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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


UMA AMANTE MARAVILHOSA / Lori Foster
UMA AMANTE MARAVILHOSA / Lori Foster

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

Biblio "SEBO"

 

 

 

  

Possivelmente os opostos se atraiam... mas possivelmente não.

O bombeiro Zack Grange estava procurando esposa, mas não lhe valia qualquer; queria a mulher perfeita que pudesse além de cuidar de sua pequena. Quando Wynn Lane se mudou à casa do lado, ele pensou que isso era exatamente o que não queria. O posto não estava disponível para mulheres tão desenvolvidas como ela. Mas isso era o que opinava o pai que havia nele, o homem dizia algo muito diferente.

Wynn não era nenhuma florzinha delicada e não estava disposta a trocar pelo Zack, claro que ele tampouco o tinha pedido. Não obstante, gostaria de pensar que a considerava algo mais que uma boa companheira de cama... inclusive desejaria que a quisesse embora solo fora a metade do que a queria sua filhinha...

 

 

 

 

                          Capítulo 1

-Maldito seja, Conan! Basta já!

Zack Grange se incorporou bruscamente na cama, com o coração lhe pulsando muito depressa e todo o corpo em tensão. Aturdido pelo sonho, seus pensamentos eram confusos. Tinha tido um sonho do mais ardente, com uma mulher muito sexy, uma mulher sem rosto mas com um corpo de deusa; então tinha ouvido uma mulher gritando.

Olhou a seu redor, mas seu dormitório estava tão vazio como sempre. Não havia ninguém escondido detrás das cortinas, e menos ainda a mulher com a que tinha estado sonhando; entretanto, aquela voz de mulher tinha divulgado muito próxima. Com o coração ainda em um punho, aguçou o ouvido, e então ouviu uma risada de mulher. Franziu o cenho.

Olhou o relógio e viu que solo eram as sete e meia. Não levava muito tempo na cama e, certamente, não lhe tinha dado tempo a recuperar-se da exaustiva noite de trabalho.

-Não tem graça, imbecil, e sabe -queixou-se a mulher em voz alta, sem lhe importar que outras pessoas pudessem estar dormindo-. Não posso acreditar que me tenha feito isto.

-Melhor você que eu, carinho -ouviu-se uma voz de homem-. Ai! Tem-me feito mal.

Zack ficou de pé e se aproximou da janela em cueca. Ao sentir o ar fresco da manhã, lhe pôs a carne de galinha. Estavam em meados de setembro e as noites começavam a refrescar. estirou-se a ver se podia aliviar a dor de costas; ainda lhe doía de todo o peso que tinha tido que levantar fazia poucas horas. arranhou-se o peito e retirou a cortina para aparecer.

«Vizinhos novos», pensou ao ver o pôster de «Se Vende» convexo no chão e um montão de caixas de cartão amontoadas no pátio. Entrecerró os olhos para proteger os da alaranjada luz cegadora do amanhecer, enquanto procurava com o olhar a pessoa que gritava.

Quando finalmente a viu, não pôde dar crédito a seus olhos. Tinha o cabelo castanho muito encaracolado recolhido em uma rabo-de-cavalo. Não pôde lhe ver bem a parte de acima posto que levava um suéter muito largo, mas suas calças curtas deixavam ver umas pernas largas e atléticas.

Como homem que era, as pernas da mulher lhe chamaram imediatamente a atenção. Aturdido ainda pelo sonho erótico de que tinha despertado fazia uns minutos, imaginou enroladas a sua cintura, ou talvez a seus ombros, e pensou na força com a que abraçariam ao afortunado que estivesse colocado entre elas, fundo entre elas.

Mas como vizinho, tinha vontades de ficar a gritar pela falta de consideração que animava a essa mulher a seguir vociferando a essas horas da manhã. Com essa mulher ali, o futuro não se apresentava nada bom.

-Papai?

Zack se voltou com um sorriso nos lábios, embora em realidade estivesse desejando cometer um assassinato. Sem dúvida, o ruído tinha despertado a sua filha, o qual queria dizer que já não haveria maneira de que a menina voltasse para a cama. Estava exausto, mas mesmo assim lhe tendeu a mão.

-Vêem, carinho. Parece que nossos novos vizinhos se estão mudando.

Dani se aproximou dele arrastando sua manta de felpa amarela. Seus piececitos se sobressaíam do bordo da camisola. aproximou-se dele e lhe tendeu seus braços magros.

-me deixe ver -pediu-lhe com essa voz de menina tão adorável.

Zack a levantou em braços amavelmente. Sua filha era tão pequena, embora já tinha quatro anos; tão miúda como tinha sido sua mãe. Zack a abraçou com força contra seu peito nu. Aspirou seu aroma de menina e esfregou sua áspera bochecha contra seu cabelo fino e suave como o penugem.

À menina gostava que lhe desse carinho. Como de costume, Dani lhe deu um beijo de bom dia, jogou os braços ao pescoço e olhou pela janela. Zack esperou sua reação. Para ter sozinho quatro anos, sua filha era muito ardilosa. Em lugar de fazer inumeráveis pergunta como os meninos de sua idade, ela fazia afirmações. Além dos dois dias à semana que ia ao maternal, Dani sempre estava em companhia dos amigos do Zack. Talvez, a menina se expressasse tão bem por passar tanto tempo rodeada de adultos.

-Estou-lhe vendo o traseiro -disse Dani franzindo o cenho exageradamente.

Zack agachou a cabeça e o viu. A mulher se agachou para levantar uma caixa de cartão do chão, e tinha separado ligeiramente as pernas para não cair. As calças curtas lhe subiam de tal maneira, que Zack lhe viu parte dos socos do traseiro.

Bonito traseiro, pensava Zack com apreciação enquanto entrecerraba os olhos para vê-la melhor.

A mulher atirou da caixa, mas então esta se rompeu e ela caiu de culo. De algum lugar do alpendre saiu a gargalhada de um homem.

-Quer que te ajude?

Zack notou a cólera da mulher, que recordou a um gato enrabietado.

-Parte, Conan!

-Mas pensei que queria minha ajuda -chegou-lhe a resposta zombadora.

-Você -disse-lhe ela enquanto se levantava e se sacudia o pó das mãos com força-, já tem feito suficiente.

Zack tentou ver o misterioso Conan, mas não pôde. Seria seu marido? Seu noivo? E de onde tinha saído esse nome tão estranho?

-meu deus, é uma giganta! -disse Dani, sobressaltada quando a mulher terminou de incorporar-se.

Zack a abraçou.

-É quase tão alta como eu, verdade, carinho?

Sua filha assentiu enquanto observava à mulher que esvaziava a caixa com chateio. Dani apoiou a cabeça sobre o peito do Zack e ficou pensativa, como fazia freqüentemente. Zack começou a lhe acariciar as costas, esperando a ver o que dizia a seguir.

A menina o surpreendeu tornando-se para diante, colocando as mãos aos lados da boca a modo de buzina e gritando pela janela:

-Olá!

A mulher se voltou, colocou-se a mão diante dos olhos até que os viu e então agitou a mão com o mesmo entusiasmo com o que se sacudiu o pó da roupa.

-Olá! -respondeu.

Zack, que estava em cueca, escondeu-se detrás da cortina.

-Dani! -disse disposto a lhe tampar a boca a sua filha-. O que está fazendo?

Ela o olhou e enrugou o nariz.

-Devo ser amável com os vizinhos, como você me disse.

-Isso é com os vizinhos antigos. A estes nem sequer os conhecemos.

Dani começou a retorcer-se para que a baixasse; quando ele a deixou no chão, disse-lhe:

-iremos conhecer os agora -anunciou, e se deu a volta.

Zack a agarrou da camisola quando ela ia saindo já da habitação.

-Espera um momento, senhorita. Primeiro temos que tomar o café da manhã, fazer algumas tarefas e esfregar os cacharros. De acordo?

Com certo chateio, a menina correu à janela.

-Sairei depois -gritou.

A mulher pôs-se a rir. Tinha uma risada sonora e sensual, muito mais bonita que seus gritos.

-Estarei aqui, não se preocupe.

Zack apareceu sem saber o que fazer. Uma vez que sua filha tinha chamado a atenção dos novos vizinhos, não podia atuar como se não existissem.

O homem do alpendre saiu ao pátio e sorriu. Zack pestanejou com surpresa. Enorme. Foi a primeira palavra que lhe ocorreu ao vê-lo. Levantou um braço que parecia o tronco de uma árvore e o agitou:

-Meu nome é Conan Lane -gritou-. E esta fierecilla é Wynnona.

Para surpresa do Zack e deleite do Dani, a mulher lhe deu uma cotovelada que o fez dobrar-se pela cintura.

-me chamem Wynn.

Vendo que não ficava outra alternativa, Zack respondeu.

-Sou Zack Grange, e esta é minha filha, Dani.

-Encantada de lhes conhecer os dois! -disse Wynn-. E como estamos todos acordados e faz uma manhã tão maravilhosa, se lhes parece levarei um pouco de café para que nos conheçamos.

Zack balbuciou sem saber como negar-se a tão audaz proposta, mas ela já se deu a volta e se colocou na casa. Olhou ao Dani com o cenho franzido, mas sua filha se encolheu de ombros e sorriu.

-Será melhor que nos vistamos -e dito isso, saiu correndo.

Zack se deixou cair na cama. Gostava de dar uma ducha quente e barbear-se. No dia anterior tinha trabalhado doze largas horas, tinha atendido duas urgências especialmente exaustivas e, além de cansado, estava morto de fome.

Felizmente, aquele era seu dia livre, e tinha a intenção de passar o de compras com sua filha. Como ao Dani gostava de jogar ao bruto, tinha as calças e os cotovelos dos pulôveres destroçados. Ele fazia falta roupa de outono nova.

O que menos gostava de nesse momento era que os mesmos vizinhos que o tinham despertado com seus gritos fossem a sua casa a chateá-lo a essas horas.

levantou-se da cama com resignação, disposto a armar-se de paciência para agüentar a seus novos vizinhos.

O timbre da porta soou uns três minutos depois. Apenas lhe tinha dado tempo a ficar uns jeans e uma sudadera. Com as sapatilhas de esporte na mão, foi abrir a porta. Ao passar pelo dormitório do Dani, viu que esta já se vestiu, mas que ainda não se pôs um pulôver.

-Abrigue-se, carinho -disse a sua filha.

Nesse momento voltou a soar o timbre.

-vá abrir, papai.

Zack se pôs-se a rir enquanto pensava em quão sociável era sua filha. Baixou as escadas e foi para a porta. Abriu o ferrolho, desejando estar na cama dormindo. passou-se tudo no dia anterior sonhando podendo levantar-se tarde. Depois tinha planejado dar um bom banho relaxante, tomar o café da manhã como um rei e passar o dia com sua filha.

Entretanto, nesse momento devia mostrar-se amável com os novos vizinhos.

Nada mais abrir a porta, a mulher o olhou e deixou de sorrir.

-OH, Meu deus -disse-. Despertamo-lo, verdade?

Zack ficou mudo, olhando-a.

Desde perto era mais alta do que tinha pensado; quase tanto como ele. Zack ficou assombrado, pois não era muito freqüente ver uma mulher tão alta.

Uma suave brisa balançava seu cabelo despenteado. Tinha-o de uma bonita cor mel, mais claro ao redor da cara, onde lhe teria dado mais o sol. Os cachos lhe saíam por toda parte, como moles em miniatura, e Zack decidiu que seria difícil dominar um cabelo como aquele.

A mulher lhe sorriu então e o olhou com seus olhos de uma cor avelã muito pouco habitual. Eram tão claros que quase pareciam trasparentes, e estavam adornados por umas pestanas largas, entupidas e muito escuras tendo em conta a cor de seu cabelo. Então a mulher arqueou as sobrancelhas e sorriu de brinca a orelha.

Zack se repreendeu para seus adentros. Deus, tinha-a estado olhando como se não tivesse visto uma mulher em sua vida! E ainda por cima a tinha cuidadoso... com interesse?

-Como sabe que me despertou?

-Ah -estalou a língua-. dormiu algo?

Zack se passou a mão pelos cabelos.

-Ontem à noite trabalhei até muito tarde -disse sem mais, pois não tinha vontades de repetir os sucessos da noite anterior-. Passe.

-Conan virá agora mesmo. Está tirando uns pão-doces de manteiga do forno. É um cozinheiro magnífico.

Conan o gigante cozinhava? A mulher elevou um recipiente térmico que levava na mão.

-Café recém feito. Aromatizado com baunilha francesa. Espero que não lhe desgoste.

Odiava os cafés com sabores.

-Está bem -disse-, mas não deveria haver-se incomodado.

-É o menos que posso fazer depois de despertá-lo.

Desde não havê-lo feito, pensava ele, talvez tivesse podido terminar seu sonho erótico e não estaria tão tenso nesse momento. Ela vacilou na soleira da porta.

-Sinto-o muitíssimo. Esta é minha primeira casa e estou tão estresada como emocionada; e quando estou assim, desgraçadamente... -encolheu-se de ombros, como querendo desculpar-se- grito sem me dar conta.

Sua sinceridade lhe resultou inesperada e agradável ao mesmo tempo.

-Entendo-o.

Entretanto, ela não terminou de passar.

-Não quero lhe invadir sua casa; se tiver umas taças, poderíamos tomar o café aqui, em seu alpendre. Tomaremos café, conversaremos um pouco e já está. O prometo. Total, faz uma manhã maravilhosa e agora já estamos todos acordados, não?

Nesse momento, Dani descia pelas escadas. Zack se deu a volta e viu sua filha correndo escada abaixo.

-Devagar -disse-lhe em tom baixo mas firme.

Ela se parou em seco no penúltimo degrau e se desculpou.

-Olá -disse Dani à mulher enquanto terminava de aproximar-se.

Ao Wynn lhe iluminou o olhar ao ver a menina, e seus olhos dourados pareceram acender-se.

-Olá! -ajoelhou-se à porta-. Alegra-me tanto te conhecer -tendeu-lhe a mão e Dani a estreitou com formalidade-. Não me tinha dado conta de que tinha outra vizinha. o da agência me disse que aqui solo vivia um homem solteiro.

-Sou Dani. Minha mamãe morreu -disse Dani-, assim solo estamos papai e eu.

Quando tinha oportunidade, Dani falava de algo. Normalmente não lhe teria importado, mas nessa ocasião a incomodou.

Em voz baixa, certamente porque se deu conta de que Dani havia meio doido um tema muito privado, Wynn disse:

-Bom, raspa alegro muito de que sejamos vizinhas, Dani -olhou ao Zack com receio-. E de seu papai também, é obvio.

Zack lhe deu a mão a sua filha, pois não queria deixá-la com uma estranha, e disse:

-Wynn, se quer sentar um momento, iremos a pelas taças agora mesmo.

Wynn ficou de pé outra vez, estirando aquele corpo comprido e esbelto e, sem dar-se conta, Zack se fixou em suas pernas. de repente sentiu um intenso calor por dentro e teve que olhar a de novo à cara. Estava casada, pensou com culpabilidade; de todas maneiras, não era sua intenção olhar desse modo a nenhuma vizinha.

Em lugar de sentir-se ofendida pelo olhar do Zack, Wynn sorriu.

-Parece-me bem -murmurou.

voltou-se para o alpendre, lhe dando ao Zack a oportunidade de olhar umas pernas torneadas e um traseiro escuro.

Dani o olhou, mas ele sacudiu a cabeça lhe indicando que ficasse calada um momento. Quando chegaram à cozinha, sentou ao Dani junto a ele e ficou as sapatilhas de esporte.

-Quer suco?

-De maçã -Dani balançou as pernas e inclinou a cabeça-. Não é mais alta que você.

-Não, não de tudo -Zack tirou uma bandeja e colocou três taças, uma delas com suco, e uma terrina de cereais para o Dani-. Mas quase.

Dani se revolveu no assento.

-Quero me fazer um acréscimo como a sua.

Zack sorriu. Talvez o ter a uma vizinha nova, embora fora aquela muito gigante com o cabelo como uma escarola, não fora uma coisa tão má. Eloise, a babá do Dani quando Zack trabalhava, era uma mulher amável e carinhosa, mas poderia ter sido a mãe do Zack.

Os únicos amigos que via Zack eram Mick e Josh; e embora Josh sabia tudo o que se devia saber sobre as maiores de dezoito, não sabia nada das meninas de quatro anos.

Pelo bem do Dani tinha decidido que necessitava uma esposa. Mas encontrar a alguém apropriado lhe estava resultando mais difícil do que tinha pensado, sobre tudo porque tinha muito pouco tempo para procurar.

Nas poucas ocasiões nas que tinha saído, não tinha conhecido a nenhuma mulher apropriada. Uma esposa devia ser caseira, poda e encantadora. E sobre tudo, teria que entender que sua filha ia primeiro. E ponto.

-Uma rabo-de-cavalo -repetiu Zack dizendo-se que não era o momento de pensar nisso por que não vais procurar sua escova e uma borracha e lhe leva isso a alpendre?

-Vale.

deslizou-se da cadeira e pôs-se a correr. Sua filha exsudava energia e tinha uma imaginação que freqüentemente o deixava perplexo. Dani era sua vida.

Wynn e Conan estavam discutindo de novo quando Zack abriu a porta mosquiteira. ficou quieto, sem saber o que fazer, enquanto Wynn assinalava a aquele tipo tão enorme no peito e o ameaçava de morte.

Conan fez caso omisso a maior parte de sua diatribe e disse:

-Ja! -e então lhe deu com o dedo no lóbulo da orelha.

antes de poder dizer nada, Wynn saltou como movimento por uma mola e se levou a mão à orelha.

-Ai! Tem-me feito mal.

-Também me está fazendo mal você, me cravando o dedo no peito.

-Burro -pegou a cara à sua e lhe deu outro golpe com o dedo-. Não sente nada através desta capa de músculo, e sabe.

Conan se esfregou o peito e ia dizer algo quando viu o Zack. Então franziu o cenho.

-Está montando o número diante de nossos vizinhos, Wynonna.

Zack, na soleira da porta, olhava-os assombrado. Não queria ver-se comprometido em brigas domésticas.

Wynn correu e lhe tirou a bandeja das mãos.

-Não faça caso ao Conan -disse-lhe-. É um bruto.

Conan se passou a mão pela cabeça de cabelo loiro e lhe disse:

-Wynonna, juro-te que vou A...

foi agarrar a, mas nesse momento Zack ficou entre os dois.

-Olhe, isto não é meu assunto, mas...

Wynonna se deu a volta e se plantou diante dele.

-O que me vais fazer? -cravou-o.

Conan foi agarrar a de novo, e Zack o tirou da boneca.

-Basta -rugiu.

Pelo que estava totalmente seguro era de que não pensava deixar que nenhum homem tocasse a uma mulher, por muito grande que fora esta.

fez-se silêncio. Conan arqueou uma sobrancelha e olhou a mão do Zack, que apenas lhe agarrava a grosa boneca. Então olhou ao Wynn e fez uma careta.

-Aqui tem a um homem galante.

Wynn deixou a bandeja no chão e se colocou entre os dois homens. Estava tão perto, que sentiu seu fôlego e o calor de seu corpo. Então se estremeceu.

Wynn o olhou com assombro, deu-lhe umas palmadas no peito e então lhe disse:

-Obrigado, mas Conan jamais me faria mal, Zack. O prometo. Solo gosta de me cravar.

-É certo -disse Conan-. Wynn, entretanto, nunca teve tal consideração comigo. Leva me dando golpes desde que levávamos fraldas.

Wynn jogou um olhar de desculpa.

-É certo. Conan é tão grandote, que sempre me deixou praticar com ele.

Conan atirou de sua mão e Zack, que de repente se sentiu aturdido, e por alguma razão, aliviado, soltou-o.

Irmãos?

-É tão alta -continuou Conan-, que sempre pareceu major do que era. Quando estava no colégio, teve que aprender a defender-se para tirar-se aos moscas azuis de cima. Assim levo anos sendo sua pêra de boxe.

Zack aspirou e lhe chegou o aroma a café, a pão-doces de manteiga, a rocio e ao Wynn. Seu perfume era distinto. Não era um aroma nem doce nem especiado. Era mas bem um aroma fresco, como a brisa que precedia à tormenta. estremeceu-se de novo.

Maldita seja, aquilo não estava saindo como tinha planejado.

E a culpa a tinha uma mulher muito alta e atrativa. Uma mulher que não só era sua vizinha, mas sim seguia tocando-o e olhando-o com aquela mescla de ternura, humor Y... desejo.

Tinha conhecido a mulheres altas, como Delilah, a esposa do Mick, mas nenhuma tão forte como aquela. Tinha a mão quase tão grande como a sua, os ombros largos e os ossos largos. A diferença do Delilah, Wynn não era delicada.

Mas era muito sexy.

Precisava dormir para poder pensar em todo aquilo. E certamente, necessitava mais tempo.

E sobre tudo, necessitava sexo, porque sabia que, quando uma amazona escandalosa e mandona o excitava, era porque tinha passado muito tempo.

                                             Capítulo Dois

Zack saiu de seu ensimismamiento e olhou ao Wynn e ao Conan; então se separou do Wynn.

-Entendo -disse a falta de algo melhor.

Wynn sorriu.

-De todos os modos, agradeço-lhe a consideração que teve por meu bem-estar físico -disse-lhe.

E o disse de tal modo, que Zack se sentiu dez vezes mais bobo do que já se sentia.

-Sente-se, Zack -disse-lhe Conan dissipando a tensão do momento-. Parece que já lhe cansamos o bastante. Mas te aviso, a coisa vai se pôr pior.

Como diabos podia piorar aquilo? Zack aceitou a taça de café e se sentou em uma cadeira muito cômoda. Conan se sentou em frente dele e Wynn na poltrona.

-Como é isso? -perguntou enquanto Conan lhe acontecia um pão-doce de manteiga Feno de passas.

Conan assentiu para sua irmã, que de repente franziu o cenho e disse:

-Meus pais vão se mudar. Necessitavam um sítio onde ficar durante um par de semanas, e como Wynn acaba de vir-se aqui, convenci-os de que era melhor vir-se com ela que comigo -sorriu de brinca a orelha.

Wynn soprou.

-Não é que não queira a meus pais, mas quando os conhecer entenderá por que estou pensando em lhe fatiar o cangote a meu irmão.

Zack não queria conhecer seus pais. Tampouco tinha querido conhecê-la a ela. Com um pouco de sorte, a partir desse momento, conseguiria evitar ao clã Lane.

-Mas, né -Conan lhe deu uma palmada no ombro que esteve a ponto de lhe fazer derramar o asqueroso café-, gostou-me que queria protegê-la. Sinto-me mais tranqüilo sabendo que tem vin vizinho que pode defendê-la se fosse necessário. Dá-me medo que viva sozinha.

Nesse momento, antes de que lhe desse tempo a negar-se, apareceu Dani.

A menina, mostrando um acanhamento desacostumado nela, vacilou um momento, com a escova em uma mão. Zack ficou de pé e lhe tendeu a mão; a menina correu para ele.

-Dani, Conan é o irmão do Wynn.

Dani se aproximou dele e lhe sussurrou em tom alto:

-Como tenho que chamá-los?

-O que te parece se nós lhe chamamos Dani, e você a nós Conan e Wynn? -disse-lhe Conan-. Trato feito?

Dani se deu a volta e lhe tendeu a mão.

-Trato feito.

Conan se pôs-se a rir e lhe agarrou com delicadeza sua mão diminuta.

depois de que Wynn lhe desse também a mão, Dani lhe disse:

-Tem o cabelo estranho.

-Dani.

Seu costume de dizer o que pensava resultava freqüentemente graciosa, mas essa vez não.

Olhou a seu pai com incerteza.

-Não?

Sua filha tinha razão, mas não podia compartilhar sua afirmação.

-Sabe de mais que não deve ser mal educada.

longe de sentir-se insultada, Wynn se pôs-se a rir e negou com a cabeça, de modo que seus cachos de cabelo se moveram como moles.

-Também resulta estranho ao tato. Quer tocá-lo?

Dani olhou ao Zack para lhe pedir permissão, e ele se encolheu de ombros. Jamais tinha conhecido a uma mulher com um comportamento como o do Wynn Lane. De modo que como ia ou seja de que maneira tratá-la?

Dani estirou o braço e lhe tocou os cachos; primeiro uma passada e logo outra. Franziu o cenho muito concentrada.

-Está suave -então se voltou para seu papai-. Tócaselo, papai.

Zack esteve a ponto de engasgar-se.

-Isto, não, Dani...

Conan devia ser um pouco safado, porque se adiantou e lhe disse:

-Venha, Zack, adiante. A Wynonna não importará.

-Wynonna vai dar um bom murro se não deixar de me chamar «Wynonna!»

Dani se pôs-se a rir. Zack ficou pensativo ao ver que sua filha era capaz de reconhecer a ausência de ameaça enquanto que ele se sentia alarmado.

-Eu me chamo Daniella, mas ninguém me chama assim; exceto meu papai às vezes, quando está zangado.

Wynn soltou uma gargalhada exagerada.

-De verdade? Mas se for um anjinho...

-Não me deixe como se fora um ogro diante de nossos vizinhos novos -disse Zack.

Dani lhe sorriu.

-É o melhor papai do mundo.

-muito melhor -disse Zack e lhe deu um beijo na bochecha gordinha-. Tem seus momentos, mas se às vezes os anjos ficam a alvoroçar, então sim que é um anjo.

Conan se pôs-se a rir, mas Wynn lhe lançou outra desses olhares carregados de intenção, e Conan franziu o cenho e se deu a volta.

-Não briga com o Conan de verdade -Dani disse ao Wynn, como se Wynn não soubesse.

-Nunca me arriscaria a lhe fazer danifico -disse-lhe-. Além disso, é meu irmão e o quero.

Dani se cruzou de braços e se apoiou sobre o peito de seu pai.

-Quero um irmão.

Zack se engasgou. Conan lhe aconteceu um guardanapo, evitando de novo o embaraçoso momento.

-O mais gracioso do cabelo do Wynn -disse Conan- é que nosso pai é cabeleireiro.

Zack pensou que aquela gente não deixava de surpreendê-lo.

-O que... interessante -comentou, e deu outro sorvo a aquele café imbebible.

Wynn se pôs-se a rir.

-Como não lhe deixo que me toque o cabelo, fica frenético. E por isso precisamente não o permito. Cada vez que me vê, fica a gemer como se lhe doesse algo.

-E quando diz gemer, refere-se a gemer -Conan deu um sorvo de café e deixou a taça a um lado-. Meu pai deve ser o único heterossexual extravagante do mundo.

aqueles acaso dois não sabiam falar de coisas mais mundanas? Não podiam falar do tempo ou algo assim? Eram as duas pessoas mais peculiares que tinha conhecido em sua vida; de modo que, sem dúvida, seus pais seriam também muito estranhos. Ele não disse nada. Mas sua filha sim.

-Isso também significa cabeleireiro? -perguntou Dani.

Wynn a olhou.

-Não, Dani, quer dizer que gosta de ficar roupa de seda e levar muitas cadeias de ouro. Ah, e teria que ver o solitário de diamante que leva; é enorme.

OH, Deus, pensou Zack, e desejou poder escapar.

-Nossa mãe, por outra parte, é uma autêntica hippie. Gosta de todas as coisas naturais e não leva nada de joalheria, exceto o anel de casada.

-Mas -interrompeu Conan lhe jogando um olhar dissimulado ao Wynn- ama a meu pai o suficiente para lhe deixar que lhe arrume o cabelo.

-A papai daria um ataque se lhe pedisse agora que me arrumasse o cabelo. Sabe. Além disso, gosta de resmungar por algo.

-Sua mãe tem o cabelo como você? -perguntou-lhe Zack sem saber por que sentia tanta curiosidade.

-Não, Por Deus! Eu herdei o cabelo de algum antepassado -disse com um sorriso-. Meu pai tem o cabelo castanho e liso, e minha mãe loiro, como Conan, mas mais largo, até a cintura.

Zack, que temia a resposta, perguntou-lhe:

-Quando vão vir a ficar contigo?

-O próximo fim de semana -murmurou mais abatida que resignada-. E eu que tinha tantas vontades de viver sozinha.

-viveste em casa de seus pais até agora? -perguntou-lhe Zack enquanto terminava de escovar o cabelo ao Dani e o fazia um acréscimo com habilidade.

Dani lhe sorriu e lhe deu um beijo, e Zack abraçou a sua filha afetuosamente.

-Não -respondeu Wynn.

Zack a olhou e lhe pareceu tão suave, tão feminina apesar de seu comportamento... Sem dúvida, aquele contraste o intrigou imediatamente.

-Tenho vinte e oito anos -continuou, aparentemente alheia à confusão que sua pessoa estava lhe causando ao Zack-. Levo um tempo fora de casa. Mas tive duas companheiras de piso que eram umas vagas. Sou mais ou menos o que alguém chamaria...

-Uma fanática -disse Conan-. Gosta de ter a casa imaculada e totalmente organizada. Põe-me dos nervos.

-Papai também o é -disse Dani-. Mick e Josh lhe dizem que será um bom marido para a mulher que tenha a sorte de estar com ele.

-É certo isso? -Conan olhou ao Zack com expressão divertida.

Wynn deu outro sorvo de café, pigarreou como se se sentisse de repente envergonhada, e deixou sua taça finalmente a um lado.

-Eu, certamente, não posso suportar ter as coisas atiradas por toda parte. As pessoas ocupadas têm que ser organizadas.

Como Zack pensava o mesmo, entendeu-a. À exceção dos brinquedos do Dani, que deixava por qualquer lado para que a menina não se sentisse curvada, gostava de ter cada coisa em seu sítio e um sítio para cada coisa. Ele mantinha a casa limpa, e uma vez ao mês enviavam a alguém de uma agência para fazer uma limpeza mais em profundidade.

A idéia de que pudessem ter algo em comum o alarmou um pouco, e rapidamente desterrou essa idéia de seu pensamento.

Dani se desceu de seu regaço, correu a sentar-se ao lado do Wynn, e se colocou em uma postura exata a da vizinha, com as costas reta e a cabeça um pouco inclinada. À menina não chegavam os pés ao chão; em troca, Wynn tinha as pernas dobradas de tal maneira, que os joelhos quase lhe chegavam à cara. Zack pensou que nunca tinha visto umas pernas tão largas nem tão bem formadas.

Dani sorriu ao Wynn de orelha a brinca antes de agarrar sua terrina de cereais e começou a comer.

-Conan também é um vago -disse Wynn enquanto acontecia com Dani um guardanapo.

Zack se perguntou se Wynn estaria freqüentemente com meninos, e ao momento decidiu que a ele isso não importava nada.

-Razão pela qual meus pais decidiram acontecer as duas semanas comigo. Seu apartamento está cheio de periódicos e na geladeira sempre tem algo podre.

Zack não pôde evitar estremecer-se; ao vê-lo, Wynn assentiu.

-Sim, é revulsivo -confirmou-lhe.

-A que te dedica, Zack? -perguntou-lhe Conan para trocar de tema.

Tanto Conan como sua irmã o olharam com curiosidade. Sua filha, com a boca cheia de cereais com leite, respondeu por ele.

-Salva às pessoas. É um herói.

-Mmm, já vejo.

Wynn olhou ao Zack de cima abaixo, detendo-se aqui e lá. Aquele olhar cheia de interesse teve o efeito de uma carícia sensual, e Zack teve vontades de gritar.

-Seu papai -disse Wynn- tem toda a pinta de ser um herói. É grande, musculoso, bonito e amável -e então esboçou um sorriso íntimo e provocador-. Me alegro de que seja meu vizinho.

Foi uma sensação do mais curiosa, como se o coração tivesse começado a lhe ferver nada mais vê-lo. Depois, quando tinha sentado a sua filha sobre seus joelhos e lhe tinha escovado o cabelo pacientemente, derreteu-se por dentro. Jamais havia sentido nada igual, nem nunca tinha visto um homem como ele.

Dani tinha parte de culpa. Wynn não podia imaginar a uma menina mais adorável que a que tinha sentada a seu lado. A menina possuía uma picardia que indicava que era lista e precoce ao mesmo tempo. Mas a maior impressão a tinha causado Zack Grange. Não tinha idéia de que existisse um homem que pudesse impressioná-la tanto física como emocionalmente. Era um pouco mais alto que ela, talvez um par de centímetros. Sua altura, entretanto, não parecia curvá-lo.

Não. Embora ele mesmo não se deu conta, tinha-a cuidadoso com admiração e lhe tinha gostado. E muito.

Desejou não haver ficado aquela horrível sudadera que escondia seu corpo. Quando se tinha vestido essa manhã tinha feito um pouco de fresco, mas nesse momento não sentia nada de frio. Mas bem estava um pouco sufocada. Para falar a verdade, tinha calor.

Por seu aspecto e a idade de sua filha, supôs que Zack teria ao redor de uns trinta anos. Mas era seu incrível físico o que a empurrava a olhá-lo mais da conta. Aquele homem estava muito bem feito.

Não tinha um torso musculoso como seu irmão, a não ser atlético e em forma, com uma força que em parte era inata a sua condição de homem, e em parte o resultado de um treinamento especializado. Tinha os ombros e o peito largos. Os quadris eram estreitos, as pernas largas e retas, as mãos e os pés enormes. Não tinha um ápice de graxa no estômago, e seu porte era esbelto.

Tinha o cabelo castanho claro, muito liso, e ligeiramente despenteado, complementado com uns intensos e amáveis olhos azuis. As sobrancelhas e a barba de vários dias eram mais escuras e tinha a mandíbula forte.

Mas o que mais lhe tinha gostado de era o modo em que olhava a sua filha. Aos poucos segundos de ver o Zack, tinha-o desejado. O homem exsudava uma sensualidade primitiva, temperada por sua paciência e amabilidade. Uma combinação que resultava tremendamente potente.

Estando com ele, alguém se sentia cômoda... de muitas maneiras distintas.

Embora tão solo o conhecia desde fazia uma hora, já tinha aprendido que amava a sua filha, que era um defensor natural das mulheres e que se mostrava cortês apesar de que uns vizinhos mal educados o tivessem despertado de um descanso muito necessitado.

Suspirou, e os dois homens e Dani a olharam com curiosidade.

-Sinto muito -murmurou desejando poder sentar-se nos joelhos do Zack, apesar de que já não era uma menina.

Fazia tanto que não estava com um homem, que já não sabia o que era isso.

-Então, o que é o que te dá o título de herói, Zack?

-Sou ATS dos serviços de urgência. Dani acredita que Mick, Josh e eu somos três heróis. E acredito que agora pensa o mesmo do Delilah, a esposa do Mick.

-São heróis -disse Dani com devoção.

-Não fale com a boca enche, carinho -respondeu-lhe Zack.

-Então conduz uma ambulância? -Conan se inclinou para diante com interesse-. Para quem trabalha?

-Para a brigada de bombeiros. Josh é bombeiro. Conhecemo-nos de toda a vida.

Wynn inclinou a cabeça, e recordou o outro nome que tinha mencionado.

-E Mick? A que se dedica ele?

-Mick é polícia. Sua esposa, Delilah Piper Daw-são, é...

-A novelista! -terminou de dizer Conan, deslizando-se para o bordo da cadeira com emoção-. Está de brincadeira? Conhece o Delilah Piper?

-Não se esqueça do Dawson, ou Mick te matará.

Zack sorriu ensinando uma fila de dentes brancos, e lhe formou uma covinha na bochecha. Ao Wynn começou a lhe pulsar com tanta força o coração, que quase não ouviu o resto da explicação do Zack.

-Como ela e Mick estão casados, ele entendeu que deve conservar seu primeiro nome porque assim é como é conhecida. Está orgulhoso de sua profissão, mas insiste em que os que a conhecemos devemos recordar que agora é uma mulher casada.

-Possessivo, né? -perguntou Wynn.

-Está louca? É Delilah Piper -soprou-. Eu também seria possessivo.

-Sempre o foste.

Seu irmão tinha louca a sua noiva atual com seu posesividad.

-Por isso diz, suponho que é fã dele -disse-lhe Zack.

-Acabo de terminar de me ler sua última novela. A cena do rio é incrível.

-Se quiser, posso lhe pedir que te assine as novelas.

Wynn notou com desgosto que seu musculoso irmão estava ponto de levantar-se e ficar a dançar. Dani e ela se olharam e a menina volteou seus grandes olhos azuis. Wynn se pôs-se a rir.

-Então te leva bem com o Josh, Mick e Delilah? -perguntou ao Dani.

-Josh sai com muitas mulheres, mas diz que nenhuma é mais bonita que eu e que por isso não pode casar-se com ninguém.

-É preparado.

-Sim -assentiu com expressão causar pena pelo pobre Josh-. Papai quer casar, mas primeiro tem que encontrar uma esposa -Dani enrugou a cara e estudou ao Wynn.

Wynn se retorceu ante tal escrutínio. Gesso que era uma menina! Felizmente para ela, nesse momento Dani lhe pediu permissão a seu papai para ir ao serviço. Quando a menina partiu, Zack e CO-nan continuaram conversando do Delilah Piper.

Wynn o olhou com curiosidade. De modo que Zack queria casar-se? Ou o teria inventado sua filha? Como era possível que Zack continuasse solteiro? Sem dúvida, um homem como ele teria as mulheres a pares. Embora por outra parte, Zack parecia muito dedicado a sua filha, e sabia que nos serviços de urgências se faziam turnos muito compridos, às vezes até sessenta horas por semana. Com esse trabalho não teria muito tempo livre para sair com mulheres, e muito menos para cultivar uma relação duradoura.

Zack deveu notar que o estava olhando, porque a olhou enquanto Conan continuava adulando o notável talento da senhora Piper. Seus olhares se encontraram e Zack franziu o cenho. Desviou o olhar e depois voltou a olhá-la. Wynn pestanejou e se sentiu toda tenra e excitada.

ficou observando-o, consciente de que o estava olhando fixamente. Zack se moveu um pouco no assento e a olhou com chateio; então se cruzou de pernas.

Tinha os tornozelos largos. E também as bonecas. E os dedos compridos Y... Um pensamento lhe levou a outro e não pôde evitar lhe olhar a entrepierna. Tinha uns jeans velhos e descoloridos cujo tecido parecia muito suave. atiam-se amorosamente a seu corpo, delineando uma protuberância que lhe pareceu do mais considerável, apesar de que ele não estava excitado.

O coração lhe baixou ao estômago e começou a lhe pulsar erraticamente. As Palmas das mãos começaram a lhe picar, e desejou tocá-lo ali mesmo...

-Basta!

Pestanejou confusamente e o olhou. Conan ficou calado. Zack ficou avermelhado, pigarreou e ficou de pé.

-O café e os pão-doces estavam estupendos. Obrigado.

Conan ficou também de pé e lhe estreitou a mão, como se não tivesse passado nada.

-Trarei-te os livros logo se estiver seguro de que não lhe importará assiná-los.

-Delilah é um céu; não lhe importará -Zack não a olhou, e lhe deu a impressão de que o fazia deliberadamente, mas a verdade era que a tinha pilhado olhando seu entrepierna, quase babando.

ficou tinta. Conhecia-o sozinho desde fazia uma hora e já se estava comportando como uma qualquer. Ou pior ainda, como uma solteirona se desesperada. OH, não! Talvez ele a visse assim. depois de tudo, tinha vinte e oito anos e ainda estava solteira. O único homem que a tinha ajudado a mudar-se de casa tinha sido seu irmão. Zack não podia saber que isso era por eleição própria; porque ainda não tinha conhecido a nenhum que... A nenhum que lhe fizesse ferver o sangue como ele.

Como não era tímida, tendeu-lhe a mão e ele a estreitou com um sorriso superficial nos lábios. Seu gesto lhe resultou totalmente impessoal, e isso a chateou enormemente.

-Bem-vinda à vizinhança, Wynn.

-Obrigado -disse, e notou que ele tentava retirar a mão, mas ela não a soltou-. Estou segura de que nos veremos por aqui.

Nada mais dizê-lo, encolheu-se por dentro. Quase tinha divulgado como uma ameaça! E ainda por cima lhe tinha arranca-rabo a mão com força, como se ela fora um macho.

Soltou-o rapidamente e se meteu as mãos nos bolsos para não cair na tentação de voltar a lhe agarrar a mão. Conan recolheu a jarra de café e o prato de pão-doces.

-Bom, obrigado de novo. E sinto muito que lhe tenhamos despertado -repetiu sentindo-se como uma imbecil.

Dani saiu dando saltos.

-Não lhes podem partir.

Zack lhe pôs a mão sobre a cabeça loira.

-Seguro que Wynn quer terminar de abrir seus vultos. E você e eu vamos às compras, carinho.

Dani gemeu como se lhe arrancassem a pele, e Zack afogou um sorriso.

-Venha, nada de choramingar. Comeremos fora e o passaremos bem. Já o verá. Conan sorriu.

-Não gosta de ir às compras?

-A comprar roupa, não. Mas tem toda a roupa de inverno velha e gasta.

-Como Wynn. Tampouco gosta de ir às compras.

Dani abriu os olhos como pratos.

-De verdade?

Wynn se encolheu de ombros.

-Sei que se supõe que é uma coisa de garotas, mas nunca o entendi. Graças a Deus que não necessito muita roupa. Além disso, com meu trabalho, a roupa esportiva é a que mais me convém.

-A que te dedica? -perguntou Zack, que imediatamente pôs uma cara como se queria esbofetear-se a si mesmo.

-Sou fisioterapeuta. Trabalho dois dias por semana em um instituto e duas na faculdade -assinalou a seu irmão com a cabeça-. Conan é dono de um ginásio, onde às vezes também vou ajudar o quando os que usam os aparelhos se passam.

-Acredito que deveria ir -disse de repente Conan, que agitou a mão em sinal de despedida e começou a baixar as escadas-. Acabo de me lembrar de que fiquei com o Rachel, minha noiva.

Wynn o olhou e suspirou; então se voltou para o Zack.

-Eu também me parto. Fica muito por desembalar -voltou-se para o Zack, que parecia ansioso por terminar de despedir-se-. Já que somos vizinhos, vêem quando necessitar algo. Já sabe, o típico, um pouco de sal, uma taça de açúcar...

-Obrigado -disse Zack em tom seco-. Terei-o em mente. E obrigado pelos pão-doces. Estavam... muito bons.

Como não havia nada mais que dizer, Wynn se voltou e começou a baixar os degraus devagar.

-De acordo... Adeus então.

-Adeus, Wynn.

Voltou a cabeça e viu que Zack se metia em sua casa correndo. Fechou a porta e ouviu o clique do ferrolho. Maldita seja. Sua despedida tinha divulgado do mais definitiva.

Mas não pensava permiti-lo. Desejava-o e, de um modo ou outro, conseguiria a aquele homem.

                                         Capítulo Três

-Olhe, papai!

Zack avançou pelo caminho e se deteve diante da casa. Não queria olhar porque sabia para onde assinalava sua filha, ou mas bem, a quem tinha visto.

Sem querer se tinha passado todo o dia pensando nela, e isso não o fazia nenhuma graça. Inclusive enquanto sua filha e ele tinham estado às compras, tinha pensado no Wynn. Não tinha podido deixar de recordar o modo em que sua vizinha o tinha cuidadoso, ou mas bem, «onde» o tinha cuidadoso. Por essa singela razão tinha passado todo o dia distraído.

E não só distraído, a não ser tenso e médio excitado. Embora, em realidade, dizer isso seria dizer pouco. Em realidade não tinha deixado de pensar no que poderia passar se tratavam amizade.

E isso não estava bem! Era sua vizinha, vivia ao lado, de modo que algo passageiro, como por exemplo uma desenfreada e apaixonada relação sexual, estava fora da questão. E qualquer outra coisa, como uma amizade, solo conseguiria que acabasse desejando-a ainda mais.

Wynn não cumpria nem por indício as condições que ele tinha em memore para cercar uma relação séria e formal com uma mulher, de modo que o mais conveniente era não iniciar nenhum tipo de relação com ela.

-Papai, olhe.

Com sua voz insistente, Dani lhe deixou pouca eleição. Zack levantou a vista enquanto dizia:

-Temos que guardar toda esta rop... -a voz foi apagando ao ver o Wynn, que nesse momento tinha posto um Top bege, fazendo um grande esforço para levantar uma caixa larga e plaina. O caminho estava a um lado da casa, junto a uma garagem contigüo, o qual lhe permitia ver a perfeição a casa do Wynn.

Sob o sol do entardecer, os amplos e atléticos ombros do Wynn brilhavam sob uma fina capa de suor. O ventre... Tragou saliva com dificuldade. Tinha o ventre liso, forte, e a cintura esbelta e ágil enquanto se agachava e dobrava. Tinha uma figura sensual, sã e forte, e tão feminina que lhe encolheu o estômago.

Pela manhã tinham sido suas pernas as que lhe tinham perdido. Nesse momento, enquanto se deleitava com o resto de seu corpo, Zack começou a suar. adorava os umbigos das mulheres, e o do Wynn resultava particularmente provocador.

Sentiu que Dani lhe atirava brandamente do braço e conseguiu apagar a expressão de desejo de sua cara antes de voltar-se para olhar a sua filha.

-Deveria ir ajudar a -disse-lhe sua filha.

OH, não. Zack não tinha nenhuma intenção de aproximar-se do Wynn. Sacudiu a cabeça e terminou de desabotoar os cinturões do assento do Dani. Por idade, sua filha já podia abandonar a cadeira do automóvel, mas como era muito miúda, Zack tinha pensado que a deixaria uns meses mais.

-Temos muitas coisas que fazer, Dani.

Mas assim que soltou à menina do assento, a pequena abriu a porta do carro e saiu correndo.

-Olá, Wynn! -exclamou a menina agitando os braços para chamar a atenção.

Wynn deixou de atirar da caixa e levantou a vista. passou-se a mão pela frente e entrecerró os olhos. Sorriu ao ver seus vizinhos. Inclusive a distância, Zack percebeu a expressão afável de seu sorriso.

Amaldiçoou entre dentes.

Wynn cruzou o pátio e se aproximou deles. Ele não queria lhe fazer caso e preferia entrar em casa, porque o que desejava nesse momento era fazer o amor. Com ela, precisamente.

-Né, vós dois! -parou-se junto ao carro de onde tinha saído Dani-. Que tal as compras?

Dani elevou a cabeça e sorriu ao Wynn.

-Compramos muitas coisas. E também vimos um filme.

Wynn se ajoelhou automaticamente. Zack recordou que tinha feito esse gesto também essa manhã, quando tinha falado com o Dani. Seria pelo alta que era? Ou talvez porque gostava de muito os meninos e queria ficar a sua altura?

-Um roupeiro novo, né? Que bem!

Olhou ao Zack; seus olhos quase dourados encerravam uma expressão cálida e carinhosa.

-Compraste-lo tudo? -acrescentou.

Zack pigarreou. Levava tanto tempo privando-se de estar com uma mulher, que ao ver w7ynn ali ajoelhada sozinho lhe ocorreu pensar no sexo. Sua cara, sua preciosa boca, estavam ao mesmo nível que... Não. Era muito. Zack se deu a volta e começou a tirar bolsas do carro.

-Acredito que, com o que lhe comprei, deveria ter para toda a temporada.

-Eu também fui às compras -disse Wynn em tom confuso por seu rechaço-. comprei uma rede para o pátio.

Zack ficou imóvel, com as mãos cheias de bolsas. Então se voltou devagar.

-Uma rede?

Não estaria pensando em estar por ali, atirada na rede, onde ele pudesse vê-la?

-Onde pensaste pô-la? -perguntou-lhe Zack.

Ela assinalou.

-Essas são as duas únicas árvores o bastante grandes e que estão o bastante perto um do outro para pô-la. Sempre desejei ter uma rede; quase tanto como ter minha própria casa. depois de terminar de desempacotar, não pude resistir a tentação. Nesta época faz um tempo ideal para estar fora lendo ou dormindo a sesta.

Um centenar de perguntas começaram a lhe dar voltas na cabeça, mas o único que lhe saiu foi:

-foste às compras assim?

O Top lhe rodeava uns seios turgentes e em proporção com o resto de seu corpo. E Zack a olhava de tal modo, que soube que ela tinha entendido a que se referia. Mas então, assim que se deu conta do qvxe havia dito e do tom possessivo que tinha utilizado, apressou-se a acrescentar:

-Está-te refiriendo a minhas árvores? -perguntou para dissimular.

Ambos os pátios tinham abundância de zonas com sombra, mas as árvores que tinha famoso Wynn eram os que bordeaban sua propriedade. Ela ficaria ali mesmo, de onde ele pudesse vê-la, de onde iria minando pouco a pouco sua resolução. Não podia suportá-lo. Jamais tinha tido em sua vida nenhum problema desse tipo; claro que, tampouco tinha conhecido ao Wynn até então.

Ela o olhou com aqueles assustadores olhos cor mel e pestanejou com desconcerto; inclusive esse gesto lhe pareceu provocador, deliberado. «Maldita seja». Wynn ficou de pé com determinação, e Zack não pôde evitar lhe olhar as pernas e a cintura. Solo de olhá-la, o coração começou a lhe pulsar com força.

Ela colocou as mãos em jarras de um modo provocador e esperou a que ele a olhasse à cara.

Quando finalmente seus olhares se encontraram, Wynn sorriu, mas seu sorriso não teve nada de amável.

-Troquei-me ao chegar a casa -informou-o-, antes de tirar a caixa do carro. E as árvores são meus. Perguntei-o especificamente antes de comprar a casa. O agente imobiliário comprovou as confine da propriedade só para estar mais seguro.

Zack teve vontades de ficar a gritar. Queria lhe dizer que lhe importavam um apito as árvores ou a quem pertencessem. O que tinha vontades era de levar a sua filha a que jogasse uma sesta e depois agarrar a sua vizinha e levar-lhe à cama.

-Entendo -conseguiu sorrir apesar de tudo. Dani, alheia à repentina tensão entre os adultos, estirou-se e atirou do tecido das calças curtas do Wynn.

-compramos uma pizza para jantar. Wynn olhou a sua filha e sorriu genuinamente. -Parece que acontecestes um dia maravilhoso, né? -acariciou-lhe a cabeça e depois olhou ao Zack-. Será melhor que volte para trabalho. Quero montar a rede.

-Pode jantar conosco!

Zack amaldiçoou entre dentes para ouvir o convite de sua filha, mas não o disse em tom o suficientemente baixo como para que Wynn não o ouvisse.

Embora elevou o queixo e o olhou aos olhos, via-se que estava doída. Gesso fez mal a ele. «Maldita seja», não tinha sido sua intenção insultá-la, mas tampouco queria estar em sua companhia por obrigação.

-Obrigado, céu -disse Wynn, embora continuava olhando ao Zack-, mas tenho muito que fazer. Outra vez será, carinho.

Wynn se deu a volta e esteve a ponto de tropeçar-se. Pela primeira vez, Zack notou o cansaço em suas largas pernas e braços, na suave queda de seus ombros surpreendentemente largos e orgulhosos.

-Wynn -disse-lhe com o mesmo tom com o que se dirigia a sua filha.

Ela se deteve e se voltou para ele com expressão altiva; Zack pensou que tinha cara de cansada.

-Quando comeste por última vez?

A seu lado, Dani saltava de alegria. Conhecia-o bem e sabia que já tinha tomado uma decisão.

-Como?

-almoçaste? -perguntou-lhe Zack, mas ela o olhou sem expressão-. comeste algo do café e os pão-doces desta manhã?

Em lugar de responder normalmente, Wynn disse:

-Zack, agradeço sua preocupação, mas estou seguro de que tem coisas mais importantes que levar a conta de minhas comidas.

Então se voltou de novo.

Com a vista fixa em seu amplo e bem formado traseiro, Zack pensou que o melhor era deixá-la partir. Mas se deu conta de que sua filha o olhava com contrariedade. Sem dúvida, sua filha esperava que retificasse e se desculpasse, e Zack soube que era o que devia fazer. Apesar da suave cadência de seus quadris, Wynn parecia a ponto de cair ao chão de cansaço.

Ela tinha sido amável, e ele um antipático. E tudo porque levava muito tempo sem estar com uma mulher e ela o atraía de um modo primitivo e louco. Mas não podia lhe jogar a culpa disso ao Wynn.

Dani o olhou com severidade e lhe disse:

-Convence-a para que vírgula conosco.

-Tentarei-o -respondeu com um suspiro.

-Corre! Vê antes de que se meta em casa.

Wynn estava a ponto de subir as escadas de seu alpendre quando Zack a alcançou. Deveu ouvi-lo aproximar-se, mas não fez conta. Zack a agarrou por braço e lhe deu a volta.

-Espera um momento.

Ao ver que estava sozinho, encarou-se com ele.

-O que passa agora?

Sem poder evitá-lo, Zack sorriu e seguidamente pôs-se a rir.

-Como Dani não está escutando, tira seu gênio comigo, verdade?

-Não te engane -parecia furiosa e ainda doída; retirou-se o cabelo da cara e esboçou um sorriso zombador-. Se tirasse todo meu gênio, estaria agora atirado no chão.

Sua ameaça o fez evocar imediatamente uma imagem dele convexo no chão e do Wynn escarranchado sobre ele. Tinha as pernas tão largas e tão fortes, que não duvidava de que essas pernas agüentariam eternamente. Sem dar-se conta, olhou-lhe os peitos, tão só talheres pelo tecido fino do Top. De novo e sem querer, imaginou seus peitos, seus mamilos duros, lhe rogando ser acariciados. Tinha o peito brilhante e suarento pelo calor, e a pele radiante e de aspecto suave.

Ele não respondeu, mas ela deveu lhe ler o pensamento, porque em seguida retrocedeu e sua cólera se dissipou.

-Não referia a isso -sussurrou com voz tremente.

-A que? -perguntou Zack sem poder evitá-lo. Seus olhares se encontraram, e então ela se encolheu de ombros.

-Ao sexo. Isso era o que estava pensando. Embora suponha que agora o negará.

Zack se esfregou a cara.

-Não, não o negarei -doíam-lhe os ombros da noite anterior, e nesse momento todo ele pulsava de desejo-. Olhe, Wynn...

-Né, entendo-o. Dani é encantadora, mas os meninos falam muitas vezes no momento mais inoportuno. Não passa nada, e de verdade que tenho muito que fazer.

Ele não fez conta.

-Leva todo o dia trabalhando, ou não? Estou seguro de que não comeste nada do café da manhã.

-Meus hábitos de alimentação não são teu assunto.

por que narizes tinha que encontrá-la tão endiabladamente atrativa para encontrar-se excitado como um adolescente? Estava cansado, tinha o corpo dolorido, estava frustrado sexualmente e ainda por cima isso.

Sabendo que Dani não demoraria para aparecer se demorava, decidiu justificar-se.

-Desejo-te. Por isso fui grosseiro.

Wynn abriu os olhos dourados como pratos e tragou saliva. Abriu a boca, mas não lhe saiu nada.

Olhou para as árvores onde ela planejava pendurar a rede.

-Entre o Dani e o trabalho, não tenho muitas oportunidades de sair, e faz muito tempo, muito, que não estou com uma mulher. Ontem à noite não dormi bem, ou de outro modo teria conseguido me conter melhor hoje, mas a pouca paciência que fica reservo para minha filha.

-OH.

-Não quero que temas que vá lançar me...

-Isso não me dá medo -apressou-se a lhe dizer.

-... porque não tenho intenção de fazê-lo.

-OH -repetiu, essa vez com evidente pesar,

-Vêem comer conosco, depois te ajudarei a levar essa caixa ao pátio traseiro. A partir de então podemos nos mostrar sociáveis, mas não muito. De acordo?

-Não muito sociáveis, porque não quer me desejar?

-Isso.

Falar disso não ia servir de nada. À medida que falava, sentia-se como um imbecil.

-Não seria boa idéia, sendo vizinhos e todo isso -acrescentou Zack.

-Entendo.

Parecia perplexa. Suspirou de novo e, quando se voltou, viu que sua filha o olhava com interesse, de braços cruzados e dando golpecitos com a ponta do pé no chão.

-Sem dúvida o entenderá. Uma coisa é ser vizinhos. Mas se a coisa fora mais à frente, resultaria estranho.

-Estranho -afirmou em tom paternalista-. Entendo o que quer dizer -acrescentou com sarcasmo.

Zack apertou os dentes.

-Quer jantar pizza conosco ou não?

Ela se passou a língua pelos lábios e inclinou a cabeça.

-Posso dizer algo primeiro?

-Que seja rápido. Dani vai vir em seguida para nos buscar.

-Estou aqui suarenta e com o cabelo feito um asco, e mesmo assim diz que te excito?

Zack tinha vontades de estrangulá-la. Como não tinha querido feri-la em seus sentimentos, tinha sido sincero com ela e ela se tomava a liberdade de provocá-lo.

-Não sigamos com isso, de acordo?

-De acordo -disse-. Solo queria estar segura.

Juntos puseram-se a andar para onde estava Dani. Zack percebeu o aroma de sua pele torrada pelo sol misturado com o de um perfume muito feminino.

-Faz quanto? -perguntou-lhe com descaramento, como se não fora um tema pessoal.

Mas tinha sido ele quem o tinha tirado. Zack respondeu sem olhá-la.

-Muito.

-Eu também -sorriu ao Dani e agitou a mão-. Embora não acredito que você me excite por isso -olhou-o com os olhos levemente entrecerrados; em seus lábios se desenhou um leve sorriso-. Acredito que é seu corpo fantástico o que me está proporcionando estes calores -sussurrou-lhe ao ouvido.

Zack se tropeçou com seus pés e a ponto esteve de cair. Ela continuou até seu pátio, deu- a mão ao Dani e juntas rodearam a casa para o alpendre dianteiro.

-Posso te ensinar minha roupa nova! -ouviu-lhe dizer ao Dani.

-Assim que comamos -disse Wynn alegremente-. Estou morta de fome.

Wynn se terminou seu quarto pedaço de pizza e suspirou. Até que não tinha começado a comer não se deu conta da fome que tinha.

-Estava de rechupete. Muito obrigado.

-comeste tanto como papai -disse Dani.

-Não é certo! Ele se tomou um pedaço mais que eu -então olhou ao Zack-. Mas como ele tem mais músculos que eu, deve comer mais.

Zack se engasgou com o refresco e a olhou de soslaio. Desejava-a. Não queria fazê-lo, mas a desejava. Ao menos era um começo; um ponto de partida.

Ela, por sua parte, já estava louca por ele. Zack não só era bonito e tinha um corpo que tirava o soluço, mas sim além disso era muito tenro e carinhoso com sua filha e tinha a casa imaculada.

-Sua casa tem uma distribuição distinta à minha -olhou a seu redor admirando a harmonia que havia ali.

-São basicamente parecidas, solo que eu atirei uns quantos tabiques para fazer as habitações maiores.

-Também é maior. Ele se encolheu de ombros. -Nem tanto. Acrescentei espaço ao comilão quando pus a banheira de hidromasaje, e fechei o pátio.

Wynn tinha visto a enorme banheira de hidromasaje imediatamente. Estava junto à porta do comilão, à esquerda da cozinha, e parcialmente escondida por uma cerca.

-Fechei o pátio para utilizar a banheira todo o ano sem ter que cruzar o pátio no inverno.

-Utiliza-a todo o ano? -perguntou com assombro.

Ao Wynn lhe pôs a boca seca quando imaginou nu. Seria estupendo se a convidasse a compartilhá-la com ele, mas não ia se fazer ilusões;

Ele se encolheu de ombros.

-Durante todo o ano, de vez em quando. Wynn pigarreou e ficou a pensar em coisas menos perigosas.

-Eu gosto de como decoraste a casa. É agradável, bonita e cômoda.

Tudo estava decorado em madeira de pinheiro claro combinada com distintos tons crema e verdes. Havia umas quantas novelo, muitas fotografias do Dani e um par de fotos que supôs seriam de sua esposa falecida. A mulher era loira, como Dani, mas com o cabelo mais largo. Parecia muito jovem, e Wynn decidiu não olhar muito as fotos. Quando perguntasse ao Zack sobre sua esposa, faria-o sem que a menina estivesse diante.

-Pode nos desculpar um momento, papai?

-Sim, mas primeiro te lave as mãos.

Dani correu à pia e fez o que seu pai lhe tinha pedido.

Zack se levantou da mesa, mas não quis olhá-la aos olhos.

-irei levar te essa caixa até o pátio traseiro enquanto Dani te ensina sua roupa nova -então deu a sua filha um beijo na cabeça-. Agora mesmo volto, vale?

A menina assentiu.

Saiu pela porta da cozinha e desapareceu antes de que ela pudesse dizer nada.

Quando Dani lhe deu a mão e a levou a piso de acima, Wynn pôde lhe jogar uma olhada ao resto da casa. Não havia nenhuma bolinha de pó em nenhum sítio e tudo estava em ordem, exceto por algum brinquedo do Dani. Havia duas cômodas de pinheiro na sala de estar; uma delas estava aberta e Wynn viu que continha bonecas e distintos jogos. Também havia uma mesa cheia de ceras, papel e tesouras para meninos.

Passou pelo dormitório do Zack e apareceu com a esperança de que Dani não se desse conta. Mais limpo ainda. Uns pesados móveis de pinheiro ocupavam o espaço meio da habitação. Sobre a cama havia uma colcha de cor marrom escura. Pela janela aberta entrava uma suave brisa. Wynn olhou para a janela e imediatamente viu o Zack em seu pátio, transladando a caixa. Observou-o durante uns momentos antes de dar-se conta de que, se ela o estava vendo nesse momento, ele poderia vê-la cada vez que estivesse ela no pátio.

-É aqui onde estavam esta manhã quando me saudaram?

-Sim, solo que papai ainda estava em roupa interior porque se acabava de despertar.

-Entendo.

Vá que se entendia. Para que não se desse conta de seu interesse, deixou-se arrastar pela menina até seu dormitório. Naquele, os móveis eram brancos, a colcha de cor amarela pálida, e o papel que cobria a metade da parede de listas amarelas e brancas, rematado com uma sianinha branca.

A janela do Dani também dava ao mesmo sítio que a do dormitório de seu pai, mas Wynn se conteve e não foi aparecer. Em lugar disso, concentrou-se no montão de roupa que havia sobre a cama.

As duas se passaram ao menos quinze minutos olhando-o tudo e falando sobre a roupa que, em sua grande maioria, poderia ter sido para um menino. Nada nas pontas dos pés nem volantes para o Dani. Wynn esteve de acordo.

Wynn se fixou em uma cortiça enorme pendurada da parede à cabeceira, cheio até os batentes de desenhos. Quando disse ao Dani que tinha muito talento, a pequena se empenhou em lhe fazer um desenho. Como Dani não queria que o visse, Wynn baixou de novo à planta baixa.

Encontrou ao Zack na cozinha, recolhendo a mesa. Wynn levou dois copos à lava-louça.

-Queria te ajudar com isto.

-Não faz falta.

Ao Wynn fez graça que não queria olhá-la. apoiou-se contra a pia e colocou os braços em jarras.

-É o menos que posso fazer depois de me impor. Duas vezes.

Zack foi para a porta da garagem e atirou o lixo em um cubo que tinha ali.

-Convidamo-lhe -disse ao voltar.

-A contra gosto.

Zack se deteve um momento, começou a esfregá-la parte de atrás do pescoço, como se queria tirar a tensão de seus músculos. Quando a olhou, seus olhos eram de um azul escuro.

-Já lhe expliquei isso, Wynn.

-Certamente que sim -Wynn cruzou as pernas e Zack as observou um momento antes de voltar a olhá-la à cara; resultava-lhe estranho que a encontrasse atrativa quando em realidade parecia uma pena.

-Olhe...

Nesse momento, interrompeu-o o telefone. Zack deu duas grandes pernadas e desprendeu o auricular do aparelho que havia na parede da cozinha.

-Diga?

Quem seria? Wynn fez como se não estivesse escutando, mas era evidente que estava falando com algum amigo ou amiga. Seria uma amiga? Isso não lhe fez nenhuma graça.

-Claro, gosta de ter companhia -Zack fez uma pausa-. De acordo, dentro de quinze minutos então -disse antes de pendurar.

Nesse momento, Dani entrou na cozinha e Zack a levantou em braços.

-Quem era?

-Mick e Josh vêm a nos fazer uma visita. Se quer te banhar antes, poderá estar com eles um momento antes de ir à cama.

Wynn apareceu a ver o desenho que Dani tinha na mão.

-É para mim?

-Sim -disse Dani timidamente, e então o ensinou.

Dani tinha desenhado duas árvores, a rede e ao Wynn junto a ela. Wynn sorriu ao ver o alta que a tinha pintado, e ao ver seu cabelo, que parecia uma escarola.

-É precioso, Dani -disse sentindo-se curiosamente comovida-. eu adoro. Porei-o na geladeira para que o veja tudo o que venha a me visitar.

Isso pareceu agradar à menina.

-De acordo -disse a pequena-. Inclusive poderia te visitar algum dia e vê-lo -disse com todo o descaramento infantil.

Wynn se despediu do Dani com um beijo e saiu pela porta depois de piscar os olhos o olho ao Zack.

Se queria montar a rede a tempo de desfrutá-la essa noite, tinha que dar-se pressa antes de que se ocultasse o sol.

Quinze minutos depois, quando quase tinha terminado de montá-la, ouviu um carro entrando em casa do Zack. A curiosidade pôde com ela e olhou para a casa. Sobre a garagem do Zack havia um foco que iluminava a porta. Wynn viu dois homens que saíam de um carro, os dois altos e bonitos. Um deles era moreno de pele, e o outro parecia um dourado adonis. Mick e Josh, decidiu.

O loiro levantou a cabeça e a olhou justo quando ela ia dá-la volta; e ficou olhando-a um bom momento. Maldição! deu-se conta de que o tinha estado olhando e sem dúvida sabia também por que. Um homem como ele, alto, sexy e bonito, esperava sem dúvida que as mulheres o adorassem.

Seu companheiro se voltou, pôs as mãos em jarras e também a olhou. meu deus, o primeiro dia que passava ali e não tinha feito mais que chamar a atenção.

Como já a tinham pilhado, Wynn agitou a mão com gesto amigável, o qual foi correspondido por ambos. O moreno se limitou a olhá-la com cortesia e curiosidade, enquanto que o outro a observou.

Um segundo depois, abriu-se a porta da casa e ambos os homens desapareceram no interior da moradia.

                                                 Capítulo Quatro

-te aparte da maldita janela -rugiu Zack.

Sem soltar o bordo da cortina cor café da janela pequena que havia sobre a pia, Josh voltou a cabeça para olhar ao Zack.

-Quem é?

-Ninguém. Solo uma vizinha.

-É Wynn -Dani, ascensão no regaço do Mick, não mostrou a reserva do Zack em nenhum momento-. É nossa vizinha.

Josh arqueou uma sobrancelha.

-De verdade?

-Tomou o café da manhã conosco -Dani sorriu.

Mick e Josh se olharam.

-Café da manhã, né?

Zack jogou gelo nos três copos que tinha diante.

-Não comecem a tirar conclusões precipitadas. Despertou esta manhã, isso é tudo.

Josh deixou a cortina e se voltou.

-Uma mulher alta, esbelta e sexy te tira da cama e diz «isso é tudo»?

Mick se pôs-se a rir.

-Não é assim! -disse com veemência, surpreendendo-se inclusive a si mesmo-. Transladou-se hoje, e seu irmão e ela estavam fazendo muito ruído. Quando se deu conta de que nos tinha despertado, trouxe café e uns pão-doces.

-Que vizinha mais agradável -murmurou Josh, e se voltou para a janela.

-Também tomou pizza conosco, e eu lhe fiz um desenho.

-Um desenho precioso -disse-lhe Zack, dando-se conta de que sua filha tinha estado escutando.

Dani ensinou o que estava pintando.

-E o que está fazendo é precioso também -confirmou-lhe, e lhe deu um abraço e um beijo.

-E deixa de trabalhar alguma vez? -perguntou Josh.

-Que eu saiba, não -sem poder evitá-lo, Zack se aproximou da janela e apareceu-. O que está fazendo?

-Colocando uma corda para pendurar a roupa. Caramba, já é de noite. Está trabalhando com a luz do alpendre.

-Que diabos está fazendo?

Josh entrecerró os olhos.

-Parece que vai pendurar a roupa. Neste momento... -sorriu- acredito que sua roupa interior.

Mick se aproximou rapidamente à janela, com o Dani em braços.

-São os dois um par de olheiros. Deveriam deixá-la um pouco em paz.

Mas nenhum dos três se moveu.

-Esta manhã lhe vi o traseiro -disse Dani de repente.

Tanto Josh como Mick se voltaram a olhá-la.

Quando estava a ponto de dar uma explicação, viu que Wynn colocava uma camisola sobre a corda. Não era uma camisola sexy, mas sim mas bem um objeto com metros e metros de tecido. Claro que, com a talha que tinha, fazia falta muito tecido para cobri-la.

Por alguma razão, aquele pensamento o fez sorrir.

por que estava pendurando sua roupa de noite? E pensando-o bem, como era possível que ainda seguisse em pé? Levava todo o dia trabalhando sem parar.

-Isto é ridículo -protestou Mick-. Têm-me aqui em plano olheiro quando preferiria estar jogando às cartas.

-Isso é porque está felizmente casado e por isso imune às fantasias -disse Josh.

Zack o olhou com raiva.

-Não me diga que te interessa.

E antes de que Josh pudesse responder, Dani apareceu a cabeça entre o Mick e Josh e gritou pela janela:

-Olá, Wynn! Somos olheiros!

Os três se agacharam tão depressa, que se golpearam as cabeças ao fazê-lo.

Sentado no chão, apoiado sobre um dos armários, Mick sentou ao Dani sobre seus joelhos, morto de risada.

-Deveria te pendurar dos dedos dos pés pelo que acaba de fazer! -fez-lhe cócegas na barriga e Dani pôs-se a rir.

-Você crie que o terá ouvido? -perguntou- Josh ao Zack.

-Essa? Ouça-o tudo -então se voltou para sua filha-. Carinho, não lhe diz às pessoas que lhe está olhando.

-por que não?

Josh ficou de pé devagar e apareceu pela janela com cuidado. Terminou de ficar direito com expressão resignada e disse em voz alta:

-É um pouco tarde para fazer a penetrada.

Zack se deu conta de que Wynn devia ter estado olhando para sua janela e também ficou de pé. Então a ouviu rir.

-Não me trarão minha máquina de lavar roupa e minha secadora novas em uns dias, e necessito roupa limpa para amanhã.

Para desgosto do Zack, Josh sorriu, foi para a porta da cozinha, saiu e pôs-se a andar para a casa do Wynn.

Dani se separou do Mick e seguiu ao Josh. Mick olhou ao Zack, encolheu-se de ombros e fez o mesmo.

Zack apertou os dentes, mas seguiu ao grupo.

Quando Wynn os viu, deixou a cesta da roupa e foi recebê-los. Embora tinha refrescado grandemente, seguia com o Top e as calças curtas. Quando a viu, teve vontades de tirá-la jaqueta e tampá-la. Mas era muito tarde. Josh já a tinha visto e estava a ponto de desdobrar seu encanto.

Wynn lhe ofereceu a mão quando ele se aproximou.

-Olá. Meu nome é Wynn Lane.

Josh lhe deu a mão com delicadeza, como se seus dedos fossem frágeis.

-Josh Marshall -murmurou em um tom que delatou seus pensamentos de sedução-. Prazer em conhecê-lo.

Zack teve vontades de lhe dar uma patada.

Wynn tentou retirar a mão, mas Josh não a soltava. Jogou um olhar ao Zack e depois olhou de novo ao Josh.

-É bombeiro, não?

Ele pareceu levemente surpreso.

-Dani lhe falou que vós dois -explicou-lhe Zack.

Wynn se voltou para o Mick.

-Meu irmão é um grande fã do trabalho de sua esposa.

Mick agarrou ao Josh da boneca, retirou-lhe a mão e então deu a mão ao Wynn.

-Mick Dawson. Prazer em conhecê-lo, Wynn.

Então olhou ao Zack.

-Espero que não estivesse te incomodando outra vez.

-Estávamos te olhando -informou-a Dani.

Wynn se pôs-se a rir e acariciou o cabelo ao Dani com tanto carinho, que Zack sentiu que lhe encolhia o coração.

-Bom, imagino que qualquer que fique a fazer a penetrada à luz da lua vai chamar um pouco a atenção. Além disso, a roupa pendurada ao ar sempre cheira muito bem, não lhes parece?

Ao Zack parecia que ela cheirava bem. Mas decidiu deixar de lado seu ridicula fantasia e disse:

-Há uma lavanderia a um par de quilômetros, junto a uma loja de ultramarinos.

-Pode usar nossa máquina de lavar roupa e nossa secadora enquanto lhe trazem as tuas -ofereceu-lhe Dani.

Ao Zack lhe gelou o sorriso.

-Claro... pode usar as nossas.

Wynn sacudiu a cabeça.

-Não, não me importa utilizar a corda.

Josh se plantou diante do Zack.

-Eu não vivo tão longe. Pode utilizar minha máquina de lavar roupa quando quiser.

Zack pensou em estrangulá-lo. Não era por nada pessoal, mas seria quase tão estranho que Josh se atasse com ela quanto o fizesse ele mesmo. Josh não estava preparado para sentar a cabeça e, em realidade, das bodas do Mick, passou-se muito da raia. Zack não queria que se passasse também com sua vizinha.

-Se tiver terminado, poderia tomar algo conosco -convidou-a Mick.

Ela retrocedeu um passo.

-OH, não, mas obrigado de todos os modos.

-lhe vejam, lhe vejam, por favor! -disse Dani pegando botes com energias renovadas.

-Você -disse-lhe Zack a sua filha- está a ponto de ir à cama.

antes de que Dani ficasse a protestar, Wynn disse:

-A verdade é que eu também.

Os três homens ficaram olhando-a.

-O certo é que tenho que tomar banho Y... -olhou a cada um dos fascinados homens-. Pareço um asco. Levo todo o dia trabalhando.

Josh inclinou a cabeça.

-Eu te encontro bem -disse, de novo no mesmo tom suave e cheio de admiração; Zack teve vontades de estrangulá-lo.

Wynn retrocedeu um passo.

-Tenho que terminar isto. Mas foi um prazer lhes conhecer. Doces sonhos, Dani!

-Desejo-te o mesmo -acrescentou Josh no mesmo tom provocador.

Ela sorriu, deu-se a volta e pôs-se a andar rapidamente para sua casa. Josh ficou ali olhando-a e, pela direção de seu olhar, Zack notou que lhe estava olhando o traseiro. Até que Zack lhe deu uma cotovelada. Bem forte.

Enquanto voltavam para a cozinha do Zack, Dani bocejou ruidosamente. Sabendo o rapidamente que Dani ficaria dormida, os homens se olharam e se sorriram.

Zack tomou em braços a sua filha.

-À cama, carinho.

A menina olhou ao Josh e ao Mick com os olhos médio fechados já. - boa noite.

Josh se inclinou e a beijou no nariz.

-boa noite, princesa.

Mick lhe fez cócegas nos pés.

-boa noite, carinho.

Quando Zack se deu a volta para sair da cozinha, viu que Mick se sentava à mesa e que Josh voltava para a janela. Grunhiu entre dentes enquanto subia as escadas com sua filha em braços.

-Ao Josh gosta -disse-lhe Dani quando a pôs na cama.

Zack se retirou e olhou a sua filha.

-Você crie?

Dani assentiu.

-Também eu gosto. A ti não?

-Está bem -Zack agasalhou ao Dani e lhe deu um beijo na frente-. Precisa fazer pipí?

-Não -voltou-se de lado e apoiou a bochecha sobre o punho diminuto.

Deu-lhe um último beijo na bochecha e ficou de pé. Aos dois segundos, Dani já estava roncando brandamente. Zack ficou olhando um momento a sua filha. Dani era com muito o mais precioso que tinha na vida. Cada vez que a olhava, dava-se conta do muito que a queria.

Josh continuava junto à maldita janela quando voltou para a cozinha.

-Parece um perrillo apaixonado.

Mick se pôs-se a rir.

-Em comparação contigo, que interpreta o papel de cão raivoso?

Zack se deteve o ouvir as palavras de seu amigo. Conhecia seus amigos e se, suspeitassem acaso do efeito que lhe causava Wynn, não deixariam de lhe dar a lata. Disimuladamente, fingindo desinteresse, aproximou-se e olhou pela janela. Wynn não estava no pátio, graças a Deus. Olhos que não vêem...

Suspirou e se sentou à mesa; então se estirou e se esfregou o pescoço.

-Sem comentários, né? -disse Mick.

-Não sei do que está falando -disse, muito cansado para pensar em outra resposta.

Mick se inclinou para diante e lhe sussurrou:

-Da posesividad.

Josh se deu a volta.

-colocou-se em casa faz uns segundos -Josh se sentou com seus amigos-. Viram que pernas tem essa mulher?

-Como são quilométricas, seria difícil não fixar-se.

Josh arqueou uma sobrancelha.

-Está bem feita, sim senhor.

-Você não tiveste que agüentá-la a primeira hora da manhã -disse Zack desejando haver-se mordido a língua.

Josh o saudou com o copo e disse:

-A mim pode me levantar quando queira.

-Josh, sempre pensa no mesmo -disse Mick.

-Certamente, agora sim que o estou pensando. Sem dúvida.

Zack grunhiu antes de poder evitá-lo.

-Sinto restringir qualquer fantasia com a que te esteja deleitando, mas te esqueça dela.

Josh vacilou.

-Quem o diz?

-Eu o digo. Eu tenho que viver com ela. Não tenho vontades de que saia com ela, deixe-a e depois eu tenha que carregar com as conseqüências -Zack sacudiu a cabeça com resolução-. Disso nada, de modo que esquece-o.

Mick tocou ao Josh com a perna por debaixo da mesa. .  

-Além disso, ele já tem seus planos -disse Mick.

Essa vez, Zack se mordeu a língua. quanto mais falasse, mais conclusões tirariam seus amigos de suas palavras.

Josh olhou ao Zack e lhe perguntou:

-É isso certo?

-Não, não o é -disse com a esperança de parecer mais firme do que se sentia-. Poderíamos trocar de tema já?

-Porque posso me jogar atrás se está reclamando-a você.

-Não estou reclamando-a -disse Zack com os dentes apertados-. Mas você te vais jogar atrás.

Josh o olhou um instante; então se pôs-se a rir e olhou ao Mick.

-Acredito que tem razão.

-vamos jogar às cartas, ou vamos ficar nos aqui sonhando com mulheres? -rugiu Zack.

-De acordo, de acordo -disse Josh em tom tranqüilizador-. Não ponha assim. Não devemos sonhar.

-Fala por ti mesmo -grunhiu Mick-. Eu estou sonhando. Preferiria estar em casa com o Delilah neste momento.

Josh sacudiu a cabeça com pena. Inclusive Zack conseguiu soltar uma gargalhada bastante acreditável.

-Ainda é quase recém casado, de modo que é natural.

-E além disso -acrescentou Josh-, Delilah pode fazer sonhar a qualquer.

Mick fez gesto de levantar-se.

-Preferiria que não falasse em tom tão íntimo de minha esposa.

Josh ficou impassível ante a fúria do Mick.

-Só estava dizendo que estou de acordo contigo.

-Olhe que...

-Cala... Mas que suscetíveis som os homens apaixonados -queixou-se Josh-. Primeiro Zack quase come, e agora você.

-Zack não está casado, eu sim.

-Zack quer casar-se -assinalou Josh-. É quase o mesmo -então se dirigiu ao Zack-. Está pensando em te casar com o Wynn?

-Não.

-Viu-lhe de verdade o traseiro?

-Não.

Josh sorriu.

-Aceitarei o primeiro «não». Mas para o segundo necessito uma explicação.

Zack sabia que se atirava ao Josh ao chão, Dani despertaria, de modo que se resignou.

-Estava agachada... -balbuciou sem saber como explicá-lo.

Josh protestou ante sua vacilação.

-Sou todo ouvidos.

-Eu também -reconheceu Mick.

-Levava postos umas calças curtas.

-Fixei-me nisso.

-Eu também -acrescentou Mick.

-Querem que lhes conte isso ou não? -Zack os olhou aos duas com raiva, esperando, mas os dois se calaram-. Estava agachada tentando arrastar uma caixa ao pátio traseiro e lhe subiram um pouco as calças. Não lhe vi todo o traseiro.

Mas tinha visto o suficiente para saber que o tinha tão lindo como as pernas.

-E vou eu e me perco isso -sussurrou Josh.

Zack se deu por vencido e lhes explicou sua relação completa com a senhorita Lane. Falou-lhes da família do Wynn, que logo se transladariam com sua filha, de seu irmão, que era grande e forte como um touro, e de sua maneira de ser, descarada e insistente.

-Não é a esposa que procuro -terminou de dizer Zack.

Uma vez esclarecido o assunto, Zack se relaxou um pouco e começou a baralhar as cartas.

-O outro dia, Dani me perguntou sobre as compressas das mulheres.

Josh e Mick ficaram gelados.

-Viu-o nos anúncios? -perguntou Josh.

-Sim. Estava vendo uns desenhos quando de repente os cortaram e saiu este anúncio de compressas.

-E o que lhe disse?

-Bom, arrumei-me isso mais ou menos -mentiu Zack.

Em realidade o tinha feito fatal, mas não estava disposto a reconhecê-lo.

-Por isso necessito uma esposa. Imagino todas as perguntas que surgirão no futuro. Quero dizer, o que sei eu de moda para jovencitas, ou de prendedores esportivos? -enquanto terminava de baralhar as cartas, Zack se lembrou de outra coisa-. Mick, contou-te Josh que na brigada de bombeiros estão fazendo um calendário com fins caridosos?

-O que é isso? -perguntou Mick.

Josh tomou o baralho de cartas e começou às repartir.

-Uma tia de promoção muito prepotente é a que o está organizando tudo. Quer que um grupo de homens posem ligeiros de roupa para as fotos do calendário. Depois o venderão, e os benefícios irão ao centro de queimados.

-Uma tia muito prepotente, né? -repetiu Mick devagar, como saboreando as palavras-. Quer dizer que teve a audácia de te excluir do grupo de modelos?

-Não lhe dava a oportunidade. Interessado-los tinham que chamá-la e consertar uma entrevista. Seguro que para recuar um bom festim com o olhar. Que incrível!

-Conhece-a? -perguntou Zack.

-Não me faz falta. Um amigo de outra brigada me falou que ela. Parece ser que é uma menina rica que colabora nesta organização caridosa por aborrecimento.

Mick e Zack se olharam. Mick deixou suas cartas bocabajo e cruzou os braços sobre a mesa.

-Desde quando te importa o caráter de uma mulher?

de repente, Josh parecia molesto. Zack pensou que já era hora de que se desse a volta à omelete.

-Parece ser que é preciosa, vale? E já estou algo farto das tias assim. Quero alguém mais normal. Uma mulher genuína -olhou para a janela-. Wynn, ou como se chamo, também me valeria. Quero uma mulher natural, não uma boneca artificial.

-nos esqueçamos do Wynn e da mulher do calendário e joguemos às cartas -disse Zack.

Três horas depois, Zack estava preparado para ir-se dormir. Mick também estava bocejando. Josh, o único que não parecia cansado, decidiu chamar uma mulher de casa do Zack e fez planos para passar a noite com ela.

depois de despedir de seus amigos, Zack subiu a seu dormitório e foi despindo-se pelo caminho. tirou-se os sapatos e se sentou no bordo da cama para tirá-los meias três-quartos. depois de apagar a luz, foi à janela e aspirou o ar noturno enquanto se baixava a cremalheira das calças.

E de ali, à luz da lua, recostada na maldita rede como uma oferenda sexual, estava Wynn. Por um instante, o desejo se apoderou dele e o fez sentir uma confusão extrema.

Então se deu conta de um pouco muito importante. Parecia totalmente dormida. Zack não podia dar crédito ao que via. Era uma mulher solteira, nova na vizinhança e, por isso se via, o bastante estúpida para ficar dormida no pátio de sua casa.

Zack saiu de sua habitação com os dentes apertados e passo resolvido. Nada mais vê-la no dia anterior, deu-se conta de que não ia lhe dar mais que problemas, tanto para sua saúde mental como emocional.

                                                    Capítulo Cinco

A grama bem talhada estava úmido e escorregadio sob seus pés descalços, e uma brisa suave agitava seu cabelo. Em troca, ele estava cada vez mais zangado, mais acalorado conforme ia aproximando-se do Wynn.

Quando se deteve seu lado, Wynn não moveu nenhuma pestana. tirou-se as calças curtas e a camiseta, e se tinha posto uma camiseta larga.

Zack a olhou a gosto. Sem aqueles penetrantes olhos observando-o ou aquela língua afiada desafiando-o, sentia-se mais tranqüilo, livre para olhá-la a seu desejo.

Umas finas nuvens cruzaram a lua obscurecendo o firmamento, de modo que solo a débil luz do alpendre a iluminava. Na penumbra suas pestanas pareciam de seda, e sua boca tinha um aspecto brando e suave.

O perfume de seu xampu se mesclava com os aromas da noite. De tanto olhá-la, Zack sentiu que reagia, e lhe deu raiva.

-Wynn.

Mas ela não se moveu.

-Maldita seja, Wynn. Acordada -repetiu, pois não queria tocá-la.

Suas pestanas tremeram um segundo e um suave gemido escapou de seus lábios ligeiramente entreabiertos. Ao Zack lhe acelerou o pulso e lhe encolheu o ventre.

Então decidiu sacudi-la com força.

-Maldita seja, Wynn, quer te levantar daí antes de que...? Ai...!

Ao momento seguinte, estava convexo de costas sobre a grama coberta de rocio, sem fôlego e com o joelho do Wynn pega a seu peito.

-Que demônios te passa? -conseguiu dizer.

Nesse momento, sentiu que o pressionava com os dois joelhos nas costelas e gemeu, tentando respirar. Wynn aproveitou para pô-lo bocabajo e se pegou a ele pelas costas, para seguidamente lhe atender a garganta com o braço.

-Mas o que te acreditaste que estava...?

Zack jogou o braço para atrás, e a empurrou. Aproveitou o momento e se tornou sobre ela cobrindo-a totalmente com seu corpo. Agarrou-a pelas bonecas, que sujeitou sobre a cabeça, e lhe imobilizou as pernas com as suas. Tinha-lhe feito tanto dano com os joelhos nos flancos, que parecia como se lhe tivesse quebrado as costelas. Tinha imaginado que teria as pernas fortes, mas...

-Que demônios te passa? -gritou-lhe quando ela começou a retorcer-se.

Não tinha querido gritar, mas era a primeira vez na vida que uma mulher o atacava. E certamente, jamais tinha pensado em atacar a uma mulher! Ao ver que Wynn não respondia, inclinou-se para diante, temeroso já de lhe haver feito mal.

-Não sabia que foi você -sussurrou.

Assim pensava que se estava defendendo de algum atacante? Talvez, mas isso não o tranqüilizou. Se não se ficou dormida no pátio, nada disso teria passado.

-Dá-te conta -continuou- de que te estou deixando que me faça isto?

Incapaz de dar crédito a suas palavras, Zack se retirou e a olhou.

-me deixando?

Ela assentiu brandamente.

-Poderia te haver mordido a cara faz uns segundos. Inclusive a jugular.

-Por todos os...

-Inclusive agora -cravou-o-, se não tivesse medo de te fazer danifico, lançaria-te ao chão.

Nesse momento, Zack foi consciente do corpo que tinha debaixo, das suaves montanhas de seus seios, do generoso vale de seus quadris, de suas coxas largas e fortes... Tinha-a arranca-rabo pelas bonecas, que não eram delicadas a não ser fortes, e as colocou sobre a cabeça obrigando-a a estar naquela postura de submissão.

E o fato de poder controlá-la gostava de muito. Muito. Não tinha dúvida de que ela já teria notado sua ereção, posto que esta lhe pressionava o ventre. Zack se inclinou para diante para poder lhe ver a cara. fixou-se em sua boca sensual, entreabierta nesse momento em busca de ar, e naqueles ojazos tão diferentes. A tênue luz da lua, pareciam os olhos de um lobo; e esses olhos o provocavam.

-Tenta-o -disse-lhe ele.

-OH, não -lhe olhou a boca e isso o excitou ainda mais-. Não quero te fazer danifico, agora que sei que é você.

Sem querer o, Zack se apertou contra ela. Solo os separavam o fino tecido de algodão de sua regata e de suas calças. Fechou os olhos, jogou a cabeça para trás e começou a mover-se ritmicamente sobre ela.

Seus corpos se acoplaram à perfeição, assumo com peito, entrepierna com entrepierna. Poderia beijá-la e lhe fazer o amor ao mesmo tempo. Solo de pensá-lo-se estremeceu.

Seus mamilos ficaram duros e os sentiu lhe roçando o peito nu. Ela moveu as coxas, talvez para que ele se adaptasse, mas ele se negou a arriscar-se. Seus braços não lhe ofereceram resistência, apesar da força que ele sabia que possuía.

Sentiu um fogo abrasador.

-Wynn...

Ela levantou a cabeça com o descaramento que a caracterizava, e isso foi a gota que encheu o copo. Zack nunca tinha sido um homem que se deixasse levar pelo desejo; mas, por outra parte, jamais tinha experiente tanto desejo.

Lhe aconteceu a língua pelos lábios enquanto gemia de pura excitação, de aceitação, de avidez. Lhe apanhou a língua e a sugou com força antes de lhe oferecer a sua. Suas agitadas respirações romperam o silêncio da noite, mesclando-se com os leves sons dos grilos, das folhas balançadas pelo vento. Agarrou-lhe as duas bonecas com uma só mão e deslizou a outra entre seus corpos para lhe tocar os peitos.

Como resposta a suas carícias, ela levantou os quadris com tanto ímpeto, que o elevou durante uns segundos. Ao Zack custou empurrá-la para voltar a esmagá-la contra o chão.

-Zack... me solte -sussurrou quando ele começou a lhe beijar o pescoço.

-Não -respondeu enquanto lhe acariciava o mamilo com o polegar.

Wynn soltou um gemido rouco e, depois de uma manobra hábil, tombou-o de novo no chão. Ao Zack teve vontades de tornar-se a rir. Então ficou sobre ele escarranchado e começou a lhe acariciar o peito nu e a mover-se sobre ele com sensualidade. Acariciou-lhe o pescoço com o nariz e a boca, e então o mordeu antes de lamber-se o de tal modo, que Zack pensou que se voltaria louco.

Lhe agarrou o traseiro com ambas as mãos e se deleitou com a suavidade de sua pele, em contraste com sua força. Explorou-a lhe deslizando os dedos sobre a seda de seus braguitas, pressionando para dentro para tocá-la desde atrás. Tinha as braguitas muito úmidas, e toda ela estava muito quente.

Então a agarrou pelos quadris e começou a mover-se entre suas coxas simulando uma penetração; a ponto esteve de perder o controle. Estava preparado para tomá-la, preparado para lhe tirar a ridícula camiseta e tocá-la por toda parte. Preparado para beijá-la sem parar.

Só que não tinha nenhum preservativo em cima. Além disso...

A realidade lhe caiu em cima como uma tonelada de tijolos. E então gemeu de frustração em voz alta, consciente de suas responsabilidades.

Só se conheciam desde fazia menos de vinte e quatro horas. Além disso, estavam ao ar livre. Se ele a tinha visto pela janela, talvez sua filha os estivesse vendo nesse momento. Certo era que Dani dormia profundamente, mas tudo era possível.

O sempre se teve Á si mesmo como um pai responsável, como um bom servidor de sua comunidade. de repente se sentiu horrorizado, envergonhado e tremendamente furioso.

Furioso com o Wynn.

Agarrou-a pelas bonecas com força.

-Wynn.

Mas seu tom de voz não lhe fez efeito. soltou-se e continuou beijando-o com tanta paixão, que quase esteve a ponto de esquecer seu dever. Voltou a cabeça a um lado.

-Não.

-Sim -insistiu ela; então o agarrou pelas orelhas para que ficasse quieto-. Deus, é incrível. Tão forte, tão sexy e doce.

Doce? Zack ficou de lado, a tirou de cima e em seguida ficou de pé.

-te levante -disse-lhe Zack sem poder olhá-la.

deu-se a volta, incapaz de suportá-lo. Era tão preciosa, tão sexy. Finalmente ouviu um leve rangido e se voltou; ela estava sentada de lado na rede, olhando-o fixamente, sem pudor.

Zack aspirou fundo.

-Sinto muito.

-Sim, eu também -sorriu e sacudiu a cabeça.

Isso o fez reagir.

-O que é o que sente?

Wynn ficou de pé e o olhou aos olhos.

-De momento, sinto-o tudo -deu-se a volta-. boa noite, Zack.

ficou tão estupefato enquanto olhava aquele corpo de sereia caminhando à luz da lua, que a ponto esteve de deixá-la partir sem dar-se conta.

-Espera um momento!

-É inútil esperar. me acredite, entendo-o.

Zack a agarrou por braço e lhe deu a volta. Ao momento seguinte, ficou nas pontas dos pés e se enfrentou a ele com raiva.

-Não pense nem por um momento que me venceste, tio! -cravou-lhe o dedo indicador no peito e ele retrocedeu-. Além disso, pilhou-me dormida e estive um momento dormitada. Agora estou bem acordada e se acabou o beijar-se. Puseste-te outra vez desagradável e odioso, mas não vou permitir que me maltrate.

Então se deu a volta para partir.

-Wynn -disse em tom de advertência.

Ela estendeu os braços e se voltou rapidamente.

-O que?

Zack se recordou que ele era um homem razoável; um homem lógico, tranqüilo e pacífico. Jamais, sob nenhuma circunstância, brigava com uma mulher, nem sequer com as mais encorajadas.

Aspirou fundo e se acalmou um pouco.

-por que estava dormindo na rede? -disse mais acalmado.

Ela olhou a rede e se encolheu de ombros.

-Levo todo o dia trabalhando, tinha calor e depois da ducha só queria descansar e tomar um pouco o ar. Fiquei dormida sem querer.

Zack juntou as mãos à costas para não tomá-la entre seus braços.

-Sabe, por acaso, quão perigoso pode ser para uma mulher fazer isso?

-Refere a um vizinho louco que me espreita, está a ponto de me atirar ao chão, beija-me apaixonadamente e me toca até que estou excitada, para logo apartar-se sem razão alguma? -sorriu-lhe com ar de suficiência-. Sim, agora já sei.

-Referia-me -começou a dizer aproximando-se pouco a pouco a ela- a que poderia entrar um estranho e te fazer algo sem duvidar nem um momento. A alguém que pudesse te violar, ou te assassinar, O...

-Acredito que violando e assassinar é o bastante. Não faz falta continuar.

-Isto não é nenhuma brincadeira, maldita seja!

Ela se cruzou de braços e inclinou a cabeça.

-Acabo de dizer que fiquei dormida sem querer? Parece-me que o hei dito, mas dada sua atitude, já não estou segura.

-foi uma irresponsabilidade.

-Bom, obrigado, mamãe, por sua preocupação.

-Wynn, sei que está emocionada com sua casa nova...

-E com meu vizinho novo, ao que gosta de provocar às mulheres para depois retirar-se e comportar-se como se minha resposta carnal tivesse ferido sua deliciosa sensibilidade.

Zack se esfregou o pescoço e agachou a cabeça para conter a risada.

-Não foi minha intenção fazer nada disso.

-Ah, não? Ficaste-te satisfeito com o que tem feito? -sacudiu a cabeça-. Pobre homem, está-te perdendo o melhor.

-Olhe, Wynn, foi um engano que nós... -olhou ao chão-. Isso. Não sei você, mas eu não gosto das confusões de uma noite.

Ela nem confirmou nem negou seus hábitos, o qual solo conseguiu exasperá-lo mais. Pouco a pouco, os músculos do pescoço e os ombros ficaram duros e começaram a lhe doer.

Ela entrecerró os olhos e se aproximou dele.

-O que te passa? Tenho-te feito mal?

Ele apartou as mãos do pescoço.

-Claro que não.

-Sim que te dói, nota-se muito.

Zack foi responder lhe, mas se conteve. Já era hora de repensar um pouco. Eram vizinhos e precisavam levar-se civilizadamente.

-Ontem à noite tive que atender duas emergências bastante desagradáveis. A primeira foi um caso de violência doméstica -disse em tom esmigalhado-. Tive que levar a mulher ao hospital com duas costelas rotas e contusões múltiplos. Graças a Deus que a polícia deteve o marido em um bar.

Wynn, consciente de suas turbulentas emoções, acariciou-lhe o braço. Foi um gesto tranqüilizador que o ajudou a recuperar a compostura.

-Depois houve um acidente de tráfico. A mulher sofreu um shock, estava cheia de sangue, e não resultou muito fácil tirá-la.

-Era grande como eu?

-Não, esta mulher era obesa -disse-. Tive que me pôr em uma postura um pouco estranha para tirá-la e acredito que me chateei algo quando o fiz.

-Mmm. Parece como se te tivesse feito um entorse.

Ele ficou quieto.

-O que?

-O trapézio -explicou-lhe ela.

Deu-lhe a volta sem que ele opor resistência e começou a lhe tocar as costas, os ombros, o pescoço. Zack gemeu. Suas carícias o excitavam e ao mesmo tempo acalmavam a tensão.

-Aqui? -perguntou-lhe enquanto amassava algum músculo oculto.

-Sim -disse-. Isto te dá bem.

-Me dão bem muitas coisas.

Ele abriu muito os olhos.

-Aplicaste-te calor úmido?

Deus, por que tudo o que ela dizia, ele o relacionava com o sexo?

-Não tive oportunidade.

-Bruto. Trabalha na profissão, deveria saber que as lesões devem ser atendidas. Se for necessário, terá que tirar tempo. Olhe, em lugar de jogar às cartas com seus amigos, deveria te haver metido em seu banho de água quente.

Para ouvir sua sugestão, sua criatividade deu um salto e imaginou aos duas dentro da banheira.

-Farei-o.

-Quando?

Sua persistência o chateou.

-Talvez amanhã, depois de trabalhar.

-Que horário tem?

Esse, ao menos, era um tema sem riscos.

-Rodamo-nos. Trabalho dez horas diárias, quatro dias por semana. Eu estou acostumado a trabalhar de oito a seis. Os três dias livres variam e quase nunca são seguidos, mas ao menos assim todo mundo libra um fim de semana de vez em quando.

-Quem cuida do Dani enquanto trabalha? -apareceu para olhá-lo.

-Há uma senhora que vive a duas maçãs daqui. Eloise terá uns setenta anos e é uma mulher doce e maravilhosa. Para o Dani é como sua segunda casa.

-Tem amigas de sua idade?

-Vai ao maternal dois dias em semana, mas Dani me diz que a maioria dos meninos ali são «bebês».

Wynn se pôs-se a rir.

-Sim, me imagino dizendo isso. Está acostumada a estar com adultos, verdade?

-Muito. Pensei que a escola de preesco-lareira a ajudaria, e a verdade é que lhe gosta de ir. Uma de suas companheiras de classe vive no bairro e Dani esteve em sua casa em algumas ocasione.

-Mmm. Isso é bom para o Dani.

Enquanto conversavam, Wynn ia baixando pouco a pouco pelas costas do Zack. A ele estiveram a ponto de lhe falhar os joelhos. sentia-se tão depravado com a massagem, tão bem.

-Se trabalhar quarenta horas semanais, imagino que às vezes chega muito tarde a casa.

-Certo.

-Traz-lhe isso para casa?

-É obvio -foi olhar a, mas não lhe deixou dá-la volta enquanto trabalhava um nó em um dos músculos-. Deus me deu uma filha com o sonho muito profundo -disse-lhe enquanto gemia dolorido-. Agasalho-a e me trago isso para sua cama. Ela nem se inteira.

-Se Eloise tiver já setenta anos, quanto tempo mais crie que poderá continuar te cuidando da menina?

-Pensei-o -murmurou-. Estou pensando em abandonar o trabalho de campo.

-Sim? Para fazer o que? -perguntou-lhe enquanto seus dedos lhe pressionavam os músculos com a força correta.

-Talvez coloque a supervisor -disse-, ou a diretor de operações. Ou talvez me dedique à instrução. Isso eu gosto.

Wynn emitiu um som de interesse e baixou as mãos até os glúteos.

«Maldita seja», pensava Zack. Que dedos tão mágicos os daquela mulher... tão maravilhosos... Tão íntimos!

Zack se voltou para ela.

-Está-me seduzindo!

-Não, solo tocando um pouco suas preciosas nádegas.

Ele balbuciou, tanto escandalizado como adulado e, se era sincero, um pouco excitado. Ou mas bem bastante. Em realidade, estava quente e preparado para perder-se entre suas coxas.

Ela teve o descaramento de tornar-se a rir em sua cara, e então lhe deu umas palmadas no peito.

-te relaxe, Zack, sua virtude está a salvo comigo. Agora se sente melhor, verdade?

Flexionou e rodou os ombros para experimentar. Tinha razão, maldita Wynn. Assentiu com relutância.

-Bem -deu-lhe outra palmada. Se fica duro outra vez, vêem ver-me.

Estava sem dúvida bem duro, solo que não onde ela dizia.

-Não te viria mal te aplicar um pouco de ultra-som nos músculos afetados, e isso lhe poderia fazer isso no ginásio.

-Me passará -disse com voz quebrada.

Ela volteou os olhos.

-É um superhéroe, não? Imune às necessidades de seu corpo, verdade?

O ser insistente provavelmente era algo natural nela. Certamente se tinha criado fazendo exigências e causando conflitos.

-Estou tentando fazer o que é melhor para os dois, e sabe. Somos vizinhos. Algo além de uma amizade seria muito difícil.

Ela suspirou longamente antes de dizer:

-Como é -e se voltou para partir.

-Espero que o entenda -gritou-lhe Zack enquanto ela se dirigia para sua casa.

Tinha o corpo depravado da massagem, mas tremendamente vivo. Cheio de vida. Era uma mescla de sensações muito estranha. Um pouco muito carnal.

Ela agitou a mão sem voltar-se. Segundos depois ouviu o clique da porta.

Que mulher mais fastidiosa.

Tinha tomado a decisão correta, apesar de sua enorme ereção. Mas então, por que se sentia tão mal consigo mesmo? por que odiava tanto ter tomado aquela decisão?

Uma luz se acendeu no piso de acima e a ouviu assobiar. Era uma mulher sem preocupações, enquanto que ele estava ali no pátio sem poder mover-se, aflito por um sem-fim de fortes emocione. Olhou para sua janela desejando que aparecesse, mas quando se apagou a luz soube que se foi à cama.

A partir desse momento, teria que tomar cuidado para não encontrar-lhe E dado seu horário, isso não resultaria muito difícil.

 

Wynn observou ao Zack da janela de seu dormitório às escuras. Parecia tão rígido, todo ele destilando frustração, que quase esperou que ficasse a uivar. Mas ele se deu a volta e partiu a sua casa.

Sua massagem tinha sido inútil. dava-se conta de que aquele homem estava empenhado em estar tenso.

Suspirou. Que fastidioso o destino, pensou com o coração um pouco encolhido ao ver como se afastava. Suspirou com frustração. Zack era o primeiro homem que a fazia sentir-se como gelatina por dentro. Desgraçadamente, tinha resultado ser um maldito dissimulado.

Mas ao momento se deu conta de que existia a possibilidade de que não fora um dissimulado absolutamente. Um homem tão forte, tão sexy, tão inteligente e responsável como Zack sem dúvida sentiria mas bem desinteresse que restrições morais.

por que ia interessar se por ela?

Desde que se tinham conhecido essa manhã, não tinha feito mais que ficar em ridículo continuamente. Fechou os olhos enquanto pensava no que tinha feito. Deus, tinha-o acossado a cada momento, provocado e inclusive se derrubou com ele na grama. Tinha-o insultado e tudo, e ainda por cima queria que a desejasse embora fora um poquito.

Sacudiu a cabeça. Era uma total e absoluta cretina.

Deparou-se da janela e saiu ao corredor. Necessitava outra ducha. Aquela, preferivelmente, bem fria para afugentar o desejo que se negava a abandoná-la. Sabia que não conseguiria dormir essa noite; sobre tudo, depois de havê-lo sentido em cima dela, de ter aspirado o aroma de sua parte mais íntima.

Tinha que recuperar a compostura e lhe dar ao homem seu espaço. Apressá-lo não era a melhor tática. Zack era um homem discreto. Era um bom pai, um homem tenro e, com muito, o homem mais atrativo que Wynn tinha conhecido em sua vida.

Zack necessitava tempo para acostumar-se a ela, para conhecê-la.

Iria pouco a pouco. Seria encantadora, doce e cortês... Porque com ele a sedução não parecia funcionar.

                                                               Capítulo Seis

Zack a via cada maldito dia da semana. despertava pela manhã e ela estava fora trabalhando no pátio, limpando o caminho ou conversando com outros vizinhos.

Chegava a casa do trabalho e ela entrava ou saía nesse momento. A encontrava na loja de ultramarinos, e uma vez quando os dois saíram a atirar o lixo. Dani conversava com ela cada vez que a via, como se fossem amigas de toda a vida. E Wynn estava do mais atenta e doce... Mas com o Dani.

Irritava-o, sobre tudo porque cada maldita noite se tombava na rede. antes de deitar-se, aproximava-se Á a janela e a olhava como se o fora a vida nisso. Todo seu corpo começava a cantar ao vê-la ali tão relaxada. Cada vez que a olhava, excitava-se.

Às vezes ela lia até que ficava o sol; às vezes tão solo se balançava na rede escutando música com uns cascos. Às vezes dormitava e às vezes assobiava, mas nenhuma só vez se ficou profundamente dormida.

Quase desejou que o fizesse, para assim ter uma desculpa legítima que lhe permitisse aproximar-se dela.

Já não se mostrava entremetida. Em realidade, parecia ter perdido interesse nele. Sempre se mostrava cordial, saudava-os com a mão e logo continuava com o que estivesse fazendo. Wynn o tratava como tratava a outros vizinhos, e isso não gostava.

Jamais se tinha dado conta de que fora um homem veleidoso. Mas o certo era que a sentia falta de. Apenas a conhecia e já se acostumou a ela. Igual a Dani.

Sua filha se sentava freqüentemente à porta da cozinha e ficava olhando a casa do Wynn com espera. Dani a sentia falta de. Não o satisfaziam nem as breves e amigáveis conversa nem as saudações com a mão, e isso era algo com o que Zack não tinha contado.

Lhe partia o coração.

-Dani -chamou a sua filha-, vêem te comer o sandwich.

Dois segundos depois, Dani apareceu à porta.

-Me vou comer isso aqui fora.

Normalmente ao Zack não tivesse importado, mas não queria que sua filha ficasse triste.

-Dani...

-Wynn também quererá um sandwich.

Zack ficou imóvel e o invadiu uma estranha emoção, algo que se negava a analisar.

-Está aí fora?

-Está com um grupo de homens muito grandotes.

antes de que seu cérebro pudesse lhe dar a ordem a seus pés, estava à porta de sua cozinha. Sem dúvida, ali estava Wynn, rodeada de três culturistas; todos eles enormes, todos bonitos.

Todos adulando-a.

Franziu o cenho e pensou em meter-se dentro antes de que nenhum deles o visse, mas de novo sua filha o traiu.

Dani avançou dois passos pela pendente coberta de grama e agitou os braços como um moinho.

-Né, Wynn!

Wynn levantou a vista e sorriu ao Dani com aquele sorriso deslumbrante. Deu-lhe umas palmadas no peito a um deles e a outro um golpe nas costas, antes de aproximar-se do Dani. Zack notou que lhe acelerava o pulso. Fazia já uma semana que tinha falado com ela, uma semana que tinha estado perto dela. Por muito que queria negá-lo, tinha-a sentido falta de. Talvez inclusive mais que sua filha.

surpreendeu-se ao ver que Dani punha-se a correr aos braços do Wynn. Claro que, Wynn não o surpreendeu quando se agachou e abraçou a sua filha com afeto.

-O que faz, fantasia de diabo?

-Pode comer manteiga de amendoim e gelatina comigo!

Wynn olhou ao Zack, viu-o com um sandwich em um prato e disse:

-eu adoro a manteiga de cacahué com gelatina. Não te importa compartilhar?

-Não.

-Que tal está, Wynn? -perguntou-lhe Zack detrás esclarecê-la voz.

-Muito ocupada. Meus pais se mudam amanhã. tive que organizar todas minhas coisas para poder deixar sítio para as suas. Esta mudança dela, além da minha, está-me resultando exaustiva.

Tomou o sandwich, ofereceu- a metade ao Dani e deu uma boa dentada da outra metade.

-Mmm. Delicioso.

Zack fez caso omisso a seu comentário e lhe perguntou:

-Quais são seus convidados?

Ela se encolheu de ombros com negligência.

-Queriam ver minha casa nova; também me vão ajudar a colocar os móveis do pátio. comprei uma mesa de lanchonete com sombrinha e umas cadeiras. Também tenho umas quantas novelo. Estou desejando vê-lo tudo montado. O caminhão deve estar a ponto de chegar.

-E lhe fazem falta três gigante para colocar os móveis do jardim?

Ela se surpreendeu ante a amargura de seu tom. «Maldita seja», quase parecia que estivesse... ciumento.

-Também queriam ver minha casa nova -anunciou-. Parece-me que tem um problema no ouvido. Ou mas bem, solo escuta o que te convém.

-Eu também te ajudo -disse Dani.

-Não sei, não sei -disse Wynn fingindo que a examinava. Necessito trabalhadores fortes. A ver que músculos tem?

Dani flexionou o magro braço.

-Vá -disse Wynn enquanto lhe apertava o músculo inexistente-. De acordo, acredito que é o bastante forte -olhou ao Zack-. Isso, se a seu papai não importa.

-Por favor, papai... -suplicou-lhe olhando-o com seus grandes olhos azuis.

-Vamos, Zack -disse-lhe Wynn-. Tomaremos cuidado. E te prometo que a vigiarei.

Zack a olhou. Wynn levava umas calças jeans cortadas pelo joelho e uma camiseta de algodão cinza. Estava descalça e levava o cabelo recolhido em um acréscimo sobre o cocuruto, de modo que parecia uma fonte.

De um modo distinto, estranho, ao Zack pareceu a mulher mais atrativa que tinha visto na vida.

Dani queria estar com ela e ele o permitiria. Mas como pai, decidiu que devia estar ao lado de sua filha. Era o mais lógico.

-De acordo, mas eu também te ajudarei.

Wynn o olhou.

-Não tem que fazê-lo.

-Eu vou onde vai minha filha -disse-lhe, deixando que ela assumisse que não confiava de tudo em seus amigos.

Ela entrecerró seus preciosos olhos, que se iluminaram de raiva como se fossem dois lingotes de ouro. Zack lhe sorriu. Era tão fácil provocá-la.

-Bem -respondeu ela-. Mas terá que passar também a prova da força.

-Não seja ridícula.

-Né, é você o que insistiu. E me parece o justo, já que Dani também teve que passá-la.

Dani ficou a pegar botes.

-Papai, insígnia o os músculos!

-Sim, insígnia me os papai -acrescentou Wynn, e ao Zack deu a horrível impressão de que se pôs avermelhado como um tomate.

-Prometo que sou forte -respondeu com os dentes apertados.

Wynn sacudiu a cabeça.

-Não é suficiente. A meus amigos vejo os músculos, e Dani me demonstrou que os tem -arqueou as sobrancelhas e lhe sorriu com suficiência-. Agora me ensine o que tem.

Zack sabia que estava em forma. Tinha que fazer pranchas de ginástica diariamente no parque de bombeiros. Levava uma dieta sã, já que seu trabalho lhe exigia muito tanto física como mentalmente.

Wynn o agarrou pela boneca e o olhou aos olhos.

-Agora flexiona.

Zack apertou os dentes e fez o que lhe pedia. Seus bíceps se incharam. Não tinha os braços tão grandes como os culturistas, mas ele estava de acordo com sua força.

O olhar do Wynn se obscureceu e lhe tremeu a mão que o agarrava pela boneca.

-Bonito -murmurou em tom muito íntimo-. Acredito que talvez me valha.

Dani ficou nas pontas dos pés para assinalar a parte superior do braço do Zack.

-Aí é onde lhe deram o tiro a papai.

-Um tiro?

Wynn foi olhar o melhor, mas Zack apartou o braço.

Nesse momento chegou o caminhão com os móveis, que começou a meter parte atrás no pátio do Wynn. depois de lhe jogar um olhar que prometia que o tema não ficaria aí, voltou-se por volta dos três homens que estavam em seu pátio.

-chegou o caminhão -gritou-lhes-. O cheque está sobre a mesa do vestíbulo. Podem ir um de vós a por isso e assinar a tabuleta? Agora mesmo vou para lá.

Os forçudos assentiram ao uníssono e foram fazer o que lhes tinha pedido Wynn.

-Poderiam me dar um pouco de leite? A manteiga de cacahué me ficou pega aqui -disse, e assinalou o peito.

Zack ficou imóvel imaginando o que havia sob a camiseta cinza. Felizmente, sua filha era uma anfitriã perfeita.

-Sempre temos leite em casa -agarrou ao Wynn do braço e entraram na cozinha, e Zack teve que as seguir.

-Tem que regular seus hábitos alimentícios -disse-lhe enquanto lhe servia o leite em um copo comprido-. E não posso acreditar que deixe que esses homens assinem a tabuleta de seus móveis. Nem que os deixe entrar e sair de sua casa com tanta liberdade -acrescentou lhe passando o copo.

Wynn se bebeu meio copo e então o olhou aos olhos.

-Marc, Clint e Bo são bons amigos. Sei que posso confiar neles.

Dani estava junto à porta, olhando aos homens.

-São maiores, a verdade.

Zack esboçou um sorriso malicioso antes de dizer:

-Parece que ao Wynn gosta assim.

Lhe sorriu provocativamente e se aproximou dele para lhe sussurrar:

-Mas nunca estive em meu pátio, atirada no chão com nenhum deles. Alguma vez -então ficou direita e lhe perguntou-: Como lhe deram o tiro?

Zack decidiu cortar aquela conversação imediatamente; agarrou-a por braço e empurrou brandamente a sua filha para a porta.

-Se formos ajudar, será melhor que o façamos já.

-O que posso fazer eu?

-Tenho umas novelo pequenas que necessitam um cuidado especial até que as levante no jardim -disse-lhe Wynn-. Se quiser, pode as levar a alpendre traseiro, sob o tejadillo, para que os homens possam colocar os móveis sem as pisar. Confio mais de ti que de nenhum desses tios.

Dani saiu correndo e Zack lhe gritou:

-Tenha muito cuidado, Dani. Não tenha ponha por no meio.

Assim que Dani partiu, Wynn voltou a lhe perguntar:

-Como lhe dispararam?

-Não é nada.

-De verdade. O que aconteceu?

-É uma mulher tão insistente.

Ela o olhou fixamente, e Zack se deu conta de que ainda a tinha arranca-rabo pelo braço. Soltou-a e a olhou.

-O que? -perguntou-lhe ao ver que ela seguia olhando-o.

Pela primeira vez em sua vida, ela o olhava com arrependimento.

-Não foi minha intenção ser insistente -murmurou e ficou tinta até as orelhas-. É... suponho que um cacoete. Sinto muito -foi dizer algo mais, mas então se calou e se deu a volta para partir.

Zack a agarrou de novo.

-Wynn.

Ela se deteve, mas não o olhou à cara; mas bem se olhou os pés.

Nesse momento, Zack dirigiu a vista para a janela e viu que os três homens o estavam olhando.

-Miúdos móveis tão grandes que compraste.

Ela se encolheu de ombros, mas não levantou a cabeça.

-Sou uma garota grande. Necessito coisas grandes para estar cômoda.

-Certo. Esses tios que lhe estão ajudando a colocá-la também são grandes, e se vê que querem te proteger.

Wynn o entendeu e levantou a vista. Nada mais vê-los, Wynn recuperou sua arrogância natural.

-OH, por amor de Deus. Lhes ides passar assim todo o dia?

Um deles, um forçudo com bronzeado de abajur, esboçou um sorriso de cumplicidade.

-Só até que vejamos que está bem.

-Preocupa-lhes Zack? -perguntou Wynn em tom muito surpreso.

E para completar o insulto, assinalou ao Zack, que estava detrás dela, com o polegar e disse:

-Por favor, não sejam tolos.

Um dos que agarrava o sofá esboçou o que poderia chamar um sorriso.

-Solo Wynn nos chamaria tolos -disse ao Zack-. Sou Bo. Um... amigo.

Os outros dois sorriram, coisa que irritou ao Wynn e chateou ao Zack. Que diabos teria querido dizer Bo? Seria uma brincadeira entre eles? Estariam atados Bo e Wynn?

O tipo que sustentava o outro extremo do sofá disse:

-Bo, Wynn te vai jogar os cães por isso -e logo se voltou para o Zack-. Sou Clint, e esse daí é Marc.

Zack assentiu.

-Eu sou o vizinho do Wynn, Zack Grange.

-Sim, claro -todos riram com satisfação e olharam ao Zack e ao Wynn-. Um vizinho.

Zack apertou os dentes.

-A menina que está brincando de correr por aí é minha filha, Dani.

Bo lhe piscou os olhos um olho.

-É uma doçura. E ouça, ao Wynn assobiam os meninos.

Wynn olhou rapidamente ao Zack; então se voltou por volta dos três culturistas e lhes disse em voz baixa:

-Lhes ides inteirar.

Imediatamente, os três forçudos se dispersaram, como se de verdade lhe tivessem medo, e continuaram lhe colocando os móveis no pátio.

Zack atirou dela para que o olhasse à cara.

-Bo é seu noivo?

Ela abriu os olhos como pratos e pôs-se a rir.

-Não, claro que não!

-Então, o que eram todas essas brincadeiras e olhares que se jogaram?

-Bo paquera com todas, mais ou menos como seu amigo Josh. Tem ao menos uma dúzia de noivas. E sim, finge que me quer acrescentar à lista, mas tudo é em brincadeira. Não sou uma idiota e ele sabe.

Isso o fez recordar outro tema que o chateava.

-Pois parecia bastante interessada com o Josh.

-Ah! Bom, é muito bonito e me pilhou por surpresa. Estou acostumada a que Bob diga coisas, mas não outros homens. Isso é tudo -olhou ao Zack e perguntou-: E você? Tem noiva?

-Não.

Mas não porque não o tivesse tentado. Ainda não tinha conhecido à mulher adequada para ele e Dani, e não via razão alguma para atar-se com a pessoa equivocada.

Só que Wynn... Sentiu a tentação.

Ela o olhou com cepticismo.

-Não tem que preocupar-se por esses três. Tão solo são muito protetores, mas agora que lhes hei dito que é inofensivo, ficarão tranqüilos.

-Inofensivo? -aproximou-se dela de tal modo, que quase se roçavam-. Um destes dias vou fazer que te coma todos esses insultos.

Ela o olhou com fascinação.

-É certo? Como?

-Me ocorrem umas quantas idéias.

Para ajudá-lo, lhe sugeriu:

-Poderíamos lutar outra vez. Talvez possa ganhar.

Essa mulher era endiabladamente fastidiosa, irracional... Soltou-a e se separou dela. Ela soltou uma risilla de satisfação, mas em seguida foi detrás dele.

E ele que tinha pensado que a tinha sentido falta de. Ja! Que tolice!

Então, por que ia sonriendo?

 

O pátio começava a estar como Wynn o tinha imaginado; incluída o precioso andaime de gás que Zack tinha sugerido que colocasse longe da janela da cozinha para que não se enchesse a casa de fumaça.

Faria coisa de meia hora que Zack se tirou a camisa porque fazia muito calor. Wynn o olhou e se deu conta de que estava mais pendente dele que de nenhum outro homem.

Viu que elevava a cabeça e que procurava a sua filha com o olhar. Sem dúvida, era o pai mais cuidadoso que tinha visto em sua vida. Ao momento localizou ao Dani com um dos culturistas, tomando um refresco de cauda, e sorriu com orgulho e amor. Ao vê-lo, pensou que lhe estalaria, o coração. Fazia já uma semana que não estavam juntos, e sentia a necessidade de estar de novo com ele.

Nesses dias tinha feito o possível para lhe dar tempo e espaço, mas não acreditava que pudesse suportá-lo mais.

Bo se aproximou dela e lhe deu uma palmada no traseiro.

-Preciso me nutrir depois de tanto trabalho. Tem algo de comer?

Jogou um olhar em direção ao Zack e viu que, em lugar de sorrir, olhava-a com desaprovação. Wynn reprimiu as vontades de esfregar o traseiro. Não era culpa dela que os amigos de seu irmão tivessem tanta confiança com ela.

-ia pedir uma pizza.

-Não faz falta, céu -disse-lhe Marc-. Não podemos ficar tanto. Mas um sandwich não viria mau.

Ela assinalou para a cozinha.

-Na geladeira tem que tudo. lhes prepare o que queiram.

Wynn foi ao outro lado do pátio e se sentou no sofá. As almofadas de listas verde escuro e nata eram suaves e confortáveis, e passou a mão pelo assento com satisfação. Aquilo era todo dele, a casa, o pátio, as árvores, a rede Y... seu vizinho. Todo dele.

Viu que Zack a olhava e sorriu.

-Bonito, verdade?

Zack parecia tão zangado, que pensou que não lhe responderia. Então se sentou a seu lado.

-É muito bonito. Tem bom gosto.

Zack se voltou e olhou para onde estava sua filha. Enquanto observava seu perfil, Wynn suspirou.

-Bo só é... Bo. Conheço-o quase desde que conheço o Conan. Foram juntos ao colégio e todo isso. O certo é que ele não...

-Não mostra vacilação alguma na hora de te tocar o traseiro. Já me dei conta. E também que não te importa.

Ela se zangou.

-Trata-me como a sua irmã pequena a maior parte do tempo.

-Já... -Zack se voltou para ela-. Não sei por que me surpreendo, tendo em conta que... -emitiu um som de chateio enquanto se voltava a olhar para diante.

O coração começou a lhe pulsar com força e lhe encolheu o estômago.

-Tendo em conta o que? -quando não respondeu, ela continuou-. Zack, não faz falta que seja um hipócrita. Eu não estava sozinha essa noite. Os dois nos deixamos levar.

Ele se passou a mão pelo cabelo.

-Jamais em minha vida tenho feito algo assim, de modo que teve que ser por sua culpa.

Disse-o com tanta tranqüilidade, jogou-lhe a culpa com tanta parcimônia, que Wynn teve vontades de estrangulá-lo.

-Foi você o que apareceu de repente!

-Não apareci de repente -grunhiu ele.

-Ja! Estava dormida.

-Sim, e que mulher faz isso? -voltou-se a olhá-la com expressão raivosa e confusa-. Que mulher dorme no pátio de sua casa de noite, médio nua?

-Não estava médio nua, cretino. Diz-o como se me tivesse visto algo -sacudiu a cabeça, deu-se conta de que acabava de insultá-lo e quis mordê-la língua; aspirou fundo e tentou falar com calma-. Zack, eu...

Mas ele não a deixou terminar.

-Eu nunca me deixo levar desse modo. Nunca.

-Pois a outra noite o fez.

Ele entrecerró os olhos e a olhou.

-Sim. Mal feito por minha parte.

Wynn aspirou fundo. Maldita seja, isso lhe tinha feito mal. Não soube se queria golpeá-lo ou ficar a chorar. Nunca tinha sido de lágrima frouxa, mas nesse momento sentiu vontades de chorar. Tremeu-lhe o lábio de abaixo.

Por um instante, Zack pareceu sentir-se culpado.

-Olhe, Wynn, em realidade nada do que faça é meu assunto.

Nesse momento, ouviu-se uma voz conhecida. Wynn voltou a cabeça e quase se deu com o cinturão da calça do Josh, que se aproximou deles por detrás do sofá. Levava uns texanos desbotados e uma camiseta branca.

Zack também se voltou para ele.

Josh se apoiou sobre o respaldo do sofá.

-passei para cancelar a comida de hoje -disse Josh-. Mick tem que acompanhar a Do a um sítio -assentiu em direção ao sandwich que lhe tinha dado Marc-. Embora veja que te tinha esquecido.

Josh rodeou o sofá e se sentou ao lado do Wynn. Inclusive lhe jogou o braço pela cintura.

Zack aconteceu o sandwich ao Wynn e se cruzou de braços.

-Josh, tem que conhecer os três protetores do Wynn. Bo e Marc, e aquele que está com o Dani é Clint.

Bo e Marc assentiram, mas Clint não tinha visto o Josh.

Josh lhes deu a mão.

-Josh Marshall. Que tal estão?

-Estavam a ponto de ir-se -disse Wynn lhes jogando uma indireta.

Bo volteou os olhos.

-Deixa de preocupar-se, boneca. Não vamos maltratar a seu vizinho.

Josh se pôs-se a rir.

-Maltratar ao Zack? Pois claro que não. Sabem que é enfermeiro, não?

Os homens olharam ao Josh com curiosidade.

-Pois o é, assim não lhes deixem enganar, porque o pessoal médico tem que estar muito em forma. Eu o vi levantar homens de cento e cinqüenta quilogramas e levá-los nas costas como se fossem meninos. E outras muitas coisas. É capaz de...

-Sou capaz de saltar por cima dos arranha-céu e sou mais rápido que uma bala, não?

Josh se pôs-se a rir.

-Não sei o dos arranha-céu, mas vi a bala que te feriu o braço, assim tão rápido não é.

Wynn aproveitou a oportunidade.

-Eu também a vi. Como ocorreu, sabe você?

-Claro que sei. Eu estava ali.

-Josh -disse Zack em tom de advertência.

Mas todo mundo os olhava com curiosidade. Wynn não pensava deixá-lo passar, e parecia que Josh tampouco.

-Chamaram-nos para uns distúrbios. Havia edifícios em chamas e cristais por toda parte; a rua estava cheia de gente.

-meu deus -exclamou Wynn.

Nunca se tinha imaginado ao Zack comprometido em um pouco tão violento, e de repente sentiu medo.

Josh assentiu.

-A gente inocente se escondeu nos becos, sem poder mover-se. Uma mulher recebeu um balaço e se estava sangrando no chão, em meio de toda a animação. Havia polícia por toda parte. Mas tivemos medo de que morrera antes de chegar até ela.

Wynn já sabia o que lhe ia contar Josh, e nesse instante sentiu que se apaixonava por pés a cabeça do Zack. Ao corno com todas as inconveniências. Seu coração sabia sem dúvida o que lhe convinha.

Zack sacudiu a cabeça.

-Não foi tão dramático. Muitos oficiais me cobriram.

-Não o bastante bem -assinalou Josh-. Em realidade, feriram-no quando cobriu com seu corpo à mulher para proteger a de que voltassem a feri-la.

-Ao final todo saiu bem -grunhiu Zack enquanto procurava a camisa.

-Sim -sorriu Josh-. Que eu recorde, ficou eternamente agradecida depois. Agradecida de verdade, já me entendem.

Marc e Bo puseram-se a rir com cumplicidade. Wynn volteou os olhos.

-te cale, Josh.

-Sou uma tumba.

Zack tirou outra vez o sandwich ao Wynn e deu um bom bocado.

-Como interrompi seu almoço, Josh, gosta que te prepare também um sandwich?

-Lhe vais preparar um sandwich? -disse Bo-. Maldita seja, nós passamos toda a tarde trabalhando para ti e não te ofereceste a nos preparar nada.

Wynn lhe deu uma boa cotovelada.

-lhes comporte como é devido -disse, e incluiu o Zack nessa ordem; então agarrou ao Josh do braço e atirou dele para a porta do pátio-. Agora mesmo voltamos.

                                                       Capítulo Sete

Wynn o convidou a passar. Quando chegaram ao corredor, empurrou-o contra a parede.

-Me alegro tanto de que te passasse.

Josh ficou pasmado.

-Isto... -agarrou ao Wynn dos braços para impedir que se aproximasse mais-. Sim, bom, é que eu pensei que... bom... -olhou a seu redor com aspecto arrasado.

Ao Wynn custou um momento averiguar o que lhe passava. Que fraudes podiam chegar a ser os homens!

-O caso é que... -continuou- pensava que você gostava de Zack.

Wynn lhe aconteceu a mão pelo ombro forte e musculoso.

-Eu gosto -confirmou-lhe-. Por isso te trouxe aqui -deu-lhe umas palmadas no peito-. Para que me conte mais costure sobre ele.

-Ah, que bem! -exclamou relaxando-se visivelmente-. É justo o que queria ouvir -acrescentou mais sorridente-. Isso é estupendo.

-Mas acredito que eu não gosta de muito ao Zack.

-Acredito que gosta de muito. Esse é o problema, ao menos para, ele -ela se apartou e foram juntos à cozinha-. Pessoalmente, eu acredito que é perfeita para ele.

-De verdade?

-Pois claro, maldita seja -retirou-lhe uma cadeira para que se sentasse-. Te olhe! É atrativa, está sã. Por seu trabalho e desde que perdeu a sua esposa, ao Zack parece muito importante cuidar-se, levar uma vida sã.

Wynn pestanejou ante tanto sentimento.

-Também é divertida e parece que quer ao Dani -franziu o cenho-. É muito importante, sabe?, que você goste de sua filha. E não pode fingir nisso, porque muitas mulheres o tentaram e ele sempre se deu conta de que não o faziam de coração.

Wynn ficou sem fala ante tão verborréia. E isso que não lhe tinha feito nenhuma só pergunta!

Olhou-a um pouco preocupado por seu silêncio.

-Você gosta de Dani, não?

-É obvio que sim -disse-. É adorável, lista, precoce, valente -encolheu-se de ombros-. Bela como seu pai.

Josh sorriu.

-Zack é belo, né? Que risada.

Wynn se deu conta do que havia dito e se ruborizou.

-Não te ocorra dizer nada a ele.

-OH, não, claro que não.

Wynn não acreditou.

-Josh...

-Tem algo de comer?

-Claro, come o que queira.

-Assim que seus amigos tinham razão. Não quer servir aos homens.

Com todas as perguntas que queria lhe fazer ao Josh, Wynn tinha esquecido suas maneiras.

-Sinto muito -ficou de pé-. Tenho muitas coisas na cabeça.

Josh a empurrou para que se voltasse a sentar e lhe deu umas palmadas no ombro.

-Leva todo o dia trabalhando e já sou mayorcito, posso fazê-lo sozinho.

Apoiou os cotovelos sobre a mesa e gemeu de frustração.

-É horrível. Levo tanto tempo sem sair, que já não sei atrair a um homem. Estou-o fazendo todo mal -disse sem levantar a vista.

-Está tentando atrair ao Zack?

-Sem muito êxito.

-Não é certo -Josh abriu o frigorífico e Wynn viu que se servia suco e que tirava alguns ingredientes para preparar um sandwich.

Então se sentou à mesa.

-Zack se fixou bem em ti. Solo que não quer reconhecê-lo.

-Você crie?

-Sei -disse enquanto colocava as suficientes fatias de carne assada entre duas fatias de pão como para que comessem várias pessoas-. Zack não se comportou de maneira tão estranha com uma mulher desde que esteve com sua esposa.

Wynn se perguntou como abordar o tema; então decidiu que era inútil andar-se com rodeios.

-Quer me falar dela?

Josh deu um bocado e assentiu.

-Jovem, preciosa. Muito doce e miúda -olhou ao Wynn-. Não se parecia em nada a ti, exceto em que você também é preciosa.

Wynn ficou tinta imediatamente. Josh era tão coquete! Decidiu que o melhor era não lhe fazer caso.

-Só tenho vinte e oito; tampouco sou tão velha.

-Uma anciã comparada com a Rebecca.

Assim ao Zack atraíam as mulheres muito jovens e miúdas? Justo o que não queria ouvir.

-Assim se chamava? Rebecca?

-Sim. Teria completo vinte e um anos um mês depois de ter ao Dani, de não haver falecido.

Muito jovem. Embora Wynn não tinha conhecido à mulher, doeu-lhe pensar nela. Dani e Zack tinham perdido tanto.

-Quanto tempo estiveram casados?

-Só uns sete meses. O embaraço foi uma surpresa e a razão de seu matrimônio. Assim que Zack se inteirou, insistiu até que Rebecca cedeu. Não estou seguro de que fora o que nenhum dos dois queria nesse momento.

Wynn tragou saliva.

-Como morreu?

Josh deixou o prato a um lado e se recostou sobre o respaldo. Olhou para a janela que havia detrás do Wynn e sua expressão se voltou triste.

-Passou-o muito mal durante o embaraço. Era tão miúda, que a pressão foi muito para seu corpo. Lhe incharam os tornozelos, doía-lhe as costas, bom... já te faz uma idéia.

-Sim.

-As mudanças físicas lhe sentaram muito mal, de modo que seu estado mental não era o melhor tampouco. Desejava ter ao Dani, sem dúvida, mas o passou muito mal naqueles últimos meses de gestação. Física e emocionalmente.

-Acredito que isso é bastante comum, não?

Josh se encolheu de ombros.

-Zack e eu estávamos os dois no incêndio de um armazém quando ficou de parto com cinco dias de antecipação. Ela chamou o parque de bombeiros, e imediatamente fizeram o possível para encontrar a alguém que substituíra ao Zack, mas a destruição era enorme e todo mundo estava de serviço. Zack estava atendendo um montão de coisas distintas, trabalhando sem parar, preocupado, nervoso e muito zangado porque não se podia partir de qualquer jeito. Pensou que Rebecca estava bem, que teria chegado ao hospital e que se estariam ocupando dela...

-Mas?

Josh ficou de pé.

-As contrações foram muito fortes e não pôde continuar conduzindo. Perdeu o controle do veículo e caiu em venha sarjeta. levou-se dois carros por diante, mas ninguém sofreu nenhuma ferida grave. No trajeto em helicóptero ao hospital, morreu. Conseguiram salvar ao Dani.

Wynn sentiu que a afogava a emoção. De repente, doía-lhe o estômago e o coração o fazia dano de tão forte que lhe pulsava. podia imaginar o que tinha passado Zack.

-Normalmente é como uma rocha -disse Josh em voz baixa, como se lhe tivesse adivinhado o pensamento-. Não se inquieta por nada. Sempre é tranqüilo, educado e razoável. Sempre.

Ela levantou a cabeça. Zack tranqüilo e razoável? Pois com ela quase nunca se mostrava tranqüilo.

-Quando salvou a vida daquela mulher e recebeu o balaço, foi porque Zack se colocou entre ela e as balas. Arriscou sua vida por uma pessoa que não conhecia. Ele é assim. Não pode suportar ver ninguém sofrendo -aspirou fundo-. Imagina o que sentiu quando não pôde estar com a Rebecca.

-sentiu-se culpado?

-Sim, durante um tempo. Mas logo Dani o fez esquecer. Durante as duas primeiras semanas foi um bebê maravilhoso, mas depois se converteu em um pequeno demônio. Quando estava com a babá se comportava de maravilha, mas assim que o ouvia ele, começava a exigir. Queria que a tivesse em braços todo o tempo.

Wynn ficou pensativa.

-Quer dizer que ao princípio ele não a atendia?

-OH, não, disso nada. preocupou-se de que alguém cuidasse dela e, quando ia se trabalhar, beijava-a e a abraçava. sentia-se responsável, mas tinha tanta pena, tanto arrependimento, que não havia sitio para nada mais, e menos ainda para o amor. Até que Dani lhe roubou o coração.

-É um bom pai.

-É o melhor pai que conheci. E será também um marido maravilhoso.

Wynn estava tentando assimilar a indireta quando Zack apareceu à porta feito uma fúria.

-Avaliação os elogios, Josh, mas te está passando.

-Isto, não terá deixado nenhum cadáver fora, verdade?

-te cale já -entrou na cozinha-. Sabe que sou pacífico.

-Claro. O que você diga -levantou-se e passou junto ao Zack-. vou conversar um momento com seus amigos, Wynn. Parecem uns tipos muito agradáveis.

Um segundo depois se fechou a porta mosquiteira.

-Tipos agradáveis -repetiu Zack- . me parecem uns tios possessivos e ciumentos.

-Protetores, não possessivos. Hei-te dito que nunca saí com nenhum dos três.

-De verdade o há dito? Não recordo essa conversação.

Ela se esclareceu voz.

-passou algo?

Ele avançou sem deixar de olhá-la aos olhos.

-Ninguém se passou que a raia, mas seus valentões me aplicaram o terceiro grau.

-Não me diga!

Lhe encolheu o coração. Como ia causar uma boa impressão em um homem como Zack se Bo não deixava de comportar-se como um asno?

-Como ouve.

Ela se colocou detrás da cadeira quando ele avançou. Não lhe tinha medo, mas estava de um humor estranho, como em tensão, como aceitando algo.

-Sinto muito.

-Parece que pensam que tem suas miras postas em mim.

«OH, Deus. OH, santo céu». Sabia que tinha a cara tinta como um tomate.

-Eu, isto, não mostro muito interesse pelo sexo oposto.

Zack arqueou uma sobrancelha.

-O que me está dizendo? Que os homens não lhe interessam?

-Não! Quero dizer que ultimamente não mostro muito interesse pelo sexo em geral.

Zack sorriu divertido.

Ela se mordeu a língua e aspirou fundo.

-Queria dizer -afirmou- que não estou acostumado a ir detrás de um homem. Tenho amigos mas já está. É tudo o que quero -acrescentou para não parecer muito ridicula.

-Alegra-me ouvi-lo -disse-lhe em tom acalmado.

Estava já tão perto dela, que seu fôlego o roçou ao falar. Se se adiantava um par de centímetros estaria beijando-o. Claro que, não sabia como tomaria Zack. Até o momento, a atração mútua o tinha vexado até o ponto de que não tinha querido nem reconhecê-lo.

-Isso foi te conhecer ti, Zack. Desejo-te. Não o ocultei em nenhum momento. Mas deve entender que o que passou o outro dia no pátio foi também uma aberração para mim. Não me arrependo disso, mas não posso dizer que me tenha passado nunca.

Ele torceu um pouco a boca, e lhe deu a desagradável impressão de que não acreditava.

Wynn perdeu os estribos.

-Só porque tenha amigos culturistas, e porque me deixasse levar a outra noite, não te dá direito a assumir que sou assim com outros homens.

-Tampouco te dá o direito de ir farejando em minha vida privada. Se queria saber de minha esposa, deveria haver me perguntado isso.

Elevou a cabeça e o olhou.

-Teria-me contado algo?

-Não -disse-lhe sem rodeios-. Porque não é teu assunto.

Wynn elevou as mãos.

-Vê-o? -suspirou e agachou a cabeça-. Suponho que tudo isto é inútil, não?

Zack se levantou.

-O que quer dizer com isso?

-Quer dizer que estou começando a aceitar que não está absolutamente interessado em mim -encolheu os ombros-. Josh me contou toda a história de sua esposa, e sei que você gosta mais das mulheres miúdas.

-Wynn -disse-lhe em tom de advertência.

Ela estendeu os braços.

-Sou uma garota grandota e torpe. Não sou nem bonita nem miúda. você gosta das mulheres pequenas às que possa proteger, e eu não necessito amparo. Nem sequer sou mais fraco que você.

Ele ficou pensativo.

-Isto, pois sim que o é, a verdade. Muito mais fraco que eu.

Mas Wynn apenas o escutava já; estava muito desgostada pensando que Zack nunca quereria ter nada com ela. Começou a passear-se pela cozinha, pela primeira vez alheia a tudo o que a rodeava.

-Sinto muito. Suponho que fui um problema.

-Sim.

Então Zack se aproximou e lhe agarrou a cara com as duas mãos.

-É um problema, Wynn, e uma pesadez e todo o resto. Mas sabe uma coisa? É uma tolice dizer que não me atrai.

Ela pestanejou e se surpreendeu tanto, que esteve a ponto de perder o equilíbrio.

-Não está cega e de estúpida não tem nada. Tem que te haver dado conta de que te desejo.

-É certo?

-Sim.

Beijou-a brevemente, mas foi suficiente para deixá-la sem fôlego.

-Agora também, com toda essa gente aí fora? Embora não me tenha jogado em cima de ti?

-É isso o que pensava? -esboçou um sorriso sensual que lhe acelerou o ritmo do coração-. Solo porque me pilhasse por surpresa e me deixasse convexo no chão não quer dizer que fora a única razão pela que me comportei assim a semana passada.

Wynn assentiu. Mas os pormenores do interlúdio de na semana anterior não tinham já importância. O importante era o presente, e o que mais desejava era que voltasse a beijá-la.

Mas ele continuou lhe olhando os lábios enquanto lhe acariciava as bochechas muito devagar com os polegares de ambas as mãos.

-Wynn, pilhou-me por surpresa, carinho, mas de maneira nenhuma poderia me superar em uma confrontação física.

-De acordo.

Ele se pôs-se a rir e sacudiu a cabeça.

-Quer me tranqüilizar, né? -e a beijou de novo-. É maravilhosa, sabe? Nunca conheci a uma mulher que desejasse a um homem mas que não deixasse de insultar sua masculinidade a cada momento -então lhe levantou a cabeça e lhe beijou o pescoço e detrás da orelha-. Um destes dias -disse-lhe enquanto lhe mordiscava a orelha-. Lhe vou demonstrar isso.

-Sim.

Não tinha nem idéia do que queria lhe demonstrar, mas fora o que fora, estava disposta a participar.

Essa vez sua risada foi mais forte. Olhou-a e assentiu.

-De acordo. O que devo fazer? depois de tudo, solo sou um homem, sou feito de carne e osso -disse com um sorriso picasse.

-E bem?

-vais estar na rede esta noite?

Isso chamou a atenção ao Wynn, que o olhou esperançada e emocionada.

-Sim. Claro, é obvio.

-Que ânsia -sorriu e lhe beijou o lábio inferior-. Sei que isto está mau, juro que sei. Mas, maldita seja, mulher, está-me voltando louco.

Ela sorriu com expressão sonhadora.

-Você também me está voltando louca. Tentei te deixar em paz para que te acostumasse para mim...

-Ja! -Zack sorriu-. Isso me levaria toda uma vida.

Ao Wynn gostou do que disse. Toda uma vida com o Zack. Cada dia, cada minuto, sentia-se mais atraída para ele, em um milhão de maneiras distintas.

Ao ver sua expressão, ele sacudiu a cabeça.

-Wynn, não te estou prometendo nada. Se nos juntarmos esta noite, será sozinho para fazer o amor.

Suas esperanças caíram em picado. mordeu-se o lábio sem saber o que fazer. Por uma parte, nunca lhe tinha ido o sexo assim. Mas por outra, nunca tinha desejado a um homem como desejava ao Zack.

Não sabia nada do futuro, mas talvez averiguasse algo essa noite. Uma vez tomada a decisão, logo que podia esperar.

                                                               Capítulo Oito

Zack foi ver o Dani por última vez inclinou-se para lhe dar um beijo, e Dani se moveu um pouco e estirou ligeiramente.

-Papai?

Zack sentiu um nó na garganta; solo o chamava assim quando estava muito cansada ou se feito mal. sentou-se no bordo da cama e lhe acariciou a bochecha.

-Sim, carinho, sou eu.

Então bocejou e tomou a mão a seu pai.

-Hoje o passamos muito bem.

-Sim, é certo -disse Zack sonriendo.

-Eu gosto de muito Wynn.

-De verdade?

Ela assentiu.

-E a ti também.

Zack vacilou. Sua filha nunca tinha feito de casamenteira, de modo que aquela afirmação em particular o pilhou por surpresa.

-Parece-me agradável -disse finalmente.

-A mim mas que isso. É a mais divertida do mundo.

-Descarado -Zack lhe fez cócegas-. Mais divertida que eu?

-É a mulher mais divertida -Dani bocejou outra vez-. vou ficar me com ela.

Havia-o dito médio dormitada, em voz baixa, mas mesmo assim a ouviu.

-Dani? O que quer dizer com isso?

-Quero que seja minha -anunciou-lhe sua filha, médio dormitada-. Poderia ser sua esposa e minha mamãe.

Zack ficou olhando a sua filha. Desde não ter estado sentado na cama, teria se cansado ao chão. Dani já tinha fechado os olhos e tinha a cabeça apoiada sobre a palma da mão.

Então sorriu agradada e disse:

-E poderia ter um irmão -abriu um olho-. Quero um irmão, papai.

-Carinho...

-Um irmão como Conan.

Santo céu!

-Eu lhes vou ajudar a lhe trocar os fraldas.

-Sei que o faria, carinho, mas o ter um irmão leva muito tempo.

Fechou de novo os olhos.

-Ao Josh também gosta de Wynn.

Zack ficou gelado.

-Você crie?

-Talvez ele queira um irmão -franziu o cenho-. Isto, um filho.

Zack tinha tentado falar com o Josh sobre seu interesse para o Wynn, mas não tinha tido oportunidade. Quando os amigos do Wynn se largaram, Josh se tinha ido também.

ficou ali, pensando no que Bo lhe havia dito. Wynn não saía com homens, e muito raramente tinha mostrado verdadeiro interesse pelo sexo oposto. Sua reação para ele, dito por aqueles que a conheciam, tinha sido extrema.

Marc o tinha avisado de que Wynn era uma mulher pouco comum, que via o mundo de uma maneira pouco habitual.

Como se lhe tivesse feito falta esse aviso! Já se tinha dado conta ele desde o começo.

Clint tinha acrescentado que era uma mulher divertida, mas que odiava perder. Em algo. Se o desejava, seria difícil dissuadir a dessa idéia.

E todos tinham coincidido em que queria ao Zack.

Sorriu. O comportamento do Wynn era resolvido, mas também alentador. E uma vez que se deu conta de que a reação era tão única para ela como para ele, sua resistência tinha desaparecido.

Zack permaneceu em silêncio, pensando no que se inteirou esse dia, e também no que sentia sua filha, até que a ouviu roncar ligeiramente. Deu-lhe um beijo na frente e ficou de pé. Pela janela aberta de seu dormitório entrava uma brisa suave.

Zack foi à janela e olhou. Como tinha prometido, Wynn estava na rede, esperando-o. Ao vê-la, lhe puseram os músculos tensos e uma quebra de onda de calor o percorreu de cima abaixo.

Tinha muitas coisas que considerar. Mas de momento, tinha que fazê-la sua.

Deixou a sua filha na habitação e fechou a porta com suavidade. tirou-se os sapatos para não fazer ruído enquanto cruzava a casa para a porta traseira. Enquanto caminhava, começou a desabotoá-la camisa deixando que a brisa mitigasse o calor de sua pele.

O que planejava, o que ambos planejavam, pareceu-lhe peralta e provocador, e tão erótico que já estava excitado antes inclusive de tocá-la.

Estava de costas a ele, abraçando-se à cintura.

-Wynn -disse-lhe quando chegou por fim a seu lado.

voltou-se com tanta rapidez, que quase perdeu o equilíbrio.

-Não te ouvi chegar! -e acrescentou rapidamente-: Tinha medo de que trocasse de opinião.

Sua sinceridade o sacudiu. Wynn expor seu coração sem reservas, e sua confiança lhe pesou como uma laje. Era uma responsabilidade que não desejava.

-Tive que deitar ao Dani.

Wynn olhou para sua casa.

-Estará bem ali sozinha?

-Dani dorme como um urso hibernando. Mas se se levantasse, buscaria-me na banheira de hidromassagem. Se assim fora, veríamos a luz do pátio.

Ela assentiu.

-Muito bem.

-Está nervosa?

-um pouco -moveu os pés e se aproximou um pouco mais a ele-. Nunca tive uma entrevista sexual em minha vida.

Zack sorriu.

-Eu tampouco.

-Não?

-Não trago para mulheres a casa pelo Dani. Esta é sua casa e eu jamais faria isso. Meu horário de trabalho é já bastante anormal e, quando tenho um momento para estar com ela, eu não gosto de perdê-lo com mulheres.

-Então não saíste muito desde que morreu sua esposa?

-Mais ultimamente que antes -tinha estado procurando esposa, de modo que isso tinha sido necessário-. Embora isso não signifique muito.

-Sei que não te ficaste celibatário.

pôs-se a rir ante sua incredulidade.

-O que tem Wynn, que me faz rir nos momentos mais estranhos?

Ela franziu o cenho.

-Não foi minha intenção te divertir. E o que tem de estranho este momento?

Zack lhe roçou a bochecha, deslizou-lhe os dedos pela garganta e pelo ombro nu. Levava um vestido de algodão escuro sem mangas, como uma espécie de camisa larga, e tinha a pele quente e suave.

-É estranho, porque estou tão excitado que logo que posso respirar.

-Zack -disse enquanto o abraçava-. Como... como vamos levar tudo isto? Não só não tive nenhuma entrevista, mas sim alguma vez tenho feito o amor em uma rede -levantou a cabeça, e seu fôlego lhe acariciou a bochecha-. E você?

-Não, mas não importa -beijou-a de novo, primeiro na têmpora e depois no nariz-. Está totalmente segura disto, Wynn?

Vacilou um momento, o suficiente para assustá-lo.

-Muito segura.

-Graças a Deus -beijou-a de novo saboreando sua excitação, sua urgência, quase iguais às suas.

Tinha uns lábios tenros e carnudos que se separaram para deixar-se beijar. E beijar ao Wynn era... bom, era certamente emocionante. Mas era mais que isso. Enquanto a beijava, sentiu sua cabeça dando voltas e umas cãibras nas coxas. Deslizou-lhe uma mão por seu delicioso traseiro e a estreitou com força contra seu corpo; quando ela começou a esfregar-se contra sua ereção, começou a gemer sem podê-lo remediar. Ao momento ambos estavam já ofegando.

Wynn lhe retirou a camisa dos ombros, e ele terminou de tirar-lhe e a atirou ao chão. Wynn gemeu de aprovação quando lhe estendeu ambas as mãos sobre o peito e o acariciou enquanto o provocava com suas mãos e com os movimentos de seu corpo.

Ele a fez retroceder até a árvore; quando chegaram ao tronco, imobilizou-a com seus quadris e se apertou contra ela. Começou a lhe tocar os peitos com entusiasmo enquanto se beijavam, lambiam e exploravam ardentemente. Zack adivinhou a rigidez de seus mamilos e sentiu a sacudida de seu corpo quando começou a tocar-lhe Mas não era suficiente. Baixou-lhe os suspensórios do vestido até os cotovelos, e Wynn tirou os braços de modo que o vestido ficou cansado pela cintura.

Sob a luz da lua, seus seios nus pareciam de mármore e os mamilos escuros e apetitosos. Zack se estremeceu de desejo e inclinou a cabeça para lhe sugar um mamilo com ardor.

-Zack!

-Cala...

O lambeu e apanhou entre os lábios. Os sensuais sons que provocou nela, gemidos de avidez, de verdadeira satisfação, desataram seu desejo. Quando lhe levantou o vestido, deu-se conta de que não levava braguitas.

-Caramba...

Zack se viu em uns olhos que o olhavam cheios de surpresa, enquanto lhe acariciava o traseiro de pele sedosa. Fechou os olhos de uma vez que a explorava, enquanto se desfrutava com as sensações que lhe produziam suas carícias e a sensualidade do momento.

-Caramba, Wynn -repetiu.

-Eu... -murmurou em tom ofegante-. Pensei que a roupa interior só seria um obstáculo, e eu... não sabia se...

Zack ficou de joelhos e lhe levantou o vestido um pouco mais.

Assustada, Wynn tentou apartar-se, mas ele a sustentou contra a árvore.

-Mas o que está fazendo? -disse em tom frenético enquanto o empurrava pelos ombros.

-Está tudo escuro -Zack a olhou e viu que estava confundida-. Nenhum homem te beijou aqui?

Lhe pegou no ombro.

-Zack -sussurrou e, para surpresa do Zack, olhou a seu redor.

Ele não pôde evitar tornar-se a rir.

-É um pouco tarde para preocupar-se dos olheiros, não te parece?

Wynn seguia agarrando-o pelos ombros, para que não se aproximasse dela.

-Não podemos fazer isso aqui fora!

-Podemos fazer o amor mas não praticar o sexo oral?

Ela soltou uma exclamação entrecortada, visivelmente escandalizada por suas palavras enquanto passeava o olhar pelo pátio deserto.

Ao Zack adorou. Por uma vez, levava ele as rédeas e não pensava as soltar. Sobre tudo porque ansiava saboreá-la, ouvi-la gemer quando alcançasse o climax.

-Te vai gostar, Wynn -provocou-a-. E a mim também.

-Não sei...

Agarrou-lhe o vestido com força por detrás enquanto amaldiçoava as inoportunas nuvens que obscureciam a luz da lua. Queria vê-la por inteiro, não só pela metade. E sobre tudo, desejava ver cada suave e rosado centímetro de seu sexo, a fenda de seu umbigo.

Gemeu. O que já via lhe pareceu espetacular. Tinha as coxas escuras, de pele tersa, e nesse momento apertados o um contra o outro enquanto os acariciava. Olhou-lhe os peitos, grandes como o resto de seu corpo, turgentes e brancos.

Não via bem a cor do pêlo que se frisava entre suas pernas, mas supôs que seria da mesma cor que suas sobrancelhas. Deslizou os dedos entre seu pêlo e a ouviu gemer de prazer. inclinou-se e pegou a bochecha a seu ventre enquanto a tocava.

Seu ventre... Bom, sempre lhe tinham gostado dos ventres das mulheres. Para o Zack era a personificação da femineidad: suaves, lisos e levemente arredondados. Wynn tinha um ventre extremamente sensual. Sentiu seu estremecimento, voltou-se, beijou-a e lhe lambeu o umbigo, enquanto não deixava de brincar com os dedos. Solo a estava roçando, mas isso a excitava tanto que pensou que ia explorar ali mesmo.

-Zack, não sei se eu gosto disto...

-Você gostará -assegurou-lhe em tom rouco.

Deslizou os dedos um pouco mais abaixo e pouco a pouco foi metendo-lhe entre as coxas apertadas. Suas nádegas lhe pressionavam a mão que sujeitava seu vestido, e Zack a empurrou um pouco para diante.

Seguiu tocando-a um pouco mais. Wynn tinha suas zonas mais íntimas torcidas, quentes e molhadas. Começou a tocá-la brandamente, lhe deslizando o dedo de diante atrás até que ela ficou ainda mais molhada. Chegado esse ponto, Zack lhe introduziu um dedo até o fundo.

Wynn apertou os joelhos e emitiu um gemido carregado de prazer.

-Isto... não é o que eu esperava -sussurrou.

-Abre as pernas, Wynn.

Ela jogou a cabeça para trás.

-Excita-me muito... que me diga isso -olhou-o-. Muitíssimo.

Zack a olhou.

-te abra, Wynn?

Wynn suspirou longamente e então separou as pernas. Zack esteve a ponto de perder o controle quando viu que o fazia solo para ele.

-O que vais fazer? -perguntou, tão excitada como o estava ele.

-Isto -disse-lhe enquanto deslizou o dedo um pouco mais, para ao momento tirá-lo; seus músculos o apertaram com força, e Zack lhe introduziu um segundo dedo-. Está muito apertada, Wynn.

Ela elevou os braços e se agarrou a um ramo que havia sobre sua cabeça; então abriu as pernas um pouco mais.

-Esperava outra coisa de uma garota grande como eu?

-Nunca sei o que esperar de ti -Zack aspirou o aroma de sua pele-. Cheira de maravilha.

Wynn protestou um pouco quando ele retirou os dedos, e começou a acariciá-la de novo até que lhe estendeu aquele mel quente sobre o clitóris.

Ela gemeu enquanto se estremecia de pés a cabeça. Ele continuou acariciando-a, por toda parte, provocando-a cada vez mais, empurrando-a ao limite. Wynn adiantou os quadris; todo seu corpo estava em tensão, e Zack percebeu o aroma de fêmea excitada, fresco e penetrante.

Tinha passado tanto tempo. Muito tempo. inclinou-se para diante, abriu-a um pouco mais com os dedos e lhe aproximou a boca para começar a saboreá-la com avidez e satisfação. O contato foi tão surpreendente, tão intenso, que tentou apartar-se, mas ele a sujeitou contra a árvore enquanto saciava sua sede.

Wynn se deu por vencida e abriu ainda mais as pernas, lhe dando melhor acesso. Zack não desperdiçou a oportunidade e se trabalhou em excesso em lhe lamber e lhe chupar a carne doce e quente. Ela o agarrou por cabelo e lhe apertou a cara contra seu corpo.

Ao Zack o coração pulsava com força no peito, e o membro lhe apertava contra a cremalheira das calças jeans. Não podendo esperar nem um segundo mais, ficou de pé e lhe deu a volta.

-te agarre à árvore.

Sem fôlego, Wynn o olhou por cima do ombro.

-O que...?

Zack se abriu a cremalheira e ficou a camisinha em poucos segundos. aproximou-se dela, deslizou-lhe os dedos para abri-la um pouco e a mordiscou no ombro enquanto tomava sem trégua.

Wynn colocou as Palmas estendidas sobre o tronco da árvore gemendo ao mesmo tempo que ele. Zack começou a acariciá-la por toda parte. Manuseou-lhe os peitos, tocou-lhe os mamilos, acariciou-lhe o ventre e continuou mais abaixo, brincando com os dedos até que ela gritou, relaxou-se e ele pôde penetrá-la até o fundo.

-OH, sim... -gemeu Zack, porque finalmente estava onde queria estar desde quase o primeiro momento que a tinha visto-. Joga para atrás os quadris, Wynn. te aperte contra mim, carinho. Isso, isso.

Agarrou-a pelos quadris e a ajudou. Quando ela conseguiu igualar o mesmo ritmo frenético, ele voltou a acariciá-la entre as pernas com uma mão, enquanto que com a outra lhe tocava os peitos.

Tinha as costas empapada em suor, apesar de que não era aquela uma noite calorosa. Colina os olhos com força e se concentrou para não perder ainda o controle. Desejava que Wynn voltasse a alcançar o climax com ele. Então lhe pegou a cara ao ombro enquanto todos os músculos de seu corpo tremiam da tensão; de repente ela ficou imóvel.

-Sim, Wynn -urgiu-a sabendo que não duraria muito.

Agachou a cabeça entre os braços rígidos que a sustentavam contra a árvore e emitiu um grito rouco e sensual que foi o que finalmente a fez perder o controle.

estremeceu-se ao tempo que alcançava o climax, enquanto lhe cravava o membro com força, enquanto Wynn bamboleava os quadris sinuosamente ao compasso dele e gemia descontroladamente.

Uma mulher grande era muito melhor, muito melhor.

derrubou-se sobre ela, o qual a obrigou a fazer a mesma contra a árvore. Momentos depois, ela se voltou um pouco.

-Zack?

-Mmm.

Zack não queria mover-se dali. Nunca.

-Esta árvore não é muito cômodo -disse Wynn-. E se vamos à rede?

As pernas lhe tremiam ainda, e o coração não tinha retomado seu ritmo normal. Além disso, zumbiam-lhe um pouco os ouvidos.

-Sim, claro. Não passa nada.

Empenhado em não derrubar-se, ficou direito muito lentamente.

tirou-se a camisinha e o atirou na erva, de onde pensou retirá-lo depois, e então subiu as calças outra vez.

Todo isso lhe custou mais esforço de que podia fazer, e a ponto esteve de cair ao chão. Olhou a rede, que não estava muito longe, tendo em conta que eles estavam apoiados contra uma das árvores que a sujeitava. Jogou o braço ao Wynn e caíram sobre a lona. Ela se pôs-se a rir quando a rede começou a balançar-se com força de lado a lado, e se acurrucó até que esteve quase em cima dele.

-Me gostou de muito o queime tem feito -disse-lhe na voz mais delicada e feminina que lhe tinha ouvido.

Zack fechou os olhos e sorriu.

-Disse-lhe isso.

-você gosta?

Abriu um olho e viu que Wynn parecia duvidosa.

-Minha única queixa é que de novo me empurrou a perder o controle.

-Não é certo!

-Queria passar mais tempo te saboreando -sorriu-. Eu gosto de seu sabor -ela esfregou a cara contra seu peito e ele, como se sentia tão completo, tão satisfeito, justificou-se-. Ao menos esta noite poderei dormir bem.

-Quer dizer que ultimamente não dormiste bem?

Plantou-lhe ambas as mãos no traseiro e a abraçou.

-Não. estive tão inquieto como um adolescente em zelo.

Isso a fez rir, mas rapidamente ficou séria.

-Meus pais vêm amanhã.

Zack bocejou.

-Sim, é certo.

Ela o olhou com acanhamento enquanto brincava com o pêlo de seu peito.

-Esperava poder repetir isto.

Zack se deu conta do que dizia e ficou quieto. Maldição, uma só noite não era suficiente para saciar-se dela! Tinha estado muito excitado e tinha terminado muito rápido. Não se tinha deleitado com ela, não a tinha explorado como tinha planejado, como pensava fazer assim que tivessem ocasião. Uma semana, talvez dois, tirariam-lhe de cima o nervosismo. Mas não uma só noite.

-Devo assumir por sua expressão carrancuda que quer fazê-lo outra vez?

Zack levantou a cabeça o suficiente para dar um festim lhe dando um beijo molhado, lento e devorador. Quando se separou dela, os dois estavam ofegando outra vez.

-Sim -disse-. Deve assumi-lo.

Wynn apoiou a cabeça em seu ombro. Tinha uma perna dobrada sobre o corpo do Zack e a outra estirada até o extremo da rede. Ele tinha uma perna junto à dela e o outro pé apoiado no chão para balançá-los.

-Seus pais são muito protetores?

Ela soprou.

-Não.

Não gostou da rapidez com que lhe tinha respondido. Os pais deviam ser protetores, especialmente com uma filha que vivia sozinha.

-Tenho planos para amanhã e na terça-feira, mas na quarta-feira de noite chegarei a casa por volta das oito. Por volta das nove e meia, Dani pode estar dormida -disse enquanto ideava um sem-fim de possibilidades eróticas-. Poderia vir para ver-me, digamos, para utilizar a banheira de hidromasaje, e que eles não venham detrás de ti a ver o que faz?

Embora Wynn não se moveu, os batimentos do coração de seu coração a delataram.

-Digamos melhor às dez. Meus pais estarão já na cama a essa hora.

-Estarei pendente, porque já será de noite.

Com a postura do Wynn, Zack começou a acariciá-la de novo entre as pernas, onde imediatamente sentiu calor.

-Fez o amor em uma banheira de hidromasaje alguma vez?

-Não -olhou-o com uma mescla de excitação e suspeita-. E você?

Zack pensou que talvez estivesse algo ciumenta e, coisa estranha, gostou.

-Não -disse-lhe-. Mas tampouco o tenho feito contra uma árvore, nem em uma rede.

Acariciou-lhe os lábios tenros, ainda inchados, ainda molhados de fazer o amor, e então lhe deslizou um dedo dentro.

Ela ofegou.

-Eu tampouco.

Como estava virtualmente escarranchado sobre ele, Zack deu impulso para que a rede se movesse. Ela se agarrou a seus ombros para não cair. Zack lhe olhou os peitos nus e isso foi suficiente para ficar em tensão de novo.

-Tenho outra camisinha no bolso.

-Que homem tão preparado.

Zack se pôs-se a rir, mas quando ela se abraçou a ele e começaram a beijar-se de novo, solo pôde pensar em lhe fazer o amor. na quarta-feira parecia muito longe, assim teria que fazer que aquilo durasse.

-Wynn?

-Mmm? -continuou lhe beijando a boca, a bochecha.

-Sobe um pouco.

Ela ficou olhando-o.

-por que?

-Porque quero te beijar os peitos. E depois o ventre; tem um ventre adorável, por certo. E depois, talvez queira te mordiscar um pouco esse traseiro teu tão apetitoso.

Ela tragou saliva com dificuldade.

-Vai A... me fazer isso outra vez?

Ele assentiu devagar.

-Certamente. Conta com isso.

Wynn ficou imóvel um momento, agüentou a respiração e então o atacou com excitação logo que contida. Para o Zack, resultava muito estranho sentir risada e desejo ao mesmo tempo. Estranho, mas também aditivo.

 

Eram mais das doze da noite quando finalmente arrastou seu corpo gasto e satisfeito até sua casa. E como suspeitava, nada mais meter-se na cama ficou dormido com um sorriso estúpido nos lábios.

                                                       Capítulo Nove

-Carinho!

Wynn se pegou tal susto para ouvir aquela voz tão gritã, que perdeu o equilíbrio e se precipitou ao vazio da escada de mão em que estava ascensão. Tentou agarrar-se ao telhado, mas foi muito tarde. Aos poucos segundos, aterrissava sobre uns arbustos com um golpe sonoro. A escada de madeira lhe caiu em cima.

-OH, Meu deus! Wynn! Wynn! -viu um brilho de seda vermelha ao tempo que seu pai se ajoelhava diante dela-. Minha menina! Está bem?

A cabeça lhe dava voltas e sentiu uma dor no flanco. Tinha a boca cheia de folhas e algo agudo lhe cravava no quadril. Seu pai começou a lhe retirar coisas do cabelo, mas nesse momento chegou sua mãe e o empurrou a um lado.

-meu deus, quase a matas, Artemus! -sua mãe, que vestia uns jeans descoloridos cortados pelo joelho e uma camiseta larga tinta conosco, inclinou-se sobre ela-. Menos mal que estamos aqui, Wynonna; quase lhe matas, filha.

Wynn ficou olhando-os. Se seu pai não a tivesse assustado, não se teria cansado. Claro que, nem sequer tinha ouvido aproximar o carro. É obvio, tinha estado pensando no Zack e no alucinante episódio que tinha tido lugar a noite anterior.

A mãe olhou a seu marido.

-Artemus, olha-a! Acredito que se feito mal na cabeça.

-Né, princesa? Neném, pode nos ouvir?

de repente, Artemus sentiu que alguém que não era sua esposa o apartava a um lado com determinação. Zack, vestido só com uns jeans que ainda não tinha terminado de grampear-se, agachou-se diante dela.

-Wynn? -disse-lhe em tom suave e aflito enquanto lhe acariciava a bochecha-. Não te mova, céu. te esteja aquieta até que me assegure de que está bem.

«Céu?» Wynn olhou a seus pais e viu que olhavam ao Zack com especulação. OH, Meu deus.

-Isto... o que faz aqui?

Era muito cedo, nem sequer as sete da manhã, e Zack tinha estado preparando-se para ir-se trabalhar.

-Estava me fazendo o café quando te vi subir a essa escada. Quando me estava vestindo vi como te caía.

-Meu pai me assustou.

-Vá! -Artemus exclamou em tom ofendido-. Se não tivesse o cabelo metido nos olhos, teria-me visto chegar.

Zack se voltou a lhe dizer algo, mas ficou mudo. Aquele dia o pai do Wynn estava totalmente em forma. Vestia uma camisa de seda vermelha, desabotoada por acima, de modo que ensinava um bom arbusto de pêlo encaracolado e algo grisalho; uns jeans azul marinho de desenho que lhe sentavam como uma segunda pele, e uns sapatos abotinados que reluziam como espelhos. Nas mãos levava dois anéis e o enorme solitário de diamante que quase nunca se tirava, e uma cadeia de ouro ao pescoço. Tinha o cabelo castanho dourado, muito distinto ao do Wynn, penteado com raia no meio e quase pelos ombros.

Zack fechou a boca e se voltou para o Wynn sem mediar palavra.

-Onde te dói?

-Em nenhum sítio. Estou bem -mas quando foi incorporar se, fez uma careta de dor e Zack a agarrou pelos ombros-. Não, deixa que te examine.

-Papai?

Dani estava ali, ainda em camisola e com sua manta de felpa amarela na mão. Wynn lhe sorriu.

-Estou bem, fantasia de diabo.

-Tem-te cansado nos arbustos.

-Menos mal.

Dani sorriu.

-Vi-te no telhado. Eu também queria subir.

Zack se voltou tão bruscamente, que todos se assustaram.

-Dani, se te pilho pensando sequer em fazer algo assim, ficará um mês inteiro sem sair de seu quarto -Zack soprou e então se voltou para o Wynn; parecia furioso-. Wynn te vai dizer que o que tem feito é uma estupidez, verdade, Wynn? -disse-lhe em tom de advertência.

Todos a olharam. Seus pais esperando sem dúvida que o fizesse pedaços. Jamais deixava que ninguém lhe falasse assim. Mas Dani estava ali, esperando, e solo de pensar que pudesse subir ao telhado lhe pôs a pele de galinha.

-Deveria ter esperado até que houvesse alguém abaixo para me agarrar a escada, Dani. Às vezes faço coisas sem pensar. É um cacoete.

Sua mãe soltou um gemido entrecortado e seu pai fingiu cambalear-se. Zack assentiu em sinal de agradecimento.

-Papai, mamãe, este é meu vizinho, Zack Grange, e sua filha Dani -disse Wynn, mais aliviada-. Zack é enfermeiro de urgências.

-Ah, isso o explica tudo -disse seu pai com humor.

Wynn fez uma careta enquanto Zack lhe pressionava ligeiramente o flanco.

-Zack, apresento a minha mãe, Chastity, e a meu pai, Artemus.

-Eu gosto de muito Wynn -disse Dani.

Zack não emprestou atenção às apresentações.

-Deixa que te suba um momento a camisa para ver o que te tem feito -Zack não esperou e lhe levantou a camisa; Wynn tinha um arranhão muito grande da base das costelas até quase o peito-. Isto terá que limpá-lo.

-Eu me curarei isso assim que me levante -disse Wynn, que se apoiou na parede da casa para incorporar-se; mas quando tentou fazer um esforço, esteve a ponto de cair.

-O que te dói? A perna?

-Não -choramingou com os olhos fechados-. É o dedo mindinho do pé.

-O dedo mindinho? -perguntou seu pai.

Estava apoiada sobre a perna esquerda, de modo que Zack assumiu que se teria feito mal no outro pé.

-vou levantar te -disse-lhe-. Me diga se te fizer mal.

-Zack! Não pode comigo.

-Pesa mais que eu -disse seu pai.

-Disso nada!

Ao momento seguinte, Zack a levantou. Não lhe tremiam os braços e tinha as pernas firmes.

de repente, Wynn se deu conta de que fazia anos que ninguém a levantava em braços. Até o Conan dizia que era muito grande.

E por parvo que parecesse, gostou. Jogou os braços ao pescoço, mas lhe pediu que a baixasse.

-Dani, vêem comigo a casa do Wynn. Vestiremo-lhe em um momento -disse Zack, que nem sequer estava fatigado.

Wynn olhou a seus pais, que contemplavam a cena com assombro.

-Vamos, Dani -disse-lhe seu pai-. Me abra a porta. Acredito que os pais do Wynn estão um pouco assombrados.

-Estão confundido porque de repente chega um vizinho, começa a toquetearme e depois me levanta em braços com uma confiança que não me viram exibir com nenhum homem.

-Não te estava «toqueteando», a não ser examinando. Há uma grande diferencia.

-Sim, bom, mas pelas caras que puseram, parece que para eles é o mesmo.

Zack se deteve um momento. O fôlego cheirava a pasta de dente.

-Estava-te olhando pela janela. Se quiser que te diga a verdade, quando te vi cair me parou o coração.

O tom sensual e afetuoso do Zack a fez sentir algo estranho por dentro.

-Sinto muito -respondeu no mesmo tom que ele-. Não ouvi chegar a meus pais.

-Estava sonhando acordada -disse Dani enquanto abria a porta com impaciência.

-É isso certo? -Zack entrou pela cozinha e foi para o salão-. Estava sonhando, Wynn? Pergunto-me com o que?

-Como se não soubesse -disse-lhe ao ouvido, e ele sorriu com satisfação.

No salão, Zack a deixou com cuidado no sofá e lhe desabotoou os cordões do sapato com cuidado.

-Deixa-o. Seguro que tenho o pé suado. Levo trabalhando das cinco da manhã.

-Descansa alguma vez? -Zack lhe apartou as mãos e lhe tirou o meia três-quartos-. Suado -confirmou enquanto o deixava a um lado e começava a lhe examinar o dedo.

O dedo pequeno estava já arroxeado e o inchaço lhe subia pela impigem.

-Maldita seja, Wynn. Tem-lhe quebrado isso. Precisa te pôr gelo e depois enfaixá-lo. Pode verte o médico hoje mesmo?

-Para o dedo mindinho? -olhou-o com incredulidade-. Não seja ridículo.

Wynn duvidava muito que pudesse ir ao médico, conforme lhe doía o pé.

abriu-se a porta da cozinha e seus pais se aproximaram do sofá. Imediatamente, Zack os olhou.

-Preciso ir a trabalhar -disse-lhes-. Wynn tem um dedo quebrado, talvez o pé, e necessita que lhe façam umas radiografias. Também tem muitos arranhões que lhe deveriam curar.

Chastity olhou ao Zack de cima abaixo.

-Bom, você vá-se, jovem. Agora estamos aqui; ocuparemo-nos bem dela.

-É hippie! -disse Dani com assombro.

-Dani! -repreendeu-a Zack.

Mas Chastity pôs-se a rir.

-Há-te dito isso minha filha?

Dani assentiu.

-E que leva anéis nos dedos dos pés.

-Só dois, mas são feitos de um metal especial que tem poderes curativos. Ao melhor ponho um ao Wynn para que lhe cure o dedo.

-Não! -exclamou Zack-. Nada de anéis. Necessita uma radiografia -acrescentou devagar mas em tom firme.

Ao ver sua expressão séria, Wynn cedeu.

-Bom, vale.

-Pela tarde deverei ver como está. Enquanto isso, senhora Lane, por que não vai a por um pouco de gelo para o inchaço? E você, senhor Lane, poderia trazer o telefone ao Wynn para que possa chamar a seu médico?

Seus pais pareciam contentes de ser úteis. Artemus foi a pelo telefone e Chastity correu à cozinha.

Nada mais sair do salão, Zack se inclinou sobre ela.

-Sinto não ter mais tempo. Se não for, chegarei tarde.

-Entendo-o. De verdade, estou bem. Quando chegar esta noite, meu pé grande e eu estaremos bem descansados.

Lhe roçou a bochecha.

-Pés grandes para uma mulher grande e bela.

Wynn sorriu e sentiu como se lhe liquidificasse o cérebro.

-Verei-te logo.

-Pensei que tinha planos.

-E os tenho -disse sem mais explicação.

Wynn queria lhe perguntar quais eram, mas tinha medo de que fora a sair com outra mulher.

Dani lhe deu um beijo na bochecha.

-Logo venho a verte. Te vou fazer um desenho.

Nesse momento, Chastity entrou com uma terrina cheia de gelo e vários trapos de cozinha na mão.

-É você a que tem feito esse desenho tão artístico que há na porta do frigorífico? -perguntou- a mãe ao Dani enquanto se sentava descuidadamente no sofá.

-Sim, foi ela. Verdade que tem talento?

-Muito -disse Chastity enquanto envolvia umas partes de gelo em um pano-. provaste alguma vez as pinturas de dedos?

Tanto Wynn como Zack fizeram uma careta.

-Mamãe, com isso fica tudo perdido.

-E o que? -fez um gesto com a mão como lhe tirando importância-. Você e suas manias de limpeza. Dani é uma menina! Não é bom curvar seu espírito criativo solo porque vá manchar se um pouco as unhas.

Com muito cuidado, Chastity lhe pôs o pano com gelo sobre o pé.

-Traga-me minhas pinturas de dedos comigo, Dani. você adorará, já o verá.

-Obrigado -respondeu Dani.

Nesse momento, entrou Artemus com o telefone na mão.

-Aqui o tenho -o passou ao Wynn junto com uma pequena agenda; então se voltou para o Dani e lhe acariciou a cabeça-. Uma trança preciosa -disse antes de olhar a sua filha-. Não quer que te arrume um pouco o cabelo enquanto faz a chamada?

-Não -disse Wynn imediatamente, e seu pai fingiu ficar sério.

Zack tomou ao Dani em braços.

-Temos que ir correndo. Wynn, recorda o que te hei dito.

Cinco segundos mais tarde, Zack partiu. Wynn se recostou no sofá. Pulsava-lhe o pé, doíam-lhe as costelas, ardiam-lhe os arranhões que tinha por todo o corpo.

Nesse momento, seus pais a olhavam com espera.

Duvidava que Zack se deu conta ainda, mas depois de tudo o que acabavam de presenciar, não se tragariam uma simples visita a banheira de hidromasaje. Não. Eram excêntricos, mas não tinham um cabelo de tolos.

E reconheciam a química sexual quando a tinham diante.

Sua mãe, fingindo de repente muito interesse em seu dedo inchado, disse:

-Caramba, caramba. Que bombom -olhou ao Wynn de soslaio com um sorriso de cumplicidade.

-Muito viril -comentou o pai enquanto se atirava do pendente distraídamente e olhava as pernas ao Chastity; apesar de levar muitos anos de matrimônio, Artemus seguia sentindo uma atração especial por sua esposa-. Isto, imagino que está solteiro.

Wynn se arrellanó no assento.

-Sim.

Reinou o silêncio durante uns momentos, e então seu pai se agarrou as mãos e suspirou.

-Bom, a menina tem um cabelo maravilhoso. Ou ao menos o terá quando eu me dele ocupe. Em geral, eu diria que seriam uma maravilhosa ampliação para a família. O que te parece, Chastity?

Sua esposa sorriu.

-Acredito que chegamos bem a tempo de ver as faíscas da paixão.

 

Assim que saiu do carro, Zack ouviu o ruído que provinha da casa do Wynn. A música a todo volume se mesclava com as risadas e as vozes.

Eram as seis e meia da tarde, e estava cansado, faminto, preocupado e estresado. Parecia que se atrasou do momento em que se levantou da cama, e após não se recuperou.

Primeiro se tinha dormido. depois dos excessos da noite anterior e de dormir tão bem, o despertador tinha passado meia hora soando até que Zack o tinha ouvido. Quando se tinha recuperado disso, foi-se a preparar café antes de barbear-se. Enquanto acrescentava o café à máquina, tinha cuidadoso pela janela da cozinha e tinha visto o Wynn ascensão com precariedad a aquela velha escada de madeira tentando limpar os encanamentos. Imediatamente tinha subido a ficá-los calças e a despertar ao Dani, para sair e falar com o Wynn antes de que caísse.

Mas tinha sido muito tarde.

estremeceu-se sozinho de pensar no momento em que tinha aberto a porta e tinha visto o Wynn caindo desde aquela altura. Que sorte que solo se quebrado um dedo do pé!

Então pensou em seus pais e na descrição que Wynn lhe tinha dado o primeiro dia. Agora já sabia que tinha sido a adequada. Nunca tinha conhecido a um homem tão extravagante e teatral; cada palavra dela, cada gesto, eram exagerados.

Wynn era, como havia dito ela mesma, uma hippie. Tinha o cabelo comprido e loiro com mechas grisalhas, mas sua figura seguia sendo jovem. Certamente Wynn tinha herdado as preciosas pernas de sua mãe. Chastity não era tão esbelta como Wynn, mas em geral era uma mulher atrativa. Estranha, mas atrativa.

depois de sair de casa do Wynn, tinha voltado para a sua para terminar de preparar-se e partir a trabalhar. Tinha saído da casa justo na hora de sempre. Desgraçadamente, quando tinha chegado a casa do Eloise para deixar ao Dani, tinha-a encontrado muito doente. Eloise se tinha empenhado em que solo era gripe, mas Zack tinha insistido em levá-la ao hospital. Tinha chamado a seu supervisor e explicado por que chegaria tarde. Enquanto a mulher tinha preparado algumas costure se por acaso tinha que ficar em observação, Zack tinha chamado ao Josh, que esse dia tinha livre.

Uma mulher lhe tinha respondido ao telefone. Zack pensou em pendurar e chamar a outro amigo, mas Josh se pôs e, ao inteirar-se do que acontecia, havia ficado de ir procurar ao Dani ao hospital.

De caminho ao hospital, Zack tinha localizado à neta do Eloise, que havia ficado de encontrar-se com eles ali se por acaso sua avó tinha que ser internada.

Quando por fim tinha chegado ao trabalho, tinham passado quase duas horas. As mulheres que trabalhavam com tiraram o sarro poique ia barbear e por sua expressão afligida.

E tinha pensado no Wynn durante todo o dia.

Lhe invadia o pensamento, lhe perseguindo o ânimo e lhe esquentando o corpo. Em um momento, estava preocupado por ela e pelo que lhe tinha passado, e ao seguinte só pensava em lhe fazer o amor outra vez.

Nesse momento olhou para sua casa, em cujo caminho de entrada havia uns quantos carros estacionados.

Uma festa. Estava celebrando uma festa. Tinha-lhe prometido que tomaria com calma, que subiria o pé em alto e que descansaria. Em lugar disso, organizava uma festa.

Zack apertou os dentes e avançou para a rampa de sua cozinha. Bem. Que fizesse o que quisesse. limitaria-se a não fazer caso a ela e a suas irresponsáveis maneiras. Além disso, quanto menos se preocupasse com ela ou pensasse nela, melhor.

O que queria era possuí-la uma e outra vez, de muitas maneiras distintas. Desejava beijá-la por todo o corpo, começando pelos dedos dos pés, subindo pelas pernas até chegar a seu delicioso...

-OH, maldita seja -Zack abriu sua porta-. Já estou em casa -cantarolou.

Quando ninguém lhe respondeu, deu-se conta de que no caminho de sua casa não tinha visto o carro do Josh. ficou de pé no meio do salão, cansado e dolorido, pensando o que fazer.

Irritado e de mau humor, foi à cozinha para aparecer pela janela. Ali, no pátio do Wynn, havia ao menos uma dúzia de pessoas, incluídos Josh e Dani. De um alto-falante no pátio saía música a todo volume e também tinham montado uma rede para jogar peteca. Uma mulher que não conhecia jogava de casal com o Conan contra Marc e Clint, enquanto Bo estava apoiado contra uma árvore e animava aos jogadores.

No pátio, Chastity cantava enquanto dava voltas a um cravo que se torrava no andaime. Artemus, vestido nesse momento de negro, dançava com o Dani. Sua filha parecia levar uma das camisetas com tingido de nós do Chastity, que lhe chegava quase até os pés.

Zack olhou a seu redor e finalmente localizou ao Wynn. Estava sentada no sofá do pátio com o Josh. Ao ver que tinha o pé apoiado no regaço deste, ao Zack lhe encolheu o estômago.

Em poucos segundos cruzou a grama com a vista fixa no Wynn, que ainda não se deu conta de nada. Esse dia ia vestida com uma regata cor pêssego, muito parecido ao tom de sua pele, e umas calças brancas de pinzas que deixavam ao descoberto suas pernas largas e sensuais.

Zack sentiu uma angústia na garganta. Quando chegasse ia A...

Conan se aproximou de saudá-lo.

-Né, Zack, aonde vai? -aproximou-se dele um pouco mais-. O caso é que -sussurrou-lhe- parece muito zangado, e minha irmã leva todo o dia bastante desgostada.

-Sim -disse Zack, que não tinha deixado de observar ao Wynn enquanto ela sorria e ria com o Josh-. Parece muito desgostada.

Conan pestanejou e então pôs-se a rir.

-O ciúmes são um problema, verdade?

Zack jogou um olhar de advertência e o irmão do Wynn retrocedeu um pouco.

-De acordo -disse afogando um sorriso e levantando as mãos para acalmá-lo-. Retiro-o. Não está ciumento.

Zack entrecerró os olhos.

-E por que ia estar ciumento?

-Por nada! Por nada absolutamente. Quero dizer, cria-o ou não, Wynn está acontecendo-o mau; dói-lhe todo Y... Né, espera um momento!

Wynn estava sofrendo? Não podia suportá-lo.

Zack respirou fundo para tentar acalmar seu nervosismo. Normalmente não ficava assim, e sabia que a causador de seu estado de ânimo era Wynn e solo Wynn. Sempre tirava o pior dele. Claro que, também o excitava mais que nenhuma mulher que tinha conhecido em sua vida.

-Sinto muito. De verdade que sim -disse Conan em tom afável-. Meus pais lhe deram esta festa surpresa para ver se se animava um pouco, mas se vê que não se sente bem. Quero dizer, quebrado-se o dedo por dois sítios. O que te parece? Tem os pés maiores que a maioria, mas segue sendo o dedo mindinho.

Zack fechou os olhos e contou até dez; para cúmulo de maus, Conan seguiu falando naquele tom ligeiramente malicioso.

-Seu amigo esteve afugentando a todos de seu lado, incluídos meus pais. Pô- o pé ao Wynn sobre seus joelhos quando já lhe tinham dado três vezes sem querer. Tinha que havê-la ouvido gritar.

-Maldita seja.

Conan se esfregou o pescoço, olhou para o sol que se ocultava e depois para seus companheiros de jogo que o esperavam para continuar. Então se voltou para o Zack.

-A intenção de meus pais é boa. Solo que Wynn quase nunca se queixa e jamais reconhece que se feito mal, por isso não se dão conta de...

-Papai! -sua filha correu como uma louca para ele, interrompendo a explicação do Conan.

Zack entendia a situação, mas não gostava que Wynn tivesse que comportar-se como se fora um homem. Apesar de ser forte, seguia sendo uma mulher. E maldição, ele queria protegê-la.

Dani se lançou a seus braços e Zack notou que sua filha levava postas umas sandálias em lugar de sapatilhas de esporte. No dedo gordo do pé levava um anel de prata.

Zack a levantou e a abraçou.

-Caramba, Dani, leva um vestido posto -burlou-se.

Ela se pôs-se a rir, agarrou-lhe a cara e lhe deu um beijo muito ruidoso.

-Não é um vestido. É do Chastity. Deixou-me isso para pintar com os dedos. Não é bonita?

-Sim, é muito bonita. Sobre tudo, fica muito bonita.

-Conan disse que era uma menina flor.

-Mas mais bonita -esclareceu-lhe Conan.

Zack a abraçou outra vez e pôs-se a andar para o Wynn. Ao momento se deteve, voltou-se para o Conan e disse:

-Obrigado.

Conan fingiu alívio.

-Sim, quando quiser. Quero dizer, é uma pesada, mas sigo querendo a minha irmã -baixou a voz, que adotou certo tom de advertência-. E eu não gostaria que ninguém lhe desse um desgosto. Ou lhe fizesse mal -olhou ao Zack para assegurar-se de que este tinha entendido o significado de suas palavras.

Zack assentiu, o qual era o melhor que podia oferecer de momento.

-Então, aconteceste-lhe isso bem hoje? -perguntou a sua filha.

-Melhor que nunca, papai! Artemus me está ensinando a dançar e olhe o que me tem feito no cabelo -disse voltando a cabeça de um lado a outro.

Tinha-lhe feito uma trança que depois tinha enrolado em um coque com um montão de pequenas contas de cristal multicoloridos em forma de flor inseridas nele. Dois saca-rolhas lhe penduravam diante das orelhas.

-Necessito sua permissão para lhe cortar as pontas -disse ao Zack antes de que este pudesse saudá-lo-. Tem um cabelo maravilhoso, simplesmente maravilhoso. Mas Deus sabe o tempo que faz que não o arrumaram. Está pedindo a gritos um bom acerto.

Zack olhou ao Dani, que o olhava com esperança.

-Quer que lhe arrumem o cabelo?

Ela assentiu.

-Então te dou minha permissão.

Artemus aplaudo muito contente. Nesse momento, Chastity se voltou para o Zack.

-Hambúrguer ou perrito quente?

Zack olhou a aquela fascinante mulher que tinha dado a luz ao Wynn.

-Os hippies comem carne?

-Carinho, quando têm minha idade, fazem o que lhes dá a vontade.

Artemus se aproximou e lhe deu um beijo na orelha.

-E querem fazer muitas coisas -piscou os olhos um olho ao Zack-. Os hippies são do mais criativo.

-Ah -Zack sorriu divertido ante o evidente afeto que se prodigalizava o casal-. Nesse caso, tomarei um hambúrguer. Obrigado, senhora.

-Partindo um hambúrguer.

Josh retirou o pé do Wynn de seu regaço e se levantou para saudar o Zack.

-Que tal Eloise?

-Chamei o hospital antes de sair do trabalho. Tem bronquite. Com a medicina que lhe deram, sente-se muito melhor.

-Tem a alguém que dela cuide?

Zack assentiu sem olhar ainda ao Wynn. Se a olhava, teria desejos de acurrucaría contra seu peito, acariciá-la e mimá-la.

-vai se ficar uma semana com sua neta até que se recupere.

Dani e Artemus passaram junto a eles dançando ao compasso dos Beach Boys.

-Uma semana, né? -disse Josh-. O que acontece a ratita? Quem vai cuidar dela?

Zack olhou a sua filha e pôs-se a rir.

-Arrumei-me isso para conseguir uma semana de férias antes de tempo. Não foi fácil, mas troquei as minhas com o Richards.

Josh parecia contente.

-Então estará por aqui todos os dias desta semana -olhou ao Wynn.

-Isso é o que acabo de dizer -disse, e se ajoelhou diante do Wynn-. Que tal te encontra?

-Bem.

Zack soube que estava mentindo. Tinha má cara. Ele a olhou e franziu o cenho, como lhe dizendo que sabia como se sentia, e então ocupou o assento do Josh. Zack lhe colocou o pé em seu regaço para olhar-lhe.

Ainda tinha o pé inchado sob as ataduras e, por alguma estúpida razão, teve vontades de beijar-lhe Josh se sentó sobre el brazo del sillón y se inclinó hacia los dos.

-tomaste algo para a dor? -perguntou-lhe sem olhá-la.

-Aspirina.

Josh se sentou sobre o braço da poltrona e se inclinou por volta dos dois.

-Vós sabem que o gelo é bom para baixar o inchaço, mas colocá-lo em água quente é o melhor para a dor.

Zack volteou os olhos; Josh não tinha tato nenhum, nem tampouco conhecimentos médicos.

Wynn o olhou.

-Estava pensando em sua banheira, Zack -Josh se esclareceu voz e continuou-. Um bom vizinho se ofereceria a lhe permitir que a utilize.

Sem voltar-se para eles, Chastity comentou:

-Estou segura de que lhe teria ocorrido cedo ou tarde.

Artemus se Rio com satisfação do humor cáustico de sua esposa. Então deu uma volta ao Dani e terminou o baile com uma fioritura.

Dani se aproximou deles e, com toda a naturalidade do mundo, subiu aos joelhos do Wynn.

Zack teve que tragar saliva da emoção de ver sua filha em braços de sua vizinha. Mas Dani sorria e parecia segura e totalmente a gosto.

Por essa razão, Zack amaldiçoou para seus adentros.

Wynn não era a mulher adequada para ele. Quando imaginava à mulher adequada, imaginava a uma mulher discreta, circunspeta e responsável. Uma mulher que fora uma boa influência para sua filha e o casal que o ajudasse a educá-la. Wynn era direta, impetuosa e irresponsável. Não tomava cuidado nem pensava as coisas antes das fazer. Conhecia muitos homens que a conheciam muito bem... Não, isso não era exatamente verdade, e imediatamente se sentiu culpado por pensar desse modo. Mas ao mesmo tempo também se dava conta de que de repente sentia ciúmes quando nunca em sua vida os havia sentido. E isso também o irritava.

Wynn vestia provocativamente, não comia bem e dizer que sua família era estranha era dizer pouco. Mas ela era tão preciosa e sensual, que não podia deixar de pensar nela.

Que diabos devia fazer?

-Come -disse-lhe Chastity, como se lhe tivesse lido o pensamento, e lhe aconteceu um prato com um delicioso hambúrguer com alface, pepinos japoneses e queijo.

Ao Wynn deu outra igual e ao Dani um perrito quente.

Todos os que estavam jogando peteca se aproximaram e Conan apresentou ao Zack a sua noiva, Rachael. Esta era uma mulher bonita e esbelta de estatura medeia. Ia vestida razoavelmente com uns bombachos cor tabaco e uma camisa pólo azul. E nenhum dos homens lhe dava palmadas no traseiro.

Entretanto, assim que Wynn disse que precisava entrar um momento, os meninos ficaram em fila para ajudá-la. Começaram a brincar e a com-v pará-los bíceps, tentando decidir quem era o suficientemente forte para levá-la.

Zack não lhes deu a oportunidade de lhe roçar um cabelo. Tomou em braços e ficou de pé.

-Que tolice, Zack. Sou capaz de andar, sabe?

Wynn apoiou a cabeça no ombro do Zack.

-Sei. Mas outros não acreditam -voltou-se para o Dani-. Fique aqui com o Josh, carinho.

-Vale!

Zack foi para a porta de atrás. O certo era que estava encantado de tê-la em braços, de carregar com aquele peso suave e compacto. Gostava de abraçá-la, e de maneira nenhuma ia permitir que nenhum de seus amigos a levantasse em braços e experimentasse as mesmas sensações que estava sentindo ele.

-Só lhe estão cravando -disse-lhe Wynn- e você está caindo em sua armadilha.

Ela estirou o braço para abrir a porta da cozinha quando Zack se parou diante.

-Aonde?

-Ao banho.

Quando se fechou a porta, Zack lhe esfregou o nariz contra a orelha.

-Vem esta noite?

Ela o olhou surpreendida.

-Pensei que tinha planos.

-Estarei livre às onze. tive um dia horrível e não posso imaginar melhor maneira de terminá-lo que com uma repetição do de ontem à noite -roçou-lhe os lábios com os seus-. Isto é, se você puder.

-Crie que me vou jogar atrás por um dedo quebrado de nada?

Zack a beijou no queixo e sentiu que toda a tensão do dia se dissipava sozinho estando perto dela.

-De acordo -acrescentou Wynn-. Dou-me por vencida. O que vais fazer esta noite?

Estavam no corredor à porta do quarto de banho. Wynn não lhe pediu que a deixasse no chão e Zack parecia não ter pressa. Olhou-lhe a boca e gemeu para seus adentros. Sentiu que se começava a excitar e se controlou.

-vão vir Do e Mick. Eles dois, Josh e eu vamos ver a entrevista que Do gravou para seu próximo livro. Vai emitir-se em canal...

Ouviram um golpe e, ao levantar a vista, viram o Conan deprimindo-se contra a parede, com o punho pego ao peito.

-Delilah Piper vai estar aqui? Na casa do lado? OH, Meu deus.

-Delilah Piper Dawson. Recorda-o, já te disse que ao Mick não gosta que utilize sozinho seu sobrenome de solteira.

Conan elevou o olhar e suspirou ruidosamente.

-Uma celebridade entre nós. Esperem a que o conte a outros.

-Conan -disse Wynn com suspeita-. O que está fazendo aqui?

-Bom... -vacilou Conan, ao que tinham pilhado distraído-. trouxe os livros da senhora Piper para dar-lhe ao Zack.

-Já.

-Mas agora que sei que os posso dar eu mesmo -esfregou-se as mãos-. Estou desejando-o.

Zack supôs que Conan tinha entrado em ver que fazia sua irmã; mas fora o que fora, ficou esquecido enquanto saía da casa como uma exalação para compartilhar a notícia.

Zack olhou ao Wynn e então lhe deu um beijo no pescoço.

Ela suspirou.

-Sinto muito, Zack, mas me dá a impressão de que a reunião com seus amigos acaba de ir-se ao garete.

Ele voltou a beijá-la.

-Estou encantado de que venha Conan. A Do fará ilusão e manterá ao Mick alerta. Chateia-lhe cada vez que um homem a olhe com admiração, embora seja por seu trabalho.

-Zack?

-Mmm?

-Pode me baixar agora.

-Não sei se quiser.

-Se não me baixas, não só será Conan o que entre, mas também meus pais.

Com muito cuidado, Zack a deslizou por seu corpo até o chão. Não lhe soltou os ombros nem deixou de olhá-lo aos olhos.

-Eu gosto de sua uniforme. É sexy.

Zack sorriu.

-De verdade?

-E isto também é interessante -passou-lhe a mão pela pelusilla de dois dias.

-Esta manhã não tive tempo de me barbear -disse enquanto esfregava a bochecha contra a sua; então lhe olhou os peitos-. Mas me barbearei mais tarde. Eu não gostaria de te fazer uma queimadura.

-Zack...

Suspirou seu nome de tal modo, que Zack sentiu a tentação de meter-se com ela no banheiro.

-Entra antes de que me coloque contigo.

Ela esboçou um sorriso insustancial e se meteu no quarto de banho à pata agarre. Zack sacudiu a cabeça e o invadiu uma ternura e um desejo muito grandes. Seu ridicula falsa valentia não deveria lhe fazer sentir essas coisas. Ela mesma não deveria lhe fazer sentir essas coisas. Mas o fazia, e Zack soube que estava metido até as sobrancelhas.

O problema era que, por alguma estranha razão, não era capaz de fazer provisão da energia suficiente para evitá-lo.

                                                       Capítulo Dez

Eram as onze e seus pais se retiraram a seu dormitório fazia quase meia hora. Wynn os ouvia conversando e renda-se. Como seus pais seguiam brincalhões inclusive depois de tantos anos, Wynn se disse que não devia esquecer acender o ventilador do teto de seu dormitório quando se deitasse essa noite.

Desgraçadamente, estava quase em casa do Zack quando se deu conta de que vários carros seguiam à entrada da casa de seu vizinho. via-se que seus amigos ainda não se partiram. Estava a ponto de dá-la volta quando uma voz de mulher lhe disse:

-Você deve ser Wynn.

Wynn ficou geada. Zack tinha acesa, igual a ela, a luz do alpendre e sabia que a mulher a estava vendo. Mesmo assim, pensou em esconder-se.

-Sou Do -disse a mulher em tom amável-. Vêem conversar conosco.

Wynn não se uniu ao grupo de seu irmão e seus amigos quando estes tinham ido beijar lhe os pés à escritora. Não foram muito as novelas de mistério e, por outra parte, não queria ser pesada com o Zack.

Doía-lhe o pé e sentiu vergonha porque ia em penhoar, mas avançou e inclusive sorriu.

-Olá. Sim, sou Wynn, uma vizinha.

Delilah Piper Dawson estava apoiada contra uma árvore. Quando Wynn se aproximou, Do lhe deu a mão.

-ouvi falar muito de ti.

-Ah, sim?

Quem lhe teria falado dela? Zack? Wynn se aproximou um pouco mais.

Embora Delilah era uma mulher alta, Wynn lhe tirava uma cabeça. Do tinha uma dessas figuras esbeltas que fez que Wynn se sentisse como uma leñadora.

-Vai à cama? -perguntou-lhe Delilah ao ver como ia vestida.

-OH, não -disse-. Tenho posto o traje de banho. Hoje me rompi... isto, um dedo, e Zack me convidou a utilizar sua banheira de hidromasaje.

-É verdade! Me tinham contado isso também.

Wynn olhou à mulher.

-O que é exatamente o que te contou Zack?

-Bom, não muito. Zack, como te terá dado conta, é muito reservado -disse Delilah-. Também é muito tranqüilo -acrescentou-. Mas tanto Josh como Mick me hão dito que, quando está contigo, troca por completo. Perde os estribos, e não deixa de queixar-se e grunhir. eu adoro. Foi tão divertido quando começou a dizer que queria procurar esposa. Tinha todas estas noções estúpidas sobre o que devia reunir a candidata -Delilah sacudiu a cabeça e sua preciosa juba negra, Lisa e reluzente, brilhou sob a luz da lua.. Wynn se tocou o cabelo, que tinha recolhido em um coque sobre a cabeça.

-Deixa que te avise de uma coisa. Se te casar com o Zack, quererão que te vista de noiva para as bodas.

Delilah o disse como se isso fora o pior de tudo. Mas como ao Wynn tampouco gostava de muito emperiquitar-se, compreendeu-a perfeitamente.

Do fez uma careta.

-Mas tendo em conta os resultados finais, não é tão mau.

Wynn olhou a um e outro lado, sem saber como responder a isso.

-Não nos vamos casar. Zack não vai a sério comigo. Quer... Bom, solo me deseja -acrescentou. Mas não para casar-se comigo.

Delilah a olhou e então a agarrou por braço.

-vamos sentar nos. Você tem o dedo quebrado e eu te tenho aqui de pé compartilhando confidências -agarrou-a por braço e avançaram com cuidado-. Não façamos ruído. Os meninos estão tagarelando. Saí a tomar um pouco o ar, mas não quero que se unam a nós ainda.

detiveram-se junto à banheira e Delilah se sentou no bordo e cruzou as pernas.

-As cortinas do pátio estão jogadas, de modo que não nos verão. Pode te colocar se gostar.

Wynn sacudiu a cabeça.

-De acordo, mas voltemos para assunto do sexo.

-Eu não hei dito isso exatamente -disse Wynn, que não tinha nem idéia de por que lhe tinha confessado isso a uma estranha.

-Não passa nada. A gente sempre me confia coisas. Sou escritora, já sabe.

Wynn não sabia o que tinha isso que ver com nada.

-Seu irmão me contou muitas coisas sobre ti. Diz que nunca te interessou um homem tanto como Zack.

-vou matar o.

Delilah se pôs-se a rir.

-Não se preocupe. Ninguém o ouviu. Mas deveria saber que Zack sente o mesmo. Pensei que Mike era estranho quando o conheci, mas Zack é ainda pior. Josh, entretanto, não conhece limites quando se trata de mulheres.

-Acredito que Josh é um conquistador -comentou Wynn-. É assim.

-Gosta de pensar isso -disse-. Desgraçadamente, as mulheres estão de acordo com ele. Mas voltemos para vós dois. O que quero te dizer é que, faça o que faça, não te jogue atrás. Eu estive a ponto de me dar por vencida com o Mick, mas felizmente sua família me convenceu para continuar. Já que nos consideramos virtualmente família do Zack, sinto-me obrigada a te dar o mesmo conselho.

Wynn se sentou junto ao Delilah no bordo da banheira e deixou cair a cabeça para trás.

-Não sente saudades que ao Zack não interesse ter nada sério comigo. Cada vez que estou com ele, termino fazendo alguma tolice.

-Mmm -Delilah ficou de pé e começou a passear-se de um lado a outro; levava umas calças curtas de globo e uma camiseta branca, e mesmo assim seu aspecto era do mais feminino-. Acredito que deveria lhe dizer ao Zack o que sente.

-De verdade? -Wynn fez uma careta só de pensar em fazê-lo-. Isso foi o que você fez com o Mick?

Ela se pôs-se a rir.

-Totalmente. O pobre Mick não sabia o que pensar de mim. Mas não estou acostumada a ocultar meus sentimentos, sobre tudo quando são tão fortes. Soube quase do momento que o vi que o queria para mim sozinha.

Wynn assentiu. Ela sentia o mesmo para o Zack. Quase desde o começo tinha percebido quão maravilhoso era.

-De acordo -disse Delilah-. Te tire o penhoar e te coloque na banheira. Mick, Josh e eu iremos e enviarei ao Zack. Como é seu traje de banho? -abriu muito os olhos-. Ou não leva nada? -perguntou-lhe com delícia.

-É obvio que levo! -exclamou Wynn-, Não sairia nua de minha casa.

Delilah parecia decepcionada.

-De acordo, deixe-me ver.

-É... algo pequeno.

-Para provocar ao Zack? Boa idéia, embora em realidade não é tão boa como estar nua. Além disso, ele não necessita provocação alguma. passou toda a noite nervoso e impaciente. Todos sabíamos que queria que nos partíssemos para estar contigo, assim Mick e Josh se empenharam em ficar um momento mais para ver o Zack ficando nervoso -Delilah sacudiu a cabeça-. Estão todos loucos, mas os quero -Delilah deixou de falar um momento, e então se esclareceu voz-. Posso ver o traje de banho?

Ao Wynn, que não tinha nenhuma amiga íntima, Delilah lhe tinha cansado bem imediatamente.

-De acordo, mas não te ria.

-por que ia rir me?

Wynn se abriu o penhoar. Não estava nua, mas o tanga de agulha de crochê era o mais parecido a está-lo.

Delilah assobiou.

-Zack terá sorte se consegue durar meia hora. Está estupenda. Como uma modelo.

Wynn se fechou o penhoar.

-A única vez que Zack e eu fizemos o amor estava escuro como a boca do lobo e não me viu bem.

-Pois com esse biquíni te vai ver de maravilha! Chamará-me amanhã para me dizer que tal te foi?

Wynn ficou estupefata.

-Bom, claro. Sim.

-Espera! Melhor ainda; podemos comer juntas. Acabo de terminar um livro, de modo que tenho algo mais de tempo livre. Preciso deixar descansar o cérebro antes de começar a idear outra trama. Onde trabalha? Poderia ir te buscar.

Comovida pelo entusiasmo do Delilah, Wynn lhe deu a direção do ginásio de seu irmão.

-Conan se fará pipí em cima se te vir ali.

-Seu irmão é um verdadeiro céu. eu adoro conhecer meus leitores. Em realidade, não o diga ainda, mas estou pensando situar uma história em um ginásio.

Wynn estava encantada.

-Acredito que é interessante. Seguro que Conan estará encantado de te ajudar e responder a qualquer pergunta que queira lhe fazer.

-Estupendo. A que hora quer que almocemos? -perguntou Delilah.

-Parece-te bem que acontecer as onze e meia?

-Perfeito. Estarei ali. Agora te coloque na banheira e em seguida lhe envio ao Zack.

-Prazer em conhecê-lo, Delilah.

Delilah voltou a cabeça.

-O mesmo digo. E me chame Do.

Wynn ficou olhando-a, sentindo como se tivesse passado um tornado por ali. Então pensou que Zack sairia de um momento a outro; não queria ter que tirar o penhoar diante dele. Assim que o deixou sobre uma cadeira e se meteu na água morna. Os jorros ainda não estavam acesos, mas a água estava que dava glória, e lhe cobriam a maior parte de seu corpo nu. Solo esperava que Zack apreciasse sua falta de pudor.

 

Assim que Zack, graças a Do, conseguiu livrar-se do Mick e Josh, fechou a porta da casa com ferrolho e correu ao pátio. Dani levava muito momento dormida, seus amigos se foram e Wynn o esperava já na banheira. Finalmente, o dia começava a ficar interessante.

Abriu as cortinas da porta que dava ao pátio e olhou ao Wynn uns segundos antes de abrir as portas e sair. Estava preciosa, embora solo a via de ombros para acima.

Tinha o disparatado cabelo recolhido em um coque sobre o cocuruto, mas lhe via distinto pelo efeito do vapor de água. Nas têmporas despontavam minúsculos cachos de cabelo lhe dando a aparência de um pintinho recém-nascido.

Zack sorriu e teve que admitir que não só foi o desejo o que lhe atendeu a garganta.

-Né.

Wynn levantou a cabeça e o olhou.

-Olá.

Sem deixar de olhá-la, começou a desabotoá-la camisa.

-De ter sabido que estava aqui, teria saído antes.

-Não passa nada; não queria interromper sua visita.

-Te gostou de conversar com Do?

Mais que nada, perguntava-se do que teriam falado. Claro que, com Do, quem sabia.

-É estupenda, verdade?

-Do é um céu -deixou sua camisa e se sentou em uma cadeira para tirá-los sapatos-. Mick está louco por ela.

depois de tirá-los sapatos e de deixá-los a um lado, ficou de pé para desabotoá-los calças.

-Não me vou incomodar em me pôr o traje de banho. Importa-te?

Wynn lhe olhou o abdômen e sacudiu a cabeça. Já estava tão excitado, que resultava impossível não notar sua ereção. Desejava-a, muito mais ainda desde que tinha estado com ela e sabia quão incrível era.

Estavam rodeados por uma cerca que impedia que ninguém os visse. Mesmo assim, meteu-se dentro e apagou as luzes, deixando a banheira em penumbra.

Wynn protestou levemente, e Zack pôs-se a rir.

-Seus olhos se acostumarão à escuridão, mas não quero me arriscar a que apareçam seus pais ou qualquer.

-Estão na cama -disse-. A não ser que ocorra um desastre natural, não sairão dela.

Zack se tirou a carteira do bolso. Tirou duas camisinhas e os deixou à mão. Então se tirou as calças e as cueca e os colocou sobre o respaldo da cadeira.

-Quer que ponha os jorros? -perguntou-lhe enquanto se metia na banheira-. Ou você gosta assim?

Wynn tragou saliva. Estava diante dela, e notou seu olhar como um dardo de fogo lhe acariciando a entrepierna. Separou as pernas e esperou.

-Zack?

-Sim?

-Já me acostumaram os olhos à pouca luz.

Ele sorriu e foi sentar se, mas ela o agarrou pelos quadris.

-Não, espera um momento. Deixa que... Olhe. Não te toquei muito a outra noite. Depois o pensei; pensei que poderia havê-lo feito, mas que não o fiz. Agora posso.

Deslizou-lhe as mãos pelas coxas, abaixo e acima. Zack observou como o olhava ela, e lhe resultou tão erótico que esteve a ponto de não poder agüentá-lo.

-Quase não te dava a oportunidade de fazê-lo.

-Esteve de maravilha.

Sem dizer mais, inclinou-se para diante e lhe acariciou os testículo. Tinha as mãos quentes da água, molhadas e sedosas. O coração começou a lhe pulsar com força.

Com a outra mão começou a tocá-lo por toda parte, exceto onde mais desejava que o tocasse. Seu membro pulsava e se estendia, mas ela o ignorou enquanto lhe acontecia as Palmas das mãos molhadas sobre o traseiro, os quadris, as coxas, com uma suavidade e uma curiosidade que o excitaram em extremo.

Quando se inclinou para diante e lhe plantou um beijo no quadril, ele gemeu.

-Wynn, é uma provocadora. -Não. Solo é que te desejo tanto. Tudo inteiro. Como ela era tão aberta, tão valente, Zack soube que não mentia.

Por isso não pôde suportá-lo e o agarrou pela mão, que não parava de mover-se, e a pôs onde mais queria que ela o tocasse.

-Aqui, Wynn -disse-lhe, e ela o agarrou com doçura.

-Você gosta? -perguntou-lhe enquanto levantava a cabeça e o olhava com seus preciosos olhos.

Uma mulher com as mãos grandes era uma bênção, pensava Zack. Agarrou-o à perfeição, com firmeza mas com cuidado, com suavidade mas com força. Um gemido de prazer escapou de seus lábios.

-Sim...

Sem soltá-lo, Wynn ficou de joelhos devagar. Ao fazê-lo, Zack lhe viu os peitos, logo que contidos na minúscula parte de acima do biquíni. Enquanto isso, Wynn não deixava de acariciá-lo.

-É suficiente -disse-lhe, e lhe tornou as mãos.

-Mas...

Atirou dela com cuidado e a abraçou pela cintura.

-Cuidado -disse enquanto a olhava com desejo-. Não te faça mal no pé.

Lhe sorriu.

-Que pé?

Ele também sorriu enquanto começava a lhe acariciar os peitos.

-Deus, é preciosa.

-Sou enorme -respondeu.

-E sexy.

-É a primeira vez que me ponho um biquíni como este.

-Graças a Deus.

-Minha mãe me comprou isso quando tentava me casar.

Imediatamente, Zack levantou a cabeça.

-Como?

Wynn se encolheu de ombros.

-Disse-te que não saio muito. Isso molesta a meus pais. Eles se conheceram jovens; sempre foram felizes e querem que eu seja feliz.

Zack a abraçou com cuidado, tentando afogar a sensação de náusea que de repente tinha no estômago.

-Precisa te casar para ser feliz?

Ela desviou o olhar.

-Não tenho pressa.

Não esteve seguro de que essa resposta gostasse de muito.

-por que não?

-Como você, acredito que estou procurando a alguém especial. Deve ser por isso que não me atraem muitos homens, entende? E acabo de comprar minha própria casa. Quero desfrutar dela um tempo antes de ter que começar a trocar outra vez as coisas.

-Entendo -disse, embora em realidade não entendia.

-Podemos deixar de falar agora?

-Quer continuar, verdade?

Lhe acariciou o peito e depois mais abaixo.

-Sim, quero continuar.

Zack se sentou no assento da banheira.

-Vêem aqui, Wynn.

Wynn se aproximou e lhe desabotoou a parte de acima do biquíni, que deixou junto à banheira.

-Um destes dias -começou a dizer- vou fazer te o amor ao sol para poder verte bem.

antes de que pudesse responder a isso, inclinou-se para diante e começou a lhe sugar o mamilo direito.

-Zack... -gemeu sem poder conter-se; ele fez o mesmo com o outro peito e Wynn continuou gemendo em tom baixo-. Já estou preparada, Zack -sussurrou-lhe com urgência.

-Impossível -respondeu Zack-. Acabamos de começar.

-Mas levo pensando nisto todo o dia, inclusive durante a estúpida festa -levantou a cara para olhá-lo-. Por favor, Zack.

Ele a olhou enquanto lhe deslizava os dedos por debaixo da calcinha do biquíni. A água estava quente, mas ela estava ainda mais quente, úmida e escorregadia. Retirou-lhe a mão e lhe baixou a bra-guita do biquíni apressadamente. Então se levantou e se sentou no bordo da banheira para ficar uma das camisinhas. depois de ficar o sentou-se de novo no bordo do assento.

-Sente-se escarranchado em cima de mim, Wynn.

E o fez. Seus peitos se deslizaram sobre o peito do Zack. Seus corpos estavam quentes, molhados e escorregadios. Zack a ajudou a colocar-se, com cuidado de não lhe roçar o pé mau.

-Apóia as mãos em meus ombros.

Ela o fez e Zack a penetrou enquanto ela gemia brandamente. Beijou-a no pescoço, cheio de emoção, de prazer, de tanto prazer que quase lhe produziu dor. Agarrou-a com cuidado e, em lugar de investi-la com força, balançou-se junto com ela sem deixar de beijá-la e de lhe sussurrar ao ouvido palavras doces. Havia tantas coisas que desejava dizer; claro que, nem ele mesmo entendia já que força o empurrava. Solo sabia que a desejava, e nesse momento a tinha entre seus braços.

Quando sentiu que os músculos do Wynn lhe apertavam o membro, colocou a mão entre seus corpos e a ajudou a alcançar o climax. Lhe mordeu o ombro enquanto chegava ao topo e lhe lambeu os lábios quando ele fez o mesmo segundos depois.

Então apoiou a cabeça sobre o ombro do Zack e disse:

-Crie que alguma vez faremos o amor na cama?

Zack queria lhe dizer que sim, que se iriam a sua cama imediatamente. quanto mais a via, mais desejava estar com ela. Não queria lhe dar as boa noite e enviá-la a sua casa. Queria abraçá-la toda a noite, despertar com ela pela manhã, compartilhar o café da manhã com ela e com o Dani, e inclusive discutir com ela.

Mas não havia nada decidido. Não só tinha que pensar nele, mas também em sua filha.

-Tenho uma semana livre. Dani vai ao maternal duas tardes à semana, assim que a casa estará livre essas tardes. Se puder você escapar um momento...

Lhe deu um beijo no queixo.

-Farei-o. Mas... Zack?

-Sim?

Acabava de amá-la e já estava pensando em fazê-lo outra vez. Estava obcecado.

-Está vendo alguém agora mesmo?

-Não. por que?

-Disse que estava procurando uma esposa. E como disse que tinha planos para amanhã de noite também, perguntava-me por que.

Ele sorriu.

-Amanhã pensava fazer limpeza, isso era tudo.

-Ah -então levantou a cabeça e o olhou-. Se quer ver outra pessoa, quero que me diga isso.

-por que? -perguntou-lhe enquanto lhe acariciava a bochecha.

-Porque então não quererei verte mais.

Solo de ouvir o dizer, lhe deu vontade de ficar a gritar.

-De acordo -passou-lhe o polegar pelo lábio inferior-. Eu sinto o mesmo.

                                             Capítulo Onze

-Dá-te conta de que faz um mês que não vamos a casa de Marco?

Zack, sentado à mesa da cozinha, olhou ao Josh. Antes, Josh, Mick e ele foram a casa de Marco a comer uma vez por semana. Agora Mick estava casado e Zack... Desde fazia três semanas gostava de passar seu tempo livre com o Wynn. Tinha-lhe roubado o pensamento, o ânimo e certamente também o coração. Esse pensamento o sacudiu por dentro e ficou de pé para passear-se de um lado a outro.

Mick se pôs-se a rir.

-Já está outra vez.

-Wynn o tem dominado -Rio Josh-. Isso não lhe virá bem. te passou o mesmo.

Mick se encolheu de ombros.

-Apaixonar-se dá medo.

Zack se voltou a olhá-los com expressão carrancuda. Apaixonar-se? Não a conhecia desde fazia muito, solo algo menos de um mês, mas o que sim sabia era que Wynn não tinha o que ele sempre tinha desejado em uma esposa. Sem dúvida tinha o que lhe gostava, mas isso não era o apropriado para o pai de uma menina pequena.

-Mierda -disse em voz muito baixa.

-OH, deixa-o, Zack -Josh lhe lançou uma batata frita que lhe ricocheteou no peito-. Vai por aí com cara de morto, e não há razão para isso. lhe diga o que sente e já está.

Nesse momento, Dani estava em casa do Wynn. Estavam sentadas na erva, com um cilindro de papel gigante entre elas e pintando com os dedos. Graças ao Chastity, converteu-se no passatempo favorito da menina. Ela e Artemus, com suas deliciosas e íntimas excentricidades, converteram-se nos avós adotivos do Dani, e a menina lhes tinha um grande afeto. Afim não tinham encontrado uma casa, mas Zack sabia que quando se mudassem, a menina jogaria muito de menos.

aproximava-se a noite do Halloween, e uma fresca brisa outonal entrava nesse momento pela janela da cozinha e pela porta mosquiteira. Zack, entretanto, estava sufocado do nervoso que se sentia. sentou-se de novo em sua cadeira e disse:

-Não sei.

Mick deu um sorvo de café.

-O que é o que não sabe?

-Nada. Não sei o que fazer, nem o que sinto.

-É uma mulher do mais especial, Zack -disse Josh.

Zack apoiou a cabeça na palma da mão.

-Não é o que estava procurando.

-Eu não estava procurando a ninguém quando conheci o Delilah. Isso dá no mesmo, Zack.

-Não posso pensar sozinho em mim mesmo.

Josh inclinou a cabeça.

-Que diabos quer dizer isso?

-Quer dizer que tenho uma filha. Devo pensar no Dani.

-Dani a adora, e viceversa.

Zack se agarrou uma mecha de cabelo com força.

-Queria uma mulher caseira, uma pessoa tranqüila e razoável.

Josh se pôs-se a rir a gargalhadas.

-Caseira o é. Mas tranqüila e razoável? E diz que quer que seja uma mulher? Boa sorte.

-Tem algum problema com as mulheres, Josh? -perguntou-lhe Zack com suspicacia.

Mick sorriu.

-Com uma mulher. chama-se Amanda Barker e é a que está organizando o calendário com fins caridosos. Bom, já começaram a fazer as reportagens fotográficas e Josh não acessou ainda. Ela se está pondo... insistente. Parece que não aceita um «não» por resposta.

-É um petardo -Josh se encolheu de ombros-. Vá onde vá, encontro-me isso. Mas eu lhe faço caso e já está.

Josh se recostou no respaldo e colocou as mãos detrás da nuca.

-Sim, claro. Como que você não faz caso a nenhuma mulher.

Josh se cruzou de braços tranqüilamente.

-Não é como Do ou Wynn.

Tanto Mick como Zack ficaram imediatamente direitos.

-De que falas?

-São mulheres de verdade, diretas, graciosas, singelas. Não choramingam nem se queixam para conseguir o que querem, e não se tocam continuamente as unhas e o cabelo. Essa simplicidade em uma mulher eu gosto -deu- uma cotovelada ao Mick-. Ambas são o que qualquer homem poderia desejar... e mais.

Mick olhou ao Zack.

-Quer matá-lo você ou o faço eu?

Zack sacudiu a cabeça. Tudo o que Josh dizia era certo. Wynn trabalhava com ímpeto, jogava e ria com ímpeto, e não pareciam lhe preocupar as típicas coisas que preocupavam às mulheres. Nem por indício imaginava queixando.

-Sua Amanda parece uma mulher responsável.

-Não é minha Amanda. E Wynn também é responsável.

Zack ficou de pé outra vez.

-Vá! Wynn é escandalosa. Fala sem pensar, atua sem ter em conta as conseqüências. Vai por aí como se fora um homem, e viu de um modo tão sexy que me volta louco.

Mick e Josh se olharam.

-Como demônios vou viver com alguém assim?

Mick olhou sua taça de café e falou sem olhar ao Zack.

-E como vais viver sem ela? -perguntou-lhe em voz baixa.

Zack se tornou para atrás.

-Dani nos tem para ensiná-la a fazer coisas de meninos. Eu quero uma mulher que seja uma boa influência nela, alguém que faça todas essas coisas femininas que acaba de mencionar, Josh. Alguém que seja um modelo para ela a seguir.

-É um imbecil, Zack -Josh sacudiu a cabeça causar pena-. Wynn é maravilhosa. É independente, inteligente e honesta. Sim, diz o que pensa. E o que? Assim sempre saberá o que tem na cabeça. Já mim eu gosto de como viu.

Zack esteve a ponto de ficar vesgo. Josh não se inteirou. Abriu a boca para explorar de frustração e então viu que Wynn estava ali, justo diante da porta aberta da cozinha.

-Ai, por favor.

Sem dizer nada, Wynn se deu a volta e partiu a toda pressa. Imediatamente, Zack foi atrás dela e seus dois amigos se levantaram e saíram da cozinha. Aquela endiabrada mulher não lhe tinha dado a oportunidade de explicar-se sequer.

Como ia muito depressa e ela ainda tinha o pé débil, Zack foi salvando pouco a pouco a distância. No pátio do Wynn viu que sua filha e Chastity levantavam a cabeça. Artemus e Conan, junto com o Marc, Clint e Bo, levantaram a vista. detrás dele ouviu o Mick e ao Josh.

Então a agarrou por braço; mas ela se voltou feita uma fúria e soltou um grito de guerra que o pilhou por surpresa. Deu-lhe um puxão do braço, pô-lhe a rasteira e ele caiu ao chão.

Durante uns segundos, Zack ficou convexo de costas, com a vista fixa no céu azul, ouvindo risadas e sussurros que solo conseguiram zangá-lo mais.

Wynn se inclinou sobre ele; tinha os olhos vermelhos e a boca apertada.

-Não volte a me tocar. Quer te liberar de mim? Pois bem, já te livraste!

Rapidamente, ele a agarrou por cotovelo e a tombou a seu lado.

-Ai, meu pé! -gritou, e Zack ficou gelado ao pensar que poderia lhe haver feito mal no pé.

No mesmo momento, Conan gritou:

-É um truque.

Mas era muito tarde. Wynn aterrissou em cima dele; plantou-lhe os joelhos nos ombros e o traseiro sobre o diafragma, de modo que Zack logo que podia respirar.

-Para que se inteire, cretino miserável, nunca te pedi ser sua esposa. Quanto a isso, jamais seria sua esposa já nem que me pedisse isso de joelhos.

Zack conseguiu não tornar-se a rir, embora lhe custou trabalho.

-Estava escutando as conversações alheias.

-Outro de meus horríveis defeitos -disse com ironia-. Mas não se preocupe -inclinou-se para diante, quase agasalhando-o com seus peitos-. Não voltarei a te incomodar. É livre para ir a procurar a mulher que está procurando. Desejo-te sorte!

Wynn foi levantar se, ainda com certa dificuldade posto que o dedo não lhe tinha terminado de curar, mas Zack a apanhou com suas pernas.

-Disso nada! -fez-a cair de novo e se tombou sobre ela-. depois do que tem feito, não vou deixar que te parta assim.

-Faço o que gosta. Não é teu assunto! -olhou-o com desdém, mas Zack viu que lhe tremia o lábio inferior-. Já não.

Doeu-lhe o coração e sentiu uma grande emoção.

-Wynn...

Ela moveu a cabeça de um lado a outro, mas não pôde soltar-se.

-Nem sequer sei por que me incomodei contigo.

Zack ouviu comentários em voz baixa. deu-se a volta e viu que todos se reuniram ao redor deles dois.

-Não me vais deixar.

Então Zack se inclinou para beijá-la. Ela esteve a ponto de lhe morder, mas ele pôs-se a rir e se retirou.

-Amo-te, Wynn.

Abriu como pratos seus preciosos olhos dourados, e ambos sopraram quando Dani se montou sobre as costas de seu pai e começou a saltar.

-Ficamos com ela, ficamos com ela!

Zack se voltou sonriendo.

-Ainda não, carinho. Primeiro tem que me dizer que me ama também.

Dani se tombou sobre o Zack, apareceu pelo ombro de seu pai e acariciou a bochecha ao Wynn.

-Quero que seja minha mamãe.

Wynn aspirou fundo, mas tremia de cima abaixo.

-OH... -e sem poder evitá-lo, pôs-se a chorar.

Zack voltou a cabeça e beijou a sua filha na bochecha.

-te mova, Dani.

-Sim, papai.

Zack acariciou ao Wynn com o nariz.

-Necessitamos um pouco de intimidade, carinho. Não me rechace, vale?

Ela assentiu. Conhecendo o Wynn como a conhecia um pouco, lhe ocorreu que umas lágrimas eram para ela uma grande humilhação. E lhe permitiria esconder suas lágrimas de outros, mas não queria que escondesse nada a ele.

Zack ficou de pé, tornou-se ao Wynn ao ombro e se deu a volta para ir para sua casa.

Conan gritou:

-Por uma vez em sua vida, Wynonna, sei razoável. Não o danifique tudo.

Bo, Clint e Marc puseram-se a rir, dando sugestões ao Zack para dominá-la.

-Cuidado com suas pernas!

-Se ficar galo de briga, recorda que tem cócegas!

Zack agitou a mão que tinha livre em sinal de agradecimento.

Então Artemus disse:

-Carinho, penso te fazer algo no cabelo para o dia das bodas, de modo que já pode ir te acostumando.

Zack, sonriendo como um idiota, deu-se conta de que se sentia melhor que bem. Sentia-se... incrível.

Cruzou a cozinha e o salão, subiu as escadas de dois em dois, entrou em seu dormitório e deixou ao Wynn na cama.

-Vá, como pesos -disse enquanto se esfregava as costas.

Lhe jogou os braços.

«Surpreendente», pensava Zack enquanto se deleitava vendo-a ali em sua cama e sabendo que queria vê-la naquele lugar cada dia de sua vida. tombou-se em cima dela.

-Amo-te -voltou a lhe dizer.

Ela o abraçou com força.

-Eu também te amo.

A emoção o afogava.

-O suficiente para te casar comigo e ser a mamãe do Dani?

Ela o empurrou.

-Não vou trocar por ti, Zack -disse com olhos brilhantes-. Sou quem sou, e eu gosto de como sou.

-Também eu gosto de como é -beijou-lhe a ponta do nariz e sorriu-. Dá-me um medo horrível, às vezes me põe furioso ou me faz sentir um ciúmes tremendos, mas não te trocaria por ninguém, carinho. Bom, exceto que vou ter que insistir em que todos outros homens deixem as mãos quietas no que a ti respeita.

Ela se pôs-se a rir, mas em seguida ficou séria.

-Desejava tanto ser a mamãe do Dani. Quero-a tanto -lhe voltaram a saltar as lágrimas-. Ai, Meu deus, que terrível é isto -disse, e se enxugou as lágrimas no ombro do Zack.

Zack sorriu.

-O que te pareceria dar um hermanito ao Dani? Isso também me pediu isso várias vezes.

-De verdade?

-Sim. O primeiro dia que me explicou que queria ficar contigo.

Wynn aspirou fundo.

-Tenho vinte e oito anos. Eu gostaria de ter um bebê antes dos trinta.

-Quer que nos ponhamos agora mesmo? -beijou-a de novo-. Estou preparado, quando você queira. E te amo.

Ela se engasgou um pouco e então sacudiu a cabeça.

-Se Josh me visse aqui choramingando como uma boba, ficaria horrorizado.

Zack lhe beijou as bochechas úmidas e a comissura dos lábios.

-A quem lhe importa o que pense Josh?

-A mim. depois de tudo, ele é quem te fez trocar de opinião.

Zack se pôs-se a rir.

-Eu já sabia que te amava, e pode acreditar que Josh não teve nada que ver com isto.

-Bem. Então o que era o que estava dizendo na cozinha?

Ele se encolheu de ombros.

-Só estava fanfarroneando, adotando a pose que tomaria um homem respeitável -então a olhou-. Você deveria entender isso.

Ela fez uma careta.

-Ouvi-te, Zack. Não sou o que quer.

-Mas sim é quem eu amo. Quem eu necessito -agarrou-lhe a cara e a beijou-. Desde que te conheci, estive pensando em deixar o trabalho de campo e em me fazer instrutor. Inclusive já dei algum passo nessa direção.

-De verdade?

-E pensei em transladar a habitação do Dani a de convidados; faz tempo que me pediu isso porque a outra é maior, mas sempre quis que estivesse perto e, até que te conheci ti, nunca tinha pensado em ter a uma mulher em casa com o Dani. Então comecei a pensar em transladar ao Dani para ter mais intimidade.

Ela arqueou as sobrancelhas.

-Sim que faz muito ruído quando te excita -disse-lhe com seriedade-. Geme e grunhe, e se te toco aí, grita Y...

Zack lhe retirou a mão e a beijou entre risadas.

-Wynn, sei que não será fácil de controlar, mas...

-Controlar!

foi agarrar o, mas ele a imobilizou sobre a cama.

-Mas graças a isso vamos passar muito tempo lutando -meneou as sobrancelhas-, e fazendo outras coisas. E agora que tomei uma decisão, deveria saber que não sou nada doce. Em realidade, sou desumano quando quero algo... ou a alguém.

Wynn deixou de lutar e o olhou com acanhamento.

-E me quer ? -ele se pegou mais a ela e, ao notar a força de sua ereção, sorriu-. Bom, como nos queremos, acredito que deveríamos nos casar.

Zack se desabou sobre ela.

-Graças a Deus. Sim que sabe lhe tirar a incerteza às coisas, né?

-Há algo que quero que deveria saber.

Ele abriu um olho.

-Meus pais já me hão dito que se nos casarmos, querem ficar com minha casa -Zack soltou uma exclamação entrecortada, mas ela continuou-. Acredito que suspeitavam que isto poderia ocorrer, e por isso não têm feito muito esforço por encontrar casa.

-Eu gosto de seus pais, e também ao Dani. Enquanto você viva comigo, o resto não me importa.

Uns minutos depois, Zack se apartou um pouco do Wynn e olhou a sua futura algema de cima abaixo. Então a olhou à cara e ficou sério.

-Wynn, há algo que devo te dizer.

Ela o olhou alarmada.

-O que ocorre?

-Acredito que vamos ter que comprar uma cama maior.  

 

                                                                                Lori Foster

 

 

                      

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