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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


UMA VEZ UM LOBO / Susan Krinard
UMA VEZ UM LOBO / Susan Krinard

                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                  

 

 

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Nas extensões virgens do oeste americano, Tomás Alejandro Randall era conhecido como "O Lobo", o forasteiro e inimigo acirrado do poderoso financeiro Cole McLean.
Poucos humanos conheciam sua verdadeira identidade: herdeiro de uma linhagem de homens lobo que o fazia tanto uma fera exótica, como um homem devastadoramente atraente.
O plano de Tomás era enrolar a elegante noiva de Cole McLean, Lady Rowena Forster, para levá-la de sua mansão de Nova Iorque, a selvagem fronteira.
Ali planejava seduzir à beleza de cabelo dourado como vingança, por causa da destruição de sua família nas mãos de McLean.
Mas uma vez que a teve sob seu poder, O Lobo se viu incapaz de resistir a chamada de sua própria natureza selvagem... Uma paixão que lhe faria reclamar a beldade como dele.
Lady Rowena tentava desesperadamente ocultar sua herança de loba atrás de um exterior gelado e calmo. Mas apesar disso, a famosa "Dama de Gelo" notou que suas inibições se derretiam e sua verdadeira natureza emergia na presença do bonito forasteiro.
Ambos conheciam o perigo de seu envolvimento, mas seus selvagens corações arriscariam tudo, inclusive a morte, pela oportunidade de um amor eterno.

 

 

 


 

 

 


Capítulo 1


Cidade de Nova Iorque, 1878

-É realmente uma notícia maravilhosa, Lady Rowena - Disse a matrona de meia idade, sorrindo com benevolente indulgência para sua anfitriã. - Toda a sociedade
está esperando ansiosamente o casamento. E respeito a compromissos curtos, ela fez um gesto de indiferença, todos sabem que são ideais.
Lady Rowena Forster devolveu um sorriso a senhora de Arthur Van Rijn e ofereceu a ela e suas duas filhas outra xícara de chá. As jovens a aceitaram com o
grau apropriado da graça formal.
-Minhas meninas se beneficiaram tanto com sua tutoria, - Disse a senhora Van Rijn, observando suas filhas com orgulho. - Estava bastante aflita em que elas
se convertessem em apropriadas senhoritas antes que você as tomasse sob sua proteção.
-Foi um prazer, lhe asseguro. - Disse Rowena. E de fato, as meninas eram belas, mas teriam sido aceitas na sociedade, refinadas ou não, devido à posição
de sua família entre a aristocracia de Nova Iorque... A mesma aristocracia que três anos atrás lhe tinha dado as boas-vindas.
Quando Rowena fugira de seu matrimônio arranjado na Inglaterra, partiu para o único lugar onde seu irmão Braden, o Conde do Greyburn, jamais tivesse pensado
em procurá-la: A América. Tinha vivido tranqüila durante um tempo, dependendo da generosa herança recebida de um parente longínquo. Mas logo havia chegado da Inglaterra,
o rumor de que Braden já não exigia mais seu matrimônio com o americano com sangue de homem lobo escolhido para ela. Apesar de que a Causa de preservar a raça de
homens lobos era ainda o trabalho de sua vida, já não obrigava aos outros a tomar parte, se resistiam.
De repente Rowena se encontrava livre. Podia voltar para a Inglaterra, mas havia lembranças dolorosas que não estava preparada para ressuscitar. E muito
em breve, depois de sair de seu esconderijo, soube que a sociedade de Nova Iorque estava muito contente em abraçar a irmã de um Conde da Inglaterra. Tinha caído
facilmente dentro da rotina de uma temporada no inverno e os verões em Newport ou Southampton. Depois de quase três anos era um membro distinto da elite.
Mas o entorno social e um sério compromisso com várias associações caridosas, não eram suficientes para encher o vazio em sua vida. Um marido, filhos e a
normal vida humana com a qual sempre tinha sonhado, eram-lhe ainda negados.
Até que o homem que menos esperava encontrar, veio para seu círculo e lhe ofereceu companhia, uma compreensão única, e a resposta a seu dilema.
-É tão gratificante que tenha decidido estabelecer-se aqui, em Nova Iorque, - continuou à senhora Van Rijn. - Sentiríamos saudades demais, se voltasse para
a Inglaterra.
-Tanto como eu sentiria saudades. - Disse Rowena com um pequeno assentimento. - Visitaremos a Inglaterra várias vezes este ano. O senhor McLean já não tem
nenhuma necessidade de dirigir pessoalmente as posses de sua família no Texas.
-Mas é obvio. Seria inaceitável que esperasse que você viva entre selvagens. - Ela assentou sua xícara e apoiou suas mãos enluvadas em seus estreitos joelhos.
- O senhor McLean é um verdadeiro cavalheiro.
Sim, pensou Rowena. Um verdadeiro cavalheiro. Ninguém em Nova Iorque poderia discutir isso inclusive ela mesma. Ele era a fantasia de toda mulher solteira
de Nova Iorque. Era imensamente rico, bem apessoado e encantador, com maneiras e roupas impecáveis, patrocinador generoso de associações de caridade, possuidor da
amizade dos maridos nas ações de Valores e com as consideráveis terras que sua família possuía muito antes da Guerra da Secessão.
O fato de que Cole McLean tivesse perdido seu braço na Guerra, brigando pelo Sul, não lhe recriminava. O fazia parecer mais galhardo ante as jovens senhoritas,
suas admiradoras.
Que irônico que essas senhoritas o tivessem perdido para a única mulher que quisera ter nada com ele a princípio. Cole era depois de tudo, o mesmo homem
com quem seu irmão havia pretendido que se casasse e esse conhecimento lhe tinha feito evitá-lo assiduamente durante quase um ano. Logo ela tinha começado a compreender
que ele era um homem perfeito para o casamento.
Sim, bastante perfeito.
-Estou segura que tem muitos preparativos a realizar. - Disse a senhora Van Rijn levantando-se. - Abusamos muito de seu tempo.
Rowena saiu bruscamente de suas meditações e se levantou com um farfalhar de saias.
- Absolutamente, senhora Van Rijn. Sua companhia e a de suas filhas é sempre bem-vinda. -Lhe ofereceu sua mão. - Confio que as verei logo.
-Iremos ao Baile de Despedida da senhora Peacocks. - Disse a senhora Van Rijn. - Nos veremos lá. E logo, é obvio, partiremos a Newport. - Ela apertou a mão de Rowena.
- Suo casamento será o ponto culminante da temporada do verão.
Rowena murmurou palavras de gratidão e mudou despedidas com as duas filhas Van Rijn. Sua dama, Kate, acompanhou-as até a porta.
Rowena olhou pela janela até que a carruagem de Van Rijn se perdeu entre muitos outros portavam na concorrida rua, e só então se permitiu um momento para suspirar
e reclinar-se contra a cadeira mais próxima. O fluxo de visitantes tinha sido interminável desde o anúncio formal de seu compromisso com o senhor Cole McLean. Ela
tinha sido educada para receber múltiplos hóspedes com perfeito aprumo, e mesmo assim, era quase como se estivesse ansiosa por desfazer-se dos rituais prescritos
que implicavam pouco mais que palavras bonitas e pretensões pessoais satisfeitas.
Sacudiu a cabeça. Devia estar verdadeiramente fatigada para ter tais pensamentos contraditórios. Cole não os apreciaria. Ele esperaria que ela fosse a anfitriã
exemplar, um reconhecimento a sua posição e situação. Quando ela e Cole casassem, a vida seria muito parecida, se não, mais desafiante. Ela não poderia permitir-se
vacilar, nem sequer quando os filhos chegassem. Os filhos que nunca saberiam de sua bestial herança. Não valia isso, cada sacrifício?
De repente consciente de que Kate estava ainda por ali, Rowena a despediu e subiu as escadas para seus aposentos. Foi imediatamente ao guarda-roupa e tirou
o pesado vestido de noiva que havia sido terminado apenas dias atrás.
O vestido era de musselina branca e brocado de seda bordado com pérolas, com sua pureza virginal apropriada apesar da idade de Rowena. Poucos em Nova Iorque
adivinhariam que ela tinha alcançado a idade de trinta anos e ninguém desafiava sua completa respeitabilidade.
O vestido era formoso, extravagante e extremamente caro. Cole havia comprado ele mesmo durante uma viagem a Paris. Havia lhe dito que era essencial demonstrar
riqueza, assim como possuí-la, fazer menos danificaria sua reputação entre seus amigos. Rowena lhe tinha perguntado a respeito da necessidade de esbanjar uma soma
tão exorbitante em um vestido que usaria só uma vez. Umas poucas palavras de fria reprovação a tinham silenciado.
Estremeceu ao recordar seu comportamento com Cole a princípio. Os maus hábitos acumulados durante uma vida em desafiar seu irmão, voltaram-se desagradavelmente
aparentes. Ela reagia a qualquer autoridade masculina desafiante, com um rancor e sarcasmo, indignos.
Cole lhe mostrara que suas maneiras eram muito descaradas, seu discurso mordaz e não adequado para uma dama de delicadeza e alta esfera. De fato, tinha um
ar vulgar fera que ela sempre desejou vencer.
Ele tinha razão. Ele sempre tinha razão. Não era seu tema mudar; devia adaptar-se. Não tinha sido obrigada a casar-se com ele. Escolhera-o depois de dois
anos de conhecê-lo. Ele havia lhe dado uma razão final, sobre todas as outras, para aceitar sua proposta de casamento.
Só ele sabia o que era ela. Nunca deveria temer algum tropeço que revelasse sua vergonha ou que seus sentidos mais agudos, apesar de que lutava por mantê-los
ocultos, pudessem traí-la. Não carregaria com a consciência de enganar um homem comum que acreditasse que ela também fosse normal.
Um humano.
Cole não era humano. Mas Braden se equivocara ao assumir que ele seria um participante disposto em sua Causa. Cole havia crescido sentindo a mesma aversão
por seu sangue de homem lobo, que Rowena. Não permitiria que sua esposa se desviasse um passo da humanidade. Ele poderia manter o lobo a raia... E protegê-la
de si mesmo.
Uma voz gentil soou profundamente na mente de Rowena. Mas você o ama? O amor é a coisa mais importante no mundo. "É claro". Cassidy, a jovem esposa de Braden,
nunca lhe havia dito essas palavras exatas, não em Greyburn, Inglaterra, nem nas cartas que lhe tinha mandado a Nova Iorque. Mas de ter estado ali, haveria dito
algo muito semelhante.
Cassidy não tinha perdido sua inocência no casamento com o conde, nem ao abraçar sua natureza de mulher loba. Ainda acreditava que o amor podia resolver
qualquer problema.
Isso não tinha lugar nos planos de Rowena. Uma vez esperara amar, mas já não mais. O amor e a paixão estavam entrelaçados. E a paixão jazia próxima a natureza
animal, a ferocidade incontrolável de uma fera. Rowena tinha decidido há muito tempo que morreria antes de fomentar o monstro dentro dela.
O amor romântico, a cólera, o desejo e o ardor de qualquer tipo apoiavam a fera. Seu único desejo era estabilidade e filhos normais que a buscassem para guiá-los.
Certamente isso era suficiente.
Com cuidado Rowena colocou o vestido em seu lugar, como se pudesse afastar os pensamentos tão facilmente. Sua mente pouco disposta a cooperar, moveu-se para
o último rumor sutil, geralmente ignorado, segundo o qual, Cole tinha se envolvido em alguns negócios não muito honoráveis.
É obvio que todos os homens em sua posição tinham inimigos, que procurariam manchas em sua reputação imaculada. Tais invejosos falariam de escuros segredos
e motivos escondidos. Mas o único segredo escuro de Cole era seu sangue de loup-garou e havia renunciado a isso para sempre.
Rowena repassou seus vestidos até escolher o mais apropriado para o jantar dessa noite, na casa dos Greenwells. Cole estaria lá é obvio, em seu último compromisso
antes de sair para Chicago a negócios. Ela estaria ao seu lado como prova de que ele não tinha nada do que se envergonhar.
Sorriu ante sua própria presunção de que Cole necessitava de seu amparo. Ele era um homem que se mostrava inquebrantável e firme, digno ante seus caluniadores
anônimos, e que desprezaria o apoio de uma mulher. Assim como a desprezaria se ela o sugerisse alguma vez.
Enquanto chamava Kate, tirou as presilhas do cabelo e estudou sua face no espelho da penteadeira. Em um mês, já não seria mais Lady Rowena Forster, mas a
senhora de Cole McLean. Sua identidade anterior deixaria de existir. Cole tinha feito possível. Havia feito o inevitável. Estremeceu afastou o olhar.

***

A jovem entrou em beco sem vacilação, com um xale simples sobre o cabelo e sua figura esbelta envolta em uma capa anódina. Deteve-se ao lado de um monte desordenado
de caixas de embalagem, procurando a escuridão.
Tomás Alejandro Randall se moveu dentro de seu campo visual e ela deu um involuntário passo para trás.
-Deus, deu-me um susto! - Disse ela com uma risada rápida.
-Você, Kate? Duvido. -Tomou sua mão e beijou as pontas de seus dedos, ásperas pelo trabalho.
Ela afastou a mão longe e tirou o cachecol de seu brilhante cabelo.
-Não te agradará o que tenho que te dizer desta vez.
-Ah, Kate. Qualquer notícia que me traga é boa se significar que a espera terminou.
-Então estará feliz. - Disse ela. - McLean sairá para Chicago a negócios imediatamente após a festa dos Greenwells, e Lady Rowena lhe unirá a ele em Newport dentro
de uma semana. O casamento terá lugar como foi planejado, em menos de um mês.
Tomás se apoiou contra a úmida parede de tijolo do beco, absorto no estudo de suas brilhantes unhas, metendo-se facilmente dentro do personagem que devia interpretar
uma vez mais. Sua postura despreocupada era uma máscara. Interiormente seu coração corria com excitação, e só a prática de anos evitou que se formasse um amplo sorriso
em seu rosto.
A espera tinha terminado. O tempo de agir tinha chegado ao fim.
-Fez bem, querida. - Disse ele. - Ganhaste com acréscimo sua recompensa.
Kate bufou.
-Isso é tudo, então? Não se incomoda que nenhum dos rumores a respeito de McLean, cuidadosamente plantados, triunfasse?
-Ficaria surpreso se o tivessem feito. - ele afastou-se da parede e sacudiu a parte inferior do casaco. - Lady Rowena é uma mulher teimosa. Uma vez que decide algo...
-Ela se decidiu por McLean, e não escutará nenhuma maldade a respeito dele. Ele poderia enfeitiçar os pássaros para que saíssem das árvores, como uma... Como uma
serpente. Mas não permitirá a este pássaro voar, certo?
Ele se lançou para ela sem nenhuma advertência e lhe segurou as mãos. Ela deu um gemido amortecido quando a virou para apertá-la contra ele, com os lábios quase
lhe tocando a curva de seu pescoço.
-Voaria longe de mim, -sussurrou, - se fosse um pássaro?
-Está louco. - Disse ela, com a respiração acelerada. - Pensa sinceramente continuar com isto? Arriscará sua vida, só por vingança...
-Ah, você se preocupa. -Beijou-lhe o canto dos lábios e a liberou. - Nunca temas, meu ruiva. Vivo para estas aventuras.
-Não. -Ela colocou o cachecol sobre a cabeça e o enroscou ao redor do pescoço. - Vive para um passado que se foi, Tomás Alejandro, e pela oportunidade de morrer.
-Ela se retirou. - Representei o papel que me pediu. Fui uma criada pessoal durante estes seis meses, e espionei para ti. No fundo, ela é uma boa mulher. Tudo o
que quero agora é o que me prometeu. Já não seguirei participando disto...
-Mas fará uma última coisa para mim. Certo, minha vida?
Ela afundou os ombros.
-Que mais quer?
-Não muito. Simplesmente se assegure de que eu seja admitido na casa da dama depois da festa de esta noite.
-É uma boa coisa que seja arrojada a rua por permitir que entrasse um estranho "cavalheiro" sem uma apresentação.
-Mas está indo. Esta é sua tarefa final. E quando estiver terminada, a dama voará livre dentro de minha jaula dourada.
-Deus a ajude, então.
-Ela teve uma vida de privilégios e você teve que lutar por tudo o que alguma vez possuíste. Ainda sente compaixão por ela?
-Sim. Ela simplesmente um peão em sua guerra particular, rica ou não.
-Um peão muito valioso, para ser tratado com a maior consideração. -Rebuscou dentro de seu colete e extraiu uma bolsa pequena e pesada de couro. - Aqui tem uma amostra
de minha estima. Quando eu for visitar a casa da dama, obterá o resto.
Ela arrebatou-lhe a bolsa.
-Se não fosse por meu irmão e irmã...
-Pelo menos você tem família viva, Kate Ou'Neill. -Olhou-a e não viu uma jovem de pele pálida e cabelo vermelho, mas a mulher de escuros olhos e escura vestimenta
que o tinha criado e amado, ainda quando não tinha nada mais pelo que viver, salvo a vingança contra os assassinos de seu companheiro... Seu pai.
Quão distintas teriam sido as coisas se seus pais ainda vivessem. Mas os McLean tinham entrado em suas pacíficas vidas, deixando caos e morte a sua esteira. Só restou
um Randall.
A velha dor voltou aguda e importuna. Tomás agüentou até que passou. Sorriu a Kate.
-O que quer que os McLean queiram. - Disse ele. - Lhes farei pagar o dobro para obtê-lo. O que ganhem, o tirarei. Não esquecerão os Randall enquanto eu viver.
-E quando morrer?
Ele encolheu de ombros.
-Todos morrem, senhorita. A questão é quando e como.
-Então espero que o faça bem longe de minha vista. -Ela se virou para ir-se e se deteve, com os ombros rígidos. - Maldito seja, Tomás.
-E boa sorte para ti também, meu amor.
Ela soltou uma risada dura, que foi uma paródia da sua.
-Seduziste a cem mulheres dispostas, Tomás, e nenhuma jamais tocou sua alma. Penso que desta vez encontraste sua igual. Não capturará o coração desta dama.
-Não é seu coração o que desejo capturar. Vá!
Ela assentiu e se foi.
Tomás seguiu até a rua e virou em sentido contrário, absorvendo os fortes aromas do entardecer nova-iorquino. Nesse momento só era um dos muitos homens normais que
caminhavam pela rua, ocupados com negócios desconhecidos, nesta parte respeitável, mas simples da cidade. Essa noite seria alguém totalmente distinto. E em uma semana...
Dentro de uma semana voltaria a ser o que os McLean o tinha feito: um descarado, um proscrito, um inimigo. Estava detento de nenhuma dúvida, nenhum arrependimento.
Só a inércia e a impotência tinham o poder de incomodá-lo, mas não era suscetível a nenhuma.
Poucas horas depois comprou dois bilhetes de primeira classe em um vagão de trem da linha Pullman Palace para o oeste, e se familiarizou completamente com cada segmento
da viagem até a cidade de Kansas. Dali, o Atchison, Topeka e Santa Fé o levariam, a ele e a dama, a fronteira do território de novo o México, onde seus homens estariam
esperando.
Isso era, é obvio, se tudo saísse de acordo com o plano. E assim o faria. Só restava ganhar a cooperação inicial de Rowena.
Voltou para o modesto hotel onde se hospedava e fez um inventário de seu guarda-roupa. Cada peça era apropriada para um cavalheiro inglês educado, mas não ostentoso.
Os alfaiates que o tinham atendido nas últimas duas semanas estavam convencidos de que seu cliente era, de fato, da nobreza britânica, recém-chegado de uma viagem
do Selvagem Oeste.
Vestiu-se meticulosamente com uma antiga camisa branca, colete de seda, gravata, calças de cor clara, casaco cruzado e chapéu. Verificou seu relógio, e examinou
seu reflexo no espelho.
Soube o que veria Rowena e que acreditaria na história que ele pensava lhe contar. Se estivesse mais aberta a sua natureza de mulher loba, talvez o reconhecesse
por seu aroma. Mas ele confiava que sua cegueira voluntária lhe possibilitaria enganá-la... Tanto como fosse necessário.
E então ela seria dele.

 

Capítulo 2


O olhar de cada um dos distinguidos homens do seleto jantar dos Greenwell se fixou em Lady Rowena Forster desde o momento em que entrou no vestíbulo de mármore da
entrada, de braço dado com Cole McLean. Os mesmos olhos estavam sobre ela agora, enquanto o casal se despedia e esperava seu carro para que os levasse para casa.
Cole estava contente que eles a olhassem, mesmo se significasse que os tolos não lhe prestavam a respeitosa atenção a que estava acostumado. Que olhassem o quanto
quisessem e babassem com franca inveja. Ela era tão propriedade dele como os diamantes incrustados de sua camisa, seu traje de Savile Row e sua mansão na Quinta
avenida. Tinha conseguido o maior prêmio de Nova Iorque com um pouco mais de esforço do que lhe levou obter a informação financeira mais secreta das bocas dos investidores
mais ricos na cidade.
E tudo porque Lady Rowena Forster confiava nele. Confiava nele, acima de todos, porque ele sabia o que era e não a rechaçara. Porque compartilhavam a mesma herança
repudiada. E porque não sabia que ele não tinha intenção de repudiar a parte dessa herança que o tornava seu superior. E, dentro de poucas semanas, seu amo.
Ela devia ter sido sua, anos atrás, quando o matrimônio foi arranjado na primeira vez, por seu irmão na Inglaterra. Ele não deixava que o que era seu lhe escapasse
das mãos.
Deteve-se ante um espelho com marco de ouro que havia no vestíbulo da entrada para ajustar sua gravata, e observou o reflexo pálido de Rowena a seu lado e ligeiramente
atrás dele. Ela apresentava um contraste agradável. Era a luz para sua escuridão, esbelteza contra sua forte robustez, acanhamento onde ele era seguro. As pessoas
nunca saberiam, ao fitá-la agora, o quanto havia mudado nos dois anos desde que se ocupara dela.
A princípio tinha sido um leve desafio. O mesmo orgulho e a arrogância aristocrática que a faziam um ornamento tão elegante em seu braço, também a tinham dotado
de uma afiada língua e uma natureza desafiante. Não que a maior parte da sociedade se desse conta; ela era muito hábil no meio social, uma vantagem valiosa numa
esposa. Mas ele o tinha reconhecido imediatamente, e saboreado o jogo de fazê-la entrar em vereda.
Cole encontrou seu olhar no vidro e ela foi à primeira em afastá-la. Isso era um sinal exterior de quão bem ele tinha triunfado. Em seu primeiro encontro, Rowena
o cuidara, como a outro plebeu qualquer, como a um sobe social americano do selvagem oeste, duplamente condenado por causa do que era. Ela afiou a língua sobre ele
um par de vezes, e então ele começou a descer seu fio.
Começara dizendo que só ele seria capaz de entendê-la, ou os impulsos animais que persistiam sob sua pele por mais que ela os reprimisse. - Disse-lhe que nenhum
homem normal a amaria se adivinhasse sua verdadeira natureza. Mostrou-lhe que só ele poderia ajudá-la a viver inteiramente livre da mancha do homem lobo... Se ela
confiasse nele, para guiá-la em tudo. Ela não foi o bastante forte. Ele sim.
Nem sequer teve que usar sua força de vontade para fazer com que acreditasse.
Ensinou-lhe a mudar-se para seus gostos, a reconhecer sua inferioridade natural, e a admitir quão desesperadamente precisava dele. O vestido que vestia essa noite
era escolha dele, as cores e linhas débeis deliberadamente escolhidas para suavizar sua aparência, e inundar sua personalidade, mais profundamente. Dia a dia, mês
a mês, ele desgastava sua cada vez mais sutil insubordinação, disfarçando suas intenções nos prazeres do cortejo. Sabia o que ela mais temia: perder a única oportunidade
de ter uma vida normal e "humana". Esse era seu poder sobre ela, agora e sempre.
Era muito fácil.
Rowena estava muito calada enquanto circulavam entre os outros hóspedes, deixando que ele conversasse. Ele sorriu e mudou uma acuidade insossa com a Viúva Greenwell.
Perguntou-se desapaixonadamente se ela tinha alguma idéia de que a fortuna de seu marido estava diminuindo e que esse colar fabuloso de diamantes que exibia no pescoço,
talvez estava em risco. Greenwell tinha sido notavelmente indiscreto com certa informação espinhosa, monetária e de outra natureza e neste momento, involuntariamente,
estava pagando por isso. Pagando a Cole McLean.
Cada homem presente havia contribuído para o aumento da fortuna de Cole e a seu assombroso aumento de influência e autoridade. A maioria não possuía a menor idéia
do quanto tinha tirado deles, simplesmente utilizando as habilidades mentais com as quais havia nascido. Umas quantas sugestões plantadas na mente de um homem rico
e este consideraria Cole seu melhor amigo e assessor financeiro. Uma pequena concentração de sua vontade e um banqueiro, investidor ou um especulador deixariam cair
os últimos indícios secretos das ações ou o rumor de uma companhia com dificuldades financeiras, ou murmúrios a respeito de um assunto pessoal, que facilitaria a
possibilidade de chantagem por parte de uma insidiosa fonte desconhecida. Nenhum deles conectara jamais suas dificuldades misteriosas com o cavalheiro do Texas.
Lady Rowena fazia sua parte, embora sem saber. No momento em que tinha começado a responder a sua corte cuidadosamente orquestrada, as mulheres da sociedade lhe
tinham aberto completamente suas portas, cuja educação, encanto e um refinamento cuidadosamente adquirido, nunca tinham sido suficientes para romper essa última
barreira.
Mas as barreiras tinham sido quebradas, e isso conduziu inclusive a mais oportunidades. Oportunidades para poder ilimitado, o poder que era seu por direito porque
ele o poderia tomar.
Ele sorriu ao pensar em seu pai resmungando sobre esta atmosfera refinada, como um touro furioso em uma loja de porcelana, e a seu irmão Weylin desgostando as grandes
damas da alta sociedade, com suas roupas de boiadeiro e seu discurso deslustrado.
Mas É claro que o pai há tempo que se retirara de seu caminho, e Weylin estava ocupado correndo atrás do Lobo no Território. A inteira fortuna McLean e seu futuro
estavam nas mãos do único McLean capaz de deixar uma marca não só em Nova Iorque, mas também no mundo.
O nome de Cole McLean seria recordado. E temido.
-Seu carro chegou, senhor.
Cole fez um gesto negligente ao atento lacaio e dirigiu Rowena para o carro. Ela subiu com uma graça praticada, uma criatura de proporções deliciosas e linhagem
impecável, nascida com os privilégios que ele ganhara com paciência, talento e garra.
Sua fortuna era tão boa como a dele. Ela já dependia de seu conselho e colocava em suas mãos os recursos que concedia a suas numerosas associações de caridade. A
maioria nunca alcançava os beneficiários aos quais estavam destinados, mas isso era algo a mais que ela seguia ignorando. Ele não planejava esbanjar o dinheiro deles,
seu dinheiro, com os fracos. Que seguisse acreditando que ele compartilhava sua devoção para os filhos sem lar e mulheres da rua.
Cole sentou a seu lado e tomou sua mão enluvada.
-Desfrutou da festa, querida?
-Indubitavelmente. Sobretudo, porque foi capaz de te assistir. -Ela sorriu com atenção bem treinada. - Sei que deve partir esta noite...
-Mas estaremos juntos outra vez. - Disse ele. Beijou-lhe a mão. - Então nunca mais nos separaremos. As próximas semanas se moverão lentamente que mês de janeiro.
-Uma de suas antiquadas frases texanas?
Ele ficou alerta ante a breve volta, embora suave, a sua velha acuidade sarcástica.
-Muito antiquada. - Disse ele friamente. - Estou encantado de ter te entretido.
O sorriso de Rowena desvaneceu.
-Não era minha intenção sugerir que o que disse é menos que... Isto é... Eu...
Divertia-lhe, que ela nunca gaguejava ou perdia a segurança, exceto ante sua presença. Apertou-lhe os dedos um pouco mais forte que o necessário.
-Sei que nunca te zombaria de mim.
-É obvio que não. -Rowena se calou. Cole manteve sua mão presa. Ela foi o bastante inteligente para não se liberar.
-Confio em que ficará tranqüilamente em casa enquanto esteja fora. - Disse ele. - Quero que esteja em sua melhor forma, para nosso casamento. Não precisa mover um
dedo. Fiz todos os acertos.
-Sim, Cole.
-Preferiria que tivesse o menor número de visitas, como seja possível. Já não é o bastante jovem para ter uma acompanhante, e confesso que estou com um pouco de
ciúme.
Ela não disse nada.
Ele segurou-lhe a mão entre as suas.
-Fará o que te peço?
-Sim. -Sua face estava esculpida de mármore branco, quase sem expressão. Ele relaxou. Não que não confiasse nela se estivesse fora de sua vista, mas desfrutava provando-a.
Especialmente quando pressentia que sua máscara inglesa de dama escondia alguma coisa e pensava que era tudo, menos submissão.
-Bom. - Disse ele. - Chegamos a sua casa.
Ele esperou que o chofer abrisse a porta e logo ele mesmo ajudou a Rowena a descer. Ela tropeçou com suas saias, algo inédito nela.
-Ouvi dizer que você está ensinando lições de boa conduta a várias senhoritas. - Comentou, dirigindo-a para a porta. - Talvez devesse tomar algumas.
Ela se ruborizou.
-Sinto muito. Não fui o bastante cuidadosa.
Ele sacudiu a cabeça.
-Espero mais de ti, Rowena. Você marcará exemplo a toda Nova Iorque. Nunca baixe o guarda.
Sua criada irlandesa os recebeu na porta. Lançou a garota um olhar calculado, às costas de Rowena.
-É uma lástima que não possa ficar. - Disse atraindo Rowena para seus braços. Ela ficou levemente rígida e séria, como ele tinha antecipado. Às vezes se sentia tentando
a desequilibrá-la, usando um pouco de conduta "inadequada". Não porque se sentisse satisfeito com qualquer sombra pálida de gratificação sexual que ela pudesse proporcionar.
Era virgem, naturalmente, e criada para pensar no sexo como um dever que deve ser suportado para produzir filhos.
E embora talvez gozasse lhe ensinando a agir como ele desejasse, não a queria o bastante alquebrada para que o resto do mundo suspeitasse de algo distinto a dita
matrimonial entre eles. Portanto, ela teria seus filhos e ele encontraria uma grande quantidade de mulheres, dispostas ou não em apaziguá-lo. Rowena era do tipo
de mulher que fazia vista grossa a infidelidade, como faziam a maioria das mulheres de sua classe na Inglaterra. Sequer tocaria no assunto.
Enquanto ela permanecesse tal como estava agora, ele não teria que esbanjar nenhum esforço mais, uma vez que se casassem.
Num impulso, mudou seu planejado beijo casto na bochecha por um pleno, na boca. Ela ficou completamente quieta e lhe permitiu fazer o que queria. Nem a mais leve
faísca do paixão danificou seu controle. Ele a soltou, afastando-a de seu lado.
-Vejo que jamais precisarei duvidar de que atue com absoluta propriedade. - Disse sardonicamente. - Seja pontual em Newport. Sabe como odeio esperar.
Ela assentiu, olhando fixamente para o piso. A criada se apressou em abrir a porta enquanto ele se dirigia a para ela. Roçou os seios da garota com o braço e sorriu.
-Adeus, querida. - Disse, tanto a criada como a Rowena. - A verei outra vez, antes que tenha oportunidade de sentir saudades.
Cole esqueceu-se de sua noiva no momento que esteve fora da porta.

***
-Há um cavalheiro que deseja vê-la, senhora.
Rowena levantou os olhos, distraída pela carta que estava escrevendo. Kate estava parada perto da porta, sustentando a bandeja de prata com o cartão de apresentação,
com um olhar incômodo.
O relógio na penteadeira de Rowena marcava quase duas da madrugada. Passava-se muito da hora que um cavalheiro visitasse uma dama ou para que qualquer pessoa visitasse
alguém, de fato e ela estava francamente assombrada de que Kate tivesse aberto a porta. A garota deveria estar na cama. Porque Rowena não tinha sido capaz de dormir
após a partida de Cole não significava que esperasse que seus serventes compartilhassem sua insônia.
E Kate se comportara de forma bastante estranha, a menos que... Indicou-lhe que se aproximasse.
-É uma emergência? -perguntou.
-Isso, senhora. Pareceu-me que sim. Sinto-o se eu... -Ela se ruborizou. - Direi-lhe que não o receberá...
Rowena sacudiu a cabeça e tomou o cartão da bandeja. Era um nome que não reconhecia, Senhor Thomas A. Randolph. A parte final direita dobrada para baixo indicava
que vinha em pessoa. Era o mais extraordinário; certamente nunca tinham sido apresentados.
. - Disse por que veio, Kate?
-É um cavalheiro, da Inglaterra, penso. Parecia muito preocupado.
Um cavalheiro da Inglaterra. Instintivamente Rowena ficou em guarda, embora suas relações com Braden houvessem sido bastante agradáveis durante os dois últimos anos.
Não obstante...
-Por favor, diga-lhe que me reunirei a ele logo que seja possível. - Disse Rowena.
-Sim, senhora. -Kate realizou uma leve reverencia e a deixou. Agitada, Rowena se arrumou apressadamente e desceu para o salão para reunir-se com seu hóspede imprevisto.
Viu imediatamente que Kate tinha razão, pois certamente era um cavalheiro, desde seu perfeito porte até o brilho de seus sapatos. Sua face aposta, bronzeada pelo
sol, estava marcada por linhas graves.
-Lady Rowena, - ele disse, inclinando-se levemente. - Por favor, me perdoe por procurar sua companhia de maneira tão brusca e a uma hora tão inoportuna. Mas acabo
de chegar à Nova Iorque, e verá você...
Ele vacilou, e Rowena o estudou ainda mais. Ele usava um bigode pulcramente recortado. Era alto e ágil sob o traje feito sob medida, com ombros tão longos como os
de Cole. Sua face era decididamente atraente de uma maneira totalmente diferente de seu noivo... Bronzeada, angular, menos dura em suas linhas. Seu cabelo era marrom
escuro, ao igual aos seus olhos, sua voz de um tom barítono agradável. Seu sotaque era o da classe alta inglesa; tudo nele indicava caráter e boa criação.
Uma série de estranhos pensamentos circulara em sua mente: um sentimento de reconhecimento, um brilho de curiosidade, um formigamento de interesse pessoal, como
se devesse conhecê-lo muito mais que a um estranho. Ela havia se relacionado no passado com homens de seu tipo, atraentes e cultos, e nunca tinha pensado nada a
respeito. De algum modo, ele era diferente.
Sequer estava molesta por sua escandalosa intromissão. O que havia dito Cole tão claramente no carro? Não queria que ela recebesse visitas enquanto ele não estivesse.
O que diria ante a chegada inesperada deste homem a sua porta e tão tarde?
Seus lábios se estreitaram. Sabia o que diria. Tal ofensa contra a decência realmente o sacudiria... Apesar de que a tivesse beijado com uma estranha intensidade,
quase hostil, momentos antes de deixá-la.
Devia ser imaginação dela. Ele não tinha feito nada errado, nada que nenhum noivo não tentasse semanas antes do casamento. Ela não era tão ingênua. Mas ficara inquieta
e vagamente... Sim, zangada... Desde que ela e Cole haviam voltado da festa. Especialmente quando recordava constantemente o quanto longe estava de suas expectativas.
Às vezes sentia que ele a considerava como nada mais que uma quinquilharia bonita para exibir em seus negócios e ante seus conhecidos.
Que ridículo. Tais pensamentos eram a prova de que ela necessitava de sua guia. Ainda assim, sentia um estranho alívio de que ele não estivesse ali nesse momento.
E esta era, por poucas semanas mais, sua casa. Ainda não era a senhora de Cole McLean.
Recordou rapidamente seu hóspede, e sorriu.
-Por favor, não pense nisso, senhor Randolph. Entendo que veio por um assunto urgente.
-Certo. Obrigado, senhora. -Ele esperou a que ela se sentasse para tomar o assento de em frente, sustentando o chapéu e as luvas em suas mãos.
-Lady Rowena, devo ser franco. Estou aqui a pedido de seu irmão, o Honorável Quentin Forster.
-Quentin? -Rowena se manteve firmemente em lugar, embora seu coração desse um salto. - Ele está bem?
Randolph baixou o olhar para seu chapéu.
-Isto é, sem dúvida, incômodo, Lady Rowena. Você e eu não somos conhecidos, mas conheço bem a seu irmão gêmeo desde que veio para os Estados Unidos. Ficamos amigos
enquanto viajávamos para o Oeste. -Ele levantou o olhar, e seus olhos capturaram os seus. - Não ouviu nada dele durante algum tempo?
-Não, não o tenho noticias dele. -Ela o olhou fixamente como se pudesse forçá-lo a dizer o que temia. - Ele está... Por favor, me diga.
-Rogo-lhe me desculpe, Lady Rowena. - Disse ele, levantando-se. - Ele está a salvo, no momento. Mas tive que vir a você porque não sabia a quem mais recorrer. Quentin
está em grandes dificuldades. Ele... envolveu-se com companhias desagradáveis e temo por sua vida e sua saúde.
Rowena se sentou rígida em sua cadeira, eliminando qualquer sinal de alarme. Sabia que algo não estava bem, mas não queria admitir. Era o velho vínculo que sempre
haviam compartilhado por serem gêmeos; indo e vindo, errático, mas sempre presente. Algumas vezes saltava desde lugares tranqüilos de sua mente em forma de imagens
poderosas, emoções muito intensas para serem toleradas... Como quande Quentin estivera no Exército da Índia.
Mas no último ano havia sentido, sem nenhuma prova definitiva, que ele estava em problemas. Suas cartas mais recentes continham um tom de velado desespero que ninguém
mais que ela poderia reconhecer. Ele não tinha respondido a suas últimas cartas. E ela tinha sido descuidada e estivera egoisticamente preocupada para rastrear essa
sombra de apreensão.
Enviou a Kate um olhar, pedindo um suco e lutou por manter seu porte.
-Agradeço-lhe que me tenha informado a respeito. - Disse. - Pode me dizer mais?
Ele sacudiu a cabeça.
-A situação é complicada e uma dama como você... - Ele pigarreou. - A vida é muito diferente no Oeste. É difícil de explicar.
-Por favor, tente, senhor Randolph.
Ele se deteve ante sua brusca interrupção.
-Muito bem. Falarei francamente. Seu irmão se tornou muito viciado, inclusive dependente, do álcool. É muito imprudente procurando jogos de azar, e tem feito muitos
inimigos. Temo que tenha perdido o interesse por seu próprio bem-estar, e esteja... Perdoe-me... Procurando a própria morte, por qualquer meio possível.
Rowena fechou os olhos. Ah, Quentin! Está ainda tão preso em um passado que não compartilharia sequer comigo? Tudo o que o senhor Randolph dizia reforçava seus temores,
e não duvidava absolutamente de sua sinceridade.
Ela o olhou de novo.
-Veio a mim, pedir ajuda.
-Sim, Lady Rowena. Por isso me contou Quentin, acredito que só você poderia influenciá-lo para que abandone seu atual caminho e retorne a civilização.
Rowena ficou em pé, incapaz de conter sua agitação. O aborrecimento começou a percorrê-la, contra este estranho e sua repentina aparição, contra Quentin, contra
si mesmo por não haver se dado conta antes, que ele precisava dela.
E contra Cole, por ter suplantado gradualmente as coisas valiosas de sua vida.
-Então você sugere que eu vá para junto de meu irmão. - Disse ela.
-Sim. Não teria vindo de tão longe em semelhante missão se não acreditasse que esta é a única maneira de resgatá-lo. - Ele tirou um papel dobrado de seu bolso. -
Quentin não sabia a razão de minha viagem a Nova Iorque, mas escreveu isto.
O papel era uma carta, escrita pela mão de Quentin, dirigida a Rowena. Assegurava-lhe, brevemente, que o portador, um tal senhor Thomas Randolph, era um amigo de
confiança e que sua apresentação a Lady Rowena Forster era passada completamente por seu irmão. Continuando, Quentin lhe pedia que o senhor Randolph fosse tratado
com toda a hospitalidade possível durante sua estadia em Nova Iorque.
Rowena lhe devolveu a carta ao senhor Randolph.
-Não duvido de seus créditos, senhor Randolph. Você talvez não saiba que me casarei no mês próximo.
-Não sabia, Lady Rowena. Acabo de chegar à Nova Iorque esta tarde, e vim a você diretamente. Sinto que minha chegada inoportuna possa interromper seus planos.
Ela o olhou agudamente, procurando em sua face algum sinal de brincadeira. Não encontrou nenhum; mas, seu coração enfraqueceu inesperadamente por sua preocupação
pessoal. Verdadeiramente devia ser um bom amigo, e merecedor de toda a cortesia que lhe pudesse brindar.
Se Cole estivesse aqui... Esse pensamento continuava invadindo sua mente. Se Cole estivesse lá, eu lhe diria que não deveria, sob nenhuma circunstância, comportar-se
impetuosamente, sequer pelo bem de seu irmão. Diria que sua preocupação era uma típica reação feminina exagerada e sem fundamento. Tomaria a mão e lhe diria que
ele cuidaria, a seu devido tempo, é obvio, tendo em conta suas contínuas ocupações. Nada devia demorar ou intervir no casamento.
Ela estirou o queixo. Cole pediria que escolhesse entre seu irmão gêmeo e sua própria conveniência; tão simples como isso. Ele tinha reconhecido totalmente a incorreção
de sua tendência para a rebelião, e pensava que tinha vencido-a. agora via que não era assim. Ela estava envergonhada, mas não o suficiente. Não esta noite.
-Se meu irmão precisa de mim, - disse ela. - é obvio que irei com ele. Onde está?
-No sul de Colorado, Lady Rowena.
-Fica algo longe de Nova Iorque, verdade? Levarei alguns dias para arrumar a saída. Devo...
-Peço-lhe perdão, senhora, mas temo que qualquer demora possa ser desastrosa para seu irmão.
Kate chegou com a bandeja e Rowena ofereceu a seu hóspede. Ele declinou, mas ela apenas o escutou.
-Tomei a liberdade de obter dois alojamentos de primeira classe em um trem com rumo ao oeste que sai amanhã cedo. - Disse o senhor Randolph. Deu um passo para ela,
com uma mão levantada em súplica. - Lady Rowena, peço-lhe que confie em mim. A vida de Quentin pode depender disso.
Confie nele. Rowena era consciente de que deixar Nova Iorque na urgência do momento com um total estranho, sendo ela solteira e noiva com outro homem, provocaria
falações e especulações desagradáveis. Só sua reputação imaculada a protegeria... Isso, e Cole McLean. Ele devia ser informado, mas ela não podia alcançá-lo agora.
Mandaria no momento um telegrama a Newport e escreveria uma longa carta, que estaria esperando-o quando ele chegasse.
Ele se zangaria. Ela teria que apaziguá-lo muito quando voltasse, humilhando-se por completo. Com um pouco de sorte, o casamento não teria que ser adiado. Com um
pouco de sorte, se ocuparia de Quentin, e este retornaria com ela de volta a Nova Iorque dentro de duas semanas.
E estava completamente a salvo de alguma imposição por parte do senhor Randolph. Ele era um cavalheiro inglês e ela era uma dama.
-Obrigado, senhor Randolph. - Disse. - O senhor considerou todas as necessidades. Parece que só me resta fazer minha bagagem.
-Se aceitar meu conselho, Lady Rowena, traga só seus objetos pessoais mais simples e o mínimo de vultos. Pode ser que deva subir tanto em cavalos como em veículos
muito primitivos. Haverá poucos luxos aonde vamos.
Ela elevou o queixo.
-Não espero comida do Delmonico's, ou faetones bonitos no deserto.
Ele sorriu-lhe amplamente, fazendo com que seu rosto se transformasse no de outro estranho, um homem totalmente diferente do elegante cavalheiro inglês, um homem
com espírito feroz e de olhar selvagem, um homem que causou um tremor na coluna de Rowena. Mas o brilho de seus dentes e o desafio desapareceram imediatamente, ficando
escondidos atrás de um sorriso superficial.
-Saúdo seu valor e fortaleza, minha senhora. Quentin é muito afortunado de tê-la como irmã.
-Tal como é afortunado de tê-lo como amigo. - Disse ela. - E agora, se der a Kate sua direção, eu terminarei meus próprios preparativos.
-Posso mandar um carro a procurá-la em poucas horas.
-Talvez fosse melhor nos encontrássemos na estação, senhor Randolph.
-Certamente. -Seus olhos mostraram uma faísca de humor. - Darei a sua criada todos os detalhes.
-Então lhe desejo que passe uma boa noite, senhor Randolph. -Lhe ofereceu a mão. - Até manhã.
-Boa noite senhora ou, como dizemos no Oeste, até manhã. -Ele levou a feminina mão até sua boca, mas em vez de meramente beijar o ar em cima dela, depositou um beijo
em seus dedos. O efeito do gesto galante e antiquado foi como seu amplo sorriso: surpreendente, peralta e muito íntimo como para que se sentisse cômoda.
-Apesar das circunstâncias desafortunadas, - ele disse, liberando sua mão com muita lentidão, - acredito que esta será uma viagem muito grata. -Colocou o chapéu
e as luvas e seguiu a Kate até o vestíbulo.
As palavras de despedida deixaram a Rowena desconcertada. Sentou-se na cadeira mais próxima, revisando tudo o que tinha acontecido com a chegada de seu inesperado
hóspede. Era bastante fantástico que se encontrasse viajando para uma região selvagem um mês antes de seu casamento, mas havia algo sobre o senhor Randolph que não
se encaixava.
Não podia definir seu sentido de apreensão. Não até o final de sua visita quando começaram os vagos pressentimentos de perigo. Ela quase poderia ter atribuído ao...
Instinto.
Não. Essa era uma palavra que ela rechaçava tão completamente, como seu sangue de mulher loba. Tampouco era uma pessoa que permitisse que sua imaginação disparasse.
Era dificilmente possível que ele fosse um loup-garou. Não havia nenhum com seu nome na Inglaterra. Talvez era que o senhor Randolph tinha sido influenciado pelos
climas selvagens nos quais tinha viajado, como Quentin. Como amigo de Quentin, talvez tivesse o mesmo toque. Mas não tinha feito nada para que ela duvidasse de sua
honra.
Por que, então, seu amplo sorriso e seu beijo ficassem tão marcados em sua mente?
Certamente era porque deviam ter se encontrado na Inglaterra, talvez há muito tempo e nenhum deles recordava. Isso justificava.
Mas não explicava por que seu coração golpeava como se enfrentasse a alguma ameaça escura... Ou tivesse se aproximado muito da fera encerrada em seu interior.
Ah, Quentin, pensou ela. O que tem feito?
Tempo atrás, afastara-se dos deveres que lhe tinham sido impostos porque entravam em conflito com seus próprios princípios. Agora era impulsionada por esses mesmos
princípios... Pela necessidade de ajudar a trazer ordem, conduta adequada, e dignidade moral humana, ao mundo que habitava. Não havia lugar em sua visão de vida
para a paixão desenfreada e o abandono descuidado, para a sensualidade crua e patente, para nada que pudesse promover caos e sofrimento inevitável.
Algum dia criaria seus próprios filhos para que fossem membros produtivos da sociedade humana, e os educaria para ter visão admirável, sob as guias do bom gosto
e a restrição. Até então, ela devia responder a aqueles desventurados que necessitassem sua ajuda, e mais que ninguém, seu próprio irmão.
E nenhuma insensata apreensão a respeito de senhor Thomas A. Randolph poderia intervir.
Rowena sacudiu longe suas dúvidas e convocou Kate para que a ajudasse a fazer a bagagem.

 

Capítulo 3


Weylin McLean tomou o trem com rumo ao oeste no Dodge City, muito consciente de que uma vez mais tinha fracassado em localizar o proscrito chamado O Lobo.
Os rumores o tinham dirigido a uma caçada selvagem no Território de novo o México, mais ao leste do que jamais se aventurara. Tendo ficado estagnado de novo, não
se sentia inclinado a voltar para semelhante país "civilizado", quase tanto como o apocalipse.
Encontrou um assento, a uma distância segura das damas que talvez se sentiriam ofendidas por seu vestuário e a falta de um banho recente, e olhou fora pela janela.
Era insensato pensar que O Lobo teria uma razão para viajar ao este. Era tão homem da fronteira, como ele mesmo. Talvez tivesse alguma habilidade para disfarçar-se,
mas não duraria muito tempo em... Nova Iorque, por exemplo, onde Cole tinha convertido em um perímetro rico e havia quase rechaçado todas suas raízes do Texas.
Era estranho pensar que Weylin tivesse mais em comum com O Lobo, que com seu próprio irmão. Estranho, e incômodo. Cole esperava outro relatório sobre seu progresso
em agarrar o bandido, e não ficaria feliz. Essa era a única responsabilidade que Cole tinha deixado a seu irmão:
-Uma das poucas coisas para a qual é bom, - ele havia dito a última vez que retornou ao Território.
E Weylin tinha falhado. Outra vez. Não tinha direito a criticar a Cole, que tinha feito do nome da família algo a ser tido em conta em todos os Estados, e tinha
aumentado a riqueza McLean. Tudo o que Weylin tinha conseguido era participar um pouco no manejo dos ranchos em Novo México e Texas, e nem sequer estava a cargo.
Nunca quisera estar.
Permitiu-se um estranho suspiro. Cole era o que queria, o poder. Sempre tinha sido dessa maneira; isso foi o que causou as brigas entre ele e o pai. E foi depois
que Kenneth morreu que o Pai começou a preparar seu filho mais jovem para substituí-lo... Não a Cole, quem era o mais apropriado para isso.
Não era de admirar que Cole estivesse ressentido com ele. Pelo menos o testamento não tinha sido mudado antes que Pai fosse assassinado; Cole obteve o que queria.
Ele levava as rédeas do império McLean, inclusive à distância. E isso deixou a Weylin a tarefa de vingar o assassinato do Pai e a perda da propriedade McLean.
-O problema contigo, -lhe havia dito Cole mais de uma vez, - é que no fundo você é um covarde. Pai te mimou muito. Evitou que fosse a Guerra, permitiu que ficasse
para trás quando perseguimos Fergus Randall por matar Kenneth. Eu tive que fazer o trabalho sujo. Mas isso é passado, Weylin. Não sujarei mais minhas mãos. Você
traz Randall, vivo ou morto, e saberei se ainda é um McLean.
Um McLean. Valia à pena sê-lo, sem importar o que as pessoas, dissesse a respeito dos métodos do pai. Ele tinha sido um homem duro. Tinha que ser, lá fora.
Desumano, pensou Weylin. Tinha que ser desumano, tanto como O Lobo. Pensar como ele. Se esquecer da honra e da justiça.
Mas ele não podia esquecer. Isso era o que Cole não entendia. Igual o Pai não tinha entendido.
Weylin descansou a cabeça contra o assento e fechou os olhos. Maldição, bem posso ser um McLean e ainda me preocupar com a lei, Cole, inclusive se você não o faz.
Era o engano de Cole, pensar que ele estava menos comprometido, menos decidido em sua missão porque fazia as coisas a sua maneira.
Colocou o chapéu sobre a testa, situou sua arma mais comodamente no quadril, e se deixou levar. Sonhou com uma perseguição interminável, sempre um passo atrás de
um lobo marrom escuro que zombava dele com as mandíbulas abertas. Sonhou que atirava seu laço uma e outra vez, só para que ficasse curto enquanto o lobo ria outra
vez.
E então o sonho mudou. De repente ele, não o lobo, estava um passo adiante. Podia cheirar a essência do Lobo no vento. Os cabelos de sua nuca se arrepiaram em resposta.
Ouviu a voz de seu pai."Não temos que nos converter em feras indesejáveis para governar este país". E a de Cole: Converter-se em uma fera é um desperdício do poder
com o que nascemos. Somos superiores, não animais.
O que significava que eram superiores aos Randall, que sempre tinham se deslocado como lobos. Weylin suprimiu o desejo de caçar o Lobo na forma de lobo que quase
tinha esquecido. Permitiu que seu agudo sentido do olfato o guiasse para ele. O Lobo estava perto, muito perto...
Moveu-se no assento, com o aroma ainda em seu nariz. Sua coluna tremeu com reconhecimento.
O Lobo. Levantou-se e se moveu pelo corredor, apenas consciente das damas do este que cochichavam a respeito dele como se nunca tivessem visto um homem do oeste.
Soube com certeza absoluta que O Lobo estava no mesmo trem.


Tomás havia se esquecido, com o passar dos anos, do quanto formosa era ela.
Formosa. Tinha visto cabeças girando a fitá-lo com inveja quando escoltava Lady Rowena pela Grande Estação Central e depois para dentro do trem. Os homens se inclinaram
e gaguejado em sua presença, como se ela fosse da realeza e se esqueciam de todos seus princípios democráticos americanos.
Mas não conheciam Lady Rowena Forster. Ela era verdadeiramente formosa... E quase tão cálida e feminina como uma estátua de mármore. Seu cabelo era ricamente loiro,
mas estava apertadamente penteado em um estilo conservador, e sua face nunca revelava uma só emoção. Seu traje de viagem era singelo mas na moda, abraçando sua figura
esbelta mas não revelando nem um só centímetro de pele, do pescoço até a ponta dos pés.
Ela pertencia a uma dessas vastas casas enormes, tão adoradas pelos nova-iorquinos mais ricos que procuravam copiar a aristocracia européia. Ao menos isso que era
o que ela acreditava.
Agora, enquanto o trem se aproximava da fronteira entre Kansas e Colorado, ela se ocupava olhando pela janela a paisagem, como se a fascinasse. Tomás sabia por experiência
que sua meta era mais evitá-lo que observar a paisagem.
Ele se recostou em seu assento estofado e a estudou pela extremidade do olho. Ainda perto do fim de uma longa viaje de trem, ela conseguia manter sua rígida postura
erguida, as costas raramente tocando o assento. Durante os últimos dias, manteve-se afastada, régia, infalivelmente cortês e distante como a lua.
O fato de que compartilhassem um beliche no vagão-cama tinha feito pouco para fazê-la falar com ele, exceto perguntar mais a respeito de seu irmão. Por fortuna,
ele sabia o suficiente para mantê-la a par. E seus longos silêncios lhe deram a oportunidade de recordar com todo detalhe como tinha sido na Inglaterra.
É obvio, tinha-a conhecido então sob circunstâncias diferentes, quando ela tinha sido forçada ao extremo pelas expectativas de seu irmão maior. E "conhecê-la" era
uma palavra muito presunçosa. Ele tinha deixado a Inglaterra antes que ela escapasse para a América.
Aqui, por fim, ela tinha se considerado segura. Segura de ser a dama humana. A salvo da herança de mulher loba que se negava a aceitar, porque Cole McLean a tinha
convencido que compartilhava sua repulsão pela forma de mutantes.
Tomás riu silenciosamente. Quão bem McLean a tinha enganado. Tinha-lhe revelado só a faceta de si mesmo, que quis que ela visse.
E o que tinha revelado ela a McLean? Isso lhe levou um pouco de imaginação. A dama era apenas uma exibicionista, tanto de forma como de sentimento. Se alguma vez
permitiu seu magnífico cabelo ficasse solto sobre seus ombros, Tomás não tinha tido o privilégio de vê-lo. Cada noite ela se retirava atrás das cortinas de seu beliche
embaixo e, conforme sabia ele, dormia completamente vestida, com espartilho e tudo.
Mas nas longas e vagas horas enquanto atravessavam o civilizado este, trocando de trem em Chicago, e embarcado afinal para as planícies abertas, ele se divertiu
com uma visão bastante oposta.
Lady Rowena Forster. Quão surpreendida estaria ela se soubesse o que ele estava pensando.
Em sua imaginação, ela não era uma estátua, mas uma mulher suave e apaixonada. Tampouco era estirada nem apropriada. No lugar dos espartilhos fechados e as saias
engomadas, usava uma blusa branca bordada, de manga curta e frouxa sobre os ombros. O débil contorno de seus mamilos jazia como uma sombra sob o tecido. Sua saia
era plena e ricamente colorida, caindo até os tornozelos. Seus pés, cobertos com botas delicadas nesse momento, estavam expostos.
Ela o olhava, com os olhos risonhos. Havia fogo em suas bochechas. O fogo de uma mulher à beira da excitação.
Ah, sim. Agora seus olhos se tornavam mais pesados, com convite sensual. Os dedos esbeltos escovavam uma mecha de cabelo que estava solto e desalinhado como o de
uma cigana. Inclinou-se para ele, e os seios empurraram contra seu solto confinamento.
-Tomás... - Ela sussurrou.
Seus lábios eram exuberantes e úmidos, meio abertos. Ele se moveu para segurá-la entre seus braços, mas ela se afastou com um sorriso provocador. Com uma ondulação
de seus quadris, ela desabotoou a saia, que caiu como em seus tornozelos. Suas pernas eram longas e torneadas. Só a camisa longa a cobria, terminando na parte superior
da coxa.
Seus movimentos eram deliberadamente sedutores. Ela percorreu com as mãos o flexível algodão da camisa, moldando-a a seu corpo. Lentamente começou a levantar a blusa
sobre as coxas, os quadris, a cintura. Os pelos que protegiam seu centro feminino eram tão dourados como seu cabelo. Ela levantou o tecido sobre seus seios, revelando
seus rígidos mamilos, rosa escuro.
Com um dramático gesto final, passou a blusa sobre sua cabeça e a lançou longe. A luz da lua acariciou suas curvas, como um amante faminto.
Tomás soube que ela estava a ponto de mudar, e quando o fizesse, lhe negaria o que tão claramente lhe tinha prometido. Ele se lançou para ela. Rowena saltou para
trás, mostrando os dentes em desafio.
-Pegue-me. - Disse ela. - Se me apanhar... Serei tua.
-Minha flama. - Disse ele, igualando seu sorriso. - Te renderá a mim...
-Está você indisposto, senhor Randolph?
Tomás saiu de seu grato sonho para ver Lady Rowena profundamente ruborizada. Advertiu duas coisas imediatamente: que estava profundamente excitado e incômodo e que
estivera olhando-a durante tempo suficiente para afastá-la de seu implacável exame da paisagem.
Mas não. Não podia ser seu olhar fixo que tinha produzido esse rubor e alarme nos frios olhos. Removeu-se em seu assento e recordou sua fantasia. Se ela tivesse
tido o conhecimento de suas reflexões, teria reagido dessa forma. Da maneira que qualquer mulher não feita de gelo teria feito.
Era possível que ela tivesse adivinhado seus pensamentos?
-Senhor Randolph? - Disse ela, com a voz um pouco entrecortada.
Ele considerou possíveis respostas. "Ai! Estou bastante excitado, minha senhora, mas você tem a cura para minha enfermidade. Vamos ao vagão de bagagens"?
-Estava simplesmente admirando a paisagem e me... Distraí. - Disse ele. - Parece perturbada, Lady Rowena. Posso lhe trazer um pouco de água?
Ela afastou o olhar bruscamente, com a mão no pescoço.
-Só estou ansiosa por chegar até meu irmão.
-É claro. - Disse. Vê-la sinceramente ansiosa a respeito de alguma seria do mais gratificante. Mas seu breve momento de vulnerabilidade tinha passado. Uma vez mais
ficava a fitá-la enquanto ela pretendia não notá-lo. Suspirou e procurou convocar uma vez mais a dama lasciva de sua imaginação.
Mas ela havia fugido, envolta em seus espartilhos e limitadoras saias. O que poderia te transformar, minha Dama de Gelo? Se um beijo fosse suficiente, McLean teria
tentado. Ele nunca compraria a mercadoria sem prová-la primeiro.
A imagem de McLean beijando Rowena quebrantou a diversão preguiçosa de Tomás. Por um instante viu explicitamente seu inimigo invadindo seus sonhos lúcidos, entre
ele e a Dama de Fogo. Foi McLean o que tomou em seus braços e que cobriu o corpo feminino com o seu.
Demônio. Cole nunca a teria, Fogo ou Gelo. Se alguém iria apagar o fogo ou fundir o gelo, seria O Lobo.
Os pequenos cabelos de sua nuca se arrepiaram, e ele se encontrou em pé, parado diante da dama em questão. Seus dedos estavam tensos, querendo segurá-la, em plena
visão dos passageiros no vagão.
E ela estava olhando-o fixamente, como se ele fosse um monstro.
Algo dentro dele se quebrou. A criatura cruel e ciumenta que o havia possuído o deixou, e ele caiu em seu assento outra vez. Nesse mesmo momento Rowena virtualmente
saltou desde seu lugar e passou a seu lado.
-Me perdoe... - Disse. - Devo... - Sua frase ficou inacabada. Apurou-se a sair pelo corredor, ignorando os olhares curiosos e diretos de seus companheiros de viagem.
Tomás encontrou olhares um por um até que cada pessoa encontrou algo melhor a fazer, e então riu muito de si mesmo.
Deus! Agora podia ouvir a voz de Sim Kavanagh. "Cavalheiro, se for a perder a cabeça, nunca o faça por uma mulher".
Sua cabeça estava ainda em seu lugar, mas sua mente era outro assunto. Ou talvez uma parte de sua anatomia fosse a que devia culpar.
Relaxou e fechou os olhos. Por que lutar contra isso? Rowena não era seu tipo de mulher, e ele jamais tinha tido que rogar pelos favores de uma dama. Neste caso,
talvez lhe ajudasse imaginar-se neste momento como sua Dama de Chamas, no caso da realidade apagar a primeira faísca. Ela se mataria antes que admitir a paixão de
mulher loba.
Se McLean conseguisse roubar-lhe antes que Tomás terminasse com ela, provavelmente descobriria suas partes congeladas entre os lençóis.
Sua boca se torceu entre um sorriso e uma careta. Que esse cavalo fosse selado quando o pegasse. E seria preso. Não havia nenhum lugar onde Rowena pudesse ir até
que alcançassem a Junta, que devia estar a um punhado de horas. Era o fim da viagem, e o princípio de um novo. A Dama de Gelo estava a ponto de ficar bastante surpreendida.
Pela primeira vez, ele advertiu que ela tinha deixado para trás, algo de sua propriedade em sua pressa em escapar. O leque branco jazia meio aberto e esquecido em
seu assento, absurdamente delicado. Um movimento descuidado poderia esmagá-lo.
Uma incomum estatua de mármore que necessita de frio, pensou. Ou estava começando a se derreter? Impulsivamente desdobrou e elevou o leque. As dobras continham o
extraordinário perfume de Rowena.
Não havia dúvida que ela possuía um intoxicante perfume natural sob toda sua armadura feminina. A Dama de Gelo nunca lhe permitiria aproximar-se da fonte desse ramalhete,
mas a Dama de Fogo...
Ele se moveu para o assento dela para estirar as pernas, e estava abanando ociosamente quando registrou a primeira insinuação de um aroma inteiramente diferente.
Perigo. Estava acima dos aromas da comida recente, dos próximos corpos misturados e da fumaça sempre presente. Seu corpo se estirou em atenção antes que sua mente
pudesse concentrar-se. O moço que obstruía sua vista do corredor chegou a nível de seu beliche, e ele reconheceu o homem que estava parado no extremo oposto do vagão.
Os homens que o seguiam o chamavam de afortunado. Mas nenhuma sorte trouxe Weylin McLean a esse trem no mesmo dia que veria o começo da última humilhação dos McLean.
Era incrível que Weylin tivesse conseguido rastreá-lo até e desde Nova Iorque. Estava seguro de que o McLean mais jovem nunca tinha colocado o pé na cidade. Teria
atuado imediatamente se soubesse que Tomás estava a bordo. Não podia ter reconhecido Lady Rowena.
Essa era a maior sorte que Tomás teria. A qualquer momento Weylin captaria seu aroma e o olharia através do vagão, e então haveria muitos problemas.
Os Randall já haviam pago sua dívida, com o inferno.
Lady Rowena não saberia nada de sua repentina mudança de planos, mas isso seria remediado muito em breve. Guardou o leque no casaco. "Desfrute de sua liberdade enquanto
possa minha Dama de Gelo. Isto não é uma despedida, mas simplesmente um adeus.
Levantou-se despreocupadamente, tomando o braço do rapaz e utilizando-o como escudo para bloquear a visão de Weylin.
-Há um homem no outro extremo do vagão, - disse. - É alto e de cabelo claro. É muito importante que você não lhe permita entrar mais no vagão. Se o fizer, haverá
problemas. Entende?
O moço piscou e assentiu.
-Não lhe permitirei entrar.
-Excelente. E agora irei. - Deu um toque no braço do homem e avançou para a parte traseira do vagão.
Não soube o que o impulsionou a olhar para trás quando alcançou a porta. Weylin o olhou diretamente e se deteve no meio caminho. Seus olhos cinza se estreitaram.
O moço se apurou em enfrentá-lo, mas Tomás não esperou para presenciar o resultado de desigual confrontação.
Há tempo havia determinado as saídas mais convenientes para uma possível fuga. Ninguém o viu saltar do trem, mais limpamente do que qualquer humano poderia e rodar
sobre os pastos da pradaria, ileso. Despiu-se de suas elegantes roupas, e mudou.
O mundo mudou com ele, convertendo-se numa vastidão de aromas, sons e sensações que só um homem lobo poderia apreciar. O vento morno agitou sua pele marrom. Ele
empurrou com o focinho o amontoado de tecido desprezado como se fosse um esqueleto de outra vida, deixado para ser descoberto por algum andarilho.
Como lobo, ele começou a correr, não o trote comum com a cabeça roçando o chão, mas num galope que o levaria a Junta, antes do trem.

***
Rowena, parada na plataforma da ferrovia em La Junta, Colorado, com a bagagem a seus pés, pronunciou uma maldição muito feminina.
O povoado poeirento se agitava, inconsciente a seu redor. Esta era a estação terminal, o fim da linha enquanto os vagões eram colocados através da pradaria vazia
para o povoado mais estabelecido de Trindade, perto da fronteira de novo o México. Isso haviam lhe dito.
Também haviam dito que o próximo trem de passageiros de vagões individuais com destino ao final da linha, poucos quilômetros ao nordeste de Trindade, não partiria
até o amanhecer do dia seguinte. E não podia dizer se Trindade deveria ser seu destino final.
Permanecia na ignorância a respeito de tais detalhes, incluindo onde neste lugar esquecido da mão de Deus poderia encontrar um pouco de chá fresco, para não mencionar
seu irmão, porque o senhor Randolph havia desaparecido. Uma vez que o trem chegara a estação, ela tinha acreditado totalmente que ele apareceria, desculpando-se
por suas espantosos maneiras.
Não o fizera e ela não podia justificar sua reação inexplicável para com ele, horas antes, nem a estranha conduta dele após. Certamente ela o flagrara olhando-a
fixamente e não era a primeira vez. Mas até o momento quando ele parecia estar preparado para equilibrar-se, não lhe tinha dado causa legítima para se preocupar.
Fora ela que ignominiosamente tinha fugido dele, tão aturdida como uma escolar. As imagens indecentes em sua mente haviam aparecido sem advertência e insistiram
em segui-la durante todo o caminho para o toalete das damas. Nenhuma quantidade de água aplicada liberalmente na face, a afastara. Era quase como se outra pessoa
tivesse plantado os estranhos pensamentos em sua mente.
Ela nunca se vestiria da maneira em que se vira na primeira visão insólita. Era como olhar uma distorção deformada de seu próprio reflexo. Descalça, despenteada
e libertina.
E isso não era o pior. Eram os sentimentos que vieram com as imagens. Calor, desejo, temeridade, e... Sim, desejo. Ela adivinhara que devia ser o que sentiu, porque
não era nenhuma emoção que tivesse experimentado jamais.
Desejo. Rowena desejou desesperadamente o leque que tinha perdido. O mais perto que tinha estado alguma vez dessa sensação foi quando foi forçada a mudar durante
a fuga de seu encarceramento em Greyburn há três anos.
Tinha jurado nunca voltar a ser levada a tais extremos, e tinha mantido esse voto. Não havia razão no mundo pela que a mera presença de um estrangeiro provocasse
algum alvoroço em sua compostura usual.
Era tudo bastante ridículo. Ela não era aficionada a vôos selvagens da imaginação, especialmente desse tipo. O que pensaria Cole, dela agora?
Soube a resposta essa a pergunta e fez seu melhor esforço para afastá-la de sua mente. Inclinou sua sombrinha contra o sol da tarde e suavizou a expressão de seu
rosto. Ela não voltaria a sentir-se tão afetada... Nem por todos os Thomas A. Randolph do mundo.
Randolph, entretanto, não tinha retornado para presenciar sua renovada posição.
Em vez disso, ela se encontrava bastante só em um lugar que dizia muito pouco do gosto de seu irmão no hábitat. O povoado tinha toda a indocilidade de um destacamento
bárbaro. Ásperos homens em roupas sujas e de maneira incorreta se amontoavam acima e abaixo na rua sem pavimento, em algum negócio misterioso. Os edifícios de cada
lado tinham um aspecto caótico, como se os habitantes estivessem ansiosos em proclamarem-se civilizados sem recorrer à moléstia do planejamento.
Não era um lugar no qual Rowena desejasse realizar uma longa estadia. Se Randolph permanecesse ausente, ela devia encontrar outra pessoa para localizar Quentin.
Não tinha vindo tão longe para correr de volta a Nova Iorque, com sua missão incompleta.
A menos que Cole viesse atrás dela. E não pensaria nisso.
Começou a estudar aos transeuntes com grande atenção. Havia um homem que talvez se aproximasse de um cavalheiro, pois suas roupas estavam limpas, pelo menos. Esse
homem segurava o braço uma mulher que se mostrava respeitável, se alguma de tais criaturas existisse ali. E quanto ao homem que...
-Desculpe, senhora... - Disse uma voz baixa. - Posso ajudá-la?
Ela levantou o olhar para o rosto escurecido de um verdadeiro espécime do oeste, com o chapéu de asa larga e os traços profundamente bronzeados. Ele levantou seu
chapéu o suficiente para a cortesia e a olhou, sem sorrir.
Instantaneamente ela se encontrou comparando-o com o senhor Randolph. Suas calças, camisa e o colete eram singelos e usados, mas limpos. Era magro e ágil, com cabelo
cor de areia que lhe dava um aspecto juvenil. Mas tinha uma certa qualidade que ela tinha reconhecido em Randolph. Uma dura independência que não se revelava tanto
no aspecto externo, como na atitude.
Descobriu, entretanto, que podia encarar este estrangeiro com nada do mal-estar que sentia com Randolph. Não tinha sentido estar com cerimônias.
-Obrigado. - Disse ela. - Apreciaria que me indicasse o estabelecendo respeitável mais próximo que sirva alguma coisa para matar a sede. Ele tocou seu chapéu outra
vez.
-Seria o Hotel Kit Carson, senhora. -Seu olhar vagou a seu lado. - Espera alguém?
Embora suas decisões incautas não tinham sido especialmente bem-sucedidas, ela decidiu arriscar outra.
-O cavalheiro que acreditava encontrar está... Demorando, de algum jeito. Você não conhecerá, por acaso, ao senhor Thomas a. Randolph?
A transformação em sua expressão foi breve e surpresa, a cortesia reservada substituída por uma intensa atenção.
-Randolph? - Ele repetiu agudamente. Seu braço direito se moveu, empurrando seu frouxo casaco aberto, e ela vislumbrou um coldre de couro, madrepérola, e prata.
Ela tinha ouvido falar que usar arma era um artigo requerido na roupa da fronteira.
-O senhor Randolph ia me ajudar a localizar a meu irmão, Quentin Forster. - Disse ela, observando-o cuidadosamente.
-Forster? - Disse. - Poderia conhecer seu nome, senhora?
-Lady Rowena Forster. Encontramo-nos antes, senhor?
-Não, senhora... Mas não esperava encontrar a noiva de meu irmão em Colorado. Sou Weylin McLean.
Rowena absorveu a informação com surpresa, que mal foi capaz de conter. Weylin McLean, o irmão caçula de Cole. Ela tinha ouvido a respeito dele, é obvio, mas sempre
lhe haviam dito que se encarregava do negócio da família no Oeste.
Bom, ali era certamente o Oeste, e Weylin McLean estava em seu elemento. A única semelhança que tinha com seu culto irmão era um leve parecer nos olhos e uma sensação
de determinação. Não tinha a aura de poder de Cole, inclusive seu sotaque era diferente, uma voz arrastada que ela acreditava devido ter nascido no Texas.
Ofereceu-lhe a mão.
-É um prazer conhecê-lo, senhor McLean. - Disse, - entretanto algo inesperado.
Ele logo que tocou sua mão e a liberou.
-Justo acabo de vir no trem. - Ele disse. - Cole não me disse que você viajava para o oeste.
-Lamento que não nos encontrássemos. Esteve você em Nova Iorque?
-Não senhora. Estive com outros negócios. -Seu olhar a mediu desapaixonadamente. - Cole não sabe que veio aqui sozinha.
Certamente já deve sabê-lo, pensou Rowena, escondendo um tremor. Ela não tinha intenção de explicar-se ante o irmão de Cole.
-Eu não estava sozinha, senhor McLean. O senhor Randolph me acompanhava. Foi perfeitamente honorável... Até que desapareceu.
Weylin grunhiu.
-Nunca duvidei que a palavra de uma dama. -agachou-se para recolher sua bagagem mais ligeira, colocou-o sob o braço, e então tomou o segundo. - Está aqui, e será
a esposa de meu irmão. Cuidarei de que esteja segura até que volte para Nova Iorque.
-Odiaria pô-lo em problemas.
Ele não respondeu, mas começou a afastar-se da estação através da rua principal de La Junta. Evidentemente não era muito conversador, e isso vinha bem a Rowena.
Não obstante, sua mente estava cheia de perguntas para quando Weylin registrou sua bagagem com um empregado no hotel e lhe encontrou uma mesa encerrada no comilão.
O lugar logo que era elegante, mas ela soube pelas curtas paradas do trem, que estava longe de ser dos mais primitivos. A clientela era uma mistura, desde homens
bem vestidos que poderiam ter estado como em casa em Nova Iorque, até rufiões de muito má reputação e mulheres de duvidosa virtude. Todos pareciam aceitá-los uns
aos outros como iguais sociais.
Weylin avisou a um garçom, que foi capaz de prover chá para a Rowena. Ela o bebeu com apreciação genuína enquanto ele se sentava na cadeira oposta.
-Como conheceu Randolph? -perguntou abruptamente.
Sua petição foi menos uma ordem que uma exibição de sua falta total de gentileza. Ela encontrou seu olhar com serenidade.
-Veio para ver-me a Nova Iorque . - Disse. - Meu irmão Quentin esteve viajando pelo Oeste. O senhor Randolph me - Disse que conheceu Quentin em Novo o México,
e que estava em apuros. Estava seguro que só eu poderia influir no Quentin para que deixasse sua perigosa busca.
-E você lhe acreditou.
Seu comentário lhe doeu. Ela começava a dar-se conta de que pode que tivesse feito um grave engano de julgamento, pelo qual não poderia fazer nada mais que culpar-se.
-Tive razões para agir assim . - Disse ela. - Falou de meu irmão como só um amigo poderia. -Ela se irritou ante seu silêncio. - por que desejaria um estranho me
atrair ao oeste, senhor McLean? Sabe você algo a respeito deste Randolph que eu não saiba?
Weylin a estudou como se fora um inconveniente molesto do qual se poderia desfazer com a mínima atenção.
-Sei que não é um cavalheiro.
-Então talvez devesse me dizer o que é.
-É suficiente dizer que você foi enganada, senhora, por um descarado.
Se não tivesse sido irmão de Cole, lhe teria dedicado uma fria réplica. Fazia um tempo, quer dizer, enquanto estava sob a tutela de Cole, tinha perdido sua atitude.
E Weylin talvez informasse a respeito de sua conduta. Ela sorriu com sua melhor cortesia fingida.
-Já vejo. O que acontece meu irmão?
-Nunca ouvi a respeito de seu irmão.
Rowena se olhou as mãos enluvadas e viu quão apertadas as tinha. Separou-as com lentidão e bebeu seu refrescante chá.
-Já que percorri todo este caminho, senhor McLean, talvez possa aproveitar para que me ajude a localizá-lo, ou ao menos, a estar segura que não está na vizinhança.
-Temo que devo atender outros assuntos, senhorita Forster e você não pode permanecer em La Junta. -Chamou o garçom mais próximo e pediu a conta. - Há uma família
decente com uma fazenda a metade de caminho para Trindade. Levarei-a até ali, e mandarei um telegrama a Cole. Se é que ainda não está em caminho para aqui.
Rowena se sentia menos que animada ante a perspectiva de enfrentar-se a um Cole zangado junto com seu excessivamente franco irmão.
-Então tem mais sentido para mim ficar no povoado. - Disse. - Você me ofereceu seu amparo.
-Eu não posso ter a uma mulher implicada em meus negócios. - Respondeu. - Se Cole estivesse aqui, diria o mesmo. Terá a mulheres com você na fazenda Bailey.
Ela supôs que ele pensava que devia estar agradecida por sua "preocupação".
-Tinha a impressão, - continuou ela, - de que uma de suas fazendas está ao norte do Território de novo o México. Não está diretamente ao sul daqui?
-Ao sul e há vários dias a cavalo. Veio você equipada para isso, senhorita Forster, quando a tiraram de Nova Iorque?
- Monto desde que era menina.
-Você é uma dama criada com cuidado, senhorita Forster. Cole o há dito muitas vezes. Não duraria mais de um dia aí fora.
Ela se ruborizou, recordando com quanto gosto tinha aceitado a insistência de Cole de que não participasse dos negócios familiares no Oeste. Ela deveria estar em
completo acordo com seu futuro cunhado.
Era mortificante que o primeiro argumento que lhe veio À mente era o menos aceitável, o único que se negava a considerar: que ela era muito mais que qualquer mulher
meramente humana. Antes se perderia no deserto que admitir isso em voz alta.
-Entretanto, senhor McLean...
-Não está aberto a discussão. -ficou em pé e ajustou o pescoço de seu casaco. - Gosta de almoçar enquanto espera senhorita Forster?
-Não, obrigado.
-Então, por favor, fique aqui até que retorne. -tocou-se o bordo do chapéu e saiu dando pernadas fora do comilão.
Parecia que ela tinha julgado mal Weylin McLean em um aspecto; era bom dando ordens, como Penetro, e estava igual de decidido a proteger a de sua estupidez.
perguntou-se por que tinha começado a ressentir-se por isso.


Quase duas horas passaram antes que Weylin McLean retornasse com uma carruagem alugada. Não era um veículo atraente: constava essencialmente de uma cama plaina sustentada
sobre quatro rodas, e estava equipado com um assento para o condutor no fronte. Weylin chamou uma "carroça".
-Levará-nos para onde vamos . - Disse, levantando suas malas para subir à carruagem. - Se começarmos agora, chegaremos À fazenda de Bailey para o anoitecer.
Delicioso, pensou Rowena. rebaixou-se a discutir com ele uma vez; não o faria outra mais. Devia haver alguma outra maneira de aprender se havia algo de verdade sobre
as notícias de Quentin gastas pelo Randolph.
Weylin atou soa montaria salpicada à carroça e a ajudou a subir ao duro assento de madeira. Sacudiu as rédeas sobre os desalinhados cavalos e partiu rua abaixo para
a saída do povoado. Rowena inclinou seu guarda-sol contra o sol brilhante da tarde, estudando cada face que passaram. Nenhuma era familiar.
Dobrando para o sudoeste, Weylin dirigiu a carroça pelo vestígio apenas visível de terra que se usava como caminho através da planície. A terra aqui estava rota
por colinas baixas e leitos secos, desolada em extremo. A grama da pradaria, salpicado com flores selvagens, estendia-se vários quilômetros para o este, o norte
e o sul, enquanto as montanhas rodeavam o horizonte ocidental com um débil bordo azul.
De todos os lugares pelos que Rowena tinha passado na viagem ao oeste, nenhum era tão lhe intimidem como este. Ela tinha visto acontecer a paisagem pela janela do
trem, mas não se aventurou além dos limites de cada estação onde tinham feito as breves paradas. A crua franqueza a fez tremer como se tivesse algum pressentimento
estranho. Ao princípio nada parecia vivo salvo o pasto, os grupos de hostis cactos e uma linha longínqua de árvores pouco desenvolvidas. Gradualmente notou pequenos
roedores pardos saindo de buracos no chão, o brilho da cauda de um coelho, os pássaros que pensou deviam ser cotovias, e uma espécie de falcão que planejava pelo
céu.
Desejou não ter cuidadoso acima, ao falcão em seu vôo. O céu era enorme. arqueava-se sobre sua cabeça como um oceano inclinado ao reverso. Pensou que talvez caísse
e a afogasse em qualquer momento.
Como poderia algum homem domesticar este país? Como poderia alguém esperar manter-se civilizado ao afastar-se tanto da humanidade?
Esse era o perigo. Sabia que aqui havia índios, e forças naturais formidáveis para qualquer viajante. Mas esses eram os perigos meramente físicos. O risco maior
era que um talvez perdesse suas próprias... suas próprias fronteiras e inibições, as mesmas qualidades que elevavam Às pessoas por cima das feras.
a poderoso e quase erótica imagem dela mesma, que recordou do trem, encheu sua mente. Essa estranha talvez pertencesse aqui. Ela nunca o faria.
deu-se conta de que tinha estado observando a pradaria com o olhar vazio durante vários quilômetros quando seus olhos capturaram um movimento ao sul. Figuras...
Homens a cavalo. Eram manchas escuras por agora, mas ela soube que se estavam aproximando.
-Senhor McLean . - Disse.
Ele seguiu seu olhar e suas mãos apertaram as rédeas. Suas fossas nasais se dilataram.
-Quais são? -perguntou ela.
-agarre-se . - Disse. logo que ela se sujeitou a um lado do assento, ele acelerou o passo dos cavalos. a carroça zumbiu e ameaçou sacudindo os dentes de Rowena
de suas raízes.
Ele estava tratando de escapar dos cavaleiros, e inclusive ela podia ver quão inútil era o esforço.
-Quais são? -repetiu ela. - por que esta você fugindo?
Mas ele estava tirando um rifle de seu alforje enquanto controlava os cavalos com uma mão. Rowena se deu a volta para olhar a seus perseguidores.
Quatro homens, contou, e um cavalo sem cavaleiro. Quando se aproximaram mais, deu-se conta de que a carroça era seu objetivo.
-Pode dirigir os cavalos? -perguntou-lhe Weylin. Antes que tivesse uma oportunidade de responder, lhe pôs as rédeas nas mãos. Toda sua atenção se dirigiu a controlar
os cavalos, mas pela extremidade do olho pôde ver Weylin acomodar-se no assento e pôr seu rifle no ombro.
Violência. Como a odiava. a última vez que tinha estado envolta em violência, o mesmo mundo se paralisou por completo. Ela a odiava, e também toda a crua emoção
que expor.
-Não. - Sussurrou ela. Ouviu Weylin conter o fôlego enquanto se preparava para disparar. O estrondo do rifle a deixou quase surda. Quando pôde ouvir de novo, o trovão
de muitos pares de patas soube que o grupo de homens estava justo atrás deles. Pensou que Weylin tinha disparado várias vezes mais, mas não soube se tinha acertado.
Encontrou-se perguntando por que seus perseguidores não disparavam em resposta.
Provavelmente logo teria uma resposta. Em um momento Weylin se estava preparando para disparar, e ao seguinte o rifle foi arrancado de suas mãos.
-Detenham a carroça! -gritou alguém.
Ela olhou para o Weylin, cujo rosto estava quase pálido sob seu chapéu. Ele assentiu para ela, e Rowena atirou das rédeas para trás. Os suarentos cavalos responderam
rapidamente. Ela os guiou a um trote e logo ao passo. No momento em que a carroça se deteve, os perseguidores a rodearam.
Três cavaleiros apontaram pistolas e um rifle a Weylin McLean. Supôs que dois deles seriam descendentes de espanhóis por suas roupas e seus escuros cabelos e olhos.
O terceiro não era distinto a Weylin na aparência, mas a olhava com algo muito parecido ao ódio.
O quarto homem sustentava em suas mãos uma longa corda, e em um dos extremos, jazia em um laço e no pasto o rifle do Weylin. Sorriu-lhe abertamente de um elegante
cavalo cinza, sua face bronzeada e bonita. Sua roupa era virtualmente toda negra, desde as gastas botas até seu chapéu de asa plaina. Ela soube imediatamente que
era o líder.
-Randall. - Disse Weylin.
O cavaleiro soltou a corda e lhe fez uma reverência desde sua cadeira.
-Senhorita. - Disse ele. - Desculpe esta inoportuna intrusão, mas devo lhe pedir a você e o senhor McLean que saiam da carroça.
Sua voz tinha um marcado ritmo musical, e uma certa familiaridade estranha. Sob seu olhar, o coração de Rowena pulsou mais rapidamente que durante a mesma caçada.
-Quem é você, senhor? -demandou ela. - O que quer?
-Não o conhece, senhorita Forster? - Disse Weylin. Saltou de seu assento e ajudou a Rowena a descer para o pasto por um lado da carroça. Segurou-lhe o cotovelo
com um agarre possessivo e olhou para seu captor.
-Foi você no trem. - Disse. - Não sei o que estas planejando, Randall, mas não terá êxito.
À mente de Rowena lhe levou uns segundos registrar essas palavras.
"Foi você no trem." Sua memória juntou os fragmentos de conversa e observação, a reação do Weylin ante sua menção do Thomas a. Randolph, suas cruéis e escuras declarações.
"Sei que não é nenhum cavalheiro. Você foi enganada, senhora, por um descarado."
Um descarado. Um falso cavalheiro com uma voz suave, traços arrumados e rico cabelo castanho.
Não podiam ser a mesma pessoa, este bandido e o obviamente culto senhor Randolph. Ela o olhou e lhe devolveu o olhar com franco cálculo, o olhar escuro medindo-a
dos pés até o chapéu. Foi um olhar igual a que a tinha deixado tão ansiosa no trem.
Podia um homem transformar-se tão completamente? O bigode já não estava, e parecia a completa personificação do vistoso bandido de um romance, preparado para agarrar
em braços Às damas que se deprimissem aos seus pés. Levava um escuro casaco sobre um colete de couro negro; sua camisa de lã sem pescoço estava rematada com um lenço.
Suas calças estavam asseguradas À cintura com uma banda negra e estavam metidos em suas botas de cano alta, bastante usadas mas brilhantes por uma recente polida.
O único atributo esperado de que carecia era uma arma.
Tremendo, ela fechou os olhos e aspirou profundamente. Os aromas de cavalo e pó, grama e Weylin McLean eram fortes, mas ainda recordava como isolar um aroma de todos
os outros.
E o do bandido era o mesmo. O mesmo que o do Randolph, talher com o couro e os tecidos ásperos que levava.
-Randolph. - Sussurrou ela. - Randall.
-Mil desculpas pelo engano, minha senhora. - Disse o bandido, - mas era necessário nesse momento. - Extraiu algo de seu colete: seu leque perdido, levemente enrugado
e incongruente na nua mão marrom.
-Você.
-O Lobo, a seu serviço. - Disse ele. Inclinou o chapéu em uma saudação elegante. Seu cabelo era áspero e encaracolado, já não mais suavizado e ordenado com pomada
custosa. - Não deve me temer, minha senhora. Mas devo lhe pedir que venha conosco.
Ela riu. O som a sobressaltou, tão cru e vulgar no silêncio. Com esforço ela recuperou sua dignidade.
-Você me pediu isso em Nova Iorque, senhor Randolph -Randall- mas não acredito que aceite seu segundo convite.
Randall golpeou o leque contra seu queixo e olhou a seus companheiros. Um dos hispanos levantou seu rifle e despreocupadamente apontou a Weylin.
-Mateo é um atirador excepcionalmente bom. - Disse ele. - Odiaria ter que lhe fazer uma ferida ao senhor McLean.
-Bastardo. - Disse Weylin sem inflexão, mas seus olhos eram mortais.
Ela olhou a Weylin com surpresa, reconhecendo sua reação. Tinha visto esse olhar antes, e sabia o que significava. Este homem, Randall, era inimigo do Weylin. Um
inimigo pessoal.
-O que está passando, senhor McLean? -perguntou a Weylin. - por que este homem me atraiu longe de Nova Iorque?
-Todas suas perguntas serão respondidas com tempo, Lady Rowena . - Disse Randall. Apeou brandamente e recolheu o rifle do Weylin, afrouxou o laço, e atirou a arma
a um de seus homens, que a segurou no ar. Enrolou o laço, enganchou-o sobre sua cadeira de montar e trouxe para diante o cavalo sem cavaleiro. A égua estava equipada
com uma sela; tinha sido preparada para uma mulher. - É tempo de ir.
-Você me está... Raptando. - Disse Rowena. - Não pode estar falando a sério.
-Mas estou. É uma das coisas nas quais os proscritos são peritos. Não lhe advertiu McLean? -Ele sorriu, mostrando sua poda dentadura. Ela recordou esse olhar, embora
ele só a tinha deixado aparecer uma ou duas vezes em sua atuação anterior. - Temos espaço para alguma de suas coisas imprescindíveis, se quer escolher o que necessita
de sua bagagem. -Fez gestos para o cavaleiro que a olhava fixamente com tal odeio. - a menos que, é obvio, prefira que Sim o faça por você.
Não brincava. O homem chamado Sim cavalgou para a carroça e atirou sua bolsa de viagem mais pequena na grama. Randall lhe deu um par de ásperos alforjes de couro,
bastante grandes para pôr uns poucos artigos de penteadeira, roupa interior, e talvez uma camisa ou uma camisola apertadamente enroladas, certamente não para nenhum
vestido singelo ou traje de montar.
-assim agora faz a guerra com mulheres. - Disse Weylin. - Sabia que foi um assassino e um ladrão, mas não um covarde. Sua briga é comigo...
-E com seu irmão. - Disse Randall. - Mas não tenho desejos de te matar. O momento em que você e eu nos encontraremos, de homem a homem, não chegou ainda. Por favor,
senhorita.
Rowena sentiu sua pele esquentar-se com desgosto enquanto guardava o que podia sob tantos olhos masculinos hostis. Randall tomou avultados alforjes e as passou a
Sim. Tendeu sua mão.
-Venha.
Como em sonhos, Rowena olhou a mão estendida do Randall. Tinha dedos longos, era morena e calosa, não a mão de um cavalheiro, como teria visto no trem se não houvesse
levando luvas. Teve a sensação de estar abrindo a tampa da caixa da Pandora.
E teve medo. Não das armas, nem do destino geralmente atribuído Às mulheres que caíam sob as mãos de proscritos. Ela tinha medo deste homem. "O Lobo".
O temor não era um que pudesse explicar. A última vez que tinha estado com ele, havia sentido o começo do medo e fugido. Poderia ter sido uma premonição do desastre
acontecido; agora o sentiu redobrar-se. Era o mesmo sentimento que teve nesta pradaria interminável, como se a mesma franqueza disso pudesse tragar sua identidade
e a substituísse com a libertina de sua visão.
Quão libertina não tinha existido até de que se conheceram.
atrás desses olhos sorridentes estava um verdadeiro propósito. Ela reconheceu o olhar de um homem empenhado na vingança. a vingança contra...
Cole. Seu rosto apareceu em sua mente. O que acontecia entre este estrangeiro e seu noivo? Ela nunca tinha ouvido sobre O Lobo, nem de um homem chamado Randall.
Estava apanhada em meio de algo no que não participava nem conhecia.
O que desejaria dela Cole agora? Insistiria a resistir, deixando toda sua delicadeza feminina atrás? Não o podia imaginar. Certamente esperaria que se deprimisse,
ou que fingisse fazê-lo. Um desmaio contínuo talvez seria o melhor amparo a que pudesse aspirar.
Não. Tal ato lhe resultava repulsivo. Cole não estava aqui; como se comportasse estava só em suas mãos. Pelo menos podia manter sua dignidade, e Weylin informaria
a Cole que não lhe tinha dado causa para envergonhar-se.
Lentamente pôs sua mão na do Randall.
Inclusive através de sua luva ela sentiu o calor de seu toque, um formigamento vívido de consciência tão claro e agudo como a atmosfera. Ele se inclinou muito perto;
ela conteve o fôlego. Bom Deus, não estaria a ponto de...
Voou-lhe o chapéu da cabeça e caiu sobre o pasto, a vários metros. As mãos do Randall se assentaram intimamente em sua cabeça, procurando as presilhas que mantinham
seu penteado ordenado. Seus dedos eram peritos. Em um movimento fluido seu cabelo caiu livre e flutuou para baixo, e mechas perdidas se enredaram em suas pestanas
e lábios.
-ah. - Disse Randall, capturando uma mecha entre seus dedos. - Esplêndido. Como uma chama dourada.
Foi como se a tivesse atada com esse ligeiro contato. Ela tentou falar, mas sua garganta se secou como o deserto. Um som quase inaudível a alertou a tempo de ver
Weylin surgir para diante.
-Não, Weylin! -gritou.
Ele se deteve. Os gatilhos voltaram lentamente para seu lugar. Randall liberou o cabelo de Rowena, segurou-a pela cintura e a subiu À cadeira, mantendo-a firme até
que esteve apropriadamente colocada. Só então lhe deu as costas a seu inimigo.
-Paz, McLean. - Disse. - Simplesmente desejava ver o que encontra Cole tão atraente. Acredito que começo a entender.
-Por favor, não se preocupe, senhor McLean. - Disse Rowena, tratando de ignorar a sensação sensual de seu cabelo solto sobre a face e ombros. - Não há nada que
este homem possa fazer com que me afete no mais mínimo.
Randall voltou a montar com fluidez e saudou Weylin.
-lhe diga a Cole que lhe mandarei uma mensagem muita em breve. -Cavalgou lateralmente para os cavalos da carroça, examinando-os criticamente. - Estes não valem a
pena levá-los, acredito. - Extraiu uma faca longa e de aspecto perigoso, de uma bainha em seu cinturão. Com uns poucos cortes peritos separou os cavalos de seus
arreios. O cavalo do Weylin foi liberado de maneira similar da parte traseira da carroça. Um simples grito aterrador foi suficiente para afastar aos vistosos animais
para o este, através da pradaria.
Sim se apeou e começou a caminhar para o Weylin, com uma parte de corda de couro nas mãos. Weylin ficou rígido, mas não resistiu enquanto o outro homem lhe punha
as mãos atrás e as atava apertadamente. Com uma torção repentina do pé, Sim enganchou a perna do Weylin e o derrubou ao chão. Atou os tornozelos do Weylin tão apertadamente
como seus braços, e retrocedeu para examinar sua obra. Weylin jazia quieto de flanco, com a face desprovida de expressão e o olhar fixo no Randall.
O Lobo arrojou o leque de Rowena À terra, ao lado da cabeça do Weylin.
-Se começar agora. - Disse ele, - talvez chegue À Junta para a meia-noite.
-Rastrearei-te, Randall. - Disse Weylin. - aconteça o que acontecer, encontrarei-o em qualquer fossa no que te esconda, e te levarei ante a justiça.
-Pode tentá-lo, amigo. -Virou seu cavalo para afastar-se e os outros o seguiram, arrastando a arreios de Rowena com eles. - adeus!
-Deixará sozinho aqui, preso e sem arreios? -protestou Rowena, levantando a voz para ser ouvida sobre o ruído dos cascos.
Randall lhe lançou um sorriso brilhante.
-ao final se liberará. E pode correr mais rápido que qualquer cavalo, se assim o desejar -lhe respondeu. - É tão homem lobo como você... ou eu.
Capítulo 4


a dama não parecia excessivamente surpreendida. Fulminou a Tomás com o olhar, com os lábios apertados, e ele se perguntou se ela o tinha suspeitado todo o tempo.
a maioria dos homens lobo de sangue bastante forte e experiência eram capazes de reconhecer outro de sua classe. Mas Rowena tinha renegado desses poderes desumanos.
Tinha permitido por vontade própria que se debilitassem.
-Você e os McLean são inimigos. - Disse ela. - Como meu irmão maior e os Boros... -Ela se deteve e olhou fixamente para frente, seu cabelo brilhante flutuando sobre
seu rosto.
Os Boroskovs, queria dizer... os rivais loup-garou russos de sua família, que três anos atrás na Convocação de homens lobo na Inglaterra tinham desafiado o domínio
do Conde do Greyburn.
Sim, a dama entenderia a natureza das vinganças que podiam existir entre esses homens lobo. Queimavam mais quente, mais sem piedade, que qualquer conflito meramente
humano. Podiam durar gerações, até que o combatente final estivesse morto.
a inimizade entre o Randalls e McLeans não terminaria até que o mesmo Tomás jazesse clandestinamente.
Ele freou seu cavalo para que caminhasse, e os outros fizeram o mesmo.
-Não sabia que seu querido Cole tem muito inimigos?
-Não tenho a menor idéia do que está falando.
-É obvio que não lhe diria. As histórias não lhe fariam nenhum favor.
-Que hist...? -Ela se deteve. - Não sei nada de seu conflito com o senhor McLean. Weylin o chamou ladrão e descarado. Se você for um exemplo de inimigos de Cole...
-Só um de muitos. a maioria não foram tão afortunados como eu; são humano. Faço meu maior esforço para igualar as probabilidades.
-Raptando mulheres?
-Raptando a uma mulher muito especial - respondeu, admirando sua elegante postura sobre a cadeira de montar. Ela não deixava que nenhuma insinuação de pânico se
mostrasse em sua postura ou em sua voz. - Veremos muito em breve quanto a valora Cole, Lady Rowena. Deveria ser um experimento interessante.
Ela deixou escapar o ar duramente, como se tivesse um brilho de dúvida sobre seu próprio valor aos olhos de seu noivo.
-Pensa me reter para pedir um resgate?
-Cole McLean deve a minha família mais que o que sua fortuna inteira pode redimir. -Ele ouviu a ferocidade em sua voz e deliberadamente se relaxou. - Sem dúvida
você morre de vontades por ouvir a conta completa de meu infame passado, e de por que chamo os McLean meus inimigos. É uma história longa e complicada, melhor contada
diante de um quente fogo com o estômago repleto. -Fez-lhe um gesto a um de seus homens, que cavalgava para vários metros. - Talvez Carlos a entretenha com uma canção
do Lobo, ladrão de cavalos e bandido, o terror e açoite dos McLean e seus companheiros ricos do norte de novo México.
-O Lobo . - Disse ela, ridicularizando as palavras. - O que apropriado.
-Eu não nego o que sou... Diferente de você, senhora.
Bruscamente, e sem nenhuma advertência, ela atirou as rédeas para um lado e esporeou sua égua tão fortemente que o animal se dobrou em dois em seu esforço de obedecer.
Mateo a deteve antes que tivesse percorrido mais que uma pequena distância para o este e lhe arrancou as rédeas das mãos.
Rowena voltou como um prisioneiro desafiante, ruborizada, e o bastante zangada para pôr a pradaria em chamas. Tomás se acomodou em sua cadeira e a estudou com satisfação.
Ela não tinha nem idéia do selvagem que se via nesse momento, quão próxima estava de sua imaginária Dama de Fogo. Quanto de seu precioso autocontrole era uma ilusão?
Se compadeceria dela e não diria. Ainda.
-Tinha pensado lhe confiar sua própria montaria. - Disse. - Mas já que é tão impetuosa, minha senhora, Mateo a dirigirá. -Ele assentiu para o Mateo, quem tomou
suas rédeas. Cavalgaram para alcançar aos outros.
-alguma vez conheceu meu irmão, certo? -perguntou ela.
-assim que, senhora -respondeu, - mas nos conhecemos. E soube que sua devoção por ele a arrastaria comigo como nada mais poderia fazê-lo.
-Você desempenhou seu papel excelentemente. - Disse ela, com amargura nas palavras. - Mas, por que me deixou no trem?
-Quando Weylin McLean apareceu, pensei que a discrição seria a melhor opção. Sabia que a encontraria outra vez.
-Para que possa me usar contra os McLean. -Ela riu. Talvez pretendia que o som fora feminino e descuidado, mas saiu abrupto e forçado. - Está louco. Cole não se
intimidará por suas ameaças.
-Talvez. Mas mais à frente do Passado do Camundongo e ao oeste de novo o México. -Fez um gesto com seu braço assinalando o sul, abrangendo as montanhas que subiam
para Esse sudoeste é meu reino.
-Fala como se fora um rei. De que reino, se pode me dizer?
-De meu próprio destino, minha senhora. Deste momento. -Sorriu-lhe amplamente só para cravá-la. - Isso é suficiente para mim. Mas é obvio, é muito inadequado para
uma nobre inglesa consentida. Lamento que possa encontrar a vida um pouco difícil, até que seu noivo a recupere. Se a ama, não a fará sofrer muito tempo. a ama,
não é assim?
-Ele será meu marido.
-E você o ama.
-Sou sua prisioneira, não sua hóspede. Não tenho interesse em continuar esta conversa.
-Então não se oporá se nos movemos mais rápido. -Ele fez sinais a seus homens e insistiu seu cavalo a um meio galope. Rowena se ajustou com graça natural, seu corpo
fluindo com o movimento do cavalo enquanto sua face permanecia inflexível e fechada. Cavalgaram através da pradaria, alternando entre uma caminhada e galope fácil,
até que o sol tocou as montanhas.
Tomás era muito consciente de que Weylin não tinha feito uma ameaça vaga quando prometeu caçá-los. Tinha estado perseguindo-o durante anos, sem êxito. ao final deste
dia de trabalho, Cole não teria mais eleição que envolver-se pessoalmente. Seu orgulho estava em jogo, e sua virilidade. Já não podia dirigir os interesses McLean
da distância segura de Nova Iorque.
a batalha estava a ponto de ser liberada a sério.
Enquanto isso, Weylin tinha poucas esperanças de achá-los logo. Tomás conhecia muitos lugares pequenos e ocultos - aldeias e arroios e covas- que os McLean nunca
tinham descoberto. Havia uma aldeia abandonada na boca de um canhão estreito do Rio Purgatório seis quilômetros ao nordeste de Trindade, um lugar que proporcionaria
refúgio e descanso aos cavalos até antes de alvorada. amanhã de noite os veria em Novo o México.
Alcançaram a aldeia vazia depois de pôr-do-sol. Tomás chamou a seus homens para que se juntassem entre as derrubadas paredes de tijolo cru e lhes deu instruções,
entregando a demanda de resgate que tinha escrito para Cole McLean. Eles se encarregariam de que alcançasse a principal fazenda McLean no Condado do Colfax.
Mateo passou as rédeas de Rowena Às mãos de Tomás e virou para o oeste com o Carlos. Sim ficou atrás.
-Não deveria estar sozinho -lhe - Disse a Tomás. - Se McLean te encontrar aqui...
-Sabe que posso me cuidar, meu amigo. Necessito que dirija a turma do Rialto quando vierem por nossos cavalos.
Sim virou a cabeça e cuspiu com grande eloqüência.
-Então espero que obtenha algum prazer dela. -Olhou a Rowena, que lhe voltou o olhar fixo como se sentisse o completo peso de sua hostilidade. Virou a arreios e
cavalgou tão perto da égua de Rowena que o animal se encabritou, e tivesse desmontado a um cavaleiro com menos habilidade. Rowena segurou as rédeas e conseguiu deter
a trêmula égua.
Tomás se apeou rapidamente e segurou as bridas da égua.
-Tranqüila, querida -lhe sussurrou em sua orelha tremente. - Está bem?
Rowena afastou uma pesada massa de cabelo pálido de sua face.
-Está dirigindo-se a mim? -Dirigiu-lhe um olhar assassino a suas mãos e severamente agüentou que a ajudasse a descer. - Seu amigo é um mal educado. Mas isso é exatamente
o que deveria esperar.
-Sim? É verdade que não é um cavalheiro. -Deliberadamente reteve Rowena, provando a sensação de ter seu corpo entre os braços. Seu cabelo era verdadeiramente glorioso,
inclusive enredado pelo vento. Outorgava-lhe uma suavidade a seus traços que contradizia seu ar arrogante. Suas esbeltas curvas se ajustavam bem ao espartilho e
À duro tecido, mas pressentiu a brandura e o calor por debaixo deles.
Não era uma figurinha de gelo o que sustentava. De repente foi muito mais fácil imaginar-se que suas fantasias da luxuriosa Dama de Fogo se poderiam voltar reais.
Tirando essas capas de tecido apertado, adicionando umas poucas carícias, e seria possível que a dama se acendesse.
Eminentemente possível.
Começou a sentir a boca muito seca. Ela deveria estar brigando contra ele com unhas e dentes. Certamente não lhe tinha medo. Mas permanecia absolutamente quieta
em seus braços.
-Sim... sente bastante antipatia para as mulheres . - Disse.
-Como você.
-Eu, aversão Às mulheres? -Ele a atraiu mais perto, estudando as carnudas dobras de seus lábios levemente separados. - ah, não, doçura. Longe disso.
Tardiamente ela ficou rígida e o empurrou afastando-o.
-Compadeço-me das pobres criaturas que sofrem sua apreciação. Mas não imagino que o tipo de companhia que você freqüenta seja muito discriminadora.
Ele riu e se esfregou a queixo.
-ai! Não sabia que ensinavam tais réplicas Às damas inglesas. Mas é obvio, você não é uma dama inglesa comum.
Sua face era fantasmal com a luz débil.
-Já que você não pode ter experiência com damas respeitáveis, senhor, suas hipóteses são absurdas.
-Então devo depender de você para corrigir meus mal-entendidos. - Disse. - Lhe prometo ser um estudante ansioso.
Em resposta ela caminhou mais perto da parede de tijolo cru e se apertou contra ela, cruzando os braços sobre o peito.
-O que é este lugar?
-Uma vez foi uma aldeia. Agora... -Ele se encolheu de ombros. - agora é simplesmente um refúgio para a noite.
-Permanecemos aqui?
Tomás reuniu os cavalos e os atou a um poste erodido.
-Pode que as casas se estejam derrubando, mas pensei que talvez preferiria isto À pradaria aberta.
-O que considerado por sua parte. Não lhe teme À perseguição? Não acredito que o senhor McLean falasse ociosamente quando prometeu persegui-lo.
-Sua preocupação me comove muito, senhorita, mas não poderia esperar que nem você nem os cavalos viajassem toda a noite.
Ela mudou de postura contra a parede.
-Você mandou aos outros longe.
Que cuidadosa foi manter seu tom indiferente. Ele escondeu um sorriso.
-Meus homens têm trabalho que fazer. Encontraremo-los em Novo o México. -Desatou as mantas enroladas atrás de sua cadeira, desencilhou seu cavalo castrado e a égua,
e lhes serviu de grãos. Extraiu provisões dos alforjes, as levando dentro de uma choça a que lhe faltava à parede norte e a maior parte do teto. Rowena não fez nenhum
movimento para segui-lo.
-Lamento ter tão pouco para lhe oferecer, senhora. - Disse. - Não me arriscarei a acender um fogo esta noite, e não posso sair de caça. Mas tenho pão e queijo e
morangos....
-Não tenho fome.
-Mas talvez deseje descansar... a menos que, é obvio, prefira escapar. Nesse caso, deveria estar preparada para Mudar. São muitos quilômetros para voltar para a
Junta.
Seu silêncio foi resposta suficiente. Não, ela não Mudaria, nem sequer para escapar, embora ele a convidasse a fazê-lo.
Ele deixou a comida sobre a manta e saiu para unir-se a ela.
-Pelo menos saia do vento, senhora.
-Não tenho frio.
-E eu acredito que talvez esteja mais quente longe de seu frio natural, mas prefiro ter a À vista. -segurou-lhe o braço. - Felizmente, não é desagradável aos olhos.
-amavelmente, me economize seus duvidosos cumpridos - respondeu ela. sacudiu-se o braço masculino e caminhou diante dele para a casa arruinada, agarrando uma das
mantas quando passou perto delas. Colocou-a no rincão mais afastado do Randall. Sua roupa não era mais adequada para agachar-se que para cavalgar, mas as arrumou
para fazer um travesseiro e se sentou tão tesamente como se tivesse estado em uma cadeira de respaldo rígido.
Tomás ficou cômodo e utilizou sua faca para cortar uma poção de queijo.
-E pensar que tomei a moléstia para obter tudo isto por você . - Disse, fazendo gestos para o pão e os morangos.
-Sinto-o muito. Que jantar geralmente... Carne crua? -a visão noturna de Tomás pôde captar o rubor que subiu a suas bochechas no momento em que ela terminou de falar.
Examinou um morango suculento.
-Sou um lobo. Talvez você o identifique com outra classe de animal. Shakespeare escreveu a respeito de tal criatura em uma de suas obras. Em espanhol, chamamo-la
a Fierecilla Domada. Vocês a chamam The Taming of the Shrew.
Seu rubor se aprofundou.
-Um proscrito que conhece Shakespeare . - Disse ela. - Estou devidamente impressionada.
-Sei muitas coisas . - Disse ele. E acredito que posso chegar a conhecê-la muito bem, minha Dama de Gelo, antes que nossa relação se termine. - Em resposta a sua
pergunta, meus homens e eu geralmente nos contentamos com omeletes, frijoles, feijões para você, e chiles -meteu o morango na boca. - Está bastante segura de que
não tem fome?
Ela virou a face e começou a tocar o cabelo, procurando desembaraçar os fios atados com seus dedos. Tomás suspirou e foi em busca de seus alforjes. Ela o olhou cautelosamente
quando ele deixou cair as bolsas a seu lado.
-Nunca conheci a uma mulher que não esteja sem uma escova . - Disse desatando as lapelas. Rowena fez uma débil ameaça de afastar as bolsas, mas não antes que ele
encontrasse o que procurava entre as dobras de tecido e as quinquilharias femininas. - ah. -Examinou a formosa escova com olho prático. - Custoso.
-Quer calcular o valor das poucas pertences que me deixou? . - Disse ela. - Talvez pretenda as vender como planeja fazê-lo comigo?
Ele levantou as mãos, mostrando as Palmas.
-Paz, Lady Rowena. É certo que tal coisa talvez alimentaria a uma família de uma aldeia durante uma semana, mas não o tirarei. E se vendê-la fora minha intenção,
encontraria-lhe um dono muito melhor que McLean. -Entregou-lhe a escova com uma pequena reverência e se retirou.
O agradecimento de Rowena logo que foi efusivo; ele o poderia ter interpretado mal como uma maldição. Dourado-los cabelos fizeram uma tela ao redor de sua face quando
ficou a trabalhar nele. Tomás mastigou um pedaço de pão e observou sua luta, quase compadecendo-se. depois de uns minutos ela reapareceu parcialmente, com os olhos
brilhando com algo muito parecido à selvageria.
-Queria aprender a respeito das damas? . - Disse entre dentes. - aqui está sua primeira lição. Há uma razão pela qual mantemos nosso cabelo preso quando cavalgamos.
-Já vejo. Sinto muito; sinto muito. Foi uma tentação muito grande para resisti-la.
-E é obvio você nunca resiste À tentação.
-Tão estranha vez como é possível. -Uma vez mais se perguntou se ela se dava conta de quão provocadora soava sua brincadeira. Francamente o surpreendia, pois não
era o que ele recordava dela na Inglaterra. Rowena não se comportou assim quando o tinha acreditado um cavalheiro de sua própria classe e país.
Um homem como Penetro McLean não toleraria tal audácia em sua mulher. Consideraria-a inferior, como qualquer outra criatura da terra, sua propriedade, feita para
agradá-lo em todas as coisas. Não, não lhe teria falado assim a Cole. Nem sequer suspeitaria que desejasse fazê-lo.
Ou ela simplesmente considerava a Tomás muito inferior para cuidar sua língua, ou essa era toda a defesa de uma mulher muito orgulhosa para reconhecer o temor ou
a desvantagem, inclusive para si mesmo.
Ela falou de tentação. Era tentadora, estando apanhada em uma batalha contra suas claras mechas, quase faiscando de frustração? Por Deus, era-o.
Ele se levantou outra vez e caminhou para ela. Rowena retrocedeu.
-Talvez seria mais fácil com ajuda . - Disse agachando-se a seu lado.
-De você? -perguntou ela com um marcado tom de incredulidade.
-Freqüentemente escovava o cabelo de minha mãe quando era um menino. Era muito grosso e negro, e formoso, como o seu.
Uma expressão estranha, quase nostálgica cruzou seu rosto, como se ela nunca tivesse considerado que ele talvez tivesse uma mãe.
-Deve sentir-se causar pena pela vida que você leva.
-Minha mãe está morta -respondeu ele, e se encolheu de ombros. - Faz muito tempo. Mas algumas costure não se esquecem. -Tirou-lhe a escova da mão e tomou uma mecha
de cabelo. a tensão cantou através dos fios. Ela se separou de um puxão.
-Se se mover, pode causar-se moléstias . - Disse. - Isto irá muito mais rápido se cooperar. -Começou a escová-la, logo que tocando-a, da mesma maneira em que trataria
a um cavalo selvagem.
Era estranho pensar que uma mulher como esta necessitaria gentileza. considerava-se a si mesmo uma dama elegante e apropriada... mas uma dama não estaria tremente
e débil nas mãos de um proscrito? Elmasia uma loba, mas seu espírito era muito forte para permanecer na jaula que ela tinha desenhado para retê-lo.
Ou Cole tinha ideado essa jaula?
Terminou com uma seção pequena de cabelo e segurou outra. Cada fio era delicado, meio doido com matizes claros e outros mais escuros. Parecia deslizar-se por suas
mãos como se tivesse vida própria.
E Rowena não se debateu. Ele não podia dizer por que tinha escolhido render-se. No melhor dos casos, era uma capitulação reacia. Talvez esta sensualidade refreada
era uma das poucas indulgências que ela se permitiria.
Mas o olhar dela nunca deixou sua face, e com cada golpe da escova ele sentia um puxão correspondente em seu próprio corpo, um desejo crescente de enterrar as mãos
na chama latiente de seu cabelo.
Raramente refletia profundamente sobre seus próprios pensamentos. Era um homem de ação, não de reflexão. Tinha assumido no trem que seus planos para seu cautiva
seriam mais trabalho que prazer... exceto o prazer de pisotear a inexistente honra dos McLean. Sua Dama de Fogo era apenas uma vaga fantasia.
Estava começando a mudar de opinião.
Lady Rowena não se comportava como uma virgem temerosa. Por um instante contemplou o pensamento dela jazendo nua em braços de McLean; recordou o momento no trem
quando se imaginou a McLean beijando-a, e sua estranha reação de raiva possessiva.
Podia senti-la começando outra vez. Ridículo; ela não teria jazido com um homem antes do casamento. Não enquanto estava em Nova Iorque, ou na Inglaterra. Não sua
Dama de Gelo.
-Você.
Sua voz o trouxe duramente de volta. Ele deixou cair seu cabelo. Ela o colocou atrás de seus ombros e lhe dedicou um cenho que teria feito tremer a qualquer homem
menor.
-Eu lhe conheço . - Disse. - agora estou segura. Conhecemo-nos antes que viesse a Nova Iorque. -Rowena se levantou. - Quem é você?
Ele sabia que chegaria o momento em que o reconheceria, se alguma vez reconhecesse uma pequena fração de seus sentidos lobunos. Ele ficou em pé para encará-la.
-fui muitos homens, senhorita.
-Na Inglaterra . - Disse. - Você estava ali. No Greyburn. -Sua face se transformou com a lembrança. - O espanhol...
-Dom alarico Julián Do Feroz, também a seu serviço.
-Que parva fui -sussurrou. - Braden escreveu para me dizer que o homem que dizia ser Do Feroz... você... -Ela sacudiu a cabeça. - O verdadeiro Do Feroz escreveu
a Braden uns meses depois da Convocação. Nunca chegou a Inglaterra. algo o impediu... alguém. -Seus olhos se agudizaron com acusação. - Você tomou seu lugar!
-Desmascarou-me, minha senhora.
-Você ajudou a Braden a lutar contra os Boroskovs, e desapareceu. agora vejo por que sabe tanto a respeito de mim. Mas... Braden não sabia nada de sua família. Esteve
procurando loups-garous por todo mundo. Você poderia ter vindo livremente, mas em lugar disso escolheu esconder-se...
-pergunta-se por que, Rowena? Foi por causa de você.
Ela apalpou a parede que tinha atrás.
-Não lhe acredito. Nunca nos conhecemos....
-Mas eu sabia de você, minha senhora. Sabia que estava destinada a ser a noiva de Cole McLean, um pouco arrumado por seu irmão o conde. Que irônico que você fugisse
desse matrimônio só para aceitá-lo três anos mais tarde.
a cor se foi de seu rosto.
-Cole. É obvio. -Ela se afastou da parede e se deu a volta, apertando os punhos a seus flancos. - Odeia você tanto aos McLean para viajar toda a distância até a
Inglaterra... para interferir com o matrimônio de Cole?
-Bravo, minha senhora. Sua mente é tão rápida como sua língua. vigiei aos McLean durante anos, e sabia quão ansioso estava por aumentar sua posição e fortuna com
uma noiva de tão grande família. Já que é meu prazer frustrar as ambições de Cole McLean, era essencial que aprendesse tudo o que pudesse a respeito do Lady Rowena
Forster.
Ela levantou seu queixo.
-E o que aprendeu?
-Que era uma dama orgulhosa e teimosa. Que desprezava o pensamento de casar-se com outro de sua classe. Que desejava ser simplesmente humana, e que faria quase algo
para alcançar esse desejo.
a moléstia de Rowena foi manifesta. Seu olhar normalmente franco, evitou-o por completo.
-Você nem sequer falou comigo.
-Não houve necessidade. Observei. Vi que havia poucas possibilidades de que aceitasse com gosto ser a noiva de McLean. Foi necessário que me fora da Inglaterra depois
da batalha com os russos, mas me inteirei pouco depois que você tinha desaparecido, antes que seu futuro companheiro chegasse a reclamá-la.
-Impediu também que Cole viesse a Inglaterra? -Suas palavras continham um sarcasmo mordaz, mas o silêncio de Tomás eliminou a brincadeira de sua face. - Braden me
- Disse mais tarde que telegrafou para desculpar-se... uma repentina crise familiar...
-Pela que deveria me agradecer, minha senhora. Sua "crise" lhe deu o tempo que necessitou para escapar de seu destino. Desgraçadamente você não seguiu seu plano
original de evitá-lo; nos teria economizado a ambos os muitos problemas. Mas você estava em um país estrangeiro, e sozinha, quando ele a encontrou. Lhe fez acreditar
que poderia lhe dar a classe da vida que você deseja. É assim, não?
-Ele não era o que eu temia quando meu irmão arrumou nosso casamento. Foi minha eleição aceitar sua proposta.
-E é por isso pelo que está aqui esta noite, Rowena. Não podia permitir que o plano de McLean triunfasse.
-Então esta inimizade entre ambos é pior do que imaginava. É uma obsessão, uma loucura...
-Existe uma certa satisfação na loucura. Mas alguma vez se permitiu descobrir isso, não é assim?
-Vi o que fez a meu irmão maior, com seu grande "Causa" de salvar a raça de homens lobo. Pelo menos ele tinha um motivo nobre. Mas você...
-Você não sabe nada de mim, senhorita. -Ele se moveu mais perto. - Isso poderia ser remediado.
-Quer me explicar porquê seu covarde ato contra meu noivo é justificável. Deseja ganhar minha simpatia e cooperação. Não me interessam as mentiras de um ladrão e
seqüestrador.
-E assassino. Não se esqueça isso.
Ela se estremeceu quase imperceptivelmente.
-Não vejo sua arma. Não é certo que todos os proscritos levam armas?
-Nunca me gostaram de muito. Prefiro usar outros métodos...
-Para assassinar? Quantos homens matou, senhor Randall?
-Pensei que não estava interessada em minha história. -Ele se encolheu de ombros. - Se McLean a resgatar, o pode perguntar a ele. Sem dúvida, dirá-lhe a franco verdade.
-Você realmente não tem vergonha.
-por que deveria tê-la? Não sou como você, Rowena, assustada da metade de si mesmo.
Ele sabia que era o único tema que ela não podia encarar calmadamente, por mais que tratasse de ocultá-lo. Viu o pânico reprimido em seus olhos, pânico contra o
que lutava com o mesmo espírito que desejava eliminar.
Como se pudesse.
-Não tenho medo de mim mesma, e certamente não de você -lhe espetou.
-Muito bem. Então lhe sugiro que vírgula e logo descanse. Temos um longo caminho amanhã. -Voltou pelo alimento e o envolveu em um guardanapo. - me Permita que a
atira, minha senhora. Roubei-a deixando-a sem serventes. Pode uma dama alimentar-se por si mesmo?
Em resposta ela segurou o pão, tomou com ambas as mãos, e arrancou com estupidez um pedaço. Delicadamente o mordiscou em um bordo, apesar de que ele tinha claro
que ela estava mais faminta do que jamais admitiria. Rowena examinou um morango e a comeu em vários bocados. Logo tomou a faca que ele tinha deixado ao lado do queijo.
Sua mão tremeu quando o apontou com a faca.
-afaste-se . - Disse. ficou em pé, com a arma torpe em seu punho. - vou procurar um cavalo. Não me siga...
Tomás cortou a distância entre eles em dois passos e lhe cobriu as mãos com as suas. a ponta da faca fez uma marca em sua camisa.
-acredito que a seguiria a qualquer lugar . - Disse. Ele forçou seus rígidos dedos até abri-los e lhe tirou a faca de seu punho. - E me sentiria desolado se se
machucasse, minha loira.
Durante um momento ele viu a batalha violenta dentro dela, formando redemoinhos-se como diminutas faíscas douradas em seus olhos. Sua tentativa violenta a tinha
sacudido, e ainda assim ela desprezava seu fracasso ao lutar contra ele.
Queria lutar, mas nesse mesmo desejo a loba jazia esperando.
Suas mãos se relaxaram nas suas, e fechou seus olhos.
-Deixe ir.
-Não posso. -Impulsivamente se inclinou para aspirar o aroma de seu cabelo. - Rowena, Rowena. É um nome formoso -lhe afastou o cabelo que tinha sobre a face e deixou
que sua mão permanecesse ali. - Sir Walter Scott, não é assim? Ela era a amante de um grande cavalheiro.
-Ela era fiel seu a noivo.
-ainda quando duvidava dele.
-Você não tem poder para alterar minhas crenças . - Disse ela. Retrocedeu, liberando suas mãos. - Não tem nenhum poder. boa noite. -Deu-lhe as costas e se retirou
para sua manta, e sua fria despedida ficou flutuando entre eles como a névoa do rio.
Mas não foi o frio o que permaneceu com ele enquanto recolhia o alimento restante e o guardava para a manhã seguinte. Foi o fogo em seus olhos quando o ameaçou com
a faca, e o descarado trocadilho que empregou para desafiá-lo. Eram as muitas contradições entre o que era e o que acreditava ser.
Sobre tudo, era a promessa do que se poderia chegar a converter.
Quanto lhe levaria empurrá-la ao bordo de seu controle, a essa fronteira onde não teria mais eleição que aceitar À loba que levava dentro? Como reagiria quando fora
obrigada a escolher entre a paixão e os princípios?
McLean queria a Rowena, mas não por esse tentador ardor escondido. Ele devia controlá-la como controlava qualquer outra pessoa em sua vida. Quereria que ela fora
a anfitriã perfeita, um ornamento, um troféu para acrescentar a seu prestígio. Fingiria ser o que ela desejava só até que estivesse atada a ele para sempre. Nunca
permitiria que ela chegasse a ser tudo o que poderia ser, e sob sua cuidado ela nunca seria tentada. Faria-lhe acreditar que ele poderia lhe proporcionar exatamente
o que ela necessitava para estar segura.
a menos que outro homem lhe fizesse desejar algo mais que segurança.
Um homem como Tomás Alejandro Randall.
sentou-se contra a parede oposta a de Rowena e olhou seu elegante perfil de mármore. De repente o trabalho que se havia automóvel imposto não lhe pareceu tão árduo.
Seduzir À dama, vê-la vir com gosto Da sua cama para chatear a Cole McLean... isso tinha sido um fim em si mesmo. Mas seu interesse tinha chegado a ser muito mais
pessoal. Nunca tinha sido capaz de resistir a um desafio. Rowena seria um dos majores. Ela se renderia, não só a ele, mas também a sua própria Dama de Fogo, acendendo
o lobo dentro dele e dentro dela mesma.
até que não tinha estado verdadeiramente solo com a Rowena, não tinha sido capaz de ver o óbvio. Desejava-a. Seu entrepierna ardeu ante as imagens que surgiram em
sua mente, quão mesmas o tinham obcecado no trem. Sua paixão, quando ele despertasse, seria incandescente. queimariam-se juntos. Não importava se a chama se consumia
rapidamente. Seria gloriosa enquanto durasse.
Ele riu silenciosamente. ah, minha Dama de Gelo, muito em breve suspirará meu nome com desejo. Eu não ganharei com contos para despertar sua simpatia e um correto
sentido de justiça. Isso seria muito fácil. aceitará-me como sou, como cria que sou... proscrito, ladrão e descarado.
E Cole McLean perderá outra vez.
Tomás sacudiu sua própria manta e se preparou para uns sonhos muito prazenteiros.
Capítulo 5


Rowena já estava acordada quando Randall veio a levantá-la. Ela se imaginou que ao menos tinha dormido umas poucas horas; seu corpo estava rígido e enrugado pelo
confinamento de suas roupas, mas estava completamente alerta.
Tinha que está-lo.
Cavalgaram para o sul fora da aldeia abandonada antes do alvorada. Randall se sentava sobre suas arreios facilmente, olhando-a ocasionalmente mas sem lhe oferecer
nenhuma conversa. Permitiu a Rowena guiar sua égua, e a deixou sumida em seus inoportunos pensamentos.
Uma e outra vez, cenas da noite anterior retornavam para obcecá-la. Sua estranha gentileza. a menção de sua mãe. a maneira em que tinha escovado seu cabelo tão intimamente,
quando ela não tinha feito nada para resistir. Sua falta total de cólera quando o ameaçou com a faca. a maneira em que a chamou fierecilla. a maneira em que a chamou
formosa.
Na Inglaterra, tinha sido um cavalheiro enquanto interpretava o papel de Dom alarico. Tinha defendido a seu irmão, lutado para ele. E tudo tinha formado parte de
sua vingança.
Ela não sabia as razões pelas que odiava a Cole McLean. havia-se dito que não desejava nem precisava as saber. Então, por que se sentia quase a ponto de lhe rogar
por uma explicação?
por que tremia ante a lembrança de seu contato?
Que Deus a ajudasse se era tão débil, tão depravada para cair presa dos brutais encantos de um homem como Randall. Ele simplesmente estava jogando com ela, acossando-a
porque ela estava aqui e Cole não. Não tinha interesse nela como pessoa, mas só como um objeto para usar. Deveria tratar o da mesma maneira, como um inimigo imprevisível.
Sim, o inimigo. Se era o de Cole, devia ser o seu também.
Mas não tinha sentido pensar em Cole. Ele estava muito longe para ajudá-la. obrigou-se a emprestar atenção à paisagem enquanto se aventuravam mais e mais perto do
passo das montanhas. Durante algum tempo, uns picos gêmeos tinham sido visíveis no horizonte ocidental. Logo mais montanhas apareceram ao sul, presididas por um
pico de ponta achatada que Randall tinha identificado como a marca para o passo que os dirigiria a Novo o México. Rowena se sentiu aliviada ao ver o fim da pradaria.
Randall rodeou o ocupado povoado ao pé das montanhas e tomou um atalho para os subúrbios pelo sul, seguindo um velho rastro que cruzava uma ponte sobre o Rio Purgatório.
Esta era claramente a rota principal sobre as montanhas; Rowena viu também cavaleiros solitários e facevanas de mercados com vagões carregados e tocando o gado.
Randall cavalga como se não tivesse nada que temer, como se desafiasse a Rowena a pedir ajuda.
E se o fizesse? Quantos outros inocentes poderiam ser arrastados a este conflito? Não era um risco que estivesse preparada para tomar. Devia haver outra maneira,
um tempo melhor.
assim que se manteve em calma quando começaram a subir, deixando atrás os vagões e transportes mais lentos. Em um ponto, o rastro girava para passar uma fazenda
em um vale pequeno, onde vários vagões tinham parado frente a uma porta encadeada para pagar pedágio. Randall levou os cavalos através do campo até que estiveram
bem longe da porta de pedágio.
Durante muitos quilômetros subiram pelo caminho, por canhões, gargantas, desfiladeiros, e de colina em colina. a cada lado, dispersos como as manchas de um leopardo,
havia cedros anões que exalavam um aroma acre, misturado com pinheiros igualmente curtos. Planta com folhas correosas e com forma de flecha cresciam entre os pastizales,
distintas de qualquer que crescia nas úmidas ladeiras da Inglaterra. Os pequenos carvalhos, os pinheiros mais altos, e as arvoredos cujas árvores ainda não tinham
folhas, apareceram quando subiram a maior altura.
Por fim alcançaram a cúpula. O Território de novo o México jazia baixo eles, com mesetas aplanadas e planos de brilhantes cores com emplastros mais escuros de folhagem,
e a chapeada raia ondulante de um rio. Parecia ser tão desértico como aquele que tinham deixado atrás em Colorado.
Novo o México era onde a esposa do Braden, a antiga Cassidy Holt, tinha vivido durante a última parte de sua infância. Rowena quase desejou ter a Cassidy a seu lado
nesse momento, para que a aconselhasse com essa inocência de olhos claros não corrompida por sua própria dor e luta.
Mas não era a Cole a quem necessitava, a Cole, que lhe diria o que devia fazer?
Uma melodia encantadora e singela se insinuou em seus pensamentos, elaborada por uma rica voz de barítono em um idioma ainda novo para ela, misterioso e encantador.

"Encarrego a meus amigos
antes de acabar de falar;
Uns são os que as tiram,
e outros as Van gozar"

Rowena se encontrou tão perdida no fluxo da música que se sobressaltou pelo silêncio repentino quando se acabou. Randall a estava olhando, com os lábios franzidos
em um assobio mudo.
-Você escolhe um tempo peculiar para cantar . - Disse ela.
-Não cantou jamais pela simples alegria de fazê-lo, Rowena?
-Canto quando é apropriado.
-É obvio. apropriado. Na igreja, ou nessas reuniões das finas e apropriadas damas no salão. -Ele guiou seu cavalo tão perto de sua égua que suas pernas quase se
tocavam. - Não deseja saber o significado de minha canção?
-É-me inteiramente indiferente.
-O direi de todos os modos. chama-se "a Prensa". É o conto de uma cotovia que promete casar-se com o pardal se ele a ajuda a liberar-se de sua jaula. Mas quando
ele o faz, ela voa longe e o deixa. -Ele suspirou. - De tal maneira são as mulheres. ao final, o pardal canta:
-Queria advertir a meus amigos antes que termine este discurso; uns vêm Às resgatar, mas outros as gozarão.
Rowena sentiu crescer o rubor em sua face. Estava-a tentando outra vez, muito deliberadamente. Sugeria que Cole, quando a recuperasse, não a "gozaria"?
Sugeria que alguém mais sim o faria?
-Vê o senhor McLean como um pardal, senhor Randall?
-O abutre fica melhor. Talvez a chamaria a Prensa, se cantasse um pouco mais docemente.
-Deveria lhe chamar galo bantam por seu arrogante canto.
-Mas você não poderia ser a galinha para meu galo.
-Eu não falo seu idioma.
-Galinha significa covarde como o ave.
Era um completo muito duvidoso.
-Que estranho que encontre necessário me comparar com um animal ou outro. Obteria uma grande satisfação em fazer com que tivesse tão má reputação como a sua.
-Sob as circunstâncias corretas -lhe - Disse. Sua voz caiu a um sussurro rouco. - Em um espaço iluminado pela luz das velas com uma cama cômoda e as estrelas brilhando
fora da janela... sim, luz de meus olhos, eu gostaria de muito.
Seu significado era insultantemente lascivo. Em todo seu tempo com Cole, não tinha pensado mais à frente do matrimônio e os filhos que teria algum dia. O método
necessário de produzi-los simplesmente não tinha sido de importância, nem um tema sujeito a especulação.
as palavras do Randall fizeram o que a presença de Cole não podia. Ela tratou de acalmar as imagens que assaltaram sua mente: um quarto, como o que ele havia descrito,
com perfume de flores, e escuridão salvo por umas quantas velas, com uma cama grande no centro. a cama estava ocupada. O Lobo jazia nela, nu até a cintura, e em
seus braços estava uma mulher com cabelos de ouro, tão nua como ele...
-Detenha-se! -gritou ela.
-Rowena?
Ele sabia. Estava-lhe fazendo isso. Ele estava plantando estas imagens em seus pensamentos, utilizando o poder de homem lobo de influir na mente. Ela tinha estado
vivendo como humana muito tempo para poder combatê-lo.
Ela se balançou na cadeira; ele segurou seu braço. Uma sensação incrível a percorreu nesse momento, uma pulsión enlevada que começou e terminou nas partes mais íntimas
de seu corpo. Deixou-a ofegante, débil e aterrorizada.
-Suélte... ofegou-me ela.
Sua obediência inesperadamente rápida fez que o olhasse diretamente À face. as pupilas de seus olhos eram imensas, e parecia como se alguém lhe tivesse dado um duro
golpe na têmpora. Só desejou que tivesse sido ela quem o golpeasse.
Extrañamente, ele não teve palavras fáceis listas para ela, inclusive quando seu olhar se esclareceu e pareceu vê-la outra vez. Em vez disso, murmurou algo a respeito
de apurar o ritmo e pôs seu cavalo ao trote pelo sinuoso caminho, logo que olhando atrás para certificar-se de que ela o seguia. Seus braços e pernas tremiam tão
fortemente que ela não considerou a possibilidade de cavalgar em sentido contrário.
a meio-dia, sem ter cruzado uma só palavra em muitas horas, chegaram ao pé do passo. Rowena viu edifícios rústicos de outro rancho, muito concorridos por viajantes,
mas Randall os levou a descansar a um canhão estreito afastado do caminho. Deu de beber aos cavalos e lhe ofereceu o pão restante, queijo, e fruta. Ela se encontrava
muito faminta para resistir, inclusive por princípio, mas se assegurou de não tocá-lo quando recebeu os mantimentos.
a única coisa que desejava mais que nada era um banho. Sua pele estava pegajosa, e o pó enchia cada uma das rugas em sua roupa, e seu cabelo e boca.
Um arroio de água pardusca fluía para baixo pelo centro do canhão, mas ela sabia perfeitamente bem que não tinha eleição mais que perseverar sem semelhante luxo
civilizado como a limpeza. Banhar-se em qualquer lugar a menos de vários quilômetros do Lobo era inconcebível.
Felizmente, ele estava preocupado em suas próprias coisas. Em vez de cavalgar, manteve-os ocultos no canhão, e olhando espectador o caminho. Justo quando o entardecer
começou a cair, um grupo de cavaleiros se aproximou pelo sul.
Rowena reconheceu imediatamente aos dois homens espanhóis que tinham acompanhado a Randall. Guiavam um par de cavalos frescos. Tomás saiu a seu encontro e voltou
com os animais. Mudou as monturas dos dois cavalos que tinham usado, para os novos, tudo sem lhe dirigir uma palavra. Depois que tantas horas, ela encontrou que
seu silêncio a zangava mais que suas insinuações indecentes.
-O que passa agora? -perguntou ela.
-vamos encontrar a meus homens e completar um transação.
-Uma ilícita, sem dúvida.
-Sem dúvida.
Lhe sorriu e seu coração se deteve bobamente apenas por um instante. Qualquer que fora sua estranha reação quando se haviam meio doido, ele já se recuperou. a volta
do intercâmbio de palavras foi um alívio.
-Isso significa que o confirma?
-atreveria-me contradizer a uma dama?
-Pergunto-me se houver algo ao que você não se atreveria.
-Freqüentemente me pergunto o mesmo de você, senhorita.
-Penso mantê-lo adivinhando, senhor.
-Então espero com vontades o jogo.
Ela sabia perfeitamente bem que incitá-lo não era apropriado de uma dama e que era exatamente o que Cole deplorava, mas não podia evitá-lo. E era mais seguro que
a alternativa.
-Não está acostumado você a perder, verdade?
Ele assinalou para a nova arreios.
-advirto-lhe, Rowena, que os homens como eu nunca jogam limpo.
Para isso ela não teve resposta. Permitiu-lhe ajudá-la a montar, armando-se de valor para seu contato. Esta vez não houve reverberação estranha em seu corpo, só
esse agudo reconhecimento que nunca se ia.
Cavalgaram até unir-se aos homens do Randall, quem inclinou seus chapéus para a Rowena e se situaram a seu redor. Os quatro e os dois cavalos de sobra seguiram o
poeirento caminho por volta do sudeste durante a maior parte da tarde, sobre planícies áridas e quebradas flanqueadas por colinas e montanhas ao oeste, suas escarpadas
cúpulas cobertas de neve. detiveram-se para descansar e beber água, e então continuaram até o anoitecer, bordeando aldeias e qualquer outro lugar onde se reunissem
viajantes. acamparam ao lado de um arroio, onde a Rowena foram dadas umas mantas e uma cadeira como travesseiro. lavou-se a face e os braços, envolveu-se com as
mantas, e passou a noite apoiada contra o tronco de uma árvore. Ninguém a incomodou, nem sequer Randall.
a meio-dia do dia seguinte giraram para o oeste afastando do caminho, seguindo um atalho que atravessava um labirinto de arroios, a palavra que os habitantes de
novo o México utilizavam para os canhões pequenos. Estava bem entrada a tarde quando Randall avisou de uma nova parada em outro dos ravinas sem nome.
Uma banda de talvez vinte homens esperava ali, uma coleção de rufiões de má reputação, todos armados com uma grande variedade de facas e fuzis. Randall parecia um
cavalheiro elegante comparado com o menos repugnante deles. Esse, pensou ela agriamente, devia ser o homem chamado Sim. Cavalgou para encontrar-se com o Randall.
-Os homens do Rialto estão cansados de esperar . - Disse Sim.
-vá procurar os cavalos . - Disse Randall.
Sim assentiu e entrou no canhão com vários homens. Quando voltaram conduziam uma manada de vários cavalos formosos.
-Mateo . - Disse Randall, - por favor cuida da dama enquanto realizo nosso negócio.
-Quais são esses homens? -perguntou Rowena. - Deles?
-a banda do Rialto? Não os aceitaria nem que me rogassem. Mas pagam bem por cavalos bons para vender no ariregião.
O homem com aspecto mais rude do grupo, completado com um emplastro de pirata, separou-se dos outros e caminhou a pernadas para o Randall.
-Já nos tem feito esperar o suficiente, Lobo.
Randall se apeou.
-Bem-vindo, Bill Hager . - Disse com uma saudação irônica. - Penso que encontrará que os cavalos valeram a espera.
-Mais vale que assim seja. -Hager caminhou ao redor da manada, com a mão visivelmente perto da culatra da pistola, murmurando e cuspindo enquanto examinava os animais.
Tinha o cenho franzido quando voltou. - a metade deles são dos McLean.
-Os melhores de novo o México . - Disse Toma. - - Disse que valiam seu tempo.
Rowena adiantou seu cavalo movendo as rédeas.
-Você roubou estes cavalos.
-Estou surpreso de que alguma vez tenha pensado o contrário . - Disse Randall. Sua expressão se endureceu. - Este não é lugar para uma mulher. Mateo, leve-lhe isso
-Bom, bom. Quem é este bonito passarinho? -Hager segurou a brida de suas arreios e a olhou de esguelha. - Não muito seu tipo, Lobo, por isso ouvi. Não é muito refinada?
-Não é assunto dele, Hager. Você está aqui pelos cavalos...
-Talvez esteja interessado em alguma mel que adoce a panela.
-Este mel vem com aguilhão.
-Desculpe . - Disse Rowena, olhando fixamente aos olhos dissolutos do Hager. - Sou Lady Rowena Forster, e se me toca, encontrará-se com consideráveis problemas.
Hager sorriu mostrando uns dentes enegrecidos.
-Condenação! Senhorita Grande e Poderosa fulana. Ro-wee-na. Não a quebrou ainda, Lobo? Sou justo o homem para o trabalho. -Seu sorriso desapareceu. - Quanto?
-mais do que pode pagar.
-Com você sempre há um preço.
-Não sempre, amigo. Não sempre.
-Ela deve ser algo particularmente especial, então. Pergunto-me por que?
-Pergunte aos McLean . - Disse Randall
-agora rouba suas mulheres, Lobo?
-Descida roubar tudo o que reclamem.
a face do Hager experimentou uma série de transformações.
-Bem, então. Não acredito que ela valha essa classe de disputa com os McLean.
-Ou comigo . - Disse Randall perezosamente. - Ela é minha mulher.
Rowena conteve o fôlego. a breve frase lhe recordou agudamente a visão da cama no pequeno quarto iluminado por velas.
-Não sou de ninguém...
-Como - Disse, Hager -a interrompeu Randall, - ela precisa ser quebrada. Mas prefiro um método mais amável.
-Seu "método" parece funcionar com os cavalos -respondeu Hager. - Bom. Rialto me - Disse que fizesse o trato.
Começaram a negociar, atirando ofertas e contraofertas. ao final, pareceram chegar a um acordo mutuamente satisfatório. Os homens do Hager ficassem ao redor da manada,
e Hager entregou a Randall uma bolsa pesada de couro.
-Está tudo aí . - Disse Hager enquanto Randall a pesava em sua mão.
-Naturalmente.
-Honra entre ladrões . - Disse Rowena.
-Não honra, mas sim interesse próprio. Hager sabe que não me pode extorquir.
-Sabe o que é você?
-Há rumores . - Disse com um ar de mistério exagerado.
-Os quais, estou segura, você respira, apesar das conseqüências.
-as conseqüências? Quais?
Ela se mordeu o lábio em réplica, consciente do olhar do Hager sobre ela. depois de um momento, Hager partiu, e sua banda guiou a manada fora do canhão para o rastro
do caminho, enquanto os três homens restantes, incluindo Carlos e Mateo, vieram a unir-se a sua líder. Sim lhe dedicou um olhar venenoso e então a ignorou.
Partiram novamente, voltando por fim ao caminho principal que avançava para o sul. Rowena se estava familiarizando com as árvores e o terreno seco, embora não sentia
amor para eles. O sol começou a afundar-se atrás das montanhas que se podiam ver Com o passar do horizonte para o norte e o oeste, uma vasta serra que Randall chamava
Sangue de Cristos.
-assim que -lhe - Disse Rowena enquanto cavalgavam um ao lado do outro, - você rouba cavalos para viver.
-Já sabia que eu era um ladrão, e pior.
-Segundo meu conhecimento, o roubo de cavalo é delito capital no Oeste.
Seu sorriso foi cegadora.
-Está preocupada comigo.
Ela ignorou o comentário.
-Eu não sou um cavalo, senhor Randall.
-alguma vez me chamará Toma, Rowena?
-Eu nunca lhe dava permissão para que utilizasse meu nome.
-a formalidade não vai comigo.
-Tampouco os bons maneiras, parece. Tem realmente um nome além do Lobo" ou "Randall"?
-Falhei ao me apresentar apropiadamente? -Executou uma meia reverencia na cadeira. - Seu servente, Tomás Alejandro Randall.
Pronunciou o primeiro nome com um sotaque que o fez soar muito diferente ao simples "Thomas". O segundo nome era obviamente espanhol.
-Tomás -repetiu ela. Não soava como o nome de um proscrito. Ela se sacudiu. - Como dizia, eu não sou um cavalo.
-apesar de que é uma elegante criatura de alta berço.
. - Disse a sua coorte rateril algo com o que não estou nada de acordo. Eu não sou "sua mulher" nem tampouco me quebrará.
-Me alegro de que Cole McLean não o tenha conseguido. Embora duvide que seja por falta de intentos -Ele suspirou. - Ele e Hager não podem apreciar a uma mulher como
você, Rowena.
-E você sim? Por isso escolheu me humilhar?
Ele parou seu cavalo e se virou para fitá-la.
-Não. -Sua voz se voltou suave, mas muito perigosa. - Não entende nosso país e nossos costumes. até que o faça, devo te proteger.
-me proteger? -Ela riu.
Ele atravessou o espaço entre eles para tocar sua bochecha.
-Eu não menti quando - Disse que estava além de qualquer preço, Rowena.
Ela bloqueou a sensação entristecedora de sua carícia com uma apressada rajada de palavras.
-Exceto o preço que Cole McLean pagará por me recuperar. Quanto é isso, Tomás? Mil cavalos? Vinte bolsas de ouro e prata?
-Justiça -respondeu ele, deixando cair a mão.
-E se ele não paga? Venderá a um homem como Hager?
-Eu pensava que estava segura de seu amante, Rowena.
-É simplesmente curiosidade em relação Às profundidades de depravação nas que te pode afundar.
-Eu também penso te manter adivinhando. -Mas a ternura perturbadora em seus escuros olhos fazia que fora mentira a sugestão de que faria o que fora para danificar
-.sei que foi um dia longo. Temos só uma hora para cavalgar, e alcançaremos a aldeia onde passaremos a noite.
-Outra ruína abandonada?
-Não uma ruína, minha senhora. Pode que não seja ao que está acostumada, mas está repleta de vida... e hospitalidade.
Ele se tocou o bordo de seu chapéu negro e se adiantou, deixando a Mateo para vigiá-la.
Havia dito a verdade. entraram nas colinas do caminho, e viajaram durante algo mais de uma hora através de um atalho o bastante largo para um pequeno vagão. Quando
caía o anoitecer, passaram a primeira choça humilde nos subúrbios de um povoado modesto aninhado em um vale estreito.
a aldeia era uma coleção de casas de tijolo cru ao redor do caminho, que corria paralelo a um arroio. as casas estavam construídas como as que estavam em ruínas,
mas suas paredes e tetos se viam em ordem e intactos. Pequenos campos do que Rowena supôs devia ser milho americano e trigo, estendiam-se atrás das casas para o
arroio. Não havia cercas, e nenhum edifício de dois pisos. Rowena adivinhou que os habitantes viviam nesta terra arruda o dia a dia como melhor podiam, com pequenas
possibilidades de luxos.
Um cão manchado correu da porta baixa de uma das casas maior para ladrar aos estranhos, seguido por uma mulher de média idade com uma saia e blusa singelas. Ela
se protegeu sua face gordinha com a mão, como se a luz do sol deslumbrasse seus olhos, e em seu rosto apareceu um enorme sorriso.
-O Lobo! . - Disse enquanto aplaudia. - Silêncio, Ruidoso.
O cão se sentou, ofegando.
-Juan, sal! O Lobo esta aqui!
Tomás fez um gesto para parar. Logo saudou a mulher com o braço enquanto um menino com calças e camisa frouxas saía como uma flecha da casa. O menino corria para
Tomás, mas a mulher o segurou pelo braço.
-Visitando tarde! vá dizer se o aos outros!
Com uma panela visível, o menino saiu correndo com o cão manchado seguindo-o.
-ah . - Disse Toma, respirando profundamente, - posso cheirar frijoles. Comeremos bem esta noite. -apeou-se, entregou as rédeas a um de seus homens, e se aproximou
do cavalo de Rowena. - me Permita que te ajude a descer.
Ela estava o bastante rígida para necessitar sua ajuda. Desmontou-a e ela se afastou e ficou direita antes que a mulher viesse a saudá-los.
Suas boas-vindas foi efusiva, e Tomás retribuiu com um beijo em uma de suas bochechas rellenitas. Falavam espanhol muito rápido para a Rowena, que só captou uma
ou duas palavras algo familiares.
Sentindo-se muito como uma intrusa, entreteve-se estudando a aldeia. Certamente não havia muito que ver. Um homem velho curvado com um fortificação coxeava rua abaixo
tão rapidamente como suas pernas torcidas o permitiam; um par de mulheres jovens vestidas de maneira similar mas muito mais magras que a primeira, apuraram-se para
a esquina de uma casa longínqua, espiando sobre o bordo, e renda-se bobamente como colegialas. Seus olhos estavam completamente fixos em Tomás.
-Rowena.
Ela virou lentamente para ele.
-Lady Rowena, esta é a senhora Encargo Valdez -falou outra vez com a mulher, que sorriu abertamente para a Rowena e respondeu calidamente. - Ela te dá a boas-vindas
a Rito Pequeno, e a sua casa.
Teria sido impossível interpretar mal a simpatia de mulher. Que ela e sua aldeia estavam dispostas a refugiar a um proscrito como Tomás estava igualmente claro,
a menos que estas pessoas ignorassem de algum modo suas atividades. Em qualquer caso, Rowena não se esqueceria da cortesia elementar.
-Por favor, lhe dê as obrigado por mim.
-Pode lhe agradecer você mesma. a palavra é obrigado.
-Obrigado, senhora Valdez -pronunciou Rowena com cuidado.
a mulher voltou a soltar uma enxurrada de espanhol. Tomás escutou e assentiu com as pálpebras entrecerrados.
-Ela sente muita curiosidade a respeito de ti -observou ele quando a mulher voltou rapidamente para sua casa.
-E o que lhe - Disse?
-Que tudo será revelado esta noite. Logo os homens voltarão dos campos. a aldeia celebrará um baile por nós. -Ele sorriu. - O povoado usará qualquer desculpa para
ter um baile.
-É muito popular aqui.
-Sou afortunado por ter muitos amigos em todo o Rio acima. Se assim o escolher, pode fazer amigos também.
-Como podem ser meus quando são teus?
-Dará-te conta . - Disse ele, aproximando-se, - de que você e eu não somos tais inimigos, Rowena.
Não tinha chegado a lhe roçar os lábios com seu fôlego quando se estava dando a volta para saudar o velho homem com um fortificação, que pareceu tão encantado de
vê-lo como a senhora Valdez. Rowena ficou sem palavras.
Seguiu-o uma corrente constante de visitantes, filhos descalços ao princípio, e logo homens de várias idades, e garotas tímidas e mulheres que ficassem a um lado
enquanto Tomás e seus homens encontravam lugar para os cavalos. Rowena era objeto de muitos olhares curiosos e especulação cochichada. Os homens de Tomás não eram
estranhos para os aldeãos, e alguns se afastaram com conhecidos. Sim Kavanagh se parou à beira da multidão, fumando um cigarro. Seu olhar turvo se fixou na Rowena
mais de uma vez.
Se ela fosse menos que uma dama, confrontaria a esse homem e lhe exigiria a razão de sua antipatia. Mas reconhecer seus olhares fixos estava por debaixo dela, tanto
como o estava revoar ao redor de Tomás com olhadas tímidas como várias das bonitas senhoritas. Tomás tinha palavras desenvolvidas e uma piscada para cada uma delas.
Por fim, os admiradores voltaram para seus assuntos, deixando a um trio de homens velhos que permaneceram falando com Tomás com digna formalidade. Tomás apresentou
ao mais ancião deles como Dom Pablo. Ele inclinou seu chapéu para a Rowena. Ela assentiu.
-Dom Pablo insiste que você e eu nos alojemos em sua casa . - Disse Toma. - Jantaremos com ele.
voltou-se para os homens e extraiu algo de seu colete. Rowena reconheceu a bolsa de couro das moedas que tinha recebido pelos cavalos roubados.
ao princípio Dom Pablo se negou a receber a bolsa, vendo-se tanto esperançado como envergonhado. Mas Tomás pôs em suas mãos com um sorriso persuasivo.
-Para os filhos.
Dom Pablo inclinou a cabeça, com uma umidade reveladora de lágrimas em seus olhos.
-Deus lhe benza, Dom Tomás. Deus lhe benza.
-De nada.
Tomás fingiu não ter advertido a emoção do velho homem. desculpou-se com uma reverência leve e tomando o braço de Rowena, afastou-a.
-Foi para meu benefício? -perguntou ela.
-Perdão?
-Queria que presenciasse o destino de seus lucros ilícitas, não é assim? Vejo que te julguei mau. -a pesar dele, as palavras destilaram brincadeira. - O Lobo é simplesmente
um Robin Hood americano... roubando aos ricos para dar os pobres.
-Encontra isso tão ridículo, minha Dama de Gelo?
-Não me chame assim.
-Mas vai tão bem. -Sob seu tom ligeiro e sua vaga meia sorriso havia um tom de aço. - Seu Robin Hood inglês roubava da nobreza como você, meu lady. -assinalou a
casa da senhora Valdez. - Dom Pablo e Encargo, quem nos tem convidado a comer em sua mesa, não sempre foram pobres. Uma vez estiveram entre os ricos do Território.
Possuíam uma terra muito fina, e muitas ovelhas. Quando os americanos vieram, alguns como eles começaram a perder o que possuíam dos antigos dias sob o governo da
Espanha e México. Não entendiam os novos costumes nem as novas leis, e os advogados encontraram fácil enganá-los. Dom Pablo e sua gente foram afastados da terra
de sua família, e começaram outra vez nesta aldeia, onde a vida é muito mais dura. Ele cuida das pessoas que trabalharam alguma vez a seu serviço como melhor pode.
Eu simplesmente trato de lhe devolver um pouco do que lhe tomaram.
Uma suspeita inesperada encheu a mente de Rowena.
-Não está sugiriendo que Cole teve algo que ver com esta situação?
-Não Cole, mas outro muito parecido a ele.
Ela deixou escapar o fôlego.
-Sinto que a fortuna tratasse tão mau a Dom Pablo . - Disse. - ainda há muito que não sei a respeito deste país. Mas você é claramente um homem educado, Tomás.
Duvido que tenha sido alguma vez pobre.
-Finalmente desenvolveste um interesse por meu passado?
-Se o fizesse, encontraria justificação para sua conduta criminal?
Ele riu.
-Tenho a premonição de que antes que nos despeçamos, encontrará-te do lado equivocado da lei pelo menos uma vez, minha loira.
-Odiaria lhe desiludir. por que não permitir que vá, antes que aprenda quão equivocado está?
-Quando sua companhia é tão... estimulante? -O agarre em seu braço se converteu em uma lenta carícia da boneca até o cotovelo, um toque que ela sentiu agudamente
através de sua ajustada manga. - Não sei como me arrumaria isso sem ti para me manter em meu lugar.
-Seu lugar está em um cárcere.
-Preferia muito mais estar em sua cama.
Capítulo 6


Sua escandalosa franqueza lhe enviou uma pontada de alarme e calor, que percorreu a coluna de Rowena. Jogos, recordou-se. Ele é bom jogando, para ver que classe
de reação pode obter. Igual a Quentin.
O pensamento sobre o Quentin esclareceu sua mente imediatamente. Talvez seu irmão fora um pícaro, e descuidadamente caprichoso, mas não era um criminoso. Ela se
desculpou silenciosamente com o Quentin pela comparação.
-Suponho que você gostaria de te banhar antes do jantar . - Disse Toma, como se antes tivesse falado sobre o clima. - Encargo se sentirá feliz de ajudar. Vêem.
apesar de tudo o que ele tinha feito ou dito para perturbá-la, não tinha mentido a respeito da hospitalidade de Dom Pablo. Encargo armou um alvoroço ao redor de
Rowena como uma mãe preocupada. Sua atitude era respeitosa mas sem formalidade; comportava-se como uma pessoa ainda rodeada pelas riquezas que conforme Tomás tinham
perdido. Pendurou uma manta sobre a porta aberta de uma pequena habitação quadrada contigüa À sala, o quarto principal da casa, proporcionando a Rowena uma completa
intimidade para lavar-se usando panos limpos, sabão áspero e uma tina de estanho cheia de água morna. Não se havia sentido tão maravilhosa desde fazia anos.
Fez o que pôde para limpar também a roupa, esclarecendo calções e camisa de sobra, e logo teve tempo para descansar. O quarto não tinha mais móveis que uma pequena
mesa, um armário, um banquito, e mantas enroscadas ou esteiras apoiadas ao longo de duas das paredes. Uma janela profunda, cujo batente estava alagado de brilhantes
floresça em vasos de barro, permitia que a última luz do dia entrasse no quarto. Em sua mesma simplicidade era uma beleza inesperada. Fora podia ouvir os filhos
da aldeia rir e preparar-se para o baile depois do jantar.
Filhos. Fechou os olhos e se deixou cair contra a parede. as vozes fortes e felizes recordaram aos bebês que tinha saudades ter, filhos que certamente nunca conheceriam
a pobreza. Não como estes. Estava Toma tão terrivelmente equivocado em querer ajudar estas pessoas que não gozavam os privilégios dos ricos?
Sim. Havia outras maneiras que roubar e matar; ela e Cole tinham financiado várias organizações caridosas em Nova Iorque. Qualquer bem que Tomás fazia ficava desfeito
por seus métodos para obtê-lo.
O que o tinha conduzido a esta vida, e a tal odeio para Cole McLean?
Não te importa, - Disse-se desesperadamente. Não te importa absolutamente.
Durante uma longa hora de incômoda reflexão, os aromas de uma cozinha exótica penetraram em cada habitação da casa. a boca de Rowena parecia água quando Encargo
veio a procurá-la.
O comilão estava quase completamente ocupado por uma grande mesa maltratada, construída obviamente por alguém com um conhecimento rudimentar da carpintaria. as cadeiras
não combinavam. Os pratos estavam descascados e os cobertos eram simples, mas Rowena soube que a família Valdez tinha tirado o melhor que tinham por Tomás e ela.
Três filhos, duas mulheres jovens, e um homem de média idade se uniram a Dom Pablo e Encargo À mesa. Tomás declinou o convite de usar a cadeira da cabeceira e guiou
a Rowena para o centro da mesa, onde ficassem rodeados por seus anfitriões.
Consciente de suas deficiências no idioma e sua falta de familiaridade com os costumes da gente de Tomás, Rowena tratou de que não se notasse seu nervosismo.
Ela era a que aqui estava em desvantagem. Certamente esta gente não sabia que era uma cautiva reacia, e não tinha maneira de dizer-lhe Tomás poderia dizer qualquer
coisa que quisesse sem temer que lhe contra- Dissera.
Parecia que queria pô-la a prova. Ele aprenderia que ela poderia passar qualquer armadilha que lhe tendesse.
Tomás denominou cada um dos elementos da comida: omeletes, frijoles, guisado de cordeiro com molho vermelho do Chile, e café. Todos foram corteses mas informais;
Rowena não podia recordar a última vez que tinha jantado tão despreocupadamente, ou com comida tão pouco comum. Havia muita calidez genuína e falatório entre os
membros da família, e ela sentiu a dor de um desejo inesperado. Comida-las no Greyburn -ou com Cole- nunca tinham sido como estas.
Estava a ponto de tomar uma colherada do guisado de cordeiro quando se deu conta de que Tomás olhava com aguda espera. Tomou um bocado cuidadosamente e se deteve.
Lentamente tragou e se virou para ele com um sorriso agradável.
-Delicioso . - Disse.
-Não encontra a comida muito... picante? Sei que os ingleses preferem a cozinha suave.
-Por favor, lhe diga a nossos anfitriões que a comida é excelente.
Ela tomou outro bocado. Os sabores fortes dançavam em sua língua como uma melodia picante. Vá com as hipóteses de Tomás!
-Muito bem . - Disse Toma em voz baixa. Falou em espanhol a Encargo e Dom Pablo. Eles sorriram e assentiram. Rowena se sentiu absurdamente agradada por havê-los
agradado.
depois de que os pratos principais fossem servidos, Encargo e sua filha trouxeram pão-doces doces chamados pastéis redondos. as senhoritas, talvez de entre dezesseis
e dezoito anos, estavam bastante mais interessadas em Tomás.
a maior das duas começou a tagarelar em espanhol rapidamente, lhe perguntando a Tomás muitos coisas e usando as pausas para paquerar com desavergonhada audácia.
Tomás não fez nenhum intento de desalentar seu interesse e brindou Às garotas sua completa atenção, fazendo cumpridos a mais jovem, que fizeram que se ruborizasse.
depois de um tempo Rowena se deu conta de que a garota maior a olhava fixamente. Elevou o queixo.
-Por favor, lhe pergunte À senhorita se houver algo que deseje me perguntar -lhe - Disse a Tomás quando terminou seu pastel redondo.
a garota respondeu imediatamente a pergunta de Tomás. Ele se cobriu a boca por uma tosse.
-Carmen deseja saber se for capaz de ver o sol.
-O que?
-Há uma lenda popular neste país que diz que as pessoas que são muito pálidas não podem olhar ao sol.
Era um mito absurdo, mas não mais absurdo que aquele dos seres humanos que se transformavam em lobos.
-Por favor, lhe assegure À senhorita Carmen que posso olhar ao sol muito bem. Simplesmente prefiro a sombra.
-Talvez esse é seu problema, Rowena . - Disse ele brandamente. - Esta é uma terra que recompensa aos que adoram ao sol. Talvez encontre mais fácil aceitar seu calor
que te esconder dele.
-acreditei que as pessoas daqui voltavam para escapar do sol de meio-dia.
-Respeitam seu poder, mas não lhe temem.
-Parece que não pode decidir se for ou não uma covarde. Felizmente, ainda tenho que desenvolver algum interesse por sua opinião a respeito de mim.
Dom Pablo escolheu esse momento oportuno para falar. as mulheres recolheram a mesa, e logo foi evidente que a família inteira se preparava para as festividades de
depois do jantar. Tomás ofereceu seu braço e guiou a Rowena para fora, seguido pelos filhos e adultos da família Valdez.
a tarde era luminosa e cálida, por isso o baile seria ao ar livre, na região atrás da casa de Dom Pablo. Já muitos dos aldeãos se reuniram ali, incluindo um homem
com um violino e outro com um violão. afinavam seus instrumentos entre muitas risadas e conversa feliz. Os filhos corriam ao redor livremente. as mulheres com saias
brilhantes, vermelhas ou amarelas, sentavam-se em bancos que formavam um irregular marco para a pista de baile. Os homens de Tomás estavam ali... todos menos Sim
Kavanagh.
Dom Pablo abriu a celebração com um anúncio de boas-vindas. Indicou a Rowena e a Tomás, os convidados de honra, por volta das duas pesadas cadeiras esculpidas reservadas
para eles. Os músicos começaram sem fanfarra. Sua melodia era singela e rítmica, semelhante a que Tomás tinha cantado no dia anterior. Rowena reconheceu uma valsa,
completamente diferente de qualquer que tinha ouvido na Inglaterra. Os casais se formaram rapidamente. Não havia mais formalidade aqui que a que houve durante o
jantar: nenhum cartão de baile, nenhum escrutínio sobre o grau ou a conveniência social e nenhuma facebina salvo as mulheres mais velhas que olhavam dos flancos.
Inclusive os filhos dançavam.
antes que tivesse uma oportunidade de sentar-se com a frágil esperança de ser ignorada, um homem jovem da aldeia com camisa e calças puídas se aproximou para convidá-la.
Era impossível negar-se sem ser completamente descortês. Lançou-lhe um olhar impotente a Tomás. Ele já dançava... com a filha maior do Valdez, que revoava seus encantadores
olhos para ele.
Maldito fora. Certamente podia dançar; recordou a última velada antes da batalha no Greyburn, quando ela havia meio doido valse no piano do salão e "Dom alarico"
lhe tinha pedido a Cassidy que lhe unisse.
muito melhor do que ela poderia dançar com um estranho. Permitiu-lhe ao jovem aldeão dirigi-la a um espaço vazio na pista. O homem era extremamente respeitoso com
ela; suas maneiras eram impecáveis, apesar de sua aparência humilde. Logo foram só uma parte mais da massa de cor girando com a antiquada e bonita música. a rigidez
em de suas costas começou a relaxar-se.
Quando a melodia terminou, outra começou quase sem pausa, mas nesse momento o mesmo Dom Pablo a reclamou. Era mais vigoroso que o jovem e menos estritamente apropriado.
Balançava-a ao redor com um brilho nos olhos, como se soubesse um segredo que ela não sabia. Isso não era nada novo.
Guiou-a acontecendo a outro casal que ria. Rowena reconheceu a Tomás com uma nova garota da aldeia entre seus braços. Ela o olhava com uma espécie de odioso teimosia.
-Certamente não está ciumenta de seu marido, senhora? -perguntou Dom Pablo.
-Desculpe-me . - Disse ela. - Não entendo.
Ele sacudiu a cabeça e riu entre dentes.
-Não se preocupe. Tudo ocorre como Deus quer.
a canção terminou, e ela se encontrou sendo passada como um saco de grão ao próximo homem.
Este homem era Toma. Ele atirou dela aproximando-a com a manifesta intenção de provocá-la. Seu coração caiu na armadilha e triplicou sua velocidade.
-Estou orgulhoso de ti, minha senhora.
-Então posso morrer na paz, sabendo que minha vida teve um propósito.
Ele soltou uma gargalhada.
-Vamos, vamos. Dom Pablo pensa muito bem de ti, e também os outros. Dizem que é digna do Lobo, apesar de todos esses maneiras estrangeiros.
-Não me atrevo a adivinhar que opinião desmesuradamente alta têm de ti. Não devem saber o que é.
-Um ladrão?
-Um... homem lobo.
-Surpreende-me que te atreva a dizer a palavra. O que aconteceria corrompesse a pureza de sua resolução?
-Responderá a minha pergunta?
-Dom Pablo sabe. Outros poucos suspeitam. Não vejo nenhuma razão para assustar aos que não sabem nem suspeitam.
-Então admite que é uma coisa vergonhosa.
-ao contrário. É muito útil para um homem de minha profissão.
-Concorda perfeitamente com o que eu penso.
Lhe sorriu e deu um passo afastando-se quando a terceira canção chegou a seu fim. Os músicos pararam para descansar e refrescar-se. Os aldeãos mais velhos se reuniram
ao redor dos hóspedes enquanto os homens e mulheres mais jovens se afastaram para arrebatar um momento ou dois de cortejo furtivo.
Se não tivesse sido pelo fato de que continuou lhe emprestando atenção a cada bonito casal que Tomás escolheu, Rowena poderia ter gozado o resto do baile. O grau
e a posição sempre tinham sido importantes para ela, e entretanto, por um momento foi capaz de esquecer o vasto abismo que havia entre ela e essas boas pessoas.
O baile e a celebração continuaram até bem passada a meia-noite. a gente voltou para seus lares a contra gosto, intercambiando saudações cansadas mas felizes. Rowena
e Tomás foram guiados novamente À casa de Dom Pablo, onde a Tomás ofereceram uma bebida enquanto Encargo arrumava uma cama em outro quarto.
Rowena aproveitou o momento de privacidade para lavar e extrair de seus seu alforjes enrugada camisola. Era com muito o pior para a viagem, mas não podia suportar
outra noite com seu espartilho e as roupas de viagem postas. despiu-se como melhor pôde. a cambraia estava fresca contra sua pele. Pelo menos esta noite dormiria
em uma cama, por incômoda que pudesse ser.
Um espelho pequeno pendurava de uma das grosas paredes. feito-se um penteado a noite anterior, simplesmente com o tato, com as presilhas extra que teve a previsão
de guardar nas alforjes. Era um perfeito espanto. tirou-se as presilhas. a maior parte dos enredos se desfeito... graças a Tomás.
ainda quando ela mesma se estava penteando, voltou a sentir o toque de Tomás, sua surpreendente gentileza. Tratou de desterrar a lembrança com puxões duros e dolorosos
nos últimos nós. O método demonstrou ser ineficaz. Cruelmente perseverou até que seu cabelo caiu grosso e brilhante sobre suas costas.
Sua pele já tinha começado a tomar o sutil resplendor de um bronzeado. Tomás havia dito que devia gozar do sol, o que era uma ampla razão para não fazê-lo. Se ele
acreditava que poderia moldá-la e formá-la seu a gosto e para sua própria diversão...
a vívida manta a Índia que pendurava sobre a porta foi afastada pelo toque de uma mão. Tomás entrou sem advertência e se deteve para fitá-la, com as mãos sobre os
quadris.
Rowena segurou a manta da cama e se envolveu com ela.
-O que faz aqui?
Ele tampou um bocejo com a mão e arrojou seu chapéu sobre a cama.
-Esperar com vontades um bom sonho noturno.
-Sal imediatamente!
tirou-se o casaco, ficando com o colete e as mangas de sua camisa.
-Mas este é nosso quarto, doçura.
-Nosso quarto?
Ele se desabotoou o colete.
-Este não é um hotel em Nova Iorque. -Dobrou o colete e o colocou sobre o respaldo de uma das duas cadeiras que havia no quarto; a outra já estava ocupada por coisas
de Rowena. - Dom Pablo insistiu em nos dar seu quarto.
-Este é seu...
-O único com uma verdadeira cama. Não tinha nenhuma intenção de forçar sua hospitalidade, assim simplesmente lhe - Disse... -tirou-se a bandagem da cintura e liberou
os dois botões superiores de sua camisa- ...que estamos recém casados.
Ele já a tinha pilhado despreparada muitas vezes com semelhantes declarações atrozes.
-perdeste a cabeça . - Disse ela calmadamente.
-De que maneira? comi bem e dancei, e agora compartilharei a noite com uma mulher formosa.
Soltou outro botão. Escuro e encaracolado pêlo apareceu no espaço em forma de V na camisa aberta. Se continuava, muito em breve estaria nu.
Ela tinha visto homens nus no passado: seus irmãos, quando Trocavam, embora os evitou em tais situações quando cresceu. Braden sempre havia dito que não havia vergonha
na nudez entre os de sua classe.
Isto não era o mesmo. Ela e Tomás eram ambos os loups-garous, mas ele não se estava preparando para Mudar.
Cole nunca tinha aparecido ante ela com mais que o casaco tirado. Ela nem sequer tinha considerado como seria debaixo de seus custosos e respeitáveis trajes. agora
sua imaginação revoltosa estava muito ocupada em completar o trabalho de despir a Tomás.
Seu peito e ombros eram longos, mas não pesados. Seria brandamente musculoso sob a camisa, longo e esbelto. Seus quadris eram estreitos, suas nádegas firmes. Suas
pernas tinham sido criadas para cavalgar e correr. E quanto seu a...
-alegra-me que você goste do que vê . - Disse Toma. atirou da prega de sua camisa na cintura de suas calças. - Não te parece que é seu turno?
Horrorizada por seus próprios pensamentos, Rowena retrocedeu e se chocou contra a cama.
Tomás deixou a camisa solta e se sentou na cadeira.
-Não te importa que me tire as botas?
Ela lutou por manter o olhar se separada de seu peito.
-Muito bem. Se insistir em ficar aqui, encontrarei outro lugar onde dormir...
-E insultar a nossos anfitriões? Não acredito. -Pôs as botas em um rincão do quarto e colocou suas meias sobre elas. Seus pés descalços não fizeram ruído enquanto
caminhava através do quarto. - O que seria de minha reputação se se soubesse que minha nova noiva abandonou minha cama?
Rowena se afastou para a cabeceira.
-Deveria ter pensado nisso antes de dizer uma mentira tão ridícula.
-Mas eles se sentiram tão felizes por mim, porque tivesse ganho uma noiva tão encantadora.
-Duvido que as senhoritas estivessem agradadas . - Disse ela. - reclamaste falsamente uma vitória que não poderia obter, nem em cem vistas.
Ele se inclinou sobre um dos simples pilares de madeira da cama.
-Tome cuidado, minha Dama de Gelo. Não posso resistir um desafio.
-Não te aproxime mais.
-E se o faço? Lutará contra mim?
-Isso é exatamente o que quer, não é certo? Isso é o que encontra... excitante.
-Estou muito mais interessado no que você encontra excitante, Rowena. O que traz o fogo a seus olhos e a cor a suas bochechas, além da aristocrática indignação.
-inclinou-se mais sobre a cama. - Fazemos um experimento?
Ela não tinha muito apuro em adivinhar que tipo de "experimento" tinha em mente.
-Mentiu-lhe sobre mim a estas boas pessoas. Quantas vezes me mentiste desde que te revelou como um ladrão e proscrito?
-apesar do estranho que o possa encontrar, não te menti.
-Não o encontro somente estranho, mas também inconcebível.
Um zombador e meio perigoso brilho apareceu em seus olhos como uma mortal chama. ficou direito e se tirou a camisa com desnecessária força. Os músculos de suas costas
e braços se flexionaram e ondularam quando lançou a camisa sobre a cadeira.
Rowena se negou a retroceder nem um só centímetro quando ele veio para ela. Tomás levantou facilmente; ela obrigou a seu corpo a ficar lasso e depravado. a manta
se deslizou até o piso. Ela pensou que seu corpo se partiria pela violência dos batimentos do coração de seu coração.
Mas o olhar de Tomás não se desviou a seus seios, quadris e pernas tão claramente delineadas sob a fina cambraia. Deixou-a cair na cama. Seus braços formaram uma
jaula ao redor dela; o fôlego dele a arrasou com seu calor.
-Tão inconcebível como o pode encontrar . - Disse ele rudamente, - nunca tomei a uma mulher reacia. -arrojou a manta sobre ela e a empurrou até seu Este queixo
quarto é muito frio para mim. acredito que procurarei uma companhia mais cálida.
-Essas muitas senhoritas devotas? -soltou-lhe ela. - Duvido que Dom Pablo te agradeça que arruíne a suas filhas.
-Não se preocupe. Prefiro uma mulher com experiência... e paixão vigorosa. até manhã.
Muito tempo depois de que ele deixasse o quarto, Rowena jazia rígida e amargamente fria a pesar do temperado ar noturno.


-Dom Tomás!
despertou com a cabeça palpitando pela voz urgente e piscou contra as barras de luz que se filtravam no estábulo. O cavalo com o que tinha compartilhado a noite
pisou e bufou como se estivesse de acordo com sua opinião da manhã.
Doía-lhe bastante mais que a cabeça. Tinha procurado dormir -umas horas depois de deixar a Rowena- no abarrotado celeiro da aldeia enquanto lutava contra uma excitação
que tinha chegado a ser sua companheira constante. Era sua pior sorte que despertasse com a mesma excitação.
E o que tinha esperado a noite anterior? Uma conquista fácil? Onde estava o desafio nisso?
Gemeu e cuspiu palha. Não, realmente não tinha acreditado que Rowena compartilharia sua cama. Não sem grandemente mais estímulo. Mas havia valido a pena tentá-lo.
encontrou-se recordando o toque curiosamente poderoso que tinham compartilhado no passado, sacudindo-o como um relâmpago estalando em um céu claro. Tinha sido como
a culminação do ato de amor, embora não tinham feito mais que escová-los cabelos mutuamente. Não tinha sabido que conclusão tirar disso.
Maldição! Tais pensamentos não ajudavam. agora, meu amigo, dirigiu-se a seu membro pouco disposto a cooperar, se for até que te necessite...
-Dom Tomás! Está aqui?
Ele se incorporou, esfregando o cabelo. Deveriam ter deixado a aldeia antes de alvorada, em caso de que Weylin tivesse conseguido encontrar seu rastro. Se a pessoa
que o chamava tivesse sido um de seus homens, talvez tivesse tido razão para preocupar-se. Mas era uma mulher, e de idade avançada. Dom Pablo não mandaria a uma
mulher velha para lhe advertir do perigo.
-Já vou -gritou, procurando uma camisa que não estava ali. Bom, indubitavelmente a mulher velha tinha visto tanto como Rowena, e o apreciou mais.
Encontrou À mulher esperando-o fora, retorcendo-as mãos. No momento que o viu, empreendeu um monólogo que requereu toda a concentração de Tomás para entendê-lo.
Ele assentiu com a cabeça, sorriu e lhe assegurou sua ajuda. Quando ela se foi, ele visitou o arroio e se lavou rapidamente. Então foi em busca de seus homens.
Rowena estava acordada, arrumada e vestida quando ele a encontrou. alguém já lhe tinha dado uma xícara de café, que estava bebendo como se estivesse sentada comodamente
na sala do Greyburn que recebia o sol da manhã. Era como se nada tivesse acontecido entre eles.
-Está preparada para sair? -perguntou-lhe lacónicamente.
-bom dia . - Disse ela com exagerada cortesia. - estive levantada há um momento.
-Também eu -advertiu que alguém, Encargo indubitavelmente, tinha substituído sua camisa suja por uma poda. acomodou-se e atou a bandagem. O bastante logo correria
uma intriga a respeito de seu fracasso ao compartilhar a cama de sua "esposa", inclusive se Encargo se calava. Ele não estaria ali para escutá-lo.
-Cavalgaremos para o oeste . - Disse Toma, - À aldeia de Los Milagres.
-Para outra demonstração de sua grandeza?
Ele não estava de humor para cruzar acuidades com ela. a mulher maior lhe tinha dado uma desculpa para a ação, e era exatamente o que necessitava. Terminou de vestir-se
e escoltou a Rowena fora do quarto. Sem explicar seu propósito, deu as obrigado calidamente a Dom Pablo e a Encargo por sua hospitalidade, deu-lhe uma moeda a cada
um dos filhos e beijou as tersas bochechas das ansiosas filhas. Seus homens, acostumados Às partidas repentinas, tinham os cavalos selados e preparados.
Rowena, honorablemente, atrasou-se para agradecer À família Valdez e aos aldeãos que se detiveram em seu caminho ao trabalho nos campos e pastos.
Encargo deu de presente um chapéu de palha para proteger sua pálida pele, e depois de um momento Rowena abriu seus alforjes e extraiu sua escova com manga de marfim.
as filhas de Encargo ficassem encantadas com o presente. Rowena tinha atuado surpreendentemente bem aqui. Não obstante, era afortunado que não falasse espanhol.
Tomás afastou seus vagos pensamentos encolhendo-se de ombros e subiu À cadeira. Mateo ajudou a Rowena a montar. Sim voltou da guarida solitária em que tinha passado
a noite, e cavalgaram para o oeste deixando atrás os gritos de despedida.
Pouco depois alcançaram Os Milagres. Como a mulher velha se inteirou dos problemas deste lugar, Tomás sozinho podia adivinhá-lo. a razão de sua preocupação foi óbvia
logo que sua banda rodeou a meseta que limitava a aldeia para o este.
a garota certamente não tinha mais de dezessete anos. Era pequena e delicada, com o escuro cabelo desordenado ao redor de seu rosto e com os pés descalços sobre
o atalho rochoso. Os homens que a guiavam poderiam ter sido patrícios de alguma aldeia local. Suas faces estavam torcidas com ódio. Já tinham machucado À garota,
e ainda não tinham terminado com ela.
Mas não tinham contado com Tomás.
Este lhe fez gestos a seus homens para que se retirassem. Eles se apearam fora de vista da aldeia e dos homens que estavam no atalho.
-O que está passando? -demandou Rowena depois de que Mateo a ajudasse a descer. - Quem são estas pessoas?
Tomás tomou seu braço e a dirigiu a um lugar do qual podiam observar o atalho.
-Uma mulher maior em Rito Pequeno me - Disse que havia problemas neste povoado. Vê essa garota?
-É obvio. -Ela se fez sombra com a mão para protegê-los olhos. Sua voz se endureceu. - O que lhe estão fazendo?
-Dizem que é uma bruxa. Essas mulheres são temidas. Esta foi tirada de sua aldeia.
-Uma bruxa? É simplesmente uma menina!
Rowena começou a sair de seu esconderijo, inconsciente do perigo. Tomás atirou dela para retê-la.
-Sim. Mas o terror À bruxaria é forte entre muitas pessoas. diz-se que as bruxas causam o mal de olho e Tomás a forma de animais. Não é desconhecido que as bruxas
sejam condenadas a morte.
Rowena lhe devolveu um olhar tão fera que ele ficou preso entre a surpresa e a admiração.
-E pensa fazer algo para deter isto?
Em resposta ele começou a tirá-las roupas, vendo como sua expressão percorria a gama de atrocidade, alarme, e o gradual entendimento. Lhe deu as costas rapidamente,
mas ele podia ouvir seu fôlego acelerar-se e voltar-se mais profundo. Uma vez, ele estava seguro, ela o olhou antes que ele se tirasse o último objeto.
Lhe teria gostado de saborear esta pequena vitória, especialmente depois da noite anterior. Mas isso teria que esperar. Fechando seus olhos, permitiu que a Mudança
viesse. Seu corpo se voltou leve como o ar, sem forma, um com a terra e o céu... e mudou. a potência do selvagem coração de caçador bombeou por suas veias. a transformação
foi um instante de êxtase completo, e deixou que o lobo tomasse.
Isto era a liberdade. Isto era a habilidade de viver a vida no momento como nenhum homem jamais poderia. Mas sua mente humana permaneceu para guiá-lo, e ele soube
seu propósito.
Saltou fora do esconderijo e se dirigiu diretamente aos homens e seu cautiva.


Intumescida pela dor e o desespero, Felícita não soube ao princípio por que seus atormentadores gritavam.
Levantou o olhar de seus pés machucados e poeirentos. Uma forma suave, marrom escura e negra, corria para ela. Poderia ter sido um cão, de não ter sido porque era
muito grande e muito rápido, e seus dentes ficavam descobertos em uma careta que nenhum cão teria feito jamais.
Uma vez, fazia muito tempo, tinha visto um lobo. Não eram comuns agora, inclusive nas montanhas. Pensou que isto devia ser um lobo, certamente. Deveria ter sentido
medo.
Os homens tiveram medo. Um deles gritou uma advertência. Outro tratou de apontar com sua velha pistola e logo a deixou cair pelo pânico. Os outros três, armados
só com paus que tinham utilizado para golpeá-la quando a tiraram da aldeia, tiveram o suficiente sentido de fugir.
Felícita se deteve muito quieta. O lobo passou correndo a seu lado, perseguindo os homens enquanto se dispersavam. a morna brisa da manhã tocou seu pescoço onde
os paus tinham talhado a pele descoberta em cima do decote de sua camisa. Se o lobo a matava, ao menos seria rápido.
Mas quando retornou por ela, não estava correndo. aproximou-se trotando, com passo longo e depravado, com a língua pendurando igual a um cão.
Seus olhos eram diferentes de qualquer animal que ela tivesse visto. sentou-se diretamente diante dela, falando com esses estranhos olhos, assim como os homens falavam
com suas bocas, ou almas. Ela tratou de responder, mas nenhum som saiu.
O lobo choramingou em sua garganta. Tocou-lhe as pontas dos dedos com seu morno e úmido nariz e começou a afastar-se pelo atalho pelo que tinha vindo.
Queria que o seguisse. Ela podia sentir isso nele, da mesma maneira que sentia as coisas nas pessoas. Estava muito fatigada pela surpresa. Se tivesse podido pensar.
Sua mente estava nublada depois de dias de temor e isolamento. Por isso podia recordar, seu tio sempre lhe havia dito o que fazer. Os homens na aldeia deviam ter
estado esperando a morte de Tio para afastá-la. Só que ela não tinha nenhum lugar onde ir.
O lobo se deteve e olhou para trás, com a cabeça inclinada. Por atrás dele apareceu uma figura... uma mulher, pálida e vestida como uma fina dama da cidade, caminhando
muito direita em suas roupas apertadas.
Não estava atemorizada do lobo. Passou-o sem sequer fitá-lo e caminhou diretamente para a Felícita.
-Pobre menina . - Disse ela. - Vêem comigo.
Não era o idioma da Felícita, mas ela o entendeu. Tio lhe tinha ensinado a língua anglo-saxã, para que um dia pudesse estar entre as pessoas das cidades e ganhar
dinheiro como o tinha feito na aldeia. Havia muitas mais pessoas na cidade, havia-lhe dito Tio, que pagariam muito quando se inteirassem de seus poderes.
Poderes. assim era como ele chamava a sua habilidade de ver nos corações de outros. as pessoas vinham aos Milagres, pessoas que tinham ouvido da garota que podia
dizer a sorte simplesmente ao olhar a um homem ou uma mulher. a maioria eram aldeãos, Às vezes forasteiros como esta dama, embora nunca tão importantes. Ela olhava
em suas almas e contava a Tio seus desejos e temores, e ele traduzia estas coisas em palavras e lhes contava contos que os faziam felizes.
Ela nunca tinha pensado que havia algo mau em fazer felizes Às pessoas. Não tinha entendido que as pessoas também estavam atemorizadas com as coisas que ela sabia.
Bastante atemorizadas para querer machucar aquilo ao que temiam.
Tio não lhe tinha explicado essa parte. Tinha-a mantido refugiada, protegida, como um santo esculpido em um nicho.
a mulher estrangeira se ajoelhou com estupidez e lhe tocou o braço.
-Entende-me? Vêem. Estará a salvo.
O lobo se parou a seu lado como um demônio domesticado, adicionando sua súplica silenciosa a dela. Talvez a dama pálida era uma verdadeira bruxa, como as dos contos.
Se o era, realmente o não importou. Felícita já estava maldita.
Ela permitiu que a pálida dama tomasse a mão e a guiasse pelo atalho e ao redor da curva onde passava Mesa Baixa. O lobo desapareceu como por arte de magia. Havia
homens esperando com cavalos sob a sombra de um álamo. Eles a olhavam fixamente, mas não tinham medo. a dama a fez sentar sob a árvore e lhe ofereceu água de uma
garrafa de metal.
depois de um momento, quando sua boca esteve menos seca e a dama lhe teve enxaguado a face com um tecido limpa empapada na água, um homem lhes uniu. Era alto, e
muito bonito. Felícita se estremeceu, mas ele sacudiu a cabeça e se agachou, apoiando-se sobre seus tornozelos a uma distância prudente.
-Como vai? -perguntou ele em inglês.
-Está conmocionada, acredito. Golpearam-na. -a voz da dama soava zangada, mas a cólera não era para a Felícita. - Ela deve ser cuidada apropiadamente.
-Naturalmente. Parece que confia em ti.
-Necessita uma mulher que a cuide. lhe pergunte se fala inglesa.
-Falas inglesa? -perguntou a Felícita.
Ela o olhou fixamente, incapaz de responder. Já não parecia ser capaz de emitir palavras, em nenhum idioma. Sua garganta se fechou inclusive enquanto pensava nisso.
-Sou Toma . - Disse com gentileza em espanhol. - Pode falar?
De algum modo ele tinha adivinhado. Ela sacudiu a cabeça e tratou de ignorá-lo. Se só pudesse fingir que estava sozinha em sua própria casita, onde ninguém jamais
pudesse encontrá-la...
Era muito tarde. Sem importar a pena que lhe causava, não podia deter o conhecimento. Já tinha começado a olhar dentro do coração do homem.
Mas houve uma mudança esta vez respeito de todas as vezes anteriores. Tio tinha mantido uma parede ao redor dela, para proteger sua alma tanto como seu corpo, uma
parede invisível tão forte como o tijolo cru mais grosso. Nenhum dos outros buscadores que tinham vindo a sua casa a tinha podido tocar devido a essa parede. Seus
sentimentos e as imagens que faziam em suas mentes eram remotas, impessoais, um jogo que ela olhava de longe. até que os homens da aldeia vieram por ela, aqueles
que a chamaram bruxa, e a afogaram em seu ódio.
Este Tomás não a fazia atemorizar-se. Era completamente diferente dos aldeãos que tinha conhecido toda sua vida. Era como...
Como a dama pálida. Eram iguais, entretanto não o eram.
Permitiu que as imagens se formassem. Este Tomás... era uma chama da luz do sol do verão, bastante brilhante para esconder as nuvens da tempestade que esperam sobre
o horizonte. a maioria das pessoas nunca pensariam em olhar mais à frente do brilho e o calor. Mas não... o sol saía igual de brilhante cada dia. Tomás era uma vela
lhe pisquem que talvez trocasse de direção ou saísse em um instante. Talvez fingia, mas tinha medo de ser o sol.
a dama atraía a Felícita quase tão fortemente como ele. Era um cacto crescendo na colina, espinhoso por fora, e estava sozinha. Se a gente era paciente, poderia
encontrar a fruta que ela escondia com seus espinhos e as flores formosas que viriam em cada primavera. Mas ela não se via dessa maneira, porque pensava que pertencia
a um jardim fino onde todas as flores cresciam em filas e nunca se desviavam de seus lugares. Era um pássaro selvagem enjaulado, temeroso de voar.
Não um pássaro. Um lobo, como o lobo que tinha salvado a Felícita. Um lobo que não aceitaria sua própria sombra.
Felícita se cobriu a face com as mãos. as paredes de Tio se derrubaram. as cenas e emoções na mente da Felícita eram muito fortes, muito claras, muito pessoais:
o sol, a vela, o cacto, o pássaro, o lobo; a necessidade, o temor, a pena, os segredos...
-acredito que não pode falar . - Disse Toma. - Entende espanhol pelo menos, mas...
-Deve entender a bondade . - Disse a dama, em inglês. Pôs a mão no ombro da Felícita. - Meu nome é Rowena. Eu gostaria de ser seu amiga, e te ajudar.
Tomás se aproximou.
-Estava sozinha na aldeia, moça? . - Disse em espanhol.
Felícita assentiu com a cabeça, ainda muito intumescida pela pena.
-Não havia ninguém que te ajudasse?
Ela sacudiu a cabeça.
Tomás suspirou e olhou a Rowena.
-a velha mulher que me avisou a respeito dela é uma parente longínqua. - Disse que havia um tio na aldeia. Deve haver-se ido, ou isto não teria acontecido.
-Espero que não. -Ela acariciou o cabelo da Felícita. - O que há a respeito dessa mulher em Rito Pequeno? Poderia tomar À menina seu a cuidado?
Felícita tratou de gritar. Tomás olhou pensativamente.
-Não seria sábio . - Disse. - Os rumores sobre isto se pulverizarão rapidamente. Outros talvez venham atrás dela.
-por causa da ridícula crença de que é uma bruxa?
-É tão ridículo em um mundo onde existem os de nossa classe?
a dama franziu o sobrecenho.
-Ela não é...
-Não uma de nós. Mas é... -Ele inclinou a cabeça- ...excepcional.
-Razão de mais para compadecer-se dela.
-Como te compadece de ti mesma?
a cor subiu a suas bochechas.
-Certamente você não ajudou aparecendo como um lobo diante desses homens. Pensarão que ela convocou a alguma espécie de familiar. Suponho que não podia resistir
um gesto dramático, qualquer fora o custo.
-Não importa o que eles pensem. Não a incomodarão outra vez.
-Então está de acordo em que devemos levá-la conosco?
-Designaste-te como seu guardião. Pode confiar a À companhia de proscritos malvados?
-a alternativa é deixá-la aqui, e isso não o farei.
Os sentimentos que vinham de Tomás e Rowena se formavam redemoinhos ao redor da cabeça da Felícita como um vento implacável. sentiu-se muito pequena no centro dele.
Quando esses dois se olhavam, quando se falavam... sentia-se como uma briga que não era uma briga, uma aproximação e um afastamento. No centro de cada um havia uma
necessidade escondida para a qual o outro tinha a única resposta.
E ela soube que tinha que ir com eles. Não podia ver no futuro; não tinha previsto a morte de seu tio nem a maneira em que os aldeãos a atafacem. Parecia que podia
olhar nos corações de todos os outros, enquanto que o seu permanecia sendo um mistério.
Tio a tinha criado, tinha-a cuidado, - Disse-lhe o que devia fazer cada dia desde que despertava até que se ia dormir. Sua vida tinha estado livre de decisões...
até que o lobo e a mulher vieram a salvá-la.
Mas ainda assim não tinha eleição. Este homem e esta mulher estavam de algum modo atados pelo mesmo destino. Ela também, estava atada. Não poderia afastar-se deles,
mais do que poderia trazer para Tio de volta À vida. Não tinham vindo a ela como os outros, para pedir os segredos de seus destinos. Mas se podia ajudá-los, ela,
a couraça vazia e sem valor que era, talvez aprendesse a ajudar-se a si mesmo.
-Virá conosco? -perguntou Rowena.
Ela assentiu e tomou a mão da dama.


O homem maior sacudiu a cabeça com ênfase.
-Não, não vi a ninguém.
Era a quarta negação na última meia hora. Weylin deixou ao velho seguir seu caminho como aos outros e avançou para o este, para sua casa. Tinha chegado ao final
deste rastro.
Sem importar quão cuidadoso foi e quão despreocupadas tinham sido suas perguntas, os aldeãos foram desconfiados desde o começo. Randall poderia havê-los advertido
contra ele, sabendo por completo que não se atrasaria em segui-lo uma vez que fizesse as conexões, mas Weylin pensava que mas bem defendiam ao proscrito por vontade
própria.
Randall tinha parado aqui, disso Weylin não tinha dúvida. Não se tinha incomodado em esconder seu rastro além desta aldeia. Desafiava a seu perseguidor com seu
próprio descuido.
Isso não era nada novo. Repetidas vezes, Randall se tinha mantido um passo adiante do Weylin. as pessoas que o refugiavam e ajudavam -homens, mulheres, e filhos-
pareciam considerá-lo como uma espécie de herói de todos.
Um proscrito, um assassino como Randall, nunca poderia ser nada mais que uma animália. Tinha comprado a lealdade destas pessoas com o engano e o roubo. Weylin já
tinha cavalgado um circuito cuidadoso ao redor do povoado; o vestígio de saída do Randall tinha sido limpo com escovadas, e sua essência se confundia com o aroma
do gado recentemente tocado de uma ponta da aldeia À outra.
assim Randall se escapou... outra vez.
Weylin se tirou seu chapéu para secar o suor da frente. Não se incomodou em amaldiçoar. depois de tudo, já tinha perdido muito prestígio, quando Rowena foi raptada.
Mas ele era teimoso. E paciente. Muito, muito paciente.
Nestas circunstâncias, soube que era momento de ir casa. Cole chegaria À fazenda em qualquer momento, se tinha recebido a mensagem da dama. Não a deixaria partir
sem ir atrás dela. Quereria assumir o mando da caça.
Não seria tão fácil como Penetro certamente acreditava. Talvez soubesse sobre os negócios da fortuna dos Randall e a sociedade de Nova Iorque, mas tinha estado muito
tempo longe da fronteira, dirigindo as coisas desde alguma extravagante escritório no este. O mais provável é que se queria fazer-se carrego com precipitação, pensando
que poderia comprar ou exigir o que quisesse. Como Pai.
Pode que Cole tivesse cometido um engano em sua eleição de companheira. Weylin não sabia muito sobre as mulheres, mas sabia quando significavam problemas. Maldita
fora a dama por sua arrogância e confiada falta de sentido comum. Ele esperava que mantivera a cabeça com o Randall.
a cabeça, e todo o resto.
Com um estalo, Weylin virou seu cavalo castrado para os subúrbios da aldeia. a gente o observou passar, seus aromas delatando-os, ainda quando estavam escondidos
fora de sua vista atrás de grosas paredes de tijolo cru.
logo que passou a última casa, um menino pequeno saiu como uma flecha de uma porta e gritou uma provocação que ressonou na quietude como um sino tocando. Weylin
freou ao cavalo, apeou-se e segurou ao menino antes que tivesse deslocado dois passos para a segurança.
O menino pendurava em seu agarre, desafiante e aterrorizado. Weylin o baixou.
-Isso não é cortês . - Disse brandamente no idioma do menino. - por que está zangado? Tenho-te feito alguma vez algo?
Com o lábio inferior tremendo, o menino sacudiu a cabeça.
-Mas Papai - Disse que está caçando...
-alonso! -Um homem que devia ser o pai do menino saiu correndo da casa. Tomou o braço do alonso e o sacudiu. - O sinto, senhor. Por favor, perdoe ao menino por suas
maus maneiras.
Virou a alonso e o fez partir de volta À casa sob a chicotada de uma terminante reprimenda.
Weylin os observou até que se foram e montou outra vez. Era muito mau, muito mau, que um moço prometedor como esse caísse sob o feitiço de um assassino. Se Weylin
alguma vez tivesse um filho...
arrojou o pensamento fora de sua mente. Tinha um trabalho que fazer. Quando tivesse preso a Randall, então poderia pensar em uma esposa e filhos. Quando ganhasse
o direito.
apanharei-te, prometeu a Randall. a justiça sempre prevalece ao final.
Capítulo 7


Pela tarde, três dias depois do resgate da garota bruxa, Tomás informou a Rowena que estavam quase em "casa".
Tinham viajado sempre para o oeste, entre incontáveis áridas montanhas e vales, parando cada noite em qualquer lugar onde pudessem fazer um acampamento afastado
dos humanos. Tinham rodeado Santa Fé pela parte sul, um dos povoados maiores do território, e giraram para o norte e o oeste até chegar ao amplo vale cultivado de
Rio Grande. O rio era uma vasta cinta de água enlameada, tingido pela terra através da que fluía. Cruzaram onde a corrente era pouco profunda e não muito rápida,
subindo o pendente arenoso da outra borda. aqui, no condado conhecido como Bernalillo, dificultosamente uma vila podia ser chamada assim.
Rowena se tinha habituado Às primitivas condições da viagem no oeste: extrair água potável e banhar-se nos arroios próximos, lavar a emano os objetos que pudesse,
dormir com a mínima privacidade e somente com um saco para sua comodidade, e comida simples cozinhada em uma fogueira.
Tinha evitado a Tomás assiduamente, mas não podia livrar-se da consciência dele. Se ele podia empurrar idéias não desejadas em sua mente, como tinha feito várias
vezes antes, não havia nenhuma dúvida de que podia dirigir algo tão pequeno como fazer uma presença constante em seus pensamentos. Se ela escolhesse usar seus poderes
de mulher loba, poderia sossegá-lo.
Mas não o faria. Nem tampouco reconheceria que sentia por ele algo mais que uma forte desaprovação por seu comportamento.
Exceto no que concernia À garota. Rowena tinha comparado burlonamente a Tomás com o Robin Hood, mas não tinha esperado que ele começasse a resgatar aos perseguidos.
Certamente não tinha ganho muito no transação... a menos que fora sua intenção ganhar sua aprovação. a qual não obteria tão facilmente.
Quaisquer que fossem seus motivos, a contra gosto se sentia agradecida. Ter uma moça para cuidar lhe possibilitou concentrar-se em algo além de seu próprio futuro
indefinido. assegurou-se de que ela e a jovem tivessem cada noite uma área do acampamento separada da dos homens. alimentou À garota, e a animou a superar a comoção
de sua terrível experiência lhe falando constantemente das coisas diárias que toda mulher compreende, sem importar sua posição social ou seu idioma: a importância
de manter o cabelo arrumado, manter a dignidade ante a adversidade, e fazer caso omisso dos defeitos do gênero masculino.
a moça não participava das discussões. Permanecia muda, embora seu rosto, olhos e mãos refletiam pena e solidão. Isso era algo que Rowena compreendia. Devido ao
feito de que a garota necessitava um nome, começou a chamá-la Hope, o obséquio que mais desejava lhe outorgar.
Durante as longas noites, tombada sem dormir sob as estrelas, perguntava-se por que se sentia tão protetora com uma jovem a que não conhecia. Não era simplesmente
o sentido da responsabilidade proveniente da noblesse obrigue, o dever dos privilegiados de ajudar a aqueles menos afortunados. Tampouco era o instinto maternal
que a para desejar filhos próprios; Hope era quase uma mulher, apenas dez anos mais jovem que ela mesma.
Não. Havia algo na terra selvagem, neste vasto país sem domar, que despia a alma. Havia-o sentido a primeira vez que tinha cruzado a pradaria na carroça do Weylin.
Não tinha entendido então o intimamente familiarizada que ia voltar se com esta cruel e terrível paisagem, e os homens que lhe tinham dado forma.
Quando encontrou seu próprio reflexo no aberto espelho do céu de novo o México, soube por que defenderia a Hope com sua vida. Era porque eram semelhantes. ambas
eram emparelham: a moça devido à tola superstição, e ela mesma pelo que era desde que tinha nascido. Nenhuma delas tinha escolhido seu destino.
a diferença entre elas era que Rowena não se rendeu. Tinha contínuo lutando contra o estigma de seu nascimento. Ninguém teria alguma vez motivo para rechaçá-la por
ser um monstro.
E enquanto ela tivesse algo que dizer sobre isso, nunca ninguém faria o mesmo outra vez a Hope. Ela encontraria um lugar onde inclusive um acusado de bruxaria pudesse
estar a salvo e feliz.
Somente ficava ganhar o presente apuro.
O lugar onde tinham chegado para descansar essa morna tarde era uma colina plaina chamada meseta, muito comum neste país. Tinham estado ganhando altitude regularmente
durante todo esse dia, e do abrupto bordo da meseta, vestida com altos pinheiros e grossos pastos, a gente podia vislumbrar um canhão íngreme talhado em rocha avermelhada,
salpicado com uma tira de erva brilhante que assinalava o curso de uma corrente. Novelo resistentes se agarravam tenazmente aos despenhadeiros e subiam a parede.
-Só algumas horas mais . - Disse Toma, subindo para reunir-se com ela. Indicou a Hope com a cabeça, que estava sentada sobre o bordo da meseta absorta em seus próprios
pensamentos escondidos. - Como está?
-Bastante bem. agora está comendo, e mostrando interesse no entorno.
-Graças a seus cuidados.
assim que se deu conta. Rowena evitou seu olhar direto.
-alguém deve fazê-lo. Eu... não te agradeci por lhe salvar a vida...
-Não esperava seu agradecimento.
-Já vejo. Então não o fez para ganhar minha gratidão por você... cavalheirismo?
Ele riu.
-Não deveria me surpreender que chegasse a essa conclusão, mas superestima sua influência sobre meu comportamento. Não tudo o que faço é por seu gosto. O mundo inteiro
não gira ao redor do Lady Rowena Forster.
Picada, reprimiu sua reação imediata.
-Perdoará-me se tiver razões para duvidar de seus motivos.
-ah, sim. Sou um homem mau. Tais homens não salvam a raparigas em apuros.
algo em seu tom, a presença de uma ironia quase amarga, surpreendeu-a. Não era muito próprio dele. Tinha-o julgado muito duramente?
orgulhava-se de ser justa e eqüitativa, de não esperar mais de outros do que se exigia a si mesmo. Tinha havido vezes, antes que deixasse a Inglaterra, que tinha
falhado nessa medida que aplicava em sua vida, devido a sua própria autocompasión e dor. Tinha julgado mau a boas pessoas e o tinha lamentado depois.
Estava caindo presa dos mesmos escolhos agora. O Bom Tomás talvez não existia, mas não era completamente vil. Já tinha visto provas suficientes disso e tinha decidido
fazer caso omisso delas.
-Foi decente por sua parte -admitiu.
-acredito que esse é o completo mais fino que alguma vez recebi.
-Não deixe que te suba À cabeça.
-E a meu coração? -inclinou-se mais perto. - Tenho coração, Rowena. Duvidava do teu até que te vi dançar em Rito Pequeno, e com a moça.
O homem podia fazê-la ruborizar-se muito mais com tão fria declaração que qualquer outro com palavras de alto elogio e galanteria.
-por que te deveria importar se possuir um coração ou não?
Seus olhos se entreabriram ao começar a responder, mas foi interrompido quando Sim Kavanagh se uniu a eles. depois de sua hostilidade anterior, Kavanagh parecia
empenhado em fazer caso omisso dela.
-Ramón diz que ainda não há perseguição . - Disse. Tirou um par de lenços vermelhos de seu bolso e lhe aconteceu um a Tomás. - Eu me encarregarei da jovem.
Seu olhar fixo no Hope não deixou dúvidas em relação ao que queria dizer. Rowena o tinha visto olhar À moça várias vezes durante os últimos dias. Em cada ocasião
se pôs deliberadamente entre ele e qualquer vista do Hope.
-Do que está falando? -perguntou.
-É necessário que você e a moça levem os olhos enfaixados a partir de agora . - Disse Toma, - como todos aqueles que vêm pela primeira vez ao Canhão do Rito das
Lágrimas.
-trouxeste para outros aqui?
Ele sorriu.
-Espera e verá.
-Dificilmente posso fazê-lo se nos ataduras os olhos.
Kavanagh desmontou, lançou as rédeas a um dos homens e se dirigiu com passo majestoso para a inconsciente jovem. Rowena se esqueceu de suas próprias preocupações.
Se algum dos homens de Tomás se parecia com o selvagem lobo assassino dos mitos, esse era Sim Kavanagh.
-Deixe-a sozinha! -ordenou.
Hope se deu a volta ante o som de sua voz. Retrocedeu ante o Kavanagh, que se estava preparando para segurá-la.
Rowena quase saltou de sua cadeira de montar, tropeçando com suas saias, e se dirigiu para onde estava Kavanagh.
-Hope...
Por um instante ela e Kavanagh se enfrentaram face a face. O coração de Rowena pulsou com força ante o débil conhecimento de sua própria imprudência e desafortunada
ofensiva. Já não podia pensar claramente. Os mundos civilizados de Nova Iorque e Inglaterra poderiam ter estado em outro universo.
-Não a toque . - Disse, forçando sua voz a quase um sussurro.
Esperava que Kavanagh a ignorasse completamente. Não sabia o que tivesse feito se assim tivesse sido. atacá-lo? a simples ideia era ridícula.
Mas não fez caso omisso dela. Sua mão foi à arma de fogo em sua cintura; seus olhos gelados e claros abriram um atalho até os de Rowena.
E então deu um passo atrás. De sua boca saiu um grunhido depreciativo, mas foi ele quem se retirou. Rowena ficou pasmada ante seu primitivo júbilo pela vitória.
Como se ela, ao igual a seu irmão maior na Inglaterra, tivesse liberado uma mortal batalha com dentes e garras...
Sua voz tremeu quando falou.
-Vêem comigo, Hope.
-Se o desejar, pode lhe enfaixar os olhos.
Tomás estava parado atrás dela. Rowena nem sequer tinha sido consciente de sua aproximação. Seu triunfo momentâneo arrebentou como um globo muito inflado; certamente
era Toma o que tinha afastado a Kavanagh, não ela. Ele não precisava usar palavras.
voltou-se para ele.
-Como pode agüentar a um homem como esse em sua companhia?
-acaso os proscritos não pertencem a uma companhia de proscritos?
-Mas ele é... você não é...
-Como ele? É certo, eu jamais me alugo como pistoleiro para lutar as batalhas de outros. -Seu rosto se tornou sério. - Te pareço diferente, Rowena?
Ela tragou e tratou de encontrar seu sentido de superioridade moral.
-Não, para nada.
-Tem razão. -Seu sorriso foi quase severo. - Se trata simplesmente de que nossos métodos diferem. -desatou-se o lenço do pescoço e - Disse-: a moça?
-Seu nome é Hope. -Lhe tirou o lenço da mão. - Hope, moça... -a jovem se manteve quieta, paralisada como quando Kavanagh tinha ido atrás dela. - Está tudo bem. OH...
-O orgulho era inútil agora. - Tomás, explicaria a ela amavelmente, por favor?
-É obvio.
Lhe falou com a moça em um espanhol musical, lhe extraindo o estranho espiono de um sorriso. Finalizou fazendo uma pergunta, a qual Hope assentiu solenemente.
-Ela está de acordo com que lhe tampe o olhos. Não tem medo. -Havia uma verdadeira gentileza em sua voz. - Hope, diz? É um bom nome. Esperança. -Passou-lhe o lenço.
Esperança era um nome muito mais bonito que Hope, decidiu Rowena. Não discutiria a eleição de Tomás. Confidencialmente, Hope -Esperança- se deu a volta e deixou
que Rowena lhe tampasse o olhos. Logo umas mãos fortes mas delicadas tofacem o cabelo de Rowena, ao lhe atar um retalho de tecido ao redor da cabeça, ajustando-o
com toques ligeiros, até que a atadura esteve o mais cômoda possível.
a Rowena veio um momento de pânico. Isto era com o que seu irmão cego, Braden, vivia cada dia. Mas um par de cálidas mãos a agarraram como um arnês salva-vidas...
Esperança a um lado, Tomás ao outro. Uma inesperada sensação de serenidade a transpassou, como se estivesse completa pela primeira vez em sua vida.
-ajudarei-te a montar . - Disse Toma. - primeiro Esperança.
Ouviu-o afastar-se. Seu corpo se estremeceu em antecipação por sua volta; sem a vista, seus outros sentidos se tornaram duplamente agudos. Pôde senti-lo aproximar-se
antes que se ouvissem suas pegadas.
-Confia em mim -lhe sussurrou ao ouvido. Ele a levantou facilmente e a colocou em seu lugar, ajustando suas pernas e roupas. Sua boca estava muito seca para protestar.
- te agarre a esta crina. Governador conhece o caminho a nosso canhão.
Ela não tinha mais opção que confiar no cavalo... e em Tomás. segurou as crinas de Governador como uma menina a primeira vez que subida um cavalo.
-Esperança?
-Está muito bem . - Disse Toma diante dela. - Eu a cuidarei.
Ela se encontrou com que lhe acreditava. Os cavalos começaram a mover-se. Durante um tempo viajaram através de chão plano, e então o atalho começou a descender bruscamente.
Os distintivos aromas dos pinheiros e cedros deste país, e a sempre presente terra avermelhada, encheram-lhe o nariz. Ouviu o constante canto dos pássaros, e o aumento
em seu número lhe indicou que deviam estar aproximando-se do arroio.
Se cedia a seu lado de loba, seria capaz de discernir o atalho quase como se o pudesse ver. Seria tão fácil de fazer, tão natural. Os animais pequenos se escorreram
fora de seu caminho. Um falcão gritou sobre suas cabeças. O couro da cadeira rangia, e os homens falavam em voz baixa. Tomás assobiava uma canção; o som me chocava
contra as rochosas paredes que os rodeavam.
aromas, sons, sensações. converteram-se em seu mundo, um mundo que não possuía semelhança com o doce verde da erva molhada na Inglaterra. Mas não tinha medo. Nem
sequer estava zangada.
a cólera tinha sido uma parte muito grande de sua vida. Tinha estado zangada desde que Tomás, em seu disfarce do senhor Randolph, tinha-a abandonado no trem. E se
olhava retrospectivamente, tinha-o estado durante seus últimos anos na Inglaterra.
Só em Nova Iorque, com Cole, tinha encontrado uma classe de paz. Devia recordar isso. Esta satisfação era uma ilusão.
O atalho continuou descendendo, e então alcançaram um espaço plano. Rowena sentiu que estavam em um canhão estreito, com grandes precipícios a cada lado; tinham
descendido desses mesmos precipícios. Podia cheirar água e vegetação, mais exuberantes que em qualquer das mesetas.
-Cavalgarei diante agora, para preparar sua chegada . - Disse Toma a seu lado. - Esperança virá comigo.
-Não! -seu cavalo se moveu para um lado como resposta a sua agitação repentina.
-Voltará a vê-la. -as gemas de seus dedos acariciaram a bochecha de Rowena. - Logo.
Falou-lhe em espanhol a seus homens. alguns deles se afastaram cavalgando com ele; dois ficassem.
Um deles foi Sim Kavanagh.
-Sei o que é você . - Disse ele em um cochicho sibilante.
Ela se manteve muito erguida em sua cadeira.
-De verdade, senhor Kavanagh?
-É um problema, Lady Rowena Forster. É o grave engano de Tomás.
-Tão incrível como lhe posso parecer, estamos de acordo . - Disse ela. - Entretanto, não lhe faz nenhum bem falar comigo. lhe diga a seu amigo...
-Ele é meu amigo. -Seu cavalo empurrou o de Rowena, causando que ambos os animais bufassem e se dessem trancos. - Você é uma mulher. Nenhuma mulher trouxe nunca
nada mais que penas. E uma como você... -Rowena o ouviu cuspir, - é o pior tipo.
Seu ódio era evidente. Tomás havia dito que ele não estava acostumado Às mulheres, mas isto ia mais à frente que essa singela explicação.
-Tem você um considerável desfacemento para criticar a valia de outro . - Disse ela, - dada sua profissão.
-Minha profissão -respondeu ele. Sua voz era tão plaina como o topo de uma meseta. - Sabe você qual é, doçura? Sou um assassino.
-Como... como Tomás.
-Para nada como Tomás. Ele não sabe o que significa essa palavra.
-Isso não é o que ouvi.
-Dos McLeans? -grunhiu. - Me importa um rabanete o que você crie. Você e McLean se merecem o um ao outro.
-Obrigado.
Sua mão saiu disparada para agarrar a boneca de Rowena.
-Tomás tem algumas ideia loucas a respeito de você, mulher. É como se estivesse entrando diretamente em uma armadilha com os olhos completamente abertos. Não vou
permitir que o destrua. -Deu-lhe um duro puxão. - Me ouça?
-Dificilmente poderia evitá-lo.
-É uma rameira arrogante. Se me tivesse saído com a minha, você nunca teria chegado tão longe. Mas não ficará o tempo suficiente para fazer uma diferença.
-Estou encantada de ouvi-lo.
Liberou-a.
-Você não seria a primeira mulher que matei.
- Disse-o a sério. Rowena suprimiu um tremor.
-Seu amigo talvez se oponha.
-Ele nunca saberia. -atirou das rédeas, afastando seu cavalo. - Mantenha-se afastada dele, mulher. Mantenha seus ares de grandeza. Só afaste-se de Tomás.
antes que ela pudesse responder, ele cavalgava afastando-se, deixando-a inundada em uma nuvem de pó. Ela tossiu atrás de sua mão para esconder uma maldição.
-Não se preocupe, senhorita . - Disse uma acentuada voz suave. - Ele... não a machucará
-Mateo?
-Sim. Eu... falo um pouco de inglês.
-um pouco de inglês.
Isso significava que tinha entendido as ameaças do Sim, e tinha escolhido não intervir embora ela tinha sido deixada seu a cuidado. Tinha medo?
Não valia a pena perguntar.
-Quanto tempo esperaremos aqui, Mateo?
-Não mais espera. Se vier...
Pensou que ele devia ter preso uma rédea a brida de Governador. Em um momento estavam de novo no caminho. Sentiu que seu coração ainda corria pela confrontação com
o Kavanagh.
Covarde, acusou-se a si mesmo. Ele só é um humano.
E logo se estremeceu porque o pensamento tinha vindo tão facilmente. Já que isso queria dizer que ela era mais que humana. Queria dizer que tinha ido um passo mais
perto de esquecer o que tinha jurado faz anos.
Tratou de tirar todo o assunto de sua mente. O atalho era plano agora e seguia a todo o longo do canhão que ela não podia ver. O aroma de água se fez mais forte,
e havia umidade no ar. O atalho passou debaixo de áreas de sombra fresca assim como também de céu aberto. Várias vezes ouviu vozes longínquas. Mas justo quando pensou
que Mateo a dirigia para elas, ele virou para um lado e começou a subir outra vez.
Pararam em outra área plaina. Rowena sentiu uma parede ou precipício muito próximo, como se pudesse estirar uma mão e tocá-lo.
-aqui, senhorita . - Disse Mateo e a ajudou a desmontar.
-Onde estamos?
-No lugar onde dormirá esta noite . - Disse ele. - Por favor. -segurou-lhe a mão e a colocou em um poste de madeira Lisa. - Devemos subir.
Ela sentiu a longitude do poste e encontrou as varinhas horizontais que se uniam a um eixo paralelo. Uma escada. Uma escada primitiva que se dirigia para a face
frontal do precipício.
-Subir isto? -perguntou ela.
-Se lhe agradar, senhorita.
Não lhe agradava, mas tampouco seria obrigada. Com cautela pôs um pé na madeira mais baixa. Mateo segurou sua cintura e lhe deu um empurrão. Muito tarde recordou
que estaria em situação de desvantagem com o Mateo debaixo dela. Não havia mais saída que subir o mais rápido possível.
Suas saias foram um estorvo substancial e apesar das sentir assim, teve que seguir subindo. a escada chegava até uns três metros. No topo, encontrou o bordo irregular
de uma plataforma natural de pedra. arrastou-se sobre ela com as mãos e joelhos. a sensação de estar rodeada por pedra era cansativo. ergueu-se com cuidado, temendo
golpeá-la cabeça com algum teto baixo.
Mateo subiu atrás dela. Ouviu o som de suas botas ao tocar o chão, sua respiração, e então um rangido do que puderam ser dobradiças. Justo quando estava a ponto
de lhe formular a primeira de várias perguntas urgentes, ouviu o facecterístico som de uma porta ao fechar-se.
-Mateo?
Rowena arrancou a atadura de sua face. O quarto no precipício era uma cova, formada naturalmente e aumentada por mãos humanas. O estou acostumado a era de pedra,
como também o era o teto enegrecido e duas das "paredes". a única luz vinha de pequenas janelas situadas na parede que dava para fora, construída com tijolos encaixados
que quase se misturavam com a mesma pedra. Na soleira, por onde ela tinha entrado primeiro, havia uma simples porta de madeira. Uma porta que estava fechada, e permaneceria
fechada indubitavelmente.
Estava completamente sozinha.
Seu primeiro instinto foi encontrar uma maneira de escapar. Podia ver o bastante bem na semioscuridad, mas o confinamento lhe recordava muito aos últimos meses na
Inglaterra como prisioneira de seu irmão no Greyburn.
Provou a primeiro porta. Estava realmente fechada. Se invocava sua força de loba, poderia romper a fechadura... ou a porta mesma. afastou-se antes que a tentação
chegasse a ser realidade.
as janelas diminutas e quadradas eram muito pequenas para permitir que alguém saísse. Desde cada uma delas podia ver, ao menos, aonde havia a trazido o longo caminho
da Junta.
O canhão era, como ela tinha observado de acima, bastante estreito e com paredes altas a ambos os lados. a parede oposta era uma costa mais gradual, orientada para
o oeste e rochosa. a banda de verde para baixo, no centro do canhão, era tão verde como qualquer na Inglaterra, brilhante com novos brotos. O resto do chão do canhão
estava mais descoberto, com pinheiros dispersos e grupos de pedras. À esquerda, quase fora de vista, pôde ver o que pareciam ser casas de tijolo cru e campos cultivados
afastados do arroio.
ali viviam pessoas. Este não era simplesmente o esconderijo de um proscrito. por que, então, tinha que ser encerrada nesta prisão?
afastou-se das janelas e examinou a cela. as alforjes com seus pertences jaziam ao lado da porta, onde Mateo as tinha deixado cair. Pela primeira vez advertiu os
tapetes e as peles amontoadas no chão, as velas, e a bacia, as toalhas, e a jarra do que devia ser água. Havia inclusive um prato com morangos. alguém tinha preparado
esta cela para ser habitada.
ao longo da parede mais distante e a meia altura para o teto, encontrou marcas como nenhuma que tivesse visto antes. Desenhos rústicos, hieróglifos pintados em vermelho,
branco e negro, com círculos e linhas. as formas eram primitivas e entretanto, extrañamente fascinantes: animais, pássaros, pessoas, e outras figuras que não podia
decifrar. Pareciam dançar através da parede como se estivessem vivos.
Outros se tinham refugiado nesta caverna, fazia muito tempo. Pessoas que não conheciam a escritura nem a cultura verdadeira. Tinham deixado sua marca indelével,
sua presença fundida na pedra mesma, ao igual à fumaça de seus fogos, que tinha enegrecido o teto.
Tinham sido como quão animais tinham pintado. Podia-o sentir. Tinham vivido como parte da natureza, milhares de quilômetros e anos antes do que ela conhecia como
civilização. Se olhava fixamente os desenhos o suficiente, seus espíritos se meteriam em sua alma, e ela não teria maneira de detê-los...
Rowena se afastou da parede grafite e se apoiou, tiritando, contra a parede de tijolos oposta. Uma hora passou, e então outra. O canhão se afundou nas sombras. Começou
a desejar desesperadamente a companhia de outro humano. Qualquer que pudesse lhe recordar que esta cova era simplesmente isso, um fato natural, adaptado por selvagens,
e não um reino sobrenatural espreitado por fantasmas que lhe tirariam sua humanidade.
Quanto odiou o que Tomás tinha feito, o que lhe estava fazendo.
Desejou que ele estivesse aí com ela.
a luz se foi e deixou a cova em escuridão absoluta.


-E o deixou escapar.
Cole enrugou o telegrama em seu punho e o atirou através do salão contra o caro espelho antigo que pendurava sobre a chaminé. a bola de papel ricocheteou no cristal.
-Tão inepto como sempre.
Weylin não mostrou reação, certamente nenhum desgosto ante seu fracasso nem pelas miseráveis palavras mordazes de Cole. Observava a Cole com esse olhar constante
e plácido, como uma vaca ruminando.
Maldito.
Cole cruzou a pernadas para o aparador, serve-se um uísque e então foi À janela que dava ao cuidado jardim e Às dependências que estavam um pouco mais à frente.
Dobro Bar M, a primeira grande fazenda McLean em novo o México e a maior no Condado do Colfax. Não tinha retornado aqui em anos, mas vê-la ainda lhe dava grande
satisfação. Tudo isto era dele, durante quilômetros em qualquer direção: rico prado que se estendia até onde o olho podia ver, produtos de grande qualidade para
um gado forte e saudável, boa água, a promessa de uma ferrovia nova que aumentaria sua produtividade além de seus sonhos mais inimagináveis... e, sobre tudo, poder.
Ninguém se metia com um McLean neste condado. Ou no Território inteiro.
Exceto Tomás Alejandro Randall.
Esvaziou o copo.
-depois de todos estes anos, ainda não o pode trazer . - Disse Cole, sem incomodar-se em olhar a seu irmão. - É muito preparado para ti, é isso? Um Randall, mais
preparado que um McLean.
resistiu ao impulso de cuspir. depois dos anos em Nova Iorque, onde tinha aprendido a ser um cavalheiro tal como a sociedade do Este definia a palavra, não estava
disposto a recuperar velhos hábitos.
Essa era a diferença entre ele e Weylin. Ele tinha completo suas ambições. Weylin era ainda o vaqueiro estúpido que sempre tinha sido, com botas lamacentas e chapéu
suado. Nem sequer era capaz de cumprir a única tarefa que lhe tinha mandado.
-acabo de receber uma carta do Randall em que detalha suas demandas de resgate -continuou Cole lentamente, como se falasse com um idiota. - Tudo o que quer é um
milhão de dólares. E uma admissão pública de que roubamos a terra do Randall... entre outras coisas.
Weylin arranhou o chão com uma bota.
-O que pagaria por ter À dama de volta?
-Não obterá um só penique de mim . - Disse girando-se sobre os saltos de seus sapatos extremamente lustrados, para olhar a Weylin com desprezo. - Quem fez nossa
fortuna? Quem ganhou para os McLeans tanta riqueza e proeminência como a dos astors? Fui eu. Eu obtive que deixássemos de ser rancheiros como outros milhares de
texanos e fiz que o nome McLean fora grande por toda a nação.
Weylin mudou seu peso de uma perna À outra, lentamente, e encontrou o olhar fixo de Cole.
-Como fez essa fortuna, Cole?
Estava acontecendo outra vez, embora estranha vez se viram da morte do Frank. Weylin não dizia muito, mas suas poucas palavras de algum jeito conseguiam cortar o
discurso de Cole.
-De que demônios está falando?
-Já sabe. -Os olhos do Weylin lhe olharam quase cruelmente. - Tempo atrás nós trabalhamos o gado juntos. Construímos a fazenda de um nada. Era um trabalho duro,
mas era honorável. Ganhamos o que tivemos com nossas próprias mãos.
-E ganhei o meu com meu engenho . - Disse Cole arrojando seu copo ao piso, que se quebrou. - Por isso é tão reservado, Weylin. Nunca foste ao este além do Missouri.
Sua educação terminou na escola primária. Não pode distinguir as lucros do gado dos animais -riu. - Muito para ter sido o favorito de nosso Pai.
Weylin sacudiu a cabeça.
-Kenneth era o favorito de P.
-Kenneth e Pai estão mortos. Eu ainda estou aqui. E sou o cabeça desta família. -Voltou para aparador para servir-se outra bebida. - Pelo menos Pai não era brando.
Você é brando, Weylin. Comeriam-lhe vivo em Nova Iorque. Pensa que porque pode cavalgar durante uma semana através do deserto com um pouco de água, é um homem?
-Sou um McLean.
-Não lhe faz honra no nome. utilizei minhas vantagens ao máximo. É meu direito. É o direito de cada homem, de tomar tudo o que possa...
-Não todos os homens são homens lobo.
assim Weylin não era tão ignorante como parecia. Com o pouco que tinham discutido os negócios de Cole em Nova Iorque, Weylin soube que Cole não era um homem que
permitisse que escrúpulos pueris a respeito de sua natureza desumana o privassem de tomar completa vantagem dessa natureza. Era muito fácil manipular aos humanos
normais, especialmente quando se tratava de dinheiro... ou avareza.
Mas Cole não tinha Mudado desde que tinha perdido seu braço. Preferia ficar na forma humana, e guardar suas habilidades superiores para o mundo humano.
Seu pai estranha vez tinha Mudado. Resultava-lhe difícil, por isso desalentou a seus filhos a fazê-lo, porque ele não podia suportar ser superado. Mas tinha usado
suas outras habilidades para encontrar, obter, e manter homens e gado de uma vez, quando Texas tinha estado lutando por sobreviver depois da Guerra. Não tinha ido
além disso.
Weylin tinha seguido os desejos do pai, renunciando anos atrás a Mudar, mas não se aproveitou de seus outros poderes de homem lobo. Tudo por causa desse patético
código pessoal de jogo limpo, herdado de só o diabo sabia onde. Certamente não do pai.
Por um momento Cole perguntou se Weylin sabia que ele tinha noivo a Rowena que nunca usaria suas habilidades de homem lobo, ou Mudaria, ou seria nada que não fora
estritamente humano. Não. Rowena não teria discutido um assunto tão pessoal no curto tempo que esteve com o Weylin. antes que Randall a arrebatasse, justo sob a
pistola do Weylin.
-Tem razão . - Disse ao fim, remontando alto na onda de seu desprezo. - Não todos os homens são homens lobos. Mas há uma grande quantidade de homens como você,
os que retêm sua própria força para forjar seu próprio destino. Você é uma relíquia, Weylin. Você e sua classe não pertencem ao mundo que vem.
-Talvez não quero pertencer a seu mundo.
Cole bufou com desgosto.
-Estamos perdendo o tempo. Randall é o sujeito desta conversa... e como falhou ao evitar que roubasse a minha esposa.
-Ela não é sua esposa ainda.
-O que é isto? Não crie que possa trazer a de volta porque falhaste?
Weylin olhou tranqüilamente através da janela, sentado em um fino sofá francês.
-me escute . - Disse Cole, enquanto atirava o segundo copo na chaminé e se parava frente a seu irmão. - Estava disposto a te deixar demonstrar que tem algum valor
para esta família além de fazer o que qualquer jornaleiro medíocre pode fazer. Pensei que uma vez que fosse designado pelo oficial, teria as garra suficientes para
perseguir Randall a sério. arruinou-o. agora o caçarei a minha maneira. Custe o que custar.
-O que implicará, Cole? Isto não é Nova Iorque.
-Os humanos são iguais por toda parte. Encontrarei a chusma que o ajudou e os farei cooperar...
-ainda quando isso te faça igual a Randall?
Cole golpeou. Não foi seu murro mais duro; Weylin só oscilou e se manteve em pé. Não tentou defender-se.
-Ele assassinou a nosso pai . - Disse Cole. - Fergus Randall matou a Ken. levou-se meu braço. Quero que os Randall desapareçam da face da terra.
Weylin se tocou a queixo com indiferença, como se fora outra pessoa a que sentisse o golpe.
-Tanto a amas?
-O que? -grasnou Cole com dificuldade, abandonando seus pensamentos para atender a pergunta do Weylin. Rowena. Estava falando de Rowena.
amor. O que divertido. Weylin, nunca significativo para as damas, abrigava ainda uma noção infantil de romance já passada de moda.
-Ela é minha -respondeu claramente. - Eu não renuncio ao que é meu. E não voltarei para Nova Iorque até que a recupere. Isso é tudo.
Ele pensou que a conversa estava terminada. O olhar do Weylin estava em branco; retraiu-se em si mesmo como fazia Freqüentemente desde que Pai tinha morrido. Mas
logo que Cole começou a cruzar para a porta do salão, Weylin o deteve.
-Pensa que não me importa o que ele tem feito?
Cole virou. Weylin era algo menos bovino agora; de repente o lobo rabiava em seus olhos.
-Eu o quero tanto como você, mas sou um homem de lei, Cole. Você te encarregou disso, assim que o que seja que faça será limpo e legal. -Seu sorriso não tinha nem
ameaça nem cinismo, mas era fria. - Tenho o dever de te advertir... se cometer um crime para matar a Randall, não olharei para outro lugar.
preso entre o assombro e a raiva, Cole estalou em gargalhadas.
-É uma ameaça, irmano meu? Pensa que devo te temer quando Randall se ma em suas botas?
Parou de rir quando viu o olhar na face do Weylin. Considerou, brevemente, se tinha subestimado a seu irmão. Tinham o mesmo sangue, a mesma herança dos montanheses
escoceses fundida com a dureza texana e a força do homem lobo.
Se Weylin alguma vez chegava a adivinhar a verdade a respeito da morte Frank McLean...
Mas não o faria. Sem importar o que - Dissesse, Weylin nunca ficaria contra a família. aliviava sua consciência e se sentia mais homem opondo-se a Cole. Só era
fanfarronice.
Se alguma vez chegasse a ser algo mais, sabia o que passaria.
Cole relaxou.
-Vete, Weylin. Dirige o gado ou corre pelo deserto. Tenho um trabalho de homem por fazer.
Esta vez Weylin não tinha nada que dizer.
Capítulo 8


a antiga cova que usavam como morada estava totalmente escura quando Tomás abriu a porta e entrou. as velas não tinham sido acesas; não havia movimento.
Somente o som de uma respiração, e aroma de medo.
Rowena estava assustada. Tomás sentiu imediatamente que seu temor não era da classe que podia ser conquistado com um trocadilho mordaz, como o que praticava freqüentemente;
nunca havia sentido que ela estivesse verdadeiramente assustada, da forma em que muitas mulheres o tivessem estado. Ele tinha admirado seu teimoso orgulho.
Não tinha esperado que se assustasse agora. Quando sua aguda visão noturna descobriu a Rowena feita um novelo em uma esquina, com os joelhos apertados contra seu
peito até onde o vestido o permitiria, sentiu-se envergonhado.
Outra vez lhe fez sentir vergonha, quando sua mente se esteve preparando para emoções muito mais agradáveis.
-Rowena... -chamou-a brandamente.
O resplendor leve de seus olhos se enfocou nele.
-assim . - Disse com voz instável, - tornaste.
-Muito mais tarde que o que planejei. Desculpo-me.
-assumi que... quis me deixar aqui.
Só foi a palavra que lhe faltou mencionar.
-Não mais tempo do necessário, minha loira. Embora esteja afeiçoado com este lugar, não é uma morada adequada para uma dama.
-ah. algo sobre o que podemos estar de acordo.
Bom. Seu espírito estava retornando. incorporou-se um pouco mais reta contra a parede de tijolo desigual.
-É, entretanto . - Disse ele, recuperando as velas ao final da cova, - a classe de lugar que se poderia chegar a querer apesar da gente mesmo.
-Duvido-o.
-Requer que um abra seu coração À música antiga nestas rochas. São os ossos da terra. Nós, mais que qualquer, exceto os habitantes originais, podemos ouvir sua canção.
-Nós?
-Sabe o que quero dizer.
acendeu uma vela e a pôs a uma curta distância de Rowena. a luz salpicou seu rosto, e ele pôde ver as marcas de tensão gravadas em seus traços afiados.
Olhou as mantas e objetos de pele que ela tinha deixado tendidas. as mantas pareciam a opção mais segura, dadas as circunstâncias. Escolheu uma pitoresca malha navajo
e se ajoelhou para oferecer-lhe
-te envolva neste.
Por uma vez não discutiu. Pôs a pesado tecido sobre seus ombros, acariciando o modelo com uma de suas delicadas mãos.
-É formoso -murmurou.
Ele sorriu abertamente, contente além de toda razão.
-Os navajos são o povoado que vive ao leste destas montanhas. São conhecidos por suas malhas. Durante um tempo, uma jovem mulher navajo viveu conosco no canhão.
Ensinou-nos sua técnica de malha, e logo seguiu seu caminho. -Seguiu um desenho geométrico brilhante com seu dedo, percorrendo o braço de Rowena. - ao princípio
foi difícil para ela. Os navajos acreditam que todos os troca-formas são bruxos malvados. Tomou muito valor me aceitar sem medo ou ódio.
Rowena encontrou seu olhar.
-Talvez sua gente tem razões para odiar e temer a tais criaturas.
-Tanta razão como os aldeãos que atafacem a Hope?
-Onde está?
Tinha-lhe dado uma saída muito fácil do tema de conversa.
-Está bem, e a verá amanhã. Mas me diga, pensa que todas essas sentenças sobre o mal, são justas?
Ela afastou o olhar.
-Sabe que não. Não há mal no Hope.
-Então é possível que as pessoas se equivoquem em suas sentenças, não importa quão energicamente o criam.
-Está sugiriendo que foste vítima de tais enganos? . - Disse com um pouco de sua velha aspereza.
-Talvez seu medo maior é que você poderia te converter em tal vítima, Rowena.
Ela o olhou agudamente.
-Nunca o serei.
Porque tem medo de viver completamente como o que é. Ele riu interiormente de seu próprio raciocínio. Rowena causava muitos efeitos insólitos nele, não sendo o menor
deles esta tendência a refletir sobre os assuntos da mente e o coração muito profunda e seriamente.
muito melhor saborear o prazer do corpo.
De repente ela pareceu notar a mão dele sobre seu braço, e se estremeceu sem apartar-se. Ele decidiu aceitar esse gesto como um progresso. Manteve seu contato como
uma pluma.
-O que é o que teme deste lugar? -perguntou-lhe ele brandamente.
Foi outro sinal do troco o que não negasse tajantemente ter medo. Mas tampouco respondeu.
-É a escuridão? Posso trazer mais luz...
-Não é a escuridão -respondeu com uma voz muito baixa. - Posso ver tão bem como você.
Uma admissão. Uma admissão, embora pequena, de seu verdadeiro sangue.
Como se se tivesse dado conta de que lhe tinha concedido outra vitória, ficou sua máscara arrogante e - Disse:
-Ninguém desfruta do encarceramento.
-Especialmente os de nossa classe . - Disse ele. - Mas seu irmão te encarcerou, não é assim? Ele, que deveria saber melhor que ninguém como seria estar encarcerado.
-Ele... pensou que estava justificado a fazê-lo.
-E você o odiou por isso.
-Não. Sim. -Deixou cair sua face em suas mãos. - Por favor...
-Fez-o para que te casasse com um homem a quem não amava. O mesmo homem que te buscou e reclamou quando pensou que tinha fugido.
-Não conheci Cole na Inglaterra.
-Não o conhece agora, tampouco.
-Não escutarei suas calúnias.
Ele suspirou.
-assim é o encarceramento o que teme. ao igual a eu.
-Você?
-Minha liberdade é querida para mim. Roda de pessoas como gosta, e nenhum homem é meu amo. É por isso pelo que não deixarei aos McLean que me roubem isso.
-Inclusive se a morte é a alternativa?
-Morte -sussurrou. Sorriu a Rowena. - O povoado de minha mãe não fala da morte.
Sua distração deu resultado.
-O povoado de sua mãe?
-O pai de minha mãe era Chihenne Índio apache. Capturou a minha avó em uma incursão e se casou com ela, de acordo com os costumes de seu povoado. Quando retornou
junto a meu bisavô, Dom arturo, com uma menina, aceitou-a. Outros a teriam rechaçado. Foi muito amada, e também foi sua filha.
-Sua mãe.
-Dona adelina. Uma mulher forte, e orgulhosa. Tanto como você.
Ela não soube como reagir. a Lady Rowena Forster original o teria visto como um insulto. Mas agora...
-Quem foi seu pai?
-Seu nome era Fergus Randall. Era escocês, de uma longa linha de escoceses que vieram a américa faz mais de cem anos. Os Randall se instalaram primeiro nas Carolinas,
e logo em Kentucky. O pai do Fergus fundou uma casa mercantil no St. Louis. Quando era jovem, meu pai foi um de muitos que vinham pelo caminho da Santa Fé para comercializar
com Novo México, quando ainda estava sob governo mexicano.
-Foi assim como conheceu sua mãe?
-Sim. Criou uma empresa com meu bisavô, arturo de Ribeira Navarro. E se apaixonou pela adelina. arturo me - Disse que seu matrimônio foi uma da uniões de por vida
que se formam Às vezes, entre homens lobo. Não se podem separar, exceto pela morte.
Rowena baixou o olhar para suas mãos unidas. Não queria que lhe recordassem o que era. O que ele também era.
-Mas sem dúvida... conheceu seu pai.
-Quando era menino. Minha mãe lhe sobreviveu.
perguntou-se se lhe diria a verdade se lhe chegasse a perguntar como tinha morrido seu pai. acreditaria-lhe? Ou o consideraria outro mais de seus enganos para ganhar
sua boa vontade e pô-la contra Cole McLean?
-Os McLean também são escoceses. Uma vez, Cole contou que se instalaram nas Carolinas.
Estava ela começando a compreender?
-Os escoceses têm histórias longas, e são professores de antigas inimizades herdadas. O mesmo acontece com as pessoas desta terra. Não esquecem nenhum inimigo, assim
como tampouco nunca trairão a um amigo.
Rowena não pôde fitá-lo aos olhos. Era sempre a verdade o que mais a assustava, a verdade que não queria ver. Não persistiu com o tema.
-O pai de sua mãe era índia apache. ouvi que se encontram entre os índios mais desumanos deste país...
-E alguns dizem que somente defendem a terra que foi sempre dela, e que foi tirada depois de muitas promessas incumplidas. -Lançou-lhe um sorriso torcido. - Os ancestros
espanhóis de minha mãe lutaram contra os índios durante gerações. Houve assassinatos, seqüestros e escravidão por parte de ambos os lados. E mesmo assim, a mãe de
minha mãe aprendeu a querer a seu homem, e minha mãe possuiu o sangue de ambos, como eu. O que encontra mais alarmante, Rowena: que possuo sangue de "selvagens"
ou de troca-formas?
Pela primeira vez em todo esse tempo ela o olhou aos olhos.
-Não são a mesma coisa?
-Não é certo acaso que homens correntes e civilizados cometem atrocidades em nome do progresso? -respondeu-lhe ele. - Como pode encontrá-los muito melhores que aqueles
que simplesmente defendem suas casas... ou seu direito a viver como o que são?
-Não nasci para viver como uma fera . - Disse ela roncamente.
Em lugar de responder, ele recolheu a vela e ficou em pé, indo para a parte traseira da cova onde as antigas figuras partiam através da superfície de rocha enegrecida.
-Descobri este canhão acidentalmente, enquanto estava... evitando a um perseguidor.
-Um homem da lei, sem dúvida.
Ele assentiu.
-alguma vez este lugar deve ter sido parte do território concedido aos espanhóis, mas os proprietários o abandonaram faz muito. Não é acessível facilmente exceto
por um atalho tortuoso que sobe pelo despenhadeiro, assim soube que seria um santuário ideal. -Escovou a superfície da rocha com as pontas de seus dedos. - alguma
vez foi um lar para nativos que desapareceram... as pessoas que fizeram estas pinturas. Durante o tempo em que vivi neste canhão, encontrei artefatos que deixaram
muito antes que viessem os espanhóis. Construíram casas nestas covas moldadas naturalmente nos despenhadeiros, e cultivaram a terra ao lado do pequeno rio e sobre
as mesetas. Penso que eram um povoado que amava a vida. Sabiam que qualquer dia poderiam morrer, da mesma maneira que qualquer outro animal com o que compartilhavam
o canhão.
a face de Rowena mostrava verdadeiro interesse.
-E o que aconteceu a estas pessoas?
-Ninguém sabe, embora os outros índios desta região têm lendas e histórias. Mas ainda nos falam através dos tempos. -assinalou um rudimentar desenho de uma flecha.
- Desenharam o que era importante na vida. Compreendiam o coração das coisas. -assinalou outra imagem. - O flautista. Conheciam o prazer da música. Hei aqui uma
águia, e um peixe, e um de seus deuses. a lua e o sol.
Rowena ficou em pé e se aproximou indecisa a reunir-se com ele.
-E isto?
-a família. O homem está aqui, e a mulher, e o menino.
Ela não afastou o olhar, embora as figuras distinguiam evidentemente o homem da mulher sem o benefício da vestimenta.
-acredito que a família era importante para eles. a família e o sangue. -Ele a guiou ao longo da parede. - E o fato de fazer uma nova vida.
as figuras unidas que lhe indicou eram rudimentares, mas Rowena deveu adivinhar do que se tratavam. congelou-se, as olhando fixamente com uma fascinação além de
sua vontade.
a figura masculina e a feminina estavam juntas como um solo ser, presos no ato de amor. atrás deles outros animais se encontravam fazendo a mesma atividade.
-Talvez foi sua maneira de pedir aos deuses abundância e muitos filhos. Ou talvez simplesmente desfrutavam disto tanto como a música.
Rowena soltou ar duramente e se moveu ao próximo grupo de figuras. Estas eram de animais, separados a salvo dos outros.
-E aqui estão os lobos . - Disse Toma seguindo-a. - Há muitos símbolos de lobo nestas covas.
-supõe-se que é importante? -perguntou asperamente.
Ele lhe aproximou, sujeitando a vela por atrás para que a face dela logo que fora roçada pela luz.
-Não o é, Rowena? -sussurrou. - Não sente a magia deste lugar?
Ela se deu a volta e se retirou À segurança da parede de tijolo cru.
-Não acredito na magia.
-Mas o faz. Pensa que está maldita. Não é isso magia? -ajoelhou-se a seu lado, depositando Este vela é um lugar de princípios antigos, Rowena. O batimento do coração
da terra está justo debaixo destas rochas. Isso é o que os nativos desta região entendiam. Pode escutá-lo, se o desejar. Às vezes venho só a escutar.
O rosto dela ficou imóvel, e seus olhos brilharam com um ar misterioso que a despojou de sua arrogância.
-Não te compreendo, Tomás Alejandro Randall.
-Porque inclusive os proscritos podem escutar À terra falar?
-por que deveriam querer fazê-lo.
Impulsivamente lhe acariciou o rosto. Sua pele era veludo sob seus dedos calosos.
-ah, minha vida. Há tanto de mim que poderia aprender, se o desejasse. Não te traga aqui para te fazer prisioneira. Chamas selvagens aos apaches, mas eles não encarceram
a seus inimigos. E você não é minha inimizade. -acariciou sua bochecha da têmpora até a linha da queixo, sentindo sua pele estremecer-se em resposta. - Queria compartilhar
este lugar contigo, te deixar senti-lo como eu o faço. aqui não precisa temer o que é. Não pode lutar contra isso, quando está completamente a seu redor.
-Não . - Disse ela. - É só uma cova.
-Mas você não é só uma mulher. -Levantou seu outra emano para lhe embalar o rosto. - Deixa de negá-lo, Rowena.
-por que... por que me está fazendo isto?
Muito brandamente se inclinou para ela.
-É minha natureza, ao igual à tua.
Ela não resistiu até que seus lábios roçaram os seus. Então sua boca se apertou em uma linha rígida, lhe proibindo a entrada.
-me solte -exigiu.
a ordem foi extrañamente feita sem convicção. Ele enterrou os dedos em seu cabelo.
-Está assustada -se burlou, - assustada de que se te beijar, converterá-te no que mais teme. Não terá controle ante um rufião e descarado como eu. Todos suas elegantes
maneiras e disciplina desaparecerão como se nunca tivessem existido. -Não a deixou apartar o olhar. - São tal fracos suas convicções, Rowena? Consentirá-me tal poder?
. - Disse-lhe isso antes. Você... não tem poder sobre...
Lhe cobriu a boca com a sua, e esta vez seus lábios se suavizaram em rendição.
Ela tinha pretendido que o beijo não fora mais que um desafio.
Pensava que tinha poder sobre ela, verdade? Pensava que com algumas carícias poderia escavar os hábitos e o treinamento de uma vida, que poderia soltar À fera com
um só beijo, como um príncipe que despertava a uma princesa enfeitiçada?
Lady Rowena Forster não se quebrava tão facilmente, nem com ameaças, nem com sedução. Ensinaria-lhe essa lição de uma vez por todas.
a boca de Tomás se amoldou À sua, como se pertencesse ali. Ela sentiu sua firme masculinidade, o calor de seu corpo, sua respiração derrubando-se dentro de sua boca
quando a abriu em um grito entrecortado. Não brigou, pois lutar tivesse provado que ele tinha razão.
Mas quando seus braços se fecharam a sua redor e sua língua roçou as comissuras de seus lábios, começou a esquecer seu propósito. Com esforço tratou de concentrar-se
na lembrança do último beijo de Cole, quando seu adeus geralmente moderado se tornou algo muito mais apaixonado e possessivo.
O beijo de Cole. Não era muito diferente deste. Ela podia simplesmente fingir que era Cole quem a beijava. aceitá-lo, tal como aceitou as liberdades que Cole tomou
com ela, como privilégio de futuro algemo.
Sim. Recordou como era quando Penetrar beijava. Como a tinha sujeito, como seus lábios tinham trabalhado sobre os sua e requerido a entrada, mas não tinha empurrado
mais à frente quando ela resistiu.
antes de Cole, somente outro homem a tinha beijado, seu primeiro pretendente humano na Inglaterra. Seus beijos tinham sido castos. O beijo de Tomás era algo menos
isso. E quando a apertou mais perto ainda, deu-se conta que não estava sentindo o que sempre experimentava nos braços de Cole. Não havia nada desse desinteresse
e o sentido da obrigação que acreditava eram parte do papel de uma mulher em tais intercâmbios.
Em vez disso, encontrou que sua respiração se acelerou, e ondas de calor percorriam seu corpo. as mãos de Tomás se estenderam sobre suas costas, amassando e esfregando,
até que sua coluna se sentiu suave como a manteiga. Seus peitos estavam excepcionalmente sensíveis onde se pressionavam contra o peito masculino, como se seu sutiã,
espartilho e vestido não servissem absolutamente de amparo.
Nada disto tinha ocorrido com Cole. Era como se uma desconhecida tivesse tomado seu corpo... uma desconhecida que abria voluntariamente a boca a gentil invasão de
Tomás, que começava a tremer com estranha emoção quando sua língua acariciava a sua. E esta outra Rowena não esperou passivamente a que terminasse o beijo. arqueou
suas costas e respondeu, devolvendo a pressão de seus lábios, e suas próprias mãos roçaram as longas costas.
a outra Rowena tinha estado esperando este momento desde que conheceu Tomás Alejandro Randall. Do trem e as idéias vívidas, vergonhosas e tentadoras que invadiram
seus pensamentos. Desde que havia sentido a sacudida enlevada quando a havia meio doido caminho a Rito Pequeno, e quando tinha estado em pé sobre sua cama no povoado
e brincado a respeito de compartilhá-la com ela.
Não era uma brincadeira. Seu beijo o - Disse. Não teve o mais mínimo impulso de rir.
Sentiu, ridiculamente, ganha de chorar.
Repentinamente a deixou ir e se balançou para trás sobre seus joelhos. as pupilas de seus olhos estavam dilatadas e suas fossas nasais se dilatavam com cada respiração.
Ela se afastou, e suas mãos voaram a seu cabelo como se ao colocar o de forma correta pudesse ordenar suas emoções com tanta facilidade.
Se ele não se deteve primeiro...
-Bem? . - Disse ele.
-Está pedindo minha opinião? -respondeu, lutando por manter o tom de voz plano e soar desapaixonada. Tremeu sobre suas instáveis pernas e procurou o apoio da parede.
- Foi uma... experiência interessante.
-Interessante? -Sacudiu a cabeça e riu. - É a primeira mulher em usar essa palavra.
a arrogância do homem... Ela o olhou furiosa.
-Tenho padrões mais altos que suas usuais companheiras femininas.
-E Cole, suponho, cobre esses "padrões"?
Sua resposta imediata foi lhe lançar uma confirmação, mas as palavras ficassem apanhadas em sua língua. até agora, não estava segura de ter visto antes um verdadeiro
olhar candente. a sua encaixava perfeitamente com a descrição.
-Cole nunca me trataria como você o faz.
-Como a uma mulher inteligente, com muito espírito e apaixonada?
Rebatia cada afirmação que o fazia com outra pergunta, cada uma pensada para atormentá-la.
-Pensava que isto era para provar minhas convicções. Como vê, não vacilaram.
-acredito que não está sendo honesta, Rowena. -ficou em pé para fitá-la. - Foi mais que simplesmente interessante para mim.
Um morno rubor começou a subir da base de seu pescoço. Deveria haver-se ofendido, e não ficar contente, de que encontrasse seu beijo mais que simplesmente interessante.
Beijar não era nada novo para um homem como ele. Ela era uma total aficionada em comparação.
Que Deus a ajudasse se aceitasse tal completo. Se se permitisse pensar que alguma vez o repetiria.
-Não acredito que possa ser capaz de dar uma classificação exata de suas habilidades . - Disse, alisando suas saias com um movimento nervoso.
-Não? -aproximou-se de seu lado e lhe roçou a orelha com seus lábios. - aqui temos um refrão: "Com o tempo se maturam as verdes" Quer dizer: "Com o passado do tempo,
a fruta verde amadurecida".
-Duvido . - Disse, negando-se a retirar-se nem sequer um centímetro, - que esta fruta alguma vez seja de seu paladar.
-Somente o tempo o dirá. E agora penso que é o tempo de que descanse.
dirigiu-se para a porta.
-Tem intenção de me deixar aqui.
-Só por uma noite enquanto se prepara seu alojamento.
Se ela - Dissesse algo mais, ele adivinharia a profundidade de sua inquietação. Seria uma parva se lhe desse tal munição. Inclusive poderia chegar a oferecer ficar
com ela.
-as mantas e as peles são brandas, e a noite está morna . - Disse. - a menos que haja outra coisa que requeira?
-Nada que me possa subministrar.
-Então te desejo um bom sonho. -Ele abriu a porta e se deteve. - Se abrir seu coração, Rowena, a terra e os antigos lhe falarão. Escuta, e talvez aprenda como viver.


Tomás vinho por ela À manhã seguinte quando o canhão ainda estava em sombras e a espessura das árvores e arbustos Com o passar do rio soavam amáveis com o canto
dos pássaros. Rowena se poliu com água e seus poucas pertences, determinada a não deixar que Tomás visse quão mau tinha dormido.
Não tinha sido devido aos primitivos alojamentos, ou À temperatura do ar, ou inclusive ao confinamento, porque a porta estava fechada com ferrolho, como tinha averiguado
logo. Tinha estado acordada toda a noite, atenta Às vozes que Tomás tinha noivo, meio assustada de que pudesse escutá-los chamá-la. lhe dizer que devia soltar-se.
Deixar a essa outra Rowena. Render-se À loba.
Render-se a Tomás Alejandro Randall.
Mas quando o amanhecer chegou, ela ainda era mesma. as figuras sobre a parede não tinham falado. Encontrou o olhar penetrante de Tomás com uma sobrancelha levanta
e um leve sorriso.
-bom dia.
-bom dia. -Ele observou a habitação, como se esperasse encontrar alguma manifestação de suas antigas vozes misteriosas. - Sua casa está preparada. Se te agradar...
Ela evitou a mão tendida, foi À porta aberta, e começou a descer a escada de mão antes que Tomás pudesse oferecer ir diante. Um só cavalo estava esperando na parte
inferior, selado para seu uso; Tomás ajudou a montar, tomou as rédeas, e guiou ao animal pelo atalho.
Nada do canhão teria sido familiar para ela uma semana atrás... nem a terra dourada e avermelhada, nem as rochas, nem os pinheiros anões, nem as aves que cantavam
do bordo da água. Tinha muito poucas razões para apreciar sua serena beleza. E apesar disso, encontrou-se atraída por essa paisagem contra sua vontade e toda a experiência
recente. Cacto espinhosos tinham frutas e flores de forma imprevisível; havia flores silvestres que se agarravam Às fendas mais improváveis; as altas árvores de
algodão com folhas brilhantes e rangendo, levantavam-se, destacando sobre a maleza, tão grosa como a de qualquer bosque inglês. as aves continuavam com uma melodia
incessante.
-assim que este é o lugar em que chamas seu lar.
-Tem suas vantagens -respondeu, olhando para cima. O sol, justo tocando o topo da meseta oriental, dava a sua pele um brilho rico e quente. - Você gosta?
Seus olhos eram tão surpreendentes nesta luz especial, observou Rowena. Tinha notado a altura de seus maçãs do rosto antes, o cabelo encaracolado atrás de suas orelhas,
e a forma em que seus lábios...
-Parece excessivamente interessado no critério de um prisioneiro . - Disse ela apressadamente.
-Não um prisioneiro, mas uma convidada distinguida. Como verá.
E efetivamente, quando se aproximaram do pequeno povoado, Rowena teve a primeira visão da boas-vindas que lhe aguardava. Na praça empoeirada formada por cinco ou
seis casas de tijolo cru, uma pequena multidão se reuniu. primeira a vista pareciam ser mayoritariamente filhos, desde muito pequenos a adolescentes desajeitados.
precipitaram-se para frente como uma multidão de aves desejosas, com os braços cheios de flores silvestres.
atrás deles vinham os adultos. Com um sobressalto, Rowena reconheceu aos homens do grupo de bandidos de Tomás: Mateo e Carlos, sem suas armas de fogo e vestidos
com objetos de simples agricultores, e outros três igualmente desarmados e com roupas similares. Pareciam aldeãos correntes. Com eles havia um homem mais velho com
o rosto enrugado pelo sol e cabelo branco pela idade.
E ali estava Esperança. Correu para a Rowena, parou, e agachou sua cabeça timidamente.
. - Disse-te que seria bem cuidada . - Disse Toma. ajudou Rowena a desmontar e chamou em espanhol À multidão de filhos.
Formaram um arco diante de Rowena e começaram a cantar, com as vozes ligeiramente desafinadas.
-Estão cantando uma canção para te dar a boas-vindas.
Rowena se mordeu o lábio inferior, totalmente perdida. Filhos era quão último teria esperado ver em uma toca de ladrões. Pareciam o bastante sãs e alegres em seu
cantar, mas temia muito que tudo isto fora uma conspiração para encantá-la. Um complô que estava dando resultado.
-Organizou isto? -vaiou a Tomás.
-Contei-lhes sobre ti . - Disse, e torceu a boca em um sorriso irônico. - Não temos muitas visitas aqui.
-acreditam que sou uma convidada distinguida?
-É obvio. Desejas lhes dizer que é de outra maneira?
Esperança se deslizou ao lado de Rowena e tomou sua mão. Tocada pela confiança da moça, Rowena se perguntou porquê se sentia tão, tão...
Necessitada. Querida. aceita por completo. Tudo devido a uma jovem muda, um coro de querubins descalços, e as palavras de um descarado lisonjeador.
Os filhos terminaram sua canção e dois deles, uma menina de face redonda, de dez anos e um menino robusto um pouco mais maior, apresentaram a Rowena um buquê de
flores amarelas.
-Este é Enrique . - Disse Toma, - e sua irmã Pilar.
Rowena aceitou as flores com gravidade.
-Obrigado, Enrique. Pilar.
Pilar sorriu abertamente, mostrando alguns dentes torcidos, e falou em um sussurro.
-Diz que é uma dama muito formosa -traduziu Toma.
-Obrigado . - Disse Rowena À menina. - Não falam inglês?
-Estranha vez deixam o canhão.
Fez gestos aos outros filhos para que se adiantassem. Um por um os nomeou para ela: aquilino e Gita, filhos do Mateo, e Miguel, Gertrudis, e Catalina, os filhos
do Carlos. Gita era a mais pequena com dois ou três anos, e Enrique o major, roçando a adolescência. Tinham os olhos muito abertos com curiosidade e transbordaram
a Rowena com mais perguntas das que ela podia compreender ou responder.
Ela mesma tinha várias perguntas.
-Onde estão suas mães?
-a esposa do Mateo esteve muito doente e morreu faz um ano. Carlos perdeu a sua mulher antes de unir-se a nós. Enrique e Pilar são órfãos.
Isso explicava muito. Estudou a Pilar e observou seu cabelo talhado disparejamente, indubitavelmente com o fio romo de uma faca, e as calças muito longos e folgados
que levava sob uma camisa de menino. Pilar estava tão suja e descuidada como os varões, cujas roupas estavam sulcadas pela sujeira de seus enérgicos jogos. as outras
meninas estavam na mesma condição. Quanto fazia desde que tinham desfrutado de do cuidado pessoal e a instrução de uma mulher, ou levado algo que se parecesse com
um vestido?
Isto era o resultado da convivência dos filhos com ladrões. No Greyburn, a propriedade do Braden na Inglaterra, os filhos dos camponeses e peões tinham atenção médica
garantida regular, boa roupa e uma educação básica. Rowena tinha ajudado a distribuir caridade Às famílias necessitadas. Inclusive em Rito Pequeno os filhos tinham
famílias completas e uma vida estável. O que podiam esperar estes filhos? as meninas, especialmente, deviam estar sofrendo neste lugar.
Mas Tomás não parecia preocupado no mais mínimo. ajoelhou-se entre eles e compartilhou uma brincadeira que os fez partir-se de risada. Ele logo que era mais que
outro menino desatendido. Com um rugido realizou uma face espantosa e levantou os braços como se fora a saltar sobre qualquer menino muito lento em escapar. dispersaram-se
com gemidos divertidos. Somente Enrique ficou atrás, olhando fixamente a Tomás com nua adoração em seus olhos.
Tomás brincou com o cabelo do menino, empurrou-o para os outros com uma palmada amável, e se voltou para a Rowena.
-Deve estar desejando ver sua casa. Néstor terá a comida preparada.
deu-se conta de que estava muito faminta, e a possibilidade de uma cadeira verdadeira e uma mesa posta com o café da manhã servido era tentadora. Olhou fixamente
com olhos preocupados aos filhos. Não são de sua incumbência, - Disse-se. Como podem sê-lo, quando você mesma é uma prisioneira?
Inclusive Esperança se converteu em sua preocupação, desencadeando instintos que logo que sabia que possuía.
Os instintos são perigosos. São a disciplina e a prudência as que devem te guiar.
Resolutamente se deu a volta para seguir a Tomás ao outro lado da praça, com Esperança a seu lado. Tomás se deteve para falar com o homem mais velho, quem Rowena
supôs que era Néstor. Ela estava refletindo sobre as desvantagens de não falar espanhol quando Esperança a segurou para que se detivera, e seus dedos envolveram
aos de Rowena em um fortísimo apertão.
Rowena sentiu a razão antes de vê-la. Sim Kavanagh estava na sombra de uma das casas, simplesmente olhando-a fixamente. Ou a Esperança. Na distância era difícil
sabê-lo. Seu sozinho olhar fixo era suficiente para lhe arrepiar o curto pêlo da parte de atrás da cabeça. Depositou as flores em sua mão livre.
Inimigo, gritou-lhe o instinto. E por uma vez esteve em perfeita concordância com seu sentido comum.
Capítulo 9


Violência. Isso era tudo o que Felícita podia sentir, apanhada sob o fixo olhar quente e violento do homem chamado Sim.
Ela estava acostumada À sensação de ódio, não a sua própria. Tinha-a rodeado como um ar asqueroso em Los Milagres depois da morte de Tio. Ela quase poderia ter esquecido
esse tortura, de não ser pelas emoções confusas que se formavam redemoinhos constantemente entre Tomás e Rowena.
Mas não tinha sido preparada para o Sim Kavanagh. O ódio dos aldeãos vinha do temor, e o temor ela o entendia. Sempre que Sim Kavanagh estava perto, algo muito mais
terrível invadia seu conhecimento. Ele não era como Tomás, nem como qualquer dos outros que cavalgam com ele. Homens violentos tinham vindo alguma vez aos Milagres,
mas seu tio sempre os tinha mantido longe da casa. Nunca tinham sido reais para ela... até agora.
Tio não estava aqui para proteger a do Sim. Ela nem sequer tinha conhecido seu nome até que a viagem até este lugar esteve quase terminado, mas tinha aprendido a
evitá-lo rapidamente, como o faria ante um escorpião ou uma serpente mortal.
Não estava bem. Por razões que não entendia, ele a olhava. Uma e outra vez, ela sentia seu olhar fixo seguindo-a... quando cavalga, comia, dormia. Ele queria algo
dela, algo que ela sabia que não poderia dar. a mente do Sim era uma escuridão de raiva e transbordante necessidade. Desde não ter sido pela Rowena, ela se teria
perdido nessa insondável escuridão.
Uma vez ele tinha tentado tocá-la, e a dama o tinha detido. Essa foi a primeira vez que Felícita soube que as emoções de ameaça não eram só para ela. Ele odiava
a Rowena.
agora, em um lugar que deveu ter sido um santuário, o ódio do Sim Kavanagh golpeava com a força de cem murros. atirava e atirava para a Felícita, mas Rowena era
a que desejava machucar.
Incapaz de gritar uma advertência, Felícita choramingou e segurou a mão de Rowena.
Rowena lhe apertou os dedos.
-Não tenha medo. Não permitirei que te faça mal.
Felícita sacudiu a cabeça com desespero. Rowena devia saber que Sim não era seu amigo, mas não sentia o que Felícita sim.
a dama estava em perigo.
Essa certeza despertou na Felícita um impulso nada familiar. Ela desejava... desejava proteger a seu amiga. Ela, que tinha vivido sua vida À sombra de seu tio, que
logo que pôde sair mais à frente da soleira de sua própria casa, desejava proteger a uma grande dama que tinha ao lobo como amigo.
Louca. Era débil e ignorante, incapaz de cuidar de si mesmo, para tentar cuidar de alguém mais. Havia muitas novas vozes em sua cabeça, muito dor escondida. Se não
podia impedir que a enchessem, romperia-se como uma panela de argila utilizada muitas vezes.
Sim Kavanagh se aproximou lentamente para elas, seu chapéu negro fazendo sombra seus olhos.
-bom dia, linda senhorita . - Disse, ignorando a Rowena.
Felícita se encolheu ante a fome em seu olhar.
-Hei-lhe dito que se mantenha afastado desta garota . - Disse Rowena.
Tirou de seu colete os elementos para armar um cigarro e enrolou o tabaco no papel. acendeu-o com um fósforo e inalou profundamente.
-Talvez me fiquei prendado dela.
a dama pareceu resplandecer com tensão e cólera.
-Não se valorar sua vida.
-É uma ameaça? -Sim soprou uma nuvem de fumaça na face de Rowena. - Talvez se esqueceu de nossa conversa.
Um raio de poder saiu disparado da dama e tocou a mão da Felícita como um relâmpago. Felícita nunca antes havia sentido uma energia tão impressionante... exceto
no lobo que a tinha resgatado. Rowena estava mais que zangada. Seus pálidos olhos castanhos dourados se estreitaram até ficar como frestas, e seus lábios retrocederam
mostrando seus dentes. Seu rosto... seu rosto...
Estava ao bordo de chegar a converter-se em algo cem vezes mais perigoso que Sim Kavanagh.
-Não me esqueci . - Disse ela, com a voz baixa e rouca. - Faça sua disputa comigo, mas não a toque.
Ele lançou o cigarro ao chão.
-Que gracioso que Tomás nunca esteja aqui quando você o necessita.
-Não o necessito para tratar com você.
-Isso é bom, porque é melhor que não vá correndo para ele por amparo... não se quiser a esta moça sã e salva.
Rowena lançou seu braço para cima com o punho apertado. Nem sequer tocou a Sim, mas ele retrocedeu bruscamente como se tivesse sido golpeado por um homem duas vezes
seu tamanho.
Felícita se cambaleou, açoitada pelo peso das emoções: a raiva de Rowena para o Sim e o horror por essa raiva; o ódio do homem em resposta e a comoção. Sua face
se tornou tão branca como a da dama.
-Você é como Tomás . - Disse ele duramente. - É o que ele é.
a silenciosa negação de Rowena encheu a Felícita, não, não, não, como o repique de um sino em sua cabeça. Ela abriu a boca para chiar o que Rowena não diria: Não,
não, não...
-Rowena?
Tomás. Sua voz era mais forte que as negações intoleráveis. Estas desapareceram gradualmente, deixando um silêncio doloroso. Felícita piscou olhando-o.
-Pensei que vinha comigo . - Disse ele. - Sim?
Kavanagh e Rowena estavam quase um ao lado do outro, fingindo que nada tinha acontecido. Sim olhou diretamente a Tomás aos olhos.
-Justo estava lhe dando o boas-vindas Às damas.
a mentira foi como uma tempestade que estalou em meio de suas palavras. Rowena estreitou a Felícita em seus braços, tremendo tão levemente que ninguém mais podia
dar-se conta.
-Esperança requer paz e calma . - Disse ela.
-E você desejará descansar e te refrescar -respondeu Toma. - Estou seguro de que Sim pode guardar suas boas-vindas para um momento mais adequado.
Sem outra palavra Sim virou sobre seus talões e se dirigiu a pernadas para os campos que estavam atrás do pueblecito. Tomás olhou afastar-se, com a insinuação de
um cenho entre suas escuras sobrancelhas.
-Minha senhora, Néstor está aqui para te mostrar sua casa.
O velho homem, que Felícita tinha conhecido a noite anterior, avançou para saudar Rowena. Ela permitiu que Néstor os guiasse, mansa como um cordeiro, mas por debaixo
fervia de angústia e vergonha.
Felícita não sabia como ajudá-la. Tudo o que podia ver, quando olhou dentro, foi a face trágica e formosa de um lobo de um branco fantasmal.
a porta de madeira da casa de tijolo cru se fechou de repente e Rowena se apoiou contra ela, concentrando-se em tomar longas e firmes baforadas de ar. Esperança
se sentou a seu lado contra a parede, abraçando-as joelhos. Rowena se sentiu tentada a unir-se a ela.
Estava agradecida que Tomás não tivesse insistido em ficar. Tinha estado muito perto de desonrar-se em frente do Kavanagh, Esperança... e Tomás, o pior de tudo.
Tinha havido um momento, enfrentando-se a Kavanagh, quando ela tinha enfacedo o selvagem, se horrorizando ante o impulso de tirá-las roupas e Mudar.
Nunca lhe tinha acontecido antes. Tinha sido obrigada a Mudar, no Greyburn, mas da adolescência não se havia sentido nem remotamente tentada. Nem tinha sofrido tal
cólera cegadora.
a ameaça do Sim a Esperança, não para ela mesma, tinha-o provocado.
-Tomás nunca está perto quando você o precisa -havia dito Kavanagh com agressiva brincadeira.
Mas também tinha ameaçado ferindo esperança se ela o dizia a Tomás. Esse era um risco que não estava disposta a correr... ainda.
afastou-se da porta e atirou de Esperança para pô-la em pé.
-Vêem. O que te parece se visitarmos nossa nova... -Prisão? Não ajudaria a Esperança o falar tão amargamente-... nosso novo lar? -terminou.
a casa era muito semelhante a que tinha ocupado durante a noite em Rito Pequeno, embora consistia em só duas habitações. O quarto principal estava escassamente mobiliado
com uma mesa grosseiramente feita, quatro cadeiras de madeira, prateleiras, e uma despensa. Havia um lar com forma de colméia construído em um rincão distante. as
janelas eram pequenas e profundas, e tinham persianas de madeira em vez de vidro. Um tapete tecido proporcionava a única cobertura para o piso de barro.
Uma abertura levava a outro quarto, no que havia uma cama estreita, uma mesa esculpida que sustentava uma terrina e um cântaro para lavar-se, e uma segunda despensa
que, pensava, devia usar-se como um armário. Uma jarra de argila com flores descansava no batente.
O lugar estava bastante limpo, a pesar do mobiliário primitivo. Mas carecia de calor ou personalidade. Quem tinha vivido aqui? a casa não se construiu só para o
uso de Rowena.
Verteu água na terrina para lavá-la face e as mãos. Esperança a imitou.
-vamos ver o que acontece o café da manhã? -perguntou-lhe À garota.
Esperança assentiu, com o temor desvanecendo-se de seus olhos.
Como tinha sido noivo, uma comida as aguardava sobre a mesa na habitação principal. Fazia muito que Rowena tinha deixado de negar as omeletes e frijoles; inclusive
tinha começado a desfrutar dos sabores e as texturas únicas da cozinha local. Para sua surpresa, alguém havia trazido fresa, pão fresco, manteiga, e verdadeiro chá,
servido em descascada baixela de porcelana.
Quem mais, mas Tomás?
Que jogasse anfitrião generoso. Ela não era o bastante estúpida para rechaçar uma boa comida. Na Inglaterra, era costume que as damas só provassem a comida. Um entorno
selvagem demandava uma atitude bastante diferente; a gente não podia predizer a regularidade nem a abundância da próxima comida. Rowena tinha intenção de manter-se
forte e lista, e dar um bom exemplo para Esperança.
a jovem, para sua satisfação, comeu com verdadeiro apetite, embora obviamente não estava familiarizada com a manteiga nem com o chá. Ela olhou cuidadosamente a Rowena
esperando indicações. Rowena lhe mostrou com gestos como pulverizar manteiga no pão pulcramente talhado, e servir chá.
Enquanto comiam, Rowena dirigiu seus pensamentos ao problema mais urgente sobre seu futuro imediato: Tomás Alejandro Randall.
a noite anterior já lhe parecia um sonho. a cova, e o beijo de Tomás, tinham-lhe roubado temporalmente seu critério, assim como seu autocontrol. agora que estava
segura dentro das paredes artificiais, embora toscas, podia pensar apropiadamente outra vez. Enquanto bebia seu chá, o caminho se voltou mais claro.
até a noite anterior, ela tinha conseguido tratar suas brincadeiras sensuais e sua conduta muito íntima como tentativas para desmoralizá-la e intimidá-la, estabelecendo
sua dominação como poderia fazer qualquer fera. Inclusive as eróticas imagens mentais lhe tinham parecido uma espécie de jogo desagradável, justo uma parte mais
de sua vingança para Cole, que se estendia a ela.
O beijo a tinha forçado a reconsiderar essa teoria. Não tinha sido dado em brincadeira, nem utilizado como outra arma mais para confundi-la e dominá-la. Tomás tinha
sido bastante sincero... tão sincero como um homem como ele poderia chegar a sê-lo.
Contudo, comportou-se muito melhor do que ela tinha antecipado. Ele nunca a machucaria realmente, e tinha renunciado a seus costumes, em mais de uma ocasião, para
fazê-la sentir cômoda. Não havia razão nesta terra pela que ele devesse esforçar-se tanto em enganar a um mero refém... a menos que pensasse não só retê-la para
pedir resgate, mas também também para seduzi-la.
Tinha planejado a sedução desde o começo, quando a tinha roubado primeiro em Colorado? Sua conduta tinha sido excessivamente familiar do começo. quanto mais resistia
a suas insinuações, mais determinado se tornou... Como havia dito? Para tratá-la "como uma mulher inteligente, com muito espírito e apaixonada."
acreditava que era apaixonada. acreditava que podia ser ganha.
E ela tinha sido ganha, na cova, por uns poucos momentos estremecedores. Quão duramente tinha lutado contra ele? a lembrança a encheu com menos mortificação que
maravilha. tocou-se seus lábios partidos. Pulsavam com uma dor fantasmal, como se tivessem saudades um pouco perdido.
admite-o, - Disse-se a si mesmo. até que o admita, não poderá lutar. foste vencida antes de começar.
Ela fechou os olhos. Muito bem. Encontrava a Tomás atraente. Tinha-o sentido À primeira hora de conhecê-lo. Não podia encontrar uma boa razão, já que não deveria
sentir-se impressionada por seus olhares aposta e seu evidente atraente.
Eram seus expressivos olhos, ou sua musical voz, capazes de expressar tanto força como gentileza? Sua risada fácil? a total indiferença pelas conseqüências, tão
completamente distinta de sua própria visão do mundo? Ou a forma em que dirigia tal lealdade, e resgatava damas em apuros? Como podiam estas qualidades pesar mais
que seus crímenes?
Ou era essa a mesma atração... que ele podia fazer todas as coisas que ela se negava a se mesma?
Era uma loucura. Mas a voz dele respondeu em sua mente: "Existe uma certa satisfação na loucura. Mas alguma vez se permitiu descobrir isso, não é assim?"
Ela certamente o tinha descoberto. E soube que estava em um perigo muito grave.
Sua mão tremia tão quando apoiou a xícara, que o chá frio salpicou a mesa. Bem, a admissão parecia. Reconhecia seu perigo; sentia-se tanto liberada como envergonhada
ante o reconhecimento de sua debilidade. Não podia confiar mais em sua determinação e seu autocontrol. Tomás era um ladrão disposto a roubar o que ela mais valorava,
e o que ele roubasse não poderia ser recuperado.
Cada dia que ela ficava aqui, o perigo cresceria. agora que tinha chegado ao lugar onde Tomás pensava retê-la, tinha duas eleições claras: ficar presa e arriscar-se
Às conseqüências, ou encontrar uma maneira de escapar. Os encontros com o Sim Kavanagh a convenceram de que Esperança não poderia permanecer aqui sem ela. a fuga
devia ser planejada para dois.
Não se enganava a si mesmo respeito a que seria fácil. O canhão não tinha cômodas saídas, e ela tinha chegado com os olhos enfaixados. Teria que provar os limites
de sua liberdade aqui, e estudar com cuidado o canhão de um extremo a outro, sem parecer que o estava fazendo.
Seria muito mais plausível com aliados. Mas os homens de Tomás eram leais, sobre tudo Kavanagh. Ela não podia esperar que os filhos ajudassem a uma estranha.
Os filhos. Franziu o cenho ante seu último morango. Era uma lástima que fossem privados da possibilidade de uma vida e educação normais, entre pessoas respeitosas
da lei com maneiras decentes.
Tomás era, em um sentido, o líder destas pessoas. Devia haver alguma maneira de lhe fazer entender o que devia aos filhos. Mas teria que ser muito cuidadosa para
não contrair uma dívida com ele.
Não se atrevia a esquecer-se de que era inimigo de Cole. E dele.
a porta rangeu atrás dela. O homem velho, Néstor, apareceu a cabeça.
-vim a limpar a mesa . - Disse, temperado-los olhos castanhos com uma expressão de curiosidade e receio. - Se tiverem terminado...
Rowena ficou em pé e lhe fez um gesto a Esperança.
-Estamo-lhe agradecidas, senhor...
-Sou só Néstor -respondeu ele. entrou no quarto e recolheu os pratos com cuidado. - Foi a comida de seu agrado?
Seu inglês era acentuado mas claro, e a gentileza de sua voz era apaziguadora. Rowena sorriu.
-Muito, Néstor.
Ela tinha estado procurando aliados, e embora não havia razão para suspeitar que Néstor era menos leal a Tomás que os outros, podia ser mais comunicativo. Não faria
mal tentá-lo.
-Preparou-a você?
-Minha esposa me ensinou a assar pão, mas foi Dom Tomás quem trouxe a fruta e a manteiga.
-O pão estava delicioso.
Ele baixou a cabeça.
-Levarei-me estas coisas agora.
-Mas voltará? Sei que acabamos de nos conhecer, mas tenho tantas perguntas a respeito deste lugar. Talvez você poderia me ajudar. -Ela dobrou as mãos em súplica.
- Por favor.
Ele vacilou cando estava na porta, fazendo equilíbrio com os cobertos e a baixela, e então seus olhos se acenderam com prazer mais que receio.
-Sim, Dona Rowena. Dom Tomás falou muito de você. Retornarei.
Ela se apurou a lhe sustentar a porta para que ele saísse. a menos que se equivocasse, Néstor poderia chegar a ser uma fonte muito valiosa de informação.
Com pouco esforço, convenceu a Esperança que se deitasse na cama. a garota logo caiu em um sonho esgotado. Rowena se compôs para esperar a volta do Néstor.
Ele golpeou uma meia hora mais tarde. Rowena sabia que a porta tinha sido fechada, mas o saudou como uma anfitriã educada, lhe oferecendo uma cadeira.
Fez alguns comentários corteses sobre o tempo e a beleza do canhão, e então começou seu interrogatório.
-Desejo lhe agradecer outra vez pelo café da manhã.
-Não é nada, Dona Rowena.
-a boa hospitalidade nunca deve ser dada por sentado, senhor. Esta é uma casa encantadora -continuou. - Espero que minha chegada não tenha comnoivo que alguém ficasse
fora de seu lar.
Néstor sorriu.
-É a casa de Dom Tomás.
-Já... vejo.
por que deveria estar surpreendida? a cama em que Esperança dormia também devia ser dela.
-Dom Tomás tinha preparada para você . - Disse Néstor ansiosamente. - Ele desejava que você estivesse cômoda.
-Que amável de sua parte. -Ela duvidou que Néstor captasse sua ironia. - me Diga Néstor, quanto lhe há dito Dom Tomás a respeito de mim? Há-lhe dito ele por que
estou aqui?
O olhar receoso retornou aos olhos do velho. encolheu-se de ombros incómodamente.
-Suficiente -respondeu.
Então melhor não discutir sua posição como presa.
-Você entende que há muito que não sei a respeito de Tomás.
-Sim. Muitos não o conhecem, mas eu estive com ele desde sua infância.
O interesse de Rowena se duplicou.
-Então deve ter conhecido a sua mãe.
-Dona adelina. Era uma mulher valente e bonita. a família de Tomás não sempre viveu neste canhão. Uma vez foi herdeiro de muitas varas da terra mais fina do este.
Mas quando seus inimigos vieram... -deteve-se, esfregando-os lábios gretados. - Talvez lhe tenha contado isto.
-um pouco.
Não estas aqui para aprender sobre seu passado, repreendeu-se, a menos que te ajude a escapar.
Néstor estudou sua face durante um longo momento.
-Você não tem uma boa opinião dele, Dona Rowena.
acredita que deveria tê-la, nestas circunstâncias? Seus pensamentos se desviaram para ao beijo e tropeçaram sobre si mesmos com confusão e desgosto.
-Você deve saber que eu não... esperava vir aqui.
-Ele pensa muito bem a respeito de você.
De repente ela foi conciente dos batimentos do coração de seu coração como não o tinha sido um instante atrás. mordeu-se o lábio inferior para evitar perguntar como
sabia.
Néstor se levantou e caminhou alguns passos desiguais, afastando-se da mesa.
-Você o julga com apenas uma parte do que é. Não tudo é como parece. -Encarou-a com um cenho sério. - Muitos dos que vieram ao Canhão do Rito das Lágrimas foram
salvos por Dom Tomás.
-Salvos?
-Você estava com ele quando resgatou À garota. Não foi a primeira vez, nem será a última. -sentou-se outra vez, movendo seus marrons e grossos dedos. - Ramón foi
acusado de um assassinato que não cometeu. Tomás se inteirou disso, e arriscou sua vida para salvar o da forca. Ramón está seguro aqui.
Ramón, ela recordou, era o homem sem filhos.
-O que tem que os outros que o seguem?
-Todos devem a Dom Tomás sua lealdade. São homens bons.
É por isso pelo que estão tão dispostos a unir-se a Tomás no furto e a violação da lei, por não mencionar o intento de assassinato do Weylin McLean?
Semelhante discurso direto não teria sido prudente.
-Também resgatou a Sim Kavanagh?
Néstor deveu reconhecer seu sarcasmo.
-ajudaram-se o um ao outro muitas vezes -respondeu ele. - O senhor Kavanagh... é um homem duro.
-Verdadeiramente.
-Dom Tomás trouxe para os órfãos, Enrique e Pilar, a viver aqui quando seus pais morreram . - Disse rapidamente. - houve outros como eles, que permaneceram e se
foram quando foi o momento correto.
Néstor falava como se o canhão fora um santuário em vez de uma guarida de criminosos procurados. Estava ansioso por convencer a de que Tomás era mais um benfeitor
heróico que um proscrito. Ela o tinha visto interpretar esse papel em Rito Pequeno, e outra vez com Esperança. Estava notavelmente pouco surpreendida de que o tivesse
feito antes.
Fazia o bem como uma necessidade de expiar o que sabia que estava mau? Havia uma grande diferencia entre ajudar a um homem como Kavanagh e proporcionar um lar, embora
imperfeito, a pequenos órfãos. Nada do que Néstor lhe havia dito lhe serve para fazer a Tomás mais compreensível.
Só a fez duvidar de si mesmo.
Se continuava lhe perguntando a Néstor, certamente ouviria tanto como queria saber sobre o passado de Tomás e seus motivos. Entretanto, a história seria unilateral,
enviesada em favor do proscrito, e portanto, sem valor. Não tinha mais eleição que continuar confiando em seu próprio julgamento.
atreveria-se a fazer isso?
-Você falou dos órfãos . - Disse ela por fim. - Quem os cuida?
-Todos nós. Eles não carecem de nada.
Exceto do pais, educação e criação, pensou ela. Mas não desejou contrariar a Néstor com mais críticas para seu amo. Melhor seria girar a conversa para uma direção
mais frutífera.
-Sabe você -perguntou cuidadosamente, - se me permite caminhar por fora desta casa?
-Dom Tomás - Disse que poderia ir onde quisesse dentro do canhão . - Disse ele. - Mas não seria o melhor para você desviar-se muito longe sozinha.
Então... Tomás devia acreditar que havia poucas oportunidades de que encontrasse uma saída de escapamento, ou que lhe faltaria o valor para tentá-lo.
-Certamente serei cuidadosa -respondeu ela, - mas o deserto agora é menos estranho para mim que faz uma semana.
Néstor resplandeceu.
-Gosta de nossa terra, Dona Rowena?
-cheguei a... reconhecer suas finas qualidades.
-Excelente. -Ele juntou suas mãos curtidas e enrugadas. - Logo verá a beleza de nosso canhão.
Parecia que Néstor estava ansioso por que ela explorasse. Quais era seus motivos? Tinha alguma noção de que ela ficaria aqui por sua própria vontade?
Ou esperava que cultivando seu amor por esta terra, crescesse também seu amor por...
-Tinha os olhos enfaixados quando vim ao canhão . - Disse ela apressadamente. - É a maneira em que todas pessoas entram?
-Os que são novos, sim.
Então devia haver algum risco de que alguém encontrasse a saída, por acaso ou devido a uma investigação cuidadosa. a possibilidade lhe deu esperanças.
-Suponho há poucos povoados de qualquer tamanho na região.
Ele arqueou uma peluda sobrancelha branca.
-Os aldeãos mais próximos som todos amigos de Dom Tomás.
Uma advertência de que não poderia, inclusive se escapasse, esperar ajuda dos nativos. Que assim fora. Encontraria uma maneira.
-Bem, senhor Néstor, sua conversa foi que o mais esclarecedora . - Disse ela. - E sua comida, deliciosa. Espero ansiosamente a próxima oportunidade de saboreá-la.
-ah, sim, Dona Rowena. Quase me esquecimento. Dom Tomás pergunta se pode ter a honra de jantar com você esta noite.
O pedido era uma mera formalidade, já que ela dificilmente poderia lhe impedir de entrar em sua própria casa.
-É obvio -respondeu ela. - Esperança será convidada, suponho.
Néstor assentiu e se levantou para ir-se.
-Deixarei-lhe a porta aberta, Dona Rowena.
-Obrigado.
Ele sorriu agradando ante sua tentativa em espanhol e realizou uma pequena reverência da porta, enquanto se ia. Ela provou o trinco depois de que ele se fora; certamente
estava sem fechar.
Esperança dormia ainda quando Rowena foi ver a. Nenhuma delas tinha alguma exigência em seu tempo. Não havia razão para adiar a primeira inspeção informal de sua
grande prisão.
a praça frente à porta estava nesse momento deserta. Ela olhou com curiosidade o punhado de casas, perguntando-se onde passava Toma suas noites.
Não te concerne, - Disse-se a si mesmo. Ele poderia dormir em um cacto se assim o escolhesse. a imagem a alegrou. Vagou pela praça e vislumbrou a vários homens
que trabalham nos campos. Granjeiros agora, não proscritos, fazendo o que os granjeiros faziam por todo mundo. Os filhos deviam estar fora jogando, ou ajudando aos
adultos.
Estava considerando caminhar para os campos para olhar mais de perto, quando o pequeno Enrique veio correndo desde atrás da casa mais próxima. parou-se em seco quando
a viu.
-bom dia, senhorita -lhe - Disse. Sua face estava manchada com terra, mas seus olhos estavam brilhantes e felizes.
-bom dia -pronunciou ela cuidadosamente. - É agradável verte outra vez, Enrique.
-E a você, senhorita. -Ele quadrou seus magros ombros. - Falo inglês, melhor que ninguém exceto Néstor e Dom Tomás.
-Já vejo. Onde aprendeu?
-Néstor me ensinou. Eu era seu aprendiz.
Ela entendeu a palavra.
-Cuida Néstor de ti e de Pilar?
Ele se encolheu de ombros.
-Eu não necessito que ninguém me cuide. Eu cuido de Pilar.
De repente recordou a Quentin a essa mesma idade, desprezando qualquer limite a suas liberdades de moço. acreditando que já não necessitava a supervisão adulta.
naquela época, seus pais levavam anos mortos, e o avô era um tirano a ser temido, não adorado. Ficassem órfãos virtualmente em todo sentido.
-Onde está Pilar?
-Tratando de fazer uma boneca -respondeu com uma careta. - irei ajudar a Isaaque com as ovelhas, ali acima. -assinalou para a meseta sobre o precipício do oeste.
- Sei tudo sobre as ovelhas.
assim que o menino tinha uma espécie de trabalho, e tinha aprendido a falar inglês. Talvez os filhos não estavam tão mal...
-...não sempre serei um pastor. algum dia, serei como Dom Tomás.
Rowena franziu o sobrecenho.
-O que quer dizer Enrique?
-Serei um cavalheiro, um homem de importância a quem os outros respeitem -lhe respondeu, levantando o queixo.
Isso era o que ele acreditava que Tomás era?
-O que faz Toma para que o admire tanto?
-Castiga aos malvados, que roubam aos pobres . - Disse orgulhosamente. - Eles lhe temem. Estava em Los Valorosos quando os Texanos vieram. Quero combatê-los com
Dom Tomás.
Ela não entendeu o significado da parte a respeito Dos Valorosos e os Texanos, mas o resto estava bastante claro. Tomás enganava ao menino, ou permitia que os outros
o fizessem. Enrique realmente admirava a seu proscrito patrão.
-Sabe por que estou aqui, Enrique? -perguntou, escondendo sua consternação.
-ah, sim. Você é como Dom Tomás, um homem lobo. Quero dizer, uma mulher loba. -Pensou por um momento, e então adicionou sorrindo- Um... werewolf .
Bom Senhor.
-Como soube?
-Néstor me - Disse isso. Dom Tomás o - Disse. Desejaria poder ser como você e como Dom Tomás -sorriu nostalgicamente. - Então poderia correr tão silencioso e rápido
como luz da lua. Você é muito afortunada.
afortunada? Como podia fazer com que este menino o entendesse?
-Não é o que crie...
-Não há muitos como Dom Tomás em nosso país -interrompeu ele. - agora que você está aqui, já não estará sozinho.
Rowena fechou os olhos. Néstor sabia a verdade a respeito de sua presença nesse lugar, e inclusive parecia disposto a fazer de casamenteiro. Enrique assumia uma
relação que não existia, não podia existir. Talvez o menino tivesse bom coração, mas estava muito equivocado. Carecia tanto de maneiras como de um mentor conveniente.
-Você é o bastante bonita para Dom Tomás . - Disse ele, como se a respirasse. - Será uma boa esposa para ele.
Ela tinha começado a aprender a captar as raízes das palavras espanholas, e se horrorizou ao dar-se conta do que tinha dado a entender. Esposa. Spouse. Wife.
Era absolutamente essencial corrigi-lo, e a qualquer outro que estivesse no mesmo engano.
-Enrique... há algo deve saber...
-Perdão, senhorita. Tenho que ir com o Isaaque agora. Falarei-lhe logo!
Ele saltou longe como um veado jovem, sem olhar para trás.
Rowena se envolveu com os braços e tremeu ligeiramente. Isto não ia nada bem. Não se encontrava na condição de ver agora aos homens de Tomás.
Caminhou para sua casa, com os olhos fixos no chão. Empurrou a porta sem advertir que já estava entreabierta.
Havia uma menina, com as mãos cheias de tecido branco, que se deteve com expressão culpado enquanto Rowena cruzava a soleira. Pilar. O objeto de vestir em mãos da
pequena era a camisola de Rowena.
Pilar o deixou sobre a mesa e se retirou.
-Perdão, senhorita . - Disse em um sussurro.
Fechando a porta atrás dela, Rowena sorriu tranqüilamente.
-Está bem, Pilar. acabo de falar com seu irmão.
a face da menina permaneceu cautelosa. Rowena observou que estava descalça e vestida com uma camisa e calça remendados e velhos. Devia ter revisado seus alforjes
para encontrar essa gosta muito de vestir.
Mas Rowena não sentiu indignação, só compaixão. Não se surpreendeu de que a menina se sentou atraída por um objeto de vestir de mulher. Estava justo nessa idade.
-por que não se sinta? -perguntou Rowena. moveu-se despreocupadamente para a mesa e recuperou a camisola, pendurando-o sobre o respaldo de uma cadeira. - Me alegra
ter visitantes.
Pilar se aproximou de um assento.
-Não está zangada porque olhei seu vestido?
-Para nada. -sentou-se em frente da menina. - Vejo que falas inglesa tão bem como seu irmão.
O rosto de Pilar se relaxou.
-Sim. -a menina se retorceu. - Você é uma dama muito bonita. Tem roupas tão lindas... Eu nunca vi tais coisas.
-Obrigado. -Ela tocou Isto camisola é um... vestido para dormir.
Os olhos da menina se aumentaram.
-OH. É muito suave. -Seu olhar percorreu avidamente o muito manchado e maltratado traje de viagem de Rowena. - Levam todas as damas vestidos como o seu?
Como devia responder isso a?
-algumas o fazem. -Ela se esclareceu garganta. - Tem algum vestido, Pilar?
-Uma vez o tive. -a menina suspirou. - Quando minha mãe... antes de vir aqui.
Rowena sentiu uma indignação renovada. Não era correto que uma menina de sua idade se visse forçada a levar roupas de menino, empurrada a aproximar-se da morada
de uma estranha para ver o que poderia levar sob condições normais.
-Enrique - Disse que estava fazendo uma boneca -lhe - Disse.
a garota deixou cair o olhar.
-Não sou boa.
Com um olhar envergonhado, retirou algo do bolso de sua calça. a figura disforme estava feita com pedacinhos de tecido, com uma longa costura desigual, uma perna
mais longa que a outra, e sem roupas.
-Como aprendeu a fazê-lo? -perguntou Rowena brandamente. - Te ensinou alguém?
-Não. Sei que é feia. -atirou a estranha boneca ao chão, se escabulló do assento e fugiu pela porta.
Rowena a deteve nesse instante.
-Pilar... não é feia. É só que não tem os materiais adequados para trabalhar.
Pilar se virou para fitá-la com o rosto sulcado de lágrimas.
-Poderia aprender, senhorita. Posso fazê-lo.
-É obvio que pode.
-Ensinará-me você? -Um sorriso otimista apareceu em seu rosto. - Não voltarei a tocar suas coisas, prometo-o.
Rowena tragou duramente. Tinha querido aliviar À menina, e se tinha apresentado de algum modo como uma professora. Deus sabia que a menina não tinha habilidade com
a costura, e provavelmente nunca tinha bordado nem um lenço em sua curta vida. Essas eram suas menores desvantagens.
Necessitava a uma mulher que a guiasse. Rowena tomou uma decisão impulsiva e perigosa.
-Você gostaria de ter um vestido, não é assim?
-OH, sim!
-me deixe que veja o que posso fazer. Não posso prometer nada, mas farei meu melhor esforço. E talvez então, terá o que se requer para fazer também um vestido para
sua boneca.
Pilar ficou sem palavras. apressou-se a tomar sua boneca e a segurou, abraçando-a posesivamente.
-Obrigado, senhorita. Obrigado!
-Não há de que.
Uma vez que Pilar se foi, reuniu seu disperso julgamento. Como tinha cansado nisto? agora deveria mover céu e terra para que a menina obtivera seu vestido... e havia
outros filhos a considerar. Sim. as meninas, especialmente, deveriam ter pelo menos alguns dos benefícios da condição de mulher.
Teria que lhe perguntar a Tomás. lhe mendigar inclusive, se fosse necessário. Mas primeiro tinha intenção de que confrontasse suas responsabilidades. Humilhar-se
a si mesmo, e ficar em dívida com Tomás, era uma medida como último recurso.
depois de um momento de dolorosa reflexão, levantou o olhar para encontrar-se com Esperança no marco da porta. a jovem parecia ter olhos sonolentos, mas Rowena sentiu
que tinha presenciado alguma parte da conversa com Pilar.
-Bom . - Disse Rowena, - o que sabe de costura, Esperança? Crie que me poderia ajudar a ensinar a algumas meninas a costurar e bordar?
Esperança sorriu e assentiu, com mais ânimo em seus olhos do que Rowena tinha visto em dias. Ocorreu a Rowena que um propósito era exatamente o que a jovem necessitava,
uma distração de suas próprias penas ao ajudar a outros.
Um propósito. O jantar dessa noite com Tomás certamente teria um propósito, e isso a faria mais forte para enfrentá-lo outra vez. Ela manteria a vantagem.
Esta noite Tomás Alejandro Randall aprenderia quão determinada podia chegar a ser.
Capítulo 10


Tomás se encontrou a Sim lançando pedras da boca de uma cova natural a meio caminho da parede leste do canhão, onde havia suficientes pontos de apoio para os pés
para que um humano corrente pudesse subir. Considerando a peste da fumaça dos cigarros preferidos do Sim, inclusive um humano corrente poderia havê-lo localizado
somente pelo aroma.
colocou-se sobre o suporte da cova pouco profunda e ficou de cuclillas ao lado de seu amigo. Sim continuou jogando fumaça e lançando calhaus em um silêncio comtemplativo,
mas seu reconhecimento da presença de Tomás não necessitava palavras.
-Uma boa manhã . - Disse Toma.
-Veio pela mulher.
Todo o desprezo na voz do Sim era pela Rowena, não por ele. Não obstante, encrespou-se. a reação era alheia e desagradável, como se se tivesse cuidadoso em um espelho
e visto, não a si mesmo, mas as retorcidas facções de Cole McLean.
Que Deus o salvasse de semelhante destino.
-Seu nome . - Disse brandamente, - é Lady Rowena. Pediria-te que o recordasse.
Sim apertou o filtro do cigarro sob a palma da mão.
-Lady. Deve ter sido impresionantemente boa na cama.
Tomás se tragou seu aborrecimento.
-O que acontece, Sim? passou muito tempo desde que teve uma mulher?
-Esse é seu problema, não o meu. Sempre tiveste muitos escrúpulos.
-Podem ser inconvenientes Às vezes.
-Os escrúpulos ou as mulheres?
Tomás forçou uma risada. Estudou o perfil andrajoso do Sim sob o chapéu negro flexível, as cicatrizes e rugas de muitos anos. Toda a amargura.
-Tem pouco uso para qualquer deles . - Disse.
Sim enrolou outro cigarro.
-as fêmeas são boas para uma coisa. as que são como seu perr... -deteve-se e cuspiu no canhão. - Seu lady não são boas nem para isso.
Tomás se levantou, meio inclinado para evitar golpeá-la cabeça contra o teto da cova, e rodeou a Sim por atrás. Só a ligeira rigidez dos ombros do Sim revelou sua
cautela.
Não medo. Simeon Kavanagh não tinha medo de ninguém nem nada. Não lhe importava o suficiente. Era uma coisa que ele e Tomás tinham em comum. Como havia dito a Rowena,
eram simplesmente seus métodos os que diferiam.
-Vi o que aconteceu você e Lady Rowena esta manhã . - Disse Toma com suavidade.
-Pôs-se a correr para ti depois de tudo?
-O que lhe - Disse?
-Estava tentando cercar uma conversa com a pequena senhorita. a dama não esteve de acordo.
Tomás tinha visto a forma em que o olhar do Sim tinha seguido À menina, Esperança, e como Rowena a tinha mantido segura sob sua asa como uma codorna com um pintinho.
Nunca tinha pensado que o interesse do Sim em Esperança fora genuíno. Nos anos que tinham cavalgado juntos, Sim se guardava os assuntos com mulheres para si mesmo.
a última mulher a que Tomás tinha visto visitar era uma prostituta troca na Santa Fé. Uma menina muda como Esperança não lhe interessaria.
Exceto como uma maneira de provocar a Rowena. Do momento em que se conheceram em Colorado, não se tinha incomodado em ocultar sua hostilidade. Sentia desdém pelo
belo sexo, mas este ódio direto era algo novo.
Tomás rodeou a Sim para colocar-se ao outro lado do homem, e ficou apoiado contra a parede da cova, olhando para o canhão.
-Não me minta, amigo. Era a Rowena a quem desejava ofender.
Sim lhe deu uma longa imersão a seu cigarro.
-Ofensa não é o que tinha em mente.
Tomás cravou os dedos na pedra desgastada do desfiladeiro. Queria rir e sacudi-la tensão que lhe enchia o corpo. Não lhe servia de nada semelhante seriedade. Da
morte de sua mãe, tinha decidido não voltar a guardar luto; a risada lhe servia muito melhor. Só os McLean podiam elevar suas paixões mais escuras, e estas não duravam
mais que os momentos de triunfo quando tomava uma parte mais de sua vingança.
a vingança era sua vida, e toda a vida era uma grande piada. Um desafio para vencer À morte tanto tempo como fora possível, e levar-se consigo aos McLean quando
se fora ao inferno.
Isso não se sentia como uma piada.
-Há algo que deve entender . - Disse. - a dama está sob meu amparo...
-Seu amparo? -Sim bufou. - a seqüestrou. Fez muito mais, diria eu. McLean se mijará em cima quando se inteirar de que já lhe tiraste sua cereja.
a vulgaridade deixou um sabor asqueroso na boca de Tomás. Nunca antes lhe tinha incomodado.
-Pedi-te que não falasse dela dessa forma . - Disse.
Sim virou a cabeça para observar a Tomás.
-Não me diga que não lhe pôs as mãos em cima?
-Não tomo a mulheres que não estejam dispostas.
-Bem por ti. -Sim estreitou os olhos. - Talvez é mais preparado do que pensava.
Tomás se ajoelhou a nível do Sim.
-Dava o que pensa amigo, ou pode que me zangue.
observaram-se o um ao outro.
-Muito bem . - Disse Sim. - É muito cego para ver o perigo. Seqüestra a esta fêmea porque é a mulher de Cole McLean, e a traz aqui...
-Sabe a razão.
-Sei o que começou a fazer. adverti-te ao princípio...
-Isso foi uma má idéia. -Tomás passou as pernas pelo batente e chutou a rocha com o talão de suas botas. - Não entendo esta cautela. Não é própria de ti.
Sim lhe lançou um olhar glacial.
-alguém tem que impedir que consiga que lhe matem.
-Você? -Tomás riu com assombro. - Quantas vezes arriscamos a vida juntos, meu amigo?
-Quantas vezes evitei que morrera quando estava decidido isso a? -afastou a vista. - Quantas vezes me salvaste a vida?
Tomás ficou em silêncio. Parecia que tinha passado um século desde que tinha encontrado a Sim amarrado com estacas no deserto, meio nu e gravemente ferido, deixado
para morrer À tenra compaixão de abutres e coiotes. Sua língua tinha estado muito inflamada para que pudesse falar nesse momento, mas depois, em seus balbuceios
febris, havia dito mais em um dia que durante os seguintes anos.
Palavras selvagens. Promessas de castigo sangrento. Tomás tinha juntado as peças de sua brutal vida a partir dessas maldições. Maldições para quão inimigos o tinham
deixado para morrer... e a maioria para a mulher que o tinha traído. Uma mulher que tinha amado.
Mais tarde, quando soube o nome do Sim, escutou outras partes e pedaços, o suficiente para saber que Sim tinha sido um assassino, um pistoleiro que alugava sua pistola
sem fazer perguntas. Tomás nunca lhe perguntou por seu passado. Quaisquer que fossem quão pecados tinha cometido o homem, já não tinha interesse neles. Uma vez recuperado,
o sinistro Sim Kavanagh começou a seguir a seu salvador com a inexorável persistência de um perigoso e leal cão.
Passado o tempo, essa obsessão se converteu em algo mais. a mudança veio quando Sim o salvou da armadilha de um caçador, e viu pela primeira vez o que era. Tomás
quase se rasgou a pata traseira tentando escapar... e então Sim esteve ali.
E Sim tinha entendido, sem palavras. Tinha deixado de seguir de perto cada movimento de Tomás, mas sempre estava preparado para lutar a seu lado. Só ele tinha a
influência para conter a Sim da violência que lhe vinha com tanta facilidade como a mudança a Tomás.
Nunca falavam do vínculo que tinha crescido entre eles. Era muito profundo para rechaçá-lo, inclusive pelo orgulho de Rowena. Ou o seu.
-Não deveria preocupar-se por mim, amigo . - Disse. - Tomo a vida como vem. Preocupar-se é morrer um pouco em cada momento. É melhor encontrar uma morte rápida
corajosamente, não é verdade?
antes, Sim teria estado de acordo sem vacilar. Deu uma imersão profunda a seu cigarro e não respondeu.
Tomás começou a perder a paciência.
-O que é o que tem Lady Rowena que odeia tanto? Porque uma mulher te traísse...
-Porque um McLean te feriu, rouba a cada rico que tem entendimentos com eles.
-Mataram a meu pai, roubaram-nos a fazenda...
-Demônios, não me importa o muito que roube a serpentes como McLean. Mas quando toma uma refém e está tão quente por ela que começa a pensar com os cojones, está-te
colocando para a forca. Se te arrastar ao fundo, será minha inimizade.
Tomás saltou outra vez.
-Maldito seja, Sim. O que faça é meu assunto. Não me faça escolher. Se alguma vez danificar embora seja um cabelo...
-Matará-me? -Marcou um caminho ardente de cinzas ao longo da mão, ignorando a dor. - Joga a ser um assassino, Tomás, mas não está em ti.
Tomás tirou o cigarro das mãos, e Sim se virou de repente para encará-lo. O impulso de Mudar de repente era muito forte, respondendo a uma ameaça, precisando demonstrar
a dominação. Poucos homens tinham desencadeado semelhante compulsão formidável.
-Talvez se esquece do que sou . - Disse, respirando com rapidez.
-Não o faço.
-Posso te obrigar a deixar o canhão. Nunca encontrará o caminho de volta.
-Ou posso te matar eu primeiro. -O Peacemaker com culatra de marfim do Sim apontava diretamente ao peito de Tomás. Grunhiu uma risada e pôs a arma de volta em seu
pistolera. - por que me incomodar? De todas formas McLean te agarrará.
a canção sangrenta de perigo ressonava com força nos ouvidos de Tomás.
-necessita-se mais que uma bala para me matar.
-Mierda -Sim sacudiu a cabeça. - perdeste a cabeça, homem. Deseja À... dama. Isso quase o posso entender. Mas vai atrás mais que de seu corpo, ou vingança.
-Está louco.
-Estou-o? Vi como a miras. a maneira em que o tráficos. E ela é de sua espécie. -Inclinou a cabeça. - Talvez não pode evitá-lo.
Tomás não estava surpreso de que Sim soubesse a natureza de mulher loba de Rowena. O teria sabido antes ou depois. Mas o resto era pura loucura.
-Não sabia que tinha uma imaginação tão boa . - Disse. - Ninguém me controla, Sim, nem sequer o lobo. E em relação À dama... é só um desafio. Diverte-me pôr a armadilha
com bondade. Virá a minha cama por sua própria decisão. antes que acabe, cuspirá sobre o nome de McLean.
Sim encontrou seu olhar.
-Crie isso, se o precisa . - Disse. Sua expressão se alterou; suavizou-se, como uma rocha dentada que milagrosamente se polisse em um instante. - Renuncia a ela,
Tomás. Deixa que se vá. Ela será sua morte.
Por um momento, Tomás acreditou. Mais que acreditar, sentiu o que Sim temia tanto, o que tinha feito que desafiasse a seu amigo e estirasse sua lealdade até o ponto
de ruptura.
Tomás riu, incapaz de suportar a alternativa.
-Uma forma bastante agradável de morrer. Mas não tenho intenção de deixar que McLean ganhe. -ficou sério e encontrou o olhar do Sim. - Só te peço uma coisa. me jure
Sim... me jure que nunca fará mal a Rowena.
-Pode tentar me obrigar, como - Disse.
-Quero sua palavra. Livremente.
Sim esteve quieto durante um longo tempo.
-Não lhe farei mal . - Disse em um sussurro áspero. - O juro.
-E deve deixar À menina, Esperança, sozinha.
-Está bem.
Um grande peso se foi do corpo de Tomás.
-Muito bem. -Relaxou os músculos do pescoço e os ombros com um giro de cabeça. - agora tenho outros assuntos que atender.
Sim olhou para o este, com a queixo apertada.
-Quando cavalgaremos de novo?
-Paciência, meu amigo. Logo.
Deixou ao pistoleiro para que fumasse seu último cigarro e atirasse calhaus ao canhão. Por muitas outras coisas que pudesse ser Sim, nunca tinha quebrado sua palavra
para Tomás. Rowena estava a salvo. Simplesmente os tinha que manter apartados até... até...
Não há futuro. Só presente.
Mas se encontrou esperando com vontades a noite como o parvo apaixonado que Sim, equivocadamente, pensava que era.


Weylin cavalgou bastante pela planície antes de Mudar.
Quanto tempo tinha passado? Tentou recordar ao desmontar e deixar a seu cavalo pastando na rica erva. Oito anos? Dez?
Sabia todas as razões pelas que tinha estado tanto tempo como um humano. a Pai não tinha gostado de Mudar; odiava-o tanto que virtualmente tinha ordenado a seus
filhos que não o fizessem. Naqueles dias, a gente não desafiava a Pai facilmente, e Weylin nunca tinha sido particularmente rebelde.
Cole era. Houve um momento, faz anos no Texas, quando Mudou por pura obstinação e caçou as ovelhas e demais ganho de outros homens. naquela época Weylin era um menino,
mas a matança sem sentido e a maldade do ato, haviam-no posto doente.
depois de que Cole perdesse seu braço na batalha com o Fergus McLean, negou-se a Mudar outra vez. Um lobo correndo sobre três patas era uma criatura patética; Cole
não toleraria nenhum indício de vulnerabilidade. Quando Pai morreu, Cole deixou claro À família que esperava que seguissem seu exemplo. E devido a que em sua espécie
o lobo nunca estava inteiramente afastado do homem, sem importar a forma, o instinto tinha exigido obediência... e desafio.
Weylin não estava interessado no desafio. Tinha chegado a considerar a Mudança como algo indesejável, mas não pelas razões que tinham Pai e Cole.
O fato era que ser um homem lobo significava que tinha vantagem sobre qualquer outro homem. Significava que podia cheirar mil vezes mais intensamente, te mover mais
rápido do que o olho humano podia sentir, escutar a uma agulha golpear o chão a uma distância de cinco habitações. Significava que sempre podia vencer, simplesmente
usando os poderes com os que tinha nascido, mas que não tinha ganho.
Era muito fácil. Não provava nada da valia de um homem. E Weylin se deu conta de que não queria aquilo que não tinha conseguido por seus próprios meios honestos.
assim tinha caminhado e cavalgado, e trabalhado como um humano. ainda podia cheirar e ouvir melhor que a maioria dos homens, e era muito difícil que o danificassem.
Não podia mudar isso. Mas se orgulhava de enfrentar-se a outros homens em términos iguais. Sem vantagens injustas, sem artimanhas, sem enganos.
obstinado-se a esse código até agora. até hoje. Porque esse homem que caçava era um homem lobo, e tinha esgotado as formas humanas de caçá-lo.
Lentamente começou a tirá-las roupas e armas. Quando terminou, guardou-as ordenadamente em seus alforjes. Seu cavalo estava bem treinado para manter-se em seu lugar,
mas a égua não tinha sido provada nas cercanias de um lobo.
Não havia razão para ser tímido aqui. Ninguém observava.
aspirou profundamente e ficou a correr devagar. Quando avançou um pouco menos de um quilômetro, parou-se. E se concentrou.
E Mudou.
Um raio líquido percorreu suas veias como se fora o centro de uma tormenta do deserto. Jogou a cabeça para trás, paralisado. Sentiu seus borde suavizar-se e fazer-se
imprecisos, converter-se em névoa, voltar a solidificar-se em uma nova forma. Não houve dor. Nem estupidez. Só um profundo sentido de correção... e alegria. Sua
pelagem era espessa e clara. Sobre quatro fortes patas se moveu pela planície, seus sentidos bombardeando-o com milhares de tentações. Soube que podia correr durante
horas, dias, quase invencível. por que Pai se mostrou tão resistente, Cole tão temeroso?
Isto era o que estavam destinados a ser.
Bêbado de júbilo, cedeu ao impulso e provou a força de seu corpo. Correu e saltou, e se deslizou até ficar completamente parado. Perseguiu uma mariposa. apanhou
um coelho imprudente e o deixou partir. E sua parte humana se deu conta como nunca antes, ao que tinha renunciado em busca de obrigação e justiça.
Obrigação e justiça. as palavras eram de um homem, não de um lobo, mas transpassaram seu transe como uma bala através do papel. Não estava sendo dirigido pelo lobo,
vivendo de forma selvagem sem consideração pela lei humana, como Tomás Alejandro Randall.
Randall era sua razão de voltar a ser novamente um lobo. sacudiu-se e se concentrou em sua forma humana. a névoa se fechou a seu redor, e se apoiou sobre dois pés,
privado da magia mas não do propósito.
Seu cavalo estava pastando onde o tinha deixado. Tirou suas roupas e as pôs de novo, colocando a arma em seu lugar.
Logo voltaria para Rito Pequeno, onde os habitantes tinham sido tão resistentes a lhe ajudar. Mas iria como um lobo, e como um lobo tinha a esperança de encontrar
o que tinha perdido: o esquivo aroma, o débil rastro que não tinha sido apagado pelo homem ou o tempo.
a coordenação agora o era tudo. Weylin tinha uma boa idéia do que aconteceria Cole encontrava primeiro a Randall. Já se tinham propagado os rumores de que Cole estava
contratando a cada pistoleiro livre e vagabundo do Território. Não teriam reparos em empregar métodos severos para que a gente falasse... gente como esses habitantes
de Rito Pequeno. quanto mais lhe levasse encontrar ao forasteiro, mais probabilidade teria que essa gente inocente sofresse.
E uma grande probabilidade de que Weylin se visse obrigado a marcar a seu irmão como um forasteiro.
Weylin se montou e voltou para casa, considerando os preparativos de último minuto. a partir de agora estaria viajando ligeiro sobre suas próprias quatro patas.
Teria que improvisar algum tipo de mochila para levar suas roupas e talvez uma faca; claramente um rifle estava fora da questão.
Não necessitaria as armas dos humanos. Não mais vacilação, não mais fracassos. Quando derrotasse a Randall, seria com dentes e garras, e sua própria força de homem
lobo.


Néstor acendeu a última vela e se separou da mesa. Desde seu assento na esquina do quarto, Rowena o tinha visto transformar a simples casita em um romântico facemanchão,
completo com vinho, floresça frescas, xícaras de cristal, e uma boa baixela. Inclusive o sol estava cooperando, derramando raios aveludados da luz do entardecer
avermelhada e dourada através das janelas quadradas.
Tudo isto era, é obvio, em benefício dele. Em questão de minutos, Tomás apareceria na porta, sem dúvida preparado para enfeitiçá-la até mais não poder com sua considerável
habilidade. Talvez pensava que isto era um marco mais apropriado para a sedução que uma cova de primitivos ancestros.
Era irônico; devia considerar-se sua anfitriã ou sua convidada? O único rol que se negava a jogar era o de vítima desamparada. Não obstante, estava agradecida de
que Esperança jantasse com eles. Sua presença, como a de uma acompañanta bem treinada, certamente chatearia as intenções amorosas de Tomás.
Sobre tudo, seria vital para ela controlar a conversa. Já tinha decidido um tema pertinente que lhe serviria para alcançar mais de um objetivo.
afastou duas cadeiras da mesa, colocou a Esperança em uma e esperou com as mãos entrelaçadas. Quando chegou a chamada À porta, Néstor, que estava nas sombras como
um garçom bem treinado, moveu-se para responder.
Tomás estava vestido com o que deviam ser suas roupas mais finas: uma jaqueta negra de pano adornada com trancados e botões de prata, calças negras ajustadas com
os mesmos botões percorrendo o lado exterior, uma ampla bandagem vermelha, botas lustradas, e um chapéu negro de asa longa com uma cinta chapeada. Realizou uma profunda
reverência ao entrar, quase tocando o chão com o chapéu.
-Senhoritas . - Disse. - Vejo que não é necessária a luz das velas. Sua beleza é tão brilhante como o sol.
Esperança baixou a cabeça e olhou de Tomás a Rowena. Rowena se levantou lentamente.
-Dom Tomás.
Ele colocou seu chapéu em um gancho de madeira na parede, perto da porta, e se passou a mão pelo cabelo. Rowena se encontrou olhando sua encaracolado desordem. a
maneira em que caía sobre sua frente, negando-se a ser domado...
-Deveria encontrar um barbeiro? -perguntou. - É uma pena que desse de presente sua escova.
Ela ficou mais estirada.
-Duvido muito que um barbeiro te possa melhorar em algum modo, Tomás . - Disse.
Ele sorriu ampliamente.
-Vejo que teremos uma noite interessante.
Rowena tomou a mão de Esperança.
-Certamente.
Como todo um cavalheiro, Tomás levou as cadeiras de novo À mesa, e sentou primeiro a Rowena e logo a Esperança.
-Peço perdão pela falta de elegância em nossa entrevista para jantar . - Disse, - mas alguns luxos não vêm facilmente a nosso canhão.
-Não? -Rowena arqueou uma sobrancelha. - Tinha pensado que tenta roubar quase de tudo.
-quanto mais elegante seja o objeto, mais fácil de romper.
-Não sempre, lhe asseguro . - Disse isso Rowena docemente.
Tomás olhou longamente e fez um gesto a Néstor. O homem maior trouxe uma garrafa rodeada de um pano branco.
-Quer vinho, Lady Rowena?
-Não, obrigado.
Não pareceu surpreso. Tampouco, notou Rowena com apreciação, ofereceu-lhe veio para Esperança. Néstor lhe serve meia monopoliza e se retirou.
-É excelente . - Disse depois do primeiro sorvo. - Te abstém?
-Só em certas circunstâncias.
Terminou o vinho e a saudou com a xícara vazia.
-É certo que os preliminares podem ser fastidiosos. -Seus olhos brilharam com diversão. - Pode servir o jantar, Néstor.
a comida que o homem maior trouxe era quase como a que tinham tomado em Rito Pequeno: guisado de cordeiro com molho picante, omeletes e frijoles. Mas também havia
muito mais pão recém assado, manteiga e fruta. apesar da pequena comida oferecida horas atrás, Rowena se encontrou com a boca feita água.
Esperança comeu tão delicadamente como Rowena, levantando a vista cada pouco de seu prato para estudar a seus acompanhantes com olhos ansiosos. Tomás sorriu e falou
em um lento espanhol. Ela assentiu e baixou a cabeça.
ante o olhar interrogante de Rowena, ele traduziu.
-Perguntei-lhe se aqui está cômoda . - Disse. - Confio em que encontre cômodo este pobre alojamento.
-Lamento que minha presença te tenha deslocado de sua própria casa . - Disse ela com frieza.
-Isso pode retificar-se, doçura.
-Sim. Tudo o que tem que fazer é deixar que vá.
-Essa não era a solução que tinha em mente. -Fez-lhe um gesto com a cabeça a Néstor, quem recolheu a baixela e a comida restante, salvo a fruta, e a levou.
-Não acredito que haja muito espaço nesta casa para três pessoas . - Disse ela, negando-se a ruborizar-se.
-Certo. -Ociosamente, provou seu segundo copo de vinho. - Mas umas poucas coisas, muito poucas, merecem a pena a espera. Sobremesa, talvez?
Néstor trouxe pratos novos com quadrados de pão frito inchado. a face solene de Esperança se iluminou quando lhe pôs um diante. Rowena provou o seu; o pão, no interior,
estava cheio de mel que se derretia em sua língua com pecaminoso abandono.
-Os jovens sabem como viver . - Disse Toma brandamente, vendo esperança saborear cada dentada. - Desfrutam de tudo o que a vida tem que oferecer, e não perdem nada
de tempo preocupando-se com o futuro ou o passado.
Era exatamente a abertura que Rowena tinha estado esperando.
-Falando de filhos . - Disse, reunindo sua determinação, - tenho muitos perguntas a respeito dos teus.
-meus?
-Enrique, Pilar e o resto. Tem-te feito responsável por eles, não?
Ela se mostrou agradada ante sua expressão de surpresa. Obviamente, não era um tema que tivesse intenção de tratar. Continuou seu discurso.
-Sim, seus filhos. O que acontece eles quando te parte cavalgando para seqüestrar e roubar?
-O que passa com... -Sua expressão de esclareceu. - Quem os cuida? Néstor e Isaaque, nosso pastor, estão sempre aqui. Já conheceste a Néstor...
-Um ancião pode cuidar de tantos? Certamente um pastor passa a maior parte de seu tempo com o rebanho.
Tomás se levantou e se dirigiu ao outro lado da habitação, parando diante da porta.
-Sua preocupação é comovedora, mas não tem porquê temer por eles. aqui estão perfeitamente a salvo.
-a salvo, talvez. O que há do resto de coisas essenciais de uma vida razoável?
Ele se deu a volta para fitá-la.
-Têm o que precisam: comida, refúgio, diversão...
-Naturalmente considerará a diversão como algo essencial da vida. O que tem que a roupa adequada, especialmente para as meninas? E a educação? algum deles pode ler
ou escrever? E que classe de exemplo está lhes dando, você e sua banda de assassinos? -levantou-se, apoiando as mãos na mesa. - Esses pobres filhos devem pensar
que o roubo e o seqüestro são profissões adequadas. Fez algo para rebater semelhante visão da vida, depravada e imoral?
Esta vez teve o sentido de parecer envergonhado.
-Não animo...
-Mas tampouco desanima. Tem que ver como lhe olhe o menino, Enrique, e deseja ser como você.
Tomás se olhou as pontas das botas.
-É... um bom menino.
-Durante quanto, até que siga seus passos? Deve te dar conta que falhaste em sua responsabilidade para aqueles que não têm eleição em como viver.
-alivia-me ouvir que me crie capaz de ter semelhantes sentimentos.
-Estou apelando a qualquer decência que possua . - Disse ela. - E acredito que lhe importam, a sua maneira. Por isso...
calou-se quando ele começou a avançar para ela.
-Vejo que sabe muito mais desses assuntos que eu. O que propõe? -parou-se diante dela, com a face a poucos centímetros da sua. - Deveria separar os dos pais e enviá-los
a alguma escola fria e adequada onde aprendam a ser bons e convencionais cidadãos como seu Cole McLean?
Rowena retrocedeu um passo.
-Poderia fazê-lo muito pior...
-Duvido-o -suspirou. - Não o entende. a família é importante para nós. Esses filhos perderam a ambos os pais, e não os enviarei longe.
-Nem tampouco abandonará sua profissão . - Disse ela. - Nada mudará. Não tem nenhuma só mulher neste lugar para cuidar dos filhos. Nem babá, nem professora... nem
sequer uma amável ama de chaves.
Ele riu, embora o som foi forçado.
-O que faria com um ama de chaves? Enrique é muito major para uma babá. Mas... -Seus olhos se turvaram ao pensar, e então se centraram na Rowena com o olhar de pálpebras
cansadas de um gato satisfeito de si mesmo. - Suponho que posso encontrar uma amante e trazer a de volta. Voluntárias não me faltarão.
Rowena apertou a queixo. Tinha que torcer a conversa para essa direção! Presumindo de novo sobre suas conquistas...
-Não pode imaginar que semelhante mulher seria uma cuidadora adequada para os filhos -lhe espetou.
-Já vejo o que quer dizer. -segurou a cadeira mais próxima, deu-lhe a volta, e se sentou com as pernas Escarranchado, e os braços rodeando o respaldo. Rowena se
distraiu momentaneamente pela flexão de seus músculos baixo os ajustadas calças.
-Quem seria apropriada, né? . - Disse Toma. - Uma professora fria e estrita do Este? Mas como posso conseguir que uma como essa fique aqui? Tenho muito pouco que
oferecer. a menos que... -Seus olhos se estreitaram, - seqüestrasse-a, é obvio.
Rowena se passou os dedos pelo cabelo, deslocando as presilhas.
-É o comportamento criminal sua única solução para todos os problemas?
-Posso pensar em outra. -Descansou o queixo em seus braços dobrados, e levantou a vista sem um sorriso. - Poderia me buscar uma esposa.
Capítulo 11


a idéia era tão absurda que Rowena pôs-se a rir. O olhar nos olhos de Tomás apagou sua risada, deixando-a em silêncio.
Não. Não era possível. Não podia querer dizer...
É obvio que não. Que completamente absurdo era considerá-lo sequer.
Casar-se? O Lobo?
-te casar? -repetiu ela em voz alta. - Nunca chegaria tão longe. deixaste muito claro quanto adora sua liberdade. -apertou os punhos sobre a mesa. - Tem muitas admiradoras
femininas que não exigem a santidade do matrimônio. E qualquer mulher disposta a casar-se contigo será poluída por seus crímenes e sua natureza animal.
Ele piscou, como se não tivesse esperado sua resposta, e sua pouco acostumada gravidade se endureceu dando aconteço a um olhar de ira.
-Como qualquer homem estaria poluído pela tua . - Disse. - Salvo outro de sua espécie. Como Penetro McLean. -sentou-se mais direito e a apanhou com seu olhar de
homem lobo. - É por isso pelo que desejas te casar com ele? Porque sabe o que é e não pode enojar-se?
Rowena retrocedeu uns poucos passos.
-Cole renunciou a seu sangue animal . - Disse ela, - como eu.
-ah. E isso compensa seus muitos outros defeitos.
-Não estamos falando de Cole.
-Mas estamos falando de emparelhar-se. Sem importar a forma em que escolha viver, seus filhos serão homens lobo.
Rowena tentou bloquear suas palavras.
-São os filhos daqui pelos que estou preocupada . - Disse, muito alto. - Os ajudará?
Ele soltou seu olhar, e ela sentiu que o tinha contido, inclusive ganho uma pequena vitória.
-Como? -perguntou.
Sua valentia retornou.
-Logo que sei por onde começar. Não é possível que os filhos possam receber algum tipo de educação neste lugar; necessitam livros, pelo menos os mais básicos. Também
necessitam roupas novas, especialmente as meninas, como Pilar. Logo que sabe o que é um vestido. Bastante malha de algodão estampado, um pouco de encaixe simples,
laços...
-Um vestido? -Tomás elevou as sobrancelhas. - E quem o costurará? Néstor? Eu? -Estirou as mãos. - Estas não foram feitas para esse trabalho.
Ela sabia bem o trabalho que desfrutavam mais. Tragou.
-Se pode proporcionar os materiais, posso cortar um patrão simples e lhe ensinar a Pilar como costurá-lo. Pode ensinar Às meninas mais pequenas, quando estiverem
preparadas.
Tomás lançou um olhar de assombro, só meio fingida.
-Surpreende-me, Rowena. Não acreditei que as damas elegantes soubessem confecção.
-Já discutimos o pouco que sabe sobre as damas elegantes.
-Também prometi ser um estudante muito disposto. -Passou uma perna por cima da cadeira e se levantou. Sua expressão se suavizou em um pouco parecido À ternura. Rowena
temia bastante que a fora a tocar. - É generosa ao ajudar aos filhos do canhão.
-É sentido comum fazê-lo . - Disse ela, apartando o olhar.
-Então devo te advertir que para obter quão materiais necessita, terei que roubá-los, ou usar as lucros obtidas em atos semelhantes para pagá-los. -Seu olhar foi
um desafio, equilibrada entre brincadeira e intensa vigilância.
Rowena se mordeu o lábio.
-Tenho dinheiro . - Disse ela. - Em Nova Iorque. Se me deixa partir, posso enviar por ele.
-Outra idéia generosa, mas não prática. Se te deixo partir, quem ensinará a Pilar? E se esperarmos por você... liberação -lhe deu uma estranha ênfase À palavra,
- certamente perderá interesse pelos filhos.
-Não o farei!
Ele cruzou os braços sobre o peito.
-Deixarei-lhe isso a ti, minha alma. Devo cavalgar para encontrar o que quer, ou deixar aos filhos como estão?
Ela fechou os olhos e sopesou necessidade contra imoralidade. Esses filhos eram inocentes e não mereciam sofrer os equívocos de Tomás. Se lhe podia fazer ver a diferença
que as pequenas mudanças faziam em suas vidas, poderia ser persuadido a fazer outros majores.
-Peço-te . - Disse rígida, - que tente comprar o que puder antes de tentar... um pouco mais drástico.
a boca dele tremeu formando um amplo sorriso, e tomou as mãos antes que pudesse escapar.
-Loira minha . - Disse com a voz entrecortada, - é uma rainha entre mulheres.
Ela se ruborizou e se detestou por desfrutar-se no completo. Naturalmente estava contente de que ela tivesse deixado sua sanção, embora obrigada, para sua profissão
ilegal.
Mas esse pensamento racional não evitou que tremesse ante a calidez forte e possessiva de suas mãos. Por uma vez, ambos estavam de acordo, unidos por um objetivo.
sentia-se extraordinariamente maravilhoso.
-Só me arrependo . - Disse Toma, - de não poder te vestir como uma rainha. Mas você também tem que ter algo mais para vestir. -afastou-se, olhando-a de cima abaixo.
- Esse vestido não agüentará muito mais.
Certo. Ela recordou como tinha chegado a semelhante estado, e seu prazer se desvaneceu.
-Obrigado pela observação . - Disse asperamente. - Já o tinha notado, mas não me permitiu trazer meu vestuário.
-É isso uma brincadeira, minha senhora? Excelente -lhe atirou da mão. - Vêem comigo.
-O que acontece Esperança? -deu-se conta com um sobressalto de que a moça não estava. Devia ter saído durante a acalorada discussão, envergonhada ou assustada por
ela.
-Não lhe ocorrerá nenhum machuco no canhão . - Disse.
-Nem sequer por parte do Sim Kavanagh?
-Falei com ele. Não a voltará a incomodar.
Rowena sentiu uma rajada de gratidão. a lealdade de Tomás para seu violento amigo ao parecer tinha seus limites.
-Obrigado.
-De nada. -Deixou-a no dormitório e se ajoelhou ao lado do baú de madeira esculpido, colocado contra a parede. Levantou a tampa com uma floritura.
Dentro havia uma variedade de roupa colorida: saias de mulher, blusas e anáguas. Tirou uma saia de pano verde brilhante e negou com a cabeça.
-Muito grande. -Revolveu entre os objetos até que encontrou outra saia, de cor vermelha brilhante, e uma blusa branca de manga curta bordada Com o passar do decote.
- ah. Perfeita.
Sujeitou a saia e a blusa contra seu corpo para que Rowena as examinasse.
-O que te parece?
-Está-me perguntando se acreditar ou não que sentarão bem?
-Muito graciosa. -Com um sorriso ardiloso estirou os braços e colocou os objetos ao longo da parte dianteira de seu vestido. - Só você lhes pode fazer justiça, doçura.
a mente de Rowena ficou em branco, e o espaço vazio se encheu com a lembrança dessas feras e eróticas visões da outra Rowena, lasciva e faminta. Ela se vestia dessa
forma. Sem espartilhos, sem anquinhas, nem sequer roupa interior apropriada, somente o roce ligeiro e sensual do pano contra a pele nua.
E ele queria que ela levasse essas roupas. Tomás sabia perfeitamente o que representavam. Quem mas ele tinha posto essas visões em sua mente?
-Seu vestido elegante se fará farrapos muito em breve . - Disse ele. - apenas te pode mover nele. Com estas roupas, estará cômoda. Livre.
Livre. Ela tremeu e empurrou a saia e a blusa contra ele.
-Não... posso. É impossível...
-por que?
Não podia responder honestamente.
-Deve as haver roubado de alguma pobre mulher.
-Para nada. São presentes que me fizeram as mulheres de um povoado muito parecido a Rito Pequeno.
Presentes como intercâmbio por sua roubada generosidade, ou por outros "favores"?
-as mulheres em meu país . - Disse ela, - não levam esses objetos.
-Já vejo. -assentiu solenemente. - É muito fina para a simples roupa das mulheres do meu. Envergonharia-te de te vestir da mesma forma e que pensassem que é uma
delas.
-Não! Quero dizer... . - Disse ela confusa. - Não parecerei para nada... -ruborizou-se. - Parecerei ridícula.
-Você? Nunca. -Sorriu perversamente. - Parecerá magnificada, além de todas as palavras.
Isso era o que Rowena temia.
-O... pensarei um pouco.
Ele pôs a saia e a blusa no topo da cômoda.
-Tome todo o tempo que necessite. Não teria pensado que te contentaria, como os boiadeiros e mineiros, levando as mesmas roupas durante um mês.
Ela se deu a volta.
-Pinjente que o ia considerar. assumo que Esperança poderá encontrar algo nesse baú para levar, não?
-Pode escolher.
-Obrigado pelo jantar. Por favor, agrade de novo a Néstor de minha parte. E se vir esperança, agradeceria-te que a enviasse de volta.
Ele fez uma reverência irônica.
-Pensarei sobre sua proposta a respeito das roupas dos filhos. Espero que cheguemos a conclusões similares.
antes que lhe pudesse perguntar se tinha intenção de chantageá-la, foi-se. a porta dianteira se fechou com um clique.
Rowena se obrigou a voltar a olhar À saia e a blusa. Levar um espartilho por debaixo seria muito pouco prático. E a saia...
Com um agudo suspiro se deixou cair na cama, e colocou o braço sobre a frente. Tudo isto se sentia muito como o primeiro passo descendente de uma costa muito longa
e escorregadia, caminho à desonra.
riu. Não, tinha dado esse passo quando tinha conhecido a Tomás Alejandro Randall. Sua única opção era voltar a subir ou deixar cair.


Tomás olhou a casa desde sua posição avantajada atrás de uma cortina de árvores junto ao Rito das Lágrimas. Encontrou a Esperança ao lado do arroio, chutando seus
pés nus na água fria. Ela levantou a vista para fitá-lo com um ligeiro cenho e assentiu ante sua petição de que voltasse com a Rowena, mas pôde ver que algo a preocupava.
Simplesmente não sabia o que era.
Rowena pode que tivesse mais sorte. E ele esperava mais sorte própria.
Embora o canhão estava escuro, podia ver claramente a porta da casa. Sabia que sua espera podia ser em Van, mas ainda assim algo lhe dizia que sua paciência se veria
recompensada.
Sua idéia resultou ser correta. a porta se abriu e Rowena saiu. deteve-se e elevou a cabeça para o céu noturno.
Vitória.
a saia vermelha e a blusa branca capturaram a luz da lua, acariciando as curvas que ela tinha escondido com tanto cuidado sob as capas de roupa inglesa. Não podia
saber se se tinha deixado o espartilho, mas seus peitos pareciam mais cheios, sobressaindo-se por cima do decote arredondado da blusa. a saia revelava uma pequena
cintura que não necessitava nada que a comprimisse. Inclusive seu cabelo fluía livre ao redor de seus ombros.
Era gloriosa, e a simples nota falsa era sua insistência em levar suas botas de caminhar.
Ensinaria-lhe o prazer de ir sem calçado. E sem nenhuma roupa. Um dia correria a seu lado como uma loba chapeada e dourada, deixando-se levar no momento.
Fez uma careta ante a tensão em seu entrepierna. Quando cavalgasse para adquirir os artigos para os filhos, procuraria uma das muitas mulheres que se sentiriam felizes
de jazer com O Lobo.
Isso não funcionaria. Ele, entre todos os homens, tinha sido casto desde que tinha roubado a Rowena de Cole McLean. E não se podia imaginar a outra mulher em sua
cama.
É obvio que sua menção do matrimônio tinha sido uma brincadeira. Sabia que ela o viu como um insulto. Uma vez que se deitasse com ela, deixaria seu desejo atrás,
e a deixaria ir-se como uma mulher muito diferente. Uma que nunca se casaria com Cole McLean. E McLean saberia quem a tinha mudado.
ajustou-se suas apertadas calzoneras. Um pouco de diversão é o que necessitava agora. Esta noite correria como um lobo, e pela manhã...
Pela manhã lhe jogaria uma olhada muito mais próximo a sua recém-nascida Dama de Fogo.


Rowena despertou com o som de alguém cantando.
ficou quieta, meio dormida e sem vontades de estirar-se, enquanto a canção se derramava sobre ela. Embora nove de cada dez palavras e a mesma melodia lhe eram desconhecidas,
a voz que as cantava era inconfundível.
Como também o eram os sentimentos. Rowena olhou fixamente ao teto de tijolo cru do dormitório e tentou não escutar. Esperança estava sentada a seu lado. Inclinou
a cabeça para a pequena janela e olhou a Rowena.
Ela sabia, ao igual ao fariam todos no povoado, para quem cantava Toma Alejandro Randall nessa voz dourada. Enquanto a aparentemente caseira melodia se enroscava
como uma preguiçosa brisa ao redor do corpo de Rowena, lhe pondo a pele de galinha nos braços e levantando desejos proibidos em seu coração, ela jurou que não iria
até a janela para ver o cantor.
a canção começou seu terceiro verso. Os magros lençóis da cama pareciam muito quentes inclusive para um frio amanhecer. Esperança as afastou e se escorreu da cama.
vestiu-se com uma saia e uma blusa, e saiu pela porta antes que Rowena encontrasse o julgamento para detê-la.
depois de tudo, a presença de Esperança não lhe oferecia segurança. Nem sequer a proprietária mais rígida poderia protestar uma incursão como essa.
O que estava declarando com sua música, para ela e todos os residentes deste vale escondido? Suas intenções de conquista romântica? Um homem nunca o tinha feito
de maneira mais doce. Rowena se encontrou cantarolando o estribilho e sem êxito, tentou sufocar o impulso cobrindo-a cabeça com o travesseiro.
-Senhorita?
Saiu para tomar ar e se encontrou os olhos marrons do Néstor observando-a do marco da porta. afastou o olhar com educação enquanto ela se arrumava a camisola e subia
os lençóis até os ombros.
-Espero não havê-la incomodado . - Disse. - Seu café da manhã está preparado.
Evidentemente esperava que fora madrugadora... ou sabia perfeitamente bem quando e como Tomás planejava despertá-la. abandonou qualquer idéia de fingir estar dormida
até que se desse por vencido e se fora.
De algum jeito não se viu surpreendida ao descobrir que faltava seu sujo vestido de viagem, do lugar onde o tinha deixado a noite anterior. Foi o risco que tomou
quando decidiu provar as roupas que lhe tinha proporcionado Toma. a saia e a blusa estavam dobradas pulcramente em cima do baú.
Se Tomarem se saísse com a sua, ela levaria essas e nada mais.
Felizmente, tinha tido a previsão de esconder seu espartilho e suas anáguas sob a cama. ficou o espartilho sob a blusa da melhor forma que pôde, muito consciente
de que os laços estavam muito soltos para proporcionar somente um pequeno grau de modéstia sob a magra blusa camponesa. atou-se a saia sem anquinhas com um suspiro
de resignação.
ainda assim, quando as tinha posto pela primeira vez a noite anterior, tinha sido indevidamente consciente do movimento nos objetos, sua ligeireza e falta de constrição
sobre seu corpo. Tinham a vantagem adicional de ser muito menos calorosas que seu traje... e estavam limpas.
Golpeou-a o indecente desejo de dançar pela habitação seguindo a sensual melodia de Tomás, formando redemoinhos a saia de um lado a outro em uma valsa solitária.
Em lugar disso, sentou-se para ficá-las meias e as botas baixas que uma vez tinham sido elegantes, consciente de quão incongruentes ficavam com o resto do conjunto.
Esperança já estava na mesa do café da manhã. a comida era, como de costume, simples mas deliciosa, e Rowena deveria ter uma ampla distração do ruído fora da casa.
Renunciou a seguir comendo depois do terceiro bocado.
-Escutou essa canção, Néstor? . - Disse.
-Sim, senhorita.
-Pode me dizer... pelo que trata?
-a canção? -Néstor tirou uma terceira cadeira e se sentou, deixando a um lado sua habitual formalidade. - É uma canção de amor.
Nem mais nem menos o que se temeu. Tinha sido uma parva por pedir os detalhes.
-O que diz?
Ele sorriu e começou a recitar:

Em uma mesa te pus,
Um buquê.
Rowena, não seja ingrata,
me dê de presente seus amores.

a traduziu e Rowena conteve o fôlego, esperando outro verso. Não chegou. a canção se terminou.
Néstor suspirou e recolheu os pratos. Só quando deixou a habitação Rowena saltou da mesa e correu para a janela.
Não era Toma o que estava ali, com os olhos faiscando com malícia e sedução, mas o lobo marrom escuro que tinha visto uma vez, anteriormente. abriu muito a boca
e moveu a cauda de um lado ao outro. Estirou com elegância suas patas dianteiras, realizando uma reverência em benefício de Rowena.
-supõe-se que devo aplaudir? . - Disse ela.
as queixos do lobo se abriram como em um sorriso. Com um ágil giro saltou para um lado, correu para o bosque que rodeava o arroio, virou-se e a olhou com um convite
sem restrições. Os braços dela ficassem tensos no batente, como se se preparasse contra o impulso de segui-lo.
Queria segui-lo, correr com ele, explorar o mundo a seu lado. Como uma loba.
Como sua companheira.
Sufocando um grito, afastou-se a tombos da janela e correu para o dormitório. lançou-se com todo o corpo contra a cama e golpeou o colchão com os punhos até que
seus braços estiveram muito intumescidos para elevar-se.
O toque inquisitivo de Esperança foi gentil, mas assustou completamente a Rowena. a moça parecia genuinamente assustada; Rowena parecia tão louca como se sentia?
Temia saber a resposta essa a pergunta.
-Sinto-o . - Disse, tentando fracamente arrumar o cabelo. - Não tinha intenção de te incomodar.
Esperança sacudiu a cabeça. Rowena saiu da cama e se aproximou da janela. Estava orientada para uma direção distinta a da habitação principal, mas sabia que Tomás
se foi.
-O que vou fazer, Esperança? -sussurrou. - Me encontro em uma situação insustentável. -apoiou a cabeça contra a fria parede de tijolo cru. - Sou uma parva. por que
o saber que alguém é uma parva não proporciona uma padre?
Esperança se uniu a ela ao lado da janela, como uma presença cálida e reconfortante. Rowena a olhou com severo determinação.
-Parece que sou tão suscetível como qualquer mulher para uma determinada combinação de bom aspecto e encanto . - Disse. - Mas tudo está na superfície. Sem sentido.
-tocou-se a boca. - Sei que não lhe importo. Não... pessoalmente. Qualquer mulher lhe serviria, se estivesse noiva a Cole McLean.
Os lábios de Esperança se abriram em um suspiro que pôde ser de negação.
-Está bem . - Disse Rowena. - Uma não pode esperar combater suas próprias debilidades sem reconhecer o que são. Não aceitava que a fera em meu interior ainda fora
capaz de me influenciar. agora que saiu das sombras, não posso ter poder.
E a melhor maneira de assegurar-se que permanecia sem poder era tomar ações imediatas. O dia era jovem, Tomás se tinha ido e lhe tinham dado a liberdade de explorar
este misterioso canhão.
-Vêem, Esperança . - Disse. - acredito que a ambas viria bem um sopro de ar fresco.
E, de fato, sentiu esse benefício logo que saiu À ensolarada praça. Como muitas outras que tinha experimentado no Oeste, esta manhã estava empapada da luz do sol,
as cores frescas e radiantes, a calidez noiva suavizada com uma ligeira brisa que levava o aroma da água do arroio.
O arroio percorria a longitude do canhão e proporcionava um fácil ponto de referência a seguir. Se torcia para o norte, mais profundamente no canhão, encontraria
o caminho íngreme e sinuoso pelo que as tinham levado, muito próximo Às casas, e sem dúvida vigiado. Mas para o sul, o canhão estava desabitado. Sua melhor opção
de encontrar uma saída estava nessa direção.
Rapidamente descobriu a fraca e gasta rota ao lado do arroio entre a verde vegetação primaveril que crescia ao lado da corrente. ali as árvores úmidas conhecidas
como álamos se arqueavam no alto, fazendo sombra sobre arbustos mais pequenos que competiam por umidade e luz. Pinheiros altos e esbeltos abedules faziam de casa
para inumeráveis pássaros, e onde a parede seca do canhão se curvava para a meseta, as flores silvestres encontravam alimento entre as rochas. Era um Éden em miniatura
rodeado por páramos, e podia começar a entender porquê gente antigas tinham escolhido este lugar como seu lar.
Levando a Esperança da mão, começou pelo caminho. ao princípio corria paralelo ao arroio, serpenteando dentro e fora do fresco bosque. Logo começou a levantar-se
ao lado da ladeira, voltando-se mas bem um atalho de animais. Esperança, ágil como uma cabra montesa com os pés descalços, esqueceu-se da precaução e avançou a saltos.
ainda não havia sinal de um atalho que levasse diretamente ao topo da meseta. Embora não tão íngreme como o desfiladeiro oposto, este lado do canhão era traiçoeiro
com rochas soltas.
Qualquer lobo o teria conseguido.
Rowena apertou o queixo e seguiu adiante. Gradualmente, as paredes do canhão se foram aproximando, elevando-se altas e levantadas a cada lado tão estreitamente que
obrigavam ao arroio a formar um canal apertado e fundo.
a delicada melodia da água fluindo mudou a um tamborilar mais urgente. Esperança estava fora da vista além da seguinte curva do atalho. Rowena se apressou para alcançá-la
e se deteve ante a visão do que a jovem tinha encontrado.
Brilhantes fios de água se derramavam sobre um repentino desnível no curso do arroio, formando uma pequena mas gloriosa cascata. Em sua base, seis metros por debaixo,
a catarata tinha desgastado a rocha, formando um lago pouco profundo que continha o arroio quieto durante um instante, antes de lançá-lo neste direção.
Esperança sorriu com verdadeira emoção e assinalou À catarata.
-Vejo-a . - Disse Rowena. - É preciosa. -Mas alcançar a cascata requereria engatinhar o bastante, inclusive para uma moça descalça.
a Esperança não pareceu lhe importar. antes que Rowena lhe pudesse aconselhar precaução, estava a metade da costa, lançando uma chuva de calhaus na água que estava
mais abaixo. Desapareceu da vista, e depois reapareceu ao bordo do lago.
Rowena observou a jovem com uma pontada de inveja quando se sentou em uma rocha plaina e colocou os pés na água. Chutou formando ondas espumosas, sorrindo e saudando
com a mão a Rowena, que estava mais acima.
O lugar não poderia ter sido melhor desenhado para um banho relaxante e privado. Nada de uma lavagem apurada com uma terrina e um velho pano, ou preocupar-se com
a privacidade. poderia-se ver um intruso antes que se aproximasse muito, inclusive se a gente tinha a inclinação de perambular tão longe do povoado.
Era realmente tentador. Esperança se tirou a saia e saltou à água vestida somente com sua camisa, afundando-se e saindo de novo À superfície. Tudo o que lhe faltava
À cena era o som da risada alegre.
a alegria natural de Esperança levou uma opressão À garganta de Rowena. Certamente, mantendo-se afastada, reduziria a felicidade deste breve momento de prazer. Esperança
merecia algo melhor.
Levantando-a saia e as anáguas, Rowena escorregou e se deslizou para o bordo da água. Só quando alcançou o lago se deu conta de que tinha perdido o salto de uma
de suas botas entre as rochas de acima. Com um vaio de desgosto desabotoou as botas e as lançou a um lado. Moveu experimentalmente os pés cobertos de meias.
Certamente não havia nada mau em mfitá-los pés. Dobrou a saia abandonada de Esperança e se sentou na rocha plaina a seu lado. Esperança voltou a aparecer por ar,
elegante como uma lontra. as jovens curvas de seu corpo eram claramente visíveis através do algodão de sua blusa.
Rowena afastou os olhos. Ela tinha um espartilho; inclusive se se tirasse a blusa, ao menos estaria parcialmente coberta. Se se atrevia a ir tão longe.
tirou-se as meias e colocou os pés na água, a nível dos tornozelos, depois até a metade da pantorrilha. a água estava fria, mas não congelada. Fechou os olhos para
desfrutar da deliciosa sensação.
algo lhe segurou os pés. Gritou, só para ver esperança desaparecendo como uma flecha, como um travesso duendecillo de água. Devia haver magia no ar, porque Rowena
se encontrou respondendo da mesma maneira. Cavou as mãos e lançou uma cascata de água sobre a cabeça de Esperança.
Esse foi o princípio do jogo. Progrediu rapidamente de ligeiros salpicões a completo remojón, e entre um momento e o outro, Rowena se encontrou com os quadris no
lago, rendo-se sem poder evitá-lo. O espartilho estava virtualmente quebrado; viu poucas razões para seguir restringida e se mergulhou até estar completamente inundada.
Esperança piscou com seriedade sob a superfície, deixando sair um jorro de borbulhas de suas infladas bochechas.
Tomaram turnos para estar sob a suave ducha da cascata. Rowena inclinou seu rosto para beber a água pura. Corria em hilillos por seu pescoço arqueado, entre seus
peitos, por seus quadris como dedos acariciadores. Seu peso atirava das anáguas, até que não teve mais opção que liberar-se e lançar o objeto para as rochas. Inclusive
a fina saia se sentia pesada. O espartilho era bastante insuportável.
Dando-a volta, tirou-se a blusa e logo o espartilho, atirando dos cordões alagados de água. Esperança veio a seu resgate. Com um suspiro de alívio, Rowena o deixou
na rocha e ficou a blusa molhada de novo sobre a camisa. Duas finas capas eram tão reveladoras como uma, mas não foi capaz de que lhe importasse. a água, a luz do
sol, o entorno, eram muito encantados para semelhantes preocupações mundanas.
a água teve outro efeito inesperado. Enquanto meio flutuava sobre as costas, com a saia revoando a seu redor, recordou intensamente as partes de seu corpo que tinha
tentado ignorar desde que Tomás tinha feito que fora muito consciente delas. Sentiu a forma em que seus mamilos se estifacem como descarados adoradores do sol desejando
a calidez que havia mais acima. Tremeu quando as correntes interiores se deslizaram sob sua saia, entre suas pernas, procurando e acariciando até que lhe doeu.
adormecendo-se, imaginou que a água cobrava forma. Forma humana, de um potente macho. as correntes e ondas se converteram em dedos curiosos empenhados em tomar-se
liberdades inauditas com sua pessoa.
E ela não resistiu. Deixou que essas mãos fizessem o que quisessem. as mãos de Tomás. Os sonhos eróticos voltaram com redobrada nitidez, mas esta vez se esqueceu
de sentir-se indignada ou assustada.
Havia algo correto nisso neste encantador lugar, este oásis no deserto. Só Esperança era testemunha de sua lânguida sensualidade, e a jovem não podia adivinhar o
que corria por sua imaginação.
a imaginação tinha o poder de transformá-la na mulher lasciva de suas visões. Mas manteve o controle. Permitiu que a suave onda de excitação crescesse das pontas
de seus pés nus ao topo de sua cabeça, respirando com maior rapidez quando a nova e enardecedora conscientiza se centrou na cúpula de suas coxas.
Sim. Isto tinha passado com o Tomás real, quando não tinha tido nenhuma advertência. Era bastante incrível, mas não havia razão pela que não o chegasse a dominar
como qualquer outro impulso. Com um pouco de concentração se podia se separar do bordo e fazer com que seu corpo obedecesse sua vontade. Tudo o que tinha que fazer
era abrir os olhos...
abriu-os. O lobo marrom escuro estava na rocha plaina, olhando-a. Esperança estava inundada até o pescoço na água sob a cascata, paralisada por alguma emoção entristecedora.
O lobo se agachou como se fora a saltar ao lago. Sua forma se fez imprecisa e se fundiu em névoa, pulsando com sua própria luz interior.
Quando a névoa se dissipou, era Toma o que estava na rocha. Tomás, elegante e nu, com suaves músculos movendo-se sob a pele morena.
Tinha Mudado uma vez antes em sua presença. Então, ela tinha desviado o olhar. Mas o tentador feitiço da calidez e da água se negou a dispersar-se. Rowena o olhou,
meio aturdida. Que bonito era. Que elegantes eram suas formas, como uma fina escultura clássica.
as estátuas não estavam tão... anatomicamente detalhadas. Procurou vagamente uma palavra melhor. Não detalhadas... definidas. Não como isto. Não tão deliberadamente.
riu bobamente. a sensação tirante e lhe façam cócegas entre suas pernas se fez mais forte. Que estranho. Uma parte dela se perguntou como tinha chegado a sentir-se
como se se tomou vários copos grandes do brandy preferido de Quentin.
À outra parte não importou.
Tomás deslizou uma perna na água. Ela observou o progresso de sua descida com fascinação. a água lambia em uma carícia a linha atlética de sua pantorrilha. a outra
perna se uniu À primeira, até que esteve no lago com a água pelas coxas.
O interessante ponto onde terminava a água fazia que o resto de seu corpo fora mais perceptível. Especialmente seu inegável parte masculina. Ela o olhou À face.
Fome. Era crua nos olhos de Tomás. Igualava o sentimento tremente, espectador, en-el-borde que reclamava seu corpo. Descaradas imagens se cristalizaram em sua mente.
Dois corpos, feitos para encaixar juntos como peças entrelaçadas de um quebra-cabeças. Pele molhada sobre pele molhada. Água por cima, por debaixo e a seu redor,
como a cama mais luxuosa.
Dedos acariciando. Lábios abrindo-se. Suaves gritos. Prazer.
Prazer. Os músculos de seu estômago se apertaram. Lhe daria um prazer como nunca tinha conhecido, doçura e êxtase inimaginável.
Tudo o que tinha que fazer era ceder, e ele faria o resto.
Ela sorriu e abriu os braços.
Capítulo 12


Tomás nunca se questionou sobre sua boa fortuna. O convite era clara nos olhos de Rowena. Não podia nem começar a imaginar-se como tinha chegado este maravilhoso
momento, e não tinha intenção de tentá-lo.
Tinha seguido a Rowena e a Esperança Às cataratas sem nenhuma expectativa de que ela sucumbisse com tanta rapidez ao encanto de seu escondido santuário. O pequeno
lago era um de seus lugares favoritos no canhão: se ela tivesse usado seus sentidos de mulher loba, o teria sabido imediatamente e se teria posto em guarda.
Mas não o tinha feito. Em troca, tinha atuado com lhe gratificante impetuosidade desde o segundo em que tinha posto os pés na água. Esperança era parcialmente responsável;
ela também tinha perdido seu medo e se converteu na alegre menina que devia ter sido alguma vez. Ela tinha ido primeiro.
E Rowena a seguiu com gosto. Desde sua vantajosa posição acima, Tomás observou chapinhar e rir como se não tivesse nenhuma preocupação no mundo. tirou-se o espartilho
e as anáguas em questão de minutos, ficando com um ligeiro algodão que lhe pegava como uma segunda pele e deixava pouco À imaginação.
Ele se manteve fora da vista, saboreando a forma de seus liberados e cheios peitos, o orgulhoso impulso de seus mamilos, o contorno de suas coxas, com uma frustração
Pela metade entre a dor e o prazer. O almisfacedo perfume de seu corpo, realçado pela água, o fazia sentir como se estivesse bêbado. Em sua imaginação, ela se estava
preparando para ele. Em seus pensamentos, como muitas vezes no passado, estava deixando a um lado a luta.
Passaram alguns deliciosos momentos antes que se desse conta de que não tudo estava em sua imaginação. Os jogos tinham terminado. Esperança se tinha retirado a uma
esquina do lago, e Rowena estava flutuando sobre suas costas, as pernas abertas, como uma lasciva deusa dos rios invocando a carícia do sol.
Tomás não era estranho À luxúria. Rowena a elevava nele a cada momento que estava perto. Mas o que tinha sentido as outras vezes era uma mera sombra do que o possuiu
então.
Ela não se tocava. Ele estava bastante seguro de que não sabia como fazê-lo. Mas podia imaginar a água procurando o centro quente e latiente de sua feminilidade,
igual a ele ansiava fazer, invadindo suas defesas com uma astúcia que nem sequer ele era capaz de igualar.
a água se converteu em seu amante. Ela suspirou e se rendeu, com os olhos fechados em voluptuosa carnalidad.
Tomás baixou a ladeira e esteve ao lado do estaque em um instante. Mudou e ficou em pé diante dela, nu, excitado e temerário pelo desejo.
Ela abriu os olhos, logo os braços.
Em um último momento de prudência, Tomás procurou a Esperança. Tinha fugido. Rowena e ele estavam sozinhos.
O esbelto corpo dela era quente e leve quando o segurou em braços. Capturou sua boca com uma gutural risada de triunfo e um sentido de completa irrealidade.
Certamente aquilo era um sonho. Certamente sua Dama de Fogo se esfumaria em um sopro de ar se se atrevia a pestanejar.
Inexperimentado como era, respondeu a seu beijo de tal maneira que ele não pôde confundi-lo com um sonho. Tinha aprendido com rapidez desde aquele encontro na cova
a Índia. curvou-se para ele, e sua alagada saia parecia a cauda de uma sereia feita para enredá-lo e arrastá-lo a seu líquido abraço.
Depois do primeiro beijo, ele a manteve afastada para olhar o que tinha ganho com tal imprevista facilidade. a face dela, salpicada de pequenas gotas, era de uma
beleza sobrenatural. Seu cabelo solto flutuava na superfície da água como um halo loiro. a branca coluna de seu pescoço se arqueava brandamente do semicircular pescoço
da blusa que se deslizava por seus ombros revelando seus peitos de maneira mais atraente que nenhuma nudez. Seus escuros mamilos estavam enrugados sob o úmido algodão,
convidando a uma inspeção mais atenta.
Ele se inclinou para tocar a ponta do mamilo direito, modelando o tecido com a língua. Ela deixou sair um ofego quase mudo. Era o estímulo mais doce que Tomás conhecia.
Seus peitos pareciam feitos para sua boca, como a mais tenra das laranjas. Colocou-a sobre a água e sugou com suavidade.
Os olhos dela se abriram como pratos, mas não pareceu vê-lo. Suas mãos se levantaram Às cegas e capturaram o cabelo dele. Tomás saboreou a água amadurecida pelo
desejo dela, e moveu as mãos mais abaixo para encontrar o fechamento de sua saia. Seus dedos eram extrañamente torpes. afastou com impaciência o ondeante tecido
de suas pernas e a desceu por sua cintura.
Devagar, com suavidade, advertiu-se. Isto não era algo no que devesse apurar-se. Se ela pensava que a água era um amante satisfatório, ele tinha muito que lhe ensinar.
Suaves como a mesma água, seus dedos se deslizaram pela parte interior das coxas femininas. Era como acariciar veludo úmido. Inclusive quando alcançou sua meta,
ela não se alterou. Nem falou. Unicamente seu fôlego saiu em um suspiro quando lhe tocou as delicadas pétalas. Estes também estavam molhados, mas não só pela umidade
da corrente.
Ela estava lista para ele como nunca antes. Tomás deveria ter sabido que as palavras não eram forma de ganhar a as canções românticas e as insinuações brincalhonas
não estavam feitas para ela, e tampouco a praticada sedução que bastava para outras mulheres. Ela tinha tentado defender-se com palavras, isso era verdade, mas só
porque sabia onde era mais vulnerável.
Queria ser tomada. Queria que a obrigassem a admitir o selvagem em seu interior, que o mostrasse alguém que entendesse, aceitasse e adotasse aquela selvageria. O
medo e a inoportuna decência sempre a reteriam... até que o homem adequado a liberasse com uma ação decisiva.
Ele era esse homem. Rowena devia havê-lo sabido sempre. alguma maravilhosa conjunção de tempo, lugar e fortuna por fim lhe tinha permitido a ela aceitá-lo. Ele não
se atreveria a atrasá-lo mais, nem pelo prazer dela, nem pelo seu.
Colocou-a erguida com rapidez, posicionando suas coxas a cada lado dos quadris dele e lhe sujeitando o traseiro com uma mão. recordou-se que era virgem. Devia sê-lo.
Nenhum outro podia havê-la meio doido, ou possuir a daquela maneira.
Empurrou-lhe a cabeça para seu ombro e lhe jogou o cabelo para trás com uma carícia.
-Não tenha medo, minha flama. Não o lamentará. Quando tiver terminado, nunca voltará a ser o que foi. Será livre...
preparou-se para empurrar. a mão dela se colocou entre os dois e o buscou como se estivesse impaciente por guiar sua entrada.
-Sim -murmurou ele, fechando os olhos.
-Não!
Entrecortada-a voz de lhe proporcionou escasso aviso antes que o empurrasse para afastá-lo. Sua sensível carne protestou contra o rechaço enfaticamente. Ele se agitou
para trás e perdeu o equilíbrio. a água se fechou sobre sua cabeça. a espuma borbulhante marcou a rápida retirada de Rowena atravessando o lago. Tomás saiu À superfície,
retirando o cabelo empapado dos olhos de um tapa.
Rowena estava engatinhando para subir uma rocha, arrastando a prega da saia da água em um Van esforço para cobrir-se. Já não se parecia em nada a núbil e desinhibida
deusa do rio. Os dentes lhe tocavam castanholas e sua face estava rígida pela angústia.
-O que tem feito? -exigiu em um áspero sussurro.
Ele se afundou na água outra vez e se sacudiu vigorosamente antes de poder responder.
-O que fiz? -Nada, gritou seu corpo. agachou-se até a cintura na água. - Estava fazendo exatamente o que me convidou a fazer.
-O que? Como te atreve! Eu... -sentou-se em um amontoado de saias encharcadas. - Vim aqui... com Esperança. Só estávamos... -passou-se uma mão pelas bochechas, a
garganta, o peito. - Onde está ela?
OH, não. Não lhe deixaria evitar o assunto tão facilmente.
-Deixou-nos sozinhos. Não recorda o que aconteceu, ou é muito inconveniente?
-Estávamo-nos banhando. Você nos interrompeu.
-Não acredito, doçura. Estava desfrutando de sozinha, mas te alegrou muito de lombriga.
Ela o olhou fixamente como se acabasse de notar que estava nu. Uma quente onda de rubor se elevou lhe colorindo a pele do peito até a raiz do cabelo.
-Insinúas que eu... pedi-te que entrasse em lago... dessa forma?
-Não com palavras. Não foram necessárias. -Dirigiu-lhe um sorriso zombador. - É essa sua desculpa para te oferecer a um homem e logo rechaçá-lo tão bruscamente?
O não haver dito: "Vêem, Tomás, e tome "?
Seguindo o normal desenvolvimento dos acontecimentos, ela teria refutado zangada algo que ele - Dissesse, fazendo provisão de dignidade, e partindo a lamberas feridas.
Essa vez o surpreendeu.
-É isso... o que crie que pretendia?
-Não é assim?
Ela se mordeu com dureza o lábio inferior.
-Não era eu. -Olhou-o com uma súplica nos olhos, a mais humilde que ele tinha visto nela. - Deve acreditar que não era eu. Não sou a classe de mulher que... -gaguejou
e tragou saliva. - De verdade que o sinto se induzi a engano.
O aborrecimento dele se dissolveu. Ela se culpava a si mesmo, não a ele, e ainda assim seguia encerrada a salvo em seu próprio e cômodo engano. Para ficar ali o
sacrificaria tudo, inclusive o orgulho.
Ele podia ser desumano se o propunha. Poderia lhe insistir e instigá-la até que se viesse abaixo. Não se tinha equivocado: ela queria ser tomada. Tinha rogado ser
convencida, que se apoderassem dela, que a dominassem, para poder absolver-se da culpa de sentir aquela avidez que encontrava tão escandalosa.
-Quando te encontrei aqui . - Disse ele, - já estava sonhando com minhas carícias.
-Isso... não é certo.
-É uma péssima mentirosa, Rowena. Sonhava com minhas carícias, como estiveste sonhando desde dia que te levei de Cole.
-Por favor. -Ela afastou a face. - Não.
-Não é uma covarde mais do que é uma mentirosa. -Vadeou aproximando-se mais, saindo da água. - me Olhe. me olhe, e me diga de que não encontrou prazer em minhas
carícias. me diga que estava poseída por um espírito que te roubou a vontade e te obrigou a agüentar semelhante afronta. diga-me isso e nunca voltarei a te tocar.
O mundo mesmo pareceu conter o fôlego em espera de sua resposta. Uma ratona dos canhões cessou seu canto, e inclusive o som da água caindo converteu em um murmúrio.
Ela o olhou em resposta a sua exigência. Em seus olhos castanhos se formavam redemoinhos diminutas faíscas douradas, acesas devido a sua luta interior.
-Muito bem . - Disse. - Te direi a verdade, Tomás Alejandro Randall. É muito bom no que faz. Poderia encantar a uma serpente para que saísse de sua guarida, e não
há dúvida de que poderia seduzir a qualquer mulher que quisesse. -Retorceu as mãos em um nó sobre seu regaço. - Eu não sou uma exceção. Há-me... afetado. Tem-me
feito me esquecer de mim mesma e perder de vista minhas crenças mais fortes. Tem-me feito sentir envergonhada.
Tomás sentiu como se ela tivesse levantado a mão com calma e lhe tivesse golpeado a face.
-Isso não é o que eu...
-a falha está em mim. É a parte que quer converter-se em fera e correr a seu lado.
apagada-a resignação na voz de lhe roubou a satisfação da vitória. Ele alargou a mão para ela, e Rowena não fez um movimento para afastar-se.
-Sim, Tomás, pode me ter . - Disse ela. - Pode fazer com que traia a Cole e a mim mesma. Pode que o desfrute. -Baixou a vista para a mão dele sobre seu braço. -
Mas só ganhará na fera. Há uma parte em mim que não pode tocar... a parte que é humano.
Ele curvou os dedos ao redor da boneca dela.
-Rowena . - Disse com voz pastosa.
-Não tem que preocupar-se . - Disse ela. - Não te importa nada mais que isto. -segurou a mão dele e a colocou sobre seu peito. - Uma vez que o tenha, o resto logo
que importa, verdade? Não terá razões para querer que fique.
Ele sentiu como se endurecia o mamilo sob sua palma.
-ah. Sacrificará sua virgindade em troca de que te libere?
-por que não? Estaria de acordo com semelhante pacto?
Ela não falava a sério. Suas palavras saíam da raiva e a crueldade, e de um desejo de fazer mal. Certamente não podia pensar que podia lhe ferir só sugerindo que
se entregaria em troca da liberdade, mas não por prazer, que lhe daria a casca de sua beleza e não o que havia debaixo.
-Essa não é a única razão pela que te traga aqui . - Disse ele, apartando a mão. - McLean deve pagar muito mais que a perda de sua virgindade. Temo-me que não posso
aceitar sua proposta.
-Então estou a sua mercê. -Ela elevou o queixo e manteve o olhar dele com frágil dignidade. - Faz o que deseje.
Inclusive se tivesse estado cinco anos sem tocar a uma mulher, não se haveria sentido tentado nesse momento. Chegou até a borda oposta do lago e se impulsionou sobre
as rochas. voltou-se a sacudir, da cabeça até os dedos dos pés.
-Seu engano . - Disse, - é acreditar que conhece minha vontade... ou a tua. Separa À humana da loba como se fossem duas coisas distintas. Espero com ânsias o momento
em que te dê conta de que não é assim. -Sorriu, mostrando todos seus dentes. - Virei a ti outra vez, Rowena, mais logo do que crie. Mas será só porque me rogará
que tome.
-Temos um dito na Inglaterra: "Nem por todo o chá da China."
O coração dele saltou ante a volta de seu obstinado espírito.
-E nós temos outro aqui: "Do contado come o lobo". Vós diriam: "Não conte as galinhas até que as tenha preso."
-ficaste reduzido comer galinhas, Dom Tomás?
-Prefiro um prato picante. -lambeu-se os lábios. - Um conselho mais, doçura. Faria bem em ficar na água. "Onde luz houve, rescaldo fica."


Por fim tinha terminado.
Felícita estava ajoelhada depois de uma rocha no topo da costa pedregosa, apertando as mãos contra o peito. O lobo marrom saiu engatinhando da água e passou correndo
a seu lado sem deter-se, mas ela se fez o mais pequena que pôde até que o perdeu de vista.
Inclusive depois de que Rowena recolhesse suas coisas e se fora, passaram vários minutos até que Felícita encontrou as forças para voltar a caminhar. ainda lhe zumbia
a cabeça como uma colméia de abelhas. Não só a cabeça, mas também também o coração e qualquer parte de seu corpo. viu-se apanhada no centro de uma tormenta, indefesa
no meio do hervidero de emoções dos dois que tinham chegado juntos ao lago.
ainda não entendia tudo o que tinha passado. Durante um momento tinha estado mais feliz do que podia recordar, jogando na água com seu amiga a seu lado, e ao seguinte
estava observando ao grande lobo marrom converter-se no homem que lhe tinha salvado a vida.
Não tinha sido aquilo o que a tinha assombrado. Se Tomás era um bruxo, não era mau. Já tinha adivinhado que não era um homem normal, tanto como que a dama não era
uma mulher normal. E lhe tinham salvado a vida.
Mas quando ele entrou no lago, afugentou a frágil satisfação que ela e Rowena tinham encontrado. Felícita já não existia, pois o mundo convergia nos dois que se
olhavam através da água.
O mundo se converteu no que sentia o um pelo outro.
Felícita percorreu o caminho até o lago para recuperar a saia que Rowena tinha dobrado e deixado na rocha. O lugar agora era seguro; as emoções puras já não vibravam
nas pedras sob seus pés ou enchiam a água com um fogo que não ardia. Quase podia se separar de sua mente o olhar na face de Rowena quando Tomás começou a tocá-la.
O olhar, mas não a paixão. Felícita poderia fugir do que não desejava ver, quando os sentimentos de outros se voltavam muito fortes e se faziam confusos em sua cabeça.
Mas não estava a salvo. Nem sequer ali.
agora sabia porquê a gente que pagava a Tio para que falasse com ela estava tão ansiosa por acreditar nas coisas boas que ela lhes contava, inclusive quando só podia
adivinhar o que desejavam ouvir. Ela tinha desejado acreditar que fugir do povoado seria suficiente.
Tinha escolhido ir a aquele canhão com a Rowena e Tomás. Eles eram fortes, resgatariam-na dos perigos de um mundo que não entendia.
Mas a dama não podia protegê-la por inteiro. Se sua força era grande, seus sentimentos eram irresistíveis. Felícita os ouvia, sem importar o muito que tentasse não
fazê-lo. Quando a dama pensava em Tomás, os pensamentos se voltavam quase aterradores... tão aterradores como os do Sim Kavanagh.
Mas tinha havido vezes, como essa manhã na casa, em que tinha desejado tanto ajudar À senhora com sua angústia... Havia... necessitado ajudá-la, mas não tinha sabido
como.
Se não fosse tão estúpida. Se não tivesse tanto medo... medo a que se entrasse muito em outra alma, perderia o pouco que ficava da própria, por muito inútil que
parecesse ser.
Tremendo, ficou molhada saia e começou a subir o caminho para o povoado. sentia-se tão dividida como a dama. Queria deixar o vale, mas queria ficar; queria desesperadamente
escapar aos tumultuosos sentimentos que gritavam em sua cabeça, mas não queria estar sozinha.
Se pudesse encontrar uma forma de sair do canhão, poderia levar-se a dama com ela. Não resolveria isso os problemas de ambas? Rowena seria livre de Dom Tomás e de
todas as insuportáveis costure que o fazia sentir. E Felícita teria paz.
Paz, e quietude de mente por fim...
-por que tanta pressa, preciosa senhorita?
ficou paralisada. Sim Kavanagh lhe bloqueava o caminho como um grande corvo negro. De repente, a extensa e pesada nuvem de sua violenta necessidade se estendeu para
engoli-la, e ela alargou a mão em busca de algo, algo, com a qual agarrar-se.
Lhe sujeitou a boneca.
-O que está mal contigo?
Mau. Mau. Mau. Ela abriu a boca em busca de ar. Momentos antes tinha estado quase perdida nos desejos de Tomás e Rowena, mas ao final eles só tinham pensado o um
no outro. O perigo vinha ao estar tão perto do hirviente fogo de sua paixão, como uma traça atraída para a chama para morrer.
Com o Sim Kavanagh se sentia sobre o derrubado fio do muito mesmo abismo ao inferno. Ele odiava a Rowena, mas sua necessidade era por ela. Sua furiosa necessidade
a golpeava como um punho contra uma parede, como se ela pudesse lhe dar o que ele necessitava para viver. Mas ela não tinha nada que lhe dar.
Deixe ir, gritou ela. O grito ficou entupido na garganta.
-Não vou fazer te danifico . - Disse ele, sua voz tinha um tom de desgosto. - Sente-se.
Empurrou-a fora do caminho e a obrigou a sentar-se no tronco de um pinheiro cansado. Ela se encolheu sobre si mesmo, com os braços envoltos com força ao redor do
peito, enquanto ele tirava um charuto de seu colete e o acendia.
-agora podemos ter nosso bate-papo -lhe - Disse. atirou as cinzas na borda do tronco da árvore, a poucos centímetros de sua mão. - Eu não iria correndo À bruxa
inglesa, se fosse você. Não se quiser que esteja a salvo.
Ela fechou os olhos. Não, Rowena não podia ajudá-la agora.
-Dizem que é uma bruxa . - Disse ele inclinando-se mais perto. - Bruxa. Bruxa, compreende?
Os sentimentos dele deixavam claro o significado. Bruxa era o que os aldeãos a tinham chamado depois de que Tio muriese. teriam se rido ao saber o pouco poder que
ela tinha.
-Ouvi que esses aldeãos estão bastante assustados de ti . - Disse ele. - Pode fazer feitiços? Fazer com que alguém desapareça? assustá-los? -ajoelhou-se de maneira
que sua dura e azeda face ficou ao nível da dela. - Não me minta, pomba.
Fazer com que alguém desaparecesse. Felícita sabia o queria dizer. Queria que Rowena se fosse. E queria que ela ajudasse.
Estava muito perto do que ela mesma havia pensando, que ela e Rowena poderiam ir do canhão e encontrar outro lugar seguro. Mas Sim Kavanagh não queria que a dama
estivesse a salvo.
Ela negou com a cabeça enfaticamente. Ele a observou com os olhos entrecerrados, e ela se temeu que não acreditasse.
-Não é uma bruxa -murmurou. - Mas há algo em ti... -Enrugou as sobrancelhas em um pouco parecido ao desconcerto. - O que é? O que é?
Obrigada a encontrar seu olhar, Felícita não teve forma de responder. De novo, o desejo dele afligiu seus pensamentos. Desejo... e medo. Medo como o seu, ou o de
Rowena, ou o de qualquer outra pessoa. Medo de perder o que tinha.
Longe do vazio de seu próprio terror, uma pequena semente de compreensão lutou por aparecer.
Ele virou a cabeça e cuspiu, esmagando a semente que tinha começado a crescer.
-ao demônio com isso . - Disse. - Me será de utilidade de um modo ou outro. -Fez uma pausa para escutar o silêncio do bosque, como se pensasse que alguém pudesse
estar escutando Às escondidas. - Quer salvar a seu amiga, não?
Ela tentou fazer algum som, qualquer som. Ele riu.
-É obvio que sim. Porque se não fazer o que te diga, farei-lhe mal. Ou deixa o canhão da forma em que descida, ou estará morta.
Enojada por seu ódio, Felícita se apertou a palma da mão contra a frente, onde se reunia todo aquele nauseabundo sentimento. Ele tinha querido dizer o que havia
dito. Não tinha medo a matar.
-Não terá que fazer grande coisa . - Disse ele. - Pode que pense que a está traindo, mas lhe estará salvando a vida. -Voltou a lhe agarrar a boneca. - Está bem
que não possa falar. Eu não gostaria que contasse a ninguém nossa conversa.
Naquela ocasião, ela encontrou a coragem para resistir seu agarre, mas ele não estava preparado para deixá-la ir. atraiu-a tão perto que seus lábios estavam quase
sobre os seus.
-Estarei fora durante uns dias, pomba. Quando voltar, buscarei-te. -E então a beijou... não da forma em que Tomás beijava a Rowena, mas com dureza e fúria, como
se os odiasse a ambos.
E isso fazia. Odiava-os.
Ela logo que notou as lágrimas que lhe enchiam os olhos e lhe corriam pelas bochechas. Suas mãos se moveram por própria vontade para lhe tocar as costas. Para sustentá-lo,
como se ele queria ser sustenido.
Ele a separou de forma violenta.
-É como o resto delas . - Disse, esfregando-a boca. - Mas não me trairá. adeus, senhorita.
afastou-se a grandes pernadas. as pernas da Felícita começaram a tremer. sentou-se no tronco antes que pudesse cair. as lágrimas se sefacem sobre suas bochechas
e seus inflamados lábios.
a esperança era algo novo para a Felícita. Não a tinha necessitado quando sua vida tinha estado limitada pelos muros da casa de seu tio, tocada brevemente por quão
estrangeiros deviam consultar À adivinha de Los Milagres. Não lhe importavam aqueles estranhos. Nem sequer se preocupava com si mesmo. O futuro e o passado eram
os mesmos, imutáveis.
até que morreu Tio, e então não houve tempo para descobrir a esperança antes que os aldeãos tentassem tirá-la a golpes do povoado. Unicamente quando o lobo e a dama
a salvaram tinha entendido o que era ter esperanças de algo melhor.
Sim Kavanagh lhe tinha roubado aquele sonho. Levaria-a até sua escuridão, e não havia nada que ela pudesse fazer para detê-lo.
Não havia ninguém que a resgatasse.


Cole nunca tinha conhecido a Sim Kavanagh, mas sabia tudo o que precisava saber. Kavanagh era um ladrão e um assaltante de trens, com a reputação de acabar sem piedade
com algumas lealdades e sem escrúpulos.
Era a classe de homem que Cole entendia e não era o bastante idiota para confiar nele. Também era o companheiro de Tomás Randall. Sob outras circunstâncias, Cole
teria matado da primeira olhada.
aquelas não eram circunstâncias normais.
Fez uma pausa na porta de entrada ao saloon do Hotel Las Vegas Exchange, observando as faces sobre as mesas de jogo e no bar. Sendo um homem procurado, não era provável
que Kavanagh se sentasse a plena vista da lei... ou dos granjeiros de San Miguel, Colfax e amora County que tinham sofrido seus saques.
"Posso encontrar a sua mulher, dizia a grosseiramente rabiscada nota. Sei onde está. te encontre comigo no Exchange amanhã a meio-dia." a nota lhe tinha chegado
ontem, nas mãos de um imundo menino, enquanto ele estava em busca de negócios familiares em Las Vegas; o mensageiro tinha desaparecido antes que pudesse questioná-lo.
Uma olhada a assina tinha feito que Cole esquecesse seus assuntos.
Não tinha sido capaz de rastrear a nota até seus orígenes, nem averiguar como sabia Sim Kavanagh que estava na cidade. Só era outra réstia de exasperantes fracassos.
Hoje era o décimo sétimo dia desde que Randall tinha raptado a Rowena, e não tinha feito nenhum progrido em recuperá-la ou localizar a guarida do Randall. Weylin,
desafiando a autoridade de Cole, tinha partido para rastrear a Randall solo e não tinha retornado. Os supostamente implacáveis homens que tinha contratado Cole vagavam
em círculos como um rebanho de estúpidas ovelhas sem pastor. Nem sequer tinha considerado implicar À lei.
a nota foi o primeiro sinal de que havia algo a ponto de explorar. Se era um truque, Kavanagh morreria de uma forma ou outra. Se não o era, valia a pena arriscar-se.
Especialmente se Kavanagh traía ao Lobo.
-Senhor McLean? -Um magro garçom se aproximou furtivamente a ele, meneando nervosamente a cabeça. - Me hão dito que o leve a habitação traseira. Por favor, venha
comigo.
Cole assentiu. Se Kavanagh pensava que estaria a salvo na habitação de atrás, era idiota. Tinha que saber que os homens de Cole estavam vigiando todas as saídas,
e que seria condenadamente melhor que tivesse algo bom se queria sair com vida do Exchange.
Tinha que querer algo de Cole, desesperadamente.
a habitação traseira, normalmente reservada para negócios ou encontros privados, estava vazia exceto pelo homem sentado À longa mesa. Nuvens de fumaça obscureciam
sua face e seu perfume, mas Cole soube imediatamente que não estava assustado.
-Kavanagh . - Disse
-McLean.
a fumaça se esclareceu. Kavanagh parecia totalmente o fugitivo que era, a forma em que os habitantes do este estavam acostumados a descrever aos homens de sua classe;
vestido de negro, inclusive o chapéu, olhar de aço e semblante perigoso, com cicatrizes e marcas atrás milhares de lutas contra o sol, o vento e uma horda de inimigos.
Em outro homem, teria parecida afetação ou um farol. Mas não naquele. a maioria dos inimigos do Kavanagh estavam sem dúvida mortos.
Cole sorriu.
-Espero que não vás fazer me perder o tempo . - Disse.
Kavanagh se reclinou deliberadamente na cadeira, balançando-se sobre duas patas.
-Não a menos que queira que Randall fique com a mulher.
-Ela está bem?
Os estreitos lábios do proscrito se curvaram com desdém.
-Que comovedor, o ver como se preocupa por ela.
Cole jogou para trás seu casaco e enganchou o polegar na cinturilla de suas calças. a cadeira do Kavanagh caiu ao chão. Seu revólver apontou ao peito de Cole.
-Vou desarmado . - Disse Cole, deixando a mão onde estava.
-E um corno! Sei o que é.
-Então sabe que se disparas poderia me ferir, mas eu te mataria. Se meus homens não chegarem até ti primeiro.
olharam-se o um ao outro. Com movimentos lentos, Kavanagh deixou a arma sobre a mesa. Para um homem como aquele proscrito, deixar sua arma era como perder um braço.
-Me alegro de que nos entendamos. -Cole empurrou uma cadeira para diante e se sentou À mesa. - Embora me pergunto o que pode ser o bastante valioso para te arriscar
a vir aqui, ou porquê crie que deveria fazer um trato contigo antes de te pendurar. -Fez-lhe um gesto ao garçom. - Traz copos e uma garrafa de uísque, logo nos deixe
sozinhos. -O garçom se escorreu pela porta.
-Pergunto-me . - Disse Kavanagh, - porquê necessita homens para te respaldar, sendo o que é. Ou é porque é um aleijado?
Cole reagiu por instinto, centrando sua raiva no bandido da mesma forma que usava sua vontade em homens de negócios para extorqui-los com seu dinheiro. Kavanagh
apenas se estremeceu, quando deveria ter estado de joelhos balbuciando piedade.
-Tomás contou que os de sua classe lhe podem fazer coisas À mente dos homens . - Disse despreocupadamente. - Não aprofundou muito no tema. Não parece que funcione
comigo.
Era verdade. a mente do homem era opaca e completamente resistente a qualquer influência. Cole sentiu um momento de pânico. Os homens sempre faziam o que ele lhes
dizia. Sempre. alargou a mão para a pistola.
-me mate, e nunca voltará a ter a sua bruxa . - Disse Kavanagh. - Sou o único que lhe pode devolver isso
-Meus homens...
-Seus homens não servem para nada. Nenhum deles me viu quando entrei cavalgando na cidade. Como Van encontrar a Randall? -arranhou-se a parte inferior do braço.
- Não o encontrará, e ele não tem planos de deixá-la ir, não importa o resgate que pague. E não pagará nem um triste centavo.
Suas palavras afastaram a raiva da mente de Cole e a deixaram fria e limpa. Randall também devia saber que meramente pagaria uma fração do resgate exigido. O propósito
do forasteiro sempre tinha sido a vingança: levá-lo que era de Cole e rir enquanto ele tentava recuperá-lo.
-a vida dela corre perigo?
. - Disse que não esbanjasse seu tempo, McLean. agora você esbanja o meu. Eu não gosto desta cidade. -Cuspiu com pontaria perfeita na escarradeira mais próxima.
- a quer de volta, não é assim?
Cole recordou outra vez que aquele homem poderia lhe ser útil antes de morrer.
-Está bastante preparado para enganar a seu amigo.
Kavanagh se inclinou sobre a mesa, com os olhos entrecerrados.
-Eu não tenho amigos, McLean. Tomás traiu a todos seus companheiros quando decidiu levar-se a sua mulher. Fez-o por si mesmo. Não cairei com ele quando ela consiga
que o matem.
-acaba de dizer que nunca encontrarei a Randall.
-Não onde está agora, e não logo. Mas não desistirá, verdade, McLean? Tomás pensa que é duro, mas não é como você. Você faria algo por lhe apanhar, mataria a qualquer
que ficasse em seu caminho. Como faria eu em seu lugar.
-Não te compare comigo, filho de puta.
Kavanagh se encolheu de ombros.
-Como há dito, entendemo-nos. É poderoso porque nada pode te parar. Sei que com o tempo chegará até Tomás. Não entra em meus planos estar no bando perdedor na guerra
final.
-Deveria havê-lo pensando antes de roubar o gade McLean.
-Talvez vi a maldade de minhas ações. Talvez me tenha acostumado a viver.
-É por isso que quer me devolver meu a noiva? Em troca de sua vida?
-Não espero gratidão, McLean. Só perdão do governador e sua palavra para me deixar abandonar vivo o Território.
Cole riu sarcásticamente.
-Isso é tudo?
-Você tem influências. O governador o fará se o pede.
Escória ou não, Kavanagh sabia como funcionava a política em Novo o México. Não tinha subestimado o peso dos McLeans no Ring que constituía a lei não oficial do
Território.
-Sim . - Disse Cole. - Tenho influências. por que deveria acreditar que pode afastar a Lady Rowena do Randall?
-Porque Tomás confia em mim.
E esse era o engano fatal do Randall, o confiar em um homem como esse. Era um engano que Cole nunca teria cometido. Nem Kavanagh. Interesse próprio, não confiança,
afiançariam qualquer acordo entre os dois.
até que Cole tivesse o que queria. Então acabaria o jogo.
Cole passou um dedo de acima a abaixo pelo punho de marfim do Peacemaker do Kavanagh.
-Garanto-te sua vida se me trouxer para a dama... e a Randall.
-Não.
a resposta foi muito rápida.
-Pensei que não lhe devia nenhuma lealdade.
-Roubar À mulher é uma coisa. Ir Tomás... é um suicídio.
-Crie que é mais seguro ir contra mim, Kavanagh?
O bandido empurrou a cadeira longe da mesa.
-Essa é a razão pela que estou aqui. Temos um trato?
até onde Cole podia ver, as vantagens estavam todas de sua parte. Se Kavanagh tinha êxito, economizaria-lhe o tempo, os problemas e os gastos de encontrar alguma
debilidade a Randall. E Kavanagh não sobreviveria para usar o perdão do governador.
-De acordo . - Disse. - Te deixarei abandonar Las Vegas com vida, esta vez. Darei-te duas semanas para que devolva a Lady Rowena, ilesa. E intacta.
Pergunta-a foi evidente nos olhos do bandido: O que acontece já foi tocada? Cole não se incomodou em responder. a virtude de Rowena era irrefutável; ela morreria
antes de submeter-se a qualquer intento de violação.
-Traz a de volta . - Disse, - e terá seu perdão e uma semana para sair do Território.
a porta se abriu com um rangido atrás deles; a pistola do Kavanagh saltou limpamente da mesa a suas mãos. O garçom ficou patizambo na porta com um par de sujos copos
e uma garrafa que se balançavam precariamente na bandeja.
-Suas bebidas? . - Disse em voz aguda.
Kavanagh embainhou o revólver e lhe arrebatou a garrafa da bandeja antes que o garçom a baixasse. Tomou um longo trago e se limpou a boca com a manga.
-Trato feito . - Disse, empurrando a garrafa para Cole.
Cole tomou a garrafa com aberto desprezo, deixou-a na mesa, limpando-se deliberadamente a mão com um lenço, escolheu um copo e se serve um pouco.
-Trato feito.
acompanhou a Kavanagh até a porta traseira do saloon e indicou a seus homens que o deixassem ir. Os agudos olhos do Kavanagh localizaram aos observadores ocultos
um por um.
-lhes diga que não me sigam . - Disse.
Cole já tinha considerado e descartado esse plano. Kavanagh era muito preparado para deixar-se seguir durante muito momento. Só um homem lobo podia ter êxito em
perseguir um homem assim sem ser detectado nem detido.
Maldito fora Weylin por haver-se ido quando por fim poderia lhe haver sido útil.
Quando Kavanagh montou e se dirigiu ao oeste saindo da cidade, Cole quase esteve tentado de segui-lo ele mesmo. Ver Randall morto, de uma vez por todas...
Uma dor inexistente lhe cravou no coto do braço como um candente ferro de marcar. Não. Randall não se merecia seu esforço pessoal. Não até que o resto de possibilidades
se esgotassem. E tinha o forte pressentimento de que confiar no Sim Kavanagh era o primeiro dos últimos e mais mortíferos enganos que Tomás Randall tinha cometido.


Weylin encontrou os rastros do homem a cavalo no meio da amanhã, um pouco mais à frente do povoado do Tecolote, aproximadamente a dezesseis quilômetros ao sudoeste
de Las Vegas e à margem da rota a Santa Fé.
Reconheceu o aroma imediatamente e sentiu o frio prazer de uma vitória longamente esperada. depois de tão somente quatro dias de correr como um lobo, sem contatar
com seu irmão nem nenhum ser humano, tinha encontrado o que tinha procurado durante tantos anos.
Seguiu a pista com uma facilidade impossível em sua forma humana, correndo silencioso e sem ser visto em um constante passo longo. O cavaleiro tinha apressado suas
arreios, mantendo-se afastado do atalho principal por onde mercados e colonizadores levavam seus carros e vagões. Era já passado o entardecer quando se deteve descansar
em um lugar chamado Pracinha Pass.
Weylin se deitou entre as árvores, a favor do vento, e observou a sua presa, Sim Kavanagh, preparar um acampamento para a noite. Em todos aqueles anos de perseguir
À banda do Randall, não tinha estado tão perto do forasteiro que se dizia que era inclusive mais desumano que o mesmo Randall. Sim Kavanagh era procurado em vários
estados e pelo governo federal por crímenes muito inumeráveis para contar: o homem que o apanhasse seria aclamado como um herói.
Teve que recorrer a toda sua auto-disciplina para manter-se quieto e calado. Muito tempo havia esperando um momento como aquele, muito tempo. Seu sangue de lobo
gritava em busca de ação; o cabelo estava arrepiado e rígido ao longo de sua coluna, e apenas se preocupava com o vazio de sua barriga ou a dor em suas patas. Pode
que Kavanagh fora com um homem lobo, mas não era rival para um.
Weylin grunhiu do profundo de sua garganta. O poder fluiu através dele, músculos, tendões e ossos, preparados para ser usados. apesar de tudo isto, negou-se a Mudar,
simplesmente por alguma antiquada noção de justiça e honra.
Os homens como Sim Kavanagh não duvidavam em usar suas vantagens para conseguir o que queriam. Habilidade com uma arma, inteligência, ou uma conveniente falta de
escrúpulos... esses talentos humanos que eram exercidos ao serviço da crueldade e a cobiça. Não havia nenhuma razão no mundo pela que alguém nascido como algo mais
que um humano não devesse usar seu direito de nascimento ao serviço de algo maior.
Weylin se estirou, sentindo a força de um corpo feito para correr, saltar e caçar com perfeita eficiência. Se tivesse ignorado a desaprovação de Cole e tivesse feito
isto desde o começo, a carreira do Randall como hostigador, ladrão e assassino teria terminado antes de começar.
ao igual a poderia terminar a do Kavanagh aqui e agora. Mas ele era a melhor oportunidade do Weylin para encontrar a guarida secreta do Randall.
Kavanagh terminou sua ligeira comida e se deitou sob uma fina manta, com a cadeira de montar como travesseiro. Seu cavalo permaneceu em pé junto a ele, amodorrado.
Weylin colocou a cabeça sobre as patas e esperou. Caiu em um ligeiro sonho e despertou com uma sacudida, só para encontrar-se a Kavanagh girando de lado em um agitado
movimento.
a seguinte vez que despertou, Kavanagh estava em pé sobre ele, a arma fixa no Weylin para poder disparar a quemarropa.
Este deu um salto. a arma se disparou, e uma mordaz agonia se deslizou em seu flanco. Caiu, com as quatro patas estendidas na agonia da morte. Logo ficou quieto.
Kavanagh lhe deu um golpecito com sua bota. Weylin sabia que podia matá-lo com um tiro bem dirigido À cabeça ou ao coração; sua única esperança era jazer ali fingindo
que o primeiro disparo tinha dado no branco.
Talvez o tinha feito. Weylin lugaru o sangue emaranhar-se em sua pelagem e perdeu toda sensação nas extremidades. Era isto a morte? Era isto o que Kenneth e Pai
tinham sentido em seus momentos finais?
Sua respiração saía muito superficial para que Kavanagh a detectasse. depois de um momento o forasteiro se afastou e o deixou para que terminasse de morrer sozinho.
Capítulo 13


Quatro dias. Quatro dias tinham acontecido desde que Tomás se foi, e em lugar do alívio e a sensação de liberdade que a ausência de lhe deveria ter trazido, Rowena
só sentia uma preocupação agitada e uma estranha classe de solidão.
Sentia-o agora, enquanto estava junto à janela e olhava fixamente as escarpadas cor salmão pálido, esperando sua volta. Ele, Kavanagh, e outro de seus homens tinham
deixado o canhão a mesma noite de seu devastador encontro junto à cascata. Recordou, bastante dolorosamente, as horas posteriores a aquela reunião, quando tinha
tentado preparar-se para sua próxima e inevitável confrontação. Planejando o que lhe diria. Como agiria. O que faria para assegurar-se que tal coisa nunca passasse
outra vez.
Mas seus pensamentos tinham sido todo confusão e suas emoções permaneceram alvoroçadas muito depois de retornar ao povoado. permitiu-se respirar algo mais tranqüilamente
quando ele não se apresentou para o jantar essa noite. E logo Néstor lhe havia dito que Tomás se foi.
assim sem mais, sem uma palavra para ela. Deixando que se imaginasse que atos imprudentes e perigosos poderia cometer para desafiar e impressionar ao mundo. Destinando-a
a reviver os momentos de sonho no lago sob a cascata e sofrer os dores, medos e êxtase que essas lembranças proibidas evocavam.
Obrigando-a a encontrar um propósito e uma ocupação aqui, neste ninho de ladrões... ou voltar-se louca.
-Senhorita?
Pilar lhe atirou da manga. Rowena baixou a vista com um sorriso, fazendo um sério esforço para dissipar sua distração.
-Olhe, senhorita! -a menina levantou a pequena e estilhaçada piçarra orgulhosamente. - Posso escrever "vaca" em inglês e espanhol!
-Isso vejo. Excelente trabalho Pilar.
E de fato o era... melhor do que Rowena poderia ter esperado depois de só três dias de instrução. Pilar era sua aluna mais avançada, ansiosa por aprender. Rowena
tinha pouco com o que trabalhar naquela sala-de-aula improvisada, e seus alunos não estavam sempre atentos durante o punhado de horas que passavam com ela.
Mas era um começo. O dia seguinte ao desaparecimento de Tomás, quando concebeu pela primeira vez a idéia de ensinar aos filhos do canhão, tinha parecido uma idéia
inverossímil. Ela não podia suportar acontecer todo o tempo procurando uma forma de escapar, especialmente quando viu que poderia fazer algum bem pelos filhos antes
que ele retornasse.
Tinha acudido a Néstor em busca de ajuda; para sua satisfação, ele tinha estado de acordo. Tinha-a acompanhado essa mesma manhã para ver os pais dos filhos quando
estes saíam a trabalhar nos campos Com o passar do arroio. Os homens tinham reagido a sua proposta com uma surpresa reservada ao princípio, e logo com um interesse
crescente. ao final, tinham mimado deixar que os filhos fossem a ela para uma educação básica em inglês durante umas horas ao dia.
Pilar e Enrique, os órfãos, eram outro assunto. Não tinham demandas familiares em seu tempo e poucas tarefas que realizar. Pilar estava entusiasmada com a perspectiva
de aprender, Enrique o estava menos; até agora o moço só tinha ido À escola uma vez em três dias.
Outros compensaram as ausências do Enrique. Rowena jogou uma olhada ao quarto principal da casa. Gita, muito jovem ainda para começar qualquer instrução formal,
estava sentada na esquina e jogava com um cão esculpido em madeira. Pilar, Gertrudis e aquilino se sentavam À mesa, compartilhando a piçarra para praticar as letras,
enquanto Miguel e Catalina cantavam a canção de berço inglês que ela lhes tinha ensinado, medindo com cuidado as novas palavras.
Considerando que só Enrique e Pilar falavam algo de inglês, faziam um progresso notável. Néstor tinha sido inestimável como tradutor e figura familiar de autoridade.
além disso, fazia aparecer milagrosamente vários objetos necessários para o sala-de-aula que ela não se atreveu a esperar: a piçarra para escritura, uma caixa de
gizes roda, lápis achaparrados e um par de livros em inglês. Néstor não podia dizer de onde tinham vindo ou quem os tinha usado por última vez.
Certamente lhes seria dado bom uso de agora em diante. Ela não só era capaz de começar a ensinar inglês básico aos filhos, mas também também estava aprendendo espanhol.
Os moços e moças encontraram muito divertido que ela fora tão ignorante. Tinham passado o primeiro dia intercambiando palavras comuns daqui para lá em ambos os idiomas,
incluindo "vaca" e "cow", acompanhadas pela adoção de posturas e gritos apropriados dos animais.
Não era nada como o que ela tinha feito na Inglaterra. Tinha ensinado aos filhos dos arrendatários no estado de seu irmão, como faziam muitas jovens damas inglesas
de boa família. Era uma parte do dever que aquela de sua fila deviam aos menos afortunados.
Dever, ordem, normalidade. Esses tinham sido sempre seus lemas. Na Inglaterra seu lugar entre os arrendatários e filhos estava firmemente estabelecido. Ela estava
acostumada ao respeito e temor com o que a consideravam, a sua obediência incondicional.
aqui, não tinha outro lugar que o que Tomás tinha feito para ela ou o que ela tinha feito por si mesmo. Não era nenhuma dama elegante nenhuma aristocrata rica. Os
filhos não dependiam dela, nem tampouco se sentiam particularmente intimidados.
Por isso se encontrou esquecendo gradualmente todas as cuidadosas formalidades que tinha planejado estabelecer. Ria sem poder conter-se quando Miguel imitava a uma
ovelha balindo, ou quando Gertrudis mostrava uma aptidão notável para imitar o pavoneio de Tomás. Sorria com orgulho quando Pilar a felicitava gravemente por pronunciar
corretamente uma nova palavra espanhola. E refletia, uma e outra vez, quanto sabiam estes filhos pouco instruídos da vida e a felicidade apesar de suas desvantagens.
Teria Toma alguma idéia dos quais eram eles em realidade, ou do que eram capazes?
Tomás. Ela jogou uma olhada para a janela. É melhor que voltasse logo com o tecido e modelos que lhe tinha solicitado, se não queria ouvir seus mordazes pensamentos
sobre sua delinqüência.
tocou-se as bochechas quentes. Não. Ela e Tomás nunca poderiam voltar para aquela brincadeira peculiar que tanto tinha formado parte de sua conversa desde seu seqüestro.
Ela se tinha dado conta, durante a ausência dele, quanto se tinha acostumado isso a. Inclusive tinha começado a desfrutá-lo.
Mas o tempo na cascata o tinha mudado tudo. Uma importante barreira tinha sido rota; ela a tinha transpassado com seu descuidado e inconsciente comportamento libertino.
Ela o tinha animado a tomar-se liberdades. O único modo em que podia repor a ruptura entre eles era começar com palavras: uma formalidade fria e uma cortesia absoluta.
Devia manter sempre distancia e reserva com Tomás, sem importar quanto a provocasse ele. Os filhos lhe davam uma razão perfeita para discutir coisas com ele de uma
maneira razoável.
Desejar seu logo retorno era uma absoluta tolice. E ela tinha progredido pouco no descobrimento de uma razoável saída do canhão. Esperança já não a acompanhava Às
excursões pela manhã e pela tarde percorrendo o canhão de acima a abaixo; a moça se tornou quase solitária do incidente da cascata. Rowena se sentia de alguma forma
culpado. ao ser a moça testemunha de um lapso tão espantoso de parte de sua mentora... não era de sentir saudades que evitasse a companhia de Rowena.
Pelo menos Sim Kavanagh tinha partido o mesmo dia que seu senhor, e não poderia incomodar a Esperança em sua solidão.
lhe dando as costas À janela, Rowena deu umas palmadas:
-atenção filhos! É hora de que Néstor e eu lhes leiamos Mujercitas.
Os filhos pararam suas tarefas e jogos com distinto grau de presteza e se colofacem com as pernas cruzadas no chão de terra. Pilar se sentou ao pé da cadeira de
Rowena, sua face arredondada levantada como uma flor para o sol.
Rowena começou a ler. ao final de cada oração, fazia uma pausa para que Néstor traduzira as palavras ao espanhol e via como a magia percorria as mentes dos filhos.
De algum jeito tinha que encontrar mais livros para eles, em seu próprio idioma assim como em inglês. Havia tanto do mundo que lhes mostrar.
Seu olhar se afastou da página. Ela não estaria aqui o bastante para fazer uma verdadeira diferença em suas vidas... ao igual a Tomás, apesar de seus esforços, não
poderia fazer nenhuma diferença na dela.
-Senhorita?
Ouviu o som da voz do Néstor e encontrou seu lugar outra vez:
-Insulte-se a si mesmo como quero, mas eu não sou nem um patife, nem um desgraçado e não decidi ser chamado...
a porta principal se abriu de repente antes que ela pudesse terminar a oração. Enrique entrou correndo sem fôlego e Colorado.
-Está de volta! Dom Tomás retornou!
Qualquer esperança de ordem na classe se perdeu enquanto os filhos se levantavam de seus lugars. Rowena permaneceu congelada em sua cadeira.
Tomás. Tomás retornou.
Trato de preparar-se. Pensou que tinha um controle razoável de sua face e maneiras quando Tomás entrou pela porta um minuto mais tarde.
Era tal como ela o recordava. por que deveria parecer diferente? ainda era formoso, deslumbrante, ágil como o depredador que era. E igual de desavergonhado.
Em seus braços levava uma bolsa de lona grande, que deixou no meio do chão com um ar de drama.
-estive na cidade, moços . - Disse, ignorando a Rowena.
Uma série de gemidos felizes acolheu suas palavras. Como uma pequena multidão de vadios, os filhos se tornaram em cima do saco. Tomás dispersou com um varrido suave
de suas mãos.
-Com cuidado, moços. Tenho um presente para cada um de vós. -Das profundidades da bolsa tirou o que tinha noivo: brinquedos para cada um dos filhos, incluindo um
par de bonecas simples mas bem feitas, uma peonza, uma bola de borracha, e um punhado de soldados de madeira. Cada um encontrou seu caminho no agarre impaciente
de um menino. Inclusive Pilar, que ficou atrás, recebeu uma das bonecas. Olhou-a fixamente como se fora um luxo inimaginável de alguma terra exótica. Conversando
e rendo, os filhos saíram À praça.
Rowena se tinha jurado que não seria primeira em falar, que receberia a volta de Tomás com um completo desinteresse. Que a acusasse de engano se isso era o que ele
desejava. Que tratasse de impressioná-la com sua generosidade com os filhos, sendo tão tardia. Ela não se sentiria comovida.
Rapidamente se levantou e foi À janela. Duas pessoas falavam com vários metros de distância, fora de sua audição. Reconheceu a Esperança... e a Sim Kavanagh.
Ele não tinha demorado para abordá-la outra vez. apertando a queixo, Rowena se deu a volta e se dirigiu a pernadas para a porta.
-Não quer saber o que tenho para ti em minha bolsa mágica, minha alma?
Ela se parou. Tomás estava justo atrás dela. Se se girava muito rápido, cairia em seus braços.
Pressionou suas costas contra a porta aberta e o confrontou cautelosamente.
-a menos que haja trazido o tecido que pedi para os filhos...
-Mas a trouxe. -Colocou a mão no saco outra vez e retirou um vulto envolto em papel, e logo outro, e um terceiro. Cortou as cordas com sua faca e rasgou o papel.
O tecido caiu livre... pano fino forte e prático, e percal, um cilindro com flores diminutas, perfeitamente adequado para o vestido de uma menina. Deixou cair alguns
pedaços de tecido sobre a mesa e amontoou o resto dos presentes em cima: patrões, fio, agulhas, tudo o que ela poderia necessitar para prover aos filhos de roupa
robusta, simples.
Ela tragou o repentino nó em sua garganta.
-Suponho que roubou tudo isto.
Tomás se tocou o peito por cima do coração.
-Que bom é voltar para suas palavras corteses de boas-vindas, senhorita . - Disse. - Mas me temo que devo te decepcionar. Não usei nenhum roubo ou engano na obtenção
do que vê. Tudo isto foi dado, ou comprado do modo habitual.
Com dinheiro roubado, pensou Rowena. mordeu-se o lábio até que perdeu o impulso de falar. Cortesia. Formalidade. Não lhe dê nem a ele nem a ti mesma uma desculpa...
-Então eu e os filhos lhe devemos as obrigado . - Disse ela, inclinando a cabeça.
-Os filhos estão muito ocupados para a gratidão . - Disse Toma, apontando com seu queixo para a porta aberta com um sorriso sardônico. - Mas aceitarei as tuas com
muito prazer.
Ela se escorreu pela soleira.
-Se me perdoar, há algo do que tenho que me ocupar.
Quando alcançou o lugar onde tinham estado Esperança e Kavanagh, ambos se tinham ido. Levantou a mão para protegê-los olhos do sol e olhou de cima abaixo o canhão.
-a quem buscas?
O formigamento cada vez mais familiar em seu corpo já a tinha advertido da aproximação de Tomás, mas a preocupação baixou suas defesas.
-Esperança esteve comportando-se de uma maneira estranha durante os últimos dias.
-E está preocupada com ela.
-Não deveria está-lo... sobre tudo quando Kavanagh segue incomodando-a?
Tomás franziu o cenho.
-falei com ele sobre isso. Talvez deva fazê-lo outra vez. Mais firmemente.
Ela se relaxou um pouco.
-Me alegro de que veja a necessidade de manter a um homem assim sob controle.
Tomás chutou a sujeira com a ponta de sua bota.
-Néstor me há dito que estiveste ocupada enquanto eu estava longe.
-Já que foi sem nenhuma indicação de quando poderia voltar, senti que o melhor seria encontrar uma ocupação útil.
-Ensinando aos filhos. -Seu olhar se deslizou até a sua, cálida com aprovação. - Néstor diz que estão aprendendo muito rapidamente devido a sua paciência. agora
sou eu o que deve te estar agradecido, por cuidar tão bem de minha gente.
Era difícil não deixar-se afetar pela admiração honesta em suas palavras.
-Qualquer pessoa decente desejaria ajudar.
-por que, doçura, é tão difícil para ti aceitar agradecimentos? -O dorso de sua mão acariciou a sua, como por acaso. - Tal como não aceita os prazeres que seu corpo
sabe se merece. -O fôlego dele roçou seu ouvido. - Pensei em ti cada noite enquanto estive fora, meu céu. Não pude esquecer um só momento no lago, quando quase te
entregou para mim.
Suas palavras provocadoras já não tinham o poder de impressioná-la, mas seu toque era mais do que ela podia suportar. Tinha aprendido o que era ser excitada. Imagens
eróticas encheram sua mente outra vez, sendo inevitáveis por sua realidade. Ela tinha estado naquele lago. Quase lhe tinha entregue...
-Não há dito que me sentiu falta de, mas seu corpo não pode mentir . - Disse ele. Sua mão se colocou no quadril feminino, curvando-a posesivamente. - Posso sentir
o que sente. Cheiro-o em seu aroma. Se convidasse a minha cama, sua boca diria não, mas seu corpo diria sim.
Sim. a loba dentro dela uivou em alegria profana.
Ela tomou firmemente pelo cangote de seu pescoço imaginário e a mandou calar.
-Pensei que havia dito que me faria suplicar por isso, senhor Tomás . - Disse ela.
a mão dele se sacudiu de seu quadril. Ela captou a surpresa aturdida na face dele antes que compusera sua expressão em uma de diversão indolente.
-Fiz-o . - Disse ele. - Obrigado por me recordar isso
-De nada. E posto que é um homem de palavra, acredito que talvez deveria encontrar a seu amigo Kavanagh e lhe recordar que deixe tranqüila a Esperança.
Havia uma luz peculiar em seus olhos que desmentia sua relaxada postura. Ela poderia ter jurado que era cólera -cólera genuína que nascia de sentir-se frustrado-
e dor. Poderia O Lobo ser ferido?
-Não quer saber se vi seu precioso Cole McLean enquanto estava longe fazendo compras? -perguntou ele.
Com uma sacudida de culpa Rowena compreendeu que não tinha pensado em Cole nenhuma só vez em vários dias. Em escapar sim, mas não em voltar com seu noivo. Sua face
já se estava voltando alarmantemente fraco em sua memória.
-Viu-o? . - Disse ela, cobrindo sua confusão.
-Não, mas vi os homens que contratou para te encontrar. -riu. - Tolos, cada um deles.
-Se tivesse estado face a face com o senhor McLean, duvido que agora estivesse em pé aqui.
Ele ficou muito quieto.
-Está tão ansiosa por lombriga morto?
Pergunta-a ficou pendurada no silêncio, tão terrível como um golpe. Não era o que ela tinha querido dizer... não que Cole mataria, só que ele confrontaria o justo
castigo para seus delitos, como deveriam todos os transgressores da lei.
agora tudo o que Rowena podia ver era o corpo de Tomás, convexo morto na terra aos pés de Cole, sua alegria de viver terminada, sua risada para sempre calada.
-Não -sussurrou ela.
No espaço de um batimento do coração do coração ela sentiu uma transformação atordoante na corrente emocional que fluía entre eles. Desejo, luxúria, cólera, suspeita...
todos foram varridos por algo muito mais intenso. Era como se ambos tivessem esquecido cada fraco defesa que usavam o um contra o outro... contra a perspectiva temível
de uma intimidade, não do corpo, mas sim da alma.
Rowena estava muito paralisada para recordar por que deveria ter medo. Não podia apartar o olhar dos olhos de Tomás e do que via dentro deles. Lentamente levantou
a mão.
Tomás tomou um fôlego e o soltou outra vez. Levantou a mão para tomar a dela. Sua pele estava quente como se tivesse febre.
-Obrigado. -Sua voz não foi mais que um sussurro. assustou-os a ambos; o estranho feitiço se rompeu. Tomás ensinou brevemente os dentes e agitou a mão acima e abaixo
com amostra de boa vontade.
-Obrigado -repetiu em tom zombador. - Me agrada saber que me encontra mais interessante vivo que morto. -Deixou ir a mão dela e retrocedeu. - Temo que não serei
capaz de te ajudar na comida de esta noite, mas te desejo um bom sonho. até manhã, minha dama.


Esperança chegou para o jantar À hora habitual. Bem poderia não ter estado ali absolutamente; os comentários alegres de Rowena e as cuidadosas perguntas eram recebidas
com os olhos apartados e a cabeça inclinada. Definitivamente algo incomodava À moça -alguém com o nome do Kavanagh- mas também parecia ter perdido sua confiança
na Rowena.
a explicação era simples. Rowena tinha falhado em protegê-la. por que deveria estar surpreendida de que Esperança, quem tinha sofrido tal abuso de sua própria gente,
separasse-se de uma quase forasteira que tinha quebrado sua promessa mais solene?
Esse não era o único fracasso de Rowena. depois de tudo, o que tinha conseguido fazer? Desde sua chegada ali tinha quebrado quase cada propósito que se feito: escapar,
proteger a Esperança, permanecer indiferente Às adulações de Tomás. O único que permanecia intacto era sua determinação de nunca voltar a tornar-se em uma fera.
Como se atreveu a pensar que poderia ajudar a alguém mais quando logo que podia ajudar-se a si mesmo?
Profundamente envergonhada, refugiou-se no doloroso silêncio. Esperança permaneceu na mesa só o tempo suficiente para ingerir uns bocados de alimento, e logo se
escorreu da casa tão rapidamente como tinha vindo. Rowena mediu em busca da xícara de vinho ao lado de seu prato.
Ela não era como Quentin para perder-se na bebida, mas tinha tomado uma xícara ou duas cada noite durante a ausência de Tomás. terminou-se a primeira xícara, permitiu
que Néstor a preenchesse, colocou uma cadeira na janela, e observou como pôr-do-sol manchava os escarpados de vermelho e de ouro e o canhão se enchia de escuridão.
Uma lassidão agradável a cobriu.
-acredito que este vinho perdeu sua qualidade, Néstor . - Disse ela, franzindo o cenho vagamente ante os restos no fundo de sua xícara.
Ele saiu da esquina e tomo a xícara de sua mão. Seu nariz se moveu crispada.
-Não me tinha dado conta. Sinto muito, senhorita.
-Por favor não. Foi... adequado. -apoiou a cabeça contra o duro respaldo esculpido da cadeira. - Obrigado, Néstor. foi um bom amigo.
Ele fez uma reverência.
-Durma bem, Lady Rowena.
Durma bem. Teria sorte de dormir embora só fora um pouco, mas se o fazia... Se o fazia, ia sonhar com Cole em vez de Tomás. Sim. Já tinha tido bastante de Tomás
Alejandro Randall, acordada ou dormindo. Desterraria-o de seus sonhos completamente.
-Cole -murmurou. Fixou sua mente na imagem dele e se dirigiu com passo vacilante ao dormitório. Estava tão enjoada devido a duas escassas xícaras de vinho? a perspectiva
de tirá-la blusa e a saia era lhe desmoralize. depois de um momento de indecisão, caiu de barriga para baixo sobre a cama totalmente vestida.
-Cole . - Disse. Que estranho soava o nome. Como alheio. vou pensar só em...
Seus pensamentos se desenredaram. deixou ir À deriva em uma nuvem cinza de indiferença.
algo mais tarde, uns ruídos débeis despertaram. Uma figura se moveu ao lado de sua cama.
-Esper... anza? -balbuciou.
Não. a figura era muito grande. Masculina. Tomás. Tomás tinha entrado em seu quarto. Queria seduzi-la. Queria fazê-la suplicar... queria...
Uma mão se fechou sobre sua boca. Não era Toma. Era Kavanagh. Sim Kavanagh.
a nuvem de indiferença permaneceu abrigando-a como uma coberta que a silenciava. alguém longínquo a impulsionou a lutar; seus braços e pernas fizeram tentativas
pouco entusiastas de resistir quando ele a arrastou da cama e atou suas mãos juntas. Então estava fora do quarto, movendo-se a puxões irregulares através da noite.
Era impossível concentrar-se. esqueceu-se de quem a levava metade carregando-a, metade empurrando-a através do espaço aberto além da porta e apertou sua face contra
o corpo quente de algum animal fedorento. O homem, ou o animal, grunhiu quando ela foi lançada sobre umas costas ampla e peluda. Sua cabeça pendurava justo em cima
do chão. Mais grunhidos, e logo seu nariz esteve contra a juba rígida do animal enquanto suas pernas se sentavam Escarranchado sobre seu lombo.
Isso era quão último recordava sobre como tinha saído do canhão. Recuperou os sentidos na escuridão, uma luz te pisquem perfurou seus olhos como uma faca. Sua boca
sabia asquerosamente, e lhe doía a cabeça; não havia nenhuma neblina calmante para proteger a da realidade da situação.
Estava arremesso sobre a terra nua, mãos e pés atados, na base de um pinheiro baixo. Desde aquela posição ignominiosa podia ver que a luz procedia de um pequeno
fogo a uns metros. ao redor do fogo estavam sentados cinco ou seis homens, forasteiros, cujas faces tinham a brutalidade desumana de bandidos endurecidos.
Um dos homens era Sim Kavanagh.
Ela lutou por ficar em uma posição meio sentada, estremecendo-se ante o desconforto em seus braços e pernas. Vários pares de olhos se posaram nela com um interesse
faminto. Kavanagh ficou em pé.
-assim está acordada . - Disse. ficou em cuclillas a seu lado, um cigarro pendendo entre seus dedos. Examinou-o como se este tivesse muita maior importância que
ela. - Pensei que talvez lhe tinha dado muito.
Sua mente trabalhava finalmente o bastante bem para captar o que queria dizer.
-Fui drogada . - Disse com voz pastosa. - O vinho...
-Se, o vinho. -Ela ouviu o esperado desprezo em sua voz. - Uma beberagem local que recolhi de um velho curandeiro. - Disse que mataria com uma dose bastante forte,
mas não ia correr nenhum risco com uma mulher loba.
Mulher loba. referia-se a ela. Tinha-a drogado para voltá-la dócil quando a tirasse da cama e a levasse a... a este lugar. Rowena fez uma valoração rápida de seus
arredores, contente por uma vez de sua capacidade de ver na escuridão. O acampamento estava em um claro, rodeado por um bosque desço de pinheiros de pinhão e zimbros.
aquelas árvores poderiam estar em qualquer parte daquele áspero país; ela sabia que não estava no canhão.
-Quanto tempo estive dormida? -exigiu.
-Uma noite e um dia.
a situação era tão malote como se temia; devia ser bem passada pôr-do-sol.
-O que tem feito com Esperança?
-Nada. Ela serve para seu objetivo, como uma menina boa. Quem acredita que pôs a medicina em seu vinho?
-Esperança nunca...
-Fez-o.
-Não por vontade própria. agora entendo o que a esteve incomodando estes últimos dias. -apertou os punhos, muito consciente de sua impotência. - Você é um monstro.
Os olhos dele refletiram a luz, e cintilaram com uma diversão infernal.
-Se quiser que desate suas mãos, manterá sua boca fechada.
Ela considerou uma réplica e a guardou. Ele terminou seu cigarro, ignorando-a completamente, e atirou o final À terra. depois de outra longa e deliberada pausa,
deu-lhe a volta e manipulou as cordas para liberar suas bonecas.
as cordas tinham intumescido as bonecas dela e as tinham posto em carne viva, mas Rowena não ia queixar se. endireitou-se e descansou contra o tronco do pinheiro.
Kavanagh se levantou e foi até o fogo. Houve um murmúrio de vozes; voltou com uma amolgada xícara de estanho com água e um prato de feijões.
-Bebê . - Disse.
Lhe dirigiu um sorriso geada.
-Suponho que não servirá de nada perguntar onde estamos.
-Não muito.
-Quem é esta gente?
-Não os reconhece? Já os encontrou antes. alguns homens são da equipe do Rialto. -riu disimuladamente. - Felizmente para você Bill Hager não está aqui. havia-se
encaprichado bastante de você.
Rowena recordava a Bill Hager, o homem com quem Tomás tinha negociado quando tinha vendido os cavalos roubados de McLean. Os outros homens eram só umas faces desconhecidas,
americanas e hispanas.
-Posso assumir que sua presença aqui significa que mudou sua lealdade de Tomás este a... Rialto? . - Disse ela.
-Não sabe uma condenada costure sobre isto.
-Então o que faço aqui?
Os olhos dele se entrecerraron, dando a sua face um ar diabólico.
-adverti-lhe . - Disse -.lhe - Disse que se mantivera longe de Tomás. agora me estou assegurando de que ele se livra de você para sempre. -Seu sorriso gelou o
sangue a Rowena. - Você é o veneno, e eu sou o antídoto.
Ela manteve a voz admiravelmente serena.
-Uma vez insinuou que me mataria. É essa sua intenção?
-Não enquanto tenha um pouco de valor para o McLean. Temos um trato. -Ele cuspiu no fogo. - Deveria estar agradecida, Lady Rowena. a vou levar com seu noivo.
Sua declaração foi tão inesperada que ela riu antes de poder conter-se.
-me levar... com Cole?
-Já me ouviu.
-Ele nunca negociaria com um homem como você.
-antes comigo que com Tomás.
Tudo ocorria muito rapidamente.
-Cole está pagando por fazer isto?
a voz dele tomou um tom estirado, quase defensivo.
-Desfarei-me de você e lhe devolverei a Tomás sua liberdade.
Ele falava como se ela fora uma cadeia que arrastaria a Tomás indevidamente em algum cativeiro inexprimível, ou pior... como se ele fora a vítima indefesa de suas
artimanhas e não ao reverso. Era absurdo, mas Kavanagh acreditava assim. Realmente acreditava que ela era perigosa para seu amigo.
Seu amigo. apesar de toda sua maldade, Kavanagh era capaz de uma lealdade retorcida. Mas era uma classe louca de lealdade que traía a seu amigo em um esforço por
salvá-lo.
-E pensa . - Disse ela, - que Tomás agradecerá o que está fazendo, depois de todos os problemas que se tomou para me seqüestrar?
Ele desviou o rosto.
-Perseguirá-o quando descobrir que me fui . - Disse ela.
-Preparei-lhe uma pequena distração . - Disse Kavanagh. - Se isso não funcionar, os homens do Rialto me devem um favor. Porão rastros falsos e o farão ir mais lento.
Não me agarrará.
Obviamente o tinha tudo bem planejado. Ela era a que estava em desvantagem. Sua mente ainda estava confundida, seus uma vez sólidos princípios estavam voltados do
reverso. Em vez de sentir satisfação por estar ao bordo da fuga, sem importar os meios, estava zangada em nomeie de Tomás e ultrajada de que aquele suposto amigo
o tivesse enganado. Seu instinto irracional era lutar com unhas e dentes contra Kavanagh e cavalgar diretamente até o canhão.
De retorno a Tomás.
Tragou com força. Não tinha demonstrado seu domínio sobre o mero instinto, uma e outra vez? Poderia voltar toda esta situação a seu favor. Tudo o que tinha que fazer
era deixar que Kavanagh a levasse com Cole. Tomás não sofreria nenhum dano, e ela por fim estaria a salvo dele.
E a salvo de si mesmo.
-Muito bem . - Disse. - Tem o que queria, Kavanagh. Está-me dando o que eu desejei desde que fui seqüestrada. -as palavras ficassem presas em sua garganta. - Não
há nenhuma razão para me manter atada.
Um dos homens atrás dele - Disse algo em espanhol; Kavanagh riu.
-ficará atada até que cheguemos a Las Vegas e Cole pague por entregá-la.
-Então está fazendo isto pelo lucro...
-Igual a McLean. -aproximou-se, descansado sua mão no joelho dobrada dela. - Não deveria me odiar, Lady Rowena Forster. McLean e eu somos iguais. ambos Tomásos o
que queremos, e não nos importa ninguém mais.
-O senhor McLean não tem nada que ver com você.
-equivoca-se. -a mão dele se deslizou mais acima, subindo a saia. - Só há uma diferença entre nós. Eu uso uma arma. Ele usa o poder com o que nasceu. Faz acreditar
Às pessoas como você que é um cavalheiro elegante, e reto enquanto rouba tudo o que têm.
Ela tinha ouvido e tinha descartado calúnias como essa antes, em Nova Iorque, de fofoqueiros invejosos que diziam que a riqueza e a influência de Cole provinham
de práticas comerciais questionáveis, e tinha ouvido o mesmo outra vez de Tomás. Suas palavras permaneciam gravadas em sua memória: "Não sabia que seu querido Cole
McLean tem muitos inimigos? É obvio que ele não o diria. as histórias não lhe fariam nenhum favor."
Nunca lhe tinha dado mais detalhe sobre a acusação, nem tinha explicado seus motivos para atacar aos McLeans. Tinha-lhe deixado acreditar o pior dele, inclusive
quando tratava de seduzi-la. E ainda assim... lhe tinha feito cada vez mais difícil pensar nele como um bandido.
Mas se ele não era...
-Pergunto-me o que é o que McLean vê em você . - Disse Kavanagh. acariciou-lhe a perna da coxa até o joelho. - Ele usa Às mulheres como todos outros. Deve ter mais
que um pouco de dinheiro, ou ele não a quereria de volta. -encolheu-se de ombros. - Se soubesse o modo em que atuou com Tomás, abandonaria-a para que se apodrecesse.
a menos que encontrasse um modo de usá-la como ceva. Estou-me assegurando de que isso não passe.
-acredito que esteve ao sol muito tempo.
Os dedos dele se cravaram na pele dela sobre o tecido de sua saia.
-Tomás é muito orgulhoso para lhe dizer o que McLean lhe fez. Finge que não lhe preocupa o que você pensa. Mas você vai Ou seja ao que retorna. Cole McLean matou
ao pai de Tomás.
Capítulo 14


Rowena tratou levantar-se por si mesmo, recordando muito tarde que continuava atada pelos tornozelos. Kavanagh a deixou tentá-lo. Perdeu o equilíbrio, segurou-se
aos ramos de um pinheiro, e caiu sobre o traseiro. a sacudida foi bastante menor que as palavras do Kavanagh.
-Não escutarei suas mentiras -sussurrou.
-Não tem outra opção. -voltou-se e lhes falou com os homens do Rialto em rápido espanhol. Um deles se levantou e desapareceu na escuridão. Os outros se aproximaram
mais ao fogo.
Kavanagh sorriu com sombria satisfação.
-Os trovadores . - Disse, - ainda cantam corridos, balidas, sobre a mãe de Tomás, que tratou de vingar do assassino de seu marido quando deveu destruir tudo o
que ela tinha. Cantam sobre Tomás e como não deterá a briga com o McLean até que um deles esteja morto. -Inclinou a cabeça para o homem que tinha retornado ao fogo
com um violão nas mãos. - américo é o melhor cantor do Rialto. vai cantar lhe uma canção sobre O Lobo e Cole McLean.
-Não falo espanhol.
-Eu traduzirei . - Disse. - E você escutará.
O homem com o violão, américo, pronunciou uma breve introdução. Os homens ao redor murmuraram e assentiram. Tocou o violão e começou a cantar.
as palavras espanholas e a melodia pareciam simples, justo como o faziam tais canções quando Tomás cantava. Mas havia algo diferente nesta balada, uma sensação de
realidade dentro do entretenimento.
-Na terra de Escócia . - Disse Kavanagh, - faz cem anos, dizem, uma grande batalha começou entre os homens de duas famílias.
a voz do Kavanagh mudou, perdendo o fio áspero e crispado para converter-se em um pouco quase cativante, como se estivesse possuído pela alma de algum ancião bardo...
ou pelo mesmo Tomás. Era convincente. Obrigava-a a escutá-lo como nenhuma outra força poderia fazê-lo.
E ela quis saber. Tinha que saber.
Escutou.

"Dom Fergus Randall veio a Novo o México, aqui para encontrar a paz para ele e os seus.
"Tomou como noiva À filha de uma boa família, e fez sua fortuna na terra de Dom arturo.
"Foi chamada Os Valorosos pela coragem de suas gente, uma concessão ao longo Rio Canadense.
"Dom Fergus não encontrou paz no rancho, pois seus velhos inimigos o seguiram do Texas.
"Os McLeans eram orgulhosos e tinham muito gado, e sobre tudo odeio para Dom e os Randall.

Enquanto Rowena seguia as cadências da canção, Kavanagh continuou a tradução, lhe contando como a Guerra chegou a Novo o México, enfrentando ao norte contra o sul;
como os soldados sulinos vieram a Pracinha Pass, onde Dom Fergus se encontrou com seus inimigos e lhes advertiu que se fossem; como os McLeans recusaram ir-se, e
Fergus se viu obrigado a matar a um McLean em combate; e como os McLean juraram vingança.

"Quando a guerra terminou, Dom Fergus foi ao México. ali foi assassinado, diz-se que pelos apaches.
"Mas Cole e Frank McLean lhe tinham tendido uma emboscada e assassinado; covardemente o mataram, deixando viúva a sua esposa.
"Passaram muitos anos, e ela enviou longe a seu filho, o Jovem Dom Tomás, para aprender os costumes americanas do Este.
"Então ela soube como tinha morrido seu marido, e gritou com grande cólera: -Vingarei-me dos assassinos de Dom Fergus.

assim foi que a disputa continuou. Dona adelina, a mãe de Tomás, jurou vingança contra seus inimigos, roubando ganho e cavalos aos McLean. Durante muitos anos os
McLean não puderam apanhá-la, até que um dia trouxeram para poderosos aliados para destruir todo Os Valorosos e afugentar a sua gente.

"Mas Dona adelina encontrou o rastro para segui-los; dizem que tomou a forma de um lobo para seguir seus rastros.
"Quando encontrou aos McLean, não tiveram piedade de uma mulher; diz-se que a mataram como a seu marido.
"Logo Dom Tomás retornou, cantando canções de seu país; não sabia nada de tudo o que tinha ocorrido.
"Era um homem de alegria e risada, muito querido, um amável cavalheiro que não albergava má vontade para os homens.
"Todas as mulheres suspiravam por ele, e cantava como um anjo.
"Mas voltou para casa, e tudo o que tinha deixado tinha mudado.

Tomás tinha encontrado seu rancho destruído, a gente dispersada. Soube da morte de sua mãe, e com dor e raiva, jurou vingança.

"Depois de vários meses, encontrou a Frank McLean sozinho; lutaram com fúria, cada um tão forte como o outro.
"Mas O Lobo lutava pela justiça, e isso o fazia mais forte; cobrou-se vingança, em nome de seu pai e sua mãe.
"Cole McLean soube da morte de seu pai e converteu a Tomás em um forasteiro, sempre açoitado e À caça, um herói para a gente e um açoite para os McLean.
"Sabe que morrerá algum dia, mas não tem medo; que tudo o que escute esta balada recorde história do Lobo.

O violão ficou em silêncio. Os homens guardaram silêncio durante uns momentos, e logo gritaram com escandalosa avaliação. Rowena estava sentada muito quieta, com
os olhos fechados. Curioso, como umas poucas estrofes que nem sequer rimavam podiam ser tão comovedoras. Talvez isso o fazia a música.
Recordou o que Tomás havia dito de seu pai, e como tinha conhecido e se casou com a adelina. Inclusive tinha mencionado uma disputa... e ela tinha mudado de tema.
Mas isto era uma canção, um conto de fadas, uma lenda.
-O deslocado omitiu alguns detalhes . - Disse Kavanagh, com a música fora de sua voz. - Como que os McLean vieram a Las Vegas nove anos depois do assassinato do
Fergus com um grupo de outros grandes rancheiros do Texas, a reunir ganho para os Comancheros e índios, e vendê-lo aos pobres granjeiros no Território.
-Os... Comancheros?
-Comerciantes índios. alguns deles começaram a comprar ganho roubado pelos índios ou o roubavam eles mesmos. Não se deram conta de que lhes deviam lealdade aos grandes
boiadeiros que tomaram o poder. adelina os converteu em seus aliados quando se enfrentou aos McLean. -Olhou fixamente o fogo. - Os Texanos - Disseram que só queriam
recuperar sua propriedade. Mas isso foi só uma desculpa para os McLean. Queriam uma maneira legal para aniquilar aos Valorosos e tudo o que Fergus Randall tinha
deixado atrás, incluindo a sua esposa e filho e a toda a gente que vivia em sua terra e trabalhava para eles.
"Conseguiram a adelina, mas Tomás não retornou do Este até que destruíram aos Valorosos. Seguiu seu rastro, e encontrou a um dos homens do Frank McLean com uma pele
de lobo em sua cadeira de montar. a de sua mãe.
Rowena sacudiu a cabeça com incredulidade.
-Isto foi quando Tomás foi atrás o Frank McLean. Cole e seus homens encontraram a Tomás ferido gravemente depois da batalha. Torturaram-no e o abandonaram para que
morrera.
Os horríveis acontecimentos se projetaram na imaginação de Rowena. Tinha visto, na Inglaterra, o que as hostilidades podiam fazer. Duas famílias enfrentadas em uma
batalha brutal e divisória. Um ressentimento sobre outro, cada nova morte pedindo vingança. Um pai e um irmão, meio loucos de dor, perseguindo Fergus Randall. Tomás
procurando vingança a sua vez...
E Cole, respeitado e extremamente civilizado, perseguindo a Tomás e torturando-o até o bordo da morte.
Rechaçou a visão. Cole não era perfeito, mas não podia ter cometido tais atrocidades. Não era Stefan Boroskov, depravado e pervertido por seu manchado poder de homem
lobo.
E se a canção era certa, Tomás também tinha matado.
Sabia que era um assassino. Weylin lhe - Disse isso. Tomás não o negou...
Mas a canção lhe deu um motivo para este ato terrível, outro propósito que o mero desejo de matar e a cobiça. "Era um homem de alegria e risada, muito querido, um
gentil cavalheiro que não suportava a má vontade de um homem." Tinha visto esse homem em Tomás.
Quando estava justificada a vingança? Se o pai de Tomás tinha matado ao irmão de Cole na Guerra, poderia haver algum direito em matar a um soldado depois do fim
da guerra? Foi malvado por parte de Tomás o procurar vingança nos assassinos de seu pai? Devia continuar a pauta até que os últimos Randall e McLean desaparecessem?
Não. voltou-se de costas para fogo e inclinou a cabeça entre os joelhos. a canção tomava partido por Tomás sem desculpas, e deixava aos McLean como vilãos. Ela não
faria um julgamento similar. algum grande mal-entendido jazia no coração desta disputa, tergiversado e embelezado pelas hiperactivas imaginações dos baladistas locais.
por que não toma partido por seu noivo? arreganhou-a uma voz interior. Não deveria ser óbvio onde jaz a verdade?
Não farei julgamentos! Respondeu. Com uma pontada de medo se precaveu de que tinha passado quase toda sua vida fazendo tais julgamentos, sem questionar nunca seu
direito a fazê-lo. Finalmente se encontrou em uma situação de que qualquer opção que escolhesse lhe traria dor.
Sim, dor... embora o mais provável é que Cole fora inocente e Tomás o vilão. Não foi essa a hipótese que fez ao princípio e que tinha sustentado após?
Quando tinha começado a mudar de parecer?
Não importava. Em poucos dias estaria outra vez com Cole. Simplesmente lhe perguntaria a verdade. Ele poderia desejar proteger a dos aspectos desagradáveis do passado
de sua família, mas não poderia lhe mentir. Então ela conheceria ambos os lados da história. Então poderia decidir...
-ainda não crie, verdade? . - Disse Kavanagh perto de sua orelha.
Não lhe deu a satisfação de afastar-se.
-acredito que houve uma grande tragédia . - Disse, - e muito sofrimento...
-Causada por seus grandes-y-poderosos McLean . - Disse. - Não foi unicamente a família de Tomás a que destruíram. Desde que vieram a Novo o México, usaram seu poder
para pisotear a qualquer que fora mais fraco que eles. Frank McLean era um grande homem no Texas da Guerra do México, mas não era suficiente. Queria um império.
Começou por conduzir o gado do norte através de novo o México pelo caminho do Goodnight-Loving quando ninguém mais tinha a coragem. Os índios o deixaram só. Inclusive
homens como Hittson e Chisum se tornavam atrás quando ele estava pelos arredores.
"Não era humano, e não via os humanos como ameaças. Podia fazer com eles o que quisesse... como Penetro faz agora. Utilizava Às pessoas e os arrojava quando tinha
terminado. Se alguém tinha a terra que queria, desfazia-se deles de uma forma ou outra... pobres camponeses, pequenos granjeiros, gente que só tratava de sobreviver.
Não só a terra, se não algo que pudesse tomar. Era um ladrão que tinha À lei e aos políticos de seu lado. Muito em breve teve uma das maiores extensões do Território,
sem contar as terras do Texas. -a face do Kavanagh estava rígida como uma caveira. - Unicamente os Randall tinham o poder de lhe fazer frente, porque eram homens
lobo. Teve que desfazer-se deles. a disputa e a Guerra lhe deram uma razão.
Ela nunca tinha ouvido Sim Kavanagh falar com tanta paixão. Isto tinha transpassado a lealdade para um amigo. Era como se... sim, como se ele mesmo tivesse sofrido
algum insulto pessoal à mãos dos McLean.
-Nunca conheci pai de Cole . - Disse ela. - Cole respeitava muito, ao igual a muitos homens influentes e íntegros...
-Porque tinham medo dele. Da mesma maneira que têm medo de Cole. -Sorriu. - Também lhe dá medo.
-Com toda segurança que não. -estremeceu-se. - Inclusive se Frank McLean fez alguma das coisas que afirma, Cole... Cole não era o cabeça de família. esteve em Nova
Iorque do sessenta e seis.
-ajudou a matar a Fergus antes disso. Retornou para tratar de matar a Tomás. assumiu todos os negócios familiares quando morreu Frank McLean. acredita que porque
viva no Este não controla tudo o que passa aqui? É portador da magnífica tradição familiar de roubar e matar.
-Tudo o que me deu são rumores e a opinião de um criminoso procurado.
Kavanagh se balançou sobre seus talões.
-Já calculei que você aprovaria a maneira em que os McLean levavam seus negócios. Deve ser o mesmo com os de sua classe na Inglaterra.
Rowena reprimiu uma rápida negativa. Era por causa de suas inatas habilidades que os homens lobo alcançavam posições de riqueza e autoridade ali onde viviam. Kavanagh
insinuava que os McLean praticavam a influência do loup-garou nos humanos; não tinha feito Braden o mesmo na Inglaterra, para proteger os segredos dos Forster? Mas
seu irmão não tinha manipulado nunca aos humanos para seu proveito, nem os empregava para roubar ou matar.
Como odiava lhe dever algo a sua herança selvagem.
-No momento vejo pouco que escolher entre você, Tomás e Cole . - Disse.
Kavanagh riu. Continuou rendo enquanto lhe jogava uma suja manta em cima dos ombros e se tombava uns poucos metros mais à frente, observando, sempre observando com
esses desumanos olhos.
Rowena se passou as seguintes horas de insônia tratando de tirar-se da cabeça a balada do Lobo.


Weylin despertou de um profundo sonho, sua primeira lembrança essa dor.
ainda estava em forma de lobo. Enquanto estava convexo sob os ramos baixos ao casaco de um pinheiro, lutou por recordar como tinha chegado até ali, e por que. Seus
sentidos lhe diziam que não era muito depois do pôr-do-sol -de que dia, não sabia- e que sua pelagem levava a essência do sangue seca.
Sangue da ferida quase mortal recebida à mãos do Sim Kavanagh. Uma ferida que poderia ter matado a um lobo normal. Ou a um homem.
Unicamente sua natureza desumana de homem lobo o tinha salvado. Em certa forma se arrastou ao refúgio mais profundo onde nenhum transeunte pudesse encontrar por
acaso seu corpo aparentemente sem vida. ali, seu instinto de sobrevivência tinha tomado o controle, arrastando-o para um estupor profundo e curativo.
Poderia ter morrido. ainda estava extremamente débil, e desesperadamente sedento. Não estava seguro de ter força para Mudar, inclusive se o desejava. Mas vivia.
Vivia. Da infância, quando toda a família estava unida e a vida parecia cheia de maravilhas, não havia sentido tal inesperada e espontânea felicidade. "Direito"
e "justiça" e "vingança" eram palavras humanas sem sentido que arrojou a um lado com um estalo de suas queixos. Queria apontar o focinho para as estrelas e uivar
de alegria, saltar e dançar como um potro amalucado.
Dançar estava além de sua capacidade. Fez a um lado o júbilo e se concentrou no simples ato de ficar em pé. Depois de dois intentos, as arrumou para fazê-lo sem
perder o equilíbrio. Seus músculos gemeram e protestaram; o ombro onde lhe tinha dado a bala funcionava como o de um velho cão. Dando pequenos e irregulares passos,
deixou-se levar pelo olfato para um regato que descia das montanhas.
Bebeu durante longos minutos, desfrutando de do sabor puro da água cristalina. Lentamente o êxtase se desvaneceu como um sonho. Enquanto jazia ao lado do arroio,
o propósito retornou a seus pensamentos. Quase, quase o tinha ignorado. Havia uma parte dele que queria permanecer como lobo e nunca retornar ao mundo do dever e
disciplina que se criou.
Não era esse um mundo igual de real? Podia viver, não por uma abstrata noção de justiça, mas sim por momentos como esses. Pela liberdade de correr a vontade e não
pensar em mais à frente do manhã, com nada que demonstrar nem agradecer a ninguém... nem a Cole, nem à lembrança de seu pai, nem Às normas das leis humanas. Nem
sequer a si mesmo.
Mas o hábito de anos era muito forte.
Era Weylin arthur McLean. Isso significava algo, agora mais que nunca. Um McLean não se dava por vencido só porque era mais fácil ou prazenteiro. Não fugia das responsabilidades.
Tinha trabalho por fazer.
ficou em pé e se concentrou em seu objetivo até que os últimos vestígios andrajosos de tentação se esfumaram e sua mente esteve clara outra vez. Sua primeira tarefa
foi encontrar suas modificadas alforjes. Estavam onde as tinha deixado antes do ataque do Kavanagh, sem tocar inclusive pelos animais.
Poderia ter sido mais sábio esperar e curar-se outro dia ou dois antes de Mudar. Mas tinham acontecido vários dias, cada um roubado da perseguição de Tomás; deveria
retornar aos refúgios dos homens para recuperar a orientação e ouvir as últimas notícias.
ainda perdendo a oportunidade de seguir a Kavanagh para o Randall, tinha obtido uma vantagem que não havia possuído no passado. Fazia frente à morte e tinha sobrevivido.
Pai, Kenneth, Cole... todos eles tinham feito frente a sua própria mortalidade, lutando pelo que acreditavam. Nunca tinha tomado parte dessa irmandade. No profundo
de seu coração se envergonhava dessa carência, de não saber como confrontar o momento quando viesse. Finalmente tinha provado ser um verdadeiro McLean.
Essa dúvida tinha desaparecido. Ele era digno. Podia permanecer em presencia de Cole sem perguntar-se se sua eleição, seu caminho, era o correto.
No preso havia roupas singelas para cobrir seu corpo humano, e dinheiro suficiente para uma equipe completa de montar. O povoado mais próximo de qualquer tamanho,
estava a menos de dezesseis quilômetros de distância. ali encontraria o que necessitava para reatar sua caça, esta vez como homem. Mas sabia que podia tomar outra
forma se lhe convinha, sem duvidar ou desculpar-se, ou esquecer quem e o que era.
Reunindo toda sua força, permaneceu sozinho sob a luz de milhares de estrelas e se permitiu a Mudança.


Estava bem avançada a noite quando Tomás conduziu a Golfinho ao lugar no Canhão do Rito das Lágrimas. Não tinha dormido da noite anterior; Sim o tinha enviado a
um povoado a várias horas de distância do canhão, mas quando chegou ao entardecer, o homem com o que tinha que encontrar-se não estava. Tinha permanecido uma noite
inteira e meio-dia mais antes de voltar para casa.
Sim não cometia tais enganos. Se - Disse que havia um homem procurando a ajuda do Lobo contra a crueldade e a injustiça, esse homem devia existir. Mas ninguém na
Canada do Rochoso tinha conhecimento dele.
Tomás se consolou durante a desperdiçado viagem flertando com as senhoritas e desfrutando da amável hospitalidade da gente que reivindicava ao Lobo como seu herói.
Não duvidavam constantemente entre a boas-vindas e o rechaço, nem questionavam seus métodos e motivos. Não o deixaram rasgar-se entre a risada e a loucura. Entre
eles, nunca duvidou do que sentia e do que queria.
Não como esse último encontro com a Rowena, quando foi maldito com a certeza que tinha ultrapassado os limites do simples desejo e se introduziu em um mortífero
e desconhecido território que tinha evitado toda sua vida. Um lugar cheio de perigos, armadilhas e poços sem fundo nos quais cairia e continuaria caindo durante
toda a eternidade.
Era perito em vagar pelas terras de ninguém onde outros não se atreveriam a perder-se. Tinha caminhado por muitos limites perigosos antes de conhecer Lady Rowena
Forster, e sempre tinha escolhido não dar sua lealdade a ninguém exceto a si mesmo. a ninguém, nem a Sim, que tinha percorrido o caminho inteiro a seu lado.
Então a dama lhe tinha tendido a mão e lhe tinha feito gestos para cruzar essa linha final. Tinha estado muito perto de tomar esse passo irrevogável do Desejo ao
amor.
Desmontou em frente de sua casa -agora a de Rowena- e se apoiou contra o flanco quente do cavalo.
-Há vezes, amigo . - Disse- nas que preferiria ser um cavalo e não um lobo. O semental tem muitas éguas, e cada uma sabe que nunca será seu único amor. Nem tem
nenhum desejo de limitar-se. -Suspirou e aplaudiu o pescoço do cavalo castrado. - Não é que você saiba destas coisas. Começo a acreditar que você e eu temos muito
em comum. -Conduziu a Golfinho para o estábulo, notando que não havia luzes em nenhuma das casas. por que deveria as haver?. - Supõe que encontrou a vida insoportablemente
aborrecida em minha ausência? -perguntou. Golfinho relinchou, indubitavelmente desejando o grão e uma boa massagem. Tomás estava pensando menos na comida e no banheiro
que no que faria com a Rowena.
Poderia deixá-la partir. O pensamento lhe tinha ocorrido mais de uma vez, nunca tão fortemente como durante sua última conversa. Seu intento de usá-la para humilhar
e ferir Cole McLean tinha perdido a graça em algum lugar do caminho. Não acreditava que McLean lhe desse o que pedia em troca de sua liberação.
assim Rowena ficaria. E embora encontraria satisfação em que ela se desse conta de que Cole era um uva sem semente desleal, quem seria então responsável por ela?
Embora finalmente se entregaria a ele, o que passaria depois?
Nenhum futuro. Rowena acreditava em louváveis ambicione como o matrimônio, os filhos, a lei e a ordem, um protocolo adequado, e uma vida assentada. Tais coisas eram
reais para ela. a realidade dele era o presente, e o saber que não havia segurança, nem permanência no mundo.
Deveria devolvê-la... devolvê-la ao mundo que ela conhecia. Se não o fazia, ela sofreria. Seu sofrimento poderia ser mais do que ele pudesse suportar.
deteve-se na porta do estábulo e pressionou a face contra o focinho suave de Golfinho.
-Não sou nobre, ao pensar em seu bem-estar nesta tardia hora? . - Disse. - Ou só penso em mim mesmo? -riu. - Já vê no que me estou convertendo. Ela é como um veneno
no sangue. Sim, meu amigo... quanto mais logo me dela desfaça, melhor eu...
-Huuuuh!
Golfinho jogou atrás a cabeça. Uma pequena sombra se deslizou pela esquina do estábulo e se deteve ante ele. Estirou a mão para lhe agarrar a manga com inconfundível
urgência.
Esperança.
Ela abriu a boca, e o mesmo som rouco emergiu. Nenhuma palavra, não ainda, mas mais ruidosa que a que tinha feito desde que a encontraram em Los Milagres.
-Sssuuuh...
Tomás deixou cair as rédeas de Golfinho e segurou os ombros da garota.
-Esperança! Pode falar?
Ela se levou a mão À garganta. Sua face estava manchada de sujeira, e suas roupas rasgadas como se tivesse estado em uma luta recente. a Tomás lhe encolheu o estômago
com o conhecimento prévio do desastre.
-O que acontece?
-Rrrooo-eee-nah -ofegou ela.
Rowena.
Deixou-a ir e correu através da praça. a porta de Rowena se abriu ao primeiro toque. Entrou no dormitório, só para encontrar os lençóis enrugados e frite. Sua essência
era um rastro mínimo no ar viciado.
Esperança o esperou fora, com os olhos brilhando com ansiedade. Lhe tocou o ombro ao passar e caminhou a grandes passos para a porta da casa do Néstor. Seu golpe
não foi respondido. Néstor não estava dentro.
Uma a uma visitou as outras casas, com Esperança em seus talões. a gente lhe dava a boas-vindas e sonolentos respondiam a suas perguntas com perplexidade e preocupação.
Não, ninguém tinha visto Lady Rowena da noite anterior. por que? Ele mesmo tinha deixado uma carta dizendo que estava doente e não devia ser incomodada enquanto
estivesse fora. Enrique tinha encontrado a carta na porta de sua casa a passada amanhã. Não, Néstor não estava aqui; tinham ouvido que tinha tido que sair a noite
anterior para ver um parente moribundo em um povoado a vários quilômetros de distância.
Um pouco muito importante tinha acontecido. Tomás amaldiçoou muito brandamente pelos curiosos filhos que escutavam e reconfortou a seus homens com umas poucas palavras
despreocupadas. Falsas palavras; Néstor se tinha ido sem uma explicação clara; Rowena não tinha sido vista em todo o dia; e Esperança...
-Sssiii... -a garota lhe atirou da manga, obrigando-o a fitá-la de novo. - Ssiiimm.
Sim. Lhe gelou o sangue.
-Sim Kavanagh? . - Disse, lhe agarrando a mão. - me Diga, Esperança. Onde está Rowena? Foi Sim...?
assentiu.
-Ssiiim. Levou... -assinalou para o caminho que se dirigia para os precipícios da meseta por cima deles. - O... jos.
Sim tinha tirado Rowena do canhão.
Só umas poucas vezes em sua vida havia sentido as cruéis emocione que o reclamavam nesse momento. a fúria era a que mais entre elas... fúria, desespero e um medo
insuportável. as raízes de seu cabelo se estifacem e seus lábios se curvaram em um grunhido.
Sim o tinha traído. Sim se tinha levado a Rowena. Sim lhe tinha roubado a sua companheira...
E mataria para reclamá-la.
Jogou a cabeça para trás, preparado para uivar seu desafio. Esperança afastou a mão das suas.
-Nooo -gemeu. ficou as mãos sobre as orelhas como se bloqueasse algum som insuportável. - Nooo!
O puro terror em sua voz o deteve. a visão de Tomás se esclareceu para encontrá-la em cuclillas no chão a seus pés. Vários dos filhos maiores observavam o drama
dos márgenes, meio fascinados, meio assustados. Seus pais e guardiães tinham bastante mais sentido
-Filhos! . - Disse com dureza. - Retornem a suas casas. Enrique, te encarregue de Golfinho. Vamos!
Se alguma vez lhes ocorreu desobedecer, não foi agora. Correram dentro, e as portas da casa permaneceram firmemente fechadas atrás deles. Tomás tomou fôlego e se
ajoelhou ao lado de Esperança.
-Vamos . - Disse. - Não vou fazer te danifico.
a jovem elevou o olhar, pressionando ainda a cabeça com as mãos.
-ajuda...
Levantou-a facilmente e suportou seu leve peso.
-Sim. Descansa tranqüila, moça... -Embora estava suja e assustada, sua face não tinha machucados ou marcas de golpes. Mas tinha a segurança de que sabia de primeira
mão o que tinha acontecido com a Rowena, e como. Sim fazia algo pior que ignorar suas ordens sobre incomodar À moça.
Tinha advertido a Sim sobre isso de novo, no dia anterior pela tarde... ao mesmo tempo Sim lhe tinha contado o do homem na Canada do Rochoso que necessitava sua
ajuda. Esse homem não o tinha estado esperando porque Sim o tinha inventado. Indubitavelmente tinha encontrado a maneira de que Néstor abandonasse o povoado em um
momento oportuno, e escreveu a carta que supostamente provinha de Tomás. Só uns poucos no povoado sabiam ler, e nenhum poderia distinguir sua letra da de algum outro.
Ninguém estaria procurando Rowena.
Tinha subestimado Sim a Esperança?
Tomás segurou o queixo da garota.
-Sinto não lhes haver protegido a ti e a Rowena do Sim . - Disse. - Pode me perdoar?
Ela assentiu, e uma gravidade dilaceradora substituiu o medo e o pânico.
-Esta vez me assegurarei de que ele não faça mais dano. Sabe onde levou a dama?
Seus lábios se moveram mas não formaram nenhuma palavra coerente. Não necessitava sua resposta.
-Cole -sussurrou. - por que, Sim? por que?
Esperança lhe tocou o queixo com a gema dos dedos. Seus olhos falaram eloqüentemente... de pena, de empatia, e de uma compreensão que o humilhou. Ele, como Sim,
tinha passado por cima a Esperança.
-Não se preocupe . - Disse. - Os encontrarei. Raptou-a ontem à noite?
Ela assentiu. assim Sim tinha um dia de vantagem. Tinha-o planejado bem; sabia o que podia fazer um homem lobo. Mas inclusive ele não podia adivinhar os limites
da força e energia de um homem lobo, quando esse homem lobo tinha motivos para provar esses limites. Tomás tinha usado a Mudança por conveniência e prazer e para
ajudar a acossar aos McLean, mas estranha vez tinha confrontado uma necessidade tão premente como agora.
Estava seguro como o demônio de que Sim não o tinha planejado o bastante bem.
-De acordo . - Disse. - Entra na casa e descansa, Esperança. Trarei-a de volta.
-Não!
algo no veemente protesto lhe fez pensar em uma possibilidade que não tinha considerado. Rowena tinha querido escapar dele desde o começo. Não teria obstinado a
oportunidade de voltar com Cole, sem importar quão ofensivo fora o método?
Sua língua se sentia grosa e pesada na boca.
-Esperança... não foi com ele voluntariamente?
Um sorriso apenas perceptível roçou a boca da garota.
-Não . - Disse em voz baixa. - Não.
Tomás fechou os olhos. Só porque Rowena não tinha animado a Sim não significava que não reconheceria a vantagem de cooperar uma vez o assunto parecia.
ainda a poderia deixar ir. Era o que estava considerando...
O pensamento se chocou de cabeça contra uma parede de fúria irraregiãoble. Deixá-la ir, com o Sim? Deixá-la retornar a Cole, quando a decisão não tinha sido tomada
por ele?
Nada tão fácil.
voltou-se dos muito conhecedores olhos de Esperança e foi levantar Mateo, Carlos e aos outros de suas camas. Não havia nenhuma razão para temer que lhes culpasse
do seqüestro de Rowena -tinha sido o único em confiar no Sim, - mas rapidamente seguiram suas instruções. Enquanto preparavam cavalos frescos e provisões, Tomás
levou a parte para Esperança.
-Sabe que posso me converter em lobo . - Disse. - Tenho que fazê-lo agora, para alcançar a Sim e a Rowena. Meus homens seguirão a cavalo. Ficará aqui e esperará
nossa volta.
Ela negou com a cabeça ferozmente.
-Eu... vou . - Disse. - Tenho que ir.
-Não pode.
-Eu devo.
-Não pode fazer nada pela Rowena.
-Eu... posso ajudar.
Ela não só encontrou sua voz, mas também uma coragem estranha e teimosa para lhe desafiar. Ele não teve mais opção que tomar uma ação drástica. Sem concessão para
sua modéstia, tirou-se as roupas e Mudou.
Os olhos lobunos a encontraram parada onde a tinha deixado, conmocionada mas completamente resolvida. Não havia mais tempo para discutir. Poderia ter coragem, mas
não seria capaz de lhe seguir a ele ou a seus homens uma vez deixassem o canhão.
Tocou-lhe seus dedos curvados em despedida e correu para os desfiladeiros do este.
O rastro do Sim era bastante fácil de seguir: dois cavalos e uma mula, movendo-se a passo constante, um cavalo e uma mula levando cavaleiros. Tinha tomado a rota
mais rápida que baixava da meseta a Rio Grande, sem fazer nenhum esforço por encobrir-se.
Mas atrás horas de incansável carreira para a saída do sol, cruzando mesetas, cerque e o Rio Grande, mais rápido que um verdadeiro lobo ou inclusive o mais resistente
cavalo, Tomás encontrou os obstáculos que Sim tinha deixado para ele. O acampamento tinha sido abandonado antes do amanhecer; cheirou a Sim e a Rowena e a cinco
ou seis mais, forasteiros da banda do Rialto. Tinham sido inteligentes. Tinham intercambiado os cavalos e as roupas, e os aromas se misturaram. Tomás seguiu cada
rastro falso antes de reconhecer seu engano. Uma vez apanhou o causador de um desses rastros; o homem se assustou e tratou de lhe disparar. Tomás desmontou do cavalo
e o deixou choramingando no pó antes de ter tempo para um segundo disparo.
Soltou ao bandido com um medo considerável de repetir tais truques e retornou sobre seus passos deixando sinais para que seus próprios homens o seguissem. Os outros
companheiros do Sim foram bastante fáceis de esquivar até que encontrou o caminho correto. No meio da amanhã alcançou os subúrbios de um pequeno povoado chamado
São José do Vau, no Rio Pecos, e soube que Sim e Rowena estavam muito perto.
Não foram simplesmente seus sentidos os que lhe - Disseram isso. a essência de Rowena rondava o lugar, como se a vontade dela o alcançasse para convocá-lo. sacudiu-se
o desânimo, rodeou o povoado e vadeou o Pecos À carreira. Um quilômetro e meio mais adiante encontrou a dois cavaleiros, a gente guiando ao outro. as figuras eram
inconfundíveis.
Rowena deveu senti-lo primeiro. Lhe estirou as costas mas não se deu a volta. Tomás se arrastou sobre o chão, com a barriga contra a terra. Sim só o ouviu quando
esteve a seis metros de distância.
Tomás se apoiou sobre as patas traseiras para saltar. O cavalo do Sim corcoveou e se elevou sobre suas patas quando o forasteiro tirou a arma da cartucheira. Estabilizou
a arreios e apontou a pistola com confiança letal... a Rowena.
Girando no ar, Tomás caiu para trás. Sim atirou das rédeas do segundo cavalo até que o animal esteve barriga com barriga com o sua e a boca do Peacemaker esteve
pressionada contra a têmpora de Rowena.
-Fique onde está, Tomás . - Disse.
Traição. Tomás grunhiu e levantou o olhar para a Rowena. Parecia desalinhada mas ilesa; sua face estava pálida, tranqüila e sem medo. Mas seus olhos... seus olhos
resplandeciam, suas profundidades castanhas cintilando com faíscas douradas.
Isso solo o pôs em guarda. Sim nunca a viu vir. Com a rapidez de uma impressionante serpente de cascavel, ela lançou seu braço para cima e lhe tirou a arma da mão.
Quase ao mesmo tempo se virou na cadeira e arrojou seu peso contra ele. O cavalo do Sim escoiceou ante o inesperado movimento. Os dois se balançaram precariamente
sobre o lombo do animal, e logo Sim caiu da cadeira. Rowena lhe caiu em cima.
Quando Tomás alcançou, Rowena estava sobre o Sim, com o cabelo revoando ao redor de sua face como uma arpía. Lhe golpeou na face. Sacudindo o assombro, Sim lhe devolveu
o golpe.
Seu golpe nunca chegou. Tomás apanhou a boneca entre suas queixos e o sujeitou duramente. Sim expulsou ar conmocionado. Rowena se separou de um salto e se agachou
ao lado de Tomás, deixando um sinal de quatro arranhões na bochecha do Sim, onde suas unhas o tinham marcado.
Mas a batalha não tinha terminado. Ignorando a dor das demolidoras presas de Tomás, Sim retorceu o corpo e alcançou sua bota. Uma diminuta Deringer apareceu em sua
mão. Enterrou-a na pelagem da juba de Tomás.
-Empatados . - Disse, apertando os dentes. - Não quero te disparar, Tomás. Deixe ir.
O sabor do sangue era de uma vez amargo e doce na língua de Tomás. Com apenas uma pequena pressão, poderia amputar a mão do Sim de sua boneca. E Sim poderia lhe
disparar, talvez fatalmente.
Rowena o contemplou com ferozes olhos. Mata-o, pareciam dizer. a mesma loucura de tal pensamento esclareceu mente de Tomás.
Soltou a boneca do Sim e saltou sobre ele para defender a Rowena. Sim pôs seu braço ferido sobre o peito. Rodou para um lado para apoiar-se sobre as pernas, e a
Deringer se desprendeu de seu agarre. Tomás deixou ficar em pé.
agora havia três opções: permanecer como lobo e castigar a Sim por sua traição, Mudar e enfrentar-se a ele como um homem, ou lhe deixar partir. De repente Tomás
se sentiu inexplicavelmente cansando. manteve-se entre o Sim e Rowena enquanto o forasteiro vai tentas para o cavalo e montou torpemente, jorrando sangue com cada
movimento.
-Maldito seja, Tomás . - Disse Sim com voz rouca. - Toma-a e te condene.
Chutou ao cavalo grosseiramente e virou ao norte para as montanhas. Tomás deixou que suas pernas se dobrassem e se desabou ali onde estava.
-Tomás? -Os dedos de Rowena se deslizaram em sua pelagem. - Está ferida?
a risada estava além de suas habilidades como lobo, e tampouco podia imitar um sorriso humano com os dentes manchados de sangue. Simplesmente meneou a cauda e se
apoiou em seu firme emano.
Ela se estirou. Ele esperou a que se separasse de sua forma de fera, mas Rowena se sentou a seu lado e ficou olhando inexpresivamente o caminho pelo que Sim tinha
desaparecido. Tomás esperou que ela falasse, mas a mulher permaneceu em silêncio. Descansaram quedamente durante alguns minutos mais e logo ele se levantou e gesticulou
com a cabeça e o corpo até que ela entendeu que tinha que recolher ao cavalo e segui-lo.
Procuraram um refúgio mais privado em um grupo de zimbros se separados do caminho, e ali Tomás se preparou para esperar a que seus homens lhe encontrassem. Rowena
se movia como em um sonho. Poderia ter tentado ir-se, mas mostrou pouco interesse em nada, nem sequer em aproveitar a pequena corrente que Tomás encontrou para ela.
Descansou a curta distancia dele, com os joelhos levantados e as abraçando com os braços.
a última coisa que queria Toma agora era Mudar. Rowena era como uma exausta criatura perseguida até o limite. Poderia empurrá-la a superar esse limite se se levantasse
frente a ela em toda sua nua humanidade... e ele seria vulnerável.
Porque queria fazer mais que tocá-la, jazer com ela. Desejava consolá-la, tomá-la em seus braços, lhe falar brandamente de coisas sem importância até que dormisse
pacificamente contra seu peito. Desejava lhe dizer que tudo estaria bem, para sempre. Desejava lhe prometer milhares de coisas que sabia não poderia lhe dar.
Grunho para si mesmo e se lambeu um arranhão da pata. O Lobo não era vulnerável. Tal palavra era para as mulheres e filhos, e também para esses que o necessitavam
desesperadamente.
Rowena o necessitava. Precisava falar, e como lobo estava mudo. Não era uma grande concessão. Havia perguntas que só ela podia responder.
Surpreso por sua própria reticência, retirou-se atrás de um conveniente arbusto para Mudar. Rowena apenas o olhou quando saiu de novo.
Tomás assumiu uma relativa e modesta posição com seu corpo de costas a ela e recolheu uma ramita para desenhar no pó.
-Bem? . - Disse.
Rowena ainda tinha os olhos embotados, as faíscas douradas apagadas.
-por que não o matou? -perguntou.
Tomás afundou o ramo na terra com tanta força que se rompeu.
-Esperava que o fizesse? Comportou-te como se queria matá-lo você mesma.
-Eu... não quero falar disso.
-Fez-te mal?
-Não.
Tomás fechou os olhos.
-Era meu amigo. Meu bom amigo.
-Levava-me de retorno a Cole.
Era o que Tomás esperava, mas inclusive o saber o feria profundamente.
. - Disse-te por que?
-Para te proteger de mim.
Esta vez nada lhe impediu de rir, mas o som tinha um ponto de amargura.
-É obvio. Quantas vezes me advertiu que seria minha ruína. Mas eu nunca... -Sua garganta apagou a risada. - Jurou que não te faria mal. ao menos manteve essa promessa.
Ela não respondeu. Permaneceu com o olhar baixo, fechada, distante, não com orgulho mas com desespero. algo a tinha feito encerrar-se em si mesmo, onde ele não podia
alcançá-la. Não pensou que isso fora possível.
-Esperança - Disse que te tinha raptado, que não foi com ele voluntariamente . - Disse.
-Esperança lhe - Disse isso?
Viu o ponto de esperança em sua voz.
-Fez-o. Mais que isso, Rowena... ela falou. Desejava muito seu resgate.
-Sabia -sussurrou. - Sabia que ela não queria... -Sacudiu a cabeça. - Me alegro.
inclinou-se para ela, esquecendo a modéstia.
-Não estava atada quando te encontrei com o Sim.
-Estive-o até que alcançamos Santa Fé. Logo... convenci-o que podia parecer estranho se estava atada. Esteve de acordo.
-Então tiveram uma conversa civilizada.
-Sim. -Esta simples palavra escondia um rico significado, mas estava claro que não lhe daria mais detalhe. - Tinha um trato com Cole. Não sei o que receberia em
troca de me levar de volta.
Não seria dinheiro. Não Sim. Isso era muito fácil.
-por que não cooperou, Rowena? Não te estava dando exatamente o que queria?
-Não sou um peão, para passar de emano em emano entre um par de rufiões como... -de repente pareceu dar-se conta de que sua voz se elevou com ira. Se replegó em
si mesmo de novo. - agora não importa.
Mas importava. O coração de Tomás pulsava com a compulsão de fazer com que lhe contasse exatamente porquê não se foi com o Sim Kavanagh. Porquê se tinha ficado a
seu lado quando Tomás apanhou. Porquê atacou a Sim, inclusive quando já estava cansado, como uma loba brigando por seu companheiro.
E se ela o dizia? Se se rendia e admitia por fim que...
Fechou a boca. Ela se abraçou ainda com mais força.


O dia passou com dolorosa lentidão. Só ao pôr-do-sol chegou o aroma de seus homens que se aproximavam, e foi a seu encontro.
-Dom Tomás . - Disse Mateo, deslizando-se da cadeira de suas suarenta arreios. - Graças a Deus. a senhorita está bem?
-Está-o. -Olhou atrás dele. Rowena se tinha levantado e olhava além dos zimbros. - Sim se foi.
Mateo sacudiu a cabeça enquanto os outros homens se reuniam com eles.
-ai! Tenho más notícias. -Sua expressão era muito séria. - Nos encontramos com o Kavanagh de caminho para aqui.
-O que?
-É verdade, Dom Tomás. E ainda pior. Tinha À garota, Esperança, com ele.
alguém ofegou. Tomás se segurou fortemente as mãos.
-Isso não é possível.
-a garota tinha mais coragem de que acreditávamos. Seguiu montada em Golfinho, quando deixamos o canhão. Não sei como o fez, nem como nos passou Kavanagh de caminho
para aqui, mas encontrou a Esperança em algum lugar atrás de nossa esteira. agora a tem. -Lançou-lhe um olhar a seus homens. - nos Perdoe, Dom Tomás. Deixou-nos
uma mensagem para você. - Disse que talvez quereria a Esperança de volta... mas então teria que ir a Las Vegas a procurá-la. E teria que levar a Lady Rowena.
Capítulo 15


as palavras do Mateo penetraram o intumescimento de Rowena, dissolvendo-o em um banheiro de dor como a sensibilidade voltando para um membro paralisado.
Sim Kavanagh. Seu só nome fez reviver os impulsos viciosos que a tinham levado muito perto da violência algumas horas antes.
Sim Kavanagh não tinha sido derrotado. Tomás tinha deixado ir, e agora tinha a Esperança.
Ela se segurou a esse fato com uma tenacidade se desesperada; era algo direto no que concentrar-se quando o resto de seu mundo tinha perdido suas amarras. Havia
salvação, embora temporário, em saber o que devia fazer.
apartando a cortina de ramos de zimbro, recolheu-se a saia e correu para juntar-se com outros. Tomás se estava pondo a roupa que seus homens haviam lhe trazido.
Olhou a Rowena inquisitivamente.
-Ouviu?
-Sim. -Tardiamente ela notou os olhares fixas dos homens e se colocou o cabelo atrás da cabeça. Carecia até de um simples passador para sustentá-lo em seu lugar.
O que veriam eles quando a olhavam agora?
Esperança. Pensa só em Esperança.
-Devemos ir a Las Vegas imediatamente . - Disse ela.
Tomás inclinou a cabeça, como um lobo. Ela podia recordar com viva claridade a maneira em que havia sentido sua pelagem sob a mão... e o perto que tinha estado ele
de cortar a do Sim Kavanagh. Ele era beleza e ferocidade totalmente misturada.
ao igual a ela.
-Parece te sentir melhor . - Disse ele. Sua voz oferecia preocupação e calidez, como se ainda estivessem sozinhos. - estive preocupado.
Bem poderia está-lo, perguntando-se se tinha perdido a seu refém. Mas desde que veio por ela, não a tinha ameaçado com o cativeiro, nem tinha feito nenhum movimento
para sustentá-la. Poderia não havê-la parado se ela tratasse de correr.
-Estou perfeitamente bem . - Disse ela. - É Esperança quem me preocupa agora.
Ele terminou de grampeá-la camisa e se encolheu de ombros enquanto ficava um colete de lã gasto e um casaco remendado.
-agora indubitavelmente lamenta que não o tivesse matado. Só troquei a um refém por outro.
Ela ouviu a auto-acusação em suas palavras. Estava Toma tão destroçado como ela, por obrigações contrárias de proteger-se tanto a ele como aqueles a pelos que...
preocupava-se? Poderia O Lobo, quem vivia a vida voluntariosa e imprudentemente no momento, finalmente confrontar as conseqüências de suas ações... e de suas próprias
opções impossíveis?
Sentiu uma quebra de onda de proximidade, e um desejo profundo de consolar.
-Era seu amigo . - Disse ela. - Não podia ter sabido que Esperança faria o que fez.
Sua meia sorriso careceu até da insinuação de sua habitual atitude vaidosa.
-É generosa.
Não, pensou ela. Simplesmente estou cansada desta batalha interminável.
-Pensa que ele vai a... lhe fazer danifico?
-Não tem nenhuma razão para isso. -Tomou um cantil passado por um dos homens e a ofereceu. - Não é a Esperança a quem quer.
Rowena bebeu a água, logo que notando seu calor e o sabor a metal.
-Quer-me . - Disse ela. - Simplesmente usou a Esperança.
Ele também bebeu e atirou o cantil a Mateo.
-Isso parece. Isto é uma armadilha, porque ele sabe que eu... nós... iremos atrás dele.
Ela tinha esperado que a excluíra, que exigisse que retornasse ao canhão. Tinha estado lista para uma discussão, para oferecer promessas solenes de que não tentaria
escapar enquanto tivessem a esperança de resgatar a Esperança.
Que ironia. Se Kavanagh tivesse tido êxito na tarefa de devolvê-la a Cole, Esperança estaria segura. Se Rowena não tivesse lutado contra ele...
Ela se obrigou a pensar no momento em que a fera tinha tomado controle sobre sua vontade. Tomás tinha aparecido como sabia o que faria -o tinha ouvido aproximar-se
muito antes que Kavanagh- mas só isso não tinha sido suficiente para que ela atuasse. O ponto decisivo surgiu quando Kavanagh apontou a arma a sua têmpora. Pretendia
ser uma ameaça para Tomás, e ela soube, naquele brilho final de prudência, que ele nunca arriscaria a vida dela. Igual a soube Kavanagh.
a decisão de atacar tinha sido foto instantânea e sem nenhuma razão. Lhe havia dito a Tomás que não seria o peão de nenhum homem, mas nada tão sensato tinha entrado
em sua mente. Fazia o que seu sangue de loba exigia. Tirar a arma da mão do Kavanagh de um golpe não tinha sido suficiente. Também o tinha atirado de seu cavalo,
e logo tinha saltado sobre ele como se queria lhe cortar a garganta. Desumano. Com ódio. Completamente selvagem.
Se tivesse permanecido sendo ela mesma, Tomás se teria jogado atrás. Kavanagh era o bastante inteligente para manter-se longe até que chegassem a Las Vegas. Era
tão culpado pelo apuro de Esperança como Tomás.
Pelo menos não tinha Mudado. a fera ainda estava encurralada. Esse era o único consolo que ficava.
-Sim deve ter feito um bom trato com o McLean para chegar tão longe . - Disse Toma. - Não faria isto só para me salvar. Ele sabe contra o que se enfrenta. -inclinou-se
para a Rowena. - Minha senhora, conseguirá o que desejas. Estou mandando a meus homens ao canhão. Iremos a cavalo até Las Vegas, e você terá a possibilidade de voltar
com o McLean... de uma forma ou outra.
De que forma o dizia, sem rodeios, como se não lhe importasse. depois de tudo o que tinha passado, deixaria-a ir tão facilmente?
-Que pouco eficiente de sua parte . - Disse ela fríamente, - haver tomado o trabalho de me raptar só para te render. O que acontece sua vingança, Lobo? E o resgate?
O que acontece sua reputação? Poderia haver economizado a todos a moléstia e me haver deixado sozinha aquele dia em Colorado.
-Provavelmente tem razão, senhorita. Desculpo-me pelas moléstias que te causei.
-te desculpe com Esperança . - Disse ela. - Suponho que é natural para um homem como você mudar de ideia por capricho, independentemente da quem possa ferir. -deu-se
a volta afastando-se dele, abraçando-se. - Em qualquer caso, não me entregarei simplesmente a Kavanagh como um saco de bens comerciais, embora ele tenha a intenção
de me entregar a Cole imediatamente. tive suficiente, e não tenho nenhuma razão no mundo para confiar nele. Deve haver uma forma de lhe superar.
a postura dele se relaxou em uma posição familiar e perezosamente zombadora, mas seus olhos brilharam com desafio.
-Sempre pode correr para o McLean para que te ajude. Tem escritórios comerciais e muitos empregados em Las Vegas, e homens e influência para superar em número a
Sim cem a um.
-Uma idéia excelente.
-É obvio, seu Cole não terá nenhuma razão para salvar a Esperança uma vez que te tenha de novo. por que deveria preocupar-se com uma pobre moça camponesa? a menos
que, é obvio, considere que vale a pena matar a Sim, em cujo caso Esperança pode ser apanhada no fogo cruzado.
-Ele não faria... -Rowena vacilou, recordando o deslocado e as molestas dúvidas que tinha plantado em sua mente. afastou-as outra vez. - Ele não perseguirá Kavanagh
se eu o peço.
-Então, tem uma decisão que tomar, doçura. -a despreocupada palavra de carinho se segurou a seu coração. - Vê com o McLean... -a brincadeira desapareceu, deixando-o
solene e sério como um moço que pede seu primeiro baile. Quase sussurrou as seguintes palavras. - Ou permanece comigo, e burlaremos a Sim Kavanagh juntos.
-Deixará-me ir?
-Encontrarei a Sim, Y... convencerei-o de que me entregue À moça. -Deu-lhe a "convencerei" um fio sinistro, expondo a cólera que ocultava tão bem. Não estava unicamente
dirigida a Kavanagh. Rowena reconheceu os sinals de auto-desprezo. Tomás era o último homem no mundo que se julgaria a si mesmo, e ainda assim, em algum lugar, algum
momento, nas poucas semanas que o conhecia, tinha aprendido a fazê-lo. Não sabia que defeito, ou engano, ou debilidade condenava mais.
Mas ele se castigaria. Dava-lhe a opção de decidir-se, e pensou que sabia qual seria aquela decisão. Não só a deixaria, mas também ficaria em perigo, tanto contra
Kavanagh como contra os McLean. Inclusive se -embora- nunca lhe contasse a Cole sua presença em Las Vegas, estaria-se dirigindo a uma armadilha potencial.
E nem sequer lhe importaria.
Lhe havia dito a Tomás que poderia persuadir a Cole para que não fora atrás do Kavanagh. Entretanto não podia afirmar ter a mesma influência no Weylin ou Cole no
que concernia a Tomás... não depois de escutar o deslocado.
Independentemente do que Tomás tinha feito, ela não queria -não agüentaria- o pensamento dele pendurando ao final de uma soga. Esse era o modo em que aqui se ocupavam
dos ladrões de gado e cavalos, inclusive a variedade comum. E Tomás era tudo menos comum, não com os McLean sendo seus inimigos mortais.
antes, a decisão poderia ter sido fácil. Os transgressores da lei mereciam ser castigados. ganhavam seus destinos, por severos que fossem. Mas justo quando Tomás
tinha começado a julgar-se, ela tinha começado a deixar de julgá-lo. Quando nenhum homem carecia de pecados, como podia escolher entre eles? Como podia esperar sopesar
um mal contra o outro, ou inclusive saber qual era verdadeiro e qual falso?
Já não podia confiar na balança moral dentro de seu próprio coração.
Se a única forma de garantir sua segurança era acompanhá-lo até que Esperança fosse livre, assim se faria. Poderia voltar com Cole quando Tomás se partiu. Partido
e fora de sua vida para sempre.
Os olhos e o nariz lhe arderam com lágrimas incipientes. Não sabia o que era pior: tal sentimentalismo extraviado ou a maldade brutal da fera.
-Sou tão responsável por Esperança como você . - Disse ela por fim. - Não me escaparei enquanto ela esteja em perigo. Irei contigo.
Tomás sorriu ampliamente, mostrando seu velho sorriso descuidado.
-Muito valente. Essa é meu valente Rowena. -segurou-lhe a mão em um forte apertão, e ela nem sequer pensou em apartar a de um puxão. a euforia de Tomás palpitou
por ela como um estranho remeio. - Você e eu, querida... você e eu juntos podemos fazer algo.
Por estranho que parecesse, ela acreditou.


O jacal ao que Sim levou a Felícita estava desmantelado e levava muito tempo abandonado, com uma pequena janela e um teto quase derrubado. a porta estava quase tirada
de suas dobradiças. Uma tosca cama estava em uma esquina; Sim a empurrou para o colchão sujo e fechou a porta, inundando-os na penumbra rota por raias de luz cheias
de pó.
Felícita tinha medo. Por um momento, no canhão, tinha sido o bastante valente para pensar que poderia alcançar a Tomás e lhe ajudar a resgatar À dama. Rowena, a
quem ela tinha traído.
Mas Sim a tinha detido, e sua coragem se havia disolvido como água de chuva em terra seca. Enquanto a valentia tinha durado, havia a tornado mais que um pouco louca.
Logo que tinha sido consciente do lugar ou o tempo, cavalgando toda a noite e durante o dia até que suas coxas estiveram arranhadas e suas pernas lhe pesaram como
tijolos de tijolo cru. lembrava-se vagamente de pendurar do lombo do cavalo emprestado enquanto este andava sem seu guia, e ela sonhava que tinha água e dormia,
e a dor finalizava.
Então Sim tinha surto de um nada, montando em uma fúria de pó e raiva, irradiando ódio e desespero e pena. Ela despertou assustada e impressionada pelo absoluto
poder de seus sentimentos. Ele sangrava abundantemente da boneca direita, que tinha enfaixado torpemente com farrapos. arranhões marcavam sua face. Ela soube que
Tomás tinha encontrado, e que Rowena estava livre.
E sabia que Sim Kavanagh não tinha terminado com nenhum deles.
No aroma de fechado do jacal, ele bebeu de sua garrafa metálica e a passou. Ela molhou seus lábios quebrados. a cavalgada tinha sido longa. Tinham descansado parte
da noite anterior, mas à alvorada tinham saído outra vez. Felizmente, o tortura de sua pele arranhada se adormeceu junto com todos os músculos de suas pernas. Durante
muitas horas cavalgaram para o este pelo passo, e por fim giraram ao norte nas colinas ao oeste de Las Vegas. agora era o final da tarde, e Felícita pensou que poderia
deitar-se e dormir para sempre. Se não estivesse tão terrivelmente assustada.
Sim segurou um tamborete de três pés da parede e o colocou ao lado da cama.
-O que pensava estar fazendo? -exigiu-lhe severamente. - ir resgatar a sua preciosa dama?
Estas eram as primeiras palavras que lhe havia dito, além de ordens bruscas que ela não se atreveu a desobedecer. Sem pensar, tocou-se a garganta, e logo os lábios;
agora podia falar -quando pensava as palavras, estas vinham a sua boca, em vez de permanecer fechadas em seu coração, - mas não desejava fazê-lo. Ele ainda pensava
que era muda.
-Tomás recuperou . - Disse ele, dando uma patada ao chão sujo com o talão de sua bota, - mas isso não significa que tenha ganho uma maldita coisa. Voltará... e
ela virá com ele. -apalpou o bolso de seu colete com sua mão ilesa e encontrou um cigarro a meio fumar. Lançou-o À terra com repugnância. - Não crie que a deixará?
Não conhece Tomás. Ela o tem em seu feitiço. Se fosse se escapar com o McLean, me teria deixado que a levasse. Está jogando a algo, e eu vou parar a.
Felícita fechou os olhos. Ele a segurou pelo queixo e a obrigou a fitá-lo.
-ah, ela virá. Sente verdadeiro carinho por ti, pequena. Talvez a única coisa verdadeira nela. Virá, e quando o fizer... talvez a venderei a McLean, ou talvez...
-Sorriu. Felícita não teve nenhum problema em entender o que quis dizer.
Ele sentia muito ódio. Tanto, que a cabeça dela soava constantemente, lhe fazendo impossível pensar, e muito menos resistir. O machuco no corpo do Sim era mais direto,
mais compreensível, talvez até algo que ela poderia controlar um pouco, e aliviar o caos em sua mente.
Ela se estirou para sua mão ferida. Ele se estremeceu. a pesar do terror que sentia, Felícita não o soltou. Os farrapos que ele tinha usado para enfaixar as feridas
quase estavam empapados.
Com pequenos e cautelosos gestos, ela tentou desenrolar a atadura. Um olhar estranho passou pelos olhos do Sim. Este se levantou e foi Às alforjes que tinha deixado
cair na terra. delas tirou uma camisa, andrajosa mas poda. recostou-se no tamborete e estirou o braço.
Com cuidado ela começou a desenrolar a atadura. a ferida era feia, mas não afastou a vista. O sangue fresca caiu sobre seus dedos. Ela segurou a camisa e tratou
de rasgá-la, mas o tecido era muito pesada. Não havia nada com que cortá-la.
-Tenha. -De repente Sim sustentava uma faca, oferecendo-lhe com um sorriso torcido. - Toma-o.
a faca, como Sim, estava cheio de violência. agora poderia ser usado para curar. um pouco de seu medo partiu. Cortou a camisa em tiras e brandamente as pôs sobre
a ferida. algum conhecimento interior lhe - Disse o que devia fazer, embora nunca tivesse ajudado a ninguém ferido desta maneira. Isto lhe deu um sentimento tão
doce e maravilhoso, que quase não ouviu o ódio do Sim.
a respiração do Sim passou de pesada e rápida a baixa e estável. Ela terminou com as últimas tiras da camisa para atar a atadura. Talvez não duraria muito tempo,
mas estava melhor que antes.
Ele levantou o braço para examinar o trabalho. Ela sabia que ainda lhe doía, mas isso também estava melhor que antes.
-Maldição . - Disse ele brandamente. Durante um momento pareceu perdido; a confusão substituiu a cólera. Ela se sentiu aturdida pela mudança. Ele segurou rapidamente
a faca, derrubando o tamborete quando se levantou, e caminhou a pernadas ao outro lado do quarto. Só a parede o deteve.
-Pensa que sou um homem mau . - Disse repentinamente.
Ela sacudiu a cabeça instintivamente, e logo compreendeu que de verdade pensava que não o era. Sim estava cheio de ódio e cólera e sentimentos terríveis, e ainda
assim... Talvez ela era muito ignorante para saber como era o mal em realidade. Quase tudo o que entendia do mundo lhe chegava filtrado pelas mentes e as emoções
dos outros, e só um punhado desses outros tinham sido mais que estranhos. Logo que podia recordar a sua mãe e seu pai. Tio estranha vez falava do mundo fora de seu
povoado, embora tivesse viajado uma vez de costa a costa. Estavam os aldeãos, incluindo os homens que a tinham jogado, mas até o final pelo general evitavam a casa
de seu tio.
E depois Rowena e Tomás, com a grande e tácita paixão que sentiam um pelo outro... e Sim Kavanagh. Se ele era mau, havia muitas coisas que Felícita nunca poderia
esperar entender.
-Fiz... coisas más . - Disse Sim. Sua voz baixou. - Sei o que sou. Mas há homens piores que eu. -deu-se a volta e se ajoelhou ao lado da cama, agarrando seu marco
desvencilhado. - Cole McLean. O inimigo de Tomás. Meu inimigo. -riu. - Há muito que Tomás não sabe sobre mim. Pensa que o faz. Sei o que está pensando agora.
Ela conteve o fôlego. Sim estava falado de uma maneira como não tinha feito antes, e seu coração se estava abrindo a ela. a ela.
-Ele é o único homem no que alguma vez confiei . - Disse ele. - até que ela veio ao canhão. Desde o começo soube o que lhe faria, mas Tomás não me escutou. -Seus
olhos já não viam Felícita. - as mulheres estão bem para uma coisa. Sei melhor que ninguém. Minha mãe era uma puta. Uma puta pestilenta que me odiou desde dia em
que nasci.
Não havia nenhuma atadura no mundo que pudesse tampar esta ferida. Felícita lhe tocou sua mão ilesa. Ele não pareceu notá-lo.
-Dizem que uma vez ela foi formosa, com classe... como Lady Rowena. Quando eu nasci, trabalhava em um bordel no Hat Rock, Texas. aí foi onde cresci. Com a madam
foi minha primeira vez. Soube tudo o que terei que saber sobre fêmeas aos treze anos. Mamãe nunca me - Disse quem era meu pai. Não antes que ficasse feia pela enfermidade
e a morte. Então me - Disse que fora com ele e lhe fizesse pagar pelo que lhe fez.
Felícita curvou os dedos ao redor de deles, como se pudesse cair se o soltava. Só podia ver imagens vagas das coisas que ele estava dizendo, logo que podia começar
a imaginar, mas o ódio e a pena do Sim estavam claros como um céu de montanha. Fizeram-na estremecer-se por completo.
-Encontrei-o, claro que sim . - Disse. - Encontrei a meu pai. Só que ele não quis que o filho de uma puta fora parte de seu agradável, respeitável e poderosa família.
assegurou-se de que ninguém nunca averiguasse sobre mim ou minha carinhosa mãe. Para então ela tinha morrido. Se tivesse averiguado o que ele me fez, lhe teria dado
igual. Me teria amaldiçoado da tumba.
O que te fez ele?, perguntou-se Felícita dentro de sua mente. Queria dizê-lo em voz alta, mas o medo era ainda muito grande. Sim estava muito perto, em todas as
maneiras. Tinha baixado suas defesas, e só havia um pequeno passo entre sentir o que ele sentiu Ou seja o que sabia. Um passo, e ela seria Sim Kavanagh.
Felícita retirou as mãos de repente e as dobrou sob os braços. Sim piscou, e o olhar distante e perdido cedeu passo ao escárnio e ao desprezo.
-Bem, pequena . - Disse, - talvez desejaria não me haver curado. ainda sou capaz de usar isto. -Tocou a culatra de sua pistola. - Quando me mora, levarei a alguém
comigo.
-Não -sussurrou ela.
-O que?
-Por favor... não. Nenhuma matança...
-Pode falar? -segurou-a pelos braços e a sacudiu. - Faz quanto disso? Condenada, se tiver estado me enganando...
-Não. -Ela fechou os olhos outra vez, como se pudesse bloquear sua raiva. - Só... passada-a noite. antes disso, eu... -Tinha deixado de tentar compreender o que
tinha passado quando perdeu a voz. Foi incapaz de falar depois de que os aldeãos viessem a por ela.
até que teve que salvar a Rowena.
Sim a deixou ir com um pequeno empurrão que a lançou de um giro à cama de armar.
-Então não é muda absolutamente. É por isso que Tomás vinho atrás de mim tão rápido, verdade? Deveria haver... -apertou e afrouxou seus punhos. - Não importa. Não
pode deter o que eu dita fazer. -Para demonstrar-lhe a ambos, investiu contra ela e a imobilizo na cama. Beijou-a como quando o tinha feito no canhão, mas esta vez
sua boca se suavizou acontecidos uns momentos. Felícita sentiu a diferença, tanto em seu coração como em seu corpo.
a necessidade ainda estava aí, como tinha acontecido a primeira vez, exigindo e alcançando. antes, ela tinha tido medo de que a pura força disso a tragasse. Felícita
logo que tinha começado a entender o que significava quando ele a tinha afastado. E logo a tinha feito enganar a Rowena.
agora a verdade veio a ela como o canto dos anjos. Ele a necessitava, mas não o podia ver. tornou-se cego devido a seu ódio pelo mundo.
Mas ainda assim vinha a ela como um animal ferido que se escondia em um lugar seguro onde poder curar-se. Ela era esse lugar. algo nela era como... como as ataduras
que tinha usado em seu braço, só que a cura que ele procurava era para sua alma. a idéia a sobressaltou, de uma vez que fez que tremesse com seu terrível peso.
Ela, de todas as pessoas, tinha os meios para falar com este homem como ninguém mais poderia. Nos Milagres, havia-lhe dito Às pessoas o que sentiu que desejavam
ouvir. Não seria tão fácil com o Sim.
O que daria ela por salvar a Rowena e a Tomás? Poderia correr um risco tão temerário? Poderia fazer com que ele acreditasse uma verdade que não tinha em seu próprio
coração?
Quando ele soltou seu agarre o bastante para que respirasse, ela falou.
-Não te deterei . - Disse. - Não posso. Mas ficarei contigo, Sim Kavanagh.
Ele a sustentou longe para contemplar sua face.
-Tem razão, fará-o.
-Pode me forçar . - Disse ela. - Mas irei contigo por própria vontade. -Lhe tocou seus lábios. Ele se estremeceu. - Te seguirei até o fim do mundo e nunca te abandonarei...
se formos agora. longe deste lugar.
-ainda tentando salvar a seus amigos. -Sim riu desagradablemente. - Disposta a mudar seu corpo por suas vidas. Pensa que vale algo para mim exceto como ceva?
-Sim.
Sua simples resposta o deixou sem réplica. Sim se limpou a boca com uma manga suja e a deixou tombada na cama.
-Tudo está em venda . - Disse. - a vida é como um bordel... qualquer virgem se venderia pelo preço adequado. Eu estou comprando minha vida a Cole McLean. Tomás
pensa que pode comprar a vingança. Você pensa que pode comprar a piedade. Só que não pode comprar o que não está aí.
-Tem razão . - Disse ela, perguntando-se quem estava falando com seus lábios secos. - Não pode comprar uma vida que não tem, Sim Kavanagh. Mas eu sei que há piedade
em ti.
Seus olhos eram frios.
-Está tão segura. É porque é bruxa, como dizem? Talvez possa me dizer o que a gente pensa? -Ele sorriu. - O que estou pensando agora, pequena?
-Eu posso sentir... o que sente.
Ele golpeou seu punho contra a parede do jacal, fazendo estremecer toda a choça.
-E isso não te assusta?
-Sim. -Ela se obrigou a inspirar e exaltar uma e outra vez. - sofreste muito. Mas também quer fazer sofrer a outra gente. Quer manter a Tomás e Rowena apartados.
Mas não pode. -Ela se levantou. - Eles se amam o um ao outro. -Uma vez mais se assombrou de sua própria certeza, a facilidade com a qual as palavras lhe vinham.
Como é que ela sabia de tal amor, mais que do mal? E entretanto assim era. Sabia.
-E amas a Tomás -continuou. - Não quer lhe fazer danifico. Por favor... -Estirou a mão. - Partamos daqui... eu posso te fazer feliz.
Durante um longo momento ele não falou. Seu coração saltava de uma emoção a outra, incapaz de decidir o que sentir: cólera, inveja, tristeza, perda, ciúmes, esperança,
desespero. Quando a olhou outra vez, sua face não mostrou nada, nem sequer indiferença.
-Feliz? . - Disse ele. - Só há uma coisa que me fará feliz. -Virou sobre seus talões e caminhou a pernadas para a porta.
Isto não era como devia ter sido. Por uma vez ela tinha estado muito segura de si mesmo. Ele devia entender, escutar, deixar...
Ela correu atrás dele.
-aonde vai?
-a procurar a Cole McLean. -Com um giro, a porta lhe fechou na face.
Ela apoiou a bochecha contra a áspera madeira e chorou.
depois de um momento saiu fora e viu que o céu estava clareando ao este, a pálida luz falsa que chegava uma hora antes do verdadeiro amanhecer.
Sim tinha deixado seu cavalo vagando solto fora da choça. Não se tinha ido longe; ela o lisonjeou brandamente até que veio para ela. acariciou-lhe o ombro.
-agüentará-me um pouco mais, amigo? -sussurrou.
Sabia como encontrar a Sim. Ela não era nenhuma loba que seguisse um rastro de aroma, mas tinha aprendido que os homens levavam com eles marcas muito mais fortes
que qualquer aroma.
Sobre tudo Sim Kavanagh.


Rowena suspirou e se ajustou uma vez mais o lenço sobre a cabeça. Com um olhar de reojo a Tomás, arranhou-se sob a cinturilla do objeto de talha incorreta que lhe
servia de vestido. Ele sufocou um sorriso atrás de sua mão e tratou de parecer apropiadamente pormenorizado ante sua grave situação.
Ele havia "tomado emprestado" o vestido de uma pequena granja, onde tinha estado pendurando em uma corda fora do edifício de teto baixo. Tinha deixado dinheiro suficiente
para pagar cinco vestidos iguais, mas a dama tinha deixado claro que lamentava que a proprietária original não se ficou com este.
Em efeito, não fazia muito por sua beleza. Mas esse era o objetivo. Não havia motivo para entrar em Las Vegas como Lady Rowena Forster e O Lobo, o forasteiro procurado.
-Deve parecer a esposa de um habitante comum -lhe havia dito ele.
Tinha que admitir que ela estava muito mais atraente com a saia e a blusa dos últimos dias, mas tinha pensado que a descolorido malha de algodão estampado, com remendos
nos cotovelos e sem forma em geral, disfarçaria sua atraente silhueta além de qualquer reconhecimento.
Pouca esperança disso. Inclusive o lenço logo que cobria o ouro branqueado de seu cabelo. Ele mesmo se pôs um conjunto de roupa de agricultor, bastante diferente
de seu habitual traje tradicional mais extravagante, mas havia quem o conheceria primeira a vista.
Considerou a possibilidade e a rechaçou. Não tinha sido ele mesmo durante semanas; suas emoções o tinham sacudido e sacudido como um semental não domado. Por fim
entendia a razão disso.
Rowena. Rowena era a razão, e tinha sido o desespero dela depois da luta com o Sim a que lhe tinha aberto os olhos.
Rowena tinha feito uma mudança nele major de que poderia ter suspeitado. Não só tinha despertado o desejo mais profundo que nunca houvesse sentido, uma atração além
da luxúria que tinha sido incapaz de resistir, mas também o tinha feito fazer algo impossível: tentar controlar o destino. o dele, o dela... não importava. Fazia
que começasse a acreditar no futuro.
Uma vez ele tinha aceito o que a vida lhe oferecia dia a dia, não pensando além da seguinte oportunidade de acossar aos McLean e seus aliados. Esse era o objetivo
de sua existência. Sabia que em algum momento lhe chegaria o final, mas não o temia. entregou-se Às mãos do destino o dia em que despertou da morte para transformar-se
no Lobo. Foi o pacto que fez: que lhe deixasse ter sua vingança, e nunca tentaria mudar o que poderia ser.
a sorte e as possibilidades definiam suas ações e a vingança contra seus inimigos. Sim, outros tinham entrado em sua vida e tinham formado parte dela. Tomás tinha
encontrado a gente que necessitava ajuda, e os ajudou quanto pôde; tinha compartilhado sua generosidade com aqueles que sofriam. Todo isso foi fácil. Homens e mulheres
se cruzaram em seu caminho e continuaram pelos seus... inclusive Sim, que se fez seu amigo. Mas ao final só havia duas pessoas em seu mundo: ele mesmo e Cole McLean.
Tinha desafiado a seu professor Destino quando seqüestrou a Rowena. Ela não tinha cansado simplesmente em seu caminho, um instrumento conveniente para usar contra
Cole. Não; ele o tinha planejado e tramado do momento em que soube sobre a futura noiva mulher loba de McLean, e tinha ido a Inglaterra para vê-la por si mesmo.
Poderia haver-se salvado se a tivesse deixado em paz depois disso. Mas se tinha atrevido a fazê-la-a peça central de um magnífico plano para roubá-la a seu inimigo,
sem preocupar-se com tudo o que tinha aprendido.
E ainda pior, tinha tentado cortejá-la para ele, inclusive ante seus protestos. Em vez de afastar-se de sua resistência, proposto-se mudar as mesmas qualidades que
a faziam tal como era. ao princípio tinha sido em nome da vingança, mas isso tinha mudado rapidamente. Usurpou os poderes que só o Destino poderia ter, enquanto
deixava que outra pessoa conformasse suas ações. Esse era o grande pecado do qual era culpado.
O Destino tinha tomado sua própria vingança. Tinha-o feito preocupar-se muito pelo objeto de seu plano. Tinha-lhe dado palavras como "dever" e "Isto responsabilidade
havia lhe trazido culpa pela primeira vez da morte do Frank McLean; isto tinha feito que seu amigo o enganasse.
Ele sabia, desde fazia já um dia, o que devia sacrificar para liberar-se da maldição que havia trazido sobre si mesmo. Mas o destino devia decidir o método daquele
sacrifício. Ele já não interferiria.
-a que esperamos?
Rowena se aproximou, levando seu cavalo das rédeas. sujou-se as bochechas como lhe tinha recomendado, mas sua elegância natural não podia ser sujada por um pouco
tão mundano como a terra. Em seus olhos nadavam faíscas de ouro que revelavam seu entusiasmo.
Que esta fora sua última grande aventura. Sem medo, sem expectativas. Só o presente.
-Recorda . - Disse ele ligeiramente. - Somos novos habitantes do Território, em Las Vegas para comprar algumas costure imprescindíveis, e não sabe falar muito inglês.
É muito tímida e retirada.
Ela o olhou por debaixo de seu nariz.
-Você, é obvio, encarregará-te de toda a conversa.
Deu a sua voz o sotaque gutural que tinha escutado no Greyburn, na Inglaterra, durante a Convocação.
-Ja, mein liebchen.
-E nosso propósito é encontrar a Esperança . - Disse ela.
-Sim nos encontrará.
-a menos que Cole faça primeiro.
-Só se você te delata.
Ela sacudiu a cabeça, enviando o lenço a um lado.
. - Disse que Las Vegas está a várias horas a cavalo daqui. Estamos no meio da amanhã, e Esperança foi levada ontem à noite. perdemos suficiente tempo.
Era certo. Tomás comprovou sua cadeira e equipe com olho perito, ajudou a Rowena a montar, e fez gestos a seus homens. Eles não interfeririam no que fora a vir.
Se ele abandonava Las Vegas vivo, estariam esperando-o, a salvo, no canhão.
Tomás sabia bem que Sim estaria esperando a chegada dele e de Rowena. Só tinha dois objetivos; liberar a Esperança, e assegurar-se de que Sim não se levaria a Rowena
outra vez. Todo o resto que pudesse passar, estava em mãos da fortuna.
Las Vegas era uma cidade em crescimento, uma das maiores de Território, estendendo-se do velho assentamento espanhol ao lado do Rio Galinhas. dentro de um ano, ou
isso diziam os periódicos, a ferrovia poria vias sobre o Passado do Camundongo, e a vida no norte de novo o México mudaria para sempre. Já os especuladores, os jogadores,
os ladrões, e outros dos que mais poderiam beneficiar-se pelo crescimento selvagem de uma nova cidade com ferrovia, estavam-se fazendo um lugar aqui.
Isso fez fácil passar virtualmente desapercebidos na cidade. Ninguém lhe deu ao agricultor poeirento e sua esposa um segundo olhar, embora o poderiam ter feito se
tivessem visto mais claramente a face de Rowena.
Levou a Rowena a um hotel na praça e pagou por uma habitação particular onde ela pudesse esperar. Ela se opôs ao princípio, mas quando lhe indicou que o saloon de
má reputação ao outro lado da rua era sua primeira parada na busca de notícias sobre Esperança e Sim, ela acessou. Uma mulher decente chamaria muito a atenção em
tal lugar.
Ele respirou mais facilmente quando esteve sozinho outra vez. Sim... eliminaria a Rowena de seus pensamentos. Fingiria que nunca a tinha conhecido, e que isto era
simplesmente outra afronta contra os McLean em sua própria terra. Voltaria a ser o homem que estava acostumado a ser.
O homem conhecido só como O Lobo.
O saloon estava cheio de homens sedentos de cada profissão e descrição, do comerciante ao boiadeiro, alinhados na barra e sentados em mesas dispersas sobre o chão
de terra. Tomás reconheceu várias faces, inclusive homens que eram procurados por um ou outro delito menor. Os oficiais de polícia em Las Vegas -polícia, marshal
da cidade, e o mesmo xerife do condado, - não eram consistentemente eficazes e Freqüentemente eram corruptibles. Por isso os criminosos mais sutis como Penetro
McLean preferiam tomar a lei em suas próprias mãos.
Tomás segurou um tamborete vazio na barra e pediu um uísque. O garçom respondeu com indiferente eficácia.
-Perdoe . - Disse ao homem a seu lado, que estava consumindo sua própria bebida com lentidão. - Procuro uma moça. Uma moça mexicana de uns dezessete anos.
O homem riu grosseiramente e lhe fez uma piscada.
-a classe complacente, quer você dizer?
-Uma moça que trabalhava para nós em nossa granja. -ajustou seu sotaque alemão quando falou, espessando-o para dar efeito. - Se escapou, e minha esposa está muito
preocupada com ela.
O homem entortou os olhos para ele.
-É uma pena. Não posso lhe ajudar. Não nos faltam moças assim por aqui. Encontrará outra com bastante facilidade.
-Então talvez tenha visto um homem... um pistoleiro com o nome do Sim Kavanagh.
-O que? O que quer com ele?
-Ele é o homem com o que nossa moça escapou.
O homem se separou da barra.
-Boa sorte. -Percorreu a Tomás com seu olhar. - Não o vi e não quero fazê-lo. Eu em seu lugar me conseguiria uma arma, e rezaria. -Deixou uma moeda na barra e se
afastou rapidamente.
Então Sim não se mostrou abertamente aqui. O saloon estaria zumbindo com falatórios se tivesse entrado na cidade. Mas Tomás não tinha nenhuma intenção de passar
todo o dia fazendo perguntas inúteis. Se Sim não ficava em contato com ele antes da tarde, abandonaria a Rowena no hotel e iria em busca do proscrito... sozinho.
-Tomás? Tomás Randall?
Ele fico quieto e virou a cabeça devagar. Outro forasteiro tinha tomado o tamborete ao lado dele.
-Está falando comigo, senhor? . - Disse com cautela.
-Deus maldito, é você . - Disse o companheiro. Estava vestido como um vaqueiro que havia visto melhores dias, com um bigode desalinhado e um par de dentes ausentes
em seu sorriso. - Não me recorda. -Baixou sua voz a um sussurro rouco. - Não há razão pela que deveria. Faz dois anos me fez um favor quando liberou a seu amigo
da prisão da Santa Fé... eu escapei ao mesmo tempo. Não antes que seu amigo me - Dissesse tudo sobre O Lobo. ouvi sobre você após. -assobiou pelo oco entre seus
dentes. - Que demônios faz aqui? Bom Deus, homem. Não sabe que McLean está na cidade e todos seus homens com ele? -inclinou-se para diante com impaciência. - a história
está por toda parte no Território. McLean tratou de mantê-lo em segredo, mas não nesta cidade. Como se largou você com sua dama diretamente sob o nariz de seu irmão.
Demônios, essa é uma boa. ouvi que a fêmea era uma potra inglesa de classe alta. ainda a tem?
Tomás jogou uma olhada pelo bar. Ninguém mais mostrava interesse pelo loquaz vaqueiro e seu bate-papo.
-Seria tão parvo para trazê-la aqui? . - Disse ele.
-O Lobo faria algo, só para cuspir no olho dos McLean. -Sua face bastante parva se escureceu. - Uma vez tive minha própria pequena extensão, até que McLean me enganou
e jogou dela. Muita gente quer que você ganhe.
O destino ainda estava do lado de Tomás.
-Neste caso, talvez deveria manter em segredo minha presença aqui.
-Pode apostá-lo. -segurou a mão de Tomás e a sacudiu energicamente. - Se posso fazer algo...
-Viu a um homem chamado Sim Kavanagh?
-Não é ele um amigo dele, também?
Tomás deslizou ao homem uma moeda.
-Consiga-se outra bebida, amigo. -Pôs-se a andar para a porta.
O vaqueiro lhe segurou o braço.
-Melhor vá por atrás . - Disse ele. - Vi um dos ajudantes do xerife quando entrei. que McLean tem em seu bolso.
-Obrigado pela advertência. -Tomás endireitou seu colete de lã remendado e se dirigiu diretamente À entrada principal.
Capítulo 16


O ritmo do coração de Rowena se ralentizó durante uma fração de segundo quando Tomás saiu do saloon.
Obviamente não o tinham reconhecido. Ela se inclinou contra o marco da janela e se permitiu respirar com normalidade. É obvio, não havia forma de saber se suas perguntas
sobre Esperança tinham dado algum fruto, mas ela não tinha visto nada prometedor da janela da habitação do hotel.
Deveria estar aí abaixo, com ele. Do contrário, que sentido tinha esta masfaceda? Observou atentamente a Tomás enquanto deixava a porta do saloon para falar com
um homem parado na poeirenta rua.
-Deve pensar que seu disfarce é condenadamente bom se está falando com o Vásquez.
Rowena se virou de repente.
-Kavanagh!
Ele se tocou a asa do chapéu.
-Senhora.
a saudação era zombador no melhor dos casos, mas ironicamente era o mais civilizado que tinha recebido por parte dele. a manga direita de sua camisa estava baixada
sobre uma vendagem pacota ao redor de sua boneca ferida; os arranhões paralelos que lhe tinha deixado na face estavam de um vermelho brilhante. Mas sua face estava
ausente de ódio e sua pistola permanecia embainhada.
Isso não poderia durar. Ela se perguntou brevemente como tinha sido capaz de entrar na habitação sem que ela soubesse, e quanto tempo teria ela antes que ele fizesse
sua jogada. ainda assim, de todas as preocupações e perguntas que alagavam sua mente, só uma se formou em seus lábios:
-Quem é Vásquez?
-O ajudante comprado-y-pagado pelo McLean. O xerife Jaramillo não está na cidade.
Ela se tirou Kavanagh da mente e virou de novo para a janela. Desde esta vantagem, o ajudante poderia ter sido qualquer outro homem armado, mas Tomás devia saber
quem era. Deliberadamente se estava arriscando a ser descoberto.
Como se sentisse seus pensamentos, olhou diretamente À janela. Ela pôde ter jurado que sorriu.
Maldito seja, Tomás...
-Os homens de McLean estão por toda a cidade, me esperando . - Disse Kavanagh. - E a você.
-Que surpreendente . - Disse ela, com o olhar ainda fixa nos homens da rua. - Já vejo que conseguiu evitá-los. Ou não foi assim?
Ele se moveu para olhar por fora da janela, sobre o ombro dela.
-ainda não me viram.
Dado seu último encontro, o fato de que ela e Kavanagh estivessem tendo uma espécie de conversa era quase assombroso.
-Você nos deixou uma mensagem dizendo que viéssemos a Las Vegas para encontrar a Esperança . - Disse ela. - Onde está?
-Deixei-a partir.
Ela fechou os olhos com alívio.
-Está aqui?
-Não está você mais preocupada com si mesmo?
-Não acredito que me faça mal, Kavanagh, quando ainda me pode vender a Cole.
-por que não está com ele agora? -Sim lhe deu a volta para encará-la. - Se Tomarem trouxe aqui, sabia que poderia fugir para Cole em qualquer momento.
Rowena sentiu que lhe elevavam os pêlos da nuca com uma hostilidade instintiva. Em um instante podia voltar a ser a fúria que tinha atacado ao forasteiro e estado
tão perto de querer vê-lo morto. segurou a cortina com o punho para evitar golpeá-lo.
-por que está aqui em vez de lhe dizer a McLean sobre Tomás? -vaiou Kavanagh. - É porque o ama?
O corpo dela o escutou antes que sua mente. a cortina se rompeu em sua mão.
-O que?
-ama-o?
Pergunta-a, de parte do Kavanagh, era ridícula. Mas agora não se estava burlando dela. a perpétua careta de desprezo não estava em seu rosto. Quando ela se deu conta
de sua total seriedade, sentiu que suas palavras lhe golpeavam o coração tão certeiras como uma bala.
-me responda . - Disse. - Saberei se me minta.
Não podia. mas que fora um homem lobo, e talvez nem sequer sendo-o. E por que mentiria ela? Não tinha nada que ocultar. a idéia de estar apaixonada por Tomás era
simplesmente...
cobriu-se a boca com a mão. Depois de um momento recordou que de vez em quando era necessário respirar, que o mundo não se deteve esperando sua recuperação do impacto.
Tomás ainda estava falando com um possível inimigo, e Esperança estava nas mãos do Kavanagh, Y... Y...
-Sim -sussurrou.
Não se moveu quando Kavanagh se afastou. Este voltou a olhar pela janela e se sentou à beira da cama.
-Sabe usar uma pistola?
a segunda pergunta era tão assombrosamente diferente da primeira que a fez recuperar a prudência.
-Sim . - Disse ela. Deveria amaldiçoar a Quentin por lhe haver ensinando o funcionamento de uma pistola quando eram filhos, ou agradecer-lhe
-Tome isto. -Kavanagh lhe pôs uma peça de metal frio e madeira polida na mão. Em lugar de deixá-la cair, os dedos dela se fecharam na manga. Ele pôs a mão sobre
a dela até que Rowena a sujeitou corretamente, e deu um passo atrás. - Está carregada.
Se o tivesse querido, poderia lhe haver disparado nesse momento. Rowena apontou a arma para o chão.
-por que faz isto?
-Tire tiram daqui. -Rowena não pôde pensar em nenhuma resposta enquanto ele se dirigia À porta, logo olhou o corredor e partiu.
O revólver pendurava como um peso morto em sua mão. Ela olhou À rua. Tomás e o ajudante já não se viam. Com um sentimento mistura de medo e irrealidade, guardou
a pistola no saco de lona que servia como típica bolsa de granjeira e correu ao corredor.
Viu Tomás assim que alcançou a rua. Estava caminhando vivamente para ela; o ajudante estava falando com alguém na porta do saloon. Ela se deteve para olhar a ambos
os lados da rua.
Talvez seus sentidos, muito nervosos, estavam mais agudos do normal, ou talvez foi pura sorte que duas quadras mais abaixo visse a única face reconhecível entre
um grupo de homens agrupados diante de uma fila de pequenos edifícios.
Cole. Estava no centro do grupo, alto e dominante inclusive da distância. Os outros estavam vestidos como gente do oeste, todos armados; ele levava o mesmo tipo
de traje caro e pulcramente engomado que tinha adotado em Nova Iorque, incongruente em meio dos rudes pistoleiros com os que falava.
Cole. Rowena tinha esperado sentir fortes emocione quando o visse outra vez, mas não este... este temor no fundo de seu estômago. Como se acreditasse as histórias
que lhe tinha contado Kavanagh. Como se ele pudesse disparar a Tomás e derrubá-lo aí mesmo, nas ruas de Las Vegas.
Tomás se parou a metade de um passo e seguiu seu olhar. Seus músculos se estifacem, e ficou quieto. Ela soube que em uns instantes, Cole giraria a cabeça e o veria...
se Tomarem não atuava primeiro.
"Tire tiram daqui", havia dito Kavanagh. agarrando fortemente sua bolsa de lona, alcançou a Tomás e lhe segurou a mão.
-Vamos . - Disse. - É hora de partir.
-Cole . - Disse ele brandamente.
-Tomás, não seja tolo. Devemos ir.
Ele virou a cabeça para encontrar seu olhar.
-ainda preocupada comigo, doçura?
Ela vaiou em voz baixa e caminhou rapidamente para os cavalos que Tomás tinha deixado atados diante do saloon. O grupo onde estava Cole estava desfazendo-se, os
homens indo cada um por seu lado. Cole ainda estava ocupado. Mas um dos pistoleiros olhou diretamente para Tomás, e algo em sua postura fez soar um alarme na cabeça
de Rowena.
Ela baixou seu saco e, com dedos torpes de agitação, começou a desfazer o nó corrediço das rédeas do primeiro cavalo. O semental castrado de Tomás virou a cabeça
a um lado e lhe golpeou a têmpora. O lenço que cobria o cabelo de Rowena caiu sobre seus olhos. Esta lhe deu um puxão e foi cair ao chão, até seus pés. as rédeas
se deslizaram do poste onde estavam amarradas e ela as enroscou ao redor de seu braço, enquanto desatava o outro cavalo.
Só então, enquanto guiava os cavalos pela rua, atreveu-se a voltar a olhar para Cole. Não estava À vista, mas seu pistoleiro tinha começado a caminhar para ela.
Poderia ter jurado que seu olhar se concentrou completamente em sua face. E em seu cabelo descoberto.
deteve-se. Sua mão direita se moveu para sua pistola, seu olhar para Tomás. Observou-o.
-Senhor McLean! -gritou.
Rowena não esperou a ver os resultados desta advertência.
-Tomás! Depressa!
Por sua resposta, Tomás bem poderia ter sido uma estátua. amaldiçoando-o com palavras que teriam assombrado a qualquer que a conhecesse na Inglaterra ou Nova Iorque,
Rowena liberou uma mão para abrir a boca do saco. segurou a pistola e deixou que o saco caísse. Pondo o revólver na cinturilla de sua saia, convocou sua força de
mulher loba, soltou um dos cavalos e saltou À garupa do outro.
O pistoleiro estava tirando sua pistola quando Rowena martelou e apontou a sua a seu peito.
-Não se mova . - Disse ela. - atire a arma.
Ele piscou.
-Lady...
-atire-a!
Ele se moveu, mas não para obedecer. Sua pistola apontou diretamente a Tomás.
-Randall! Senhor McLean, é Randall!
Rowena sentiu que sua mudança se aproximava, as primeiras ondas de ferocidade, cólera protetora apagando toda razão e civilizada moderação. Seus sentidos se voltaram
prematuramente agudos, e o sangue pulsou em seus ouvidos. Inimigo, inimigo, inimigo.
ajustou a pontaria de seu revolver e disparou. a terra explorou a uns poucos centímetros do pé do pistoleiro. Este uivou e saltou a um lado. Ela se preparou para
voltar a disparar. Ele deixou cair a arma. Depois dele, os homens estavam respondendo a seu grito e a comoção, preparando-se para intervir. Se Cole estava ali, ela
não podia vê-lo. Não podia pensar em nada mais que Tomás e a necessidade de lutar.
Mais que ver ou escutar a Tomás liberar-se de sua paralisia e perseguir seu a assustado cavalo, sentiu-o. Depois, ficou ao lado dela.
Uma bala assobiou perto da orelha de Rowena. Sobressaltada, procurou o novo inimigo. Por todos lados... homens meio escondidos nas esquinas dos edifícios, armados
com rifles. Homens de Cole, como o primeiro.
Ela ensinou os dentes e golpeou ao cavalo para que se movesse. De um salto foi para diante. Um atirador com rifle saiu de onde se ocultava e apontou o canhão, para
ela ou Tomás. Não havia diferença. Ela dirigiu seu cavalo diretamente a ele.
Um obstáculo apareceu como por arte de magia em seu caminho: um homem cavalgando, girando seu cavalo lateralmente para ela. O cavalo de Rowena meio se encabritou,
e escorregou até deter-se. Outra bala passou, muito perto; o homem sobre o cavalo se virou na cadeira e devolveu o tiro.
-Saiam de uma condenada vez daqui! -grunhiu.
-Rowena! -Tomás cavalgou para seu lado e tomou suas rédeas do cavalo das mãos. - Cavalga! agora!
Cavalgaram. Rowena vislumbrou bocas abertas e escutou gritos e a explosão de armas de fogo atrás dela. Tomás liderou a marcha, movendo-se a toda velocidade pela
rua e girando repentinamente por uma esquina para o extremo da cidade. a arreios de Rowena o seguiu quase sem que ela a guiasse.
a euforia pulsou no coração de Rowena seguindo o ritmo dos cascos dos cavalos. Não medo, nem vergonha, mas uma alegria turbulenta e fera. Tinham ganho. Tinham derrotado
aos que os tinham capturado e encerrado como criaturas indefesas em um zoológico. Tomás estava a seu lado, inclinado sobre o lombo de seu cavalo, elegante e formoso.
Ela sentiu a força em seu próprio corpo, livre de toda atadura.
Nada os podia deter agora.


O pistoleiro contratado se cambaleou para trás pelo golpe que lhe deu Cole, chocando-se com o homem de atrás. estabilizou-se, e o ódio em seus olhos sugeriu que
realmente poderia tentar devolver o golpe. Cole preparou, esperando que o homem lhe desse a desculpa que necessitava.
Nesse momento tinha muitas vontades de matar algo. Lentamente.
Em lugar disso, o humano se limpou o sangue da boca.
-Sinto muito, senhor McLean...
-Sinto muito. -Sorriu e flexionou o punho. - Tem sorte de não ter golpeado a Lady Rowena. Se o tivesse feito, estaria morto.
-Mas não sabíamos que era ela... estava com o Randall, não...
Cole simplesmente o olhou. a boca do pistoleiro se moveu, o sangue correu em um negro fio de seus lábios cortados. Os outros homens se separaram de seu caminho quando
se afastou, virou-se e começou a correr.
Cole deixou partir. O resto dos homens nunca desviaram sua atenção do homem que os tinha contratado, nem sequer para ver a fuga de seu colega. Ninguém se atreveu
a mover uma mão perto de uma arma.
Cole lutou por esmagar o impulso de reduzi-los a todos a escravos gimoteantes, assustados e estúpidos. Não lhe seriam de nenhuma utilidade nesse estado. Quase era
suficiente fitá-los um por um e vê-los encolher-se.
-fracassastes em tudo para o que lhes contratei . - Disse. - Todos vós. Não puderam encontrar a Randall, nem sequer sua guarida. agora vem justo À cidade, e só
Beck tem o cérebro para vê-lo.
Beck também tinha o cérebro para não parecer presunçoso. Tinha falhado tanto como o resto... porque Rowena o tinha pontudo com uma pistola.
Rowena. Era a primeira vez que a tinha visto em três semanas, mas não tinha sido nada parecido À reunião que tinha esperado. Pode que não estivesse na melhor das
circunstâncias quando voltou com o Sim Kavanagh, mas ele a tinha imaginado deslizando-se grácilmente entre seus braços e logo retirando-se para ser mimada por seus
criados enquanto ele se encarregava do forasteiro. encarregaria-se de que a admiração de Rowena por ele não sofresse... que, de fato, aumentasse quando ela escutasse
a história de sua incansável busca para recuperar a do Randall.
Nem sequer em seus sonhos mais selvagens se imaginou que ela voltaria com o mesmo Randall.
Só tinha observado a farsa da distância, depois de que começasse o tiroteio. Tinha-lhe levado um minuto inteiro dar-se conta de que a mulher no cavalo era Rowena.
Por então Kavanagh tinha aparecido... mas não para roubar a Rowena do Randall e levar-lhe a Cole. Em realidade lhes tinha dado a oportunidade de escapar.
Ele também se foi, na direção oposta. Mas isso era a última coisa na mente de Cole.
Cole apertou o punho com tanta força que seus dedos ameaçaram rompendo a fina pelica de sua luva. Randall não havia simplesmente seqüestrado a Rowena e esquivado
toda perseguição, mas sim de algum jeito a tinha corrompido. Como se não se explicaria seu estranho e traiçoeiro comportamento? Como se não teria mimado vestir-se
com farrapos, apontar com uma arma a um de seus homens e ajudar a Randall a escapar em lugar de tentar fugir ela mesma?
Era possível. Mais que possível. Randall era um homem lobo, com o poder potencial de fazer com que outros o obedecessem. algum dos loups-garous, como ele mesmo,
inclusive podiam influenciar as mentes de outros de sua espécie, e o rechaço de Rowena de sua herança de mulher loba a tinha feito duplamente vulnerável. Se Randall
tinha esse poder...
Ensinou os dentes.
-me escutem . - Disse. - Esta vez não haverá desculpas. Seguirão a Randall e o trarão de volta... com a dama. Não permitirão que nada nem ninguém se interponha
em seu caminho. Se em vinte e quatro horas não tornastes, farei que o ajudante Vásquez reúna uma turma e cavalgue atrás de vós. E se me vejo obrigado a ir eu mesmo...
-Varreu aos homens com seu olhar, deixando que completassem sua declaração em seus fracos mentes. Era um inimigo muito mais desumano que o que Randall poderia ser:
a maioria destes homens eram procurados por uma acusação ou outra. encarregaria-se de que todos fossem enforcados. Ou pior.
-agarraremo-los, senhor McLean . - Disse Beck. - Se saímos cavalgando agora...
-Ir. -Quando Beck e os outros se giraram para partir, Cole segurou ao pistoleiro pela manga. - Recorda, não se pode machucar À dama, sem importar o que fizer. -Não
era necessário para ele repetir o castigo se algum dos homens falhava nessa precaução.
Beck assentiu e Cole soltou. Os homens montaram e cavalgaram em um inusitado silêncio. Um punhado de cidadãos dos menos cautelosos estavam ali olhando-o com a boca
aberta, até que Cole virou para fitá-los, um a um. retiraram-se rapidamente a suas respectivas ocupações. O ajudante Vásquez, notou ele, já não rondava pelo saloon.
Beck havia dito que tinha estado falando com o homem que resultou ser o mesmo Randall. Como se devia ter rido Randall.
Estes humanos eram imbecis e caipiras. Sabia quanto podia confiar neles. Vásquez reuniria uma turma em tempo recorde, ou saberia a razão para isso. Rowena logo voltaria
a estar em suas mãos.
O som de rasgaduras desviou sua atenção a seu punho esquerdo. a luva se quebrado por cima dos dedos. O tirou com os dentes de um puxão e o lançou ao chão.
Teria podido jurar que podia confiar em que Rowena se mantivera pura e totalmente leal para ele, sem importar as provas que sofresse. Nunca havia sentido a necessidade
de usar sua vontade nela, com o bem que a tinha treinado para que obedecesse.
Que Randall houvesse meio doido sua mente e a tivesse posto em seu contrário... a idéia o enchia de repulsão. Que também pudesse haver meio doido seu corpo...
Saberia quando a recuperasse. a verdade seria bastante fácil de averiguar. Então já não teria mais duvida sobre suas razões para ajudar a Randall. Nenhuma pergunta
persistente de se tinha ido com o forasteiro porque o tinha escolhido livremente.
Se semelhante coisa fora possível, não seria perdoada. Mas era impossível. Rowena tinha nele tudo o que sempre tinha querido, e detestava o que era bestial, ordinário
e incivilizado. Como Randall.
Chegar a ser alguém como Randall era muito pior castigo para ela que algo que Cole pudesse idear.
Quando tudo isto passasse, a vergonha e horror de Rowena a faria mais humilde e cooperativa que antes, ansiosa de lhe compensar por sua deslealdade. Ele desfrutaria
ver sua humilhação enquanto lhe indicasse suas vergonhosas debilidades. E lhe recordaria quem era o amo.
Cravando o talão precisamente sobre a luva descartada, esmagou-o contra a terra.


Passando inadvertida e virtualmente invisível, Felícita observou a mortal cena que tinha lugar nas ruas de Las Vegas.
Quando tinha entrado cavalgando para a cidade se encontrou um estranho silêncio. Pouco depois tinha compreendido a razão. Todas as faces estavam giradas para a mulher
de cabelo dourado com a pistola, e os homens aos que se enfrentava.
Lady Rowena. Felícita a teria reconhecido em qualquer parte, inclusive com singelo vestido que tinha posto. E Tomás estava com ela, extrañamente disfarçado, mas
inconfundível. Os homens colocados contra ele e Rowena eram muitos, e estavam cheios de violência, mas Felícita não os conhecia. Tinham medo.
Tinham razão para ter medo. Uma vez Felícita tinha comparado a Rowena com um cacto que se erguia solitário, cravando por auto-amparo. agora centellaba tão brilhante
como o mesmo Tomás... inclusive mais, porque Tomás estava envolto em uma capa que atenuava a brilhantismo de sua mente como uma nuvem ocultando o sol.
Felícita segurou as rédeas de seu cavalo e sussurrou uma prece. Tomás e Rowena tinham vindo a ajudá-la, como Sim tinha prognosticado... mas não podia ajudá-los.
aqui havia muita gente, muitas vozes, muita ira. Ela era só uma moça, e uma covarde.
Tomou fôlego para gritar uma advertência justo quando viu o homem com o rifle apontar para a dama, por atrás da esquina de um edifício.
Nenhuma advertência foi necessária. O homem falhou, e então Sim Kavanagh apareceu de nenhuma parte para colocar-se no caminho da dama. Sua intervenção lhes permitiu
escapar antes que ele, também, fugisse cavalgando.
Felícita não o seguiu, embora seu coração estava quente com agradecimento. Poderia ter seguido a Tomás e a dama pelo farol de suas almas, mas uma aguda premonição
a deteve justo quando se preparava para montar.
Sim havia dito que ia encontrar a Cole McLean. Tinha chamado a McLean seu inimigo. O inimigo de Tomás. Ela tinha escutado a Tomás e Rowena falando dele na mesma
frase que matrimônio... o matrimônio de Cole McLean com a Rowena. O pistoleiro que enfaceva a Rowena tinha gritado o mesmo nome.
Estava ali, o homem que Sim tinha denominado pior que ele mesmo. Em um momento o veria. Esperou enquanto os pistoleiros se moviam irritados e confusos ante a fuga
de suas presas, esperou até que o homem saiu entre eles e chamou sua atenção sem uma palavra ou gesto.
Era seu amo. inclinavam-se para ele como espigas de milho de milho ante o vento. Sua mesma essência pulsava com uma atroz crueldade e poder que devorava os vazios
espíritos dos outros com facilidade.
Cole McLean.
Ela tinha tido medo mais vezes das que podia contar desde dia que seu tio morreu, e a abandonou para que enfrentasse o mundo sozinha. Tinha temido a Sim. Estava
muito mais desesperadamente temerosa de Cole McLean. Mas guiou a seu cavalo tão perto como se atreveu, escutando sua voz enquanto arreganhava e ameaçava a seus seguidores
por seu fracasso. Escutou-o falar da dama com posse na voz, e soube que não lhe faria mal com algo tão óbvio como uma pistola.
Mas a tinha reclamado. Mataria a Tomás para tê-la. E quando matasse a Tomás, também a destruiria a ela.
Isto, então, era a maldade. E ela soube, com uma certeza que antes só havia sentido uma vez, que este homem era a razão da tristeza de coração, e do ódio e dor que
pendiam sobre Tomás e Rowena, que interferia no caminho de seus verdadeiros destinos.
apoiou a frente contra o quente pescoço do cavalo e tremeu. Não podia saber o futuro. Mas ao igual a uma vez havia sentido que seu próprio destino estava ligado
ao da dama e o lobo, agora entendia que Sim e Cole McLean eram uma parte do mesmo tecido emaranhado. E ela era quão única podia observar a McLean sem ser descoberta.
Não. Ela não era forte como Lady Rowena. Não era ninguém, nada. Podia cavalgar longe, encontrá-los e lhes advertir, estar a salvo dos horrores das almas retorcidas
como a de Cole McLean.
Mas ainda estaria enfeitiçada pela lembrança de como tinha traído a Rowena por ordem do Sim. Ele e Cole McLean eram quase como irmãos. Se havia uma maneira de deter
McLean, ela pode que fora a única em encontrá-la.
Tragando o grosso nó de sua garganta, tentou não sentir o que percebia na mente de McLean até que terminou de falar e os homens se dispersaram. Ela o viu deixar
cair sua luva e esmagá-lo contra a terra como se fora seu inimigo. Sua vítima.
E depois o seguiu.


Tomás não deixou que os cavalos se detiveram por completo até uma hora antes de pôr-do-sol. Para então, haviam talher muitos quilômetros, e Las Vegas estava muito
por atrás deles para o oeste. Não havia perseguição visível, mas Tomás não a esperava; o lugar ao que tinham fugido era a última guarida que McLean suspeitaria.
Como poderia O Lobo atrever-se a refugiar-se na própria terra de McLean?
atrevia-se porque esta terra tinha sido sua uma vez. Era seu lar, o lar que tinha perdido fazia tanto. O lar que nunca voltaria a ter.
Desmontou e elevou os braços para a Rowena. Ela se sentava no cavalo sem nenhum sinal de cansaço, mas seu olhar descansava na terra que a rodeava como se realmente
não a visse. Ela deixou que a baixasse devagar da cadeira sem fitá-lo nem uma vez À face.
Rowena não via Tomás, ao igual a não o tinha escutado em Las Vegas. Todo culpa dela, tudo; os riscos que ela tinha deslocado, o perigo que tinha confrontado tão
imprudentemente, o fato de que toda a cidade a tivesse visto empunhando uma pistola em aberto desafio aos homens de Cole. Uma pistola que não lhe tinha dado.
Se não fora pelo Sim, poderia estar morta, alcançada por uma bala perdida dirigida a ele, enquanto ele esperava a que se deci- Disse seu Destino. Sua culpa, seu
engano, sua responsabilidade.
E depois do grande brio que Rowena tinha mostrado, estava-se afundando de novo no desespero que ele tinha visto quando ela tinha atacado a Sim. Tomás tampouco podia
suportar isso, sabendo que ele o tinha provocado. Obrigando-a a converter-se no que não era, pelo bem dele.
Só Tomás era o culpado.
segurou-a em braços e a sacudiu até que seus olhos perderam a expressão vazia, dourada-las bolinhas voltando para a vida como brasas em um fogo coberto de cinzas.
Seu cabelo, voando solto de suas ataduras, era uma lustrosa chama. Seu corpo se estirou para resistir a ele. Quando viu a cólera despertando em seu rosto, soltou-a
e esperou À conflagração.
-Maldito louco e descerebrado bufão -lhe espetou. - O que te possuiu para ficar parado em meio da rua esperando a que lhe matassem?
Duas semanas antes Tomás teria rido de alívio. Mas já estava além da risada. Era ira o que sentia, uma fúria tão profunda que o levou a dia que tinha retornado ao
Este para encontrá-los Valorosos ardendo, suas grandes manadas de ovelhas e gado afugentadas e sua gente dispersada.
O dia que sua mãe tinha morrido.
-Não deveria ter interferido . - Disse apertando os dentes.
Ela ficou as mãos nos quadris.
-OH, não. Simplesmente deveria ter visto enquanto alardeava em sua habitual maneira imprudente, falando com ajudantes do xerife, e em geral, te comportando como
se desejasse ser capturado.
Suas palavras estavam muito perto da verdade, e Tomás não pôde pensar em uma resposta.
. - Disse-te que ficasse no hotel, onde estaria a salvo.
-E eu não tinha nenhuma intenção de obedecer passivamente suas ordens como... como...
-Como uma afetada e dócil dama inglesa?
-Se em algum sentido fosse um cavalheiro, nada disto estaria acontecendo!
Ele olhou a outro lado, pela planície.
-Uma vez fui um cavalheiro . - Disse, - o filho de uma antiga e respeitável família. Toda esta terra teria sido minha, junto a dez mil cabeças de gado e ovelhas
e cavalos.
Ela ficou em silêncio e seguiu seu olhar. Tomás soube o que via: mais pradaria deserta transpassada por arroios e mesetas rochosas, coberta por arbustos, cholla,
yuca, esfregados zimbros e singelas parcelas de flores silvestres amarelas, brancas e púrpuras. Sabia que isto significaria pouco para ela, uma criatura de uma terra
de exuberante folhagem e chuva constante. Não entendia o orgulho e felicidade que um dia ele tinha conhecido em Los Valorosos: tocar o gado, nadar no rio quando
a água ainda estava fria pelo inverno, cavalgar com os jeans para reunir o gado, compartilhar piadas com a gente de Los Valorosos.
Todo isso tinha sido antes que se fora ao Este para sua educação "formal". antes que a velha disputa se voltasse pessoal. as tradições de cinqüenta anos tinham sido
apagadas em um dia, tradições e uma forma de vida que os ancestros do pai de sua mãe tinham adotado em Novo o México dois séculos antes.
-É a terra de McLean agora . - Disse. - Uma parte mais de suas vastas propriedades no norte de novo o México.
-Não... não o entendo.
-Roubou-a de minha família, depois de que ele e sua gente matassem a meu pai e mãe e me deixassem para morrer.
Rowena conteve o fôlego. Claro; nunca lhe tinha contado muito sobre seu passado, simplesmente dado indícios de enganos cometidos e sobre uma velha disputa familiar.
por que deveria acreditar algo que - Dissesse se significava aceitar que seu noivo era um vilão de coração negro e assassino?
E ainda assim, em Las Vegas ela se pôs contra os homens de McLean e lutado pela vida dele. Sabia que Cole mataria sem duvidar. Se acreditou isso -se arriscou seu
mesmo futuro para salvá-lo apesar de sua reputação, - tinha adivinhado algo muito perto da verdade. Ou alguém mais tinha compartilhado os detalhes.
Só dois homens poderiam havê-lo feito: o velho Néstor, ou Sim.
-Os McLean queimaram a velha fazenda e afugentaram Às famílias que trabalhavam para minha mãe . - Disse. - alguns tinham estado gerações conosco. Tinham reclamado
ganho para si. a lei olhou para outro lado. -Mostrou-lhe o fio dos dentes. - Lhes levou mais tempo reclamar a terra. Cole teve que encontrar aos herdeiros superviventes
e intimidá-los para que as cedessem por peniques.
Tomás viu Rowena absorver o que havia dito, seu rosto sem expressão.
-Mas você está vivo.
-Sim, sobrevivi. Como um bandido. Os McLean têm À lei nos bolsos, e eu sou um homem procurado. É obvio que será muito mais conveniente quando eu esteja realmente
morto. O que, graças a ti, deverá esperar a outro dia.
Ela ignorou seu sarcasmo.
-Quando Kavanagh me capturou . - Disse, - traduziu-me uma canção sobre ti. Falava da disputa e do que tinha passado entre sua família e a de Cole. Punha-te como
um herói. Mas também dizia que tinha matado ao pai de Cole.
-Crie-o?
a ferocidade voltou para os olhos de Rowena.
-a canção foi escrita por aqueles que lhe admiram por suas façanhas e odeiam aos McLean. Foi cantada em um acampamento de forasteiros.
-Então, é obvio, as coisas que dizia de meus inimigos devem ser mentiras.
-Não vi a Cole desde que me roubou de seu irmão . - Disse ela. - Só escutei sua versão da terrível historia, mas te vi romper a lei por vingança. -apertou os punhos.
- Me hei... convertido em um pouco não melhor que uma foragida. Não farei julgamentos até falar com Cole de novo.
-Sim. Como pinjente antes, sem dúvida ele te dirá a verdade.
-Não sei o que me contará.
-Se queria sua opinião, por que não fugiu para ele quando teve a oportunidade? depois de tudo, ele é exatamente o que quer.
Rowena o olhou fixamente, seu rosto adotando um ar pasmado como se ele houvesse dito algo incrível. E então mudou outra vez, tão certamente como se tivesse mudado
À forma de loba que rechaçava.
Uma loba, espreitando a sua presa. Deu um passo para ele.
-Crie que sabe o que quero, Tomás Alejandro Randall? -perguntou, e agora sua voz era um ronrono rouco e perigoso. - por que não me mostra isso?
Desafio e desejo alagaram o ar entre eles como a almisfaceda fragrância do ato de amor, golpeando a Tomás no ventre como uma bala. Esta loucura percorreu seu corpo
e encheu sua mente com a encantadora imagem da Dama de Fogo.
Mas não era uma imagem. a Dama de Fogo estava ali... acordada e viva, e real.
E o desejava. Por fim, consciente e deliberadamente, desejava-o.
Lhe apanhou a face entre suas mãos e a beijou.
Ela não se afastou, nem tremeu com indignação ou negativa. Durante um instante esteve quieta, e depois seus braços lhe rodearam o pescoço e seus lábios se abriram
sob os seus. Ele sentiu a força imprudente de seus dedos lhe percorrendo o cabelo, o tamborilar de seu coração sob a plena firmeza de seus seios. E por cima de todo
isso, sentiu sua abrasadora necessidade.
Sua necessidade. a dele. Não havia diferença. a virginal Lady Rowena foi tragada por ela, deixando uma fera e faminta criatura que o beijava como uma lasciva. Sua
lasciva, sua mulher, sua companheira. Tinha esperado toda a vida por esta rendição.
Mas ela estava longe de ser total. as gemas de seus dedos se deslizaram por seu cabelo até o pescoço, tofacem o oco de sua garganta onde o pulso pulsava com rapidez,
e começou a lhe tirar o casaco dos ombros. O assombro de Tomás se perdeu no triunfante júbilo. tirou-se o casaco com um movimento dos ombros e deixou que caísse
ao chão. Sentiu o tremor nas mãos de enquanto lhe abria os botões do colete.
Tremendo, mas não por medo ou modéstia. agora estava além dessas barreiras, ao igual a ele o estava das perguntas e dúvidas de uns momentos antes. Tomás terminou
de desabotoar o colete, unindo-se ao casaco que se encontrava a seus pés.
Beijou a Rowena outra vez, mais profundamente. a boca dela acolheu o impulso de sua língua. Seus dedos peritos abriram com rapidez os botões de seu singelo sutiã,
descobrindo o fino tecido de sua regata. Debaixo não tinha espartilho. O rubor de seus mamilos marcava pequenas e atrevidas cúpulas contra o pálido tecido.
Tomás tinha acariciado antes os peitos, no lago. Então ela tinha estado em um sonho acordado, só meio consciente do que ele fazia. O desejo de Rowena por ele agora
era cem vezes mais excitante. Esta vez ele não seria nem sutil nem gentil. Ela não queria que o fora. Tomás pôs a regata por cima da cabeça, inclinou-a para trás
entre seus braços e tomou o mamilo em sua boca.
Os sons que fazia Rowena não eram ofegos ou gritos, mas algo intermeio. arqueou-se ansiosa, oferecendo inclusive mais de si mesmo a seus lábios e língua. a fragrância
única de sua pele se mesclou com um perfume mais rico. Ele lambeu cada curva de seus seios, chupou até que seus mamilos foram da cor exuberante das rosas, e se encontraram
tão duros e doloridos como sua ereção.
Conduzido tanto pelo desejo dela como o seu próprio, tirou-lhe a regata e beijou seu esbelto pescoço, suas orelhas e ombros. Tombou-a devagar sobre a terra, estendendo
seu casaco para proteger o delicado corpo feminino. a erva era sua única cama, a deserta planície seu vasto dormitório, as estrelas que começavam a aparecer, as
luzes das velas.
Ela o olhou tombada, o fogo dançando em seus olhos estendendo-se por seu rosto em um aura de cabelo pálido e dourado. através de sua fome, Tomás foi vagamente consciente
de que ela já não era fera ou sedutora, mas completamente consciente de tudo o que ele fazia, olhando-o com uma estranha tranqüilidade interior. Lhe pedia contas
com esse olhar, e ele sentiu o peso da obrigação situando-se ao redor de seu pescoço como um jugo.
Tomás rompeu com um pensamento e reclamou seus lábios em um violento beijo, lhe agarrando a prega da saia. Ela se moveu para permitir que a subisse por cima dos
quadris. Senti-la nua baixo ele era o que tinha querido desde o começo, mas havia uma urgência ainda maior. Como se a vida mesma dependesse de sua união, abriu-lhe
as coxas e desabotoou suas calças.
E o fazia. Isto era vida, sustentar a Rowena em seus braços. Hoje tinha estado parado em meio da rua e abertamente tinha cortejado À morte, em vez de confrontar
o futuro que nunca tinha pensado que pudesse existir.
O que lhe havia dito Sim esse dia no canhão?
"Quantas vezes evitei que morrera quando estava decidido isso a?"
Kate lhe havia dito algo similar em Nova Iorque, sobre suas vontades de morrer.
Ele não lhes tinha acreditado. amava muito a vida, vida e aventura e a satisfação de contrariar aos McLean. Mas Sim tinha tido razão. ao igual a tinha tido razão
sobre o perigo do Lady Rowena Forster.
Rowena, que pela primeira vez o fazia ver-se claramente: não um uva sem semente encantador que capturava facilmente a lealdade da gente corrente, o medo dos inimigos,
o coração de mulheres adoradoras, mas um homem que descuidava o bem-estar daqueles a quem pretendia ajudar, que procurava o esquecimento e sua própria destruição
depois de uma máscara de alegre indiferença.
Lhe tinha roubado seu autoengaño como uma habilidosa benjamima, mas o podia devolver durante umas poucas horas. Este era o momento, o único que importava. Quando
se enterrasse em sua quente e rendida carne, Cole McLean, Sim Kavanagh, lembranças, ódio, dever, vingança... tudo deixaria de ter significado.
Não precisava tocá-la para saber que estava lista para ele. O aroma de sua excitação funcionava como uma droga sobre seus sentidos. Deslizou as mãos pela parte interior
de suas coxas, insistindo-os a separar-se. Ela não resistiu. Tomás se colocou sobre ela, descansando seu peso sobre os braços. Como uma chamada silenciosa de sereia,
o calor e umidade do corpo feminino o convocou para que entrasse nele. Duvidou, e ela o alcançou com fortes e esbeltas mãos que exigiam a última veneração de seu
corpo.
Lhe cobriu a boca com a sua quando realizaram o rito mais velho de todos.
Capítulo 17


O mundo explorou em uma chuva de prazer e dor, de assombro e terror.
Rowena não pôde emitir um som enquanto Tomás se afundava profundamente em seu interior, seu membro empurrando contra o centro mesmo de seu corpo. a breve dor se
desvaneceu, substituído por algo que não tinha imaginado possível dentro das estruturas de sua cuidadosamente planejada vida.
Êxtase. Uma palavra cujo significado não tinha conhecido até então. Um mundo muito insosso e insípido para o milagre do presente que Tomás estava dando com seu corpo,
o presente que por fim ela se atreveu a receber com todo o desejo de seu coração. arqueou as costas para tomá-lo mais profundamente, reivindicando-o inclusive enquanto
ele a marcava como dela.
Isto é, observou a parte perdida de sua mente. Isto é o que temia. Então, todo pensamento foi afogado pelas quebras de onda de enorme prazer que se estenderam por
ela quando Tomás começou a mover-se.
Rowena teria sido incapaz de descrever a miríade de sensações que ele criava em seu interior. Explicá-lo era impossível. Seu corpo tremia e pulsava com cada rítmico
impulso. segurou-se com força À camisa de Tomás e segurou os quadris dele com suas pernas, regozijando-se em sua potente masculinidade, revelando seu próprio poder
feminino.
Se havia alguma voz interior insultando-a pelo que se converteu, já não podia ouvi-la. a faminta posse de Tomás acendia. a boca dele estava em seu pescoço, em seus
ombros, em seus peitos, levando-a até umas cada vez mais altas topos de prazer. O sensual aroma da união de seus corpos a enjoou. Queria devolver prazer por prazer,
mas se sentiu começar a deslizar-se para um inevitável final. a excitação alcançou sua cúpula no lugar onde se uniam seus corpos, lançando-a como o fogo surgindo
de um vulcão, mandando sua coluna ao espaço onde as cores tinham intoxicantes aromas e uma celestial música emanava sobre seu corpo.
Todo aquilo estalou em extasiado estalo de puro júbilo. Ela gritou. através da bruma de pasmado assombro, viu como Tomás jogava a cabeça para trás e lhe respondia
com um grito próprio. moveu-se novamente dentro dela -uma, dois, três vezes- e logo seu corpo se estirou. Ela sentiu como se derramava sua semente. E logo ficou
tendida baixo ele, aturdida por aquela maravilha, enquanto lhe beijava a frente, as bochechas e o cabelo.
-Rowena . - Disse ele. - Rowena, meu amor.
Meu amor.
a carne ainda lhe pulsava ali onde ele descansava dentro dela, mas sua mente não escutaria o falso e enganosa mensagem do mero bate-papo. Tinha sido excitado mais
que seu corpo.
ali estava a loba. Tinha sido liberada, selvagem e faminta, e não estava lista para voltar a ser encerrada. Lady Rowena Forster não tinha nada que dizer nisso.
Nem tampouco Tomás. Tomás Alejandro Randall, O Lobo, tinha-a dominado com seu corpo e a tinha levado a um lugar de milagres onde o mundo exterior deixava de existir.
agora era o turno dela.
a loba Rowena riu. empurrou-se com os braços e beijou a Tomás na boca, usando a língua como ele tinha usado a sua.
Ele se ergueu para trás, separando-se dela.
-Rowena...
Ela o seguiu, colocando as mãos no peito dele. Sua camisa estava no caminho, assim que a tirou, atirando do pescoço. No último minuto Tomás pôde preservar a camisa
desabotoando os últimos botões que ficavam.
Então o nu peito dele esteve sob sua Palmas, ligeiramente talher de pêlo escuro, belamente torneado e de linhas puras. Ela o tinha visto assim antes, mas só através
de olhos assustados. agora o estava tocando porque queria fazê-lo, queria senti-lo, queria saber.
Seu corpo ainda era estranho para ela. Estranho e fascinante. Rowena riscou a linha de sua clavícula e logo baixou até o centro de seu peito. Ele se estremeceu,
seu rosto tinha uma expressão encantada.
Logo roçou com os lábios a firme pele de seu peito. O cabelo dele, abundante e de aroma masculino, o fazia cócegas no nariz. Ela encontrou seu mamilo e o tocou com
a ponta da língua.
as mãos dele saíram disparadas para lhe agarrar os braços.
-Rowena!
Soava quase conmocionado. Ela queria conmocionarlo ainda mais. afastou seus braços e jogou com seus mamilos como ele tinha feito com os dela. Logo o levou até o
chão com seu peso, estirou-se sobre seu corpo. O membro dele se revolveu contra seu estômago.
Rowena o beijou, enlaçando os dedos nos pelos de seu cabelo. O irado júbilo que a tinha alagado quando escaparam de Las Vegas retornou com toda a força. Ele era
dela. Tomás acreditava que podia mandar sobre ela, humilhá-la, jogar com ela uma e outra vez? Estava equivocado. Ela era seu igual em tudo. Seu superior. Podia lhe
fazer sentir o que ela havia sentido.
assegurou-o contra o chão e beijou as duras linhas de sua face, sobrancelhas, maçãs do rosto e queixo. Quando Tomás tentou levantar as mãos para abraçá-la, ela as
apanhou com as suas. Lambeu-lhe o vulnerável lugar onde o pulso pulsava em sua garganta, copiando o que lhe tinha feito, e a dura curva de seus ombros. Ele respirava
com brutalidade, e movia os dedos na erva que tinha debaixo.
-Rowena...
Rowena não estava ali. Silenciou-o com outro beijo e moveu as pernas para montar-se Escarranchado sobre ele. Explorou seu corpo com faminto assombro, seu peito e
costelas, e seu plano estômago. Quão perfeito era. Quase sem defeitos. O companheiro ideal. Dele.
Mas ela não tinha visto todo seu corpo. Tinha que fazê-lo; a loba o exigia. alargou a mão para suas calças e lutou por tirar-lhe as mãos de Tomás cobriram as suas
e finalizaram o trabalho com perita facilidade.
Com quantas mulheres se teria deitado? Com quantas? Rowena grunhiu em sua garganta e o empurrou para baixo outra vez. Desde aquele momento já não haveria outras
mulheres. Ele tinha que sabê-lo.
moveu-se para trás para estudar a parte dele que lhe tinha dado tanta gratificação. Era extrañamente fascinante, tão distinto do que ela conhecia. as breves olhadas
em ocasiões anteriores não lhe tinham feito justiça.
alargou a mão para tocá-lo sem vacilações. Seus dedos tofacem a firme longitude e se fecharam ao redor dela. Tomás se sacudiu baixo ela e soltou um suave juramento.
Ela moveu lentamente as gemas dos dedos de cima abaixo, observando sua face.
Lasciva, gritou Lady Rowena. Que vergonha, OH, que vergonha!
a loba não sentia vergonha, não entendia seu significado. Conhecia a mistura de triunfo e júbilo ante o estupefato prazer de seu companheiro. Tomás já não ria, e
seus olhos estavam obscurecidos devido à paixão.
Paixão. Por fim sabia o que era. Era algo mais que luxúria ou fome física. O ato que unia seus corpos não era algo que se suportasse pelo bem dos filhos, ou que
se levasse a cabo com remorso e pavor só por um sentimento de dever. Era um precioso presente, uma atadura, um selo de votos não ditos. a loba Rowena tinha pronunciado
aquele voto quando tinha jazido sobre a erva com O Lobo, e não o lamentava.
Voltou a sentar-se Escarranchado sobre seus quadris, agarrando-se a ele. Lhe rodeou a cintura com as mãos enquanto ela o reclamava com seu corpo. Rowena lhe mostrou
o caminho, movendo-se lentamente ao princípio, sujeita pelo agarre por Tomás, guiada por seu toque em suas nádegas.
Naquele momento ela era o ama, mas o triunfo da conquista lhe cedeu o lugar À pura exaltação da completa totalidade. Viu o prazer de Tomás e o conheceu por si mesmo.
as barreiras naturais, de aparência, de forma e gênero, evaporaram-se. Tomás o lobo e Rowena a loba se converteram em um enquanto seus corpos os levavam até a crista
da culminação e a um mundo de jubilosa união.
Fez falta uma hora para que a felicidade se desvanecesse. a loba permaneceu forte na mente e no coração de Rowena enquanto jazia nos braços de Tomás. Os pensamentos
era irrelevantes; o sentimento o era tudo, e as sensações, os aromas da terra e de um homem e uma mulher, os sons dos insetos na erva e a maleza, o sussurro de uma
fria brisa noturna, a visão das estrelas emergindo através da capa de desvanecida cor que era o céu sobre eles.
Mas os corpos que levavam eram humano. a razão humana se abriu passo na mente de Rowena, insidiosa ao princípio, logo lhe gritando para que a escutasse.
O que tem feito?, exigia. No que te converteste?
Tentou ignorá-la, empurrando-se mais profundamente na curva do braço de Tomás. Ele se moveu para acomodá-la, os olhos fechados como se ele também estivesse lutando
contra alguma ordem interna.
Van atrás de ti, sussurrou Lady Rowena na orelha da loba. Crie que pode jazer aqui como uma puta e escapar Às conseqüências de suas ações?
a loba se arrepiou e grunhiu em desafio. Fera e dama se enfrentaram no campo de batalha de sua alma, nenhuma disposta a retirar-se. ao final, a loba foi primeira
em apartar a vista. Mas não se escabulló para ocultar-se em uma esquina. ficou observando e esperou com paciência animal outra oportunidade para emergir.
E Rowena também esperou a humilhação e o automóvel desprezo que a fariam girar em seu desespero outra vez. Tinha ocorrido atrás de seu ataque a Sim Kavanagh, paralisando-a
com horror ante o que tinha feito. E tinha consumido pouco a pouco seu embriagador sentido de vitória quando ela e Tomás tinham fugido de Las Vegas, alimentando-se
em sua lembrança do delírio que a tinha levado a elevar uma arma e atacar aos homens de Cole em uma violenta defesa do Lobo.
Poderia haver-se feito outra vez com ela agora, se não fosse pelo desafio de Tomás.
"...por que não fugiu para Cole quando teve a oportunidade? -havia dito ele. - Ele é exatamente o que quer."
Ela ainda não estava segura do que tinha passado, ou como tinha sido liberada a lasciva loba por suas palavras. Nnaquele tempo naquele tempo só tinha desejado uma
coisa: demonstrar que Tomás se equivocava, da forma que fora. lhe ensinar exatamente o que ela de verdade queria.
Tinha-o obtido. Tinha perdido a virgindade, seu auto domínio a tinha abandonado, sua devoção para a decência se converteu em uma farsa.
Mas a vergonha não chegou. Essa era a parte aterradora, que olhava a Tomás a seu lado, sua face relaxada pelo sonho, e não sentia humilhação nem angústia, mas uma
agridoce felicidade. Uma felicidade que ela não se merecia.
desenredou-se de seus braços, com cuidado para não incomodá-lo, e juntou suas roupas. Sacudiu a erva e a sujeira do vestido e o pôs. Deveria havê-la feito sentir
mais humana, mas só lhe recordou o que tinha escolhido desperdiçar.
Sim, escolhido. Por muito que queria lhe jogar a culpa À loba que habitava sua alma, não era tão covarde para ocultar a verdade.
a verdade era que seu corpo suspirava e a cabeça lhe dava voltas quando observava a Tomás convexo nu sobre as costas, inconsciente do dano que tinha feito. Ela queria
deitar-se a seu lado, despertar, começar as carícias e o amor uma vez mais. Naquele cristalino momento de entendimento, entendeu-se a si mesmo.
Tinha lutado durante muitos anos contra seu sangue de loba, permanecendo estrita ante todas as ameaças a sua resolução. Em lugar de inclinar-se, nem sequer um pouco,
quando ser flexível lhe teria facilitado o caminho, manteve-se firme contra qualquer desafio para sua natureza bestial. E ao igual a uma proverbial árvore sob a
tormenta, partiu-se quando a tensão tinha sido muito forte.
Tomás era sua tormenta. Tinha soprado tão brandamente que Rowena não se deu conta do que perto que estava de romper-se. Uma vez feito pedaços, uma árvore quebradiça
não poderia voltar para sua antiga força. Como muito poderia remendar-se.
Mas só se aceitava completamente que tinha falhado, e que a loba formava parte dela. Não poderia enjaulá-la sem enfrentar-se ao mesmo risco de perder o controle.
Se reconhecesse por fim sua essência dual, se mantivera À loba atada À vista antes que pô-la atrás de barrotes, poderia aprender a domá-la. Não precisava voltar
a ser tomada por surpresa outra vez. ainda havia esperança de salvar sua humanidade se rechaçava a degeneração final da forma de loba e de sua natureza. E, com o
tempo, a natureza da loba seria domada.
Tudo o que precisava era tempo.
Voltou com lentidão até Tomás e se ajoelhou a seu lado. Tremiam-lhe os dedos quando lhe tocou a frente. Que quieto estava, sem nenhuma preocupação. Que longe tinha
chegado ela, desde olhar a esse homem como um desprezível inimigo a jazer em seus braços. Desde desprezar tudo o que ele representava a aceitá-lo. Desde odiá-lo
até...
amá-lo.
Não se estremeceu ante a palavra. Kavanagh a tinha obrigado a dizer a verdade quando lhe tinha perguntado se amava a Tomás. Então se havia dito que tinha mentido
para satisfazer ao bandido, mas a brincadeira a tinha gasto a ela mesma.
Em algum momento daquela temerária e fatídica viagem, apaixonou-se. Quando tinha começado? aquela noite nas ruínas de tijolo cru, ou quando tinha resgatado a Esperança,
ou aqueles momentos de enfarte junto à cascata? O que em Tomás tinha capturado apesar de toda sua resistência? Seu irreverente desdém pela decência, sua risada,
sua inesperada amabilidade e generosidade, seu pícaro valor, o selvagem espírito que nenhum perigo podia romper ou dominar... o fato mesmo de que fora o oposto a
tudo o que ela teria acreditado que era?
Não havia diferença. O fato, feito estava, era irrevogável, assinado e selado por seu amor sob o amplo céu do deserto. aquele amor não era a idealizada emoção que
ela havia sentido uma vez por aquele íntegro jovem da Inglaterra, ou sua respeitosa admiração por Cole. Este exigia um preço maior. Despojava-a de sua complacente
ignorância, e convertia cada decisão em uma prova que poderia falhar sou pena de um terrível custo.
Mas o amor também lhe tinha dado um novo tipo de valor... não as arrogantes bravatas que tinha usado como escudo ante a ameaça que era Toma para seu coração, mas
a fortaleza para aceitar o que tinha sido e o que seria.
afastou o denso cabelo da frente de Tomás. Inclusive embora tivesse a oportunidade de desfazer o que tinha passado em Las Vegas e depois, não o faria. E se pudesse
voltar atrás no tempo, e nunca conhecesse o Lobo...
Teria estado satisfeita. Satisfeita, casada com Cole, ignorante da paixão, sem suspeitar que seu marido levava posta uma máscara de refinamento e amabilidade sobre
uma alma criminal.
Mas ainda não tinha provas disso. Se ele tinha tomado parte na morte dos pais de Tomás, descobriria-o. E se Tomás tinha assassinado ao pai de Cole...
Que Deus a ajudasse. Uma vez havia lhe perguntando quantos homens tinha matado, e ele não tinha respondido. Já não podia seguir acreditando que era um assassino
por natureza mais do que o era ela.
as brancas e negras certezas que tinham governado sua vida se desvaneceu até converter-se em sombras de cinza, dolorosamente ambíguas. Poderia amar a um assassino?
Só estava segura de uma coisa: não podia suportar o pensamento de um mundo sem Tomás Alejandro Randall.
estirou-se a seu lado e fechou os olhos. algum dia faria as pazes consigo mesma, inclusive com sua loba e sua ferocidade. Mas não haveria uma reconciliação assim
com este amor, pois sabia que Tomás não o compartilhava.
Tinha tido intenção de seduzi-la do momento em que se conheceram... como uma provocação, uma vingança, um entretenimento. Encontrava-a formosa e desejável. Tinha-a
protegido ao igual a fazia com qualquer de seus subordinados. Rowena acreditava que tinha chegado a sentir genuíno carinho por ela, apesar de suas constantes discussões.
Mas as emoções que tinha descoberto não eram para gente como O Lobo. Lhe poderia dar qualquer outra costure com todo o coração, mas não isso.
O amor, diziam, fazia que tudo fora possível. Sem ele, o vasto golfo entre eles era insuperável.
Podia tragar-se seu orgulho e lhe pedir a Tomás que abandonasse sua busca de vingança Y... o que? Que fugisse com ela a algum lugar onde ninguém os conhecesse? lhe
pedir que renunciasse a sua liberdade e se acostumasse À vida que ela sempre tinha querido... criar filhos como humanos e envelhecer em uma casa estável com quatro
paredes reais e a civilização a ambos os lados?
Ou poderia ir com ele e converter-se na mulher de um forasteiro, procurados para sempre, vendo a loba tragar-se À mulher até que Lady Rowena Forster cessasse de
existir...
O amor a tinha feito abandonar suas convicções e princípios. O amor a tinha impulsionado aos braços de Tomás, apesar de seus votos a outro homem. Mas nem sequer
o amor se atrevia a exigir o sacrifício de tudo o que ela era ou podia ser. Nem tampouco lhe podia exigir isso a Tomás.
Não havia um futuro compartilhado para o Lady Rowena Forster e Tomás Alejandro Randall.
Mas, por uns poucos roubados momentos, havia-o. aproximou-se de Tomás e descansou a bochecha sobre seu ombro. Ele suspirou sobre seu cabelo sem despertar, e seu
braço se curvou ao redor dela em inconsciente posesividad.
Não posso ser tua, pensou ela. Não porque ame a outro homem, mas sim porque é a única maneira de lhe dar algum sentido a meu amor por ti.
Cole encheu sua imaginação, como o tinha visto por última vez... sofisticado, elegante, exsudando suprema confiança, e auto-segurança que fazia que todos se sentissem
atraídos para ele. Tudo tinha mudado desde aquele dia em Nova Iorque. Ela tinha ouvido histórias que lhe tinha feito duvidar de se alguma vez tinha conhecido de
verdade a Cole. Histórias que ainda não podia acreditar. Posto que se eram verdade, seu frágil plano se derrubaria.
Não duvidava que Cole e seu irmão odiavam a Tomás, e lhe matariam sem prévio aviso. que a raptasse só teria feito mais forte seu propósito. Mas, sem importar quão
perigosa fora a decisão que tomasse, sabia o que tinha que fazer.
-Tomás . - Disse ela. - acordada.
Ele murmurou sonolento e tentou empurrá-la sobre ele. Ela resistiu.
-acordada, Tomás. Tenho que falar contigo.
Os olhos dele se abriram em finas fatias e seus lábios se curvaram em um sedutor sorriso.
-Falar? . - Disse. - por que falar, quando há coisas muito mais interessantes que podemos...?
-Não voltará a passar. -Ela olhou a outro lado. - Tomás, devo voltar com Cole.
Tomás despertou imediatamente, como se lhe tivessem disparado atrás da orelha. Estava ao bordo da risada quando viu o olhar no rosto de Rowena. Ela se tornou para
trás e se sentou com os braços envolvendo-as joelhos, evitando seu contato.
-Isto foi um engano . - Disse, - e só há uma forma de corrigi-lo.
Ele se sentou e colocou em uma postura meio curvada que imitava a dela.
-Um engano?
-Sim. Sabe tão bem como eu. Mas ainda há uma oportunidade de arrumá-lo... se voltar com Cole imediatamente.
Ele ouviu suas palavras claramente. Foram como chicotadas sobre sua pele: quis uivar e dançar como um verdadeiro lunático, Mudar e correr durante quilômetros e quilômetros
até os limites da terra, acariciar uma e outra vez a Rowena até que ofegasse seu nome e lhe rogasse que a levasse até a lua.
Não fez nenhuma dessas coisas. Simplesmente a olhou até que ela o olhou aos olhos.
-Desejas retornar com Cole . - Disse.
-Devo fazê-lo. -Ela levantou a mão e a deixou cair. - O que passou entre nós foi um engano de julgamento que não pode levar a nenhum lugar, exceto a mais sofrimento.
Se retrocedermos, haverá uma oportunidade de terminá-lo tudo... a inimizade, que lhe persigam, a ameaça a aqueles que nos rodeiam. Não pode ver que isto tem que
terminar?
Tomás fechou os olhos. Tem que terminar. Ele o tinha sabido, verdade? Tinha-o sabido todo o tempo.
Tinha-o compreendido quando tinham terminado de fazer o amor, quando tinham jazido o um junto ao outro, evitando as palavras que pudessem romper o milagre. Entendendo
perfeitamente o que tinha feito a ela... e a si mesmo.
Nunca antes tinha sentido o que tinha experimentado nos braços de Rowena, em seu corpo. Ela se tinha entregue a ele completamente, sem pensar nas conseqüências,
ao igual a tinha feito ele. E embora se deitou com muitas mulheres, nenhuma lhe tinha dado razões para afastar-se com pesar.
Rowena sim.
Ele a tinha desejado. Talvez se a tivesse conseguido aquele dia no lago do canhão, teria sido mais fácil considerá-lo como simplesmente uma vingança do mais prazenteira
contra Cole McLean. Mas hoje, tão perto da morte, tinha pensado que perder-se no corpo de Rowena lhe daria a liberação que procurava, liberação da não desejada carga
de culpa e fúria, e de umas emoções muito poderosos.
Mas não houve liberação. Não quando sabia o que passaria quando ela despertasse e se desse conta do que tinha sacrificado.
O que havia dito a ela aquele dia no lago quando ele tinha estado a ponto de tomá-la?
"Quando tiver terminado, nunca voltará a ser o que foi. Será livre..."
Livre. Livre para arriscar sua vida em defesa da dele... livre para perder tudo o que ela tinha conhecido.
Ou livre para voltar com Cole McLean.
OH, o prazer dela tinha sido bastante real. Havia-o meio doido e aceito suas carícias com verdadeira paixão, inclusive com abandono. Ela era tudo o que ele queria
de sua Dama de Fogo.
Mas a Dama de Fogo não era Rowena. Ela só era um produto de sua imaginação; nunca lhe obrigaria a ver o que ele não desejasse ver.
Rowena sim. Ela era seu espelho, lhe devolvendo sem piedade o reflexo do vazio que ele acreditava que era liberdade.
-Como -perguntou ele, - como o voltar com o McLean terminará com a inimizade?
Ela elevou o queixo.
-Direi-lhe que está morto.
Morto. Com essa única palavra lhe estava dizendo o que uma grande eloqüência não poderia dizer. Desejava tirar o de sua vida por completo. E não podia culpá-la por
isso.
O que lhe tinha dado ele além de dor? Quando havia pensando em seu bem-estar e felicidade?
"Não te importa nada mais que isto -lhe havia dito ela no lago, lhe pondo as mãos dele sobre o peito. - Uma vez que o tenha, o resto logo que importa, verdade?"
Isso era o que ela tinha acreditado. Ele tinha conseguido o que queria. Mas Rowena não sabia que ele tinha recebido mais do que esperava.
Havia um vínculo que podia ocorrer entre dois lobos que formavam o casal perfeito. Estava além do que os humanos conheciam como matrimônio. dizia-se que era inquebrável
uma vez se selava com o ato de fazer o amor. Seus próprios pais tinham compartilhado esse vínculo; adelina nunca foi a mesma depois de que Fergus morrera.
Rowena era a primeira mulher loba que compartilhava a cama de Tomás. Ele não tinha pensado nem por um momento que tal vínculo teria lugar entre eles.
Se deixava voar sua imaginação, quase poderia imaginar um futuro não muito mais substancial que um sonho: Rowena a seu lado, correndo pela planície e voltando para
seu canhão secreto; vivendo com ele, jazendo a seu lado cada noite, mantendo-o humilde com as ocasionais e estritas observações sobre seu imprudente comportamento
e sua irreverência.
Rowena como sua companheira. Seu casal. Sua esposa. a mulher a quem lhe seria fiel, renunciando a todas as outras, renunciando À inimizade e ao que tinha sido sua
vida da morte de sua mãe.
imaginou a si mesmo inclinado sobre um joelho, pedindo a mão a Rowena. Segundo as regras da fila dela na sociedade, tinha sido arruinada e só poderia ser salva por
um matrimônio honorável. Mas recordou algo mais que lhe havia dito:
"...só ganhará na fera. Há uma parte em mim que não pode tocar... a parte que é humano."
Ela não sentia o vínculo. Não poderia aceitar a paixão da loba... não como uma parte permanente de sua vida, que devia ser desfrutada e querida. E tampouco aceitaria
o lobo dentro dele. Necessitava um tipo de companheiro que ele nunca poderia ser: honrado, cumpridor da lei, humano. Um homem que lhe oferecesse o futuro que ela
queria. O futuro que ela tinha acreditado que teria com Cole McLean.
Tomás tinha plantado dúvidas na mente dela sobre o homem com o que planejava casar-se. Obviamente, não tinham sido suficientes. ainda pensava Rowena que McLean a
aceitaria sem perguntas, depois do que tinha passado em Las Vegas? E aqui, essa noite...
-assim que lhe dirá que estou morto . - Disse por fim. - E é obvio ele te acreditará.
-Fará-o se não o arruína me contradizendo com sua presença. Pode ter sua liberdade e sua vida, se deixar este país e não volta...
Ele se levantou.
-Tem-me feito fugir para salvar o pele. E você... voltará para a vida de Cole, e ele te aceitará com os braços abertos porque te quer profundamente.
Ela elevou a face para ele.
-Isso é meu assunto. Ele me perdoará. Direi-lhe que por fim escapei. Direi-lhe...
-Que eu fiz uso de minha vontade para fazer atacar a esses homens, e para que logo te entregasse para mim?
Ela empalideceu.
-Se for preciso. Certamente há formas de... dissimular as alterações físicas. Convencerei-lhe para que me leve imediatamente de volta a Nova Iorque. Não terá razões
para suspeitar que alguma vez... cooperei de boa vontade contigo.
Porque adotará o papel de mulher arrependida, total e respeitosa? Porque ele quer suas influências, suas conexões e seu dinheiro muito para te rechaçar? Crie que
sua vida será algo mais que miséria com um homem que te considera um bem prejudicado?
Descobrirá-o, Rowena. Nunca poderá te olhar sem que recorde a seu mortal inimigo.
E quando descobrir que eu tinha razão respeito a ele, ficará sentada a seu lado e lhe deixará que seus pecados fiquem sem castigo? Não. Fará-te pedaços contra as
rochas de sua maldade...
Tomás se virou de costas a ela e inclinou a cabeça. Isto era culpa, uma culpa tal como só tinha conhecido uma vez antes, o dia em que sua mãe tinha morrido. Sabia
porque tinha passado toda a vida evitando essas emoções. Culpa, vergonha, pena, raiva, inquietação, ciúmes, devoção... amor.
Ela era sua responsabilidade. Ele tinha feito que assim fora. Rowena se dizia mentiras para assegurar-se que estava a salvo da loba. agora ele devia ser a parte
racional.
-Sinto muito, doçura . - Disse. - Não posso permitir que volte com ele. Sou eu quem tem que encarregar-se dele. acredito que seria melhor para os dois se te buscasse
um lugar seguro de onde possa viajar ao este.
-É uma ordem? . - Disse ela, com voz tremente. - Usará a força para que vá como fez uma vez para me capturar, simplesmente para que possa seguir perseguindo sua
vingança? É que o que tem feito não é suficiente?
Não. Não era suficiente. Ele viu seu caminho tão claramente como se um raio de luz se aberto passo através do manto de nuvens para destacar-lhe
O lobo nele entendia a necessidade de sobreviver.
a sobrevivência de Rowena. Era inútil tentar sequer lhe explicar o que sabia: que Cole teria controle sobre ela enquanto vivesse -sobre sua mente e seu espírito
e seu coração, - e que um McLean não esquecia. Sua única esperança de encontrar a felicidade jazia em voltar para Nova Iorque, onde a Dama de Fogo e a loba não
tinham capacidade.
E devia ir sozinha.
Rowena havia lhe perguntando se ele tinha matado ao pai de Cole. Tomás não tinha respondido. Durante anos tinha expulso de sua mente a imagem do corpo do Frank McLean:
um homem velho deitado sobre a maleza porque o filho de seu inimigo o tinha matado.
Olho por olho, dente por dente. Mas quando o recordava, voltavam as náuseas. Não podia matar como Sim, fríamente e sem remorsos. E ainda assim tinha deixado que
McLean construíra sua reputação como um desumano bandido que eliminaria a qualquer que se interpor em seu caminho.
ao menos se ganhou uma reputação.
É tudo o que posso te oferecer, minha loira. me assegurar de que de verdade é livre para te criar seu próprio destino. Eu sei qual deve ser o meu.
-É mais forte do que crie . - Disse ele. - Mas eu sou o bastante forte para te fazer obedecer. Iremos até o Trujillo, onde tenho amigos que se encarregarão de que
volte a Colorado. -Ele olhou para Las Vegas, onde o esperava seu inimigo. - Vamos.
Esperou que ela protestasse, mas estava mais distante que nunca. Cavalgaram os quilômetros que os separavam do Trujillo como se tivessem voltado para aquele primeiro
dia quando ele a tinha arrebatado a Weylin McLean. Era mais fácil assim.
Trujillo estava escuro e silencioso quando se aproximaram do povoado. Tomás fez parar a meio quilômetro do lugar.
-Esperaremos aqui até justo antes que amanheça . - Disse. - Enquanto isso, sugiro-te que tente dormir. assegurarei-me de que estamos a salvo.
Rowena desmontou sem ajuda e se encarregou de seu cavalo. Ele fez o mesmo, e logo se afastou uma curta distância para Mudar. Rowena nem sequer jogou uma olhada em
sua direção.
Ele correu longe dela, conduzido por toda a desesperada rabia que seu corpo humano não podia expressar. Deixou de pensar, inclusive na forma de um lobo em um território
que não era o seu. Só depois de ter deslocado vários quilômetros recordou que não devia deixar a Rowena sozinha.
Mas por então já era muito tarde.
Capítulo 18


Se não fora pela perfeita visão noturna do Weylin, nunca teria visto o lobo enquanto corria pela deserta planície que havia debaixo. Desde seu ponto de vista no
topo da baixa meseta onde descansava suas arreios, o animal era pouco mais que um borrão em direção sudeste.
Poderia ter sido um lobo corrente. Umas poucas feras ardilosas ainda evitavam as armadilhas e os disparos dos caçadores, mas a maioria dos superviventes viviam nas
montanhas, onde eram mais difíceis de apanhar.
Este lobo não fazia nenhum tento por ocultar-se. deslizava-se pelo chão a um ritmo muito rápido para qualquer animal, dirigindo-se ao norte para a cidade do Trujillo.
Weylin soube quem devia ser.
Seu cavalo recém comprado escoiceou ante seu brusco movimento na cadeira. acalmou À égua o melhor que pôde, mas seu coração pulsava apressado com o conhecimento
de que a longa caçada estava em seu final.
O Lobo finalmente tinha calculado mau. Isto estava perto da velha terra dos Randall, agora dos McLean, e Randall tinha cometido o engano de voltar no pior momento
possível. Para ele.
Weylin calculou a velocidade do Randall e a melhor maneira de interceptá-lo. a possibilidade só viria uma vez. Havia um profundo arroio no caminho do Randall, que
teria que cruzar se continuava essa direção, e Weylin estava ligeiramente mais ao norte dele. Se descendia da meseta em um ângulo neste direção, alcançaria um lugar
coberto de maleza e rocha, onde seria capaz de interceptar a Randall com pouco risco de ser visto ou cheirado.
Pôs o cavalo a boa velocidade baixando a costa, agradecido de ter comprado uma arreios robusta com forte respiração e músculos firmes. Enquanto a égua corria, desenroscou
a corda de couro cru que pendurava da cadeira.
a sorte estava de seu lado. a lua dava justo a suficiente luz para lhe facilitar o caminho À égua, e esta pôs o coração na carreira. Weylin chegou a seu destino
antes que Randall, e a fez deter-se.
Isto era. Voltou a comprovar o laço uma vez mais. a cordmasia o bastante forte para reter Randall durante muito momento, mas não necessitava muito tempo. Só uns
poucos momentos para ter ao Lobo em desvantagem e então...
Quase se cravou as orelhas quando escutou o fraco roce de garras sobre a pedra e a terra. a égua levantou a cabeça e tremeu.
O lobo saiu disparado do arroio. Weylin lançou a corda com uma precisão nascida de anos de prática. O laço caiu sobre a cabeça do Randall justo quando este se virou
para enfrentar-se À inesperada ameaça. Sua investida quase arrancou a corda a Weylin das mãos.
Em vez de lutar contra o puxão, segurou o rifle e saltou do lombo da égua. Randall mordeu a corda, retorcendo-se de um lado a outro, esticando os músculos e arrepiando
o cabelo. Weylin soltou a corda e apontou.
Randall se paralisou. O laço estava ao redor de seu pescoço, mas o poderia ter quebrado com outra dentada. Poderia haver-se arriscado a atacar, já que havia muitas
possibilidades de que sobrevivesse a uma bala em qualquer parte salvo o coração ou o cérebro.
Não atacou. Simplesmente ficou parado, olhando a Weylin, com as orelhas inclinadas para os lados e a cauda desce em uma postura que não era total de tudo. Era como
se tivesse tomado a decisão consciente de não lutar.
Ou era um engano.
Weylin manteve o rifle preparado.
-Dispararei-te se resiste . - Disse. - Preferiria te levar vivo.
Randall abriu a boca em uma risada silenciosa e realizou uma reverência com as patas traseiras baixadas.
-Não gaste suas tolices em mim . - Disse Weylin. - Te vou levar de volta a Las Vegas, mas não levarei um cão. Tampouco acredito que queira que faça isso.
apoiando-se sobre os quadris, Randall usou os dentes e as garras para tirá-la corda do pescoço. Sob o olhar agudo do Weylin, Mudou. sacudiu-se, e o cabelo negro
caiu sobre seus olhos. Weylin pôde jurar que estava sorrindo.
-Planeja levar um homem nu a Las Vegas? -perguntou Randall.
Weylin se viu fortemente tentado de apagar o sorriso da face do proscrito, preferivelmente com a culatra de seu rifle. O pensamento de enfrentar-se a Randall de
lobo a lobo, era inclusive mais tentador. Mas sabia como controlar sua cólera, e tinha chegado muito longe no nome da lei para abusar dela agora.
-Será o que te mereça . - Disse.
Os olhos do Randall cintilaram na escuridão.
-Por acaso não terá outro par de calças?
Weylin procurou atrás de sua cadeira e desenrolou a roupa de reposto que tinha comprado ao mesmo tempo que a égua. Lançou-os ao alcance do Randall.
-Pode levar estes.
Randall segurou a camisa e as calças, os pôs, e realizou uma elegante meia reverencia para o Weylin.
-Obrigado . - Disse.
-Não me dê . - Disse isso Weylin. Manteve o rifle dirigido para o Randall, e tirou um par de esposas de seus alforjes. - Ponha lhe - Disse isso, lançando-lhe ao
forasteiro.
Randall titubeou, e logo as colocou nas bonecas.
-Sei condenadamente bem que as pode romper . - Disse Weylin, - mas quando o fizer, estará morto. Entendido?
-Perfeitamente.
-O que tem feito com o Lady Rowena?
-ah, sim. Essa foi a última vez que nos vimos. -Elevou as mãos atadas diante de seu corpo. - acredito que suas últimas palavras foram que me rastrearia, passasse
o que acontecesse. Como se sente o saber que ganhaste?
Weylin o olhou fixamente. Era muito fácil. por que Randall havia oposto uma resistência tão simbólica quando havia tanto em jogo?
Não importava. Tinha ganho. depois de todo esse tempo, depois da humilhação da captura de Rowena, o incessante desprezo de Cole, e a quase morte à mãos do Sim Kavanagh,
tinha tido êxito em sua busca. E a tinha feito a sua maneira.
a vitória deveria ser doce. Isto era mais que um triunfo pessoal; era pelo Kenneth e Pai. Faria que Cole tragasse suas palavras sobre os defeitos do Weylin; um homem
tinha tido êxito onde todos os pistoleiros contratados de Cole tinham fracassado.
Mas Weylin sentiu pouca satisfação ao ver Randall prisioneiro. Havia tornado a aprender o que era correr como um lobo; podia adivinhar o que seria morrer encadeado
e em cativeiro. Para um homem como Randall, seria preferível a morte. Tudo o que O Lobo tinha que fazer era lançar-se contra ele, e teria sua morte rápida.
Endureceu seu coração.
-Perguntei-te pela noiva de meu irmão.
Os ombros do Randall se afundaram.
-Ela está bem . - Disse, sem um rastro de brincadeira.
-Onde está?
-Livre de procurar seu próprio destino.
-me dê uma resposta direta, bastardo.
-Ou me disparará?
-Não. Isso é justo o que quer que faça, para que sua vida não se tenha que deslizar no final de uma corda.
-Um pensamento agradável . - Disse Randall. - Se te tranqüilizasse a mente, a dama está muito perto de uma cidade em que encontrará toda a assistência que precise.
Deixei-a partir.
Não estava mentindo. Weylin sentiu a verdade como se fora algo sólido no ar entre eles.
-Talvez essa seja a única coisa decente que tem feito em sua vida.
-Pode ser. assumo que me leva junto a seu irmão, não?
-É a justiça a que tem que encarar, Randall. Isso será suficiente.
Baixo a apagada luz da lua, a face do Randall traiu o primeiro indício de consternação.
-Certamente desejará compartilhar sua conquista com sua gente, para completar pessoalmente a vingança de sua família.
Era como se Randall queria enfrentar-se de novo a Cole, embora sabia que receberia menos compaixão de parte dele que de um juiz e um jurado. Só havia uma razão pela
que quereria que lhe levassem ante seu pior inimigo.
Pensava que teria uma oportunidade de acabar com Cole antes de morrer.
-Teremos nossa vingança . - Disse Weylin. - a lei se encarregará disso. -Fez um gesto com o rifle. - São uns cinqüenta quilômetros até a cidade, e vais fazer todo
o caminho a pé.
-Naturalmente -Randall desviou a vista pela planície. - Não queremos que o verdugo espere.


Era com muito a casa maior que Felícita tinha visto nunca, mais elegante que qualquer outra de Las Vegas. Também era uma das poucas feitas de madeira em vez de tijolo
cru, de dois novelo e pulcramente grafite de azul e branco.
a casa pertencia a Cole McLean. erigia-se solitária em seu próprio quadrado de terra, justo ao bordo da cidade. Ninguém, e muito menos Cole McLean, tinha notado
que ela o tinha seguido até sua casa e observado de uma distância segura. Tinha-o visto entrar em interior e tinha esperado durante muitas horas, tentando decidir
o que fazer. Por fim tinha chegado a noite, e a tinha passado ao casaco de um grupo de arbustos, com o cavalo preso atrás dela.
a escuridão se estava desvanecendo com as primeiras luzes do amanhecer. sacudiu-se a sujeira da saia, ignorando o grunhido de seu estômago, e alimentou ao cavalo
com um pouco do grão que tinha nas alforjes.
-Sinto muito, amigo, mas não posso te tirar a cadeira -lhe - Disse brandamente. - Não sei nada de cavalos. Seria melhor te deixar partir, para que possa encontrar
a alguém que te cuide adequadamente.
E atrasei muito o que devo fazer.
Havia um grande estábulo na casa. Se um cavalo estranho aparecesse entre os outros, a gente dali tomaria.
Com cuidado guiou ao cavalo tão perto do estábulo como se atreveu. Deu-lhe um empurrão a sua ampla garupa; talvez cheirou a outros cavalos, porque dobrou as orelhas
e se dirigiu ao estábulo a passo rápido. Felícita esperou até ver o cavalo desaparecer em uma casinha. Então procurou uma maneira de aproximar-se mais À casa.
Quando saiu o sol, chegou gente para começar várias tarefas. Um menino atendia os cavalos, um ancião arrumava o jardim de flores ao lado da porta, e uma garota -mais
ou menos de sua mesma idade, deduziu Felícita, - estava pendurando roupas para secar em uma corda na parte de atrás da casa. Não estava muito melhor vestida que
Felícita, e pode que viesse do mesmo povoado.
Se semelhante garota trabalhava para Cole McLean, talvez poderia fingir ser uma faxineira. sacudiu-se uma vez mais a roupa e se moveu silenciosamente para a parte
de atrás da casa, tentando passar À garota pendurando roupas.
-Né, você! . - Disse a garota em espanhol. - Quem é?
Felícita agachou a cabeça e tentou pensar.
-vim... estou aqui porque...
-OH, deve ser a nova garota para trabalhar na cozinha. -a garota se esfregou o nariz com a parte de atrás do braço. - Sebastiana estará muito contente de verte.
Está zangada.
Felícita sorriu com acanhamento.
-Não cheguei muito tarde?
-Fará-o se não te apura! -Moveu suas saias para a Felícita. - Não está tão mal trabalhar aqui. O senhor McLean só está na casa umas poucas vezes ao ano. agora está,
assim não te meta em seu caminho.
Felícita assentiu e se apurou para a terraço da parte de atrás da casa. ao momento pôde cheirar algo cozinhando-se, e escutou uma voz lastimera discutindo com alguém.
abriu a porta e se encontrou com um pequeno corredor, e seguiu seu nariz até a cozinha.
Encaixava com a casa em todos os sentidos, com uma ampla cozinha de ferro, uma grande mesa e cada tipo de panela e frigideira imaginável. Uma mulher corpulenta,
com os braços cobertos de farinha, deu-se a volta para olhar a Felícita.
-É a garota nova? . - Disse. - Já era hora. -limpou-se as mãos com o avental. - Não fique aí parada. Entra, entra! Espero que seja melhor que a última, que escapou
com um homem justo antes do jantar! -Olhou a Felícita de cima abaixo. - É tudo o que tem para levar? Não importa. Eu mesma servirei. Rápido, rápido! O senhor McLean
tem importantes convidados para a comida do meio-dia. Curta esse frango e logo...
Felícita escutou as instruções da cozinheira e fez o melhor que pôde para as seguir. Tinha cozinhado o suficiente para seu tio para entender o que se requeria dela.
Também soube a sorte que tinha, por encontrar rápido um lugar no lar de Cole McLean. Mas isso só era o início de sua tarefa.
Tinha que aproximar-se mais a McLean. Se permanecia na cozinha, e nem sequer lhe permitiam servir, estaria tão longe dele como o tinha estado na rua.
-ai, Deus! -gritou a cozinheira, levantando as mãos. - Essa parva da María nunca comprou os ovos! -Seu olhar saltou a Felícita, que estava picando uma cebola. -
Você, garota... -aproximou-se de uma prateleira na parede e baixou uma cesta, e um punhado de moedas de uma jarra. - Vete agora mesmo À loja e compra uma dúzia de
ovos. E não pense que te pode escapar com o dinheiro! O senhor McLean sabe tudo, e te encontrará e te golpeará. -Pôs as moedas e a cesta nas mãos da Felícita. -
Bem, a que está esperando? Vete!
Felícita se apurou a sair da casa e atravessar o pátio. parou-se para olhar o estábulo, onde seu cavalo estava sendo escovado pela moço de quadra. Lhe sorriu ampliamente
e a saudou com a mão. agachando a cabeça, ela se dirigiu À loja geral que tinha visto no dia anterior na rua principal de Las Vegas.
Teve que esperar a que um homem terminasse de comprar um saco de farinha antes que a dependienta lhe vendesse os ovos. segurou a cesta cuidadosamente e quando se
estava girando do mostrador, escutou ao primeiro cliente exclamar, situado ao lado da janela.
-Olhe isso . - Disse. - Não é a mulher que ontem apontou com uma arma a Beck?
Felícita quase deixou cair a cesta. segurou-a com mais firmeza e se dirigiu À porta.
Lady Rowena, com o mesmo aspecto do dia anterior, cavalgava pelo meio da rua. Não olhava nem À direita nem À esquerda aos espectadores embevecidos; tinha o queixo
alta, e apesar de seu vestido andrajoso e a pesada cadeira espanhola do cavalo, era capaz de cavalgar como uma dama elegante.
Tomás não estava com ela.
Felícita foi consciente das emoções entre a gente que observava: curiosidade, emoção, antecipação. Todos estavam esperando que acontecesse algo. Os sentimentos de
Rowena eram impossíveis de captar separados do resto. Mas se tinha voltado para a cidade, sozinha...
Um homem entrou na rua, e Felícita o reconheceu como o chamado ajudante Vásquez. Bloqueou o caminho de Rowena e falou com ela, trocando nervosamente de um pé a outro.
Ela respondeu em uma voz suave e plaina. depois de um momento, o ajudante tomou as rédeas do cavalo e começou a guiá-la.
Felícita soube aonde estava levando Vásquez À dama. Correu de volta À casa de McLean tão rápido como pôde sem deixar cair a cesta de ovos.
a cozinha estava deserta quando chegou. Deixou os ovos no mostrador e espiou pela porta que levava a outro corredor. Não havia ninguém. deslizou-se no corredor,
e o seguiu mais profundamente ao interior da casa, dando várias curvas, e encontrou a habitação onde Cole McLean estava falando com outro homem.
Tudo o que necessitava agora era um lugar onde esconder-se.


Rowena se havia dito que estava preparada para encarar de novo a Cole.
alcançou os subúrbios de Las Vegas avançada a manhã, depois de cobrir os aproximadamente cinqüenta quilômetros desde o Trujillo durante a escuridão da noite, alternativamente
guiando um cavalo e cavalgando o outro. Não podia dizer como soube o caminho sem a ajuda de mapas ou direções; não se tinha incomodado em perguntar-lhe Encontrou
que era melhor não pensar nada nisso.
Seu plano meio formado não poderia haver-se desenvolvido com menos problemas. Tomás nunca havia tornado quando a tinha deixado justo fora do povoado do Trujillo;
tinha Mudado e se partiu correndo, e por tudo o que sabia, seguia correndo. depois de seu bate-papo vociferante sobre se mantê-la separada de Cole, obviamente tinha
mudado de idéia, além da forma.
Não... tinha entrado em razão, e se tinha dado conta de que ela estava no certo. Tinha reconhecido a lógica no argumento dela, deixando-a para que deci- Disse por
si mesmo. ao fazê-lo, abandonou sua apreciada vingança, todas as complicações que lhe tinha acrescentado seu a descuidada vida.
E a ela.
Deveria sentir-se aliviada. Esta era a maneira em que devia ser. - Disse-se isso cada quilômetro da cavalgada: Como tem que ser, como tem que ser, como tem que
ser, cada palavra seguindo o ritmo dos cascos do cavalo.
Era muito esperar que Tomás desse uma despedida decente, ou que admitisse que sentia algum remorso pessoal ao lhe garantir a vitória. Muito esperar algo, salvo que
honrasse sua decisão. Fazia o maior sacrifício de que era capaz, simplesmente ao deixar de lado sua vingança.
Isso o tinha feito ela para trocá-lo, e era o bastante extraordinário. agora ele estava a salvo. ao igual a ela. Tomás sabia o que tinha intenção de lhe dizer a
Cole; teria sido pior que um parvo se a contra- Dissera evitando deixar a região.
Só faltava encontrar a Cole, lançar-se a sua compaixão, e convencer o de que a história que lhe contasse era certa.
"É mais forte do que pensa", havia-lhe dito Tomás. agora provaria que tinha razão.
Ignorou a dor constante de seu coração enquanto cavalgava entrando em Las Vegas. Escutou as exclamações sussurradas e sentiu os olhares fixas da gente quando a reconheciam
pela cena violenta do dia anterior. Instintivamente ficou erguida, como se tivesse posto um traje elegante e cavalgasse para a inglesa como a dama que uma vez tinha
sido.
Sua primeira prova veio quando o ajudante do xerife apareceu para recebê-la. Meio tinha esperado que a prendesse. Em lugar disso, aceitou sua petição ao oferecer-se
a levá-la com Cole.
Nunca tinha estado na casa McLean de Las Vegas; se sua vida tivesse contínuo seguindo seu curso antecipado, provavelmente nunca o tivesse feito. Era modesta para
seus prévios altos padrões, embora sem dúvida a gente da cidade pensasse que era imponente.
Mas encontrou que lhe tremiam as mãos quando uma moço de quadra a ajudou a descer no pátio e o ajudante lhe segurou o braço com um murmúrio de desculpa. Não se enganava
respeito a sua nervosa preocupação. O pobre homem provavelmente não sabia se tratá-la como uma criminosa, ou como algo valioso roubado que lhe era devolvido a seu
dono.
Sem importar o que sentisse a partir de agora, devia recordar comportar-se como esta última.
O ajudante a introduziu na casa por uma porta lateral. Rowena alcançou a ver gente que poderiam ser serventes, mas nenhum deles se atrasou para olhar sua humilhação.
Cole estava ao lado da janela em um salão decorado com gosto masculino, cheio de móveis que deviam ter sido caros de trazer tão longe ao oeste. Rowena afastou seus
pensamentos de semelhantes trivialidades e se obrigou a olhar seu a noivo.
Não havia mudanças nele. ainda estava impecavelmente vestido, digno, carismático. Era tudo o que ela tinha chegado a admirar e respeitar em Nova Iorque, o oposto
a Tomás Alejandro Randall. Seu coração se sentiu encerrado em uma capa de gelo.
deu-se a volta para fitá-la, e ela soube que o tinham avisado de sua chegada. Seu rosto tinha perdido qualquer sinal de surpresa, gratidão ou alívio, e simplesmente
a observava como se não sentisse nada.
Como se a estivesse provando.
Ela fechou os olhos e deixou sair ar temblorosamente.
-Cole . - Disse. E então deixou que suas pernas se dobrassem e se afundou no tapete.
Ele esteve a seu lado incluso antes que o ajudante. Com despreocupada força, levantou-a em braços.
-Vá a pelo doutor . - Disse a Vásquez. - te Ocupe de que não nos incomodem até que chegue. E manda a um criado com água e brandy.
O homem partiu com prontidão. Rowena manteve os olhos fechados e se apoiou pesadamente contra Cole. Ele a levou a sofá perto da janela e a colocou nele, arrumando
as almofadas para que a sustentaram.
-Está bem? -perguntou. - Há algo que necessite até que venha o servente?
-Não. Sinto muito. Estou... bastante bem. Só um pouco cansada. -Não lhe soltou a mão, embora sentiu um profundo desejo de afastá-lo.
-Meu pobre Rowena . - Disse, sentando-se junto a ela. - Não é de sentir saudades que se sinta doente depois de tudo o que passaste. agora não tem nada que temer.
Está a salvo.
Ela deixou escapar o ar que não sabia que estava retendo.
-Sim. Foi... bastante terrível. -abriu os olhos. a expressão dele ainda era serena, nem ansiosa nem zangada, só marcada com o educado interesse que mostraria a qualquer
mulher em sua situação. É obvio que nunca tinha sido sentimental; essa era uma das coisas que ela apreciava dele. Tinha esperado que lhe abrisse os braços e soluçasse
de alegre alívio ante sua volta sã e salva?. - Logo que sei por onde começar... como explicar...
-Weylin me contou tudo . - Disse. - Randall te enganou te fazendo acreditar que seu irmão necessitava sua ajuda, e veio ao oeste com ele.
as palavras soavam como uma condenação.
-Enganou-me -sussurrou ela. - Não sabia quem era em realidade. Não me dava conta de que era seu inimigo...
-Claro que não o fez. -Liberou a mão da sua com soma amabilidade. - Mas estou surpreso por suas ações impulsivas. Deveria me haver consultado antes de sequer considerar
partir de Nova Iorque.
-Sim. Sei. -Baixou o olhar. - Foi totalmente culpa minha...
-Também foi culpa do Weylin. Deixou que o forasteiro te seqüestrasse.
-O forasteiro lhe pôs uma pistola. Não houve nada que pudesse fazer. -Ela tremeu. - OH, Cole. Foi horrível, e tudo o que podia pensar era quão preocupado estaria,
e o problema que te tinha causado...
-Sim. -levantou-se e se dirigiu À janela. - Deve me perdoar por não ter conseguido te resgatar.
Sua voz era muito longínqua.
-Sei o que fez tudo o que pôde... -começou ela.
-Pagar o resgate estava fora de toda consideração. -Voltou-a a olhar. - Não te fez mal.
Esta era a parte difícil.
-Não... fisicamente . - Disse. - Mas algo mais passou... é difícil falar disso...
Ele a olhou.
-Talvez refere ao que passou ontem.
O rubor dela não foi artificial.
-Sim. É consciente... de que aqueles de natureza animal Às vezes podem controlar aos outros com sua vontade...
-E isso é o que Randall te fez. Não teria defesas ante semelhante ataque.
-Sim. -O estava pondo muito fácil. - Primeiro tentei escapar, mas tinha a seus homens me vigiando. E então... começou a me controlar. -segurou-se as têmporas. -
Me fez vir ontem À cidade. Queria mofar-se de ti com minha presença, enquanto me... forçava a me comportar como uma criminosa. Tentei lutar contra isso, mas... OH,
Cole. O que deve pensar de mim.
Teria sido o momento perfeito para que se aproximasse dela e a abraçasse com compreensão e perdão. Mas se manteve afastado.
-Há algo mais que te obrigou a fazer?
Ela se sobressaltou ante sua franqueza. Seu rubor aumentou. Se pudesse imaginar o que lhe passava pela mente nesse momento...
-Não . - Disse. - Não o fez. Ele... olhou-me. Isso é tudo.
-Já vejo. Então temos motivo para nos sentir agradecidos.
agradecidos... porque seu valor não se deteriorou ante seus olhos? Ela pôs o pensamento a um lado. Primeiro devia convencer o de que a levasse de volta a Nova Iorque,
e então... então poderia tratar as coisas que lhe tinha contado Toma.
-Simplesmente estou contente de ter tornado . - Disse. - De ser livre dele e sua banda de assassinos. -Tragou. - Não teve êxito em seus planos. Deve desejar saber
tudo o que aconteceu...
-Haverá tempo para os detalhes mais tarde . - Disse. - Não me contaste como lhe arrumou isso para escapar a seu controle.
Sua frieza ia além da moderação emocional e a formalidade das classes altas. preocuparia-se tão pouco se pensasse, como deveria fazer, que tinha sofrido? Pelo menos,
sabia que tinha experimentado humilhação, desconforto, privação física e a perda da dignidade que era essencial para seu ser.
-Escapei . - Disse cuidadosamente, - porque está morto.
Ele levantou bruscamente a cabeça, e perdeu seu comportamento distante.
-Morto? Randall está morto?
-Sim. que cavalgava com ele, Kavanagh, brigaram. Kavanagh lhe disparou. Isso liberou o controle que tinha sobre mim.
Ele continuou olhando-a fixamente.
-Kavanagh? Onde está?
-Não sei. partiu... acredito que saiu ferido da briga.
-Tentou te separar do Randall?
Era melhor atê-lo mais perto À verdade.
-Sim. Faz dois dias, tirou-me do... do lugar onde se escondia Randall. -Lançou-lhe a Cole seu olhar mais humilde de gratidão. - Me - Disse que o tinha contratado
para me salvar. Mas Randall o perseguiu e me levou de volta. Por isso decidiu vir a Las Vegas, porque estávamos muito perto.
Cole moveu o queixo.
-Então Kavanagh traiu ao Lobo . - Disse. - Mas por que ajudou a Randall a escapar ontem? Também caiu sob o controle do Randall?
-Não sei. Eu tinha... a mente mau. Só sei que brigaram ontem de noite, e que Randall foi assassinado. -Teve que lutar por esclarecer sua mente da imagem de Tomás
jazendo morto. cobriu-se a face com as mãos. - Tanta violência...
-Sente pena por ele?
-Pena por ele? O homem que me seqüestrou? -recordou-se a si mesmo não mostrar muita indignação. Humildade, Rowena. - Tudo o que podia pensar era voltar junto a ti,
e a Nova Iorque. Deixar este lugar horrível para sempre.
Cole sorriu levemente.
-admiro-te, Rowena. Qualquer outra mulher se teria reduzido a um atoleiro de gelatina a estas alturas.
Isso era assim? Não tinha sido o bastante frágil para conveniência dela?
-Não pensei... que quisesse que me comportasse dessa forma . - Disse. Deixou que a dor se arrastasse em sua voz. - Pensei que te alegraria de lombriga.
-Mas o faço, querida. mais do que possa imaginar. -ajoelhou-se junto ao sofá e tomou a mão. - O sinto se pareci frio. estive bastante preocupado por esta difícil
situação. agora que sei que está morto, podemos deixar atrás este desafortunado incidente.
-OH, sim. Isso é tudo o que desejo Cole. Só isso.
Lhe apertou os dedos.
-Onde está esse criado? de agora em diante deve ter os melhores cuidados.
-Obrigado. Não te voltarei a decepcionar.
-Não. -Seu olhar lhe sustentou a sua. - O que pensa do Randall?
-O que penso dele? Era um bárbaro, um selvagem. -Uma vez teria falado com completa convicção. - Era meramente uma fera com forma humana.
-Soube que era um homem lobo.
-Fez... ostentação disso. Cole, temos que falar de...?
-Levou-te a sua guarida.
-Sim. Era uma espécie de canhão no deserto, longe daqui, mas levava os olhos enfaixados.
-Não os tinha quando Kavanagh te tirou.
-Não... mas não reconheci nada.
-Uma pena. Se o fizesse, poderíamos apagar ao resto de seus seguidores de uma vez e para sempre.
apagar. Queria dizer a Néstor, Enrique, Pilar e Mateo. Como se fossem insetos para ser esmagados sob seus pés. Seus dedos ficassem tensos em seu agarre.
-perderam a sua líder . - Disse. - Quanto dano podem fazer agora? Tudo o que desejo é me esquecer deles. -Deixou que seus olhos se umedecessem. - me Levem a casa,
Cole. De volta a Nova Iorque.
-É obvio . - Disse, mas seu olhar permaneceu concentrada. - O que te - Disse sobre mim?
-Randall? Não...
-Certamente falou de mim de forma pouco aduladora. Não tinha razão para ser discreto. Deveu te dizer porquê me odiava, e porquê eu o odiava a ele.
Ela duvidou. Esta era uma maneira de escutar sua versão disso, mas podia haver muito risco na revelação.
-gabava-se . - Disse ela. - Eu não escutava. por que deveria? Era um ladrão e um mentiroso.
Lhe embalou a bochecha na mão.
. - Disse-te que matei a seu pai?
Ela permitiu que se visse sua surpresa.
-Supus que era outra de suas mentiras...
-Não é uma mentira. -Sua expressão se endureceu. - Fergus Randall, seu pai, disparou a meu irmão Kenneth pelas costas durante a batalha de Pracinha Pass. Somos McLean,
não podemos permitir que a vida de meu irmão não seja vingada.
admitiu-o livremente, como se estivesse orgulhoso de semelhante filosofia Bárbara. Este não era o Cole que tinha conhecido. Quanto mais da história de Tomás era
certo?
-Randall... mencionou uma disputa...
-Foi anos antes da Guerra. Fergus Randall a voltou a começar quando matou a meu irmão.
-Kenneth? Nunca falaste que ele...
-Kenneth era o primogênito de meu pai. Não se parecia em nada a ele... não tinha a ambição nem a força. Mas sabia como fazer justo o que Pai queria. -a amargura
invadiu a voz de Cole. - Era o favorito, o perfeito, o valente herói. Pai o escolheu para que herdasse tudo o que tinha construído no Texas. -Desviou o olhar. -
Todos os sonhos de meu pai descansavam nele. Quando foi assassinado, meu pai se voltou louco de pena. Jurou vingança incluso antes que se terminasse a Guerra. Fui
com ele para encontrar a Randall. Mas infravalorizou a astúcia do Randall. Em vez de aceitar uma briga justa, enganou-nos com uma emboscada. Foi o que fez isto.
-tocou-se a manga vazia de seu ombro esquerdo. - Salvei a meu pai.
Rowena observou sua velha lesão. Tinha acreditado -ele tinha feito que todos em Nova Iorque acreditassem- que tinha perdido o braço na Guerra, lutando honorablemente.
Pensou nas palavras do deslocado. Dizia que Fergus tinha matado a Kenneth McLean em batalha, depois de lhes pedir aos McLean que abandonassem o Território. Dizia
que os McLean lhe tinham tendido uma emboscada a Fergus e o tinham matado no México.
. - Disse-te Randall que também matamos a sua mãe, e lhe roubamos as terras? -perguntou Cole. - Os fracos sempre torcerão os fatos para justificar sua covardia
e traição. Os Randalls foram todos ladrões e assassinos. Recuperamos o gado que nos tinham roubado. a mulher do Fergus abandonou a terra e desapareceu. Provavelmente
voltou com sua gente selvagem.
Devia estar falando dos apaches. Era possível que Tomás e o deslocado estivessem equivocados em relação À morte de sua mãe? Talvez, em sua pena, tinha confundido
a pelagem de lobo que tinha visto pelo de sua mãe.
Pode que Tomás fora um ladrão, mas não era nada estúpido. acreditava nas razões pelas que fazia as coisas.
alguém mentia.
-depois disso . - Disse Cole, - Randall perseguiu a meu pai, um ancião doente, naquela época, e o assassinou. Foi um açougue. escapou e lhe declarou a guerra a
minha família. Toda sua ambição foi destruir tudo o que temos feito por este Território. -Virou o rosto de Rowena para que encontrasse o seu. - Mas se estiver morto...
-Seus dedos se apertaram o suficiente para lhe beliscar a pele. - Está morto, não, querida? Está bastante segura disso?
Ela ficou muito quieta.
-Sim, Cole.
Ele deixou cair a mão.
-É obvio. Quão absurdo pensar que me possa mentir.
-Não mais . - Disse ela brandamente, - pelo que você me mentiria.
-Escuto dúvida em sua voz? -perguntou Cole. segurou-lhe uma mecha de cabelo. - alguma vez te enganei, Rowena?
-Não.
-Mas sinto que de algum jeito não está satisfeita com o que te contei. -Passou a mecha de cabelo pelos dedos. - Van a nos casar, minha querida. É momento de eliminar
qualquer segredo final entre nós, não está de acordo?
-Então... o casamento seguirá como estava planejada?
-Há alguma razão pela que não deveria ser assim?
-Para nada. Mas um ligeiro atraso, uns poucos meses talvez... Serei capaz de pensar muito melhor em Nova Iorque...
-Confunde-me. acreditei que estaria mais ansiosa por nossa união. Meu passado te angustiou, o fato de que matasse a um homem?
-Eu... entendo suas razões.
-agora está mentindo . - Disse. - Pensa que um homem civilizado não faria semelhante coisa e permaneceria imaculado. E ainda assim os humanos se comportam dessa
forma todo o tempo. por que nós deveríamos ser diferentes?
-Nós?
Ele suspirou.
-Mimei-te muito tempo, Rowena. Não pode ser uma companheira adequada até que entenda meu propósito. -Enroscou-lhe o cabelo ao redor de seu dedo. - Sempre te hei
dito que rechaço a natureza animal de mim mesmo, tal como faz você. Estou bastante de acordo em que converter-se em uma fera asquerosa e correr a quatro patas é
uma degradação grotesca do que somos. O que somos é algo mais grandioso.
as náuseas subiram pela garganta de Rowena.
-Não o entendo.
-acredito que o faz. -Seu olhar se voltou distante. - Quando era jovem, meu pai nos ensinou que nossa espécie tinha certos poderes, os mesmos poderes que Randall
usou contigo, querida. acreditava que era parvo negá-los. acreditava no direito fundamental de que o mais forte governasse sobre o fraco. -riu brandamente. - ah,
sim, ensinou-nos bem. E aprendi. Inclusive os humanos mais poderosos resultaram ser mais fracos em comparação com ele. Construiu seu império controlando ou ocupando-se
de qualquer que se interpor em seu caminho. -Cole beijou as pontas de seu cabelo. - Meu pai era um grande homem, mas inclusive ele cometia falhas. Suas ambições
eram muito limitadas e seus métodos normais, no melhor dos casos. Quando fui ao este a estudar, vi quanto mundo havia ali, mais que no Texas ou no Território de
novo o México. Soube que Nova Iorque era o verdadeiro centro da influência, um assento apropriado para nossa espécie. E assim resultou ser.
as advertências do Sim Kavanagh, rechaçadas como mentiras, encheram a mente de Rowena:
"Desde que os McLean chegaram a Novo o México, usaram seu poder para pisotear a qualquer mais débil e menos desumano que eles. Frank McLean não era humano, e não
via os humanos como uma ameaça."
Cole estava dizendo que estava de acordo com seu pai, que seguia as maneiras do Frank McLean... e que deliberadamente empregava suas habilidades de homem lobo para
aumentar sua riqueza e supremacia de qualquer maneira. Os meros sentidos de loup-garou proporcionavam uma enorme vantagem sobre os homens normais. Quando se acrescentava
o abuso deliberado da influência mental de um homem lobo...
-Parece conmocionada, querida . - Disse. - Não desejava te enganar, mas parecia um tema sensível naquela época. Foi muito inflexível respeito a esquecer uma metade
completa de sua natureza.
-Então... nunca teve intenção de viver como um completo humano -sussurrou. - Embora não Trocasse...
-Só tenho feito o que está em meu direito. Meu dever, como um que pertence a uma raça superior. É a mesma natureza da evolução que os fracos pereçam enquanto os
fortes sobrevivem. Seu irmão entendia isso, não é certo? Diria-te que é bastante simples para aqueles como nós fazer com que os homens e mulheres mais eminentes
e de mais influencia criam que somos aquilo que desejam ver. É simples o ganhar sua confiança e aprender segredos que nunca compartilhariam com outro. Manipular,
intimidar, separar as mentiras das verdades, varrer a um lado os obstáculos e tomar tudo o que nos merecemos.
Rowena escutou com intumescido entendimento. Sempre tinha assumido que o grande êxito de Cole vinha de seu engenho natural, sua inteligência e sua personalidade
dominante. Tinha sido completamente convincente em seu desejo de viver, como ela, como um humano: honesto, honrado, caridoso para os fracos e indigentes. Ela tinha
visto o que tinha querido, acreditado em um ideal porque parecia lhe oferecer uma maneira de ter a vida que queria sem temer a exposição de sua herança de mulher
loba.
Não eram simplesmente as velhas famílias ricas e poderosos Às que Cole tinha enganado para que apoiassem sua ascensão para o topo da sociedade de Nova Iorque. a
mesma Rowena tinha quebrado as últimas barreiras da aceitação final do encantador arriviste ao lhe permitir que a acompanhasse, aceitando sua proposta de matrimônio.
Tinha ganho a plataforma perfeita da que jogar a professor de marionetes com os confiados humanos.
Em uma só conversa lhe tinha tirado as ataduras dos olhos, e se tinha revelado como a pessoa que Tomás e Kavanagh lhe tinham advertido que era. Os valores éticos
não incomodariam este a Cole McLean. Destruiria a seus rivais e roubaria o que desejasse. Inclusive lhe divertiria fazer cair aos que aspirassem À grandeza que pensava
que somente ele merecia.
Não havia limite ao que poderia conseguir... em negócios, política, os postos mais altos de poder dos Estados Unidos. E além disso...
"ambos Tomásos o que queremos, e não nos importa ninguém mais -lhe havia dito Kavanagh. - Faz acreditar Às pessoas como você que é um cavalheiro elegante e exemplar
enquanto rouba tudo o que têm."
E havia dito algo mais, sobre o Frank McLean:
"Unicamente os Randall tinham o poder de lhe fazer frente, porque eram homens lobo. Teve que desfazer-se deles. a disputa e a Guerra lhe deram uma razão."
Isso era igualmente certo respeito ao filho do Frank McLean. Mas ela não se atreveu a revelar as profundidades de seu horror e desgosto.
-Sabia como me sentia em relação ao sangue de homem lobo desde o começo . - Disse ela, esforçando-se por falar calmadamente. - Sabia porquê tinha deixado a Inglaterra.
Foi todo um engano do momento em que nos conhecemos?
-Rompe-me o coração que me faça semelhante pergunta . - Disse. - Não te hei dito que te amo?
Ela o olhou aos olhos, procurando um indício de verdade.
-Faz-o, Cole?
-Qui-te do momento em que te vi. Estava destinada a ser minha. Sabia que seria o adorno perfeito para minha carreira. -Pôs a mão no topo de sua cabeça. - Sua família
tem muita influência, minha querida, em seu próprio país. E riqueza... a teu e a de seu irmão. Tem beleza, elegância, presença natural e fila para acrescentar brilho
a minha reputação. Tudo isto é pelo que ainda tomarei, apesar de que me estiveste mentindo do minuto que entrou neste quarto.
Capítulo 19


a Cole produziu grande prazer observar a Rowena tentando ocultar sua consternação. centrou-se nessa escura satisfação em lugar da raiva que rasgava seu corpo...
e o fedor de Tomás Randall na roupa e o cabelo dela.
a ira podia controlar-se. O verdadeiro castigo também podia esperar. por agora era suficiente permitir que Rowena começasse a entender qual seria seu destino.
-OH, sim . - Disse. - Sei. Sei que me traiu por vontade própria, não pela do Randall. E sei que jazeu com ele como uma cadela em zelo. -Inclinou-lhe a cabeça para
trás, expondo sua garganta. - É uma péssima mentirosa, querida. Não tem nenhum talento para isso. Queria ver até onde chegaria para me enganar... e protegê-lo.
Cole esperou que negasse sua acusação, o fingido ultraje que certamente viria. surpreendeu-se quando simplesmente o olhou fixamente, sua pele muito branca, sobre
tudo ao longo da curva da garganta exposta. Seus rápidos fôlegos alongavam suas delicadas fossas nasais.
-admito que estou bastante surpreso de que você, entre todas as mulheres, desprezasse sua honra e sucumbisse a seus instintos mais primitivos . - Disse. - Felizmente
descobri o que é agora, em lugar de mais adiante. Não haverá mais fingimentos entre nós. Chamarei-te o que realmente é, e renderá contas ante mim, como seu amo.
-inclinou-se para beijar o pulso que pulsava em seu pescoço. - O fará porque desejas salvar a seu amante, que está muito vivo.
Ela tragou. Foi toda a confirmação que Cole necessitou. Esteve brevemente tentado de morder essa branca carne, mas lhe havia dito a verdade quando - Disse que tinha
descartado a bestialidade externa do sangue de homem lobo. agora não lhe daria passo.
-Já vejo que o entende . - Disse.
-Entender o que? -sussurrou ela. - Que deixará livre a Tomás se te obedeço?
-Quão docemente pronuncia seu nome. Pergunto-me quanto tempo te levou esquecer seu voto para mim. -Passou o dedo ao longo de sua queixo. - Não importa. Sinto curiosidade
por conhecer os jogos de cama que te ensinou, minha pequena puta. Certamente provarei seu conhecimento tão Freqüentemente como é possível. Será um prazer tirar sua
lembrança fora de seu corpo.
O fato de que Rowena não se estremecesse foi uma medida de sua própria corrupção.
-Pode o ter tudo . - Disse ela. - Meu corpo, minha riqueza, minha posição, tudo. Só nos permita voltar para Nova Iorque, e te esqueça de Tomás...
-Esquecer? -Soltou seu cabelo de um puxão. - Não o esquecerei. Mas posso negociar.
Ela permaneceu muito quieta, como se temesse que qualquer movimento pudesse provocar que a atacasse.
-O que quer?
-Tudo o que possa tomar. E me ajudará. -Olhou fora da janela e notou que Vásquez mantinha aos cidadãos curiosos a raia. - Onde está Randall?
-Não sei. abandonou-me antes do amanhecer...
-Não me minta. Deixou-te ir. Procurava vingança quando tomou. Pensa que te tem porque te marcou com sua semente?
Seus crudas palavras provofacem um agitado rubor nas bochechas de Rowena. assim, ainda era possível envergonhá-la. Tinha contado com isso. a vergonha poderia ser
uma forma deliciosa de tortura.
-Queria vingança . - Disse, com voz tremente. - Pensou que me tinha arruinado, e por isso me deixou partir.
Randall era capaz disso, mas Cole sentiu a mentira. Mentiras sobre mentiras.
-Então não te ama . - Disse ele, lhe seguindo o jogo. - Mas você sim. E sempre o amará.
Ela virou a cabeça como se a fora a sacudir e se deteve. Nenhum som surgiu de seus lábios.
-Muito bem . - Disse ele. serve-se um uísque do aparador. - Voltaremos para Nova Iorque. Não perseguirei Randall nem lhe matarei. Mas haverá regras, Lady Prostituta.
E no momento em que rompa uma, farei enforcar a Tomás.
Ela fechou os olhos e os abriu outra vez.
-Sim.
-Quando estivermos casados, não dirá seu nome. Não pensará nele. Será como se nunca tivesse existido.
-Sim.
-Porá todos seu ativos e herança a minha disposição, e nunca questionará o uso que faça deles. Será minha perfeita anfitriã e fará tudo o que esteja ao alcance de
seu poder por facilitar meus investimentos e contatos aqui e no estrangeiro, inclusive dentro de sua própria família. Não revelará nada de minha vida a ninguém.
-Sim.
-Esforçará-te por me agradar e obedecer meu mais mínimo desejo. Virá a minha cama quando lhe pedir isso, e fará o que te peça. "Não" será uma palavra proibida para
ti. Se me agrada fazer com que me sirva na mesa nua, fará-o. Se escolho pôr um colar ao redor dessa encantadora garganta... -Cole sorriu ante a imagem que ofereceu
o pensamento. - Um colar para minha pequena rameira, ouro, cheio de diamantes. O que pensa disso?
Ela soltou um fraco e estrangulado som.
-Lhe... obedecerei-te.
-Isso diz agora. Mas quando estiver longe deste lugar... -abandonou a janela e se colocou atrás dela. - Se não me tivesse traído, faria o que eu desejasse, em qualquer
caso. Mas teria sido muito mais agradável para ti. Te teria tratado como a uma dama, Rowena. Pensei que valia a pena te conservar, como uma face e frágil obra de
arte. -Sorriu. - agora estou agradecido que me tenha mostrado possibilidades mais interessantes. -Tocou a cremalheira de sua calça e acariciou a dureza que crescia
ali. - Eu gostaria de ver que experiência compro em troca de minha compaixão.
Ela ainda não se quebrou, embora estava perto. O poder era seu maior afrodisíaco, e Cole não podia recordar a última vez que tinha estado tão excitado. abriu os
botões de suas calças.
-saboreaste a vida de um forasteiro, Rowena. Darei-te uma amostra de seu futuro. te ajoelhe.
Vacilou só um instante. Não houve espartilhos que rangessem ou saias pesadas que sussurrassem enquanto se deslizava do sofá ao chão. Seu cabelo solto caiu para diante,
como uma tela atrás da que se poderia esconder. Não elevou a vista quando ele se moveu até parar-se diante dela.
-Sempre me perguntei se uma dama poderia fazer isto tão bem como uma puta . - Disse. - Nem sequer tenho que escolher entre elas. alta a vista, doce prostituta.
me olhe e abre a boca.
a porta do salão golpeou quando ricocheteou contra a parede. Cole saltou para trás, com as mãos estendidas sobre sua ereção. Rowena se escabulló de joelhos.
Uma garota, não um pistoleiro, estava na porta, com uma bandeja de prata balançando-se em suas mãos. Seus olhos eram grandes e estúpidos.
Se Cole tivesse tido a seu alcance, seu golpe a teria arrojado voando através do quarto. grampeou-se as calças e atirou de Rowena para pôr a em pé como se simplesmente
tivesse tropeçado.
-Vejo que a água e o vinho finalmente chegaram . - Disse. Jogou uma olhada À moça e se deu conta de que devia ser uma nova criada para substituir a uma das recentes
desertoras. alguém tinha o mesmo aspecto que a outra. - Tomou seu tempo. Deixa-os aí -ordenou.
Ela fez uma reverência muito torpe e entre dentes - Disse algo em espanhol. Quando chegou ao aparador, as tinha arrumado para derramar água da jarra de cristal
e quase tinha derrubado a garrafa de vinho. Então se deteve esperando, olhando boquiaberta a Rowena como se nunca tivesse visto uma mulher de distinta classe.
-lhe largue -lhe espetou Cole.
Ela fugiu. Cole seguiu para assegurar-se de que a porta estava fechada e travada. Mas o momento estava arruinado. Rowena tinha tido o tempo suficiente para recuperar-se,
e se sentou no sofá com sua dignidade restaurada, acalmada e indiferente.
Mas não por muito tempo. Ele tomou um punhado de seu cabelo, estirou-o em toda sua longitude, e o enroscou ao redor de sua garganta como uma soga.
-Sinto que nos interrompessem . - Disse ele, - mas continuaremos esta noite. Se me agradar, sairemos para Nova Iorque amanhã. Enquanto isso, sugiro que pense a
respeito das conseqüências do toque de seu amante. -atirou-lhe do cabelo. - Melhor que reze para que Randall não tenha deixado um mucoso em seu ventre.


Tomás assobiou. Fez-o não porque isso zangasse a Weylin McLean, mas sim porque a música sempre lhe impedia de pensar muito profundamente. agora não era tempo de
pensar, quando facilmente poderia gastar cada momento preocupando-se com a Rowena.
Ela estava bem. Devia está-lo. Teria sido singelo para ela ir a cavalo a Trujillo quando ele não voltou, e conseguir ajuda ali. Mas se havia sustenido sua absurda
noção de ir Cole...
Era duplamente urgente que chegasse junto ao McLean tão rápido como fora possível, por qualquer meio que fora necessário.
Pensar nisso não lhe ajudaria, até que surgisse a correta oportunidade. assim assobiou. Manteve o compasso com o ritmo de suas pegadas na planície a Las Vegas, vagando
de uma velha canção tradicional a outra, enquanto Weylin cavalgava imperturbablemente atrás dele.
-assobiou quando assassinou a meu pai?
Tomás se deteve. Deu a volta para confrontar a seu captor, encontrando o olhar fixo inexpressivo do Weylin. Era estranho, como podia um irmão ser tão diferente do
outro. Por muito que o tentasse, não podia odiar a Weylin McLean como o fazia com Cole. Havia uma certa honestidade no Weylin, uma decência fundamental da qual Cole
carecia. E Weylin não tinha estado comnoivo nas mortes de sua mãe e pai.
ainda assim, este era o homem que o tinha açoitado durante anos, enquanto Cole permanecia em Nova Iorque. Era um McLean, leal a sua família, e portanto um inimigo.
Mas Tomás nunca tinha contemplado matá-lo. Nem sequer agora.
ficou em cuclillas na terra seca À maneira de seus antepassados apaches e deixou suspensas sobre os joelhos suas mãos algemadas.
-Não me regozijei com sua morte . - Disse brandamente.
Weylin desmontou e permaneceu parado ao lado da cabeça de seu cavalo, esfregando ligeiramente seu focinho, para acalmar-se a si mesmo tanto como ao animal. Não gostava
de mostrar seus sentimentos, sobre tudo este, mas não obstante o traíram.
-ao diabo . - Disse Weylin. - Desfrutou disso, muito. Golpeou-o até matá-lo.
Tomás dobrou a cabeça quando as náuseas da lembrança voltaram.
-Tudo o que sabia era que ele tinha matado a minha mãe...
-Isso é uma mentira.
-Não é mentira. -Elevou a vista, deixando que Weylin visse seu rosto sincero. - Vi a pele de minha mãe na cadeira de um dos homens de seu pai, o mesmo dia que voltei
para Os Valorosos para encontrar a fazenda queimando-se, e fui procurar a. alguma vez te - Disse seu irmão como Frank McLean deveu destruir as posses de minha família?
-Sei que a gente de sua mãe assaltou nossa propriedade e roubou nosso gado, com a ajuda do Comancheros e índios. Seu rancho era uma guarida para assassinos e ladrões
de gado.
-Minha mãe tomou aquele caminho em vingança pela morte de meu pai. Cole deve te haver contado essa história também.
-Sei que tergiversará a verdade como qualquer criminoso, para que soe como se Cole tivesse matado a um homem inocente quando lutou contra seu pai.
-Porque se diz que meu pai disparou a seu irmão maior na Guerra sem provocação ou honra de soldado? Porque seu pai e Cole ofereceram a meu pai uma luta justa quando
vieram procurando vingança, e ele usou a traição em troca, lhe arrancando o braço a Cole antes que o matassem? Sim, ouvi essa história. Seu irmão fez que todos no
Território a escutassem. -Fechou os olhos, e o sol da manhã dançou atrás de suas pálpebras. - Não estava ali... não na Guerra, não quando vieram a por meu pai, não
durante a destruição de Los Valorosos. Tudo o que sabe é o que te há dito Cole...
-Meu pai me contou sobre a batalha de Pracinha.
-Presenciou seu pai a morte do Kenneth, ou foi Cole? -suspirou. - Claro que não é possível que Cole diga nada salvo a verdade. Sempre foi o cavalheiro elegante de
sua família, o mais respeitável e digno de admiração. Os McLean estão mais à frente da recriminação. Tudo o que te aconteceu foi realizado por meu malvado clã, atuando
sem provocação. Não é assim?
Pensou que talvez tinha plantado por fim uma dúvida na mente do Weylin. a severo face se relaxou em incerteza, refletindo os pensamentos atrás disso. Pode que Weylin
fora o único McLean capaz de ver além de seu próprio nome.
Não é que isto fizesse diferença alguma. Somente havia uma forma de manter a Rowena a salvo de Cole McLean.
riu, embora seu coração estava apertado em um pesado punho.
-Temos um refrão: "O lobo perde os dentes mas não as memore." Um lobo perde seus dentes, mas não suas maneiras.
-Tem razão . - Disse Weylin, montando outra vez.
Tomás ficou em pé.
-ainda assim, é um homem honorável, Weylin McLean. O bastante honorável para prometer amparo a alguém que a necessitará quando eu não esteja.
-Quem? Um de sua banda de assassinos?
-Lady Rowena.
Weylin se sentou muito alto na cadeira.
-Estará bastante segura quando estiver morto.
-Não de seu irmão. -Levantou as mãos. - Se diz que até aqueles a condenados a morrer permite uma última petição. Só peço uma coisa: sem importar o que acontecer,
protege À dama de todo dano. Faz tudo o que possa para que seja livre de decidir seu próprio destino, inclusive se seu irmão trata de interferir.
-por que se preocupa pelo que aconteça a ela?
-Cheguei a... respeitar À dama. E acredito que se merece algo melhor que casar-se com Cole. Não por minha própria vingança, mas sim pelo que ela é e o que lhe fará
se tiver oportunidade.
Esperada-a reação zangada não vinho. O rosto do Weylin se tornou a pôr em branco.
-Não tem nenhuma razão para machucá-la.
-Peço-te que o julgue por ti mesmo. Observa a seu irmão e como a trata. Se o que acredito é certo, ela não desejará ficar com ele, e ele não a deixará ir fazê-la
sofrer. -Olhou fixamente a Weylin, estreitando os olhos. - Ou é que teme muito a seu irmão? ai, é louco de mim pensar que poderia te enfrentar a ele...
-Cole não me controla . - Disse Weylin. atirou da asa de seu chapéu como se o sol se pôs muito brilhante. - Não necessito que um assassino me diga meus deveres.
Ela terá meu amparo quando a necessitar.
-Inclusive de seu irmão?
-Se só uma coisa da que diz é verdade, maldito se não a levarei eu mesmo de retorno a Nova Iorque.
Tomás deixou cair as mãos e inclinou a cabeça.
-Muito obrigado.
O cavalo bufou e chutou o chão.
-te mova . - Disse Weylin. - Quero estar em Las Vegas para... -Seu repentino silêncio atraiu a atenção de Tomás. Um momento depois o aroma veio a ele como tinha
acontecido com o Weylin... o aroma de muitos homens e cavalos. Os homens de Cole, a quem tinha confrontado no povoado.
À banda de Cole levou uns poucos minutos alcançar a Weylin e Tomás. Weylin tirou seu rifle da vagem e o sustentou sem apertá-lo em seus braços. Independentemente
do que pensasse de seu irmão, não confiava nos mercenários de Cole com seu preso. Olhou-os atentamente enquanto se aproximavam em uma linha desigual, seus cavalos
esgotados escorregadios com o suor e manchados com espuma. Cole não estava entre eles.
-Bem, maldição . - Disse Beck, atirando de seu cavalo para detê-lo. - Fomos rodando até o inferno e de volta procurando a este filho de cadela, e quem o conseguiu
mas o hermanito de Cole. -Seu tom era o de um homem cujo prêmio longamente procurado lhe tinha sido arrebatado diretamente dos dedos. Cuspiu, um míssil que Tomás
esquivou facilmente, e se esfregou a face com seu asqueroso lenço. - O chefe vai estar surpreso.
Weylin contemplou a Beck, com a mão descansando ligeiramente no rifle.
-Estou levando a detento a Las Vegas. ao xerife.
-Bem, bem. Isso é muito agradável de sua parte, segurá-lo para nós e todo isso. Um dia terá que me dizer como o fez. Mas já não tem que preocupar-se com o Randall,
senhor McLean. Eu e os moços cuidarão de seu "detento" de agora em diante.
Weylin levantou o rifle e o sustentou preparado.
-Não o tocará, Beck.
Beck estalou a língua.
-Esse é um problema, senhor McLean. Cole - Disse que o levássemos e não deixássemos que ninguém se metesse em nosso caminho. Odiaria ter que brigar por isso.
-Se fizer um movimento, pego-lhe um tiro . - Disse tranqüilamente Weylin.
Estava tão obviamente sério que Beck vacilou, o cálculo movendo-se atrás de seus estreitos olhos. O couro das cadeiras rangeu quando seus homens se moveram inquietos.
Seriam pistoleiros e rufiões, mas o pensariam duas vezes antes de atacar ao irmão de Cole. Havia uma boa oportunidade de que retrocedessem.
Tomás não podia permitir isso. Tinha que chegar até Cole. Enquanto continuou o ponto morto, insinuou como se tentasse escapar e fingiu um tropeço que o trouxe quase
sob as patas do cavalo do Beck. Beck não foi o bastante estúpido para deixar acontecer a oportunidade. Colocou suas arreios entre o Weylin e Tomás e assinalou a
seus homens, que encerraram a Tomás em uma jaula de carne de cavalo. alguém pôs uma pistola na têmpora de Tomás.
Beck e o resto tinham as outras armas apontadas para o Weylin.
-Nunca escutei que O Lobo estivesse louco . - Disse Beck, sorrindo ante sua própria rima, - mas suponho que se tirou diretamente de suas mãos, senhor McLean. acredito
que será melhor que atire seu rifle.
Weylin baixou o rifle, o desamartilló, e se inclinou sobre a cadeira para deixá-lo cair. Sob o olhar insistente do Beck, desabotoou o cinturão de sua arma e também
o deixou cair. Olhou sobriamente a Tomás através da tela de cavalos e cavaleiros.
-Sinto-o . - Disse, tão baixo que só o ouvido de homem lobo de Tomás pôde distinguir suas palavras. - Cometeu muitos enganos, Randall. Talvez poderia ter demonstrado
algumas costure que me contou. a lei te teria dado essa oportunidade...
Tomás negou com a cabeça.
-Não, cavalheiro. Mas obrigado por sua honra. Em um lugar melhor que este, poderíamos ter sido amigos. Recorda sua promessa. -despediu-se. - adeus. -Jogou uma olhada
a Beck. - Procedemos, cavalheiros?
O pistoleiro perdeu seu sorriso zombador.
-Hatch, seu cavalo é o mais fresco. Cavalga para Las Vegas e lhe diga ao chefe que temos a Randall... -Tirou uma corda e provou sua força entre suas mãos-... e que
nos veremos na velha árvore da forca de Rosado Creek.


Felícita permaneceu no corredor olhando e esperando muito depois que Cole ordenasse sair do quarto onde tinha a Lady Rowena. Voltou brevemente para a cozinha para
assegurar-se de que o cozinheiro não havia tornado, e que o ajudante, que a tinha descoberto no vestíbulo e a tinha enviado a trazer a água e o vinho, estava ainda
fora da casa. Ele e Cole tinham tomado por uma criada, anônima e sem importância. Faziam possível que interrompesse o que Cole tinha estado fazendo. O que sentiu
quando teve a Rowena em suas mãos.
reclinou-se contra a porta, tanto para apoiar-se para escutar através da pesada madeira. Durante a passada hora tinha havido uma espécie de calma dolorosa da dama
no quarto, desde que Cole McLean a tinha encerrado em seu interior e tinha subido sozinho a escada. Felícita sentiu seu espírito, abatido e desesperado, mas ainda
não derrotado.
Era um milagre que a dama pudesse agüentar as coisas que Cole havia dito e feito. Felícita sabia porquê tinha permitido que a tratasse assim, e o que lhe tinha dado
a força.
amor. Seu amor por Tomás. O amor estava como um escudo entre ela e a desumana crueldade que rodeava a Cole McLean como névoa que afogava.
Mas a dama não entendia que não podia negociar com o diabo. Felícita o fazia. Tinha cuidadoso diretamente dentro do coração de Cole McLean.
Tremeu com total assombro por ter entrado e saído daquele quarto capaz de recordar seu próprio nome. Houve vezes, inclusive antes de sua intrusão, que tinha estado
segura que o torvelinho rugiente dos desejos de Cole McLean a inundaria na loucura.
Como Sim, absorvia-a ao abismo escuro de seu ser. Mas com o Sim, ela podia evitar cair muito profundamente. Cole McLean estava muito além de algo ou pessoa que tivesse
conhecido. Gritava onde o resto do mundo sussurrava. Se se tivesse atrevido a tocá-lo, poderia ter escutado seus pensamentos como se fossem gritos.
Escutar suas palavras tinha sido bastante mau. Senti-lo tomando prazer de causar dor e humilhação estava no limite do que poderia suportar.
E ela devia seguir suportando-o, pelo bem de Rowena. Cole era a chave. Era o único que tinha que ser... vaiou entre dentes, apanhada por uma imagem espantosa. Sim.
Tinha que ser exposto, como um escorpião venenoso que brinca de correr sob uma rocha durante o dia, temeroso do sol. Cole aparecia ante o mundo como um ave de plumagem
brilhante, escondendo a picada de escorpião sob as formosas plumas.
Se fosse despojado dessas plumas, perderia seu poder... sobre a dama, Tomás, todos. Felícita se sentiu agora como o dia em que Rowena e Tomás tinham salvado, como
lhe aconteceu com o Sim Kavanagh: seu destino estava preso ao de Cole, como lhe acontecia com os outros. Devia detê-lo. Mas não sabia como.
Soaram passos na escada no extremo do corredor. Felícita correu para a esquina mais próxima justo quando Penetrar descendeu o último degrau. atraiu a Felícita atrás
dele com a força de sua fome, descendo pelo corredor e Às grandes leva dobre que davam À rua. Ela se encolheu atrás delas quando ele saiu fora.
Um homem se estava apeando diante da casa -um dos homens de Cole, aos que ela tinha visto no dia anterior, - rodeado por uma multidão de pessoas, incluindo o ajudante.
Vásquez escutou o rápido discurso do homem, assinalou a Cole e desapareceu na multidão. O homem correu atalho acima.
-Senhor McLean! . - Disse entre pesadas respirações. - Encontramos a Randall!
Triunfo ardente alagou a mente da Felícita como se fora o seu próprio: quente e luxurioso ódio. Não podia ouvir as palavras que Cole - Disse em voz alta; estavam
perdidas nas imagens fraturadas e emoções que substituíram seus próprios pensamentos.
Ela era Cole. Respirava através de seus pulmões e via com seus olhos; era um gigante que olhava a um mundo inteiro de formigas apressadas. O suficiente dela permaneceu
para sentir o terror ao pensar como o fazia ele, vendo o resto de pessoas como meios para alcançar um fim, ou moléstias para ser desprezadas. E ela viu mais longe...
em um passado, não o seu, uma corda de enganos que cobriam morte e a traição. agora esse passado nunca poderia ser descoberto. a última conexão perigosa seria estrangulada
até morrer ao final de uma corda.
Esperava com vontades ver morrer a Randall.
Felícita gritou sem som. Cole estava rasgando, dispersando os frágeis pedaços de seu ser que ela tinha acumulado da morte de Tio. golpeou-se a cabeça contra a parede,
uma vez, dois, três, até que a dor liberou de uma sacudida o agarre por Cole sobre sua mente.
derrubou-se no chão, escutando seus passos afastando-se da casa. Cole nem sequer sabia o que ela tinha feito. Não sabia que se podia meter em seus pensamentos. Para
ele, era menos que as formigas em sua visão. Ela não existia.
São as coisas que não vemos as que podem nos destruir.
Felícita cruzou os braços sobre seu estômago e teve arcadas até que não saiu nada mais. ao cabo de um momento, ouviu sons de cavalos, e logo silêncio. Tranqüilidade
na casa, em sua mente. Ela quis viver nessa tranqüilidade para sempre.
Somente havia uma maneira de consegui-lo. Enquanto permanecesse entre a gente cujas vontades e espíritos eram tão irresistíveis, o que tinha passado com Cole poderia
voltar a passar. Uma entrada se aberto dentro dela... não a pequena janela que podia fazer nas almas da gente, mas um portal que estava no mesmo centro de sua mente.
Rowena e Tomás tinham começado a formá-lo, e Sim Kavanagh tinha construído o marco que o fez verdadeiro e sólido. Cole tinha entrado bruscamente por ele com seu
poder mortal, e agora ela não sabia como bloqueá-lo ante mais ataque.
até que aprendesse, isso não terminaria. Outras mentes mais fortes poderiam aspirá-la; de um em um se levariam pedacinhos dela quando partissem, deixando fragmentos
torcidos de si mesmos atrás. Inclusive agora podia sentir o toque de Cole como algo putrefato inclinando-se dentro de sua cabeça. Terminaria balbuciando como uma
louca.
Um choque ressonante sacudiu as paredes da casa. Felícita se estremeceu e se dobrou formando uma bola no chão. Soube de onde vinha o ruído.
Rowena estava tentando escapar.
-Não quero isto -sussurrou Felícita. - É muito. Não posso agüentá-lo. leve-lhe isso por favor.
O estrondo voltou outra vez, menos vigoroso, e depois se fez o silêncio. Mas Felícita soube o que sentiu Rowena. Sentia que Tomás estava em perigo. Havia um enlace
entre ela e O Lobo, uma ponte entre seus corações. Seu medo a desafiar a Cole e a perder sua última oportunidade de salvar a Tomás estava conduzindo a sua própria
classe de loucura.
Felícita se empurrou para ficar em pé. Em uma direção estava a porta que a levaria a lugares longe daqui, e a descansar, e a uma oportunidade de aprender como excluir
ao mundo. Na outra...
Na outra estava a aceitação de tudo no que se converteu. aceitar essa capacidade que nunca tinha querido. aprender a controlar o portal, e tocar a outros espíritos
sem medo.
Viver sem medo. Seria possível tal coisa? viu-se obrigada reaciamente no mundo e não se encontrava preparada para o caos das mentes humanas. O que Tio chamava um
dom se tornou uma maldição.
Poderia ser de novo um presente. De repente viu como alguém com coragem poderia trocá-lo a um pouco de maravilha e esperança. Esse poderia sentir a dor das almas
de outros e encontrar um modo para fazer algo mais que simplesmente agüentar. Se pudesse aprender a falar com seus corações, não só escutar...
Era possível não somente compartilhar a dor, mas curá-lo... inclusive o do Sim Kavanagh, ou Cole McLean?
Lentamente se virou de volta ao vestíbulo. Lady Rowena já não estava golpeando as portas de sua prisão. Felícita provou o pomo da porta, e então subiu a escada seguindo
o caminho que Cole tinha percorrido. Encontrou uma chave em uma grande cômoda de madeira em um dos quartos. Voltou para a habitação do piso inferior e virou a fechadura.
a porta se abriu. Rowena estava sentada no chão, com a cabeça entre os joelhos. Elevou a vista, com os olhos fundos de desespero. a esperança se derramou em sua
alma como água doce.
-Esperança . - Disse com voz rouca. - É você. Graças a Deus. Quando entrou com a bandeja, pensei que estava sonhando. -ficou em pé com dificuldade e tocou a bochecha
da Felícita com uma mão tremente. - Kavanagh me - Disse que te deixou partir, mas nunca pensei que te veria aqui. Parece estar bem...
-Estou bem . - Disse Felícita.
Os olhos de Rowena se acenderam.
-Pode falar! ah, minha querida... -a breve alegria a abandonou, e olhou fixamente por atrás do ombro da Felícita, para a porta aberta. - Não há tempo. Cole, o homem
que estava comigo, onde está?
-foi-se.
-foi-se? -dirigiu-se apurada para a entrada. - algo lhe aconteceu a Tomás. Posso senti-lo...
Felícita lhe segurou o braço. Fechou os olhos e imaginou o portal em sua mente abrindo-se ampliamente... facilmente, livremente, enviando uma parte de seu ser para
lhe falar com coração de Rowena. Estou aqui, dama.
Rowena se estremeceu.
-O que?
a prova tinha funcionado. Podia fazer-se ouvir com sentimentos ao igual a com palavras.
agora, se dama pudesse entender.
Não tenha medo. Escuta... Felícita recordou o que tinha visto na mente de Cole e o ensinou À dama, imagens e pensamentos cavalgando em um raio ilusório de luz, estirado
entre as duas mentes. Rowena se cobriu a boca com a mão como se estivesse a ponto de ficar doente. Meio caiu contra a porta e olhou fixamente a Felícita com olhos
que não viam.
-Eu... escutei -sussurrou. - Te escutei. Os homens de Cole agarraram a Tomás. -Suas mãos se torceram em um punho contra a madeira. - Ele me jurou... se eu lhe obedecia...
-Tomou um pausado fôlego. - Sabe onde o agarraram. Sim, vejo-o. Uma árvore. Um lugar fora do povoado.
Felícita se desabou e deixou que o portal se fechasse. a dama tomaria agora a liderança. Tudo o que tinha que fazer era segui-la... até que encontrassem a Cole McLean.
-Sei como encontrá-los . - Disse Rowena, e a pálida loba dourada saltou À vida em seus olhos.
Capítulo 20


a árvore da forca estava rachado e nu, um enorme fantasma de um álamo destruído pela seca e o cambiante curso do riacho que uma vez tinha alimentado suas raízes,
um amplo tronco e seus muitos ramos. agora um único e pesado membro se projetava sobre o leito seco, criando uma perfeita viga para uma corda.
Tomás admirou a ironia nisso desde sua posição a uns poucos metros. Uma vez tinha resgatado a um homem inocente dessa mesma árvore, mas não parecia muito provável
que alguém fizesse o mesmo por ele. a lei se podia comprar em Las Vegas, especialmente já que o xerife ainda estava fazendo negócios em outra parte do condado. O
juiz Lynch se sentia mais que disposto para homens como Penetro McLean. Seu jurado estava composto de pistoleiros contratados que provavelmente deveriam estar na
forca; não era provável que Weylin pudesse votar. Não era possível uma apelação.
Tomás não esperava uma. Só tinha duas preocupações: que Cole entrasse em seu alcance antes de morrer e que Rowena não sofresse muito tempo à mãos de Cole antes que
o assunto terminasse.
Cole não deixou que Tomás esperasse muito. aproximou-se cavalgando com o mensageiro enviado a encontrá-lo, vestido como sempre com o traje caro de um dandi do este
mas sentado em seu cavalo como o texano que tinha nascido.
Desmontou e varreu a reunião com o olhar, detendo-se só um instante para fixar-se em Tomás antes de continuar.
-Vejo que finalmente fez aquilo para o que te contratei, Beck . - Disse. - Você e seus homens serão recompensados apropiadamente. -O sorriso presunçoso do Beck
se estreitou.
-Weylin . - Disse, reconhecendo por fim a seu irmão. - Estou surpreso de verte entre nós. Pensei que talvez te tinha desvanecido da face da terra. Veio para ser
testemunha da execução da muito atrasada justiça?
-Isto não é justiça, Cole . - Disse Weylin. Deu um passo afastando-se dos outros, sustentando a pistola que lhe haviam devolvido os homens de Cole. - Estava levando
a prisão, para celebrar um julgamento...
-Você o estava levando?
-É certo . - Disse Toma. Os homens a seu redor se deslizaram aos lados, deixando um claro caminho entre ele e Cole. - Seu irmão me capturou, Cole. Seus homens não
tiveram nada que ver com isso.
a atenção de Cole centrou em Tomás, ignorando a Weylin.
-O Lobo. esperei muitos anos para voltar a te encontrar, face a face. Quando foi a última vez? OH, sim... justo depois de que assassinasse a meu pai.
-Sim. Deixou-me com umas poucas lembranças desse encontro. E vós os McLean também tomaram algo de minha família. ainda tem o casaco de pele de minha mãe?
-Nunca conheci sua mãe. Escutei que era meio selvagem. Sei o que era seu pai.
-Tem boas razões para recordá-lo. algum de seus amigos da alta sociedade de Nova Iorque lhe perguntam como perdeu o braço?
Os lábios de Cole separaram revelando os dentes. a expressão era assombrosa em uma face tão sofisticada e cuidadosamente controlada.
-Poderia ser interessante ver o que desfrutaria perdendo os teus... antes do enforcamento . - Disse.
Tomás riu.
-Fará-o você, McLean? Serei feliz de te dar a oportunidade.
Pensou que talvez teria provocado a Cole o suficiente para que se aproximasse de seu alcance, mas Cole tinha muita prática em dominar seus impulsos. Sua única mão
se retorceu em um punho e se abriu lentamente.
-Para que possa morrer lutando? OH, não, Randall. Sei que isso é o que quer. Planejei algo muito mais lento. E enquanto meus homens preparam seu muito castigo viaje
ao inferno -fez um sinal a Beck, que blandió a corda com o laço preparado, - poderá contemplar seu fracasso final. Lady Rowena voltou para mim.
Tomás se encolheu de ombros.
-Soube que tinha fugido.
-E sem dúvida a estava perseguindo quando Weylin te capturou.
-Perseguindo-a? Não merecia a pena o esforço. Nada salvo problemas, sua dama elegante. Tão ossuda e vaidosa, como o gelo. Não conheço um homem que a tocasse. Salvo
você.
-assim não te aproveitou dela?
-Eu, O Lobo? as mulheres vêm para mim dispostas. -Inclinou a cabeça. - me Diga... a perda de um braço debilita também os outros membros de um homem? Talvez essa
é a razão pela qual escolheria semelhante pedra fria para compartilhar sua cama... ela não esperará nada de ti.
Cole deu um passo adiante. ao igual a Weylin. Tomás se preparou. Só teria uma oportunidade, e morreria depois de Cole, talvez inclusive à mãos do Weylin.
a morte viria como uma amiga. Tomás se orgulhava de seu amor pela vida, mas era um falso amor. O Lobo era infiel por natureza.
Quando estivesse morto, a inimizade terminaria. Não deixaria filhos que o vingassem na seguinte geração. Inclusive a gente do canhão, sobre tudo os filhos, estariam
melhor sem ele e a vida perigosa que tinha feito que tivessem. a lembrança da morte de seus pais, do assassinato que tinha cometido, o sem sentido de sua existência...
todo isso seriam muitas cinzas arrastadas pelo vento.
E Rowena seria livre para encontrar um companheiro digno dela.
Sorriu abertamente e o chamou por gestos com as mãos atadas.
-Vêem, Cole McLean. Onde está a vingança em observar da distância? por que não me pôr você mesmo a corda ao redor do pescoço? Mas não... nunca foi você o que me
perseguiu pelo Território quando te roubei seu gado e sua mulher. Talvez tinha medo. Talvez ainda o tem.
Cole arremeteu contra Tomás. Seus homens agarraram a Tomás pelos braços e os ombros e o empurraram para o cavalo que esperava sob o laço que pendurava.
-É uma pena que não te possa despedir pessoalmente do Lady Rowena . - Disse Cole. - Farei de sua parte. -Fez um gesto com a cabeça para o Beck, que pôs a boca de
sua pistola no ventre de Tomás.
-Subida -ordenou.
Tomás baixou a vista para a pistola em fingido desconcerto, calculando rapidamente seu seguinte movimento. Um disparo no ventre não o mataria imediatamente. Uns
poucos segundos era tudo o que necessitava.
a pistola se cravou mais forte contra os músculos de seu estômago. Seu corpo se estirou. ao princípio pensou que o furioso tamborilar nas novelo de seus pés era
o batimento do coração de seu próprio coração, mas então escutou o inconfundível som que acompanhava aos cascos de cavalos, aproximando-se rapidamente. Cole virou
a cabeça bruscamente. Os outros homens se deram conta justo quando os dois cavalos apareceram entre eles.
Os cavaleiros poderiam ter sido amaregiãos ou Valquirias das lendas do velho mundo. Rowena estava sentada Escarranchado, com o cabelo solto fluindo por atrás e a
mão levantada como se sujeitasse uma lança invisível. Esperança cavalgava para seu lado.
-Parem! -gritou Rowena. Virtualmente saltou do lombo do cavalo. - Cole, o que está fazendo?
Cole pareceu paralisado, pilhado sem a máscara ante sua repentina aparição. Ela se dirigiu para ele a pernadas, entendendo o que acontecia com um penetrante olhar.
-assim que esta é a forma em que cumpre seus pactos . - Disse furiosa. - Me prometeu deixá-lo partir, se te obedecia. Mas em todo momento tinha a intenção de matá-lo.
-Seu olhar procurou a Tomás. - acreditei que teria o sentido comum de partir . - Disse, sem diminuir sua cólera. - Sabia que era impossível. Sempre foi impossível.
-Rowena -sussurrou Toma.
-É o melhor que pode fazer, querida minha? . - Disse Cole, recuperando sua compostura. - Onde estão as ardentes declarações de amor e auto-sacrifício? -separou-se
de Rowena e tomou a pistola da mão do Beck. - Não é comovedor, Randall? Era tão leal a ti que teria sido minha pulseira disposta simplesmente para estender sua irrisória
existência. Pensei que havia um pouco de valor no que tinha deixado dela, mas vejo que me equivocava. Olha-a! -agitou o braço em um gesto de desgosto. - Contempla
a Lady Rowena Forster!
Era claro o que via nela: uma criatura manchada, particular de beleza, honra ou dignidade, uma mulher em desgraça, uma virago, o objeto do desprezo de qualquer homem
correto... as mesmas coisas nas que ela tanto tinha temido converter-se. Mas ainda assim Rowena não se encolheu sob seu desdém. Ergueu mais a cabeça, suja e vestida
com quase farrapos, e não cedeu. Tomás queria gritar de orgulho. Ou chorar.
-arruinaste-a para tudo salvo para viver como uma fera entre as feras . - Disse Cole. Sorriu a Rowena com persuasivo encanto. - Nenhuma palavra de ânimo para seu
amante? Talvez me rogará de joelhos como fez antes. Pode que aceite fazer sua morte rápida e relativamente indolor.
Rowena o olhou fixamente. algo extraordinário estava passando, algo além da compreensão de quão humanos observavam. Tomás entendeu. O que passou entre Cole e Rowena
foi o silencioso desafio de lobo a lobo, uma luta a nivele de instintos que tinham permanecido sem mudanças durante milênios.
a imaginação de Tomás atormentou com pensamentos do que tinha passado durante as horas desde que Rowena havia tornado a Cole. Tinha retornado com o McLean para salvá-lo,
mas tinha cometido um engano. Tinha revelado muito de sua relação com o inimigo de Cole.
Quanto devia havê-la feito sofrer Cole. "Teria sido minha pulseira disposta", havia dito. Tinha proposto ele o trato, humilhação e perpétuo servilismo em troca da
vida de seu amante?
Rowena tinha aceito. Era uma ação que Tomás tinha falhado por completo em predizer e se odiava por esse fracasso e os irremediáveis defeitos em sua natureza.
E agora, depois de lutar durante tanto tempo para permanecer humana, tinha solto À loba por seu bem. Finalmente ela tinha aceito a fonte da força sem limites baixo
esse verniz de prepotência aristocrática e disciplinado decoro... e para que?
Tinha-a levado a este momento, ele só. Mas havia um consolo: Cole não a voltaria a dominar. Ela se tinha liberado de seus últimos grilhões. Sua coragem e força fazia
que Tomás ardesse de humildade, gratidão e amor.
amor.
Isto era amor. amava-a. Que estranho: tinha pensado que lhe ensinaria paixão e desfrutaria de seu corpo enquanto afiançava sua vingança, ou pelo menos isso é o que
tinha acreditado. agora via o muito que se enganou a si mesmo. Roubar a Rowena das mãos de Cole tinha sido um desafio aberto À morte, sua última grande aventura.
Não tinha a intenção de lhe dar a Rowena mais que prazer, não tirar dela mais que isso, até que Cole e seus subordinados lhe ocasionassem seu inevitável final.
Rowena tinha mudado as voltas por completo. Não teve nada que lhe ensinar. Todas as lições tinham sido para que ele aprendesse. Seu controle sobre ela sempre tinha
sido uma ilusão. Toda sua vida era uma ilusão, salvo por essa única coisa.
Esse amor.
Dizia-lhe que o que tinha feito era correto. Enquanto observava a Rowena olhando fixamente a Cole até lhe fazer descer a vista, como a magnífica dama que era, soube
que ela não sobrevivia simplesmente, mas sim floresceria quando ele e Cole partissem.
O momento tinha chegado. Separou as algemas e se moveu com extrasimples velocidade, apartando a um lado os homens de Cole como caules de milho. Cole não teve oportunidade
de dá-la volta. Tomás segurou pelo pescoço em um apertão que lhe romperia a coluna unicamente com a ligeira mudança de seu peso.
Cole paralisou. a pistola caiu de sua mão. Seus homens se moveram como se fossem intervir e pararam repentinamente, ficando em silêncio. Os segundos transcorreram
como horas. E nesses segundos Tomás teve uma clara oportunidade para agir, para matar, para retorcer o pescoço de Cole com um brutal puxão lateral e lhe romper a
coluna sem nenhuma possibilidade de cura.
Não o fez. Não podia. a morte se burlou dele por seu fracasso. sentiu-se esmigalhado por dois impulsos beligerantes: esquecimento e vida. Paz e sofrimento. Ódio...
e amor.
Como se fora um sonho, Esperança apareceu ao lado do ombro de Rowena. algo passou entre as duas mulheres, um intercâmbio que excluía aos homens com suas armas e
violência. Uma expressão de maravilha transpassou a face de Rowena. Esperança assentiu gravemente e olhou a Tomás aos olhos.
Já não era a moça temerosa e muda que tinha conhecido, que se aferrava tenazmente a Rowena. Sua face estava velada por um aura de remota benevolência que a fazia
parecer tão antiga como uma anciã. Olhou a Tomás com algo mais que visão simples. Ele sentiu o espírito dela roçar o seu, quente e cheio de compaixão e pena... e
uma profunda rendição.
me escute, Tomás Alejandro Randall, - Disse. Não falou as palavras, e entretanto as escutou. Conheço sua dor e sua culpa. Sei que buscas a morte.
Tentou ocultar seu assombro e comoção atrás de uma risada, mas seu coração estava muito pesado para deixar tomar ar com suficiente força.
-Não deveria ser parte disto, senhorita . - Disse com voz rouca. - Rowena, tira a daqui. Rogo-lhe isso. Saiam deste lugar...
-Não . - Disse Rowena com calma. - Não te deixarei.
-Crie que é culpado de assassinato . - Disse Esperança em voz alta, - e agora terminará sua própria vida te levando outra.
abruptamente Weylin se abriu aconteço a empurrões entre os homens de Cole, com uma pistola lista em sua mão.
-É culpado . - Disse. - Matou a meu pai. -apontou À cabeça de Tomás. - Solta a meu irmão.
Esperança olhou a Weylin.
-Buscas a verdade, Weylin McLean. Não foi você o que ia levar o ante a justiça, onde toda a verdade tiraria o chapéu? Ou tem medo de confrontá-la?
Weylin piscou. Esperança não o conhecia. Nunca se tinham visto. E ainda assim...
E ainda assim caminhava livremente pela mente de Tomás. por que não pela do Weylin McLean?
Baixou seu revólver.
-Quem é? -exigiu.
-Ninguém . - Disse. - Nada. -voltou-se para Tomás. - É tempo de saber a verdade, Tomás Alejandro Randall. Não pode seguir escapando. Deve escolher. Vida ou morte.
Cole tremeu de rabia no agarre por Tomás.
-Mata-o, Weylin!
Weylin não se moveu. Ninguém nem sequer piscou. Tomás fechou os olhos e deixou sair o nó negro de desespero que tinha negado durante tantos anos.
-Weylin me trouxe aqui para que confrontasse a justiça . - Disse. - Não há necessidade de um julgamento. -Olhou a Rowena, como se estivessem sozinhos. - Uma vez
me perguntou quantos homens tinha matado. Só houve um. Matei a Frank McLean, como dizem os corridos. Vi a pelagem de minha mãe entre seus homens depois de que atracassem
nossa fazenda, e dava passo a meu ódio. Era jovem e forte e ele era um homem maior. Não estava a minha altura. -Tragou. - Perto do final, meu ódio morreu e o deixei,
acreditando que viveria. Mas quando voltei para encontrá-lo, vi o que tinha feito.
-Golpeou-o até matá-lo . - Disse Cole. - Não ficava nada...
-E quem matou a sua mãe? . - Disse Weylin, com a voz desprovida de emoção. - Tem provas de que foi meu pai?
Tomás virou a cabeça para encontrar o olhar do Weylin.
-Sei que seu pai liderou a aqueles que atrafacem Os Valorosos e minha mãe tentou defender a sua gente e suas terras. Morreu lutando contra eles. -Voltou a olhar
a Rowena. Tudo isto era por ela. Para fazer com que entendesse. - Estava no Este, na escola, quando minha mãe começou a atacar aos McLean com seus aliados Comancheros.
inteirou-se de que a meu pai o tinham matado os McLean e tinha jurado vingança, lhes roubando tudo o que pôde de suas propriedades em Novo o México. Nunca me -
Disse isso. Mas não se deu conta de que eu conhecia a longa inimizade das duas famílias e que meu pai tinha admitido ter matado a Kenneth McLean na Guerra. - Disse...
que não tinha tido opção.
-Disparou a Kenneth pelas costas -grunhiu Cole.
. - Disse-me que tinha vindo ao oeste para deixar atrás a velha disputa, mas quando ele e os McLean se encontraram em bandos opostos da Guerra, pensou que voltaria
a começar. Meu pai tomou prisioneiros a Kenneth e a Cole McLean. Tentaram escapar. Meu pai encontrou que Cole tinha fugido e a Kenneth parado sobre os corpos de
seus guardas. Ele... disparou a Kenneth pelo assassinato dos soldados.
-Ele foi o assassino... -começou Cole.
-É assim como passou, Cole? -perguntou Weylin. - Escapou e deixou que nosso irmão se enfrentasse sozinho aos inimigos?
Cole observou a Weylin.
-Está mentindo. Não aconteceu dessa maneira. Randall só queria uma desculpa...
-Não . - Disse Esperança. - Suas mentiras são fortes, Cole McLean. São tão fortes que se sentem verdadeiras. a verdade que teme.
-Você . - Disse Você Cole é a faxineira. Como te atreve a falar comigo? Farei que lhe açoitem...
-Não fará nada . - Disse Toma brandamente, apertando seu agarre no pescoço de Cole. - a moça tem razão. É momento de jogar a um lado nossas máscaras.
-Verei-te no Inferno.
Tomás empurrou a Cole até pôr o de joelhos. Esperança se ajoelhou a seu lado e estendeu uma mão para lhe tocar a boneca. ficou rígida, convulsionou-se, quase o soltou.
Mas então se endireitou e o observou como tinha feito com Tomás e falou com essa mesma voz de sabedoria sem idade.
-Cole McLean, causaste muito sofrimento.
Tentou soltar sua mão de um puxão, mas Esperança enlaçou seus pequenos dedos com os dele como uma amante.
-Pode me sentir, Cole McLean? Estamos juntos. Conheço todos seus medos e seus ódios e como lhe devoram. Somos... um.
Os olhos dele mostraram um princípio de pânico.
-me deixe partir. Matarei-te.
-Não. -Tocou-lhe o rosto. - Matará a ti mesmo?
-Sal . - Disse, ofegando. - Sal!
Rowena lhe dirigiu a Tomás um olhar angustiado e ficou de joelhos ao lado de Esperança.
-Não entendo o que está fazendo . - Disse, - mas sei que te pode fazer mal. Detenha, Esperança, por favor.
-Não posso. -concentrou-se de novo em Cole. - Não te farei mal, Cole McLean. Isso é o que mais teme, que outros tenham poder sobre ti. Eu não tenho nenhum. Mas não
posso te deixar. Não posso deixar que volte a matar.
Cole sabia o que era estar ébrio, sentir a firme realidade do mundo escapar. De menino, embebedou-se até ficar inconsciente, até que se deu conta de que o fazia
vulnerável. Sendo um homem, sentiu a bebedeira que só uma vitória podia trazer.
Isto era diferente. Sentiu que a realidade e o controle desapareciam à mãos de uma moça, que lhe falava como se fora incapaz de defender-se. Como se se atrevesse
a pensar que ela o dominava.
Nenhum homem nem mulher, humano ou homem lobo, tinha-o dominado jamais... nem Randall, nem Kenneth, nem seu pai, certamente não Weylin. Sua vontade era muito forte.
E ainda assim esta moça tinha quebrado todas suas defesas antes que identificasse a ameaça.
Mas não era uma mulher loba. Não tinha a habilidade de manipular seus pensamentos, como ele tinha feito com muitos humanos em sua escalada ao topo. De alguma forma,
por algum caminho desconhecido, tinha entrado em sua mente. insinuou-se em suas emoções e as tinha deixado ao descoberto. Sabia o que estava sentindo. E sentiu os
pensamentos dela, sua essência de uma forma que nunca tinha sido capaz com outro humano; sua consciência era suave e asquerosamente compassiva, vazia de ira ou crueldade,
como um anjo enviado para salvar o da condenação.
Não queria nada mais que matá-la. Mas soube instintivamente que o que havia dito era certo; se a matava, correria o risco de danificar-se a si mesmo.
Podia ver todos olhando-os, seus homens, Weylin, Randall, que o mantinha prisioneiro, inclusive a cadela de Rowena, olhando e esperando que vacilasse. Tinham ouvido
esta moça dizendo que ele tinha medo. Medo da verdade.
Qual era a verdade? Que tinha inclinado o destino como tinha querido, agarrado oportunidades que lhe tinham permitido tomar o que se merecia? a moça as chamava mentiras,
mas eram as necessidades da sobrevivência.
Sobrevivência construída sobre uma convicção absoluta e desumana. Quais eram essas criaturas que o rodeavam, com suas insignificantes preocupações? Realmente acreditavam
que o podiam derrotar? Não tinham nem idéia de seu poder. Podia-os destruir, a cada um, com um gesto de sua mão.
riu.
-assim agora crie que sabe o que sou . - Disse a jovem. - Sabe todos meus pensamentos. Muito bem. por que não diz a todos esta grande tua verdade? Vêem meu interior,
pequena senhorita. O que é o que vê?
Ela ficou em silencio durante bastante momento e de repente ele sentiu ressurgir as lembranças, lembranças com os que não se incomodou em anos. Sua infância, em
um pequeno rancho do Texas... um rancho que tinha crescido até formar um império.
-Vejo um menino . - Disse a moça. - Um menino com dois irmãos, um mais maior e outro mais jovem. Um menino cheio de ira. Odeia a seu irmão maior porque é o favorito
de seu pai, seu herdeiro escolhido. Mas o menino sabe que é mais forte e mais digno. Seu pai... seu pai lhe teme, teme sua força incluso quando o menino é muito
jovem. Tenta esmagar a seu filho, mas o jovem só cresce com mais determinação.
Cole suprimiu um calafrio.
-Meu querido pai . - Disse com desprezo. - Me tinha tanto medo?
Ela não respondeu.
-a família se volta mais rica e poderosa em sua região. O pai do jovem se alegra de que vá ao Este para ser escolarizado. O jovem é muito preparado e volta para
casa sendo um homem de grande conhecimento. Mas a Guerra o troca tudo. O pai e seus dois filhos maiores se unem ao lado do Sul. Em Novo México se encontram com um
velho inimigo e os irmãos são capturados. Planejam escapar. Mas Cole arbusto aos guardas e deixa a seu irmão atrás para que receba as culpas. Não sente pena, porque
agora é o herdeiro. agora seu pai saberá...
Weylin ficou de cuclillas ao lado de Cole.
-Escapou. Deixou a Kenneth para que o matassem...
-Kenneth era fraco . - Disse Cole. Olhou a Weylin, vendo a condenação nos olhos de seu irmão. Weylin, tão fraco como tinha sido Kenneth, atrevendo-se a julgá-lo.
- Trouxe a morte sobre si mesmo com seus conceitos pueris de honra humana, tentando fazer uma trégua com o Randall. esqueceu-se do que somos. Não merecia herdar
o que nosso pai tinha construído.
-Queria que Kenneth morrera.
-Queria o que era meu.
. - Disse a Pai que Randall tinha disparado a Kenneth pelas costas, sem provocá-lo...
-Você foi com Pai e comigo para procurar Randall depois da Guerra. - Disse que queria vingança tanto como nós, mas perdeu o valor. Escapou inclusive antes que tivéssemos
a Randall em nossas mãos. Não pôde fazer o trabalho de um homem e o dever de um McLean. -Olhou-o despectivamente. - É um covarde. Pai sabia, embora tentou te proteger
e te converter em seu herdeiro. Não estava ali quando morreu. tentaste compensar isso após, verdade, hermanito?
o canto da boca do Weylin tremeu.
-Sim . - Disse. Olhou À moça. - O que passou o dia que Cole matou a Fergus Randall?
Ela fechou os olhos e apertou seu puxão da mão de Cole.
-Ele e seu pai... rastreiam a seu inimigo até o México. Frank McLean quer matar a Fergus Randall, com suas próprias mãos. Prepara uma emboscada e envia a Cole para
atrair a Fergus. Mas Cole adverte a Fergus e faz seu próprio trato. Ele... -aspirou um brusco fôlego. - Ele diz que se Fergus matar a Frank, não se vingará.
Cole investiu À moça com tanta força que a lançou cambaleando-se ao chão. Rowena a levantou, um olhar de pura fúria lhe distorceu o rosto. Em um instante Cole esteve
sobre suas costas. Randall se agachou sobre ele com os dentes descobertos. segurou as lapelas da jaqueta de Cole entre seus punhos e lhe golpeou a cabeça contra
o chão.
-Tomás! -a moça se endireitou nos braços de Rowena, com o nariz jorrando sangue. - Não se terminou. -Tentou levantar-se e caiu para trás, flácida como uma marionete.
- Crie que é poderoso, Cole McLean -sussurrou, - mas está morto em seu coração.
-Quando isto se termine, serei o único que fique vivo . - Disse.
Ela sacudiu a cabeça. Weylin estava parado sobre eles como uma figura esculpida em pedra, imóvel.
-Queria que Pai muriese . - Disse.
-Crie-lhes? . - Disse Cole, lutando por endireitar-se. - Nossos inimigos? Nem sequer é apropriado para limpar as botas de um McLean.
-Pode fazer com que diga a verdade? -perguntou-lhe Weylin a jovem.
-Não. Não posso obrigá-lo a fazer nada. Só posso ver o que recorda. O que sente. -limpou-se o sangue do nariz e olhou aturdida a sua mão. - Tentarei...
-Já teve suficiente . - Disse Rowena. apertou o braço da moça e a deitou no chão. avançou para Cole, com a cabeça baixa, os olhos castanhos cheios de fogo dourado.
- Somos iguais, você e eu. Não o negarei mais. Falará...
-Fique atrás, Rowena . - Disse Toma. inclinou-se sobre Cole e pela primeira vez este sentiu realmente a ameaça do temerário desespero do proscrito. Pela primeira
vez sentiu a batalha da vontade do Randall contra a sua, o desafio mais mortífero e imprevisível.
-Weylin! -gritou.
-Detenha, Randall . - Disse Weylin. - Não posso deixar que lhe faça mal. É meu irmão.
-Prova sua lealdade . - Disse Cole. - arbusto agora a Randall. Ocuparei-me da garota e de Rowena...
-Queria que Fergus Randall matasse a seu pai . - Disse Esperança, sua suave voz afogando sem esforço a de Cole. arrastou-se para seu lado. - Fergus te - Disse
que não queria matar a Frank McLean. - Disse que chegou a entender que você matou aos homens que lhes custodiavam no acampamento e deixou que seu irmão recebesse
as culpas. - Disse que em lugar disso lutaria contigo. Se não o fazia, contaria a seu pai suas traições. Fingiu estar de acordo, mas então caiu sobre ele quando
não estava preparado. levou-se seu braço antes de morrer. -as lágrimas corriam por suas bochechas. - Quando te recuperou, - Disse a seu pai que Fergus Randall planejava
lhes matar a ambos enquanto dormissem e o deteve. Isso deveria te haver feito um herói a olhos de seu pai.
-Um herói? . - Disse Cole. - Sempre me tinha odiado porque tinha medo, porque sabia que era mais forte que ele e que lhe roubaria o poder quando mostrasse a mais
mínima debilidade. Quando perdi o braço, pensou que estava a salvo. - Disse-me que ia dar todo a Weylin e que eu podia voltar para Nova Iorque e viver como a metade
de um homem, com todos meus luxos e elegantes amigos. Pensou que se estava desfazendo de mim.
-E por isso o odiava . - Disse Weylin. O severo estoicismo de sua expressão se dissolveu em dor. - Não queria vê-lo. Você e Pai... foram minha família. McLean.
acreditava-se que tínhamos que nos manter unidos, mas só queria apartar o de seu caminho.
-E é pelo que -sussurrou a jovem- matou a seu próprio pai.

Capítulo 21


Sacudido pela náusea e o horror, Weylin quase deixou cair a pistola que tinha na mão. Foi vagamente consciente do sobressalto de Rowena, a incredulidade do Randall,
os murmúrios dos homens de Cole na periferia.
Sabia no fundo de sua alma que o que a garota havia dito era verdade
Esperou aturdido a que Cole defendesse a si mesmo, que fiasse alguma nova rede de enganos com sua lisonjeadora e instruída língua. Mas Cole, convexo sobre as costas
com o Randall agachado sobre ele e a dama que o olhava fixamente com desdém, começou a rir.
Riu da forma que Cole acreditava que o fazia um cavalheiro do Este, uma mesurada risita que soava mais louca que a mais alta gargalhada ou o bramido mais histérico.
Riu e se limpou os olhos e terminou com um agradável sorriso para todos eles, como se fossem os convidados de uma de suas fantásticas festas
-a história ficou incompleta . - Disse. - Posso acabá-la por ti? -Olhou fixamente a Weylin. - Pai fez seu herdeiro porque sabia que poderia te obrigar a fazer exatamente
o que ele queria. Nunca foi uma ameaça para ele, não mais que Kenneth. Ficava atrás e cuidava os ranchos como um obediente peão. Mas fui eu o que nos fez o que hoje
somos. Pai não se incomodou em reconhecer que o dinheiro que ganhei em Nova Iorque aumentou nossas posses umas mil vezes, que minha influência, e não a sua, foi
a que nos conseguiu mais terra e poder no Território que nenhum, excluindo ao mesmo governador. Pensava que estava recebendo seu legítimo tributo como cabeça de
nosso clã.
"Mas Pai estava voltando-se velho e débil. Tinha perdido a ambição que teve uma vez, de conquistar e reter. Voltei para Território para lhe fazer recordar. Fui eu
o que o convenceu para unir-se a Hittson e os outros grandes boiadeiros do Texas para recuperar nosso gado roubado pelos de novo o México e os Comancheros, e de
passagem atacar Os Valorosos para eliminar a influência do Randall para sempre
"Eu estava ali quando ele e seus homens deixaram a casa do Randall em ruínas. Vi a mãe do Randall, a cadela meio apache que os peões chamavam Dona adelina, rastreando-os
como uma loba. Fui eu o que lhe disparou e arrojou sua pele a um dos homens de meu pai.
Tomás emitiu um ruído surdo de dor no profundo de sua garganta, e Weylin se perguntou se teria que tirar a pistola para evitar que o proscrito assassinasse a Cole.
Mas Tomás só fechou os olhos e afundou o queixo no peito enquanto Rowena apoiava a mão em suas costas em um gesto de impotente compaixão.
Cole continuou no mesmo tom coloquial, impassível.
-Soube quando Randall seguiu o rastro de sua mãe, alcançou a Pai e o acusou de assassiná-la. Estava meio louco. Pai não teve nenhuma oportunidade contra ele. Mas
Randall não acabou o trabalho. Deixou a Pai ainda vivo. Eu retifiquei seu engano.
-Deus! . - Disse Weylin.
-Sim Kavanagh me - Disse que lhe deu caça a Tomás . - Disse Rowena, com a face lúgubre e pálida. - Tratou de assassiná-lo para tentar ocultar o que tinha feito...
-E Randall sobreviveu. Mas quando começou a atacar nossa propriedade, ninguém questionou que O Lobo fora o assassino do Frank McLean. Forjou sua reputação melhor
do que eu poderia havê-lo feito, atracando e nos roubando a nós e nossos aliados.
"converteu-se no herói dos pequenos rancheiros e os camponeses, mas tinha temíveis inimigos entre os ricos -olhou a Weylin. - Você, com sua obsessão pela "justiça"...
foi fácil te ter ocupado caçando a Randall. Supus que Randall te assassinaria cedo ou tarde, e toda a propriedade que Pai te legou aconteceria para mim. E se o matava...
bom, sabia que não poderia me deter, que as coisas se fariam como eu queria. Dava-lhe forma À nova dinastia McLean, da maneira em que estava destinada a ser.
Weylin afastou a vista rapidamente. Os homens de Cole não podiam ver a umidade de seus olhos; estavam muito ocupados apinhando-se, tentando decidir o que fazer em
relação Às revelações de Cole. Todos eram assassinos por si mesmos, mas Weylin tinha o pressentimento de que sabiam que Cole ia ser derrotado, e não queriam cair
com ele.
Estava Cole muito doente, muito louco para ver o que tinha feito?
Justiça. agora a única justiça era entregar ao verdadeiro criminoso, ao verdadeiro assassino, ao homem diretamente responsável por três mortes e provavelmente uma
dúzia mais. Weylin se tragou a bílis que subia a sua garganta e pôs a mão sobre o ombro de Tomás.
-te faça a um lado . - Disse.
Tomás levantou a vista, e seus olhares se encontraram.
-Quer que o deixe ir? . - Disse com a voz rouca
-Não posso deixar que o mate.
-Crie que eu poderia? -riu entrecortadamente. Rowena alargou a mão para tocá-lo. Olhou-a e ela deixou cair a mão.
-Não somos tão diferentes, você e eu . - Disse a Weylin. - a reputação de nossas famílias nos deixou uma grande carrega que não desejávamos suportar. Mas levaste
a tua com muita mais honra e valentia que eu. -ficou em pé e se voltou para a Rowena, com a boca distorcida por um sorriso de autodesprecio. - E você, minha Dama
de Fogo. foste valente e honesta com alguém que não o merece, que só te usou como uma entretida diversão para obter o esquecimento.
Ela não - Disse nada. Weylin a compadeceu, embora a conhecia pouco, já que pôde ver o que havia em seus olhos.
-Quando era um menino . - Disse Toma, - meu pai me falou sobre a grande inimizade entre os Randall e McLean. Soava tão cheio de heroísmo e aventura nesse então,
ao provir de uma terra antiga e dos velhos tempos de espadas e escudos e promessas feitas com sangue.
"Meu pai foi um ingênuo ao pensar que poderia livrar-se da maldição da inimizade vindo ao oeste. Sabia que não acabaria com a morte do Kenneth McLean. assim que
me - Disse que se algo lhe ocorria, seria meu dever preservar a honra dos Randall, sem importar o que custasse ou o que tivesse que fazer. Fez-me jurar que nunca
descansaria até que a inimizade se terminasse para sempre.
"Era jovem, e muito orgulhoso. Mas não acreditei que fora real. Descobri que Cole McLean tinha assassinado a meu pai anos antes que minha mãe se inteirasse disso,
mas não o - Disse. Faltei a minha promessa. Não procurei vingança. Fui ao Este para esquivar o peso do castigo. Por minha covardia, quando voltei encontrei que
os McLean tinham destruído meu lar, e que minha mãe tinha morrido assumindo o papel que se acreditava que eu desempenharia. ao final, fui depois do homem que o tinha
feito, com a intenção de matá-lo.
-Mas não o fez . - Disse Rowena. - Não podia. Não estava em ti, matar como um animal...
-Pensou que o tinha matado, quando retornou e encontrou a meu pai morto . - Disse Weylin.
-Sim. E aí foi quando soube que ia ser o último dos Randall, que não tinha a força de vontade e o sangue para vingar a meus pais e meu nome. Não podia matar de novo.
Só podia sobreviver ao que Cole McLean me tinha feito, e encontrar outras maneiras de fazer recordar a meu pai e minha mãe. Converti-me no Lobo só com esse objetivo.
Com o dinheiro, cavalos e gado que lhe roubava, pus a outros a vigiá-lo; vi-lhe aumentar seu poder, aqui e em Nova Iorque.
"Vi fracos e menos desumanos cair ante ele, enquanto eu não era mais que uma fibra no vento. Persegui-o e insultei; fizesse o que fizesse, dava o mesmo. E então
me inteirei de seu compromisso contigo, Rowena. Fui a Inglaterra a observar por mim mesmo À mulher com a qual ia casar se. Vi-te, e eu... -Olhou ao céu. - Não importa.
Pensei que ao fim poderia roubar algo que ele valorasse mais que suas outras posses. acreditei que ao fim ele reconheceria que ficava um Randall no mundo.
-E você queria... morrer . - Disse Esperança.
Rowena ouviu as palavras de Tomás e Esperança com aborrecimento e fúria dirigida para aqueles, vivos e mortos, que tinham originado esta trágica cena sem sentido:
Fergus Randall, Frank McLean, todos seus antepassados que tinham começado e nutrido a disputa; Cole, que se tinha aproveitado dela e que tinha assassinado para impulsionar
suas próprias ambições, e Weylin, que tinha seguido os passos de seu irmão tão cegamente... e Tomás. Tomás, que tinha renunciado a sua vida e existido só como uma
sombra, aferrando-se a prazeres superficiais e diversões quando caíam em seu caminho escolhido de automóvel-destrutiva vingança.
Diversões como Lady Rowena Forster.
Tomás não enfrentava seu olhar. Esperança se aproximou dela, cambaleando-se pelo esgotamento, e lhe segurou o braço como se Rowena fora quão única necessitava apoio.
Mas Van tomais ao que a garota falou.
-Tentou fazer o que seu pai esperava de ti, porque o amava . - Disse. - E fez penitência pelo assassinato que acreditava ter cometido, ajudando a aqueles que sofriam
à mãos de homens como Penetro McLean. Deixou que o mundo acreditasse que foi o forasteiro assassino que McLean te declarou. ainda assim não era suficiente castigo
para seus fracassos. Havia só uma forma de acabar a disputa e cumprir com sua promessa: matar ao último dos Randall. Você mesmo.
Tomás olhou fixamente, sem protestar, sem palavras.
Rowena afastou o olhar dele.
-Nunca te acreditei um covarde . - Disse. Encontrou que sua voz continha um humilhante tremor, mas sua crescente ira e tristeza faziam que essa trivialidade não
tivesse importância. - Me enganou. Enganou a todo mundo. Fingiu amar a vida, ajudar a outros, sabendo todo o tempo que procurava morrer com cada ato perigoso. E
me chamou medrosa porque não podia enfrentar À fera que havia em meu interior.
Sentiu uma profunda compaixão por ele, pela vida vazia que tinha levado, e se doeu pelo sofrimento que tinha suportado. ao mesmo tempo, uma justificada ira começou
a ferver em suas veias, seus músculos, seus nervos, subindo e subindo para encher sua cabeça como foguetes preparados para explorar.
-É uma fraude, Tomás Alejandro Randall. Mas devo te dar as obrigado por duas coisas. Mostrou-me o que era Cole, e me impediu de cometer um espantoso engano. Ensinou
a não ter medo de minha própria vida, meu próprio coração, inclusive embora tudo tenha sido só uma diversão mais antes de morrer.
Tomás deixou sair um vibrante suspiro.
-Então não falhei totalmente . - Disse. - Obrigado, minha senhora.
Rowena fechou os olhos, lutando por conter as lágrimas. Esperança apoiou a bochecha contra o ombro de Rowena. Weylin e Tomás estavam perdidos em seus próprios pensamentos.
Nenhum deles estava preparado quando Penetrar fez sua jogada.
arremeteu com suas pernas em um violento empurrão, chutando os pés do Weylin desde debaixo dele. a pistola saiu voando. Tomás virou e se agachou; Rowena virou a
tempo de ver Cole lançar-se atrás da pistola queda e segurá-la com a mão. Rodou no mesmo instante e balançou a pistola para cravá-la no peito de Tomás.
-Quer morrer, Randall? Concederei-te seu desejo.
O tempo literalmente se deteve. Rowena assim o sentiu quando tomou a crucial e angustiosa decisão, reuniu sua vontade e toda a cólera que fervia em seu corpo, e
se preparou para deter Cole McLean.
Deixou que a Mudança tomasse, indolor e tão simples que sentiu desejos de rir pelo absoluto alívio que lhe deu. Chutou seus sapatos e o andrajoso vestido se rasgou
ao longo das muito remendadas costuras enquanto o arrancava do corpo. Nua e triunfante, jogou a cabeça atrás em um grito que fez que os homens de Cole dispersassem
de terror. Uma neblina da cor dourada tornasolado do gelo a envolveu como um etéreo casulo.
obrigou-se a esquecer, mas o conhecimento do ser lobo era tão natural para ela como respirar. Rasgou a névoa como um relâmpago em quatro patas. Seus sentidos exploraram
em um milhar de cores, aromas e sons desconhecidos para o homem. agitou uma exuberante pelagem, tão grosso para desviar as balas e estalou umas afiadas fauces no
ar; perfeitos músculos obedeciam cada um de seus pensamentos, e um poderoso coração bombeava sangue por um corpo desenhado para enfrentar a adversidade.
Um corpo que ela tinha odiado toda sua vida. O corpo de uma fera que poderia salvar a seu companheiro.
-Cole! -gritou, e a palavra foi um uivo de promessas e fúria. Recolheu as pernas baixo ela, preparando-se para saltar. a pistola de Cole balançou para ela.
Tomás arremeteu, gritando o nome de Rowena. O som de um disparo ressonou nos sensíveis ouvidos de Rowena. Tomás caiu, e Cole voltou para ela outra vez. Ela rugiu,
sem ter em conta a certeza de sua própria morte.
De repente Esperança se lançou entre a loba e o homem, lista para receber a bala. Um disparo soou desde atrás de Rowena, e o revolver voou da ensangüentada mão de
Cole. Um homem montado que estava atrás da multidão levantou sua própria arma em sinal de saudação, virou seu cavalo, e partiu para galope.
Sim Kavanagh, que se foi tão misteriosamente como tinha chegado.
Naquele momento de confusão e forasteiros escabulléndose, Weylin recuperou sua pistola e apontou À cabeça de Cole.
Rowena correu para Tomás e Mudou de novo, sem preocupar-se com sua nudez. Viu o sangue lhe empapando a manga e freneticamente lhe rasgou a roupa.
a bala de Cole tinha dado no braço, produzindo uma ferida que devia ter doído como o demônio, mas estava longe de ser fatal. Rowena ofegou de alívio e se estirou
sobre Tomás, evitando o braço ferido.
-Quão... muito agradável -brincou Toma ofegando. - Que pena que o momento não seja o mais oportuno para...
Suas palavras foram esmagadas por um grito desumano. Rowena se escondeu ao outro lado de Tomás para enfrentar-se À ameaça, e viu...
Cole. Cole despindo-se, Trocando, envolvendo-se em uma névoa de franjas negras e púrpuras, emergindo como uma criatura de ódio encarnado. Um lobo de três patas,
torpe e cambaleante, encontrando seu equilíbrio, despindo os dentes em um rictus de loucura. Reclinando-se sobre seus quadris, esticando os músculos, com seus reluzentes
olhos fixos na Rowena com o inequívoco propósito de matá-la.
Saltou. Weylin lhe disparou enquanto se estirava suspenso no ar. desabou-se, com as garras a poucos centímetros de Tomás e Rowena.
Weylin atirou a pistola e correu ao lado de seu irmão.
a bala lhe tinha dado a Cole no centro do corpo. Rowena ajudou a Tomás a ficar de joelhos. Esperança permaneceu à parte, com lágrimas caindo inadvertidas por suas
bochechas.
-Cole -sussurrou Weylin. Levantou a cabeça do grande lobo em seus braços. - Cole...
a escura névoa voltou, e um homem nu substituiu ao lobo. Ofegou cada laboriosa respiração, e cada uma chegava mais lentamente que a anterior.
-Cole . - Disse Weylin. - Não deveria ter Mudado. Podia te haver curado...
-Não -Cole tossiu tão forte que todo seu corpo se convulsionou. - Não queria morrer... como uma fera -sorriu. - Estava equivocado sobre ti, hermanito. Não foi tão
fraco depois de tudo. -estirou-se para girar a cabeça para a Rowena e Tomás. - a disputa está acabada, Randall. E você, Rowena... pode viver sua vida como um animal
em perfeita liberdade. Espero que seja feliz. -Fechou os olhos. - Os McLean estão mortos -deixou sair um último e longo fôlego e seu corpo ficou imóvel.
Weylin ficou de joelhos com a cabeça de Cole em seus braços. Esperança olhou o caminho pelo que Sim Kavanagh tinha partido, e então foi situar se ao lado do Weylin.
-Sinto-o . - Disse brandamente.
Olhou-a sem vê-la.
-assassinei a meu próprio irmão. -Baixou a cabeça para a de Cole. Esperança deslizou os braços sobre seus ombros. Tomás segurou a mão a Rowena e a separou da silenciosa
dor do Weylin. tirou-se a camisa, arrancou a ensangüentada manga e pôs o resto sobre os nus ombros de Rowena.
O fluxo de sangue já estava começando a remeter. a Tomás aconteceu inadvertida sua dor ao ver um sofrimento muito maior a seu redor. Pela primeira vez em muitos
minutos olhou para a árvore da forca e os homens que tinham visto o drama desdobrar-se. até o último deles tinha partido.
Tudo isto seria parte de una a lenda, é obvio... a lenda do Lobo, talvez, ou dos McLean. Ninguém acreditaria nenhuma história que aqueles homens escolhessem contar.
Se é que se atreviam a falar.
Rowena estava tiritando. aproximou-a, para compartilhar seu calor e o pequeno consolo que ela queria aceitar. escapou dele. No fogo de seu olhar e a orgulhosa elevação
de sua cabeça, ele pôde ver no que se converteu: a fera loba que sempre tinha estado latente dentro dela... a Dama de Fogo que ele tinha estado tão impaciente por
liberar para seu próprio prazer.
agora estava segura de sua própria força; tinha visto seus homens trai-la, e ainda assim tinha permanecido firme e impertérrita. Ninguém poderia nunca voltar a dominar
a Lady Rowena Forster.
Estava orgulhoso dela, além de qualquer orgulho que houvesse sentido alguma vez. E se lamentou. Era impossível, sempre seria impossível. Ela tinha razão. Se existiam
os graus de impossibilidade, eles estavam mais à frente do último.
Olhou a Weylin, afligindo-se tão estoicamente por um irmão que lhe tinha desprezado. O Lobo e Weylin tinham sido irmãos em tudo menos em sangue. ambos eram os últimos
de suas famílias. ambos se enfrentavam ao final do que os tinha empurrado durante anos, e a um futuro despojado de objetivo.
O futuro se abriu ante Tomás, um futuro que nunca tinha imaginado em seu ardente cortejo com a morte. aterrorizou-o. Devia confrontar os anos que se alongavam por
diante dele, desconhecidos, exigindo alguma outra ambição que não fora a vingança. Tinha escolhido a vida. E devia vivê-la sem a mulher que amava, pelo bem dela.
-É verdade, então . - Disse Rowena.
Ele encontrou seu olhar.
-O que é verdade, minha senhora?
-Capturou-me só para forçar a Cole a ir atrás de ti e te assassinar. Fui um instrumento, mas não da forma em que acreditei no princípio. Nem sequer foi realmente
por vingança. tratava-se de ti e sua culpabilidade. Voltou minha vida ao reverso sem... sem te importar o que poderia me passar a mim, ou aos outros que pretendia
cuidar.
Tomás baixou a cabeça.
-Não posso discuti-lo. Nem esperar seu perdão.
Ela ficou sem fôlego.
-Quando nós... quando jazemos juntos, essa foi sua despedida da vida, não é verdade? Um último e desesperado intento de... de... -interrompeu-se e se virou apartando-se.
- ainda está decidido a morrer, Tomás Alejandro Randall? Seguirá com seus costumes de assaltante e procurará algum novo inimigo para que te dê caça?
Ele tentou rir e falhou.
-Não . - Disse. - O estranho é que me curou desse desejo, doçura. acreditei que estava preparado para morrer quando deixei que Weylin me capturasse para que pudesse
me conduzir a Cole. Pensei que te podia salvar matando a Cole, e acabar tudo em um momento. Vê, tinha chegado a me preocupar com ti. Não desejava verte ferida nunca
mais, e acreditei que se te via livre de Cole, poderia encontrar sua própria vida.
-Enquanto que destruía a tua . - Disse asperamente.
-Mas logo vi que vinha em minha defesa. Vi que Trocava, quando sabia que era a coisa que mais temia por cima de tudo, e foi como se tivesse entrado em minha alma
e cauterizada o que me fazia querer morrer.
Ela se voltou, com a face tão ao descoberto como o corpo.
-Porque Troquei?
-Mudou a ambos. Então soube que queria viver, fazer algo melhor de minha vida. Mas não sei onde ou como. Tenho muito que expiar.
-a gente... os filhos no canhão?
-É um lugar onde começar. Tenho suficiente dinheiro escondido para lhes dar uma boa vida, no canhão ou onde quer que escolham ir.
-E pode começar a cuidá-los apropiadamente...
-Não. Essa era a guarida do Lobo. Essa vida está acabada. Todos devemos começar de novo.
-Sim -suspirou ela. - Tudo de novo.
Tomás quase cedeu À antiga temeridade, descuidada-a indiferença pelas conseqüências que tinha governado sua vida portanto tempo. Quase lhe pediu que o ajudasse a
encontrar o propósito que pudesse voltar a dar sentido a sua existência. Quase lhe pediu que se convertesse nesse mesmo objetivo.
E fazer o que? lhe tirar o último vestígio da vida que tinha conhecido, uma vida que ainda poderia recuperar com tempo e esquecimento? Merecia algo muito melhor
do que ele poderia lhe dar nunca, embora fora o homem mais rico e sábio do mundo.
-Voltará para Nova Iorque ou a Inglaterra? -perguntou-lhe, selando seu destino. - Se posso te ajudar...
-Não necessito sua ajuda. -Rowena se afastou, apertando-a andrajosa camisa ao redor dos braços. Tomás descobriu que naqueles momentos finais não havia nada que pudesse
dizer sem que os ferisse ambos. Em lugar disso foi ao lado do Weylin. Cole jazia com os braços dobrados sobre o peito, talher pelo casaco do Weylin.
Weylin levantou o olhar. Seus olhos estavam sombrios, mas Tomás não viu ódio neles.
-Está acabada . - Disse Weylin. - a disputa está acabada.
Tomás fechou os olhos.
-Obrigado.
-Não. Tentou pedir perdão quando acreditava que tinha matado a meu pai. Enquadrei-te mal desde o começo. ambos fomos enganados. Não passarei o resto de minha vida
lutando por um pouco tão inútil como isto.
-Mas te roubei muitas vezes.
-Meu irmão roubou sua terra, a vida de seus pais, e a de meu pai. Tem direito a me odiar. Mas espero que o tempo de odiar se acabou. -Estirou a mão para oferecer-lhe
Tomás tomou em um firme apertão e atirou do Weylin para pôr o em pé.
-O ódio está acabado . - Disse.
Weylin olhou para o este, ao horizonte.
-Calculo que há muito que fazer agora. Há ranchos que dirigir, e o testamento, e terei que me ocupar dos assuntos de Cole em Nova Iorque. Não sei nada sobre aquele
mundo altissonante. Terei que contratar uma multidão de advogados, como mínimo. -Fez uma careta. - E você quererá sua terra de volta, a terra roubada a sua família...
-agradeço-lhe isso, mas não. ainda não. -Seguiu o olhar do Weylin. - acredito que é melhor se sotaque o Território por um tempo. O Lobo já não está; deixemos que
se diga que morreu lutando com Cole McLean. Deixemos que a lenda os leve a ambos.
Weylin se tocou o chapéu e suspirou.
-Quase eu gostaria de cavalgar contigo, Randall. Não quero o império de Cole. o de meu pai era suficiente, e tinha seus próprios homens para governar o da forma
que queria. Mas talvez possa desfazer alguns dos enganos que fizeram durante anos, fazer com que as coisas sejam um pouco mais justas para a gente do Território.
É tempo de que cresça.
-Crescer não é uma coisa fácil . - Disse Toma. Sorriu. - Mas talvez haja algumas compensações.
-Como correr como um lobo . - Disse Weylin. - Durante muito tempo acreditei que era uma espécie de injusta vantagem que tínhamos sobre a gente simples, algo que
devia ser resistido. Mas agora sei que é natural... se não ser utilizado para fazer o mal. -Olhou a seu irmão. - Talvez possa encontrar uma maneira de usar esse
poder para o bem.
-Estou seguro disso, amigo. -Tomás ofereceu a mão de novo. - ainda te pedirei um último favor. te ocupe de que Lady Rowena retorne sã e salva a qualquer lugar que
deseje ir. Não é culpado de nada disto. Merece só alegria e paz.
-Sim . - Disse Weylin. - Me ocuparei disso. -Sorriu torcendo a boca. - Nunca considerei que as anáguas fossem muito úteis, mas ela avançou muito para mudar minha
mente. Pode que haja algumas outras mulheres como ela.
-Duvido-o . - Disse Toma brandamente. - Mas nada se perde por procurar.
Inclinou a cabeça em um gesto de despedida e localizou um dos cavalos sem cavaleiro, que Cole tinha montado de Las Vegas. aplaudiu seu pescoço e montou, lhe dando
a boas-vindas à dor do braço. Recordava-lhe que estava vivo.
Sua última visão de Rowena foi a vista dela permanecendo em um altozano, com a cabeça inclinada para trás e o cabelo sacudindo-se no vento como uma bandeira de batalha.
-adeus, meu amor -sussurrou. - Vá com Deus.
Rowena não se deu a volta quando o escutou afastar-se.
a camisa que lhe tinha dado cheirava a sua essência, sua masculinidade; apertou-a mais estreitamente contra seu corpo, dizendo-se que tinha que fazer algum esforço
por esconder sua nudez, ao menos do Weylin. agora que o drama tinha terminado, ele e Esperança eram as únicas pessoas vivas aqui. Os homens de Cole tinham fugido,
sem dúvida horrorizados por sua transformação... e a de seu senhor.
Não estava preocupada com sua opinião ou pelos rumores que pudessem divulgar. Já não lhe preocupavam as coisas que uma vez tinham sido tão importantes.
Tinha Mudado. Tinha deixado seu final e mais crucial propósito, ao que se obstinado durante tantos anos: não tomar a forma e figura de uma loba. Sem importar o que
pudesse ocorrer, acreditou-se a salvo daquele pecado.
Mas o tinha feito, por Tomás. E sabia que o faria de novo sob as mesmas circunstâncias. a última certeza de sua vida se foi; tinha visto as outras desmoronar uma
por uma, roubadas pelo professor ladrão O Lobo.
Tinha sido muito fácil transformar-se em uma loba. havia-se sentido invulnerável, livre, apaixonada, justo como Tomás tinha noivo. a Mudança era como um vício, uma
debilidade que deveria desprezar, mas estava segura que nunca poderia renunciar a isso de novo.
a menos que se fora longe deste lugar, que voltasse para Nova Iorque onde podia retornar com comodidade À Sociedade como se nunca a tivesse deixado... exceto pelo
inconveniente menor de inventar as explicações por seu desaparecimento e a morte de seu noivo no Oeste. Uma vez que a estranheza passasse, seu dinheiro e fila fariam
possível reatar a vida que tinha conhecido e que acreditava querer. E assim poderia esquecer.
Sem dúvida essa era a solução. Não era o que tinha estado pensando quando se afastou de Tomás? Ele o havia dito, lhe perguntando se planejava voltar para Nova Iorque
ou a Inglaterra. Nem sequer se tinha questionado que ela pudesse escolher outra coisa.
por que o faria? - Disse que tinha tido a intenção de protegê-la, de liberá-la assassinado a Cole, esperando morrer ele mesmo. Embora ele... embora admitiu que
ela o tinha curado do desejo de esquecer. Embora - Disse que tinha chegado a preocupar-se com ela.
Preocupar-se com ela. Que extremamente generoso por sua parte. E depois de admitir tanto, tinha partido sem um adeus, como se fossem completos estranhos. Sabendo
que todo o resto era impossível, como lhe havia dito.
Eram muito diferentes. Seus mundos, seus desejos, os futuros que imaginavam. Tomás procuraria seu próprio futuro, agora que tinha decidido que tinha um. Ela ainda
tinha a opção de retornar ao dele... um de sua própria eleição, sem a influência de nenhum Cole McLean ou O Lobo.
"Ensinou a não temer minha própria vida, meu próprio coração."
Não era isso o que lhe havia dito a Tomás? por que, então, estava tremendo?
Maldito seja, Tomás Alejandro Randall. afastou-te de mim. Se pensar por um minuto que irei correndo atrás...
Uma mão tocou seu braço, cálida e familiar. Esperou a que Esperança falasse: Esperança, que tinha provado ser muito maior do que qualquer deles podiam ter suposto,
cujos olhos estavam cheios com tão ilimitada compaixão e tristeza... não por ela mesma, mas sim por aqueles cujas vistas tinha alterado tanto.
Mas a garota -agora não a garota, mas a mulher- não falou com palavras. comunicou-se na forma em que o tinha feito antes, com sentimentos e imagens que pareciam
pensamentos. E Rowena mesma não teve necessidade de falar.
O amor não requeria palavras. O amor se derramou de Esperança e abriu o fluxo dentro de Rowena, um amor tão profundo que por um momento toda a pena do mundo se extinguiu.
E então a brilhante luz daquele amor se aquietou, voltou-se mais singelo e ainda assim mais concentrado. Era valor, e auto-aceitação e humildade. Era o comovedor
entendimento de que algumas Mudanças nunca poderiam ser revogados.
Tomás Alejandro Randall a tinha Mudado. Não havia volta atrás. O orgulho não significava nada. O futuro era tudo o que ela quisesse que fora. Ela... e Tomás.
Necessitava-o. Ele a necessitava. Necessitava-a.
E você o ama. Não podia dizer se era Esperança ou seu próprio coração o que exclamava tão apaixonadamente. ama-o. Não o deixe ir.
Com um grito de triunfo, Rowena se tirou a toda pressa a camisa de Tomás. Jogou um olhar a Esperança. a jovem mulher sorriu sua bênção, e Rowena se preparou a Mudar.
Não completou o ato. O estrondo de cascos a deteve justo quando reunia a neblina a seu redor. Tomás vinha cavalgando de volta através da planície, com o cavalo ao
galope. deslizou-se sobre ela como tinha feito não fazia tanto tempo, com os olhos brilhando com desafio. inclinou-se desço na cadeira e apanhou a Rowena pela cintura
com um braço, sustentando-a justo sobre o terreno até que suas arreios fez um alto soprando. Levantou-a sem nenhum esforço para pô-la Escarranchado sobre suas coxas,
o nu peito contra seus seios, os lábios apartados por uns centímetros.
-Não posso deixar ir . - Disse, respirando com força. - me Perdoe, minha alma. Perdoa meu egoísmo.
Olhou-o por cima do nariz, tão regiamente como podia fazê-lo uma dama nua.
-O que pensa que está fazendo, descarado?
-te seqüestrando . - Disse. - te Roubando para que seja minha noiva
-Nunca te sairá com a tua. Tenho em mente convocar À lei...
Beijou-a. O beijo foi muito longo e muito profundo, e muito mútuo.
tornou-se atrás o suficiente para lhe permitir respirar, sorrindo com pícaro prazer por sua desvantagem. Condenado, desfrutava vendo-a assim, nua e apanhada em uma
posição muito comnoiva...
-Bem? . - Disse.
-Bem o que? Sinto-o mas devo insistir em que me desça de uma vez.
-Mas avaliação tanto a vista.
-É por isso que continua fazendo a guerra com as mulheres?
-Só com uma mulher muito especial. Mas -se tocou o queixo, - poderia ser persuadido para te deixar descer, se pagamentos o resgate que exigir.
-Que é...?
-Conheço certo pai ancião que poderia nos casar rapidamente. Deve-me um favor por serviços emprestados.
-Uma contribuição ilícita aos recursos da igreja, sem dúvida, feita para beneficiar aos menos afortunados?
-Confio em que Deus me perdoará. Se você o fizer.
Beijou-o. Ele a sujeitou muito apertadamente.
-de agora em diante . - Disse Rowena, - terá que deixar a atividade criminal. Encontraremos outras formas de ajudar a aqueles que o necessitem e satisfazer sua
contínua fome de aventura.
-Nós?
-Sim. Se promete ser razoável, de tempo em tempo.
-Só se promete ser temerária tão Freqüentemente como é possível.
-E se não?
-Então terei que te convencer. -a mão se deslizou para cima para lhe tocar o peito.
O som de pigarro masculino os interrompeu. Weylin estava esperando a uma curta distância, com a face ligeiramente afastada e a morena pele sospechosamente rosada.
-Não acredito que vás necessitar me depois de tudo . - Disse. Olhou a Esperança, que tinha ido ajoelhar se junto ao corpo de Cole. - Ocuparei de que essa moça chegue
a onde quer que precise ir.
Tomás se reclinou na cadeira.
-Obrigado. -Olhou a Rowena. - Temos muito que lhe agradecer. Veremo-la de novo.
Rowena se perguntou como de longe se estendia seu rubor.
-Senhor McLean, se pudesse escoltar a Esperança até Las Vegas e a um alojamento confortável, iremos procurar a logo que seja possível. Sempre terá um lar conosco.
-aqui em Novo o México? -perguntou Toma brandamente. - Quando se souber que O Lobo desapareceu para sempre...
-O Território será seguro para um verdadeiro lar . - Disse. - acredito que aprenderei a amar seu deserto, como aprendi a amar a seus habitantes.
olharam-se o um ao outro. Weylin tossiu atrás de sua mão.
-Bem, se me perdoarem, levarei a meu irmão a casa. -voltou-se antes que Rowena pudesse lhe dar as obrigado de novo.
-Não é um homem dado ao sentimentalismo . - Disse Toma. - Mas acredito que podemos considerá-lo um amigo.
-Não há nada mais maravilhoso que quando os inimigos se convertem em amigos.
-Sim, minha querida amiga. -Embalou-lhe a face com as mãos. - Me esqueci... já te hei dito que te amo?
-Em meio de toda a confusão, parece que se esqueceu.
-Então pode me dar tantas chicotadas com a língua como considera adequados, e agüentarei sem protestar. -Dirigiu-lhe um malicioso sorriso. - E logo usarei minha
língua com igual liberdade.
Ela se retorceu sobre o duro assento de suas coxas.
-acredito que será melhor que encontremos a aquele teu pai sem atraso.
-De acordo. -Olhou-a de cima abaixo em aberta apreciação. - Estava pensando... se estiver disposta, meu amor... poderíamos deixar este cavalo para o Weylin. Há outra
forma em que podemos viajar.
Não era uma prova. Rowena sabia que a amaria conviesse ou não. Mas já não estava assustada.
Escorregou de seu abraço e saltou À terra. Tomás murmurou uma palavra ao cavalo e a seguiu. tirou-se as calças e permaneceu diante dela, nu como ela, tão formoso
que cortava a respiração. beijaram-se uma vez mais, e o imenso céu azul virou sobre suas cabeças em júbilo.
Mudaram juntos. Um ao lado do outro, foram para Esperança e lamberam suas mãos em agradecimento. Ombro com ombro, pálida pelagem confundindo-se com o marrom, partiram
através do deserto.
Capítulo 22


Tomás e Rowena retornaram ao canhão inesperadamente, três dias depois de suas singelo casamento.
Durante os dois dias seguintes À morte de Cole, tinham deslocado como lobos, ignorando o mundo humano, viajando onde tinham querido, Trocando para fazer o amor em
lugares protegidos e sob o céu. Rowena tinha vencido sua vergonha e dúvida, mas conservava a suficiente modéstia para manter-se fora da vista quando, ao terceiro
dia, Tomás correu a uma das aldeias onde conheciam sua verdadeira natureza, e tomou emprestadas roupas e cavalos para acomodar suas formas humanas.
Foi como humanos que rodearam os subúrbios de Las Vegas e enviaram uma mensagem a Weylin, quem lhes levou a Esperança. Estava bem, embora muito silenciosa, e lista
para acompanhar os de retorno ao canhão.
Do Sim não houve nenhum sinal.
Os três foram em busca do velho pai, quem casou ao casal rapidamente e com pouca fanfarra, sendo Esperança e os aldeãos as únicas testemunhas. Rowena usou roupas
de novo o México e um véu emprestado, mas para Tomás nunca tinha estado mais radiante.
a pequena vila do Canhão do Rito das Lágrimas parecia deserta quando chegaram. Esperança, apesar de ser simplesmente humana, foi primeira em notar ao risonho menino
escondido atrás da parede de uma casa. depois disso não teve sentido esconder-se, e outros filhos e os homens de Tomás invadiram o lugar com aplausos e gritos de
boas-vindas.
-Bem-vindo! . - Disse o velho Néstor, com expressão radiante em meio de suas rugas. - Parabéns a ambos!
Tomás ajudou a Rowena e Esperança a desmontar, e os três se agacharam rendo quando os filhos, do mais jovem ao mais velho, cobriram-nos com casulos de flores silvestres.
Rowena se ajoelhou para aceitar as felizes saudações dos filhos, enquanto Esperança os observava com um sorriso tranqüilo.
-Como sabiam quando retornaríamos? -perguntou Toma, levando a Néstor a um lado. - Mandei aos homens de volta muito antes de...
-antes que quase lhe assassinassem em Las Vegas? . - Disse o velho. - antes que Weylin McLean te capturasse e Cole McLean morrera?
Tomás sacudiu a cabeça com assombro.
-as notícias viajam rápido, mas só uns poucos conhecem este canhão...
-Um que o conhece bem nos contou a história . - Disse Néstor. Seu sorriso se desvaneceu. - Sim Kavanagh veio cavalgando faz quatro dias, para nos dizer tudo o que
tinha passado desde que partiu com a dama. -O ancião franziu o cenho. - Lhe teria pego um atiro eu mesmo se não me tivesse convencido de que dizia a verdade. Mas
- Disse que tinha resgatado À senhora, e que ele tinha tomado a Esperança e logo a deixou partir. Também nos - Disse como você e a senhora encontraram aos homens
de McLean em Las Vegas, e como ela lutou por ti como a fierecilla. -Jogou- uma olhada a Rowena, que estava fazendo saltar À pequena Gita sobre seu joelho. - Me alegrou
muito escutar que te tinha aceito. É muito parecida com sua mãe. Por fim tem uma mulher digna de ti.
Tomás se ruborizou, uma experiência nova para ele e não sem moléstia.
-Não, meu amigo, ela é muito superior a mim. -Olhou para a Rowena com amor e tanta felicidade, que pensou que seu coração estalaria. - E também está Esperança, quem
salvou minha vida e a de Rowena. Cole McLean levou a morte sobre si mesmo, e liberou À dama.
Néstor juntou as mãos.
-Então se acabou, graças a Deus. -Sua frente se enrugou com ansiedade. - Se acabou? O senhor Kavanagh tinha razão quando dizia que tinha feito as pazes com o Weylin
McLean?
-É verdade . - Disse Toma. perguntou-se como Sim pôde ter aprendido tanto, quando não tinha feito nada mais que apartar a arma da mão de Cole de um disparo e logo
desaparecer. - Haverá paz, ao menos entre o Weylin McLean e eu. Ferida-las pode que demorem tempo em curar-se mas... -olhou novamente a Rowena-... a mudança é sempre
possível amigo. Mudança e esperança. -Jogou uma olhada À aldeia, onde nada tinha sido alterado. Só a via com novos olhos. - Onde está Sim agora?
-foi. -Néstor tirou uma folha de papel de seu cinturão. - Deixou isto para ti.
Tomás tomou o papel e o guardou em sua bandagem. Haveria tempo para isso mais tarde... tempo para considerar o que Sim fazia, de uma vez traição e redenção.
agora somente deveria haver celebração.
-amigos! -gritou.
O ruído se apagou e todos os olhos se giraram para ele. Viu as faces de seus leais homens, homens que como ele, deviam abandonar agora a vida de proscritos e procurar
outra vida. Confiavam nele como sempre o tinham feito. E os filhos, aquilino e Gita, Miguel, Gertrudis e Catalina, Pilar com sua nova boneca ainda esperando um vestido
adequado e Enrique, com o olhar cheia de adoração. Quanto devia a todos eles.
Tendeu- a mão a Rowena. Ela se levantou com sua graça natural e veio para ele. Sua face já não estava pálida, mas rosada com a calidez do sol. Seus olhos dançavam
com faíscas douradas e malícia. Seus dedos se deslizaram entre os seus.
-Meus amigos -repetiu. - Tenho a grande honra e sorte de lhes apresentar a minha esposa, Dona Rowena Forster Randall.
Um dos homens assobiou e os outros gritaram suas felicitações. Pilar sorriu abertamente, o bastante major para compreender e passar. Enrique assentiu sabiamente.
-Não os pinjente que o faria? . - Disse.
Rowena chamou a Esperança. a garota foi parar se junto a ela, com os olhos fixos no chão.
-Sei que Tomás traduzirá o que não posso dizer em espanhol . - Disse Rowena. - Desejo lhes dizer quão feliz estou de ter retornado ao canhão, de estar entre vocês
e ter a oportunidade de conhecê-los melhor. Espero que me permitam ganhar sua amizade.
Tomás traduziu rapidamente e os homens assentiram com aprovação.
-Eu gostaria uma vez mais lhes apresentar a Esperança, quem tem feito muito por nós, e salvou nossas vidas. Espero que a façam sentir-se boas-vindas aqui, para que
assim saiba que sempre tem um lar onde é amada e necessitada. -abraçou a Esperança fortemente e lhe beijou as bochechas. Tomás fez o mesmo. Esperança parecia brilhar
do interior, e um fogo tocava sua pele e enchia seus olhos com uma suave calidez.
depois disso, houve mais risadas e conversações gerais, e muitas expressões de boa vontade. Tomás sabia que logo devia ter lugar uma séria discussão; os homens teriam
que decidir seu futuro, e o dos filhos.
ao igual a ele e Rowena.
a levou para estar um momento a sós enquanto Néstor preparava um pequeno banquete. Os filhos voltaram a jogar, e Esperança vagou para o bosque ao lado do arroio.
De repente o canhão esteve tranqüilo com a calma profunda da paz.
Caminharam, agarrados da mão, até a cascata onde uma vez Tomás tinha tentado seduzir a Rowena. Se ela se ruborizou quando se sentaram junto à poça, não pôde culpá-la.
Ele se tinha tomado liberdades vergonhosas.
Esta vez não houve dúvida nem confusão quando se beijaram e se acariciaram o um ao outro. Rowena suspirou e apoiou a cabeça contra o ombro de Tomás, movendo seus
pés nus na água.
-Não posso esquecer o que lhe ocorreu a Cole . - Disse ela. - Não importa quanto o tente, não posso tirar o de minha mente ou deixar de me perguntar se pude havê-lo
feito diferente. Se lhe tivesse entendido...
-Cala. -aproximou-a dele e apoiou a bochecha contra seu cabelo. - Sempre foi inocente nisto, meu amor. Cole McLean estava louco.
-Então, já não o odeia?
-Meu ódio morreu com ele. castigou-se a si mesmo ao deixar a um lado tudo o que o fazia humano... no melhor sentido da palavra. Seu tipo de enfermidade não é exclusiva
de nossa espécie, mas por seu poder, era muito mais mortífera. acreditava que o mundo inteiro era seu para usar ou deixar de lado como ele desejasse. te incluindo
a ti. -Beijou sua têmpora. - Não poderia ter feito nada por remediar sua enfermidade. cedo ou tarde, teria se destruído a si mesmo. agradeço ao céu te haver encontrado
antes que ele também pudesse te destruir. -Sorriu ironicamente. - Embora em alguns momentos não fui muito melhor que ele...
-Não seja ridículo. -Rowena se sentou direita e o olhou com o cenho franzido. - É um patife e um uva sem semente, certo, mas não está tão louco. -O cenho se dissolveu
em um olhar de tristeza. - ainda assim sempre me perguntarei se alguém tivesse podido alcançá-lo...
-Esperança o alcançou -lhe recordou Toma. - Se Cole tivesse podido ser sanado, ela o teria feito. Mas lhe refletia as crueldades de sua alma, e ele não pôde suportá-lo.
Da mesma maneira em que ela nos refletiu nossos desejos mais profundos e nos fez ver a verdade em nossos próprios corações.
-Sim. -Rowena fechou os olhos e enlaçou seus dedos com os dele. - Tem um maravilhoso dom, e um grande valor. Talvez foi algo importante que fôssemos capazes de salvá-la.
Talvez possa ajudar a outros como nos ajudou .
-Que assim seja.
-Não te hei dito o que me - Disse em nosso casamento, - Disse que seu verdadeiro nome era Felícita... Felicidade. Não pôde dizê-lo até que escapou do Sim... e
depois não houve tempo para explicá-lo. Perdeu a voz quando perdeu sua velha vida, e lhe dava um novo nome em minha ignorância. Mas ela me - Disse: "Deste-me Esperança.
Fui nomeada pela felicidade, mas nunca fui feliz. agora tenho algo mais precioso que a felicidade. Conservarei o nome que foi seu presente para mim."
Tomás apertou a mão.
-Um novo nome para uma nova vida. Será uma vida nova para todos nós, minha loira
-E quão longe chegamos.
sentaram-se em silencio durante um momento, agarrados da mão, escutando a água e o grito das ratonas dos canhões muito por cima deles.
-Sabia . - Disse por fim Tomás, - que Weylin lhe pediu a Esperança que ficasse com ele em Las Vegas?
Rowena o olhou fixamente.
-Não me - Disse...
-É estranho que Weylin confiasse em mim. Mas estava fascinado por ela, mais do que queria admitir. Não sei o que ocorreu entre eles, mas ela escolheu retornar conosco.
-Weylin e Esperança -murmurou Rowena. - Que estranho.
-Não mais estranho que Sim e Esperança . - Disse Toma. - acredito que estava apaixonado por ela.
-O que?
-Bem pode estar assombrada. Sim desprezava Às mulheres. Estava obcecado com a moça, como nunca o tinha visto. Talvez a gentileza nela chamou a seu sofrimento. Talvez
entendeu que era quão única poderia terminá-lo.
Rowena se estremeceu.
-Não deixaria que a tocasse. É muito parecido a Cole McLean.
-Nem tanto. acredito que ainda há esperança para o Sim Kavanagh.
Recordou o papel que Néstor lhe tinha dado, e o tirou de seu colete.
-Néstor - Disse que deixou isto para mim.
Desdobrou o papel e o tendeu para que Rowena pudesse vê-lo. a escritura era meticulosa, como escrita pela mão de alguém que estranha vez tinha a necessidade -ou
o desejo- de correspondência.
"amigo -começava, - no momento em que as isto, terei-me ido. tive em memore durante um tempo sair do Território e encontrar novos lugares, e agora que está domesticado
não encontro muito sentido em ficar. Sua dama e eu não nos pomos de acordo. Concedo-te que é melhor do que pensei, mas não há uma mulher que não arruíne uma amizade
cedo ou tarde."
Rowena soprou.
-Que face tem o homem, depois de tudo o que fez...
-Salvou nossas vidas . - Disse Toma brandamente. Continuou lendo em voz alta.
"Calculo que me perdoou por me levar a dama. Pensei que era a melhor maneira de me aproximar o suficiente a Cole McLean para matá-lo, e te tirar do problema ao mesmo
tempo. Não funcionou como o planejei. Não te poderia ter entregue. Se não saber isso, é mais parvo do que pensei."
Tomás sacudiu a cabeça.
-Sou-o.
"Nunca te - Disse porquê odiava a McLean tanto como você. Não tinha nada que ver com o momento no que me encontrou no deserto. Não há razão pela qual não deveria
sabê-lo agora.
Frank McLean era meu pai..."
Tomás quase soltou o papel.
-Seu pai? Maldição.
"...e Cole McLean era meu irmão."
-Como pode ser isso? . - Disse Rowena. - Sem dúvida isso o faria...
-Homem lobo. Como nós. -Estirou bruscamente o papel, como se as palavras nele pudessem mudar. - Isso explica muito. Diz: "Minha mãe foi uma puta no Texas, Frank
McLean a visitava quando se fartava de sua esposa, o qual acontecia muito Freqüentemente. Ela pensou que lhe tinha dado uma casa e uma vida de fantasia. Então nasci,
e ele deixou de vir. Ma me culpava por isso. ficou doente uns anos mais tarde. Não soube quem foi minha P até que Ma me - Disse isso em seu leito de morte. Tinha
dezesseis. fui procurar a meu pai. McLean não queria ter nada que ver comigo. Quando me parei ante ele, mandou a Cole a desfazer-se de mim. Sobrevivi. E signifiquei
tão pouco para ele que quando nos encontramos em Las Vegas, nem sequer me reconheceu."
-Facemba -murmurou Toma. - Seu próprio irmão.
-Que horrível . - Disse Rowena.
"agora, calculo, que está pensando que deveria sentir pena por mim. Escolhi meu caminho, e vi Cole McLean morrer. Não choro a minha P, tampouco. Weylin McLean não
é ninguém para mim. Foi meu irmão, amigo, o único que tive. Talvez nos voltemos a encontrar. Cuida da bela senhorita e se escutas que morri, dispara algumas bale
por mim.
adeus."
Tomás deixou cair o papel e ficou vendo sem ver o despenhadeiro sobre o lago.
-Nunca imaginei. Em todo este tempo...
-Como poderia? Se tinha os poderes de um loup-garou, escondeu-os completamente. Conseguiu a vingança que procurava te usando...
-Não. Fiz-me poucas ilusões com o Sim. Desejo-lhe o melhor. -Suspirou. - Se só...
-Sim. Se só. -Lhe esfregou o braço. - Contará isto a Weylin?
-algum dia, talvez. Talvez ele e Sim possam encontrar-se necessitados de família.
-acredito que tem razão. Com o tempo... -sentou-se direita e procurou o olhar de Tomás. - O que tem que nós? - Disse que desejava deixar o Território, que o nome
do Lobo devia ser esquecido. Segue-o desejando?
Tomás fechou os olhos, aspirando os aromas do canhão e escutando seus sons como se fora a última vez. Tomou as mãos e beijou as pontas de seus dedos.
-Que é o você deseja, minha senhora?
Ela jogou a cabeça para trás para olhar o céu.
-Quando vim pela primeira vez a esta terra, odiei-a. Era o epítome de tudo o que odiava em mim mesma, e a fera a que temia. Era um lugar que nunca esperaria limitar
ou controlar. Mas agora... agora não posso imaginar viver em outro lugar.
-Nem sequer em Nova Iorque, ou Inglaterra? O Lobo é desconhecido nesses lugares. ali não haveria riscos...
-Não riscos. Segurança. O que sempre pensei que procurava, Mas sabe, meu querido marido, a Rowena que vivia nesses lugares já não existe. Ela pertence aqui, a esta
terra que Tomás Alejandro Randall ama.
Tomás se tragou sua euforia.
-ainda sou um homem procurado no Território. Um forasteiro que não pode te dar a vida que merece...
-O que mereço está aqui junto a mim. -Beijou-o, deleitando-o com o ágil movimento de sua língua. - Recorda o que - Disse Weylin quando recuperamos a Esperança?
Se tiver alguma das influências de seu irmão, poderia obter o perdão do governador para ti. Se não... poderia esclarecer a todos no Território que não deseja que
seja caçado. Duvido muito que muitos homens possam desafiar a vontade do Weylin McLean, sem importar quão modesto possa ser.
Tomás não pôde estar mais de acordo. Weylin McLean era um homem a ter em conta.
-E onde . - Disse ele, - devemos viver se ficamos em Novo o México? -Baixou a vista por volta de seus dedos entrelaçados. - agora que renunciei À vida de ladrão,
o dinheiro que economizei não durará muito. Se pudesse te construir uma mansão...
-Certamente não desejo seu dinheiro! -Retirou a mão das suas. - Resulta que sou uma mulher rica por direito próprio. É meu desejo que os filhos daqui recebam uma
educação apropriada, para que possam chegar a ser o que desejarem, granjeiros, pastores, professores, lojistas ou oficiais da lei...
-Tudo menos forasteiros?
-Justamente! Há alguma razão pela qual não possamos permanecer um tempo no canhão? Posso comprar todos quão materiais os filhos necessitam para iniciar sua aprendizagem,
e determinar o que seria o melhor para eles depois. Seus homens também poderiam aprender novos ofícios. Necessitarão tempo para ajustar-se. Duvido muitíssimo que
insistam em permanecer proscritos.
-Estará contente ficando aqui?
-Soa conmocionado. Não te provei que posso viver tão simplesmente como qualquer neste país?
atirou dela para aproximá-la mais e lhe deu um sonoro beijo. Ela nem sequer fingiu muita resistência.
-Há uma coisa mais . - Disse, ficando séria. - Vim ao oeste procurande Quentin. ainda tenho a sensação de que não tudo está bem com ele. Se estiver em alguma parte
deste país, devo encontrá-lo.
-Certamente. -afastou-a e lhe segurou os braços, se por acaso lutasse. - O pensei muito. Fui eu o que te trouxe para o oeste. É minha carga terminar o que te forcei
a começar. Uma vez que esteja bem assentada, cavalgarei para encontrá-lo e lhe devolverei isso são e salvo.
-Não sem mim. E agora não podemos abandonar aos filhos. Mas deve haver algum rastreador capaz ao que possa contratar para encontrá-lo. Estou bastante segura de que
Weylin poderia nos ajudar.
Ele inclinou a cabeça e sorriu melancolicamente.
-ah, se agora não fora tão responsável, insistiria em que fôssemos juntos. Dias de grandes aventura, noites de amor sob as estrelas...
-Não estão perdidos para sempre, Tomás . - Disse. - Teremos esses dias e noites. -Desviou o olhar. - Ou lamenta...
-Nunca, nunca. -Sujeitou-a novamente em seus braços. - Me deste uma razão para viver. É minha vida.


Uma hora mais tarde Rowena se ajustou a camisa e se arrumou o cabelo até deixá-lo algo apresentável, e por um acordo tácito se levantaram e retornaram pelo atalho
À vila, onde os homens e filhos rondavam ao redor da improvisada mesa que Néstor tinha colocado na praça. O cordeiro se assava sobre um fogo aberto, e o aroma de
frijoles e Chile saía da casa do Néstor.
a gente do canhão teve seu pequeno baile essa noite, com Esperança e Rowena acompanhando a um homem atrás de outro, e os filhos imitando a suas majores com gemidos
de risada.
Tomás passou a maior parte do tempo observando. Essa era sua gente. Já não tinha medo de admitir o profundo afeto que lhes tinha. O futuro tinha espaço para tais
emoções. aceitaria-as gostosamente.
Havia uma grande calma em Esperança, uma sensação de expectativa, embora dançava e ria com suficiente boa vontade. Tomás viu Rowena arrastar À moça a um lado, e
falar em voz baixa enquanto os homens faziam uma pausa para fumar e intercambiar fanfarronadas. Rowena retornou junto a Tomás com ar pensativo, mas manteve em privado
o que ela e Esperança tinham discutido.
Não foi até que todos estiveram exaustos e procurando uma cama que Tomás levou a Rowena À moradia da cova onde uma vez tinha sido seu prisioneira.
Ela subiu pela escada de madeira sem vacilar e se sentou com as pernas cruzadas sobre o piso de pedra fresca. Tomás acendeu uma só vela e as figuras pintadas no
muro dançaram em celebração por sua volta.
-acredito que posso ouvi-los -sussurrou Rowena.
-Ouvir o que? . - Disse ele, colocando as peles para sua cama.
-a antiga música dessas pedras. Uma vez me - Disse que a escutasse, que esses eram os ossos da terra. acredito que finalmente o entendo.
tornou-se sobre as peles, fechando os olhos, e ele se acomodou junto a ela. Tomás nunca tinha conhecido tanta paz. Mas ao passar os minutos começou a ser consciente
de seu aroma, e a curva de seus quadris e peito, e a necessidade primitiva de unir-se que nunca estaria satisfeita. Enquanto vivesse, desejaria-a. amaria-a. apoiou-se
sobre um cotovelo e passou o dedo sobre o mamilo da mulher, até que este se apertou sob a blusa.
Ela se voltou para ele e se beijaram.
-Crie que lhes importará? -murmurou ela sem fôlego enquanto ele deslizava a mão sob a blusa.
-a quem?
-Às pessoas que alguma vez viveu aqui.
Ele riu brandamente.
-Não te - Disse que amavam a vida? Foram como nós; viveram, e comeram, dormiram, e fizeram filhos. Entenderam o coração das coisas. Não nos invejariam.
E Rowena não invejou toda a paixão que tinham. Esta vez sua união foi verdadeiramente bendita, como se não tivessem estado casados até esse momento.
Jazeram entrelaçados até o entardecer, quando Rowena se levantou para olhar o canhão pelas janelas. Era inconsciente da beleza de sua nudez, mas ele deixou de lado
o prazer egoísta de observá-la e a envolveu com uma manta navajo, passando-lhe sobre os ombros. Ela suspirou e se acomodou entre seus braços.
Viu então o que ela tinha observado com tanta intensidade: a solitária figura percorrendo o caminho que atravessava o canhão, uma pequena forma feminina montando
um cavalo selado.
-Esperança . - Disse surpreso. - O que é o que está fazendo?
-nos deixando . - Disse Rowena.
Falou sem consternação e com um pouco de tristeza, e Tomás soube o que ela e a moça tinham discutido no baile.
-por que? -perguntou, abraçando-a mais perto.
. - Disse que tinha muito que aprender, e se permanecia aqui seria muito fácil voltar para a velha vida que conhecia . - Disse Rowena. - - Disse... que você e
eu a protegeríamos da dor e as provocações, mas entendia que o que devia descobrir estava em outra parte. Fora daqui.
Tomás apoiou o queixo em seu ombro e esfregou sua bochecha contra a dela.
-É sábia.
-E muito valente. Espero que um dia retorne conosco.
-Fará-o -lhe deu a volta e tomou o rosto entre as mãos. - Têm um dito: "Não se pode lutar contra o destino."
-Ou contra a verdadeira natureza.
-Meus dias de luta terminaram. Tenho a intenção de dedicar o resto de meus dias ao amor. - Com um amplo sorriso, voltou-a a pôr entre as peles.

 

 

                                                   Susan Krinard         

 

 

 

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