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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


TUDO POR MIM / Josiane da Veiga
TUDO POR MIM / Josiane da Veiga

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

Biblio VT

 

 

 

 

No ramo da pornografia, os Adney eram os melhores...
Julie Adney sofreu durante toda a vida pelo ofício dos seus pais, carregando nos ombros o peso de ser filha de grandes nomes do meio erótico.
Agora, com vinte e oito anos, tudo que ela queria era o anonimato. O problema é que precisava fazer um último favor a sua complicada família: levar materiais de um dos filmes da mãe até Las Vegas , para uma Convenção Adulta.
Odiando cada passo do caminho, Julie se vê em meio a um complicado mal entendido. E esse equívoco tinha nome e sobrenome: Aaron Kedric, um texano linha dura que a quis no momento em que a viu, e que não desistiria dela, mesmo que Julie fosse avessa a paixão.

 


 


Julie

Tudo que eu sempre quis na vida foi ser normal. Obviamente, as entidades que controlavam o destino não tinham a mesma inclinação.

A primeira vez que soube que era diferente foi na escola primária. Entre cochichos, uma das meninas que estudava comigo disse que não me queria por perto porque eu tinha dois pais e porque minha mãe era uma puta.

Eu não sabia exatamente qual era o problema de ter dois pais. E eu não sabia o que era uma puta. Mas aquilo me marcou profundamente e eu busquei durante toda a vida uma explicação para a aversão que as pessoas sentiam por mim em todos os lugares que eu chegava.

Foi no colegial que a explicação ficou mais clara. Uma frase dita entre risos era compartilhada entre os alunos:

“ A vida não é fácil. Se fosse fácil não se chamaria vida, e sim Marga Adney ”.

Foi então que alguém entregou na minha mão uma imagem de minha mãe nua pagando um boquete para um cara que eu não sabia quem era.

Eu cheguei em casa aos prantos, naquele dia. Meu pai, Ray, me consolou e me explicou minhas origens de uma forma que eu pude entender, mas não aceitar.

Marga Adney era uma atriz pornô famosíssima, estrela de vários filmes adultos, que morreu jovem deixando como legado apenas uma filha, um marido – meu pai, Ray –, e uma quantidade imensa de filmes que serviam de consolo a homens nojentos que se tocavam pensando nela.

Depois de algum tempo de luto, meu pai se uniu a outro homem, Charles. Ambos também eram atores pornôs e, numa cena homoerótica, descobriram que combinavam e resolveram se assumir.

Tanto papai quanto Charles (que eu também chamava de pai), me criaram da melhor maneira que puderam, e sempre me contavam coisas maravilhosas sobre minha mãe.

Ela havia perdido uma batalha para o câncer quando eu era muito pequena, mas diziam que todo o tempo que viveu ao meu lado, me deu muito amor e carinho.

Eu queria entender porque uma mulher bonita daquelas se tornou atriz pornô, mas meu pai desconversava e dizia que havia coisas que não se explicavam.

— A vida não é fácil, Julie — ele murmurava.

E em pensamento eu completava: “porque se fosse, seria Marga Adney... ”.

Eis um fato: eu odiava minhas origens. Os poucos caras que se aproximaram de mim durante a vida queriam curtir com a filha de Marga Adney, achando que eu era tão promíscua quanto minha mãe.

Por azar, era uma cópia fiel dela, fisicamente. Então, descolori os cabelos, tentava apertar os seios grandes em corpetes, e fugia de roupas chamativas.

Até quis trocar meu sobrenome, tentando convencer Charles a me adotar, mas meu pai Ray não permitiu:

— Sua mãe era uma mulher maravilhosa! — ele gritou comigo, certa vez, como se deixar de ser uma Adney fosse um absurdo.

Mulher maravilhosa? Tudo que eu via era a puta que chupava paus em cenas adultas.

Portanto, eu a odiava, e me odiava na mesma proporção, por ser filha de alguém como ela.

Não fiz faculdade. Na verdade, fugi da escola assim que pude. Arrumei um emprego que me permitia passar dias fechada no quarto, sem precisar ver a cara de ninguém, e também ninguém ver a minha: tornei-me escritora de horror.

Era mais fácil assim. Fingir que ninguém que eu chamava de família existia. Sim, eu sei, é uma atitude covarde e infantil, mas eu enojava-me a cada capa de DVD em que via meus pais se esfregando em outros caras, ou quando, acidentalmente, a face da minha mãe surgia na minha tela do computador, durante qualquer pesquisa em algum site questionável.

Eu tentei fugir tanto, me esconder tanto, que aos vinte e oito anos eu não tinha amigos, namorado ou qualquer relacionamento fora dos grupos de horror na internet.

Mas, isso não quer dizer que eu não amasse meu pai e seus esforços para tentar me fazer compreender que tudo que ocorria nos filmes era interpretação e que a nossa família, para ele, era sagrado.

— Sua mãe era uma mulher incrível, Julie — ele me disse, numa das visitas que fez ao meu apartamento. — Ela foi minha melhor amiga.

Eu sempre sentia seu luto naquelas ocasiões.

— Você devia dar uma chance a ela — ele pediu.

— Uma chance? Ela está morta.

— Ela morreu, mas sua arte permanece.

Arte?

— Sua mãe teve uma vida muito difícil. Eu não quero trazer isso para você, não é um peso seu, mas quando a conheci durante as filmagens de um filme, descobri uma pessoa doce e gentil. Nós realmente nos tornamos amigos e depois nos apaixonamos. O sexo é só um ato físico. Sua mãe e Charles foram os únicos parceiros que eu amei. Filha, você tem que separar as coisas. A atriz não era a esposa e mãe devotada que tínhamos em casa.

Eu suspirei. Aquela conversa era frequente, e frequente também meu desejo de desaparecer.

— Vai haver uma convenção em Las Vegas — ele contou. — Uma Convenção Erótica, e irão homenagear sua mãe.

E?

— Por favor, você poderia ir representando a família? Seria uma forma de dizer que não se envergonha dela.

— Eu me envergonho dela.

— Julie — meu pai se curvou no sofá e segurou minha mão. — Filha, estou te implorando. Nessa convenção irá conhecer atores que contracenaram com ela, saberá o quanto ela era generosa e um ser humano incrível. Deixe que essa máscara desabe. Veja a verdade.

Eu não devia. Mas, decidi assentir porque eu amava meu pai e queria fazê-lo feliz.


Foi assim que eu acabei em Vegas, num hotel luxuoso, carregando uma mala pesada cheia de DVDs eróticos e pôsters de minha mãe nua.

Eu sei, é uma coisa vergonhosa. Eu queria simplesmente não existir. Será que Marga Adney não pensou antes de me gerar? Como uma mulher como ela poderia ter uma filha? Todas as coisas que eu era obrigada a suportar por sua causa... E agora isso! Uma Convenção Erótica onde minha mãe seria a homenageada.

Entrei no hotel, puxando a mala pesada. Onde estava o maldito carregador?

Meus olhos arderam diante da ostentação do local. Era realmente um dos hotéis mais caros de Vegas. O pessoal da Convenção que pagou minha passagem e a hospedagem realmente quis me dar tudo de melhor.

Eu não me surpreendi. Tinha uma vida muito confortável. O mundo adulto gerava milhares de dólares por ano, e eu usufruía uma parcela deles por conta do ofício dos meus pais.

Comecei a andar em direção ao saguão. No fundo eu podia ver o rosto profissional – mas amuado – dos recepcionistas. Era aquilo, a vida era uma merda! Não importava a profissão!

Meus passos começaram a ecoar. Maldito momento em que decidi usar saltos. Eu chamava a atenção, mesmo odiando cada momento do caminho.

Subitamente, a torção no pé. Eu me visualizei, como se fora do corpo, a cair numa marcha lenta em direção à porcelana do piso.

De repente, braços fortes me puxaram contra um corpo rígido. Eu não podia ver quem me salvou, mas senti o cheiro de loção pós-barba e tabaco, o que me causou uma impressão imediata. Eu me segurei em seus braços, enquanto ouvia a mala resvalando no chão – eu ainda segurava seu cabo – e o som de papéis espalhando-se.

O homem riu. Enfim, eu consegui erguer minha face e observar o estranho enorme – sim, ele tinha quase dois metros de altura –, de olhos claros e uma barba grande.

Por algum motivo eu suspirei. Aquele homem era o antagonismo perfeito de todos os outros que eu conhecia. Meus pais viviam cercados de atores pornôs e quase todos eram de face sem barba e corpo esculpido por bombas de academia.

Aquele não. Sua face era marcada pelo sol, o que me indicava que ele trabalhava em algo que não era focado em fazer as pessoas se masturbarem, e seus músculos não pareciam ter sido adquiridos em pesos da vaidade.

Havia as tatuagens, também. Elas se espalhavam pelos braços, e eu podia ver uma num pedaço de pele que a camisa não cobria.

— Você está bem? — O olhar dele me deixou e focou-se nos papeis no chão.

Só então eu percebi a mala aberta. Enrubesci, enquanto volvia-me para o chão e recolhia o material erótico.

Ele também se ajoelhou, solícito, e pegou uma das imagens. Olhou a foto e depois me olhou. Havia algo nos seus olhos pensativos, mas eu simplesmente ignorei, puxando-a de suas mãos e a escondendo na mala.

Eu não sei explicar porque estava tão intranquila. Meu corpo inteiro tremia. Aquele homem era tão tentador quanto o pecado. E eu nunca havia me sentido tão atraída assim antes. Por ninguém!

Talvez fosse simplesmente o nervosismo daquele dia. Sair do meu casulo de autoproteção e estar ali, naquele ambiente, havia quebrado algo em mim.

— Obrigada — eu disse, por fim. — Estou bem, graças a você — gaguejei nervosa.

Eu devia juntar meu resto de dignidade e ir para a recepção, mas havia algo nele que não me deixava sair do lugar. Seu olhar viajou pelo meu corpo, e eu estava totalmente ciente de cada vez que seus olhos se demoravam no meu rosto, como se buscando decifrar alguma familiaridade, eu sentia mais e mais minhas entranhas se aquecerem.

— Você é realmente uma tentação — ele murmurou.

Eu devia estar insultada, mas a quem vou enganar? Meu corpo parecia em carne ardente.

Sua voz profunda e grave foi como uma carícia e só serviu para me tornar mais consciente dele.

Eu nunca havia sentido aquele calor. E era bom. Era gostoso. Meus joelhos tremeram e minhas coxas aqueceram.

— Eu devo ir — disse, um tanto assustada com aquelas reações.

Ok. O cara era gostoso pra caralho, e eu não sabia o que era sexo desde... desde nunca. É isso. A filha de dois astros eróticos era virgem. E eu estava quase chegando aos trinta.

De repente, dei-me conta de que era adulta, e que podia viver o que eu quisesse, da maneira que eu quisesse, porque eu já havia sido julgada e condenada muito antes de fazer qualquer coisa.

— Ok. Obrigada e adeus — disse, tentando me afastar.

Sua mão grande segurou meu antebraço e eu quase suspirei.

— Eu sou Aaron. — Se apresentou. — E você é...?

— Eu sou Julie.

Eu baixei minha face, tentando verificar se havia deixado algo no chão. Não. Estava tudo novamente bem guardado dentro da mala, escondido dos olhares sedutores daquele homem.

Volvi meus olhos para ele e percebi que ele ainda vagava sobre meu corpo, como se analisando cada detalhe.

— As fotos são realmente interessantes — ele murmurou.

Eu enrubesci.

— É trabalho — justifiquei. E por quê? Marga Adney, por que eu justificava agora suas fotos sendo que eu mesma te condenava? — Preciso fazer o check-in .

— Sim, você precisa.

Minha calcinha ficou encharcada por conta daquele tom.

Eu devia estar louca!

Minha garganta estava seca. Pelo menos uma parte de mim não estava molhada e languida.

Um filme começou a rodar na minha cabeça. Um daqueles que minha mãe fazia. Imagens daquele homem me deitando na cama e me fodendo giravam na minha mente. E pior, eu gostei daquilo, gostei daqueles pensamentos.

Observei melhor Aaron. Ele tinha uma barba grande e mãos rudes. Eu sentia os calos raspando no meu braço. Era alguém que lidava com algo manualmente.

Bem... Mais que qualquer coisa, ele parecia bem disponível para mim. Um homem que me atraiu imediatamente parecia uma resposta a minhas preces. Eu bem que podia aproveitar aquele momento horroroso e traumatizante da Convenção para vivenciar uma novidade.

Afinal, já estava na hora...

Estava mais do que pronta para experimentar um pau duro batendo na minha boceta.

Mas, como eu me ofereceria? Eu não entendia nada de flertar. Eu não sabia como fazer aquele homem entender o que eu queria. E, como eu poderia explicar que era virgem? Que minha experiência era nula?

Bom, eu não precisava dizer nada sobre isso. Talvez ele nem percebesse.

— Seu check-in ? — A voz de Aaron me tirou dos devaneios e trouxe minha atenção de volta para ele.

Olhei de novo para a recepção.

Vamos, Julie... Como você se oferece para um homem?

Tentei me lembrar de qualquer romance que eu já havia lido na vida. Eu era focada no gênero do horror, mas, às vezes, eu gostava de me aliviar com algo diferente.

Lembrei-me de Padyris, da Josiane Veiga. Naquele livro, no primeiro encontro da Francesca com Andreas eles estavam fazendo o quê? Bebida! Isso! Eles falavam de bebidas!

— Bom, você me salvou, não é? Acho que lhe devo um drink — sugeri, dando meu melhor sorriso.

Ele sorriu de volta. E era um sorriso lindo. Daqueles que eu gostava.

— Eu gostaria de um drink — ele murmurou.

Ali estava a resposta! Eu tinha que encher a cara! Bêbada, quem sabe, eu me tornaria mais atirada e, enfim, perdesse aquela membrana chata que me tornava virgem. E também me permitiria viver algo diferente com aquele homem.

Muitos drinks e o homem mais gostoso que já vi na vida... Era uma combinação perfeita!

Eu chamei um dos carregadores e pedi que ele levasse minha mala até a recepção. Depois eu faria o check-in , expliquei. Então, comecei a caminhar em direção ao bar do hotel, sentindo cada olhar de Aaron na minha bunda.

Era como um toque. E era gostoso. Eu andei na frente exatamente por causa disso. Para deixá-lo ter uma visão completa do meu corpo.
Sentamos num banco. O bar estava deserto, exceto por nós.

— Martini — eu pedi ao garçom. — E você?

— Uísque — ele disse. — Duplo. — Piscou para mim. — Por que diabos aquilo parecia uma sugestão? — Julie, fale-me de você...

Falar de mim? Nem fodendo! O que havia de interessante na porcaria da minha vida?

— Prefiro começar falando sobre você, homem barbudo — eu brinquei, bebericando o Martini.

Aquela risada esganiçada era minha?

— Sobre mim?

— Você não parece um homem da cidade — apontei.

— Não sou. Cuido de gado, no Texas. Estou aqui de férias.

— Hum...

E era isso. Eu não tinha mais assunto. Eu era a pior sedutora que já existiu.

Eu engoli minha bebida. Meus olhos lacrimejaram com a queimação na minha garganta. Aquele negócio já começava a fazer efeito? Eu nunca havia bebido antes. Eu só pedi Martini porque era a bebida das mocinhas dos livros da Josiane Veiga. Eu nem sabia que gosto tinha, antes daquele momento.

Bom, era doce, mas agora já começava a me dar uma tontura.

Ergui meus olhos para Aaron. Os dele, escuros, se intensificaram. Percebi que ele também queimava. Eu estremeci. Eu gostava daquela intensidade que parecia existir entre nós. Por alguma razão, tive a sensação de que ele viu além daquela encenação. Era como se ele me enxergasse, verdadeiramente.

— Que tal terminarmos nossas bebidas em outro lugar? — A sugestão dele pareceu vir de encontro aos meus desejos.

Eu não sabia ser direta, e foi um alívio que Aaron fosse por nós.

Estendi a mão e descansei-a no antebraço de Aaron. Eu definitivamente queria sair dali e ir com ele para onde ele quisesse.

Saímos do bar, sua mão deslizou suavemente na minha cintura. Eu podia sentir as pontas dos dedos queimando minha pele através do tecido fino.

Mas em vez de procurar outro lugar para tomar uma bebida, Aaron me levou para um elevador. Entramos. O local estava vazio, e eu sentia o clima aquecendo cada vez mais rápido.

Eu estava tonta. Apesar dos poucos goles da bebida, sentia minha mente aérea. Assim, fiz algo impensado. Levantei na ponta dos pés e beijei sua bochecha.

Sério, eu era esse poço de infantilidade? Uma mulher na minha idade, que realmente queria um homem, não seria estúpida o suficiente para beijar o rosto dele. Uma mulher que sabia o que fazia, teria lhe puxado pelos ombros e lhe beijado na boca.

Sua barba raspou meus lábios de um jeito que me fez engolir um gemido.

— Você é tão doce — ele murmurou.

Era isso. Aquela noite seria inesquecível.

 

 

 


Aaron

 

E u nunca paguei por sexo antes. Mulheres, sempre tive as pencas. Na minha pequena cidade, continuamente havia solteiras solitárias ou casadas carentes para pedir o aconchego de um fazendeiro solteirão.

Mas, no momento que pousei meus olhos naquela mulher, soube que entregaria a ela tudo que tinha na carteira e também tudo que tinha no banco, apenas para afundar meu pau naquele corpo delicioso.

Quando ela entrou no hotel, eu não sabia exatamente o que me atraiu. Quando ela se desequilibrou e quase caiu, e eu vi o conteúdo da sua mala, eu compreendi de onde vinha aquela familiaridade.

Eu não era fã de filmes adultos. Eu havia visto um ou outro em toda a minha vida, mas com certeza eu havia assistido algum dela. O rosto não me era incomum.

Enquanto a ajudava a recolher suas fotos eróticas, percebi os títulos dos seus filmes. Eram tantos paus e bocetas que eu fiquei tonto.

“ Bocetinha de neve e os sete pauzãos ”;

“ Meu pau será sua herança ”;

“ Bocetinha de luxo ”;

“ O Pau da Arábia ”;

E um em particular me fez arregalar os olhos: “ O Poderoso Pauzão ”, onde ela aparecia sentada ao lado de uma piroca de quase trinta centímetros, vestida de gângster.

Deu pra reconhecer que era ela, a protagonista. Claro, Julie tinha os cabelos descoloridos agora, quase brancos, e usava um vestido largo, preto e discreto, mas o rosto não enganava ninguém. Percebi também que ela usava um pseudônimo, Marga, para fazer aquele tipo de trabalho.

Não a julguei, até porque fiquei interessado. Não é todo cara que conhece uma mulher que possa ensinar algo a ele.

Eu olhei para as mãos de Julie só para conferir. Sem nenhuma aliança que definia que ela tinha compromisso. Não que eu esperasse que uma atriz pornô tivesse qualquer compromisso, mas...

De súbito, notei suas unhas. Discretas. Curtas. Apenas um esmalte rosa claro parecia antagonizar com a mulher poderosa dos filmes.

Era realmente como se fossem duas pessoas diferentes.

Enquanto ela me convidava para um drink, eu disse a mim mesmo para me afastar. Mas... o que diabos havia de errado comigo?

Tudo o que eu sabia é que ela havia me pescado como um grande peixe no Mississipi. E tudo que eu desejava era encontrar uma cama para poder desvendar aquele corpo magnífico por baixo das roupas largas, e desfrutar da carne por baixo.

Não sei porque, a convidei para subir.

Eu tinha regras. Dormir com prostitutas ou atrizes pornô não era exatamente o tipo de coisa que um homem do Texas, de família católica praticante e com uma mãe severa, faz.

Mas... era só uma noite.
Um pequeno lapso no tempo que eu aproveitaria e depois esqueceria. Afinal de contas, minha mãe me queria casado e eu sabia que ela andava observando alguma das boas moças da nossa cidade, para um enlace.

Quando chegamos no meu quarto, pude observá-la sobre outro ângulo. Parecia nervosa. Seus dentes mordiam seu lábio inferior enquanto os nervos faziam sua voz tremer um pouco como se ela tivesse que criar coragem para me pedir para sair do quarto.

Puxa vida! Ela realmente parecia uma garota gentil e inocente, daquelas que crescem em fazendas afastadas.

Como uma mulher assim acabara como atriz pornô?

Eu me aproximei dela, com cuidado, e deslizei meu polegar sobre sua boca para forçá-la a libertar o lábio de seus dentes. Seus lábios se separaram e eu lutei contra o desejo de capturá-los com os meus.

Nós ainda não havíamos falado do preço e eu não queria surpresas. Também não sabia as regras dela. Eu sempre fui gentil com as mulheres e não agiria como um cretino contra aquela belezinha apenas porque, claramente, ela era uma prostituta.

— Bom, princesa, eu vou ser bem franco com você. Eu sei que está meio alta por causa da bebida, então vou deixar bem explícito para que saiba o que está fazendo, está bem?

Ela balançou a face, concordando.

— Eu não me importo com o seu trabalho, o quanto você cobra, ou com quantos caras já dormiu. Tudo que eu quero fazer é enterrar meu pau dentro de você. O pensamento de sua boceta se fechando em volta do meu pau está me deixando louco. Se você quer que eu te foda tanto que você não consiga lembrar o seu nome, fique comigo. Se não, você pode ir embora agora.

Sua boca perfeita abriu num “O”. Só de ver a ponta de sua língua rosa meu pau pulsou. Eu queria aquela língua em volta de mim, sugando, enquanto enchia sua linda boca com meu esperma.

— Eu entendi — ela sussurrou.

Meu pau doía por ela, mas eu tinha que ter certeza.

— Você concorda em me deixar te foder? — Estendi a mão livre para rolar o mamilo entre o polegar e o dedo. Seus seios sem sutiã estavam me provocando desde o saguão.

Ela fechou os olhos brevemente. Seus dentes voltaram para o lábio inferior.

— Eu concordo.

Eu me inclinei mais perto e baixei a minha voz, apesar de estarmos a sós no quarto.

— Sua calcinha está molhada?

Seus olhos ainda estavam fechados, mas ela assentiu. Um gemido ofegante escapou de seus lábios.
Eu tirei minha mão de seu peito e ela balançou em minha direção.

— Julie — Céus, que mulher maravilhosa, que pele acetinada... — Diga para mim o que você quer, benzinho — murmurei, sensual. — Fale para mim como você quer que eu te coma...

— Eu quero que você me foda tão forte que eu não consiga lembrar o meu nome.

Eu entrelacei meus dedos nos dela e a puxei em direção à cama.

— Isso é bem estranho para mim — ela murmurou.

Por que será? Talvez ela só fizesse sexo nas telas, não é? Talvez nunca tenha conhecido um cara e ido para a cama com ele na mesma noite. Talvez seus programas incluíssem algum encontro para se conhecerem, antes.

— Não posso deixar de destacar o quanto sou sortudo — eu ri.

Eu comecei a imaginar como seria contar para meus amigos que eu havia transado com uma atriz pornô chamada Marga. Buscaríamos por ela na internet e eu diria: “ Ela fez isso em mim também ”.

Sei que está pensando no quanto sou infantil. Eu sou homem, é óbvio que imaturidade é minha cara-metade!

De repente, ela me abraçou, como se aquele ato instintivo pudesse resolver suas dúvidas. Eu adorei. Devolvi o ato, meus braços se apertando ao redor dela, embalando-a perto. Meu pau estava duro, mas me senti obrigado a ter certeza de que ela estava pronta antes de avançarmos.

— Você está bem?

Ela assentiu sem falar nada. Depois, inclinou a cabeça e beijou minha mandíbula.

Seus lábios na minha pele eram tão ternos e inocentes, eu tive que respirar e segurar para não gozar nas calças.

— Vamos devagar, gostosa...

Eu coloquei uma mão entre suas coxas. Ouvi sua respiração prender e lutei com a evidência do meu efeito sobre ela. Eu continuei deslizando minha mão para cima e para baixo, e ela separou as coxas macias para abrir espaço para mim. Eu não parei até chegar a sua boceta coberta pela calcinha. A umidade que encontrei ali indicava que ela me queria tanto quanto eu a queria.

Não perdi tempo. Eu empurrei sua calcinha para o lado para afundar um dedo dentro dela, gentilmente. Julie estremeceu em reação.

— Porra! Sua bocetinha está encharcada — murmurei.

Ela ergueu o rosto para mim e eu fiquei feliz em beijar aqueles lábios lindos. De súbito, me lembrei daquele filme “ Uma linda Mulher ” que dizia que prostitutas não beijavam na boca, mas eu realmente pagaria o preço que fosse para desfrutar daquela delícia.

Ela se forçou contra o meu dedo, balançando seus quadris no ritmo dos meus movimentos enquanto eu deslizava dentro e fora dela. Eu adicionei outro dedo. Ela estava tão apertada que praticamente pulou no meu colo.

Tirei o dedo, enquanto puxava o vestido até a cintura, levando-o acima dos ombros, deixando-a livre da roupa. Então, a empurrei contra a cama, ansioso por mais... Por tudo.

Ela fechou os olhos e eu vi seus seios subirem e descerem sob sua respiração lenta e estremecida. Ela estava obviamente nervosa, mas seguiu meu comando.

Ok, era estranho. Não era ela que devia estar guiando tudo aquilo?

Sua calcinha de renda branca contra a pele pálida a fazia parecer tão inocente quanto uma virgem, e eu desisti de questionar sua maneira de se portar.

Talvez ela pensasse que eu gostasse de pudicas, já que eu era claramente um texano caipira. E, bem, a verdade é que eu realmente estava gostando de guiar aquela relação.

Puxei minha camisa sobre a minha cabeça antes de jogá-la na cadeira próxima. Peguei alguns preservativos da minha carteira e os deixei cair na cama. Seus olhos se arregalaram ainda mais ao vê-los.

— Você poderia desligar a luz — ela sugeriu.

Eu nunca havia tido uma mulher tão bonita. Eu não iria fodê-la no escuro!

— Não — eu ri da descabida sugestão.

Puxei minha calça. Meu pau saltou para a frente, grosso e pesado. Eu me acariciava, deslizando meu punho para cima e para baixo do meu eixo.
Os olhos de Julie se arregalaram e ela engoliu em seco.

Fala sério, eu vi a piroca do Poderoso Pauzão , e apesar de bem satisfeito com o meu tamanho, eu não chegava aos pés daquele cara. Não havia um único motivo para ela se surpreender pelo meu tamanho.

Puxei sua calcinha, percebendo que sua curiosidade enfim venceu qualquer medo. Ela se apoiou nos cotovelos para me assistir fodê-la. Suas bochechas estavam rosadas, mas seu olhar era ousado enquanto viajava pelo meu corpo.

Era tentador ter o corpo dela agora aberto para mim, me inclinei para chupar sua boceta, mas eu não era tão paciente. Eu precisava me enterrar até as bolas dentro dela antes que perdesse a cabeça. As preliminares teriam que esperar até a segunda rodada, quando eu tirasse um pouco da minha ansiedade.

Eu rolei uma camisinha no meu pau grosso. Minhas mãos tremiam. Eu sempre soube o que fazer na cama, mas aquela mulher me deixou louco.

— Você realmente não quer apagar a luz? — ela indagou, novamente.

— Querida, eu quero ver seu rosto quando entrar em você.

Eu me movi sobre ela, suas coxas apertando meus quadris enquanto meu corpo pressionava Julie no colchão. Eu não queria nada escondido. Eu gostaria de não precisar de preservativo, mas, afinal de contas, era uma atriz pornô e eu temia pegar alguma doença.
Meu corpo descansou entre suas coxas, e meu pau pressionou a entrada de sua bocetinha molhada. Eu não podia esperar para mergulhar meu pau.

— Envolva suas pernas em volta da minha cintura — eu pedi.

Como se diabos ela não soubesse o que fazer!

Julie usou as pernas para me puxar para mais perto.

— Eu posso te beijar? — indaguei.

Não queria agir de forma antiprofissional.

Ela assentiu, e então me buscou. Foi um beijo fofo e delicado, como ela. Estranhamente, me deixou ainda mais em combustão, roubando minha respiração e meu controle. Devorei sua boca, deslizando minha língua ao longo de seus lábios, exigindo entrada. Ela se abriu para mim, e eu mergulhei no interior ao mesmo tempo em que afundei meu pau no calor acolhedor de sua boceta, permitindo que apenas a ponta entrasse antes de puxar de volta novamente.

— Oh — Julie escapou da minha boca, sem fôlego. — Isso é bom, faça de novo.

Eu ri. Céus, como aquela mulher podia encenar tão bem? Eu a acariciei novamente.

Sua boceta me enlouqueceu com força. Meti a cabeça de novo, e puxei. Gostei de brincar com o líquido que saía dela.

Na terceira vez ela inclinou seus quadris para cima, me puxando mais para dentro dela.

Com um rugido, eu empurrei tudo para dentro dela.

— Ah Deus — ela gritou.

Eu estava excitado, mas não retardado. Aquilo não foi grito de tesão, nem encenação.

Eu comecei a sair, puxando meu pau lentamente.

Percebi as lágrimas em seu rosto, e suas mãos em cima da sua vagina úmida agora, não apenas pelos nossos sucos, mas também por sangue.

— O quê? Como? — Murmurei.

Alguém nesse vasto universo poderia me explicar como uma mulher daquelas, linda e perfeita, atriz pornô e prostituta, era virgem?

 


Julie


A lguém pode me explicar como sexo poderia mover o mundo? De que jeito idiota aquela coisa dolorida e aterrorizante podia fazer as pessoas perderem a cabeça e esquecerem-se de tudo? Vamos ser francos, o negócio era horrível, eu me sentia como se Aaron tivesse metido uma faca no meio das minhas pernas, e uma dor agonizante quase me fazia delirar.

Como meus pais podiam ganhar dinheiro com isso?

“ Calma Julie, é só a primeira vez...”.

Sim, era isso. O problema de tudo era a virgindade. Depois que se perdia, por mágica, a coisa melhorava. Era isso, não? Observando o corpo tatuado e gostoso de Aaron eu quis descobrir.

Aos poucos, fui relaxando. Claro, ainda estava dolorida, mas aquela sensação ruim foi amenizando.

— Ok — eu murmurei. — Você pode continuar.

Sim, eu queria fazer sexo. Ponto. Deixar de ser virgem e viver aquela experiência. Melhor ainda que fosse com um desconhecido que eu nunca tinha visto antes e que provavelmente nunca veria depois.

Imaginei que Aaron fosse voltar para mim, mas ele se afastou, buscando uma cadeira ao lado da cama. Sentou-se. O olhar arregalado.

— Algo errado? — indaguei.

Ele assentiu.

— Para começar, como você pode ser virgem?

O calor subiu pelo meu peito como se eu estivesse, de repente, pegando fogo de um jeito nada sexy. Eu fiquei envergonhada imediatamente.

— Algum problema com isso?

— Sim. Algum problema — ele parecia em estado de choque. — Como você pode ser virgem? – repetiu.

— Eu... — fiquei nervosa. Ser virgem era defeito? O mundo andava tão moderno, como eu poderia saber? — É um enigma...

— É? — ele estava me deixando cada vez mais confusa.

— Nem pensei que você notaria — desconversei.

— Oh, mas eu notei — havia uma nítida ironia em sua voz.

Engoli em seco. Senti um suor gelado se formando em minhas mãos.

— O que eu fiz de errado?

— Nada de errado — ele dizia tão vagarosamente como se buscasse uma explicação lógica de algo que eu era incapaz de entender. — Virgem? – ele repetiu, o semblante cada vez mais espantado.

— É difícil explicar – tentei justificar. — As coisas simplesmente não aconteceram, antes. Eu sou uma pessoa bem reservada.

— Como uma atriz pornô pode ser reservada? — ele indagou, me fazendo arregalar os olhos.

Atriz pornô? Minhas sobrancelhas se ergueram, confusas.

— Olhe, eu não faço filmes adultos.

Céus, que constrangedor! Estava nua na cama, enquanto o homem se erguia da cadeira e buscava pelo celular.

— Eu vi suas fotos. Marga, não é? Qual seu sobrenome?

— Adney – respondi sem pensar, e também me ergui.

Queria explicar a situação, mas ele parecia não prestar a menor atenção em mim. Logo reparei que ele buscava por Marga Adney na internet.

— Espere ! – Céus, aquele homem era difícil de controlar. – Me deixe explicar...

Então seus olhos finalmente volveram para mim. Estavam arregalados.

— Marga Adney faleceu de câncer em 1991 – ele murmurou. – O...k... – disse tão devagar, soletrando cada letra enquanto começou a se aproximar das roupas no chão. – Vamos fingir que isso não aconteceu e eu vou embora...

— Esse é seu quarto – o lembrei.

— Pode ficar com ele – Aaron me observava temeroso. – Você está igualzinha a quando morreu, só não entendi porque seu cabelo ficou branco.

— Céus, não sou um fantasma! – bramei. – Marga Adney era minha mãe. O que explica porque sou virgem. Eu moro de vergonha dela e do que fazia. Então, quer parar de palhaçada?

— Você não é Marga Adney?

Ele olhou novamente para o celular. Eu sabia que era igual minha mãe. Era difícil, realmente, acreditar que éramos duas pessoas diferentes.

— Sou Julie Adney. Estou em Vegas para uma Convenção Erótica que irá homenagear minha mãe. As fotos que viu são dela. Meu pai também é ator de filmes adultos.

Ele abriu a boca, como se calculasse o que fosse me dizer. Eu sabia que havia provocado uma avalanche de emoções. Aquele cara havia ido para a cama com Marga Adney, e acabou conhecendo uma virgem inocente.

— Me explica como você pôde ter se atirado pra cima de mim? — sua pergunta me deixou surpresa. — Tipo, o que te fez entregar sua virgindade para um desconhecido, que podia ser um maníaco, ou sei lá o quê? Você já olhou para mim? Sou enorme, cheio de tatuagens, cara de mau, eu podia ter sido horrível com você, ainda mais considerando que até esse momento eu achava que era uma prostituta!

Ele parecia estar louco, com aquela postura cheia de questões que eu não era capaz de responder.

Como eu fui me meter naquela enrascada? Por que de todos os homens do mundo, fui escolher logo um que parecia se importar com o fato de eu ter um hímen?

— Eu acho melhor me vestir. Talvez, ir para meu quarto — murmurei. — Nós podemos conversar melhor quando os ânimos se acalmarem.

Ele me encarou como se não acreditasse que eu tivesse dado tal sugestão. Oh, ele era tão sedutor como o pecado mesmo quando estava chateado.

— Você não vai a lugar nenhum até me dar algumas respostas. Foi minha mãe que a colocou nisso, não é?

Eu me ajeitava com o lençol, quando sua pergunta quase me fez rir.

— Sua mãe? Achei que a questão aqui era a minha. Olhe, eu não sei nada sobre você além do que você me disse no bar.

— Certo, então o que diabos está acontecendo?

— Eu não sei! — reclamei.

E de repente, parecia prestes a chorar. Que merda! Eu só queria encher a cara e perder a virgindade, enquanto esquecia que era filha de Marga Adney! Como fui parar naquela situação?

— Olhe, sexo é parte da minha família. Meus pais fazem para viver. Minha mãe, como você sabe, era uma atriz erótica. E eu sou esse poço de esquisitice. Eu não queria que ninguém soubesse. Eu só queria que isso tivesse fim.

O olhar dele amenizou.

— Eu sinto muito que tenha sido uma merda — ele murmurou. — Se eu soubesse que era virgem, teria te preparado melhor.

— Oh — fiquei aliviada com a mudança dele. — Eu achei legal.

— Legal? — Ele balançou a cabeça. — Legal?

Legal era ofensa?

— Você não quer que eu diga que foi a transa da minha vida, porque mesmo sendo a única foi uma bosta e você sabe, né?

Ele riu. Sua voz tinha uma delicadeza que estava em desacordo com seu tamanho e atitude anterior.

— O que foi? — questionei.

— Bom, estou com meu ego rasgado e destruído. Então, quero pedir uma segunda chance.

— Segunda chance?

— O sexo é bom e gostoso quando é feito do jeito certo. Eu achei que você era experiente, então não a preparei da maneira correta. Quero pedir que me dê a chance de fazer isso, agora.

Um calor acumulou-se na minha barriga. Eu era incapaz de responder, então simplesmente o observei aproximar-se.

Meus mamilos endureceram. Apesar daqueles modos pouco cavalheiros, aquele homem me fazia ferver.

As pontas dos dedos másculos brincaram com meus seios. Eu já podia sentir minha boceta se molhar novamente.

Como se ele lesse minha mente, a mão de Aaron mergulhou entre as minhas pernas. Fechei meus olhos enquanto ele acariciava meus lábios antes de manusear meu clitóris. Minhas pernas se abriram, oferecendo-lhe maior acesso. Ele aliviou um dedo dentro de mim, acariciando-o lentamente para dentro e para fora.

Isso foi muito bom. Depois daquela entrada obtusa de antes, agora tudo parecia calmo e gentil.

Logo me vi forçando-me contra a mão dele. Então os lábios de Aaron encontraram os meus. Eu abri minha boca, deixando sua língua me invadir. Pequenas faíscas de eletricidade passaram por mim. Eu amei como ele despertou meu corpo com o menor toque.

— Essa bocetinha apertada precisa da minha atenção.

Ok, lá estava eu, entregue novamente àquele homem.

— Oh céus...

Aaron certamente sabia o que estava fazendo. E sabia como preparar uma mulher.

Nós voltamos até a cama. Ele deitou-se, e me deixou de joelhos ao seu lado.

— Suba em cima de mim, Julie —ordenou.

Sua voz me fez tremer. Eu me movi, montado nele. Seus olhos estavam fixos em mim, tão intensamente focados que pensei que poderia explodir em chamas.

Sua respiração acelerou. Eu podia sentir seu pau esticando debaixo de mim, batendo na minha barriga. Suas bolas descansaram sob minha boceta.

Eu acariciei seu pênis com uma mão. Sua pele estava macia, aveludada. A ponta estava molhada.

— Princesa, você é maravilhosa...

Eu me abaixei e molhei minha mão com meus próprios sucos antes de acariciá-lo mais. Eu adorei senti-lo crescer mais na minha mão.

— Agora esfregue essa pequena boceta apertada sobre o meu pau.

Ali estava um problema. Eu me lembrava da dor. Havia acabado de ocorrer. Tudo que envolvia as carícias eu adorava, mas quando ele se forçava dentro de mim, nossa, ardia muito.

— Eu não sei se vai caber...

— Não se preocupe. Apenas vá devagar...

Vagarosamente, abaixei-me para que minha vagina estivesse sobre a ponta dele. Aaron gemeu. Eu gemi. Foi muito bom. Eu não sabia o que esperar, realmente. Mas, a sensação de meu íntimo se esticando, sentindo a pele dele, era indescritível.

Eu deslizei lentamente pelo comprimento dele, centímetro por centímetro.

Seus olhos estavam fechados. Eu podia sentir o prazer dele retorcendo-se em mim.

Finalmente percorri todo o caminho para baixo, sentada, seu pau inteiro dentro de mim.

Puta que pariu! Era incrível!
Comecei a rebolar meus quadris e seus olhos se abriram.

— É isso aí. Monte-me como se estivesse num cavalo.

Sei lá porquê, suas palavras me deixaram mais ousada e excitada. Aumentei o ritmo até que logo eu estava deslizando para cima e para baixo no comprimento dele. Meus seios saltaram com o balanço.

Aaron se inclinou, e parecia que seu pênis estava ainda mais profundo dentro de mim. Ele pegou um dos meus mamilos entre os dentes e chupou forte.
Se eu pensasse que estava bom antes, agora não havia palavras. A sensação dos seus lábios no meu mamilo era de poder.

Eu podia sentir meus músculos da boceta agarrando-o enquanto eu me movia.

Seu rosto estava corado. Seus dedos amassaram minha bunda.

— Ah, Julie. Você é tão gostosa. Vou gozar, princesa...

Eu podia sentir meu orgasmo crescendo. Eu estava perdendo o controle. Eu ia me dividir em um milhão de pedaços. As bolas de Aaron estavam apertadas debaixo de mim, e isso só me levou a montá-lo com mais força.

— Vou encher sua boceta com minha porra, minha virgenzinha linda — ele sussurrou.

— Oh, sim — eu gemi. O som escorregadio de nossos corpos se juntou, me excitou mais. — Mete tudo...

Quando Aaron bombeou para dentro e para fora de mim, eu pude sentir meu orgasmo crescendo, em seguida, caindo sobre mim como uma onda. Eu adorava me sentir como uma estrela cadente. O pau de Aaron jorrou seu esperma quente. Eu queria saborear até a última gota.

Desmoronei em cima dele. O único som no quarto era nossa respiração ofegante. Eu estava com sono e dolorida, mas eu não queria perder um segundo daquele momento incrível. Se eu estivesse sonhando, eu não queria acordar.

Debaixo de mim, sua voz profunda ecoou.

— Agora sim, princesa. Você foi fodida como merece...

 

 


Aaron


E la era adorável. Poucas vezes na vida eu havia visto uma mulher tão delicada, gentil e maravilhosa. E eu tinha experiência com as damas...

Ainda era difícil entender como uma deusa do sexo incrível daquelas podia ser virgem. Mas, eu fiquei orgulhoso de ter sido o primeiro. Pense o que quiser, para um homem do Texas antiquado como eu, saber que havia tirado a pureza daquela mulher era algo absolutamente sensual e atraente.

Talvez por causa disso, eu queria ser dono dela. Não no sentido ruim. Queria que Julie me pertencesse, de todas as formas, para sempre.

Enquanto a observava vestir-se, no dia seguinte, eu pensei como poderia alcançar esse objetivo. Nada na minha situação era fácil. Apesar de minha mãe sonhar em me ver casado, quando eu aparecesse com a filha de astros pornôs em casa, a coisa poderia se complicar.

Mesmo assim, era tão nítido que não havia ninguém melhor.

É difícil de explicar... Havia algo no cheiro dela que me deixava com uma estranha sensação de familiaridade, como se realmente houvéssemos nos reencontrado depois de muito tempo. E isso sem falar o sexo. O jeito que ela me montou, a forma como sua vagina galopou meu pau me deu o mais poderoso orgasmo da minha vida. De repente, aquilo passou a ter muito valor. Eu queria ter aquela experiência enquanto vivesse. E só ela poderia me dar isso.

Quando nos reencontramos no saguão, ao meio dia do dia seguinte, eu a convidei para almoçar. Estava ansioso para conhecer ainda mais dela, saber seus sonhos, seus desejos. Queria aquela mulher em absoluto, e ansiei com força que ela concordasse.

— Acha uma boa ideia? — ela indagou.

— Por que não?

Depois de certa hesitação, ela aceitou entrar comigo em um táxi. Estava linda usando uma saia até os joelhos e uma blusa discreta, clara. Julie parecia o estereótipo da garota perfeita, e era assim que eu a via depois dos momentos perfeitos que tivemos.

— Você vem muito a Vegas? — indaguei.

— Não, é minha primeira vez.

Eu não resisti aquele jeito doce.

— Até nisso você era virgem, docinho? — murmurei, tocando de leve nas suas coxas.

Eu percebi o arrepio em sua nuca. Julie me desejava tão ardentemente quanto eu a ela. Aquilo podia ser perfeito se ambos conseguíssemos abrir espaço um para o outro em nossas vidas.

— Já pensou em viver no Texas? — indaguei, de supetão. Seu olhar volveu para mim, curioso. — Numa cidadezinha chamada Esperanza. É muito bonita no outono.

— E o que eu faria lá?

— Seria a esposa de um cowboy — sugeri.

Nas janelas, víamos as luzes cruzando rapidamente, as multidões de turistas que se aglomeravam nas calçadas. Aquele lugar era sempre cheio e intenso.

De repente, o táxi parou. O restaurante que eu escolhi era o favorito de minha mãe. Eu esperava não me deparar com ela, nele. Apesar de concordarmos em nos darmos uma folga naquele passeio, eu não pensei direito quando escolhi o restaurante.

E eu não estava pronta para apresentar Julie a minha mãe. A senhora Olívia era uma mulher difícil de agradar.

Nós escolhemos uma mesa perto do bar. Era possível ver algumas garotas trabalhando ali, servindo mais que drinks a homens interessados em peitos e bundas. Estranhamente, apesar de sempre aproveitar esses momentos nas férias anuais a Vegas, eu sabia que aquilo não era mais para mim.

— Me fale de você, Julie — eu queria saber tudo, então foquei meus olhos em seu rosto gentil.

— Não há muito o que falar...

— O que faz da vida?

— Escrevo — ela deu os ombros.

— Romancista?

— Escrevo contos de horror para um jornal. Colunista.

Fiquei impressionado. Ela parecia uma daquelas gentil e delicadas autoras de romances, quase bibliotecária. Mal podia enxergá-la escrevendo sobre sangue e zumbis.

— E seu pai? Ele ainda está na ativa como ator pornô?

— Homens duram mais nessa profissão. Ainda mais quando eles têm um fandom.

— Fandom?

— Meu pai se assumiu bissexual há algum tempo e vive com outro homem. Os fãs dele gostam do par, entende? Existe até uma palavra para isso... Qual é a palavra? Shipar!

Ok. Minha mãe iria enfartar.

O garçom trouxe o cardápio. Julie molhou os lábios com a língua enquanto lia.

Cacete!

Eu esperava que aquela agonia sexual tivesse um fim quando saíssemos do quarto, assim eu poderia aproveitar outros ângulos de Julie. Mas, bastava um pequeno e inocente gesto para que meu plano fosse para o inferno.

— Eu perdi a fome. Vamos sair daqui?

Ela me encarou.

— Mesmo?

— Nós podíamos voltar para o hotel — murmurei.

Um som característico tirou o foco dela de mim. Logo ela buscava o celular.

— Aconteceu algo?

— Eles vão antecipar a homenagem para minha mãe — ela contou. — Pedem para que eu compareça mais cedo do que o horário combinado.

Subitamente, dei-me conta de que tão logo aquele evento ocorresse, eu a perderia para sempre.

— Posso ir com você?

— Num evento adulto? Cheio de atrizes pornôs? Cheios de exibições de vibradores e coisas do tipo? — ela quase riu.

Mesmo não sendo parte dela, era parte da família dela, de suas origens. Dei-me conta de que me envolveria nisso, de uma forma ou de outra.

— Se não for um incômodo para você — murmurei.

— Vou gostar da companhia — ela sorriu.

O mundo podia acabar agora. Eu morreria feliz com a visão final daquele lindo e meigo sorriso na minha direção.

 

 

 

 

Julie


N ós não voltamos imediatamente para o hotel. Apesar de arrepios ondularam ao longo da minha pele pela simples presença daquele homem, era como se existisse uma força poderosa que nos obrigasse a circular por Vegas e pairar sobre conversas do cotidiano, uma necessidade de nos conhecermos melhor.

— Você sabe — ele murmurou, enquanto parávamos diante de uma daquelas capelas de casamento rápido. — Nós podíamos nos casar.

— Nos conhecemos há quanto tempo mesmo? — eu brinquei. — Um dia?

— Um dia — ele confirmou. — E eu já sei que é a mulher da minha vida.

Suas palavras foram incrivelmente sedutoras. Todo meu corpo atiçou-se diante delas.

— Ainda tem muito que não sabe sobre mim.

— Tipo, que você é a cara da sua mãe e que ela era uma estrela pornô? Que seu pai é gay?

Eu ri.

— E também que sou extremamente antissocial.

— Eu não me importo com isso.

— Ah, também gosto de ficar trancada no escritório para escrever, não sou de sair de casa, tenho fascinação por filmes do Lars von Trier ...

— DogVille — ele apontou. — É seu filme favorito desse diretor.

Abri a boca, pasma.

— Como sabe?

— Porque você tenta se colocar culpa e defeito, mas na verdade é extremamente simples e aberta. Eu sei cada palavra que vai sair da sua boca, como se eu a conhecesse a vida inteira. Você não tem paredes, Julie, exatamente como aquele filme... Eu posso ver a sua alma. E ela me encanta. E me dá medo, também. Como você conseguiu me deixar nesse estado em tão pouco tempo?

Mesmo que eu negasse com intensidade todas as sensações que meu corpo gritava, naquele momento soube que estava à mercê daquele homem.

Eu havia me apaixonado...

— Me leva para o hotel — pedi.

Mal conseguimos voltar para o quarto sem tirar as roupas um do outro. Aaron me empurrou contra a porta assim que a fechamos. Eu abri o zíper da minha saia, empurrando-a para baixo enquanto ele tirava a camisa sobre a cabeça.

— Vai se casar comigo, Julie...

Com seus lábios contra o meu pescoço, eu concordaria com qualquer coisa. Amei a sensação de sua pele sobre minhas mãos. Ele era todo músculo e tatuagens esculpidas num corpo de deus grego.

— O que elas significam? — apontei para os desenhos em seu peitoral.

Aaron arrancou minha calcinha de renda.

— Meu bem, conversar é exatamente o que não vou conseguir fazer agora.

Ele foi incrivelmente rápido em tirar meu sutiã. Suas grandes mãos seguraram meus seios com os polegares acariciando meus mamilos.

— Você vai se casar comigo — ele repetiu a ideia.

— Eu mal te conheço — murmurei, mas não recusei.

Porque não quis me negar. Por mais incoerente que fosse, não queria negar nada a ele.

E também era tão difícil se concentrar quando ele estava mordendo meu pescoço, acariciando minha pele. Eu podia sentir o calor entre minhas coxas. Eu mexi minhas pernas impacientemente.

— Cama — murmurei.

— Vai ser aqui — ele avisou. — De pé, contra essa porta. Quero que enrole essas pernas gostosas em volta da minha cintura enquanto eu enfio meu pau bem fundo em sua boceta melada. Você quer isso?

Assenti, incapaz de responder.

Então sua boca encontrou a minha e nossas línguas só me deixaram mais excitada. Meus dedos trabalharam no botão e zíper nas calças dele. Eu empurrei suas calças e cuecas para baixo. Seu pau grosso pulou na minha palma.

— Adoro quando toca em mim — Aaron se inclinou para mim.

Seu pau pulsou na minha mão. Instintivamente, acariciei-o, aumentando minha velocidade.

— Eu quero te chupar...

— Querida, primeiro quero que seja sua boceta que receba meu leite, que ele escorra por essas pernas deliciosas. Teremos muito tempo para eu meter na sua boca.

Meu coração bateu mais rápido com suas palavras, suas promessas de continuidade. Se eu tivesse calcinha, ela ficaria encharcada.

Aaron me ergueu um pouco. Minhas costas se firmaram na porta.

— Coloque suas pernas em volta da minha cintura.

Ele segurou minhas nádegas enquanto me deixava mais firme. Depois, uma das mãos foi ao próprio mastro, e o guiou entre minhas pernas.

Eu comecei a me esfregar contra ele. Ele deslizou dentro de mim em um impulso suave. Cavei minhas unhas nos ombros musculosos.

Ouvi um rosnado. Observei sua face. Era séria e pensativa.
Eu amei como Aaron tinha esse jeito durão e como contrastava com meu jeito doce. Eu podia amá-lo. E esse pensamento pegou meu cérebro e ficou preso ali. Aaron habilmente trabalhou meu corpo, mas meu cérebro estava distraído agora.

Eu podia... Eu queria... Amor.

Ele me beijou. Sua língua emaranhada com a minha, me puxando das minhas distrações para o agora.

Viver o agora... Viver com ele...

Eu podia sentir meu orgasmo crescendo quando Aaron me pressionou mais.

Ele era meu primeiro homem. Mas, havia algo a mais que isso. Eu era dele. Ele me arruinou para qualquer outro, porque eu sempre compararia qualquer cara com ele. E nenhum homem seria como ele.

Eu resvalei para o chão quando atingi o clímax. Ele me segurou no colo e me levou até a cama.

Céus, amava também seu tamanho grande. Gostava da forma como ele cuidava de mim.

— Me fale sobre as tatuagens — eu pedi, os olhos quase fechando.

— Não tem um significado especial — ele murmurou. — É apenas parte de mim, minha pele marcada por algo. Acho que foi uma maneira de me sentir especial.

— Especial?

— Eu sempre tive muitas mulheres e muitas amantes. Mas, assim como elas não representavam nada para mim, eu também não representava nada para elas. Então, eu queria impactar de alguma forma. Eu sei, é uma besteira...

— Não é besteira. Eu entendo, faz parte de você... algo para que ninguém nunca esqueça.

— De certa forma — ele concordou.

— Nunca esquecerei você, Aaron — murmurei.

E então o sono me levou.

 

 

Aaron

P agar dois quartos estava sendo um desperdício. Afinal de contas, desde o primeiro momento que nos vimos, passamos a ficarmos juntos e poderíamos ter economizado naquele gasto. Por exemplo, naquela manhã, acordamos no quarto de Julie. Havíamos ido para lá durante a madrugada, para conhecer o lugar e também porque tinha uma banheira de hidromassagem maravilhosa que nos animou para mais uma rodada de sexo.

Agora, ela estava se arrumando para a Convenção. Deitado na cama, as mãos atrás da cabeça, eu observava Julie com o semblante um tanto fechado.

— Eu vou com você — disse, de súbito.

Seu olhar volveu para mim.

— Tem certeza.

— Não quero minha mulher sozinha num evento adulto — eu afirmei.

Eu dava ênfase a cada denotação de posse. Eu queria que ela soubesse o quanto éramos um do outro. Eu era dela. Tudo de mim, cada pedaço, era dela. Então, era justo que ela também fosse minha.

Pensei que Julie pudesse recusar, mas ela sorriu, aliviada.

Ela sentia a mesma coisa. Eu sabia.

Saímos do hotel e nos dirigimos para o Centro de Convenções. Antes mesmo de entrarmos era possível ouvir a música alta, o riso e o gritinho animado de várias mulheres.

Nos apresentamos na recepção. A atendente deu um forte abraço em Julie, como se fosse uma honra conhecê-la. Eu não nego que fiquei orgulhoso dela, da maneira adulta como ela estava lidando com a situação.

Eu não a conhecia muito, mas sabia que ela odiava a profissão dos pais. E mesmo assim estava sendo completamente profissional e respeitosa com aquelas pessoas.

Eu suspirei. Julie era única.

Entramos no ambiente e nossas vistas se arregalaram com o espetáculo conduzido. Num telão, cenas quentes – não explícitas – eram expostas sem constrangimento, enquanto nos corredores vários expositores mostravam algemas e vibradores para um público deveras interessado.

— Você quer dar uma caminhada? — perguntei.

— De preferência para bem longe daqui — ela murmurou. — Que tal ir a pé para o México?

Eu ri. Mas, percebi um resquício de vergonha e perturbação nela. Pela primeira vez na minha vida, eu não sabia o que fazer.

Subitamente, ela tirou algo da bolsa. Era um texto. Verifiquei o título e percebi que era um conto de horror.

A observei, curioso.

— É um presente — ela murmurou. — Para você não me esquecer depois que formos embora.

Meus dedos tocaram sua pele macia. Dei-me conta de que depois de algumas horas eu iria perdê-la para sempre e tudo teria fim. Mas, eu não era capaz de aceitar isso. Eu não poderia voltar para o Texas e seguir normalmente, porque Julie havia deixado uma marca em mim, que me tornava ciente de que se eu a deixasse ir, me arrependeria para sempre.

— Tem algum lugar discreto por aqui? — murmurei.

— Para quê?

— Quero fazer amor com você — disse, direto.

Percebi um brilho no seu olhar.

— Eu não conheço esse lugar...

Peguei sua mão e comecei a zanzar pelo ambiente. Logo vi um banheiro afastado, provavelmente usado pelos funcionários. Entramos. Fechei a porta, trancando por dentro. Depois fui verificar se não havia nenhuma pessoa nas cabines.

— Você quer fazer aqui? — ela questionou.

Voltei meu olhar para ela. Ela sabia o que meus olhos diziam. Eu estava sedento.

— Agora? — Ela insistiu. — É loucura.

Eu me aproximei e deixei que meus dedos caíssem em seus seios, brincando com a forma como eles se moldavam na blusa.

— Sua boceta está molhada?

Ela engoliu em seco.

— Você sabe a resposta.

— Suba na pia e tire sua calcinha.

Ela fez exatamente o que eu ordenei. E quando me aproximei, suas mãos buscaram meu cinto. Gentilmente empurrei as mãos dela para longe.

— O que foi?

— Eu vou comer sua boceta.

Ela corou. Eu fiquei encantado com o fato de estarmos num lugar daqueles, e ainda assim uma única frase ser capaz de corá-la.

Eu arregacei suas pernas e tive uma visão completa da sua vagina.

Seus lábios sexuais eram inchados e rosados. Ela raspava os pelos. Era uma visão deslumbrante. Julie estava aberta para mim e completamente vulnerável. Eu acariciei um dedo levemente em sua abertura. Ela estava muito molhada.

— Julie, não faz ideia de como eu quero provar você.

Eu inclinei minha cabeça entre os joelhos dela. Senti suas mãos tocando levemente meus cabelos enquanto sua boca exalava um suspiro. Eu corri minha língua até sua fenda, deslizando da mesma forma que meu dedo tinha acabado de fazer.

Seus dedos adentraram entre meus fios e ela agarrou meus cabelos.

Com o meu rosto focado na sua boceta, aquilo só me deu mais tesão. Eu queria tudo de Julie. E fiz tudo que pude para ter isso. Fui lambendo, chupando e acariciando até que ela estava se contorcendo contra o meu rosto, e então eu consegui ter todo o gosto dela nos meus lábios. E, céus, ela tinha um gosto fantástico. Minha língua lambeu, parando apenas para girar e puxar seu clitóris.

Seu corpo estava encostado no espelho, seus gemidos ofegantes enchendo o interior daquele banheiro.

Eu chupei seu clitóris ouvindo sua respiração ficando cada vez mais rápida. Quando ela explodiu, seus dedos flexionaram firmemente no meu cabelo.

Julie, meu bem, você pode ter iniciado tarde no jogo do sexo, mas foi feita para foder... Comigo!

Sim, por mais que Julie fosse filha de dois astros pornôs, somente eu arrancaria orgasmos devastadores daquela mulher.

Eu juro!

Mataria qualquer outro que quisesse tê-la!

Eu lambi seus sucos de boceta enquanto suas coxas tremiam e ela cavalgou seu prazer.

Quando o clímax acalmou, eu me ergui e beijei seus lábios. Percebi o sorriso doce surgindo contra minha boca.

— Não posso ficar sem você, Julie — murmurei. — Não dá.

Havia muitas coisas no olhar dela, mas Julie não disse nada. Ela simplesmente lambeu os lábios e então esfregou os dedos nas minhas calças.
Eu gemi sentindo meu pau já duro pressionando contra o meu zíper. Minhas bolas apertaram também. Eu baixei minha calça e meu pau surgiu, ereto, entre nós.

— Me chupa — ordenei, me sentindo em êxtase com o pensamento de seus lábios ao meu redor.

— Eu nunca fiz isso — ela disse, como se eu não soubesse. — Você é tão grande — Ela respirou antes de abaixar-se e correr sua língua em volta da minha cabeça.

Precisei de todo autocontrole possível para não cobrir todo o seu rosto doce.

Uma vez que ela chupou minha cabeça, ela começou a tomar mais de mim. Quando senti a ponta do meu pau alcançar a parte de trás de sua garganta, vi estrelas. Meus dedos seguraram a bancada da pia e eu fechei os olhos.

Sua boca era incrível.
Ela começou a chupar meu pau a sério. Quando ela sugeriu que eu gozasse, imaginei que iria deixá-la sentir um pouco do sabor e então bombearia o resto em sua boceta.

Agora, porém, eu sabia que não tinha como deixar isso acontecer. Eu ia entrar em sua linda boquinha. O pensamento da minha semente em sua língua estava me deixando mais e mais excitado.

— Querida, precisa se afastar, senão vou gozar na sua boca.

— Eu quero isso — ela murmurou, entre um engasgo e outro.

Que tudo se foda!

Agarrei sua cabeça enquanto eu bombeava nela. Meu esperma jorrou pela sua garganta. Eu olhei para ela de joelhos antes de me derramar inteiro.

Puta que pariu! Eu amava aquela mulher!

Eu não conseguia imaginar minha vida sem ela. Eu não queria só aquela foda. E eu não poderia deixá-la partir!

 


Julie

A aron mudou minha vida. Era um fato que eu jamais poderia ter previsto.

Quando embarquei para ir àquela Convenção, tudo que planejei era apenas cumprir com a vontade do meu pai. Depois, ao encontrar Aaron, e me sentir atraída por ele, decidi que era hora de buscar por algo libertador. Mas, nem em sonhos eu pensei no quanto seria difícil dizer adeus a ele, quando precisasse regressar.

Quando voltamos ao salão onde ocorria o evento, começaram as homenagens a Marga Adney. Eu subi ao palco para receber uma placa comemorativa, e entreguei a eles algumas das coisas que havia trazido na mala, materiais importantes e originais que iriam ser mantidos em um museu destinado ao mundo da pornografia.

Ao descer as escadas, um homem de meia idade me interceptou.

— Sua mãe era maravilhosa — ele disse. — Acho que todos vão te dizer isso, mas ela me ajudou muito a segurar a barra quando recaí com heroína. Ela nunca me deixou desistir.

Eu abri a boca pasma, e disse um “ obrigada ” quase num muxoxo. Depois, outra pessoa me parou no corredor.

— Sua mãe foi minha melhor amiga. — A mulher de cabelos dourados sorriu. — Acho que ela era a melhor amiga de todos. E pensar que a vida dela não havia sido nada fácil...

— Não?

Não sabia nada sobre o passado de Marga. Meu pai nunca quis me contar.

— Você sabe... Violada pelo pai desde a infância, expulsa de casa pela mãe que ficou do lado do marido. Obrigada a se prostituir... Depois, acabou no nosso mundo... — ela girou os braços, como se o mundo adulto pudesse ser definido por aquele espaço. — E, mesmo assim, mesmo com tantos traumas, ela ainda era doce e gentil com todos. Eu me lembro de quando assumiu seu amor por Ray e largou a vida de atriz quando engravidou de você. Nunca a vi mais feliz. Ela dizia que você seria um recomeço para ela. Claro que você sabe, mas... Marga lhe amava muito.

Eu senti os olhos nublados pelas lágrimas. Eu queria dizer muitas coisas, mas minha garganta estava travada.

Subitamente, outra mão tocou a minha. Volvi o olhar e vi uma senhora bem vestida, claramente fora daquele mundo adulto, quase deslocada, mas com o olhar carregado de ternura.

— Sei que não me conhece. Mas, eu sou muito fã do seu pai e de Charles — ela contou. Aquilo me fez voltar-me inteiramente para ela. — Sabe, meu marido, aquele infeliz, me deixava sozinha boa parte do meu casamento. Eu tinha um filho pequeno e zero expectativa de nada na fazenda onde morava. Mas, eu tinha uma paixão: Ray e Charles. Eu adoro os dois juntos. Eles são meu coração. Eu sou a maior fã deles!

— É mesmo? Eles vão gostar de saber disso. Qual seu nome?

— Olívia.

— Mãe! — a voz de Aaron, que chegava naquele instante, me surpreendeu.

Talvez nem tanto quanto surpreendeu a mãe dele.

 

Foi interessante assistir aquele impasse entre mãe e filho.

Sentada num banquinho do bar, eu os observava com nítida atenção. Aaron estava tão incrível com aquele ar assombrado. Ele era lindo, inteligente, engraçado... Ah, céus, eu estava tão apaixonada por ele...

— A senhora é católica! — ele apontou.

— E?

— E me obriga a ir à missa todos os domingos.

— E?

— E me quer casado com uma boa moça do Texas.

— E?

— E de que maneira essa beata pode ser fã de pornô gay?

— Meu filho — Olívia o tocou, como se falasse com uma criança. — Há tantas coisas sobre mim que você não sabe. Mas, preciso dizer, você me surpreendeu. Eu não esperava encontrá-lo aqui, ainda mais com a filha de Ray e Charles — ela suspirou, com o apontamento final. — Se vocês se casarem, eu irei conhecê-los? — pareceu só se dar conta disso naquele momento.

— O quê? — ele murmurou, parecendo alheio àquelas palavras. — Eu estou tentando entender sua vida dupla, mãe!

Eu beberiquei o martini. Ok, aquela bebida era ótima. Parabéns, Josiane Veiga, por colocá-la sempre nos seus livros.

— Nós conversaremos mais tarde. Agora, por favor, fiquem a vontade — Olívia sequer prestou atenção ao olhar embasbacado do filho.

E saiu cheia de pose. Era uma mulher feliz. Eu simpatizei instantaneamente.

— Nossas mães são umas caixinhas de surpresas, não é? — murmurei. — Soube mais de Marga hoje do que jamais imaginei.

— É mesmo? — ele se aproximou.

— Ela não era a vagabunda que eu pensava.

Ele tocou meu braço. Um carinho gentil. Volvi meu olhar para ele. Nossos olhos arderam.

Aaron então se aproximou e seus lábios roçaram minha orelha me fazendo estremecer. Meus mamilos enrugaram com sua proximidade.

— Eu não suporto o pensamento de dizer adeus a você, Julie — ele murmurou. — Então, me perdoe, mas eu vou ter que fazer qualquer coisa para mantê-la ao meu lado. Talvez eu tenha que sequestrar você e levá-la a força para o Texas.

Eu ri.

— Nós devemos nos casar, Julie — ele prosseguiu.

Pensei em rir novamente, quando notei seu tom sério.

— Você nem me conhece — eu disse, suavemente.

— E daí? Eu amo estar com você. Eu nunca disse isso para mais ninguém. Eu nunca vivi isso com mais ninguém.

Eu fiquei chocada com a forma como meu coração gritou para ser dele. Aliás, eu já era, mas minha alma queria selar aquele acordo. Porém, eu estava com muito medo de quebrar a magia entre nós.

E se tudo fosse um engano? Como eu poderia descobrir?

Olhei em volta. Aquelas pessoas que haviam vivido com minha mãe eram a resposta. Elas foram forçadas por diversas situações a se tornarem o que eram. Mas, eu tinha escolha. Eu podia ser o que quisesse, e se nada desse certo, eu ainda teria um lugar para voltar.

Mas, iria dar certo. Tinha certeza!

— Você vai ter que pedir minha mão para dois homens — eu murmurei.

— Se eu conseguir tirar minha mãe de cima deles, eu o farei.

Então assenti, enquanto saltava sobre aquele homem grande do Texas.

Sim!

Aquilo era viver...

No ramo da pornografia, os Adney eram os melhores...
Julie Adney sofreu durante toda a vida pelo ofício dos seus pais, carregando nos ombros o peso de ser filha de grandes nomes do meio erótico.
Agora, com vinte e oito anos, tudo que ela queria era o anonimato. O problema é que precisava fazer um último favor a sua complicada família: levar materiais de um dos filmes da mãe até Las Vegas , para uma Convenção Adulta.
Odiando cada passo do caminho, Julie se vê em meio a um complicado mal entendido. E esse equívoco tinha nome e sobrenome: Aaron Kedric, um texano linha dura que a quis no momento em que a viu, e que não desistiria dela, mesmo que Julie fosse avessa a paixão.

 


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Julie

Tudo que eu sempre quis na vida foi ser normal. Obviamente, as entidades que controlavam o destino não tinham a mesma inclinação.

A primeira vez que soube que era diferente foi na escola primária. Entre cochichos, uma das meninas que estudava comigo disse que não me queria por perto porque eu tinha dois pais e porque minha mãe era uma puta.

Eu não sabia exatamente qual era o problema de ter dois pais. E eu não sabia o que era uma puta. Mas aquilo me marcou profundamente e eu busquei durante toda a vida uma explicação para a aversão que as pessoas sentiam por mim em todos os lugares que eu chegava.

Foi no colegial que a explicação ficou mais clara. Uma frase dita entre risos era compartilhada entre os alunos:

“ A vida não é fácil. Se fosse fácil não se chamaria vida, e sim Marga Adney ”.

Foi então que alguém entregou na minha mão uma imagem de minha mãe nua pagando um boquete para um cara que eu não sabia quem era.

Eu cheguei em casa aos prantos, naquele dia. Meu pai, Ray, me consolou e me explicou minhas origens de uma forma que eu pude entender, mas não aceitar.

Marga Adney era uma atriz pornô famosíssima, estrela de vários filmes adultos, que morreu jovem deixando como legado apenas uma filha, um marido – meu pai, Ray –, e uma quantidade imensa de filmes que serviam de consolo a homens nojentos que se tocavam pensando nela.

Depois de algum tempo de luto, meu pai se uniu a outro homem, Charles. Ambos também eram atores pornôs e, numa cena homoerótica, descobriram que combinavam e resolveram se assumir.

Tanto papai quanto Charles (que eu também chamava de pai), me criaram da melhor maneira que puderam, e sempre me contavam coisas maravilhosas sobre minha mãe.

Ela havia perdido uma batalha para o câncer quando eu era muito pequena, mas diziam que todo o tempo que viveu ao meu lado, me deu muito amor e carinho.

Eu queria entender porque uma mulher bonita daquelas se tornou atriz pornô, mas meu pai desconversava e dizia que havia coisas que não se explicavam.

— A vida não é fácil, Julie — ele murmurava.

E em pensamento eu completava: “porque se fosse, seria Marga Adney... ”.

Eis um fato: eu odiava minhas origens. Os poucos caras que se aproximaram de mim durante a vida queriam curtir com a filha de Marga Adney, achando que eu era tão promíscua quanto minha mãe.

Por azar, era uma cópia fiel dela, fisicamente. Então, descolori os cabelos, tentava apertar os seios grandes em corpetes, e fugia de roupas chamativas.

Até quis trocar meu sobrenome, tentando convencer Charles a me adotar, mas meu pai Ray não permitiu:

— Sua mãe era uma mulher maravilhosa! — ele gritou comigo, certa vez, como se deixar de ser uma Adney fosse um absurdo.

Mulher maravilhosa? Tudo que eu via era a puta que chupava paus em cenas adultas.

Portanto, eu a odiava, e me odiava na mesma proporção, por ser filha de alguém como ela.

Não fiz faculdade. Na verdade, fugi da escola assim que pude. Arrumei um emprego que me permitia passar dias fechada no quarto, sem precisar ver a cara de ninguém, e também ninguém ver a minha: tornei-me escritora de horror.

Era mais fácil assim. Fingir que ninguém que eu chamava de família existia. Sim, eu sei, é uma atitude covarde e infantil, mas eu enojava-me a cada capa de DVD em que via meus pais se esfregando em outros caras, ou quando, acidentalmente, a face da minha mãe surgia na minha tela do computador, durante qualquer pesquisa em algum site questionável.

Eu tentei fugir tanto, me esconder tanto, que aos vinte e oito anos eu não tinha amigos, namorado ou qualquer relacionamento fora dos grupos de horror na internet.

Mas, isso não quer dizer que eu não amasse meu pai e seus esforços para tentar me fazer compreender que tudo que ocorria nos filmes era interpretação e que a nossa família, para ele, era sagrado.

— Sua mãe era uma mulher incrível, Julie — ele me disse, numa das visitas que fez ao meu apartamento. — Ela foi minha melhor amiga.

Eu sempre sentia seu luto naquelas ocasiões.

— Você devia dar uma chance a ela — ele pediu.

— Uma chance? Ela está morta.

— Ela morreu, mas sua arte permanece.

Arte?

— Sua mãe teve uma vida muito difícil. Eu não quero trazer isso para você, não é um peso seu, mas quando a conheci durante as filmagens de um filme, descobri uma pessoa doce e gentil. Nós realmente nos tornamos amigos e depois nos apaixonamos. O sexo é só um ato físico. Sua mãe e Charles foram os únicos parceiros que eu amei. Filha, você tem que separar as coisas. A atriz não era a esposa e mãe devotada que tínhamos em casa.

Eu suspirei. Aquela conversa era frequente, e frequente também meu desejo de desaparecer.

— Vai haver uma convenção em Las Vegas — ele contou. — Uma Convenção Erótica, e irão homenagear sua mãe.

E?

— Por favor, você poderia ir representando a família? Seria uma forma de dizer que não se envergonha dela.

— Eu me envergonho dela.

— Julie — meu pai se curvou no sofá e segurou minha mão. — Filha, estou te implorando. Nessa convenção irá conhecer atores que contracenaram com ela, saberá o quanto ela era generosa e um ser humano incrível. Deixe que essa máscara desabe. Veja a verdade.

Eu não devia. Mas, decidi assentir porque eu amava meu pai e queria fazê-lo feliz.


Foi assim que eu acabei em Vegas, num hotel luxuoso, carregando uma mala pesada cheia de DVDs eróticos e pôsters de minha mãe nua.

Eu sei, é uma coisa vergonhosa. Eu queria simplesmente não existir. Será que Marga Adney não pensou antes de me gerar? Como uma mulher como ela poderia ter uma filha? Todas as coisas que eu era obrigada a suportar por sua causa... E agora isso! Uma Convenção Erótica onde minha mãe seria a homenageada.

Entrei no hotel, puxando a mala pesada. Onde estava o maldito carregador?

Meus olhos arderam diante da ostentação do local. Era realmente um dos hotéis mais caros de Vegas. O pessoal da Convenção que pagou minha passagem e a hospedagem realmente quis me dar tudo de melhor.

Eu não me surpreendi. Tinha uma vida muito confortável. O mundo adulto gerava milhares de dólares por ano, e eu usufruía uma parcela deles por conta do ofício dos meus pais.

Comecei a andar em direção ao saguão. No fundo eu podia ver o rosto profissional – mas amuado – dos recepcionistas. Era aquilo, a vida era uma merda! Não importava a profissão!

Meus passos começaram a ecoar. Maldito momento em que decidi usar saltos. Eu chamava a atenção, mesmo odiando cada momento do caminho.

Subitamente, a torção no pé. Eu me visualizei, como se fora do corpo, a cair numa marcha lenta em direção à porcelana do piso.

De repente, braços fortes me puxaram contra um corpo rígido. Eu não podia ver quem me salvou, mas senti o cheiro de loção pós-barba e tabaco, o que me causou uma impressão imediata. Eu me segurei em seus braços, enquanto ouvia a mala resvalando no chão – eu ainda segurava seu cabo – e o som de papéis espalhando-se.

O homem riu. Enfim, eu consegui erguer minha face e observar o estranho enorme – sim, ele tinha quase dois metros de altura –, de olhos claros e uma barba grande.

Por algum motivo eu suspirei. Aquele homem era o antagonismo perfeito de todos os outros que eu conhecia. Meus pais viviam cercados de atores pornôs e quase todos eram de face sem barba e corpo esculpido por bombas de academia.

Aquele não. Sua face era marcada pelo sol, o que me indicava que ele trabalhava em algo que não era focado em fazer as pessoas se masturbarem, e seus músculos não pareciam ter sido adquiridos em pesos da vaidade.

Havia as tatuagens, também. Elas se espalhavam pelos braços, e eu podia ver uma num pedaço de pele que a camisa não cobria.

— Você está bem? — O olhar dele me deixou e focou-se nos papeis no chão.

Só então eu percebi a mala aberta. Enrubesci, enquanto volvia-me para o chão e recolhia o material erótico.

Ele também se ajoelhou, solícito, e pegou uma das imagens. Olhou a foto e depois me olhou. Havia algo nos seus olhos pensativos, mas eu simplesmente ignorei, puxando-a de suas mãos e a escondendo na mala.

Eu não sei explicar porque estava tão intranquila. Meu corpo inteiro tremia. Aquele homem era tão tentador quanto o pecado. E eu nunca havia me sentido tão atraída assim antes. Por ninguém!

Talvez fosse simplesmente o nervosismo daquele dia. Sair do meu casulo de autoproteção e estar ali, naquele ambiente, havia quebrado algo em mim.

— Obrigada — eu disse, por fim. — Estou bem, graças a você — gaguejei nervosa.

Eu devia juntar meu resto de dignidade e ir para a recepção, mas havia algo nele que não me deixava sair do lugar. Seu olhar viajou pelo meu corpo, e eu estava totalmente ciente de cada vez que seus olhos se demoravam no meu rosto, como se buscando decifrar alguma familiaridade, eu sentia mais e mais minhas entranhas se aquecerem.

— Você é realmente uma tentação — ele murmurou.

Eu devia estar insultada, mas a quem vou enganar? Meu corpo parecia em carne ardente.

Sua voz profunda e grave foi como uma carícia e só serviu para me tornar mais consciente dele.

Eu nunca havia sentido aquele calor. E era bom. Era gostoso. Meus joelhos tremeram e minhas coxas aqueceram.

— Eu devo ir — disse, um tanto assustada com aquelas reações.

Ok. O cara era gostoso pra caralho, e eu não sabia o que era sexo desde... desde nunca. É isso. A filha de dois astros eróticos era virgem. E eu estava quase chegando aos trinta.

De repente, dei-me conta de que era adulta, e que podia viver o que eu quisesse, da maneira que eu quisesse, porque eu já havia sido julgada e condenada muito antes de fazer qualquer coisa.

— Ok. Obrigada e adeus — disse, tentando me afastar.

Sua mão grande segurou meu antebraço e eu quase suspirei.

— Eu sou Aaron. — Se apresentou. — E você é...?

— Eu sou Julie.

Eu baixei minha face, tentando verificar se havia deixado algo no chão. Não. Estava tudo novamente bem guardado dentro da mala, escondido dos olhares sedutores daquele homem.

Volvi meus olhos para ele e percebi que ele ainda vagava sobre meu corpo, como se analisando cada detalhe.

— As fotos são realmente interessantes — ele murmurou.

Eu enrubesci.

— É trabalho — justifiquei. E por quê? Marga Adney, por que eu justificava agora suas fotos sendo que eu mesma te condenava? — Preciso fazer o check-in .

— Sim, você precisa.

Minha calcinha ficou encharcada por conta daquele tom.

Eu devia estar louca!

Minha garganta estava seca. Pelo menos uma parte de mim não estava molhada e languida.

Um filme começou a rodar na minha cabeça. Um daqueles que minha mãe fazia. Imagens daquele homem me deitando na cama e me fodendo giravam na minha mente. E pior, eu gostei daquilo, gostei daqueles pensamentos.

Observei melhor Aaron. Ele tinha uma barba grande e mãos rudes. Eu sentia os calos raspando no meu braço. Era alguém que lidava com algo manualmente.

Bem... Mais que qualquer coisa, ele parecia bem disponível para mim. Um homem que me atraiu imediatamente parecia uma resposta a minhas preces. Eu bem que podia aproveitar aquele momento horroroso e traumatizante da Convenção para vivenciar uma novidade.

Afinal, já estava na hora...

Estava mais do que pronta para experimentar um pau duro batendo na minha boceta.

Mas, como eu me ofereceria? Eu não entendia nada de flertar. Eu não sabia como fazer aquele homem entender o que eu queria. E, como eu poderia explicar que era virgem? Que minha experiência era nula?

Bom, eu não precisava dizer nada sobre isso. Talvez ele nem percebesse.

— Seu check-in ? — A voz de Aaron me tirou dos devaneios e trouxe minha atenção de volta para ele.

Olhei de novo para a recepção.

Vamos, Julie... Como você se oferece para um homem?

Tentei me lembrar de qualquer romance que eu já havia lido na vida. Eu era focada no gênero do horror, mas, às vezes, eu gostava de me aliviar com algo diferente.

Lembrei-me de Padyris, da Josiane Veiga. Naquele livro, no primeiro encontro da Francesca com Andreas eles estavam fazendo o quê? Bebida! Isso! Eles falavam de bebidas!

— Bom, você me salvou, não é? Acho que lhe devo um drink — sugeri, dando meu melhor sorriso.

Ele sorriu de volta. E era um sorriso lindo. Daqueles que eu gostava.

— Eu gostaria de um drink — ele murmurou.

Ali estava a resposta! Eu tinha que encher a cara! Bêbada, quem sabe, eu me tornaria mais atirada e, enfim, perdesse aquela membrana chata que me tornava virgem. E também me permitiria viver algo diferente com aquele homem.

Muitos drinks e o homem mais gostoso que já vi na vida... Era uma combinação perfeita!

Eu chamei um dos carregadores e pedi que ele levasse minha mala até a recepção. Depois eu faria o check-in , expliquei. Então, comecei a caminhar em direção ao bar do hotel, sentindo cada olhar de Aaron na minha bunda.

Era como um toque. E era gostoso. Eu andei na frente exatamente por causa disso. Para deixá-lo ter uma visão completa do meu corpo.
Sentamos num banco. O bar estava deserto, exceto por nós.

— Martini — eu pedi ao garçom. — E você?

— Uísque — ele disse. — Duplo. — Piscou para mim. — Por que diabos aquilo parecia uma sugestão? — Julie, fale-me de você...

Falar de mim? Nem fodendo! O que havia de interessante na porcaria da minha vida?

— Prefiro começar falando sobre você, homem barbudo — eu brinquei, bebericando o Martini.

Aquela risada esganiçada era minha?

— Sobre mim?

— Você não parece um homem da cidade — apontei.

— Não sou. Cuido de gado, no Texas. Estou aqui de férias.

— Hum...

E era isso. Eu não tinha mais assunto. Eu era a pior sedutora que já existiu.

Eu engoli minha bebida. Meus olhos lacrimejaram com a queimação na minha garganta. Aquele negócio já começava a fazer efeito? Eu nunca havia bebido antes. Eu só pedi Martini porque era a bebida das mocinhas dos livros da Josiane Veiga. Eu nem sabia que gosto tinha, antes daquele momento.

Bom, era doce, mas agora já começava a me dar uma tontura.

Ergui meus olhos para Aaron. Os dele, escuros, se intensificaram. Percebi que ele também queimava. Eu estremeci. Eu gostava daquela intensidade que parecia existir entre nós. Por alguma razão, tive a sensação de que ele viu além daquela encenação. Era como se ele me enxergasse, verdadeiramente.

— Que tal terminarmos nossas bebidas em outro lugar? — A sugestão dele pareceu vir de encontro aos meus desejos.

Eu não sabia ser direta, e foi um alívio que Aaron fosse por nós.

Estendi a mão e descansei-a no antebraço de Aaron. Eu definitivamente queria sair dali e ir com ele para onde ele quisesse.

Saímos do bar, sua mão deslizou suavemente na minha cintura. Eu podia sentir as pontas dos dedos queimando minha pele através do tecido fino.

Mas em vez de procurar outro lugar para tomar uma bebida, Aaron me levou para um elevador. Entramos. O local estava vazio, e eu sentia o clima aquecendo cada vez mais rápido.

Eu estava tonta. Apesar dos poucos goles da bebida, sentia minha mente aérea. Assim, fiz algo impensado. Levantei na ponta dos pés e beijei sua bochecha.

Sério, eu era esse poço de infantilidade? Uma mulher na minha idade, que realmente queria um homem, não seria estúpida o suficiente para beijar o rosto dele. Uma mulher que sabia o que fazia, teria lhe puxado pelos ombros e lhe beijado na boca.

Sua barba raspou meus lábios de um jeito que me fez engolir um gemido.

— Você é tão doce — ele murmurou.

Era isso. Aquela noite seria inesquecível.

 

 

 


Aaron

 

E u nunca paguei por sexo antes. Mulheres, sempre tive as pencas. Na minha pequena cidade, continuamente havia solteiras solitárias ou casadas carentes para pedir o aconchego de um fazendeiro solteirão.

Mas, no momento que pousei meus olhos naquela mulher, soube que entregaria a ela tudo que tinha na carteira e também tudo que tinha no banco, apenas para afundar meu pau naquele corpo delicioso.

Quando ela entrou no hotel, eu não sabia exatamente o que me atraiu. Quando ela se desequilibrou e quase caiu, e eu vi o conteúdo da sua mala, eu compreendi de onde vinha aquela familiaridade.

Eu não era fã de filmes adultos. Eu havia visto um ou outro em toda a minha vida, mas com certeza eu havia assistido algum dela. O rosto não me era incomum.

Enquanto a ajudava a recolher suas fotos eróticas, percebi os títulos dos seus filmes. Eram tantos paus e bocetas que eu fiquei tonto.

“ Bocetinha de neve e os sete pauzãos ”;

“ Meu pau será sua herança ”;

“ Bocetinha de luxo ”;

“ O Pau da Arábia ”;

E um em particular me fez arregalar os olhos: “ O Poderoso Pauzão ”, onde ela aparecia sentada ao lado de uma piroca de quase trinta centímetros, vestida de gângster.

Deu pra reconhecer que era ela, a protagonista. Claro, Julie tinha os cabelos descoloridos agora, quase brancos, e usava um vestido largo, preto e discreto, mas o rosto não enganava ninguém. Percebi também que ela usava um pseudônimo, Marga, para fazer aquele tipo de trabalho.

Não a julguei, até porque fiquei interessado. Não é todo cara que conhece uma mulher que possa ensinar algo a ele.

Eu olhei para as mãos de Julie só para conferir. Sem nenhuma aliança que definia que ela tinha compromisso. Não que eu esperasse que uma atriz pornô tivesse qualquer compromisso, mas...

De súbito, notei suas unhas. Discretas. Curtas. Apenas um esmalte rosa claro parecia antagonizar com a mulher poderosa dos filmes.

Era realmente como se fossem duas pessoas diferentes.

Enquanto ela me convidava para um drink, eu disse a mim mesmo para me afastar. Mas... o que diabos havia de errado comigo?

Tudo o que eu sabia é que ela havia me pescado como um grande peixe no Mississipi. E tudo que eu desejava era encontrar uma cama para poder desvendar aquele corpo magnífico por baixo das roupas largas, e desfrutar da carne por baixo.

Não sei porque, a convidei para subir.

Eu tinha regras. Dormir com prostitutas ou atrizes pornô não era exatamente o tipo de coisa que um homem do Texas, de família católica praticante e com uma mãe severa, faz.

Mas... era só uma noite.
Um pequeno lapso no tempo que eu aproveitaria e depois esqueceria. Afinal de contas, minha mãe me queria casado e eu sabia que ela andava observando alguma das boas moças da nossa cidade, para um enlace.

Quando chegamos no meu quarto, pude observá-la sobre outro ângulo. Parecia nervosa. Seus dentes mordiam seu lábio inferior enquanto os nervos faziam sua voz tremer um pouco como se ela tivesse que criar coragem para me pedir para sair do quarto.

Puxa vida! Ela realmente parecia uma garota gentil e inocente, daquelas que crescem em fazendas afastadas.

Como uma mulher assim acabara como atriz pornô?

Eu me aproximei dela, com cuidado, e deslizei meu polegar sobre sua boca para forçá-la a libertar o lábio de seus dentes. Seus lábios se separaram e eu lutei contra o desejo de capturá-los com os meus.

Nós ainda não havíamos falado do preço e eu não queria surpresas. Também não sabia as regras dela. Eu sempre fui gentil com as mulheres e não agiria como um cretino contra aquela belezinha apenas porque, claramente, ela era uma prostituta.

— Bom, princesa, eu vou ser bem franco com você. Eu sei que está meio alta por causa da bebida, então vou deixar bem explícito para que saiba o que está fazendo, está bem?

Ela balançou a face, concordando.

— Eu não me importo com o seu trabalho, o quanto você cobra, ou com quantos caras já dormiu. Tudo que eu quero fazer é enterrar meu pau dentro de você. O pensamento de sua boceta se fechando em volta do meu pau está me deixando louco. Se você quer que eu te foda tanto que você não consiga lembrar o seu nome, fique comigo. Se não, você pode ir embora agora.

Sua boca perfeita abriu num “O”. Só de ver a ponta de sua língua rosa meu pau pulsou. Eu queria aquela língua em volta de mim, sugando, enquanto enchia sua linda boca com meu esperma.

— Eu entendi — ela sussurrou.

Meu pau doía por ela, mas eu tinha que ter certeza.

— Você concorda em me deixar te foder? — Estendi a mão livre para rolar o mamilo entre o polegar e o dedo. Seus seios sem sutiã estavam me provocando desde o saguão.

Ela fechou os olhos brevemente. Seus dentes voltaram para o lábio inferior.

— Eu concordo.

Eu me inclinei mais perto e baixei a minha voz, apesar de estarmos a sós no quarto.

— Sua calcinha está molhada?

Seus olhos ainda estavam fechados, mas ela assentiu. Um gemido ofegante escapou de seus lábios.
Eu tirei minha mão de seu peito e ela balançou em minha direção.

— Julie — Céus, que mulher maravilhosa, que pele acetinada... — Diga para mim o que você quer, benzinho — murmurei, sensual. — Fale para mim como você quer que eu te coma...

— Eu quero que você me foda tão forte que eu não consiga lembrar o meu nome.

Eu entrelacei meus dedos nos dela e a puxei em direção à cama.

— Isso é bem estranho para mim — ela murmurou.

Por que será? Talvez ela só fizesse sexo nas telas, não é? Talvez nunca tenha conhecido um cara e ido para a cama com ele na mesma noite. Talvez seus programas incluíssem algum encontro para se conhecerem, antes.

— Não posso deixar de destacar o quanto sou sortudo — eu ri.

Eu comecei a imaginar como seria contar para meus amigos que eu havia transado com uma atriz pornô chamada Marga. Buscaríamos por ela na internet e eu diria: “ Ela fez isso em mim também ”.

Sei que está pensando no quanto sou infantil. Eu sou homem, é óbvio que imaturidade é minha cara-metade!

De repente, ela me abraçou, como se aquele ato instintivo pudesse resolver suas dúvidas. Eu adorei. Devolvi o ato, meus braços se apertando ao redor dela, embalando-a perto. Meu pau estava duro, mas me senti obrigado a ter certeza de que ela estava pronta antes de avançarmos.

— Você está bem?

Ela assentiu sem falar nada. Depois, inclinou a cabeça e beijou minha mandíbula.

Seus lábios na minha pele eram tão ternos e inocentes, eu tive que respirar e segurar para não gozar nas calças.

— Vamos devagar, gostosa...

Eu coloquei uma mão entre suas coxas. Ouvi sua respiração prender e lutei com a evidência do meu efeito sobre ela. Eu continuei deslizando minha mão para cima e para baixo, e ela separou as coxas macias para abrir espaço para mim. Eu não parei até chegar a sua boceta coberta pela calcinha. A umidade que encontrei ali indicava que ela me queria tanto quanto eu a queria.

Não perdi tempo. Eu empurrei sua calcinha para o lado para afundar um dedo dentro dela, gentilmente. Julie estremeceu em reação.

— Porra! Sua bocetinha está encharcada — murmurei.

Ela ergueu o rosto para mim e eu fiquei feliz em beijar aqueles lábios lindos. De súbito, me lembrei daquele filme “ Uma linda Mulher ” que dizia que prostitutas não beijavam na boca, mas eu realmente pagaria o preço que fosse para desfrutar daquela delícia.

Ela se forçou contra o meu dedo, balançando seus quadris no ritmo dos meus movimentos enquanto eu deslizava dentro e fora dela. Eu adicionei outro dedo. Ela estava tão apertada que praticamente pulou no meu colo.

Tirei o dedo, enquanto puxava o vestido até a cintura, levando-o acima dos ombros, deixando-a livre da roupa. Então, a empurrei contra a cama, ansioso por mais... Por tudo.

Ela fechou os olhos e eu vi seus seios subirem e descerem sob sua respiração lenta e estremecida. Ela estava obviamente nervosa, mas seguiu meu comando.

Ok, era estranho. Não era ela que devia estar guiando tudo aquilo?

Sua calcinha de renda branca contra a pele pálida a fazia parecer tão inocente quanto uma virgem, e eu desisti de questionar sua maneira de se portar.

Talvez ela pensasse que eu gostasse de pudicas, já que eu era claramente um texano caipira. E, bem, a verdade é que eu realmente estava gostando de guiar aquela relação.

Puxei minha camisa sobre a minha cabeça antes de jogá-la na cadeira próxima. Peguei alguns preservativos da minha carteira e os deixei cair na cama. Seus olhos se arregalaram ainda mais ao vê-los.

— Você poderia desligar a luz — ela sugeriu.

Eu nunca havia tido uma mulher tão bonita. Eu não iria fodê-la no escuro!

— Não — eu ri da descabida sugestão.

Puxei minha calça. Meu pau saltou para a frente, grosso e pesado. Eu me acariciava, deslizando meu punho para cima e para baixo do meu eixo.
Os olhos de Julie se arregalaram e ela engoliu em seco.

Fala sério, eu vi a piroca do Poderoso Pauzão , e apesar de bem satisfeito com o meu tamanho, eu não chegava aos pés daquele cara. Não havia um único motivo para ela se surpreender pelo meu tamanho.

Puxei sua calcinha, percebendo que sua curiosidade enfim venceu qualquer medo. Ela se apoiou nos cotovelos para me assistir fodê-la. Suas bochechas estavam rosadas, mas seu olhar era ousado enquanto viajava pelo meu corpo.

Era tentador ter o corpo dela agora aberto para mim, me inclinei para chupar sua boceta, mas eu não era tão paciente. Eu precisava me enterrar até as bolas dentro dela antes que perdesse a cabeça. As preliminares teriam que esperar até a segunda rodada, quando eu tirasse um pouco da minha ansiedade.

Eu rolei uma camisinha no meu pau grosso. Minhas mãos tremiam. Eu sempre soube o que fazer na cama, mas aquela mulher me deixou louco.

— Você realmente não quer apagar a luz? — ela indagou, novamente.

— Querida, eu quero ver seu rosto quando entrar em você.

Eu me movi sobre ela, suas coxas apertando meus quadris enquanto meu corpo pressionava Julie no colchão. Eu não queria nada escondido. Eu gostaria de não precisar de preservativo, mas, afinal de contas, era uma atriz pornô e eu temia pegar alguma doença.
Meu corpo descansou entre suas coxas, e meu pau pressionou a entrada de sua bocetinha molhada. Eu não podia esperar para mergulhar meu pau.

— Envolva suas pernas em volta da minha cintura — eu pedi.

Como se diabos ela não soubesse o que fazer!

Julie usou as pernas para me puxar para mais perto.

— Eu posso te beijar? — indaguei.

Não queria agir de forma antiprofissional.

Ela assentiu, e então me buscou. Foi um beijo fofo e delicado, como ela. Estranhamente, me deixou ainda mais em combustão, roubando minha respiração e meu controle. Devorei sua boca, deslizando minha língua ao longo de seus lábios, exigindo entrada. Ela se abriu para mim, e eu mergulhei no interior ao mesmo tempo em que afundei meu pau no calor acolhedor de sua boceta, permitindo que apenas a ponta entrasse antes de puxar de volta novamente.

— Oh — Julie escapou da minha boca, sem fôlego. — Isso é bom, faça de novo.

Eu ri. Céus, como aquela mulher podia encenar tão bem? Eu a acariciei novamente.

Sua boceta me enlouqueceu com força. Meti a cabeça de novo, e puxei. Gostei de brincar com o líquido que saía dela.

Na terceira vez ela inclinou seus quadris para cima, me puxando mais para dentro dela.

Com um rugido, eu empurrei tudo para dentro dela.

— Ah Deus — ela gritou.

Eu estava excitado, mas não retardado. Aquilo não foi grito de tesão, nem encenação.

Eu comecei a sair, puxando meu pau lentamente.

Percebi as lágrimas em seu rosto, e suas mãos em cima da sua vagina úmida agora, não apenas pelos nossos sucos, mas também por sangue.

— O quê? Como? — Murmurei.

Alguém nesse vasto universo poderia me explicar como uma mulher daquelas, linda e perfeita, atriz pornô e prostituta, era virgem?

 


Julie


A lguém pode me explicar como sexo poderia mover o mundo? De que jeito idiota aquela coisa dolorida e aterrorizante podia fazer as pessoas perderem a cabeça e esquecerem-se de tudo? Vamos ser francos, o negócio era horrível, eu me sentia como se Aaron tivesse metido uma faca no meio das minhas pernas, e uma dor agonizante quase me fazia delirar.

Como meus pais podiam ganhar dinheiro com isso?

“ Calma Julie, é só a primeira vez...”.

Sim, era isso. O problema de tudo era a virgindade. Depois que se perdia, por mágica, a coisa melhorava. Era isso, não? Observando o corpo tatuado e gostoso de Aaron eu quis descobrir.

Aos poucos, fui relaxando. Claro, ainda estava dolorida, mas aquela sensação ruim foi amenizando.

— Ok — eu murmurei. — Você pode continuar.

Sim, eu queria fazer sexo. Ponto. Deixar de ser virgem e viver aquela experiência. Melhor ainda que fosse com um desconhecido que eu nunca tinha visto antes e que provavelmente nunca veria depois.

Imaginei que Aaron fosse voltar para mim, mas ele se afastou, buscando uma cadeira ao lado da cama. Sentou-se. O olhar arregalado.

— Algo errado? — indaguei.

Ele assentiu.

— Para começar, como você pode ser virgem?

O calor subiu pelo meu peito como se eu estivesse, de repente, pegando fogo de um jeito nada sexy. Eu fiquei envergonhada imediatamente.

— Algum problema com isso?

— Sim. Algum problema — ele parecia em estado de choque. — Como você pode ser virgem? – repetiu.

— Eu... — fiquei nervosa. Ser virgem era defeito? O mundo andava tão moderno, como eu poderia saber? — É um enigma...

— É? — ele estava me deixando cada vez mais confusa.

— Nem pensei que você notaria — desconversei.

— Oh, mas eu notei — havia uma nítida ironia em sua voz.

Engoli em seco. Senti um suor gelado se formando em minhas mãos.

— O que eu fiz de errado?

— Nada de errado — ele dizia tão vagarosamente como se buscasse uma explicação lógica de algo que eu era incapaz de entender. — Virgem? – ele repetiu, o semblante cada vez mais espantado.

— É difícil explicar – tentei justificar. — As coisas simplesmente não aconteceram, antes. Eu sou uma pessoa bem reservada.

— Como uma atriz pornô pode ser reservada? — ele indagou, me fazendo arregalar os olhos.

Atriz pornô? Minhas sobrancelhas se ergueram, confusas.

— Olhe, eu não faço filmes adultos.

Céus, que constrangedor! Estava nua na cama, enquanto o homem se erguia da cadeira e buscava pelo celular.

— Eu vi suas fotos. Marga, não é? Qual seu sobrenome?

— Adney – respondi sem pensar, e também me ergui.

Queria explicar a situação, mas ele parecia não prestar a menor atenção em mim. Logo reparei que ele buscava por Marga Adney na internet.

— Espere ! – Céus, aquele homem era difícil de controlar. – Me deixe explicar...

Então seus olhos finalmente volveram para mim. Estavam arregalados.

— Marga Adney faleceu de câncer em 1991 – ele murmurou. – O...k... – disse tão devagar, soletrando cada letra enquanto começou a se aproximar das roupas no chão. – Vamos fingir que isso não aconteceu e eu vou embora...

— Esse é seu quarto – o lembrei.

— Pode ficar com ele – Aaron me observava temeroso. – Você está igualzinha a quando morreu, só não entendi porque seu cabelo ficou branco.

— Céus, não sou um fantasma! – bramei. – Marga Adney era minha mãe. O que explica porque sou virgem. Eu moro de vergonha dela e do que fazia. Então, quer parar de palhaçada?

— Você não é Marga Adney?

Ele olhou novamente para o celular. Eu sabia que era igual minha mãe. Era difícil, realmente, acreditar que éramos duas pessoas diferentes.

— Sou Julie Adney. Estou em Vegas para uma Convenção Erótica que irá homenagear minha mãe. As fotos que viu são dela. Meu pai também é ator de filmes adultos.

Ele abriu a boca, como se calculasse o que fosse me dizer. Eu sabia que havia provocado uma avalanche de emoções. Aquele cara havia ido para a cama com Marga Adney, e acabou conhecendo uma virgem inocente.

— Me explica como você pôde ter se atirado pra cima de mim? — sua pergunta me deixou surpresa. — Tipo, o que te fez entregar sua virgindade para um desconhecido, que podia ser um maníaco, ou sei lá o quê? Você já olhou para mim? Sou enorme, cheio de tatuagens, cara de mau, eu podia ter sido horrível com você, ainda mais considerando que até esse momento eu achava que era uma prostituta!

Ele parecia estar louco, com aquela postura cheia de questões que eu não era capaz de responder.

Como eu fui me meter naquela enrascada? Por que de todos os homens do mundo, fui escolher logo um que parecia se importar com o fato de eu ter um hímen?

— Eu acho melhor me vestir. Talvez, ir para meu quarto — murmurei. — Nós podemos conversar melhor quando os ânimos se acalmarem.

Ele me encarou como se não acreditasse que eu tivesse dado tal sugestão. Oh, ele era tão sedutor como o pecado mesmo quando estava chateado.

— Você não vai a lugar nenhum até me dar algumas respostas. Foi minha mãe que a colocou nisso, não é?

Eu me ajeitava com o lençol, quando sua pergunta quase me fez rir.

— Sua mãe? Achei que a questão aqui era a minha. Olhe, eu não sei nada sobre você além do que você me disse no bar.

— Certo, então o que diabos está acontecendo?

— Eu não sei! — reclamei.

E de repente, parecia prestes a chorar. Que merda! Eu só queria encher a cara e perder a virgindade, enquanto esquecia que era filha de Marga Adney! Como fui parar naquela situação?

— Olhe, sexo é parte da minha família. Meus pais fazem para viver. Minha mãe, como você sabe, era uma atriz erótica. E eu sou esse poço de esquisitice. Eu não queria que ninguém soubesse. Eu só queria que isso tivesse fim.

O olhar dele amenizou.

— Eu sinto muito que tenha sido uma merda — ele murmurou. — Se eu soubesse que era virgem, teria te preparado melhor.

— Oh — fiquei aliviada com a mudança dele. — Eu achei legal.

— Legal? — Ele balançou a cabeça. — Legal?

Legal era ofensa?

— Você não quer que eu diga que foi a transa da minha vida, porque mesmo sendo a única foi uma bosta e você sabe, né?

Ele riu. Sua voz tinha uma delicadeza que estava em desacordo com seu tamanho e atitude anterior.

— O que foi? — questionei.

— Bom, estou com meu ego rasgado e destruído. Então, quero pedir uma segunda chance.

— Segunda chance?

— O sexo é bom e gostoso quando é feito do jeito certo. Eu achei que você era experiente, então não a preparei da maneira correta. Quero pedir que me dê a chance de fazer isso, agora.

Um calor acumulou-se na minha barriga. Eu era incapaz de responder, então simplesmente o observei aproximar-se.

Meus mamilos endureceram. Apesar daqueles modos pouco cavalheiros, aquele homem me fazia ferver.

As pontas dos dedos másculos brincaram com meus seios. Eu já podia sentir minha boceta se molhar novamente.

Como se ele lesse minha mente, a mão de Aaron mergulhou entre as minhas pernas. Fechei meus olhos enquanto ele acariciava meus lábios antes de manusear meu clitóris. Minhas pernas se abriram, oferecendo-lhe maior acesso. Ele aliviou um dedo dentro de mim, acariciando-o lentamente para dentro e para fora.

Isso foi muito bom. Depois daquela entrada obtusa de antes, agora tudo parecia calmo e gentil.

Logo me vi forçando-me contra a mão dele. Então os lábios de Aaron encontraram os meus. Eu abri minha boca, deixando sua língua me invadir. Pequenas faíscas de eletricidade passaram por mim. Eu amei como ele despertou meu corpo com o menor toque.

— Essa bocetinha apertada precisa da minha atenção.

Ok, lá estava eu, entregue novamente àquele homem.

— Oh céus...

Aaron certamente sabia o que estava fazendo. E sabia como preparar uma mulher.

Nós voltamos até a cama. Ele deitou-se, e me deixou de joelhos ao seu lado.

— Suba em cima de mim, Julie —ordenou.

Sua voz me fez tremer. Eu me movi, montado nele. Seus olhos estavam fixos em mim, tão intensamente focados que pensei que poderia explodir em chamas.

Sua respiração acelerou. Eu podia sentir seu pau esticando debaixo de mim, batendo na minha barriga. Suas bolas descansaram sob minha boceta.

Eu acariciei seu pênis com uma mão. Sua pele estava macia, aveludada. A ponta estava molhada.

— Princesa, você é maravilhosa...

Eu me abaixei e molhei minha mão com meus próprios sucos antes de acariciá-lo mais. Eu adorei senti-lo crescer mais na minha mão.

— Agora esfregue essa pequena boceta apertada sobre o meu pau.

Ali estava um problema. Eu me lembrava da dor. Havia acabado de ocorrer. Tudo que envolvia as carícias eu adorava, mas quando ele se forçava dentro de mim, nossa, ardia muito.

— Eu não sei se vai caber...

— Não se preocupe. Apenas vá devagar...

Vagarosamente, abaixei-me para que minha vagina estivesse sobre a ponta dele. Aaron gemeu. Eu gemi. Foi muito bom. Eu não sabia o que esperar, realmente. Mas, a sensação de meu íntimo se esticando, sentindo a pele dele, era indescritível.

Eu deslizei lentamente pelo comprimento dele, centímetro por centímetro.

Seus olhos estavam fechados. Eu podia sentir o prazer dele retorcendo-se em mim.

Finalmente percorri todo o caminho para baixo, sentada, seu pau inteiro dentro de mim.

Puta que pariu! Era incrível!
Comecei a rebolar meus quadris e seus olhos se abriram.

— É isso aí. Monte-me como se estivesse num cavalo.

Sei lá porquê, suas palavras me deixaram mais ousada e excitada. Aumentei o ritmo até que logo eu estava deslizando para cima e para baixo no comprimento dele. Meus seios saltaram com o balanço.

Aaron se inclinou, e parecia que seu pênis estava ainda mais profundo dentro de mim. Ele pegou um dos meus mamilos entre os dentes e chupou forte.
Se eu pensasse que estava bom antes, agora não havia palavras. A sensação dos seus lábios no meu mamilo era de poder.

Eu podia sentir meus músculos da boceta agarrando-o enquanto eu me movia.

Seu rosto estava corado. Seus dedos amassaram minha bunda.

— Ah, Julie. Você é tão gostosa. Vou gozar, princesa...

Eu podia sentir meu orgasmo crescendo. Eu estava perdendo o controle. Eu ia me dividir em um milhão de pedaços. As bolas de Aaron estavam apertadas debaixo de mim, e isso só me levou a montá-lo com mais força.

— Vou encher sua boceta com minha porra, minha virgenzinha linda — ele sussurrou.

— Oh, sim — eu gemi. O som escorregadio de nossos corpos se juntou, me excitou mais. — Mete tudo...

Quando Aaron bombeou para dentro e para fora de mim, eu pude sentir meu orgasmo crescendo, em seguida, caindo sobre mim como uma onda. Eu adorava me sentir como uma estrela cadente. O pau de Aaron jorrou seu esperma quente. Eu queria saborear até a última gota.

Desmoronei em cima dele. O único som no quarto era nossa respiração ofegante. Eu estava com sono e dolorida, mas eu não queria perder um segundo daquele momento incrível. Se eu estivesse sonhando, eu não queria acordar.

Debaixo de mim, sua voz profunda ecoou.

— Agora sim, princesa. Você foi fodida como merece...

 

 


Aaron


E la era adorável. Poucas vezes na vida eu havia visto uma mulher tão delicada, gentil e maravilhosa. E eu tinha experiência com as damas...

Ainda era difícil entender como uma deusa do sexo incrível daquelas podia ser virgem. Mas, eu fiquei orgulhoso de ter sido o primeiro. Pense o que quiser, para um homem do Texas antiquado como eu, saber que havia tirado a pureza daquela mulher era algo absolutamente sensual e atraente.

Talvez por causa disso, eu queria ser dono dela. Não no sentido ruim. Queria que Julie me pertencesse, de todas as formas, para sempre.

Enquanto a observava vestir-se, no dia seguinte, eu pensei como poderia alcançar esse objetivo. Nada na minha situação era fácil. Apesar de minha mãe sonhar em me ver casado, quando eu aparecesse com a filha de astros pornôs em casa, a coisa poderia se complicar.

Mesmo assim, era tão nítido que não havia ninguém melhor.

É difícil de explicar... Havia algo no cheiro dela que me deixava com uma estranha sensação de familiaridade, como se realmente houvéssemos nos reencontrado depois de muito tempo. E isso sem falar o sexo. O jeito que ela me montou, a forma como sua vagina galopou meu pau me deu o mais poderoso orgasmo da minha vida. De repente, aquilo passou a ter muito valor. Eu queria ter aquela experiência enquanto vivesse. E só ela poderia me dar isso.

Quando nos reencontramos no saguão, ao meio dia do dia seguinte, eu a convidei para almoçar. Estava ansioso para conhecer ainda mais dela, saber seus sonhos, seus desejos. Queria aquela mulher em absoluto, e ansiei com força que ela concordasse.

— Acha uma boa ideia? — ela indagou.

— Por que não?

Depois de certa hesitação, ela aceitou entrar comigo em um táxi. Estava linda usando uma saia até os joelhos e uma blusa discreta, clara. Julie parecia o estereótipo da garota perfeita, e era assim que eu a via depois dos momentos perfeitos que tivemos.

— Você vem muito a Vegas? — indaguei.

— Não, é minha primeira vez.

Eu não resisti aquele jeito doce.

— Até nisso você era virgem, docinho? — murmurei, tocando de leve nas suas coxas.

Eu percebi o arrepio em sua nuca. Julie me desejava tão ardentemente quanto eu a ela. Aquilo podia ser perfeito se ambos conseguíssemos abrir espaço um para o outro em nossas vidas.

— Já pensou em viver no Texas? — indaguei, de supetão. Seu olhar volveu para mim, curioso. — Numa cidadezinha chamada Esperanza. É muito bonita no outono.

— E o que eu faria lá?

— Seria a esposa de um cowboy — sugeri.

Nas janelas, víamos as luzes cruzando rapidamente, as multidões de turistas que se aglomeravam nas calçadas. Aquele lugar era sempre cheio e intenso.

De repente, o táxi parou. O restaurante que eu escolhi era o favorito de minha mãe. Eu esperava não me deparar com ela, nele. Apesar de concordarmos em nos darmos uma folga naquele passeio, eu não pensei direito quando escolhi o restaurante.

E eu não estava pronta para apresentar Julie a minha mãe. A senhora Olívia era uma mulher difícil de agradar.

Nós escolhemos uma mesa perto do bar. Era possível ver algumas garotas trabalhando ali, servindo mais que drinks a homens interessados em peitos e bundas. Estranhamente, apesar de sempre aproveitar esses momentos nas férias anuais a Vegas, eu sabia que aquilo não era mais para mim.

— Me fale de você, Julie — eu queria saber tudo, então foquei meus olhos em seu rosto gentil.

— Não há muito o que falar...

— O que faz da vida?

— Escrevo — ela deu os ombros.

— Romancista?

— Escrevo contos de horror para um jornal. Colunista.

Fiquei impressionado. Ela parecia uma daquelas gentil e delicadas autoras de romances, quase bibliotecária. Mal podia enxergá-la escrevendo sobre sangue e zumbis.

— E seu pai? Ele ainda está na ativa como ator pornô?

— Homens duram mais nessa profissão. Ainda mais quando eles têm um fandom.

— Fandom?

— Meu pai se assumiu bissexual há algum tempo e vive com outro homem. Os fãs dele gostam do par, entende? Existe até uma palavra para isso... Qual é a palavra? Shipar!

Ok. Minha mãe iria enfartar.

O garçom trouxe o cardápio. Julie molhou os lábios com a língua enquanto lia.

Cacete!

Eu esperava que aquela agonia sexual tivesse um fim quando saíssemos do quarto, assim eu poderia aproveitar outros ângulos de Julie. Mas, bastava um pequeno e inocente gesto para que meu plano fosse para o inferno.

— Eu perdi a fome. Vamos sair daqui?

Ela me encarou.

— Mesmo?

— Nós podíamos voltar para o hotel — murmurei.

Um som característico tirou o foco dela de mim. Logo ela buscava o celular.

— Aconteceu algo?

— Eles vão antecipar a homenagem para minha mãe — ela contou. — Pedem para que eu compareça mais cedo do que o horário combinado.

Subitamente, dei-me conta de que tão logo aquele evento ocorresse, eu a perderia para sempre.

— Posso ir com você?

— Num evento adulto? Cheio de atrizes pornôs? Cheios de exibições de vibradores e coisas do tipo? — ela quase riu.

Mesmo não sendo parte dela, era parte da família dela, de suas origens. Dei-me conta de que me envolveria nisso, de uma forma ou de outra.

— Se não for um incômodo para você — murmurei.

— Vou gostar da companhia — ela sorriu.

O mundo podia acabar agora. Eu morreria feliz com a visão final daquele lindo e meigo sorriso na minha direção.

 

 

 

 

Julie


N ós não voltamos imediatamente para o hotel. Apesar de arrepios ondularam ao longo da minha pele pela simples presença daquele homem, era como se existisse uma força poderosa que nos obrigasse a circular por Vegas e pairar sobre conversas do cotidiano, uma necessidade de nos conhecermos melhor.

— Você sabe — ele murmurou, enquanto parávamos diante de uma daquelas capelas de casamento rápido. — Nós podíamos nos casar.

— Nos conhecemos há quanto tempo mesmo? — eu brinquei. — Um dia?

— Um dia — ele confirmou. — E eu já sei que é a mulher da minha vida.

Suas palavras foram incrivelmente sedutoras. Todo meu corpo atiçou-se diante delas.

— Ainda tem muito que não sabe sobre mim.

— Tipo, que você é a cara da sua mãe e que ela era uma estrela pornô? Que seu pai é gay?

Eu ri.

— E também que sou extremamente antissocial.

— Eu não me importo com isso.

— Ah, também gosto de ficar trancada no escritório para escrever, não sou de sair de casa, tenho fascinação por filmes do Lars von Trier ...

— DogVille — ele apontou. — É seu filme favorito desse diretor.

Abri a boca, pasma.

— Como sabe?

— Porque você tenta se colocar culpa e defeito, mas na verdade é extremamente simples e aberta. Eu sei cada palavra que vai sair da sua boca, como se eu a conhecesse a vida inteira. Você não tem paredes, Julie, exatamente como aquele filme... Eu posso ver a sua alma. E ela me encanta. E me dá medo, também. Como você conseguiu me deixar nesse estado em tão pouco tempo?

Mesmo que eu negasse com intensidade todas as sensações que meu corpo gritava, naquele momento soube que estava à mercê daquele homem.

Eu havia me apaixonado...

— Me leva para o hotel — pedi.

Mal conseguimos voltar para o quarto sem tirar as roupas um do outro. Aaron me empurrou contra a porta assim que a fechamos. Eu abri o zíper da minha saia, empurrando-a para baixo enquanto ele tirava a camisa sobre a cabeça.

— Vai se casar comigo, Julie...

Com seus lábios contra o meu pescoço, eu concordaria com qualquer coisa. Amei a sensação de sua pele sobre minhas mãos. Ele era todo músculo e tatuagens esculpidas num corpo de deus grego.

— O que elas significam? — apontei para os desenhos em seu peitoral.

Aaron arrancou minha calcinha de renda.

— Meu bem, conversar é exatamente o que não vou conseguir fazer agora.

Ele foi incrivelmente rápido em tirar meu sutiã. Suas grandes mãos seguraram meus seios com os polegares acariciando meus mamilos.

— Você vai se casar comigo — ele repetiu a ideia.

— Eu mal te conheço — murmurei, mas não recusei.

Porque não quis me negar. Por mais incoerente que fosse, não queria negar nada a ele.

E também era tão difícil se concentrar quando ele estava mordendo meu pescoço, acariciando minha pele. Eu podia sentir o calor entre minhas coxas. Eu mexi minhas pernas impacientemente.

— Cama — murmurei.

— Vai ser aqui — ele avisou. — De pé, contra essa porta. Quero que enrole essas pernas gostosas em volta da minha cintura enquanto eu enfio meu pau bem fundo em sua boceta melada. Você quer isso?

Assenti, incapaz de responder.

Então sua boca encontrou a minha e nossas línguas só me deixaram mais excitada. Meus dedos trabalharam no botão e zíper nas calças dele. Eu empurrei suas calças e cuecas para baixo. Seu pau grosso pulou na minha palma.

— Adoro quando toca em mim — Aaron se inclinou para mim.

Seu pau pulsou na minha mão. Instintivamente, acariciei-o, aumentando minha velocidade.

— Eu quero te chupar...

— Querida, primeiro quero que seja sua boceta que receba meu leite, que ele escorra por essas pernas deliciosas. Teremos muito tempo para eu meter na sua boca.

Meu coração bateu mais rápido com suas palavras, suas promessas de continuidade. Se eu tivesse calcinha, ela ficaria encharcada.

Aaron me ergueu um pouco. Minhas costas se firmaram na porta.

— Coloque suas pernas em volta da minha cintura.

Ele segurou minhas nádegas enquanto me deixava mais firme. Depois, uma das mãos foi ao próprio mastro, e o guiou entre minhas pernas.

Eu comecei a me esfregar contra ele. Ele deslizou dentro de mim em um impulso suave. Cavei minhas unhas nos ombros musculosos.

Ouvi um rosnado. Observei sua face. Era séria e pensativa.
Eu amei como Aaron tinha esse jeito durão e como contrastava com meu jeito doce. Eu podia amá-lo. E esse pensamento pegou meu cérebro e ficou preso ali. Aaron habilmente trabalhou meu corpo, mas meu cérebro estava distraído agora.

Eu podia... Eu queria... Amor.

Ele me beijou. Sua língua emaranhada com a minha, me puxando das minhas distrações para o agora.

Viver o agora... Viver com ele...

Eu podia sentir meu orgasmo crescendo quando Aaron me pressionou mais.

Ele era meu primeiro homem. Mas, havia algo a mais que isso. Eu era dele. Ele me arruinou para qualquer outro, porque eu sempre compararia qualquer cara com ele. E nenhum homem seria como ele.

Eu resvalei para o chão quando atingi o clímax. Ele me segurou no colo e me levou até a cama.

Céus, amava também seu tamanho grande. Gostava da forma como ele cuidava de mim.

— Me fale sobre as tatuagens — eu pedi, os olhos quase fechando.

— Não tem um significado especial — ele murmurou. — É apenas parte de mim, minha pele marcada por algo. Acho que foi uma maneira de me sentir especial.

— Especial?

— Eu sempre tive muitas mulheres e muitas amantes. Mas, assim como elas não representavam nada para mim, eu também não representava nada para elas. Então, eu queria impactar de alguma forma. Eu sei, é uma besteira...

— Não é besteira. Eu entendo, faz parte de você... algo para que ninguém nunca esqueça.

— De certa forma — ele concordou.

— Nunca esquecerei você, Aaron — murmurei.

E então o sono me levou.

 

 

Aaron

P agar dois quartos estava sendo um desperdício. Afinal de contas, desde o primeiro momento que nos vimos, passamos a ficarmos juntos e poderíamos ter economizado naquele gasto. Por exemplo, naquela manhã, acordamos no quarto de Julie. Havíamos ido para lá durante a madrugada, para conhecer o lugar e também porque tinha uma banheira de hidromassagem maravilhosa que nos animou para mais uma rodada de sexo.

Agora, ela estava se arrumando para a Convenção. Deitado na cama, as mãos atrás da cabeça, eu observava Julie com o semblante um tanto fechado.

— Eu vou com você — disse, de súbito.

Seu olhar volveu para mim.

— Tem certeza.

— Não quero minha mulher sozinha num evento adulto — eu afirmei.

Eu dava ênfase a cada denotação de posse. Eu queria que ela soubesse o quanto éramos um do outro. Eu era dela. Tudo de mim, cada pedaço, era dela. Então, era justo que ela também fosse minha.

Pensei que Julie pudesse recusar, mas ela sorriu, aliviada.

Ela sentia a mesma coisa. Eu sabia.

Saímos do hotel e nos dirigimos para o Centro de Convenções. Antes mesmo de entrarmos era possível ouvir a música alta, o riso e o gritinho animado de várias mulheres.

Nos apresentamos na recepção. A atendente deu um forte abraço em Julie, como se fosse uma honra conhecê-la. Eu não nego que fiquei orgulhoso dela, da maneira adulta como ela estava lidando com a situação.

Eu não a conhecia muito, mas sabia que ela odiava a profissão dos pais. E mesmo assim estava sendo completamente profissional e respeitosa com aquelas pessoas.

Eu suspirei. Julie era única.

Entramos no ambiente e nossas vistas se arregalaram com o espetáculo conduzido. Num telão, cenas quentes – não explícitas – eram expostas sem constrangimento, enquanto nos corredores vários expositores mostravam algemas e vibradores para um público deveras interessado.

— Você quer dar uma caminhada? — perguntei.

— De preferência para bem longe daqui — ela murmurou. — Que tal ir a pé para o México?

Eu ri. Mas, percebi um resquício de vergonha e perturbação nela. Pela primeira vez na minha vida, eu não sabia o que fazer.

Subitamente, ela tirou algo da bolsa. Era um texto. Verifiquei o título e percebi que era um conto de horror.

A observei, curioso.

— É um presente — ela murmurou. — Para você não me esquecer depois que formos embora.

Meus dedos tocaram sua pele macia. Dei-me conta de que depois de algumas horas eu iria perdê-la para sempre e tudo teria fim. Mas, eu não era capaz de aceitar isso. Eu não poderia voltar para o Texas e seguir normalmente, porque Julie havia deixado uma marca em mim, que me tornava ciente de que se eu a deixasse ir, me arrependeria para sempre.

— Tem algum lugar discreto por aqui? — murmurei.

— Para quê?

— Quero fazer amor com você — disse, direto.

Percebi um brilho no seu olhar.

— Eu não conheço esse lugar...

Peguei sua mão e comecei a zanzar pelo ambiente. Logo vi um banheiro afastado, provavelmente usado pelos funcionários. Entramos. Fechei a porta, trancando por dentro. Depois fui verificar se não havia nenhuma pessoa nas cabines.

— Você quer fazer aqui? — ela questionou.

Voltei meu olhar para ela. Ela sabia o que meus olhos diziam. Eu estava sedento.

— Agora? — Ela insistiu. — É loucura.

Eu me aproximei e deixei que meus dedos caíssem em seus seios, brincando com a forma como eles se moldavam na blusa.

— Sua boceta está molhada?

Ela engoliu em seco.

— Você sabe a resposta.

— Suba na pia e tire sua calcinha.

Ela fez exatamente o que eu ordenei. E quando me aproximei, suas mãos buscaram meu cinto. Gentilmente empurrei as mãos dela para longe.

— O que foi?

— Eu vou comer sua boceta.

Ela corou. Eu fiquei encantado com o fato de estarmos num lugar daqueles, e ainda assim uma única frase ser capaz de corá-la.

Eu arregacei suas pernas e tive uma visão completa da sua vagina.

Seus lábios sexuais eram inchados e rosados. Ela raspava os pelos. Era uma visão deslumbrante. Julie estava aberta para mim e completamente vulnerável. Eu acariciei um dedo levemente em sua abertura. Ela estava muito molhada.

— Julie, não faz ideia de como eu quero provar você.

Eu inclinei minha cabeça entre os joelhos dela. Senti suas mãos tocando levemente meus cabelos enquanto sua boca exalava um suspiro. Eu corri minha língua até sua fenda, deslizando da mesma forma que meu dedo tinha acabado de fazer.

Seus dedos adentraram entre meus fios e ela agarrou meus cabelos.

Com o meu rosto focado na sua boceta, aquilo só me deu mais tesão. Eu queria tudo de Julie. E fiz tudo que pude para ter isso. Fui lambendo, chupando e acariciando até que ela estava se contorcendo contra o meu rosto, e então eu consegui ter todo o gosto dela nos meus lábios. E, céus, ela tinha um gosto fantástico. Minha língua lambeu, parando apenas para girar e puxar seu clitóris.

Seu corpo estava encostado no espelho, seus gemidos ofegantes enchendo o interior daquele banheiro.

Eu chupei seu clitóris ouvindo sua respiração ficando cada vez mais rápida. Quando ela explodiu, seus dedos flexionaram firmemente no meu cabelo.

Julie, meu bem, você pode ter iniciado tarde no jogo do sexo, mas foi feita para foder... Comigo!

Sim, por mais que Julie fosse filha de dois astros pornôs, somente eu arrancaria orgasmos devastadores daquela mulher.

Eu juro!

Mataria qualquer outro que quisesse tê-la!

Eu lambi seus sucos de boceta enquanto suas coxas tremiam e ela cavalgou seu prazer.

Quando o clímax acalmou, eu me ergui e beijei seus lábios. Percebi o sorriso doce surgindo contra minha boca.

— Não posso ficar sem você, Julie — murmurei. — Não dá.

Havia muitas coisas no olhar dela, mas Julie não disse nada. Ela simplesmente lambeu os lábios e então esfregou os dedos nas minhas calças.
Eu gemi sentindo meu pau já duro pressionando contra o meu zíper. Minhas bolas apertaram também. Eu baixei minha calça e meu pau surgiu, ereto, entre nós.

— Me chupa — ordenei, me sentindo em êxtase com o pensamento de seus lábios ao meu redor.

— Eu nunca fiz isso — ela disse, como se eu não soubesse. — Você é tão grande — Ela respirou antes de abaixar-se e correr sua língua em volta da minha cabeça.

Precisei de todo autocontrole possível para não cobrir todo o seu rosto doce.

Uma vez que ela chupou minha cabeça, ela começou a tomar mais de mim. Quando senti a ponta do meu pau alcançar a parte de trás de sua garganta, vi estrelas. Meus dedos seguraram a bancada da pia e eu fechei os olhos.

Sua boca era incrível.
Ela começou a chupar meu pau a sério. Quando ela sugeriu que eu gozasse, imaginei que iria deixá-la sentir um pouco do sabor e então bombearia o resto em sua boceta.

Agora, porém, eu sabia que não tinha como deixar isso acontecer. Eu ia entrar em sua linda boquinha. O pensamento da minha semente em sua língua estava me deixando mais e mais excitado.

— Querida, precisa se afastar, senão vou gozar na sua boca.

— Eu quero isso — ela murmurou, entre um engasgo e outro.

Que tudo se foda!

Agarrei sua cabeça enquanto eu bombeava nela. Meu esperma jorrou pela sua garganta. Eu olhei para ela de joelhos antes de me derramar inteiro.

Puta que pariu! Eu amava aquela mulher!

Eu não conseguia imaginar minha vida sem ela. Eu não queria só aquela foda. E eu não poderia deixá-la partir!

 


Julie

A aron mudou minha vida. Era um fato que eu jamais poderia ter previsto.

Quando embarquei para ir àquela Convenção, tudo que planejei era apenas cumprir com a vontade do meu pai. Depois, ao encontrar Aaron, e me sentir atraída por ele, decidi que era hora de buscar por algo libertador. Mas, nem em sonhos eu pensei no quanto seria difícil dizer adeus a ele, quando precisasse regressar.

Quando voltamos ao salão onde ocorria o evento, começaram as homenagens a Marga Adney. Eu subi ao palco para receber uma placa comemorativa, e entreguei a eles algumas das coisas que havia trazido na mala, materiais importantes e originais que iriam ser mantidos em um museu destinado ao mundo da pornografia.

Ao descer as escadas, um homem de meia idade me interceptou.

— Sua mãe era maravilhosa — ele disse. — Acho que todos vão te dizer isso, mas ela me ajudou muito a segurar a barra quando recaí com heroína. Ela nunca me deixou desistir.

Eu abri a boca pasma, e disse um “ obrigada ” quase num muxoxo. Depois, outra pessoa me parou no corredor.

— Sua mãe foi minha melhor amiga. — A mulher de cabelos dourados sorriu. — Acho que ela era a melhor amiga de todos. E pensar que a vida dela não havia sido nada fácil...

— Não?

Não sabia nada sobre o passado de Marga. Meu pai nunca quis me contar.

— Você sabe... Violada pelo pai desde a infância, expulsa de casa pela mãe que ficou do lado do marido. Obrigada a se prostituir... Depois, acabou no nosso mundo... — ela girou os braços, como se o mundo adulto pudesse ser definido por aquele espaço. — E, mesmo assim, mesmo com tantos traumas, ela ainda era doce e gentil com todos. Eu me lembro de quando assumiu seu amor por Ray e largou a vida de atriz quando engravidou de você. Nunca a vi mais feliz. Ela dizia que você seria um recomeço para ela. Claro que você sabe, mas... Marga lhe amava muito.

Eu senti os olhos nublados pelas lágrimas. Eu queria dizer muitas coisas, mas minha garganta estava travada.

Subitamente, outra mão tocou a minha. Volvi o olhar e vi uma senhora bem vestida, claramente fora daquele mundo adulto, quase deslocada, mas com o olhar carregado de ternura.

— Sei que não me conhece. Mas, eu sou muito fã do seu pai e de Charles — ela contou. Aquilo me fez voltar-me inteiramente para ela. — Sabe, meu marido, aquele infeliz, me deixava sozinha boa parte do meu casamento. Eu tinha um filho pequeno e zero expectativa de nada na fazenda onde morava. Mas, eu tinha uma paixão: Ray e Charles. Eu adoro os dois juntos. Eles são meu coração. Eu sou a maior fã deles!

— É mesmo? Eles vão gostar de saber disso. Qual seu nome?

— Olívia.

— Mãe! — a voz de Aaron, que chegava naquele instante, me surpreendeu.

Talvez nem tanto quanto surpreendeu a mãe dele.

 

Foi interessante assistir aquele impasse entre mãe e filho.

Sentada num banquinho do bar, eu os observava com nítida atenção. Aaron estava tão incrível com aquele ar assombrado. Ele era lindo, inteligente, engraçado... Ah, céus, eu estava tão apaixonada por ele...

— A senhora é católica! — ele apontou.

— E?

— E me obriga a ir à missa todos os domingos.

— E?

— E me quer casado com uma boa moça do Texas.

— E?

— E de que maneira essa beata pode ser fã de pornô gay?

— Meu filho — Olívia o tocou, como se falasse com uma criança. — Há tantas coisas sobre mim que você não sabe. Mas, preciso dizer, você me surpreendeu. Eu não esperava encontrá-lo aqui, ainda mais com a filha de Ray e Charles — ela suspirou, com o apontamento final. — Se vocês se casarem, eu irei conhecê-los? — pareceu só se dar conta disso naquele momento.

— O quê? — ele murmurou, parecendo alheio àquelas palavras. — Eu estou tentando entender sua vida dupla, mãe!

Eu beberiquei o martini. Ok, aquela bebida era ótima. Parabéns, Josiane Veiga, por colocá-la sempre nos seus livros.

— Nós conversaremos mais tarde. Agora, por favor, fiquem a vontade — Olívia sequer prestou atenção ao olhar embasbacado do filho.

E saiu cheia de pose. Era uma mulher feliz. Eu simpatizei instantaneamente.

— Nossas mães são umas caixinhas de surpresas, não é? — murmurei. — Soube mais de Marga hoje do que jamais imaginei.

— É mesmo? — ele se aproximou.

— Ela não era a vagabunda que eu pensava.

Ele tocou meu braço. Um carinho gentil. Volvi meu olhar para ele. Nossos olhos arderam.

Aaron então se aproximou e seus lábios roçaram minha orelha me fazendo estremecer. Meus mamilos enrugaram com sua proximidade.

— Eu não suporto o pensamento de dizer adeus a você, Julie — ele murmurou. — Então, me perdoe, mas eu vou ter que fazer qualquer coisa para mantê-la ao meu lado. Talvez eu tenha que sequestrar você e levá-la a força para o Texas.

Eu ri.

— Nós devemos nos casar, Julie — ele prosseguiu.

Pensei em rir novamente, quando notei seu tom sério.

— Você nem me conhece — eu disse, suavemente.

— E daí? Eu amo estar com você. Eu nunca disse isso para mais ninguém. Eu nunca vivi isso com mais ninguém.

Eu fiquei chocada com a forma como meu coração gritou para ser dele. Aliás, eu já era, mas minha alma queria selar aquele acordo. Porém, eu estava com muito medo de quebrar a magia entre nós.

E se tudo fosse um engano? Como eu poderia descobrir?

Olhei em volta. Aquelas pessoas que haviam vivido com minha mãe eram a resposta. Elas foram forçadas por diversas situações a se tornarem o que eram. Mas, eu tinha escolha. Eu podia ser o que quisesse, e se nada desse certo, eu ainda teria um lugar para voltar.

Mas, iria dar certo. Tinha certeza!

— Você vai ter que pedir minha mão para dois homens — eu murmurei.

— Se eu conseguir tirar minha mãe de cima deles, eu o farei.

Então assenti, enquanto saltava sobre aquele homem grande do Texas.

Sim!

Aquilo era viver... 

 

 

                                                                  Josiane Biancon da Veiga

 

 

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