Biblioteca Virtual do Poeta Sem Limites
UMA VIDA SEM LIMITES
Nick Vujicic e sua família
Meu nome é Nick Vujicic (pronuncia-se Vuichich). Tenho 27 anos de idade. Nasci sem os braços e sem as pernas, não deixo que a minha condição me imponha limites. Viajo pelo mundo incentivando as pessoas a superarem suas adversidades por meio da fé, da esperança, do amor e da coragem, para que, assim, possam batalhar por seus sonhyos. Neste livro, compartilharei com voce as minhas experiências em uma luta com dificuldades e adversidades, algumas delas exclusivas da minha condição, mas, em sua maioria, obstáculos universais e comuns a todos nós. Meu objetivo é encorajá-lo a encarar os seus próprios problemas e dissabores, de modo que poissa encontrar o sentido da sua própria existência e o caminha para uma vida absurdamente boa.
Muitas vezes achamos que a vida é injusta. O sofrimento e as circunstâncias adversas podem suscitar a dúvida e o desespero. Disso eu entendo muito bem. Mas a Bíblia diz: “Meus irmãos, considerai uma grande alegria quando tiverdes de passar por provações”. É uma lição que levei anos para aprender. No fim das contas, entendi, e, por meio das minhas experiências, posso ajudá-lo a enxergar que a maior parte das provações que temos de enfrentar nos propicia oportunidades para que descubramos que estamos destinados a ser e como podemos usar nossos dons para ajudar outras pessoas.
Meus pais são cristãos devotos, mas depois que nasci sem os braços e sem as pernas se perguntaram o que Deus tinha em mente ao me criar. No começo, eles achavam que não podia haver esperança e futuro para alguém como eu, e que jamais levaria uma vida normal ou produtiva.
Hoje, porém, a minha vida é muito mais do que poderia ter imaginado. Todos os dias converso com desconhecidos, via telefone, e-mail, mensagens de texto e Twitter. As pessoas abordam-me em aeroportos, hotéis e restaurantes, abraçam-me e dizem que, de alguma maneira, toquei a vida delas. Sou verdadeiramente abençoado. E absolutamente feliz.
O que nem a minha família enm eu podíamos ter antevisto era que a minha deficiência, o meu “fardo”, podia também ser uma benção, propiciando-me oportunidades únicas de me relacionar com as pessoas, chegar ao seu coração, solidarizar-me com elas, entender sua dor e oferecer-lhes alívio e conforto. Sim, de fato tenho necessidades especiais, mas também sou abençoado por ter uma família amorosa, uma mente perspicaz e uma fé profunda e tolerante. Aqui e ao longo do livro serei sincero a ponto de confidenciar a minha fé e o meu senso de propósito na vida só se fortaleceram depois que enfrentei alguns períodos bastante assustadores.
Na adolescência, quando cheguei àquela época em que todos temos dúvidas acerca de nós mesmos e sobre qual é o nosso lugar no mundo, a minha sitação me deixou desesperado, porque senti que nunca seria normal. Não havia como esconder o fato de que meu corpo não era como o dos meus colegas de classe. Por mais que tentasse fazer as atividades normais, coisas como nadar e andar de skate, isso só aumentava a minha consciência de que simplesmente existiam coisas que jamais conseguiria fazer.
Também não ajudou em nada o fato de que algumas crianças cruéis me chamavam de “aberração” e “alienígena”. Obviamente, sou humano, e queria ser como todo mundo, mas aparentemente as chances de isso acontecer eram mínimas. Eu queria ser aceito. Mas sentia que não era. Queria me encaixar, me ajustar, achar meu lugar. Mas não conseguia. Dei de cara com a parede. À minha frente havia uma montanha de dificuldades.
Meu coração ficou apertado de tanta dor. Fiquei deprimido, esmagado por pensamentos negativos, e minha vida parecia não ter sentido. Sentia-me sozinho, mesmo estando rodeado pela família e pelos amigos. Tinha medo e me angustiava ao pensar que seria eternamente um peso para as pessoas que amava.
Mas eu estava muito, muito errado. As coisas que ainda não sabia, naqueles dias sombrios e desesperançados, dariam para encher um livro inteiro. Na verdade, este mesmo livro que voce tem nas mãos. Nas páginas que se seguem vou mostrar métodos para encontrar esperança mesmo em meio a terríveis provações e atribulações. Vou iluminar o caminho para o outro lado que existe depois do sofrimento, aonde você pode chegar mais forte, mais determinado e fortalecido para batalhar pela vida que quiser levar, e, quem sabe, até mesmo encontrar uma existência além do que poderia imaginar.
Se voce tiver desejo e paixão para fazer uma coisa, e se ela estiver ao alcance de Deus, vai conseguir. Essa é uma frase poderosa. Para ser sincero, eu mesmo nem sempre acreditei nisso. Se já assistiu a algumas das minhas palestras ou pregações postadas na Internet, a felicidade que exala do meu rosto naqueles vídeos é resultado da jornada que fiz. No começo, não tinha tudo de que necesitava, e precisei encontrar essas coisas ao longo do caminho. Para viver sem limites, encontrei tudo de que precisava:
Um poderoso senso de propósito na vida;
Uma esperança tão forte que é impossível diminuí-la;
Fé em Deus e nas infinitas possibilidades;
Atitude com altitude;
Um espírito corajoso;
Vontade de mudar;
um coração confiante;
a fome de aproveitar as oportunidades;
a capacidade de avaliar riscos de rir da vida e
a missão de ajudar as pessoas e colocá-las em primeiro lugar.
Cada capítulo deste livro é dedicado a um desses atributos, explicados de tal maneira que – assim espero – você possa usá-los e colocá-los em prática em sua própria jornada, rumo a uma vida plena e repleta de significado. Ofereço essas diretrizes porque compartilho do amor que Deus sente por você. Quero que experimente toda a alegria e as realizações que Ele planejou para sua vida.
Se você é uma das muitas pessoas que lutam todos os dias contra as dificuldades da existência, tenha em mente que, em um lugar além das minhas adversidades, havia um propósito de vida à minha espera. E até aqui ficou evidente que esse desígnio era algo muito, muito maior do que qualquer coisa que eu poderia imaginar.
Talvez você passe por períodos difíceis. Talvez caia e sinta que não tem forças para se levantar. Conheço essa sensação, meu amigo. Todos nós a conhecemos. A vida nem sempre é fáciulo, mas, quando superamos as adversidades, nos tornamos mais fortes e mais gratos pelas oportunidades. O que relamente importa são as vidas que você consegue tocar e influenciar de maneira positiva ao longo do caminho, e como completa a sua jornada.
Amo a minha vida com a mesma intensidade com que amo a sua. Juntos, as possibilidades para nós são absurdamentes maravilhosas. Então, o que me diz? Vamos nessa, camarada?
E você não consegue um milagre, torne-se um!
Um dos meus vídeos mais populares e acessados do Youtube é uma filmagem que sou protagonista: ando de skate, surfo, toco instrumentos musicais, dou uma tacada de golfe, caio e me levanto, converso com plateias... E o melhor de tudo é que recebo abraços de todo tipo de pessoas sensacionais. No fim das contas, essas são atividades rotineiras, coisas que praticamente qualquer pessoa pode fazer, certo? Então por que esse vídeo já foi visto milhões de vezes?
Minha teoria a respeito do interesse das pessoas pelo vídeo é a seguinte: apesar das minhas limitações físicas, vivo como se não tivesse limites. Quase sempre as pessoas esperam que alguém que tem uma grave deficiência seja uma criatura inativa... talvez furiosa, introvertida, excessivamente tímida ou inquieta. Gosto de surpreendê-las mostrando que levo uma vida aventureira e cheia de realizações.
Entre as centenas de comentários a respeito desse vídeo, eis que um é típico. "Ver que um cara como você é tão feliz me faz parar para pensar porque às vezes sinto pena de mim mesmo! Sinto que não sou bonito, muito engraçado, ou... sei lá! Como posso ter pensamentos desse tipo, quando esse rapaz não tem braços, nem pernas, e ainda assim é feliz?"
Ouço sempre a mesma pergunta: "Nick, como você pode ser tão feliz?" Talvez você lide com suas próprias adversidades, então vou dar uma resposta curta e grossa, logo de cara. Encontrei a felicidade quando entendi que, por mais imperfeito que eu seja, sou perfeito Nick Vujicic! Sou uma obra de Deus, criado de acordo com o plano que designou para mim. Isso não é o mesmo que dizer que não há espaço para aperfeiçoamento. Sempre tento melhorar para que assim, possa servir melhor a Ele e ao mundo. Acredito do fundo do coração que a minha vida não tem limites. Quero que sinta a mesma coisa em relação À sua vida, qualquer que sejam seus problemas.
Agora que iniciamos a nossa jornada juntos, por favor, reserve alguns minutos para pensar nas limitações que você mesmo impôs à sua vida - ou que permitiu que outras pessoas impusessem. Agora pense em como seria se você se visse livre dessas limitações. Como seria a sua vida se tudo fosse possível?
Oficialmente sou deficiente, mas na realidade, a ausência de braços e pernas me deixou bastante eficiente. Meus problemas físicos me propiciaram incríveis oportunidades de conhecer pessoas "necessitadas", e entrar na vida delas. Então, imagine só o que você pode fazer!
Muitas vezes acabamos nos convencendo de que não somos suficientemente bonitos, ou não somos inteligentes o bastante. Acreditamos no que os outros dizem sobre nós,, ou impomos restrições à própria existência. O pior é que, quando você se considera indigno, cria obstáculos ao que Deus poderia fazer por você. Quando você desiste de seus sonhos, coloca Deus dentro de uma caixa. Afinal, você é criação dele: Ele o criou por um motivo, por um propósito; portanto, sua vida não pode ser limitada. Assim como é impossível refrear o amor de Deus. Tenho a chance de escolher: você tem a chance de escolher...
Podemos optar por indivíduos que dão importância apenas às decepções e insistem em enfatizar as falhas e deficiências. Podemos decidir em ser pessoas amargas, raivosas ou tristes. Ou o contrário: quando tivermos de encarar períodos difíceis e lidar com pessoas daninhas, podemos optar por aprender com a experiência e seguir em frente, assumindo a responsabilidade por nossa própria felicidade. Por ser filho de Deus, você é bonito e precioso, e vale mais do que todos os diamantes do mundo.
Somos perfeitamente adequados para cumprirmos nossos propósitos. Mesmo assim, nosso objetivo deve ser sempre o de nos tornarmos ainda melhores, forçando nossos limites, ampliando horizontes, sonhando alto.
Ao longo do caminho são necessários ajustes, porque a vida nem sempre é um mar de rosas; mas sempre vale apena ser vivida. Estou aqui para dizer que, quais forem as circunstâncias - enquanto você estiver respirando -, tem uma contribuição a dar.
Não posso colocar a mão sobre seu ombro para tranquilizá-lo e renovar a sua confiança, mas posso falar do fundo do coração: por mais desesperada que a sua vida possa parecer, existe esperança! Por piores que sejam as circunstâncias, dias melhores virão. Não importa que a sua situação pareça medonha, você pode se esforçar para enfrentá-la. Apenas desejar a mudança não vai mudar nada; tomar a decisão e agir imediatamente vai mudar tudo!
Todos os eventos conspiram para o bem. Tenho certeza disso porque aconteceu comigo. Uma vida sem braços e pernas pode ser boa?
Só de olhar para mim as pessoas podem ver que encarei e superei muitas dificuldades e muitos empecilhos. Isso faz com que sintam dispostas a me ouvir como fonte de inspiração, e permitem que compartilhe com elas a minha fé, que lhe diga que são amadas e que eu lhes dê esperança.
Essa é a minha contribuição. É importante reconhecer seu próprio valor - saber que tem uma contribuição a fazer. Se neste momento você está se sentindo frustrado, tudo bem! Seu senso de frustração significa que você quer mais do que teve até agora e é bom! Muitas vezes, são os obstáculos que nos mostram quem realmente estamos destinados a ser.
Uma vida de valor
Levei bastante tempo para reconhecer os benefícios das circunstâncias em que nasci. Minha mãe tinha 25 anos quando engravidou (eu seria seu primeiro filho), trabalhava como parteira e enfermeira pediátrica, e era encarregada de uma sala de parto onde cuidava de centenas de mães e seus recém-nascidos. Quando ficou grávida, ela sabia o que fazer. Seguiu dieta, tomou remédio, não consumiu álcool, nem aspirina e outros analgésicos. Consultou-se com os melhores médicos e eles garantiram que tudo "ia muito bem".
Mesmo assim, minha mãe continuou apreensiva. à medida que foi se aproximando a data do parto, em várias ocasiões manifestou para o meu pai a sua preocupação. "Espero que esteja tudo bem com o bebê!"
Durante a gravidez, os médicos fizeram dois ultra-sons e nada de estranho foi detectado. Disseram a meus pais que o bebê era um menino, mas nenhuma palavra sobre a ausência de braços e pernas.
Assim que nasci, no dia 4 de dezembro de 1982, não deixaram que minha mãe me visse e a pergunta que ela fez A UM DOS MÉDICOS FOI: "Tudo bem com o bebê?"
Silêncio... à medida que os segundos passavam e a equipe médica não me colocava nos braços dela, minha mãe sentiu que havia algo errado. Em vez de me entregarem a ela, como seria normal, as enfermeiras chamaram um pediatra e foram para o canto oposto do quarto, onde ficaram me examinando e conferenciando aos sussurros. Quando minha mãe ouviu um grito agudo e saudável do bebê, ficou aliviada.
Mas meu pai, que durante o parto tinha notado que eu nascera sem um dos braços, passou mal e foi levado para fora da sala de parto.
Chocados diante da visão do meu corpo, médicos e enfermeiras rapidamente me embrulharam em panos. Minha mãe, que tinha participado, como enfermeira de centenas de partos, não se deixou enganar. Leu a aflição no rosto da equipe médica e na mesma hora soube que havia algo muito errado.
- O que foi? O que há de errado com o meu bebê?
O médico não respondeu de imediato, mas quando ela insistiu, exigindo uma resposta, a única explicação que ele deu foi expressa por um termo especializado: focomelia.
Por causa de sua experiência em enfermagem, ela reconheceu o termo médico como a condição de má formação congênita, em que bebês nascem com os membros pouco desenvolvidos, ou até mesmo ausentes.
Enquanto isso meu pai, atônito, estava lá fora, perguntando a si mesmo se tinha mesmo visto que achava o que vira. Quando o pediatra foi falar com ele berrou:
- Meu filho não tem braços!
- Na verdade, seu filho não tem braços nem pernas - respondeu o médico, da maneira mais sensível que podia.
Meu pai perdeu as forças. Suas pernas ficaram bambas, tamanha sua perplexidade e angústia. Ele desabou sobre a cadeira, incapaz de articular sobre as palavras, mas logo depois, entraram em sena seus instintos de proteção. Foi imediatamente conversar com a minha mãe antes que ela me visse, mas, para seu desalento, encontrou-a chorando na cama.
A equipe do hospital já tinha lhe dado a notícia. Eles haviam se oferecido para me mostrar para ela, mas minha mãe tinha se recusado para me segurar nos braços e pediu que me levassem para longe. As enfermeiras choravam, a parteira também, e é claro, eu estava chorando.
Por fim, colocaram-me ao lado de minha mãe e ainda embrulhado. E ela achou insuportável aquela visão: seu filhinho sem os braços e as pernas.
- Levem este bebê daqui! Não quero tocar nele, nem vê-lo!
Até hoje meu pai lamenta o fato de que a equipe médica não tenha lhe dado tempo de preparar adequadamente a minha mãe.
Mais tarde, enquanto ela dormia, ele me visitou no berçário e, ao voltar para o quarto dela, disse:
- Ele é bonito...
Perguntou se já queria me ver, mas ela, ainda muito abalada, recusou-se. Ele entendeu seus sentimentos. Em vez de comemorar meu nascimento, meus pais e as pessoas da igreja que frequentavam ficaram de luto.
- Se Deus é um deus de amor, por que deixaria uma coisa dessas acontecer? - perguntavam-se.
A tristeza da minha mãe
Fui o primeiro filho dos meus pais. Em qualquer família, isso seria motivo de grande festa e de alegria, mas quando nasci ninguém mandou flores para minha mãe. Isso só serviu para deixá-la ainda mais magoada e aprofundar seu desespero. Triste, com lágrimas nos olhos, perguntou ao meu pai:
- Será que mereço flores?
- Sinto muito, mas... é claro que merece.
Ele foi à floricultura do hospital e logo depois voltou para o quarto e presenteou-a com um buquê.
Só fiquei sabendo dessas coisas aos 13 anos de idade, quando comecei a questionar meus pais sobre meu nascimento e à reação inicial deles à minha falta de braços e pernas. Tivera um dia péssimo na escola e quando relatei minhas agruras à minha mãe, ela chorou comigo. Disse-lhe que estava farto de não ter braços e pernas. Com lágrimas nos olhos, minha mãe me disse que ela e meu pai entenderam que Deus tinha um plano para mim e que Ele o revelaria.
O tempo passou e eu continuei fazendo perguntas - às vezes para minha mãe, às vezes para meu pai, ora com ambos... Em parte, a minha busca por respostas era curiosidade natural; em parte, era uma reação aos insistentes questionamentos que eu ouvia dos meus curiosos colegas de classe.
No começo, fiquei com um pouco de medo do que meus pais poderiam me dizer e uma vez que esse era um tema difícil para eles, não queria colocá-los na berlinda.
Em nossas primeiras conversas, minha mãe e meu pai deram respostas cautelosas, com a intenção de me proteger. À medida que fui ficando mais velho e mais insistente, revelaram-me mais detalhes sobre seus sentimentos e temores porque agora sabiam que eu podia aguentar o tranco. Mesmo assim, quando minha mãe contou que quando nasci, não queria me segurar nos braços, foi difícil (para dizer o mínimo) de que era bastante inseguro, mas ouvir que minha mãe não suportava sequer olhar para mim foi... Bom, imagine só o que você teria sentido!
Fiquei arrasado e me senti rejeitado. Mas depois pensei em tudo que eles tinham feito por mim. Já tinham dado inúmeras provas do seu amor.
Quando iniciei essas conversas com minha mãe, já tinha idade suficiente para me colocar no lugar dela. Além de sua própria intuição, durante a gravidez não contou com nenhum tipo de alerta e não teve como saber o que aconteceria. Estava apavorada e em estado de choque.
Como eu teria reagido nessa situação,? Não sei ao certo se lidaria tão bem com isso quanto os meus pais. Fiz questão de dizer-lhes isso e, com o passar do tempo, nossas conversas ficaram cada vez mais profundas.
Fico feliz que tenhamos esperado até que me sentisse seguro sabendo, no fundo do coração, que os meus pais me amavam.
Conversamos muitas vezes e trocamos ideias e impressões, e sua fé me permitiu ver que estava destinado a servir aos propósitos de Deus. Fui uma criança bastante determinada e, na maior parte do tempo, feliz e otimista. Meus professores, os pais de outras crianças e até mesmo muita gente que meus pais sequer conheciam, diziam a eles que a minha atitude era muito inspiradora.
De minha parte entendi que por maior que fossem os obstáculos da minha vida, muitas pessoas carregavam fardos bem mais pesados que o meu.; Hoje, em minhas viagens pelo mundo afora, vejo situações de inacreditável sofrimento. Isso faz com que sinta grato por aquilo que tenho, e menos propenso a me concentrar apenas no que me falta.
Já vi crianças órfãs, paralíticas e com doenças paralisante e degenerativas; mulheres forçadas a se submeter à escravidão sexual; homens presos porque eram tão pobres que sequer conseguiam pagar suas dívidas.
O sentimento é universal - e inacreditavelmente cruel -, mas mesmo nas piores favelas, e depois das mais horríveis tragédias, meu coração se alegrou quando vi pessoas que não apenas sobreviviam, mas também prosperavam. Alegria era certamente a última coisa que eu esperava encontrar em um lugar chamado "Cidade do Lixo" - a pior favela do Cairo, Egito -, no subúrbio de Manshiet Nasser. Fica exprimido entre colinas rochosas. Lamentável apelido, assim como o mau cheiro que inevitavelmente se instalou em toda a região, vem do fato de que a maior parte dos 50 mil residentes tira seu sustento da coleta do lixo.
Todos os dias os homens saem de casa logo cedo - por volta das 4 horas da manhã - em carroças puxadas por jegues e vão coletar todo o lixo que podem levar para casa. No lar, as mulheres (mães e filhas) separam o que é reciclável de tudo o que foi coletado no dia anterior. O lixo orgânico não aproveitado é dado aos porcos que são criados por ali também.
Cada centímetro das ruelas é usado para armazenar dejetos e daí veio a alcunha de "Cidade do Lixo". Todos os dias, eles vasculham montanhas de dejetos, produzidos por uma cidade com 18 milhões de habitantes, na esperança de encontrar objetos para vender, reciclar ou utilizar de alguma forma.
Em meio Às ruas atravancadas de chiqueiros e pilhas de lixo fétido, o normal seria esperar um punhado de gente massacrada pelo desespero. Mas quando lá estive, em 2009, encontrei exatamente o contrário. É claro que os catadores de lixo, chamados de "zebalinn" levam uma vida dura, mas encontrei gente generosa e carinhosa, aparentemente feliz, cheia de fé.
No Egito, 90% da população é muçulmana, mas a cidade do lixo é a única comunidade majoritariamente cristã. Quase 98% dos residentes são cristãos, coctas.
Já estive em algumas das favelas mais pobres do mundo. Em todos os cantos do planeta, o que diz respeito ao ambiente, a cidade do lixo foi um dos lugares mais degradantes que já vi, mas em relação ao espírito, foi um dos mais acolhedores. Conseguimos acolher quase 150 pessoas dentro de um prédio acanhado, que funcionava como igreja local.
Quando comecei a falar, fiquei arrebatado pela felicidade que emanava da minha plateia. Estavam simplesmente sorrindo, radiantes! Poucas vezes na minha vida me senti tão abençoado! Agradeci aos céus pelo fato de que, por meio da fé, aquelas pessoas conseguiam superar as vicissitudes das circunstâncias em que viviam. E disse a elas que Jesus tinha mudado a minha vida também.
Conversei com os líderes da igreja sobre a mudança da vida naquele vilarejo, graças ao poder de Deus. A esperança daquelas pessoas não estava depositada nessa terra, mas na eternidade (nesse ínterim), enquanto estão neste mundo, aquelas pessoas acreditam em milagres e agradecem a Deus por quem Ele é e por tudo que Ele faz.
Antes de irmos embora, presenteamos algumas pessoas com arroz, chá e uma pequena soma em dinheiro, suficiente para que comprassem comida por algumas semanas. Também distribuímos equipamentos esportivos (bolas de futebol e cordas) para as crianças. Imediatamente elas convidaram nosso grupo para brincar e nos divertimos à beça, - rindo e saboreando o momento -, embora estivéssemos rodeados pela miséria.
Jamais me esquecerei daquelas crianças que jogavam bola e pulavam corda, e do sorriso estampado no rosto de cada um. Aquilo provou mais uma vez que a felicidade pode surgir em qualquer circunstância e situação, desde que depositemos nossa total confiança em Deus.
Como crianças tão pobres podem sorrir? Como presidiários podem cantar com tamanha alegria? Essas pessoas transcendem as adversidades, aceitando que certos eventos estão acima de seu controle e também de sua compreensão. E se concentram naquilo em que conseguem acreditar e compreender.
Meus pais fizeram exatamente isso: seguiram em frente no momento em que decidiram acreditar na palavra divina, de que todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus; daqueles que são chamados segundo seu propósito. (1)
Uma família de Fé
Minha mãe e meu pai nasceram na parte da Antiga Iugoslávia (atualmente conhecida como Sérvia), no seio de famílias profundamente cristãs que por causa da revolução comunista, imigraram para a Austrália. Meus avós eram cristãos apostólicos, e entre os preceitos de sua fé estavam o de não pegar em armas.
Os comunistas discriminavam e perseguiam os cristãos que eram obrigados a se reunir em segredo para celebrar seus cultos, e por se recusarem a ingressar no Partido Comunista, que controlava todos os aspectos da vida das pessoas, os cristãos também sofriam do ponto de vista financeiro.
Por essa razão, quando meu pai era jovem, chegou muitas vezes a passar fome. Meus avós maternos e paternos juntaram-se aos milhares de sérvios cristãos, que depois da Segunda Guerra Mundial emigraram para a Austrália e também para os Estados Unidos e Canadá: países em que eles e seus filhos e netos poderiam praticar livremente a crença cristã. Mais ou menos nessa mesma época, outros familiares deles também resolveram embarcar para os Estados Unidos e o Canadá, razão pela qual também tenho muitos parentes nesses dois países da América do Norte.
Meus pais se conheceram em uma igreja de Melbourne e minha mãe, Dushka, estava cursando o segundo ano ano da escola de enfermagem do Royal Children's Hospital em Victoria. Meu pai, Boris, trabalhava em um escritório de administração e contabilidade. Mais tarde tornou-se pastor leigo.
Quando eu tinha mais ou menos sete anos de idade, cogitaram a ideia de se mudar para os Estados Unidos, onde achavam que seria mais fácil ter acesso a próteses melhores e uma boa assistência médica para nos ajudar a lidar com a minha deficiência física.
Meu tio, Batta Vujicic, era dono de uma empresa de construção e administração de imóveis em Agoura Hill’s, acerca de 60 quilômetros de Los Angeles. Batta sempre dizia que se meu pai conseguisse um visto de trabalho, teria um emprego garantido. Nos arredores de Los Angeles havia uma numerosa comunidade de sérvios cristãos, várias igrejas, o que também atraía meus pais.
Meu pai descobriu que obter um visto de trabalho era um processo lento e demorado e decidiu dar entrada na papelada, mas enquanto isso, minha família se mudou para Brisbane,Queesland - 1600 quilômetros ao norte -, onde o clima era melhor para mim, pois eu também sofria de alergias. Eu tinha cerca de dez anos de idade e cursava o quarto ano do ensino fundamental quando tudo, por fim, se ajeitou para nossa mudança rumo aos Estados Unidos. Meus pais acharam que eu e meus dois irmãos mais novos, Aaron e Michelle -, já estávamos em uma boa idade para a assimilação do sistema educacional Nos Estados Unidos.
Esperamos dezoito meses em Queensland,, até que o visto de três anos de meu pai fosse emitido e finalmente nos mudamos em 1994.
Infelizmente a mudança para a Califórnia não ocorreu conforme o planejado por uma série de razões. Quando deixamos a Austrália, já estava no sexto ano. Minha nova escola de Agura Hill's era super lotada. Só arranjei vaga nas turmas avançadas - que eram bastante difíceis -, e além disso, os programas curriculares eram diferentes. Até então sempre fora um bom aluno, mas batalhei para me adaptar Às novidades.
Devido Às diferenças de calendário escolar, antes mesmo de começar a estudar na Califórnia, eu já estava literalmente atrasado. Tive tremendas dificuldades para acompanhar o ritmo dos outros alunos. Diferentemente do que acontecia na Austrália, na escola em que fui matriculado, os alunos tinham de trocar de sala a cada matéria, o que foi um obstáculo adicional à minha adaptação.
Fomos morar com meu tio Batta, sua esposa Rita e seus seis filhos. Por isso, embora vivesse em uma casa enorme em Agoura Hill's, o lugar era bastante tumultuado. O plano era nos mudarmos para nossa própria casa o mais rápido possível, mas os preços dos imóveis eram bem mais altos do que na Austrália.
Meu pai foi trabalhar na empresa do meu tio, mas minha mãe não deu continuidade à sua carreira de enfermeira, pois sua prioridade era cuidar da nossa adaptação Às nossas novas escolas e ao novo ambiente. Por isso, nem sequer tinha requerido licença para trabalhar.
Depois de três meses morando com a família do tio Batta, meus pais concluíram que a mudança para os Estados Unidos não estava dando muito certo,. Eu enfrentava apuros na escola e eles tiveram dificuldade para obter aprovação do meu seguro-saúde e bancar o alto custo de vida na Califórnia. Havia também a preocupação de que jamais conseguíssemos fixar residência permanente nos Estados Unidos. Um advogado alertou minha família de que meus problemas físicos poderiam ser um entrave à aprovação por conta de possíveis dúvidas sobre a capacidade dos meus pais de custearem as despesas médicas relacionadas à minha deficiência. Com tantos fatores pesando contra, meus pais decidiram voltar para Brisbane, depois de apenas quatro meses nos Estados Unidos.
Encontraram uma casa na mesma rua sem saída onde tínhamos morado antes da mudança e assim, retomamos a convivência com nossos amigos e voltamos a estudar nas mesmas escolas. Meu pai retomou as aulas de computação e administração no colégio técnico, e minha mãe dedicou-se a cuidar dos filhos, principalmente de mim.
Uma criança nada fácil
Nos últimos anos, meus pais têm sido bastante sinceros ao descrever os temores e pesadelos de ambos, no período posterior ao meu nascimento. Durante a minha infância, nunca me deram pistas que não era exatamente a criança de seus sonhos,.
Nos meses após minha chegada, minha mãe teve medo de sequer não conseguir olhar para mim. Meu pai não vislumbrava um futuro feliz e se preocupava com o tipo de vida que eu teria: se eu era indefeso, incapaz de enfrentar a vida, se ele achava que o melhor para mim era ir para junto de Deus. Os dois pesaram na balança suas opções, incluindo a possibilidade de me dar para adoção. Os meus avós - tanto os paternos quanto os maternos -, se ofereceram para cuidar de mim. Meus pais recusaram a oferta e decidiram que era responsabilidade deles me criar e me educar da melhor maneira possível.
Depois do luto inicial, arregaçaram as mangas, iniciaram a tarefa de educar um filho deficiente da maneira mais normal que pudessem. São pessoas de uma fé poderosa e se convenceram de que Deus deve ter tido alguma razão para lhes dar um filho como eu.
Alguns ferimentos se curam mais rápido se você continuar se movimentando; o mesmo vale para os reveses da vida. Talvez você pode ter perdido emprego, o seu relacionamento amoroso não esteja dando certo... talvez as contas estejam acumulando e você se afunde em dívidas. Não deixe sua vida em estado de suspensão e não se permita dar importância à injustiça excessiva das dores passadas. Em vez disso, procure maneiras de seguir em frente.
Talvez haja um emprego melhor à sua espera, um trabalho mais estimulante, mais bem remunerado. Talvez seu relacionamento esteja precisando de uma boa sacudida ou, quem sabe, encontrar alguém que seja melhor para você. E talvez seus problemas financeiros o inspire a encontrar novas e ciativas maneiras de economizar dinheiro e prosperar.
Nem sempre podemos controlar o que acontece conosco. Há certos fatos na vida de que não temos culpa e que não temos o poder de impedir. Você tem duas opções: desistir ou seguir em frente e batalhar por uma vida melhor. Meu conselho é: saiba que tudo acontece por uma razão e que, no fim das contas, tudo sempre resulta em algo bom.
Quando criança, eu simplesmente achava que era um bebê adorável - naturalmente charmoso - e a criatura mais amável da face da terra. A bem-aventurada ignorância infantil era uma bênção! Eu sabia que era diferente e que teria pela frente um batalhão de dificuldades.
Sabe de uma coisa? Acho que a vida só nos dá o que temos condições de suportar. Juro que, para cada deficiência ou defeito que você tem, a vida o abençoou com muitas habilidades e talentos para superar seus obstáculos. Deus me equipou com uma incrível determinação, bem como com dons e talentos.
Logo dei mostra de que mesmo sem braços nem pernas, era atlético e tinha boa coordenação motora, mesmo que meu corpo fosse apenas um tronco. Era também um menino traquinas e intrépido, que adorava rolar e não parava. Aprendi a me colocar em posição vertical ao apoiar minha testa contra a parede e me aprumar. Meus pais passaram horas comigo tentando me ajudar a dominar o método mais confortável, mas sempre insisti em encontrar meu próprio jeito. Minha mãe tentava me ajudar, espalhando almofadas pelo chão para que eu pudesse usá-las como ponto de apoio para me levantar.
Por alguma razão, decidi simplesmente que era melhor recostar minha testa na parede e me erguer. Fazer as coisas desse jeito, mesmo que fosse a forma mais difícil, tornou-se minha "marca registrada".
Naqueles primeiros dias, usar minha cabeça era minha única opção. Graças a esse fato, desenvolvi meu gigantesco intelecto. Brincadeirinha! Meu pescoço ficou com a força de um touro e minha testa ficou dura e resistente, feito uma bala de canhão.
Obviamente, meus pais viviam preocupados comigo. A experiência materna ou paterna é chocante, mesmo para quem tem um bebezinho cujo corpo tem todas as partes que lhe são próprias. Pais e mães de primeira viagem brincam quando dizem que os primogênitos deviam vir acompanhados de um manual de instruções. No meu caso, nem mesmo no livro do Dr. Spock havia um capítulo para crianças como eu. (2)
* Referente ao pediatra norte-americano Benjamin Mclare Spock, nascido em 1903 e morto no ano de 1998, que se tornou famoso com a obra Common Sense Book of Baby and Child Care, em 1946. Primeiro de uma série de livros que transformaram radicalmente as concepções dominantes nos Estados Unidos acerca da educação infantil, defendendo uma postura liberal, flexível e mais permissiva.
Mesmo assim, fiquei cada vez mais saudável e corajoso. Quando me aproximei dos terríveis dois anos de idade, despertei nos meus pais mais terrores do que se eles tivessem gerado uma ninhada de óctuplos. Como vai se alimentar? Como vai frequentar a escola? Quem vai cuidar dele se alguma coisa acontecer com a gente? Como vai conseguir viver de maneira independente?
Nossa capacidade humana de usar a razão pode ser uma bênção e uma maldição. Como os meus pais, você provavelmente já se inquietou e se preocupou em relação ao futuro. Muitas vezes, porém, seus receios revelam menos problemáticos do que imaginava. Não é errado olhar para frente e planejar o futuro, mas saiba que os piores temores podem culminar na melhor surpresa. Muitas vezes a vida conspira para o bem! Uma das melhores surpresas da minha infância foi aprender a controlar meu pequeno pé que instintivamente usava para rolar, chutar, impulsionar meu tronco e me apoiar.
Meus pais e médicos achavam que o meu pezinho podia ser de grande utilidade. Nele havia dois dedos, mas quando nasci, os dois se fundiram em um só. Meus pais e médicos concluíram que uma operação para separar os dois dedos poderia permitir que os usasse como os da mão, para agarrar uma caneta, girar uma página e desempenhar outras funções. Nesta época morávamos em Melbourne, na Austrália, que proporcionava a melhor assistência médica do país.
De fato minhas limitações físicas era um caso sério, um desafio para a maior parte dos profissionais de saúde. Quando os médicos já se preparavam para a cirurgia do pé, minha mãe enfatizou o fato de que vivia com febre a maior parte do tempo e que deveriam prestar atenção especial à possibilidade de que meu corpo ficasse quente demais. Ela conhecia a história de outra criança sem membros, cujo corpo havia superaquecido durante a operação, e que por isso sofrera uma convulsão cerebral. O resultado foi uma lesão no cérebro.
Minha tendência em ficar com o corpo excessivamente quente deu origem a um ditado familiar: "quando Nick está frio, os patos devem congelar". Porém nem sempre isso é piada: se me exercitar demais, se ficar estressado ou muito tempo sob luzes quentes, a temperatura do meu corpo sobe perigosamente. Preciso estar sempre alerta a fim de evitar que meu corpo derreta.
- Por favor, monitorem cuidadosamente a temperatura dele - pediu minha mãe à equipe médica.
Mesmo sabendo que ela era enfermeira, os médicos não a levaram a sério. A operação de separação dos dedos foi bem sucedida, mas aconteceu o que minha mãe temia. Saí da sala de cirurgia ensopado porque não tomaram as devidas precauções para evitar o superaquecimento do meu corpo.
Quando perceberam que a minha temperatura estava saindo do controle, tentaram me esfriar com lençóis gelados, e também baldes de gelo, para evitar uma convulsão.
Minha mãe ficou furiosa! Sem dúvida, os médicos sentiram na pele a ira de Dushka. Mesmo assim, depois que esfriei a cabeça - literalmente -, minha qualidade de vida recebeu um novo impulso, graças aos meus dedinhos recém libertos do pé. Não funcionavam exatamente como os médicos esperavam, mas me adaptei. É incrível o que um pé diminuto e dois dedos podem fazer por um sujeito sem braços e sem pernas. A operação e novas tecnologias me libertaram, dando-me o poder de operar novas cadeiras de roda, construídas sob medida com um computador e um telefone celular.
Não sei exatamente qual é o fardo que você carrega, tampouco vou fingir que já enfrentei crises semelhante à sua, mas dê só uma olhada no que os meus pais passaram quando nasci! Imagine como se sentiram... Pense em como o futuro parecia sombrio! Talvez neste exato momento, você não consiga ver a luz no fim do meu próprio túnel, mas saiba que os meus pais também não conseguiram prever a vida maravilhosa que um dia eu teria. Não faziam ideia de como "o filhinho deles" não apenas seria auto-suficiente e se dedicaria com afinco a uma carreira, mas também seria feliz, com uma vida cheia de propósitos. A maior parte dos temores dos meus pais jamais se materializou.
Certamente me criar não foi tarefa das mais fáceis, mas acho que diriam que, apesar dos pesares, tivemos uma boa dose de alegria e felicidade.
Minha infância foi surpreendentemente normal e atormentei bastante os meus irmãos - Aaron e Michele -, como fazem todos os irmãos mais velhos.
Neste momento a sua vida pode maltratá-lo e você talvez se pergunte se um dia sua sorte vai melhorar... E digo que nem sequer imagina quanta coisa boa está à sua espera. Mantenha o foco em seu sonho. Faça o que for preciso para continuar ao encalço dele. Você tem o poder de mudar as circunstâncias! Vá atrás daquilo que deseja, o que quer que seja!
Minha vida é uma aventura que ainda está para ser escrita. A sua também! Comece a escrever o primeiro capítulo agora. Salpique generosas porções de aventura, amor e felicidade. Viva a história enquanto a escreve.
Em busca de sentido
Acredito que por muito tempo eu mesmo não acreditei que eu tivesse algum poder sobre minha própria história. Lutei para entender que diferença poderia fazer no mundo, ou que caminho poderia seguir. Estava convencido de que não havia nada de bom em meu corpo incompleto. Claro, jamais tive de me retirar da mesa no jantar por não ter lavado as mãos, e se nunca conheci a dor de estourar o dedão do pé em uma pedra ou calçada, mas Esses poucos benefícios não me pareciam um grande consolo.
Meu irmão, minha irmã e os meus primos malucos jamais me fizeram sentir pena de mim mesmo. Eles me aceitam como sou e por quem sou, e também me ajudaram a ficar mais forte, graças às brincadeiras e pegadinhas que me fizeram ver graça e não amargura em minha situação.
"Olha só aquele menino na cadeira de rodas! É um alienígena!", berravam os meus primos no shopping center, apontando para mim. A gente morria de rir ao ver a reação das pessoas que não fazia ideia de que aquelas crianças, tirando sarro de um menino deficiente, eram na verdade aliadas dele.
Quanto mais velho fiquei, mais compreendi que ser amado assim é uma bênção. Mesmo que de vez em quando se sinta sozinho, tenha em mente que é muito amado. Reconheça que Deus o criou por amor. Portanto nunca está só: o amor que Ele sente por você é incondicional, sem restrições. Deus não o ama, Ele o ama sempre. Lembre-se disso quando se sentir invadido por sentimentos de solidão e desespero. Lembre-se de que são apenas sentimentos, reações... não são reais, mas o amor de Deus é tão real que, para provar isso, Ele o criou. É importante ter no coração o amor de Deus, porque haverá ocasiões em que você vai se sentir vulnerável.
Mesmo tão numerosa, nem sempre minha família estava presente para me proteger. Assim que fui para a escola, não havia como esconder o fato de que era diferente de todo mundo. Meu pai me assegurou que Deus não comete erros,, mas às vezes não consegui evitar a sensação de ser exceção à regra. "Por que você não me deu pelo menos um braço?", eu perguntava a Deus. "Pense só no que poderia fazer com um braço!"
Tenho certeza de que você já passou por momentos semelhantes, em que rezou, pedindo uma mudança radical na sua vida. Não existe razão para entrar em pânico se seu milagre não acontecer, ou se seu desejo não se tornar realidade na mesma hora. Lembre-se: Deus ajuda quem ajuda a si mesmo. Depende de se esforçar para atingir o propósito mais elevado para seus talentos e sonhos no mundo a seu redor.
Passei tempo demais pensando que se meu corpo fosse normal, minha vida seria uma moleza. O que não percebia era que não precisava ser normal, simplesmente tinha de ser quem sou: o filho do meu pai que leva a cabo o plano de Deus. No começo não queria encarar o fato de que o que havia de errado comigo não era meu corpo: eram os limites que impunha a mim mesmo e a visão limitada que tinha acerca das possibilidades da minha vida.
Se não estava onde queria estar ou não realizou tudo que espera atingir, o mais provável é que a razão resida, não à sua volta mas dentro de você. Assuma a responsabilidade e depois haja. Primeiro deve acreditar em si mesmo e no seu valor, não pode esperar que os outros descubram o seu esconderijo. Não pode ficar parado, esperando que aconteça um milagre ou que apareça a oportunidade certa. Você deve pensar em si mesmo como uma colher de pau e o mundo é seu caldeirão. Mexa a colher! Coragem!
Quando eu era criança, passei muitas noites rezando para ter braços e pernas. Ia dormir chorando e sonhava que, quando acordasse, meus membros teriam aparecido por milagre. Obviamente, isso jamais aconteceu. Uma vez que não conseguia me aceitar, no dia seguinte, quando eu ia para a escola e como resultado descobria que era muito difícil obter aceitação dos outros.
Como acontece com a maioria das crianças, minha fase mais vulnerável foi a pré-adolescência: período em que todos tentam se encaixar e descobrir quem são e o que o futuro lhes reserva. Muitas vezes, as pessoas que me magoavam não tinham a intenção de ser cruéis; apenas eram crianças insensíveis e sem noção.
- Por que não tem braços nem pernas? - perguntavam-me.
Meu desejo de me adequar e ser aceito era igual ao de qualquer um dos meus colegas de classe. Nos dias bons, conquistava a simpatia deles com a minha inteligência, minha disposição para tirar sarro de mim mesmo, e meu ânimo, para impulsionar meu corpo e brincar no pátio e no playground. Nos dias ruins, escondia-me atrás dos arbustos - ou em salas de aula vazias -, para evitar que alguém me magoasse ou zombasse de mim.
Parte do problema era que eu passava mais tempo com adultos e primos mais velhos do que com crianças da minha idade. Tinha uma perspectiva mais madura e meus pensamentos mais sérios às vezes me levavam a lugares sombrios.
Nenhuma garota jamais vai se apaixonar por mim, não tenho braços para abraçar uma namorada. Se tiver filhos, jamais vou conseguir segurá-los nos braços. Que tipo de emprego vou arranjar? Quem vai querer me contratar? Vão ter de contratar uma segunda pessoa para fazer o que eu devia fazer? Quem vai pensar em empregar uma pessoa pelo preço de duas? Minhas dificuldades eram físicas, mas era óbvio que me afetavam emocionalmente também.
Ainda muito jovem, passei por um período de depressão bastante assustador. Então, para minha eterna surpresa e gratidão, entrei na adolescência e gradualmente encontrei aceitação; primeiro, a minha própria e depois, a de outras pessoas.
Todo mundo passa por fases e situações em que se sente excluído, mal quisto e mal amado. Todos temos as nossas inseguranças. Muitas crianças têm medo de ser alvo de ridicularização por terem um nariz muito grande ou os cabelos encaracolados demais. Os adultos têm receio de não conseguir pagar suas contas e de não viver à altura de suas expectativas.
Você vai enfrentar momentos de dúvida e medo (todos nós sentimos isso!). É natural sentir-se desanimado ou deprimido, isso faz parte da condição de um ser humano normal. Esses sentimentos só são um perigo se permitirmos que as coisas negativas fiquem na sua cabeça e tomem conta de você. Quando acreditar de verdade que foi agraciado com bênçãos - talentos, inteligência, amor e que pode compartilhar com outras pessoas -, você vai começar sua jornada de autoaceitação, mesmo que seus dons não sejam evidentes. assim que der o primeiro passo de sua jornada, outras pessoas caminharão com você.
Falando em alto e bom som
Encontrei o caminho para o meu verdadeiro propósito enauanto tentava me aproximar dos meus colegas de escola. Se você já passou pela experiência de ser a criança nova no pedaço, de que almoça sozinho no canto, tenho a certeza de que vai entender de que ainda é mais difícil ser a criança nova no pedaço em uma cadeira de rodas.
Nossas mudanças de Melbourne para Brisbane e dali para os Estados Unidos,e de volta a Brisbane, me obrigaram a fazer adaptações que se somaram às dificuldades que eu já tinha de enfrentar. Meus novos colegas de classe supunham que, por eu ter uma deficiência física, também fosse mentalmente deficiente, e em geral mantinham distância de mim, até criar coragem para estabelecer uma conversa com eles no refeitório ou corredor. Quanto mais puxava assunto, mais eles aceitavam que na verdade eu não era um extraterrestre, que tinha caído de uma nave espacial. Sabe de uma coisa? Às vezes Deus espera que você dê uma ajudinha com trabalho pesado!
Você pode ter desejos, esperança e sonhos, mas também deve se mexer e agir para realizá-los. Deve se esforçar para ir além dos seus limites, a fim de chegar ao lugar em que deseja estar.
Queria que as pessoas da minha escola soubessem que por dentro, eu era igualzinho a elas, mas para fazer isso, eu tinha de sair da minha zona de conforto. E a tentativa de me aproximar delas trouxe resultados sensacionais! Com o tempo, essas conversas com os meus colegas sobre como enfrentar o mundo feito para dois braços e duas pernas levaram a convites para falar em grupos de estudantes, grupos de jovens nas igrejas e outras organizações de adolescentes.
Há uma verdade maravilhosa que é crucial na vida. Acho extraordinário que as escolas não ensinem isso. A verdade essencial é a seguinte: cada um de nós tem um dom - um talento, uma habilidade, uma aptidão - que nos dá prazer e nos cativa e o caminho para a felicidade muitas vezes está nesse dom. Se você ainda procura qual é a sua aptidão, se ainda imagina qual é o seu lugar e o que deixa ser realizado, sugiro que faça uma autoavaliação. Sente-se com papel e caneta - ou diante do computador -, elabore uma lista de suas atividades favoritas,. Quais são as coisas que mais despertam o seu interesse e mais o atraem? O que gosta de fazer a ponto de perder a noção de tempo e espaço e mesmo assim jamais se cansa? Agora, o que as outras pessoas vêem em você? Elas elogiam seu talento para organização ou suas habilidades analíticas? Se ainda não tem certeza do que os outros admiram em você, pergunte a seus familiares e amigos.
Essas são as dicas para que encontre seu caminho na vida, que está guardado em segredo dentro de você. Todos chegamos a esse mundo nus e cheios de promessas e esperanças. E chegamos aqui abarrotados de presentes que esperam ser abertos. Quando encontrar algo que o cative e fascine tanto que faria de graça o dia inteiro, e todo santo dia, então você está no caminho certo! Quando encontrar alguém disposto a pagar-lhe para realizar o que gosta de fazer, aí achou uma carreira.
No início as minhas conversas informais com outros jovens era uma maneira de me aproximar deles, criar um vínculo. Concentrei-me em dizer o que havia dentro de mim, agradecido pela oportunidade de compartilhar meu mundo e estabelecer contato com as pessoas. Sabia o que o ato de falar fazia por mim, mas demorei a perceber que as coisas que tinha a dizer podiam afetar as pessoas.
Encontrando um caminho
Um dia discursei para um grupo de 300 adolescentes (provavelmente a plateia mais numerosa que já tivera). Compartilhava com eles meus sentimentos e minha fé, quando algo maravilhoso aconteceu. De vez em quando estudantes e professores vão às lágrimas quando conto as dificuldades que enfrento, mas durante esta palestra específica, uma menina da plateia começou a soluçar.
Não sei ao certo o que aconteceu, talvez eu tenha tocado em alguma tecla sensível e suscitado alguma lembrança terrível. Fiquei espantado quando ela teve a coragem de levantar a mão e pedir a palavra, apesar da tristeza e das lágrimas. Bravamente perguntou se podia ir até o palco e me abraçou. Uau! Fiquei perplexo!
Convidei-a para subir ao palco. Ela enxugou as lágrimas enquanto caminhava na minha direção e então, deu-me um forte abraço, um dos melhores da minha vida.
À essa altura todo mundo estava com os olhos rasos de água - inclusive eu -, mas perdi o controle quando ela sussurrou o seguinte ao meu ouvido:
=- Ninguém jamais me disse que sou bonita do jeito que sou... Ninguém jamais disse que me amava! Você mudou a minha vida e também é uma pessoa bonita!
Até aquele momento ainda questionava meu próprio valor. Eu me via como alguém que simplesmente dava palestras despretenciosas, como modo de me entrosar com outros adolescentes. Em primeiro lugar, ela disse que eu era bonito - o que não doeu nada -, mas acima de tudo me deu a primeira noção de que a minha fala podia ajudar outras pessoas. Ela mudou a minha perspectiva, o meu modo de ver as coisas.
"Ei, talvez possa contribuir com alguma coisa!", pensei. Experiências como essa me ajudaram a entender que ser diferente poderiam me ajudar a contribuir com algo especial para o mundo.
Descobri que as pessoas estavam dispostas a me dar ouvidos porque bastava olhar para mim para perceber que tinha superado minhas adversidades. A mim, não faltava credibilidade.
Instintivamente, as pessoas sentiam que eu tinha algo a dizer que poderia ajudá-las a lidar com seus próprios problemas. Deus me usou para chegar às pessoas, enfim incontáveis escolas, igrejas, presídios, orfanatos, hospitais, estádios e auditórios. Melhor ainda: abracei milhares de pessoas em encontros cara a cara, que me permitiram dizer pessoalmente o quanto são preciosas. Sinto enorme prazer em garantir às pessoas que Deus tem um plano para a vida delas. Ele usou meu corpo em comum e me investiu da capacidade de encorajar os espíritos, e animar os corações exatamente como diz na Bíblia:
"Porque bem sei, os pensamentos que mantenho para convosco. Designe os de prosperidade, não de calamidade; de vos garantir um futuro e uma esperança.
Fazendo acontecer
A vida pode parecer cruel, disso não há dúvida. às vezes as marés de azar sucedem-se e não conseguimos ver a saída. Talvez você não esteja convencido de que isso pode acontecer bem agora. O fato é que, por sermos meros mortais, temos uma visão limitada. Não conseguimos ver o futuro, o que nos aguarda lá na frente. Isso é, ao mesmo tempo, uma boa e péssima notícia.
O que digo a você, o que serve de estímulo e alento, é que as coisas que estão à sua espera podem ser bem melhores do que pode imaginar. Mas depende de você se levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima!
Se a sua vida é boa e quer melhorá-la - ou se é tão ruim que nem tem coragem de se levantar da cama -, o fato é que tudo aquilo que acontecer a partir de agora depende de você e de seu criador. Sim, é verdade, você não pode controlar tudo! E muitas vezes acontecem coisas ruins, mesmo com pessoas muito boas. Talvez não seja justo que vivam num mar de rosas, mas se é esta a sua realidade, tem de lidar com ela.
Talvez você hesite, tropece... as pessoas podem duvidar de você... Quando passei a me concentrar na ideia de seguir a carreira de palestrante evangelizador, até mesmo meus pais questionaram minha decisão.
- Não acha que a carreira de contador, com seu próprio escritório, seria mais adequada para você diante das circunstâncias? Não acha que isso lhe propiciaria um futuro melhor? - perguntou meu pai.
Sim, de muitos pontos de vista, é provável que uma carreira na área de contabilidade fizesse mais sentido para mim, porque, de fato, tenho talento para destrinchar números. Mas desde menino sinto essa absoluta paixão por compartilhar minha fé e a esperança em uma vida melhor. Quando você encontra seu verdadeiro propósito, a paixão vem junto e passa a viver em nome disso!
Se ainda procura seu caminho na vida, saiba que é normal sentir um pouco de frustração. Trata-se de uma maratona: não uma corrida de curta distância com toda velocidade. Seu anseio de encontrar um sentido é sinal de que está crescendo,indo além dos limites e desenvolvendo seus talentos.
De vez em quando é saudável parar e olhar para o lugar em que está, e se perguntar se suas ações e prioridades estão a serviço de um propósito mais elevado.
Iluminando o caminho
Aos 15 anos de idade acertei as contas com Deus, pedindo que Ele me perdoasse e me orientasse. Pedi a Deus para iluminar meu caminho na direção do meu propósito. Quatro anos depois de ser batizado, comecei a dar palestras e fazer sermões sobre a minha fé. Ao falar para as pessoas sobre que tinha encontrado minha vocação.
Hoje a minha carreira de orador e evangelizador cresceu e tenho um ministério global. Poucos anos atrás, de maneira bastante inesperada, aconteceu algo que elevou meu coração da forma mais alta e confirmou que tinha escolhido o caminho certo.
Nada parecia fora do normal daquela manhã de domingo em que me dirigi a uma igreja na Califórnia para pregar. Ao contrário da maior parte das minhas apresentações que aconteciam nos confins dos quatro cantos do mundo, aquele lugar - a igreja cristã da Avenida Knott em Anaheim (fica perto de minha casa na mesma rua em que moro).
Quando entrei, sentado em minha cadeira de rodas, o coro entoava sua canção de abertura. Sentei-me num banco da primeira fila enquanto a congregação enchia a enorme igreja, e comecei a preparar mentalmente a minha fala. Seria a primeira vez que discursaria para os paroquianos da Avenida Knott, e não achei que soubesse muita coisa a meu respeito. Fiquei surpreso ao ouvir alguém chamando:
- Nick! Nick!
Não reconheci a voz e nem sequer sabia ao certo se era eu mesmo o "Nick" que chamavam, mas quando me virei, vi o senhor de idade avançada acenando para mim.
- Nick, aqui! - ele gritou de novo.
Ao ter a minha atenção, apontou para um rapazinho sentado a seu lado e que parecia segurar um bebê.
A igreja estava tão lotada que no começo, vi apenas um vislumbre dos olhos do bebezinho. Um cacho de cabelos castanhos e um sorriso banguela. O homem ergueu o menino para que eu o visse melhor.
Naquele momento, eu me senti invadido por uma sensação tão intensa que se tivesse pernas, elas teriam ficado bambas. O menino de olhos brilhantes era exatamente como eu = sem braços, sem pernas. Não tinha sequer um pezinho esquerdo como o que tenho. Embora tivesse apenas dezenove meses de idade, era exatamente como eu.
Entendi por que razão os dois homens estavam tão ansiosos para que eu visse o recém-nascido. Mais tarde soube que o menino era Daniel Martínez, filho de Christyy e Patty. Preparava-me para minha fala, mas ver Daniel (ver a mim mesmo naquela criança) disparou em mim uma gama tão intensa de sentimentos que mal conseguia pensar direito. Primeiro sentia compaixão por ele e sua família, mas depois fui bombardeado por lembranças com gentes e emoções angustiadas, e fui transportado para a época em que tinha a idade dele. compreendi que ele devia passar pelas mesmas coisas que eu havia passado.
"Sei como se sente", pensei, "Já passei pelas coisas que tive de enfrentar."
Olhando para Daniel, senti uma incrível ligação com ele, uma onda de empatia. Vieram à tona antigos sentimentos de insegurança, frustração e solidão, que roubaram o ar dos meus pulmões. Senti que eu estava derretendo sob as luzes do palco.
Fiquei tonto. Eu era exatamente um ataque de pânico. A visão daquele menino à minha frente fez aparecer de novo a criança que havia dentro de mim.
Então tive uma revelação que me proporcionou uma sensação de calma. Quando era criança, não tinha ninguém com quem pudesse compartilhar minha situação, que me guiasse, mas... Daniel tem alguém! Posso ajudá-lo! Meus pais podem ajudar os pais dele! Ele não precisa passar pelo que passei, talvez possa poupá-lo da dor que tive de sentir. E então pude ver claramente que, por mais difícil que seja viver sem braços e sem pernas, a minha vida tem valor e utilidade. Em mim não faltava nada que me impedisse de fazer a diferença no mundo. Minha alegria seria encorajar e inspirar outras pessoas. Mesmo se não mudasse o planeta tanto quanto gostaria, com certeza minha vida não seria em vão. Estava e estou determinado a dar minha contribuição. E você também deve acreditar no seu poder de fazer o mesmo.
A vida sem propósito não tem esperança; a vida sem esperança não tem fé. Se encontrar uma maneira de contribuir com o outro, vai encontrar sentido e propósito na existência, e a esperança e a fé virão logo atrás naturalmente e o acompanharão em seu futuro.
O objetivo da minha visita à igreja da Avenida Knott era inspirar e encorajar outras pessoas. Embora a visão daquele menino tão parecido comigo, inicialmente, tenha me abalado, foi uma poderosa confirmação da diferença que eu poderia fazer na vida de tantas pessoas, em especial de gente enfrentando tremendas adversidades como Daniel e seus pais.
O encontro foi tão instigante que tive de dividir com a congregação o que via e sentia. Por isso convidei os pais de Daniel para subir com ele no púlpito.
- Não existem coincidências na vida - e disse. – Cada vez que respiramos, cada passo que damos... tudo é determinado por Deus. Não é coincidência que hoje, nesta igreja, haja outro menino sem braços e sem pernas.
Quando disse isso, Daniel abriu um sorriso radiante, que cativou todos os presentes. A congregação ficou em silêncio quando o pai do menino o ergueu ao meu lado. Aquela imagem - um rapaz e um recém-nascido com as mesmas adversidades, sorrindo um para o outro - provocou uma onda de choro na plateia.
Não sou de chorar com facilidade, mas quando vi que todo mundo ao meu redor estava se debulhando em lágrimas, não pude evitar e também muito. Naquela mesma noite, já em casa, lembro-me de não ter dito uma única palavra. Não conseguia tirar do pensamento aquele menino! Imaginei que ele devia estar sentindo a mesma coisa que senti na idade dele. Mal podia esperar para contar aos meus pais porque sabiam que ficariam ansiosos para conhecer aquela criança, e dar esperança a ela e à sua família.
Minha mãe e meu pai tinham passado por tantas coisas sem contar com ninguém para guiá-los. Sabia que ficariam gratos pela oportunidade de ajudá-los.
Momento de Propósito
Aquele tinha sido um momento surreal e tocante para mim. Fiquei mudo - o que é raridade - e quando Daniel olhou para mim, meu coração derreteu. Eu ainda pensava em mim mesmo como uma criança e, uma vez que nunca tinha visto mais ninguém parecido comigo, queria muito saber que não estava sozinho, que não era diferente de todas as pessoas no planeta. Sentia que ninguém realmente entendia aquilo pelo que eu passava, ou era capaz de compreender minha dor e minha solidão.
Ao refletir sobre a minha infância, fiquei impressionado sobre toda dor que sentira simplesmente por saber que era diferente. Quando outras pessoas zombavam de mim ou me evitavam, isso aumentava ainda mais o sofrimento. Mas em comparação à infinita misericórdia, À glória e ao poder de Deus que eu sentia, por causa daquele momento com Daniel, minha dor ficou de repente insignificante.
Não desejaria minha deficiência a ninguém, por isso fiquei triste por Daniel. Mas sabia que Deus tinha colocado aquela criança no meu caminho para que eu pudesse aliviar o fardo dela. Era como se Deus estivesse piscando para mim e dizendo: "Ah! Viu só como eu tinha um plano para você?"
Anime-se!
É claro que não tenho todas as respostas. Não conheço a dor nem as adversidades específicas que você enfrenta na vida. Vim para este mundo com limitações físicas, mas jamais senti a dor de ser maltratado, negligenciado ou abandonado.
Nunca tive de lidar com uma família destruída ou desestruturada; não perdi meus pais nem sorri com a morte de um irmão ou irmã... há muitas experiências ruins de que fui poupado. Estou convicto de que em muitos aspectos, a minha vida foi muito mais fácil do que a de muita gente.
Aquele momento que mudou minha vida em que vi Daniel em meio à multidão, compreendi que tinha me transformado no milagre em que tanto rezara. Deus não tinha me dado a graça divina; em vez disso, fez em mim o milagre de Daniel.
Tinha 24 anos quando conheci Daniel. Naquele mesmo dia, quando Pet - a mãe dele - abraçou-me, disse que era como avançar alguns anos no futuro e abraçar seu próprio filho já adulto.
- Você não faz ideia - ela disse. = Rezava e pedia a Deus que me mandasse um sinal de que Ele não tinha nos esquecido, nem a mim nem a meu filho. Você é um milagre! É o nosso milagre!
Um dos aspectos mais incríveis do nosso encontro era que naquele mesmo domingo, meus pais vinham da Austrália para sua primeira visita desde que me mudara para os Estados Unidos um ano antes. Alguns dias depois conheceram Daniel e os pais dele e, pode acreditar que tinham muito o que conversar.
Christyy e Pet me consideraram uma bênção para Daniel, mas meus pais foram uma compensação maior para eles. Quem poderia estar bem mais preparado do que os meus pais para orientá-los na criação de uma criança sem braços e sem pernas? Quem seria capaz de lhes dar não apenas esperança, mas também uma sólida prova de que Daniel poderia levar uma vida bastante normal, e que ele também descobriria as bênçãos que estava destinado a compartilhar? Fomos afortunados por dividir nossas experiências com eles, encorajá-los e lhes oferecer provas de que não existem limites para uma vida sem os membros inferiores e superiores.
Ao mesmo tempo, Daniel era uma máquina de venturas para mim e me dá muito mais do que eu poderia lhe oferecer, por causa de sua energia, alegria, e essa foi outra recompensa totalmente inesperada!
Uma vida para compartilhar
A falecida Helen Keller perdeu a visão e a audição antes mesmo de completar dois anos de idade, mas depois tornou-se uma escritora mundialmente renomada, filósofa, conferencista e ativista social. Essa grande mulher disse que a verdadeira felicidade disso é alcançada por meio da fidelidade a um propósito digno.
O que isso quer dizer? Para mim significa ser fiel aos seus dons, cultivá-los, compartilhá-los e extrair deles a alegria. Significa ir além da procura de auto-satisfação e aprender uma busca mais madura de sentido e realização.
Você recebe as maiores recompensas da vida quando é generoso, quando se doa sem pedir contrapartida. A ideia é melhorar a vida das pessoas, ser parte de algo maior que você mesmo, e fazer uma diferença positiva. Não precisa ser madre Teresa para fazer isso (você pode até ser um cara deficiente ou portador de necessidades especiais) e ainda sim, causar impacto. Pergunte à mocinha que enviou este e-mail para a nossa Life Without Limits: vida sem braços e pernas.
"Querido Nick,
Uau, nem sei por onde começar.... Acho que vou começar me apresentando.
Tenho dezesseis anos e estou escrevendo porque assisti Ao seu DVD Sem Braços, Sem Pernas, Sem Problemas, que causou um tremendo impacto na minha vida e na minha recuperação. Eu digo "recuperação" porque estou me recuperando de uma desordem alimentar, a anorexia.
No último ano passei um bom tempo internada, entrei e saí várias vezes de centros de tratamento e foi o pior capítulo da minha vida. Recentemente recebi alta de uma clínica residencial de tratamento localizada na Califórnia.
Enquanto estava internada lá, assisti ao seu DVD. Jamais me senti tão entusiasmada e tão motivada em toda minha vida. Você me deixou realmente encantada! Tudo em você é tão maravilhoso e tão positivo! Todas as palavras que ouvi da sua boca me causaram algum tipo de impacto em mim, jamais me senti tão agradecida.
Houve momentos em minha vida em que tinha pensado que tinha chegado ao fundo do poço, mas agora vejo que todo mundo tem um propósito na vida e que as pessoas devem se respeitar por aquilo que são.
Uau! Sério mesmo! Jamais conseguiria agradecer a você por todo encorajamento que seu DVD me proporcionou. Eu gostaria de, um dia, poder encontrá-lo pessoalmente, é algo que sonho fazer antes de morrer. Você tem a melhor personalidade ue um ser humano pode ter. Você me fez rir tanto (o que é muito difícil quando se está na reabilitação).
Por sua causa estou mais forte e mais consciente de quem sou,, já não me sinto mais tão obcecada pelo que outras pessoas pensam de mim. Você me ensinou a transformar meus defeitos e pontos negativos em qualidades e pontos positivos.
Obrigada por salvar a minha vida e por promover essa reviravolta em mim. Nem sei como agradecer. Você é meu herói!"
Usando minha experiência
Sinto-me grato por receber muitas cartas como essa. O que parece especialmente estranho, uma vez que, quando criança, eu era desesperado demais e não conseguia apreciar minha própria vida, quanto mais ajudar outras pessoas.
A sua busca por propósito pode estar em plena marcha neste momento, mas não acredito que alguém possa sentir realmente realizado, a menos que ajude os outros. Cada um de nós espera usar os próprios talentos e conhecimentos para conseguir outros benefícios que vão muito além de apenas pagar as contas do mês.
No mundo de hoje, embora tenhamos plena consciência do vazio espiritual - resultado da posse de bens materiais -, ainda assim precisamos de lembretes de que a realização e a satisfação nada têm a ver com a conquista de bens materiais. É claro que na busca por satisfação, as pessoas tentam as mais estranhas opções: bebem caixas de cerveja, usam drogas para esquecer a realidade, modificam o seu corpo para se aproximar o máximo possível de algum padrão de beleza arbitrário. Algumas trabalham a vida inteira para chegar ao auge do sucesso, e depois são impiedosamente arrancadas de lá em um piscar de olhos. Mas aquelas mais sensíveis sabem que não existe atalho fácil para a felicidade duradoura.
Se apostar todas as suas fichas em prazeres temporários, vai encontrar apenas satisfação fugaz; a velha história daquele ditado: "O que é bom dura pouco". A essência da vida não é ter, mas ser. Você pode se cercar de tudo aquilo que o dinheiro pode comprar e mesmo assim se sentir um ser humano completamente infeliz.
Conheço pessoas de corpo perfeito que não conheceram metade da felicidade que conheci. Em minha jornada, vi mais alegria nas favelas de Mumbai, em orfanatos da África, do que em condomínios fechados e gigantescas mansões que valem milhões de dólares.
Por que isso acontece? Você vai colocar alegria quando colocar em prática seus talentos e paixões a pleno vapor. Reconheça que a satisfação instantânea não passa apenas exatamente disso mesmo: um prazer imediatista. Resista à tentação de se prender a objetos materiais, como a casa perfeita, as cores da moda, o carro mais bacana... A síndrome do "Se eu tivesse X, seria feliz" é uma ilusão coletiva. Quando você procura felicidade em meros objetos, eles nunca são suficientes. Olhe à sua volta, olhe para dentro de si mesmo!
Quando eu era criança, eu imaginava que se esse mesmo Deus simplesmente me desse braços e pernas, seria feliz pelo resto da vida. Minha ideia não me parecia nada egoísta, já que braços e pernas são equipamento padrão. Ainda assim descobri que posso ser feliz e realizado, mesmo sem eles.
E Daniel me ajudou a confirmar isso. A experiência de entrar em contato com a família dele serviu para me lembrar de qual é a minha missão na terra.
Assim que meus pais desembarcaram na Califórnia, nós nos encontramos com a família de Daniel, e testemunhei algo muito especial. Passamos horas conversando com os pais de Daniel, comparando experiência, discutindo de que maneira tínhamos lidado com as adversidades que ele teria de enfrentar. Desde aqueles primeiros dias formamos um sólido laço de amizade, que ate continua firme e forte.
Um ano depois do nosso primeiro encontro nos reunimos novamente e os pais de Daniel comentaram que os médicos do menino ainda achavam que ele não estava pronto para usar uma cadeira de rodas customizada, como a que tenho.
- Por que não? - perguntei. - Eu tinha mais ou menos a idade dele quando comecei a pilotar a minha própria cadeira de rodas!
Para provar meu argumento, desci da minha cadeira e deixei Daniel ocupar meu lugar. Ele conseguiu se ajustar perfeitamente ao controle e adorou (e a manobrou muito bem!). Graças ao fato de estarmos lá., teve a oportunidade de provar aos pais dele que podia dar conta de uma cadeira de rodas customizada. Foi um exemplo das muitas maneiras pelas quais sabia que poderia ajudá-lo a iluminar seu caminho, com base nas minhas experiências.
Mal consigo expressar a minha alegria que sinto por poder atuar como guia de Daniel. Naquele dia demos a ele um raro presente, mas propiciou-me ainda algo melhor: um inigualável sentimento de realização ao perceber sua alegria. Nem um carro de luxo, nem uma mansão... nada se compara à sensação de cumprir seu destino e agir conforme o plano de Deus. É um presente que só me dá alegrias contínuas.
Em uma visita posterior à casa de Daniel, meus pais compartilharam com os dele a lembrança de uma de suas primeiras preocupações: a de que, por não ter braços nem pernas, para me manter à tona, me afogaria na banheira. Como resultado, quando eu era criança, meus pais tomavam extremo cuidado na hora de me dar banho.
Depois que cresci um pouco, meu pai me segurava delicadamente na água, mostrando-me que eu podia boiar.
Com o tempo fiquei mais confiante e ousado e aprendi que boiaria facilmente se segurasse um pouco de ar nos pulmões. Descobri inclusive que podia usar meu pezinho esquerdo como hélice, para impulsionar-me pela água.
Levando em conta o pavor que os pais sentiam, imagino o espanto deles quando me viram, quando tornei um exímio nadador, mergulhando em todas as piscinas, lagos, lagoas, rios e praias que consegui encontrar.
Depois de contar essa história aos pais de Daniel, ficamos felizes em saber que uma das primeiras frases que ele disse, assim que aprendeu a falar com mais clareza foi: "Eu nado igual ao Nick!" Agora Daniel também é um nadador de primeira. Não tenho palavras para expressar a extraordinária alegria que isso me faz sentir.
Vê-lo se beneficiar das minhas experiências dá um sentido mais profundo à minha vida. Se a minha história não comover nem influenciar mais ninguém, apenas a determinação de Daniel para "nadar igual a Nick" já bastaria para fazer a minha vida - e todas as adversidades que enfrentei - valerem a pena.
Reconhecer qual é o seu propósito na vida significa tudo. Garanto que você também tem alguma contribuição a dar. Talvez não consiga ver isso agora, mas se não fosse verdade, não estaria no planeta. Sei com absoluta convicção de que Deus não comete erros, mas faz milagres. Eu sou um! Você também é!
Sem braços, sem pernas, sem limites
Na minha vida e nas minhas viagens, muitas vezes testemunhei um incrível poder no espírito humano. Sei com certeza que milagres acontecem, mas apenas para aqueles que sentem esperança. O que é esperança? É aonde começam os sonhos; é a voz do seu propósito, que fala com você e renova a confiança de que aquilo que lhe acontece não está dentro de você. Você não pode controlar o que acontece, mas pode dominar sua reação ao que acontece.
O falecido reverendo Martin Luther King Junior disse:
"Tudo que é feito no mundo é feito pela esperança. Sei que enquanto você respirar, haverá esperança."
Somos apenas humanos, não podemos ver o futuro. Em vez disso, imaginamos a possibilidade do que pode vir a acontecer. Somente Deus sabe o rumo que nossa vida vai tomar. A esperança é um presente que Deus nos dá: uma janela pela qual vislumbramos o que Ele planejou para nós.
Confie em Deus, mantenha esperança no coração, e mesmo quando encarar os próprios momentos, faça tudo que puder a fim de se preparar para o melhor. Às vezes, é claro, nossas orações não são atendidas. Tragédias acontecem apesar das nossas orações e da nossa fé. Mesmo as melhores pessoas - de coração puro às vezes - sofrem perdas horríveis e padecem de horríveis sofrimentos. OS recentes terremotos no Haiti, Chile, México e China são exemplos de que calamidades e desgraças ocorrem todos os dias. Milhares de pessoas morreram nestas catástrofes naturais. Suas esperanças e sonhos morreram com eles. Muitas mães perderam os filhos, muitos filhos perderam a mãe.
Como manter a esperança em meio ao sofrimento? Uma coisa que me dá força toda vez que ouço notícias sobre essas grandes catástrofes é o fato de que as tragédias sempre despertam uma incrível solidariedade entre os seres humanos. Enquanto você se pergunta que razão as pessoas ainda teriam para sentir esperança, depois de passarem por tantos sofrimentos sem sentido, centenas de abnegados rumam para as regiões afetadas: estudantes, médicos, engenheiros e outros voluntários vão trabalhar no resgate de vítimas e na construção dos locais destruídos, doando o seu tempo e o seu talento para ajudar os sobreviventes.
A esperança aparece mesmo nos piores momentos, para nos dar provas da presença de Deus. Meu próprio sofrimento parece insignificante se comparado às provações enfrentadas por tanta gente que conheci.
Nossa família perdeu meu primo Roy para o câncer, aos 27 anos. Apesar das preces fervorosas de todos os cristãos devotos da nossa família, da igreja e da comunidade... Perder uma pessoa tão próxima é algo desolador e difícil de entender, razão pela qual ter esperança é tão importante para mim. Meu otimismo está muito além da minha existência terrena. A esperança suprema e definitiva está no céu.
Minha família encontra consolo na ideia de que meu primo, que acreditava em Jesus Cristo, está no céu junto dele e já não sofre mais, mesmo nas piores situações, que parecem estar além da nossa capacidade de entendimento. Deus sabe o quanto nosso coração é capaz de aguentar.
Apego-me à crença de que nossa vida é temporária, enquanto somos preparados para a eternidade. Se a nossa existência é boa ou ruim, a promessa dos céus nos aguarda. Nos momentos mais difíceis alimento sempre a esperança de que Deus me dá forças para encarar as adversidades, senão nesta terra, certamente no céu.
Uma das melhores maneiras que encontrei para aguentar firme e segurar as pontas, mesmo quando minhas preces não são atendidas é ajudar outras pessoas. Se seu sofrimento é um fardo, tente aliviar a dor de outra pessoa e lhe dê esperança. Anime-se e lhe ofereça alento, de modo que ela se sinta reconfortada no consolo do saber que não está sozinha em seu padecimento. Ofereça compaixão quando precisar de compaixão; seja amigo quando precisar de amizade; dê esperança quando mais necessitar dela.
Sou jovem e não finjo que sei todas as respostas, mas cada vez mais constato que nas horas em que a desesperança parece levar a melhor, nos momentos em que as nossas orações ficam sem respostas e os nossos piores temores se concretizam, a nossa salvação está na relação que temos com as pessoas próximas a nós. E especialmente no meu caso e no dos meus irmãos cristãos - na nossa relação com Deus e na confiança que temos no amor e na sabedoria dele.
Um presente poderoso
Minha crença no poder da esperança sobre o desespero foi reforçada durante a minha primeira visita à China em 2008. Vi a grande muralha e fiquei maravilhado com a grandiosidade de um dos maiores prodígios do mundo. Mas para mim o momento mais poderoso da viagem foi quando vi o brilho de alegria nos olhos de uma menina chinesa. Apresentava-se com o grupo de outras meninas em um show que era digno de um espetáculo olímpico. A esperança radiante dela chamou a minha atenção e não consegui mais desviar os olhos.
Movia-se em perfeita sincronia com as outras dançarinas e simultaneamente equilibrava um prato que girava em cima da cabeça. Estava completamente concentrada e, apesar de tanta coisa em que tinha de pensar, havia em seu olhar uma felicidade tão intensa que me levou às lágrimas. Veja bem, essa menina e todas as crianças no show estavam entre os mais de 4 mil órfãos, em virtude do assombroso terremoto que atingira a região, poucos meses antes.
Meu cuidador, nosso coordenador da viagem, e eu levamos víveres para o orfanato. E lá me pediram para discursar, a fim de levantar os ânimos.
No trajeto até o orfanato, fiquei arrasado ao ver os estragos e os sofrimentos causados pelo tremor de terra. Diante de tanta devastação fiquei preocupado por não saber o que dizer aos órfãos. A terra tinha engolido tudo o que amavam e conheciam. Jamais tinha enfrentado algo tão terrível! O que eu podia dizer a eles?
Nós tínhamos levado casacos e roupas, mas como eu poderia lhes dar esperança?
Quando chegamos ao orfanato, fui cercado por uma multidão. As crianças fizeram fila para me abraçar. Eu não falava a língua delas, mas isso pouco importava. O rosto daquelas crianças dizia tudo. Apesar das circunstâncias, estavam radiantes.
Não devia ter me preocupado com as palavras que deveria dizer, para ajudá-las, não precisei inspirar aquelas crianças. Em vez disso, naquela noite, elas me inspiraram, com o espírito elevado de sua performance. Tinham perdido os pais, seu lar e seus pertences, e ainda assim demonstravam alegria.
Disse-lhes que admirava seu espírito corajoso e as aconselhei a seguir enfrente e que ousassem desejar uma vida melhor e seus sonhos com todas as forças.
Ouse Sonhar
Tenha coragem de batalhar pelos próprios sonhos, jamais duvide da sua capacidade de enfrentar os obstáculos que aparecerem ao longo do caminho. Já via a maravilhosa capacidade das pessoas de passar por cima das adversidades, não apenas em orfanatos chineses, mas também nas favelas de Mumbai e em presídios da Romênia.
Recentemente, dei uma palestra em um centro de bem-estar social na Coréia do Sul, onde alguns dos residentes eram deficientes físicos e os demais, mães solteiras. Fiquei impressionado com a coragem e entusiasmo daquelas pessoas.
Visitei uma prisão na África do Sul com muros de concreto e grades enferrujadas. Os piores criminosos não tinham permissão para participar do culto religioso na capela, mas podia ouvir muitos detentos que cantavam músicas gospel. Era como se o Espírito Santo tivesse enchido de alegria de Deus a alma de toda população carcerária. Por fora eram presos, mas por dentro eram seres livres, graças à esperança e fé.
Naquele dia, ao sair da cadeia, senti que os detentos pareciam mais livres do que muita gente que vive do lado de fora dos muros. Você também pode deixar que a esperança viva em seu coração.
Lembre-se de que a tristeza serve a um propósito. É perfeitamente normal sentir essa emoção, mas você jamais deve deixá-la dominar seus pensamentos dia e noite. Você pode controlar sua reação, acionando pensamentos e ações positivas que levantem seu ânimo.
Uma vez que sou uma pessoa espiritualizada, nos momentos de sofrimento e tristeza recorro à minha fé. Mas isso talvez seja surpreendente. É uma experiência na área de contabilidade que me propicia uma expectativa mais pragmática.
Se você diz que está sem esperança, isso quer dizer que acredita que a chance de alguma coisa boa aconteça na sua vida seja zero! Zero? Isso é bastante radical, não acha?
O poder de acreditar em dias melhores é tão indiscutível que a meu ver parece bem mais provável que seus dias mudem para melhor.
A esperança, juntamente com a fé e o amor, é um dos pilares da espiritualidade. Quaisquer que sejam suas crenças, você jamais deve deixar de lado o otimismo, pois tudo na vida começa com ele. Se não tiver esperança, como vai planejar formar uma família? Se não tivesse expectativas positivas, tentaria aprender alguma coisa nova? A esperança é a mola propulsora de todos os passos que damos na vida, e a minha, ao escrever este livro, é de que você encontre uma vida melhor, sem limites.
Há na Bíblia uma passagem que diz:
"Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças. Subirão com asas, como águias. Correrão e não se cansarão. Caminharão e não se fatigarão." (1)
* Isaías, 40:31.
A primeira vez que ouvi esse versículo percebi que não precisava de braços nem pernas. Nunca se esqueça de que Deus jamais desiste de você. Continue caminhando sempre em frente, porque a ação cria ímpeto e força viva que, por sua vez, geram oportunidades inesperadas.
Marolinhas viram marés
Em 2009 o mundo todo ficou consternado e entristecido com o devastador terremoto no Haiti. Contudo, em meio às histórias trágicas do desastre, as horríveis circunstâncias também trouxeram à tona as melhores qualidades das pessoas, como no caso dos sobreviventes que se recusaram a entregar os pontos, apesar de todas as inúmeras adversidades.
Emanuel, o filho de Marie, foi contabilizado entre os inúmeros que morreram soterrados, sob os escombros de um prédio. Na hora do terremoto o alfaiate, de 21 anos, estava com a mãe no apartamento dela. Marie escapou, mas depois não conseguiu encontrar o filho: o prédio no momento não passava de uma pilha de entulho.
Mary procurou o filho no hospital de campanha de emergência improvisado, para atender os desabrigados, mas o nome dele não constava na lista de sobreviventes. Ela esperou, na expectativa de que ele, de alguma maneira, conseguisse chegar lá.
Depois de vários dias, decidiu voltar para procurar o filho em meio aos destroços. No local, totalmente caótico e destruído, havia máquinas pesadas em ação, o que tornava quase impossível escutar alguma coisa. Mas de repente ela julgou ter ouvido Ema Noel ter chamado o seu nome. Naquele momento, ela disse a um jornalista:
- Eu soube que era possível salvá-lo...
Marie contou a todo mundo que tinha ouvido seu filho chamar sob os escombros, mas ninguém podia ajudá-la. Porém, assim que chegaram os grupos internacionais de resgate, ela conseguiu convencer uma equipe especializada de engenheiros de que seu filho estava vivo. Usando equipamentos adequados e muita experiência, cortaram aço, concreto e entulho no local exato em que tinham ouvido a voz de Emanoel.
Escavariam até encontrar a mão de Emanoel, esticando o braço, em busca de ajuda. Depois chegaram à altura do ombro e assim puderam tirá-lo de lá.
Emanoel ficara soterrado por dez dias: estava gravemente desidratado, coberto de poeira e faminto, mas... Sobreviveu!
Às vezes tudo que você tem é a crença de que todas as coisas são possíveis e milagres podem acontecer. Como no caso de Marie, o mundo à sua volta pode estar um caos, mas você não deve se entregar ao desespero. Em vez disso, acredite que Deus vai providenciar o que estiver faltando na sua vida. Essa crença deu alento a Marie e a impulsionou a agir. Suas ações a levaram para perto da voz do filho.
Não é forçar a barra, acreditar que a crença de Marie que manteve vivo, certo? Pode ser que, nesse momento, sua vida não esteja correndo Às mil maravilhas, mas enquanto estiver no mundo, enquanto continuar vivo e seguir em frente, tudo é possível!
Viva com Esperança no Coração
Talvez você seja sético e duvide da ideia de que tudo é possível a partir da esperança. Ou talvez esteja tão deprimido - em uma fase tão ruim - que parece impossível encontrar forças para escapar das garras do desespero. Houve uma época em que eu me sentia exatamente assim. Estava absolutamente convencido de que minha vida jamais teria valor, E DE QUE SERIA APENAS UM FARDO PARA AS PESSOAS QUE AMAVA.
Quando eu nasci, meus pais não estavam preparados para um filho sem braços e pernas, e por causa disso ficaram desesperados e desanimados. E quem poderia culpá-los? Todos os pais imaginam um futuro para as crianças que colocam no mundo; os meus tiveram dificuldades em projetar o tipo de futuro que eu teria e, mais tarde, também tive.
Às vezes todos passamos pela experiência de ver que a vida ideal que imaginamos para nós se choca violentamente com a realidade, feito um carro em alta velocidade que se espatifa contra um muro. Os detalhes da sua experiência podem ser específicos, mas as situações de desespero são comuns a todos os seres humanos.
Os adolescentes me mandam e-mails com histórias de famílias destruídas pela violência, maus tratos e abandono; os adultos me contam histórias de gente que acabou mutilada pelas drogas, o álcool ou a pornografia,. E dizem que têm a impressão de que metade das pessoas com quem falam enfrentam algum câncer ou alguma doença incapacitante, ou luta contra alguma enfermidade de vida ou morte.
Como manter a esperança em situações como estas? Confia em Deus. Lembre-se de que você está aqui por algum motivo e dedique-se a realizar seu propósito. Qualquer que seja o percalço, você é abençoado de muitas maneiras e é isso que vai ajudá-lo a encontrar a saída. Simplesmente penso em meus pais e na desesperança que enfrentaram e superaram.
Acredite no Melhor
Sem dúvida, é difícil permanecer otimista e motivado quando o seu fardo parece insuportável. Quando já tinha idade suficiente para entender as adversidades que teria pela frente, muitas vezes me sentia apossado pelo desespero, e nem sequer conseguia imaginar que a vida me reservava algo positivo. As lembranças dos dias mais sombrios da minha infância são nebulosas. Passei por um daqueles períodos em que ser diferente era particularmente difícil.
Tenho certeza de que você também já sentiu na pele Essas dúvidas. Todos queremos nos encaixar, mas às vezes, nós nos sentimos como estrangeiros, forasteiros. Minhas inseguranças e dúvidas derivavam principalmente da limitação física de não ter braços nem pernas. Não sei exatamente quais são as suas aflições, mas o que me ajudou foi me apegar À esperança. Vou contar um episódio da minha infância para ilustrar como funcionava meu mundo.
Ainda era bem pequeno quando os meus médicos recomendaram que os meus pais me colocassem para brincar com um grupo de outras crianças rotuladas como deficientes, cujos problemas variavam de ausência de braço e fibrose cística a graves desordens mentais. Eles sentiram profundo amor e solidariedade por outras crianças com necessidades especiais e suas famílias, mas não achavam que nenhuma criança devesse ficar limitada a um grupo único de companheiros, de brincadeiras. Tinham a firme convicção de que minha vida não teria limites e lutaram para manter esse sonho vivo.
Minha mãe - que Deus a abençoe - tomou uma importante decisão logo nos primeiros anos. "Nicholas, você precisa brincar com crianças normais porque você é normal. Tem apenas algumas partes faltando, só isso!" Ela disse e deu o tom para os anos vindouros.
Ela não queria que me sentisse menos normal ou limitado em nenhum sentido. Não desejava que me tornasse uma pessoa introvertida, tímida ou insegura só por ser fisicamente diferente. Mal sabia eu que já naquela época, meus pais estavam incutindo em mim a crença de que tinha todo o direito de viver livre de rótulos e restrições.
Você também tem esse direito. Deve exigir o direito de se livrar de qualquer tipo de categorização ou limite que outras pessoas queiram lhe impor. Uma vez que tenho partes do corpo faltando, sou sensível ao fato de que algumas pessoas aceitam ao que outras dizem sobre elas, e acabam até mesmo, inconscientemente, restringindo-se, coibindo-se. É claro que houve ocasiões em que fiquei cansado e mal-humorado, e tentei alegar que estudar e ir ao médico era um esforço grande demais. Mas meus pais jamais me permitiram que me escondesse atrás disso.
Os rótulos podem ser um tentador esconderijo temporário. Algumas pessoas usam-nos como desculpas, outras passam por cima deles. Muitas e muitas pessoas foram rotuladas como deficientes ou alejadas e conseguiram superar essas qualificações simplistas. Desfrutaram de uma vida dinâmica, e fizeram coisas importantes.
Incentivo você a desafiar por cima de qualquer tentativa de imposição de restrições que o impeçam de explorar e desenvolver seus talentos. Como filho de Deus, sei que Ele está sempre comigo e encontro conforto e alívio no fato de que Ele sabe o quanto podemos suportar.
Quando outras pessoas compartilham comigo as histórias das próprias provações e adversidades, muitas vezes vou às lágrimas e faço questão de lembrar aos que estão aflitos e que sofrem, que o braço de Deus nunca é curto demais. Pode chegar a qualquer um.
Tire forças daí. Ouse tentar e tente voar mais alto que a sua imaginação puder levá-lo. Espere encontrar obstáculos e desafios pelo caminho. Encare-os como experiências que definem o caráter, aprenda com elas e enfrente-as.
Pode ser que tenha um sonho maravilhoso. Basta ter a mente suficientemente aberta para aceitar o fato de que talvez Deus tenha definido um caminho diferente daquele que você imaginou. Há muitas maneiras de alcançar seu sonho; portanto, não desanime se ainda não conseguir ver esse caminho.
Menino Biônico
A esperança é um catalisador. Ela pode remover obstáculos que parecem intransponíveis. Quando você insiste, recusando-se a desistir, cria ímpeto e movimento. A esperança gera oportunidades que eu jamais teria previsto. Acabo por atrair pessoas solícitas e generosas, portas se abrem e os caminhos são desbravados.
Lembre-se: ação gera reação! Quando se sentir tentado a abandonar seus sonhos, obrigue-se a continuar e insistir mais um dia, mais uma semana, mais um mês, mais um ano. Você ficará impressionado com o que acontece quando se recusa a desistir.
Quando chegou a hora de entrar na escola fundamental, meus pais mais uma vez insistiram em me dar uma educação tradicional. Como resultado de sua inabalável convicção, tornei-me uma das primeiras crianças deficientes na Austrália a ingressar no sistema educacional oficial. E me dei tão bem na escola regular que o jornal local publicou uma matéria com a manchete: "Integração faz deficiente brilhar."
A reportagem acompanhada de uma enorme fotografia da minha irmã, que empurrava minha cadeira de rodas, desencadeou uma blitz da mídia nacional o que levou a visita de representantes do governo e a uma enxurrada de cartas presentes e convites de todo país.
As doações que recebemos depois da matéria do jornal ajudaram a custear o esforço dos meus pais de me equipar com braços e pernas artificiais, o que eles tentavam fazer desde os meus dezoito meses de vida. Minha primeira prótese foi um único braço, que não funcionou muito bem. O braço e a mão eram operados mecanicamente com polias e alavancas, e pesavam duas vezes mais que meu corpo inteiro.
A simples tentativa de manter o equilíbrio já era um desafio. Depois de um tempo, consegui operar o mecanismo e eu já estava acostumado a agarrar objetos com o meu pezinho, meu queixo, meus dentes. Por isso, meu braço biônico parecia dificultar minhas tarefas diárias.
No começo os meus pais ficaram decepcionados, mas aos poucos minha confiança aumentou porque me sentir bem ao fazer essas coisas por conta própria. Animei-os, agradeci e segui enfrente.
Existe poder na perseverança. Nossa primeira experiência com o braço artificial fracassou, mas acreditei que minha vida conspiraria para o melhor. Meu otimismo e meu ânimo inspiraram à Lions Club (uma organização internacional de serviço) arrecadar mais de 200 mil dólares para cobrir minhas despesas médicas e comprar uma nova cadeira de rodas. Parte do dinheiro ajudou a pagar uma viagem a Toronto, no Canadá, para ajudar a testar um sistema mais avançado de braços eletrônicos, desenvolvido por uma clínica infantil. No fim das contas, porém, até mesmo os especialistas concluíram que conseguiria realizar as tarefas com mais eficiência por conta própria, sem a ajuda de próteses.
Fiquei empolgado como fato de que havia cientistas e inventores, que trabalhavam com a intenção de um dia me equipar com braços e pernas. Mas fiquei ainda mais determinado a fazer tudo que eu pudesse, sem esperar que outras pessoas encontrassem meios de melhorar a minha vida. Tinha de encontrar minhas próprias respostas.
Ainda hoje agradeço quem me ajuda, seja ao abrir uma porta para minha cadeira de rodas, ou ao me dar de beber um copo de água. Precisamos assumir a responsabilidade por nossa própria felicidade e sucesso.
Seus amigos e familiares podem ajudá-lo em momentos difíceis. Seja grato por isso. Agradeça a generosidade deles, mas continue se esforçando. Quanto mais você se empenha, mais oportunidade cria.
Às vezes você pode achar que está prestes a realizar seu objetivo, mas na hora H, tudo dá errado. Não é motivo para desistir. Só conhece a derrota quem recusa a tentar de novo. Ainda acredito que um dia, serei capaz de caminhar e segurar utensílios, como uma pessoa comum. Quando isso acontecer, será um milagre: seja por obra direta de Deus, ou por intermédio de seus agentes na Terra.
A tecnologia robótica avança rapidamente. Um dia espero usar braços e pernas artificiais que funcionem de maneira eficiente, mas por enquanto estou feliz DO JEITO QUE ESTOU. Muitas vezes as adversidades que parecem nos atrapalhar, na verdade nos deixam mais fortes. Você deve estar aberto à possibilidade de que a desvantagem de hoje pode ser a vantagem de amanhã. Concluí que minha falta de braços e pernas é um trunfo: um recurso a meu favor. Homens, mulheres e crianças que não falam a minha língua só precisam olhar para mim para saber que superei muitos per causos. Saber que as lições que aprendi não foram fáceis.
Sabedoria Nascida da Experiência
Quando digo às plateias que tenham esperança, pois dias melhores virão, falo por experiência própria! Você pode acreditar e confiar no que digo, porque já passei por isso! Houve um momento em minha vida que abri mão da esperança.
O ponto mais baixo da minha infância - que em sua maior parte foi feliz - foi por volta dos meus dez anos de idade, quando os pensamentos negativos me dominaram. Por mais otimista e determinado que eu tentasse ser, havia coisas que simplesmente eu não conseguia fazer. Algumas eram tarefas cotidianas realmente simples. Ficava chateado, por exemplo, de não conseguir pegar uma lata de refrigerante na geladeira, como qualquer criança. Não me alimentava sozinho e odiava ter de pedir a outra pessoa para me dar de comer; sentia-me mal em obrigar alguém a interromper sua refeição para me ajudar. Nesse período da minha vida, outras questões mais importantes assombravam a minha mente. Será que um dia alguma mulher vai querer me amar e se casar comigo? Como vou sustentar minha esposa e meus filhos? Como vou conseguir protegê-los das ameaças do mundo?
A maioria das pessoas tem esse tipo de pensamento. Em algum momento da sua vida você provavelmente parou para se perguntar se algum dia teria uma relação duradoura, um emprego estável, um lugar seguro para viver. é Normal e saudável olhar para frente, porque é assim que elaboramos um sonho para nossa vida. O problema é quando os pensamentos negativos bloqueiam sua visão do futuro e obscurecem a mente.
Rezo e penso na palavra de Deus que me ajuda a saber que Ele está comigo e jamais me abandona. Não me esquece. Ele vai fazer com que as coisas ruins se transforme em boas. Tento me lembrar de me apegar às promessas de Deus, independentemente dfo que veja na superfície das coisas. Sei que Deus é bom. Se Ele permite que algo ruim aconteça, posso até não entender, mas posso confiar em sua bondade.
Monitore seus pensamentos
À medida que se aproximou meu aniversário de onze anos, entrei naquele complicado estágio da adolescência em que nosso cérebro é reconfigurado. Estranhas substâncias químicas fluem por nosso corpo. Outros meninos e meninas da minha idade começavam a namorar, o que contribuiu ainda mais para minha sensação cada vez maior de alinhamento. Será que alguma garota iria querer um namorado incapaz de abraçá-la ou de dançar com ela?
Se nem mesmo ter consciência disso, deixei que esses pensamentos sombrios e sentimentos negativos tomassem conta do meu espírito com uma frequência cada vez maior. Muitas vezes invadiu minha mente na calada da noite, quando eu não conseguia dormir - ou depois de um longo dia na escola. Você conhece a sensação: aqueles dias em que está tão cansado, que o mundo inteiro parece pesar sobre seus ombros.
Todos nós passamos por períodos de abatimento, especialmente quando estamos doentes. Não dormimos direito e outras adversidades nos deixam vulneráveis.
Ninguém é feliz e animado 100% do tempo. Os momentos de mau-humor são naturais e também servem a um propósito. De acordo com recentes estudos psicológicos, estados de ânimos mais sombrios podem fazer com que você encare seu trabalho de maneira mais crítica e analítica. Esse ponto de vista é útil quando você está envolvido em tarefas, como equilibrar seu saldo bancário, calcular seu imposto de renda ou editar um jornal, desde que esteja consciente no controle de suas emoções. Os pensamentos negativos podem produzir consequências positivas,. Somente quando você deixa suas emoções controlar suas ações é que se arrisca a cair em uma espiral de depressão e comportamentos autodestrutivos.
O segredo é se recusar ao domínio de emoções negativas e sentimentos depressivos. Felizmente, você tem o poder de ajustar sua atitude. Quando detectar pensamentos negativos na sua cabeça, pode optar por apertar o botão de "desligar". Reconheça a existência deles e entenda a sua fonte, mas concentre-se nas soluções e não nos problemas!
Lembro-me de que nas aulas de catecismo via uma imagem de uma armadura completa de Deus, com o peito oral da retidão, o cinturão da imagem, o escudo da fé, a espada do espírito e o elmo da salvação. Aprendi que todas eram as armas de que um menino cristão precisaria. Vejo a palavra de Deus como uma espada para lutar contra os pensamentos negativos. A espada é a Bíblia, e você também pode erguer o escudo da fé para se defender.
Espiral de Desespero
Aquela fase crítica da adolescência em que a autoestima e a autoimagem são tão importantes, deixei que meus temores e aflições tomassem conta de mim. O que havia de errado em mim sobrepujou todo que estava certo. Tive azar. Como levar uma vida normal com emprego, esposa e filhos? Serei sempre um fardo para todos ao meu redor!
Só depois que perdi a esperança é que realmente fiquei alejado. Acredite, perder a esperança é pior do que não ter braços e pernas! Se você já sentiu a dor do luto ou da depressão, sabe como o desespero pode ser ruim. Mais do que nunca, me senti furioso, magoado e confuso.
Eu orava, perguntando a Deus por que Ele não podia me dar o que tinha oferecido a todo mundo. Fiz algo errado? É por isso que o Senhor não atende ao meu pedido e nãome dá braços e pernas? Por que não me ajuda? Por que me faz sofrer?
Nem Deus, nem os médicos explicavam por que motivo eu tinha nascido sem braços e pernas. A falta de uma explicação, mesmo científica, só piorava as coisas. Não tirava da cabeça a ideia de que se houvesse uma razão médico-religiosa, talvez fosse mais fácil lidar com a situação, a dor não seria tão grande. Muitas vezes me sentia tão para baixo, que me recusava a ir para a escola.
Nunca tinha sentido autopiedade antes. Vivia me esforçando para superar minha deficiência, fazer atividades normais, brincar como as outras crianças... A maior parte do tempo eu impressionava meus pais, professores colegas de classe, com minha determinação e auto-suficiência; porém, por dentro, acumulava sofrimento.
Meus pais me deram educação religiosa: sempre frequentei a igreja e acreditei na oração e no poder da cura de Deus. Eu era tão vidrado em Jesus que na hora do jantar eu abria um sorriso, ao imaginar que ele estava sentado conosco à mesa. Achei que tinha entendido qual era a intenção de Deus ao me criar. Seria um parceiro dele num milagre para que o mundo soubesse que Ele era real.
Eu rezava assim: "Deus, se o Senhor me der braços e pernas, viajarei pelo mundo para mostrar o milagre. Vou aparecer na televisão em rede nacional para dizer a todo mundo o que aconteceu, e o mundo inteiro verá o poder de Deus." Dizia a Ele que tinha entendido e que estava disposto a cumprir minha finalidade. Dizia assim: "Deus, sei que o Senhor me fez assim para me dar braços e pernas; por esse milagre, provará a todo mundo seu poder e seu amor!"
Quando eu era menino, aprendi que Deus fala conosco de muitas maneiras. Achava que Ele talvez m respondesse, enchendo meu coração de algum sentimento, mas só havia silêncio. Eu não sentia nada! MEus pais me diziam: "Somente Deus sabe porque você nasceu assim!" E aí perguntava a Deus, mas Ele não respondia. Esses apelos insatisfeitos e perguntas sem resposta me machucavam profundamente porque antes, já tinha me sentido muito próximo de Deus.
Eu tinha outros obstáculos pela frente. Mudamo-nos para 1600 km ao norte de Queensland, bem longe da minha numerosa família. Eu estava sendo arrancado do meu casulo protetor de tios e tias,, e 26 primos e primas.
O estresse da mudança desgastava meus pais também. Apesar de todas as demonstrações de amor e apoio da parte deles, eu não conseguia me livrar da sensação de ser um tremendo fardo. era como se usasse antolhos que me impediam de enxergar alguma luz na minha vida. Não conseguia ver de que maneira eu poderia ter alguma utilidade.
Sentia que não passava de um erro, uma aberração da natureza, o filho esquecido de Deus.
Meu pai e minha mãe faziam o melhor que podiam para me mostrar o contrário: liam para mim passagens da Bíblia, levavam-me para a igreja. MEus professores de catecismo me ensinaram que Deus ama a todos, mas eu não conseguia vencer minha dor e raiva.
Havia momentos melhores. Aos domingos, na igreja, sentia grande alegria quando eu me juntava aos meus colegas de catecismo para cantar:
"Jesus ama as criancinhas",
Todas as crianças do mundo
Vermelhas e amarelas
E negras e brancas.
Aos seus olhos, elas são preciosas.
Jesus ama as criancinhas do mundo."
Rodeado por pessoas que me apoiavam e me amavam, eu levava a sério aquele hino: ele me confortava. Queria acreditar que Deus gostava de mim e se importava comigo, mas aí, quando eu ficava cansado e eu não me sentia muito bem, os pensamentos sombrios se insinuavam. Sentava-me na cadeira de rodas no playground e pensava: "Se Deus realmente me ama como a todas as outras crianças, então por que não me deu braços nem pernas? Por que me fez tão diferente das outras crianças?"
Aqueles pensamentos começaram a se intrometer em minha mente, até mesmo durante o dia, em circunstâncias normalmente felizes. Lutava contra sentimentos de desespero e a sensação de que a minha vida seria sempre difícil. Deus parecia não atender às minha preces.
Um dia, eu estava sentado no balcão da cozinha, observando minha mãe preparar o jantar - coisa que geralmente gostava de fazer porque me dava uma sensação de conforto e tranquilidade. Mas de repente, os pensamentos negativos tomaram conta de mim. Fui invadido pela ideia de que não queria mais viver e ser um fardo. Tive vontade de me jogar do balcão. Olhei para baixo tentando calcular o ângulo em que eu poderia quebrar o pescoço e me matar. Mas me convenci a abandonar esse impulso, principalmente porque, caso não conseguisse me matar, teria de explicar a razão de tamanho desespero.
O fato de que cheguei tão perto de me machucar me deixou apavorado. Devia ter conversado com a minha mãe, mas fiquei com vergonha e não queria assustá-la. Eu era jovem, embora estivesse cercado de pessoas que me amavam. Não me abria com elas, não compartilhava meus pensamentos mais profundos. Tinha os recursos à disposição, mas não os usava e isso foi um erro.
Se você se sentir assolado por pensamentos sombrios, não precisa enfrentar sozinho essa barra. Para as pessoas que o ama, você jamais será um fardo. Se achar que não pode se abrir com elas, procure os conselhos profissionais de um orientador ou psicólogo na sua escola, na sua comunidade. Você não estava sozinho, eu não estava sozinho! Agora eu vejo isso e não quero que você chegue nem perto de cometer um erro fatal.
Por Pouco
Um dia, depois da escola, pedi à minha mãe que pusesse-me na banheira. Pedi que ao sair, fechasse a porta. Depois enfiei a cabeça debaixo d'água. No silêncio, pensamentos invadiram minha mente: tinha planejado de antemão o que queria fazer.
"Se Deus não vai acabar com a minha dor e se não existe propósito para mim nesta vida, se estou aqui apenas para sentir rejeição e solidão, sou um fardo para todo mundo e não tenho futuro. Preciso dar um fim a isto agora!"
Como mencionei anteriormente, quando descrevi meu método de natação, eu conseguia boiar de costas enchendo os pulmões de ar. No momento, calculava qual era a quantidade exata de ar que devia deixar nos pulmões antes de virar. |Devo segurar o ar antes de virar? Respiro fundo com toda capacidade dos pulmões ou apenas metade? Esvazio os pulmões e depois me viro? Por fim simplesmente me virei e afundei o rosto na água. Instintivamente, prendi a respiração.
Uma vez que tenho os pulmões forte, boiei por um intergvalo de tempo que pareceu uma eternidade. Quando meu ar acabou, virei o corpo de novo.
Não consigo fazer isso! Mas os pensamentos sombrios persistiam: "Quero ir embora daqui! Quero desaparecer!" Esvaziei os pulmões e me virei mais uma vez.
Eu sabia que era capaz de segurar a respiração por pelo menos dez segundos. Então comecei a contar: 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4. 3... Enquanto contava, uma imagem passou como um raio pela minha mente: meu pai e minha mãe no meu túmulo chorando, e meu irmão de 7 anos de idade (Aaron) em prantos. Estavam todos desconsolados; derramaram lágrimas, diziam que a culpa era deles, que deviam ter feito mais por mim.
Não pude deixar de suportar a ideia de que eles se sentissem irresponsáveis pelo resto da vida por minha morte. Estou sendo egoísta!
Virei o corpo e respirei fundo. Não podia fazer aquilo, não seria capaz de deixar minha família arcar com tamanho fardo de perda e culpa! Mas minha angústia era insuportável.
Naquela noite, deitado no quarto que dividia com Aaron, confessei:
- Estou planejando cometer um suicídio quando completar 21 anos.
Achei que conseguiria aguentar até acabar o ensino médio e a faculdade, mas não me via além disso. Não achava que conseguiria um emprego ou me casaria, como qualquer outro homem. Que mulher iria querer se casar comigo? PARECIA ALGO DISTANTE.
- Vou contar tudo para papai! - respondeu meu irmãozinho.
Pedi que ele não contasse nada a ninguém e fechei os olhos para dormir. Quando dei por mim, senti o peso do corpo do meu pai sentando-se na minha cama baixa.
- Que conversa é essa de querer se matar?
Em um tom de voz afetuoso e tranquilizador, falou comigo sobre todas as boas coisas que a vida me reservava. Enquanto falava, penteava com os dedos meus cabelos (sempre adorei que ele fizesse isso).
- Nós sempre estaremos aqui por você... - assegurou-me. - Tudo vai ficar bem. Prometo que estaremos sempre a seu lado! Você vai ficar bem, filho!
Um toque de ternura e um olhar carinhoso às vezes são suficientes para aquietar um coração perturbado e a mente confusa de uma criança. Naquele momento, o fato de meu pai reiterar que as coisas ficariam bem me bastou. Com sua voz e seu toque me convenceu de que encontraríamos um caminho para mim.
Todo filho quer confiar no pai. E naquela noite ele me deu algo a que podia me agarrar: era generoso na hora de expressar seu apoio e o amor que sentia por todos nós. Ainda não entendia de que maneira as coisas dariam certo, mas uma vez que meu pai tinha me garantido que dariam, acreditei nele.
Depois da nossa conversa, dormi profundamente. Depois desse dia, ainda tive dias e noites ruins. Por muito tempo confiei nos meus pais e me aferrei à esperança, antes de começar a ver com clareza que rumos minha vida poderia tomar.
Houve momentos e períodos mais longos de dúvidas e receios, mas felizmente aquele foi o ponto mais baixo do meu fundo do poço. ainda hoje tenho dois períodos de tristeza e abatimento - como qualquer outra pessoa, mas jamais voltei a cogitar a ideia do suicídio.Quando olho para trás e relembro aquele momento e reflito a minha vida desde então, só posso agradecer a Deus por ter me salvado do desespero.
Agarrando-se à esperança
Por meio de minhas palestras e pregações em 24 países, meus DVDs e milhões de visitas no youtube.com, tive a bênção de conseguir chegar a muita gente com uma mensagem de esperança. Pense em quanta alegria eu teria perdido caso tivesse tirado a minha vida aos 10 anos de idade. Teria perdido a extraordinária oportunidade de contar a minha história e compartilhar com o mundo o que aprendera com mais de 120 mil pessoas na Índia, outras 18000 numa arena de touros na Colômbia e 9000 durante uma tempestade na Ucrânia.
Com o tempo entendi que, embora não tenha tirado a minha vida naquele dia sombrio, Deus a tirou. Ele a arrebatou e deu a ela mais sentido, mais propósito e mais alegria do que um menino de dez anos seria capaz de entender.
Não cometa o mesmo erro que quase cometi. Se naquele dia de 1993 eu tivesse permanecido com o rosto voltado para baixo em 15 centímetros de água, poderia até ter dado fim à minha dor temporária, MAS A QUE CUSTO? Aquela criança desesperada jamais poderia ter antevisto o homem feliz, nadando com enormes tartarugas marinhas no litoral havaiano surfando na Califórnia ou mergulhando com Skuba na Colômbia... Mais importantes do que essas aventuras são as muitas vidas que eu jamais teria tocado. Sou apenas um exemplo minúsculo e insignificante. Pegue qualquer herói da vida real - seja Madre teresa, Mahatma Gandhi ou o reverendo Martin Luther King -, e você vai encontrar gente que teve de lutar contra as adversidades: prisão, violência, ameaça de morte... mas que continuou apegada à crença de que seus sonhos podiam levar a melhor.
Quando for invadido por pensamentos negativos, momentos de mau-humor ou estados de ânimos sombrios, lembre-se de que você tem escolha. Se precisar de ajuda, procure-a: você não está sozinho! Pode optar por imaginar dias melhores e colocar em prática ações que os transforme em realidade.
Pense no que tive de enfrentar quando era menino e olhe só como minha vida está agora. Quem sabe, que dias sensacionais e maravilhosas conquistas o aguardam. Quem sabe quantas vidas nós podemos melhorar ou atuar, como milagre da vida de alguém.
Então caminhe comigo: o homem sem braços e sem pernas rumo a um futuro cheio de esperanças.
Confiança Total no Coração
Na Bíblia, a fé é definida como a substância das coisas esperadas; a evidência de coisas não vistas. Nunca poderíamos viver sem fé, sem depositar nossa confiança em algo do qual não temos provas. Em geral falamos da fé em termos de crenças religiosas, mas existem muitos outros tipos de fé que fazem parte do dia-a-dia.
Como cristão, vivo de acordo com minha crença em Deus. Mesmo sem poder vê-lo ou tocá-lo, no meu coração sei que Ele existe, e coloco meu futuro nas mãos dele. Não sei o que o dia de amanhã reserva para mim, mas por acreditar em Deus, sei quem garante o meu futuro.
Essa é uma forma de fé. Tenho fé em muitas áreas da minha vida. Aceito o fato de que existem certos elementos que não posso ver, nem tocar, nem sentir... mas mesmo assim, acredito neles. Creio na existência do oxigênio e sei que a ciência está correta em dizer que precisamos dele para sobreviver. Não posso ver, nem tocar, nem sentir o oxigênio: simplesmente sei que existe porque estou aqui. Se estou vivo, então é porque respiro o oxigênio; portanto, o oxigênio deve existir, certo?
Assim como precisamos de oxigênio para viver, devemos acreditar em certas realidades invisíveis para sobreviver. Por que? Porque todos nós enfrentamos desafios: você, eu... Simplesmente há períodos em nossa vida em que não conseguimos achar uma saída e é aí que a fé entra em cena.
Recentemente recebi um e-mail de uma mulher chamada Kathy, que fora despedida do emprego por conta de seus problemas médicos, que incluía cerca de vinte cirurgias. Ela nasceu sem o fêmur em uma das pernas que teve de ser amputada quando ela era bem pequena. Agora, na casa dos trinta anos e casada, Kathy me contou que sempre se questionou. Por que eu? Depois de assistir a um dos meus vídeos, Kathy entendeu que às vezes simplesmente não temos como saber por que eu. Devemos acreditar que o plano que Deus tem para nós será revelado na ocasião oportuna e na hora certa; até lá, devemos manter a fé.
"Agradeço-lhe do fundo do coração. Agora acredito que, como você, sou uma das escolhidas de Deus", ela escreveu. "Um dia espero ter a honra de me encontrar pessoalmente com você para abraçá-lo e agradecê-lo, por ter me ajudado a abrir os olhos e ver a luz."
Kathy só encontrou força e esperança depois que decidiu confiar naquilo que não podia ver, nem entender. Exatamente assim que funciona a fé. Você terá de enfrentar percalços e adversidades, que inicialmente parecem intransponíveis. Enquanto aguardamos uma solução, a fé talvez seja a única coisa que temos para agarrar. Às vezes, a simples confiança de que há uma resposta nos ajuda a suportar os momentos mais sombrios.
É por isso que falo na fé como um acrônimo. Em inglês, a palavra "fé" é "faith" que para mim é "pull as your hands in the heart", ou seja: confiança total no coração.
Posso até não ser capaz de apresentar provas de todas as coisas em que acredito, mas sinto plena confiança no meu coração de que estou mais próximo da verdade - vivendo com fé - do que estaria, se me entregasse ao desespero e À descrença. Todo ano falo com milhares de crianças e sempre exploro a noção de confiar naquilo que não podemos ver. Às vezes, as crianças menores ficam com um pouco de medo de mim no começo (não sei por quê; afinal somos quase do mesmo tamanho!). Digo-lhes que sou pequeno para minha idade. Faço piadas e brincadeiras até elas se sentirem confortáveis comigo. Assim que se acostumam à minha falta de braços e pernas, muitas delas ficam fascinadas por meu pezinho esquerdo. Vejo-as apontar ou encarar, então aceno para elas e conto uma piada sobre "minha coxinha de frango".
Minha irmã Michele - seis anos mais nova que eu - foi a primeira a fazer essa observação. Meus pais costumavam nos levar a longas viagens familiares de carro, em que eu e meus irmãos ficávamos amontoados, feito pilhas de lenha, nos bancos detrás. Como a maior parte dos pais, os nossos não gostavam de fazer muitas paradas ao longo do caminho.
Quando ficávamos com fome, costumávamos dar indiretas para ver se meus pais paravam em algum restaurante. Quando estávamos absolutamente famintos, enlouquecíamos um pouco e fingíamos dar mordidas uns nos outros.
Em uma dessas viagem, Michele anunciou que abocanharia meu pezinho esquerdo (que parece uma coxinha de frango!). Caímos na risada mas depois esqueci essa descrição. Então, anos atrás, Michele apareceu em casa com um filhotinho de cachorro - e então, ele tentou morder meu pé. Por mais que eu tentasse enxotá-lo, insistia em voltar para me mastigar, bem ali.
- Olha só, até meu cachorrinho acha que é uma coxinha de frango! - disse Michele.
Adorei. Desde então, passei a contar essa história em minhas palestras e sermões para crianças. Mas assim que apresento meu pezinho esquerdo, pergunto às crianças se acham que tenho apenas um pé.
Essa pergunta as deixa confusas, porque só conseguem ver um pé, mas faria mais sentido eu ter dois. A maior parte das crianças só aceita o que pode ver e, em geral, me dizem que tenho apenas um pé. Então mostro Junior, meu pezinho ainda menor, que normalmente escondo debaixo da roupa. Às vezes gosto de surpreendê-las, balançando meu pezinho direito.
Elas dão gritinhos. É engraçado, porque crianças são bastante diretas. Admitem que precisam ver para crer.
Depois eu incentivo - assim como estou incentivando você - a acreditar que existem possibilidades na vida. O segredo para seguir em frente, mesmo nos períodos mais difíceis, é deixar que seu sonho de vida seja guiado Não por aquilo que você pode ver, mas pelo que pode imaginar! Isso se chama ter fé.
Confiança Aérea
Minha imaginação flui por meio dos olhos de Deus. Confio nele, tenho total confiança no coração de que mesmo sem braços e sem pernas, posso construir uma vida maravilhosa. Do mesmo modo, você deve saber que nada está fora de seu alcance. Tenha fé de que, se fizer tudo que puder para realizar seus sonhos, seus esforços serão recompensados.
Às vezes nossa confiança é testada antes mesmo que nosso trabalho árduo seja recompensado. Fui lembrado disso em 2009 quando estava em uma turnê de palestras pela Colômbia, na América do Sul. A agenda que eu devia cumprir deveria falar em 9 cidades em dez dias. Com tantos quilômetros a percorrer e em tempo tão limitado, os organizadores fretaram um pequeno avião para nos levar de cidade em cidade. Os voos incluíam oito pessoas, com os pilotos - ambos chamados Miguel e ambos não muito hábeis na língua inglesa.
Durante um dos voos, todos os passageiros ficaram sobressaltados ao ouvir o computador do avião disparar um alerta, instruindo os pilotos a "subir, subir". O alerta era em inglês. A voz computadorizada acompanhou nossa rápida descida com urgência cada vez maior, informando a intervalos de poucos segundos a nossa altitude: 600 pés, 500, 400...
Os boletins eram entremeados com contínuas ordens para que os pilotos ganhassem altitude. "Subir! Subir!" Ninguém se apavorou, mas o clima na cabine dos passageiros ficou um pouco tenso.
Perguntei ao meu cuidador se não achava melhor traduzirmos do inglês para o espanhol as mensagens do computador para os capitães Miguel I e Miguel II.
- Você acha mesmo que eles não sabem que estamos perdendo altitude? - ele me perguntou.
Eu não sabia o que pensar mas, já que ninguém além de mim parecia achar que havia algo errado, fiz o mesmo e tentei não me apavorar. Para meu grande alívio, logo depois aterrisamos em segurança.
Mais tarde, quando nossos intérpretes comentaram com os pilotos o meu momento de pânico, caíram na gargalhada.
- Sabíamos o que o computador dizia,mas sempre ignoramos isso quando aterrisamos. - explicou Miguel II, por meio do intérprete. - Você devia ter mais fé nos seus pilotos!
Tudo bem, admito, por um momento questionei minha fé nos dois Migueis, mas na maior parte do tempo sou um cara tranquilo, por saber que Deus está de olho, cuidando de mim e da minha vida.
Vou dar uma amostra da força da minha fé. No meu armário tem um par de sapatos. Acredito piamente que é possível que um dia tenha condições de usá-los e de caminhar com eles. Talvez isso aconteça, talvez não... mas acredito que se puder imaginar um futuro melhor, poderá acreditar nele; e se acreditar nele, ele pode se realizar.
Visão Ilimitada
Quando aos dez anos de idade passei por aquele período de depressão, eu não sofria nenhum problema físico. Não tinha braços nem pernas, mas tinha tudo do que precisava para viver a vida plena e gratificante que levo hoje. Com uma exceção: naquela época, eu estava concentrado apenas no que podia ver. Estava absorto nas minhas limitações e não nas minhas possibilidades.
Todos temos limitações. Jamais serei um astro de basquete, mas tudo bem, porque posso inspirar as pessoas a serem as estrelas de sua própria vida.
Você jamais deve viver de acordo com o que falta. Em vez disso viva como se pudesse fazer tudo aquilo que sonha em fazer. Mesmo quando você sofre um revés ou passa por uma tragédia, sempre há um benefício inesperado, totalmente improvável e absolutamente impossível.
Talvez isso não aconteça imediatamente, talvez se flagre a se questionar sobre o que ocorrerá de bom, mas acredite que tudo acontece para o bem. Tragédias podem se converter em triunfos.
Tá dando onda
Em 2008 eu estava no Havaí para dar uma palestra, quando conheci a surfista Bethany Hamilton. Talvez você se lembre da história dela, que perdeu o braço ao ser atacada por um tubarão-tigre em 2003. Tinha apenas 13 anos de idade quando isso aconteceu.
Antes do ataque do tubarão, ela era conhecida entre os surfistas, mas depois que sobreviveu À tragédia e retornou às competições louvando a Deus e admirando as bênçãos, passou a ser admirada mundialmente por seu espírito corajoso e sua extraordinária fé. Agora como eu, Bethany viaja pelo planeta inspirando as pessoas e compartilhando suas crenças.
Ela afirma: "Meu objetivo é simplesmente falar sobre fé em Deus, para que todo mundo saiba que Ele ama as pessoas, e explicar como Ele cuidou de mim naquele dia... Eu nem devia estar aqui porque naquela manhã perdi 70% do meu sangue."
Até me encontrar pessoalmente com Bethany, não conheci todos os detalhes da história e não tinha noção de como aquela garota extraordinária tinha chegado perto da morte. Contou-me que rezou muito enquanto era levada às pressas para o hospital, em um trajeto de 45 minutos, e como os paramédicos sussurravam palavras de encorajamento em seu ouvido: "Deus jamais vai te abandonar, nem te desamparar!" As coisas estavam feias. Quando chegaram ao hospital e já preparavam a cirurgia, os médicos ficaram sabendo que todas as salas de operação estavam sendo usadas. Bethany se esvaía em sangue, mas na última hora um dos pacientes desistiu de uma operação no joelho, que estava prestes a começar e por isso, o médico poderia operar Bethany. E adivinhe quem ele era? O pai da própria Bethany!
Incrível, não é? O cirurgião já estava pronto e assim, foi só trocar o paciente pela surfista e assim, o pai dela pôs as mãos à obra.
A cirurgia salvou a vida de Bethany, uma vez que era uma garota atlética, saudável e dona de uma atitude estupendamente positiva. Recuperou-se mais rápido do que previam seus médicos. Três semanas depois do ataque, já surfava de novo.
Durante nossa visita, Bethany me disse que sua fé em Deus a levara a concluir que ter perdido o braço era parte do plano de Deus para sua vida. Em vez de sentir pena de si mesma, simplesmente aceitou o fato e seguiu enfrente. Em sua primeira competição contra algumas das melhores surfistas do mundo ficou em terceiro lugar, com apenas um braço.
Diz que, em muitos aspectos, ter perdido um braço foi uma bênção, porque agora, toda vez que vai bem em alguma competição, seu desempenho inspira outras pessoas e mostra que a vida delas não tem limites.
"Sem dúvida alguma! Deus atendeu as minhas preces e passou a me usar!", diz. "Quando ouvem a minha história, é Deus quem está falando com elas. As pessoas me dizem que chegaram mais perto de Deus, que começaram a acreditar Nele, que encontraram esperança para sua vida ou que foram inspiradas a superar uma situação difícil. Dou glória a Deus quando ouço isso, porque não faço nada por elas. É Deus quem as ajuda. Fico tão empolgada e feliz que Deus tenha me deixado fazer parte de seu plano !"
É impossível não se sentir tocado pelo incrível espírito de Bethany, e pouca gente a teria culpado, caso tivesse desistido de sua carreira, depois do ataque do tubarão. Teve de reaprender a se equilibrar na prancha de surfe, mas isso também não a intimidou. Ela acreditou que, mesmo depois de uma terrível tragédia, era possível extrair algo de bom.
Na crista da onda
Lembre-se dessa extraordinária garota toda vez que a vida lhe passar a perna. Isso vai acontecer! Todos nós somos surpreendidos por ondas inesperadas de vez em quando. É bem provável que seu problema não vem a ser um "tubarão", mas quando a vida o derrubar, pense nessa adolescente que não apenas sobreviveu a um ataque de um dos mais ferozes predadores da natureza, como voltou mais determinada que nunca a levar uma vida maravilhosa.
Bethany me deixou tão entusiasmado que pedi ajuda dela para fazer algo que sempre quis tentar.
- Será que me ensinaria a surfar?
Para meu espanto, ela prontamente se ofereceu para me levar à a praia de Wayki Ki. Fiquei maluco de empolgação diante da perspectiva de aprender a surfar naquele lugar histórico, onde reis e rainhas do Havaí deslizaram pela primeira vez sobre as cristas das altas ondas. Fiquei um pouco nervoso e Bethany encerou uma prancha para mim e me apresentou a dois astros de surf - Tona Monis e Lans Hulcano -, que se juntaram a nós na água.
Como já disse antes, toda vez que você se pegar com dúvidas sobre sua capacidade de realizar seus objetivos, confie nas pessoas que estão dispostas a ajudá-lo e a servir como seu guia. Foi exatamente o que fiz. Não podia ter pedido melhores companheiros de surf.
Começaram a treinar comigo, ensinando-me a equilibrar o corpo encima da prancha na grama. Revezaram na prancha comigo e depois, deram-me instruções e me incentivaram.
Quando entramos na água, fiquei um pouco assustado ao pensar que, somando Bethany e eu, ali só havia três braços e pernas. E todos dela! Adorei a ideia de ser um cara do surf, já que era um nadador vigoroso. Não tinha medo da água, mas não tinha certeza de que conseguiria me equilibrar na prancha, na hora de enfrentar as ondas, mesmo com toda ajuda especializada.
Em uma das nossas incursões na água, dei uma guinada de 360 graus, com um dos instrutores encima da minha prancha. Em outra, saltei da minha prancha para a de Bethany, em pleno movimento. Por fim, quis tentar sozinho. Não posso evitar, sou um cara durão. Todos concordaram que estava pronto para uma tentativa solo.
Para ajudar a me equilibrar assim que pegasse uma onda, criara uma pequena plataforma, prendendo com fita adesiva algumas toalhas dobradas na parte da frente da prancha. Então, assim que eu ganhasse alguma velocidade, podia alavancar meus ombros contra as toalhas e ficar numa posição vertical, onde existem uma onda e - força de vontade existe sempre - um jeito.
Naquele fim de semana realizava uma competição de surf na praia de Wayki Ki, e por conta disso havia uma multidão ali. Fiquei um pouco nervoso e ao mesmo tempo, ouvi uma porção de conselhos de especialistas:
- Vai mesmo entrar sozinho na água, cara?
- Cara, eu não sei como você consegue manter o equilíbrio sem braços e pernas!
Assim que entramos na água, eu me senti melhor. Bóio com facilidade e então, no meu caso, nadar não é um problema. Além disso, tenho tendência a flutuar ao sabor das correntezas; por isso, nunca sei onde parar. Imaginei até que voltaria boiando para a Austrália e apareceria no quintal dos meus pais. Foi um dia maravilhoso!
Bethany estava na água a meu lado, encorajando-me, mas toda vez que eu tentava pegar uma onda e ficar em pé, caía da prancha. Tentei seis vezes; nas seis vezes, tomei caldo. Não podia desistir! Havia muita gente a me olhar, muitas câmeras filmando. Não podia aparecer no youtube.com como um cara deficiente, que não sabia pegar onda.
Quando era criança, passava horas e horas andando de skate, por isso já pegava o jeito. Por fim, na minha sétima tentativa, peguei uma onda enorme. Foi um barato! E não sinto vergonha de dizer que berrei feito uma menininha encima daquela prancha. Todo mundo que estava na praia assoviou e deu gritos entusiasmados. Fiquei amarradão! Sei disso porque todo mundo me disse: "Meu, você é um cara muito irado!"
Ao longo das horas seguintes pegamos ondas atrás de ondas e quase umas vinte vezes. Havia vários fotógrafos na praia e eu me tornei o primeiro surfista novato a aparecer na capa da revista Surfer. Tive um dia ótimo e arrebentei na água!
Mais tarde, em uma entrevista, Lance Hookano fez um comentário interessante: "Passei a vida inteira nesta praia e jamais presenciei algo parecido. O Nick é um dos caras mais irados que já vi. Ele adora essa parada. Tem sal correndo nas veias. Isso me faz pensar que tudo é possível!"
Guarde isto: tudo é possível. Quando se sentir desanimado por causa dos percalços, quando achar que a vida lhe dá um caldo, acredite que tudo é possível! Talvez agora não consiga ver a saída, talvez sinta que o mundo inteiro está contra você, mas... acredite que as circunstâncias podem mudar, que as soluções podem aparecer e que a ajuda pode vir de lugares inesperados. Aí, tudo é possível.
Se um cara sem braços e sem pernas pode aprender a surfar em uma das praias mais sensacionais do mundo, para você tudo é possível.
A Fé Cria Raízes
Uma das histórias mais famosas da Bíblia é a parábola do semeador. Um lavrador espalha as sementes: uma parte delas cai na estrada e é comida pelos pássaros. Outras sementes caem na terra, onde não há terra o bastante e o sol as queima e seca, porque não fincam raiz. Outras caem entre espinhos que crescem e as sufocam. E outra parte cai em terra boa, dá frutos, gera muito mais sementes que as originalmente semeadas.
Na nossa vida, nós não apenas recebemos boas sementes - como elas também caem em terra boa (o nosso coração). Quando as adversidades nos derrubam, podemos recorrer aos nossos sonhos de uma vida melhor. Eles agem como as sementes da realidade que está por vir; nossa fé é o solo rico que dá vida a essas sementes.
As pessoas que me amam sempre me incentivaram: plantaram sementes no meu coração. Elas renovaram minha confiança de que eu tinha bênçãos capazes de trazer benefícios para outras pessoas. Em alguns dias acreditava nelas; em outros não. Mas essas pessoas nunca desistiram de mim: sabiam que às vezes plantaram no asfalto, em meio a ervas daninhas... Mesmo assim, acreditaram que suas sementes fincariam raízes.
Minha família plantava sementes toda manhã, quando eu saía para a escola.
- Tenha um bom dia, Nicholas! Faça o seu melhor e deixe que Deus faça o resto!
Havia dias em que eu pensava: "Tá bom, claro! Deus tem senso de humor, porque sei que hoje vão tirar sarro de mim no playground da escola!"
Assim que eu entrava na escola, na minha cadeira de rodas, algum idiota dizia que estava com o pneu furado, ou que queria me usar como descanso da porta da biblioteca. Muito engraçado... Nos dias de desânimo as palavras de apoio dos meus pais caíram em solo pedregoso. Não havia nada para nutri-las, porque me sentia amargurado demais para... situação em que nasci. Mas nos meses e anos que se seguiram, a minha malfadada tentativa de suicídio na banheira, cada vez mais as palavras de apoio dos meus pais... passaram a cair em terreno fértil. Em parte porque comecei a conquistar meus colegas de classe com a minha determinação e personalidade extrovertida. Ainda tinha meus dias de tristeza, mas agora eram bem menos frequentes.
Certa vez, o grande pastor e autor de livros motivacionais, Norman Vincent Peale, disse:
- Seja um possibilitariano! Por mais sombria que sua vida esteja agora,, erga os olhos e veja as possibilidades. Olhe sempre para elas, pois estão sempre lá.
Talvez você jamais venha a ser presbiteriano, ou rotariano, mas sempre deve carregar consigo sua carteirinha de possibilitariano. Sem acreditar nas possibilidades de sua vida, o que seria de você? O que seria de todos nós?
Nossa esperança no futuro é o que nos mantém em movimento. Ela nos faz seguir em frente, para encarar os inevitáveis períodos de dureza desânimo e desespero.
Minhas tendências possibilitarianas apareceram cedo. Tinha seis ou sete anos quando escrevi e ilustrei meu primeiro livro. O título era O Unicórnio que não tinha asas. Não é mistério nenhum de onde extrai a história, mas devo dizer que a pequena parábola inspirada na minha própria vida ainda oferece uma bela mensagem de fé. Não se preocupe, é curta! Eu tinha apenas seis anos de idade quando a escrevi.
"Era uma vez uma mamãe unicórnio que ia ter um filhote. Quando o bebê unicórnio cresceu, ela viu que não tinha asas. A mamãe unicórnio disse:
- O que aconteceu com as suas asas?
Quando o unicórnio saiu para dar uma volta, viu os outros unicórnios voando no céu. Então um menininho chegou perto dele e perguntou:
- O que aconteceu com as suas asas?
O unicórnio respondeu:
- Não tenho asas, menino!
O menininho respondeu:
- Vou tentar fazer asas de plástico para você!
Ele levou uma hora para fazer asas para o unicórnio. Quando acabou, o menino perguntou ao unicórnio se podia montá-las nas costas dele e ele respondeu:
- Sim, pode.
Então os dois foram juntos passear, e o unicórnio começou a voar e gritou:
- Deu certo! Funcionou!
Quando parou de voar, a criança desceu das costas dele. Depois o unicórnio voltou para o céu e o menininho disse:
- Parabéns, unicórnio!
O garotinho voltou para casa e contou para sua mãe, suas irmãs e seu pai o que tinha acontecido com o unicórnio. O unicórnio viveu feliz para sempre.
Fim.
Todos queremos viver felizes para sempre. Mesmo que você ache que é capaz de enfrentar as atribulações e adversidades e saborear os bons tempos, as decepções vão ocorrer. Mas o final feliz deve ser sempre seu objetivo. Por que não a tentar?
Paciência recompensada
Em 2008, a minha equipe da Life Without Limits planejou uma turnê mundial e o objetivo era que eu visitasse catorze países.
No início do planejamento definimos um orçamento, iniciamos uma campanha de arrecadação de recursos para custear nossas despesas de viagem. Não tínhamos profissionais da área e não conseguimos cumprir nossa meta. Angariamos apenas um terço do necessário.
Segui em frente e iniciei a turnê, Visitei a Colômbia, a Ucrânia, a Sérvia e a Romênia.
quando voltei para casa, meus conselheiros estavam preocupados, pois corríamos o risco de não ter dinheiro suficiente para dar prosseguimento à viagem.
Meu tio Batta é um bem-sucedido empresário na Califórnia e atua como membro do conselho de diretores. Ele tomou a decisão executiva de cancelar duas das minhas datas do resto da turnê, e o dinheiro não era a única razão.
"Estamos recebendo mais e mais informes de que talvez não seja seguro viajar por causa da situação intranquila na Índia, especialmente em Mumbai e Indonésia. Já que nosso orçamento está apertado, acho que seria mais sensato visitar esses países em outra ocasião."
Meu tio é um homem muito sábio e não discuti com ele. Eu disse apenas que confiava nele. Depois disso, fui dar uma palestra na Flórida, onde havia 450 voluntários apenas para organizar a enorme multidão. Fui até lá para inspirar as pessoas, mas foi minha plateia que me encheu de entusiasmo.
Na viagem de volta para casa eu estava tão empolgado com aquela calorosa recepção que senti uma necessidade arrebatadora de seguir minha viagem pelo mundo, conforme o planejamento inicial.
Rezei e rezei, pedindo orientação. Eu sentia que devia visitar a Índia e a Indonésia, Apesar dos recursos insuficientes e dos sinais de perigo. Acreditávamos que podíamos ajudar as pessoas e que o resto se resolveria sozinho. Meu tio Batta me convidou para jantar em sua casa e conversar sobre meu desejo de continuar nossa turnê mundial com base na fé e não no dinheiro disponível. Enquanto conversávamos durante o jantar, demonstrei estar emocionado com a situação. Sentia a plena convicção de que aquilo era algo que eu precisava fazer. Meu tio Batta me entende e conhece bem o meu ímpeto de levar minha mensagem ao maior número possível de pessoas.
- Vamos ver para onde o senhor vai nas próximas semanas! - disse, com toda paciência.
Você não pode desistir diante dos obstáculos e também não deve fugir deles! Você avalia a situação, procura soluções e acredita que, aconteça o que acontecer, no fim resultará algo positivo.
A paciência é essencial. Você planta sementes, resiste às tempestades, espera a colheita e mais importante: quando se vê diante de um percalço, não faz nada insensato. Não bate a cabeça na parede, não se entrega à derrota, procura a melhor solução e acredita que todos os obstáculos servem a um propósito.
Quando não tínhamos dinheiro para completar nossa turnê mundial, não agimos precipitadamente, gastando dinheiro que não tínhamos. Procuramos soluções, acreditamos que se a nossa porta fosse momentaneamente fechada, um dia ela se abriria para outra oportunidade.
O ponto mais importante a ser lembrado é que você sempre encontrará um caminho, desde que o procure. Pode ser que tenha de adequar seus objetivos à realidade, mas enquanto respirar, deve se lembrar de que as possibilidades ainda existem. Posto isso, preciso dizer o seguinte: não recebemos uma única resposta às nossas orações para encontrar uma maneira de financiar o restante da viagem. Mas depois, teve uma série de acontecimentos.
Dias depois do jantar com o tio Batta, um sujeito chamado Bryan Heart, que tinha visto minha palestra na Flórida, ligou e se ofereceu para doar uma polpuda soma em dinheiro. Então, nossos contatos na Indonésia ligaram para dizer que tinham alugado dois estádios em Hong Kong, e prometeram bancar todas as nossas despesas.
Após dois dias, uma organização de caridade da Califórnia ofereceu uma soma ainda maior que cobria todos os custos do restante da viagem. Em questão de dias, o dinheiro já não era um problema.
Ainda tínhamos preocupações relativas à segurança em alguns dos lugares que pretendíamos visitar, mas depositamos nossa confiança nas mãos de Deus.
Graça Divina
Lembra-se de quando eu disse que tudo resulta de alguma coisa boa? Por causa da escassez de dinheiro, tínhamos mudado a programação para a Índia, mas assim que o conseguimos, remarcamos nossa visita ao país e acabamos indo uma semana antes do previsto. A mudança de programação talvez tenha salvado nossa vida: dois dias depois da nossa ida a Mumbai, três dos locais por nós visitados foram atacados por terroristas.
O hotel Taj, o aeroporto e a estação de trem da região Sul de Mumbai estavam entre os alvos de ataque que mataram mais de 180 pessoas e deixaram 300 feridos.
Se tivéssemos conseguido cumprir nosso cronograma original, estaríamos em Mumbai naqueles dias, nos mesmos lugares dos ataques. Você pode dizer que tivemos sorte, mas acredito que Deus tinha um plano que nós não éramos capazes de ver ou prever. Por essa razão, é tão importante ter fé no futuro e continuar trabalhando para realizar seus objetivos, mesmo quando as circunstâncias e prognósticos estiverem todos contra você.
Pé Firme na Vida
Comecei este capítulo falando do meu pé esquerdo - um apêndice pequenino e bastante útil. Aprendi a ser extremamente grato por meu pezinho esquerdo, porque há muita gente inovadora que inventa estilosas geringonças que funcionam perfeitamente para ele. Controles e telas sensíveis ao toque estão entre os dispositivos mais jeitosos que já apareceram na minha vida. Mesmo sem braços e sem pernas, hoje eu posso experimentar a vida de duas maneiras, que meus pais e eu jamais teríamos imaginado quando eu era criança.
Embora as possibilidades para minha vida pudessem parecer estreitas, os limites se ampliavam graças às modernas tecnologias e ao poder de acreditar nas coisas e realizá-las. Por mais difícil que a vida pareça, - por mais cruel e impiedosa que possa ser -, aguente firme! Quando cheguei a este mundo, minha situação parecia desoladora, mas consegui abrir um caminho e construir uma vida gratificante. E se pensa que sou uma exceção, pense nas conquistas de um de meus heróis pessoais, o falecido Christyytian Brown.
Nascido em Dublin, Irlanda, em 1932, Christyytian era o décimo filho de uma família de 22 crianças. Embora apenas catorze delas tivesse chegado à vida adulta, Christyytian nasceu com os braços e as pernas, mas tinha uma terrível deficiência física, a ponto de não conseguir andar nem falar. Mal conseguia articular sons guturais.
Na época os médicos não sabiam o que havia de errado com ele. Anos mais tarde foi diagnosticado com uma grave forma de paralisia cerebral.
Uma vez que Christyytian não conseguia falar com clareza, os médicos também achavam que tinha deficiência mental. Sua mãe insistia que o filho não tinha problemas mentais, simplesmente não era capaz de se comunicar. Ela e outros membros da família trabalharam com ele.
Um dia Christyytian agarrou com seu pé esquerdo um pedaço de giz, tirando-o de sua irmã, e com enorme dificuldade escreveu a letra A sobre uma pequena pedra escolar de rascunhos. Por causa da doença, era a única parte do corpo que ele conseguia controlar.
Christyytian aprendeu a escrever, a desenhar e a pintar com o seu pé esquerdo. Sua família - como a minha -, estava determinada a lhe dar a vida mais normal possível, por isso levaram-no de um lugar para outro em um carrinho de madeira.
Como eu, ele tornou-se um exímio nadador. Por fim, sua mãe encontrou um médico que o ajudou a conseguir uma vaga para receber tratamento no hospital Johns Hopkins. Mais tarde esse médico criou um hospital para Christyytian e outros pacientes com paralisia cerebral.
Ele também introduziu Christyytian à literatura e vários escritores famosos da literatura irlandesa o inspiraram a se expressar como poeta e prosador.
Seu primeiro livro foi um relato autobiográfico intitulado "My Left Foot" (Meu Pé Esquerdo), que depois foi ampliado e se tornou best-seller Down All The Ways, que mais tarde ganhou versão para o cinema no filme Meu Pé Esquerdo, protagonizado por Daniel Day-Lewis, que aliás, era filho de um colega de letras de Crhisty, o poeta Cessil Day-Lewis.
Christyyt publicou outros seis livros e teve uma produtiva carreira de pintor.
Christyyt publicou outros seis livros e teve uma produtiva carreira de pintor.
Daniel ganhou um oscar por sua atuação. (1)
* My Left Foot - Meu Pé Esquerdo: ano de 1989 , dirigido por Jin Terridan.
Pense nos dias longos e sombrios que Christyytian Brown e sua família passaram, se perguntando que tipo de vida ele poderia ter. Christyytian só conseguia mexer uma pequena parte do seu atormentado corpo; mesmo assim, tornou-se um notável escritor, poeta e pintor, e teve uma vida maravilhosa retratada em um filme ganhador de prêmios. O que a vida lhe reserva? Que razão teria para não continuar vivo e ver que rumo a sua história vai tomar?
Visão Completa
Na minha infância, muitas vezes tive uma visão limitada. A perspectiva que tinha da existência era tão egoísta, que jamais sonhei existir em outras pessoas cuja situação era pior que a minha. Gente como Christyytian Brown, por exemplo. Então, por volta dos meus 13 anos, li uma matéria no jornal sobre um jovem australiano que tinha se envolvido em um horrível acidente. Se não me falha a memória, ficou paralítico, incapaz de se mover ou falar, e confinado à cama pelo resto da vida. Eu mal podia imaginar como isso seria medonho.
A história me ajudou a abrir os olhos e a expandir minha visão. Percebi que a minha falta de braços e pernas me impunha inúmeras dificuldades, mas ainda assim eu tinha muitas coisas pelas quais ser grato, tantas possibilidades na minha vida. Acreditar no destino é uma coisa poderosa. Você consegue mover montanhas!
Meu despertar para a plenitude das possibilidades foi um processo gradual. Aos 15 anos de idade, ouvi a história da cura do cego, no Evangelho de João. Ele era cego de nascença, e quando os discípulos de Jesus o viram, perguntaram:
"Quem pecou? Ele ou os pais dele, para que nascesse cego?"
Era a mesma pergunta que tinha feito a mim mesmo: "Fiz algo errado? Meus pais fizeram algo errado? Afinal, por que outro motivo teria nascido sem braços e pernas?"
Jesus respondeu:
"Nem ele pecou nem seus pais, mas foi assim, para que se manifestem nele as obras de Deus." (2)
* João, Cap. 1:3.
Quando o cego ouviu essa explicação, a perspectiva que ele tinha da vida e das possibilidades dela mudou radicalmente.
Você pode imaginar a ressonância que essa parábola teve na minha adolescência, em uma fase em que me sentia constrangido por me achar tão diferente - e muito pouco à vontade por ser deficiente - e tão dependente dos outros? De repente havia uma nova possibilidade: eu não era um fardo. Não era apenas um deficiente ou uma criatura limitada. Não estava sendo punido. Eu tinha sido feito sob medida para que as obras de Deus se manifestassem em mim.
Quando li esses versículos na Bíblia aos 15 anos de idade, uma onda de paz me invadiu como nunca tinha acontecido antes. Questionava-me por que razão havia nascido sem braços e pernas, mas então entendi que ninguém sabia a resposta, a não ser Deus. Eu simplesmente tinha de aceitar isso e acreditar nas possibilidades que Ele me apresentaria.
Ninguém sabe por que nasci com a minha deficiência, assim como ninguém sabia por que aquele cego tinha nascido com a dele. Jesus disse que era para que as obras de Deus pudessem ser reveladas. Essas palavras me deram a sensação de alegria e um sentimento de grande força.
Pela primeira vez percebi que o fato de não conseguir entender por que razão eu não tinha braços nem pernas não significava que meu Criador havia me abandonado. O cego foi curado para seguir a seu propósito. Eu não estava curado, mas na hora certa, meu propósito seria revelado.
Você deve entender que às vezes, não vai obter as respostas imediatamente às questões que procura. Você precisa caminhar via fé. Tive de aprender a confiar nas possibilidades para minha vida. Se eu consegui adquirir essa confiança, você também consegue.
Pense nisso! Quando menino, eu não tinha como saber que a falta de braços e pernas me ajudaria a divulgar minha mensagem de esperança, para tantas nações e para pessoas tão diferentes.
Os períodos de desânimo e os momentos de abatimento não são nada engraçados. Você não precisa fingir que gosta deles, mas acredite nas possibilidades de dias melhores, que levem a uma vida repleta de sentido e propósito.
Um Exemplo a Ser Seguido
A primeira vez que realmente testemunhei o poder da crença no destino foi durante uma palestra na escola. A minha primeira experiência de ouvir a fala de um palestrante motivacional - ou inspiracional, dizem alguns - era um norte-americano chamado Reggie Dabbs, que naquele dia teve uma trabalheira danada. Havia 140 crianças no auditório, o ar estava quente e úmido, o sistema de som estava precário com ruídos e estalidos, e às vezes, simplesmente parava de funcionar.
Os alunos estavam irrequietos, mas ele nos cativou com sua história de vida. Contou que era filho de mãe solteira (uma adolescente que tinha cogitado a ideia de abortar para resolver seu probleminha). Felizmente para Reggie, ela decidiu dar à luz. A menina grávida não tinha família nem onde morar e por isso se mudara para um "galinheiro".
Deitada lá uma noite, sozinha e assustada, lembrou-se de uma antiga professora. Uma mulher muito simpática que uma vez dissera que podia telefonar, caso um dia precisasse de ajuda. O nome da professora era a Sra. Dabbs.
Ela saiu de carro de sua casa no Tennessee e foi até a Louisiana, pegou a adolescente grávida e foi para sua casa e sua família. O marido e seus filhos, já crescidos. A Sra. Dabbs e o marido adotaram Reggie deram-lhe seu sobrenome. "O casal incutiu nomenino vigorosos valores morais", disse Reggie. Uma das primeiras lições que lhe ensinaram foi que, independentemente da situação e das circunstâncias, tinha sempre a opção de reagir de maneira negativa ou positiva.
Reggie nos disse que quase sempre tomava as decisões corretas, porque tinha fé nas possibilidades de sua vida. Ele não queria fazer nada errado porque acreditava que havia muitas coisas boas à sua espera, e enfatizou especialmente algo que para mim caiu como uma luva: "Você nunca pode mudar seu passado, mas dá para mudar o seu futuro."
Levei a sério as palavras dele. Comoveram todos nós. Reggie também ajudou a plantar uma semente na minha cabeça. Pensei em seguir a carreira de pregador, palestrante e evangelizador. Gostei do fato de que aquele cara humilde tinha precisado de poucos minutos para conseguir causar um impacto positivo em um grupo tão irrequieto de pessoas.
Era muito legal saber que um sujeito tinha vindo de avião do outro lado do mundo só para conversar com as pessoas. Ele era pago para dar esperança Às pessoas! Naquele dia, fui embora da escola pensando: "Talvez um dia, eu tenha uma história sensacional, como a de Reggie, para compartilhar com as pessoas".
Eu encorajo você a aceitar o seguinte fato: se agora não consegue ver uma saída, isso não quer dizer que ela não exista. Tenha fé. A sua história ainda espera para despontar e ser contada e eu sei: será incrível!
Ame a Pessoa Perfeitamente Imperfeita que você é
Um dia, durante uma turnê de palestras no leste da Ásia, falei para uma plateia de mais de 300 altos executivos e empresários em Singapura. Assim que terminei minha apresentação, enquanto o auditório se esvaziava, um distinto cavalheiro correu na minha direção. Ele parecia um homem bem-sucedido, confiante e seguro de si, como todos os demais membros da plateia. Por isso as primeiras palavras que disse ao me abordar foram surpreendentes:
- Nick, ajude-me! - implorou.
Soube que aquele educado senhor era dono de três bancos, mas veio humildemente falar comigo porque a riqueza material não era capaz de oferecer proteção contra a angústia que sentia.
- Tenho uma filha maravilhosa de 14 anos e, por alguma horrível razão, olha-se no espelho e se acha feia. Parte o meu coração constatar que não consegue ver o quanto é linda. Como posso fazê-la ver isso?
É fácil entender a aflição desse homem, pois a coisa mais difícil para os pais é ver os filhos sofrendo. Tentava ajudar a filha a superar o ódio que sentia de si mesma - o que era muito importante - porque, se não nos aceitamos quando somos jovens e saudáveis, como iremos nos sentir à medida que ficarmos mais velhos, com todos os problemas médicos que a idade traz? E se nos odiamos por alguma razão, é fácil substituir esse ódio por centenas de outras razões, igualmente arbitrárias e inválidas. As inseguranças da juventude podem nos jogar em uma espiral descendente, se nos concentrarmos em nossos defeitos e não em nossas qualidades e pontos fortes.
A Bíblia nos diz que somos feitos de um modo assombroso e tão maravilhoso (1). Por que, então, achamos tão difícil nos amar exatamente como somos? Então por que muitas vezes nos sentimos oprimidos por sentimentos de inadequação, achando que não somos suficientemente bonitos ou não somos altos, magros e bons o bastante?
* Salmo 139, 14.
Tenho certeza de que aquele pai em Singapura cobria sua filha de amor e elogios, e tentava incutir nela confiança e autoestima. Nossos pais e entes queridos podem se esforçar ao máximo para levantar nosso moral, mas basta um comentário maldoso de algum colega de classe, chefe ou colega de trabalho, para jogar por terra todo esse esforço das pessoas que nos amam de verdade. Ficamos vulneráveis e adotamos uma mentalidade de vítima quando baseamos a ideia que temos de nós mesmos, nas opiniões de outras pessoas, e também quando nos comparamos a elas.
Quando você não está disposto a se aceitar, fica mais propenso a aceitar os outros; e isso pode levar à solidão e ao isolamento.
Uma vez eu conversava com um grupo de adolescentes sobre como a vontade de ser popular muitas vezes leva as pessoas a rejeitar e evitar os jovens menos atléticos ou fisicamente bonitos. Para reforçar meu argumento, fiz uma pergunta bastante direta.
- Quantos de vocês aqui gostariam de ser meus amigos?
Para meu alívio, a maior parte da plateia levantou a mão. Mas então, fiz outra pergunta para tirar a prova:
- Então, a minha aparência não importa, certo?
Fiquei em silêncio. Deixei que parassem um pouco para pensar. Conversamos justamente sobre o quanto as pessoas dedicam seu tempo à tentativa de se adequarem e de serem aceitas e apelam para todo tipo de coisa: usar as roupas certas ou um corte de cabelo bacana; perder peso; não ter a pele bronzeada demais, nem pálida demais...
- Como vocês podem ser amigos de um cara que não tem braços nem pernas? Provavelmente a pessoa mais diferente que vão conhecer na vida!
Mas mesmo assim rejeitam um colega só porque não usa marca de certa calça jeans? Ou não tem uma pele clara, um corpo adequado para disputar maratonas?
Quando você julga a si mesmo de maneira muito rígida ou cruel, ou quando coloca sobre os próprios ombros uma pressão excessiva, passa a ser muito crítico em relação aos outros. Amar e aceitar a si mesmo da mesma maneira que Deus o ama abre as portas para um senso maior de paz e realização. As pressões sentidas pelos adolescentes e jovens adultos parecem ser universais.
Fui convidado a dar palestras para jovens na China e na Coréia do Sul, países com acelerado crescimento econômico e onde as pessoas trabalham arduamente, por causa da crescente preocupação dos governos das duas nações com os altos índices de depressão e suicídio. Cheguei à Coréia do Sul no mesmo momento em que os jogos olímpicos de inverno de 2010 eram realizados em Vancouver, no Canadá. Foi legal ver as pessoas demonstrando seu entusiasmo e o orgulho nacional quando Kim Yu-Na – a rainha coreana da patinação artística - conquistou sua primeira medalha de ouro na modalidade.
O país estava tão vidrado na atleta que, durante sua última apresentação na final da competição, a bolsa de valores do país teve desempenho abaixo da média.
Eu tinha aparecido em um documentário de grande repercussão entre a enorme população cristã do país, o que resultou em uma série de convites para pregações e palestras. A explosão de fé na nação é espantosa. Meus anfitriões da igreja Onnuri disseram que os sul-coreanos são apaixonados pelo seu trabalho missionário. Previram que, daqui uma ou duas décadas, o número de missionários sul-coreanos terá ultrapassado o de missionários norte-americanos, o que é extraordinário, já que a Coréia do Sul é um país bem menor.
Ao chegar de carro a Seul, fiquei impressionado com o número de igrejas. A capital do país é bem famosa por abrigar as três catedrais cristãs do mundo. Embora acerca de 100 anos atrás, o número de cristãos fosse pouco expressivo na Coréia do Sul, hoje quase 1/3 de sua população de 48 milhões de habitantes, declara ser cristã.
Uma das comunidades cristãs para qual falei - a Yoi Full Gospel Church (que é a Igreja do Evangelho Pleno) - tem mais de 800 mil membros, que frequentam cultos e celebrações em 21 igrejas. Amigos meus visitam a Coréia do Sul apenas para excursionar pelas igrejas.
As seções de oração são incríveis, com cânticos entoados em voz alta, e o repicar de sinos anuncia cada novo culto. Contudo, mesmo com esse crescimento espiritual, as pessoas enfrentam altos níveis de estresse, por causa das longas horas de trabalho árduo.
A pressão nas escolas também é enorme, em razão da competição feroz para ver quem é o melhor. Muitos jovens vivem atormentados e angustiados por causa da noção de que o primeiro lugar é o único que vale a pena. Se não chegam ao topo, sentem-se derrotados. Incentivo a ter em mente que o fato de não tirar a nota máxima em uma prova não faz deles pessoas fracassadas. Aos olhos de Deus todos nós temos valor e devemos nos amar como Ele nos ama.
O tipo de amor próprio e auto-aceitação que defendo não é amor egocêntrico, vaidoso e presunçoso. Essa forma de amor próprio é abnegada, desprendida e altruísta. Você dá mais do que recebe, oferece sem que ninguém tenha pedido, compartilha mesmo aquilo que não tem muito, encontra felicidade quando faz os outros sorrirem. Você se ama porque não acha que tudo gira em torno de si mesmo. Sente-se feliz quem é porque faz as pessoas à sua volta felizes. Mas, e se você simplesmente não conseguir se amar pelo fato de que ninguém mais o ama?
Acho que isso não é possível. Veja só: somos filhos de Deus. Todos podemos contar com o amor incondicional dele, sua misericórdia e seu perdão. Devemos nos amar e ser compreensivos com nossas imperfeições e nossos erros, porque Deus faz tudo isso por nós.
Durante uma turnê pela América do Sul falei em um centro de reabilitação de viciados em drogas na Colômbia. Os viciados e ex-viciados em minha plateia sentiam tão pouco respeito por seu valor como seres humanos que quase se destruíram com as drogas.
Disse-lhes que Deus os amava, apesar de seu vício. O rosto deles se iluminou quando garanti, por meio de um intérprete, que Deus os amava de maneira incondicional. Se Ele está disposto a perdoar nossos pecados e nos amar, por que então não podemos nos perdoar e nos aceitar? Como a filha do banqueiro de Singapura, aqueles "adictos" se perderam no caminho porque, por algum motivo, desvalorizaram sua própria vida.
Sentiam-se indignos do melhor que a vida tem a oferecer.
Disse-lhes que todos somos dignos do amor de Deus. Se Ele nos perdoa e nos ama, devemos nos amar e nos esforçar para levar a melhor vida que pudermos. Quando Jesus foi indagado sobre quais eram os mandamentos mais importantes, disse que o primeiro era "amar a Deus sobre todas as coisas", Com toda força do nosso coração, mente e alma. O segundo era amar ao próximo como a nós mesmos. Amar a si mesmo não é ser egoísta, egocêntrico ou presunçoso: é aceitar sua vida como um presente a ser cultivado e compartilhado, como uma bênção para outras pessoas.
Em vez de concentrar as atenções em suas imperfeições, fracassos e erros, concentre-se nas suas bênçãos e na contribuição que pode dar: seja um talento, conhecimento, sabedoria, criatividade, trabalho duro ou uma alma caridosa. Você não precisa viver segundo as expectativas de ninguém; você mesmo pode definir sua própria versão de perfeição.
Deixe sua Luz Brilhar
A psicanalista e escritora Elisabeth Kubler-Ross disse que as pessoas são como vitrais: elas brilham e reluzem quando bate o sol, mas quando cai a escuridão, a sua verdadeira beleza só é revelada se houver uma luz vinda de dentro.
Basta viver sem limites e principalmente para sobreviver à escuridão da depressão, do vício em drogas, do alcoolismo e de outros percalços você deve acender essa luz interior. Deve acreditar na própria beleza e valor como alguém capaz de fazer a diferença. Alguém que importa! Encontrar seu propósito é o primeiro passo importante para viver uma vida sem limites. Manter a esperança no futuro e a fé nas possibilidades - mesmo em períodos difíceis - é o que vai mantê-lo em movimento, seguindo em frente na direção desse objetivo. Mas para ser plenamente realizado, você deve saber de coração que é digno de sucesso e felicidade. Deve se amar, assim como Deus ama àqueles que têm fé.
Tenho um amigo que se sente tão confortável consigo mesmo, tão em paz e tão entusiasmado com a ideia de desenvolver seus talentos que simplesmente parece irradiar bons sentimentos. Adoro ficar perto dele! Todo mundo adora ficar perto dele! Por que? Porque brilha a partir de dentro.
Ele se ama, mas não com aquele amor do tipo "você é tão vaidoso". Esforça-se e batalha assim como você e eu, e se aceita como uma criatura abençoada, mesmo quando as coisas não acontecem do jeito que quer ou espera. Tenho certeza de que você conhece pessoas que transmitem essa mesma vibração de conforto, assim como é provável que também conheça o tipo oposto de pessoas, cuja amargura e falta de amor próprio afastam todo mundo.
Se você não se aceitar, isso vai levar não apenas à autodestruição, mas também a um isolamento. Se você não brilha a partir de dentro, talvez seja porque esteja dependendo demais da opinião de outras pessoas para ganhar confiança e se sentir amado. Mas esse é um caminho que só leva À decepção porque, primeiramente, você deve se aceitar. A única medida importante da sua beleza e do seu valor como pessoa deve ser aquela que vem de dentro.
Eu sei, falar é fácil; fazer é bem mais difícil. Já passei por isso também. Sendo filho de pais cristãos, sempre aprendi que Jesus me amava e que Deus tinha me criado como um ser perfeito, de acordo com o seu plano. Certamente, todos os ensinamentos bíblicos dos meus pais e todos os esforços da minha família para me animar caíam por terra, toda vez que um pirralho nojento e arrogante na escola corria até mim e gritava:
- Você é uma aberração!
A vida pode ser cruel. As pessoas podem fazer coisas impensadas ou simplesmente ser más. Então, você deve olhar para dentro de si mesmo em busca de coragem, e quando essa força interior falhar, pode sempre olhar para cima, para Deus, a suprema e derradeira fonte de força e amor.
A auto-aceitação e o amor próprio são conceitos importantes, mas que hoje em dia andam mal compreendidos. Você deve se amar como um reflexo do amor divino e como alguém que foi posto no mundo para dar uma contribuição única e especial.
Muitos adolescentes e adultos dão à vida um sentido superficial quando encampam os extremos do narcisismo e da indulgência. Isso se deve, em parte, ao culto à beleza e Às celebridades, alardeado por realities, shows e certos filmes, vídeos e programas de rádio e televisão. Para quem consome esses programas, é fácil esquecer que a vida tem um significado mais profundo e um propósito mais elevado do que apenas ter boa aparência, viver em meio ao luxo e arrumar namorados.
Não é de se admirar que haja mais celebridades em clínicas de reabilitação do que em igrejas. Muitas delas cultuam os falsos deuses da vaidade, do orgulho e da luxúria. Não consigo imaginar que alguma geração anterior À nossa tenha sido tão enganada por mentiras. Somos continuamente bombardeados por mensagens de que, para sermos pessoas amadas, estimadas, realizadas e tidas como bem-sucedidas, precisamos ter determinada aparência, certa marca de carro e um determinado estilo de vida. Chegamos a um ponto perigoso da nossa cultura, num momento em que aparecer em um vídeo de sexo é considerado um caminho legítimo para o sucesso, a fama e a realização.
Você não acha que o mundo seria melhor se os paparazzi conseguissem jovens com diplomas de faculdade e títulos de mestrado e doutorados, a missionários que levam medicamentos e esperanças aos pobres e necessitados, em vez de perseguir gente que abandonou os estudos, que tem ficha corrida na polícia, que entra e sai de clínicas de reabilitação e que têm marcas de agulha nos braços?
Mas nem tudo está perdido. Vi pessoas - jovens e velhas – que participaram de cerimônias religiosas e festivais de oração e louvor e encontraram alegria ao aprender a amar o próximo. Vi centenas de adolescentes e adultos passarem suas férias, construindo casas em países em desenvolvimento e ajudando pessoas necessitadas em áreas pobres da América do Norte.
Nem todo mundo está obcecado por cirurgias plásticas e bolsas Louis Vuitton. Quando você se deixa iludir por bens materiais e pela beleza superficial, e quando permite que outras pessoas determinem qual é o seu valor, abre mão de si mesmo e se arrisca a deixar que boa parte das suas bênçãos acabem na lata do lixo.
Depois de assistir ao meu DVD, Christy me escreveu:
"Você me fez perceber o seguinte: qual é o sentido de ter alguém que me ame se eu mesma não me amar? Assisti ao seu DVD há mais de um ano e hoje o revi, decidi que precisava dizer o que fez por mim. Você me ensinou a ter uma posição, a falar por mim mesma, a me amar por quem sou e a viver a minha vida do jeito que quero. Ah, aliás, agora que mudei e me vejo do outro jeito, meu namorado notou uma grande diferença em mim e sente uma enorme gratidão por você!
Ele sempre temeu por mim, que eu fizesse algo estúpido e me matasse. Mas agora eu mudei e a minha vida está muito mais feliz."
Auto-aceitação
Minha mensagem encontrou eco em Khristy, porque já passei por aquilo que ela passou. Quando eu tinha sete anos de idade, voltei para casa depois de um dia particularmente cruel de rejeição e decepção na escola, e fiquei horas me encarando no espelho.
A maior parte dos adolescentes se preocupa com coisas como espinhas e o corte de cabelo. Além de todas essas preocupações costumeiras, eu também tinha minha falta de braços e pernas. "Realmente "sou um cara de aparência esquisita!", pensei.
A tristeza tomou conta de mim. Permiti-me afundar em um pântano de autocomiseração durante uns cinco minutos, mas então uma voz de dentro de mim disse: "Tá legal! Como diz a sua mãe, você tem apenas algumas partes faltando, só isso! Mas também tem coisas boas!", pensei. "Diz uma e eu te desafio! Encontre apenas uma coisa boa que seja e eu me sinto satisfeito."
Passei alguns minutos examinando a minha imagem refletida e, por fim, achei uma coisa positiva: tenho olhos bonitos. "As meninas me dizem que tenho olhos lindos! Pelo menos tenho isso e ninguém poderá mudar!" Meus olhos jamais vão mudar; então, sempre terei olhos lindos.
Vamos sentir que seu espírito está esmorecendo porque alguém o magoou, ofendeu ou menosprezou... Vá para frente do espelho e encontre uma característica que você ama em si mesmo. Não precisa ser física, pode ser um talento, um traço de personalidade, ou algo que o faça se sentir bem consigo mesmo. Tive alguns minutos para pensar nesse "algo especial". Sinta-se grato por ele e saiba que a sua beleza e seu valor
vem da pessoa única e sem igual que você é.
Não se esquive, afirmando algo como "não tenho nada de especial". Somos muito duros conosco, especialmente quando nos comparamos a outras pessoas. Vejo isso especialmente quando converso com adolescentes Muitos deles lutam contra sentimentos de inadequação ou contra a sensação de que nunca serão amados por ninguém.
É por isso que costumo dizer Às pessoas: "Eu amo vocês como são. Vocês são bonitos!" São palavras simples, ditas por um desconhecido de aparência estranha. Uso-as sempre em minhas palestras em escolas e sermões para grupos de jovens.
Minhas palavras sempre mexem com as pessoas, tocam mais fundo. Para dizer a verdade, as reações são bastante impressionantes. Em geral a reação mais comum na plateia começa com um gemido abafado. Olho e vejo uma menina de cabeça abaixada ou um menino com as mãos sobre o rosto. Depois as emoções poderosas tomam conta do auditório como uma doença contagiosa. As lágrimas escorrem pelas bochechas dos jovens, os ombros tremem e se sacodem por causa dos soluços sufocados. Meninas se abraçam, meninos saem da sala para esconder o rosto.
Nas primeiras vezes em que isso aconteceu fiquei perplexo. O que está acontecendo? Por que essa reação tão intensa?
Os próprios membros da minha plateia responderam a essas perguntas. Depois dos meus discursos, jovens e velhos fazem filas para me abraçar e se abrir comigo, e mais uma vez a reação é esmagadora. às vezes, as pessoas passam horas na fila.
Bom, já sei que sou um cara bonitão, mas as pessoas não ficam em uma fila para me abraçar só porque sou um galã. O que realmente as atrai é que eu acabo desenfreando um par de poderosas forças que faltam na vida de muita gente, o amor incondicional e a autoaceitação.
A correspondência de Kristy é uma de muitas cartas e e-mails que recebo, e uma das muitas conversas que tenho pessoalmente com jovens e velhos, que pensaram em tirar a própria vida porque perderam a capacidade de se amar. Quando você está magoado, ergue muros para evitar que se machuque de novo, mas é impossível construir um muro interno ao redor do coração. E se você se amar como é, por sua beleza natural (interior e exterior), outras pessoas se aproximarão de você e também verão a sua beleza.
Ame-se a ponto de rir de si mesmo
Nossos amigos e entes queridos podem repetir cem vezes que somos lindos e amados e que os períodos de complicação vão passar, mas mesmo assim, muitas vezes menosprezamos as palavras de apoio e continuamos apegados à tristeza e ao sofrimento. Durante muito tempo fiz isso: meus pais passavam semanas a fio tentando desfazer os estragos feitos por um ou dois garotos que me provocavam na escola. Mas quando finalmente alguém da minha idade me fez um elogio, transformei-me. Quando uma menina da minha classe me disse que naquele dia eu estava bonito, passei um mês a caminhar nas nuvens.
É claro que pouco tempo depois fiz 13 anos de idade e acordei com uma espinha no nariz. Não era nada bonito: era uma espinha enorme e vermelha, parecido com um tomate.
- Olha só isto! Que loucura! - mostrei para minha mãe.
- Não vai espremer! - ela recomendou.
"Mas mesmo se quisesse, com que espremeria?", perguntei-me.
Fui para a escola e me senti o sujeito mais horroroso do planeta. Toda vez que passava por alguma sala de aula e via meu reflexo na porta de vidro, tinha vontade de sair correndo e me esconder. As outras crianças me encaravam. Eu alimentava a esperança de que aquilo sumisse, mas dois dias depois, ficou ainda maior - a maior e mais vermelha espinha do universo. Comecei achar que em pouco tempo ficaria maior que eu.
Oito meses depois a monstruosa deformidade ainda não tinha ido embora.
Sentia-me como uma versão australiana da Rena do Nariz Vermelho. Por fim, minha mãe me levou a um dermatologista. Disse-lhe que queria arrancar aquele caroço colossal, mesmo que precisasse de cirurgia.
Ele examinou a espinha com uma enorme lente de aumento, como se não pudesse enxergar a dita cuja, e diagnosticou:
- Hum... Não é uma espinha.
"O que quer que seja, quero me livrar desta coisa!", pensei.
- É uma glândula sebácea inchada. Posso cortá-la ou queimá-la, mas em ambos os casos, você vai ficar com uma cicatriz maior do que esse pontinho vermelho.
- Pontinho vermelho? É tão grande que nem consigo enxergar do outro lado! - protestei.
- Você prefere ficar com uma cicatriz para o resto da vida? – ele perguntou.
A gigantesca protuberância continuou no meu nariz. Durante algum tempo, rezei e me desesperei. Por fim percebi que aquela espinha não passava de uma distração, assim como a falta de braços e pernas. "Se as pessoas não quisessem falar comigo, azar o delas!", decidi.
Quando flagrava alguém encarando a minha espinha, fazia uma piada. Dizia que tinha um nariz extra para vender no mercado negro. Quando as pessoas viam que eu ria de mim mesmo, também riam e se solidarizavam.
Afinal de contas, quem nunca teve uma espinha? Até o Brad Pit tem espinhas!
Às vezes nossas ações transformam probleminhas em problemões, porque levamos as coisas a sério demais. Ter espinhas faz parte do jogo: somos todos seres humanos perfeitamente imperfeitos. Alguns de nós, mais que os outros, talvez. Mas todos temos falhas, fraquezas e defeitos.
É importante não levar muito a sério cada ruga e cada verruga do dia-a-dia, porque um dia, você vai ter de enfrentar algo realmente grave ou errado. E aí, o que vai fazer? Por isso esteja preparado para rir das pequenas cabeçadas da vida, dos pequenos espinhos do cotidiano e das espinhas do nariz. Já foi demonstrado cientificamente que rir reduz o estresse, porque libera endorfina, o relaxante natural do corpo,
fortalece o sistema imunológico e libera o fluxo sanguíneo, além de aumentar a oxigenação do cérebro. Nada mal, né? Estudos demonstram que rir deixa mais bonito: um bônus duplo.
A Beleza é Cega
Sabe o que é realmente "risível"? A vaidade é uma coisa hilária porque, justamente quando você acha que está lindo, maravilhoso e sexy - digno de aparecer na capa da revista Caras -, a vida lhe dá uma lição e o faz perceber que a beleza está de fato nos olhos de quem a vê, e que aquilo que enxergamos do lado de fora não é tão importante quanto o que está do lado de dentro.
Recentemente conheci uma menina australiana que é cega. Participávamos juntos de um evento beneficente, a fim de arrecadar dinheiro para comprar equipamentos médicos para crianças carentes. Essa menina tinha cinco anos de idade. Depois do evento, a mãe dela nos apresentou e lhe explicou que eu tinha nascido sem braços e sem pernas.
De vez em quando alguns cegos pedem para tocar em meu corpo, a fim de compreender como é uma pessoa sem braços e sem pernas. Não me importo nem um pouco. Por isso, quando essa menina me pediu que sua mãe me solicitasse permissão, deixei numa boa. Guiada pela mãe, a garota passou as mãos nos meus ombros e no meu pezinho esquerdo.
A reação dela foi interessante! Estava muito calma quando viu os ombros e meu pezinho esquisito, mas quando passou a mão no meu rosto, deu um berro. Foi hilário.
- O que houve? Meu lindo rosto assustou você? - perguntei, dando gargalhadas.
- Não. É que está coberto de pelos! Você é um lobo?
Acontece que ela nunca tinha sentido uma barba. Quando tocou minha barba rala, pirou. Disse para a mãe que era uma coisa muito triste alguém ser tão peludo. A menina tinha um conceito próprio de beleza e, obviamente, minha barba não correspondia aos critérios dela.
Não fiquei ofendido; pelo contrário, eu pensei que a beleza está mesmo nos olhos e no toque de quem a vê.
Celebre o Fato de que Você é único
Nós, seres humanos, somos um bando de bobos. Passamos metade da vida tentando nos adequar a ser como a maioria e a outra metade tentando ser diferentes, e nos destacar na multidão. Por que?
Tenho culpa no cartório e certeza de que você também tem, porque isso parece ser algo universal - parte da natureza humana. Por que será que não conseguimos viver em paz, confortáveis com o que somos, sabendo que somos criações de Deus, feitos para refletir sua glória?
Quando eu era um garotinho, tentava desesperadamente me encaixar – o que acontece com a maior parte dos adolescentes. Você já percebeu que os adolescentes que querem ser diferentes, em geral, só andam com outros garotos e garotas que se vestem, falam e se comportam exatamente como eles mesmos? Para que isso, cara? Como você vai ser diferente se todo mundo que anda com você usa roupas pretas, unhas pretas, batom preto e delineador preto? Isso não faz ser igual a todo mundo?
Houve uma época em que ter tatuagens e usar piercings era uma vigorosa declaração de rebeldia e individualismo. Hoje em dia até as senhorinhas, que a gente encontra na quitanda da esquina, tem tatuagens e piercings. Deve haver uma maneira melhor de celebrar sua individualidade do que seguir as mesmas modinhas e tendências das mesmas mamães e vovós do shopping center, não é mesmo?
Adotei uma atitude que talvez funcione para você também. Decidi que a minha beleza está nas diferenças, no fato de que não sou igual a todo mundo: sou unicamente eu. Ninguém nunca vai me chamar de mediano, ou normal, ou apenas mais um cara. Posso não ser o mais alto e o mais vistoso da turma, mas definitivamente me destaco e chamo atenção.
Essa atitude funciona bem para mim porque sempre provoco as reações mais estranhas nas crianças e adultos, quando me vêem pela primeira vez. As crianças tendem a achar que sou de outro planeta ou um tipo de monstro. Os adolescentes tendem a usar sua prodigiosa imaginação e concluem que fui mutilado por um assassino munido de um machado, ou desfigurado por uma coisa igualmente macabra. Os adultos também tiram conclusões apressadas e estranhas. Muitas vezes acham que sou um boneco, manequim ou um dos Muppetts.
Certa vez fui visitar parentes no Canadá e me levaram para pedir doces de casa em casa num haloween. Acharam uma máscara enorme e assustadora que cobria meu corpo inteiro e depois me carregaram de porta em porta.
No começo ninguém se abalou muito até que percebemos o motivo: não acharam que eu fosse real. Descobrimos isso quando uma mulher deixou cair na minha sacola um punhado dos meus pirulitos favoritos e eu disse:
- Obrigado! Gostosura ou travessura!
A mulher deu um berro e um pulo para trás.
- Achei que estavam carregando um boneco!
"Bom, sou bem bonitinho", pensei. Quando estou alegre, sou famoso por tirara vantagem da minha inigualável condição. Adoro passear em shoppings com os meus primos e amigos.
Um dia, anos atrás, estávamos em um shopping na Austrália, quando vimos uma vitrine das cuecas Bonds, uma coleção da Haines Jockey, marca australiana de roupas íntimas bastante tradicional. O manequim da loja usava um modelo branco e justinho, tinha o corpo exatamente como o meu -só a cabeça e o dorso, sem braços e pernas - e uma barriga tanquinho. Por coincidência, também vestia cuecas Bond e então, meus primos também
decidiram que poderiam fazer o papel de manequim. Entramos na loja, meus primos me ergueram e me colocaram na vitrine. Fiquei na posição do manequim.
Durante cinco minutos, brinquei com os passantes. Toda vez que alguém parava diante da vitrine ou olhava de relance, eu abria um sorriso. Piscava ou fazia uma reverência.
Para espanto e horror dos clientes do shopping - e obviamente isso provocou um surto incontrolável de risadas nos meus parceiros da traquinagem, que viam tudo do lado de fora da loja. Depois eles argumentaram que se um dia minha carreira de evangelizador e palestrante desse errado, PODIA ARRUMAR EMPREGO COMO MANEQUIM DE VITRINE.
Ilumine-se
Aprendi a rir das minhas deficiências e das estranhas reações que provocam. Mas há um método ainda melhor para que você enfrente as dúvidas que tiver sobre o seu próprio valor ou sua incapacidade de se amar. Em vez de ficar paralisado na sua própria dor, tente aliviar a dor de alguém, concentre-se em ajudar alguém necessitado.
Por exemplo: vá trabalhar como voluntário em algum sopão da cidade; arrecade dinheiro para crianças órfãs; organize eventos para ajudar vítimas de terremotos; encontre patrocinadores dispostos a bancar eventos beneficentes, como caminhadas, passeios ciclísticos, ou maratonas de dança. Levante-se e estenda a mão!
Quando faço essas coisas, descubro que aquela que talvez seja a melhor solução para as pessoas que ainda não conseguiram acender a luz do amor interior. Se você não consegue resolver seus próprios problemas, solucione os de alguém.
Afinal de contas, é melhor dar do que receber, certo? Se você não ama a si mesmo, então se doe. Se fizer isso, vai ficar impressionado ao constatar seu valor.
Como sei disso? Ora, meu camarada! Olhe só para mim, olhe só para minha vida! Pareço uma pessoa feliz e realizada para você?
Uma cirurgia plástica no nariz não vai lhe dar alegria; uma Ferrari não vai fazer com que você seja admirado por milhões de pessoas. Você já tem o que é preciso para ser amado e valorizado: agora é uma simples questão de liberar e maximizar tudo o que está dentro de você.
Nem sempre você será perfeito - e isso é perfeitamente normal e aceitável. A ideia não é atingir a perfeição nesta vida: é buscá-la. O ideal é se manter na luta, enquanto se esforça, cresce, dá tudo que tem a dar para que, no fim das contas, posso olhar para trás e dizer: "Fiz o melhor que pude. Dei o melhor de mim." Vá agora para o espelho e diga:
"Este sou eu, e aceito o desafio de tornar a melhor pessoa que puder ser."
Você é bonito, porque Deus o criou para cumprir o propósito Dele. Seu desafio é descobrir qual é esse projeto, turbiná-lo com esperança, levá-lo adiante com fé e usá-lo da melhor maneira que puder a sua qualidade única, a sua singularidade. Amar a si mesmo e se aceitar é a única cura infalível e certeira para a autopiedade e a vitimização.
Drogas, álcool e promiscuidade propiciam somente alívio temporário e no fim das contas trazem apenas mais dor. Quando passei a me ver como filho de Deus e parte de seu plano, minha vida mudou para sempre. Talvez você não acredite em Cristo, mas pode crer no seu próprio valor e no seu propósito neste planeta.
Seja um amigo e seja feliz
Meu melhor conselho para encontrar a felicidade interior é enxergar além do próprio umbigo e usar seus talentos, sua inteligência e sua personalidade para tornar melhor a vida de outras pessoas. Isso já aconteceu comigo e não exagero quando digo que mudou a minha vida.
Eu tinha 16 anos e era aluno do ensino médio da escola Runcorn State High, em Queensland. Terminadas as aulas, em geral, eu precisava de mais ou menos uma hora até chegar minha carona para casa. Na maior parte das vezes, conversava com outros alunos ou com um cara incrível chamado Sr. Arnold.
Não era o diretor nem mesmo o professor, era o zelador da escola. Mas o sr. Arnold era um desses caras cuja luz interior resplandecia. Era um sujeito tão tranquilo, tão em paz consigo mesmo, tão confortável em seu macacão de trabalho, que todos o respeitavam e gostavam de ficar perto dele.
O sr. Arnold era capaz de conversar sobre qualquer assunto. Era um homem espiritualizado e sábio. EM certos dias da semana, organizava encontro com os meninos e meninas cristãos da escola na hora do almoço.
Um dia convidou-me para participar, embora eu não entendesse muito de religião e nem fosse muito fã da ideia. Mas gostava dele; por isso, comecei a frequentar as reuniões.
Nesses encontros o sr. Arnold incentivava os jovens a falar sobre a vida de cada um, mas sempre recusei esses convites.
- Ah, Nick, deixa disso! Gostaríamos de ouvir a sua história. Queremos saber mais a seu respeito e sobre o que pensa - dizia.
Por três meses a fio recusei.
- Não tenho história nenhuma para contar - era a minha evasiva.
Por fim o sr. Arnold me venceu pelo cansaço. Os outros estudantes falavam abertamente sobre seus sentimentos e experiências. Então, finalmente aceitei me abrir na reunião seguinte.
Estava tão nervoso que até preparei anotações divididas em tópicos. Uma coisa bem de nerd, eu sei. Eu não tinha expectativa de impressionar ninguém. Só queria acabar com aquilo e sair de lá o mais breve possível. Uma parte de mim queria mostrar aos outros jovens que tinha os mesmos sentimentos: dores e medos que eles mesmos expressavam.
Ao longo de dez minutos discorri sobre como era ser um adolescente sem braços e sem pernas. Contei histórias tristes e histórias engraçadas também. Não queria parecer uma vítima, então falei sobre minhas vitórias. Já que se tratava de um grupo cristão, disse com todas as letras que houve momentos em que sentia que Deus tinha me abandonado, o que tinha sido um erro Dele. Depois expliquei que, gradualmente, entendi que talvez houvesse um plano para mim e que ainda não tinha sacado qual era.
- Aos poucos estou aprendendo a ter mais fé e acreditar que não sou um erro - disse com intenção de provocar risadas.
NA verdade fiquei tão aliviado ao conseguir chegar o fim da minha fala, que tive vontade de chorar, e para meu espanto, quase todo mundo na sala chorava.
- Fui tão mal assim? - perguntei ao sr. Arnold.
- Não, Nick. Você foi muito bem.
No começo pensei que estava apenas sendo gentil e que os meninos e meninas do grupo fingiam ter se emocionado com meu discurso; afinal, eram todos cristãos, deviam ser bonzinhos. Então, um dos caras do grupo me convidou para falar com seu grupo de jovens da igreja. Depois recebi mais um convite de outro menino, para discursar em sua aula de catecismo.
Ao longo dos dois anos seguintes recebi dezenas de convites para compartilhar minha história com grupos de oração, grupos de jovens em igrejas, organizações juvenis e clubes de serviço.
No ensino médio evitei grupos cristãos porque não queria ser rotulado como garotinho samaritano e pregador, que só falava de religião. Eu era durão e às vezes até blasfemava e falava palavrões, para ser aceito como um cara normal. A verdade era uma só: eu ainda não tinha me aceitado.
Obviamente, Deus tem senso de humor. Deu um jeito de me fazer falar no mesmo grupo que eu evitava e foi lá que Ele revelou qual era o meu propósito na vida. Mostrou-me que, mesmo não sendo perfeito, eu tinha coisas valiosas para compartilhar, bênçãos para aliviar o fardo de outras pessoas.
E o mesmo vale para você. Compartilhamos a nossa imperfeição. Precisamos repartir os lindos dons que recebemos. Olhe para dentro de você: lá, há uma luz que espera para brilhar.
Atitude é Altitude
Quando criei uma empresa para gerar meus compromissos de palestras corporativas, registrei-a sobre o nome Atitude É Altitude. Porque sem uma atitude positiva, jamais conseguiria superar minhas deficiências e chegar a tanta gente.
Talvez você se sinta tentado a zombar do conceito de ajuste de atitude, porque essa ideia virou um lema onipresente no mundo das palestras motivacionais e uma marca registrada nos materiais de treinamento: gestão de pessoas e coathing executivo, por exemplo. Mas a verdade é que existe um poder real em controlar sua atitude, de modo a combater estados de ânimos negativos e neutralizar comportamentos que podem ameaçar sua capacidade de viver sem limites.
O psicólogo e filósofo William James, que lecionou na universidade de Harvard, afirmou que uma das maiores descobertas de sua geração foi que ajustando nossas atitudes, mudamos nossa vida. Você até pode não saber disso, mas o fato é que enxergo o mundo por meio de perspectivas, pontos de vista e atitudes únicos. Baseado nas suas crenças acerca do que é bom certo ou errado, justo ou injusto, suas decisões e ações são baseadas nessas atitudes, de modo que se aquilo que faz não funciona, você tem o poder de ajustar sua atitude e mudar sua vida.
Pense na sua atitude como controle remoto do seu televisor. Se o programa que assiste não lhe diz nada, então pegue o controle e mude de canal. Da mesma maneira, você pode ajustar sua atitude quando não obtém os resultados que quer, sejam quais forem os percalços e dissabores que encontrar pelo caminho.
Linda, que é professora de música, escreveu para mim sobre de que maneira sua extraordinária atitude ajudou a superar um acidente sofrido na infância, e que poderia ter facilmente arruinado sua vida. Ela ainda estava no ensino fundamental quando sofreu um grave acidente de carro. Linda passou 2,5 anos em coma e quando recuperou a consciência não conseguia andar, falar, nem comer.
Embora os médicos temessem que ela tivesse sequelas mentais e jamais voltasse a andar e falar normalmente, aos poucos sua mente, seu corpo e sua fala recuperaram-se. Hoje, o único resquício físico do acidente é um olho direito debilitado, que tem visão apenas parcial.
Essa mulher enfrentou uma dor incrível, passou por inúmeras cirurgias e ainda tem problemas de visão. Ela poderia facilmente sentir-se vitimizada e amarga, e ninguém poderia culpá-la caso adotasse a postura de afirmar que havia sido maltratada pela vida. Em vez disso, eis a atitude que decidiu adotar.
"Às vezes me sinto um pouco frustrada porque meus olhos não funcionam em perfeita sincronia um com o outro. Mas então me lembro de onde vim e de onde eu poderia estar, mas constato que Deus salvou a minha vida por um motivo: viver como testemunha de sua obra em minha vida.
Meu olho é um lembrete de Deus de que não sou perfeita, mas tudo bem! Preciso depender totalmente dele para ter forças. Deus escolheu mostrar seu poder por meio da fraqueza do meu olho. Embora seja fraca, Ele é forte." Linda preferiu aceitar sua visão imperfeita como parte do plano perfeito de Deus. Ela escreveu:
"Ele mudou a minha atitude em relação à vida. Sei que ela pode acabar a qualquer momento; então, tento viver para Ele o tempo todo. Além disso, procuro sempre ver as coisas pelo lado positivo. Tento dar o melhor de mim e me doar completamente a Deus e às outras pessoas, e me importar de verdade com quem está ao meu redor."
Em vez de se concentrar na visão precária de um dos olhos, Linda prefere ser grata por ser capaz de pensar, falar, andar e viver uma vida bastante normal. Temos a capacidade de escolher nossas atitudes, assim como Linda escolheu a dela.
Para fazer isso não precisa ser santo. Quando alguém enfrenta uma tragédia ou passa por uma crise pessoal, é perfeitamente normal e provavelmente até saudável passar por estágios de medo, tristeza e ódio.
Mas ao mesmo tempo devemos dizer: "Ainda estou aqui. Quero passar o resto da vida chafurdando o sofrimento ou quero passar por cima do que aconteceu e batalhar pelos meus sonhos."
É fácil fazer isso? Não, não é. É preciso uma grande dose de determinação, sem falar em um senso de propósito, esperança, fé, e na crença de que tem talento e habilidade a compartilhar com o próximo.
Mas Linda é apenas um exemplo de muitas e muitas pessoas que mostraram ser possível superar dificuldades com atitude. A verdade é que não temos controle algum sobre o que acontece conosco, mas podemos controlar nossa reação, nossa resposta aos problemas. Se escolhermos a atitude certa, podemos passar por cima dos percalços que aparecem pela frente.
É provável que você não tenha nenhum controle sobre a próxima grande pancada da vida. Um furacão atinge sua casa, o motorista bêbado bate no seu carro, seu patrão o despede, sua cara metade diz "preciso de um tempo"... De vez em quando, todos nós somos pegos de surpresa. Fique triste, sinta-se mal mas depois, ponha a cabeça no lugar e faça a seguinte pergunta: "E agora? Que vem a seguir?"
Depois de curtir a fossa, choramingar, lamuriar e derramar um rio de lágrimas, readiquira o domínio de si mesmo, reanime-se, recomponha-se, faça um ajuste de atitude.
Ganhe Mais Força
Você pode mudar sua atitude e sua vida sem tomar comprimidos , sem falar com analista, sem escalar montanhas e sem consultar gurus. Até agora encorajo a encontrar seu propósito. Ter esperança no futuro, fé nas possibilidades para sua vida é amar a si mesmo exatamente do jeito que você é.
Esses atributos lhe darão uma base sólida e razão para ter otimismo, que é a fonte de energia para ajustar sua atitude. Funciona como as pilhas do controle remoto do seu televisor.
Já conheceu uma pessoa que, mesmo sendo bem sucedida, realizada e feliz, é também pessimista? Eu não! Isso porque o otimismo é algo que nos fortalece, nos dá controle sobre as emoções. O pessimismo enfraquece a vontade e permite que estados de ânimo negativos controlem suas ações.
Com uma perspectiva otimista, você pode ajustar sua atitude para levar a melhor sobre situações ruins. Isso às vezes é descrito como recomposição, porque se você nem sempre consegue mudar as circunstâncias, pode sim mudar a maneira de olhar para elas.
No começo, talvez você tenha de fazer isso de maneira consciente. Mas depois de treinar um pouco torna-se algo automático. Passo boa parte do tempo em turnê, viajo frequentemente acompanhado dos meus cuidadores e nos primeiros dias da minha carreira de evangelizador e palestrante, toda vez que um voo era cancelado ou perdíamos uma conexão, tinha problemas para controlar a raiva e a frustração.
Por fim, tive de encarar o fato de quem viaja com tanta frequência como eu, uma hora ou outra vai ter de lidar com problemas. Além disso eu estava velho demais para ter acessos de mau humor e os chiliques perdem a eficácia quando você não pode literalmente bater o pé no chão. Tive de dominar a capacidade de ajustar a minha atitude no que diz respeito às interrupções de viagens.
Agora quando somos obrigados a passar horas e horas sentados no saguão do aeroporto, ou se precisamos mudar abruptamente nossos planos, evito o estresse, a frustração e a raiva e concentro-me em uma interpretação positiva do evento negativo. Disparo pensamentos otimistas, tais como: "Nosso voo foi cancelado por causa do mau tempo. Isso é bom, porque nossa viagem será mais segura se esperarmos a tempestade passar." Ou: "Cancelaram nosso voo por causa de problemas mecânicos. Prefiro esperar no chão até que troquem o avião a embarcarem uma aeronave com defeito. Prefiro ter uma viagem tranquila a uma cheia de solavancos," Ou eu ajustava minha atitude, ou me apegava ao lado negativo, e isso não é saudável.
Quando você permite que circunstâncias além do controle determinem suas atitudes e ações, corre o risco de mergulhar em uma espiral de decisões apressadas, juízos errôneos, reações exageradas, momentos em que desiste das coisas antes da hora, e perde as oportunidades que sempre aparecem, justamente quando você acha que a vida nunca vai melhorar.
O pessimismo e a negatividade farão de tudo para garantir que você jamais consiga superar as dificuldades e passar por cima dos obstáculos. Quando sentir o sangue ferver por causa de pensamentos negativos, desligue-se deles e substitua-os por um diálogo interior mais positivo e animador. Eis alguns exemplos de pensamento negativo x pensamento positivo, para ajudá-lo a monitorar suas vozes interiores:
Negativo - jamais vou superar isto. Não aguento mais! Esta é a pior coisa da minha vida! Nunca mais vou arrumar outro emprego;
Positivo - Isto também vai passar. Cheguei até aqui, dias melhores virão. Alguns dias são mais difíceis que outros. Uma porta se fechou mas outras se abrirão.
Uma Atitude que Cura
Meu amigo Chuck tem 40 anos de idade e, ano passado, descobriu que o câncer como qual ele tinha lutado vinte anos atrás reapareceu. Dessa vez o tumor tinha se espalhado para órgãos vitais e os médicos não puderam combatê-lo com radiação.
Os prognósticos não pareciam nada bons. Na verdade, ele estava numa enrascada. Marido e pai de família, com um grande círculo de parentes e amigos, Chuck tinha um propósito: tinha também fé, esperança e amor próprio a seu favor. E então adotou a atitude de que não estava prestes a morrer: conscientizou-se de que, embora houvesse uma doença nele, não era uma pessoa doente. Estava determinado a se manter animado, e positivo e a levar a vida adiante.
A essa altura, ninguém teria descrito Chuck como um cara de sorte, certo? Contudo, o próprio fato de que a radiação não era uma opção viável, tornou-se um sinal de sorte. Os médicos de Chuck, em St. Louis, participavam de um programa de testes para o desenvolvimento de um medicamento anticancerígeno experimental que não usa radiação. Em vez disso, essa droga ataca as células cancerosas individualmente e as mata uma a uma.
Já que os tratamentos tradicionais não eram adequados para debelar o tumor de Chuck, ele estava apto a se submeter ao tratamento experimental. Mas o que convenceu ele e os médicos de que ele merecia uma vaga no programa foi sua atitude positiva. Sabiam que Chuck aproveitaria ao máximo sua oportunidade e foi o que fez. E Chuck não ficava deitado enquanto a droga era injetada por um tubo intravenoso. Ao contrário: ele corria na esteira e levantava pesos... Sua atitude era tão positiva e sua energia era tão intensa, que tinha dificuldade para convencer os funcionários do hospital de que realmente fazia parte do andar dos pacientes com câncer.
- É que você simplesmente não parece os pacientes normais e nem age como eles!
Poucas semanas depois de receber o tratamento experimental, Chuck foi ver seu médico, que disse que algo estranho tinha acontecido.
- Não consigo encontrar nem sinal do tumor... Sumiu!
Os médicos não souberam dizer se o tumor fora derrotado pela droga experimental, pela atitude de Chuck, por um milagre, ou por uma combinação dos três.
Tudo que posso dizer é que ele saiu daquele hospital livre do câncer e forte como um touro. Apesar de todas as indicações de que estava À beira da morte, ele optou por uma atitude positiva e manteve o foco não na doença, mas na esperança, na fé e na convicção de que poderia ser útil para outras pessoas.
Escolha uma atitude
Note que, tanto Chuck como Linda, optaram por atitudes que lhes permitiram superar as circunstâncias difíceis, mas fizeram escolhas ligeiramente diferentes.
Linda escolheu ser grata e não amarga; Chuck optou por agir em vez de desistir. Existem muitas atitudes a escolher, mas acredito que as mais poderosas são:
Essa é a atitude a que Linda recorreu para lidar com as seqüelas físicas do acidente de carro. Em vez de lamentar o que tinha perdido, expressou gratidão por aquilo que tinha recuperado e pela vida que construíra.
Acredito muito no poder da gratidão. Em minhas palestras e pregações, sempre faço referência ao meu pezinho esquerdo. Faço isso para deixar minhas plateias à vontade, porque podem ver meu apêndice fora do comum. Faço piadas, mas aprendi a ser grato por ele.
Uso meu pezinho para manejar o controle da minha cadeira de rodas, digitar no computador a uma velocidade de mais de 40 palavras por minuto, tocar música no meu teclado e na minha bateria digital e operar os aplicativos do meu celular.
A atitude de gratidão também atrai indivíduos que compartilham de seu entusiasmo e apoiam os seus sonhos. Às vezes, essas pessoas têm o poder de nos inspirar e mudar nossa vida de maneira extraordinária.
Quando era criança, minha mãe sempre se oferecia para ler para mim, e um dos meus livros favoritos era "O Deus que eu Amo". Tinha seis anos de idade quando ela o leu para mim pela primeira vez. Naquela época não conhecia pessoas que, como eu, havia nascido sem braços e sem pernas. Não tinha modelos nem referências que se parecessem comigo e
enfrentassem as mesmas dificuldades.
Esse livro, no qual ainda penso bastante, inspirou e ajudou-me a assentar o alicerce de uma atitude de gratidão porque foi escrito por Joni Eareckson Tada. Joni pronuncia-se Johnny. Era uma atlética amazona e nadadora de dezessete anos de idade, nascida em Maryland.
Poucas semanas depois de terminar seu primeiro semestre na faculdade, ela quebrou o pescoço ao mergulhar em um lago. Nesse acidente de 1967, ficou paralisada do pescoço para baixo. EM seu livro, Joni escreve que, por ter ficado paralítica, no início se desesperou e pensou em se matar, mas por fim passou a acreditar que o acidente não fora um "cara ou coroa do cosmos", ou um "giro da roleta do universo". "Era parte do plano de Deus para mim."
Eu adorava aquele livro e então, minha mãe comprou um CD de canções de Joni, o primeiro que eu vi na vida com letras dizendo que "todos nós temos rodas", e que era possível se divertir em uma cadeira de rodas, e sobre como ninguém é perfeito.
Quando criança eu ouvia aquelas fitas sem parar e ainda hoje me pego cantarolando as canções de Joni. Você pode imaginar como foi incrível quando fui convidado a conhecer Joni pessoalmente?
Em 2002, visitei os Estados Unidos para falar em uma igreja na Califórnia. Depois do meu sermão uma moça que trabalhava para Joni se apresentou e me convidou para visitar a sede da instituição de caridade Joni e Amigos, em Agoura Hills. Durante minha visita fiquei fascinado quando ela entrou na sala. Ela inclinou um pouco o corpo para me abraçar e foi um momento lindo. Por causa da tetraplegia, Joni não tem muita força e por isso, depois de se inclinar em minha direção, ela teve dificuldade para impulsionar o corpo de volta À cadeira de rodas.
Instintivamente usei meu corpo para dar a Joni um suave empurrão para trás.
- Você é bem forte! - ela disse.
Fiquei emocionado ao ouvir aquilo, é claro! Aquela mulher maravilhosa, que tinha me dado força, fé e esperança, estava dizendo que eu era forte. Joni me confidenciou que no começo tinha travado uma batalha para aceitar sua deficiência, assim como eu. Ela chegou a cogitar a se jogar da cadeira de rodas do alto de uma ponte, mas teve medo de que isso só servisse para deixá-la com alguma lesão cerebral, o que tornaria sua vida ainda mais sofrida. Por fim, ela rezou nos seguintes termos:
"Deus, se eu não posso morrer, mostre-me como viver."
Pouco depois do acidente, uma amiga deu a Joni um bilhete com o versículo da Bíblia que diz: "Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco." (1)
* Epístola de Paulo aos Tessalonicenses, Cap. 5: 18.
Naquele período, Joni não estava em uma fase muito religiosa. Ainda estava muito furiosa e frustrada por causa da paralisia, e não conseguia acreditar naquela mensagem.
- Você não pode estar falando sério... - ela disse. - Eu não me sinto grata por isto, de jeito nenhum!
A amiga disse que ela não precisava se sentir grata por ter ficado paralítica, Tudo que tinha a fazer era dar um salto no escuro - um salto de fé -, acreditando no impossível e agradecendo pelas bênçãos vindouras.
Para Joni era duro acreditar naquele conceito. Naquele momento ela se sentiu uma vítima, uma vítima de um terrível acidente automobilístico.
Primeiro, ela se culpou por ter ficado tetraplégica e quis que o mundo inteiro pagasse. Ela processou e exigiu, chegou a botar a culpa, inclusive, nos próprios pais por terem-na trazido para o mundo, em que agora estava condenada a viver na condição de aleijada.
Joni achava que o mundo lhe devia algo porque tinha perdido a capacidade de usar os braços e as pernas. Por fim ela percebeu que a vitimização é um esconderijo fácil demais. Todos podemos nos achar vítimas de um ou outro infortúnio. Algumas pessoas se sentem vítimas porque nasceram pobres, outras porque os pais se divorciaram, outras porque têm problemas de saúde ou empregos ruins, ou porque são magras demais ou porque não são tão altas quanto gostariam, nem tão bonitas quanto querem ser. Quando julgamos que temos direito Às boas coisas da vida, nos sentimos roubados e ofendidos toda vez que acontece algo que nos deixa inquietos e incomodados. E então buscamos culpados, e exigimos que outras pessoas paguem por nosso desconforto.
Qualquer que seja, em um estado de espírito egocêntrico, nós nos tornamos vítimas profissionais. Só que é tedioso, improdutivo, pouco recompensador e nada gratificante ficar perto de alguém que só sabe choramingar e se lamuriar o tempo inteiro. Depois de ouvir um zilhão de vezes "coitadinho de mim! Coitadinho de mim!", temos vontade de sair correndo em busca de abrigo.
Como Joni, você deve rejeitar o papel de vítima, porque isso não dá futuro. Ela disse que o sofrimento nos coloca numa encruzilhada na estrada, e podemos escolher a trilha do desespero (morro abaixo) ou a esperançosa (morro acima), se adotarmos uma atitude de gratidão.
No começo você pode achar difícil sentir gratidão mas, se simplesmente decidir não ser uma vítima e colocar isso em prática, dia após dia encontrará forças. Se você não consegue encontrar algum aspecto da sua vida digno de sua gratidão, então se concentre nos bons dias que terá pela frente e expresse antecipadamente sua gratidão. Isso vai ajudá-lo a criar um senso de otimismo e vai fazer com que sua mente pare de pensar no passado e olhe para o futuro.
Percebi que a trilha para longe da autodestruição estava traçada em algum lugar nas passagens da Bíblia. Eu não demorei muito para descobrir uma velha verdade: viva um dia de cada vez na força de Deus, e você vai se tornar um conquistador.
Joni descobriu que fazer o papel de vítima só servia para afundá-la em um abismo ainda mais profundo do que aquele ao qual sua quadriplegia havia levado; mas que sentir-se grato pelas bênçãos que temos nos eleva ao espírito. Essa atitude pode mudar sua vida, assim como mudou a de Joni e a minha. Longe de nos sentirmos furiosos e ressentidos por causa das nossas deficiências, temos uma vida cheia de alegrias e
realizações.
Uma atitude de gratidão mudou verdadeiramente a vida de Joni e ela, por sua vez, ajudou a mudar a minha vida e a de muita gente que encontrou alento e inspiração em seus livros e DVDs. A Joni e Amigos - sua organização sem fins lucrativos - administra o programa Rodas Para o Mundo, que já distribuiu gratuitamente mais de 60 mil cadeiras de rodas, sem contar milhares de bengalas, muletas e andadores para pessoas deficientes de 102 países.
Joni é tetraplégica. Eu não tenho braços nem pernas. Mesmo assim, encontramos um propósito e saímos em busca dos nossos sonhos. Seguimos o caminho da esperança e não do desespero. Depositamos nossa fé em Deus e no futuro. Aceitamos o fato de que somos seres humanos imperfeitos com bênçãos valiosas. Escolhemos atitudes positivas carregadas de gratidão e a colocamos em ação para mudar nossa vida e a de outras pessoas.
Isso não é um slogan, é a verdade! Ao escolher uma atitude de gratidão e não a vitimização ou amargura, você também pode superar qualquer obstáculo. Mas se você achar difícil encontrar a gratidão, há outras estratégias que podem funcionar.
Tabitha tem deficiências parecidas com as minhas e ainda assim escreveu:
"Sempre me senti abençoada, e por causa disso precisei retribuir ao universo."
Sua atitude de ação a levou com sua família a iniciar sua própria missão de criar saquinhos de guloseimas para crianças com deficiências graves e pessoas que vivem em abrigos.
Às vezes o melhor método que você vai encontrar para tirar sua vida do sufoco - ou superar um obstáculo - é trabalhar para tornar melhor sua vida e a dos outros. Sócrates disse: "Deixe aquele que iria mudar o mundo primeiro mover a si mesmo."
Quando parecer que você não consegue ter um momento de sorte ou alívio em meio a tantos momentos difíceis, tente criar um você mesmo. Quando você for nocauteado por uma perda ou tragédia, dê-se mesmo algum tempo para ficar de luto e depois haja para tirar de um evento ruim algo de bom. Adotar uma atitude de ação cria ímpeto positivo.
os primeiros passos são os mais difíceis (disso não há dúvida). Até mesmo sair da cama parece impossível, mas depois que você se levanta, pode seguir em frente e, desde que continue caminhando, está numa trilha cada vez mais longe do passado e rumo ao futuro.
Vá em frente, mova-se passo a passo. Se você perdeu alguém ou alguma coisa, ajude outra pessoa ou construa algo que sirva de tributo e homenagem a quem se foi. Uma das experiências mais devastadoras é a perda de um ente querido. Perder um parente ou um amigo provoca uma dor que pode nos deixar arrasados. Nessas situações, há pouca coisa por que sentir gratidão, além de ter conhecido e ficar feliz por ter amado a pessoa que se foi.
Nada nos prepara para o luto que é capaz de tomar conta de nós e até mesmo nos paralisar. Mesmo assim algumas pessoas agem para que sua terrível perda se torne uma força do bem.
Um exemplo famoso é o de Candy Lightner, cuja filha de 3 anos foi morta por um motorista bêbado. Lightner canalizou sua raiva e sua angústia para fundar a ONG Mães, contra motoristas bêbados (em inglês, Mothers Against Drunk Driving - MADD), que sem dúvida já salvou muitas vidas com o seu ativismo e programas educacionais.
Quando tragédias desabam sobre nós ou sobre as pessoas que amamos, sentimos tentados a nos recolher em algum canto e chorar, na esperança de que uma hora ou outra, nossa dor seja aplacada. Contudo muitas pessoas como Tabitha, Jony Eareckson Tada e Candy Lightner, tomaram atitudes de ação. Eles acreditam que até mesmo a pior tragédia pode propiciar oportunidades para boas ações.
Um exemplo incrível desse tipo de pessoa é Carson Leslie, de Dallas. Ele tinha dezesseis anos de idade quando o conheci, mas já havia travado uma luta de dois anos contra o câncer.
Esse jovem astro do atletismo, de sorriso brilhante, e cujo sonho era jogar beisebol no time dos New York Yankees, tinha apenas 14 anos quando foi diagnosticado com um tumor cerebral, que se espalhou para sua coluna. Passou por cirurgias e quimioterapia. O câncer entrou em remissão e depois voltou.
Em meio a tudo isso, Carson fazia tudo o que podia para ser um menino normal , vivendo uma vida normal. Ele falava sempre do seu versículo favorito da Bíblia, que alguém tinha lhe mostrado após o diagnóstico da doença. É Josué, cap. 1:9, que diz:
"Isto é uma ordem. SÊ firme e corajoso, esforça-te e tem bom ânimo. Não te atemorizes, porque o Senhor está contigo em qualquer parte para onde fores."
Carson foi rápido em dizer que este não era seu versículo do câncer, mas seu versículo da vida.
"Não sei quanto tempo vou viver, mas quero esse versículo na minha lápide. E quando as pessoas visitarem meu túmulo, desejo que leiam essa passagem da Bíblia, e pensem em como essas palavras me ajudaram a enfrentar as agruras da vida. Espero que outras pessoas vejam que esses versículos podem propiciar a elas o mesmo tipo de conforto que me propiciaram." Escreveu Carson em seu livro Carry Me: Carregue-me.
Esse menino, incrivelmente corajoso, escreveu o livro com o seu professor de literatura para "ar uma voz a adolescentes e crianças que têm câncer, mas não podem expressar como uma doença como essa afeta sua vida pessoal, social, física e emocional.
Carson morreu no dia 12 de janeiro de 1010, justamente quando o livro foi lançado. O lucro das vendas é revertido para a fundação Carson Leslie, que apoia pesquisas de câncer pediátrico.
Que rapaz altruísta! Mesmo doente e exausto, ele passou seus últimos dias de vida trabalhando em um livro para encorajar e ajudar os outros. Também adoro o fato de que as palavras finais do livro sejam as seguintes:
"Nenhum de nós sabe o que a vida nos reserva. Mas é fácil ter coragem quando você sabe que a coragem vem de Deus."
Conheci Carson por intermédio de Bill Noble, joalheiro de Dallas e homem de profunda fé, que me convidou várias vezes para pregar em sua congregação e em outros grupos. Os filhos de Bill estudavam na mesma escola de Carson e por fim, ele nos apresentou. Ele nos chamava de "generais no reino de Deus."
Além de tirar sarro de mim e dizer que eu estava sempre de braços abertos para a vida, Bill gosta de enfatizar a importância de deixar um legado, e fazer com que cada segundo seja importante. Bill costumava dizer a Carson algo que ele também me disse muitas e muitas vezes. "Deus não define o homem por seu corpo terreno."
Como se lê na Bíblia em João 6:63: "O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita. As palavras que eu vos disse são espírito e vida."
Se uma atitude de ação parece estar além das suas capacidades, existe ainda outra opção que vem do coração. à medida que amadureci e minha gama de experiências se expandiu, percebi que um dos principais fatores que resultaram em meus pensamentos de suicídio quando menino foi o fato de que eu era terrivelmente egocêntrico. Acreditava piamente que ninguém sofria a mesma dor emocional e frustração física que eu. Meu foco estava inteiramente na minha própria situação.
Minha atitude melhorou consideravelmente quando cresci um pouco e
percebi que muita gente enfrenta problemas iguais ou piores que os meus. Quando reconheci isso, comecei a me colocar no lugar das outras pessoas, e a oferecer a elas encorajamento com muito mais empatia.
A filhinha de um amigo da minha família me propiciou uma demonstração bastante comovente de empatia. Os pais dela, que estavam visitando a Austrália em 2009, resolveram levá-la com eles a uma festa. Era uma menininha de apenas 2,5 anos de idade, que eu nunca tinha visto antes. Ela ficou um bom tempo me analisando de longe, como as crianças pequenas invariavelmente fazem. Então, quando seus pais já se preparavam para ir embora, perguntei àquela linda menina se queria me dar um abraço.
Ela sorriu e, com cautela, caminhou pé ante pé na minha direção. Quando chegou bem perto, parou, me olhou bem nos olhos e lentamente abriu os braços e os dobrou atrás das costas, como se quisesse mostrar solidariedade com a minha falta de braços. Depois caminhou um pouco mais e encostou a cabeça no meu ombro, abraçando-me com o pescoço - exatamente como ela tinha me visto fazer com as outras pessoas. Todos na sala ficaram abismados pela incrível demonstração de empatia daquela menininha.
Já fui abraçado muitas vezes, mas sinceramente posso dizer que jamais vou me esquecer desse abraço em particular. Porque, obviamente, aquela menininha tem um maravilhoso dom de se identificar com os sentimentos dos outros.
A empatia é um belo dom! Encorajo você a praticar a empatia em todas as oportunidades que tiver, porque é um sentimento que cura as pessoas - tanto as que o demonstram quanto as que o recebem. Quando enfrentar períodos difíceis e tragédias, em vez de olhar apenas para si mesmo, olhe para quem está à sua volta. Em vez de se sentir ferido e magoado e buscar piedade, encontre alguém com feridas piores e ajude a curá-las.
Entenda que a sua dor e seu luto são legítimos, mas que o sofrimento é parte da condição humana e que estender a mão é uma maneira de se curar e ajudar outras pessoas a se curarem.
Meu amigo, Gabe Murfitt entende isso muito bem. Nos conhecemos quando participei de um jantar beneficente em Richland, Washington, em 2009. Gabe nasceu com má formação de pernas e braços, que medem apenas 8 centímetros. Seus polegares não têm ossos e ele tem problemas de audição. Mesmo assim, Gabe consegue ser extremamente ativo, joga beisebol, basquete e hóquei, pula corda e toca bateria, entre outras coisas.
Gabe, que cresceu perto de Seattle, tem um espírito indomável e um tremendo sentimento de empatia. Hoje é aluno da Universidade Estadual de Washington. Começou a jogar na liga infantil de beisebol aos seis anos de idade.
Uma vez escalou o monte Rainier com um grupo de amigos, contando com o apoio dos familiares.
Embora a época do ensino médio tenha sido bastante difícil para ele, Gabe começou a inspirar outros estudantes com os seus discursos. "CLEAR", sobre Coragem, Liberdade, Excelência, Atitude e Respeito. Ele e a família criaram uma organização sem fins lucrativos para ajudar outros deficientes. A fundação de Gabriel (http://www.Gabeshop.org) concede bolsas de estudo e apoio a outros jovens com necessidades especiais, como resultado da extraordinária empatia de Gabe.
Você consegue ver o poder da empatia de Gabe? Ele tirou o foco de sua deficiência e estendeu a mão aos outros, enriquecendo sua própria vida e a de incontáveis pessoas.
Nunca deixo de me surpreender com a reação das pessoas quando viajo para regiões de extrema pobreza e grande sofrimento. Sempre encontro homens, mulheres e crianças que sentem incrível compaixão. Não faz muito tempo, estive no Camboja. Depois de uma longa reunião no calor e umidade sufocantes, que quase me fizeram desmaiar, eu estava apressado para voltar ao meu hotel, tomar um banho e passar um ou dois dias dormindo num quarto com ar-condicionado.
- Nick, antes de ir embora, será que você pode falar com aquela criança? - perguntou meu anfitrião. - Ela passou o dia inteiro esperando do lado de fora.
O menino, menor que eu, estava sozinho, sentado no chão de terra. Envolta dele havia tantos mosquitos que formavam uma nuvem escura. Em sua testa havia uma ferida escancarada e um dos olhos parecia que iria saltar para fora da órbita. Cheirava a imundice e decadência. Mas havia tanta compaixão em seus olhos, tanto amor e simpatia por mim, que aquela criança me deixou completamente À vontade.
Caminhou na minha direção e delicadamente aconchegou a cabeça no meu rosto, tentando me afagar e consolar. Tive a impressão de que ele estava, havia vários dias sem comer. Parecia um órfão que já tinha passado por várias doses de sofrimento, e ainda assim estava ali, tentando me tranquilizar e expressar sua empatia por aquilo que julgava ser meu sofrimento. Fiquei tão comovido que fui às lágrimas.
Perguntei aos nossos anfitriões se havia alguma coisa que podíamos fazer por aquele menino, e me prometeram que providenciariam comida, banho e um lugar para dormir. Mas depois de agradecê-lo e voltar para o nosso carro, eu não consegui parar de chorar.
Passei o resto do dia pensando nele. Não conseguia tirar da cabeça pelo fato de que aquele menino, digno da minha pena, não estava concentrado no próprio sofrimento. Ele sentia compaixão e sentia compaixão por mim!
Não sei por quais problemas aquela criança já passou ou o quanto sua vida era difícil, mas posso dizer o seguinte: a atitude do menino foi extraordinária porque, apesar dos problemas, ele ainda tinha a capacidade de estender a mão e confortar outras pessoas. Que lindo dom sentir tanta compaixão e empatia!
Quando se sentir vitimizado ou tomado de autopiedade, ajuste a sua atitude para o modo de empatia. Estenda a mão para alguma pessoa necessitada; vá trabalhar como voluntário em algum abrigo; atue como guia ou monitor; use sua raiva, seu luto e sua tristeza para ajudá-lo a entender melhor e aliviar a dor de outras pessoas.
A quarta atitude na qual você deve pensar quando estiver tentando aumentar a sua altitude, é o perdão. Essa talvez seja a melhor de todas, mas é a mais difícil de aprender.
Pode acreditar em mim, sei do que falo. Como disse, na minha infância passei por uma fase em que não conseguia perdoar a Deus por aquilo que parecia ser um erro grosseiro: a minha falta de braços e pernas. Sentia raiva e vontade de culpar alguém. O perdão não estava no meu radar.
Como eu, você vai ter de passar por períodos de raiva e ressentimento para chegar ao perdão. Isso é natural, mas não queira ficar tempo demais nessas emoções porque, se você deixar que elas fervilhem no seu coração, vai se machucar.
A raiva não foi inventada para ser uma emoção de longo prazo. O corpo funciona como um carro: se você mantiver o motor ligado tempo demais sem parar, ele funde e para de funcionar. Pesquisas médicas demonstram que acumular raiva e ressentimento por longos períodos causa estresse físico e psicológico, o que enfraquece seu sistema imunológico e debilita seus órgãos vitais.
E o jogo da culpa tem outro problema. Já que eu achava que a minha falta de braços e pernas era culpa de outra pessoa, não tinha de assumir a responsabilidade por meu próprio futuro. Assim que tomei a decisão consciente de perdoar a Deus e aos médicos e tocar minha vida adiante, me senti melhor física e emocionalmente, e julguei que era chegada a hora de assumir essa responsabilidade para o resto da minha vida.
O que me libertou foi uma atitude de perdão. Veja só: quando você se apega a velhas mágoas e feridas, dá poder e controle às pessoas que o machucaram. Mas quando os perdoa, você corta os laços com elas. Elas já não podem mais atazaná-lo e não pense que ao perdoar essas pessoas, você está fazendo um favor a elas. É um favor a você mesmo!
Perdoei a todas as crianças que zombavam e caçoavam de mim na escola. Não as desculpei para absolvê-las de culpa, mas para me livrar da raiva e do ressentimento (Eu gosto de mim, eu quis me libertar!). Portanto não se preocupe com o efeito do seu perdão nos seus algozes e nas pessoas que no passado o prejudicaram. Apenas desfrute do que o perdão pode fazer por você. Depois que você adotar uma atitude de perdão, isso vai aliviar seu fardo e assim poderá sair em busca dos seus sonhos sem ter de carregar o peso da bagagem do passado.
A força do perdão vai além da cura individual. Quando Nelson Mandela perdoou os homens que o haviam mantido na prisão por 27 anos, o poder de sua atitude mudou uma nação inteira e provocou um efeito cascata no mundo todo. Esse poder repercutiu em menor escala na União Soviética. Quando estava na Ucrânia, conheci um pastor que se mudara com a família para a Rússia, a fim de criar uma igreja numa área assolada pela violência. Quando a palavra do pastor começou a se espalhar, criminosos fizeram ameaças de morte a ele e a seus cinco filhos e por isso, o pastou orou:
"Deus me disse que eu pagaria um alto preço por plantar minha igreja aqui, mas também que o resultado seria maravilhoso."
Apesar das ameaças, o pastor estabeleceu sua igreja. No começo, pouca gente participava dos cultos. Então, apenas uma semana depois de abrir as portas, um de seus filhos foi assassinado no meio da rua.
De luto, o entristecido pastor orou no meio da rua, pedindo orientação. Deus o instruiu a ficar firme com a sua igreja.
Três meses após a morte do filho, o próprio pastor foi parado na rua por um homem de aspecto assustador, que perguntou:
- Gostaria de conhecer o homem que matou seu filho?
- Não - ele respondeu.
- Tem certeza? E se ele lhe pedisse perdão?
- Eu já o perdoei - disse o pastor.
- Atirei no seu filho - disse o homem sucumbindo - e quero entrar para sua igreja.
Nas semanas seguintes tantos membros da máfia russa entraram para a igreja, que o crime desapareceu na área.
Esse é o poder do perdão, quando você adota uma atitude de perdão e coloca em ação todo tipo de energia positiva. Lembre-se de que essa atitude permite que você perdoe a si mesmo. Como cristão, sei que Deus perdoa a todos que buscam o seu favor, mas muitas vezes nos recusamos a nos perdoar por erros passados, decisões equivocadas e sonhos abandonados. Perdoar a si mesmo é tão importante quanto perdoar aos outros.
Já cometi erros (você também), já tratamos mal as pessoas, a julgamos injustamente. Todos nós estragamos tudo de vez em quando. O segredo é voltar atrás, admitir o erro, pedir desculpas às partes magoadas e ofendidas, prometer melhorar e seguir em frente.
Ora, essa é uma atitude com a qual você pode viver! A Bíblia diz que nós colhemos o que semeamos. Se você for amargo, rancoroso, cheio de raiva e autopiedade - incapaz de perdoar -, para onde acha que essa atitude vai levá-lo? Qual é a alegria de viver como essa?Rejeite esse espírito pessimista. Encha-se de otimismo e se abasteça de uma atitude de gratidão, de ação, de empatia, ou de uma atitude de perdão.
Experimentei na pele o poder de mudar a minha atitude e posso garantir que isso mudou a minha vida, levando-me a alturas a que jamais imaginei chegar. E essa mudança pode fazer o mesmo por você.
Sem Braços, mas não um João Sem Braços
A minha primeira e única briga na escola foi com Chucky, maior valentão dos meus tempos de ensino fundamental. Seu nome verdadeiro não era Chucky, mas tinha cabelos alaranjados, sardas e orelhas grandes como o famoso bonequinho dos filmes de terror (O Chucky, Brinquedo Assassino). Por isso vou chamá-lo assim para manter em sigilo a verdadeira identidade do meu carrasco.
Chucky foi a primeira pessoa a encher meu coração de medo. Ao longo da nossa vida, elidamos com temores reais e imaginários.
Nelson Mandela disse que um homem corajoso não é aquele que sente medo, mas aquele que o domina. Certamente eu sentia medo toda vez que Chucky cruzava o meu caminho, mas dominar esse medo era outra questão.
Na época ninguém seria capaz de me convencer disso, mas nossos medos são dons. Os mais básicos - o medo de fogo, de cair, de animais selvagens - são incutidos em nós como ferramentas de sobrevivência. Sinta-se feliz por possuir esses medos, mas não deixe que eles o possuam. Medo em excesso não é bom. Muitas vezes o medo de cair, de ser rejeitado, ou de sofrer uma decepção nos paralisa.
Em vez de enfrentar esses medos, nos entregamos a eles e acabamos impondo limites a nós mesmos.
Não deixe que seus medos o impeçam de ir atrás dos seus sonhos. Meu conselho é que você trate o medo como um detector de fumaça. Quando ele disparar, preste atenção: olhe ao seu redor e veja se existe mesmo algum perigo ou se é apenas o alarme que disparou. Se não existe ameaça real, tire o medo de sua mente e toque sua vida em frente.
Chucky, meu carrasco da escola primária, ensinou-me a enfrentar o medo e seguir em frente, mas somente depois da primeira e última briga da minha infância. Eu era amigo de quase todo mundo na escola, até mesmo das crianças mais briguentas. Mas Chucky era um valentão que tinha saído direto da fábrica de bullying. Um menino inseguro, sempre à procura de alguém que pudesse infernizar. Era mais alto que eu (mas isso todo mundo era).
Eu não era exatamente uma ameaça para ninguém. Não passava de uma criança do primeiro ano pesando dez quilos e preso a uma cadeira de rodas.
Chucky era um pouco mais velho e comparado a mim, um gigante.
- Aposto que você não consegue brigar. - ele disse um dia durante o recreio.
Meus amigos estavam lá. Então fiz cara de mau, mas me lembro de ter pensado: "Estou na minha cadeira de rodas e ele tem o dobro do meu tamanho. Não é uma situação promissora!"
- Aposto que consigo! - Foi a melhor resposta que consegui dar.
Não que eu tivesse muita experiência em brigas. Vinha de uma família de fortes valores cristãos. Ensinaram-me que a violência não era a saída, nem a resposta para nada, mas eu não era um covarde. Já tinha brincado muitas vezes de luta com os meus irmãos e primos. Ainda hoje, meu irmão mais novo fala dos meus golpes de luta romana. Antes que Aaron ficasse bem mais forte e mais alto que eu, conseguia rolar com ele no chão e prendia o braço dele com o meu queixo.
- Você podia até quebrar meu braço com o seu queixo de aço! – ele dizia. - Mas quando fiquei mais velho e maior, era só eu esticar meu braço e colocar a mão na sua testa e daí você não tinha como chegar perto de mim.
Esse era o meu problema com o Chucky. Não estava com medo de brigar com ele, mas não sabia como fazer isso. Todas as brigas que eu tinha visto na televisão, nos filmes, envolvia alguém dando socos e pontapés no oponente. Só que me faltavam as ferramentas básicas para dar esses golpes.
Nada disso parecia desanimar Chucky ou demovê-lo da ideia de brigar comigo.
- Se consegue brigar, então prove! - ele propôs.
- Beleza! Me encontre lá no Oval na hora do almoço. - rosnei.
- Fechado. É melhor estar lá!
O Oval era um trecho de concreto em formato de ovo, no meio do nosso playground de terra e grama. Se a nossa escola fosse um circo, brigar lá era como brigar no picadeiro. O Oval era o nosso palco principal. O que acontecia no Oval não ficava lá. Se eu levasse uma surra no Oval, o fato jamais seria esquecido.
Ao longo das aulas daquela manhã - ortografia, geografia, matemática -, me martirizei sobre o encontro da hora do almoço. Em nada ajudou o fato de que a notícia tinha se espalhado pela escola. Todo mundo queria saber qual era meu plano de ataque. Ei não fazia a menor ideia.
Na minha mente me imaginava Chucky me enchendo de porrada. Rezei para que algum professor descobrisse e em pedisse o fatídico evento, mas não tive essa sorte. A hora temida chegou, tocou o sinal do almoço, meu grupo se reuniu envolta da minha cadeira de rodas e fomos em silêncio até o Oval.
Metade da escola estava lá. Alguns alunos levaram lanches, outros começaram a fazer apostas. Como pode presumir, eu era o azarão nas apostas.
- Tá pronto para brigar? - perguntou Chucky.
Fiz que sim com a cabeça, mas não tinha ideia de como a coisa ia acontecer. Chuky também não.
- Tá. E como vamos fazer? - ele perguntou.
- Não sei - respondi.
- Você tem de descer da cadeira de rodas - ele exigiu. - Não é justo ficar na cadeira de rodas.
Aparentemente ele estava com medo de ser atropelado ou de que eu o golpeasse e depois fugisse. Isso me deu uma margem para a negociação: brigar não era a minha especialidade, mas já era um bom negociador.
- Eu desço da cadeira de rodas se você ficar de joelhos. - propus.
Chucky era ridicularizado por brigar com um menino em uma cadeira de rodas. Por isso acatou minha contraproposta. Meu parrudo adversário caiu de joelhos e saltei da minha cadeira de rodas, pronto para meu grande momento Crocodilo Dundee, isso se eu pelo menos tivesse ideia de como brigar sem punhos. Quero dizer: ninguém chama isso de briga ombro a ombro, chama?
A multidão da hora do almoço fez um círculo ao redor de nós. EU ainda pensava que meu oponente não levaria aquilo adiante. Quem poderia se rebaixar tanto a ponto de bater em um menino sem braços e sem pernas?
As meninas da minha classe estavam aos berros.
- Nick, não faça isso! Ele vai machucar você!
Aquilo me deixou irritado. Não queria ser alvo da piedade das meninas. Meu orgulho de macho entrou em cena. Aproximei-me de Chucky como se estivesse convencido de que era capaz de dar uma surra nele.
Ele acertou um soco duplo no meio do meu peito e eu tombei para trás, me espatifando de ponta-cabeça no cimento. feito um saco de batatas. Chucky me pegou de surpresa: eu jamais tinha sido nocauteado daquele jeito. Doeu, mas o meu constrangimento doeu ainda mais. Horrorizados, meus colegas fizeram uma rodinha ao meu redor. As meninas gritavam, tapando os olhos para não ver o que julgavam ser uma cena lamentável.
"Esse cara está mesmo me machucado", pensei. Virei o corpo e pressionei a testa no chão. Depois encostei o ombro na minha cadeira de rodas, fiz uma alavanca para me colocar na vertical. Graças a essa técnica - minha testa é dura e meu pescoço é forte -, qualidades que em breve seriam a derrocada de Chucky.
Não tinha a menor dúvida de que Chucky não sentiria o menor pudor em acabar comigo. Ataquei meu oponente mais uma vez, agora com mais velocidade. Dei três saltos e me pus na frente dele, mas antes de ter tempo para pensar na manobra seguinte, recebi outro soco, o único "bam" no peito e me esborrachei no chão.
Cheguei a ricochetear feito uma bola, uma vez (tá bom, eu admito, talvez duas vezes). Minha cabeça bateu contudo no impiedoso Oval. O mundo ficou escuro e se apagou. Os berros agudos de uma menina me fizeram recobrar rapidamente os sentidos. Rezei, pedindo que a cavalaria dos professores chegasse, Por que você nunca consegue encontrar um diretor assistente de escola quando precisa de um?
Por fim os meus olhos desanuviaram e minha visão voltou ao normal. E lá estava o diabólico Chucky pairando sobre mim.
Acontece que aquele vira-lata, de cara gorda de uma figa, estava fazendo uma dancinha da vitória.
"Agora chega! Vou arrebentar esse cara!"
Virei o corpo apoiando-o no estômago, firmei a testa no chão e me ergui para uma investida final. Minha adrenalina estava a mil e dessa vez galopei na direção dele o mais rápido que podia, tão rápido que ele foi pego de surpresa. Ele começou a recuar.
Saltei no ar e usei meu pezinho esquerdo para me impulsionar feito um míssil humano. Minha cabeça golpeou o nariz de Chucky e ele caiu. Aterrissei por cima dele e rolei de lado.
Quando levantei os olhos, vi Chucky esparramado no chão, segurando o nariz e gritando de dor incontrolavelmente. Em vez de me sentir vitorioso fui invadido pela culpa. O filho do pastor começou a pedir perdão.
- Eu sinto muito! Você está bem?
- Olha só, o Chucky está sangrando! - anunciou aos berros uma menina.
- Sem chance - pensei.
Mas sem dúvida era o sangue de Chucky que escorria por seus dedos gorduchos e seu rosto redondo, manchando de vermelho sua camiseta. Metade da plateia aplaudia e a outra metade estava mortificada por Chucky. Afinal de contas ele tinha apanhado de um anãozinho sem braços e sem pernas. Jamais conseguiria superar essa vergonha.
Seus dias de bullying estavam acabados. Ele escondeu o nariz com as mãos e correu para o banheiro. Sinceramente nunca mais eu o vi. Ele deve ter saído da escola, de tanta vergonha.
Chucky, se estiver em algum lugar lendo este livro, me perdoe. Espero que tenha tido uma boa vida pós bullying. Eu estava orgulhos de ter me defendido, mas esmagado pela culpa. Depois da aula, eu voltei para casa e a primeira coisa que fiz foi confessar meu episódio aos meus pais. Eu estava com medo de receber uma punição severa, mas não precisava ter me preocupado.
Meu pai e minha mãe não acreditaram em mim. Eles simplesmente não acharam que era possível ter batido num menino maior, mais velho e equipado com braços e pernas. Nem me dei ao trabalho de tentar convencê-los do contrário.
Por mais que as pessoas gostem de ouvir a minha história e por mais que os aspectos dela sejam engraçados, eu não me sinto muito confortável sequer ao contá-la, já que não defendo a violência. Acredito que a humildade é a força guardada dentro da gente. Sempre vou me lembrar da minha primeira e única briga porque descobri que na hora do "vamos ver", eu era capaz de superar meus medos. Especialmente naquela idade foi bom sentir que eu tinha forças para me defender. Acho que se pode dizer que descobri que podia ser humilde, porque tinha liberado aquela força que existia dentro de mim.
Sem Braços, Sem Pernas, Sem Medos
Mesmo que você tenha um forte senso de propósito, grandes esperanças nas possibilidades da sua vida, fé no futuro se ainda que reconheça seu próprio valor e adote uma atitude maravilhosa, o medo pode impedi-lo de realizar seus sonhos.
Há muitas deficiências piores do que não ter braços nem pernas. O medo pode ser particularmente debilitante. Você não pode levar uma vida plena que expresse suas bênçãos, se o medo controlar todas as suas decisões.
O medo é capaz de refreá-lo e impedir que você seja a pessoa que quer ser. Mas ele é apenas um estado de ânimo - uma disposição de espírito -, não é algo real. Quantas vezes você tem medo de alguma coisa - uma ida ao dentista, uma entrevista de emprego, uma cirurgia, uma prova na escola - apenas para descobrir depois que a experiência não chegava nem perto de ser tão terrível como havia imaginado? Achei que eu seria esmagado na minha primeira briga de escola com Chucky, mas veja só o que aconteceu!
Muitas vezes, os adultos regridem para seus temores infantis. Eles voltam a agir como crianças que se apavoram à noite, por imaginar que os galhos de árvore batendo no vidro da janela são monstros tentando devorá-las.
Eu já vi o medo paralisar totalmente pessoas normais. Não me refiro a medos suscitados por filmes de terror ou medos infantis de criaturas da noite. Muita gente é massacrada pelo medo do fracasso, medo de cometer erros, do compromisso e até mesmo do sucesso. É inevitável que os medos acabem batendo na sua porta.
Você não precisa deixá-los entrar. Mande-os embora, ordene que siga o caminho deles e siga seu próprio caminho. Você tem essa opção.
Os psicólogos dizem que, em sua maioria, os medos são adquiridos, ou seja, são aprendidos ao longo da vida. São os medos culturais. Nascemos apenas com dois temores herdados ou instintivos: o medo de barulhos altos e o de sermos derrubados.
Na minha época de escola eu tinha medo de ser espancado por Chucky, mas superei isso. Eu decidi que não ia esperar até criar coragem: agir de maneira corajosa... No fim das contas passei a ser corajoso.
Até mesmo os adultos criam fantasias de medo, que simplesmente não correspondem À realidade. Isso explica por que motivo o medo (fear em inglês) é descrito como "falsas evidências aparentemente reais". Nos concentramos tanto em nossos medos que eles acabam se tornando reais para nós, e como resultado deixamos que nos controlem.
É difícil imaginar que alguém tão grande e bem sucedido como Michael Jordan possa sentir medo. Contudo, durante a sua cerimônia de entrada no salão da fama da Liga Norte-americana de Basquete Profissional (a NBA), Jordan falou abertamente sobre como ele muitas vezes tinha usado seus medos para se tornar um atleta melhor. No término de seu discurso ele disse: "Um dia vocês talvez me vejam jogando aos 50 anos. Ora, não riam, não riam! Não digam "nunca" porque os limites, assim como os medos, não passam de ilusão."
Michael Jordan talvez seja melhor como jogador de basquete do que como palestrante motivacional, mas seu argumento é muito bom. Siga as regras de Jordan. Reconheça que os medos não são reais e enfrente-os, ou use-os a seu favor. O segredo para lidar com os medos - seja medo de voar, de fracassar ou de se relacionar - é reconhecer que ele não é
real. É uma emoção, e você pode controlar suas reações às emoções.
Tive de aprender isso logo no início da minha carreira de palestrante e evangelizador. Eu era muito medroso e ficava muito nervoso. Eu não sabia como as pessoas reagiriam às coisas que eu tinha a dizer. Não tinha certeza sequer se elas me dariam ouvidos... Felizmente, minhas primeiras palavras foram para os colegas estudantes. Eles me conheciam e nós nos sentíamos confortáveis uns com os outros.
Com o tempo comecei a falar para grupos de jovens maiores em igrejas, alguns poucos estudantes espalhados na plateia. Gradualmente superei meu nervosismo e os meus medos.
Ainda sinto medo quando sou convocado para falar diante de milhares de pessoas. Às vezes, dezenas e centenas de milhares. Viajo para áreas remotas da China, América do Sul, África e outras partes do mundo, onde não tenho ideia de como as pessoas vão me receber. Tenho medo de contar uma piada que em outra cultura significa algo completamente diferente ou ofensivo.
Uso esse medo para lembrar a mim mesmo de revisar sempre os meus discursos junto a meus intérpretes e anfitriões, antes de me arriscar a passar por constrangimentos. Aprendi a usar meu medo como como fonte de energia e ferramenta para preparar minhas apresentações. Se sinto medo de esquecer a fala ou me confundir todo nas pregações, é o que ajuda a me concentrar em revisar e treinar com antecedência minha apresentação.
Muitos medos são úteis dessa maneira. Por exemplo: acidentes trazem o medo bom que motiva a usar o cinto de segurança, porque você não quer se machucar em um acidente de carro. Se o seu medo de pegar uma gripe ou resfriado o inspira a lavar as mãos ou tomar vitaminas, isso também é bom.
Muitas vezes deixamos que nossos medos adquiridos fiquem incontroláveis. Em vez de simplesmente tomar precauções para evitar uma gripe ou um resfriado, muita gente leva isso ao extremo, trancafiando-se dentro de casa e se recusando a pôr os pés na rua. Quando os nossos medos nos impedem de fazer todas as coisas que podemos, ou de ser quem podemos ser, eles não são sensatos.
Os medos, E Se...
Tenho uma amiga cujos pais se divorciaram quando ainda era pequena. A mãe e o pai brigavam o tempo todo, mesmo depois da separação. Hoje ela é uma mulher adulta, mas tem medo de se casar.
- Não quero acabar como os meus pais - ela argumenta.
Você consegue imaginar a ideia de nunca se envolver em um relacionamento duradouro por ter medo de que talvez não dê certo? Isso é um medo doentio! Não dá para pensar em casamento como se fosse o primeiro passo para o divórcio. Lembre-se do poema de Tennyson: "É melhor ter amado e perdido do que nunca ter amado".
É impossível ter uma vida agradável e plena de realizações, se você se deixar paralisar pelo medo daquilo que pode acontecer um dia, em algum lugar - quem sabe -, talvez. Se todos ficássemos deitados na cama todos os dias por medo de ser atingidos por um raio, ou picados por um mosquito da malária, este seria um mundo bem triste, não seria?
Então muita gente medrosa se concentra na pergunta: e se..., quando deveriam dizer "por que não?". E se eu fracassar? E se eu não for bom o bastante? E se rirem de mim? E se eu for recusado? E se eu não souber lidar com o meu sucesso?
Entendo esse tipo de pensamento. Quando era adolescente, tive de lidar com grandes medos: o medo da rejeição, o da inadequação e o de ser dependente. E isso não era apenas fruto da minha imaginação, meu corpo não tinha o equipamento padrão. Mas meus pais me diziam que eu devia sempre me concentrar não no que estava faltando, mas no que tinha e no que podia criar se simplesmente ousasse seguir a minha imaginação.
- Sonhe grande, Nick, e jamais deixe que o medo impeça você de trabalhar para alcançar seus sonhos! - eles me diziam. - Você não pode deixar que o medo dite o seu futuro. Escolhe a vida que quer e vá atrás dela!
Até agora falei para diversas plateias em mais de dezenove países do mundo. Já levei a minha mensagem de fé e esperança para vastas multidões em estádios, arenas, igrejas e presídios. Eu jamais teria conseguido fazer isso se os meus pais não tivessem me ajudado a reconhecer os meus medos e a enfrentá-los.
O Medo como Motivação
Você e eu jamais seremos superatletas do mesmo nível de um Michael Jordan. Mas você pode ser como ele no que diz respeito a usar o medo como ferramenta motivacional, para se manter em busca dos seus sonhos e da vida que você deseja criar.
Laura Gregory era uma amiga de escola bastante inteligente e esperta. Eu sempre podia contar com ela para me dizer exatamente o que estava pensando. Não fazia cerimônia e com ela não havia meias verdades.
Um dia, no nosso primeiro ano, ela me perguntou:
- Certo. Então aqui na escola, você tem a ajuda de um assistente dos professores, mas quem cuida de você em casa?
- Bom, os meus pais! - respondi, ainda sem saber ao certo onde ela queria chegar.
- E você acha que isso é certo?
- Ter a ajuda dos meus pais? Claro! O que mais eu poderia fazer?
- Digo com coisas como se vestir, tomar banho, usar o banheiro...
- E a sua dignidade? Você não acha um pouco esquisito não fazer essas coisas por conta própria?
Laura não tinha intenção de magoar meus sentimentos. Ela buscava a verdade e queria realmente saber como eu me sentia em relação a todos os aspectos da minha vida. Mas ela tocou uma tecla sensível. Na minha pré-adolescência um dos meus maiores temores era o de ser um fardo para as pessoas que eu amava.
O pensamento de que eu era excessivamente dependente dos meus pais, do meu irmão e da minha irmã também nunca saía da minha cabeça. Às vezes eu acordava no meio da noite soando em bicas, aterrorizado pelo pensamento de que meus pais tinham ido embora, deixando-me aos cuidados de Aaron e Michele.
Esse medo era muito palpável. Às vezes eu era quase esmagado pelas visões de dependência.
As perguntas diretas de Laura sobre a minha dignidade me ajudaram a mudar o foco. De atormentado pelo medo passei a ser motivado por ele. As questões sobre a minha dependência sempre tinham pairado nos meandros da minha consciência. Mas depois daquele dia desloquei essas questões para o primeiro plano e decidi enfrentá-las de maneira agressiva.
Se eu realmente me empenhar de corpo e alma, até que ponto posso me tornar independente. Motivado pelo medo de sobrecarregar meus entes queridos, criei uma declaração de princípios, embora na época eu não tivesse a menor ideia do que vinha a ser uma declaração de princípios. Meu medo deu lugar a uma vigorosa paixão e À força de me fazer agir.
"Preciso fazer mais por mim mesmo! Mas como?"
Meus pais sempre me encorajaram e renovaram minha confiança de que eu podia contar com eles para me ajudar, e não se incomodavam em me carregar, me vestir, em fazer qualquer coisa que eu precisava que fizessem. Mas eu ficava chateado por não conseguir sequer tomar um copo de água sozinho. E além disso, sempre alguém precisava me colocar sentado no vaso sanitário.
À medida que fiquei mais velho, naturalmente eu queria mais independência e queria cuidar mais de mim mesmo. O medo me deu determinação para agir com relação a esses desejos.
Um dos pensamentos que realmente me instigaram à ação foi a imagem de mim mesmo como um peso nas costas do meu irmão Aaron, depois que meus pais não estiveram por perto. Eu vivia preocupado com isso porque, se alguém merecia uma vida normal era meu pobre irmão mais novo. Eu achava que Deus devia algo a Aaron, porque ele passou boa parte da vida empacado, cuidando de mim, me ajudando, morando comigo e me vendo receber toda atenção. Aaron tinha braços e pernas, mas em muitos sentidos, ele era o elo mais fraco da corrente, porque sempre achou que tinha de cuidar de mim.
Minha decisão de me tornar mais auto-suficiente era uma questão de auto-preservação. Laura fez com que me lembrasse de que ainda era dependente da bondade e da paciência de outras pessoas. Eu sabia que não podia ser tão dependente e o meu orgulho também teve papel nisso.
Sou plenamente capaz de formar uma família um dia, e jamais ia querer que aminha esposa me carregasse de um lado para o outro. Quero ter filhos e ser um bom pai e sustentar minha família. Então pensei: "eu preciso sair dessa cadeira de rodas!"
O medo pode ser seu inimigo, mas nesse caso, fiz amizade com ele. Anunciei aos meus pais que queria encontrar maneiras de cuidar de mim mesmo. É claro que no começo eles ficaram preocupados.
- Você não precisa fazer isso, mas daremos um jeito para que sempre tenha alguém cuidando de você - eles argumentaram.
- Mãe, pai, eu preciso fazer isso por mim e por vocês. Vamos pensar juntos e bolar alguma coisa.
E foi o que fizemos. Em certo sentido, nosso esforço criativo me lembrou o filme A Família Robinson (Suíça). Presos em uma ilha, todos eles criam geringonças e engenhocas para tomar banho, cozinhar e sobreviver. Sem que nenhum homem é uma ilha, especialmente um homem sem braços e sem pernas. Talvez eu fosse uma península ou um istmo.
Minha mãe, a enfermeira, e meu pai, o faz-tudo jeitoso, primeiramente criaram um sistema que me permitiam tomar banho de chuveiro e lavar meu cabelo com shampoo. Meu pai substituiu as torneiras redondas, que eu podia abrir e fechar com os ombros. Minha mãe apareceu em casa com um dispensador de sabonete acionado pelo pé, do mesmo tipo usado por médicos quando se preparam para cirurgias, que adaptamos para que eu pudesse bombear sabonete e shampoo.
Depois meu pai e eu projetamos um suporte de plástico acoplado À parede, e que estalamos uma escova de dentes elétrica que eu podia ligar e desligar, apertando um interruptor. E assim, para escovar os dentes, era só eu mover a cabeça para frente e para trás.
Eu disse aos meus pais que queria me vestir sozinho. Então minha mãe costurou shorts com uma tira de velcro, que eu conseguia enfiar sozinho no corpo.
Botões de camisa sempre tinham sido um desafio para mim, mas agora encontramos camisas que eu podia tirar e vestir, enfiando-as sobre a cabeça e retorcendo o corpo.
Meu maior medo nos envolveu três em uma missão instigante, e ao mesmo tempo engraçada: inventar maneiras de me tornar mais independente. Controles remotos, celulares, teclados de computador e controles de garagem são uma bênção para mim porque posso operá-los todos com o pé.
Algumas das soluções que encontramos não era exatamente a alta tecnologia. Aprendi a desligar o alarme da casa usando meu nariz para apertar os botões, e recorri a um taco de golfe enfiado entre o queixo e o pescoço para abrir algumas das janelas e acender as luzes da casa.
Por razões óbvias, não vou entrar em grandes detalhes sobre esse quesito, mas criamos também métodos engenhosos para que eu pudesse usar sozinho o banheiro. Você pode ver alguns dos meus métodos neste vídeo do Youtube: http://www.youtube.com/watchv=odxijwj_wfa. Pode ficar tranquilo, garanto que não há cenas indecentes ou escatológicas.
Sou grato pela conversa que Laura teve comigo em relação à minha dignidade e também por meu medo juvenil de ser dependente e um fardo para minha família. Porque ele me incentivou a me tornar mais independente. Dominar tarefas rotineiras para outras pessoas são coisas normais e automáticas.
Fiz maravilhas para minha autoconfiança. Ma talvez eu jamais tivesse me forçado a aprendê-las se não fosse por emoções potencialmente negativas que converti em energia positiva.
Você pode fazer o mesmo. Canalize a energia gerada por seus medos de fracasso, rejeição ou temores semelhantes e use-a para gerar a ação positiva que o leve para mais perto dos seus sonhos.
Enquadrando o Medo
Você também pode neutralizar os medos capazes de paralisá-lo, combatendo-os com o próprio medo.
Pense no maior dos seus temores. Digamos que seja o medo de falar para uma plateia numerosa e esquecer o seu discurso. É o medo com o qual posso me identificar.
Vá em frente! Visualize a pior coisa que pode acontecer. Você esquece seu discurso e sai do palco debaixo de vaias. Visualizou essa imagem?
Beleza! A seguir, imagine que você faz um belo discurso e é aplaudido de pé.
Agora faça a sua escolha. Fique com a segunda hipótese e guarde essa imagem bem guardada em sua mente, de modo que toda vez que você se preparar para falar, passe direto pela parte do medo e vá para a parte em que é ovacionado. Isso funciona para mim e pode funcionar para você.
Um método semelhante para vencer o medo é recorrer ao arquivo da sua memória de experiências de vida em que você perseverou e superou obstáculos. Por exemplo: quando eu me sinto temeroso e nervoso na hora de conhecer uma pessoa importante, tipo Oprah Winfrey, visito o acervo da minha memória para uma dose extra de coragem.
Você morre de medo de conhecer Oprah Winfrey? O que ela vai fazer? Cortar seus braços, suas pernas?
Espere um pouco! Você já viveu mais de 25 anos e já viajou o mundo inteiro sem braços e sem pernas? "Oprah, estou pronto para você. Vem cá me dar um abraço!"
Empacado no Medo
Quando eu era criança, tinha um medo que parecia bastante natural: o medo de médicos e injeções. Toda vez que tinha de tomar vacinas na escola - contra sarampo, rubéola ou gripe -, eu me escondia da minha mãe. Parte do problema era o fato de que os médicos e as enfermeiras tinham poucos lugares do meu corpo em que podiam me espetar.
Com as outras crianças, eles podiam aplicar injeções no braço ou no bumbum. Já o meu corpo abreviado oferecia um único alvo e, uma vez que o bumbum fica muito perto do chão, era algo particularmente doloroso para mim. Mesmo quando aplicavam uma agulhada na minha cocha ou no quadril. Toda vez que eu tomava uma injeção ficava o dia inteiro sem conseguir andar.
Por causa da minha deficiência passei boa parte da minha infância servindo de almofada de alfinetes para médicos, munidos de agulhas, e desenvolvi um medo profundo. Eu era famoso por desmaiar só de ver uma seringa.
Certo dia, ainda na escola de ensino fundamental, duas enfermeiras que aparentemente não conheciam o meu histórico - ou não sabiam muita coisa sobre anatomia humana -,se aproximaram de mim, uma de cada lado, e me prenderam entre elas e a minha cadeira de rodas, e me aplicaram injeções nos dois ombros, onde há pouquíssima gordura e poucos músculos.
Foi uma dor lancinante. Doeu tanto que pedi ao meu amigo que fosse andando ao meu lado porque eu senti que ia desmaiar. Jerry assumiu o controle e eu, é claro, apaguei. O pobre Jerry não sabia o que fazer e então, levou minha cadeira de rodas para nossa "aula de ciências" comigo pendurado e pediu ajuda a uma professora.
Sabendo do meu grande pavor de agulhas, minha mãe nunca me avisava e nem contava aos meus irmãos quando era hora de nos levar ao consultório, para receber nossas inoculações.
Quando eu tinha doze anos, fizemos uma visita bastante agitada ao médico, e que entrou para o repertório do folclore da família. Minha mãe disse que íamos apenas fazer exames de rotina.
Na sala de espera tive o primeiro aviso de que havia algo errado. Vimos uma menininha da minha idade entrando na sala de exames e logo depois ouvimos o grito agudo que ela deu ao receber uma agulhada.
- Ouviram isso? - perguntei a Aaron e Michele. - Nós também vamos tomar injeção!
Meu medo começou a tomar conta de mim e entrei em pânico. Comecei a chorar e a berrar, dizendo à minha mãe que não queria tomar vacina, que doía muito e que queria ir embora para casa. Como era o filho mais velho, os meus irmãos logo imitaram o meu corajoso e excelente exemplo. Também aprontaram uma gritaria implorando para sair dali.
Nossa mãe, que era enfermeira, não se abalou e nem se comoveu com os nossos protestos e lamúrias. Ela era uma veterana nas guerras da agulha hipodérmica e, aos trancos e barrancos, arrastou nós três para a sala de exames, como um policial do exército arrastando soldados bêbados para a cadeia do quartel.
Ao ver que o ataque de pânico puro e simples não estava surtindo efeito, tentei negociar com o médico da família.
- O senhor não tem alguma coisa que eu possa beber, em vez de tomar injeção?
- Infelizmente não, meu filho.
Hora do plano B: eu me virei para Aaron e lhe pedi que me ajudasse a escapar. Eu já tinha arquitetado um plano de fuga. Aaron devia distrair os médicos, despencando da mesa de exames, para que eu pudesse escapulir da minha cadeira de rodas e dar o fora. Mas minha mãe me interceptou. Sempre oportunista, minha irmãzinha disparou como um raio porta afora.
Uma enfermeira que passou por ali a agarrou no corredor, mas aí Michele grudou as mãozinhas na porta para que não a levasse para a sala de exames. Minha heroína!
Nossos gritos histéricos podiam ser ouvidos em toda clínica. Os funcionários vieram correndo porque parecia que estávamos sendo brutalmente torturados.
Infelizmente os reforços logo tomaram o partido dos médicos. Dois desses vira-casacas me seguraram para me dar uma injeção.
Continuei gritando e me retorcendo e, quando tentaram enfiar a agulha no meu bumbum, me estremeci todo e forcei a agulha a sair. O médio teve de me espetar de novo. De tão agudos, meus gritos fizeram disparar o alarme de muitos carros no estacionamento.
Nunca vou saber como todo mundo (eu, meus irmãos, minha mãe, os médicos e funcionários da clínica) conseguiu sobreviver àquele dia. Voltamos para casa chorando e gemendo de dor.
Meus medos só serviram para piorar a dor que eu teria sentido, caso simplesmente tivesse deixado os médicos aplicarem a injeção. Para dizer a verdade, senti o dobro da dor por não conseguir controlar meu medo. Eu fiquei dois dias sem andar, em vez de um só.
Portanto, tenha sempre em mente essa pequena fábula da minha vida.
Quando você deixa os medos tomarem conta de suas ações, o resultado é dor no bumbum.
Quando você der com a cara no chão, não deixe que suas decepções finquem raiz
Como você pode imaginar, quando eu era criança tive um longo histórico de quedas. Eu desabava de mesas, cadeiras de espaldar alto, camas, escadas, degraus e rampas. Sem braços para amortecer minha queda, eu geralmente dava com o queixo no chão - sem mencionar o nariz e a testa - e já caí feio muitas e muitas vezes.
O que nunca fiz foi continuar deitado. Há um provérbio japonês que descreve minha fórmula para o sucesso: "Caia sete vezes, levante-se oito."
Você fracassa, eu fracasso, até os melhores fracassam, e todo mundo fracassa. Quem nunca se levanta depois de uma queda vê a derrota como algo definitivo e irreversível.
O que precisamos ter em mente é o fato de que a vida não é uma prova do tipo em que, ou você passa, ou é reprovado. Mas sim um processo de tentativa e erro. Quem é bem sucedido consegue dar a volta por cima, depois de ter cometido erros estúpidos, porque vê os próprios fracassos como experiências temporárias e de aprendizado.
Todas as pessoas bem sucedidas que conheço já fizeram besteiras: enfiaram os pés pelas mãos em algum momento. Muitas vezes elas dizem que seus erros foram fundamentais para seu sucesso. Quando erraram, elas não desistiram. Ao contrário: reconheceram seus problemas, trabalharam com afinco redobrado e buscaram soluções mais criativas. Quando fracassavam cinco vezes, tentavam de novo com cinco vezes mais à vontade. Winston Churchill captou a essência disso quando afirmou: "O sucesso é a capacidade de ir de fracasso em fracasso, sem perder o entusiasmo,.
Se você não consegue superar suas derrotas, talvez seja porque as tenha personalizado. Perder não faz de você um perdedor. Um grande jogador de beisebol às vezes erra uma tacada e nem por isso vai para o banco de reservas. Desde que você continue no jogo gingando no ar o seu bastão, ainda pode ser um tremendo batedor.
Se não está disposto a fazer o trabalho que é preciso, então o seu problema não é perder: o problema é você! Para alcançar o sucesso, você deve se sentir digno dele e então assumir a responsabilidade de fazer o sucesso acontecer.
Em minhas palestras e sermões demonstro minha filosofia sobre o fracasso da seguinte maneira: caio de barriga no chão do palco e continuo falando com a plateia dessa posição. Por causa da minha falta de braços e pernas, você pode achar que é impossível me levantar sozinho. Minhas plateias acham a mesma coisa.
Meus pais dizem que, desde pequeno, aprendi sozinho a me levantar de uma posição horizontal. Eles espalhavam travesseiros e almofadas tentando me persuadir a me apoiar neles. Mas eu tinha de fazer do meu próprio jeito, mais difícil, é claro. Em vez de usar os travesseiros e almofadas, eu engatinhava até uma parede - ou cadeira ou sofá – e apoiava a testa para me alavancar e assim me erguia.
Não é a coisa mais fácil do mundo. Você pode tentar, se quiser! Deite-se no chão, apoiado na barriga, e tente se erguer sem usar as mãos e as pernas como alavanca. Não é muito gracioso, é mesmo? Mas que sensação é a melhor? Levantar-se ou ficar deitado? Isso é porque você não foi criado para ficar no chão, Você foi feito para se levantar quantas
vezes forem necessárias, até realizar plenamente o seu potencial.
De vez em quando há momentos em que, em plena palestra ou sermão, justamente na hora de demonstrar minha técnica, enfrento algum tipo de perrengue. Em geral, falo de uma plataforma elevada (um palco, ou até mesmo uma mesa), se estiver numa sala de aula ou num auditório. Certa vez numa escola, despenquei antes de perceber que alguém bem intencionado tinha passado lustra móveis no tampo da mesa. Estava mais lisa do que um rinque de patinação no gelo! Eu tentei esfregar um pouco para tirar a cera e ter mais aderência e firmeza, mas... sem sorte.
Foi um pouco constrangedor quando tive de interromper minha pregação e pedir ajuda.
- Alguém pode me dar uma mãozinha, por favor?
Em outra ocasião eu discursava em Houston para uma plateia numerosa e ilustre, incluindo Jeff Bush - ex-governador da Flórida e irmão do ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush - e sua esposa Columba. Enquanto me preparava para discorrer sobre a importância de nunca desistir, caí de barriga no chão como sempre. O público ficou em silêncio, como sempre.
"De vez em quando todos nós fracassamos", eu disse, "mas fracassar é como cair. Você simplesmente tem de se levantar sem jamais desistir dos seus sonhos."
A plateia estava totalmente envolvida e compenetrada, mas antes que eu tivesse a chance de demonstrar que até mesmo eu tenho a capacidade de me levantar, uma mulher que eu nunca tinha visto na vida veio correndo do auditório.
- Deixe-me ajudar você! - ela disse.
- Mas não preciso de ajuda - sussurrei, rangendo os dentes. - Isso faz parte da minha palestra.
- Não seja bobo! Deixe-me ajudar você! - ela insistiu.
- Senhora, por favor... Não preciso mesmo da sua ajuda. Estou tentando provar meu argumento aqui.
- Bem... Então tudo bem! Se você tem certeza, querido... - ela disse, antes de voltar para o seu lugar.
Acho que a plateia ficou quase tão aliviada de ver aquela senhora voltar para o seu lugar quanto ao ver que eu conseguia me erguer sozinho. As pessoas geralmente ficam emocionadas quando testemunho o esforço que eu preciso fazer para dar conta de um gesto simples como o de me erguer do chão. Elas relacionam minha luta com as dificuldades que elas mesmas enfrentam.
Espelhe-se nisso quando seus planos naufragarem, ou quando você passar por períodos difíceis. Saiba que suas provações e tribulações são parte da vida e a humanidade inteira enfrenta a mesma coisa.
Mesmo que você crie um forte senso de propósito para a sua vida, alimente a esperança nas possibilidades e a fé no futuro. Reconheça seu próprio valor, mantenha uma atitude positiva e se recuse a permitir que os medos imponham limites. Ainda sim, você vai enfrentar dissabores e decepções.
Nunca pense nos fracassos como algo definitivo e nem os compare à morte porque a realidade é que em suas lutas, você experimenta a vida. Você está no jogo. Os desafios e obstáculos que encaramos podem nos ajudar a ficar mais fortes, melhores e mais preparados para o sucesso.
Perder Ensina Lições
Você deve ver seus fracassos como um presente - uma bênção -, porque eles o preparam para dar uma reviravolta na vida. E então, que benefícios podemos tirar da derrota ou dos reveses?
Posso pensar em que, pelo menos, quatro lições valiosas que o fracasso nos ensina. O primeiro é que a derrota é uma grande professora; o segundo é que a derrota ajuda a moldar o caráter; o terceiro, o fracasso motiva você; quarto - o fracasso ajuda você a ter apreço pelo sucesso.
A Derrota é uma Grande Professora
Sim, a derrota é uma grande professora! Todo vencedor já sentiu na pele o que é perder; todo campeão já ficou em segundo lugar...
Roger Federer é considerado um dos melhores tenistas de todos os tempos, mas não ganha todos os games, sets, jogos. Em toda partida ele erra saques, joga a bola na rede, e nem sempre consegue colocar a bola onde quer. Se Roger desistisse depois de cada erro, seria um jogador mequetrefe.
Em vez disso, aprende com seus erros e continua no jogo. Por isso ele é um super campeão. Será que Federer sempre tenta acertar a jogada perfeita e ganhar todos os games. sets e jogos?
Certamente que sim e você deve fazer o mesmo. Qualquer que seja o seu trabalho ou a sua área de atuação. Trabalhe com afinco, treine, domine os fundamentos e sempre tente fazer o seu melhor, mesmo sabendo que, de vez em quando, você vai fracassar, porque o fracasso faz parte do caminho para a maestria.
Meu irmão mais novo tira sarro de mim sobre meus primeiros tempos de palestrante e evangelizador, quando batalhava para encontrar uma plateia. Eu implorava pela chance de falar em escolas e entidades, mas quase sempre ouvia "não" porque diziam que eu era, ou jovem demais ou inexperiente - ou esquisito. Às vezes isso era frustrante, mas eu sabia
que ainda estava aprendendo os macetes, descobrindo o que eu precisava para dominar a oratória e ser um palestrante pregador bem sucedido.
Quando Aaron estava no ensino médio, ele me levava de carro pela cidade inteira à procura de alguns gatos pingados, dispostos a me ouvir.
Eu falava de graça, só para adquirir experiência. Mesmo assim meu preço parecia ser alto demais.
Acho que bati em todas as portas e liguei para todas as escolas de Brisbane, para oferecer meus serviços, sem cobrar nada. No início quase todo mundo me recusava, mas cada "não" que eu ouvia me empurrava ainda mais para o próximo "sim".
- Você nunca desiste? - Aaron me perguntava.
Eu não desistia, porque toda vez que eu levava um "não" na cara, eu sentia tanta dor, ficava tão chateado, que percebia que tinha encontrado a minha paixão. Eu realmente queria muito ser um evangelizador, um pregador, um palestrante motivacional. Mas mesmo quando conseguia encontrar uma plateia disposta a me dar ouvidos, eu não me saía tão bem.
Numa escola em Brisbane comecei mal. Algo me distraiu e não consegui mais me encontrar. Comecei a suar em bicas. Fiquei repetitivo. Eu queria enfiar a cabeça em um buraco e nunca mais sair. Fiz uma palestra tão ruim que achei que a notícia iria se espalhar: jamais me convidariam para falar em outra escola.
Quando finalmente terminei, fui embora. Eu me sentia algo de risos e motivo de piadas. Minha reputação estava arruinada!
Podemos ser críticos de nós mesmos. Naquele dia fui duro demais comigo mesmo, mas a minha péssima performance fez com que me concentrasse ainda mais no meu sonho. Trabalhei para melhorar a minha apresentação e a minha dicção.
Assim que você aceita o fato de que a perfeição é apenas um objetivo ideal, não fica tão difícil lidar com os fracassos. Cada passo em falso é um passo ou outra lição aprendida: outra oportunidade para acertar da próxima vez.
Entendi que quando você fracassa e desiste, jamais vai se levantar. Mas se você aprende as lições do fracasso e tenta fazer seu melhor, as recompensas virão, não apenas na forma da aprovação dos outros, mas na percepção de que você está aproveitando ao máximo as oportunidades que lhe foram dadas.
A Derrota Ajuda A Moldar o Caráter
Talvez o fracasso possa ajudar você a se preparar para o sucesso. Sim,
o que não destrói deixa você mais forte, mais concentrado, mais criativo e mais determinado a batalhar por seus sonhos.
Pode ser até que tenha pressa em ser bem sucedido - e não há nada de errado nisso -, mas a paciência é uma virtude e o fracasso vai desenvolver essa característica em você. Acredite no que digo. Aprendi que a minha programação não está necessariamente no calendário de Deus. Ele tem sua própria cronologia e a nós só resta esperar.
Aprendi essa lição quando me juntei ao meu tio Sam Radojevic, e demos o pontapé inicial de uma empresa para fabricar e comercializar sua própria linha de bicicletas recumbentes: (1) a Hippo Cycle.
* Também conhecidas como bicicletas reclinadas. Nas bicicletas recumbentes, o piloto pedala em uma posição deitada, ou quase deitada, dependendo do modelo. Uma vez que os pedais estão praticamente no mesmo nível do acento.
Começamos em 2006 e até agora o nosso negócio não decolou, mas a cada percalço e a cada erro, aprendemos um pouco mais, e chegamos mais perto do nosso objetivo.
Não tenho dúvida alguma de que estamos gerindo um negócio e também moldando nosso caráter. Aprendi que às vezes, mesmo quando você faz o seu melhor, isso não basta para se dar bem no mundo dos negócios. A ocasião também é fundamental. A economia sofreu uma recessão no exato momento em que abrimos a empresa. Tivemos de ser pacientes e segurar as pontas, esperando que os ventos voltassem a soprar a nosso favor.
Haverá vezes em que você terá de esperar para que o mundo entre em sincronia com você. Thomas Edson, que amargou mais de dez mil experimentos fracassados, antes de desenvolver a lâmpada comercial, disse que a maior parte dos que se consideram fracassados são pessoas que não perceberam o quanto estavam próximas de alcançar o sucesso quando desistiram. Estavam quase lá, encarando um ou outro fracasso, mas ainda assim fadadas ao sucesso. Só que entregaram os pontos antes que a maré virasse a favor delas.
Você nunca sabe o que o espera na próxima esquina da vida. Quem sabe a resposta dos seus sonhos? Então, você tem de criar coragem. manter-se forte e continuar lutando. Se fracassar, e daí? Edson também disse: "Toda tentativa descartada é outro passo à frente." Se você der o melhor de si, Deus cuida do resto e o que tiver de ser será.
Você precisa ter força de caráter para vencer e se estiver aberto para isso, cada derrota pode ser uma experiência de formação de caráter.
Em 2009, dei uma palestra na Oak's Christian School, pequena escola em Westlake, Califórnia, famosa como celeiro de excelência nos times de futebol americano. Recentemente o pôster de quarterback, titular, era do filho famoso do jogador de futebol americano Joe Montava. Seu reserva era filho de Wayne Gretzky. A lenda do hóquei e o receiver era filho do maravilhoso ator Will Smith. O time de futebol americano da escola venceu por seis vezes consecutivas o campeonato nacional.
Na ocasião em que lá palestrei, conheci o fundador da escola, David Price, e constatei com quem os atletas do colégio tinham aprendido lições sobre a força de caráter.
David era advogado de um poderoso escritório de Hollywood, cujos clientes eram astros de estúdios de cinema. Depois foi trabalhar como empresário no ramo de hotéis, resorts e propriedades na Califórnia, incluindo campos de golfe. David era especialista em administração e viu que a maior parte dos campos de golfe era pessimamente administrada, porque quem cuidava disso eram golfistas profissionais com pouca ou
nenhuma experiência gerencial.
Um dia David foi falar com o seu chefe e anunciou que queria comprar seu campo de golfe, e ouviu o seguinte:
- Em primeiro lugar, você trabalha para mim;. Então, por que eu venderia alguma coisa para você? Em segundo lugar, você não sabe nada de golfe. E em terceiro, não tem dinheiro!
No começo David não conseguiu convencer seu patrão, mas não desistiu. Perseverou e continuou atormentando o patrão até que esse, por fim, acreditou no sonho de David e lhe vendeu o campo. Foi o primeiro de mais de 350 campos de golfe que David comprou ou arrendou.
Então, quando o ramo dos campos de golfe passou por um período de baixa, ele vendeu tudo. Agora, David se dedica a comprar, arrendar e administrar aeroportos de todo país.
O que David aprendeu com o fracasso? Paciência e perseverança, é claro! Jamais desistiu de seu sonho. Quando o mercado dos campos de golfe sofreu uma queda, ele parou, avaliou, fez um balanço da situação e constatou que seu verdadeiro talento não era administrar campos de golfe, mas sim empresas. Então ele simplesmente transferiu essa habilidade para outro setor.
David, que hoje integra, o conselho de diretores da minha organização sem fins lucrativos (Life Without Limits), me disse que quanto maiores as dificuldades que enfrentamos, maior a força de caráter.
- Nick, se você tivesse nascido com braços e pernas, não acho que seria tão bem sucedido quanto será sem eles - ele teorizou. – Quantas crianças dariam ouvidos a você se não pudessem ver logo de cara que você transformou em algo tão positivo o que podia ser uma tremenda situação negativa?
Lembre-se dessas palavras toda vez que você enfrentar mudanças. Para cada estrada bloqueada existe outra aberta; para cada deficiência há uma habilidade. Você veio ao mundo para servir a um propósito. Por isso jamais permita que uma derrota o convença de que não há meios de vencer. Enquanto você respirar, com um resto de nós mortais, haverá sempre um jeito.
Sou grato pelo fato de que fracassei e perseverei. Meus desafios fizeram de mim uma pessoa mais paciente e obstinada. Essas características vieram bem a calhar no meu trabalho, e também são muito úteis nos meus momentos e lazer.
Uma das minhas maneiras favoritas de relaxar é pescar. Meus pais me levaram para pescar pela primeira vez quando eu tinha apenas seis anos. Eles fincavam a vara no chão, ou em uma alça que eu podia segurar com a boca. Então eu prendia a vara com o queixo e esperava o peixe puxar; e aí, alguém vinha me ajudar.
Um dia eu estava sem muita sorte, mas mesmo assim fiquei lá, firme e forte, olhando minha linha por três horas a fio. O sol forte estava me deixando vermelho como um pimentão, mas eu estava muito determinado a pegar um peixe.
Meus pais tinham ido pescar em outro ponto mais para baixo; por isso, eu estava sozinho quando finalmente um peixe mordeu a minha isca. Agarrei a linha com os dedos do meu pezinho e gritei:
- Mãe! Pai!
Eles vieram correndo. Quando puxaram a linha, descobriram que o peixe tinha o dobro do meu tamanho, mas eu jamais teria conseguido pescá-lo se não tivesse ficado lá - firme e forte -, e se não tivesse me recusado a deixá-lo escapar.
É claro que o fracasso também ensina a humildade. Reprovei na minha aula de contabilidade, no ensino médio, o que foi uma experiência humilhante. Fiquei com medo de talvez não ser tão bom em números, mas meu professor me incentivou e me deu aulas de reforço.
Estudei, estudei, estudei muito, E anos depois, consegui me formar na faculdade com não apenas um, mas dois diplomas: contabilidade e planejamento financeiro.
Eu precisava dessa lição de humildade nos meus tempos de estudante. Eu precisava fracassar para aprender o que não sabia. No fim a humildade me deixou mais forte.
O escritor Thomas Merton disse: "Pois o homem humilde não tem medo do fracasso. Na verdade, não tem medo de coisa alguma, nem de si mesmo, já que a perfeita humildade implica perfeita confiança no poder de Deus diante de quem, nenhum outro poder tem sentido e para quem não existe nenhum obstáculo."
O Fracasso Ajuda Você a Ter Apresso pelo Sucesso
A quarta dádiva do fracasso é servir como aula de apresso pelo sucesso. Pode acreditar! Depois de uma semana apanhando do meu celular por causa de manobras erradas, senti enorme apresso quando finalmente consegui dominar a técnica de encaixá-lo no ombro.
Para dizer a verdade, quanto mais você trabalhar para atingir um objetivo, mais gratidão vai sentir. Quantas vezes você olhou para trás, depois de uma grande vitória, e pensou em como era doce triunfar depois de uma longa batalha? Admita! Quanto mais difícil é a subida, mais bonita é a vista lá de cima.
Quando era criança, uma das minhas histórias favoritas da Bíblia era a de José - o filho favorito de Jacó , mas um pouco orgulhoso -, que é vendido como escravo pelos próprios irmãos. José sofreu muito. Injustamente acusado de um crime, foi jogado na prisão e traído muitas vezes por pessoas em quem confiava. Mas ele não desistiu. Não deixou que a amargura e o fracasso o derrotassem. Perseverou e tornou-se o "regente do Egito", salvando o seu povo.
Há muitas lições a tirar dos percalços de José, até sua ascensão ao trono. Uma que aprendi é que o sucesso talvez não venha sem dor. As provações de José me ajudaram a entender que, embora minha vida parecesse ser mais difícil que a da maioria, outras pessoas sofriam ainda mais. Mas aguentavam o tranco e alcançavam o sucesso. E vi que
sim: Deus nos ama, mas não faz promessas de que a vida será fácil.
Por fim, vi que José superou muitas tribulações e traições, e saboreou seu triunfo, tornando-se um rei magnífico e justo.
Quando você se dedica de coração a alcançar um objetivo, enfrentando doses de dor e sofrimento ao longo do caminho, a sensação de realização é tão incrível que você tem vontade de prolongá-la, não é mesmo? Não acho que isso seja por acaso. Talvez seja um dos principais motivos que explique até onde a humanidade chegou.
Nós celebramos as vitórias suadas não só porque sobrevivemos ao esforço, mas porque é de nossa natureza crescer e buscar níveis ainda mais altos de realização. Nos momentos em que Deus me faz trabalhar com afinco redobrado para alcançar meus objetivos, colocando obstáculo atrás de obstáculo no meu caminho, acredito piamente que ele está me preparando para dias melhores. Ele nos faz encarar obstáculos porque sabe que quando sobrevivemos aos fracassos, crescemos.
Quando olho para trás e me lembro de tudo que tive de superar ainda muito jovem (dor, insegurança, mágoa e solidão), não me sinto triste. Eu me sinto humilde e grato porque transpus obstáculos, graças aos quais meus sucessos são ainda mais doces. No fim as dificuldades da minha vida me fizeram mais forte e mais bem preparado para ajudar outras pessoas.
Sem a minha dor eu jamais seria capaz de ajudar outras pessoas a apaziguarem suas próprias dores. Não conseguiria me dar tão bem com outras pessoas, nem me solidarizar com elas.
Na adolescência, saber que eu tinha superado tanta coisa me deixou mais confiante. Por sua vez, esse novo nível de autoconsciência fez com que outras crianças se aproximassem de mim. Formei um grande círculo de amigos, adorava toda aquela atenção. Eu zanzava pela escola em minha cadeira de rodas, curtindo a simpatia e o afeto da galera.
É claro que você já sabe onde isso levou: à política. Criei coragem para concorrer ao posto de capitão do time da escola, o que equivalia presidir o corpo docente da escola estadual McGregor, que tinha 120 alunos, divididos entre turmas do ensino médio e fundamental, e era uma das maiores escolas de Queensland.
Eu não apenas fui o primeiro deficiente físico a disputar o cargo, mas estava concorrendo com um dos melhores atletas da história da escola, Mathew McKay,,que hoje é um famoso jogador de futebol na Austrália. Minha professora - a Sra. Hurley -, incentivou-me a concorrer depois que, para minha surpresa, fui indicado por meus colegas de classe. Minha plataforma ideológica era baseada na diversidade e ao multiculturalismo, e minha promessa de campanha era realizar corridas de cadeiras de rodas nos dias de eventos esportivos.
Ganhei de lavada (Sinto muito, Mathew). Minha mãe até hoje guarda o recorte do jornal Courier Mail, com uma fotografia e uma matéria cuja manchete era "capitão coragem". O mesmo jornal citou uma declaração minha: "Eu penso que todas as crianças em cadeiras de rodas devem simplesmente tentar de tudo!"
O slogan da minha infância talvez não seja tão famoso quanto Just Do it, da Nike, mas foi muito útil. Você vai fracassar porque é humano; vai fracassar porque a estrada é acidentada e difícil. Mas saiba que seus fracassos são parte do dom da vida. Por isso, faça bom uso deles. Não pare, meu camarada! Tente de tudo!
O Fracasso Motiva Você
Podemos optar entre duas maneiras de reagir às derrotas e fracassos: desistindo e nos entregando ao desespero, ou permitindo que o fracasso e a derrota sirvam como experiência de aprendizado e motivação para fazer melhor.
Tenho um amigo que é instrutor em academias de musculação. Já o ouvi dando a seguinte orientação a alunos, suando a camisa num aparelho de supino inclinado:
- Vai! Vai para o fracasso!
Um incentivo e tanto, não? Mas a teoria que você deve puxar ferro até seus músculos ficarem exaustos, de modo que na próxima vez você pode tentar exceder os limites e ganhar mais força.
Um dos segredos do sucesso é o treino, a prática. Eu defino o treino como fracasso rumo ao sucesso e posso dar um exemplo perfeito que envolve este que vos fala e meu telefone celular. Talvez você ache que um smartphone é uma grande invenção, mas para mim é uma dádiva dos céus. Às vezes penso que os inventores pensavam em mim quando criaram um
aparelho que até mesmo um cara sem braços e sem pernas pode usar para conversar, enviar e-mails, digitar mensagens de texto, gravar sermões e notas, conferir a previsão do tempo e notícias do mundo inteiro com os dedos do pé.
O smartphone só não foi projetado perfeitamente para mim porque a única parte do meu corpo que consegue usar a tela sensível ao toque está muito distante da parte do corpo que consegue falar. Quase sempre posso usar o viva voz, mas quando estou em um aeroporto ou restaurante, eu não quero que ninguém ouça as minhas conversas.
Tive de bolar um jeito de posicionar o meu celular mais perto da minha boca, depois de teclar o número com o pezinho. O método que criei dá um novo significado à expressão "telefone móvel". Me oferece uma dolorosa lição sobre o papel do fracasso no sucesso.
Passei uma semana tentando usar meu pezinho para encaixar o telefone no meu ombro, onde eu o prendo com o queixo, para poder falar e ouvir.
Crianças, não tentem fazer isso em casa! Durante esse período de tentativas e erros, pode acreditar que fracassei muitas vezes. Meu rosto ficou com tantos hematomas por causa das batidas do aparelho, que eu parecia ter levado uma surra com um saco de moedas. Eu só praticava quando não havia ninguém por perto, porque se alguém me visse, poderia pensar que eu estava fazendo amor com o celular.
Nem vou dizer quantas pancadas de celular acertei na cabeça e no nariz, ou quantas vezes meu telefone arriou enquanto eu tentava dominar a técnica.
Podia me dar ao luxo de levar algumas pancadas e substituir os celulares quebrados, mas não podia me dar ao luxo de desistir., Toda vez que o celular batia no meu rosto, eu me motivava ainda mais para dominar a manobra. Até que por fim, consegui.
Obviamente o destino quis que pouco depois o mundo da tecnologia inventasse os fones com tecnologia bluetooth. Agora minha técnica é apenas uma relíquia do passado, algo que faço para entreter os amigos quando eles estão entediados.
Eu encorajo você a encarar seus próprios contratempos e erros humilhantes, como fonte de motivação e inspiração. Não é vergonha nenhuma falhar, errar, tropeçar. Só é vergonha não usar seus próprios erros para deles tirar motivação, a fim de tentar com mais afinco ainda e continuar no jogo.
O Novo Cara do Pedaço
Eu tinha doze anos de idade quando minha família se mudou da Austrália para os Estados Unidos. Estava morrendo de medo de começar tudo de novo em um lugar em que eu não tinha amigos. No avião a caminho do novo país, meus irmãos e eu fomos treinando nosso sotaque norte-americano para que nenhum colega de escola zombasse da gente.
Com relação ao meu corpo eu nada podia fazer, mas imaginei que podia corrigir meu sotaque estrangeiro. Mais tarde descobri que os estadunidenses adoram o sotaque australiano. Poucos anos antes o filme Crocodilo Dundee havia sido um tremendo sucesso de bilheteria no país. Ao tentar soar como meus colegas de classe, perdi uma ótima oportunidade de impressionar as garotas.
Foi a primeira grande mudança da minha vida, e tentar parecer um menino dos Estados Unidos não foi o único erro que eu cometi. Minha nova escola, a Lindero Canyon, ficava no sopé das montanhas de Santa Mônica, não muito longe do lugar em que moro hoje. Era uma escola maravilhosa, mas no começo passei maus bocados.
É difícil para qualquer criança mudar de casa, trocar de escola, fazer novas amizades. Além das dificuldades de ser novato, eu não parecia uma criança normal. Era o único aluno em uma cadeira de rodas e o único que precisava de uma professora assistente.
A maioria dos adolescentes tem medo de ser alvo de zombarias, por causa de uma espinha. Imagina a minha preocupação! Eu já tinha lutado para ser aceito na Austrália, na minha primeira escola em Melbourne, e depois na mudança para Brisbane. Precisei gastar muita energia para convencer meus colegas de classe de que eu era suficientemente legal e que valia a pena ser meu amigo. Agora, eu era obrigado a começar tudo de novo.
Mude às vezes quando passamos por alguma transição, não temos ideia do pacto que isso tem sobre nós. Por mais tranquila que seja a mudança, sair ou ser tirado de nossa zona de conforto causa estresse, dúvidas e até mesmo depressão.
Talvez você até tenha um forte senso de propósito, altas doses de esperança, fé, um vigoroso amor próprio, uma atitude positiva, coragem para encarar os medos e capacidade de sacudir a poeira e dar a volta por cima depois de um fracasso. Entretanto, se desmoronar diante das inevitáveis mudanças que a vida traz, jamais irá progredir.
Muitas vezes resistimos à mudança, mas falando sério, quem gostaria de viver sem ela? Algumas das nossas melhores e recompensadoras experiências de crescimento resultam de mudanças: um lugar novo, uma troca de emprego.
Nossa vida é uma progressão: infância, adolescência, vida adulta e velhice. Não mudar seria impossível e tremendamente sem graça. às vezes precisamos ser pacientes. Nem sempre conseguimos controlar ou ter alguma influência sobre a mudança, e pode ser que as mudanças que queremos talvez não aconteçam no momento em que desejamos.
Existem dois tipos de mudança que tendem a abalar nossa vida e perturbar nosso cotidiano. O primeiro tipo acontece com a gente; o segundo tipo acontece dentro de nós. Não temos como controlar o primeiro, mas podemos e devemos controlar o segundo.
Eu não tinha como opinar sobre a decisão dos meus pais de se mudarem para os Estados Unidos, assim como nada podia fazer em relação ao fato de ter nascido sem braços e sem pernas. Mas assim como fiz acerca da minha deficiência, eu tinha o poder de determinar de que maneira lidaria com a mudança para os Estados Unidos. Acabei aceitando o fato e me dediquei a tirar o melhor proveito dele.
Você tem essa mesma capacidade de lidar com as mudanças inesperadas, ou indesejadas, na sua vida. Muitas vezes você será pego de surpresa por alterações bruscas em sua situação: a morte de um ente querido, uma demissão, uma doença, um acidente... De modo que em um primeiro momento talvez você sequer reconheça que um evento capaz de mudar sua vida está em curso. O primeiro passo para tomar as rédeas das alterações súbitas - ou indesejadas - é estar alerta às mudanças e rapidamente reconhecer que você está prestes a entrar em uma nova fase, para o bem e para o mal.
Só o mero fato de ter consciência disso já reduz o estresse. Tenha em mente pensamentos como: "|Tudo bem, isso tudo é novidade para mim." "Vai parecer um pouco estranho, vou precisar manter a calma, não entrar em pânico e ser paciente. Sei que no fim, tudo vai ser melhor."
Quando fomos para os Estados Unidos, tive bastante tempo para pensar em todas as mudanças pelas quais a nossa vida estava passando. Mas em alguns momentos me senti esmagado e desorientado. às vezes eu tinha vontade de gritar: "tudo o que quero é voltar para a minha vida real!"
Desculpe dizer isso, meu amigo, mas é bem provável que você também tenha de passar por esses momentos. Quando olho para trás e me lembro daqueles dias difíceis, acho graça, especialmente porque agora adoro viver na Califórnia. Espero que um dia você possa rir de si mesmo, como eu fiz. Você deve entender que as frustrações e a raiva são emoções naturais quando passamos por uma grande transição.
Dê a si mesmo uma folga e tempo para ajustar as coisas. Preparar-se para os solavancos inesperados ajuda. É como se mudar para uma cidade nova. Você precisa de tempo para encontrar seu caminho, aclimatar-se e descobrir qual é o seu lugar.
Espere o Inesperado
O choque de culturas veio à tona logo durante as minhas primeiras semanas na América do Norte. Para dizer a verdade, já no primeiro dia de aula, senti um pouco de pânico quando a classe inteira ficou de pé para recitar o juramento de fidelidade à bandeira e ao país.
Não fazemos essas coisas na Austrália. Senti-me num clube do qual não fazia parte. Então, um dia os alarmes dispararam e os professores instruíram os alunos a se esconderem debaixo das cadeiras. Achei que era um ataque de alienígenas, mas era somente um exercício de rotina, um ensaio para terremotos.
Terremotos! É claro que recebi os habituais olhares nervosos, ouvia perguntas rudes e comentários esquisitos sobre a minha falta de braços e pernas. Era inacreditável a curiosidade dos jovens estadunidenses sobre como me virava no banheiro. Eu rezava, pedindo um terremoto, só para dar fim aos incessantes interrogatórios sobre qual era minha tática para usar o banheiro.
Tive de me adaptar também às constantes mudanças de classe. Na Austrália, minhas aulas eram todas numa mesma sala. Nós não ficávamos indo de um lado para o outro feito cangurus. Na Lindero Canyon, parecia que a única coisa que a gente fazia era ir saltando de uma sala para outra.
Eu não estava lidando muito bem com essa grande mudança Na minha vida. Olhando em retrospecto, posso ver que o motivo era simplesmente o fato de que eu estava estressado. E por que não estaria? Minha vida inteira fora empacotada e transportada para o outro lado do planeta. Eu odiava isso.
Estava atormentado mental, emocional e fisicamente. Por isso, fiz como uma tartaruga e me fechei em minha carapaça. Durante o recreio, no horário de almoço, eu ficava sozinho. Às vezes me escondia nos arbustos do playground.
Mas meu esconderijo favorito era uma das salas de música supervisionadas pelo Sr. McGregan,, maestro da banda da escola e professor de música. O Sr. McGegan, que faz parte do corpo docente da Lindero Canyon, é um professor maravilhoso.
Ele era tão popular na escola que parecia uma estrela do rock, e acho que dava oito ou nove aulas por dia. O irmão dele, Duff, é um baixista lendário e já tocou em bandas famosíssimas como Guns and Roses e Rilvet Revolver.
Esse era outro aspecto estranho de morar na Califórnia. Eu sentia que tínhamos deixado para trás uma existência em família perfeitamente normal e mergulhado em um mundo surreal de cultura pop. Morávamos nos arredores de Los Angeles e Hollywood, e vivíamos esbarrando em astros de cinema, e estrelas de televisão na mercearia ou no shopping.
Metade dos meus colegas de classe era ator, atriz ou aspirante a ator, atriz. Depois da escola eu podia ligar a televisão e assistir a um cara legal da minha aula de história - Jonathan Taylor Thomas -, que atuava em uma série de muita audiência chamada Home In Proovement.
Minha vida havia sido alterada em tantos aspectos que eu estava simplesmente esmagado. Tinha perdido toda confiança que lutara tanto para construir. Meus colegas de classe australianos tinham me aceitado, mas Nos Estados Unidos eu era um estranho numa terra estranha, com um sotaque estranho em um corpo mais estranho ainda.
Ou pelo menos era assim que eu me sentia. O Sr. MacKagan via que eu me escondia nas salas de música e tentava me incentivar a sair e a me misturar com outros alunos. Mas eu não conseguia me motivar. Eu lutava contra uma mudança que não conseguia controlar, em vez de me concentrar naquilo que eu poderia ajustar: a minha atitude e as minhas ações.
Francamente, eu já devia saber! Eu tinha apenas 12 anos, mas já aprendera a me concentrar em minhas habilidades e eficiências, e não nas minhas deficiências. Já tinha aceitado minha falta de braços e pernas, e conseguido me tornar um menino feliz e auto-suficiente. Mas a mudança de país me fez voltar à estaca zero.
Você já notou que quando está passando por um período de grandes transições na sua vida, seus sentidos parecem ficar mais aguçados? Quando você enfrenta uma separação dolorosa, todos os filmes e séries de televisão não parecem ter uma mensagem secreta para você? Todas as canções que tocam no rádio não parecem ser sobre a sua própria tristeza?
Essas emoções e sentidos intensificados podem ser valiosas ferramentas de sobrevivência quando você está magoado ou é jogado em uma situação desconhecida, pois colocam você em estado de alerta. Ainda me lembro de que, por mais que estivesse angustiado na época em que deixamos a Austrália, sempre contemplava paz e conforto contemplando as montanhas ou vendo o pôr-do-sol na praia em meu novo lar. Ainda acho que a Califórnia é um lugar lindo, mas parecia ainda mais bonito.
Positiva ou negativa, a mudança pode ser poderosa e assustadora, razão pela qual sua primeira reação pode ser lutar contra ela.
Quando tive aulas de administração na faculdade, aprendi que as grandes corporações empregam executivos na função de agentes de mudança, cujo trabalho é instigar funcionários relutantes a tomar parte de grandes transições: seja uma fusão, a criação de uma nova divisão ou uma maneira nova de fazer negócios.
Como presidente da minha própria empresa, aprendi que cada funcionário tem uma maneira particular de encarar novas iniciativas, ou alterações de função. Sempre haverá algumas pessoas que se empolgam com novas experiências. Mas em sua maioria, resistem à mudança, ou porque se sentem confortáveis com o seu status que, ou porque temem que sua vida mude para pior.
Resistência à Mudança
Todo mundo sabe que nada permanece igual para sempre; porém, estranhamente, quando eventos alheios à nossa vontade ou outras pessoas nos obrigam a sair de nossa zona de conforto, ficamos medrosos e inseguros. às vezes, ficamos com raiva e ressentidos. Mesmo quando as pessoas estão em uma situação ruim - um relacionamento violento, um emprego sem futuro ou um ambiente perigoso -, muitas vezes se recusam a tomar um novo rumo na vida porque preferem lidar com o conhecido a enfrentar o desconhecido.
Recentemente conheci George, fisioterapeuta e instrutor de musculação. Eu disse a ele que estava com dores nas costas e precisava de exercícios de alongamento, mas não estava conseguindo achar motivação para malhar, já que vivia viajando e cuidando da minha empresa. George me deu uma resposta clássica:
- Ele! Se você quer que a sua dor piore cada vez mais para o resto da sua vida, boa sorte!
Ele zombou de mim. Senti vontade de dar uma cabeçada nele, mas depois percebi que George estava me obrigando a lidar com o fato de que, se eu não estivesse disposto a reajustar meu estilo de vida, pagaria o preço. E ele estava dizendo:
- Nick, você não tem de mudar se não quiser. Mas a única pessoa que pode ajudar a melhorar a dor nas suas costas é você mesmo.
Com minha resistência a um ajuste de estilo de vida, fui um bom exemplo de mau exemplo. As pessoas em circunstâncias bem piores resistem a mudanças capazes de melhorar enormemente sua vida. Muitas vezes sentem medo de sair de situações terríveis, se isso exige enfrentar uma situação pouco familiar. E muita gente se recusa a aceitar a responsabilidade por sua própria vida.
O presidente Barack Obama enfatizou a importância da responsabilidade pessoal quando afirmou:> "Nós somos a mudança que estávamos esperando." Mas algumas pessoas preferem lutar contra a maré, mesmo quando ela ameaça afogá-las. Para algumas pessoas, assumir a responsabilidade é muito mais assustador do que tentar algo novo.
Quando a vida lhe dá uma carta ruim que arruína seu jogo e estraga seus planos, você pode culpar o universo, seus pais e a criança que roubou seu sanduíche, quando você ainda estava na terceira série do Ensino Fundamental. Mas no fim das contas, culpar os outros não ajuda em nada. Assumir a responsabilidade é a única maneira de controlar os
desvios de rota e a transformações na estrada da sua vida.
Minhas experiências me ensinaram que uma mudança positiva tem cinco fases necessárias:
Infelizmente somos lentos para reconhecer a necessidade de agir. Nos acomodamos na rotina, mesmo que ela seja tão confortável, e preferimos a inação em vez da ação, simplesmente por preguiça ou medo. Muitas vezes é preciso acontecer algo assustador para que reconheçamos a necessidade de um novo plano.
Minha tentativa de suicídio foi um desses momentos. Eu persisti há anos e, se por fora usava uma máscara de coragem, por dentro eu estava atormentado por pensamentos obscuros de que, se não conseguisse mudar meu corpo, daria um fim à minha vida. Quando cheguei ao ponto de quase me deixar afogar, reconheci que era hora de assumir a responsabilidade por minha própria felicidade.
Um amigo meu, Ned, recentemente teve a triste incumbência de convencer seus pais a se mudar da casa em que moravam havia 40 anos para uma casa de repouso. A saúde de seu pai estava debilitada e o fardo de cuidar dele estava pondo em perigo a saúde de sua mãe.
Seus pais não queriam se mudar. Preferiam ficar em casa, rodeados pelos vizinhos que conheciam tão bem.
- Somos felizes aqui. Por que ir embora?
Ned levou mais de um ano conversando seriamente com os pais, até por fim conseguir levá-los para visitar um centro de convivência da terceira idade, bastante agradável, que ficava apenas alguns quarteirões de sua casa. Seus pais tinham uma imagem de que as casas de idosos eram lugares frios e sombrios, onde os velhos vão para morrer.
Pelo contrário: lá encontraram um lugar limpo, aconchegante e animado, em que as pessoas - incluindo muitos de seus antigos vizinhos – passavam dias repletos de atividades. O centro tinha uma clínica com médicos, enfermeiras e terapeutas, que podiam se encarregar de cuidar adequadamente de seu pai, tirando das costas da mãe de Ned essa pesada incumbência.
Assim que os pais de Ned viram de perto o novo lugar, concordaram em se mudar para lá.
- Jamais pensamos que seria tão agradável - admitiram.
Se você tem dificuldade de se deslocar do lugar em que está para onde precisa ir, ter uma visão clara das implicações dessa mudança é algo que ajuda. Isso vale para quem está procurando uma nova casa, pensando em iniciar um novo relacionamento amoroso ou se arriscar em uma nova carreira profissional. Assim que você estiver mais familiarizado com o novo lugar, será mais fácil deixar o antigo.
Esta é uma etapa difícil para muita gente. Imagine que você está escalando um paredão de pedras nas montanhas. Você está na metade do caminho, a centenas de metros do vale; acaba de chegar a uma pequena saliência.
É assustador. E você sabe que está vulnerável em caso de uma lufada de vento, ou uma tempestade. Mas pelo menos naquela reentrância você tem alguma segurança. O problema é que, se você continuar subindo, você terá de abandonar essa segurança e buscar outro ponto de apoio.
Soltar essa sensação de insegurança, por mais tênue que ela seja, é o desafio. Seja escalando uma montanha ou tomando um novo rumo na vida. Você precisa soltar seu velho ponto de apoio e agarrar um novo. Muita gente paralisa nessa etapa ou até começa a fazer um movimento, só que fica com tanto medo que desiste.
Quando você se encontrar nessa situação, pense que está subindo uma escada de mão. Para chegar ao próximo degrau, você deve soltar seu ponto de apoio, esticar o braço para agarrar o seguinte... Solte, estique o braço e suba! Um degrau de cada vez!
Esta também pode ser uma etapa traiçoeira para muita gente. As pessoas podem até ter deixado o velho para trás e mudado para o novo. Enquanto não atingirem certo nível de conforto e segurança, podem sentir a tentação de voltar correndo para sua situação anterior. Esta é a etapa do "Tudo bem! Estou aqui, e agora?"
Você precisa tirar da cabeça pensamentos como "Oh meu Deus! O que foi que eu fiz?", e se concentrar em "Isto é uma grande aventura!".
Em meus primeiros meses nos Estados Unidos, ainda menino, batalhei muito no estágio da aceitação. Passei dias e noites me revirando na cama, inquieto com meu novo ambiente. Eu me escondia dos colegas de escola, temendo a rejeição e a zombaria. Mas aos poucos, gradualmente, comecei a gostar de certos aspectos da minha nova casa.
Para começar, eu tinha primos aqui também. Ainda não os conhecia tão bem quanto conheci os meus primos na Austrália. Acabei descobrindo que os meus primos estadunidenses eram ótimas pessoas. E havia as praias, as montanhas, o deserto... Tudo perto e acessível.
Então, justamente quando comecei a achar que a Califórnia não era tão ruim, meus pais decidiram voltar para a Austrália. Quando fiquei mais velho e terminei a faculdade, voltei para a Califórnia e agora, aqui, me sinto em casa.
Esta é a melhor etapa de uma transição bem sucedida. Você deu o salto de fé (às vezes é um salto no escuro) e agora é o momento de crescer em seu novo ambiente ou situação.
|O fato é que ninguém consegue crescer de verdade sem mudar. Embora o processo possa ser estressante e doloroso - emocional e fisicamente -, o crescimento quase sempre vale a pena. Já vi isso na minha própria empresa.
Anos atrás tive de reestruturar minha empresa, dispensar algumas pessoas... Sou horrível para despedir pessoas. EU detesto, sou um cara do tipo "paizão", não gosto de dar más notícias às pessoas de quem gosto. Ainda tenho pesadelos sobre despedir gente que acabei conhecendo e amando como amigos do peito.
Mas olhando para trás, minha empresa jamais teria tido a possibilidade de crescer se eu não tivesse feito essa mudança. Eu não posso dizer que fiquei feliz ao dispensar meus antigos funcionários, de quem sinto falta até hoje. Sentir as dores do crescimento é sinal de que você está ampliando horizontes e chegando a novos patamares.
Você não precisa gostar delas, mas saiba que sempre antecedem avanços, conquistas e guinadas que levam a dias melhores.
Mudando o Mundo
Em minhas viagens, já vi pessoas em cada um desses estágios de mudança. Especialmente durante a minha excursão à Índia em 2008, que já descrevi anteriormente neste livro, fui pregar em Mumbai - a maior cidade da Índia e a segunda mais populosa do mundo -, outrora conhecida como Bombai. Mumbai fica na costa Oeste do país, no mar da Arábia, e serve como centro financeiro e cultural do subcontinente.
A cidade, marcada por grande riqueza e terrível pobreza, ganhou os holofotes do mundo por servir de cenário do filme ganhador do Oscar "Quem quer ser um milionário" (1).
* Slun Dog Milionaire (2008), dirigido por Dani Bon.
Embora seja ótimo, o filme mostra apenas breves vislumbres dos horrores das favelas de Mumbai e do comércio sexual que floresce em uma cidade dominada por hindu[us e muçulmanos, com uma pequena população de cristãos. Estima-se que mais de meio milhão de pessoas seja obrigada a vender o corpo em Mumbai. A maior parte delas é sequestrada em pequenos vilarejos no Nepal, Bangladesh e outras áreas rurais.
Muitas mulheres são "devotas" e, adoradoras de uma deusa hindu, forçadas à prostituição por seus sacerdotes. Há também prostituição masculina, os "isras", homens castrados. Essa gente vive amontoada em casas imundas e é obrigada a fazer sexo com pelo menos quatro homens por noite. Isso causou rápida disseminação do vírus da AIDS e milhões de pessoas morreram.
Fui levado ao distrito da Luz Vermelha de Mumbai, conhecido como Rua das Gaiolas, para ver de perto o sofrimento das pessoas e falar com as vítimas da escravidão sexual. O convite foi feito pelo reverendo k. k. Devaraj, fundador do grupo Bombai Teen Challenge (desafio adolescente de Mumbai), que trabalha para tirar pessoas da escravidão sexual e ajudá-las a encontrar uma vida melhor e mais saudável.
O Tio David, que é responsável por uma casa para órfãos aidéticos, organiza programas de alimentação, administra centros médicos em uma clínica de HIV AIDS, e lançou uma operação de resgate de meninos de rua, viciados em drogas, e tinha assistido a um dos meus vídeos. Por isso esperava que eu atuasse como agente de mudança em Mumbai.
Ele queria que eu convencesse as prostitutas a abandonar a vida de escravidão sexual e a se mudar para os abrigos. O reverendo Devaraj disse que cada mulher escravizada é "uma alma preciosa e uma valiosa pérola".
O Bomba Teen Challenge é uma força do bem tão poderosa nas favelas de Mumbai que, embora sejam em sua maioria hindus, os cafetões e cafetinas permitem que o Tio David e os membros de sua equipe, que são cristãos, tenham livre acesso às prostitutas e conversem com elas. Os exploradores das meretrizes vêem com bons olhos e recebem de braços abertos a influência serena e tranqüilizadora dos adeptos de Dev, ainda que a intenção do Bomba Teen Challenge seja tentar convencer as prostitutas a aceitar Cristo e deixar os bordéis em busca de uma vida melhor.
Aos poucos esse ministério trabalha para mudar o coração dessas mulheres escravizadas. Geralmente as meninas, em sua maioria ingênuas, moradoras de pequenos vilarejos rurais, atraídas por promessas de dinheiro, são sequestradas entre os dez e treze anos de idade. Se a menina hesita, os recrutadores tentam convencer os pais, dizendo que ela vai ganhar cinco vezes mais que o salário mínimo. Ou, infelizmente compram a menina dos pais, o que é muito comum.
As pessoas que recrutam e transportam as meninas para a cidade são as primeiras de uma longa fila de cruéis estupradores. Assim que elas chegam ao cativeiro, os cafetões assumem o controle e dizem:
"Agora você trabalha para nós, goste disso ou não."
Em Mumbai entrevistamos várias e ex-escravas sexuais que tinham sido libertadas pelo Bonbai Teen Challenge. Suas histórias, uma mais triste que a outra, infelizmente se repetem à exaustão.
Quem se recusa a trabalhar como prostitua é espancada, estuprada e colocada em gaiolas, em quartos imundos e escuros nos subterrâneos, jaulas tão apertadas em que nem conseguem ficar de pé. Lá passam fome, sofrem todo tipo de abuso e lavagem cerebral, até ficarem submissas.
Depois são levadas para bordéis e ficam sabendo que foram compradas por 700 dólares e que precisam se prostituir durante três anos para saudar a dívida.
As ex-escravas nos contaram que eram obrigadas a fazer sexo centenas de vezes, e que cada relação sexual debitava 2 dólares de sua dívida. A maioria delas acha que não tem outra opção. Os cafetões as convencem de que suas famílias jamais as aceitarão de volta por causa da vergonha. Muitas contraem doenças sexualmente transmissíveis ou acabam tendo filhos e por isso acham que não têm para onde ir.
Por mais horrenda que seja a vida dessas meninas e mulheres, muitas vezes elas têm medo de fazer a mudança. Sem fé, perdem a esperança e depois, a humanidade. Ficam desesperadas por julgar que jamais conseguirão escapar dessa vida de escravidão e miséria.
Os psicólogos detectam esse mesmo tipo de resistência em mulheres envolvidas em relacionamentos abusivos. Mesmo vivendo em meio à dor e ao medo, elas recusam-se a deixar o namorado ou o marido cruel, porque sentem ainda mais medo do desconhecido. Perderam a capacidade de sonhar com uma vida melhor e por isso, não conseguem vê-la.
Talvez seja óbvio que essa escravas sexuais deveriam fugir de sua vida terrível, mas você consegue encarar a sua própria situação com essa mesma clareza? Você já se sentiu preso às circunstâncias e depois descobriu que a única armadilha era sua falta de visão, falta de coragem ou a sua incapacidade de enxergar que tinha opções melhores?
Para fazer uma mudança você deve ser capaz de imaginar o que existe do outro lado. É preciso ter esperança e fé em Deus e em sua capacidade de encontrar coisa melhor.
O Bomba Teen Challenge reconhece que as mulheres que foram escravizadas têm dificuldade de ver uma saída porque vivem isoladas, vítimas de violência e ameaças. Algumas dizem não acreditar que são dignas de merecer amor ou tratamento decente.
Testemunhei em primeira mão o sofrimento nos prostíbulos e favelas de Mumbai e vi também os milagres que tio Dev e seus missionários conseguem realizar, entre as escravas sexuais e seus filhos, conhecidos como pardais, em sua maioria meninos de rua. Eles me levaram de um bordel a outro. NO primeiro fui apresentado a uma velha senhora que se levantou lentamente assim que entramos. Era uma cafetina que, por meio de uma
intérprete, em convidou para rezar para as minhas putas e inspirá-las a serem melhores.
É, a madame me apresentou uma mulher que parecia ter quarenta e poucos anos, embora fosse bem mais jovem. Ela me disse que aos dez anos de idade tinha sido sequestrada de sua casa em uma área rural e obrigada a se prostituir.
"Trabalhei como prostitua para pagar minha dívida e aos 13 anos estava livre para ir embora.", ela disse com o auxílio de uma intérprete. "Saí à rua pela primeira vez e fui espancada e estuprada. Consegui voltar para minha casa, mas a minha família disse que não queria mais saber de mim.
Voltei para cá para trabalhar como prostituta novamente. Então tive dois filhos e um morreu. Há dois dias descobri que tenho AIDS e meu cafetão me despediu. E agora tenho uma criança para cuidar e não tenho para onde ir."
Do nosso ponto de vista podemos ver que ela tinha opções, mas naquela situação parecia não haver alternativas. Entenda que às vezes você pode não ver uma saída, mas saiba que a mudança sempre é possível. Quando não conseguir encontrar um caminho, busque ajuda nas pessoas com uma perspectiva mais ampla, seja um amigo, um parente ou terapeuta profissional, um assistente social. Não caia na armadilha de pensar que não existe escapatória. Há sempre uma saída!
Essa mulher tinha apenas vinte anos de idade. Rezei com ela. Nós lhe dissemos que podia ir embora do bordel e viver num alojamento providenciado pelo Bomba Teenage Challenge, e receber tratamento médico na clínica. Assim que abrimos seus olhos e mostramos o caminho para um mundo de mais carinho, ela não apenas se mostrou disposta a mudar, mas também encontrou a fé.
- Ao ouvir você falar, sei que Deus não escolheu me curar do HIV - DIAS -, porque posso trazer outras mulheres para a Cristo - ela disse. - Eu não tenho mais nada, mas mesmo assim, sei que Deus está comigo.
A paz e a esperança nos olhos daquela mulher me deixaram sem fala. Era tão linda em sua fé! Ela disse que sabia que Deus não a havia esquecido, que ele tinha um propósito para ela e que, mesmo que ela tivesse estado cara a cara com a morte, ela era uma mulher mudada que havia transformado o seu sofrimento em uma força do bem.
Em meio a tanta pobreza, desespero e crueldade, ela era um exemplo radiante do poder do amor de Deus e do espírito humano.
Tio Dev e seus missionários desenvolveram diversos métodos para convencer as escravas sexuais a deixar a perigosa situação em que viviam. Eles disponibilizam creches e escolas para que os filhos das mulheres possam aprender sobre Jesus e seu amor por eles. E então, as crianças dizem às mães que elas também são amadas e podem mudar para uma vida melhor.
Eu encorajo você a abraçar a mudança que eleva sua vida e a ser a força da transformação que engrandece a vida de outras pessoas também.
Confie nos outros mais ou menos
Quando eu tinha 11 anos de idade, meu pai e minha mãe me levaram para a costa do ouro australiana. Os dois acabaram descendo ao longo da praia e fiquei descansando na areia, na beira da água, olhando as ondas e curtindo a brisa. Cobri meu corpo com uma camiseta bem grande e larga, para evitar queimaduras de sol.
Uma moça veio caminhando pela praia e quando chegou mais perto, sorriu e disse:
- Isto é impressionante!
- Como assim? - perguntei, sabendo que não estava se referindo aos meus poderosos bíceps.
- Quanto tempo você demorou para enterrar as pernas assim? – ela perguntou.
Percebi que estava achando que eu tinha escondido as pernas na areia.
Senti vontade de ser brincalhão e respondi:
- Ah, tive de cavar por um tempão!
Ela riu e seguiu sua caminhada, mas eu sabia que não resistiria À vontade de dar uma segunda olhada, e esperei. Dito e feito. Assim que ela girou o pescoço para lançar um último olhar, ergui o corpo e fui saltitando até a água. Ela não disse nada, mas apressou o passo e até tropeçou.
Quando eu era menino, às vezes ficava chateado com momentos como esse. Mas por fim, tornei-me mais paciente e compreensivo com as outras pessoas. Com aquela mulher aprendi que, às vezes, as pessoas são mais do que a gente espera/ às vezes, são menos. A arte de ler as pessoas – se identificar, se relacionar, se solidarizar com elas e se colocar no lugar delas sabendo em quem confiar e ser digno de confiança -, é
fundamental para seu sucesso e felicidade. Poucas pessoas se dão bem na vida sem o talento para construir relacionamentos baseados na compreensão e na confiança mútuas.
Todos nós precisamos de alguém para amar, mas também precisamos de amigos, mentores, exemplos de vida a serem seguidos, e apoiadores que apostem e m nossos sonhos e nos ajudem a serem realizados. Para construir um time dos sonhos, formado por pessoas que apoiam, protejam, auxiliem, defendam seus interesses e torçam por você, primeiro é necessário provar que você é digno dessa confiança, fazendo o mesmo por elas. Seus amigos vão tratá-lo da mesma maneira que você os trata. Se você investir no sucesso deles - apoiá-los, incentivá-los e der a eles sua opinião sincera -, pode acreditar que farão a mesma coisa por você. Se não fizerem, siga em frente: encontre gente que queira fazer parte do seu time.
Somos sociáveis e gregários por natureza. Mas se seus relacionamentos não andam do jeito que você esperava, talvez seja porque você não está dando a devida atenção À maneira como vem interagindo com as outras pessoas. Ou porque não se preocupa com aquilo que pode acrescentar aos seus relacionamentos.
Um dos maiores erros que você pode cometer é tentar fazer amigos falando apenas de si: seus medos, suas frustrações e os seus gostos. A verdade é que você faz amigos aprendendo sobre as pessoas, encontrando interesses em comum para construir laços que propiciem benefícios recíprocos.
Construir um relacionamento é como abrir uma poupança no banco: você não pode fazer apenas saques, mas também precisa fazer depósitos. De vez em quando, todos temos de apreciar nossas habilidades de relacionamento, avaliando nossa maneira de lidar com eles e
examinando o que está dando certo e o que não está funcionando.
Como você se relaciona com os outros?
Um forte senso de propósito, grandes esperanças, fé inabalável, amor próprio, uma atitude positiva, destemor, poder de recuperação e o domínio da mudança podem levá-lo longe. Mas uma andorinha só não faz verão. É claro que valorizo a minha capacidade de cuidar de mim mesmo.
Trabalhei duro para me tornar o mais independente possível, mas assim como todos nós, ainda dependo das pessoas ao meu redor. Ouço sempre a seguinte pergunta: "Não é duro depender de tanta gente?"
E a minha resposta, invariavelmente, é: "Me diga você."
Reconhecendo isso ou não, você depende das pessoas tanto quanto eu. Para realizar algumas tarefas preciso de ajuda, mas ninguém no planeta prospera ou progride sem se beneficiar da sabedoria, da bondade, da generosidade e da mão amiga de outras pessoas.
Todos nós precisamos de relacionamentos de apoio. Todos precisamos nos relacionar com o espíritos com que temos afinidade. Para fazer isso de maneira eficiente, devemos desenvolver nossa capacidade de confiar nos outros e provar que somos dignos de confiança.
Devemos entender que a maioria das pessoas instintivamente age movida pelos próprios interesses. Mas se você lhes mostrar que está interessado nelas e engajado no sucesso delas, farão o mesmo por você.
Estabelecendo Conexões
Quando eu era criança, minha mãe costumava me levar para fazer compras - ou a outros lugares públicos -, e enquanto ela ia cuidar da vida, eu passava horas na minha cadeira observando o rosto das pessoas na multidão. Eu estudava os transeuntes e tentava adivinhar o que cada um fazia para ganhar a vida e como era a personalidade de cada um. É claro que jamais tive como saber se os perfis instantâneos que eu elaborava estavam corretos. Mas me tornei um profundo estudioso da linguagem corporal, expressões faciais, enfim... da arte de ler as pessoas em geral.
Em grande medida era um processo subconsciente, mas quando olho para trás e reflito sobre isso, constato que eu estava instintivamente desenvolvendo algumas habilidades importantes. Já que não tenho braços para me defender e nem pernas para correr, para mim era importante avaliar rapidamente se eu podia confiar ou não em alguém. Não que me preocupasse deliberadamente com a possibilidade de ser atacado, mas eu
era mais vulnerável que a maioria das pessoas e assim me tornei mais atento em relação a elas.
Sou sensível aos estados de ânimo, humores, emoções e sons das pessoas ao meu redor. Isso pode parecer um pouco estranho, mas minhas antenas são tão aguçadas que quando alguém põe a mão nos braços da minha cadeira de rodas, é quase como que se trocasse um aperto de mãos comigo. Tenho a sensação esquisita de que uma conexão física foi estabelecida, como se eu apertasse ou segurasse a mão da pessoa. Toda vez que algum amigo ou parente pousa a mão na minha cadeira, sinto essa ternura e
aceitação.
Minha falta de braços e pernas afetou a maneira como me relaciono com os outros, como palestrante e pregador profissional. Não preciso me preocupar com algo que preocupa a maioria dos oradores. O que fazer com as mãos? Aprendi a me comunicar com minhas expressões faciais, especialmente os meus olhos e não com as mãos.
Eu não posso fazer gestos para enfatizar argumentos, ou transmitir emoções. Assim treinei e aprendi a avaliar a abertura dos meus olhos e a mudar as expressões faciais para transmitir emoções.
Recentemente minha irmã me provocou.
- Nick, você gosta meso é de fazer contato visual. Quando fala com alguém, você olha dentro dos olhos das pessoas com baita intensidade! É só assim que consigo descrever o que você faz!
Michele me conhece bem. Olho dentro dos olhos das pessoas porque os olhos são as janelas da alma. Adoro contato olho no olho, admiro a beleza dos outros e em geral, eu a encontro nos olhos. Todos nós podemos achar defeitos e imperfeições nas outras pessoas, mas eu prefiro olhar para o ouro que existe dentro delas.
- É também a sua maneira de manter a conversa real e sincera - diz minha irmãzinha. - Eu vejo isso quando você fala com os meus amigos. Você consegue ir direto ao âmago das pessoas e prende a atenção delas de tal maneira que elas ficam inebriadas com cada palavra que sai da sua boca.
Aprendi a cativar rapidamente as pessoas que conheço, quando olho nos olhos delas e faço perguntas para encontrar interesses e pontos em comum. Antes que as dores nas costas limitassem minha capacidade de dar abraços, minha frase favorita para quebrar o gelo era:
- Vem cá me dar um abraço!
Ao convidar as pessoas para chegarem mais perto e me darem um abraço, a minha expectativa era fazer com que se sentissem mais confortáveis comigo. Aproximar-se das pessoas, criar laços com elas, encontrar pontos e interesses em comum, são habilidades de relacionamento que todos devem dominar. São eles que determinam nossa boa interação com as pessoas ao nosso redor.
Conjuntos de Habilidades
Habilidades com pessoas é uma expressão que muita gente usa hoje em dia, mas que poucos conseguem definir. Todos nós achamos que temos ótimas habilidades com pessoas, assim como a maioria delas vive na ilusão de que é excelente motorista.
Meu irmão gosta de caçoar de mim, dizendo que sou o pior motorista do banco detrás do mundo, ou seja, adoro dar palpites e criticar a destreza das pessoas ao volante, embora eu nunca tenha tirado carteira de habilitação. De acordo com ele, minhas habilidades com os outros são uma obra em andamento, em constante desenvolvimento. É assim que as suas também devem ser.
Ninguém deve menosprezar habilidades que são cruciais para o sucesso e a felicidade. Você pode viver uma vida sem limites, mas não consegue viver sem relacionamentos de confiança. É por isso que você deve sempre monitorar e avaliar os modos como se relacionar com as pessoas à sua volta, e trabalhar para aperfeiçoá-las.
Os psicólogos dizem que nossa capacidade de criar laços de confiança e relacionamentos de apoio mútuo depende de algumas habilidades elementares com as pessoas. Entre elas, ler, emoções, humores e estados de ânimo. Ouvir atentamente o que os outros dizem e como dizem; avaliar, compreender e reagir aos sinais não verbais das pessoas; navegar em qualquer círculo social; criar rapidamente laços de amizade com outras pessoas; acionar o charme em qualquer situação; praticar o discernimento e o autocontrole; e demonstrar com ações preocupação com as pessoas.
Agora vamos examinar com mais detalhes estas habilidades básicas com as pessoas.
Praticando a Leitura
A capacidade de ler a linguagem corporal, o tom de voz, as expressões faciais e o olhar é uma habilidade que todos temos em algum grau. A bem da verdade é inevitável perceber esses sinais. A maioria das pessoas consegue inclusive reconhecer quando alguém finge estar sentindo raiva, ou quando está simulando dor apenas para receber atenção. Os psicólogos afirmam que essas habilidade melhora com o tempo e que, em geral, as mulheres são melhores nisso que os homens.
Não me surpreendi ai saber que as mulheres com filhos são especialmente boas. Minha mãe era capaz de me ler como se eu fosse um livro: sempre parecia saber antes mesmo de mim quando eu estava doente, com dor, frustrado ou triste.
Ouvindo para entender
É disso que seus pais estavam falando quando disseram: "Ouça duas vezes mais do que você fala; afinal de contas, foi para isso que Deus lhe deu duas orelhas e uma boca apenas."
Muitas vezes não ouvimos para entender, mas apenas para responder. Para que realmente consiga estabelecer uma conexão com alguém, você precisa levar em conta os sentimentos por trás das palavras e não apenas as palavras propriamente ditas. Não sou nenhum especialista em relacionamentos, mas já vi meus amigos homens passarem maus bocados.
as mulheres têm fama de serem mais intuitivas e podem ficar frustradas com os homens que tendem a ser mais literais: eles prestam atenção às palavras e não às emoções.
Entenda e Haja
Uma coisa é ouvir e observar atenciosamente, mas outra - muito mais importante -, é assimilar o que você ouve e observa. Avaliar cuidadosamente e então agir. As pessoas que fazem isso tendem a ter os melhores relacionamentos e alcançarem as maiores conquistas profissionais. também pode ser uma importante ferramenta de sobrevivência.
O jornal The New York Times publicou uma reportagem sobre dois soldados estadunidenses, que durante uma patrulha no Iraque, viram um carro estacionado com dois meninos dentro. Apesar do calor de quase 50 graus, as janelas do veículo estavam fechadas. Um dos soldados pediu permissão ao sargento para oferecer água aos meninos e deu uns passos na direção do carro.
O sargento olhou-o, examinou o cenário como um todo e sentiu perigo. Então deu ordens para que o soldado se afastasse. Assim que o patrulheiro girou o corpo, uma bomba explodiu no interior do veículo. Os dois meninos morreram, o soldado foi atingido por estilhaços, mas sobreviveu.
Mais tarde, o sargento descreveu o que sentiu ao ver seu soldado caminhando na direção do carro: "Meu corpo ficou mais frio... Dá para reconhecer aquela sensação de perigo.
Outros indícios anteriores também haviam acionado suas antenas. Nenhum tiro havia sido disparado naquela manhã - o que era incomum - e as ruas estavam mais silenciosas do que o normal.
Estudos com soldados veteranos mostram que eles confiam em sua habilidade de ler e interpretar rapidamente o ambiente com base em sensações, linguagem corporal ou anomalias, que simplesmente não se encaixam. Isso é fundamental não apenas em relacionamentos, mas também como questão de sobrevivência para eles e para nós.
Ganhando a Plateia
Saber como agir adequadamente e como se encaixar - seja em uma igreja, no clube, em um piquenique dos colegas de trabalho, ou em um mero jantar - é outra importante habilidade social. Você precisa respeitar o lugar em que está.
Quando visito um país estrangeiro, sempre peço aos meus anfitriões ou ao meu intérprete que me ajude a entender as tradições e costumes sociais, para que eu não cometa gafes nem afugente minha plateia.
Há certas ações que você pratica quando come em casa, que jamais deve fazer durante refeições em certos lugares. Na maioria dos países, arrotar é o ápice da grosseria e o auge da falta de educação. Mas em alguns lugares é um gesto tido como elogio ao cozinheiro. Há coisas mais sérias: em determinados lugares, certos assuntos devem ser evitados (mencionar antigos conflitos e rivalidades nacionais - política e até mesmo religião pode causar problemas).
Mas sempre é possível encontrar afinidade, pontos e interesses em comum para se dar bem com outras pessoas. à medida que fui amadurecendo, aprendi que ouvir é a habilidade mais valiosa na interação com os outros, especialmente se sua intenção é "ganhar a plateia".
A Habilidade de Criar Laços
Criamos laços com as pessoas, não apenas por meio de palavras, mas também por meio de nossas expressões e nossa linguagem corporal, inclusive a maneira como nos posicionamos em relação aos outros.Nem sempre temos consciência dessa posição, até que alguém invade o nosso espaço pessoal. Por exemplo, uma pessoa que tem o hábito de falar perto demais da gente, pode desejar criar laços, mas acaba por afastar seus interlocutores.
É difícil julgarmos algumas pessoas mais do que outras, invadir nosso espaço pessoal.
Outro dia, em uma festa, um amigo me lançou um olhar de pânico, porque foi encurralado num canto por quatro pessoas que queriam sua atenção. Elas caíram matando em cima dele, que mais parecia uma raposa coçada por cães de caça.
Campanha de Carisma
Eu não tenho problemas em chamar a atenção das pessoas, mas manter a atenção delas é outro desafio, totalmente diferente. Quando me vêm pela primeira vez, ficam intrigadas com o meu corpo, mas nem sempre se sentem confortáveis de olhar para ele. Tenho poucos segundos para superar esse estranhamento, acionando meu charme.
Com crianças e adolescentes faço piadas com expressões como "me dar uma mão", quando quero dizer que paguei caro por alguma coisa, em vez de usar a expressão "paguei os olhos da cara". Digo que "me custou os braços e as pernas". Faço isso para que elas vejam que posso rir com elas.
Acho que o verdadeiro segredo do carisma é fazer com que todas as pessoas com quem você conversa sintam que têm sua total atenção quando falam com você.
Unidade Tática
Todos nós temos tendência a acharmos que somos delicados e atenciosos com as outras pessoas. Mas sei que muitas vezes, isso fica a quem das expectativas.
Meu irmão adora me lembrar de que, quando éramos crianças, eu tinha o hábito de mandar nele. Aaron teve de aguentar muita coisa. Mesmo quando os meus pais estavam em casa, ele acabava cuidando de mim porque estávamos sempre juntos. Ele diz que, às vezes, ficava louco com as minhas ordens e exigências.
Certa manhã, por exemplo, um amigo dele, Phil, veio nos visitar. Phil chegou bem na hora do café da manhã e então eu lhe perguntei se ele queria comer bacon e ovos.
- Claro, obrigado Nick - ele agradeceu.
Então comecei a preparar o bacon e os ovos para Phil e fiz isso aos
berros:
- Beleza, Aaron! Pegue alguns ovos! E vou precisar também da frigideira. Ah, ponha a frigideira no fogão, quebre os ovos nela e, assim que estiver pronto, eu tiro!
À medida que Aaron foi ficando mais velho e maior, achou uma maneira de lidar com meu jeito de mandão. Toda vez que ele achava que eu estava sendo muito chato, ameaçava me colocar dentro de uma gaveta do armário, trancá-lo e me deixar lá.
Tive de desenvolver habilidades de tato e sutileza para tratar as pessoas. Caso contrário, teria sido arquivado para sempre.
Fale Menos e Faça Mais
Todos conhecemos histórias sobre gente que fala, fala, fala e nada faz. Você pode ser um ótimo ouvinte, uma pessoa solidária, charmosa, cheia de tato e empatia, mas se não estender a mão e agir para ajudar outras pessoas quando a situação exigir, então todas as suas outras habilidades não farão sentido.
Simplesmente dizer "sinto muito" não adianta, não basta! Suas ações falam mais alto que as suas palavras.
Nas suas relações com os colegas de trabalho, por exemplo, isso significa não apenas fazer seu trabalho e se esforçar para ser bem-sucedido, mas ajudar as outras pessoas a realizar a tarefa delas e apoiar as iniciativas e o esforço de quem trabalha com você.
Sintonizando
Para se tornar perito nas habilidades com pessoas, você deve deixar de lado seus próprios interesses e preocupações e colocar em primeiro plano aquelas que estão ao seu redor. A ideia não é ser o centro das atenções ou o sujeito mais engraçado do mundo. O que vale é a interação com as outras pessoas nos termos, condições e limites delas, e o mais importante é fazer com que se sintam confortáveis para convidá-lo a fazer parte da vida delas.
O grau de profundidade ou intimidade de nossos relacionamentos varia. Há gente com quem interagimos apenas de maneira breve: balconistas, garçons, o carteiro, o rapaz sentado na poltrona ao seu lado no avião... Há gente com quem interagimos mais regularmente: vizinhos, colegas de trabalho, clientes e fregueses. E por fim, há as pessoas que fazem parte da nossa vida: nossos melhores amigos, marido, a esposa e os familiares.
Cada níveo requer um tipo de habilidade, a capacidade de se relacionar e interagir em harmonia com os outros.
Dando uma mãozinha
Ainda há outro tipo de habilidade com pessoas que, muitas vezes, é desdenhado ou desprezado, mas que conheço bem de perto: a disposição e a humildade para pedir ajuda em momentos de necessidade.
Jesus, filho de Deus, raramente andava sozinho; em geral, estava acompanhado de um ou mais discípulos. Você jamais deve se sentir sozinho. Pedir ajuda não é sinal de fraqueza: é sinal de força!
A Bíblia diz: "Pedi e se vos dará.. Buscai e encontrareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede recebe, aquele que busca encontra, e aquele a quem bate, abrir-se-á." 1
* Mateus, cap. 7, 7.
Alguns anos atrás, minha pesada programação de viagens me levou a tomar a decisão de voltar a usar os serviços de cuidadores, algo que por muito tempo tentei evitar. Quando era mais novo, queria provar que era capaz de sobreviver no dia-a-dia, sem a ajuda de outras pessoas. Ser independente era importante para mim, eu precisava saber em nome da minha própria paz de espírito e autoestima que se, necessário, eu poderia viver sozinho e dar conta de tudo.
Mas à medida que a minha carreira de palestrante e evangelizador decolou, comecei a receber convites do mundo inteiro e percebi que estava gastando muita energia cuidando de mim mesmo, especialmente na estrada. Para falar com tanta gente e em tantos lugares diferentes, preciso estar totalmente concentrado e cheio de energia. Voltei a usar os serviços de cuidadores profissionais, embora um dia, lá na frente, espero ter uma esposa, uma família e ser independente.
Quando você precisa da assistência de um cuidador, a habilidade com pessoas é obrigatória e não uma opção. Mesmo pagando um bom salário, você não pode esperar que uma pessoa se encarregue de alimentá-lo, de viajar com você, de barbeá-lo, vesti-lo e, Às vezes, de carregá-lo de um lado para o outro, se ele não gostar de você. Felizmente, sempre tive bons relacionamentos com os meus cuidadores, embora muitas vezes os nervos deles tenham sido postos À prova.
Eu só passei a ter cuidadores em tempo integral em 2005, Craigh Blacburn, que tinha sido inspirado por minhas palestras de sermões em uma igreja, entrou em contato comigo. Ele se ofereceu para trabalhar como meu cuidador, motorista e coordenador durante uma turnê de três semanas, no ensolarado litoral de Queensland. Fiquei um pouco nervoso por viajar com alguém que eu não conhecia bem, mas orei, chequei suas referências e concluí que podia confiar nele.
Craigh mostrou ser uma pessoa útil e solícita, e assim pude poupar minhas energias para a maratona de palestras, sermões e outras obrigações.
Meu esforço resoluto de provar a minha independência, enquanto engatava uma carreira que exigia um intenso cronograma de viagens frequentes, eu tinha sido orgulhoso demais para pedir ajuda, embora isso fizesse todo o sentido.
Você não deve cometer o mesmo erro. Conheça suas limitações, proteja sua saúde e sua sanidade, fazendo o que há humano. Peça ajuda quando a situação exigir, mas lembre-se: pedir algo para um amigo ou colega de trabalho será rude se você não demonstrar interesse e consideração por eles. Ninguém lhe deve nada a menos que você dê às pessoas alguma coisa!
Ao longo dos anos, alguns amigos, parentes e voluntários já fizeram às vezes de meus cuidadores. Mas na maior parte dos casos, prefiro pagar um salário a quem se dispõe a assumir essa função, porque é um trabalho exigente, dada a minha intensa programação de viagens.
Comecei a usar mais e mais cuidadores em minha série de viagens pelos Estados Unidos em 2006. Naquela turnê, um sujeito chamado George tinha se oferecido para atuar como meu motorista e cuidador. Mas apareceu dirigindo um carrinho minúsculo, barulhento e fedido que, para meu assombro, tinha um buraco no assoalho! Foi um choque! Tive visões em que eu caía por aquele buraco e era esmagado por um caminhão. Jamais me senti seguro naquele carro, mas George deu muitas demonstrações de ser um apoiador leal e um excelente cuidador.
Um dos meus atuais cuidadores, Bryan, foi colocado à prova durante minha turnê de palestras pela Europa, no verão de 2008. Depois de uma semana viajando sem parar, fomos pernoitar em um hotel em Timeswara, Romênia, uma bela cidade conhecida como "pequena Viena", nos Alpes da Transilvânia. Sempre ouvi dizer que aquele era um lugar apavorante e minhas previsões se confirmaram.
Morto de cansaço por causa da falta de sono, eu estava exausto demais para pensar em qualquer coisa. Era a primeira noite naquela longa turnê em que eu poderia descansar. Uma vez que eu vinha enfrentando problemas para dormir, Bryan me ofereceu uma cápsula de Melatonina, que supostamente ajuda o corpo a superar o jetleg, aquela sensação de fadiga após longas horas de voo.
De início aleguei que era melhor não tomar. Por causa do baixo peso do meu corpo, às vezes tenho estranhas reações e suplementos. Bryan me convenceu de que era seguro e, em nome da cautela, tomei apenas metade. Por sorte não engoli a cápsula inteira e desmaiei de sono.
Em algumas viagens fico excessivamente cansado, apesar do esforço tremendo que preciso fazer para erguer o corpo e ficar sentado na cama. Às vezes começo a fazer isso durante o sono e começo a falar, como se estivesse diante de uma plateia.
Naquela noite acabei acordando Bryan, que dormia no quarto ao lado, porque comecei a pregar em alto e bom som! Em sérvio. Bryan acordou antes que eu incitasse a Romênia inteira com meu sermão sonâmbulo, e ambos percebemos que suávamos em bicas. Em pleno calor do verão o ar-condicionado fora desligado, Naturalmente abrimos as janelas para deixar o ar fresco entrar nos quartos. Em seguida, pingando de sono, cada um voltou para sua cama.
Uma hora depois acordamos de novo e, desta vez, porque estávamos sendo comidos vivos por enormes mosquitos da Transilvânia (pelo menos a gente esperava que fossem apenas mosquitos!). A essa altura eu estava exausto, com calor, com o corpo inteiro coçando e um bônus especial: não tinha as ferramentas necessárias - ou seja braços - para me coçar. Era tortura!
Por sugestão de Bryan tomei uma chuveirada para aliviar a coceira. Ele passou um spray anti-coceira nos meus caroços de picadas. Voltei para a cama, mas dez minutos depois estava chamando Bryan aos berros, mais uma vez. Meu corpo estava pegando fogo, eu tinha uma reação alérgica ao remédio.
Com dificuldade, ele me carregou novamente para o chuveiro e no caminho, acabou escorregando, bateu a cabeça no vaso sanitário e quase foi a nocaute.
Exaustos, tudo que nós queríamos era dormir, mas nossa noite de horrores ainda não havia chegado ao fim. Sem ar-condicionado, o quarto estava quente demais. A essa altura eu já não estava no pleno domínio de minhas faculdades mentais e então, pedi que Bryan me emprestasse um travesseiro.
- O ar-condicionado está funcionando no corredor, então vou dormir lá!
- avisei ao meu perplexo cuidador.
Bryan não teve forças para discutir comigo, Desabou na cama e eu peguei no sono do lado de fora, deixando a porta aberta para que ele pudesse me ouvir, caso eu precisasse de alguma ajuda.
Nós dois dormíamos nessa situação por uma ou duas horas, até que um desconhecido passou por cima de mim, entrou no quarto e deu uma tremenda bronca no coitado do Bryan.
A áspera repreensão do homem durou vários minutos, até que por fim descobrimos que nosso intruso estava furioso, porque pensou que Bryan tivesse me expulsado do quarto para eu dormir no chão. Tivemos grande dificuldade para convencer aquele arremedo de "bom samaritano" de que eu estava dormindo no corredor por livre e espontânea vontade.
Assim que o desconhecido foi embora, me arrastei de volta para minha cama, Bryan para a dele. Mas quando finalmente adormecemos,, o celular do Bryan tocou. Ele atendeu e, do outro lado da linha, explodiu um violento ataque verbal. Era o coordenador da nossa turnê. Evidentemente o nosso bem-intencionado intruso não tinha se convencido e informou à segurança do hotel que eu fora abandonado no corredor. Por sua vez a administração do hotel entrou em contato com nosso coordenador, que agora estava ameaçando acabar com a raça do pobre Bryan.
Agora você pode ver porque normalmente emprego três cuidadores que se revezam em turno, sete dias por semana. Hoje Bryan e eu damos risadas da nossa noite de pesadelos na Transilvânia. Mas precisamos de várias noites de sono em quartos refrigerados, livres de mosquitos, para superar o trauma.
Uma das lições que tive de aprender cedo na vida é que não há problema em pedir ajuda. Tenha você todas as partes do corpo ou não, haverá ocasião em que simplesmente não vai conseguir se virar sozinho. A humildade é uma habilidade com pessoas e um dom dado por Deus.
Você precisa ser humilde para pedir a ajuda dos outros. Seja um mentor, cuidador, um exemplo de vida, um parente... Quando alguém é suficientemente humilde para pedir auxílio, a maior parte das pessoas responde doando seu tempo e o seu empenho. Se você agir como alguém que tem todas as respostas e não precisa de mais ninguém, é menos provável que consiga atrair apoio.
Sem calças e Sem fala
Quando criança aprendi que Deus fica com todo crédito e depois de adulto, entendi que todas as coisas boas que realizo não são feitas por mim, mas através de mim. Parece que Deus acha que de vez em quando, eu preciso de uma lição de humildade, para nunca perder a habilidade de interagir e criar laços com outras pessoas. Às vezes essas lições são difíceis, às vezes são hilárias.
Eu ainda morava na Austrália em 2002, quando meu primo Natal me acompanhou em uma viagem aos Estados Unidos para pregarem um acampamento organizado por uma igreja. Chegamos na véspera tarde da noite, completamente exausto por causa das muitas horas de voo, dormimos demais e perdemos a hora. Minha programação previa que eu devia acordar cedo para dar uma aula de catecismo, mas ninguém teve coragem de me acordar.
Despertei do meu "coma" faltando cerca de quinze minutos para o início previsto da aula. Achei que ainda daria tempo, fomos correndo para o acampamento, mas quando lá chegamos, fiquei com vontade de ir ao banheiro. Agora, acredite ou não, isso é algo que consigo fazer sozinho. Jamais vou revelar qual é a minha técnica secreta, mas substituir o zíper por velcro é uma grande ajuda.
Nathan se ofereceu para me auxiliar, porque estávamos com muita pressa. Ele me carregou até um reservado num banheiro público e preparou tudo para que eu fizesse o que tinha de fazer.
Assim que terminei, Nathan foi me ajudar a encerrar o assunto. Quando estávamos completando o processo, ele derrubou minha bermuda dentro do vaso sanitário. Nós nos entreolhamos, horrorizados e boquiabertos, enquanto minha dignidade desaparecia em um turbilhão em câmera lenta. Ali estava eu, sem calças e atrasado para o meu sermão sobre a Bíblia.
Encarei meu primo e vi que ele também estava em choque. Então caímos na risada e nem sequer conseguimos recuperar minha bermuda, porque nosso ataque de riso nos deixou ainda mais bobos. Nathan tem a risada mais contagiante do mundo e quando ele começa... não consigo me segurar.
Eu tenho a certeza de que as pessoas do lado de fora do banheiro começaram a se perguntar o que havia de tão engraçado no reservado número 3.
Meus primos, meu irmão e minha irmã me ensinaram a rir quando me vejo em situações ridículas, e essa certamente foi uma. também me ensinaram a confiar nas pessoas dispostas a ajudar e a pedir auxílio quando me sinto aflito e angustiado. Agora, incentivo você a fazer a mesma coisa.
Colocando-se nas Mãos dos Outros
Os cuidadores que tive ao longo dos anos foram incríveis e, para minha felicidade, continuaram meus amigos e fazem parte da minha vida, mesmo depois de mudarem de emprego, em busca de novos projetos. Quase todos eles começaram como amigos ou pessoas que conheci em minhas palestras e pregações. Há sempre um período de testes e experiência que, em geral, é bastante divertido.
Quem convive comigo diz que rapidamente se esquece das partes que faltam no meu corpo. Isso é ótimo, maravilhoso e tal, exceto quando a pessoa em questão é meu cuidador. Já perdi a conta de quantas vezes pedi a um cuidador novato que me desse um copo de água e o distraído tentou me estender um copo. Há sempre um instante de pausa em que o cuidador fica segurando um copo no ar, esperando que eu estique o meu braço e o pegue.
Aí o sujeito fica corado de vergonha ao se dar conta do que fez. "Oh, meu Deus! Acabei de tentar passar um copo de água para um cara sem braços! O que eu estava pensando? Onde é que eu estava com a cabeça?" - Tudo bem - eu digo -. Estou acostumado!
É bem provável que você não precise de uma pessoa trinada para cuidar de você 24 horas por dia - sete dias por semana -, mas todos nós precisamos de algum tipo de cuidador. Alguém com quem possamos compartilhar ideias, que nos dê sempre conselhos e opiniões sinceros, que sirva como nosso incentivador, mentor ou exemplo de vida. Você precisa ter humildade e coragem para admitir que não sabe de tudo, ou que precisa de uma ajuda.
Já mencionei neste livro que, quando você tem um forte senso de propósito, e se estiver determinado a batalhar por seus sonhos, sempre terá alguns detratores. Felizmente
outras pessoas vão aparecer também. Às vezes você menos espera: há gente disposta a incentivá-lo, a oferecer orientação e apoio... Esteja pronto para elas, porque criar laços com esse tipo de pessoa pode mudar a sua vida.
Há três tipos de guia com quem julgo muito importante me relacionar:
mentores, exemplos de vida e companheiros de viagem.
Os mentores são pessoas que já passaram pelas situações que você está passando, ou pelas quais ainda vai passar. Eles já estiveram lá. Mais que isso, são também pessoas que compartilham com você seus sonhos e querem realmente que você seja bem-sucedido. Seus pais são mentores naturais, mas se você tiver sorte, vai encontrar outras pessoas dispostas a desempenhar esse papel na sua vida.
Um dos meus primeiros mentores foi o irmão da minha mãe: o tio Sam Radojevik, que ainda mora na Austrália com sua incrível esposa e seus filhos maravilhosos. Ele tem o coração de um empreendedor, a imaginação de um inventor e a visão de um explorador. O tio Sam está sempre aberto a novas experiências e quando era mais novo, ele me incentivou a criar asas e alçar os meus próprios voos. Ele me ensinou que os únicos obstáculos verdadeiros na vida são aqueles que nós mesmos criamos. Sua orientação e apoio me deram coragem para expandir a minha visão.
Conheci muita gente que carrega o fardo do arrependimento a vida inteira, mas o tio Sam jamais foi de olhar para trás. Mesmo quando comete erros, segue sempre em frente, em busca da próxima oportunidade, com o espírito irrepreensivo de uma criança apaixonada pela vida.
Meu tio adora projetar motocicletas e bicicletas, mas não faz isso apenas para si. Ele ajudou o governo do estado de Victoria a desenvolver um programa em que presidiários concertam e restauram bicicletas velhas que são doadas para as crianças e adultos pobres que, caso contrário, não teriam condição financeira de comprar as "magrelas", Graças a esse programa, milhares de bicicletas já foram distribuídas para as pessoas carentes.
O tio Sam me incentiva olhar para frente, e sempre acreditou em mim, mesmo quando nem eu acreditava. E eu tinha apenas 13 anos quando ele me disse:
- Nicholas, um dia você vai apertar a mão de presidentes, reis e rainhas.
Que ótima pessoa para se ter como mentor! Eu incentivo você a procurar seus próprios mentores. Mas entenda que os verdadeiros mentores não são meros animadores de torcida. Eles vão dizer com todas as letras quando acharem que você está fazendo besteira ou desviando da rota. Você precisa estar disposto a ouvir as críticas deles, não apenas os elogios. Mas saiba que querem do fundo do coração o melhor para você.
Sempre respeitei também meu primo Dukan Diorizik. Quando eu era criança, vivia com medo de incomodar as pessoas ao pedir que me levassem ao banheiro. Então ajudou a inventar uma frase da qual eu deveria me lembrar sempre: "Quando você precisar, é só avisar."
Ele e os meus outros primos da família Yudizik não apenas me amaram e apoiaram, mas Duncan e sua mãe Daniuka, ajudaram-me a vencer os medos no início da minha carreira de palestrante e evangelizador. sua família, que cuida do grupo australiano de hospitalidade em Melbourne, me ofereceu sua sábia e valiosa orientação.
Os exemplos de vida já chegaram ao lugar que você quer chegar, mas em geral, não são tão próximos de você como os mentores. Via de regra, você os observa de longe, estuda seus movimentos, lê os livros que escrevem e acompanha sua carreira como modelo e referência para sua própria carreira.
Quase sempre são figuras célebres em seus campos de atuação. São pessoas cujo sucesso fez deles pessoas respeitadas e famosas.
Um dos meus mais longevos exemplos, em que eu sempre quis conhecer pessoalmente, é o reverendo Billy Graham. Ele viveu ao pé da letras as palavras do evangelho de Marcos, 16-15, que também são minha fonte de inspiração.
"Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura."
Deve haver algum lugar entre os mentores e os exemplos de vida para Vik e Elzie Slatter, que visito pelo menos uma vez por ano desde que me entendo por gente. Eles sempre me inspiraram a ser um cristão melhor e uma pessoa melhor. Embora moram na Austrália, plantaram mais de 65 igrejas e missões nos mais remotos rincões e distantes grotões do Pacífico Sul. São meus modelos e minha referência para ser um missionário que faz a diferença.
Os dois trabalham discretamente, sem alarde nem publicidade, e jamais se envaidecem nem contam vantagem. Mas fizeram toda a diferença do mundo para muitas e muitas almas.
Ainda adolescente, Elzie teve uma visão: Jesus apareceu para ela e disse: "Vá." Elzie interpretou como um sinal de que Deus queria que ela fizesse trabalho missionário.
Depois de se casar com Elzie, Vicky foi trabalhar em uma usina nuclear da General Eletric, mas o casal fundou uma igreja e começou a planejar sua primeira missão. Papua, Nova Guiné - pequena nação tribal no Pacífico Sul, que tivera pouco contato com o cristianismo. Embora pequeno, o país tem uma população extremamente diversa que fala mais de 700 dialetos.
Vicky e Elzie se apaixonaram por aquela parte do mundo, embora vivem no litoral norte da Austrália. É dessa base que coordenam o trabalho missionário nas ilhas do Pacífico Sul. Além de ter escrito vários livros sobre religião, Vicky traduziu as escrituras para o inglês, pidging e outros dialetos falados pelas tribos indígenas em que atuam.
Identificar um companheiro de viagem é um pouco difícil para mim, porque a minha vida seguiu um caminho bem pouco convencional. Geralmente os companheiros de viagem são seus colegas de trabalho e outras pessoas que têm os mesmos objetivos que você, e que caminham por uma estrada paralela À sua. Podem até ser seus rivais, mas rivais amigáveis. Vocês se encorajam e apoiam mutuamente quando praticam a mentalidade da abundância, e não a mentalidade da escassez.
Quando você acredita em abundância, é porque acredita que há uma fartura de bênçãos de Deus: realização, oportunidades, felicidade e amor para todo mundo. Eu encorajo a adotar esse ponto de vista, porque ele abre seus olhos para as outras pessoas. Se você tende a pensar no mundo como um lugar de escassez e oportunidades limitadas, então verá seus companheiros de viagem como ameaças, que podem roubar tudo que existe, sem deixar coisa alguma para você. A competição pode ser saudável porque motiva, e você sempre vai encontrar pessoas que querem as mesmas coisas que você quer.
Com a mentalidade da abundância, você acredita que existem bênçãos e recompensas suficientes no mundo para todos; e nesse caso, competir significa se esforçar para fazer o seu melhor e incentivar as outras pessoas a fazerem o mesmo.
A mentalidade da abundância permite que você caminhe lado a lado com os seus companheiros de viagem, nutrindo sentimentos de camaradagem e apoio recíproco. Aprendi isso graças à minha amizade com Joni Erecson Tadah, que trilhou um caminho semelhante ao meu. Como já descrevi anteriormente, para mim Joni Ere é um exemplo de vida.
Mesmo muito antes de conhecê-la pessoalmente, ela se tornou uma mentora, ajudando-me a estabelecer nos Estados Unidos, e agora é uma companheira de viagem oferecendo-me conselhos, orientação e um ombro amigo.
Outra pessoa que sempre esteve do meu lado, de todas as maneiras possíveis, é Jacque Davison, que na minha adolescência, morava pertinho da casa da minha família. Jacque era casada e mãe de filhos pequenos, mas sempre teve tempo para me ouvir, toda vez que eu "chorava as pitangas" "Lee contava tudo que se passava na minha cabeça, fossem coisas boas ou ruins." Ela não era tão mais velha do que eu; por isso a fazia às vezes mais de amiga íntima e sábia do que de adulto que só sabe criticar.
Sinto tanto amor pela família de Jacque, que me tornei uma espécie de irmão mais velho não-oficial dos filhos dela, ajudando-os a fazerem o dever de casa ou simplesmente batendo papo e brincando com eles.
Em 2002 eu estava passando pro maus bocados, tanto na universidade como na minha vida pessoal, e me sentia aliado e desorientado. Tinha terminado o relacionamento com minha namorada de muitos anos e estava muito emotivo.
Fui falar com Jacque e pedi que me ajudasse a entender o que havia acontecido. Abri meu coração, mas ela ficou sentada, com as mãos unidas, ouvindo pacientemente sem nada a responder. De repente percebi que estava descarregando em cima dela uma bagagem emocional, mas ela nem reagia. E por fim, parei de falar e perguntei:
- O que devo fazer?Diga-me!
Ela abriu um sorriso, seus olhos se iluminaram e ela disse simplesmente:
- Dê graças a Deus!
Confuso e frustrado, eu perguntei:
- Dar graças a Deus por quê?
- Apenas dê graças a Deus, Nick!
Encarei o chão e pensei: "Isso é tudo que ela tem a dizer}m Essa mulher é esquisita!" Então, saquei que Jacque estava me dizendo para confiar em Deus e que Ele não tinha me esquecido. Que eu devia depositar minha fé não na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.
ela estava me dizendo para me entregar a Deus e agradecer a Ele, embora eu não achasse que Ele merecesse agradecimento. Que eu devia agradecer a Deus antecipadamente por todas as bênçãos que resultariam da minha dor.
Ela tem uma fé poderosa e sempre que me sinto confuso ou magoado, faz questão de me lembrar que devo me colocar nas mãos de Deus, porque Ele tem um plano para todos nós.
Guias para a Vida
Os relacionamentos com os nossos guias para a vida nem sempre são tranquilos. De vez em quando seus guias vão lhe dar um choque de realidade, ou um belo chute no traseiro, mas eles se importam muito com você. O suficiente para fazê-lo analisar seriamente como age, para onde vai, por que fazer determinada coisa e como fazer a seguir. Você quer pessoas assim na sua vida.
Quando decidi me tornar um palestrante e evangelizador para incentivar as pessoas a abraçar a fé, compartilhei a decisão com os meus amigos mais próximos, incluindo os meus pais. Ao longo dos anos, a igreja Apostólica Romana, a que pertenço, já despachou para várias partes do mundo muitos missionários que construíram orfanatos e ajudaram muita gente necessitada.
Quando disse aos meus pais que queria falar sobre a minha fé em outras igrejas e denominações religiosas espalhadas pelo mundo, eles tiveram dúvida sobre a minha saúde e demonstraram preocupação sobre essa missão ser realmente o que Deus queria para mim. Eu os ouvi pois sabia que queriam que eu fosse bem-sucedido.
Você deve fazer o mesmo quando os membros dos seus tímidos sonhos derem opiniões sobre os seus planos, especialmente se quiser que eles continuem comprometidos com o seu sucesso. Honre-os, respeite-os e pense com carinho e cuidado nos conselhos e orientações dados por eles. Você não precisa aceitar as opiniões dos seus guias, mas respeite o fato de que estas pessoas se preocupam mesmo quando dizem coisas que você talvez não queira ouvir. Respeitei as preocupações dos meus pais, mas senti que Deus estava me chamando para ser um evangelizador. Minha missão então era ser obediente e orar para que meus pais sentissem a mesma coisa e acatassem minha decisão.
Pela graça de Deus não apenas os meus pais aceitaram minha vocação, mas também os membros de minha igreja, cujos líderes me apoiaram e me ordenaram como o primeiro ministro do evangelismo da nossa congregação.
Não existem promessas nem garantias de que todas as pessoas que você conhecer na vida vão querer ajudá-lo. Algumas podem até tentar desencorajá-lo, outras podem ter as melhores intenções e bons motivos para ficarem preocupadas. Nenhum dos temores dos meus pais era irracional ou infundado. Mas orei para que a fé deles sobrepujasse essas preocupações.
Pais e filhos muitas vezes já crescidos precisam discordar e seguir em frente. O mesmo vale para outros membros do seu time dos sonhos. Às vezes, você toma uma decisão por conta própria, resolve seguir seu próprio caminho ou fazer algo do seu jeito e, mais tarde, descobre que errou. No fim das contas, estar certo não é o mais importante.
Sou muito grato pelo fato de que eu e meus pais sabemos respeitar as opiniões e decisões de cada um. Pela graça de Deus nossa relação sobreviveu a uma provação da qual saímos mais próximos e mais unidos do que nunca, por causa do nosso amor e respeito recíprocos. Se não tivéssemos conversado abertamente sobre os nossos sentimentos, o resultado não podia ter sido tão feliz. Continuei frequentando regularmente a minha igreja, a minha base, e fiz o melhor que podia, atuando como mentor dos jovens da minha congregação. Mas também comecei a expandir meu raio de ação, falando em outras igrejas, chegando a pessoas em áreas bem mais amplas. Fico feliz em dizer que muitos daqueles jovens melhoraram muito sua relação com Deus e agradeço a Ele por isso.
Minha mãe e meu pai oraram por mim e comigo naquele dia de 2008, em que fui oficialmente ordenado como evangelizador e essa experiência nos levou a um patamar de amor e respeito mútuos. Eles sabiam que estava comprometido e determinado a disseminar a palavra de Deus. Vê-los rezando por mim em frente a toda congregação é algo de que jamais me esquecerei. Preciso dizer que meus pais são meus incentivadores mais vigorosos. Pelo que concerne às decisões mais importantes da minha vida, sempre acertaram mais do que erraram.
Jamais menospreze suas relações com outras pessoas, especialmente com os familiares mais próximos. As recompensas e bênçãos duram a vida inteira.
Pare agora e reserve um tempo para avaliar suas habilidades com pessoas: a qualidade de seus relacionamentos e o quanto você está investindo neles. Você é digno de confiança? Confia nas pessoas mais próximas a você? Você atrai pessoas dispostas a se envolver de verdade com o seu sucesso? Respeita essas pessoas? Você investe de verdade, dando e não apenas tirando, nas suas relações?
Toda vez que dou risadas e passo momentos de alegria com a minha família, eu percebo o quanto vivo para esses momentos. Minha esperança é de alguma maneira convencer os meus pais de que as praias de San Diego são melhores que as praias australianas, para que assim, eu posa tê-los sempre por perto.
Você deve manter seus entes queridos o mais perto possível de você, pelo máximo de tempo que puder. A qualidade de seus relacionamentos tem um tremendo impacto na sua qualidade de vida, e por isso, trate-os como bens preciosos. Jamais os menospreze ou deixe de reconhecer seu devido valor.
A Bíblia diz: "Melhor é serem dois do que um, porque tem melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro. Mas ai do que estiver só, pois caindo, não haverá outro que o levante." (2)
* Eclesiastes, Cap. 4, 9-10.
Abraçando Oportunidades
Joshua e Rebeca Wiesel são cineastas premiados de Los Angeles que se dedicam a fazer filmes que inspiram e divertem. Eu não os conhecia pessoalmente, mas depois de assistirem a um dos meus vídeos, tiveram a ideia de escrever o roteiro de um filme de ficção em que eu seria o personagem principal.
Na fase de elaboração do roteiro, o casal tentou entrar em contato comigo por meio de diversos canais. Como eu estava perambulando pelo mundo em uma das minhas turnês de palestras e sermões, eles não conseguiram me achar. Então em um domingo, enquanto participavam do culto na igreja de Westlake Village, que frequentavam, os Wiesel encontraram por acaso um velho amigo meu chamado Kyle.
- E aí? O que você anda fazendo agora? - eles perguntaram.
- Estou trabalhando como cuidador de um cara chamado Nick Vujicic.
Joshua e Rebecca ficaram perplexos e com razão! Não é incrível? Quantas vezes acontece de dois dedicados cineastas escreverem um roteiro para alguém que jamais viram na vida e depois saírem atrás do sujeito para oferecer a ele o papel principal no filme? Isso é fantástico, certo? Um sonho que se torna realidade.
Você já perdeu alguma oportunidade maravilhosa por não estar preparado ou não ter se organizado? Já ficou só olhando, desesperado, outra pessoa passar por uma porta que você não percebeu que estava aberta?
Aprenda com essas experiências e crie coragem, cara. Walter Chrysler, fundador da montadora de automóveis Chrysler, disse certa vez que muitas pessoas não chegam a lugar algum na vida porque, quando a oportunidade bate à porta, elas estão ocupadas no quintal, procurando "trevos de quaro folhas".
Hoje em dia vejo pessoas comprarem bilhetes de loteria, em vez de investirem em seu futuro. Invista em seu futuro. Prepare-se para um trabalho árduo, dedique-se aos seus objetivos e depois guarde a hora certa de dar o salto.
Se você acha que jamais vai tentar, talvez seja porque realmente não está preparado para o que der e vier. Você é responsável por seu próprio sucesso. Assuma essa responsabilidade preparando-se para dar o melhor de si. Quando chegar ao lugar certo, as oportunidades vão aparece.
Se você ficar amuado em casa ou bancando o anfitrião de um show de lamúrias ou uma festa de coitadismo, ninguém vai convidá-lo para dançar. Acredite em si mesmo (eu já mencionei isso antes!), acredite nas possibilidades para sua vida. Acredite no valor que você tem neste mundo. Se não se sentir digno de ter asas, jamais vai tirar os pés do chão!
Sue a camisa, suje as mãos. Enfie a cara nos livros.
Thomas Edson disse que a maioria das pessoas joga fora as oportunidades porque, quando elas aparecem, estão vestindo um macacão de operário e têm cara de trabalho. Você está pronto para fazer o que for preciso? Eu devo confessar que, quando os Wiesel entraram em contato comigo, não dei muita atenção.
O pobre Kyle estava tão empolgado por mim. Ele tentou falar de seus amigos cineastas e do projeto que eles tinham em mente para mim.
- Uns amigos meus têm uma ideia de um filme para você! - Foi a única frase que ele teve a chance de dizer, antes que eu o cortasse.
- Kyle, estou ocupado demais para falar com seus amigos agora!
Eu estava em um ritmo frenético de viagens. Estava irritadiço e cansado. Estranhamente fazia pouco tempo que eu recebera outra proposta para atuar em um filme. Ao ouvir a sinopse - era um longa-metragem -, passei meses empolgado. Depois de mandar o roteiro, então descobri que os produtores queriam que eu interpretasse um personagem boca-suja, que passa a maior parte do tempo mascando tabaco e sendo levado de um lado para o outro, em um saco de batatas, nas costas de alguém.
Não era o tipo de papel que queria para iniciar - e nem para terminar a minha carreira cinematográfica. Por isso recusei. Nem toda oportunidade vale a pena aproveitar. Você precisa ser fiel aos seus valores, incorporando-os aos seus objetivos de longo prazo.
Que marca ou impressão você quer deixar? Como quer ser lembrado?
Não queria que os meus netos descobrissem um filme ou DVD em que o vovô Nick aparece falando palavrões, com um fio de baba de tabaco escorrendo pelo queixo e vivendo feito um degenerado. Foi assim que eu disse "não" à minha primeira oferta na sétima arte. Adorei a ideia de fazer um filme, mas não estava disposto a abandonar meus valores em nome disso.
Talvez você tenha de tomar uma decisão semelhante. Mantenha-se forte. Siga seus princípios, mas não cometa o mesmo erro que eu. Quando fechei essa primeira porta, fechei também minha mente. Foi por isso que "cortei o barato" de Kyle, quando ele me apresentou com tanta empolgação o projeto do filme que os Wiesel tinham para mim.
Eu não via o futuro porque estava olhando para o retrovisor. Grande erro! Felizmente os Wiesel não são de desistir fácil, e eles pediram a outro amigo que entrasse em contato com o meu diretor de mídia que leu o roteiro, adorou e o encaminhou para mim.
Ao ler percebi que Kyle merecia um pedido de desculpas. O roteiro tratava de esperança e redenção, temas para mim muito caros. E quem melhor do que eu para estrelar o filme, especialmente porque o personagem que eles criaram para mim era Will, o homem sem braços e sem pernas?
No início do filme, ele é a mal-humorada e deprimida aberração de um circo Mambembe. Mais tarde, graças à bondade de algumas pessoas, Will é convidado a ingressar na Troop bem mais benevolente de outro circo, onde se torna estrela de um número "de tirar o fôlego" no trapézio. Percebi que era deixar de lado os meus senões e partir para a ação.
Agradecia Kyle e pedi que marcasse um encontro com os Wegel e grandes eventos se desenrolaram. Nós nos conhecemos pessoalmente, criamos laços de amizade e assinei na linha pontilhada do contrato. Meu entusiasmo aumentou ainda mais quando soube que vários outros atores bem mais experientes já tinham concordado em participar do filme.
Era um projeto de baixo orçamento e filmagem rápida, Por isso a única coisa que precisei fazer foi liberar uma semana na minha agenda para rodar as minhas cenas.
Você vai ter de ler as críticas e resenhas sobre o filme para tirar sua conclusão e decidir se eu tenho ou não futuro no ramo. Mas "The Butterfly Circus" (O Circo da Borboleta) ganhou prêmio de Doorpost Film Project, festival que apoia cineastas visionários que realizam filmes sobre o tema "esperança".
Nosso filminho, que você pode conferir em http://www.thedoorpost.com, foi escolhido entre mais de 100 outros curtas-metragens de temática semelhante. A conquista do prêmio no Doopost chamou a atenção de muita gente para o filme, e os Wiesel estão cogitando a ideia de transformá-lo em um longa-metragem.
Pode ser que eu também participe do longa. Afinal de contas, não existem muitos atores capazes de fazer o papel de um sujeito sem braços e sem pernas, que fala com o sotaque australiano perfeito.
Luzes, Câmera, Ação!
Para batalhar por seus sonhos você precisa agir. Ou vai ou racha! Haja ou seja massa de manobra. Se você não tem o que quer, pense em criar o que quer. Deus vai iluminar e mostrar o caminho.
A porta dos seus sonhos está aberta. Esteja pronto para ela: faça o que precisar fazer, aprenda o que precisar aprender. Se ninguém vier bater à sua porta, arrombe algumas. Um dia você vai chegar à vida que deseja. Esteja disposto a arregaçar as mangas e dar a cara a tapa, a abraçar o momento.
No início da minha carreira de palestrante e evangelizador, antes de sentir dores nas costas, eu me oferecia para abraçar todo mundo da plateia que quisesse. Para minha surpresa e gratidão, muita gente fazia fila para conversar comigo e me dar um abraço apertado. Eu ficava espantado porque todas as pessoas que conhecia nesses eventos tinha algo único a oferecer: um dom e um presente que eu podia levar comigo.
Você precisa sentir a mesma coisa com relação Às oportunidades. Mesmo aquelas que no começo não parecem tão boas assim podem-se tornar chances de ouro a partir do momento que você as aceita.
Crie Oportunidades
Mesmo depois de ter desenvolvido um poderoso propósito e de ter armazenado enormes estoques de esperança, fé, autoestima, atitudes positivas, coragem, adaptabilidade e bons relacionamentos, você não pode simplesmente ficar sentado de braços cruzados, esperando que as oportunidades apareçam. É preciso agarrar com unhas e dentes todas as cordas e escadas que possam levá-lo para cima. De vez em quando você vai descobrir que até mesmo o bloco de pedra que desabou e atravancou seu caminho tem uma abertura, ou um atalho que o leva a um lugar mais alto. Mas você deve ter coragem e determinação para encarar a subida.
Um dos nossos lemas na Life Without Limits é: "outro dia, outra oportunidade". Não se trata apenas de um slogan emoldurado na parede, nós tentamos viver no nosso dia-a-dia.
A doutora Carah Barker, psicóloga e palestrante motivacional, escreveu o seguinte no blog Huffington Posto. "Nick Vujicic demonstra que é possível despertar o coração ao inspirar as pessoas por meio de uma situação que quase todos julgariam debilitante. O herói Vujicic encontra oportunidades, onde a maior parte das pessoas vê apenas um beco sem saída."
Eu me sinto enternecido por essas palavras. Na minha infância e adolescência era difícil imaginar que um dia eu seria chamado de "herói", ou de fonte de inspiração para alguém. Ainda criança constatei que sentir raiva por causa do que eu não tinha, ou frustração pelas coisas que eu não podia fazer, só servia para afastar as pessoas de mim. Mas quando eu procurava oportunidades para ajudar os outros, isso aproximava as pessoas de mim. Aprendi a não esperar, mas seguir em frente e criar minhas novas oportunidades. Porque uma coisa leva a outra.
Toda vez que dou uma palestra ou faço um sermão, participo de um evento ou visito uma nova parte do mundo, conheço pessoas, aprendo sobre novas organizações e entidades, e reúno informações que abrem novas oportunidades futuras.
Bênçãos Disfarçadas
A Dra. Barker observa corretamente que assim que eu mudei o foco das minhas deficiências físicas para as bênçãos que elas me propiciavam, minha vida mudou radicalmente para melhor. E você pode fazer o mesmo.
Se eu pude reconhecer que o corpo que Deus me deu em muitos sentidos - o incrível e maravilhoso dom -, será que você não pode reconhecer que suas próprias bênçãos talvez estejam disfarçadas em algum lugar, quem sabe em algum aspecto que você considera sua maior fraqueza?
Trata-se de uma questão de ponto de vista - de perspectiva -, não há como se esconder da vida. Você vai levar tombos e pancadas. A menos que sofra uma tragédia que o deixe em coma, você vai enfrentar momentos de frustração, raiva e tristeza.
Conheço essa sensação, já passei por isso. Ainda assim recomendo com insistência que você rejeite o desespero e amargura. Você pode ser esmagado por uma onda gigante ou pode surfar nela até a praia. Da mesma maneira os percalços de sua vida podem derrubá-lo ou jogá-lo para cima.
Se você pode respirar, sinta-se grato. Use essa gratidão para passar por cima da depressão e da amargura. Dê o primeiro passo, e depois outro... ganhe ímpeto e crie a vida que você ama.
Minha deficiência física me obrigou a ser corajoso, a conversar e interagir com crianças e adultos. E por causa dela concentrei minhas forças e aptidão para a matemática, para que assim eu sempre tivesse um plano B - uma profissão alternativa -, caso a minha carreira de evangelizador e palestrante não desse certo.
Sempre pensei que até mesmo a dor e a tristeza que sentia em função do meu problema físico acabaram me beneficiando, porque aprendi a sentir mais compaixão pelas outras pessoas. Do mesmo modo, os fracassos que experimentei me ensinaram a ter muito mais apresso por meus sucessos e a ser mais solidário com as pessoas que lutam e fracassam.
Tirando medidas e tomando providências
Nem todas as oportunidades são iguais. No início deste capítulo escrevi sobre como aceitei meu primeiro papel no cinema, depois de ter recusado uma oferta anterior. Agora, se você assistir a The Butterfly Circus, verá que no começo do filme, Will, meu personagem, não é exatamente uma fonte de inspiração. Para falar a verdade, ele é repulsivo, por causa de toda amargura e desesperança que guarda no coração.
Mas aceitei o papel porque Will passa por uma transformação e supera toda essa carga de sofrimento e ressentimento. Como uma larva espinhenta que se transforma em uma estonteante borboleta, ele abandona suas dúvidas e desconfianças e se redime, tornando-se uma pessoa amorosa e inspiradora. É assim que quero ficar conhecido neste planeta.
Como você quer ser conhecido?
Nos capítulos anteriores, examinamos a importância de se ter um propósito. Quando as ofertas e oportunidades aparecem em seu caminho ou quando você mesmo as criar, faça a si mesmo a seguinte pergunta: "Isso está de acordo com os meus propósitos e meus valores?"
O que faz uma oportunidade ser boa? Qualquer coisa que o leve para mais perto do seu sonho! Existem outros tipos. Talvez os seus amigos o tenham convidado para sair e beber até cair, ou talvez você tenha preferido ficar jogando videogame em vez de se preparar para uma reunião de trabalho, ou ler um livro para aperfeiçoar suas habilidades e aprofundar seus conhecimentos. As escolhas que você faz determinam a qualidade da vida que você leva.
Pensa nas coisas, desenvolva padrões altos e estabeleça critérios rígidos para avaliar de que maneira você gasta seu tempo e energia. Baseie suas escolhas não naquilo que pode propiciar uma boa sensação momentânea, mas naquilo que serve a seus objetivos. Meça tudo de acordo com seus valores e princípios.
Eu uso a regra do "vovô Nick": meus netos vão sentir orgulho dessa decisão ou vão achar que o vovô deles ficou senil antes do tempo?
Se você precisar criar um processo formal e disciplinado para avaliar oportunidades, sente-se diante da tela do computador ou pegue papel e caneta, crie uma planilha de avaliação. Para cada oportunidade que aparecer em seu caminho, anote os prós e contras, e avalie como cada um está ou não à altura dos objetivos que você escolheu para sua vida.
Depois tente imaginar o que vai acontecer se você decidir entrar por essa porta e o que vai acontecer se fechá-la.
Se mesmo assim você tiver dificuldade para tomar uma decisão, mostre sua planilha para um mentor de confiança ou um amigo que acredita em você, e quer que você tenha sucesso. Converse com eles sobre os prós e contras e ouça sua avaliação.
Tenha em mente aberta, mas saiba que a responsabilidade é toda sua. É a sua vida! Você vai colher os frutos ou pagar o preço por suas próprias decisões. Portanto, escolha com sabedoria.
Você está pronto?
A noção de "hora certa" é outro aspecto a ser levado em consideração na hora de fazer essas avaliações. Às vezes, especialmente quando somos jovens, muitas ofertas tentadoras se apresentam. Mas pode não ser a hora certa!
Você não deve aceitar um emprego quando não está qualificado, ou cujos macetes não se sente preparado para dominar. assim como não se apressa a tirar férias de luxo quando não tem como pagar. O custo é muito alto, você levaria tempo demais para se recuperar.
Um dos maiores erros que cometi no início da minha carreira de palestrante e evangelizador foi aceitar um convite para falar diante de uma plateia enorme, antes de me preparar adequadamente para uma coisa dessas. Não que eu não tivesse nada a dizer, mas é que eu simplesmente não tinha organizado meu material, tampouco burilado minha apresentação. Como resultado não tinha autoconfiança para dar conta do recado.
Gaguejei, balbuciei durante a palestra toda, as pessoas foram gentis comigo, mas o fato é que fui um desastre! Aprendi com a experiência. Me recuperei e concluí que deveria agarrar apenas as oportunidades para as quais eu estivesse plenamente preparado.
Isso não quer dizer que você não deve aceitar uma oferta, ou uma opção que obriga a ampliar seus horizontes. O famoso programa de televisão American Idol, uma acirrada competição de calouros, está baseado nesse conceito. A cada episódio, muitos dos jovens competidores cedem À pressão ou percebem que simplesmente não estão prontos para o estrelar.
Alguns poucos eleitos, especialmente no caso de Kary Underwood, Jennifer Udson, Chris Daugherty e Kelly Clarkson, engataram carreiras maravilhosas, porque conseguiram ampliar seus horizontes e continuaram sua assenção.
É necessário pesar suas opções e ponderar cuidadosamente quais sã os degraus e trampolins capazes de levá-lo até seus objetivos. E quais podem fazer com que você escorregue e caia de cara no chão.
Como aconteceu comigo na minha primeira oferta de fazer cinema, você vai se ver diante de oportunidades que atendem a objetivos de curto prazo, mas que não são adequadas aos seus objetivos de longo prazo.
As decisões que você tomar hoje o acompanharão no futuro. Muitos jovens mergulham de cabeça em relacionamentos amorosos, sem levar em conta se a pessoa é mesmo boa para eles a longo prazo.
O tempo inteiro somos lembrado s o quanto precisamos ser atentos à questão da segurança quando o assunto é Internet, seja no que diz respeito a proteger nossas transações financeiras, nossa reputação pública ou à vida privada. Precisamos ter em mente que tudo aquilo que você faz - cada fotografia e cada vídeo que você aparece, cada e-mail que envia, cada texto que publica em seu blog, cada comentário postado em seu site - mais cedo ou mais tarde, vai aparecer em algum mecanismo de busca em algum lugar e provavelmente essas coisas terão vida mais longa que você.
Assim como você precisa refletir cuidadosamente sobre como tudo aquilo que posta on-line, às vezes sem pensar muito, um dia pode voltar para assombrá-lo. Lembre-se de que o mesmo princípio vale para quando avaliamos as oportunidades que aparecem em nosso caminho.
Elas têm conseqüências duradouras, o que pode nos ajudar ou prejudicar. Os benefícios de curto prazo até parecer ótimos, mas como serão as repercussões a longo prazo?
Dê um passo para trás e olhe para um cenário mais amplo. Lembre-se! Muitas vezes você é colocado à prova, mas a vida propriamente dita não é um teste: é a coisa real. As decisões que você toma todos os dias têm impacto na qualidade da sua vida inteira.
Avalie tudo com cuidado e depois consulte a sua intuição e o seu coração. Se o seu instinto disser que é uma má ideia, obedeça; mas se seu coração disser que se trata de uma boa oportunidade, alinhada com os seus valores e objetivos de longo prazo, dê o salto!
Há ocasiões em que a vida me apresenta ofertas que provocam arrepios. E fico tão empolgado que quero mergulhar de cabeça. Mas aí preciso parar para respirar e orar, pedindo sabedoria para tomara a decisão certa.
O Lugar certo
Se você se preparou para colocar em prática suas habilidades, mas nenhuma porta se abriu, então talvez você precise reposicionar seus talentos. Se o seu sonho é ser campeão mundial de surfe, morar no Alasca não é uma boa, já que lá não há ondas legais. certo? Às vezes é preciso se mexer para criar oportunidades.
Muitos anos atrás concluí que se eu quisesse engatar uma carreira de palestrante e evangelizador conhecido mundialmente, eu precisaria me mudar da Austrália para os Estados Unidos. Eu adoro a Austrália. Minha família está quase toda lá. Mas a Oceania era uma base muito remota e não me oferecia opções e a exposição que encontrei nos Estados Unidos.
Mesmo depois de vir para os Estados Unidos, tive de trabalhar duro para criar minhas próprias oportunidades. Uma das minhas melhores decisões foi estabelecer contato com outras pessoas que compartilhavam da minha paixão, falar com plateias e inspirá-las.
Estudos demonstram que parte das pessoas sabem de ofertas de emprego por meio de redes de amigos e colegas de trabalho. Assim como acontece com outros tipos de oportunidade, a melhor fonte de notícias é o boca-a-boca. Esteja você procurando um novo amor, um emprego ou uma opção de investimento, um lugar para trabalhar como voluntário ou mostrar seus talentos, certamente terá acesso a novas oportunidades filiando-se a associações comerciais, cooperativas, clubes locais, igrejas, associações de classes, instituições de caridade, e entidades de serviço.
A Internet é uma ferramenta feita sob medida para conexões úteis, com sites de relacionamentos e redes sociais como Twiter, Facebook, Linkedin e Plaxo. Quanto mais amplo seu círculo, maiores suas chances de encontrar uma porta aberta para o seu sonho.
Você não deve se restringir a indivíduos, Organizações e sites relacionados exclusivamente ao seu campo de interesse. Todo mundo conhece alguém que conhece alguém. Portanto, procure pessoas apaixonadas e empenhadas em um sonho, mesmo que o sonho delas seja inteiramente diferente do seu. Adoro pessoas apaixonadas porque elas atraem oportunidades feito ímãs poderosos. Por outro lado, se você anda com um grupo de caras que não têm os mesmos sonhos que você, nem compartilham do seu empenho para mudar de vida, o meu conselho é que você encontre um novo grupo de amigos. Gente que fica de bobeira em bares, baladas e lan houses, raramente voam alto na vida.
Se você não anda atraindo o tipo de ofertas e opções a que você aspira, talvez precise chegar a um patamar mais elevado, incrementando seu nível educacional. Se não consegue passar no vestibular de uma universidade concorrida, pode estudar em uma faculdade técnica ou municipal. Há mais programas de bolsas e financiamento educacional do que você imagina. Portanto não se deixe desanimar pela questão dos custos.
Se você já tem diploma, talvez seja hora de investir em um curso de mestrado ou doutorado. Quem sabe a saída não está em entrar em cooperativas, como unidades on-line, fóruns da Internet ou salas de bate-papo de pessoas de sua área.
Se as oportunidades não aparecem no seu caminho, talvez seja hora de se mexer e ir para o lugar em que você possa encontrá-las e onde elas possam encontrar você.
Momento Oportuno
Albert Einstein disse que no meio de toda dificuldade está a oportunidade. A recente recessão econômica deixou milhões de pessoas desempregadas. Muitas outras perderam suas casas e suas economias.
O que pode haver de bom em períodos difíceis? Entre as maiores empresas que surgiram em épocas de recessão e depressão, estão Hewlett Packard, Ridley, OPS, Microsoft, Symantec, Tons R Us, Zippo and Domino's Pizza. Os fundadores dessas empresas estavam à procura de maneiras novas e melhores de atender a seus clientes, porque os modelos anteriores tinham fracassado durante períodos de crise. Eles aproveitaram o momento e criaram sua própria visão de como fazer negócios.
Sem sombra de dúvida, a recessão de 2006 a 2009 teve um impacto profundo e duradouro que prejudicou muitas famílias e empresas. Ma diversas pessoas que foram demitidas de grandes corporações, depois de anos e anos de dedicação, aproveitaram a oportunidade para tentar abrir seu próprio negócio, ou para retomar seus estudos de nível superior, ou para finalmente batalhar por sua paixão: fosse abrir uma padaria ou empresa de jardinagem, formar uma banda ou escrever um livro.
Entre os que perderam o emprego durante a recessão estavam milhares e milhares de jornalistas. A crise afetou particularmente esse setor de atividade porque ocorreu justamente no momento em que todos os jornais do mundo estavam perdendo para serviços on-line de sites como Raglist, a receita de vinda dos lucrativos anúncios classificados. É interessante observar como esses, outrora jornalistas, que se orgulham de sua desenvoltura e criatividade, reagiram. Vários dos que eu conheço tentaram a sorte em outras carreiras: na área de relações públicas, ONGs, blogs e mídias exclusivas da Internet.
Um dos meus favoritos é o ex-editor que deixou seu jornal na Califórnia, que estava encolhendo cada vez mais, e se tornou vice-presidente de uma promissora empresa de gerenciamento de crise que desenvolve comunicações de falência para outras empresas em declínio.
É a filosofia (se a vida lhe der um limão, faça uma limonada), que trata literalmente de mudar de foco. Em vez de se lamuriar por causa de um problema, encontre uma solução criativa. Você precisa ser flexível e determinado e estar pronto para converter uma situação potencialmente negativa em uma circunstância positiva.
Uma das maiores redes atacadistas ensina seus funcionários a ver as queixas dos clientes como convites para a construção de um melhor relacionamento com os lojistas. É uma questão de reenquadramento.
Toda vez que me deparo com uma dificuldade inesperada, recorro a uma estratégia simples. Repito para mim mesmo: "Deus não desperdiça o tempo dele; então, também não quer desperdiçar o meu!" Em outras palavras, tudo conspira para o bem. Acredito piamente nisso e sugiro que você faça o mesmo. Pode acreditar nessa filosofia, pois já a vi se comprovar muitas e muitas vezes!
No Relógio
Alguns anos, eu estava viajando de avião pelo país com meu cuidador. Em determinado aeroporto meu voo atrasou (o que não é surpresa) e quando finalmente estávamos dentro do avião, já prestes a decolar, olhei pela janela e vi fumaça saindo da turbina. Um caminhão se aproximou com as sirenes ligadas, os bombeiros saltaram, espalharam espuma e apagaram as
chamas.
Em função de um pequeno incêndio em uma das turbinas, procederemos a evacuação da aeronave. Fomos avisados. "Bom, tudo bem!", pensei.
"Fogo na turbina não é nada bom, mas estar no chão quando o pequeno incêndio começou foi um bônus."
Quando foi anunciado um novo adiamento de mais duas horas, muitos de meus colegas passageiros reclamaram de maneira violenta. Eu estava irritado, mas feliz por termos sido poupados de uma provável emergência em pleno ar, ou pelo menos tentei me convencer disso. Contudo tive de fazer certo esforço para manter uma atitude positiva, já que meu cronograma estava bastante apertado.
"Lembre-se de que Deus não desperdiça o tempo dele", repeti para mim mesmo. E de repente veio outro anúncio: já havia outra aeronave para nossa disposição e embarque imediato. Boa notícia!
Fomos depressa para o portão de embarque, entramos no avião e nos acomodamos para levantar voo. Eu me senti aliviado até que notei que a mulher sentada ao meu lado estava chorando baixinho.
- Posso fazer algo pela senhora? - perguntei.
Ela explicou que ia visitar a filha de 15 anos que estava no hospital entre a vida e a morte, depois que uma cirurgia de rotina tinha dado terrivelmente errado.
Fiz o melhor que pude para consolar a mulher.; Conversamos durante o voo todo e cheguei a arrancar um sorriso da senhora, depois que ela me confidenciou que ficava nervosa ao viajar de avião.
- Pode segurar a minha mão se quiser! - brinquei.
Quando aterrissamos no nosso destino, ela me agradeceu por tê-la confortado. Eu disse que me sentia grato por ter me sentado ao lado dela após tantos atrasos e mudanças de portões de embarque.
Deus não tinha desperdiçado o meu tempo. Ele sabia o que estava fazendo. Ele me colocou ao lado daquela mulher para que eu a ajudasse a lidar com seus temores e sua aflição. Quanto mais eu pensava naquele dia, mais grato me sentia pela oportunidade de oferecer àquela senhora um ombro amigo.
Visão Criativa
A morte de um ente querido, o fim de um relacionamento, um revés financeiro, uma doença... podem devastá-lo, se você permitir que a dor e o desespero o dominem. Uma maneira de lutar contra esses dissabores é permanecer alerta para aquilo que vem à tona quando a vida parece querer jogá-lo para baixo.
Conheci a fotógrafa Glenis Siverson, no set de filmagem de The Butterfly Circus. Embora more em Orlando, ela tinha vindo para a Califórnia seus amigos - Joshua e Rebecca Wegel - para fotografar no set. Glenis é uma fotógrafa premiada e presta serviços sob encomenda para revistas, empresas, jornais e sites. Ela também é retratista e fotografa a natureza. Genes adora fotografia (é a sua paixão), mas durante mais de vinte anos ela trabalhou na área de recursos humanos de grandes empresas.
Na recessão perdeu seu emprego seguro e estável. O chute que Genes levou no traseiro serviu como o "empurrãozinho" de que ela precisava para se dedicar à sua paixão. Ela se tornou fotógrafa em tempo integral.
"Eu decidi: é agora ou nunca!", conta Genes.
História incrível, não é? Genes é um exemplo da vida real de alguém que pegou uma situação potencialmente negativa, e usou como oportunidade para criar uma vida melhor.
Maravilhoso! Extraordinário! Mas te mais. Genes, fotógrafa premiada, mal consegue enxergar. Ela é legalmente cega.
"Desde criança tenho visão debilitada. Uso óculos desde os cinco anos e com o tempo a minha visão foi só piorando. Até que, por volta de 1995, fui diagnosticada com doença da córnea. A córnea é malformada e degenera. Cheguei ao ponto de não enxergar mais com o olho esquerdo. Uma vez que tenho miopia severa, passei do ponto de fazer a cirurgia corretiva a lazer. Minha única opção era o transplante de córnea."
Em 2004 Genes se submeteu a essa cirurgia - seu médico disse que a operação corrigiria a visão do olho esquerdo sem a necessidade de usar óculos ou lentes de contato.
"Mas tudo que podia dar errado deu errado. Só faltou arrancarem meu olho! A operação piorou minha visão, também fiquei com glaucoma. Minha visão do olho esquerdo piorou e depois, sem relação com a cirurgia, tive uma hemorragia na retina do olho direito, que agora é cego."
Depois de ter sido demitida do emprego de vinte anos, de ter ficado cega por causa de uma cirurgia malfadada e de ter sofrido uma hemorragia na retina, Genes poderia simplesmente ter entregado os pontos e sucumbido ao desespero. E ninguém poderia culpá-la, já que era de se esperar que se tornasse uma pessoa ressentida e amargurada. Contudo, em vez disso, ela se sente grata pela oportunidade de poder voar cada vez mais alto e mais longe.
"Não penso em mim mesma como uma pessoa deficiente. Eu me vejo como uma pessoa eficiente e capaz, porque ter ficado quase cega fez de mim uma fotógrafa melhor."
Ela não consegue mais enxergar todos os detalhes, mas não julga que isso seja um empecilho. Sente-se grata porque agora é livre e não precisa ser obcecada por coisa ínfima.
"Antes de perder boa parte da visão, quando eu ia tirar um retrato, concentrava toda a atenção em um fio de cabelo, e em todos os ângulos do corpo da pessoa. Meu trabalho dava a sensação de rigidez porque eu pensava demais na composição. Mas agora o meu olhar é uma reação intuitiva: eu sinto, eu vejo e clico! Meu trabalho é mais instintivo e interajo muito mais com as pessoas e o ambiente."
Genes diz que suas fotografias agora são imperfeitas, mas mais artísticas, mais instigantes.
"Uma menina chegou a chorar ao ver as imagens que fiz dela porque eu a captei bem demais. Antes eu nunca tinha mexido tanto com as emoções de alguém."
Desde que perdeu boa parte da visão, Genes ganhou dez prêmios internacionais por seus retratos e fotografias paisagísticas. Uma de suas fotos foi escolhida entre 16 mil para uma exposição de apenas 111 trabalhos. Fotos dela já foram selecionadas para figurar em quatro
exposições do Centro de Fotografia Artística em Forth Colins, Colorado.
A cegueira de Genes jamais teria permitido que ela continuasse trabalhando na área de recursos humanos, mas muitos grandes artistas como Monet e Beethoven, prosperaram apesar das deficiências. Porque as usaram como oportunidades para as explorar sua arte de maneiras inovadoras e cheias de frescor.
Agradecida, Genes me disse que seu versículo favorito da Bíblia é: "Porque andamos pela fé e não pela visão." (1)
* Segunda carta aos Coríntios, Cap. 5-7.
"Esta literalmente é minha vida agora. Tive de fazer ajustes, é claro, e me preocupo e tenho medo de ficar totalmente cega. É bastante, bastante assustador. Não existe manual para isso."
Ela está trilhando um caminho novo. Mas em vez de ver isso como uma ruptura em sua vida, ela vê como um presente.
"Antes eu era muito controladora. Agora tento viver um dia de cada vez e aprecio cada momento. Também tento ser grata pelo fato de que tenho um teto sobre minha cabeça, estou viva e o sol está brilhando. E não me preocupo com o amanhã, porque nunca sabemos o que o amanhã vai trazer."
Genes é uma senhora incrível que abraça as oportunidades, não acha? Ela me inspira e espero que inspire você a procurar maneiras de caminhar na direção dos seus sonhos, escolhê-los com sabedoria e depois agir para realizá-los quando seu coração disser "é agora!".
As Regras Absurdas
Estávamos na metade de uma turnê por cinco cidades na Indonésia e na ocasião, a minha programação previa que eu falasse 35 vezes em nove dias. Eu devia estar morto de cansaço. Acontece que nessas viagens insanamente apertadas e cheias de compromissos, eu fico a 1000 por hora e não consigo desligar.
Nosso destino era Java e quando entramos no avião que nos levaria de Jacarta para Semarang, me senti invadido por uma súbita onda de energia. Cinco pessoas viajavam comigo, incluindo meu cuidador Vaughan, que era um cara grandalhão, forte, brincalhão,... Assim que embarcamos, as comissárias de bordo ficaram impressionadas com ele e não parávamos de fazer gracinhas.
Elas nos deixaram entrar primeiro porque eu tinha de descer da minha cadeira de rodas e andar pelo avião até minha poltrona. Quando cheguei ao meu lugar com Vaughan atrás de mim, de repente senti um impulso de fazer uma maluquice na qual eu vinha pensando fazia tempo.
- Vaughan, rápido! Antes que eu embarque mais alguém! Me levante que eu quero ver se caibo no compartimento de bagagens de mão.
A gente sempre falava em fazer isso e dias antes eu tinha pedido para o Vaughan me colocar dentro de uma caixa de metal, a fim de ver se caberia no compartimento superior de bagagens de mão.
Eu entrei fácil, por isso começaram a me chamar de "o rapaz de mão". O compartimento superior de bagagem era alto - eu não tinha certeza se alguém seria capaz de erguer meus 33 quilos -, mas Vaughan não teve problemas. Ele me levantou e delicadamente me ajeitou no compartimento, como se eu fosse uma bolsa Louis Vuitton e não um Vujicic.
- Beleza! Agora feche e vamos esperar os outros passageiros embarcarem.
Vaughan colocou um travesseiro debaixo da minha cabeça e fechou a porta do compartimento, deixando-me lá empoleirado acima das poltronas. As comissárias de bordo viram o que estávamos aprontando e caíram na gargalhada. Estávamos todos lutando para sufocar as risadas, por isso eu não sabia se a pegadinha daria certo.
Mas os outros passageiros vieram subindo a rampa sem saber do "clandestino" alojado no compartimento de bagagens.
Minha equipe e os comissários mal conseguiram se conter quando um senhor idoso esticou o braço para guardar a mala no compartimento. Ele abriu a porta e deu um pulo tão violento que quase saiu peço teto do avião. Enfiei a cabeça para fora e disse:
- Eu não acredito que o senhor nem se deu ao trabalho de bater!
Por sorte era um sujeito de bom coração e todos deram boas risadas. Depois, enquanto eu ainda estava empoleirado no compartimento, tive de posar para centenas de fotos com ele, as comissárias de bordo e outros passageiros.
É claro que Vaughan ameaçou me deixar guardado lá, alertando que alguns itens podem sacudir durante o voo.
Loucura Boa
Nos primeiros 10 capítulos deste livro ofereci a você incentivo e orientação sobre encontrar seu propósito, ter esperança, acreditar em si mesmo, manter uma atitude positiva, agir com coragem, dominar a mudança, iniciar relacionamentos profícuos e agarrar as oportunidades que o levem para mais perto dos seus sonhos. Agora quero que você enlouqueça um pouco, como eu!
Estou sendo ridículo, é claro. Para falar a verdade, é exatamente isso que quero que você seja também. Sou o criador das regras ridículas, que determinam que todo ser vivo do planeta deve se comprometer a fazer algo ridículo, pelo menos uma vez por dia. Seja por se arriscar a parecer ridículo, por perseguir um sonho ou simplesmente por se divertir à beça.
Minhas regras ridículas se originaram de uma de minhas citações favoritas: imperfeição é beleza; loucura é genialidade. E é melhor ser ridículo do que ser absolutamente chato!
Bom, a autora dessa frase não é exatamente um dos meus exemplos de vida, ou modelos de comportamento, mas acho que a falecida atriz Marilyn Monroe acertou em cheio quando disse isso. Naturalmente eu concordo que a imperfeição é beleza (por que não?); tampouco, se pode colocar em debate a máxima de que a loucura é genialidade, no sentido de que qualquer um que se disponha a correr riscos está fadado a ser considerado louco por alguns e gênio por outros. E sim, acho que é melhor ser absolutamente ridículo do que ser absolutamente chato.
Você pode dominar completamente todas as lições deste livro, mas se não estiver disposto a correr riscos, você é chamado de louco por aqueles que colocarem em cheque a sua genialidade... então é provável que jamais conquiste tudo aquilo que sonha em conquistar.
Para o seu próprio bem e do planeta, por favor, ouse também ser brincalhão. Não se esqueça de rir de si mesmo de vez em quando para curtir a jornada. Assim como todo mundo, também tenho culpa no cartório no que diz respeito a levar um estilo de vida sobrecarregado de trabalho e sem muita diversão.
Eu estava determinado a me tornar um bem-sucedido evangelizador e palestrante motivacional. Para aperfeiçoar minhas habilidades retóricas, caí na estrada aceitando todos os convites que apareciam. Depois de oito anos vertiginosos de viagens, sermões e palestras incessantes, fiquei mais seletivo. Preciso de mais equilíbrio!
Temos enorme facilidade para cair na armadilha da mentalidade do "um dia". Um dia terei todo dinheiro de que preciso para curtir a vida! Um dia, vou passar mais tempo com a minha família! Um dia terei tempo para relaxar e fazer o que eu gosto de fazer. Com as regras ridículas, eu o encorajo a aproveitar sua liberdade de fazer uma farra em das frentes.
A regra ridícula número 1 é estar disposto a passar por cima dos céticos e de gente que só sabe duvidar e dizer não. Dê a si mesmo um voto de confiança e se arrisque a dar um salto no escuro - movido pela fé – para viver seus sonhos. Alguns podem dizer que você está sendo ridículo, mas a sua resposta pode ser: "ora, sim, eu sou!" Fazer o que você ama pode parecer ridículo para as pessoas que não compartilham do seu sonho ou da sua paixão. Não deixe que o ridículo impeça você de alcançar seu sonho; ao contrário: use-o para subir até o topo.
A regra ridícula número 2 é se divertir absurdamente. Reserve tempo para curtir a vida e seus entes queridos (ria, ame, se divirta muito!) para que outras pessoas dividam com você a sua alegria. Se você acha que a vida é séria, imagine a morte. Nesta vida abençoada, seja tão sério quanto precise ser, mas também aproveite as oportunidades e seja o mais brincalhão possível.
Risco ridículo
Helen Keller, que perdeu a visão e a audição ainda na infância – mas mesmo assim se tornou uma renomada escritora e ativista social -, disse que não existe vida segura. A vida é, ou uma aventura audaciosa, ou não é nada. A segurança geralmente é uma superstição, ela não existe na natureza. Portanto o risco não é parte da vida: ele é a vida.
O lugar entre a sua zona de conforto e o seu sonho é aonde a vida acontece. É uma zona de alta ansiedade, mas também é aonde você descobre quem você é.
Karl Val lenda, o patriarca da lendária família de equilibristas, acertou na mosca quando disse: “Estar em cima da corda bamba é viver. Todo o resto é esperar. Todo paraquedista praticante de para-pente, filhote de passarinho, sabe que a primeira caminhada até a beira do precipício é assustadora, mas eles precisam ir até lá para se quiserem voar.
Encare os fatos. Todos os dias podem ser o seu último. Portanto, até mesmo levantar-se da cama pode ser um lance de dados. Você não pode ser um vencedor a menos que esteja disposto a encarar a derrota! Não é possível sequer ficar em pé sem correr o risco de cair.
Minha vida cotidiana é um lance de dados desde que nasci. Desde sempre, pairaram muitas dúvidas sobre a minha capacidade de me sustentar ou de cuidar de mim mesmo. Os meus pais tiveram uma dose dupla de problemas, porque seu filho sem braços era também um cara interessado em adrenalina. Eu vivia me colocando em perigo, porque não conseguia suportar a ideia de ficar sentado num canto.
Eu andava de esquete, jogava futebol, nadava, surfava... Lançava meu pobre corpinho de um lado para o outro feito um míssil. Era ridículo!
Mergulhando de cabeça
No outono de 2009, experimentei algo que me disseram que era perigoso demais para mim: mergulhei de scuba no oceano. Como você pode imaginar, eu me diverti à beça. Era como voar, mas com aterrissagens mais suaves.
Eu já tinha tentado mergulhar de scuba três anos antes, mas na ocasião o instrutor só me deixou nadar com uma piscina em equipamento. Acho que ele estava mais preocupado com o seguro dele do que com a minha segurança. Tinha medo de explicar como é que um cara esquisito chamado Nick fora levado por um tubarão por alguém, à procura exata de uma mordida.
E dessa vez o meu instrutor –Felipe -, tinha uma mente mais aberta e era mais compreensivo. Ele é instrutor de mergulho em uma ilhota na Colômbia, na América do Sul.
Eu tinha sido convidado a dar uma palestra lá pelos donos do famoso resort Puntafaro, na pequena Ilha Mocura, um parque nacional ao largo da costa de Cartagena. A única pergunta de Felipe foi:
- Você já sabe nadar?
Assim que provei meu “valor aquático”, Felipe me deu um rápido curso de scuba. Combinamos uma linguagem de sinais para que eu pudesse me comunicar com ele debaixo d’água. Se eu mexesse os ombros e a cabeça, era porque eu precisava de ajuda.
Depois ele me levou para um teste perto da praia, onde treinamos um pouco. Testamos nossa comunicação por sinais e checamos o equipamento.
- Beleza. Acho que você está pronto para o recife! – ele concluiu.
Felipe me agarrou pela cintura e usando pés-de-pato, nadou comigo até um recife rodeado por um deslumbrante arco—ires de vida marinha. Depois ele me soltou, ficou flutuando acima de mim enquanto eu explorava o recife. Teve de me ajudar uma única vez quando uma moréia de 1,5 metro surgiu de uma fissura do coral.
Eu tinha lido que essas enguias carnívoras têm dentes pontiagudos cobertos de bactérias. Então fiz sinal para que Felipe me rebocasse para uma parte mais amigável do recife. Eu não queria virar sushi de Nick! A experiência abriu meus olhos para um mundo inteiramente novo.
Talvez você se pergunte se valia a pena correr aquele risco ridículo. Sem dúvida que sim! Sair da sua zona de conforto abre a possibilidade de ampliar os horizontes e crescer.
Certamente deve haver uma coisa ousada, que você sempre quis fazer. Eu encorajo você a fazê-la agora! Sonde o terreno e leve a sua vida a um novo patamar, mesmo que seja debaixo d’água. Nade com os golfinhos, voe alto com as águias, escale uma montanha, explore uma caverna, seja ridículo como o Nick!
Agora existe uma diferença entre os riscos ridículos e os estúpidos. Os riscos estúpidos são simplesmente doidos demais e não merecem nem ser cogitados. Você jamais deve se arriscar em alguma situação na qual tenha mais a perder do que a ganhar.
O risco ridículo, contudo, é aproveitar uma oportunidade que parece mais louca do que realmente é. Porque:
Tipos de Riscos
Aprendi sobre mitigação de riscos em minhas aulas de planejamento financeiro e administração, na universidade. Tanto no mundo dos negócios como na vida, geralmente é consenso que é impossível evitar completamente os riscos, mas é possível controlar ou minimizar os perigos medindo a profundidade do lamaçal, antes de se chafurdar nele, qualquer que seja o tipo de lamaçal em que você estiver entrando.
Existem dois tipos de riscos na vida: o perigo de tentar e o perigo de não tentar; ou seja, sempre há riscos. Por mais que você tente evitá-los e por mais que queira se proteger.
Digamos que você esteja interessado em sair com uma garota. É arriscado simplesmente telefonar para ela e convidá-la. Talvez ouça um “não”. Mas e se você não tentar? Afinal, pode ser que aquela garota maravilhosa diga “sim”!
Lembre-se de que virtualmente você tem 0 chances de viver feliz para sempre, a menos que se arrisque a. Dê a cara a tapa! Não vale a pena tentar, camarada?
De vez em quando, você vai perder, vai fracassar, É arriscado simplesmente telefonas a glória está em se levantar de novo, tantas vezes quanto forem necessárias, até conseguir o que almeja.
Para viver, você deve estar disposto a ampliar seus horizontes. Para viver bem, deve aprender a controlar suas desvantagens, dificuldades e forças em sentido contrário, conhecendo os altos e baixos antes de agir.
Não dá para controlar tudo que acontece com você e, ao mesmo tempo, ao seu redor. Por isso concentre-se naquilo que é possível controlar. Avalie cada possibilidade e depois, tome uma decisão.
Às vezes, seu coração e sua intuição vão lhe dizer para aproveitar uma oportunidade, mesmo quando as chances de sucesso parecem mínimas. Talvez você fracasse, talvez vença. Mas duvido que um dia você olhe para trás arrependido por não ter tentado.
Considero-me um empresário tanto quanto me vejo como um palestrante e evangelizador. Ao longo dos anos tive várias empresas e empreendimentos mobiliários. Já li muitos livros sobre empresários, e sempre há um capítulo ou seção dedicada aos riscos. Apesar da imagem que os empreendedores têm de pessoas ousadas, os empresários bem-sucedidos não são muito bons em assumir riscos. São bons em controlar e minimizar riscos, e depois dar um passo adiante, mesmo sabendo que a possibilidade de risco continua presente.
Minhas regras ridículas
Para ajudar você a lidar com os riscos que vai ter de enfrentar na vida, elaborei as regras ridículas do Nick para gerenciamento de riscos. Leie por sua própria conta e... bom, você já sabe!
Número 1: Sonde o terreno
Um antigo provérbio africano diz que “ninguém verifica a profundidade de um rio com os dois pés”. Se você cogita em iniciar a ideia de um novo relacionamento, uma mudança para outra cidade, um emprego novo ou uma nova cor para as paredes da sala de estar, faça primeiro um teste antes da grande mudança. Não se apresse nem faça nada precipitado sem antes ter uma boa noção de onde está se metendo.
Isso não quer dizer que você jamais deva tentar novas experiências, ou conhecer pessoas novas. Simplesmente significa que você pode diminuir as dificuldades ou probabilidades contrárias, fazendo o dever de casa. Assim que julgar que já avaliou bem todos os aspectos de uma oportunidade, já sacou todos os prós e contras aí sim, tem confiança para dar o salto. Mesmo que você não saiba tudo, tente saber o que não sabe, e isso, às vezes, é mais do que suficiente.
Muitas vezes você pode aumentar absurdamente suas chances de sucesso, simplesmente por aguardar a hora certa de agir. De nada adianta abrir uma sorveteria no auge do rigor do inverno, certo?
A primeira oferta que recebi para entrar no ramo do cinema não era para mim, mas poucos meses depois surgiu o papel perfeito para mim e a ocasião era oportuna.
Às vezes,a paciência pode dar bons frutos. Não tenha medo de parar para pensar. Quando estiver com dúvidas sobre alguma situação ou proposta, anote antes de dormir e na manhã seguinte leia a anotação. É incrível como da noite para o dia, as coisas parecem diferentes.
Já fiz isso muitas vezes. Leve sempre em conta a questão do momento certo, e antes de encaminhar na direção do precipício da oportunidade, pergunte=-se se não é melhor esperar por um momento mais adequado no futuro.
Às vezes corremos riscos maiores que o necessário porque estamos absolutamente convencidos de que devemos fazer determinada coisa imediatamente. Se você se flagrar caminhando Às cegas num terreno traiçoeiro ou complicado, recue alguns passos. Ligue para um amigo ou mentor de confiança e peça ajuda para avaliar a situação, porque suas emoções podem estar sobrepujando seu bom senso.
Recorro sempre ao meu tio Batta e ao meu pai na Austrália. É sinal de sabedoria ouvir opiniões. Se há muita coisa em jogo, você não precisa ser o cavaleiro solitário.
Sempre há (repito sempre!) conseqüências para as nossas ações, especialmente aquelas que são mais inovadoras, que abrem novos caminhos, ampliam os horizontes e forçam os limites. É impossível prever todas as repercussões e antever todos os desdobramentos. Então, o melhor a fazer é levar em consideração todos os ângulos e se preparar para o inesperado.
Quando elaboro um plano de negócios, superestimo os custos e subestimo os lucros, para criar uma margem de segurança caso o negócio não evolua tanto quanto eu espero. Se der tudo certo, nunca faz mal ter um dinheiro extra.
Nem tente dizer que, enquanto esperava sua mala no aeroporto, você nunca pensou na ideia de dar uma voltinha na esteira de bagagens, a fim de ver de perto onde é a “bagagenlândia”, para onde viajam nossas malas. É claro que eu, sendo ridículo, fiz isso.
Estávamos na África, me uma turnê de palestras, quando chegamos ao aeroporto. Fiquei entediado ao esperar pela nossa bagagem, então anunciei ao meu cuidador, Kyle, que iria subir na esteira.
Ele me olhou e perguntou:
- Cara, você enlouqueceu de vez?
Mas Kyle obedeceu. Ele me ergueu e me pousou ao lado de uma enorme mala Sansonite. E lá fui eu, com o resto das malas e sacolas! Passei na esteira por todo o terminal, fazendo pose de estátua, usando óculos escuros e suscitando olhares de espanto: dedos apontados, risadas nervosas dos outros viajantes, que não sabia ao certo se eu era: uma pessoa real b. a mala mais linda do mundo.
Por fim passei por uma portinhola que levava ao setor de bagagens, onde fui saudado pelos carregadores africanos que sorriram ao ver aquele australiano maluco.
– Deus te abençoe! – ele me disseram, incentivando.
Os funcionários do aeroporto entenderam que às vezes, até mesmo os adultos precisam fazer coisas como andar numa esteira de bagagens.
As crianças não desperdiçam a juventude. Elas curtem cada minuto. Você e eu devemos fazer tudo que pudermos para manter viva a alegria da juventude. Se qual sua vida anda muito imprevisível, não fique nervoso. Volte as suas atenções para aquilo que deixa a sua vida feliz. Pule em uma cama elástica, ande a cavalo, dê um tempo na vida adulta.
Eu incentivo você a usar ao máximo cada segundo. De vez em quando, relaxe e faça alguma coisa só por diversão. Viva da mesma maneira, em uma vigorosa busca de todas as maravilhas que Deus nos deu no mundo. Viver de maneira absurdamente feliz é viver na convergência da esperança e possibilidade, aceitando o propósito de Deus e seu plano.
A segunda parte das regras ridículas então, é se divertir absurdamente: desafiar as expectativas e exceder os limites. O negócio é curtir a viagem, apreciar as bênçãos e fazer de tudo não apenas para viver, mas para curtir a vida ao máximo.
Em meus sermões e palestras, sempre me posiciono bem na extremidade da minha plataforma e me balanço, como se estivesse prestes a cair, e sempre digo Às platéias que viver no limite não é tão ruim se você tiver fé em si mesmo e em seu criador. Isso não é conversa fiada! Eu forço meus limites em todos os aspectos da minha vida tanto no trabalho quanto no lazer.
As sensações mais ridiculamente boas acontecem comigo quanto o trabalho e a diversão se tornam uma única coisa. Eu encorajo você a buscar essa sensação também.
Dublê
Quando aceitei meu primeiro papel no cinema, no filme The Butterfly Circus, não sabia que teria de fazer todas as minhas cenas perigosas. Mas quem melhor do que eu mesmo para ser meu próprio dublê? Afinal, no mundo não existem muitos dublês sem braços e sem pernas, procurando trabalho.
Eu topava tudo, era pau para toda obra! Se meu conterrâneo Russell Crowly pode filmar todas as suas cenas perigosas, por que eu também não faria isso?
Tudo bem! Só que Russell Crowly jamais foi arremessado no ar feito uma bola de vôlei por George, o fortão. O verdadeiro dublê e autor Matt Almey interpretou esse parrudo personagem, em The Butterfly Circus.
Em uma cena do Filme, Matt interpretando George, me joga em uma pequena lagoa. Matt estava nervoso na hora de rodar a cena (eu é que devia ter ficado nervoso!)
Filmamos em uma lagoa natural, às margens de um riacho, nas montanhas San Gabriel, parte alta do deserto da Califórnia. A água estava gelada e isso não era o pior> na cena que filmamos, eu caí acidentalmente na lagoa e todos ficaram com medo de que me afogasse. Mas eu vim à tona, exibi minhas habilidades de nadador.
George, o fortão, ficava tão emocionado ao me ver vivo que me agarrava e na sua empolgação quase me afogava. Matt estava com medo de me machucar ao me jogar longe demais ou com muita força.
Nas primeiras tomadas ele estava um pouco tímido porque a água tinha 1,5 metro de profundidade.
O diretor Joshua Ágil pediu que ele me jogasse com mais força e voei dos braços de Matt como um torpedo.
Com medo de bater no fundo, arqueei as costas, o que me salvou, e dessa vez não houve encenação quando saí da água. Todos no set ficaram felizes de verdade quando voltei à tona, especialmente Matt.
Ainda mais arriscadas, porém, foram minhas cenas de salto do trampolim, em que eu tinha de ser içado a uma altura equivalente a três andares, por equipamentos diante de uma tela verde. Ficar pendurado no set por algumas correias me propiciou momentos de pavor.
Obviamente os riscos da filmagem eram atenuados pela presença de dublês profissionais, que cuidavam das redes de segurança e das cordas para que mesmo as partes mais assustadoras fossem divertidas.
A verdade é que correr riscos físicos moderados de vez em quando, seja escalar uma montanha, surfar ou andar de snowboard, pode acionar sua adrenalina e fazer com que você se sinta mais vivo. Crianças e adultos incorporam o risco às suas formas favoritas de diversão, mesmo que seja apenas para correr o risco de parecerem ridículos, enquanto liberam a criança de oito anos que existe dentro deles.
Brincando para sempre
O doutor Stewart Brown, psiquiatra e fundador do National Institute for Play (Instituto Nacional para Brincadeiras), diz que somos programados para brincar e que negligenciar esses impulsos brincalhões pode ser tão perigoso quanto não dormir. Ele estudou condenados no corredor da morte e assassinos serial, e constatou que quase todos eles tiveram uma infância com a ausência de padrões de brincadeiras. Ele afirma que o contrário de diversão não é trabalho e sim, depressão, e que a diversão pode muito bem ser considerada uma ferramenta de sobrevivência.
Brincadeiras arriscadas que envolvem disputa física ajudam crianças e adultos a desenvolver suas habilidades sociais, cognitivas ,emocionais e físicas, De acordo com o Dr. Brown, que acredita que devemos inclusive tentar amalgamar trabalho e diversão em vez de reservar tempo específico para a recreação.
Conheci homens que passaram a juventude inteira em busca de reconhecimento e riqueza, e que em seus últimos anos de vida, perceberam que chegaram ao fim de uma jornada da qual não tinham gostado.
Não permita que isso aconteça com você. Faça o que tiver de fazer para sobreviver, mas sempre que possível, faça também o que você ama.
É assustador ver que podemos ser tão enredados pela rotina do dia-a-dia – e pela luta – para ganhar a vida, que acabamos negligenciando nossa qualidade de vida. O equilíbrio não é algo que se alcança um dia! Não se esqueça de se divertir à beça, curtindo atividades e passa-tempos, que o absorvam tanto que você até acaba perdendo a noção de tempo e espaço.
Estudos demonstram que ficar no mundo da lua, ou totalmente absorto ou envolvido em uma atividade favorita – seja jogar banco imobiliário, a pintar uma paisagem, a correr uma maratona – talvez chega o mais perto que a gente consiga chegar da verdadeira felicidade. Eu fico nesse estado de viagem toda vez que vou pescar, que é meu passa-tempo favorito.
Meus pais me levaram para pescar pela primeira vez quando eu tinha apenas 6 anos de idade .Minha mãe me deu uma linha com pedacinhos de milho como isca, atirou a linha na água e eu fiquei segurando o anzol com os dedos do meu pezinho. Eu era um pescador do tipo durão, imaginei que podia vencer os peixes pelo cansaço. Mais cedo ou mais tarde, eles teriam de dar uma mordida no milho, porque eu não iria embora sem antes fisgar um peixão.
Minha estratégia funcionou. Um peixe de 60 centímetros finalmente mordeu o floquinho de milho, provavelmente porque já estava cansado de ver a minha sombra pairando sobre a água. Quando o monstro agarrou minha isca e tentou fugir, puxou a linha entre meus dedos do pé, o que doeu muito.
Em vez de deixar o peixe escapar, fiz uma manobra engenhosa. Eu me sentei encima – o que fez meu traseiro da linha queimar – quando o peixe tentou fugir.
- Peguei um peixe! Ai minha bunda! Ta doendo! Mas... peguei um peixe! – anunciei aos berros.
Meus pais e meus primos vieram me ajudar a puxar o peixe que era quase do meu tamanho. Era o maior peixe do dia e toda aquela dor valera a pena. Depois desse dia fiquei eternamente fisgado pelo hábito de pescar.
Atualmente não uso mais uma varinha de pescar, aprendi a usar o molinete, e por isso não sofro mais queimaduras no traseiro. Se um peixe morde a isca, sou suficientemente forte para prender a carretilha entre meu ombro e o queixo e arremesso minha linha entre os dentes e soltando no momento certo. Sim, é verdade, eu sei pescar e passar fio-dental ao mesmo tempo!
Inclinações musicais
Se você acha que pescar é um exagero de passa-tempo para mim, pense em como as pessoas reagem quando digo que fui não apenas baterista na banda da minha escola, mas maestro também. É verdade! Desde muito criança, dominei a rara arte musical da percussão religiosa.
Todo domingo na igreja, tocava vários hinos religiosos. Ditava o ritmo dos hinários com os meus pés e no coral da igreja cantava. Venho de uma longa linhagem de entusiasmados bateristas, incluindo meu tio Ayan Pasula, que foi o primeiro baterista da banda da igreja.
Eu tinha uma habilidade tão natural e evidente para manter uma batida, que alguns tios e seus amigos paroquianos fizeram uma vaquinha para me presentear, com uma bateria eletrônica Rolland. Essa maravilha amplificada me transformou numa orquestra PERCUSSIVA DE UM HOMEM SÓ. Comecei apenas com um tambor e um bumbo, e depois progredi e incorporei os pratos.
O pianista, o organista e os percussionistas se juntavam para tocar comigo e faziam com que me sentisse parte da banda. Ainda toco uma versão mais moderna da bateria, que incrementei com o programa Mc Keys, em que posso usar sintetizador e tocar guitarra eletronicamente.
A música é um bálsamo na minha alma. Seja ouvindo ou tocando, posso ficar horas e horas viajando, absorvido em ondas sonoras. Meu amor pela música foi estimulado por grupos e bandas de jazz no ensino médio. Talvez o grande momento da minha vida tenha sido quando literalmente carreguei nos ombros a orquestra da escola.
Aí está uma tarefa que você jamais esperaria e que pudesse dar conta! Ridículo, certo? Bom, acontece que o nosso professor de música estava com problemas de saúde e não podia conduzir os ensaios. Então eu me ofereci para ser o maestro da nossa orquestra de 60 músicos.
Eu já sabia todas as músicas que tocávamos. Então fui para a frente do grupo de estudantes e regi mexendo os ombros. E me arrisco a dizer que naquele dia, tocamos ridiculamente bem.
Uma conclusão ridícula
Não temos a menor ideia do que Deus planejou para nós, a cada dia, mês, ano... Mas cada um de nós tem a capacidade de acrescentar à vida o próprio toque. De buscar nosso propósito, nossa paixão, nossas alegrias, nossos prazeres, com o abandono inconseqüente e entusiasmo ridículo.
Só neste capítulo relatei minhas aventuras como bagagem de mão dentro de um avião, piloto de esteira de aeroporto, mergulhador de scuba, dublê, pescador, baterista, maestro... Minha pergunta agora é: se eu, que sou imperfeito, posso me divertir tão absurdamente, forçar os limites e curtir a vida com tanta plenitude, e você?
Viva para glorificar a Deus. Não desperdice um pingo de energia do ser único que você é. Ouse ser ridículo e ser absurdamente feliz.
Faça da generosidade a sua Missão
Quando eu tinha 20 anos, decidi rumar para a África do Sul, para uma turnê de palestras e sermões de duas semanas, agendada por alguém que eu nunca tinha visto na vida.
Meu pai e minha mãe não ficaram muito empolgados com a ideia, pois estavam preocupados com a minha segurança e a minha saúde além dos custos envolvidos. Você consegue imaginar isso?
John Pingo tinha assistido a um dos primeiros vídeos e tomou como missão pessoal me convencer a visitar seu país, a fim de falar para as pessoas mais necessitadas das regiões mais pobres do lugar. Por meio de sua rede de igrejas Doxa Dell, ele mesmo marcou uma série de eventos e encontros para mim em diversas congregações, escolas e orfanatos.
John me escreveu uma série de cartas, telefonou, mandou e-mails, implorando que eu fosse ao seu país. Sua persistência e entusiasmo mexeram comigo.
Quando eu era criança e adolescente, às vezes me sentia atormentado por dúvidas acerca da minha situação e do meu futuro. A única ação, além de rezar, que parecia me trazer algum alívio, era fazer algo por outras pessoas. Quanto mais eu me concentrava em minhas próprias dificuldades, por eu me sentia. Mas quando me mudei de foco para ajudar a aliviar as necessidades de outras pessoas, meu espírito se fortaleceu e isso me ajudou a entender que ninguém sofre sozinho.
Se você tem muito pouco a oferecer, lembre-se de que pequenos gestos de bondade podem ser tão poderosos quanto grandes doações. Se você fizer a diferença na vida de uma única pessoa que seja, já prestará um grande serviço, porque a simples bondade pode iniciar uma reação em cadeia de ações semelhantes. E o resultado é que seu esforço inicial será amplificado muitas vezes.
Quantas vezes fizeram alguma coisa boa para você e depois, movido pela gratidão, você não foi lá e fez algo bom para outra pessoa? Acredito que faz parte da nossa natureza dada por Deus reagir dessa maneira.
Em capítulos anteriores mencionei como um simples comentário de uma menina da minha escola me encheu de confiança em um momento crítico da minha vida. Quando eu me senti inútil e indesejado, ela me deu um impulso que me fez pensar que eu talvez tivesse algo a oferecer e agora procuro propiciar inspiração para as pessoas mais necessitadas de todas as partes do mundo, espalhando a palavra de Deus. O simples gesto de bondade daquela menina foi amplificado muitas e muitas vezes.
Então, se você disser que faria mais se tivesse mais, eu o encorajo a simplesmente fazer o que puder, todos os dias. O dinheiro não é a única contribuição que você pode dar. Use o dom que Deus lhe deu – qualquer que seja ele – pára beneficiar outras pessoas.
Se você é bom em carpintaria ou em outras artes manuais, ofereça seu talento na sua igreja, para as vítimas de desastres no Haiti e outros lugares carentes. Se você sabe costurar ou cantar, se é bom em contabilidade ou em concerto de carros... Há centenas de maneiras de multiplicar seus talentos.
Recentemente um aluno do ensino médio de Hong Kong enviou um e-mail para o meu website, em que todos nós podemos fazer a diferença: não importa se somos velhos, ricos ou pobres.
“Tenho uma vida bastante afortunada, mas ainda assim, de vez em quando, há momentos em que me sinto inútil e apavorado. Eu estava com medo de ir para a escola do ensino médio por causa das histórias que ouvi, sobre como os alunos mais velhos poderiam me tratar. Então, no meu primeiro dia de aula, eu me juntei aos outros estudantes da turma de humanidades em ação, em que um ótimo professor nos ensinou a ver nosso grupo, não mais como uma classe, mas como uma família.
Com o tempo aprendemos muitas coisas. Fomos apresentados a grupos de outras partes do mundo, tais como o genocídio de 1994, em Ruanda, e o atual genocídio em Darfur, Sudão. Minha classe e eu começamos a sentir algo que jamais tínhamos sentido antes: paixão. A paixão para entender o que estava acontecendo com o povo de Darfur.
Embora as pessoas não esperassem muito de uma sala de aula de crianças de 14 anos, encontramos uma maneira de mostrar ao mundo como podemos fazer a diferença. Criamos uma peça teatral em que mostramos às plateias o que acontecia em Darfur. Encontramos uma paixão que incendiou nossas almas e nosso espírito.
Graças a isso, pudemos fazer o inesperado e arrecadar dinheiro para enviar víveres ao povo de Darfur.”
São palavras sábias de uma pessoa tão jovem, Não são? A paixão por ajudar os outros talvez seja o maior dos dons que Deus pode conceder. Tenho certeza de que o povo de Darfur, que se beneficiou dos suprimentos, ficou grato por cada item recebido, grande ou pequeno.
O incrível poder de Deus se reflete no fato de que, se queremos fazer algo para os outros, nossa disponibilidade é rigorosamente tão importante quanto nossa capacidade. Deus opera por meio de nós quando estendemos a mão ao próximo. Assim que você se disponibiliza a fazer o bem, adivinhe de quem é a capacidade em que pode confiar?
Na de Deus! A Bíblia diz: “Posso todas as coisas em Cristo, que me fortalece.” (1)
Carta aos Filipenses, cap. 4-13.
Faça para os outros tudo aquilo que você quer para si mesmo. Se fizer dos pequenos atos de compaixão um hábito diário, vai se sentir fortalecido e liberto de suas próprias mágoas e decepções. E não espere se beneficiar do fato de ser generoso ou solícito com os outros, mas saiba que as boas ações resultam em recompensas gratificantes.
Sou um defensor da generosidade incondicional, porque ela honra a Deus e multiplica as bênçãos dele. Acredito que quando você faz coisas boas para os outros, as bênçãos voltam todas para você. Portanto, se você não tiver um amigo, seja amigo de alguém. Se estiver tendo um dia ruim, faça o dia de alguém ficar mais alegre.
É impossível calcular o tamanho da diferença que você pode fazer neste mundo, simplesmente por colocar em prática pequenos gestos de bondade e generosidade. Pequenas marolinhas podem gerar ondas enormes.
A colega de classe que me viu triste depois de ter sido alvo de zombaria e disse que eu estava bonito, não foi apenas um bálsamo para os meus sentimentos. Ela acendeu uma faísca que impulsionou minha carreira e a minha missão de ajudar as pessoas do mundo inteiro.
A Paixão por ajudar o próximo
Não se preocupe em medir o quanto você pode fazer para beneficiar os outros. Simplesmente estenda a mão e saiba que pequenos atos de bondade e generosidade se multiplicam e ganham mais força do que você imagina. Assim como o estudante de Hong Kong, fiquei cada vez mais apaixonado com a ideia de viajar para a África do Sul, e quanto mais eu pensava no assunto ouvia notícias de John Pingo.
Orei, pedindo orientação sobre aquela proposta de viagem de três semanas. Depois disso, senti que era um chamado e que eu tinha de ir. Eu queria oferecer inspiração sem limites, e a oportunidade me parecia um bom primeiro passo no sentido de conquistar um ministério global. Eu sabia muito pouco sobre a África do Sul e jamais tinha viajado para tão longe sem meus pais.
Meu pai tinha amigos que moravam lá e depois que falou com eles, ficou ainda mais hesitante. Os amigos relataram que lá, a criminalidade era um problema grave, e que os viajantes e turistas eram invariavelmente atacados, roubados e até assassinados.
- Não é um lugar seguro, Nick – disse meu pai. – Você nem conhece esse tal de John Pingo! Por que confiar nele para levá-lo a um país tão distante?
Minha mãe e meu pai tem pouquíssimos cabelos brancos – o que é surpreendente – levando em conta algumas das aventuras de rapaz obstinado e teimoso. Mas como todos os pais, têm uma atitude protetora em relação a mim. Por causa da minha deficiência física, eles julgavam que tinham mais razão ainda para se preocupar com a minha segurança. Mas sempre insisti em fazer as coisas do meu jeito e queria muito seguir a minha vocação e minha carreira de palestrante motivacional e evangelizador.
Quando aventei possibilidade da ida à África do Sul, a preocupação inicial dos oi com seu bem-estar e a estabilidade financeira. Eu tinha acabado de comprar a minha primeira casa e se, na opinião deles, eu devia estar pensando em pagar as minhas dívidas em vez de zanzar pelo mundo.
As preocupações dos meus pais aumentaram exponencialmente quando revelei que: 1. Quando chegasse à África do Sul eu pretendi doar para orfanatos mais de 20 mil dólares das minhas economias da vida inteira; e 2. Eu queria levar comigo meu irmão caçula.
Hoje quando olho para trás, me colocando no lugar dos meus pais e analisando a situação da perspectiva deles, posso reconhecer o quanto devem ter se preocupado. Mas eu estava determinado. A Bíblia diz: “Quem possuir bens deste mundo e vir o seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como pode estar nele o amor de Deus?” (2)
* Primeira carta de João, no cap. 3-17.
Eu queria praticar minha fé ajudando os outros. Embora eu tenha uma deficiência, eu me sentia eficiente e capaz, graças à minha fé, e sentia que era hora de servir ao meu propósito. Eu ainda precisava convencer meus pais de que estava seguro.
Meu irmão não estava muito entusiasmado com a ideia de ir comigo. Para dizer a verdade, inicialmente ele recusou por causa dos relatos de violência e argumentou:
- Não quero ser comido por um leão!
Insisti e tentei explicar a situação os leões. Eu tinha recrutado dois primos para me acompanhar e um teve de desistir. Então Aaron achou que era sua obrigação me ajudar na viagem.
Meus pais e eu oramos pedindo uma viagem sensacional e, por fim, deram sua bênção para me levar adiante a minha empreitada. Os dois ainda estavam preocupados, mas confiaram em Deus.
Servindo ao mundo
Quando chegamos à África do Sul, depois de um longo vôo, nosso anfitrião esperava no aeroporto, conforme o combinado. Mas por alguma razão, eu tinha imaginado que John Pingo era um cara mais velho (talvez não tão velho quanto os meus pais), mas pelo menos na casa dos trinta e poucos anos.Ele tinha 19 anos de idade, era um ano mais novo que eu.
Talvez não tenha sido uma boa ideia, pensei, quando nos conhecemos pessoalmente no aeroporto Felizmente John mostrou ser um homem maduro e capaz, que abriu seus olhos para mais pobreza e carência do que eu jamais havia testemunhado. Ele me contou que, ao assistir um dos meus vídeos, a minha vida o havia inspirado. Mas constatei que sua história era igualmente instigante e admirável e sua dedicação À fé me deixou enternecido.
John cresceu em uma fazenda de gado na república de Orange Free State, província da região meridional da África do Sul. Na pré-adolescência, ele tinha andado em más companhias, mas depois se tornara um cristão fervoroso e agora era dono de uma pequena empresa de caminhões. Ele era grato a Deus por ter ajudado sua vida e por abençoá-lo.
John estava tão determinado a me possibilitar uma oportunidade de levar minha mensagem de fé e inspiração aos quatro cantos de seu país, que tinha vendido o próprio carro de modo a arrecadar dinheiro para bancar nossa turnê de palestras e sermões por igrejas, escolas, orfanatos e presídios. Depois pegou emprestada a perua azul do tio para me levar até a Cidade do cabo, pretoria, Johanesburgo e todas as outras cidades no meio do caminho.
Era uma programação maluca e, em geral, dormíamos em geral de 4 a 5 horas por dia. Mas essa viagem me apresentou a pessoas, lugares,e coisas que mudaram a minha vida para sempre. Ela me ajudou ao perceber o que eu queria fazer pelo resto da vida: compartilhar minha mensagem de encorajamento e fé para o resto do mundo.
Aaron e eu pensávamos que já tínhamos visto muita coisa na Austrália e no curto período em que vivi na Califórnia. Mas nessa viagem percebemos que não passávamos de bebezinhos ingênuos. A ficha caiu de verdade quando deixamos o aeroporto e atravessamos Johanesburgo de carro.
Aaron olhou pela janela em um cruzamento e viu uma placa que o deixou aterrorizado: “Área de agarrar e pegar.” Aaron olhou para o nosso motorista e perguntou:
- O que significa essa placa?
- Ah, significa que nesta área vão quebrar os vidros do carro , pegar o que tiver dentro e sair correndo.
Trancamos as portas, começamos a olhar cautelosamente à nossa volta. Notamos que muita gente vivia em casa, cercados por muros de concreto, com cercas de arame farpado encima. Várias pessoas que conhecemos nos contaram histórias em que foram vítimas de roubo e assalto, mas no fim das contas, a África do Sul que encontramos não era tão mais perigosa do que outras regiões que há pobreza e criminalidade .
Para dizer a verdade, Aaron e eu nos apaixonamos pela África do Sul e seu povo. Apesar dos problemas no país, os sul-africanos são maravilhosos, cheios de esperança e alegrias a despeito das circunstâncias em que vivem. Jamais tínhamos visto tamanha pobreza e desespero, Tampouco aquele grau tão elevado de alegria inexplicável e de fé inabalável.
Os orfanatos eram ao mesmo tempo de entusiasmar os visitantes e de partir o coração. Visitamos um orfanato devotado a cuidar de crianças abandonadas, que tinham sido deixadas à própria sorte em latas de lixo e bancos de praça. A maioria estava doente e desnutrida, tanto que voltamos no dia seguinte para levarmos pizza , refrigerantes, brinquedos, bolas de futebol e outros presentinhos simples.
As crianças ficaram em êxtase! Mas vimos também crianças com chagas abertas por causa de bactérias comedoras de carne. Crianças e adultos morrendo de AIDS e famílias cujo cotidiano se resumia em procurar comida e água limpa para beber.
Da morte pairando sobre os seres humanos em agonia, sabendo que tudo que eu podia fazer era rezar para confortá-los, era uma experiência chocante que me abriu os olhos.Eu jamais tinha visto tamanha pobreza e sofrimento, era bem pior do que tudo que eu tinha enfrentado e, em comparação a tanta dor, a minha vida parecia um mar de rosas.
Eu me senti esmagado pelo peso de dois sentimentos conflitantes: a compaixão que me fazia querer partir para a ação e salvar todo mundo que pudesse, e a raiva diante da existência de tanto sofrimento e sua aparente irreversibilidade.
Nosso pai fala sempre de sua juventude na Sérvia, quando tinha apenas um pedaço de pão e um pouco de água com açúcar para comer no jantar. Seu pai – o meu avô – era barbeiro e tinha trabalhado em um salão do governo, mas quando se recusou a ingressar no Partido Comunista foi despedido. Para ele era difícil ter seu próprio salão por causa das constantes pressões dos comunistas. A família tinha de mudar uma ou duas vezes por ano para que o meu avô, que por causa de sua crença religiosa, era proibido de ter armas, não fosse convocado para o Exército.
Quando ele contraiu tuberculose e não podia mais trabalhar, minha avó teve de sustentar os seis filhos trabalhando como costureira.
As histórias das dificuldades da família do meu pai adquiriram novo significado quando testemunhei tão de perto, ao vivo e em cores, a pobreza e a fome na África do Sul. Agora eu tinha visto a angústia nos olhos de mães, agonizando, e eu tinha ouvido o choro de pequenos, cuja barriga vazia doía de tanta fome.
Visitamos favelas em que as pessoas se acotovelavam em barracos de lata, forrados de jornal e sem água corrente. Falei em um presídio onde os presos encheram a capela e o pátio contíguo. Ficamos sabendo que ainda vários deles aguardavam julgamento e que o único crime de alguns era dever dinheiro para algum manda-chuva que o mandara prendê-los.
Conhecemos um preso que tinha sido condenado há dez anos, porque devia 20 dólares. Nesse dia os presidiárias cantaram para nós e suas vozes encheram de extraordinária alegria aquele lugar tão desolado.
Fazendo a Diferença
Eu tinha ido à África do Sul como um jovem confiante, certo de que faria a diferença naquele vasto continente, mas foi a África do Sul que fez a diferença em mim. Quando você sair um pouco de si mesmo e deixar de lado as próprias preocupações e estender a mão para ajudar as outras pessoas, isso vai mudar você. Você vai ficar mais humilde e, mais do que nunca, você vai ficar com a sensação de que faz parte de algo muito maior do que você mesmo. E não apenas isso, também vai perceber que você pode fazer uma contribuição. Tudo que você faz para melhorar a vida de alguém enche sua vida de sentido e significado.
Depois de nossos primeiros dias na África do Sul, entendi porque John Pingo estava tão obstinado e ajudar a divulgar minha mensagem de esperança e fé em seu país. Eu tinha visto mais do que eu,. Eu tinha levado uma vida tão egocêntrica e egoísta. Eu era um menino exigente, sem braços e sem pernas, incapaz de conceber que alguém iria sofrer tanto quanto eu.
Desde essa minha viagem, nunca mais me senti igual dentro de um supermercado. Mesmo a abundância de comida na quitanda do meu bairro,está além da imaginação dos órfãos e favelados que conheci na África do Sul, Até hoje reflito sobre aquela viagem quando me sinto mimado dentro de um escritório com ar-condicionado , u quando me servem uma bebida gelada. Tais confortos simples são raridades naquela parte do mundo.
Aaron, que é professor de matemática e ciências no ensino médio da Austrália, até hoje fala que aquela viagem foi um choque de realidade.
Em alguns lugares que visitamos a tristeza foi enorme, mas muitas outras coisas nos deixaram maravilhados, e concordamos que foi a maior viagem da nossa vida.
Voltamos para casa nos perguntando as mesmas coisas o que podemos fazer para minimizar sofrimento dos outros? Qual é a melhor maneira de contribuir ?Como vou conseguir viver do mesmo jeito, sabendo que tanta gente sofre?
Você não precisa viajar para um lugar distante, para encontrar alguém necessitado . a verdade, nossa viagem para a África do Sul nos serviu para que tomássemos mais consciência das pessoas necessitadas da nossa própria comunidade e do nosso próprio país.
Você encontra facilmente lugares aos quais pode doar seu tempo, seus talentos e seu dinheiro: igrejas, locais, casas de repouso, cruz vermelha, exército da salvação, abrigos de sem-teto e sopões comunitários. Tudo que você puder compartilhar faz diferença, seja seu tempo, seu recurso ou sua rede de amigos e colegas de trabalho.
Aquela primeira viagem para a África do Sul me deixou tão empolgado com a ideia de dar o ponta-pé inicial da minha missão, que doei uma boa parte das minhas economias de 20 mil dólares. Enquanto estávamos lá, arrecadamos outros 20 mil, que doamos também.
Passamos dias inteiros, comprando presentes e comida para os órfãos e abastecendo os orfanatos de cobertores, livros e camas. Demos aos orfanatos televisores e aparelhos de DVD, graças a fundos doados por meia dúzia de instituições de caridade.
O valor de 20 mil dólares é uma soma considerável de dinheiro nas minhas finanças. Mas quando olho para trás, gostaria de ter podido dar mais. Ter afetado algumas vidas me proporcionou a maior sensação de realização que já senti.
Minha mãe não ficou muito feliz quando voltei zerado da África do Sul ,mas ela viu que a minha vida estava mais rica, de maneira incalculável.
Fabricando Milagres
Uma das cenas mais emocionantes e inesquecíveis da nossa viagem à África do Sul aconteceu quando fui falar em determinada igreja. Centenas de doentes desvalidos, alejados e moribundos tinham feito fila para buscar ali um milagre.
Normalmente faço algumas piadas sobre a minha falta de braços e pernas para deixar as pessoas à vontade, Nessa igreja ninguém riu, não estavam ali à procura de humor , estavam ali em busca de cura queriam milagres. Todas as noites a multidão de desgraçados, de muletas e cadeiras-de-rodas peregrinava nessa igreja na esperança de cura
Duas pessoas com AIDS tinham sido levadas no próprio colchão. Outros tinham caminhado por quatro ou cinco horas para chegar lá. Os fundos da igreja estavam abarrotados de muletas e cadeiras-de-rodas abandonadas por gente que tinha encontrado a cura.
Meu irmão e eu conversamos com um homem cuja perna e o pé tinham inchado tanto que estavam duas vezes maiores que o tamanho normal. Ele estava em agonia, mas mesmo assim tinha andado até a igreja para ser curado.
Todo mundo deseja o poder de curar os que sentem dor. Eu certamente cumpro minha parcela de orações pedindo um milagre, que me dessem braços e pernas, mas obviamente nunca fui atendido. E a maioria das pessoas que conhecemos na África do amais recebeu o seu milagre desejado. Mas isso não quer dizer que milagres não ocorram.
Um dia minha vida talvez venha a ser considerada um milagre, já que consegui me fazer ouvir por tanta platéias diferentes com palavras de fé e inspiração. O fato é que este australiano, se ascendência sérvia ,sem pernas e sem braços, recebeu convites de líderes governamentais da Costa Rica, Colômbia, China, Egito... para dar palestras e sermões é um grande milagre! Conversei com o Papa Shenouda III da Igreja Ortodoxa, Copta, e com o grande irmã xeque Mohammed Sayed Tamtawi, sem mencionar os líderes da igreja de Jesus Cristo dos santos dos últimos dias. Minha vida é testemunha de que não existem limites além do que impomos.a nós mesmos. Viver sem limites é saber que você tem sempre algo a dar, algo que pode aliviar o fardo dos outros.
Mesmo pequenos gestos de bondade e generosidade podem ter um impacto poderoso. Depois do terrível terremoto no Haiti em 2010, a Cruz Vermelha dos Estados Unidos rapidamente disponibilizou um serviço para que as pessoas ajudassem. Isso possibilitou doações individuais de 10 dólares por meio de uma mensagem de texto de celular. Era só digitar a palavra “Haiti” e enviar para o número 90999.
Bom, 10 dólares não parece muito, e digitar a mensagem não exigia muito esforço. Era um pequeno ato de caridade, mas se você foi um dos que participaram ,fez ais de 3 milhões de pessoas tinham feito doações de 10 dólares para o Haiti via celular. Como resultado, a Cruz Vermelha recebeu mais de 32 milhões de dólares para financiar seu esforço de reconstrução do país.
Faça o que você gosta para beneficiar os outros
Hoje a minha organização sem fins lucrativos,Wife Without Limits, ajuda a apoiar mais de dez diferentes instituições de caridade, incluindo a fundação Igreja Apostólica Cristã, que envia missionários pelo mundo e mantendo orfanatos e igrejas, incluindo a Mumbai Teen Challenge, que é o Desafio Adolescente de Mumbai, sobre o qual escrevi em capítulos anteriores deste livro.Também temos uma parceria com a Joni and Friends (Joni e Amigos) para doar cadeiras-de-roda reformadas para pessoas carentes.
Você pode pegar aquilo que mais gosta de fazer e usar isso para o benefício dos outros. Você joga tênis? Anda de bicicleta? Adora dançar? Transforme sua atividade favorita em filantropia . Organize um torneio de tênis para ajudar uma associação local, um passeio ciclístico para ajudar uma creche, uma maratona de dança para comprar roupas para crianças pobres.
Hillary Lister adora velejar. Aos 37 anos de idade decidiu tentar uma viagem sozinha em torno das Ilhas Britânicas. Ela planejou a viagem em benefício da sua instituição de caridade – a Hillary Dream’s Trust -, que ajuda adultos com deficiência a aaprender a velejar. Ela acredita que navegar a vela pode melhorar o ânimo e a confiança de pessoas com necessidades especiais.
A crença de Hillary no poder da cura da vela é baseada em sua experiência pessoal. Ela sofre de uma rara distrofia: doença que ataca o organismo paralisando o corpo progressivamente.
Hillary gozou de boa saúde até os 15 anos, estudou bioquímica no Jesus’ College,- Oxford – entre 1991 e 1995, quando perdeu o movimento das pernas. Depois, começou a fazer doutorado a universidade, mas suas condiçõs se deterioraram, levando-a a perder o uso dos braços, o que a impossibilitou de terminar o curso. Mas ela ganhou um diploma honorário da universidade.
Ela navega em um barco customizado com um sistema de controle Sugar-Soprar com três canudos que operam os controles. Um canudo controla o leme, ao passo que os outros ajudam a pilotar. Ela se tornou a primeira mulher tetraplégica a velejar sozinha em torno das Ilhas Britânicas.
Uma pessoa de cada vez
Dois anos depois de nossa extraordinária experiência nà África do Sul, recebi um convite para falar na Indonésia
Uma Pessoa de Cada Vez
Dois anos depois de nossa extarordinária experiência na África do Sul, recebi um convite para falar na Indonésia. O convite veio por meio de um e-mail enviado por um cavalheiro de Peth, cujo apelido era Han-Han, um descendente de chineses e pastor de um grupo de igrejas indonésias na Austrália. Ao receber seu e-mail, liguei para Han-Han e passamos horas ao telefone discutindo sua proposta.
Ele disse que meu ministério era conhecido na Indonésia por causa dos meus DVDs e vídeos na Internet. Ele se ofereceu para agendar uma série de palestras para platéias de milhares de pessoas para cada fim de semana.
Meus pais e eu oramos, pedindo uma luz sobre essa proposta, e eles concordaram que eu deveria ir e me deram suas bênçãos. Nunca me canso de ver novas partes do mundo e de conhecer gente diferente, experimentar sua cultura e sua culinária. Han-Han tinha programado um cronograma apertado e comecei a me preocupar com o excesso de compromissos, especialmente quando descobri que o cuidador designado para mim não falava inglês.
A barreira da linguagem se tornou um problemão para mim quando contraí um vírus do sistema digestivo. A incapacidade do meu cuidador de me entender e minha falta de dedos e mãos para fazer gestos e sinais resultou em situações frustrantes.
Meus solícitos anfitriões tiveram a gentileza de dar uma festa para comemorar meu aniversário de 23 anos, mas meu estômago e eu não estávamos em clima de festejos. Eu sentia tanta dor que, a certa altura, pedi a ajuda de Deus. Imaginei Jesus na cruz e minha dor diminuiu. Então agradeci a Deus e curti o resto da festa. NO dia seguinte recebi cuidados médicos e minha saúde melhorou radicalmente, antes do meu retorno à Austrália.
Anos depois, Han-Han me convidou para voltar À Indonésia, para outra série de palestras e sermões. Dessa vez levei meu próprio cuidador e bebi água de garrafa sem gelo. O empresário indonésio que conhecemos como Pachel Croal, realizou eventos em estádios em que falei para quase 40 mil pessoas em cinco cidades, inclusive com transmissão pela televisão.
Em uma manhã de domingo depois de pregar em uma igreja, fizemos uma pausa, já que eu tinha três eventos a cumprir naquela tarde. Estava cansado e faminto, mas decidi matar a fome primeiro. Encontramos um restaurante de comida chinesa ali perto. Um grupo de autoridades locais e patrocinadores da turnê nos acompanhou.
Entramos com meu cuidador, Vogan, Me carregando.
O restaurante não era chique – chão de cimento com mesas e cadeiras de madeira. Assim que entramos, uma jovem apareceu na porta e ficou encostada no batente. Ela chorava e falava em indonésio, diretamente para mim,. Senti uma onda de compaixão por ela. Eu não tinha a menor ideia do que ela estava dizendo, mas podia ver que gesticulava para mim e que precisava de um abraço.
Os empresários e autoridades que estavam comigo pareciam ter ficado comovidos com as suas palavras. Eles explicaram que aquela mulher – Ester – tinha nascido e passado a infância em um barraco de papelão com teto de zinco. Ela morava com a mãe e dois irmãos ao lado de um lixão, onde procuravam comida e pedaços de plástico para vender para a usina de reciclagem.
Ela tinha muita fé em Deus, mas quando seu pai abandonou a família, pensou em se matar. Ester já achava que não valia mais a pena viver. Arrasada pela partida do pai, cogitou tirar a própria vida.
Ester orou, dizendo a Deus que já não conseguia mais ir À igreja. No mesmo dia um pastor mostrou a congregação dos meus DVDs. Era uma cópia pirata – uma das 150 mil vendidas ilegalmente na Indonésia.
Quando soube por intermédio de Han-Han que um número tão grande dos meus DVDs tinha sido pirateado e vendido, respondi:
- Não se preocupe. DÊ glória a Deus.
Minha preocupação não era ter lucros, mas que as pessoas ouvissem a minha mensagem. Mesmo no mercado negro, Deus estava em ação, com a estória de Ester e Maria.
Por meio de um intérprete, Ester me contou que meu DVD a havia inspirado a regeitar o desespero e conseguiu encontrar propósito e esperança. Ela concluiu: “Se Nick pode confiar em Deus, então eu também posso!”
Ela rezou pedindo emprego e gejuou por seis meses. E encontrara trabalho justamente naquele restaurante chinÊs em que tínhamos ido almoçar, o que propiciou o nosso encontro.
Depois de ouvir essa história, abracei Ester e perguntei quais eram seus planos. Ela disse que, embora tivesse pouco dinheiro e trabalhasse 14 horas por dia, queria estudar para ser pastora e evangelizar crianças. Sua vontade era entrar para uma faculdade de estudos bíblicos – embora ainda não soubesse como -, dada a sua situação. Ela morava no restaurante e dormia no chão, porque não tinha como pagar aluguel.
Quase caí da cadeira ao ouvir aquela revelação. Eu não tinha me sentido muito confortado com a ideia de comer naquele lugar. Não podia imaginar a pobre mulher dormindo lá... Eu a incentivei encontrar outro lugar para viver e a batalhar por seu sonho de evangelizar crianças.
Um dos membros do meu grupo era pastor e, assim que ela se afastou
para retornar ao trabalho, ele me disse que a faculdade de estudos
bíblicos era muito cara e tinha uma lista de espera de 12 meses, apenas
para fazer a prova de admissão, na qual pouquíssimos eram aprovados.
À minha frente havia um prato fumegante de comida, mas eu tinha perdido o apetite. Não tirava da cabeça aquela mulher dormindo no chão. Enquanto o restante do grupo dava graças pela refeição, eu rezei por Ester.
Minhas preces foram atendidas quase que imediatamente. O pastor sentado ao meu lado disse que sua igreja poderia providenciar acomodações para eSTER, DESDE que eu CONTRIBUÍSSE COM UM contribuísse com um depósito calção.
Perguntei se Ester teria como pagar o valor do aluguel, e o pastor admitiu que ela conseguiria. E então concordei. Fiquei bastante animado para dar a boa nova a Ester. MAs antes que ela voltasse, um dos empresários anunciou que ele mesmo pagaria o depósito calção.
Eu disse que queria fazer minha parte, mas agradeceu a oferta. Então, outro homem do nosso grupo tomou a palavra. "Sou presidente da Faculdade de estudos bíblicos e vou permitir que Ester faça a prova de admissão. Se ela passar, arranjarei uma bolsa de estudos para ela."
O plano de Deus se desenrolava bem diante dos meus olhos e Ester acertou todas as questões e tirou a nota máxima da prova. Graduou-se na Faculdade de Estudos Bíblicos em novembro de 2008. Hoje é diretora de um ministério infantil em uma das maiores igrejas da Indonésia e tem planos de criar um orfanato em sua comunidade.
Ao longo deste livro mostro a você o poder do propósito. A história de Ester é testemunha desse poder. A única coisa que essa mulher tinha era seu senso de propósito e sua fé em Deus. Seu propósito e sua fé criaram um poderoso campo magnético, que atraiu uma equipe inteira de pessoas dispostas a realizar seu sonho.
O poder do Propósito e da Fé
Eu me sinto enternecido por Ester, seu poderoso senso de propósito, sua esperança de uma vida melhor, seu amor próprio, sua atitude positiva, seu destemor, seu poder de recuperação, sua disposição para correr riscos e sua habilidade de ajudar os outros. A história de Ester me inspira e me deixa maravilhado, e espero que você também se sinta assim. Meu propósito ao escrever este livro é acender a chama da fé e da esperança dentro de você, para que também possa viver uma vida sem limites.
Talvez sua situação seja difícil; talvez você esteja enfrentando problemas de saúde, de finança, de relacionamento... Mas com um senso de propósito, fé no futuro e determinação para jamais desistir, você pode superar qualquer obstáculo. Ester fez isso e você também pode fazer.
Na minha infância e adolescÊncia muitas vezes a ausência de braços e pernas pareceu um fardo intransponível, mas em muitos sentidos a minha deficiência acabou sendo uma bênção, porque aprendi a seguir o caminho de Deus.
Talvez você enfrente muitas provações, mas toda vez que sentir fraqueza, saiba que Deus é forte. Ele fez com que eu deixasse de ser deficiente e passasse a ser eficiente. E incutiu em mim a paixão por compartilhar minhas histórias e minha fé para ajudar outras pessoas a lidar com suas próprias adversidades.
Constatei que meu propósito era converter minhas adversidades em lições, para glorificar a Deus e inspirar as pessoas. Ele me abençoou como uma graça divina para os outros.
Distribua as suas bênçãos com entusiasmo e saiba que tudo aquilo que você fizer, será multiplicado muitas vezes. Em todas as coisas, Deus trabalha para que aconteça o melhor para aqueles que o amam: e Ele te ama e eu também.
Nós, cristãos, somos muitas vezes chamados de “as mãos e os pés de Cristo” na Terra. Se eu interpretasse isso literalmente, talvez me sentisse um pouco excluído, mas interpretei em termos espirituais.
Sirvo a Deus tocando o máximo de vidas que eu posso, por meio do meu testemunho e do meu exemplo. Meu objetivo é refletir o amor de Cristo por todos nós. Ele nos deu a vida para que possamos compartilhar nossos dons, e isso me enche de alegria e deve encher você de alegria também.
Espero que as histórias e mensagens deste livro tenham inspirado você a encontrar seu propósito, a ter esperança,a ter fé, a amar a si mesmo, a ter uma atitude positiva, a ser corajoso, a aceitar a mudança, a ser digno de confiança, abrir oportunidades, correr riscos e ser generoso, solidário e indulgente com os outros.
Por favor, mantenha contato comigo e compartilhe suas histórias e suas impressões sobre o livro, me visitando on-line no site:
Nickvuitik.com
Também conhecido como lifewithoutlimits.org, e atitudeandaltitude.com.
Lembre-se do seguinte: Deus tem um propósito verdadeiramente grandioso para sua vida! Viva sem limites!
Com amor e fé, Nick.
Nick Vujicic
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