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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


TRICK / HJ Bellus
TRICK / HJ Bellus

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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— Se é o que quer fazer, então vá, filho. — Mamãe tira as manchas de farinha da frente do avental. — Se é o que seu coração quer, deve segui-lo.
Solto minha cabeça nas palmas das minhas mãos. Meus cotovelos roçam contra as bordas gastas da nossa mesa de jantar. Ele vai me odiar. Esta fazenda simboliza tudo o que ele quer. Eu sou o único a assumir. Meu coração não está nisso.
— Trenton. — A mão da mamãe pousa no meu ombro. Seus lábios gentis e amorosos roçam minha bochecha. — Siga seus sonhos. Seu pai vai ficar chateado. Merda, ele ficará lívido, destruirá a casa assim que descobrir. Ele vai xingar, chamando você de todos os nomes do livro.
Mamãe faz uma pausa, segurando a respiração. Seus braços amorosos nunca deixam meus ombros trêmulos. Essa merda é ridícula. Porra, acabei de terminar o ensino médio. Eu sou um adulto, e por todos os meios uma criança apavorada.
— Vá, Trenton, deixe este rancho e explore o mundo. Seu pai vai lidar com isso. Só nunca esqueça sua mãe.
— Eu...
Mamãe me interrompe e me leva até a porta. Ela joga minha mochila por cima do meu ombro e coloca as chaves da minha caminhonete na minha mão. Mamãe me presenteia com um beijo amoroso na minha bochecha antes de me empurrar para fora da porta.
Saí de casa para sempre naquele dia e nunca olhei para trás. A dor de decepcionar o meu pai não foi ignorada por mim.

 


 


CAPÍTULO 01

Trick

Se algum dos irmãos do Diablo’s Throne soubesse onde eu estava hoje, eles nunca me deixariam passar por isso. Os idiotas estariam no auge com Trick como estudante universitário. É uma coisa que eles adoram fazer, e isso é uma merda. Eu nunca levei para o lado pessoal, sabendo muito bem que eles adoram tentar me irritar.

Todos no Diablo's têm um papel que desempenham com perfeição. Cruz é o sério, que trata o treinamento como sagrado e ama suas duas meninas de toda alma. Jag, por outro lado, é um idiota. Um idiota adorável, mas mesmo assim um idiota. Ele é o idiota adorável que ri de todo mundo.

Foi Boss quem confirmou que minha decisão foi a escolha certa para mim depois que me mudei de Idaho para Washington. Foi um tiro no escuro entrar em sua academia, mas ele não julgou e abriu suas portas para mim. Depois disso, eu tinha que me provar. Boss não dava a ninguém um passe livre. Nem Jag. Ele nos colocou nas rotinas mais cansativas, e cada um de nós lutou sem reclamar.

Eu me acomodo no meio das cadeiras do tipo de arquibancada na aula da faculdade, tirando minha mochila de livros didáticos que custam mil dólares. Eu saí da fazenda. Nunca tive o mesmo sonho que meu pai. Eu amo lutar. Papai era campeão de boxe no ensino médio quando era um esporte legítimo. Mesmo quando ele era um agricultor aleijado e arruinado, a pequena cidade de Idaho ainda o considerava um campeão. Eu estava obcecado, estudando todas as fotos e artigos de jornal amarelados.

Descobri seu saco de pancadas empoeirado no celeiro, e foi aí que meus punhos encontraram o amor de espancar alguma coisa. Eu me exercitava até não ter energia, depois aproveitava o feno e movia linhas de mão nos campos de feno. Isso me alimentou. Me levou até eu ficar com a visão de túnel focada na luta.

Minhas raízes são tudo. Eu amo meu pai e tudo o que conquistou. A coisa é, o que ele conquistou não me incendiou. Foi minha mãe quem me empurrou para fora da porta. Anos mais tarde, e aqui estou em uma sala de aula universitária, em busca de um diploma em contabilidade.

Outros estudantes entraram, conversando e pendurados em seus telefones. Tudo isso me deixa nervoso pra caralho. Eu me concentro no estande abandonado da palestra. Eu testei todas as aulas básicas de inglês e matemática, me colocando no nível júnior. Ainda me irritava, sabendo muito bem que eu nem preciso dessa merda que estou prestes a suportar. É tudo sobre a universidade e ter fome de dinheiro.

Guardei todo o dinheiro dos meus ganhos no octógono para economizar para a faculdade. Meus punhos não serão minha aposentadoria. Minha paixão por agora, sim. Mas não sou idiota. Sei muito bem que preciso de um plano de contingência. Todo homem temente a Deus e amante do país sabe disso.

— Com licença. — Uma voz estridente me faz serenata. Eu me viro a tempo de ver os cabelos negros ondulando no ar, uma pesada mochila vem em direção ao meu rosto e, em seguida, um punhado de canetas e marcadores vem do nada. Sou capaz de desviar da mochila monstruosa a tempo.

A próxima coisa que sei é que a mulher plantou no meu colo. Seus seios empurram para o topo das minhas coxas. Seus óculos de Clark nerd deslizam pelo piso duro do auditório. Um coro de assovios e risadas de julgamento enche o auditório.

Olho para a linda bunda no meu colo. Olho por cima do ombro, sabendo que o fodido Jag foi quem fez essa merda. Isso tem o nome dele escrito por todo o lado. Ele deve ter me seguido esta manhã e contratado uma maldita prostituta para me envergonhar.

A mulher espalhada por mim se mexe, tentando se endireitar. Graças a Deus eu não tinha puxado a mesa sobre mim ou ela estaria se contorcendo de dor agora. Eu sou um homem grande para esses malditos assentos minúsculos, fazendo de nós uma bagunça emaranhada.

— Aqui. — Pego o seu braço, tomando cuidado para não tocar em certas partes. As mesmas partes pressionam minhas coxas e fazem meu pau mexer. Essa garota é exuberante como o inferno.

— Fodida garota lata de lixo. — Ouço alguém murmurar atrás de nós. — Não pode nem andar sem cair, mas você pensou que ele era uma lata de lixo.

Começo a virar a cabeça para ver que merda está saindo de sua boca quando a mulher no meu colo está de pé. Seu cabelo agora está uma bagunça e suas bochechas coraram de um rosa brilhante. O imbecil atrás de mim não cala a boca, fazendo seu lábio inferior tremer.

Eu me levanto, elevando-me sobre o corpo pequeno, depois me abaixo e entrego os óculos para ela. Merda, ela não pode ter mais de um metro e meio e alguns centímetros. Envolvo um braço em volta do ombro dela, a puxando para o meu lado enquanto ela coloca os óculos no rosto. Seu corpo inteiro treme de medo, me enfurecendo. Minha visão fica embaçada nos cantos, e a intensidade que sinto ao entrar no octógono se enfurece dentro de mim.

Um grupo de jovens atletas empalidece quando faço contato visual com eles. Sua sagacidade e xingamentos morrem nos lábios.

— O Country Boy Brawler1. — Eles sussurram. — Trick.

Lá se vai meu plano de voar sob o radar enquanto estiver aqui. Sabia que eu seria reconhecido, mas imaginei que ficaria por mim mesmo enquanto usava um boné baixo e um capuz preto sem os logotipos dos Diablo’s.

Olho para a garota que estou segurando ao meu lado. Ela tem lágrimas deslizando perdidas pelas as bochechas. Cara, uma coisa que meu velho me ensinou foi defender aqueles que não podem se defender. Aperto a ponta do meu boné com a mão livre e giro para trás, deixando as poucas cicatrizes no meu rosto falarem por si mesmas.

— O que você estava dizendo sobre minha amiga aqui? Eu não entendi direito. — Eu rosno cada palavra.

— Nada, cara. — Um dos paus gagueja. — Não foi nada.

Inclino para a frente, segurando um punhado da camisa do homem que respondeu e o puxo para mim. É uma coisa muito boa que eu tenho meu braço em volta de uma moça bonita agora, porque eu não quero nada mais do que acertar esse merda.

— Resposta errada, filho da puta. — Eu assobio na cara dele. — sugiro muito que você nunca mais fale com ela dessa maneira. Passe a mensagem para seus amigos idiotas. Se eu souber que você a chama de nomes e a insulta, não vou perdoar. E não preciso dos meus amigos para backup... como você. Você me entendeu, filho da puta?

Com toda a força na mão direita, empurro o merda estridente para trás. Ele tropeça, batendo na fileira de cadeiras e desmorona como a cadela que ele é. A conversa na sala de aula morreu. A atenção de todos está focada no show de merda. Olho ao redor, fazendo contato visual com o maior número de pessoas possível, querendo nada mais do que intimidar os sacos de merda que riram e ficaram ociosos enquanto os homens estavam assediando uma mulher inocente. É preciso cada grama de autocontrole para não me enfurecer agora e ensinar a eles uma maldita boa lição com meus punhos.

— Bom Dia. — O som de uma porta batendo tira todos do transe. Um homem baixo e careca, com uma pesada barriga de cerveja, caminha até a frente da sala. Ele joga uma maleta de couro marrom gasta em sua mesa de palestras e ajeita a gravata borboleta de bolinhas preto e branco. — Todo mundo, sentem-se.

Não deixo minha nova amiga ter a chance de escapar. Em vez disso, eu a coloco no assento ao meu lado, depois me inclino e pego todos os itens que ela perdeu durante a queda. Ela não faz contato visual quando eu puxo sua área de trabalho e a coloco nela.

Percebo que os cadarços de seu sapato esquerdo estão desamarrados e, provavelmente, o culpado de todo o show de merda. Abaixo sem pensar e amarro o sapato dela. Não passa despercebido para mim que eles estão gastos e bem velhos. Sem pensar, corro a palma da mão pelo comprimento de sua panturrilha bronzeada e musculosa enquanto me sento.

Ela mantém a cabeça abaixada quando o professor começa a se apresentar e a revisar o currículo da turma.

Eu inclino e sussurro em seu ouvido.

— Me desculpe se eu te assustei.

Isso chama a atenção dela. Ela me mostra seu rosto. É a primeira vez que tenho a chance de ver seus traços. Eu já sei que ela tem um corpo arrebatador. Seus olhos verde esmeralda cortaram através de mim. Sua profunda pele verde-oliva complementa seus os traços, a cor é tão complexa e intrigante. Ela não está cheia de maquiagem. Não, tudo é uma beleza discreta e natural.

Ela desvia o olhar, pega um lápis e rabisca algumas palavras em um pedaço de papel.

Você não me assustou.

Pego o lápis dela, fazendo uma pergunta.

Qual o seu nome?

Ela morde o lábio enquanto eu a entrego o lápis de volta. Leva um tempo para ela colocar o lápis no papel.

Mack.

Prazer em conhecê-la, Mack.

Ela pega o lápis de mim e escreve uma mensagem final, não oferecendo o lápis de volta para mim.

Obrigada. Você não precisa ter pena de mim. Estou acostumado com isso.

Que porra é essa? Eu me viro para ela com as sobrancelhas franzidas em confusão. Por mais mal-intencionada que fosse sua mensagem, não creio que ela tenha a intenção de colocar dessa maneira. É um escudo de proteção.

— Trenton Jameson.

Meus ombros enrijecem quando ouço meu nome. Eu levanto minha mão e empurro meu queixo.

— Aqui. — Eu limpo minha garganta. — Pode me chamar de Trick.

— Interessante. — O professor Rhoades murmura enquanto faz algumas anotações.

Um murmúrio silencioso de interesse se espalha pela sala. Jesus, o que eu estava pensando? Eu pensava muito nas aulas on-line, mas sabia que o trabalho de aula seria muito bem empurrado para o lado por causa do treinamento. Frequentar a aula me obriga a sair da academia.

O resto da aula voa. Acabo fazendo parceria com Mack para um projeto de longo prazo. Eu a senti estremecer quando o professor Rhoades nos reuniu. Eu dei de ombros.

— Sr. Trick — grita o professor Rhoades. — Posso falar com você rapidamente?

O resto dos estudantes corre para a porta enquanto estão em uma conversa profunda, da qual tenho certeza que meu nome é o tópico.

Jogo minha mochila por cima do ombro e desço correndo os degraus. O professor Rhoades espia por cima da borda dos óculos.

— É apenas Trick, senhor. — Eu planto minha mão no mármore frio da banca de palestras.

— E é apenas professor Rhoades. — ele brinca no momento e abre um sorriso largo. Ele abaixa os óculos, me estudando. — Eu quero falar com você sobre Mackenzie Graham.

— Mackenzie? — Eu levanto uma sobrancelha.

— Eu a tive em algumas aulas e minha esposa é sua orientadora estudantil. Não posso compartilhar muito, mas sei que Mackenzie não se sai bem em trabalhar com parceiros. Eu acho que, como você é novo aqui, ela terá uma chance melhor de trabalhar com você com sucesso. Você não terá julgamentos preconcebidos em relação à pobre menina.

— Mack? — Eu pergunto, inclinando minha cabeça.

— É Mackenzie — ele responde.

— OK. — Afastei da mesa.

— É bom ter você aqui na universidade, Trick.

Eu saio do auditório confuso pra caralho. O que era para ser um novo começo e uma pausa um pouco relaxante pela vida universitária foi virado de cabeça para baixo.


CAPÍTULO 02

Trick

Eu finalmente tive que deixar Boss saber por que eu saí correndo da academia e não fiquei até a última pessoa sair. Dizer que ele estava orgulhoso seria um eufemismo. Sua reação foi a que eu desejava do meu pai. Merda, mesmo um simples aceno de cabeça seria suficiente. Em vez disso, o velho virou as costas para mim e se afastou. Nunca mais discutimos isso. Ele me cortou da vida dele. Seu único filho estava morto para todos, porque agricultura e pecuária não era o que eu queria fazer.

Depois das lutas, quando saio da jaula, olho em volta da multidão, sabendo que nunca vou ver meus pais, mas desejando como o inferno um dia que eles estejam lá de pé, torcendo por mim.

Entro no auditório na hora certa para a aula de contabilidade do professor Rhoades. Consegui me perfumar adequadamente colônia no caminho, mas, além disso, sinto o cheiro de meia velha de academia. Malabarismo com treinamento e trabalho universitário é mais difícil do que eu jamais poderia ter imaginado.

Cheguei à aula a tempo de me sentar ao lado de Mack. Hoje foi o primeiro dia em que fiquei suado. No segundo dia da Contabilidade 220, ela sentou no lado oposto da sala de aula que no primeiro dia. Era uma mensagem clara de que ela não queria nada comigo. Eu a estudei o tempo todo. Ela manteve a cabeça abaixada, anotando freneticamente. Depois que a aula terminou, ela ainda manteve a cabeça baixa e saiu correndo da sala. Os idiotas não ousaram olhar para ela.

Então, eu cheguei na hora certa de propósito para me estabelecer ao lado dessa mulher intrigante. Treinar e focar nas lutas não deixavam tempo para entrar em um relacionamento. Não significa que boceta esteja ausente na minha vida. Só fiz sexo sem sentido desde que terminei com Libby. Eu quebrei o coração dela no dia em que deixei Idaho. Eu a amava, mas ela não fazia parte do meu plano. Ela amava a vida em cidade pequena e tinha sonhos, o que incluía casar com um grande fazendeiro e criar bebês. Eu me sinto culpado desde que quebrei tantas pessoas que amei quando saí.

— Ei. — Eu levanto meu queixo, sentando no meu lugar ao lado de Mack.

Ela olha para cima, pega de surpresa. Seu nariz enruga e ela balança a cabeça. Oh sim, ela me cheira e este aroma é bestial. Como diabos ela não poderia? Se eu focasse nisso, eu riria de mim mesmo.

Eu me inclino para mais perto.

— Então, você percebe que precisamos conversar em algum momento. Deveríamos estar trabalhando em nosso projeto já que é a final do semestre. Eu te dei tempo. Não estou aqui porque é o próximo passo na vida. Eu quero estar aqui. Não sou um bebê do fundo fiduciário que está perdendo a porra do tempo e dinheiro enquanto festeja.

Eu me encolho internamente com o uso de linguagem obscena. Muito bem, idiota. Assuste-a de volta à concha protetora.

— Ok — ela guincha.

— OK? — Eu levanto uma sobrancelha.

— Eu tenho uma hora depois desta aula.

— Eu também — eu digo.

— Podemos nos encontrar na sala dos estudantes.

Concordo com a cabeça, mas sou interrompido quando o professor Rhoades entra. Aprendi a gostar do filho da puta maluco. Ele não é o professor típico. Inferno, ele fica na mesa de palestras a maioria dos dias gritando como se os números fossem seu super-herói. Ele sempre termina cada aula com uma história pessoal. Hoje não é diferente.

— Você sabe que eu fui um durão de uma vez na minha vida. Um professor de economia do ensino médio e um treinador em uma cidade pequena equivalia a um cara legal. Eu era o herói local. O primeiro ano foi incrível. Cara, eu era o rei do mundo. Ganhamos o estadual naquele ano. No ano seguinte, fomos chutados e a cidade se voltou contra mim. Foi brutal. A vida não era boa. Nossa casa foi invadida e vandalizada. Foi o ponto mais baixo da minha vida até que minha esposa foi diagnosticada com câncer de mama no estágio três.

— Foi o dia em que percebi que minha vida era muito boa até as notícias. Tudo se despedaçou ao meu redor. O que os outros pensavam não importava. Eu tive que assistir minha esposa lutar por sua vida enquanto sua carne estava sendo devorada pelo tratamento. Lição para todos vocês... não importa o quão ruim você pense que sua vida seja, confie em mim, isso pode piorar. Muito pior. — Ele pula do palanque e se afasta.

Como sempre, Rhoades nos deixou sem palavras. O homem é um mistério, mas me vejo esperando por alfinetes e agulhas por sua mensagem. O de hoje chegou um pouco perto demais de casa.

Mack pula do assento em um movimento rápido. Ela tropeça nos próprios pés, se endireitando. Eu aprendi que a garota é desajeitada pra caralho. Como se ela tropeçasse em seus próprios sapatos. É uma loucura que o rosto dela não tenha cicatrizes permanentes.

— Espere. Eu vou com você. — Agarro seu braço e ela recua. Eu soltei imediatamente e me apressei para acompanhá-la.

— Você é daqui? — Eu pergunto, acompanhando o ritmo dela.

Porra de loucura o quão curtas são suas pernas e quão rápido ela anda. É uma luta maldita acompanhá-la. É óbvio que ela está fugindo de sua própria vida há anos. O que diabos uma garota como ela está fazendo na faculdade?

— Nascida e criada. — é sua resposta simples. Ela mantém sua visão focada em seus tênis esfarrapados.

— Mack, você porra precisa doar um pouco aqui. — Eu cerro meus punhos em frustrações, lamentando minha linguagem suja. Nada como assustar um passarinho já tímido.

Ela para e vira o rosto para mim. Sua franja longa e grossa esconde suas piscinas intermináveis de rico verde. Leva seus longos momentos para afastá-las. Lágrimas brotam, ameaçando cair.

— Eu... uh... — Seu queixo começa a tremer. — Eu não posso fazer isso, Trick. Não é você. Eu sou apenas...

À medida que cada palavra sai de sua boca, as lágrimas crescem em ferocidade. É a coisa mais dolorosa que eu já vi, e já vi muitas coisas erradas na minha vida.

Eu levanto uma mão e recuo para não a intimidar.

— Ok, não vou insistir, Mack, mas temos que continuar nosso projeto. Estou sem saber como avançar.

Ela encolhe os ombros, recuando de volta para si mesma. Essa garota é um maldito mistério.

— Você não trabalhou com outras pessoas antes?

— Na verdade não. — Ela responde.

— Por que? — Eu coço minha cabeça com meus lábios torcidos em confusão.

— Eu corri em volta dele sem sair do lugar ou fui emparelhada com uma preguiçosa, onde fiz todo o trabalho.

— Eu não sou um cara mau. — Minha voz está firme com tensão e frustração. Isso está ficando ridículo. — Acho que falarei com o professor amanhã. Tenha um bom dia.

Eu saio, segurando a alça da minha mochila até um ponto quase doloroso. Eu preciso dos sacos de pancadas e da academia. Dane-se o fato de que acabei de terminar um treino cansativo. Não desejo nada além de liberar essa frustração. Todas as outras classes foram tranquilas. Esta não deve ser diferente. Foda-se, em teoria, é a mais fácil. Não tenho nenhum problema em fazer o maldito trabalho sozinho. No entanto, da maneira como o professor Rhoades o criou, é impossível.

— Trick.

Mal ouço o barulho do meu nome através da conversa despreocupada dos outros estudantes da faculdade. Eu resmungo, então paro e me viro para ver Mack andando na minha direção, com a cabeça baixa e um pedaço de papel na mão.

— Passa o seu e-mail e podemos trabalhar no Google Drive em nosso projeto. — Ela diz cada palavra enquanto estuda seu Converse agredido e amarelo pálido.

Mordo minha língua, querendo falar com ela, mas o pego da mão dela e puxo uma caneta do bolso lateral da minha mochila, anotando meu e-mail da universidade. Eu entrego de volta para ela sem uma palavra e saio com toda a minha paciência esgotada e drenada por um tempo muito longo.

Poderia ser minha imaginação, mas juro que ouço um simples palavra fantasma “desculpe” na brisa leve. O caminho de volta para a academia voa em um borrão. A porta de vidro da frente se abre e eu entro. Os poucos lutadores restantes em pé atirando merda, todos se concentram em mim.

— Quem mijou nos cereais de menino bonito? — Jag sacode o queixo na minha direção.

— Agora não, Jag.

— Vamos lá, garoto do campo, eu sei que você nunca conheceu uma ovelha que você não gostou.

Eu sei que ele está brincando, mas o idiota me desencadeia. Só conheço uma maneira de como liberar minha agressão, e isso é sexo e luta. Sexo não vai dar certo agora. Mack rastejou por baixo da minha pele. Eu nunca encontrei alguém tão irritante. Você pensaria que eu era Ted Bundy2 quando, na realidade, eu só quero trabalhar em um projeto com ela.

Jag levanta os braços em sinal de rendição enquanto eu me aproximo dele.

— Vá encontrar um pouco de lã para tirar sua frustração, cara. Coloque as luvas de velcro e vá para a cidadezinha.

— Eu disse agora não porra. — Giro rapidamente o gancho direito, derrubando Jag no centro.

O resto dos homens recuam, deixando-me ver o espertinho. A única batida no lado de seu rosto o dispensou. Sabia que sim. Ambos os nossos braços voam um em direção ao outro. Jag acerta minhas costelas com um soco brutal e depois nos meus rins. Ele ajoelha minhas coxas, aproximando-se para me derrubar. Sou mais rápido que ele, sempre pensando um passo à frente. Eu o derrubo com uma varredura de perna. Uma vez que ele está no tatame, eu o coloco em espera até ele bater.

Boss me puxa para fora dele. Eu não vou com calma.

— Por favor, eu não sou uma ovelha. Não tire vantagem de mim. — Jag sorri, rolando de costas.

— Maldito idiota. — Murmuro, recuando. Eu não posso deixar de abrir um sorriso depois de sair da energia reprimida. Jag é sempre um filho da puta pateta, por mais intensa que seja a situação. Houve um punhado de momentos em que a vida tirou o melhor dele. Ele saltou de volta.

— O que está acontecendo, Trick? Isso não é como você. — Boss cruza os braços sobre o peito largo.

— Não estou falando sobre isso. — Começo a caminhar de volta ao vestiário. Minha resposta parece tão infantil quanto o problema real.

— Você precisa da sua boceta acariciada? — Jag grita.

— Cale o inferno da boca, garoto. — Eu me viro bem a tempo de ver Boss bater na parte de trás de sua cabeça.

— Trick, o que te deu? — Boss exige novamente.

Volto, desde a minha família e deixo voar. Não deixo nada de fora, do meu pai me renegando a minha maldita parceira teimosa. Suas mandíbulas caem. É a primeira vez que eles vislumbram minha vida. Eu sou uma pessoa privada. Sou tudo sobre lutar e treinar desde que cheguei aqui. Não passa despercebido para mim que, é também a primeira vez que falo sobre a rejeição do meu pai em voz alta.

— Cara, parabéns por seguir seus sonhos. — Jag dá um tapinha no meu ombro. — Vou pedir a Sunni que compre uma Trapper Keeper3 para você com canetas e lápis coordenados por cores.

— Você é um idiota — eu digo com uma risada gutural.

— Espere! Você precisa de alguns lápis das Tartarugas Ninjas. As bocetas estarão fazendo fila para você. — Jag sai andando. — Eu peguei você, cara.

O resto dos lutadores se dispersam, deixando o Boss e eu em uma academia silenciosa. Ele não diz uma palavra há muito tempo. Eu sei que ele não ficará muito satisfeito com a minha explosão. A regra número um dos Diablo’s é a autodisciplina.

— Muita merda em cima de você, filho? — Boss relaxa em um banco.

— Sim, eu acho. — Eu chego para trás, torcendo o estresse aterrorizando a parte de trás do meu pescoço.

— Não tenho nenhum problema com você acertando Jag, mas saiba que não é uma maneira saudável.

— Eu não vim aqui para chutar a merda dele. Iria malhar mais, mas ele não manteve a boca fechada.

Boss ri.

— E isso te surpreende?

Balanço a cabeça.

— Inferno não. No entanto, ele se saiu bem com essa chave.

— Inferno sim, você fez. É a sua jogada de assinatura. Ele deveria ter previsto isso. Conte-me sobre essa garota.

— Sim, embora não haja muito o que divulgar. Mack é um mistério.

— Parece que ela é introvertida. Não leve para o lado pessoal e apenas faça o trabalho. — O s Boss e levanta e passa por mim, me dando um tapinha no ombro.

Conselho claro como ele sempre dá. Entendo o que ele está dizendo, mas, Jesus, não é tão fácil como ele faz parecer, sem mencionar a estranha atração por Mack.

Boss apaga todas as luzes, exceto as que estão acima dos sacos de pancadas. Ele me conhece muito bem. O clique da fechadura na porta ecoa pela academia. Não demorou muito para que o suor escorresse de mim e meus dedos palpitassem em protesto. Eu deveria ter embrulhado eles. Isso não me impede. Continuo até cair no chão, lamentando todas as decisões que tomei na minha vida. Sair de Idaho tem me assombrado demais ultimamente.


CAPÍTULO 03

Trick

Eu me acomodo atrás do meu computador, tomando um shake de proteína. Eu tenho algumas horas antes do treino. O sono me escapou ontem à noite. Em vez de rolar e virar os lençóis, levantei minha bunda para fazer alguns trabalhos escolares.

— De jeito nenhum. — Eu sussurro para mim mesmo enquanto clico para abrir um e-mail de Mack.

Trick,

Dividi o projeto e concluí três das seis tarefas que podemos fazer online. Se você não estiver bem com isso, estou disposta a fazer as outras três. Convidei você para o documento do Google. Estarei trabalhando lá até as três horas, se você tiver alguma dúvida.

Mack

Meu cérebro assume o controle, clicando em abrir o documento do Google e digitalizando o trabalho dela. Ela abordou as partes mais intensivas da pesquisa e as acertou em cheio. Sua precisão nos detalhes me surpreende. Inferno, ela poderia dar essa aula com os olhos fechados.

Um cursor rosa quente voa sobre a tela. Eu nunca trabalhei no Google Drive. Leva apenas alguns segundos para ver a caixa de bate-papo. Clico nela em vez de voltar à guia com o e-mail aberto. Eu digito sem pensar, animado porque estamos realmente fazendo alguma coisa.

Eu: O plano parece ótimo e, caramba, seu trabalho é incrível.

Merda, eu pareço um idiota reprovado duas vezes pensando no trabalho da escola. Mas com toda a honestidade, é como me sinto. Levei anos para abrir meu caminho no mundo do MMA, tornando esta uma nova e emocionante aventura.

Mack não responde imediatamente, embora eu possa dizer que ela viu a mensagem. Não penso muito nisso, esculpindo minha parte do trabalho. É tudo números, e eu prospero nessa merda. Eu igualo isso a luta, sempre calculando meu próximo passo e o risco envolvido. Eu sempre soube que me tornar um contador seria um plano de backup perfeito. Sem mencionar que isso se ligaria muito bem à comunidade agrícola.

Meu MacBook toca com um som estridente, me assustando.

— Bastardo estúpido. — Aperto o botão de volume até ficar sem som.

Mack: Parece bom.

Eu: Eu terei minhas tarefas prontas antes da aula de amanhã para você examinar.

Mack: Ok.

É preciso tudo dentro de mim para não fazer uma piada sobre suas respostas simples. Mas não tenho tempo para dar um passo atrás com esta mulher.

Eu: Eu trabalho em uma academia. Eu acho que seria um negócio perfeito modelar nosso projeto. Você está bem com isso?

Mack: Você tem contatos? Você acha que eles estariam dispostos a trabalhar conosco?

Eu rio para mim mesmo. Inferno sim, eles estariam. Era uma pequena mentira branca que eu trabalho lá. Mas acho que se ela não percebeu o fato de eu ser um lutador no primeiro dia de aula, tenho certeza de que o conhecimento a assustaria.

Eu: Sim, não haverá problema.

Passamos o resto da manhã trabalhando em uníssono. Em alguns momentos, nossos cursores se cruzam. Mack pode estar interessada em algo, porque esse método é muito mais produtivo do que planejar nosso projeto com café no prédio da união dos estudantes. Estou impressionado.

Eu: Tenho que correr para a academia. Obrigado por isso, Mack.

Sua resposta desta vez é imediata.

Mack: Obrigada, Trick. Sinto muito por ser difícil. Confie em mim, não é você. Eu acho que você poderia dizer que sou esquisita.

Eu: Não se preocupe. Tenha um bom dia, esquisita.

Mack: Você também.

Eu: Para referência futura, isso era uma piada. Você pode voltar com um LOL, LMFAO ou um emoticon.

Passam longos minutos antes de Mack me enviar um emoticon de revirar os olhos. Um sorriso se abre no meu rosto.

Seu ícone se login no canto superior direito desaparece. Recosto na cadeira de madeira desconfortável e corro minhas mãos pelos cabelos. Essa merda está ficando muito grande. Eu preciso de um bom corte. Inferno, há quase o suficiente para parar em um daqueles salões masculinos idiotas.

— Mackenzie Graham, você é um mistério.

Verifico a hora no meu telefone e vejo que tenho trinta minutos para chegar à academia. É uma corrida rápida de dois quarteirões para chegar lá. Uma ideia surge. Eu procuro o nome dela no Google. O que aparece no mecanismo de busca não é nada que eu esperava ver. Link após link, eu clico em páginas, e responde a todas as perguntas sobre ela ao mesmo tempo.

Meu telefone toca.

Boss: Onde diabos você está?

Fecho a tampa do meu Mac e vou para a academia com uma determinação renovada.

***

Certifico-me de chegar cedo na aula hoje. Vou me sentar para ver se Mack faz um movimento. Conversamos quase todas as noites. Não houve detalhes ou conversa fiada, apenas trabalho escolar. Embora ela tenha batido alguns emoticons que fazem algo no meu peito toda vez. Devo dizer que eliminamos grande parte da pesquisa e fizemos um ótimo trabalho. Meus músculos gritam em protesto quando me sento. Treino sem parar quando minha vida volta ao curso. A próxima luta é aqui em casa contra um filho da puta ruim. E nunca estive tão preparado.

Momentos passam antes que uma nuvem de cabelos negros corvos se agitem na sala de aula. Mack está com o rosto focado enquanto desce os degraus do auditório. Suas pernas longas e bronzeadas são musculosas e tonificadas, espreitando pelo short jeans. Ela está com um moletom folgado, pendurado na blusa. Um ombro exposto me faz lamber os lábios.

Ela não olha para cima até estar na terceira fila do outro lado. Mack olha para cima como se ela pudesse sentir meu olhar nela. Quando fazemos contato visual, algo muda entre nós. Mack morde o lábio inferior, as bochechas corando com um lindo tom rosa. Porra, até meu pau percebe sua beleza simples. Pode ser sua inocência que diverte meus pensamentos.


CAPÍTULO 04

Mack

Ele está aqui. Eu apenas olhei o suficiente para ver seus ombros largos apertando através de uma camiseta preta apertada. O homem é um gigante. Eu nunca estive tão perto de alguém com seu corpo e músculos, para não mencionar seu forte queixo e feições duras. Trick poderia estar na capa de qualquer revista, ele é tão impressionante.

Olho por cima do ombro quando encontro um assento o mais distante de todos os outros alunos para ver Trick olhando para mim. Um sorriso lento e genuíno surge em seu rosto. Isso me aquece. Eu nunca senti isso. Eu já vi isso nos filmes e sempre gostei de fantasiar.

Eu me escondo. É o que eu faço. Eu não posso lidar com a sociedade. Obter meu diploma universitário sempre foi meu maior sonho e também é o maior fator estressante da minha vida. Eu não tenho um passado traumático que me mantém deprimida. Bem, sim, mas não consigo me lembrar. É simples. Sou mortalmente tímida e introvertida. Eu não sei como interagir.

Eu me movo sem pensar e, antes que perceba, estou me sentando ao lado de Trick. Há um puxão maldito em direção ao homem que eu não posso controlar. Isso me assusta, sempre achei a solução mais fácil era fugir muito rápido de qualquer tipo de emoção.

— Mack. — Ele acena com a cabeça.

— Oi — eu guincho, me encolhendo com a intimidação na minha voz. Não importa o quanto eu tente, nunca falha.

— Arriscando hoje? — Seus deslumbrantes dentes brancos brilham para mim. As covinhas de Trick enquadram seus traços perfeitos. A pergunta dele não é um deboche ou insulto, ao qual estou acostumada. Eu acho que pode ser uma piada.

Dou de ombros e tiro minha bolsa de canetas e lápis de cor.

— Mack. — Trick faz uma pausa.

Eu me viro e olho para ele. Ele continua quando nossos olhares pousam um no outro. Eu me afogo em seus olhos escuros e profundos. Eles são quase pretos com toques de marrom rico brilhando neles. Não é preciso pensar muito para saber que eu o fiz feliz sentando ao lado dele.

— Que pequena rebelde, você — ele ri entre suas palavras.

Minhas bochechas esquentam.

— Pare, ou eu vou me mudar.

Ele levanta as duas mãos no ar.

— Se acalme aí em baixo.

Balanço a cabeça. Nossa conversa é interrompida quando o professor entra. Meu coração batendo começa a se firmar. Os tremores internos que enchem meu corpo desaparecem. A rotação na minha cabeça cessa. A ameaça de falar foi deixada com o cheiro adocicado de Trick.

Eu mantenho meus olhos focados no meu caderno, fingindo rabiscar furiosamente as anotações. É uma tática de fuga. Eu me pego estudando as coxas grossas de Trick. Seu jeans azul desbotado parece que está prestes a rasgar seu corpo. Seu corpo é um templo da perfeição.

Engulo um nó na garganta ressecada, lembrando o dia em que o conheci. Eu estava tão malditamente agitada ao entrar na classe que tropecei nos meus próprios pés e caí no colo dele. Não demorou muito para que os idiotas dos meus anos do ensino médio me reconhecessem e me provocassem. Garota lata de lixo. Lágrimas deslizaram dos meus olhos. É como eu sempre fui conhecida.

Assusto no assento quando a mão de Trick cai em cima da minha coxa. Ele dá um aperto suave. Quando olho para ele, ele oferece um sorriso gentil e depois estica a mão para afastar uma lágrima com a ponta do polegar. Não é até então que percebo que estava chorando.

Com as costas da minha mão, limpo o resto e faço o meu melhor para me concentrar na palestra. É uma tarefa difícil. Eu completei meus dois primeiros anos de faculdade on-line, mas sabia que se eu quisesse usar meu diploma, teria que superar minha extrema timidez e ansiedade. Eu nunca soube que seria tão complicado e difícil. Aprender é a única coisa que sempre foi fácil para mim. Eu atribuo isso a todos os anos de livros, sendo minha única forma de entretenimento.

Eu me perderia neles, fingindo que era um dos personagens. Ninguém nunca quis falar comigo. Nem mesmo minha avó. Minha imaginação era minha melhor amiga.

Trick pega minha caneta da minha mão e rabisca uma tabela de jogo da velha em minhas anotações e depois a devolve para mim. Pego a parte central, marcando-a com um X. O jogo continua até Trick me encurralar. Eu vi o movimento antes que acontecesse, mas fiquei distraída com seu perfume sexy me envolvendo em um abraço gentil. É doce, rico e todo Trick, e agora o meu perfume favorito. Este é um jogo perigoso, e não estou falando de X e 0 no papel.

Ele se inclina para perto e sussurra no meu ouvido. Formigamentos e arrepios se espalham por todo o meu corpo.

— Eu ganhei — ele sussurra em um tom rouco.

Eu desenho outra tabela, ficando imersa no jogo e esquecendo tudo sobre o meu primeiro dia de aula. Trick não perde o ritmo, e é assim que o resto da aula passa.

Quando o professor Rhoades nos dispensa, Trick não me pressiona por mais. Não, ele coloca a mochila no ombro e sai. Não perco do fato de que nenhuma das provocações aparece no meu caminho, apesar de certos colegas de classe me reconhecerem. Eles não se atrevem a dizer uma palavra para mim, mesmo quando Trick não está perto de mim.

Eu corro para a saída, chocada com minhas próprias ações. Trick está saindo pela porta no ar fresco antes que eu possa alcançá-lo. Abro a boca para chamar seu nome, mas a palavra morre na minha garganta. Meus ombros caem. Eu estou derrotada. Ele é a primeira pessoa na minha vida que me fez querer sair da minha zona segura.

Eu levanto minha mão e corro o dedo pela cicatriz longa, elevada e irregular que percorre toda a extensão do meu pescoço. Toda vez que a toco, me pergunto, que se não fosse o meu passado, na minha realidade eu seria tão tímida e cheia de ansiedade.


CAPÍTULO 05

Trick

— Cinco minutos e estamos saindo. — Boss bate a papelada em sua mesa. — Não podem se atrasar.

Gemidos ecoam pelo ginásio. Estamos todos exaustos com a exaustiva sessão de treinamento. Dois dias até a noite da luta, e isso sempre significa entrar em uma última sessão que ameaça quebrá-lo.

Uma vez por mês, Layla, filha do Boss e esposa de Cruz, seleciona uma organização da comunidade para doar dinheiro e nosso tempo. Hoje à noite, é o centro para idosos. O ginásio Diablo’s Throne está doando um cheque pesado e nosso tempo para ajudar a cozinhar e servir o jantar hoje à noite.

— Você já fodeu com a sua professora? — Jag me cutuca no ombro.

Cruz e Riot latem em gargalhadas.

— Cale a boca — eu resmungo.

— Não, sério, você gosta de professoras e as inclina sobre a mesa delas? — Jag estende os punhos enquanto soca o ar.

— Essa merda não acontece, idiota. — Eu empurro seu peito.

— Foda-se sim. Sim. — Ele passa as mãos pelos cabelos. — No ensino médio, toquei minha professora de matemática na mesa dela. Também não aconteceu só uma vez.

— Você está cheio de merda, Jag — acrescenta Cruz.

— Palavra de porra de escoteiro. — Ele levanta os dedos em um sinal de paz, em vez de um sinal de reconhecimento. — Sra. Tomlinson era uma gata selvagem e o sonho molhado de qualquer garoto do ensino médio. Deus, foram bons dias.

Sunni, a esposa de Jag, fica atrás dele, enquanto ele entra em detalhes sobre foder a professora. Nenhum de nós o alerta sobre esse fato. Suas mãos estão empoleiradas nos quadris e ela finalmente limpa a garganta.

Jag gira ao redor. Eu daria tudo para ver o puro horror em seu rosto. Bastardo é boceta chicoteada. Ainda fala alto e tudo mais, mas suas bolas estão bem guardadas na bolsa de Sunni.

— Continue dizendo à academia inteira sobre você transando com sua professora, querido, por todos os meios. Não me deixe te parar. — Sunni esfrega uma mão sobre sua barriga saliente.

— Bebezinha, eu estava brincando. Era uma piada. — Ele joga os braços para os lados.

— Claro que era. — Ela torce uma sobrancelha e se afasta.

— Bebê, por favor, foi uma piada. — Jag se vira para nós e balança a cabeça, dando mais algumas investidas no ar com um sorriso de merda no rosto. — Eu nunca faria uma coisa dessas.

— Guarde isso, Jag. — Sunni joga a mão sobre a cabeça e continua caminhando direto para a porta.

— Temos que levá-lo? — Cruz geme.

Boss ri, andando atrás de nós.

— Sim, ele é da família.

— O enteado feio e irritante — murmura Riot.

— Ainda família, filho. — Boss dá um tapinha no ombro de Riot. — Eu tenho Sunni a bordo para monitorar suas ações em torno dos idosos.

— Vamos torcer para que não haja nenhuma mesa de professora lá. — Eu digo.

Riot e eu jogamos a sorte do pauzinho curto e terminamos no banco de trás do novíssimo SUV crossover da Sunni, ouvindo os pedidos de desculpas de Jag. Sunni não se manifesta. Ela permanece estranhamente silenciosa no banco da frente, espiando pela janela. Eu posso ser um lutador de bunda grande, mas uma mulher irritada me assusta. Deve fazer o mesmo com Jag também, já que o homem está suando.

Só a poucos quarteirões de distância que Sunni se aproxima e entrelaça os dedos nos de Jag. Ela se vira para ele com um sorriso no rosto.

— Você seria o único que se gabaria de foder a sua professora do ensino médio. No entanto, Jag, se nosso filho ouvir essa história ou descobrir, vou queimar seu pau e suas bolas com meu baby liss.

Eu me encolho. Minhas coxas apertam e é preciso tudo dentro de mim para não guardar as jóias da minha família. A Riot reage da mesma maneira. Nós dois compartilhamos uma expressão horrorizada. Jag se encolhe na frente, mas oferece um pedido de desculpas, dando um beijo na testa de Sunni enquanto para no sinal vermelho. Uma vez que ele entra no estacionamento, há um monte de selinhos nos lábios.

Riot e eu saímos do carro e seguimos em direção ao Boss, Cruz, Layla e os outros lutadores.

— Você vai pagar pelo nosso aconselhamento depois da merda que acabamos de passar? — Riot passa o polegar por cima do ombro.

Boss balança a cabeça.

— Eu quero saber mesmo?

— Não. O que foi dito lá nunca precisa ser repetido ou pensado novamente.

— Trick. — Alerta Layla. —Você sabe que eu tenho uma mente curiosa. Você tem que nos dizer agora.

— Não. — Cruz passa a mão na boca da esposa e balança a cabeça.

— Coloque suas bundas lá e atuem no meio do caminho normal. Eu deveria ser um treinador de MMA para lutadores adultos, não um babá de idiotas. — Boss avança e abre a porta.

O cheiro familiar da casa da minha avó Jones me dá um tapa na cara quando entro no brilhante centro de idosos. É tão poderoso que quase me bate na bunda. Deus, eu amava aquela mulher, sua culinária e seus braços amorosos. Afasto tudo e sigo Boss de volta à cozinha.

Uma risada alta e vibrante ecoa nas paredes alegres. A ferocidade disso me faz sorrir sem nenhuma razão. É cru e genuíno. Afasto-me quando Boss se apresenta ao gerente.

Ele se vira para mim e sussurra.

— Estou dependendo de você aqui, Trick. Você pode ser o único são de todos os meus lutadores.

Eu sorrio e dou-lhe um aceno com o queixo. Quando viro a esquina, vejo a pessoa com uma risada enérgica e contagiosa. Que porra na vida eterna?


CAPÍTULO 06

Mack

— O que a máfia e as bocetas têm em comum?

Minhas bochechas esquentam de vergonha ao ouvir a palavra boceta sair da boca de Betty. Eu torço meus dedos, rezando para o bom Deus que este momento possa ser apagado da memória ou um buraco se formar e me sugar. Ela não está nem um pouco afetada, esperando que eu responda. Eu nem tento. Como já fiz centenas de vezes, dou de ombros e olho para o meu tênis.

— Um deslize da língua e você está na merda.

Betty gargalha, segurando os lados e jogando a cabeça para trás. Sua risada ilumina todo o lugar. Quando ela me encara novamente, lágrimas escorrem pelo seu rosto. Ela usa as costas da mão para limpá-las. A piada não era engraçada, ou pelo menos não para mim. É a risada dela que é contagiosa, empurrando um sorriso no meu rosto.

— Aqui está mais uma. Garota, eu juro que ainda vou rir de você. Rápido, antes que tenhamos que começar a servir.

— Sério, eu estou bem, Betty. — Eu aceno para ela.

Ela me ignora, aproximando-se e abaixando a voz desta vez.

— Meu pau é tão grande que os palhaços saem dele quando eu gozo. — Ela coloca os cachos prateados no topo da cabeça. — Dê-me um minuto, não me lembro da frase de efeito.

— Sem merda, Betty. — Theodore, seu marido, dá um tapinha no ombro dela. — Essa é uma frase de efeito, não uma piada.

Ele balança a cabeça enquanto se afasta, acenando com a mão sobre a cabeça. Theodore não tem vergonha de seu amor pelo uísque, de sua pouca paciência por sua esposa e do amor que tem por ela.

— Eu estava empolgada com a palavra pau — ela admite.

— Puta! — Letty sussurra enquanto caminha até nós e dá um tapa na bunda de Betty.

Tudo se torna demais. Essas mulheres são sempre loucas. São todas negócios e profissionais quando chega a hora. É a parte dos bastidores que me garante que eu nunca conseguiria acompanhá-las nem na minha tenra idade.

Por mais estranho que pareça, elas são minha família. Cada uma delas.

Quando toda a piada de Betty termina, não posso deixar de explodir em gargalhadas. Não é uma risadinha, mas uma que faz minha barriga doer. Quanto mais eu rio, mais orgulhosa Betty aparece. Ela tira o pó dos ombros e acena com a cabeça em um trabalho bem feito.

— Eles estão aqui. — Letty se inclina e sussurra. — Sua calcinha está prestes a pegar fogo, como em um inferno ardente e quente. O destaque do meu ano, garotas, eu lhes digo.

Eu sabia que alguns voluntários estavam chegando hoje. É tudo sobre o que as mulheres falam há meses. Um grupo local de lutadores doando seu tempo e dinheiro. Isso aí aquece meu coração imediatamente. Eu amo esse lugar. É como minha casa. No entanto, o pensamento de recém-chegados e de eles possivelmente estarem na minha idade me dá alergia. Afasto isso e concentro-me nos sussurros dessas mulheres loucas.

— Doce bebê Jesus, meus ovários estão pegando fogo, e eu não tenho nenhum. — Betty diz depois de um rápido olhar por cima do ombro. — Eu pego o que está na frente com o boné para trás. Ele é enorme e muito sexy.

— Senhoras... — Gene interrompe a sessão de fãs, — ...nossa ajuda chegou.

Aqui vai. Não há como voltar agora. Antes que eu perceba, Gene está ao meu lado com o braço em volta dos meus ombros. Ele é a coisa mais próxima de um membro de família real que eu já tive, mesmo que ele fosse meu vizinho ao crescer. Você nunca saberia que ele tem oitenta e cinco anos pela maneira como ainda dá a volta. Gene sempre foi jovem no coração. Ele tem sido minha graça salvadora por anos.

Ele faz apresentações entre a equipe e nossos visitantes. Eu estudo as pontas dos meus sapatos arranhados. Outra coisa estranha sobre mim é que não jogo nada fora até que esteja completamente desgastado. Os dias desses sapatos estão contados. Isso causa uma dor aguda no meu peito. É ridículo. Absolutamente absurdo, mas é assim que eu jogo.

— E esta aqui é Mack. Ela é a queridinha do Centro para Idosos do Lower Valley. Ela doa todo o seu tempo e atualmente está matriculada na faculdade para obter um diploma em negócios. — Gene aperta meus ombros, me incentivando a olhar para cima.

Eu suspiro quando o faço. A emoção se aloja na minha garganta quando o olhar escuro de Trick perfura buracos através de mim. Minha mandíbula relaxa e joelhos enfraquecem quando eu o observo. Ele fica de pé com as pernas bem abertas e os braços cruzados sobre o peito, mas ele não exala uma vibe média. É o sorriso que inclina os cantos de seus lábios e o movimento rápido de suas sobrancelhas que oferecem uma saudação amigável.

As laterais da sua cabeça estão raspada. Seu cabelo comprido e desgrenhado já se foi. Um boné preto fica para trás em sua cabeça. Posso ser tímida e ter mais problemas do que uma garota comum da minha idade, mas não estou morta. Longe disso, e parece que Betty estava certa sobre o homem de boné.

— Mack. — Trick assente, aproxima-se de mim e coloca um beijo terno, doce e rápido na minha bochecha.

Betty e Letty desmaiam atrás de mim. O aperto de Gene no meu ombro aumenta. Eu limpo a garganta e abro a boca para falar, mas nada sai. Trick pega isso e salva o dia. Não tenho ideia de como esse homem pode me ler como um livro aberto. Ninguém mais foi capaz, ou talvez não se importassem o suficiente para tentar. Gene puxa tudo de mim, mesmo depois de anos sendo melhores amigos.

Trick dá um passo para trás, enfiando as mãos nos bolsos. Seus jeans mergulham baixo, expondo uma tira de abdominais tonificados e bronzeados. Eu fico olhando por muito tempo e só me distraio quando Trick começa a falar.

— Mack e eu estudamos juntos na mesma classe de contabilidade.

Isso parece apaziguar Gene um pouco, já que seu aperto diminui.

— Estamos trabalhando juntos em um projeto. Mack é por... — Trick se para. — Um gênio.

Eu notei que a linguagem suja voa de seus lábios naturalmente. No começo, eu não gostei de tudo, mas aprendi a amar, porque é tudo Trick.

— Bem, prazer em conhecê-lo. Mack aqui é como minha filha, apenas avisando. — Gene adverte Trick.

Minhas bochechas ardem de vergonha. Isso é estranho como o inferno.

— Prazer em conhecê-lo, Gene. — Trick estende a mão.

Betty salva o dia, colocando todos nós no lugar. Ela guia cada lutador para a posição, sem perder a oportunidade de passar as mãos sobre os ombros e ao longo das costas. Ela é louca, não há outra maneira de descrevê-la.

Pego a estação em que estou o tempo todo, e essa é o corredor. Existem apenas três funcionários remunerados, e os demais são voluntários. Alguns anos atrás, a cidade ameaçava puxar todo o financiamento. Foi o que me motivou a obter meu diploma universitário e seguir uma carreira trabalhando com organizações sem fins lucrativos.

Eu preencho sempre que posso, normalmente indo e voltando. Eu costumava estar aqui cinco noites por semana até me matricular nas aulas e tive que cortar para três dias por semana. Além de enfrentar outras pessoas da minha idade, perder esse lugar tem sido a parte mais difícil da vida universitária no campus, em comparação aos cursos on-line.

Contorno o balcão, abaixando para pegar uma caixa de enlatados. O voluntariado aqui é tão bom quanto um treino diário completo em uma academia cara. Meus dedos agarram as bordas da caixa. Eu faço o meu melhor para não resmungar enquanto coloco minhas costas de volta.

— Ei, deixe-me ajudá-la. — Trick aparece na minha frente.

— Eu tenho isso — eu sorrio.

Suas sobrancelhas franzem. Trick não aceita minha resposta e pega a caixa da minha mão.

— Jesus, isso é pesado como o inferno.

Ele olha para mim. Eu jogo minha cabeça para o fundo da cozinha e lidero o caminho.

— Sério, como você pegou isso? — ele pergunta, colocando-o no balcão.

Dou de ombros e expiro bruscamente.

— Com minhas mãos.

— Fazendo piadas agora? Introvertidos ao redor do mundo estão se encolhendo, Mack-A-Bee. 4— Trick tira um canivete do bolso. Sua mão passa por cima da caixa. Ele passa a lâmina e a coloca de volta no bolso.

— Mack-A-Bee? — Balanço a cabeça, fingindo que o apelido me dá nojo quando aquece meu interior.

— Você prefere Big Mack5, Mackster6, Mac e Eggs7? — Ele coloca a mão no quadril e inclina a cabeça.

— Mack está bom. — Alcanço a caixa, puxo uma enorme lata de milho e começo a estocar a prateleira.

— Trick, vamos lá.

Nós dois olhamos para ver um homem acenando para ele.

— Tenho que correr, Mack-A-Bee. — Ele pisca.

Eu olho enquanto ele se afasta. Há uma pequena, tão pequena como o inferno quando ao lado de um gigante como Trick. Cada parte do seu corpo é músculo e perfeição. Eu me concentro novamente na tarefa de descarregar mercadorias.

A conversa familiar ecoando pelo centro não é reconfortante esta noite. Estou nervosa enquanto trabalho. Não é ansiedade atacando meu núcleo. Não, é algo que nunca senti antes. Não tenho certeza se gosto ou não. Quando pego Trick olhando para mim, sorrio para ele e acho estranho o quanto eu quero ficar ao lado dele e servir meus amigos.

Estou apaixonada como uma princesa em um conto de fadas.


CAPÍTULO 07

Trick

Este lugar está lotado. Todo mundo é tão amigável, e mesmo que os anos tenham sido duros com seus corpos, você nunca saberia. Olho por cima do ombro de vez em quando para conferir Mack. A mulher me surpreendeu. Ela é muito mais do que eu imaginava.

Gene, que antes parecia que queria chutar minha bunda, agora puxa minha orelha. Ele é um cara legal, mas ainda não consigo descobrir a conexão entre ele e Mack.

— Nossa garota está aqui hoje à noite? — uma mulher idosa com cachos de prata duros pergunta quando ela passa pela fila.

Não posso deixar de notar como a pele dela está bronzeada. É o mais longe que eu já vi de uma aparência natural.

— Ela está. — Gene limpa as mãos no avental. —Deixe-me chama-la. Ela vai adorar ver você.

Observo e continuo a servir purê de batatas. Betty ou Letty, não sei ao certo qual, valsa atrás de mim e dá um aperto na minha bunda. Ela é uma maldita gata selvagem e me faz rir muito.

— Delores! — Eu ouço o grito estridente de Mack. Ela seca as mãos no avental e ajusta os óculos. Eles são óculos nerd para um T, mas de alguma forma Mack os torna sexy como o pecado.

Ela se apressa a mulher com os braços bem abertos. Elas se abraçam por um longo tempo. Estou vendo uma Mack totalmente diferente. Os vislumbres de sua personalidade são tão bonitos quanto ela. Natural e sem esforço.

— Quando você chegou em casa? — Mack se afasta, ainda mantendo as mãos nos ombros da mulher.

— Agora mesmo. Nós tivemos que vir ver todos os nossos amigos. — Ela abraça Mack novamente.

— Novo neto? — Mack pergunta.

Delores para a fina enquanto tira um telefone da bolsa. A vibração fria nessa área significa que ninguém está chateado ou frustrado porque a fila parou. Aproveito a oportunidade para estudar tudo o que posso sobre Mack.

Observo os olhos dela brilharem quando ela vê a foto no telefone. Ela aperta o peito enquanto as bochechas esquentam de orgulho.

— Ele é lindo, Delores. Simplesmente perfeito.

— Mack, nos divertimos muito no Havaí visitando nossos netos e bisneto. Como está indo a faculdade? Eu tenho que saber tudo sobre isso.

Mack se inclina e sussurra algo no ouvido de Delores. Os olhos de Delores se arregalam quando ela olha para mim. Mack bate no ombro dela.

— Eu disse para você não olhar. — Mack assobia.

Isso não impede Delores de me dar um olhar curioso que se transforma em um olhar mortal. Puta merda, essas pessoas amam Mack. Um centro cheio de idosos é mais intimidador do que qualquer pai sentado na varanda com sua espingarda.

O resto da noite passa. Boss apresenta o cheque. A gratidão que flui dos idosos me domina. A apreciação genuína de que é muito mais, é transmitida por todos. É refrescante quando estamos acostumados a idiotas gananciosos que querem apenas se aproximar dos lutadores de MMA.

Enquanto a multidão diminui, O Boss reúne suas tropas. Olho em volta para Mack. Demoro muito tempo para encontrá-la e, quando o faço, sei que estou ferrado. Ela está de costas para mim enquanto ela fica em uma pia com uma pilha de quilômetros de louça suja ao lado dela. A bunda exuberante de Mack chama minha atenção por alguns instantes. Ela e aqueles malditos shorts jeans cortados. Mas não é isso que me fez torcer. É o fato de ela estar ali lavando pratos sem se preocupar com o mundo.

— Pronto, Trick. — Uma mão bate no meu ombro.

— Não. — Eu aceno para ele. — Eu vou para casa.

—Tem certeza? É uma boa caminhada de três quilômetros até o outro lado da cidade.

Não faço contacto visual quando aceno com a cabeça.

— Essa é ela? — Boss pergunta em um sussurro abafado.

Eu disse a ele tudo sobre Mack. Como ela age com a dificuldade de trabalhar em nosso projeto até o que eu descobri sobre ela na Internet.

— Cuidado — ele diz.

Isso tira minha atenção das costas de Mack. Eu dou um olhar curioso para ele.

— Com isso. — Ele dá um tapinha no meu coração. — Apenas tenha cuidado, filho.

Eu aceno, pegando o que ele não está falando. O problema é que seu aviso pode ter chegado algumas semanas atrasado.

— Onde diabos está Jag? — Boss pergunta em voz alta. Está claro que sua paciência está esgotada para a noite. Todos ao seu redor dão de ombros.

Uma porta se abre, a maçaneta batendo na parede criando um barulho alto. Um borrão de corpos emaranhados surge do armário de suprimentos.

— Jag, eu não posso acreditar em você. — Sunni dá um soco em seu peito. — Você me disse que era o banheiro.

Ele sorri.

— Eu tive que tentar.

— Você pensou que era um banheiro. — Layla aponta confusa.

— Estou grávida de sete meses e precisava desesperadamente. Não prestei atenção. — Sunni dá um soco no peito de Jag mais uma vez.

— Aqui, querida. Eu levo você. — Betty ou Letty oferece enquanto outra bajula Jag, com as mãos sobre seu peito enquanto ela trilha as letras, lendo lentamente cada palavra. Jag estufa o peito para ela. Nós seriamente não podemos levar o homem a lugar algum.

Assim que Sunni retorna ao grupo, Boss os expulsa. Meus ombros caem de alívio. Eu não tinha percebido o quão tenso meu corpo estava até agora. Não querendo aparecer em Mack e assustá-la, vou para o lado e vou pela parede. Ela pega meu movimento pelo canto do olho.

— Ei. — Suas bochechas iluminam um rosa rosado.

— Mack-A-Bee. — Dou um empurrão no queixo e enfio as mãos no bolso.

Ela revira os olhos.

— Esse apelido vai ficar, não é?

— Sim vai.

— Seus amigos não foram embora? — Ela não perde o ritmo esfregando os pratos sujos e falando comigo.

— Sim. Queria falar com você.

— Oh. — Ela olha de volta para a pia de tamanho comercial.

— Esta noite foi divertida. Me chocou demais — digo, esperando como um idiota que ela olhe de volta para mim.

Ela engole e olha rapidamente para mim.

— Eu amo esse lugar.

Eu passo ao lado dela. Com a proximidade, Mack se afasta, permitindo-me a frente da pia. Sua cintura é tão malditamente pequena que nossos corpos se encaixam na frente da pia cheia de água quente e sabão.

Mergulho minhas mãos na água quente, procurando um prato.

— Eu posso ver isso.

— Você é um lutador? — Mack tira uma mecha de cabelo preto de carvão dos olhos dela.

Lamento não ter feito isso por ela antes de molhar minhas mãos.

— Eu sou.

— É por isso que você me apoiou no primeiro dia.

Parece uma pergunta, mas do jeito que ela solta, é uma afirmação. Eu mergulho minha mão de volta na água. Desta vez eu pego a mão dela e enrolo nossos dedos. Eu olho para o perfil dela até que ela me dê seus ricos olhos esmeralda.

— Não. — Balanço a cabeça. — Eu coloquei aqueles filhos da puta no lugar deles porque eram idiotas e mereciam ser colocados no lugar deles. Eu teria feito o mesmo se pesasse cinquenta quilos.

— Oh. — Ela chupa o lábio inferior entre os dentes por um instante. — Eu... uh. Obrigada.

Porra, por que eu coloquei minhas mãos nessa maldita água? Não quero nada além de segurar sua bochecha e levar sua boca na minha.

— Não precisa, Mack. Eu não seria homem se não defendesse o que é certo. — Eu me inclino e, quando ela não vacila, eu continuo até meus lábios pressionarem contra a pele quente de sua testa. Fecho os olhos, memorizando a sensação de Mack nos meus lábios.

Quando me afasto, olho nos olhos dela por um momento e depois lambo os lábios antes de olhar para frente e lavar a louça. Eu tenho que desviar o olhar para não atacá-la. Eu também não quero fazê-la se sentir desconfortável se aquele beijo inocente a impactasse tanto quanto a mim.

— Pensei que você poderia ter descoberto que eu era um lutador depois que eles gritaram meu nome. — Eu mantenho minhas mãos ocupadas esfregando prato após prato.

— Eu sou meio ignorante do meu redor, se você não percebeu isso. — Mack murmura.

—Oh, confie em mim, eu notei. Como eu não poderia quando uma garota bonita cai bem no meu colo? Inferno, isso foi mais doce do que qualquer presente de manhã de Natal que eu já recebi.

Uma risada leve e melosa escapa dos lábios de Mack. Passamos o resto do tempo conversando sobre o nosso projeto. Eu fiz o meu melhor para avisar Mack sobre todo mundo na academia antes de irmos lá em algumas semanas. Ela absorve tudo o que eu digo a ela. Encontro-me contando a ela sobre minha mãe, minha cidade natal e até o rancho. Mack apenas escuta, ao contrário de quando estávamos falando sobre trabalhos escolares.

— Tudo pronto. — Mack seca as mãos em uma toalha limpa e depois a entrega para mim.

Eu pego e seco a minha também. Há muito tempo, Gene havia chegado e abraçado Mack, dando um beijo suave em sua bochecha. Estabeleceu algo dentro de mim saber que ela tem alguém. Não importa se Gene está relacionado ao sangue ou não. Sei melhor que ninguém que a família nem sempre é sangue. De fato, aqueles que não são, são especiais como o inferno e aqueles que nunca deixam você de lado.

Eu discuto comigo mesmo sobre pedir a Mack uma carona para casa. Depois desta noite, não quero estragar nada. Algo dentro de mim me diz que Mack teria um ataque de pânico comigo sentado na cabine de um carro com ela.

Ela abre a porta do centro depois de avisar o gerente que ela estava saindo. Há um punhado de carros no estacionamento iluminados pelas luzes piscantes da rua. Não é o lugar mais seguro em que eu gostaria de imaginar Mack entrando.

— Deixe-me adivinhar. — Esfrego o queixo e aponto. — Esse Toyota Camry azul claro é o seu carro.

Ela balança a cabeça.

— Espere. Não me diga. — Eu aponto novamente. — O Pontiac vermelho.

Ela balança a cabeça novamente, abaixando o rosto para baixo.

— Espere. Espere.

— Trick. — Sua voz mal chama minha atenção.

— Sim. — Eu me viro para ela, forçando-me a enfiar as mãos nos bolsos, porque tudo que eu quero fazer é inclinar para seu queixo e forçá-la a olhar para mim.

Eu chuto o asfalto com a ponta do meu sapato.

— Como você se desloca então?

Mack responde dando alguns passos à frente. Eu a sigo, ansioso para ouvir o que ela tem a dizer.

— Com isso. — Ela levanta os braços e gira ao redor. — Na verdade, uso uma bicicleta para ir a todos os lugares, mas atualmente ela tem dois pneus furados.

Olho para ela e levanto uma sobrancelha. Claro, ela não está olhando para mim.

— Então você dirige... quero dizer, anda de bicicleta para a escola ou anda?

Ela assente com a cabeça. E então para.

— Venho fazendo isso a vida toda. É a única maneira que sei, e na verdade não é tão ruim assim.

Porra, isso explica suas pernas assassinas. Inferno, isso justifica seu corpo assassino.

— Uau, isso é incrível.

Mack me olha diretamente nos olhos.

— Trick, você aprenderá que não sou como ninguém que você já conheceu. É apenas algo com o que eu tive que aprender a viver.

Longos momentos de silêncio flutuam entre nós. É Mack quem abre a boca para falar primeiro.

— Esse grande caminhão preto é seu? — Eu sorrio

— Bom palpite. Eu tenho um caminhão e é preto. Mas minha carona partiu horas atrás, quando meus amigos foram embora.

Ela inclina a cabeça para o lado, intrigada com a minha resposta.

— Então, como você está chegando em casa?

Dou de ombros, inclino a cabeça para o lado para combinar com a posição dela, e possivelmente coro. Sim, coro pra caralho como um adolescente excitado.

— Você me flagrou.

Levanto os braços em um gesto de rendição.

— Eu queria passar mais tempo com você hoje à noite e não pensei muito bem no meu plano.

Mack sorri. Não é um sorriso comum. É um que ficará para sempre impresso em minha memória. Suas bochechas acendem quando seus dentes brancos brilham sob a luz da rua. Seu sorriso é evidente em seus olhos enquanto eles brilham no ritmo.

— Bem, não sei o que dizer aqui, Trick. Mas tudo o que sei é que gostei de passar um tempo com você hoje à noite.

— Boa resposta, Mack. Você realmente mataria meu jogo de paquera sem esse elogio. Se importa se eu te levar para casa?

Eu tenho que entrar ou deixar essa garota sozinha. Eu sei que pedir para voltar para casa com ela pode assustá-la de volta à sua concha. Não quero mais andar sobre cascas de ovos ao seu redor. Um desejo e um impulso dentro de mim imploram para puxá-la para fora de seu lugar seguro, porque algo dentro de mim me diz que quando Mack deixar seu escudo de segurança para trás, ela explodirá todo mundo. Eu sei disso há um tempo agora. Mas agora, neste momento, quero ser o homem que a tirará disso.

— Sim, claro. — Ela encolhe os ombros. — Vou avisá-lo que é cerca de três quilômetros e a maior parte é difícil.

Eu flexiono meu braço e percebo que sua visão vai direto para a ação.

— Acho que posso dar um passeio com uma garota bonita.

Mack não reconhece o elogio, continuando a andar. Durante o primeiro quilômetro, permanecemos em silêncio até que me enlouqueça.

— Há quanto tempo sua bicicleta tem um pneu furado?

Mack bate os lábios antes de responder.

— Eu acho que aconteceu a cerca de duas semanas. Eu só preciso ir até a loja de pneus e sei que eles vão consertar isso para mim. Só não tive tempo.

Eu cerro minhas mãos em punhos e relaxo. Repetindo o processo várias vezes, pensando em Mack nas ruas escuras da cidade sozinha.

— Você já pegou carona com alguém?

— Não. Gene tenta me fazer sair do centro cedo, então eu tenho uma carona. Mas eu amo ficar e ajudar o máximo que posso.

— Mack, você tem uma alma linda. Não sei se alguém já lhe disse isso ou se você acredita em mim. Mas nunca conheci uma pessoa com uma alma tão genuína, carinhosa e compassiva como você.

Esse elogio mais uma vez nos empurra para o silêncio. Ela não estava cagando sobre a caminhada ser subida. Não é nada dramático, mas apenas o suficiente para fazer meus músculos gritarem.

— Você não precisa me acompanhar até o fim.

Olho por cima e levanto uma sobrancelha.

— Não quer que eu saiba onde você mora?

Ela assente com a cabeça. E jogo minha cabeça para trás, rindo.

— Você acha que eu vou me tornar um perseguidor de nível um?

— Não, é só que... — Ela mexe com os dedos em um movimento maníaco. — ...eu não sei como explicar.

Paro e agarro suas mãos na minha palma grande. Eu as movo, liberando o estresse delas.

— Está lhe dando ansiedade. Eu posso ver isso em seus movimentos e suas ações. Seus lindos olhos contam toda a história. É como se o peso do mundo estivesse agora sobre seus ombros. Não preciso andar mais, Mack. Por favor, deixe-me chegar a um quarteirão, para que eu saiba que você chegará em casa em segurança.

Para minha surpresa, Mack se aproxima de mim e olha para mim com os olhos implorando para que eu entenda.

— Eu nunca conheci alguém que possa me ler tão facilmente como você. Você me força a ser honesta e encarar a vida. Todo mundo me ignora. Ainda estou tentando descobrir como isso me faz sentir.

— Que pequena rebelde você. — Um sorriso surge no canto da minha boca. — Quebrando sua concha, Mack-A-Bee. Isso foi quente como o inferno.

Ela dá um tapa no meu peito e dá um passo para trás.

— Você acabou de fazer de novo. Você está me deixando confusa.

Dou um passo para trás em sua direção, fechando a distância mais uma vez. Nosso calor corporal se entrelaça, e é preciso todo o meu autocontrole para não puxá-la para o meu peito. Ela se encaixaria perfeitamente contra mim. O topo de sua cabeça mal encontrava meu queixo. É como se nossos corpos fossem feitos um para o outro.

— Mas você gosta? Porque isso é tudo o que importa.

Ela não responde. Não há choque lá. A resposta silenciosa de Mack vem na forma de caminhar novamente. As nossas juntas roçam uma contra a outra de vez em quando com o balanço de nossas mãos. Na quinta ou sexta vez que isso acontece, eu a pego pelo mindinho. Quando ela não reage, eu vou mais longe e entrelaço nossos dedos. Quando passamos um cruzamento, Mack me choca com uma pergunta sem qualquer aviso.

— Então você é como um cowboy de verdade? — Olho para ela, examinando suas feições enquanto ela espera minha resposta. Eu amo que ela esteja olhando para mim e não para seus pés. As sobrancelhas dela se contraem, esperando minha resposta.

— Por quê? Você gosta de cowboys? — Eu pisco para ela.

— Não. Só que nunca conheci alguém que morou em uma fazenda como você estava me dizendo na cozinha. Então você é como um cowboy da vida real?

Dou de ombros, percebendo o hábito nervoso de Mack.

— Se cavar merda de vaca, dirigir um trator e até andar a cavalo com uma marca de família consistir em ser um cowboy, então sim, acho que sim. Ou pelo menos eu fui uma vez. É complicado. Para encurtar a história, eu sou filho único, meu pai ficou chateado quando eu não quis assumir a fazenda, minha mãe me empurrou para a porta pelo meu sonho. Agora, aqui estou eu, um lutador campeão mundial de MMA e estudante universitário.

— Uau, isso é impressionante.

Seu elogio aperta meu peito. A tristeza e o desespero no tom de sua voz me doem. Essa mulher está tão protegida que nem consigo começar a entender. Eu respondo para que ela não sinta nenhuma simpatia que eu tenho por ela.

— Bem, quando eu voltar para casa, você pode vir comigo, e eu vou deixar você montar no Rooster, meu cavalo favorito.

Mack solta um suspiro alto.

— Tenho certeza de que as chances disso acontecer... bem, não há chance disso. Seria uma viagem incrível com você. Eu acho que uma garota pode sonhar.

Aperto a mão dela na minha.

— Eu adoraria levá-la para o lugar em que cresci.

Antes que qualquer um de nós perceba, estamos diante de uma casa colonial de dois andares. É imaculado com tinta branca fresca e nítida, um gramado bem cuidado e uma cerca que emoldura sua beleza.

— Esta é a minha. Acho que você pode ir embora. — Mack diz, me puxando para fora do meu transe.

Ao contrário do estacionamento do centro sênior, este bairro é bem iluminado. Isso me tranquiliza.

— Droga, Mack-A-Bee, bela casa.

— Esta é a casa de Gene. — Ela morde o lábio inferior.

Eu mantive minhas mãos para mim por tempo suficiente. Um homem só tem um pouco de autocontrole. Eu acalmo a ponta do meu dedo sobre o lábio inferior até tirá-lo dos dentes. Eu alivio a preocupação, esperando que ela continue.

— Eu vivo lá. — Ela aponta para a garagem. — Há um belo apartamento em cima.

— Eu gosto disso. — Eu beijo sua testa como antes e me forço a dar um passo para trás. — Obrigado pelo que você me deu hoje à noite, Mack-A-Bee.

Mack força um sorriso tímido e depois abaixa a cabeça.

— Não. — Eu uso meu dedo para levantar o seu queixo. — Chega dessa porcaria.

— Eu vou tentar — ela sussurra, em seguida, corre para seu apartamento.

Espero até ouvir uma porta se fechar e ver luzes piscando vivas nas janelas. Quando me viro para ir embora, vejo sua bicicleta amarela. Tem mais ferrugem do que tinta e, com certeza, tem dois pneus furados. Eu andei três quilômetros na direção errada, mas Jesus, valeu a pena. Eu faria isso cem vezes.

Não penso muito antes de agir por instinto e dar um passo à frente. Pode ser um erro, mas não posso evitar. Estou desejando a mulher. Meu desejo aumenta até um ponto de ebulição.


CAPÍTULO 08

Mack

Esta é a coisa mais idiota que eu já fiz. Estou atribuindo-a à persistente alta de Trick me levando para casa. Ele perdeu a aula na quinta-feira, o que significa que eu não o vejo desde a noite em que ele me levou para casa. Verifiquei nosso documento do Google mais vezes do que jamais admitirei.

Meu coração despencava toda vez que não via o ícone verde limão no canto superior direito. Ele havia trabalhado em nosso projeto, mas nossos tempos nunca eram sincronizados. E agora estou apoiando minha bicicleta na parede de tijolos em frente ao ginásio do Diablo’s Throne.

— Eu não posso fazer isso. — Pego o guidão enferrujado da minha bicicleta e me preparo para colocar minha perna sobre o assento.

— Maria, Monica, Maisy. — Um homem alto está na minha frente, passando as mãos pelos cabelos. Ele está sem camisa com toda a sua carne bronzeada e músculos muito tonificados em plena exibição. —Merda, cara, eu não me lembro do seu nome.

Meus olhos se arregalam. Eu permaneço em silêncio. A ansiedade nervosa e irrestrita sobe das pontas dos dedos dos pés até as raízes dos meus cabelos, deixando para trás uma sensação de formigamento e náuseas.

— Trick vai perder a cabeça. — Ele passa um braço em volta dos meus ombros. — Jogue junto, Melissa. Isso vai ser fodidamente épico.

Ele sacode meus ombros.

— Se solte, docinho. Aqui, coloque sua mão bem aqui.

O homem agarra minha mão direita, espalhando-a pelo abdômen. Ele é intimidador, mas seguro ao mesmo tempo. É uma sensação que nunca senti antes. A menção do nome de Trick acalma um pouco do tormento que gira em mim. Eu me concentro na minha respiração com medo de desmaiar. É a última coisa que quero que aconteça agora. Inalar. Expirar. Inalar. Expirar. Eu me concentro nessas palavras simples repetidamente enquanto o estranho me leva até a porta da frente. Ele tecnicamente não é um estranho. Ele estava com Trick na outra noite no centro. Aquele que caiu do armário de suprimentos.

Minha visão borra nos cantos dos meus olhos quando ele abre a porta. Fui agredida com o sino estridente e o som caótico da academia. Grunhidos, gemidos e barulhos de batida rodopiam em torno de mim, multiplicando meu ataque iminente.

— Ei, Country boceta! — o homem grita.

Um lutador sem camisa, com shorts spandex pretos congela. Eu sei que é Trick pelas costas dele. Ele se vira até estar de frente para nós. Seus olhos se arregalam e seu queixo se fixa em uma linha firme.

— Encontrei uma nova garota ao lado, Trickster8. — Ele canta cada palavra.

As pernas longas e definidas de músculos de Trick consomem a distância entre nós. Antes que eu saiba o que está acontecendo, Trick empurra o homem para trás com grande força. Eu sou arrastada para trás com ele, já que ele ainda está segurando meus ombros.

Um aperto firme agarra meu braço, me mantendo na posição vertical. Sou puxada para o peito nu de Trick. Minhas mãos batem contra sua pele quando um guincho escapa.

— Muito foda longe, Jag — ele grita cada palavra.

— Foi simplesmente divertido — retruca Jag.

Meus joelhos ficam fracos e sem aviso cedem. Eu estou nos braços de Trick. O teto borra, tornando minha tontura pior. Fecho os olhos enquanto Trick caminha. Não tenho ideia para onde ele está indo. O barulho diminui, e então uma porta se fecha.

— Querida, você está bem?

Lábios cheios e doces pressionam minha testa. Trick não os move. A cada segundo que passa, o bater do meu coração se acalma. Eu alcanço e seguro sua bochecha até que eu seja capaz de dizer uma palavra.

— Sim... sim.

— Eu vou derrubar seu rabo arrogante, eu juro. — Trick se acomoda em um banco.

Encontro coragem para abrir os olhos e tentar sair de seus braços. Ele não tem nada a ver com isso. De alguma forma, acabo montando suas coxas grossas com o rosto à vista.

Eu suspiro. Bato a palma da mão sobre a boca enquanto lágrimas brotam nos meus olhos. Todas as evidências de um ataque de pânico iminente desaparecem ao ver o rosto de Trick.

— Seu rosto — eu grito.

Ele sorri. Deus, é sexy mesmo com cortes e contusões. O lado direito da boca se curva em seu sorriso de assinatura.

— Eu ganhei, querida. É tudo o que importa. — Ele aperta os braços em volta de mim, me puxando para mais perto.

Eu me movo sem pensar e levo meu dedo até o corte mais longo ao longo de sua bochecha. Sou delicada, não querendo infligir nenhuma dor nele.

— Não fique triste. — Trick se inclina e beija minha testa. Deus, isso me desfaz toda vez que ele faz. — Um risco do trabalho.

— Você ama, não é? — Eu pergunto, deixando minha testa na dele.

— É para isso que vivo.

Ficamos em silêncio por um longo tempo. Trick é o primeiro a falar.

— Adoro vê-la aqui, Mack-A-Bee, não me entenda mal. Estou chocado em vê-la aqui.

Eu lambo meus lábios e estremeço quando percebo o quão perto chegou de roçar sua pele. Engulo um caroço seco e grosso alojado na minha garganta.

— A aula de autodefesa. Sua amiga, a mulher que foi ao centro, me convidou para cá.

— Layla. — Ele me ajuda.

— Eu pensei que poderia fazer, então, quando eu saí da minha bicicleta, eu enlouqueci e ia fugir até Jag...

— Fodido Jag — ele murmura.

Uma leve risada me escapa.

— Ele me chamou de todos os nomes femininos que começam com um M e ainda assim nunca acertou o meu nome.

— Ele é um idiota. De bom coração, mas ainda um idiota.

Inclino para trás e limpo a garganta. Não é ansiedade atacando, mas outra coisa. Nervos? Possivelmente. É um sentimento estranho que me emociona e me assusta ao mesmo tempo.

— Não fique bravo com ele, Trick. Honestamente, isso me ajudou. Ele rasgou o curativo e nem sequer piscou duas vezes. Eu nunca teria entrado sozinha, por mais que quisesse.

— Você queria vir aqui hoje à noite? — ele pergunta.

Eu aceno e sussurro.

— Senti sua falta.

— Jesus. — Trick rosna.

— Eu me sinto viva com você. Mas não tenho certeza de como vou me sair durante a aula.

— Eu tenho você, Mack. Você só me diz quando for demais.

— Isso não será mais estranho do que eu já sou. Eu só quero ser normal.

— Vamos inventar uma palavra-chave ou ação, se você precisar de um descanso. Ninguém nunca saberá. Você pode fazer barulho de um pássaro ou bater os braços como um pássaro.

Um barulho estranho e bonito vem de mim. É a melodia genuína do doce riso.

— Você está falando sério?

— Ok, fiquei um pouco empolgado com o tema dos pássaros. — As mãos de Trick vagam até minha bunda, a segurando. Um formigamento corre através de mim. É delicioso e perigoso. — Que tal você piscar para mim?

— Não posso piscar. — Eu respondo.

— Deixe-me ver.

— Estou te avisando. — Eu dou a ele minha melhor piscadela.

Trick morde seu lábio inferior enquanto tento piscar uma segunda vez. Então ele ri de mim.

— Eu te disse. — Eu bato no peito dele.

— Está bem, está bem. Não pisque. Alguém pode pensar que você está prestes a sofrer uma convulsão.

— Grosseiro.

— Foi adorável. — Ele beija minha testa.

— Amarelo. Vou colocar amarelo em uma frase — ofereço.

— Perfeito. Eu quero a história por trás dessa cor um dia, querida.

— Obrigada por consertar minha bicicleta — digo antes de esquecer uma das principais razões para vir aqui hoje à noite.

— Eu não tenho ideia do que você está falando.

— Estou falando sério. Obrigada.

Trick abre a boca para falar, mas eu continuo sentindo liberdade com este homem. Todo aprisionamento de ansiedade e timidez desaparece quanto mais tempo estou com Trick.

— Além de Gene, ninguém nunca se esforçou por mim. Não tenho ideia de como você consertou no meio da noite, mas Trick, isso significa tudo para mim.

— De nada. Vou consertar todos os seus pneus furados, Mack. A oportunidade de fazer isso significaria o mundo para mim.

Concordo, sabendo exatamente o que ele quer dizer. Ele me quer. Isso me assusta muito. É o desejo por mais que me empurra o suficiente para Trick.

— Sim? Você está me dizendo sim, querida?

Eu aceno de novo.

— Você não vai se arrepender, Mack-A-Bee.

Essa é a única coisa que tenho certeza. Eu posso sair desta aventura com o coração partido. Prometo a mim mesma sair do outro lado sem arrependimentos.

Trick acabou me convencendo a entrar na academia. Foram necessários quarenta minutos para eu me adaptar ao som de golpes de lutadores treinando em segundo plano e à conversa dos alunos de autodefesa.

Embora grupos de mulheres estejam girando, Trick me mantém ao seu lado em seu posto. Não impediu Jag de aparecer e fazer gestos grosseiros com as mãos e a pélvis. Isso irrita Trick e me faz rir. Jag deveria me assustar, mas ele é muito engraçado.

Trick perdeu a atenção de seu atual grupo de mulheres idosas. Elas estão apaixonadas por Jag fazendo piruetas. Ele está vestindo um short de spandex.

— Quer tentar? — Trick aparece atrás de mim.

Seu peito sólido pressiona minhas costas. Sua respiração faz cócegas na nuca do meu pescoço.

— Uma cambalhota? — Sai como um sussurro. Minha coluna formiga com uma onda desconhecida de emoção com a proximidade.

A risada profunda de Trick vibra na minha pele.

— Não, querida, o que eu estava ensinando no meu grupo.

Eu me viro quando Jag passa por trás do pescoço e tira a camisa. Trick não me fez participar da aula, o que eu apreciei. As habilidades de autodefesa que eles ensinam são intensas, expondo sua fraqueza.

Eu respiro fundo e solto.

— Sim, acho que posso.

— Eu sei que você pode. — Ele pisca e se abaixa para pegar um bloco. Ele coloca entre as pernas. — Se seu atacante está vindo direto para você, o que você faz?

Merda. Há socos, chutes e táticas diferentes para fugir.

— Chuto no joelho. — Sai mais uma pergunta do que uma resposta.

Ele acena com a cabeça e sem dizer uma palavra avança em mim, como fez com todos os outros alunos. Mesmo sendo Trick segurando a barreira acolchoada entre nós, isso me assusta. Uma vez que ele está a poucos centímetros de mim, eu reajo, levantando meu joelho até atingir o bloco preto.

Trick deixa cair o bloco.

— Sua forma é boa, Mack-A-Bee. Se alguém quiser pegar você, isso não vai impedi-lo. Você tem que colocar toda sua força nisso. Dê tudo de si. Você não vai me machucar. Essa pode ser a única coisa a atordoar seu atacante o suficiente para lhe dar tempo para fugir.

Pego meu lábio inferior trêmulo entre os dentes e luto para me concentrar na respiração. Eu pretendo responder com uma voz confiante, mas sai em um maldito sussurro abafado novamente.

— Ok, de novo.

Trick não diz outra palavra enquanto faz o backup. Esta é a minha realidade mais do que gostaria de enfrentar. Eu ando de bicicleta em todos os lugares. Os incidentes criminais são baixos por aqui, mas isso não significa que eles não aconteçam. E a partir de agora, eu sou um maldito pato sentado em um lago de água. Eu arrumo meus ombros enquanto Trick avança em mim.

Meu joelho recua e eu chuto com mais força. O contato deixa uma leve picada na minha rótula.

— Melhor. — Os olhos de Trick brilham com orgulho. — Mais forte da próxima vez.

Repetimos repetidamente até me sentir confiante o suficiente. Minha energia e confiança crescem cada vez. Trick passa um braço em volta dos meus ombros, me puxando para seu peito em um abraço de um braço.

— Você é muito mais forte do que pensa, Mack. Não se esconda mais — ele murmura no topo da minha cabeça.

— Mack. — Meu nome soa no ar.

Olho para cima e vejo Layla acenando para mim.

— Venha experimentar este posto.

Dou um passo para trás, olhando para Trick. Ele acena para mim, me dando seu apoio silencioso. Ele deixa a bolsa cair no chão e entrelaça os dedos. Sou grata por ele estar comigo, mesmo que eu não tenha pedido.

— Você estava incrível lá, Mack. — Layla tira os cabelos do rosto. — Você tem um bom tronco aí.

Inclino minha cabeça, confusa com o elogio dela.

— Suas pernas, bebê. — Trick se inclina e sussurra no meu ouvido.

— Obrigada. — Olho para os meus tênis.

Trick aperta minha mão, lembrando-me de olhar para cima. A raiva esquenta dentro de mim. Isso me atinge de uma só vez. Esses são hábitos horríveis que eu formei ao longo dos anos, e parece que quebrá-los será quase impossível. Estou segura e me divertindo, mas ainda assim me prendo por fixações antigas.

Olho para Layla e sorrio. Também não é forçado.

— Ok, aqui estamos praticando o abraço de urso. Vou demonstrar, então você pode experimentar se quiser. Sem pressão. — Layla recua e gesticula para Cruz.

Cruz surge atrás dela, a envolvendo em um abraço de urso.

— Ok, quando você estiver nessa posição, sua reação natural será agarrar o cotovelo ou os pulsos do atacante e tentar se libertar. Eles têm o elemento surpresa e, muito provavelmente, terão mais força e poder para mantê-lo aí então, em vez disso, você vai cair o mais baixo possível e se desviar do agarre.

Cruz recua por um momento e depois avança novamente. Layla abaixa as mãos sem pensar, cai baixo e se mexe como o inferno até que ela saia do agarre. Usando as palmas das mãos, ela se levanta e começa a correr. Ela apenas se afasta alguns passos antes de parar e se voltar para mim.

— Quer tentar? — ela pergunta, voltando para nós.

Minhas bochechas esquentam de vergonha. A pele dos meus lábios está macia devido à minha tendência nervosa de mastigá-la. Subo ao centro do tapete sem pensar muito nisso. Trick não está muito atrás de mim.

— Esta não é a sua posição, machão. — Cruz empurra o peito. — Ela vai ficar bem.

Meus olhos se arregalam com a ação. Esses homens são bárbaros, mas gentis, tudo ao mesmo tempo. Não tenho palavras para explicar a estranheza disso. E não é apenas o fato de eu estar tão protegida e nunca ter estado perto de homens como estes. Não, é muito mais. Esses lutadores no Diablo’s Throne são um tipo especial de homens.

— Não. — Trick rosna.

Cruz resmunga algo de volta, e isso continua por alguns minutos até o Boss se aproximar.

— Tire suas duas bundas do tapete. Tudo o que vocês estão fazendo é perder tempo.

Trick começa a discutir. Sua possessividade em me proteger é clara e evidente. Meus dedos tremem. Cada uma das minhas palavras sai com uma voz emocionada pelo calor quente que corre através de mim.

— Tudo bem, Trick. Eu posso fazer isso.

Seu pescoço endurece e seus olhos ficam duros. Ele leva alguns momentos antes de dar alguns passos para trás. Os punhos cerrados de Trick desaparecem nos bolsos. Eu ofereço a ele um sorriso caloroso, deixando-o saber que eu posso fazer isso.

— Ok, pequena dama, vamos fazer a mesma coisa que Layla lhe mostrou. Se a qualquer momento você se sentir desconfortável, toque no meu braço.

— OK. — Eu não olho para baixo, em vez disso, olho diretamente nos olhos gentis e carinhosos do Boss .

Formigamentos brotam da ponta dos meus dedos quando Boss dá um passo atrás de mim. A antecipação da espera cria pânico dentro de mim. Engulo em seco, sentindo dor na garganta seca. Braços maciços me envolvem por trás. As mãos do Boss travam na minha frente. Eu congelo. Minha mente fica em branco. Lágrimas brotam nos meus olhos com o pensamento de quão facilmente alguém poderia me conter. Boss me aperta suavemente. Pego Trick me pisando pelo canto do olho. Isso me dá poder e determinação para continuar. Eu lembro o que fazer.

Eu caio baixo. Meus joelhos estalam faço. Eu me mexo e me contorço até atingir o chão. Não sou tão rápida quanto Layla, mas consigo me levantar. Meus joelhos estão fracos e minhas pernas têm a consistência de gelatina.

— Bom. — Boss dá um tapinha no topo do meu ombro. — Mais rápido desta vez, ok?

— Sim, entrei em pânico um pouco — respondo.

— Isso acontece, mas quanto mais você pratica, melhores são suas chances. — Boss dá dois longos passos para trás. — Você já viu colocar um gato em uma banheira de água?

— Em um vídeo, não na vida real. — Abro minha blusa, e endireito ela.

— Isso serve. Quero que você reaja como um gato em uma banheira de água. Lute até se soltar.

Eu concordo. Eu posso fazer isso. Balanço meus ombros, percebendo que existem vários pares de olhos me estudando. Não faz minha pele arrepiar. Eu me sinto habilitada de certa forma. Boss surge atrás de mim e faz a mesma coisa. Desta vez, eu reajo mais rápido e, movendo-me como um gato frenético e em pânico, saio do aperto dele muito mais rápido dessa vez. Quando eu caí no chão, estou de pé e me movendo.

Um coro de aplausos faz serenata para mim, fazendo eu recuar e gaguejar de volta. Não é até encontrar o belo rosto de Trick que relaxo. Seu sorriso cheio de mega watts emoldurado por suas covinhas perfeitas brilha de volta para mim.

 


CAPÍTULO 09

Trick

Um bezerro recém-nascido não se levanta e anda sem tropeçar. Suas pernas estão trêmulas e descoordenadas. É a natureza amorosa, paciência e incentivo de sua mãe que finalmente faz o recém-nascido se mexer. No início, não é uma visão bonita, mas em pouco tempo, o bezerro está em pé, correndo.

Estou assistindo algo muito semelhante acontecer diante de mim. É tudo o que Mack precisava, um pouco de incentivo para sair de sua concha. Ela dá um soco no ar algumas vezes no meio dos aplausos. Bom Deus, é quase tão horrendo quanto a piscadela dela. De alguma forma, ela tira o constrangimento, tornando-a ainda mais sexy e intrigante.

Boss dar um aplauso lento para ele. O orgulho familiar que permanece em cada uma de suas expressões me deixa orgulhoso. Depois que o respeito do Boss é conquistado, tudo acaba. E confie em mim, tem que ser conquistado. Nada é dado de graça aqui no Diablo's.

É tudo sobre pequenos passos com Mack. Essa é a única coisa que me impede de caminhar até ela e envolvê-la em um abraço seguido por um longo beijo prolongado. Hoje consideraria um grande salto na direção certa para a minha Mack-A-Bee.

Mack choca a merda fora de mim quando ela se move em minha direção. Ela é confiante e segura a cada passo. Seus braços estão pendurados em volta da minha cintura enquanto ela empurra sua bochecha no meu peito.

— Obrigada.

Encontro as costas dela, a puxando para mais perto de mim. Ela repete as palavras várias vezes em um sussurro abafado. O que acabou de acontecer aqui é uma grande conquista para Mack. Emoção entope minha garganta. Essa merda está ficando fora de controle muito rápido. Eu não reajo a merdas assim. Treino, luto e permaneço concentrado.

— Vejo você na próxima semana, Mack. — Layla dá um tapinha no ombro de Mack, fazendo com que Mack se afaste.

— Sim. — Mack passa a mão pelos cabelos e ajeita os óculos. Aqueles malditos óculos me excitam.

Suas bochechas estão pintadas de um rosa brilhante com a adrenalina de tudo. Layla se vira e começa a se afastar com Cruz ao seu lado, sua mão vagando perigosamente perto de sua bunda.

— Layla. — Mack sai do meu abraço. Sua voz é alta. — Obrigada por me convidar. Eu tive um ótimo momento.

— A qualquer momento. Nossa academia agora é sua. — Layla sorri e continua seu caminho.

Eu passo atrás de Mack, querendo abraçá-la como se ela fosse minha mulher. É preciso todo o meu autocontrole para não fazer, então, em vez disso, eu me inclino e sussurro em seu ouvido, deixando o cheiro picante de limão e coco de seu xampu me lavar.

— Que tal jantar, Mack-A-Bee? — Começamos a andar lado a lado até a porta.

? Não posso. Como com Gene toda terça à noite. É nossa coisa. — Ela olha para mim.

— E o centro? — Eu pergunto, abrindo a porta.

— Nós não vamos nas noites de terça-feira. As noites de terça-feira sempre foram especiais na casa de Gene. Quando sua esposa estava viva, eles me recebiam toda terça-feira à noite. Com o tempo, nunca paramos a tradição. — Mack coloca a mão no assento de couro rachado de sua bicicleta.

— Uau. Isso é impressionante. Gene é um grande bloqueador de pênis. — Eu sorrio, me aproximando e segurando sua bochecha.

— É embaraçoso. — Ela tenta abaixar a cabeça na esperança de se esconder de mim.

— Não, querida, foi uma piada. — Eu acaricio a ponta do meu polegar ao longo de sua bochecha.

— Eu sei. Eu assisto bastante Netflix, mesmo sendo uma eremita. — O quadro de metal da bicicleta bate contra a parede de tijolos.

— Eu vou te beijar, Mack.

— OK. — A palavra sai de seus lábios.

— Eu realmente vou te beijar dessa vez. Nenhum beijo rápido na sua testa. É melhor você me dizer para parar agora, porque não vou conseguir me conter. — Movi meu polegar para a cicatriz levantada que desce pelo queixo dela, traçando círculos suaves nela.

— Me beije, Trick. Me faça sentir viva.

Eu não digo outra palavra. Em câmera lenta, sentindo cada segundo passar, eu me inclino, inalando seu doce aroma e gravando cada um de seus traços inocentes na memória. Passei meus lábios pelos perfeitos dela, uma vez, duas e depois pela terceira vez antes de nos selar.

Começo devagar enquanto eu memorizo a sensação dos lábios de Mack nos meus. Minha mão livre vai para o quadril dela, segurando ela como se fosse uma âncora me aterrando. Passei minha língua pela costura dos lábios dela até que ela os separasse. Não perco tempo explorando sua boca, absorvendo seu gosto doce. Mack se derrete debaixo de mim. Sinto seus joelhos dobrarem no momento em que o fazem. Eu solto seu quadril e envolvo meu braço em torno de sua cintura, mantendo seu pequeno corpo fundido ao meu.

Mack leva as mãos ao meu rosto para enquadrá-lo, então sua língua dança com a minha. A ação é mais quente do que qualquer incêndio conhecido na Terra. Leva tudo dentro de mim para não levar sua bunda para o meu apartamento e beijar cada centímetro de sua pele perfeita e cremosa.

Um estrondo barulhento nos puxa para fora do momento. Eu ponho o minha testa na dela. Ambos os nossos peitos se erguem em uníssono na canção mais indutora da mente. Eu corro a almofada do meu polegar sobre seu lábio inchado e machucado pelo beijo.

— Eu... uh... eu... uh... preciso ir.

— Eu sei — eu digo, mas não me mexo.

Os dedos de Mack estão no meu rosto, deixando-me saber que ela também não quer se mexer. Eu quebro o contato primeiro, recuando e passando a mão pelo cabelo. A frustração dá um nó na parte de trás do meu pescoço enquanto meus ombros ficam tensos. É preciso tudo dentro de mim para ficar a um metro dela.

— Deixe-me levá-la para casa. Eu posso jogar sua bicicleta na traseira do meu caminhão.

— Está tudo bem. Eu posso ir para casa.

— Mack, está quase anoitecendo.

Ela se aproxima de mim, suas mãos segurando minhas bochechas. Seus olhos arregalados e atenciosos analisam os cortes e contusões no meu rosto. Ela fica na ponta dos pés e dá leves beijos em alguns deles.

— Outro tique meu, Trick. Eu não ando de carro e, antes que você diga que tem um caminhão, é a mesma coisa. Talvez um dia, mas meu eu rebelde introvertido está sendo escolhido para o dia. — Ela termina a última palavra com um beijo nos meus lábios.

Mack dá um passo para trás, pega sua bicicleta enferrujada e joga uma perna por cima do assento. Cruzo os braços sobre o peito pesado, sem saber se gosto deste lado confiante e irritadiço de Mack. É sexy pra caralho e igualmente irritante.

Ela pisa o tênis amarelo gasto no pedal e pisca para mim.

— Guarda um lugar na aula para mim, Trick.

Então ela vai embora. Sua bunda perfeita desaparece na paisagem da cidade. Seu cabelo esvoaçante é a última coisa que vejo antes de sua silhueta desaparecer. Estendo a mão e aperto meu pau com força através do material atlético da minha bermuda. Vai ser uma longa noite de merda. Pego a maçaneta da porta do meu caminhão quando congelo. Os sons ensurdecedores de pneus estridente e colisão de metal me arrepiam a espinha. É a canção do diabo, enviada diretamente das profundezas do inferno, do próprio Satanás.


CAPÍTULO 10

Trick

Eu dedilho meus dedos na mesa, tocando o mesmo ritmo nervoso com o pé no azulejo frio e áspero. O ar na sala cheira a desdém estéril. Observo o relógio na parede, contando cada segundo que passa. Porra mais três minutos, é isso, e eu vou perder a cabeça.

— Ei. — Uma palma cai no meu ombro.

Alongo o pescoço para o lado e relaxo na porra da minha cadeira. Mack. Ela está aqui. Não brinca, ela está aqui, idiota. Você a seguiu para casa ontem à noite. Os destroços no cruzamento por onde Mack escapou por cinco segundos por pouco me abalaram profundamente. Isso me deixou em pânico e frio. Sem pensar, corri para a casa dela. Claro, ela me venceu por alguns minutos. A visão de sua bicicleta de merda encostada na garagem era tudo que eu precisava ver.

Eu estava ali, debruçado com as palmas das mãos nos joelhos, recuperando o fôlego. Como um maldito lunático, fui até a bicicleta e passei a mão pelo guidão enferrujado, certificando-me de que meus olhos não estavam pregando peças em mim, depois corri de volta para a academia e minha caminhonete. Decidi não fazer uma sessão extra de treino. Em vez disso, fui diretamente ao meu apartamento, liguei meu MacBook e enviei uma mensagem para Mack.

— Mack-A-Bee. — Coloco minha mão em sua coxa, apertando-a generosamente. Eu mordo meu lábio inferior, sufocando a mordida na bunda que estou morrendo de vontade de dar a ela. — Beije-me.

Ela olha por cima do ombro e depois estuda o auditório antes de se abaixar e bicar minha bochecha.

— Não assim. — Eu enrico, fazendo-a tapar a boca com a mão para reprimir uma risadinha.

Desta vez, é melhor. Não é o que eu quero, mas aceitarei por enquanto. Ela sela seus lábios nos meus por um breve segundo. Soltei sua perna, sabendo muito bem que levaria alguns minutos para tirar toda a sua merda de cores coordenadas da bolsa. Mack se inclina para abrir a mochila.

Tudo acontece em um piscar de olhos. Seus pés emaranham juntos, enviando seu lindo corpo tonificado balançando para frente. Mack está a dois segundos de mergulhar de cabeça na fila à nossa frente. Eu ajo. Atiro minha mão para frente, agarrando a barra de seu short. Meus dedos deslizam pela parte de trás deles e a puxam de volta. Meus dedos acalmam sua pele macia.

A mesa morde meus abdominais quando eu a puxo de volta. Uma bagunça de cabelos negros rodopia em torno de nós enquanto o corpo de Mack cai em seu assento. Minha respiração trava até que ela esteja em segurança em seu assento. Essa mulher deve ser a pessoa mais desajeitada que eu já conheci na minha vida. Ao longo das semanas, eu a vi tropeçar e se segurar, enquanto outras vezes ela planta de frente. Merda, ela teria o rosto plantado na fila à nossa frente.

— Obrigada — ela murmura.

— A qualquer momento. — Eu me inclino e beijo sua bochecha. A afeição pública a faz corar para o inferno e mexer na bainha do short. Sim, os shorts que eu tanto quero arrancar antes de devastar seu corpo. Eu me movo no assento pequeno demais, ajustando discretamente meu pau crescente. Acalme-se, parceiro.

— Mack-A-Bee, você tem que ser a pessoa mais sexy e desajeitada que eu já conheci. — Eu arrasto meu dedo ao longo da cicatriz em sua mandíbula. Um dia eu vou estar perguntando sobre isso, se ela se abrir para mim o suficiente.

— Que eu não vou discutir com você. — Ela se ocupa em organizar e arrumar todos os seus apetrechos.

— Almoço depois da aula? — Eu pergunto, colocando minha mão debaixo da mesa dela e apertando sua coxa.

— Eu... uh... posso...

Eu a cortei com um beijo ardente nos lábios e um aperto extra em sua pele cremosa.

— Vou tomar isso como um sim.

Se Mack pode passar por uma aula de autodefesa e pela tragédia conhecida como Jag, ela poderia compartilhar uma refeição comigo. Os pensamentos de desfilar com ela pelo campus e pela cidade fazem a aula arrastar-se de uma maneira miserável. A aula do professor Rhoades é uma das minhas favoritas, e normalmente estou imerso na lição. Hoje não. Uma bela bunda e mulher intrigante controla todos os meus pensamentos.

Hoje, a lição de vida do professor é basicamente sobre não ser um idiota na vida porque o karma realmente existe. Ele provou esse ponto com uma história sobre a irmã mais velha batendo o dedo em uma porta, o que resultou na ponta do dedo mindinho sendo cortada. Tudo isso aconteceu depois que ele não deixou sua irmã brincar com ele e seus amigos.

— Então, qual é a comida favorita de Mack? — Eu pergunto, levantando-me e pondo a minha mochila por cima do ombro. Estendo a mão, ajudando-a e basicamente em guarda para pegá-la se ela cair. Ainda bem que eu tenho reações extremamente rápidas.

Ela encolhe os ombros, vira-se e começa a andar pelo corredor em direção à saída. Eu fico perto dela de costas com a mão no quadril. Pode me chamar de homem das cavernas, mas foda-se.

— Sanduíches de manteiga de amendoim e geleia ou Hot Pockets de pepperoni — diz ela por cima do ombro, colocando a mão na minha.

A ação simples sacode uma emoção através de mim, quase me fazendo perder a resposta dela. Que porra?

— Não, querida, quero dizer, como a sua comida favorita de todos os tempos.

— Eu iria com Hot Pockets. — Ela uma vez para fora da sala de aula e espera que eu fique ao seu lado. Ela entrelaça seus dedos nos meus, dando um aperto suave.

— Você está falando sério aqui, não é? — Eu nos guio pelo corredor lotado.

Quando vejo o desgraçado que assediou Mack no primeiro dia de aula, eu o encaro. Filho da puta inteligente. Ele abaixa a cabeça e se afasta. Isso foi o que eu pensei. Ainda queria ter dado uma surra nesse merda.

— Sim porquê? — Ela olha para mim com os olhos arregalados, cheios de inocência e admiração genuína.

— Nada. — Eu beijo sua testa. — Nada mesmo.

Acabamos decidindo uma lanchonete na esquina do campus. Não é por acaso que é o restaurante menos cheio. Colocamos nossas mochilas em um estande e seguimos para o balcão para pedir, de mãos dadas.

— O que eu posso pegar para você? — uma loira peituda saindo de sua blusa pergunta com uma voz muito alegre.

Ela leva alguns segundos para me reconhecer, e quando ela o faz, é um caos. Ela grita de alegria, pulando para cima e para baixo. Seus peitos não têm outra opção do que ir com o fluxo. Ela está em perigo de um deslizamento a qualquer momento.

— Puta merda, Trick, o Country Boy Brawler, eu não posso acreditar. — Ela dá um tapa nas bochechas, continuando a pular. — Você se lembra de mim? Zoe. Nós nos conhecemos no ano passado depois da sua luta.

Ela tira a última palavra e levanta as sobrancelhas, transmitindo uma mensagem oculta. O problema é que ela é tão óbvia que não há nada escondido. Mack se esconde atrás de mim com toda a atenção. E se eu sou um homem de apostas, ela não está gostando do que Zoe tem a dizer.

Bato minha mão no balcão, chamando a atenção da ansiosa perseguidora de pênis.

— Estamos prontos para pedir.

Minhas palavras saem cortadas de uma maneira dura, como pedaços de metal ralando juntos. Os olhos de Zoe se arregalam quando ela para com suas travessuras. Eu puxo Mack para o meu lado, segurando nossas mãos unidas, deixando minha afirmação cristalina. Os tremores de Mack ecoam no meu corpo. É um maldito túnel envenenado tentando nos engolir por inteiro. Eu não vou permitir isso.

— O que eu posso pegar?

Respiro mais fácil quando Zoe percebe o que estou dizendo.

— Eu quero o combo italiano.

— Metade ou todo? — ela pergunta.

— Inteiro. — Eu resmungo, mordendo minha língua para não adicionar um comentário rude ao final sobre sua estupidez. A tempestade de raiva começa a ferver dentro de mim. Pode estalar tão rápido quando eu perco a cabeça. Levei anos para aprender como controlá-la. É como conter um urso preto selvagem às vezes.

— Minha namorada vai ter... — Olho para Mack, que voltou a seus velhos modos de encarar seus tênis esfarrapados. Não vou envergonhá-la na frente de Zoe, mas também me recuso a deixá-la afundar de volta em si mesma.

— Eu vou ter o mesmo que você, mas metade — ela sussurra.

Eu posso dizer que falar essas palavras exigiu toda a coragem dentro dela. Termino de fazer o pedido, incluindo duas garrafas de água e sacos de batatas fritas, sem nunca soltar a mão dela. Zoe ficou de mau humor e agora está fazendo um trabalho maravilhoso de fazer beicinho.

Eu enfio a mão no meu bolso de trás, puxando minha carteira. Mack solta minha mão. Eu a vejo enfiar as mãos nos bolsos e puxar uma nota de vinte dólares amassada.

— Eu tenho isso, querida. — Deslizo meu cartão de débito no balcão.

— Não, eu quero pagar pelo meu.

Eu me viro para Mack e a puxo pelos quadris até estarmos peito a peito. Eu encosto a minha testa na dela. As grossas armações pretas de seus óculos brilham sob a iluminação.

— Quando estamos juntos, eu pago. Sem exceções. Você não vai discutir. Foi assim que fui criado. — Eu beijo seus doces lábios com sabor de cereja.

Mack não diz uma palavra quando ela coloca a nota amassada de volta no bolso.

Zoe envia punhais em nossa direção. Eu a ignoro, levando Mack de volta ao nosso estande. Solto a sua mão para ver de que lado ela desliza. Então eu sigo logo atrás, escolhendo não me sentar em frente a ela.

— Desculpe por isso, Mack. — Eu passo meu braço em volta dos ombros dela e a puxo para mim.

— Ela gosta de você — ela sussurra.

— Olhe para mim quando você falar, por favor. Me mata quando você não faz isso.

Estou completamente errado, porque quando Mack me dá o rosto, fico arrasado com a mágoa em seus olhos.

— Obrigado.

— Por que eu, Trick? — Sua pergunta sai apressada, com insegurança entrelaçando cada sílaba.

— O que você quer dizer? — Eu me inclino para mais perto.

Eu sei muito bem o que ela quer dizer, mas vou forçar a sair dela.

— Ela gosta de você. É claro que vocês estiveram juntos de alguma forma e ainda mais óbvio que ela faria qualquer coisa por você. Mas você está comigo.

Aqui vamos nós. Forçando minha doce garota a sair de sua concha. Estou muito orgulhoso dela, embora estejamos atacando um tópico intenso aqui.

— Ela gosta de mim. Eu estive com ela. — Eu decido arrancar o Band-Aid imediatamente. — Não tenho um relacionamento sério desde os meus anos de ensino médio. Não houve uma mulher que pudesse chamar minha atenção por tempo suficiente. Tem sido luta, academia, treinamento e mais luta. É tudo o que importa até você. Não posso te dizer por que, Mack. Mas eu gosto muito de você. Não é mais apenas MMA em minha mente. Uma garota sexy de olhos verdes rouba meus sonhos todas as noites e meus pensamentos ao longo do dia.

— Oh. — Ela junta as mãos embaixo da mesa.

— Eu quero você. É mais do que querer. Preciso de você na minha vida. Somos tão opostos quanto eles veem. Mas vou continuar te pressionando até que você se encha ou caia em mim, querida.

Eu umedeço meus lábios, me inclino e os pressiono contra os dela. Mack responde liderando o beijo. Minha corajosa garota arremessa a língua até eu abrir para ela. É uma perfeição doce e completa enquanto dançamos juntos em uníssono. Eu largo minha mão no topo de suas coxas, esfregando para cima e para baixo. Testo os limites, mas não os atravesso.

Meu pau pulsa em protesto quando seus quadris se movem um pouco, e ela geme na minha boca. Alguém limpa a garganta, interrompendo nosso momento de ternura e calor. Nós dois olhamos para cima e vimos Zoe com uma careta no rosto, segurando duas cestas vermelhas de comida nas mãos.

— Aqui. — Ela bate a comida na mesa.

— Precisamos de nossa água e batatas fritas também. — Deslizo a cesta de comida de Mack na frente dela.

Zoe pisa fora. Inspeciono os dois sanduíches antes de começarmos a comer. Os suspiros e gemidos de Mack enquanto ela come estão prestes a me desfazer.

— Isso é incrível — ela finalmente admite em torno de uma boca cheia de comida.

— Sim, este lugar tem sanduíches maravilhosos.

— Eu nunca teria pedido isso. Obrigada.

— O que você teria pedido? — Eu perguntei, empurrando o último pedaço da primeira metade do meu sanduíche na minha boca.

— Eu não teria. — Ela limpa a boca com um guardanapo. — Eu não como fora.

Eu levanto meu pescoço.

— Esta é a primeira vez?

Ela dá um tapa no meu peito e coloca a cabeça no meu ombro.

— Não, eu não sou tão grande eremita. Eu apenas escolhi não. Gene me levou várias vezes e até pedi pizza.

Ela continua com a cabeça no meu ombro enquanto eu termino a segunda metade do meu sanduíche.

— Você terminou? — Aponto para o quarto do seu sanduíche.

Ela se senta e olha para mim, sua mandíbula frouxa.

— Você ainda está com fome?

— Foda-se sim, eu estou. — Eu sorrio.

Ela pega o sanduíche restante e o coloca na minha cesta, limpa as mãos no guardanapo e depois leva os dedos ao meu rosto, alisando suavemente os curativos com hematomas e cortes.

— Eles ainda doem? — ela pergunta.

— Não — eu respondo antes de enfiar o sanduíche restante na minha boca.

— Eles são... — Mack balança a cabeça.

Pego meu copo de água, levando-o aos meus lábios e olho para ela de lado.

— Eles são o que?

— Sexy — ela fala.

Eu levanto uma sobrancelha e sorrio.

— Anotado.

Mack muda de assunto mais rapidamente que um guepardo.

— Seu estômago não vai doer depois de toda essa comida?

— Não por causa da quantidade de comida, mas os carboidratos podem me matar hoje à noite no treinamento.

— Você treina todas as noites?

— Sim, senhora — amasso o papel na cesta e a empurro para o centro da mesa enquanto estico as pernas debaixo da mesa. Deito minha cabeça na parte de trás do estande e me viro para encarar Mack. Ela preguiçosamente corre os dedos pelo meu queixo. Tiro meu boné e o coloco-o sobre a mesa, desejando nada mais do que ela passar os dedos pelos meus cabelos.

— Você vai ao centro hoje à noite? — Eu pergunto.

— Sim, senhor — ela zomba de mim.

— Ainda bem que temos uma aula juntos ou nunca nos veríamos.

— Eu sei.

Permanecemos no estande por um longo tempo conversando sobre tudo e nada. Mack tem uma estranha capacidade de puxar palavras de mim. Eu sou uma pessoa reservada no coração, mantendo meus negócios para mim até ela. Ela fala sobre Gene, o centro, e seus sonhos de um dia administrar organizações sem fins lucrativos para os necessitados.

A caminhada até o bicicletário é feita principalmente em silêncio confortável.

— Este é o meu. — Mack sorri largamente, dando um tapinha no assento gasto de sua bicicleta.

— Sim é.

Estou prestes a explodir a mente de Mack em três segundos.

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 11

Mack

Ele comprou uma bicicleta. Eu sorrio para o teto e ajusto meus óculos na ponta do meu nariz. Faz três dias desde que Trick me comprou um sanduíche e depois voltou para casa comigo em sua própria bicicleta. Eu sorri o tempo todo.

A enorme estrutura de Trick em uma bicicleta de montanha parecia estranha. De alguma forma, ele fez isso sexy. Eu juro que o homem tem poderes mágicos que são potentes e parecem estar me controlando.

Não houve um tempo na minha vida em que sorri e ri tanto. Trick me tirou das minhas rotinas típicas e me fez viver. E eu nunca quero voltar para a garota que eu era. Eu me pego piscando o tempo todo para ter certeza de que não é um sonho.

Eu não sou boba. Já li livros suficientes para saber que nem todo conto tem um final feliz. Esse pensamento exato me assusta e é quase poderoso o suficiente para fazer eu me esconder. Eu estive escondida minha vida inteira. Eu estou cansada disso. Um pequeno gostinho da vida com Trick me fez uma viciada da melhor maneira possível. Se tudo isso desmoronar, terei lembranças para amar para sempre.

Olho para o despertador digital na minha mesa de cabeceira e pulo da cama. Eu tenho vinte minutos para chegar à academia. Trick tem uma luta hoje à noite. Ele me explicou que é como uma luta de treino, não sancionada. Eu tentei o meu melhor para acompanhar, mas com toda a honestidade, estou perdida como um astronauta sem foguete.

Eu solto meu cabelo, deixando as ondas caírem sobre meu ombro e depois o puxo para um rabo de cavalo alto. A maior parte dele aparece em um visual estiloso, que eu já vi outras mulheres da minha idade usarem. Escovo algumas camadas de rímel e termino o visual com um toque de brilho rosa claro com sabor de cereja. Minhas bochechas estão constantemente coradas em uma cor de limonada rosa em torno de Trick, o que é uma coisa boa, já que minha coleção de maquiagem consiste em rímel, brilho labial e uma sombra bege brilhante.

Eu endireito a camiseta preta apertada de gola em V do Diablo's Trone MMA que Trick me deu outro dia. É um ajuste perfeito que abraça cada curva, incluindo meus peitos, a única coisa que eu costumava ser provocada sem piedade no ensino médio. Eu fui a pobre vítima que se desenvolveu diante de seus colegas. Agora estou com peitos do tamanho de um copo que eu costumava fazer o meu melhor para esconder. Não mais. Esta é a nova eu.

Coloco minha nota de vinte dólares no bolso, apago as luzes e vou para a casa de Gene. Ele pegou um resfriado desagradável nos últimos dias. Ele é um idiota teimoso quando se trata de aceitar ajuda, mas é o primeiro a sempre ajudar seus amigos e até estranhos aleatórios.

A casa de Gene repousa em silêncio. Nem mesmo a televisão está ligada quando está sempre na estrondosa Roda da Fortuna a essa hora da noite.

— Gene — grito, andando pelo corredor estreito que leva à sua sala de estar.

— Aqui — ele resmunga.

Deslizo meu dedo pela moldura dourada que contém a foto do casamento de Gene e Wilma. É algo que eu faço toda vez que passo por este corredor. O único outro retrato que adorna a parede é de Pete um dos filhos distantes de Gene e Wilma. Eu nunca o conheci. Ele é um pouco mais velho que eu, abandonou o ensino médio e tornou-se viciado em drogas. Isso partiu o coração de seus pais. Isso eu sabia desde tenra idade. Era evidente nos olhos de Wilma e nas maneiras que Gene a abraçava.

— Como você está se sentindo? — Eu pergunto, virando a esquina.

Meu coração afunda quando o rosto cinza de Gene aparece.

— Um pouco melhor hoje.

— Gene. — Sento-me ao lado dele no sofá. — Você precisa ir ao médico.

— Menina. — Ele dá um tapinha na minha mão. — Quando você é tão sábio quanto eu, um resfriado comum leva mais tempo para superar.

Eu bufo com a resposta dele. Gene sempre me disse que não envelhece, ele só fica mais sábio.

— Quer que eu aqueça um pouco de sopa para o seu traseiro sábio antes de sair? — Eu pergunto.

— Vai sair? — Ele inclina a cabeça em questão.

— Sim. — Minhas bochechas esquentam com minhas próximas palavras. — Eu estou indo para a academia de Trick para vê-lo lutar.

— Entendo. — Ele acaricia o queixo. Seu retorno espirituoso dança em seus lábios.

— Não... — Eu levanto minha mão.

— O que?

— ...Me provocar. — Eu levanto.

— Sobre o seu namorado — ele solta. —Sabia que um dia um cara iria aparecer, Mack.

—Ele é um amigo — eu respondo.

— É assim que as crianças estão chamando nos dias de hoje? A última vez que soube, quando você chupa o rosto, era um relacionamento mais sério.

— Oh meu Deus. — Cubro meu rosto com as mãos. Eu sabia que Gene nos veria beijando quando Trick voltasse para casa comigo. Isso não me parou. Com certeza, nada me impediu de beijar seus lábios sexy e cheios.

— Mack, olhe para mim.

Eu largo minhas mãos e olho para ele. Ele dá um tapinha no sofá ao lado dele. Sento e espero a sua sabedoria.

— Conheço você melhor do que ninguém, Mack. Não posso começar a dizer como estou orgulhoso de você. Você finalmente se colocou lá, e agora é aqui que a vida realmente começa.

Estendo a mão e aperto sua mão.

— Eu só cheguei até aqui por causa de você. Graças a Deus você morou ao lado da minha avó.

— Você é como minha filha, Mack. Eu te amo muito. Eu também vi o jeito que Trick olhou para você. Ele está apaixonado.

— Você não sabe disso.

— Ah, eu sei. Eu fui um jovem musculoso uma vez, e era da mesma maneira que olhava para minha Wilma. Ainda o fiz até o dia da sua morte.

Eu sorrio, sem palavras. Algo dentro de mim sabe que Gene acertou em cheio. Acho que sabia desde o dia em que caí no colo de Trick. Ele é meu dono desde aquele momento.

Eu aqueço um pouco de sopa para Gene e garanto que ele tenha tudo antes de eu ir para a academia. Eu pedalo minha bicicleta com um sorriso no rosto e minha alma livre. Minhas pernas não protestam com dor. É como se eu estivesse flutuando em uma nuvem.

Há carros alinhados na estrada em frente à academia. Eu ignoro o formigamento de ansiedade. É claro que há muitas e muitas pessoas aqui. Essa suposição está correta quando abro a porta da academia. Há pelo menos dez vezes a quantidade de pessoas aqui hoje à noite do que nas aulas de autodefesa. Minha coluna endurece e os joelhos ficam fracos, mas eu empurro, entrando na academia. Há um ringue montado no meio com cadeiras dobráveis de metal emoldurando todos os lados.

Vou para um canto, dando um momento para mim mesma. Ninguém me nota enquanto conversavam e se movem pela academia. Esse fato me conforta. Eu posso lidar e vou lutar com isso. Trick em toda a sua glória é o meu foco. Ele vive lutando. Eu nunca vi um homem com tanta paixão e desejo por um esporte. Não há nada que possa me impedir de assisti-lo.

Eu ouço uma voz familiar mastigando a bunda de alguém. Olho em volta freneticamente, tentando encontrá-lo. Boss finalmente aparece. É como se ele me sentisse observando-o quando espia por cima do ombro. Ele continua atacando um homem musculoso que eu acho que é um lutador, então ele se vira, caminhando na minha direção.

— Ei, Mack.

Eu consigo acenar.

— Veio assistir Trick, eu vejo. — Ele enfia a mão no bolso da calça de ginástica.

— Sim, ele queria que eu viesse. — Olho para baixo por um segundo e depois recuo, trazendo minha visão de volta para Boss.

— Todos nós queríamos você aqui. — Ele passa um braço em volta do meu ombro. — Vamos encontrar as meninas.

E assim, Boss me guia pela academia. A multidão se separa com sua mera presença. Desde que sempre fui uma observadora silenciosa, aprendi a julgar as pessoas e sou muito boa nisso. Posso dizer, o Boss tem uma alma gentil e amorosa. Ele é um cara legal que protege o que ama. Vejo muitas dessas qualidades no Trick também.

— Mack. — Layla se ilumina e acena quando nos aproximamos dela.

Sunni é a próxima me cumprimentar. Elas me cercam. Não tenho chance de dizer ao Boss obrigada ou até tchau. As duas falam sobre o quão empolgadas estão em me ver.

— Eu nunca vi Trick sorrir tanto em todos os anos em que o conheço. — diz Layla enquanto se senta na primeira fila.

As duas mulheres me prensam.

— Eu sei. Jag disse a mesma coisa na outra noite, quando ele organizava suas espremedoras de limão antigo. — Sunni esfrega sua barriga saliente.

— Eu nem vou perguntar. — Layla balança a cabeça.

Sunni acena para ela.

— Ele assistiu a um programa de televisão que o viciou, e agora ele tem a coleção e tanto.

— Oh, ei. — Sunni dá um tapa no meu ombro, me assustando. — Layla e eu vamos em uma sessão de autógrafo de uma autora sexta-feira. Você deveria ir conosco. Essa mulher é incrível.

— Sim. — Layla grita. — Você tem que ir.

— Quem? — Eu pergunto, tonta por dentro, já que ler é meu hobby favorito.

— Navy York. Ela é uma inspiração, Mack, e está em turnê com seus livros. Suas palavras foram minha salvadora quando eu estava no meu nível mais baixo. — Os olhos dos Sunni ficam enevoados.

— Ok — eu concordo sem insistir muito nisso.

Somos interrompidas quando alguém começa a falar no microfone. Tudo parece discreto, considerando que uma luta está prestes a ocorrer. Então eu lembro que não é uma luta oficial. Minha visão dispara pelo ginásio enquanto a voz profunda continua.

Layla pega a minha perna balançando.

— Ele não está aqui ainda. Ele vem de lá.

Eu sigo para onde ela está apontando e aceno. Música estridente enche a academia. A multidão vaia quando o oponente de Trick sai para a academia. Ele pula de ponta a ponta com uma túnica de seda escarlate cobrindo seu corpo. Sua cabeça está inclinada enquanto ele libera o stress dos seus ombros.

A atmosfera na academia aumenta com alguns sons simples de um violão. Uma música familiar que Gene tocava enquanto eu crescia começa a bater no ginásio. ‘Um garoto do campo pode sobreviver’, de Hank Williams Jr. faz uma canta para todos nós.

Meu coração dispara no momento em que vejo Trick seguido por Boss, Jag e Cruz. Seu passo grita orgulho e confiança. É uma ação silenciosa, mas alta, quando ele faz sua presença conhecida. Nada chamativo ou arrogante como o outro lutador. No auge da música, Trick levanta a cabeça, um sorriso misterioso cobrindo seu rosto. Ele está em seu território.

— Relaxe. — Sunni pega minha mão. — Eu já estive no seu lugar antes. É a coisa mais assustadora que você já testemunhou e também a mais gratificante. Essa é a paixão dele.

Concordo, sem tirar minha visão de Trick quando ele entra no ringue. Boss se levanta na cara dele, batendo nele e gritando. Eu recuo, mas não desvio o olhar. O árbitro ou o que quer que ele chame vai até Trick, verificando as mãos embrulhadas e a boca.

Antes que eu perceba, um sino toca e os homens dançam um ao outro. As duas garotas se levantam e eu sigo, sem saber como me sentir. Eu não posso nem processar o que está acontecendo na minha frente.

Os homens se movem rapidamente pulando. O peito de Trick está esticado, juntamente com os bíceps flexionados. O outro homem, Savage Joker, balança e bate em Trick, fazendo com que sua cabeça se afaste.

Eu suspiro. Um turbilhão de medo ferve baixo no meu estômago. Ele ataca Trick várias vezes até que o sangue escorre por seu rosto. Eu engasgo e bato a palma da mão sobre a boca para mantê-la fechada. A campainha toca novamente e Trick vai para o seu canto. As pessoas o enxameiam enquanto limpam o sangue de seu rosto, e Boss mais uma vez grita com ele. Trick acena com a cabeça o tempo todo enquanto abre a boca para um esguicho de água.

— Atue. Faça isso, filho. — Boss ruge quando a campainha toca.

Começa como da última vez com os dois homens dançando um ao outro. Trick dá dois socos sólidos em sua mandíbula antes de sua perna varrer. O estalo da ação ecoa sobre o rugido da multidão. Savage Joker cai. Trick aparece, montando no homem. O que acontece a seguir me deixa sem palavras.

É um borrão de ação e comoção quando Trick balança os braços cruelmente, pousando o punho no centro do rosto do Joker. É tão rápido que é impossível contar quantas vezes ele dá socos. A cabeça do Joker rola para o lado e seus braços ficam moles. O árbitro salta, puxando Trick dele.

O nível de ruído na academia me ensurdece. O canto de Trick está no centro do ringue. Trick joga a cabeça para trás e solta um grito de vitória com os braços levantados para os lados.

Algo dentro de mim explode vendo Trick se deleitar com sua glória. É viciante. A represa do medo que me segurou por tanto tempo se despedaça. Eu quero viver. Ser livre. Apreciar a vida. Anseio que a mesma adrenalina bombeia pelas veias de Trick percorram as minhas. Eu desejo isso. E eu desejo isso com ele. Ele é a única pessoa que me trouxe à vida.

Jag e Trick batem no peito e rugem em uníssono. Uma vez que eles se recuperam, eles agitam as mãos e escalam a gaiola rapidamente e com precisão até ficarem no topo. Seus gritos de vitória e celebração continuam. Eles fazem a multidão enlouquecer, inclusive eu. Estou de pé, torcendo, junto com o orgulho estourando o peito.

Layla lidera, no entanto. Sua excitação me deixa tonta. Esse sentimento é amplificado quando Trick me procura na plateia. Quando fazemos contato visual, ele pisca para mim. É diabólico e sexy como o inferno. Então ele aponta para mim e fala uma palavra. Minha.

Comenta tudo o que tenho questionado. Eu estou em tudo.

— Então o que você acha? — Sunni coloca a mão no meu braço.

— Isso foi incrível — eu grito. — Eu nunca vi nada parecido.

— É apenas o começo. — Sunni sorri largamente, esfrega a barriga e sai andando.

Layla já se foi. Eu posso distinguir o topo da cabeça dela na multidão. Parece que ela está dirigindo e gerenciando o controle da multidão.

— Ei. — Braços me envolvem pelas costas.

Eu não vacilo ou até hesito e derreto de volta no lutador suado. E ele está suado. O perfume é absolutamente tão viciante quanto o primeiro gole de uísque.

Em um movimento ousado, eu movo para trás uma mão, segurando a parte de trás do pescoço de Trick.

— Olá para você.

— Preciso tomar banho. Depois jantar? — Ele corre os lábios para cima e para baixo no meu pescoço.

Suas gotas de suor e pele cortada deslizam contra a minha.

— OK. — Eu viro em seus braços e alcanço seu queixo forte. Trick ajuda, abaixando a cabeça para mim. — Eu quero você, Trick.

Ele rosna. Seus dedos seguram os meus quadris.

— Quero você também, querida. Desde o primeiro dia que te conheci.

— Você quer dizer o dia em que caí no seu colo?

— Diabos sim. Era para ser.

— Eu concordo, mas chega dessa merda piegas e tome banho, meu lutador sexy. — Meu estômago ronca na hora. Eu estava muito empolgada com o pensamento dessa luta hoje à noite. Enquanto estava no centro esta tarde preparando a refeição, fiquei distraída ao ponto de colocar cebola picada em uma sobremesa em vez de coco em flocos. Uma tarefa que deveria ter levado quinze minutos se transformou em uma hora.

— Volto já, Mack. Tenho que expulsar Cruz e Layla do vestiário.

Trick dá um beijo rápido na minha testa e corre de volta para o corredor de onde saiu. Minha mente fica confusa porque Cruz nem brigou, e por que Layla estaria no vestiário? Sinto que há uma história por dentro disso, e depois perguntarei a Trick.

Não tenho tempo para processar porque sou interrompida por um grito agudo. O culpado disso é uma mini versão angelical de Layla. A criança pequena salta ao redor com alegria em uma tempestade de um tutu azul-petróleo. Jag está na frente dela com os punhos erguidos. Ele grita movimentos, e a menina executa cada um com perfeição. Uma vez terminada a rotina, Jag tira um pirulito do bolso.

— Ele vai ser um pai tão bom. — Sunni está ao meu lado novamente.

— Ele com certeza será — eu respondo.

Sunni me informa que a garotinha é Belle, filha de Cruz e Layla. Sua babá acabara de deixá-la. Descubro também que Jag e Sunni estão esperando gêmeos em poucas semanas.

Entro no grupo em torno de Belle, com Sunni liderando o caminho. Aprendo que essa luta foi crucial hoje à noite, mesmo que não tenha sido sancionada. Boss detalha todas as informações enquanto passa a mão sobre a cabeça em um movimento repetitivo. Joker é um oponente que Trick nunca derrotou. Ele tem um gancho letal que derruba a maioria dos lutadores no primeiro round. Boss sabia que se Trick pudesse derrubá-lo, haveria luzes apagadas e ele queria que Trick ganhasse confiança ao fazê-lo.

Não demorou muito para Trick reaparecer. Seus passos são determinados, e ele está focado em mim. Seu rosto já está começando a inchar. Os hematomas escuros mascaram seus traços. Acrescenta a Trick. Elas representam sua vitória como uma medalha de ouro brilhante, sem mencionar o apelo sexual durão. Nunca em meus sonhos mais loucos eu teria pensado que um homem como Trick estaria interessado em mim. Ele provou repetidamente que está nisso para vencer.

Trick me apresenta alguns outros lutadores. Eu luto para acompanhar seus nomes. Lembro-me de Riot, já que Trick fala muito sobre ele. Eles parecem ser muito próximos. Não demora muito para que Cruz e Layla se esgueirem para o vestiário, deixando Belle com Jag e Sunni. Eu não preciso perguntar a Trick do que se trata, afinal. Eu posso deduzir o suficiente.

Conhecer a família de Trick aumenta a emoção avassaladora. Eu poderia flutuar alto nas nuvens agora. Meus ombros estão relaxados e meus pensamentos se concentram em Trick.

— Pronta? — Trick me puxa para ele.

— Sim.

Saímos para o ar fresco. O crepúsculo está começando a pintar o céu amplo com tons de rosa e laranja.

— Caminhão? — Trick levanta uma sobrancelha em questão.

Balanço a cabeça.

— Eu tenho minha bicicleta.

— Ok, deixe-me pegar a minha então. — Ele sai correndo, as pernas compridas devorando a calçada com facilidade.

O homem apenas exerceu seu corpo ao máximo e não piscou duas vezes sobre andar de bicicleta pela cidade. Ele joga a mochila na cabine do caminhão, clica na fechadura e alcança a carroceria da caminhonete, atirando sua bicicleta. Ele faz com que pareça sem esforço, nem mesmo um músculo esticando seu bíceps. Eu gemo alto, admirando sua beleza.

— Vadia, você tem uma bicicleta?

Eu me viro para ver Jag trotando até nós com nada além de um brilho malicioso em seus olhos. Trick o ignora enquanto ele anda de bicicleta ao nosso lado.

— Cara, deixa eu montá-la. — Jag vai para o guidão. — Eu era o rei filho da puta da montanha BMX naquela época.

— Sem chance, Jag. — Trick rosna.

Sunni e Belle se juntam a nós na calçada. Isso não impede Jag de implorar.

— Deixe-me tentar uma vez. Vou pular do meio-fio ali.

Sunni geme, e Trick balança a cabeça. Parte de mim quer ver Jag na bicicleta. Tenho a sensação de que ele seria um idiota bom.

— Vamos, Jag. Meus pés estão me matando — implora Sunni.

Belle está fazendo o possível para escalar a bicicleta. Trick se inclina, pega Belle e a coloca no assento. Ela chuta os pés e faz sons de motocicleta. Jag dá um jeito, eventualmente fazendo Trick desabar. Boss e Riot se juntaram a nós na calçada. Belle foi direto para os braços de seu avô.

— Inferno, sim, bebê, grave essa merda — ele anuncia enquanto joga a perna sobre a bicicleta.

— Ele precisa de medicação— Boss resmunga.

Braços fortes me envolvem. Trick me puxa de volta para o peito dele, descansando o queixo no topo do meu ombro.

— Minha bicicleta já era.

— Por que você o deixou montar, então? — Eu amarro meus dedos nos dele.

— Ele é como uma erupção cutânea. É mais fácil ceder.

Nós dois olhamos para cima bem a tempo de ver o pé de Jag pisar no pedal. Ele estava em pé, pedalando muito longe da bicicleta, com o objetivo de pular do meio-fio. Ele colide na barra com graça e não com tanta facilidade. Seus gritos de gelar o sangue ricochetearam pelas ruas. Gargalhadas nos cercam por Jag com seus gemidos de agonia.

Sunni não se encolhe. Ela apenas balança a cabeça e revira os olhos. Eu suspiro, horrorizada com o quão duro ele atingiu suas partes masculinas.

— Bem na Sacajawea9. — Trick murmura através de sua risada.

A cabeça de Boss é jogada para trás, e eu juro que nunca ouvi alguém rir tanto.

— Ervilhas. Ervilhas congeladas, urgente, antes que minhas nozes percam a circulação sanguínea e se transformem em malditas passas. — Jag deixa a bicicleta cair na calçada e se arrasta em nossa direção, curvado de dor e segurando seu lixo.

— O que diabos está acontecendo? — Layla pergunta, saindo pela porta da frente, escovando os cabelos bagunçados para trás.

— Jag pensou que estava indo para o Evil Knievel10 em uma bicicleta de trilha e não percebeu que as engrenagens não iriam funcionar com ele. — Boss consegue dizer.

Trick ignora o circo que nos rodeia enquanto passa a ponta do nariz para cima e para baixo na parte sensível do meu pescoço. Sua mão vagueia perigosamente perto da cintura do meu short.

— Vamos lá. Estou morrendo de fome e não por comida.


CAPÍTULO 12

Trick

Eu sou um idiota. Não há maneira de contornar isso. Andar de bicicleta quatro quilômetros pela cidade depois de uma luta é um desejo de morte. E um para o qual eu me preparava alegremente. Mack e eu paramos na minha churrascaria favorita. A comida era fantástica como sempre. A atenção da recepcionista e servidores não era tão incrível.

Merda, Jag, Cruz, Riot e eu jantávamos lá pelo menos três vezes por semana lá no passado acabávamos levando mulheres para casa. Não é algo que me orgulho. E mesmo tendo Mack ao meu lado, isso não impediu seus avanços. Ela levou como uma campeã, ainda no alto da minha luta. Não consegui que ela pedisse uma refeição do menu. Ela fez o mesmo que da última vez, copiando meu pedido. Isso me incomodou demais. Ela e aquelas pernas que colocou debaixo dela. Isso levará tempo.

— Quer entrar? — Mack pergunta, pulando da bicicleta.

Aproveito a oportunidade para estudar as pernas bronzeadas e tonificadas antes de responder. Eu passo a minha visão pelo corpo dela, admirando todas as suas partes voluptuosas. Mordo o lábio inferior, sufocando um gemido e depois lembro que Mack me fez uma pergunta.

— Inferno sim, eu quero. Achei que você nunca iria perguntar. — Afasto minha perna da bicicleta e a inclino ao lado da de Mack.

A melhor vista fantástica do universo agrada a minha visão enquanto caminhamos pela calçada suave, a bela bunda de Mack. Eu com certeza não gosto dela andando de bicicleta por toda parte, mas Jesus é o que faz com que ela tenha este corpinho quente.

— Ei. — Ela se vira para mim e planta uma palma no meu peito. — Vou verificar Gene bem rápido. Vá em frente e entre.

Eu me forço a permanecer de pé e não levar seus lábios aos meus. Mack salta antes que eu tenha a chance de responder. A raiva corre pela minha espinha quando coloco minha mão na maçaneta da porta e ela se abre. A porta dela estava destrancada. Eu levo um segundo para flexionar meus punhos e acalmar meus nervos. Essa merda de homem das cavernas dentro de mim é ridícula. A realidade é que Mack é presa fácil. Tudo o que seria necessário é que algum maldito maníaco a siga por alguns dias para armar a armadilha. Ela entraria em sua própria morte.

Eu reprimo minhas emoções, guardando essa conversa para outro dia. Estou exausto e tive um dia muito doce para estragar tudo. A casa de Mack consiste em duas salas que eu posso ver. Uma ampla área de estar, que inclui uma sala de estar e cozinha. Há uma porta ao lado que eu assumo é o quarto dela.

— Oi, estou de volta.

Eu me viro para ver Mack pulando dentro da casa com um sorriso de um quilômetro no rosto. Ela mudou. Eu posso ver isso em seus movimentos e a suave facilidade em seu sorriso.

— Gene está bem? — Eu pergunto.

Mack compartilhou suas preocupações comigo no passeio até aqui.

— Sim, ele parece melhor e está se preparando para dormir. — Ela tira os sapatos e os joga em um tapete amarelo perto da porta. — Amanhã será o verdadeiro teste. Vamos ver se ele desce ao centro para jantar e socializar.

— Bom negócio. — Eu fecho a distância entre nós, agarrando-a pelos quadris e puxando-a para mim. — Obrigado por vir à luta hoje à noite.

Mack passa o polegar pela minha bochecha.

— Foi fantástico. Quero dizer, não é minha coisa, mas, caramba, Trick, você é um homem talentoso.

Eu ouvi isso repetidamente, seja na mídia ou dos fãs. Eu nunca fui capaz de aceitar abertamente o elogio. Lutar é mais para mim. É o meu desejo de viver. Empurrar e treinar meu corpo para quase ao limite me alimenta e, francamente, tornou o meu vício.

Meu telefone toca no meu bolso. Eu sei que não é um texto ou e-mail. Não, é o grito de uma bateria que está acabando.

— Ei, querida, preciso conectar meu telefone. —Eu escovo meus lábios em sua testa.

— No meu quarto. — Ela acena para a porta. —Vá em frente e conecte-o ao lado da minha mesa de cabeceira. Vou pegar uma bebida para nós.

Dou um passo para trás, mordendo o sorriso vitorioso puxando meus lábios. O quarto. Diabos sim, eu vou ligar meu telefone lá. Meu coração afunda quando sua cama de tamanho real aparece à vista. Eu nunca vou me encaixar nessa filha da puta. A cama em si engole o quarto. Uma porta para um banheiro pequeno fora da sala está aberta e é tão pequena quanto. Eu vou fazer isso funcionar.

Sento-me na beira da cama de Mack, coberta por um edredom amarelo-pálido. A saída atrás da mesa de cabeceira espreita. Preciso ser um pretzel humano dobrável para ligar o meu carregador. Eu mexo um pouco antes de conectar o carregador. Minhas juntas roçam um pedaço de papel. Eu o pego antes de me sentar e esticar o pescoço dolorido de um lado para o outro. Estou começando a sentir a luta. Vou ser um bastardo dolorido de manhã.

Jogo o papel na cama, preocupado com o fato de que Mack esteja procurando e depois me deito no colchão do tamanho de uma boneca. Pode ser uma versão em miniatura no meu mundo, mas é muito confortável. Eu deixei meus olhos se fecharem por alguns segundos. Apenas alguns, porque eu sei que se fosse mais, eu desmaiaria.

Um suspiro da porta me faz sobressair e me sentar. Mack está com a mão na boca, com duas garrafas de água debaixo do outro braço e os olhos arregalados de horror.

— Mack? — Levanto-me, esfregando a barba por fazer no meu queixo.

Seu rosto se transforma em um branco pálido. Ela permanece congelada, sem dizer uma palavra.


CAPÍTULO 13

Trick

Ela está sentada na beira da cama, olhando parra frente por alguns minutos agora. Eu quase fiz um buraco no tapete por andar de um lado para o outro. Eu já vi surtos de Mack antes. Isso é muito mais do que uma simples ansiedade ou ataque de pânico.

— Querida, você tem que me dar algo aqui. — Aperto o topo da minha cabeça.

Ela não diz uma palavra. Mack estica a mão e pega o pedaço de papel que puxei de trás da mesa de cabeceira. Agora percebo que é um artigo de jornal antigo. Um pedaço de papel amarelado e fino nos separa como se fosse uma tonelada de cimento.

Meu coração despenca quando leio a manchete. A culpa se instala. Eu já sei tudo isso desde quando a pesquisei no Google. Tomo um longo gole de oxigênio antes de me sentar ao lado de Mack. Eu me enterro nela enquanto amarro meus dedos nos dela. Ficamos em silêncio por longos momentos.

— Eu já sei, Mack. — Cada uma das minhas palavras sai rachada. — Tentei procurá-la nas mídias sociais e, quando não havia nenhum traço seu, pesquisei na web. Sinto muito, Mack.

Isso chama a atenção dela. Ela vira a cabeça na minha direção, seus cabelos negros caem sobre os ombros. Cascatas silenciosas de tristeza caem pelo rosto.

— Pelo quê?

Aperto seus dedos e levanto meu pescoço com a pergunta.

— O que você sente muito, Trick? — Ela abaixa a cabeça e eu não a paro. — Você sente muito por me procurar ou o que aconteceu comigo?

— Eu não sei — eu sussurro com toda a honestidade.

— Há quanto tempo você sabe? — ela pergunta.

— Desde o começo.

Ela se afasta de mim, recuando de volta em sua concha.

— É por isso que...

É uma jogada ousada, e eu posso me arrepender. Estou desesperadamente me agarrando à esperança. Eu coloco Mack de volta na cama até cobrir seu corpo. Eu seguro as maçãs das bochechas dela nas minhas mãos enquanto a encaro diretamente nos olhos.

— Não, não é por isso que fui legal com você. Fui puxado e puxado para você no dia em que te conheci. Fiquei intrigado e procurei seu nome. Não vou mentir, porque queria perguntar sobre o seu passado todos os dias desde então, e também não é por pena. Estou curioso. Eu desejo saber o que fez de você uma pessoa. Quero saber tudo, desde os momentos bonitos e feios, porque, Mack-A-Bee, estou me apaixonando por você porra, com força e rapidez.

Ela manteve os olhos fechados o tempo todo até a minha última frase. Seus olhos vibrantes ganham vida. Lágrimas brotam, mas não transbordam.

— Mas eu sou a lata de lixo, querido — ela sussurra.

Pressiono meu dedo em seus lábios e largo minha testa na dela, para que não haja espaço entre nós. Estamos o máximo que podemos estar.

— Não, você não é. — Pego o artigo do jornal, trazendo ele entre nossos braços. — Você é uma mulher bonita que teve um começo horrível na vida. Essa garotinha na foto com tranças, um sorriso tímido e o vestido com babados superou enormes obstáculos. Você é uma sobrevivente, Mack.

— Minha história não terminou aí. — Ela estende a mão para limpar minha bochecha.

— Quer me dizer? — Eu escovo meu nariz contra o dela.

Seus olhos se fecham enquanto ela respira profundamente.

— Vou tentar.

Eu rolo por cima dela e a trago para o meu lado, colocando-a perto. Sua bochecha repousa no meu peito. O braço dela está pesado no meu abdômen. Estendo a mão, agarrando sua perna, engatando-a na minha. Eu não a empurro ou encorajo a se abrir. Rasguei uma crosta que está vencida. Vai ser uma bagunça sangrenta. Depois que curar, sinto que tudo valerá a pena.

Passei meus dedos pelos cabelos soltos, me aterrando nela. O cheiro de morangos doces e notas de tangerina me invadem.

— Era minha mãe. — Seus dedos cavam no meu peito. — Ela escondeu a gravidez. Quando ela entrou em trabalho de parto, pelo que eu sei, ela entrou em pânico, me envolveu em uma camiseta amarela velha e gasta e me escondeu em uma lixeira atrás da padaria no centro antigo.

— Um trabalhador me encontrou. Eles não sabem quanto tempo eu estava lá. As autoridades levaram três meses para conectar todos os pontos. Minha mãe já se foi há muito tempo. A mãe dela se aproximou e me levou.

A voz de Mack cresce trêmula, à beira da completa histeria. Inclino e beijo sua testa, passando a mão pelas costas dela.

— Devagar. Por mais que você queira compartilhar, querida.

— Eu cheguei até aqui — diz ela, inclinando o rosto para mim.

Estou surpreso ao vê-la se soltar. A dor das memórias assustadoras é mais enraizada do que lágrimas. É uma escuridão que destrói o coração e a alma, cobrindo cada uma de suas feições.

— A mãe da minha mãe me acolheu. Não tenho boas lembranças disso, porque, desde que eu conseguia me lembrar de algo, toda a atenção tinha desgastado fora do bebê da lata de lixo. Ela me lembrou uma e outra vez essa foi a única razão pela qual ela me aceitou. Ela não era cruel e não era nada amorosa. Eu estava lá. Comi algum tipo de comida e fiz meu caminho pela escola.

Eu tenho que lutar contra o desejo de conter minha fúria. Este não é o momento nem o lugar para dizer a Mack que ela está errada. Pode nunca haver um tempo para isso. Deus, eu só quero consertar tudo para ela. Ela tem cicatrizes profundas na alma que nunca conseguirei tocar.

— Eu conheci Gene quando eu tinha cerca de cinco anos. Seu único filho acabara de sair de casa. Ele e Wilma eram meus salvadores. Eles me viam lendo um livro que eu nem conhecia uma palavra no quintal e me convidavam para ir. Eu nunca fui, então eles trouxeram seus biscoitos e limonada para mim. Minha avó, quero dizer Patrícia, nunca soube. Eu poderia ter fugido, e ela não teria ideia.

Mack engole forte.

— Eu sempre tive esse desejo de ser mais, mas nunca tive coragem de fazer. Patrícia morreu. Eu estava perdida, tão estranho e foda de pensar.

Eu estremeço com Mack soltando a bomba-F. Isso não a impede. Ela é crua e honesta comigo agora. Um dilúvio de lágrimas se abre e tudo se derrama sem pensar duas vezes.

— Gene tinha acabado de perder Wilma. Eu odiava a casa ao lado da dele, que era toda minha junto com a fortuna da Patrícia. Inferno, eu nunca soube que ela tinha uma da maneira como vivíamos. Eu nunca tentei descobrir. Ela criou uma filha que abandonou um bebê em uma lixeira e três meses depois foi encontrada morta na beira da estrada no Arizona. Ela me tratou como o lixo em que ainda estou sentada, com mais de meio milhão de dólares.

— Tarde da noite, penso nela e luto para juntar as peças do quebra-cabeça. Não importa quantas vezes eu as reorganize, nada faz sentido.

— Ela abusou de você? — Eu pergunto, segurando-a mais próxima a mim.

— Não, sério, ela me ignorou. Ela nunca teve uma conversa comigo. O máximo que eu tirava dela era ela gritando meu nome pela manhã para me acordar. Ela me comprou um despertador em uma venda de quintal quando eu estava na quinta série e nunca mais voltou a falar comigo. Ela fumava cigarros, assistia novelas o dia todo e passava a maioria das noites no Bar do Shorty.

— Jesus, Mack, isso é horrível.

— Sim. — Eu posso sentir seus ombros encolherem contra mim. — Eu não estou mentindo quando digo que Gene me salvou. A escola foi horrível.

— Conte-me sobre isso. Eu quero saber tudo.

Ela mexe até ficar no meu peito, olhando para mim.

— Lembra do cara do primeiro dia de aula?

Eu concordo.

— Ele e seus amigos estavam nas minhas aulas no ensino fundamental e médio. Eles me provocaram sem piedade por ser a lata de lixo, garota do lixo ou qualquer outra coisa cruel que eles pudessem inventar. Outras crianças se juntaram, e eu fui alienada mesmo na escola. Minha aparência não ajudou. Eu parecia uma garota de lata de lixo. Wilma me ensinou como trançar meu cabelo e higiene básica. Ela tentou me comprar roupas uma vez e Patrícia jogou todas elas na lixeira.

Ela respira fundo e torce a sobrancelha.

— Essa é a minha história e por que sou tão estranha.

Estendo a mão e seguro sua bochecha.

— Você não é estranha, Mack-A-Bee.

— Não cubra com açúcar. — Os olhos de Mack se estreitam.

— Querida, uma coisa que eu não faço é mentir ou merda de cobrir de açúcar. Você superou enormes obstáculos e ainda está aqui lutando. Jesus, isso não deixa você estranha, nem mesmo perto disso.

Mack ignora meu comentário e continua me dizendo mais sobre si mesma.

— Gene me ajudou a vender a casa. Nós remodelamos a garagem dele em um pequeno apartamento para mim. Matei meus dois primeiros anos de faculdade através de cursos on-line como uma maldita guerreira. Mas então este semestre não foi tão fácil. A única parte brilhante do meu dia é você, Trick.

Pego debaixo dos braços dela e a jogo no meu peito, para que fiquemos perfeitamente alinhados. É claro que os dedos dos pés atingiram o meio da panturrilha, mas estamos cara a cara.

— Minha pequena rebelde — digo contra seus lábios. — Saindo da sua zona de conforto. Deus, isso me excita e está fazendo eu me apaixonar ainda mais por você.

— Trick? — ela sussurra.

— Sim. — Enfio meu pescoço para apimentar beijos para cima e para baixo em seu pescoço. Sou recompensado com a pele dela arrepiada.

— Gosto muito da academia e de seus amigos. Eles são tão incríveis. Mas...

— Mas o que? — Eu pergunto entre beijos, ficando um pouco nervoso para onde isso está indo. Minha família é minha família, e ela quebra um acordo, se ela tiver um problema com eles.

— Eu não quero que eles saibam sobre o meu passado. Eu quero um novo começo com eles. Esta noite foi um grande salto para mim, e foi incrível. Eu quero continuar com isso.

— Combinado. — Pego a parte inferior do lóbulo da orelha entre os dentes e o puxo. Mack pode querer falar mais agora, mas meu pau tem outros planos. O bastardo egoísta. Eu deslizo minhas mãos para os globos de sua bunda, apalpando cada bochecha. Eu cavo meus dedos, sufocando um gemido enquanto a puxo para a minha ereção repetidas vezes.

— Você sente isso? — Eu pergunto com uma voz rouca e enevoada pelo desejo.

Mack choraminga contra os meus lábios. Eu tomo isso como um sim.

— Quando estiver assustada ou com dificuldades e pronta para se retirar para a segurança da sua concha de conforto, lembre-se de como isso é. Lembre-se de como sou louco por você e lute por sua liberdade.

Mack me interrompe no meio do discurso, selando seus lábios nos meus. Não me importo muito desde que as coisas vitais foram ditas. Nossos lábios lutam com nossa luxúria, dentes tilintando e línguas duelando por mais. Os quadris de Mack começam a se mover por conta própria, com minhas mãos ainda no lugar.

Cada movimento de seus quadris faz meu pau pulsar. Formigamentos sobem pela minha espinha. Porra, eu não quero nada além de tirar essa beleza e levá-la. Ela não está pronta e está me matando.

— Mack, temos que parar antes que eu não possa — eu digo através de respirações ofegantes.

— Não, eu quero mais.

— Querida, você não está pronta para isso.

— Eu estou. Eu não sou virgem, Trick.

Este pequeno pedaço de informação congela o sangue nas minhas veias.

— Com licença?

— Eu não sou uma virgem.

— Você já fez sexo antes?

Ela empurra meu peito e olha para mim enquanto morde seu lábio inferior.

— Sim, mas...

Suas bochechas queimam de um vermelho carmesim. Eu aperto sua bunda, incentivando-a a continuar.

— Continue — eu digo quando ela não termina sua frase.

— Eu pedi brinquedos pela Internet — ela deixa escapar e enterra o rosto no meu peito.

Agora, é a minha vez de morder o lábio na esperança de prender na risada. Ela é muito adorável e inocente. Meu peito começa a vibrar, então estou completamente rindo.

— Pare. — Ela bate no meu peito.

— Está bem, está bem. — Eu a seguro no lugar quando ela tenta sair de cima de mim. — Querida, não é nada para se envergonhar, e sim, você ainda é virgem. Você é foda de tõa adorável. Não quero nada além de te despir e te fazer minha. O problema é que quero que seja perfeito e, enquanto isso, posso fazer coisas que farão você gritar meu nome repetidamente.

Eu nos viro tão rápido que Mack não vê isso chegando e não tem chance de reagir. Eu a prendo embaixo de mim. Uma mão plantada ao lado do rosto dela, enquanto a outra faz um rápido trabalho no botão e no zíper do short. Eu os tiro junto com sua calcinha de renda preta e jogo por cima do meu ombro.

Minha respiração trava quando sua boceta nua aparece. Mack mantém as pernas fechadas. Não perco do leve tremor que percorre seu corpo. Está prestes a tremer por outros motivos. Mergulho para baixo, passando meus lábios pelas dobras dela.

— Trick, não! Oh, meu Deus, isso é tão embaraçoso.

— Você não vai dizer isso em alguns segundos — murmuro, em seguida, começo a festa nela.

Não hesito, não querendo que Mack me afaste. Eu fecho minha boca em torno de seu centro e arrasto minha língua preguiçosamente através de seu doce e doce mel. Eu gemo contra sua pele macia, imediatamente bêbado com o gosto. É como se nada tivesse adornado minha paleta. Meu pau empurra no meu zíper, me deixando saber que ele está chateado e pronto para jogar. Não essa noite.

Os gemidos de Mack de paixão e prazer me deixam tonto. Eu trabalho minha língua através de suas dobras e depois chupo seu clitóris, girando os movimentos. Os quadris de Mack se dobram em minha direção, seus gemidos se transformando em gritos. Eu adiciono meus dedos à mistura, arrastando-os através de suas dobras.

— Mais, mais, mais — implora Mack.

Com facilidade, afundo um dedo nela. Eu rosno contra suas dobras, sentindo o quão apertada e molhada ela é. Ela trabalha no meu rosto e dedo com o ritmo dos quadris. Eu vou em frente, adicionando outro dedo e enrolo dentro dela em uníssono. Eu chupo com força seu clitóris.

Uma represa de ecstasy explode, cobrindo meu dedo e boca. Minha coluna aperta, e eu quase chego a gozar na minha cueca. Mack não terminou, continuando a se mover embaixo de mim. Eu vou para a segunda rodada. Mack puxa meu cabelo, me puxando cada vez mais para dentro dela. Eu me inclino no cotovelo conectado à mão que trabalha em Mack e me abaixo, desabotoando o meu zíper.

É muito doloroso não segurar meu pau. Envolvo minha mão em torno da base, apertando-a com força e depois trabalhando da base até a ponta. Estou tão perto que é insano pra caralho. Mack pondera e resiste mais uma vez antes de se libertar de mim novamente.

Eu acelero a velocidade da minha mão, rolando a palma da mão sobre a ponta em um movimento circular. Mack pega o movimento. Ela fica em uma posição sentada, forçando-me a me ajoelhar. Eu deveria parar. Não posso. Olhar para as profundezas de seus olhos verde esmeralda me força a seguir.

Mack lambe os lábios, se inclina para a frente e cobre minha mão com a dela.

— Po... po... posso? — ela gagueja.

Eu congelo, então movo minha mão, deixando meu pau sobressaindo, duro e inchado. Mack não hesita. Ela envolve sua pequena palma em volta da minha cintura, sua visão concentrada no meu pau e sua mão que desliza para cima e para baixo.

Desta vez, cubro a mão dela e aperto. A pressão de nossas duas mãos me faz assobiar.

— Foda-se — eu rosno.

Mack se encolhe e congela.

— Estou machucando você?

— Não, Jesus, tão bom. Tão incrível. — Eu acelero o passo, ensinando ela sem dizer uma palavra.

No momento em que a mão dela bate na minha base e desliza pela cabeça do meu pau com a pele lisa massageando a ponta, eu perco todo o controle.

— Recue, querida — eu consigo dizer.

Ela não faz. Sua mão voa para cima e para baixo no meu eixo. Em segundos, jogo minha cabeça para trás e libero a minha libertação. A onda de poder bruto ameaça me apagar. Eu nunca gozei tão forte na minha vida. Sinto nos meus dentes e no relaxamento na minha coluna.

Consegui pegar minha libertação com a mão livre. Mack acaricia meu pau em silêncio por longos momentos.

Olho para ela, me inclino e beijo seus lábios.

—Isso foi incrível.

Depois que ambos limpamos, caímos na cama do tamanho de uma caixa de biscoitos. Não importa uma merda para mim agora por causa da mulher em meus braços. Eu mantenho Mack puxada para o meu peito inalando seu perfume perfeito. Não é mais frutado. Inferno não, ela cheira a fruta doce e sexo. Isso deixa meu pau duro sem pensar duas vezes.

— Mack.

— Sim? — ela murmura sonolenta no meu peito.

— Quando vou conseguir seu número?

— Número? — Ela me olha através de pálpebras pesadas.

— Seu número de telefone.

— Nunca.

— Com licença? — Eu levanto minha cabeça para estudá-la. Merda, pensei que tivéssemos ultrapassado todas as barreiras nos últimos meses.

— Nunca. — Ela coloca o dedo indicador sobre meus lábios. —E agora, antes que você surte, eu não tenho um celular. Bem, eu tenho, mas é um que tem apenas dois números. Gene e 911. Então nunca.

Eu relaxo de volta no colchão mais macio que já deitei.

— Oh — é a minha resposta simples.

Não por muito mais tempo. A respiração de Mack diminui, me persuadindo a persegui-la no sono.

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 14

Mack

Acordar nos braços de Trick é o número um da minha lista. Será algo que nunca tomarei por garantido. Podemos ter algum problema para resolver, já que o pobre Trick precisa desenrolar-se e abrir as articulações todas as manhãs. Não o impediu de passar todas as noites desde então.

Não está perdido para mim que meu passo é mais leve e meus ombros estão retos com confiança quando passo no campus. Eu não estou curada. Inferno, eu posso nunca estar. Estou curando, e isso é tudo o que importa agora. É assustador como o inferno e emocionante também.

Ainda não percorremos todo o caminho. Eu suspeito que estamos refletindo um casal de adolescentes excitados explorando cada parte de nós. Trick me ensinou a usar meus brinquedos corretamente enquanto me fazia gozar, várias vezes. Eu lambo meus lábios, lembrando de levá-lo em minha boca. Trick protestou. Isso não me impediu de avançar e envolver meus lábios em torno dele. Eu não parei até que ele estava derramando seu prazer na minha boca. Fale sobre empoderamento. Eu me senti como uma rainha naquela noite.

— Ei. — Uma voz doce interrompe meus pensamentos deliciosamente sujos. — Você está ótima, Mack! Você está brilhando.

Layla se aproxima de mim. Sunni está a cerca de três passos atrás dela, balançando sua preciosa e enorme barriga de bebê no nosso caminho.

— Oi — digo com confiança e alguns traços de vertigem.

Eu fui a academia algumas noites enquanto Trick terminava seu treinamento. Gene já passou da lua que eu já passei minhas noites no centro em favor de passar um tempo com Trick. Ainda planejo passar duas noites por semana lá e passar um tempo durante o dia para preparar as refeições entre as aulas.

— Nunca deixe Trick dizer que é uma boa ideia enfiar o pau dele em você. — Sunni se aproxima de nós, jogando os braços no ar. — Eu não me importo com o quão mágico é ou com o quão bom você possa se sentir. Apenas não. Compre um maldito vibrador.

— Sunni. — Layla bate no braço dela. — Você está saindo com Jag há muito tempo.

Sunni aponta o dedo para Layla.

— Você não tem ideia de como é ter duas bolas de boliche na minha barriga e posso adicionar essas bolas todos os dias, pressionando minha pélvis e coluna. Sem mencionar Jag pensando que eu sou a coisa mais sexy do mundo e querendo colocar o dito pau na minha vagina.

Meus olhos se arregalam e sou forçada a morder meu lábio inferior. Realmente não é uma situação engraçada, e tenho certeza que a pobre Sunni é infeliz. O método de entrega é o que me leva a cair na gargalhada.

— Veja! — Layla aponta. — Uma loja de café e rosquinhas.

Isso faz o truque. Sunni ginga na direção sem questionar. Layla e eu seguimos atrás.

— Você aprenderá como lidar com essa família, e confie em mim, isso manterá você alerta. — Layla se inclina e sussurra no meu ouvido.

— Família. — A palavra sai da minha língua sem pensar.

— Sim família. No momento em que Trick a reivindicou, você felizmente ou infelizmente, dependendo de como vê, se tornou parte de nossa família. — Ela pisca para mim.

Eu permaneço no fundo da fila quando as duas mulheres ordenam seu vício de escolha. O cheiro de massa frita e o doce aroma de geada permanecem no ar. Meu estômago ronca. Uma rosquinha rosa fosca com um colorido arco-íris polvilha-me na vitrine. O lugar está cheio de clientes. Música alta toca nos alto-falantes. Uma variedade de cores irradia e ricocheteia em todas as superfícies. É uma sobrecarga no impulso sensorial.

O pânico sobe pela minha espinha. Me sinto uma idiota. Eu sou uma adulta e não posso nem pedir comida em locais públicos. Eu tenho um supermercado em que compro. Uma rotina que acompanho há anos. É claro que esses velhos hábitos morrem com dificuldade.

Trick se esforçou para me tirar da minha zona de conforto. Ele é gentil. Ele nunca empurra demais. Sou grata por isso. Ele está plantando sementes de confiança dentro de mim enquanto os dias passam.

— Mack, quer alguma coisa? — Sunni pergunta, segurando o recibo ao seu lado.

Abro a boca para responder, mas nada sai.

— Mack, você está bem? — Sunni agarra minhas mãos trêmulas. Eu não tinha percebido que estava tremendo até então.

Eu concordo.

— Sunni, eu... tenho algumas fobias, acho que você poderia dizer isso.

— OK. — Ela assente com uma natureza carinhosa. Não há um pingo de julgamento em sua voz. Algo sobre o cuidado em seu olhar me relaxa. Eu sou capaz de controlar minha respiração.

— Você quer uma rosquinha? — ela pergunta.

A pergunta não é para me humilhar. Mas faz. Eu me sinto como uma criança tímida de cinco anos neste momento.

— Isto é ridículo. — Abaixo a cabeça e bato no chão de azulejo com meus sapatos amarelos.

Sunni não diz outra palavra. Eu pisco de volta lágrimas quentes, ridículas e estúpidas. Minhas mãos tremem, e a próxima coisa que sei é que estou sendo arrastada para a frente da fila.

— Peça o que quiser. — Sunni bate a mão no balcão.

Ela não diz outra palavra. O adolescente desajeitado atrás do balcão ajusta sua gravata borboleta enquanto olha para mim. Deslizo meus óculos pela ponte do nariz. Sunni me dá uma pancada no ombro, me levando a agir.

— Eu vou pegar essa. — Aponto para a vitrine bem na rosquinha rosa perfeita.

Eu não morri. O jovem chega no estojo e pega o donut com um invólucro abraçando sua mão. Essa foi fácil. Sim, sou verdadeiramente idiota. Um donut amarelo chama minha atenção.

— E aquele. — Eu aponto.

Ele pega esse para mim também, colocando-o em um saco de papel branco.

— Você gosta de café? — Sunni se inclina e pergunta.

Eu concordo. Porque eu gosto. Eu tomo café preto com Gene há anos. Ele costumava me provocar, que isso colocaria cabelos no meu peito.

— Ela também toma um mocha gelado de chocolate branco. Meio doce e grande. — diz Sunni.

Há poucos gemidos atrás de nós de outros clientes. Sunni gira e dá a eles o olhar mortal de uma mulher grávida. Seus sons cessam.

Pego a nota de vinte dólares do bolso e deslizo sobre o balcão. Esse mesmo pedaço de papel está no meu bolso há anos para emergências ou no dia em que me aventurei fora de minha rotina. Nunca pensei que usaria. Lágrimas estúpidas brotam nos meus olhos. É felicidade e orgulho. Aquela emoção familiar que está fluindo através de mim, pela qual aprendi a me apaixonar.

— Obrigada — eu sussurro para Sunni enquanto coloco meu troco no bolso e pego a cesta e o café no balcão.

Vimos Layla no canto da cafeteria excêntrica, o telefone colado no ouvido. O olhar em seu rosto mostra uma conversa estressante.

— Você não precisa me dizer nada, Mack. — Sunni se senta em uma cabine, tirando suas guloseimas de uma cesta grande. — Apenas saiba que todo mundo tem suas próprias histórias.

Eu aceno e faço a mesma coisa que ela. Meus donuts estão em um guardanapo enquanto Sunni me conta sobre sua jornada. Ela era uma mulher desolada fugindo de um relacionamento abusivo. Jag a salvou. Trouxe ela de volta à vida. O amor nadando em seus grandes olhos enquanto ela conta a história derrete meu coração e me relaxa ao mesmo tempo.

— Então você vê, eu também tenho cicatrizes. Todos nós fazemos. Levei uma eternidade para me abrir para Jag. Olhando para trás, eu era uma idiota. Eu sabia desde o dia em que ele jogou seu pau de helicóptero em um estacionamento na minha frente que o homem teria feito qualquer coisa por mim.

Isso me faz rir, e um sorriso largo cobre o rosto de Sunni. Ela morde sua rosquinha e geme.

— Desde que você já conhece uma das minhas peculiaridades, eu vou continuar daqui. Trick me comprou um telefone e continua implorando por uma selfie.

Sem mais informações, Sunni estende a mão, pega o iPhone e começa a socar o dedo na tela. Ela passa de volta para mim e me diz qual botão apertar.

— É tudo sobre os ângulos. Portanto, aguarde um pouco mais. — Sunni volta para seus donuts, me ignorando.

Porra, eu tenho certeza que me apaixonei por esta mulher. Nenhum julgamento da parte dela, apenas uma amiga carinhosa.

Minhas bochechas queimam quando eu seguro o telefone na frente do meu rosto. Minha mão treme porque parece que todos na movimentada loja de rosquinhas estão me encarando. Empurro para o lado, sabendo que todos estão imersos em suas próprias preocupações.

Pego o donut amarelo fosco e o seguro no meu rosto. Sorrio, clico no botão e dou uma mordida enorme no donut. Eu gemo. Está delicioso. Escovando meus dedos no guardanapo, envio a foto para Trick e digito uma mensagem.

Eu: comprei uma rosquinha!

Eu: Bem, Sunni me ajudou.

Eu: é delicioso.

Eu: Aqui está sua selfie.

Três pontos dançam na parte inferior da tela. Espero ansiosamente pela resposta de Trick. Para qualquer outra pessoa, isso seria ridículo. Ele é a única pessoa que entenderá a pequena vitória que veio no meu caminho hoje.

Trick: Porra, você é sexy. Orgulhoso de você, querida. Guarde uma para mim e aproveite as meninas hoje.

Trick: PS - Se elas te contar uma história sobre mim e ovelhas as ignore.

Eu: Obrigada, Trick. Obrigada! Eu te amo.

Trick: Também te amo, querida.

Não guardei um para o Trick. Acabei ficando enjoada com a sobrecarga de açúcar. Mas parecia tão bom. Mentalmente, tomo uma nota para voltar a esta loja amanhã para pegar uma rosquinha para Trick e, bem, duas ou três para mim.

O carregamento de carboidratos parece ter colocado Sunni no melhor humor. Não sinto falta do fato de que ela ainda geme e rosna enquanto segura suas costas. Ela é uma soldado, no entanto, caminhando até a livraria e esperando em uma longa fila. Layla e eu a forçamos a sentar até chegarmos mais perto da frente.

O cheiro dos livros me deixa bêbada. Fui abençoada com livros de meus amigos do centro. Todos sabem reciclá-los através de mim. A necessidade de comprar um hoje cresce a cada segundo que passa. A capa nítida, as páginas suaves e o desejo de se perder em uma história é a única coisa em minha mente.

Pego meu troco da cafeteria e conto onze dólares. Quanto mais chegamos à frente da fila, mais incerta fico. Layla e Sunni trouxeram uma pilha de livros para a autora assinar. Eu estou aqui de mãos vazias.

— Você encomendou algum livro? — Um funcionário da loja pergunta.

Sunni agora se juntam à fila, já que há três pessoas à nossa frente. Eu balancei minha cabeça, não.

— Sim. — Layla puxa um pedaço de papel da bolsa. — Deve haver um pedido para Mackenzie Graham feito por Trenton Jameson.

Layla entrega o papel antes que o funcionário possa fazer mais perguntas. Em segundos, a mulher entrega uma pilha de livros para meus braços.

— Ele disse que você gostava de ler. — Oferece Layla.

E é isso.

Eu permaneço na parte de trás da nossa fila assistindo como Layla e Sunni assinam seus livros. Navy York é linda. Absolutamente deslumbrante de dentro para fora. Ela leva um tempo ouvindo e conversando com Layla e Sunni. Ela tem cabelos longos e escuros em cascata sobre os ombros. A blusa que ela está vestindo expõe um dos ombros, exibindo uma mancha de sardas. Um homem com um chapéu de cowboy com uma camisa branca enrolada nas mangas está atrás dela com a mão no ombro dela. O orgulho em seu rosto não pode ser mal interpretado.

— Ei, Cowboy! — Sunni acena enquanto ela recolhe seus livros da mesa.

Ele assente com um sorriso no rosto. Estou tão perdida, mas completamente encantada com tudo isso.

— Sua vez — diz Navy, apontando um marcador preto para mim.

— Oh — eu chio, me aproximando e colocando meus livros sobre a mesa.

— Para quem devo de dicas estes? — ela pergunta, olhando para mim com aqueles olhos gentis.

— Mack. M.A.C.K.

Navy abre cada capa e leva tempo para escrever uma mensagem especial dentro de cada um. O último me chama a atenção.

Mack,

Nosso passado não nos define. Nossa história apenas nos guia. Encontre seu pedaço de felicidade e aprecie-o. Você nunca vai se arrepender.

Amor sempre,

Navy York

PS - Fique orgulhosa. Você é uma mulher linda.


Meu estômago balança. Esta estranha viu através de mim e falou com meu coração. É o empurrão perfeito que eu preciso. Não sei de onde vem a ideia. Escapa da minha boca.

— Posso tirar uma foto com você?

— Claro. — Ela se levanta, alisando sua longa saia preta esvoaçante e me acena atrás da mesa.

Entrego meu telefone para Sunni.

— Fotos! Boa ideia. — Ela festeja enquanto encaixa várias.

Layla e Sunni tiras as suas fotos próprias e terminamos com uma foto de grupo.

— Obrigada. — Eu mergulho minha cabeça.

Braços circulam em volta dos meus ombros. Navy me abraça por um longo momento antes de falar.

— Continue lutando sua luta. Vai valer a pena.

Como ela sabe o que estou passando está além de mim. Eu a abraço. Eu digeri cada uma de suas palavras e juro mantê-las perto do meu coração quando estou lutando.

— Eu vou — eu sussurro.


***


Biologia é o meu curso menos favorito neste semestre. Estou me divertindo muito hoje depois do meu primeiro dia de menina. Eu me diverti muito e estou com vontade de colocar as mãos nos livros da Navy. Acabamos em uma boutique após o autógrafo. As duas mulheres foram às compras loucas. Eu esperava chegar em casa para ter um Hot Pocket, mas isso nunca aconteceu.

Meu estômago ronca quando a voz monótona do professor continua. Eu tento acompanhar as anotações, mas me vejo olhando para o meu telefone, me distraindo. Sou a primeira a arrumar as coisas e atirar a mochila por cima do ombro quando o professor nos solta. Aceno para uma mulher mais velha que sentou ao meu lado.

Sorrio para mim mesma porque consigo ouvir Trick me chamando de rebelde. O crepúsculo está se aproximando rapidamente. Meu coração treme por um segundo quando não vejo Trick no bicicletário. Ele me disse que tentaria ir para casa comigo esta noite. O homem é incrivelmente ocupado, mas sempre me faz uma prioridade.

Coloquei minha mochila na calçada de cimento e me agachei. Meus dedos arranham a combinação em questão de segundos.

— Quem nós temos aqui? — Uma voz sombria e ameaçadora vem atrás de mim.

Não preciso virar a cabeça para saber quem é, Tyson, um dos idiotas que Trick colocou em seu lugar no primeiro dia de aula. Risadas profundas acompanham sua voz, deixando-me saber que ele não está sozinho. Ele é um dos vários que assumiram a missão de tornar minha vida um inferno, desde que descobriram que poderiam me machucar com suas palavras. Minha coluna endurece, mas não olho para cima. Meus dedos tremem enquanto envolvo a fechadura em torno de uma barra na minha bicicleta. Recuso-me a dar para eles qualquer poder sobre mim. Suas palavras doem e cortam em feridas cruas, mas elas não terão uma reação fora de mim.

— Não tem o lutador grande e mau aqui para protegê-la. — Ele chuta minha mochila, enviando-a pela calçada. — Estou pensando que você precisa de um lembrete de onde você veio.

— Eu não tenho a menor ideia do que ele vê nela — uma voz feminina estridente se junta.

Desta vez, olho por cima do ombro para ver Zoe da lanchonete. As unhas pintadas de vermelho sangue batiam no queixo.

— Deus, você é patética. Ele deve ter perdido uma aposta ou algo do tipo estar com um lixo como você.

Eu me levanto e ergo meus ombros. Eu não espio, mas prefiro olhar fixamente para os idiotas.

— Se isso é tudo, eu preciso ir.

Dou três passos e pego minha mochila, colocando-a nas minhas costas. Eu me encolho pensando nas canetas e marcadores que podem ser quebrados pelo chute brutal.

A dor ofuscante rasga meu couro cabeludo enquanto minha cabeça é empurrada para trás.

— Ele me disse que eu fui a melhor transa que ele já teve. Então, da próxima vez que vi Trick, ele não pode nem me dar dois segundos do seu tempo por sua causa, sua putinha. Deixe-o. Ele merece melhor.

Instinto me faz me afastar de Zoe. Ela ficou com um punhado do meu cabelo. Esfrego o ponto latejante na parte de trás da minha cabeça.

— Você é louca.

— Você nem viu louca ainda. — Ela é puxada por Tyson.

— Deixe-me em paz — eu grito quando Tyson e dois outros homens se aproximam de mim enquanto Zoe fica para trás. Não se trata mais de autoconfiança. É um jogo de sobrevivência. Um calafrio ameaçador corre pela minha espinha. Eu procuro meu telefone no bolso. Começa a tocar assim que eu o retiro. Meu polegar mal toca o botão de resposta quando é batido nas minhas mãos.

Era trick. Eu peguei um vislumbre da foto que eu salvei com seu toque. Ele está dormindo, com o peito nu, com o antebraço musculoso bem acima da cabeça. Eu me concentro na memória daquela manhã. Eu acordando o encontrando ao meu lado. Eu me aconcheguei ao seu lado, beijando levemente para cima e para baixo em seu peito. Trick dorme como os mortos, e é esperado, a maneira como ele malha o seu corpo na academia e horas de estudo.

Estremeço quando mais uma vez sou estrangulada por um punho apertando meu cabelo.

— Você sabe o quão embaraçoso foi ter Trick, o idiota, nos dando um sermão?

Eu não respondo. Eu congelo. A capacidade de pensar há muito me deixou. Tyson solta meu cabelo, agarra meus ombros e me empurra para trás. Tropeço em meus pés e perco a guerra do momento. Minha bunda bate forte no cimento. Uma onda nauseante de agonia ardente se arrasta sobre minha pele. Não tenho tempo para me orientar antes de voltar à posição de pé.

Tyson me gira, moendo sua virilha na minha bunda. Um hálito quente e rançoso desliza sobre a nuca do meu pescoço.

— Que tal irmos para minha casa? Vou reivindicar essa boceta e bunda, tornando-a minha. Trick nunca mais vai querer tocar em você.

Sua palma desliza para a frente do meu abdômen, seus dedos perigosamente perto do topo do meu jeans. Batidas de dor horrível e implacável percorrem meu corpo. As palavras de Tyson se tornam um borrão, se misturando. Um momento de clareza ocorre quando ele segura um dos meus seios. Ele não vai parar. Tyson está focado em vingança.

Quero que você reaja como um gato em uma banheira de água. Lute até se soltar.

É fraco no começo e depois fica mais alto. É o Boss, me incentivando a lutar da maneira que ele me ensinou. Visões daquela noite na academia se tornam frente e centro em minha memória.

— Quando eu terminar com você, o resto dos meus amigos estará dando uma volta. Nós não vamos deixar uma putinha entrar e nos humilhar.

É agora ou nunca. Eu reajo, lutando contra seu aperto. Eu jogo minha cabeça para trás e ligo como nunca antes. O som de pneus rangendo enche meus ouvidos. Portas batem e eu me liberto. A adrenalina que percorre meu corpo me envia navegando para minhas mãos e joelhos.

Olho para trás, limpando o cabelo do meu rosto. Isso é caos. Eu relaxo, sabendo que o perigo não está mais focado em mim.

— Seus filhos da puta. — Trick ruge e bate à porta do caminhão.

Jag está logo atrás dele, pulando de seu próprio caminhão. Os covardes correm para o estacionamento. Minha cabeça gira e meu corpo entra em estado de pânico.

— Sunni, leve ela para a casa de Trick. — Jag pula no caminhão de Trick e grita com ela.

Ele está rasgado. É visível em cada um dos seus traços. Eu me empurro de volta para a posição sentada. Dor como eu nunca senti antes do ataque. Faço que sim com a cabeça e levanto as mãos. Elas foram rasgadas com pedrinhas minúsculas. Gotas de sangue escorrem pelos meus braços.

Eu nunca fui de vingança. Eu sempre segui o caminho de abaixar a cabeça e afundar de volta na minha concha. Não mais. Esses idiotas merecem pagar.

— Vá! — Eu consigo dizer.

Trick assente e pula em sua caminhonete. Os pneus guincham quando ele persegue o rabo de Tyson. Uma nova sensação perturbadora toma conta de mim. Deus, no que eu o enviei?

— Vamos, querida. — Sunni faz o possível para se curvar e me ajudar.

Uma risada rasga do meu núcleo. É interminável, nunca para. Meu estômago começa a contrair-se e as lágrimas escorrem pelo meu rosto.

— Merda, você ficou louca? — Sunni se endireita, esfregando a dor na região lombar.

Balanço a cabeça e me levanto, consciente de todos os músculos do meu corpo.

— Apenas a visão de nós. Você está tentando me ajudar e toda essa situação louca.

Sunni envolve um braço em volta dos meus ombros.

— Sim, é bem engraçado, e rir é o melhor remédio. Sempre. Jag me ensinou essa lição de vida.

Andamos lado a lado até o caminhão de Jag, estacionado no meio da estrada com a porta do motorista aberta.

— Eu sei que você não usa veículos — oferece Sunni. — Nós estávamos a caminho daqui para deixar o Trick. Ele queria surpreendê-la, mas estávamos atrasados. Eu ia dirigir o caminhão dele de volta à casa de Jag.

— Ele estava trazendo sua bicicleta — eu sussurro. Eu sabia. — Deus, o que eu fiz para merecer esse homem?

Sunita sorri para mim.

— Você é você. É simples assim. Não pense demais. Já fiz isso e é contraproducente.

— Obrigada, Sunni.

Eu carrego minha bicicleta na traseira do caminhão de Jag. Não é uma tarefa fácil. Sunni e eu andamos alguns quarteirões até uma pizzaria popular local. É a melhor pizza que já comi, e eu sei disso porque Trick pediu na outra noite.

A tela do meu telefone está quebrada, mas ainda parece estar funcionando. Sentamos em cabine, e verifiquei pelo menos uma dúzia de vezes. Nada. Sunni me mantém distraída, falando sobre o quanto ela se divertiu hoje. Eu aceno com a cabeça, concordando com ela, porque foi realmente incrível.

A garçonete coloca quatro pizzas grandes na nossa frente. Sunni não hesita em se aprofundar. Meu apetite é inexistente. Eu brinco com a borda do guardanapo.

— Você acha que eles estão bem? — Eu pergunto.

Sunni acena com a cabeça enquanto mastiga.

—Eles ligaram para Cruz. Layla está a caminho daqui. Cruz será o único a impedir que matem aqueles homens.

Minha mandíbula se abre.

— Vou colocá-los em problemas.

Sunni encolhe os ombros.

Estou pronta para perdê-lo a qualquer segundo. Ela está quase a termo com um par de gêmeos, e eu suponho que o marido esteja atualmente espancando alguém. E ela é indiferente como pode ser.

Layla desliza para dentro da cabine do lado de Sunni. Ela se serve de uma fatia de pizza sem perguntar. Seu comportamento corresponde ao de Sunni. O humor uniforme delas me deixa em pânico ainda mais.

Momentos depois, uma voz profunda flutua pelo restaurante. Os cabelos na parte de trás do meu pescoço chamam a atenção. Estou saindo do estande, mas Trick me derruba. Ele desliza para dentro, me empurrando contra a parede. A segurança do seu corpo cobre o meu.

— Você está bem? — Eu gaguejo.

Ele balança a cabeça.

— Oh, menina bonita, você está aqui se preocupando comigo.

— Você pode ter problemas com o Boss e o...

Ele me corta com um golpe de seus lábios. O primeiro é leve, depois ele me devora. Nossas línguas se provocam por longos minutos. Trick é o único a recuar primeiro.

— Se eu tiver problemas, eu tenho problemas — ele murmura contra os meus lábios. — Ninguém jamais machucará você com suas palavras ou ações novamente. Disse a esses bastardos que eu os observaria. Confie em mim, coloquei meu ponto em vista neste momento.

Eu corro meus dedos sobre as juntas com crostas de sangue. Não há um arranhão, machucado ou corte no rosto.

— Você está machucada, Mack? — Ele puxa a mão e segura meu rosto com ela.

— Não, mas vai ser dolorido. — Inclino meu rosto em seu toque. — Zoe também fazia parte disso.

— Sim, lidei com ela também.

Meu corpo endurece.

— Não coloquei um dedo nela, Mack. Meu argumento foi esclarecido, no entanto.

Eu deito minha cabeça no peito de Trick. Ele inala fatia após fatia de pizza, não parecendo incomodar-se em comer saudável esta noite. As meninas nos fizeram levar para casa uma caixa de comida, já que eu não toquei em um pedaço.

Espero na porta da frente enquanto Trick cuida da conta. A voz de Jag aparece. Eu não deveria estar ouvindo Cruz e sua conversa, mas não consigo me conter.

— Obrigado, porra, você veio quando necessário. Trick estava desequilibrado.

— Nunca o vi assim. — responde Cruz.

— Brutal pra caralho. Eu estava lá com ele. A visão de Mack sendo assediada por aqueles idiotas me deixou doente. Não pense que eles vão olhar para ela novamente.

Cruz resmunga divertido.

— Sim, não brinca. Vamos torcer para que as gaivotas cheguem aos seus dedos antes que alguém os encontre amarradas naquela cerca.

Jag ri muito.

— Toque épico do caralho.


CAPÍTULO 15

Trick

Eu grunho quando o punho de Riot se conecta com minhas costelas. Ele está me dando tudo o que tem na gaiola. É uma luta de luta, mas não vou impedi-lo. Eu varro minha perna, ele se esquiva. Ele conecta um gancho rígido duro à minha mandíbula, fazendo-me recuar.

Eu poderia desencadear nele agora facilmente. Memórias de Mack sendo atacada e o cheiro do sangue dos filhos da puta me deixa louco. É uma coisa boa que Cruz e Jag estavam lá para me manter sob controle, ou aqueles filhos da puta teriam ido para o chão. Como diabos eles torturam uma mulher inocente eu nunca vou entender. Estou certo de que a mensagem foi recebida alta e clara. Tyson levou o peso da punição. Eu nunca vou me arrepender disso. Eu estava pronto para fazer muito mais.

Eu também estava pronto e disposto a aceitar meu castigo por lutar fora do ringue. Não daria a mínima se o Boss tirasse todos os meus direitos de luta. Eu faria isso de novo. Sua mensagem enigmática quando entrei na academia me deixou saber que ele sabia muito bem o que havia acontecido e não diria nada a menos que as autoridades soubessem.

— Jesus, Riot, controle-se — o treinador late de fora da gaiola.

Algo o deixou todo fora de forma. Eu já estive lá antes. Riot esteve do outro lado, sofrendo todo o meu castigo. Eu o deixei resolver isso enquanto dançava ao redor do ringue. Eu assisto seus movimentos, especulando sobre o meu próximo. Ele é obrigado a baixar a guarda por um segundo. Ele lança alguns joelhos e faz um gancho de direita que eu sou capaz de desviar.

Meu momento se abre. O corpo do Riot está quadrado ao meu. Ele tem a intenção de receber outro soco. Ele nunca vê a varredura da perna chegando. Seu corpo desmorona no tapete. Eu ajo rápido porque ele está se esforçando para se levantar. Estou com ele e o envolvo em uma chave de braço. O bastardo teimoso se recusa a bater.

— Chega. — Boss ruge.

Levanto, recuando e passando as mãos pelos cabelos suados. Esta não é a melhor prática, considerando que tenho uma partida chegando em alguns dias. Tirar a merda do seu corpo antes de uma partida não é o objetivo.

— O que diabos está acontecendo? — Boss entra no ringue, ficando bem no rosto de Riot.

Riot tem as bolas para encolher de ombros. Movimento errado. Boss o empurra de volta para a gaiola, colocando o antebraço sobre sua garganta.

— Rapaz, você vai falar agora, porra.

Não é da minha conta. Eu me preocupo com meu irmão. Quando ele estiver pronto, ele falará e só então eu o pressionarei. Uma variedade de amarelo chama minha atenção. Mack. Ela está sentada em um banco de lado, com as pernas dobradas contra o peito. Suas grossas molduras negras estavam no rosto, os cabelos espalhados no topo da cabeça em um maldito coque bagunçado, e toda a atenção dela focada em um livro.

O nariz da garota está sempre em um livro maldito. E porra, é sexy pra caralho. Ela morde o lábio inferior, deixando-me saber que nada, nem mesmo um terremoto, a arrastaria das palavras.

Ela mudou ao longo das semanas. Não é mais o filhote tentando encontrar o equilíbrio. Não, ela está pronta e funcionando. Um saco de papel branco fica no chão abaixo dela. Um maldito donut. Ela tem tanto orgulho de si mesma toda vez que compra um. Mack tem se aventurado mais pela cidade. E mesmo que isso me preocupe muito, também faz meu peito inchar de orgulho.

Eu sorrio, em seguida, arrasto uma toalha sobre o meu rosto e vou para os vestiários, sem me incomodar em interrompê-la. Temos uma grande noite esta noite. Mack ainda não sabe disso. Parece que a merdinha esqueceu de me contar sobre seu aniversário. Gene deixou escapar outra noite no centro. Também não foi por acaso.

Gene me contou que o aniversário de Mack é o dia em que ela foi encontrada. Nunca foi identificado se ela nasceu na noite anterior ou não. Mack nunca comemorou seu aniversário. Nas poucas vezes em que Gene e Wilma tentaram, Mack não teve nada disso e nunca quis reconhecer o dia. Isso está prestes a mudar hoje à noite.

Eu não estou dando a ela uma opção. Claro, ela poderia correr se ela quisesse. Essa escolha será dela. Tenho pouca fé em meu instinto de que ela não o faça. Meu telefone toca na minha bolsa de ginástica enquanto o chuveiro esquenta. Cavando, eu puxo para fora. Mensagem de texto após mensagem de texto ecoa pelo vestiário deserto.

Layla: Tudo pronto.

Layla: Oooops precisam de pratos de papel.

Sunni: Eu os pego.

Layla: doce.

Layla: envie-nos um aviso de cinco minutos.

Jag: Meu pau está duro.

Layla: Quem diabos adicionou sua bunda a esse bate-papo?

Sunni: Ele se adicionou.

Jag: Venha montar meu rosto, baby.

Layla: PARE!

Isto continua. Eu rosno de frustração, coloco meu telefone no mudo e o jogo de volta na bolsa. Tem sido um circo, uma vez que os contei o plano. Eu debati por um longo tempo sobre se a noite seria tranquila com apenas nós dois ou uma festa completa. No final, eu fui com a festa. Mack pode não perceber, mas ela tem várias pessoas que a amam e querem comemorar com ela.

A realidade era que eu não tinha tempo para preparar tudo. Então eu chamei as meninas como reforço. Layla é a rainha do planejamento de festas. O primeiro aniversário de Belle foi fora deste mundo com passeios de pônei, coordenando comida e decoração, além de favores para todos levarem para casa.

Esta noite vai ser incrível. Eu passo sob a água quente. Vamos apenas esperar que Mack pense assim também. O pensamento da minha mulher nerd e sexy como o pecado deixa meu pau duro. Dou-lhe alguns golpes antes de lavar meu corpo.

— Querido. — A voz de Mack flutua no vestiário.

— No banho. — Aperto meu pau com força, a causa de estabelecê-lo há muito esquecido.

— Mais alguém aqui? — ela pergunta.

— Não.

Momentos depois, Mack espia a cabeça no chuveiro e seus óculos embaçam. Através da névoa do vapor, vejo seu sorriso tímido e sinto sua mão estender para mim.

— Houston, temos um problema aqui. — Sua mão aperta em volta da minha cintura.

Jesus, apenas essa garota poderia me fazer rir ao mesmo tempo que eu não quero nada além de lamber sua doce vagina.

— Querida — eu assobio. — Eu estou bem.

— Não parece. — Sua mão desliza para cima e para baixo ao longo do meu pau. Ela se tornou profissional em saber o golpe e a pressão certa. Ela me tem pronto para explodir em questão de segundos.

— Mack, pare — eu rosno, jogando minha cabeça para trás. — Não temos tempo para isso.

— Você está perto — ela ronrona, sem parar o movimento.

Eu não duro mais um segundo, liberando em toda sua palma da mão e nos sprays do chuveiro. Minha cabeça gira e minha coluna relaxa ao mesmo tempo.

— Jesus, Mack — eu assobio.

Ela empurra a cortina do chuveiro para o lado, me olhando nos olhos.

— Você parecia estressado por aí. Essa luta foi horrível com a Riot.

Eu rio.

— Como diabos você saberia? Seu nariz estava preso entre as páginas.

— Sou uma garota de muitos talentos — ela responde.

Eu balanço minha cabeça e vou ensaboar meu corpo. Mack dá um passo para trás para evitar o respingo de sabão da água. Ela não se incomoda em fechar a cortina, em vez de dar três passos para trás. Faço o meu melhor para ficar de olho em Mack enquanto termino o banho, ignorando as cascatas de água que se acumulam no meio do piso de azulejos.

É surreal como foi uma luta, um cabo de guerra no começo, e agora aqui estou, nu diante de Mack com ela absorvendo tudo.

Desligo o chuveiro, saio e viro a cabeça, fazendo a água se espalhar por toda parte. O grito de alegria de Mack é minha recompensa. Acerto ao alvo.

— Qual é o plano, Stan? — ela pergunta, jogando uma toalha em direção ao meu peito.

— Jantar na churrascaria, em seguida, uma noite tranquila em sua casa. — É uma declaração, mas sai mais como uma pergunta.

— Sua casa — ela responde.

Eu arrasto a toalha do topo da minha cabeça e a encaro.

— Está falando sério?

Ela encolhe os ombros.

— Sim, eu estou pronta, e minha cama mata suas costas. Não é justo quando seu treinamento é sobre seu corpo e forma. Eu só tenho meu cérebro para cuidar.

Ela aponta para a cabeça e depois enfia os óculos de idiotas no nariz.

— Jesus, eu amo você, Mack-A-Bee. Vamos verificar Gene antes de nos instalarmos em minha casa. — Eu mentalmente me dou um tapinha nas costas para esse encobrimento. Claro, Mack gostaria de dar uma olhada nele, mas ela não tem ideia de que ele estará na festa hoje à noite.

— Bom plano, Stan. — Ela começa a tirar meus jeans e camiseta preta da minha mochila.

Não há uma pitada de silêncio desconfortável enquanto me visto diante dela. Meu estômago protesta algumas vezes enquanto me visto. Estou com fome pra caralho. Graças a Deus, a festa é em uma churrascaria. Vou pedir o maior lombo de merda do cardápio.

Mack coloca a mochila por cima do ombro enquanto eu termino de amarrar minhas botas. Saímos da academia de mãos dadas. Agradeço às minhas estrelas da sorte quando ela não comenta o fato de que somos os últimos a sair. Sempre há um treinamento de lutador e pelo menos o Boss perambulando por aí.

— Deveríamos pegar uma rosquinha para a sobremesa. Você nunca esteve na loja. — Mack balança as mãos enquanto olha para mim.

— Nós podemos fazer isso. — Eu me inclino e beijo sua testa sem perder um passo.

— Eu vou pedir para nós dois hoje à noite.

Eu sibilo, não impressionado com a ideia dela.

— Amo você, querida, mas não vou comer comida de frango ou coelho hoje à noite.

Ela ri e se inclina para mim.

— Eu sei. O maior osso do cardápio cozido médio raro com batatas fritas e um Dr. Pepper.

Soltei a mão dela apenas para dar um tapa na bunda dela.

— Vou fazer um belo trabalho nesta de bunda um dia, querida. Você me conhece bem. Não conte ao Boss sobre as batatas fritas ou o refrigerante.

— Seu segredo está seguro comigo. — Ela encolhe os ombros.

É uma mentira. Ela e o Boss são grossos como ladrões. Ela me provocava em um segundo. É malditamente adorável. O resto da caminhada é feito em silêncio. Os suspiros satisfeitos de Mack me deixam saber que ela está relaxada e confortável em sua própria pele. Começo a duvidar de tudo sobre esta noite. Ela não gosta do aniversário e por boas razões. Estou prestes a destruir tudo isso. Gene estava do meu lado enquanto planejava, e agora tudo parece um erro miserável.

Mack estende a mão, envolvendo a pequena mão em torno da maçaneta da porta de metal da churrascaria. Eu a puxo de volta por um segundo enquanto a encaro.

— Você me ama? — Eu seguro sua bochecha.

— Sim. O que está acontecendo, Trick? — Ela coloca a mão no meu peito, em alerta máximo.

— Lembre-se de que eu te amo mais do que qualquer coisa e eu vou te dar o maldito mundo em uma bandeja.

Abro a porta, arrancando o proverbial Band-Aid. Mack entra primeiro, ainda olhando por cima do ombro para mim em questão. O ‘Anjo da Manhã’ de Juice Newton nos faz serenatas. Não há recepcionista para nos receber. Eu olho para toda a nossa família. Todas as pessoas que amam Mack sem reservas estão diante de nós. A porra da Letty ou Betty me envia uma piscadela acompanhada de um gesto inadequado com a mão.

Mack vai até o balcão da recepcionista, sem perceber a diferença. Ela espera por alguns segundos antes de voltar para mim. Eu nunca me senti tão nervoso, nem antes do meu campeonato em Las Vegas no ano passado. Eu poderia vomitar agora.

Alguém limpa a garganta, ganhando a atenção de Mack. Ela levanta a cabeça para olhar e eu estou ao seu lado. Agarro sua mão enquanto ela processa a visão diante dela.

Toda sombra e matiz de amarelo decora cada canto da sala. Há um imenso bolo de rosquinha ao lado de Gene. Belle agita um pôster desintegrado que eu acho que lê — Feliz Dia B, Mack-A-Bee.

Sunni acena com Jag enfiando um donut na boca ao lado dela. Ninguém tenta se mover, dando a Mack um segundo para absorver tudo. Arrisquei tudo para tornar essa noite possível para ela, então me entrego a ser o primeiro a dizer isso.

— Feliz aniversário, Mack-A-Bee. Deus me deu você, e eu não quero fazer nada além de te amar pelo resto dos meus dias.

Ela engasga, olhando para frente. Eu posso ler suas emoções jogando em seus traços. É como se cada ano de tormento e solidão fosse aliviado neste momento. Não tenho dúvida de que os artigos do “bebê da lixeira” estão desempenhando parte dele. Eu fiz o meu trabalho e não posso levar Mack mais adiante. Ela pode aceitar o amor ou fugir. Eu com certeza sei o que eu quero que ela escolha. A questão da vida é a escolha dela. Eu a amarei o máximo que posso.

Mack cobre a boca e começa a se afastar. Não é um bom sinal. Sinto que meu plano está prestes a sair pela culatra.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 16

Mack

A luz da churrascaria está desligada. É a primeira coisa que noto quando entro. Ignorando, pulo direto para o balcão da recepcionista, ansiosa por conseguir uma mesa para nós e pedir ao meu homem um grande e velho bife.

Olho para cima quando ninguém aparece. É então que eu respiro, e meus ombros ficam tensos com a ansiedade iminente. Uma faixa enorme pendurada acima do bar chama minha atenção. Feliz aniversário, Mack-A-Bee. Um pôster, acenando loucamente, é a próxima coisa em que me concentro. A pequena e doce Belle faz o possível para exibi-lo.

Rosto após rosto são exibidos. Pessoas familiares. Meus amigos. Minha família. Um maldito bolo feito de rosquinhas de geadas amarelas em torres no meio da sala. Gene é o primeiro a se mover, dando um passo em minha direção. Eu apoio. Ele de todas as pessoas sabe o quanto eu detesto este dia. É mais que ódio. Meu aniversário marca o momento em que fui jogada fora como um pedaço de lixo. Obriga-me a reviver os dias em um lar sem amor. Eu nunca o reconheço apenas por esses motivos.

Dou alguns passos para trás, começando a balançar a cabeça. Eu colido com o peito sólido de Trick. O cheiro de couro doce com uma pitada de tangerina me envolve. Ele tem o poder de acalmar meus nervos e me aterrar. Levo mais alguns segundos para absorver tudo à minha frente. Eu tenho o poder de ficar ou fugir. Meu coração quer permanecer enquanto meu cérebro está gritando para eu correr. Então me ocorre que tenho o poder de escolher. É um sentimento estranho.

Os lábios cheios e sensuais de Trick roçam a concha da minha orelha.

— Feliz aniversário, Mack-A-Bee. Todos nós queríamos comemorar com você.

Eu continuo balançando a cabeça sem motivo. Quando minha visão não se esvai e meus joelhos permanecem fortes, um sorriso genuíno e de grandes dimensões enfeita meus lábios. O Boss caminha até mim, estendendo a mão. Eu aceito sem pensar duas vezes.

— Está na hora de festejar, Mack. Esta noite é tudo sobre você. — Boss me puxa para a área central do restaurante.

Gene me envolve em um abraço apertado. Dura mais que o normal. Seu corpo treme contra o meu. Sua voz sai trêmula quando ele fala.

— Feliz aniversário, menina. Você merece tudo isso e muito mais. É a única coisa que eu sempre quis para você. Este homem sábio está envelhecendo em seus anos. Isso torna tudo completo.

E as lágrimas atacam. Elas caem em cascata quente e pesada nos meus cílios inferiores. Pela primeira vez na minha vida, as lágrimas que derramei são felizes. Amadas. Quando Gene dá um passo para trás, dou uma volta completa, absorvendo tudo. Este lugar parece ter saído direto de uma revista de planejamento de festas. Na minha varredura final, pego Trick encostado no balcão. O cotovelo está apoiado no topo, a mão enfiada no bolso e os tornozelos cruzados, e isso me desfaz. O homem é lindo, de camisa preta justa, jeans azul desbotado e boné de beisebol colocado para trás na cabeça.

Eu me movo com confiança e felicidade aparentes em cada passo. Minha cabeça não está mais olhando para os meus tênis esfarrapados. Eu pulo em seus braços sem aviso. Trick me pega como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ele sempre fará.

— Muito obrigada por isso, Trick — murmuro em seu pescoço.

— Você gosta? — Ele pergunta, suas mãos perigosamente vagando perto da minha bunda.

Seu desejo e necessidade por mim incha contra seu zíper, empurrando minha pelve.

— Mais do que gosto.

— Nenhuma palavra segura hoje à noite?

— Não. Eu não preciso mais de uma. Você nunca terá que se preocupar comigo dizendo amarelo. Estou vivendo a vida com você.

Seus braços se apertam ao meu redor.

— Deus, eu te amo. Vou te derrubar, no entanto, porque se eu te abraçar mais, vou marchar para fora daqui e devorar sua doce boceta.

Oh, a boca faladora de Trick. Isso costumava me envergonhar, a ponto de eu recuar na minha concha. Não mais. Agora isso só faz as minhas entranhas apertarem por sua boca em mim. Recuo um pouco, dou-lhe um sorriso, depois coloco meus lábios nos dele.

Eu preciso provar o homem. Eu seguro firme a parte de trás do pescoço dele, envolvendo minhas pernas em torno da sua cintura, e vou obtendo meu preenchimento com Trick. Seus lábios se abrem para mim. Aproveito ao máximo, enroscando minha língua na dele. Um gemido escapa no mesmo momento em que uma alegria da multidão irrompe.

Trick recua primeiro. Nossos lábios roçam um no outro enquanto ele fala.

— Eu acho que estou monopolizando a aniversariante.

— Eu estou bem com isso. — Beijos os lábios dele.

— Vá antes que eu faça sua doce bunda sair deste lugar. — Trick me coloca no chão, certificando-se de que estou firme antes de me soltar. Ele ajusta a protuberância em seu jeans, me fazendo sorrir.

Muito cedo, estou envolvida em um abraço de todos os meus amigos do centro. Eu nunca tenho a chance de pedir a nossa refeição. No entanto, uma grande tigela de salada com tiras macias de bife médio por cima é entregue a mim por Trick. Ele me manda uma piscadela e depois se senta em um estande com seus irmãos. Todos eles têm bifes enormes na frente deles. Eu apunhalo a salada enquanto converso.

Um puxão no meu short chama minha atenção. Olho para a doce Belle, que tem as mãos juntas em um gesto suplicante.

— Bolo! Bolo! Bolo!

— Você tem que esperar. — Layla a pega. —Deixe Mack aproveitar a festa, bunda de açúcar. Você vai ficar bem.

O pequeno lábio de Belle aparece quando Layla bate na ponta do nariz. Começa a tremer, e eu desmorono, marchando até o imenso bolo de rosquinha e arrancando um do topo. Seus olhos brilham quando ela me vê voltando com um donut.

— É uma festa. Coma o quanto quiser. — Eu entrego a ela o donut. Seus dedinhos gananciosos o prendem.

Layla rosna.

— Você é tão ruim quanto o resto deles. Ela comanda todos nós e, quando ficar doente, é toda sua.

Eu sorrio de volta para Layla.

— Eu vou com prazer levá-la.

Letty pede um pouco de música para dançar, e está ligada. Nós tocamos uma variedade de músicas, de clássicos a músicas de rap absolutamente sujas. Estou sem fôlego e pronta para abraçar o colo de Trick quando ‘Perfect’, de Ed Sheeran, começa a tocar. Eu nunca tenho a chance de escapar, porque Trick me tem em seus braços, levando-nos a uma dança lenta e íntima.

— Pedi esta para você. — Ele abaixa a testa na minha.

— Eu preciso de saltos para dançar com você — eu respondo.

— Não, você é perfeita do jeito que é.

Estragando nosso ritmo, eu me inclino na ponta dos pés e dou um beijo em seu queixo.

— Essa é a primeira vez para mim.

— Dançando? — Ele levanta uma sobrancelha.

— Dança lenta com um homem que amo — eu o corrijo.

O sorriso que se espalha em seu rosto me aquece da cabeça aos pés. Permanecemos em silêncio, deixando as palavras da música nos levarem. Eu nunca quero que isso acabe. Eu poderia beijar quem está no controle da música quando música lenta após música lenta nos faz serenatas.

— Hora do bolo. — Trick sussurra no meu ouvido. — Quero dizer rosquinhas.

Seu sorriso faz cócegas na minha pele. Eu acaricio seu peito, nunca querendo outro donut, apenas para ficar em seus braços para sempre.

Quando não respondo, Trick fala novamente.

— Vamos, aniversariante.

Ele se abaixa e aperta minha bunda, em seguida, tira o boné da cabeça e coloca na minha para trás, do jeito que ele sempre usa. Eu estou girando com o peito de Trick pressionado contra minhas costas. Ele mantém os braços em volta de mim enquanto nos guia para o bolo.

Layla está ocupada em acender todas as velas. O grupo se reúne em torno da imponente beleza.

Gene bate uma faca de manteiga contra um copo transparente, chamando a atenção de todos.

— Para minha linda garota, Mack. Eu não tenho nenhuma palavra agora. Eu nunca pensei que veria o dia em que você perceberia o quão incrivelmente bonita e amável você é. Você sempre foi o sol no mundo de Wilma e no meu.

Ele faz uma pausa, limpando a garganta, tentando ao máximo livrar a emoção de seu discurso. Lágrimas caem bem em seus olhos amorosos, o que, por sua vez, faz minha pele formigar com amor e orgulho.

— Nossos corações foram despedaçados por nosso filho, mas então você entrou em nossa vida. Nunca esquecerei a garotinha que ficava enrolada no quintal com o nariz em um livro. Em alguns dias, vimos você lendo uma lista telefônica, um resumo de saúde e remédios e qualquer coisa que pudesse colocar em suas mãos. Mack, podemos não estar relacionados ao sangue, mas somos uma família. Nós nos amamos incondicionalmente.

Ele me manda uma piscadela. Meus amigos e minha família explodem de alegria. Antes que eu tenha a chance de responder ou me desembaraçar dos braços de Trick, Jag canta as primeiras palavras de uma música.

Trick se inclina, roçando seus lábios contra a concha do meu ouvido com cada palavra. É constrangedor como o inferno ter toda a atenção em mim. É impressionante e simplesmente a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Não tenho vergonha das lágrimas que escorrem pelo meu rosto.

— Desejo! — Belle aplaude quando a música termina.

Inclino-me para a frente, fecho os olhos, faço um desejo e apago as velas. Os aplausos aumentam ao nosso redor, e então Trick dá rosquinhas a todos.

— O que você desejou? — Trick me gira.

— Não posso te dizer. É um segredo. — Eu escovo meu dedo ao longo de sua forte mandíbula.

— Me dê uma dica.

Eu mastigo o interior da minha bochecha antes de responder.

—Vocês. Eu. Dando tudo a você hoje à noite.


CAPÍTULO 17

Trick

Eu nunca serei capaz de explicar o sentimento depois de vencer uma luta. Isso é surreal. Você empurra seu corpo, abusa dele, e às vezes você perde e outras vezes não. Aqueles momentos em que você sai por cima são umas ondas de sensações que fazem você se sentir como um rei do caralho. Eu só experimentei isso no octógono até hoje à noite.

Mack me assustou quando ela começou a recuar. Meu instinto sabia que ela iria correr. De fato, aconteceu o contrário. Ela viveu a noite toda, nem uma vez hesitando. A mulher floresceu na frente de todos ao seu redor. E depois do desejo que ela compartilhou comigo, eu estou pronto para sair daqui.

— Uma dose de aniversário? — Layla oferece um copo cheio de líquido rosa.

— Não, obrigada. — Mack responde.

Meu peito incha de orgulho. Mack compartilhou comigo que ela nunca teve vontade de beber. Considerando que sua mãe era viciada, ela tem medo de que o mesmo possa acontecer com ela.

— Mais pra mim — Layla bate de volta a dose. — Belle vai ficar com o vovô hoje à noite, o que significa...

— Chega — eu rosno, aproximando-me da mesa atual. — Nós não precisamos de detalhes.

Todo mundo se reúne quando Mack se senta em um laço amarelo brilhante. Layla havia tirado meu boné da cabeça um pouco atrás e colocado uma tiara delicada em sua cabeça. Mack se senta na cadeira, as pernas balançando, felicidade em todos os seus traços, com os óculos bobo no rosto. Eu nunca vi nada tão bonito na minha vida.

Ela não hesita enquanto rasga seus presentes. Cara, a mulher é amada. Um iPad novinho em folha, roupas, cartões-presente e joias a cercam. Guardo meus presentes para o final. Eu tinha pensado em manter um deles para mais tarde, depois decidi contra. Toda sombra e matiz de amarelo nos rodeia. Eu tenho uma suspeita de que é a cor favorita dela, mas ela ainda não compartilhou comigo o verdadeiro motivo.

Mack rasga o papel de embrulho em seu primeiro presente de mim. Ela grita quando abre a tampa da caixa.

— O que é isso? — alguém grita.

Mack mergulha a mão na caixa. Momentos depois, um par de neon amarelo-canário da Converse balança na ponta dos dedos. Não tenho dúvida de que os sapatos que ela sempre usa, eram uma vez daquela cor e não um tom de manteiga suave. Ela pula da cadeira, passando os braços em volta do meu pescoço. Parece que pular no meu peito e me pegar desprevenido é o truque favorito de Mack.

— Adoro eles.

Eu rio com o entusiasmo dela por um novo par de sapatos.

— Você tem mais um. — Eu a coloco de volta na cadeira.

Esse presente me faz balançar de um lado para o outro em nervosismo. Nenhuma pista do porque. Bem, porra, eu faço. Se essa festa não a assustou, esse presente caro pode ser o canudo que quebra as costas do camelo. Eu luto para encontrar palavras para transmitir que ela deve abrir mais tarde. Estou muito atrasado quando Mack rasga o papel de embrulho.

Ela ficou com uma caixa quadrada de veludo preto na palma da mão. O quarto se acalma em silêncio. Mack olha para mim, trepidação dançando em seus olhos. Ela começa a mordiscar o lábio inferior. É preciso tudo dentro de mim para não cair de joelhos e garantir que tudo ficará bem. Isso apenas acrescentaria mais atenção ao momento.

Após longos e prolongados segundos, Mack abre a tampa da caixa e suspira. Ela passa a mão na boca, como esperado. Fora isso, não tenho ideia do que ela pensa. Todo mundo espera em silêncio.

— Trick te deu um anel peniano para experimentar mais tarde? — Jag grita.

Todo mundo olha para ele para pegar Cruz e Layla batendo na parte de trás de sua cabeça. Sunni revira os olhos e balança a cabeça do assento em uma cabine. Ela está esfregando a barriga e estremecendo com mais frequência hoje à noite do que o habitual. Quando perguntei a ela sobre isso, recebi o mesmo discurso que ela sempre dá durante a gravidez.

Um puxão na minha mão chama minha atenção de volta para Mack. Abro a boca para falar, mas antes que eu possa falar, Mack está me beijando. Agarro ela pelas as costas, puxando-a para perto de mim. Deslizo minha mão pela nuca dela. Ela inclina a cabeça, me dando acesso para devorá-la toda.

— O que é isso? — alguém grita, quebrando nosso momento.

Viro Mack para encarar a multidão, mantendo minhas mãos engatadas na frente dela. Ela segura a caixa de veludo com as mãos trêmulas.

— Brincos. Brincos de diamante amarelo.

Todo mundo vem para examiná-los. Alguns se despedem, enquanto outros começam a se limpar. Mack foi instruída a se sentar pelo menos dez vezes nesse ponto. Ela não pode evitar. É do jeito que ela faz, e eu não gostaria de outra maneira.

Jogo os três donuts solitários no lixo e recolho todos os presentes de Mack em uma grande mochila. A caixa de veludo preta está vazia. Mack colocou os brincos imediatamente. Fiquei chocado como a merda que ela jogou seus velhos na lata de lixo. Uma porra de ação simbólica, uma declaração que ela fez sozinha sobre sua nova vida. Olho por cima do ombro para vê-la curvada sobre os sapatos novos, os velhos também jogados em uma lata de lixo.

Um grito de gelar o sangue endurece minha espinha. Por instinto, procuro por Belle. Ela desmaiou no peito do Boss sua mãozinha gordinha plantada em sua bochecha. A sala fica parada quando outro gemido doloroso rasga alguém.

Sunni se recosta em uma cabine, agora segurando sua barriga enorme com as duas mãos. Jag sai do banheiro, fechando a braguilha. Ele congela quando ouve e vê sua esposa. Juro que o rosto do filho da puta fica totalmente branco. Nunca vi esse homem mostrar medo. Teimosia, sim. Mas medo, nunca. Ele corre para Sunni enquanto todos nos aproximamos.

— Sunni — ele grita.

— O que está acontecendo? — Layla se ajoelha diante dela, completamente sóbria.

— Dói. — Uma poça de líquido corre entre as pernas de Sunni, caindo em cascata no chão.

— Isso é normal? — Jag pergunta, em seguida cai como um saco de batatas. Ele cai mais forte e mais rápido para o chão do que qualquer nocaute que eu já vi.

— Jesus. — O Boss murmura. — Alguém levante essa boceta.

Ele entrega Belle a Cruz, que assente e recolhe as coisas de Belle. Ele dá um beijo na bochecha de Layla ao sair. Homem inteligente. Eu permaneço para trás, deixando Layla e Boss assumir o controle da situação.

— Isto é horrível. Ela está com muita dor. — Mack se aconchega ao meu lado.

— Ela vai ficar bem, querida. — Eu corro minha mão para cima e para baixo nas costas dela.

Boss dá um tapa em Jag o acordando e o coloca de pé. A cena é absolutamente cômica quando Boss se levanta e grita com ele como se estivesse no octógono. Jag acena com a cabeça, a cor nunca voltando ao seu rosto.

— Muita pressão. — grita Sunni. — Eu tenho que empurrar.

— Não. — Layla agarra seu rosto. — Não, ainda não. Sunni, não ouse empurrar. Alguém chama a ambulância.

— Já fiz. — O homem atrás do bar responde.

— Porra, Jag, segure minha mão ou algo assim, seu idiota. — Grita Sunni através de sua próxima contração.

— Estou aqui. — Ele está ao lado dela, agora com um maravilhoso tom de verde. — Eu sinto muito.

— É melhor você sentir.

— Sunni, querida, você consegue. — Jag beija sua testa como se seus sentidos finalmente tivessem chutado.

Este simples gesto desfaz Sunni. Suas lágrimas fluem quando ela se apega a Jag. Ela pede desculpas repetidas vezes, dizendo que o ama também. A sirene da ambulância se aproxima.

— Vamos lá. — Eu puxo Mack para a porta.

Apontamos para os paramédicos na direção de Sunni. É uma onda de caos quando os paramédicos colocam Sunni na ambulância. Eu ouço o pânico em suas vozes. Esses bebês estão chegando agora, quer alguém esteja pronto ou não. Deus, eu sinto que todos nós vamos precisar de chapéus de proteção com dois minis Jag entrando no mundo.

— Pai, você pode nos levar até lá? — Layla pergunta, jogando a bolsa por cima do ombro.

Ele assente e dá um passo em direção a Mack, envolvendo-a em um abraço apertado e beijando sua testa.

— Feliz aniversário, garota. Aproveite o resto da sua noite. Vamos manter todos vocês atualizados.

Boss me dá um abraço de um braço em seguida e recua.

— Obrigado por tudo, Boss. Boa sorte com Jag.

Ele sorri.

— A qualquer momento. Te amo, Trick.

E assim, Mack e eu somos os únicos que restam. Nós dois expiramos ao mesmo tempo.

— Puta merda, isso foi loucura. — Mack esfrega sem pensar em um de seus brincos.

— Sim, sim, foi. — Inclino e beijo o topo da cabeça dela. — Parece apropriado, no entanto. Você sabia que os bebês de Jag fariam uma entrada maldita.

Ela ri.

— Quão perto está da data do parto dela?

— Três semanas antes, o que não é ruim para os gêmeos. Confie em mim, é tudo sobre o que Jag está falando. Ele tem um aplicativo maldito no telefone ou algo assim. Algo sobre eles serem do tamanho de uma cabeça de alface romana.

— Eles vão ser ótimos pais — ela sussurra.

Eu mordo minha língua para manter minha resposta. Eu pago a conta da churrascaria, pego todas as nossas coisas e começamos a voltar para o meu apartamento. Está escurecendo rapidamente. Esse dia foi tão bom que o pensamento de andar de bicicleta de volta para Mack é péssimo. Já fizemos várias vezes agora, e é ótimo para exercícios aeróbicos, mas não hoje à noite.

Como se Mack estivesse lendo meus pensamentos, ela fala.

— Podemos ficar em sua casa hoje à noite?

— Claro que sim. — Eu não estava ansioso para voltar para sua casa. Viramos à esquerda com apenas um quarteirão para ir. — Você tem certeza que está bem com isso?

Nós compartilhamos refeições e estudamos em minha casa. Nunca houve nenhuma festa do pijama até hoje à noite. Quando chegamos à minha porta da frente, Mack enfia a mão no bolso da frente, pegando minhas chaves, já que minhas mãos estão cheias. Eu chuto a porta quando ela gira a maçaneta.

Sou gentil ao deixar todos os presentes no banco da minha entrada. Meu lugar não é muito diferente do de Mack. É pequeno, mas com tudo o que precisamos. A diferença significativa é a minha cama king-size. Pode não ser tão macia, mas o que podemos fazer com uma cama maior é interminável. Oh, as possibilidades tornam meu pau duro.

— Oi querido.

Olho para cima e vejo Mack com uma última sacola de presente na mão. Eu aperto meu queixo em resposta.

As bochechas de Mack ardem em rosa.

— Eu vou me trocar.

— OK. — Eu falo a palavra confuso.

— Layla e Sunni me deram um presente especial que não pude abrir na frente de ninguém. — Ela diz que é tão rápido que cada palavra se funde na seguinte.

Meu celular toca no meu bolso, e Mack foge para o banheiro, batendo a porta. Meu coração parece um tijolo de uma tonelada quando leio o nome na tela. Eu ignorei as três últimas ligações da minha mãe. Me faz sentir como um pedaço de merda. A culpa me come. No terceiro toque, deslizo meu dedo pela tela.

— Olá. — Estremeço com a minha saudação impessoal. Mamãe sempre esteve do meu lado. A dura realidade é que ela é um lembrete da desgraça que represento ao meu pai.

— Trenton, já era hora de você atender a ligação de sua mãe.

Eu me inclino no balcão caindo para trás.

— Ei, mamãe.

— Como você está? Eu sinto sua falta.

É da mesma maneira que ela começa todas as ligações. Tenho que dar a ela, ela está sempre preocupada comigo.

— Bem. Ir à faculdade, treinar e me preparar para uma grande luta. — É uma resposta mecânica. Minha maneira de proteger o que resta em meu coração para casa.

— Estou tão orgulhosa de você, Trenton. Fui até a casa de Leona para assistir sua última luta na televisão. Você era o dono desse homem.

Uma risada dolorida me escapa. Ouvir minha mãe dizer que eu era dono do homem é histérico. Saber que ela tem que ir para a casa do vizinho dói. Não há maneira de contornar isso.

— Sim.

— E a faculade é boa? — ela pergunta.

— Isto é. Foi um ato de malabarismo, mas estou conseguindo.

— Estou tão orgulhosa de você. Trick, eu preciso falar com você sobre...

Eu a cortei. Hoje não. Nada vai estragar este dia.

— Mãe, não. É uma causa perdida. Escute, eu tive um dia perfeito e não quero entrar nisso com você.

— Ok, mas...

— Mãe — eu grito, a tensão subindo no meu esqueleto. — Não faça isso. É o aniversário da minha namorada. Vou passar a noite com ela.

— Uma namorada? — Sua curiosidade é aguçada. Eu sabia que daria certo.

Eu entendo o assunto dizendo sobre Mack e como nos conhecemos. Não divulgo nada muito profundo. Tudo está na superfície, na melhor das hipóteses.

— Escute, mãe, eu tenho que ir. Eu te amo.

Há uma longa pausa.

— Eu sinto sua falta. — Ela funga. — Eu te amo muito, Trenton.

— Também te amo, mãe. — Termino a ligação.

Eu me sinto como um idiota por não poder dizer a ela que eu também sinto falta dela. A verdade é que eu faço todos os malditos dias. Verbalizar as palavras me cheiraria a realidade. Eu nunca poderei ir para casa. Não sou bem-vindo lá, e com certeza não quero prender minha mãe entre a batalha de meu pai e eu. Eu chego para trás e aperto meu pescoço. Eu tenho que lutar para respirar através das emoções e fazer o meu melhor para reprimi-las.

— Trick — a voz suave e hesitante de Mack flutua na sala. — Você está bem?

Eu olho rapidamente para ela. A técnica de respiração calmante é esquecida com a visão à minha frente. Engulo em seco, a secura na minha garganta tornando difícil de fazer.

— Jesus — eu guincho.

Mack dá passos lentos em minha direção, suas pernas musculosas e bronzeadas totalmente expostas. Uma peça de lingerie preta apertada e rendada abraça seu corpo com perfeição. Seu amplo decote se espalha por cima. Uma tira de pele de azeitona aparece entre as partes superior e inferior.

— Você tem certeza que está bem? — ela pergunta novamente.

— Perfeito agora — eu respondo, abrindo minhas pernas e me inclinando mais para trás no balcão.

— Estou pronta para o meu outro presente de aniversário. Faça meu desejo se tornar realidade. — Ela planta as palmas das mãos no meu peito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CAPÍTULO 18

Mack

Confiança e paixão colidem dentro de mim no momento em que minhas mãos pousam no peito de Trick. Ele se move rápido. Suas mãos espalmam minha bunda, me puxando para ele. Ele já está duro e pronto. A voraz gananciosa Trick me arrancou, buscando o atrito tão necessário.

Durante o café na semana passada, eu disse às meninas que queria ir até o fim com Trick. A partir daí, foi o jogo. Elas me pegaram debaixo da asa e me deram o presente de aniversário perfeito. Parece que Trick aprecia muito mais do que eu.

— Eu vou realizar todos os seus desejos — diz ele com uma voz rouca.

Trick move as mãos da minha bunda para a minha cintura, segurando-a com força e me levantando no ar. Eu grito com o movimento rápido, envolvendo meus braços em volta do pescoço de Trick e travando minhas pernas em volta de sua cintura. Ele dá cinco passos até minhas costas estarem contra uma parede.

Eu rosno quando ele não ataca meus lábios. Ele abaixa a cabeça na nuca do meu pescoço, beliscando-a e depois suavizando o formigamento da dor com leves beijos.

— Trick — eu imploro. — Eu preciso de mais.

Ele levanta a cabeça, arrastando beijos para cima e para baixo na minha mandíbula. Minhas mãos chegam às suas bochechas, forçando ele a me olhar nos olhos.

— Por que amarelo? — ele pergunta, deixando a testa cair na minha.

Estou impressionada com a pergunta dele, mas não pensei duas vezes antes de responder a ele.

— Fui encontrada no material amarelo. A mesma cor do sol. É poderoso e atraente. Eu sempre quis ser isso. Nunca pensei que pudesse. Não era uma opção, então eu me envolvi em amarelo como um lembrete positivo. Nunca foi o suficiente até você.

Trick se inclina para frente, beijando cada um dos diamantes nos meus ouvidos.

— Porra, linda.

Quando ele me olha de novo, não lhe dou a chance de beijar meu pescoço ou ombros. Eu fecho meus lábios nos dele. É uma queimadura lenta quando nós abrimos um para o outro. Eu absorvo o gosto dele enquanto minha língua desliza com a dele. Eu fico mais carente e molhada, desejando tanto ele. Eu me afasto, sem fôlego com os lábios inchados pela paixão.

— Seu quarto. — Eu enfio meus dedos no topo de seus ombros.

Trick se move com facilidade até minhas costas colidirem com a suavidade de seu edredom preto.

— Não, deixe-me. — eu digo quando Trick passa por trás do pescoço para tirar sua camiseta. Por mais sexy que seja essa ação, quero despi-lo.

— Meu último presente de aniversário para desembrulhar. — Eu me ajoelho, agarrando a bainha da camiseta e arrastando-a para cima e para fora.

Meus dedos funcionam sem problemas, abrindo o botão e puxando o zíper para baixo. Trick tira suas botas enquanto eu empurro sua calça jeans. O único pedaço de material que resta entre nós é a sua boxer. O contorno claro de seu pau perfura o material fino. Eu deixei minhas pontas dos dedos deslizarem pela cintura dele antes de puxá-las para baixo, deixando nada entre nós.

Eu me movo rápido, sabendo muito bem que Trick me diria que não. Ele sempre devora meu corpo primeiro. Agarro a base dele, girando minha língua em volta da cabeça e depois pego tudo na minha boca. Seu silvo e estremecimento de corpo inteiro é minha recompensa e me alimenta. Eu o acaricio com a mão e a boca em uníssono. Suas mãos vagam pelos meus cabelos, puxando suavemente. Eu roço o comprimento dele com os dentes. Trick ruge e me tira dele.

— Jesus, Mack, tão bom, querida. Eu quero estar em você esta noite. — Ele me coloca de volta na cama.

Seus dedos hábeis arrancam a roupa sexy. Ele morde e belisca minha pele o tempo todo até que ele se acomode entre as minhas pernas.

— Tenho que prepará-la para mim. — O sorriso de Trick desaparece quando ele mergulha a cabeça. — Tão molhada.

Os dedos deslizam pelas minhas dobras, então ele afunda dois dentro de mim. Minhas costas se curvam da cama quando um grito de êxtase me ataca. Ele sacode meu clitóris com a língua várias vezes enquanto bombeia os dedos dentro e fora de mim. Eu grito quando ele desliza o terceiro em mim. Tão cheia e alucinante. Eu agarro seu cabelo, levantando meus quadris enquanto saio fora de controle com ele.

Trick continua me cobrindo até minha liberação desaparecer. Ele olha para mim com tanto amor que me capacita.

— Trick, por favor.

Ele assente, levanta de joelhos enquanto se inclina para a mesa de cabeceira. Ele pega um pacote de alumínio e rasga-o com os dentes. Sento quando ele pega um preservativo, pego da mão dele e deslizo pelo pau latejante. Trick se acaricia algumas vezes, assegurando que está tudo pronto.

Nós caímos juntos com nossos lábios selados. Os cotovelos de Trick pousam em ambos os lados da minha cabeça, emoldurando-me. Suas mãos estão no topo da minha cabeça. Continuamos nos beijando. Eu aperto nele, desejando mais. Estou tão pronta para ele.

Trick quebra o beijo, deixando cair sua bochecha na minha.

— Vai doer, querida.

— Eu sei.

— Podemos parar a qualquer momento.

Cavo minhas unhas nas omoplatas dele.

— Trick, cale a boca e me leve agora.

Eu posso sentir o sorriso dele pressionar o lado do meu rosto. Ele se abaixa entre nós, alinhando seu pau. Ele desliza através das minhas dobras, atingindo meu clitóris. Isso me incendeia quando ele repete o movimento repetidamente. Ele rosna quando empurra a cabeça de seu pau em mim. Eu congelo com antecipação.

— Eu estou bem— eu o tranquilizo. — Continue — eu sussurro.

Ele faz, afundando lentamente em mim. Queima e arde. Eu faço o meu melhor para manter a cara de poker. Ele embala minha cabeça, selando seus lábios nos meus. Trick se move com ternura, deixando-me me acostumar com a sensação. Quanto mais ele gentilmente entrar e sair de mim, melhor fica.

Um gemido me escapa, vibrando nos lábios de Trick. Ainda há uma pontada de dor persistente. A deliciosa sensação que ele está construindo em mim supera a dor. Eu começo a gemer o nome dele. Trick se inclina para trás, furando o lábio inferior com os dentes. A pele fica branca pálida. Os músculos do braço estão tensos com a tensão, os olhos encobertos por um vórtice escuro de paixão.

— Sim. Sim. Sim. Oh Deus, Trick, é tão bom — eu murmuro, deixando minhas pernas relaxarem ao seu lado.

Com o visual desse homem sexy pairando acima de mim e as coisas que ele está me fazendo sentir, sou enviada rapidamente ao limite. Eu grito seu nome repetidamente até derreter de volta no colchão. Trick pega seu ritmo.

— Sabia que não duraria muito, querida — ele murmura.

Eu seguro sua bochecha, encarando seus olhos enquanto ele grunhe. As veias em seu pescoço incham e, com um último rosnado e impulso gutural, Trick se desfaz. Seu corpo cai no meu, abrigando as emoções e memórias coletadas entre nós.

— Seu desejo se tornou realidade? — ele sussurra.

— Com toda certeza.

Ficamos ali por longos momentos em silêncio. Nossos batimentos cardíacos diminuem para um ritmo constante. Trick é o primeiro a se mover. Ele sai de cima de mim e cuida da camisinha. Ele volta para a cama com duas garrafas de água. Eu me enrolo em volta dele quando ele se deita, minha mão espalhada sobre seu peito largo.

— Quer falar sobre essa ligação? — Eu pergunto com hesitação na minha voz.

—Não.

— Você deve.

— Você conhece a história. Mamãe liga com frequência, mas hoje à noite ela tentou falar sobre papai. Eu a desliguei.

— OK. — Eu decido desistir, não querendo estragar esta noite.

Ambos os nossos telefones tocam ao mesmo tempo. Nós dois nos entreolhamos em uma pergunta curiosa.

— Os bebês. — Eu grito.

Nós dois lutamos por nossos telefones. Uma mensagem de imagem de Layla é exibida. Não consigo abri-la rápido o suficiente.

— Oh meu Deus! — Eu grito. — Eles se parecem com Jag.

A risada profunda de Trick enche o quarto.

— Esse filho da puta vai se gabar por anos.

Eu assisto enquanto Trick olha para a foto em seu telefone. Seus olhos ficam enevoados de orgulho por seu irmão. Eu li a mensagem de texto que segue a imagem.

Layla: Parece que Mack estará compartilhando um aniversário. Os gêmeos foram entregues vinte minutos depois de chegarem ao hospital. Eles são perfeitos! Tudo está indo bem. Mais detalhes por vir. Amor, L.

Layla: PS - Jag desmaiou mais duas vezes durante o nascimento. Tenho certeza que ele perdeu tudo e agora está chorando como um bebê maldito.

Outra imagem aparece de Jag segurando os dois meninos nos braços. Lágrimas rolam por seu rosto enquanto ele sorri para a câmera como o rei que ele é.

— Puta merda! Jag estava tão assustado que Sunni tivesse uma cesariana. Isso é insano.

— É. — eu respondo, ainda estudando os bebês lindos. Ambos têm cabelos pretos grossos e loucos e bochechas cheias.

Voltamos para a cama.

— Cara, eu não poderia estar mais feliz por Jag. Ele é um idiota irritante. Mas eu amo muito ele.

— Sabe, eu acho que foi ele me assediando pela primeira vez na academia que me jogou no limite para tentar viver.

— Sim, ele tem esse jeito sobre ele. — Trick faz uma pausa, me puxando forte para o lado dele. — Hey, Mack, você quer filhos um dia?

— Honestamente?

— Isso seria melhor.

— Nunca pensei que seria uma opção para mim, então nunca pensei nisso.

— Oh— ele responde.

Eu me inclino no meu cotovelo e bato em seu peito.

— Bebês com você serão meu desejo de aniversário em cerca de quatro anos.


CAPÍTULO 19

Trick

Não vou mentir, por mais que todos nos queixemos o fato de Jag ser a criança chata que ele é, todos estamos sentindo falta dele. A academia não é a mesma coisa sem o espírito dele. Nos últimos dias, treinar antes de uma grande partida sem ele é como lutar com um braço.

— Ei, seu bastardo feio — ele me cumprimenta enquanto abre a porta do seu apartamento.

— Mova-se. — Mack passa por mim. — Eu preciso ver esses bebês.

Eu sigo Mack para dentro de casa. É um naufrágio. Merda espalhada por toda parte. Caixas de comida empilhadas na lata de lixo, roupas por toda parte. Parece que os bebês Dexter e Felix realmente invadiram este mundo. Sunni e Jag nomearam seus gêmeos em homenagem ao Boss e Cruz, usando o nome verdadeiro de Boss e o sobrenome de Cruz.

No momento em que entro na sala, Mack está olhando para um berço duplo. Eu ando ao lado dela e dou uma espiada. Perfeição. Dois meninos idênticos se escondem em cobertores azuis claros. Não há como negar quem é o papai bebê.

— Sunni acabou de adormecer. — Jag passa a mão pelos cabelos. — Tem sido um pouco louco por aqui.

É agora que noto a merda branca por toda a camisa e as bolsas debaixo dos olhos. Mack também deve. O que Mack faz a seguir choca a merda fora de mim. Eu deveria saber agora que é assim que minha garota faz, sempre estendendo uma mão amiga.

— Jag, deite-se com Sunni. Podemos segurar. Você precisa dormir um pouco — ela oferece enquanto começa a recolher roupas e cobertores sujos.

— Por que você também não dorme um pouco, cara? Você parece uma merda. — Eu dou um tapa nas costas de Jag.

— Não vou recusar a oferta, mas por mais fofos que esses merdinhas sejam, eles são esfomeados — ele responde.

— Nós podemos gerenciar. Apenas relaxando o dia todo antes da luta hoje à noite. Vão dormir.

Jag está nervoso, enquanto nos mostra onde está tudo. Estou um pouco assustado com o fato de o leite materno de Sunni estar na geladeira, mas sei que o leite da mãe sempre é o melhor. Assim que Jag fecha a porta do quarto, Mack e eu começamos a limpar a área do desastre, já que os bebês estão fora. Uns bons quarenta e cinco minutos depois e parece um novo lugar. Deixei Mack no apartamento quando levei três sacos de lixo para a lixeira nos fundos. Meu telefone toca assim que jogo as sacolas. Minha mãe de novo. Eu não preciso de nenhuma distração antes da luta. Todo lutador tem rotinas diferentes nos dias de luta. Meu objetivo é relaxar e absorver boas vibrações. Dói saber que uma ligação de minha própria mãe teria efeitos adversos em mim. Eu desligo meu telefone. Um movimento de pau, mas eu tenho que me concentrar e não preciso de nenhuma viagem de culpa pairando sobre minha cabeça.

Pequenos gritos me cumprimentam quando volto para o apartamento. Mack tem dois bebês nos braços, fazendo o possível para colocar uma mamadeira em cada boca. Seus gritos aumentam quanto mais tempo eles são forçados a esperar. Eu me sento ao lado de Mack e pego um dos bebês. Dexter está impresso em seu pijama.

— Ei, rapaz, eu sou tio Trick. — Eu corro meu dedo por sua bochecha macia.

Mack me passa uma garrafa. Ambos os bebês agem em uníssono antes de acordar os pais.

— Eles começaram a se contorcer, então eu usei a coisa mais quente que Jag nos mostrou. Graças a Deus você entrou quando começou — ela sussurra.

— Olhe para nós. — Eu me inclino e beijo sua bochecha.

— Incrível, não é? — ela responde, olhando para Felix.

Jag estava certo, esses carinhas são esfomeados. Os mais adoráveis por aí. Depois que eles secaram suas mamadeiras, nós os fazemos arrotarem e trocamos, e então eles mexeram. Nós os caminhamos pela sala até desmaiar. Jag e Sunne nunca se mudaram do pequeno apartamento de Jag. Estou impressionado que os bebês agitados não os acordaram.

Nós dois caímos no sofá. Puxo Mack no meu colo enquanto encontro algo para transmitir na Netflix.

— Podemos terminar de assistir The Ranch? — Mack sussurra no meu pescoço.

Eu resmungo. Não é o meu favorito, mas para ela, qualquer coisa. No terceiro episódio, a porta do apartamento de Jag se abre, me assustando. Layla quase tomba com vários sacos de compras nos braços. Eu voo do sofá para ajudá-la.

Depois de tirar o cabelo do rosto, ela toma o lugar.

— Eu poderia beijar vocês dois agora mesmo nos lábios.

Eu franzo, fingindo ir para um beijo. Ela me corta.

— Foi uma piada. Mas, merda, obrigado por limpar este lugar. Estava ficando muito ruim.

— Sem problemas. Mack só engasgou uma vez enquanto limpava a geladeira. — Eu dou de ombros.

Layla passa por mim depois de colocar as sacolas de compras no balcão. As duas mulheres fazem o que as mulheres fazem quando os bebês estão por perto. Coo e ahh sobre a sobrecarga de fofura, o que me deixa a desembalar as compras. O telefone no meu bolso me pesa enquanto eu arrumo a merda. É a coisa completamente oposta que preciso em minha mente agora.

Eu afasto esse pensamento. Acabamos passando o resto do dia na casa de Jag. Os pais exaustos dançam horas depois, parecendo pessoas novinhas em folha. Sunni apertou os seios estremecendo de dor. O momento estava no local. Layla e Mack ajudaram a estabelecer os meninos com sua mãe.

Preparei uma das caçarolas da minha mãe, embora não tenha ajudado a tirar minha mente da tempestade. Foi a minha refeição favorita quando criança. Iluminado qualquer dia quando ela faria isso. Eu comia tanta merda que sempre acabava gemendo de dor depois. É comida de conforto no seu melhor com bolinhos, queijo, creme de cogumelos e hambúrguer. Layla preparou uma salada para acompanhar.

Sunni e Jag limpam alguns pratos de comida enquanto as mulheres enlouquecem por causa dos meninos. Recostando-me no balcão, comendo frango sem graça, eu assisto Mack com o bebê Felix. Faz algo comigo. O homem das cavernas que permanece no interior não quer nada além de levá-la ao banheiro e bater na bunda dela agora. Foda-se as pílulas anticoncepcionais que ela acabou de tomar.

— Perdido em pensamentos, filho da puta? — Jag se inclina no balcão ao meu lado.

— Só pensando em bater na minha mulher — eu respondo.

Ele bufa.

— É incrível pra caralho.

— Sim, a tempo para nós.

— O que está acontecendo? — Ele estreita sua atenção em mim.

Eu me viro para olhar para ele. O homem pode me ler como um livro.

— Não se sentir resolvido é tudo. Vai ser péssimo não ter você na luta hoje à noite.

— Não vou mentir, vai ser difícil pra caralho para mim. Ainda não posso deixar Sunni aqui com os garotos sozinhos.

— Eu entendo. Você precisa estar aqui. Estou de folga.

— Algo com Mack? — Ele pega uma garrafa de água, drenando-a de uma só vez.

— Não, inferno não. Nós estamos bem. Merda, tem sido incrível. — Levanto-me do balcão e descanso as duas mãos no topo da cabeça, sabendo que ele não desistirá até eu contar tudo a ele. — Merda em casa. Mamãe continua ligando e quer falar sobre meu pai.

Jag se encolhe. Ele sabe muito bem como nosso passado pode realmente estragar nossa cabeça.

— O melhor conselho que posso dar é cuidar dessa merda. Sele-o antes que o derrube. Porque sem dúvida isso vai te comer vivo.

— Eu sei disso — eu rosno.

— Estou aqui por você, cara, a qualquer hora do dia. — Jag dá um tapa nas minhas costas antes de voltar para o lado de sua esposa.

Agora, eu me sinto como uma maldita boceta. Quando sua cabeça não está certa quando você entra no octógono, é uma combinação perigosa. Vou ligar para minha mãe depois da luta hoje à noite, ou pelo menos é o que eu digo a mim mesmo. Alivia um pouco da ansiedade.

Entrando na sala de estar, vejo Mack desaparecendo no corredor. Perfeito. Ela é exatamente o que eu preciso para apagar o caos. Eu ignoro os gemidos de Jag da sala quando ele percebe o que estou fazendo.

Mack pula quando envolvo meus braços em volta dela e a puxo de volta para o meu peito.

— O que você está fazendo?

Eu rosno em seu pescoço enquanto empurro nós para o banheiro. Eu fecho e tranco a porta. Sem perder tempo, eu puxo seu short e sua tanga rendada.

— Trick — ela assobia. — Não podemos fazer isso aqui.

Nosso apetite sexual está em chamas desde a noite de seu aniversário. Não podemos tirar as mãos um do outro. Não importa que eu a tive duas vezes esta manhã antes de sair. Eu preciso dela novamente.

— Sim, nós podemos, garota rebelde. — Eu caio de joelhos, apoiando ela contra uma parede.

Coloco uma das pernas dela por cima do meu ombro e depois a outra. As mãos de Mack batem na minha cabeça. Seus pedidos caem em ouvidos surdos.

— Trick, sério. — Ela faz uma pausa. — Oh Deus.

Eu sorrio contra sua boceta enquanto deslizo minha língua através de suas dobras. Meus dedos cavam na bunda dela. Sou implacável, girando minha língua e chupando forte seu clitóris. O gemido de Mack cresce em intensidade. Ela segura um punhado do meu cabelo e o puxa quando ela goza por toda a minha língua. O néctar mais doce que eu já provei.

— Jesus, Trick, o que há de errado com você? — Mack pergunta, ofegando e olhando para mim.

— Quero você. Preciso de você.

Mack tira uma perna do meu ombro e depois se coloca em pé. Ela planta as palmas das mãos no meu peito, me apoiando até que sou forçado a sentar em um banco de madeira. Ela cai de joelhos, lambendo os lábios.

— Você traz à tona a louca em mim, Trick. — Ela facilita o trabalho de tirar meu pau latejante.

— Foi mal. — Eu dou de ombros.

Ela se levanta.

— Não, você está bem, querido.

Eu assobio quando Mack se acomoda em mim. Ela afunda lentamente até atingir a base do meu pau. Seus movimentos rítmicos são lentos no início. É pura tortura. Aperto sua bunda, começando a controlar sua velocidade, batendo sua boceta apertada em mim. Tomei cuidado para não ser muito duro com Mack. Essa sensação de controle se desfaz em pedaços.

Eu estou em um movimento rápido. Mack luta para se segurar. Eu nunca a deixaria cair. Nós encontramos nosso ritmo em segundos. Eu a bato em mim em um movimento de balanço enquanto a empurro.

— Não vai durar, querida. Você já gozou? — Eu assobio.

— Trick. Trick. Eu estou lá. Não pare. Solte. — Ela abaixa a cabeça no topo do meu ombro.

Eu sigo o seu comando. Minhas bolas apertam, meus dentes cerram, e esse formigamento sensacional sobe pela minha espinha. Começo a rugir minha libertação. Mack levanta a cabeça e sela os lábios nos meus, prendendo o eco do som. Ela cai mole nos meus braços, colocando uma linha de beijos no meu queixo.

— Você está bem? — Ela pergunta.

Mack tem sido incrível por não pressionar o assunto da minha família. Ela não é idiota, no entanto. É claro que está me comendo vivo.

— Porra de ouro agora. — Eu enterro meu rosto no cabelo dela.

— Você está mentindo, mas eu vou lhe dar tempo.

Eu rio. Nós limpamos com pressa. Eu preciso ir para a academia.

— Você está indo para a academia quando Layla for? — Eu pergunto, puxando seu short e abotoando ele.

— Sim! — Ela bate palmas. — Mais tempo com os bebês.

Balanço a cabeça. Está na ponta da minha língua dizer a ela que eu quero que ela tenha meu sobrenome e esteja grávida do meu bebê. Não tenho dúvida de que isso acontecerá um dia. É muito cedo agora.

Jag me dá um inferno antes de eu sair. As meninas reviram os olhos. Com um beijo final para Mack, começo a curta caminhada até a academia. Uma van amarela brilhante passa por mim. Isso me lembra meu próprio feixe de sol. Estendo a mão no bolso para o meu telefone enviar uma mensagem para ela.

— Merda. — Eu murmuro.

Eu devo ter deixado meu telefone no balcão do Jag. Eu não tenho tempo para me virar. Vou ter que usar meu iPod antigo para música. Eu ergo meus ombros e luto para entrar no estado de espírito certo.


CAPÍTULO 20

Mack

Sou voluntária para limpar a cozinha. O trabalho irracional sempre me acalma. Estar perto desses bebês doces também fez um trabalho infernal. Eu encontro um iPhone preto no balcão. Pegando, percebo que é de Trick. Aperto o botão de início, mas ele permanece preto.

Voltando para a sala, eu seguro.

— Vocês têm um carregador? Trick deixou o telefone.

— Bem aqui. — Sunni levanta a mão.

Eu entrego a ela e ela o conecta. Volto para a cozinha, terminando meu trabalho.

— Mack. — Sunni sussurra em seu assento. —Não está morto. Foi desligado.

— OK. — Seco minhas mãos em um pano de prato e me junto à turma na sala de estar.

Pego de Sunni para ver o telefone ganhando vida. Uma bateria cheia sinaliza na parte superior da tela. Estranho, ele tinha desligado.

— Precisa de uma carga? — Pergunta sunita.

— Não — eu sussurro.

Vários textos da mãe de Trick aparecem na tela. Eu posso ler a primeira linha de cada um. Minha curiosidade vence. Estou preocupada com Trick, não é que eu seja curiosa.

Mãe: Trenton, eu realmente preciso que você me ligue.

Mãe: Eu não vou mentir aqui ou tentar enganá-lo para voltar para casa. Seu pai está morrendo. Ele recebeu semanas no máximo. Quero essa merda consertada entre vocês dois. Se possível, volte para casa, mesmo que seja por um fim de semana.

Mãe: Desculpe, coloque isso em você em um texto. Eu sabia que você nunca iria me ouvir.

Mãe eu te amo.

— Mack, está tudo bem? — Sunni se inclina para a frente na cadeira reclinável, fazendo com que ela chie.

Eu engulo em seco.

— Sim, simplesmente não consigo acreditar que Trick deixou o telefone para trás.

— Ele parecia distante hoje — ela responde.

Eu dou de ombros.

— Eu acho que é a luta hoje à noite.

Ninguém na sala compra minha desculpa. Eles também não me pressionam, pelo que sou grata. Eu me apaixonei rapidamente por Trick e continuo a fazê-lo todos os dias, e vê-lo lutando me incomoda. Sei muito bem que às vezes você tem que lidar com seus problemas por conta própria. Trick foi a única pessoa que me empurrou para fora da minha zona de conforto. Foi assustador como o inferno. Foi preciso muita coragem para fazê-lo. Eu fiz tudo no meu próprio tempo. Agora estou aqui sentada com amigos íntimos, todos preocupados com Trick. Embora eu esteja preocupada com ele, também é reconfortante saber que teremos as costas dele.

Fico aliviada quando Sunni pergunta se vamos ajudar a dar banho nos bebês. Sim, é preciso que todos nós quatro o façamos. Esses meninos não gostam da água. Era uma festa de gritos constantes.

— Dexter, está tudo bem, querido. Ssshhhh. — Eu o pego com suas roupas novas e o embalo no meu peito, balançando para frente e para trás.

Felix ainda está chutando e gritando sobre o trocador. Jag está fazendo o possível para colocar a fralda nele. Tudo acontece em câmera lenta.

Um arco de xixi dispara e acerta Jag entre os olhos. E a boca dele estava aberta.

— Você está brincando comigo, filho? — Ele limpa o rosto com as costas da mão.

Os uivos de Layla superam os gritos de Felix. Ela consegue falar sobre tudo isso.

— Eu peguei isso em vídeo. Impagável.

— Eu vou chutar sua bunda, Layla. — Jag grita. —Está tudo bem, Felix, você pode fazer xixi na sua tia quando for mais velho.

Sunni empurra Jag para o lado. Ele não protesta, em vez disso, ele corre para o banheiro. O som do chuveiro enche o pequeno apartamento. Sunni faz o trabalho em questão de segundos. E os bebês estão prontos para comer mais uma vez. É tudo o que eles fazem. Comer, dormir, cocô e xixi; uma vida tão difícil.

Temos Sunni instalada em sua poltrona reclinável. Ela tem que cuidar de ambos os bebês. Tenho certeza que Layla e eu estamos apenas no caminho.

— Ok, nós vamos sair. — Layla se abaixa e beija a testa de Sunni. — Vou mandar uma mensagem para vocês atualizando. Ah, e vou mostrar o vídeo para toda a academia.

— Parece bom. Obrigada pessoal, por tudo. Volte a qualquer momento.

Jag reaparece com apenas uma toalha enrolada nos quadris. Ele aponta um dedo direto para Layla.

— Compartilhe esse vídeo, e eu vou chutar sua bunda.

— Lembra-se de todas as vezes que você me desrespeitou? Vamos lá, amigo!

Ele a persegue. Layla está saindo mais rápido do apartamento. Jag a segue. Eu bato a minha visão para a porta aberta e de volta para Sunni. Ela não parece chocada que ele correu para fora apenas envolto em uma toalha. Eu também não deveria estar. O homem é louco.

Dou a Sunni mais um beijo antes de sair.

— Você caga. — Jag grita.

Eu suspiro quando vejo a bunda nua de Jag. Layla acena a toalha em volta da cabeça como se fosse uma bandeira da vitória. Ela o provoca por alguns instantes antes de jogá-la de volta para ele. É uma maravilha que ela não tenha se irritado. Jag vira para ela o pássaro e depois gira sobre os calcanhares. O sorriso em seu rosto é quase contagioso. Eu mantenho meus olhos voltados para a frente, não ansiosos por outro acidente de toalha.

— Mack. — Jag pega meu ombro antes que eu possa passar por ele.

— Sim. — Olhos ainda focados.

— Fale com o Boss. Faça com que ele intervenha. É a única maneira de fazer com que Trick ouça.

Dou um passo para trás, chocada. Ele sabe mais sobre Trick do que eu?

— Ok — eu gaguejo.

— Não desista dele.

Este comentário faz minha coluna endurecer.

— Eu nunca faria isso, Jag. Eu o amo.

— Bom. — Ele dá um tapa na minha bunda enquanto passa por mim. — Boa conversa, campeã.

Ele acabou falar comigo como treinador? Tenho certeza de que ele fez.

— Papai em casa! — Jag grita antes de fechar a porta.

Não consigo entender direito o que Sunni grita de volta para ele, mas estou relativamente certa de que a bomba F estava envolvida.


***


A academia está lotada como uma lata de gaiola. Faz sentido, já que esta é uma luta sancionada. Este lugar tornou-se como um segundo lar para mim. Se eu quiser passar um tempo com Trick, este é o lugar. Me conforta mesmo que ele esteja treinando. É quente, suado, doce para todos. Meu doce homem.

Layla aponta nossos assentos antes de sair correndo. Eles estão na frente mais uma vez. Não reconheço um rosto familiar, convencendo-me de que os lutadores e o Boss devem estar no vestiário. Ouvi tudo sobre os escândalos do vestiário depois da luta. Parece que é tradição que Cruz leve Layla de volta para lá depois de cada luta, mesmo as que ele não luta. Houve alguns rumores sobre Jag e Sunni fazendo a mesma coisa.

Nossa brincadeira do banheiro foi boa o suficiente para mim. Cubro meu rosto com a mão, pensando nisso. Ainda não acredito que fizemos isso. Meu núcleo aperta lembrando o que Trick fez comigo. Pego Boss andando até o balcão da frente e decido que o momento é agora ou nunca. Realmente não há um momento perfeito para ter essa discussão.

— Boss. — Eu bato em seu ombro.

Ele se vira, uma carranca firmemente plantada no rosto. Suaviza o momento em que ele me vê.

— Mack-A-Bee, o que há?

Esse maldito apelido. Eu cavo no meu bolso de trás, pegando o telefone de Trick.

— Eu não sei como dizer isso.

— Diga. — Ele se recosta no balcão. — Sou todo ouvido.

Eu deixo escapar em frases longas.

— A mãe de Trick ligou na noite do meu aniversário. Ele ficou chateado depois. Ele deixou o telefone na casa de Jag e eu li os de sua mãe. Eu sei que não deveria. Ele está lutando e está me matando. Ele faz o possível para esconder. O pai dele está morrendo.

Minhas mãos tremem e lágrimas caem nos meus olhos. A culpa me atinge com força. Eu não deveria ter aberto esse texto. Boss não responde. Ele se aproxima e passa os braços em volta de mim em um abraço apertado.

— Você o ama, e isso é tudo o que importa no final do dia, Mack. Falaremos com ele depois da luta. Você fez a coisa certa. — Ele esfrega círculos suaves nas minhas costas.

Quando ele me deixa ir, eu limpo as lágrimas com as costas da minha mão.

— Você acha que ele ficará bem esta noite? Quero dizer pela luta.

Boss assente.

— Eu o tenho.

Eu concordo. Boss me dá mais um tapinha antes de voltar para o vestiário. Eu me senti esgotada e energizada ao mesmo tempo. Demorou muito para sair e pedir ajuda. Eu volto para o meu lugar depois de comprar pipoca e refrigerante Dr. Pepper. Não reconheço nenhum dos lutadores nas primeiras partidas. Layla faz o de sempre, está de pé e xingando como um marinheiro durante cada uma.

Não presto muita atenção a nenhuma das lutas até que o Country Boy Brawler seja anunciado.

A voz de barítono do locutor soa pelo ginásio.

— Seu garoto de cidade natal, representando o Diablo’s Throne, com um registro misto de artes marciais de doze nocautes e cinco finalizações, esse garoto fodão do campo não tem medo de nada. Triiiiick, o Country Boy Brawler!

Um garoto do campo pode sobreviver bate firme enquanto a multidão explode em um rugido ensurdecedor. Quase todo mundo está de pé, bombeando as mãos no ar por Trick. Eu não sou muito fã de música country, mas eu amo essa música. É Trick até o núcleo.

Trick olha para a frente. Seus olhos são frios e focados. A aba do boné fica para trás na cabeça, o manto de seda preto está aberto, mostrando seu abdômen. Quanto mais perto ele chega do ringue, mais rápido ele caminha. Pisando cada passo com poder e confiança, Trick entra no ringue.

Ele arranca o roupão e o joga no canto. Ele encara seu oponente por um longo tempo antes de se retirar para o seu canto. Boss coloca coisas no rosto enquanto late para ele. O árbitro verifica o bocal e os punhos de Trick.

— Limpe a porra da sua cabeça. — Boss bate nas têmporas de Trick.

Ele assente, pulando de um pé para o outro. Estou de pé com as mãos em punhos.

— Vamos, querido — eu sussurro para mim mesma.

O sino toca. Os lutadores dançam um ao outro. O outro homem dá um soco, acertando na mandíbula de Trick. Ele nem tenta se esquivar. Ele absorve e os próximos quatro que aparecem em seu caminho.

Olho para o canto dele e vejo Riot e Boss agarrados à gaiola. As veias no templo Boss palpitam de frustração. Os ombros de Trick caem quando a campainha toca. Boss o ridiculariza quando seu traseiro bate no banquinho no canto. Trick assente como se estivesse ouvindo.

Antes que o tempo acabe, Boss se inclina e sussurra algo em seu ouvido. Não pensei que fosse possível Trick cair mais do que ele já estava. Eu estava errada. Boss dá um tapa em suas costas. Sua voz é tão elevada que posso ouvir cada palavra.

— Estou falando sério, Trick. Droga, eu quero dizer isso. Eu sempre estarei em cada luta sua, ao seu lado.

Parece que a conversa animada não foi boa. Trick continua a levar soco após soco. O sangue cobre seu rosto e derrama sobre o tapete. Olho para o relógio para ver que restam trinta segundos no segundo turno. O outro homem pune Trick com um joelho brutal na caixa torácica. Isso encaixa algo nele. Eu vejo o momento em que isso acontece. Os olhos de Trick finalmente brilham para a vida.

Os músculos do bíceps dele se flexionam de raiva. Ele avança em seu oponente, embora os punhos estejam voando em seu caminho. Isso acontece tão rápido. Trick puxa o braço para trás e dá um soco brutal no rosto do homem. Ele tropeça de volta para o tapete. Trick pula em cima dele, chovendo golpe após golpe. A cabeça do homem balança de um lado para o outro no tapete.

O árbitro luta para fazer Trick parar. Boss se esforça para chegar a Trick. O juiz recorre a um empurrão no ombro de Trick. Isso chama a atenção dele. Boss está lá para levar Trick de volta ao seu canto. Não há comemoração em seu canto ou pelo próprio homem. Não impede a multidão de ficar louca.

Boss sinaliza para Layla. Ela corre para o pai e depois de volta para mim.

— Papai quer você no vestiário em dez minutos. — Ela assente e sai controlando a multidão. Ela é uma coisinha, mas tem bolas de aço.

Engulo em seco e sinto cada minuto passando em agonia. Meus passos são pesados enquanto eu volto para o vestiário. Ouço gritos antes de abrir a porta. Meu coração cai na boca do estômago.

Quando eu abro a porta, Trick olha para mim. Ele está chateado. Nada além de ódio e raiva brota dele.

— Porra, Mack? — Ele bate no peito. — Isso é a porra do meu negócio. Não o seu.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 21

Trick

Um erro. Foi assim que foi toda essa partida. Eu deixei minha mente vencer a dedicação e o treinamento. Tomei esses socos como uma forma de punição. A voz suplicante da minha mãe ecoou na minha cabeça. Ela precisa de mim e eu dei as costas para ela.

Eu abro a porta do vestiário. Ela quica na parede. O som estridente reverbera pelas paredes.

— Foda-se — eu rugo, socando a parede. Nem meus envoltórios podem proteger meus dedos. Eu os sinto esmagar e rachar.

A porta se abre atrás de mim. O rosto irritado de Boss me encara. Não é bom. Eu estou em uma merda profunda com ele e a associação. Uma multa pesada vai me dar um tapa. Eu espero a surra dele. Isso nunca vem. Ele puxa meu celular do bolso e o estende para mim. A tela está iluminada com textos da minha mãe. Eu li cada um. O chão embaixo de mim treme. Ele pode me odiar, mas eu nunca parei de amá-lo, e agora o cara que costumava ser meu herói está morrendo.

— Explique. — Rosna Boss.

Eu olho para ele.

— Você conhece a história.

— Sim, eu sei, mas ainda não consigo juntar as peças. Gostaria de pensar que você era um homem mais forte do que a merda que eu vi lá. Você perdeu o controle, Trick.

Eu abaixo minha cabeça.

— Sim

Não há como discutir com ele. Eu estraguei tudo. Fugi da minha realidade e agora estou em um mundo de dor. Eu não poderia me importar menos com a multa. Inferno, os lutadores levam um tapa para baixo o tempo todo. O homem que está na minha frente é quem eu temo. Eu o decepcionei, e isso dói mais.

— O que é preciso para você se endireitar, Trick? — Ele dá um passo em minha direção.

Eu mantenho meu olhar nos meus pés. Gotas de poça de sangue no chão.

— Eu não sei, e isso me assusta muito.

— Deveria. Hora de se preparar, filho. Você resolve o problema ou deixa para lá.

— Não é tão simples assim.

— Olhe para mim — ele rosna. Boss pega uma garrafa de água e a estrangula na parede. — Você deveria ter visto sua garota. Ela estava toda dividida e preocupada com você.

Inclino minha cabeça em questão.

— Você deixou seu telefone na casa de Jag. Ela trouxe para mim depois de ler os textos. Você está atrapalhando e arrastando ela para baixo junto com você. É isso que você quer?

Essa informação tem o poder de me provocar novamente. Meu coração bate contra o meu esterno. Nem uma vez eu liberei sua roupa suja. Nem uma fodida vez. Eu mantive isso perto de mim e a observei caminhar por tudo isso.

— Porra, ótimo — eu grito.

A porta do vestiário se abre novamente. O assunto principal da nossa conversa está me encarando de olhos arregalados. Não é o momento certo. Mais uma vez, meu coração e minha cabeça lutam um contra o outro. O mal vence.

— Porra, Mack? — Eu bato meu peito. — Isso é a porra do meu negócio. Não o seu.

Ela dá um pequeno passo para trás. Abro a boca para colocar mais na frase, apontando que nunca a empurrei tão longe como ela me fez. Antes que eu possa dizer uma palavra, uma mão envolve minha garganta e minhas costas estão contra a parede. Boss grita na minha cara.

— Eu sugiro que você cale a boca antes de estragar tudo. — Ele aumenta seu aperto. — Você está reagindo. Fazendo exatamente a mesma coisa que eu te treinei para não fazer há anos.

Olho para Mack pelo canto do olho. Finalmente, as palavras de Boss absorvem. Estou fora de controle. Eu a machuquei, e essa é a única coisa que eu nunca quis fazer. Fecho os olhos e inspiro através da pressão aplicada na minha garganta.

— Vou recuar agora, e eu espero que seja melhor você ganhar o controle, filho. — A mão do Boss cai e ele recua.

— Sinto muito, Mack. — Dou um passo em sua direção, e ela recua. Tudo o que ela lutou nos últimos meses desaparece diante dos meus olhos. — Não há desculpa para o que acabei de dizer. Eu fui um idiota e aceitaria de volta se pudesse.

Layla coloca a cabeça na porta. Ela percebe o humor intenso imediatamente. Cruz está logo atrás dela. Boss balança a cabeça para a filha. Tudo o que precisa ser dito para mantê-la atualizada é tudo expresso em um único gesto.

— Mack, querida, venha comigo. — Layla puxa seu braço. — Vamos deixar esses caras conversarem.

Ela não hesita, se virando, abraçando o corpo de Layla. Não perco o fato de que ela abaixa a cabeça e nunca olha para trás. Boss vai até a porta e a fecha com força. Cruz relaxa na parede, cruzando os braços sobre o peito.

— Ninguém vai embora até você resolver isso, Trick. Nós três temos a noite toda.

Cruz inclina a cabeça em questão. Boss não tem escrúpulos em contatá-lo. Ele não faz merda. Isso está me destruindo e também me curando ao mesmo tempo. Ouvir as palavras proferidas em voz alta me obriga a enfrentá-la. Algo que eu nunca fiz. No momento em que saí da minha casa de infância e a porta bateu, o mesmo aconteceu com o capítulo da minha vida. Claro, tive meus momentos em que desejei muito no inferno que meus pais estivessem na multidão me apoiando.

— Trick decidiu também atacar Mack quando tudo o que ela estava fazendo era apoiá-lo. Então, neste ponto, ele está determinado a destruir tudo em sua vida, desde sua carreira até sua família e Mack.

Sua última frase rasga um rosnado de mim.

— Não estou afastando Mack. Eu reagi. Isso é por minha conta.

— Então, o que você vai fazer para consertar isso? Parece-me que você não está fazendo nada. Sua mãe. — Ele acena meu telefone no ar. — A mulher que deu à luz você está implorando para você voltar para casa. Sim, seu pai pode ser um idiota quando você chegar lá. Essa não é a questão. Sua mãe precisa de você.

— Sim. — Eu abaixo minha cabeça novamente.

— Eu porra te conheço melhor do que ninguém, Trick. Você é um que ajuda e conserta. Você não vira as costas para as pessoas do seu mundo. Não posso forçá-lo a voltar para casa por um tempo. Você tem que escolher. Sei que é uma coisa que você vai se arrepender pra sempre se não fazer as pazes, por mais feio que seja o seu passado.

— Leve-me para a gaiola — eu respondo. — Eu preciso de uma liberação.

— Cara, você já está espancado. Não faça isso — acrescenta Cruz.

— Eu preciso. Estou rachado e preciso que essa lacuna seja rasgada. Tudo precisa ficar em silêncio só um pouco.

Boss lidera o caminho de volta para o ringue. Todo mundo já desapareceu há muito tempo, exceto Riot e alguns outros lutadores. Cada um deles se revezam comigo no ringue. Eu não paro até eu lutar contra todos os filhos da puta. Eles não são fáceis para mim. Eu dou tudo através da minha névoa exausta e nebulosa. O rosto do Boss é o último que vejo. Seu punho voa para o meu rosto, e então as luzes se apagam.


CAPÍTULO 22

Mack

Layla me fez chá. Belle me colocou no chão da sala, empurrando boneca após boneca na minha cara. A gracinha do turbilhão não me dá tempo para pensar na lembrança do olhar odioso de Trick. Layla sussurrou algumas vezes que tudo ficará bem. Meu instinto conta uma história diferente.

Belle esfrega os olhos, sua cabeça balança de um lado para o outro, então ela pula de pé, dançando um pouco. É adorável. Ela está fazendo o possível para se manter acordada.

Layla fala com ela em espanhol. Belle balança freneticamente a cabeça de um lado para o outro.

— Papi. Não dorme. — Ela acena um dedo para a mãe.

— Teimosa. — Layla murmura baixinho.

A porta da frente se abre. A forma massiva de Cruz a preenche. Belle grita e corre para o pai. Ele a agarra, deixando beijar sua pimenta por todo o rosto. Depois que as balbuciarias de Belle desaparecem, Cruz faz contato visual comigo.

— Eu vou levá-la até a casa de Trick. — Ele sacode o queixo.

— Não. Vou de bicicleta para casa. — Eu me levanto, esticando minhas costas.

— Ele pediu por você. — Cruz ajusta Belle em seus braços. — Ele foi muito persistente sobre isso.

— Ele está... — Faço uma pausa antes de poder terminar. — ...ainda está chateado comigo?

Cruz balança a cabeça.

— Parece uma mer... cocô pelo que ele disse. Ele trabalhou algumas coisas. Ele vai ficar bem.

Eu aceno e respiro fundo.

— Eu acho que seguirei em frente.

Belle dá um tapa no peito.

— Eu vou, Papí, eu vou.

Em uníssono, Layla diz à filha que não, enquanto Cruz diz que sim. Depois de um intenso olhar entre os pais, Cruz sai pela porta. Eu o sigo escada abaixo. Sou grata mais uma vez pela criança tagarela. Ela continua falando sobre as estrelas e a lua durante todo o passeio.

— Obrigada. — Pego a maçaneta da porta da frente de Trick.

— Mack. — Cruz estende a mão, tocando meu ombro. — Você aprenderá que estar com um lutador não é fácil. Nós engarrafamos e acabamos soprando. Nós nos importamos, lutamos muito e amamos ainda mais. Certifique-se de que é um estilo de vida que você possa lidar e, por favor, dê uma chance a Trick.

Não recuo ou hesito antes de responder.

— Eu faria qualquer coisa por ele. Eu devo tudo a Trick. Ele é dono do meu coração, e eu nunca vou pegar de volta até que ele diga.

Cruz assente. Belle me manda beijos no ar, e então eles desaparecem na escuridão da noite. As gargalhadas de Belle ecoam na rua. Esse grupo de pessoas me mostrou o verdadeiro significado da família e sem piscar um olho, me receberam no círculo.

A porta se abre. O apartamento de Trick está mortalmente silencioso. A vibração flutuando me enerva. Continuo entrando. Ouço a voz dele saindo do quarto. Eu caminho até a entrada, me inclino na fechadura da porta e estudo a forma curvada de Trick. Os cotovelos repousam na parte superior das coxas, uma mão segurando um telefone no ouvido enquanto a outra está presa no cabelo.

— Eu voltarei para casa por uma semana. — Sua voz racha em cada palavra.

Silêncio.

— Sim, mãe, também te amo. — Ele joga o telefone em sua cama.

Eu não me mexo. Não posso. Se eu for honesta, quero correr. Seria a coisa mais natural a se fazer. Estou aqui para lutar. Se Trick pode punir seu corpo dia após dia, eu posso lutar por nós.

Ele finalmente olha para mim. Sua mandíbula relaxa e, após longos momentos, ele passa a mão pelo rosto, estremecendo de dor.

— Venha se sentar. — Ele dá um tapa na cama. — Por favor.

Vou até ele, mas não me sento como ele me pediu. Em vez disso, caio de joelhos e corro para frente entre as pernas abertas. Eu levanto uma mão e seguro seu rosto, mantendo minha outra mão no topo de sua perna.

— Estou aqui, Trick. Eu não vou sair ou vou surtar em você. Deus sabe que eu corri e fui muito brutal com você no começo.

— Eu estou indo para casa. — Ele estremece.

— OK. — Eu o encorajo a continuar.

— Acho que papai foi diagnosticado com câncer de pâncreas há alguns anos. O imbecil teimoso recusou o tratamento. Mamãe fez o possível para enfiar tratamentos holísticos na garganta dele. Isso prolongou a vida dele, mas chegou a hora.

— Eu sinto muito, querido. — Eu escovo sua mandíbula onde milagrosamente não há machucados ou cortes. Não consigo me concentrar no rosto dele agora. É vinte vezes pior que da última vez.

— Ela está sofrendo tanto. Isso a esmagou quando eu saí. Ela fez o possível para manter o que podia junto. Ela precisa de mim, e eu me sinto um merda por ignorá-la por tanto tempo. Eu lhe dei tão pouco.

— Pare. — Levanto-me, sentando-me no colo dele. Eu passo meu braço em volta do pescoço e descanso a bochecha em seu ombro. — Não se atreva a se bater nisso. Trick, você me ensinou uma coisa, e isso é que o nosso passado não nos define. Sempre temos o poder de mudar e viver a vida. É isso que você vai fazer.

— Você irá comigo? — Seus dedos cavam no meu quadril.

— Sim. Nem preciso pensar nisso. O amor supera tudo, até meu medo de ser enjaulada em um automóvel em movimento.

— Temos férias de outono na próxima semana na escola. É um dia e meio de carro para Idaho. Podemos sair amanhã à tarde para encerrar as coisas.

— OK. Vou precisar verificar com Gene e avisar o centro que ficarei fora por uma semana. Podemos trabalhar em nosso projeto na unidade.

— Eu sei que você disse que não precisava me desculpar, querida, mas você não tem ideia de como sinto muito por gritar com você assim.

— Eu posso ter ultrapassado olhando o seu telefone. Eu prometo a você que tudo veio de boas intenções.

— Eu sei. — Trick cai de volta na cama, me puxando em cima dele.

Eu me mexo até ficarmos alinhados e estou olhando para o rosto machucado dele. Mesmo com o inchaço e as contusões, ele ainda é sexy como o pecado. Ele é o símbolo de segurança, amor e vida.

— Você está fazendo um dos meus desejos e sua promessa se torna realidade. — Eu esfrego meu nariz no dele.

— E o que é isso? — Suas mãos cansadas correm para cima e para baixo ao longo das minhas costas.

— Eu poderei montar no Rooster. Você me disse que um dia eu faria. — Um sorriso cobre meu rosto.

Isso dá uma leve risada nele. Ele até consegue me oferecer um sorriso torto.

— Sim, querida, você poderá montar no Rooster. Podemos ir às fontes termais à noite, brincar no celeiro e comer no único restaurante da cidade.

— Brincar no celeiro? — Eu pisco para ele.

— Você não pode ser considerada a namorada de um garoto de fazenda ou cowboy se não tiver mexido no feno algumas vezes.

Balanço a cabeça para ele.

— Parece um plano, Stan.

— Minha mãe vai te amar, Mack. — Ele se inclina e beija meus lábios.

Essa ação simples cessa toda a conversa. Nossos corpos moem um contra o outro. Nossos lábios devoram, e as línguas nadam e mergulham. Trick tira minha blusa e depois faz o trabalho rápido do meu sutiã.

Suspiro aliviada quando consigo abaixar as calças de ginástica. Tirar meus shorts prova ser mais difícil.

Quando estamos nus, Trick sussurra.

— Cuide de mim hoje à noite, Mack-A-Bee.

Meu coração incha no meu peito. O orgulho bate nas minhas veias porque há mais do que eu quero fazer neste momento. Eu levanto o suficiente para afundar nele. Eu aprecio a sensação de rastejar sobre ele em um ritmo torturantemente lento. Minhas unhas cravam na carne de seu peito quando ele está todo o caminho.

A sensação da posição é muito mais intensa do que qualquer coisa que eu já senti. Não consigo me mover por longos períodos de tempo. Nenhum de nós diz uma palavra. Os dedos de Trick apertam a carne ao meu lado. Nesse intervalo de tempo, sei sem sombra de dúvida que esse homem é meu para sempre. Eu vou ficar ao seu lado através dos altos e baixos. O pensamento me limita, balançando todas as emoções. Meus olhos estão cheios de lágrimas felizes quando começo a rolar meus quadris.

— Oh meu Deus, Trick. — Eu gemo, me movendo um pouco mais rápido.

Ele morde o lábio inferior, enjaulado em um gemido.

Ondas de prazer correm dentro de mim, me deixando bêbada. Eu quero que dure mais tempo. Não tenho disciplina para desacelerar. Eu me movo mais rápido e mais forte batendo nele. Um grito rasga do meu peito quando as ondas aumentam e me levam para baixo. Os tremores secundários afetam infinitamente meu núcleo. Quando penso que tudo acabou, Trick empurra para dentro de mim. Ele trabalha os quadris em um movimento implacável.

— Trick... Trick... Trick. — Eu gemo repetidamente, segurando seu peito.

A maneira como ele está se movendo debaixo de mim atinge cada um dos meus nervos, me jogando de volta à beira. Ele me bate nele com a cabeça jogada para trás. Ele geme uma vez e duas vezes antes de um rugido gutural cair de seus lábios.

Eu o sinto pulsar uma vez dentro de mim. É o meu gatilho. Estou gritando e gemendo junto com ele. A evidência de nosso amor é lisa, quente e úmida entre nós. Eu sou gananciosa, rolando meus quadris sobre ele mais algumas vezes.

Nós não limpamos. Nem nos escondemos. Eu desmorono no peito de Trick. Seu coração batendo forte no meu ouvido. O ritmo hipnótico me acalma e, em questão de momentos, meus olhos se fecham.


CAPÍTULO 23

Trick

— Está tudo pronto. — Mack fecha a tampa do laptop dela.

— Somos uma equipe durona. — Olho por cima e pisco para ela.

Estamos a cerca de uma hora da minha cidade natal. Ainda estou impressionado com o fato de Mack não piscar uma vez sobre pular no meu caminhão. Nem mesmo um vacilo. Eu esperei e esperei pelas primeiras horas da viagem por um surto, e isso nunca aconteceu. Não achava que era possível me apaixonar mais e mais profundamente por ela.

Mack se inclina e enfia o laptop na mochila. Antes de se sentar, ela puxa um saco de Swedish Fish da nossa sacola de lanches. Balanço a cabeça, sabendo exatamente o que está prestes a acontecer. Minha garota desajeitada. Faço o possível para observar a estrada e vislumbrá-la pelo canto do olho.

Ela agarra a bolsa com as duas mãos, bisbilhotando. Isso continua por cinco segundos sólidos até que a bolsa faça um leve som de estalo seguido de uma chuva de peixe gomoso vermelho.

— Droga. Toda vez — ela murmura, arrancando os doces vermelhos do colo.

Eu faço o meu melhor para manter as risadas. Não funciona. Eu jogo minha cabeça para trás e solto. Mack faz sua melhor versão de um olhar. Leva apenas alguns segundos antes que ela ria junto comigo.

— Quer um? — Ela pendura um peixe.

— Não. — Balanço a cabeça. — Vou ter que observar minha dieta enquanto estiver fora.

Faltar à academia e meus irmãos será uma luta maldita. Eu tive que sair de duas lutas para esta viagem. Eu provavelmente poderia ter feito o segundo, mas nunca quero perder o controle, como fiz na outra noite. Não tenho ideia de onde minha cabeça estará depois de tudo isso cair. Não vou arriscar outra chance de parecer um idiota.

Mack continua mexendo o peixe na minha cara antes que ela o passe pelos meus lábios. Eu continuo focando na estrada. A estrada é árida. Não passamos por um carro há horas.

— Vamos lá, cara durão. Um peixinho não vai te matar. — Ela bate no peixe no meu queixo.

Quando ela está prestes a perder a esperança de eu morder a isca, eu o arranco de seus dedos. Mack grita, mas antes que ela possa recuar, eu puxo seu dedo com os dentes.

— Merda, você me assustou muito.

Eu chupo seu dedo antes de soltá-lo.

— Esses pequenos bastardos são saborosos.

Ela solta e corre para o assento central. Esta não é a primeira vez que ela tenta. A fez manter sua doce bunda apertada. Vou deixar passar desta vez, considerando que acabei de sair em uma estrada secundária.

— Você nunca comeu Swedish Fish? — Ela descansa o queixo no meu ombro.

— Não, nunca fui muito cara de doces até o primeiro gosto da sua boceta.

— Trick, nojento!

Porra, é tão fácil irritar sua bunda.

— Não há nada desagradável em sua boce...

Ela passa a mão na minha boca. Como uma criança, eu lambo. Nós compartilhamos uma longa risada. As milhas passam com a mulher que amo ao meu lado. Ela pode ter o poder de me convencer disso. Mal posso esperar para ver o olhar dela quando ela experimenta Small Town, EUA.

— Me alimente outro peixe, mulher.

— Não pode, menino mau lutador. Lembre-se, você está de dieta. — Mack esfrega sua bochecha no meu ombro.

Eu puxo meu caminhão para o lado da estrada e paro no acostamento. Eu me viro para Mack, e olho fixo na direção dela. Ela congela, tentando descobrir o que diabos está acontecendo. Eu avanço antes que ela tenha uma chance de revidar. Meu corpo cobre o dela. Eu chego à sacola do chão, pegando o saco de Swedish Fish, puxando-o entre nós.

— Tri...

Eu a cortei com um selo dos meus lábios. Mack não protesta. Nós encontramos o nosso ritmo. Quando meu pau bate em meu zíper, eu vou para o Swedish Fish, pegando um da bolsa e arrastando-o para os lábios de Mack.

Eles se separam, e sua língua sai girando em torno do doce de gelatina vermelha, como ela fez no meu pau algumas vezes.

— Foda-se — eu rosno.

Mack pega o doce da minha mão em um movimento que eu nunca vi acontecer. Parece ser o tema com ela. Ela está me derrubando de surpresa a cada esquina. O peixe está agora pressionado contra os meus lábios. O pego entre os dentes e balanço as sobrancelhas. Mergulho de volta à boca dela. O peixe flutua entre nossos lábios até que seja impossível dizer a quem pertence.

Nós passamos para lá e para cá enquanto nossas línguas se fodem. Nossas mãos ficam selvagens puxando e arrancando as roupas um do outro. Mack abre a braguilha do meu zíper, agarrando freneticamente para libertar meu pau. No momento em que ela termina o trabalho, as luzes azuis e vermelhas fazem uma serenata para nós.

— Porra. — Eu lambo meu lábio inferior, lambendo o xarope doce do doce.

Eu levanto, colocando meu pau furioso de volta na minha calça jeans. Mack espelha todos os meus movimentos, ajeitando suas roupas. Nós fazemos o nosso melhor, mas não há como confundir nossos cabelos despenteados e olhos nublados.

— Alguma razão para você estar do lado da mil e duzentos da County Road? — O oficial ajusta seu distintivo.

Demora cerca de cinco segundos para a lembrança acontecer. Eu o reconheço ao mesmo tempo que ele me reconheça.

— Trenton?

— PJ! — Eu torço no meu lugar. — Como você está?

Ele dá um passo para trás.

— Merda, não posso acreditar nisso. Vi placas de fora do estado na beira da estrada e imaginei que não passava de problemas. Acho que eu estava certo.

Sua risada calorosa bate a no rio e ecoa pelas montanhas emoldurando a estrada.

— Sem problemas. — Olho para Mack. — Estou voltando para casa e mostrando a minha garota todas as atrações.

Ele olha em volta.

— Sim, estamos em uma participação de merda para semi-caminhões. Não há nada espetacular neste lugar. — Fico chocado quando ele ri e sorri de volta para mim. PJ bate na lateral da minha caminhonete e tira o chapéu.

— É bom ver você de volta aqui.

— Obrigado. — Eu mudo no meu lugar, já que minhas bolas estão sendo sufocadas pelo meu zíper.

— Você sabe que sua cidade natal elogia sua bunda feia toda vez que você está na ESPN.

Concordo, sem palavras para responder. É um punhal direto para o meu ego e alma. Ele pode não saber, mas ele é apenas meu Robin Hooded.

— Sua mãe sempre tem sua famosa torta de ruibarbo em todas as lutas no jantar de Dino. A cidade inteira está ansiosa por isso.

Porra, é mais como um facão para o meu coração palpitante. Eu continuo assentindo, e não está perdido para mim que Mack ouve tudo isso.

— Que bom ouvir isso. Enfim, estamos prestes a voltar à estrada. Vejo você por aí, cara.

Faço isso como uma declaração e não como uma pergunta, na esperança de evitar uma multa. PJ Simpson e eu frequentamos ao jardim de infância. Ele era o garoto que chorava por sua mãe e mijava nas calças diariamente.

— Pegue uma cerveja no Rusty Raccoon antes de eu sair?

— Inferno, sim. — Responde PJ.

— Parece bom, cara.

Ele bate na lateral do meu caminhão mais uma vez para uma boa medida antes de se retirar para o caminhão.

— Trick. — Mack guincha. — Esse era o xerife.

Seu rosto ficou pálido como um lençol branco.

— Sim. — Eu concordo.

— Você conhece seriamente o xerife?

Estendo a mão, agarrando sua perna e puxando-a em minha direção.

— Querida, eu não conheço apenas o xerife, mas o prefeito, o legista do condado, todos os professores do ensino fundamental, funcionários do condado, comissários e garçons da cidade. É assim que tudo funciona.

Ela revira os olhos para mim.

— Você é tão cheio de merda.

— Com o tempo, querida. Você vai ver. — Mack se aconchega ao meu lado enquanto eu paro na estrada do condado. — Você não pode cagar por aqui sem que seus vizinhos cheirem.

Quando nossa marca de fazenda aparece, Mack está roncando no meu ombro. Ela desmaiou assim que chegamos à estrada de terra esburacada. Embalando seu direito de dormir. Os faróis acenam e refletem no celeiro emoldurado em vermelho-sangue, e então a casa branca aparece. Minha pressão arterial aumenta muito.

Mack se mexe ao meu lado. Seguro o volante com as palmas das mãos suadas. Há uma visão diante de mim que eu tinha certeza de que nunca mais veria. Memórias de infância relembram em um rolo de vídeo. Tantas lembranças incríveis até o momento em que eu disse ao meu pai que queria algo mais que o rancho e a fazenda. Depois daquele dia, tudo correu ladeira abaixo. Eu estava perdido e esquecido.

— Estamos aqui? — Uma Mack sonolenta senta, esfregando os olhos.

— Sim, querida. — Eu coloquei o caminhão na garagem. Mamãe sai da varanda coberta, protegendo os olhos com Dingo ao seu lado. A visão da coleira azul do pastor Dingo coloca um sorriso de merda no meu rosto.

Mamãe não espera nos degraus. Ela corre até o caminhão. Não tenho tempo para abrir a porta antes que ela abra entre. Ela cai no meu colo, me abraçando. Suas lágrimas caem no meu peito.

— Meu bebezinho. — Ela se recosta, a luz da cabine iluminando o interior da minha caminhonete. — Seu rosto. Trenton, coloque sua bunda em casa. Eu tenho algumas ervilhas congeladas.

Antes que eu possa protestar, mamãe tira Mack do caminhão e a leva para dentro. Balanço a cabeça. Algumas coisas nunca mudam. Eu sempre fui o filho da mamãe. Eu me inclino na carroceria da minha caminhonete antes de pegar as malas na parte de trás. Examino os contornos fracos das montanhas que fazem fronteira com nossa propriedade. O celeiro, as silhuetas do rebanho e os malditos currais. Eu olho tudo antes de ir para a casa.

Mamãe coloca uma xícara quente de chá na frente de Mack. Aperto o ombro de Mack, sabendo que ela deve estar em choque com a ousadia de mamãe Jameson. Amigos sempre usam a porta da frente. E em termos de país, isso significa a porta dos fundos. Acontece que a porta dos fundos leva direto para a cozinha. Mack não tinha ideia de que ela foi levada direto para o templo de mamãe. Ninguém sai da mesa da Sra. Jameson em menos de dez minutos.

Sabendo disso, levanto Mack até a posição de pé e sento de volta. Não parece muito bom, considerando que minha bunda está sentada há horas a fio. É quando eu coloco Mack de volta no meu colo que tudo desaparece.

— Eu não posso acreditar. — Mamãe se inclina para mim, apertando minhas bochechas, ignorando o fato de Mack estar no meu colo. — Senti sua falta, filho.

Quando minha mãe beija minha testa, eu sei que tudo ficará bem no final. Não significa que não será doloroso, ou pelo menos, miserável como o inferno. Sua reação a mim voltando para casa faz a viagem valer a pena.

— ALICE!

O rugido assusta Mack.

— Entre aqui.

Um estrondo ecoa por toda a casa. Mamãe se assusta por um breve segundo e depois se afasta. Eu corro, endireitando Mack em seus pés antes de segui-la.


CAPÍTULO 24

Trick

Aquela voz. A dureza que rodeia as bordas e o ódio que ata cada sílaba formam uma forma de suor gelado na base do meu pescoço.

— Jesus — eu sussurro.

Uma concha de homem está no chão. Papai tenta se levantar apenas para cair de volta. Eu permaneço na porta, observando o estado dele. A morte está batendo na porta, não há dúvida sobre isso.

— Aqui, querido. — Mamãe se inclina, tentando ajudar o pai a voltar para a cama.

Eu não aguento mais assistir. Eu entro.

— Cuidado, mãe. — Eu a levo para o lado.

Tudo no meu pai pode ter mudado. Não reconheço o homem deitado diante de mim. Ele é pele e ossos. As meias luas negras emolduram seus olhos fundos. A única coisa familiar é o ódio que ele tem por mim em seu coração. É evidente em seu olhar.

— Não se atreva a me tocar — ele assobia.

Eu o ignoro, curvo e o pega nos meus braços. Meus músculos não se tensionam. Aposto que ele não está pesando nem noventa quilos. Eu ando em volta do fundo da cama. Não sei como ele saiu do lado oposto. Eu não posso olhar para ele.

— Coloque-me porra no chão, Trenton. — Ele faz o possível para fechar o punho e dar um soco no meu peito.

Eu falo. Esse filho da puta teimoso e mal-educado não quer ajuda nem no leito de morte. Não pode nem reconhecer o fato de que seu único filho está em casa. Torna-se claro que ele nunca me perdoará. Pontes nunca serão reparadas. Não importa mais para mim. Boss estava certo. Minha mãe precisa de mim.

Pego a visão de Mack pelo canto do olho enquanto coloco meu pai na cama. Ignorando seus gemidos e grunhidos, eu puxo seus cobertores.

— Nunca mais porra me toque, Trenton. — Uma chuva de tosse o ataca.

Espero até o quarto ficar em silêncio. Eu endireito minha espinha e sacudo o queixo, firmando-me para fazer algo que nunca fiz, e isso é para me manter firme nesse homem. Com anos de atraso.

— Parece que você não tem escolha, Pai. — Eu arrasto a última palavra para enfatizar. — Mamãe precisa de ajuda, e é por isso que estou aqui. Segui seus passos um pouco, dando as costas às pessoas que amo. Precisei da minha família do Diablo’s Throne para me fazer perceber que homens de verdade não fazem essa merda. Cuspa todo o seu ódio do seu jeito, se isso faz você se sentir melhor, pai. Isso não vai me fazer sair.

— Eu não tenho um filho — ele responde, rolando de lado, me dando as costas.

Eu dou a volta na cama, ficando bem na cara dele.

— Você sabe que tem, e ele está bem aqui na sua frente, mais forte que você. Engula essa pílula e seu orgulho enquanto estiver nisso, pai. Eu sou um campeão mundial de MMA e tenho orgulho disso, não importa o quanto você queira derrubar. Me dê tudo o que tem, velho. Você não estará me fazendo fugir.

Eu me levanto. Quando me viro, os olhares nos rostos de mamãe e Mack não são aqueles que eu quero lembrar. Isso precisava acontecer, estava muito atrasado. Não era bonito, mas com certeza me fez sentir mais leve.

Eu mantenho as costas para o meu pai.

— Mãe, não tente levantá-lo novamente. Esse é o meu trabalho a partir de agora. Eu não dou a mínima se ele não suporta.

Estou no meio do corredor quando mamãe chama meu nome. Eu me viro, tenso, sabendo que ela está prestes a chutar minha bunda. Sempre foi seu trabalho manter a paz. Está desgastado nela. Ela parece anos além da idade dela.

— Que mãe? — Eu estremeço com a dureza da pergunta. — Desculpe, estou exausto.

Ela não diz uma palavra quando bate no meu peito, passando os braços em volta da minha cintura. Sua pequena estrutura treme. Eu me inclino e beijo o topo da cabeça dela. Soluços assolam seu corpo. Tudo o que posso fazer é segurá-la enquanto ela solta.

— Obrigada, Trenton. — Ela finalmente consegue dizer. — Eu te amo.

— Também te amo, mãe. — Eu a balanço de um lado para o outro. — Vamos levá-la para a cama.

— Eu preciso ir verificar o celeiro. Tem duas vacas prontas para dar à luz.

Eu me inclino para trás, olhando para ela.

— Você está brincando comigo?

— Não, são apenas duas hoje à noite. — Ela encolhe os ombros.

— Prepare sua bunda para dormir. Eu cuidarei disso.

Ela aponta um dedo direto no meu rosto.

— Você pode ser um homem crescido agora, Trenton William Jameson, mas esse palavreado precisa ser limpo.

O canto dos meus lábios aparece em um sorriso torto.

— Boa sorte com isso. Agora vá se arrumar para dormir e mostre a Mack onde estamos dormindo.

Não dou tempo para ela protestar, passando por ela e entrando no celeiro. Faz anos desde que eu fiz essa caminhada no escuro. O depósito atrás do portão ainda está lá, a vala ao lado do velho carvalho também está lá. Consigo manobrar meu caminho sem esbarrar em nada. Quando abro a porta do celeiro, fico atordoado. Eu estremeço com os destroços. Há quanto tempo minha mãe tenta manter o funcionamento e cuidar do meu pai?

— Aquele bastardo egoísta — eu rosno, assustando um gato no celeiro.

Ele tem mais dinheiro do que jamais gastará, mas é tão teimoso que está colocando minha mãe nisso. O orgulho egoísta não apenas arruinou nossa família, mas também está derrubando minha mãe. Ele está matando-a bem com ele quando morre. Não me surpreenderia se esse fosse seu objetivo final.

Pego o forcado e começo a limpar as baias. O revestimento prateado está no fato de eu estar fazendo meu cárdio. Algumas das vacas da mamãe se agitam em suas baias. Uma delas mostra sinais de pós-parto com o rabo preso no ar. Em breve. Estou um pouco enferrujado com essa merda, então espero que ela tenha o bezerro sozinha. A maioria delas faz. No entanto, parece que as que precisam de ajuda sempre fazem no meio da noite.

Depois que todas as baias vazias estão limpas e a cama de palha fresca foi colocada, começo a empilhar o feno. Como diabos minha mãe estava descendo do loft está perdido em mim. Inferno, é preciso toda a minha força para fazê-lo. Crio uma pilha alta para que seja facilmente acessível a partir do nível do solo.

Encontro Mack e mamãe com a cabeça em um álbum de fotos. Mack tem a boca coberta de risadinhas escapando atrás dela.

— Ele estava tão orgulhoso de sua salsicha. — Acrescenta mamãe.

Toda essa cena me faz sorrir. Eu poderia ficar de fora e dar a mamãe um inferno por me envergonhar, mas não vou, porque é uma sensação boa entrar nessa. Não percebi o quanto perdi o trabalho no rancho até minhas mãos sujarem. Eu me inclino na parede, cruzando os braços, observando as duas. É tão fácil imaginar Mack e eu envelhecendo nesta casa, criando nossos filhos do jeito certo e fazendo memórias ao longo do caminho.

— Você voltou. — Mamãe se levanta.

— O celeiro estava uma bagunça, mãe. Por que você não contratou ajuda?

Ela me encara como se eu fosse uma idiota. Nós dois sabemos a resposta.

— Eu tenho isso sob controle.

— Realmente? — Eu levanto uma sobrancelha.

Ela afunda os ombros, e é aí que vejo o hematoma que envolve seu pulso espreitar pelo suéter. Dou um passo à frente e agarro sua mão, puxando sua manga.

— O que é isso?

Ela puxa de volta, mas eu não a deixo ir. Eu empurro olhando para ela.

— Mamãe.

— Eu caí.

— Onde?

— Droga, Trenton, o palheiro. Foi uma vez e uma entorse simples.

Eu cerro os dentes.

— Jesus, mãe, então você está me dizendo que eu poderia apertar seu pulso e você não estremeceria?

Ela balança a cabeça.

— Nós estamos indo para o hospital.

Desta vez, ela consegue se afastar.

— Não, eu tenho que ficar aqui com seu pai. Estou bem. Vai curar.

Eu abro minha boca para rasgar nela. Minha proteção sobre ela começa a se enfurecer.

Mack vem para o meu lado, estremecendo quando vê o pulso de mamãe. E pensar que ela tentou pegar meu pai mais cedo. A culpa surge, lavando essa situação sensível.

— Leve ela para a cidade. Vou sentar com seu pai. — Mack diz com confiança em sua voz.

Mamãe protesta por todo o caminho. De alguma forma, Mack e eu conseguimos colocá-la no caminhão. Mack acena da varanda quando eu saio.

— Eu gosto dela — mamãe fala.

— Eu a amo.

— Ela é a única.

Olho para minha mãe com um olhar interrogativo.

— Como você saberia?

Bato no volante com a palma da minha mão.

—Merda, não quis dizer assim. Saiu errado.

— Pare de ser tão sensível, Trenton. Afinal, você é Trick o Country Boy Brawler.

— Então, como você sabe que ela é a única para mim?

Ela coloca o pulso no colo e se torce para me encarar.

— Porque ela olha para você assim como eu olhava para seu pai e você a olhaada mesmo maneira. Ele desapareceu um pouco ao longo dos anos, mas estávamos apaixonados em um ponto também.


***


Mack está enrolada em uma cadeira no canto do quarto de mamãe e papai com o nariz em um livro e a colcha da bisavó Jones sobre o colo. Deve ser um livro muito bom, considerando que ela não levantou os olhos ou sequer se levantou da cadeira. Mamãe e eu poderíamos ter acordado os mortos com o barulho que fizemos ao voltar para casa.

Eu limpo minha garganta, e ela ainda não olha. Eu vou até ela, caindo de joelhos e limpando a garganta mais uma vez. Isso faz o truque.

— Bom livro, querida? — Eu me inclino e beijo o topo da mão dela.

— Considerando que estou chateada que você me interrompeu, sim, é um livro muito bom.

— Navy York? — Eu acho.

— Sim, seu novo lançamento. Entrou ao vivo à meia-noite. — Os olhos dela brilham.

Olho para o Rolex de prata no meu pulso e vejo que estão chegando quase duas da manhã. Nós dois deveríamos estar exaustos.

— Eu preciso ir checar as vacas. Quer vir?

Ela resmunga, pensa nisso por alguns instantes e depois fecha a capa do Kindle.

— Eu acho.

Eu rio.

— Quero dizer, não me faça forçar você ou algo assim.

— Você deveria saber agora que eu iria a qualquer lugar com você. — Mack se levanta.

— Como ele estava? — Eu aponto meu queixo para o homem que está diminuindo na cama. Eu não deveria estar chateado com ele. Estou tentando me manter positivo. Mas depois da merda que eu vi que minha mãe está lidando, estou perdendo essa batalha.

— Não mexeu uma vez. Como está sua mãe?

— Fratura no pulso. Ela vai ficar engessada durante quatro a seis semanas. Os médicos tiveram de quase a segurar para engessa-la. — Pego uma camisa de flanela pendurada em um cabide e a envolvo em torno de Mack.

Eu a mantenho de costas coladas na minha frente enquanto caminhamos sob a luz da lua, evitando todos os obstáculos. O cheiro de palha fresca me bate forte desta vez quando entro no celeiro em vez de estrume e mijo. Como eu suspeitava, a mesma vaca de antes precisa ajudar no parto. As outras duas conseguiram sozinhas quando não mostraram nenhum sinal de parto depois que eu saí. Essa é a coisa sobre pecuária, você precisa se casar com isso, porque nunca há um roteiro a seguir.

— Pronta para ver um bezerro vir ao mundo, Mack-A-Bee? — Eu pergunto por cima do ombro.

— Você está falando sério? — Mack se aproxima, espiando o curral.

— A vaca da mamãe está chateada e com dor. Isso pode se transformar em um rodeio. — Guio Mack até a pilha de feno, agarro-a pelos quadris e a levanto.

— Você senta aqui e aproveita o show.

— Onde você vai? — Ela cruza as pernas, instalando-se.

— Vou ter que puxar o bezerro. — Pego todos os puxadores de panturrilha, um par de luvas e entro no curral.

— Que diabos é isso? — Ela aponta para os puxadores de metal.

Se você não soubesse o que eles eram, acho que eles pareceriam bastante intrusivos.

— Observe, querida.

Mack permanece em silêncio de seu poleiro. Coloco a vaca na rampa porque a última coisa que preciso é de um braço quebrado. Ela está chateada. Provavelmente uma vaca que deveria ter sido abatida anos atrás apenas por seu temperamento. Pego os puxadores nos quadris da vaca, em seguida, enfio a mão e prendo as correntes nos pés do bezerro. Deixei escapar um whoosh de ar quando o bezerro não está na culatra.

— Isso está machucando-a? — Mack pergunta.

— Tenho certeza de que não é bom. Tudo terminará em cerca de trinta segundos. — Olho por cima do ombro para vê-la completamente imersa no que está acontecendo. — Você pode descer?

— Sim.

— Desça aqui, para que você possa ver tudo.

Mack não hesita em pular e correr em minha direção. Eu aceno para um painel verde.

— Suba isso. Será o melhor lugar da casa. — Seus sapatos amarelos brilhantes pisam na cerca até que ela esteja no topo, olhando para baixo. Sua trança grossa e preta paira sobre o ombro.

Volto à tarefa, começando a mexer nos puxadores. A vaca se agacha quando o bezerro desliza para fora. O cheiro rançoso de pós-parto me dá um tapa na cara. Faz anos, mas é como andar de bicicleta.

— Jesus, é enorme — murmuro, usando toda a minha força para continuar bombeando os puxadores.

Mais três puxões acontecem, então uma bagunça preta escorregadia e desleixada cai em uma cama de palha atrás da rampa. A língua do bezerro oscila para o lado da boca. Mal ouço Mack gritar meu nome. Eu não olho para ela ou a reconheço, em vez disso, caio de joelhos e limpo a boca e as vias aéreas do bezerro. Quando isso não funciona, eu o pego pelo flanco traseiro e o penduro de cabeça para baixo em cima do muro enquanto esfrego minhas mãos para cima e para baixo em sua caixa torácica.

É silencioso por longos momentos. Foda-se, não é o que eu queria que acontecesse, especialmente com Mack aqui. Eu já posso ouvir a desaprovação de papai.

— Vamos, amigo. — Eu balanço o bezerro sem vida.

— Trick, está morto? — Mack pergunta.

Juro por Deus que o bezerro responde com um movimento de seus ouvidos e, em seguida, sons estridentes. Todo o seu corpo ganha vida. Eu o puxo da cerca e o coloco no curral onde estava sua mãe. Pego a vaca no curral. O milagre da vida começa. A mãe lambe o bezerro.

Sou grato por ela estar levando para ele. Jogo as luvas em um velho barril enferrujado e lavo na pia. Tiro a camiseta e pego Mack da cerca.

— O que você está fazendo? — ela engasga.

Eu a puxo para o meu peito. Ela trava os tornozelos logo acima da minha bunda e se apega ao meu pescoço. Entro em silêncio no curral, parando em um canto. Mack assiste curiosa a dupla.

— É mágico. — Ela sussurra. — Eu não posso acreditar que você acabou de tirar esse bezerro.

Eu estudo seu perfil enquanto ela tem sua atenção voltada para o bezerro. Eu beijo sua bochecha.

— É meio legal, não é?

— Muito. — Ela sussurra novamente.

Uma risada calorosa me escapa.

— Você não precisa sussurrar.

— Ok. — Ela sussurra novamente.

Balanço a cabeça.

— Sabe, ainda me lembro do primeiro bezerro que puxei. Foi um rito de passagem com meu pai. Era um bezerro de novilha. Nós a mantemos no rebanho.

— Ela ainda está aqui?

— Não, morreu seu primeiro ano de parto.

A trança de Mack me dá um tapa na cara.

— Sério?

— Sim, a primeira regra da pecuária é não se apegar a nada. Lição de vida difícil de engolir.

— Eu sinto muito. — Ela passa a mão pelo meu peito nu. — Por que você tirou sua camisa?

— Estava suja, e eu queria te abraçar.

— Oh! Graças a Deus. — Ela torce o nariz. —Pensei que você estivesse planejando me levar aqui mesmo no curral.

— Isso está errado em muitos níveis. — Conduzo-nos para fora do curral e subo ao loft. — É aqui que pretendo levá-la.

E eu faço.

 

 


CAPÍTULO 25

Mack

Algo está cutucando minha bunda. Eu me mexo, não pronta para acordar. Ideia errada. O que quer que esteja tentando atacar se aloja na minha pele. Me levanto rápido com um grito. O braço de Trick sai do meu torso.

— Querida. — Ele murmura.

Leva-me alguns instantes para perceber onde diabos estou. O loft. Trick fez amor comigo e, enquanto ficamos deitados ali recuperando o fôlego, caímos no sono.

— Algo está me mordendo. — Eu digo com uma voz aguda, roçando minha bunda.

Trick abre um olho, depois o outro.

— Sua bunda está bem. Estou encarando isso.

— Tem sangue! — Afasto minha mão e mostro a ele.

Trick estende a mão e me puxa para ele.

— Você foi perfurada por um pedaço de feno. Longe de seu coração, querida.

— Idiota. Isso machuca. — Deitei minha bochecha em seu peito.

— Ainda está escuro lá fora. Volta a dormir. — Ele envolve seus braços em volta das minhas costas, em seguida, desliza as mãos para a minha bunda nua, aliviando a dor.

— Frio? — Ele pergunta através de uma névoa sonolenta.

— Minha parte traseira está.

Ele pega um cobertor extra empilhado ao nosso lado e o envolve em torno de nós.

— Durma agora.

A batida do seu coração me leva de volta à terra dos sonhos. A próxima vez que forço os olhos a abrir, um brilho laranja e rosa ilumina o interior do celeiro.

— Você babou em mim. — Trick aperta minhas bochechas.

Eu resmungo. Rígida e ainda cansada como o inferno. Ontem foi um dia infernal. Meu coração quebrou e rachou por Trick. Ele não estava exagerando em relação ao pai. O homem era absolutamente cruel com ele. Sua mãe, por outro lado, é outra história. Vejo muito do bom coração e paciência de Trick em seus caminhos.

— Hora de levantar, querida.

— Eu não quero me mexer. — Eu me aconchego mais fundo em seu peito. — Por que você está acordado?

— Meu despertador.

Na sugestão, um galo solta um som surpreendente. Eu estremeço e rosno ainda mais alto. Trick finalmente consegue me levantar e me vestir. Levamos alguns segundos para sacudir nossas roupas. Trick vai direto ao trabalho, checando tudo e limpando as bais. Volto para casa, precisando desesperadamente de um banheiro.

Alice cantarola e balança na cozinha enquanto frita bacon. O cheiro me faz querer chorar. Meu estômago ronca na hora. Não percebi como estou com fome.

— Ei, querida. — Alice pisca por cima do ombro.

— Oi. — Eu guincho.

— Vejo você e Trenton invadiram o loft.

Meus olhos se arregalam.

— Não tenha vergonha de mim agora. É tradição por aqui com esses meninos da fazenda. — Ela volta a cozinhar como se essa conversa não fosse nada demais.

— Vou me limpar e depois vou ajudá-la a cozinhar. — Eu saio correndo da cozinha.

***

Trick

Estou exausto. O encontro tarde na noite passada está cobrando o seu preço de mim. Mas Jesus, foi um momento doce que nunca esquecerei. Mack montada em mim e montando meu pau no sótão será queimado em meu cérebro por todos os anos virão.

Acabei parando para um café da manhã rápido e voltei para fora. Mack estava mais do que feliz em passar o dia ao sol na varanda com o Kindle colado no rosto. Eu a vislumbrava enquanto consertava cercas.

Não sinto nem um pouco de culpa pela comida que estou prestes a consumir. Nenhuma sessão de treinamento na academia poderia me cansar como um dia cheio de trabalho no rancho. É irônico, tão orgulhoso quanto meu pai e quão longe está seu rancho. Mamãe ainda não sabe, mas contratarei duas mãos para o rancho antes de partir.

— Eu cozinhei. — Mack mexe os quadris quando eu entro na cozinha recém-banhada. — E eu nem estraguei tanto assim.

Ela estende essas poucas últimas palavras.

— Venha aqui. — Dobro um dedo.

Eu dei um beijo infernal nela, não incomodado que minha mãe está a alguns metros de distância. Toma todo o meu autocontrole para não arrastar sua bunda para cima. Infelizmente, não acho que tenho energia para isso.

— Foi apenas um acidente de açúcar e sal. Não foi tão ruim assim. — mamãe desculpa o erro de Mack.

— Droga, meninas, isso parece uma refeição adequada para um rei.

Eu observo a diversidade em cima da mesa. Batatas fritas, assados, legumes cozidos no vapor, pães caseiros e uma salada do horta decoram a parte superior da toalha de mesa bordada.

— Sente-se e diga graça, filho. — Mamãe coloca uma tigela quente de milho doce no centro.

— Papai não vai se juntar a nós? — Eu pergunto.

Ela balança a cabeça.

— Ele está recusando.

—Entendi. Eu volto já. — Eu ando pelo corredor até o quarto dele.

Quando entro, ele está empoleirado na cabeceira da cama lendo uma revista de gado. Ele olha por cima, resmunga e volta a ler.

— Hora do jantar. — Eu ando para o lado dele.

— Não vou. Não ligo para a companhia. Saia daqui.

— Do jeito que eu vejo, velho, você não tem nenhuma palavra a dizer. — Inclino-me e o pego em meus braços como se tivesse um bebê.

Para ele, é o gesto mais degradante que poderia acontecer.

— Me odeie pelo resto dos seus dias. Continue me negando. Eu não dou a mínima. Você deve isso a mamãe. Se você a ama, ficará de boca fechada e se sentará à porra da mesa.

Ele não responde quando eu volto para a cozinha. Mamãe ofega quando ela nos vê entrar. Coloquei papai em sua cadeira na cabeceira da mesa. É o lugar que ele está sempre ocupou. Ninguém nunca ousa sentar nela.

— Olá, Sr. Jameson. — Mack senta no banco à esquerda e mamãe pega no banco à direita.

Papai mantém o olhar fixo no prato, sem reconhecer Mack. Isso me irrita mais do que qualquer outra coisa que ele fez. Idiota.

Pego a mão de mamãe e depois a de Mack. Fico chocado quando Mack coloca a mão em cima da frágil do meu pai. Mamãe não se mexe para pegar a de papai. Dor e devastação brotam em seus olhos. Eu só vi minha mãe chorar duas vezes. O dia em que seu amado border collie teve que ser abatido e o dia em que saí. Não sou capaz de vê-la chorar pela terceira vez.

Papai limpa a garganta e pega a mão dela, em seguida, inclina a cabeça. Abro a boca para dizer graça, mas ele me ultrapassa.

— Nosso querido Pai Celestial, obrigado por esta comida diante de nós. Que nutra nossas almas e corpos. Você me abençoou com esta linda mulher ao meu lado há mais de vinte anos. Ela é meu tudo. Obrigado por trazer Trenton para casa. Em nome de Jesus. Amém.

Um tijolo de chumbo cai no fundo do meu estômago. O barulho de pratos de servir segue, e nós comemos em silêncio. Não é até a sobremesa alguém falar.

— A etiqueta roxa 223 já teve o bezerro? — Papai olha para todos nós. Ele mordiscou algumas batatas, mas não comeu mais nada. O chiado de seus pulmões quase fez meu apetite desaparecer.

— Sim, ela teve um belo bezerro. Tive que puxar ontem à noite. Pesamos ele esta tarde. Ele está indo bem.

Ele concorda. Quando as mulheres começam a limpar a mesa, pego meu pai e o embalo de volta ao seu quarto. Eu paro no banheiro ao lado do quarto dele. Fechei a porta e lhe dei sua privacidade. Ele não diz uma palavra enquanto eu o deito em sua cama.

— Eu amo você pai. Devo muito a você pelo homem que sou hoje. — Dou um passo para trás da cama.

Ele não responde, e isso não me choca. Ele nunca falou as palavras para mim. Me disse que foi assim que ele foi criado. Apago a luz e fecho a porta. Não vou à cozinha conversar com as mulheres. Subo as escadas duas de cada vez até o meu quarto, desmorono na cama e choro como um garotinho quebrado.


CAPÍTULO 26

Trick

Termino a ligação com Boss. Ele falou sobre a academia e Jag. Acho que ele teve um colapso de papai e Sunni o fez sair do apartamento por um dia. Ele colocou um sorriso que come merda no meu rosto. Deus, por mais que eu realmente ame este lugar, sinto falta da minha família.

Um grito agudo e estridente me faz correr dentro de casa.

— Mãe, Mack! — Eu grito, vasculhando a casa. Ninguém responde. Entro no batente da porta do quarto de mamãe e papai. A visão a minha frente me deixa de joelhos. Minha mãe se debruçou sobre meu pai, chorando, Mack segurando seu corpo trêmulo. Lágrimas quentes escorrem por seu rosto.

— Mãe. — Eu sussurro. Ela não pode me ouvir sobre seus choros.

— Mamãe! — Eu grito mais alto.

Ela se vira para me ver de joelhos. Ela se levanta e corre para mim, passando os braços em volta do meu pescoço.

— Ele se foi. — Ela gagueja.

Eu a balanço para frente e para trás até seus gritos desaparecerem. Ela cai mole nos meus braços. Eu tenho Mack ligando para o nosso vizinho, que por acaso é médico. Dirk Turner chega minutos depois e consegue que mamãe tome uma pílula. Encontro-me voltando para o quarto do papai. Fico na porta por dez minutos sólidos antes de entrar.

Flashbacks de mim correndo e pulando entre meus pais nas manhãs de domingo de inverno me assaltam. Eu me aconchegava com eles enquanto papai contava histórias do Velho Oeste. Prometi a ele cada vez que quando crescesse ia ser um cowboy como ele.

Eu ando até a cabeceira da cama e sento na beirada estudando seu corpo sem vida. Seus olhos estão fechados em paz e suas mãos seguram um caderno no peito. O título na frente chama minha atenção, Trenton William Jameson (O Country Boy Brawler).

Um soluço me escapa quando eu puxo o caderno de seu abraço. Cada página é preenchida com anotações em cada uma das minhas lutas na televisão. Meu registro atual fica no topo de cada página. Uma nota no meio do diário chama minha atenção e a prende.


Trick, que nome de merda. Você pensaria que ele era um maldito vira-lata de circo. Porra, estou orgulhoso daquele garoto perseguindo seus sonhos. Ele é o melhor lutador por aí. Não serei capaz de dizer a ele e isso me irrita. Ele nunca saberá o quanto eu o amo. É assim que eu jogo, e não importa quantas vezes embaralhe as cartas, é melhor assim.

— Trick. — Olho através das lágrimas e vejo Mack parada na porta.

Ela corre para mim, para entre minhas pernas abertas e puxa minha cabeça para seu peito. Sua doce voz canta “Amazing Grace” enquanto ela me balança para frente e para trás. Depois que termina, ela começa “You Are My Sunshine”. Eu me concentro no brilho do sol e em tudo de bom na minha vida. É a única maneira que sei para avançar.


***

Papai queria ser cremado e espalhado no bosque de carvalhos. Não queria um serviço ou alguém falando sobre o quão bom ele era. Ele reconhecia que era um idiota. Mack, mamãe e eu ficamos em silêncio, segurando as mãos um do outro enquanto as cinzas flutuam ao vento, fechando um capítulo da nossa vida. Uma pomba solitária nos circunda o tempo todo, me fazendo acreditar em sinais.


CAPÍTULO 27

Trick

Nos aventuramos no rodeio e nas festividades locais três dias depois que meu pai faleceu. Mamãe sempre vende tortas de ruibarbo lá. Eles são um sucesso local. Mack e eu éramos a mão direita dela enquanto ela preparava e cozinhava cinquenta delas. Fizemos grande parte do trabalho desde que mamãe estava envolvida em um gesso, mas isso não a impediu de dar tudo de si. Eu pretendo ficar ao lado dela a noite toda e estou preparado para bater em alguém que diga algo estúpido para ela.

Tinha planejado levar Mack para ver os pontos turísticos, mas isso nunca aconteceu. Mamãe não diz uma palavra. Eu sei que ela não aprova minhas roupas. É algo que eu usaria para jantar em Washington. Shorts cáqui, um decote em V preto apertado e chinelos, essa merda é confortável.

— Querido, esqueceu seu chapéu. — Mack coloca para trás na minha cabeça.

Ela sorri para mim. Eu sei que é a criptonita dela. Ela me disse isso e cimentou o fato na noite em que insistiu que eu o usasse enquanto dirigia para ela.

— Mack, você não está usando isso. — Mamãe coloca uma lata de biscoitos no balcão.

Mack e eu examinamos sua roupa. É sexy como o inferno na minha opinião, mas, novamente, ela poderia usar um saco de aniagem, e eu a devoraria.

— Oh, tudo bem. — Ela diz.

— O vestido está bem. Os sapatos não estão.

Nós dois espiamos. Mack gira os pés, estudando-os.

— Venha comigo. — Mamãe agarra seu braço e a guia para o segundo quarto de hóspedes. Eu mudei todas as coisas dela para lá. Ela se recusou a dormir em seu quarto, e eu não posso culpá-la.

Eu arrumo minha caminhonete, com certeza ela ficará com cheiro permanente de torta de ruibarbo doce. As meninas ainda estão amontoadas no quarto. Bebo uma garrafa de água, vou ao banheiro, mijo e coloco um pouco de perfume.

— Prontas senhoras? — Eu grito.

— Um segundo. — Mamãe responde.

Mais como cinco minutos depois. Mamãe salta na cozinha com um sorriso radiante. É o primeiro desde que papai faleceu. Ela tentou fingir alguns, não enganando ninguém.

— Agora é assim que você vai a um rodeio. — Mamãe coloca as mãos nos quadris.

Mack vira a esquina. Meu queixo fica frouxo. Porra do inferno sim. Ela ainda está no vestido preto simples que a atinge logo acima do joelho. Os grupos de sardas na parte superior de seus ombros estão destacadas com as tiras minúsculas. É quando meu olhar percorre seu corpo que meu pau palpita para a vida. Suas pernas magras e bronzeadas, que são minha parte favorita dela, estão combinadas com um conjunto de botas de cowboy.

— Seu pai me deu isso alguns natais atrás. Use-os apenas em ocasiões especiais porque são fabulosas. E eu diria que seu primeiro rodeio é um inferno de um evento especial.

Manchas turquesas se espalham por cima das botas, combinando com a cruz turquesa pendurada no decote de Mack.

— Lá em cima agora. — Pego Mack pelo quadril dela, puxando-a para mim.

— Não, mova sua bunda para o caminhão. — Mamãe grita.

— Língua, jovem senhora. — Eu a provoco.

— Oh, enfie na sua bunda. Eu tenho que derrotar Kathy nos estandes. A idiota gananciosa está sempre tentando enfiar suas garras no meu, mesmo que eu tenha brincado com isso há anos. Eu não acho que ela nunca vai ter uma ideia de que ninguém aguenta a comida dela. — Mamãe joga a bolsa de couro marrom por cima do ombro. — Seu pai sempre foi lá algumas horas mais cedo para garantir.

Eu sorrio, lembrando disso. Ele era um homem orgulhoso quando se tratava da comida da esposa. Pequenos lembretes como este continuam aparecendo, e serão as boas lembranças que vou manter por perto sobre meu pai.

Todos corremos para o caminhão. Uma música de Johnny Cash toca no caminho para a cidade. As janelas estão abaixadas com a brisa quente da noite. Todos nós cantamos no ritmo. O estacionamento já está lotado, deixando mamãe tonta.

— Vou deixar você e Mack no portão e arrumar suas coisas.

— OK. — Mamãe pega a maçaneta da porta. — E Trick, esteja preparado.

— Para quê? — Eu pergunto.

— Você é uma lenda da cidade natal. As pessoas vão enlouquecer hoje à noite.

O caminhão mal para antes de mamãe sair, puxando Mack atrás dela. Elas correm em direção à fila de cabines.

— Esta é a minha casa. Sempre será. — Sussurro para mim mesmo.

Observar as duas mulheres que eu amo correr até uma barraca de torta, limpa toda a névoa na minha cabeça. Eu quero isso com Mack. A vida na cidade pequena criando filhos e vendendo tortas no rodeio local. Meus dias de luta ainda não terminaram, mas quando ele chegar estarei voltando para casa.

Mamãe estava certa. Ela teve que lutar com Kathy fora de seu estande. Mack estava de costas, intervindo quando necessário. Eu posso ver essas duas se tornando uma combinação mortal quanto mais tempo elas ficam juntas. Foram necessárias cinco viagens ao caminhão para levar toda a merda da minha mãe para o estande.

Esse foi o fim do meu trabalho. Depois de mover uma pilha de tortas e levar um tapa na minha mão, eu me afasto. Consigo chegar ao jardim da cerveja e voltar sem que ninguém me pare. Não sinto falta de todos os olhares curiosos e sussurros. Eu terminei de virar uma cerveja quando voltei para a banca e joguei o copo de plástico em uma lata de lixo.

Mamãe rouba minha outra cerveja, então volto para mais três e pago um garotinho para fazer uma enorme limonada para Mack. Já existe uma fila de quilômetro no estande da mamãe. Meu peito incha de orgulho. Entro sorrateiramente na cabine e me sento em uma cadeira, bebendo minha cerveja. Coloquei a cerveja fresca ao lado da mamãe e a limonada de Mack ao lado dela.

Eu assisto o tempo e orgulhosamente anuncio que vendemos tortas em trinta minutos.

— Isso foi insano. — Mack se senta no meu colo e mamãe se senta ao meu lado.

Esmago o copo de plástico e o jogo atrás de mim, bebendo uma cerveja nova. Eu deveria ir mais devagar. A cerveja faz sua mágica, entorpecendo meus nervos desgastados.

— Nós formamos uma equipe incrível. — diz mamãe com orgulho.

— Sim, nós fazemos. — Eu concordo.

— Adoro isso aqui. — Acrescenta Mack.

Consolida a ideia de tornar esta cidade a nossa eterna. Acabamos nos aventurando em busca de comida. Parece que as pessoas se sentem mais confortáveis se aproximando de mim com minha mãe ao meu lado. Paramos várias vezes antes de pedirmos nossos hambúrgueres e batatas fritas. A comida gordurosa foi perfeita para absorver um pouco da cerveja. Mamãe trouxe mais duas rodadas para nós.

— Trenton. — Uma mão cai no meu ombro.

Essa voz é a última que eu queria ouvir. Eu esperava que não tivesse que enfrentá-la enquanto estivesse aqui. Giro no banco para ver Libby. Minha namorada do ensino médio. A garota com quem pensei que me casaria. Ela não mudou muito. Infelizmente, ela é mais bonita do que anos atrás. Seu corpo se encheu. Os peitos dela, que costumavam ser minha parte favorita, são ainda maiores. Os cachos loiros de Libby giram ao vento, e seu rosto de modelo brilha para mim.

— Libby. — Eu aperto meu queixo.

— Ouvi dizer que você estava na cidade. — Ela me dá um abraço.

Dou um tapinha desajeitado em suas costas e me afasto o mais rápido que posso. Libby tem a liberdade de se sentar à minha frente, ao lado de minha mãe. Mamãe nunca foi a maior fã de Libby, e isso ainda deve ser verdade, pois ela nem sequer oferece uma saudação falsa.

— Lamento ouvir sobre seu pai.

Besteira, penso comigo mesmo, mas apenas aceno com a cabeça. Libby fala sobre sua vida. Parece perfeita, o que só me leva a pensar que ela está escondendo alguma coisa. Ela é casada e tem dois filhos. Ela sonhou em ser esposa de um fazendeiro.

— Assistimos todas as suas lutas. — Ela estende a mão, colocando a mão na minha. — Estamos muito orgulhosos de você.

Eu vou puxar minha mão. Mack age rápido, estendendo a mão e agarrando a mão de Libby, removendo-a. — Oi, eu sou Mack, a namorada de Trick.

— Oh, desculpe. — Libby tem coragem de rir.

Mamãe sai da mesa. É o que ela faz quando não consegue mais segurar a língua, ela sai da situação.

— Hoje tem uma dança depois do rodeio. Você deveria me balançar totalmente pela pista de dança como nos bons velhos tempos.

Eu suspiro.

— Libby, não está acontecendo. Podemos ir ao baile, mas haverá apenas uma mulher nos meus braços, e essa não é você.

Ela coloca o queixo no peito.

— Eu não estou tentando ser ruim aqui, mas agora você desrespeitou minha namorada três vezes, e eu não suporto essa merda.

Quando Libby olha de volta, seu lábio inferior treme. Uma ação que costumava ser minha ruína. Eu rastejava em minhas mãos e joelhos e rastejava como um filho da puta. Eu nunca fui apaixonado por essa mulher. Eu estava apaixonada pela ideia disso. Mack nunca puxaria essa merda para mim.

— Te vejo por aí, Libby. — Eu levanto e pego nossos pratos.

Acabo assinando vários autógrafos no caminho para a arena de rodeio. Meu nome já foi anunciado no começo. Levanto e tiro o meu chapéu, acenando para a multidão. Há um momento de silêncio para o meu pai diretamente depois disso. Mack se agarra à beira do assento durante todo o rodeio. Mamãe e eu compartilhamos várias risadas de seus comentários inocentes enquanto bebíamos cerveja.

— Pronta para a dança? — Eu pergunto.

Ambas as mulheres encolhem os ombros, e eu tomo isso como um sim. Mack não pode dançar que valha nada. Passamos a maior parte do tempo rindo muito. ‘Perfect’, de Ed Sheeran, começa a tocar. Passamos o tempo todo beijando e balançando nossos corpos.

Mamãe passou a servir nas últimas horas e me disse para continuar bebendo. Vou me arrepender muito de manhã. Estou encurralado por um grupo de amigos do ensino médio. Nós atiramos na merda. O tempo todo em que estou envolvido em suas vidas que consistem em divórcios, filhos e demissões. Eu mantenho Mack apertada na minha frente. Nunca participou de uma reunião de classe. Isto é o mais próximo possível. Engraçado como Marcos era o garanhão no ensino médio e agora é um trabalhador da construção civil com tosse de fumante. Ainda é um cara infernal.

— Aí está você. — Libby insulta, caminhando até nós.

Quando ela está a um metro de distância, ela tropeça em seus próprios pés, enviando sua bebida para Mack. Eu a afasto, mas não rápido o suficiente para evitar todo o líquido.

— Oopsie. — Libby cobre a boca com a mão, sem esconder o sorriso atrás dela. — Estou aqui para minha dança.

— Não está acontecendo. — Eu ri.

— Vamos, Trick, temos uma história que precisa ser revisada. Vi o jeito que você me checou antes.

— Fique sóbria, Libby.

Ela coloca uma mão no quadril.

— Não posso acreditar que você vai me recusar.

— Acredite. — Eu a cortei.

Alguns dos caras fazem o possível para expulsá-la. Libby não está tendo nada disso.

— Sério? Por ela? — Ela balança o copo de plástico vermelho no ar. — Ela é lixo comparada a mim.

Mack arranca minhas mãos da cintura dela e se levanta no rosto de Libby.

— O único lixo que vejo aqui é você. Você é uma mulher casada, com dois filhos em casa, implorando por porra de Trick. Isso grita lixo. Sugiro que você nos deixe em paz.

— Ou o que? — Libby cospe nas botas de Mack.

Realmente maduro. Me movo para separar as duas mulheres, colocando um fim nesse show de merda. Eu não sou rápido o suficiente. Mack coloca o braço para trás e dá um soco forte no queixo de Libby que tropeça de volta. Ela é agarrada por alguns homens e arrastada.

— Merda, isso dói. — Mack torce a mão dela.

Balanço a cabeça.

— Isso foi quente pra caralho. Vamos para casa agora.

— O loft. Quero mais uma noite lá em cima.

— Combinado.

De mãos dadas, encontramos mamãe conversando com alguns amigos. Graças a Deus ela se despede às pressas. Ela está cansada e pronta para estar em casa. Eu agarro sua mão, andando no meio das duas únicas mulheres que possuem meu coração.

Os sons da banda se silenciam quando nos aproximamos do meu caminhão. Uma pomba solitária voa à nossa frente, suas penas brancas brilhando na escuridão da noite. Eu nunca vivi um dia mais perfeito.

 


CAPÍTULO 28

Dois anos depois

The Vancouver Daily

16 de novembro

É com um coração triste que Trick, The Country Boy Brawler, se retira da cena do MMA. Os ferimentos que ele sofreu no octógono há uma semana quase o deixou à beira da morte. Os relatórios médicos parecem promissores, mas uma coisa é certa: ele nunca voltará ao ringue.

Sua esposa, Mack, juntamente com a mãe ao lado dela, agradeceu à comunidade pelas demonstrações de amor. Trick deu tudo de si na luta. O Devil’s Sinner teve seus direitos retirados pela associação. As acusações criminais estão pendentes.

Ele levou Trick para baixo com um golpe brutal em seu rosto. É aqui que se suspeita que a retina de Trick foi deslocada. O árbitro encerrou a luta naquele momento. O que não impediu Sinner de agarrar a cabeça de Trick e torcer com uma força brutal. Seus ferimentos no pescoço ainda não foram confirmados e são os mais graves de todos.

Boss, o treinador de Trick e o the King of Diablo’s Throne, recebeu uma multa de vinte mil dólares por pular no ringue e surpreender Sinner com um soco rápido. Não foi o único soco que ele conseguiu. Seu genro Cruz e o renomado Jag acabaram controlando Boss enquanto Trick era levado para fora da gaiola em uma maca. As acusações criminais foram movidas contra Boss.

Foi criado um fundo em nossa página da web. A demonstração de amor por Trick nos surpreendeu. Há algo a ser dito sobre um menino leal e tranquilo de Idaho.

A cidade de Vancouver está com você, Trick, torcendo por você pela luta de sua vida.

Joe Medino.

Editor chefe.

 


EPÍLOGO

Mack

“Se você quer mudar o mundo, vá para casa e ame sua família.” - Madre Teresa

A brisa de Idaho faz cócegas no meu rosto. Os pássaros cantam seu hino, e a conversa da minha família enche o ar. Um círculo de cadeiras brancas de plástico abrange meu quintal. Alguns estão vazios, enquanto outros estão cheios de entes queridos.

Estremeço de dor e aperto meu lado. Ele é um chutador. Assim como o pai dele. Eu levanto minhas pernas no ar e me encolho ao ver meus pés inchados. Eles são horríveis e parecem tão ruins quanto eu. A gravidez não é uma caminhada entre meu nervo ciático, queimação, azia e urinar duas vezes por dia. O problema é que eu não trocaria por nada no mundo.

— Oi, Cheetah11. — Dexter dá um tapinha na minha barriga saliente.

— Não Cheetah. — Felix balança a cabeça. — É cachorro-quente.

Os dois minis Jag continuam discutindo sobre o que está na minha barriga. Assim como o papai deles, eles conversam sem parar. Eles têm o vocabulário de uma criança de seis anos. Não é um choque considerar quem é o pai deles.

— Eles estão incomodando você? — Sunni se senta ao meu lado com sua filhinha abraçada ao peito.

Mesmo jurando que nunca mais faria sexo com Jag, aconteceu. De fato, ocorreu no dia em que o médico a liberou. A academia inteira os ouviu.

— Não, eles estão me enlouquecendo. — Eu tiro a doce bebê Nicole de seus braços. Ela é toda Sunni.

— Você está pronta para o seu menininho? — Pergunta Sunni.

— Tão pronta. Só mais uma semana até conhecermos Trenton William Jameson.

— Mamãe. — Belle acena para Layla na parte de trás do meu cavalo. Trick leva Sue em círculos. Ele vai ter um inferno de tempo para tirá-la dessa sela.

Belle continua a ser a única filha e a princesa reinante do Diablo’s Throne. Ela tem todo mundo enrolado em seu dedo. Os sons de punhos que se conectam com um saco de pancadas flutuam para fora do celeiro. Jag e Cruz estão entrando em uma sessão de treinamento.

Trick trabalha no celeiro todas as manhãs. Levou um pedaço de sua alma no dia em que lhe disseram que nunca mais seria capaz de lutar novamente. Foi o dia mais sombrio que já vivi, e isso inclui a minha infância. Testemunhar a agonia e perda no homem que você ama apenas faz uma coisa, e isso é destruí-lo. Alice era minha pedra, me puxando a cada dia. Essa luta é uma que assombra meus pesadelos. Até hoje, eu suo frio, meu peito arfando, e a primeira coisa que faço é pegar Trick. Meu corpo trêmulo não se acalma até que a batida de seu coração acalma a palma da minha mão.

Chame de sexto sentido, mas eu pedi para ele cancelar a luta. Na época, ele riu e prontamente me calou com suas excelentes habilidades no quarto.

No momento em que seu corpo imponente bateu de volta no tapete, meu coração parou de bater. Sangue derramou de seu rosto. Não foi o pior de tudo. Devil, conhecido como Sinner, atacou-o. A academia ficou em silêncio. O estalo do pescoço de Trick ecoou nas paredes. Tudo o mais que aconteceu foi um borrão. Boss correu para dentro da gaiola, chovendo inferno em Sinner. Ele deu a ele o que merecia e, mesmo com todas as acusações criminais, Boss nunca recuou ou fez um único pedido de desculpas.

As noites intermináveis no hospital preocupada com a visão e o pescoço de Trick quase me mataram. Foi Alice quem me manteve unida. Boss nunca se arrependeu de sua escolha, e eu sei, sem sombra de dúvida, que ele faria isso de novo. Só esse fato é uma pílula difícil de engolir, porque ele foi destituído de seus direitos de treinador. Ele ainda treina lutadores na academia, mas Cruz entrou no lugar de Boss como treinador.

É irônico como a faculdade nos uniu e nos levou a um pesadelo. Trick teve que passar alguns meses no hospital depois que Sinner o atacou no ringue. Eu deitava na cama dele e fazíamos o dever de casa. Foi um pouco complicado quando fui a alguns professores pedir que o trabalho fosse concluído on-line, mas deixei que a mamãe Alice levasse para fazer o trabalho. Demorou, mas ambos temos diplomas sofisticados que ficam lado a lado no manto da lareira.

O dia em que Trick conseguiu entrar sozinho na academia foi surreal. Seus irmãos formaram duas linhas, pelas quais ele passou. Quando ele passou por cada um, eles lhe deram um tapa encorajador nas costas. Foi no momento em que viu seu nome em negrito impresso nas paredes da academia que ele quebrou. Ele nem tentou esconder. Trick deixou toda a dor e remorso passar. E pode apostar que seus irmãos estavam lá para pega-lo.

As mesmas letras estão pintadas no celeiro. Um artista local as pintou logo acima do loft. É o legado de Trick e merece ser homenageado a cada dia de nossa vida. Ele é meu herói. O homem me salvou, e mesmo que ele não seja mais um lutador, eu vejo isso nele todos os dias. Ele luta por amor, família e orgulho. Não há outro homem que eu ficaria ao lado pelo resto dos dias da minha vida.

Depois de terminar o semestre, e uma vez que Trick foi medicamente liberado, chegamos em casa. Nunca temos a chance de perder nossa família Diablo, já que nos vemos uma vez por mês, alternando quem visita quem. Não foi fácil para Trick. Ele sente falta de treinar na academia terrivelmente. Foi a vida dele por anos. Um punhado de garotos turbulentos do ensino médio aqui na cidade veio atrás de Trick e, em uma reação natural em cadeia, ele os treina. Eles vão à frente do conselho escolar no próximo mês, na esperança de conseguir um clube de boxe iniciado novamente. Parece apropriado, já que o pai de Trick já foi o herói daquele clube. Ele pode não ter sido o melhor a demonstrar amor ao seu único filho, mas seu legado vive forte e orgulhoso e nunca morrerá.

As peças do quebra-cabeça, sejam elas irregulares, minúsculas ou ausentes, foram colocadas no lugar para nós. A transição valeu a pena, mas não foi uma jornada fácil.

As petúnias roxas dançam na brisa suave. Isso traz um sorriso ao meu rosto. Elas eram as favoritas de Gene. Trick planta uma cama delas todos os anos para honrar sua memória. Ele dormiu seis meses depois da morte do pai de Trick. Nosso mundo mudou, assim como nós com as mudanças. Ficamos firmes ao lado um do outro durante tudo.

Layla se junta a nós, sentando-se na grama, dando aos gêmeos picolés vermelho cereja e um pacote de doces. Eles guincham e jogam no colo dela.

— Droga, Layla, isso vai manchar a merda sempre amorosa de suas roupas. — Sunni, geme tentando obter os deleites dos meninos. Ela falha miseravelmente.

— Revanche. — Layla solta a palavra.

Adoramos estragar a merda dos filhos um do outro. É o nosso caminho. Jag começou a tradição e não vai morrer tão cedo. Jag pagou suas dívidas várias vezes. Ele foi humilhado e rejeitado como pai, cortesia de Layla. E até este dia, ela é mantida recebendo xixi por seus gêmeos sobre sua cabeça. O vídeo ainda não foi exposto, mas posso garantir que, quando for, será em grande estilo. É bem divertido. Trick e eu somos espertos o suficiente para manter nossas bocas fechadas, deixando os dois se entenderem.

— Mantenha seu pau nas calças. — Grita Trick, chamando toda a nossa atenção.

Todos nós olhamos para baixo para ver Jag mijando no mato.

— Estou na natureza. É o que os homens fazem.

— Alice, eu o faria pedir desculpas, mas é inútil. — diz Boss antes de virar sua longneck.

Alice coloca a mão no braço do Boss.

— Eu me acostumei com isso.

— Oh, Mack, esqueci de lhe dizer que Libby foi presa por desvio de fundos. Ela está enfrentando até vinte anos na prisão. — Alice sorri largamente.

— Você está brincando comigo? — Eu grito, surpreendendo Nicole.

— Não.

Libby tem sido um espinho ao meu lado desde que voltamos para cá. Eu tenho que dar a ela, ela não desiste. Esta notícia não me faz feliz. Parte de mim sente pena de Libby e de suas travessuras patéticas. A parte mais triste é que essa pequena cidade a deixou escapar por anos. Ela pensou que era a rainha. Estou lentamente aprendendo os caminhos das pequenas cidades e como elas são corruptas.

Meu coração dói por seus dois filhos. Eu trabalho em estreita colaboração com eles através de um programa pós-escolar que comecei aqui em Idaho. Não importava que eles tivessem pais em suas vidas. Ajudamos todas as crianças de todas as esferas da vida. Eles precisarão de nós ainda mais depois disso, e estaremos lá para eles.

Meu trabalho dos sonhos de administrar uma organização sem fins lucrativos se tornou realidade. Com a ajuda da herança, de Trick e nosso trabalho duro, começamos a trabalhar. A operação Yellow12 abriu suas portas há quase dez meses. Servimos os jovens das cidades vizinhas. É um lugar seguro onde as crianças podem ir depois da escola e nos fins de semana. Eles são sempre alimentados, amados e têm muitos livros para ler.

Trick é o favorito da multidão no Yellow. Eu digo que levará apenas alguns anos até que a academia dele fique ao lado de Yellow. Ele adora trabalhar com crianças pequenas. Ele se formou em contabilidade, mas não o usou. Uma noite, perguntei se ele se arrependia e sua resposta simples era: — Inferno, não. — Entre o rancho e Yellow, nossos corações estão cheios e corpos exaustos no final do dia.

— Esse é a B que quer Trick? — Pergunta Sunni.

— Vadia. — Dexter gorjeia.

— Sim. — Eu digo com uma risadinha.

Boss e Alice se perdem em sua própria conversa. Layla se inclina para a frente entre os gêmeos e sussurra.

— Eu acho que meu pai tem uma queda.

Olho para os dois para perceber que Alice não moveu a mão.

— Eu acho que Alice está apaixonada.

— Seríamos realmente uma família louca e ferrada. — Acrescenta Sunni.

Os meninos estão cobertos de líquido pegajoso vermelho. Layla pula, tira a roupa e a leva até o riacho. Devolvo Nicole e a sigo. Eu paro em Belle e Trick.

— Acho que você está pronta, Belle. Vou subir você no meu cavalo.

Eu seguro as rédeas enquanto Trick desata o cavalo dele. Nunca ficará velho ver meu homem forte engatar a bota em um estribo e jogar a perna sobre a sela. Ele nunca usa um chapéu de cowboy. É sempre um boné do Diablo’s Throne.

— Aqui, querida. — Entrego-lhe as rédeas e certifico-me de que estão ajustadas. — Sinto falta de cavalgar.

Trick e eu passamos horas andando em silêncio no rancho. É a minha parte favorita da vida aqui.

— O que esses dois estão fazendo? — Aponto para Cruz e Jag.

— Eles vão terminar a limpar a lama na sala.

— Você confia neles? — Eu pergunto.

— Meu pai é muito bom. Jag mais ou menos. — Belle responde por ele, apertando a mão de um lado para o outro.

— O que ela disse. — Trick responde com um sorriso sexy como o inferno em seu rosto.

— Divirtam-se, vocês dois. Fique de olho na nossa pomba. — Eu dou um tapinha na perna de Trick.

Ele se inclina. Eu chego na ponta dos pés. Trick pega meu lábio inferior com os dentes antes que ele me beije. Meus joelhos enfraquecem e borboletas tremulam na minha barriga como a primeira vez que ele me beijou. A sensação nunca envelhecerá.

Eu me forço a recuar. Trick cutuca seu cavalo para passear. Belle reflete suas ações. Eu protejo meus olhos ao sol poente. A bola brilhante de amarelo afunda muito lentamente atrás de uma montanha. Amarelo. Costumava ser meu único consolo de segurança. Ainda é minha cor favorita e sempre será. Não é mais minha muleta. Eu não preciso de uma. Trick e minha família agora são minha base.

Eu já fui uma garota quebrada, sem futuro.

Hoje estou aqui uma mulher forte e corajosa que tem uma família que a ama e um bebê perfeito crescendo na minha barriga. Não posso dizer que todos os meus sonhos se tornaram realidade, porque nunca tive nenhum. A vida aconteceu e me levou para o melhor passeio. Giro minha aliança no dedo e agradeço a Deus por Trenton William Jameson.

 

 


Notas

 

[1] Country Vou Brawler – Lutador Garoto do Campo.
[2] Ted Bundy - foi um notório assassino em série americano que sequestrou, estuprou e matou várias mulheres jovens na década de 1970 ou antes.
[3] Trapper Keeper - Pasta Fichário.
[4] Mack-A-Bee. - Mack-Abelha
[5] Big Mack – Grande Mack
[6] Magister – Junção de Mack com master. Um aumentativo do nome.
[7] Mac and Eggs – Macarrão e ovos.
[8] Trickster – Trick + ster – é um tipo de aumentativo do nome
[9] Sacajawea - foi uma ameríndia da tribo Shoshone que serviu como guia e intérprete na expedição de Lewis e Clark (1804–1806) à costa norte-americana do Pacífico. – pelo texto, apelido referente ao pau de Jag e as bolas.
[10] Evil Knievel - um homem em algum lugar dos anos 70 que poderia desafiar a morte, que praticamente mataria qualquer um que fizesse, exceto ele ... ele estava na TV muito nos anos 70
[11] Cheetah – Leopardo.
[12] Yellow – Amarelo.

 

 

                                                    H.J Bellus         

 

 

 

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