Capítulo 23
Raphael sentiu a volta de Cyn ao complexo, soube quando ela entrou no prédio e quando ela se demorou no andar de cima ao pé do elevador falando com Elke e os outros. Ele era egoísta o suficiente - e sabia que era seu ego - que o irritava ela não ter chegado antes dele acordar para a noite, tê-la conversando no andar de cima ao invés de descer diretamente para cumprimentá-lo. Sua boca contorceu em um meio sorriso quando ele considerou a provável reação dela à sua irritação.
As portas do elevador se abriram atrás dele. Ele não se virou, mas continuou se vestindo, puxando uma camisa preta de mangas compridas sobre sua cabeça. Os braços dela ao redor de sua cintura impediram-no de puxá-la mais para baixo, as mãos ainda frias da temperatura no exterior.
— Me desculpe eu não estar aqui quando você acordou. — disse ela, beijando suas costas nuas. — Um caminhão derrapou completamente, bloqueando a estrada. Nós eventualmente conseguimos ir por um desvio, mas levou tempo.
— Você não esteve envolvida no acidente? — ele disse, olhando seus cabelos negros sobre os ombros, que era tudo o que ele podia ver no espelho.
— Não. — disse ela, olhando ao redor para encontrar seu olhar refletido. —Aconteceu antes de chegarmos lá.
Ele se virou e beijou o topo da cabeça dela, puxando sua camisa para baixo e prendendo-a em suas calças antes de abotoar o botão.
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Ela fez um pequeno barulho exasperado pela sua saudação fria e, em seguida, desabou em uma cadeira, observando enquanto ele se sentava na cama para puxar as botas.
— Você está trocando de roupa? — ela perguntou, afirmando o óbvio.
— Duncan e eu nos encontramos com os outros antes. Maxime continua a examinar os registros no servidor local, embora ela não tenha encontrado nada e eu suspeito que não vá encontrar. Eu vou dividir as minhas pessoas em três equipes e deixá-los caçar à maneira antiga por agora. Cada equipe vai começar em uma das cenas de crime e circular para fora a partir daí, terminando com a própria cidade. Podemos cobrir muito mais território de um modo muito mais eficaz do que qualquer equipe de busca humana. Meus vampiros estão ficando impacientes com essa interminável espera e com raiva por causa disso. Esta busca irá dar-lhes algo para fazer. Eu não suponho que você e seu amigo Colin descobriram algo de útil?
Ele olhou para cima e a pegou olhando-o com cautela. Ele encontrou seu olhar com um olhar interrogativo, sobrancelhas levantadas, mas ela apenas revirou os olhos por breves instantes e disse:
— Murphy avisou seus contatos sobre os eletrônicos roubados. Pode aparecer alguma coisa. Enquanto isso, porém, questionamos alguns moradores. Foi muito chato. Eu me senti mal por Robbie, tendo que me seguir. Mas me deu algumas idéias para dar seguimento no computador hoje à noite. Você está saindo com a caça?
— Sim.
— Você deve deixar Elke ir com você. Eu só vou ficar no caminho lá, então vou ficar aqui e trabalhar. Há um monte de regulamentos e equipamentos vindo para esta área. Isso vai aparecer em algum lugar. Eu só tenho que encontrar o fio certo e puxá-lo.
Raphael se levantou, batendo os pés levemente para encaixar as botas. — Eu não espero muito de hoje à noite. A caçada real vai começar quando tivermos algo mais para seguir, talvez a partir do trabalho de Maxime, ou do seu. Mas até lá, vamos caçar da única maneira que podemos. — Ele vestiu o longo casaco de couro e começou a ir em direção ao elevador.
— Raphael. — protestou ela por trás dele.
Ele se virou para considerá-la, observando o brilho de seus olhos mesmo sob a luz fraca.
— Você não vai mesmo me beijar? — perguntou ela.
Ele estudou-a silenciosamente, em seguida, estendeu a mão. Ele quase sorriu pelo flash de teimosia que atravessou seu rosto. Mas manteve sua diversão para si mesmo, esperando que ela chegasse a ele.
Ela fez isso, suspirando pesadamente. — Por que eu me apaixonei por um maldito lorde vampiro arrogante eu nunca vou saber. — ela murmurou, entrando em seus braços.
Ele a abraçou, sorrindo contra o cabelo sedoso.
— Já me perguntei a mesma coisa muitas vezes. — disse ele. — Embora, a minha própria questão é um pouco diferente da sua.
Ela bateu levemente nele e levantou o rosto para o seu para o muito atrasado beijo.
— Boa noite, lubimaya. — disse ele, em seguida, puxou-a para um longo e ardente beijo, colocando nele poder apenas o suficiente para lembrá-la forçosamente de sua vida amorosa. Seus mamilos endureceram contra seu peito e seu coração acelerou enquanto ela apertava seu corpo elegante contra o dele.
— Maldito seja. — ela sussurrou quando ele levantou os lábios dos dela. — Isso é maldoso.
Deu uma risada. — Foi você que pediu um beijo, minha Cyn.
— Você vai ficar lá até quando? — ela perguntou sem fôlego.
— Isso vai depender de muitas coisas. — Ele pegou sua mão e foi para o elevador de novo. — Acidentes de trânsito e etc. — acrescentou suavemente.
Elke estava em seu posto no corredor do lado de fora do elevador quando ele e Cyn surgiram. Ele sabia que Cyn estava certa, que Elke preferia se juntar à caça hoje à noite, mas independentemente do que Cyn pudesse dizer sobre suas intenções de permanecer ligada ao computador, ele não confiava nela. Se algo lhe chamasse a atenção, se sua busca no computador revelasse algo intrigante, ela iria para a noite sem um pensamento sobre sua própria segurança ou a sua promessa a ele.
Ele viu Duncan e os outros à espera do outro lado da grande sala. Antes que ele pudesse ir nessa direção, porém, Robbie Fields, o guarda-costas humano em quem ele havia confiado a segurança de Cyn durante o dia, fez-lhe sinal de perto da porta da sala de jantar. Raphael deixou Cyn provocando Elke - ela estava tendo uma discussão muito séria com a vampira sobre com que jogo de tabuleiro elas deviam ocupar seu tempo esta noite - e juntou-se à Robbie, que se abaixou na sala de jantar fora de vista.
— Meu senhor. — Robbie disse logo que o viu.
— Robbie. — Raphael saudou-o. — Cyn me disse que você teve um dia calmo.
A surpresa do humano era óbvia e muito previsível. — Não exatamente, meu senhor.
— Ah. Então, me diga, o que exatamente aconteceu?
Depois de uma conversa curta, mas informativa, Raphael deixou a sala de jantar e foi direto para os sofás onde Cyn estava sentada conversando com Elke e alguns dos outros. Ele já tinha assegurado Robbie de que ele tinha feito a coisa certa, tanto no desempenho do seu dever como ao relatar os detalhes para Raphael. Não que tivesse havido qualquer dúvida sobre a última.
Raphael deixou claro que queria um relatório completo sobre as atividades de Cyn, sabendo bem a sua tendência para encobrir pormenores. Ela alegava que era para evitar perturbá-lo desnecessariamente, mas mesmo ela não acreditava mais que ele era enganado por essa desculpa.
— Um momento, minha Cyn. — disse ele, tomando-lhe a mão e puxando-a para fora do sofá e de volta pelo corredor até o elevador.
A audição de vampiro era excelente e ele não queria que todo o complexo ouvisse a conversa que ia acontecer.
Ela virou-se logo que estavam lá embaixo, sua boca apertada com irritação.
— Robbie foi contar, não foi?
— Contar? Robbie fez o seu dever, que é primeiro protegê-la, mas segundo informar-me de qualquer perigo incorrido durante a sua vigilância.
— Nunca houve qualquer…
— Então por que eu tenho que ouvir isso dele, em vez de você? Supremacistas brancos? Grupos de ódio aos vampiros? Você não acha que é relevante? E sobre a ameaça clara a você feita por um homem com ligações suficientes para conhecer os homens que atacaram Mariane?
— Eu sabia que você ia pirar assim. — ela murmurou.
Ele olhou para ela com impaciência. — Estou tentado a trancar você neste quarto…
— Apenas tente!
— Mas, como você tantas vezes me faz lembrar, você é quem é. Assim vou-me contentar com avisar à minha segurança para ser extra vigilante. — Ele virou as costas e entrou no elevador mais uma vez, olhando para ela de lá sem paixão. — Estou decepcionado, minha Cyn. — As portas fecharam um segundo antes de ele ouvir algo duro bater em sua superfície. Ele riu alto o suficiente para ela ouvir quando o elevador começou a ir para cima.
Ele ainda estava sorrindo quando surgiu no andar de cima, encontrando Duncan no meio da sala grande quase vazia.
— Meu senhor. — disse Duncan um pouco desconfiado.
— Vamos tomar um pequeno desvio, esta noite, Duncan. Deixe os outros irem à frente.
— Sim, meu senhor. Juro vai acompanhar-nos, é claro. Você quer alguém…
— Nenhum outro. Vamos nos juntar à caça mais tarde.
Raphael caminhou para fora na noite molhada, por uma vez não percebendo o tempo. Era tempo destes seres humanos aprenderem que havia um preço a pagar por ameaçar o que era de Raphael. E ele pretendia começar a sua instrução esta noite.
Capítulo 24
Sophia dirigiu lentamente para baixo da pista estreita para a casa de Colin. Ela quase perdeu o desvio, só tinha pego por causa da voz melodiosa do GPS exortando-a a virar à direita. Mesmo assim ela passou direto por ela e teve que voltar até fazer a curva. A pista quase parecia não ser larga o suficiente para passar com o sedan de luxo que Wei Chen havia fornecido para ela, mas ela pensou que poderia ser mais devido à sua falta de experiência em condução do que qualquer outra coisa. Afinal, ela se lembrou que Colin dirigia um desses carros gigantes americanos, como se a coragem de um homem estivesse ligada de alguma forma com o tamanho de seu carro. Ou talvez fosse outra coisa, algo mais intrínseco de ser um homem? Ela riu alto com o pensamento. Como ela lembrava, Colin não tinha preocupações a esse respeito.
Todos os pensamentos de riso morreram quando finalmente chegou à casa de Colin. Ela viu as primeiras luzes, brilhando através das árvores onipresentes que se reuniam perto, ao redor e acima da pista estreita. Logo depois, ela entrou em uma clareira grande e viu a casa. Era uma grande casa, toda de madeira e vidro, com a luz irradiando de cada uma das muitas janelas, incluindo toda a metade superior da própria. Havia prolongamentos laterais em ambos os lados, mas apenas o da direita tinha as luzes acesas.
Pelo menos ela poderia estar certa de que Colin estava em casa. Ou isso ou ele não gostava de voltar para uma casa escura. Mas, não, seu carro estava lá, estacionado na frente da garagem.
Sophia meio que esperava que ele ouvisse a sua chegada. Não que o carro que ela dirigia fosse barulhento, muito pelo contrário, mas era tão quieto aqui, especialmente em comparação com as cidades que ela estava acostumada. Ela desligou o motor e sentou-se por um momento, à espera da porta da casa se abrir. Quando isso não aconteceu, ela abriu a porta de seu carro, fechando-a suavemente e subiu para a varanda. Ela bateu na porta… E bateu novamente. Ela franziu a testa e enviou um fio estreito de poder passando pela porta e dentro da casa. Há. Um batimento cardíaco humano. E, água correndo, o que provavelmente explicava por que ele não tinha a ouvido bater.
Havia poucas vezes em que Sophia lamentava ser uma Vampira. Esta era uma delas. Se ela fosse humana, teria simplesmente aberto a porta e entrado, surpreendendo Colin quando ele finalmente saísse do chuveiro, ou o que quer que estivesse fazendo. Infelizmente, como uma vampira, isso não era uma opção. Então, ela esperou até que o som de água cessasse, e bateu novamente.
Passos vieram de dentro e ela repetiu a batida na porta. Os passos se aproximaram, o pisar pesado de um grande homem e seu coração bateu um pouco mais rápido.
A porta se abriu e Colin estava lá. Ele só estava meio vestido, seu peito largo completamente nu, um par de calças pendurava de seus quadris estreitos, revelando um abdômen sulcado com músculo. Ele tinha uma toalha em torno de seu pescoço, e seu cabelo ainda estava úmido.
— Sophia. O que você quer?
Sua voz a fez erguer os olhos para os seus olhos azuis de safira, tão marcantes em contraste com seu cabelo preto, e ela percebeu que tinha estado encarando. Mas oh, ele estava tão bom. Que nada, ele era mais delicioso agora do que ele tinha sido quando ela o conheceu há quase uma década. Ele trazia a promessa de um homem na época, jovem, forte e apto. Mas agora ele era um homem adulto, com musculosos ombros e braços e peito profundo de um homem. A luz em seu cabelo escuro e em seu peito provocava o seu olhar para o que desaparecia sob a cintura com cordão solto. Havia marcas de tecido cicatricial brilhante em todo seu tronco e seus braços, mas só o faziam parecer mais temível, um guerreiro em seu auge.
E de repente Sophia se lembrou que foi por isso que ela tinha tomado ele como seu amante. Os homens sempre a quiseram, alguns para se gabar de seu direito de reivindicá-la como sua, outros pelas coisas que ela poderia dar a eles. Mas ninguém a queria por ela. Até que conheceu Colin Murphy. Ele não queria a Senhorita Sophia Micaela Angelina, filha única de seu pai e herdeira, ou Sophia, a vampira e filha favorita de Lucien. Colin tinha querido Sophie, uma camponesa do interior da América Central.
— Sophie? — Colin disse de novo, a testa enrugada em preocupação. — Há algo errado? Aconteceu alguma coisa?
— Não. — Ela se arrastou de volta ao presente, a este lugar de chuva perpétua e árvores altas. — Eu só queria conversar.
Ele a estudou por alguns minutos, então se afastou da porta, convidando-a para dentro. Ela sentiu um rubor aquecendo seu rosto e pescoço. — É preciso convidar-me para poder entrar.
— O quê?
— É preciso dizer as palavras. — Ela retrucou, envergonhada e brava com isso. —Eu sou uma vampira, Colin.
— Essa parte é verdade? — ele perguntou, incrédulo. — Você realmente não pode entrar sem convite?
— É verdade. E está frio aqui fora.
— Tudo bem, tudo bem. — disse ele. — Venha, Sophie. Ou eu tenho que chamar você de Sophia?
— Sophie vai servir. — Ela murmurou e entrou no calor de sua casa.
Colin fechou a porta, observando Sophie - não, Sophia, - ele lembrou a si mesmo, entrar em sua casa. Ela foi educada, mais do que Leighton tinha sido na outra manhã, avaliando principalmente a sala da frente, cutucando a cabeça na cozinha e olhando para o corredor. Ela se demorou lá e ele pôde ler em sua linguagem corporal que ela estava morrendo de vontade de explorar mais. Mas não o fez, olhando para ele antes de ir caminhando de volta para a sala onde ele estava esperando.
Ele não se sentou. Não a convidou a sentar-se. Era ruim o suficiente que ela estivesse aqui nesta casa com ele, parecendo praticamente igual ao que parecia quando ele a conheceu há dez anos. Na verdade, ela parecia exatamente igual esta noite, com seu cabelo solto e os jeans apertados abraçando suas coxas luxuosas e sua bunda gostosa, que antes o tinha feito ficar duro apenas olhando para ela e pensando sobre o que fariam mais tarde. Ele havia sonhado com aquela bunda quando estava na selva, tinha despertado muitas vezes duro e doloroso, e contando os dias até que ele a veria novamente. E maldita seja se ele não estava ficando duro só de pensar nisso novamente.
Esta era a Sophie por quem ele tinha se apaixonado. Ele tinha parado de brincar sobre isso há muito tempo. Ele a amava, nunca amou ninguém desde então e percebeu que nunca o faria. Quando ela morreu, ou quando ele pensou que ela tinha morrido, ficou de luto um longo tempo. E agora ele descobriu que era tudo uma mentira. Ele tinha que se lembrar disso. Que ele tinha perdido todos aqueles anos de luto por uma mentira.
— Então, o que é, Sophie? — ele perguntou impaciente. — Por que você está aqui?
Ela olhou para ele, seus olhos castanhos cor de chocolate que mostravam sua alma, procurando. Pelo quê? O que ela queria dele desta vez?
— Você não pode tê-la, sabe. — disse ela abruptamente.
Ele fez uma careta para ela em confusão. — Quem?
— A mulher de Rahael. Cynthia. Ela é apaixonada por ele, e mesmo que não fosse, ela pertence a ele. Ele não vai deixá-la ir.
— Você está fora de sua fodida mente vampira, Soph.
— Eu vi você com ela à noite no complexo, rindo e conversando.
Colin riu amargamente. — Ciumenta, Sophie? Você está um pouco atrasada para esse jogo, não é? Você já está morta há dez anos.
Ela se encolheu um pouco com suas palavras. Ele se sentiu mal por magoá-la e logo em seguida chamou a si mesmo de vinte tipos de tolo. Ela rasgou seu coração aberto e deixou sangrando na selva e ele estava preocupado por machucá-la?
— Estamos trabalhando juntos. — disse ele finalmente. — Ela é meio como minha parceira. Nós cuidamos das costas um do outro. É uma questão de lealdade. Algo que eu não esperaria que você entendesse.
— O que significa isso? — ela exigiu, eriçada.
— Isso significa que a sua idéia de lealdade é deixar-me pensar que você foi queimada até a morte em um incêndio em vez de apenas dizer-me para fazer uma caminhada. — ele rosnou. — Se você quisesse acabar comigo, Sophie, poderia ter me comprado uma bebida e apenas me dito.
— Eu não queria terminar com você. — disse ela, o olhando com grandes olhos. —Eu não tive escolha.
— Claro que você teve. Todo mundo tem uma escolha.
— Não era tão simples. — ela insistiu. — Havia muita coisa acontecendo na época, Colin. Mais do que você sabe.
— E claramente mais do que você vai me dizer. Então, por que você está aqui? Você está trabalhando para Raphael?
— Eu não estou trabalhando para Raphael e nunca o farei. Meu mestre é Lucien. Raphael domina o oeste, mas Lucien governa todos no Canadá. Ele é quem me fez Vampira, que foi… — Ela parou de falar, de repente, dando-lhe um quase olhar assustado.
— O que você ia dizer? — perguntou-lhe atentamente. — Este Lucien que fez de voce uma vampira, que foi o quê? — Ele ainda estava olhando para ela, mas ela desviou o olhar para longe, recusando-se a olhar para os seus olhos por mais tempo. Ele inclinou a cabeça, pensativo, repetindo as palavras em sua cabeça. O pensamento o atingiu e ele sacudiu de surpresa.
— Não é o que, mas quando. Não é verdade, Sophia? — Ele colocou sua mão em seu braço, quando ela tinha se movido. — Quando você se tornou uma vampira, Sophie? Quantos anos você tem?
Ela ergueu o olhar para o seu, suas pupilas tão largas que os olhos dela estavam quase negros. — Nasci em 1733. — disse ela desafiadoramente. — Lucien me fez vampira pouco antes do meu 22º aniversário.
Colin olhou para ela. Ele sabia o que significava ser Vampiro, sabia que viviam um longo tempo, que não envelheciam, mas ele nunca…
— Cristo. — disse ele na realização súbita. — Isso significa que você tinha…
— Quase 268 anos quando me conheceu. — Não apenas quando ele a conheceu, mas quando ele a fodeu. Quando ele se apaixonou por ela!
— Colin?
— Preciso de uma bebida. — Ele rosnou e se dirigiu ao redor do balcão da cozinha, agarrando a garrafa de uísque que ele mantinha em mãos para emergências. Se esta não se qualificava como uma emergência, ele não sabia o que era.
Trezentos anos, dê ou tire algumas décadas. Sua Sophie, a doce menina da aldeia que tinha sido tão cuidadosa, era uma vampira com séculos de idade, que provavelmente tinha visto e feito coisas que ele apenas podia imaginar. E depois de doze anos na equipe, ele podia imaginar muita coisa.
Ele derramou uma saudável dose de três dedos de uísque em um copo, em seguida, tomou um longo gole, fechando os olhos e deixando o uísque rolar para baixo em sua garganta, seu calor se espalhando para todos os músculos e nervos.
Voltou-se em direção à sala e chamou Sophie. — Você quer um…
As palavras congelaram na garganta com a visão de Sophia curvando-se para tirar suas botas, seu cabelo longo e escuro jogado sobre um ombro. Seus jeans desbotados esticados amorosamente sobre sua bunda gostosa quando ela escorregou primeiro uma bota e depois a outra, revelando pequenos pés delicados, com unhas vermelho brilhante.
Ele abafou um gemido, seu olhar viajando pelo corpo dela. Esta foi uma má idéia.
Capítulo 25
Raphael saiu do SUV enquanto ele ainda estava andando. Duncan se juntou a ele imediatamente, dando-lhe um olhar enigmático que ele ignorou, enquanto Juro praguejava suavemente em rara surpresa. Raphael não estava preocupado. Não havia nada aqui que pudesse ameaçá-lo.
Ele olhou ao redor da clareira, observando o caminhão avariado de um lado e a pilha desordenada de madeira ao lado de um galpão de ferramentas na parte de trás. A habitação era mais uma cabana do que uma casa, suficientemente pequena para que ele suspeitasse que tinha apenas um quarto, a madeira precisando desesperadamente de repintura e as janelas tampadas por cima ou pintadas. Ele não podia dizer ao certo. Talvez ambos. A porta solitária parecia que custava mais do que toda a cabana em torno dela, o que lhe disse que o proprietário não sabia muito sobre segurança.
Próximo a ele, Duncan estava fazendo seu próprio inquérito dos arredores. — Há um único macho humano dentro da casa, meu senhor. Quem é ele?
— Hugh Pulaski.
Duncan inclinou a cabeça, curioso.
— Um homem muito tolo. — acrescentou Raphael.
Duncan encolheu os ombros. — A porta parece bastante robusta. As paredes, por outro lado…
Raphael mostrou os dentes. — Pensei que deveríamos tentar bater primeiro. Eu tenho algumas perguntas para ele.
Duncan assentiu, saltou para a varanda raquítica e bateu com força. Raphael podia ouvir o movimento dentro. Inferno, ele podia ouvir o coração do homem batendo e a respiração ofegante. O ser humano poderia não saber que eram vampiros em seu quintal, mas ele certamente sabia que não era um amigo.
— Hugh Pulaski. — Raphael chamou. — Nós sabemos que você está aí.
A porta se abriu de repente e uma espingarda empurrou a tela da porta aberta, o homem atrás dela já flexionando o dedo no gatilho. Juro pulou na frente de Raphael, enquanto Duncan usava sua velocidade desumana para pegar o cano da arma e empurrá-la para cima antes que o humano pudesse terminar de apertar o gatilho. Ele afastou a espingarda de Pulaski com tanta força que o humano tropeçou fora da segurança de sua casa. Percebendo o que tinha feito, Pulaski gritou freneticamente e tentou virar, mas Duncan já tinha fechado os dedos em torno da garganta do homem.
— Eu deveria matá-lo por isso. — disse Duncan intensamente, jogando a espingarda para o quintal.
Raphael caminhou para perto. — Ainda não, Duncan. Perguntas em primeiro lugar.
— Não sei quem diabos vocês são. — Pulaski tentou gritar. — Mas eu não tenho que…
Duncan arreganhou os dentes, parando as palavras do homem. O cheiro acre de suor humano em um corpo sujo encheu suas narinas e Raphael fungou. — Se você puder, Duncan.
Pulaski gritou quando foi jogado através do ar para pousar com um gemido aos pés de Raphael.
— O que você quer? — ele gemeu trêmulo. — Eu não sei nada mais sobre aqueles assassinatos. Juro.
Raphael olhou para baixo para o pedaço lamuriento de humanidade. — Você está mentindo. E nós vamos chegar a isso mais tarde. Mas primeiro… — Ele agachou-se, deixando seu poder ascender até que a sujeira ao seu redor estava dançando com a eletricidade, até que o verme humano estava encolhido sob o brilho prateado de seus olhos. — Você ameaçou minha companheira esta tarde. Alta, bonita, de cabelos escuros? Você se lembra dela?
— Nuh, não! Eu nunca vi… — Ele gritou com o poder de Raphael fechando em torno de seu coração apenas o suficiente para machucar… Muito.
Raphael fez um pequeno som de desaprovação. — Seus amigos assassinos não te ensinaram nada sobre vampiros? Afinal, um bom caçador sempre conhece a sua presa. E eu sei tudo sobre você, Hugh Pulaski.
Lágrimas corriam pela face do homem, abrindo um caminho através do suor oleoso. Ele estava murmurando algo sob sua respiração. Parecia uma oração.
Raphael riu. — Você faria melhor se orasse a mim, humano. Sua vida está em minhas mãos esta noite, não do seu Deus. Agora… — Ele perfurou no cérebro de Pulaski, forçando-o a olhar para cima. — Eu acredito que você queria se desculpar, não é?
Pulaski acenou desesperadamente, seus olhos rolando brancos de medo. — Eu sinto muito, sinto muito.
Raphael deu de ombros. — Claro, seria melhor se você pedisse desculpas diretamente para a minha companheira, mas isso não vai acontecer. Na verdade, eu acho que seria melhor se você deixasse esta área completamente. Você não é o tipo de vizinho que tinha em mente para o meu povo.
— Eu vou sair. Eu vou. Vou amanhã.
Raphael franziu a testa e Pulaski gritou novamente. — Essa noite. — ele chorou. —Eu vou hoje à noite. Prometo. Eu vou. Apenas, por favor, não me machuque mais.
— Machucar você? Oh, Hugh. Você não sabe o que é dor ainda.
Raphael ignorou o choro patético do ser humano e começou a vasculhar o cérebro de Hugh Pulaski, sua boca apertada com desgosto. O homem não era ninguém. Um homem rico fingindo ser pobre, um homem pequeno fingindo ser grande. Um mentiroso e um trapaceiro. E isto, esta lesma ousou insultar a sua Cyn, ousou ameaçá-la com violência? Raphael deveria fazer um favor ao mundo e se livrar desse lixo ruim. Mas isso não era o seu propósito hoje.
O guarda-costas de Cyn, Robbie, tinha certeza que Pulaski sabia mais do que tinha estado disposto a dizer a Colin Murphy esta tarde. Mas também era possível que Pulaski sabia mais do que ele achava que sabia. Raphael enviou uma sugestão para a mente do humano, dirigindo-o para os assassinatos de vampiros recentemente, para as pessoas por trás deles.
Pulaski se contorceu onde ele estava deitado no chão, seus olhos revirados em sua cabeça, baba escorrendo de sua boca. Ele parecia o idiota que era, mas não tinha danos permanentes. Ainda não.
Raphael seguiu os pensamentos tortuosos do humano, a emoção indireta, quando ele tinha ouvido sobre Marco e Preston sendo assassinados, o toque doente de excitação pervertida com a notícia do estupro brutal de Mariane. Raphael rosnou e cavou mais fundo, indo mais para trás no tempo. Pulaski estava em uma taverna de algum tipo. Era pequeno e escuro, sem luzes, exceto sobre o bar e apenas algumas mesas cobertas por fumaça pesada e sombra. Ele cheirava a cerveja, suor e cigarros antigos, com o cheiro persistente de um banheiro que tinha passado por muita coisa num passado não muito distante. O único ruído era um sussurro de conversa, muito baixo para ouvir. Algumas palavras estalaram para fora, no entanto. O suficiente para saber que eles iam caçar vampiros, indo atingi-los durante o dia enquanto eles dormiam. Ninguém saberia nada até que fosse tarde demais e eles estariam muito longe até então.
Raphael forçou Hugh a olhar mais fundo, a ver os detalhes, coisas que passaram despercebidas, sem prestar atenção consciente. Detalhes sobre o bar, a propaganda de alguma cerveja, a marca indistinguível, porque metade das lâmpadas estava queimada, a cabeça de veado empoeirada acima da caixa registradora, um plástico retorcido em seus chifres. Detalhes sobre os conspiradores - homens que Hugh conhecia bem e outros que não. Mas eram nos homens que ele conhecia que Raphael estava interessado. Ele cavou ainda mais, empurrando até que um gemido involuntário subiu da garganta do ser humano e as costas se curvaram no solo com esforço.
Raphael o soltou.
Um mau cheiro enchia o ar enquanto Pulaski se molhava. Ele rolou na lama e se enrolou em uma bola, chorando copiosamente pelo seu próprio sofrimento.
Raphael afastou-se, sacudindo a sujeira de seu casaco. — Não se esqueça, Hugh Pulaski. — disse ele, observando friamente enquanto o humano congelava, escutando. — Você está deixando a área esta noite. E que seja permanente. Eu vou saber se você voltar.
Duncan andou com ele de volta para o SUV, enquanto Juro esperava, de pé sobre o humano choramingando. Uma vez que Raphael estava no caminhão com a porta fechada, Juro seguiu, subindo para o banco do motorista, sem a menor reação ao ser humano ou o seu sofrimento.
Ele olhou para cima, encontrando o olhar de Raphael no espelho retrovisor. — Senhor?
Raphael considerou quanto tempo restava antes do amanhecer.
— Localize Wei Chen e Loren. — disse para Juro. — Diga-lhes para nos encontrar no complexo.
Juro girou o SUV em um círculo apertado, os pneus se aproximaram o suficiente de Pulaski para ele ser atingido por pedaços de terra, perto o suficiente que ele gritou, encolhendo-se longe do grande caminhão. Raphael olhou para o chefe de segurança e pegou uma leve pontada para cima da boca do vampiro. Juro gostava muito de Cyn. Ele a respeitava, o que dizia alguma coisa. Não havia muito seres que Juro respeitasse, humanos ou vampiros.
Enquanto voltavam para a estrada principal, Raphael considerou tudo o que ele havia aprendido a partir do cérebro confuso de Pulaski. Havia informações úteis lá, mas isso exigiria interpretação. Ele originalmente queria encontrar Wei Chen e Loren, porque eram locais. Mas o que ele realmente precisava para isto era alguém local e humano. Alguém como Colin Murphy.
Raphael viu Elke logo que ele entrou pelas portas de vidro. Ela estava de guarda na posição exata que tinha ocupado quando ele tinha saído mais cedo.
— Meu senhor. — disse ela ao avistá-lo.
Raphael inclinou a cabeça em questão.
— Ela surgiu por algumas horas mais cedo. Jogamos cartas. — acrescentou ela depreciativamente. — Acho que ela fez isso de propósito.
— Sem dúvida. — concordou Raphael. — Mas não vai funcionar. Há quanto tempo?
Elke não teve que verificar o relógio. Como todos os vampiros ela media o tempo com a chegada próxima do Sol e sabia exatamente quanto tempo tinha passado, porque sabia quanto tempo restava. — Uma hora, meu senhor. Alguns minutos mais.
Ele assentiu, virando-se quando ouviu mais veículos passando pelas portas. De pé perto das portas, Juro virou e disse: — Wei Chen, Senhor. Loren não está com ele.
Raphael fez uma pausa tirando o casaco. — Onde ele está?
Duncan já estava em seu celular. Ele disse algumas palavras, desligou e voltou-se para Raphael. — Ele estava verificando uma pista, meu senhor. Está em seu caminho de volta agora.
Raphael e Duncan compartilharam um olhar cético. Loren era filho do próprio Raphael. O vampiro não podia mentir para ele, não com sucesso. Ainda assim, a situação deveria ser observada. Ele terminou de tirar o casaco e atirou-o no sofá não muito longe de Elke antes de cruzar para a sala de reunião. — Nós estaremos aqui. — disse ele para ela, sinalizando a Duncan para acompanhá-lo.
Eles se instalaram ao lado das grandes portas, Raphael sentado no final de um sofá enorme e antigo, com as pernas cruzadas no joelho, o braço estendido ao longo das costas.
Duncan se sentou na outra extremidade. — Além da afiliação próxima do Senhor Pulaski com seus ancestrais que habitavam em árvores — disse ele, — seu cérebro revelou qualquer informação confiável?
Raphael deu um leve sorriso. — O homem é um verme. Ele sentou-se a poucos metros dos humanos que planejavam esses assassinatos e estava apavorado demais para sequer olhar por cima do ombro. Em vez disso, ficou escutando como uma mulher velha em um mercado. — Ele encolheu os ombros com desdém. — Infelizmente, a música era alta e os conspiradores cuidadosos.
Duncan encontrou seu olhar como um conhecedor e o sorriso de Raphael cresceu.
— Eu conheço sua habilidade, meu senhor, e sua determinação. Se fosse necessário destruir o cérebro escasso de Pulaski através de seus ouvidos e espalhá-lo no chão para examiná-lo, você teria feito isso.
— Fantasioso. Mas preciso. O verme conhecia duas das pessoas envolvidas. Um ele chamou por um apelido. Junior. Algum tipo de provocação, algo que o conspirador tinha sido chamado quando criança e aparentemente odiava. O outro é Curtis. Eu não sei se isso é um nome ou sobrenome. E não acho que nosso povo vai ser muito útil sobre este assunto.
Duncan olhou-o pensativo. — Mas Colin Murphy seria.
— Exatamente. Vamos dar-lhe tudo o que eu tenho de Pulaski, não apenas os nomes, mas a descrição do bar local onde se conheceram. Pulaski passou um bom tempo lá, então qualquer pessoa familiarizada com o local deve ser capaz de identificá-lo com o que eu tenho.
— E Cynthia?
— O que tem ela?
— Será que você também irá informá-la sobre essas novas descobertas?
Raphael tamborilou os dedos na parte de trás do sofá. — Eu não a quero nem perto disso, mas ela vai ficar bem verdadeiramente chateada se descobrir por outra pessoa. E ambos sabemos que ela vai. Então, envie-lhe a mesma informação, mas conte tudo para Robbie. Pelo menos ela não será capaz de enganá-lo e ir atrás disso ela mesma. E diga a Robbie que se alguma coisa acontecer a ela, que seria melhor estar morto antes de eu saber sobre isso.
Capítulo 26
Colin viu Sophia caminhar em direção a ele, o riso em guerra com o desejo em seus profundos olhos castanhos. Seus quadris balançavam enquanto ela atravessava a sala, uma longa ondulação de cabelo caindo sobre o ombro dela para acariciar seus seios. Ela parecia incrível. Sexy como o inferno. Apenas olhar para ela fez o seu pau doer. Sempre foi assim. Nada tinha conseguido mudar a sua reação a ela, não os anos, e não as mentiras, nem mesmo o conhecimento de que ela bebia sangue para permanecer viva. Ele tentou imaginar como seria tê-la lambendo sua pele, sentir seus dentes afundando em seu pescoço, bebendo seu sangue. Sua ereção cresceu mais forte.
Foda-se! Forçou-se a lembrar dos meses que ele tinha sofrido por ela, a culpa e a dor que ele suportou, pensando que ela estava morta.
Ele desviou os olhos e tomou um bom, um longo gole de uísque, esperando que isso lavasse o gosto dela, ainda tão fresco, apesar dos anos.
Sophia deslizou graciosamente para o sofá para se sentar de frente para ele, com os pés debaixo de suas coxas. Ela pegou o copo e ele a deixou levá-lo, observando enquanto ela bebia, seus lábios macios fechando ao redor do aro, sua língua deslizando para fora para saborear antes que ela deixasse o uísque rolar para a boca. Cristo, o que estava errado com ele? Ele olhou para longe, tentando desesperadamente pensar em alguma coisa, exceto o que seria a sensação de ter aquela língua lambendo outras coisas.
Ela ofereceu o copo de volta para ele e ele tomou-o, com cuidado para bebericar do lado oposto do vidro, não querendo sentir o resíduo quente de sua boca. Ele bebeu, olhando para cima para encontrar seus olhos, vendo a consciência de sua excitação nas profundidades de seus olhos chocolates. Não que ela precisasse de poderes especiais para isso. Seu pênis estava tão rígido que tinha medo de que iria quebrar se ele não se movesse em breve.
— Então. — disse ele, limpando a garganta quando sua voz saiu tão áspera como a de um garoto de 13 anos. — Vampiros bebem? Quero dizer, além de sangue.
— Nós podemos. — Sophia concordou. — Alguns fazem. Eu normalmente não, apesar de eu apreciar o sabor de um bom vinho.
— Sem vinho aqui, querida. — ele disse com voz arrastada, aliviado por ter algo para pensar além de seu efeito sobre a sua libido. — Só cerveja e uísque.
— O uísque está bem. Muito bem, na verdade. — ela murmurou. Ela se aproximou até que seus seios estavam roçando seu ombro, a mão pousada no alto de sua coxa, tão perto de seu pau latejante que ele teria jurado que podia sentir o calor de seus dedos acariciando a sua rigidez dolorida. Ela passou a sua outra mão do seu braço até o ombro os dedos tocando levemente em seu cabelo. Ela pegou o uísque novamente e ele entregou, pensando que ela queria outra bebida.
Em vez disso, ela colocou o copo sobre a mesa de café, o líquido restante derramando ligeiramente contra os lados do vidro. Colin observava as ondas âmbar suaves irem e virem, fechando os olhos quando seus dedos se fecharam sobre sua ereção. Ele agarrou a mão dela.
— Não. — disse ele.
— Não? — Sophia ronronou confiante, pressionando os seios com mais força contra seu ombro.
— Não. — Colin confirmou. Ele se levantou de repente, deslocando-se de modo que ela caiu contra as almofadas do encosto de couro do sofá.
Ela levantou-se lentamente, a raiva em cada movimento, com os olhos literalmente jogando faíscas de âmbar brilhante, lembrando-lhe ilogicamente do uísque que tinha bebido momentos antes. — Como você se atreve? — ela exigiu.
— Como eu me atrevo? — Colin repetiu acentuadamente, grato pela raiva que lavou os últimos vestígios de desejo. — Quem diabos é você? Esta é a América, querida. Os Estados Unidos da América. Vou ousar qualquer coisa que eu bem entender incluindo a escolha das mulheres que eu quero foder. E você sabe o quê, Sophia? Isso não inclui você, porque eu não fodo com mulheres mortas.
Ela ofegou, a mão se movendo com uma velocidade incrível. Ele agarrou seu pulso. — Ah, ah. Sem bater, lembra? Além disso, eu não quis dizer isso assim. — acrescentou, a contragosto. — Eu sei que vampiros não estão mortos. Mas você morreu para mim há dez anos, Soph, e você malditamente se certificou que eu soubesse disso. Não vejo razão para mudar isso agora.
Ela olhou para ele, toda a sua raiva desapareceu, substituída por um olhar tão perdido, tão cheio de tristeza… Merda. Ele sentia-se como um asno. E estava chateado que ela o fez se sentir assim.
Mas antes que ele pudesse descobrir o que queria dizer, sua expressão mudou novamente, como uma máscara cobrindo o rosto de repente, uma máscara de arrogância, pura e fria. Sem olhar para longe dele, ela esticou o braço em direção a suas botas que ela havia deixado embaixo do balcão. Elas vieram bater do outro lado da sala, passando tão perto de sua cabeça que ele sentiu o movimento do ar, tão perto que ele sabia que tinha sido de propósito. Ele estreitou os olhos para ela, e ela lançou um olhar de presunçosa satisfação em sua direção, antes de tomar as botas sob o braço e abrir a porta.
Antes que ele soubesse o que estava acontecendo, ela estava fora de casa e dentro do carro, que já estava indo para a rodovia. Colin xingou suavemente. Ele não tinha visto seu movimento, não tinha sequer visto a porta do maldito carro abrir e fechar. Ela foi tão rápida, que a porta da frente ainda estava balançando levemente na brisa.
— Filha da puta. — ele murmurou. Balançou a cabeça e virou-se para voltar para dentro, perguntando-se por que seu pau tinha ficado duro novamente.
Capítulo 27
Raphael esperou enquanto o elevador fez a sua suave descida, o seu casaco de couro pendurado sobre um braço. Já era tarde. Quando ele tinha acabado de atualizar Duncan e seus vampiros de Seattle, suas equipes de busca já tinham começado a chegar de volta ao complexo. Duncan poderia ter lidado com esses relatórios, mas ele tinha escolhido fazê-lo, para mostrar a seu povo que esta questão era importante para ele, que sua necessidade de vingança queimava tão calorosamente como a de qualquer um deles. A verdade era que o seu desejo de retribuição era maior do que eles poderiam entender. Foram os seus vampiros que foram tomados, seus filhos. Sangue do seu sangue.
Mas a vingança teria que esperar mais algumas horas. O sol estava aparecendo logo abaixo do horizonte. Ele sentia isso no seu sangue e ossos. Isso enfureceu-o. Cansou-o.
As portas se abriram em um quarto quase escuro, com apenas uma pequena luz perto da cama iluminando a forma quase imóvel de sua amada Cyn. Ele fechou as portas do cofre e foi para a cama, observando-a respirar por alguns minutos e desejando ter a coragem de mandá-la de volta para Malibu, de enfrentar a raiva dela e seus protestos e mantê-la segura. Mas ele não lhe podia fazer isso. Não faria isso com ela. Não ia prendê-la em uma gaiola, uma gaiola da qual ela nunca iria sair porque o amava demais. Mas uma gaiola que eventualmente não deixaria nada a não ser ódio entre eles.
Ele suspirou e tirou suas roupas, divagando sobre tais pensamentos sombrios. Devia estar mais cansado do que pensava. Ele levantou as cobertas com cuidado e deslizou para a cama ao lado de Cyn. Ela se agitou, virando-se para ele, instintivamente, envolvendo uma perna e um braço em torno de seu corpo, sem nunca acordar. Ele envolveu os seus braços ao redor dela, segurando-a com força, desejando poder protegê-la de… Seu coração apertou em seu peito quando um alarmante pressentimento de repente escureceu seus pensamentos e uma final pergunta terrível encheu sua mente antes que o sol o levasse.
Protegê-la de quê?
Capítulo 28
Colin estava no balcão entre a cozinha e a sala de estar, na manhã seguinte, bebericando sua primeira xícara de café e tentando não pensar sobre Sophia ou a sua visita na noite anterior. Ele examinou a lista de e-mails que tinham vindo durante a noite, estudando-a como se esperasse que qualquer coisa estivesse lá, além de lixo. Segurando o copo na mão, ele apagou um após o outro até que chegou a uma mensagem de Loren. Seu dedo parou sobre o ipad e ele franziu a testa. Ele não achava que já tinha recebido um e-mail dos vampiros antes. Se perguntado, ele não teria certeza de que eles tinham seu endereço de e-mail. Não que isso fosse um segredo. Quase todo mundo na cidade tinha, e estava impresso em seus cartões de visita, também.
Com um encolher de ombros mental, ele clicou no arquivo aberto e começou a ler o e-mail de Loren, xingando sob sua respiração ao ler as primeiras linhas. Lorde Raphael fez uma visita a Hugh Pulaski na noite passada. Não que Hugh fosse um cidadão modelo ou mesmo um particularmente decente, mas, caramba, se sequer metade do que Sophia havia dito a ele sobre Raphael era verdade, Hugh deve ter tido um tempo ruim. Colin estava pensando que provavelmente deveria fazer uma viagem lá fora, para garantir que o lenhador velho presunçoso tinha sobrevivido ao encontro, mas depois ele leu o resto do e-mail e decidiu que Hugh podia esperar. O bastardo havia escondido coisas dele. Filho da puta.
Olhou para o relógio. Passava apenas um pouco das nove horas, provavelmente cedo demais para Leighton. Ele chamou de qualquer maneira, esperando enquanto o número transferia para o correio de voz.
— Leighton, aqui é Colin Murphy. Verifique seu e-mail. Seu namorado aparentemente nos deixou alguma nova leva na noite passada. Eu conheço o bar que Hugh descreveu. É uma boa distância para fora da cidade, em uma estrada de duas pistas que se conecta à principal rodovia eventualmente. Nós provavelmente vamos encontrar Curtis Jenkins lá, também. Ele está incapacitado agora - o braço quebrado ou algo que não curou direito - e passa a maior parte de seu tempo lá. Enfim, eu estou supondo que ele é o “Curtis” que Hugh falou. Não conheço ninguém que passe por “Junior”, no entanto. Eu vou verificar o bar mais tarde e achei que você poderia querer vir se juntar à diversão. Robbie é bem-vindo, também, mesmo ele sendo apenas um Ranger bichano. Não pode ferir ter algum músculo extra na mão. Então, chame-me quando ouvir este recado. Eu vou fazer algumas chamadas por mim mesmo, ver se eu consigo descobrir quem “Junior” é. Poderia ser um antigo apelido. Hugh tem estado ao redor há muito mais tempo do que eu. Vou tentar rastreá-lo antes de nos juntarmos.
Ele começou a desligar, em seguida, acrescentou: — E eu quis dizer ‘juntar’ de uma forma completamente não-sexual, por isso não fique toda irritada e informe o seu namorado sobre mim. Até mais tarde.
Ele se serviu de uma segunda xícara de café antes de fazer a próxima chamada. Ele e Garry McWaters tinham uma história juntos. Desde o BUD/S8 quando Garry tinha sido um homem velho com vários anos de antiguidade e Colin tinha sido um recruta inexperiente. Tinha sido Garry que o havia tirado daquela cidade na América do Sul, quem o tinha arrastado de volta ao acampamento base e se certificou que eles partiam para fora do país na noite seguinte.
Cooper’s Rest era a cidade natal de Garry. Ele havia sido criado aqui por seus avós, e eles estiveram entre os primeiros fundadores da comunidade independente. Sua avó tinha morrido enquanto sua equipe SEAL estava fora do país. Garry não tinha sequer sido capaz de assistir a seu funeral. Seu avô tinha durado mais tempo, morrendo menos de um ano depois que Garry e Colin tinham aparecido em Coop com pouco mais que suas mochilas e seus cortes de cabelo regulamentados pela Marinha.
A morte do velho tirou algo de Garry. Ele não queria ficar por perto depois disso, mesmo que Colin tenha decidido ficar. Garry voltou para a Califórnia e se inscreveu em uma empresa que fornecia exércitos privados ao governo dos EUA. Era um trabalho lucrativo, especialmente para alguém com formação e experiência SEAL. Ele tentou mais de uma vez desde então recrutar Colin, mas o dinheiro não era suficiente para compensar um trabalho que era muito parecido com o que ele tinha deixado para trás. Além disso, Colin tinha descoberto que ele meio que gostava do estilo de vida descontraído que ele havia encontrado em Cooper’s Rest.
Ele discou o número de Garry em sua lista de contatos e esperava que seu amigo estivesse no país. Se não, Colin teria que…
— Ya, Colin! — A voz de Garry foi alta o suficiente para que Colin puxasse o telefone longe de sua orelha por alguns centímetros. — E aí, cara? Pronto para fazer algum dinheiro afinal?
— Desculpe, Mac, você terá que encontrar outra pessoa para socorrer o seu rabo.
Garry fez um som de desprezo. — Penso que você está um pouco confuso. Deve ser toda a chuva aí em cima. Falando nisso, como vai a velha Coop?
— O mesmo de sempre, lento e fácil, do jeito que eu gosto. — Um silêncio de morte saudou este anúncio e Colin franziu a testa, perguntando se eles tinham sido desligados. — Garry? Você está aí?
— O quê? Oh, yeah, Colin. Desculpe, eu cochilei.
— Foda-se. — Colin falou.
— Em seus sonhos, meu homem. Então, o que se passa?
— Nós tivemos alguns problemas aqui em cima e um nome surgiu. Um que eu nunca ouvi antes. Eu acho que já que você é tão velho quanto a terra… — Ele continuou falando sobre a reação profana de Garry. — E conhece quase todos por aqui, talvez você possa me ajudar.
— Que tipo de problemas?
— Problemas de vampiros.
— Vamps? Nunca tivemos quaisquer problemas com…
— Não são os vampiros causando o problema. Alguém os está matando…
— Foda-se. Quem?
— Eu não tenho certeza que você os conheceu. Marco e Preston? Não acho que eles tinham sobrenomes, não que eu soubesse de qualquer maneira.
— Marco é o cara com os cavalos, certo? Pequeno com cabelo escuro? Ele vivia lá quando eu era apenas um garoto. Homem, ele está morto? Como?
— Alguém entrou, explodiu a porta do seu… quarto, acho que se pode considerar isso. Mais como um cofre. Mas eles o mataram. Foi durante o dia, então nenhuma resistência. Aconteceu talvez uma semana atrás. Eu nem mesmo sabia sobre isso até que algum vampiro figurão apareceu para investigar. Eles mataram Preston no mesmo dia e acertaram Jeremy e Mariane dois dias depois. Não conseguiram encontrar Jeremy, então eles atacaram Mariane ao invés.
— Jesus. Eu tenho o mês que vem livre. Você precisa de mim para voltar e lhe dar uma mão?
— Eu agradeço a oferta, mas os vampiros trouxeram seu próprio exército para caçar os assassinos. Eu não sou grande fã de vigilantes, mas, neste caso, não estou inclinado a protestar muito.
— Eu vejo seu ponto. — Ele respirou fundo. — Então, qual é o nome que você tem?
— Junior.
— Junior? É isso?
— Isso é o que eu tenho. Supostamente um apelido, mas não um que a pessoa particularmente gostava de ser chamado. Eu não conheço nenhum Junior. Você?
— Junior. — Garry repetiu. — Eu estou pensando de volta na escola primária, talvez? Ensino médio?
— Esse é um longo caminho de volta. — disse Colin com seriedade simulada.
— Maldito seja, Murphy. Há apenas algo como seis anos entre nós.
— Yeah. Vamos ver, quando você estava fazendo BUD/S, eu estava na oitava série.
— Foda-se. E eu não me lembro de nenhum Junior fora de mão, mas vou pensar sobre isso. Mais alguma coisa?
— Nah. Eu vou sair mais tarde para o bar de Babe atrás de outra pista.
— Lugar áspero.
— Há um investigador particular humano na cidade, uma mulher que trabalha para os vampiros. Ex-policial. Ela não é militar, mas sabe lidar com as coisas. Ela vai estar comigo.
Garry riu. — Melhor do que nada.
— Eu sinto que ela é mais durona do que parece.
— Eu vou deixar você chegar até isso, então. E depois te dou uma resposta sobre esse nome, talvez arrastar para fora meus anuários antigos ou algo assim.
— Jesus, Chefe, você ainda tem seus anuários do ensino médio?
— Eu guardo as flores do Baile de calouro pressionadas nas páginas, as memórias da minha primeira transa.
— Não teve sorte antes disso, hein? Sinto muito.
O silêncio de Garry era completo. Seu amigo tinha desligado na cara dele. Colin riu brevemente, já a pensar na viagem até o bar de Babe, quando o telefone tocou.
— Leighton. — respondeu ele depois de verificar o identificador de chamadas. — Eu não tinha certeza de que você estava acordada.
— Acordada é um termo relativo. Eu estou na vertical, se é isso que você quer dizer, mas acordada levará mais um par de xícaras de café. Então, o que está acontecendo?
— Você verificou seu e-mail?
— Estou fazendo isso agora. Eu estou supondo que você quer dizer aquele de Loren. Vamos ver… Oh merda.
— Você não sabia que Raphael ia lá fora?
— Não. Robbie, o informante, disse a ele sobre a visita de Pulaski e todos os seus detalhes sangrentos. — Ela suspirou audivelmente. — O que posso dizer, Raphael é um cara muito protetor.
— Não estou reclamando. Ele conseguiu mais de Hugh do que nós. Como eu disse, eu conheço o bar e conheço Curtis. Vou lá fora hoje. Você quer vir?
— Claro, soa divertido.
— E Robbie?
Leighton fez um som de desprezo. — Como se eles me deixassem sair deste lugar sem ele. Nós vamos até sua casa. Dê-me uma hora.
— Traga todas as suas armas, Leighton. Você vai precisar delas.
Colin estava carregando a sua Benelli, quando ouviu o caminhão descendo para sua casa. Ele segurou a espingarda em sua tipóia de combate, colocou a coisa toda para baixo e abriu a porta da frente. Leighton estava de pé ao lado de um dos grandes SUVs, falando em seu telefone celular, enquanto Robbie andava para trás e enfiava a mão no compartimento de carga, emergindo com uma enorme bolsa de lona preta. Jogou-a sobre o ombro, caminhou até o Tahoe de Colin e jogou a bolsa no chão.
Colin acenou para Robbie e inclinou-se para o interior para pegar as chaves. Abrindo as trancas de seu caminhão, ele agarrou seu equipamento e saiu para a varanda, fechando a porta da casa atrás dele. Robbie já tinha jogado a bolsa preta no Tahoe. Colin olhou com curiosidade, enquanto ele largava o próprio equipamento ao lado dele, mas Robbie não ofereceu e Colin não perguntou.
Os dois homens encostaram-se ao caminhão, vendo Leighton no telefone. Colin não sabia com quem estava falando, mas ele tinha certeza que não era conversa de garota. Ela estava ouvindo com atenção e respondendo com frases curtas e concisas, que ele não podia ouvir.
Colin perguntou novamente sobre a dualidade que era Leighton, com sua beleza de modelo e suas armas escondidas. Ele se perguntou se ela tinha sido sempre assim, ou se Raphael, de alguma forma a moldou no que ele precisava.
— Como você acha que é? — ele perguntou a Robbie, pensativo.
— Como é o que?
Ele acenou com a cabeça na direção de Leighton. — Ter um amante vampiro.
Os olhos escuros de Robbie se apertaram com diversão. — Você nunca… Se divertiu com um vampiro?
Colin franziu a testa e balançou a cabeça. — Inferno, não. — Não intencionalmente, acrescentou para si mesmo. Afinal, ele não sabia que Sophia era uma vampira na época.
Robbie riu, mostrando os dentes. — Assim que ela tira sangue, o sexo é ótimo, cara. Mas é mais do que o sexo se você está realmente acasalado a alguém, como Cyn. — Ele deu uma olhada desafiadora a Colin. — Ou como eu. — acrescentou.
Colin saltou em surpresa. — Você? Merda. Eu não quis dizer nada. Eu estava apenas curioso.
— De nada. — Robbie disse casualmente. — Minha esposa Irina é uma vampira. Uma pequena coisa que administra a casa de Raphael com um punho de ferro.
— Ela dirige você praticamente da mesma maneira. — Cyn interveio, se juntando a eles sem que nenhum deles percebesse.
Robbie grunhiu de acordo, parecendo um homem muito satisfeito. — Você me ouviu reclamar? Então, o que você descobriu?
Colin ergueu as sobrancelhas em questão.
— Esse foi um contato antigo meu. Um vendedor de armas. Não totalmente legal, mas não é um cara ruim. Seu negócio dá-lhe uma certa quantidade de acesso às atividades do seu cliente. Às vezes ele tem um problema com essas atividades e está disposto a falar, incluindo os grupos de supremacia branca que operam a partir de Idaho e partes do oeste. Ele me diz que há um monte de pedidos sendo transportados para cá, juntamente com as pessoas para usá-los.
— Droga. Vamos esperar que eles ainda não tenham chegado. — Colin murmurou. — Eu espero que vocês tenham vindo preparados. O que está na bolsa?
Robbie sorriu e abriu o zíper da bolsa preta, puxando os dois lados abertos. Ele alcançou dentro e tirou uma metralhadora Uzi, jogando-a para Colin. Ele, então, cavou mais no saco e pegou um colete balístico Point Blank para Leighton, entregando a ela, com ordens de “Coloque”.
Colin inspecionou a preta e fosca Uzi. Ele estava familiarizado com a arma, mas preferia sua Benelli. Ele devolveu a Robbie que estava assistindo Leighton resmungar enquanto colocava seu colete. Era um modelo de dissimulação, a mesma coisa usada pela maioria dos departamentos de polícia no país. Era também, provavelmente, o único tipo que ela estaria disposta a vestir. Qualquer coisa mais pesada iria pesar e restringir seus movimentos.
— Onde está o seu? — ela perguntou a Robbie, dando-lhe um olhar estreito.
— No saco. Eu vou colocá-lo se precisar dele.
— Por que eu não posso…
— Porque eu prometi a Raphael cuidar de você. Mas principalmente porque você tem um pobre senso de auto-preservação.
— Mentira. — Leighton se opôs, mas ela estava rindo quando disse isso.
Colin sacudiu a cabeça. Ele não ia sequer tentar entender isso. — Vamos. — disse ele em voz alta. — Temos um longo caminho à nossa frente.
— Colin aqui é virgem. — Robbie estava inclinado para frente de seu assento na parte de trás, a sua presença substancial inserida entre os dois bancos dianteiros.
— Eu não sou. — Colin protestou imediatamente.
— Não como isso. — Leighton esclareceu com um sorriso de lado. — Robbie está falando virgem com vampiro. Você nunca foi mordido?
— Não. — ele retrucou.
— Sério? Eu teria jurado que havia faíscas entre você e aquela garota Sophia. Tensão sexual definitivamente. — acrescentou ela, arrastando a palavra.
— Isso foi há muito tempo. — ele respondeu com firmeza. — E ela nunca me disse que era uma vampira.
Próxima a ele, Leighton ergueu as sobrancelhas, mas não fez qualquer comentário adicional sobre Sophia. — Então, qual é este lugar que estamos indo? — ela perguntou em vez disso.
— O bar de Babe. É o que chamaria de um bom bar para velhos homens na minha terra. Está logo fora da estrada, do outro lado da floresta. Está aberto cinco, às vezes seis dias por semana, mas sexta-feira e sábado são as grandes noites, assim como em qualquer outro lugar. Há pelo menos uma luta a cada fim de semana, e estou apenas contando aquelas em que alguém é preso ou outra pessoa acaba no hospital. É uma dor na bunda, mas está aqui há algum tempo, desde os anos sessenta. Estritamente falando, não é uma parte de Cooper’s Rest, mas nós somos a vila mais próxima à ele.
Ele viu a quebra nas árvores sinalizando o estacionamento do bar. — Aqui vamos nós. — disse a ela.
O estacionamento estava cheio, ou quase isso, quando eles chegaram ao bar. Não era um grande lote, apenas duas linhas na frente, perpendiculares à rodovia. As linhas tinham apenas espaço suficiente entre elas para manobrar, com espaços de quatro ou cinco caminhões para estacionar lado a lado. E os caminhões eram apenas o único tipo de veículo que alguém já estacionou aqui. Colin analisou o estacionamento lotado e franziu a testa. Parecia mais uma noite de sexta-feira do que uma tarde de semana. Uma das equipes de corte de árvores deve ter encerrado mais cedo.
Ele dirigiu por ele e fez uma curva em U, em seguida, estacionou seu Tahoe no último espaço ao lado da estrada, condução direta para ele com a frente de seu caminhão voltado para fora, para que ele pudesse fazer uma saída rápida, se fosse necessário. Provavelmente não era necessário, mas não seria a primeira vez que ele queria uma partida rápida do bar de Babe também. As brigas eram tão comuns como a cerveja aqui, e os fregueses jogavam duro.
Seus pneus estavam quase fora do asfalto da estrada, abrindo a porta direto para o tráfego, se houvesse algum. Uma Dodge Ram dupla - um grande caminhão com quatro rodas no eixo traseiro — estava estacionada ao lado dele, com a parte da frente em sua cauda. Poucos centímetros escassos separavam os dois caminhões, com o lado do passageiro do outro cara espremido contra seu.
Ele verificou a estrada e deslizou para fora do caminhão. Ele foi fechar a porta, mas parou quando percebeu que Leighton estava subindo do banco de passageiro para o seu lado, ao invés de tentar o estreito espaço do lado dela. Sua mãe lhe tinha criado para ser um cavalheiro, portanto Colin segurou a porta aberta enquanto ela se alavancava para o console e por cima com uma quantidade surpreendente de facilidade, finalmente deslizando sobre seu assento e para fora na estrada poeirenta.
Ela sorriu para ele quando saiu, então ficou olhando para o sinal enferrujado e o furo de bala na placa que pendia no alto de um poste de pinheiro pousado na beira do estacionamento.
— Paul Bunyan?9 — ela perguntou, olhando para o que havia sido uma imagem bastante decente do lenhador enorme na sua camisa vermelha xadrez, braço dobrado sobre os ombros largos de seu boi azul, Babe. Ela olhou para o bar e de volta, dando-lhe um olhar cético.
Colin fez uma careta. — Sim, bem. O casal que abriu o lugar eram professores universitários do baixo sul em algum lugar. Eles se retiraram até aqui e abriram este lugar. Seria de pensar que eles fossem inteligentes, sendo professores e tudo. Mas enquanto eles estavam esperando o bar pacato de Cheers, o que conseguiram foi muito mais perto da violência de Coops. Quando o pai de Leon comprou o lugar - por uma ninharia, segundo me disseram - ele manteve a placa. Era mais barato do que comprar uma nova, e o nome estava bem. Este é um país de madeira, você sabe.
— Quem é Leon?
— Leon Pettijohn. Ele e sua esposa Ellen assumiram o bar de seu pai há alguns anos atrás. Isso foi antes de eu chegar aqui, mas a palavra é que o velho retirou-se para o México por causa do clima. Leon está aqui na maioria das noites, mas Ellen trabalha no supermercado na cidade. Até onde eu sei, ela nunca vem para o bar. A maioria das mulheres não vem.
Leighton deslocou sua atenção, seus olhos varrendo o estacionamento quase cheio antes de passar para o bar em si. Não que houvesse muito para ver. Babe’s era um edifício pequeno com um andar, simples, uma construção de blocos de concreto, com uma antena parabólica no telhado. A coisa toda estava pintada de preto, e Colin sabia que se você chegasse perto o suficiente, parecia que a pintura tinha sido rolada em uma camada espessa por alguém mais interessado em terminar o trabalho do que em fazê-lo bem. A janela era apenas um pequeno triângulo de vidro sujo definida na porta da frente. O bar estava localizado bem dentro da floresta, com troncos de árvores grossas que se aglomeravam ao redor dos três lados que não davam para o estacionamento. Essas árvores bloqueavam a luz solar que havia, deixando todo o edifício cercado por sombras cinza-azuladas. Quando combinado com a pintura preta, dava à coisa toda uma sensação um tanto sinistra.
Colin deu um outro olhar para os caminhões aglomerados no estacionamento. — Foda-se. — disse e seguiu Robbie para a parte de trás do Tahoe. Arrancando a escotilha de carga, ele agarrou seu colete e colocou-o com alguns movimentos rápidos. Robbie encontrou seu olhar e Colin encolheu os ombros. — Excesso de caminhões neste estacionamento. Poderia ser nada, uma das equipes de corte de árvores que fechou mais cedo. Mas poderia ser que os nossos rapazes estão tendo uma reunião improvisada lá dentro.
Robbie franziu a testa, depois se virou para olhar para Leighton e balançou a cabeça. Jurando sob sua respiração, ele puxou a mochila enorme, abriu-a e tirou o seu próprio colete. Leighton perambulou de volta, aguçando o olhar quando ela viu o que estavam fazendo.
— O que você está pensando? — ela perguntou para Colin. Sua mão direita estava descansando em sua cintura, apenas dentro de sua jaqueta. Não tocando em sua arma, mas perto o suficiente para que ela pudesse chegar a ela. Ela sentia isso também. Algo não batia certo.
— Eu acho que talvez você deveria esperar aqui. — disse ele. — Isso não é exatamente um lugar para senhoras.
Robbie tossiu e Leighton deu-lhe um olhar sujo antes de dizer: — Eu não vim até aqui para sentar no carro. Além disso, você é o único que disse para trazer minhas armas. Eu estou supondo que é porque você pensou que podiam vir a calhar.
Colin lançou um rápido olhar para Robbie, que encolheu os ombros. — Não olhe para mim, cara. Já vi ela atirar. — Ele enfiou a mão na mochila e entregou a Leighton uma das Uzis, juntamente com três carregadores de uma .32, pegando uma segunda arma e munição para si mesmo.
Leighton enfiou dois carregadores nos bolsos da coxa de sua calça de combate negra e bateu o outro na arma com uma facilidade praticada que Colin não esperava, apesar de suas reivindicações de experiência e aprovação de Robbie. Ela olhou para cima e viu-o olhando.
— Tenho certeza de que essa arma é ilegal. — Observou ele suavemente.
— Eu estou licenciada como uma guarda-costas particular para Lorde Raphael em todos os estados da União. — disse ela, sorrindo. — Posso mostrar-lhe as minhas licenças quando estivermos de volta ao complexo, se você quiser.
— Eu aposto. Vou em primeiro lugar. Vocês dois fiquem para trás alguns passos. Provavelmente eu vou conhecer todo mundo lá, ou eles vão me conhecer, de qualquer maneira. Espero que você não fique chocada com linguagem chula, Leighton.
Robbie riu alto disso e Leighton murmurou sombriamente: — Sim, foda-se, Robbie. Seu idiota.
Colin sacudiu a cabeça para os dois. Apesar de sua implicância um com o outro, ele obteve um claro sentido de amizade entre eles. Lembrava-o das relações que tivera com os caras em sua equipe SEAL. Caras como Garry McWaters. Ele teve um momento de pesar quando Garry havia escolhido deixar Cooper’s Rest. Em momentos como este, ele poderia ter usado alguém em quem confiava. Não que ele não confiasse em Leighton e Robbie, mas ele realmente não os conhecia também, e simplesmente não era o mesmo que trabalhar com alguém que tinha caminhado para o inferno com você e saído do outro lado.
Ele puxou a alça de combate sobre a sua cabeça, assegurou sua Benelli e fechou porta-malas, fechando as trancas. Ele tinha dado três passos em direção ao bar quando algum instinto o fez parar e clicar no controle remoto novamente, abrindo as portas do Tahoe. Talvez fossem todos esses caminhões que o deixavam nervoso, pensou, ou talvez fossem apenas as Uzis e o nível de violência que traziam com elas. Mas qualquer que fosse, ele seguiu seus instintos.
Leighton tinha se movido na frente dele no estacionamento. Ela tinha seu telefone celular fora e estava tirando fotos de placas, enquanto passava pelos carros. Ela olhou para cima enquanto ele caminhava ao seu redor, dando-lhe um sorriso rápido antes de colocar o telefone celular de volta no bolso.
Colin se aproximou da porta, Leighton e Robbie alguns metros atrás dele, e foi para a direita. Robbie estava ligeiramente à frente de Leighton, seu corpo muito maior bloqueando o dela, como se esperasse que algo terrível viesse fervendo, logo que a porta se abrisse. Colin esperava que não chegasse a isso, esperava que estivesse errado e não houvesse nada lá exceto alguns homens bebendo e aproveitando uma pausa em um trabalho perigoso.
De pé ligeiramente à esquerda da porta, Colin estendeu a mão e fechou os dedos sobre a maçaneta da porta, empurrando primeiro contra a porta, e então apertando para puxar. Ele pegou o movimento a partir do canto do olho, quando Leighton cruzou para fora da sombra de Robbie e deu dois passos laterais cuidadosos para a direita. Robbie virou-se para segui-la e Colin abriu a porta.
E o mundo desabou.
Robbie gritou um aviso — Murphy! — enquanto ele agarrava Leighton e empurrava entre os caminhões mais próximos à direita. Um raio de sol bateu na porta aberta e Colin viu o cano de uma arma preta por dentro.
— Arma! — ele gritou, quando o boom de espingardas pesadas rugiu das árvores ao redor do lado direito do bar.
Colin sentiu o choque das balas batendo na madeira grossa da porta antes que ele rolasse para um lado, protegido pelas paredes de blocos sólidos. A porta caiu aberta e uma saraivada de tiros vomitou do interior escuro. Leighton e Robbie tinham se escondido atrás de uma plataforma grande de duas toneladas, e apareceram agora, ambos com as Uzis disparando no automático, enquanto Colin se mexia para longe de sua posição, agora exposta ao lado da parede do edifício e abaixou-se entre dois caminhões no lado esquerdo do estacionamento.
Da porta aberta do bar veio o distinto rat-tat-tat de uma carabina M4 no automático, e todos os três abaixaram-se enquanto balas pulverizavam o estacionamento de caminhões, barulho de metal e vidro quebrando. O fedor oleoso de combustível diesel sorrateiramente no ar e, em seguida, o boom oco de um pneu grande esvaziando.
Colin viu Robbie girando em torno do caminhão longo de duas toneladas e disparar uma rajada rápida. Alguém gritou dentro do prédio e a porta se fechou novamente. Mas a enxurrada constante de fogo do lado direito do edifício continuou, os atiradores usando as árvores e o próprio bar para se cobrir. Eles estavam concentrando todo o seu fogo sobre a posição de Leighton e de Robbie, o que fez Colin suspeitar de que não sabiam que ele estava do outro lado do estacionamento sozinho.
Ele considerou manobrar tranquilamente pela esquerda do prédio e dar a volta por trás para chegar atrás dos atiradores, mas descartou essa possibilidade quase tão rapidamente quanto ele pensou nisso. Havia uma porta atrás do bar. Os caras que estavam esperando por ele no interior pareciam ter desistido da porta da frente, mas isso provavelmente significava que eles estavam saindo por trás para se juntar aos seus amigos, e os rapazes estavam atirando para matar.
Julgando puramente pela quantidade de fogo que eles estavam recebendo, os três estavam em número bem menor, e isso não era uma luta que poderiam ganhar. O que ele, Leighton e Robbie precisavam fazer era dar o fora do Dodge. Mas como fazer isso sem se tornarem ainda mais um alvo do que já eram?
Enquanto Leighton e Robbie estavam bem no meio de um tiroteio, Colin não estava tomando nenhum fogo e não tinha alvos na sua posição atual. Agachou-se mais, manobrando até o estreito espaço entre os caminhões e as árvores no lado esquerdo do estacionamento. Ele continuava olhando por cima do ombro. O estacionamento era mais amplo do que o bar, o que significava que ele estava exposto se alguém percebesse onde estava e contornasse por trás dele. Ele ficou tão perto dos caminhões quanto pôde, aproveitando o seu volume. Ele estava esperando obter um ângulo sobre os atiradores e dar cobertura para Leighton e Robbie se retirarem de volta para o Tahoe. Ele então teria que atravessar o estacionamento aberto para se juntar a eles, mas isso era para mais tarde.
Lançou um olhar fugaz enquanto corria ao longo da linha das árvores e viu Robbie indo para baixo. Seu estômago revirou e ele parou, deslizando ao lado de um surrado F-150, mas ele rapidamente percebeu que o Ranger não havia sido baleado. Ele havia caído em um rastreamento de combate e estava usando os veículos e o solo para a proteção enquanto ele manobrava perto de Leighton, que não estava mais protegida atrás da plataforma de duas toneladas. Enquanto Colin tinha se posicionado para se juntar à luta, ela tinha conseguido se afastar das duas toneladas e agora estava agachada ao lado de um grande guindaste10, que era provavelmente a coisa mais pesada no estacionamento e apenas a dois caminhões de distância do Tahoe de Colin. Se ela pudesse se manter lá até que Colin ficasse em posição, ele poderia fornecer fogo de cobertura enquanto ela se retirava com segurança para…
Ele xingou suavemente quando Leighton se levantou da parte traseira do guincho e começou a disparar, usando o corpo do braço do reboque para proteção.
Ouviu uma maldição de Robbie, o crack do vidro de segurança quebrando e o ricochete das balas acentuado à medida que atingia o metal pesado do corpo do guincho. Mas Leighton manteve sua posição como um carrapato em um cão, seu corpo esguio escondido atrás do braço grosso enquanto ela mantinha uma chuva constante de fogo.
Robbie chamou a atenção de Colin, segurando uma mão com cinco dedos. Colin assentiu, observando os dedos caindo um por um. Quando a contagem regressiva terminou, Robbie se levantou e começou a atirar, juntando seu poder de fogo com Leighton, prendendo seus atacantes sob uma onda de morte.
Colin correu por todo o estacionamento e mergulhou abaixo da caminhonete que estava colada contra seu Tahoe, sua barriga rastejando sob a caminhonete primeiro e depois sob seu próprio caminhão. Suas costas rasparam na chapa do Tahoe, mas ele apenas soltou um ofego e saiu do outro lado, bem ao lado da rodovia. Ele deu um passo para cima do estribo do seu caminhão.
— Leighton. — ele gritou. — Cai para trás.
Ele achava que ela tinha gritado uma confirmação, mas não podia ter certeza, pois ela abaixou-se e a janela traseira do guincho estourou quando alguém cortou uma linha de fogo diretamente para onde a cabeça dela tinha estado. Colin prendeu a respiração quando ela pareceu cair do guincho grande, jurando em alívio quando ela apareceu ao lado de Robbie, que a arrastou para o chão e empurrou para debaixo do caminhão próximo na linha.
Colin puxou a Benelli e disparou de volta para as árvores. Ele não podia ver ninguém, mas alguém deu um grito de dor, longe o suficiente para que ele soubesse que não era do fogo da Benelli. Espingarda na mão, ele se agachou, arrastando ao longo do lado do seu caminhão e abriu a porta do passageiro traseiro.
— Robbie. — ele gritou. — Vamos! — Voltando para o capô, usando o bloco do motor para cobertura, ele balançou a Benelli longe e pegou sua 0,9 mm, disparando de forma constante. O som de uma segunda 0,9 mm juntou-se e ele olhou para ver que Leighton tinha rolado debaixo do Tahoe e tomado uma posição perto da extremidade traseira do Tahoe. Quando ele olhou, ela ejetou o carregador de sua Glock 17, bateu em um substituto e retomou um ritmo constante e metódico de fogo com uma velocidade que revelava um inferno de muito mais do que apenas prática de alvo.
Robbie caiu no chão do outro lado da caminhonete, mas ele era muito grande e a caminhonete estava muito próxima ao chão para ele rastejar debaixo, mesmo se ele soprasse cada grama de ar em seus pulmões. A extremidade dianteira da caminhonete estava apertada contra as árvores e totalmente na linha de fogo deste lado. Ele andou para a extremidade traseira em vez disso, uma pausa longa o suficiente para bater o carregador de reposição em sua Uzi.
Colin viu o que o grande homem tinha planejado e puxou sua Benelli novamente, disparando sobre o telhado. Não iria acertar alguém a esta distância, mas iria manter suas cabeças abaixadas. Robbie aproveitou a vantagem oferecida, correndo para fora da cobertura e para a estrada, sua Uzi cuspindo fogo todo o caminho. Ele chegou à relativa segurança do Tahoe, abaixou-se sob as janelas e correu para Leighton, que ainda estava disparando sua Glock em um estável ritmo - bang bang, bang bang.
— Leighton! — Colin gritou. Ele olhou com preocupação a estrada aberta por trás deles. Era hora de sair. Leighton assentiu e continuou atirando.
O Tahoe inclinou enquanto Robbie pulava no estribo atrás do compartimento de passageiros, colocando Leighton entre os dois. Disparando sua metralhadora em semi-automático na direção geral dos atacantes, ele rugiu para Leighton: — No caminhão, Cyn. Agora!
Tiroteio fresco irrompeu de repente de uma nova direção, vindo do outro lado do estacionamento, onde Colin estava escondido anteriormente. Colin caiu no chão enquanto Leighton saía e começava a disparar, cobrindo suas costas enquanto ele abria a porta da frente de seu caminhão, e começava a retornar o fogo. Sentiu mais do que viu Robbie deixar o estribo e olhou para vê-lo chegar para Leighton, tentando puxá-la para fora de sua posição exposta e para a proteção do caminhão.
Colin ouviu um grunhido suave e um suspiro de ar, ouviu o grito horrorizado de Robbie de negação.
Ele girou, um protesto mudo sufocando-o enquanto água gelada enchia suas veias. — Maldição! — ele jurou. Leighton estava caída no chão, sangue já encharcando a frente de sua calça de combate e embebendo na sujeira.
— Coloque-a no caminhão, Robbie. Coloque-a no caminhão, porra!
— Último carregador. — Robbie gritou e jogou sua Uzi em Colin, que pegou com uma só mão. Ele enfiou a 0,9 mm no coldre e começou a disparar a Uzi em pleno auto, nem mesmo tentando acertar alguma coisa. Seu único pensamento era forçar os inimigos a procurar cobertura tempo suficiente para Robbie trazer Leighton dentro da caminhonete para que pudessem dar o fora daqui.
Ele disparou um outro olhar sobre o ombro e viu Robbie pegar Leighton como se ela não pesasse nada. Balas foram voando pelo ar, batendo no estacionamento de terra e arrancando pedaços das árvores. Alguém teve sorte e atirou em todas as janelas do Tahoe, estilhaçando o vidro de segurança. Robbie curvou seu corpo em torno de Leighton e se manteve em movimento, arrastando-a para o banco traseiro e permanecendo baixo.
Colin esticou o braço e fechou a porta de trás. Deitado quase plano no banco da frente, ele empurrou as chaves na ignição e colocou o caminhão em marcha. Ele começou a sentar-se, atingindo o seu pé no acelerador, quando ouviu uma voz gritando ordens, uma voz quase tão familiar para ele como a sua própria. Seu estômago se apertou em negação. Isso era impossível. O tiroteio morreu abruptamente e ele ouviu seu nome ser chamado. Ele fechou os olhos contra a onda de traição doente.
Ele fechou a porta do caminhão e acelerou, os pneus cuspindo sujeira antes de pegar no asfalto com um grito de borracha queimada.
Colin não pensou em nada durante os primeiros quilômetros. O pára-brisa estava quebrado, mas ele ainda podia ver, então se concentrou em dirigir, em conseguir alguma ajuda para Leighton, em colocar distância entre eles e o maldito Babe’s. A Benelli repousava no banco do passageiro, juntamente com a Uzi de Robbie, a 0.9 mm estava em sua mão. Sua atenção se desviou da estrada em frente até ao seu espelho retrovisor e de volta, mais e mais até que ele estava convencido de que ninguém estava seguindo.
— Quão ruim? — ele perguntou para Robbie, arriscando um olhar rápido sobre o ombro.
— Você tem um kit de primeiros socorros ou algo assim neste caminhão? — Robbie perguntou firmemente.
— Sim, está na parte de trás, mas poderia ser melhor se nós…
— Pare, porra. — Robbie exigiu. — Eu preciso de algo além das minhas mãos para parar este sangramento. — ele acrescentou mais silenciosamente, sua voz rouca de emoção.
— Foda-se. — Colin verificou o espelho de forma rápida e virou numa estrada velha, não parando até que a estrada principal tinha desaparecido nas árvores atrás dele. Ele se jogou para fora do caminhão, correu para trás, levantou o porta-malas e agarrou o kit de primeiros socorros, batendo a escotilha para baixo.
Apressando-se para trás, ele abriu a porta traseira e jurou violentamente com o que encontrou lá.
Sangue. Demasiado sangue para uma pessoa perder. Suas calças estavam pretas com ele, o carpete cinza manchado de vermelho brilhante. Robbie estava ninando Leighton em seus braços, uma mão grande alisando o cabelo para trás do rosto dela continuamente.
— Cyn, querida. — ele implorou suavemente. — Segure firme por mim, querida. Segure firme.
— Quão ruim é isso? — Colin perguntou severamente.
Robbie olhou para cima e encontrou o olhar de Colin. Ele não precisava dizer nada. A dor estava escrita por todo o seu rosto.
— Nós não vamos desistir. — disse Colin com uma voz dura. — O
Hospital está a uns cem quilômetros, mas posso fazê-lo em…
— Não. — A voz de Leighton foi inesperada, aterrorizante em sua fragilidade. Seus olhos se abriram, embaçados com dor, e ela procurou o rosto de Robbie. Ela tateou procurando a mão dele com os dedos exangues. — Raphael. Robbie, você tem que me levar… — Ela gemeu, vomitou para um lado e, em seguida, gritou com a dor.
Colin automaticamente pegou um pano molhado do kit de primeiros socorros, olhando para ele na mão antes de jogá-lo no chão. Que merda de importância tinha se o seu rosto estava sujo?
O grito de Leighton diminuiu para gemidos suaves, e ela chorou, de repente, sua mão caindo onde ela estava agarrada ao braço de Robbie. — Isso machuca tanto, Robbie. — Lágrimas desciam das suas bochechas, sufocando suas palavras. — Prometa-me, Rob. — ela disse em um sussurro.
— Eu prometo, querida. Eu vou. Você sabe que eu vou. Basta tentar suportar agora.
Colin estava pegando pacotes quase aleatoriamente a partir do kit de primeiros socorros, rasgando-os abertos, empurrando o conteúdo na mão de Robbie e rasgando um pouco mais. Ataduras, bandagens, gazes, tudo que pudesse ajudar. O chão estava cheio de embalagens de papel em cima do sangue e vômito. Robbie estava segurando a compressa improvisada sobre o intestino sangrento de Leighton, mantendo-o no lugar, mesmo quando ela gritou, sussurrando desculpas a ela uma e outra vez.
Ele olhou para cima, de repente com intenção. — Vamos. — disse laconicamente. — Ela está certa. Temos que levá-la para o complexo antes do anoitecer.
— O complexo? — Colin disse. — Cara, que merda isso…
— Só o faça. — Robbie disse em uma voz dura. — Ou eu vou atirar em você e dirigir o caminhão maldito por mim mesmo.
— Merda. Eu vou dirigir, porra. Você cuide dela.
Colin voltou para o banco do motorista e deu a volta. Ele voltou para a rodovia, parando apenas para verificar o caminho com cuidado antes de ir para fora e começar a voltar para Cooper’s Rest e o complexo vampiro. Ele esmagou o pedal do acelerador sob sua bota, exigindo cada pedaço de velocidade que o Tahoe tinha para lhe dar.
— Fique comigo, Cyn. — ele ouviu Robbie implorar suavemente. Colin olhou no espelho retrovisor. O rosto do homem grande estava riscado com lágrimas, os olhos fechados enquanto sua boca se movia em uma oração silenciosa.
— Dez minutos. — Colin chamou por cima do ombro o que parecia ser uma vida mais tarde. Ele fez uma curva acentuada na estrada estreita onde os vampiros tinham seu complexo. — Talvez menos.
— Você tem um celular? — Robbie pediu tensamente. — O meu foi frito lá atrás.
— Você levou um tiro? — Colin exigiu, arriscando um olhar para trás.
— Nada que não se sustentará. Telefone celular. — repetiu ele.
— Yeah, yeah. Aqui. — Colin tirou-o para fora do bolso e segurou-o por cima do ombro, mas Robbie não pegou.
— Ligue para este número. — disse ele em vez disso, dizendo um código de área e número de telefone de Los Angeles.
Colin discou e ouviu tocar. — Está tocando. E agora?
— Me dê.
A mão de Robbie estava coberta com sangue, quando ele pegou o telefone. — Dr. Saephan, é Cyn. Ela está… — Sua voz quebrou e Colin ouviu-o dar uma respiração profunda. — Sim. — ele continuou. — É ruim. Tiro no intestino. Ela está sangrando… Ela está sangrando muito, cara. Murphy diz que dez minutos no máximo. — Ele fez uma pausa, depois disse: — Merda, você acha que eu não sabia disso? Certo, desculpe. Ok. Nos vemos lá.
Colin viu em seu espelho retrovisor como Robbie limpou um antebraço sangrento na testa. O Ranger grande olhou para cima e encontrou o seu olhar.
— Você quer isso de volta? — ele perguntou, segurando o telefone.
Colin estendeu a mão para o telefone que estava pegajoso com sangue. Ele deixou cair no console central.
— Quem era?
— Doutor Saephan. Ele é um cirurgião de trauma, um dos melhores do país. Seu parceiro é um dos soldados de Raphael e ele viaja com a gente muito, especialmente se Cyn está junto. Quanto tempo até o pôr do sol?
Levou Colin um minuto para processar a mudança no assunto.
— Uh. — ele olhou ao redor das árvores escuras. — Eu não sei exatamente. Meia hora, talvez? A luz é enganosa por aqui.
— Isso é bom. — Robbie respirou. — Você ouviu isso, querida Cyn. É quase pôr do sol.
Colin tinha certeza que Leighton não estava ouvindo muita coisa. Mas ela ainda estava viva, o que era alguma coisa. E se este cirurgião fosse tão bom como Robbie alegou, talvez ele pudesse salvar sua vida. E, bem, era quase por do sol e Raphael e os outros vampiros estariam acordados em breve.
Mas além de Raphael segurando sua mão enquanto ela sofria, qual a diferença que isso faria, inferno?
Ele olhou para cima quando o complexo entrou em vista. Os guardas estavam prontos para eles e tinham o grande portão rolando para fora do caminho antes de chegar lá. Colin mal diminuiu quando fez a curva, batendo nos freios a toda a volta da curva da rodovia e até o grande edifício.
Ele nunca tinha estado aqui à luz do dia antes. Cada janela no lugar estava fechada do lado de dentro, apresentando uma fachada quase uniforme cinza com a frente de concreto. O obturador sobre uma das grandes portas de vidro estava rolando para cima enquanto ele deslizava até parar nas escadas largas. A porta se abriu e um homem magro, de cabelos escuros saiu correndo, carregando uma maca dobrável portátil. Ele desceu correndo as escadas e abriu a porta traseira antes do Tahoe ter parado de se mover.
Ele deu uma olhada na Leighton nos braços de Robbie, amaldiçoou fluentemente e entrou em ‘modo médico’, o que disse a Colin este era o Dr. Saephan com quem Robbie tinha falado. Dois dos guardas do portão haviam seguido o caminhão até a casa e um deles já estava implantando a maca, encaixando-a rígida quando seu amigo pegou a outra extremidade.
— Você — Saephan ordenou a Colin — fique por aqui e lhes dê uma mão. Não quero isso mais perturbado do que o necessário agora. Robbie, temos talvez vinte minutos antes que a merda aconteça. Não posso fazer muito nesse tempo, mas posso fazê-la parecer melhor do que isso. Vocês estão prontos? — ele perguntou por cima do ombro.
Os dois guardas do portão acenaram com a cabeça.
— Pronto, Doc.
— Tudo bem, vamos embora.
Robbie deslizou através do assento, segurando Leighton ao peito, usando as pernas para controlar o deslizamento. Quando chegou à porta, virou-se ligeiramente e Colin estava lá com Saephan, pegando o seu peso e transferindo-a para a maca. Leighton gritou quando eles a moveram, mas não recuperou a consciência. Seu rosto estava pálido sob a sujeira e suor, as mãos deitadas molemente sobre o peito, onde Saephan as tinha colocado.
Os guardas já estavam subindo as escadas, a maca cuidadosamente entre eles, Saephan correndo ao lado. Uma mulher ficou no topo das escadas, segurando a porta aberta, os olhos arregalados com o choque.
— Quem diabos é essa? — Robbie exigiu.
Saephan olhou apressadamente. — Ela trabalha aqui. — Voltou-se, chamando a atenção de Robbie. — Você tem que sair daqui, Rob. Apenas durante a noite. Eu te ligo.
Robbie abriu a boca para protestar, mas Saephan levantou a mão, seu olhar seguindo a maca com Leighton através das portas.
— Eu não tenho tempo para argumentar e você sabe que eu estou certo. Eu não preciso de dois pacientes. Tenho certeza que este senhor vai deixá-lo dormir em seu sofá. Agora eu tenho que ajudar a Cyn.
Saephan girou, dando os últimos passos e correndo através da porta aberta, gritando ordens enquanto ele ia. A mulher apareceu novamente. Ela empurrou a porta fechada, os dedos descansando no punho por um momento enquanto estudava Colin e Robbie através do vidro. Então ela recuou e o obturador pesado rolou, para fechá-los completamente.
Colin virou para Robbie, sua raiva como um incêndio em seu intestino. Ele tinha sido obrigado a esperar mais vezes do que poderia contar enquanto seus companheiros lutavam por suas vidas, mas ele nunca tinha sido excluído assim. — Que porra é essa? Olha, eu entendo, Raphael vai ficar puto. Mas por que não podemos ir lá com ela? Que tipo de…
— Ele está certo. — disse Robbie estupidamente, seu olhar ainda grudado na porta, atualmente fechada. Ele abaixou a cabeça, suspirando profundamente. — Doc está tentando salvar a minha vida. A sua, também.
Colin olhou para ele. — Você sabe, é melhor alguém começar a falar e não vejo ninguém aqui, além de você. Você tem um cirurgião de trauma aqui, fantástico. Então porque não estamos voando com o doutor e Leighton a um hospital? E quem diabos se importa se Raphael já está acordado ou não? A mulher necessita de cuidados médicos, não segurar as mãos. E por que diabos estamos em pé aqui fora como lixo de ontem?
Robbie encontrou seu olhar cansado, apesar da raiva de Colin. — Você viu feridas como essa antes, Murphy. Você sabe das probabilidades. Mas você não sabe muito sobre vampiros, então vai ter que confiar em mim quando eu digo que sua melhor chance de sobreviver está dormindo naquele prédio. Isso é por que ela está aqui e é por isso que me importa a que horas o sol maldito vai para baixo, ok? Agora sobre o outro…
Suas palavras foram cortadas, os olhos aumentando de tamanho, com choque enquanto um rugido enorme trovejava pelo ar, agitando o solo a seus pés e enviando poeira voando por toda parte enquanto o edifício de concreto tremia em sua fundação.
— Que porra é essa? — Colin respirou.
— Raphael. — Robbie sussurrou.
Capítulo 29
Raphael acordou com um grito de raiva. A dor de Cyn era como uma faca em sua barriga. Ele podia sentir o cheiro do sangue dela, podia sentir enfraquecendo a batida de seu coração, seus pulmões lutando para respirar. Pela primeira vez em séculos, verdadeiro terror o domou com a idéia de perdê-la.
Ele não se incomodou com as roupas, caminhando pelo quarto, xingando o tempo que levou para abrir a porta do cofre, então o porta do elevador, ter que esperar que as portas fechassem e que o elevador subisse a curta distância até onde ela estava morrendo sem ele.
As portas se abriram e ele saltou para o corredor e para a sala grande, rosnando para os dois guardas humanos que estavam amontoados perto das portas dianteiras.
— Eles trouxeram-na de carro, meu senhor. — a voz familiar de um homem disse. — Eles não podem sair até as janelas abrirem para a noite.
A cabeça de Raphael virou para o humano de joelhos junto à sua Cyn. Ele rosnou, mas o humano já se tinha virado de costas e estava inclinado sobre ela, fazendo algo que Raphael não podia ver. Raphael esticou o braço, com a intenção de pegar o homem e jogá-lo para o outro lado da sala por se atrever a tocá-la.
Mas o ser humano olhou para cima no último momento e Raphael ainda teve a presença de espírito suficiente para reconhecer Peter Saephan.
— Mova-se. — Raphael conseguiu dizer.
Saephan assim o fez, se afastando sem sequer se levantar.
Raphael caiu de joelhos na frente dela e rasgou seu pulso. Levou-o à sua boca, mas ela estava muito fraca para beber. Ele uivou e afundou uma presa sobre o lábio em vez disso, curvando-se para pressionar seus lábios à boca sem resposta, deslizando sua língua entre os dentes dela. Sua respiração acelerou e em seguida, diminuiu, como se ela estivesse esperando por ele, como se soubesse que ele estava finalmente aqui.
Raphael fechou os olhos e ergueu a boca para longe da dela, quase esmagado pela dor saindo dela em ondas. Ele fez punhos com suas mãos e rolou a cabeça para trás sobre seus ombros, deixando escapar um rugido angustiado que preencheu o edifício, quebrando o vidro por trás das persianas pesadas.
Reunindo Cyn em seus braços, ele se levantou e, segurando-a firmemente contra seu peito, ele se deslocou com a velocidade da luz de volta para o elevador.
Passos ecoaram atrás dele e ele podia ouvir Saephan falando rapidamente.
— Ela precisa de sangue, meu senhor. Sangue humano para substituir o que ela perdeu.
Raphael o ignorou. Ele sabia apenas uma coisa. Ele ia levá-la até seu covil onde ninguém poderia tocá-la, onde ela estava segura. Com ele.
Raphael encostou-se contra o espelho do elevador, com a cabeça ao lado da de Cyn, sussurrando palavras de segurança, de amor, de súplica, pedindo-lhe para permanecer viva. Ele mal percebeu as portas abrindo no térreo, mal registrou seu próprio movimento quando atravessou o quarto e a deitou na cama com cuidado primoroso. Ele afundou suas presas em seu pulso, rasgando até abrir a veia que já tinha começado a fechar. Sangue derramou para fora e ele segurou-o sobre a boca dela, pedindo-lhe para beber. Ele tentou alcançar sua mente, mas ela estava muito fraca, muito longe. Ele sentiu uma onda de desespero e empurrou esse sentimento brutalmente para o lado.
Arrastando os dedos pelo seu próprio sangue, ele esfregou-o sobre os lábios dela, deslizando seus dedos em sua boca e massageando as gengivas. Sua língua tocou seus dedos instintivamente, pegando ainda mais de seu sangue. Ela finalmente engoliu em seco, debilmente, em seguida, tossiu e gritou de dor, lágrimas vazando por baixo das pálpebras fechadas.
Raphael sentiu seu rosto molhado de lágrimas.
— Um pouco mais, lubimaya. — ele sussurrou encorajador. Alargou o corte em seu pulso, deixando cair algumas gotas em sua boca e esfregando suavemente sua garganta. Ela engoliu em seco novamente, com mais facilidade, sua boca abrindo ansiosamente como se alguma parte sua entendesse, mesmo em seu estado inconsciente, que seu sangue iria salvá-la.
Ela engoliu mais uma vez, fortemente desta vez, e ele alimentou-a com mais algumas gotas, murmurando para ela o tempo todo, usando os ritmos fluídos de seu russo nativo. Seu peito subiu em uma respiração profunda e seu coração disparou… apenas para falhar novamente quando ele começou a retirar sua roupa e viu a verdadeira extensão de seus ferimentos.
Suas costelas estavam quebradas ao longo do seu lado direito, o peito preto e azul, onde o colete a havia protegido. Mas o colete não a podia proteger completamente, e sua proteção não se estendia abaixo da cintura. As balas do assassino tinham rasgado seu estômago e barriga, rasgando seus intestinos, prejudicando vários órgãos vitais. Saephan estava preocupado com a perda de sangue, mas Raphael sabia que isso era o de menos. A infecção já se estava espalhando por seu corpo danificado, o seu calor como um farol malicioso insultando-o.
Qualquer outra pessoa já estaria morta. Somente sua conexão com ele, fortalecida pelo sangue que ela tomava quase diariamente, havia lhe dado a força para sobreviver tanto tempo.
Mas a sua Cyn não era imortal. O sangue que compartilhavam a fazia parecer assim para aqueles que não entendiam. Mas, apesar de toda a proximidade entre eles, apesar dela ser a própria vida para ele, a realidade era que eles não estavam juntos há muito tempo - menos de um ano, o que não era tempo suficiente para ela ter mais do que uma capacidade de cura mínima. Cem anos a partir de agora, ela seria praticamente imortal, mas mesmo assim ela ainda precisaria de sua assistência para curar algo tão devastador.
Um pico de fúria primitiva esfaqueou o seu estômago. Ele queria derrubar as paredes da sua existência dita civilizada, destruir todos os seres humanos que ousaram prejudicá-la, derrubar a sua pequena cidade tola e deixar cada um deles sangrando e partidos para os urubus se banquetearem.
Cyn gemeu baixinho e Raphael se puxou de volta à consciência, xingando a si mesmo. Ela sentiu a força de sua raiva e reagiu a ele. Isso a tinha magoado. Ele a tinha magoado. Limpou as lágrimas de seus olhos e se deitou ao lado dela, puxando-a suavemente para dentro da curva do seu corpo, puxando as cobertas em torno deles. Ignorando tudo o mais, todo mundo, ele fundou nas profundezas do seu poder e puxou Cyn com ele.
Ele iria curá-la. Ela iria sobreviver. Ou eles morreriam juntos.
Capítulo 30
Sophia acordou com um sobressalto, um uivo de força bruta ainda a trovejar em sua cabeça. Ela sentou-se, o coração batendo forte com a adrenalina, seu próprio poder agitando-se bem debaixo da pele. O sol ainda não saíra. Ela podia senti-lo agarrando-se ao horizonte, e ainda assim estava acordada. E não estava sozinha. Portas abriam-se violentamente no corredor e passos pesados se faziam ouvir. Vozes se erguiam em toda parte, gritando ordens, exigindo informações.
Sophia fechou os olhos e escutou. Não as vozes em pânico e confusão do lado de fora, mas além daquela coisa efêmera que era a aura de poder, o dom do Vampiro.
Ela usou seus sentidos, tanto quanto ousava neste lugar desconhecido. Era uma hóspede ali, não desejada, mas tolerada. Tinha que ter cuidado. Uma segunda onda de fúria sacudiu as paredes, silenciando os ruídos do lado de fora, sugando o ar de seus pulmões. Ela pressionou o peito com uma das mãos, baseando-se em seu próprio poder para se isolar da raiva e dor que só faltava escorrer pelas paredes. Algo acontecera. Algo terrível. Raphael estava enfurecido, sua ira desenfreada acordando cada vampiro no prédio, ameaçando fazer desabar todas as paredes ao redor, e fazendo com que o próprio ar vibrasse para aqueles sensíveis o bastante para senti-lo. Ela jamais experimentara uma dor tão crua de alguém tão poderoso. E temia descobrir o que a havia causado.
Ela se vestiu rapidamente enfiando uma camiseta e um pulôver sobre a cabeça, vestindo jeans e calçando rapidamente botas de cano curto. Abriu a porta com força, trançando seus longos cabelos enquanto corria, juntando-se aos guardas e outras pessoas que se apressavam na mesma direção.
A grande sala no andar de cima era um caos controlado. Ela sentiu cheiro de sangue. Muito sangue. Virou a cabeça, seguindo o cheiro até um lugar no canto mais distante da sala, perto do corredor que levava ao esconderijo de Lorde Raphael. Dois de seus guardas vampiros removiam um sofá encharcado de sangue, um outro enrolava o tapete que uma vez repousara diante do sofá. Do outro lado, uma porta se abria para o amplo quarto onde ela encontrou Raphael naquela primeira noite e ela viu Duncan lá dentro, falando com alguém que estava fora de vista.
Ela se dirigiu para lá. O que quer que tivesse acontecido, Duncan saberia. Sem dúvida sua presença não seria bem vinda, mas, na pior das hipóteses, ele lhe pediria para sair. Na melhor, ela descobriria quem estava morto. Sophia se apressou, determinada a descobrir o que havia acontecido antes que o pessoal de Raphael tivesse uma chance de impedi-la. Isto tinha que estar ligado de algum modo aos recentes assassinatos e ao desaparecimento de Lucien. E ela queria saber de quem era o sangue que manchara o sofá de vermelho. Não conseguia pensar em ninguém, além da companheira de Raphael, que pudesse desencadear tal ira do poderoso lorde vampiro. Mas se Cynthia estivesse ferida ou, deus o livre, se estivesse morrendo, como isso acontecera? Teria Colin estado com ela?
Ela desacelerou quando alcançou as altas portas duplas e deslizou silenciosamente para dentro do quarto. Duncan estava de costas para ela, com o enorme Juro a seu lado. Pela primeira vez desde que ela chegara, eles estavam vestidos com algo menos que a perfeição da alfaiataria. Duncan havia claramente se enfiado na primeira coisa que encontrou, calças de moletom e uma camiseta, os pés ainda descalços. Juro havia conseguido sapatos e calças escuras, mas sua camisa estava para fora do cós e apenas parcialmente abotoada.
Nenhum deles reconheceu sua presença, concentrando-se na terceira pessoa no quarto - um humano que falava rapidamente.
— Foi muito ruim, Duncan, como nunca vi. Não sei se mesmo Raphael pode curar algo assim.
— Você sabe o que aconteceu? — perguntou Duncan atentamente.
O humano sacudiu a cabeça, claramente frustrado.
— Não perguntei. Robbie me chamou, avisando que eles estavam vindo com ela. Quando eles chegaram…
— Eles quem?
— Ah, acho que era um policial local…
— Colin? — O nome escapou antes que Sophie pudesse se conter. Ela congelou quando todos se voltaram para encará-la.
— Sophia. — disse Duncan com voz fria. Fez uma pausa, e então inclinou ligeiramente a cabeça. — Junte-se a nós. Este é o Dr. Peter Saephan, um valioso membro da equipe de Lorde Raphael. — Gesticulou em direção a ela. — Sophia, representante de Lucien.
Sophia avançou, acenando um reconhecimento. — E quanto a Colin? — exigiu — Ele foi ferido?
— Não. — Saephan disse, sacudindo a cabeça — Bem, não que eu tenha visto. — emendou. — Quero dizer, ele e Robbie estavam arranhados e ensanguentados, mas acho que a maior parte do sangue era de Cyn. Murphy estava dirigindo. Robbie estava no banco de trás com Cyn e… Ah, deus, Duncan, quando abri aquela porta e os vi…
Quando ele ergueu o olhar, seus olhos estavam cheios de angústia. — Não havia nada que eu pudesse fazer por ela. Mesmo com uma UTI completa, não sei se eu…
— Você fez o que pôde, Peter. — Assegurou Duncan. — E Robbie também, ao trazê-la diretamente para cá. Onde está ele agora?
— Mandei-o embora. Estava com medo do que Raphael poderia fazer quando a visse. Não sei…
— Eles ainda estão no portão. — Interrompeu Juro. — Murphy recusa-se a partir enquanto não souber qual é o estado dela.
— Falarei com ele. — Sophia disse, mantendo sua voz tão destituída de emoção quanto a de Duncan.
Duncan voltou aquele olhar impessoal para ela outra vez, seu rosto completamente sem expressão. — Muito bem. — disse ele — Juro a acompanhará até o portão.
Sophia quis protestar, dizer que não precisava de ninguém acompanhando-a ao longo dos cem metros até o maldito portão, mas decidiu que não valia a pena discutir. O complexo pertencia a eles e ela só perderia com isso.
— Como quiser. — Respondeu impassível.
***
Colin forçou-se a se manter imóvel, consciente dos olhares hostis dos guardas vampiros que haviam aparecido aos montes depois que Raphael se enfurecera e que agora pareciam ter dobrado em número nos últimos minutos. Robbie estava agachado a poucos metros de distância, perto do muro, a cabeça entre as mãos. Ele lavara a maior parte do sangue, usando uma mangueira de jardim perto da garagem. Ele fizera quase tudo para forçar Colin a fazer o mesmo, virando a mangueira em sua direção quase sem aviso. Colin pensou que era um desperdício de tempo e esforço. Até que os guardas vampiros apareceram para substituir seus sósias humanos. Até que cada um olhasse duramente para Robbie, suas narinas fremindo. Eles prestaram menos atenção a Colin, mas ele tinha menos sangue para limpar. Robbie estava praticamente banhado em sangue.
Colin avançou para seu Tahoe apenas para ter algo para fazer. O carro estava bastante destruído - não havia mais janelas, exceto o parabrisas, que estava rachado, a lataria estava crivada de buracos de bala e o interior estava encharcado pela água usada para lavar o sangue de Leighton. Não que isso importasse. Ele não ligava para o maldito veículo. A única coisa que importava era se ela estava viva ou morta.
E ninguém parecia capaz, ou talvez disposto, a dizer-lhe isso.
Ele fechou as mãos em punhos impotentes. Era difícil ficar ali parado quando o que ele queria era começar a procurar a pessoa que fez isso. Aquela voz persistia em voltar, assombrando-o. Ele tinha que estar errado. Não poderia ter sido…
Os guardas vampiros subitamente se enrijeceram em sinal de atenção. Colin voltou-se quando o enorme chefe de segurança japonês de Raphael surgiu da escuridão seguido por…
— Olá, Colin. — Sophia disse. Seu rosto estava profundamente calmo, sua voz destituída de qualquer emoção.
Colin apenas a encarou. Esta não era a Sophie da vila. Nem mesmo a sedutora Sophia que aparecera em sua casa na outra noite. Esta era Sophia em seu verdadeiro semblante de vampira. Seus usualmente calorosos olhos castanhos eram negras piscinas geladas à pouca luz, seu corpo altivamente ereto. Ele desviou o olhar, imaginando qual seria sua verdadeira face, se é que alguma delas era verdadeira.
Robbie se erguera de sua posição de sofrimento assim que eles apareceram. Ele estava em frente ao lutador de sumô, as mãos fortemente fechadas em punhos apoiadas nos quadris, como se para impedi-las de agarrar o vampiro e espremer a verdade dele. — Como ela está, Juro? Ela está viva?
— Ela está com Raphael. — Respondeu Juro. — É tudo o que sabemos.
— Ela está viva. — disse Sophia com convicção — Nenhum de nós estaria aqui se ela tivesse morrido.
Aquilo não fazia sentido para Colin, mas pareceu satisfazer Robbie. Ele assentiu e olhou ansiosamente para a casa.
— Não há necessidade de você partir, Rob. — A voz profunda de Juro retumbou com surpreendente compaixão. — Sabemos que você fez tudo o que pôde. Lorde Raphael saberá também.
Robbie ergueu o olhar, seu rosto tomado de gratidão, mas sacudiu a cabeça. — Ela não deveria estar lá, Juro. Não era…
— Nós dois a conhecemos bem — insistiu Juro. E, pela primeira vez, Colin viu emoção cruzar o rosto do enorme vampiro. Era a mesma expressão que ele viu no rosto de Robbie naquele carro ensanguentado. A mesma coisa que ele via nos rostos de seus companheiros quando cruzavam os corredores estéreis dos hospitais militares, esperando pelo aviso de que deveriam comparecer a mais um funeral ou se tinham enganado a morte mais uma vez. Era um olhar que ele já vira em seu próprio rosto no espelho. Eles amavam Leighton. Não como a uma amante, mas uma camarada de armas.
— Colin. — A voz de Sophia arrancou-o da contemplação dessa nova ideia.
— Sim?
O lábio dela se torceu levemente, reconhecendo sua rudeza. — Posso ter uma palavra com você?
Ele a estudou por um momento, então deu de ombros. — Claro, por que não?
Sophia olhou nos olhos dele. Pareciam quase cinza, com a pouca luminosidade, mas eram azuis - um lindo, cristalino azul que contrastava com o cabelo preto pendendo molhado sobre sua testa. Preto irlandês, ele dissera, e ela havia rido dele, pois nunca ouvira tal coisa antes. Ele sorrira então, mas não sorria agora.
Ela deu um pequeno suspiro, tentando descobrir a maneira certa de falar com este homem, esse humano que, apesar de seu passado compartilhado, era um estranho neste lugar e neste momento. Ele não parecia perceber o perigo em que se encontrava, e ela suspeitava que era porque ele sabia tão pouco sobre vampiros. O que ela dissera um momento antes era absolutamente verdadeiro. Se a companheira de Raphael morresse, nada salvaria qualquer um deles. Todo aquele poder liberado em uma tempestade de tristeza poderia acabar com tudo num raio de quilômetros antes que o lorde vampiro percebesse o que estava fazendo. Ele mataria amigos e inimigos indiscriminadamente, em sua necessidade cega de vingança.
Mas mesmo se Cynthia não morresse, haveria consequências. Colin e esse outro humano, Robbie, estavam com ela quando foi atacada. De acordo com o raciocínio de Raphael, isso os tornaria culpados por falharem em protegê-la. Robbie, certamente - ele era um tipo de guarda costas, afinal de contas. Mas Colin seria considerado igualmente culpado por associação.
Raphael permaneceria com sua companheira pelo menos durante esta noite. Mas quando finalmente emergisse de seu esconderijo, ele estaria procurando por alguém para punir. Ele caçaria os verdadeiros responsáveis, mas sua ira começaria com a primeira pessoa à mão. E se ela tivesse alguma coisa a dizer sobre isso, essa pessoa não seria Colin.
Mas como convencer Colin disso?
Consciente de sua audiência vampira, particularmente Juro, ela voltou suas costas para eles e tocou o braço de Colin, instando-o a afastar-se do grupo para o outro lado da entrada de carros. Isso não impediria que Juro ouvisse cada palavra que ela dissesse, mas ele não seria capaz de ver sua expressão enquanto o fizesse.
Colin surpreendeu-a ao não se afastar de seu toque. Ele caminhou com ela alguns metros para longe da entrada de carros e em direção à grama. Não havia muito luar, mas havia luzes de segurança acima do portão. E Colin não parecia perturbado pela escuridão, seus passos firmes no gramado irregular.
Cuidando para manter-se de costas para o portão e seus vampiros, ela sorriu para ele, um sorriso genuíno de afeição e carinho. Ele teve um pequeno sobressalto de surpresa com a mudança de comportamento dela. Ele o controlou rapidamente, mas ela percebeu. — Você tem uma visão noturna muito boa. — comentou ela.
Os olhos dele se estreitaram, como se tentasse descobrir o jogo dela. Mas ela não estava jogando. Por fim deu de ombros. — Anos de operações noturnas. Ficou arraigado em mim.
— Colin. — Começou ela, sua mão ainda repousando no antebraço musculoso dele — Há algo que você precisa entender sobre os vampiros, especialmente os poderosos como Raphael. Sua… — ela lutou para encontrar a palavra, —… hostilidade é muito próxima da superfície. É parte do que os torna quem são, o que são. Sua disposição para lutar pelo que querem, defender o que lhes pertence. E nada, Colin, nada é mais sagrado para um vampiro que seu companheiro. Ouvi o relatório do médico humano.
A expressão de Colin iluminou-se imediatamente. — Você falou com ele? O que ele disse?
Sophia sorriu, maravilhada com a complexidade de seu humano. Seu humano? Era isso o que ele era? Ela suspirou internamente. — Ele nos disse que ela está gravemente ferida, que se ela sobreviver, será Raphael quem a salvará.
Colin balançou a cabeça em negação, um olhar sofrido em seu rosto. — Não entendo, Sophie. Todos dizem que Raphael pode salvá-la, mas como?
Uma parte de Sophia ficou agradavelmente surpresa com o uso do apelido, mas, ao mesmo tempo, ela percebeu o quanto ele sabia pouco sobre vampiros. Não se tratava apenas do poder e agressividade de um lorde vampiro; era a própria essência do Vampiro. E quanto ela poderia compartilhar com ele? A comunidade vampira mantinha certas verdades em segredo e por uma razão muito boa. Um dos mais bem guardados segredos, e mais perigosos, era o poder curativo do sangue de vampiro.
Ela estudou o rosto familiar do homem em frente a ela, tão claro para sua visão de vampira. Ele era um homem bonito, seu Colin, com um maxilar forte e queixo quadrado. Os leves vincos ao redor de seus olhos testemunhavam sua risada fácil, vincos que não estavam lá dez anos atrás. Ela imaginava se alguma mulher pusera aquelas linhas de riso ali e sentiu uma pontada de ciúme.
A verdade atingiu-a como um choque elétrico. Ela o queria. Não por uma hora ou por uma noite. Queria que ele fosse dela e de mais ninguém. O desespero veio logo em seguida, o conhecimento de que ela podia ter destruído qualquer afeição que ele uma vez sentira por ela quando tomou a decisão de enganá-lo tanto tempo atrás.
Sua mandíbula apertou-se com determinação. Ela não podia mudar o passado. Mas se esperava ter um futuro com ele, apenas a verdade serviria agora. Ele ainda olhava para ela, esperando por uma resposta para sua pergunta.
— O sangue vampiro é muito forte, Colin, especialmente o de um vampiro antigo e forte como Raphael. O cruzamento entre vampiros é baseado na troca de sangue. O sangue humano de Cynthia o alimenta, mas o sangue dele a mantém saudável e jovem pelo tempo em que eles permanecerem juntos. É por isso que a maioria dos acasalamentos é entre vampiros e humanos. Um sustenta o outro.
Colin estava totalmente concentrado no que ela dizia. Ele ouvia cada palavra, visivelmente absorvendo e registrando tudo, e ela se lembrou de que Colin Murphy era mais do que um corpo forte, mais que um guerreiro altamente qualificado. Ele possuía também uma mente privilegiada.
Mas Sophia não queria dizer nada mais sobre as propriedades curativas do sangue de vampiro, não na frente de Juro e dos outros. Ela responderia a todas as suas perguntas, porém mais tarde, quando estivessem a sós.
Algo em sua expressão deve ter alertado Colin, porque ele inclinou a cabeça apenas um pouquinho e sorriu ligeiramente. — Então ele pode salvar a vida dela? — perguntou.
— Se alguém pode, é ele. — disse ela com cuidado. — Não saberemos por algumas horas, e provavelmente não até o pôr do sol de amanhã. Ele não desejará sair do lado dela até que ela esteja completamente estável, e talvez nem mesmo então. Não os conheço bem, mas mesmo eu posso ver o quanto ele a ama, e ela é importante para os outros também. — acrescentou, indicando os vampiros ao redor do portão e especialmente Juro e Robbie. — A lealdade deles fala, pelo menos em parte, do amor de seu mestre por ela.
— Então o que você está dizendo, Sophie? O que quer que eu faça?
Ela sorriu gentilmente. — Estou pedindo que você vá para casa. Não é seguro para você aqui. Se… se o pior acontecer, Raphael ficará um pouco louco, pelo menos por um tempo. É por isso que o doutor mandou você e Robbie embora em primeiro lugar. Não é seguro, especialmente para humanos.
— Mas Juro disse a Robbie que ele podia ficar, que era…
— E Juro está certo. É provavelmente seguro esta noite. Mas Robbie tem amigos poderosos por aqui, que irão argumentar em seu favor, talvez mesmo protegê-lo tanto quanto possível. Você só tem a mim.
Colin a encarou.
— Avisarei você imediatamente quando tivermos notícias, boas ou más. — Ela acrescentou rapidamente. — Confie em mim.
Ele ainda a estudava. Por fim deixou escapar um suspiro e desviou o olhar, balançando a cabeça. — Tudo bem. Vou para casa. Mas estou confiando em você, Sophie. — Encontrou seu olhar impassível. — Estou confiando em você. — repetiu.
— Eu sei. — disse ela, suavemente — Obrigada.
Ele balançou a cabeça e girou nos calcanhares, caminhando para onde Robbie ainda esperava. Pousando uma das mãos no ombro do outro homem, ele disse, calmamente: — Vou para casa tomar um banho e trocar de roupas. Você é mais que bem vindo para vir comigo. Tenho bastante espaço.
Robbie olhou de Colin para Sophia. — Obrigado, mas acho que vou dormir por aqui. Eu ligo para você.
— Estarei esperando. — Colin virou a cabeça, prendendo Sophia com aqueles perfeitos olhos azuis. — Você sabe onde me encontrar.
Capítulo 31
Colin se afastou de seu computador e verificou as horas, assim como tinha feito a cada dez segundos desde que tinha voltado para casa. Era quase duas horas da manhã, mas tinham passado horas desde que ele deixou o complexo vampiro e estava ficando um pouco louco.
Ele tinha lavado o interior de seu Tahoe novamente, sabendo que se o deixasse como estava, iria atrair cada animal carnívoro na floresta. Ele lavou o sangue restante, pegou o papel molhado e ataduras para jogá-los no lixo atrás de sua casa. Tinha demorado uma hora, uma hora que ele não tinha passado sentado à espera de ouvir de Sophia.
Ele usou um pouco mais de tempo no chuveiro quente, mas banhos simplesmente não demoravam tanto tempo desde que ele tinha passado doze anos na Marinha. A menos que ele estivesse tomando banho com alguém.
O que o trazia de volta para Sophia. E, caramba, se ele não a queria ainda. Teria sido mais fácil se ela tivesse sustentado a persona de vampira fria que tinha jogado com ele esta noite. Ou mesmo se ela se tornasse alguém completamente diferente nos anos desde que eles passaram um tempo juntos. Mas hoje à noite, ali no escuro, com a mão em seu braço, os anos tinham caído e ele tinha estado de volta naquela aldeia da América Central, com o calor e a umidade, o cheiro da selva à sua volta, e o fluxo e refluxo de espanhol provocando seus ouvidos.
Talvez ele apenas devesse transar com ela. Um rolo rápido pelo bem dos velhos tempos para tirá-la do seu sistema. Mas não seria tão fácil com Sophie. Nunca tinha sido. Ele a amava. Inferno, ele tinha planejado um futuro com ela. E agora aqui estava ela de volta em sua vida.
Ele ouviu um carro na garagem e se virou, seus pés descalços batendo no chão de madeira quando foi até a janela da frente. Bufou baixinho. Sim, lá estava ela. De volta em sua vida.
Colin abriu a porta quando as luzes desligaram no Sedan Lexus que ela estava dirigindo. Ele estava um pouco surpreso por Sophie saber dirigir. Ela não sabia quando ele a tinha conhecido antes. Não que ele a conhecesse, de qualquer maneira. Ele fez uma careta, lembrando que não sabia tanto sobre ela como pensava.
A luz da porta destacou-a quando ela fechou a porta do carro e se dirigiu para ele. Seus olhos apanharam a luz em um ângulo estranho, fazendo-os brilhar um ouro âmbar rico por um momento. Ele piscou e isso foi embora.
Observou seu rosto enquanto ela se aproximava, em busca de algum sinal de más notícias. Não viu nenhum, mas… — Leighton? — Perguntou rapidamente.
— Sem notícias. Mas, em sua própria maneira, isso é bom. Duncan, você o conheceu, certo? O vampiro loiro que é tenente de Raphael? — Ela esperou até que ele concordou com a cabeça. — Bem, Raphael é o Sire de Duncan, quem o fez vampiro. Eles estão juntos há mais de dois séculos, e têm uma relação próxima. Duncan também é bastante poderoso em seu próprio direito, o que significa que ele é muito mais sensível ao estado de espírito de Raphael do que qualquer outra pessoa, exceto, talvez, Cynthia.
Colin assentiu impaciente. Ele apreciou a lição de história vampírica, mas o que realmente queria saber era como estava Leighton.
Como se ela soubesse seus pensamentos, Sophia explicou. — Estou dizendo isso para que você entenda a confiabilidade da avaliação de Duncan. Ele contou que Raphael se afundou nas profundezas de seu poder. — Ela levantou a mão, impedindo a sua próxima pergunta. — É uma espécie de transe, um estado profundo quase meditativo. Ele lhe permite bloquear todas as distrações, para se concentrar apenas na única coisa que ele procura, ou neste caso, a única coisa que ele se preocupa, que é sua companheira. Ele está concentrando todo o seu considerável poder na cura dela, não apenas o seu sangue, mas a… Mágica, você chamaria isso, que faz dele um lorde vampiro.
— Como é que funciona?
Ela deu um sorriso triste. — É impossível explicar, Colin. Sinto muito, simplesmente é.
Intrigado, ele perguntou: — Você tem essa magia?
Ela pareceu surpresa com a pergunta. — Sim, é claro.
— Então, não é apenas de lordes vampiros.
— Não, mas é diretamente proporcional ao poder individual do vampiro. Diga-me, você tem algo mais para dirigir?
Perdido na contemplação da magia de vampiro, Colin franziu a testa pela sua pergunta, em seguida, percebeu que ela estava falando de seu caminhão. — Certo. — ele disse, enquanto seu cérebro apanhava o que ele estava vendo. Ele saltou da varanda, caminhou até o Tahoe, e começou a fechar portas. — Este bebê é uma perda total. Vou rebocá-lo amanhã e depois ir para a cidade e alugar algo. Por quê?
Sophia fungou discretamente e fez uma careta. — Tem o cheiro do sangue dela. Seria melhor você não levá-lo, nem mesmo movê-lo.
Colin esfregou a mão no seu cabelo. — O cheiro de sangue é realmente tão ruim? Talvez eu deva rebocá-lo esta noite, então.
— Não é ruim. — assegurou ela. — Só estou mencionando porque é o sangue de Leighton. As coisas estão mais instáveis do que de costume.
— Instáveis como?
— Mesmo que Raphael consiga curá-la, ela vai ficar fraca por algum tempo. Ele vai se tornar mais protetor com ela do que de costume, e muito mais sensível ao cheiro de seu sangue, especialmente em outro homem ou seus bens.
— Entendo. Isso é meio louco, você sabe. Toda essa coisa de cheiro de sangue. — Assim que as palavras saíram de sua boca, ele lamentou-as. — Oh, hey, eu não tive intenção de ser ofensivo.
— Não estou ofendida, Colin. Não estou tão completamente esquecida das minhas origens humanas que não consiga mais me lembrar como era.
Eles ficaram em um silêncio constrangedor por um momento muito longo até Colin desabar como o covarde que ele era. — Então, você quer entrar?
Seu sorriso era grande e cheio de gratidão. — Eu gostaria, obrigado.
Sophia passou por Colin e para o centro de sua sala de estar. Ela podia sentir a tensão em seu corpo poderoso e sabia que, apesar de todas as suas brincadeiras, seus sentimentos em relação a ela ainda eram ambivalentes. Ainda assim, ela considerou uma vitória que ele poderia ter uma conversa informal com ela apesar de tudo.
— Não vou ficar muito tempo. — assegurou ela. — Eu só precisava ficar fora por um tempo. Tudo está tão tenso por lá, todo mundo em suspense à espera de uma palavra, e eu sou uma estranha para eles. Todos os vampiros que viajam com Raphael são suas crianças, incluindo seus seguranças pessoais e todos os adicionais que ele chamou uma vez que os assassinatos foram descobertos. Eles são fanaticamente leais e têm as fileiras completamente cerradas em torno dele durante esta tragédia.
— Isso é normal? — Colin perguntou. — Quero dizer, um lorde vampiro ser cercado por seus próprios… Você sabe, os vampiros que ele fez?
Sophia deu de ombros. — Lordes vampiros não confiam em estranhos, então, sim, o círculo mais íntimo é frequentemente composto por crianças do próprio Lorde. Mas é incomum para um Lorde Vampiro ter tantos de seus próprios filhos vivendo tão intimamente com ele, especialmente porque muitas das pessoas de Raphael são bastante poderosoas. Eu diria que pelo menos metade dos vampiros que vivem na sede do meu Sire Lucien, em Vancouver, foram transformados por outra pessoa, embora ele tenha um círculo interno de sua própria descendência.
— E quanto aos outros? Os vampiros normais, os que não são lordes vampiros. E sobre as suas… — Ele tropeçou sobre a palavra. — Crianças?
Ela inclinou a cabeça, sorrindo com diversão. — Não é como no cinema ou televisão, Colin. Apenas alguns poucos vampiros são fortes o suficiente para transformar alguém, e os lordes vampiros reservam esse poder para si, em qualquer caso. — Sua expressão ficou séria quando ela continuou. — Qualquer vampiro que crie uma criança sem permissão será severamente punido, talvez destruído, dependendo dos desejos do seu mestre. É uma forma de controle da população, você entende. Os vampiros são virtualmente imortais. Sem restrições, a população em breve ficaria muito numerosa.
Desde que ela não tinha intenção de lhe dizer porque muitos vampiros seriam um problema - porque eles superariam rapidamente sua fonte de alimento, ou seja, os seres humanos, - ela se virou, andando para se sentar em um dos bancos de bar colocados junto ao balcão entre a sala de estar e a cozinha. — De qualquer forma, — ela continuou, — eu não sou um dos filhos de Raphael, e com todos ansiosos, os ânimos estão queimando. A última coisa que eu preciso é entrar em algum tipo de disputa de poder com um de seus vampiros.
Colin atravessou a sala, chegando perto o suficiente pra ela sentir o calor de seu corpo, podia sentir o forte perfume masculino de sua pele. Ele tinha uma camisa, mas estava desabotoada e seu jeans desbotado pairava baixo nos quadris estreitos. Seus dedos coçaram para acariciar seu peito e descer sobre seu abdômen, sentindo os cumes duros de músculos ali e arrastando as unhas ao longo da flecha de cabelo escuro que desaparecia abaixo do cós da calça jeans.
Por sua parte, Colin parecia desconhecer quão atraente ele era para ela naquele momento, atingindo para lá dela para pegar um abridor de garrafa de cerveja no bar antes de se sentar no banco ao lado dela. — Ignorando a analogia11 por agora, — disse ele — você poderia derrotá-los? — Ele começou a tomar uma bebida, depois parou e disse: — Quero dizer, se um dos vampiros começasse algo, você poderia, sabe, ganhar?
— Provavelmente. — disse Sophia, franzindo a testa para seu desconhecimento total do desejo dela.
Colin sorriu. — Sério?
Sua carranca aprofundou. — Sim, é verdade. E eu sei o que você está pensando. É o que todos pensam. Mulher, tão bonita, tão frágil. Seria de esperar que as pessoas de Raphael fossem espertos, pelo menos. Eles aceitam Cynthia pelo que ela é, depois de tudo. — Ela jogou uma mão no ar em desgosto. — Mas os vampiros são como algum tipo de retrocesso primitivo. Com certeza, alguns nasceram há muito tempo atrás, quando as mulheres eram pouco mais do que bens móveis, mas muitos deles não, e ainda são todos testosterona e luta.
— Eu pessoalmente sou bastante afeiçoado à minha testosterona. — Colin comentou casualmente.
Sophia riu, os olhos arregalando de surpresa ao mesmo tempo em que sua mão voou para cobrir sua boca. Ela sentiu o rosto ruborizar, que era algo que já raramente acontecia. Baixou o olhar, as mãos roçando desnecessariamente em suas coxas.
— De qualquer forma. — disse ela, ainda não olhando para ele. — Eu poderia derrotar a maioria deles. Embora, provavelmente não Duncan. E não se me encurralassem, mas um-a-um, eu conseguiria. Sou a criança mais poderosa de Lucien, você sabe. Eu duvido que é o que ele pretendia quando me transformou, mas aqui estou.
Ela ficou em silêncio, pensando no Lucien desaparecido e na possibilidade muito real de que ela poderia estar em batalha pelo controle do seu território em breve.
— Sophie?
Ela olhou para cima e percebeu que tinha ficado quieta por muito tempo. — Desculpe. Eu estava pensando sobre uma coisa. A questão é: — ela disse, voltando para a conversa. — Mesmo que eu pudesse ganhar, não quero lutar. Não é por isso que eu estou aqui.
Colin tomou outro gole de cerveja, depois riu. — Pequena Sophie, vampira fodona, — ele brincou e então congelou, olhando para ela.
Sophia não precisava ouvir seus pensamentos para saber que ele estava lembrando por que não devia falar com ela, ou Deus me livre, rir com ela. Ela viu em seus impressionantes olhos azuis. Mas ela também viu o cabo-de-guerra em curso atrás deles. Ele queria fazer essas coisas. Ele a queria.
Ele se levantou de repente, batendo sua garrafa de cerveja no bar com força. — Sinto muito. Estou sendo rude. Você quer uma bebida ou alguma coisa?
— Colin. — disse ela calmamente.
— Eu tenho praticamente tudo. — continuou ele, andando ao redor do bar e na cozinha. — Ou posso fazer…
— Colin. — disse ela novamente.
Ele ficou de costas para ela, suas mãos espalmadas contra a porta do frigorífico. Ficou em silêncio um longo tempo e então virou-se e olhou para ela. — O quê?
— Nós temos que conversar.
— Não. Não acho que temos, Soph.
— Eu gostaria. Por favor.
Sua boca torceu em uma careta. — Dê-me uma razão, Sophie. Diga-me algo que pode lavar as mentiras e me fazer acreditar em você de novo, algo que me faça acreditar que você é a mulher por quem eu estava apaixonado há dez anos atrás.
O coração de Sophia trovejou em seu peito. Ela podia ouvi-lo mesmo que ele não pudesse. Ele nunca disse que a amava, não no passado. Embora ela soubesse de qualquer maneira. Era difícil não ler a mente de um homem quando você estava fazendo amor com ele, quando ele estava enterrado dentro de seu corpo, dando-lhe mais prazer, mais alegria, do que você alguma vez sentiu.
E ela já tinha prometido a si mesma que diria a ele a verdade.
— Eu estava com medo. — disse ela simplesmente.
Colin ficou sobressaltado. — Mentira. Nunca fiz nada…
— Não de você, Colin. Nunca de você. Isso foi parte do problema. Você era… — Ela balançou a cabeça com espanto. — Perfeito. Muito bom para ser verdade. Você era bom, generoso, engraçado. Um amante maravilhoso e tão vicioso em me proteger da menor ameaça. — Ela sorriu, seus pensamentos voltando para o tempo que passaram juntos.
Colin bufou um suspiro de desprezo. — Provavelmente parece estúpido agora. — ele disse. — Quero dizer, você dificilmente precisava de mim para protegê-la, mas eu não sabia…
Sophia olhou para cima. — Não. — ela disse rapidamente. — Não, Colin. Nunca foi estúpido. Era adorável. — O sorriso dela caiu. — E eu sabia que não poderia durar. Eu era uma vampira. Pior ainda, eu era uma vampira que vivia sozinha. Lucien tinha me mandado embora. Não duramente, e não sem afeto, mas eu não poderia voltar para Vancouver. Não nesse momento. Então eu me movia de país para país. Eu ainda estava jurada a Lucien, e nenhum outro vampiro ia deixar-me viver em seu território por muito tempo quando eu estava prometida para outro.
— Então por que não fazer o que vocês fazem? Encontrar um novo lorde ou algo assim?
— Eu amava Lucien. Ainda amo…
Sophia viu os olhos de Colin estreitarem infelizes para isso e sentiu um pouco de esperança.
— Eu não entendo. — Colin estalou. — Esse cara te joga fora e você ainda o ama?
— Não é assim. Lucien é o meu Sire. Fomos amantes uma vez, séculos atrás, quando ele me transformou, mas não desde então. Seria quase antinatural se nós nos tornássemos amantes agora. — Ela balançou a cabeça. — Não sei se eu posso explicar isso. Não sei se tenho as palavras para algo que está enraizado em cada célula do que eu sou, o que ele me fez, o que ele deu para mim.
— E o que é isso, Soph?
Sophia olhou para Colin e se perguntou se poderia voltar para aquele lugar horrível, mesmo por ele. Seu peito doía pensando em reviver aqueles tempos terríveis. Quase tanto quanto fez com o pensamento de perder Colin para sempre.
Ela fechou os olhos por alguns instantes. — Meu pai era um homem muito rico. — Começou. — Meus irmãos mais velhos tinham morrido devido à doença ou guerra antes que eu tivesse dez anos. Eu era sua única filha viva, sua herdeira. Minha única virtude, a única razão para a minha existência aos olhos do meu pai, era a minha capacidade de produzir um neto para substituir seus filhos mortos. Quando eu tinha treze anos e estava começando a desenvolver seios, nós começámos a entreter pretendentes a cada noite da semana. Eu digo nós, mas ninguém se importava com o que eu pensava. Eu trotava para fora como um dos cavalos de seu show e então era enviada de volta aos meus aposentos. Não me permitiam sequer comer na mesa.
Sophia se levantou e começou a andar. Nenhuma destas eram boas memórias, mas a parte seguinte… A parte seguinte era tão dolorosa, tão poderosa, que ainda podia deixá-la de joelhos. Ela fez uma pausa e olhou para onde Colin estava olhando para ela, esperando. Ela virou-se e começou a falar.
— Eu era casada aos 16 com um homem que detestava.
1755 — Sul da Espanha
— Estou com calor, mamãe.
Sophia virou-se da porta onde ela estava apreciando os aromas frescos do jardim, esperando uma brisa fresca. Fazia horas que o sol se pôs em mais um dia escaldante, e ainda o ar estava quente, a brisa quase inexistente. Ela entrou com cuidado na quase escuridão, fazendo seu caminho até a cama improvisada onde seus dois filhos estavam um ao lado do outro.
— Eu sei, Teo. Sinto muito. — Ela sentou-se, ouvindo o rangido da madeira debaixo de seu peso. Teo, o mais velho por menos de um ano, olhou para ela, seus olhos escuros brilhando à fraca luz da única lanterna.
— Deve refrescar em breve. — Ela alisou o cabelo encharcado de suor para longe de sua testa, alta e elegante como a de seu pai. Tanto de seus filhos se assemelhava a seu pai, o que era natural, supôs. Embora ela gostaria de ver algo de si neles, talvez em torno dos olhos ou na forma de seus queixos? Mas não, eles eram, cada um, a própria imagem do pai. E ele era um homem bonito o suficiente, mesmo sendo um porco.
— Onde está o papai? — O rosto de seu filho mais novo aparecera no ombro do irmão.
Ela sorriu com carinho. — Ele vai estar em casa logo, Miguelito.
— Você vai ficar aqui conosco?
— É claro, bebê. Eu nunca te deixarei. Agora durmam. Vou cantar uma canção.
Ela cantou baixinho, sentando com eles até que adormeceram, tão cansados de seu movimentado dia de meninos pequenos que nem mesmo o calor poderia mantê-los acordados por muito tempo. Ela só queria ter tido tanta sorte. As pesadas camadas de roupa que ela era obrigada a usar, até mesmo aqui na privacidade de seus jardins, eram sufocantes. Os cordões eram tão apertados que ela às vezes pensava que ia sufocar antes que o calor pudesse levá-la. Em uma noite normal, ela teria se retirado para seu quarto e removeria as roupas confinantes. Mas seus pequenos estavam tão desconfortáveis com a temperatura na casa, apesar de suas paredes espessas, e os jardins eram verdes e acolhedores.
Ela se levantou com um longo suspiro, caminhando até a porta e sua brisa fraca. Uma luz acendeu no segundo andar da casa principal e os seus lábios se apertaram em irritação. Seu marido tinha chegado em casa enfim, finalmente deixara a cama da francêsa prostituta com quem Alberto Alejandro havia se casado no último inverno. Infelizmente, Alberto caiu morto logo depois, deixando sua jovem esposa viúva pobre em um país estranho, sem sequer dinheiro para voltar para casa em desgraça, que era tudo o que ela merecia.
Alguém podia ter sentido pena da mulher se ela possuísse algum pedaço de virtude. Mas tendo perdido o marido, ela voltou sua atenção para o marido de Sophia Teodosio, que era longe de ser pobre. Ou assim pensava a prostituta. Ela era demasiado estúpida para entender que Teodosio nunca deixaria Sophia, nem mesmo por uma prostituta francesa bonita. Não porque ele amava Sophia, mas porque amava o dinheiro e as terras que ela tinha herdado de seu pai. Uma propriedade que estava investida em seus filhos, e não em seu marido. Se Teodosio abandonasse Sophia, ele estaria tão sem dinheiro como sua prostituta.
Ela viu quando as portas da varanda abriram e seu marido saiu, claramente procurando a mesma brisa inexistente como ela tinha antes. Ele olhou para a casa de verão onde seus filhos dormiam e fez uma pausa. Possivelmente seus olhos se encontraram. Estava escuro demais para saber, mas ele sabia que ela estava olhando para ele. Ele se virou sem uma palavra ou gesto, e voltou para dentro.
Uma onda de ódio puro e brilhante varreu Sophia, deixando-a tremendo. Ódio por seu pai, que a casou com um homem que ela desprezava. Ódio por seu marido, que não tinha tocado-a desde o nascimento de seu segundo filho. Não que ela se preocupase em partilhar a cama com ele. Muitos maridos e esposas viviam vidas separadas, especialmente aqueles com propriedades a considerar. Mas a maioria, pelo menos, jogava o jogo da cortesia, mantendo seus assuntos discretamente. Não Teodosio. A prostituta francesa foi apenas a última de suas indiscrições e não seria a última. Ele se cansaria dela como tinha acontecido com as outras, enquanto Sophia suportava a vergonha em silêncio.
Ela se virou de volta para a casa de jardim, uma estrutura frágil com paredes semi-abertas e um telhado de colmo, destinada a piqueniques e jogos para crianças. Seus filhos tinham pensado que seria uma grande aventura dormir aqui fora essas últimas noites. Ela sorriu, lembrando. Eles eram a alegria da sua vida, os seus tesouros. Nem mesmo o seu pai porco poderia destruir isso.
Ela andou para o jarro de água que tinha pedido para um servo trazer para fora antes de se retirar. A água tinha estado fresca, tirada diretamente do poço. Ela inclinou-o, derramando as últimas gotas e lembrou que tinha usado muito para banhar seus rostinhos antes de dormir. Fez um barulho impaciente, pensando que era muito provável que eles acordassem novamente durante a noite, pedindo água e ela não teria.
Ela poderia acordar um dos servos para ir buscar, mas o poço era apenas no pátio, do outro lado das cozinhas. Parecia inútil acordá-los para uma coisa tão pequena, especialmente quando ela era forte o suficiente para fazê-lo sozinha.
Sophia verificou cada um de seus filhos mais uma vez, sorrindo ao ver
Teo expreguiçar durante o sono, enquanto Miguelito ficava quieto e instalado contra as costas de seu irmão como um rato. Ela pegou o jarro e entrou no jardim, indo para o pátio.
Ela não encontrou ninguém quando passou pelas cozinhas e foi para o grande poço no centro do pátio. A tampa de madeira estava meio aberta, o balde pousado na borda. Fez um barulho ao bater sobre a água no fundo quando o largou lá dentro, e ela se inclinou, olhando para as profundezas escuras até que a corda ficou apertada, dizendo-lhe que o balde estava cheio. Endireitando-se, ela pegou a manivela e começou a girá-la para trazer o balde de volta novamente.
Ela ouviu os gritos primeiro. Inclinando-se para agarrar o balde por cima da borda do poço, franziu a testa. Com o calor, Cook deve ter acordardo mais cedo do que o habitual e estava quase na hora dos servos da cozinha acenderem o fogo sobre os grandes fornos. Será que tinham descoberto ratos na farinha de novo?
Ela pegou o seu cântaro e voltou através do pátio, apenas para ser quase atropelada por homens correndo passando por ela com baldes pendurados em cada mão. Então ela sentiu o cheiro de fumaça. Ela deixou cair o jarro, saltando sobre seus cacos molhados e correu para os jardins, visíveis agora pelas portas abertas da cozinha. Uma luz amarela brilhava entre as sombras verdes, como se um milhão de velas dançassem de uma só vez. Sophia estava gritando antes de chegar à porta, arranhando seu caminho através dos servos aterrorizados, empurrando de lado qualquer um que tentasse detê-la.
O chalé estava em chamas, sua palha parecia uma tocha na noite. Ela registrou a imagem enquanto percorria através do caos, seu coração trovejando no peito, seu cérebro gritando para ela se apressar, mesmo enquanto seu coração lhe dizia que Deus não seria tão cruel, que ela era uma boa católica que honrava sua Igreja, que doava generosamente e nunca perdia uma missa. Deus não iria tirar seus lindos bebês, não seus meninos.
Ela correu em direção ao incêndio, analisando os servos reunidos, procurando por seus filhos, tentando ouvir suas vozes. Alguém gritou e ela virou-se, alívio como uma rajada de vento soprando através de sua alma. Ela examinou os rostos e encontrou seu marido, Teodósio, seu rosto uma máscara aflita de tristeza que roubou suas belas feições e transformou-as em algo grotesco.
— Sophia. — ele disse, sua voz quebrando quando ele estendeu a mão para ela.
Ela se afastou dele, balançando a cabeça, de alguma forma acreditando que se nunca ouvisse as palavras, ela nunca teria que saber a terrível verdade.
— Sophia. — ele repetiu, segurando seus braços, puxando-a contra seu peito em uma tentativa de conforto.
— Não! — Ela bateu em seu peito, afastando-o.
Um som alto a fez virar a tempo de ver as chamas de repente ficarem mais altas, enviando uma chuva de faíscas para as árvores. Sophia gritou e correu em direção ao fogo. Seus filhos estavam lá, por que ninguém os salvava? Por que seu pai inútil estava chorando em vez de desafiar as chamas em busca de seus filhos?
O calor atingiu-a como uma parede, encolhendo os pequenos pêlos em sua pele, queimando as suas mãos e o rosto antes de ela dar dez passos na direção dele. Ela teria ido mais longe, teria corrido para o fogo em si, mas braços fortes agarraram-na, segurando-a com força, puxando-a para longe das chamas intensas.
Sophia lutou, gritando, chutando, arranhando as mãos que a seguravam. — Cherie, Sophia, não. É muito tarde. — Sua voz era um murmúrio suave de palavras estrangeiras, suas mãos nunca diminuindo seu controle, não importa o quanto ela lutou.
O telhado desabou sem aviso prévio. Cinzas voavam e servos gritavam, correndo para acabar com os incêndios menores, para a casa e vendo toda a propriedade queimar. Não que Sophia se importasse. Ela observou, em desespero, os olhos nublados de lágrimas e cinzas, sua respiração vindo em soluços enquanto ela lutava para respirar em um mundo que tinha perdido todo o sentido.
Os braços que a seguravam relaxaram um pouco, baixando-a até seus pés tocarem o chão. Ela virou, olhando para cima para ver o rosto de um estranho, enegrecido pela fuligem das chamas, lágrimas escorrendo pela pálida face.
Dor esmagadora deixou Sophia de joelhos. Seu coração apertou em seu peito e ela saudou a agonia. Pegou fôlego para gritar, mas seus pulmões não conseguiam encontrar o ar, e isso a agradou. Por que devia o seu coração bater, os pulmões berrar, quando seus filhos, seus lindos bebês, foram embora? Ela passou as unhas pelo rosto e sentiu o sangue quente, substituindo as lágrimas que não poderia derramar. Ela encontrou sua voz finalmente, mas foi só um grunhido afiado como um animal, balançando para frente e para trás, segurando-se contra uma dor para além de qualquer outra.
Ela não ouviu nada dos servos ou dos moradores da vila que tinham vindo para ajudar a combater o fogo que ameaçava todos. Seus gritos e choros, os distantes gritos apavorados dos cavalos, os passos apressados quando balde após balde de água foram jogados no foco insaciável de chamas - tudo era um barulho sem sentido. Sua mente estava cheia com as vozes doces de seus filhos, com seus risos e canções. Ela não viu nenhuma razão para ouvir qualquer coisa outra coisa… Até que a voz de uma mulher atravessou a noite gritando maldições.
Sophia congelou, sua cabeça girando de lado para ouvir. Vozes de homens gritavam furiosamente, a mulher indignada gritando acima deles.
— Don Teodosio. — Um dos homens gritou. — Nós encontramos esta fugindo!
Sophia ouviu os arfares ao redor. Ela se levantou e viu o marido encarando sua puta amante. A mulher estava enegrecida com a fumaça, seu cabelo queimado em alguns lugares, mas foram suas mãos que chamaram a atenção de todos. Elas estavam avermelhadas e queimadas, cobertas de bolhas.
Sophia levantou os olhos para ver o olhar horrorizado de compreensão de Teodosio. Ela gritou, sem palavras, correndo a curta distância para pegar a prostituta pelos cabelos, puxando-o em punhados grandes até que os homens as separaram. Teodosio abraçou Sophia, sussurrando o nome dela uma e outra vez como uma oração para o perdão.
Sophia gritou e girou sobre ele, atingindo-o com um tapa no rosto. Ela não tinha perdão para dar. — Você fez isso. — ela rosnou furiosamente, com o rosto amassado de tristeza. — Você assassinou seus próprios filhos. — Sua voz quebrou no final, soluços substituindo suas palavras quando ela se afastou dele.
— Não. Não, Sophia, por favor, eu não tive…
Sophia não ouviu o resto de suas negativas. Ela voltou para o fogo e caiu de joelhos, não para rezar, mas para testemunhar a morte de seus filhos.
Eles enterraram seus bebês no dia seguinte. Seus corpos pequenos haviam sido retirados dos restos carbonizados da casa e envoltos em linho branco, enquanto Sophia estava deitada na cama, drogada em inconsciência por um médico bem-intencionado que pensava poupar-lhe a visão de tudo o que restava de seus filhos. Ela estava no precipício, ouvindo os sacerdotes murmurarem suas palavras vazias em vozes fervorosas de como seus filhos tinham sido chamados para Deus, como seus grandes destinos tinham apenas começado. Mas Sophia não acreditava num Deus que iria fazer isso, que permitiria uma prostituta francesa inútil assassinar crianças inocentes. Ela afastou-se deles e de suas orações, afastou-se de seu marido infiel e foi para as montanhas, esperando que a morte a encontrasse.
A morte não havia chegado. Mas Lucien tinha.
Três dias depois, o calor quebrou por fim. Sophia ficou uma vez mais sobre os túmulos de seus filhos e sentiu a brisa fria da noite soprando através das colinas áridas. Ela pensou em como Teo e Miguelito teriam rido ao senti-la e sorriu tristemente. Não haveria mais risos de menino em sua vida.
Gritos surgiram a partir da propriedade atrás dela. Ela viu as luzes de lanterna por cima do ombro, viu-as saindo dos portões, em direção à encosta onde ela estava sozinha com as almas de seus filhos. Seu marido nojento tinha descoberto sua ausência novamente e estava sem dúvida gritando para os funcionários a encontrarem.
As luzes estavam se aproximando. Ela virou as costas para elas, sussurrou um último adeus a seus filhos, e caminhou na escuridão.
Ele estava esperando por ela lá - Lucien, o estranho que a segurou enquanto a casa queimava, que tinha salvado a vida que ela não queria mais viver. Ele estava esperando por ela na primeira noite, quando ela escapou para esta encosta, com a intenção de sangrar a própria vida sobre os túmulos de seus filhos. Ele manteve a faca longe de seu pulso e segurou-a enquanto ela chorava, soluçando a sua dor a um estranho de uma maneira que não tinha até então. Não tinha existido ninguém mais em quem ela confiasse o suficiente para fazê-lo.
E então ele disse que poderia fazer isso ir embora, a dor, a perda, terrível e dolorosa, o vazio que nunca seria preenchido. Eles teriam que partir, ele avisou,
viajar para longe, mais longe do que ela já tinha ido antes, do que ela alguma vez sonhou em ir. Sophia pediu-lhe para fazê-lo. Ela estava pronta para ir imediatamente, naquele momento, se necessário. Afinal, que razão é que ela tinha para ficar? Mas Lucien tinha insistido em esperar. Ela tinha que ter certeza, disse ele. Porque, uma vez aceite, o que ele estava oferecendo não poderia ser desfeito.
Sophia tinha estado determinada desde o momento em que ele falou pela primeira vez, mas ele não mudou de ideia. Até esta noite. Este seria o seu terceiro encontro e ele tinha prometido que partiriam esta noite.
— Sophia. — Sua voz era quente e rica, como rum aquecido em uma noite de inverno.
— Lucien. — disse ela suavemente, sua voz cheia de alívio. — Hoje à noite? —perguntou ela.
— Hoje à noite, cherie. Se você tem certeza.
— Tenho. Lucien, por favor.
Ele sorriu, e ele era lindo. Estendeu a mão.
— Sophie?
Sophia piscou surpresa. Ela estava tão perdida no passado que tinha esquecido de onde estava. Olhou ao redor, como se tivesse acabado de acordar. Ela ainda estava de pé, suas pernas doloridas de tensão, com os braços cruzados e se abraçando fortemente. Colin estava perto do bar, sentado em um dos altos bancos.
Sophia fechou os olhos de novo, o peito doendo e oco. Mesmo agora, depois que séculos se passaram, sua perda estava tão fresca como se tivesse acontecido ontem.
Colin ficou de pé, chegando mais perto. — Sophie? — ele repetiu.
Ela abriu os olhos e olhou para ele.
— Você disse que Lucien tirou as memórias. — disse ele, franzindo a testa.
Ela encontrou seu olhar por um momento, vendo a mesma compaixão quente lá que ela tinha visto nos olhos de Lucien há tanto tempo atrás. E ela achava que nenhum dos homens ficaria satisfeito com a comparação.
— Ele fez. — disse ela, finalmente.
— Então, como…
— Ele deu-as de volta para mim depois de algum tempo. Me contou a história, como se tivesse acontecido com outra pessoa e perguntou-me o que eu faria. Eu lhe disse que não podia imaginar uma mãe não querendo lembrar seus próprios filhos, e assim ele deu-as de volta para mim. Não só a memória de suas mortes, mas de suas vidas, também. Todos esses momentos maravilhosos.
— Você deixou a Espanha logo depois disso?
— Eventualmente. Apesar de toda a sua libertinagem, Lucien é muito prático sobre certas coisas. A maioria dos vampiros mais velhos são, especialmente quando se trata de reter a riqueza. Quando meus filhos morreram, a propriedade voltou para mim, para os meus futuros filhos. Meu pai era muito determinado em que apenas o seu sangue herdaria. E Lucien tinha agentes no local para lidar com essas coisas. Toda a propriedade de meu pai - agora minha - foi vendida, os investimentos liquidados. Com uma perda considerável, tenho certeza, mas nós não nos importamos com isso. Ou Lucien não se importou. Eu não me importava com nada nesse ponto. Levou vários meses, e eu tive de fazer algumas aparições perante as autoridades, mas eventualmente, terminou.
— E sobre a francesa? Como eles puniam assassinato nessa altura?
— Eu não sei o que eles teriam feito. — disse Sophia com desdém. — Eu não deixei. A matei. Ela foi o meu primeiro. — Olhou para Colin, desafiando-o a contestar seu direito de se vingar do assassino de seus filhos.
As sobrancelhas de Colin arquearam em surpresa. — Você quer dizer que foi o seu primeiro assasinato como vampira?
— Foi há muito tempo atrás, Colin. As coisas eram muito diferentes do que são agora, especialmente para os vampiros.
Ele deu-lhe um sorriso conhecedor. — Eu estou supondo que nem todos os que você morde, são para tornar um vampiro, então. Não posso imaginar você dando imortalidade a essa cadela.
Sophia reconheceu seu sorriso com um sorriso dela própria. — Você está certo. Eu matei a prostituta definitivamente, e garanti que ela soubesse que era eu que estava fazendo isso também.
Colin inclinou sua cabeça para o lado. — Parece bom para mim. E o seu marido? O que aconteceu com ele?
— Não tenho idéia. Eu queria matá-lo, também, mas Lucien não deixou. Teodosio não teve parte na morte além de luxúria e estupidez. E poucos homens estariam vivos se isso fosse uma ofensa de morte.
— Eu acho que estou ofendido. — disse ele, pensativo.
Sophie sorriu cansada. As memórias não tinham mais o poder de fazê-la chorar, mas as emoções ainda eram poderosas, a perda ainda persistia, e era desgastante falar sobre isso.
Colin se aproximou mais, seu corpo irradiando calor como um forno, o baque do seu coração alto no silêncio repentino.
— Me desculpe, eu fiz você falar sobre isso. — disse ele. Suas mãos pendiam frouxamente ao seu lado, flexionando os dedos mais e mais como se ele não soubesse o que fazer com eles.
Sophia encontrou seus olhos. — Eu queria que você entendesse. — ela insistiu. — Você perguntou a razão para eu partir, o motivo de eu deixar você achar que estava morta naquela noite. — Ela estendeu a mão e cedeu à tentação, tocando seu rosto, deixando seus dedos prolongarem-se sobre seus lábios quando ele a surpreendeu por não se afastar.
— Sabe, eu ainda ouço aquele café explodindo em meus sonhos. Eu estava a quarteirões de distância ainda, quando a rua cedeu tanto que eu quase caí. Todo mundo estava gritando e eu olhei para cima e vi as chamas e eu sabia. Havia os boatos - nós até tinhamos falado sobre eles, você e eu, - que certas pessoas estavam descontentes com o governo, descontentes com os estrangeiros aparecendo de repente por todo o país, e eu sabia que tinham atacado o maldito café e que você estava nele.
Ela balançou a cabeça, lembrando-se. — Eu corri tão rápido quanto podia, sem me preocupar em ser discreta ou esconder as minhas qualidades vampíricas da maneira que Lucien tinha me ensinado. Quando cheguei ao café e vi as chamas… Eu estava de volta no jardim mais uma vez, observando o fogo levar alguém que eu amava. Eu quase fui atrás de você. Não sabia se eu poderia sobreviver ou não, mas não me importava. Eu só sabia que não podia viver isso de novo. Mas então eu vi você em pé do outro lado da praça. Vi seu amigo pendurado em você, te arrastando para longe enquanto você lutava, e eu sabia que as Parcas12 tinham me dado uma segunda chance.
— Eu tinha perdido meus filhos preciosos. Não havia nada que eu pudesse
fazer sobre isso. Mas você estava vivo, Colin. Sua vida tinha sido poupada, e eu não ia estragar a chance que me tinha sido dada, que te havia sido dada, ao arrastar você para o drama da minha vida. Eu era uma vagabunda, viajando de um lugar para outro. Eu não podia voltar para os Estados Unidos com você. Os lordes vampiros dos EUA nunca teriam tolerado minha presença. E nós nunca iríamos ter o futuro de que tínhamos falado. Não haveria crianças, nem piqueniques na praia, no sol. Eu não tinha nada para lhe oferecer, só sangue e escuridão. Então deixei você ir embora, e eu disse a mim mesma que era o que as Parcas queriam, que eu tinha feito a coisa certa.
Colin a alcançou por fim, os braços apertando ao redor dela, sua respiração roçando seu cabelo quando ele perguntou: — E o que você acha agora, Soph?
Ela suspirou e falou sem levantar a cabeça, com medo do que veria em seu rosto. — Eu acho que posso ter errado sobre o que as Parcas estavam me dizendo nessa altura. Ou talvez eu só não me importe mais. Você é o único homem que eu alguma vez amei, Colin Murphy, e estou cansada de viver sem você.
Capítulo 32
Colin jurou baixinho, amaldiçoando-se por como seu corpo reagiu às palavras de Sophie. Se o que Leighton tinha dito a ele sobre os sentidos vampíricos era verdade, Sophie provavelmente já sabia que seu coração estava batendo e sua respiração estava tão rápida que ele estava quase hiperventilando. E ela com certeza não poderia perder a ereção tentando enterrar-se em sua barriga macia.
— Sophie. — ele murmurou.
Ela levantou a cabeça para olhar para ele, seus belos olhos castanhos cheios de perguntas.
— Eu provavelmente deveria ter dito isso antes… — ele começou. Seus olhos ficaram mais amplos e com um pouco de medo, e ele rapidamente acrescentou: — Eu te amo, querida. — Ele acariciou com os dedos seu rosto suave. — Eu amei você naquele momento, e nunca parei.
Ele abaixou a cabeça, com a intenção de beijá-la suavemente, com sua alma. Algo apropriado para este momento especial. Mas seu corpo tinha suas próprias idéias. Sua boca tocou os lábios dela e desejo cru varreu-o, apertando a sua barriga e endurecendo o seu pau como uma barra de aço. Ele tinha sentido falta disso por quase dez anos, sentido falta de Sophie, com suas curvas exuberantes e boca suave, os seios lindos…
Ela gemeu suavemente, seus dedos puxando seu cabelo para forçá-lo mais perto. Ele sorriu contra seus lábios. E, sim, ele tinha sentido falta disso, também.
Sua boca nunca deixando a dela, ele levantou-a em seus braços, levou-a para o quarto e abaixou-a na cama. Seus dedos estavam arranhando irregularmente em sua camisa e ele encolheu os ombros para fora dela. Ela mudou para seus jeans, desfazendo o botão e puxando o zíper. Ele estendeu a mão para tirá-lo ele mesmo, mas fez uma pausa para apreciar a sua Sophie, quando ela deslizou para fora da sua calça jeans apertada e puxou o suéter sobre sua cabeça.
Ele sabia que a moda nos dias de hoje era mulheres magras com quadris estreitos e bundas minúsculas. Mas isso não era para ele. Ele adorava a sensação de quadris suaves e uma barriga arredondada sob a ponta dos dedos, de seios suculentos esmagados contra seu peito enquanto ele afundava-se no calor de uma mulher. Em suma, o que ele gostava de uma mulher era Sophie.
Ela se estendeu sobre a cama, vaidosa embaixo do calor dos seus olhos, orgulhosa de suas curvas e vestindo nada além de rendas, um conjunto combinado de calcinha e sutiã na cor rosa quente que fez sua pele parecer rosada com saúde à luz da única lâmpada da sua cabeceira.
— Tire-os. — Colin grunhiu, com as mãos sobre o zíper da calça jeans.
Sophie deu-lhe um sorriso perverso. — Eu tiro se você tirar. — ela ronronou, ficando de quatro e rastejando na cama para ele.
Colin assistiu-a vir, os seios grandes ameaçando derramar de seu confinamento frágil, deslocando seus quadris sedutoramente com cada movimento. Quando ela pegou o zíper, ele agarrou seus dedos, os olhos piscando para encontrar os dela.
Ela riu, um som baixo, abafado, que tirou o seu fôlego. — Serei cuidadosa. — ela prometeu e se inclinou para beijar seu pau através do jeans, dando-lhe uma visão tentadora de sua bunda perfeita.
Colin segurou com os dedos em punho nos fios grossos de seu cabelo enquanto ela abaixava o zíper. Ele gemeu em voz alta quando seu pênis ficou livre enfim, quando as mãos delicadas de Sophie roçaram seus quadris enquanto ela empurrava suas calças para baixo por suas coxas.
Ele torceu-lhe o cabelo com as mãos, tirando-o de sua face para que ele pudesse ver seu rosto quando ela começou a lambê-lo lentamente, entrelaçando sua língua ao redor de seu pênis, os dedos alcançando para acariciar suas bolas. Ele respirou fundo, rápido, quando ela levou-o em sua boca e se inclinou para olhar para cima e ver a reação dele quando ela começou a subir e descer, seu pau deslizando para dentro e para fora entre os lábios rechonchudos. Ele começou a mover os quadris lentamente, indo mais fundo em sua boca e garganta com cada impulso.
Seu pau tocou o fundo da garganta e Sophie gemeu com fome, o som vibrando ao longo de seu eixo como um diapasão. Colin fechou os olhos e começou a empurrar mais, seu saco apertando sob a carícia de seus dedos, a língua acariciando-o enquanto sua boca sugava mais e mais rápido.
Colin gemeu. Ele queria transar com ela, queria estar dentro dela e ele nunca…
Jesus Cristo!
Sophie correu uma unha ao longo da pele esticada do seu saco, uma dor aguda e intensa, que enviou cada um de seus sentidos em órbita. Ele deu um grito rouco, enquanto todo pensamento desapareceu, e todas as suas terminações nervosas de repente estavam centradas no seu pau e na necessidade de vir agora. Seu orgasmo rugiu através de seu corpo, fervendo fora de suas bolas e no seu pênis em uma onda de prazer, puro, aquecido. Sophie bebeu tudo isso, as unhas cavando em sua bunda enquanto ela o segurava, enquanto ela o impedia de se despedaçar.
Sophie girou a língua ao redor do seu pau amolecido, sorrindo, enquanto ele estremecia mais uma vez. Seus dedos estavam ainda envoltos em seus cabelos, mas eles estavam massageando suavemente agora, enquanto seu grande corpo relaxava um músculo de cada vez.
Ela se afastou com uma lambida final, levantando-se sobre os joelhos. Ele passou os braços em volta dela, enterrando o rosto contra o seu pescoço, beijando suavemente, movendo da mandíbula para a boca. Suas mãos caíram para seu traseiro, apertando suavemente.
— Você tem a bunda mais perfeita. — ele murmurou.
Ela riu. — Você também. — Ela beijou-o levemente, mordendo, brincando em seus lábios. — Se você me mostrar a sua, eu vou mostrar a minha.
Ele levantou a cabeça bruscamente, os olhos azuis quentes e intensos. — Você primeiro.
Sophie arrastou os dedos por seus largos e musculosos ombros e braços, amando a sensação dura dele. Ela se moveu para trás alguns centímetros e afundou nos calcanhares, acariciando-se, suas mãos movendo-se lentamente sobre os seios cobertos de renda, depois para sua cintura estreita e após para a plenitude de seus quadris, ao longo do exterior das coxas. O olhar de Colin seguiu cada movimento, estreitando quando ela mergulhou os dedos para o interior de suas coxas e seus joelhos se espalharam amplamente, alisando com as mãos sensualmente ao longo de sua pele macia e sobre o triângulo bonito de renda cobrindo seu sexo.
Seus olhos se demoraram entre as suas pernas, de repente levantando para encontrar os dela. — Eu quero você nua, Sophie.
Ela sorriu preguiçosamente, deslizando a língua ao longo de seu lábio superior enquanto baixava uma primeira alça do sutiã e depois a outra, sentindo o calor da atenção extasiada de Colin enquanto observava seus seios lentamente começando a transbordar das taças do sutiã. Ela alcançou por trás e soltou a fivela, deixando-o cair para frente, sentindo a sensação habitual de prazer por seus seios terem sido libertados, olhando para cima e ofegando quando a fome nos olhos de Colin apertou seus mamilos e a deixou dolorida com necessidade.
Suas mãos tremiam ligeiramente quando ela jogou o sutiã para um lado, abalada com o que viu quando Colin olhou para ela. Ele a queria. Ela sabia disso. Mas a força de seu desejo, a pura intensidade do mesmo… A sacudiu. Ela havia se acostumado a seus jovens no Rio, os brinquedos humanos com quem ela brincava por um tempo e depois deixava de lado, amantes que eram completamente dominados pelas necessidades e desejos dela. E percebeu bruscamente que Colin não era esse tipo de homem. Ele era um alfa em seu núcleo, e ele estava olhando para ela da forma que um leão olha para uma gazela particularmente saborosa.
— Colin. — ela começou, mas ele a interrompeu.
— O resto, Sophie. — ele rosnou. — Tire tudo.
Ela engoliu em seco e enganchou os dedos em sua calcinha, puxando-as para baixo dos quadris. Mas Colin não esperou. Ele empurrou a calça jeans e cuecas pelas pernas, saindo delas e indo para a cama em um único movimento. Ela caiu para trás enquanto ele tirava a calcinha para baixo sobre as suas pernas e os pés, as mãos grandes acariciando suas pernas e entre as coxas, espalhando ela amplamente. Mas ele não parou por aí. Ele correu os dedos sobre a pele sedosa nua de seu monte, cantarolando para si mesmo com um sorriso satisfeito quando deslizou dois dedos entre suas dobras inchadas e, atormentando-a com seu próprio calor liso, descobriu-a completamente sob seu olhar. Ele olhou para cima, em seguida, com um brilho perverso nos olhos.
— Minha vez. — ele disse.
Sophia arqueou quando sua boca prendeu em seu clitóris, chupando até que ele latejava avidamente, cada golpe de sua língua enviando um choque de desejo incrível através de seu corpo - um choque de eletricidade que a deixou tremendo eternamente à beira do clímax. Tinha algum homem lhe dado tanto prazer? Tinha ela deixado? Ela gritou em voz alta quando ele dirigiu os mesmos dois dedos com que a estava acariciando profundamente dentro dela no momento exato em que seus dentes roçaram o clitóris formigante. Seus dedos começaram a empurrar para dentro e para fora lentamente e ela empurrou contra eles, desesperada pelo orgasmo que podia sentir se construindo em cada centímetro de seu corpo, em seus seios, que estavam cheios e doloridos, em seu ventre que parecia pulsar com a necessidade do orgasmo. Ela agarrou o cabelo de Colin, pressionando sua boca contra ela mais forte, com medo que ela morresse a verdadeira morte se ele não a liberasse em breve.
— Colin. — ela engasgou, então gemeu silenciosamente.
Sua língua preguiçosamente varreu ao longo de sua fenda, brincando com ela com escovadas rápidas contra seu clitóris pulsante. Ele deslizou os dedos de dentro dela e sugou-os ruidosamente, bebendo em sua umidade e olhando para ela o tempo todo. — Você tem um gosto bom, Soph.
— Colin! — ela praticamente gritou para ele.
Ele riu! Mas então ficou sério quase imediatamente, enquanto se levantava sobre seu corpo, seus quadris abrindo as pernas dela ainda mais, seu pau grande e duro deslizando para trás e para frente na umidade dolorida entre suas coxas.
— É isso que você quer, querida?
— Sim. — Sophia assentiu com a cabeça, quase chorando de alívio. — Sim.
Ela enrolou as pernas firmemente em torno de seus quadris, seus dedos cavando em seus braços, segurando-o perto para que ele não pensasse em atormentá-la ainda mais.
Colin recuou um pouco e estendeu a mão, posicionando o pau em sua entrada. Ele olhou para cima e encontrou os olhos dela, segurando seu olhar enquanto bateu com o total comprimento, duro e maravilhoso dentro dela.
Sophia gritou quando veio forte, suas paredes vaginais convulsionando em torno de seu eixo, o orgasmo ondulando até seu ventre e seios, apertando seus mamilos e enviando ondas de erotismo requintado por todo seu corpo. Ela empurrou contra ele quase violentamente, incapaz de controlar sua necessidade de sentir mais - a sensação áspera de seu cabelo no peito contra os seios sensíveis, a espessura de seu pênis enquanto ele a esticava mais amplamente a cada estocada, o retesamento de seus braços enquanto se segurava sobre ela, suas coxas poderosas e bunda bombeando seu eixo rígido dentro dela como um pistão.
Sophia colocou os braços ao redor dele, apertando as unhas nas suas costas, sentindo o sangue quente sob seus dedos. Colin jogou a cabeça para trás, gemendo quando ele enfiou mais forte. Ela puxou-o para mais perto, querendo o toque de sua boca, seu beijo.
Seus lábios se encontraram em um duro, esfomeado beijo, dentes chocando, as línguas lutando entre si em um frenesi de acasalamento. Ela mordeu seus lábios, conseguindo seu primeiro gosto do sangue dele. Calor correu através de suas veias, esse gole minúsculo como lava derretida, correndo para o seu coração e selando seu destino. Colin Murphy era dela e ela iria matar qualquer um que tentasse levá-lo dela.
— Venha para mim, Sophie. — ele murmurou contra sua boca, seu sangue ainda fresco nos lábios. — Deixe-me sentir você vindo por todo o meu pau.
Como se suas palavras fossem um gatilho psíquico, o corpo inteiro de Sophia tremeu com o orgasmo, cada músculo, cada nervo respondendo à sua demanda. Ela gemeu, sobrecarregada com a sensação, clamando enquanto ondulações de prazer rolavam dela como uma onda, sacudindo-a para frente e para trás enquanto ela se pendurava nele por sua vida. Suas coxas apertaram seus quadris enquanto ela rebolava debaixo dele, suas paredes internas acariciando seu pau, prendendo-o dentro dela até que ele se entregou, jogando a cabeça para trás e rugindo enquanto se juntava a ela em êxtase, o clímax uma corrida contra o seu ventre aquecido tremendo.
Colin desmoronou contra Sophie, seus macios e fartos seios uma doce almofada contra o peito dele. A imagem dos seios com seus grandes mamilos inchados, rechonchudos e esticando para a sua boca, enviou um pulso de desejo fresco direto para sua virilha, provocando seu drenado pênis com ideias impossíveis. Ele gemeu e mudou de lado, tirando o seu peso de Sophie e puxando-a contra o seu lado. Ela respondeu molemente, um braço caindo sobre o seu peito como se ela não tivesse força para levantá-lo.
Ele sorriu no que reconheceu como pura satisfação masculina e deixou cair o braço pelas costas dela e para essa bunda espetacular. Outro choque de desejo esfaqueou sua virilha, este fazendo com que seu pênis se contraísse de forma fraca. O cara poderia estar drenado, mas ele estava se recuperando.
— Eu posso ouvir você se regozijando. — Sophie murmurou em torno de um bocejo.
— Não estou regozijando. — Colin respondeu. — Estou planejando para o futuro.
— Oh meu Deus. — Sophie protestou de forma dramática. — Você alguma vez fica satisfeito?
Ele riu. — Eventualmente.
Sophie levantou a cabeça para sorrir para ele, beijando um caminho em seu peito. Ele rolou ligeiramente, enrolando-a em ambos os braços. As mãos dela deslizaram por suas costas e ela engasgou. — Você está sangrando. — disse ela com firmeza.
— Arranhões, eu acho. — disse ele, de repente, consciente da dor distante. — Eles vão se curar.
Sophie sentou-se, olhando fixamente para o sangue em sua mão. Ela desviou o olhar para encontrar o seu. — Eu posso fazê-los se curarem mais rapidamente.
Colin engoliu em seco. Seus olhos tinham assumido aquele brilho âmbar estranho de novo, e seu cérebro entorpecido pelo sexo finalmente clicou o que isso significava. Ela era uma vampira. E ele estava sangrando. — Você quer dizer…
— Meu sangue pode curá-lo. — disse ela, completamente calma. — Não apenas os arranhões, mas tudo isso também. — Ela tocou os entalhes e cortes que ele havia adquirido no tiroteio que quase tirou a vida de Leighton. Ela encontrou seu olhar novamente. — E qualquer outra coisa, Colin. Se você pegar o meu sangue, vai se sentir dez anos mais jovem.
Colin piscou. — Era sobre isso que você estava falando no complexo? Sobre Raphael curando Leighton? Você quis dizer que ele pode literalmente curar ela?
— Sim.
— Mas… Você não viu o quão ruim ela estava, Soph. Ela levou um tiro no intestino. Havia sangue por toda a parte. Eu realmente não esperava que ela pudesse voltar para o complexo viva. Vampiros podem curar algo tão ruim assim?
— Se o vampiro é poderoso o suficiente, sim.
— Mas se isso é verdade, por que o sangue de vampiro não é a nova droga maravilha? Todo o investigador no país poderia usar algo como isso.
— E o que aconteceria com a gente? Com os vampiros? — Sophie perguntou gentilmente. — Eu vi o que os seres humanos são capazes. O que você acha que seus líderes fariam se aprendessem sobre o nosso sangue? Eles nos trancariam num piscar de olhos. Ou então tentariam. — Ela escovou os cabelos umedecidos de suor para trás. — Não, Colin. Este é um segredo que cada vampiro vivo respeita. Ou eles morrem. Simples como isso.
— Então por que você está me dizendo?
— Há exceções, meu querido. Pessoas em quem confiamos. — Ela moveu-se, empurrando-o de costas e indo para cima dele de quatro enquanto se curvava para lamber o suor em seu peito, mordendo seus mamilos planos suavemente.
Ele passou os dedos por seus cabelos longos e puxou a cabeça dela para trás, encontrando os seus olhos. — Você quer ter o meu sangue, Sophie?
Ela congelou, estudando-o dessa forma intensa que um predador olha a sua presa. Sua língua varreu para fora e lambeu seu lábio superior e ele viu o primeiro sinal de suas presas, pontas brancas mal visíveis abaixo das gengivas. Seus olhos mudaram, a sua cor mais uma vez um âmbar brilhante que deixou a humanidade para trás. Ela respirou longa e lentamente, as narinas queimando enquanto absorviam o cheiro dele.
— Eu posso cheirá-lo. — disse ela em um ronronar baixo e sensual. — O cheiro de seu sangue é inebriante. Pense no aroma mais delicioso que você já encontrou, pão, chocolate, um borbulhante guisado - tudo isso e muito mais. Não é apenas sangue, Colin, é seu sangue. E, oh, sim, eu quero.
Colin puxou uma respiração profunda e dura. Adrenalina surgiu, mas não era medo. Ou não apenas medo. Ele teria que ser louco para não estar um pouco intimidado com a idéia de alguém morder-lhe e beber seu sangue. Mas era mais do que isso. Era luxúria, pura e simples. Porra, se ele não estava excitado com a idéia. E se isso fazia dele um fodido doente, então que assim seja.
— Tudo bem. — disse ele. — Vamos fazê-lo.
O brilho de âmbar nos olhos de Sophie aumentou, como se tivesse acendido uma lâmpada. Ela abriu sua boca e suas presas deslizaram em plena vista, brancas e reluzentes. — Você tem certeza? — perguntou ela.
Colin assentiu. — Faça isso.
Ela sorriu lentamente e se estendeu em cima dele, deslizando seu monte acetinado suave sobre e em torno de seu pênis, seduzindo-o, como se ele precisasse de mais sedução. Seus mamilos rasparam contra o seu peito quando ela escondeu o rosto contra seu pescoço. Sua respiração era quente, sua língua um golpe de umidade ao longo do lado do pescoço dele. Seu coração estava correndo mais rápido do que nos piores combates que ele já tinha sofrido. Ele se rebelou contra o medo, lembrando-se que esta era Sophie. Ele começou a empurrar suavemente por baixo dela e ela gemeu contra o seu pescoço. Sentiu algo duro raspar sem cortar sobre a pele abaixo da sua mandíbula, ouviu sua respiração.
Êxtase. Seu pênis endureceu instantaneamente, inacreditavelmente. Sophie estava escarranchada sobre ele, as pernas de ambos os lados de seus quadris, os cabelos sedosos caindo sobre o seu peito. Ele podia sentir o puxão de sua boca, o deslizamento liso de suas presas, enquanto tomava o seu sangue. E sentiu um pontapé do desejo como nada que ele já experimentou. Ele queria jogá-la de costas, abrir suas pernas e fodê-la duro e longo. Agarrou sua bunda, deslizando as mãos sobre os montes firmes e mergulhando os dedos entre as pernas dela. Ela estava encharcada e ainda quente de seu clímax anterior. Ela gemeu quando ele começou a bombear os dedos dentro e fora dela, esfregando-se suavemente para trás e para frente sobre sua ereção onde estava presa deliciosamente embaixo dela. Ele guiou os dedos da outra mão ao longo do vinco de suas nádegas, provocando sua estrela bem enrugada, e Sophie estremeceu em seus braços, as paredes apertadas de seu sexo apertando em torno de seus dedos.
Houve uma picada, uma dor leve, quando as presas se retiraram de seu pescoço, mas foi rapidamente substituída pela carícia quente de sua língua. Empurrando os seus ombros, ela se sentou, os belos seios balançando tentadoramente perto. Seus olhos estavam quase completamente âmbar enquanto ela olhava para ele, brilhando como jóias no quarto escuro. Sem uma palavra, ela levantou os quadris, os dedos suaves envolvendo em torno de seu pênis enquanto ela o embainhava dentro dela mais uma vez e começava a balançar lentamente para trás e para frente.
Ela segurou seus seios, apertando e soltando, raspando as unhas ao redor e em torno de seus mamilos, até que imploravam para serem chupados, até que o sangue marcou a perfeição redonda dos seios e gotas pendiam prontas em suas pontinhas. Ela se inclinou para frente, as mãos indo para os lados da cabeça dele enquanto ela se movia, deslizando-se para cima e para baixo de seu pênis dolorido. Colin rosnou, agarrando seus quadris e segurando-a no lugar quando ele começou a empurrar para cima, aprofundando dentro dela com cada pontada de seu pau em seu corpo acolhedor. Ela se aproximou e ele fechou a boca sobre um dos seios, sugando forte, provando o seu sangue em sua língua, sentindo-o quente e escorregadio enquanto ele engoliu. Sophie gritou, suas paredes internas estremecendo ao seu redor em alerta. Colin sorriu, apertou mais nos quadris dela, e voltou sua atenção para o outro seio, levando-o na boca e sugando até que estava rosa brilhante e inchado.
Sophie tinha fechado os olhos, seu corpo balançando acima dele como se estivesse em transe. Colin podia sentir seu orgasmo se construindo em torno de seu eixo, podia sentir os tremores em sua barriga, o aperto de suas paredes internas enquanto elas começavam a ondular ao longo de seu pênis, acariciando-o, pedindo-lhe para ceder a sua semente. Ele resmungou baixinho, tentando segurar um pouco mais, querendo sentir o seu clímax, sua umidade absorvendo seu pau e gotejando para fora de seu sexo inchado.
— Colin. — ela ofegou. — Eu não posso… Eu não posso durar muito mais tempo.
— Então, não o faça, Sophie. Venha para mim.
Como se esperando por seu convite, Sophie jogou a cabeça para trás, gritando enquanto o clímax rugia sobre ela. Ela desabou em cima dele, gemendo enquanto todo o seu corpo tremia na liberação sexual. Colin rangeu os dentes, saboreando a sensação de seu corpo macio tremendo sobre ele, seu canal em convulsão, tremendo com a força de seu orgasmo. Gemendo, ele aumentou o aperto sobre seus quadris e girou, erguendo os joelhos dela e colocando as pernas sobre seus ombros enquanto ele empurrava a si mesmo nela de novo e de novo em um frenesi de necessidade. Os olhos de Sophie abriram subitamente. Ela rosnou sem palavras e começou a mover-se, encontrando o seu impulso para baixo com um impulso para cima de seus quadris, flexionando seus músculos internos para segurar seu pau ainda mais apertado.
Colin sentiu o orgasmo chegar. Não havia como pará-lo neste momento. Ele gritou descontroladamente enquanto rolava sobre ele como um terremoto, sacudindo-o até os ossos, cada músculo do seu corpo apertando enquanto seu pau pulsava uma e outra vez, enterrando-se profundamente no corpo de Sophie até que estava gasto.
Ele aliviou as pernas dela para fora de seus ombros e rolou, reunindo-a contra seu lado.
— Jesus, Soph. — ele conseguiu dizer.
Ela respondeu com um ininteligível “mmph”, sua voz abafada pelo seu peito.
Colin não tinha certeza quanto tempo eles ficaram assim. Ele nem mesmo tinha certeza de quando eles começaram a fazer amor ou durante quanto tempo o tinham feito. Ele sabia que ambos dormiram em algum ponto. Ele acordou quando Sophia se espreguiçou inquieta e sentou-se ao lado dele.
— Eu caí no sono. — ela disse aflita. — É quase o amanhecer. Eu não sei se…
— Está tudo bem, querida. — ele acalmou, puxando-a de volta para a cama quente. — Estas são cortinas blackout e eu vou ficar de guarda. Está tudo bem.
Ela sorriu sonolenta, chegando a acariciar seu rosto. — Colin. — ela sussurrou. — Eu não posso acreditar que te encontrei.
— Nós encontramos um ao outro, Soph. Agora, dorme. Eu estarei aqui quando você acordar.
O toque do telefone arrastou Colin para fora do sono. Uma rápida olhada para o relógio lhe disse que passava pouco das duas. Ele verificou-o novamente. Duas da tarde, ele esclareceu. Sophie estava ao seu lado, enrolada debaixo das cobertas. Se ele não soubesse, pensaria que ela estava dormindo, mas um olhar mais atento lhe disse que era mais do que isso. Não era como os vampiros dos filmes que eram pálidos e cinza, as suas mãos ossudas com o tempo, unhas curvas. Sua Sophie não estava morta. Mas isso era algo mais do que sono também.
Pensou nos outros, os vampiros que tinham sido assassinados, e ele entendeu, pela primeira vez, como estavam completamente vulneráveis quando seus atacantes caíram sobre eles. Não teria havido nenhuma resistência. Suas mortes foram carnificina brutal, nada menos.
O telefone tocou novamente, e ele sacudiu, pensando que poderia ser Robbie com notícias sobre Leighton. Mas bem em cima desse pensamento veio a constatação de que era seu toque de telefone da casa. Não o celular dele, mas a linha fixa. Recepção de celular tinha sido irregular aqui durante anos, até que os vampiros se mudaram e pagaram para ter uma nova torre instalada. Sua banda larga chegava pela linha de terra, por isso manteve o serviço, mas quase ninguém ligava para o número mais.
Ele deixou tocar. Iria para o atendedor de chamadas rapidamente, e ele podia ouvir para ver se era alguém com quem queria falar.
Puxou as cobertas por cima de Sophie e saiu da cama, cuidadoso para fechar a porta do quarto atrás dele. Como ele disse a ela, as cortinas de seu quarto eram pesadas, com persianas por baixo. Depois de anos de sono em todos os tipos de lugares e condições, ele gostava de uma sala escura e uma cama confortável quando dormia.
A chamada rolou para a máquina enquanto ele entrava na sala, sua pele arrepiando com o frio. Ele quase virou para voltar ao quarto e pegar um par de moletom quando a voz familiar de Garry McWaters rolou para fora da máquina.
— Yo, Murphy. Você está por aí?
Colin olhou para a máquina em descrença. Com a mandíbula apertada, ele caminhou até o telefone e puxou-o do carregador.
— Filho da puta. — disse ele rosnando.
— Você não me disse que a mulher tinha um guarda-costas, Murph. — Garry repreendeu. — Você não foi legal.
Tinha sido a voz de Garry que ouviu em Babe após o tiroteio de ontem. Ele não queria acreditar, mas agora…
— E você não me disse que agora levava amigos para uma emboscada, seu desgraçado.
— Ei, nós não estávamos apontando para você, amigo. Você não teria sido ferido se aquela vadia não tivesse visto um casal de rapazes que se deslocaram do lado de fora. Eu odeio trabalhar com amadores, você sabe o que estou dizendo? Enfim, ela era o alvo. Você era apenas suposto abrir a porta, como sempre faz para as senhoras. Você é um cavalheiro, Murph. Eu sempre admirei isso sobre você.
— Sim, foda-se, Garry.
McWaters apenas riu. — Sim, bem, você fudeu o plano. E os meninos não estão felizes. Seus caminhões ficaram todos disparados e você sabe como eles se sentem sobre seus caminhões por aqui. Além disso, você parecia bem para mim quando foi embora. O guarda-costas, também, se importar. O que ele é, Delta? Rangers? Aquele rapaz definitivamente teve formação em algum lugar. Hey. — disse ele, de repente, como se tivesse acabado de lhe ocorrer. — Como é que a mulher está indo?
— Vá para o inferno.
— Vamos lá, ela não era impotente lá fora. Mulher gostosa, e ela sabe as coisas. Pena que ela está do lado errado.
— O lado errado? Qual é esse?
Todo o riso fugiu e a voz de Garry ficou sombria. — O lado humano porra, Murphy. Você é do sul. Eu pensei que você reconhecesse uma causa justa quando vê uma.
— Feliz em decepcionar, imbecil.
— Oh, eu não estou desapontado. Nós estávamos esperando matá-la, mas ela ficou bem machucada. Ouvi que aqueles vamps são muito apegados às suas mulheres, meio que se desfazem quando algo ruim acontece com elas, como com Mariane. Mas este, o grande homem quase ter perdido a sua namorada assim? Isso vai colocar um friso em sua caçada, não é?
Colin franziu a testa. Onde Garry estava obtendo a sua informação? Como ele sabia o quanto Leighton ficou ferida, ou mesmo que ela ainda estava viva? Aliás, como é que ele sabia qual a reação que Raphael teria por Leighton levar um tiro assim? Mesmo ele não saberia antes de ter visto a reação de Jeremy às lesões de Mariane. Claro, todos na cidade, provavelmente sabiam sobre o ataque a Mariane por agora, mas ninguém fora do complexo vamp deveria saber o quanto isso afetou Jeremy.
Todo esse tempo, eles estavam procurando uma toupeira entre os seres humanos na cidade, mas talvez a toupeira estivesse dentro do complexo.
Garry havia permanecido em silêncio, à espera da reação de Colin. Ele estava procurando a confirmação da morte de Leighton, ou pelo menos uma atualização sobre o seu estado? O lábio de Colin enrolou. O filho da puta teria que esperar um maldito longo tempo antes de conseguir qualquer informação de Colin. Ele também cometeu um erro enorme se achava que a reação de Raphael ia ser qualquer coisa como a de Jeremy. Jeremy era um maldito contabilista. Raphael era…
Merda. Raphael ia rasgar essa cidade.
— Você tem alguma idéia do que fez, Garry? — ele perguntou em vez disso. — Raphael vai pintar a cidade com o seu sangue por isso.
— Puxa, eu espero que sim. — Garry disse com falso entusiasmo. — Bem, não com o meu sangue. Mas o de qualquer outra pessoa vai servir. — Sua voz endureceu. — Por que diabos você acha que nós colocamos um alvo nela em vez de outra pessoa? Se esses vampiros começarem a matar pessoas, talvez o resto de vocês vá abrir os olhos e perceber que temos um monte de monstros que vivem entre nós e nosso governo não está fazendo porra nenhuma sobre isso.
— Então, você está fazendo algum tipo de declaração política com isso? — Colin perguntou, incrédulo. — Não vai ter qualquer confronto final aqui, Mac. Nenhum Waco13, nenhum Ruby Ridge14, nenhuma mídia estará perto para cobrir o seu sacrifício glorioso. Você está morto, pura e simplesmente. Você e todos os seus amigos burros e loucos. Os vampiros vão caçá-lo e rasgá-lo em pedaços tão pequenos que não haverá o suficiente de você para enterrar.
Colin não esperou por uma resposta. Ele desligou, tremendo de raiva. Esse filho da puta estúpido. Ele não podia acreditar que Garry seguiria esse tipo de besteira ignorante. Inferno, ele não podia acreditar que Garry ia virar as costas para ele assim, depois de tudo o que tinham passado juntos, depois de terem salvo a vida um do outro mais de uma vez. Mas Colin não poderia salvá-lo desta vez. Ele teria sorte se conseguisse se salvar a si mesmo. Uma vez que o lorde vampiro descobrisse que Leighton tinha sido um alvo específico… Colin sacudiu a cabeça. Ele podia não saber muito sobre vampiros, mas ele estava lá quando Raphael acordou ao pôr do sol na noite passada. Ele tinha visto aquele grande prédio maldito chacoalhar como se fosse feito de papelão.
Inferno. Esqueça Garry McWaters e seus amigos idiotas. Colin teria as mãos cheias tentando convencer os vampiros a não aniquilar todo o ser humano daqui até Seattle.
Ele passou uma mão pelos cabelos, esfregando-a para trás e para frente. Ele não iria conseguir dormir mais hoje, não com este zumbido na parte de trás de seu cérebro. Mas enquanto estava acordado, poderia muito bem fazer algo útil, e ele poderia começar com Leon e Pettijohn Ellen, os donos do bar Babe. Ele ficaria surpreso se qualquer um deles estivesse diretamente envolvido nisso. Eles não iam ganhar nenhum prêmio de cidadania, mas ele não os taxaria como assassinos também.
Começou a voltar para o quarto, com a intenção de tomar uma ducha rápida, vestir-se e dirijir para a cidade. Ellen trabalhava no turno do dia no mercado, mas Leon provavelmente estaria em casa, ainda dormindo. Colin decidiu dirigir para lá primeiro. Ele poderia ligar, mas essas coisas funcionavam melhor em pessoa, e se ele tivesse que tirar Leon da cama, um tanto melhor…
Ele atingiu a porta do quarto e derrapou até parar.
Bem, inferno. Ele não podia ir para Leon hoje. Ele não podia ir a lugar nenhum. Sophia estava dormindo em sua cama, completamente indefesa. As chances eram que ninguém sabia que ela estava aqui, exceto ele, mas ele estava disposto a correr esse risco? Claro que não.
Girou sobre os calcanhares, passando pelo corredor até seu escritório e sentou em seu computador. Havia mais uma coisa que poderia fazer, e ele não teria que sair de casa para fazê-lo. Garry e seus amigos teriam que estar escondidos em algum lugar próximo, e esta era uma cidade pequena. Se Garry estivesse ficando com as pessoas do costume, isso teria vazado por agora. Mas se ele estava escondido, talvez com os forasteiros que Hugh Pulaski havia reclamado… Bem, a família de Garry tinha estado em Cooper’s Rest por um longo tempo. Eles provavelmente tinham uma propriedade em algum lugar que Colin nem sequer conhecia.
Mas se ele pudesse encontrá-la antes de o sol se pôr hoje à noite, ele poderia dar aos vampiros algum lugar para começar a olhar, um foco para sua caça. E talvez, se ele tivesse muita sorte, ele poderia parar Raphael de gerar um banho de sangue em Cooper’s Rest.
Capítulo 33
Sophia se espreguiçou languidamente, sentindo-se mais saciada e relaxada do que ela tinha se sentido em um tempo muito longo. Talvez nunca. Seus olhos estavam fechados, mas ela sabia que Colin estava por perto. Podia senti-lo olhando para ela e ela arqueou as costas, se mostrando para ele, deslizando as mãos sobre os seios e para baixo para as coxas antes de estendê-las sobre a cabeça dela em um alongamento final.
Colin jurou baixinho e ela abriu os olhos com um sorriso. Ele estava semi-nu, o peito nu, um par de calças pretas de combate penduradas baixo em seus quadris estreitos, e ele estava olhando para seu corpo como um homem morrendo de fome.
— Por que você está tão longe? — ela ronronou, batendo na cama.
— Se eu for para a cama, nunca vamos sair daqui e temos que sair. Deus sabe que eu sinto muito, mas temos que voltar para o complexo.
Sophia sentou-se, sua mente já produzindo uma lista de possibilidades.
— Aconteceu alguma coisa?
— Recebi um telefonema hoje de um velho amigo. Ele queria saber se Leighton estava morta.
Sophia ficou muito quieta.
— Por que ele se importa? — ela perguntou com cuidado.
— Porque ele é provavelmente a pessoa que atirou nela. Ele e seus amigos mataram Marco e Preston e atacaram Mariane, também.
Seu poder cresceu espontaneamente, enchendo-a com fogo. Ela viu os olhos de Colin ampliarem e sabia que tinha começado a brilhar.
— Quem é ele? — ela exigiu.
— Garry McWaters. Servimos juntos. — Sua mandíbula se apertou, e seus olhos se estreitaram com algo mais do que raiva. Ela provou suas emoções e reconheceu-as. Traição. E isso era algo que Sophia entendia muito bem.
— Então nós o mataremos. — ela disse sem rodeios.
Colin encontrou seu olhar diretamente.
— Nós o mataremos. — ele concordou. — E eu acho que sei onde começar a procurar. Vista-se e eu vou informar você no caminho. Temos que conversar com ele antes de Raphael começar a matar as pessoas erradas.
Colin deslizou o caminhão até parar, estacionando e empurrando a porta aberta sem se preocupar em tirar a chave da ignição. Tinha havido ainda mais vampiros hoje à noite no portão, e eles todos estavam ansiosos com adrenalina, ou seja, o que fosse que fazia os vampiros ansiosos. Eles não tinham medo e não estavam nervosos, eles estavam… Animados, como se algo grande estivesse para acontecer e dificilmente poderiam esperar. Mas isso não os impediu de investigá-lo e ao seu caminhão completamente, como se nunca o tivessem visto antes. Como se Sophia não estivesse sentada ao lado dele.
E eles ignoraram completamente as suas perguntas sobre Leighton. Ou eles não sabiam de nada ou não estavam dizendo.
O edifício principal estava iluminado como um maldito palácio em festa, luzes brilhando através das grandes portas de vidro. Ele viu pessoas em pé lá dentro - vampiros. Montes e montes de vampiros, todos vestidos para a guerra. Era como estar de volta em uma operação - todos vestindo preto da cabeça aos pés, calça preta de combate e botas, com T-shirts de manga comprida - exceto que alguns desses soldados tinham presas à mostra.
Sophie veio por trás dele e apertou-lhe a mão com força, forçando-o a parar e virar para encará-la.
— Sophie. — protestou ele. — Nós não temos tempo para isso.
— Ouça-me. — ela insistiu. — Leighton deve ter sobrevivido à noite ou os guardas não estariam tão relaxados.
— Isso foi relaxado?
— Acredite em mim, Colin. Se ela tivesse morrido, você não teria entrado através da porta, pelo menos não em um pedaço.
— Ok, ótimo, vamos lá, e…
— Ouça-me. — ela repetiu com urgência. — Você teve um gosto do que Raphael pode fazer. Apenas um gosto, Colin. Se ele dá uma bronca em você…
— Eu sou um menino grande, Sophie. Posso cuidar de mim.
Ela puxou seu braço com raiva. — Não disto. Mas eu posso. Você entende o que estou dizendo? Você tem que me deixar proteger-nos, se for preciso. Não interfira e não tente ajudar.
Colin olhou para ela. Ele não era um homem inseguro e ele não sentia a necessidade de constantemente provar a si mesmo. Doze anos com as equipes haviam lhe ensinado o valor de recuar e deixar alguém assumir a liderança quando podiam fazer o trabalho melhor. Mas havia uma diferença enorme, uma diferença cósmica, entre seus amigos e Sophia. Ela queria que ele se escondesse atrás dela, enquanto ela lutava com Raphael? O cara que podia causar pequenos terremotos quando ele ficava puto?
— Colin. — disse ela. — Por favor. Eu sei o que estou pedindo, mas é o único caminho.
Ele desviou o olhar.
— Foda-se. — ele rosnou. — Tudo bem, tudo bem. Mas Deus me ajude, Sophie, se alguma coisa acontecer com você, eu vou levá-la sobre o meu joelho e…
Ela colocou seus lábios nos dele, silenciando-o. — Promessas, promessas. — ela sussurrou. Ela congelou por um momento e depois virou a cabeça em direção ao edifício. — Raphael. — ela disse.
Colin olhou sobre a cabeça dela e viu Robbie de joelhos. — Vamos. — disse ele.
Capítulo 34
Raphael abriu os olhos e imediatamente estendeu a mão para Cyn. Ele esteve ciente de que ela estava deitada perto dele durante o dia, tinha escutado seu coração cada vez mais forte a cada batimento. Ela sobreviveria. Ele sabia disso agora. E ela iria se curar. Mas seria um processo longo, demorado, e provavelmente levaria vários meses antes dela estar de volta com sua força total. Tão poderoso que ele era, mas só havia pouco que ele poderia fazer. Seu sangue poderia começar o processo, mantê-la viva e acelerar a recuperação. Mas com esses ferimentos, seu corpo teria que fazer uma parte disso no seu próprio ritmo.
Ele a envolveu suavemente em seus braços e se inclinou para beijá-la na testa. Ela se mexeu, mas não acordou. Ela sabia que ele estava lá, embora, e isso era suficiente para ele. Ele preferiria que ela guardasse sua energia para se curar ao invés de desperdiçá-la com palavras desnecessárias.
Levantando seu braço, ele usou suas presas para abrir uma veia e abaixou o pulso na boca de Cyn. Ela agarrou avidamente, outro sinal de que sua força estava crescendo. Uma de suas mãos subiu para segurar seu pulso enquanto ela sugava e Raphael percebeu o quão frágil ela parecia, quanto ela parecia ter perdido peso só nas últimas horas. Seu corpo estava se consumindo. Ele se lembrou das palavras do Dr. Saephan ontem. Sua Cyn ainda era humana. Ela precisava de sangue humano para suprir o que ela perdeu, e ela precisava de nutrição, muito além da que Raphael poderia dar.
O aperto em seu pulso afrouxou conforme a sucção cessou e ela pareceu ter caído mais profundamente no sono. Raphael colocou seus lábios nos dela, sussurrando palavras de amor contra seus lábios. Ele levantou a cabeça, acariciando os cabelos dela para trás de sua cabeça.
— Eu preciso te deixar por um tempo curto, lubimaya — ele disse calmamente. — Doutor Saephan estará aqui com você e Elke estará lá em cima. Eu preciso saber como isso aconteceu, por que Robbie foi…
Os olhos dela abriram e ela agarrou seu pulso novamente. — Não os machuque. — ela disse numa voz tensa que parecia tomar toda sua força.
Raphael a silenciou, torcendo seu pulso com cuidado para pegar a mão dela. Ele a beijou nas costas da mão. — Quem você pensa que eu irei machucar, lubimaya? Suavemente agora, eu te ouvirei.
— Robbie. — ela respirou. — Murphy. Não foi culpa deles.
A boca de Raphael se comprimiu e ele beijou suas pálpebras, forçando seus olhos a fecharem para que ela não pudesse ver a raiva em seu rosto. Ele não iria fazer promessas que não podia cumprir. Não à Cyn. — Durma. — ele pediu e gentilmente empurrou sua mente para baixo, garantindo que ela dormiria até o seu retorno.
Ele esperou até ela respirar de maneira uniforme, então a cobriu com o cobertor e cruzou o quarto até a mesa, pegando seu celular.
— Meu lorde. — Duncan respondeu imediatamente. — Como ela está?
— Ela vai sobreviver. — Raphael disse severamente. — Diga ao Doutor Saephan para recolher qualquer material que ele precisar. Eu mandarei o elevador para cima. Ninguém além do doutor deve descer, Duncan.
— É claro, meu lorde. Tudo já está preparado, Saephan só precisa pegar o sangue da unidade de armazenamento.
— Quando ele estiver aqui com Cyn, eu irei para cima. Onde está Robbie?
— Ele está aqui, senhor, e pronto para aceitar seu julgamento.
— Ele está? Veremos. — Raphael desligou, jogando o telefone de volta na mesa. Ele foi para a primeira porta, destrancando-a e mandando o elevador para cima para Dr. Saephan. Enquanto ele esperava, vestiu um robe, e então sentou na cama próximo à Cyn, segurando sua mão, sabendo que ela sentiria sua presença e ficaria confortável com isso.
Ele ouviu vozes pelo poço do elevador, ouviu Saephan dando diretrizes para os outros enquanto eles o carregavam com os suprimentos médicos do doutor. E então a porta fechou e ele ouviu o ronco do motor enquanto o elevador descia. As portas se abriram e Peter Saephan deu um passo para fora, caindo imediatamente sobre os joelhos.
— Meu lorde.
O doutor era um homem muito esperto. Ele esteve andando ao redor de vampiros o suficiente para saber que Raphael estaria andando no limite de seu temperamento com sua companheira deitada tão gravemente machucada ao seu lado. Raphael encarou a cabeça curvada de Saephan, lutando contra o instinto de saltar através da sala e destruir essa presença masculina intrusa.
— Doutor. — Raphael disse por fim. — Você disse que ela precisava de sangue. Você o trouxe?
— Sim, meu lorde. — Saephan olhou para cima rapidamente, seu olhar dividido entre Raphael e Cyn, a expressão de um médico que não via nada além de um paciente que precisava de seus cuidados desesperadamente.
E assim, facilmente, Raphael relaxou. Saephan não estava aqui para machucar Cyn ou roubá-la dele. Ele estava aqui para ajudá-la. Ele se levantou e, sabendo que o doutor ficaria relutante em se aproximar com ele parado tão perto, andou até o banheiro, então virou para dizer: — Eu preciso de um banho. A deixarei sob seus cuidados por agora.
Saephan encontrou seus olhos pela primeira vez. — Eu tomarei conta dela, senhor. Pela minha honra.
Raphael acenou, seu olhar se afastando para pousar em Cyn e depois voltando para Saephan. — Obrigado, Peter. — Ele deu um passo para trás, para o banheiro e fechou a porta.
Raphael tirou o robe e tomou um banho rápido. Normalmente, ele não se incomodaria já que sua intenção era se banhar no sangue de seu inimigo antes que a noite terminasse. Mas ele estava coberto com o sangue de Cyn e ela era dele. O sangue dela era dele, de ninguém mais. Então ele deixou o sabão e a água escorrerem sobre seu corpo, e jurou para si mesmo que o sangue daqueles que machucaram sua Cyn correria como água essa noite.
Ele não se preocupou em se secar, só enrolou uma toalha ao redor de sua cintura e abriu a porta, de repente, necessitando ver com seus próprios olhos que ela estava bem.
Saephan mal registrou a intrusão. Ele ergueu os olhos distraidamente, mas grande parte de sua atenção ainda estava em sua paciente. Ele já tinha pendurado uma bolsa de sangue e estava checando a IV15 de Cyn, sua cabeça escura inclinada sobre o braço muito-fino dela.
— Você salvou a vida dela, meu lorde. — Saephan disse calmamente. — Se alguém… — Ele respirou fundo. — Ela é sua companheira, senhor, mas também é minha amiga e eu temi por ela.
Raphael ficou lá pingando, vendo outro homem tocar sua companheira, e percebendo que confiava nesse humano mais do que em qualquer outro. — Minha Cyn inspira lealdade nos outros. — ele observou.
Saephan olhou para ele. — Como faz o senhor, meu lorde. Nunca duvide disso. — Ele voltou à Cyn e quando ele falou foi com a entrega direta e seca de um médico reportando a condição de seu paciente. — A maior necessidade dela nesse momento é sangue humano. Ela perdeu… — Seu comportamento profissional escorregou por um momento e ele engoliu em seco. — Ela perdeu uma grande quantidade. — ele continuou, sua voz levemente rouca. — Mas eu posso repor isso. Nós temos em abundância à mão, é claro, e seu tipo é comum. Testar a compatibilidade não será necessário, por que ela tem o seu sangue para anular qualquer incompatibilidade. Ela também está desidratada, então eu vou administrar uma segunda IV e acrescentar alguns nutrientes críticos ao mesmo tempo. Dada a severidade e o tipo de seus ferimentos, ainda vou adicionar alguns antibióticos à mistura. Mais uma vez, com seu sangue trabalhando nela, isso é mais uma precaução mesmo. Na melhor hipótese, vai ser desnecessário, na pior, vai acelerar a recuperação dela. Mas, meu lorde — Saephan virou e dirigiu-se diretamente a Raphael pela primeira vez. — Mesmo com o seu sangue, os ferimentos dela… — Ele respirou. — Ela vai levar muito tempo para se curar completamente.
Raphael assentiu. — Eu compreendo. — Ele andou para o closet, jogando a toalha brevemente sobre seus ombros antes de terminar de vestir a roupa para a noite. Jeans, suéter, botas. Preto para se mover entre as sombras; preto para caçar seus inimigos.
Saephan se debruçou sobre Cyn de novo. Ele falou por cima dos ombros, sem se virar. — Com sua permissão, meu lorde, eu vou dar-lhe banho mais completamente enquanto o senhor estiver fora. Ela descansará mais facilmente quando estiver limpa.
Raphael congelou no ato de puxar suas botas, mais uma vez combatendo o instinto de proteger sua companheira. Ele o afastou com esforço, engolindo seu rosnar de frustração, para evitar alarmar o doutor. — Faça o que sentir que é necessário. — ele falou, batendo na bota em seus pés e ficando em pé, em sua altura total. — Mas, — ele adicionou, — ninguém além de você a verá assim, Doutor.
— É claro, meu lorde. Eu não faria isso de outro jeito.
— Elke ficará de guarda lá em cima. Você ficará aqui até eu retornar.
— Entendido, senhor.
— Muito bem. Eu o deixarei com ela, então.
Raphael cruzou o quarto até a cama, abaixando a mão para acariciar a bochecha de Cyn. Ele abaixou perto o suficiente para beijar seus lábios novamente, sussurrando contra seus lábios. — Eles pagarão, lubimaya. Os responsáveis morrerão hoje.
Elke olhou para cima rapidamente quando Raphael emergiu do elevador.
— Meu lorde?
— Ela sobreviverá, Elke. Outros não serão tão afortunados. Doutor Saephan ficará com ela até eu voltar. Você ficará de guarda nessa entrada. Ninguém deverá ir ou vir do meu quarto, você entende?
— Sim, senhor.
Ele abaixou sua voz, falando só com ela. — Eu sei que você gostaria de se juntar à caçada, Elke, mas não tem ninguém que eu confiaria mais do que você para protegê-la.
Os olhos pálidos de Elke ficaram rosa com lágrimas não derramadas e Raphael piscou em surpresa. Ele nunca a tinha visto exibir um pingo de emoção antes, exceto por raiva. — Eu a protegerei com minha vida, Sire. Meu lugar é aqui.
Raphael inclinou a cabeça, sorrindo ligeiramente. Ele sabia que Cyn e Elke eram amigas. Elas lutavam na academia, e pelo fato de Elke ser a única guarda feminina em seu círculo íntimo, ela era frequentemente designada para Cyn. Mas ele não tinha percebido até agora a profundidade dessa amizade.
— Boa caça, meu lorde. — Elke disse.
Raphael mostrou os dentes. — O chão ficará preto de sangue hoje, Elke. Eu juro. —Ele bateu a mão em seu ombro e virou um olhar sóbrio por toda a grande sala. Duncan já estava lá, andando em direção a ele. Eles se encontraram na metade do caminho.
— Meu lorde. — Duncan começou, mas Raphael interrompeu.
— Onde está ele?
Robbie saiu do grande hall. — Eu estou aqui, meu lorde. — Ele deu alguns passos em direção à Raphael e caiu de joelhos, a cabeça baixa.
Raphael encarou o pescoço nu do guarda-costas. — Me diga porque você merece viver. — ele rosnou.
— Por que ele não fez nada de errado. — outra voz interrompeu.
Raphael girou a cabeça devagar, olhando por sobre os ombros para onde Colin Murphy estava, na porta aberta com a filha de Lucien, Sophia. Ar frio e úmido soprava em torno deles, batendo contra suas pernas.
— Você. — Raphael zombou. — Outro que sobreviveu intacto enquanto minha Cyn estava sendo dilacerada.
— Meu lorde! — Robbie protestou, mas Raphael o silenciou com um olhar afiado, exercendo somente poder suficiente para pregar o humano no lugar sem machucá-lo. — Seja bem cuidadoso, Robert. — ele avisou. — O único motivo para você ainda estar vivo é que minha Cyn implorou por sua vida, embora ela mal tivesse ar para fazê-lo. Não faça o sacrifício dela ser em vão.
Raphael virou o rosto para Murphy, dando ao humano sua total atenção. Ele reuniu seu poder casualmente, deixando uma pequena fração deslizar pela sala, o suficiente para bagunçar papéis e bater portas.
Para sua surpresa, Sophia deu um passo à frente, as próprias defesas dela aumentando rapidamente, expandindo para abranger o macho humano. Os olhos dela começaram a brilhar levemente conforme seu poder subia, e ela ficou diretamente na frente do humano muito maior que ela, punhos fechados ao seu lado, seu queixo erguido em desafio.
Raphael piscou preguiçosamente e a olhou. — Seu Sire pode ter te escolhido como sua sucessora, Sophia, mas nunca cometa o erro de pensar que você é igual a mim.
Sua mandíbula enrijeceu com raiva. Mas ela deu um aceno curto, reconhecendo a verdade nas palavras dele. E então o queixo dela se ergueu de novo e ela disse: — Você morreria para proteger sua companheira, Lorde Raphael. Eu não faria nada menos que isso.
Raphael a estudou mais cuidadosamente, notando pela primeira vez a conexão entre ela e Murphy. Era muito nova e muito tênue, mas estava lá. Ele franziu a testa, olhando para Duncan que estava olhando o casal recém-formado com curiosidade aberta. Aparentemente, ninguém mais sabia sobre isso. Não o impediria de matá-la se ele precisasse, mas iria fazê-lo mais favorável a ouvir.
— Robbie. — Raphael estalou por cima do ombro. — Diga-me o que aconteceu.
Durante os minutos seguintes, Robbie contou a ele em detalhes os acontecimentos do dia anterior. — Estávamos quase fora, meu lorde. — Robbie disse, chegando ao final de sua história. Ele ainda estava de joelhos, mas seus olhos encontraram o olhar severo de Raphael com total honestidade. — Eu tinha Cyn se movendo em direção à porta do caminhão, dando cobertura às suas costas, quando eles se abriram para nós de uma nova direção. Você conhece Cyn, senhor. Ela poderia ter mergulhado no caminhão, ido por sua própria segurança, mas ao invés disso, ela começou a atirar, cobrindo as costas de Murphy. Eu deveria ter segurado ela, nunca deveria ter deixado ela ir. Foi quando… — Sua voz falhou pela primeira vez e ele olhou para baixo. — Eu sinto muito, meu lorde. Eu falhei com Cyn e falhei com o senhor.
— Não foi culpa dele. — Colin Murphy insistiu novamente. — Merda, Raphael, você tem que me ouvir!
Os vampiros de Raphael já nervosos e prontos para a caçada, se irritaram com o tom do humano, e até Sophia teve o bom senso de colocar uma mão no braço do companheiro, advertindo-o. Murphy respirou fundo e continuou com mais calma.
— Minhas desculpas, senhor. Mas alguém que eu conheço me ligou hoje com informações que você realmente precisa ouvir.
Raphael rangeu os dentes com impaciência. Isso estava levando muito tempo. — Fale. — exigiu.
— Leigthon foi especificamente marcada como alvo. — Murphy disse atentamente. — Eles sabiam, ou pensavam que sabiam, que a tirando da equação enfraqueceria o senhor pessoalmente. Eles pensavam que seus vampiros ficariam sem líder e enlouqueceriam, ou que o senhor se juntaria a eles e começariam a massacrar os humanos indiscriminadamente. Eles querem um banho de sangue. Eles querem manchetes gritando em todas as televisões e na internet sobre vampiros rondando a noite e matando humanos inocentes.
Raphael comprimiu seus lábios, pensativo. — Fique de pé, Robbie. — ele disse sem se virar. Ele ouviu o humano levantar atrás dele.
— Meu lorde. — Robbie disse.
Raphael se virou. — As únicas palavras que minha Cyn falou essa manhã foram para te defender… E a ele. — ele adicionou, com um aceno de cabeça para Murphy. — E a sua história sobre os eventos foi verdadeira. — Ele considerou o guarda-costas em silêncio. Robbie esteve com ele por um longo tempo, e ele era companheiro de uma vampira de Raphael. Foi por isso que ele teve a proteção de Cyn confiada a ele. — Nós não iremos diminuir a velocidade por você. — disse a ele. — Mas você é bem-vindo a se juntar a nós na caça desses assassinos.
— Obrigado, meu lorde.
— Senhor. — Colin Murphy falou de novo e Raphael virou para olhá-lo sombriamente.
— Eles sabiam sobre Mariane. — o humano disse com urgência. — Eles sabiam o que o ataque a ela fez com Jeremy, como o enfraqueceu. Eles sabiam onde encontrar Marco e Preston… — Ele olhou rapidamente para Sophia antes de continuar numa voz calma — E eles sabiam que Leighton ainda estava viva quando nós a trouxemos para cá ontem.
Raphael o encarou, deslizando facilmente para a mente do humano apesar da ligação recém-estabelecida com Sophia. O homem estava contando a verdade que ele sabia. E isso significava que Raphael tinha um vazamento dentro de seu grupo. Seu próprio povo, aqueles que ele trouxe de Malibu, eram leais até o núcleo. Ele apostaria sua vida nisso. Ele apostava sua vida nisso todo o dia. Ele olhou em volta, reparando em quem estava lá… E quem não estava.
— Coloque Loren no telefone. — ele ordenou a Wei Chen, observando os olhos do líder do ninho aumentarem enquanto ele procurava as faces ao redor e percebia que Loren não estava entre eles. Ele puxou um telefone do bolso e olhou rapidamente pela lista telefônica.
— Loren. — ele disse, surpresa evidente em sua voz. — Onde você está?
Raphael pegou o telefone dele a tempo de ouvir a resposta de Loren. — Estou na casa de Marco. — ele disse. — Fiquei sabendo de uma possível invasão.
Mesmo no telefone, Raphael pôde ouvir a mentira em suas palavras, e só confirmou o que ele já tinha começado a suspeitar.
— Você gostaria de tentar de novo? — Raphael disse friamente.
— Sire! — Loren engasgou. — Meu lorde, eu…
— Volte para cá agora. E traga a mulher com você. — Ele desligou enquanto Loren ainda estava balbuciando, tentando justificar sua duplicidade. Filho da puta estúpido. Ele trocou um rápido olhar com Juro que acenou e deu alguns passos para trás, levando dois de seus seguranças com ele.
Quando eles começaram a conversar em voz baixa, Raphael virou-se para Murphy. — Você sabe quem são esses assassinos? — ele perguntou.
— Alguns deles. — o humano respondeu. — E eu acho que sei onde pelo menos alguns deles estão se escondendo. Mas eu não sei todos os nomes. Se pudermos pegar aqueles que eu conheço vivos, nós poderemos…
De trás de Raphael, Robbie falou: — Espere um minuto. — Ele andou em volta de Raphael para encarar Murphy. — Cyn tirou fotos de placas de carro naquele estacionamento.
— É verdade. — Murphy concordou, estalando os dedos. Ele transferiu seu olhar para Raphael. — Nós precisamos do celular dela.
Raphael puxou seu telefone de um bolso interno e discou para Peter Saephan, que atendeu no primeiro toque.
— Sim, meu lorde? — ele disse em voz baixa.
— Cyn?
— Ela está descansando bem, senhor. Os fluidos já estão a ajudando.
— Excelente. Eu preciso do telefone de Cyn. Suas roupas de ontem à noite estão numa bolsa no armário. Você poderia checar e ver se seu telefone está lá?
Houve uma breve pausa e então Raphael ouviu a porta do armário deslizar e o estalo agudo de uma bolsa de plástico. — Um momento, meu lorde. — Saephan disse, seguido de um baque suave enquanto ele pousava o telefone no chão. Mais farfalhar de plástico e então pegou o telefone de volta.
— Eu achei, senhor. Deixe-me… Estou limpando o sangue com um pouco de álcool.
O sangue de Cyn, Raphael sabia e estava grato pelos bons impulsos higiênicos do doutor.
Saephan continuou, dizendo: — Ele parece okay, mas a bateria está baixa. Você quer que eu…
— Não será necessário, Doutor, obrigado. Coloque-o, por favor, no elevador e o mande para cima.
— É claro, meu lorde. Mais alguma coisa?
— Não, obrigado.
Raphael desligou e virou para os outros. — O telefone está subindo no elevador agora.
Murphy deu alguns passos à frente como se fosse pegar o telefone, mas Raphael rosnou e Duncan ficou na frente do humano, bloqueando seu caminho.
— Elke o pegará. — Duncan disse. Seu tom era suficientemente calmo, mas sua linguagem corporal não abriu nenhum espaço para disputa.
Murphy abriu a boca para protestar de qualquer maneira, mas o protesto morreu sem ser dito quando ele se virou para Raphael e viu o olhar em sua cara. Duncan podia estar calmo, mas Raphael definitivamente não estava.
Murphy voltou para trás para ficar próximo à Sophia que se posicionou um pouco à frente dele e lançou um olhar hostil na direção de Raphael. Duncan, por sua vez, esperou até que eles ouviram a porta do elevador se fechar mais uma vez, e então mandou um dos guardas vampiros para pegar o telefone com Elke, que estava esperando em seu posto.
O guarda trouxe o telefone para Duncan. Ele olhou para Raphael, procurando por sua permissão, e então acessou a memória do telefone. — Elas estão aqui. — ele confirmou, passando as páginas vendo várias fotos. — Tem uma foto do estacionamento inteiro e então as placas individuais. Parece como se… É, ela pegou todas. — ele disse com uma nota de admiração.
— Eu posso procurar esses… — Murphy começou.
— Isso não será necessário. — Duncan interrompeu.
Duncan acenou para Maxime, próxima ao escritório principal onde estava parada com Wei Chen e alguns outros, observando os eventos se desenrolarem. Nenhum desses assistindo eram caçadores - os soldados de Raphael eram especificamente escolhidos e treinados. Mas mesmo entre os vampiros que não participariam ativamente essa noite, mesmo para aqueles que gastavam a maior parte de suas horas acordadas na frente de um computador, o nível de excitação era alto e contagioso.
Duncan virou o telefone para Maxime, e ela passou entre as imagens, movendo muito mais rápido do que ele tinha. Ela deu um olhar presunçoso. — Dê-me cinco minutos. — ela disse e se dirigiu para o escritório mais próximo.
— A maioria dessas placas são locais. — Murphy comentou, vendo Maxime se afastar. Ele se virou de volta para Raphael. — Então, estou adivinhando que os donos são, também. E eu tenho algumas localizações possíveis do cara que ligou para me insultar essa tarde - Garry McWaters. Ele foi criado aqui perto, mas até ontem eu pensei que ele estava morando em San Diego.
— Claramente não. — Raphael observou com desdém.
— Você está certo. — Murphy admitiu. — Mas isso era o que ele queria que eu pensasse. Eu saberia se ele estivesse ficando na cidade. Não dá para guardar segredo nesse lugar. Mas a sua família tem algumas velhas propriedades no meio do nada. Eu nem sabia que elas estavam lá até que fui procurar alguma coisa parecida.
— Como você o conhece?
Murphy franziu a testa, relutante em falar. — Ele era um amigo. — ele admitiu de má vontade. — Eu pensei que tinha reconhecido sua voz no bar ontem, depois que Leighton se machucou, mas agora eu tenho certeza.
— Então hoje ele morre. — Raphael disse sombriamente.
Murphy balançou a cabeça, mas não argumentou, o que foi uma boa coisa, por que Raphael não estava no humor para ser contrariado por ninguém, muito menos por um humano.
— Olha. — Murphy disse impacientemente. — Você não precisa de nós aqui. Enquanto você espera Loren aparecer, Sophia e eu podemos ir para a casa de Leon Pettijohn.
— O dono do bar onde Cynthia foi atacada, meu lorde. — Sophia acrescentou. — Ele e a sua esposa o têm em conjunto, mas só o homem trabalha lá. Ela trabalha no mercado local.
— Eu não acho que eles sejam parte disso. — Murphy adicionou ao assunto. — Eu já tentei ligar para Leon no bar, mas não obtive resposta. Ele provavelmente fugiu assustado depois do tiroteio de ontem, mas se conseguirmos que ele fale, ele saberá quem mais esteve lá. Não era só McWaters disparando na gente.
Raphael estudou o humano silenciosamente. Ele não estava inclinado a confiar nele, mas Cyn o tinha feito.
— Nossa caça começará no bar, então. — Raphael disse. — Pela conta de Robbie, é provável que um ou mais atacantes foram atingidos, o que significa que eles sangraram. Nós pegaremos os cheiros e os rastrearemos, se mais nada funcionar. Sophia, você e Murphy vão para a casa do tal dono do bar, e se vocês descobrirem alguma coisa dessas pessoas que valha alguma coisa, nos avise. Se não, vocês podem nos alcançar depois.
— Loren está no portão, meu lorde. — Duncan murmurou.
Raphael sorriu lentamente, cruelmente. — Excelente.
Capítulo 35
— Bem, isso foi intenso. — comentou Colin enquanto segurava a porta aberta para que Sophia pudesse subir na Suburban que eles tinham pegado emprestado da garagem do complexo.
Sophie tinha sugerido que eles pegassem o Lexus que ela estava dirigindo antes, mas de jeito nenhum Colin ia para uma operação - mesmo uma civil - conduzindo um maldito sedan de luxo. Seria muito embaraçoso.
Como a Tahoe dele estava completamente arruinada e, de acordo com Sophia, fedia a sangue, ele tinha pegado um dos SUV’s da frota de Wei Chen.
Ele fechou a porta de Sophia, correu ao redor do capô e acomodou-se atrás do volante, ligando o carro com uma torção rápida da chave. Ele saiu da garagem e começou a descer a curva da rodovia, diminuindo a velocidade quando o portão abriu e entrou uma BMW cinza com Loren ao volante. Colin teve um vislumbre da expressão abalada do vampiro enquanto ele passava. Havia uma mulher sentada próxima a ele e ela também não parecia feliz. Colin sacudiu a cabeça. Ele não invejava Loren. Nem um pouco.
Foi uma curta viagem de carro até à casa de Pettijohn. A casa deles era no lado mais próximo da cidade, descendo uma estreita faixa de terra que mal se qualificava como uma estrada. Como muitas das outras casas em Cooper’s Rest, a deles era velha e em um estado de degradação suave. A madeira precisava de uma boa lubrificação e os beirais estavam obstruídos com agulhas de pinheiro, mas o teto era resistente e havia uma garagem de alumínio nova no lado de fora. As portas duplas estavam abertas e Colin podia ver o Honda de Ellen lá dentro, mas não havia nenhum sinal do caminhão de Leon.
— Vamos fazer isso rápido. Parece que Leon já partiu e eu gostaria de chegar até ele antes de Raphael.
Sophie bufou delicadamente.
— Só se você quer que ele continue respirando. — Ela abriu a porta do carro e deslizou para o chão, fechando a porta silenciosamente atrás dela. — Talvez devêssemos ir diretamente para o bar do companheiro Leon. Você disse que a mulher nunca está lá de qualquer maneira. Ela não saberá de nada.
— Sim, mas Leon provavelmente conta-lhe as coisas. Enquanto estamos aqui, vale a pena uma conversa de cinco minutos.
Sophie encolheu os ombros.
— É a sua decisão. Eu não conheço estas pessoas. — Ela olhou ao redor do pátio e, em seguida, para Colin, como se dizendo, e eu realmente prefiro não os conhecer.
Colin sorriu, indo para a varanda da frente em dois passos largos. Antes que ele pudesse tocar a campainha, a porta abriu e Ellen estava ali, de rifle na mão e apontando direto em seu rosto.
Capítulo 36
Raphael sentiu o medo de Loren muito antes de o vampiro entrar no prédio com a mulher humana ao seu lado. Ele parecia horrível, seu rosto pálido e olhos arregalados enquanto ele examinava os vampiros reunidos ao redor da entrada. Ele abriu seu caminho por eles, deu uma olhada a Raphael e caiu de joelhos.
— Me perdoe, Sire. — ele soluçou.
Raphael olhou para baixo para ele com desdém. Como um dia ele pensou que esse seria digno de responsabilidade?
— Na outra sala. — ele disse friamente.
Dois de seus vampiros agarraram Loren pelos cotovelos, levantando-o a seus pés. A mulher chorou ruidosamente e Duncan se aproximou, cortando o choro dela com um pensamento. Ao seu sinal, outro dos guardas de Raphael escoltou-a, agora uma plácida fêmea, atrás de Loren.
— Duncan, você vem comigo. — Ele se virou para encarar Juro. — Isso não vai demorar muito. — ele disse. — Nós vamos diretamente para o bar e caminharemos de lá. Tenha certeza que todos entendam as regras da situação. Eu quero ter certeza absoluta que pegamos cada um desses animais em nossa rede. Informação primeiro… — Ele abaixou a cabeça e deixou uma fração de seu poder escorrer para fora, girando em torno dele. —… e então caçamos. — Ele terminou.
Seus vampiros rugiram. Ele deu a eles um sorriso feroz, e em seguida virou-se e caminhou através das portas duplas e dentro da sala quase vazia. Com apenas poucos deles lá, as luzes estavam baixas, à noite nada além de um espaço negro pela janela. Loren estava de joelhos, curvado, braços em torno de si mesmo miseravelmente. A mulher humana estava sentada em uma cadeira próxima, embora ela não parecesse consciente de ninguém, muito menos de seu amado vampiro.
Raphael andou até Loren e olhou para ele, as mãos nos quadris. Raphael tinha dado vida à Loren. Ele o possuía por corpo e alma. Era impossível para ele mentir a seu Sire, mesmo se ele pensasse em tentar.
— Há quanto tempo você está fodendo ela, Loren? — Raphael perguntou sem rodeios.
Ele engoliu em seco antes de falar. — Quase um mês, meu lorde.
— Quem é ela?
— Deb Jenkis. Mas eu não disse nada a ela, meu lorde. Eu juro…
— Silêncio.
A boca de Loren fechou e ele abaixou a cabeça em seu peito, seus ombros se curvaram e tremeram de medo. Raphael ainda não tinha decidido o que fazer com ele. Apesar dos protestos contrários de Loren, Raphael sabia que o vampiro tinha espalhado segredos para a mulher. A questão era, com que intenção? Era uma coisa se ele fosse simplesmente um tolo que deixasse escapar informação enquanto ele estava na cama com ela. Mas se ele deixou intencionalmente sair segredos para persuadi-la de sua importância ou para obter favores, era algo diferente. Os minutos seguintes da vida de Loren dependiam do que ele tinha dito à mulher… E o que ela tinha feito com isso.
— Deb. — Quando Raphael disse o nome da mulher, um fio de energia passou em torno dela, garantindo sua cooperação. Se necessário, ele rasgaria a verdade de sua mente, mas quando ele tocou os seus pensamentos, soube que não era necessário. Ela estava aberta para ele.
Ela olhou para cima, encontrando os olhos dele com um sorriso. — Sim? — ela disse agradavelmente.
— Há quanto tempo você conhece Loren?
— Somente desde que eu voltei para L.A. Nos conhecemos no correio da cidade. Eu estava lá me certificando que a velha morcega Mavis não cometia nenhum erro com minha correspondência. Eu não sei por que a mantêm lá. De qualquer jeito, Loren estava lá. Pegando a correspondência dele também, eu acho.
— Você sabia quem ele era?
— Oh, claro. Meu irmão Curtis me contou sobre vocês logo que cheguei aqui.
O olhar de Raphael afiou. Quando ele vasculhou a mente de Hugh Pulaski - depois de ensiná-lo a loucura que era ameaçar Cyn - o humano tinha identificado alguém chamado Curtis como um daqueles que ele tinha ouvido conspirando contra os vampiros.
— Curtis disse que se eu tivesse a chance — Deb continuou. — deveria me ligar com um de vocês. Loren era bonito o suficiente…
Loren virou olhando para ela com horror, e ela piscou para ele quando disse isso, inconsciente da sua reação.
—… e eu ouvi que o sexo era alucinante. — ela adicionou. — Então eu pensei, porque não? Vou tentar. Não é como se Coop estivesse cheio de caras elegíveis, sabe?
— Sire, eu juro…
Raphael apenas olhou para Loren. O vampiro fechou a boca com um gemido.
— Você estava dizendo, Deb?
— Certo, bem, Curtis, ele e seus amigos, queriam saber tudo sobre isso. Não tanto o sexo - isso seria muito repugnante, ele sendo meu irmão - mas todo o resto. Ele costumava me interrogar depois de eu passar a noite com Loren. Me deixava puta, às vezes, porque tudo o que eu queria fazer era dormir. Você sabe o que eu quero dizer. — ela disse com um olhar significativo.
Raphael deu um suspiro. — De que coisas vocês falavam?
— Bem, merda, não havia muito para contar. Eu quero dizer que sexo era praticamente tudo o que fazíamos. Ao menos até você aparecer. Loren estava muito estressado sobre isso, porque você queria que todo mundo vivesse nesse lugar. — Ela disse, acenando com a mão ao redor. — Isso significaria não ter mais sexo, e nenhum de nós estava muito entusiasmado com isso, tenho que te dizer.
— Mas então aquela pobre garota foi atacada. — Continuou ela, balançando a cabeça. — Eu não a conhecia, mas aquilo não deveria acontecer a ninguém. Eu perguntei a Curtis se foi ele ou algum de seus companheiros - porque eles podiam ter um rancor contra vampiros, mas aquela garota era tão humana quanto eu ou… — ela riu forçada. — Bem, não quanto você, mas você entendeu o que eu quero dizer.
— O que Curtis disse sobre isso? — Raphael perguntou curiosamente.
— Ele disse que não. Honestamente, eu não tinha certeza se acreditava nele. Digo, eu acredito nele, mas alguns daqueles garotos com quem ele está saindo… Bem, eu não queria me encontrar com eles num beco escuro.
— E sobre Loren?
— Oh, Loren é um doce. Nunca machucaria uma mosca.
— Não. — Raphael disse pacientemente. — Eu quero dizer, o que Loren disse a você sobre o ataque de Mariane?
— Oh, bem, ele me disse tudo sobre o marido dela, Jeremy, e o quão chateado ele estava. Como foi uma coisa boa você ter aparecido ou ela teria morrido e Jeremy teria também.
— E você disse a seu irmão isso?
— Bem, claro. Essa era a primeira coisa de verdade que eu já tinha dito a ele.
— A primeira? Houve mais?
— Bem, na noite passada Loren estava muito chateado. Eu acho que alguma mulher levou um tiro, então ele não pôde passar a noite. Ela está bem?
Raphael ignorou a pergunta. Ele não ia dizer a essa mulher nada sobre Cyn. Ao contrário de Loren, aparentemente. — Você falou com Curtis sobre isso também?
— Inferno, sim. Ele me acordou nessa manhã com aquele maldito telefone.
Raphael se virou, caminhando até a janela e olhando para fora, vendo em sua mente a confusão sangrenta que eles fizeram com sua Cyn, ouvindo seus gritos de dor. E por quê? Porque eles queriam enfraquecê-lo. Porque Loren estava tão faminto para foder essa mulher ignorante que ele abriu sua boca como uma criança ansiosa para agradar. Ele esperava que a mulher tivesse valido a pena, porque Loren não estaria fodendo ninguém por um longo tempo.
Ele se lembrou do outro conspirador que Pulaski ouvira no bar, e ele falou sem se virar para ela. — Diga-me, Deb, algum dos amigos de Curtis se chama Junior? Talvez um apelido?
— Oh, claro. Seria Garry McWaters, mas ele odeia esse nome. Assim como odeia seu velho, ou odiava. Acho que ele está morto.
Raphael girou para longe das janelas, caminhando pela sala, sinalizando para seus guardas quando ele passou.
Dois deles agarraram Loren, que gritou: — Sire, por favor!
Raphael ignorou seus gritos. Se ele parasse agora, ele mataria Loren sem um pensamento. Quanto à mulher, sua mente seria apagada. Ela não se lembraria nada do último mês - nem de Loren, nem do correio, nada. Certamente nem de Mariane ou Jeremy, e especialmente não de Cyn.
Quanto ao irmão dela, Curtis. Ele não seria um problema depois dessa noite.
Capítulo 37
— Que diabos você quer, Murphy? — Ellen balançou o rifle para enfatizar a questão. Era uma ação de amador, mas à distância, não faria muita diferença.
— Ellen. — disse Colin em baixo tom, ciente de que Sophia estava perfeitamente parada atrás de si. Ele levantou as mãos para que a mulher pudesse vê-las. — Não quero problemas. Soube que houve confusão no Babe ontem à tarde e estou tentando descobrir o que aconteceu.
Ao longo do cano de sua Remington, Ellen o considerou de forma suspeita. Era uma boa arma, e amadora ou não, naquela distância até um cego poderia atingi-lo.
— Leon não voltou para casa ontem à noite. — Sua voz era vacilante ao falar, mas seu rifle não. — Isto não é do seu feitio.
Colin acenou. — Soube que houve problemas. — ele repetiu.
Ellen o encarou tentando decidir o que dizer ou se confiaria nele. Ela abaixou o rifle alguns milímetros.
— Disseram que houve tiros, Ellen. Se algo tiver acontecido…
Ela estalou o rifle em guarda novamente, encarando-o com suspeita. — Onde ouviu isso? O que você…
Foi tudo o que conseguiu dizer antes de Sophia mover-se com destreza em torno de Colin, envolver o cano do rifle e arrancá-lo das mãos de Ellen, muito antes que Colin pudesse perceber o que se passava. Segurando o rifle com a mão direita e o entregando a Colin, imobilizou Ellen com a mão esquerda e disse: — Vamos resolver lá dentro?
— Droga, Sophie. — disse Colin. — Estava indo tudo tão bem.
— Eu posso devolver a arma para ela, se você preferir. — ela disse sorrindo docemente.
— Talvez não. Tudo bem, vamos ver o que Ellen tem para nos dizer.
Sophie queria ter usado seu poder vampiro para foçar Ellen a falar, mas Colin a havia persuadido a deixá-lo tentar fazê-la falar primeiro. Uma vez que Ellen parou de esfregar seu pescoço e encarar Sophie, não demorou muito para convencê-la que ele não teve nada a ver com o homem que realizou os disparos no estacionamento ontem. Ele estava certo sobre Leon ter contado a ela o que ocorrera no bar, mas ele nunca tinha mencionado o nome de Colin. Além do mais Ellen estava genuinamente preocupada com seu marido e não tinha mais ninguém a quem recorrer.
— Leon não teve nada a ver com eles. — insistiu Ellen pela terceira vez. — Eles se conheceram no bar, mas foi só isso. Ele não pode recusar clientes porque não gosta da política deles. Ele não teria nenhum cliente se fizesse isso. Além do mais, mesmo que ele soubesse que eles estavam planejando algo, o que poderia ter feito a respeito?
— Se ele soubesse de algo poderia ter me contado, Ellen.
Ela tossiu alto. — O seu amiguinho McWaters estava bem no meio deles, Murphy. Como iríamos saber que poderíamos confiar em você?
— Justo. — ele concedeu, ainda sentindo a traição de Garry como um soco no estômago.
Ellen encolheu os ombros. — Uma coisa eu lhe digo: Esses caras não são flor que se cheire. Se planeja enfrentá-los, espero que estejam em maior número do que só vocês dois. — Lançando um olhar descrente a Sophia completou. — Mesmo que um de vocês seja vampiro.
— Ellen. — disse Murphy, atraindo sua atenção que estava voltada para Sophia. — Alguma vez Leon mencionou alguém além do Garry?
— Curtis Jenkins, quem mais? Ele é problema desde o primeiro dia.
Colin acenou. — Onde está Leon agora, Ellen? Gostaria de falar com ele.
Ela lançou-lhe um olhar gélido. — Eu te disse, ele não voltou para casa ontem à noite. — ela sussurrou. — Imaginei que fosse achá-lo em casa hoje à noite, dormindo agarrado à uma garrafa de bebida. — De repente seus olhos encheram-se de lágrimas. — Ele teria me chamado se pudesse, Murphy. Ele sabia que iria me preocupar.
Colin xingou sobre a respiração. — Okay. Estou indo para o bar…
Ellen pausou. — Irei com você. Eu posso…
— Não. — disse Colin imediatamente, pensando em Raphael e seus vampiros que logo estariam invadindo Babe e a floresta ao seu redor. — Eu vou checar e então te ligo.
— Você não pode me forçar a ficar aqui esperando, Murphy. Sou livre…
Sophia de repente apareceu, sua mão no pescoço de Ellen, e então colocou-a no sofá, claramente após tê-la deixado inconsciente ou seja lá o que vampiros fazem.
— Jesus, Soph, você poderia me avisar antes de fazer mais alguma coisa dessa droga de poder vampiro?
— Você é demasiado educado e não temos tempo para discutir com ela. Raphael deve estar a caminho e nós não queremos perder a caçada.
Colin cobriu Ellen com uma manta de crochê que estava jogada atrás do sofá. Tinha algo na voz de Sophia quando ela mencionou a caçada que o fez virar e olhar para ela. Ela estava ansiosa e agitada para partir, indo em direção à porta. Ela o olhou de volta impaciente, e ele vislumbrou seus olhos, não de todo âmbar como ficavam às vezes, mas com uma coroa dourada em volta da íris.
Frente a um olhar examinador, ela o encarou em desafio. — O que? — exigiu.
— Você está empolgada. — ele disse, se dando conta do fato enquanto pronunciava as palavras. — Você está esperando avidamente por isto.
— Com certeza. — ela concordou. — Você não tem idéia do que é passar a sua vida fingindo ser comum. Diminuir o seu poder, esconder suas diferenças para que os humanos não se apavorem. Raphael deixará seu pessoal à solta esta noite. Não haverá hesitação. Você pode ter certeza de que estou aguardando ansiosa por isto.
— Sou humano. — ele a lembrou.
Ela se moveu mais rápido do que ele pôde perceber. Em um segundo estava na porta e no outro em frente a ele, seus braços envolta do pescoço dele, seu corpo embriagante pressionado contra ele.
— Você pode até ser um humano, Colin Murphy. — Ela lambeu uma linha por seu pescoço, passando pelo queixo até sua boca tocar a dele. — Mas definitivamente não é um humano comum.
Ela pressionou seus lábios contra os dele em um rápido e conciso beijo.
— Vamos cair na noite, Colin. É hora da caça.
Capítulo 38
Colin e Sophie entraram no estacionamento de Babe quase ao mesmo tempo em que Raphael e seus vampiros. O bar estava escuro, o estacionamento vazio. Ou estava antes deles chegarem e o encherem com SUVs. E mesmo assim permaneceu escuro. Os vampiros tinham viajado sem faróis, aparentemente vendo tão bem ou melhor no escuro do que à luz do dia. Mesmo Sophie tinha colocado um par de óculos de visão noturna para preservar sua visão noturna enquanto eles dirigiam para lá.
Colin desligou o motor e colocou a luz interna na posição desligada, então não acenderia quando eles abrissem as portas. Então ele esperou, embora ele não soubesse pelo que estava esperando. As SUVs na frente dele ficaram lá, provavelmente cheias de vampiros. Ele estava prestes a perguntar à Sophie o que estava acontecendo quando, como se algum sinal tivesse sido dado, todas as portas abriram de uma vez e o pessoal de Raphael se empilhou do lado de fora.
Colin fez o mesmo, indo para a traseira do caminhão e preparando-se, o tempo todo observando os vampiros com cautela enquanto eles acotovelavam-se, praticamente pulando de excitação. Ele não estava certo sobre como se sentir com relação a isso. Por um lado, a adrenalina de entrar numa batalha corria tão familiar, quase doía sentir isso de novo. Ele não tinha constatado até esse momento como tinha sentido falta disso. Mas tinha alguma coisa meio horripilante em ser cercado de vampiros que estavam todos convencidos da idéia de matar um bando de humanos.
— Não deixe isso pegar você. — uma voz grave disse próxima a ele.
— Ei, Rob. — Colin disse, olhando para cima para achar o Ranger parado na frente dele, blindado e pronto para rodar.
— E não deixe o comportamento hiperativo e idiota deles te enganar também. Esses caras são muito bem treinados. Quando se resume a isso, eles são disciplinados como o inferno.
— Bom saber. — A atenção de Colin foi trocada enquanto Raphael andava na direção deles dois.
— Conte-me, Murphy, você acha que conseguiu atirar em algum desses animais? Ou minha Cyn foi a única ferida?
Colin trancou os dentes, lembrando a si mesmo que o vampiro estava preocupado com Leighton. — Nós atingimos alguns. Eu não sei quão seriamente.
— Nós podemos começar com isso, então. Duncan. — Seu tenente virou na direção dos vampiros reunidos e acenou.
Como cavalos liberados das baias, alguns vampiros saíram, correndo entre árvores tão rápido que eles eram pouco mais do que um borrão em movimento. E eles não faziam um maldito barulho, nem mesmo um sibilo de movimento apesar das árvores estarem apertadíssimas e dos anos de corte de madeira.
Sophia se juntou a Raphael e Duncan em um tipo de confabulação. Presumivelmente discutindo os planos deles para a noite, mas quem sabia? Não Colin.
Quando ela se juntou à ele novamente, ele deu-lhe um olhar sombrio que ela respondeu com um sorriso. — Paciência, Colin.
— Que diabos estamos fazendo aqui?
— O pessoal de Raphael está procurando pelo rastro de sangue. Você e Robbie disseram que alguns dos atacantes foram feridos o que significa que eles sangraram. O rastro vai ajudá-los a identificar os culpados. Também tem um… Benefício psicológico, eu suponho que você diria. Isso motiva os soldados, os deixa preparados para a batalha.
— Como se esses caras precisassem de mais motivação. — ele murmurou.
— Raphael conhece o seu pessoal. — ela disse calmamente, colocando uma mão em seu ombro.
Um barulho enorme quebrou o silêncio. Colin olhou para cima, esperando ver uma árvore caindo próximo à cabeça deles, mas ao mesmo tempo, seu cérebro tocou o som novamente na sua cabeça e ele percebeu que não era uma árvore. Um dos vampiros tinha chutado a porta de trás de Babe.
Todos os vampiros ao redor de Raphael ficaram atentos imediatamente, encarando o bar fechado como cães de caça.
— Estou adivinhando que eles encontraram o que estavam procurando. — Colin disse secamente.
Sophia ficou quieta, sua cabeça inclinou para o lado, ouvindo. — Um corpo. — ela disse. — No freezer.
— Ah, merda. — Colin suspirou profundamente. — Eu devia dar uma olhada.
Sophia andou com ele até o bar. Eles foram para a porta da frente, que estava mantida aberta por um dos vampiros de Raphael que os direcionou para os fundos. Não que Colin precisasse de assistência. Só havia um lugar onde um freezer grande o suficiente para conter um corpo poderia estar.
Era um grande modelo baú, talvez sete ou oito metros cúbicos. Um monte de pessoas por aqui tinham um assim. A pequena mercearia de Coop era ótima para as coisas do dia-a-dia, mas a maioria dos moradores faziam uma viagem de descida da montanha mensal e estocavam coisas como carnes e qualquer outra coisa que pudesse ser congelada.
A tampa estava aberta, mas Colin realmente não queria ver o que estava dentro. Ele olhou de qualquer jeito.
— Yeah, merda, esse é Leon. — Ele olhou para longe. Isso era além do completamente desnecessário. Não era culpa de Leon que aqueles imbecis resolveram se encontrar no seu bar. Mas mesmo assim, o dono do bar não tinha contado a ninguém o que ele tinha ouvido. E eles o mataram de qualquer jeito.
Ele alcançou o freezer aberto e o chutou para fechar, cuidadosamente segurando pelas beiradas e limpando suas impressões digitais. — Os policiais terão quer ser chamados nisso. — ele disse categoricamente. — Tenham certeza de que não há nada que diga que vocês estiveram aqui.
Ele girou nos calcanhares e caminhou através do bar em direção ao estacionamento.
Sophia andou com ele. Ela colocou a mão em seu braço enquanto eles cruzavam o estacionamento sujo. — Eu sinto muito, Colin.
— Yeah, bem, não foi nenhum de vocês que fez isso.
O aperto de Sophie em seu braço aumentou, fazendo-o parar. Ele esperou enquanto ela ouvia alguma coisa que só ela podia ouvir. — Raphael quer falar conosco. — ela disse.
Colin nem perguntou como ela sabia disso. Ele já tinha imaginado que deveria haver algum tipo de telepatia rolando entre os vampiros. Ele só se perguntava quão ampla era.
— Você estava certo em seu palpite. — Raphael disse a ele, uma vez que eles entraram num perímetro audível por humanos. — Não havia nada menos que quatro trilhas de sangue. Elas começaram entre as árvores, onde os assaltantes se esconderam, e acabaram aqui. — ele disse, indicando o estacionamento. — No ponto onde os humanos entraram em seus veículos. O macho humano no freezer…
A cabeça de Colin disparou para cima e ele encarou Raphael. — Leon. — ele disse bruscamente. — Leon Pettijohn.
Raphael deu um aceno lateral de cabeça, reconhecendo o ponto. — Ainda assim outra vítima desses assassinos. Ele morreu dentro do bar, seu pescoço estava quebrado. Sem nenhum sangue e com o corpo congelado, o rastro estava quase completamente apagado pelo ar no recipiente apertado.
Colin assentiu. — Então o que acontece a seguir?
— Nós vamos atrás deles, começando com McWaters. — Raphael disse. — Ele parece ser um tipo de líder, talvez até o cérebro por trás desse esquema.
— Eu acho que nós devíamos nos separar. — Colin sugeriu. — Ellen Pettijohn, a esposa de Leon, sua viúva agora, nos deu um nome que apareceu na lista de veículos, também. Curtis Jenkins…
— O irmão de Deb. — Raphael disse, surpreendendo-o.
— Yeah. — Colin concordou, intrigado. — Mas como você sabe isso? Ela acabou de voltar para a cidade há um mês ou algo do tipo. Você está dizendo que ela está envolvida nisso?
— Não diretamente, não.
Colin esperou por algum tipo de explicação, mas ela não estava vindo. Próximo a ele Sophie parecia tão intrigada quanto ele, pelo menos a princípio.
Mas então ela exalou um sonoro “ahhh” e disse lentamente: — Mas ela está envolvida. Talvez com um de seus vampiros?
Raphael deu a ela um olhar hostil, que foi resposta suficiente.
— É mais provável que ela seja quem contou para eles quão devastado Jeremy ficou depois que Mariane foi atacada. — Duncan acrescentou. — O que é sem dúvida porque eles acreditaram que pegando Cynthia iria incapacitar o Lorde Raphael.
— Sem dúvida. — Colin disse friamente. — Okay, certo. Então um de nós vai atrás de McWaters e o outro, Curtis Jenkins.
— McWaters é meu. — Raphael disse, sem rodeios.
Colin assentiu, tentando não pensar sobre o que Raphael tinha planejado para seu velho amigo.
— Então, Sophie e eu vamos checar Jenkins e alguns outros naquela lista. — ele disse. — Talvez nós tenhamos sorte e todos eles estejam juntos em algum lugar.
Raphael olhou para seu tenente. — Duncan?
— Isso faz sentido, meu lorde. Sophia e o senhor Murphy podem reconhecer Jenkins e os cidadãos locais. Alguns de seus caçadores podem acompanhá-los, enquanto o resto de nós pega McWaters e seus aliados. Você tem o número do meu celular, senhor Murphy. Se por acaso precisar de assistência, nós podemos mandar imediatamente pessoas extras para encontrar vocês. Se a necessidade for urgente — ele acrescentou, antecipando as próximas palavras de Colin — nós podemos abandonar os veículos e chegar em segundos.
As sobrancelhas de Colin se levantaram em surpresa. Ele já tinha visto que os vampiros se moviam rápido mais cedo, mas aparentemente eles poderiam fazer isso na distância, também. Bom saber.
— Tudo certo, então. Sophie?
— Isso é aceitável. Boa caça para você, meu lorde.
— Para todos nós. — Raphael rosnou, e seus vampiros responderam com um uivo lúgebre, um aviso para todas as criaturas que um predador muito mais perigoso estava na floresta hoje à noite.
Capítulo 39
Raphael entrou no quintal, na frente do esconderijo de Garry McWaters, seus vampiros manobrando silenciosamente entre as árvores para cercar a casa. Este era o primeiro dos dois locais que Murphy tinha sugerido, mas não havia dúvida de que era o correto. Havia vários caminhões estacionados ao lado e em torno da parte traseira, vários deles mostrando sinais da luta com armas, e pelo menos um carregava um cheiro familiar e forte de sangue. Estes eram os homens que eles procuravam, os homens que tinham tentado para matar sua Cyn.
Próximo a ele, Duncan estava se comunicando em silêncio com os outros, enquanto Juro caminhava alguns passos à frente dele. Eles estavam todos conscientes de que os humanos que caçavam estavam armados e dispostos a matar. Cyn havia ensinado a Raphael e seus vampiros que mesmo o mais poderoso entre eles poderia ser destruído por um ser humano com a arma certa e a coragem para usá-la.
O irmão gêmeo de Juro estava no complexo hoje à noite, supervisionando a segurança e protegendo Cyn, tarefa que havia assumido uma nova urgência à luz das informações de Murphy sobre ela ser um alvo específico. Essa mesma urgência alimentava a fome de Raphael por sangue esta noite. A melhor maneira de garantir a sua segurança era eliminar aqueles que procuravam prejudicá-la.
Duncan se aproximou.
— Dois sentinelas, meu senhor. — disse ele em um sussurrar que só outro vampiro podia ouvir. — Ambos eliminados.
Raphael assentiu. Em torno deles, a noite tinha ficado totalmente silenciosa. Todos os animais que poderiam ter estado cá fora anteriormente tinham tomado refúgio em suas tocas ou ninhos, ou qualquer outra segurança que poderiam encontrar. O derradeiro predador estava caçando hoje, o topo da cadeia alimentar do planeta, e os animais, mesmo os humanos, sabiam disso.
Ele se concentrou na casa em frente à ele. Era uma estrutura rústica, bastante antiga, mas bem conservada e maior do que ele tinha antecipado. Em vez de uma cabina lamentável parecida com a de Hugh Pulaski, esta era mais parecida com os alojamentos de caça da antiga Europa - estruturas com poucos quartos privados destinados a acomodar o senhor e sua comitiva no que era considerado conforto naquela época. O prédio na frente dele tinha sido expandido não muito tempo atrás, provavelmente em antecipação à sua temporada de matança. A ala adicional era óbvia e o cheiro acentuado de madeira fresca ainda picou seu nariz. As janelas estavam cobertas com cortinas espessas, mas havia luz visível nas bordas e havia definitivamente pessoas lá dentro.
Não havia música nem televisão para ser ouvida, e apenas conversas sem som, o que só fez a sua tarefa mais fácil. Ele ouviu atentamente e isolou os corações batendo e - inclinou sua cabeça, contando - treze humanos, um dos quais estava perto da morte. Com os dois sentinelas cujo coração nunca bateria de novo, isso dava um total de quinze humanos. Raphael tinha a si mesmo e sete vampiros, incluindo Duncan e Juro. Não era uma luta justa. Para os seres humanos.
— Duncan?
— Pronto, meu senhor.
Raphael afastou a fachada de humanidade que usava como uma capa, libertou as cordas que mantinham seu poder escondido e o deixou fluir para fora dele como um rio de prata fundida. Ele aqueceu suas veias e acelerou o ritmo do seu coração, fazendo seus pulmões se expandirem de forma mais completa a cada respiração. Era uma sensação emocionante que fez seus lábios recuarem em um sorriso vicioso de alegria pura, suas presas saindo de suas gengivas enquanto ele se tornava a forma mais pura do que era… Vampiro.
Abaixou a cabeça e centrou-se na estrutura frágil em frente dele. Ele poderia derrubá-la com uma passagem única de seu poder, poderia extinguir toda a criatura viva encolhida dentro de suas paredes. Mas isso seria demasiado fácil, demasiado bom para aqueles que ousaram machucar o que era mais precioso para ele. E seus vampiros mereciam aderir a esta caça.
Ele deixou o poder inchar para fora para tocar os humanos, ouviu seus gritos de medo quando as paredes balançaram ao seu redor, provou seu terror quando ele encheu suas mentes covardes.
— Garry McWaters. — ele sussurrou, enviando suas palavras em um fio de poder, para que todo o ser no interior da habitação pudesse ouvi-lo como se estivesse falado diretamente em sua orelha. — Venha para fora e me encare, se você ousar.
Raphael esperou, despreocupado. Havia pouca possibilidade de sua presa escapar. Mesmo que os humanos de alguma forma conseguissem esgueirar-se para fora da casa, seus vampiros iriam pegá-los antes que eles tivessem dado mais do que alguns passos. E se por algum acaso totalmente improvável de sorte conseguissem eliminar um de seus vampiros, talvez merecessem viver.
Ou talvez Raphael esperasse até eles acreditarem que estavam seguros, e então iria caçá-los e matá-los.
Depois de alguns momentos, ouviu vozes baixas do lado de dentro, palavras urgentes rapidamente silenciadas. As fechaduras estalaram e a porta se abriu. As luzes de dentro tinham sido desligadas, mas isso era mais uma desvantagem para os humanos do que para ele. Eles claramente tinham pouco conhecimento sobre quem tinham escolhido para lutar quando desafiaram Raphael e seus vampiros.
Vários homens surgiram finalmente das sombras no interior da casa, entrando lentamente na varanda estreita de madeira onde se espalharam, espingardas e outras armas em riste. Juro ficou tenso, mas Raphael assistiu impassível quando um dos homens se separou do resto, descendo os degraus para o quintal.
O humano era um homem grande, quase tão grande quanto Raphael. Sua cabeça estava raspada até ficar careca e usava roupas semelhantes aos caçadores de Raphael, equipamento de combate preto com botas de combate. Havia duas armas visíveis, e mais escondidas nele.
Juro começou a dar um passo adiante, sem dúvida com a intenção de desarmar o homem, mas Raphael deteve-o com um pensamento. Este era dele, não de outra pessoa.
Raphael franziu o cenho. Havia algo envolto em torno do pescoço e ombros do homem, atravessando sobre o peito.
Ele olhou para isso, então, levantou o olhar para o humano em descrença.
— Isso mesmo, vampiro. — o humano provocou. — Prata pura. Chupe isso!
Raphael trocou um sinal em silêncio com Duncan e depois se moveu. Mais rápido do que os sentidos primitivos de McWaters podiam detectar, Raphael arrancou as armas do homem e jogou-as de lado, enquanto Duncan bateu nos outros com uma explosão mental que os fez cambalear, deixando cair suas armas, enquanto caíam de joelhos, um deles vomitou sobre o lado da varanda.
Raphael deu um único passo para trás e fez uma pausa intencionalmente, sorrindo para o olhar de choque nos olhos do homem ao encontrar-se sozinho, cara a cara com o grande e mau vampiro, e desarmado. Recuperou-se com uma velocidade admirável, no entanto, enchendo o peito, confiante na proteção de seu talismã de prata.
O sorriso de Raphael tomou um tom de zombaria quando ele esticou a mão, pegou um dos medalhões de prata que servia de proteção ao peito do humano, e quebrou a cadeia que o segurava no lugar. Brincando com o pedaço de prata nos dedos, ele segurou-o na frente do rosto de McWaters.
— Ssssst. — ele assobiou e riu quando o homem recuou em surpresa, os olhos arregalados de medo.
Raphael sorriu, revelando toda a extensão de suas presas. Todos os vampiros em torno da clareira rugiram em reação ao aumento de satisfação viciosa que emanava de seu Senhor.
— Garry McWaters, eu assumo. — Raphael confirmou desnecessariamente.
McWaters apenas olhou para ele, claramente aterrorizado. E ele tinha razão de estar, porque para ele o terror estava apenas começando.
— Ajoelhe-se. — Raphael disse calmamente.
McWaters começou a sacudir a cabeça, mas Raphael enviou o comando em linha reta para seu cérebro.
— Agora. — acrescentou.
O homem caiu no chão com um suave grunhido de dor.
Raphael olhou para baixo e viu o brilho prateado de seus próprios olhos banhando o rosto do homem de luz. Ele afastou seu casaco e começou a virar o medalhão de prata sobre os nós dos dedos da mão direita.
— Você deve saber humano, que eu sou Raphael. Foi a minha companheira que você alvejou. Minha companheira de que você se gabou de capturar em sua covarde emboscada. Meus vampiros que você matou a sangue frio.
Pensando na dor de Cyn, no terror de Marco e Preston, a visão de Raphael foi percorrida por uma névoa de vermelho por um momento.
Tudo nele gritava por vingança, exortando-o a esmagar esse humano como um inseto. Mas ele queria que ele sofresse em primeiro lugar.
A visão de Raphael limpou e ele contentou-se com uma pequena lasca de poder, sorrindo de satisfação quando uma série de estalos afiados irradiaram a partir do braço direito de McWaters. O homem grunhiu em choque no início e então gritou quando todos os ossos do seu braço racharam em sequência, um de cada vez.
Raphael se aproximou e sussurrou.
— O que você acha, humano? Eu sou fraco? Estou encolhido em um canto aterrorizado por sua descarada demonstração de coragem ao enviar uma dúzia de homens para matar uma única mulher?
McWaters apenas olhou para ele, os olhos arregalados e sem foco com dor, lágrimas perdidas no suor que encharcava seu pálido rosto.
Não o suficiente. De forma alguma o suficiente.
Raphael estudou o homem, fingindo uma curiosidade que não sentia.
— Gostaria de implorar por sua vida? Provavelmente não vai ajudar, mas nunca se sabe, e tenho a certeza de que os meus vampiros iriam achar divertido.
Apesar do medo, a mandíbula do humano se apertou e ele balançou sua cabeça.
— Só não me faça um de vocês. — respondeu asperamente. — Eu prefiro morrer.
Raphael estendeu a mão e agarrou o homem pela sua grande garganta, levantando-o sem esforço até que seus pés pendiam vários centímetros acima do solo.
— Isso não será um problema.
***
Raphael agachou-se perto do que restava de Garry McWaters. Os intestinos do ser humano tinham sido furados e estavam jorrando veneno em seu sistema. Raphael tinha especialmente querido que ele experimentasse a precisa agonia que tinha infligido a Cyn. Cada osso em seu corpo havia sido quebrado, também, mas o humano ainda estava vivo, sua coluna continuava intacta para garantir que ele sentisse cada pingo de dor. Raphael se assegurou disso. Ele também se certificou de recuperar todos os pedaços de informação que o humano possuía sobre essa conspiração contra seus vampiros.
— Uma última lição antes de eu mandar você para o inferno. — disse Raphael, empurrando o casaco para tirá-lo do caminho. — Nunca, nunca, toque o que é meu.
Ele bateu com o punho no peito de McWaters, agarrou seu coração e espremeu. O homem gritou fracamente, o único som que ele teve força para fazer. Raphael olhou para cima e capturou o olhar do homem, e, em seguida, arrancou o coração de seu peito e levantou, olhando-o desapaixonadamente.
— Você acha que minha Cyn gostaria de um souvenir? — ele perguntou a Duncan.
Duncan inclinou-se de lado para estudar o órgão que gotejava.
— Provavelmente não, meu senhor.
— Não. — Raphael concordou. Ele exerceu uma pequena quantidade de energia e o coração pegou fogo, transformando-se em cinzas em segundos, logo se juntou o resto do corpo do McWaters.
Raphael limpou as mãos rapidamente e olhou na direção da casa. Os humanos restantes estavam amontoados contra as paredes, neutralizados pelo terror. Eles ainda tinham armas, mas eram incapazes de reunir a vontade de usá-las enquanto Duncan e os outros vampiros enchiam as suas cabeças com visões do pesadelo que os esperava.
— Vamos lidar com esses outros agora? — Raphael perguntou, piscando a Duncan um sorriso rápido. — Eu não trouxe meus caçadores até aqui apenas para assistir.
Ele deu um aceno de cabeça a Duncan e ficou para trás, sorrindo de satisfação quando seus vampiros uivaram sua libertação, quando os grilhões da civilização caíram e lhes foi dada rédea solta para caçar, para rasgar, para beber o sangue fluindo quente e doce da veia, enquanto o coração de suas presas palpitava sob as palmas das suas mãos. Doadores voluntários eram muito bons, muito melhor do que sangue ensacado, mas nada batia o viscoso jorro de calor quando um vampiro rasgava a garganta de sua vítima e colhia a recompensa de uma caça bem-sucedida.
Raphael encostou-se ao SUV e esperou, enquanto os humanos assassinos eram libertados de seus pesadelos e o terror verdadeiro começava.
Algum tempo depois, Duncan apareceu embaixo das árvores, passeando até onde Raphael estava sentado na porta aberta de um SUV.
— A julgar pelas fotografias no telefone celular de Cynthia, meu Senhor, eu estimaria que a maior parte de seus atacantes estava aqui. Os caçadores com Sophia e o Sr. Murphy podem ficar desapontados.
— Talvez. — Raphael disse distraidamente. Sua atenção estava no complexo distante onde Cyn estava começando a acordar do transe de cura profundo que ele tinha tecido ao seu redor. Ele voltou a concentrar-se em Duncan. — Acabou o pessoal?
— Sim. Juro está limpando o último deles agora. Pela manhã, não haverá nenhum vestígio de que alguém esteve aqui, além de seus veículos.
— Algum vestígio de sangue?
Duncan assentiu.
— Tanto no interior da cabine como em dois dos caminhões. Todos humanos, nenhum nosso.
Era uma maneira delicada de dizer que não havia cheiro de Cyn nas instalações ou nos veículos. Raphael debateu sobre o que fazer a seguir. Ele poderia deixar as coisas do jeito que estavam, ou queimar tanto a cabine como os veículos, deixando apenas uma enegrecida pilha para quem viesse à procura. Mas, não haveria corpos de qualquer maneira.
Alguns dos humanos tinham convidado a morte, encolhidos dentro da cabine, acreditando que estariam seguros lá, que os vampiros não podiam entrar na habitação. Infelizmente para eles, assim que McWaters morreu, a cabine deixou de ser a casa de alguém, o que a tornava semelhante a um prédio de escritórios onde qualquer pessoa poderia ir e vir, inclusive vampiros.
O resto, aqueles que tinham vindo para fora com McWaters em primeiro lugar, haviam, pelo menos, lutado e dado a seus vampiros uma boa caçada. Não que algum tenha escapado. Isso nem sequer era uma possibilidade. E uma vez que a caçada terminou, Duncan e Juro haviam incinerado os corpos, assim como Raphael havia eliminado McWaters. Nem todos os vampiros tinham o poder para fazê-lo, mas Raphael cercava-se de poder, não de fraqueza.
— Deixe a cabana como está. — disse ele finalmente. — Leve um dos veículos para o parque de estacionamento do bar. Isso dará aos investigadores algo para pensar quando descobrirem o corpo do proprietário lá. Deixe o resto dos veículos aqui. Mas assegure-se de que todos os corpos se foram tal como quaisquer outras provas, Duncan. As autoridades humanas podem ter as suas suspeitas, mas eles não terão nenhuma prova de que estivemos aqui.
— Claro, meu senhor.
Raphael virou na direção do complexo mais uma vez, puxado quase contra sua vontade. Cyn não estava fazendo isso conscientemente, mas a sua necessidade chamava por ele e isso era suficiente.
— Eu preciso voltar. — ele disse abruptamente. Começou a dar a volta ao SUV com intenção de dirigir, mas Duncan deu um comando afiado e dois vampiros apareceram fora da escuridão, suas botas de combate pretas fedendo a sangue e violência. Raphael olhou para suas próprias roupas. Ele teria de tomar banho antes de ver Cyn.
Raphael pulou do SUV enquanto ele ainda estava andando, seu celular no ouvido.
— Meu senhor. — a voz de Saephan atendeu imediatamente.
— Eu estou no prédio. — disse Raphael ao mesmo tempo em que o gêmeo de Juro abria a porta para ele. — Vou tomar banho na casa dos guardas e estarei aí imediatamente.
Ele não se preocupou em perguntar aos seus guardas se alguma coisa tinha acontecido enquanto ele esteve fora. Se tivesse acontecido, eles teriam entrado em contato com ele. Em vez disso, ele tomou o corredor do lado esquerdo da sala grande, indo para a ala oposta àquela onde ele tinha seus aposentos particulares, alcançando a porta para as escadas do porão quase em uma corrida.
Abriu a porta do primeiro quarto que encontrou, notando distraidamente que estava a ser usado atualmente por um de seus homens vampiros. As probabilidades tinham-no favorecido, mas teve sorte à mesma, porque ele pretendia pegar algumas roupas emprestadas.
Igualmente feliz foi o fato desta seção estar reservada para a segurança pessoal de Raphael e os vampiros tenderem a ser maiores do que o normal.
Ele rasgou suas roupas ensanguentadas e sujas, soltando-as numa pilha. Alguém poderia recuperá-las mais tarde. O que pudesse ser salvo iria ser limpo e voltaria para ele. Qualquer outra coisa seria queimada. Entrou no chuveiro enquanto ele ainda estava aquecendo, ensaboando o corpo e lavando o cabelo com rápidos movimentos econômicos. Ele podia sentir a inquietação de Cyn. Em algum nível, ela sabia que ele estava perto e queria-o mais perto. E, embora ele tivesse saído a apenas algumas horas, precisava vê-la novamente, precisava ver com seus próprios olhos que ela estava bem, antes do sol nascer e o privar de seus sentidos.
Esfregando uma toalha sobre o cabelo molhado, ele vasculhou através da roupa disponível. Um par de calças de corrida e uma T-shirt vieram à mão, que era tudo o que precisava.
Dois minutos mais tarde e ele estava de volta no andar de cima - com os pés descalços, o seu cabelo ainda molhado, toalha na mão, atravessando a sala grande na direção de seus aposentos privados na ala oposta. Chen Wei saiu do escritório quando Raphael caminhou por lá. O líder do ninho de Seattle abriu a boca para dizer alguma coisa, provavelmente para perguntar sobre a caçada, mas Raphael falou primeiro.
— A mulher humana que trabalha para você. — disse ele. — Vai estar aqui amanhã? — Ele não desacelerou, obrigando Chen Wei a apressar-se ao lado dele.
— Sim, meu senhor.
— Encontre uma desculpa para mantê-la aqui amanhã até depois do por do sol. Alguém vai segui-la quando ela sair. E eu vou querer encontrar-me com você em particular rapidamente. Traga os registros dela. Você entendeu?
— Claro, meu senhor. Existe alguma coisa…
— Nada. — Ele afastou sua atenção do líder de Seattle, assentindo para Elke, que parecia não ter se movido o tempo todo que ele esteve ausente. Ele passou por ela e digitou o código para chamar seu elevador privado, esperando impacientemente por ele. A viagem para baixo foi interminável e ele voou pelas portas, logo que houve espaço suficiente para acomodar os seus ombros.
O Dr. Saephan estava calmo, apesar da precipitada chegada de Raphael. Sem dúvida ele tinha ouvido a partida do elevador e sabia o que isso significava.
— Senhor Raphael. — disse ele, curvando-se ligeiramente.
— Ela está bem?
— Muito bem, meu senhor. Eu removi a IV16, por enquanto. O saco precisaria ser mudado durante o dia, e ela vai ficar bem sem ele durante essas horas. O que mais precisa ela terá, e isso é você, meu senhor. Falando nisso…
Saephan fez uma pausa como se medindo o humor de Raphael antes de continuar. Raphael afastou o seu olhar de Cyn dando-lhe um olhar indagador.
— Há sangue na geladeira, meu senhor, se você tiver necessidade dele.
Raphael não se mexeu. Em circunstâncias normais, ele tomava sangue de sua companheira e não outro. Mas isso era, obviamente, impossível em sua condição atual. Assim, ou Saephan temia que a fome de Raphael fosse levá-lo a retirar o sangue dela de qualquer maneira, e assim pôr em perigo sua vida. Ou ele estava honestamente preocupado que Raphael poderia estar negligenciando sua própria saúde por causa de sua preocupação com a cura de Cyn.
Raphael escolheu acreditar no último. — Obrigado, Doutor. — disse ele, seu olhar encontrando o de Saephan sem pestanejar. — A gente se vê amanhã à noite.
— Sim, meu senhor.
Raphael esperou até que ele ouviu as portas abrirem no andar de cima e fecharem novamente, confirmando com uma sondagem rápida que o elevador estava vazio. Ele então chamou-o de volta e trancou-o para a noite, fechando a porta do cofre através do pequeno vestíbulo e assegurando que estava segura.
Tirando a roupa emprestada, ele escorregou na cama ao lado de Cyn. Ela estava usando uma t-shirt de Raphael, obviamente selecionada pelo Dr. Saephan após o banho. Cyn raramente usava roupas para dormir de qualquer tipo e quase certamente não tinha trazido nenhuma com ela nesta viagem. Raphael sentiu um surpreendente prazer visceral ao vê-la em suas roupas e zombou-se em silêncio. Talvez ele não estivesse tão acima do homem primitivo como gostava de acreditar.
Ele deslizou mais perto, envolvendo seu corpo em torno do dela com cuidado.
— Eu estou aqui, lubimaya. — disse ele desnecessariamente.
O corpo inteiro de Cyn relaxou quando ela se virou para ele, sua respiração se esgotando em uma expiração longa e lenta que aqueceu a pele nua de seu peito. Raphael fechou os olhos em alívio e colocou uma suave mão debaixo da camisa que ela usava, apoiando-a contra a pele nua da parte inferior das suas costas. Ambos precisavam do contato. Mas, neste caso, a necessidade dele poderia ter sido maior do que a dela.
— Eu te amo, minha Cyn. — ele murmurou. Adormeceu ouvindo a batida forte do coração dela contra suas costelas, nem mesmo percebendo quando o sol começou a sua ascensão diária.
Capítulo 40
Colin sentou-se no assento do passageiro na frente, dando à Robbie as direções para o endereço seguinte na lista que os técnicos de Raphael tinham fornecido. Sophie sentou atrás dele. Ela não disse nada, mas ele estava extremamente ciente da sua presença, quase como se ela o estivesse tocando mesmo sabendo que não estava. Ele se perguntou se tinha alguma coisa a ver com o sangue que ela tinha tomado dele. Será que isso os tinha ligado de alguma maneira?
Robbie fez uma curva e Colin olhou para cima. Eles estavam indo em direção à casa de Curtis Jenkins, mas algumas pessoas na lista ficavam a caminho, então eles iam parar nesses endereços enquanto se dirigiam para lá. Eles já haviam checado dois deles e não levou tempo algum, já que nenhum deles estava em casa.
Eles ainda não tinham ouvido nenhuma palavra de Raphael e o seu pessoal, mas ainda era muito cedo para esperar qualquer coisa. Depois de tudo, ambas as velhas casas da família McWater eram bastante longe. Talvez ele tivesse esperado mais devido à afirmativa de Duncan que disse que os vampiros poderiam vir em sua assistência em alguns minutos, não importa onde eles estivessem. Ou talvez porque ele estava certo em algum aspecto que Garry estava em uma daquelas cabanas escondidas, e que seu velho amigo não sobreviveria a essa noite se Raphael tivesse alguma coisa a dizer sobre isso. E Colin estava bastante certo que Raphael tinha muito a dizer sobre aquele assunto em particular.
Não que Colin o culpasse. Garry e seus novos amigos tinham tentando assassinar Leighton. Eles mataram Leon, Marco e Preston. E Garry se gabava do que tinha feito à Mariane. Mas após tantos anos cobrindo a sua retaguarda… Inferno, talvez tenha sido essa a real razão para que ele tivesse sugerido separar em dois grupos. Para que ele não tivesse que encarar a execução de seu amigo. Ou, melhor dizendo, seu ex-amigo. Ele podia ter sentimentos contraditórios com relação à morte de Garry, mas não tinha nenhum mesmo sobre a forma pretérita da existência da amizade deles.
— Pensamentos profundos, cara. — Robbie disse, sem olhar para longe da estrada.
Colin grunhiu e passou a mão pelos cabelos, ciente de que Sophia estava ouvindo cada palavra. Ela sabia que ele era ambivalente sobre os planos de Raphael para McWaters e os outros humanos. E ela o estava observando, provavelmente imaginando se ele a iria julgar, também, antes que a noite acabasse.
Colin virou ao contrário no assento. — Estou surpreso que você não tenha ido com Raphael, Jeremy. — ele disse ao vampiro sentado ao lado de Sophia.
Jeremy deixou de encarar a janela. Ele havia ficado mais tenso com cada milha que eles se afastavam do bar, e Colin reconheceu isso pelo que era. Medo, simples assim. O vampiro podia estar determinado a buscar vingança por sua parceira, mas ele nunca tinha estado em nenhum tipo de batalha antes. Ele estava muito assustado.
Jeremy lançou um olhar rápido para Sophia antes de responder a Colin. — Sou apenas um contador. Lorde Raphael e o seu povo estão acostumados a um tipo de violência que me é completamente estranha. Alguns deles têm estado com ele por décadas e lutaram desafio após desafio. Eu só ficaria no caminho.
Colin deu de ombros. — Estamos propensos a encarar alguma merda aqui, também, você sabe. Se nós encontrarmos esses caras, eles não vão se render fácil.
Jeremy assentiu firmemente. — Sim. E eu não vou te prejudicar. Posso ser um contador, mas eu também sou um Vampiro. E além disso, espero pelo menos que um desses que vamos encontrar esteja entre aqueles que atacaram minha Mariane. Eu devo isso a ela.
— Eu não tenho nenhum problema com isso. — Colin assegurou, ciente da diversão mórbida nos olhos escuros de Sophia. Ele suspeitou que era sobre o fato de seu amado humano estar menos nervoso que um maldito vampiro sobre ir à uma briga.
E falando nisso, que infernos ela quis dizer no complexo quando o chamou de companheiro? Isso com certeza fez Raphael o olhar com outros olhos. Alguém não devia ter perguntado a ele se ele queria ser seu companheiro? Inferno, não tinha até mesmo uma cerimônia envolvida? Ele revirou os olhos, percebendo que estava parecendo uma noiva relutante. O que ia vir a seguir, pelo amor de Deus? Ele ia começar a se preocupar em ganhar um belo anel? Merda.
Ele ficou aliviado quando Robbie fez a última curva, trazendo a casa seguinte à vista. Dê a ele uma luta limpa qualquer dia da semana. Era muito mais fácil do que tentar adivinhar vampiros.
Robbie diminuiu a velocidade, parando antes que eles deixassem a proteção das árvores. Atrás deles, a segunda SUV, com meia dúzia dos caçadores de Raphael dentro, acompanharam a manobra. Havia luzes dentro da casa, mas nenhum veículo parado na frente.
— O que você acha? — Robbie perguntou, olhando através do pára-brisas.
— Eu acho que a esposa está em casa. Eles não têm filhos. — Colin soltou o cinto de segurança. — Fique aqui. Eu vou bater na porta. — Sophia acariciou seu ombro enquanto ele saía e deu uma piscadela reconfortante enquanto ele fechava a porta da caminhonete silenciosamente e se dirigia à casa.
Ele o fez lentamente, seus dedos acariciando a coronha de sua arma. Ele checou ambos os lados da casa, procurando por um veículo ou até mesmo algum tipo de galpão onde alguém poderia estar escondido. Mas não tinha nada. Ainda assim, ele deu passos cautelosamente e ouviu a porta por um momento antes de bater.
O som da televisão imediatamente ficou mudo. Ele bateu de novo. Alguém praguejou, e ele ouviu o que pareceu uma cadeira reclinável sendo abaixada e os passos se aproximando da porta. Quem quer que fosse, usava pantufas. Ele podia ouvi-las com cada passo. A porta abriu.
— Colin. — A mulher parada na frente dele não pareceu ou soou feliz em vê-lo.
— Jan. — ele disse educadamente. — Gordon está em casa?
— Parece que ele está em casa? Você vê uma caminhonete grande e preta aí fora em algum lugar?
— Não senhora, eu não vejo, mas é sempre possível que esteja na loja.
— Bem, não está. Você quer Gordon, então é melhor ir em direção à Curtis. Todos eles estão cozinhando alguma coisa lá. E antes que você pergunte, eu não sei e não quero saber que diabos é.
Quando Colin não reagiu imediatamente, ela fez um som enojado. — Mais alguma coisa? Estou assistindo aos meus programas.
Colin balançou a cabeça. — Não, senhora. Isso é tudo. Eu checarei no Curtis, como você disse.
— Bem, vá então. Jesus Cristo. — ela murmurou, já fechando a porta na cara dele.
Colin sorriu, apesar de tudo. Antes de ele ter dado dois passos na escada, ouviu um clique da cadeira reclinando de volta, seguido de uma onda de risadas enlatadas enquanto Jan voltava a assistir seus programas.
Ele ainda estava sorrindo quando voltou à SUV.
— Ela realmente parecia feliz de te ver parado em sua porta, Murph. — Robbie observou.
— Você adivinhou. — Colin concordou. — Ela nos salvou um grande tempo, entretanto. Disse que o marido dela e todos os amigos estão na casa de Curtis Jenkins. Parece que esses caras estão se escondendo no quarto do pânico de alguém, afinal.
— Nos salvou algum tempo e munição.
— Se você os encontrar, nós não precisaremos de muita munição. — Sophia entrou na conversa, sua voz sexy e baixa, um nítido contraste com a sede de sangue em suas palavras. — Nós vampiros preferimos uma solução mais direta para resolver nossos problemas.
— Sim, senhora. — Robbie concordou. — Eu vi Lorde Raphael em ação e direta é definitivamente a palavra que eu usaria.
— Eu quero sangue. — Jeremy disse em um murmúrio selvagem no banco de trás. Ele levantou o olhar e encarou Colin. — Sangue humano. Eu quero que a própria noite grite com o terror deles.
Colin encontrou o olhar intenso dos vampiros, notando o brilho vermelho piscando em seus olhos. — Eu espero que você consiga o que quer, Jeremy — ele disse, — pelo bem de Mariane.
Colin virou o rosto para frente mais uma vez, observando a estrada escura desaparecer embaixo deles enquanto eles corriam para a casa de Curtis Jenkins. Ele só esperava que o sangue humano que Jeremy estava tão faminto não fosse o dele e nem o de Robbie.
Capítulo 41
Sophia passeava no centro da estrada de cascalho, ou talvez fosse um caminho. Tudo parecia a mesma coisa e realmente, que diferença fazia saber qual dos dois era? A única coisa com a qual ela se importava eram os rastros de cada lado onde o cascalho tinha desaparecido na sujeira, deixando uma bagunça irregular, desigual. Ela tinha usado suas robustas botas de salto plano, antecipando que poderia ter algum esterco na lama, mas isso não significa que ela queria que tivesse algum esterco.
Ela sorriu, divertindo-se a si mesma, apesar da gravidade da situação. Ela teria que dividir esse pensamento com Colin uma vez que tudo isso tivesse terminado e eles estivessem novamente em segurança em Vancouver. Porque era para lá que ela estava indo. Chega de se esconder na América do Sul. Se Lucien estava morto - e ainda a afligia pensar nisso - mas se isso fosse verdade, então ela pretendia ser a próxima Lorde Vampira dos Territórios Canadenses. E se Lucien não estivesse morto? Se de alguma forma ele conseguiu esconder-se completamente enquanto os outros limparam sua bagunça? Ela franziu a testa.
Talvez fosse melhor para ele se estivesse morto.
Um pequeno som a trouxe de volta ao presente e à casa no final da estrada. Ela olhou curiosamente. Talvez todos os humanos desaparecidos não estivessem se escondendo lá, mas muitos deles estavam. Ela contou cinco caminhonetes paradas na frente, como cavalos no pasto. E tinha um brilho de metal ao redor da casa que poderia facilmente ser mais uma ou duas.
Mesmo dentro da cobertura da floresta, e a camuflagem por suas roupas escuras, ela fez uma pausa, avaliando a situação. Ela podia não ser tão experiente em combate como Raphael e seu povo, ou mesmo Colin e seu amigo Robbie, mas ela lutou sua cota de desafios ao longo dos anos. E desde que os duelos entre vampiros eram frequentemente até a morte, especialmente entre estranhos, ela não estaria aqui em frente a esta habitação triste se não tivesse aprendido a lutar… E vencer.
A casa em frente a ela estava escura em sua maioria. Talvez eles estivessem esperando ocultar sua presença da estrada. Ou talvez Colin estivesse certo e eles estivessem todos reunidos no porão. De qualquer forma, eles não se preocuparam com sentinelas. Os vampiros que Raphael enviou com ela e Colin já tinham sondado a casa e reportaram que não encontraram ninguém.
Ela identificou Colin e Robbie enquanto eles vinham atrás dela, seus batimentos cardíacos humanos os delatando, apesar do fato de que eles andavam tão silenciosamente quanto um vampiro. Eles moveram para suas posições em cada lado dela, desaparecendo entre as árvores. Em resposta, ela deixou a cobertura das árvores para trás e deu um único passo dentro do pátio da propriedade. Um clique soou alto e ela estremeceu, baixando os olhos contra um fluxo de luz amarela de cima. Tarde demais ela reconheceu o espalhamento de buracos irregulares ao redor da casa pelo que eram. Luzes de segurança ligadas a algum tipo de sensor de movimento que ela tinha acabado de ativar.
Não que isso importasse. Ela queria ser vista. O plano era tirar os humanos da casa e isso seria feito de qualquer jeito.
Certa o bastante, outra luz acendeu sobre a porta da frente pouco antes dela se abrir para revelar um humano magro parado atrás da tela e observando o quintal. Era tolice dele fornecer um alvo tão fácil. Felizmente para ele, atacá-lo na porta não era parte do plano.
— Animais provavelmente ativam essas luzes o tempo todo. — Colin sussurrou de algum lugar à sua esquerda.
Sophia acenou e deu mais dois passos à frente, tendo certeza que o humano conseguiria vê-la.
O humano estremeceu levemente quando ela apareceu, congelando por um instante longo demais. Testamento futuro por seus instintos de sobrevivência pobres. Como se tardiamente consciente de que estava destacando-se, o humano voltou para dentro e apagou a luz falando alguma coisa para alguém atrás dele antes de abrir a porta de tela e pisar na varanda. Ele carregava um rifle de algum tipo, e ele o tinha apoiado em seu ombro. Mas ao mesmo tempo em que ele o tinha mais ou menos apontado na direção dela, mesmo ela poderia dizer que não estava exatamente apontado para ela. Ela era, afinal de contas, apenas uma mulher, completamente sozinha. Que ameaça poderia representar para um homem armado?
Essa era a parte do plano que Colin tinha sido contra. Ele tinha odiado a idéia de tê-la parada lá no espaço aberto, só esperando para ser atingida. Sophia tinha assegurado a ele que poderia sobreviver a provavelmente qualquer ferida por arma de fogo, mesmo que na cabeça, enquanto a maior parte de seu cérebro permanecesse intacto. Colin tinha respondido enumerando a lista de balas prontamente disponíveis que poderiam explodir seu cérebro para fora de sua cabeça bem facilmente. E, além disso, ele salientou que esses eram os mesmos homens que tentaram assassinar Cynthia Leighton, mesmo que ele tivesse admitido, quando pressionado, que a maioria dos homens hesitariam em atirar em uma mulher sozinha e desarmada.
E só para adoçar a discussão, Sophia havia lembrado a ele que mesmo quando eles estavam tentando matar Cynthia Leighton, eles atiraram em seu corpo, não em sua cabeça. É claro, sempre havia a possibilidade de que eles estivessem mirando sua cabeça e tivessem simplesmente errado, mas ela não tinha mencionado isso para Colin. Ele já tinha o suficiente para se preocupar.
O homem magro da casa deu mais um passo a frente, chegando na extremidade da varanda, a ponta de uma das botas pendendo sobre o primeiro degrau. Ele baixou o rifle levemente e fez uma lenta volta de 180 graus enquanto procurava pelo quintal sujo, virando de volta para ela quando não encontrou nada lá.
Ele sorriu, revelando uma boca cheia de dentes iguais e brancos.
— Ei caras. — ele virou para trás, chamando por cima de seu ombro. — Vocês tem que ver isso.
Deixando cair a arma ao seu lado, ele pulou os quatro degraus para o chão, aterrissando com os dois pés em uma nuvem de sujeira. Mais homens se amontoaram para fora da varanda atrás dele, todos armados, alguns pulando a escada para cair diretamente fora da varanda e se posicionando nos lados. Sophia contou rapidamente. Sete humanos. Ela se perguntou quantos Raphael tinha achado.
— Foi isso que os vampiros inventaram agora? — O primeiro homem perguntou zombeteiramente. — Mandar uma mulher humana para fazer o trabalho sujo? Você tem uma mensagem para nós, docinho?
Sophia deu de ombros. — Pelo que eu sei, as mulheres sempre fizeram o trabalho sujo.
— Não é mal o suficiente que ela seja uma maldita fodedora de presas. — alguém murmurou. — Ela é uma maldita femi-nazista fodedora de presas.
— Apenas mais uma razão para apagá-la, pelo que vejo. — o homem magro disse, seu olhar afiado descansando brevemente em seu rosto antes de continuar a procurar nas árvores.
— Porém é bonita o suficiente. — outro disse, andando os quatro degraus da varanda em duas longas passadas. — Talvez nós devêssemos ter alguma diversão antes de nos livrarmos dela. O que você acha disso, linda? — Ele perguntou. — Você quer foder com alguns do seu tipo antes de morrer?
Sophia inclinou a cabeça curiosamente. Interessante que eles tivessem assumido que ela era humana. Eles nunca tinham visto uma vampira?
— Eu não transo com animais. — ela disse calmamente.
Vários dos homens praguejaram porcamente, o último deles pulando da varanda para o quintal, onde eles a confrontaram em um semi-círculo tenso, embora eles ainda estivessem há vários metros de distância. Mesmo com toda sua bravura, nenhum deles estava planejando deixar a proteção de seu rebanho.
O homem magro deu um passo agressivo para frente. — Olhe a boca, cadela, ou vou enchê-la com algo útil.
— E o que isso seria? — ela perguntou curiosamente.
— Ei, Curtis. — um dos outros homens chamou de repente, — Algo não está certo sobre isso. — Evidentemente o cérebro do bando, ele voltou em direção à varanda, olhando ao redor, inquieto. — O que ela está fazendo aqui sozinha?
Atrás de Sophia, a voz de Colin soou: — Quem disse que ela está sozinha?
Ela sorriu, deixando-os ver suas presas, enquanto todos os vampiros saíram detrás da cobertura das árvores.
Os humanos viraram quase como um, correndo para a segurança da casa. Sophia liberou o seu poder, batendo a porta e impedindo a sua retirada, dispersando-os para os braços dos caçadores de Raphael.
Todos exceto o homem magro, Curtis Jenkins. Jenkins era dela.
Ignorando os sons da batalha ao redor dela, confiando completamente na capacidade de seus colegas vampiros de lidarem com meia dúzia de humanos e sabendo que Colin cobriria suas costas, ela prendeu Jenkins nas teias de seu poder e o puxou lentamente, inexoravelmente, através do quintal até que ele estivesse parado a dois passos dela, jogando maldições enquanto ele lutava para se libertar.
— Fique quieto. — ela murmurou, irritada.
A boca do humano começou a mover-se, abrindo e fechando como um peixe lutando por oxigênio. Quando nenhuma palavra saiu, seus olhos se arregalaram e ele encarou Sophia em choque.
— Curtis Jenkins. — ela disse, sorrindo agradavelmente. — Eu decidi que quero foder com você depois de tudo. — Ela franziu a testa. — Oh, espere, isso não está certo. Meu vocabulário… — ela acrescentou, balançando a cabeça em consternação. — Deixe-me pensar. Ah. Não. Eu não quero foder com você. Isso é bastante repulsivo. O que eu quero é te foder.
O sorriso dela desapareceu e ela fez o humano ficar de joelhos. Ruídos estrangulados encheram a sua garganta enquanto ele se debatia por isso, lutando para quebrar as teias invisíveis do poder dela. Sophia o circulou lentamente, se divertindo com o jeito que a cabeça dele se torcia enquanto ele tentava mantê-la à vista.
— Diga-me, Jenkins, você sabe onde está Lucien?
O humano congelou, claramente assustado com a pergunta dela. Ele olhou para ela, confuso.
Intrigada com sua reação, Sophia inclinou a cabeça, curiosa. — Você sabe quem é Lucien?
Ele balançou a cabeça freneticamente, os olhos arregalados.
Sophia suspirou. Ela não sabia por que tinha pensado que seria tão fácil. Jogando fora toda pretensão de humanidade, ela mergulhou diretamente na mente do homem, rasgando em pedaços, em busca da verdade. Seus pensamentos eram uma fossa de ódio e ressentimentos e ela se sentia manchada pelo toque delas. A maior parte de sua mente era sobre o triunfo do recente ataque de sua gangue na parceira de Raphael e Colin, também. Ele se ressentia por Colin ter sido contratado para o trabalho local de aplicação da lei, acreditando que ele era muito mais qualificado, embora o que o fizesse pensar assim não fosse claro.
Mas o ataque brutal à jovem companheira de Jeremy também estava lá, rodeado por um desejo selvagem que enojou sua alma. Ela destruiu aquela memória sem hesitar, não se importando com o dano que causaria. Cambaleando com nojo, ela estava debatendo se precisava perder mais tempo neste pedaço de lixo quando um rosto familiar brilhou levemente - estava lá e sumiu.
Sophia cavou mais, tentando chamá-lo de volta, mas estava perdido num turbilhão de memórias recentes, a maioria que não valia a pena lembrar.
A frustração a fez descuidada e ela separou a mente do humano da dela muito rapidamente. Os músculos do corpo dele convulsionaram todos de uma vez e então foram liberados com um estalo audível como o lançamento de uma mola. Isso o fez se alastrar pelo chão onde ele ficou tremendo enquanto o cérebro dele se recuperava de sua indelicada sondagem.
Sophia o olhou friamente. Ela levantou uma mão para acabar com tudo, fazendo uma pausa quando ouviu passos familiares. Ela virou a tempo de ver Colin emergir das sombras sob as árvores. Ele estava carregando algum tipo de arma em uma mão e enquanto ele se aproximava ela detectou o distinto cheiro de pólvora em suas roupas. Ela piscou, de repente registrando o fato de que ela tinha ouvido um tiro há algum tempo atrás.
— Você está bem? — ela perguntou, o escaneando rapidamente.
Colin deu a ela um meio sorriso. — Bem. — Ele inclinou-se ao seu redor, olhando Jenkins com desinteresse entediado. — E este?
Algum resquício do cérebro de Jenkins reconheceu a voz de Colin, e ele grunhiu, chamando sua atenção. Ele estava de costas no chão, imóvel, a não ser pelos olhos que estavam bem abertos e fixos em Colin. Sophia o observou com curiosidade, se perguntando se talvez ele tenha retido apenas o suficiente do cérebro animal para pensar que o seu amigo humano o salvaria.
— Você precisa de alguma ajuda aqui, querida? — Colin perguntou a ela.
— Não, eu peguei esse.
— Se você tem certeza, então eu vou rastrear o Jeremy. Ele estava parecendo bastante verde há um tempo atrás.
Sophia ficou na ponta dos pés e puxou a cabeça de Colin para baixo para um beijo rápido. Ele piscou, claramente sobressaltado, mas seus olhos acenderam com prazer. — Isso não vai durar muito. — ela garantiu a ele.
Colin assentiu e passou por ela, indo para a parte de trás da casa. Ela observou-o ir, admirando a forma como ele se movia, aquela graça suave dos quadris de um homem poderoso. Ela suspirou com prazer. E então se virou de volta para Jenkins.
— Agora, onde estávamos?
Colin estava surpreso com si mesmo. Ele não tinha escrúpulos sobre deixar Jenkins lá com Sophie, mesmo que ele soubesse que só havia um resultado possível. Não era uma questão de saber se o velho ia morrer, mas como. E se Sophie queria fazer as honras, isso estava ótimo para ele. Em algum momento entre o dia em que ele descobriu Mariane devastada à beira da morte e a tarde em que ele levou correndo o corpo ensanguentado de Leighton de volta para seu vampiro apaixonado numa aposta desesperada de salvar a vida dela, ele decidiu que essas pessoas não mereciam viver. E ele não confiava nos tribunais para servir a justiça quando se tratava de vampiros e das mulheres humanas que os amavam.
Ele ouviu um grunhido suave e trouxe sua arma para cima, seus olhos procurando as sombras atrás da casa enquanto ele avançava lentamente. Ele tinha visto Jeremy desaparecer aqui atrás há algum tempo. O vampiro não era um soldado e era inteiramente possível… Ele congelou em um meio passo, deixando o pé cair lentamente no chão.
— Ei, Jeremy. — ele disse cuidadosamente.
O vampiro levantou a boca do pescoço de alguém que Colin não reconheceu, cuspindo uma gota de sangue e carne antes de se virar para Colin com um sorriso macabro. — Oi, Colin. — disse ele alegremente.
Colin chegou mais perto. O humano estava claramente morto, embora seu sangue ainda pingasse, então não tinha acontecido há muito tempo.
— Você conhece esse cara? — ele perguntou, encarando Jeremy.
— Bem o suficiente. — o vampiro disse sombriamente. — Ele era um daqueles que machucou minha Mariane. Eu só vi relances do que aconteceu naquele dia, mas a voz dele foi uma que eu reconheci. Não sei seu nome. Você sabe?
Colin estudou a bagunça que era o rosto do homem. Ele balançou a cabeça. — Não.
— Não importa. — Jeremy disse. — Sophia vai destruir todos os corpos antes de sairmos daqui essa noite de qualquer forma. Até eu sei disso sobre como as coisas são feitas.
Colin assentiu. Ele ouviu Sophie dizendo algo sobre isso para os outros, embora ainda não tivesse uma imagem clara de como isso seria.
— Nós provavelmente devemos arrastar este para frente. — disse ele. — Você precisa de alguma ajuda com isso?
Jeremy se levantou com a surpreendente velocidade e graça que todos os vampiros pareciam possuir. Ele agarrou o braço do humano morto e ergueu-o facilmente, lançando-o sobre um ombro em um transporte de bombeiro, como se ele não pesasse nada. Ele sorriu para o olhar surpreso de Colin.
— Vampiro, lembra? Melhor se acostumar com isso, se não quer que Sophia transforme você em farrapos.
Colin observou o vampiro partir com o seu fardo como o oitavo anão em um conto de fadas particularmente horrível. E ele tinha a sensação de que Sophia o ia esfarrapar não importa o que ele fizesse.
Demorou um pouco para que eles limpassem tudo, mas eventualmente Sophia estava andando ao lado dele de volta para onde eles deixaram os SUVs parados em um caminho estreito que saía na estrada principal. Os corpos estavam reduzidos a cinzas e espalhados por toda a floresta, então não haveria nenhuma pilha de cinzas suspeita para alguma diligente tecnologia de crime peneirar. Não que fosse provável eles encontrarem alguma coisa mesmo que procurassem. O poder de Sophie produziu um incêndio que desintegrou carne e osso mais profundamente do que qualquer chama normal poderia ter feito. O resultado era algo que mais se assemelhava a restos de uma fogueira do que qualquer cremação humana. Isso deu a Colin uma pausa para perceber que Sophie tinha todo esse poder dentro dela, mas também o fez um pouco orgulhoso.
Ele ficou em silêncio enquanto se aproximavam dos SUVs, mas precisava saber uma coisa e Sophie era a única a quem ele poderia perguntar.
— Você viu o que Jeremy fez para esse cara. Eu nem mesmo poderia identificar quem era quando ele terminou.
— Sim.
— Foi isso que… Quero dizer, você acha que foi isso que Raphael fez para Garry?
Ela pegou a mão dele, fazendo-o parar para que pudesse olhar em seu rosto. — Seu amigo…
— Não meu amigo. — insistiu ele, encontrando o seu olhar de forma uniforme. — Não mais.
Sophia assentiu lentamente, reconhecendo a distinção. — McWaters, então, ele tentou assassinar a companheira de Raphael. Você viu o que Jeremy fez, o que a sua necessidade de vingança o levou a fazer. E Jeremy é… — Ela balançou a cabeça, como se procurasse uma comparação. — Jeremy é uma respiração de criança em relação à tempestade mais destrutiva que o mundo jamais viu, que destrói tudo em seu caminho sem ter nada em consideração. E essa tempestade é o Lorde Raphael.
Ela pegou a outra mão dele, apertando suavemente. — McWaters muito provavelmente está morto a esta altura, e não há nenhum benefício a ser encontrado na tentativa de imaginar coisas que são muito além da imaginação da maioria das pessoas.
— Porra. — Colin desviou o olhar. — Mac não era quem eu pensava que era. Ele acabou por descer tão baixo quanto um homem pode descer. Mas ele era um bom soldado, também. E uma vez foi um homem honrado. É duro. Sentimentos não podem mudar tão facilmente, você entende?
— Sim. Às vezes as pessoas nos decepcionam, mas isso não muda as nossas memórias delas.
— Sim. — Ele apertou os dedos em sua mão e começou a andar de novo, olhando para cima quando chegaram à estrada e Robbie chamou o nome de Sophie.
Veio em direção a eles, no escuro, segurando um celular. — Duncan — disse ele e ofereceu-lhe o seu celular.
Sophie assentiu como forma de agradecimento e aceitou o telefone. — Aqui é a Sophia.
Sua boca apertou em irritação, enquanto ouvia, mas a sua voz manteve-se toda negócios. — Sim, claro. — disse ela. — Os corpos foram queimados até virarem cinzas e elas foram espalhadas ao acaso, todo o rastro de sangue eliminado. Nenhum dos nossos foi ferido.
Ela escutou um pouco mais e depois levantou a cabeça e perguntou a Colin. — Quanto tempo demoramos a chegar ao complexo?
— A esta hora da noite, podemos fazer o tempo. Meia hora, provavelmente, quarenta minutos no máximo.
Ela repetiu a informação e assentiu com a cabeça de forma automática tal como toda pessoa faz ao telefone. — Amanhã à noite, então. Eu estarei lá. — Ela desligou o telefone e entregou-o a Robbie com um murmurado: — Obrigado.
Ela olhou para Colin e disse calmamente: — Vamos conversar mais tarde.
Ele assentiu, tomando-lhe a mão novamente e continuando a ir em direção aos SUVs. Ele imaginava que o que quer que fosse que eles tinham planejado para amanhã à noite envolvia o Lucien ainda desaparecido. Os humanos responsáveis pelos assassinatos podiam ter sido eliminados, mas Lucien tinha algo a ver com isso, também, e ele ainda estava desaparecido. Estaria morto? Ou estaria organizando tudo de algum lugar escondido? Colin não sabia. E parecia que ninguém mais sabia.
Mas Colin sabia de uma coisa. Ele não ia sair do lado de Sophia até Lucien ser encontrado e neutralizado. O Lorde vampiro era o criador dela e isso dava-lhe algum tipo de poder sobre ela. O bastardo também tinha chamado Sophie de volta para Vancouver, tinha deixado que ela e outros arriscassem suas vidas, pagando o preço por sua estupidez e covardia pura. Mas agora que a bagunça foi limpa, agora que Lucien não precisava mais de Sophie, ele podia vê-la como uma ameaça. Ele podia estar procurando se livrar dela.
Mas Colin precisava dela. Agora e para sempre. Ele tinha-a perdido uma vez e não tinha intenção de perdê-la novamente. Jenkins e seus amigos não tiveram a clarividência de se armar com balas capazes de matar vampiros, mas Colin não cometeria esse erro. Não quando a vida de Sophia podia estar em jogo.
Capítulo 42
A primeira coisa que Raphael ouviu quando acordou, a primeira coisa que procurou escutar, foi o batimento cardíaco de Cyn, ainda pulsando contra seu peito. Ele sentiu-o em seus sonhos, mas isso não impediu que o alívio apertasse seu coração ao encontrá-la lá de verdade quando a noite caiu em torno deles.
Ele tocou sua testa com os lábios, apertando os braços ao seu redor um pouco mais.
— Raphael? — ela disse, parecendo sonolenta, confusa e demasiado fraca.
— E quem mais poderia estar deitado nu em sua cama, minha Cyn?
Ele sentiu o sorriso contra a sua pele, e no momento seguinte sentiu-a ficar tensa drasticamente.
— Você está bem? Você…
— Eles estão mortos, lubimaya. Aqueles que te feriram, que assassinaram Marco e Preston e atacaram Mariane. Todos mortos.
Ela se afastou um pouco, procurando o rosto dele com olhos que estavam cansados com dor. A visão enfureceu-o e por um momento ele desejou ter mais uma centena de humanos para abater por sua vingança.
Algo deve ter sido mostrado em seu rosto, porque ela tocou seu rosto com dedos frios.
— Você tem certeza que está bem? — perguntou ela.
— Eu estou bem, minha Cyn. Como todo mundo, incluindo o seu Robbie.
— E Murphy, também?
Raphael sentiu uma onda de ciúme por ela até mesmo perguntar sobre o humano. Ela viu isso, também, e sua boca amoleceu num sorriso gentil.
— Eu amo você, Raphael.
Ele inclinou a cabeça para tocar seus lábios nos dela e ela respondeu pela primeira vez desde sua lesão, abrindo os lábios e deixando sua língua escovar levemente contra a sua.
Algo quebrou dentro dele naquele toque frágil, tão diferente de sua vida amorosa normal. Ele lutou para controlar a emoção, não querendo que ela ficasse perturbada com isso.
— O Senhor Murphy está ileso, também. — ele disse a ela. — E eu acredito que ele e Sophia são, como você diria, um item.
— Eles têm uma história. — Cyn murmurou, parecendo cansada, como se mesmo este curto diálogo a tivesse esgotado. Raphael beijou sua boca mais uma vez, brevemente. Em seguida, beijou a sua bochecha e testa, escovando o cabelo para trás com seus dedos.
— Eu preciso de um banho. — ela se afligiu.
— Você está perfeita, minha Cyn. — Viva, pensou em privado, que era tudo o que importava. Ela iria recuperar a sua força com o tempo. Pensando nisso, ele levantou o braço e cortou seu pulso com as presas.
— Você precisa beber, lubimaya.
Seus olhos abriram rapidamente. — E você? Se eu continuar a beber, você…
— Eu me alimentei a noite passada. — ele assegurou. Ela não perguntou, e ele não se ofereceu para lhe dizer de quem tinha sido o sangue que ele jantou. Mas ele e seus vampiros tinham se alimentado muito bem com o sangue de seus inimigos.
— Tudo bem. — disse ela. — Isso é bom, mas estou me sentindo muito melhor hoje à noite. Não preciso…
— Beba. — ele ordenou, interrompendo-a. — Vamos discutir o resto mais tarde.
Ela suspirou, mas rendeu-se ao inevitável. Estava muito fraca para lhe resistir, em qualquer caso. A boca dela fechou-se sobre seu pulso e ela começou a chupar. Raphael segurou a parte de trás de sua cabeça com a outra mão, seus pensamentos vagueando para a noite pela frente. Os seres humanos tinham sido cuidados, mas Lucien ainda era um problema. Ele precisava ser encontrado logo e tratado permanentemente. Raphael não podia mais tolerar a influência de um lorde vampiro estrangeiro dentro de seu território, particularmente um que trouxe tanto sofrimento para as pessoas de Raphael.
Lucien teria que ir, e Sophia teria que seguir.
Capítulo 43
Raphael estava puxando um suéter sobre sua cabeça quando Elke ligou para dizer que o Dr. Saephan havia chegado. Cyn estava a dormir, mas acordou quando o telefone tocou, virando a cabeça para ver quando ele abriu a porta e mandou o elevador para cima para ir buscar o médico.
Enquanto esperava, Raphael ligou a Duncan, deixando-o saber que ele estaria lá em cima em breve e iria verificar os arranjos em relação à mulher humana que Wei Chen tinha empregado. Raphael não tinha certeza de que ela estava envolvida nos acontecimentos recentes, mas ele sentia que sim. Ele não tinha nenhuma prova tangível. Era instinto, nada mais, mas ele confiava em seus instintos. Eles o tinham guiado por um longo caminho desde a fazenda do seu pai na Rússia.
As portas do elevador se abriram e Peter Saephan surgiu, murmurando uma breve saudação a Raphael, enquanto ia diretamente para a cama e Cyn. Ele estava carregando uma geladeira portátil sob um braço e sua maleta preta na outra mão.
— Minha Cyn parece muito melhor esta noite, doutor. Ela dormiu durante o dia e só acordou há pouco tempo.
— Sua Cyn está bem aqui. — ela murmurou.
Saephan riu. — Você está se sentindo melhor. Eu nunca pensei que diria isso, mas senti sua falta.
— Boas maneiras, Doc.
— Guardei-as só para você, querida. — Saephan sentou-se e abriu a sua maleta. — Vamos dar uma olhada.
Raphael assistiu em silêncio quando o médico verificou seus sinais vitais, em seguida, ouviu-a no peito e rolou para cima a t-shirt para examinar seu abdômen. Cyn recuou mais de uma vez sob o seu cuidadoso toque e Raphael franziu a testa, mas o Dr. Saephan acenou satisfeito com a cabeça.
— Você está certo, meu senhor. — disse a Raphael e depois para Cyn — Você está definitivamente melhor. Mas, considerando que você estava quase morta, dois dias atrás, melhor é um termo relativo.
— Droga. — sussurrou ela, com apenas uma sombra do seu normal.
Saephan riu. — Você é uma paciente terrível, mas eu te amo. Então vamos lá, dê-me o braço.
Cyn olhou para Raphael enquanto estendia o braço com um suspiro. — Vá em frente. — disse a ele. — Eu vou ficar bem. E se não ficar, você pode chutar o traseiro do Doc aqui por mim.
Raphael atravessou o quarto, inclinando-se para dar-lhe um beijo cuidadoso. — Não é provável uma vez que ele ajudou a salvar sua vida, lubimaya. Mas porte-se bem e eu vou contar-lhe todas as notícias quando voltar.
— Notícias de quê? — ela perguntou, sua voz já sumindo como um bocejo cansado.
— O novo Lorde dos Territórios Canadenses.
Raphael acenou para Elke sempre vigilante quando saiu do elevador. Ela deu-lhe um olhar indagador e ele parou tempo suficiente para dizer: — Ela melhora a cada dia, Elke. Quando eu a deixei ela estava discutindo com Saephan.
Elke conhecia Cyn bem o suficiente para rir dessa, sabendo que era uma boa notícia. — Obrigado, meu senhor. — disse ela.
— Obrigado, Elke, por guardá-la tão bem.
Elke ainda estava enrubescida com prazer quando Raphael partiu para se juntar a Duncan, que o encontrou no meio da sala grande, entregando-lhe o casaco de couro que ele tinha deixado na sala dos guardas que ele tinha usado para tomar banho na noite passada. Tinha sido limpo e ele vestiu-o enquanto andava. Raphael gostava do casaco. Era confortável e funcional. Mas ele o usava em grande parte para benefício de Cyn. Ela adorava o casaco, dizendo que o fazia parecer todo vampírico e dramático. Ele o tinha substituído mais do que uma vez a seu pedido e agora tinha vários casacos idênticos de reserva.
— A mulher deixou o complexo logo após o pôr do sol, meu senhor. — Duncan disse enquanto andavam. — Justin e Aaron a estão seguindo e Wei Chen está na sala de conferências.
Raphael acenou com a cabeça. — Sophia?
— Ela passou o dia na casa do Sr. Murphy. — Duncan relatou secamente. — Eles estão a caminho daqui agora.
— Excelente. Wei Chen em primeiro lugar.
Raphael saiu da sala, se dirigindo não para a grande sala de reuniões onde ele cumprimentou Sophia no início de tudo isso, mas para a pequena sala de conferências mais privada abaixo, no corredor do escritório de Wei Chen.
O líder do ninho estava esperando por ele. Uma pasta de papel estava na mesa na sua frente e ele estava trabalhando ativamente em seu PDA quando Duncan abriu a porta. Ele colocou de lado o dispositivo imediatamente e se levantou, dando uma curta vénia.
— Boa noite, senhor. — disse ele. — Eu entendo que a caçada da última noite foi bem sucedida.
Raphael acenou com a cabeça. — Eliminamos a ameaça humana. — Ele se sentou, se recostando na cadeira, gesticulando para Wei Chen retomar o seu assento. — Mas Lucien continua foragido. — continuou ele. — E nem Sophia nem eu achamos qualquer conhecimento dele entre os seres humanos.
Wei Chen levantou a cabeça, pensativo, e depois bateu na pasta na frente dele. — Mas você acredita que Sandra Koepke pode ter conhecimento disso? — Ele assentiu e abriu a pasta, virando algumas páginas antes de voltar a pasta para Raphael poder ver. — Antes de vir para nós, ela trabalhou em Vancouver, meu senhor.
Raphael passou a pasta para Duncan, que se curvou sobre a mesa para lê-la. Levantando as sobrancelhas para o que ele encontrou, ele tirou o celular e fez uma chamada.
— Justin. — disse ele calmamente. — Qual é a sua localização? — Ele ouviu durante uns segundos, então disse: — Custe o que custar, continue seguindo-a.
Raphael olhou para o tenente, e Duncan disse: — Para onde ela está indo definitivamente não é o endereço que ela lista como sua casa.
Wei Chen olhou de Duncan para Raphael com surpresa. — Meu Senhor, eu…
— Ela tinha uma conexão com algum vampiro em Vancouver, ou em qualquer outro lugar antes de vir trabalhar aqui? — Raphael interrompeu.
Chen Wei parecia mal surpreendido pelas notícias de Duncan e levou um momento para processar a questão de Raphael. — Não, meu senhor. — insistiu ele. — Eu nunca a teria contratado se esse fosse o caso.
Raphael se levantou sem aviso, fazendo Wei Chen levantar em um salto. — Meu senhor?
— Eu vou fazer uma visita à Sra. Koepke. Você não lhe vai ligar ou comunicar com ela de qualquer maneira.
— Claro que não, meu senhor!
Raphael atravessou a porta que Duncan mantinha aberta para ele e entrou no corredor. Sophia e Murphy estavam vindo através das portas quando atingiu a sala grande.
— Sophia. — disse ele sem parar. — Você e Murphy querem se juntar a mim para isso. Você tem um veículo, Murphy?
— Sim, senhor. — disse Murphy, franzindo a testa.
— Ótimo. Pegue Sophia e siga-nos.
— Duncan, você e Juro. Ninguém mais.
— Juro já está esperando, meu senhor.
Raphael sorriu tristemente enquanto abria a porta e descia as escadas para o ar frio e úmido. Seus instintos gritavam mais alto com cada passo que dava. Ele ainda não estava certo do que esta noite revelaria, mas ele sabia que estava no caminho certo.
E Lucien estava esperando no final do mesmo.
Capítulo 44
— Você sabe para onde estamos indo?
Sophia afastou seu olhar e seus pensamentos do SUV na frente deles. Era pouco mais do que um quadrado preto, com as luzes traseiras vermelhas brilhando como os olhos de um demônio na estradas escuras. Colin tinha as duas mãos fechadas sobre o volante e estava tão tenso quanto ela.
— Eu não tenho certeza. — ela admitiu. — Você ouviu o mesmo que eu. Mas deve ter algo a ver com Lucien. Ele é a única ponta solta agora.
Colin deu-lhe um rápido olhar.
— Este é o mesmo Lucien que é seu criador, certo?
— Existe apenas um Lucien, acredite em mim.
— Então, vamos supor que o encontramos. O que acontece depois?
Os lábios de Sophia se apertaram mostrando infelicidade e ela se virou de costas para Colin, olhando para a mancha escura de árvores enquanto eles passavam à toda velocidade. Ela nunca teria dito isso para Raphael - a envergonhava até admitir para si mesma - mas ela estava bastante certa de que Lucien tinha intencionalmente levado os assassinos para longe de seu próprio território e para o de Raphael. Ela não sabia como ele tinha feito, mas ela entendia Lucien o suficiente para saber por que, especialmente agora que ela tinha visto o tipo de homens que estavam por trás dos assassinatos. Para Lucien, isso teria sido muito simples. Ele não era um lutador, mas Raphael era. Então, por que não deixar Raphael lidar com esses cruéis bandidos humanos?
— Sophie? — Colin disse, quando ela permaneceu quieta. — Você está bem?
Ela engoliu em seco e assentiu. — Aqueles homens estavam aqui por causa de Lucien. Eu não sei como, mas acredito nisso. E penso que Raphael acredita, também. Ele vai querer matar Lucien se o encontrar, e será justificado.
Colin deu-lhe um longo olhar.
— E você? — ele perguntou calmamente.
— Se ele fez isso, merece morrer.
— Isso não é uma boa resposta, Soph.
— Eu sei, mas não tenho outra agora.
Colin freou bruscamente e Sophia olhou para cima para ver o SUV à frente deles fazer uma curva acentuada à direita. Eles dirigiram ao longo de mais alguns minutos antes de Colin murmurar: — Onde diabos estamos indo?
Ele começou a brincar com o dispositivo GPS embutido no painel, socando botões e xingando baixinho pelo que encontrou.
— Olhe para o GPS. — disse ele firmemente.
Sophia olhou e depois encolheu os ombros. — Tudo bem. Eu olhei. Agora diga o que eu estou vendo.
Colin bufou impaciente. — Mais algumas milhas e nós estamos na fronteira canadense. Os territórios dos vampiros seguem as linhas internacionais?
— Normalmente. É mais fácil dessa maneira. Mas não há nenhum ponto de verificação aqui.
— Isso não quer dizer que não há fronteira. Há lugares em torno daqui onde você pode andar para trás e para frente com muita facilidade. Esta é a maior fronteira do mundo, não dá para vigiar tudo.
Sophia teve uma sensação de mal estar no estômago. Se eles estavam assim tão perto… Seus pensamentos foram interrompidos quando o SUV de Raphael freou bruscamente, virando novamente, mas em uma estrada particular dessa vez. O cascalho aqui era grosso, passando suavemente por baixo dos pneus quando eles percorreram uma curta distância e depois estacionaram em frente de uma cabana bem arrumada. Luzes brilhavam calorosamente por trás das brancas cortinas de renda e vasos cheios de flores lotavam um alpendre com uma largura maior do que a própria cabana.
Colin desligou o motor. — E agora?
Sophia olhou para a cabana.
— Sophie?
Ela sacudiu-se impaciente. Fosse o que fosse, ou quem fosse que esperasse por eles aqui, ela iria lidar com isso, porque ela tinha que fazê-lo. Porque não importando o que fosse, ela tinha lidado com pior e sobrevivera.
— Vemos quem responde quando batemos. — disse ela decidida e abriu a porta do caminhão.
Ela foi atingida imediatamente pelo cheiro de todas as flores. Era lindo, a primeira coisa realmente bonita que ela tinha visto desde que chegou neste lugar chuvoso. Quem vivia nesta casa tinha um apreço pela beleza.
Algo sussurrou em sua mente, um toque lá e que tinha desaparecido antes dela sequer ter consciência disso. Ela prendeu a respiração e olhou fixamente para a pequena cabana aconchegante. Impossível.
Sua atenção se desviou quando um par de formas escuras se separaram das sombras e se dirigiram diretamente para Raphael e seu grupo. Vampiros. Eles eram claramente de Raphael e tinham sido designados para vigiar este lugar até que ele chegasse.
Uma luz se acendeu em cima da porta. Seria preciso ser surdo e cego para não perceber a sua chegada. A porta foi puxada para trás e uma fêmea humana vagamente familiar apareceu na abertura. Sophia deu alguns passos para o lado para escapar do brilho da luz da varanda e dar uma olhada melhor. Ficou perplexa ao descobrir que era a mulher que trabalhava para Wei Chen durante o dia.
Ainda mais intrigante, a mulher deu uma olhada no que estava esperando por ela e em vez de sensivelmente fechar a porta, ela abriu a tela e ficou para trás, acolhendo-os em sua casa.
Sophie franziu a testa. Este não era o comportamento de uma pessoa culpada. Então por que eles estavam aqui?
Fossem quais fossem os escrúpulos que Sophia tinha, Raphael não tinha nenhum. Ele começou a ir em direção à escada, e Sophia sorriu quando tanto Juro como os dois guardas vampiros pularam para chegar lá na frente dele. As pessoas de Raphael eram fanaticamente devotadas à sua segurança. Ela só podia esperar que as suas - Sophia congelou de repente. As suas?
— Sophie?
Ela pegou a mão oferecida de Colin, recebendo conforto de seu sólido calor. — Vamos ver o que o Senhor Raphael tem em mente, Colin.
A mulher era normal, Sophia pensou. Embora atraente. Ela poderia ter sido bonita se tivesse tomado algumas medidas. Seu cabelo castanho era de um tom lindo, mas ela o tinha puxado para trás em um rabo de cavalo arrumado que não fez nada para melhorar suas características, e seus olhos estavam escondidos atrás de óculos de aro de arame resistente.
Ela estava nervosa, mas quem não estaria quando confrontada no meio da noite por tantos vampiros pesadões? Tinha de ser aterrorizante responder à sua porta e encontrá-los à espera do outro lado.
E além disso, mesmo sabendo quem Raphael era - e trabalhando no complexo, ela tinha que saber o que ele era - ela sorriu e convidou-os para dentro, como se estivesse esperando a sua chegada.
— Senhorita Koepke. — disse Duncan, com sua calma habitual. — Você não tem nada a temer de nós. Wei Chen tem falado muito de você e de seu trabalho para ele.
A mulher acenou com a cabeça, seu olhar piscando ao redor mais uma vez, parecendo hesitar quando tocou em Sophia antes de avançar.
— Como posso ajudá-lo, Senhor Raphael? — perguntou ela.
— Você sabe por que o Senhor Raphael está aqui em Seattle. — Duncan disse. — Você sabe sobre os assassinatos.
— Claro. Mas eu ouvi dizer… — Seus lábios fecharam em uma linha apertada.
— O que você ouviu? — Duncan perguntou gentilmente.
Sophia observou a mulher atentamente, se perguntando por que Raphael estava se incomodando com essas indagações gentis se ele realmente acreditava que ela tinha algo a ver com os assassinatos. E se não, então a questão de Sophia era a mesma da mulher. Por que estavam aqui?
— Eu ouvi que você encontrou os homens horríveis que fizeram isso. — disse a mulher em voz baixa. — Os que mataram Marco e Preston e depois atacaram a pobre Mariane. E ouvi dizer que Lorde Raphael e… Aquela — acrescentou, dando um olhar malévolo à Sophia — mataram todos eles.
Sophia recuou, surpresa. Até onde ela sabia, nunca tinha conhecido essa humana antes, e a mulher parecia não ter nenhum problema com os outros. Então, por quê a hostilidade em relação a ela?
Raphael estava encostado à lareira fria, um braço repousando negligentemente ao longo do manto, como se estivesse tentando parecer menos do que ele. Particularmente, Sophia pensava que iria ser preciso muito mais do que uma ocasional pose para fazer Raphael parecer inofensivo, e, aparentemente, ele concordava com ela. Endireitou-se impaciente, desistindo da pose.
— Estou cansado disso. — ele disse abruptamente. — O que você sabe sobre os homens que cometeram esses crimes? Sobre suas conexões em Vancouver? — perguntou ele.
— Ela não sabe nada sobre isso.
Lucien! A consciência abrupta de seu criador atraiu o olhar chocado de Sophia para o corredor escuro. Ela assistiu enquanto ele caminhava lentamente para a luz, a raiva em guerra com o alívio por ele estar aqui e vivo. Ela arriscou um rápido olhar para Raphael. Ele não estava surpreso. É evidente que esta era a razão pela qual eles estavam aqui. Aquele grande desgraçado sabia o tempo todo que eles encontrariam Lucien com esta mulher.
— Sophie? — Colin disse suavemente quando Sophia ficou tensa, de frente para o seu criador.
Mas ela estava muito atordoada para responder, olhando com horror quando Lucien surgiu plenamente na suave luz da lâmpada da sala de estar da mulher. Se Sophia não tivesse ouvido a sua voz em primeiro lugar, não o teria reconhecido. Ele estava curvado e fraco, seus dedos ossudos com articulações nodosas e unhas amareladas. Seu cabelo preto ondulado, uma vez uma fonte de vaidade sem vergonha, era agora um maçante cinza que bebia na luz e a engolia, pendurando tão duro e reto como galhos secos. E seu rosto - seu belo rosto - estava seco e enrugado, papos pendurados até seu queixo, seus olhos uma vez brilhantes estavam escondidos sob as pálpebras pesadas e grossas sobrancelhas.
Sophia sentia vontade de chorar. Preocupação irradiava de Colin como uma lâmpada de calor quando ele se aproximou, e ela sabia que ele estava preparado para defendê-la mesmo não tendo ideia do que lhe estava causando angústia.
Seus dedos roçaram os dele. Ele era muito guerreiro para pegar a mão dela em uma situação desconhecida e possivelmente hostil, mas sua mão tocou a parte inferior das suas costas brevemente como conforto.
— Raphael. — Lucien disse asperamente. Sua cabeça girou lentamente em sua direção. — E Sophia, meu tesouro. Eu sabia que podia contar com você.
Seus olhos nublados estudaram os outros vampiros na sala lotada. — Duncan, é claro. Mas eu não sei quem são estes outros.
E então, seu olhar caiu sobre Colin, tão perto de Sophia, e por um momento seus olhos tiveram a sua antiga nitidez. Mas logo ele se foi, e sorriu, expondo dentes escurecidos.
— Seu, Sophia? Eu te dei meu bom gosto, se nada mais, heh? — Ele riu secamente e depois tossiu, uma mão batendo na parede quando ele cambaleou para ela.
— Sandra, amor. — disse Lucien, chamando a mulher Koepke a seu lado. Ela correu, com o rosto envolto em alegria quando olhou para o rosto arruinado do lorde vampiro.
— Ele é lindo, não é? — ela sussurrou, seus dedos levantando para acariciar seu rosto, parando a centímetros de distância, como se não se atrevesse a estragar tamanha perfeição.
Lucien sorriu e pousou a mão em seu braço quando ela o guiou à uma grande cadeira estofada no canto como se ele fosse um príncipe de visita.
— Ela não o vê. — Sophia murmurou, olhando. As palavras eram para os ouvidos de Colin, mas sabia que todos os vampiros na sala as pegaram, também. — Ele lançou um glamour em sua mente. Ela o vê em sua glória, como ele costumava ser.
Sophia afastou seu olhar do espetáculo de Koepke bajulando Lucien, e estudou Raphael, se perguntando o que aconteceria em seguida. Ela podia sentir a fome crescente de todos os vampiros na sala. Foi só o fato de Lucien ser seu criador, que impediu sua própria fome de juntar-se à deles. Os vampiros eram predadores, todos eles. Mas entre lordes vampiros, esse instinto alcançava as alturas. Raphael era o epítome do vampiro, predador do predador. E Lucien acabou de mostrar ser presa.
— Por quê? — ela perguntou de repente, precisando de respostas antes de Lucien morrer. Ela olhou para ele, exigindo que ele lidasse com ela. — Por quê todo esse subterfúgio? Por quê… — Ela lutou para encontrar palavras para um conceito que realmente não entendia. — Por quê diminuir a si mesmo desse jeito? — Ela apontou para o seu modesto ambiente, embora suas palavras abrangessem muito mais.
Koepke virou para encarar Sophia, mais uma vez, mas Lucien tocou a face da mulher humana, acariciando-a suavemente para atrair a sua atenção de volta para ele.
— Falei-lhe de você, Sophia. — disse ele, sem desviar o olhar de Koepke. — Receio que ela seja um pouco ciumenta. Gentilmente, cherie. — ele murmurou para a humana, e o carinho familiar nos lábios deste homem velho encheu Sophia de medo e nojo em igual medida.
Isso foi tudo o que ele disse por alguns minutos, mas depois ele levantou a cabeça e encontrou o olhar de Raphael, como se pedisse permissão para contar sua história. Ele tinha que saber que a sua situação era precária, Sophia pensou preocupada. Mas ele compreendia a extensão do perigo? Ele sabia que suas ações tinham quase custado a vida da companheira de Raphael? Era um milagre, um ato supremo de contenção por parte de Raphael, que Lucien ainda respirasse.
Lucien ainda estava olhando para o seu companheiro lorde vampiro, esperando. A mandíbula de Raphael apertou sensivelmente, mas ele assentiu, um curto empurrão forte do queixo.
Lucien pareceu relaxar, sua respiração se esgotando em um suspiro. Ele se inclinou para trás na cadeira, com uma mão nodosa acariciando a cabeça da Koepke, onde ela se sentava espremida entre as suas pernas como um cão.
— Foi uma mulher, é claro. — Lucien começou. — Eu sempre tive uma fraqueza pela beleza, embora nunca importasse se era homem ou mulher, não, Sophia? Lembra-se daquele jovem - ah, as minhas desculpas. Não devemos falar de tais coisas na frente do seu humano.
Um grunhido suave, pouco mais do que uma vibração sonora, emanou de Raphael onde ele estava perto da lareira vazia.
— Muito bem, velho amigo. — disse Lucien rapidamente. — Eu sinto muito pela morte de seu povo. Eu nunca pretendi… Bem, isso é não é totalmente verdade. Mas a mulher era bonita, e eu era vaidoso. Há pouco sobre o que ser vaidoso agora, suponho, — acrescentou com tristeza. — Embora ma belle Sandra me veja como eu era, não é, cherie? — ele disse, acariciando a cabeça dela mais uma vez.
— Minha história remonta antes de me tornar o que você vê. E a mulher - tão bela, tão humana - ficou encantadoramente chocada ao descobrir que eu era um vampiro, que tal coisa realmente existisse. Sei agora que era tudo uma pose, mas eu estava muito cego pela sua bajulação para reconhecê-lo. Ela ficou intrigada com tudo - o que eu era, o que eu poderia fazer. E, finalmente, por todos os outros que eu tinha em minhas mãos. Eu me ostentei como um tolo. Disse a ela sobre os vampiros viverem entre os humanos, enquanto os vizinhos, amigos, colegas de trabalho nem faziam ideia. Falei-lhe das nossas casas, da nossa riqueza.
Uma lágrima rosa deslizou de seu olho, perdendo-se nos profundos vincos de seu rosto.
— E então eu mostrei à ela. Mostrei-lhe Giselle. — disse ele em uma voz quase inaudível.
Sophia se endireitou ao ouvir o nome. Giselle. Tinha sido o rosto que Sophia tinha vislumbrado nas lembranças de Curtis Jenkins enquanto morria. Ele tinha estado lá quando a vampira de Vancouver e seus colegas de casa foram assassinados.
— Você os levou a ela. — disse, horrorizada. — Eles assassinaram-na, Lucien. Eles mataram os três, enquanto estavam impotentes no sono!
Lucien olhou para o lado, recusando-se a encontrar o seu olhar. — Para minha grande vergonha. — ele disse suavemente.
— O que aconteceu com a mulher humana? — Raphael exigiu duramente.
— Quando descobri o que ela tinha feito, eu despi sua mente e então a matei. — Lucien disse calmamente. — Era tarde demais para a minha Giselle e seus amantes, Damon e Benjamin. Tal beleza desaparecida para sempre — disse ele com tristeza, — e tudo por causa de mim.
Sua voz doía com pesar, mas isso só enfureceu Sophie.
De que servia o seu pesar aos vampiros que tinham morrido, aqui e em Vancouver?
— Mas matar a mulher que me seduziu não foi suficiente. — Lucien continuou. — Eu sabia que ela havia dito a outras pessoas tudo o que eu compartilhei com ela. Eu posso ser um tolo, mas não sou tolo o suficiente para achar que ela tinha o estômago para fazer a matança ela mesma. Peguei a identidade dos assassinos de sua mente. Procurei-os e encantei-os. E descobri o quão pouco sabiam do que somos e do que podemos fazer. Eles eram assassinos, certamente. Mas não havia sutileza no que faziam. Eles odiavam e matavam.
— Então eu os convenci a mudar a sua carnificina de Vancouver para os EUA. Para o seu território, Raphael, embora eles não soubessem disso. Deixei-os acreditar que era simplesmente uma questão de conveniência, por que matar no Canadá, quando eles poderiam matar aqui em casa?
Raphael tornou-se assustadoramente quieto, seus olhos com brilho prateado olhando sem piscar para Lucien, que parecia inconsciente de seu perigo.
— Mas por quê? — Sophia interrompeu, esperando que ele se redimisse de alguma forma, que dissesse que havia feito mais do que simplesmente empurrar os seus problemas assassinos para que outros - incluindo ela - cuidassem. — Por que enviá-los aqui para matar ainda mais, meu senhor? Por que não impedi-los?
Lucien olhou para ela, seus olhos encovados e sombreados, e ainda havia uma luz de compaixão lá, como se soubesse que ela estava esperando por uma resposta que ele não poderia dar-lhe.
— Porque eu sabia que não poderia derrotá-los. — disse ele suavemente. — Eles trouxeram alguém novo - este McWaters. E onde os outros eram desorganizados e sem sentido em suas mortes, ele não era. Ele era um estrategista e mais do que apenas um assassino - ele era um assassino altamente treinado, inteligente, que odiava tudo o que somos. Eu tinha sido duramente pressionado para lidar com eles antes, mas eu não tinha a menor chance, uma vez que McWaters se tornou o líder. Pior ainda, ele trouxe mais humanos com ele. Demasiados para eu enfrentar sozinho.
— Mas foi dolorosamente fácil moldar o ódio de McWaters sobre o que ele mais desprezava. Levou tão pouco incentivo da minha parte, apenas algumas dicas sobre onde procurar e o que procurar. Era a razão pela qual ele tinha vindo para Vancouver em primeiro lugar, para aprender a encontrar e matar os vampiros que tinham deturpado a sua cidade natal.
Ele desviou o olhar para Raphael e continuou: — Meus vampiros eram muito mais fáceis de matar do que os seus. Você me conhece bem, Raphael. Você costumava criticar-me pela minha falta de rigidez antigamente quando nós dois éramos novos neste continente, por não ter sequer uma pretensão de segurança.
Seus olhos se estreitaram enquanto estudava o seu companheiro lorde vampiro, tornando-se astuto e calculista. — Mas eu conheço você, também, velho amigo. E eu sabia que você poderia derrotá-los. Ainda mais, eu sabia que nada iria impedi-lo, uma vez que eles tivessem matado um dos seus.
Raphael moveu-se mais rapidamente do que até mesmo os olhos de Sophia poderiam seguir, a prata em seus olhos atirando faíscas enquanto agarrava Lucien pela garganta e o arrancava da cadeira. A mulher humana gritou, achando-se jogada de lado, onde ficou amontoada choramingando contra a parede.
A raiva de Raphael encheu a sala em uma rajada, esmagando o peito de Sophia e ferindo seus ouvidos quando ameaçou deslocar todas as partículas de ar na casa pequena. Ela ergueu um pequeno cone de poder, para protecção de Colin ainda mais do que sua.
— Eles quase mataram minha companheira. — Raphael rosnou, sua voz tão profunda que sacudiu os pratos na cozinha. — Eles massacraram dois dos meus e quase estupraram outra até a morte.
Seu poder cresceu junto com sua fúria, tornando-se uma tempestade de energia que enviou os móveis raspando no chão para quebrar contra paredes, fotos batendo no chão com o som de vidros quebrando.
— Espere. — Sophia chorou. — Espere. Por favor, Lorde Raphael.
Ele se virou para olhá-la e ela não estava certa de que ele a podia ver mais. Seus olhos tinham ido para a prata maciça, e até mesmo Duncan e os outros tinham se afastado.
Sophia estava primorosamente ciente de Colin ao seu lado, de sua vulnerabilidade terrível se Raphael desencadeasse até mesmo uma fração do poder girando em torno deles. Ela apertou seu próprio poder impiedosamente. Era como se facas de aço ardessem e agarrassem o seu interior, exigindo ser postas em liberdade, para responder a ameaça avassaladora de Raphael e defender o que era dela. Ela queria gritar em agonia, rasgar a própria pele em uma tentativa de liberar a pressão insuportável. Mas a vida de Colin, e provavelmente a dela também, dependia de sua habilidade para parecer inofensiva, para não oferecer nenhum desafio à execução de Raphael do vampiro que tinha causado tanta dor e perda ao povo de Raphael, e Deus os salve a todos, a sua companheira.
— Uma questão, meu senhor. — ela implorou. — Por favor.
Raphael olhou para ela, imóvel. E então ele piscou. — Faça isso rápido. — ele grunhiu e largou Lucien de volta para a cadeira.
O suor escorria da pele de Sophia, embebendo as suas roupas quando ela se virou para encarar o seu criador. — Por quê eu, Lucien? Por que me chamou aqui?
Lucien deu um sorriso macabro. — Você sempre foi minha favorita, criança. Eu te mandei embora, porque te amava, não pelo contrário.
Ela assentiu com a cabeça, impaciente. — Eu sei disso, mas por que…
Lucien levantou abruptamente, forçando-se a levantar da cadeira, se equilibrando com uma mão e segurando uma estante próxima para permanecer na posição vertical. Ele sacudiu-se um pouco e depois se endireitou para ficar direito e olhar Sophia no olho. — Eu me rendo a você, Sophia. Tudo o que eu sou, tudo que eu tenho… É seu.
Sophia franziu o cenho. — O que você está dizendo?
Ele fechou os olhos.
Sophia recuou quando ele tocou sua mente. Ela abriu a boca para protestar.
Lucien estremeceu uma vez.
E Sophia caiu de joelhos, gritando.
Capítulo 45
A cabeça de Sophia estava cheia de vozes, chorando, gritando, exigindo. Querendo respostas, conforto… Amor. Ela lutou para encontrar sentido, para entender o que estava acontecendo. E de repente Lucien estava ali, mostrando-lhe como acalmar o tumulto, embaralhar as súplicas e silenciar os gritos. A contrariar as exigências com uma de suas próprias. Sou seu Lorde. Você vai ficar calado.
— Cuide deles, cherie — Lucien sussurrou. — Seja melhor do que eu fui.
E com uma onda final de amor, ele se foi, a única constante na vida dela por quase trezentos anos desapareceu, deixando um buraco em sua alma.
Ela abriu os olhos, os soluços sufocando sua garganta enquanto ela olhava para a pilha de finas cinzas que era tudo o que restara de Lucien. Ele soubera que Raphael o mataria. Nem mesmo tentara se defender, sabendo que seria infrutífero tentar. Ao invés disso, tomou a saída mais fácil. Ele já estava diminuído por seus esforços para se esconder de Raphael, e se sua aparência era uma indicação, ele não se nutria de sangue há algum tempo. Ao invés de morrer em agonia pela mão de Raphael, ele simplesmente entregou sua vida juntamente com seu poder.
Lucien fora seu pai por muito mais tempo que os humanos que lhe deram a vida, demonstrara mais amor e compreensão, lhe ensinara mais sobre o mundo do que aqueles dois estranhos jamais poderiam sonhar em fazer. Mas no final ele fora fiel à sua natureza egoísta, deixando Sophia para lidar com a carnificina que deixara para trás, para enfrentar o furioso Raphael sozinha.
— Sophie. — Era a voz de Colin, áspera com o estresse e o medo. Por ela. Ele estava de pé acima dela, de arma em punho, suas pernas fortes a protegendo. E enfrentava Raphael e seus vampiros. Por ela.
Ela não estava sozinha, afinal de contas.
— Colin. — disse ela, roucamente. — Não faça isso.
Ele se abaixou perto dela, sua voz profunda e calorosa em seu ouvido, um braço segurando-a com força contra o peito. — Estou aqui, querida.
— Ele se foi. — sussurrou ela com voz entrecortada contra seu peito, — Lucien se foi.
— Eu sei. Eu sei, e sinto muito.
— Cuide da humana, Duncan.
A voz de Raphael fez com que ela se enrijecesse em alerta, dolorosamente consciente do alvo que oferecia naquele momento. Uma recém criada Senhora vampira, enfraquecida pela transferência, apesar dos esforços de Lucien para facilitar-lhe a transição. Ela amassou o tecido da camisa de Colin com os dedos, lutando por compostura, pela força de que precisava. Soltou o aperto e levantou-se lentamente, dando bastante tempo a Colin para ajustar-se a seus movimentos.
Raphael ainda estava parado no lado mais distante da sala. Ele a observava atentamente, seu poder não mais evidente a não ser pelo ocasional brilho prateado em seus olhos negros.
— Lorde Raphael. — disse ela, a voz ainda rouca de emoção.
— Lady Sophia. — Reconheceu ele significativamente. — Proponho uma aliança.
O coração de Sophia batia forte, mas ela encontrou o olhar dele impassivelmente. Ela não podia se dar ao luxo de mostrar fraqueza e ainda assim faria praticamente qualquer coisa para tirar a si mesma e a Colin dali vivos. Mas uma aliança? Jamais ouvira falar de tal coisa. Não entre lordes vampiros.
Seus pensamentos se aceleraram, tentando compreender os motivos de Raphael, calcular seus próprios benefícios com o arranjo. E imaginando por que ele faria tal proposta e o que esperaria em retorno. Em tudo isso, entretanto, uma coisa era certa. Ela estaria vulnerável por algum tempo enquanto construía a base de seu poder essencialmente a partir do nada. Os vampiros mais fracos no território simplesmente a aceitariam, gratos por terem sobrevivido ao trauma da morte de Lucien e porque alguém tivera a coragem de defendê-los. Mas os filhos mais fortes de Lucien, poucos que fossem, deveriam ser trazidos à rédea curta, teriam de jurar pessoalmente lealdade a ela, um por um, e alguns a desafiariam. Muitos deles não a conheciam, e mesmo aqueles que a conheciam, não a viam havia décadas e assumiriam que ela era fraca por ser mulher e, francamente, por ser a escolha de Lucien. Sua preferência pela beleza em detrimento da praticidade era bem conhecida, mesmo entre seus filhos.
Mas se Raphael a apoiasse, se fosse sabido que ele pelo menos não lhe faria oposição e não faria nenhum movimento dentro de seu território enquanto ela o governasse… Seria meio caminho andado para remover obstáculos em sua ascensão ao governo, acalmar dúvidas e egos danificados.
— O que você tem em mente, Lorde Raphael? — perguntou ela, tornando sua voz tão fria e controlada como jamais o fizera.
Raphael sorriu, como se soubesse o esforço que custava a ela, o bastardo arrogante.
— Você governa seu território e eu governo o meu. Mas quando certos assuntos vierem ao Conselho, assuntos que sejam para nosso mútuo benefício… — Seus olhos negros tornaram-se vazios e frios. — Você concordará em ser guiada por minha maior experiência.
Sophia não se deixou enganar pela linguagem polida. Nem seria tola em pensar que ele a deixaria viver se ela não concordasse… Ou se ela tentasse renegar o acordo mais tarde. Mas em uma análise final, ainda seria um bom acordo para ela.
— Aceito sua oferta. — disse ela com uma pequena inclinação formal de cabeça.
— Excelente. — ele fez uma pausa de alguns segundos. Quando falou, sua voz e maneiras foram inflexíveis. — Dado o avançado da hora, e nossa recém-descoberta aliança… — disse, deliberadamente — Você tem vinte e quatro horas para deixar meu território. Presumo que o Senhor Murphy a acompanhará de volta à Vancouver. Serão feitos arranjos por meu pessoal para que sejam tratados os assuntos dele dentro de meu território.
Ele não esperou por sua concordância, mas avançou para a porta, fazendo uma pausa logo antes de sair para a noite. — Parabéns, Lady Sophia.
E subitamente estava tudo acabado.
Lucien era um monte de cinzas no carpete.
Raphael se fora.
E Sophia era Lorde dos Territórios Canadenses. Ela estremeceu, um puxão forte de corpo inteiro que fez com que Colin a envolvesse em seus braços com preocupação. Ela se permitiu um momento para saborear o calor e o conforto de seu corpo grande, então endireitou-se e disse: — Vamos dar o fora daqui.
Colin assentiu enquanto os dois guardas vampiros o seguiam para a varanda e trancavam a porta da casa atrás deles.
Raphael e Duncan haviam ido embora, assim como Juro. Eles haviam partido logo após a briga, levando consigo a mulher Koepke.
Justin e Aaron, os dois vampiros que seguiram Koepke do trabalho até sua casa, haviam ficado para limpar a casa. Eles também se desfizeram do que restou das cinzas de Lucien depois que ele se desintegrou - e aquilo era algo que Colin podia alegremente passar sem ver outra vez.
Os dois vampiros deram à Sophie um amplo espaço enquanto eles circulavam pelo quintal e subiam no veículo. Ela estava sentada no banco do passageiro do Suburban, posicionada de modo a poder ver de frente a porta aberta. Que era bem onde Colin a deixara após apressá-la a sair da casa.
Ele esperou no pátio, observando os vampiros partirem, e pensando no que dizer à Sophie. Lucien havia aparentemente passado suas habilidades - Colin se recusava a chamar aquilo de mágica – para Sophie e então desaparecera. Ou talvez tenha sido a transferência de habilidade que o matou. Quem diabos saberia? Se o velho não tivesse apagado a si mesmo, Raphael o teria feito por ele.
Por um momento ali, ele pensou que teria que defender Sophie daquele bando de vampiros valentões. Ele calculou que poderia levar alguns com ele antes de ser derrotado, e esperou que fosse suficiente para dar tempo para que Sophie escapasse.
Mas não foi necessário porque sua Sophie provou ser ela mesma uma garota durona. Ele sorriu, apreciando a ideia, e de repente soube o que dizer à ela.
Ele esperou até que o SUV dos vampiros descesse pela saída de carros e virasse à esquerda na rodovia, retornando ao complexo, antes de aproximar-se e ver o que estava acontecendo. Porque definitivamente havia algo acontecendo.
— O que há, querida?
Colin deu uma boa olhada no rosto de Sophie quando ela ergueu o olhar para ele e notou que havia alguma coisa errada. Definitivamente errada.
Ele chegou mais perto, descansando suas mãos na parte externa das coxas dela, esfregando-as levemente. — Fale comigo, Sophie.
Ela não disse nada por alguns minutos, que pareceram tão longos que Colin estava prestes a cutucá-la de leve, até que ela finalmente pressionou as mãos contra as dele e suspirou.
— Quando cheguei a Vancouver, — ela disse, baixinho, — e descobri que Lucien estava desaparecido, meu primeiro pensamento desesperado foi o de que precisávamos encontrá-lo. Mas o segundo foi que, se ele estivesse morto, eu faria tudo o que fosse necessário, lutar e matar qualquer um que se pusesse em meu caminho, para tomar este território para mim mesma.
— Não há nada errado em ser ambiciosa. — Colin disse, confiante.
— Não, não há. Mas agora que Lucien está morto e o território é realmente meu, não consigo evitar imaginar em que diabos eu estava pensando. — Ela sacudiu a cabeça, rindo suavemente.
— Mas você o conseguiu sem precisar lutar. Isso tem que ser bom, não é?
— Se ao menos isso fosse verdade. Mas a luta está apenas começando.
Os dedos dela se fecharam em punhos contra os dele, e ele mudou de posição, tomando as mãos dela e afagando-as gentilmente.
— A maior parte do povo de Lucien não se importará se eu for sua sucessora, desde que eu não exija deles nada mais do que ele exigia. Mas há outros que apenas fingirão oferecer apoio enquanto esperam que eu falhe. Eles estarão atentos a qualquer erro, a qualquer sinal de fraqueza. E até que eu tenha a chance de criar meus próprios vampiros, pessoas em quem possa confiar, terei que estar em guarda a todo momento, imaginando em quem posso confiar e de onde a estaca virá. E também haverá aqueles que apontarão qualquer sinal de ira, cada mudança de humor, cada sinal de indecisão como prova de que uma mulher não possui o que é preciso para liderar. Só em falar disso, já estou exausta.
— Bem. — Colin disse, erguendo uma das mãos dela por vez e beijando cada um de seus dedos. — Vou lhe dizer o seguinte, Sophie. Até que você possa criar seus vampiros, serei aquele que estará de guarda, de olho naquela estaca para que você não tenha que fazê-lo. E se ficar zangada, pode gritar comigo. Se estiver triste ou apenas precisando de um salva-vidas, estarei lá. E no fim da noite, quando tivermos trancado a porta e formos só você e eu novamente, vou tirar suas roupas e faremos amor até o sol raiar, porque acontece que eu amo cada centímetro de feminilidade em você.
Rindo, Sophie deslizou do assento para ficar de pé diante dele. Ela pôs os braços ao redor do pescoço dele e abraçou-o apertado. — Vou segurar você com essa promessa.
Colin puxou-a para mais perto, enquanto descansava uma das mãos na curva do delicioso traseiro dela. — Pode me segurar do jeito que quiser, querida. Eu sou fácil.
— Colin… — disse ela, afastando-se para poder ver o rosto dele — Você compreende que se for comigo para Vancouver, se continuar a tomar meu sangue… — Ela fez uma pausa, buscando o olhar dele. — Viveremos um longo tempo juntos. Você precisa ter certeza…
Ele riu com alívio, apertando-a com força. — É só isso?
— Falo sério.
— Eu também, amor. E tenho certeza. — Ele curvou a cabeça e beijou-a, bebendo o doce calor que era sua Sophie, sentindo-a suavizar-se em seus braços.
— Eu te amo, Sophie. — Murmurou ele contra os lábios dela.
— Colin. — disse ela, sem fôlego, os olhos bem abertos encarando os dele a apenas alguns centímetros de distância. — Você deixaria mesmo sua casa aqui e iria comigo para o Canadá?
— Nem pense em manter-me afastado. Mas tenho uma pergunta.
— Só uma? — disse ela, sorrindo.
— Só uma. Quem disse que temos que sair no prazo que sua alteza deu? Há muitas horas antes do nascer do sol e Vancouver não é tão longe. Digo que devemos dar o fora deste lugar hoje à noite e para o inferno com Raphael.
Sophia entrelaçou os dedos nos cabelos dele e puxou-o para um beijo forte e rápido. — Gosto do jeito como você pensa, meu querido. Você dirige.
— Pode ter certeza que dirijo. Não deixe esse negócio de lorde vampira subir à sua cabeça, mulher.
Sophie ainda ria quando eles se dirigiram para a rodovia, e viraram à direita, rumo ao Canadá.
Capítulo 46
— Você não destruiu Sophia. — Duncan observou calmamente, enquanto eles aceleravam de volta para o complexo.
Não era uma pergunta; Duncan nunca o teria questionado. Mas Raphael ouviu a curiosidade na voz de seu tenente. Ele considerou a declaração por alguns instantes, depois disse: — No final, ela não era realmente uma parte disto. Lucien brincou com ela tal como fez conosco. Mas, principalmente, eu quero o território canadense estável, e ela é forte o suficiente para segurá-lo. Ela também está em dívida comigo agora. Isso vai ser muito mais útil nos próximos tempos.
Duncan assentiu com a cabeça, pensativo. — A mulher Koepke não sabia que Lucien a estava usando.
— Não. — Raphael concordou.
— Lucien conheceu-a em Vancouver. Ele nunca se tinha ligado a ela, mas tinha-a usado. Foi fácil para ele encontrá-la e usá-la novamente.
Raphael balançou a cabeça, irritado. — Lucien pode ter direcionado os assassinos para Marco e Preston, mas eles não precisavam dele para os endereços. Eles estavam aqui há tempo suficiente para as pessoas saberem onde eles moravam. Eles podiam não se expor muito, mas saíam de vez em quando, e os cavalos de Marco tornaram mais fácil identificar a sua propriedade.
— Mesmo assim, meu senhor, se eles apenas tivessem atualizado o local de descanso diurno, isso não teria acontecido.
Raphael acenou com a cabeça. — Quando o novo complexo foi encomendado, eu autorizei qualquer despesa que fosse necessária para assegurar a segurança de todos pelos padrões modernos. Loren devia ter tratado disso.
Mais algumas milhas se passaram enquanto Raphael pensava em tudo o que tinha acontecido desde que chegara, todos os detalhes que tinham escorregado de sua mente devido à sua preocupação com Cyn. Sua mão se apertou em um punho quando ele lutou contra o impulso de socar alguma coisa. Ou alguém. Mas Loren não estava aqui, e Lucien não existia mais.
— Eu quero que seja trazido alguém novo. — ele disse abruptamente. — Alguém de fora do ninho de Seattle. Wei Chen pode permanecer o líder nominal, mas eu quero um responsável pela segurança mais forte, mais poderoso do que Wei Chen.
— Eu vou compilar uma lista, meu lorde. Você quer isso antes de irmos embora?
— Não. Vamos partir amanhã ao início da noite. Cyn será capaz de viajar nessa altura e eu quero levá-la para casa.
Eles entraram pelo portão do complexo, Juro parou o SUV suavemente abaixo das escadas do edifício principal.
Um vampiro do contingente da segurança de Raphael estava esperando. Ele abriu a porta e Raphael saiu, dando ao vampiro um aceno de saudação.
Quando começou a subir as escadas, Duncan se juntou a ele. — Como está Cynthia, meu senhor?
Raphael deu a seu tenente um pequeno sorriso. — Bem o suficiente para lutar com o Doutor Saephan sobre suas restrições.
Duncan riu. — Eu não esperaria outra coisa. Vejo vocês dois amanhã à noite, então, meu senhor. Vou fazer os arranjos.
A noite seguinte não veio demasiado cedo para Raphael, nem para Cyn, embora, apesar de toda a sua professada avidez para retornar ao conforto e segurança de sua casa, havia algo a incomodando.
Ele não pressionou, embora, sabendo que ela, eventualmente, lhe diria o que era.
Ele olhou para onde ela estava sentada na cama, descansando após o esforço de seu banho pela primeira vez desde o tiroteio. Ela havia conseguido vestir a calcinha e uma blusa, mas suas longas pernas estavam nuas, e demasiado magras.
O Doutor Saephan tinha finalmente permitido que ela comesse alguma coisa esta noite. Ou melhor, bebesse alguma coisa. Ele tinha chegado com um batido líquido de proteína em vez dos habituais sacos de sangue. Ele próprio o tinha feito para ela, acrescentando muita calda de chocolate, o que mostrava como ele conhecia bem a sua paciente. Cyn não tinha sequer sussurrado um protesto.
— Raphael.
Ele afastou seus pensamentos e sorriu para ela, pegando as calças de yoga que ela tinha escolhido para vestir. — Fique aí, lubimaya. Vou colocar estes em você.
— Eu posso me levantar.
— Claro que você pode. — ele concordou, em pé na frente dela. — Agora, deslize para aqui.
— Mandão. — ela murmurou, mas fez o que ele pediu, sentando-se na borda da cama, enquanto ele deslizava as calças sobre seus pés e até às pernas. Ele estendeu a mão e ela aceitou, deixando-o ajudá-la a ficar em pé e então apoiando-a, enquanto ela ajeitava as calças sobre seus quadris.
— Eu estou horrível. — ela disse miseravelmente, entrando em seus sapatos.
— Não. Você está linda, como sempre.
Mas quando os olhos dela encontraram os dele, estavam brilhando com lágrimas.
— Eu não quero todo mundo olhando para mim. — ela sussurrou.
Ah, ele pensou consigo mesmo. Então era disso que se tratava.
— Então ninguém vai. — ele disse e tirou o celular. — Eu quero a grande sala limpa, Duncan. — Ele olhou em volta, avaliando o seu tempo da partida. Tudo estava embalado e pronto, exceto Cyn. — Em cinco minutos. Você, Juro e Elke. O resto da nossa segurança pode esperar nos veículos do lado de fora.
— Obrigado, Raphael. — disse ela, em seguida, deu-lhe um fraco sorriso. — É bom ser o rei, hein?
— Só se você for a minha rainha, lubimaya. — Ele se curvou e tocou seus lábios nos dela. — Venha. Eu vou levar você.
— Não!
Ele pegou-a facilmente. Ela estava muito fraca para lutar com ele, mas ela não se esforçou muito, envolvendo os braços em torno de seu pescoço e descansando a cabeça em seu ombro. Ele tocou seu cabelo recém-lavado com o rosto e sorriu lembrando-se do suspiro quase orgásmico dela quando ele o lavou.
— Você está pensando sobre o chuveiro. — ela murmurou, acariciando um dedo ao longo da parte de trás de seu pescoço.
— Comporte-se. — ele repreendeu, levando-a para o elevador.
— Dê-me alguns dias… — disse ela suavemente, passando o dedo pela curva da sua orelha. — E eu vou me comportar muito bem.
— E agora você está apenas brincando comigo.
Cyn se aninhou na curva de seu ombro, dando um beijo suave e úmido contra a parte inferior de sua mandíbula. — Eu já disse que você é o meu vampiro favorito? — ela murmurou, cansada.
— Não o suficiente. — disse Raphael suavemente, lutando contra uma maré de emoção devido à leveza dela em seus braços, à sua fragilidade.
Ele sentiu a curva de seus lábios quando ela sorriu contra sua pele. — Vou ter que me lembrar disso. Eu te amo, garoto presa.
Seu corpo amoleceu e Raphael sabia que ela estava perto de adormecer. Ele aumentou seu aperto nela, o terror de quase perdê-la ainda muito fresco e horrível demais para ser lembrado.
Ele não sabia o que teria feito se ela tivesse morrido. Mas ele sabia de uma coisa… Ela não teria morrido sozinha.
Epílogo
Malibu, Califórnia
Raphael pousou o telefone de volta em seu lugar, e partilhou um olhar sério com Duncan, que estava sentado do outro lado da mesa em uma das duas cadeiras para visitantes.
— É hora, meu amigo.
— Eu sei.
— Vou sentir saudades. Cyn vai… — Ele levantou a cabeça e quase gemeu. — Cyn se juntará a nós em breve.
Duncan se levantou imediatamente. — Eu vou te dar um pouco de privacidade, meu lorde. — disse ele e se dirigiu para as portas.
Raphael riu sombriamente. — Covarde.
Duncan sorriu, curvou-se ligeiramente onde estava, abriu a porta e desapareceu no corredor.
Raphael sentou-se sozinho, rastreando os movimentos de Cyn enquanto ela se aproximava de seu escritório, automaticamente medindo seu humor e seu bem-estar físico. Ela tinha feito progressos consideráveis desde que chegaram de Seattle, mas ela estava longe de sua forma de lutadora habitual, e ainda se cansava muito facilmente. Ele odiava estar prestes a perturbá-la. Odiava a notícia que estava prestes a entregar quase tanto quanto odiava dizer a ela sobre isso. Mas agora que a decisão foi tomada, a palavra iria viajar como fogo através da família, e ela iria ficar com raiva e, pior, magoada se ouvisse de outra pessoa em primeiro lugar.
As portas abriram e Cyn entrou na sala. Ela vinha de seu treino diário e cuidadosamente monitorado no ginásio e seu belo rosto estava corado com vida, seus olhos verdes brilhando enquanto ela sorria para ele.
Raphael deu um suspiro e levantou-se para encontrá-la, caminhando para pegá-la em seus braços.
Ela podia ficar com raiva se ele escondesse a notícia de sua decisão dela, mas ela nunca o perdoaria se ele tivesse acabado de mandar Duncan para a sua morte.
D. B. Reynolds Aden
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