Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese

  

 

Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


UM NATAL EM ARDMORE / Nora Roberts
UM NATAL EM ARDMORE / Nora Roberts

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio VT

 

 

 

A aldeia de Ardmore se estendia ordenadamente ao longo da costa do Condado de Waterford. Com suas praias azuis do mar Céltico, uma saia em seus pés. As colinas e penhascos rolavam acima do mar, verdes agora mesmo no obscuro inverno. Alguns dizem que quando o ar estava calmo e as estrelas brilhavam como diamantes no céu da noite, um ouvido afiado podia captar o som de gaitas e flautas tocando da jangada embaixo de Faerie Hill, a Colina das Fadas onde um lindo chalé fez seu repouso.

Havia alguns que sabiam que a musica era real, e que tocada por amantes.

Mas na Véspera de Natal o ar estava longe de ser calmo, e a musica que pulsava dentro do ar frio de inverno era feita por mãos e vozes humanas.

O Gallagher´s Pub estava abarrotado de amigos, família e os eventuais turistas. Era a única noite do ano em que o pub fecharia suas portas mais cedo, e aqueles que moravam em Old Parrish se aglomeravam para celebrar o feriado com cerveja e música.

Atrás do balcão de castanheiro escuro, Aidan pensava, era ótimo ter seus pais em casa por um pouquinho de tempo e trabalhar junto com o homem que passou o Gallagher´s para suas mãos. Ele podia ouvir a voz de sua mãe aumentando numa canção enquanto saltava Ailish, - sua criança, a luz de sua vida - de seus joelhos. E enquanto preparava outra Guinness com uma mão, mudando para outra, ele podia assistir sua mulher Jude - seu coração - se movendo através da multidão anotando pedidos.

A avó de Jude estava sentada perto da lareira de turfa fofocando com o velho Mr. Riley e a cunhada de Darcy, os Magee de Nova York. O ar estava perfumado com doce, cigarros, com o leve aroma da cerveja e quando Brenna moveu-se vindo da cozinha com uma bandeja na mão, o rico aroma preenchendo o ar do ensopado de seu irmão se juntou à mistura.

 

 

 

 

-Você está perto do oitavo mês de gravidez - Aidan disse para ela que já carregava a bandeja através da passagem. - Você não deveria estar carregando isso.

-Eu sou forte como um cavalo - Ela lançou suas ondas vermelhas e falou com um brilho no olhar. - Se eu ficar na cozinha com Shawn mais cinco minutos eu serei forçada a cozinhar o cérebro dele junto com seu próprio ensopado por me aborrecer tanto para por meus pés para cima, se eu quisesse meus pés para cima, você não acha que eles já não estariam lá?

Ela saiu do balcão, com o bebê que carregava na barriga fazendo volume embaixo de sua velha camisa de trabalho. Aidan apenas teve que chamar a atenção de Jude, inclinar a cabeça na direção de Brenna para ter o problema resolvido.

Jude se enrolou de seu jeito ao redor de Mollie O´Toole, trocou uma palavra. Momentos depois Mollie tinha a bandeja na mão e sua gravidíssima filha numa cadeira.

Então tudo certo com o mundo, pensou Aidan, ou perto disso. Havia alguém que ele sentia falta de ver se movendo na multidão, servindo cerveja, acrescentando sua voz a musica. Sem sua irmã Darcy discutindo com Shawn, flertando com os clientes, ou parando para uma rápida fofoca, não seria totalmente Natal.

Ela tinha sua própria vida agora, ele se lembrou. Um novo marido, uma nova carreira. Nos três meses desde seu casamento, ela vinha rodando o mundo como ela sempre quis e agora de primeira classe. Ele estava emocionado por ela, contente por ela estar feliz e pelo homem que ela amava ser um que ele podia respeitar, um homem que ele considerava como um amigo.

Mas, droga, ele sentia falta dela.

Com certeza ela não estava apenas viajando e explorando suítes de hotéis. Ela estava trabalhando, e trabalhando duro.

Sua voz devia ter sido um dom natural, que era o jeito dos Gallaghers, mas gravar um disco para um homem como Trevor Magee não seria caminhar pelo parque, Aidan tinha certeza.

-Três harps, duas cervejas inglesas, e uma guinness.- Jude tocou sua mão na dele antes que ele alcançasse os copos. - O que te deixou triste?

-Não triste, talvez pensativo. E estou com saudades de Darcy.

-Eles estarão aqui amanhã, no ultimo dia no máximo. - Ela pausou um momento.- Mas não é a mesma coisa".

-Não, não é. É maravilhoso ter minha mãe e meu pai aqui, sua avó, a família de Trevor. É o primeiro Natal de Ailish - Ele olhou na direção de sua filha de novo, aconchegada nos braços de sua mãe, e seu coração simplesmente pulsou mais forte. - Só isso deveria se suficiente para qualquer um.

Não para você, pensou Jude, não no Natal. Não para um homem com um profundo amor por sua família e por uma grande necessidade por tradição. Ela o amava por isso. Foi Aidan que tinha transportado todas as caixas de decoração natalina para o pub, e para a casa deles. E os dois lugares que eram tão queridos por ele, e por ela, estavam vivos com o feriado.

Luzes brilhantes penduradas do beiral do lado de fora, de dentro das vigas. Uma pequena arvore de pinheiro espremida num canto estava transbordando de enfeites. Um risonho papai Noel fazia peso no balcão com copos de bebidas, um trio de anjos voavam na porta da frente. Havia sinos de trenós na porta e renas no telhado.

Ele estava virado quando aqueles sinos de trenó soaram, não vendo quem tinha entrado no pub, ou o largo e encantador sorriso de sua mulher. Mas ele ouviu a voz pegando o refrão no " I´II Be Home For Christmas", - eu estarei em casa para o natal - e movimentando-se em volta enquanto arrancava sua filha do colo de sua mãe.

Ela apoiou o bebe em seu quadril seguindo na direção do balcão. Aidan virou se depressa passou pela passagem livre encontrando Darcy no caminho, então levantou ela do chão

-Eu estava sentindo sua falta.

-Não me faça chorar - ela murmurou. - Vai borrar a maquiagem, eu trabalhei muito em meu rosto.

-Que sempre foi lindo.

Ela facilmente voltou, sorrindo.

-Assim seja. Eu tinha que vir pra casa - Ela envolveu seu braço livre em volta dele, pressionou sua bochecha para dele. - Eu tinha que na manhã de Natal acordar em Ardmore.- Ela sorriu ferozmente sobre o ombro de Aindan quando Shawn veio da cozinha.

-Bem agora, não é hora para isso - disse ele - Esses pedidos não se servirão sozinhos.

-Me dá licença um minuto, tá? -Ela passou Ailish para Aidan - Eu não me sentirei em casa até eu ter jogado alguma coisa em Shawn.

Por não ter nada em mão, ela se jogou em cima dele no momento que ele parou de andar. Minutos depois, eles estavam dançando.

Obrigado por trazê-la de volta. - Aidan disse para Trevor.

-É onde ela precisava estar - Trevor esfregou um dedo na bochecha do bebê quando ele olhou de relance na direção de seus pais, ao redor do pub para as pessoas que chegaram a significar família para ele - Onde nós dois precisávamos estar.

 

Mais tarde, quando o pub estava fechado, foi na casa dos Gallagher onde se esticou a noite, com pessoas e com muita música. Numa boa tigela de prata estava o Wassail - uma bebida quente típica no natal feita de maçã - que Jude fez ela mesma do livro de receitas de Shawn. Copos de wassail eram passados prodigamente enquanto os Gallaghers, no jeito dos Gallaghers, faziam musica com piano e violinos, com vozes e com acordeões.

Na janela da frente, uma grande arvore regada de lâmpadas pisca-piscas, embaixo dela os presentes estavam amontoados em brilhantes montanhas. Entre as canções, havia histórias e através das duas havia mais risada.

Mas estranhamente, Aidan sentia que alguma coisa ainda estava faltando.

Ele mesmo colocou sua filha na cama contemplando-a depois que já estava sonhando.

-Ano que vem - ele murmurou enquanto se inclinava uma ultima vez para beijar a bochecha dela - Você saberá mais do que está acontecendo aqui. Não são só pessoas, presentes e barulho. São Família, Raízes e Magia. É a única noite do ano onde todo mundo entende que há mágica no mundo. Quando ele a deixou, ele não viu a fada móvel pendurada acima de seu berço fulgor e dança o sonolento sorriso de sua filha.

Estava próximo da meia noite quando Darcy o chamou no canto.

-Pegue Jude.

-Lá fora está frio, aqui dentro está aquecido.

Ela pegou o copo de wassail dele antes que ele pudesse beber.

-Fora - ela insistiu - Na frente da casa. - Antes que ele pudesse discutir, ela já tinha ido longe arrastar Shawn do piano.

-Fácil pra você ficar em pé nesse vento - reclamou Brenna quando seguiu Darcy para fora de casa - No seu inteligente casaco de pele. Está congelando sangue aqui fora.

-É mesmo? - Darcy sorriu convencidamente enquanto esfregava sua bochecha contra sua gola macia - Eu nem percebi. Ora, pare de reclamar por cinco minutos, todos vocês - Ela lançou de volta sua cabeça. O céu estava claro como cristal, com brilhantes estrelas contra o brilho da noite

Ela podia ouvir o mar, a constante batida do coração, e a musica que tocava dentro de sua barriga, outro coração.

-Eu queria os seis de nós primeiro - ela começou - Nós temos sido parte de algo muito especial, e maior do que nós mesmos, e que permanecem em nós, como este lugar e estas pessoas ficam com a gente, onde quer que vamos ou fazemos. Nós temos Ardmore, o pub, e em breve o teatro.

-Se você vai fazer um discurso, não podemos fazer isso perto do fogo? - reclamou Shawn.

-Quieto seu cérebro de nabo - Darcy soltou um irritado suspiro - Eu amo todos vocês - ela continuou - Até o babuíno aqui. Por isso que eu queria todos os seis juntos aqui quando darei a Trevor seu primeiro presente de Natal.

Ela se voltou para ele.

-Foi aqui fora, lá abaixo da praia quando você finalmente usou esse seu afiado cérebro e me pediu em casamento. Amando um ao outro, unindo nossas vidas de uma vez e para sempre que quebrou um encanto de trezentos anos. Mas desde eu não acho que todos vocês se agruparão lá por isso, nós nos acomodaremos por aqui, do lado de fora da casa, onde nós podemos ouvir o mar. -Pare de bater suas botas Brenna, esse é um momento especial - Darcy disse.

-Então ande logo com isso. Minha bunda está congelando.

Ignorando ela, Darcy pegou nas mãos de Trevor.

-Há presentes para você lá dentro, embrulhados num lindo papel. Você irá gostar deles, se bem te conheço e o que te agrada. E o melhor, lá está muita daquelas caixas para mim também. Com brilhantes itens enfiados dentro.

-Você pode contar com isso - ele disse com um sorriso - Se bem te conheço e o que te agrada."

-Eu tenho um pra você que agradará a nós dois. Está bem embrulhado, se eu posso dizer de mim mesma num pacote muito atraente - Com seus olhos no dele ela colocou sua mão na barriga.

Ela escutou o quieto soluço de Jude um instante antes de ela ver compreensão vindo dos olhos de Trevor e um instante depois a alegria invadiu seu rosto. Então ela foi pega pelo seus braços, rindo com a lagrimas escorregando de seu rosto - Eu acho que ele gostou.

-Quando ? - ele pode apenas soltar essa única palavra com a emoção tomando conta dele.

-Final do verão. Eu terei sua criança no fim do verão. Deus, eu estou tão feliz. Vamos entrar e contar para os outros, mas eu tinha que contar para você desse jeito com todos os seis juntos.

-Entregue ela - Shawn exigiu e puxou ela para um abraço.

As lagrimas e mais risadas continuaram com ela deixando-se passar de abraço a abraço. Então foi a vez de Aidan abraçá-la.

-Minha menina - ele murmurou - Oh essas lagrimas, alguém me dá um maldito lenço.

-Olha - disse Jude calmamente e gesticulando para o céu com os sinos da igreja da aldeia batendo anunciando a chegada da meia noite.

Lá, cruzando o escuro céu cintilante como cristal estava um risco de prata. O cavalo alado voou, homem e mulher montados no cavalo de traseira larga. Sobre a batida do mar vieram alegres sons de gaitas. Eles assistiram como a mulher virou sua cabeça, com a inclinação do homem sobre ela. Quando eles se beijaram uma chuva de jóias - diamantes, pérolas e safiras - caíram dentro da escuridão do mar emitindo faíscas.

Com eles voando sobre as colinas numa noite que se tornou brilhante, Aidan sentiu a última parte deslizar no lugar.

-Aqui, agora, está perfeito, não está? - ele pegou a mão de Jude e a trouxe para seus lábios. - Feliz Natal. Para todos nós.

 

 

                                                                  Nora Roberts

 

 

              Voltar à “Página do Autor"

 

 

                                         

O melhor da literatura para todos os gostos e idades