você está fazendo aqui?” eu perguntei, ignorando minha conversa interior.
 
“Escrevendo haiku* (*poema japonês).” Ele levantou a mão e eu notei pela primeira vez que ele estava segurando um daqueles super caros e legais cadernos de couro para escritores. “Eu encontro inspiração aqui, sozinho, nas horas antes do amanhecer.”
 
“Oh, Deus! Desculpe. Não queria interromper você. Eu vou apenas me despedir e te deixar sozinho.” Eu acenei (como uma idiota) e comecei a me virar, mas ele pegou meu pulso com sua mão livre.
 
“Você não tem que ir. Eu encontro inspiração em mais coisas do que ficar aqui sozinho.”
 
A mão dele era quente contra meu pulso e me perguntei se ele podia sentir meu pulso pular.
 
“Bem, eu não quero incomodar você.”
 
“Não se preocupe. Você não está me incomodando.” Ele apertou meu pulso antes de (infelizmente) me soltar.
 
“Ok, então. Haiku.” O toque dele me deixou ridiculamente frustrada e tentei recuperar meu bom senso. “Isso é poesia asiática com um formato vertical, certo?”
 
O sorriso dele me deixou feliz por ter prestado atenção na aula da inglês da Sra. Wieneckes do ano passado falando sobre poesia. 
 
“Certo. Eu prefiro o formato normal.” Ele parou e seu sorriso mundou. Algo sobre isso fez meu estomago flutuar, e seus escuros e lindos olhos se prenderam aos meus. “Em falar em inspiração – você poderia me ajudar.”
 
“Claro, eu ficaria feliz,” eu disse, feliz por não soar tão sem fôlego quanto me sentia.
 
Ainda olhando nos meus olhos, ele levantou suas mãos para acariciar meus ombros. “Nyx Marcou você aí.”
 
Não parecia uma pergunta, mas eu acenei. “Sim.”
 
“Eu gostaria de ver. Se não te deixar desconfortável.”
 
A voz dele passou por mim. A lógica estava me dizendo que ele só estava pedindo para ver minhas tatuagens porque elas eram bizarramente diferentes, e que ele não estava de forma alguma dando em cima de mim. Para ele eu deveria parecer nada mais que uma criança – uma garota – uma caloura com uma estranha Marca e poderes raros. Isso era o que a lógica estava me dizendo. Mas os olhos dele, a sua voz, o jeito que as mãos dele ainda estavam nos meus ombros – essas coisas estavam me dizendo algo completamente diferente.
 
“Eu mostro pra você.”
 
Eu estava usando minha jaqueta favorita – camurça preta e corte que me servia perfeitamente. Debaixo disso eu usava uma blusa púrpura. (Sim, é o fim de novembro, mas eu não sinto o frio que sentia antes de ser Marcada. Nenhum de nós sente.) Eu comecei a tirar a jaqueta.
 
“Aqui, me deixe te ajudar.”
 
Ele estava parado muito perto de mim, na frente e no lado. Ele pegou com sua mão direita o colar da minha jaqueta com seus dedos, e deslizou para baixo dos meus ombros para ficar embaixo de meus cotovelos. 
 
Loren deveria estar olhando para meu ombro parcialmente nu, olhando estupidamente para as tatuagens que nem vampiro ou calouro jamais tiveram. Mas ele não estava. Ele ainda estava olhando para meus olhos. E então de repente algo aconteceu comigo. Eu parei de me sentir uma boba, nervosa e cdf garota adolescente. O olhar nos olhos dele tocaram a mulher dentro de mim, acordando ela, e enquanto essa nova eu acordava eu encontrei a calma e confiança em mim mesma que eu raramente encontrei antes. Devagar, eu passei o ombro da minha camiseta por cima dos ombros para que se juntasse a minha jaqueta. Então, ainda olhando ele nos olhos, eu tirei meus longos cabelos do caminho, levantei meu queixo, e virei ligeiramente meu  corpo, dando a ele uma clara visão das costas dos meus ombros, que agora estava completamente nu a não ser pela fina linha das costas do meu sutiã.
 
Ele continuou a olhar nos meus olhos por vários segundos, e eu pude sentir o frio ar da noite e a caricia da quase lua cheia da pele exposta do meu peito e ombro e costas. Muito deliberadamente, Loren se moveu para mais perto de mim, segurando meu ante braço enquanto olhava nas minhas costas e ombros.
 
“É incrível.” A voz dele era tão lenta que era quase um sussurro. Eu senti os ombros dele ligeiramente traçarem os espirais em labirinto, com exceção das runas exóticas que ficavam ao redor das espirais, como as minha Marca facial. “Eu nunca vi nada igual a isso. É como se você fosse uma antiga sacerdotisa que se materializou em nossa época. Somos abençoados por ter você, Zoey Redbird.”
 
Ele disse meu nome como uma reza. A voz dele misturada com seu toque me vez tremer. 
 
“Eu sinto muito. Deve estar frio.” Gentilmente, mas rapidamente, Loren pegou minha jaqueta e camiseta.
 
“Eu não estava tremendo por causa do frio.” Eu me ouvi dizer as palavras, e não consegui decidir se deveria ficar orgulhosa de mim mesma ou chocada com minha audácia. 
 
“Creme e seda como um
 
Como eu desejo experimentar e tocar
 
A lua nos observa.”
 
Os olhos dele nunca deixaram os meus enquanto ele recitava o poema. A voz dele, que era normalmente tão experiente, tão perfeita, tinha ficado profunda e rouca, como se tivesse dificuldades de falar. Como se a voz dele tivesse a habilidade de me esquentar, eu fiquei tão corada que pude sentir meu sangue circulando em um rio pelo meu corpo. Minhas coxas formigaram e foi difícil recuperar o fôlego.  Se ele me beijar eu posso explodir. A idéia me chocou para falar. “Você acabou de escrever isso?” Dessa vez minha voz soava tão sem fôlego quanto eu me sentia.
 
Ele balançou a cabeça levemente, um sorriso mal tocou os lábios dele. “Não. Foi escrito séculos atrás por um antigo poeta japonês, sobre como a amada dele parecia nua embaixo da lua.”
 
“É lindo,” eu disse.
 
“Você é linda,” ele disse, e acariciou minha bochecha com sua mão. “E hoje a noite você foi minha inspiração. Obrigado.”
 Eu pude me sentir me inclinando em direção a ele, e eu juro que o corpo dele respondeu. Eu posso não ter muita experiência. E,sim, ainda sou virgem. Mas não sou uma completa idiota (na maior parte do tempo). Eu sei quando um cara está afim de mim. E esse cara – nesse momento – está definitivamente afim de mim. Eu cobri as mãos dele com as minhas, e esquecendo sobre tudo, inclusive Erik e o fato de Loren ser um vampiro adulto e eu ser uma caloura, eu quis que ele me beijasse, quis que ele me tocasse mais. Nós nos olhamos. Estávamos ambos respirando com dificuldade. Então, no espaço de um segundo, os olhos dele viraram e mudaram para um escuro e intimo para um escuro e distante. Ele derrubou sua mão de meu rosto e deu um passo para trás. Eu senti a desistência dele com um vento frio.
 
“Foi bom ver você, Zoey. E obrigado de novo por me permitir ver sua Marca.” O sorriso dele era educado e apropriado. Ele me deu um pequeno aceno que quase foi uma reverencia formal, e então se afastou.
 
Eu não sabia se deveria gritar de frustração, chorar de vergonha, ou rugir e ficar fula. Franzindo e murmurando para mim mesma, eu ignorei o fato de minhas mãos estarem tremendo e marchei de volta para o dormitório. Essa era definitivamente uma emergência de eu-precisoda-minha-melhor-amiga.
 
 
 
SEIS
 
 
 
Ainda murmurando para mim mesma sobre homens e mensagens misturadas, eu entrei na sala do dormitório e surpreendentemente Stevie Rae e as Gêmeas estavam amontoadas juntos assistindo TV. Claramente, elas estavam esperando por mim. Eu senti uma incrível onda de alivio. Eu não queria que o mundo todo (tradução – as Gêmeas e/ou Damien) soubessem o que tinha acontecido, mas eu ia contar a Stevie Rae cada mínimo,pequeno, detalhe sobre Loren – e deixar ela me ajudar a descobrir o que diabos isso significava.
 
“Uh, Stevie Rae,não sei o que fazer sobre nosso,uh, trabalho de sociologia que é para segunda. Talvez você pudesse me ajudar com ele. Eu quero dizer, não vai levar tanto tempo e-“ eu comecei, mas Stevie Rae me interrompeu sem tirar os olhos da TV.
 
“Espere, Z, vem aqui. Você tem que ver isso.” Ela fez menção em direção a TV. Os olhos das gêmeas estavam grudados na tela também.
 
Eu franzi a percebi o quão tensas elas pareciam, fazendo com o que o assunto de Loren (temporariamente) saísse da minha cabeça. “O que está acontecendo?” Eles estavam assistindo uma reprise do jornal local da FOX 23. Chera Kimiko, a ancora, estava falando e algumas fotos familiares do Parque Woodward estavam aparecendo na tela. “É difícil acreditar que Chera não seja uma vampira. Ela é incrivelmente linda,” eu disse automaticamente.
 
“Shush e ouça o que ela estava dizendo,” Stevie Rae disse.
 
Ainda surpresa por o quão estranho elas estavam agindo, eu fiquei quieta e escutei.
 
“Então, para repetir nossa estória principal hoje a noite – a busca continua pelo adolescente da Union High Chris Ford. O adolescente de 17 anos desapareceu ontem depois do treino de futebol.” A foto na tela era uma foto de Chris usando seu uniforme de futebol. Eu soltei um pequeno uivo enquanto o nome e o rosto eram registrados na minha mente.
 
“Hey – eu conheço ele!”
 
“É por isso que chamamos você aqui,” Stevie Rae disse.
 
“Equipes de busca estão vasculhando a área entre Utica Squre e Parque Woodward, que é onde ele foi visto pela ultima vez.”
 
“Isso é muito perto daqui,” eu disse.
 
“Shush!” Shaunee disse.
 
“Nós sabemos!” Erin disse.
 
“Até agora não a pistas do porque ele estar na área do Parque Woodward. A mãe de Chris disse que nem sabia que o filho conhecia o caminho para o parque Woodward, ela nunca soube que ele foi lá antes. Sra. Ford também disse que ela esperava que ele fosse para casa logo depois do treino. Ele agora está sumido a mais de 24 horas. Se alguém tiver informações que possam ajudar a policia a localizar Chris, por favor ligue para o Anti-Crime. Você pode permanecer anônimo.”
 
Chera foi para outra história e eu descongelei. “Então, você o conhece?” Shaunee perguntou.
 
“Yeah, mas não muito bem. Quero dizer, ele é uma das estrelas do time de futebol da Union e quando eu estava meio que saindo com Heath – vocês sabem o quarterback do time de Broken Arrow?”
 
Elas acenaram impacientemente. 
 
“Bem, ele costumava me arrastar para festas com ele, e todos os jogadores se conheciam, então Chris e seu primo Jon eram um bando deles. Diziam os rumores que eles se graduou em comprar cerveja e começou a distribuir maconha em reuniões secretas.” Eu olhei para Shaunee, que estava mostrando um incomum interesse na noticia.” E antes de você perguntar, sim, ele é fofo na vida real tanto quanto na foto.”
 
“Uma pena quando algo acontece para um irmão fofo,” Shaunne disse, balançando a cabeça suavemente.
 
“Uma pena quando algo acontece para qualquer cara fofo – não importa a cor, Gêmea,”Erin disse. “Não devemos discriminar. Beleza é beleza.”
 
“Você está certa, como sempre, Gêmea.”
 
“Eu não gosto de maconha,” Stevie Rae se intrometeu.”Cheira mal. Eu tentei uma vez e me fez tossir até morrer e queimar minha garganta. Além do mais um pouco da erva caiu na minha boca. Era nojento. 
 
“Nós não fazemos coisas feias,” Shaunee disse.
 “Yeah, e maconha é feia. Além do mais faz você comer por razão nenhuma. É uma pena que jogadores de futebol gostosos fazem isso,” Erin disse.
 
 
“Os faz ser menos gostosos,” Shaunee disse.
 
“Ok, beleza e maconha não são o ponto,“ eu disse. “Eu tenho um mal pressentimento sobre esse negocio de desaparecimento.”
 
“Oh, não.” Stevie Rae disse.
 
“Bem merda,” Shaunne disse.
 
“Eu realmente odeio quando ela tem esses pressentimentos,” Erin disse.
 
 
 
 
Tudo o que qualquer uma de nós podia falar era o desaparecimento de Chirs e o quão bizarro era dele ter sido visto pela ultima vez perto da House of Night. Em comparação ao garoto estar desaparecido, meu pequeno trauma-drama com Loren parecia insignificante. Quero dizer, eu ainda queria contar a Stevie Rae sobre isso, mas eu não conseguia me concentrar o suficiente em nada a não ser o mal pressentimento que estava me enchendo desde que vi as noticias.
 
Chris está morto. Eu não queria acreditar. Eu não queria saber. Mas tudo dentro de mim dizia que o garoto seria encontrado, mas seria encontrado morto.
 
Encontramos Damien no salão de jantar, e a conversa de todos se centrou em Chris e teorias sobre o seu desaparecimento, que vinham da insistência das Gêmeas que “que o gostoso provavelmente teve uma briga com um dos seus pais e saiu bebendo cerveja barata em algum lugar” para as crenças firmes de Damien que ele poderia ter descoberto suas homossexuais e tinha fugido para Nova Iorque para realizar seu sonho de ser um modelo gay.
 
Eu não tinha uma teoria. Tudo o que eu tinha era um terrível pressentimento, que eu não estava disposta a contar.
 
Naturalmente, não pude comer. Meu estomago estava me matando. De novo. “Você está remexendo sua comida excelente,” Damien disse.
 
“Não estou com fome.”
 
“Foi o que você disse no almoço.”
 
“Ok, bem, estou dizendo de novo!” Eu surtei, e fiquei instantaneamente arrependida quando Damien pareceu magoado e baixou os olhos para sua gostosa tigela de salada Vietnamita chamada Bun Cha Gio. As Gêmeas levantaram uma sobrancelha para mim, e então voltaram a se focar em usar os palitinhos corretamente. Stevie Rae simplesmente me encarou, com uma preocupação silenciosa em seu rosto.
 
“Aqui.Eu descobri isso. Eu tenho o pressentimento que é seu.”
 
Afrodite derrubou o brinco prateado no meu prato. Eu olhei para o rosto perfeito dela. Era estranhamente sem expressão, assim como a voz dela.
 
“Então, é seu?”
 
Eu o peguei e automaticamente toquei seu companheiro, que ainda estava na minha orelha. Eu esqueci que derrubei essa porcaria para poder fingir encontrar ele enquanto ouvia a conversa de Afrodite e Neferet.Merda. “Sim. Obrigado.”
 
“Não foi nada. Acho que você não é a única que tem sentimento sobre as coisas, huh?”
 
Ela se virou e se afastou saindo do salão pelas portas de vidro e indo para o jardim. Embora estivesse carregando uma bandeja com seu jantar intocado, ela nem parou para olhar para a mesa onde seus amigos estavam sentados. Eu notei que eles olharam para ela quando passou, mas então olharam apressadamente para longe. Nenhum deles encontrou os olhos dela. Afrodite comeu do lado de fora no jardim onde estava comendo no ultimo mês. Sozinha.
 
“Ok, ela é estranha,” Shaunee disse.
 
“Yeah, estranha e psicótica e uma bruxa do inferno,” Erin disse.
 
“Seus próprios amigos não querem nada a ver com ela,” eu disse.
 
“Pare de sentir pena dela!” Stevie Rae disse,soando nada caracteristicamente irritada. “Ela é problema, você não consegue ver isso?”
 
“Eu não disse que ela não era,” eu disse. “Eu apenas comentei que até os amigos dela viraram suas costas para ela.”
 
“Perdemos algo?” Shaunee perguntou.
 
Eu abri a boca para dizer a eles sobre o que eu tinha ouvido, e fui silenciada pela voz de Neferet, “Zoey, espero que não se importe que te afaste dos seus amigos hoje a noite.”
 
Eu olhei vagarosamente para ela, quase assustada sobre o que eu poderia ver. Quer dizer, da ultima vez que ouvi a voz dela ela soava incrivelmente odiosa e fria. Meus olhos se ergueram em direção aos dela. Eles eram um verde lamoso e lindos e seu gentil sorriso estava começando a parecer preocupado.
 
“Zoey?Alguma coisa errada?”
 
“Não!Desculpe. Minha mente estava divagando.”
 
“Eu gostaria que você jantasse comigo hoje a noite.”
 
“Oh, claro. É claro. Sem problemas; eu gostaria disso.” Eu percebi que estava tagarelando, mas não parecia ter nada que eu pudesse fazer. Eu esperei eventualmente parar. Igual a quando você tem diarréia para sempre – e eventualmente ela para.
 
“Ótimo.” Ela sorriu para meus amigos. “Eu preciso pegar Zoey emprestada, mas a devolvo em breve.”
 
Os quatro deram a ela seus sorrisos adoradores de herói e rápidas seguranças que eles estavam tranqüilos. 
 
Eu sei que é ridículo, mas eles me soltarem me fez sentir abandonada e insegura. Mas isso era idiota. Neferet é minha mentora, e Alta Sacerdotisa de Nyx. Ela é um dos caras bonzinhos. 
 
Eu olhei por cima do ombro para meu grupo. Eles já estavam conversando. Damien estava segurando seus palitos, obviamente dando as Gêmeas outra lição de como comer com eles. Stevie Rae estava demonstrando para ele. Eu senti olhos em mim e olhei deles para a parede de vidro que separava o salão de jantar do jardim. Sentada sozinha na noite, Afrodite estava me observando com uma expressão que era quase de pena.
 
 
SETE
 
 
 
O salão de jantar dos vampiros não era como uma lanchonete. Era um salão muito legal que ficava diretamente na em cima do salão de jantar dos estudantes. Ele, também, tinha uma parede com janelas arqueadas. Mesas de ferro forjado e cadeiras estavam arrumadas na sacada que tinha vista para o jardim abaixo.O resto do salão tinha bom gosto e decorações extremamente caras com uma variedade de mesas de diferentes tamanhos, e até mesmo algumas tentas feitas de madeira vermelha. Não havia bandejas aqui, e nem um Buffet serveservice.Guardanapos de pano, porcelana, e cristais estavam colocados elegantemente nas mesas, e compridas, velas brancas queimavam alegremente nos castiçais de cristal. Haviam alguns professores comendo em pequenos grupos silenciosos. Eles acenaram para Neferet respeitosamente e deram rápidos sorrisos de boas vindas para mim antes de voltar para suas refeições.  
 
Eu tentei espiar o que eles estavam comendo sem ser obvia, mas tudo que vi foi a mesma salada Vietnamita que estávamos comendo no andar de baixo, e alguns bolinhos de primavera que pareciam caros. Não havia sinal de carne crua ou nada que lembrasse sangue (bem, a não ser o vinho tinto). E, é claro, eu nem precisei me incomodar em olhar feito uma idiota. Se eles estivessem tomando sangue eu teria sentido o cheiro. Eu era intimamente familiar com o delicioso cheiro de sangue...
 
“A noite fria te incomodaria se sentássemos da sacada?” Neferet perguntou.
 
“Não, acho que não. Eu não sinto o frio como costumava.” Eu dei um belo sorriso para ela, me lembrando que ela era uma intuitiva e que ela provavelmente estava ouvindo “partes” da minha idiota conversa mental.
 
“Ótimo, eu preciso jantar na sacada em todas as estações.” Ela me levou através das portas para uma mesa que já estava colocada para dois. Uma serva magicamente apareceu – obviamente uma vampira pela sua Marca completa e varias pequenas tatuagens que emolduravam seu rosto em forma de coração, mas ela parecia bem jovem. “Sim, me traga a salada Bun Cha Gio e um pouco do mesmo vinho tinto de ontem a noite.” Ela parou, e então com um sorriso secreto para mim adicionou, “e por favor traga a Zoey um copo de qualquer coca que você tiver, desde que não seja diet.”
 
“Obrigado,” eu disse a ela.
 “Só tente não beber muito desse negocio. Não é bom para você.” Ela piscou para mim, fazendo de sua repreensão uma pequena piada.
 
Eu ri para ela, felizes por ela lembrar do que eu gostava, e comecei a me sentir mais relaxada. Essa era Neferet – nossa Alta Sacerdotisa. Ela era minha mentora e minha amiga e nos mês que estive aqui ela nunca foi nada a não ser gentil comigo. Sim, ela soava assustador quando ouvi ela com Afrodite, mas Neferet era uma Sacerdotisa poderosa, e como Stevie Rae continuava a me lembrar, Afrodite era uma valentona egoísta que merecia estar com problemas. Diabos! Ela provavelmente estava falando mal de mim.
 
“Se sentindo melhor?” Neferet perguntou.
 
Eu olhei nos olhos dela. Ela estava me estudando cuidadosamente.
 
“Yeah, estou.”
 
“Quando ouvi sobre o adolescente humano desaparecido comecei a me preocupar com você. Esse Chris Ford era seu amigo, não era?”
 
Nada que ela dissesse deveria me surpreender. Neferet era incrivelmente inteligente e tinha sido dotada de dons pela deusa. Além disso ela tinha o sexto sentido que todos os vampiros tinham, e era mais que provável que ela soubesse literalmente de tudo (ou pelo menos tudo importante). Provavelmente foi fácil para ela saber que eu tinha minhas próprias intuição sobre o desaparecimento de Chris.
 
“Bem, ele não era realmente meu amigo. Fomos a algumas das mesmas festas, mas eu não gosto muito de festa, então não o conhecia tão bem.”
 
“Mas algo sobre o desaparecimento dele te chateia.”
 
Eu acenei. “É só um pressentimento que eu tenho. É bobo.Ele provavelmente brigou com seus pais e seu pai o castigou ou algo assim, então ele fugiu. É mais que provável que ele já esteja em casa.”
 
“Se você realmente acreditasse nisso não se sentiria tão preocupada.” Neferet até a serva terminar de nos dar nossas bebidas e a comida antes de continuar. “Humanos acreditaram que vampiros adultos são todos psíquicos. A verdade é que embora muitos de nós tenhamos os dom da predição e da clarividência, a maior parte da nossa gente simplesmente aprendeu a ouvir sua intuição – que é algo que a maior parte dos humanos tem lutado para fazer.” O tom dela era como o da sala de aula, e ouvi a ela ansiosa enquanto jantavamos. “Pense sobre isso, Zoey. Você é uma boa aluna – tenho certeza que você lembra das suas aulas de história o que historicamente aconteceu com humanos, especialmente mulheres humanas, quando elas prestam muito atenção em suas intuição e começam a ouvir “vozes em suas cabeças” ou até mesmo prever o futuro.”
 
“Eles normalmente são associados por ter um pacto com o demônio, ou algo assim, dependendo de que época é. Em suma eles pagam o inferno por isso.” Eu corei porque eu disse a palavra com I na frente de uma professora, mas ela não pareceu se importar, ela apenas acenou em concordancia comigo.
 
“Sim, exatamente. Eles até atacavam pessoas santas, como Joana D´Arc.Então veja que os humanos aprenderam a silenciar seus instintos. Vampiros, por outro lado, aprenderam a ouvir e ouvir bem a eles. No passado, quando humanos tentavam caçar e destruir nossa raça, foi o que salvou a vida de muitos de nossos antepassados.”
 
Eu tremi, não querendo pensar sobre o quão dura deve ter sido ser um vampiro 100 anos atrás. 
 
“Oh, você não precisa se preocupar, Zoeybird.” Neferet sorriu. Ouvir o apelido de minha vó para mim me fez sorrir também. “O tempo das fogueiras nunca virão de novo. Podemos não ser reverenciados como éramos em tempos antigos, mas nunca mais humanos serão capazes de nos caçar e destruir.” Por um momento os olhos dela brilharam perigosamente. Eu tomei um grande gole da minha coca, não querendo ver seus olhos assustadores. Quando ela continuou, ela voltou ao seu normal – toda a pista de perigo tinha sumido da sua voz e ela era apenas minha mentora e amiga.”Então, tudo o que isso significa é que eu quero me certificar que você ouça seus próprios instintos. Se você tiver um mal pressentimento sobre alguma situação ou alguém, preste atenção. E,é claro, se precisar falar comigo, pode vir a qualquer hora.”
 
“Obrigado, Neferet, isso significa muito.”
 
Ela dispensou meu agradecimento. “Isso é o que significa ser uma mentora e Alta Sacerdotisa – dois papéis que eu completamente espero que você assuma algum dia.”
 
Quando ela falava sobre meu futuro e sobre eu ser uma Alta Sacerdotisa, eu sempre tinha um sentimento engraçado. Era parcialmente esperança e excitação, e parcialmente medo.
 
“Na verdade, fique surpresa por você não ter ido me ver hoje depois que você terminou na biblioteca. Você não decidiu as novas direções das Filhas Negras?”
 
“Oh,uh, sim. Eu decidi.” Eu me forcei a não pensar sobre o encontro com Loren, e o meu encontro com Loren do muro... de jeito nenhum eu queria que Neferet e sua intuição pegasse ago sobre...be...ele.
 
“Eu sinto sua hesitação, Zoey. Você prefere não dividir o que decidiu comigo?”
 
‘Oh, não! Eu quero dizer, sim. Na verdade, eu fui a sua sala, mas você estava...” eu falei rapidamente, lembrando da cena que ouvi. Os olhos dela pareceram ver dentro da minha alma. Eu engoli com força. “Você estava ocupada com Afrodite. Então fui embora.”
 
“Oh, eu vejo. Agora o seu nervosismo ao meu redor faz muito mais sentido.” Neferet suspirou tristemente. “Afrodite... ela se tornou um problema. É uma pena. Como eu disse em Samhain quando percebi o quão errada ela tinha se tornado, eu me senti parcialmente responsável pelo comportamento dela e sua transformação na criatura negra que ela virou. Eu sabia que ela era egoísta, mesmo quando ela se juntou a escola. Eu deveria ter parado ela mais cedo e ter assumido um pulso firme com ela.” O olhar de Neferet pegou o meu. “O quanto você ouviu hoje?”
 
Um aviso desceu pela minha espinha. “Não muito,” eu disse rapidamente. “Afrodite estava chorando muito. Eu ouvi você dizer a ela para olhar interiormente. Eu sabia que você não queria ser interrompida.” Eu parei, tendo cuidado para não dizer que isso foi tudo que eu ouvi – e tendo cuidado de não mentir. E não desviei os olhos dos olhos afiados dela.
 Neferet suspirou de novo e bebeu seu vinho. “Eu normalmente não gosto de falar sobre um calouro para outro, mas esse é um caso único. Você sabe que o dom dado pela deusa para Afrodite era de ver eventos desastrosos?”
 
Eu acenei, percebendo o verbo no passado que ela usou para mencionar a habilidade de Afrodite.
 
“Bem, parece que o comportamento de Afrodite fez com que Nyx retirasse o dom dela. É algo muito incomum. Uma vez que a deusa toca alguém, ela raramente retira o que ela deu.” Neferet encolheu os ombros tristemente. “Mas quem pode saber a mente da grande deusa da Noite?”
 
“Deve ser horrível para Afrodite,” eu disse, mais pensando alto do que realmente querendo fazer um comentário.
 
“Eu aprecio sua compaixão, mas não te contei isso para que você sinta pena de Afrodite. Ao invés disso, eu te digo para manter sua guarda. As visões de Afrodite não são mais validas. Ela pode dizer ou fazer coisas que são perturbadoras. Como a líder das Filhas Negras, será sua responsabilidade se certificar que ela não perturbe o delicado balanço de harmonia entre nossos calouros. É claro que nós encorajamos vocês a trabalhar seus problemas entre vocês. Vocês são muito mais do que adolescentes humanos, e esperamos mais de vocês, mas sinta-se livre para vir até mim se o comportamento de Afrodite se tornar muito” – ela pausou, como se estivesse considerando a próxima palavra com cuidado – “instável.”
 
“Eu vou,” eu disse, meu estomago começando a doer de novo.
 
“Ótimo! Agora, porque você não me conta seus planos para seu reinado como a líder das Filhas Negras.”
 
Eu tirei Afrodite da cabeça e contei meus planos para o Conselho de Prefeitos e as Filhas Negras. Neferet ouviu cuidadosamente e estava abertamente impressionada pela minha pesquisa e o que ela chamou de “reorganização lógica.”
 
“Então, o que você quer de mim é que deixe os professores votar nos dois novos Prefeitos, porque eu concordo com você que você e seus quatro amigos mais que provaram que merecem e já são um excelente Conselho.”
 
“Sim. O conselho quer nominar Erik Night para a primeira das suas vagas abertas.”
 
Neferet acenou com a cabeça. “Erik é uma escolha sábia. Ele é popular com os calouros, e tem um excelente futuro. Quem você tem em mente para a ultima posição?”
 
“Aí é onde o meu Conselho e eu descordamos. Eu acho que precisamos de alguém mais velho, e eu também acho que essa pessoa deve ser alguém que pertenceu ao circulo próximo de Afrodite.” Neferet levantou as sobrancelhas surpresa. “Bem, incluir um amigo dela ira reforçar o que eu tenho dito, que eu não vim aqui porque eu tenho sede de poder e armei para roubar o que era de Afrodite ou nada idiota como isso. Eu só quero fazer a coisa certa. Eu não queria começar algum tipo de guerra boba. Se um dos amigos dela estiver no meu Conselho, então o resto deles pode entender que não é sobre mim passando por cima dela – é sobre algo mais importante que isso.”
 
Neferet considerou pelo que pareceu ser uma eternidade. Finalmente ela disse, “você sabe que até os amigos dela a abandonaram.”
 
 
“Eu percebi isso hoje no salão de jantar.”
 
“Então qual é a razão de colocar um ex-amigo dela no Conselho?”
 
“Não estou convencida que eles sejam seus ex-amigos. Pessoas agem de forma diferente privadamente do que em publico.”
 
“De novo, concordo com você.Eu já fiz o anuncio para a equipe que no domingo as Filhas e Filhos Negros irão fazer um Ritual da Lua Cheia e uma reunião especial. Eu espero que a maior parte dos antigos membros participe – por nenhuma outra razão que a curiosidade sobre os seus poderes.”
 
Eu engoli em seco e acenei. Eu já estava muito ciente que eu era a atração principal do circo de aberrações.
 
“Domingo é a hora certa para você contar as Filhas Negras sobre sua nova visão. Anunciar que tem uma vaga sobrando para o Conselho, e que deve ser preenchida por um sestanista. Você e eu vamos olhar as inscrições e decidir quem se encaixa melhor.”
 
Eu franzi. “Mas não quero que seja apenas nossa escolha. Eu quero que a equipe de professores vote, assim como os estudantes.”
 
“Eles vão,” ela disse suavemente. “Então vamos decidir.”
 
Eu queria dizer mais, mas seus olhos verdes ficaram frios; eu não tenho vergonha de admitir que ela me assusta. Então ao invés de discutir com ela (que era totalmente impossível) eu tomei um caminho diferente (como vovó diria).
 
“Eu também quero que as Filhas Negras se envolvam com caridade para a comunidade.”
 
Dessa vez as sobrancelhas de Neferet desapareceram completamente atrás de seu cabelo. “Você diz comunidade como em comunidade humana?”
 
“Sim.“
 
“Você acha que eles vão gostar da sua ajuda? Eles nos evitam. Eles nos detestam. Eles tem medo de nós.”
 
“Talvez seja porque eles não nos conhecem,” eu disse. “Talvez se agirmos mais como parte de Tulsa, sejamos tratados como parte de Tulsa.”
 
“Você leu sobre o a sociedade negra de Greenwood em 1920? Aqueles afro-americanos humanos eram parte de Tulsa, e Tulsa os destruiu.”
 
“Não é mais 1920,” eu disse. Era difícil olhar nos olhos dela, mas eu sabia, interiormente, que eu ia fazer a coisa certa. “Neferet, minha intuição está me dizendo que isso é algo que eu devo fazer.”
 
Eu vi a expressão dela se suavizar.”E eu te disse para seguir sua intuição, não foi?”
 
Eu acenei.
 
“Que caridade você vai escolher se envolver – desde que eles realmente permitam que você se envolva?”
 
“Oh, eu acho que eles vão nos deixar ajudar eles. Eu decidi contatar os Gatos de Rua – o caridade que resgata gatos.”
 
Neferet jogou para trás sua cabeça e riu.
 
 
 
OITO  
 
Eu já tinha saído do salão de jantar e estava indo para o dormitório quando eu percebi que não tinha dito para Neferet sobre os fantasmas, mas de jeito nenhum eu iria voltar lá para cima e começar o assunto. A conversa que eu já tive com Neferet me deixou completamente exausta, e apesar do lindo salão de jantar com uma linda vista e cristais e guardanapos de pano, eu estava ansiosa para sair dali. Eu queria voltar para o dormitório e contar a Stevie Rae sobre o que aconteceu com Loren e então fazer nada a não ser vegetar e assistir reprises ruins na TV e tentar esquecer (pelo menos por uma noite) que eu tinha um terrível sentimento sobre o desaparecimento de Chris e que agora eu era Muito Importante no comando do grupo estudantil mais importante da escola. Tanto faz. Eu só quero ser eu por um tempo. Como eu disse a Neferet, Chris provavelmente já estava a salvo em casa. E tinha muito tempo para todo o resto. Eu suponho que também tenha que trabalhar no Ritual da Lua Cheia... meu primeiro circulo publico e um ritual formal. Eu estomago começou a doer. Eu ignorei. 
 
Eu estava na metade do caminho para o dormitório quando lembrei que também tinha uma redação para entregar segunda para a aula de sociologia. Claro, Neferet tinha me liberado da maior parte dos trabalhos dos terceiranistas para que eu pudesse me focar em ler o livro de sociologia mais avançado, mas eu estava tendo muito ser “normal” (O que quer que fosse isso – olá – sou uma adolescente e uma vampira caloura. Como tudo isso pode ser normal?), o que significava que eu me certificava de entregar os trabalhos quando o resto da aula entregava. Então voltei correndo para meu escritório na sala de aula, onde estava meu armário e todos os meus livros. Também era a sala de Neferet, mas eu acabei de deixar ela tomando vinho com vários outros professores no andar de cima. Para variar eu não tinha preocupações sobre ouvir algo horrível.
 
Como sempre, a porta não estava trancada. Porque ter fechaduras quando você tem a intuição de um vampiro para assustar os abelhudos ao invés disso? A sala estava escura, mas não importava. Eu só fui Marcada a um mês, mas eu já via tão bem com ou sem as luzes. Na verdade, melhor. Luzes muito intensas machucavam meus olhos – luz do sol era quase insuportável.
 
Eu hesitei enquanto abria meu armário, percebendo que não via o sol a quase um mês. Eu nem pensei sobre isso até agora. Huh. Estranho.
 
Eu estava considerando as bizarrices da minha vida nova quando notei um pedaço de papel que tinha sido enfiado dentro do meu armário. Ele caiu com a leve brisa que eu criei quando abri minha porta. Minha mão o segurou, e senti uma onda de choque quando percebi o que era.
 
Poesia.
 
Ou, mais precisamente, um poema. Era curto e a escrita era muito atraente. Eu li e reli, registrando o que era aquilo. Haiku.
 
Antiga Rainha desperta
 
Uma crisálida ainda não formada 
 
Suas asas vão se desdobrar?
 
Eu deixei meus dedos acariciarem as palavras.Eu sabia quem as tinha escrito. Só havia uma resposta lógica. Meu coração se apertou quando sussurrei o nome dele, “Loren...”
 
 
 
 
 
 
“É serio Stevie Rae. Se eu te contar, você tem que jurar que não vai dizer nada a ninguém. E quando digo ninguém, me refiro especialmente a Damien e as Gêmeas.”
 
“Dang, Zoey, você pode confiar em mim. Eu disse que juro. O que você quer que eu faça, abra uma veia?”
 
Eu não disse nada.
 
“Zoey, você pode realmente confiar em mim. Prometo.”
 
Eu estudei o rosto da minha melhor amiga. Eu precisava conversar com alguém – alguém que não é um vampiro. Eu procurei dentro de mim, no núcleo do que Neferet chamava de intuição. Eu me senti certa e confiante me relação a Stevie Rae. Eu me sentia segura.
 
“Desculpe.Eu sei que posso confiar em você. É só que...eu não sei.” Eu balancei a cabeça, frustrada com minha própria confusão. “Ok, coisas estranhas aconteceram hoje.”
 
“Você quer dizer mais do que a estranheza original que acontece por aqui?”
 
“Yeah. Loren Blake foi para a biblioteca hoje enquanto eu estava lá. Ele foi a primeira pessoa com quem eu falei sobre minha idéia de Conselho de Prefeitos para as Filhas Negras.”
 
“Loren Blake? Como o vampiro mais lindo que a gente já viu?ness. É melhor eu sentar.” Stevie Rae caiu na cama.
 
“É o que eu quero dizer.”
 
“Eu não acredito que você não disse nada sobre isso até agora. Você deve estar morrendo.”
 “Bem, isso não é tudo. Ele...uh... me tocou. E mais de uma vez. Ok, na verdade eu vi ele mais uma vez hoje.Sozinho. E eu acho que ele me escreveu um poema.”
 
“O que!”
 
“Yeah, a principio foi perfeitamente inocente e eu não estava imaginando nada demais. Na biblioteca só conversamos sobre as idéias que eu tive sobre as Filhas Negras. Eu não achei que significasse algo. Mas, bem, ele tocou minha Marca.”
 
“Qual?” Stevie Rae perguntou. Os olhos dela eram enormes e redondos e ela parecia chocada como se fosse explodir.
 
“A do meu rosto. Naquela vez.”
 
“Como assim naquela vez!”
 
“Bem, depois que eu terminei de acariciar Persephone eu não estava com pressa para voltar para o dormitório. Então fui dar uma volta perto do muro oeste. Loren estava lá. “
 
“Ohmeumaravilhosodeus. O que aconteceu?”
 
“Eu acho que a gente flerto.”
 
“Você acha!”
 
“Estávamos rindo e sorrindo um para o outro.”
 
“Parece como flerte para mim. Deus, ele é totalmente lindo.”
 
“Nem me fale. Quando ele sorri eu mal consigo respirar. E olha isso – ele recitou um poema para mim,”eu disse. “Foi um poema que um homem escreveu sobre sua amante nua por baixo do luar.”
 
“Você tem que estar brincado!” Stevie Rae começou a se arejar com a mão.”Vai logo a parte interessante.”
 
Eu respirei fundo. “Foi muito confuso. Tudo estava indo muito bem. Como eu disse, estávamos rindo e conversando. Então ele disse que estava ali sozinho porque é assim que ele se inspira para escrever haiku – “
 
“O que é insanamente romântico!”
 
Eu acenei e continuei. “Eu sei. De qualquer forma, eu disse a ele que eu não queria atrapalhar a inspiração e incomodar ele, e ele disse que outra coisa que o inspirava que só a noite. E ele me pediu para ser a inspiração dele.”
 
“Puta merda.”
 
“Exatamente o que eu pensei.”
 
“Naturalmente você disse que ficaria feliz em inspirar ele.”
 “Naturalmente,” eu disse.
 
“E...” Stevie Rae ficou prontamente ansiosa.
 
“E ele pediu para ver minha Marca. A dos meus ombros e costas.”
 
“Ele não pediu.”
 
“Ele pediu.”
 
“Cara, eu teria tirado minha camiseta mais rápido do que você pudesse dizer Bubba ama caminhões!”
 
Eu ri. “Bem, eu não tirei minha camiseta, mas deslizei minha jaqueta para baixo. Na verdade, ele me ajudou.”
 
“Você está me dizendo que Loren Blake, Vampiro Poeta Laureate e o homem mais gostoso, te ajudou a tirar sua jaqueta como um cavalheiro?”
 
“Yeah. Bem assim.” Eu demonstrei colocando minha jaqueta até os cotovelos. “E então eu não sei exatamente o que deu em mim, mas de repente eu não estava nervosa e agindo feito idiota. Eu tirei um lado da minha camiseta para ele. Assim.” Eu coloquei minha camiseta para baixo, expondo minhas costas e ombro e uma boa parte do meu seio (aliviada de novo por estar usando um bom sutiã). “Foi quando ele me tocou. De novo.”
 
“Onde?”
 
“Ele tracejou a minha Marca nas minhas costas e ombro. Ele disse que eu parecia como uma antiga rainha vampira e recitou um poema para mim.”
 
“Puta merda,” Stevie Rae disse de novo.
 
Eu cai na cama a olhando e suspirando, colocando de volta minha camiseta. “Yeah, foi incrível por um tempo. Eu tinha certeza que estávamos conectado. Realmente conectados. Eu acho que a gente quase se beijou. Na verdade, eu sei que ele queria também. E então, do nado, ele mudou. Ele ficou todo educado e formal e me agradeceu por mostrar minha Marca e então eu me afastei.”
 
“Bem, isso não é grande surpresa.”
 
“Com certeza foi para mim. Quero dizer, nun segundo ele estava me olhando diretamente nos olhos e enviando enormes sinais que ele me queira e no outro – nada.”
 
“Zoey, você ainda é uma estudante. Ele é um professor. Essa é uma escola de vampiros e um mundo diferente da uma escola normal, mas algumas coisas não mudam. Estudantes são fora de limites para alunos.”
 
Eu mordi o lábio.”Ele só é um professor por meio turno.”
 
Stevie Rae virou os olhos. “Como se isso importasse.”
 
“Não foi só isso que aconteceu. Eu acabei de encontrar esse poema no meu armário.” Eu entreguei a ela o pedaço de papel com o haiku nele.
 
Stevie Rae sugou o ar. “Ohminhadeusa.Isso é tão romântico que eu podia morrer. Como? Como ele tocou a Marca em suas costas?”
 
“Jesseh, como você acha? Com seus dedos. Ele tracejou as linhas.” Eu juro que ainda podia sentir o calor daquele toque.
 
“Ele recitou um poema de amor para você, tocou sua Marca, e então escreveu outro poema para você...” Ela suspirou sonhadora. “É como se vocês fossem Romeu e Julieta com todo esse negocio de amor proibido.”Enquanto se abanava dramaticamente ela parou e sentou direito. “Ah oh, e quando Erik?”
 
“Como assim, o que tem o Erik?”
 
“Ele é seu namorado, Zoey.”
 
“Não oficialmente,” eu disse timidamente.
 
“Bem, droga, o que o garoto tem que fazer para tornar “oficial”? Se ajoelhar? Ficou bem obvio nesse mês que vocês estão saindo.”
 
“Eu sei,” eu disse miseravelmente.
 
“Então você gosta mais do Loren do que do Erik?”
 
“Não!Sim. Oh, diabos, eu não sei. É como se Loren fosse um mundo diferente. E não é como se ele e eu realmente possamos sair, ou algo assim.” Mas eu não tinha certeza sobre o algo assim. Loren e eu poderíamos nos ver secretamente? Eu queria?
 
Como se pudesse ler meus pensamentos Stevie Rae disse,”Você poderia ver Loren escondida.”
 
“Isso é ridículo. Ele provavelmente nem se sente assim sobre mim. “Mas mesmo quando disse as palavras eu lembrei do calor do corpo dele e o desejo em seus olhos escuros. 
 
“E se ele se sentir, Z?” Stevie Rae me estudou cuidadosamente.”Você sabe, você é diferente do resto de nós. Ninguém foi Marcado como você antes. Ninguém teve uma afinidade pelos cinco elementos. Talvez as mesmas regras não se apliquem a você.”
 
Meu estomago se apertou. Desde que eu cheguei na House of Night eu estive lutando para me encaixar. E eu realmente queria fazer desse lugar meu novo lar – e ter amigos que eu considerasse uma família. Eu não queria ser diferente e não queria jogar por regras diferentes. Eu balancei a cabeça e falei através dos dentes cerrados, “Eu não quero ser assim, Stevie Rae.Eu só quero ser normal.”
 
“Eu sei,” Stevie Rae disse suavemente. “Mas você é diferente. Todos sabem disso. Além do mais, você não quer que Loren goste de você?”
 
Eu suspirei. “Eu não estou certa do que eu quero, a não ser que eu não quero que ninguém descubra sobre Loren e eu.”
 
“Meus lábios estão fechados.” Stevie Rae disse, com seu pequeno sotaque Okie, enquanto imitava fechar seus lábios e jogar a chave fora por cima dos ombros. “Ninguém vai conseguir uma palavra de mim,” ela murmurou através dos lábios meio fechados.
 
“Diabos! Isso me lembra, Afrodite viu Loren me tocar.”
 
“Aquela bruxa te seguiu até o muro!” Stevie Rae disse.
 
“Não,não,não. Ninguém me viu lá. Afrodite entrou no mídia Center quando ele estava tocando meu rosto.”
 
“Ah, merda.”
 
“Ah, merda, está certo. E tem mais. Lembra quando perdi a aula de espanhol porque eu queria falar com Neferet? Eu não falei com ela. Eu fui até a sala dela e a porta estava entre aberta, então eu pude escutar o que estava acontecendo lá dentro. Afrodite estava lá.”
 
“Aquela vadia estava dedurando você!”
 
“Não tenho certeza. Só ouvi um pouco do que estavam dizendo.”
 
“Aposto que você ficou apavorada quando Neferet foi falar com você no salão de jantar para que fosse comer com ela.”
 
“Totalmente,” eu concordei.
 
“Não é de se admirar que você estivesse parecendo tão enjoada. Jeesh, tudo faz sentido agora.” Então os olhos dela ficaram maiores. “Afrodite te pos em problemas com Neferet?”
 
“Não. Quando Neferet falou comigo hoje a noite ela disse que as visões de Afrodite eram falsas porque Nyx retirou o dom dela. Então o que quer que Afrodite tenha contado a ela, Neferet não acreditou.”
 
“Ótimo.” Stevie Rae parecia querer quebrar Afrodite ao meio.
 
“Não, não é bom. A reação de Neferet foi dura. Ela fez Afrodite chorar. Serio, Stevie Rae, Afrodite ficou destruída pelo que Neferet disse a ela. Além do mais, Neferet não parecia como si.”
 
“Zoey, eu não acredito que vamos fazer isso de novo. Você tem que parar de sentir pena de Afrodite.”
 
“Stevie Rae,você não está entendendo. Isso não é sobre Afrodite, é sobre Neferet. Ela foi cruel. Mesmo que Afrodite estivesse me dedurando e exagerando o que viu, a resposta de Neferet foi errada. E estou com um mal pressentimento em relação a isso.”
 
“Você está com um mal pressentimento sobre Neferet?”
 
“Sim... não... eu não sei. Apenas não é Neferet. É como uma coisa misturada – tudo vindo ao mesmo tempo. Chris... Loren...Afrodite... Neferet... alguma coisa está errada, Stevie Rae.”
 
Ela parecia confusa, e eu percebi que precisa de uma analogia Okie para ela entender. “Sabe como é logo antes de um tornado chegar? Quero dizer, o céu está limpo, mas o vento começa a se acalmar e mudar de direção. Você sabe que algo está vindo, mas nem sempre sabe o que. É assim que me sinto agora.”
 
“Como se uma tempestade estivesse vindo?” 
 
“Sim. Uma enorme.”
 
“Então você quer que eu...?”
 
“Me ajude a cuidar da tempestade.”
 
“Eu posso fazer isso.”
 
“Obrigado.”
 
“Mas primeiro podemos ver filmes? Damien acabou de encomendar Moulin Rouge da Netflix. Ele está trazendo, e as Gêmeas conseguiram por as mãos em batatinhas que não são livres de gordura. Ela olhou para seu relógio do Elvis. “Eles provavelmente estão lá embiaxo agora e irritados porque tem que esperar por nós.”
 
Eu amo o fato que eu pude descarregar o que parecia como um terremoto com Stevie Rae e em um segundo ela podia ser toda “ohminhadeusa” e no outro falar sobre algo tão simples como batatas e filmes. Ela me fazia sentir normal e adulta e como se tudo não fosse incrivelmente frustrante. Eu sorri para ela. “Moulin Rouge? Não é o que tem McGregor nele?”
 
“Definitivamente. Eu espero que possamos ver a bunda dele.”
 
“Você me convenceu. Vamos. E lembre-se”
 
“Jeesh! Eu sei eu sei. Não diga nada sobre nada disso. “Ela parou e juntou as sobrancelhas. ”Então me deixe dizer mais uma vez. Loren Blake está afim de você!”
 
“Terminou?”
 
“Yeah.” Ela riu travessamente.
 
“Eu espero que alguém tenha me trazido coca.”
 
“Sabe, Z, você é estranha sobre coca.”
 
“Tanto faz, Senhorita Lucky Charms* (*sucrilhos),” eu disse, a empurrando pela porta.
 
“Hey, Lucky Charms são bons para você.”
 
“Verdade? Então, me diga, o que são marshmallows – uma fruta ou um vegetal?”
 
“Ambos. Eles são únicos – como eu.”
 
Eu estava rindo da boba Stevie Rae e me sentindo melhor do que eu tinha me sentido o dia toda quando descemos as escadas e fomos para a sala do dormitório. As Gêmeas e Damien
tinham sentado em uma grande TV de tela plana, e eles acenaram para nós. Eu vi que Stevie Rae estava certa, eles estavam com Doritos e os afundando em molho de cebola (parece nojento, mas é bem gostoso). Meu bom pressentimento ficou ainda melhor quando Damien me deu um enorme copo de coca. 
 
“Vocês demoraram,” ele disse, dando espaço para podermos sentar ao lado dele no sofá. As Gêmeas, naturalmente, estavam sentadas em duas cadeiras idênticas que colocaram perto do sofá.
 
“Desculpe,” Stevie Rae disse, e então acrescentou com um sorriso para Erin, “Eu tive um movimento do estomago.”
 
“Excelente uso das descrições apropriadas, Stevie Rae,” Erin disse, parecendo satisfeita.
 
“Uhg, coloque o filme,” Damien disse.
 
“Espera, eu tenho o controle,” Erin disse.
 
“Espere!” Eu peguei dela antes dela apertar play. O volume estava no mudo, mas eu podia ver que a Chera Kimiko do canal Fox 23. O rosto dela parecia triste e serio enquanto ela falava diretamente para a câmera. Embaixo da tela corria a as palavras “corpo de adolescente encontrado.” “Aumente o volume.” Shaunee tirou a TV do mudo.
 
“Repetindo nossa estória principal dessa manhã: o corpo do jogador de futebol da Union, Chris Ford, foi descoberto por dois caiaquistas na tarde de sexta. O corpo esbarrou nas rochas e nos bancos de areia usadas na barragem da área da Rua Vinte e Um no Rio de Arkansas para criar a nova correnteza para recreação. Fontes nos informaram que o adolescente morreu devido a perda de sangue associado com múltiplas lacerações, e que ele pode ter sido espancado por um grande animal. Vamos ter mais informações depois que o exame do legista for liberado.”
 
Meu estomago, que finalmente tinha começado a se acalmar, se apertou. Eu senti meu corpo ficar frio. Mas a má noticia não acabou. Os lindos olhos marrons de Chera olharam seriamente para a câmera enquanto ela continuou.
 
“No salto desse trágico evento noticias reportam que outro jogador da Union está desaparecido.” A tela mostrou a foto de um cara fofo da Union usando o tradicional uniforme vermelho e branco. “Brad Higeons foi visto pela ultima vez depois da escola na sexta na Starbucks na Utica Square onde ele estava postando fotos de Chris. Brad não apenas era colega de Chris, ele também era seu primo.”
 
“Ohminhadeusa! O time de futebol da Union está caindo feito mosca,” Stevie Rae disse. Ela olhou para mim e vi os olhos dela se alargarem. “Zoey, você está bem? Você não parece muito bem.”
 
“Eu também o conhecia.”
 
“Isso é estranho,” Damien disse.
 
“Os dois sempre festejavam juntos. Todos os conheciam porque eles eram primos, embora Chris seja negro e Brad branco.”
 
“Faz perfeito sentido para mim,” Shaunee disse.
 “Pra mim também, Gêmea,” Erin disse.
 
Eu mal podia ouvir eles pelo zumbido em meus ouvidos. “Eu... eu preciso ir dar uma volta.”
 
“Eu vou com você,” Stevie Rae disse.
 
“Não, você fica aqui e assiste o filme. Eu só – eu só preciso de ar.”
 
“Tem certeza?”
 
“Absoluta. Eu não demoro. Eu volto em tempo de ver a bunda de Ewan.” Embora eu quase pudesse sentir o olhar preocupado que Stevie Rae estava me dando (e ouvir as Gêmeas discutirem com Damien se eles realmente iriam ver a bunda de Ewan), eu sai apressada do dormitório para a fria noite de novembro.
 
Cegamente, me afastei do prédio principal da escola, instintivamente indo para a direção oposta de onde pudesse me encontrar com pessoas. Eu me forcei a continuar me mexendo e respirando. O que diabos tem de errado comigo? Meu peito está apertado e meu estomago está tão enjoado que eu tive que engolir com força para não vomitar. O zumbido nos meus ouvidos parecem ter melhorado, mas não houve alivio da ansiedade que tinha se apoderado de mim como um pacote. Tudo dentro de mim gritava, algo não está certo!
 
Algo não está certo! Algo não está certo!
 
Enquanto andei gradualmente notei que a noite, que estava limpa, com um céu cheio de estrelas ajudando a quase lua cheia a iluminar a grossa escuridão, de repente se encheu de nuvens. A suave brisa legal tinha virado fria, fazendo as folhas secas tremerem ao meu redor, misturando o cheiro de terra e vento com a escuridão ... de alguma forma isso me acalmou e o tumulto de pensamentos desconexos e a ansiedade diminuíram o suficiente para mim poder pensar.   
 
Eu fui para os estábulos. Lenobia disse que eu podia escovar Persephone quando eu precisasse pensar e ficar sozinha. Eu definitivamente preciso disso, e ter uma direção para ir – e um destino – era uma pequena coisa boa no meio do caos interno. 
 
Os estábulos eram logo a frente, estendendo-se em forma grande e baixa, e minha respiração começou a vir mais fácil quando eu ouvi o som. A principio eu não soube o que era. Era muito abafado – muito estranho.Então achei que pudesse ser Nala. Era bem dela me seguir e reclamar para mim em sua estranha voz de velhinha, até que eu parasse e a pegasse. Eu olhei ao redor e chamei “gatinha-gatinha” suavemente.
 
O som ficou mais distinto, mas eu percebi que não era um gato. Um movimento perto do celeiro pegou meus olhos, e eu vi uma forma que estava sentada no banco perto da porta da frente. Só havia uma luz ali, e era do lado da porta. O banco era logo ali fora na ponta do alcance da luz amarela.
 
Eu me movi de novo, e notei que a forma deveria ser uma pessoa...ou um calouro...ou um vampiro. Estava sentada, mais meio arqueada, quase dobrada em si. O som começou de novo. Quanto cheguei mais perto pude ver que era um estranho choro – como se alguém estivesse sentado ali com dor.
 
Naturalmente, eu quis correr para a direção oposta, mas eu não podia. Não seria certo. Além do mais, eu senti – o conhecimento interior que me disse que não podia ir embora. Que o que quer que estivesse acontecendo no banco era algo que eu tinha que encarar.
 
Eu respirei fundo e me aproximei do banco.
 
“Uh, você está bem?”
 
“Não!” A palavra era um assustador e explosivo som sussurrado. 
 
“Posso – posso te ajudar?” Eu perguntei, tentando ver nas sombras quem era que estava sentado ali. Eu pensei ver um cabelo colorido claro, e talvez algumas mãos cobrindo o rosto...
 
“A água! A água é tão fria e profunda. Não consigo sair... não consigo sair.”
 
Ela tirou as mãos do rosto e então olhou para mim, mas eu já sabia quem ela era. Eu reconheci sua voz. E eu também reconhecia o que estava acontecendo com ela. Eu me forcei a me aproximar com calma. Ela me encarou. O rosto dela estava coberto de lagrimas. 
 
“Anda, Afrodite. Você está tendo uma visão. Precisamos ir ver Neferet.”
 
“Não!” Ela disse. “Não! Não me leve a ela. Ela não vai me ouvir. Ela – ela não acredita mais em mim.”
 
Eu lembrei o que Neferet disse mais cedo sobre Nyx ter retirado os dons de Afrodite. Porque eu deveria me meter com ela? Quem sabia o que  estava acontecendo com Afrodite? Ela provavelmente estava fazendo algum patético plano para chamar atenção, e eu não tinha tempo para essa merda.
 
“Ótimo. Vamos dizer que eu também não acredito em você, “ eu disse a ela. “Fique aqui e tenha suas visões ou o que for. Eu tenho outras coisas para me preocupar.” Eu virei para ir ao estábulo, e as mãos dela se contorceram, e ela agarrou meu pulso.
 
“Você tem que ficar!” Ela disse através dos dentes cerrados. Obviamente, ela estava tendo dificuldades para falar. “Você tem que ouvir a visão!”
 
“Não, eu não tenho.” Eu tirei os dedos dela do meu pulso. “O que quer que esteja acontecendo, é sobre você – não eu. Lide você com isso.”Dessa vez quando virei me afastei mais rapidamente.
 
Mas não rápida o bastante. As próximas palavras dela pareceram me cortar ao meio.
 
“Você tem que me ouvir.Se não sua avó vai morrer.”
 
 
NOVE   “Do que diabos você está falando!” eu gritei para ela. 
 
Ela estava arfando em estranhos pequenas respirações ofegantes, e os olhos dela estavam começando a tremer. Mesmo na escuridão eu podia ver o branco deles começar a aparecer. Eu agarrei os ombros dela e a chacoalhei. 
 
“É o que eu vejo!”
 
Claramente tentando se controlar ela acenou com um pequeno sacudido. “Eu vou,” ela disse. “Apenas fique comigo.”
 
Eu sentei ao lado dela no banco e deixei ela agarrar minha mão, sem me importar que ela estava me apertando com tanta força que eu achei que ela fosse quebrar algo – sem me importar que ela fosse minha inimiga e alguém que eu nunca iria confiar – sem me importar com anda a não ser o fato de que vovó pudesse  estar em perigo.
 
“Eu não vou a lugar nenhum,” eu disse assustada. Então lembrei como Neferet tinha estimulado ela. “Me diga o que você vê, Afrodite.”
 
“Água! É horrível... tão marrom e gelada. É tudo uma confusão... não posso – não posso abrir as portas de Saturno...”
 
Eu senti um terrível choque. Vovó tinha um Saturno! Ela o comprou porque era um dos caras ultra seguros que deveriam sobreviver a tudo.
 
“Mas onde está o carro, Afrodite? Em que água ele está?”
 
“Rio Arkansas,” ela disse. “A ponte – vai cair.”
 
Afrodite chorou, soando aterrorizada. “Eu vi o cara na minha frente cair e bater na barca. Está em chamas! Aqueles garotinhos... os que estavam tentando fazer motoristas de caminhões buzinarem quando passavam... eles estavam no carro.”
 
Eu engoli com força. “Ok, qual ponto?Quando?”
 
O corpo todo de Afrodite ficou tenso. “Eu não consigo sair! Eu não consigo sair!A água, é...” Ela fez um horrível barulho, que eu juro parecia como se ela estivesse se afogando, e então ela desmoronou no banco, a mão dela ficando mole na minha.
 
“Afrodite!” eu chacoalhei ela.”Você tem que acordar. Você tem que me contar o que viu!”
 
Devagar, os olhos dela se mexeram. Dessa vez eu não vi o branco dos olhos dela, e quando ela os abriu eles pareciam normais. Afrodite bruscamente soltou minha mão e tremendo tirou seu cabelo do rosto. Eu notei que estava úmido, e que ela estava coberta de suor. Ela piscou mais algumas vezes antes de encontrar meus olhos. O olhar dela era firme, mas não podia ouvir nada a não ser exaustão na sua expressão ou em sua voz.
 
“Ótimo, você ficou,” ela disse.
 
“Me conte o que você viu. O que aconteceu com minha avó?”
 
“A ponte que o carro dela estava caiu e ela caiu no rio e se afogou,” ela disse firmemente.
 
“Não.Não, isso não vai acontecer. Me diga que ponte. Quando. Como. Eu vou impedir.”
 Os lábios de Afrodite se ergueram na sombra de um sorriso. “Oh, quer dizer que você de repente acredita nas minhas visões?”
 
Medo por vovó era como uma dor que cozinhava dentro de mim. Eu agarrei o braço dela e levantei, a levantando comigo. “Vamos.”
 
Ela tentou se soltar, mas estava fraca, e eu a segurei facilmente. “Onde?”
 
“Para Neferet, é claro. Ela vai resolver essa merda, e você vai falar com ela.”
 
“Não!” ela quase gritou. “Eu não vou deixar. Eu juro que não. Não importa o que, eu vou dizer que não lembro nada a não ser água e a ponte.”
 
“Neferet vai arrancar isso de você.”
 
“Não ela não vai! Ela vai ser capaz de te dizer que estou mentindo, que estou escondendo algo, mas ela não será capaz de dizer o que. Se você me levar até ela, sua avó morre.”
 
Eu me senti tão enjoada que comecei a tremer. “O que você quer, Afrodite? Você quer ser líder das Filhas Negras de novo? Ótimo. Pegue de volta. Só me conte sobre a vovó.”
 
Um olhar de pura dor passou no rosto pálido de Afrodite. “Você não pode me devolver, só Neferet pode.”
 
“Então o que você quer?”
 
“Eu só quero que você me escute para que saiba que Nyx não me abandonou. Eu quero que você acredite que minhas visões ainda são reais.” Ela encarou meus olhos. A voz dela era devagar e cansada. “E eu quero que você me deva. Algum dia você será uma poderosa Alta Sacerdotisa, mais poderosa até que Neferet. Algum dia eu posso precisar de proteção, e é quando você me dever vai ser útil.”
 
Eu queria dizer que não havia jeito deu proteger ela de Neferet. Agora não – talvez nunca. E eu não iria querer. Afrodite estava acabada, e eu já testemunhei o quão egoísta e odiosa ela poderia ser. Eu não queria dever a ela; eu não queria nada a ver com ela. 
 
E eu também não tinha escolha.
 
“Ótimo. Eu não vou te levar para Neferet. Agora o que você viu?”
 
“Primeiro me de sua palavra que você ira me dever. E lembre-se, essa não é uma promessa humana vazia. Quando vampiros dão sua palavra – sejam calouros ou adultos – é uma obrigação.”
 
“Se você me disser como salvar minha avó eu te dou minha palavra que irei te dever um favor.”
 
“Da minha escolha,” ela disse com malicia. 
 
“Yeah, tanto faz.”
 
“Você tem que dizer o juramento completo.”
 
“Se você me disser como salvar minha avó eu te dou minha palavra que irei te dever um favor da sua escolha.”
 
“Então está dito; então será feito,” ela sussurrou. A voz dela mandou calafrios para as minhas costas, que eu ignorei.
 
“Me conte.”
 
“Eu tenho que sentar primeiro,” ela disse. De repente, tremendo de novo, ela caiu no banco.
 
Eu sentei ao lado dela e esperei impacientemente enquanto ela se ajeitava. Quando ela começou a falar eu senti como se a onda de horror do que ela estava vendo passasse por mim, e eu sabia dentro da minha alma que ela estava me dizendo a versão verdadeira. Se Nyx estava irritada com Afrodite, a deusa não estava mostrando isso hoje a noite.
 
“Esta tarde sua avó ira estar em Muskogee Turnpike vindo para Tulsa.” Ela parou e balançou a cabeça para o lado, como se estivesse ouvindo o vento ou algo assim. “Seu aniversário é mês que vem. Ela vai para a cidade comprar seus presente.”
 
Eu senti uma onda de surpresa. Afrodite estava certa. Meu aniversario é em dezembro – eu tinha um horrível aniversário no dia 24 de dezembro, então eu nunca realmente o celebrei. Todos sempre queriam que eu o juntasse com o natal. Mesmo ano passado, quando estava fazendo 16 anos e deveria ter tido uma enorme festa legal, eu não fiz nada especial. Era realmente chato... eu me balancei. Agora não era a hora de me prender as minhas reclamações de aniversário.
 
“Ok, então ela esta vindo para a cidade esta tarde, e o que acontece?”
 
Afrodite estreitou os olhos, como se tivesse tentando ver além da escuridão. “É estranho. Eu normalmente posso dizer porque esses acidentes acontecem – como um avião que não funciona ou algo assim, mas dessa vez eu estava tão ligada em sua avó, que não tenho certeza porque a ponte quebra.” Ela olhou para mim. “Pode ser porque é a primeira visão que eu tive quando alguém que eu reconheço morre. Me desligou.”
 
“Ela não vai morrer,” eu disse firmemente.
 
“Então ela não pode estar naquela ponte. Eu lembrei do relógio no painel do carro ele dizia querem 15:15, então tenho certeza que acontece a tarde.”
 
Automaticamente olhei para meu relógio, eram 6:10. Vai amanhecer em menos de uma hora (e eu deveria estar indo para cama), o que significa que vovó pode estar acordando. Eu conhecia o horário dela. Ela acordava perto do amanhecer e ia dar uma caminhada com a suave luz do sol. Então ela voltava para sua aconchegante cabana e comia um leve café da manha antes de começar o que quer que fosse que precisasse de trabalho na fazenda de lavanda. Eu ligaria para ela e me certificaria que ela ficasse em casa, então ela nem iria se arriscar dirigindo hoje. Ela estaria segura; eu me certificaria disso. Então outro pensamento passou pela minha mente. Eu olhei para Afrodite.
 
“O que acontece com as outras pessoas? Eu lembro que você disse algo sobre alguns garotos em um carro na sua frente, e o carro bate e pega fogo.”
 “Yeah.”
 
Eu franzi a testa para ela, “Yeah, o que?”
 
“Yeah, eu estava observando do ponto de vista da sua avó e vi um bando de outros carros caírem ao meu redor. Aconteceu rápido, então não sei dizer quantos eram.”
 
Ela não disse mais nada, e eu balancei a cabeça enojada. “E quanto a salvar eles? Você disse que garotinhos morrem!”
 
Afrodite deu nos ombros. “Eu te disse minha visão foi confusa. Eu não consegui ver exatamente onde estava, e a única razão que eu sabia quando é, é porque eu vi a data na colisão da sua avó.”
 
“Então você vai deixar o resto das pessoas morrer?”
 
“Porque você se importa? Sua avó vai ficar bem.”
 
“Você me enoja, Afrodite. Você se importa com algo a não ser você mesma?”
 
“Tanto faz, Zoey. Como se você fosse tão perfeita? Eu não ouvi você se importar com mais ninguém a não ser sua avó.”
 
“É claro que fiquei mais preocupada com ela! Eu a amo! Mas eu também não quero que mais ninguém morra. E ninguém vai se eu puder impedir. Então, você precisa descobrir um jeito de me dizer de que ponte estamos falando.”
 
“Eu já te disse – fica em Muskogee Turnpike. Eu não sei dizer qual.”
 
“Pense mais! O que mais você vê?”
 
Ela suspirou e fechou os olhos. Eu vi o rosto dela enquanto suas sobrancelhas se enrugavam e ela pareceu se contrair. Com seus olhos ainda fechados ela disse, “Espere, não. Não é em Turnpike. Eu vi uma placa. É a ponte da I-40 por cima do Rio Arkansas – a que fica logo na curva de Turnpike perto da Webber Falls.” Então ela abriu os olhos. “Você sabe quando e onde. Não posso te dizer muito mais. Eu acho que algum tipo de barco, tipo uma barca, bate na ponte, mas é tudo o que eu sei. Eu não vi nada para identificar a barca. Então, o que você vai fazer para impedir?”
 
“Eu não sei, mas eu vou,” eu murmurei.
 
“Bem, enquanto você pensa sobre como salvar o mundo, eu vou voltar para o dormitório e fazer as unhas. Unhas estragadas é algo que eu considero trágico.”
 
“Sabe, ter pais horríveis não é exatamente uma desculpa para não ter coração,” eu disse. Ela se virou e eu a vi parar. As costas dele ficaram realmente arrumadas e quando ela olhou por cima dos ombros para mim eu pude ver que os olhos dela se estreitaram de raiva.
 
“O que você saberia sobre isso?”
 
“Sobre seus pais?Não muito a não ser que eles controladores e que sua mãe é um pesadelo. Sobre pais problemáticos em fetal? Muito. Eu vivo com problemas sobre pais chatos desde que minha mãe casou novamente três anos atrás. É uma merda, mas não é uma desculpa para ser uma vaca.”
 
“Tente 18 anos de muito mais do que só “problemas sobre pais chatos” e talvez você comece a entender algo sobre isso. Até lá, você não sabe nada.” Entaõ, como a velha Afrodite que eu conhecia e não podia confiar, ela virou o cabeço e se afastou, e balançando seu traseiro pequeno como se eu me importasse.
 
“Problemas. Essa garota tem grandes problemas.” Eu sentei no banco e comecei a remexer na minha bolsa procurando o celular, feliz por o carregar comigo embora fosse forçada a manter ele no silencioso, sem nem poder vibrar. A razão podia ser resumida em uma palavra. –Heath. Ele era meu humano quase ex-namorado, e desde que ele e minha definitivamente ex-melhor amiga, Kayla, tentaram me “resgatar” (que foi o que eles falaram – idiotas) da House of Night, Heath passou dos limites com o nível da sua obsessão por mim. É claro, não era realmente culpa dele. Fui eu que experimentei o sangue dele e comecei todo o negocio do Imprint com ele, mas ainda sim. De qualquer forma, mesmo que as mensagens dele tenham diminuído para um zilhão (ou seja, mais ou menos umas 20), por um, ou dois, ou três dias, eu ainda não sentia a vontade de deixar meu telefone ligado e ser incomodada por ele. E, certa o suficiente, quando o abri haviam duas ligações perdidas, as duas de Heath. Nenhuma mensagem no entanto, então talvez ele esteja demonstrando a habilidade de aprender.
 
Vovó soou sonolenta quando atendeu o telefone, mas assim que percebeu que era eu ela se alegrou.
 
“Oh, Zoeybird!É tão bom acordar com sua voz,” ela disse.
 
Eu sorri para o telefone. “Sinto saudades, vovó.”
 
“Eu também sinto sua falta, querida.”
 
“Vovó, a razão pela qual eu liguei é meio estranha, mas você vai ter que confiar em mim.”
 
“É claro que eu confio em você,” ela respondeu sem hesitar. Ela é tão diferente da minha mãe que as vezes eu me pergunto como elas podem ser parentes.
 
“Ok, hoje mais tarde você estava planejando ir para Tulsa fazer compras, certo?”
 
Então houve uma breve pausa, e ela riu. “Suponho que vá ser difícil manter surpresas de aniversário da minha neta vampira.”
 
“Eu preciso que você faça algo, vovó. Prometa que você não vai a lugar algum hoje. Não entre no carro. Não dirija para lugar nenhum. Fique em casa e relaxe.”
 
“O que está acontecendo, Zoey?”
 
Eu hesitei, sem ter certeza do que dizer a ela. Então com aquela sua habilidade de me entender, ela disse suavemente, “Lembre-se, você pode me contar qualquer coisa, Zoeybird. Eu acredito em você.”
 
Eu não percebi que estava segurando o folego até aquele momento. Soltando o fôlego eu disse, “A ponte na I-40 que passe pelo Rio Arkansas perto da Webber Falls vai cair. Você deveria estar nela, e você teria morrido.” Eu disse a ultima parte suavemente, quase sussurrando.  
 
“Oh! Oh, meu! É melhor eu sentar.”
 
“Vovó, você está bem?”
 
“Eu suponho que esteja agora, mas eu não estaria se você não tivesse me aviso, que é porque estou me sentindo com uma leve dor de cabeça.” Ela deve ter pego uma revista ou algo assim porque eu pude ouvir ela se ventilando. “Como você descobriu isso? Você está tendo visões?”
 
“Não, eu não. É Afrodite.”
 
“A garota que costumava ser líder das Filhas Negras? Eu não achei que vocês duas fossem amigas.”
 
Eu bufei. “Não somos. Definitivamente não. Mas eu a encontrei tendo uma visão e ela me disse o que viu.”
 
“E você confia nessa garota?”
 
“Não, mas confio no poder dela, e eu a vi, vovó. Era como se ela estivesse lá, com você. Foi horrível. Ela viu a batida, e aqueles garotinhos morreram...” Eu tive que parar para respirar. A verdade de repente me tocou: minha avó poderia ter morrido hoje. 
 
“Espere, tinha mais pessoas na batida?”
 
“Yeah, quando a ponte caiu vários carros caem no rio.”
 
“Mas e quanto as outras pessoas?”
 
“Eu vou cuidar disso também. Você fique em casa.”
 
“Eu não deveria ir para ponte e tentar impedir eles?”
 
“Não! Fique longe de lá. Eu vou me certificar que ninguém se machuque – eu prometo. Mas eu tenho que saber que você estará segura,” eu disse.
 
“Ok, querida. Eu acredito em você. Você não tem que se preocupar comigo. Eu vou ficar segura em casa. Você cuide do que precisar fazer, e se precisar de mim, me ligue. A qualquer hora.”
 
“Obrigado, vovó. Eu te amo.”
 
“Eu também te amo, u-we-tsi a-ge-hu-tsa.”
 
Depois de desligar eu passei um tempinho sentada ali, me permitindo parar de tremer, mas apenas por um pouco. Um plano já estava se formando na minha cabeça, e eu não tinha tempo para surtar. Eu precisava botar meu plano em ação.
 
DEZ
 
 
‘Então porque não podemos contar a Neferet sobre essa confusão? Só o que ela tem que fazer são algumas ligações, como ela fez mês passado quando Afrodite teve uma visão sobre um avião cair no aeroporto de Denver,” Damien disse, tendo cuidado de manter sua voz baixa. Eu me apressei de volta ao dormitório, juntei meu grupo, e deu a eles a versão curta da visão de Afrodite.
 
“Ela me fez prometer que não iria falar para Neferet. As duas estão tendo algum tipo de estranha briga.”
 
“Já era hora de Neferet começar a ver que vaca ela é,” Stevie Rae disse.
 
“Vaca odiosa,” Shaunne disse.
 
“Bruxa do inferno,” Erin concordou.
 
“Yeah, bem, o que ela é não importa. São as visões dela e as pessoas que estão em perigo de morrer,” eu disse.
 
“Eu ouvi que as visões dela não são mais creditáveis porque Nyx retirou seu favor em relação a Afrodite,” Damien disse. “Talvez seja por isso que ela te fez prometer não ir a Neferet, porque isso é algo que ela inventou e ela quer que você surte e faça algo estranhamente embaraçoso e faça você parecer incompetente, ou se meta em problemas.”
 
“Eu também pensaria isso se não tivesse visto ela ter a visão. Ela não estava fingindo, tenho certeza.”
 
“Mas ela está dizendo a verdade toda?” Stevie Rae perguntou.
 
Eu pensei por um segundo. Afrodite já tinha admitido para mim que ela podia esconder partes da sua visão de Neferet. O que me faz pensar que ela não está fazendo a mesma coisa comigo? Então lembrei da brancura em seu rosto, do jeito que ela agarrou minha mão, e o medo na voz dela enquanto ela se juntava a minha avó na morte. Eu tremi.
 
“Ela estava dizendo a verdade,” eu disse. “Vocês vão ter que confiar na minha intuição.” Eu olhei para meus quatro amigos. Nenhum deles estava feliz sobre isso, mas eu sabia que cada um deles confiava em mim e que eu podia contar com eles. “Então, o negocio é o seguinte, eu já liguei para vovó. Ela não estará na ponte, mas um bando de pessoas irá. Precisamos descobrir um jeito de salvar essas outras pessoas.”
 
“Afrodite disse que uma barca vai bater na ponte e fazer ela cair?” Damien perguntou.
 
Eu acenei.
 
“Bem, você poderia fingir ser Neferet e fazer o que ela faz, ligar para quem quer que esteja no comando da barca e dizer a eles que um dos estudantes teve uma visão sobre a tragédia. As pessoas escutam Neferet; eles tem medo de não ouvir. É um fato bem conhecido que as informações dela salvam vidas humanas.”
 
“Já pensei sobre isso, mas não vai funcionar porque Afrodite não viu a barca claramente. Ela nem tem certeza se é uma barca. Então não tem como começar a contatar alguém. E não posso fingir ser Neferet. É errado. Eu quero dizer, em falar em pedir para se meter em problemas. Você não pode me dizer que quem quer que eu esteja falando não vai retornar a ligação com algum tipo de relatório para Neferet. Então o inferno está a solta.”
 
“Cena horrível,” Shaunee disse.
 
“Yeah, Neferet poderia descobrir que a bruxa teve outra visão, então nossa promessa de não dizer nada é quebrada,” Erin disse.
 
“Ok, então parar a barca não tem como, e fingir ser Neferet também. Isso deixa fechar a ponte como nossa única opção,” Damien disse.
 
“Foi o que eu pensei também,” Eu disse.
 
“Ameaça de bomba!” Stevie Rae disse de repente. Todos olhamos para ela. “Huh?” Erin perguntou.
 
“Explique,” Shaunee disse.
 
“Ligamos para quem quer que os malucos que fazem ameaças de bomba ligam.”
 
“Na verdade isso poderia funcionar,” Damien disse. “Quando tem uma ameaça de bomba nun prédio eles sempre o evacuam. Então é de imaginar que se houver uma ameaça de bomba na ponte, a ponte seja fechada, pelo menos até descobrirem que a bomba é falsa.”
 
“Se eu ligar do celular eles não vão saber que sou, vão?” eu perguntei.
 
“Oh, por favor,” Damien disse, balançando a cabeça como se eu fosse uma idiota completa.“É claro que eles podem rastrear celulares. Isso não é os anos 90.”
 
“Então o que eu faço?”
 
“Você ainda pode usar um telefone. Mas vai ter que ser um descartável,” Damien explicou.
 
“Que nem uma câmera descartável?”
 
“Onde você esteve?” Shaunne perguntou.
 
“Quem não sabe sobre celulares descartáveis?” Erin disse.
 
“Eu não sei,” Stevie Rae disse.
 
“Exato,” As Gêmeas falaram juntas.
 
“Aqui” – Damien pegou um Nokia que parecia muito nerd do bolso – “use o meu.”
 
“Porque você tem um descartável?” Eu estudei o telefone. Parecia normal.
 
“Eu comprei depois que meus pais surtaram por eu ser gay. Até eu ser Marcado e vir aqui eu senti que eles estavam me castigando para a vida toda. Quero dizer,não que eu esperasse que
eles fossem me trancar num armário ou algo assim, mas eu estava preparado. Desde então sempre carrego um.”
 
Nenhum de nós sabia o que dizer. É uma droga que os pais de Damien tenham surtado tanto sobre ele ser gay.
 
“Obrigado, Damien,” eu finalmente disse.
 
“Sem problemas. Quando você terminar desligue ele e me devolva. Eu vou destruir ele.”
 
“Ok.”
 
“E se certifique de dizer a eles que a bomba está plantada embaixo das linhas de água. Assim eles fecham a ponte por tempo o suficiente para mandar os motoristas pararem.”
 
Eu acenei. “Boa idéia. Vou dizer a eles que a bomba vai explodir as 15:15, que é a hora exata em que Afrodite disse que marcava o painel do carro da minha vó quando ela bateu.”
 
“Eu não sei quanto tempo essas coisas levam, mas você provavelmente deveria ligar lá pelas duas e meia, me parece tempo o suficiente para eles fecharem a ponte, mas não tempo demais para descobrirem que é uma ameaça falsa, e deixas os carros voltarem a para a ponte cedo demais,” Stevie Rae disse.
 
“Uh, gente,” Shaunee disse. “Pra quem você vai lugar?”
 
“Diabos, eu não sei.”Eu estava sentindo o estresse nos ombros e sabia que eu ficaria com uma enorme dor de cabeça em breve.
 
“Pesquise no Google,” Erin disse.
 
“Não,” Damien disse rapidamente. “Não queremos nenhum tipo de traço no computador. Você só precisa ligar para uma filial local dos FBI. Estará na lista telefônica. Eles vão fazer o que fazem com as ligações dos loucos.”
 
“Como os rastrear e colocar eles na cadeia pelo resto da eternidade,” eu murmurei mau humorada.
 
“Não, não vão pegar você. Você não está deixando nenhum rastro. Eles não terão motivo para pensar que é um de nós. Ligue as 14:30. Diga a eles que plantou uma bomba de baixo da ponte porque...” Damien hesitou.
 
“Por causa da poluição!” Stevie Rae disse.
 
“Poluição?” Shaunne disse.
 
“Eu não acho que deve ser por causa da poluição. Eu acho que deve ser porque você está cansada da interferência do governo nos setores privados,” Erin disse.
 
Eu pisquei para ela. O que diabos ela disse?
 
“Excelente ponto, Gêmea,” Shaunne disse.
 
Erin riu. “Eu pareço meu pai. Ele estaria orgulhoso. Bem, não sobre fingir explodir uma ponte, mas as outras coisas, yeah.”
 
“Entendemos, Gêmea,” Shaunee disse.
 
“Eu ainda acho que deve ser porque você está cansada da poluição. Poluição é um problema real,” Stevie Rae disse teimosamente.
 
“Ok, que tal eu dizer que é por causa da interferência do governo e da poluição em nossos rios? Isso seria uma razão para por uma bomba numa ponte.” Eles me olharam com expressões em branco. Eu suspirei. “Por causa da poluição no rio.”
 
“Ohhh,” eles disseram. 
 
“Vamos ser terroristas nerds,” Stevie Rae disse com uma risada.
 
“Eu acho que isso é uma coisa boa,” Damien disse.
 
“Então temos um acordo? Eu ligo para o FBI, e mantemos nossa boca fechada sobre a visão de Afrodite.”
 
Eles acenaram.
 
 
“Ótimo. Ok. Eu vou encontrar uma lista telefônica e olhar para o numero do FBI, e então –“
 
Um movimento pegou o canto da minha visão, e eu olhei para cima para ver Neferet escoltando dois homens de ternos no dormitório. Todos ficaram instantaneamente em silencio, e ouvi um sussurro de “Eles são humanos...” começar a zumbir pelo dormitório. Então não tive tempo para pensar ou escutar, porque era obvio que Neferet e os dois homens estavam andando diretamente para mim.
 
“Ah, Zoey, aí está você.” Neferet sorriu para mim com seu calor usual. “Esses cavalheiros precisam falar com você. Eu acredito que podemos ir para a biblioteca. Isso não deve levar muito tempo.” Neferet gesticulou para os homens e eu seguirmos ela enquanto saímos da sala (com todos olhando abertamente para nós com caras de bobo) para o pequeno aposento  que chamávamos de biblioteca do dormitório, mas era mais uma sala de computador com algumas cadeiras confortáveis e algumas prateleiras com papel. Só haviam duas garotas nos computadores, e com um rápido pedido Neferet se livrou delas. Elas saíram com pressa, e ela fechou a porta atrás delas, então virou para nos olhar. Eu olhei para o relógio em cima do computador. Eram 7:06 de uma manhã de sábado. O que estava acontecendo?
 
“Zoey, esse é o Detetive Marx” – ela apontou para o mais alto dos dois caras – “e Detetive Martin da divisão de homicídios do departamento de Policia de Tulsa. Eles querem te fazer algumas perguntas sobre o garoto humano que foi morto.”
 
“Ok,” eu disse, me perguntando que tipo de perguntas eles poderiam querer me fazer. Diabos, eu não sabia nada. Eu nem o conhecia tão bem.
 
“Srta. Montgomery,” Detetive Marx começou, mas ele foi cortado por Neferet.
 
“Redbird,” ela disse.
 “Senhora?”
 
“Zoey legalmente mudou seu sobrenome para Redbird quando se tornou emancipada como menor ao entrar nessa escola mês passado. Todos os nossos alunos são legalmente emancipados. É útil devido a natureza única da nossa escola.”
 
O policial deu um breve aceno. Eu não consegui perceber se ele estava ou não incomodado, mas acho que do jeito que ele continuou a olhar para Neferet a resposta era não.
 
“Srta. Redbird,” ele continuou,”recebemos informações que você conhecia Chris Ford e Brad Higeons. É verdade?”
 
“Yeah, quero dizer sim,” eu corrigi rapidamente. Claramente essa não era uma boa hora para soar como uma adolescente boboa. “Eu conheço... bem, eu conhecia os dois.”
 
“Como assim, conhecia?” Detetive Martin, o policial baixo, disse afiadamente.
 
“Bem, é que eu não ando mais com adolescentes humanos, mas mesmo antes de ser Marcada eu não via muito Chirs ou Brad.” Eu me perguntei porque ele estava tão tenso, então percebi que era porque Chris estava morta e Brad estava desaparecia que o jeito que eu falei no passado provavelmente soou muito mal.
 
“Quando foi a ultima vez que você viu os dois garotos?” Marx perguntou.
 
Eu mordi o lábios, tentando lembrar. “Há meses – desde o inicio da temporada de futebol, e então quando duas ou talvez três festas aconteceram e eles também estavam lá.”
 
“Então você estava com nenhum deles?”
 
Eu franzi. “Não. Eu estava meio que saindo com o quarter-back da Broken Arrow. É a única razão pela qual eu conhecia os caras da Union.” Eu sorri,tentando relaxar. “As pessoas acham que os jogadores da Union odeiam os jogadores da BA. Não é verdade. A maior parte deles cresceu juntos. Vários deles ainda são amigos.”
 
“Srta. Redbird, você está na House of Night a quanto tempo?” a policial baixo perguntou como se tentasse ser agradável.
 
“Zoey está conosco a quase um mês,” Neferet respondeu por mim.
 
“E nesse tempo Chris ou Brad te visitaram?”
 
Totalmente surpresa, eu disse. “Não!”
 
“Você está dizendo que humanos adolescentes não te visitam?” Martin fez a pergunta rapidamente.
 
Me pegando com a guarda baixa eu balbuciei feito uma idiota e tenho certeza que parecia completamente culpada. Graças a Deus, Neferet me salvou.
 
“Dois amigos de Zoey a viram na primeira semana dela aqui, embora eu não acho que de pra chamar eles de visitas oficiais,” ela disse com um suave sorriso adulto, mirando nos detetives
que claramente dizia garotos serão garotos. Eles acenaram e me encorajaram. “Vá em frente e conte sobre seus dois amigos que acharam que seria divertido escalar nossos muros.”
 
Os olhos verdes de Neferet se trancaram nos meus. Eu contei a ela tudo sobre Heath e Kayla subirem o muro com a ridícula idéia de me soltem. Ou pelo menos essa era a idéia de Heath. Kayla, minha ex-melhor amiga, só queria que eu visse que ela estava dando em cima de Heath. Eu disse a Neferet tudo isso, nada mais. Como eu acidentalmente experimentei o sangue de Heath  - até Kayla me pegar e surtar totalmente. Olhando nos olhos de Neferet eu sabia tanto como se ela tivesse dito as palavras em voz alta que era para manter o meu pequeno incidente sobre provar sangue para mim mesma, o que era mais que ok para mim.
 
“Não foi nada demais, foi um mês atrás. Kayla e Heath acharam que deveria vir aqui e me soltar.” Eu parei balançando a cabeça como achasse que fossem completamente loucos, e o policial alto soltou , “Kayla e Heat quem?’
 
“Kayla Robinson e Heath Luck* (*sorte),” eu disse. (Yeah, o sobrenome de Heath realmente é Luck, mas a única coisa que ele teve sorte particularmente é não pegar uma DST.) “De qualquer forma, Heath é meio devagar as vezes, e Kayla, bem, Kayla é muito boa com sapatos e cabelo, mas não muito boa com senso comum. Então eles não pensaram no “Hey, ela está virando uma vampira e se ela deixar a House of Night ela vai morrer” problema. Então expliquei a eles que não só eu não queria ir embora, eu não podia ir embora. E foi isso.”
 
“Nada diferente aconteceu quando você viu seus amigos?”
 
“Você diz quando voltei para o dormitório?”
 
“Não. Me deixe refazer a pergunta. Nada aconteceu quando você viu Kayla e Heath?”Martin disse.
 
Eu engoli. “Não.” O que não era exatamente uma mentira. Aparentemente não é incomum para calouros sentirem ânsia por sangue. Não deveria ser tão cedo na minha Mudança, mas minha marca também não deveria ser completa e eu não deveria ter tatuagens decorativas de um vampiro adulto também. Sem mencionar o fato de que nenhum calouro ou vampiro tinha sido Marcado nos ombros e costas como eu. Ok, eu não sou exatamente um calouro normal.
 
“Você não cortou o garoto e bebeu o sangue dele?” A voz do policial mais baixo era gelado.
 
“Não!’ Eu chorei.
 
“Você está acusando Zoey de algo?” Neferet disse, se aproximando de mim.
 
“Não, senhora. Simplesmente a questionamos para tentar ter uma idéia mais clara da dinâmica dos amigos de Chris Ford e Brad Higeons. Tem vários aspectos do caso que são raros e...” O policial baixo continuou enquanto minha mente trabalhava feito louca.
 
“O que está acontecendo? Eu não tinha cortado Heath; eu o arranhei. E eu não tinha feito de propósito. E “beber” o sangue dele não foi exatamente o que eu fiz – foi mais uma lambida. Mas como diabos eles sabia tudo sobre isso? Heath não era muito inteligente, mas eu não acho que ele ia sair contando as pessoas (especialmente não detetives) que a garota que ele gostava bebia sangue. Não. Heath não teria dito nada, mas – 
 
E eu soube porque eles estavam me fazendo essas perguntas.
 “Tem algo que vocês devem saber sobre Kayla Robinson,” eu disse de repente, interrompendo o fala chata do policial baixo. “Ela me viu beijar Heath. Bem, na verdade Heath me beijou. Ela gosta dele.” Eu olhei de um policial para o outro. “Sabe, ela realmente gosta de Heath, como em querer namorar ele agora que eu estou fora do caminho. Então quando ele me viu beijar ele ela ficou fula e começou a gritar comigo. Ok, eu admito que não fui muito madura. Eu também fiquei fula com ela. Quero dizer, é errado quando sua melhor amiga vai atrás do seu namorado. De qualquer forma” – eu fiquei incomodada, como se estivesse embaraçada de admitir o que eu ia contar a eles – “eu disse algumas coisas maldosas para Kayla e a assustei. Ela surtou e foi embora.”
 
“Que tipo de coisa maldosa?” Detetive Marx perguntou.
 
Eu suspirei. “Algo do tipo que se ela não fosse embora eu ia voar para fora do muro e sugar o sangue dela.”
 
“Zoey!” A voz de Neferet era afiada. “Você sabe que isso é inapropriado. Já temos problemas o suficiente de imagem sem você assustar adolescentes humanos de propósito. Não é de se admirar que a pobre criança tenha falado com a policia.”
 
“Eu sei. Sinto muito.” Embora eu soubesse que Neferet estivesse atuando comigo, eu ainda tive que me conter para não chorar com o poder da voz dela. Eu olhei para os detetives. Os dois estavam olhando para Neferet com olhos abertos e vidrados. Huh. Então, até agora ela só tinha mostrado seu lindo rosto. Eles não faziam idéia do tipo de poder que estavam lidando. 
 
“E você não viu nenhum dos adolescentes desde então?” o policial alto perguntou depois de uma pause desconfortável. 
 
“Só mais uma vez, e só foi o Heath, durante o Ritual de Samhain.”
 
“Desculpe, o que?”
 
“Samhains é o nome antigo para uma noite que você provavelmente conhece como Halloween,” Neferet explicou. Ela voltou a ser incrivelmente linda e gentil, e eu pude entender porque os policiais pareciam confusos, mas eles devolveram o sorriso dela como se não tivessem escolha. Conhecendo os poderes de Neferet – eles podem não ter. “Continue, Zoey,” ela me disse.
 
“Bem, tinha vários de nós e estávamos fazendo o ritual. Tipo uma missa de Igreja ao ar livrem” eu expliquei. Ok, não tem nada a ver como uma missa de igreja ao ar livre, mas de jeito nenhum eu ia explicar nosso circulo e chamar os espíritos de vampiros carnívoros mortos para dois policiais humanos. Eu olhei para Neferet. Ela acenou me encorajando. Eu respirei fundo e mentalmente editei o que aconteceu e falei. Eu sabia que não importava o que eu dissesse. Heath não lembrava de nada sobre aquela noite – a noite que ele quase foi morto por uma orla de antigos vampiros fantasmas. Neferet se certificou que essa memória fosse permanentemente bloqueada. Tudo o que ele sabia é que ele me encontrou com um bando de outros garotos e então desmaiou. “De qualquer forma, Heath atrapalhou o ritual. Foi muito embaraçoso, especialmente porque ... bem... ele estava completamente bêbado.”
 
“Heath estava bêbado?”
 
Eu acenei.”Sim, ele estava bêbado. Mas eu não quero meter ele em problemas.”Eu já tinha decido não mencionar a infeliz, mas temporária, experimentação com maconha.
 
“Ele não está com problemas.”
 
“Ótimo. Eu quero dizer, ele não é meu namorado mas é basicamente um cara legal.”
 
“Não se preocupe com isso, Srta. Redbird, só me diga o que aconteceu.”
 
“Nada na verdade. Ele invadiu nosso ritual, e foi embaraçoso. Eu disse a ele que ele precisava ir para casa e não voltar, que tínhamos terminado. Ele fez papel de bobo e desmaiou. Deixamos ele lá,e foi isso.”
 
“Você não o viu desde então?”
 
“Não.”
 
“Você ouviu falar dele de alguma forma?”
 
“Yeah, ele liga demais e deixa mensagens irritantes no meu celular. Mas está melhorando,” eu adicionei rapidamente. Eu realmente não queria por ele em problemas. “Eu acho que ele finalmente está entendendo que terminados.”
 
O policial alto fez algumas anotações, e então pos a mão no bolso e pegou uma saco de plástico que tinha algo dentro.
 
“E quanto a isso, Srta. Redbird? Você já viu isso antes?”
 
Ele me entregou o plastico e eu percebi o que estava ali dentro. Era um pingente prateado com um longo colar de veludo preto. O pingente era da forma de duas luas crescentes de costas contra a lua cheia incrustado de granada. Era o símbolo triplo da deusa – mãe, mulher, e senhora. Eu tinha um igual porque era o colar que a líder das Filhas Negras usava.
 
   
 
 
 
ONZE
 
 
“Onde você conseguiu isso?” Neferet perguntou. Eu percebi que ela estava tentando manter a voz controlada, mas havia uma poderosa, ponta raivosa que era impossível esconder.
 
“Esse colar foi encontrado perto do corpo de Chris Ford.”
 
Minha boca abriu, mas eu não conseguia dizer nada. Eu sabia que meu rosto tinha ficado pálido, e meu estomago se apertou dolorosamente.
 
“Você reconhece o colar, Srta. Redbird?” Detetive Marx repetiu a pergunta.
 
Eu engoli e limpei a garganta. “Sim. É o pingente da líder das Filhas Negras.”
 “Filhas Negras?”
 
“As Filhas e Filhos Negros é uma organização exclusiva da escola, feita para os melhores estudantes,” Neferet disse.
 
“E você pertence a essa organização?” ele perguntou.
 
“Eu sou a líder.”
 
“Então você se importaria de mostrar seu colar?”
 
“Eu – eu não tenho ele comigo. Está no meu quarto.” O choque estava começando a me deixar tonta.
 
“Cavalheiros, vocês está acusando Zoey de algo?” Neferet disse. A voz dela era calma, mas a ameça de raiva ultrajada que passou por ela pincelou contra a minha pele, fazendo minha pele formigar e se arrepiar. Eu pude ver pelos olhares nervosos que os detetives dividiam o que eu senti também.
 
“Senhora, estávamos simplesmente fazendo perguntas a ela.”
 
“Como ele morreu?” Minha voz era fraca, mas soava incrivelmente alta no tenso silencio que cercava Neferet. 
 
“De lacerações múltiplas e perda de sangue,” Marx disse.
 
“Alguém o cortou com uma faca ou algo assim?” No noticiário eles falaram que Chris pode ter sido atacado por um animal, então eu já sabia a resposta da pergunta, mas me senti obrigada a perguntar.
 
Marx balançou a cabeça. “Os ferimentos eram nada que uma faca pudesse fazer. Eram mais como aranho de animais e mordidas.”
 
“O corpo dele foi quase todo drenado de sangue,” Martin acrescentou.
 
“E vocês estão aqui porque parece ser o ataque de um vampiro,” Neferet disse mal humorada.
 
“Estamos aqui procurando por respostas, senhora,” Marx disse.
 
“Então sugiro que façam um exame de álcool no corpo do humano. Pelo pouco que eu sei do grupo de adolescentes que o garoto tinha como amigos, eles bebiam bastante. Ele provavelmente ficou intoxicado e caiu no rio. As lacerações podem ter sido feitas pelas rochas, ou talvez até animais. Não é incomum que coiotes sejam encontrados perto do rio, mesmo dos limites da cidade de Tulsa,” Neferet disse.
 
“Sim, senhora. Testes estão sendo feitos no corpo. Mesmo com o sangue drenado, ainda vai nos dizer muitas coisas.”
 
“Ótimo. Tenho certeza que uma das muitas coisas que vai te dizer é que o garoto humano era um bêbado, talvez estivesse até alto. Eu acho que vocês deveriam procurar mais razões que
possam ter causado a morte ele ao invés de um ataque de vampiros. Agora, eu assumo que vocês terminaram aqui?”
 
“Mais uma pergunta, Srta. Redbird,” Detetive Marx perguntou sem olhar para Neferet. “Onde você estava na quinta feira entre 8 e 10 horas?”
 
“Da noite?” eu perguntei.
 
“Sim.”
 
“Estava na escola. Aqui. Em aula.”
 
Martin me deu um olhar surpreso. “Escola? Nessa hora?”
 
“Talvez você devesse fazer seu próprio dever de casa antes de interrogar meus alunos. As aulas na House of Night começam as 8 da noite e vão até 3 da manha. Vampiros sempre preferiram a noite.” A ponta de perigo ainda estava na voz de Neferet. “Zoey estava na aula quando o garoto morreu. Agora terminamos?”
 
“Por enquanto terminamos Srta. Redbird.” Marx virou algumas paginas do bloco de notas em que esteve escrevendo e acrescentou, “Precisamos falar com Loren Blake.”
 
Eu tentei não reagir ao nome do Loren, mas sei que meu corpo deu um pulo e eu senti meu rosto esquentar.
 
“Desculpe, Loren foi embora ontem antes do amanhecer no jato particular da escola. Ele foi para a Costa Leste para dar apoio aos nossos estudantes que estão na final concurso de monologo internacional de Shakespearea. Mas eu certamente posso mandar a ele uma mensagem para ligar a vocês quando voltar no domingo,” Neferet disse enquanto andava em direção a porta, claramente se despedindo dos dois homens. 
 
Mas Marx não se moveu. Ele ainda estava me observando. Devagar ele pegou dentro do bolso um cartão. Me entregando ele disse, “Se você pensar em algo – qualquer coisa – que você acredite que possa nos ajudar a encontrar quem fez isso com Chris, me ligue.” Então ele acenou para Neferet. “Obrigado pelo seu tempo, senhora. Voltamos no domingo para falar com o Sr. Blake.”
 
“Levo vocês a saída,” Neferet disse. Ela apertou meus ombros, e andando rapidamente até os dois detetives, os levou para fora do aposento.
 
Eu fiquei sentada ali tentado reorganizar meus pensamentos. Neferet mentiu, e não só por omitir que eu bebi o sangue de Heath e Heath quase ser morto durante o ritual de Samhain. Ela mentiu sobre Loren. Ele não tinha deixado a escola ontem antes do amanhecer. No amanhecer ele estava no muro junto comigo.
 
Eu juntei minhas mãos tentando impedir que elas tremessem.
 
 
 
 
 
Eu não fui durmir até as 10 horas (da manhã). Damien, as Gêmeas, e Stevie Rae queriam saber tudo sobre a visita dos detetives, e dizer a eles que estava tudo bem comigo. Eu pensei que rever os detalhes pudesse me dar uma idéia do que diabos estava acontecendo. Eu estava errada. Ninguém conseguiu descobrir porque o colar de liderança das Filhas Negras estava no corpo de um garoto humano. Sim, eu chequei minhas coisas e o meu estava seguro na minha caixa de jóias. Erin, Shaunee, e Stevie Rae pensaram que de alguma forma Afrodite estava por trás dos policiais, pegar o colar e talvez até das mortes. Damien e eu não tínhamos certeza. Afrodite não agüentava humanos, mas isso não era a mesma coisa que os seqüestrar e matar um jogador de futebol que não podia exatamente ser escondido na bolsa dela. Ela definitivamente não saia com humanos. E, sim, ela costumava ter um colar de liderança das Filhas Negras,mas Neferet tinha pego dela e me dado na noite em que eu me tornei líder das Filhas e Filhos Negros.
 
Além do mistério do colar, tudo que podemos descobrir era que “A nojenta vaca da Kayla” (como as Gêmeas a chamaram) tinha basicamente contado a policia que eu era a assassina porque ela tinha ciúmes que Heath ainda era louco por mim. Obviamente os policias não tinham nenhum suspeito de verdade e se apressaram para vir aqui por causa da palavra de uma adolescente invejosa. É claro meus amigos não sabiam nada sobre o problema de beber sangue. Eu ainda não consegui me fazer contar que eu bebi (lambi, tanto faz) o sangue de Heath. Então dei a eles a mesma versão editada que eu dei aos policiais. As únicas pessoas que sabiam a verdadeira história sobe o sangue (além de Heath e a A nojenta vaca da Kayla) eram Neferet e Erik. Eu contei a Neferet, e Erik me encontrou lá depois da minha grande cena com Heath,então ele sabia a verdade. Falando nisso – eu de repente queria que Erik voltasse logo para a escola. Eu estive tão ocupada ultimamente que não tive tempo para sentir falta dele, ou pelo menos não tive até o dia que eu desejei ter alguém que não fosse uma Alta Sacerdotisa que eu pudesse contar o que estava acontecendo.
 
Domingo, eu lembrei a mim mesma quando tentei adormecer. Erik voltaria no domingo. O mesmo dia que Loren voltaria. (Não, eu não conseguia pensar sobre as coisas que poderiam estar acontecendo entre Loren e eu, e como isso era parte dos ocupação que me impediu de sentir falta de Erik.) E porque diabos os detetives precisam falar com Loren? Nenhum de nós conseguiu descobrir.
 
Eu suspirei e tentei relaxar. Eu realmente odeio precisar dormir e não conseguir. Mas eu não conseguia manter minha mente quieta. Não havia só a confusão com Chris Ford/Brad Higeons na minha cabeça, mas em breve eu teria que ligar para o FBI e fingir ser uma terrorista. Acrescente isso ao fato que eu mal pensei sobre o circulo que eu precisava lançar no Ritual da Lua Cheia que eu deveria liderar, não era de se admirar que eu tinha uma terrível dor de cabeça devido a tensão.
 
Eu olhei para o relógio. Eram 10:30. Daqui 4 horas eu precisava levantar e ligar para o FBI, e então tentar descobrir como passar o dia enquanto eu esperava para saber as noticias sobre o acidente da ponte (que com sorte eu fosse impedir), e as noticias sobre o garoto Higeons ser encontrado (com sorte, vivo), e tentar descobrir como liderar o Ritual da Lua Cheia (com sorte, sem me envergonhar totalmente).
 
Stevie Rae, que eu juro podia dormir de pé no meio de uma nevasca, roncou suavemente do outro lado do quarto. Nala estava empoleirada perto da minha cabeça no meu travesseiro. Mesmo ela parou de reclamar par mim e respirava profundamente em seu estranho ronco de gato. Eu me preocupei brevemente se deveria checar ela por alergias. Ela espirrava bastante. Mas eu decidi que só estava obsessivamente aumentando meu nível de estresse. A gata era tão gorda quando um peru. Quero dizer, a barriga dela parecia que ela tinha uma bolsa e
poderia esconder seu filhote de canguru ali. Provavelmente era por isso que ela espirrava. Carregar toda essa gordura de gato provavelmente não era fácil.
 
Eu fechei os olhos e comecei a contar carneiros. Literalmente. Deveria funcionar. Certo? Então inventei um campo na cabeça com um portão e tinha pequenas ovelhinhas brancas que começaram a pular por ele. (Eu acho que esse é o jeito certo de contar as ovelhinhas. Ovelhinhas... hee hee.) Depois da ovelha numero 56 minha mente começou a ficar desfocada e eu finalmente dormi e tive um vivido sonho onde eu notei que as ovelhinhas estavam usando o uniforme de futebol da Union. Eles tinham uma pastora que os dirigia até o portão onde eles pulavam (que agora parecia um pequeno pasto de bodes). A eu que flutuava gentilmente por cima da cena das ovelhas parecia um super herói. Eu não podia ver o rosto da pastora, mas mesmo de costas eu podia ver que ela era alta e linda. O cabelo castanho dela ia até a cintura. Como se ela pudesse me ver observando ela, ela se virou na minha direção com seus olhos verdes lodosos e olhou para mim. Eu ri. É claro que Neferet estava no comando, mesmo que fosse só um sonho. Eu acenei para ela, mas invés de responder, Neferet estreitou os olhos de um jeito perigoso e de repente virou. Parecendo um animal selvagem, ela pegou uma ovelha jogadora de futebol, a ergueu, e em um movimento a quebrou sua garganta com um força incrível, rasgou a garganta das unhas cumpridas, colocando seu rosto contra a garganta que sangrava do animal. A eu que sonhava ficou aterroizada assim como bizarramente tentada pelo que Neferet estava fazendo. Eu queria olhar para longe, mas não podia...eu não ia... então o corpo da ovelha começou a tremer como ondas de calor subindo de um ponto em ebulição. Eu pisquei e não era mais uma ovelha. Era Chris Ford, e seus olhos mortos estavam bem abertos, parados e me encarando acusatoriamente. 
 
Eu arfei em horror e tirei meu olhar do sangue, querendo olhar para a paisagem gloriosa do sonho, mas minha visão ficou presa porque não era mais Neferet que se alimentava da garganta de Chris. Era Loren Blake, e seus olhos estavam sorrindo para mim sobre o rio vermelho. Eu não podia olhar para longe. Eu encarei e encarei...
 
Meu corpo do sonho tremeu quando uma voz familiar passou por mim. Primeiro o sussurro era tão suave que eu não podia ouvir, mas enquanto Loren bebia a ultima gota do sangue de Chris as palavras se tornaram audíveis assim como visíveis. Elas dançavam no ar ao meu redor com uma luz prateada que era tão familiar quanto a voz.
 
... Lembre-se, escuridão nem sempre trás o mal, assim como luz nem sempre trás o bem.
 
Meus olhos abriram e eu sentei, respirando com força. Me sentindo tremer e levemente enjoada, eu olhei para o relógio. 12:30. Eu dei um gemido. Eu só dormi por duas horas. Não era de se admirar que eu estivesse me sentindo tão mal. Quietamente eu fui até o banheiro que eu dividia com Stevie Rae para jogar água no meu rosto e tentar lavar minha grogues. Pena que lavar o horrível pressentimento do sonho bizarro que eu tive não era tão fácil.
 
De jeito nenhum eu ia ser capaz de dormir agora. Eu andei pé por pé até a nossa janela e espirei para fora. Era um dia cinzento. Baixas nuvens escureciam o sol e a luz, a garoa constante fazendo tudo parecer borrado. Combinava perfeitamente com meu humor, e também fazia a luz do sol ser suportável. Quanto tempo fazia desde que eu saia na luz do sol de qualquer forma? Eu pensei sobre isso e percebi que eu não vi mais do que um ocasional amanhecer em um bom mês. E de repente eu não podia mais ficar do lado de dentro. Eu me senti claustrofóbica, como se estivesse presa num tumba, num caixão.
 
Eu fui até o banheiro e abri a pequena jarra de vidro em que estava a maquiagem que escondia completamente a tatuagem dos calouros. Quando cheguei na House Of Night eu tive
um mini ataque de pânico quando percebi que até entrar no terreno da escola, eu nunca tinha visto um calouro. Nunca. Naturalmente, eu pensei que isso significasse que os vampiros mantivessem os calouros do lado de dentro dos muros da escola por 4 anos. Não demorou muito para descobrir a verdade: calouros tinham uma certa liberdade, mas se eles escolhessem sair dos muros da escola eles precisavam seguir duas importantes regras, primeiro tinham que cobrir sua Marca e não usar nada que mostrasse uma das insígnias das turmas.
 
Segundo (e, para mim, mas importante), quando um calouro entra na House Of Night, ele ou ela deve ficar próximo de um vampiro adulto. A Mudança de humano para vampiro é bizarra e complexa – nem mesmo com a ciência de hoje era entendida completamente. Mas uma coisa era certa sobre a Mudança, se um calouro fosse cortado do contado com um vampiro adulto, o processo aumentava e o adolescente morria. Toda vez. Então, podíamos deixar a escola para fazer compras ou  algo assim, mas se ficássemos longe dos vampiros mais de algumas horas nossos corpos iriam começar a rejeitar o processo e morreríamos. Não é de se admirar que antes deu ser Marcada eu achei nunca ter visto um calouro. Eu provavelmente tinha visto, mas (a) ele/ela/eles tinham coberto a Marca, e (b) ele/ela/eles entendiam que não podiam desperdiçar tempo como um adolescente normal. Eles estavam lá, mas ficariam ocupados e disfarçados. 
 
A razão para o disfarce também fazia sentido. Não era sobre querer se esconder e se misturar com os humanos e espionar ou algo ridículo que os humanos iriam assumir. A verdade é que humanos e vampiros coexistem em um estado de paz inquietante. Mostrar que calouros deixaram a escola e foram fazer compras e ao cinema como qualquer outro garoto normal era pedir por problemas e exageros. Eu só podia imaginar o que as pessoas como meu padrasto – perdedor diriam. Provavelmente os vampiros adolescentes estavam andando em gangues, fazendo qualquer tipo de comportamento pecaminosos de delinqüentes juvenis. Ele era um idiota. Mas ele não seria o único humano adulto a surtar. Claramente as regras dos vampiros faziam sentido.
 
Decidida, eu encarei, escondendo minhas Marcas safiras que mostravam o mundo em que vivia. Era incrível o quão bem aquelas coisas escondiam as Marcas. Enquant minha lua crescente desaparecia, junto com a rede de espirais azuis que emolduravam meus olhos, eu vi a velha Zoey reaparecer e não estava certa de como eu me sentia sobre ela. Ok, eu sabia que haviam muitas outras mudanças em mim do que apenas algumas tatuagens podiam representara, mas a ausência das Marcas de Nyx era chocante. Me deu um estranho e, inesperado senso de perda. 
 
Olhando para trás, eu deveria ter ouvido a minha hesitação interna, esfregado o rosto, pego um livro, e ido diretamente para cama.
 
Invés disso, eu sussurrei, “Você parece bem jovem,” para meu reflexo, e pus minha jeans e um suéter preto. Então eu procurei (silenciosamente – se eu acordasse Stevie Rae ou Nala de jeito nenhum eu ia poder sair dali sozinha) entre as minhas roupas, até que encontrei um antigo canguro da Invasão Borg 4D e o coloquei, junto com meu confortável tênis Puma, e um boné da OSU* (*faculdade de Ohio) na cabeça e com meus óculos de sol Maui Jim eu estava ponta. Antes de poder (sabiamente) mudar de idéia, eu peguei minha bolsa e sai de fininho do quarto.
 
Ninguém estava na sala do dormitório. Eu abri a porta e respirei fundo para me firmar antes de sair. Todo aquele negocio de vampiro-pega-fogo-se-o-sol-o-toca era uma mentira ridículo, mas era verdade que a luz do sol causava dor aos vampiros. Como a caloura que estava
estranhamente “avançada” no processo de Mudança, era definitivamente desconfortável para mim, mas cerrei os dentes e sai para a garoa.
 
 
 
 
O campus parecia totalmente deserto. Era estranho não passar por um estudante ou vampiro na calçada que passava por trás do prédio principal (que ainda me lembrava de um castelo) até o estacionamento. Meu antigo Bug VW 1966* (*sim, isso é um fusca) foi fácil de encontrar no meio dos caros carros que os vampiros preferiam. Seu motor confiável bravejou por um segundo, então virou e fez barulho como se fosse novinho.
 
Eu abri a porta da garagem com o controle que Neferet tinha me dado depois que vovó trouxe meu carro. O portão de ferro da escola abriu silenciosamente.
 
Apesar do fato de que até a fraca e enevoada luz do dia incomodava meus olhos e fez minha pele formigar, meu humor melhorou assim que eu sai dos portões da escola. Não é que eu odeie a House Of Night nem nada disso. Na verdade, a escola e meus amigos tinham se tornado minha casa e minha família. Era só que eu precisava fazer algo mais. Eu precisava me sentir normal de novo – normal como em Zoey – Antes de ser Marcada, quando a maior preocupação era a prova de geometria e o único “poder” que eu tinha era a habilidade de encontrar sapatos bonitos em promoção.
 
Na verdade, compras parecia uma boa idéia. Utica Square era a menos de um quilometro da rua da House of Night, e eu adorava a loja American Eagle. Meu guarda roupa tinha, tragicamente, super estocado com roupas escuras como púrpura, preto, e marinho desde que eu tinha sido Marcada. Um suéter vermelho brilhante era exatamente o que eu precisava.  
 
Eu estacionei no estacionamento menos usado atrás das lojas em que American Eagle ficava no meio. As arvores eram grandes, então eu gostei da sombra, junto com o fato que haviam poucas pessoas no estacionamento. Eu sei que meu reflexo mostrava uma adolescente normal, mas eu ainda estava Marcada por dentro, e estava mais do que apenas um pouco nervosa sobre minha primeira viagem a luz do dia no meu antigo mundo.
 
Não que eu esperasse me encontrar com alguém que eu conhecesse. Eu era aquela que meus amigos da escola chamavam de “estranha” e “forasteira” porque eu gostava de fazer compras nas lojas chiques versus o barulhenta, chato, e cheirando a praça de alimentação – shopping. Vovó Redbird era responsável por meus gostos fora do comum. Ela custumava chamar de “viagem de campo” quando ela me levava por Tulsa em um dia divertido de viagem. De jeito nenhum eu ia me encontrar com Kayla e os alunos da Broken Arrow ou da Utica, e logo o cheiro familiar da American Eagle estava fazendo sua mágica em mim. Quando eu finalmente paguei o suéter vermelho meu estomago tinha parado de doer, e apesar do fato de ser o meio do dia e eu não tenha dormido, minha dor de cabeça também sumiu.
 
Mas eu estava faminta. Havia uma Starbucks do outro lado da rua da American Eagle. Era na esquina que emoldurava um bonito jardim no meio da praça. Com o úmido, e sombriu dia eu aposto que ninguém estaria sentada nas pequenas mesas de ferro na aberta calçada. Eu podia pedir um cappuccino gostoso, um dos seus enormes muffins de blueberry* (*fruta), uma copia do Tulsa World* (*jornal), e sentar do lado de forma e fingir que sou uma colegial.
 
Parecia um ótimo plano. Eu estava totalmente certa – não havia ninguém sentado nas mesas de fora, e eu sentei na que estava mais perto de uma enorme arvore de magnólia colocando a quantidade certa de açúcar no cappuccino enquanto eu mordiscava meu super muffin.
 
Eu não lembro quando senti a presença dele. Começou com sutileza, como uma estranha ceceira embaixo da minha pele. Eu me mexi inquieta na cadeira, tentando me concentrar na pagina de cinema e pensar que talvez eu pudesse convencer Erik a ir numa sessão no final de semana que vem... mas eu não conseguia prestar atenção nas reviews dos filmes. A irritante, coceira por baixo da minha pele não desaparecia. Completamente irritada eu olhei para cima e congelei. 
 
Heath estava parado embaixo de um poste a menos de 450 metros de mim.
 
 
 
  DOZE
 
 
Heath estava colocando algum tipo de pôster no poste. Eu pude ver o rosto dele claramente e me surpreendeu o quão bonito ele parecia. Ok, claro, eu o conheço desde a 3º série e o vi ficar fofo para bobo para fofo para gostoso, mas nunca vi essa aparência nele. Em seu rosto havia um amargo no seu rosto, linhas que não sorriam que o faziam aparecer muito mais velho que 18 anos. Era como se eu tivesse vendo um ponta do homem que ele iria se tornar – e era uma boa ponta. Ele era alto e loiro, com bochechas altas e um queixo realmente muito forte. Mesmo a distancia eu percebi os cílios grossos que eram surpreendentemente escuros, e ver as gentis sobrancelhas que o emolduravam. 
 
E então, como se ele pudesse ver meu olhar, os olhos dele saíram do poste e se trancaram no meu. Eu vi o corpo dele ficar completamente duro, e então um calafrio passou por ele, como se alguém tivesse jogado um ar gelado contra a sua pele.
 
Eu deveria ter levantado e entrado na Starbucks, enquanto estava cheio com ondas de pessoas conversando e rindo, e onde seria impossível para mim e Heath ficarmos sozinhos. Mas eu não fui. Eu só fiquei sentada ali enquanto ele soltava os pôsteres. Eles caíram pela calçada como pássaros morrendo enquanto ele andou rapidamente na minha direção. Ele parou na frente da pequena mesa sem dizer nada pelo que pareceu uma eternidade. Eu não sabia o que fazer, especialmente porque eu estava inesperadamente nervosa. Finalmente eu não consegui agüentar mais o silencio. 
 
“Olá, Heath.”
 
O corpo dele tremeu como se alguém tivesse pulado de trás de uma porta e o matado de susto.
 
“Merda!” A palavra saiu da boca dele em uma onda de ar. “Você realmente está aqui!”
 
Eu me franzi para ele. Ele nunca foi exatamente brilhante, mas mesmo para ele isso soava bem idiota. “É claro que estou. O que você achou que eu fosse, um fantasma?”
 
Ele sentou na cadeira na minha frente como se suas pernas não pudessem mais agüentar ele. “Sim. Não. Eu não sei. É que eu te vejo bastante e você nunca realmente está lá. Eu achei que essa fosse só outra dessas vez.”
 
“Heath, do que você está falando?” Eu estreiteis meus olhos e cheirei na direção dele. “Você está bêbado?”
 
Ela balançou a cabeça.
 
“Alto?”
 
“Não. Eu não bebo a um mês. E parei de fumar também.”
 
As palavras pareciam simples, mas eu pisquei e senti como se estivesse tentando ser razoável com a minha mente. “Você parou de beber?”
 
“E fumar. Eu parei com tudo. É uma das razões do porque tenho te ligado tanto. Eu queria que você soubesse que eu mudei.”
 
Eu realmente não sabia o que dizer. “Oh, bem. Eu, uh, estou feliz.” Eu sei que eu soava uma retardada, mas o jeito que os olhos de Heath se focaram nos meus foi quase uma coisa física. E tinha mais uma coisa. Eu podia sentir o cheiro dele. Não era o cheiro de colônia, ou um cheiro de homem. Era um profundo, e sedutor cheiro que me lembrava de calor e luz do luar e sonhos sensuais. Estava vindo dos poros dele e vê fez querer colocar minha cadeira do outro lado da mesa para ficar mais perto dele.
 
“Porque você não retornou minhas ligações? Você nem me mandou uma mensagem de resposta.”
 
Eu pisquei, tentando bloquear a atração que eu estava sentindo por ele e pensar claramente. “Heath, não tem porque. Não pode ter mais nada entre você e eu,” eu disse razoavelmente.
 
“Você sabe que tem algo entre nós.”
 
Eu balancei a cabeça e abri a boca para explicar para ele o quão errado ele estava, mas ele me interrompeu.
 
“Sua Marca! Sumiu.”
 
Eu odiei o tom excitado dele, e automaticamente respondi, “Você está errado de novo. Minha Marca não sumiu. Só está coberta para que os humanos estúpidos por aqui não surtem.”Eu ignorei o olhar de magoa que pareceu tomar o seu rosto adulto e o transformar de volta do garoto bonito que eu costumava ser louca. “Heath,” eu suavizei minha voz. “Minha Marca nunca vai sumir. Ou eu passo pela Mudança para um vampiro, ou vou morrer nos próximos três anos. Essas são minhas duas opções. Nunca será como antes. Nunca poderá a ser o que costumava entre nós.” Eu parei, e então adicionei gentilmente,”desculpe.”
 
“Zo, eu entendo. O que eu não entendo é porque isso tem a ver com o fim entre nós.”
 
“Heath, isso acabou entre nós antes deu ser Marcada, lembra?” eu disse, exasperada.
 
Ao invés da sua resposta convencia ele continuou olhando nos meus olhos, e sobre e serio, disse, “Isso é porque eu estava agindo feito idiota. Você odiava o fato deu estar sempre bêbado e alto. E você estava certo. Eu estava fazendo merda. Eu parei com isso. Agora estou focada no futebol e nas minhas notas para poder entrar na OSU.” Ele me deu aquele adorável sorriso de gatoinho que derretia meu coração desde a 3ª série. “É onde a minha namorada também vai. Ela vai se tornar uma veterinária. Uma vampira veterinária.”
 
“Heath – eu –“ eu hesitei, me forçando a engolir o enorme calombo que estava de repente queimando minha garganta e me fazendo querer chorar. “Eu não sei se ser uma veterinária é o que eu ainda quero fazer, e mesmo que seja, isso não significa que possamos ir juntos.”
 
“Você está vendo outra pessoa.” Ele não parecia brabo, ele só parecia extremamente triste. “Eu não lembro muito daquela noite. Eu tentei, mas sempre que eu penso muito sobre isso, tudo vira um enorme pesadelo que não faz sentido nenhum e eu fico com uma horrível dor de cabeça.”
 
Eu estava muito parada. Eu sabia que ele estava falando do ritual de Samhain para o qual ele me seguiu e onde Afrodite tinha perdido o controle dos vampiros fantasmas. Heath quase tinha morrido. Erik estava lá, e como Neferet disse, ele se provou um guerreiro quando ficou ao lado de Heath e lutou com os espectros, me dando tempo para lançar meu próprio circulo e mandar os fantasmas de volta de onde eles tinham fugido. Da ultima vez que eu vi Heath ele estava inconsciente e sangrando devido as múltiplas lacerações. Neferet me assegurou que iria curar os ferimentos dele e obscurecer a memória dele. Claramente, a escuridão tinha ficado fina.  
 
“Heath, não pense nesse noite. Aquilo já acabou e é melhor se-“
 
“Você estava lá com alguém,” ele me interrompeu. “Você esta saindo com ele?”
 
Eu suspirei. “Sim.”
 
“Me de uma chance para te ter de volta, Zo.”
 
Eu balancei a cabeça, embora as palavras dele tivessem tocado meu coração. “Não, Heath, é impossível.”
 
“Porque?” Ele deslizou sua mão pela mesa e a colocu em cima da minha. “Eu não me importo com o negocio dos vampiros. Você ainda é a Zoey. A mesma Zoey que eu sempre conheci. A Zoey que foi a primeira garota que eu beijei. A Zoey que me conhece melhor do que qualquer um no mundo. A Zoey que eu sonho toda noite.”
 
O cheiro dele passou por mim através das mãos dele, quente e delicioso, e eu pude sentir o pulso dele batendo contra meus dedos. Eu não queria dizer a ele, mas eu precisava. Eu olhei diretamente nos olhos dele e disse, “A razão pela qual você não me superou é porque quando provei seu sangue aquela vez no muro da escola eu comecei um Imprint em você. Então você me quer porque é o que acontece quando um vampiro, ou aparentemente alguns calouros, bebem sangue de uma vitima humana. Neferet, nossa Alta Sacerdotisa, disse que você não teve um Imprint completo comigo, e se eu ficar longe de você vai sumir e você será normal de novo e vai esquecer de mim, então é o que eu tenho feito.” Eu terminei com pressa. Eu sabia que ele provavelmente surtaria e me chamaria de monstro ou algo assim, mas eu não tinha escolha, e agora que ele sabia ele podia colocar toda sua perspectiva e -   
 
A risada dele interrompeu minha conversa interior. Ele jogou sua cabeça para trás e estava rindo com a típica exuberância de Heath, e o familiar, e doce, som bobo daquilo fez ficar difícil não sorrir para ele. 
 
“O que?” Eu disse, tentando franzir a testa.
 
“Oh, Zo, você me mata.” Ele apertou minha mão. “Eu sou louco por você desde a 8º série. Como se isso tivesse algo haver sobre você sugar meu sangue?”
 
“Heath, acredite em mim, começamos o Imprint.”
 
“Estou bem com isso.” Ele riu para mim.
 
“Você também ficara bem comigo vivendo mais do que você por varias centenas de anos?”
 
Feito bobo, ele remexeu suas sobrancelhas para mim.”Eu acho que tem coisas piores do que ter uma gostoso vampira jovem quando eu tiver, tipo, cinqüenta.”
 
Eu virei os olhos. Ele era uma figura. “Heath, não é tão simples. Tem várias coisas para se considerar.”
 
Ele fez um movimento circular em cima da minha mão. “Você sempre faz as coisas ficarem muito complicadas. Tem você e eu. É tudo que precisamos considerar.”
 
“Não é tudo o que há, Heath.” Uma idéia veio para mim e ergui minhas sobrancelhas e dei a ele um sorriso inocente. “Falando nisso, como vai minha ex melhor amiga Kayla?”
 
Totalmente não afetado, ele deu nos ombros. “Eu não sei. Eu mal a vejo mais.”
 
“Porque não?” Isso era estranho. Mesmo que ele não estivesse saindo com Kayla, eles andam nos mesmos grupos por anos, todos andávamos.
 
“Não é a mesma coisa. Eu não gosto das coisas que ela diz.” Ele olhou para mim. 
 
“Sobre mim?”
 
Ele acenou.
 
“O que ela tem dito?” Eu não consegui decidir se eu estava mais magoada ou fula.
 
“Só coisas.” Ele ainda não olhava para mim.
 
Eu estreitei os olhos percebendo. “Ela acha que eu tenho algo a ver com Chris.”
 
Ele moveu os ombros inquieto. “Não você, ou pelo menos ela não disse você. Ela acha que são os vampiros no entanto, mas muitas pessoas também.”
 
“Você acha?” eu perguntei suavemente.   Os olhos dele olharam nos meus. “De jeito nenhum! Mas algo ruim está acontecendo. Alguém está seqüestrando jogadores de futebol. É por isso que eu estava aqui hoje. Estou colocando pôsteres da foto de Brad. Talvez alguém lembre dele se arrastado ou algo assim.”
 “Eu sinto muito sobre Chris.” Eu entrelacei meus dedos nos dele. “Eu sei que você eram amigos.”
 
“É uma droga. Não acredito que ele esta morto.” Ele engoliu com força, e eu sabia que ele estava tentando não chorar. “Eu acho que Brad também está morto.”
 
Eu também achava que ele estava, mas eu não podia dizer isso em voz alta. “Talvez não. Talvez eles o encontrem.”
 
“Yeah, talvez. Hey, o funeral de Chris é na segunda. Você iria comigo?”
 
“Eu não posso, Heath. Você sabe o que aconteceria se um calouro aparecesse no funeral de um garoto que as pessoas acham que um vampiro matou?”
 
“Eu acho que seria ruim.”
 
“Sim, seria. E é o que eu estou tentado fazer você ver. Você e eu juntos – teríamos que lidar com problemas assim o tempo todo.”
 
“Não quando sairmos da escola, Zo. Então você poderia usar esse negocio que você tem no rosto agora, e ninguém saberia.”
 
O que ele estava dizendo provavelmente deveria me irritar, mas ele estava tão serio, tão certo que se eu escondesse minhas tatuagens tudo voltaria a ser como antes. E eu não podia ficar braba porque eu entendia o que ele queria. Não era o que eu estava fazendo aqui? Tentar reviver parte da minha antiga vida?
 
Mas essa não era mais eu, e dentro de mim que eu não queria ser. Eu gostava da nova Zoey, mesmo que estivesse dizendo adeus para a velha Zoey e não fosse só difícil, mas um pouco triste também.
 
“Heath eu não quero esconder minha Marca. Não seria quem eu sou.” Eu respirei fundo e continuei. “EU FUI Marca especialmente pela deusa, e Nyx me deu alguns poderes incomuns. Não seria possível para mim fingir que eu sou a humana Zoey de novo, mesmo que eu quisesse. E, Heath, eu não quero.
 
Os olhos dele passaram pelo meu rosto. “Ok. Vamos fazer do seu jeito e mandar as pessoas que não gostarem pro inferno.”
 
“Essa não sou eu, Heath. Eu não –“
 
“Espere, você não tem que dizer nada agora. Só pense sobre isso. Podemos nos encontrar aqui de novo em alguns dias.” Ele riu. “Eu até venho a noite.”
 
Era muito mais difícil do que eu imaginei dizer a Heath que eu nunca mais o viria de novo. Na verdade, eu não imaginei que teria que ter essa conversa com ele. Eu pensei que tínhamos acabo. Sentar aqui com ele parecia estranho – parte normal, parte impossível. O que na verdade descrevia nossa relação muito bem. Eu suspirei e olhei para nossas mãos dadas, e dei uma olhada no relógio. 
 
“Oh, merda!” Eu tirei minhas mãos dele e peguei minha bolsa e minha bolsa da American Eagle. Era 14:15. Eu tinha que fazer a ligação para o FBI em 15 minutos.”Eu tenho que ir, Heath. Eu estou realmente atrasada para algo na escola. Eu – eu te ligo mais tarde.” Eu comecei a me afastar com pressa e fiquei surpresa por ele vir comigo.
 
“Não,” ele me interrompeu quando comecei a dizer a ele para ir embora. “Te levou até o carro.”
 
Eu não discuti com ele. Eu conhecia esse tom. Por mais bobo e irritante que Heath pudesse ser, o seu pai o tinha criado bem. Desde a 3º série ele era um cavalheiro, abrindo as portas para mim e carregando meus cadernos, mesmo quando os amigos dele o chamavam de maricas nerd. Me levar até o carro era só algo que Heath fazia. Ponto.
 
Meu VW estava estacionando sozinho embaixo de uma grande arvore, bem como quando eu estacionei. Como sempre, ele me passou e abriu minha porta. Eu não pude me impedir de sorrir para ele. Quero dizer, havia um motivo pelo qual eu gostei do garoto pelos últimos três anos – ele era realmente doce.
 
“Obrigado, Heath,” eu disse, e fui sentar no banco do passageiro. Eu ia abaixar a janela e dizer tchau para ele, mas ele já estava dando a volta no carro e em dois segundos ele estava sentado no lado do passageiro rindo para mim. “Uh, você não pode vir comigo,” eu disse a ele. “E estou com pressa, então não posso te dar uma carona.”
 
“Eu sei. Eu não preciso de carona. Eu tenho minha caminhonete.”
 
“Ok, bem. Então tchau. Te ligo mais tarde.”
 
Ele não se moveu.
 
“Heath, você tem que –“
 
“Eu tenho que te mostrar algo, Zo.”
 
“Pode me mostrar rapidamente?” Eu não queria ser maldosa com ele, mas eu realmente tinha que voltar para escola e fazer aquela ligação. Porque diabos eu não pus o telefone descartável de Damien na minha bolsa? Eu bati impaciente na direção enquanto Heath colocava as mãos no bolso da jeans e senta algo.
 
“Aqui está. Eu comecei a carregar isso a algumas semanas atrás, só por precaução.” Ele tirou algo que tinha uns 5 centímetros e saiu do bolso dele. Estava enrolado no que parecia papelão.
 
“Heath, verdade. Eu preciso ir e você...” Minhas palavras morreram quando o ar saiu do meu corpo. Ele desenrolou a coisinha. A lamina contrastou com a luz e brilhou sedutoramente. Eu tentei falar, mas minha boca tinha ficado seca.
 
“Eu quero que você beba meu sangue, Zoey,” ele disse simplesmente.
 
Um calafrio de um terrível desejo percorreu meu corpo. Eu estava agarrando o volante com as duas mãos para me impedir de tremer... ou pegar a lamina e cortar sua doce e quente pele, para que seu delicioso sangue pingasse e pingasse e...
 
“Não!” eu grite, odiando o jeito que o poder na minha voz o fez se encolher. Eu engoli e me controlei. “Só guarde isso e saia do meu carro, Heath.”
 
“Eu não tenho medo, Zo.”
 
“Eu tenho!” Eu quase chorei.
 
“Você não tem que ter medo. É apenas você e eu, como sempre foi.”
 
“Você não sabe o que está fazendo, Heath.” Eu nem conseguia olhar para ele. Eu estava assustada de que se não ficasse eu não seria capaz de dizer não.
 
“Sim eu sei. Você bebeu um pouco do meu sangue aquela noite. Foi... foi incrível. Eu não consegui parar de pensar sobre isso.”
 
Eu queria gritar de frustração. Eu não fui capaz de parar de pensar sobre isso também, não importava o quanto eu pensava. Mas não podia dizer isso a ele. Eu não diria isso a ele. Ao invés disso, eu finalmente olhei para ele e forcei minhas mãos a relaxarem. Só de pensar em beber o sangue dele fazia minha pele parecer apertada e quente. “Eu quero que você vá, Heath. Isso não é certo.”
 
“Eu não me importo com o que as pessoas pensam, Zoey.Eu amo você.”
 
E antes de poder impedir ele, ele levantou a navalha e passou pelo lado do pescoço dele. Fascinada, eu observei a fina linha de sangue escarlate derramando pelo branco da pele dele.
 
E então o cheiro me atingiu – rico e escuro e sedutor. Como chocolate, só que mais doce e selvagem. Em segundos o pequeno carro estava cheio dele. Me atraiu como nada que eu tinha experimentando antes. Não era só que eu queria provar aquilo. Eu precisava provar. Eu tinha que provar.
 
Eu nem percebi que estava me mexendo até que Heath falou, mas de repente eu estava inclinada no pequeno espaço entre nossos assentos e o sangue dele me atraiu.
 
“Sim. Eu quero que você faça isso, Zoey.” A voz de Heath soava profunda e rouca, como se tivesse dificuldade de controlar sua respiração. 
 
“Eu – eu quero provar, Heath.”
 
“Eu sei, querida. Vá em frente,” ele sussurrou. 
 
Eu não consegui me parar. Minha língua fez um barulho e eu bebi o sangue do pescoço dele.
 
 
 
 
      
 
 
 
 
 
TREZE
 
 
O gosto explodiu na minha boca. Quando minha saliva tocou a ferida superficial o sangue dele começou a fluir mais rapidamente, e com um gemido que eu mal reconheci como meu, eu abri minha boca e pressionei meus lábios contra a pele dele, lambendo a deliciosa linha escarlate. Eu senti os braços de Heath passarem ao meu redor enquanto os meus se envolviam ao redor dos ombros dele para poder segurar ele mais firmemente contra a minha boca. A cabeça dele foi para trás e eu o ouvi gemer “sim.” Uma das mãos dele segurou minha bunda e a outra foi para debaixo do meu suéter para apertar meu seio. 
 
O toque dele só fez tudo ficar melhor. Calor viajando através do meu corpo, me colocando em chamas. Como se outra pessoa estivesse controlando meus movimentos, minha mão deslizou do ombro de Heaht, pare o seu peito, para esfregar o duro membro que estava na frente das jeans dele. Eu suguei o pescoço dele. Idéias racionais saíram da minha mente. Tudo o que eu podia fazer era sentir e provar e tocar. Em algum lugar na profundeza da minha mente eu sabia que estava reagindo num nível que era quase animalesco em sua necessidade e ferocidade, mas eu não me importei. Eu queria Heath. Eu o queria como nada mais que eu queria na vida. 
 
“Oh, Deus, Zo, sim,” ele arfou e seus quadris começaram a se mexer junto com a minha mão.
 
Alguém bateu na janela do lado do passageiro. “Hey! Vocês não podem ficar se agarrando aqui!”
 
A voz do homem passou por mim, cortando o calor que estava crescendo dentro de mim. Eu vi um deslumbre do uniforme do guarda de segurança, e comecei a me afastar de Heaht, mas ele colocou minha cabeça no lado do seu pescoço e virou seu corpo para que o guarda, que obviamente estava parado do lado de fora da porta do passageiro, não pudesse me ver muito bem, e para que o sangue que estava pingando do pescoço de Heath ficasse complemente escondido.
 
“Vocês garotos me ouviram!” o cara gritou. “Saiam daqui antes de pegar o nome de vocês e ligar para seus pais.”
 
‘Sem problemas, senhor,” Heath gritou naturalmente. Incrivelmente, ele soava perfeitamente normal, só um pouco sem ar. “Estamos indo embora.”
 
“É melhor. Estou de olho em vocês dois. Droga de adolescentes...” ele murmurou enquanto ele se afastava.
 
“Ok, ele está longe o bastante para não conseguir ver o sangue,” Heath disse enquanto relaxou seu aperto em mim.
 
Instantaneamente eu me afastei, me pressionando contra a porta, o mais longe possível de Heath que eu pudesse. Com mãos tremulas eu abri minha bolsa e peguei um lenço entregando para ele, sem o tocar. 
 
“Pressione isso contra o seu pescoço para parar de sangrar.”
 Ele fez o que eu disse.
 
Eu abri minha janela, colocando minhas mãos juntas, e respirando o ar puro profundamente, tentando bloquear o cheiro do sangue de Heath da minha mente.
 
“Zoey, olha para mim.”
 
“Eu não posso, Heath.” Eu engoli as lagrimas que queimavam na minha garganta. “Por favor vá embora.”
 
“Não até você me olhar e ouvir o que eu tenho para te dizer.”
 
Eu virei a cabeça e olhei para ele. “Como diabos você pode estar tão calmo e parecendo tão normal?”
 
Ele ainda estava pressionando o lenço contra o seu pescoço. O rosto dele estava corado e o cabelo dele estava bagunçado. Ele sorriu para mim, e eu não achei que algum dia vi alguém que parecia tão adorável. 
 
“Fácil, Zo. Ficar com você é totalmente normal para mim. Você me deixa louco a anos.”
 
Eu tive a toda a eu-não-estou-pronta-para-transar-com-você conversa com ele quando tinha quinze anos e ele tinha quase 17. Ele disse naquela época que entendia e estava disposto a esperar – é claro isso não significa que nós não tenhamos ficado de forma pesada – mas o que tinha acabado de acontecer no carro foi diferente. Foi mais quente. Eu sabia que se eu me permitisse continuar a ver ele eu não seria uma virgem por muito mais tempo, e não porque Heath fosse me pressionar. Seria porque eu não seria capaz de controlar minha ânsia por sangue. A idéia me assustava tanto quanto me fascinava. Eu fechei os olhos e esfreguei minha testa. Eu estava ficando com dor de cabeça. De novo.
 
“O seu pescoço dói?” eu perguntei, espiando ele através dos meus dedos como se estivesse vendo um filme de luta idiota.
 
“Não. Estou bem, Zo. Você não me machucou nem um pouco.” Ele se inclinou e puxou minha mão da frente do meu rosto. “Tudo ficara bem. Pare de se preocupar tanto.”
 
Eu queria acreditar nele. E, de repente eu percebi, que eu também queria ver ele de novo. Eu suspirei. “Eu vou tentar. Mas eu realmente tenho que ir. Eu não posso me atrasar de volta para a escola.”
 
Ele pegou minha mão nele. Eu podia sentir o pulsar do sangue dele, e sabia que ele estava pulsando com meu próprio coração, como se eu e ele tivéssemos ficando internamente sincronizados. “Me prometa que você vai me ligar,” ele disse.
 
“Eu prometo.”
 
“E você vai me encontrar aqui de novo essa semana.”
 
“Eu não sei quando posso vir. Nessa semana vai ser difícil para mim.”
 
Eu esperei que ele discutisse comigo, mas ele apenas acenou e apertou minha mão. “Ok, eu entendo. Viver 24 horas por dia na escola é provavelmente uma droga. Que tal isso: Sexta jogamos contra a Jenks em casa. Você poderia me encontrar na Starbucks depois do jogo?”
 
“Talvez.”
 
“Você vai tentar?”
 
“Sim.”
 
Ele riu e se inclinou para me dar um rápido beiko. “Essa é a minha Zo! Te vejo sexta.” Ele saiu do carro e antes de fechar a porta se abaixou e disse, “Eu amo você, Zo.”
 
Enquanto dirigi para longe eu pude ver ele pelo meu espelho retrovisor. Ele estava parado no meio do estacionamento, o lenço pressionado contra o seu pescoço, dando tchau para mim com um aceno.
 
“Você não tem idéia do que está fazendo, Zoey Redbird,” eu disse alto para mim mesma enquanto o céu cinza se abria e derramava chuva por cima de tudo.
 
Era 14:35 quando eu entrei de fininho de volta para nosso quarto. O fato deu estar com o tempo curto foi na verdade bom. Não me deu a chance de pensar demais no que eu tinha que fazer. Stevie Rae e Nala ainda estavam dormindo. Na verdade, Nala tinha abandonado minha cama vazia e estava empoleirada ao lado da cabeça de Stevie Rae no travesseiro dela, o que me fez sorrir. (A gata era uma notaria abraçadora de travesseiros.) Silenciosamente eu abri a gaveta da minha mesa do computador e agarrei o telefone descartável de Damien, junto com o pedaço de papel onde escrevi o numero do FBI, e então fui para o banheiro.
 
Eu respirei fundo algumas vezes, me acalmando, lembrando do conselho de Damien: Seja rápida. Soe um pouco irritada, e meio louca, mas não pareça uma adolescente. Eu disquei o numero. Quando um homem que soou um oficial atendeu, “Federal Bureau of Investigation.* (*Agência Federal de Investigação)  Como posso te ajudar? “ Eu baixei a voz e a deixei afiada, cortando minhas palavras como se tivesse que ter cuidado para me segurar por causa da quantidade de ódio que estava crescendo entre elas (que é como Erin, com seu inesperado e bizarro conhecimento policial, descreveu como eu deveria fingir me sentir). “Eu quero reportar uma bomba.” Eu continuei falando, sem dar tempo para ele me interromper, mas falando devagar e claramente porque eu sabia que nossa ligação estava sendo gravada. “Meu grupo, Natureza Jihad* (*guerra santa, no islamismo)  (Shaunee inventou esse nome), a plantou abaixo da linha de água em uma das torres de comando (palavra que Damien inventou) da ponte que cursa o Rio Arkansas na I-40 perto da Webber Falls. Está armada para explodir as 1515 (Usar o horário militar foi outra brilhante idéia de Damien). Estamos assumindo completa responsabilidade por esse ato de desobediência civil (mais uma contribuição de Erin, embora ela tenha dito que terrorismo não é um ato de desobediência civil, é...bem... terrorismo, que é definitivamente diferente) prostestando contra o governo a interferência dos Estados Unidos nas nossas vidas e contra a poluição dos rios americanos. Fique atento porque esse é apenas nosso primeiro ataque!” Eu desliguei. Então rapidamente virei o pedaço de papel rasgado e disquei o outro telefone que estava escrito.
 
“Fox News Tulsa!” disse uma mulher alegre.
 
Essa parte na verdade foi minha idéia. Eu achei melhor ligar para uma estação de TV local para termos uma chance melhores de ter a ameaça reportada rapidamente pela estação, e então
podíamos manter um olho nas noticias e talvez saber quando (ou se) nossa tentativa de fechar a ponte tinha sido um sucesso. Eu respirei fundo e me lancei no resto do plano.
 
“Um grupo terrorista conhecia como Natureza Jihad ligou para o FBI com informações de que eles plantaram uma bomba na ponte da I-40 no Rio Arkansas perto de Webber Falls. Está armada para explodir as 15:15 hoje.” Eu cometi o erro de fazer uma pausa durante uma fração de segundo, e a mulher, que de repente não parecia feliz, disse,”Quem é você, senhora, e de onde você conseguiu essa informação?”
 
“Abaixo a intervenção do governo e a poluição e viva o poder das pessoas!” Eu gritei e então desliguei. Imediatamente eu desliguei o celular. Então meus joelhos não se seguravam mais e eu cai na tampa fechada na privada. Eu consegui. Eu realmente consegui.
 
Duas batidas soaram contra a porta do banheiro, seguido pelo suave som fanhoso do sotaque de Stevie Rae.
 
“Zoey? Você está bem?”
 
“Yeah,” eu disse fracamente. Eu me forcei a levantar e ir até a porta. Eu a abri a porta para ver o rosto amassado de Stevie Rae olhando ao redor de mim como um sonolento coelho. 
 
“Você ligou?” ela sussurrou.
 
“Yeah, e não temos que sussurrar. É apenas você e eu.” Nala bocejou e fiz um mal humorado mee-uf-ow para mim no meio do travesseiro de Stevie Rae.”E Nala.”
 
“O que aconteceu? Eles falaram algo?”
 
“Não depois da parte do “Olá FBI.” Damien disse que eu não deveria dar a chance deles falarem, lembra?”
 
“Você disse a eles que éramos a Natureza Jihad?”
 
“Stevie Rae. Não somos a Natureza Jihad. Só estamos fingindo ser.”
 
“Bem, eu ouvi você gritando abaixo o governo e a poluição, então pensei... talvez... na verdade não sei o que eu pensei. Eu acho que só fui pega pelo momento.”
 
Eu virei os olhos.”Stevie Rae,eu só estava fingindo. A moça do canal de noticias perguntou quem eu era e eu acho que meio que surtei. E, sim, eu disse a eles tudo que dissemos que eu deveria. Eu espero que funcione.” Eu tirei meu canguru e o pendurei nas costas da cadeira para secar. 
 
Stevie Rae de repente registrou que meu cabelo estava molhado e minha Marca coberta, algo que eu totalmente esqueci quando me apressei para fazer a ligação. Diabos.
 
“Você foi em algum lugar?”
 
“Yeah,” eu disse relutantemente. “Eu não consegui dormir, então foi para a American Eagle na Utica e comprei um suéter novo.” Eu apontei para a sacola da American Eagle jogada no canto.
 
“Você deveria ter me acordado. Eu teria ido com você.”
 Se ela não tivesse soado tão magoada eu teria tempo para pensar o quanto eu ia contar a sobre Heath antes de falar,”eu me encontrei com ex-namorado.”
 
“Ohminhadeusa! Me conte tudo.” Ela se jogou na cama, olhos brilhando. Nala reclamou e pulou do travesseiro dela para o meu. Eu peguei uma toalha e comecei a secar meu cabelo.
 
“Foi na Starbucks. Ele estava pendurando pôsteres com a foto de Brad.”
 
“E?O que aconteceu quando ele viu você?”
 
“Conversamos.” 
 
Ela virou os olhos. “Anda – o que mais?”
 
“Ele parou de beber e ficar alto.”
 
“Isso, isso é forte. Ele beber e fumar não foi o motivo de você parar de ver ele pra começar?”
 
“Yeah.”
 
“Hey, e quando a Vadia Kayla e ele?”
 
“Heath disse que não está vendo ela por causa das merdas que ela diz sobre vampiros.”
 
“Vê! Estavamos certo sobre ela ser o motivo que aqueles policias estiveram aqui perguntado de você,” Stevie Rae disse.
 
“É o que parece.”
 
Stevie Rae estava me vendo mais atentamente. “Você ainda gosta dele, não gosta?”
 
“Não é tão simples.”
 
“Bem,na verdade, parte disso é simples. Quero dizer, se você não gosta dele, é basicamente isso. Você não verá ele de novo. Simples,” Stevie Rae disse logicamente.
 
“Eu ainda gosto dele,” eu admiti.
 
“Eu sabia!” Ela fez uma pequena dancinha na cama. “Cara, você tem um zilhão de caras, Z. O que você vai fazer?”
 
“Eu não faço idéia,’ eu disse miseravelmente.
 
“Erik volta da competição de Shakespeare amanhã.
 
“Eu sei. Neferet disse que Loren foi apoiar Erik e o resto do pessoal daqui, então isso significa que ele volta amanha também. E eu disse a Heath que o entraria sexta depois do jogo.”
 
“Você vai contar a Erik sobre ele?”
 
“Eu não sei.”
 “Você gosta de Heath mais do que de Erik?”
 
“Eu não sei.”
 
“E quanto a Loren?”
 
“Stevie Rae, eu não sei.” Eu esfreguei a dor de cabeça que parecia ter se firmando em mim. “Podemos não falar sobre isso por um tempo – pelo menos até eu descobrir o que fazer.”
 
“Ok. Vamos.” Ela agarrou meu braço.
 
“Onde?” eu pisquei para ela, totalmente confusa. Ela foi de Heath para Erik para Loren e então deixou para lá tão rápido.
 
“Você precisa da sua dose de Count Chocula, e eu preciso dos meus Lucky Charms. E ambas precisamos ver a CNN e as noticias locais.”
 
Eu comecei a passar pela porta. Nala se esticou, miou mal humoradamente, e então relutantemente me seguiu. Stevie Rae balançou a cabeça para nós duas.
 
“Anda vocês duas. Tudo vai parecer melhor depois que você tiver seu Count Chocula.”
 
“E uma coca,” eu disse.
 
Stevie Rae estragou seu rosto como se ela tivesse de sugar limão. “Para o café da manha?”
 
“Eu tenho o pressentimento que esse vai ser um dia de coca.”
 
  
 
QUATORZE 
 
 
Graças a Deus, não tivemos que esperar muito antes de ouvir algo. Stevie Rae, as Gêmeas, e eu estávamos assistindo o Show do Dr. Phil e exatamente as 15:30 (Stevie Rae e eu estávamos na segunda tigela e eu na terceira coca) quando a Fox News interrompeu o programa com uma Reportagem Especial.
 
“Aqui é Chera Kimiko com noticias inéditas. Soubemos que logo depois das 14:30 desta tarde o filial de Oklahoma do FBI recebeu uma ameaça de bomba de um grupo terrorista que se auto proclama Natureza Jihad. A Fox News descobriu que o grupo alega ter plantado uma bomba na ponte da I-40 do Rio Arkansas não muito longe de Webber Falls. Vamos ao vivo com Hannah Downs para mais noticias.”
 
Nós quatro sentamos muito paradas e assistimos a câmera filmar uma repórter jovem que estava parada na frente de uma ponte que parecia normal. Bem, era normal exceto pela horda de homens uniformizados que estavam vasculhando ao redor. Eu respirei aliviada. A ponte definitivamente estava fechada.   
 
“Obrigado,Chera. Como vocês podem ver a ponte toda foi fechada pelo FBI e a policia loca, incluindo time ATF de Tulsa. Eles estão fazendo uma profunda busca pela suposta bomba.”
 
“Hannah, eles já encontraram alguma coisa?” Chera perguntou.
 
“É muito cedo para dizer, Chera. Eles acabaram de lançar os barcos do FBI.”
 
“Obrigada, Hannah.” A câmera voltou para o noticiário. “Vamos te manter informado nessa história inédita quando tivermos mais informações da suposta bomba, ou do seu grupo terrorista. Até lá, a FOX retorna você para...”
 
“Uma ameaça de bomba. Isso foi inteligente.”
 
As palavras foram faladas tão suavemente e eu estava tão concentrada na TV que levou um segundo para a voz de Afrodite ser registrada por mim. Quando foi eu olhei para cima rapidamente. Ela estava parada a minha direita, só um pouco atrás do sofá onde Stevie Rae e eu estávamos sentadas.Eu esperava que o rosto dela estivesse com o sua usual arrogância, então fiquei surpresa quando ela acenou levemente, de forma quase respeitosa, para mim.
 
“O que você quer?”A voz de Stevie Rae era afiada, e eu notei que várias que estavam ocupadas assistindo TV em seus grupos pararam o que estavam fazendo para olhar. Mas Afrodite imediatamente mudou sua expressão, ela notou também.
 
“De um ex-refrigerador? Nada!” ela disse.
 
Eu senti Stevie Rae se endurecer ao meu lado. Eu sabia que ela odiava ser lembrada que Afrodite e seu grupo da Filhas Negras usaram o sangue dela no ritual que tinha dado totalmente errado mês passado. Ser usada como um “refrigerador” não é uma coisa boa – e ser chamado de um é um insulto.
 
“Hey, sua bruxa vadia do inferno,” Shaunne disse em um tom doce e amigável. “Isso nos lembra, parece que o novo grupo das Filhas Negras – “
 
“Que seriamos nós e não você e suas amigas vadias,” Erin acrescentou.
 
“...Tem uma nova vaga para um refrigerador amanha,” Shaunee continuou suavemente.
 
“Yeah, e já que você não é mais nada, o único jeito de entrar no ritual e ser um lanche,” Erin disse. “Você está aqui para se inscrever para o trabalho?”
 
“Se você estiver, desculpe. Não tem como dizer por onde você andou e não gostamos de coisas nojentas,” Shaunee disse.
 
“Vai se fuder, vadia,” Afrodite respondeu.
 
“Nem se você implorar,” Shaunee disse.
 
“Ya ho,” Erin terminou. 
 
Stevie Rae só ficou sentada ali, parecendo pálida e chateada. Eu queria bater a cabeça de todas elas juntas. 
 
“Ok, parem.” Todos calaram a boca. Eu olhei para Afrodite. “Nunca mais chame Stevie Rae de refrigerador de novo.” Então me virei para as Gêmeas. “Calouros serem usados durante nossos rituais é uma das coisas que eu vou cortar, então não precisamos de um garoto para agir como nosso sacrifício. O que significa que ninguém vai ser um lanche.” Ok, eu não tinha realmente gritado com as Gêmeas, mas elas me deram olhares idênticos de magoa e choque. Eu suspirei. “Estamos todos no mesmo lado,” eu disse quietamente, me certificando que minha voz não fosse até as garotas que obviamente estavam escutando. “Então seria bom a gente parar de brigar.”
 
“Não se engane. Não estamos do mesmo lado – nem de perto.” Então, com uma risada que era mais com um resmungo, ela se afastou.
 
Eu observei ela ir embora e logo antes dela ir para porta da frente ela olhou para mim, encontrou meus olhos, e piscou.
 
O que foi isso? Ela parecia quase divertida, como se fossemos amigas e estivéssemos só brincando. Mas isso não era possível. Era? “Ela me da calafrios,” Stevie Rae disse.
 
“Afrodite tem problemas,” eu disse, e as 3 olharam para mim como se eu tivesse acabado de dizer que Hitler não foi tão mal. “Gente, eu realmente quero que a nova Filhas Negras seja um grupo que aproxima as pessoas, não um grupo metido e tão exclusivo que só alguns são escolhidos para se juntar.” Eles me encararam. “Foi o aviso dela que salvou minha avó e várias outras pessoas hoje.”
 
“Ela só te contou porque ela quer algo de você. Ela é odiosa, Zoey. Nunca pense que ela não é,” Erin disse.
 
“Por favor não me diga que você está pensando em deixar ela voltar as Filhas Negras,” Stevie Rae disse.
 
Eu balancei a cabeça.”Não. E mesmo que eu quisesse, o que eu não quero,” eu adicionei rapidamente, “de acordo com nossas novas regras ela não se qualifica como membro. As Filhas e Filhos Negros tem que manter nossos ideais por seu comportamento.”
 
Shaunne bufou. “De jeito nenhum a bruxa sabe ser autentica, fiel, sábia, séria, e sincera sobre nada a não ser seus odiosos planos.”
 
“Para dominação mundial,” Erin disse.
 
“E não ache que elas estão exagerando,” Stevie Rae me disse.
 
“Stevie Rae, ela não é minha amiga. Eu só...eu não sei...” Eu me debati, tentando transformar as palavras do instinto que tão freqüentemente sussurrava para mim e me dizia o que fazer, em palavras. “Eu acho que eu sinto pena dela as vezes. E eu também acho que a entendo um pouco. Afrodite só quer ser aceita, mas ela age da forma errada. Ela acha que manipulação e mentiras misturadas com controle podem forçar as pessoas a gostar dela. É o que ela vê em casa, e é o que a faz como é agora.”
 
“Desculpe, Zoey, mas isso é bobagem,” Shaunne disse. “Ela é velha demais pra agir como uma idiota porque ela tem uma mãe problemática.”
 
“Por favor. Só por favor com a culpe-a-mamãe-porque-sou-uma-vaca merda,” Erin disse.
 “Sem querer ser maldosa nem nada, mas você tem uma mãe problemática também, Zoey, e você não deixa ela, ou seu padrasto-perdedor, mexer com você,” Stevie Rae disse. “E Damien tem uma mãe que não gosta mais dele porque ele é gay.”
 
“Yeah, e ele não se tornou uma bruxa odiosa e vadia,” Shaunne disse. “Na verdade, ele é o oposto. Ele é tipo... tipo...” Ela pausou, olhando para Erin para ajuda. “Gêmea, qual é o nome da personagem de Julie Andrews em O som da musica?”
 
“Maria. E você está certa, Gêmea. Damien é como aquela freira legal. Ele precisa relaxar um pouco ou ele nunca vai conseguir nada.”
 
“Eu não acredito que vocês  estão discutindo minha vida amorosa,” Damien disse.
 
Todos pulamos com culpa e murmuramos, “desculpe.”
 
Ele balançou a cabeça enquanto Stevie Rae e eu dávamos espaço para ele sentar no nosso lado. “E saibam que eu não quero só “conseguir algo” como vocês tão nojentamente descreveram. Eu quero uma relação duradoura com alguém que eu realmente goste, e estou disposto a esperar por isso.”
 
“Já, fräulein,” Shaunee sussurrou. 
 
“Maria,” Erin murmurou. 
 
Stevie Rae tentou esconder sua risada com uma tosse.
 
Damien estreitou os olhos para as três. Eu decidi que era minha deixa para falar.
 
“Funcionou.” Eu disse rapidamente. “Eles fecharam a ponte.” Eu tirei o celular dele do meu bolso e o entreguei para ele. Ele chegou para se certificar que estivesse desligado e acenou.
 
“Eu sei, eu vi as noticias e vim para cá.” Damien olhou para o relógio digital no DVD que ficava junto com a TV, então ele riu para mim. “São 15:20. Conseguimos.”
 
 Nós 5 sorrimos um para o outro. Era verdade; eu estava aliviada, mas eu ainda tinha um sentimento de preocupação que eu não parecia me livrar que era mais do que apenas estresse por Heath. Talvez eu precisasse de uma quarta coca.
 
“Ok, bem, isso foi cuidado.Então porque vocês estão sentadas aqui falando da minha vida amorosa?” Damien disse.
 
“Ou da falta dela,” Shaunee sussurrou para Erin, que tentou, sem sucesso (com Stevie Rae) não rir. 
 
As ignorando, Damien levantou e olhou para mim. “Bem, vamos.”
 
“Huh?”
 
Ele virou os olhos e balançou a cabeça. “Eu tenho que fazer tudo? Você tem uma performance espiritual amanha, o que significa que temos uma sala de recreação para transformar. Você achou que Afrodite ia se voluntariar para arrumar as coisas pra você?”
“Acho que não pensei sobre isso.” Como se eu tivesse tido tempo?
 
“Bem, pense agora.” Ele pegou minha mão e me levantou. “Temos que trabalhar.”
 
Eu agarrei minha coca e seguir Damien até o muito fria, e cheia de nuvens tarde de sábado. A chuva tinha parado, mas as nuvens estavam ainda mais escuras. 
 
“Parece que vai nevar,” eu disse, olhando para o céu lodoso. 
 
“Oh,cara, bem que eu queria. Eu amo neve!” Stevie Rae girou ao redor com seus braços esticados, parecendo uma garotinha. 
 
“Se mude para Connecticut. Você terá mais neve do que consegue agüentar. Fica bem cansativo depois de meses e meses de frio e umidade. Por favor. É por isso que nós pessoas do norte somos tão mal humoradas,” Shaunee disse divertida.
 
“Não me importa o que você diz. Você não pode estragar para mim. Neve é mágica. Eu acho que faz a terra parecer como um fofo cobertor branco.” Ela abriu seus braços e gritou, “Eu quero neve!”
 
“Yeah, bem, eu quero aqueles quatrocentos – e- quinze - doláres jeans que eu vi no catalogo da Victoria´s Secret,” Erin disse. “O que prova que nem sempre podemos ter o que queremos, neve ou jeans legais.”
 
“Ohhhh, Gêmea, talvez entre em liquidação. Essas jeans são bonitas demais para desistir.”
 
“Então porque você não pega sua jeans favorita e vê se consegue reproduzir a estampa você mesma? Não pode ser tão difícil, sabe,” Damien disse logicamente (e muito gay).
 
Eu estava abrindo a boca para concordar com Damien quando o primeiro floco de neve caiu na minha cabeça. “Hey, Stevie Rae, o seu desejo se tornou realidade. Está nevando.”
 
Stevie Rae gritou alegremente. “Yeah! Neve mais forte!”
 
E ela definitivamente foi atendida. Quando chegamos na sala de recreação, grandes flocos de neve estavam cobrindo tudo. Eu tinha que admitir que Stevie Rae estava certa. A neve era como um cobertor mágica que cobria a terra. Tornou tudo suave e branco, e até mesmo Shaunne (da mau humorada, e cheia de neve Connecticut) estava rindo e tentando pegar os flocos com a língua.
 
Estávamos todos rindo quando chegamos na sala de recreação. Havia vários garotos lá dentro. Alguns estavam jogando sinuca, outros vídeo games das antigas maquinas de árcade. Nossa risada e se escovar para tirar a neve fez vários dele parar o que estavam fazendo e abrir as cortinas que abrigavam a grande sala da luz do sol.
 
“Yep!” Stevie Rae gritou o obvio. “Está nevando!”
 
Eu apenas sorri e fui até a pequena área da cozinha atrás do prédio, com Damien, as Gêmeas, e a louca por neve Stevie Rae me seguindo. Eu sabia que havia um deposito na cozinha, e dentro as coisas que as Filhas Negras mantinham para seus rituais. É melhor começar a arrumar as coisas, e é melhor começar a fingir que eu sei o que diabos estou fazendo.
 
Eu ouvi a porta se abrir e então fechar atrás de mim, e estava surpresa por ouvir a voz de Neferet.
 
“A neve é bem bonita, não?”
 
Os garotos parados perto das janelas responderam Neferet com respeitosos acenos. Eu estava surpresa por me sentir um pouco incomodada, o que eu instantaneamente reprimi, enquanto parei e virei para cumprimentar minha mentora. Como patinhos, minha gangue me seguiu.
 
“Zoey, ótimo. Estou feliz por encontrar você aqui.” Neferet falou com uma afeição tão obvia para mim que o incomodo que eu sentia de repente sumiu. Neferet era mais que minha mentora. Ela era como uma mãe para mim, e era egoísta da minha parte ficar irritada por ela vir procurar por mim.
 
“Olá, Neferet,” eu disse de forma acolhedora. “Estávamos nos aprontado para arrumar a sala para o ritual de amanhã a noite.”
 
“Excelente!Esse era um dos motivos pelo qual eu queria te ver. Se você precisar de qualquer coisa para o ritual, por favor não hesite em pedir. E eu definitivamente estarei aqui amanhã a noite, mas não se preocupe” – ela sorriu para mim de novo – “não vou ficar para o ritual todo só o tempo suficiente para mostrar meu apoio por sua visão para as Filhas Negras. E então vou deixar as Filhas e Filhos Negros em suas mãos capazes.”
 
“Obrigado, Neferet,” eu disse.
 
“Agora, a segunda razão pela qual queria encontrar você e seus amigos” – ela dividiu seu sorriso brilhante com meu grupo – “é que quero apresentar nosso novo estudante para você.” Ela fez uma menção, e um garoto que eu não tinha notado até agora devagar foi para frente. Ele era fofo, de um jeito estudioso, com cabelo cor de areia e olhos azuis muito bonitos. Claramente ele era um nerd, mas um nerd adorável em potencial (tradução:ele toma banho, escova os dentes, ele tem uma pele boa e o cabelo não está cortado como de um perdedor completo). “Eu gostaria que vocês todos conhecessem Jack Twist. Jack, essa é minha caloura, Zoey Redbird, líder das Filhas Negras, e seus amigos e Conselho de Prefeitos, Erin Bates, Shaunee Cole, Stevie Rae Johnson, e Damien Maslin.” Neferet gesticulou apontado para cada um, e “oi” foi dito ao redor. O garoto novo parecia um pouco nervoso e pálido, mas fora isso ele tinha um sorriso legal e não parecia socialmente incapaz ou nada disso. Eu estava me perguntando porque Neferet tinha me procurado para apresentar o garoto quando ela explicou.
 
“Jack é um poeta e um escritos, e Loren Blake vai ser o mentor dele, mas Loren não voltará da sua viagem até amanha. Jack também vai ser o colega de quarto de Erik Night. Como você sabe, Erik também volta só amanha. Então achei que seria bom se vocês cinco mostrassem a Jack o lugar e se certifiquem que ele se sinta bem vindo e se ajeite aqui.”
 
“É claro, ficaríamos felizes,” Eu disse sem hesitar. Nunca é divertido ser o garoto novo.
 
“Damien, você pode mostrar a Jack onde é o quarto de Erik, não pode?”
 
“Claro, sem problemas,” Damien disse.
 
“Eu sabia que podia contar com Zoey e seus amigos.” O sorriso de Neferet era incrível. Parecia iluminar a sala sozinho e me fez ficar de repente orgulhosa que todos os garotos ao redor
estivessem vendo Neferet mostrar um favor tão obvio para nós. “Lembre-se, se precisar de qualquer coisa amanha, só me avise. Oh, porque é o seu primeiro ritual eu pedi a cozinha preparar algo especial para você e as Filhas e Filhos Negros para depois. Deve ser uma linda celebração por você, Zoey.”
 
Eu fiquei sobrepujada pela consideração dela, e não pude me impedir de comparar com o frio jeito despreocupado que minha mãe me tratava. Diabos, a verdade era que minha mãe não se importava o bastante para me tratar como alguma coisa mais. Eu a vi apenas uma vez durante um mês inteiro, e depois da cena idiota que o marido perdedor tinha feito com Neferet, parecia que eu não iria ver ela de novo tão cedo. Como se eu me importasse? Não. Não quando tenho bons amigos e uma mentora como Neferet me apoiando.
 
“Eu realmente agradeço, Neferet,” eu disse, engolindo com força o calombo de emoções que tinha se construído na minha garganta.
 
“É meu prazer e o mínimo que posso fazer por minha caloura no seu primeiro Ritual da Lua Cheia como a líder das Filhas Negras.” Ela me deu um rápido abraço, e então saiu da sala, acenando gentilmente para os garotos que a saudavam respeitosamente.
 
“Wow,” Jack disse. “Ela é realmente incrível.”
 
“Claro que é,” eu disse. Então eu ri para meus amigos (e o novato).”Então, prontos para trabalhar? Temos muitas coisas para arrumar aqui.” Eu vi o pobre Jack ficar completamente perdidio. “Damien, é melhor você dar a Jack um rápido resumo do ritual dos vampiros para ele não ficar perdido.” Eu comecei a andar de volta para a cozinha (de novo), e ouvi Damien começar sua pequena atuação de professor, começando com os fatos sobre o Ritual da Lua Cheia.
 
“Uh, Zoey, posso te ajudar?”
 
Eu olhei por cima do ombro. Drew Partain, um pequeno, e atlético garoto que eu reconheci porque eu e ele éramos da mesma turma de esgrima (ele é um esgrimista incrível – tão bom quanto Damien, e isso é algo), estava parado com um grupo de caras perto da parede com janelas. Ele sorria para mim, mas eu notei que ele ficava olhando para Stevie Rae. “Tem várias coisas para serem arrumadas. Eu sei porque os rapazes e eu costumávamos ajudar Afrodite a arrumar a sala.”
 
“Huh,” eu ouvi Shaunee dizer. Antes de Erin poder adicionar o tom sarcástico, eu disse, “Yeah, podemos usar uma ajuda.” E então eu testei eles. “Mas meu ritual vai ser diferente. Damien pode mostrar o que eu quero dizer.” Eu esperei pelos olhares desdenhosos que os caras costumavam jogar em Damien e para alguns outros garotos gays na escola, mas Drew só deu nos ombros e disse, “tudo bem por mim. Só nos diga o que fazer.” Ele riu e piscou para Stevie Rae, que riu e corou.
 
“Damien, eles são seus,” eu disse.
 
“Está com certeza congelando em algum lugar,” Damien sussurrou, mal movendo os lábios. Então, em sua voz regular ele disse, “bem, a primeira coisa que Zoey não gosta é que isso pareça um necrotério com todas as maquinas empurradas na parede e cobertas com tecido preto. Então vamos ver se conseguimos colocar a maior parte deles na cozinha e no corredor.” O grupo de Drew começou a trabalhar junto com Damien e o novato, e Damien voltou a sua mini-lição.
 “Vamos pegar as velas e as colocar aqui,” eu disse ao caras, e fiz menção para as Gêmeas e Stevie Rae me seguirem.
 
“Damien morreu e foi direto para o céu de gays,” Shaunee disse assim que saímos do campo de audição.
 
“Hey, já era hora daqueles garotos parerem de agir como ignorantes e se comportar como se tivessem algum senso,” eu disse.
 
“Ela não quer dizer isso, embora eu concorde com você,” Erin disse. “Ela quis dizer o Sr. Jack o novato-cara-fofo-e-gay Twist.”
 
“Porque você acha que ele é gay?” Stevie Rae perguntou.
 
“Stevie Rae, eu juro que você tem que melhorar seus horizontes, garota,” Shaunee disse.
 
“Ok, eu também estou perdida. Porque você acha que Jack é gay?” eu perguntei.
 
Shaunee e Erin dividiram um longo olhar de sofrimento, e então Erin explicou, “Jack Twis é gostoso Jack Gyllenhall o cowboy totalmente gay de Brokeback Mountain.”
 
“E por favor! Qualquer um que escolha esse nome e parece um nerd fofo desse jeito é totalmente, e completamente jogando no time de Damien.” 
 
“Huh,” eu disse.
 
“Bem, eu vou,” Stevie Rae disse. “Você sabe, eu nunca vi esse filme. Não foi para o Cinema 8 de Henrietta.”
 
“Não diga?” Shaunee disse.
 
“Por favor. Estou chocada,” Erin disse.
 
“Bem, Stevie Rae. Eu acredito que é hora para um bom DVD mostrando esse excelente tapa,” Shaunee disse.
 
“Os caras se beijam?”
 
“Deliciosamente,” Shaunee e Erin falaram juntas.
 
Eu tentei, mas falhei miseravelmente de não rir da expressão no rosto de Stevie Rae. 
 
 
QUINZE
 
 
 
Estavamos quase terminando de arrumar a sala quando alguém ligou a TV no noticiario da noite. Nós cinco dividimos olhares rápidos – para o que eles estavam chamando de “a bomba travessa da Nature Jihad” como história principal. Embora soubesse que minha ligação não
podia ser rastreada, e tenha visto Damien “acidentalmente” derrubar e esmagar o seu celular, eu só respirei mais facilmente quando Chera Kimiko repetiu que até agora a policia não tinha pistas sobre a identidade do grupo terrorista.  
 
Em uma história relacionada ao Rio Arkansas a Fox News reportou que essa tarde Samuel Johnson, capitão de uma barca de transporte do frio, teve um ataque cardíaco enquanto pilotava a barca. Foi uma “coincidência de sorte” que o trafego no rio foi segurado pela policio e os paramédicos estarem tão perto. A vida dele foi salva, e nenhum dano foi feito a barca ou a ponte.
 
“Era isso!” Damien disse. “Ele teve um ataque cardíaco e bateu a barca na ponte.”
 
Eu acenei entorpecida. “E isso prova que a visão de Afrodite era verdade.”
 
“Não que isso seja uma boa noticia,” Stevie Rae disse.
 
“Eu acho que é,” eu disse. “Desde que Afrodite nos conte sobre as visões dela, pelo menos podemos levar elas a sério.”
 
Damien balançou a cabeça. “Tem que haver uma razão para Neferet acreditar que Nyx retirou seu dom de Afrodite. É uma pena não podermos contar a ela sobre isso, então talvez ela explicasse o que está acontecendo, ou talvez até mudasse de idéia sobre Afrodite.”
 
“Não, eu dei minha palavra de que não diria nada.”
 
“Se Afrodite realmente estava mudando de bruxa para não bruxa, ela mesma vá falar com Neferet,” Shaunee disse.
 
“Talvez você devesse falar com ela sobre isso,” Erin disse. Stevie Rae fez um barulho rude.
 
Eu virei meus olhos para Stevie Rae, mas ela não notou porque Drew estava vindo até nós e ela estava muito ocupada corando para prestar atenção em mim.
 
“Que você acha, Zoey?” ele perguntou sem tirar os olhos de Stevie Rae.
 
Que você tem uma queda pela minha colega de quarto, é o que eu queria dizer,mas eu achei que ele era meio fofo e Stevie Rae corou claramente mostrando que também achava, então eu decidi contra mortificar ela. “Parece bom,” eu disse.
 
“Não parece muito ruim daqui também,” Shaunee disse, dando um olhar de cima abaixo para Drew.
 
“Concordo, Twin,” Erin disse, mexendo as sobrancelhas para Drew.
 
O garoto não notou nenhuma das Gêmeas. Parecia que tudo que ele notava era Stevie Rae.
 
“Estou faminto,” ele disse.
 
“Eu, também,’ Stevie Rae disse.
 
“Então, que tal algo para comer?” Drew perguntou.
 
“Ok,” Stevie Rae disse rapidamente, então ela pareceu lembrar que todos estávamos parados ali olhando para ela, e o rosto dela ficou ainda mais corado. “Deus, é hora da janta. É melhor todos irmos comer algo.” Com um nervoso gesto, ela passou seus dedos pelos seus cabelos e chamou Damien, que estava profundamente engajado numa conversa com Jack. (Pelo que eu ouvi eles gostavam dos mesmos tipos de livros e estavam debatendo que Harry Potter é o melhor. Claramente, eles eram nerds parecidos.) “Damien, vamos comer. Você e Jack não estão com fome?”
 
Jack e Damien trocaram olhares, e Damien respondeu, “Yeah, estamos indo.”
 
“Ok,” Stevie Rae disse, ainda rindo para Drew. “Acho que todos estamos com fome.”
 
Shaunee suspirou, e foi para a porta. “Por favor. O jovem hormônio do amor nessa sala é o suficiente para me deixar com dor de cabeça.”
 
“Eu sinto como se estou no filme Lifetime. Espere por mim, Gêmea,” Erin disse.
 
“Porque as Gêmeas estão tão cínicas sobre amor?” Perguntou Damien quando ele e Jack cruzaram a sala para se juntar a nós.
 
“Elas não estão. Estão apenas brabas porque os últimos caras que saíram com elas eram chatos,” Damien disse.
 
Como um grupo, saímos para a mágica noite de neve de novembro. Os flocos tinham mudado e estavam menores, mais ainda estavam caindo aos montes, fazendo a House of Night parecer ainda mais misteriosa e mais parecida com um castelo do que o usual.
 
“Yeah, as Gêmeas são duras com os caras. É como se eles tivessem trabalho dobrado,” Stevie Rae disse. Eu notei que ela estava andando bem próxima de Drew e que ocasionalmente os braços deles se tocavam.
 
Eu ouvi vários murmúrios de concordância dos caras que estavam ajudando a arrastar os moveis na sala de recreação. E eu imaginei que seria intimidante para qualquer cara (vampiro ou humano) sair com uma das Gêmeas.
 
“Você lembra quando Thor convidou Erin para sair?” disse um dos amigos de Drew, cujo nome eu acho que é Keith.
 
“Yeah, ela o chamou de lêmure. Sabe, como os imbecis lêmures daquele filme da Disney,” Stevie Rae disse, rindo.
 
“E Walter saiu com Shaunee nun total de 2 encontros e meio. Então, no meio da Starbucks, ela o chamou de processador Pentium 3,” Damien disse.
 
Eu dei a ele um olhar totalmente sem entender.
 
“Z, estamos no Pentium 5 até agora.
 
“Oh.”
 
“Erin ainda o chama de Devagar McDevarinstain* (*Piadinha referente a Grays Anatomy) toda vez que o vê,” Stevie Rae disse.
 “Claramente vai ser necessário dois caras muito especiais para saírem com as Gêmeas,” eu disse.
 
“Eu acho que existe alguém para todo mundo,” Jack disse de repente. Todos viramos para ele e ele corou. Antes de qualquer um responder a ele eu falei, “Eu concordo com Jack.” Mas descobrir qual deles é a parte difícil, eu adicionei silenciosamente para mim mesma.
 
“Totalmente!” Stevie Rae disse com seu jeito alegre e otimista de sempre.”Absolutamente,” Damien disse, piscando para mim. Eu sorri para ele.
 
“Hey!” Shaunee saiu de trás de uma arvore.”Do que vocês estavam falando?”
 
“Da sua vida amorosa inexistente!” Damien respondeu alegremente.  
 
“Verdade?” Ela disse.
 
“Verdade,” Damien disse.
 
“Que tal falar de quanto frio e molhado você está?”Shaunee disse.
 
Damien franziu. “Huh?Eu não estou.”
 
Erin saiu do outro lado da arvore, com uma bola de neve na mão. “Você ficará!” Ela gritou, jogando e atingindo Damien no meio do peito.
 
É claro que a guerra de bola de neve começou. O pessoal correu para se esconder enquanto juntavam novas bolas de neve e miravam em Shaunee e Erin. Eu comecei a me afastar.
 
“Eu disse a você que neve é ótimo!” Stevie Rae disse.
 
“Bem, então vamos esperar por uma nevasca,” Damien gritou, mirando em Erin. “Muito neve e neve. Muito melhor para disputa de bola de neve!” Ele jogou a bola, mas Erin era rápida e pulou para se proteger em tempo de não ser atingida bem na cabeça.
 
 
“Onde você está indo, Z?” Stevie Rae perguntou de trás do arbusto ornamental. Eu notei que Drew estava do lado dela, jogando bolas contra Shaunee.
 
“Para o media Center – eu tenho que ver as palavras para o ritual amanha, então vou pegar algo para comer e voltar para o dormitório quando acabar.”Eu continuei me afastando cada vez mais rápido.”Odeio perder a diversão, mas...” e eu voltei para dentro, fechando a porta em tempo de ouvir os três plop plop plop de três bolas de neve contra a madeira.
 
 
 
 
Eu não estava só dando uma desculpa para sair da guerra de bola de neve. Amanha eu teria que lançar um circulo e liderar um ritual que pode ser tão antigo quando a lua.
 
Eu não sabia o que diabos estava fazendo.
 
Ok, claro. Eu lancei um circulo com meus amigos um mês atrás como uma pequena experiência para ver se eu tinha uma afinidade com os elementos, ou se eu estava maluca. Até eu sentir o poder do vento,fogo, água, terra, e espírito passarem por mim e meus amigos testemunharem isso, e pus de lado a idéia de estar maluca. Não que eu seja totalmente cinitica nem nada, mas por favor.Apenas por favor (como as Gêmeas diriam). Ser capaz de sentir o poder dos cinco elementos era bizarro. Eu quero dizer, minha vida não era um filme dos XMen (embora eu definitivamente gostaria de passar um tempo de qualidade com Wolverine).
 
O media Center estava previsivelmente vazio;era,afinal de contas, sábado a noite. Só nerds total passavam a noite de sábado no media Center. Sim, eu sabia muito bem o que isso me fazia. Eu já decidi onde começar a procurar. Eu peguei o catalogo no computador e procurei por livros antigos de feitiços e rituais, ignorando qualquer um recentemente publicado. Eu fiquei particularmente atraída pelo titulo Ritos Místicos da Lua de Cristal por Fiona.  Eu mal reconheci o nome dela como uma das Vampiras Poetas Laureates dos anos 1800 (tinha uma foto legal dela no nosso dormitório). Eu escrevi o numero do livro e o encontrei numa prateleira obscura, empoeirada e sozinha. Eu pensei que era um excelente sinal ser um daqueles livros de capa de couro e bem grosso. Eu queria um fundamento e tradição para que sobre minha liderança as Filhas Negras soubessem algo mais do que a influencia moderna de Afrodite.
 
Eu abri meu bloco de notas, e peguei minha caneta favorita, o que me fez pensar sobre o que Loren tinha dito sobre preferir escrever poesia a mão do que no computador... e me fez pensar sobre Loren tocando meu rosto... e minhas costas... e a conexão que passou entre nós. Eu sorri e senti minhas bochechas ficarem quentes, e então percebi que estava sentada ali rindo e corado como uma retardada por um cara que era velho demais para mim, e um vampiro. As duas coisas me deixavam nervosa (como deveriam). Quero dizer, ele era totalmente lindo, mas ele tinha 20 e poucos. O que,infelizmente, só o fazia ser mais delicioso, especialmente depois da minha breve mas suja cena de beber sangue e ficar com Heath.
 
Eu bati minha caneta contra a pagina em branco. Ok, eu estive beijando e passando um tempo com Erik. Sim, eu gostava dele. Não, eu não tinha ido muito longe. Uma razão era que apesar da evidencia ao contrario, eu normalmente não agia feito uma vadia.  Outra razão era que eu ainda estava muito ciente do incidente que eu vi com Afrodite, a ex namorada de Erik, de joelhos na frente dele tentando dar um boquete, e eu não queria que houvesse confusão pela parte de Erik de que eu definitivamente não era uma vadia como Afrodite. ( Eu ignorei a memória de mim esfregando o calombo nas calças de Heath.) Então, eu definitivamente estava atraida por Erik, que todos achavam ser meu namorado oficial, embora não tenhamos feito muito sobre aquela atração.
 
Minha mente mudou para Loren. Lá fora com a luz do luar minha pele nua para ele, Loren me fez sentir como mulher – não uma inexperiente, nervosa garota, que é como eu tendia a me sentir perto de Erik. Mas quando vi o desejo nos olhos de Loren eu me senti linda e poderosa e muito, muito sexy. E eu tinha que admitir a mim mesma que eu gostava muito desse sentimento.
 
E como diabos Heath se encaixava em tudo iss? Eu me sentia diferente sobre Heath tanto quanto sobre Erik ou Loren. Heath e eu tínhamos uma história. Nos conhecíamos desde crianças, e estavamos saindo, indo e voltado, nos últimos  anos. Eu sempre me sentia atraída por Heath, e ficamos muito, mas ele nunca me excitou antes do jeito que ele excitou quando cortou seu pescoço e me fez beber o sangue dele.
 
Eu tremi e automaticamente mordi os lábios. Só de pensar nisso me fez sentir quente e aterrorizada ao mesmo tempo.Eu definitivamente queria ver ele de novo. Mas era porque eu ainda gostava dele, ou por causa da intensa ânsia de sangue que eu sentia por ele?
 
Eu não tinha idéia.
 
Verdade, eu gostava de Heath a anos. Ele era meio bobo as vezes, mas geralmente de um jeito fofo. Ele me tratava bem, e eu gostava de sair com ele – pelo menos essas coisas eram verdade antes dele começar a beber e ficar alto. Então sua bobeira virou idiotice, e eu parei de confiar nele. Mas ele disse que parou com isso, então isso não significava que ele voltou a ser o cara que eu gostava tanto? E se fosse, o que diabos eu deveria fazer sobre (1) Erik, (2) Loren, (3) o fato que beber o sangue de Heath era completamente contra as regras da House of Night, e (4) eu definitivamente ia beber mais do sangue dele.
 
Meu suspiro suou suspeitosamente como um choro. Eu realmente precisava falar com alguém.
 
Neferet? De jeito nenhum. Eu não ia contar para um vampiro adulto sobre Loren. Eu deveria admitir que bebi o sangue de Heath (de novo – suspiro) e provavelmente tinha intensificado o Imprint entre nós. Mas eu não podia. Pelo menos ainda não. Eu sei que era egoísta, mas eu não queria me meter em problemas com ela enquanto ainda estava tendo estabelecer a liderança das Filhas Negras.
 
Stevie Rae?Ela era minha melhor amiga, e eu queria contar a ela, mas se eu realmente ia falar com ela então eu teria que admitir que bebi o sangue de Heath. Duas vezes. E o quanto eu queria beber de novo. Isso não iria assustar ela? Me assustava. Eu não agüentava imaginar minha melhor amiga olhando para mim como um monstro. Além do mais, eu não achei que ela fosse entender – não de verdade.
 
Eu não podia contar a vovó. Ela definitivamente não ia gostar do fato de Loren ter 20 e poucos. E eu não conseguia imaginar falar com ela sobre a parte da luxuria com a ânsia de sangue.
 
Ironicamente, eu percebi que a única pessoa que não surtaria sobre a ânsia por sangue, e definitivamente ia entender sobre a parte da luxuria era – Afrodite. E, estranhamente, parte de mim queria falar com ela, especialmente depois de descobrir que as visões dela eram verdadeiras. Eu tinha um pressentimento em relação a Afrodite que estava me dizendo que tinha muito mais acontecendo com ela que o fato dela poder definitivamente ser uma vadia odiosa. Ela irritou Neferet – isso era obvio. Mas Neferet tinha dito a Afrodite, em palavras frias e odiosas, que Nyx tinha retirado seu favor em relação a ela, e ela deixou claro para mim (e praticamente a escola toda) que as visões de Afrodite eram falsas. Mas eu tinha prova de que elas não eram. Isso me deu um assustador pressentimento, mas eu estava começando a imaginar o quanto eu realmente podia confiar em Neferet.
 
Forçando meus pensamentos de volta ao Media Center e a pesquisa que eu tinha que fazer, eu abri o antigo livro de ritual, e um pedaço de papel caiu dele. Eu peguei i papel, achando que algum garoto tinha deixado notas nele e congelei. Meu nome estava escrito em cima com uma elegante letra que eu definitivamente conhecia.
 
 
 
 
 
 
Para Zoey.
 
 
Atraente Sacerdotisa.
 
 
A noite não pode bloquear seu sonho escarlate. Aceite o desejo que chama.
 
 
 
As palavras do poema mandaram um calafrio para mim. O que diabos? Como alguém, ainda mais Loren que deveria estar na Costa Leste, iria saber que eu ia pegar o livro!
 
Minha mão tremia, então larguei  papel e devagar reli o poema. Se eu tirasse o fato de que era incrivelmente romântico que o Vampiro Poeta Laureate estava me escrevendo poesia e lesse o poema sem estar totalmente surpresa por quão sexy ele era eu percebi algo tão perturbador quanto o haiku estar aqui pra começo de conversa.  A noite não pode bloquear seu sonho escarlate. Eu estava ficando absolutamente louca, eu essa linha faz parecer que Loren sabe sobre mim beber sangue? E de repente o poema parecia errado .... perigoso .... como um aviso que não estava escrito, e eu comecei a me perguntar sobre o poeta. E se Loren não tivesse escrito ele? E se foi Afrodite? Eu a ouvi falar com seus pais. Ela deveria estar trabalhando para me expulsar da liderança das Filhas Negras. Isso seria parte do plano dela? (Jeesh, “o plano dela.” Eu estava começando a soar como uma história em quadrinhos bem ruim.”)
 
Ok, Afrodite me viu com Loren, mas como ela poderia saber sobre o haiku? E também, como Afrodite saberia que eu voltaria para o media Center procurar esse antigo livro em particular? Isso parecia mais como uma estranha parte dos poderes psíquicos que um vampiro adulto pode ter – embora eu não tivesse idéia de como. Eu quero dizer, eu nem sabia que ia escolher esse livro até uns minutos atrás.
 
Nala pulou na mesa do computador, me dando um belo susto. Ela reclamou e se esfregou contra mim.
 
“Ok, ok. Vou trabalhar.” Mas enquanto pesquisava no velho livro por rituais e feitiços tradicionais minha mente continuou dando voltas sobre o poema e o sentimento inquieto que parecia ter permanentemente se alojado dentro de mim.
 
 
 
DEZESSEIS 
 
 
Eu estava carregando Nala para fora do media Center – a gata estava tão adormecida que nem se incomodou de reclamar para mim quando eu a peguei. Eu olhei o relógio e sai da aposento, e não conseguia acreditar que várias horas tinham passado. Não era de se admirar que minha traseira e meu pescoço estivessem tão duros. Mas ficar temporariamente desconfortável não importava porque eu descobri o que fazer no Ritual da Lua Cheia. Foi um enorme peso tirado das minhas costas. Eu ainda estava nervosa, e não passei muito tempo considerando o fato que quando eu fizesse o ritual eu o faria na frente de vários adolescentes, cuja maioria provavelmente não estava muito feliz por mim ter tomado a liderança de Afrodite. Eu só
precisava me manter focada no ritual, e lembrar os incríveis sentimentos que me preenchiam quando eu invocava os 5 elementos. Com sorte.
 
Eu abri a pesada porta da escola e entrei num outro mundo. Estava nevando bastante, e deve ter nevado o tempo todo que estive no media Center. O terreno da escola estava complemente coberto por um confortável branco. O vento estava chicoteando e a visibilidade era terrível. As luzes que marcavam o obscuro caminho não eram muito mais que pontos brilhantes de luz amarela contra a branca escuridão. Eu provavelmente deveria ter voltado para o prédio e feito meu caminho até o hall da escola e da lá para o dormitório, ficando do lado de dentro o máximo que pudesse, e então dar uma rápida corridinha até o dormitório das meninas, mas eu não queria. Eu pensei sobre como Stevie Rae tinha estado. A neve era realmente mágica. Mudava o mundo, o fazia mais silencioso, suave, mais misterioso. Como uma caloura, eu já tinha adquiro um pouco da proteção dos vampiros contra o frio, o que costumava a me assustar. Quero dizer, me fazia pensar de frias criaturas mortas, que existiam bebendo sangue dos vivos – totalmente nojento, mesmo que eu ficasse bizarramente atraída pela idéia. Agora eu sabia mais sobre o que eu estava me tornando, então eu entendia que minha proteção contra o frio era mais um metabolismo alto que ser uma morta viva. Vampiros não estão mortos. Eles só Mudam. Eram os humanos que gostavam de provocar os mitos apavorantes sobre os mortos vivos, o que eu estava começando a achar mais do que um pouco irritante. De qualquer forma, eu realmente gostei de ser capaz de andar da nevasca sem sentir que ia congelar. Nala se apertou contra mim, ronronando alto quando enrolei meus braços contra ela de forma protetora. A neve abafou meus passos e pareceu por um momento que eu estava sozinha em um mundo onde preto e branco existiam juntos para formar uma cor única apenas para mim.
 
Eu só dei alguns passos quando eu suspirei e teria me batido na testa se meus braços já não estivessem ocupados com minha gata. Eu precisava ir para o deposito de feitiços e rituais da escola e pegar um pouco de eucalipto. Pelo que eu li no velho livro de rituais, eucalipto é associado a cura, proteção, e purificação – três coisas que eu achei importante evocar durante meu primeiro ritual como líder das Filhas Negras. Eu suponho que pudesse pegar eucalipto amanha, mas eu iria precisar dele amarrado como uma corpo como parte do feitiço que eu estava planejando lançar, e... bem... era provavelmente inteligente praticar para não derrubar nada durante o ritual ou,pior, de repente descobrir que o eucalipto não era tão flexível quanto eu esperava e quebrar em pedaços quando eu tentasse fazer um nó e então eu ficaria vermelha e iria querer me arrastar para fora da sala de recreação e me amontoar numa posição fetal e chorar... 
 
Eu tirei aquela linda imagem da cabeça, virei, e comecei a fazer o caminho para voltar ao prédio principal. Foi quando eu vi uma forma.Chamou minha atenção porque não pertencia ali – e não só porque era incomum outro calouro ser bobo o bastante para ser pego andando no meio de uma tempestade. O que me pareceu mais estranho era que aquela pessoa, porque definitivamente não era um gato ou um arbusto, não estava andando na calçada. Ele estava andando para a sala de recreação, mas estava cortando caminho pelo gramado. Eu parei e me apertei contra a neve que caia. A pessoa estava usando uma longa capa escura com um capuz puxado para cima como um chapéu.
 
Uma vontade de seguir ele me atingiu com tal força que eu perdi o ar. Era quase como se eu não tivesse vontade própria, e eu sai da calçada e corria atrás da pessoa misteriosa, que tinha alcançado a ponta da linha de arvores que cresciam junto ao muro.
 
Meus olhos se alargaram. No instante que a figura entrou nas sombras, quem quer que fosse, ele ou ela, começou a se mover com uma velocidade nada humana, a capa caindo atrás
selvagemente por causa do vento fazendo ela parecer asas. Vermelho? Eu vi flashes escarlate contra partes de pele branca? Neve atingiu meu olho e minha visão focou borrada, mas eu segurei Nala com mais força e comecei a correr rápido, embora eu soubesse que estava sendo levada para uma área ao lado leste do muro que tinha a porta escondida. O mesmo lugar que eu vi os dois fantasmas ou espectros ou o que seja. O lugar que eu disse a mim mesma que eu não queria ir de novo, muito menos sozinha.
 
Sim, eu deveria dar meia volta e marchar diretamente para o dormitório. Naturalmente, eu não fui.
 
Meu coração estava batendo feito louco e Nala estava resmungando no meu ouvido quando eu entrei na linha das três arvores e continuei a correr junto ao muro, o tempo todo pensando o quão absolutamente insano era eu estar aqui fora seguindo o que era provavelmente algum garoto que estava tentando sair da escola de fininho, e na pior nas hipóteses um fantasma seriamente assustador.
 
Eu perdi a pessoa de vista, mas eu sabia que estava me aproximando da porta escondida, então diminui a velocidade, automaticamente ficando nas sombras mais profundas e me movendo de arvore em arvore. Estava nevando ainda mais agora, e Nala e eu estávamos cobertas de branco e eu estava começando a sentir o frio. O que eu estou fazendo aqui? Não importava o que minha intuição estava me dizendo, minha mente estava dizendo que eu estava agindo feito louca e que eu precisava me levar (e minha tremula gata) de volta para o dormitório. Isso não era da minha conta. Talvez um dos professores estivesse checando... eu não sei... o territorio para se certificar que algum calouro maluco (como eu) não estivesse andando pela tempestade.
 
Ou talvez alguém tivesse se enfiado na escola depois de matar brutalmente Chris Ford e seqüestrar Brad Higeons, e agora estava fugindo de fininho de novo, e se eu o/a confrontasse eu seria morta também.
 
 
Yeah, certo. Em falar de uma super imaginação.
 
E então ouvi as vozes.
 
Eu diminui a velocidade, praticamente andando com a ponta dos pés até que finalmente os vi. Haviam duas figuras paradas perto da porta escondida que estava aberta. Eu pisquei com força, tentando ver mais claramente através da cortina branca. A pessoa mais perto da porta era a que eu estava seguindo, e agora ele não estava correndo (com uma ridícula velocidade) e eu pude ver que ele estava parado firmemente, meio abaixado com uma postura meio curvada. Eu troquei minha atenção para a outra figura, e eu senti o calafrio que estava acariciando minha pele com a neve afundando em minha alma. Era Neferet.
 
Ela parecia misteriosa, e poderosa com seu cabelo voando ao redor dela e a neve cobrindo seu longo vestido preto. Ela estava virada para mim, então pude ver que a expressão dela era firme, quase irritada, e ela estava falando seriamente com a pessoa de capa, usando suas mãos expressivamente. Silenciosamente, eu me movi para mais perto, felizes por estar usando uma roupa preta para me misturar bem com as sombras perto da parede. Dessa nova posição eu ouvi pedaços do que Neferet estava dizendo.
 
“... tenha mais cuidado com o que você faz! Eu não vou...” eu ouvi parada, tentando ouvir através do vento, e percebi que a brisa estava me trazendo mais do que apenas as palavras de
Neferet. Eu podia sentir o cheiro mesmo por cima do cheiro da neve que caia. Era seco, um cheiro de mofo, estranhamente deslocado nessa noite fria e molhada.  “... muito perigoso,” Neferet estava dizendo. “Obedeça ou...” Eu perdi o resto da frase, e ela parou. A figura de capa respondeu com um estranho gruindo, que era mais animal do que humano.
 
Nala, que estava empoleirada de baixo do meu queixo e parecia ter adormecido, de novo, de repente mexeu a cabeça com rapidez. Eu me abaixei ainda mais atrás das arvores em cujas sombras eu estava me escondendo enquanto Nala começou a rosnar. 
 
“Shhh,” eu sussurrei para ela e tentei a acariciar para que se acalmasse. Ela se aquietou, mas pude sentir que o pelo nas costas dela tinham levantado e seus olhos se estreitaram em bolinhas raivosas enquanto ela encarava a pessoa de capa.
 
“Você prometeu!”
 
O som gutural da voz do homem misterioso fez minha pele se arrepiar. Eu espiei atrás da arvore em tempo de ver Neferet levantar a sua mão como se fosse bater nele. Ele foi se encostar contra o muro, fazendo o capuz cair do seu rosto, e meu estomago se apertou com tanta força que eu pensei que fosse vomitar.
 
Era Elliott. O garoto morto cujo “fantasma” tinha atacado Nala e eu mês passado.
 
Neferet não bateu nele. Ao invés disso ela gesticulou violentamente em direção a porta escondida. Ela levantou a voz, então tudo o que ela disse foi carregado pelo vento.
 
“Você não pode mais ter! Dessa vez não está certo. Você não entende tais coisas, e você não pode me questionar. Agora saia daqui. Se você me desobedecer de novo você irá sentir minha ira, e a ira de uma deusa é terrível de se contemplar.”
 
Elliott se afastou de Neferet. “Sim, deusa,” ele sussurrou.
 
Era ele; eu sabia que era. Embora sua voz fosse rouca eu reconheci. De alguma forma Elliott não tinha morrido, e ele não tinha Mudando para um vampiro adulto. Ele era outra coisa. Algo terrível.
 
Embora ele fosse nojento, a expressão de Neferet se suavizou. “Eu não desejo ficar enraivecida com meu filho. Você sabe que é minha grande alegria.”
 
Revoltada, eu observei quando Neferet se inclinou para frente e acariciou o rosto de Elliott. Os olhos dele começaram a brilhar com aquele cor de sangue antigo, e mesmo a distancia eu pude ver que o corpo inteiro dele tremia. Elliott era baixo, gordinho, nada atraente cuja pele muito branca e cabelo ruivo eram estranhos. Ele ainda era essas coisas, mas agora as pálidas bochechas dele eram magras e seu corpo era arqueado, como se tivesse se curvado para dentro. Então Neferet teve que se abaixar para beijar os lábios dele. Totalmente enojada, eu ouvi Elliott gemer de prazer. Ela se ergueu e riu. Era um som escuro e sedutor.
 
“Por favor, deusa!” Elliott lastimou.
 
“Você sabe que não merece.”
 
“Por favor, deusa!” ele repetiu. O corpo dele estava tremendo violentamente.
 
“Muito bem, mas lembre-se. O que uma deusa dá, ela também pode tirar.”
 
Incapaz de parar de ver, eu vi Neferet levantar seu braço e dobrar sua manga. Então ela passou a unha no ante braço, deixando uma linha escarlate que imediatamente começou a pingar sangue. Eu senti a sedução do sangue dela. Quando ela segurou seu braço, o oferecendo a Elliott, eu me pressionei contra o tronco da arvore, me forçando a ficar parada e escondida enquanto ele caia de joelhos diante dela, fazendo sons selvagens e gemidos, e começava a sugar o sangue de Neferet. Eu tirei meus olhos dele para olhar para Neferet. Ela jogou sua cabeça para trás e seus lábios estavam abertos como se ter o grotesco Elliott sugando seu sangue fosse uma experiência sensual.
 
Dentro de mim eu sentia um desejo. Eu queria abrir a pele de alguém e ...
 
Não! Eu me abaixei completamente atrás da arvore. Eu não me tornaria um monstro. Eu não seria uma aberração. Eu não podia deixar essa coisa me controlar. Devagar e silenciosamente eu comecei a voltar, me recusando a olhar para os dois de novo.
 
DEZESSETE
 
 
Eu ainda estava me sentindo abalada, confusa, e mais do que um pouco enjoada do estomago, quando finalmente cheguei no dormitório. Amontoados de garotos estavam empoleirados na sala assistindo TV e bebendo chocolate quente.Eu peguei uma toalha de um armário perto da porta e me juntei a Stevie Rae,as Gêmeas, e Damien que estavam sentados assistindo nosso programa de TV favorito Project Runway, e comecei a secar a reclamona Nala. Stevie Rae não percebeu que eu estava quieta. Ela estava muito ocupada falando sobre como a guerra de bola de neve que eu evitei mais cedo tinha virado uma enorme batalha depois do jantar que durou até alguém jogar uma bola que atingiu uma janela do escritório de Dragon. Dragon era o que todos chamavam de professor de esgrima, e ele não é um vampiro que qualquer calouro quer irritar.
 
“Dragon terminou a guerra de bola de neve.” Stevie Rae riu. “Mas foi muito divertido.”
 
“Yeah, Z, você perdeu uma briga incrível,” Erin disse. “Derrubamos Damien e seu namorado,” Shaunee disse.
 
“Ele não é meu namorado!” Damien disse, mas seu pequeno sorriso pareceu acrescentar um silencioso “ainda” no fim da frase.
 
“Tanto...”
 
“...faz, “falaram as Gêmeas.
 
“Eu acho que ele é fofo,” Stevie Rae disse.
 
“Eu também,” Damien disse, ficando corado.
 
“O que você acha dele,Zoey?” Stevie Rae perguntou.
 
Eu pisquei para Stevie Rae. Era como se e tivesse dentro de um tanque no meio de um furacão, e todo mundo estivesse do lado de fora sem noção adorando o maravilhoso tempo.
 “Está tudo bem, Zoey?” Damien disse.
 
“Damien, você pode me conseguir um pouco de eucalipto?” eu disse bruscamente.
 
“Eucalipto?”
 
Eu acenei. “Yeah, alguns cabos, e um pouco de salva também. Eu preciso dos dois para o ritual de amanha.”
 
“Yeah, sem problemas,” Damien disse, me observando mais atentamente.
 
“Você já sabe o que fazer com o ritual,Z?” Stevie Rae perguntou.
 
“Eu acho que sim.” Eu pausei e respirei fundo. Então encontrei o olhar questionador de Damien. “Damien, já houve algum caso de um calouro que pareceu morrer, mas mais tarde foi encontrado vivo?”
 
Para o credito dele, Damien não surtou e me perguntou se eu fique maluca. Eu pude sentir que as Gêmeas e Stevie Rae estavam me encarando como se eu tivesse dito que ia para a versão vampira de Girls Gone Wild* (*um programa de televisão em que garotas enlouquecem, mostram os peitos e dão pra todo mundo) mas eu as ignorei e continuei focada em Damien. Todos sabíamos que ele passava horas estudando, e ele lembrava tudo que lia. Se algum de nós soubesse a resposta para essa bizarra pergunta, seria ele. 
 
“Quando o corpo de um calouro começa a rejeitar a Mudança não tem como parar. Isso está claro em todos os livros. É também o que Neferet nos disse, Zoey.”Eu nunca o vi soar tão sério. “Qual o problema?”
 
“Por favor, por favor, por favor me diga que você não está se sentindo doente!” Stevie Rae praticamente chorou.
 
“Não! Nada disso,” eu disse rapidamente. “Estou bem. Prometo.”
 
“O que está acontecendo?” Shaunee disse.
 
“Você está nos assustando,” Erin disse.
 
“Não é minha intenção,” eu disse a eles. “Ok, isso vai sair tudo errado, mas eu acho que vi Elliott.”
 
“Huh!”
 
“O que!” as Gêmeas falaram juntas.
 
“Eu não entendo,” Damien disse. “Elliott morreu mês passado.”
 
Stevie Rae alargou os olhos. “Como Elizabeth!” ela disse. Antes deu poder dizer algo, ela falou, uma longa sentença sem respirar, “Mês passado Zoey achou que tinha visto o fantasma de Elizabeth no muro leste mas não falamos nada porque não queríamos assustar vocês.” Eu abri a boca para explicar sobre Elliott – e Neferet. E fechei de novo. Eu deveria ter percebido antes de dizer uma única paralavra para eles que eu absolutamente não podia
contar sobre Neferet. Vampiros eram todos intuitivos em algum grau. Alta Sacerdotisa Nefert era incrivelmente intuitiva. Tanto que ela geralmente parecia ser capaz de ler a mente das pessoas. De jeito nenhum meus amigos podiam andar pela escola que eu a vi deixar Elliott o  vivo morto nojento sugar o sangue dela sem Neferet saber tudo que estava na mente deles.
 
O que eu testemunhei hoje a noite eu manteria completamente para mim.
 
“Zoey?” Stevie Rae pos sua mão no meu braço. “Você pode nos contar.” Eu sorri para ela e desejei com todo o coração que eu pudesse.
 
“Eu achei ter visto o fantasma de Elizabeth mês passado. E hoje a noite eu vi Elliott,” eu finalmente disse.
 
Damien franziu. “Se você viu fantasmas porque me perguntou sobre calouros se recuperarem da rejeição da Mudança?”
 
Eu olhei nos olhos do meu amigo e menti. “Porque parecia mais fácil do que acreditar que eu estava vendo fantasmas – ou pelo menos até eu falar. Então eu soei louca.”
 
“Ver um fantasma teria me apavorado,” Shaunee disse.
 
Erin acenou concordando de forma entusiasmada. 
 
“Foi como com Elizabeth?” Stevie Rae peguntou.
 
Pelo menos não tinha que mentir sobre isso. “Não. Ele parecia mais real, mas eu vi os dois no mesmo lugar, perto do muro leste, e os olhos dos dois eram de uma cor vermelho estranho.”
 
Shuanee tremeu.
 
“Eu com certeza vou ficar longe do assustador muro leste,” Erin disse.
 
Damien, sempre o estudioso, acariciou o queixo como um professor. “Zoey, talvez você tenha outra afinidade. Talvez você possa ver calouros mortos.”
 
Eu teria pensado que isso era possível, mesmo que fosse nojento, se não tivesse viso o suposto fantasma, solido e totalmente real, beber o sangue da minha mentora. Ainda sim, era uma boa teoria, e um excelente jeito de manter Damien ocupado.”Você pode estar certo,” eu disse.
 
“Ugh,” Stevie Rae disse. “Eu espero que não.”
 
“Eu também. Mas você poderia fazer uma pesquisa para mim, Damien?”
 
“É claro. Eu também vou checar qualquer referencia sobre assombração de calouros.” 
 
“Obrigada, eu agradeço.”
 
“Sabe, eu acho que li algo sobre uma antiga historia grega sobre espíritos de vampiros que andavam por entre antigas tumbas de...”
 
Eu não prestei atenção na lição de Damien, mas estava feliz por ver que Stevie Rae e as Gêmeas estavam mais envolvidas ouvindo as histórias de fantasmas dele e então me fazendo
perguntas mais especificas. Eu odiava mentir para eles, especialmente já que eu teria gostado de contar tudo a eles. O que eu vi realmente me assustou. Como diabos eu ia enfrentar Neferet de novo?
 
Nala esfregou seu rosto contra o meu e então sentou no meu colo. Eu olhei a TV e a acariciei enquanto Damien continuava sua história sobre antigos vampiros fantasmas. E então eu percebi o que eu estava vendo e então passei por Stevie Rae para pegar o controle que estava em cima da mesa ao lado dela, fazendo Nala mee-uf-ow reclamar incomodada e sair do meu colo. Eu nem tive tempo para acalmar ela, mas rapidamente aumentei o volume.
 
Era Chera Kimiko de novo em uma reprise do noticiário da tarde.
 
“O corpo do segundo adolescente da Union High School, Brad Higeons, foi encontrado pelo segurança de um museu essa tarde em um riacho que passa pelo terreno do Museu Philbrook. A causa da morte não foi oficialmente revela ainda, mas fontes contaram ao Fox News que o garoto morreu de perda de sangue e múltiplas lacerações.”
 
“Não..” eu senti minha cabeça rodar. Tinha um terrível sino nos meus ouvidos.
 
“Esse é o rio que cruzamos quando fomos para o Philbrook para o Ritual de Samhain mês passado,” Stevie Rae disse.
 
“É na rua aqui de baixo,” Shaunee disse.
 
“As Filhas Negras costumavam ir até lá escondidas para fazer os rituais,” Erin disse.
 
Então Damien disse o que todos estávamos pensando. “Alguém está tentando fazer parecer que vampiros estão matando garotos humanos.”
 
“Talvez eles estejam.” Eu não queria dizer isso em voz alta, e pressionei meus lábios fechados, imediatamente sentindo culpa por ter escapado.
 
“Porque você diria isso, Zoey?” Stevie Rae parecia chocada.
 
“Eu-eu não sei. Eu realmente não queria,” eu gaguejei, sem ter certeza do que eu quis dizer quando disse isso.
 
“Você está com medo, só isso,” Erin disse.
 
“É claro que você está. Você conhecia os dois,” Shaunee disse. “E além de tudo isso, você viu um fantasma hoje.”
 
Damien estava me estudando de novo. “Você teve um pressentimento sobre Brad antes de saber da morte dele, Zoey?” ele perguntou quietamente.
 
“Sim.Não.” Eu suspirei.”Eu achei que ele estava morta assim que ouvi que ele foi seqüestrado,” eu admite.
 
“Algo especifico veio com o sentimento? Você sabe mais alguma coisa?” Damien disse.
 
Como se a pergunta de Damien espetado minha memória, os pedaços de palavras que ouvi Neferet dizer passaram na minha mente: ... muito perigoso... Você não pode ter mais... Você
não pode entender... E você não pode me questionar... Eu senti um terrível calafrio que não tinha nada a ver com a tempestade lá de fora. “Nada especifico veio com o pressentimento. Eu tenho que ir para o meu quarto,”eu disse, de repente incapaz de olhar para eles. Eu odiava mentir, e duvidava que eu pudesse continuar mentindo se ficasse com eles por mais tempo. “Eu tenho que terminar as palavras para o ritual de amanhã,” eu disse com uma desculpa furada. “E eu não dormi muito ontem a noite. Estou cansada.”
 
“Ok, sem problemas. A gente entende,” Damien disse.
 
Eles estavam tão obviamente preocupados comigo que eu mal pode olhar eles nos olhos. “Obrigado, gente,” eu murmurei e sai da sala. Eu estava na metade das escadas quando Stevie Rae me alcançou. 
 
“Você se importa que eu volte para o quarto agora também? Eu estou com uma dor de cabeça. Eu só quero dormir. Eu não vou te incomodar enquanto você estuda nem nada.”
 
“Não, eu não me importo,” eu disse rapidamente. Eu olhei para ela. Ela parecia mesmo um pouco pálida. Stevie Rae era tão sensível que mesmo que ela não conhecesse Chris ou Brad, a morte deles claramente estavam chateando ela.Eu pus meus braços ao redor dela e apertei quando passamos pela nossa porta. “Hey, tudo vai ficar bem.”
 
“Yeah, eu sei. Só estou cansada.” Ela olhou para mim, mas ela não parecia tão alegre como o usual. 
 
Não falamos muito enquanto colocamos nosso pijama. Nala entrou pela porta de gatos, pulou na minha cama, e estava dormindo quase tão rápido quando Stevie Rae, o que foi um alivio porque eu não tinha que fingir escrever as palavras para o ritual que eu já tinha terminado. Tinha outra coisa que eu precisava fazer, e eu não queria explicar nenhuma parte disso para ninguém, nem minha melhor amiga.  
 
 
 
DEZOITO
 
 
Meu livro de Sociologia Vampira 415 estava exatamente onde eu o deixei na prateleira de livros em cima da mesa do meu computador. Era um livro de nível de um sênior ou, como chamavam aqui, sestanista. Neferet o tinha me dado logo depois que eu cheguei quando foi obvio que a Mudança acontecendo no meu corpo estava agindo num ritmo diferente do que dos calouros normais. Ela queria me tirar da aula de sociologia dos terceiranistas e me mudar para a aula mais avançada, mas eu consegui convencer ela do contrario, dizendo que eu já era diferente o bastante, eu não precisava de mais nada para fazer de mim uma aberração maior do que o resto do pessoal aqui. Nosso compromito era que eu iria ler o livro do nível 415, capitulo por capitulo, e fazer perguntas a ela.
 
Ok, bem, eu queria fazer isso, mas houveram tantas coisas (assumir as Filhas Negras, namorar Erik, trabalhos regulares, e coisas assim), e eu fiz um pouco menos do que olhar para meu livro na prateleira.
 
Com um suspiro que soava quase tão cansado quanto eu me sentia, eu levei o livro para a cama e me ajeitei com uma montanha de travesseiros. Apesar dos horríveis eventos do dia, eu
tive que lutar para manter meus olhos abertos enquanto eu olhava o índice e achava o que eu estava procurando: ânsia por sangue. Haviam várias paginas depois da palavra, então marquei o índice, virando a primeira pagina listada,e comecei a ler. Primeiro eram coisas que eu já tinha descoberto sozinha: quando um calouro entra mais afundo na Mudança, desenvolve o gosto por sangue. Beber sangue passa de ser algo horrível para algo delicioso. Quando um calouro está bem avançado no processo da Mudança, ela pode detectar o cheiro de sangue a distancia. Por causa de mudanças no metabolismo, drogas e álcool tem menos efeito nos calouros, e enquanto esses efeitos dissipam, eles iram descobrir que os efeitos de beber sangue aumentam.
 
“Não é brincadeira,” eu disse. Mesmo beber sangue de calouros misturados com vinho tinha me dado um incrível barato. Beber o sangue de Heath foi como fogo explodindo deliciosamente em mim. Eu pulei a leitura. Eu já sabia sobre essas coisas de ser gostoso. Então meus olhos viram uma nova linha, e eu parei na pagina.
 
 
 
SEXUALIDADE E ÂNSIA POR SANGUE
 
 
Embora a freqüência de necessidade dependa da idade, sexo, e força geral do vampiro, adultos precisam periodicamente se alimentar de sangue humano para permanecerem saudáveis e sãos. É, por tanto, lógico que a evolução, e nosso adorada deusa,Nyx, tenha se assegurando que o processo de beber sangue seja prazeroso, tanto para o vampiro quanto para o humano doador. Como já aprendemos, a saliva do vampiro age como um anti coagulante para o sangue humano. A saliva de um vampiro também aumenta as endorfinas enquanto o sangue é bebido, o que simula a zona de prazer do cérebro, tanto humana quanto vampiro, e pode até mesmo simular um orgasmo.  
 
 
 
 
Eu pisquei e esfreguei minha mão no rosto. Bem, diabos! Não era de se admirar que eu tenha tido uma reação tão vadia ao Heath. Ficar excitada enquanto bebia sangue está programado nos meus genes que estão Mudando. Fascinada, eu continuei a ler.
 
 
 
 
Quanto mais velho o vampiro, mais endorfinas são liberadas durante o processo de beber sangue, e mais intensas são a experiência de prazer para o humano e o vampiro.
 
Vampiros especularam durante séculos que o frenesi de beber sangue é o motivo principal dos humanos terem difamado nossa raça. Humanos se sentem ameaçados pela nossa habilidade de trazer a eles um prazer tão intenso durante um ato considerado perigoso e horrível, então eles nos rotularam como predadores. A verdade, é claro, é que vampiros podem controlar sua ânsia por sangue, então a poucos danos físicos para o humano doador. O perigo está no Imprint que freqüentemente ocorre durante o ritual de beber sangue.
 
 
 
 
Completamente enojada, eu virei para a próxima sessão.
 
 
IMPRINTING
 
Um imprint entre um vampiro e um humano não ocorre toda vez que um vampiro se alimenta. Muitos estudos foram realizados para tentar detectar exatamente do porque alguns humanos Imprint e alguns não, mas existem vários fatores determinantes, como ligação emocional, relação entre humano e vampiro pré-Mudado, idade, orientação sexual, e freqüência que se bebe o sangue, não há como prever com certeza vai ou não Imprint em um vampiro.
 
 
 
O texto continuou falando sobre como vampiros devem ter cuidado quando bebem de um doador vivo, versus pegar sangue dos bancos de sangue, que é um negocio altamente secreto e pouquíssimos humanos estão cientes de que ele existe (aparentemente esses humanos são muito bem pagos pelo seu silencio). O livro de sociologia franzia em beber sangue dos humanos e havia vários avisos sobre o quão perigos era ter um Imprint com um humano, e como não só o humano estaria emocionalmente ligado ao vampiro, mas o vampiro também está ligado ao humano. Isso me fez sentar direito. Com um enjôo no estomago eu li sobre como uma vez que o Imprint acontece o vampiro pode sentir as emoções do humano, e em alguns casos pode também/ou rastrear o humano. Então o texto saiu pela tangente falando como Bram Stoker teve um Imprint com uma Alta Sacerdotisa vampira, mas que ele não entendia o comprometimento dela com Nyx que vinha antes do laço deles, e em uma onda de raiva ciumenta a traiu ao exagerar os aspectos negativos de um Imprint com seu famoso livro. Drácula.
 
“Huh. Eu não fazia idéia,” eu disse. Ironicamente, Drácula era um dos meus livros favoritos desde que o li quando tinha 13 anos. Eu pulei o resto da sessão até que veio a parte que eu mordi o lábio enquanto lia devagar.
 
 
 
CALOURO – IMPRINT VAMPIRO
 
 
Como discutido no capitulo anterior, devido a possibilidade de Imprint, calouros são proibidos de beber sangue de humanos doadores, mas eles podem experimentar entre si. Foi comprovado que calouros não podem ter um Imprint entre si. No entanto, é possível que um vampiro adulto tenha um Imprint com um calouro. Isso leva a complicações emocionais e físicas quando o calouro completa a Mudança que normalmente não são benéficas para nenhum dos vampiros; por tanto, beber sangue entre um calouro e um vampiro adulto é estritamente proibido.
 
 
Eu balancei a cabeça, aterrorizada de novo por ter visto sangue sendo bebido entre Neferet e Elliott. Deixando de lado o fato de Elliott estar morto, o que ainda me confundia, Neferet era uma poderosa Alta Sacerdotisa. Não tinha como ela deixar um calouro beber dela (mesmo um morto).
 
Teve um capitulo sobre como quebrar um Imprint, que eu comecei a ler, mas era muito deprimente. Aparentemente envolvia a ajuda de uma poderosa Alta Sacerdotisa, muita dor
física, especialmente por parte do humano, e mesmo assim o humano e o vampiro tinham que ter cuidado para ficar longe um do outro ou o Imprint poderia retornar.
 
Eu de repente me senti super fadigada. Quanto tempo fazia desde que eu realmente tinha dormido? Mais de um dia. Eu olhei para o relogio. Eram 6:10. Iria começar a amanhecer em breve. Me sentindo dura e velha eu levantei e pus o livro de volta na prateleira. Então abri um lado das pesadas cortinas que cobriram completamente a janela e bloqueavam a luz de fora. Ainda estava nevando, e a luz hesitante do pré amanhecer o mundo parecia inocente e sonhador. Era difícil imaginar que coisas tão horríveis como adolescentes sendo mortos e calouros mortos sendo reanimados pudesse acontecer lá fora. Eu fechei os olhos e inclinei minha cabeça contra a vidraça legal. Eu não queria pensar em nenhuma dessas coisas agora. Eu estava tão cansada... tão confusa... tão incapaz de bolar a resposta que eu precisava.
 
Minha mente adormecida vagou. Eu queria deitar, a mas a janela legal era boa contra a minha testa. Erik voltaria em menos de um dia. O pensamento me deu tanto dor de prazer e de culpa, o que, é claro, me fez pensar em Heath.
 
Eu provavelmente Imprinted nele. A idéia me assustava, mas também me seduzia. Seria tão horrível ficar emocionalmente e fisicamente ligada a um Heath sóbrio? Antes de conhecer Erik (ou Loren) minha resposta definitivamente seria não, não seria horrível. Agora não era o horror que me preocupava. Era o fato deu ter que esconder a relação de todos. É claro que eu podia mentir... a idéia passou como uma fumaça venenosa na minha mente super estressada. Neferet e até mesmo Erik que eu fui posta numa situação um mês atrás em que eu bebi o sangue de Heath – antes de saber qualquer coisa sobre ânsia de sangue e Imprint. Eu podia fingir que eu Imprint nele lá. Eu já tinha mencionado a possibilidade para Neferet. Talvez eu pudesse arranjar um jeito de continuar vendo tanto Heath quanto Erik...
 
Eu sabia que meus pensamentos eram errados. Eu sabia que ver os dois era desonesto tanto com Erik quando com Heath, mas eu estava tão dividida! Eu realmente estava começando a gostar de Erik, além do mais ele vivia no meu mundo e entendia os problemas da Mudança e de abraçar uma vida totalmente nova. Pensar sobre terminar com ele fazia meu coração doer.
 
Mas pensar sobre não ver Heath de novo, nunca provar o sangue dele de novo... me fez sentir como se eu estivesse tendo um ataque de pânico. Eu suspirei de novo. Se isso era ruim para mim, provavelmente era um zilhão de vezes pior para Heath. Afinal de contas,  faz um mês desde que o vi, e todo esse tempo ele tem carregado uma lamina em seu bolso só caso me encontrasse. Ele parou de beber e fumar por causa do que  tinha acontecido conosco. E ele estaria ansioso para se cortar e me deixar beber seu sangue. Lembrando, eu tremi, e não por causa da frieza da janela, na qual eu ainda pressionava minha testa. Desejo me fez tremer. O livro de Soc tinha descrito as razões por trás da ânsia por sangue em palavras lógicas e imparciais que nem começavam a representar a verdade.
 
Beber o sangue de Heath era incrivelmente excitante. Algo que eu queria fazer de novo e de novo. Logo. Agora, na verdade. Eu mordi meu lábio para me impedir de gemer enquanto pensava em Heath – a dureza do corpo dele e o incrível gosto do seu sangue.
 
E de repente enquanto parte da minha mente levantou, como uma sequencia tirada de uma grande história. Eu podia sentir aquela parte de mim procurando...caçando...rastreando... até que chegou em um quarto escuro e pairou em cima de uma cama. Eu suguei o ar. Heath!
 
Ele estava deitado de costas. O cabelo loiro dele estava desarrumado, o fazendo parecer um garotinho. Ok, qualquer um poderia achar que ele era totalmente lindo. Quero dizer, vampiros
eram conhecidos por serem incrivelmente lindos e charmosos, e até mesmo um vampiro iria admitir que Heath tinha uma alta pontuação na escala deles de beleza.
 
Como se ele pudesse sentir minha presença, ele se agitou no sono, virando sua cabeça e chutando para longe o cobertor que o cobria. Ele estava nu a não ser por uma boxer azul que tinha sapos verdes gordos. A visão deles me fez sorrir. Mas o sorriso congelou no meu rosto quando eu notei que eu agora podia ver a linha rosa que passava ao lado do pescoço dele.
 
Foi onde ele se cortou com a lamina e fez eu sugar o sangue dele. Eu quase podia sentir o gosto de novo – o calor e a riqueza, como chocolate derretido, só que um zilhão de vezes melhor.
 
Incapaz de me impedir, eu gemi, e no mesmo instante Heath gemeu no seu sono.
 
“Zoey...”ele murmurou sonhador, e se mexeu inquieto de novo. 
 
“Oh, Heath,” eu sussurrei. “Eu não sei o que fazer sobre nós.” Eu sabia muito bem o que eu queria fazer. Eu queria ignorar minha exaustão, entrar no meu carro, dirigir até a casa de Heath, entrar pela janela do quarto dele (não é como se eu não tivesse feito isso antes), abrir a ferida recém fechada em seu pescoço, e deixar o doce sangue dele passar por minha boca enquanto eu pressionava meu corpo contra o dele e fazia amor pela primeira vez na vida.
 
“Zoey!” Dessa vez os olhos de Heath abriram. Ele gemeu de novo e sua mão foi para o duro calombo em suas cuecas e ele começou a –
 
Meus olhos abriram e eu estava de volta em meu quarto com minha testa pressionada contra a janela, respirando com dificuldade.
 
Meu telefone tocou uma musica que dizia que eu tinha recebido uma mensagem. Minhas mãos tremiam enquanto eu o abria e lia: Eu te senti aqui. Prometa me encontrar na sexta.
 
Eu respirei fonte e respondi a Heath com duas palavras que fizeram meu estomago pular de excitação: Eu prometo.
 
Eu fechei o telefone e o desliguei. Então, forçando para longe a imagem de Heath com seu corte no pescoço, quente e desejoso, obviamente me querendo tanto quanto eu o queria, eu sai da janela e fui para cama. Inacreditavelmente, meu relógio me dizia que agora eram 8:27. Eu estive parada na janela por mais de duas horas! Não era de se surpreender que meu corpo estivesse tão duro e dolorido. Eu fiz uma nota mental para pesquisar mais sobre o Imprint e a conexão entre humano e vampiro na próxima vez que fosse para o media Center (que era melhor ser cedo). Antes deu desligar o abajur eu olhei para Stevie Rae.Ela estava virada de lado, suas costas para mim, mas sua respiração profunda me disse que ela ainda estava dormindo. Bem, pelo menos meus amigos não sabiam o quão viciada por sangue e excitada eu estava me tornado. 
 
Eu queria Heath. 
 
Eu precisava de Erik. 
 
Eu estava intrigada por Loren.
 
Eu não fazia idéia do que eu ia fazer com a bagunça que minha vida tinha se tornado. 
 Eu esmaguei meu travesseiro numa bola. Eu estava tão cansada que eu sentia que alguém tinha me drogado, mas minha mente não se calava. Quando acordasse ia ver Erik de novo e provavelmente Loren. Eu tinha que encarar Neferet. Eu iria fazer meu primeiro ritual para um grupo de garotos que provavelmente ficaram felizes por me ver falhar, ou pelo menos me envergonhar miseravelmente, e sempre havia a possibilidade das duas coisas aconteceram. Então tinha a estranheza de saber que eu vi o que só poderia ser o fantasma de Elliott se comportando de um jeito nada de fantasma. Sem mencionar outro adolescente humano que estava morto e parecia cada vez que um vampiro tinha algo a ver com isso.
 
Eu fechei os olhos e disse ao meu corpo para relaxar e minha mente para se concentrar em algo agradável, como... como... o quão linda a neve era...
 
Devagar, a exaustão tomou conta e finalmente, agradecida, eu cai em um sono profundo.
 
 
 
DEZENOVE
 
 
Alguém batendo na porta me acordou do sonho sobre gatos e flocos de neve.
 
“Zoey! Stevie Rae!Você vão se atrasar!” A voz de Shaunee parecia abafada mas urgente pela porta, como um alarme irritante coberto por uma toalha.
 
“Ok, ok, estou indo,” eu respondi enquanto tentava me livrar das cobertas com Nala reclamando alto. Eu olhei para meu alarme, que eu não me incomodei de programar para tocar. Quero dizer, não era como se fosse um dia de aula e eu normalmente não dormia mais de 8 ou 9 hora e –
 
“Diabos!” Eu pisquei. Claramente, eram 22:59. Eu dormi mais de 12 horas? Eu tropecei até a porta, parando para balançar a perna de Stevie Rae.
 
“Mumph,” ela murmurou adormecida.
 
Eu abri a porta. Shaunee estava olhando para mim.
 
“Por favor em ficar dormindo a droga do dia todo!Vocês duas tem que parar de ficar acordadas até tarde se não conseguem levantar. Erik vai se apresentar em meia hora.”
 
“Ah, diabos!” Eu esfreguei o rosto, tentando me forçar a acordar. “Eu esqueci disso.”
 
Shaunee virou os olhos. “É melhor você se apressar e se vestir. E colocar muita maquiagem nesse rosto pálido e fazer algo sobre esse seu cabelo. O namorado tem procurado por você.”
 
“Ok, ok. Merda! Estou indo. Eu encontro você e Erin –“
 
Shaunee levantou a mão, me cortando. “Por favor. Sempre te cobrimos. Erin está no auditório guardado lugares na primeira fileira enquanto falamos.”
 
“É você, mamãe? Eu não quero ir para escola hoje...” Stevie Rae murmurou, claramente não estando acordado.
 
Shaunee bufou.
 
“Vamos nos apressar. Vocês só guardem lugares para nós.” Eu fechei a porta e corri até Stevie Rae. “Acorde!” Eu chacoalhei o ombro dela. Ela fez um barulho e franziu para mim.
 
“Huh?”
 
“Stevie Rae, são 22 horas. Dormimos de mais e estamos ridiculamente atrasadas.”
 
“Huh?”
 
“Só acorde de uma vez!” Eu surtei, descontando minha frustração por ter dormido demais nela. 
 
“O que-“ Ela olhou para o relógio, e então pareceu finalmente entender. “Ohminhadeusa!Estamos atrasadas.”
 
Eu virei os olhos. “É o que eu estou tentando te dizer. Eu vou vestir algo e mexer no cabelo e fazer a maquiagem. É melhor você ir para o chuveiro.Você parece terrível.”
 
“Ok.” Ela se arrastou para o banheiro.
 
Eu pus uma jeans e um suéter preto, e então fui fazer cabelo e maquiagem. Eu não conseguia acreditar que tinha totalmente esquecido o fato de que Erik iria se apresentar seu monologo Shakesperiano que ele levou na competição. Na verdade, eu não estava preocupada com a colocação dele, o que não era da etiqueta de uma boa namorada. É claro não era como se eu não tivesse outras coisas na cabeça, mas ainda sim. Todos pensavam que eu era uma garota de sorte que tinha pego Erik depois que ele escapou da nojenta teia de aranha de Afrodite (e por teia quero dizer virilha).  Diabos, eu achava que tinha sorte de tê-lo, algo que era difícil lembrar quando eu estava sugando o sangue de Heath e flertando com Loren.
 
“Desculpe por dormir demais,Z.” Stevie Rae saiu do banheiro numa onda de vapor, a toalha enrolada em seu cabelo loiro curto. Ela estava vestida muito parecida comigo, e ela ainda devia estar meio adormecida porque ela parecia pálida e cansada. Ela deu um enorme bocejo e se esticou como um gato.
 
“Não, é minha culpa.” Eu me senti mal pelo jeito que eu surtei com ela. “Eu deveria saber que com o pouco que eu tenho dormido eu deveria ligar o alarme.” Eu suponho que não deveria estar surpresa por Stevie Rae não estar dormindo muito também. Ela é minha melhor amiga e definitivamente sabe quando eu estou super estressada.  Provavelmente nós duas precisávamos de um bom, longo sono como de um coma.
 
“Eu fico pronta num segundo. Eu só vou por um rímel e um gloss. Meu cabelo seca em dois segundos,” Stevie Rae disse.
 
Saimos em cinco minutos. Não havia tempo para o café da manha, saímos com pressa do quarto e praticamente corremos até o auditório. Sentamos nos lugares que Erin tinha guardado para nós assim que as luzes se apagaram, anunciando que havia 2 minutos antes do inicio do programa começar, e para as pessoas tomarem seus lugares.
 “Erik ficou aqui esperando por você até um segundo atrás,” Damien disse. Eu estava feliz por ver que ele estava sentado do lado de Jack. Os dois realmente faziam um bom casal.
 
“Ele está brabo?” eu perguntei.
 
“Eu diria que confuso é uma descrição melhor,” Shaunee disse.
 
“Ou preocupado. Ele parece preocupado também,” Erin acrescentou.
 
Eu suspirei. “Você não falou que dormi demais?”
 
“Daí a razão do porque ele estar preocupado, “Shaunne disse.
 
“Eu contei a ele sobre a morte dos seus dois amigos. Erik entende que tem sido difícil para você, e é por isso que ele está preocupado,” Damien disse, franzindo para Shaunee e Erin.
 
“Só estou diznedo; Z, Erik é muito gostoso para ser deixado de lado,” Erin disse. “Concordo, Gêmea,” Shaunee disse.
 
“Eu não – “ eu falei, mas as luzes me cortaram de novo. 
 
A professora de teatro, Professora Nolan, foi para o palco e passou um tempo explicando a importância dos atores serem treinados nos clássicos, e falou sobre o quão prestigioso era a competição de monólogos de Shakespeare que era para vampiros ao redor do mundo. Ela nos lembrou que cada uma das 25 House of Night espalhadas pelo mundo mandaram seus 5 competidores mais fortes, o que significa que era um total de 125 talentosos calouros que estavam competindo entre si.
 
“Jeesh, eu não fazia idéia que Erik tinha que competir contra tantas pessoas,” eu sussurrei para Stevie Rae.
 
“Erik provavelmente arrasou. Ele é incrível,” Stevie Rae respondeu. Então ela bocejou de novo e tossiu.
 
Eu franzi para ela. Ela parecia acabada. Como ela ainda podia estar cansada?
 
“Desculpe.” Ela sorriu com vergonha. “Eu tenho um sapo na garganta.” 
 
“Shhh!” As Gêmeas falaram juntas.
 
Eu voltei minha atenção de volta para a Prof. Nolan.
 
“O resultado da competição foi liberado hoje, quando todos os nossos estudantes voltaram para suas escolas. Eu irei anunciar a colocação de cada um dos nossos 5 finalistas e os apresentar. Cada uma vai apresentar seu monologo da competição. Eu não posso começar a dizer a vocês como estou orgulhosa do nosso time. Cada um deles fez um trabalho excepcional.” A prof. Nolan brilho de alegria. Então ela apresentou o primeiro a se apresentar, uma garota chamada Kaci Crump. Ela era uma quartanista que eu não conhecia muito bem porque no dormitório ela era quieta, embora ela parecesse ser legal. Eu não achava que ela fosse membro das Filhas Negras, e fiz uma nota mental de mandar um convite para ela se
juntar. A prof. Nolan anunciou tinha ficado na posição 52 na competição com seu monologo de Beatrice de Muito Barulho por Nada.
 
Eu achei que ela era boa, mas foi ultrapassada pela próxima, Cassie Kramme, uma quintanista que ficou na colocação 25. Ela apresentou o famoso discurso de Portia de O mercador de Veneza que começa com, “A qualidade da misericórdia não está estendida...” eu reconheci porque eu o escolhi como o monologo que eu memorizei no meu ano de novata na SIHS. Uh, a atuação de Cassie definitivamente arrasou. Eu também achava que ela não era membro das Filhas Negras. Huh. Parece que Afrodite não queria muita competição para ser a rainha do drama. Grande surpresa.
 
O próximo era um garoto que eu conhecia porque ele era amigo de Erik. Cole Clifton era alto, loiro, e totalmente lindo. Ele terminou em 22º com sua tradução do discurso “mas suave, que luz que por entre as janelas quebra...” de Romeu. Ok, ele era muito bom. Muito, muito bom. Eu ouvi Shaunee e Erin (especialmente Shaunee) fazerem muitos barulhos apreciativos, e a salva de palmas foi furiosa quando ele terminou. Huh... vou falar com Erik sobre arranjar Shaunee com Cole. Em minha opinião mais garotos brancos deveriam namorar garotas negras. Era bom para expandir o horizonte deles (especialmente com os garotos de Oklahoma).
 
Em falar de mulher de cor – a próxima a se apresentar foi Deino. Ela era uma mistura caia morto de cabelo-lindo-de-morrer e uma pele de um leve chocolate. Ela também fazia parte do circulo interior de Afrodite, ou costumava ser. Eu fui apresentada a ela no Ritual de Lua Cheia de Afrodite. Daino era uma das três melhores amigas de Afrodite. Elas se renomearam como as três irmãs mitológicas de Gorgon and Scylla: Deino, Enyo, Pempheredo. Tradução, os nomes significam Terrível, Pronta para Guerra e Vespa. 
 
Os nomes definitivamente se encaixavam. Elas eram odiosas, e vacas egoístas que tinham fugido de Afrodite durante o Ritual de Samhain, e até onde eu podia ver, não tinham se falado desde então. Ok, Afrodite tinha feito merda, e ela definitivamente era de ser temida, mas eu podia fazer merda e ser uma vadia e eu não acho que Stevie Rae,as Gêmeas, ou Damien iriam se afastar de mim. Ficar fulos comigo – sim, definitivamente. Dizer que perdi a cabeça – é claro. Mas se afastar – de jeito nenhum.
 
Professora Nolan apresentou Daino,  dizendo que ela terminou nun incrível 11º, e então Deino começou o monologo da morte de Cleopatra. Eu tenho que admitir ela era boa. Muito boa. Vendo ela eu fiquei tão deslumbrada com o talento dela que comecei a me perguntar o quanto do odioso comportamento dela tinha sido influencia de Afrodite. Desde que eu assumi as Filhas Negras nenhum dos amigos próximos de Afrodite causou nenhum problema. Na verdade, agora que eu pensei sobre isso, eu percebi que Terrível, Pronta para Guerra e Vespa estavam sendo discretas. Huh.Bem, eu disse que queria incluir alguém do circulo de Afrodite em meu Conselho de Prefeitos. Talvez Deino fosse a escolha certa. Eu posso perguntar a Erik sobre ela. Com Afrodite fora do poder eu poderia dar a chance a Deino (assim como sinceramente desejar que o nome dela não fosse tão perturbador).
 
Eu ainda estava considerando como contar a meus amigos (que também eram meus Prefeitos) que eu estava pensando em convidar Terrível para nosso Conselho quando a Prof. Nola retornou para o palco e esperou pela audiência se aquietar. Quando ela começou a falar seus olhos brilharam de excitação e pareciam prontos para explodir.Eu senti um pouco de adrenalina passar por mim. Erik tinha terminado entre os 10 primeiros!
 
“Erik Night é o ultimo a se apresentar. Ele tem um incrível talento desde o dia em que foi Marcada 3 anos atrás. Eu estou orgulhosa de ser sua professora e mentora,” ela disse,
brilhando. “Por favor dêem a ele uma boas vindas de herói que ele merece por ter tirado primeiro lugar na Competição Internacional de Monólogos de Shakespeare!”
 
O auditório explodiu quando Erik entrou, sorrindo, no palco. Eu mal podia respirar. Como eu posso ter esquecido o qual lindo ele é? Alto – mais alto que Cole – cabelos pretos com um adorável corte de Superman, e olhos azuis tão brilhantes que eram como olhar para o céu no verão. Como os outros que se apresentaram, ele estava vestido de preto, com a insígnia de quintanista de Nyx no seu peito do lado esquerdo como a única coisa que quebrava a cor escura. E, vou te contar, ele fazia o preto parecer bom.
 
Ele andou até o centro, parou, sorriu diretamente (e obviamente) nos meus olhos, e piscou para mim. Ele era tão gostoso que eu achei que fosse morrer. Então ele curvou a cabeça e quando voltou ele não era o velho Erik Night de 18 anos, vampiro calouro, quintanista na House of Night, mais. De alguma forma, na frente dos meus olhos, ele se tornou o guerreiro Moorish que estava tendo explicar para um salão cheio de incrédulos o quanto a princesa Venetian tinha se apaixonado por ele, e ele por ela. 
 
“O pai dela me ama; frequentemente me convida;
 
Ainda questiona a história da minha vida
 
De ano a ano, as batalhas, cercos, fortunas
 
Que eu passei.”
 
Eu não podia tirar os olhos dele, assim como ninguém no auditório enquanto ele se transformou em Othello. Eu também não consegui me impedir de comparar ele com Heath. Do seu jeito, Heath era tão talentoso e sucedido quanto Erik. Ele era um quarterback do Broken Arrow, com uma futura faculdade incrível e talvez ate mesmo futebol profissional no seu futuro. Heath era um líder. Erik era um líder. Eu cresci vendo Heath jogar bola, tinha ficado orgulhosa dele, e tinha torcido por ele. Mas nunca fiquei aterrada com o talento dele como eu ficava pelo de Erik. E a única vez que Heath me fez sentir como eu não pudesse respirar foi quando ele cortou sua pele e ofereceu seu sangue para mim.
 
Erik pausou seu monologo, e se moveu mais para frente até estar parado na ponta do palco, tão perto que se eu levantasse eu poderia tocar ele. Então ele olhou nos meus olhos e completou o discurso de Othello para mim, como se fosse a ausente Desdemona enquanto ele falou:
 
“Ela deseja que não tivesse ouvido, ainda sim ela deseja
 
O paraíso q fez tal homem; ela me apavora,
 
E me deseja, se eu tivesse um amigo que a deseja, 
 
Eu deveria ensinar a ele como contar minha história, 
 
E isso a cortejaria.
 
Com essa dica eu digo:
 
Ela me amou devido aos perigos que passei, 
 E eu amo que ela não os menospreze. “
 
Erik tocou seus dedos em seus lábios, então estendeu sua mão para mim como se fosse para oferecer um beijo formal, e então pressionou seus dedos em cima do coração e se curvou. A audiência irrompeu em de pé aplausos. Stevie Rae ficou feliz do meu lado, limpando as lagrimas e rindo.
 
“Isso foi tão romântico que eu quase fiz xixi nas calças,”ela gritou.
 
“Eu também!” eu ri.
 
E então a Prof. Nolan voltou para o palco, terminando as apresentação e direcionando todos para a recepção com vinho e queijo que estava arrumada no lobby.
 
“Vem, Z,” Erin disse, agarrando uma das minhas mãos.
 
“Yeah, vamos ficar com você porque aquele amigo de Erik que interpretou Romeu é incrivelmente gostoso,” Shaunee disse quando agarrou minha outra mão. As Gêmeas começaram a passar pela multidão, gritando com os garotos que andavam devagar como buzinas um pequeno barco. Eu olhei sem poder fazer nada para Damien e Stevie Rae. Claramente eles teriam que se virar. As Gêmeas eram uma força além do controle.
 
Nós disparamos para a ponta da multidão tentando sair do auditório como três rolhas vindo a superfície. E de repente Erik estava ali, entrando no lobby pela entrada dos atores. Nossos olhos se encontraram e ele instantaneamente parou de falar com Cole e foi direto na minha direção.
 
“Mmm,mmm,mmm. Ele é totalmente ótimoooo,” Shaunee murmurou.
 
“Como sempre, estamos em completo acordo, Gêmea,” Erin suspirou sonhadora. 
 
Eu não podai fazer nada a não ser ficar ali e sorrir como uma idiota enquanto Erik nos alcançava. Com uma faísca muito travessa nos olhos ele pegou minha mão, a beijou, e então fez uma reverencia e proclamou em sua voz de ator que foi carregada ao redor do salão, “Olá, minha doce Desdemona.”
 
Eu senti minhas bochechas ficarem quentes, e eu ri. Ele estava me colocando em seus braços, mas de uma forma muito adequada para o publico quando eu ouvi uma odiosa risada familiar. Afrodite, parecendo incrível em sua saia curta, botas de cano longo, e um suéter esquivo, estava rindo enquanto (na verdade, ela rebolava mais do que andava – quero dizer, a garota podia balançar a bunda) passava por nós. Por cima do ombro de Erik eu encontrei os olhos dela e, com uma voz suave que teria soado amigável se não estivesse saindo da boca dela ela disse, “se ele está te chamando de Desdemona, então sugiro que você tenha cuidado. Se sequer parecer que você está traindo ele, ele vai te estrangular na sua cama. Mas você nunca trairia ele, trairia?” Então ela virou seu longo,  e perfeito cabelo loiro e se afastou.
 
Ninguém disse nada por um segundo, então as Gêmeas, ao mesmo tempo, falaram, “Problemas. Ela tem problemas,” e então todo mundo riu.
 
Todos menos eu. Tudo o que eu podia pensar era o fato de que ela tinha visto Loren e eu no media Center, e que definitivamente podia parecer que eu estava traindo Erik. Ela estava me
avisando que ia contar a Erik? Ok, eu não estava preocupada com ele me estrangulando na minha cama, mas ele acreditaria nela? E também, Afrodite muito-perfeita aparição me lembrou que eu estava usando um jeans amassado e um suéter colocado com pressa. Meu cabelo e maquiagem definitivamente pareceram melhores. Na verdade, eu acho que ainda tenho a marca de um travesseiro na bochecha. 
 
“Não deixe ela te atingir,”Erik disse gentilmente.
 
Eu olhei para ele. Ele estava segurando minha mão e sorrindo para mim. Eu mentalmente me chacoalhei. “Não se preocuep, ela não vai,” eu disse brilhantemente. “De qualquer forma, quem se importa com ela? Você ganhou a competição! Isso é incrível, Erik. Estou orgulhosa de você!” Eu abracei ele, adorando o cheiro limpo dele e o como a altura dele me fazia sentir pequena e delicada. E então nosso pequeno bolso de privacidade desapareceu conforme mais e mais pessoas saíam do auditório.
 
‘Erik, é tão legal que você ganhou!” Erin disse. “Mas não é nenhuma surpresa. Você definitivamente arrasa no palco.”
 
“Totalmente. Assim como o amigo ali.” Shaunee acenou com o queixo em direção de Cole. “Ele é um Romeo ótimo.”
 
Erik riu. “Vou dizer a ele o que você disse.”
 
“Você também pode dizer a ele que se ele quiser uma açúcar marrom como sua Julieta ele não precisa olhar mais longe do que bem aqui.” Ela apontou para si e mexeu nos lábios
 
“Gêmea, se Julieta fosse negra eu não acredito que as coisas tivessem tido um final tão ruim entre ela e Romeo. Quero dizer, nós teríamos mostrado mais senso do que beber aquela poção para dormir e passar por todo o drama só por causa de um problema com os pais.”
 
“Exatamente,” Shaunne disse.
 
Nenhum de nós disse o obvio – que Erin,  com seu cabelo loiro e olhos azuis, definitivamente NÃO ERA NEGRA. Estamos muito acostumados com ela e Shaunee serem tão parecidas para questionar a estranheza delas.
 
“Erik, você foi incrível!” Damien se apressou com Jack o seguindo logo atrás.
 
“Parabens,” Jack disse envergonhado, com definitivamente com entusiasmo. 
 
Erik sorriu para eles. “Obrigado, gente. Hey, Jack. Estava muito nervoso antes da apresentação para dizer que estou feliz que esteja aqui. Serei um bom colega de quarto.”
 
O rosto fofo de Jack se iluminou, e eu apertei a mão de Erik. Essa era um das razões do porque eu gostava tanto dele. Além de ser lindo e alto, Erik era um cara autentico. Havia muitos caras na posição dele (ridiculamente popular)  que teriam ou ignorado esse colega de quarto terceiranista, ou, pior, ficaria visivelmente fulo por ter que dividir um quarto com um “bicha.” Erik não era assim, e eu não pude impedir de o comparar com Heath, que provavelmente teria surtado por ter que dividir um quarto com um garoto gay. Não que Heath odiasse ou algo assim, mas ele era um adolescente Okie típico, que tende a ter uma mente pequena sobre homofobia. O que me fez perceber que nunca perguntei a Erik de onde ele era. Jeesh, eu era uma namorada horrível.
 “Você me ouviu, Zoey?”
 
“Huh?” A pergunta de Damien calou minha tagarelice interior, mas não, eu não o ouvi. 
 
“Olá! Terra para Zoey! Eu perguntei se você percebeu que horas são. Você lembra que o Ritual da Lua Cheia começa a meia noite?”
 
Eu olhei para o relógio na parede. “Ah, diabos!” Era 23:05. Eu ainda precisava trocar de roupa e então ir até o salão de recreação, acender as velas do circulo, me certificar que as 5 velas dos elementos estivesse no lugar, e ver a mesa da deusa. “Erik, sinto muito, mas tenho que ir. Tem um milhão de coisas para fazer antes do ritual começar.” Eu fiz contato com visual com cada um dos meus amigos. “Vocês tem que vir comigo,” Eles acenaram como a cabeça de uma boneca. Eu me virei para Erik. “Você vai no ritual, não vai?”
 
“Sim. E isso me lembra. Eu te comprei algo em Nova Iorque. Peraí só um segundo, que eu vou pegar.”
 
Ele se apressou de volta para a entra dos atores no auditório.
 
“Eu juro que ele é bom demais para ser verdade, “Erin disse.
 
“Vamos esperar que o amigo dele seja como ele,” Shaunee disse, mandando um sorriso de flerte para Cole, que eu notei que ele respondeu.
 
“Damien, você pegou o eucalipto e salva para mim?” Eu já estava me sentindo nervosa. Diabos! Eu deveria ter comido. Meu estomago estava vazio como uma caverna só esperando para se apertar.
 
“Não se preocupe, Z. Eu peguei o eucalipto e até o atei junto com a salva para você,” Damien disse.
 
“Tudo será perfeito,você vai ver,”Stevie Rae disse. “Yeah, você não precisa ficar nervosa,” Shaunee disse.
 
“Estaremos lá com você,” Erin disse.
 
Eu sorri para eles, incrivelmente feliz por eles serem meus amigos. E então Erik voltou. Ele me entregou uma caixa branca que ele estava carregando. Eu hesitei antes de ouvir o que Shaunee disse, “Z, se você não abrir, abro eu.”
 
“Pode ter certeza.” Erin disse.
 
Ansiosa, eu tirei o laço decorativo que o mantinha fechado, e abri a tampa, e arfeit (junto com todo mundo que estava perto para ver). Dentro da caixa estava o vestido mais lindo que eu já vi. Era preto, mas tecido num material com pequenas particular metálicas de prata, para que sempre que a luz o tocasse, ele brilhasse e reluzisse como as estrelas da noite.
 
“Erik, isso é lindo.” Eu soei engasgada porque eu estava tentando não fazer papel de boba e começar a chorar. 
 
“Eu queria que você tivesse algo especial para o seu primeiro ritual como líder das Filhas Negras,” ele disse.
 
Nos abraçamos de novo antes dos meus amigos e eu termos que nos apressar até o salão de recreação. Eu apertei o vestido contra o meu perito e tentei não pensar sobre o fato de que enquanto Erik estava me comprando um presente incrível eu estive ou sugando o sangue de Heath ou flertando com Loren. E enquanto eu tentava não pensar nisso, eu tentei ignorar a voz culpada dentro da minha cabeça que ficava dizendo, de novo e de novo, Você não merece ele... você não merece ele.... você não merece ele...
 
 
 
 
VINTE
 
 
 
“Shaunee,Erin, e Stevie Rae – vocês começam a acender as velas. Damien, se você colocas as velas coloridas em posição vou me certificar que tudo esteja pronto na mesa da Nyx.”
 
“Fácil –“ Shaunee disse
 
“Fácil,” Erin completou.
 
“Japonês,” Stevie Rae acrescentou, fazendo as Gêmeas virarem os olhos.
 
“As velas de elementos ainda estão no deposito?” Damien perguntou.
 
“Yep,” eu respondi enquanto ia para a cozinha. Eu estava feliz por já ter arrumado uma grande travessa de frutas, queijos, e carnes para a mesa de Nyx. Eu precisava apenas pegar uma garrafa de vinho do refrigerador, e arrumar o arranja no mesa colocada no centro de um enorme circulo feito de velas brancas. A mesa tinha uma taça ornamentada peça, assim como uma linda estatueta da deusa, junto com,um elegante isqueiro, e a vela que representava espírito, o ultimo elemento que eu ia chamar na circulo. A mesa simbolizava a riqueza das bênçãos que Nyx da a seus filhos, vampiros e calouros. Eu gostei de arrumar a mesa da deusa. Me deixou clama, algo que eu precisava muito essa noite. Eu arranjei a comida e o vinho, e repassei na mente as palavras para o ritual que eu ia usar – olhar para o relógio e meu estômago se apertou – 15 minutos. Calouros já estavam começando a vir na sala de recreação, mas estão sendo submissos e esperam nos cantos do grande sala em grupos enquanto eles observam as Gêmeas e Stevie Rae acender as velas brancas que estavam na circunferência do circulo. Talvez eu não fosso a única nervosa por causa de hoje a noite. Era uma grande mudança liderar as Filhas Negras. Afrodite era a líder a 2 anos, e nesse tem o grupo  se tornou faccioso e esnobe, onde calouros que não faziam “parte” da multidão eram gozados.
 
Bem, as coisas mudaram hoje a noite.
 
Eu olhei para meus amigos. Todos nos apresamos para mudar de roupa antes de vir para a sala de recreação, e todos tinham escolhido usar preto para manter o tema do incrível vestido que Erik me deu. Eu me olhei um zilhão de vezes. O vestido era simples, mas perfeito. Tinha uma gola redonda que era baixa, mas não baixa o do estilo vadio do vestido que Afrodite usou no seu ritual. Era de manga comprida e marcava meu corpo até a cintura, e dali caia em grandes
ondas até o chão. As partículas prateadas reluziam com a luz sempre que eu me mexia.O que também reluzia sempre que eu me mexia era o colar prateado ao redor do meu pescoço. Cada Filha e Filho Negro tinha um colar similar, com duas exceções – minhas três luas tinham granada incrustada, e o meu era o colar que foi exatamente o mesmo colar que foi encontrado no corpo de um adolescente humano. Ok, não era exatamente o meu colar que tinha sido encontrado. Era como o meu. Exatamente igual ao meu.
 
Não. Eu não ia pensar em coisas negativas hoje a noite. Eu iria me concetrar apenas em coisas boas, e em me preparar para liderar meu primeiro ritual publico. Damien voltou para a sala principal com uma grande travessa em que ele balançava as 4 velas que representavam cada elemento: amarelo para ar, vermelho para o fogo, azul para água, e verde para terra. Eu já tinha posto a vela púrpura para o espírito em cima da mesa de Nyx. Eu sorri e pensei em qual maravilhosos meus amigos pareciam, vestidos de maneira chique em preto com seus colares prateados das Filhas Negras. Stevie Rae já tinha tomado seu lugar no circulo onde a terra deveria ficar. Damien entregou a ela a vela verde. Eu estava observando eles, então não houve erro no que eu vi. Quando Stevie Rae tocou sua vela, os olhos dela se alargaram e ela deixou escapar um estranho som que era uma mistura entre um grito e um engasgo. Damien deu um passo tão apressado que ele teve que equilibrar as outras velas para impedir elas de cair.
 
“Você sentiu?” A voz de Stevie Rae soava estranha, apresada e amplificada. 
 
Damien parecia abalado, mas ele acenou e disse, “Yeah, e eu também senti o cheiro.”
 
Os dois viraram para olhar para mim.
 
“Uh, Zoey, você pode vir aqui um segundo?” Damien perguntou. Ele soava normal de novo, e se eu não tivesse vendo o que tinha acontecido entre os dois eu teria achado que nada demais estava acontecendo a não ser que talvez eles precisassem de ajuda com as velas.
 
Mas eu tinha visto,que foi o porque deu não ter gritado no centro do circulo para perguntar o que eles queriam. Ao invés disso eu me apressei até eles e mantive a voz baixa. “O que está acontecendo?”
 
“Conte a ela,” Damien disse para Stevie Rae.
 
Ainda com os olhos bem espantados, assustada, e mais do que um pouco pálida, Stevie Rae disse, “Você consegue sentir o cheiro?”
 
Eu franzi. “Cheiro? O que –“E então eu senti o cheiro – grama recém cortada, mel, e algo mais que eu juro me lembrava o cheiro da terra recém lavrada na fazenda da vovó.
 
“Eu sinto,” eu disse hesitantemente, me sentindo confusa. “Mas eu não chamei a terra para o circulo.” Minha afinidade, ou poder, dada por Nyx me dava a habilidade de materializar os 5 elementos. Mesmo depois de um mês, eu não tinha certeza do que envolvia todo aquele poder, mas uma coisa que eu sabia era que quando eu lançava um circulo e chamava cada um dos elementos, todos se manifestavam de forma física. O vento me envolvia quando eu chamava o ar. Fogo fazia minha pele brilhar de calor (e, francamente, me fazia suar). Eu podia sentir a frieza do mar quando eu evocava a água. E quando eu chamava a terra para o circulo eu sentia o cheiro de coisas da terra e até mesmo grama de baixo dos meus pés (mesmo usando sapatos, o que era realmente estranho).
 
Mas, como eu disse, eu não tinha começado a lançar o circulo, então não tinha chamado nenhum elemento, ainda sim Stevie Rae, Damien, e eu estávamos claramente sentindo o cheiro de coisas da terra.
 
Então Damien sugou o ar e o rosto dele se tornou um enorme sorriso. “Stevie Rae tem uma afinidade pela terra!”
 
“Huh?” eu disse brilhantemente.
 
“De jeito nenhum,” Stevie Rae disse.
 
“Tente isso,” Damien continuou, sua excitação crescendo a cada segundo. “Feche seus olhos, Stevie Rae, e pense sobre a terra.” Ele olhou para mim. “Você não pense.”
 
“Ok,” eu disse rapidamente. A excitação dele era contagiosa. Seria fantástico se Stevie Rae tivesse uma afinidade pela terra. Ter a afinidade com um elemento era um poderoso dom dado por Nyx, e eu definitivamente iria amar se minha melhor amiga fosse abençoada dessa forma por nossa deusa.
 
“Ok.” Stevie Rae soava sem fôlego, mas ela fechou os olhos.
 
“O que está acontecendo?” Erin disse.
 
“Porque ela está de olhos fechados?” Shaunee disse. Então ela cheirou o ar. “E porque está cheirando a feno por aqui? Stevie Rae, eu juro que se você estiver usando algum perfume rústico eu vou bater em você. “
 
“Shhh!” Damien pos o dedo nos lábios e a mando se calar. “Achamos que Stevie Rae pode ter desenvolvido uma afinidade pela terra.”
 
Shaunee piscou. “Nuh uh!”
 
“Huh,” Erin disse.
 
“Eu não consigo me concentrar com vocês falando,” Stevie Rae disse, abrindo os olhos e encarando as Gêmeas.
 
“Desculpe,” elas murmuram.
 
“Tente de novo,” eu a encorajei.
 
Ela acenou. Então ela fechou os olhos e se enrugou se concentrado enquanto pensava sobre a terra. Eu não pensei sobre isso, o que foi difícil porque em alguns segundos o ar estava cheio com o cheiro de grama recém cortada, e flores, e eu até podia ouvir passaras cantando feito loucos e –
 
“Ohmeudeus! Stevie Rae tem uma afinidade pela terra!” eu gritei. Os olhos  de Stevie Rae se abriram e ela cobriu a boca com as duas mãos, parecendo chocada e excitada.
 
“Stevie Rae, isso é incrível!” Damien disse, e em um segundo tidis nós estavamos dando os parabéns e abraçando ela enquanto ela chorava lagrimas de alegria.
 
E então aconteceu. Eu tive um dos meus pressentimentos. E dessa vez (graças a Deus) era um bom.
 
“Damien, Shaunne, Erin – eu quero que vocês tomem seus lugares no circulo.” Eles me deram olhares questionadores, mas devem ter reconhecido meu tom de voz porque instantaneamente fizeram o que eu pedi. Eu não era a chefe deles exatamente, mas meus amigos respeitavam que eu estava treinando para algum dia ser a Alta Sacerdotisa, então eles obedientemente foram para seus lugares no circulo que eu tinha apontado para cada um deles quando só éramos nos cinco, e eu estava lançando um circulo para tentar descobrir se eu realmente tinha uma afinidade, ou se só tinha pouco senso e uma bela imaginação.
 
Quando eles tomaram seus lugares eu olhei ao redor para os garotos que já estavam na sala de recreação. Eu definitivamente ia precisar da ajuda de fora. Então Erik entrou na sala com Jack, e eu ri e fiz menção para eles virem até mim.
 
“O que foi,Z? Você parece que vai explodir,” Erik disse, e então ele baixou a voz, e no meu ouvido disse, “E você está linda nesse vestido tanto quanto achei que ficaria.”
 
“Obrigada,eu o adoro!” Então eu dei um rápido giro que era meio de flerte com Erik, e parcialmente pura felicidade pelo que eu tinha quase certeza que ia acontecer. “Jack, você por favor pode ir até Damien pegar a bandeja de velas que ele está segurando e trazer elas aqui no meio do circulo?”
 
“Yep,” Jack disse e correu para fazer o que eu pedi. Ok, ele não correu de verdade, mas foi bem alegrinho.
 
“O que está acontecendo?” Erik perguntou.
 
“Você vai ver.” Eu ri, mal capaz de suprimir minha excitação.
 
Quando Jack voltou com as velas eu pus a bandeja na mesa de Nyx. Eu me concentrei por um segundo, e decidi que meus instintos diziam que fogo era a escolha certa. Então eu peguei a vela vermelha e a entreguei a Erik. “Ok, eu preciso que você entregue essa vela para Shaunee.”
 
Erik enrugou a testa. “Só levar até ela?”
 
“Yeah. Entregue para ela e preste atenção.”
 
“No que?”
 
“Eu prefiro não dizer.”
 
Ele deu nos ombros e me deu um olhar que dizia que mesmo que ele me achasse gostosa ele também achava que eu tinha perdido a cabeça, mas ele fez o que eu pedi e andou até Shaunee que estava parada na parte sul do circulo – a área que eu chamava do elemento do fogo. Ele parou na frente dela. Shaunee olhou para mim.
 
“Pegue a vela dele,” eu falei para ela, me concentrado em quão lindo Erik parecia para não pensar em fogo.
 
Shaunee deu nos ombros. “Ok,” ela disse.
 
Ela pegou a vela vermelha de Erik. Eu estava observando ela atentamente, mas não era necessário. O que aconteceu foi tão obvio que vários garotos parados ao redor do lado de fora do circulo arfaram com Shaunee. No instante que a mão dela tocou a vela houve um barulho de whooosh. Seu longo cabelo preto começou a levantar e a se quebrar como se estivesse cheio de eletricidade estática, e sua linda pele chocolate brilhou como se tivesse sido acessa por dentor.
 
“Eu sabia!” eu disse, praticamente pulando pra cima e pra baixo de excitação.
 
Shaunee olhou para seu corpo brilhando e encontrou meus olhos. “Eu estou fazendo isso, não estou?”
 
“Você está!”
 
“Eu tenho uma afinidade pelo fogo!”
 
“Sim, você tem!” Eu gritei feliz.
 
Eu ouvi vários oohs e ahhs de todos parados na multidão, mas eu não tinha tempo para eles agora. Seguindo meu instinto eu apontei para Erik voltar para o centro do circulo, o que ele fez com um enorme sorriso no rosto.
 
“Essa pode ser a coisa mais legal que eu já vi,” ele disse.
 
“Só espere. Se eu estiver certa, e eu acho que estou, tem mais.” Eu dei a ele a vela azul. “Agora leve essa para Erin.”
 
“Seu desejo é uma ordem,” ele disse com uma reverencia. Se mais alguém se curvasse daquele jeito em publico teria parecido idiota. Erik parecia super quente – parte cavalheiro, parte pirata bad boy. Eu estava pensando sobre o quão gostoso Erik era quando Erin e Shaunee fizeram dois guinchos gêmeos de felicidade quase ao mesmo tempo.
 
“Olhe para o chão!” Erin estava apontando para o chão de azulejo da sala de recreação. Em uma area circular ao redor dela estava se ondulando e parecia estar se enrolando contra os pés dela, embora nada realmente estivesse molhado, fazendo parecer que Erin estava parada no meio de uma costa oceânica fantasma. Então ela me olhou com seus olhos azuis que brilhavam . “Oh, Z! Água é minha afinidade!”
 
Eu ri para ela. “Sim, é!”
 
Erik voltou para mim. Dessa vez eu nem tive que pedir para ele pegar a vela amarela.
 
“Damien, certo?” ele disse.
 
“Totalmente certo.”
 
Ele foi até Damien, que estava parada na parte leste do circulo onde o elemento do ar deveria se manifestar. Erik ofereceu a vela amarela para  Damien. Damien não a tocou. Ao invés disso, ele olhou para mim por cima de Erik. O garoto parecia assustado.
 
“Está tudo bem, vá em frente e pegue,” eu disse a ele.
 
“Tem certeza que vai ficar tudo bem?” Ele olhou nervoso ao redor para o que agora era uma enorme multidão de calouros que assistiam com expectativa.
 
Eu sabia o que estava errado. Damien estava com medo de falhar, que ele não receberia a mágica que estava acontecendo com as garotas. Na aula de sociologia aprendemos que é incomum um dom tão forte como uma afinidade por um elemento ser dada a um homem. Nyx dava dons a homens com uma força excepcional, e a afinidade deles normalmente tem a ver com o físico, como Dragon, nosso instrutor de esgrima, que tinha o dom de uma excepcional rapidez e uma visão precisa.Ar era definitivamente uma afinidade feminina, e não seria nada menor que incrível para Nyx dar o dom a Damien da afinidade com o ar. Mas eu tinha um calmo sentimento de felicidade dentro de mim. Eu acenei para Damien e tentei passar minha confiança para ele.”Tenho certeza. Ficarei ocupada pensando no quão fofo Erik é enquanto você chama o ar,” eu disse.
 
Enquanto Erik ria por cima do ombro para mim Damien respirou fundo, e parecendo como se tivesse que agarrar uma bomba, ele pegou a vela de Erik.
 
“Soberbo! Glorioso! Fantastico!” Damien usava seu vocabulário enquanto seu cabelo marrom levantava e suas roubas voavam pelo vendo repentino que o cercou. Quando ele me olhou de novo lagrimas de felicidade estavam caindo pelas bochechas dele. “Nyx me deu um dom. Eu,” ele anunciou cuidadosamente, e eu sabia o que ele estava dizendo naquela palavra – que ele percebeu que Nyx o achava digno mesmo que seus pais não achassem, e mesmo que na maior parte da sua vida as pessoas tenham gozado dele porque ele gosta de caras. Eu tive que piscar com força para me impedir de chorar feito bebê.
 
“Sim, você,” eu disse firmemente.
 
“Seus amigos são espetaculares, Zoey.” A voz de Neferet foi carregada pelo barulho de excitação dos garotos que agora estavam indo em direção aos 4 novos talentos descobertos. 
 
A Alta Sacerdotisa estava parada dentro da entrada do salão de recreação, e eu me perguntei a quanto tempo ela estava ali. Eu pude ver que haviam alguns professores com ela, mas eles estavam nas sombras da porta e era difícil dizer quem eram exatamente. Ok. Você pode fazer isso. Você pode encarar ela. Eu engoli com força e forcei meus pensamentos a se focarem em meus amigos e o milagre que tinha acabado de acontecer com eles.
 
“Sim, meus amigos são espetaculares!” Eu concordei entusiasmada.
 
Neferet acenou. “É o certo que Nyx, com sua sabedoria, tenha te dado um dom, uma caloura com poderes tão incomuns, e para um grupo de amigos que também são abençoados com poderes impressionantes.” Ela dramaticamente ergueu os braços. “Eu prevejo que esse grupo de calouros ira fazer história. Nunca antes tanto foi dado para tantos ao mesmo tempo e lugar.” O sorriso dela incluiu todos nós e ela realmente parecia uma mãe amorosa. Eu teria sido pega como todos os outros pelo seu calor e beleza se não tivesse sido pela visão da fina linha vermelha no seu corte que ainda estava se curando que estava em seu ante braço. Eu tremi e forcei meus olhos e pensamentos da evidencia de que o que eu tinha testemunhado definitivamente não tinha sido um fragmento da minha imaginação.
 
Uma boa coisa, também, porque Neferet virou sua atenção para mim.
 
“Zoey, eu acredito que essa é a hora perfeita para anunciar seu plano para as Filhas e Filhos Negros.” Eu abri minha boca para começar a explicar o que eu tinha em mente (embora eu
tenha planejado anunciar as mudanças que eu queria fazer depois de lançar o circulo e dar aos ‘velhos’ membros algumas provas de que eu tinha recebido um dom de Nyx), mas ninguém prestou atenção em mim. A atenção de todos estavam em Neferet enquanto ela entrou na sala e parou não muito longe de Shaunne para que a manifestação da minha amiga do fogo acendesse a Alta Sacerdotisa como um holofote feito de chamas. Com a mesma poderosa e sedutora voz que ela usava durante os rituais, Neferet falou. Só que dessa vez ela estava usando minhas palavras – minhas idéias.
 
“Está na hora das Filhas Negras ter uma fundação. Foi decidido que Zoey Redbird ira começar uma era e uma nova tradição com sua liderança. Ela ira formar um Conselho de Prefeitos, composto por vários calouros,  no qual ela seria a líder. Os outros membros do conselho serão Shaunee Cole, Erin Bates,Stevie Rae Johnson, Damien Maslin, e Erik Night. Havera mas um Prefeito a ser escolhido do antigo circulo de amizade de Afrodite para representar meu desejo por união entre os calouros.”
 
O desejo dela? Eu cerrei os dentes e tentei encontrar meu lugar feliz enquanto Neferet parou para deixar morrer os sons gerais de felicidade (que incluíram as Gêmeas, Stevie Rae,Damien, Erik, e Jack, batendo palmas). Jessh. Ela estava fazendo parecer que ela era responsável pelas idéias que eu pesquisei por semanas!
 
“O Conselho de Prefeitos será responsabilidade do novo grupo de Filhas e Filhos Negros, que inclui ter certeza de que desse dia em diante os membros terão de seguir as seguintes idéias: eles devem ser autênticos pelo ar; eles devem ser fieis pelo fogo; eles devem ser sábios pela água; eles devem ser empáticos pela terra; e eles devem ser sinceros pelo espírito. Se as Filhas e Filhos negros não seguirem esses novos ideais, será responsabilidade os Prefeitos do Conselho decidir uma penalidade, que pode incluir expulsão do grupo.” Ela parou de novo, e eu percebi o quão sérios e prestando atenção todos estavam, que era a reação que eu esperava para quando eu fizesse esse anuncio durante o Ritual da Lua Cheia. “Eu também decidi que nossos calouros devem se envolver mais na comunidade. Afinal de contas, ignorância gera medo e ódio. Então eu quero que as Filhas e Filhos Negros comecem a trabalhar com caridade local. Depois de muita consideração eu decidi que a organização perfeita seria os Gatos de Rua, o resgate para gatos de rua.”
 
Houve risadas por causa disso, que foi a reação que Neferet teve quando eu disse a ela minha decisão para fazer as Filhas Negras se envolverem com caridade Eu não conseguia acreditar que Neferet estava pegando o credito por tudo que eu tinha dito a ela na noite no jantar.
 
“Eu vou deixar vocês agora. Esse é o ritual de Zoey, e só estou aqui para mostrar meu apoio para meus calouros talentosos.” Ela me deu um sorriso gentil, que eu me fiz retornar. “Mas primeiro eu tenho um presente para o novo Prefeito do Conselho.” Ela bateu as mãos e 5 vampiros homens que eu nunca vi antes saíram das sombras da entrada. Eles estavam carregando o que parecia um grosso azulejo retangular que devia ter 30 centímetros de largura e uns 10 centímetros de espessura. Eles o colocaram no chão perto dos pés dela e desapareceram pela porta. Eu encarei as coisas. Eram de uma cor creme e pareciam estar molhados. Eu não fazia idéia do que eram. A risada de Neferet passou ao nosso redor, fazendo meus dentes cerrarem. Mais ninguém achava que ela soava totalmente protetora?
 
“Zoey, estou chocada por não reconhecer sua própria idéia!”
 
“Eu – não. Eu não sei o que são,” eu disse.
 
“São quadrados de cimento molhado. Eu lembrei que você me disse que queria que cada membro do Conselho de Prefeitos tivesse uma impressão de sua mão para que a impressão seja preservada para sempre. Hoje seis ou sete membros do novo Conselho podem fazer isso.”
 
Eu pisquei para ela. Ótimo. Ela finalmente me deu o credito por algo, e isso era idéia de Damien. “Obrigado pelo presente,” eu disse, e então adicionei rapidamente, “E foi idéia de Damien fazer as impressões das mãos, não minha.”
 
O sorriso dela era cegante, e então ela virou para Damien e eu não tive que olhar para ele para saber que ele estava praticamente pulando de prazer. “E que idéia incrível Damien.” Então ela se dirigiu a sala toda de novo. “Eu estou satisfeita por Nyx ter dotado esse grupo tão completamente. E eu digo bênçãos para todos vocês, boa noite!” Ela foi para o chão com uma graciosa cortesia. Então, pelas palmas dos calouros, ela se ergueu e fez uma maginifica saída com a saia esvoaçando.
 
O que me deixou parada no meio do circulo me sentindo estar super arrumada e com nenhum lugar para ir. 
 
 
 
VINTE E UM
 
 
Demorou uma eternidade para todo mundo sentar para o ritual começar, especialmente porque eu não podia mostrar como eu realmente estava me sentindo – que era fula. Não só ninguém ia entender, mas também não acreditaria no que eu estava começando a ver: que tinha algo negro e errado sobre Neferet. E porque alguém iria entender ou acreditar em mim? Eu era, afinal de contas, só uma garota.Não importava que poderes Nyx tinha me dado eu totalmente não estava na mesma liga que a Alta Sacerdotisa. Além disso, ninguém além de mim testemunhou os pequenos pedaços que estavam se juntando para fazer uma terrível figura.
 
Afrodite iria me entender e acreditar em mim. Eu odiava que essa idéia fosse verdade.
 
“Zoey, me diga quando estiver pronta para começar a musica,”Jack falou do canto de trás da sala de recreação  onde estava o equipamento de áudio. Apararentemente era bom com eletrônicos, então instantaneamente dei a ele a incumbência de cuidar da musica para o ritual.
 
“Ok, só um segundo. Que tal eu acenar para você quando estiver pronta?”
 
“Ótimo por mim!” ele disse com um sorriso.
 
Eu dei alguns passos para trás, percebendo que, ironicamente, eu estava parada quase exatamente onde Neferet tinha estado não muito tempo atrás. Eu tentei limpar minha mente da confusão e negatividade que eu estava cercada. Meus olhos viajaram ao redor do circulo. Tinha uma boa quantidade de gente presente – na verdade mais do que esperei que aparecesse.  Eles tinham se aquietado, embora ainda tivesse um ar de excitação na sala. As velas brancas em suas vasilhas altas iluminavam o circulo em uma limpa e brilhosa luz. Eu podia ver meus quatro amigos parados em suas posições, esperando com expectativa para mim começar o ritual. Eu me foquei neles e no incrível dom que eles tinham recebido, e me aprontei para acenar a Jack.
 “Eu pensei em voluntariar meus serviços para você.”
 
A voz profunda de Loren me fez pular e fazer um barulho extremamente nada atraente. Ele estava parado atrás de mim na entrada.
 
“Merda, Loren! Você me assustou tanto que eu quase me mijei!” Eu disse antes de poder controlar minha boca de nerd. Mas eu estava falando a verdade, Loren me fez quase desmaiar de medo.
 
Aparentemente ele não se importou com a minha incapacidade de controlar minha boca. Ele me deu um longo sorriso sexy. “Eu pensei que você sabia que eu estava aqui.”
 
“Não. Eu estava um pouco distraída.”
 
“Estressada, eu aposto.”Ele tocou meu braço em um gesto que provavelmente parecia inocente. Sabe, amigável e profissional dando apoio. Mas parecia carinho, um carinho muito quente. O sorriso escondido dele me fez imaginar sobre a intuição dos vampiros. Se ele pudesse ler qualquer parte da minha mente eu iria morrer. “Bem, estou aqui para ajudar o seu estresse.” Ele estava brincando? Só a visão dele me fez perder a cabeça. Livre de estresse perto de Loren Blake? Dificilmente.
 
“Verdade? Como você vai fazer isso?” eu perguntei com a sombra de um sorriso de flerte, muito ciente que a sala toda estava nos observando e que a sala toda incluía meu namorado.
 
“Eu farei para você o que faço para Neferet.”
 
O silencio passou entre nós enquanto minha mente imaginava exatamente o que ele fazia para Neferet. Graças a Deus, ele não me deixou pensar muito.
 
“Toda Alta Sacerdotisa tem um poeta que recita antigos versos para evocar a presença de uma Musa quando ela entra no ritual. Hoje,  estou me oferecendo para recitar para um Alta Sacerdotisa em treinamento muito especial. Além do mais acredito que tem alguns mal entendidos que temos que esclarecer.”
 
Ele cruzou o seu punho no coração em um gesto de respeito que as pessoas geralmente usam quando complementam Neferet. Diferente de uma confiante e legal Alta Sacerdotisa, e muito como uma nerd, eu só fiquei parada ali olhando para ele. Quero dizer, eu não fazia idéia do que ele estava  falando. Mal entendidos? Como se alguém acreditasse que eu soubesse o que diabos eu estava fazendo?
 
“Mas preciso da sua permissão,” ele continuou. “Eu não quero me intrometer no seu ritual.”
 
“Oh, não!” Então eu percebi que ele deveria achar que meu silencio e então meu oh, significasse não, e eu me segurei. “O que eu quero dizer é que não, você definitivamente não está se intrometendo, e sim, eu aceito sua oferta. Graciosamente,” eu acrescentei, me perguntando como eu me senti adulta e sexy perto desse homem.
 
O sorriso dele me fez querer derreter numa piscina aos pés dele. “Excelente. Quando estiver pronta, me diga e vou começar a introdução.” Ele olhou para onde Jack estava rindo para nós. “Se importa se eu falar com o seu assistente sobre a breve mudança de planos?”
 “Não,” eu disse, me sentindo surreal. Quando Loren passou por mim o braço dele tocou o meu intimamente. Eu estava imaginando o flerte que estava acontecendo entre nós? Eu olhei para o circulo e vi que todos estavam me encarando. Relutantemente, eu encontrei Erik onde ele estava parado perto de Stevie Rae. Ele sorriu para mim e piscou. Ok, não parecia que Erik tinha notado nada errado com o comportamento de Loren em relação a mim. Eu olhei para Shaunee e Erin. Elas estavam seguindo Loren com olhos de fome. Elas devem ter sentido eu olhar para elas, porque elas conseguiram tirar os olhos da bunda de Loren. Elas balançaram suas sobrancelhas para mim e riram. Elas também, estavam agindo completamente normal.
 
Era só eu que estava agindo estranha sobre Loren.
 
“Se controle!” Eu disse a mim mesma. Concentre-se...concentre-se.... concentre-se....
 
“Zoey, estou pronto quando você estiver.” Loren se moveu para perto de mim.
 
Eu respirei fundo me acalmando e levantei a cabeça. “Estou pronta.”
 
Os olhos escuros dele seguraram os meus. “Lembre-se, confie nos seus instintos. Nyx fala com o coração de suas sacerdotisas.” Então ele deu alguns passos na sala.
 
“É uma noite para alegria!” A voz de Loren não era só expressiva mas também era um comando. Ele tinha a mesma habilidade de Erik para cativar a sala usando apenas sua voz. Todos instantaneamente silenciaram, esperando ansioso por suas próximas palavras. “Mas devemos saber que a alegria desta noite é encontrada apenas nos dons que Nyx tão visivelmente permitiu que se manifestassem aqui. Uma parte da alegria de hoje a noite nasceu duas noites atrás quando nossa líder decidiu sobre o futuro que ela queria para as Filhas e Filhos Negros.”
 
Eu me senti uma onda de surpresa. Eu acho que mais ninguém sabia o que ele estava dizendo – que eu, e não Neferet, tinha criado a idéia para os novos padrões das Filhas Negras, mas eu gostei da tentativa dele de acertar as coisas.
 
“Em celebração de Zoey Redbird, e sua nova visão para as Filhas Negras, estou honrado para abrir seu primeiro ritual como a Prefeita Principal e Alta Sacerdotisa em treinamento com um poema clássico sobre alegria de ser um recém nascido, que foi escrito por meu chara de sobrenome o poeta William Blake.” Loren olhou para mim e murmurou, Sua vez! Então ele acenou para Jack,  que rapidamente ligou o som do equipamento.
 
O mágico som da musica de Enya “Aldebaran” encheu a sala. Eu engoli meu nervosismo, e comecei a andar para frente, fazendo um caminho do lado de fora do circulo, como eu vi Neferet e Afrodite fazerem no ritual que elas lideraram. Como elas tinham feito, eu me movi com a musica, fazendo pequenos giros e movimentos de dança. Eu estava surtando sobre essa parte do ritual – quero dizer, eu não sou desajeitada, mas eu também não sou a Sr. Lider de Torcida/ Esquadrão pompom. Graças a Deus, foi muito mais fácil do que eu achei que seria. Eu escolhi essa musica em particular porque é linda, com uma boa batida, e porque eu fiz uma pesquisa no Google por Aldebaran e descobri que era uma estrela gigante – e eu pensei que uma musica que celebrava uma noite estrelada era apropriado. Era uma boa escolha, porque parecia que a musica me carregava, movendo meu corpo graciosamente pela sala e superando meu nervosismo e estranheza. Quando a voz de Loren começou a recitar o poema, ele, também, ecoou no som da musica, como o meu corpo estava fazendo, e eu senti como se estivéssemos fazendo mágica juntos.
 
 
“Eu não tenho nome, 
 
 
Eu tenho dois dias.
 
Do que devo te chamar?
 
Eu sou um ser feliz,
 
Alegria é meu nome. 
 
Doce alegria te sucede!”
 
 
 
As palavras do poema me animaram. Enquanto me movi em direção ao centro do circulo eu senti como se estivesse literalmente personificando a emoção.
 
 
 
“Linda alegria!
 
Doce alegria de dois dias de idade,
 
Doce alegria eu te chamo;
 
Vós faz sorrir...”
 
Ecoando as palavras do poema, eu sorri, amando o senso de mágica e mistério que pareceu me preencher junto com a musica e a voz de Loren.
 
“Eu canto o tempo – Doce alegria te sucede!”
 
 
De alguma forma o time do Loren foi perfeito, e seu poema terminou quando alcancei a mesa de Nyx no meio do circulo. Eu só estava um pouco sem ar enquanto sorria ao redor do circulo e dizia, “Bem vindos ao primeiro Ritual da Lua Cheia das novas Filhas e Filhos Negros!”
 
"Merry meet!" todos responderam automaticamente.
 
Sem me dar a oportunidade de hesitar, eu peguei o isqueiro ornamentado e me movi propositalmente até Damien. Ar era o primeiro elemento a ser chamado no circulo, assim como o ultimo a partir quando o circulo era fechado. Eu podia sentir a excitação de Damien e expectativa como se fossem uma força física. 
 
Eu sorri para ele, engolindo com força para limpar a secura da minha garganta. Quando eu falei eu tentei projetar minha voz como Neferet. Eu não tenho certeza se fiz um bom trabalho. Vamos apenas dizer que fiquei feliz pelo circulo ser relativamente pequeno e a sala estar silenciosa. 
 
“Eu chamo o elemento do ar para nosso circulo, e eu peço que ele nos guarde com seus ventos. Venha para mim, ar!”
 
Eu toquei o isqueiro na vela de Damien e ela se acendeu, embora eu e ele estivéssemos de repente parados no meio de um vendaval que levantou nosso cabeço e passou brincando no meu lindo vestido. Damien riu e sussurrou, “Desculpe, é tudo novo para mim que é difícil para mim não ser um pouco exuberante.”
 
 
“Eu entendo completamente,” ele sussurrou em resposta. Então eu me virei para a direita e fui até Shaunee, que estava parecendo anormalmente seria, como se estivesse se aprontando para fazer uma prova de matemática. “Relaxe,” eu sussurrei, tentando não mover os lábios.
 
Ela acenou, ainda parecendo assustada.
 
“Eu chamo o elemento do fogo para nosso circulo e peço que queime brilhantemente aqui com a luz da força e da paixão, trazendo guarda e nos cuidando. Venha até mim, fogo!”
 
Eu comecei a tocar o isqueiro na vela vermelha de Shaunee, mas antes deu chegar até lá ela se acendeu com uma luz branca que levantou e passou pela jarra que a segurava. 
 
“Oopsie,” Shaunne murmurou.
 
Eu tive que morder a bochecha para não rir, e me movi rapidamente para a minha direita onde Erin estava esperando com sua vela azul diante dela como se fosse um pássaro que voaria para longe se ela não o segurasse.
 
“Eu chamo a água para esse circulo e peço que você nos guarde com seu oceano de mistério e magestade, e nos nutra como sua chuva faz para a grama e as arvores. Venha até mim, água!”
 
Eu acendi a vela de Erin, e foi a coisa mais estranha. Eu juro que foi como se eu repente fosse transportada para o meio de uma costa ou um lago. Eu podia sentir o cheiro da água e podia sentir ela contra a minha pele, embora eu soubesse que estivesse no meio de uma sala e não podia estar perto de água.
 
“Acho que deveria diminuir um pouquinho,” Erin disse suavemente.
 
“Nah,” eu sussurrei. Então fui até Stevie Rae. Eu achei que ela parecia meio pálida, mas ela tinha um grande sorriso no rosto quando me movi para o espaço perto dela. 
 
“Estou pronta!” ela disse, tão alto que os garotos parados perto de nós riram suavemente.
 
“Ótimo,” eu disse. “Então eu chamo a terra para o circulo, e peço que você nos guarde com sua força de pedra e a riqueza que enche seus campos. Venha para mim, terra!” Eu acendi a vela verde e fui lavada pelo cheiro da campina – cercada por canto de pássaros e flores.
 
“É tão legal!” Stevie Rae disse.
 
 
“Assim como isso.” A voz de Erik me surpreendeu quando olhei para ele e ele apontou o circulo. Confusa, eu segui a mão dele para ver um lindo fio de luz conectar todos os meus
quatro amigos – as quatro personificações dos elementos – e fazendo uma ligação de poder em cada vela que já tinha acesso a circunferência.
 
“Como foi com a gente sozinhos, só que mais forte.” Stevie Rae sussurrou as palavras, mas eu pude ver pelos o olhar de assombro de Erik que ele a ouviu. Eu acho que tinha algumas explicações para fazer, mas agora definitivamente não era hora para me preocupar com isso.
 
Eu me movi rapidamente de volta a mesa de Nyx no centro do circulo para completar o ritual. Eu olhei para a vela púrpura que estava na mesa.
 
“Finalmente, eu chamo o espírito para o nosso circulo e peço que você se junte a nós trazendo sabedoria e verdade com você, para que as Filhas e Filhos Negros sejam guardados pela integridade. Venha até mim, espírito!” Eu acendi a vela. Eu brilhei ainda mais do que Shaunne, e o espaço ao meu redor foi preenchido com o cheiro e sons de todos os quatro elementos. Eles me preencheram, me fazendo sentir mais forte, calma e firme, enquanto me energizavam. Com mãos firmes eu peguei o galho de eucalipto e salva. Eu o acendi com a vela espiritual, deixei queimar por um tempo, e então o soprei para que a fragrância para que a fumaça viesse em ondas ao meu redor. Então eu olhei para o circulo e comecei meu discurso. Eu estava preocupada com o que ia fazer já que Neferet tinha aparecido e literalmente roubado grande parte do que eu planejava dizer. Mas agora, no meio do circulo lançado, cheia do poder dos 5 elementos, minha confiança tinha sido restaurada enquanto criava o que dizer na minha cabeça.
 
Eu passei o galho ao meu redor, enquanto andava pelo circulo, encontrando os olhos dos garotos tentado fazer todos se sentirem bem vindos. 
 
“Hoje e quero mudar as coisas do tipo desde o tipo de incenso que queimamos, até o abuso de nossos colegas de aula.”  Eu falei devagar, deixando minhas palavras e a fumaça se misturarem ao grupo que ouvido. Todos eles sabiam que na liderança de Afrodite o incenso usado durante o ritual das Filhas Negras tinha sido misturado com maconha, assim como sabiam que Afrodite adorava sangrar um pobre garoto que eles chamavam de “refrigerador” e “lanchinho” e misturar seu sangue com o vinho que todos bebiam. Nenhum dos dois ia acontecer desde que eu fosse a líder. 
 
“Eu escolhi queimar o eucalipto e a salva hoje a noite por causa das propriedades que as ervas contem. Por séculos o eucalipto tem sido usado pelos índios americanos para cura, proteção e purificação, assim como eles usam a salva para repelir espíritos negativos, energias e influencias. Hoje a noite eu peço que os cinco elementos de mais poder a essas ervas aumente a energia delas.”
 
De repente o ar ao meu redor se moveu, atraindo a fumaça do galho em ondulações e ondas carregados pelo circulo como se uma mão gigante tivesse passado pela corrente de ar. Os calouros no circulo murmuraram de medo, e eu mandei um agradecida e silenciosa reza para Nyx, agradecendo a ela por permitir que o poder dos elementos se manifestasse tão claramente.
 
Quando o circulo se aquietou de novo eu continuei.
 
“A lua cheia é um tempo mágico quando o véu entre o conhecido e o desconhecido é fino, e podem até ser levantadas. Isso é misterioso e maravilhoso, mas hoje a noite eu quero me focar em outro aspecto da lua cheia – essa é uma excelente hora para completar, ou terminar as coisas.
O que eu quero terminar hoje a noite e a antiga má reputação das Filhas e Filhos Negros. Como essa linda lua cheia que parte de nós terminou, e um novo tempo começa.” 
 
 Eu continuei andando me movendo ao redor do circulo na direção do relógio. Escolhendo minhas palavras com cuidado, eu disse, “Daqui por diante as Filhas e Filhos Negros será um grupo cheio de integridade e propósito, e eu acredito que os calouros que Nyx escolheu para terem afinidades representando os ideais do nosso novo grupo.”Eu sorri para Damien. “Meu amigo Damien é a pessoa mais autentica que eu conheço, mesmo que ser verdadeiro consigo mesmo seja uma coisa difícil de fazer. Ele representa bem o ar.” O vento ao redor de Damien aumentou quando ele sorriu para mim. Eu me virei para Shaunne. “Minha amiga Shaunee é a pessoa mais fiel que eu conheço. Se ela estiver do seu lado, ela estará lá estando você errado ou certo – se você estiver errado ela vai te falar, mas ela não vai te abandonar. Ela representa o fogo bem.” A pele mocha de Shaunee brilhava e seu corpo brilhava como chama.  Eu fui para Erin. “Minha amiga Erinlinda as vezes engana as pessoas para que pensem que ela tem um oitimo cabelo, mas nenhum cérebro. Isso não é verdade. Ela é uma das pessoas mais sábias que eu conheço, e Nyx provou que ela olha para o interior quando escolheu Erin. Ela representa a água bem.” Quando eu passei por ela eu podia ouvir o som das ondas na costa.  Eu parei na frente de Stevie Rae. Ela estava parecendo cansada, com olheiras na pele pálida embaixo dos olhos, o que fazia sentido. Obviamente, ela estava se preocupando demais sobre mim – como sempre. “Minha amiga Stevie Rae sempre sabe quando estou feliz ou triste, estressada ou relaxada. Ela se preocupa comigo; ela se preocupa com todos os seus amigos, as vezes ela é empática e eu estou feliz por saber que ela tem a terra da onde ela pode tirar força. Ela representa a terra bem.”
 
Eu sorri para Stevie Rae,e ela sorriu para mim, piscando com tanta força para não chorar.Então andei para o centro do circulo quando soltei o galho com a fumaça e peguei a vela púrpura.  “Eu não sou perfeita, e não fingir ser. O que eu prometo eu sinceramente quero o melhor para as Filhas e Filhos Negros, e para todos os calouros da House of Night.” 
 
Eu estava me aprontado para dizer que eu esperava representar o espirito bem quando a voz de Erik passou pelo circulo. 
 
“Ela representa o espírito bem!” Meus quatro amigos concordaram em voz alta, e eu fiquei satisfeita (e mais do que um pouco surpresa) por ouvir os outros calouros concordarem com eles.
 
 
 
 
VINTE E DOIS
 
 
Quando eu comecei a falar de novo todos se calaram. “Cada um de vocês que acredita que podemos melhorar os ideais das Filhas e Filhos Negros, e ira sentar o máximo para ser autentico, fiel, sábio, compreensivo, e sincero – pode continuar sua ligação com o grupo. Mas quero que saibam que novos calouros vão se juntar a nós, e eles não serão julgados pela aparência ou por quem é seu melhor amigo. Tomem sua decisão, e falem comigo ou outro Prefeito para  nos informar se você vai ficar no grupo.” Eu pus os olhos em alguns dos antigos valentões de Afrodite e acrescentei, “não vamos colocar o passado contra você. Como você age daqui por diante é o que conta.”Algumas garotas olharam para o outro lado de forma
culpada, e alguns outros estavam tentando não chorar. Eu fiquei especialmente feliz por ver Deino encontrar meu olhar firme e acenar tristemente – talvez ela não fosse tão “terrível” afinal de contas.
 
Eu soltei a vela púrpura e peguei a grande taça cerimonial cheia de vinho tinto. “E agora vamos beber em celebração a lua cheia, e a um fim que leva a um novo começo.” Enquanto andei pelo circulo oferecendo vinho para cada calouro, eu recitei a reza do Ritual da Lua Cheia que eu encontrei no velho Ritos Místicos e a Lua de Cristal por Fiona, a vampira poeta Laureathe do inicio dos 1800.
 
“Leve luz da lua
 
Misterio da profunda terra
 
Poder da água que flui
 
Calor da chama que queima
 
Em nome de Nyx te chamamos!”
 
 
Eu me foquei nas palavras do lindo antigo poema, e sinceramente esperei que hoje a noite fosse realmente o inicio de algo especial.
 
 
 
“Curando o doente
 
Corrigindo o errado
 
 
Limpando a impuridade
 
 
Desejando a verdade
 
 
Em nome de Nyx te chamamos!”
 
 
Eu me movi rapidamente ao redor do circulo, e fiquei feliz pela maioria deles sorrir para mim e murmurar “Abençoado seja” depois de tomar um gole da taça. Acho que ninguém se importou que hoje a noite o não houvesse sangue de um calouro no vinho. (Eu me recusei a pensar o quanto eu teria adorado o gosto do sangue de um calouro misturado com o vinho.)
 
 
“Sinal do gato
 
Ouvir um golfinho
 
 
Velocidade de cobra
 
 
Misterio da fênix 
 
Em nome de Nyx te chamamos
 
 
E pedimos e conosco você seja abençoada!”
 
 
Eu bebi o resto do vinho e coloquei a taça na mesa. Em ordem reversa, eu agradeci a cada um dos elementos e os mandei de volta enquanto virei para Stevie Rae,Erin, Shaunee, e finalmente Damien que apagaram suas velas. Então completei o ritual dizendo,”Esse Rito da Lua Cheia acabou. Merry meet and merry part and merry meet again!”
 
Os calouros responderam, “Merry meet and merry part and merry meet again!”
 
E foi isso. Meu primeiro ritual como líder das Filhas Negras acabou.
 
Eu estava na verdade me sentindo um pouco vazia e quase triste – sabe, como o desapontamento que você tem quando está esperando pelas férias, e então chega e você percebe que não tem nada pra fazer agora que não tem aula. Bem, honestamente eu só tinha um segundo para me sentir assim antes dos meus amigos virem até a mim, todos falando ao mesmo tempo sobre as impressões de mão e o cimento secando rápido demais.
 
“Por favor. Deixe minha Gêmea chamar um pouco de agora para encharcar o cimento porque ele teve a coragem de secar antes de marcamos nossas mãos,” Shaunee disse.
 
Erin acenou. “É para isso que estou aqui, Gêmea. Isso e ser um incrível exemplo de senso de moda.”
 
“Os dois são muito importantes, Gêmea.”
 
Damien deu uma grande e exagerada virada de olhos.
 
“Gente, vamos apenas fazer a impressão e sair daqui. Meu estomago está meio doendo e estou com um dor de cabeça de matar,” Stevie Rae disse.
 
Eu acenei em completo entendimento com Stevie Rae. Acordamos tão tarde que não tivemos de comer nada. Eu também estava faminta.E eu provavelmente teria uma dor de cabeça devido a privação do café também se eu não comesse e bebesse algo logo.
 
“Eu concordo com Stevie Rae.Vamos nos apressar e fazer nossas impressões de mãos, e então podemos nos divertir na outra sala com comida.”
 
“Neferet pediu as cozinheiras fazem algo especial. Eu enfiei a cabeça lá mais cedo e parecia tudo muito gostoso,” Damien disse.
 
“Bem, então vamos. Parem de enrolar,” Stevie Rae reclamou enquanto quase tropeçava por cima do cimento.
 
“Qual o problema com ela?” Damien sussurrou.
 “Claramente ela está tendo problemas de TPM,” Shaunee disse.
 
“Yeah, eu notei antes que ela estava meio pálida e inchada, mas eu não queria ser maldosa e dizer algo,” Erin disse.
 
“Vamos apenas fazer as marcas e comer,” eu disse, pegando meu próprio quadrado de cimento, feliz por Erik ter escolhido o que estava do meu lado. “Um, eu pus peguei toalhas da cozinha para vocês limparem as mãos quando terminarem,” disse Jack, que estava parecendo muito fofo e nervoso segurando um bando de toalhas brancas. Eu sorri para ele. “Isso é muito gentil da sua parte, Jack. Ok, vamos fazer isos!”
 
Me aproximando eu percebi que o cimento tinha sido jogado no que parecia moldes de carbono, e achei que seria fácil tirar o carbono quando o cimento secasse. Eu ainda gostava da idéia de Damien de colocar nossas impressões no jardim do lado de fora do salão de jantar – como uma estranha calçada.
 
O cimento definitivamente ainda estava molhado, e havia muitas risadas acontecendo quando fizemos nossas impressões e usamos os galhos que Jack pegou (o garoto certamente era útil) para escrever nossos nomes.
 
Enquanto estávamos limpando nossas mãos com as toalhas e olhando nosso trabalho, Erik se inclinou perto de mim e disse, “Estou realmente feliz por Neferet ter me escolhido como Prefeito do Conselho.”
 
Eu mantive a boca fechada e acenei. Se eu contasse a ele que na verdade eu tinha o escolhido, com Damien, Stevie Rae, e as Gêmeas concordando, eu provavelmente jogaria o ar diretamente na vela dele. Neferet era grande. E não machucaria ninguém (exceto meu ego) deixar ele pensar que foi ela que o escolheu. Eu estava pronta para mudar de assunto e chamar todos para ir a outra sala com comida quando ouvi um estranho som a minha direita. Quando eu percebi que som era aquele eu senti meu coração se apertar.  
 
Stevie Rae estava tossindo.
 
Damien foi diretamente para minha direita. Então vieram as Gêmeas. Stevie Rae tinha escolhido um bloco de cimento bem no canto a direita, perto da entrada da sala com comida. Vários garotos já estavam comendo, mas alguns deles ficaram para nos ver marcar nossas mãos e falar, então haviam várias outras pessoas entre Stevie Rae e eu, mas eu pude ver que ela ainda estava de joelhos na frente do seu bloco de cimento. Ela deve ter sentido meus olhos porque ela sentou nos calcanhares e olhou para mim. Eu pude ouvir ela limpar a garganta. Ela me deu um sorriso cansado e eu vi ela se encolher e dizer as palavras, sapo na garganta. Então eu lembrei o que ela tinha dito durante as apresentações de monólogos. Ela estava tossindo lá também.
 
Sem olhar para ele eu disse a Erik, “Vá chamar Neferet. Rápido!”
 
Eu levantei e comecei a me mover em direção a ela. Stevie Rae já tinha feito sua impressão e assinado, e estava limpando as mãos na toalha. Antes deu poder chegar até ela um som de uma tosse dolorida saiu dela. Os ombros dela tremeram. Ela tinha a toalha pressionada contra a boca.
 
Então eu senti o cheiro, e foi como se eu tivesse batido numa parede invisível. O cheiro de sangue passou por mim, sedutor, atraente, e horrível. Eu parei e fechei os olhos. Talvez se eu ficasse bem parada e não abrisse os olhos eu pudesse me convencer que isso era só um sonho ruim, que eu podia acordar em algumas horas, ainda nervosa sobre o Ritual da Lua Cheia, com Nala roncando pacificamente no meu travesseiro e Stevie Rae roncando tão pacificamente quanto na cama ao meu lado.
 
Eu senti um braço se colocar ao meu redor, eu ainda sim não me mexi.
 
“Ela precisa de você, Zoey.” A voz de Damien tremeu só um pouco. Eu abri meus olhos e o encarei. Ele já estava chorando.
 
“Eu não acho que posso fazer isos.”
 
Ele segurou meu ombro com força. “Sim, você pode. Você precisa.”
 
“Zoey!” Stevie Rae chorou.
 
Sem outro pensamento, eu me soltei de Damien e corri para minha melhor amiga. Ela estava de joelhos apertando a toalha encharcada de sangue no peito. Ela tossiu e vomitou de novo, e mais sangue saiu da boca e nariz dela.
 
“Pegue mais toalhas!” Eu disse a Erin, que estava sentada com o rosto branco do lado de Stevie Rae.Então eu me encolhi na frente de Stevie Rae. “Vai ficar tudo bem. Eu prometo. Vai ficar tudo bem.”
 
Stevie Rae estava chorando, e suas lagrimas eram manchadas de vermelho. Ela balançou a cabeça. “Não vai. Não pode ser. Estou morrendo.“ A voz dela era fraca e gaguejada enquanto ela tentava falar através da hemorragia em seus pulmões e garganta. 
 
“Eu vou ficar com você. Eu não vou deixar você ficar sozinha,” eu disse.
 
Ela pegou minha mão e eu estava chocada por ver o quão fria ela estava. “Estou com medo, Z.”
 
“Eu sei, eu também estou com medo. Mas vamos passar por isso juntas. Eu prometo.”
 
Erin me entregou uma pilha de toalhas. Eu tirei a toalha encharcada de sangue das mãos de Stevie Rae, e comecei a limpar o rosto e boca dela com uma limpa, mas ela continuou a tossir de novo e eu não consegui acompanhar. Tinha sangue demais. E agora Stevie Rae estava tremendo tanto que ela não conseguia segurar a toalha. Com um choro, eu pus as mãos dela no meu colo e enrolei meus braços ao redor dela, e como se ela fosse uma criança de novo, eu comecei a balançar ela, dizendo a ela de novo e de novo que tudo ficaria bem, que eu não iria deixar ela.
 
“Zoey, isso pode ajudar.” Eu esqueci que haviam outras pessoas na sala, então a voz de Damien me surpreendeu. Eu olhei para cima e vi que ele estava segurado a vela verde que representava a terra. Então de algum jeito, a onda de medo desapareceu, meus instintos assumiram e eu me senti muito calma.
 
“Vem aqui, Damien. Segure a vela perto dela.”
 
Damien caiu de joelhos, e inconsciente da piscina de sangue que nos cercava e nos encharcava, ele ficou próximo de Stevie Rae, segurando a vela na frente do rosto dela. Eu me senti mais calma, então eu vi Erin e Shaunee se ajoelharem do meu lado, e eu tirei força da presença delas.
 
“Stevie Rae,abra seus olhos, querida,” eu disse suavemente.
 
Com um horrível suspiro, os olhos de Stevie Rae se abriram. A parte branca dos olhos dela estava totalmente vermelha e mais lagrimas rosas caíram pelas bochechas sem cor dela, mas seus olhos viram a vela, e se mantiveram ali.
 
“Eu chamo o elemento terra para nós agora.” Minha voz ficou mais forte e mais alta enquanto eu falava. “E eu peço que a terra esteja com essa caloura especial, Stevie Rae Johnson, que foi dotada com a afinidade pelo emento. A terra é nossa casa – nossa provedora – e é para a terra que algum dia voltaremos. Hoje eu pelo que a terra segure e conforte Stevie Rae,e faça ela voltar para casa pacificamente.”
 
Com uma onda de ar todos nós de repente fomos envolvidos pelos cheiros e sons de um pomar. Eu senti o cheiro de maças e feno, e ouvi o cantarolar de pássaros e o zunido de abelhas.
 
Os lábios avermelhados de Stevie Rae se apertaram. Os olhos dela nunca deixaram a vela verde, mas ela sussurro, “eu não estou mais com medo, Z.”
 
Então eu ouvi a porta da frente abrir e Neferet estava abaixada ao meu lado. Ela começou a mover Demien e as Gêmeas para fora do caminho e pegou os braços de Stevie Rae.
 
Minha voz explodiu na sala com seu poder, e eu vi até Neferet se afastar surpresa. “Não! Vamos ficar com ela. Ela precisa do seu elemento e precisa de nós.”
 
“Muito bem,” Neferet disse. “Já está quase no final de qualquer forma. Me ajude a dar isso para ela beber para que possa ser sem dor.”
 
Eu ia pegar o frasco cheio de um liquido branco quando Stevie Rae falou surpreendentemente claro. “Eu não preciso. Desde que a terra veio aqui eu não estou mais com dor.”
 
“É claro que não há, criança.” Neferet tocou a bochecha ensangüentada de Stevie Rae e eu senti o corpo dela relaxar e parar de tremer completamente. Então a Alta Sacerdotisa olhou para cima. “Ajude Zoey a colocar ela na maca. Mantenham-se juntas. Vamos para a enfermaria.” Neferet me disse.   Eu acenei. Mãos fortes pegaram Stevie Rae e eu, e em segundos eu fui colocada na maca com Stevie Rae nos meus braços. Cercada por Damien, Shaunee, Erin, e Erik, fomos carregados para dentro da noiute. Mais tarde, eu lembrei de tantas coisas estranhas sobre a viagem da sala de recreação até a enfermaria – como estava nevando muito, mas pareceu que nenhum floco nos tocou. E parecia quieto demais, como se a terra estivesse se segurando porque ela já estava lamentando. Eu continuei sussurrando para Stevie Rae,dizendo a ela que tudo ficaria bem, e que não tinha nada para se ter medo. Eu lembro dela se inclinando e vomitando sangue do lado da maca e como as gotas escarlates pareciam contra a neve branca que caia.
 
Então estávamos dentro da enfermaria, e fomos levantadas da maca e colocadas na cama. Neferet gesticulou para meus amigos se aproximarem. Damien foi para o lado de Stevie Rae.Ele ainda estava segurando a vela verde acessa, e ele a levantou para que se ela abrisse os
olhos dele, Stevie Rae pudesse ver. Eu respirei fundo. O ar ao nosso redor estava cheio do cheiro de maças e pássaros cantando.
 
Então Stevie Rae abriu os olhos. Ela piscou algumas vezes, parecendo confusa, então ela olhou para mim e sorriu.
 
“Você vai dizer a minha mãe e ao meu pai que eu os amo?” Eu podia entender ela, mas ela soava fraca, e a voz dela estava cheia de um terrível exaustão.
 
“É claro que eu vou,” eu disse rapidamente.
 
“E faz outra coisa para mim?”
 
“Qualquer coisa.”
 
“Você não tem uma mãe ou um pai de verdade, então você diria a minha mãe que é filha dela agora? Eu acho que eu me preocuparia menos se eu soubesse que vocês tem uma a outra.”
 
Lagrimas estavam rolando pelas minha bochechas e eu tive que respirar várias vezes antes de responder ela. “Não se preocupe com nada. Vou dizer a eles.”
 
Os olhos dela brilharam e ela sorriu de novo.”Ótimo. Mamãe vai fazer biscoitos de chocolate para você.” Com um esforço obvio, ela abriu os olhos de novo olhou para Damien, Shauneee, e Erin, “Fique com Zoey. Não deixem os separem.”
 
“Não se preocupe,” Damien sussurrou através das lagrimas. 
 
“Vamos cuidar dela para você,” Shaunee conseguiu dizer. Erin estava apertando a mão de Shaunee e chorando muito, mas ela acenou em concordância e sorriu para Stevie Rae.
 
“Ótimo,” Stevie Rae disse. Então ela fechou os olhos. “Z, eu acho que vou dormir um pouco agora, ok?”
 
“Ok, querida,” eu disse.
 
Os olhos dela se abriram mais uma vez e ela olhou para mim. “Você vai ficar comigo?”
 
Eu a abracei. “Eu não vou a lugar nenhum. Apenas descanse. Estaremos aqui com você.”
 
“Ok...” ela disse suavemente.
 
Stevie Rae fechou os olhos. Ela respirou com dificuldade mais algumas vezes.
 
Então eu senti ela ficar completamente mole nos meus braços e ela não respirou mais. Os lábios dela se abriram só um pouco, como se ela estivesse sorrindo. Sangue saia da sua boca, olhos, nariz, ouvidos, mas eu não conseguia sentir o cheiro. Tudo que eu podia sentir era o cheiro da terra. Então, como uma onda de vento, a vela verde apagou, e minha melhor amiga morreu.
 
 
 
 VINTE E TRÊS
 
 
”Zoey, querida, você tem que soltar ela.”
 
A voz de Damien não foi realmente registrada na minha mente. Quero dizer, eu podia ouvir as palavras, mas era como se ele estivesse falando uma estranha língua estrangeira. Nada fazia sentido. 
 
“Zoey, porque você não tem com a gente agora?”
 
Essa era Shaunne. Erin não devia ter falado junto? Eu mal formei um pensamento quando eu ouvi, “Yeah, Zoey, você precisa ver com a gente.“ Oh, aí está Erin.
 
“Ela está em choque. Falem com calma para tentar fazer ela soltar o corpo de Stevie Rae,”Neferet disse.
 
O corpo de Stevie Rae.As palavras ecoaram estranhamente na minha mente. Eu estava segurando algo. Eu sabia disso. Mas meus olhos estavam fechados e eu estava com muito, muito frio. Eu não queria abrir eles, e eu nunca mais queria ficar quente.
 
“Eu tenho uma idéia.” A voz de Damien rolou na minha mente como a bola de uma maquina de pinball. “Não temos velas e nem um circulo sagrado, mas não é como se Nyx não esteja aqui. Vamos ajudar nossos elementos para ajudar ela. Eu vou primeiro.”
 
Eu senti uma mão segurar a minha, e então eu ouvi Damien murmurar algo sobre o vento carregar para longe o cheiro de morte e desespero. O vento passou ao meu redor, e eu tremi.
 
“Eu vou agora. Ela parece estar com frio.” Era Shaunee. Outra coisa tocou meu braço e depois de algumas palavras que eu não entendi, eu me senti cercada de calor, como se estivesse parada muito perto de uma lareira. 
 
“Minha vez,” Erin disse. “Eu chamo a água e peço que você lave dos meus amigos e da futura Alta Sacerdotisa a tristeza e a dor que ela está sentindo. Eu sei que nem tudo pode ir embora agora, mas você pode por favor levar o bastante para que ela possa suportar continuar?” As palavras dela se registraram mais claramente na minha mente, mas eu ainda não queria abrir meus olhos. 
 
“Ainda tem mais um elemento no circulo.”
 
Eu fiquei surpresa por ouvir Erik. Parte de mim queria abrir meus olhos para poder olhar para ele, mas o resto de mim, muito de mim, se recusou a se mexer.
 
“Mas Zoey sempre manifesta o espírito,” Damien disse.
 
“Agora Zoey não pode manifestar nada sozinha. Vamos dar a ela uma ajuda.” Duas mãos fortes tocaram meus ombros, junto com as outras mão que seguravam meus braços. “Eu não tenho afinidade por essas coisas, mas me importo com o que acontece com Zoey, e ela foi dotada com uma afinidade pelos cinco elementos,” Erik disse. “Então eu, junto com todos os seus
amigos, pedimos que o elemento de espírito ajude a acordá-la para poder superar a morte da sua melhor amiga.”
 
Como um choque elétrico, meu corpo de repente foi atingido, preenchido com um incrível senso de noção. Contra meus olhos fechados eu vi o rosto sorridente de Stevie Rae. Não estava cheio de sangue e pálido, como estava da ultima vez que ela sorriu para mim. A imagem que eu vi era da saudável e feliz Stevie Rae, e ela estava andando até a linda mulher familiar enquanto ria de alegria.
 
Nyx, eu pensei, Stevie Rae está sendo abraçada pela deusa.
 
E então abri meus olhos.
 
“Zoey! Você voltou para nós!” Damien chorou.
 
“Z, você precisa soltar Stevie Rae agora,” Erik disse tristemente.
 
Eu olhei para Damien e para Erik. Então meus olhos foram para Shaunee e Erin. Os meus quatro amigos estavam me tocando, e todos estavam chorando. Então eu percebi no que estava segurando. Devagar, eu olhei para baixo.
 
Stevie Rae parecia pacifica. Ela estava muito pálida, e seus lábios estavam ficando azuis, mas seus olhos estavam fechados e seu rosto relaxado, embora estivesse coberto de sangue. O sangue não estava mais pingando dos orifícios dela, e parte da minha mente percebeu que ela tinha um cheiro errado – estragado, velho, morto. Quase como mofo. 
 
“Z,” Erik disse. “Você tem que soltar ela.”
 
Eu encontrei os olhos dele. “Mas eu disse a ela que ficaria com ela.” Minha voz soava estranha e arranhada.
 
“Você ficou. Você ficou com ela o tempo todo. Ela se foi agora, não tem mais nada que você possa fazer.”
 
“Por favor, Zoey,” Damien disse.
 
“Neferet precisa limpar ela para que fique bem para a mãe dela a ver,” Shaunee disse.
 
“Você sabe que ela não iria que a mãe e o pai a vissem coberta de sangue,” Erin disse.
 
“Ok, mas... mas eu não sei como deixar ela ir.” Minha voz se rachou e eu senti novas lagrimas caírem pelas minhas bochechas. 
 
“Eu vou pegar ela de você, Zoeybird.” Neferet deixou os braços para cima, como se estivesse pronta para receber um bebê que eu estava segurando. Ela parecia tão triste e linda e forte – tão familiar – que eu esqueci todas as perguntar que eu tinha sobre ela e simplesmente acenei e devagar me inclinei para frente. Neferet deslizou seus braços debaixo do corpo de Stevie Rae e o afastou de mim. Ela mudou seu aperto em Stevie Rae,e então virou e colocou ela na cama vazia ao lado da minha.
 
Eu olhei para mim mesma. Meu vestido preto estava encharcado de sangue que já estava endurecendo e secando. As partículas prateadas tentaram brilhar com a luz da sala, mas ao
invés da luz pura que eles davam antes, agora elas brilhavam com um tom de cobre. Eu não podia continuar olhando para eles. Eu tinha que me mexer. Eu tinha que sair dali e tirar esse vestido. Eu pus meus pés do lado da cama e tentei levantar, mas a sala rodou ao meu redor. Então mãos fortes dos meus amigos estavam de volta nos meus braços, e eu me senti ancorada a terra através do calor deles.
 
“Levem ela de volta para o quarto. Tirem esse vestido dela e a limpem. Então se certifiquem que ela vá para cama e a mantenham quente e quieta.” Neferet estava falando sobre mim como se eu não estivesse ali, mas eu não me importei. Eu não queria estar ali. Eu não queria nada disso. “Dêem isso para ela beber antes de ir para cama. Vai ajudar ela dormir sem ter pesadelos.” Eu senti as mãos suaves de Neferet na minha bochecha. O calor que passou do corpo dela para mim foi um choque, e eu instintiavamente me afastei. “Fique bem, Zoeybird,” Neferet disse gentilmente. “Te dou minha palavra que você ira se recuperar disso.” Eu não olhei para ela mas eu sabia que ela tinha virado sua atenção de volta para meus amigos. “Levem ela para o dormitório agora.”
 
Eu estava me movendo para frente. Erik estava do meu lado com sua mão segura debaixo do meu cotovelo, Damien estava na minha esquerda, me segurando com força também. As Gêmeas estavam atrás perto de nós. Ninguém falou enquanto eles me levavam para fora da sala. Eu olhei de volta para ver o corpo sem vida de Stevie Rae na cama. Quase parecia que ela estava dormindo, mas eu sabia mais. Eu sabia que ela estava morta. 
 
Nós cinco deixamos a enfermaria e entramos na noite gelada. Eu tremi, e paramos por tempo suficiente para Erik tirar sua jaqueta e colocar envolta dos meus ombros. Eu gostei do cheiro, e tentei pensar nisso e não nos calouros apressados que passavam e como sempre que nos aproximávamos de cada um deles, estivessem em grupos ou sozinhos, eles saiam da calçada, curvavam a cabeça, e silenciosamente colocavam seu punho direito em seus corações. 
 
Chegamos no dormitório no que pareceu ser segundos. Quando entramos na sala principal as garotas que estavam assistindo TV e sentadas em grupos se calaram completamente. Eu não olhei para nenhuma delas.  Eu só deixei Erik e Damien me guiarem para as escadas, mas antes de chegarmos lá Afrodite estava bloqueando o caminho. Eu pisquei com força para focar o rosto dela. Ela parecia cansada.
 
“Sinto muito pela morte de Stevie Rae.Eu não queria que ela morresse,” Afrodite disse.
 
“Não diga merda nenhuma para nós, vadia fudida!” Shaunee resmungou. Ela e Erin foram para frente, parecendo querer quebrar a cara de Afrodite.
 
“Não, espera,” eu me fiz dizer, e elas hesitaram. “Eu preciso falar com Afrodite.”
 
Meus amigos olharam para mim como se eu tivesse perdido a cabeça, mas eu sai dos braços que estavam me segurando e dei alguns passos trêmulos para longe do meu grupo. Afrodite hesitou, e então ela me seguiu.
 
“Você sabia o que ia acontecer com Stevie Rae?” eu perguntei, mantendo a voz baixa. “Você teve uma visão sobre ela?”
 
Afrodite balançou a cabeça devagar. “Não. Só tinha um pressentimento. Eu sabia que algo terrível ia acontecer hoje a noite.”
 
“Eu também os tenho,” eu disse suavemente.
 “Pressentimento sobre coisas ou pessoas?”
 
Eu acenei.
 
“São mais difíceis que minhas visões – não tão específicos. Você teve um pressentimento sobre Stevie Rae?” ela perguntou.
 
“Não. Eu não fazia idéia, embora agora eu possa olhar para trás e ver sinais de que algo estava errado com ela.”
 
Afrodite encontrou meus olhos. “Você não poderia ter impedido. Você não poderia ter salvado ela. Nyx não queria que você soubesse porque não havia nada que você pudesse fazer.”
 
“Como você sabe? Neferet diz que Nyx abandonou você,” eu disse. Eu sabia que estava propositalmente sendo cruel. Eu não me importei. Eu queria que ela sofresse tanto quanto eu.
 
Ainda me olhando diretamente nos olhos,Afrodite disse, “Neferet mente.” Ela começou a se afastar, mas mudou de idéia e voltou. “E não beba o que ela te deu,” ela disse. Então ela saiu da sala.
 
Erik, Damien, e as Gêmeas estavam comigo em um segundo. “Não ouça ao que aquela bruxa diz a você,” Shaunee bufou de raiva. “Se ela disse algo ruim sobre Stevie Rae vamos quebrar a cara dela,” Erin disse.
 
“Não. Não foi nada disso. Ela só disse que sente muito, só isso.”
 
“Porque você queria falar com ela?” Erik perguntou. Ele e Damien estavam me segurando de novo, e agora estavam me levando escada acima.
 
“Eu queria saber se ela teve uma visão sobre a morte de Stevie Rae,” eu disse.
 
“Mas Neferet deixou claro que Nyx virou as costas para Afrodite,” Damien disse. 
 
“Eu queria perguntar mesmo assim.” Eu ia comentar que Afrodite estava certa sobre o acidente que quase aconteceu com minha avó, mas eu não podia dizer nada na frente de Erik. Chegamos na porta do meu quarto – nosso quarto – Stevie Rae e meu, e eu parei. Erik abriu a porta para mim entrar.
 
“Não!” eu arfei. “Eles levaram as coisas dela! Eles não podem fazer isso!”Tudo que era de Stevie Rae tinha sumido – da lâmpada de cowboy até seu pôster de Kenny Chesney, ao relógio de Elvis. As prateleiras por cima da mesa de computar dela estavam vazias. O computador dela sumiu. Eu sabia que se olhasse seu armário, todas as roupas dela também teriam sumido. 
 
Erik pos seus braços ao meu redor. “É o que eles sempre fazem. Não se preocupe, eles não jogaram fora as coisas dela. Só tiraram daqui para não deixar você triste. Se tem algo dela que você queira, e a família dela não se importar, eles vão dar para você.”
 
Eu não sabia o que dizer. Eu não queria as coisas de Stevie Rae.Eu queria Stevie Rae.
 
“Zoey, você realmente precisa tirar essas roupas e ir tomar um banho quente,”Damien disse gentilmente.
 “Ok,” eu disse.
 
“Enquanto você está no banho vamos pegar algo pra você comer,” Shaunee disse.
 
“Não estou com fome.”
 
“Você precisa comer. Vamos pegar algo simples, como sopa. Ok?” Erin disse. Ela parecia tão chateada, e estava tão obviamente tentando fazer algo, qualquer coisa, para me fazer sentir melhor que eu acenei. Além do mais, eu estava cansada demais para discutir com alguém. “Ok.”
 
“Eu ficaria, mas já passa do toque de recolher e eu não posso ficar do dormitório das garotas, Erik disse.
 
“Está tudo bem. Eu entendo.”
 
“Eu queria ficar também, mas bem, não sou uma garota de verdade,” Damien disse. Eu sabia que ele estava tentando me fazer sorrir, então fiz meus lábios se mexerem. Eu imaginei que eu parecia um daqueles assustadores e tristes palhaços que tinham um sorriso pintado no rosto junto com uma lagrima.
 
Erik me abraçou, e Damien também. E então eles saíram.
 
“Você precisa que alguma de nós fique enquanto você toma banho?” Shaunee perguntou.
 
“Não, estou bem.”
 
“Ok. Bem...” Shaunee parecia que ia chorar de novo.
 
“Já voltamos.” Erik pegou a mão de Shaunee e elas saíram do quarto, fechando a porta suavemente, com um click final.
 
Eu me mexi cuidadosamente, como se alguém tivesse me “ligado,” mas tinha colocado na velocidade baixa. Eu tirei meu vestido, sutiã, e calcinha e a coloquei numa cesta com um plástico que ficava no canto de nosso – eu quero dizer, meu – quarto. Eu fechei o plástico e coloquei perto da porta. Eu sabia que as Gêmeas iam jogar fora para mim. Eu fui para o banheiro e queria ir direto para o chuveiro, mas meu reflexo me pegou e eu parei, me olhando. Eu tinha me transformado numa estranha familiar de novo. Eu parecia horrível. Eu estava pálida, e tinha olheiras. As tatuagens no meu rosto, costas, e ombros sobressaiam, o contraste safira com o branco da minha pele e as manchas de sangue que cobriam meu corpo. Meus olhos pareciam enormes e negros. Eu não tinha tirado o colar das Filhas Negras. O prateado da corrente e o cobre da grana transluziu com a luz. 
 
“Porque?” eu sussurrei. “Porque você deixou Stevie Rae morrer?”
 
Eu não esperava uma resposta, e nenhuma veio. Então eu fui para o chuveiro e fiquei parada ali por um longo tempo, deixando minhas lagrimas se misturarem com a água e o sangue ser levado pelo ralo. 
 
 
 
VINTE E QUATRO
 
 
 
Quando eu sai do banheiro Shaunee e Erin estavam sentadas na cama de Stevie Rae.Havia uma bandeja entre elas com uma tigela de sopa, algumas bolachas, e uma lata de coca, normal. Elas estavam falando em voz baixa, mas assim que entrei no quarto elas se calaram.
 
Eu suspirei e sentei na minha cama. “Se vocês começarem a agir anormalmente ao meu redor eu não vou ser capaz de suportar.”
 
“Desculpe,” ela murmuraram juntas, olhando com timidez uma para a outra. Então Shaunee me entregou a bandeja. Eu olhei para comida como se não conseguisse lembrar o que fazer com ela.
 
“Você precisa começar para poder tomar o negocio que a Neferet nos deu para dar a você,” Erin disse.
 
“Além do mais, pode fazer você se sentir melhor,” Shaunee disse.
 
“Eu não acho que algum dia vou me sentir melhor.”
 
Os olhos de Erin se encheram de lágrimas que rolaram pelas bochechas dela. “Não diga isso, Zoey. Se você nunca mais se sentir melhor isso vai significar que nenhum de nós vai se sentir também.”
 
“Você tem que tentar, Zoey. Stevie Rae ficaria irritada se você não tentasse,” Shaunee disse, através das lagrimas. 
 
“Você está certa. Ela ficaria.” Eu peguei a colher e comecei a remexer a sopa. Era de galinha, e fez um caminho familiar e quente pela minha garganta, expandindo no meu corpo e espantando alguns dos terríveis calafrios que eu estava sentindo.
 
“E quando ela ficava irritada aquele terrível sotaque saía de controle,” Shaunee disse.
 
Isso fez Erin e eu sorrirmos. 
 
“Bem seja boaaazinhaa,” Erin falou fanhosa, repetindo as palavras que Steve Rae disse as Gêmeas um zilhão de vezes.
 
Nós sorrimos com isso, e a sopa começou a parecer mais fácil de engolir. Na metade da tigela, eu tive um pensamento repentino. “Eles não vão fazer um funeral nem nada disso para ela, vão?”
 
As Gêmeas balançaram a cabeça. “Não,” Shaunee disse. “Eles nunca fazem,” Erin disse.
 
“Bem, Gêmea, eu acho que alguns dos pais fazem, mas isso é na cidade natal deles.”
 
“Verdade, Gêmea,” Erin disse. “Mas eu não acho que ninguém daqui vai viajar para...” ela parou, pensando. “Qual o nome daquela cidadezinha rústica de onde Stevie Rae veio?”
 
 “Henrietta,” eu disse. “Lar das Galinhas Lutadoras.” 
 
“Galinhas Lutadoras?” as Gêmeas falaram juntas.
 
Eu acenei.”Deixava Stevie Rae maluca. Mesmo com sua rusticidade ela não achava legal ser uma Galinha Lutadora.”
 
“Galinhas lutam?” Shaunee perguntou.
 
Erin deu nos ombros. “Como eu vou saber, Gêmea?”
 
“Eu achava que só galos brigam,” eu disse. Nós todas nos olhamos e falamos, “Galos!”* (a palavra em inglês para galo é cocks, o que também significa pênis) e então começamos a rir, que rapidamente foi misturado com lagrimas. “Stevie Rae teria achado isso hilário,” eu disse quando recuperei o fôlego. 
 
“Vai realmente ficar tudo bem, Zoey?” Shaunee perguntou.
 
“Vai?” Erin ecoou. 
 
“Eu acho que sim,” eu disse.
 
“Como?” Shaunee perguntou.
 
“Eu realmente não sei. Acho que vamos ter que levar um dia por vez.”
 
Surpreendentemente eu terminei minha sopa. Eu me sentia melhor – mais quente, mais normal. Eu também estava incrivelmente cansada. As Gêmeas devem ter notado meus olhos ficando pesados, porque Erin pegou minha bandeja. Shaunee me entrou um pequeno frasco com um liquido leitoso. 
 
“Neferet disse que você deveria beber isso, que vai te ajudar a dormir sem ter pesadelos,” ela disse. 
 
“Obrigado.” Eu peguei dela, mas não bebi. Ela e Erin só ficaram ali olhando para mim. “Eu vou tomar num minuto. Depois que eu for para o banheiro. Só deixe minha coca aí caso tenha um gosto ruim.”
 
Isso pareceu satisfazer elas. Antes de saírem Shaunee disse, “Zoey, podemos fazer mais alguma coisa por você?” 
 
“Não, obrigado.”
 
“Nos ligue se precisar de qualquer coisa, certo?” Erin disse. “Prometemos a Stevie Rae...” a voz dela morreu e Shaunee terminou por ela, “Nós prometemos que cuidaríamos de você, e nós cumprimos nossas promessas.”
 
“Eu ligo,” eu disse.
 
“Ok,” elas falaram. “Noite...”
 
“Noite,” eu falei para a porta fechada.
 Assim que elas saíram eu derramei o liquido cremoso na pia e joguei o frasco fora.
 
Então eu estava sozinha. Eu olhei para o meu relógio, 6 horas. Era incrível como as coisas podiam mudar em apenas algumas horas. Eu tentei não pensar, mas os flashes da morte de Stevie Rae continuaram a brincar na minha mente, como se fosse um filme de terror grudado dentro dos meus olhos. Eu pulei quando meu celular tocou, e chequei o identificador de chamadas. Era o número da minha avó! Alivio passou por mim. Eu abri o telefone e lutei para não começar a chorar.
 
“Estou tão feliz por você ter ligado, vovó!”
 
“Pequena Ave, eu tive um sonho com você. Está tudo bem?” O tom de preocupação dela me disse que ela já sabia que não estava, o que não me surpreendeu. A minha vida toda minha avó e eu tivemos uma ligação.
 
“Não. Nada está certo,” eu sussurrei e comecei a chorar de novo. “Vovó, Stevie Rae morreu hoje a noite.”
 
“Oh, Zoey! Eu sinto tanto!” 
 
“Ela morreu nos meus braços, vovó, minutos depois de Nyx dar a ela a afinidade com a terra.”
 
“Deve ter sido um grande conforto para ela que você tenha estado lá no final.” Eu pude ouvir que vovó também estava chorando agora.
 
“Todos estavamos com ela, todos os meus amigos.”
 
“E Nyx devia estar com ela também.”
 
“Sim,” minha voz ficou presa nun soluço. “Eu acho que a deusa estava, mas eu não entendo, vovó. Não faz sentido Nyx dar um dom a Stevie Rae, e então deixar ela morrer.”
 
“Morte nunca faz sentido quando acontece com os jovens. Mas eu acredito que sua deusa estava perto de Stevie Rae, mesmo com a sua morte acontecendo tão cedo, e agora ela esta descansando pacificamente com Nyx.”
 
“Eu espero que sim.”
 
“Eu queria poder visitar você, mas com toda essa neve as estradas estão impossíveis. Que tal eu jejuar e rezar por Stevie Rae hoje?”
 
“Obrigada, vovó. Eu sei que ela iria gostar.”
 
“E, querida, você tem que superar isso.”
 
“Como, vovó?”
 
“Honrando a memória dela vivendo a vida que ela ficaria orgulhosa por você viver. Viva por ela também.”
 
“É difícil, vovó, especialmente quando os vampiros querem que a gente esqueça de quem morreu. Eles tratam isso como paralelepípedos, algo para parar um pouquinho, e então continuar.”
 
“Eu não quero contradizer sua Alta Sacerdotisa, ou nenhum dos vampiros adultos, mas isso parece uma visão míope. A morte é mais difícil se, se torna desconhecida.”
 
“É o que eu acho. Na verdade, é o que Stevie Rae também achava.“ Então eu tive uma idéia, junto com o pressentimento de que era a coisa certa a fazer. “Eu posso mudar isso. Com ou sem permissão, eu vou me certificar de que a morte de Stevie Rae seja honrada. Ela vai ser mais do que só um paralelepípedo.”
 
“Não se meta em problemas, querida.”
 
“Vovó, eu sou a caloura mais poderosa da história dos vampiros. Eu acho que eu posso me meter em problemas por algo que eu sinto que está errado.”
 
Vovó pausou, e então disse, “Eu acho que você pode estar certa sobre isso, Zoeybird.”
 
“Eu amo você, vovó.”
 
“Eu também te amo, u-we-tsi a-ge-hu-tsa."  A palavra Cherokee para filha me fez sentir amada e segura. “E agora eu quero que você tente dormir. Saiba que estarei orando por você, e pedindo ao espírito de nossos ancestrais para cuidar e confortar você.”
 
“Obrigada, vovó. Tchau.”
 
“Tchau, Zoeybird.”
 
Eu fechei o telefone suavemente. Eu me sentia melhor agora que tinha falado com vovó. Antes parecia haver um grande e invisível peso pressionando o meu peito. Agora que parte disso estava fora era mais fácil respirar. Eu comecei a deitar, e Nala entrou pela porta de gato, pulou na minha cama, e instantemente começou a me-uf-ow-ing para mim. Eu a acariciei e disse o quão feliz eu estava por ver ela ali, e então ela olhou para a cama vazia de Stevie Rae. Ela sempre ria da rabugice de Nala, e dizia que ela soava como uma mulher velha, mas ela tinha amado a gata tanto quanto eu. Lagrimas saíram dos meus olhos e eu me perguntei se havia um limite de quanto algum poderia chorar. Então meu telefone tremeu me dizendo que eu tinha uma nova mensagem. Eu esfreguei os olhos e abri o telefone.
 
Vc está bem? Algo estah errado.
 
Era Heath. Bem, pelo menos agora não havia duvidas de que eu e ele estávamos ligados por um Imprint. E o que diabos eu ia fazer sobre isso eu não tinha idéia. 
 
Dia ruim. Minha melhor amiga morreu. Eu respondi para ele. 
 
Demorou tanto tempo que eu não achei que ele fosse responder. Então meu telefone finalmente vibrou de novo.
 
Meus amigos morreram também.
 
Eu fechei os olhos. Como posso ter esquecido que dois amigos de Heath tinham recentemente sido mortos? 
 
Desculpe. Eu respondi.
 
Eu tb. Vc quer que eu vah te ver?
 
O instantâneo e poderoso sim! que passou pelo meu corpo me surpreendeu, mas eu suponho que não deveria. Seria maravilhoso ficar nos braços de Heath... na sedução escarlate do sangue de Heath...
 
Não, eu digitei rapidamente, minhas mãos tremendo. Você tem aula.
 
Nuh uh DIA DE NEVE!
 
Eu sorri, e passei um doce segundo ou dois desejando poder voltar para o tempo quando um dia de neve significa um mini-feriado vagabundeando pela neve com meus amigos, e então indo assistir filmes alugados e comer pizza. Meu celular vidrou de novo, quebrando minha fantasia.
 
Vou te fazer sentir melhor sexta
 
Eu suspirei. Eu esqueci completamente que tinha prometido a Heath encontrar ele depois do jogo na sexta. Eu não deveria encontrar ele. Na verdade, eu deveria ir até Neferet e confessar tudo sobre Heath e fazer ela me ajudar a consertar as coisas.
 
Neferet mente. A voz de Afrodite passou pela minha mente. Não. Eu não podia ir até Neferet, e por mais razões do que apenas o aviso de Afrodite. Algo parecia errado em relação a Neferet. Eu não podia confiar nela. Meu telefone vibrou.
 
Zo?
 
Eu suspirei. Eu estava tão cansada que estava ficando difícil se concentrar. Eu comecei a responder e dizer a Heath que eu não podia encontrar ele, não importava o quanto eu gostaria. Eu até apertei o N o à e o O. Então eu parei, apaguei tudo, e digitei: OK.
 
Que diabos. Eu sentia que minha vida estava tão descosturada quanto a borda de uma saia antiga. Eu não queria dizer não a Heath, e me preocupar com nosso Imprint era só uma das muitas coisas para me preocupar agora.
 
OK! Veio sua rápida resposta. 
 
Eu suspirei de novo, desliguei o telefone, e sentei pesadamente na cama, acariciando Nala, olhando para o nada, e desejando desesperadamente poder voltar o relógio em um dia... ou talvez até um ano... Eventualmente eu notei que, por qualquer que fosse a razão, os vampiros que pegaram as coisas de Stevie Rae tinham esquecido o antigo, acolchoado feito a mão que ela mantinha na sua cama. Eu pus Nala no meu travesseiro e levantei, tirando o acolchoado da cama de Stevie Rae.Então Nala e eu nos aconchegamos por cima dele.
 
Eu senti como se cada molécula do meu corpo estivesse cansada, mas eu não podia dormir. Eu acho que eu sentia falta dos suaves roncos de Stevie Rae e da sensação de não estar sozinha. Uma tristeza se apoderou de mim e era tão profunda que eu pensei que iria me afogar nela.
Duas batidas suaves na minha porta. E então ela se abriu devagar. Eu meio que sentei para ver Shaunee e Erin, as duas de pijama e pantufas, agarradas a seus travesseiros e cobertores.
 
“Podemos dormir com você?” Erin perguntou.
 
“Não queríamos ficar sozinhas,” Shaunee disse.
 
“Yeah, e achamos que você também não iria querer ficar sozinha,” Erin terminou.
 
“Vocês têm razão. Eu não quero.” Eu engoli mais lagrimas. “Entrem.”
 
Elas entraram, com apenas uma pequena hesitação, subiram na cama de Stevie Rae. O enorme gato cinza delas, Bellzebub, subiu com elas. Nala levantou sua cabeça do travesseiro para olhar para ele, e então, como se ele estivesse muito abaixo do nível de rainha dela para ela notar, ela se aconchegou e foi dormir.
 
Eu estava me preparando para dormir quando outra suave batida veio a porta. Dessa vez ela não abriu, então eu disse, “Quem é?”
 
“Eu.”
 
Shaunee, Erin, e eu piscamos uma para a outra. Então eu corri até a porta e a abri para encontrar Damien parado no corredor usando pijamas de flanela com ursos rosa como estampa. Ele parecia meio úmido, e flocos de neve não derretidos estavam em seu cabelo. Ele estava carregando um saco de dormir e um travesseiro. Eu agarrei o braço dele e o coloquei rapidamente para dentro do quarto. O gato gordinho dele, Cameron, entrou com ele.
 
“O que você está fazendo aqui, Damien? Você sabe que vai ter muitos problemas se for pegou aqui.”
 
“Yeah, já passou muito tempo do toque de recolher,” Erin disse.
 
“Você pode estar aqui para nos desvirginar,” Shaunee disse. Então ela e Erin olharam uma para a outra e começaram a rir, o que me fez sorrir. Era estranho ter um sentimento feliz no meio de tamanha tristeza, que foi provavelmente o motivo para a risada das Gêmeas e meu sorriso desaparecem rapidamente.
 
“Stevie Rae não iria querer que deixássemos de ser felizes,” Damien disse no silencio desconfortável. Então ele andou para o meio do quarto espalhou seu saco de dormir no chão entre as camas. “E estou aqui porque precisamos ficar juntos. Não porque eu quero pegar  nenhuma de vocês,  mesmo que todas ainda sejam virgens, embora eu tenha apreciado o seu vocabulário.”
 
Erin e Shaunee bufaram, mas pareciam mais divertidas do que ofendidas, e eu fiz uma nota para fazer a eles perguntas sobre sexo mais tarde.
 
“Bem, fico feliz que você tenha vindo, mas vamos ter vários problemas tirando você daqui quando todos estiverem comendo o café e se apressando antes da aula,’ eu disse, tentando bolar planos de fuga na mente.
 
“Oh, não se preocupe com isso. Os vampiros falaram que a aula está cancelada hoje por causa da neve. Ninguém vai se apressar para ir a lugar nenhum. Eu só vou sair com vocês.”
 
 
“Cancelada? Quer dizer que não teríamos que acordar, se vestir, e descer antes de descobrir que não haveria aula? Isso é uma droga,” eu disse.
 
Eu podia ver o sorriso na voz de Damien. “Eles anunciaram na estação de radio local como as escolas normais fazem. Mas você e Stevie Rae escutam as noticias enquanto você pega...” Damien parou, e eu percebi que ele começou a fazer a pergunta como se Stevie Rae ainda estivesse viva.
 
“Não,” eu disse rapidamente, tentando encobrir o engano dele. “Nós costumávamos ouvir musica country. E sempre me fazia me apressar e me vestir rapidamente para fugir.”Meus amigos riram suavemente. Eu esperei até todos se calarem de novo, e então disse, “Eu não vou esquecer ela, e não vou fingir que a morte dela não significa nada para mim.”
 
“Nem eu,” Damien disse.
 
“Eu também não,” Shaunee disse.
 
“Idem, Gêmea,” Erin disse.
 
Depois de um tempo eu disse, “Eu não achei que isso podia acontecer com um calouro que ganhou uma afinidade de Nyx. Eu – eu achei que isso não aconteceria.”
 
“Não é garantido que alguém sobreviva a mudança, nem mesmo aqueles que receberam dons da deusa,” Damien disse quietamente.
 
“Isso só significa que temos que ficar juntos,’ Erin disse.
 
“É o único jeito de passarmos por isso,” Shaunee disse.
 
“É o que faremos então – ficarmos juntos,” eu disse finalmente.
 
“E prometer que se o pior acontecer, e mais alguém de nós não consiga, os outros não permitiram que ele seja esquecido.”
 
“Prometemos,” meus três amigos disseram solenemente.
 
Todos olhamos para biaxo. O quarto não parecia mais tão solitário, e antes de dormir eu sussurrei, “Obrigado por não me deixar ficar sozinha...” e não tinha certeza se estava agradecendo a meus amigos, minha deusa, ou a Stevie Rae.
 
 
VINTE E CINCO
 
 
Estava nevando no meu sonho. Primeiro eu achei que isso era legal. Quero dizer, era realmente lindo... parecia o mundo parecer a Disney e ser perfeito, como se nada ruim pudesse acontecer, ou se acontecesse fosse apenas temporário, porque todos sabem que a Disney é a favor do felizes para sempre...
 
Eu andei devagar, sem sentir o frio. Parecia ser logo antes do amanhecer, mas era difícil dizer com o céu todo enevoado e cinza. Eu coloquei a cabeça para trás e olhei para como a neve se amontoava nos galhos de velho carvalho, e fazia o muro leste parecer suave, e menos imponente.
 
O muro leste.
 
No meu sonho eu hesitei quando percebi onde estava. Então eu vi as figuras, encapuzadas e com capa, paradas nun grupo de quatro pessoas na frete na porta escondida do muro.
 
Não! Eu disse para a eu do sonho, Eu não quero estar aqui. Não tão cedo depois da morte de Stevie Rae. Depois da ultima vez que dois calouros morreram eu vi seus fantasmas ou espíritos ou corpos mortos vivos ou o que quer que eles fossem. Mesmo que eu tivesse recebido o dom de ver os mortos de Nyx. Chega era chega! Eu não queria – 
 
A menor figura de capa virou e minha discussão interna saiu da minha mente. Era Stevie Rae! Só que não era ela. Ela parecia muito pálida e magra. E tinha outra coisa sobre ela. Eu encarei, e minha hesitação inicial foi sobrepujada pela terrível necessidade que eu tinha de entender. Quero dizer, se realmente fosse Stevie Rae, então eu não precisava ter medo dela. Mesmo estranhamente mudada pela morte, ela ainda era minha melhor amiga. Não era? Eu não pude me impedir de ir para frente até ficar parada a apenas 30 centímetros de distancia do grupo. Eu segurei o fôlego, esperando que eles se virassem para mim, mas ninguém me notou. No meu mundo de sonho era como se eu fosse invisível para eles. Então me aproximei ainda mais, incapaz de tirar os olhos de Stevie Rae. Ela parecia terrível – frenética – e ela continua a se mexer inquieta, passando os olhos ao redor como se estivesse extremamente nervosa ou com muito medo.
 
“Não deveríamos estar aqui. Deveríamos ir embora.” 
 
Eu pulei ao ouvir o som da voz de Stevie Rae. Ela inda tinha o sotaque Okie, mas nada mais era reconhecível. O tom era grosso, faltando qualquer emoção a não ser um nervosismo animalesco.
 
“Você não é nossa donaaaa,” uma das outras figuras de capa disse, cerrando os dentes para Stevie Rae. Oh, ugh! Era aquela criatura Elliott. Embora o corpo dele estivesse estranhamente encurvado, ele parou perto dela de forma agressiva. Os olhos dele começaram a brilhar com o vermelho sujo. Eu estava com medo por ela, mas ela não deixou ele a intimdar, ao invés disso Stevie Rae cerrou os próprios dentes, o olhar dela queimava em um vermelho escarlate, e ela deu um feio resmungo. Então ela disse para ele,”A terra responde a você? Não!” Ela andou para frente, e Elliott automaticamente deu vários passos para trás. “E até responder, você vai me obedecer! Isso é o que ela disse.” 
 
Elliott fez uma estranha reverencia servil que as outras duas figuras de capa imitaram. Então Stevie Rae apontou para a porta escondida. “Agora, vão rapidamente.” Mas antes de qualquer um deles se mover eu ouvi uma voz familiar do outro lado do muro.
 
“Hey, algum de vocês conhece Zoey Redbird? Eu preciso dizer a ela que estou aqui e-“
 
A voz de Heath se quebrou quando as quatro criaturas, com uma super velocidade, saíram pela porta atrás dele.
 
“Não! Parem! O que diabos vocês vão fazer?” eu gritei. Meu coração estava batendo tão forte que doía enquanto eu corria para a porta em tempo de ver eles agarrando Heath. Eu ouvi Stevie Rae dizer, “Ele nos viu. Agora ele vem com a gente.”
 
“Mas ela disse mais nenhum!” Elliott gritou enquanto mantinha o aperto em Heath que se debatia.
 
“Ele nos viu!” Stevie Rae repetiu. “Então ele vem conosco até ela dizer o que fazer com ele!”
 
Eles não discutiram com ela, e com uma força sobre humana eu o arrastaram para longe. A neve pareceu engolir os gritos dele. 
 
Eu sentei de repente na cama, respirando com força, suando e tremendo. Nala ronronou. Eu olhei para o quarto e me senti momentaneamente em pânico. Eu estava sozinha! Eu tinha sonhado com tudo que tinha acontecido ontem? Eu olhei para a cama vazia de Stevie Rae, e pela falta de todas as coisas dela no quarto. Não. Eu não sonhei. Minha melhor amiga estava morta. Eu deixei o peso da tristeza se apoderar de mim, e eu sabia que eu iria carregar ele comigo por um longo tempo.
 
Mas as Gêmeas e Damien não tinham dormido aqui? Ainda grogue, eu esfreguei os olhos e olhei para o relógio. 17 horas. Eu devo ter adormecido entre 6:30 e 7. Sheesh, eu definitivamente dormi o bastante. Eu levantei, fui para a janela, e espiei para fora. Incrivelmente, ainda estava nevando, e embora fosse cedo, os postes de luz estavam iluminando a noite e brilhando com pequenas aureolas de neve.Calouros estavam fazendo coisas típicas de garotos – fazendo bonecos de neve e guerra de bola de neve. Eu vi alguém que achei ser aquela Cassie Kramme a garota que tinha se saído tão bem na competição de monologo fazendo anjos de neve com outras garotas. Stevie Rae teria adorado. Ela teria me feito acordar horas atrás e teria me feito ir com ela no meio de toda a diversão (se eu quisesse ou não). Pensar sobre isso, me fazia não saber se eu queria chorar ou sorrir. 
 
“Z? Você está acordada?” Shaunee deu uma tentativa atrás da porta entre aberta.
 
Eu fiz menção para ela entrar. “Onde vocês foram?”
 
“Levantamos a algumas horas. Estavamos vendo uns filmes. Quer vir com a gente? Erik e Cole, aquele amigo totalmente ótttttiiimooo dele, vão vir.” Então ela olhou ao redor culpada, como se lembrasse que Stevie Rae tinha partido e pedisse desculpa por agir de forma tão normal. Algo dentro de mim me fez falar.
 
“Shaunee, temos que continuar. Temos que sair e ser felizes e viver nossas vidas. Nada é garantido, a morte de Stevie Rae prova isso. Não podemos desperdiçar o tempo que foi nos dado. Quando eu disse que ia me certificar de que ela fosse lembrada, eu não quis dizer que iríamos ficar tristes para sempre. Eu quis dizer que lembraria da felicidade que ela trouxe para nós, e manter o sorriso dela perto do meu coração. Sempre.”
 
“Sempre,” Shaunee concordou.
 
“Se você me der um segundo eu vou por uma jeans e encontro vocês lá embaixo.”
 
“Ok,” ela disse com um sorriso. 
 
Quando Shaunee saiu, uma parte da minha atuação feliz diminui. Eu falei sério sobre o que disse a ela, mas a parte de agir é que seria difícil. Além do mais, eu estava tendo dificuldades para esquecer o pesadelo. Eu sabia que era só um sonho, mas ainda me incomodava. Era como se eu pudesse ouvir os ecos dos gritos de Heath no opressivo silencio do meu quarto. Me movendo automaticamente, eu vesti minha jeans mais confortável e camiseta mais quente que eu comprei da loja da escola algumas semanas atrás. Por cima do meu coração eu tinha a insígnia de Nyx parada com as mãos erguidas na lua, e de alguma forma me fez sentir melhor. Eu escovei o cabelo e olhei meu reflexo no espelho. Eu parecia um cocô. Então eu coloquei uma base nas minhas olheiras, um rimel e um gloss que cheirava a morango. Me sentindo mais pronta para encarar o mundo, eu desci.
 
E parei no fim da escada. A cena era familiar, e ainda sim completamente mudada. Garotas amontuadas perto das TVs. Elas deveriam estar conversando, e estavam, mas definitivamente era suave. Meu grupo de amigos estava sentado perto da TV que mais gostávamos: as Gêmeas em suas cadeiras combinando, Damien e Jack (muito aconchegados) estavam sentados no chão perto do sofá, Erik estava no sofá, e eu fiquei surpresa por ver que seu ótttttiiimooo  amigo, Cole, pegou uma cadeira e estava sentado entre as Gêmeas. Eu senti meus lábios se erguerem. Ou ele era muito corajoso ou ele era um idiota.Todos estavam conversando suavemente, e definitivamente não estavam prestando atenção no Retorno da Mumia, que estava passando na TV. Então, a não ser por duas coisas, era uma cena perfeitamente familiar. Primeiro, eles estavam sendo muito quietos. Segundo, Stevie Rae deveria estar sentada no sofá com seus pés pra cima e dizendo a todos para ficarem quietos para poder ver o filme.
 
Eu engoli as lagrimas, sentindo minha garganta queimar. Eu tinha que continuar. Nós tínhamos que continuar. 
 
“Oi, gente,” eu disse, tentando soar normal.
 
Dessa vez não houve um silencio desconfortável com a minha presença.  Ao invés disso houve um desconfortável todos-falando-ao-mesmo-tempo.
 
“Oi, Z!”
 
“Zoey!”
 
“E aí, Z!”
 
Eu consegui não virar os olhos quando sentei do lado de Erik. Ele pos seus braços ao meu redor e apertou, o que me fez sentir estranhamente melhor mas culpada. Melhor – porque ele era totalmente doce e gostoso e eu ainda estava surpresa por ele parecer gostar tanto de mim. Culpada – bem, isso poderia ser resumido em uma palavra: Heath.
 
“Ótimo! Agora que Z está aqui podemos começar a maratona,” Erik disse.
 
“Você a nerdtona,” Shaunee disse com uma bufada.
 
“É o final de semana que poderíamos chamar de semana nerd,” Erin disse.
 
“Me deixe adivinhar.” Eu olhei para Erik. “Você trouxe os DVDs.”
 
“Sim eu trouxe!”
 
O resto do grupo gemeu em uma dor exagerada.
 
“O que significa que vamos assistir, Star Wars,’ eu disse.
 
“De novo,” o amigo dele, Cole, murmurou. 
 
Shaunee arqueeou uma sobrancelha perfeita para Coe. “Você está dizendo que não é um grande fã de Star Wars?”
 
Ele sorriu para Shaunee, e mesmo da onde eu estava sentada eu podia ver o brilho de flerte nos olhos dele. “Assistir a versão mais longa com os cortes do diretor de Star Wars pela milésima vez não é o motivo deu ter vindo aqui. Eu sou seu fã, mas não do Darth ou do Chewbacca.”
 
“Você está dizendo que a Princessa Leia serve pra você?” Shaunee respondeu.
 
“Não, sou mais colorido que isso,’ ele disse, se inclinando na direção dela. “Eu também não estou aqui por que sou fã de Star Wars,” Jack disse, dando a Damien um olhar adorável. 
 
Erin riu. “Bem, sabemos que a Princessa Leia não serve pra você.”
 
“Graças a Deus,” Damien disse.
 
“Eu queria que Stevie Rae estivesse aqui,” Erik disse. “Ela estaria toda, Gente, vocês não estão sendo muito legaaaisss.”
 
As palavras de Erik fizeram todos se calarem. Eu olhei para ele e vi que ele corou, como se tivesse percebido o que disse só depois que falou. Eu sorri e descansei minha cabeça no ombro dele.
 
“Você está certo. Stevie Rae estaria nos xingando como uma mãe.”
 
“E então ela faria pipoca e diria para a gente dividir bem, “Damien disse. “Embora ela fosse dizer gentilmente.”
 
“Eu gostava do jeito que Stevie Rae avacalhava a língua inglesa,” Shaunee disse.
 
“Yeah, ela transformava em uma palavra Okie, “Erin disse.
 
Todos sorrimos uns para os outros, e eu senti um pouco de calor começar a surgir no meu peito. É assim que começa – era assim que íamos lembrar de Stevie Rae – com sorrisos e amor. 
 
“Uh, posso sentar com vocês?”
 
Eu olhei para cima e vi o fofo Drew Partain parado nervosamente na ponta do nosso grupo. Ele parecia pálido e triste, e seus olhos estavam vermelhos como se tivesse chorado. Eu lembrei do jeito que ele tinha olhado para Stevie Rae, e senti uma pontada de simpatia por ele.
 
“Claro!” Eu disse gentilmente. “Pegue uma cadeira.”  Então uma idéia me fez acrescentar, “Tem espaço perto de Erin.”
 
Os olhos azuis de Erin se alargaram um pouco, mas ela se recuperou rapidamente. “Yeah, pegue uma cadeira, Drew. Mas fique avisado, estamos assistindo Star Wars.”
 
“Tudo bem por mim, “Drew disse, dando a Erin um hesitante sorriso. “Baixo, mas fofo,” eu ouvi Shaunee sussurrar para Erin, e eu acredito que vi Erin corar.
 
“Hey, eu vou fazer pipoca. Além do mais, eu preciso da minha –“
 
“Coca!” Damien, as Gêmeas, e Erik falaram juntos. 
 
Eu me desembaracei dos braços de Erik e fui para a cozinha, me sentindo mais leve desde que Stevie Rae começou a tossir. Tudo ficaria bem. A House of Night era minha casa. Meus amigos eram minha família. Eu seguiria meu conselho e levaria um dia por vez – um problema por vez. Eu iria descobrir um jeito de resolver meus problemas com namorado. Eu faria meu melhor para evitar Neferet (sem ficar obvio demais que eu estava a evitando) até descobrir o que estava acontecendo com ela e o Elliott não morto (que era o suficiente para dar a qualquer um pesadelos – não era de se admirar que eu tenha tido um sonho tão terrível sobre Stevie Rae  e Heath).
 
Eu pus um saco de pipoca com mantega extra em cada um dos nossos quatro microondas e peguei enormes tigelas enquanto elas começavam a estourar. Talvez eu devesse lançar outra circulo privado e pedir a Nyx por ajuda e entendimento para o problema no nojento do Elliott. Meu estomago se apertou quando percebi que eu estaria sem Stevie Rae. Como eu ia lidar com substituir ela? Isso me fez sentir enjoada, mas tinha que ser feito. Se não agora, para o meu ritual privado, eu teria que encontrar alguém antes do próximo Ritual da Lua Cheia. Eu fechei meus olhos contra a dor de sentir saudades de Stevie Rae e da realidade de continuar sem ela. Por favor me mostre o que fazer, eu rezei silenciosamente para Nyx.
 
“Zoey, você precisa vir para a sala.”
 
Meus olhos saltaram abertamente quando a voz de Erik passou por mim. O olhar no rosto dele fez minha adrenalina subir e passar pelo meu corpo. “O que está acontecendo?”
 
“Só vem aqui.” Ele pegou minha mão e me tirou com pressa da cozinha. “É o noticiário.”
 
Embora a sala estivesse cheia de gente, tinha ficado completamente silenciosa. Todos estavam olhando para a TV, onde Chera Kimiko estava olhando para a câmera e falando solenemente.
 
“...a policia esta avisando o publico para não entrar em pânico, embora esse seja o terceiro adolescente a desaparecer. Eles estão investigando, e asseguraram ao Fox News que tem várias pistas viáveis. Para repetir esse blotem especial, um adolescente da Broken Arrow, outro jogador de futebol, está desaparecido. Seu nome é Heath Luck.”
 
Meus joelhos não mais me sustentavam, e eu teria caído se Erik não tivesse passado seus braços ao redor da minha cintura e me ajudado a chegar até o sofá. Eu senti que não conseguia recuperar o fôlego enquanto Chera continuou:
 
“A caminhonete de Heath foi encontrada do lado de fora da House of Night, mas a Alta Sacerdotisa, Neferet, assegurou a policia que ele não entrou na escola, e que ele não foi visto por ninguem lá. É claro a muita especulação sobre o desaparecimento dele, especialmente desde que o relatório do legista para a causa da morte dos outros dois garotos seqüestrados foi perda de sangue devido a muitas mordidas e lacerações. E embora seja verdade que
vampiros não mortem quando pegam o sangue de humanos, as lacerações são consistentes com a de um vampiro se alimentado. É importante lembrarmos ao publico que vampiros tem um contrato legal com humanos de não se alimentar de nenhum humano sendo contra a vontade dele. Teremos mais dessa historia as 10 horas, e é claro quando mais noticias estiverem disponíveis...”
 
“Alguem pegue uma tigela, eu vou vomitar!” Eu consegui gritar por cima do zunido na minha cabeça. Uma tigela foi posta em minhas mãos e eu vomitei as tripas para fora dentro dela.
 
 
VINTE E SEIS
 
 
“Aqui, Zoey, vai te ajudar se você passar isso pela boca.” Cega eu peguei o que quer que fosse que Erin me entregou, aliviada quando vi que era só água fria. Eu gospi na nojenta de vomito.
 
“Ugh,m tire isso daqui,” eu disse, suprindo minha ânsia quando senti o cheiro do vomito. Eu queria cobrir o rosto com as mãos e começar a chorar, mas eu sabia que a sala toda estava olhando para mim, então eu devagar ajeitei os ombros e coloquei meu cabelo atrás das orelhas. Eu não tinha o luxo de me dissolver em um ataque de pânico. Minha mente já estava processando as coisas que eu precisava fazer – tinha que fazer. Por Heath, ele era o que importava agora, não eu, e não minha necessidade para esteria. “Eu tenho que ver Neferet,” eu disse segura e levantei, surpresa de ver o quão firme meus joelhos tinham se ficado.
 
“Eu vou com você,” Erik disse. 
 
“Obrigado, mas primeiro eu preciso escovar os dentes e colocar um sapato.” (eu tinha colocado só um par de meias grossas quando desci para ver TV.)Eu sorri para Erik. “Eu vou correndo até o meu quarto e já volto.” Eu pude sentir as Gêmeas se aprontando para me seguir. “Ficarei bem. Só me dêem um segundo.” Então virei e corri subindo as escadas.   Eu não parei no meu quarto, mas continuei indo pelo corredor, virei a direita, e parei na frente do número 124. Eu levantei meu punho, mas não tinha batido quando a porta abriu.
 
“Eu pensei que seria você.” Afrodite me deu um olhar frio, mas deu um passo para o lado. “Entre.”
 
Eu entrei, surpresa pelas cores bonitas do interior do quarto. Eu acho que esperei que ele fosse escuro e assustador, como um preto. 
 
“Você tem um flúor? Eu acabei de vomitar e seriamente me enojei.”
 
Ela apontou com o queixo para o armário de remédios em cima da pia. “Ali. O copo na pia está limpo.”
 
Eu lavei minha boca, aproveitando a oportunidade para organizar meus pensamentos. Quando terminei virei para olhar para ela. Decidindo não perder tempo com merda, eu fui direto ao ponto. “Como você sabe se uma visão é real ou só um sonho?”
 
Ela sentou em uma das camas e colocou seu longo e perfeito cabelo para trás. “É um sentimento dentro de você. Visões nunca são fáceis ou confortáveis ou flores enroladas como
nos filmes. Visões são uma merda. Pelo menos as reais. Basicamente, se te faz sentir que nem merda, provavelmente é real e não só um sonho.” Os olhos azuis dela olharam para mim cuidadosamente. “Então, você está tendo visões?”
 
“Eu pensei ter tido um sono a noite passada, um pesadelo na verdade. Hoje eu acho que era uma visão.”
 
Afrodite virou os lábios apenas um pouco. “Bem, isso é uma merda para você.”
 
Eu mudei de assunto. “O que está acontecendo com Neferet?” O rosto de Afrodite ficou cuidadosamente em branco. “Como assim?”
 
“Eu acho que você sabe exatamente do que estou falando. Tem algo errado com ela. Eu quero saber o que.”
 
“Você é a protegida dela. A favorita dela. A nova garota de ouro dela. Você acha que eu vou dizer alguma merda para você? Eu posso ser loira, mas eu definitivamente não sou idiota.”
 
“Se é assim que você realmente se sente, porque você me alertou sobre beber o remédio que ela me deu?”
 
Afrodite olhou para o outro lado. “Minha primeira colega de quarto morreu seis meses depois que cheguei aqui. Eu tomei o remédio. Ele – ele me afetou. Por um longe tempo.”
 
“Como assim? Como afetou você?”
 
“Me fez me sentir engraçada, desapegada. Parou minhas visões. Não permanentemente, só por algumas semanas. E então foi difícil para mim lembrar até como ela parecia.” Afrodite parou. “Venus. O nome dela era Venus Davis.” Os olhos dela encontraram os meus novamente. “Ela foi a razão pela qual escolhi meu novo nome como Afrodite. Éramos melhores amigas e achamos que era legal.” Os olhos dela estavam cheios de tristeza. “Eu me fiz lembrar de Venus, e eu achei que você iria querer lembrar de Stevie Rae.” “Eu quero. Eu vou. Obrigado.”
 
“Você deveria ir. Não será bom para nenhuma de nós se souberem que você está aqui falando comigo,” Afrodite disse.
 
Eu percebi que ela provavelmente estava certa, e eu me virei para a porta. A voz dela me parou.
 
“Ela faz você pensar que ela é boa, mas ela não é. Nem tudo que é luz é bom, e nem tudo que é escuridão é sempre ruim.”
 
Escuridão nem sempre equivale ao mal, assim como a luz nem sempre trás o bem. As palavras que Nyx tinha dito para mim no dia que fui Marcada estavam espelhadas no aviso de Afrodite.
 
“Em outras palavras, tenha cuidado perto de Neferet e não confie nela,” eu disse.
 
“Yeah, mas eu não disse isso.” 
 
“Disse o que? Nem estamos tendo essa conversa.” Eu fechei a porta atrás de mim e corri para meu quarto onde lavei meu rosto e escovei os dentes, coloquei um sapato, e então corri para a sala.
 
“Pronta?” Erik perguntou.
 
“Vamos também,” Damien disse, incluindo as Gêmeas, Jack, e Drew.
 
Eu comecei a dizer para eles não, mas não consegui fazer a palavra sair. A verdade era que eu estava feliz por eles estarem aqui, felizes por eles obviamente sentirem a necessidade para juntar forças ao meu redor e me proteger. Eu me preocupei por muito tempo que meus poderes extras e minha estranha Marca escolhi pela deusa fosse me rotular como uma aberração e eu não me encaixasse, não teria nenhum amigo. Mas o oposto parecia estar acontecendo.
 
“Ok, vamos.” Fomos para a porta. Eu não tinha certeza absoluta do que eu ia dizer a Neferet. Tudo o que eu sabia é que eu não podia continuar a manter a boca fechada, e que eu tinha o terrível pressentimento de que meu “sonhp” tinha  sido uma visão, e que tinha mais sobre os “espíritos” que eu andava vendo do que apenas fantasmas. Mas acima de tudo, eu tinha medo que eles tivessem levado Heath. O que isso dizia sobre o que Stevie Rae tinha se tornado fez meu interior tremer, mas não mudava o fato de que Heath estava desaparecido, e que eu achava que sabia quem tinha levado ele (se não o que tinha levado ele).
 
Não tínhamos chegado na porta ainda quando ela abriu e Neferet escorreu para dentro da sala com uma onda do cheiro de neve no ar. Ela era seguida pelos Detetives Marx e Marin. Eles estavam usando jaquetas azuis que estavam fechadas até o queixo deles. O chapéu deles estava coberto com a neve branca e seus narizes estavam vermelhos. Neferet, como sempre, parecia perfeitamente posicionada, perfeitamente limpa, e perfeitamente no controle.
 
“Ah, Zoey, bom. Isso me poupa de ter que te procurar. Os dois detetives tem duas noticias ruins, e eles também gostariam de falar com você por um segundo.”
 
Eu nem olhei para Neferet, e eu pude sentir ela endurecer enquanto eu respondia diretamente para os detetives. “Eu já ouvi as noticias sobre o desaparecimento de Heath. Se tiver qualquer coisa que eu puder fazer para ajudar, eu farei.”
 
“Podemos usar a biblioteca de novo?” Detetive Marx perguntou. “É claro,’ Neferet disse suavemente.
 
Eu comecei a seguir Neferet e os Detetives para a biblioteca, mas eu parei e olhei para Erik.
 
“Estaremos aqui,” ele disse.
 
“Todos nós,” Damien disse.
 
Eu acenei. Me sentindo melhor, eu fui para a biblioteca. Eu mal entrei no aposento quando o Detetive Martin começou a me interrogar. 
 
‘Zoey, você pode me dizer onde estava entre as 6:30 e 8:30 dessa manha?”
 
Eu acenei. “Eu estava lá em cima no meu quarto. Perto dessa hora estava falando no telefone com a minha avó, e então Heath e eu trocamos mensagens algumas vezes.” Eu peguei meu celular de dentro das jeans. “Eu não deletei as mensagens. Você pode ver se quiser.”
 
“Você não tem que dar a ele seu telefone, Zoey,” Neferet disse. Eu me fiz sorrir para ela.
 
“Está tudo bem. Eu não me importo.”
 
Detetive Martin pegou meu telefone e começou a passar pelo arquivo de mensagens, copiando algumas mensagens. “Você viu Heath essa manhã?” Detetive Marx perguntou. “Não. Ele perguntou se podia vir me ver, mas eu disse não para ele.”
 
“Aqui diz que você estava planejando ver ele na sexta,” Detetive Martin disse.
 
Eu podia sentir os olhos afiados de Neferet em mim. Eu respirei fundo. O único jeito deu fazer isso era me manter o mais perto da verdade que eu pudesse.
 
“Yeah,  eu ia sair com ele sexta depois do jogo.”
 
“Zoey, você sabe que existem regras estritas sobre continuar a sair com humanos da sua vida passada.” Eu notei, pela primeira vez, o nojo que enchia a voz dela quando ela disse humanos.
 
“Eu sei. Sinto muito.” De novo, eu disse a verdade, só omitindo o fato do Imprint, e o detalhe do eu-não-confio-mais-em-você. “É só que Heath e eu temos tanta história juntos que é difícil parar de falar com ele completamente, embora eu soubesse que eu preciso. Eu achei melhor encontrar com ele e dizer na cara dele, de uma vez por todas, que não podíamos mais nos ver. Eu teria contado a você, mas eu queria cuidar disso sozinha.”
 
“Então, você não o viu hoje de manha?” Detetive Marx repetiu.
 
“Não. Depois que terminamos com as mensagens eu fui dormir.”
 
“Alguém pode testemunhar que você ficou no seu quarto o tempo todo?” Detetive Martin perguntou, me entregando meu telefone.” A voz de Neferet era gelada. “Cavalheiros, eu já expliquei a vocês a terrível experiencia que Zoey passou ontem. A colega de quarto dela morreu. Então, como alguém pode testemunhar onde ela estava se –“ 
 
“Um, com licença, Neferet, mas na verdade eu não estava dormindo sozinha. Minhas amigas Shaunee e Erin não queriam ficar sozinhas, então vieram para meu quarto e dormiram comigo.” Eu não comentei sobre Damien. Não tinha porque meter ele em problemas.
 
“Oh, isso foi gentil da partedelas,” Neferet disse gentilmente, mudando do modo vampira assustadora para mãe preocupada. Eu tentei não pensar sobre o quão não enganada eu estava por ela.
 
“Você tem alguma idéia de onde Heath pode estar?”  perguntou o Detetive Marx (eu ainda gostava mais dele).
 
“Não. A caminhonete dele foi encontrada não muito longe do muro da escola, mas a neve está caindo tanto que qualquer rastro de onde ele pode ter estado foi completamente coberto.”
 
“Bem, eu acho que invés de perder tempo interrogando minha caloura, a policia deveria passar mais tempo procurando o adolescente na sarjeta,” Neferet disse em um tom improvisado que me fez querer gritar.
 
“Senhora?” Marx disse.
 
“Me parece claro o que aconteceu. O garoto estava tentando ver Zoey, de novo. E só foi no mês passado que ele e aquela namorada dele subiram nos nossos muros dizendo que iam resgatar ela da escola.” Neferet acenou a mão dispensando.” Ele estava bêbado e alto, ele provavelmente estava bêbado e alto nessa manha também. A neve foi muito para ele, e ele provavelmente caiu na sarjeta em algum lugar. Não é ai onde os bêbados normalmente terminam?”
 
“Senhora, ele é um adolescente, não um bêbado. E seus pais e amigos dizem que ele não bebe a mais de um mês.”
 
A suave risada de Neferet deixou obvio o quanto ela não acreditava nele. Surpreendentemente, Marx ignorou ela e me estudou com cuidado. “Como é, Zoey? Vocês dois saíram durante alguns anos, certo? Você consegue pensar em algum lugar para onde ele possa ter ido?”
 
“Não por aqui. Se a caminhonete dele estivesse sumida na estrada Grove Oak em BA eu poderia dizer a você em que festa ele estava.” Eu não quis dizer isso como uma piada, especialmente depois do que Neferet falou sobre Heath, mas o detetive pareceria estar tentando não sorrir, o que de repente o fez parecer gentil, e mais aberto. Antes de mudar de idéia, eu falei, “mas eu tive um sonho estranho essa manhã que pode não ser um sonho e sim algum tipo de visão sobre Heath.”
 
No silencio a voz de Neferet soou cortante e dura. “Zoey, você nunca antes demonstrou uma afinidade para visões ou profecias.”   
 
“Eu sei.” Eu propositalmente me fiz soar insegura e um pouco assustada (a parte do assustada não era exatamente um fingimento). “Mas é muito estranho eu ter sonhado com Heath perto do muro leste, e ele ser pego lá.”
 
“O que pegou ele, Zoey?” A voz de Detetive Marx era urgente. Ele definitivamente estava me levando a serio.
 
“Eu não sei.” O que definitivamente não era uma mentira. “Eu não sei se eram calouros ou vampiros. Em meu sonho 4 pessoas de capa o arrastavam para longe.”
 
“Você viu para onde eles foram?”
 
“Não, eu acordei gritando pelo Heath.” Eu não tive que fingir as lagrimas que encheram meus olhos. “Talvez você devesse procurar tudo perto da escola. Tem algo lá, algo pegando adolescentes,mas não é nós.”
 
“É claro que não é nós.” Neferet se aproximou de mim e colocou um braço ao meu redor, dando tapinhas em meu ombro e fazendo sons suaves de mãe. “Cavalheiros, eu acho que Zoey já fez mais do que o suficiente para um dia só. Porque eu não apresento vocês a Shaunee e Erin, que, eu tenho certeza, vão colaborar como álibi dela.”
 
Álibi. A palavra parecia fria.
 
“Se você lembrar de mais alguma coisa, ou tiver outros sonhos estranhos, por favor não hesite em me contatar, qualquer hora dia ou noite,”Detetive Marx disse.
 
Essa era a segunda vez que ele dava seu cartão – ele certamente era persistente. Eu peguei o cartão dele e o agradeci. Então enquanto Neferet o guiava pra fora da biblioteca o Detetive Marx hesitou e voltou até mim.
 
“Minha irmã gêmea foi Marcada e Mudou 15 anos atrás,” ele disse suavemente. “Ela e eu ainda somos próximos, embora ela devesse esquecer sua família humana. Então quando eu digo que você pode me ligar a qualquer hora, e me contar qualquer coisa, você pode acreditar em mim. Você também pode confiar em mim.”
 
“Detetive Marx?” Neferet parou na porta.
 
“Só estou agradecendo Zoey de novo, e dizendo a ela como sinto pela colega de quarto dela,” ele disse suavemente enquanto ele caminhava pelo aposento.
 
Eu fiquei onde eu estava, tentando organizar meus pensamentos. A irmã de Marx era uma vampira? Bem, isso não era tão bizarro. O que era bizarro era que ele ainda a amava. Talvez eu pudesse confiar nele.
 
A porta fechou e eu pulei surpresa. Neferet estava parada de costas, me observando com cuidado. 
 
“Você Imprint no Heath?” 
 
Eu tive um instante de frio e branco pânico. Ela ia ser capaz de me ler. Eu estava me engando. Não tinha como eu ser párea para a Alta Sacerdotisa. Então eu senti uma onda de uma brisa impossível... o calor de um fogo invisível... o frescura da chuva de primavera.... a doçura verde de uma campina fértil... e o poderosa força preenchendo meu espírito. Com uma nova confiança eu olhei para os olhos de Neferet.
 
“Mas você disse que eu não  tive um Imprint. Você me disse que o que aconteceu com ele e comigo no muro não foi o suficiente para um Imprint.” Eu me certifiquei que minha voz soasse confusa e chateada.
 
Os ombros dela relaxaram quase imperceptivelmente. “Eu não acho que você teve um Imprint com ele. Então, você está dizendo que não esteve com ele desde então? Você não se alimentou dele de novo?”
 
“De novo!” Eu me deixei soar chocada enquanto sentia o perturbador, e ainda sim sedutor pensamento de me alimentar de Heath. “Mas eu realmente não me alimentei dele daquela vez, me alimentei?”
 
“Não, não, é claro que não,” Neferet me garantiu. “O que você fez foi muito insignificante, de fato. É só que seus sonhos me fizeram imaginar se você esteve com seu namorado de novo.”
 
“Ex-namorado,” eu disse quase automaticamente.  “Não. Mas ele tem me ligado e mandado várias mensagens ultimamente, então achei que seria melhor encontrar ele e tentar fazer ele entender, de uma vez por todas, que não podemos mais nos ver. Sinto muito. Eu deveria ter
contado a você, mas eu queria resolver isso sozinha. Quero dizer, eu me meti nessa confusão. Eu deveria ser capaz de sair dela.”
 
“Bem, eu elogio seu senso de responsabilidade, mas não acho sábio fazer os detetives pensarem que seu sonho pode ter sido uma visão.”
 
“É que parecia tão real,” eu disse.
 
“Tenho certeza que sim. Zoey, você tomou o remédio que eu te pedir para tomar ontem a noite?”
 
“Você diz aquela coisa leitosa? Yeah, Shaunee me deu.” E ela tinha dado, mas eu joguei aquela merda no ralo da pia.
 
Neferet parecia ainda mais relaxada. “Ótimo. Se você continuar tento sonhos perturbadores, venha até mim e vou te dar uma mistura mais forte. Isso deveria manter os pesadelos longe de você, mas eu claramente subestimei a dosagem que você precisa.”
 
A dosagem não foi tudo que ela subestimou.
 
Eu sorri. “Obrigado, Neferet. Eu agradeço por isso.”
 
“Bem, você deve voltar a seus amigos agora. Eles protegem muito você, e tenho certeza que estão preocupados.”
 
Eu acenei e fui com ela até a sala, tomando cuidado para não mostrar meu nojo quando ela me abraçou na frente de todos e disse tchau com o calor de uma mãe. Na verdade, ela era exatamente como uma mãe, mais especificamente minha mãe, Linda Heffer. A mulher tinha me traído por um homem e se importava mais consigo e com as aparências do que comigo. A similaridade entre Neferet e Linda estavam se tornando cada vez mais claras. 
 
 
VINTE E SETE
 
 
 
Nos reunimos no nosso pequeno grupo depois que eles saíram, e não falamos muito enquanto a sala voltava ao normal. Eu notei uma mudança no local. O DVD de Star Wars foi esquecido, pelo menos essa noite.
 
“Você está bem?” Erik finalmente perguntou suavemente. Ele pos seus braços ao meu redor e eu me aninhei contra ele. 
 
“Yeah, eu acho que sim.”
 
“Os policias tinham noticias sobre Heath?” Damien perguntou.
 
“Nada mais do que já ouvimos,” eu disse. “Ou se eles tem, não me falaram.”
 
“Podemos fazer alguma coisa?” Shaunee perguntou.
 
Eu balancei a cabeça. “Vamos apenas assistir o canal local e ver o que o jornal das 10 tem a dizer.”
 
Eles murmuram oks e todos sentaram para assistir a marota de reprises de Will and Grace enquanto esperávamos pelo noticiário. Eu olhei para a TV, e pensei sobre Heath. Eu tinha um mal pressentimento sobre ele? Definitivamente. Mas era o mesmo pressentimento que eu tive sobre Chris Ford e Brad Higeons? Não, eu acho que não. Eu não sabia como explicar. Meu instinto dizia que Heath estava em perigo, mas não dizia que ele estava morto. Ainda.
 
Quanto mais eu pensava em Heath, mais inquieta eu ficava. Quando o noticiário local começou eu mal consegui ficar sentada vendo a história de como uma nevasca inesperada fez com que Tulsa e a área ao redor ficasse completamente branca. Eu fiquei inquieta enquanto assistíamos as imagens das estradas, sinistramente vazias e parecendo quase como um pos-meteoro-ouguarra-nuclear.
 
Não havia nada novo sobre Heath a não ser um relatório de como o tempo estava dificuldade as buscas. 
 
“Eu tenho que ir.” As palavras saíram da minha boca e eu estava de pé antes da minha mente lembrar que eu não fazia idéia de onde eu iria e como chegar lá.
 
“Ir onde, Z?” Erin perguntou.
 
Minha mente se debateu e se deu conta de uma coisa – uma pequena ilha de contentamento em um mundo que tinha ficado estressante e confuso e louco.
 
“Eu vou para os estábulos.” Erik parecia tão vazio quanto todo mundo. “Lenobia disse que eu podia escovar Persephone sempre que eu quisesse.” Eu movi meus ombros. “Escovar ela me faz ficar calma, e agora eu podia usar um pouco de calma.”
 
“Bem, ok. Eu gosto de cavalos. Vamos escovar Persephone, Erik disse.
 
“Eu preciso ficar sozinha.” As palavras soaram tão mais duras do que eu queria que eu sentei perto dele e deslizei minha mão na dele. “Eu sinto muito. Eu só preciso de tempo para pensar, e isso é algo que eu tenho que fazer sozinha.”
 
Os olhos azuis dele pareciam tristes, mas ele me deu um pequeno sorriso. “Que tal eu te levar até o estábulo, e então voltar até aqui e cuidar das noticias para você enquanto você pensa?”
 
“Eu gostaria disso.”
 
Eu odiei o olhar de preocupação no rosto dos meus amigos, mas eu não podia fazer muito para ressegurar eles. Erik e eu não nos incomodados de usar casacos. O estábulo não era muito longe. O frio não teria chance de nos incomodar.  
 
“Essa neve é incrível,” Erik disse depois que andamos um pouco pela calçada. Alguem tinha tentado tirar ela, porque estava menos profunda na calçada que nos arredores, mas a neve estava caindo tanto que quem limpou não conseguiu acompanhar e a neve já estava no nosso calcanhar. 
 
“Eu lembro que estava nevando assim quando eu estava na sexta ou sétima série. Foi durante o feriado de natal e foi uma droga não perdermos aula.”
 Erik deu uma vaga resposta, típica de um cara, e então andamos em silencio. Normalmente, nosso silencio não era constrangedor, mas esse parecia estranho. Eu não sabia o que dizer – como consertas as coisas. 
 
Erik limpou a garganta. “Você ainda gosta dele, não? Quero dizer, mais do que apenas um exnamorado.”
 
“Sim.” Erik merecia a verdade, e eu estava cheia de mentiras.
 
Chegamos na porta do estábulo, e paramos perto das luzes. A entrada nos protegeu da maior parte da neve, e parecia que estávamos parados numa bolha dentro de um globo de neve. 
 
“E quanto a mim?” Erik perguntou.
 
Eu olhei para ele. “Eu também gosto de você. Erik, eu queria poder consertar isso, fazer todas as coisas ruins desaparecerem, mas não posso. E eu não vou mentir para você sobre Heath. Eu acho que tive um Imprint com ele.”
 
Eu vi surpresa nos olhos de Erik.”Daquela única vez no muro? Z, eu estava lá, e você mal provou o sangue dele. Ele só não quer perder você, é por isso que está tão obcecado. Não que eu o culpe,” ele acrescentou com um sorriso torto. 
 
“Eu o vi de novo.”
 
“Huh?”
 
“Foi a alguns dias atrás. Eu não consegui dormir, então fui para a Starbucks na Utica Square sozinha. Ele estava lá colocando pôsteres de Brad. Eu não queria ver ele, e se eu soubesse que ele estaria lá eu não teria ido. Eu te prometo isso, Erik.”
 
“Mas você o viu.”
 
Eu acenei.
 
“E você se alimentou dele?”
 
“Só – só meio que aconteceu. Eu tentei negar, mas ele se cortou. De propósito. E eu não consegui me parar.” Eu mantivesse meu olhar honesto no dele, pedindo a ele que entendesse. Agora que eu estava confrontado a possibilidade de Erik e eu terminarmos, eu percebi o quanto eu não queria que isso acontecesse, o que definitivamente não ajudou na minha confusão ou no meu nível de estresse porque eu ainda me importava com Heath.”Eu sinto muito, Erik. Eu não pedi que isso acontecesse, mas aconteceu, e agora tem coisas entre Heath e eu, e eu não tenho certeza sobre o que vou fazer sobre isso.“  
 
Ele suspirou profundamente e tirou um pouco de neve do meu cabelo. “Ok, bem, tem algo entre você e eu também. E algum dia, se nós conseguirmos passar pela porcaria da Mudança, seremos iguais. Eu não vou me tornar um velho enrugado e morrer décadas antes de você. Estar comigo não será algo que outros vampiros vão fofocar sobre, e humanos irão te odiar por isso. Será normal. Será o certo.” Então as mãos dele estavam atrás do meu pescoço e ele estava me puxando para perto dele. Ele me beijou com força. Ela tinha um gosto frio e doce. Meus braços foram para os ombros dele e eu o beijei de volta. A principio eu só queria fazer a
dor que eu causei a ele desaparecer. Então nosso beijo se aprofundou, e pressionamos nossos corpos juntos. Eu não estava sobrepujada por uma cega ânsia por sangue por ele, como o que aconteceu entre Heath e eu, mas eu gostava do jeito que o beijo de Erik me fazia sentir, um gentil calor e leve. Diabos, no final das contas eu gostava dele. Muito. Além do mais, ele tinha razão. Ele e eu seriamos o certo juntos. Heath e eu não.
 
O beijo terminou com nós dois respirando com dificuldade. Eu coloquei a bochecha de Erik na minha mão. “Eu realmente sinto muito.”
 
Erik virou a cabeça e beijou minha mão. “Vamos superar isso.”
 
“Eu espero que sim,” eu sussurrei, mais para mim do que para ele. Então me afastei dele e pus minha mão na velha maçaneta. “Obrigada por me trazer até aqui. Eu não sei quando eu volto. Você não deve esperar por mim. “Eu comecei a abrir a porta.
 
“Z, se você realmente teve um Imprint com Heath você pode ser capaz de achar ele,” Erik disse. Eu parei e me virei para Erik. Ele parecia cansado e infeliz, mas ele não hesitou para explicar. “Enquanto estiver escovando a égua, pense em Heath. Chame por ele. Se ele for capaz ele vira até você. Se não e seu Imprint for forte o bastante, você pode ter uma idéia de onde ele está.”
 
“Obrigado, Erik.”
 
Ele sorriu, mas não parecia feliz. “Até mais, Z.” Ele se afastou e a neve o engoliu.
 
O cheiro do feno mistura com o limpo cheiro de cavalo seco, contrastava dramaticamente com a fria neve do lado de fora. O estábulo estava turvamente iluminado por alguns lâmpadas. Os cavalos estavam fazendo barulhos sonolentos de mastigação. Alguns deles estavam assoprando pelo nariz, o que parecia um pouco como ronco. Eu olhei ao redor procurando por Lenobia enquanto tirava a neve da minha camiseta e cabelo e me movia para pegar a escova, mas era bem obvio que, com exceção dos cavalos, eu estava sozinha.
 
Ótimo. Eu precisava pensar, e não explicar o que eu estava fazendo ali no meio de uma tempestade de neve no meio da noite.
 
Ok, eu disse a Erik a verdade sobre Heath e ele não terminou comigo. É claro, dependendo do que acontecesse com Heath, ele ainda podia me largar. Como essas garotas vadias saem com uma dúzia de caras ao mesmo tempo? Dois era exaustivo. A memória do sorriso sexy de Loren e incrível voz passou por minha mente cheia de culpa. Eu mordi o lábio e peguei a escova e um pente. Na verdade, eu meio que estava vendo três caras, o que era insano. Eu decidi então que já tinha problemas o suficiente sem acrescentar o estranho flerte que pode ou não estar acontecendo entre Loren e eu na mistura. Só de pensar em Erik descobrindo que mostrei toda aquela pele para Loren... Eu tremi. Me fez querer me chutar. De agora em diante eu iria evitar Loren, e se não pudesse evitar ele eu o trataria como qualquer outro professor, o que significa nada de flerte. Agora eu só precisava descobrir o que fazer com Erik e Heath.
 
Eu abri o estábulo de Persephone e disse a ela o quão bonita e doce ela era, quando ela me deu um sonolento e surpreso ronco e se lambeu meu rosto depois que eu a beijei suavemente no nariz. Ela suspirou e ficou parada com três patas quando eu comecei a escovar ela.
 
Ok, de jeito nenhum eu podia descobrir nada sobre sair com Erik e Heath até Heath estar seguro. ( Eu me recusei a considerar que ele poderia nunca ficar seguro – nunca ser
encontrado vivo.) Eu comecei a aquietar a tagarelice e mistura e confusão que estava na minha mente. Na verdade, eu não precisa que Erik me dissesse que eu poderia ser capaz de encontrar Heath. Essa possibilidade era uma das muitas que estavam me deixando tão inquieta hoje a noite. A verdade covarde, era que eu estava com medo – medo do que eu poderia encontrar e do que eu poderia não encontrar, e com medo de não ser forte o bastante para lidar com isso. A morte de Stevie Rae me deixou quebrada, e eu não tinha certeza se eu podia salvar alguém.
 
Mas não era como se eu tivesse escolha.
 
Então... pensando em Heath... eu comecei lembrando que fofo que ela era no primeiro grau. Na terceira série o cabelo dele era bem mais loiro do que agora, e ela tinha tipo um zilhão de redemoinhos. Que costumavam ficar na cabeça dele como um ninho de pato. A terceira série foi quando ele me disse pela primeira vez que ele me amava e algum dia ia casar comigo. Eu estava na segunda série, e eu não levei ele a sério. Quero dizer, eu era quase dois anos mais nova, mas era quase 30 centímetros mais alta. Ele era fofo, mas também era um garoto, o que significa que ele era irritante. 
 
Ok, então ele podia ainda ser irritante, mas ele cresceu e estufou. Em algum lugar no meio da terceira série e o primeiro ano eu comecei a levar ele a sério. Eu lembrei da primeira vez que ele realmente me beijou, e o jeito excitado e feliz que ele me fez sentir. Eu lembrei o quão quente e doce ele era, e como ele me fazia sentir linda, mesmo quando eu estava terrivelmente gripada e meu nariz vermelho. E como ele era um cavalheiro. Heath abria portar e carregava meus livros desde que tinha nove anos.
 
Então eu pensei sobre a ultima vez que eu o vi. Ele tinha tanta certeza que pertencíamos juntos e tão sem medo de mim que ele se cortou e ofereceu seu sangue para mim. Eu fechei meus olhos e me inclinei contra a suave costela de Persephone, pensando em Heath e deixando as memórias dele passar por minhas pálpebras como uma tela de cinema. Então as imagens do nosso passado mudaram e eu tive um vago senso de escuridão e umidade e o frio – e medo se apoderando de mim. Eu arfei, mantendo meus olhos ligeiramente fechados. Eu queria me focar nele, como eu tinha naquela vez em que de alguma forma eu o vi no seu quarto, mas essa conexão entre nós era diferente. Era menos clara, mais cheia de emoções obscuras do que desejo. Eu me concentrei mais, e fiz o que Erik disse para mim fazer. Eu chamei Heath. 
 
Em voz alta, assim como tudo dentro de mim, e disse, “Heath, venha até mim. Estou chamando você, Heath. Eu quero que você venha até mim agora. Onde você estiver, saia da aí e venha até mim!”
 
Nada. Não houve resposta. Nenhum resultado. Nenhum sendo a não ser um profundo e frio medo. Eu chamei de novo. “Heath! Venha até mim!” Dessa vez eu senti uma onda de frustração, seguida por desespero. Mas não tive nenhuma imagem dele. Eu sabia que ele não podia vir até mim, mas eu não sabia onde ele estava.
 
Porque eu fui capaz de ver ele muito mais fácil antes? Como eu tinha feito? Eu estava pensando em Heath como agora. Eu estava pensando sobre...
 
Sobre o que eu estava pensando? Então senti meu peito ficar quente quando percebi o que tinha me atraído pra ele antes. Eu não estava pensando sobre o quão fofo ele era quando garoto ou o quão bonita ele me fazia sentir. Eu estava pensando sobre beber o sangue dele... me alimentar dele... e a ânsia por sangue que isso causou.
 
Ok, então...
 
Eu respirei fundo e pensei no sangue de Heath. Era um desejo liquido, quente e grosso e elétrico. Fez meu corpo ganhar vida em lugares que só tinham começado a se excitar antes. E esses lugares estavam famintos. Eu queria beber o doce sangue de Heath enquanto ele satisfazia meu desejo pelo toque dele, o corpo dele, o seu gosto...
 
A desconjunta imagem que eu tinha da escuridão se clareou com tal brutalidade que foi um choque. Ainda estava escuro, mas não era problema nenhum para minha visão noturna. A principio eu não entendi o que estava vendo. O lugar era estranho. Era mais como uma pequena alcova numa caverna ou um túnel do que uma sala. As paredes eram redondas e úmidas. Havia alguma luz, mas estava vindo de uma turva e suave lanterna que estava pendura em um gancho rústico. Todo o resto era uma escuridão completa. O que eu achei que era uma pilha de roupas sujas se moveu e lamentou. Dessa vez não era como se eu tivesse vendo através de um fio. Era como se eu estivesse flutuando, e quando eu reconheci o lamento o meu corpo que pairava foi até ele.
 
Ele estava curvado em um colchão manchado. Suas mãos e joelhos estavam presos com fita adesiva e ele estava sangrando de vários ferimentos em seus braços e pescoço.
 
“Heath!” Minha voz não era audível, mas ele virou minha cabeça como se eu tivesse gritado para ele.
 
“Zoey? É você?” E então os olhos dele se alargaram e ele sentou direito, olhando ansiosamente ao redor. “Saia daqui, Zoey! Eles são loucos. Eles vão matar você como mataram Chris e Brad.” Então ele começou a lutar, tentando desesperadamente rasgar a fita, embora tudo que estivesse acontecendo era ele fazer seus pulsos sangrarem.
 
“Heath, pare! Está tudo bem – estou bem. Eu não estou aqui, não de verdade.” Ele parou de lutar e virou os olhos ao redor como se estivesse tentado me ver.
 
“Mas eu posso ouvir você.”
 
“Dentro da sua cabeça. É onde você me ouve, Heath. É porque você e eu tivemos um Imprint e agora estamos ligado.”
 
Inesperadamente, Heath riu. “Isso é legal, Zo.”
 
Eu virei os olhos mentalmente. “Ok, Heath se concentre. Onde você está?”
 
“Você não vai acreditar nisso, Zo, mas estou debaixo de Tulsa.”
 
“O que isso significa, Heath?”
 
“Lembra da aula de história do Shaddox? Ele nos contou sobre os túneis que foram cavados de baixo de Tulsa no século 20 por causa daquela coisa nada de álcool.”
 
“Proibição,” eu disse.
 
“Yeah, isso. Eu estou em um deles.”
 
Eu não soube o que dizer por um segundo. Eu vagamente lembrava de aprender sobre os túneis na aula de história, e fiquei surpresa por Heath – que não era exatamente um aluno excelente – lembrasse disso.
 
Como se ele entendesse minha hesitação ele riu e disse, “Era sobre esconder bebida. Eu achei legal.”
 
Depois de outra virada de olhos mental eu disse, “Só me diga como chegar aí, Heath.”
 
Ele balançou a cabeça bruscamente e um olhar muito familiar de teimosia de assentou no rosto dele. “De jeito nenhum. Eles vão matar você. Vá chamar a policia e peça a eles mandarem o time da SWAT ou algo assim.”
 
Isso era exatamente o que eu queria fazer. Eu queria pegar o cartão do Detetive Marx do meu bolso, ligar para ele, e fazer ele salvar o dia. 
 
Infelizmente, eu não podia. 
 
“Quem são “eles”?” eu perguntei.
 
“Huh?”
 
“As pessoas que pegaram você? Quem são eles?”
 
 
“Não são pessoas, e não são vampiros embora bebam sangue, mas não são como você, Zo. Eles são –“ ele parou de repente.”Eles são outra coisa. Algo errado.”
 
“Eles tem bebido seu sangue?” A idéia me deixava furiosa numa intensidade que eu estava tendo dificuldades de controlar minhas emoções. Eu queria rasgar alguém e gritar, Ele pertence a mim! Eu me forcei a respirar fundo várias vezes enquanto ele respondia.
 
“Yeah, eles tem.” Heath riu. “Mas eles reclamam muito sobre isso. Eles dizem que meu sangue não tem um bom gosto. Eu acho que a razão principal é porque ainda estou vivo.”Então ele engoliu com força e o rosto dele ficou um tom mais pálido. “Não é como quando você bebe meu sangue, Zo. Isso é bom. O que eles fazem é – é nojento. Eles são nojentos.”
 
“Tem quantos deles?” Eu disse através dos dentes cerrados.
 
“Eu não tenho certeza. É tão escuro aqui e eles sempre vem em grupos estranhos, todos juntos como se tivessem medo de ficarem sozinhos. Bem, a não ser por três deles. Um se chama Elliott, uma se chama Venus – que é completamente estranho – e a outra se chama Stevie Rae.”
 
Meu estomago deu um nó. “ Stevie Rae tem um cabelo loiro?”
 
“Yeah. Ela que está no comando.”
 
Heath comprovou meus medos. Eu não podia chamar a policia.
 
“Ok, Heath. Eu vou sair daqui. Me diga como encontrar o túnel.”
 
“Você vai chamar a policia?”
 
“Sim,” eu menti.
 
“Não. Você está mentindo.”
 
“Eu não estou!”
 
“Zo, eu sei que você está mentindo. Eu posso sentir. É essa coisa de ligação.” Ele riu.
 
“Heath. Eu não posso chamar a policia.”
 
“Então não vou te dizer onde estou.”
 
Ecoando pelo fim do túnel veio um agito que me lembrou o som de um experimento com ratos no laboratório de ciências enquanto eles corriam pelo labirinto que nós construímos na aula de biologia. O riso de Heath sumiu, assim como a cor que tinha retornado as suas bochechas enquanto conversávamos.
 
“Heath não temos tempo para isso.” Ele começou a balançar a cabeça. “Me escute! Eu tenho poderes especiais. Aqueles –“ Eu hesitei, sem ter certeza do que chamar o grupo de criaturas que de alguma forma incluía minha melhor amiga morta. “Aquelas coisas não vão ser capazes de me machucar.”
 
Heath não disse nada, mas ele não parecia convencido e o som parecido com o de ratos estava ficando mais alto.
 
“Você disse que sabe que estou mentindo por causa da nossa ligação. Você tem que ser capaz de perceber o que eu estou dizendo a verdade.” Ele parecia prestes a falar besteira, então acrescentei, “Pense mais. Você disse que lembra um pouco da noite que você me encontrou em Philbrook. Eu te salvei aquela noite, Heath. Nada de policia. Nem vampiros adultos. Eu salvei você, e eu posso fazer de novo.” Eu estava feliz por soar mais certa do que eu me sentia. “Me diga onde você está.”
 
Ele pensou um pouco, e eu estava pronta para gritar com ele (de novo) quando ele finalmente disse, “Você sabe onde é o velho deposito no centro?”
 
“Yeah, você pode ver ele de Centro de Artes onde fomos ver Fantasma no meu aniversário, ano passado, certo?”
 
“Yeah. Eles me prenderam num porão. Eles passaram por algo que parece uma porta trancada. É velha e rústica, mas leva para cima. O túnel começa da rede de drenagem de lá.”
 
“Ótimo, eu –“
 
“Espere, isso não é tudo. Tem vários túneis. São mais como cavernas. Não é como eu imaginei que fossem na aula de história. Eles são escuros e molhados e nojentos. Pegue o da direita, e então continue virando a direita. Estou no fim de um desses.”
 
“Ok. Eu vou estar aí assim que puder.”
 
“Tenha cuidado, Zo.”
 “Eu vou. Fique seguro.”
 
“Vou tentar.” O assobio foi acrescento por barulhos de pessoas correndo. “Mas você provavelmente deveria se apressar.”
 
 
 
 
VINTE E OITO
 
 
Eu abri meus olhos e estava de volta no estábulo com Persephone. Eu estava respirando com força e suando, e a égua estava me tocando com seu nariz e fazendo suaves relinchos preocupados. Minhas mãos tremiam enquanto eu acariciava sua cabeça e esfregava seu pescoço, dizendo a ela que tudo ficaria bem, embora eu tivesse certeza de que não ficaria. 
 
O velho deposito no centro era a uns 9 ou 10 quilômetros de distancia, em uma parte escura e desusada da cidade debaixo de uma grande e assustadora ponte que ligava uma parte da cidade com a outra. Costuma ser muito usada, com um pedágio e passageiros de trem indo e vindo sem parar. Mas nas ultimas décadas todo o trafego de passageiros parou (eu sabia porque vovó me levou numa viagem de trem no meu aniversário de treze anos, e tivemos que ir de carro até a cidade de Oklahoma para pegar o trem lá) e o sistema de trens definitivamente tinha definhado. Em circunstancias normais, levaria apenas alguns minutos para ir da House of Night até o deposito.
 
Hoje eu não estava lidando com circunstâncias normais.  
 
O noticiário das 10 horas disse que as estradas estavam bloqueadas, e isso tinha sido a – eu olhei meu relógio e pisquei surpresa – a duas horas atrás. Eu não podia perder tempo aqui. Eu suponho que podia andar, mas a urgência estava me dizendo que isso não era bom o bastante.
 
“Pegue o cavalo.”
 
Persephone e eu nos assustamos com o som da voz de Afrodite. Ela estava inclinada contra a porta do estábulo parecendo pálida e desgostosa. “Você está horrível,” eu disse.
 
Ela quase sorriu. “Visões são uma droga.” 
 
“Você viu Heath?” Meu estomago se apertou de novo. Afrodite não tinha visões de felicidade e luz. Ela via morte e destruição. Sempre.
 
“Sim.”
 
“E?”
 
“E se você não pegar esse cavalo e ir até onde ele está, Heath vai morrer.” Ela parou, encontrando meus olhos. “Isso é, a não ser que você não acredite em mim.”
 
“Eu acredito em você.” Eu disse sem hesitação. 
 
“Então saia daqui.”
 
Ela entrou no estábulo e me entrou um freio que eu não notei que ela estava segurando. Enquanto eu o colocava em Persephone, Afrodite desapareceu para voltar com uma sela e um pelego. Silenciosamente, o colocamos em Persephone, que parecia sentir nossa intensidade porque estava completamente parada. Quando ela estava pronta eu tirei ela do estábulo. 
 
“Chame seus amigos primeiro,” Afrodite disse.   “Huh?”
 
“Você não pode derrotar aquelas coisas sozinha.”
 
“Mas como eles vão comigo?” Meu estomago doía, eu estava tão assustada que minhas mãos tremiam, e eu estava tendo problemas para entender o que diabos Afrodite estava dizendo.
 
“Eles não podem ir com você, mas inda podem te ajudar.”
 
“Afrodite, eu não tenho tempo para charadas. O que diabos você quer dizer?”
 
“Merda, eu não sei!” Ela parecia tão frustrada quando eu. “Eu só sei que eles podem ajudar você.”
 
Eu abri meu celular e, seguindo meus instinto e fazendo uma reza silenciosa pelo guia de Nyx, eu digitei o número de Shaunee. Ela atendeu na primeira chamada. 
 
“O que foi, Zoey?”
 
“Eu preciso que você Erin e Damien vão para algum lugar juntos e chamem seus elementos, como fizeram por Stevie Rae.”
 
“Sem problemas. Você vai se encontrar conosco?”
 
“Não. Eu vou buscar o Heath.” Para o credito dela, Shaunee hesitou apenas por um segundo ou dois, e então diss, “Ok. O que podemos fazer?”
 
“Só fiquem juntos, manifestem seus elementos, e pensem em mim.”Eu estava ficando muito boa em soar calma mesmo quando achava que minha cabeça podia explodir. 
 
“Zoey, tenha cuidado.”
 
“Eu vou. Não se preocupe.” Yeah, eu vou me preocupar o suficiente para nós duas.
 
”Erik não vai gostar disso.” 
 
“Eu sei. Diga a ele... diga a ele... diga que eu, uh, falo com ele quando voltar.” Eu não fazia idéia do que mais eu podia dizer.
 
“Ok, eu vou dizer a ele.”
 
“Obrigado, Shaunee. Vejo você mais tarde,” eu disse e desliguei. Então olhei para Afrodite. “O que são aquelas criaturas?”
 “Eu não sei.”
 
“Hoje foi a segunda visão que tive sobre eles. Da primeira vez eu vi os outros dois caras sendo mortos.” Afrodite tirou seu cabelo loiro do rosto.
 
Instantaneamente eu fiquei fula. “E você não disse nada sobre isso porque eles são apenas humanos adolescentes e não valem a pena?”
 
Os olhos de Afrodite brilharam com raiva. “Eu contei a Neferet. Eu contei tudo a ela – sobre os garotos humanos – sobre aquelas coisas – tudo. Foi quando ela começou a dizer que minhas visões eram falsas.”
 
Eu sabia que ela estava dizendo a verdade, assim como eu sabia que havia algo negro sobre Neferet.
 
“Desculpe,” eu disse curtamente. “Eu não sabia.”
 
“Tanto faz,” ela disse. “Você precisa sair daqui ou seu namorado vai morrer.”
 
“Ex-namorado,” eu disse.
 
“De novo eu digo tanto faz. Aqui, eu te dou um apoio.”
 
Eu deixei ela me elevar até a sela.
 
“Leve isso com você.” Afrodite me entregou um grosso, cobertor de cavalo feito de lã. Antes de poder protestar ela disse, “Não é pra você. Ela vai precisar.”
 
Eu enrolei o cobertor ao meu redor, tomando conforto em seu cheiro da cavalo. Eu segui enquanto Afrodite abriu a porta do estábulo. Ar gelado e neve entraram em um pequeno tornado, me fazendo tremer, embora fosse mais pelos nervos e apreensão do que pelo frio.
 
“Stevie Rae é um deles,” Afrodite disse.
 
Eu olhei para ela, mas ela estava olhando para a noite. “Eu sei,” eu disse.
 
“Ela não é quem costumava ser.”
 
“Eu sei,” eu repeti, embora dizer as palavras em voz alta machucasse o meu coração. 
 
“Obrigado por isso, Afrodite.”
 
Ela olhou para mim e a expressão dela era chata e impossível de ler. “Não comece a agir como se fossemos amigas nem nada disso,” ela disse.
 
“Não iria pensar nisso,” eu disse.
 
“Quero dizer, definitivamente não somos amigas.”
 
“Não, definitivamente não.” Eu tenho certeza que a vi tentar não sorrir. 
 
“Desde que tenhamos isso em mente,” Afrodite disse. “Oh,” ela acrescentou. “Lembre-se de colocar silencio e escuridão em seu redor para que os humanos tenham dificuldade de te ver quando estiver indo para lá. Você não tem tempo para ser parada.”
 
“Eu vou. Obrigada por me lembrar,” eu disse.
 
“Ok, bem, boa sorte,” Afrodite disse.
 
Eu peguei as rédeas, respirei fundo, e então apertei minhas coxas, fazendo Persephone ir.
 
Eu entrei nun mundo que era feito inteiramente de escuridão branca. Branca definitivamente era a descrição certa para isso. A neve tinha mudado de grandes e amigáveis flocos para afiados pedaços de neve e gelo. O vento era firme, fazendo a neve cair de lado. Eu pus o cobertor por cima da minha cabeça para ficar parcialmente protegida da neve e me inclinei para frente, chutando Persephome em um rápido trote. Rápido! Minha mente gritava para mim. Heath precisa de você!
 
Eu cortei caminho pelo estacionamento e fui por trás do terreno da escola. Os poucos carros ainda na escola estavam cobertos de neve, e os postes de luz que brilhavam perto deles os fazia parece besouros  em uma porta de tela. Eu apertei o botão para abrir o portão. Eu tentei abrir tudo, mas uma corrente de neve entrou e Persephone e eu mal tivemos espaço para nos apertar para sair por ele. Eu virei ela para direita e fiquei parada por um momento debaixo da coberta de carvalhos que emolduravam as terras da escola.
 
“Somos silenciosos...fantasmas... ninguém pode nos ver. Ninguém pode nos ouvir.”Eu murmurei contra o vento, e fique chocada quando a area ao meu redor ficou parada. Com uma idéia repentina eu continuei. “Vento, seja calmo perto de mim. Fogo, esquente meu caminho. Água, acalme a neve em meu caminho. Terra, me proteja quando puder. E espírito, me ajude a não ceder aos meus medos.” As palavras mal saíram da minha boca quando vi um pequeno flash de energia ao meu redor. Persephone roucou e se agitou um pouco para o lado. E enquanto ela se movia uma pequena bolha de serenidade se movia com ela. Sim, ainda estava nevando e a noite ainda era fria e assustadora, mas eu estava cheia de calma e cercada por elementos protetores. Eu curvei minha cabeça e sussurrei, “Obrigado, Nyx, pelos grandes dons que você me deu.” Silenciosamente eu acrescentei que eu esperava merecer por eles.
 
“Vamos pegar Heath,” eu disse a Persephone. Ela se balançou contra o chão facilmente e eu fiquei maravilhada por ver que a neve e gelo pareciam voar atrás dos seus cascos enquanto nós magicamente corríamos pela noite sob os olhos cuidadosos da deusa que era, a própria personificação da Noite.
 
Minha jornada foi surpreendentemente rápida. Nós descemos a Utica Stree até chegarmos na saída da via expressa do Broken Arrow. Barricadas estavam acessas com luzes que piscavam avisando que a via expressa estava fechada. Eu me encontrei sorrindo enquanto guiava Persephone ordenadamente ao redor das barricadas até a estrada deserta. Então eu conduzi a  égua e ela galopou até o centro. Eu me agarrei nela, inclinada perto do pescoço dela. Com o cobertor nos cobrindo eu imaginei que parecia uma heroína em um antigo romance histórico, e desejei estar galopando para uma festa com alguém que meu pai o rei, havia decidido que era impróprio ao invés de me dirigir ao inferno.
 
Eu dirigi Persephone até a saída que nos levaria até ao Centro de Artes e ao velho deposito além dele. Eu não vi ninguém entre o centro e a estrada,mas agora eu via ocasionais acumulações de sem tetos perto da estação de ônibus e notei um ocasional carro policial aqui
e ali. Somos silenciosos... fantasmas... ninguém pode nos ver. Ninguém pode nos ouvir. Eu continuei a reza na minha mente. Ninguém sequer olhou na nossa direção. Era como se realmente tivéssemos virado fantasmas, o que não era uma idéia que eu achava muito reconfortante. 
 
Eu diminui a velocidade de Persephone quando passamos pelo Centro de Artes e trotamos por cima da ponte que atravessava por um confuso e intrincado trilhos que ficavam lado-a-lado. Quando chegamos no centro da ponte eu parei Persephone e olhei para baixo para o deposito abandonado que estava abaixo de nós escuro e silencioso. Graças a Sra. Brown, minha ex- professora na South Intermediate High School, eu sabia que aquele costumava ser um lindo prédio de arte que havia sido abandonado e eventualmente saqueado quando os trens pararam de funcionar. Agora parecia como algo que deveria estar em Gotham City nos quadrinhos do Batman. (Sim, eu sei. Eu sou uma nerd.) Ele tinha aquelas enormes janelas arqueadas que me lembravam de dentes entre duas torrer que parecia perfeitamente um castelo assombrando. 
 
“E temos que descer lá,” eu disse a Persephone. Ela estava respirando com força devido a nossa corrida, mas ela não parecia particularmente preocupada, o que eu esperei ser um bom sinal. Sabe, animais serem capaz de sentir coisas ruins e tudo mais.
 
Terminamos de cruzar a ponte e eu encontrei a pequena estrada que levava para baixo até o deposito. O nível da pista estava escuro. Muito escuro. Isso deveria ter me incomodado, mas com minha excelente visão noturna, não incomodou. A verdade é que eu estava completamente apavorando enquanto Persephone andava até o prédio e eu comecei a circular devagar, procurando pela entrada do porão que Heath tinha descrito. 
 
Não levou muito tempo para encontrar o portão enferrujado que parecia ser uma barreira. Eu não me permiti hesitar e pensar sobre o quão completamente apavorada eu estava. Eu desci de Persephone e a deixei na entrada coberta para que ficasse protegida do vento e da maior parte da neve. Eu amarrei suas redias, coloquei o cobertor extra em cima dela, e passei o máximo de tempo que pude acariciando ela e dizendo a ela o quão corajosa, e doce ela era e que eu voltava logo. Eu estava trabalhando com aquele negocio de que se você diz uma coisa por tempo suficiente ela vira realidade. Me afastar de Persephone foi difícil. Eu acho que não percebi o quão reconfortante era a presença dela. Eu poderia ter usado um pouco daquele conforto enquanto eu estava parada na frente do portão de ferro e tentava espiar na escuridão além dele. 
 
Eu não podia ver nada a não ser a forma indistinta de um enorme e escuro quarto. O porão do assustador e infelizmente-não-abandonado prédio. Ótimo. Heath está lá embaixo, eu me lembrei, pegando a ponta do portão, e o puxando. Ele abriu facilmente, o que era uma evidencia do quão freqüentemente ele era usado. De novo, ótimo. 
 
O porão não era tão horrível quanto achei que seria. Faixas de luz fraca entravam entre a as janelas fechadas e eu podia claramente ver que pessoas sem teto deveriam estar usando o quarto. Na verdade, tinha varias coisas deixadas deles: enormes caixas, cobertores sujos, até um carrinho de supermercado (quem sabe como eles conseguiram colocar isso aqui?). Mas, estranhamente, nenhum sem teto estava presente. Era como uma cidade fantasma de sem tetos, o que era estranho considerando o tempo. Hoje não seria a noite perfeita para se recolher ao calor e abrigo desse porão, versos tentar encontrar algum lugar quente e seco nas ruas ou se apertar? E estava nevando a dias. Então, realisticamente, essa quarto deveria estar lotado de pessoas que tinham trazido as caixas e as coisas aqui. 
 
É claro que se assustadores criaturas estavam usando o porão o deserto de pessoas sem teto fazia muito mais sentido.
 
Não pense sobre isso. Encontre o portão para a drenagem e encontre Heath.
 
O portão não foi difícil de achar. Eu só fui para o escuro e nojento canto do quarto, e tinha uma grade de metal no chão. Sim. Bem no canto. No chão. Nunca, em um zilhão de anos eu sequer teria considerado tocar a nojenta coisa, muito menos a levantar e descer.
 
Naturalmente, era o que eu tinha que fazer.
 
O portão se abriu tão facilmente quando a ‘barreira’ do lado de fora, me dizendo (de novo) que eu não era a única pessoa/calouro/humano criatura que tinha passado por aqui recentemente. Tinha uma coisa de ferro e couro que eu tive que descer, provavelmente cerca de 3 metros. Então eu cai no chão do túnel. E era exatamente o que isso era – um grande, e úmido túnel de esgoto. Oh, estava escuro também. Muito escuro. Eu fiquei parada ali um pouco deixando a visão noturna se acostumar com a densa escuridão, mas eu não podia só ficar parada ali por muito tempo. A necessidade de encontrar Heath era como uma coceira abaixo da minha pele. Ela me estimulava.
 
“Mantenha-se a direita,” eu sussurrei. Então eu calei a boca porque até aquele pequeno som ecoou ao meu redor. Eu virei para a direita e comecei a andar o mais rápido possível.
 
Heath estava dizendo a verdade. Havia vários túneis. Eles circulavam de novo e de novo, me lembrando de vermes se enterrando no chão. Primeiro eu vim mais evidencias de que pessoas sem teto tinham estado aqui também. Mais depois de algumas viradas para a direita, as caixas e lixo espalhado e cobertores parou. Não havia nada a não ser umidade e escuridão. Os túneis deixaram de ser suaves e redondos e tão civilizados quanto eu imaginava que túneis bem feitos poderiam ser para absoluto lixo. O lado das paredes pareciam ter sido cavados por gnomos de Tolkien* (*J. R. R. Tolkien, escreveu o senhor dois anéis) muito, muito bêbados ( de novo, eu sou uma nerd). Estava frio também, mas eu não sentia.
 
Eu me mantive na direita, esperando que Heath soubesse do que estava falando. Eu pensei sobre parar tempo o bastante para me concentrar no sangue dele para que eu pudesse me ligar ao nosso Imprint de novo, mas a urgência que eu sentia não me deixava parar. Eu.Tinha. Que. Encontrar.Heath.
 
Eu senti o cheiro deles antes de ouvir o assovio e o murmúrio antes de os ver. Era aquele mofado, e antigo cheiro que eu notei toda vez que via um deles no muro. Eu percebi que era o cheiro da morte, e me perguntei como não o reconheci mais cedo. 
 
Então a escuridão para qual eu estava acostuma cedeu em uma fraca, e vacilante luz. Eu parei para me focar. Você pode fazer isso, Z. Você foi Escolhida pela nossa deusa. Você chutou a bunda de vampiros fantasmas. Isso é algo que você definitivamente pode lidar.
 
Eu ainda estava tentando me “focar” (AKA, me convencendo a ser corajosa) quando Heath gritou. Então não houve mais tempo para se focar e conversas internas. Eu corri em direção ao grito de Heath. Ok, eu provavelmente deveria explicar que vampiros são mais fortes e rápidos que humanos, e embora eu fosse só uma caloura, eu sou uma caloura muito estranha. Então quando eu digo corri – eu quero dizer me mover incrivelmente rápido – rápida e silenciosamente. Eu os encontrei no que deve ter sido segundos, mas pareceu horas. Eles estavam na pequena alcova no final da túnel. A lanterna que eu notei antes estava pendurada
em um ferro enferrujado, jogando a sombra deles grotescamente contra as grosseira paredes curvadas. Eles formaram um semi circulo ao redor de Heath. Ele estava parado no colchão sujo e suas costas estavam pressionadas contra a parede. De alguma forma ele arrancou a fita adesiva dos tornozelos, mas seus pulsos ainda estavam grudados juntos. Ele tinha um novo corte em seu braço direito e o cheiro do sangue dele era chamativo e sedutor. 
 
E esse foi meu ultimo estimo. Heath pertencia a mim – apesar da minha confusão sobre o negocio do sangue, e apesar dos meus sentimentos por Erik. Heath era meu e mais ninguém ira nunca, nunca se alimentar do que era meu. 
 
Eu entrei no circulo das criaturas como se fosse uma bola de boliche e eles fossem pinos sem cérebro, e me movi para o lado.
 
“Zo!” Ele parecia delirantemente feliz por um segundo, e então, como um cara, ele tentou me empurrar para três dele. “Cuidado! Os dentes e garras deles são muito afiados.” Ele acrescentou nun sussurro, “Você realmente não trouxe o esquadrão da SWAT?”
 
Foi fácil impedir ele de me empurrar para qualquer lugar. Quero dizer, ele é fofo e tudo mais, mas ele é só humano. Eu dei um tapinha nas suas mãos amarradas onde ele se agarrou no meu braço e sorri para ele, e com um movimento da minha unha eu cortei a fita que segurava os pulsos dele. Os olhos dele se alargaram quando ele separou suas mãos.
 
Eu ri para ele. Meu medo desapareceu. Agora eu só estava incrivelmente fula. “O que eu trouxe é melhor que um esquadrão da SWAT. Só fique atrás de mim e assista.”
 
Eu empurrei Heath para a parede e dei um passo na frente dele enquanto virei para encarar o circulo fechado de...
 
Eesh! Eles eram as coisas mais nojentas que eu já vi. Tinha provavelmente uma dúzia deles. Seus rostos eram brancos e magros. Seus olhos brilhavam com sujo vermelho.  Eles resmungaram e assobiaram para mim e eu vi que os dentes deles eram pontudos e suas unha! Ugh! Suas unhas eram tão longe e amarelas e pareciam perigosas.
 
“É sóóó um calouro,”  assoviou um deles. “A Marca não faz dela uma vampira. Fazzz dela uma aberração.”
 
Eu olhei para quem estava falando. “Elliott!”
 
“Eu eraaa. Eu não sou o Elliott que você conhecia mais.” Como uma cobra a cabeça dele foi para frente e para trás enquanto ele falou. Então os olhos brilhantes dele se achataram e ele curvou os lábios. “Eu mossstrrooo o que eu quero dizer...”
 
Ele começou a se mover na minha direção com um passo longo e feral. As outras criaturas se mexeram, ganhando coragem dele.
 
“Cuidado, Zo, eles estão vinda para nós,”Heath disse, tentando entrar na minha frente.
 
“Não eles não vem,” eu disse. Eu fechei meus olhos por um segundo e me centrei, pensando no poder e no calor da chama – como ele podia limpar assim como destruir – e eu pensei em Shaunee. “Venha até mim, chama!” Minhas palmas começaram a ficar quentes. Eu abri os olhos e ergui minhas mãos, que agora estavam brilhando com uma chama amarela. 
 
“Fique aí, Elliott! Você era um saco quando estava vivo, e a morte não mudou nada.” Elliott se afastou da luz que eu estava produzindo. Eu dei um passo para frente, pronta para dizer a Heath para me seguir para sairmos dali, mas a voz dela me fez congelar.
 
“Você está errada, Zoey. A morte muda as coisas.” A multidão de criaturas se separou e deixou Stevie Rae passar.
 
 
 
VINTE E NOVE  
 
A chama em minha palma emitiu faíscas e desapareceu quando o choque quebrou minha concentração. “Stevie Rae!” Eu comecei a dar um passo em direção a ela, mas a verdade da aparência dela me atingiu e senti meu corpo ficar frio e duro. Ela parecia terrível – pior do que no meu sonho visão. Não era tanto sua pálida magreza e o horrível cheiro errado que saia dela e a fazia parecer mudada. Era a expressão dela. Viva, Stevie Rae era a pessoa mais gentil que eu conheci. Mas agora, o que quer que ela fosse – morta, morta viva, bizarramente ressucitada – ela estava diferente. Os olhos dela eram cruéis e chatos. O rosto dela não tinha expressão nenhuma a não ser uma, e aquela emoção era ódio. 
 
“Stevie Rae, o que aconteceu com você?”
 
“Eu morri.” A voz dela era uma virada e mal formada sombra do que algum dia havia sido. Ela ainda tinha seu sotaque Okie, mas a suave delicadeza que a preenchia tinha sumido completamente. Ela soava como um lixo maldoso. 
 
“Você é um fantasma?”
 
“Um fantasma?” A risada dela era um desprezo. “Não, eu não sou porcaria de fantasma nenhum.”
 
Eu engoli e senti uma tonta onda de esperança. “Então você está viva?”
 
Ela curvou os lábios em um sorriso sarcástico que parecia tão errado no rosto dela que fez meu físico adoecer. “Você diz que eu estou viva, mas eu digo que não é tão simples. Mas também, não sou tão simples como costumava ser.”
 
Bem, pelo menos ela não tinha assoviado para mim como aquele Elliott tinha. Stevie Rae estava viva. Eu me segurei com força naquele milagre, engolindo meu medo e repulsão, e me mexendo tão rapidamente que ela não teve tempo de se afastar (ou me morder, ou o que fosse), eu a segurei dela, ignorando o horrível cheiro dela, e a abracei forte. “Estou tão feliz que você não esteja morta!” Eu sussurrei para ela.
 
Era como abraçar um pedaço grande de pedra. Ela não se afastou de mim. Ela não me mordeu. Ela não reagiu, mas as criaturas ao nosso redor reagiram. Eu podia ouvir eles sussurrando e assoviando. Eu soltei ela e me afastei.
 
“Não me toque de novo,” ela disse.
 
“Stevie Rae, tem algum lugar em que possamos conversar? Eu preciso levar Heath para casa, mas eu posso voltar e encontrar você. Ou talvez você possa voltar para a escola comigo?”
 
“Você não entende nada, entende?”
 
“Eu entendo que algo ruim aconteceu com você, mas você ainda é minha melhor amiga, então podemos dar um jeito nisso.”
 
“Zoey, você não vai a lugar nenhum.”
 
“Ótimo,” eu propositalmente fingi que entendi errado a ameaça dela. “Eu acho que podemos conversar aqui, mas, bem...” Eu olhei para as nojentas criaturas. “Não é muito privado, e também é nojento aqui embaixo.”
 
“Sóóóóóó mate eles!” Elliott resmungou atrás de Stevie Rae.
 
“Cale a boca, Elliott!” Stevie Rae e eu surtamos ao mesmo tempo. Os olhos dela encontraram os meus e eu juro que vi algo que era mais do que apenas raiva e crueldade.
 
“Você sabe que eles não podem viver agora que nosssss virraaam,” Elliott disse. As outras criaturas ficaram inquietas, fazendo diabólicos barulhinhos de concordância.
 
Então uma garota saiu do bando de criaturas. Ela obviamente costuma ser linda. Mesmo agora havia uma assustadora sedução nela. Ela era alta e loira, e se movia mais graciosamente que os outros. Mas quando olhei nos olhos vermelhos dela só vi maldade.
 
“Se você não pode fazer, eu faço. Eu pego o macho primeiro. Eu não me importo que o sangue dele tenha sido manchado por um Imprinte. Ele ainda é quente e vivo,” ela disse, e ela pareceu dançar em direção a Heath.
 
Eu parei na frente dele, bloqueando o caminho dela. “Toque ele e você morre. De novo,” eu disse.
 
Stevie Rae interrompeu a risada assoviada dela.
 
“Volte com os outros, Venus. Você não ataca até eu mandar.” 
 
Venus. O nome remexeu minha memória. “Venus Davis?” eu disse.
 
A loira bonita estreitou seus olhos pra mim. “Como você me conhece, caloura?”
 
“Ela sabe várias coisas,” Heath disse, parando perto de mim. Ele estava usando o que eu costumava chamar de sua voz de jogador. Ele soava durão e irritado e totalmente pronto para uma luta. “E eu estou cheio de todos você criaturas fudidas.”
 
“Porque isso está falando?” Stevie Rae cuspiu.
 
Eu suspirei e virei os olhos. Eu concordo com Heath – eu estava totalmente cheia de toda essa assustadora estranheza. Era hora de nós sairmos dali, e também era hora da minha melhor amiga começar a agir como a pessoa do qual eu vi o deslumbre em seus olhos. “Ele não é isso. Ele é o Heath. Lembra, Stevie Rae? Meu ex-namorado?”
 
“Zo. Não sou seu ex-namorado. Sou seu namorado.”
 
“Heath. Eu te disse antes que isso entre nós não pode funcionar.”
 
“Anda, Zo, a gente teve um Imprint. Isso significa você e eu, baby!” Ele riu para mim como se estivéssemos no meio do baile de formatura  ao invés do meio de um grupo de criaturas mortas vivas que queriam nos comer.
 
“Isso foi um acidente, e vamos ter que falar sobre isso, mas essa definitivamente não é hora.”
 
“Oh, Zo, você sabe que me ama.” O sorriso de Heath não diminuiu nem um pouco. 
 
“Heath, você é o cara mais teimoso que eu já conheci.” Ele piscou para mim e eu não consegui me impedir de sorrir para ele. “Ótimo. Eu amo você.”
 
“O que estáááá acontecendo...” a nojenta criatura Elliott assoviou. O resto das horríveis coisas que nos cercavam se moviam inquietas, e Venus deu um passo mais perto de Heath. Eu me forcei a não tremer ou gritar ou o que fosse.Ao invés disso, uma estranha calma se apoderou de mim. Eu olhei para Stevie Rae, e de repente eu sabia o que precisava dizer. Eu pus minhas mãos nos quadris e a encarei.
 
“Diga a ele,” eu disse. “Diga a todos eles.”
 
“Dizer o que?” Ela estreitou os olhos vermelhos perigosamente.
 
“Diga a eles o que está acontecendo aqui. Você sabe. Eu sei que você sabe.”
 
O rosto de Stevie Rae se contorceu, e as palavras soaram como se estivessem sendo violentamente tiradas da garganta dela. 
 
“Humanidade! Eles estão mostrando a humanidade deles.” As criaturas reclamaram como se água benta tivesse sido jogada neles (e por favor, esse é um clichê tão nada verdadeiro sobre vampiros). 
 
“Fraqueza! É por isso que somos mais fortes que eles.” Venus curvou os lábios. “Porque é uma fraqueza que não temos mais.”
 
Eu ignorei Venus. Eu ignorei Elliott. Diabos, eu ignorei todos eles e olhei para Stevie Rae,forçando ela a encontrar meus olhos, e me forçando a não olhar para longe ou me esquivar do seu olhos vermelhos e brilhantes.
 
“Besteira,” eu disse.
 
“Ela está certa,” Stevie Rae disse. A voz dela era mais fria do que maldosa. “Quando morremos, a nossa humanidade morreu junto.”
 
“Isso pode ser verdade com eles, mas não acredito que seja verdade com você,” eu disse.
 
“Você não sabe nada sobre isso, Zoey,” Stevie Rae disse.
 
“Eu não preciso. Eu conheço você, conheço nosso deusa, e isso é tudo que preciso saber.
 
“Ela não é mais minha deusa.”
 
“Verdade, assim como sua mãe não é mais sua mãe?” Eu sabia que tinha acertado um nervo quando eu a vi se curvar como se tivesse com uma dor física.
 
“Eu não tenho uma mãe. Eu não sou mais humana.”
 
“Grande coisa. Tecnicamente, eu também não sou mais humana. Eu estou no meio da Mudança, o que me faz um pouco disso e muito daquilo. Diabos, o único que ainda é humano aqui é Heath.”
 
“Não que eu seja contra sua não humanidade,” Heath disse.
 
Eu suspirei. “Heath, não humanidade não é uma palavra. É desumanidade.”
 
“Zo, eu não sou burro. Você sabe disso. Só estou cunhando a palavra.”
 
“Cunhando?” Ele realmente tinha dito isso?
 
Ele acenou. “Eu aprendi na aula de inglês de Dickson. Tem a ver com...” ele pausou, e eu juro que até as criaturas estavam ouvindo com expectativa. “Poesia.”
 
Apesar da horrível situação eu ri. “Heath, você realmente tem estudado!”
 
“Eu te disse.” Ele riu, parecendo completamente adorável.
 
“Chega!” A voz de Stevie Rae ecoou ao redor das paredes do túnel. “Eu cansei disso.”Ela virou suas costas para Heath e eu, nos ignorando completamente. “Eles nos viram. Eles sabem demais. Eles tem que morrer. Matem eles.” E ela se afastou.
 
Dessa vez Heath não tentou se colocar me colocar atrás dele. Ao invés disso ele se mexeu ao redor, me pegando completamente de guarda baixa, cuidando para que eu caísse de bunda no nojento colchão com um oofh. Então ele virou para o circulo que se fechava de criaturas mortas vivas com suas pernas plantadas e seus lábios largamente separados e suas mãos fechadas em punho quando ele deu seu grito de Tigre do Broken Arrow.
 
“Mandem ver, aberrações!”
 
Ok, não é que eu não aprecie a masculinidade de Heath. Mas o garoto estava muito acima do seu fofo cabelo loiro. Eu levantei e me centrei.
 
“Fogo, eu preciso de você de novo!” Dessa vez eu gritei as palavras com o comando de uma Alta Sacerdotisa. Chamas criaram vida nas minhas palmas das mãos e eu levantei meus braços. Eu teria gostado de ter tido tempo para estudar o fogo que eu chamei – era legal que ele queimasse em mim, e não a mim, mas não havia tempo para isso. “Mexa-se, Heath.”
 
Ele olhou por cima dos ombros, e seus olhos ficaram enormes e redondos. “Zo?”
 
“Estou bem. Só anda!”
 
Ele saiu do meu caminhos enquanto, queimando, eu andei para frente. As criaturas se afastaram de mim, mesmo que suas mãos tentassem pegar Heath.
 “Parem!” Eu gritei. “Se afastem e deixem ele em paz. Heath e eu vamos sair daqui. Agora. Se vocês tentarem nos impedir, eu vou matar vocês, e eu tenho o pressentimento que desta vez, vai ser para sempre.” Ok, eu realmente, realmente não queria matar ninguém. O que eu queria fazer era tirar Heath daqui, e encontrar Stevie Rae e fazer ela explicar para mim como calouros que deveriam estar mortos poderiam estar andando com péssimas atitudes, olhos brilhantes, e cheirando a mofo e pó.
 
No canto da minha visão eu vi um movimento. Eu me virem em tempo para ver uma das criaturas se lançar em Heath. Eu levantei meu braço e joguei o fogo nela como se estivesse jogando uma bola. Quando ela gritou e pegou fogo eu a reconheci e tive que lutar com para não ficar enjoada. Era Elizabeth Sem Sobrenome – a garota gentil que tinha morrido mês passado. Agora o corpo que estava se queimando dela estava jogado no chão, cheirando a carne estragada e decadência, o que foi tudo o que sobrou da sua concha sem vida.
 
“Vento e chuva! Eu chamo vocês,” eu chorei, e quando o ar começou a surgir e se encher com o cheiro de chuva, eu vi um deslumbre de Damien e Erin sentados de pernas cruzadas perto de Shaunee. Seus olhos estavam fechados em concentração e eles estavam segurando velas da cor de seus elementos. Eu apontei meu dedo em chamas para o corpo que queimava de Elizabeth e ele foi lavado de repente por uma onda de chuva, então uma brisa fria levou para longe a fumaça, a levantando acima de nossas cabeças, e a carregando para fora do túnel até a noite.
 
Eu olhei para as criaturas de novo. “É o que eu vou fazer com qualquer um de vocês que tentar nós impedir.” Eu fiz menção para Heath andar na minha frente, e eu o segui, me afastando das criaturas.
 
Eles nos seguiram. Eu nem sempre conseguia ver eles enquanto voltamos pelo escuro túnel, mas eu podia ouvir seus pés e seus abafados resmungos. Foi aí que eu comecei a sentir a exaustão. Era como se eu fosse um celular que não tinha sido carregado a um tempo, e alguém estava falando comigo a tempo demais. Eu deixei o fogo que seguia meus braços apagar a não ser pela vacilante chama da minha mão direita. De jeito nenhum Heath ia poder ver para sair daqui, e eu ainda estava atrás dele, mantendo os olhos em um ataque das criaturas. Depois de passar por dois desdobramentos do túnel eu pedi para Heath parar.
 
“Devemos nos apressar, Zo. Eu sei que você tem esse negocio de poder, mas tem muitos deles -  mais do que tinham lá atrás. Eu não sei de quantos você consegue lidar.”Ele tocou meu rosto. “Sem querer ser mal nem nada, mas você parece horrível.”
 
Eu me sentia como cocô também, mas não queria mencionar. “Eu tenho uma idéia.” Tinhamos acabado de passar por uma curva onde o tunel se estreitava até eu poder tocar os dois lados só esticando os braços. Eu andei até a parte mais estreita da curva.Heath começou a me seguir, mas eu disse a ele, “Fique aí,”e apontei para mais longe do túnel no caminho que estavamos indo. Ele franziu, mas fez o que eu disse a ele.
 
Eu virei minhas costas para Heath e me concentrei. Erguendo os braços, eu pensei nos campos lavrados, e as lindas campinas de Oklahoma cheia de feno não cortado. Eu pensei sobre a terra e pensei sobre como estava pisando nela... cercada por ela...
 
“Terra! Eu te chamo!” Quando ergui meus braços uma visão de Stevie Rae passou pelos meus olhos fechados. Ela não era quem costumava ser – doce e se concentrando com força numa vela verde acessa. Ela estava curvada no canto do escuro túnel. O rosto dele era magro e
branco enquanto seus olhos brilhavam na cor escarlate. Mas seu rosto não era  uma parodia sem emoção dela mesma ou uma mascara cruel. Ela estava chorando abertamente, sua expressão cheia de desespero. É um começo, eu pensei. Então, com uma rápida e poderosa emoção eu baixei meus braços quando comandei, “Feche!” Na frente e atrás de mim, pedaços de terra e pedras começaram a cair do teto. A principio era só uma corrente de seixos, mas logo houve uma mini avalanche que rapidamente afogou os assovios irritados das criaturas presas. 
 
Uma onda de fraqueza passou por mim e eu balancei para trás.
 
“Te peguei, Zo.” Os braços fortes de Heath estavam ao meu redor e eu me permiti descansar contra ele. Vários dos cortes dele tinham aumentando durante nossa fuga, e o perfeito cheiro do sangue dele fez cócegas contra meus sentidos.
 
“Eles não estão realmente presos, sabe,” eu disse suavemente, tentando manter minha mente longe do quanto eu queria lamber a linha de sangue que estava escorrendo no pescoço dele. “Passamos por alguns outros túneis. Tenho certeza que eles vão ser capaz de encontrar a saída eventualmente.“
 
“Está tudo bem, Zo.” Heath manteve os braços ao meu redor, mas se afastou o bastante para olhar nos meus olhos. “Eu sei o que você precisa. Eu posso sentir. Se você se alimentar de mim não vai se sentir tão fraca.” Ele sorriu, e os olhos azuis dele escureceram. “Está tudo bem, ele repetiu. “Eu quero.”
 
“Heath, você passou por coisas demais. Quem sabe quanto sangue você já perdeu? Eu beber mais não é uma boa idéia.” Eu estava dizendo não, mas minha voz tremeu de desejo.
 
“Você está brincando? Um enorme e forte jogador de futebol como eu? Eu tenho muito sangue extra,” Heath provocou. Então a expressão dele ficou séria. “Por você, eu tenho qualquer coisa extra.” Enquanto ele olhava nos meus olhos, ele passou um dos dedos no corte da sua bochecha e esfregou o sangue no seu lábio. Então ele se curvou para me beijar.
 
Eu experimentei a doçura do seu sangue e como ele dissolveu na minha boca e mandou uma onda de um ardente prazer e energia pelo meu corpo. Heath tirou seus lábios dos meus e me guiou até o corte no pescoço dele. Quando minha língua contorceu-se e o tocou, ele gemeu e pressionou meus lábios mais perto dele. Eu fechei os olhos e comecei a lamber – 
 
“Me mate!” A voz de Stevie Rae quebrou o feitiço o sangue de Heath.
 
 
 
TRINTA
 
Meu rosto se avermelhou de embaraço enquanto eu saída dos braços de Heath, limpando a boca e respirando com força. Stevie Rae estava parada no túnel só a alguns metros de nós. Lágrimas escorriam de suas bochechas e seu rosto estava virado em desespero. 
 
“Me mate,” ela repetiu em um soluço.
 
“Não.” Eu balancei a cabeça e dei um passo em direção a ela, mas ela se afastou de mim, levantando sua mão como se quisesse me parar.Eu parei e respirei fundo, tentando me colocar
sob controle. “Volte para a House of Night comigo. Vamos descobrir como isso aconteceu. Vai ficar tudo bem, Stevie Rae, eu prometo. Tudo o que importa é que você está viva.”
 
Stevie Rae começou a tremer as mãos quando comecei a falar. “Eu não estou realmente viva, eu não posso voltar lá.”
 
“É claro que você está viva. Está andando e falando.”
 
“Eu não sou mais eu. Eu morri, e parte de mim – a melhor parte de mim – ainda está morta, assim como é para o resto de nós.” Ela gesticulou de volta para a caverna.
 
“Você não parece com eles,” eu disse firmemente.
 
“Eu sou mais como eles do que como você.” O olhar dela mudou de mim para Heath, que estava parado quieto ao meu lado. “Você não iria acreditar nas coisas horríveis que passam pela minha cabeça. Eu poderia matar ele sem pensar duas vezes. Eu já teria feito, se o sangue dele não tivesse mudado devido ao Imprint com você.”
 
“Talvez não seja só isso,Stevie Rae.Talvez você não tenha matado ele porque você não queria,” eu disse.
 
Os olhos dela encontraram os meus de novo. “Não. Eu queria matar ele. Ainda quero.”
 
“O resto deles mataram Brad e Chris,” Heath disse. “E isso foi minha culpa.”
 
“Heath, agora não é a hora –“ eu comecei, mas ele me cortou.
 
“Não, precisamos deixar isso claro, Zoey. Aquelas coisas agarraram Brad e Chris porque eles estavam perto da House of Night, e isso é minha culpa porque eu disse a eles o quão quente você é.” Ele me deu um olhar apologético. “Desculpe,Zo.” Então a expressão dele endureceu e ele disse, “Você deveria matar ela. Você deveria matar todos eles. Desde que eles estejam vivos, as pessoas estarão em perigo.”
 
“Ele está certo,” Stevie Rae disse.
 
“E como matar você e o resto dele resolve isso? Mais de vocês não vão aparecer?” Eu me decidi e fechei o espaço entre Stevie Rae e eu. Ela parecia querer ir embora, mas minhas palavras a impedira. “Como isso aconteceu? O que te fez ficar assim?”
 
O rosto dela se contorceu de angustia. “Eu não sei como. Só sei quem.”
 
“Então quem fez isso?”
 
Ela abriu a boca para me responder, com um movimento tão rápido que o corpo dela virou um borrão, ela de repente estava assustada contra o lado do túnel.
 
“Ela está vindo!”
 
“O que? Quem?” eu me abaixei ao lado dela.
 
“Saia daqui! Rápido.Provavelmente ainda tem tempo para você fugir.” Então Stevie Rae se estendeu e pos minha mão na dela. A pele dela era fria, mas seu aperto era forte. “Ela vai te
matar se te ver – você e ele. Você sabe demais. Ela pode te matar mesmo assim, mas será mais difícil para ela fazer isso, se você voltar para a House of Night.”
 
“De quem você está falando, Stevie Rae?” 
 
“Neferet.”
 
O nome passou por mim mesmo enquanto eu balançava a cabeça em negação e sentia a verdade se aprofundar em mim.
 
“Neferet fez isso com você, com todos vocês?”
 
“Sim. Agora saia daqui, Zoey!”
 
Eu podia sentir o terror dela e sabia que ela estava certa. Se Heath e eu não fossemos embora, nós iríamos morrer.
 
“Eu não vou desistir de você, Stevie Rae. Use seu elemento. Você ainda tem uma conexão com a terra, eu posso sentir. Então use seu elemento para ficar forte. Eu vou voltar por você, e de alguma forma vamos resolver isso – vamos fazer ficar tudo bem. Eu prometo.” Então eu abracei ela, e depois de apenas uma pequena hesitação, ela me abraçou também.
 
“Vamos, Heath.” Eu agarrei a mão dele para poder guiar ele rapidamente pelo túnel escuro. A luz na minha palma tinha apagado quando eu chamei a terra, e de jeito nenhum eu ia me arriscar em confiar nele. Pode guiar ela a nós. Enquanto eu corria pelo túnel eu ouvi o sussurro de Stevie Rae “Por favor, não esqueça de mim...” Nos seguir.
 
Heath e eu corremos. A onda de energia do sangue que ele tinha me dado não durou muito tempo, quando chegamos na escada de metal que levava para a grade do porão, eu queria cair e dormir por dias. Heath estava se apressando na escada e para entrar no porão, mas eu o fiz esperar. Respirando com força, eu me inclinei contra o lado do túnel e buscando meu celular no bolso da minha calça, junto com o cartão do Detetive Marx. Eu abri o telefone e eu juro que meu coração não bateu até as barras começarem a ficar verdes.
 
“Você pode me ouvir agora?” Heath disse, rindo para mim.
 
“Sssh!” Eu disse a ele, mas sorrindo em resposta. Então digitei o numero do detetive.
 
“Aqui é Marx,” a profunda voz respondeu no segundo toque.
 
“Detetive Marx, aqui é Zoey Redbird. Eu só tenho um segundo para falar, então tenho que desligar. Eu encontrei Heath Luck. Estamos no porão do deposito de Tulsa, e precisamos de ajuda.”
 
“Agüentem firme. Eu estarei ai em breve!” 
 
Um barulho de baixo fez eu cortar a conexão e desligar o telefone. Eu pressionei meu dedo nos lábios quando Heath começou a falar. Heath pos seus braços ao meu redor, e tentamos não respirar. Então ouvi o coo-coo de um pomba e o agito de asas. 
 
“Eu acho que é só uma ave,” Heath sussurrou. “Eu vou olhar.”
 
Eu estava muito cansada para discutir com ele, além do mais Marx estava a caminho e eu estava cheia do túnel úmido e nojento. “Cuidado,” eu sussurrei para ele. 
 
Heath acenou e apertou meu ombro, então subiu a escada. Devagar e com cuidado ele ergueu a grade de metal, colocando a cabeça para fora e espiando ao redor. Logo ele desceu e fez uma menção para mim subir e pegar a mão dele. “É só um pombo. Vem.”
 
Cansada, eu subi com ele e deixei ele me puxar para o porão. Sentamos no canto perto da grade por vários longos minutos, ouvindo atentamente. Finalmente, eu sussurrei, “Vamos sair e esperar por Marx lá.” Heath já tinha começado a tremer, mas eu lembrei do cobertor que Afrodite tinha me feito trazer. Além do mais, eu prefiro arriscar com o tempo do que ficar nesse porão assustador.
 
“Eu odeio aqui também. É como uma droga de tumba,” Heath disse suavemente entre o ranger dos dentes.
 
Com a mão na mão dele, andamos pelo porão, passando pela forte luz acinzentada que refletiva o mundo de fora. Estávamos na porta de ferro quando eu ouvi o distante barulho da sirene da policia. A terrível tensão em meu corpo tinha começado a relaxar quando a voz de Neferet veio das sombras. 
 
“Eu deveria saber que você estaria aqui.”
 
O corpo de Heath pulou surpreso e eu apertei minha mão na mão quente dele. Quando viramos para olhar para ela, eu estava me centrando e podia sentir o poder dos elementos começarem a tremer o ar ao meu redor. Eu respirei fundo e cuidadosamente limpei minha mente.
 
“Oh, Neferet! Estou tão feliz por ver você!”Eu apertei a mão de Heath mais uma vez antes de soltar, tentando telegrafar concorde com o que quer que eu diga, através do toque. Então eu corri, soluçando até a os braços da Alta Sacerdotisa. “Como você me achou? O Detetive Marx te ligou?”
 
Eu podia ver indecisão nos olhos dela enquanto Neferet suavemente se afastavam dos meus braços. “Detetive Marx?”
 
“Yeah.” Eu funguei e limpei meu nariz na manga, me forçando a emitir alivio e confiança nela.   
 
“É ele vindo agora mesmo.” O som da sirene estava muito próximo, e eu pude ouvir que estava junto de pelo menos mais dois carros. “Obrigado por me encontrar!” Eu disse emocionada. “Foi tão terrível. Eu pensei que as pessoas de rua maluca iam matar nós dois.” Eu me movi até Heath e peguei a mão dele de novo. Ele estava olhando para Neferet, parecendo muito como se estivesse em choque.  Eu percebi que ele provavelmente estava lembrando partes do única outra vez que ele viu a Alta Sacerdotisa – a noite que os vampiros fantasmas quase o tinham matado – e imaginei que a mente dele estava muito apavorada para Neferet  sentir o que estava acontecendo dentro da cabeça dele. Uma boa coisa.
 
As portas do carro estavam batendo e pés pesados estavam andando na neve.
 
“Zoey, Heath...” Neferet se moveu rapidamente até nós. Ela levantou suas mãos, que brilhavam de forma estranha, com uma luz vermelha, de repente me lembrando de coisas mortas vivas. Antes deu poder correr ou gritar ou até respirar, ela agarrou nossos ombros. Eu
senti Heath ficar rígido enquanto dor passava pelo meu corpo. Explodiu na minha mente e meus joelhos teriam cedido se as mãos não estivem me segurando firme. “Você não ira lembrar de nada!” As palavras ecoaram pela minha mente cheia de agonia, e então só ouve escuridão.
 
 
Meu rosto se avermelhou de embaraço enquanto eu saída dos braços de Heath, limpando a boca e respirando com força. Stevie Rae estava parada no túnel só a alguns metros de nós. Lágrimas escorriam de suas bochechas e seu rosto estava virado em desespero. 
 
“Me mate,” ela repetiu em um soluço.
 
“Não.” Eu balancei a cabeça e dei um passo em direção a ela, mas ela se afastou de mim, levantando sua mão como se quisesse me parar.Eu parei e respirei fundo, tentando me colocar sob controle. “Volte para a House of Night comigo. Vamos descobrir como isso aconteceu. Vai ficar tudo bem, Stevie Rae, eu prometo. Tudo o que importa é que você está viva.”
 
Stevie Rae começou a tremer as mãos quando comecei a falar. “Eu não estou realmente viva, eu não posso voltar lá.”
 
“É claro que você está viva. Está andando e falando.”
 
“Eu não sou mais eu. Eu morri, e parte de mim – a melhor parte de mim – ainda está morta, assim como é para o resto de nós.” Ela gesticulou de volta para a caverna.
 
“Você não parece com eles,” eu disse firmemente.
 
“Eu sou mais como eles do que como você.” O olhar dela mudou de mim para Heath, que estava parado quieto ao meu lado. “Você não iria acreditar nas coisas horríveis que passam pela minha cabeça. Eu poderia matar ele sem pensar duas vezes. Eu já teria feito, se o sangue dele não tivesse mudado devido ao Imprint com você.”
 
“Talvez não seja só isso,Stevie Rae.Talvez você não tenha matado ele porque você não queria,” eu disse.
 
Os olhos dela encontraram os meus de novo. “Não. Eu queria matar ele. Ainda quero.”
 
“O resto deles mataram Brad e Chris,” Heath disse. “E isso foi minha culpa.”
 
“Heath, agora não é a hora –“ eu comecei, mas ele me cortou.
 
“Não, precisamos deixar isso claro, Zoey. Aquelas coisas agarraram Brad e Chris porque eles estavam perto da House of Night, e isso é minha culpa porque eu disse a eles o quão quente você é.” Ele me deu um olhar apologético. “Desculpe,Zo.” Então a expressão dele endureceu e ele disse, “Você deveria matar ela. Você deveria matar todos eles. Desde que eles estejam vivos, as pessoas estarão em perigo.”
 
“Ele está certo,” Stevie Rae disse.
 
“E como matar você e o resto dele resolve isso? Mais de vocês não vão aparecer?” Eu me decidi e fechei o espaço entre Stevie Rae e eu. Ela parecia querer ir embora, mas minhas palavras a impedira. “Como isso aconteceu? O que te fez ficar assim?”
 O rosto dela se contorceu de angustia. “Eu não sei como. Só sei quem.”
 
“Então quem fez isso?”
 
Ela abriu a boca para me responder, com um movimento tão rápido que o corpo dela virou um borrão, ela de repente estava assustada contra o lado do túnel.
 
“Ela está vindo!”
 
“O que? Quem?” eu me abaixei ao lado dela.
 
“Saia daqui! Rápido.Provavelmente ainda tem tempo para você fugir.” Então Stevie Rae se estendeu e pos minha mão na dela. A pele dela era fria, mas seu aperto era forte. “Ela vai te matar se te ver – você e ele. Você sabe demais. Ela pode te matar mesmo assim, mas será mais difícil para ela fazer isso, se você voltar para a House of Night.”
 
“De quem você está falando, Stevie Rae?” 
 
“Neferet.”
 
O nome passou por mim mesmo enquanto eu balançava a cabeça em negação e sentia a verdade se aprofundar em mim.
 
“Neferet fez isso com você, com todos vocês?”
 
“Sim. Agora saia daqui, Zoey!”
 
Eu podia sentir o terror dela e sabia que ela estava certa. Se Heath e eu não fossemos embora, nós iríamos morrer.
 
“Eu não vou desistir de você, Stevie Rae. Use seu elemento. Você ainda tem uma conexão com a terra, eu posso sentir. Então use seu elemento para ficar forte. Eu vou voltar por você, e de alguma forma vamos resolver isso – vamos fazer ficar tudo bem. Eu prometo.” Então eu abracei ela, e depois de apenas uma pequena hesitação, ela me abraçou também.
 
“Vamos, Heath.” Eu agarrei a mão dele para poder guiar ele rapidamente pelo túnel escuro. A luz na minha palma tinha apagado quando eu chamei a terra, e de jeito nenhum eu ia me arriscar em confiar nele. Pode guiar ela a nós. Enquanto eu corria pelo túnel eu ouvi o sussurro de Stevie Rae “Por favor, não esqueça de mim...” Nos seguir.
 
Heath e eu corremos. A onda de energia do sangue que ele tinha me dado não durou muito tempo, quando chegamos na escada de metal que levava para a grade do porão, eu queria cair e dormir por dias. Heath estava se apressando na escada e para entrar no porão, mas eu o fiz esperar. Respirando com força, eu me inclinei contra o lado do túnel e buscando meu celular no bolso da minha calça, junto com o cartão do Detetive Marx. Eu abri o telefone e eu juro que meu coração não bateu até as barras começarem a ficar verdes.
 
“Você pode me ouvir agora?” Heath disse, rindo para mim.
 
“Sssh!” Eu disse a ele, mas sorrindo em resposta. Então digitei o numero do detetive.
 
“Aqui é Marx,” a profunda voz respondeu no segundo toque.
 
“Detetive Marx, aqui é Zoey Redbird. Eu só tenho um segundo para falar, então tenho que desligar. Eu encontrei Heath Luck. Estamos no porão do deposito de Tulsa, e precisamos de ajuda.”
 
“Agüentem firme. Eu estarei ai em breve!” 
 
Um barulho de baixo fez eu cortar a conexão e desligar o telefone. Eu pressionei meu dedo nos lábios quando Heath começou a falar. Heath pos seus braços ao meu redor, e tentamos não respirar. Então ouvi o coo-coo de um pomba e o agito de asas. 
 
“Eu acho que é só uma ave,” Heath sussurrou. “Eu vou olhar.”
 
Eu estava muito cansada para discutir com ele, além do mais Marx estava a caminho e eu estava cheia do túnel úmido e nojento. “Cuidado,” eu sussurrei para ele. 
 
Heath acenou e apertou meu ombro, então subiu a escada. Devagar e com cuidado ele ergueu a grade de metal, colocando a cabeça para fora e espiando ao redor. Logo ele desceu e fez uma menção para mim subir e pegar a mão dele. “É só um pombo. Vem.”
 
Cansada, eu subi com ele e deixei ele me puxar para o porão. Sentamos no canto perto da grade por vários longos minutos, ouvindo atentamente. Finalmente, eu sussurrei, “Vamos sair e esperar por Marx lá.” Heath já tinha começado a tremer, mas eu lembrei do cobertor que Afrodite tinha me feito trazer. Além do mais, eu prefiro arriscar com o tempo do que ficar nesse porão assustador.
 
“Eu odeio aqui também. É como uma droga de tumba,” Heath disse suavemente entre o ranger dos dentes.
 
Com a mão na mão dele, andamos pelo porão, passando pela forte luz acinzentada que refletiva o mundo de fora. Estávamos na porta de ferro quando eu ouvi o distante barulho da sirene da policia. A terrível tensão em meu corpo tinha começado a relaxar quando a voz de Neferet veio das sombras. 
 
“Eu deveria saber que você estaria aqui.”
 
O corpo de Heath pulou surpreso e eu apertei minha mão na mão quente dele. Quando viramos para olhar para ela, eu estava me centrando e podia sentir o poder dos elementos começarem a tremer o ar ao meu redor. Eu respirei fundo e cuidadosamente limpei minha mente.
 
“Oh, Neferet! Estou tão feliz por ver você!”Eu apertei a mão de Heath mais uma vez antes de soltar, tentando telegrafar concorde com o que quer que eu diga, através do toque. Então eu corri, soluçando até a os braços da Alta Sacerdotisa. “Como você me achou? O Detetive Marx te ligou?”
 
Eu podia ver indecisão nos olhos dela enquanto Neferet suavemente se afastavam dos meus braços. “Detetive Marx?”
 
“Yeah.” Eu funguei e limpei meu nariz na manga, me forçando a emitir alivio e confiança nela.   “É ele vindo agora mesmo.” O som da sirene estava muito próximo, e eu pude ouvir que estava
junto de pelo menos mais dois carros. “Obrigado por me encontrar!” Eu disse emocionada. “Foi tão terrível. Eu pensei que as pessoas de rua maluca iam matar nós dois.” Eu me movi até Heath e peguei a mão dele de novo. Ele estava olhando para Neferet, parecendo muito como se estivesse em choque.  Eu percebi que ele provavelmente estava lembrando partes do única outra vez que ele viu a Alta Sacerdotisa – a noite que os vampiros fantasmas quase o tinham matado – e imaginei que a mente dele estava muito apavorada para Neferet  sentir o que estava acontecendo dentro da cabeça dele. Uma boa coisa.
 
As portas do carro estavam batendo e pés pesados estavam andando na neve.
 
“Zoey, Heath...” Neferet se moveu rapidamente até nós. Ela levantou suas mãos, que brilhavam de forma estranha, com uma luz vermelha, de repente me lembrando de coisas mortas vivas. Antes deu poder correr ou gritar ou até respirar, ela agarrou nossos ombros. Eu senti Heath ficar rígido enquanto dor passava pelo meu corpo. Explodiu na minha mente e meus joelhos teriam cedido se as mãos não estivem me segurando firme. “Você não ira lembrar de nada!” As palavras ecoaram pela minha mente cheia de agonia, e então só ouve escuridão.
 
 
 
 
TRINTA E UM    
 
 
Eu estava em uma linda campina que era no meio do que parecia ser uma densa floresta. Uma quente e suave brisa estava soprando o cheiro de lilás para mim.Uma corrente passou pela campina, é água cristalizada borbulhando musicalmente por cima de suaves pedras. 
 
“Zoey? Você pode me ouvir, Zoey?” Uma voz masculina insistente se intrometeu no meu sonho.
 
Eu franzi e tentei ignorar ele. Eu não queria acordar, mas meu espírito se movimentava. Eu preciso acordar. Eu preciso lembrar. Ela precisa que eu lembre. 
 
Mas quem é ela?
 
“Zoey...” Dessa vez a voz estava dentro do um sonho e eu podia ver meu nome pintado contra o céu azul de primavera. A voz era de mulher... um familiar...mágico... fantástico. “Zoey...”
 
Eu olhei ao redor da claridade e encontrei a deusa sentada do lado do riacho, graciosamente empoleirada na pedra suave de Oklahoma com seus pés descalços brincando com a água.  
 
“Nyx!” Eu chorei. “Estou morta?” Minhas palavras brilharam ao meu redor.
 
A deusa sorriu. “Você vai me perguntar isso toda vez que eu te visitar, Zoey Redbird?”
 
“Não, eu, uh, desculpe.” Minhas palavras eram rosas, provavelmente corando junto com minhas bochechas.
 
“Não se desculpe, minha filha. Você fez muito bem. Estou satisfeita com você. Agora, é hora de você acordar. E eu também gostaria que você se lembrasse que os elementos podem restaurar assim como destruir.”
 
Eu comecei a agradecer a ela, embora eu não tivesse idéia do que ela estava falando, mas o balanço dos meus ombros e uma repentina corrente de ar frio me interrompeu. Eu abri meus olhos. 
 
Neve caia ao meu redor. O Detetive Marx estava abaixado perto de mim, chacoalhando meus ombros. Com a estranha nevoa na minha mente, só encontrei uma palavra. “Heath?” Eu resmunguei.
 
Mark virou seu queixo para a direita e eu virei minha cabeça para ver o corpo parado de Heath sendo colocado numa ambulância. 
 
“Ele está...” eu não pude terminar.
 
“Ele está bem, só batido. Ele perdeu muito sangue e já estão dando algo a ele para a dor.”
 
“Batido?” Eu estava lutando para fazer tudo ter sentido. “O que aconteceu com Heath?”
 
“Multiplas lacerações, assim como aqueles outros garotos. Foi bom que você o encontrou e me chamou antes dela sangrar até morrer.” Ele apertou meu ombro. Um paramédico tentava mover Marx para o lado, mas ele disse, “Eu cuido dela. Ela só precisava voltar para a House of Night e ficará bem.”
 
Eu vi o paramédico me dar um olhar que claramente dizia aberração, mas as fortes mãos do Detetive Marx estavam me ajudando a sentar e seu corpo alto bloqueou minha visão do paramédico que resmungava. 
 
“Você pode andar até o meu carro?” Marx perguntou.
 
Eu acenei. Meu corpo estava se sentindo melhor, mas minha mente ainda estava toda amassada. O “carro” de Marx era um enorme caminhão com rodas gigantes e grades de estrada. Ele me ajudou a entrar no banco da frente, que estava quente e confortável, mas antes de fechar a porta eu de repente lembrei de outra coisa, mesmo que o esforço tivesse feito minha cabeça parecer que ia se abrir. “Persephone! Ela está bem?”
 
Marx parecia confuso por um segundo, então sorriu. “A égua?”
 
Eu acenei.
 
“Ela está bem. Um oficial está levando ela até o estábulo da policia no centro até as estradas estarem limpas o bastante para pegar um trailer e levar ela de volta a House of Night.” O sorriso dele aumentou. “Parece que você é mais corajosa que a força policial de Tulsa. Nenhum deles se voluntariou para galopar ela de volta.”
 
Eu descansei minha cabeça contra o assento enquanto ele começou a dirigir e navegar vagarosamente através da corrente de neve para longe do deposito. Deveria haver pelo menos 10 carros da policia, junto com um caminhão de bombeiros e duas ambulâncias estacionados com luzes vermelhas e azuis e brancas contra a vazia noite gelada.
 
“O que aconteceu aqui hoje a noite, Zoey?”
 
Eu pensei, e tive que apertar meus olhos contra a dor repentina na minha cabeça. “Eu não lembro,” eu consegui dizer através da dor nas minhas têmporas. Eu podia sentir o afiado olhar dele em mim. Eu encontrei os olhos do detetive e lembrei dele me contar sobre sua irmã gêmea, a vampira que ainda o amava. Ele disse que eu podia confiar nele, e eu acreditava nele. “Algo está errado,” eu admiti. “Minha memória está confusa.”
 
“Ok,” ele disse devagar. “Comece com a ultima coisa que você consegue lembrar facilmente.”
 
“Eu estava escovando Persephone e de repente eu sabia onde Heath estava, e que ele ia morrer se eu não fosse pegar ele.”
 
“Vocês dois tiveram um Imprint?” Minha surpresa deve ter sido fácil de ler, porque ele sorriu e continuou. “Minha irmã e eu conversamos, e eu tenho estado curioso sobre coisas de vampiros, especialmente logo depois que ela Mudou.” Ele deu nos ombros, como se não fosse grande coisa um humano saber todo tipo de informação dos vampiros. “Somos Gêmeos, então estamos acostumados a dividar tudo. Uma mudança de espécie não fez muita diferença para nós.” Ele olhei para mim de lado. “Vocês tiveram um Imprint, não é?”
 
“Yeah, Heath e eu tivemos um Imprint. Foi assim que eu soube onde ele estava.” Eu deixei de fora as coisas sobre Afrodite. De jeito nenhum eu ia explicar todo o as-visões-dela-são-reaismas-Neferet-tem-estado... 
 
“Ah!” Dessa vez eu me afoguei em voz anta devido a agonia dentro da minha cabeça.
 
“Profundas e calmas respirações,” Marx disse, me dando olhares preocupados sempre que podia tirar os olhos da estrada. “Eu disse sempre que fosse fácil de lembrar.”
 
“Não, está tudo bem. Estou bem. Eu quero fazer isso.”
 
Ele ainda parecia preocupado, mas continuou a me interrogar. “Certo, você sabia que Heath estava com problemas, e sabia onde estava.Então, porque você não me ligou e me disse para ir ao deposito?”
 
Eu tentei lembrar e a dor passou pela minha cabeça, mas junto com a dor veio raiva. Algo tinha acontecido a minha mente. Alguém tinha mexido com a minha mente. Tudo isso me irritou. Eu esfreguei minhas têmporas e cerrei meus dentes contra a dor.
 
“Talvez devêssemos parar um pouco.”
 
“Não! Só me deixe pensar,” eu disse. Eu podia me lembrar do estábulo e de Afrodite. Eu podia lembrar que Heath precisava de mim, e a selvagem volta na neve com Persephone até o porão do deposito. Mas quando eu tentei lembrar além do porão a agonia que passou pela minha cabeça se tornou demais para mim.
 
“Zoey!” A preocupação do Detetive Marx penetrou através da dor.
 
“Alguma coisa mexeu com a minha mente.” Eu limpei as lagrimas que eu não percebi estarem rolando pelo meu rosto.
 
“Pedaços da sua memória sumiram.”
 Não parecia uma pergunta, mas eu acenei mesmo assim.
 
Ele ficou quieto por um tempo. Parecia que ele estava se concentrando na estrada deserta e cheia de neve, mas eu achei que sabia mais, e as próximas palavras dele me disseram que eu estava certa.
 
“Minha irmã” – ele sorriu e olhou para mim – “ o nome dela é Anne, me avisou uma vez que se eu irritasse uma Alta Sacerdotisa eu poderia me meter em problemas sérios porque elas tem como apagar coisas, e o que ela quis dizer por “coisas” é a memória das pessoas.” Ele olhou para a estrada de novo, e dessa vez o sorriso dele sumiu. “Então, eu acho que a pergunta é: o que você fez para irritar a Alta Sacerdotisa?”
 
“Eu não sei. Eu...” Minha voz morreu quando pensei sobre o que ele tinha dito. Eu não tentei lembrar o que aconteceu. Ao invés disso, eu deixei minha mente viajar preguiçosamente mais para trás... para Afrodite e o fato de que Nyx ainda a estava abençoando ela com visões, embora Neferet tivesse espalhado que as visões dela eram falsas... até o pequeno, quase imperceptível senso de algo errado que cresceu como um fungo ao redor de Neferet, até o culminante domingo a noite e quando ela minou as decisões que eu fiz para as Filhas Negras... até a horrível cena que eu testemunhei entre Neferet e... e... eu me segurei contra o calor que estava começando a pulsar na minha cabeça e, junto com flashes de dor perfurante, lembrei da criatura que Elliott tinha se tornado, se alimentando do sangue da Alta Sacerdotisa. 
 
“Pare o caminhão!” Eu gritei.
 
“Estamos quase na escola, Zoey.”
 
“Agora! Eu vou vomitar.”
 
Ele parou do lado da estrada vazia. Eu abri a porta e caia na rua de neve, começando a me abaixar, e vomitar minhas tripas no banco de neve. O Detetive Marx estava ao meu lado, colocando meu cabelo para trás e parecendo muito como um pai quando me disse para respirar e que tudo ficaria bem. Eu busquei por ar e finalmente levantei. Ele me entregou um lenço, um daqueles antigos de linho que estava dobrando em um limpo quadrado.
 
“Obrigado.” Eu tentei devolver para ele depois de limpar meu rosto e assoprar meu nariz, mas ele sorriu e disse, “Fique com ele.”
 
Eu fique parada ali, só respirando e deixando a batida na minha cabeça sumir enquanto olhava para um calmo de neve intocada até alguns carvalhos distantes que cresciam perto de um muro de pedra e tijolos. E com uma onda de surpresa, eu percebi onde estavamos.
 
“É o muro leste da escola,” eu disse.
 
“Yeah, pensei em te trazer pelas portas dos fundos – te dar mais tempo para se acalmar, e talvez restaurar um pouco da sua memória.”
 
Restaurar... O que tinha essa palavra? Tentativamente, eu pensei com força, tentando lembrar enquanto eu me segurava contra a dor que eu tinha certeza que viria. Mas ela não veio, e na minha memória veio a visão de uma linda campina, e as sábias palavra da minha deusa... os elementos podem restauras assim como destruir. 
 
E então entendi o que precisava fazer.
 
“Detetive Marx, eu preciso de um minuto aqui, ok?”
 
“Sozinha?” ele perguntou.
 
Eu acenei.
 
“Eu estarei no caminhão, olhando você. Se precisar, chame.”
 
Eu sorri em agradecimento, mas antes dele virar para entrar no caminhão eu estava andando até os carvalhos. Eu não precisava ficar embaixo deles – ficar no terreno da escola, mas ficar perto deles me ajudava a me concentrar. Quando eu estava perto o bastante para ver seus galhos entrelaçados como velhos amigos, eu parei e fechei os olhos.
 
“Vento, eu te chamo até mim e dessa vez eu peço que você limpe qualquer mancha escura que tocou minha mente.” Eu senti uma rajada de frio, como se eu estivesse sendo pega pelo meu furação pessoal, mas ele não estava se pressionando contra o meu corpo. Estava enchendo minha mente. Eu mantive meus olhos fortemente fechados e bloqueei a dor de cabeça que estava voltado a minhas têmporas. “Fogo, eu te chamo e peço que você queime da minha mente qualquer escuridão que a tenha tocado.” Calor encheu minha mente, só que não era como a quente corrente que eu senti antes. Ao invés disso era um bom calor, como uma calefação. “Água, eu te chamo e peço que você lave da minha mente a escuridão que a tocou.” Frio entrou no calor, acalmando o que estava super aquecido e trazendo um alivio incrível. “Terra, eu te chamo e peço que sua força nutritiva pegue da minha mente a escuridão que a tocou.” Da sola dos meus pés, onde eu estava firmemente conectada a terra, foi como se uma torneira tivesse se aberto e eu imaginei ela derramando a escuridão para fora do meu corpo para ser consumida pela força e bondade da terra.” E, espírito, eu peço que você cure o que a escuridão destruiu da minha mente, e restaure minha memória!” Algo se quebrou em mim e um sensação quente e branca passou pelas minhas costa, me derrubando com força de joelhos.
 
“Zoey! Zoey! Meu Deus, você está bem?”
 
Mais uma vez as mãos fortes do Detetive Marx estavam chacoalhando meus ombros e ele estava me ajudando perto de mim. Dessa vez meus olhos se abriram facilmente e eu sorri para o resto dele.
 
“Mais do que bem. Eu lembro de tudo.”
 
 
 
 
TRINTA E DOIS
 
“Tem certeza que tem que ser assim?” Detetive Marx perguntou pelo que parecia a zilionesima vez.
 
“Yep.” Eu acenei desgastadamente. “Tem que ser assim.” Eu estava tão cansada que eu pensei que eu podia pegar no sono bem ali no caminhão mostro da policia.  Mas eu sabia que eu não podia. Essa noite ainda não tinha acabado. Meu trabalho ainda não estava acabado.
 O detetive suspirou, e eu sorri para ele.
 
“Você vai ter que confiar em mim,” eu disse, soando muito como ele dita me falado mais cedo.
 
“Eu não gosto disso,” ele disse.
 
“Eu sei, e sinto muito. Mas eu te disse tudo que eu posso.”
 
“Que algum sem teto é responsável por Heath e os outros dois garotos?” Ele balançou a cabeça. “Parece errado para mim.”
 
Você tem certeza que não está só um pouquinho psíquico?” Eu sorri, cansada, para ele. 
 
“Se eu fosse, eu seria capaz de descobrir o que parece errado.” Ele balançou a cabeça de novo. “Explique esse – o que aconteceu com a sua memória?”
 
Eu já tinha pensando na resposta para isso. “Foi o trauma de hoje a noite. Me fez bloquear o que aconteceu. E então minha afinidade pelos cinco elementos me ajudou a superar o bloqueio e eu lembrei.”
 
“É por isso que você estava com tanta dor?”
 
Eu dei nos ombros. “Eu acho que sim. Já sumiu de qualquer jeito.”
 
“Olha, Zoey, tenho certeza que tem mais acontecendo aqui do que você está me dizendo. Eu quero que você saiba que realmente pode confiar em mim,” ele disse.
 
“Eu sei disso.” Eu acreditava nele, mas eu também sabia que havia alguns segredos que eu não podia partilhar. Não com esse detetive muito bom. E nem com ninguém.
 
“Você não tem que lidar com isso sozinha. Eu posso ajudar você. Você é só uma garota – só uma adolescente.” Ele soava totalmente exasperado.
 
Eu encontrei os olhos dele firme. “Não, eu sou uma caloura que é a líder das Filhas Negras e Alta Sacerdotisa em treinamento. Acredite em mim, isso é muito mais do que apenas uma adolescente. Eu te dou meu juramento, e você sabe pela sua irmã que meu juramento me obriga. Eu prometo que te disse tudo o que posso, e que se mais garotos desaparecerem, eu acredito que posso encontrar eles para você.” O que eu não disse é que eu não tinha 100% de certeza de como eu ia fazer isso, mas a promessa parecia certa, então eu sabia que Nyx iria me ajudar a mantê-la. Não que fosse fácil. Mas eu não podia trair a presença de Stevie Rae, o que significava que ninguém podia sabe sobre as criaturas, ou pelo menos, não até Stevie Rae estar a salvo.
 
Marx suspirou de novo, e eu pude ver que ele estava murmurando para si mesmo enquanto ele parou para me ajudar a descer do seu caminhão. Mas logo antes dele abrir a porta para o prédio principal Marx (irritantemente) me descabelou e disse, “Certo, vamos fazer isso do seu jeito. É claro, não é como se eu tivesse escolha.”
 
Ele estava certo. Ele não tinha escolha.
 
Eu entrei no prédio antes dele e fui instantaneamente engolfado pelo calor e os cheiros familiares de incenso e óleo, e das suaves luzes que brilhavam como ansiosos e saudosos amigos.
 
Falando nisso...
 
“Zoey!” Eu ouvi as Gêmeas gritarem juntas, e então eu estava sendo imprensada no meio delas enquanto elas me abraçavam e choravam e gritavam comigo por preocupar elas e falavam sem parar sobre serem capazes de sentir quando eu usei os elementos. Damien não estava muito atrás delas. Então eu estava nos braços fortes de Erik enquanto ele me abraçava e sussurrava sobre o quão assustado ele estava por mim e o quão feliz ele estava por tudo estar bem. Eu me permiti descansar nos braços dele e retornei o seu abraço. Mais tarde, eu iria ver o que fazer sobre Heath e ele. Agora eu estava cansada demais, e de qualquer forma, eu precisava guardar minhas forças e lidar com – 
 
“Zoey, você nos deu um belo susto.”
 
Eu saí dos braços de Erik e virei para olhar Neferet.
 
“Sinto muito. Eu não queria chatear vocês,” eu disse, e era verdade. Eu não queria preocupar ou chatear ou assustar ninguém.
 
“Bem, eu suponho que não houve nenhum mal feito. Estamos apenas felizes por você estar segura em casa.” Ela sorriu para mim com aquele incrível sorriso dela que parecia tão cheio de amor e luz e bondade, e embora eu soubesse o que aquele sorriso escondia, eu senti meu coração se apertar e desejei desesperadamente estar errada, que Neferet era tão maravilhosa quanto eu costumava achar que ela era.
 
Escuridão nem sempre trás o mal, assim como a luz nem sempre trás o bem. As palavras da deusa ecoaram na minha mente, me dando força.
 
“Bem, Zoey é definitivamente nossa heroína,” Detetive Marx disse. “Se ela não estivesse ligada aquele garoto,ela nunca teria nos ligado a tempo de salvar ele.”
 
“Sim, bem, esse é um pequeno problema que ela e eu teremos que discutir mais tarde.” Ela me deu um olhar severo, mas seu tom de me disse que eu não estava com muitos problemas. 
 
Se eles soubessem. 
 
“Detetive, você pegou a pessoa que estava pegando os garotos?” Neferet continuou.
 
“Não, ele escapou antes de chegarmos, mas tem várias evidencias de que alguém estivesse vivendo no deposito, na verdade parecia que ele estava sendo usado como algum tipo de QG. Eu acho que será fácil encontrar provas de que os outros dois garotos foram mortos por alguém que estava tentando fazer parecer que vampiros estavam levando adolescentes. E agora, embora Heath não lembre de muita coisa por causa do trauma, Zoey nos deu uma boa descrição do homem. É só uma questão de tempo antes de nós o pegarmos.”
 
Eu fui a única que viu surpresa passar pelos olhos de Neferet?
 
“Isso é maravilhoso!” Neferet disse.
 
“Yeah.” Eu encontrei os olhos da Alta Sacerdotisa. “Eu contei muito ao Detetive Marx. Minha memória é muito boa.’
 
“Estou orgulhosa de você, Zoeybird!” Neferet veio até mim e pos seus braços ao meu redor, me abraçando de perto. Tão perto que apenas eu ouvi o que ela sussurrou no meu ouvido, “Se você falar contra mim eu vou me certificar de que nenhum humano ou calouro ou vampiro acredite em você.”
 
Eu não me afastei dela. Eu não reagi de forma alguma. Mas quando ela me soltou, em dei meu golpe final – o único plano desde que a sensação quente e branca tinha passado pela pele das minhas costas.
 
“Neferet, você por favor poderia olhar nas minhas costas?”
 
Meus amigos estavam conversando entre si, claramente rindo de alivio que sentiram desde que os chamei enquanto o Detetive Marx e eu conversávamos do lado de fora da escola e pedia a eles para me encontrarem dentro do prédio principal, e para se certificar que Neferet também estivesse lá. Agora meu estranho pedido, que eu me certifiquei de pedir em voz alta e claramente, os calou. Na verdade, todos na sala, incluindo o Detetive Marx, estavam olhando para mim imaginando se talvez eu tenha batido a cabeça ou algo assim durante minhas aventuras e um pouco do meu cérebro vazou para fora.
 
“É importante,” eu disse, rindo para Neferet como se estivesse escondendo um presente embaixo da minha camiseta.
 
“Zoey, eu não tenho certeza do que – “ Neferet começou,  tom dela cuidadosamente divido entre preocupação e embaraçamento. 
 
Eu dei um suspiro exagerado. “Jeesh, só olhe.” E antes de qualquer um me impedir, em me virei para que minhas costas estivesse os encarando, e levantei a ponta da minha camiseta (tento cuidado para manter a parte da frente coberta).
 
Eu realmente não estava preocupada de estar errada, mas os barulhos de surpresa e exclamações de felicidade dos meus amigos foram um alivio de se ouvir.
 
“Z! Sua Marca se espalhou.” Erik riu e tocou as novas tatuagens dapele das minhas costas.
 
“Wow, isso é incrível,’ Shaunee disse.
 
“Totalmente legal,’ Erin disse.
 
“Espetacular,” Damien disse.”É o mesmo labirinto de suas outras Marcas.” 
 
“Yeah, com os símbolos de runa espaçados entre espirais,” Erik disse.
 
Eu acho que eu fui a única que notou que Neferet não disse nada.
 
Eu soltei minha camiseta. Eu estava seriamente ansiosa para chegar a um espelho para poder ver o que eu só era capaz de sentir.
 
“Parabéns, Zoey. Eu imagino que isso significa que você continua a espalhar sua bondade,” Detetive Marx disse.
 Eu sorri para ele. “Obrigado. Obrigado por tudo hoje a noite.”
 
Nossos olhos se encontraram e ele piscou. Então ele se virou para Neferet. “É melhor eu ir, senhora. Tem muito trabalho a ser feito ainda. Além do mais, eu imagino que Zoey está ansiosa para ir para cama. Boa noite a todos.” Ele tocou seu chapéu, sorriu para mim de novo, e saiu.
 
“Estou realmente cansada.” Eu olhei para Neferet. “Se estiver tudo bem, gostaria de ir para cama.”
 
“Sim, querida,” ela disse suavemente.”Isso está bem.”
 
“E também eu gostaria de dar uma passada no Templo de Nyx no caminho para o dormitório, se estiver tudo bem para você,” eu disse.
 
“Você realmente tem muita coisa para agradecer a Nyx. Parar no templo dela é uma boa idéia.”
 
“Vamos com você, Z,” Shaunee disse.
 
“Yeah, Nyx estava com todos nós hoje a noite,” Erin disse.
 
Damien e Erik fizeram sons de concordância, mas eu não olhei para nenhum dos meus amigos. Eu mantive contato visual com Neferet e disse, “Eu vou agradecer Nyx, mas tem outra razão do porque eu ira até o templo.” Eu não esperei que para ela me questionar, mas continuei seriamente, “Eu vou acender uma vela da terra para Stevie Rae. Eu prometi a ela que não a esqueceria.”
 
Meus amigos estavam murmurando suaves palavras de concordância, mas eu mantive minha atenção focada em Neferet enquanto eu devagar e deliberadamente andava até ela.
 
“Boa noite, Neferet,” eu disse e dessa vez eu a abracei, e a coloquei mais perto de mim e sussurrei, “Humanos e calouros e vampiros não precisam acreditar em mim porque Nyx acredita. Isso não acabou entre nós.”
 
Eu me afastei dos braços de Neferet e virei minhas costas para ela. Juntos, meus amigos e eu saímos e cruzamos a curta distancia até o Templo de Nyx. Finalmente tinha parado de nevar, e a lua estava aparecendo entre acúmulos de nuvens que pareciam ser feitas de seda. Eu parei da linda estatua de mármore da deusa que ficava na frente do templo dela. 
 
“Aqui,” eu disse firmemente.
 
“Zo?” Erin disse questionadoramente.
 
“Eu quero por uma vela para Stevie Rae aqui, nos pés de Nyx.”
 
“Eu vou pegar para você,” Erik disse. Ele apertou minha mão e entrou no Templo de Nyx.
 
“Você está certa,” Shaunee disse.
 
“Yeah, Stevie Rae ira gostar que fosse acessa aqui,” Erin disse.
 “É mais perto da terra,” Damien disse.
 
“E é mais perto de Stevie Rae,” eu disse suavamente.
 
Erik voltou e me entregou a vela verde, junto com o isqueiro ritualístico. Seguindo meus instintos, eu acendi a vela e a coloquei nos pés de Nyx.
 
“Estou lembrando de você, Stevie Rae. Assim como eu prometi,” eu disse.
 
“Eu também,” disse Damien.
 
“Eu também,” disse Shaunee.
 
“Digo o mesmo,” disse Erin. 
 
“Eu também estou lembrando,” disse Erik.
 
O cheiro de grama de campina de repente cercou a estatua de Nyx, fazendo meus amigos sorrirem enquanto choravam. Antes de nos afastarmos eu fechei meus olhos e sussurrei uma reza que era uma promessa que eu senti profundamente na minha alma.
 
Eu vou voltar por você, Stevie Rae.

 

 

                                                                                                    P.C. Cast & Kristin Cast

 

 

 

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