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Planeta Criança



Poesia & Contos Infantis

 

 

 


UNPREDICTABLE / C. A. Harms
UNPREDICTABLE / C. A. Harms

 

 

                                                                                                                                                

  

 

 

 

 

 

Você já desejou por um momento poder fingir viver a vida de outra pessoa? Escapar da dura realidade de que sua própria vida é tudo, menos perfeita?
Quinn Tucker foi sempre obrigada a colocar suas próprias necessidades por último.
Com um pai ausente e uma mãe se afogando diariamente em uma garrafa de rum, não havia outra opção.
Jett Jameson era a distração que Quinn precisava, ainda que fosse apenas por uma noite.
Um preenchimento do vazio, uma oportunidade para se permitir sentir algo diferente disso por um momento.
Ele não era o que ela esperava.
Suave.
Sua vida não tem espaço para um homem como Jett.
Imprevisível.
Mas agora já era tarde demais, não havia como voltar atrás.
Desejo.
Nada mais será o mesmo.


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Quinn
Um toque leve e distante. Um tom familiar filtrou em meus pensamentos, interrompendo minha felicidade. A felicidade que eu raramente tinha a oportunidade de conhecer.

Deitada na praia, eu aproveito o sol quente nas minhas costas, o som das ondas quebrando à distância. Mãos fortes e suaves massageiam o óleo bronzeador em minha pele, meus olhos reviram, meus músculos se deliciam com o toque. Desejo profundo e esmagador pelos círculos delicados que suas mãos continuam criando ao longo de minhas costas e ombros, deixando-me quase sem fôlego, em um estado de euforia.

Amo a praia. O barulho das ondas ao lavarem a areia, apenas para ser novamente sugada para o mar. Algo sobre isso faz tudo o mais parecer que ficaria bem, de alguma forma; que não importa o que acontecesse, as coisas dariam certo.

Outro toque filtrou através do silêncio e interrompeu o meu relaxamento. Eu queria gritar e dizer à pessoa para evitar o seu telefone ou para atender a maldita coisa. Silenciá-lo também era uma opção, mas pelo amor de Deus, faça alguma coisa sobre a distração.

Mais uma vez, as mãos masculinas vagueando pelas minhas costas e massageando minhas coxas fizeram o meu aborrecimento desaparecer. Hum, era puro céu. O efeito que tinha sobre mim era inadequado para uma praia pública, mas eu não conseguia sufocar o desejo que provocava, me sentia tão bem.

Outro toque me fez gemer de frustração e virei, pronta para rosnar para a pessoa que estava matando o meu humor.

Enquanto eu olhava ao redor do quarto escuro, de repente tudo ficou claro. Eu não estava na praia sendo adorada por algum homem sexy em sunga. Estava no meu quarto, e o telefone tocando era meu. Eu só podia balançar a cabeça, tanto de aborrecimento e angústia quanto de decepção.

Pegando meu celular do criado-mudo, notei que era depois das duas da manhã. Um número desconhecido era exibido na tela.

Hesitante, eu deslizei meu dedo pelo telefone e levantei-o ao meu ouvido. — Olá.

— Sim, é a Senhorita Tucker? — A voz profunda perguntou do outro lado da linha.

— Hum, sim, sou Quinn Tucker, — respondi. Um sentimento doentio expandiu por todo meu corpo.

— Senhorita Tucker, aqui é o Oficial Walters, do Departamento de Polícia de Palm Beach. Estou ligando porque tenho uma Abigail Tucker sob custódia. Disseram-me que você é a filha dela.

À menção do nome de minha mãe, meu coração apertou.

— Sim, Oficial, ela é minha mãe. Posso perguntar o que aconteceu?

Esta foi a segunda vez nos últimos seis meses que eu recebi um telefonema da polícia em relação à minha mãe. Da última vez, ela foi presa por atirar uma garrafa de cerveja vazia em um bartender quando ele se recusou a continuar servindo-a.

— Ela foi presa por embriaguez. Estava agressiva, e o proprietário do Mickey Pub nos chamou para ir buscá-la. Parece que ela se recusou a permitir que eles chamassem um táxi. Ela estava confusa e instável quando saiu lá fora, insistindo que seu carro estava em algum lugar no estacionamento. — Ele parou e soltei um suspiro frustrado. — Ela também acumulou uma conta bastante robusta e não tinha dinheiro para pagar.

— Quando eu posso pegá-la? — Perguntei.

— Ela ficará presa por cinco horas, mas depois você pode vir buscá-la, — ele instruiu.

— Obrigada, Oficial. — Suspirei enquanto terminava a chamada.

Mais uma vez, eu gastaria dinheiro que não tinha para salvar a minha mãe da cadeia. Estava meio tentada a deixar sua bunda bêbada lá. Em seguida, o zunido de culpa me atingiu, e eu sabia que não seguiria com esse pensamento. Ela era minha mãe, e gostando ou não, era tudo o que me restava.

Se eu fosse embora e a deixasse, não sabia como ela atravessaria o primeiro dia sem eu lá para pegar os pedaços de sua vida. Fui o pai em nosso relacionamento por tanto tempo, que tinha certeza que ela não saberia a primeira coisa a fazer sem que eu estivesse ao lado dela.


Capítulo Um

 

Jett


— Boa tarde, senhoras, — eu disse. Passando por três garotas esperando por mim quando cheguei no restaurante, eu temia as entrevistas que estavam prestes a acontecer.

Desde que Alexis voltou para Geórgia, eu tive quatro meninas diferentes e consegui preencher a vaga de garçonete como alguém em que eu pudesse confiar. Ou tiveram dificuldade em aparecer ou não conseguiam compreender a importância de segurar uma bandeja cheia de comida e bebida de forma segura.

O que seria necessário para encontrar uma garota que realmente pudesse manter os alimentos fora do chão e os convidados felizes?

Sentei-me na minha mesa e olhei através da parede de vidro com vista para a área de refeições. Alguns dias ainda eram difíceis de acreditar que este lugar era meu, mas eu trabalhei por ele. Ralei minha bunda em cada trabalho de merda que eu poderia encontrar, guardando e economizando. Fiz aulas noturnas e cursos on-line apenas para terminar a minha licenciatura mais rápido. Defini objetivos altos e disparei ainda mais alto.

Recusei a oferta do meu pai para financiar o meu sonho, querendo fazer isso sozinho. Era importante eu ser capaz de olhar para trás e saber como cheguei onde estou hoje.

Agora, eu tinha um dos restaurantes mais quentes em Palm Beach. Ele era próximo ao mar, e meu chef, Jude, era um dos melhores malditos chefs na área. Ele cursou a escola de culinária e depois treinou na Itália por dois anos, aperfeiçoando suas habilidades e dominando os sabores.

Os clientes deixavam o Jett’s querendo mais, precisando provar mais de sua mais nova criação. O homem era pura genialidade. Debaixo daquele avental, bem, isso era uma história totalmente diferente. Jude era um homem que fazia algo um pouco mais perigoso, com as mãos, do que amaciar frango. Ele estava cheio de hostilidade, e possuía uma escuridão que, às vezes, até mesmo eu não sabia o que pensar.

Eu tinha uma excelente equipe, pessoas com quem eu poderia contar. Nós éramos mais como uma família. Então, apenas acrescentar alguém à mistura era algo que não poderia ser feito. Ele precisava caber não apenas nos deveres do trabalho, mas na atmosfera.

Jett’s consumia todo o meu foco. Toda a minha energia. Deixava pouco tempo na minha vida para outras coisas. Minhas irmãs me chamavam de solteiro irrevogável. Acho que poderia ser considerado verdade, mas eu não tinha tempo para as exigentes necessidades de uma mulher. Mantinha a vida simples e evitava qualquer coisa que poderia ficar entre mim e meu sonho.

Peguei o telefone e disquei para Callie, minha assistente e salvadora na maioria das situações.

— Você está pronto para ser lançado aos lobos? — Ela perguntou com uma risadinha diabólica. A menina era como uma irmã para mim, e, por vezes, as características que ela dividia com Harper me assustavam. Uma Harper Jameson era o suficiente para este mundo; duas, seria simplesmente desastroso. O fato de as duas terem crescido lado a lado só fez com que a presença dela na minha vida fosse mais dominante. Realmente não me lembro de uma vez em que Callie não estivesse por perto.

— Sim, eu estou pronto, tanto quanto posso estar. Traga a primeira. — Suspirei de frustração. Eu já tinha uma dor de cabeça, e as entrevistas estavam apenas começando.

Após uma hora e quarenta minutos de perguntas tediosas, com respostas medíocres, eu estava cansado. Duas das três meninas pensaram que poderiam flertar para serem contratadas. A outra menina agiu como se estivéssemos prendendo-a de alguma forma. Em certo ponto, eu precisei pedir que ela descartasse o chiclete que continuamente estalava. Houve um impasse em silêncio até que ela cautelosamente afundou-se na cadeira e o puxou lentamente de sua boca, me salvando da explosão que estava tão perto de ter.

Callie entrou com um olhar presunçoso no rosto, fechando a porta. Descansei a testa contra a mesa, fechando os olhos com força. — Ah, vamos lá, chefe, essa última tinha potencial. — O grunhido que surgiu de Callie merecia um olhar. Ela sempre foi capaz de me ler bem e aproveitava todas as chances que podia para cutucar meu humor já irritado.

— Eu te ouço, espertinha, — eu disse. — Você acabou de ganhar a seção dois e seis para o dia. Coloque um avental, querida; comece a trabalhar. — Eu ri quando a boca de Callie se separou em resposta. Ela estava do outro lado da minha mesa, olhando como um peixe fora d'água. Eu podia sentir que a mente dela estava trabalhando horas extras, tentando pensar em qualquer coisa que pudesse tirá-la do serviço de garçonete.

Após alguns minutos de silêncio, ela virou e me deu o dedo por cima do ombro, recebendo apenas mais uma risada. Ela foi uma das primeiras garçonetes que contratei, e eu confiava nela, não havia dúvidas. Ela se tornou alguém em quem eu confiei rapidamente, e sabia que ela não iria a lugar nenhum.

Houve uma forte batida na porta antes dela se abrir e Kade entrar. Ele era o meu melhor amigo desde que tínhamos três anos, e nós sempre fomos inseparáveis durante toda a escola primária, mesmo no ensino médio. Eu o perdi por um tempo durante o nosso último ano. Ele passou por um momento bem difícil quando perdeu sua namorada de longa data em um acidente de carro. Ela foi atingida de frente por um motorista bêbado a caminho de casa, voltando da casa dele. Doeu como uma cadela vê-lo sofrer, mas ele recusou todos que tentaram consolá-lo. Deixou perfeitamente claro, na época, que não precisava ou queria alguém pairando sobre ele tentando melhorar as coisas.

— E aí? Você parece uma merda. — Ele riu, sentando na cadeira em frente à minha mesa. — Callie acabou de sair batendo o pé no corredor parecendo quase tão irritada quanto você. O que está acontecendo com vocês dois? — Ele levantou a sobrancelha, o olhar no rosto dele indicando que sua imaginação corria com todos os tipos de cenários.

— Não é o que você está pensando, cara. Ela provavelmente está chateada porque a coloquei no pesado. — Apontei em direção à parede de vidro, observando-a de pé ali do outro lado. Ela ria de algo que alguém disse enquanto anotava o pedido. Assisti seu olhar vagar sobre Callie, avaliando as longas pernas e sorriso doce. Ela era uma garota atraente.

Minha risada quebrou o transe, e Kade abaixou a cabeça, desviando os olhos rapidamente. Quando se tratava de mulheres, Kade ainda estava hesitante. Depois de perder Jenna, ele tentou evitar qualquer sensação que poderia devastá-lo novamente. Ele guardou seu coração muito bem. Acho que tinha a ver com culpa, mas nunca pedi para ele falar sobre as coisas que ele preferia guardar para si.

— Então, hum, Ryker dará aquela grande festa na praia amanhã à noite. Você vai? — Ele tentava esconder o fato de que Callie pode tê-lo afetado ao mudar rapidamente de assunto.

Deixei passar e me recostei na cadeira, descansando minhas mãos atrás da cabeça. — Ah, duvido que esteja lá. Quem sabe quando sairei daqui?

— Jett, você sabe que há uma vida fora deste lugar. Não me lembro da última vez que todos nós saímos. Será divertido conversar com todos os caras. — Ele parecia tão esperançoso, mas festas realmente não eram mais a minha praia. Preferiria ter algum tempo sozinho depois de meus longos dias. Quero dizer, não me interpretem mal, eu saio, mas Ryker Williams era um daqueles caras que ficava muito chato, muito rápido.

— Vamos, cara, só algumas horas. — Ele endireitou-se na cadeira, enquadrando os ombros.

— Ok, mas não prometo ficar por muito tempo. Vou por um tempo, no entanto.

Um sorriso largo espalhou sobre seu rosto, e ele se levantou rapidamente. — Você sabe onde é, certo?

Balancei a cabeça. Como eu poderia esquecer onde ele morava? Perdi minha virgindade em seu porão, com sua irmã mais velha, Shay. Uma pequena informação que eu não sabia se inclusive Ryker conhecia.

— Sim cara, eu sei onde é. Eu te verei lá.


Capítulo Dois

 

Quinn


Um estrondo me assustou do meu sono. Olhei para o relógio na mesa de cabeceira. 02:08 da manhã brilhava intensamente, confirmando que esta manhã não foi diferente do que qualquer outra manhã.

Lágrimas picaram meus olhos enquanto eu olhava para o teto, tentando me acalmar. Já sabia que poderia culpar minha mãe por mais uma interrupção noturna. Outro barulho me fez saltar e correr para a porta.

Assim que entrei na sala, minha mãe tentava ficar em pé novamente. Ela estava tropeçando e perdendo continuamente o equilíbrio. Ela agarrou em qualquer coisa que pudesse sustentá-la.

Assim que estava prestes a cair de cara novamente, eu passei meus braços em torno de sua cintura, estabilizando-a. Diariamente eu testemunhava minha mãe beber até o esquecimento. Cada noite – ou manhã, como você preferisse – eu a pegava do chão. Se não o fizesse, ninguém mais o faria.

Era sempre a mesma coisa. Minha mãe afogando suas mágoas e lentamente se matando diante de mim. Tem sido sempre assim. Não me lembro de uma época em que não fosse.

Eu costumava ter a ajuda do meu avô, mas ele faleceu há alguns meses, assim tudo começou a desandar mais rapidamente depois daquele dia. Eu não tinha mais ele aqui comigo para controlá-la.

— Obrigada, menina. — Ela usou o meu corpo para se segurar, olhando nos meus olhos. — Minha linda menina. Não sei o que eu faria sem você.

Ela dormiria no chão na porta de entrada. Esse foi o primeiro pensamento que me veio na cabeça. Ou talvez no gramado da frente.

Era sempre eu e minha mãe contra o mundo. Crescendo, eu nunca conheci meu pai. Ele foi um erro que minha mãe cometeu, mas no final, ele lhe deu o maior presente: eu. Pelo menos foi assim que ela explicou. O idiota fugiu e nos deixou para cuidar de nós mesmas. Não podia ver nos olhos dela quando ela falou sobre isso, mas ela o amava. Ela sempre dizia que ele era este enorme idiota que nos deixou quando ela mais precisou dele, mas eu poderia dizer que a saudade ainda a enchia.

— Vamos lá, mamãe, vamos levá-la para a cama.

Gastou toda a minha energia levá-la para o quarto e despi-la. Ela cheirava como se tivesse tomado um banho em uma piscina de uísque. Estava com uma séria necessidade de um banho, mas eu não tinha a energia para limpá-la. Eu estava à beira das lágrimas.

Eu era muito boa em segurar minhas próprias emoções após anos de prática, quando eu sabia que não poderia desabar. Não tenho tempo para ser fraca ou necessitada. Precisava erguer a cabeça e manter-nos seguindo. Lágrimas e piedade não eram autorizadas, não quando eu tinha que ser forte.

— Você me ama, não é, Quinn? — Ela perguntou.

— Sim, mãe, — assegurei. — Eu te amo.

— Você nunca me deixará. Você sempre estará aqui para mim. As pessoas sempre me deixam, Quinn. Elas nunca fazem o que dizem que vão fazer. Você não pode confiar em ninguém. — Ela continuou divagando em uma névoa bêbada.

Então, nossos olhos se encontraram, e ela olhou para mim com tamanha intensidade. Senti minha garganta queimar enquanto ela falava: — Você é tudo que me resta, querida. Desculpe-me, eu sou um fracasso. Eu te amo, Quinny, muito.

Forcei um sorriso enquanto colocava os lençóis em torno dela, beijando-a na bochecha. Ela enrolou-se para o lado, fechando os olhos conforme começava a desvanecer-se. Sentei-me na beira da cama com um enorme nó na garganta. Quanto tempo isso poderia durar? Quanto tempo eu teria que tomar conta de uma mulher que deveria ser capaz de cuidar de si mesma?

Eu havia me matriculado na faculdade depois da formatura. Queria algo melhor para mim, algo grande. Eu adorava fotografia e arte. Após o primeiro semestre, percebi que as coisas não eram tão simples. A vida vinha para mim de todos os ângulos. Sustentar a nossa casa, cuidar da propriedade dos meus avós, juntamente com todas as outras tarefas do dia-a-dia eram esmagadoras. Precisei parar de estudar para que pudesse conseguir um emprego. Precisávamos da renda. Quem eu enganava, de qualquer maneira? Eu não poderia pagar a faculdade. Estava pagando todas as contas e ralando minha bunda para não afundar. Dinheiro extra para a faculdade era apenas uma fantasia.

Sentada na beira da cama, continuei olhando para a forma bêbada da minha mãe quando seus roncos pesados encheram o quarto. Como você poderia amar e odiar alguém ao mesmo tempo?


***


Acordei um pouco depois das nove na sexta-feira. Era mais fácil dormir porque minha mãe nunca se levantava antes do meio dia. Era uma das vantagens dela ficar fora toda a noite bebendo. Se apenas todos nós estivéssemos no horário dela, as coisas seriam mais fáceis.

Planejava começar a busca pelo meu segundo emprego hoje. Sim, Spencer pagava bem, especialmente nos fins de semana, mas não era o suficiente. Não quando eu tinha uma hipoteca para pagar. Eu precisava ter um emprego em tempo parcial, apenas para guardar um pouco mais para o inesperado.

Minha mãe gastara toda a herança dela. Não era muito, mas teria ajudado a aliviar o stress. Em vez disso, em um fim de semana ela foi para Vegas e voltou com nada além de uma enorme tarifa do táxi que a trouxe.

Passei a manhã deixando meu currículo em cada lugar possível em que eu poderia ser capaz de encontrar um emprego. Nesse ponto, eu aceitaria quase qualquer coisa. Estava ficando desesperada.

Meu celular vibrou na mesa enquanto eu estava sentada no café local. Ver a foto da minha melhor amiga, Avery, iluminar a tela, me fez rir. Ela estava com a língua de fora, com as mãos no rosto, fazendo gestos tolos. Ela era a única luz na minha vida. Sem ela, eu tinha certeza que estaria com a minha mãe em suas farras noturnas por agora.

— Hey, amada, — eu disse em saudação.

— Quinny, — ela gritou. — Onde está?

— Mario Coffee Shop, — respondi.

— Fique aí, eu chegarei já. — Ela desligou, deixando-me esperando.

Esperei impacientemente, olhando para a porta cada vez que o pequeno sino acima dela tocava. Quando vi seu cabelo loiro claro fluindo na brisa, sorri para ela. Ela parou no balcão e pegou o cappuccino favorito antes de correr pela área de mesas e sentar à minha frente. Ela sentou-se sorrindo para mim como se tivesse algum tipo de segredo.

— Porque você está sorrindo assim? Está me assustando com a sua loucura.

— Ei, você, eu arrumei um pouco de diversão para nós, — ela guinchou, balançando os quadris. Olhei para a minha melhor amiga, à espera de uma explicação para seu comportamento hiperativo.

— Ok, você se lembra de quando falei sobre um cara chamado Ryker? — Ela perguntou. Ela falou sobre ele, muitas vezes, na verdade. Ele era um pouco mais velho do que nós, cerca de quatro anos, para ser exata.

Balancei a cabeça, esperando que ela continuasse.

— Bem, ele dará uma festa hoje à noite e me convidou para ir. — Ela fez uma pausa para o efeito dramático Avery. — Uma festa, Quinn, na casa dele. Na praia. Muitos caras gostosos. — Outra pausa. — Você vai comigo, — ela declarou.

— Hum, não, eu não vou. Desculpa. Não posso, — recusei imediatamente, recostando-me na cadeira.

— Por quê? Por causa de sua mãe? — Ela olhou em volta, certificando-se de que ninguém iria ouvir o que ela estava prestes a dizer. — Ouça garota, eu te amo, mas você precisa parar de tomar conta dela o tempo todo. Você não acha que é hora de fazer algo por você? Pela primeira vez, Quinn, deixe de ser a mãe dela. Suas palavras eram verdadeiras, tão verdadeiras. Eu havia desempenhado o papel maternal desde que era criança. Era apenas a minha vida, e sim, eu odiava isso, mas não havia mais ninguém para se certificar de que ela estaria segura.

Não abaixei a guarda e tive um pouco de diversão em um longo tempo. Pode ser bom passar algum tempo ao redor de pessoas da minha idade, não se preocupando com o próximo desastre que me aguardava.

Então, talvez eu pudesse ir, apenas por pouco tempo. Uma pequena noite fora poderia ser bom para mim.

— Tudo bem, Avery. Eu vou, mas não ficarei até tarde. Eu sei que você não entende, mas não posso deixá-la desmaiada no chão da sala. Preciso estar em casa antes que ela chegue lá, — respondi.

Eu honestamente pensei que ela não ouviu nada depois que disse que iria. Ela imediatamente começou a gritar e saltar ao redor, fazendo alguma absurda dança de cadeira.

Escondi o rosto, envergonhada. A menina não tinha seriamente nenhuma vergonha. Se precisava se expressar, ela não se importava onde estava ou quem estava por perto, ela apenas fazia. Se não gosta, então siga em frente, porque ela realmente não dá a mínima. Ela sempre foi alegre assim. Algumas pessoas achavam extremamente chato. Eu achava refrescante. A felicidade dela sempre me deu à luz que eu precisava.


Capítulo Três

 

Jett


Sentado no cooler na beira da praia, eu calmamente observava os grupos espalhados por todo o quintal. Algumas meninas andavam ao redor, tentando ganhar a atenção de qualquer homem que estivesse disposto.

Eu estava aqui apenas porque disse à Kade que estaria. Ele se sentou ao meu lado, nenhum de nós incomodados com a loucura da festa.

As pessoas dançavam, e a música fluía bem alta nos alto-falantes perto do deck. Como continuei assistindo, observei os rapazes escolherem seus alvos. Achei a coisa toda juvenil. Eles realmente apostavam em quem ficaria com quem. Não estávamos um pouco velhos para essa merda?

O riso nervoso de uma menina à minha direita chamou minha atenção. Não foi tão vertiginoso, o tipo de risada olhe para mim.

Inclinando-me, eu descansei meus cotovelos sobre os joelhos. Duas meninas estavam de pé com as costas para nós. Estavam inclinadas em direção uma da outra, dando-me o perfil lateral perfeito.

A morena foi a primeira que eu notei, com ondas longas escuras fluindo pelas costas e caindo sobre o ombro. Seu sorriso era algo que eu não conseguia desviar o olhar. Não notei como a outra garota parecia; a morena tinha toda a minha atenção. Ela sorriu nervosamente enquanto sua amiga sussurrava algo para ela. Sua amiga era como o resto das meninas aqui, exibindo-se e descaradamente flertando com cada indivíduo. A mulher de cabelos castanhos, por outro lado, parecia reservada e intrigante.

Kade me notou observando a garota, e estendeu a mão rapidamente, batendo no meu braço. Ele cedeu, e meu corpo escorregou, me pegando de surpresa. A única coisa que o idiota podia fazer era rir conforme relaxava em sua cadeira. Ele tentou esconder sua diversão atrás da mão, falhando miseravelmente.

— Que diabos foi isso? — Perguntei.

— Apenas vi a oportunidade perfeita. Sua atenção estava em nada, além daquela morena ali. Raramente tive a chance de pegar você desprevenido. — Ele olhou para trás, em direção às meninas, oferecendo uma piscadela.

Meu olhar subiu, e vi a loira sorrindo para Kade. Foquei rapidamente na morena, bem a tempo de pegá-la revirando os olhos. Não poderia me impedir de rir com a reação dela. A maioria das meninas teria rido e flertado, mas não ela. Ela se virou de costas para nós, agarrou sua amiga, e arrastou-a para a casa.

— Porra, ela é mal-humorada. — Kade sorriu enquanto nós dois mantínhamos nossos olhos nos movimentos delas. Ele limpou a garganta logo quando elas entraram pela porta dos fundos da casa de Ryker. — A loira me queria.

— Claro que queria. — Levantei-me do cooler e sacudi a areia dos meus pés. — É por isso que ela caminhou na direção oposta.

Durante a hora seguinte, eu vaguei pela festa, misturando com as pessoas com quem eu cresci. Raramente tinha tempo para me socializar casualmente. Mesmo agora, enquanto estava aqui ouvindo os caras falarem, minha mente estava no restaurante, preocupado de que as coisas pudessem falhar sem a minha presença, meus pensamentos rolando sobre as coisas que eu poderia fazer, além de ficar aqui.

Uma mão suave deslizou sobre minhas costas e enrolou em volta da minha cintura, quebrando meu torpor. Olhei por cima do meu ombro e diretamente nos olhos da irmã de Ryker, Shay. Um sorriso diabólico enfeitou seus lábios pouco antes dela enganchar o dedo no cós da minha bermuda. — Já faz um longo tempo, Jett. Não vou mentir, eu estou realmente feliz que você apareceu.

— Ei, como você está? — Perguntei.

Sim, Shay era uma moça bonita. Durante um tempo, ela foi alguém que eu cobicei, mas agora as coisas eram diferentes. Ela se divorciou recentemente de um advogado figurão. Agora, o rumor era que ela procurava algo fácil e algum idiota filho da mãe para cuidar dela.

— Melhor agora. Quer tomar uma cerveja e conversar? — Ela perguntou.

O desejo nos olhos dela fez o meu estômago revirar. De maneira nenhuma nós iríamos por esse caminho novamente.

Justo então eu vi o movimento por cima do ombro e um lampejo de vermelho. Olhando além de Shay, vi a morena de mais cedo. Ao vê-la como a minha saída, eu fui com isso.

— Na verdade, eu não posso, desculpe. Minha garota espera por mim. — Andei ao redor dela. — Bom ver você, entretanto.

Shay começou a discutir, mas ignorei a lamentação dela.

Meus olhos fecharam sobre a morena em vermelho, e silenciosamente implorei para ela com os olhos. Rezei para ela ir junto com isso, mesmo que apenas pelo tempo suficiente para eu escapar.

Ela observou-me abordá-la, uma sobrancelha arqueada em questionamento. Ela estreitou os olhos, fazendo seu nariz enrugar, e lutei contra o riso conforme caminhava até ela.

— Escute, eu sei que você não tem ideia de quem eu sou, mas, por favor, apenas siga com o que estou prestes a fazer. — Eu praticamente implorava para ela me ajudar a escapar do abutre que esperava me atacar no meu momento mais fraco.

— Não sei. O que exatamente você pretende fazer? — Ela perguntou.

Eu trouxe o meu corpo contra o dela e passei meus braços ao redor de seus ombros, abraçando-a. Com o rosto dela escondido contra o meu pescoço, sussurrei em seu ouvido. — Nada mais do que um show. Prometo que isso é tudo o que eu planejei. Bem, além de talvez sairmos juntos até que ela não possa nos ver. —

— A sua ex? — Ela perguntou.

— Não, apenas alguém do meu passado. Uma noite que nunca mais quero repetir, — sussurrei.

Ainda estava de pé, abraçado a uma garota, uma menina que por algum motivo não me fez querer correr na direção oposta. Ela tinha a melhor fragrância. Segurei seu corpo minúsculo dobrado firmemente contra o meu. Senti-me confortável.

— Você pensa em me segurar como refém a noite toda, me abraçando? — Eu ri do comentário dela. A coisa era, ela nunca tentou se afastar. Em vez disso, ela me abraçou, já que a proximidade era algo de que eu precisava, arrastando os dedos pela minha cintura, em seguida, ligando-os atrás de mim.

— Bem, isso depende. Você quer ser minha refém? — Ela levantou a cabeça, olhando nos meus olhos. Os maiores olhos castanhos que eu já vi perfurando os meus fizeram a minha frequência cardíaca aumentar um pouco mais.

— Algo me diz que eu gostaria de ser refém em suas mãos. — Sua voz era quase como um ronronar suave, cílios longos esvoaçantes enquanto suas bochechas ficavam avermelhadas. — Não posso acreditar que acabei de dizer isso, me desculpe.

— Não se desculpe. Realmente gosto de sua honestidade. — Continuamos estudando um ao outro, esperando o próximo movimento. Eu sabia o que corria pela minha mente, mas tinha certeza que simplesmente levaria um tapa se seguisse esses pensamentos.

Ela lambeu os lábios ainda olhando para mim. Liberei meu aperto em seus ombros e deixei minhas mãos trilharem sobre suas costas. Curvando apenas o suficiente para trazer nossas bocas um pouco mais perto, eu sorri. — Se realmente quer fazer isso, você poderia me deixar beijar você, uh... — levantei uma sobrancelha, esperando que ela preenchesse o vazio.

— Quinn. — Ela sorriu.

— Quinn, — eu repeti, arrastando o dedo ao longo da pele exposta das costas. O nome dela soou como um gemido saindo dos meus lábios. Eu estava ficando um pouco agitado, e era difícil de controlar.

— Eu poderia deixar você me beijar, mas e se ela não acreditar? — Seu hálito doce deslizou sobre minha mandíbula.

Descansando minhas mãos na parte inferior de suas costas, eu a prendi com meu olhar. Escovei meus lábios nos dela suavemente. — Tenho certeza de que poderia torná-lo crível. — Parei por uma fração de segundo antes de me inclinar apenas um pouco mais. — Acho que devemos, pelo menos, tentar, não é?

Ela não disse nada em troca, apenas acenou com a cabeça levemente em concordância. Sorri para ela, deslizando suavemente meu nariz ao longo do dela, dando-lhe esta última chance de mudar de ideia antes de cobrir sua boca delicada com a minha. O mais doce pequeno gemido escapou dela quando segui o lábio com a minha língua.

Porra, ela era perigosamente boa.

O corpo dela moldou no meu enquanto nossos lábios devoravam um ao outro. O sabor da cereja de seu brilho labial combinado com o seu gemido sedutor tornou difícil de lembrar que não estávamos sozinhos. A festa ao nosso redor continuou enquanto nos concentramos exclusivamente um no outro. Não importava que não estivéssemos mais sendo observados. A única coisa que importava era ela e eu.

Belisquei seus lábios, sugando suavemente quando o gemido viciante fluiu dela mais uma vez. Jurei fazer qualquer coisa que eu pudesse para ouvir esse gemido tão frequentemente quanto ela permitisse. Era o som mais sexy que eu já ouvi.


Capítulo Quatro

 

Quinn


O que diabos eu fazia? Nem sequer sei o nome dele. Esta não era eu, mas era bom demais para parar. O cara sabia beijar. Lembrar o meu próprio nome no momento era um desafio. Ele era, sem dúvida, muito letal.

Eu me afastei para recuperar o fôlego e, talvez, ganhar algum controle de minhas ações. No momento em que abri meus olhos e encontrei-o quietamente olhando para mim, eu sabia que me controlar seria mais um desafio a enfrentar.

— Normalmente eu não faço isso. Na verdade, é algo que nunca fiz na minha vida, mas... — fiz uma pausa, pensando no que estava prestes a dizer. Não sentindo nenhuma hesitação, nenhuma necessidade de correr, eu continuei. — Por uma noite, só quero esquecer o que eu deveria fazer. Quero apenas sentir. Por uma noite, eu quero fazer algo por mim.

— Quer sair daqui? — Perguntou. Assisti seu olhar examinar lentamente meu rosto. Ele estava à procura de qualquer sinal de que eu não queria isso. Bem, ele não o encontraria.

— Ok, — sussurrei.

— Você precisa dizer à sua amiga? — Seus olhos nunca deixando o meu.

— Não, ela está lá fora, em algum lugar com Ryker. Vou enviar uma mensagem. Ela pensou que eu ia embora, de qualquer maneira, — assegurei a ele.

Antes que percebesse, minha mão estava na dele e ele me conduzia pela casa.

— Você dirige? — Puxei as chaves do meu bolso e sacudi-as, pouco antes dele tomá-las de mim.

— Eu dirijo, diga o caminho.

Eu estava nervosa, não porque estivesse tendo dúvidas, mas porque eu não estava. Nunca fui tão livre na minha vida. Nunca simplesmente joguei o cuidado ao vento e agi por impulso. Eu era uma planejadora, e nunca dissuadi de meus planos.

Nós entramos no meu fusca batido, e eu ri quando ele tentou manobrar seu corpo grande atrás do volante. Suas pernas longas e musculosas dobraram em um ângulo estranho quando ele tentou mover o banco para trás, me fazendo rir ainda mais.

Ele olhou para mim, sorrindo, e um aperto bateu no fundo do meu estômago. Ele era insanamente bonito. Os dentes brancos e perfeitos brilhando com aquele lindo sorriso. Seus olhos eram quase esmagadores, fazendo-me perder minha linha de pensamento.

— Minha casa, está bem? — Ele perguntou.

Balancei a cabeça e me sentei, admirando-o enquanto ele dirigia, meus olhos ocasionalmente observando meus arredores. Eu sabia que íamos para East Shore Addition. Crescendo, eu tive amigos que viviam na área, e eu sempre invejava. Boas casas com tudo o que você poderia querer, algo que nunca tive. Nós lutávamos apenas para pagar nossas contas, na maioria dos meses.

Quando ele parou na frente da suave casa amarela estilo Bermudas, eu tentei não parecer muito impressionada. — Bom lugar, — eu disse.

Ele estacionou e tirou as chaves da ignição, e saí do carro antes que ele pudesse dar a volta. Eu poderia dizer que ele ia abrir a porta para mim, mas o superei. Pelo menos eu não estava pensando em dormir com um completo idiota; ele tinha boas maneiras.

Ele pegou minha mão e me levou até a porta da frente.

No momento em que nós entramos, não perdi tempo pensando. Eu não podia. Sabia que se não agisse agora, eu, de alguma forma, me convenceria do contrário. Imediatamente fiquei na ponta dos pés e envolvi minhas mãos ao redor da nuca dele, puxando-o para perto. Ouvi as chaves baterem no chão quando ele agarrou meus quadris e me virou, prendendo-me contra a parede.

Não me deixei pensar demais; apenas deixei ir. Deixei de lado todas as minhas preocupações, todos os problemas que eu enfrentava, e senti. Senti suas mãos percorrer meu corpo. Senti seus beijos percorrendo meu pescoço. Eu me permiti esquecer que não pertenço a esse lugar, com ele, em uma vida assim. Em vez disso, deixei-me acreditar que isso levaria a algum lugar além desta noite.

Ele deslizou as mãos sob a barra da minha camisa e começou a levantá-la lentamente, expondo o meu estômago. Ele continuou a levantar a camisa e, finalmente, puxou-a sobre a minha cabeça. Seus olhos me tomaram avidamente. — Eu já te disse quão sexy você é? Porque você é, — ele sussurrou. Com a ponta do dedo, ele traçou o topo do meu sutiã sobre o inchaço do meu peito.

Ele abaixou a boca, arrastando a língua no meio, me fazendo tremer. Arrepios me cobrindo, eu gemi pelo contato. Ele sorriu contra o meu peito, olhando para mim. O olhar compreensivo no rosto deveria me irritar, mas só me fez querê-lo ainda mais.

Encontrando o botão do meu short jeans, ele desabotoou-o, descendo o zíper com facilidade. Deslizando as mãos pelos meus quadris, ele começou a baixar meus shorts. Chutei-os pouco antes dele me pegar nos braços.

Tudo era um borrão enquanto eu tentava olhar ao redor. Passamos pela cozinha, um corredor em direção à parte de trás da casa. Sua cama estava à vista, e uma sensação de pânico me bateu. Olhei-o nos olhos, encontrando o seu cheio de desejo e necessidade.

— Nem sei o seu nome, — sussurrei pouco antes dele me abaixar na cama. Ele apertou-se contra mim, deixando óbvia sua excitação.

— Je... — ele sussurrou antes que seus lábios encontrassem os meus novamente. — Jameso... — suas palavras foram imediatamente perdidas em nosso beijo.

Ele pressionou sua ereção contra mim de novo e começou a se mover em um ritmo lento, como se nós já estivéssemos fazendo sexo. O atrito era intenso, e minha mente acelerou. Eu estava à beira de gritar para ele apenas me tomar agora.

Nunca quis nada mais do que eu o queria naquele momento.

No meu estado carnal, não o notei removendo o meu sutiã. No segundo que seus lábios se fecharam sobre o meu mamilo e ele chupou suavemente, eu gemi. — Sim.

O barulho de alumínio encheu o silêncio entre nossos ofegos. Eu não teria que me preocupar em insistir que ele usasse um preservativo. O homem já estava preparado. Ele retrocedeu, deslizando a calcinha em um movimento gracioso.

Eu senti como se estivesse em exposição diante dele, mas não me senti constrangida. Ele trouxe um senso de beleza e desejo enquanto lentamente me avaliava com os olhos.

Eu também tomei o tempo olhando para ele. Ele estava em forma, e minha boca encheu de água no local da deslumbrante trilha levando a um V ainda mais atraente em sua cintura. Uma tatuagem incrivelmente sexy contornava seu quadril e até seu lado. Corri minha língua sobre o lábio inferior quando o pensamento de lamber essa tatuagem encheu minha mente. Sabia que estava encarando, mas, meu Deus, eu não conseguia parar. O homem era absolutamente perfeito. Até mesmo a cicatriz que ia sob seu mamilo direito, ligeiramente levantada contra a pele bronzeada, era sedutora.

Ele levou o pacote alumínio à boca e o rasgou com os dentes. Desviei os olhos para sua dureza enquanto ele colocava o preservativo. Não havia necessidade de palavras; nossos olhos gritavam. Nós dois queríamos muito isto, precisava, exigia o contato.

Ele beijou um caminho subindo o meu corpo, beliscando ao longo do caminho. Eu estava tão sensível ao toque dele. Senti-me como se fosse entrar em combustão se ele não aliviasse um pouco da tensão dentro de mim.

Sentir a ereção dele contra a minha coxa só me fez querê-lo em cima de mim, quase um desejo animalesco de ataque. Eu não podia esperar. Abaixando minha mão, eu o apertei, orientando-o para o lugar que eu mais precisava dele. Envolvi minhas pernas ao redor de sua cintura, puxando-o para perto. Nossos olhos se encontraram, o seu encapuzado de desejo.

— Eu quero você, agora, por favor, — implorei.

Ele empurrou para dentro de mim com um impulso, fazendo-me ofegar. — Você está bem? — Ele perguntou.

— Sim, — assegurei a ele, levantando meus quadris em direção a ele, levando-o mais profundamente. Ele não precisava de mais nada conforme começava a empurrar dentro de mim.

Enlouqueci com o prazer que ele provocou. O cara sabia como se mover. Ele não precisava de absolutamente nenhuma orientação. Minhas costas arquearam, empurrando meu peito para cima. Ele fechou os lábios sobre o meu mamilo endurecido, e gemi. — Oh sim.

Ele batia naquele ponto doce. Meu corpo estremeceu debaixo dele. Tremi por causa do orgasmo que me rasgou.

Conforme seus quadris empurravam mais e mais rápido, ele começou a respirar mais fundo. — É tão bom, você me faz sentir tão bem, — ele sussurrou.

Ele me beijou novamente antes de enterrar seu rosto na dobra do meu pescoço, entrando em mim mais e mais. Seu corpo começou a tremer, e sua libertação correu através dele com um profundo gemido de prazer.

Nós dois ficamos deitados nessa posição exata, descendo do alto, a nossa simultânea respiração ofegante criando uma batida repetitiva.

Quando se afastou, meu corpo sentiu falta do dele instantaneamente. Forcei um sorriso, assegurando a ele que as coisas estavam bem.

Bem, tão boas quanto poderiam estar após a realidade voltar. Minha vida era o que era, e não tenho espaço nela para nada mais do que isso, uma noite. Apenas não era possível. Não com o meu drama diário. Eu não tinha espaço para nada além de um simples caso. Apenas uma noite de sexo quente e um momento libertador do meu passeio diário de montanha-russa.

Ele foi para o que eu assumi ser o banheiro. Ouvi água corrente, e então ele apareceu de novo, diante de mim, nu.

A visão dele fez meu coração disparar. Lutei contra a luxúria que me encheu – forte desejo de tê-lo novamente.

Ele se arrastou para a cama e se posicionou atrás de mim. Envolvendo o braço em volta da minha cintura, e então me puxou contra ele. Ele beijou meu ombro e sussurrou em meu ouvido: — Passe a noite comigo, Quinn.

— Ok, — respondi. Mesmo sabendo que não podia. Já estive fora por muito tempo. Não podia mentir e dizer que ficar com ele não teria sido a minha primeira escolha. Ao longo das últimas duas horas, ele realmente me fez esquecer que a minha vida era uma bagunça. Ele quase fez parecer como se eu pudesse ser despreocupada e espontânea, sem consequências.

Se apenas as coisas não fossem do jeito que eram em casa. A ideia de acordar nos braços dele, sentindo seu calor, parecia incrível. Se eu pudesse mandar as minhas responsabilidades ao inferno e ficar na cama dele, no pequeno casulo que criamos...

O silêncio se instalou, e me concentrei na respiração dele, esperando a indicação de que ele havia adormecido.

Após a respiração dele se aprofundar e relaxar, eu cuidadosamente girei nos braços dele. Fiquei tão imóvel quanto possível, admirando sua forma adormecida. Ele era verdadeiramente um homem bonito, e por um curto período de tempo, ele me ajudou a esquecer.

Segui seu queixo com a ponta do meu dedo, memorizando seus traços, gravando-os em minha mente. Eu queria me lembrar desta noite. Nunca tive um caso de uma noite antes; sempre havia considerado sujo e indecente. Mas algo sobre este homem e o jeito que ele me tocou e me beijou parecia completamente diferente do que eu imaginava que seria.

Olhei por cima do ombro e notei o relógio. 1:52 da manhã. Um sentimento de pânico me invadiu quando pensei em minha mãe chegando em casa antes de mim.

Lentamente, e com muito cuidado, escorreguei da cama e peguei a minha calcinha e sutiã do chão. Então comecei a recuar pela casa, pegando minhas roupas e vestindo-as rapidamente.

Olhei em volta a procura das minhas chaves e me lembrei delas batendo no chão mais cedo naquela noite, logo que atravessamos a porta. Toquei ao redor e encontrei-as sob a borda de uma pequena mesa no foyer.

Quando virei a maçaneta da porta e a abri, dei uma última olhada ao redor. Depois calmamente virei a trava, e saí, fechando-a.

A viagem para casa foi miserável conforme eu pensava sobre voltar para a casa dele, me enrolar nele, desejando que as coisas pudessem ser diferentes.

Enquanto eu estacionava na minha garagem, meu coração doeu com a cena diante de mim. O corpo da minha mãe estava caído sobre o degrau da frente, encostado na grade.

Saí do carro, correndo pelo quintal da frente. Eu me ajoelhei diante dela e afastei o cabelo escuro do rosto dela. Ela gemeu com o contato. A sensação de náusea me atravessou quando vi um rastro de sangue escorrendo pelo seu rosto e em sua camisa rosa clara. Um grande corte estava aberto logo abaixo de seu olho.

Meu coração disparou quando olhei ao redor, me perguntando o que aconteceu. O corrimão ao longo das escadas havia quebrado e mal estava pendurado ao degrau de concreto abaixo.

As lágrimas saltaram aos meus olhos, e imediatamente comecei o meu jogo da culpa. Eu estava fora fazendo sexo com um cara aleatório, um completo estranho, quando minha mãe precisava de mim. Eu devia estar aqui quando ela chegou em casa. Se estivesse, isso nunca teria acontecido.

— Mãe, hey, — eu disse. — Precisamos ir ao hospital. Acorde e me escute, por favor. — Ela tentou abrir os olhos, mas eles estavam tão desfocados que só os revirou.

Levou todas as minhas forças, mas finalmente a coloquei no carro. Quando saí da garagem, a emoção de toda a noite me atingiu. O que diabos eu pensava? Não era possível eu agir assim. Eu deveria ser a responsável. Não havia escolha.

Se não o fizesse, então quem o faria?


Capítulo Cinco

 

Quinn


— Você parece uma merda, — declarou Avery ao passar correndo por mim e entrando na casa. — Como merda total, se eu for verdadeiramente honesta. — Ela deixou cair a bolsa no chão e se jogou no sofá.

Exausta e irritadiça, eu estava na porta, ainda segurando a porta. — Isso seria porque eu tive que passar quatro horas e meia na sala de emergência ontem à noite. Não, espera, foi mais como esta manhã. — Fechei a porta e caminhei em direção à sala de estar.

— Hum, por quê? — Ela perguntou, parecendo agora um pouco preocupada.

A culpa de toda a coisa ainda estava fortemente em mim. Sentei-me na velha poltrona gasta em frente a ela, apoiando os pés sobre a mesa de café. — Mamãe, — disse. — Eu a encontrei desmaiada na varanda da frente quando cheguei em casa. Ela tropeçou ao subir os degraus e bateu com a cabeça no corrimão. — Eu me inclinei para trás, fechando os olhos com força. — Ela precisou receber pontos.

— Ela voltou para casa mais cedo do que o normal. Você deixou a festa antes das onze. — Avery pensou que eu fui direto para casa. Meus olhos abriram lentamente, e mordi meu lábio. Eu sabia que ela veria através de mim. Sou uma péssima mentirosa. Não posso fazer isso. Noventa por cento das vezes, eu me entrego apenas com meus olhos.

— Quinn? — Ela arqueou uma sobrancelha de forma interrogatória.

— Eu saí, você está certa. — Respirei fundo, olhando para ela, as memórias da noite passada voltando para mim. Os arrepios na minha pele quando ele me tocou. A queimadura nos meus lábios de sua barba – uma queimadura bem-vinda. Eu ainda podia senti-lo. Ainda podia sentir o cheiro dele. — Apenas não vim direto para casa.

Ela esperou em silêncio. Eu sabia que ela forçaria até que tivesse as respostas que desejava. Avery era a única pessoa que eu tinha para confiar. Ela era a única pessoa com quem eu partilhava tudo. Era a minha pessoa, aquela pessoa que nunca me julgaria, não importa o que.

— Fui para casa com alguém.

Seus olhos se arregalaram com a minha confissão. Ela deslizou para frente no sofá e se ajoelhou no chão em frente a ela, descansando os cotovelos sobre a mesa de café.

— Quem? — Ela perguntou; um sorriso nos lábios. Ela também sabia quão raro isso era para mim. Não faço ficadas. Não estive com um homem em bem mais de um ano, e nós só estivemos juntos por três meses. Relações era apenas muito trabalho, e eu mal tinha tempo para mim. A maioria dos caras não consideravam ser babá de uma mulher mais velha bêbada uma noite perfeita de encontro.

Relembrando a pergunta dela, senti meu rosto esquentar quando respondi com um sorriso combinando. — O cara que estava sentado no cooler, o loiro. — Olhei para as minhas mãos, torcendo-as no meu colo.

— O cara sexy-como-o-pecado com o sorriso matador? — Ela perguntou. Tudo o que eu podia fazer era acenar com a cabeça, ainda olhando para o meu colo. — Puta merda, — ela sussurrou.

— Sim, eu sei, isso é mais o seu tipo de movimento, — eu disse em tom de brincadeira. Olhei para Avery.

Ela estreitou os olhos para mim, lutando contra o sorriso puxando seus lábios. Eu fazia todo o possível para desviar a conversa. O problema era que a minha melhor amiga não cairia nisso.

— Então me dê os detalhes, eles são necessários. O que aconteceu? — Perguntou.

Eu não conseguia controlar a vertigem que se espalhou por mim ao pensar nele. Ainda tentava aceitar que eu realmente tivera um caso de uma noite. Eu não me arrependo, mas nunca admitiria isso. Não queria ser como as garotas que não valorizam a si mesma, uma garota que prefere encontros aleatórios. Isso simplesmente não era eu.

— Acho que você sabe o que aconteceu.

— Hum, sim, eu sei. Isso não significa que não queira os detalhes. Já faz um longo tempo para você. Detalhes são absolutamente necessários. — Ela não estava mentindo. Foi um longo tempo. Mal tive um segundo para respirar, quanto mais ter relações sexuais.

— Foi bastante surpreendente, na verdade. — Sorri, me lembrando dele me segurando enquanto adormecia. — Mesmo depois, quando eu estava nos braços dele, foi muito perto da perfeição.

Perdi minha virgindade no banco de trás de um Corolla, na minha própria garagem. Na mesma noite, tive que pegar a minha mãe na prisão local por seu primeiro delito. Foi comum e acabou em menos de quinze minutos. Não era nada que merecesse escrever ou até mesmo perder tempo lembrando.

Namorei um cara durante o primeiro semestre da faculdade e dormimos juntos algumas vezes, mas, mais uma vez, o mundo não se moveu debaixo de mim, por assim dizer. Ele foi ok, mas depois, recusei a maioria de suas ofertas para sair ou até mesmo ficar na casa dele, o nosso relacionamento terminou.

O homem de ontem à noite, James ou algo assim, ele estava muito perto daquilo que eu consideraria perfeito. No departamento de quarto, eu não tinha reclamações. Ele era gentil e apreciou o que eu ofereci. Ele me fez sentir preciosa e completa. Em seguida, a memória da minha mãe na varanda, com sangue escorrendo pelo seu rosto me bateu novamente. — Mas isso é tudo o que vai ser. Foi apenas coisa de uma vez.

— Ele disse isso? — Ela perguntou, com os olhos queimando com raiva.

— Não, mas isso é exatamente o que era, ok? Não tenho tempo para nada mais do que isso. Basta deixar quieto, por favor. — Eu me levantei da cadeira e caminhei em direção à cozinha, onde enchi uma xícara de café. Eu não podia me permitir imaginar que poderia ser algo mais.


***


Trabalhar no Spencer’s nas noites de sábado era agitado, para dizer o mínimo. Um clube de cavalheiros não era o que eu tinha em mente quando pensei no meu futuro, mas paga bem. Recusei-me a dançar, mas ser uma hostess em um lugar como esse era muito perto da mesma coisa.

As roupas que éramos forçadas a usar eram como três tiras de material unidas por fio dental. Todos os seus bens estavam visíveis e totalmente em exibição. Porém, as gorjetas eram boas, e eram essas gorjetas que mantinham um teto sobre minha cabeça, por agora.

Eu tinha algumas entrevistas marcadas para segunda-feira, juntamente com cerca de dez outros lugares para os quais eu me inscrevi, e que ainda tinham que me ligar de volta. Se algo não aparecer logo, eu serei forçada a vender a casa. Estava ficando mais difícil enfrentar às despesas. O dinheiro que eu ganhava tendia a sumir mais rápido do que eu poderia ganhá-lo.

Eu terminava meu turno noturno, e os meus pés estavam me matando. Estes saltos não eram meus amigos. Abaixei e tirei meu sapato esquerdo quando um tapa forte fez contato com a minha bochecha esquerda da bunda. Eu me ergui e virei, apenas para ficar cara-a-cara com Ryker.

— Porra, Quinn, você parece bem, — ele arrastou. Ele estava bêbado, desleixado, eu podia sentir o cheiro de sua respiração. Fiquei surpresa por ele recordar de mim. Nós nunca nos vimos antes de sua festa.

Seus olhos estavam vermelhos e desfocados enquanto ele percorria meu corpo. O homem de pé ao lado dele parecia familiar, mas não conseguia me lembrar de onde eu o conhecia.

— Ryk, deixe a moça bonita sozinha, cara. Ela não precisa de sua mão bêbada a apalpando, — o cara parecendo decente à esquerda disse. Ele olhou para mim e piscou. A piscadela que me lembrou do que eu havia testemunhado antes. Então, de repente me bateu. Ele era o cara da festa, o cara sentado ao lado de meu homem de uma noite. Meu cara, cujas mãos em mim eu ainda não conseguia esquecer.

Sr. Piscador Paquerador puxou Ryker para longe de mim e levou-o lentamente em direção à porta. Ryker continuou gritando vulgaridades sobre seu ombro. Algo sobre me tirar da minha sumária calcinha e lamber meu corpo.

Eu só podia balançar a cabeça e continuar com a minha noite. Ele estava bêbado e perdido. As coisas estavam em uma espiral para baixo e eu estava mais do que pronta para ir para casa, tomar um longo banho quente, e rastejar na cama.


Capítulo Seis

 

Jett


Meu humor estava uma merda. Havia estado desde que eu acordei para encontrar minha cama vazia e o carro de Quinn desaparecido. Foi uma surpresa. Nunca pensei que ela fosse fugir no meio da noite. Normalmente, apenas rapazes faziam essa merda. Então, imagine minha surpresa quando percebi que fui bombeado e despejado.

Segunda-feira veio demasiadamente rápida, e eu não estava ansioso para lidar com a próxima rodada de candidatas esquisitas para o emprego de garçonete. Callie agendara mais três entrevistas para o dia. Jurei que, se alguma delas estivesse mascando chiclete, eu ia enlouquecer.

Cheguei ao restaurante cedo e aproveitei o tempo para recuperar o atraso em alguns e-mails e mensagens de voz que esperavam por mim. Acabara de desligar meu telefone quando houve uma batida na porta do meu escritório.

Lentamente, ela se abriu e Callie colocou a cabeça para dentro. — Ei, chefe, você está pronto para as entrevistas?

— Na verdade, não, mas não tenho escolha. A menos que você queira voltar a trabalhar lá diariamente. — Levantei uma sobrancelha para ela, e ela revirou os olhos.

— Claro, mas, quem irá mantê-lo na linha reta? Você não teria ninguém para impedi-lo de perder compromissos e organizar sua agenda. — Ela encolheu os ombros e arregalou os olhos. Ela sabia que eu não desistiria dela como minha assistente. Verdadeiramente, a menina mantém minha bunda na linha.

— Vamos acabar com essa merda. — Peguei a pasta com as possibilidades de hoje e ignorei o riso quando ela fechou a porta.

Poucos minutos depois, ela bateu uma vez antes de liderar uma menina com cabelo castanho curto. — Sr. Jameson, esta é Taryn. Ela é sua primeira entrevista do dia. — Callie piscou o sorriso se divirta com esta e se virou para sair. A merdinha sabia que esta entrevista seria com certeza um desperdício de tempo antes que a trouxesse ao meu escritório. Imediatamente comecei a planejar minha vingança.

— Sente-se, senhorita Harris, — eu disse ao olhar sobre seu currículo. — Então, você trabalhou no varejo.

— Sim, eu trabalhei por cerca de dois anos. Frequentava a faculdade durante o dia, por isso as minhas horas eram principalmente à noite. Na verdade, decidi parar neste próximo semestre, por razões financeiras. Estou apenas procurando por horas limitadas por semana.

— Então, você está apenas à procura de uma posição temporária? — Perguntei. Ela assentiu com a cabeça, mantendo-se calma. — Entendo, — eu disse, olhando seu currículo mais uma vez. — Você tem alguma experiência como garçonete, senhorita Harris?

— Não, — ela respondeu em um sussurro.

Coloquei o papel na mesa e me recostei na cadeira, cruzando os braços sobre o peito. — Preciso preencher esta vaga com alguém que planeja ficar por aqui. Sei que nada é garantido, mas sabendo que você só quer trabalho a curto prazo torna esta uma decisão fácil. Realmente aprecio você tomar o tempo para vir e pelo seu interesse no Jett’s, mas acredito que esta posição não é muito adequada para as suas necessidades, não neste momento.

Levantei e ela seguiu o exemplo. Contornei a mesa e a levei até a porta. — Obrigado de novo, Srta. Harris. Desejo-te muita sorte.

Meus olhos encontraram os de Callie e ela segurou um brilho perverso nos olhos enquanto tentava esconder seu sorriso. Ela não estava achando que eu daria o troco. Acho que ouvi algo sobre um lavador de louça não aparecendo para seu turno hoje. Eu me senti satisfeito sabendo que eu seria capaz de castigá-la mais tarde, quando lhe entregasse uma rede de cabelo.

Voltei à minha mesa e abri o arquivo, em seguida, rapidamente digitalizei o próximo currículo. Ela tinha experiência, pelo menos, três anos. Possuía referências e as qualificações adequadas para o trabalho.

Quando vagava sobre o papel, minha boca ficou seca instantaneamente. O nome Quinn Tucker estava em negrito na parte superior. Quais eram as chances dela ser a mesma Quinn? Minha frequência cardíaca aumentou com a ideia de vê-la novamente. Em seguida, uma pontinha de irritação seguiu quando me lembrei de como ela abandonou minha bunda antes do amanhecer.

O clique da porta chamou a minha atenção quando ela entrou no meu escritório. No momento em que meus olhos se fixaram nos dela, o meu estômago ficou tenso. Tentei permanecer inalterado, mas porra, se meu corpo não voava alto com a visão dela. O cabelo escuro com mechas caramelo fluindo por cima do ombro. Seus lábios perfeitos. Lembrei-me imediatamente de como se sentiam contra os meus.

— Senhorita Tucker. — Callie limpou a garganta, puxando-me de volta ao presente.

— Obrigado, Callie, — respondi sem desviar o olhar de Quinn. Ouvi o clique dos saltos de Callie enquanto ela saía do meu escritório.

Quinn se moveu de um lado para outro, as mãos nervosamente massageando uma à outra diante dela. Permiti que meus olhos vagueassem sobre ela, belas pernas longas que levavam até um par de saltos de tiras. Esse mesmo par de maravilhosas pernas que há pouco mais de 48 horas atrás estava envolvida firmemente ao redor da minha cintura.

— Quinn, — eu disse, apontando para a cadeira diante de mim. — Sente-se.

Ela calmamente e cautelosamente abaixou-se para a cadeira, a alça da bolsa esticando do aperto tenso que ela tinha sobre ela. Não havia como esconder o fato de que se sentia oprimida. Eu não sabia o que dizer a ela. Estava dividido entre trazer a outra noite e apenas fingir que nunca aconteceu.

Mais do que tudo, eu queria contornar a mesa, puxá-la da cadeira, e beijá-la. Queria que ela admitisse que a noite aconteceu e que não deveria ter ido embora. Eu precisava saber que ainda estava em sua mente, porque caramba, ela esteve persistente na minha.

— Por que você foi embora? — A pergunta escapou dos meus lábios antes que eu pudesse detê-la.

O olhar dela disparou e encontrou o meu. Ela mordeu o lábio, olhando para mim, uma expressão preocupada cobrindo suas belas feições. Era como se ela estivesse brincando com a resposta em sua cabeça uma e outra vez antes de responder.

— Foi um erro, — ela sussurrou.

Senti meu corpo estremecer com as palavras dela. Um erro.

Eu tinha que admitir que não era a resposta que eu esperava. Pensei que talvez ela atiraria algo sobre eu não a querer lá de manhã ou uma desculpa esfarrapada assim. Então eu poderia tê-la tranquilizado, deixando-a saber que acordei decepcionado por ela ter ido embora. Agora eu só estava chateado.

— Um erro, — repeti, olhando para ela, incapaz de formar outra resposta. Irritado e tão perto de dizer coisas que eu não poderia pegar de volta, deixei escapar lentamente uma respiração calmante. Agarrei o currículo dela e levantei-o da mesa, desviando os olhos dos dela. — Bem, então, uh. — Limpei minha garganta. — Vamos continuar com esta entrevista. Vamos apenas fingir que seu erro nunca aconteceu. Isso é, obviamente, o jeito que você quer, então é assim que nós vamos fazer.

— Talvez eu devesse ir, — ela sussurrou, com a voz trêmula e insegura.

— Você veio aqui para o cargo de garçonete, correto? — Ela assentiu cautelosamente. — Você é a primeira pessoa que se inscreveu com alguma experiência real. Então, para seu benefício e meu, eu vou fingir que nunca te conheci antes de hoje. É isso que você quer, Quinn?

Mais uma vez, ela balançou a cabeça enquanto engolia em seco, sua garganta tremendo. A garganta que eu ainda podia imaginar arrastando minha língua ao longo dela, sugando levemente.

Tive dificuldade em me concentrar em toda a entrevista. Não conseguia afastar da minha mente as imagens dela nua debaixo de mim, seus gemidos suaves tocando no meu ouvido enquanto eu entrava nela.

Lutar contra uma furiosa ereção era quase impossível. Minha mente ia e voltava entre a raiva e a luxúria. Manter minha cabeça no lugar era algo que nunca tive dificuldade de fazer, até agora.

Ela se encaixava perfeitamente na posição. Ver o nome de Spencer’s no currículo dela fez a minha garganta apertar. Saber que ela trabalhou em um clube de cavalheiros não me fez bem. O fato de que ela estava em exposição para homens com tesão era perturbador. Um forte sentimento de possessividade me encheu.

— Bem, Quinn, o cargo é seu, se estiver interessada. — Foquei em seus lábios, que agora detinham um arremedo de um sorriso doce.

— Sim, eu estou, muito obrigada, — ela sussurrou.

— Vou pedir a Callie para te treinar e ligar com a sua programação, — assegurei quando me levantei.

Ela também se levantou e estendeu a mão para apertar a minha. Olhei para ela por alguns segundos antes de estender minha mão sobre a mesa e balançar suavemente. — Obrigada, Jett. Agradeço a oportunidade de trabalhar para você. — Apenas balancei a cabeça em resposta. Havia muito mais que eu queria dizer, mas escolhi forçar um sorriso ao invés disso.

Eu a vi caminhar em direção à porta e colocar a mão sobre a maçaneta. Ela fez uma pausa e olhou por cima do ombro. — Isso funcionará certo? Conosco? Quero dizer, nós seremos capazes de trabalhar juntos sem ficarmos desconfortáveis, não é?

Um pontapé no estômago. — Nós certamente vamos. Antes de hoje, você era apenas a menina que escapou da minha casa sem dizer adeus. — O rosto dela entristeceu apenas o suficiente para eu notar. — Agora você é minha nova empregada, e não saio com minhas funcionárias.

Ela assentiu com a cabeça e imediatamente se virou para enfrentar a porta. Após alguns segundos de silêncio, ela a abriu e saiu.

Afundei na minha cadeira, me sentindo derrotado e confuso. Que porra eu fiz de tão errado? Ela queria que isso acontecesse, tanto quanto eu. Então, se a gente se conheceu apenas poucos minutos antes de irmos para casa juntos? Todos os relacionamentos começam com um não conhecendo a outra pessoa? Não que eu esperasse um relacionamento, mas inferno, eu não esperava que ela me rejeitasse, tampouco.

Permaneci em silêncio, lembrando-me da nossa noite juntos mais e mais na minha cabeça, tentando descobrir onde eu havia errado.


Capítulo Sete

 

Quinn


No minuto que cheguei ao meu carro, eu rapidamente entrei. Descansando contra o assento, soltei um suspiro profundo. A respiração que senti que segurava eternamente. Essa foi a situação mais embaraçosa e desagradável em que eu já me encontrara.

A maneira que o olhar dele queimava e endurecia há apenas alguns segundos me deu calafrios. Eu podia sentir a raiva nele no momento em que eu disse que o que fizemos foi um erro. Eu não deveria ter dito isso. Ele foi incrível, realmente incrível. Até o momento que encontrei minha mãe esparramada na varanda da frente, sangrando e alheia ao mundo ao seu redor.

Se não estivesse com uma necessidade desesperada de dinheiro, eu teria recusado o trabalho e salvado a minha sanidade. Mas, mais uma vez, minha mãe me deixou sem outra escolha. Ela não pode manter um emprego, então confiar nela é um desperdício de tempo. Eu estava sozinha neste barco, e se não quisesse ser uma sem-teto, Jett’s era minha maneira de fazer isso. Eu só precisava descobrir como faria para vê-lo todos os dias e não querer mais do que tivemos naquela noite.


***


— O cara? — Perguntou Avery. — Aquele da festa. Sr. Noite de Sexo Quente?

Concordei e olhei para a estrada. — Sim, isso seria ele.

— Então, ele é seu novo chefe? Você sabe o que isso significa, certo? — Ela mexeu as sobrancelhas para cima e para baixo. — Você será capaz de fugir de qualquer coisa, contanto que você ofereça um replay da noite de vocês juntos, como um pedido de desculpas.

— Não vai acontecer, Avery. Eu já disse a ele que aquela noite foi um erro.

Ela engasgou. — Você o quê? Hum, falando sobre um chute no saco. Estou surpresa que ele contratou você depois disso.

Lamentei o que eu disse no momento em que saiu dos meus lábios, mas era tarde demais para voltar atrás.

Depois fomos para o ginásio para um treino rápido, eu a deixei e corri para casa. Eu tinha a noite de folga, e esperava pegar a minha mãe antes que ela saísse. Talvez eu pudesse convencê-la a ficar em casa dessa vez. Eu poderia realmente ter uma boa noite de sono, uma noite onde não tenha que correr para tirá-la do chão.

Quando entrei e a encontrei de pé perto do fogão fazendo o jantar, dizer que eu estava atordoada seria um eufemismo.

— Ei, querida, pensei que eu poderia cozinhar, para variar, — anunciou enquanto eu caminhava em direção a ela. — Lembra-se quando costumávamos fazer uma sopa diferente a cada noite, tentando descobrir novas receitas? — Ela pegou algo da panela e estendeu a colher para mim, a mão debaixo dela para pegar o gotejamento. — Prove isso, — disse com um sorriso. O olhar orgulhoso em seu rosto fez a minha garganta apertar com extrema felicidade.

Fazia anos desde que ela fizera o jantar. O trabalho doméstico não estava em seus genes. Ela não era o tipo de mãe que fazia cookies. Sabe, aquela escravizada sobre o forno com o cabelo preso. Ela era a mãe que me pegaria tarde na escola ou não apareceria. Eu estava tomando conta de mim por tanto tempo quanto conseguia lembrar. Era eu quem fazia com que tivesse comida fresca na casa ou lençóis limpos na cama. Garantindo que a porta estava trancada à noite e as janelas todas fechadas.

Reservo a minha confusão por um momento e me inclino para saborear o caldo, fechando os olhos enquanto ele corria na minha garganta. Era picante, mas era bom. — Hum, não é mau, mãe, — assegurei e ela sorriu largamente. Ela olhou para mim com um orgulho que eu raramente tive a chance de testemunhar.

— Ponha a mesa e nós vamos comer um pouco juntas. — Ela se virou para o fogão e começou a colocar um pouco de caldo da cor de tomate na tigela.

Coloquei as torradas e talheres sobre a mesa, esperando que ela levasse as tigelas. Ela cuidadosamente colocou uma na minha frente e uma do outro lado da mesa, onde, em seguida, sentou.

Eu ainda esperava por uma explicação, algo para lançar alguma luz sobre a mudança inesperada dela. Nós nos sentamos uma em frente à outra sem falar uma palavra, apenas o som de leves goles de sopa enchendo o ar.

Ela parecia tão diferente, tão diferente dela mesma. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, caindo sobre seu ombro esquerdo. Ela usava um par de jeans e uma camisa vermelha apertada. Estava até usando brincos e um colar que eu sei que ela ganhara do meu avô anos atrás.

— Mãe, o que está acontecendo? Quero dizer, não me interprete mal, esta mudança é algo que eu penso ter desejado por anos. Estou apenas confusa. O que trouxe a isso? — Eu precisava saber. Eu não era estúpida o suficiente para acreditar que ela teve alguma epifania. Ela sempre tinha um motivo; eu simplesmente não consegui descobrir o que poderia ser desta vez.

O sorriso dela sumiu e ela colocou a colher na mesa ao lado da tigela. — Queria apenas ter uma noite agradável. Eu sei que tenho sido uma mãe de merda, Quinn. Fui a uma reunião hoje e estou tentando aqui, ok?

Uma reunião. Era sempre o mesmo. Ela iria para uma, talvez duas, então teria uma recaída novamente. Ela não duraria. Ela sempre tinha altos e baixos. Geralmente, algo a empurrava a tentar mudar. Um cara novo em sua vida, ela recebendo uma herança. Oh, houve uma vez que uma amiga, uma mulher que eu nunca vi, apareceu. Ela ficou aqui por alguns dias, e quando foi embora, minha mãe voltou aos seus antigos caminhos.

— Quem é ele? — Perguntei antes que pudesse me impedir. Um cara era a única explicação.

Seus olhos se arregalaram e ela parecia nervosa. — O que você quer dizer?

— Você conheceu um cara? Alguém que fez você querer mudar os velhos hábitos. Alguma coisa acionou essa mudança, mãe. Você não pode esperar que eu acredite que seja por minha causa após todos estes anos. Venho tentando fazê-la parar de beber desde, bem, antes de sequer me lembrar. Nunca funcionou. Assim, a única outra opção é que isso tem a ver com algum homem.

Ela se levantou da mesa e levou a tigela para a pia. Ela se abraçou em cima do balcão, mas não olhou para mim. Eu podia ouvir suas respirações profundas em toda a sala. Apenas um pouco acima de um sussurro, o que ela disse fez o meu estômago se apertar.

— É o seu pai.

Essas quatro palavras bateram em alguma coisa dentro de mim. O meu pai? — O que você quer dizer com meu pai? Você me disse que meu pai nos deixou antes de eu nascer. Você disse que nem sequer o conhecia. Então, como poderia o meu chamado pai ter algo a ver com essa mudança?

Não tirei os olhos dela. Vi quando ela atravessou a sala e enfiou a mão na bolsa. Ela puxou um envelope e segurou-o com força, prendendo-o contra o peito. — Não fui completamente honesta com você.

— Sim. — Eu ri sarcasticamente. — Estou sentindo isso. — Eu tentava controlar minha raiva. — Isto é dele? — Apontei para a carta que segurava tão perto.

— Não, é da irmã dele, — ela respondeu. — Você se lembra da mulher que me visitou dois anos atrás, aquela que se hospedou por alguns dias?

Balancei a cabeça, meus olhos presos na carta.

— Aquela mulher era sua tia, — ela sussurrou.

Raiva me inundou. Eu não conseguia mais controlar. Fechei os punhos e me levantei da mesa, empurrando a cadeira para trás. — Então, ela não era apenas uma amiga aleatória de seu passado. Ela é minha tia. Por que esconder isso? — Ela se encolheu quando levantei a voz. — Por que diabos todas as mentiras e segredos? Ele não me quer, tudo bem, mas por que mentir para mim todos esses anos?

Lágrimas correram pelo rosto da minha mãe enquanto ela permanecia em silêncio, aceitando a minha raiva, seu olhar nunca deixando o meu. — Passei toda a minha vida pegando você do chão, ou de algum bar. Já cuidei de você todos esses anos, pondo de lado as minhas necessidades. — Dei um passo na frente dela e tirei a carta das mãos dela. Ela se agarrou a ela, mas fui capaz de pegar o envelope.

— Por favor, deixe-me explicar, Quinn. Não leia sem me permitir explicar primeiro. — As palavras dela não significavam nada.

A carta era de uma Brandy Cooper de Tampa, Flórida.


Abigail,

Eu sei que já faz algum tempo desde nossa última conversa, mas queria lembrá-la que está chegando 01 de junho.

Eu acho que é hora de você dizer à Quinn sobre Beau. Ele voltará aí, você sabe que ele irá. Ele tem a propriedade de nosso pai ainda esperando por ele. Será o primeiro lugar que ele irá.

É hora dela saber a verdade. Ela merece isso...

Brandy


— Diga-me, — eu disse, me virando para encará-la. — Você me deve uma explicação, caramba. Você me deve! — Eu estava além de raiva. — Onde diabos ele tem estado?

— Na prisão. — Meu coração afundou imediatamente. — Ele sai no dia primeiro. — Minhas pernas enfraqueceram ao ouvir suas palavras. Primeiro de junho estava a apenas três dias de distância. Meu pai, o homem que sempre foi sem rosto e sem nome, seria libertado da prisão em poucos dias.

Prisão.

— Por que não me contou? Por que eu vivi todo esse tempo sem saber a verdade?

— Quinny, ele nunca soube sobre você.

— O quê? — Traição e raiva corriam por mim, e furiosamente limpei as lágrimas que elas causaram. — Então eu não fui a única pessoa para quem você esteve mentindo por todos esses anos?

Amassei a carta e joguei-a, andando em direção à porta. Puxei minha bolsa e as chaves da mesa da cozinha, minhas mãos tremendo.

— Por favor, Quinn, não vá. Deixa-me explicar. Por favor.

— Você teve vinte e cinco anos para explicar tudo isso para mim. O tempo para explicar expirou, mãe. Você perdeu sua chance de fazer isso direito. — Deixei-a de pé na sala de estar, os soluços desaparecendo com cada passo que eu dava.


Capítulo Oito

 

Quinn


Deitei na cama de Avery, olhando para o teto. Ela ouviu quando eu disse a ela tudo o que acabara de descobrir. Acho que ela estava tão chocada com a informação quanto eu.

— O engraçado é que ela nunca pôde parar de beber por mim. Nunca pôde simplesmente retroceder e ser minha mãe. Eu precisei dela todos esses anos, mas ela continuou se embebedando até próximo da morte, durante metade do tempo. — Fiz uma pausa e olhei para Avery. — Mas um homem que não esteve na vida dela durante vinte e cinco anos foi o que precisou. Quão estúpido é isso? Ela é uma vagabunda egoísta, e não posso deixar ir essa raiva que sinto por ela.

Durante todos os anos, estive irritada com a minha mãe tantas vezes, mas nunca assim. Eu merecia saber a verdade sobre meu pai, mas não podia confiar que minha mãe seria honesta, não depois do quanto ela já mentira.

Avery e eu fizemos um pouco de pesquisa depois que eu cheguei a casa dela em lágrimas. Nós começamos a procurar a minha tia, Brandy Cooper. Depois de uma hora, descobrimos que o nome de solteira era Blanchard.

Pesquisando através dos registros públicos on-line, o encontramos, meu pai. A imagem na tela era esmagadora. Imaginara um homem horrível, com tatuagens e olhos irritados. O homem que encontramos era tudo menos isso. Ele tinha cabelos castanhos iguais aos meus. Ele estava limpo, e seus olhos eram tão tristes e solitários, quase como se estivesse perdido.

Lendo as acusações, descobri que meu pai foi condenado à prisão por vinte e cinco anos por homicídio com arma mortal, um crime de primeiro grau. A história afirmou que ele não se declarou culpado, mas foi condenado após um julgamento em curso. O homem que ele matou era filho de um juiz. Aparentemente, eles entraram em uma briga do lado de fora de um bar e ninguém os parou. Ambos estavam acima do limite legal de álcool, pois beberam durante a noite toda.

A coisa toda se infiltrou pesadamente em meu coração enquanto eu olhava em seus olhos vazios. Afastei a culpa que começara a sentir, sabendo que minha mãe estava provavelmente bêbada por agora. Tentei não pensar sobre o estado em que ela poderia estar, ou o fato de que ela poderia precisar de mim.

Hoje à noite, eu só precisava fazer uma pausa e aceitar tudo o que já sabia. Eu merecia um tempo para absorver que a minha vida estava prestes a mudar. Tudo o que eu acreditava estava agora em questionamento. As chances de encontrar meu pai em poucos dias eram bastante altas, mas ainda não sabia como eu me sentia sobre isso.


***


— Você vai para casa primeiro? — Avery perguntou do outro lado de sua cozinha minúscula. Fiquei de costas para ela enquanto fazia café. — Tenho roupas que você pode usar, então a decisão é sua.

Hoje era meu primeiro dia no Jett’s, e eu tinha uma hora antes que precisasse estar lá. Eu só fui avisada para usar calças pretas, e a camisa polo seria fornecida quando chegasse lá. O pensamento de brigar com a minha mãe antes de ir para o meu primeiro dia não soava como qualquer coisa que eu quisesse fazer. Eu já estava além de nervosa, e não precisava de nada me fazendo me sentir pior.

— Acho que ficarei pronta aqui, se estiver tudo bem, — eu disse, sem me virar para encará-la.

— Já separei minhas calças pretas e uma camisa que você pode usar por agora. Além disso, minhas sapatilhas pretas estão no armário da frente, as confortáveis. Você sabe onde todo está o resto. — Ela me conhecia muito bem. Ela tinha a resposta antes mesmo de eu fazer a pergunta.


Capítulo Nove

 

Jett


Eu não conseguia desviar o olhar. Tinha um milhão de coisas que poderia estar fazendo, mas não podia me forçar a fazer qualquer uma delas.

Assisti Callie levá-la de mesa em mesa, observando-a. Eu admirava seu sorriso doce enquanto conversava com os clientes. Ela estava linda, e eu já poderia dizer que não precisava me preocupar sobre ela lidar com o trabalho. Ela corria pela sala de jantar como se trabalhasse aqui há anos.

Não ouvi a batida na minha porta ou Kade quando ele entrou. Meus olhos ainda estavam focados inteiramente em cada movimento de Quinn. Sentei-me, descansando no sofá de couro no meu escritório, um braço sobre as costas, o outro descansando na minha coxa, completamente extasiado.

O som dele pigarreando me assustou. Ele riu e balançou a cabeça. — Sério, cara, você precisa pegar um guardanapo para limpar seu queixo. Tenho certeza que vejo um pouco de baba.

Ele sentou-se ao meu lado no sofá e apoiou os pés sobre a mesa à nossa frente. — Então é isso que você faz todos os dias? Você senta aqui e cobiça todos os clientes e sua equipe? — Eu esperava o momento em que ele a notasse. Assim que seus lábios se levantaram em um sorriso arrogante, eu sabia que ele o fez. — Oh, eu vejo o que você está assistindo. Quando ela começou a trabalhar aqui? Pensei que ela trabalhasse no Spencer’s, — disse, como se ele frequentemente visitasse o lugar.

Levantei uma sobrancelha para ele. Como diabos ele sabia que ela trabalhava lá?

— Eu estava lá com Ryker na noite depois da festa. Ela estava trabalhando então. Precisei distraí-lo para que deixasse a pobre garota sozinha. — Ele respondeu à pergunta antes que eu pudesse perguntar. — Ele estava ficando todo mão-boba.

O pensamento de Ryker, ou qualquer outra pessoa, na verdade, tocando-a, provocou uma irritação flamejante em mim.

Silêncio caiu quando nós dois observamos a sala. Então, do nada, ele sentou-se para frente e se virou para mim, um sorriso nos lábios. — Ela é a garota que você levou para casa naquela noite? Depois da festa de Ryker, você disse que foi para casa com alguém.

Um pequeno sorriso puxou a borda da minha boca. — Sim, foi a Quinn, — respondi.

— Droga, — ele gemeu.

Kade é o único para quem eu falei sobre Quinn e aquela noite. Nunca disse o nome dela, mas ele sabia os detalhes do nosso tempo juntos. Ele também sabia que ela desapareceu naquela noite e eu acordei sozinho.

— Ela quer esquecer o que aconteceu. Estou tendo um tempo ruim com isso, — confessei. — Preciso apenas encontrar uma maneira de fazê-la se sentir da mesma maneira sem ser agressivo.

Apertei o botão no sistema de intercomunicação exibido na mesa ao lado do sofá e vi quando Callie imediatamente olhou em minha direção. Ela tocou o fone de ouvido, sorrindo. — Sim, chefe.

— Como ela está indo? — Perguntei.

— Tenho certeza que você já sabe a resposta para isso, Jett. Posso sentir seus olhos queimando um buraco através deste vidro. Você realmente trabalhou hoje, ou toda a manhã foi gasta admirando Quinn? — Ela riu.

— Acho que o sombreamento do vidro é inútil, não é? — Eu não lhe daria a satisfação de admitir que ela estava certa. Seus olhos se estreitaram no momento em que ela pegou o que eu estava prestes a fazer. — Na verdade, eu acho que a seção três parece precisar de uma segunda garçonete. Algumas dessas mesas precisam ser limpas um pouco mais rápido também. Precisamos acomodar mais alguns clientes. Por que você não cuida de algumas mesas, Cal?

Terminei a chamada antes que ela pudesse responder. Uma risada profunda rasgou de Kade e correspondia à minha. — Porra, você a irritou, — ele disse enquanto continuava rindo.

— Sim, eu sei. Pareço ser capaz de fazer isso com bastante facilidade. Deixa os dias muito divertidos.

***


Pelo resto do dia, Quinn cuidou da seção que Callie havia atribuído a ela. Ela foi impecável e tratou tudo com graça. Os clientes pareciam amá-la, e por seu sorriso, ela também apreciava as interações.

Quando o seu turno terminou, eu mandei uma mensagem para a estação da hostess pedindo para mandá-la ao meu escritório antes de sair. Eu sei que provavelmente não foi a decisão mais brilhante. Nada bom poderia vir disso, mas porra, eu não poderia deixá-la ir. Sentei na minha mesa, esperando impacientemente, minha perna saltando enquanto a energia nervosa se estabelecia. Olhei intensamente para minha porta do escritório, sentindo como se a qualquer momento eu pudesse ir lá fora para buscá-la eu mesmo.

A batida suave na porta colocou o meu estômago em chamas. — Entre. — Eu disse enquanto me levantava e andava em torno minha mesa. Precisava me mover; ficar parado não era uma opção. A última coisa que eu queria era uma mesa entre nós.

— Você queria me ver? — Quinn questionou quando espiou pela borda da porta, nervosismo traçava suas belas feições.

Segurei seu olhar curioso, lutando contra o desejo de ir até ela e fixá-la contra a parede. — Sim, eu só queria saber como foi o seu primeiro dia. — Sentei-me na borda da mesa, cruzando os braços sobre o peito.

Ela andou o resto do caminho para dentro e fechou a porta. Suas calças pretas abraçaram suas curvas perfeitamente. A camisa polo com o nome do meu negócio apenas acima de seu seio direito me fez sentir como se pudesse bater no meu peito, um sentimento louco de posse, considerando as doze diferentes meninas que trabalhavam aqui e usavam a mesma camisa.

— Foi ótimo. Callie é muito boa. Ela facilitou minha adaptação ao lugar. Eu conheci a equipe. Jude é um pouco intimidante, mas, além disso, tudo foi ótimo.

Eu ri com o comentário dela sobre o meu chef. — Jude é inofensivo, — assegurei. — Ele conquistará você. Uma vez que o fizer, você se sentirá diferente. Ele é um cara realmente ótimo. Reservado, um pouco sistemático, mas leal.

Ela deu de ombros e sorriu. — Então, hum, se isso é tudo, eu acho que vou para casa. Preciso trabalhar esta noite às sete.

Ouvir que ela iria esta noite para o Spencer’s não me pareceu bem. A ideia dela lá só fez meu sangue ferver. Não pensei antes de agir; eu só sabia que não estava pronto para deixá-la ir ainda. Corri até ela, estendi a mão, e tomei seu cotovelo na minha mão. Virei-a para me enfrentar.

— Espere, — eu disse, conforme minha linha de visão mudava para os lábios dela. Ela nervosamente lambeu o inferior, olhando para mim. — Isso é tão fora da linha, eu sei disso, Quinn, — eu disse quando pisei mais perto. Ela deu um passo para trás, batendo na porta atrás dela. — Não foi um erro, você e eu. Não posso concordar com você sobre isso. — Seu olhar encontrou o meu enquanto seu peito arfava. — Aquela noite, não foi um erro. Não foi errado. Eu sei que você se sente da mesma maneira. Algo tão surpreendente não pode ser um erro. Por alguma razão, no entanto, você quer que eu acredite que você se arrepende. Por quê?

Seu hálito doce deslizou sobre meu pescoço. — Não posso fazer isso, — ela sussurrou.

— Apenas me diga por quê? Quero saber o que eu fiz para fazer você correr. — Repassei aquela noite em minha mente tantas vezes, não consegui nada. Analisei cada palavra que eu falei, cada movimento que fiz, mas não consegui identificar nada que a faria se sentir como se eu quisesse que ela fosse embora.

— Você não fez nada, Jett. Há tanta coisa na minha vida que... — ela olhou para baixo e respirou fundo. — Eu simplesmente não tenho qualquer espaço para nada mais do que isso, uma noite. Desculpe-me. Eu gostaria que as coisas fossem diferentes, mas agora tudo está tão ferrado.

Ela olhou para mim e nossos olhares se encontraram. Sua mão veio levantou e descansou no meu peito, brincando com a minha gravata. — Se as coisas não estivessem tão pelo avesso, e se eu não sentisse que meu mundo estivesse caindo aos pedaços, eu não estaria correndo. Não teria te deixado, e você ficaria enjoado de mim por agora. — Ela piscou para mim e meu estômago se apertou.

— Eu duvido disso, — a tranquilizei. — Tenho quase certeza que ficar enjoado de você seria impossível. — Descansei minha testa contra a dela, fechando os olhos com força, respirando-a.

Quando seus lábios roçaram os meus, minha fome assumiu, e pressionei com mais força, beijando-a. Fechei a distância, empurrando-a para a porta atrás dela. Coloquei minhas mãos em seus quadris, e ela colocou a dela em volta do meu pescoço.

Um gemido suave escapou dela, trazendo de volta memórias da nossa noite juntos. Mordisquei o seu lábio inferior, sugando suavemente. — Não corra, Quinn, — sussurrei entre beijos. — Não suponha que eu não posso lidar com tudo o que você já tem em curso. Basta me dar uma chance.

Ela hesitou contra mim, e tomei seus lábios mais uma vez. Eu podia a sentir recuando, mas não estava pronto para isso acabar ainda.

Ela soltou meu pescoço, baixou as mãos no meu peito, e me empurrou. Dei um passo atrás, deixando minhas mãos caírem aos meus lados. Esperei que ela me dissesse novamente por que isso não aconteceria. Meu corpo ainda zumbia do nosso beijo.

— Eu preciso ir. Sinto muito, — ela sussurrou.

Antes que eu pudesse detê-la, ela correu do meu escritório, deixando-me irritado e confuso.


Capítulo Dez

 

Quinn


Minha mãe não estava lá quando cheguei em casa voltando do Jett’s. Troquei rapidamente minhas roupas para o Spencer’s e saí novamente. Eu tinha certeza que ela estava sentada em um bar em algum lugar, afogando suas mágoas. Não tinha dúvida de que hoje à noite eu a encontraria desmaiada no chão, ou pior, no gramado da frente novamente.

Então, imagine minha surpresa quando cheguei quase uma da manhã e lá estava ela, sentada na nossa cozinha escura. Ela estava sóbria, o que me deixou, mais uma vez, olhando confusa para ela. Ela mexia com a toalha da mesa enquanto esperava que eu tirasse os sapatos e se aproximasse dela.

— Quinn, eu sei que errei em tantos níveis. Eu deveria ter dito a você, e deveria ter encontrado uma maneira de fazê-lo me ver, assim eu poderia dizer a ele sobre você. Depois que você nasceu, eu tentei vê-lo.

Sentei-me diante dela quando ela começou a explicar.

— Ele não aceitou minhas cartas ou me concedia visitas. Foi o mesmo para Brandy. Ele apenas desligou-se do mundo exterior. Minhas cartas foram devolvidas fechadas, semanalmente. Eu tentei, Quinn, eu realmente tentei. — Ela olhou para mim, os olhos brilhantes de lágrimas. — Ele se recusou a permitir-me esperar por ele. Eu nunca parei de amá-lo, no entanto. Claro que namorei outros homens ao longo dos anos, mas eles nunca foram nada verdadeiros ao meu coração, não como Beau era. Ele apenas disse que era muito difícil e me disse desde o início para seguir em frente. Ele não me deixou escolha.

Silêncio caiu enquanto eu olhava para um ponto gasto na toalha da mesa. — Por que não me contou? Eu merecia saber, mãe. Depois de tudo, eu merecia saber a verdade. Se não foi sua culpa, então por que esconder isso de mim todos esses anos?

— Pensei nisso tantas vezes, mas quanto mais o tempo passava, menos coragem eu tinha. Eu só ficava empurrando para longe e fingindo que ele era alguém que eu não conhecia. Era mais fácil do que admitir que a vida que eu queria nunca aconteceria. — Ela tomou uma respiração profunda. — Naquela noite, quando ele esfaqueou o homem, tudo aconteceu tão rápido. O outro cara tinha uma arma também. Beau estava apenas se protegendo.

— Achei a história online. Olhei tudo, mãe, eu sei, — eu disse a ela.

Ela só balançou a cabeça enquanto nós permanecíamos em silêncio.

— Você acha que ele realmente tentará entrar em contato com você? Quero dizer, depois de todo esse tempo, você acha que ele tentará encontrá-la? — Eu não podia imaginar, depois de vinte e cinco anos sem contato, que ele realmente se importasse. Se ele amava minha mãe do jeito que ela parecia amá-lo, como ele poderia viver todos esses anos sem ao menos vê-la?

Eu podia ver a dor em seus olhos com o pensamento dele rejeitá-la. Também podia ver a esperança escondida de que ele viria para encontrá-la.

— Não sei, — ela sussurrou, desviando os olhos para as mãos enquanto brincava novamente com a toalha.


***


Acordei atrasada para o trabalho, uma sensação de pânico me bateu forte quando vi o relógio ao lado da minha cama.

10:42 da manhã.

Eu estava no turno de onze horas, e sabia que nunca conseguiria. Meu coração afundou imediatamente.

Nunca me arrumei tão rápido na minha vida. Entrando no estacionamento do Jett’s, eu ainda tentava prender meu cabelo em um rabo de cavalo e colocar meus sapatos. Depois de estacionar, saí correndo e dobrei a esquina do corredor em direção à sala de descanso dos empregados em pânico, só para parar bruscamente, quase colidindo com Jett.

Oh merda. Ele olhou para mim com os olhos endurecidos. — Não é uma boa maneira de começar em um novo emprego, Quinn, — afirmou friamente, seu tom de voz me pegando de surpresa.

— Hum, sim, eu, uh, — gaguejei.

— Deixe-me adivinhar, — disse. Cruzando os braços sobre o peito, ele estreitou os olhos. — Noite longa e você dormiu demais. Ficou fora queimando o óleo da meia-noite{1}, por assim dizer, com aqueles que são muito mais importantes do que o seu emprego aqui.

Não sei o que deu em mim, mas sua atitude foi completamente desnecessária. Eu sabia que estava atrasada, mas apenas por quinze minutos. Sim, estar atrasado era imperdoável quando os outros confiavam em mim para estar aqui, mas meu atraso não valia a arrogância dele. Eu sei que a maneira como ele agia se resumia totalmente a seu ego e como eu lhe fiz se sentir rejeitado. Ele só precisava se segurar, porque trabalhando ou não, eu não ficaria quieta enquanto ele era um completo idiota comigo.

— Você não tem ideia do que a minha vida é composta do lado de fora dessas portas. Tudo não é preto e branco, Jett. Nem todos nós vivemos a vida encantada que você vive. Se quiser me demitir, vá em frente. — Engoli em seco, tentando segurar o impulso de fugir em lágrimas. Os pensamentos de socá-lo fervilhavam também. Não sabia que eu me sentia tão forte.

— Mas não fique aqui e tente me intimidar com seu olhar dominador, seu enorme desejo de dominar aqueles que são mais fracos do que você. Estou atrasada. Não porque fiquei metade da noite festejando. Trabalhei até depois da uma hora, e então passei as próximas horas conversando com minha mãe. Eu não estava festejando e – o que você chamou? – Queimando o óleo da meia-noite. Esses luxos não são algo que eu possa experimentar.

Ficamos lá em um impasse, em silêncio. Ele olhou para mim, e ofereci o mesmo em troca, nenhum de nós dispostos a recuar.

— Jett, — Callie disse atrás de mim. — Sr. Jackson está em seu escritório à espera da reunião.

Ele não desviou os olhos de mim. — Eu estarei lá, Callie. — Ele andou em volta de mim. — Comece a trabalhar, Quinn. Este foi o erro número um.

Eu olhei para frente, recusando a dar-lhe a satisfação de saber o efeito que ele teve sobre mim. Meu coração estava disparado e minha garganta estava apertada.

Eu não tinha certeza se trabalhar aqui era a melhor coisa para mim ou para ele. Na verdade, agora eu tinha certeza que isto era um desastre em formação. Um que pode me deixar fraca e diariamente reprimida.


Capítulo Onze

 

Jett


Minha reunião veio e passou. Minha mente nenhuma uma vez deixou Quinn e nossa briga no corredor. Ela estava chateada e manteve sua posição.

Eu me repreendia pela maneira que agi com ela. O desejo de tê-la novamente era quase insuportável. Nunca tive um problema em conseguir as coisas que eu queria, até agora. Eu podia senti-la em minhas veias, eu juro.

Assim que minha reunião com o nosso novo fornecedor terminou, eu fiz minhas rondas através da área de refeições. Visitei alguns dos meus convidados favoritos, tentando ser casual. Durante todo o tempo, Quinn se recusou a encontrar o meu olhar. Ela obviamente fazia tudo o que podia para me evitar.

Quando o seu turno terminou, ela não ficou por aqui. Olhei em volta, em pânico, e Callie me encontrou no bar.

— E aí, patrão? Você parece um pouco perdido. Esqueceu como chegar ao seu escritório? — Ela bateu quadris comigo.

— Procurando Quinn. Você a viu? — Eu disse, ainda digitalizando a área.

— Isso tem alguma coisa a ver com você e ela brigando no corredor antes? — Ela perguntou.

— Sim, eu fui um idiota. Preciso falar com ela, acertar as coisas, — eu disse, sentando-me em uma banqueta, totalmente derrotado.

— O que está acontecendo com você e ela? Quero dizer, eu notei algum tipo de conexão entre os dois no dia da entrevista. — Ela parou por um momento. — Realmente não pensei mais nisso. Mas vejo a maneira como você a olha. O jeito que ela olha para você quando você não está prestando atenção. Apenas parece que há algo lá.

Ouvir Callie dizer que Quinn olhava para mim e que ela via algo nos olhos de Quinn me deu esperança.

— Eu conheci Quinn antes, quero dizer, antes da entrevista. Estou interessado nela, em mais do que ser apenas amigos. — Eu parei e ri de sua expressão de olhos arregalados. — Sim, espertinha, eu disse que queria mais. Entretanto, ela não sente o mesmo, e não posso aceitar isso.

— Bem, isso não é surpreendente, — afirmou.

— Você me conhece. Regras e rejeição, essa merda é estranha para mim. — Eu sorri.

— Sim, eu sei disso. — Ela fez uma pausa, sorrindo para um cliente quando a anfitriã os levou por nós em direção à mesa dele. — Quanto a ela não querer mais, eu não acredito. Há algo lá, Jett. Qualquer um pode ver que ela é atraída por você. Ela o observa com apreciação. Ela observa você com os clientes, e até mesmo com os funcionários. — Callie baixou a voz para que só eu pudesse ouvir. — Tem que haver mais do que isto para ela. Ela parece alguém com uma vida dura. Tenha isso em mente.


Capítulo Doze

 

Quinn


Evitar Jett era quase impossível. Escapei ontem antes que ele tivesse a chance de me encurralar, mas hoje ele foi mais esperto do que eu lhe dava crédito. Ele esperava na sala de descanso quando entrei.

Pulei para trás e coloquei minha mão contra o meu peito, assustada. — Santa mãe... — dei um passo atrás. — Você me assustou pra caramba.

Ele sorriu e se levantou da mesa. — Desculpe, eu não queria assustá-la. Queria apenas pedir desculpas.

Coloquei minha bolsa no armário e me ocupei. Fiz tudo que podia para evitar olhar nos olhos dele.

— Eu fui um idiota. Você não merecia isso. Eu só... — eu me virei para vê-lo passando as mãos pelos cabelos. Ele agarrou a parte de trás do pescoço e baixou a cabeça. — Só não aceito bem ser rejeitado.

Eu rio. Foi instinto. Bati minha mão sobre minha boca, mas era tarde demais. Seus olhos encontraram os meus e ele arqueou uma sobrancelha em confusão.

— Você achou algo engraçado nisso, querida?

— Sim, certamente eu achei.

Ele chegou mais perto, e eu dei um passo atrás, em direção à porta. — Não, — eu disse, parando-o. — Preciso começar a trabalhar. Veja, meu chefe, ele é um real idiota. Quando estou atrasada, ele tende a ficar um pouco tagarela.

— Tagarela? — Ele perguntou, sorrindo.

— Sim, e não quero outra advertência no meu registro. Já tenho uma, — eu disse enquanto empurrava a porta com a minha bunda. Eu pisquei, pouco antes de me virar e caminhar pelo corredor, deixando-o olhando atrás de mim.


***

— Preciso de um adicional de marinara e um pedido de camarão Mediterrâneo, — eu disse, colocando o prato de aperitivos na minha bandeja de servir. Eu esperei pacientemente pelo molho.

Assim que o cozinheiro colocou o prato de molho no balcão, eu estendi a mão para ele, mas um braço forte o arrancou de meu alcance. Eu podia sentir o cheiro dele instantaneamente e senti o calor de seu corpo. — Você precisa de alguma ajuda? — Ele sussurrou apenas centímetros da minha orelha.

— Uh, não, eu consigo, — eu insisti enquanto ele colocava o molho na minha bandeja. Eu não tinha escolha a não ser olhar para trás, por cima do meu ombro. Seus olhos me percorreram, e meu corpo se aqueceu com sua óbvia análise.

Eu sabia o que ele estava fazendo. Isso era vingança por mais cedo na sala de descanso. Sua maneira de saber que ele ainda me afeta. Claro que meu corpo estava me traindo e dando-lhe as respostas de que precisava para confirmar isso.

— Eu estava prestes a fazer minhas rondas. Acho que começarei em sua seção. — Ele sabia exatamente o que a proximidade dele estava fazendo comigo.

Levantei a bandeja e dei um passo para o lado, olhando para ele. — Ok, chefe, siga-me, então. — Precisei manter minha compostura.

— O prazer é meu, — ele sussurrou de trás, e um arrepio involuntário correu por mim.

Cuidadosamente andei pela minha seção, me concentrando em não estragar nada. A última coisa que precisava era deixar cair comida no colo de alguém ou derramar a bebida.

— Então, como está tudo, Sr. Evans? — Jett perguntou ao senhor mais velho quando coloquei a bebida na frente dele.

— Bem, filho, tudo está ótimo como de costume. Devo dizer, no entanto, as garçonetes parecem ficar mais bonitas cada vez que eu entro. — Minhas bochechas aqueceram quando sorri para o Sr. Evans.

— Eu preciso concordar, senhor, — respondeu Jett. Desviei o meu olhar para evitar o dele. — Quinn é uma mulher bonita.

No momento em que ele disse que eu era bonita, eu me perdi. Não consegui manter meus olhos longe dos dele por mais tempo. Minha pulsação aumentou e meu estômago vibrou quando ele segurou o meu olhar sem vacilar. A intensidade nos olhos dele foi o suficiente para me fazer derreter a seus pés.

— Bem, aproveite o resto do seu almoço, Sr. Evans. Se precisar de alguma coisa, por favor, não hesite em pedir. — Jett sorriu para o cavalheiro antes de pedir licença.

Eu vi quando ele se mudou para a próxima mesa e lentamente começou a caminhar pela sala.

— Ele é uma beleza, querida, uma verdadeira joia. — Olhei para cima para encontrar a mulher na mesa à minha direita me observando atentamente. — Ele com certeza tem os olhos em você, isso é certo.

— Ele é meu chefe, senhora. Ele está apenas se certificando de que estou fazendo o meu trabalho. — Assegurei a ela enquanto pegava minha bandeja.

— Se você diz, — ela disse enquanto eu me afastava apressadamente.


Capítulo Treze

 

Jett


— Sério, cara, essa merda não é normal. — Kade riu quando se sentou ao meu lado. — Por que você apenas não fala com ela? Você não pode continuar sendo um doido.

— Eu tentei, — respondi.

— Bem, tente mais, cara. — Ele apoiou as pernas em cima da mesa de café em nossa frente, apoiando as mãos atrás da cabeça. — Obviamente, ela é atraída por você. Quero dizer, ela foi para casa com você, mal te conhecendo. Então, basta se impor para ela. Seja todo dominador e autoritário. As garotas gostam dessa merda.

Belisquei a ponte do meu nariz e tentei como o inferno segurar meu riso. Kade era um gozador, um simples palhaço. Agora, porém, ele falava fodidamente sério, e era impossível não rir.

— Ok, primeiro de tudo, eu não preciso de ajuda com garotas. Tenho tudo sob controle. — Ele deu de ombros e sentou-se para frente. Agarrando algumas castanhas da tigela na mesa e jogando-as em sua boca. — Vou dobrá-la, eu garanto isso. Quinn tem alguma merda contra qual está lutando. Não descobri tudo ainda, mas dê algum tempo.

Harper abriu a porta do meu escritório sem bater. Ela é escandalosa e chocante e se certifica de que onde quer que vá, ela seja notada. A incapacidade de manter as coisas tranquilas era algo do qual ela sofria.

— Ei, rapazes, o que faremos hoje? — Perguntou, firmando-se no pequeno espaço entre Kade e Eu. — A quem estamos tirando sarro, ou imaginando nu? — Um gemido suave escapou dela e ela continuou. — Oh hum, que tal o Sr. Alto e saboroso, bem ali de terno. O que eu não faria para ver o que ele esconde atrás de todas aquelas roupas.

— Harper, — gemi. A menina era como um cara embrulhado em um pacote pequeno. Não tinha nenhum filtro, nem vergonha. Um dia, ela daria a um homem uma corrida pelo dinheiro dele{2}, e eu tinha que admitir, precisaria um baita de um homem para domá-la.

— Na verdade, estamos falando sobre quão grande marica seu irmão é, — Kade entrou na conversa, e se ele estivesse perto, eu teria batido no traseiro dele.

— Oh, realmente. — Harper agora estava intrigada. Eu sabia que estava em apuros. Ela se virou para mim e puxou a minha gravata. — Então, quem é ela? Mostre-me... — ela continuou me puxando para frente.

Arranquei as mãos dela da minha gravata, me levantei, e contornei a parte de trás do sofá. — De jeito nenhum, esqueça, Harper. Eu cuido disso. Não preciso da ajuda da minha irmã, ou do meu melhor amigo, na verdade.

Olhei para eles e peguei Kade apontando Quinn para minha irmã. Eu pulei para frente e dei um tapa na parte de trás da cabeça dele. — Imbecil, você deveria estar do meu lado.

Os olhos de Harper se iluminaram, e eu imediatamente bloqueei a porta. — Esqueça. — Olhei para ela enquanto ela caminhava para mim.

— Pare de ser um bebê, Jett. Eu só vou lá fora para falar com Callie. Ela era minha amiga antes de se tornar sua assistente. — Ela sorriu inocentemente e eu me recusei a me mover.

— Não preciso que você vá lá e deixe Quinn desconfortável. Não preciso de qualquer ajuda sobre isso. — Eu esperava que ela compreendesse e sentisse a minha seriedade. A última coisa que eu precisava era Harper e sua maldita boca.

— Ok, eu não direi uma palavra a ela. Realmente só preciso falar com Callie. Oh, e quero dar uma olhada mais de perto no sexy de terno. O que eu não faria para dar àquele brilhante homem uma boa e forte... — coloquei minha mão sobre a boca dela, cortando-a. A última coisa que eu queria ouvir era minha irmã mais nova falando sobre montar um cara. O pensamento fez meu estômago apertar.


Capítulo Quatorze

 

Quinn


Acordar tarde outra vez não era o que eu precisava. Os últimos dias foram um borrão. Eu era uma daquelas pessoas que colocam o despertador para tocar três vezes seguidas, então eu não poderia ignorá-lo. Quer dizer, poderia, mas o maldito despertador apenas continuaria me lembrando de que eu não tinha escolha, exceto levantar-me.

Eu precisava parar de fazer isso.

Rolei da cama e tomei o banho mais rápido da minha vida.

Saindo correndo de casa, meu cabelo ainda úmido, eu pulei em um pé em direção ao meu carro. Malditos sapatos.

Após derrubar as chaves no chão pela terceira vez, eu coloquei minha mão no quadril e olhei para o céu azul claro. Contando até dez, eu respirei fundo e cheguei à conclusão de que precisava apenas desacelerar. Honestamente, eu não chegaria a lugar algum com essa rotina acelerada. Só me atrasava mais.

Saindo da garagem, eu tive essa forte sensação de que era observada. Olhei em direção à casa, pensando que talvez fosse a minha mãe, apenas para descobrir que não havia sinais de qualquer movimento. Desconsiderei isso e segui para o trabalho, ainda me sentindo desconfortável.

Depois de parar para abastecer no caminho, eu virei para dentro do espaço designado para os funcionários no Jett’s e passei os minutos seguintes me preparando. Sim, cada dia eu tinha que me preparar para enfrentar aquele homem lindo. Ele era uma força que me atingia diretamente no intestino cada vez que eu estava perto dele. Inferno, às vezes, tudo o que eu precisava fazer era fechar os olhos e pensar nele, e estaria excitada. O cara tinha a habilidade de me deixar necessitada sem sequer tentar.

Caminhei em direção à entrada da frente e parei para olhar por cima do ombro, aquela estranha sensação pairando sobre mim novamente. Durante a última semana eu tive essa sensação estranha de ser observada e seguida. Eu tive um pressentimento estranho sobre isso. Inferno, talvez fosse tudo coisa da minha cabeça, mas não conseguia dispensá-la.

Atravessando correndo a porta da frente, olhei para trás, por cima do meu ombro, uma última vez, só para ter certeza. Um conjunto de braços fortes me envolveu quando colidi com o que parecia uma parede de tijolos.

— Ei, você está bem? — Perguntou uma voz profunda e suave.

Olhei para os olhos preocupados de Jett e fiquei momentaneamente paralisada por eles, o perfume viril que ele exalava, e as ondulações de seu peito sob os meus dedos.

Balancei a cabeça como uma tola apaixonada. Minha cabeça estava cheia de pensamentos que eu não deveria ter naquele momento.

— Bem, você não parece bem, — afirmou. Ele agora olhou por cima do meu ombro e me puxou um pouco mais perto. Não vou mentir; eu me senti segura com os braços ao meu redor.

— Sério, Jett, eu estou bem. Apenas pensei que alguém estava me seguindo. — Eu o senti tenso com as minhas palavras. — Tenho certeza de que não era nada.

— Vá em frente e se prepare para o seu turno. Vou apenas dar uma volta. — Ele não esperou minha resposta. Em vez disso, ele me cutucou de lado e saiu.

Todo o meu turno no Jett’s era a distração perfeita. Fora todos os lugares que já havia trabalhado, este era de longe o melhor. Parecia uma pequena família. Até mesmo Jude finalmente sorrira para mim. Ele ainda era um mistério, mas não mais intimidante.

Eu estava na sala de descanso dos empregados reunindo as minhas coisas para ir embora quando Jett entrou.

— Você tem que trabalhar hoje à noite? — Perguntou.

Nossos olhares se conectaram, e um choque de calor se reuniu no meu estômago. Eu sabia o que estava perdendo com ele. Sabia como era ser tocada e saboreada por este homem. Isso só tornou mais difícil me afastar diariamente. A luta só ficava mais e mais difícil de resistir.

— Trabalho das sete até a uma. Por quê? — Mantive meus olhos fixos nos dele.

— Não quero você andando sozinha por aí tarde da noite, — afirmou.

— Jett, eu estou bem. Tenho certeza que há...

— Não correrei nenhum risco, Quinn. Vou levá-la para o trabalho. — Não era uma pergunta, mais como uma ordem.

— Ah, então você está pensando em se tornar meu motorista, meu guarda-costas? — Provoquei.

— Eu serei essas coisas e muito mais, se você apenas parar de ser tão teimosa. — Estreitei os olhos para ele. — Olhe feio o quanto quiser, baby. Você sabe que é a pessoa que está se segurando.

Decidi que era melhor mudar de assunto, e rapidamente. O olhar quente em seus olhos me dizia que eu não chegaria a lugar nenhum. — Eu posso dirigir para o trabalho e de volta. Porque a superproteção de repente? O que causou isso?

Ele não disse nada, apenas olhou para mim.

Peguei minha bolsa e caminhei em direção à porta. Jett ficou na minha frente e inclinou meu queixo para cima, colocando o dedo sob meu queixo.

— Eu sei que você pode cuidar de você, Quinn, mas você não vai. Não gosto da ideia de você se sentindo desconfortável. Você pensou que alguém estava te seguindo. Isso não parece ok para mim. Até eu ser capaz de confirmar isso, não importa. — Ele pausou por um momento. — Encare, aceite. Vou segui-la, levá-la, amarrá-la no assento ao meu lado, eu realmente não dou a mínima para qual, mas vou me certificar de que você esteja segura.

Eu tinha certeza que eu estava ofegante. Podia ouvir os sons whoosh em meus ouvidos. Oh, mesmo os meus ouvidos estavam quentes. Eu queria chutar as canelas dele por me afetar dessa maneira. Era sinceramente injusto.

Instintivamente lambi meus lábios, e seu olhar caiu na direção da minha língua.

O som da porta da sala de descanso nos surpreendeu. Ele se afastou, e Callie ficou ali olhando para nós dois, insegura.

— Hum, eu sinto muito. Estava apenas procurando por você. Há um convidado na mesa doze que pediu para falar com você. — Seu olhar continuou a alternar entre nós dois. — Posso segurá-lo por alguns minutos, — ela assegurou.

— Eu estarei lá, Cal. — Eles compartilharam um diálogo tácito por alguns segundos a mais antes dela sair, fechando a porta.

Eu sabia que os dois eram próximos, mas às vezes, essa proximidade me deixava um pouco desconfortável. Sim, tudo bem, isso me dava ciúmes. Eu não tinha ninguém para culpar por isso, além de mim mesma, no entanto. Quero dizer, ele se oferecia a todo momento, mas eu me recusava a morder a isca... De novo.

A fome em mim era apenas latente, no entanto. A necessidade de tê-lo me tocando estava ultrapassando o meu cérebro, e estava à beira de ceder. Mas se eu cedesse, poderia ser perigoso para nós dois.

— Por favor, espere por mim? — Ele pediu, um pouco acima de um sussurro.

— Isso realmente não é necessário... — Comecei a discutir.

Ele pressionou seu polegar sobre meus lábios, parando minhas palavras. — Por mim. Basta me dar cinco minutos.

Fiquei quieta enquanto ele saía sem olhar para trás. Meu coração disparou e minha garganta parecia apertada quando engoli o nó. Quando tive certeza que ele não estava prestes a se virar, eu saí da sala de descanso e fui para fora através da cozinha.


Capítulo Quinze

 

Jett


Eu segurava firmemente o pedaço de papel na minha mão. Callie havia rabiscado o endereço da casa de Quinn rapidamente. Acho que não ajudou que eu gritava para ela se apressar. Felizmente, ela sabia não se ofender com meu humor de merda. Eu estava chateado por Quinn ter escapado do restaurante no momento em que eu virei às costas. Ela pensou que havia me enganado, mas ela teria o troco. Eu não iria apenas sentar e deixar que isso acontecesse.

Quando virei a esquina para Summer Drive, meu estômago caiu. Eu já sabia pelo endereço que a casa dela estava na área mais batida de Palm Beach, mas não esperava isso.

As casas eram pequenas e velhas. Fiz a varredura da área cautelosamente, até que meu olhar caiu sobre a casinha branca à direita, com o carro dela na garagem. Fechei meu carro, me arrastei para fora, e caminhei para a porta da frente. Antes que eu pudesse bater, ela se abriu e Quinn saiu correndo.

— Mãe, eu não tenho tempo para isso. Já estou atrasada. — O olhar assustado de Quinn ao me ver na varanda da frente quase me fez rir. Em vez disso, eu estreitei os olhos para ela quando ela deu mais um passo em minha direção.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntou.

Deixei o meu olhar cair sobre sua aparência. Longas pernas bronzeadas que se derramavam de um par de shorts pretos, apertados e curtos. Uma pequena centelha de luz refletia do piercing na barriga, espreitando para fora, abaixo da bainha de seu top apertado. Spencer’s bordado sobre o peito em letras vermelhas me fez ranger os dentes em irritação.

Ela se encolheu enquanto eu traçava a ponta do meu dedo sobre sua cintura exposta. — Eu disse para você esperar por mim.

— Sim, e eu disse que estava bem, — ela declarou em troca, seu tom teimoso e forte.

— Lute, Quinn. Realmente não me importo mais. — Enfiei a mão ao redor da cintura dela e a prendi contra mim. — Eu vejo a forma como você reage a mim, ao meu toque. Sei que você está curiosa para saber onde isto pode ir com a gente. Você não precisa dizer isso em voz alta, seu corpo já diz. Deixe-me apenas esclarecer uma coisa, eu não desisto facilmente.

A ascensão e queda do peito dela contra o meu me disse que eu estava certo. Com seu corpo moldado contra o meu, nossos olhos se encontraram. — Eu conseguirei o que quero. Farei você ver isso. Por enquanto, porém, eu aceitarei ser seu motorista. — Dei um passo para o lado e bati na bunda dela, fazendo-a gritar de surpresa. — Traga sua bunda ao meu carro.

Ela estreitou os olhos para mim, e olhei para trás com a mesma determinação. — Podemos ficar aqui o tempo que você quiser. Basta compreender isso. Estou estacionado atrás de você, e a única maneira que eu estou me movendo é se o seu corpinho estiver preso ao banco do passageiro.

— Controlador idiota, — ela rosnou, empurrando meu ombro e indo em direção à calçada.

Eu ri ao me lembrar das palavras que Kade havia dito há alguns dias. Seja todo dominador e autoritário. Garotas gostam dessa merda. Balancei a cabeça enquanto caminhava em direção ao meu carro, não perdendo o fato de que uma morena de aparência chateada olhava para mim do outro lado do para-brisa.

A ida para o Spencer’s foi em silêncio, e no momento em que estacionei, ela não perdeu tempo. Ela bateu minha porta e foi para a entrada, deixando-me sorrindo para o balanço de seus quadris determinados. Ela não tinha ideia de que só me fazia querê-la mais. Após discar em meu telefone, eu o levantei ao meu ouvido e esperei Kade atender.

— O que há, estranho? — Ele riu em sua tentativa idiota de uma piada,

— Ficarei no Spencer’s até Quinn sair do trabalho. Obtenha seu traseiro aqui.

— Agora você está perseguindo a garota em seu segundo trabalho também? Cara, você sabe que as pessoas podem ser presas por esse tipo de coisa. — Eu podia ouvir o humor em suas palavras.

— Apenas venha aqui, imbecil. — Desliguei antes do palhaço poder responder com qualquer outra coisa.

Entre o meu forte desejo de estar perto dela e a necessidade de protegê-la, minha cabeça estava girando. Não gosto do fato de que alguém pode ter estado seguindo-a mais cedo. Quinn estar sozinha à noite não era mais uma opção. Inferno, ela estar sozinha durante o dia não era algo que eu gostava muito mais. Ela me querendo ou não, ela não tinha escolha, eu seria seu motorista.


Capítulo Dezesseis

 

Quinn


Entrei no trabalho esta noite com determinação, animada pelo fato de que eu teria Jett derretendo em meus pés quando acabasse. Eu teria a bunda dele tão excitada que ele não teria ideia de qual caminho seguir, mas agora eu estava estupefata com a visão na minha frente.

O que diabos eu estive pensando? Estava em um clube de homens. Rodeado de mulheres lindas que se juntam para todos os homens. Jett e seu amigo Kade estavam recebendo muita atenção, e meu estômago estava em nós. Fiz todo o possível para fingir que não me importava, mas foi inútil.

Ele levantou os olhos, e era tarde demais para desviar o olhar. Um arrogante sorriso puxou o canto de sua boca. Eu sabia que havia sido pega. Ele disse algo para Kade antes de sair da mesa cercada por meninas, algumas delas protestando por sua fuga.

Encarei cada movimento dele. Com cada passo que dava, o meu corpo ficava mais alerta. Lutei diariamente contra a minha atração por ele. Eu me disse que a minha vida louca não tinha espaço para ele. Na realidade, eu estava envergonhada por minha vida. Mas agora, eu não me importava mais. Estava tão cansada de negar a mim mesma, de querer tanto algo assim, mas continuar afastando-o. Foi assim a minha vida toda.

Ele passou por mim, e fechei os olhos com força quando ele deslizou o braço em volta de mim por trás. Seu corpo pressionado contra o meu, sua respiração no meu pescoço, provocando calafrios em mim.

— O que está errado, Quinn? Você parece ter algo em mente, — ele sussurrou em meu ouvido, seus lábios roçando o espaço logo abaixo. Permiti ao meu corpo descansar contra o dele, calor acumulando em mim desde o toque de sua mão contra o meu estômago nu. Minha pele estava febril com os pensamentos correndo pela minha mente – pensamentos que eu não deveria me permitir ter, mas não tinha qualquer esperança de dominar.

— Você me quer também, não é, baby? — Talvez fosse a atmosfera, ou o simples fato de que seus dedos brincavam lentamente com a minha pele. Eu não conseguia pensar direito, além da minha necessidade por este homem. Eu poderia apenas acenar como uma resposta à pergunta dele.

Quando os lábios dele deslizaram pelo meu pescoço, sobre a minha pele já sensível, eu gemi. Ele arrastou a ponta da língua ao longo do arco. Tudo ao meu redor esvaziou-se. As únicas coisas das quais eu estava bem ciente eram Jett e a forma como meu corpo se sentia contra o dele. — Pare de lutar contra. Você já sabe que somos bons juntos. Dê-me a oportunidade de te mostrar que era apenas o começo. Eu quero mais, Quinn. Preciso de mais do que apenas uma noite com você.

Eu podia sentir a excitação dele contra meu traseiro, aumentando ainda mais o calor dentro de mim. Ele era perigoso. Tê-lo perto somente fazia minhas inibições vacilarem. Eu não tinha esperança de recusar o que meu corpo queria tanto. Estava cansada de desistir daquelas coisas que eu realmente queria. Eu abandonara todas as chances possíveis de felicidade para mim, porque eu estava com medo.

Ele virou meu corpo para encarar o dele, e minhas mãos vieram descansar contra seu peito. Eu olhei para cima. Os olhos de Jett estavam tão cheios de calor, um puro olhar lascivo.

— Venha para casa comigo esta noite? — Ele sussurrou.

— Você realmente não tem ideia no que está se metendo. Minha vida é uma bagunça. Você não quer isso.

Ele se inclinou um pouco mais perto e pressionou os lábios nos meus em um beijo suave. — Não tenho medo de sua bagagem. Todos nós temos alguma. Não me assusto facilmente. — Ele mordeu meu lábio antes de sugar levemente. — Pare de me afastar. — Seus lábios conectaram com os meus, mais uma vez, só que desta vez com muito mais intensidade.

Qualquer pensamento de recusar-lhe estava muito longe. Eu já não tinha qualquer esperança de ir embora. Perdi a luta, e fiquei aliviada de finalmente baixar a guarda. Poderia ser um erro e posso estar me preparando para a pura destruição, mas o passeio seria, sem dúvida, oh, tão doce.


Capítulo Dezessete

 

Jett


Meu pulso estava acelerado, meu corpo pulsando, e senti como se estivesse prestes a explodir. Este jogo que Quinn estava jogando me tinha cantarolando com uma necessidade incontrolável.

No momento em que bati a porta da frente da minha casa, eu tinha o corpo dela preso contra mim. Já não me importava quem poderia me ver devorando-a. Minha fome era muito forte.

Trabalhei o bloqueio com a mão livre e nós tropeçamos para dentro. Nem me lembro do momento em que começamos a tirar as nossas roupas. Tudo o que sei é que ver o corpo dela nu esparramado sobre o tapete em frente ao sofá despertou minhas necessidades primitivas.

Eu temia que se piscasse ou parasse, até mesmo por um mero segundo, ela desapareceria. Eu queria isso desde a primeira noite em que a toquei. Eu ansiava por ela.

— Precisamos de um preservativo? — Perguntei, tentando controlar minha respiração pesada.

— Estou limpa. Não houve ninguém além de você, não em um tempo muito longo. Estou tomando a pílula. Meu médico insistiu, por causa de problemas femininos. — O peito dela subia e descia enquanto ela ofegava debaixo de mim.

— Estou limpo também, — assegurei a ela antes de me posicionar sobre ela. Sem perder tempo, eu me afundei dentro dela, ao ponto mais profundo. — Só você, — eu sussurrei.

Nossos corpos começaram a se mover em um ritmo constante. Nós não falamos, as palavras não eram necessárias. Nossos corpos falavam alto. Eu a tinha, e desta vez, ela não sairia andando sorrateiramente no meio da noite. Ela precisava encarar o fato de que eu quebraria suas defesas. Ela não tinha nenhuma esperança de ganhar contra essa necessidade que eu tinha por ela.


***


Acordei em algum momento durante a noite. Ainda estava escuro lá fora. Sorrindo, eu passei meus braços em torno de Quinn apenas um pouco mais apertado e a puxei contra o meu peito. Enterrei meu nariz em seus cabelos, respirando seu perfume doce.

Eu disse para ela não ir embora, e ela não discutiu. Na verdade, ela sorriu e beijou meus lábios suavemente. Depois disso, ela enfiou-se do meu lado e descansou a cabeça no meu peito nu. Alguma coisa estava diferente, como se a luta que ela estava tendo com ela mesma tivesse acabado.

Passei a mão sobre seu cabelo, prendendo-o por cima do ombro. Ela arqueou o pescoço para cima enquanto eu tocava em seu pescoço.

Eu tinha uma visão completa do rosto dela. Levei um tempo olhando todas as suas características e curvas. Explorei suavemente as leves sardas em seu rosto com o meu polegar. Ela era como um gatinho se inclinando em meu toque. Ela era linda, o tipo de beleza que fazia o meu coração acelerar e parar ao mesmo tempo.

Ela abriu seus lindos olhos castanhos. — Oi, — ela sussurrou; um sorriso tímido nos lábios, pouco antes de franzir o nariz da maneira mais bonita do caralho.

— Hey, — eu disse. Eu ainda tive tempo para memorizar sua beleza. O marrom escuro de seus olhos se assemelhava à cor de chocolate, um olhar sonolento ainda os preenchia. Coloquei minha mão no lado do pescoço dela e inclinei o queixo um pouco mais alto, levando meus lábios nos dela.

Não me lembro de alguma vez me sentir tão contente em apenas beijar uma mulher. O toque dos lábios dela contra os meus fez meu corpo instantaneamente relaxar. Não havia pressa, nada forçado. Seu gemido suave encheu o silêncio. Segurei seu corpo firmemente contra o meu enquanto lentamente saboreava mais e mais.

Quinn teceu os dedos pelo meu cabelo enquanto me puxava para mais perto e passava a perna em volta da minha cintura. Meu corpo tremia de desejo por ela. Ela era uma fixação. Uma que eu não tinha vontade de perder.

— Talvez devêssemos mover isto para o quarto, — eu disse, continuando a beijá-la. Rolei para cima dela e segurei suas mãos acima da cabeça.

Nós dois ainda estávamos nus, e não havia como esconder o fato de que nós dois estávamos prontos para a segunda rodada. Balancei meus quadris contra ela e ela gemeu.

Inclinei a cabeça e joguei minha língua sobre o mamilo endurecido antes de morder suavemente e puxar. Seus quadris levantaram do chão, ela implorava por mais.

Quinn estendeu uma mão entre nós e me envolveu. Ela me guiou em direção a ela, seus olhos nunca deixando o local que ela agarrou. Nós dois vimos quando ela posicionou minha dureza contra seu calor. Em segundos, nós estávamos gemendo em uníssono, e pela próxima hora estivemos perdidos mais uma vez um no outro.


Capítulo Dezoito

 

Quinn


— Um sorriso fica bem em você, Quinn, — disse Avery do outro lado da mesa. Quatro dias depois de eu finalmente ceder, eu ainda não fui capaz de tirar o sorriso do meu rosto, desde que Jett me deixou em casa esta manhã. — Acho que você finalmente decidiu parar de correr daquele seu chefe bonitão.

— Ele é meio difícil de evitar. — Peguei o café. — Ele me faz esquecer tudo. Toda a merda com a minha mãe, e então o fato do meu pai, um homem que eu pensei que nunca existiu, agora alguém que eu poderia ser capaz de encontrar em breve. — Fiz uma pausa. — Ele esteve fora da prisão por quatro dias agora. — Olhei para Avery. — Quatro dias assistindo a minha mãe sentar-se em casa com aquele olhar de esperança nos olhos. Apenas sei que algum dia ela vai ceder. — Dei de ombros e olhei para minhas mãos. — Ela não pode honestamente pensar que ele a ama. Como poderia? Passaram vinte e cinco anos, Avery.

— Vocês ouviram falar da irmã dele? — Balancei a cabeça, sem encontrar seu olhar. — Você quer conhecê-lo? Eu sei que você está curiosa.

— Sim. — Tomei uma respiração profunda, pensando sobre a ideia de um dia conhecer o meu pai. — Eu quero. Ele sempre foi alguém em que eu pensei. Eu me perguntava como seria encontrá-lo um dia. Nunca pensei que teria a chance. Agora que sei que ele está perto, quero saber quem ele é.

— Você já falou com Jett sobre isso? Ele sabe sobre o seu pai ou a sua mãe, de verdade? — Perguntou Avery.

— Não, isso nunca realmente surgiu em uma conversa. — Eu sorri quando ela balançou as sobrancelhas.

— Não, eu acho que não. Tenho certeza que suas bocas estavam muito ocupadas fazendo outras coisas. — Um rosnado baixo escapou dela. — Ele é tão gostoso, Quinn. Não culpo você nenhum pouco por não perder tempo falando.

Sorri quando ela fingiu um calafrio. Então o meu telefone vibrou em cima da mesa, e olhei para baixo, encontrando o nome de Jett piscando na tela. — Falando do homem com habilidades, aí está ele, — Avery gritou.

— Olá, — eu disse, segurando o telefone com força. Avery o puxava, tentando colocar sua orelha perto o suficiente para ouvir o que ele dizia.

— Quais são seus planos para hoje? — Ele perguntou sem dizer Olá.

— Nada realmente planejado, por quê?

— Esperava poder te sequestrar e te fazer refém na minha casa. Talvez nadar, ou rolar nu na cama, o que você preferir. — Ele estava sendo brincalhão.

Eu também poderia jogar este jogo. — Por que nós apenas não juntamos os dois e nadamos nus? — Os olhos de Avery se arregalaram, e coloquei minha mão sobre a boca para esconder o meu riso pelo seu olhar surpreendido.

— Eu gosto do jeito que você pensa. Quanto tempo demorará em chegar aqui? — Ele perguntou.

Olhei para Avery e ela piscou. — Eu cuido de sua mãe, — ela sussurrou, e uma sensação de alívio me preencheu.

— Preciso de uns trinta minutos. — Como eu fui de evitá-lo a não ser capaz de obter o suficiente foi um enorme rumo dos acontecimentos, mas me senti bem. Quem era eu para negar o que qualquer um de nós realmente queria?

— Traga algumas roupas para ficar, — afirmou.

— Não posso, não hoje à noite. — Eu senti o desapontamento em minhas próprias palavras. Não era justo esperar que Avery cuidasse da minha mãe. Sim, ela esteve bem ultimamente, mas eu sabia que não iria durar. Eu precisava estar aqui quando ela caísse.

— Por quê? — Perguntou Jett.

— Simplesmente não posso. — Ele ficou em silêncio por muito tempo. — Eu disse à minha mãe que eu estaria em casa hoje à noite, — eu disse como uma forma de explicação. Avery franziu a testa para mim instantaneamente.

— Ok, eu vou vê-la daqui a pouco. — Ele desligou antes que eu pudesse dizer adeus.

— Quinn, — disse Avery, — Não faça isso.

— Fazer o quê? — Perguntei enquanto começava a recolher os meus pertences.

— Não deixe que a sua mãe a impeça de coisas que você merece. Esta é a fase inicial para os dois. Você deveria estar enrolada nos lençóis, esquecendo o mundo ao seu redor. Você merece isso. Sua mãe ficará bem sozinha. Ela está sóbria há mais de uma semana agora. — Eu me levantei e caminhei em direção à lata de lixo, então joguei o meu copo vazio.

— Se você não está ficará com ele, pelo menos, seja honesta sobre isso. — Ela seguiu atrás de mim até que alcancei meu carro.

Abri minha porta e me virei para encarar a minha melhor amiga. — Por quê? Para então ele poder correr na direção oposta? Oh, a propósito, Jett, minha mãe é alcoólatra e fica tão bêbada que esquece onde está. Eu tenho que ter certeza que estou em casa à noite para tomar conta dela a fim de que ela não caia nos degraus ou saia para a rua. Hum, sim, e não me deixe esquecer sobre o meu pai. O homem que eu não tinha ideia que existia até uma semana atrás, que acabou de libertado da prisão por ter matado alguém.

Ela olhou para mim com o que parecia pena, o que só me irritava.

— Apenas me deixe aproveitar isso sem manchá-lo tão cedo. Nem sei do que poderia chamar isso o que Jett e eu estamos fazendo agora. — De repente, o pensamento de passar o dia com Jett parecia como a escolha errada. Eu estava apenas me preparando para me apaixonar por um homem que só procurava um pouco de diversão?

— Você está certa, Quinn, quando for a hora de dizer a ele, você dirá. Por agora, apenas desfrute de estarem juntos quando puder, — disse Avery, me dando um abraço de despedida.


Capítulo Dezenove

 

Jett


— Eu preciso ir, — ela sussurrou enquanto eu beijava seu pescoço.

Eu a prendi contra a lateral do carro, com os braços em seus lados. — Você não precisa ir. Você poderia dizer à sua mãe que algo surgiu. — Sua cabeça caiu para trás, expondo o pescoço para mim. Eu me inclinei e chupei a pele na base de sua garganta. — Nós poderíamos passar a noite inteira nus, — sussurrei. — Você sabe que você quer, Quinn.

— Eu preciso ir para casa, — ela disse com a voz trêmula, mas firme.

Baixei a cabeça em derrota. Havia algo que ela não estava me dizendo. Ela tinha que ser uma das malditas mulheres mais teimosas que já tive o prazer de conhecer.

Dei um passo atrás e soltei suas mãos. Eu não a forçaria para obter uma explicação. Obviamente, ela não sentia a necessidade de oferecer uma, assim, eu deixei passar. — Tudo bem, eu vou, uh... — eu não tinha ideia do caralho o que eu faria. Honestamente, eu planejava mudar sua mente e convencê-la a ficar toda a noite. Meus pensamentos estavam cheios de nada, além dela e eu. Agora eu fui deixado sem nada para fazer e nenhuma garota ao meu lado.


***


Após caminhar para a casa, tentei ocupar-me, apenas para falhar. Eu ainda podia sentir o cheiro dela em mim e em todos os quartos. As almofadas do sofá cheiravam ao seu xampu, minha cama com o spray corporal dela. Era uma loucura o quanto ela havia ficado sob a minha pele em tão pouco tempo.

Eu já sentia a falta dela, e não faz nem quinze minutos que ela foi embora. Peguei meu telefone e enviei uma mensagem, desejando contato de qualquer forma que eu pudesse obtê-lo.

Ainda posso sentir seu cheiro em todos os quartos.

Peguei uma cerveja na geladeira e saí para o convés dos fundos. Segurando meu telefone, eu esperei por sua resposta. Seu biquíni roxo brilhante estava por cima do corrimão, secando na brisa leve. Eu sorri, me lembrando de puxar as cordas enquanto ele lentamente caía de seu corpo. Eu nunca olharia para a parte rasa da minha piscina da mesma maneira. Meus joelhos ainda estavam doloridos da fricção do impulso que meus quadris criaram.

Meu celular vibrou e meu coração disparou.

Talvez eu tenha feito isso de propósito, para que você não se esquecesse de mim depois que eu saísse.

Sim, como se isso fosse possível. A maldita menina invadia a minha mente mesmo se eu estivesse acordado ou dormindo. Aqueles olhos castanhos escuros encheram meus sonhos.

Acho que você deve abandonar sua mãe e esgueirar-se para cá. Eu quero acordar ao seu lado novamente.

Depois que eu bati enviar, balancei a cabeça. Que diabos, quando eu me tornei uma maldita menina?

Vamos planejar uma noite em breve, prometo. Hoje à noite, não é bom. Minha mãe não está se sentindo bem. Foi bom eu ter chegado em casa agora.

Decepção encheu meu peito novamente. Parece que eu teria que aguentar. Eu estaria dormindo sozinho.


***


Acordei com o toque do meu telefone. Levei uma eternidade para cair no sono na noite passada. Eu tinha certeza que tomei muitas cervejas. Minha cabeça estava me matando.

— O quê? — Eu gemi quando peguei o telefone, nem mesmo tomando o tempo para ver quem ligava.

— Realmente legal, Jett. Você ainda está na cama? — Alexis perguntou do outro lado. Um grito distante encheu o silêncio. Meu sobrinho parecia chateado.

— O que diabos você está fazendo para esse garoto, beliscando-o? — Eu ri.

— Ele está com cólica. Colt está tentando acalmá-lo, mas nada parece funcionar. — Ela cobriu o telefone e disse algo a Colt antes de retornar para a linha. — Estou ligando para certificar que você se lembrou de comprar os seus bilhetes de avião. O casamento será em duas semanas. É melhor você estar chegando.

Alex parecia tão diferente. Ela estava na Geórgia, cercada por pessoas que a adoravam. Sua filha Maddison tinha primos para brincar e um novo irmão para amar. Meu futuro cunhado adorava o chão que ela pisava, e não havia nada que ele não faria por ela. Ela fizera isso. Saber que ela estava totalmente cuidada era uma grande sensação.

— Eu não perderia isso por nada, mana. Você sabe que eu estarei lá. — Fiz uma pausa, debatendo se eu deveria realmente dizer alguma coisa. — Eu, uh... — Limpando minha garganta, fui ao ponto. — Eu estava pensando em levar alguém comigo, se estiver tudo bem.

Alex não gritava muitas vezes, mas este foi um desses momentos. — Oh meu Deus, sim. — Bebê Colton chorou mais, Colt gemeu, e Maddi gritou. Tudo o que eu podia fazer era rir da explosão que havia começado um efeito cascata dentro da casa dela.

— Ouça, você soa como se tivesse suas mãos cheias. Eu estarei aí, não se preocupe. Vá cuidar de seus filhos, — assegurei.

Nós dois dissemos nossas despedidas, e puxei o travesseiro de volta na minha cabeça. Eu precisava dormir para acabar com a ressaca, e depois chegar a um plano para convencer Quinn de que era uma grande ideia ir à Geórgia comigo.


Capítulo Vinte

 

Quinn


Fui acordada por gritos. Nunca me surpreendi com ruídos altos e coisas quebrando nas primeiras horas da manhã, não quando se tratava de minha mãe. Desta vez foi diferente, no entanto. Não era a briga normal.

Puxei-me da cama e lentamente abri a porta do quarto. O rugido alto de um homem filtrou pelo corredor.

— Bem, você não tentou o suficiente, Abby. Você deveria ter forçado. Puta que pariu, vinte e cinco anos. Eu tenho uma filha que nunca soube que existia há malditos vinte e cinco anos. — Seu rosnado me assustou.

Meu coração disparou e minha respiração engatou. Eu estava nervosa instantaneamente.

— Diga-me o que mais eu poderia ter feito, Beau. Tentei escrever e visitar. Você recusou. Eu forcei por anos e anos para obter apenas cinco minutos com você, só para ser rejeitada o tempo todo. Não se atreva a aparecer aqui e me culpar por não saber que você teve uma filha. — O tremor na voz de minha mãe fez o meu estômago doer.

O silêncio se estendeu entre eles, apenas me deixando mais desconfortável.

— Qual é o nome dela? — Ele perguntou; sua voz saindo muito mais baixa que antes, a evidente dor e a derrota ultrapassando sua raiva anterior.

— Quinn Ryan Tucker, — Minha mãe respondeu. Eu odiava meu nome do meio. Eu nunca compartilhava.

— Você deu a ela o meu nome do meio? — Perguntou. Apertei a maçaneta da porta em reação às palavras dele. Outra peça do quebra-cabeça revelada. Só mais uma coisa que minha mãe nunca explicou.

— Eu queria que ela tivesse algo seu. Ela odeia isso, mas nunca soube o significado por trás dele, — minha mãe explicou.

Descansei minha cabeça contra o batente da porta e deixei toda a realização correr por mim. Eu estava apenas há metros de distância do homem que era meu pai. O homem que havia passado os últimos vinte e cinco anos na prisão. Levaria apenas dois passos para me mostrar a ele, mas meus pés não se moviam.

— Eu gostaria de conhecê-la. Sei que não posso simplesmente entrar na vida dela e esperar um reencontro feliz, mas quero conhecê-la, — explicou. — Brandy só me mostrou uma foto de sua formatura do ensino médio. Ela tem meus olhos, Abby.

— Eu sei que ela tem. Estive olhando para eles todos os dias por todos esses anos. Só fez sua ausência mais difícil de aceitar.

Meu coração estava partido quando me escondi, testemunhando essa troca. Tomei algumas respirações profundas e saí para o corredor. Minha mãe estava de costas para mim, mas a presença dele enchia a sala.

O homem que eu encontrara no site não era o homem diante de mim. Aquele homem parecia tão frágil e triste. Este homem de agora era duas vezes aquele tamanho. A amplitude de seus ombros e os músculos de seus braços enchia sua camisa.

Com seus olhos presos nos meus, minha mãe se virou para olhar por cima do ombro. Os olhos dela se encheram de lágrimas instantaneamente.

Ele olhou para mim como se eu fosse uma ilusão, uma alucinação que sua mente havia criado. O silêncio era ensurdecedor, e meu estômago se apertou com um impulso irresistível de correr.

Ele deu um passo em minha direção, e minha mãe deslocou para o lado. — Eu... — sua voz falhou com a emoção e ele limpou a garganta imediatamente. Inclinando a cabeça, ele tomou uma respiração profunda e calmante. Ele passou a mão nos cabelos e apertou a sua nuca. Quando ele olhou para cima e seus olhos encontraram os meus, eles estavam brilhantes. — Eu não posso acreditar nisso.

— Você e eu, — sussurrei.

— Podemos conversar, talvez dar um passeio? — Perguntou.

Eu poderia apenas acenar. Meu pai estava diante de mim, parecendo tão esperançoso, e no fundo da minha mente, eu queria fingir que isso era um sonho. Queria recolher minhas coisas e correr para Jett, onde eu poderia esquecer sobre todas as situações ferradas na minha vida. Mas preciso enfrentar isso. Minha vida nunca foi ótima, mas talvez se eu levasse um tempo para conhecê-lo, poderia ser melhor.


***


— Então, por que você não quis manter contato com a minha mãe? Ou qualquer um na verdade? — Perguntei enquanto caminhávamos ao longo da faixa de areia.

Nós decidimos que ele me seguiria até a praia, um lugar tranquilo onde poderíamos conversar. Os sons das ondas quebrando e os poucos turistas aleatórios pareciam distantes enquanto nós falávamos.

— Eu não queria que sua mãe esperasse por mim. Eu me preocupava com ela, eu me preocupava, mas éramos jovens. Nós não nos conhecíamos há muito tempo, e para ser honesto com você, nós estávamos apenas nos divertindo. — Ele olhou para cima e apontou para um banco logo à frente.

Eu me encolhi com as palavras dele, se divertindo. Não era isso o que Jett e eu estávamos fazendo? Eu estava repetindo o caminho da minha mãe? Preparando-me para ser deixada para trás por um homem por quem me apaixonei.

Sentamos em um banco, com vista para a água. — Eu sabia que a minha vida havia mudado para sempre depois daquela noite. Eu não poderia pedir para ela esperar por mim. Isso seria egoísta, — continuou. — Eu cortei a todos. Família, os amigos... Cada pessoa que eu conhecia antes daquela noite. Nunca tive a intenção de matar aquele homem. Saber que eu o fiz tem me assombrado todos os dias desde então. Mudou quem eu era, quem eu sou. Eu nunca serei aquele homem de vinte e cinco anos atrás. Ele se foi.

— Eu só descobri sobre tudo isso um par de semanas atrás. As histórias que eu sabia sobre o meu pai eram muito diferente da verdade, — admiti.

— Eu serei completamente honesto com você, Quinn. — Ele fez uma pausa, virando-se para me encarar. — Não sei se saber que você existia teria mudado alguma coisa. Eu não queria que você me conhecesse dentro daqueles muros da prisão. Era mais fácil não saber o que acontecia fora deles. Então eu não podia lamentar sobre o que eu estava perdendo. Era mais fácil fingir que nada estava acontecendo, eu apenas me forcei a esquecer tudo, todo mundo. Pode não ter sido a coisa certa a fazer, mas vinte e cinco anos é um maldito tempo. Precisei lidar com isso ou deixá-lo lidar comigo. Fiz essas escolhas e não olhei para trás. Eu me desliguei e me tornei um homem frio. — Sua voz se desvaneceu, e o som das ondas, mais uma vez, encheu o silêncio entre nós.

Nós nos sentamos olhando para a água, jogando a nossa conversa nos últimos trinta minutos. Eu não tinha ideia do que iria acontecer, onde isso nos levaria. Eu só sabia que conhecer o homem que teve um papel na minha criação me deu uma sensação de alívio.

— Eu gostaria de te conhecer. Todos esses anos, eu pensei que você fosse apenas um homem que fugiu da minha mãe quando ela mais precisava de você. Eu tinha essa imagem de um cara que não queria nada com a filha. Algum homem cruel, sem coração, que se afastara de suas responsabilidades sem olhar para trás. Agora que eu sei quem você é, eu realmente gostaria da chance de saber mais sobre você, — admiti.

O sorriso que puxou sua boca me fez sorrir.

— Eu gostaria muito disso, muito mesmo, — ele respondeu.


Capítulo Vinte e Um

 

Jett


Não vi Quinn em dois dias. Ela não viera trabalhar e tinha muita coisa acontecendo. Bem, isso é o que a mensagem que ela me deixou afirmava. Eu estava em uma reunião quando ela ligou, e foi impossível entrar em contato com ela.

Tentei ser paciente, mas era impossível. Eu estava irritado, e como Callie colocou, sendo um babaca total.

Eu tinha negócios para fazer, e a merda se acumulava, mas minha mente estava consumida com Quinn. Dizer que eu estava além de chateado por ela estar me evitando nem era preciso. Alguma coisa estava acontecendo. Eu podia sentir isso. Era hora dela esclarecer alguma merda.

Bati o interfone com um tapa de meu pulso e esperei impacientemente por Callie responder.

— Você ainda precisa daquele Midol{3}, chefe, ou necessita de alguns absorventes em vez disso?

— Venha aqui. — Bati o botão antes que ela pudesse responder e vi quando ela se desculpou e foi até o meu escritório, atirando-me seu melhor olhar de morte em todo o caminho. Sua atitude não estava iluminando o meu humor.

Ela invadiu o local sem perder tempo batendo. — Ouça, idiota, eu não vou sentar aqui e aceitar a sua merda. Latir exigências para todo lado só me irritará mais. Você quer algo de mim, você pergunta. Entendeu?

— Você terminou? — Perguntei.

— Se você terminar de ser uma putinha chorona, então sim, eu terminei. — Ela colocou as mãos nos quadris e levantou uma sobrancelha em questionamento.

— Sinto muito, — ofereci. Ela pareceu suavizar um pouco, porque eu nunca pedia desculpas. — Você pode me ajudar com uma coisa? — Callie assentiu com a cabeça e deu alguns passos em minha direção, em seguida, sentou-se no braço do sofá. — Quinn esteve me evitando, — eu disse assim que ela sentou. — Eu sei que ela trabalha amanhã à tarde, mas preciso falar com ela agora. Tudo que eu recebi são mensagens de texto enigmáticas. Pode me ajudar a encontrar uma maneira de entrar em contato com ela? Tenho a sensação de que ela está passando por alguma merda pesada, e preciso ter certeza de que ela está bem.

— Já experimentou seu contato de emergência? — Perguntou Callie.

— Não. — Sequer considerei.

Callie se levantou, caminhou até a minha mesa, e sentou-se atrás dela. Eu a segui e fiquei atrás dela, olhando por cima do ombro, silenciosamente observando enquanto ela digitava o nome completo de Quinn em meu computador.

O ícone da ampulheta piscou enquanto as informações carregavam lentamente. Quando o meu nível de irritação mais uma vez atingira o seu pico, seu perfil de empregado apareceu na tela.

Callie pegou o telefone e discou um número sem dizer uma palavra. Sentei-me na borda da mesa em silêncio, permitindo-lhe trabalhar a sua magia.

— Sim, é Avery Miller? — Ela fez uma pausa, esperando que a pessoa do outro lado da linha respondesse. — Ótimo, aqui é Callie Emerson. Trabalho com ela no Jett’s. Eu estava realmente tentando contatá-la para o Sr. Jameson.

Antes que Callie pudesse ir mais longe, puxei o telefone da mão dela, ganhando um inferno de um olhar desagradável em troca. Eu a ignorei e segurei o telefone na minha orelha.

— Ela teve dois dias muito duros, — declarou Avery.

— Avery, hey, é Jett. Venho tentando contatá-la e ela não retorna minhas ligações. — Eu estava tentando não parecer tão desesperado, mas vamos encarrar isso, eu havia alcançado esse nível.

— Hey, Jett, — ela respondeu. — Honestamente, Quinn tem tido um tempo de muita merda ao longo dos últimos dois dias. Ela só precisa de tempo para lidar com isso.

— O que quer dizer, lidar? O que está acontecendo? — Perguntei; preocupação me inundando.

— Não é realmente minha história para contar, desculpe. Ela precisa ser a única a explicar, quando ela estiver pronta.

As palavras de Avery só me irritaram ainda mais.

— Escute, eu sei que ela se preocupa com você, Jett. Quinn é apenas o tipo de pessoa que se esconde atrás de seus medos. Agora ela tem muito em seu prato, então te afastar é o que ela está fazendo. — Ela respirou fundo antes de continuar. — Não a deixe.

— Como diabos você sugeriria que eu a pare? — Perguntei.

— Ela está de folga do Spencer’s, — ela respondeu. — Nós fizemos planos de sair. Eu serei direta com você. Estou preocupada com ela também. Ela está bebendo muito nas duas últimas noites, e isso não parece como ela, mas é como ela lida com as coisas. Estou pensando que talvez ela precise sentir que alguém está lutando por ela. Talvez ela precise saber que alguém pensa que ela vem em primeiro lugar.

— Diga-me onde estará, — respondi. Não tive nenhum problema com o que ela sugeria. Quinn rastejara debaixo da minha pele, e me empurrar para longe não era uma opção. Eu não poderia ir embora tão facilmente. Eu falei sério com ela, não desisto de algo que eu quero.

Depois de Avery me dar o endereço da festa que estavam indo, eu fiz um par de chamadas. Kade e o primo dele, Clayton, iriam junto. Eu odiava festas, mas saber que Quinn estaria lá não me deixou outra opção. Eu estaria lá também.


***


— Vamos, idiotas, eu deveria estar lá há mais de uma hora, — gritei para eles quando saí do Tahoe de Kade.

Eu não gostava de saber que Quinn havia estado aqui, bebendo, sem mim. Não demos um nome para o que estava acontecendo entre nós, mas, no que dependia de mim, ela era minha desde o momento em que me deixou levá-la para casa comigo naquela primeira noite. Ela acabou levando um pouco mais de tempo para descobrir isso, e imaginei que ela precisava de um pequeno lembrete.

No momento em que a vi, eu sabia que ela estava bêbada. Quinn era geralmente tranquila e mais do tipo de se misturar. Vê-la no meio de uma multidão balançando a bunda era um sinal certo de que ela havia bebido muito. Avery estava à direita dela, e o momento em que seus olhos se encontraram com os meus, ela me deu um olhar de desculpas.

Dois rapazes estavam bem ao lado de Quinn, inteiramente perto demais, em minha opinião. Os olhares que passavam entre eles acendeu um fogo dentro de mim. Um movimento a partir de qualquer um deles era tudo o que seria necessário para me irritar.

Kade se aproximou do meu lado e endireitou os ombros. — Você deixará isso acontecer? — Perguntou.

Não precisei olhar para ele para saber que ele assistia a mesma coisa que eu. — Eu não deixarei merda nenhuma acontecer. Apenas esperando para ver como ela reage.

Eu estava curioso sobre o que Quinn faria. A maneira que nós nos encontramos era um pouco não ortodoxa. Encontrei-me perguntando se Quinn mais uma vez seguiria a tentação ou se eu apenas tive sorte naquela noite. Eu precisava saber se ela sentia o mesmo por mim como eu sentia por ela.

Clayton deu um passo ao lado de Kade e entregou-lhe duas cervejas, e ele passou uma para mim. Eu estava de pé, casualmente bebericando da garrafa, esperando as coisas se desenrolarem.

— Bem, se não é Jett Jameson. — Eu me encolhi imediatamente. O familiar murmúrio de Shay à minha esquerda veio pouco antes dela deslizar sua mão sobre minha barriga. — Esta festa começava a ficar um pouco chata, mas sinto que está mudando muito rápido.

— Shay. — Coloquei minha mão sobre a dela e gentilmente a removi do meu estômago. Ela fez beicinho em resposta, e lutei contra o revirar dos olhos para sua tentativa idiota de ser bonita. Ok, então, quando eu era adolescente com tesão pode ter sido, mas agora, apenas parecia patético.

A comoção chamou minha atenção. Olhei de volta para Quinn apenas a tempo de ver um cara enrolado no chão, segurando seu pacote. Quinn gritava com ele enquanto seu amigo tentava segurá-la.

— O que diabos aconteceu? — Perguntei à Kade. Ele ria tanto que estava segurando suas costelas. Clayton ria também, mas apontou a mão para Quinn.

— Cara, isso foi uma merda engraçada. Melhor coisa que já vi em muito tempo. Sua menina apenas derrubou esse cara como uma pedra. Ela apertou seu pau como um boxeador profissional. — Ele riu, e eu imediatamente me senti orgulhoso.

Entregando minha cerveja, andei em direção à Quinn com determinação e um sentimento de orgulho. Deslizei entre ela e o cara que pensou estar tudo bem colocar as mãos sobre ela, eu agarrei a camisa dele, ajudando-o enquanto ele se levantava do chão. Uma vez que ele se endireitou, eu o empurrei, fazendo-o tropeçar para trás. — Mantenha suas malditas mãos longe da minha garota, — rosnei. Ele levantou as mãos em sinal de rendição enquanto ganhava equilíbrio.

Virando-me para enfrentar Quinn, eu não perdi tempo. Abaixei-me e atirei-a sobre o meu ombro, não dando nenhuma chance possível dela correr. Avery assistia com admiração, sorrindo. Ela não disse nada enquanto eu me afastava, levando uma Quinn não tão feliz. Ela chutou as pernas e bateu minhas costas com seus punhos minúsculos enquanto eu a levava através da festa e diretamente até a porta da frente.

— Ponha-me no chão, isso não é bom. Jett, me solte – agora, — ela gritou. — Vou chamar a polícia, seu idiota. Coloque-me no chão.

Eu ri da sua tentativa idiota de me assustar para soltá-la. Em seu estado atual, eu não tinha certeza de que ela pudesse discar em um telefone sem ver em dobro.

Uma vez que estava longe o suficiente da casa, coloquei-a no chão e a prendi no carro que paramos em frente, com um braço de cada lado de seu corpo, minhas palmas das mãos sobre o capô.

A encarei e minha determinação não vacilou. Eu estava irritado, e sua atitude piorava tudo. — Chame a polícia — Rosnei. — Você pode gritar assassino sangrento por tudo que me importa. Sua bunda não sairá daqui nesta condição, pura e simplesmente, por isso, pare de reclamar e aceite.

Ela estreitou os olhos para mim e suas narinas dilataram. Sim, como se eu me importasse que ela estivesse chateada. Eu estava chateado demais, de modo que estávamos prestes a ter uma porra de batalha de vontades aqui.

— Nunca pedi para você vir aqui e me salvar. — Ela rangeu os dentes. — Não preciso de você para me salvar. Estou bem sozinha. Estive tomando conta de mim mesma por um longo tempo. Não preciso de sua ajuda, — ela praticamente rosnou.

Olhei para o chão entre nós, tentando controlar minha raiva. Às vezes, eu me perguntava por que diabos eu sequer me incomodava. Então, olhei para cima e meu olhar encontrou o dela e me lembrei, meu estômago cambaleou com a dor escondida nos olhos dela, a fachada que ela se esforçava para manter. Eu podia ver através de seu ato, e tudo que eu queria fazer era confortá-la.

— Você nunca vai parar de lutar contra isso? — Perguntei. — Porra, Quinn, você sempre tem que ser tão difícil? — Eu a prendi com meus quadris. — Merda, mulher, você me deixa louco. Você pode me irritar mais do que ninguém que eu conheço.

— Se eu te deixo tão louco, então por que se preocupar? Eu não valho a pena, realmente, eu não valho. Por favor, apenas vá embora, Jett. Encontre alguém com menos problemas do que eu. Alguém que possa fazer você feliz. — Ela baixou a cabeça, e sua testa descansou contra o meu peito. — Eu não sou essa garota, — ela sussurrou.

Eu penteei suavemente meus dedos pelos seus cabelos, respirando o cheiro dela. — Cale-se, por favor. — Segurei a parte de trás do seu pescoço e a fiz levantar a cabeça. Seus olhos pareciam brilhantes, e a visão deles puxou algo dentro de mim. Inclinando-me, eu beijei seus lábios suavemente, permitindo que minha testa descansasse contra a dela. — Eu não vou a lugar nenhum, sua teimosa. Estou aqui, eu estou nessa. Então, pare de forçar para conseguir que eu vá embora. — Eu a beijei novamente e arrastei a ponta do meu nariz ao longo dela. — Não me afasto das coisas que eu quero, Quinn.

Coloquei minhas mãos em cada lado do rosto dela, deixando-a sem escolha, a não ser olhar para mim. — Eu quero você. — Fiz uma pausa quando ela fechou os olhos com força, lutando contra a emoção que vi assumir suas belas feições.

— Você é essa garota, — eu falei com certeza.


Capítulo Vinte e Dois

 

Quinn


— Vamos tirar você daqui. Venha para casa comigo para que possamos conversar, — Jett falou em meu ouvido. Ele me segurou perto quando descansei minha cabeça no ombro dele.

— Falar é tão superestimado, — sussurrei. — Tenho conversado muito ao longo dos últimos dois dias, mas nada mudou. Falar não resolve nada.

— Baby, resolve se a pessoa com quem você está falando realmente a ouve. Eu estou ouvindo, Quinn. O que quer que esteja acontecendo, quero ajudar. Eu quero estar aqui para você. Deixe-me. — Ele beijou minha testa e esfregou minhas costas suavemente.

Eu lhe permiti guiar-me a um SUV com vidros escuros. Quando ele abriu a porta, eu percebi que não estávamos sozinhos. Kade e outro cara estavam na frente, ambos com um sorriso amável. Ver Avery no banco de trás me surpreendeu. Ela me abraçou antes de deslizar para o lado oposto do veículo, permitindo-me sentar ao lado dela. Jett pegou o espaço vazio ao meu lado, segurando-me perto dele.

Permiti que a minha cabeça descansasse no ombro dele, fechando os olhos e concentrando-me exclusivamente nele. Meu estômago estava revolto e minha cabeça latejava. Todas as razões pelas quais eu normalmente não bebia voltavam para mim agora.

Eles deixaram Avery primeiro, e inclinando-se sobre o colo de Jett, ela beijou minha testa. — Ligue para mim amanhã, amor. Ele se preocupa, deixe-o. Você merece alguém que vai lutar. Deixe-o entrar, deixe-o lutar, — ela sussurrou. Depois de me beijar mais uma vez, ela deu um beijo na bochecha de Jett e acenou adeus para os caras da frente.

A viagem para a casa de Jett foi tranquila, e se minha mente não estivesse correndo a cem quilômetros por minuto, eu poderia ter caído no sono.

Não lutei com Jett quando ele me pegou e me levou até a porta da frente. Também não lutei contra sua insistência quando ele me levou para dentro e me colocou no sofá. Minha luta foi embora. Os últimos dois dias drenaram qualquer luta que estivesse sobrando.

Ele sentou ao meu lado. Eu descansei a cabeça contra o encosto do sofá enquanto olhava para ele.

— Não pertenço ao seu mundo, Jett, — sussurrei. Ele franziu a testa, mas continuei antes que ele pudesse falar. Eu sabia que se eu parasse poderia não dizer para ele o que precisava dizer. — Minha mãe é alcoólatra. Ela tem sido por toda a minha vida. Meu pai é um criminoso. Inferno, eu nem sabia quem era meu pai até poucos dias atrás. — Tomei uma respiração profunda e olhei para as minhas mãos. — Eu sou uma pobre garçonete apenas tentando sobreviver no dia a dia.

— Não dou a mínima para quem são seus pais, Quinn. — Ele inclinou meu queixo para cima, colocando o dedo debaixo do meu queixo. — Seu mundo? Que diabos isso significa, afinal? — Ele perguntou. — Nós vivemos no mesmo mundo. Você acha que eu me importo com o dinheiro? Ele é apenas isso, posse. Ele não faz quem nós somos. Você é uma pessoa incrível, independentemente de onde veio ou o que você tem em sua conta bancária.

— Estou envergonhada por minha vida. — Admiti. — Não quero que você me julgue baseado nessas coisas.

— Eu nunca faria isso, — ele me assegurou.

Corri minha mão sobre a leve barba ao longo de sua mandíbula. — Você vai, acredite em mim. Um dia você ficará doente do meu lixo também.

— Todos nós temos lixo, querida. Isso não muda o que sinto por você, — afirmou. — Diga-me o que aconteceu ao longo dos últimos dois dias para deixar você se sentindo assim. O que está acontecendo que te empurrou a esse ponto?

Deixei minha cabeça cair contra o sofá. — É tudo isso, Jett. A volta da minha mãe para seus velhos hábitos. Meu pai, que ela sempre me disse que nos abandonou, simplesmente apareceu na minha casa. A melhor parte era que minha mãe achava que ele veio por ela. Quando descobriu que ele estava lá apenas para conhecer a filha que ele não sabia que existia, ela se desfez novamente. — Eu limpei a lágrima que escapou.

— Estou tão cansada, Jett, — admiti. — Eu tenho cuidado dela toda a minha vida, e estou cansada. Não posso continuar pegando-a do chão quando ela tropeça noite após noite. Eu coloquei minha vida em suspenso mais e mais para cuidar dela, e estou tão cansada.

— Você não sabe quantas vezes eu desejei que ela mudasse por mim. Rezei noite após noite que eu fosse o suficiente para ela ficar sóbria. No entanto, ela acordou e foi se embebedar novamente. — Apertei minhas mãos, segurando a pequena almofada. — Eu queria ser o suficiente. Eu costumava invejar os meus amigos e as relações que todos tinham com suas mães. Eu queria tanto isso.

Uma longa pausa encheu o ar antes dela falar novamente. — Eu só queria poder congelar a vida e ter algum tempo para mim. — Eu falei em voz baixa, pouco acima de um sussurro.

— Viaje comigo, — disse ele enquanto esfregava minha perna. — Minha irmã, Alex, vai se casar, e eu quero que você venha comigo.

— Esse é o problema. Eu não posso. E se ela precisar de mim e eu não estiver aqui? — Era sempre a mesma coisa.

— É preciso fazê-la perceber que você não continuará aceitando isso. Baby, se ela sabe que você estará lá para levantá-la, ela continuará caindo. — Ele descansou a cabeça ao meu lado no sofá. — Não estou dizendo para se afastar dela permanentemente, mas parar de facilitar para ela continuar seus hábitos.

— Quando é o casamento? — Perguntei.

— Nós teríamos que ir na próxima sexta-feira. O casamento é sábado, — ele disse. — Voltaremos no domingo.

— Onde?

Ele sorriu. Aquele sorriso esquentou minhas entranhas. Ele realmente era um homem bonito. — Geórgia, — ele sussurrou. Seu olhar caiu para os meus lábios, e os lambi em instinto. Eu havia ficado sóbria rapidamente, mas acho que uma sobrecarga emocional seguida por um colapso faria isso com qualquer um.

— Eu já disse a ela que te levaria, para que você não pudesse dizer não, — ele disse com a voz cheia de diversão arrogante.

— Hmm, — eu cantarolei. — Você pode ter que encontrar uma substituta. Tenho certeza de que poderíamos encontrar alguém para preencher o meu lugar.

Ele agarrou meus quadris e me puxou para o seu colo. Nossos lábios estavam agora apenas centímetros de distância. — A única que eu quero é você, — ele sussurrou, roçando seus lábios sobre os meus. Então, sua voz ficou séria. — Você merece uma pausa, baby.

Ele estava certo. Eu sabia que ele estava. Eu me senti culpada sabendo que ela estaria sozinha. — Quando você precisa saber? — Perguntei.

Seus lábios cobriram os meus em um beijo suave, provocando arrepios por todo meu corpo. — Já comprei a sua passagem.

Tentei me afastar, mas ele agarrou a minha nuca, segurando meus lábios nos dele. Nosso beijo rapidamente se intensificou. Virei-me em seu colo, colocando um pé em cada lado dele quando ele passou os braços em volta da minha cintura.

— Pare de me afastar, Quinn. Por favor, só me deixe entrar. Deixe-me ser alguém em quem você pode confiar, — ele disse entre beijos. — Eu quero você plenamente, por favor, deixe-nos acontecer.

Suas palavras bateram forte em mim, tirando minha última gota de determinação. Eu queria ser cuidada. Queria alguém que me fizesse sentir como se eu fosse a coisa mais importante em sua vida. Pela primeira vez, eu queria importar.

— Além disso, nós dois sabemos que eu não deixarei você ir embora. Eu farei do meu jeito. Você não tem escolha, você é minha. — Mais uma vez, sua arrogância e atitude convencida saíam dele em ondas.

Era um lado dele que eu realmente começava a amar.


Capítulo Vinte e Três

 

Jett


Eu sabia que ela estava preocupada com a mãe dela. Avery e eu tivemos que ter muitas conversas de convencimento, mas a colocamos no avião. Avery teve que prometer checar diariamente a mamãe dela. Quinn ainda pediu ao pai para se certificar de que a mãe dela estivesse bem. Com os recentes acontecimentos, era um risco, mas ele estava fazendo tudo que podia para estar lá para Quinn. Eu estava bastante positivo, ele também sabia o quanto ela precisava de uma pausa. Aparentemente, quando Beau, o pai dela, admitiu que ele nunca realmente amou a mãe dela, sua mãe não recebeu bem a notícia e voltou para seus velhos hábitos. Ela esperava que eles fossem cair nos braços um do outro.

Quinn sentou ao meu lado nervosamente, segurando firmemente a minha mão. Eu a observei atentamente enquanto ela olhava pela janela, um olhar vazio em seus olhos. Puxei a mão dela, e ela virou para encontrar o meu olhar.

— O que está acontecendo dentro dessa linda cabeça? — Perguntei.

— Pensando neste fim de semana. Estou prestes a conhecer toda a sua família, mas não sei exatamente como me apresentar, — ela disse com as bochechas vermelhas.

Levei sua mão aos lábios e beijei seus dedos. — Bem, eu já cuidei disso. Você é minha garota. Eles sabem disso. — Seus olhos se arregalaram, e eu ri de sua expressão. — Você não precisa dizer nada. Você é minha; enfrente, aceite e siga em frente com isso. — Ela olhou para mim, sem palavras. Inclinei-me para ela e a beijei rapidamente. — Eles já sabem tudo sobre você, baby. Eles vão te amar.

Ela olhou para mim com um pequeno sorriso no rosto. Ela não tinha nada para se preocupar. Minha família ficou emocionada no momento em que eu disse a eles que levaria alguém. Eu nunca fui de compromisso. Quer dizer, eu tive meninas com quem namorei, mas nunca durou. Eu estava completamente focado nos objetivos que eu havia definido para mim. Então, todos eles continuaram me perturbando em busca de informações, e eu sabia, sem dúvida que eles iam gostar de Quinn.

Meus pais e Harper voaram na quarta-feira. Eles queriam estar lá para ajudar a arrumar as coisas. Eu tinha certeza que eles também chegaram mais cedo pelo bebê Colt. Eles não o viram desde logo depois que ele nasceu, então eles precisavam de outra dose do bebê.

Quando o nosso voo pousou, pegamos a nossa bagagem e o carro alugado. Quinn estava tão angustiada que eu quase podia ver isso derramando dela. Ela tinha o hábito nervoso de cutucar as unhas, provocando um estalido quando as soltava.

Coloquei minha mão sobre a dela para parar sua inquietação. Ela olhou para cima, corando. — Pare de se preocupar, — eu insisti.


***


Colton e Alexis exigiram que ficássemos na casa deles, onde meus pais e Harper também estavam se hospedando. Nós seríamos babás sábado à noite, enquanto Alex e Colt iriam para Savannah para uma noite a sós.

Parando na entrada da garagem, eu peguei Quinn inquieta, mais uma vez, com o canto do meu olho. — Mulher, você vai parar? Eles são fáceis de se conviver. Meu único conselho é sobre Harper. — Estacionei o carro e olhei para ela com uma expressão séria. — Ela não tem filtro. Ela dirá o que está na mente dela, sem pensar duas vezes. Não leve para o pessoal. Ela é verdadeiramente inofensiva.

Quinn apenas concordou com a cabeça. Acho que o meu conselho saiu pela culatra; ela pareceu ainda mais agitada agora.

Peguei as malas do carro e a empurrei para a porta. — Prometo que não há nada para ficar nervosa.

Antes de chegar à porta, ela veio voando aberta. As perninhas de Maddison levando-a para fora como uma bala, correndo direto para mim. Alex seguia de perto.

— Tio Jett, — Maddison gritou. Ajoelhei-me e coloquei as malas no chão bem a tempo de pegá-la em meus braços.

— Hey, squirt, — eu disse quando a levantei e abracei. Virei-me para encarar Quinn e encontrei-a sorrindo brilhantemente.

Maddison sorriu e olhou entre Quinn e eu. — Ela é sua namorada? — Ela perguntou.

— Sim, esta é Quinn, a minha namorada. — Eu olhei para Quinn e pisquei.

Alex se aproximou e estendeu a mão para Quinn. — Oi, eu sou Alex. Eu sou a irmã não tão tagarela. — Ela se inclinou um pouco mais perto, levantando a mão, como que para proteger a boca. — Ele não admitirá isso, mas também sou a irmã favorita dele. — Eu ri para a tentativa de sussurro. Ela havia falhado profundamente.

— Oi, — Quinn disse em resposta. — Você tem uma casa muito bonita. — Seu comentário me fez lembrar o que ela disse sobre não pertencer ao meu mundo. Ela tinha o mau hábito de se diminuir, algo que eu trabalharia duro para corrigir. Eu queria mais do que qualquer coisa que ela visse seu valor sem ponderar pelo seu passado e quão pouco ela tem que mostrar pelo seu trabalho duro.

— Você deveria ter visto isso há um ano. Demorou um pouco para fazer esta reforma. Colton trabalhou dia e noite por meses, mas sabíamos o que queríamos. Meu cara é um real faz-tudo, — admitiu Alex.

Colt saiu carregando o meu sobrinho perto do peito. Ele tinha o olhar de orgulhoso-papai.

— Como foi a viagem? — Ele perguntou quando se aproximou de Alex. Ela pegou o filho dele sem hesitação. Do canto do meu olho, eu peguei Quinn assistindo a troca. Ela tinha aquele olhar que meninas têm a qualquer momento quando um bebê está perto, aquele olhar gosmento nos olhos, boquiaberto.

Fomos levados para dentro, só para encontrar a casa completamente cheia. Minha mãe e meu pai se aproximaram de Quinn como se ela fosse algum tipo de criatura mística.

— Você deve ser Quinn, — minha mãe disse. Quinn assentiu com a cabeça, e minha mãe a puxou para um abraço, fazendo com que os olhos de Quinn se arregalassem de surpresa. — É tão bom conhecer você, querida. Ouvimos muito sobre você.

— Deixe a pobre moça respirar, mãe. — Harper abriu caminho através da barreira. — Não a assuste antes que ela entre totalmente.

Ela se virou para os meus pais e olhou para Quinn. — Você terá que desculpá-los. Jett foi um solteirão por tanto tempo que eu tenho certeza que eles estavam começando a questionar sua preferência sexual.

Lá estava, a razão por trás de manter Quinn longe de Harper todo esse tempo. Minha irmã não tinha um osso tímido no corpo. Você nunca poderia se preparar para sua explosão, elas eram tão aleatórias.

Algumas risadinhas encheram a sala, e cutuquei o ombro de Harper. — Sim, muito engraçado, espertinha. — Eu olhei para encontrar um sorriso enfeitando o rosto de Quinn, o que fez com que o fato de ser o objeto de piada de Harper valesse a pena.


Capítulo Vinte e Quatro

 

Quinn


Tudo sobre a família de Jett era incrível. Todos eram tão amorosos e me aceitaram como um dos seus. Mesmo a família e os amigos de Colt agiram como se eu fizesse parte do grupo.

A noite foi preenchida com um grande jantar e uma casa cheia de convidados, crianças correndo em todos os lugares e adultos rindo. Alex levou todas as meninas para o quarto dela a fim de nos mostrar seu vestido. Havia a irmã de Colt, Maria e sua melhor amiga, Kori, e, claro, a indomável, Harper, foi a vida do quarto.

— Então, há quanto tempo você está namorando Jett? Como se conheceram? — Perguntou Maria. Toda a atenção imediatamente caiu sobre mim enquanto elas esperavam que eu respondesse.

— Eu, uh... — fiz uma pausa e mexia com as mãos. — Nós, hum, bem...

— Aqui, querida, deixe-me ajudá-la, — Harper entrou na conversa. — Jett e Quinn se conheceram em uma festa. Eles foram para casa juntos e, aparentemente, o nosso irmão tem algumas habilidades, porque eles ainda estão juntos.

Engoli em seco e olhei para as minhas mãos. A sala ficou em silêncio e eu estava com medo de olhar para cima. O que elas poderiam possivelmente estar pensando agora?

— Bem, pelo menos vocês chegaram a uma casa. Gavin e eu fizemos pela primeira vez no banco da frente da caminhonete dele, — Maria ofereceu indiferente.

— Na garagem dos meus pais, enquanto eles estavam em casa, — acrescentou Kori.

A sala se encheu de riso, e era bom ser parte de um grupo que sabia como se divertir. Senti falta de Avery, desejando que ela estivesse aqui para compartilhar essa felicidade comigo.

— Bem, deixe-me apenas dizer que Jett é um gato. Não me interpretem mal, ninguém nunca fará o meu coração correr como Reed faz, mas Jett faz o cabelo dos meus braços se levantarem. — Kori fingiu um calafrio, ou talvez fosse real.

— Ok, o suficiente sobre o meu irmão. Isto tudo me dará pesadelos. — Harper fingiu engasgar.

Passamos a próxima hora olhando tudo, desde o vestido de noiva até a joia que Alex usaria. Ela nos mostrou o vestido de flores da daminha, que seria Maddison, e o pequeno smoking que Rhett, o filho de Kori, usaria como o portador do anel.

Mais tarde da noite, eu me desculpei e segui para cama. Assim que cheguei ao topo da escada, eu podia ouvir os passos de Jett arrastando atrás de mim.

Ele entrou no banheiro comigo quando eu estava prestes a fechar a porta. — O que você está fazendo aqui? — Perguntei; minha voz um pouco acima de um sussurro. Tudo o que ele ofereceu foi uma risada divertida.

Ele deu um passo em minha direção e me enjaulou contra o balcão. — Preciso de um banho, você precisa de um banho, pensei que iria economizar a água, — ele murmurou, inclinando-se para beijar meu pescoço. No momento em que seus lábios tocaram os meus, eu perdi todo o pensamento.

— O que todo mundo vai pensar? — Perguntei. Era mais como um ronronar, mas ainda uma pergunta.

Ele sorriu contra o meu pescoço e começou a levantar a barra da minha camisa. — A única coisa que eu quero pensar agora é você, — ele disse, levantando minha camisa sobre a minha cabeça, — E eu.

Ele deslizou as pontas dos dedos sobre o meu estômago e parou na fivela do meu short. Arrepios irromperam sobre meus braços e ao longo da minha espinha. — Obrigado por ter vindo comigo, — ele sussurrou em meu ouvido.

Nossos olhares se encontraram enquanto ele trabalhava no botão aberto e começou a abaixar meu short para o chão. — Obrigada por ter me perguntado, — eu disse. O jeito que ele olhava para mim fez meu coração disparar de forma incontrolável. Ele parecia estar momentaneamente perdido.

— Você é tão linda.

— Você também, — sussurrei sem fôlego.

— Por que você diz isso? — Perguntou. — Dizer que eu sou bonito, isso é novo, eu não sei se isso faz muito bem para o meu ego.

— Porque você é. Não é apenas a sua aparência. É muito mais do que isso. Toda a minha vida eu só queria ser notada. Queria alguém para me segurar e me dizer o que eu precisava por uma vez. Ansiava pela segurança que eu nunca senti. — Segui o lábio inferior com o polegar. — Você me dá isso.

Era tão difícil explicar como ele me fazia sentir, mas eu precisava tentar. — Jett, você é como os analgésicos que eu preciso para aliviar essa dor dentro de mim. — Ele continuou olhando para mim, calmamente me esperando explicar. — Quando estou com você, toda a merda na minha vida simplesmente desaparece. Pela primeira vez em tanto maldito tempo, eu me sinto livre, como se o que eu preciso, o que eu quero, importasse. Faz tanto tempo desde que eu me senti à vontade; ainda é difícil descobrir como você me faz sentir tão despreocupada. Você me ajuda a esquecer. Todo o tormento e lixo que se acumularam ao longo dos anos não significam nada quando estou com você. Mas eu amo isto. Eu amo como você me faz sentir. — Nossos olhos se encontraram novamente e meu coração disparou. — É lindo. Você é lindo.

Jett olhou para mim, sem dizer nada, seus olhos vagando meu rosto mais e mais, como se memorizasse o contorno dos meus lábios, e inclinou o meu queixo com o dedo.

— Eu amo o jeito que você me faz sentir também, — ele sussurrou contra os meus lábios. A sinceridade em sua voz fez minha garganta queimar e minha visão nublar. — Tudo que eu quero é que você confie em mim. Quero que você saiba que eu nunca faria mal a você, baby. Quero que você se sinta segura comigo.

Jett me levou para o chuveiro enquanto ele continuava a me despir. — Você pode não estar pronta para ouvir isso, mas eu tenho que dizer a você. — Ele se virou na água, deu um passo atrás de mim, e passou os braços em volta de mim. Seus lábios levemente roçando minha orelha. — Estou me apaixonando por você.

Minha cabeça caiu para trás e descansou em seu ombro. Olhei em seus olhos e uma lágrima escapou, rolando ao longo da minha bochecha. — Estou com medo, — confessei. — Também estou me apaixonando, e isso me assusta.

— Não há nada a temer. Eu pego{4} você, Quinn. Prometo que está segura comigo.


***


Acordei em uma cama vazia. Após me vestir rapidamente, eu saí do quarto e na direção de todo o barulho.

A cozinha estava cheia de caos. Café da manhã era preparado e nenhum cara estava à vista, além do sobrinho de Jett.

Fiquei ali, nervosa e me sentindo um pouco fora de lugar, sem saber como eu deveria abordar todos.

— Bom dia, querida, — a mãe de Jett, Sarah, disse enquanto colocava a torrada em um prato. — Jett correu para a cidade com o pai dele a fim de conseguir mais um pouco de leite. Sente-se. — Ela apontou para o canto da cozinha. — O café da manhã está quase pronto.

— Posso ajudar com alguma coisa? — Perguntei.

— Se não se importa, você pode colocar o bacon e salsicha na mesa. — Ela apontou para outro prato à sua esquerda. Dei um passo à frente e o peguei, levando-o para a mesa grande na sala.

— Você é bonita, — disse uma voz doce. — Meu tio Jett diz que você faz o coração dele bater muito rápido. O que isso significa?

Fiquei olhando para Maddison, que estava sentada em um pequeno assento elevado na extremidade da mesa.

— Isso significa que seu tio Jett realmente se preocupa com Quinn. Isso significa que ela o faz super feliz. Como Papai Colt me faz feliz. — Alexis respondeu à pergunta que eu não consegui. O comentário de Maddison me pegou desprevenida.

A porta traseira se abriu, e olhei para cima, assim que Jett entrou carregando um galão de leite. Ele também segurava uma garrafa de xarope de morango, e não pude conter meu sorriso. A última vez que passei a noite na casa dele, eu disse que ele precisava ter xarope de morango para o meu leite se ele esperava que eu o visitasse novamente. Saber que ele tomou o tempo para obtê-lo em sua viagem até a mercearia me fez sentir especial.

— Bom dia, baby, — ele disse, pouco antes de me beijar suavemente. — Tenho o seu xarope.

— Eu vejo isso, — respondi.

— O que você trouxe para mim? — Harper brincou enquanto se deixava cair na cadeira ao lado de Maddison.

Olhei para cima para encontrar os pais de Jett assistindo a nossa troca, com sorrisos enfeitando seus lábios.

Eu não estava acostumada a ter pais tão amorosos e acolhedores. Sempre desejei que a minha mãe me mostrasse qualquer quantidade de admiração por mim, mas não adiantou.


***


— Você parece quase boa o suficiente para comer, — Jett disse, dando um passo atrás de mim. Ele colocou o braço em volta da minha cintura e descansou a palma da mão no meu estômago. — Eu adoro como a parte de trás do vestido é todo aberto. Essa abertura logo acima de sua bunda é um dos meus lugares favoritos... Tão sexy. — Ele afundou os dentes na minha orelha. — Não preciso te dizer quão linda você é. Você já sabe, não é?

Balancei a cabeça, tentando manter minha compostura. Ele estava fazendo todo meu corpo se iluminar. — Sim, você é, — eu suspirei.

O casamento foi uma pequena cerimônia, mas muito elegante. Eu estava ao lado quando todos deram brindes e felicitaram o casal feliz. Tentei me misturar, mas com a tortura que eu estava sofrendo agora, eu tinha certeza que minha respiração ofegante podia ser ouvida em toda a sala.

Jett arrastou a outra mão pela minha coxa exposta, apenas dificultando ainda mais a minha respiração. — Eu adoro você, Quinn. Amo tudo em você. Você me consome. — Meu coração disparou descontroladamente.

Jett estendeu uma caixinha na frente e abriu antes que eu pudesse estender a mão e tocá-la. Levei minha mão para a boca quando vi o colar – uma corrente de ouro segurando o mais único pingente.

— O que é isso? — Perguntei, apontando para a joia no meio.

— Um diamante chocolate. Fez-me lembrar da cor de seus olhos.

— É lindo. — Meu olhar nunca deixou suas mãos quando ele tirou o colar da caixa e o colocou em volta do meu pescoço. Segurei o meu cabelo para o lado para que ele pudesse prender o fecho. Após soltar meu cabelo, imediatamente peguei o pingente entre meus dedos e o virei de lado a lado. — Obrigada. — Fiz uma pausa para ter um momento para controlar minhas emoções. — É realmente bonito.

— Vire-o, — ele instruiu.

Eu fiz, e na parte de trás havia um coração gravado com as letras J & Q no interior. Minha garganta estava apertada e as lágrimas encheram meus olhos. Eu me virei para encará-lo e nossos olhos se encontraram. — Eu amei, — eu disse a ele. — Eu te amo.

No momento em que as palavras saíram dos meus lábios, ele colocou os seus sobre os meus. O beijo foi tão diferente e tão cheio de promessas.

Naquele momento, eu sabia que Jett era para mim. Não havia nenhuma razão para lutar contra os meus sentimentos por mais tempo. Ele me segurou perto, balançando com a música. Eu descansei minha mão na parte de trás do seu pescoço e brinquei com seu cabelo. Esqueci-me da bagunça que estaria esperando por mim em casa quando voltássemos. Deixei de lado a semana que eu tive antes desta viagem, e apenas me segurei neste momento. Eu me permiti esquecer que não tinha ideia de como eu pagaria minhas contas na próxima semana ou o que faríamos quanto a próxima parcela da casa. Somente me concentrei na maneira em que eu me senti nos braços de Jett, porque eu merecia essa paz.

Jett me deu esperança, e ter esperança era uma mudança bem-vinda.


Capítulo Vinte e Cinco

 

Jett


Não conseguia me lembrar de uma vez em que fui tão feliz na minha vida. Eu tinha o meu trabalho, e sim, era tudo que eu sempre esperei, mas até Quinn, eu não percebi que faltava alguma coisa. Ela tinha a capacidade de fazer todo o meu trabalho duro e dedicação valer a pena.

A viagem para a Geórgia mudara tudo para Quinn e eu. Estávamos agora além da hesitação com a qual havíamos lutado diariamente. Eu sabia como ela se sentia, e ela sabia exatamente como eu me sentia.

Ela era a minha menina, não havia nenhuma dúvida sobre isso.

Havia uma diferença nela. O jeito que ela sorriu e riu mostrou que estava mais à vontade. Eu sabia que as coisas em casa ainda estavam uma bagunça, mas ela e eu, nós estávamos bem.

— Jett. — Callie bateu na porta e espreitou para dentro. — Easton Michaels está aqui para a reunião.

Balancei a cabeça. — Ótimo, você pode enviá-lo para dentro.

Eu estava conversando com um colega de negócios sobre a expansão. Eles enviaram Easton para definir os passos finais antes de Jett’s se mudar para a área de Miami.

— Jett, — Easton disse ao entrar, estendendo a mão com um sorriso.

Eu ri com a formalidade. — Oh, então a última vez que esteve aqui e nós dois ficamos tão bêbados, a ponto de desmaiarmos no meu quintal não existe mais. Nós movemo-nos para apresentações mais formais agora. — Olhando para ele com um olhar malicioso no rosto, eu esperei pela resposta dele.

— Eu pensei que desde que desta vez eu vim para você assinar sua vida, gostaria de manter minha cabeça no negócio. Mais tarde vamos ficar bêbados e deixar toda essa merda formal para trás. — Ele tinha um sorriso arrogante quando se sentou à minha mesa.

Easton e eu nos conhecemos há muito tempo. Ele foi a primeira pessoa que esteve atrás de mim quando decidi comprar a propriedade para o Jett’s. Ele tem dinheiro, e disse que conhecia um grande investimento quando via um. Desde então, ele e eu nos tornamos grandes parceiros de negócios e até mesmo melhores amigos.

Passamos as próximas horas repassando valores e planos para o novo local. O processo de remodelação começaria na próxima semana, e se tudo continuasse como planejado, o segundo local de Jett estaria instalado e funcionando em menos de seis meses. O processo seria cansativo, e eu teria algum tempo viajando para lá e para cá, mas eu voava alto na corrida do meu sucesso.

Com tudo o que eu tinha agora para finalizar, Easton e eu decidimos adiar a comemoração, e planejamos sair em um momento posterior. Enterrei-me no trabalho pelas próximas horas.

Uma batida leve na porta quebrou minha concentração. Olhando para cima e através da parede de vidro ao meu lado, eu notei que a noite havia caído. O restaurante estava finalizando o serviço, e eu estava surpreso por perder muito de minha tarde e noite.

Outra batida trouxe a minha atenção de volta ao presente, e lembrei-me que alguém estava esperando para me ver.

— Entre, — eu disse.

Quinn entrou e sorriu docemente. Meu estômago imediatamente apertou quando observei sua beleza. Ela usava um vestido rosa claro que parava logo acima dos joelhos. Um par de sandálias de tiras malditamente sexies fez suas pernas parecerem muito maiores.

— Você está pensando em se trancar aqui a noite toda? — Ela perguntou, fechando a porta e clicando a fechadura antes de caminhar em minha direção. Passou pela minha mesa e traçou a borda com a ponta do dedo. Prendendo o lábio inferior entre os dentes, ela olhou para mim através de seus cílios longos. — Fiquei esperando você me chamar, — ela sussurrou. — Eu cansei de esperar, então pensei em agir.

Sentei-me na minha cadeira e prendi minhas mãos atrás da cabeça. — Ah sim, e o que você decidiu fazer?

Ela se aproximou e levantou uma perna sobre meu colo, sentando em mim, em seguida, abaixou-se. — Decidi que uma menina precisa intensificar seu jogo se pretende manter seu homem feliz. Este lugar é muito para competir, e preciso ter certeza que você lembre o que está perdendo quando não estou com você.

Ela balançou seus quadris para frente, e eu endureci debaixo dela. Tentei lutar contra isso, mantendo minhas mãos presas atrás da cabeça, mas foi inútil no momento em que ela girou seus quadris e soltou um pequeno gemido.

Segurei seus quadris, levantei-a do meu colo, e a coloquei em cima da mesa. Ela fez beicinho ligeiramente, e segurei uma risada. Sua saia subiu no processo, e a renda branca de sua calcinha se destacou contra suas pernas bronzeadas, as quais ela abriu apenas o suficiente para permitir-me a visão perfeita.

Às vezes, a atração que ela tinha sobre mim era esmagadora. Não acho que havia alguma chance de poder resistir. Ela era a única coisa que eu mais desejava.

Deslizei minhas mãos pelas suas coxas, alargando suas pernas, permitindo-me espaço para deslizar mais perto. Quinn choramingou quando eu parei meus dedos ao longo das costuras, onde as pernas dela encontravam a renda.

— Você, Quinn... — deslizei meu dedo debaixo da renda e senti quão excitada ela estava, —... Nunca terá de competir por minha atenção. Você é a única coisa que eu nunca terei o suficiente. Se você me quer, eu sou seu.

Ela engasgou no momento em que coloquei meu dedo dentro de sua umidade e lentamente comecei a deslizar dentro e fora. — Sempre vou parar o que quer que seja que eu possa estar fazendo para dar-lhe toda a minha atenção.

Puxei meu dedo e enganchei nos lados de sua calcinha antes de deslizar para baixo e tirar de suas pernas. Mais uma vez, eu afastei suas coxas.

Suas bochechas estavam vermelhas e sua respiração era superficial. Ela havia planejado aparecer e me seduzir, e o problema era que eu não podia esconder que eu queria, precisava dela. Realmente não passaria um momento sem estar pensando nela.

Levantei as pernas dela e coloquei um pé em cada braço da minha cadeira. Ela estava totalmente aberta para mim. Beijei suas coxas, e lancei minha língua contra sua perna, entre beijos. Meus olhos estavam fixos nos dela enquanto eu me aproximava do local em que ela mais precisava de mim.

Enquanto eu lambia ao longo do vinco de sua perna, sua boca se abriu e a língua descansou contra o lábio inferior. Saber que ela me observava tão atentamente foi o maior tesão.

No segundo que passei a ponta da minha língua contra o clitóris, ela se perdeu. Sua cabeça caiu para trás, e ela teceu os dedos pelo meu cabelo. Eu sorri enquanto ela empurrava seus quadris para frente e dei o que ela desejava.


Capítulo Vinte e Seis

 

Quinn


Oh, caramba, ele era bom. Ele virou completamente esta situação para mim mais rápido do que eu pudesse saber o que me acertou. Eu apareci aqui pensando que ia provocá-lo e deixá-lo louco, então eu planejava sair e deixá-lo querendo mais.

Mas não, eu não tinha nenhuma chance quando se tratava desse homem. Eu estava perdida no momento em que ele me tocou. Derreti em uma poça de necessidade a partir de seu olhar fixo. Ele sabia como rastejar debaixo da minha barreira e atacar. Eu não tinha nenhuma esperança de sobrevivência contra seu toque.

Lutei com o desejo de empurrar meus quadris para frente, mas ele festejava em mim como se eu fosse sua última refeição. Meu controle se enfraquecia, e senti como se fosse ser lançada através do teto. Eu estava construindo em direção à libertação, e a qualquer momento esse último pedaço de controle desapareceria.

Tentei deslizar para trás, mas ele apenas segurou meus quadris mais fortemente. Minhas pernas formigavam, e a base do meu estômago estava enrolada e apertada. A sucção leve da boca dele sobre o meu broto sensível me levou ao limite, e empurrei meus quadris contra a boca dele. As coisas ficaram nebulosas quando agarrei a borda da mesa. — Sim, — eu gritei. — Mm, tão bom.

Meus dedos se enroscaram tão apertados que deu cãibra. Uma onda de calor encheu meu corpo, e me senti um pouco tonta da minha libertação.

Ele tirou as mãos dos meus quadris, e ouvi o clique do cinto dele. Levantei a cabeça e o vi rolar um preservativo sobre sua ereção impressionante.

— Levante-se e vire-se, — ele ordenou. Minha boca molhou instantaneamente com o domínio em sua voz. Ele tinha muitos lados quando se tratava de sexo. Ele era doce e carinhoso quando isso era o que eu precisava dele. Mas hoje eu estava cara a cara com o lado dele que gostava de controlar. Excitação correu por mim, porque eu realmente amava o Jett exigente.

Levantei com as pernas trêmulas, virei, e coloquei minhas mãos espalmadas sobre a mesa. Olhando por cima do meu ombro, eu o assisti andar atrás de mim. Sentindo a ponta da sua dureza através de minha umidade, eu gemi, instintivamente, e alarguei minha posição. Eu precisava tanto dele que meu corpo tremia de puro desejo.

Lentamente e deliciosamente, ele começou a deslizar dentro de mim. Nossos corpos assumiram, sabendo o que o outro precisava.

Olhando para a parede de vidro, eu fiquei autoconsciente, tencionando ligeiramente. Jett passou o braço em volta da minha cintura e me puxou contra seu peito com força. Com o seu hálito quente na minha orelha, ele sussurrou: — Não se preocupe, Quinn, somos apenas nós. Ninguém pode ver você. Sinta-me, baby. Apenas eu.

Ele empurrou seus quadris para frente mais e mais, me trazendo para o limite mais uma vez. Eu estava perdida enquanto ele dirigia em mim, levando-nos a um nível de êxtase.


***


Eu ri quando olhei para a nossa aparência desalinhada. Estávamos esparramados sobre o sofá do escritório dele, nus. Bem, quase completamente nus. Jett ainda usava sua camisa, embora estivesse completamente desabotoada e pendurada em um braço. Sua gravata ainda estava em volta do pescoço, somente solta e em um nó.

Eu, por outro lado, ainda usava meu vestido, mais ou menos. Estava enrolado no meio, expondo tanto o meu corpo superior e inferior. Eu tinha apenas um salto, e meu sutiã estava preso no pulso de Jett. Nós éramos uma bagunça.

— O que é tão engraçado? — Perguntou.

— Você está falando sério? Olhe para nós. Como você poderia não rir? — Eu disse. — O que alguém pensaria se nos encontrassem assim?

Ele me puxou e me fez descansar em seu peito, olhando nos meus olhos. — Não me importo com o que qualquer um poderia pensar. Nós somos bons, Quinn. Somos tão bons juntos. Isso aqui... — ele pausou. Ele fechou os olhos com força, e um largo sorriso se espalhou sobre seus lábios. — Isso, — ele fez um gesto entre nossos corpos nus, — Foi tão quente, baby.

Tudo o que eu podia fazer era enterrar minha cabeça em seu peito e rir. Ele estava certo, foi quente.


***


Levei alguns minutos para me limpar no banheiro no escritório de Jett. Meu reflexo no espelho me fez rir. Eu tinha um inferno de um olhar fresco de transa. Meu cabelo estava em todas as direções, e meu rímel estava manchado abaixo meus olhos.

Fiz o melhor que pude para me fazer apresentável e saí para encontrar Jett. Ele parecia perfeito, como se não tivéssemos acabado de ter uma rodada selvagem de sexo de macaco dez minutos atrás. Os caras realmente tinham as coisas fáceis; era realmente injusto.

— Como você se sente em ir tomar um drinque? Kade e Easton estão no Roger’s, o bar descendo pela Bay View, — ele disse. — Kade acabou de enviar uma mensagem me pedindo para passar lá. Eu esperava que você pudesse finalmente conhecer Easton também.

— Você pode ir, é uma coisa de caras. Eu posso simplesmente ir embora, — respondi.

Jett pegou seu telefone da mesa e deslizou-o no bolso. Quando estendi a mão para pegar minha bolsa no chão, ele me abraçou e me puxou com força contra ele.

— Não quero que você vá para casa. Quero que você vá comigo para o Roger’s, — afirmou, olhando para mim com um olhar de ferocidade. — Se você não for, eu não vou.

— Meio que parece estranho ir junto quando são apenas os caras, — confessei.

— É apenas uma bebida, Quinn, e eu a quero lá. Eles sabem que estamos juntos, então eles esperam que você esteja comigo. — Ele não esperou que eu argumentasse, ele simplesmente me puxou junto sem outra palavra.

Ele queria que eu fosse com ele, mas acabei seguindo-o até lá em vez disso, o que ele não estava muito feliz, mas não quero ter que voltar ao Jett’s para pegar o meu carro depois. Gostaria de ir para casa direto do bar. Acho que ele esperava que eu fosse ficar com ele em vez disso. Isso seria uma briga para mais tarde.

O bar estava cheio, e depois de alguns minutos, encontramos os caras escondidos em um canto, acompanhados por algumas meninas que pareciam um pouco bêbadas. Ambos pareciam aliviados ao nos ver, e tentei esconder meu riso quando o homem de cabelos escuros, que eu assumi ser Easton, implorou para Jett resgatá-los.

— Bem, senhoras, o resto do nosso grupo está aqui, então foi bom falar com vocês, — disse Kade, enquanto tentava passar pela loira, que não parecia se importar que seus seios estivessem perto de pular para fora de sua blusa apertada.

— Oh, bem, vamos apenas nos mover e dar algum espaço, — a morena murmurou enquanto deslizava mais perto de Easton. Não consegui segurar o riso quando Easton jogou as mãos para cima e pulou para trás. A morena segurava a virilha dele, e ele estava fazendo tudo que podia para removê-la.

— Meninos, vocês parecem ter suas mãos cheias. Talvez devêssemos dar-lhes algum tempo sozinhos. — Jett riu com as minhas palavras.

Kade estreitou os olhos e olhou para mim. — Quinn, Jett disse algo sobre você ter o seu umbigo perfurado. Tracy aqui está pensando em furar o dela. Talvez ela possa dar uma olhada no seu. Sabe, conseguir um melhor olhar sobre um já pronto pode ajudá-la a decidir.

Oh não, ele não fez isso. Eu vi a luz nos olhos da loira quando ela virou, exclusivamente focada em mim. — Ah sim. Deixe-me ver o seu. — Ela começou a levantar a barra do meu vestido, e eu gritei. De jeito nenhum.

Jett agarrou as mãos da menina e ela o encarou. Ele balançou a cabeça e soltou o meu vestido.

O riso de Kade e Easton ganhou um olhar muito intimidante de Jett. Kade sabia exatamente o que aconteceria quando ele disse para a menina sobre o meu piercing. Ele planejou bem essa distração.

Após cerca de 30 minutos e duas bebidas, decidimos ir embora. Eu sabia que Jett e eu estávamos prestes a discutir sobre o lugar onde eu passaria a noite. Eu estava mais do que grata quando os caras decidiram voltar ao Jett’s.

Jett me levou até o meu carro e me prendeu contra ele uma vez que chegamos. — Você me segue? — Ele perguntou, e meu coração afundou.

— Não esta noite, — respondi.

Ele segurou o meu olhar, e me concentrei no músculo em sua mandíbula. Ele batia com irritação, e a visão fez o meu estômago afundar.

— Quinn, um dia ela tem que crescer, — afirmou. — E um dia você precisa forçá-la.

Ele me beijou um pouco rápido demais, antes soltar seu poder sobre mim e dar um passo atrás. — Não gosto de não sermos capazes de passar a noite juntos.

Eu podia ver a frustração estampada no rosto dele. Foi a principal razão que relacionamentos raramente funcionavam para mim. Minha vida em casa sempre tinha um jeito de estragar tudo. Eu sabia que era minha culpa; ele estava certo. Um dia, ela precisaria perceber que eu não estaria lá para pegar sua bagunça. Eu só tinha um tempo muito difícil fazendo isso acontecer.


Capítulo Vinte e Sete

 

Jett


Entrei na casa dos meus pais com a mão de Quinn firmemente na minha. — Olá? — Eu gritei, olhando ao redor do espaço vazio. — Alguém em casa?

— Estamos aqui, — minha mãe gritou da cozinha.

Puxando Quinn mais perto de mim, eu a guiava em direção à voz de minha mãe. Eu percorria minha mão ao longo de seu quadril para ter uma sensação rápida antes de entrar na cozinha. Quinn gritou e se virou para me encarar com uma carranca no rosto. Ela poderia fingir o quanto quisesse que não gostava de minhas mãos sobre ela, mas eu entendia diferente.

Um estrondo alto de Surpresa! soou quando eu dobrava a esquina. A cozinha estava cheia com a família e amigos, comida espalhadas pelas bancadas.

Minha mãe veio correndo e beijou meu rosto. — Feliz aniversário, bonito, — ela disse ao recuar e puxou Quinn para um abraço rápido. — E obrigada, querida, por tê-lo aqui.

Quinn estava ao meu lado, e mais uma vez eu coloquei minha mão em seu quadril e puxei-a para perto de mim. Inclinando em sua direção, eu abaixei minha voz para que só ela pudesse me ouvir. — Então, você sabia disso também. Talvez eu tenha que pensar em uma maneira de fazê-la pagar mais tarde.

— Oh, eu estou esperando, Sr. Jameson. — Ela olhou para mim através de seus cílios e piscou inocentemente. Quinn tinha um lado travesso que eu tive sorte o suficiente de obter um sabor, e esperava por outra amostra disso hoje à noite.

Eu odiava celebrar meu aniversário. Preferiria uma noite tranquila com apenas a minha família próxima. Minha mãe sabia disso, e ela viu Quinn como sua maneira de fazer esta noite acontecer. Pensei estar vindo para jantar com os meus pais, não uma casa cheia de amigos e familiares.

Olhando ao redor da sala, eu tranquei os olhos com Kade e Easton. Harper se sentou à mesa ao lado de Callie, ambas sorrindo inocentemente. Eles estavam todos nessa merda também.

Ainda assim, a noite acabou por ser boa. Nós todos nos reunimos ao redor da piscina e tivemos alguns drinques. Meus pais decidiram deitar cedo, após as primeiras horas de loucura. As pessoas compartilhavam histórias de meus anos mais jovens, e às vezes eu encontrei Quinn esgueirando para trás como se sentisse um pouco fora do lugar.

— Jett, você sempre foi um playboy. Inferno, cara, você perdeu sua virgindade com minha irmã. — Ryker riu antes de inclinar para trás a sua cerveja. Nossos olhos se encontraram em um impasse silencioso, cujo resultado eu não poderia prever. — O que, você pensou que eu não sabia? Minha irmã rodou, cara. Inferno, eu sabia que você fez sexo com ela no dia seguinte.

— Bem, os tempos mudam, homem. Eu era jovem e imaturo. — Puxei Quinn para o meu colo e a abracei. — A vida muda quando você menos espera. — Ela olhou para baixo e encontrou meus olhos com seu olhar, e eu sorri para ela. — Quando você tem algo bom, você segura, e estou segurando apertado.

Quinn sorriu docemente e se inclinou para colocar um beijo suave contra os meus lábios. A conversa estava ficando um pouco fora de mão, indo em direções que não eram necessárias. Levantei-me, levando Quinn comigo, e a coloquei no chão. Ela olhou para mim com uma expressão confusa.

Eu não disse nada enquanto a conduzia para o outro lado da piscina, música suave tocada nos alto-falantes ao redor do deck. Girando em torno dela, eu a segurei contra o meu peito. — Essa merda não é importante, — eu disse a ela.

— Jett, isso foi há muito tempo. Pare de se preocupar. Não é como se fosse na semana passada. Nós dois temos um passado. — Seu sorriso parecia forçado, e eu sabia o que ela estava sentindo. O pensamento de outro homem com as mãos sobre ela foi como um soco no estômago. — Além disso, o homem que eu tenho hoje, eu tenho certeza que é muito melhor que o garoto inexperiente que ela teve naquele tempo. — Seu sorriso cresceu, e não consegui deixar de responder com um sorriso combinando.

— Sim, provavelmente você está certa. Estou pensando que deveríamos continuar praticando, no entanto. Você sabe o que dizem. — Fiz uma pausa. — A prática leva à perfeição.

***


— Cara, sério, só porque ela é sua menina não o torna menos assustador, — Kade afirmou quando ele invadiu meu escritório e deixou-se cair no sofá. Ele mais uma vez me pegara observando Quinn. E exagerou a esse ponto.

Olhei para ele e estreitei os olhos.

— Não estou vendo Quinn, espertinho. Estou vendo Harper. Ela está sentada na mesa do fundo com algum macaco em um terno. Ela parece toda de olhos bobos, e ambos sabemos que não é como ela. Ela não faz a estudante paqueradora. Ela é mandona, e caramba, direto ao ponto do caralho.

Olhei para fora apenas a tempo de ver esse cara estender a mão e afastar um fio de cabelo dos olhos de Harper. — Não gosto do olhar do cara. Parece algum pretencioso, bastardo arrogante. Algo sobre ele não parece certo. — Cerrei meus dentes com irritação.

— Ok, um... — Kade deslizou para frente sobre o assento. — Existe, na verdade, qualquer um que seria bom o suficiente para Harper?

Não tirei os olhos dos dois. Apenas balancei a cabeça lentamente. Minhas irmãs mereciam o melhor. Alexis encontrou um bom homem, e Harper precisa do mesmo. Este palhaço não era esse homem, eu posso sentir isso. Ele parece sombrio, e algo não parecia certo.

Meu humor só piorou quando meu celular tocou.

— Sim, — respondi.

— Ei, cara, é Easton. Temos um problema. — O tom de sua voz me disse que merda estava prestes a ir para o sul.

— O que aconteceu? — Rosnei.

— O grupo de construção encontrou significativos danos causados pela água nas paredes e no chão. Teremos que quebrar as paredes internas e piso, ir mais fundo. Você provavelmente deve fazer uma viagem e ver isso pessoalmente.

Belisquei a ponte do meu nariz e fechei os olhos. — Dê-me duas horas. Eu estarei lá, — eu disse antes de bater em desligar.

— Problemas na Casa de Jett? — Kade achava que ele era engraçado. Agora, meu humor estava mudando e só piorando a cada momento que passava.

Levantei-me do sofá e deslizei na minha jaqueta. Olhando novamente para o restaurante, eu encontrei uma mesa vazia onde estavam Harper e seu amigo. O pensamento dela saindo com o FDP arrogante apenas fez o calor no meu pescoço aumentar.

Fui direto para Callie, e ela franziu as sobrancelhas para mim. A menina sabia ler o meu humor. Ela também sabia quando atirar de volta e quando calar a boca.

— Preciso ir para Miami. Provavelmente não voltarei hoje à noite. Preciso que você cuide das coisas aqui. — Ela assentiu com a cabeça em concordância.

Sem esperar mais tempo, eu encontrei Quinn quando ela ia em direção à cozinha para pegar um pedido. Seu sorriso vacilou quando viu meu rosto.

— Eu tenho algumas questões inevitáveis em Miami. Eu preciso ir cuidar das coisas. Ficarei fora até amanhã, eu tenho certeza disso, — eu expliquei, tentando controlar a minha irritação.

— Ok, dirija com cuidado. — Ela levantou-se na ponta dos pés e me beijou suavemente. — Ligue mais tarde, se você tiver uma chance.

Mesmo eu estando no pior dos humores, ela ainda tinha a capacidade de me acalmar. — Eu vou, te amo. — Eu a beijei mais uma vez e arrastei meu polegar sobre seu lábio inferior. — Diga que está doente esta noite. Não gosto da ideia de você indo ao Spencer’s quando estou fora da cidade.

Não esperei pela resposta dela. Afastei-me, embora cada parte de mim quisesse mandar os problemas para o inferno e levá-la para casa para passar a noite. Esquecer todo o dia cheio de merda com Quinn em meus braços parecia muito melhor do que dirigir até a bagunça que eu estava prestes a ver. Eu sabia que ela não ia me ouvir, e isso me irritava mais. Eu queria que ela simplesmente saísse daquele maldito lugar. Eu odiava cada segundo dela estando lá.


Capítulo Vinte e Oito

 

Quinn


— Quinn, — a voz da minha mãe filtrou através da escuridão. — Por favor, Quinn, me ajude. — Tosse profunda veio, seguida por um estrondo. Os gritos da minha mãe ficaram mais altos.

Pulei da cama, preparada para encontrá-la esparramada no chão da sala. Eu estava além do ponto de compaixão. Já não tinha força em mim para levantá-la.

Ela estava debruçada sobre a mesa de café, em que uma garrafa de vodca estava caída para o lado, derramando no chão. O abajur que estava sobre a mesa agora estava quebrado pela metade no chão.

— Puta que pariu, mãe. — Eu a ajudei levantar e a guiei até o sofá. — Não posso continuar fazendo isso com você. Quando você vai parar de agir como uma idiota sem cérebro? Quando no inferno que você me dará uma chance de viver a minha vida? Hum? Quando? — Peguei a garrafa da mesa e caminhei em direção a pia da cozinha. Eu a virei, despejando o líquido restante para o ralo.

Voltei-me para ela, vendo sua expressão chocada. — Estou tão cansada de pegar sua bunda bêbada. Estou cansada de ser o pai. Não sou a porra da sua cuidadora. Não estou aqui para corrigir seus erros. É hora de obter alguma maldita ajuda antes de você acordar um dia e encontrar-se sozinha. Estou no meu ponto de ruptura, mãe, eu não posso mais fazer isso.

Voltei para o quarto, deixando-a atordoada e imóvel no sofá. Eu atingi o fim da linha. Já não permaneceria sentada enquanto ela bebia até a morte. Eu não podia aguentar.

Fazia muito tempo desde que eu tive um bom choro, mas esta noite era uma obrigação. Eu não ouvi nada de Jett, minha mãe me empurrou além do limite, e eu não podia mais ser forte.


***

Quando acordei eu senti o cheiro de bacon. Revirei os olhos para a tentativa besta dela de acalmar as coisas. Eu não poderia fazer isso. Marchei para fora do meu quarto com a intenção de mais uma vez dizer-lhe meus sentimentos verdadeiros, só para congelar enquanto eu dobrava a esquina.

Meu pai estava no fogão, empilhando comida em um prato. Ele se virou, olhando por cima do ombro e sorriu. — Bom dia, eu pensei que eu iria surpreendê-la. Nunca tive a chance de fazer o café quando era mais jovem, então pensei em fazer uma tentativa.

— Ninguém nunca fez café da manhã para mim quando eu era mais jovem, — resmunguei, enquanto sentava no bar. — Kellogg ou Quaker Oats são os únicos chefs que já tive. Na maioria das vezes, sem leite, porque eu precisava decidir entre os dois. Mamãe tinha seu uísque, porém, e isso era tudo que importava.

Baixei a cabeça de vergonha quando vi seu sorriso vacilar. Não era justo levar a minha frustração sobre ele, eu sabia disso. — Desculpe, — eu disse. — Cheira muito bom.

Ele sentou-se ao meu lado, e nós comemos em silêncio lado a lado. O silêncio se espalhou por toda a casa. Ele estava tentando. Eu tive que dar-lhe crédito por isso. Ele não precisava vir e me encontrar. Ele poderia ter escolhido evitar a filha que teve, mas nunca soube. Em vez disso, ele me procurou, aparecendo do nada. Ele ficou, fazendo-me saber que ele queria me conhecer, que agora, eu admito, era bom.

— Ouça, Quinn, eu sei que a vida não tem sido justa com você. Você nunca pediu para ter dois pais ferrados. Levou dias para eu trabalhar a coragem de vir aqui no primeiro dia. Inferno, eu te segui, procurando a oportunidade certa, só para me esconder vez após vez.

Eu tinha razão em sentir que estava sendo seguida. Era ele, esperando pela chance de se apresentar à sua própria filha.

Ele parou por um momento, colocando o garfo no prato. — Sua mãe me ligou esta manhã. Ela está pronta para obter ajuda. Ela disse que já solicitou um lugar, e eles têm um lugar para ela. Não sei de onde a mudança de coração veio, mas ela está no quarto fazendo as malas. Ela quer ajuda, e eu quero dar isso a ela. Eu devo isso a ela, eu devo isso a você.

Eu ainda estava estupefata pelo fato da minha explosão realmente ter feito a diferença. Vinha tentando há anos fazê-la me ouvir, mas precisou eu ser uma cadela completa para chegar até ela.

— Ela vai para um centro em Nápoles. Ela está pronta, Quinn, — ele me assegurou. Ele colocou a mão no meu braço e me deu um aperto reconfortante.

— Não posso pagar por isso. Não ganho o suficiente. Nós mal conseguimos agora. — A constatação de que ela queria ajuda, mas que eu não poderia dar a ela me deixou doente.

— Eu tenho isso, não se preocupe com o custo. Vamos apenas conseguir o que ela precisa. — Olhei fixamente para o homem que eu mal conhecia, o homem que era meu pai, um fato que eu ainda tentava aceitar.

— Obrigada, — sussurrei, porque essa era toda a força que eu tinha. Um grande alívio tomou conta de mim, uma calma que talvez, apenas talvez, minha mãe pudesse ser inteira novamente.

Entrei no quarto de minha mãe e me aproximei dela enquanto ela dobrava as roupas e as colocava em uma mala. Quando me sentei na cama ao lado dela, minha garganta se contraiu com a vontade de chorar.

— Eu sinto muito, mãe, — eu disse, minha voz vibrando, quebrando sob a intensa dor do meu coração dolorido. — Sinto muito pela forma como eu falei com você anteriormente.

Ela olhou para mim, lágrimas enchendo seus olhos. — Você não tem nada que se desculpar, Quinny, — ela insistiu. — Querida, sou eu quem tem errado. Mais vezes do que posso contar. Eu errei, é hora de conseguir ajuda. Inferno, Quinn, eu deveria ter conseguido ajuda anos atrás, mas eu era muito teimosa. Você me criou durante toda a sua vida. Você nunca teve a chance de ser uma criança. Tenho tomado coisas de você que eu nunca poderei lhe dar de volta. — Ela estendeu a mão e pegou meu rosto em suas mãos. — Eu ficarei melhor, baby. Não posso ser responsável por mais tempo pela dor atrás de seus olhos. Não sei se você algum dia será capaz de me perdoar pelo que eu me tornei, por toda a dor que lhe causei. Mas espero que este seja um bom começo de um longo caminho de cura.

Levantei-me, eu a abracei, e a puxei para mais perto. Com o tempo nós nos curaríamos, ela estava certa. Não seria fácil, e eu estava certa de que ainda teria muita dor de cabeça pela frente, mas eu sabia que queria perdoá-la. Eu queria a minha mãe, o que ela me roubou a minha vida inteira.


Capítulo Vinte e Nove

 

Jett


Eu mal dormi, e meu humor de ontem não era nada igual ao humor que eu tinha hoje. Passar mais de seis horas vasculhando uma tonelada de merda de documentos e projetos foi tedioso. Contratara uma equipe para fazer essa merda, então eu não precisava. Eu não contava com encontrar danos causados pela água em toda a área que eu havia designado como minha cozinha no segundo Jett’s.

Como se isso não fosse ruim o suficiente, o contratante que eu contratei me deu as costas. O bastardo presunçoso pensou que poderia me dizer como seria. Olhando para mim, ele teve a impressão de que estava lidando com um garoto inexperiente e que podia pisar em mim. Deixei o burro arrogante falar por uns bons vinte minutos antes de colocá-lo no lugar dele.

Easton rindo ao meu lado não ajudava também, e o homem saiu, resmungando algo sobre crianças ricas e dinheiro do papai. Se ele soubesse o quão duro eu trabalhei pelo que eu tinha. Eu não estava prestes a deixar que ninguém falasse como eu gastaria um centavo sequer.

Agora aqui estava eu, de volta à estaca zero. Precisei encontrar um novo empreiteiro, colocar tudo em movimento, e tentar recuperar o meu prazo.

Conforme eu entrei em Palm Beach e Jett’s ficou à vista, eu senti a primeira pequena porção de calma nas últimas vinte e quatro horas. Não falei com Quinn desde ontem, quando saí. Fiquei tão ocupado com toda a merda em Miami que quando eu percebi, era bem depois da meia-noite. Eu estava cansado e desmaiei no momento que a minha cabeça bateu no travesseiro.

Fiz uma rápida parada no escritório para verificar o meu correio de voz antes de caminhar em direção à área de refeições. Callie sorriu quando entrei, mas imediatamente percebeu o olhar mal-humorado que eu tinha certeza que ainda estava usando. Ela se voltou para seus clientes, evitando o meu olhar. Foi uma boa escolha; eu não estava de bom humor.

Fiz a varredura da sala de jantar e encontrei um familiar cliente acenando da mesa de canto, sorrindo brilhantemente. Respirei profundamente. Eu não queria nada mais do que simplesmente ignorar a Sra. Henderson. O problema com isso era que seu marido era um dos homens que apoiam minha mais nova localização. Forcei um sorriso e segui na direção dela.

Ela se levantou da mesa e me deu um abraço. — Bem olá, bonitão. Como vai você?

— Estou bem, obrigado, e você? — Perguntei.

Uma pequena centelha de luz refletiu de seu colar, capturando meu olhar. O segundo que meu olhar caiu, meu estômago caiu também. Ela estava falando, eu assumo que respondia à pergunta que eu havia feito, mas não ouvi nada.

— Esse é um colar muito belo, realmente único. — Cortei-a sem pensar duas vezes. — Quase como se alguém tivesse projetado especialmente. — Esforcei-me para domar a raiva que fervia dentro de mim.

— Obrigada, — ela respondeu, estendendo a mão para envolver o pingente. — Você acredita que encontrei isso em uma loja de penhores? — Ela balançou a cabeça. — Eu estava esperando o meu filho que vendia um pouco de sua sucata velha. E olhando ao redor, encontrei essa beleza dentro de uma caixinha de vidro. — Ela roçou o polegar sobre o diamante marrom. — Eu não podia acreditar que alguém penhoraria uma peça tão bonita. Não havia como deixar isso passar.

— Sim, eu sei o que você quer dizer. — Eu podia sentir o calor subindo no meu pescoço e uma onda avassaladora de frustração. — Na verdade, eu comprei um para minha namorada que era igual a esse. Disseram-me que não havia outro como ele, cada um projetado para ser único. — Fiz uma pausa e olhei para cima, seu olhar fixo no meu.

— Você se importa se eu pedir para você olhar na parte de trás? Diga-me se há uma inscrição nele, — perguntei; o calor fervendo dentro de mim agora alcançava minhas orelhas. Assisti quando a Sra. Henderson virou o pingente e gravação que eu havia escolhido apareceu para mim.

J & Q cercado por um coração.

— Oh querido, — ela sussurrou. Ela olhou para mim com pena. — Aqui, — ela disse quando ela começou a tirar o colar.

Levantei minha mão imediatamente para impedi-la. — Não, fique com ele. Pelo menos eu sei que você aprecia sua singularidade. — Sem permitir que ela respondesse, eu virei de costas e caminhei para o meu escritório.

Costumo me abster de beber enquanto estava aberto para negócios, mas hoje foi uma exceção a essa regra. Servi-me uma dose e bebi rapidamente antes de derramar um segundo. Segurando a garrafa de uísque em uma mão e meu copo na outra, eu andei em direção ao sofá.

Durante a próxima hora eu assisti todos se moverem em toda a área de refeições. Cada vez que Quinn aparecia, meu peito doía. Fiquei magoado e com raiva. Álcool provavelmente não era a melhor solução para essa equação, mas neste momento eu não me importava mais.

Uma batida suave veio na porta, quase leve o suficiente para passar despercebida. — Jett? — Uma voz feminina filtrou em meio à escuridão. — Você está aqui? — Descansei minha cabeça contra o encosto do sofá e fechei os olhos com força.

Ouvi a porta clicar quando abriu, mas não olhei para cima. — Hey, hum, — Callie soou como se não soubesse como se aproximar de mim. — Escute, a Sra. Henderson queria que eu lhe desse isso. Ela insistiu. — Callie se aproximou da parte de trás do sofá, estendendo a mão.

Pendurado em seu dedo estava o colar que eu dera à Quinn, no mesmo fim de semana em que eu disse que estava apaixonado por ela. Fechei os olhos mais uma vez. — Não quero isso, Cal. — As palavras queimaram minha garganta. Eu já estava embriagado. Nesse ponto, eu não me importava se ela jogasse a porra da coisa no lixo.

— Bem, eu vou guardá-lo para você. Tenho a sensação de que você mudará de ideia quando ficar sóbrio, — ela disse ao se virar para ir embora.

— Você é uma das poucas meninas em quem eu posso confiar. Inferno, você é a única garota que sabe exatamente como me ler e meus humores. Às vezes, eu acho que seria mais fácil se você e eu apenas mandássemos tudo para o inferno e déssemos uma chance. O que você diz, Callie, quer ser minha garota? Manter minha bunda na linha dentro e fora do quarto. — Balancei as sobrancelhas, sorrindo para sua expressão chocada. Mesmo bêbado eu gostava de deixá-la toda atrapalhada.

— Ei, Jett, isso é simplesmente errado. Você é como um irmão para mim. — Ela enrugou o nariz em desgosto.

— Não fique tão mortificada, Callie, caramba. Que maneira de chutar um homem quando ele já está caído. — Porém, ela estava certa, ela era como uma irmã para mim. Nada de bom poderia ou nunca viria de minhas divagações bêbadas.


Capítulo Trinta

 

Quinn


Eu deveria ter ouvido errado. Jett realmente estava propondo à Callie? A garota que ele sempre me disse que era apenas uma amiga.

Meu coração caiu quando me aproximei do escritório dele e suas palavras filtraram através da porta parcialmente aberta. Eu estava prestes a me virar quando ela se abriu e Callie olhou para mim com surpresa.

— Oh, oi. — Ela olhou assustada. — Ele, uh... — ela olhou por cima do ombro. — Ele está um pouco bêbado, e, hum, não tenho certeza se ir lá é a melhor ideia.

— Oh, eu só preciso de um minuto, — eu disse ao passar por ela, a adrenalina tomando posse quando olhei nos olhos dela. Só me irritava mais ela pensar que eu precisava da permissão dela para falar com ele.

— Bem, olhe quem é, — Jett disse de forma arrastada. — A própria Senhorita Ingrata.

Fiquei surpresa e magoada com a frieza na voz dele. — Me desculpe?

Ele levantou do sofá e tropeçou alguns passos para o lado. Apoiando-se no braço do sofá, ele levou alguns segundos para se equilibrar. Lentamente, ele se endireitou, e seu olhar veio diretamente em mim. — Você me ouviu. Se não queria a maldita coisa, tudo o que tinha que fazer era me dizer. Em vez de vendê-lo pelo que, Quinn?

Eu não fazia ideia do que ele estava falando. — Vender o quê?

Ele riu, uma risada sem coração, fria, que eu nunca ouvi dele antes. Ele tropeçou novamente, e estendi a mão para estabilizá-lo. No momento em que minha mão tocou o braço dele, ele puxou-o, como se meu toque fosse a última coisa que ele quisesse.

Jett estava diante de mim, olhando para mim. Por dentro eu estava caindo aos pedaços, mas segurei seu olhar. — A porra do colar, Quinn. — Suas palavras saíram quase em um grunhido, um rugido profundo, cheio de raiva, que fez meu coração disparar.

— Não sei do que você está falando. Eu sei que acabei de interromper uma conversa que eu provavelmente não deveria ouvir, no entanto. Uma conversa onde o meu namorado, o homem que pensei que nunca me machucaria, estava dando em cima de sua assistente.

Atrás de mim, Callie suspirou. — Quinn, não é o que você pensa.

Nem sequer me virei para encará-la. Concentrei toda a minha raiva no babaca bêbado na minha frente. — Deixe-me poupar-lhe o tempo e acabar com isso, Jett. Espero que você e Callie sejam felizes juntos.

Ele resmungou algumas palavras que eram indistinguíveis. Eu já não me importava com o que ele tinha a dizer. Virei-me para encarar uma Callie muito chocada. Pelo o que eu ouvi, ela não fez nada errado, bem, além de tentar me impedir de ver Jett. Mas não senti nenhuma razão para poupar os sentimentos de alguém. — Ele é todo seu, — eu disse a ela.

Passei por ela com pressa para fugir. A última coisa que eu queria fazer era desmoronar na frente de qualquer um deles.

— Quinn, espere. — Ela me parou pouco antes de eu sair do restaurante. Mantive as minhas costas para ela, mas suas palavras seguintes fizeram minha mente correr. — Você quebrou o coração dele ao penhorar o colar. Acho que encontrá-lo com um de seus clientes frequentes o colocou no limite.

Meu estômago afundou, e todo o sangue foi drenado do meu rosto. Meu colar. O símbolo de como ele se sentia, o primeiro presente que eu já ganhara de algum homem.

Empurrei a porta e corri para o meu carro. Ela tinha que estar errada. Nunca penhorei o meu colar. Estava enfiado no armário, debaixo da camisa de Jett, com a qual eu dormia todas as noites que estava longe dele.

O único pensamento correndo em minha mente era chegar em casa e encontrar aquele colar.

***

A casa parecia vazia agora. Meu pai partiu esta manhã para levar minha mãe ao centro de reabilitação em Nápoles. Eu esperava que passar a noite nos braços de Jett fosse ajudar a aliviar a dor que ausência dela causou. Eu cresci acostumada com o estado de embriaguez que minha mãe vivia. Cuidei dela por tanto tempo que agora eu senti que havia algo que eu estava me esquecendo de fazer.

Corri através da escuridão do corredor para o meu quarto. Peneirei minha gaveta e encontrei o case de veludo que guardava meu colar. Quando o abri, meu coração afundou. Ele desapareceu; a caixa estava vazia.

Precisava haver um engano. Deve ter caído. Larguei a caixa e comecei a vasculhar as roupas em busca do colar. As lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto a percepção de que ele havia desaparecido assentou.

Sentei-me na cama e limpei a umidade do meu rosto enquanto eu me permitia aceitar o que o meu coração estivera gritando desde o momento que eu percebi que havia desaparecido. A única pessoa além de mim que sabia onde meu colar estava – minha mãe. Saber que ela havia pegado algo que significava muito para mim só para penhorá-lo a fim de alimentar seu vício, quebrou o último raio de esperança que eu tinha.

Pela primeira vez na minha vida, eu quebrei. Deixei cada lembrança dolorosa e decepção do que foi a minha vida assumir. Eu me enrolei na cama e cedi ao vazio dentro de mim. Era a minha vez de desmoronar. Minha vez de sentir sem me preocupar se a minha mãe precisaria de mim.

Isto é por mim. Pela primeira vez em muito tempo, é tudo por mim.


Capítulo Trinta e Um

 

Jett


Sentir-me como burro era um eufemismo. Isso seria uma atualização do meu estado atual. Minha cabeça parecia ter levado alguns golpes com um Louisville Slugger{5}. Meu estômago revirava e agitava com o que parecia ser fogo. Todo o uísque dentro de mim deixou minha boca cheia d’água, ameaçando expulsar a última gota.

Gemi enquanto olhava ao redor, percebendo que eu havia desmaiado em meu escritório. Quando fui capaz de me equilibrar, eu olhei através da parede de vidro, na área de refeições, intrigado.

O sol brilhava e a equipe estava agitada, servindo clientes. O restaurante estava aberto, o que significava que passava das onze.

Os eventos que levaram até meu estupor alcoólico voltaram para mim em uma corrida. Segui até o meu telefone e parei abruptamente quando meus olhos capturaram o colar na borda da mesa de café na minha frente. Meu estômago mais uma vez se encheu de inquietação. Bati no interfone na mesa ao meu lado, errando três vezes antes de apertar o botão.

— O quê? — A resposta afiada de Callie me pegou desprevenido.

— Você pode... — limpei a névoa bêbada da minha voz. — Você pode cobrir Quinn por alguns minutos? Mande-a entrar para que eu possa falar com ela, por favor.

Silêncio encheu o ar. Olhei para fora e encontrei um olhar diretamente apontado para mim. — Ela não está aqui, — ela afirmou asperamente.

— O que quer dizer com ela não está aqui? — Perguntei, olhando para ela, embora eu soubesse que ela não podia me ver.

— Ela ligou. Jude pegou a mensagem. — Ela desligou o interfone antes que eu pudesse fazer mais alguma pergunta.

A raiva passou por mim pelo seu comportamento desafiador. Bati no interfone, mais uma vez, e quando Callie arrancou o fone de ouvido e o enfiou no avental, uma nova rodada de raiva explodiu em mim.

— Que porra é essa? — Eu gemi.

Após tentar endireitar a minha roupa o melhor que podia, corri um pouco de água fria no rosto e penteei os dedos pelo meu cabelo. Quando percebi que havia pouco que eu poderia fazer com a minha aparência, eu desisti e fui obter algumas respostas.

Callie estava cobrindo área habitual de Quinn. Com seu sorriso forçado, ela parecia menos do que feliz enquanto se ocupava.

Esperei ela caminhar em minha direção para sair da frente dela. — O que aconteceu? — Perguntei.

Seu olhar me encarou e suas narinas se abriram. Eu conhecia Callie há anos. Geralmente, ela era fácil de agradar e estava sempre sorrindo. Ela era cheia de atitude, mas do tipo que era sempre divertido de se irritar. O olhar no rosto dela agora não era nada divertido. Seus olhos atiravam punhais em mim, e eu sabia que sua mente corria com o que ela realmente queria dizer.

— Sabe o que, Jett, eu estou ocupada. Hoje eu sou Callie, a Garçonete, não Callie, senhorita Conserta os problemas do Imbecil do Jett. Descubra sozinho. Você criou a confusão, encontre a sua própria maldita solução. — Ela cuspiu as palavras com nojo.

Callie me empurrou ao passar e saiu em direção ao bar. Eu não conseguia descobrir por que ela estava tão chateada comigo. A questão era entre Quinn e eu, não entre ela e eu.

Fiquei ali completamente surpreendido pelos últimos cinco minutos, então entrei na cozinha e fui em direção a Jude, meu chef.

Ele olhou para cima e levantou uma sobrancelha em questionamento. Que diabos havia de errado com todo mundo por aqui?

— Pegou a mensagem de Quinn quando ela ligou? — Perguntei. A única resposta que recebi foi um breve aceno de cabeça. — Você se importaria de me dizer o que ela disse? — Empurrei.

Ele deu de ombros e voltou para sua criação atual. — Disse que precisava cuidar de algumas coisas. Que não viria no resto da semana. — Ele levantou o peito de frango da panela e colocou-o sobre o prato ao lado dele. Eu assisti e esperei pacientemente que ele continuasse. Os vegetais cozidos ele colocou suavemente no prato, um por um, eram como uma tarefa sendo feita em câmera lenta. O tempo foi passando, e eu ficando mais irritado a cada segundo.

— Jude, — eu disse em um tom cortante.

— Perguntei se ela queria falar com você ou Callie, e ela disse que não. Disse que vocês dois eram as últimas pessoas com quem ela queria falar agora. — Ele olhou para mim com um olhar severo. — Se importa em me dizer por quê?

— Não sei, mas planejo descobrir, — eu disse antes de me virar e sair da cozinha. Fiz uma rápida parada no escritório para recolher as chaves e carteira antes de sair.


Capítulo Trinta e Dois

 

Quinn


— Obrigada, — eu disse quando Avery passou o saco de batatas fritas através do assento do motorista. Ela rastejou dentro, segurando uma caneca de leite com chocolate em uma mão com um pedaço de charque pendurado na boca.

Não consegui controlar a risada que caiu de meus lábios. — Waa, — ela murmurou; só me fazendo rir com mais força, o que levou às lágrimas.

Avery descarregou a comida e estendeu a mão sobre o console entre nós. — Hey. — Ela me abraçou. — Está tudo bem, Quinny. Apoie-se em mim por um tempo, eu estou aqui. É a sua vez de desmoronar e deixar alguém segurá-la. — Ela continuou me acalmando.

Esta pessoa não era eu. Eu não era a menina que chorava e reclamava de todas as coisas erradas em sua vida. Eu era a garota que escondia seus problemas e fazia o que fosse preciso para vencê-los.

Tomei uma respiração profunda e me sentei no banco do passageiro. — Estou bem, — assegurei. — Vamos entrar em movimento. — Olhei pelo para-brisa e coloquei meu rosto de jogo{6}. A mesma cara que me habituei a usar por anos. A cara que fez todo mundo ao meu redor acreditar que eu era forte o suficiente para o que tive que enfrentar. O problema era que por dentro eu começava a questionar se eu realmente era forte o suficiente.

Todos tinham um limite, e eu estava realmente preocupada que eu havia finalmente encontrado o meu.


***


Chorei a noite passada até chegar ao nível onde não podia continuar por mais tempo. Recompus-me o melhor que pude e liguei para o meu pai. Ele decidira ficar um ou dois dias em um hotel em Nápoles para garantir que minha mãe tivesse tudo o que precisava. Não sabia o que exatamente ele pensou que poderia dar à ela. Ela estava em um centro de reabilitação. Eu duvidava que lhe permitiram levar muito mais do que roupas. Nunca o questionei, no entanto. Em vez disso, eu tratei isso como uma maneira de sair da minha situação atual.

Eu disse que passaria um tempo com ele. Sim, então eu estava fugindo antes de Jett me encontrar. Não estava preparada para lidar com nada que estivesse por vir. Eu queria evitá-lo, e esta parecia ser a maneira mais fácil.

Quando liguei para Avery para incluí-la nos meus planos, ela decidiu que meu carro não era confiável o suficiente e insistiu em me levar. Mais precisamente, ela fez uma enorme cena Avery, e cerca de 15 minutos depois de seus discursos maternos, eu finalmente concordei, para que ela se calasse.

Nós estávamos na estrada por cerca de uma hora quando meu telefone começou a tocar, seguido de várias mensagens de texto. Finalmente silenciei-o. Não estava pronta para ir lá ainda.

Levou apenas cinco minutos para Jett começar a ligar para o número de Avery. Ela olhou para cima, e seu olhar encontrou o meu em questionamento. Apenas balancei a cabeça em resposta.

Pensei que Jett havia finalmente entendido a mensagem, mas foi provado que eu estava errada após trinta segundos de silêncio. Meu telefone iluminou novamente antes dele ligar para Avery mais uma vez.

— Você sabe que ele apenas continuará ligando, — Avery declarou.

Sabia que ela estava certa, mas agora eu não me importava. Minha cabeça estava tão confusa, eu não queria aumentar à confusão. Eu só precisava de algum tempo para limpar meus pensamentos.

Avery não tentou mudar minha mente. Ela apenas deixou o assunto morrer, e ignorou as luzes de nossos telefones vibrando.


Capítulo Trinta e Três

 

Jett


Eu acabei com todas as opções. Quando Quinn não atendeu às minhas ligações, eu fui até a casa dela. O carro dela estava estacionado na calçada, mas ela não abriu a porta quando eu bati.

Isso não era mais sobre o maldito colar. Era muito mais do que isso.


***


Era o meio da tarde, mas não me importei. Saí correndo do restaurante e estava prestes a rastejar em meu carro, quando senti um tapa na minha nuca.

— Que porra é essa? — Me virei, apenas para ficar cara-a-cara com Harper. O brilho malicioso habitual não enchia seus olhos. Ele foi substituído por um olhar chateado.

— Não venha com que porra é essa para mim. Que diabos você está fazendo? Passei toda a manhã convencendo minha amiga a entrar em seu escritório e cortar sua garganta. Você tem Callie pronta para chutar sua bunda. — Ela deu um passo em minha direção e colocou o dedo no meu peito. — Você a puxou para a sua bagunça, e agora Quinn pensa que ela é algum tipo de prostituta destruidora de lares.

— O que você está falando? — Joguei as mãos no ar em frustração.

— Sua bunda bêbada abordou minha melhor amiga enquanto sua namorada estava na porta e ouviu tudo. — Ela estreitou os olhos para mim. Irritada era um eufemismo para o seu humor atual.


***


Fazia dois dias. Dois dias de chamadas não atendidas, mensagens sem resposta. Dois dias de passar por sua casa dia e noite, apenas para encontrá-la vazia. Falei com o chefe dela no Spencer’s, e ele também disse que ela havia pedido alguns dias de dispensa.

A cada dia meu coração afundava um pouco mais com o pensamento de que eu jogara fora a melhor coisa que já havia acontecido comigo. Era culpa minha, completamente. Agi como o maior pau quando eu deveria apenas ter falado com ela.

— Hey, imbecil, você ainda está fazendo beicinho? — Kade gritou enquanto saía das portas francesas para o pátio de trás.

— Preciso mudar minhas fechaduras, — resmunguei. Descansando minha cabeça contra a cadeira, fechei os olhos, tentando bloqueá-lo.

— Não me culpe por sua enorme quantidade de merda. Estou apenas aqui pela piscina – oh, e a cerveja grátis. — Ele riu, puxando a camisa para cima e tirando-a, em seguida, decolou e saltou, estilo bola de canhão na piscina. — Uau, — ele gritou imediatamente antes de bater na água. O respingo fresco fluiu, encharcando todo o pátio.

Tudo o que eu podia fazer era balançar a cabeça para o imbecil. Ele estava fazendo todo o possível para me tirar do meu lamaçal. Peguei meu telefone e verifiquei mais uma vez por qualquer resposta, só para vê-lo sem nada.

— Dê à menina algum tempo. Eu sei que está te deixando louco não ser capaz de corrigir isso, mas você precisa tentar dar a ela algum espaço. — Kade saiu da piscina, sacudindo o cabelo, mais uma vez pulverizando água em todas as direções. O arrogante filho da puta riu quando pulei da cadeira e recuei.

Fazendo uma última tentativa, eu digitei uma mensagem.

Pelo menos me fale se você está bem. Eu entendo que você não quer falar comigo, eu te darei isso. Só, por favor, me diga se você está bem.

Cliquei em enviar não esperando uma resposta. Eu estava muito certo que eu havia enviado mais de vinte mensagens ao longo dos últimos dois dias, todas sem resposta.

O telefone vibrou em minhas mãos, e olhei para a resposta que eu pensei que nunca chegaria.

Eu estou bem.

Curta e simples, mas uma resposta, no entanto.


Capítulo Trinta e Quatro

 

Quinn


Eu deveria saber que havia algo errado no momento em que meu pai disse que visitaríamos minha mãe. Quero dizer, vamos lá, ela estava em um centro de tratamento para alcoólatras. Ela não estava em algum spa onde dava boas-vindas a todos das ruas.

Eu sabia como essas coisas funcionavam. Ela estaria isolada do mundo exterior, desintoxicando, o que seja. Após esse ponto, ela começaria um tipo de aconselhamento, chegar à raiz do problema. Então, talvez levar sua família para a confissão ocasional de como ela nos feriu e como ela esperava mudar. As etapas padrões para a recuperação, ou assim eu ouvi.

Meu instinto me disse que as coisas estavam completamente ao contrário no momento em que paramos em frente ao Mystical Oaks Centro de Tratamento. O lugar não era o que eu imaginara quando imaginava um centro de reabilitação.

— O que está acontecendo? — Eu perguntei enquanto olhava à placa ao lado da entrada. Tinha um símbolo que eu havia visto antes, mas nunca olhei – realmente olhei – até agora. Centro de Tratamento de Câncer brilhou brilhante em negrito verde contra o fundo branco.

Meus olhos se encheram quase imediatamente com lágrimas não derramadas. Meu peito doía quase ao ponto de não conseguir respirar. Eu esperava estar vendo coisas, que talvez o centro de reabilitação estivesse dentro da mesma clínica. Silenciosamente rezei para que fosse verdade.

Avery me deixou no hotel para encontrar meu pai, e agora nós ficamos aqui olhando para o prédio diante de nós.

— Ela está morrendo? — Perguntei; minha voz tremendo incontrolavelmente.

— Vamos entrar. — Balancei a cabeça com suas palavras. — Quinn, precisa vir dela. Dê-lhe isto. Não estou dizendo que nada disso é certo. Não estou concordando com o jeito que ela tem feito isto, mas precisa ser dito. Precisa vir dela. — Ele fez uma pausa, e uma única lágrima correu pelo meu rosto e escorreu no meu braço. — Faremos isso juntos, — ele me assegurou.


***


— Quanto tempo? — Perguntei. — Há quanto tempo você sabe disso? — Segurei minha raiva o melhor que pude. Estava fervendo dentro de mim enquanto eu observava os olhos de minha mãe se encher de emoção.

— Desde antes do Natal. Não queria preocupá-la, então eu só empurrei de lado. Fingi que o tumor não existia. Apenas abafei a dor de tudo isso. Os efeitos colaterais foram fáceis o suficiente de fingir que estava bêbada. Achei que você estivesse melhor assim, — ela sussurrou.

Minha raiva não era mais controlável. — Melhor assim, hein? — Meu desabafo a fez saltar de surpresa. — Essa é a desculpa mais egoísta que já ouvi. O que eu merecia era saber, dane-se. Eu deveria ter sido capaz de me preparar para isso. — Meu pai se levantou e colocou a mão no meu braço, tentando me acalmar. Eu o afastei e tranquei meu olhar com minha mãe.

— Eu deveria ter sido capaz de passar um tempo com minha mãe sem ela cair bêbada. Agora, quando penso em nossos últimos momentos juntas, tudo o que eu vou ter são viagens para o caralho da prisão para pegar seu rabo bêbado... Ou espere, não podemos esquecer a viagem ao pronto-socorro para costurar sua cabeça. — Levantei minhas mãos em frustração. — Isso é tudo besteira e você sabe disso. Você não estava pensando em mim, você nunca pensou. Porque se eu fosse importante para você, eu não teria te levantado durante os últimos vinte anos da minha vida. Eu deveria ter tido minha mãe. Eu merecia uma mãe. Você tirou isso de mim. Você levou tudo de mim. Nunca te perdoarei por isso. — Desabei no chão quando minhas pernas cederam. — Você levou tudo de mim.

Braços fortes me circularam por trás e me levantaram do chão. Meu pai. Eu ainda lutava para entender o fato de que ele agora estava presente na minha vida, que agora ele me segurou. Suavemente, ele esfregou minhas costas enquanto me balançava de um lado para o outro.

Minha mãe ia morrer. Não havia nada que eu pudesse fazer para mudar isso. Ela estava definhando e ninguém poderia deter.

Ela sentia que era mais fácil beber o que sobrava da vida que ela tinha, esperando que eu apenas pensasse que o álcool estava fazendo mal.

Como é possível amar alguém tanto assim, mas odiá-lo ao mesmo tempo?


***


— Você está bem? — Avery perguntou quando ela sentou diante de mim.

Liguei para ela no momento em que deixei a clínica. Eu precisava dela. Pela primeira vez eu precisava de alguém para me manter à tona. Eu estava afundando rapidamente, e não conseguia segurar o último raio de esperança.

Balancei minha cabeça. — Não, eu estou tão longe de estar bem agora, — respondi. — Como ela poderia esconder isso de mim? O que a fez pensar que eu não saber era o melhor?

Olhei para cima e encontrei o olhar de minha melhor amiga. — Ela deveria ter vindo para cá logo depois que eles encontraram o tumor. Ela passou os últimos sete meses sabendo que tinha isso. Ignorou tudo o que disseram a ela e só continuou como se não tivesse acabado de ouvir que ela tinha uma doença terminal. — Respirei profundamente, controlando as minhas emoções antes que elas assumissem mais uma vez. — Como ela poderia ignorar isso?

Lágrimas não derramadas nublaram minha visão, e as segurei o melhor que pude. — Eu estou bem, — tentei tranquilizá-la, ouvindo a dúvida em minha própria voz.

— Não faça isso. Não finja que não está se despedaçando por dentro. Quinn, você precisa colocar tudo isso para fora ou um dia você irá explodir. — Avery esfregou a mão para cima e para baixo no meu braço. — Ela, obviamente, não poderia aceitar. Ela correu da realidade do que poderia acontecer. Negação do inevitável.

— Minha mãe... — eu parei, porque toda a realização do que eu estava prestes a dizer me atingiu intensamente, trazendo de volta a necessidade de chorar. — Ela vai morrer. Ela escondeu isso de mim, que ela tinha algo que estava matando-a. Acho que eu não deveria estar surpresa, certo? Ela escondeu tudo mais ao longo dos anos.

Avery sentou-se calmamente e ouviu enquanto eu deixava a minha dor sair.

— Eu tenho esse ódio em mim, desgosto por todas as coisas que ela fez ao longo dos anos. — Nossos olhares se encontraram, mas ela ainda ficou me olhando sem falar uma palavra. — Eu era uma criança. Eu deveria ter sido capaz de ser uma criança. Em vez disso, eu passei a minha vida pegando minha mãe, levantando-a do chão ou arrastando-a do bar mais próximo. — Balancei a cabeça e esfreguei os olhos cansados.

— Quero correr e deixar tudo para trás. Talvez se eu correr para longe o suficiente, eu possa encontrar uma maneira de esquecer tudo. — Eu falava com raiva. Estava se tornando demais. Torci minhas mãos no meu colo, rasgando o Kleenex que eu segurava. — Mas não posso ir embora. Não posso deixá-la sofrendo sozinha. Ela nunca foi má ou agressiva. Era apenas uma bêbada, uma bêbada feliz. Uma patética desculpa para uma mãe. Nunca estava lá quando eu precisava que ela estivesse. Se estava em casa, ela estava desmaiada.

— Você sabe que eu provavelmente poderia contar em uma mão o número de vezes que ela fez algo maternal em toda a minha vida? — Tomei uma respiração profunda, estremecendo. — Mesmo com toda essa raiva em mim pelo o que ela fez, eu não posso deixá-la morrer sozinha. Preciso encontrar uma maneira de deixar ir. Isso é tão difícil. Não quero viver com o fato de que eu desperdicei o pouco tempo que nós tivemos, cheia de amargura e com raiva.

— O que posso fazer? — Avery finalmente perguntou.

— Não é algo que alguém pode fazer, — respondi. — É algo que eu preciso fazer sozinha. Algo que ela e eu precisamos vencer. Obrigada por oferecer, no entanto. Muito obrigada pela atenção.

Ela se inclinou e me abraçou perto. Afastando-se, ela enxugou as lágrimas que corriam pelo meu rosto. — A qualquer hora. Eu estou aqui para você, sempre. Você deve saber por agora que você não pode se livrar de mim.


Capítulo Trinta e Cinco

 

Jett


Concentrar-me no que precisava ser feito era impossível. Eu sei que Quinn precisava de tempo, mas era um inferno esperar.

A semana passada foi uma das mais longas que eu já tive. As coisas estavam tensas aqui. Callie ainda atirava punhais em minha direção. Jude olhava para mim como se eu fosse a semente de Satanás. Kade, por outro lado, ainda encontrou diversão em toda a situação. Ele fez questão de se aproveitar do meu sofrimento cotidiano.

Sentei-me no meu escritório olhando para a foto no meu telefone. Os lindos olhos castanhos de Quinn olharam para mim, aumentando a dor em meu peito. Desisti de ligar para ela a fim de dar o tempo que ela precisava. O silêncio obsoleto em torno de mim me deu a oportunidade de cair mais profundamente nos poços de meu próprio inferno. Um inferno que eu fui responsável, mas ainda não havia descoberto como corrigir.

A batida na porta entreaberta me assustou. Sandálias vermelhas que espreitavam ao virar da esquina provocaram uma corrida extrema de excitação. O que foi imediatamente sufocado quando meus olhos fixaram em Avery, a melhor amiga de Quinn. Tentei tirar o olhar decepcionado de meu rosto, apenas para falhar.

— Deus, Jett. — Ela riu. — Esse olhar de decepção poderia realmente deixar uma garota complexada.

— Desculpe, — murmurei, sentando na minha cadeira, novamente me sentindo derrotado. — Pensei que talvez... — eu não tinha ideia do que mais dizer.

— Eu sei o que você pensava. Não sou quem você esperava, mas estou aqui por causa de Quinn. — À menção do nome dela, meu coração disparou e, em seguida, doeu. Eu sentia falta dela incontrolavelmente. Eu havia me tornado dependente de vê-la, beijá-la, senti-la em meus braços. Não ser capaz de segurá-la sempre que eu quisesse era incapacitante.

— Ela está passando por muito agora, — declarou Avery. Meu olhar encontrou o dela, silenciosamente implorando para ela me dar mais. — É muito além de você e ela. As coisas realmente saíram do controle, e ela não está em um bom lugar. Ela está com raiva, com o coração partido, e não é apenas sobre vocês dois.

Avery sentou na cadeira diante de mim. — Eu sei que ela te ama, sente sua falta, mas agora ela tem muita coisa acontecendo em sua cabeça. Ela recebeu uma notícia muito pesada recentemente, do tipo que a levou ao limite.

— O que está acontecendo? — Perguntei. — Estou morrendo aqui, Avery. Eu sei que a feri, eu sei que estraguei tudo, mas eu quero corrigir, — implorei. Eu só queria a chance de fazer as coisas direito.

— Você não ouviu isso de mim, — ela disse. Ela respirou fundo antes de continuar. — Ela está em Nápoles com os pais. As coisas não estão boas com a mãe dela, relacionado à saúde. Ela voltará para casa amanhã, mas eles ficarão na casa do pai dela. Eles estão vendendo a casa e se mudarão para lá permanentemente.

Um sentimento de pânico disparou através de mim, e empurrei mais. — O que eu posso fazer?

— Não há nada que alguém possa fazer além de estar lá quando ela precisar de nós. Jett, ela vai precisar de nós, nós dois. Você pode pensar que ela se afastou de você e que você não está nos pensamentos dela, mas isso está tão longe da verdade. Agora ela está apenas confusa e ferida por tantas razões diferentes. Mas ela vai precisar de você.

Balancei a cabeça, observando-a se levantar e pegar a bolsa. — Quando ela cair, e cairá, nós temos que estar prontos para levantá-la.

Olhei para as costas de Avery quando ela saiu, deixando-me sentindo mais vazio do que eu estava quando ela entrou. Quinn estava sofrendo, e cada grama do meu ser queria encontrá-la e dizer a ela que eu a amava. Eu queria abraçá-la e assegurá-la de que tudo ficaria bem. Em vez disso, eu fui forçado a esperar e torcer para que logo ela viesse até mim.


Capítulo Trinta e Seis

 

Quinn


— Como você se sente, mãe? — Perguntei ao ajeitar o travesseiro atrás da cabeça dela. Puxei o lençol e o coloquei em torno dela.

Seus olhos piscaram contra a luz. Ela estava tão esgotada. O lado de sua boca se elevou em uma tentativa de sorrir para mim. — Estou bem, Quinny, — ela sussurrou.

Minha mãe finalmente decidira que era hora de procurar ajuda. O problema foi que há sete meses, quando o médico lhe disse que ela tinha um tumor no cérebro, as coisas já estavam ruins. Os sete meses que levou para aceitar o seu destino só levou à sua morte.

Inoperável. Uma simples palavra, mas com tanto significado. Uma palavra que balançaria para sempre meu mundo.

E mais três: Manejo da dor, que é tudo o que podiam oferecer a ela agora.

No momento em que a diagnosticaram, lhe deram dois anos com o tratamento. Com o tratamento sendo fundamental. Não sendo tratada, ela já estava batendo na porta do céu, e não havia nada que alguém pudesse fazer para salvá-la.

O diagnóstico foi glioblastoma, um tumor maligno no tronco cerebral. Ela estava certa, os efeitos colaterais eram fáceis de passar como uma bêbada. Ela teve tontura, esquecimento, dores de cabeça, confusão e perda de equilíbrio ao longo dos anos em que estivera bebendo demasiadamente. Eles não eram nada, além do comportamento normal aos meus olhos – o jeito que a minha mãe sempre foi. Ela sabia que seria tão fácil continuar sem qualquer questionamento meu.

Comia-me toda vez que eu olhava nos olhos dela. Quando o médico compartilhara os sintomas com a gente, um por um, cada palavra provocava uma dor aguda no meu estômago. Deixar o centro de tratamento sabendo que os dias restantes que eu tinha com a minha mãe estavam contados me deixou paralisada. Em toda a minha vida eu poderia contar em uma mão o número de vezes que tivemos aqueles momentos especiais de mãe e filha. Mesmo assim, eu tinha que pensar muito para me lembrar deles. A maioria das minhas memórias consistia em raiva e ódio em direção a ela por agir como não se houvesse nada que valesse a pena ficar sóbria, nem mesmo eu.

As botas do meu pai batiam contra o chão de madeira enquanto caminhava em sua cozinha. Decidimos que era melhor morar com ele, porque eu já não podia manter as contas e pagamento da casa. Meu pai teve a sorte de ter dinheiro reservado com a morte de ambos os meus avós. A casa que ele herdou também estava totalmente paga e era claramente dele. Brandy tinha sua própria família e eles estavam estabelecidos, assim ela não tinha necessidade deste lugar. Ela sentia que meu pai precisava de tudo mais que ela.

Senti que passar o tempo com a minha mãe era a coisa mais importante no momento. Era impossível fazer isso e trabalhar a quantidade de horas de antes. Eu sabia que não seria capaz de sair do lado dela, não agora.

Eu precisava do apoio do meu pai, o homem que eu mal conhecia, mas em pouco tempo eu passara a confiar. Eu precisava da ajuda dele para passar por isso. Ele prometeu que cuidaria de nós, e acreditei nele. Então eu baixei à guarda e aceitei a oferta dele.

Eu sentia uma enorme falta de Jett, mas eu sabia que tinha pouco a oferecer a ele neste momento. Minha mente não estava onde precisava estar para enfrentá-lo. Agora mesmo eu estava totalmente investida na mulher que havia me dado a vida. Eu queria algumas memórias duradouras. Queria abafar toda a dor que tivemos e preencher com tanta bondade quanto poderíamos criar.


***


— Ela acha que não me lembro daqueles dias, mas eu lembro. — A voz da minha mãe era um sussurro suave e rouco, cheia de fadiga.

Aproximei-me devagar da escada e sentei no primeiro degrau. Sendo a mais silenciosa possível, eu escutei meus pais conforme suas palavras fluíam ao fundo das escadas.

— Nós nunca conversamos sobre quando ela era um bebê, mas eu me lembro das pequenas bochechas gordinhas dela, seus doces risos. Lembro-me de seu sorrisinho inocente. Aqueles grandes olhos castanhos cheios de alegria com a menor das coisas. — Lágrimas encheram meus olhos enquanto minha mãe continuava. — Beau, eu me lembro de ficar sentada na porta do quarto dela por horas após ela adormecer. Fecharia os olhos e ouviria suas curtas respirações. Acalmava a dor dentro de mim, mas nunca durava. Eu era fraca. Tornou-se muito fácil beber, afastar a dor. Ajudou, mesmo que por um curto período de tempo, me permitia ficar insensível.

— Você não deveria ter estado sozinha, — ele disse a ela.

— Eu deveria ter sido melhor. Deveria ter dado a ela tudo o que eu podia. Ela merecia coisa melhor. — A dor era evidente em sua voz, e isso fez o aperto em minha garganta difícil de suportar.

— Meus erros não pararam por aí. Eu apenas continuei estragando tudo, então eu bebia para afastar a dor dos estragos também. — Ela nunca chorou, mas eu podia ouvir a autoaversão na voz dela. — Ela era a adulta, a pessoa que cuidava de mim. Eu a forcei a crescer enquanto eu continuava agindo como uma adolescente descontrolada.

— Você não pode continuar se martirizando por todos os seus erros. É hora de abandonar a dor no coração que vocês duas têm guardado por tanto tempo. — Meu pai se esforçava para acalmá-la.

— Sim, é quando estamos quase sem tempo que se torna claro. Eu fui uma tola por não valorizar o tempo que tive com ela.

O silêncio se instalou, e senti como se minha garganta estivesse em chamas. Lutei contra as lágrimas, e lentamente me levantei das escadas. Os acontecimentos da semana passada me atingindo fortemente.


***


Sentei-me no meu carro, olhando para a porta da frente. Meus nervos explodiram com o pensamento de bater na porta. Eu estava apavorada que pudesse tê-lo empurrado para além do ponto de não retorno. Jett e Callie encheram meu telefone ao longo da última semana, ambos explicando os acontecimentos que levaram a me afastar. Eu sabia que nada aconteceu, mas ainda estava magoada com as palavras dele, sua desconfiança de mim.

Agora eu lutei contra o desejo de correr novamente. Eu não tinha ideia do que dizer, como lidar com a situação, mas quando saí da casa do meu pai, este foi o primeiro lugar que eu pensei em vir. Os braços fortes de Jett se sentiam como casa, e agora eu precisava dessa segurança.

Tomei uma respiração profunda e me arrastei do meu carro, caminhando até a porta da frente. Antes que eu pudesse pensar duas vezes nisso, eu bati levemente.

O tempo passava em câmera lenta quando ouvi o deslizar da tranca do outro lado. Eu estava focando no chão, de modo que seus pés descalços ficaram à vista primeiro, e meu coração acelerou ao vê-los.

— Quinn, — a voz grogue sussurrou.

Minha garganta inchou, fazendo com que engolir fosse mais difícil. Eu olhei para cima, encontrando sua expressão de surpresa. Seu cabelo estava apontado para cima e despenteado do sono. Ele usava um moletom, pendurado baixo em seus quadris. A tatuagem que eu tanto amava serpenteando ao redor de seu quadril. Eu sofria para estender a mão e trilhar os dedos sobre ela. Eu senti tanta falta de tocá-lo, senti-lo perto. Eu sofria com a necessidade de estar nos braços dele, e de pé diante dele só deixou essa dor mais forte.

— Posso entrar? — Perguntei.

— S-sim. — Ele balançou a cabeça, como se para limpar seus pensamentos. — Entre. — Ele deu um passo para o lado, permitindo-me passar por ele, a porta se fechou e fechei os olhos com força, segurando as lágrimas. A sensação dele deslizando os dedos ao longo do meu braço foi o suficiente para eu ceder.

Virei-me rapidamente e enterrei meu rosto contra seu peito, em busca de um lugar de segurança, o único lugar que eu poderia sempre confiar que faria tudo mais ao redor desaparecer, mesmo que fosse apenas por um curto período de tempo. Jett me abraçou por trás e me puxou mais apertado contra ele. Respirei o perfume que até agora eu não fazia ideia do quanto senti falta.


Capítulo Trinta e Sete

 

Jett


As palavras de Avery voltaram para mim enquanto eu segurava firmemente Quinn. Quando ela cair, e cairá, nós temos que estar prontos para levantá-la. O que quer que ela precisasse de mim, ela teria, não havia perguntas.

Levei-a para o sofá e ajudei-a a se sentar antes de me sentar ao lado dela. Então estendi a mão e levei-a em meus braços novamente. Os sons de seus soluços me rasgavam. Odiava o pensamento dela sofrendo tanto.

— Sinto muito, — ela disse. Com a cabeça enterrada contra o meu peito, suas palavras foram abafadas.

— Nada para se desculpar. Você não fez nada, baby, — assegurei; ainda a segurando perto.

Ela se afastou e olhou para mim com os olhos vermelhos e inchados. Eu odiava vê-la sofrendo. Queria consertar o que estava causando a dor dela, mas não havia nada que eu pudesse fazer.

— Eu não deveria ter ignorado você. Tudo simplesmente se desfez tão rápido que eu não poderia acompanhar. — Seu cabelo se prendeu ao rosto pelas lágrimas. Permiti que o meu polegar o afastasse, e o enfiei atrás da orelha. A dor em seus olhos me eviscerando. Isso me fez sentir inútil. Eu não queria empurrá-la para obter informações, então esperei que ela compartilhasse de bom grado.

Ela brincou com meus dedos enquanto estavam juntos com os dela em seu colo. Coloquei meu braço atrás dela, sobre o encosto do sofá, e levemente alisei as pontas de seu cabelo.

— Ela está morrendo. — Seu lábio tremeu quando ela sussurrou as palavras. — Minha mãe. — Permaneci em silêncio, permitindo que o conhecimento se estabelecesse em mim. — Não sei se ela tem dois dias ou duas semanas. Só sei que a cada dia a partir deste ponto é um dia mais perto do fim.

Uma lágrima solitária lentamente se arrastando por sua bochecha me chamou a atenção. Inclinei-me e beijei seu rosto suavemente, sentindo a umidade com meus lábios. Descansando minha testa contra sua têmpora, eu a puxei um pouco mais perto.

— Eu quero que ela o conheça, — ela disse. — Quero que ela tenha a chance de conhecer o homem que me mantém junta. O homem que deu ao meu coração algo para segurar.

Balancei a cabeça. Uma pedra depositada na minha garganta segurou minhas palavras. Passei a última semana sentindo como se eu estivesse perdido. Agora ela me dava a esperança de que eu tinha a chance de consertar nosso relacionamento.

— Eu adoraria conhecer sua mãe, baby. Apenas me diga quando. — Olhei para ela, a tristeza em seus olhos me quebrando lentamente.


***


Quinn passou a noite em meus braços. Depois que ela ligou para o pai dela, fomos para a cama e apenas seguramos um ao outro. Ela precisava de algo sólido e eu só precisava segurá-la. Passei metade da noite olhando para o teto, ouvindo seu ronco suave. Era difícil aceitar o fato de que eu não poderia corrigir isso. Não podia fazer absolutamente nada para ajudar a curar o coração ferido, e esse fato me comia.

A luz solar espreitando através das cortinas aquecia minhas costas, me acordando de uma noite agitada. Quinn estava enrolada no meu peito, a mão pousada sobre o meu coração. Eu poderia dizer pelo peso de seu corpo que ela ainda estava em um sono profundo. Por um momento eu pensei em deixá-la descansar. Sabia que ela estava exausta. Os círculos escuros ao redor dos olhos mostraram que ela não estava dormindo ultimamente.

Mas sabia que ela não iria querer perder o tempo que ela poderia ter com sua mãe, então, depois de mais alguns momentos, eu cuidadosamente a sacudi. Ela gemeu e rolou, agora deitada de costas ao meu lado. Eu brincava com a ideia de fazer cócegas nela até que ela acordasse, mas então ela espiou para mim através de um olho mal aberto e observou-me, como se soubesse o que eu havia planejado.

— Nem sequer pense nisso, Jameson, — afirmou.

Uma risada profunda irrompeu de minha garganta quando mergulhei para ela e fiz cócegas em seus lados.

Quinn se contorceu de lado a lado, chutando as pernas em sinal de protesto. — Oh pare, por favor. Pare! Por favor, Jett, não, — ela riu, gritando entre respirações ofegantes.

Rastejei sobre seu corpo, colocando as pernas em cada lado de seus quadris. Fixando os braços acima da cabeça com uma mão enquanto eu continuava fazendo cócegas em seus lados.

— Não posso respirar seu besta. Solte-me. — Sua risada encheu o quarto.

— Senti sua falta, — eu disse enquanto passava minha mão suavemente sobre ela. Seu olhar imediatamente se concentrou em mim. — Comecei a acreditar que eu havia perdido você. Que eu afastei a melhor coisa na minha vida.

Soltei as mãos e baixei o meu corpo sobre o dela, trazendo nossas bocas apenas centímetros de distância. — Sou eu quem está arrependido, Quinn. Nunca deveria ter questionado o que eu já sabia. Eu sei que você não teria de bom grado penhorado o colar. — Eu estava trazendo à tona o tema que ainda precisávamos discutir. Disse a mim mesmo que esperaria, mas eu não podia. Ainda estava na minha mente, e queria que ela soubesse que eu acreditei nela.

— Eu não quis dizer nada com o que eu disse para Callie. Não penso nela dessa maneira.

Ela colocou o dedo sobre os meus lábios e examinou meu rosto com seus belos e grandes olhos castanhos. — Eu sei. Callie me deixou um milhão de mensagens diferentes. — Ela sorriu para mim. — Sei que você não me machucaria desse jeito.

— Nunca, — assegurei; seu dedo ainda pressionado contra os meus lábios.

— Minha mãe penhorou, — ela disse, desviando os olhos. — Eu ainda não disse nada a ela sobre isso.

— Não, — respondi. Sua expressão confusa me questionou. Estiquei o corpo sobre o dela e alcancei à gaveta do criado-mudo. Após pegar o item no canto, eu trouxe o meu corpo de volta para o dela.

O foco de Quinn no saco que eu segurava entre nós. — Aqui, — eu disse, virando o envelope. O conteúdo deslizou lentamente e pousou na palma da mão estendida.

Ela engasgou. — Meu colar. Como você o obteve de volta?

— Não importa. Está onde ele pertence agora, — respondi. — Não há razão para trazer o passado de volta para sua mãe. Deixe ir.

Vi sua garganta deslizar quando ela engoliu suas emoções. Envolvendo a mão em torno do colar, ela colocou o braço em torno da minha nuca e puxou meu corpo para o dela. Quinn me rodeou com suas pernas e enterrou os calcanhares na parte inferior das minhas costas, enquanto puxava o cabelo da minha nuca.

— Senti sua falta também, muito, — ela disse. — Senti falta do seu conforto e quão segura você me faz sentir. — Ela levantou a cabeça e seus lábios encontraram os meus. Um gemido profundo retumbou em meu peito quando ela arrastou a língua ao longo do meu lábio.

O valor de uma semana de saudade assumiu quando senti a necessidade no toque da minha garota. Ela me queria, ela me desejava tanto quanto eu. Não havia dúvida que o nosso corpo ansiava – calor e conforto um no outro.


Capítulo Trinta e Oito

 

Quinn


— Você tem certeza que ele sabe como chegar até aqui? — Meu pai perguntou ao olhar pela janela da frente mais uma vez. A partir de suas ações, você pensaria que ele estava mais nervoso do que eu para Jett chegar. Ele foi até a janela pelo menos meia dúzia de vezes nos últimos quinze minutos.

— Ele teve que ir ao restaurante primeiro, em seguida, ele viria aqui. Ele encontrará, papai, não é tão difícil. Quero dizer, vamos lá, há apenas duas outras casas nesta estrada. — Eu ri quando ele estreitou os olhos para mim. — Você está preocupado que ele não gostará de sua roupa, ou talvez seus sapatos? — Eu ri por trás da minha mão quando ele revirou os olhos para mim em resposta.

— Ok, espertinha, — ele resmungou, caminhando em direção à cozinha. Meus comentários até ganharam uma risada da minha mãe. Um leve riso fraco, mas uma risada, no entanto. Esses dias eu levaria tudo o que pudesse.

Sentei-me no chão em frente ao sofá, assistindo silenciosamente a minha mãe enquanto ela voltava a dormir. Esfreguei suavemente a parte superior de sua mão que pendia sobre a borda do braço da cadeira.

— Isso é bom, menininha, — ela sussurrou. Sua respiração irregular lentamente ficou mais pesada, transformando-se em um ronco suave, um som que eu aprendi a amar ao longo da última semana e meia. Foi reconfortante, e eu apreciava quão calma me deixava.

Seu corpo saltou junto com meu ao ouvir o som da campainha. Fiquei completamente imóvel, desejando que ela relaxasse novamente. Eu podia ouvir meu pai falando com Jett, suas vozes cada vez mais altas conforme se aproximavam da sala de estar.

— Encontrei esse cara na varanda da frente. Disse que está procurando a minha filha espertinha. — Meu pai sorriu para mim de cima do ombro de Jett.

— É uma coisa boa que você está aqui. Ansioso Edgar ali estava a ponto de fazer um buraco no chão, — eu disse. Jett sorriu por cima do ombro para o meu pai antes de olhar para mim.

Assisti seu olhar vagar sobre a minha mãe e cair lentamente para o meu. — Não tem muito tempo que ela dormiu, mas ela acorda muitas vezes, — eu disse na voz mais baixa eu poderia oferecer.

— Hum, — minha mãe murmurou. — Esse menino cheira bem, Quinny. Posso sentir o cheiro dele do outro lado da sala. Talvez eu deva o pedir emprestado um pouco, ele pode ser a minha cura. — As bochechas de Jett avermelharam.

— Não é engraçado, mãe, — a repreendi.

Seus olhos se abriram e ela sorriu para mim. — Baby, eu preciso sorrir e rir disso. Não posso sentar e esperar pelo inevitável, contando silenciosamente os segundos enquanto eles passam. — Seu olhar deslocou para Jett. — Bem, bem, se não é um demônio bonitão. Não é de admirar que Quinn tenha um brilho. Rapaz, você poderia iluminar o mundo de qualquer garota. — Ela abanou-se como se estivesse de repente com calor.

Baixei a cabeça e enterrei meu rosto em minhas mãos. Acho que não devo me preocupar com ele. Afinal, ele cresceu com Harper e sua incapacidade de controlar tudo o que passava pela cabeça. Minha mãe era leve em comparação a ela.

Jett se sentou no chão ao meu lado. Assistir seu grande corpo enquanto ele colocava os pés sob ele mesmo era quase cômico. Pobre rapaz, ele parecia desconfortável. Antes que eu pudesse dizer uma palavra, ele se ajoelhou e deu um beijo suave na bochecha da minha mãe. Afastando-se, ele sorriu para ela. — É Quinn que ilumina o meu mundo, Sra. Tucker.

— Abby, — ela sussurrou. — Chame-me Abby.

E foi assim que eles se tornaram amigos. Não digo que eles tiveram uma conversa amigável. Não, digo que eles se tornaram amigos. Era como se conhecessem um ao outro por anos. Eles brincavam e riam. Até mesmo meu pai se juntou. Fiquei assistindo os três interagirem.

Em um ponto, Jett olhou para mim e piscou antes de voltar toda a sua atenção para minha mãe.

Naquele momento, eu me apaixonei por ele um pouco mais. Ele sabia o que ela me fez passar ao longo dos anos. Ele também sabia que ela havia pegado um presente especial que ele havia me dado e vendido por mais álcool. No entanto, ele a tratava como se ela fosse a mulher mais delicada e doce que já conhecera.

Este foi um daqueles momentos que eu desejara, que eu poderia guardar para os próximos anos. A mãe que eu queria tão desesperadamente, mas que estava sempre fora de alcance. Ele me deu um vislumbre do coração da mulher que eu sempre soube que ela poderia ser.


***


Jett ficou para o jantar. Depois, ele saiu com a minha mãe, enquanto meu pai e eu limpávamos a cozinha. Eles assistiram algumas reprises de alguma comédia, suas risadas derramando pela cozinha.

Assim que terminamos e o último prato foi posto de lado, eu me virei em direção à sala de estar. A televisão havia sido rejeitada, e eu podia ouvir o suave sussurro da minha mãe.

— Prometa-me que ficará ao lado dela, — ela disse. — Não quero que ela passe por isso sozinha. Ela tem o pai dela, e sou grata pelo vínculo que começaram a desenvolver, mas você... — ela fez uma pausa. — Você será aquele que ela precisará para mantê-la bem. Eu vejo como ela olha para você, o jeito que ela sorri para você quando você não está olhando. Eu costumava olhar para o pai dela desse jeito. Essa conexão é uma vez na vida. Não deixe ir, Jett.

Olhei para meu pai logo atrás de mim. Ele colocou a mão no meu ombro e apertou suavemente.

— Nada poderia me manter longe, Abby. Eu amo muito a sua filha, — disse Jett.

— Eu sei que você ama, — ela disse. — É por isso que você a levará para casa com você hoje à noite. — Jett riu e ela também. — Quero dizer. Ela precisa sair dessa casa. Ela precisa de uma pausa daqui e de mim. Você a leva para casa com você e a ajuda a esquecer, apenas por um curto período de tempo. — Ela fez uma pausa. — Do que você está sorrindo? Eu sei que uma noite com você certamente teria a mente dela em outras coisas além da mãe dela. Inferno, você só esteve aqui há algumas horas e quase esqueci que estava doente.

Revirei os olhos com ela descaradamente flertando com o meu namorado. Ela estava tendo um bom tempo admirando o meu cara.

A resposta do meu pai foi uma risada profunda. — Você ouviu, querida, vá em frente. Saia daqui esta noite. Eu a chamarei se for necessário, mas as coisas ficarão bem.

Eu hesitei e ele sorriu. Ele colocou uma mão em cada lado do meu rosto e trouxe a minha atenção para ele. — Saia daqui, — ele disse antes de se inclinar e beijar minha testa.


Capítulo Trinta e Nove

 

Jett


— Eu já te disse quão perfeito você é? — Quinn perguntou ao entrar de costas em minha cozinha. Joguei minhas chaves em cima do balcão e saí em direção a ela.

Balancei a cabeça, olhando diretamente para ela. — Bem, você é, — ela respondeu. — A forma como você estava com a minha mãe, eu tenho certeza que ela tem uma queda por você.

Eu ri quando estendi a mão para ela e agarrei seus quadris. Eu a apoiei contra o balcão e a prendi com o meu corpo.

— Eu já te disse o quanto você é sexy? — Perguntei. Ela balançou a cabeça, zombando da minha resposta anterior. — Quer ir nadar? — Sussurrei enquanto beijava o pescoço dela.

— Não tenho um biquíni, — ela respondeu, sem fôlego.

Sorrindo contra o pescoço dela, eu belisquei seu ouvido. — Com o que eu tenho em mente, você não precisa de um, — assegurei. — Apenas ficaria no meu caminho.

— Sério? — Ela provocou. — O que exatamente você tem correndo nessa sua mente?

Eu poderia dizer pelo jeito que sua respiração havia acelerado e seu corpo caiu contra o meu que ela estava excitada.

— Estava pensando que poderíamos cair na banheira. — Passei a língua pela sua clavícula. Um gemido suave caiu de seus lábios, fazendo meu pau se contorcer em resposta.

— Onde eu poderia lentamente e com muito afinco beijar e devorar você. — Outro gemido quando ela caiu para trás, esticando o pescoço para o meu assalto. Sugando sua pele exposta, eu beijei sua mandíbula.

— Então, quando eu tiver você no ponto em que você sentir que pode estourar a partir da necessidade de mim, eu vou me enterrar dentro do seu corpo quente. Como isso soa? — Perguntei.

— Você me ganhou com a jacuzzi, — ela ofegava.

Peguei a mão dela e a levei para o pátio. Apaguei a luz e comecei lentamente a desabotoar seu short. No segundo em que estávamos submersos na água, éramos todos mãos, a nossa pele lisa deslizando ao longo um do outro, não deixando nada intocado.

Puxando-a para o meu colo, eu alcancei entre nós e deslizei um dedo dentro dela. Ela gemeu, jogando a cabeça para trás. Naquele momento, eu não me importava mais se um vizinho nos ouvisse. Meus pensamentos estavam cheios de Quinn e nada mais.

Tirei minha mão e ela gemeu em sua ausência. — Paciência, baby, eu tenho algo melhor, — assegurei. Posicionei meu pau debaixo dela e empurrei contra ela.

Com as mãos nos meus ombros, ela começou a se abaixar lentamente sobre mim, polegada por polegada. Cavando meus calcanhares no chão da jacuzzi, eu levei um momento para me acalmar. Não queria que isto terminasse antes mesmo de nós realmente começarmos.

Ela balançou seus quadris contra mim e agarrei sua cintura com força, deslizando as mãos em volta da sua cintura. — Devagar, eu preciso disso lentamente, — implorei.

Liberei os quadris dela e ela seguiu o meu pedido. Em poucos minutos sua velocidade começou a aumentar, e mais uma vez o meu corpo vacilou. Eu me senti como um adolescente com a minha falta de controle. Eu queria soltar e transar com ela, mas sabia que eu estava no limite.

Eu a levantei, e com a perda de contato ela protestou, tentando segurar o meu pau. — Vire-se, incline-se sobre o lado, — a dirigi. Seu rosto se iluminou no momento que registrou meu pedido. Ela adorava quando eu a tomava por trás. Minha garota tinha um lado safado.

— Arqueie baby, — rosnei. Ela abriu as pernas e fez como eu pedi.

Afundando dentro dela novamente, eu então comecei a me mover em um ritmo constante. Eu queria estar no banco do motorista. Precisava disso. O som de nossos corpos batendo juntos misturados com nossos gemidos me alimentou. Empurrei nela mais e mais rápido, batendo seu corpo contra o meu, segurando fortemente seus quadris estreitos.

— Sim, Jett, — ela gemia. — Estou tão perto.

Ela não tinha ideia do quão perto eu estava. Suas paredes tremeram ao meu redor e aumentei a velocidade, rangendo os quadris contra ela com cada impulso.

— Vamos lá, baby, dê para mim, — gemi com os dentes cerrados. — Oh sim, lá vamos nós. — Eu a levei junto. — Deixe-me ter isso, Quinn, tudo isso.

Ela empurrou contra mim, montando o orgasmo que a rasgava. Envolvi meu braço em volta de sua cintura e a puxei para trás, tomando sua boca. Bombeei para cima, batendo nela mais e mais. Os efeitos posteriores de seu orgasmo tornando suas paredes lisas e se contorcendo em volta do meu pau dolorido.

Minhas pernas começaram a tremer e calor encheu meu estômago, correndo por mim. Empurrando uma última vez, eu esvaziei-me profundamente dentro de seu corpo disposto, reivindicando o que eu já sabia que era meu. Não havia nada neste mundo que alguma vez acalmaria essa dor que eu tinha por ela. Ela era a minha menina, minha mulher, o meu futuro.


Capítulo Quarenta

 

Quinn


— Ok, que tipo que você quer? Rocky road{7}, pedaços de chocolate? — Virei minhas chaves em torno na minha mão.

Fazia duas semanas desde que Jett conheceu minha mãe, e todos os dias desde então ele passou por aqui. Mesmo que fosse apenas para nos trazer um café ou rosquinhas, ele vinha. Minha mãe não conseguia parar de falar dele – oh, e quão bem ele cheirava. Ela jurou nunca ter sentido nada tão gostoso como Jett. Eu tive que concordar, mas fiquei quieta e deixei que ela tivesse essa. Manteve-a corajosa e sorridente, o que por sua vez me fez sorrir também.

Hoje, ela parecia fraca, e seu peso foi diminuindo ao longo da última semana. A última visita ao médico foi a mesma coisa – mais remédios e instruções para mantê-la confortável.

— Estou pensando em massa de biscoito, — eu disse, ajoelhando-me ao lado dela. — O que você acha, mãe?

Seus olhos cansados olharam para mim quase como se eles estivessem vazios, vazios de qualquer força. — Surpreenda-me, menina. Todos eles soam excelente, você escolhe, — ela respondeu, acariciando a minha mão com pouca ou nenhuma resistência.

— Ok. — Sorri para ela. — Você tira um cochilo e eu vou correndo até a mercearia. Vou pegar um de cada e podemos comer diretamente das caixas. — Meu pai riu de seu lugar aos pés dela. — Se o velho lá não gosta dessa ideia, então ele pode ficar e desejar ter um. — Brincando, eu mostrei a língua para ele, e ele tentou agarrá-la.

O tempo aqui na casa do meu pai foi bom para ele e para mim. Nós desenvolvemos uma aproximação lúdica que realmente me segurou. Meu pai é um homem de bom coração, amoroso. Ele não admitiria isso, mas eu sabia a verdade.

A suave risada fluiu da minha mãe. — É melhor você tomar cuidado com esta, Beau. Ela é mal-humorada.

Beijei a testa dela e levantei. Ela não soltou seu domínio sobre mim, então eu me ajoelhei mais uma vez. Seus olhos vibraram enquanto ela lutava para mantê-los abertos.

— Eu te amo, Quinny. Nunca na minha vida já amei algo mais. Você foi meu anjo bebê, meu presente. Eu sempre tive orgulho de você. Seu coração é de ouro, bebê, único. — Fracamente ela continuou. — Você pegará esse sorvete. Baunilha com pecan sempre foi o meu favorito. Minha avó costumava compartilhar o dela comigo quando eu era mais jovem. Acho que ela gostaria de alguma baunilha com pecan.

Seu último comentário me deixou um pouco confusa, mas o afastei. Ela estava exausta e precisava descansar um pouco. Olhei para cima e sorri para o meu pai, mas eu poderia dizer que algo havia mudado no ar.

— Voltarei logo, mãe, — sussurrei contra sua testa antes de beijá-la uma última vez.


***


Saí da garagem, e estava a cerca de 15 minutos quando um forte sentimento de perda me atingiu. Parei no acostamento e procurei o meu telefone. Freneticamente, disquei o número do meu pai e esperei enquanto ele tocava e tocava, meu coração dolorido mais e mais com cada toque sem resposta. Joguei meu telefone no banco do passageiro quando ele foi para o correio de voz pela terceira vez.

Coloquei o carro na estrada novamente e segui, fazendo uma inversão de marcha no meio da estrada. Afundei meu pedal, indo na direção de casa.

No segundo que parei o carro, eu corri para a porta e a abri. Virando o canto da cozinha para a sala, eu colidi contra o peito do meu pai. Seu corpo me protegendo contra minha mãe.

Tentei mais e mais olhar ao redor dele, mas ele apenas me segurou mais forte contra o peito. Nem percebi que eu chorava, soluçava contra ele, lutando para ser liberada.

— Ela se foi, Quinn, — ele engasgou. — Ela se foi, garotinha.

Comecei a bater no peito dele, empurrando para fazer com que ele se movesse. — Não, — eu disse, empurrando contra ele mais uma vez. — Ela está apenas dormindo, ela precisa descansar.

Consegui passar por ele, mas ele agarrou minha cintura antes de eu chegar a ela. — Quinn.

— Não, solte-me. — Lutei contra seu aperto.

Minha mãe estava perfeitamente imóvel, completamente imperturbável pela minha explosão. — Solte-me, — implorei enquanto eu caía de joelhos, soluços profundos rasgando-me quando a realidade estabeleceu. Seu peito não se movia com cada respiração, e seu suave ronco não enchia o silêncio.

Meu corpo tremia incontrolavelmente. Eu me arrastei até ela, puxando o meu pai comigo. Coloquei minha cabeça sobre o coração e silenciosamente pedi para ouvi-lo bater. — Por favor, mamãe, não, — chorei. — Não estou pronta. — Minha voz caiu para um sussurro. — Precisamos de mais tempo, por favor, mamãe, por favor.

Não sei quanto tempo eu fiquei ao lado da minha mãe. Eu estava completamente insensível às coisas ao meu redor. A equipe médica, o médico legista. Não tinha ideia de quando Avery chegou ou mesmo o momento em que Jett se sentou no chão ao meu lado. Continuei segurando a mão da minha mãe, olhando para sua forma parada.

Algo dentro de mim morreu no exato momento em que ela morreu. Era algo que eu sabia que nunca seria capaz de voltar. Um pedaço de mim que ela havia tomado, um pedaço da minha alma.


Capítulo Quarenta e Um

 

Jett


Indefeso.

Essa era a melhor maneira de descrever a sensação que tive. Nada parecia pior do que assistir a garota que você ama desmoronar e não ser capaz de fazer nada sobre isso.

Ela estava dispersa, silenciosa e distante. Ela quase não disse duas palavras durante as primeiras vinte e quatro horas após a morte da mãe. Durante as próximas quarenta e oito horas, ela ficou ao lado do pai, planejando o funeral.

Senti como se o apoio que eu tentava oferecer não fosse o suficiente. Estava perdido quanto ao que dizer, ou o que eu poderia fazer para aliviar a dor.

Sentei-me no banco de trás do carro dos meus pais com Harper ao meu lado. Toda a minha família se reuniu para prestar nossos respeitos. Olhei atordoado pela janela para os carros que passavam. Eu sabia que hoje seria difícil. Não sabia se eu estava preparado para assistir Quinn desmoronar mais uma vez. Era como se com cada lágrima que ela derramou, meu coração se partisse um pouco mais.

Nós desaceleramos até parar na frente da casa funerária. Olhei para cima em direção à entrada e uma enorme sensação de família tomou conta de mim. Lá, logo à esquerda da porta aberta estavam as pessoas que se tornaram isso para mim, em todos os sentidos da palavra. Jude, Kade, Callie, e Easton. Sequer pensei no fato de que eles estavam aqui e não no restaurante. Tudo o que eu podia fazer era respeitar que eles estivessem aqui para apoiar Quinn. Isso significava o mundo para mim.

— Obrigado por virem, rapazes, — eu disse quando pisei ao lado de Jude. — Eu sei que ela vai apreciar.

— Ela é a nossa família também, desde o momento em que ela começou no Jett’s, — Jude afirmou sem hesitar.

Meu coração apertou na firmeza das suas palavras. Não havia nenhuma dúvida disso, eles também amavam Quinn.

— Como ela está? — Perguntou Callie.

As coisas ainda permaneciam tensas entre nós dois. Ela estivera distante, e eu lhe dera a distância que eu sabia que ela precisava.

— Perdida. — Uma palavra. Foi a melhor maneira de descrever seu atual estado de espírito.

Todos nós entramos, e todo mundo ficou em fila, caminhando para frente. Não vieram muitas pessoas, mas cada uma parou diante de Quinn, oferecendo suas condolências.

Vi quando ela se aproximou do pai, tentando ganhar apenas uma pequena quantidade de segurança. A cena só deixou minha garganta mais apertada. Saí da fila, caminhando ao redor da sala, e avancei atrás dela. No momento em que minhas mãos pousaram em seus quadris ela se enrolou em meu aperto. Beijei sua têmpora e a abracei, oferecendo-lhe toda a força que tinha.

— Amo você, baby, — falei contra seu ouvido.

Avery estendeu a mão à minha esquerda e deu um aperto reconfortante em meu braço. Ela estava me dizendo que eu fiz a escolha certa ao vir para o lado de Quinn. Era onde eu pertencia, o lugar que ela mais precisava de mim.


***


Fazia duas semanas desde que eu assisti Quinn cair. Duas semanas de ouvir o seu choro, e olhar em seus olhos vazios.

Ela recebeu uma oferta pela casa e aceitou. Beau – pai de Quinn – e eu, a limpamos. Nós dois sentimos que era cedo demais para Quinn. Ofereci tanto Easton e Kade como nossos embaladores honorários, assim foi rápido.

O quarto de Quinn ficou definitivamente fora dos limites de seus olhos ansiosos. Quando dobrei a esquina e encontrei Kade sorrindo maliciosamente, segurando um par pequeno de roupa íntima de Quinn, essa merda parou. O desejo incontrolável de acertar seu luminoso rosto sorridente era difícil de afastar. Ele ainda continuou falando sobre o pedaço praticamente inexistente de renda rosa cada vez que estávamos no mesmo cômodo. Era para obter uma resposta minha, eu sabia disso, mas essa merda funcionou.

***


Harper havia pegado Quinn, e elas foram me encontrar com os meus pais para o jantar. Alexis e meu cunhado Colt estavam na cidade com as crianças, e uma noite com a família pode ser uma coisa boa para Quinn. Eu estava atrasado; um problema com as licenças para o novo local me pegou justo quando eu estava pronto para sair. Após quase uma hora no telefone, eu finalmente tive tudo resolvido antes de correr para ver a minha menina.


Capítulo Quarenta e Dois

 

Quinn


— Sinto muito pela sua perda, — disse Colt quando me abraçou. — Eu gostaria que pudéssemos ter estado aqui para prestar nossos respeitos.

Alexis, a irmã de Jett, foi uma querida. Seu marido era um verdadeiro cavalheiro do Sul e muito bom de olhar, se eu precisasse dizer. Jett era digno de baba, com certeza. Era difícil não tropeçar em minha própria língua, às vezes, quando se tratava do puro desejo sexual que corria através de mim quando ele estava por perto. Colt, bem, ele fazia a temperatura de uma menina subir apenas o suficiente para fazer você sentir a queimadura. Ela era uma mulher de sorte.

— Eu entendo, — disse à ele. — Obrigada a ambos pelas flores e o cartão, no entanto. — Alex até me ligara para oferecer sua simpatia, o que foi realmente inesperado.

Sua filha, Maddison, era uma mini Harper surgindo. Você realmente não poderia deixar de rir dela; ela dizia o que estava na cabeça, sem um segundo pensamento.

Bebê Colton babava sobre o ombro de Alexis enquanto ela balançava de um lado para o outro, com as pernas gordinhas chutando de excitação.

Pela primeira vez em duas semanas, eu podia sentir-me relaxar. Eles eram uma família verdadeira, cheia até a borda com amor e apoio para o outro. Eles me acolheram em sua casa e vidas sem um segundo pensamento.

— Você se importa de segurá-lo por apenas alguns minutos? — Olhei para cima para ver Alexis em pé diante de mim. — Realmente preciso ir pegar uma camisa nova. Sinto que eu tive um banho de saliva.

Hesitante, peguei o filho deles e o segurei. Fazia muito tempo desde que eu segurara um bebê, eu estava preocupada dele chorar com minha falta de experiência. Ele gritou e chutou as pernas quando agarrou a gola da minha camisa. Baba continuou escorrendo pelo queixo, reunindo no meu peito.

— Mamãe disse que ele é como uma torneira. Ele sempre tem cuspe e ranho. Os meninos são apenas nojentos. — Maddison se sentou ao meu lado e enfiou o pirulito azul na boca.

Eu ri de sua irritação óbvia com a máquina de baba que eu segurava. — Não sei, ele é bonito, você não acha? — Eu disse, passando o meu dedo sobre a bochecha dele.

— Sim, eu acho. Ele se parece com o papai Colt, — afirmou. Colt não era seu verdadeiro pai, mas o homem a amava como dele. Ele encheu todos os três com amor suficiente para deixar com inveja alguém do lado de fora de seu pequeno círculo.

— Você devia ter um, — ela disse calmamente, encolhendo os ombros como se fosse tão simples.

— Talvez um dia, — eu disse, sorrindo para ela. Uma tristeza passou por mim quando percebi que a minha mãe nunca teria a chance de segurar meus filhos.

— Tio Jett gosta de bebês, — ela disse antes de morder seu pirulito. Pequenos pedaços caíram dos cantos de sua boca e aterrissaram no chão. — Não sei como os bebês chegam em sua barriga, mas sei que a tia Harper disse à mamãe que a espuma de Colt faz lindos bebês. — Ela fez uma pausa e mordeu o pirulito novamente. — Talvez Colt lhe dê alguma espuma.

Meus olhos se arregalaram e sei que meu queixo caiu em estado de choque. Eu não tinha ideia do que dizer em resposta. A pior parte sobre isso estava em olhar para cima e encontrar Jett e sua mãe diretamente atrás de Maddison. O calor subindo para meu rosto me fez sentir como se a temperatura tivesse subido apenas vinte graus.


***


Depois que eu expliquei a conversa que conduziu até Colt e sua espuma mágica, isso se tornou uma forma de assediar o pobre Colt. Ele rolou com os golpes e sentou-se orgulhosamente, com os ombros enquadrados, como se fosse o rei do mundo.

Maddison estava fora colorindo na sala de estar, o que significava que tínhamos o reino livre para provocar e insultar. Harper é claro correu com isso. Ela era realmente muito letal – às vezes engraçada, mas letal. Ela pensou ser divertido Jett se tornar territorial, de modo que continuou alimentando o fogo.

Jett colocou o braço sobre as costas da minha cadeira possessivamente durante a conversa sobre Colt fornecer massa para bebê para uso de todos, obviamente não gostando da brincadeira que minha conversa anterior havia iniciado.

— O único que fornecerá a Quinn será eu mesmo, — afirmou. — Meus bebês serão os únicos bebês que ela carregará. — A voz dele ecoou pela sala de jantar, assemelhando-se a perto de um maldito rosnado.

Virando minha cabeça para o lado, eu olhei para a sua expressão séria, incapaz de não sorrir em seus caminhos possessivos. — Oh, isso é um fato. — Eu zombei um pouco mais, desfrutando completamente a forma como a sua atitude dominadora me fez sentir. Eu amo suas tendências de homem das cavernas.

Com um sorrisinho puxando o canto dos lindos lábios, ele se inclinou um pouco mais perto. — A verdade definitiva, — afirmou. — Você é minha, Quinn Tucker. É hora de encarar. Nenhum homem jamais chegará perto desse corpo. É meu, o que significa que qualquer possibilidade de criação vai, de fato, acontecer somente se eu for o único plantando minha semente.

Sua boca cobriu a minha antes que eu pudesse falar, me dominando, fazendo meus dedos se enrolarem. Um grito alto seguido por palmas e um grito encheu a sala.

Nada era melhor do que ser possuída por Jett. Ele tinha uma capacidade de fazer tudo, além de nós dois, parecer sem importância. Ele estava certo; eu era dele, completamente.


Capítulo Quarenta e Três

 

Jett


— Então, Quinn nunca vai voltar a trabalhar? — Jude perguntou quando entrei na cozinha. — Sinto falta da espontaneidade dela. Oh, e aqueles olhos de cachorrinho. Ela tem a capacidade de derreter um homem, não importa quão frio ele esteja por dentro.

— Oh Jude, vamos lá, você não é frio, — assegurei a ele quando ri com o sarcasmo na minha voz. Ele sabia que eu sabia de tudo. Jude é de fato um dos mais frios bastardos que eu conhecia, mas ele tinha razões para ser. Razões que não eram minhas para compartilhar.

— Ela está estudando, finalmente fazendo o que ela tinha a intenção de fazer, — respondi. — Você a verá ao redor, apesar de tudo.

Quinn se matriculara na faculdade local, e após uma longa luta com seu pai e eu, ela cedeu e nos deixou ajudar. Acontece que seu pai tem algum dinheiro que ninguém sabia. Seus pais não apenas deixaram a casa de infância para ele, mas uma bela quantia no banco também. Eu também queria ajudar, por isso entre nós dois, ela já estava matriculada na faculdade e trabalhando em direção a seus sonhos.

— Ela estará aqui esta noite para o jantar, por volta das cinco. Ela está me encontrando. — Estendi um bilhete de pedido e ele o tirou de mim. — Esse é o nosso pedido, o prato favorito dela. Você pode fazê-lo, então?

Seu olhar encontrou o meu e seu rosto não mostrou nada.

— Comprei alguma coisa para ela, e quero que a noite seja perfeita, quando eu der a ela. — Informei a ele.

— Você acha que vocês dois estão prontos para essa etapa, chefe? — Perguntou. — Eu sei que realmente não é da minha conta, mas propondo assim tão cedo pode não ser a sua jogada mais inteligente.

Eu acho que apenas engoli minha própria língua com as palavras dele. — Ninguém disse que eu estava propondo, merda, Jude. Comprei um presente, não um anel. — Não é que eu não quero algum dia pedir Quinn em casamento, simplesmente não era hoje. Nenhum de nós estava pronto para isso ainda.


***


— Ei, linda, — sussurrei quando me inclinei e beijei suavemente seus lábios. — Como foi o seu dia?

Ela usava um par de skinny, calças cortadas e uma camisa que pendia de seu ombro. Sandálias de salto alto enfeitavam seus pés e me deram pensamentos sobre ela usando apenas eles e nada mais.

— Ótimo. Esqueci como a escola era desgastante, na verdade, — ela respondeu.

Puxei a cadeira e deslizei-a lentamente depois que ela sentou. Uma vez que eu estava sentado em frente a ela, eu não poderia esperar mais. Estendi a mão debaixo da mesa e peguei a caixa. Seu olhar perplexo focou na caixa embrulhada em prata com um laço vermelho.

— Eu ia esperar até depois do jantar, mas não posso aguentar por mais tempo. Preciso ver seu rosto quando o abrir. — A excitação correndo por mim era inacreditável.

Passei a caixa sobre a mesa e a assisti começar a remover o papel. Quinn levantou cuidadosamente a tampa, e seus olhos se iluminaram, um sorriso enorme se espalhando sobre seus lábios. — É... — ela parou no meio da frase quando olhou para mim.

Balancei a cabeça. — Sim, é a câmera que você queria. O vendedor disse que era perfeita para um fotógrafo profissional. Pensei que seria mais fácil para você compartilhar seu talento se você tivesse o melhor. Existem algumas lentes diferentes também. Um saco para manter tudo e uma alça.

Quinn colocou a câmera na caixa, se levantou da mesa, e caminhou ao redor da borda. No momento em que estava ao meu lado, ela se inclinou e jogou os braços ao redor do meu pescoço.

— Muito obrigada. Você é tão bom para mim. — Ela beijou meu pescoço e a puxei para o meu colo. Eu sabia que estávamos em exposição, mas eu precisava dela perto.

— Você merece isso, baby, — respondi.

Ela se inclinou para trás e a beijei suavemente.

— Eu te amo, — ela sussurrou contra meus lábios.

— Eu também te amo, — eu disse.


***


Um som de clique seguido por outro me puxou do meu sono. Eu ainda estava exausto da noite passada. Quinn foi extremamente grata por sua câmera e passou a noite repetidamente me mostrando o quanto. Um sorriso puxou em meus lábios enquanto eu pensava apenas quantas vezes fizemos amor. Eu podia sentir-me endurecendo com as imagens em minha mente.

Outro clique quando a cama afundou perto de mim. Eu estava dormindo no meu estômago com meu braço jogado por cima da cabeça, descansando sobre o travesseiro. Lentamente abri um olho e olhei em direção ao som de clique. Quinn pairava sobre mim enquanto continuava tirando fotos e mais fotos de mim.

Eu gemi, peguei o travesseiro, e coloquei sobre a cabeça.

— Pare de se esconder, — ela protestou.

— Por que eu pensei que te dar uma câmera era uma boa ideia está além de mim, — reclamei enquanto ela puxava o travesseiro ainda cobrindo minha cabeça.

— Porque você me ama, — ela declarou.

Antes que ela pudesse se preparar, levantei-me da cama e joguei seu corpo sob o meu. Peguei a câmera de sua mão e estendi-a para o lado.

— Me devolva, — ela disse enquanto tentava sair do meu controle.

Eu a prendi debaixo de mim enquanto eu pairava acima dela, tirando fotos. Ela cobriu o rosto com as mãos e riu.

— Estou uma bagunça, pare, — ela gritou, balançando ao redor.

— Ok, eu vou parar de tirar fotos. Acho que já tem mais de uma centena, de qualquer maneira.

Inclinei-me e coloquei a câmera no criado-mudo. Quando voltei, eu abaixei meu corpo sobre o dela e prendi as mãos dela sobre a cabeça. — Estou pensando que eu deveria ter colocado restrições sobre o uso dessa câmera. Sabe, sem fotos minhas.

Quinn lambeu o lábio enquanto abria as pernas e as envolvia em torno da minha cintura. — Eu adoro olhar para você, no entanto. Você não deveria ser tão bonito.

A luxúria enchendo os olhos dela fez meu comportamento brincalhão mudar instantaneamente. Um forte desejo de assumir o controle tomou conta de mim. — Essa câmera pode ser divertida para brincar, — sussurrei, arrastando meus lábios acima de sua mandíbula. Parei apenas ao lado de sua orelha e chupei delicadamente o lóbulo. — Eu adoraria capturar o olhar em seu rosto quando você está excitada, — sussurrei. Ouvi-a tomar um fôlego. — Esse olhar acontece de ser o mais sexy que eu já vi.

— Jett, — ela gemeu quando pressionei minha dureza contra seu centro. A única coisa que nos separava era a fina calcinha de seda. — Por favor. — Eu podia ouvir a necessidade em sua voz.

— Por favor, o que?

— Eu quero você. — Ela já puxava a calcinha dela, tentando arrastá-las por suas pernas. Lutei contra o sorriso que repuxou meus lábios. Ela era a minha gata selvagem, e deixá-la excitada era excitante pra caralho.

— Você precisa de mim? — Perguntei.

— Sim, — ela choramingou assim que sentiu a ponta da minha ereção deslizando através de sua umidade. — Oh sim, por favor.

— É isso que você precisa? — Perguntei. — Você precisa de mim dentro de você?

Ela assentiu com a cabeça e levantou os quadris, balançando contra mim. — Me foda, — ela gemeu.

Eu quase ri com seu tom exigente. Eu me levantei e me afastei, em seguida, dirigi para frente em um impulso forte. Quinn suspirou e jogou a cabeça para trás. Ela queria que eu a fodesse. Ela não queria que fosse lento e doce. Ela precisava forte e rápido, e eu estava dentro.

Nossos corpos brilhavam com a umidade à medida que nós nos movíamos juntos, a cama batendo contra a parede, a nossa respiração irregular. Nós estávamos perdidos na intensidade do momento.

— Minha, — rosnei. — Toda minha.

Ela era tudo que eu queria, tudo que eu precisava. Coisas com Quinn fazia sentido. Ela era a garota que eu vi em meu futuro. Aquela que eu imaginei ao meu lado. Com o tempo eu tornaria isso oficial.


Capítulo Quarenta e Quatro

 

Quinn


— Bem, nós vamos sentir sua falta aqui, menina, — disse Kasey quando ela me abraçou. — Não seja uma estranha.

— Prometo ficar em contato, — eu disse a ela.

Jett finalmente me convenceu a deixar o Spencer’s. Eu poderia trabalhar mais horas no Jett’s e ir para a escola a tempo integral. Eu queria fazer um futuro em fotografia, e não tinha mais uma casa para sustentar. Então, eu poderia fazer isto funcionar. Eu estava um pouco triste de deixar as meninas que conheci aqui, mas não sentiria falta do lugar em si.

Esta era a minha última noite, e estava mais do que pronta para terminar. O lugar estava muito cheio esta noite, cheio de homens bêbados e desordeiros que estavam excessivamente de mãos bobas.

Eu tinha certeza que Corbin e Hank já haviam jogado fora quatro rapazes, um dos quais agarrou meu seio e não me soltou. Essa contusão seria divertida para explicar a Jett depois. Eu me encolhi com o pensamento da reação dele.

Cerca de uma hora antes de fechar, eu ouvi um barulho no final do bar. Hank segurava algum grandalhão enquanto Corbin tentava controlar a multidão circundante. Justo então eu avistei Kasey no centro do rebanho de homens, sendo empurrada em torno de cara a cara. Ela parecia apavorada, e Corbin tentava alcançá-la. Vi uma maneira de contornar o grupo através da parte de trás do bar. Corri na direção e abri a escotilha no final, apontando-lhe para vir em minha direção. Eu a levaria para trás do bar e a tiraria do caminho do mal.

Nunca em um milhão de anos eu esperava o que aconteceu em seguida. Kasey avançou, e assim que eu estava prestes a fechar a escotilha alguém agarrou meu braço esquerdo. Fui empurrada para frente e imprensada entre dois grandes caras. O cheiro de uísque derramando deles me deixou tonta.

Eles me apalparam, me sentindo. Tentei me livrar, e minha camisa foi arrancada do meu peito. Eu gritei por ajuda quando um dos homens agarrou a minha saia.

O mais forte dos dois me prendeu contra a parede na borda do bar e continuou me tocando. Lágrimas lutaram para escapar enquanto eu olhava para o pedaço de merda que me agredia. — Você é um porco nojento, — cuspi nele.

Um grande sorriso sádico espalhou por seu rosto. Quando ele avançou mais e mais perto, eu prendi a respiração. Podia sentir a bile subir e náuseas ultrapassar-me.

De repente, houve um estalo, seguido de uma umidade escorrendo pela minha frente. Os olhos do homem se arregalaram enquanto ele deslizava lentamente para o chão.

Olhei para cima para encontrar Kasey na parte superior do bar, ainda segurando o que restava de uma garrafa de vodca. Ela havia a esmagado contra a nuca do homem. Olhando à nossa volta, vi homens de uniforme e a equipe de segurança do clube colocar as coisas em ordem novamente. A realidade do que poderia ter acontecido me bateu forte, e um soluço escapou de mim quando afundei no chão.

A próxima hora passou em um borrão, conforme fui levada ao hospital para observação. Eu tive conhecimento de que quando Kasey quebrou a garrafa sobre a cabeça do verme, vidro havia me cortado também. Eu já tinha três pontos em meu queixo, perto da minha orelha, e um corte bastante desagradável no ombro.

Depois que eu falei com a polícia e falei sobre os acontecimentos da noite, a enfermeira me perguntou se havia alguém que ela poderia chamar.

Vinte minutos depois, um muito chateado e furioso Jett invadiu, exigindo respostas. E pelo olhar em seus olhos, ele estava pronto para matar alguém. Com as narinas dilatadas e mãos em punhos, eu tinha medo que ele fosse preso se não se acalmasse. No momento em que me encontrou, só piorou.

Ele girou em torno de Daryl, o proprietário do clube, e ficou a dois centímetros do rosto dele. — É esta a merda que você deixa acontecer em seu clube? Meninas serem atacadas e agredidas bem debaixo do seu nariz de merda.

Eu estava prestes a me levantar da cama para detê-lo, mas meu pai entrou no quarto e tomou o controle.

— Jett. — Ele agarrou o ombro dele e o afastou de Daryl. — Não aqui, não assim.

Jett olhou para o meu pai e seus ombros caíram. Seu olhar fixo no meu e ele quebrou. Ele atravessou a sala e me abraçou, me inspirando.

— Estou bem, — sussurrei em seu peito. — Está tudo bem, eu estou bem, — assegurei a ele. Mesmo que por dentro eu queria desmoronar, eu não podia deixá-lo ver isso.


***


Jett insistiu que eu ficasse dois dias fora do restaurante e da escola. Não discuti com ele, porque eu estava mal me segurando e poderia aproveitar o tempo para me recuperar.

Fiquei feliz quando fui capaz de convencê-lo a ir para o trabalho. Eu disse que só queria descansar. Precisou um monte de argumentos, mas ele finalmente saiu.

Preparei um banho de banheira e afundei na banheira. Fechei os olhos com força, e quando não pude segurar por mais tempo, eu soltei. Chorei forte, arfante, com ranho, de forma que nenhuma menina parecia bem depois.

Uma batida na porta do banheiro me fez pular de surpresa.

— Quinn? — Uma voz suave filtrou através do cômodo.

— Hey, Quinny, podemos entrar? — Aquela eu reconheci.

Sequer tive a chance de responder quando a porta se abriu bem devagar e Avery colocou a cabeça para dentro.

Quando a vi, eu me perdi novamente. Seus olhos brilhavam com as lágrimas que estavam não derramadas também. Ela virou e falou com alguém atrás dela. — Dê-me alguns minutos para ajudá-la a sair da banheira.

Ela fechou a porta e caminhou em minha direção, segurando uma toalha. Saí da banheira e me sequei antes de vestir meu roupão. Ela então me levou para o quarto, e encontrei Harper esperando, segurando uma garrafa de vinho e três copos.

— Harper, são apenas dez da manhã, — eu disse.

Ela deu de ombros e sorriu. — Então é melhor começar a se mexer, porque já perdeu algumas boas horas de consumo. Tenho três garrafas deste material. Temos um dia inteiro a nossa frente.

Após a primeira hora e a primeira garrafa, minha guarda lentamente caiu. Comecei a falar e ambas ouviram em silêncio.

— O tempo todo em que ele me tocava, tudo que eu conseguia pensar era em Jett. Eu esperava que ele viesse e me resgatasse. Silenciosamente eu implorava para ele aparecer e me salvar. — Fiz uma pausa e tomei outro gole. — Fechei minha mente quando percebi que ele não viria. Fechei e bloqueei a sensação das mãos dele.

As lágrimas corriam pelo meu rosto, gotejando na minha mão que ainda segurava o copo de forma segura. — Agora eu não posso fechar os olhos sem ver o rosto do cara. Não posso me limpar o suficiente. Eu sei que poderia ter sido pior. Sei que se Kasey não tivesse feito o que fez, teria sido pior. Não tira o desgosto que eu sinto agora, no entanto.

— Jett se culpa também, — respondeu Harper. A voz dela tremia, e sim, me chocou. Ela nunca mostrou emoção negativa. — Ele disse que deveria ter estado lá. Mas ele esteve trabalhando até tarde e depois ficou para tomar uma bebida com Jude antes de sair. Ele passaria no Spencer’s, mas foi para casa para esperar por você, em vez disso.

Ouvir que ele se culpava doeu. Não havia como ele saber.

— Vocês podem me ajudar com uma coisa? — Perguntei.

Ambos assentiram com a cabeça e me esperaram explicar o que precisava antes de nós três começarmos a trabalhar.


Capítulo Quarenta e Cinco

 

Jett


— Eu posso dizer que ela está escondendo o quanto isso está a afetando. Não sei como corrigir, — confessei, olhando nos olhos de Beau. Liguei para ele quando saí de casa esta manhã e perguntei se ele poderia me encontrar no restaurante. Matava-me não ter a mantido segura.

— Ela é uma garota forte, Jett. Você, de todas as pessoas, deveria saber disso. Ela passará por isso, e tudo o que podemos fazer é estar lá para ela. Nenhum jogo da culpa, nenhuma solução fácil. Basta estar lá quando ela estiver pronta para nos deixar ajudá-la, — disse Beau quando se sentou no outro lado da minha mesa, olhando para mim.

— A dor nos olhos dela é quase demais. Ela teve tanto; eu quero vê-la feliz. Sei que ela passará por isso, eu simplesmente odeio que ela ainda tenha que passar por isso.


***


Eu me enterrei no trabalho, e quando olhei para o relógio, o pânico tomou conta. Passava das cinco, e eu planejara estar em casa muito antes de agora.

Peguei meu telefone, disquei o número de Quinn, e esperei que ela atendesse.

— Oi, bonito. — Ela parecia muito melhor do que quando saí esta manhã. Acho que a minha decisão de ter Harper e Avery visitando-a foi uma boa.

— Hey, baby, eu não achei que trabalharia até tarde, — disse a ela. — Eu estava me preparando para ir para casa e me perguntei o que você queria para o jantar.

— Já cuidei disso, apenas venha para casa.

— Estou a caminho, — disse a ela. — Eu te amo, baby.

— Amo você, tenha cuidado, — ela disse.

Quando cheguei em casa e caminhei pela porta da frente, o aroma encheu a casa. Andei até a esquina com a sala de jantar, e a mesa estava posta, e lá estava a minha menina.

Ela parecia muito melhor, ainda que a atadura em sua mandíbula e pescoço me irritasse. Esforcei-me para controlar meus sentimentos e esconder dela. — Cheira bem, — eu disse enquanto colocava as minhas chaves e carteira no balcão. — Você deveria estar descansando.

— Um dia com Harper é tudo menos repousante, você sabe disso. — Ela ficou na ponta dos pés e me beijou suavemente. — Obrigada por fazer com que Avery e Harper viessem me verificar. Foi bom ter companhia.

— Eu teria ficado aqui com você. Tudo o que precisava fazer era pedir. — Na verdade, eu queria, mas ela insistiu que eu trabalhasse.

— Era preciso um dia das meninas. Deixou as coisas mais claras.

Olhei para ela com uma expressão confusa. — Mais claras? — Perguntei.

Ela me levou para o sofá, e uma vez que me sentei ela se arrastou por cima de mim e colocou um joelho de cada lado das minhas coxas. Descansei minhas mãos nos seus quadris e olhei para seus grandes olhos castanhos, ainda avermelhados pelo que suponho que era um choro recente. Esse pensamento fez meu peito doer novamente.

— Nada sobre a noite passada foi culpa sua. — Comecei a discutir, mas ela apertou o dedo contra meus lábios.

— Não, — ela disse. — Não foi culpa minha ou sua. Nós não fazíamos ideia de que isso aconteceria. Nós dois precisamos aceitar isso. Foi o que aconteceu, e sim, me tem sentindo fora de forma agora, mas é você quem vai me nivelar. Você, Jett, e preciso de você. Preciso que saiba que você não é o culpado.

Olhei para ela e não queria nada mais do que concordar com ela, mas porra, eu deveria ter ido lá ao invés de voltar para casa.

— Eu sei o que você está fazendo na sua cabeça, e precisa parar, Sr. Jameson. Você não se culpará. Falo sério. Acabou. — Ela pressionou a testa contra a minha. — Você é a minha segurança, Jett. Ontem à noite foi um choque para todos nós, mas estou bem. A única maneira que eu vou superar isso é se você aceitar que você não tinha controle sobre o que aconteceu. Quero passar por isto. Preciso seguir em frente com isso. Você não pode se culpar por nada que a noite passada trouxe.

Inclinando a cabeça até a minha, ela traçou o polegar sobre meu lábio inferior, abriu os olhos, e focou apenas em mim. — Prometa-me que deixará ir esta culpa que você sente.

Eu queria dizer a ela que não podia, que era minha culpa, mas olhando para ela agora, quando ela estava tão vulnerável, eu não podia. Ela precisava disso de mim, e não havia nada que eu não daria a ela. — Ok, eu vou tentar, baby. — Tomei seu rosto em minhas mãos e a beijei. — Eu vou tentar, — assegurei a ela mais uma vez antes de abraçá-la.


Epílogo

 

Quinn


— More comigo, — ele sussurrou em meu ouvido enquanto o sol brilhava através das cortinas, assim que começou a subir. — Você praticamente vive aqui, de qualquer maneira. Vamos tornar oficial.

Sorri quando ele beijou meu pescoço. Passara um mês desde que fui atacada no Spencer’s, e dormi nos braços dele quase todas as noites desde então. Ele era a minha segurança, e os braços dele eram o único lugar que eu realmente me sentia completa. Eu me virei para encará-lo e olhei para seu olhar sonolento. Seu cabelo estava desgrenhado e levantando-se em todas as direções.

— Você tem certeza disso? — Perguntei e beijei sua mandíbula. — Você está pronto para todas as minhas coisas tomarem sua bancada no banheiro? Todas as minhas roupas e sapatos assumindo seu armário? Toda a minha merda feminina, como você colocou, ultrapassando a sua decoração viril?

Ele rolou por cima de mim e olhou para mim, sorrindo aquele oh tão sexy sorriso. — Eu preciso da sua merda feminina assumindo. Preciso ser incapaz de encontrar minha colônia, porque o seu material está bagunçando o banheiro, e não me importo se eu tiver apenas um cantinho do armário. Desde que isso signifique que todos os dias e todas as noites eu encontrarei o seu corpo bonito em nossa cama. — Ele me beijou e pairou sobre mim, me olhando, esperando pela minha resposta.

— Eu te amo, — eu disse. — Você era inesperado. Nosso primeiro encontro foi completamente imprevisível, e a maioria das pessoas olharia feio sobre isso. As pessoas pensam que de maneira nenhuma alguém poderia encontrar aquele para quem foram destinados da maneira que nós fizemos. — Ele continuou olhando para mim, ainda à espera. — Mas eles estão errados. Se eu tivesse saído sozinha naquela noite, eu não teria encontrado a única pessoa que me salvou. Você entrou na minha vida quando eu mais precisava. Eu precisava de alguém para lutar por mim, e pela primeira vez me fazer sentir como se eu valesse a pena. Você fez isso.

Puxei-o para mim e o beijei. — Eu te amo tanto, e adoraria encher sua casa com todas as minhas merdas femininas.

Ele sorriu contra meus lábios. — Nossa casa, — ele disse. — Esta é nossa casa.


***

 

Jett


— Bem, algo não está certo. Você aparecendo tarde, essa merda não é normal, — disse Kade quando eu casualmente passeei em meu escritório. Eu estava relaxado e me sentindo mais elevado do que a vida. — Pelo olhar em sua cara eu diria que valeu a pena.

Eu ri enquanto me sentava na minha mesa. — Quinn concordou em morar comigo, — eu disse. — Passei a manhã inteira mostrando a ela o quão feliz a decisão dela me deixou. Pensei que fosse a coisa certa a fazer.

Eu sabia que tinha um inferno de um sorriso no meu rosto. Um daqueles que faz com que suas bochechas doam. Quinn e eu estávamos prestes a dar o próximo passo em nosso relacionamento. Sabendo que ela estaria lá na nossa casa diariamente quando voltasse me fez um inferno de um homem feliz.

Tudo que Kade podia fazer era sacudir a cabeça e rir. — Você está diferente, diferente bom. Apenas é bom vê-lo assim tão feliz.

— Talvez você devesse dar uma chance. Você nunca sabe o que pode acontecer, — respondi. O rosto dele caiu, e me arrependi instantaneamente de dizer algo.

— Eu tive uma vez, cara. Não sei se eu algum dia terei a sorte de ter novamente. Fica bem em você, no entanto. Você costumava ser todo trabalho e nenhum jogo. Quinn é boa para você. Ela traz à tona o Jett que eu conhecia.

Kade estava ficando todo sério comigo, e tive que quebrar o gelo. — Desde quando você começa a ficar todo feminino e merda? — Ele sorriu e caiu contra a cadeira.

O alto smack da porta do meu escritório voando aberta, apenas para colidir com a parede, fez-nos pular. Harper veio irrompendo, parecendo estar pronta para matar alguém. Se fosse possível cuspir fogo, ela teria. Seu rosto estava vermelho de raiva, e suas narinas dilatadas. Para qualquer outra pessoa ela poderia ter sido intimidante. Para mim, ela parecia muito, muito engraçada.

Ela pegou minha porta e a fechou de repente, em seguida, virou para me encarar. Ela ainda não havia notado Kade sentado no sofá.

— Você, — ela resmungou, apontando o dedo diretamente para mim conforme marchava com determinação pura.

— Ah foda, o que agora? — Murmurei.



 


{1} Ficar acordado até tarde trabalhando, estudando ou festejando.

{2} Competir muito fortemente contra alguém que espera vencer uma competição.

{3} Remédio para cólica menstrual.

{4} No inglês, a expressão usada para se apaixonar é cair de amor, daí a fala de Jett sobre pegá-la.

{5} Talvez a marca mais famosa do bastão de beisebol no mundo.

{6} Uma expressão facial neutra ou séria, conforme exibido por um jogador.

{7} Sabor de sorvete com mini marshmallows, amendoins picados e gotas de chocolate.

 

 

 

                                                                                                    C. A. Harms

 

 

 

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